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Vale ressaltar que atualmente ocorre certa confusão quanto à utilização dos termos
integração e inclusão. No entanto, é necessário compreendermos que, independente dos
termos utilizados, o importante é a construção e a evolução de conceitos e de práticas sociais,
com vistas ao desenvolvimento de um processo educacional realmente mais democrático e
consciente da necessidade de um melhor entendimento sobre a diversidade social e escolar,
com vistas à promoção da dignidade dos sujeitos, especialmente dos educandos com
deficiência, os quais historicamente, conforme os estudos de Pires (2006), Lima (2006),
Oliveira (2006), Jodelet (2006), sofrem com a exclusão e diversas formas de rejeição.
Relativo à questão do paralelismo entre ensino regular inclusivo e ensino especial,
evidencia-se que tanto o movimento inclusivista quanto as leis nacionais e internacionais, as
quais veremos no segundo tópico, adotam como preceito que a educação especial não deve
ocorrer à parte do sistema escolar de ensino, mas sim como uma modalidade de educação que
perpassa todo o sistema educacional, garantindo a prioridade à heterogeneidade .
Apesar da evolução alcançada, nos últimos 10 anos, em relação ao desenvolvimento
na escola de práticas educacionais inclusivas, podemos sintetizar no quadro 2, proposto por
Prioste, Raiça e Machado (2006, p.19), características opostas predominantes nos dois
paradigmas de educação especial referidos anteriormente.
Paradigma especial Paradigma inclusivo
Foco nos déficits da criança. Foco nas ilhas de inteligência que estão preservadas.
Ênfase no treinamento da criança visando a que
ela se ajuste ao meio escolar.
Ênfase na mudança do ambiente para proporcionar a
todas as crianças melhores condições de
aprendizagem e desenvolvimento.
Diagnóstico baseado em teste de inteligência,
realizado por Psicólogo e médico.
Diagnóstico multidisciplinar, realizado por médico,
psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo, terapeuta
ocupacional, pedagogo, professores, entre outros.
O objetivo do diagnóstico é identificar o quociente
intelectual (QI) e as limitações para que se possa
estabelecer o tipo de escola especializada, assim
como o nível do agrupamento apropriado à
criança.
O objetivo do diagnóstico é identificar habilidades
prévias e necessidades de apoio com a finalidade de
elaborar um programa educacional individualizado.
Atendimento em classe ou escola especializada,
isto é, separado das demais crianças.
Atendimento em classe regular junto a seus pares de
idade; apoio especializado com suporte ao professor.
Escolas preparadas para receber os alunos com
uma especificidade de problema. Por exemplo:
escola só para deficientes mentais moderados;
escolas que só recebem surdos, etc.
Escolas preparadas para educar na diversidade.
Professores especialistas em determinada
deficiência.
Educadores preparados para oferecer ensino de
qualidade a qualquer criança.
Objetivo educacional centrado no treinamento,
com o intuito de favorecer a adaptação social da
pessoa.
Objetivo educacional centrado na aprendizagem
significativa, favorecendo a aquisição de habilidades
pessoais, sociais e profissionais que contribuam para
a inclusão social da pessoa cm deficiência.
Quadro 2- Paradigma especial, paradigma inclusivo
Fonte: Prioste, Raiça e Machado (2006)