foi preciso resgatar o histórico das experiências anteriores e sustentar o quanto havia um
compromisso institucional com essa população que demandava atendimento e que não
era mais possível não se comprometer e responsabilizar. Era necessário levar este
debate para a Conferência, remeter essa questão para a cidade e para gestão, no sentido
de compartilhamento de responsabilidades e busca por estratégias políticas e clínicas.
James Heckman, prêmio Nobel da Economia em 2000, salientou que o
investimento na primeira infância, especialmente o focalizado nas crianças mais
vulneráveis, “é uma rara iniciativa de política pública que promove eqüidade e justiça
social” (HECKMAN, apud UNESCO, 2007, p. 25). Nesse sentido o espaço privilegiado
para a proposição destas iniciativas na área da saúde é o espaço legitimo da
Conferência, que pode produzir e conduzir mudanças na forma como até então a
primeira infância tem sido tomada, como indicador de mortalidade infantil.
As proposições se encontram em eixos do relatório final da conferência:
I - Redução da mortalidade infantil e materna: Criar fórum permanente de
discussão intersetorial para a formulação da Política Municipal de Atenção à
Primeira Infância.
II - Melhoria da Gestão, do Acesso e da Qualidade das Ações e Serviços de
Saúde: Garantir serviço de estimulação precoce, na rede municipal.
III - Reorientação do Modelo Assistencial e Descentralização: Incrementar
ações preventivas em vez do foco exclusivo nas ações curativas.
VII - Intersetorialidade: Criar fórum intersetorial permanente da primeira
infância, visando o desenvolvimento de políticas públicas e atendimento
em estimulação precoce pautado pela interdisciplinaridade.
Moção Nº. 2 – Recomendação: Nós, profissionais, usuários e prestadores de
serviços, reunidos nesta CMES, recomendamos que o núcleo gestor da
Secretaria Municipal da Saúde, participe ativamente e aplique recursos
materiais, designe profissionais e empreenda esforços no processo de criação
e manutenção de dispositivos territoriais de atenção em Saúde Mental para
crianças e adolescentes com queixas de menor complexidade e gravidade que
não demandem cuidados intensivos e diários, e se beneficiem de atenção em
modalidade ambulatorial como grupos, psicoterapia individual e atividades
lúdico-terapêuticas. A partir da transformação do SACA em CAPSi (que
prioriza a atenção intensiva e diária a pacientes com grave sofrimento
psíquico) no ano de 2006 e, apesar de todo o investimento da equipe do
CAPSi em trabalhos de descentralização e matriciamento, persiste uma
enorme demanda reprimida de crianças e adolescentes com queixas leves de
comportamento, ansiedade, dificuldade de adaptação familiar e integração
social e escolar. Já existe um projeto sendo elaborado pela equipe sobre a
criação desses ambulatórios de menor porte desde 2008, porém, não houve
até o presente momento, contrapartida da atual gestão relativa a sua
concretização (CMS, 2009).
Uma das ferramentas de gestão e participação do SUS são as Conferências de
Saúde, que tem o caráter deliberativo e propositivo de ações. Desde essa perspectiva,
este é o espaço legitimo de controle social, onde questões pertinentes à saúde da