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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
BIANCA MARIA VASCONCELOS DA SILVA
SEGURANÇA DO TRABALHO NO PROJETO DE ARQUITETURA:
DIRETRIZES PARA O CONTROLE DOS RISCOS DE ACIDENTES NA
FASE PÓS-OBRA
Recife
2009
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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
BIANCA MARIA VASCONCELOS DA SILVA
SEGURANÇA DO TRABALHO NO PROJETO DE ARQUITETURA:
DIRETRIZES PARA O CONTROLE DOS RISCOS DE ACIDENTES NA
FASE PÓS-OBRA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Engenharia Civil da Escola Politécnica da
Universidade de Pernambuco para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil.
Área de concentração: Construção civil
Orientador: Prof. Dr. Béda Barkokébas Junior
Co-orientadora: Profª. Drª. Emilia R. Kohlman Rabbani
Recife
2009
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Universidade de Pernambuco - Recife
Vasconcelos, Bianca
V331s Segurança do trabalho no projeto de arquitetura: diretrizes para o controle
dos riscos de acidentes na fase pós-obra / Bianca Maria Vasconcelos da Silva. –
Recife: Universidade de Pernambuco; Escola Politécnica, 2009.
121 p. : Il.
Orientador: Prof. Dr. Béda Barkokébas Junior
Co-orientadora: Profª. Drª. Emilia R. Kohlman Rabbani
Dissertação (Mestrado – Construção civil) – Escola Politécnica da
Universidade de Pernambuco, Departamento de Engenharia Civil, Programa de
Pós-graduação em Engenharia Civil.
1. Projeto de arquitetura 2. Quedas em altura 3. Segurança e saúde do
trabalho 4.Construção civil – Dissertação I. Barkokébas
Júnior, Beda (orient.) II. Rabbani, Emília R. Kohlman (co-orient.)
III.Universidade de Pernambuco, Escola Politécnica de Pernambuco, Programa
de Pós-graduação em Engenharia Civil IV.Título
CDU 614.8:72
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, por tudo o que são, o que fizeram e o que fazem por mim
E ao meu querido avô, ‘Vovô Hélio’
In memoriam
iv
AGRADECIMENTOS
À Deus
Aos meus pais, avós e aos meus irmãos Natalia, Juliana e Yuri
Aos meus sobrinhos Rafaelzinho, Isa e Juju
Ao meu noivo Raphael Valério, pela paciência, apoio e compreensão
Ao Prof. Dr. Béda Barkokébas Jr., pelos ensinamentos, incentivo e apoio
À Profª Drª Emilia R. Kohlman Rabbani pelo apoio e sugestões
Ao Laboratório de Segurança e Higiene do Trabalho, em especial a Profª MSc. Eliane Lago e
as amigas Ana Carolina, Izabelle, Mayara e Fabiana Fontes, que me ajudaram de alguma
forma a desenvolver o trabalho
À MS.c. Juliana Véras, Giuliana, Miguel, Tatiana, Leandro e Karina pela participação em
minha formação no Laboratório de Segurança e Higiene do Trabalho
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela bolsa concedida
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
À Universidade de Pernambuco e aos docentes que contribuíram na minha formação
v
EPÍGRAFE
“Não é o ângulo reto que me atrai nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas
do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar; no
corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.”
Oscar Niemeyer (As curvas do tempo: memórias, 1999
).
vi
RESUMO
No Brasil, o Ministério da Previdência Social - MPS indica que durante o ano de 2006 foram
registrados 653.090 acidentes de trabalho, sendo 26.645 (5,28%) relativos ao setor da
construção civil (BRASIL, 2009a). No Estado de Pernambuco, em 2006, ocorreram pouco
mais de 11.000 acidentes nos diversos setores produtivos, sendo 5,75% correspondente ao
setor da construção civil (SINDUSCON/PE, 2008). Pode-se destacar como a principal causa
de acidentes fatais na construção civil em Pernambuco, a queda de diferença de nível, com um
total de 15, no período de 2002 a 2006 (SFIT, 2007 apud MAIA, 2008). Destes, 16,22%
referem-se a serviços na fase pós-obra, sendo evidente a necessidade de controlar os riscos de
acidentes em todo o ciclo de vida do empreendimento. Nesse sentido, a identificação e
avaliação dos riscos de acidentes no início do ciclo, ou seja, durante a fase de concepção do
empreendimento, potencializam o caráter preventivo nos ambientes de trabalho e nas
atividades a serem realizadas nas fases de execução, manutenção e desconstrução. Por sua
vez, o arquiteto assume um papel de extrema importância, que, o projeto de arquitetura é
base para os demais projetos e, se mal concebido, pode provocar impactos negativos durante
toda a vida útil do empreendimento. Inserido nesse contexto, o trabalho teve como objetivo
elaborar diretrizes de segurança do trabalho para o projeto de arquitetura, tendo em vista, o
controle dos riscos de acidentes em altura nos serviços de manutenção de fachadas em
edificações verticais. A metodologia do trabalho foi estruturada em três etapas. A etapa I
destina-se a verificar a necessidade de formação em Segurança e Saúde do Trabalho SST
em arquitetos e coordenadores de projetos, através do levantamento e análise das matrizes
curriculares dos cursos de Arquitetura do Estado de Pernambuco e entrevistas. A etapa II trata
da análise de riscos nos serviços de manutenção predial, consistindo na coleta e análise de
dados estatísticos de acidentes fatais ocorridos na fase pós-obra, no período de 2002 à 2006,
em Pernambuco e no mapeamento dos principais problemas relacionados à segurança do
trabalho identificados na fase de manutenção, decorrentes das decisões do projeto de
arquitetura. Para tanto, foram realizados registros fotográficos e observações de
empreendimentos na fase pós-obra, selecionados aleatoriamente, a fim de estabelecer relações
entre o projeto de arquitetura e os possíveis riscos para trabalhadores na execução de serviços
de manutenção. A etapa III representa o objetivo maior do trabalho, que é a proposição das
diretrizes de segurança do trabalho para o projeto de arquitetura. Os resultados mostram que
não há componente obrigatória que aborde especificamente a segurança do trabalho nos
cursos e Arquitetura em Pernambuco. Observou-se também, que os arquitetos e os
coordenadores de projetos entrevistados apresentam superficialidade nos conhecimentos sobre
SST adquiridos ao longo da carreira profissional. Quanto à análise dos acidentes fatais,
verificou-se que as ocorrências na fase pós-obra se reportam, em grande parte, à
inobservância das condições nimas para um trabalho seguro durante a etapa projetual. Em
relação às características formais dos empreendimentos pesquisados, as edificações não
dispõem de acessórios e dispositivos de segurança para receber os serviços de manutenção.
Por fim, foram elaboradas diretrizes de segurança do trabalho, dentre as quais, dispor de
elementos de ancoragem para andaimes suspensos articuláveis; prever a disposição de
‘andaimes simplesmente apoiado’ no último piso; prever a disposição de andaimes
estacionados na própria fachada; prever a disposição de ganchos na estrutura da parte inferior
da laje de coberta para a utilização de andaimes suspensos convencionais; e, sempre prever a
ancoragem para cabo de aço destinado exclusivamente para o cinto de segurança do
trabalhador.
Palavras-chave: Projeto de Arquitetura; Quedas em altura; Segurança e Saúde do Trabalho;
Construção civil.
vii
ABSTRACT
In Brazil, the Ministry of Social Security indicates that during the year of 2006 there were
reported 653.090 accidents, and 26.645 (5.28%) were relatives for the construction sector
(BRASIL, 2009a). In Pernambuco, in 2006, there were more than 11.000 accidents in several
productive sectors, and 5.75% corresponding to the construction sector (SINDUSCON/PE,
2008). Can highlight how the main cause of fatal injuries in construction of Pernambuco, the
fall accidents, with a total of 15 in the period between 2002 to 2006 (SFIT, 2007 apud MAIA,
2008). Of these, 16.22% are for services in the post-work, and there is obviously the
necessity to control the risks of accidents in all the cycle of life of the project. Therefore, the
identification and assessment of accident risks at the beginning of the cycle, in other words,
during the design phase, potentiate the preventive stuff in work environments and in the
activities activities to be undertaken in stages of implementation, maintenance and
deconstruction. On the other hand, the architect assumes a role of extreme importance, as the
architectural design is the basis for the other projects and, if poorly designed, may cause
negative impacts during the lifetime of the project. Inserted in this context, this paper aims to
develop guidelines of safety at work for the architectural design, in view of the control the
risk of fall accidents in maintenance services of facades in vertical buildings. The
methodology of the study was structured in three steps. Step I intended to verify the necessity
of training in Safety and Health of Work architects and design co-ordination through the
survey and analysis of the curricular matrices of the Architecture courses in the State of
Pernambuco and interviews. Step II deals with risks analysis in building maintenance
services, consisting in gathering and analyzing the statistics of fatal accidents occurring in the
post-work, between 2002 to 2006, in Pernambuco, and in the mapping of the main problems
related to work safety identified in the maintenance phase, arising out of the architectural
design. For this, photographics and observations of projetcts in the post-work were performed,
randomly selected, to establish relationships between the architectural design and the possible
risks to workers in the execution of maintenance services. Step III is the main objective of the
study, which is the proposition of guidelines for the safety at work for the architectural design.
The results show that there isn’t compulsory component that addresses specifically safety at
work in Architecture courses of Pernambuco. It was also noted that the architects and project
managers interviewed have superficial knowledge of the Safety and Health at Work acquired
throughout their careers. Concerning the analysis of fatal accidents, it was found that the
occurrences in the post-work phasis relates, largely, to the failure to meet minimum
requirements for safety work in projectual. For the formal characteristics of the developments
surveyed, the buildings do not have accessories and safety devices to receive the maintenance
services. Finally, guidelines of safety work were drawn up, among which, disport de
anchoring elements for suspended articulated scaffolding, provide for the provision of
'scaffolding simply supported' on the top floor; provide the provision of scaffolding parked in
the facade; provide for the provision of hooks on the structure of the bottom of the deck slab
for the use of conventional suspended scaffolding; and always provide anchorage for steel
cable intended solely for the safety belt of the worker.
Keywords: Architecture Design; Fall; Safety and Health at Work; Construction
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 8.1 Estatísticas de acidentes de trabalho em todos os setores
industriais no Estado de Pernambuco.........................................................................
74
TABELA 8.2 Estatística de acidente de trabalho na Indústria da Construção
Civil do Estado de Pernambuco .................................................................................
74
TABELA 8.3 – Total de acidentes por causa ............................................................ 75
TABELA 8.4 – Tipo e descrição de acidentes ...........................................................
76
ix
LISTA DE QUADROS
QUADRO 3.1 - Caracterização da manutenção rotineira, planejada e não
planejada ....................................................................................................................
33
QUADRO 3.2 -
Serviços de manutenção preventiva realizados em altura .
......................
35
QUADRO 4.1 - Agentes Ocupacionais .....................................................................
46
QUADRO 5.1 - Fluxo de informações das etapas do projeto de arquitetura ............
57
QUADRO 7.1 Resultado da análise das matrizes curriculares dos cursos de
Arquitetura .................................................................................................................
70
QUADRO 9.1 - Diretrizes de segurança do trabalho destinadas ao projeto de
arquitetura, para o controle dos riscos de acidentes em altura na manutenção de
fachadas de edificações verticais................................................................................
91
QUADRO 11.1 – Serviços de manutenção preventiva ............................................. 105
QUADRO 11.2 – Matriz curricular da instituição A ................................................. 109
QUADRO 11.3 – Matriz curricular da instituição B ................................................. 112
QUADRO 11.4 – Matriz curricular da instituição C ................................................. 114
QUADRO 11.5 – Matriz curricular da instituição D ................................................. 116
QUADRO 11.6 – Matriz curricular da instituição E ................................................. 118
QUADRO 11.7 – Matriz curricular da instituição F ................................................. 120
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 – Os sub-setores do macro setor da construção civil na economia ......
20
FIGURA 3.1 – Ciclo de vida do processo produtivo .................................................
26
FIGURA 3.2 – Ciclo de vida do empreendimento e agentes envolvidos ..................
27
FIGURA 3.3 Evolução do empreendimento e período de desenvolvimento do
projeto em geral .........................................................................................................
28
FIGURA 3.4 – Gerenciamento integrado do empreendimento .................................
30
FIGURA 4.1 – Tipos de acidente do trabalho ...........................................................
42
FIGURA 4.2 – Pirâmide de Heinrich - 1959..............................................................
43
FIGURA 4.3 – Pirâmide de Bird – 1966 ...................................................................
44
FIGURA 4.4 – Pirâmide da Insurance Company of North América – 1969 .............
44
FIGURA 4.5 – Etapas básicas da prevenção de acidentes ........................................
47
FIGURA 4.6 – Custos do acidente do trabalho .........................................................
49
FIGURA 5.1 – Sistemas arquitetônicos ....................................................................
55
FIGURA 5.2 Vantagens resultantes da interface entre a segurança e saúde do
trabalho e o projeto de arquitetura .............................................................................
64
FIGURA 6.1 – Aspectos e situações encontradas em empreendimentos para o
tratamento dos dados .................................................................................................
69
FIGURAS 8.1 e 8.2 – Edifício Sierra Nevada ...........................................................
78
FIGURAS 8.3 e 8.4 – Andaime suspenso no Edifício Sierra Nevada .......................
78
FIGURAS 8.5 e 8.6 – Edifício Atlanta ......................................................................
79
FIGURAS 8.7 – Edifício Empresarial Center Wecon ...............................................
79
FIGURA 8.8 – Edifício Empresarial Alexandre Castro e Silva ................................
79
FIGURAS 8.9 e 8.10 – Edifício Clinical Center .......................................................
80
FIGURAS 8.11 e 8.12 – Detalhe execução de serviço no Edifício Clinical Center .
80
FIGURAS 8.13 e 8.14 – Edifício Vila do Mar ..........................................................
81
FIGURAS 8.15 e 8.16 – Edifício José Noberto .........................................................
81
FIGURAS 8.17 e 8.18 – Edifício Ilha de Santinori ...................................................
82
FIGURAS 8.19 e 8.20 – Edifício Ilha do Retiro .......................................................
82
FIGURAS 8.21 e 8.22 – Edifício Maria Leopoldina .................................................
83
FIGURAS 8.23 e 8.24 – Edifícios Empresariais Isaac Newton e Alfred Nobel .......
83
FIGURAS 8.25 e 8.26 – Hospital Alfa ......................................................................
84
xi
FIGURAS 8.27 e 8.28 – Edifício Blue Tower ...........................................................
84
FIGURAS 8.29 e 8.30 – Edifício Empresarial Business Beach ................................
85
FIGURA 8.31 – Hotel Boa Viagem Praia .................................................................
85
FIGURA 8.32 – Edifício Lula Cardozo Aires ...........................................................
85
FIGURA 8.33 – Edifício Debret ................................................................................
85
FIGURA 8.34 – Edifício Rio Araguaia .....................................................................
86
FIGURA 8.35 – Edifício Porto Atlântico ..................................................................
86
FIGURAS 8.36 e 8.37 – Edifício Ficus .....................................................................
86
FIGURAS 8.38 e 8.39 – Hotel Atlante Plaza ............................................................
87
FIGURAS 8.40 e 8.41 – Edifício Recife Flat ............................................................
87
FIGURAS 8.42 e 8.43 – Edifício Ilha de Maiorca ....................................................
88
FIGURAS 8.44 e 8.45 – Edifício Príncipe de Vivar .................................................
88
FIGURAS 8.46 e 8.47 – Edifício Scala .....................................................................
89
FIGURAS 8.48 e 8.49 – Edifício Golden Home Service ..........................................
89
FIGURAS 8.50 e 8.51 – Hotel Atlante Plaza ............................................................
90
xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
– Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACGIH
- American Conference of Governmental Industrial Hygienists
BEI
- Biological Exposure Índices
BSI
– British Standard Institution
CAT
– Comunicação de Acidente do Trabalho
EPI
Equipamento de Proteção Individual
FIESP
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
FUNDACENTRO
– Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Saúde do Trabalho
IBGE
– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILO
- International Labour Organization
INSS
– Instituto Nacional de Seguro Social
ITEC
Instituo de Tecnologia de la Construcción de Cataluña
MTE
– Ministério do Trabalho e Emprego
MPS
– Ministério da Previdência Social
NR
– Norma Regulamentadora
NBR
– Norma Brasileira
OIT
– Organização Internacional do Trabalho
O
H
SA
S
– Occupation Safety and Health Advisory Services
PCMAT
Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho
PCMSO
Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional
PIB
– Produto Interno Bruto
PPRA
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RMR
– Região Metropolitana do Recife
SFIT
– Sistema Federal de Inspeção do Trabalho
SGSST
– Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho
SINDUSCON
Sindicato da Indústria da Construção Civil
SRT
– Superintendência Regional do Trabalho
SST
Segurança e Saúde do Trabalho
TFG
– Trabalho Final de Graduação
TLV
-
Threshold Limit Values
xiii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
.....................................................................................................
15
1.1 Objetivos ..............................................................................................................
19
1.1.1 Objetivo geral ...................................................................................................
19
1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................
19
1.2 Delimitação da pesquisa ......................................................................................
19
A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
....................................................
20
2.1 Os impactos sócio-econômico do setor ...............................................................
22
O CICLO DE VIDA DO E
MPREENDIMENTO
..............................................
26
3.1 A fase de concepção ............................................................................................
28
3.2 A fase de execução ..............................................................................................
30
3.3 A fase de manutenção ..........................................................................................
31
3.3.1 Tipos de manutenção ........................................................................................
33
3.3.2 Manual de operação, uso e manutenção das edificações ..................................
36
3.4 A fase de desconstrução .......................................................................................
37
SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
......................................................
40
4.1 A segurança do trabalho ......................................................................................
40
4.2 Acidente do trabalho ............................................................................................
41
4.3 Acidentes, incidentes e quase-acidentes ..............................................................
42
4.4 Perigo e risco .......................................................................................................
45
4.5 Os agentes ocupacionais ......................................................................................
45
4.6 Premissas básicas da prevenção de acidentes ......................................................
47
4.7 Os custos dos acidentes de trabalho .....................................................................
48
4.8 As causas dos acidentes de trabalho .................................................................... 50
4.9 Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho ..................................... 51
5 A SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONCEPÇÃO DO PROJETO DE
ARQUITETURA .....................................................................................................
53
5.1 O projeto de arquitetura .......................................................................................
53
5.2 O processo do projeto de arquitetura ...................................................................
56
5.3 A Coordenação de projetos e o projeto de arquitetura .........................................
61
xiv
5.4 A segurança do trabalho e o projeto de arquitetura .............................................
63
METODOLOGIA DA
PESQUISA
.....................................................................
66
7 NECESSIDADE DA INSERÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE DO
TRABALHO NA FORMAÇÃO DE ARQUITETOS E COORDENADORES
DE PROJETOS ........................................................................................................
70
7.1 Análise das matrizes curriculares dos cursos de Arquitetura ..............................
70
7.2 Os arquitetos e coordenadores de projetos ..........................................................
71
8 ANÁLISE DOS RISCOS DE ACIDENTES EM ALTURA NOS SERVIÇOS
DE MANUTENÇÃO DE FACHADAS EM EDIFICAÇÕES VERTICAIS ......
74
8.1 Análise de acidentes fatais ...................................................................................
74
8.2 Análise de empreendimentos na fase pós-obra ....................................................
77
8.2.1 Volumetria ........................................................................................................
77
8.2.2 Vedação ............................................................................................................
84
8.2.3 Outras variáveis ................................................................................................
86
9 DIRETRIZES DE SEGURANÇA DO TRABALHO PARA O PROJETO
DE ARQUITETURA ...............................................................................................
91
10
CONCLUSÕES
...................................................................................................
93
REFERÊNCIAS
..................................................................................................
95
APÊNDICES
.......................................................................................................
101
Apêndice A – Formulário de entrevista - Coordenador de Projetos .......................... 101
Apêndice B – Formulário de entrevista – Arquiteto ..................................................
103
ANEXOS
..............................................................................................................
105
Anexo A – Serviços de manutenção preventiva.........................................................
105
Anexo B Matrizes curriculares dos cursos de Arquitetura do Estado de
Pernambuco ...............................................................................................................
109
15
1 INTRODUÇÃO
Em todo o mundo ocorrem por ano cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho, morrem
cerca de dois milhões de homens e mulheres e são registradas mais de 160 milhões de
doenças profissionais. Em média, todos os dias morrem 5.000 pessoas devido a acidentes ou
doenças relacionados com o trabalho. Num terço destes casos, a doença provoca a perda de
pelo menos quatro dias de trabalho. Além disso, perdem-se 4% do Produto Interno Bruto -
PIB mundial devido aos custos das ausências de trabalho, dos tratamentos das doenças, das
incapacidades e das pensões de sobrevivência a que as lesões, as mortes e as doenças dão
origem (ILO, 2009).
no Brasil, em 2007 foram registrados 653.090 acidentes e doenças do trabalho, entre os
trabalhadores assegurados da Previdência Social, provocando enorme impacto social,
econômico e sobre a saúde pública no Brasil. Entre esses registros contabilizou-se 20.786
doenças relacionadas ao trabalho, e parte destes acidentes e doenças tiveram como
conseqüência o afastamento das atividades de 580.592 trabalhadores devido à incapacidade
temporária, 8.504 trabalhadores por incapacidade permanente e o óbito de 2.804 cidadãos
(BRASIL, 2009a).
A mesma fonte indica que, em 2007, além dos casos de notificação destes eventos
contabilizados mediante a Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT, a Previdência Social
reconheceu mais 138.955 casos, refletindo num acréscimo no reconhecimento de eventos
como de natureza acidentária na ordem de 21,28%.
Além do incalculável prejuízo social, os acidentes de trabalho são responsáveis também por
uma perda econômica anual da ordem de 2,3% do PIB brasileiro, e que pode chegar a 4%, se
forem considerados também os acidentes e doenças que atingem trabalhadores do setor
informal da economia, do setor público, da área rural e autônomos (FUNDACENTRO, 2008).
Se considerado exclusivamente o pagamento pelo Instituto Nacional de Seguro Social - INSS,
dos benefícios devido a acidentes e doenças do trabalho somado ao pagamento das
aposentadorias especiais decorrentes das condições ambientais do trabalho em 2008,
encontra-se um valor da ordem de R$ 11,60 bilhões/ano. E, considerando as despesas como o
custo operacional do INSS mais as despesas na área da saúde e afins, o custo atinge valor da
16
ordem de R$ 46,40 bilhões. A dimensão dessas cifras mostra a necessidade de adoção de
políticas públicas voltadas à prevenção e proteção contra os riscos relativos às atividades
laborais. (BRASIL, 2009a).
Em Pernambuco, entre os anos de 2002 e 2006, ocorreram 37 acidentes fatais na Indústria da
Construção Civil, correspondendo a um percentual de quase 30% do total de acidentes do
trabalho ocorridos nos diversos setores industriais nesse período. Desses 37 acidentes fatais,
16,22% dos eventos ocorreram na fase pós-obra, representando uma quantidade expressiva no
setor (SFIT, 2007 apud MAIA, 2008).
Em relação às causas dos acidentes, segundo dados do Sistema Federal de Inspeção do
Trabalho SFIT (2007) apud MAIA (2008) observa-se que no período de 2002 a 2006, as
principais causas de acidentes fatais foram quedas de diferença de nível, com um total de 15
acidentes fatais, choque elétrico, com um total de nove acidentes fatais,
soterramento/desmoronamento, com cinco acidentes fatais, impacto de materiais, com três e
demais causas com cinco.
Diante de números alarmantes, percebe-se a necessidade da implementação de ações
preventivas a fim de eliminar e/ou minimizar os riscos de acidentes na Indústria da
Construção Civil, visto que, os acidentes geram grandes perdas humanas e econômicas para a
sociedade, para o trabalhador e para a empresa. O setor se destaca por ser um ambiente de
trabalho considerado complexo, apresentando diversidade das atividades, da utilização de
máquinas e equipamentos durante o processo de produção, além do que, aspectos peculiares
são inerentes ao método produtivo. Várias equipes de trabalho se sucedem no decorrer do
processo da construção, tornando a coordenação especialmente complexa, particularmente,
quando várias equipes precisam atuar no mesmo espaço e tempo de trabalho.
Uma das normas específicas ao setor da construção civil, constituinte da Legislação Brasileira
de Segurança e Medicina do Trabalho, é a Norma Regulamentadora Nº18 - Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, tendo comunicações com outras Normas
Regulamentadoras - NR, como a NR1 – Disposições gerais, a NR6 – Equipamentos de
Proteção Individual - EPI, NR7 Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional -
PCMSO, entre outras. A NR-18 estabelece diretrizes de ordem administrativa, de
planejamento e de organização, objetivando a implementação de medidas de controle e
17
sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de
trabalho da indústria da construção. Em seu subitem 18.3, exige a elaboração e
implementação do Programa de Controle e Meio Ambiente de Trabalho - PCMAT para todos
os estabelecimentos com 20 (vinte) trabalhadores ou mais (BRASIL, 2009b).
No entanto, a implementação do programa se restringe à prevenção de acidentes durante a
fase executiva do empreendimento, não existindo um dispositivo legal para aplicação da
Segurança e Saúde do Trabalho - SST na fase projetual, com vistas ao controle de riscos
durante a vida útil do empreendimento, especificamente a etapa de manutenção.
No contexto internacional, através de estudos sobre a prevenção dos riscos na construção
através de projeto, Toole e Gambatese (2008) apontam que diversos países se apresentam
engajados no assunto, destacando o Reino Unido que criou lei, exigindo que os projetistas
passem a adotar as considerações da SST durante a etapa projetual. O estudo mostra que, essa
determinação também vem sendo adotada na União Européia, e acrescentam, que a Austrália
têm demonstrado a liderança nessa área, criando recursos destinados a projetistas.
Os mesmos autores também mostram que todos esses países passaram por dificuldades
centradas principalmente na falta de conhecimento de Segurança e Saúde do Trabalho - SST
dos projetistas e dos custos adicionais provenientes da implementação da SST na etapa
projetual, mas ressaltam que o receio das responsabilidades legais por parte dos projetistas,
talvez seja a grande dificuldade em países como os Estados Unidos.
Ainda no âmbito internacional, vale ressaltar que a segurança e saúde do trabalhador na
Europa é compartilhada pelos projetistas, através da Diretiva 92/57/CEE do Conselho de 24
de junho de 1992, que atribui prescrições mínimas de segurança e saúde a aplicar nos
canteiros de obras temporários ou móveis. Em seu artigo 4°, estabelece que durante as fases
de concepção, estudo e elaboração do projeto da obra, os princípios gerais de prevenção em
matéria de segurança e saúde devem ser considerados nas opções arquitetônicas, técnicas e/ou
organizacionais.
Em Portugal, o decreto-lei n.º 273/2003 de 29 de Outubro procede à revisão da
regulamentação das condições de segurança e de saúde no trabalho em canteiros de obras
temporários ou móveis, constante no Decreto-Lei n.º155/95, de 1 de Julho e mantém as
18
prescrições mínimas de segurança e saúde no trabalho estabelecidas pela Directiva n.º
92/57/CEE, do Conselho, de 24 de Junho. Soeiro (2005) comenta que historicamente, em
Portugal, os deveres de implementar a SST era responsabilidade do empreiteiro como
executor da obra, que continua sendo prática nos demais setores industriais. No entanto, a
legislação mudou esta situação, atribuindo parte das responsabilidades para o dono de obra e
para os projetistas.
Diante dessa realidade, o arquiteto assume um papel de extrema importância, pois, o projeto
de arquitetura é ponto de partida para os demais projetos e parte da primeira etapa do
desenvolvimento do empreendimento, refletindo inicialmente, como um custo único. E, se
mal concebido, pode provocar impactos negativos durante toda a vida útil do
empreendimento, através de retrabalhos e reparos em atividades diversas, como nos serviços
de fachadas, instalações hidráulicas, instalações elétricas, esgoto, etc.
No Brasil, o coordenador de projetos também deve se relacionar diretamente com a SST,
diante de seu papel integrador e multidisciplinar, através da compatibilização das informações
e viabilização das soluções de projetos provenientes dos projetistas e demais profissionais
envolvidos, que correspondem a arquitetos, engenheiros de estruturas, engenheiros de
instalações prediais, diretores/gerentes comerciais e empreendedores.
Nesse contexto, a prevenção no projeto apresenta grande potencial no controle dos riscos de
acidentes, colaborando de forma efetiva nas fases de execução, manutenção e possível
desconstrução do empreendimento, visto que, os conhecimentos de SST agregados aos
conhecimentos técnicos construtivos na elaboração dos projetos pode atuar na eliminação /
redução dos riscos em toda a vida útil do empreendimento.
Portanto, apesar de não haver um aparato legal que insira os projetistas no contexto da SST no
Brasil, o presente trabalho considera como fundamental, a necessidade das considerações do
assunto na prática projetual, de forma a envolver projetistas, coordenador de projetos,
construtores e empreendedores.
19
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Elaborar diretrizes de segurança do trabalho para o projeto de arquitetura, tendo em vista, o
controle dos riscos de acidentes em altura nos serviços de manutenção de fachadas em
edificações verticais.
1.1.2 Objetivos específicos
Evidenciar a falta de formação em SST nos cursos de graduação em Arquitetura e na
carreira profissional de arquitetos e coordenadores de projetos;
Pesquisar e analisar os acidentes fatais ocorridos em serviços de manutenção realizados
em altura;
Mapear os principais problemas relacionados à segurança do trabalho identificados na fase
de manutenção, decorrentes das decisões do projeto de arquitetura;
1.2 Delimitação da pesquisa
O estudo se limita ao controle de riscos de acidentes em altura na execução de serviços de
manutenção em fachadas, a partir da identificação e avaliação dos riscos na composição
arquitetônica.
A pesquisa de campo se detém ao envolvimento dos principais escritórios de arquitetura e
empresas construtoras atuantes em projetos de edifícios verticais na Região Metropolitana do
Recife - RMR.
20
2 A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
A Indústria da Construção Civil é um setor complexo, visto que, engloba diversas atividades
periféricas ou correlatas, formando assim uma grande cadeia econômica, a “construbusiness”
(CALAÇA, 2002; FÉLIX, 2005; MAIA, 2008).
O setor estudado deve ser analisado considerando toda a sua cadeia produtiva, tendo em vista
a sua participação do Produto Interno Bruto (FIESP, 2008). A figura 2.1 mostra a participação
do PIB nos sub-setores do macro setor da construção civil ou “construbusiness”.
FIGURA 2.1 – Os sub-setores do macro setor da construção civil na economia.
Fonte: Adaptado de FIESP (2008).
Como existem várias formas de caracterizar as subdivisões da Indústria da Construção Civil
propriamente dita, optou-se nesta pesquisa pela linha adotada por Barros (1996).
Conforme a classificação adotada por Barros (1996) e proposta por Martucci (1990), o
macrocomplexo da Indústria da Construção Civil pode ser dividido em dois grandes setores:
Setor de suporte as atividades produtivas do setor;
Setor de projeto, produção e montagem dos produtos finais.
Segundo Barros (1996), o setor de suporte às atividades produtivas pode ser subdividido em
dois sub-setores:
Sub-setor de produção de materiais e componentes de construção, sendo um segmento que
se destaca pela sua participação no desenvolvimento tecnológico do setor;
Material de
construção
4,6%
Outros
materiais
0,8%
Máquinas e
equipamentos
0,2%
Serviços
0,5%
Projetos
(Engenharia
e Arquitetura)
Atividades
Imobiliárias
Manutenção
de Imóveis
Construção
5,2%
Edificações
Construção
pesada
21
Sub-setor de produção de máquinas, equipamentos, ferramentas e instrumentos, que ao
contrário do que ocorre no exterior, atualmente no Brasil ainda não verifica-se o devido
investimento em projetos e produção de máquinas e equipamentos voltadas para o setor da
construção civil.
o setor de projeto, produção e montagem de produtos finais, onde estão inseridas todas as
atividades fins das empresas de projeto e construção, órgãos públicos e privados envolvidos
com a construção, pode ser subdividido em:
Sub-setor de construção pesada, correspondendo geralmente a obras horizontais de grande
extensão e que basicamente é responsável pela execução e instalação da infra-estrutura
para os demais setores industriais;
Sub-setor de montagem industrial, responsável pela montagem de estruturas que dão
suporte às instalações de indústrias no que diz respeito a abastecimento de água,
transmissão e distribuição de energia, dentre outros;
Sub-setor de edificações, que é o setor com maior número de obras e se concentram
principalmente em obras de edifícios residências, comerciais, industriais e institucionais.
De acordo com Barros (1996), é o sub-setor que apresenta maior heterogeneidade interna e
onde concentra empresas de porte variado.
De forma similar, Assumpção (1996), classifica as empresas de construção civil em dois
grandes grupos, segundo a sua maneira de atuação:
Setor de serviços ou de obras empreitadas, caracterizado basicamente pela oferta de
serviços para construção de obras por empreitada, ou seja, se assemelhando com o setor de
projeto, produção e montagem de produtos finais classificado por Barros (1996) e
subdividindo-o da mesma forma:
Edificações: residenciais; comerciais; institucionais; partes de edificações; serviços
complementares à edificação;
Construção Pesada: infra-estrutura viária, urbana e industrial; obras de arte; obras de
saneamento; barragens, hidroelétricas e usinas atômicas;
Montagem Industrial: montagem de estruturas para instalação de indústrias; sistemas
de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica; sistemas de
telecomunicações; sistemas de exploração de recursos naturais;
22
Sub-setor de Produtos: empresas operam basicamente com obras de edificações
residenciais e/ou comerciais, ou mesmo com obras com o intuito de explorar
comercialmente o imóvel, como shoppings centers, hotéis e flats.
O presente trabalho foca o sub-setor edificações de obras verticais, que por sua vez,
demandam serviços realizados em altura. Estes expõem trabalhadores ao risco de quedas,
tanto na fase de execução como nas fases de manutenção e desconstrução.
A fase de manutenção se destaca, por não ser contemplada no projeto de segurança, o
PCMAT, e pelo desconhecimento existente por parte da sociedade, em relação aos riscos de
acidentes e as responsabilidades legais implícitas.
No entanto, antes de dissertar sobre a relação do risco de quedas em serviços de manutenção
na SST, torna-se necessário conhecer um pouco os impactos sócio-econômicos do setor, suas
particularidades e suas diversas fases do ciclo de vida.
2.1 Os impactos sócio-econômicos do setor
A Indústria da Construção Civil se apresenta como um dos maiores setores da economia, pois,
a mesma oferece a infra-estrutura para os demais ramos da economia e serve de base para as
demais atividades da sociedade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (BRASIL, 2009c), em
2007, as 110 mil empresas do setor ocuparam mais de 1,8 milhão de pessoas, tendo gastos de
R$ 30,6 bilhões com o pessoal ocupado, dos quais R$ 20,7 bilhões foram em salários,
retiradas e outras remunerações, gerando uma média mensal de 2,3 salários mínimos.
A mesma fonte indica que as empresas de construção realizaram obras e serviços no valor de
R$ 128,0 bilhões e obtiveram receita operacional líquida de R$ 122,7 bilhões em 2007 e
mostra que, o setor apresentou participação de 5,0%, com avanço de 13,5% da formação bruta
de capital fixo.
Nesse mesmo ano, o segmento de obras residenciais se destacou com um avanço de 6,3% em
termos nominais, em função principalmente, do crescimento de edificações residenciais
23
(13,9%), produto de maior peso na construção e diretamente influenciado pelo crédito
imobiliário (BRASIL, 2009c).
Segundo estatísticas do Sistema Financeiro da Habitação do Banco Central do Brasil (2007)
apud Brasil (2009c), R$ 17,6 bilhões no financiamento de 193.547 unidades foram liberados
com recursos da caderneta de poupança em 2007. A fonte indica também, que 51,1% deste
montante foram destinados a novas construções de imóveis e o restante para a compra de
moradias usadas. Logo, o setor movimenta também a fase pós-obra, através do financiamento
de moradias usadas e, conseqüentemente, execução de serviços de manutenção.
Verifica-se, portanto, que a indústria da construção possui alto impacto econômico em termos
nacionais. Além disso, é indiscutível o seu índice de empregabilidade, que absorve também, a
mão-de-obra com baixa qualificação e nível de escolaridade precária, visto que, dados do
Sindicato da Construção Civil de Pernambuco (SINDUSCON/PE, 2008) mostram que em
2006, apenas cerca de 50% dos trabalhadores ocupados na indústria da construção possuíam o
ensino fundamental.
Além da utilização da mão de obra com baixa qualificação, a Indústria da Construção Civil
envolve muitos profissionais habilitados no seu processo produtivo, que é caracterizado por
intervenções de vários e inúmeros agentes que têm responsabilidade parcial sobre o
empreendimento. Gehbauer et al. (2002) numa visão ampla do processo construtivo aponta os
seguintes agentes:
Os investidores, que desenvolvem os empreendimentos e que, via de regra, definem o seu
local e providenciam o projeto e o financiamento;
Os engenheiros e arquitetos, que projetam e dimensionam a obra e transformam as idéias
dos investidores em projetos em condições a serem implementados;
As organizações executoras, via de regra construtoras e empresas artesanais, que seguindo
a documentação elaborada e respeitando as condições contratuais, constroem a edificação;
Os fornecedores de materiais, produtos semi-acabados e elementos pré-fabricados;
Os clientes, que nem sempre são ao mesmo tempo investidores.
De maneira similar, Assumpção (1996) coloca que é particularidade do sub-setor de
empreendimentos imobiliários, a quantidade e diversidade dos agentes intervenientes nas
atividades de empreender e construir, como empreendedores, construtores, proprietários de
24
terreno, investidores, agentes de publicidade e de comercialização, escritórios de projeto,
agentes financeiros e clientes.
A alteração sucessiva das equipes de trabalho num mesmo ambiente de trabalho durante a
execução do empreendimento torna a coordenação das atividades complexa, visto que, cada
equipe é detentora de determinadas experiências, idéias e até mesmo vícios, dificultando
assim as mudanças organizacionais.
Dentre outras peculiaridades da construção civil que dificultam as mudanças organizacionais,
destaca-se o fato de ser uma indústria por posição fixa. De acordo com Casarotto (2002), os
sistemas para produção com posição fixa se caracterizam por trabalharem sob encomenda, ou
seja, com projeto específico, baixo volume de produção e baixa padronização do produto.
Embora existam na execução da obra muitas atividades que apresentam um alto grau de
repetição, uma padronização verdadeira não é possível. Estas circunstâncias dificultam as
atividades de racionalização e até mesmo bloqueiam iniciativas nesse sentido (GEHBAUER
et al., 2002).
A falta de procedimentos operacionais e a falta de projetos para produção também dificultam
a execução dos serviços com excelência e devem ser levados em consideração para análise do
setor em estudo. Pois, geralmente os projetos executivos são essencialmente informativos,
cabendo aos projetos para produção, a maior capacidade do planejamento dos serviços e
conseqüentemente da racionalização das atividades.
Soma-se ao fato de que a maioria dos projetos de construção civil é de relativamente curta
duração, levando a um pensamento de curto prazo no planejamento da execução da obra.
Sendo assim, as possibilidades de transferir experiências de um projeto para o próximo
normalmente não são suficientemente esgotadas (GEHBAUER et al., 2002).
Essa visão imediatista das empresas do setor, muitas vezes atropela decisões estruturadas e
dificultam o estabelecimento da estratégia competitiva e dos objetivos estratégicos da
organização. O paradigma de que uma obra pode ser executada sem a presença de um
engenheiro, mas, nunca sem a presença de um mestre de obras, caracteriza a falta de
organização da gestão, visto que, permite que o produto permaneça nas mãos de profissionais
25
sem capacidade técnica para gerir, apenas para executar com base em experiências anteriores,
sendo estes profissionais, muitas vezes, vinculados a empresas terceirizadas e/ou
subcontratadas.
A busca por especialistas e flexibilidade em termos organizacionais na construção civil
tornaram-se uma necessidade, diante da preocupação em investir na otimização de suas
atividades, reduzir desperdícios, aumentar níveis de produção e produtividade e buscar novos
materiais e investimento em sistemas de gerenciamento. Em sua maioria, terceirizam
atividades como vigilância e limpeza e subcontratam serviços pertencentes a diversas fases de
obras, como montagem e desmontagem de formas, armação de aço, concretagem, aplicação
de gesso, pintura, etc (BARKOKÉBAS JR et al., 2009).
As empresas construtoras buscam na terceirização/subcontratação, a especialização de
atividades específicas de determinadas etapas da obra e redução dos custos, atuando como
gerenciadora de todas as atividades e suas interfaces (BARKOKÉBAS JR. e
VASCONCELOS, 2009). No caso das empresas construtoras voltadas para a os serviços de
manutenção predial, grande parte são micro-empresas e possuem vínculos informais de
trabalho, contribuindo na rotatividade da mão-de-obra e dificultando o processo de acúmulo
de conhecimentos das medidas de segurança e saúde do trabalho por parte do trabalhador.
26
3 O CICLO DE VIDA DO EMPREENDIMENTO
Todo empreendimento possui um determinado ciclo de vida, ao longo do qual, nasce, cresce,
amadurece, declina e morre. E, cada uma dessas etapas possui características próprias e
conseqüentemente, necessidades específicas (SILVA; GUELPA, 1993).
É necessário, portanto, visualizar todas as inter-relações que podem ocorrer ao longo do ciclo
de vida, conforme recomendado por Carvalho Filho (2001). Para tanto, o autor acrescenta
tornar-se necessário a estruturação de um sistema ou processo, definindo o seu início e fim,
objetivando ampliar os horizontes e gerir aspectos técnicos, econômicos ou meio ambientais.
Quanto ao ciclo de vida do processo produtivo, Aguado e Casanova (1997) apud Carvalho
Filho (2001) apresenta duas fases distintas: construção e desconstrução, e enfatiza que, como
em qualquer produto ou serviço, deve ter definido um tempo de vida útil (figura 3.1).
FIGURA 3.1 – Ciclo de vida do processo produtivo.
Fonte: Adaptado de Aguado e Casanova (1997) apud Carvalho Filho (2001).
De fato, todos os sistemas de produção, processos ou serviços possuem um ciclo de vida que
pode estruturar-se de forma sistêmica, com um início e um fim previamente estabelecido. Em
geral, este ciclo de vida é composto por vários subsistemas conectados entre si em forma de
fluxo progressivo, se iniciando com a aquisição das matérias-primas, passando por outros sub-
processos intermediários, até chegar ao final de sua vida útil (CARVALHO FILHO, 2001).
Reintegração
demolição
reutilização
Utilização
gestão
da
manutenção
Materialização
projeto
execução
materiais
Vida Útil
Concepção
p
lanejamento
CONSTRUÇÃO
DESCONSTRUÇÃO
27
Percebe-se então, que o ciclo de vida dos empreendimentos é amplo e envolve os
componentes de entrada e saída de cada processo e suas inter-relações. No presente trabalho,
considerou-se o ciclo de vida do empreendimento, as suas diversas fases e agentes envolvidos,
desde a concepção do empreendimento, passando pelas fases de execução, uso e manutenção,
até a desconstrução, conforme mostra a figura 3.2.
FIGURA 3.2 – Ciclo de vida do empreendimento e agentes envolvidos.
A etapa de concepção refere-se ao planejamento do empreendimento, onde é definida pelo
empreendedor e projetistas, com base nas necessidades do cliente e do mercado. Nessa etapa,
o produto é concebido, são realizados estudos de viabilidade técnica, econômica e financeira,
contratação de projetistas e elaboração de projetos, além de todo o planejamento do
desenvolvimento da execução do empreendimento.
A etapa subseqüente, a execução do empreendimento, refere-se à produção do produto final,
ou seja, a construção da edificação, executadas pelo construtor que pode ou não ser, o
empreendedor.
a etapa de manutenção da edificação, trata-se da conservação, reparação, restauração ou
modernização, em função de diversos fatores, como a reposição de componentes que
atingiram o final de sua vida útil, da necessidade de correção de falhas de execução, das
necessidades funcionais dos novos usuários, da necessidade diante de patologias, etc. Nessa
fase, após a garantia do empreendedor-construtor, o usuário se responsabiliza pela
manutenção e uso da edificação.
Execução
Desconstrução
Manutenção Concepção usuário
empreendedor
projetistas
construtor
Novo empreendedor
CICLO DE VIDA DO EMPREENDIMENTO
28
Por fim, a etapa de desconstrução, que trata do desfazer do empreendimento em desuso,
cedendo o local para uma nova edificação.
Apesar de haver várias formas de delimitar o ciclo de vida de um empreendimento (início e
fim), sendo umas mais abrangentes outras menos, um empreendimento bem planejado e
alinhado com seu ciclo de vida, permite que a cada etapa, este sistema esteja em condições de
suprir as correspondentes necessidades gerenciais.
3.1 A fase de concepção
Assumpção e Fugazza (2001) comparam o ciclo de vida do empreendimento com as etapas
projetuais e comentam que no setor imobiliário, destacam-se basicamente cinco etapas:
Estudo de viabilidade;
Desenvolvimento do produto;
Desenvolvimento dos projetos executivos;
Desenvolvimento da obra
Desligamento com liberação para Habite-se.
Os autores mostram que a fase de concepção permeia entres estas etapas, iniciando-se por
estudos de massa desenvolvidos para etapa de estudos de viabilidade e definição do produto,
até a elaboração dos desenhos ‘as built’, ou seja, no momento do término da obra (figura 3.3).
FIGURA 3.3: Evolução do empreendimento e período de desenvolvimento de projetos em geral.
Fonte: Assumpção e Fugazza (2001).
No estudo de viabilidade do empreendimento é realizado um estudo entre a estimativa de
custo do produto e o retorno financeiro previsto. Para tanto, é necessário a realização de um
planejamento técnico básico, que toma como base as primeiras soluções projetuais.
29
O estudo de viabilidade deve considerar o mercado do ponto de vista dos
consumidores/usuários, considerando-se, também, o poder de compra destes em relação ao
produto a ser oferecido; bom aproveitamento do terreno; e, aperfeiçoamento da concepção do
projeto, através da interação entre o arquiteto, o construtor e os demais projetistas
(GEHBAUER, 2004).
Verifica-se que a fase de concepção compreende atividades complexas e distintas, com o
objetivo de planejar a execução e manutenção do empreendimento, estimando a viabilidade e
potencial de sucesso do empreendimento. No entanto, Gehbauer (2004) chama a atenção para
as diferenças entre os conceitos de projeto e de planejamento. Os projetistas elaboram
projetos. Estes contêm as informações sobre ‘o que’ deve ser executado. Já o planejamento, se
entende, que são documentos geralmente elaborados pelo setor de obras da empresa, os quais
descrevem ‘como’ executar a obra. Trata-se, portanto, de determinar o plano de aplicação de
mão-de-obra e de máquinas, com respeito a tempos e quantidades, e de organizar o fluxo de
material.
O mesmo autor mostra as atividades da fase da concepção, agrupadas por áreas de atuação,
através do ‘gerenciamento integrado de empreendimentos’, conforme mostra a figura 3.4.
A figura apresenta diversos aspectos e atividades da concepção de um empreendimento, que
devem ser vistos de maneira integrada, visando não somente a execução, mas também o
desempenho do planejamento e organização dessas atividades, que vai influenciar diretamente
nas fases subseqüentes, a execução, a manutenção e a desconstrução.
30
FIGURA 3.4: Gerenciamento integrado de empreendimento.
Fonte: Adaptado de Gehbauer (2004).
3.2 A fase de execução
No Brasil, nas últimas décadas, as empresas construtoras preocuparam-se amplamente em
investir na racionalização e otimização de suas atividades, visando à redução de desperdícios
e melhorias na produtividade dos canteiros de obras. Essa preocupação deve-se em grande
parte da competitividade existente no setor, caracterizado pela dependência do
comportamento de mercado, que define o preço dos imóveis e as tipologias a serem
construídas. Entretanto, é visível que dentre as etapas do ciclo de vida do empreendimento, a
etapa de execução têm recebido maior atenção por parte de toda a cadeia de participantes.
A execução de uma obra pode ser subdividida em quatro etapas, a etapa de fundação, a
estrutura, a alvenaria e o acabamento. Mesquita et al. (1997) ainda subdivide a quarta etapa
em sete fases:
GERENCIAMENTO INTEGRADO DE EMPREENDIMENTOS
Aspectos sociais e
ambientais
meio ambiente
geração de emprego
aprimoramento
técnico
Otimização
Aspectos
financeiros
vendas
orçamento
Concepção do produto
projetos básicos de
arquitetura e engenharia
análise da concorrência
estimativa de custos
definição do padrão de
qualidade
Paralelamente:
cálculos de
custos
Treinamento
de pessoal
coordenação das atividades de planejamento e execução
gerenciamento de contratos
controle de prazos / custos / qualidade
planejamento de recursos
pontos de interseção entre o gerenciamento da própria empresa e o gerenciamento
das demais empresas envolvidas na execução do empreendimento
Execução
31
Instalações: elétrica, hidro-sanitária, telefônica
Recobrimento das paredes
Revestimentos
Pisos
Esquadrias
Louças sanitárias e ferragens
Pintura
Percebe-se, que o canteiro de obras modifica suas características constantemente, pois, cada
fase de obra é constituída por determinadas atividades e funções, e conseqüentemente,
determinados riscos de acidentes.
No contexto da segurança e saúde do trabalho, sabe-se que na fase executiva do
empreendimento, é obrigatório a elaboração e implementação do projeto de segurança, o
PCMAT, nos estabelecimentos com vinte trabalhadores ou mais. Fundamentalmente, o
objetivo do PCMAT é estabelecer diretrizes de segurança e saúde do trabalho com a
finalidade de prevenir os riscos ocupacionais, de forma a integrar as premissas da segurança e
saúde do trabalho às etapas de projeto e produção do empreendimento.
O PCMAT é particular de cada empreendimento, visto que, cada obra é única, em função de
diversos fatores, como o local de execução, o layout do canteiro, o sistema produtivo, os tipos
de máquinas e equipamentos, entre outros. Entretanto, o PCMAT é voltado apenas para a fase
executiva, focando a identificação, avaliação e controle dos riscos existentes na execução, não
mencionando os riscos que surgirão nas fases posteriores. Além disso, devido à falta de
conhecimento dos projetistas e coordenadores de projetos, o PCMAT interage pouco com os
projetos, deixando de atuar realmente na origem dos riscos.
3.3 A fase de manutenção
Diante do crescimento populacional e da defasagem dos espaços físicos nas grandes
metrópoles, torna-se crescente o número dos serviços de conservação, reparação, restauração
e modernização dos edifícios. A NBR 5674 (ABNT, 1999), que trata da elaboração de
projetos de edificações, define manutenção como um “conjunto de atividades a serem
32
realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes
constituintes de atender as necessidades e segurança dos seus usuários”.
Atualmente, observam-se inúmeras obras de manutenção em edificações verticais nas grandes
cidades. Em Pernambuco, os serviços de manutenção foram impulsionados pela Lei
13.032, de 14 de Junho de 2006, que dispõe sobre a obrigatoriedade de vistorias periciais e
manutenções periódicas em edifícios de apartamentos e salas comerciais. É importante
ressaltar, que as edificações devem ser vistas como produto, portanto, o perenes e possuem
um determinado tempo de vida útil.
Ducap e Qualharini (2006) adotam a vida útil da edificação em torno de 80 anos, conforme
proposto por Maffei (1992), e comprovam através de um estudo de caso na cidade do Rio de
Janeiro, que as edificações verticais em questões relativas à manutenção predial, são sempre
mais complexos e mais numerosos.
Todavia, as edificações apresentam uma característica que as diferenciam de outros produtos,
por serem construídas para atender seus usuários durante muitos anos, e ao longo deste tempo
de serviço devem apresentar condições adequadas ao uso que se destinam, resistindo aos
agentes que alteram suas propriedades técnicas iniciais (ABNT, 1999).
A NBR 14.037 (ABNT, 1998), que trata do conteúdo e recomendações para elaboração e
apresentação do manual de operação, uso e manutenção das edificações, ressalta a
importância da fase pós-obra, afirmando que é somente após a conclusão do projeto e da
execução da edificação, que a mesma pode ser colocada a serviço dos seus usuários e,
servindo-os adequadamente em relação ao previsto. Acrescenta ainda, a necessidade do
desenvolvimento de uma interface eficiente entre as fases de projeto e execução com pós-
obra.
No contexto da SST, essa interface entre as fases de projeto e execução com a fase pós-obra é
fundamental para a identificação, avaliação e controle dos riscos na origem. A SST pensada
no projeto apresenta grande potencial na redução dos riscos e conseqüentemente na redução
de acidentes durante todo o ciclo de vida do empreendimento.
33
3.3.1 Tipos de manutenção
Tratando-se de um assunto bastante amplo, que envolve múltiplos aspectos, a manutenção das
edificações pode ser classificada de diversas formas (JOHN, 1989 apud BATISTA et al.,
2006):
Conforme o tipo de manutenção: conservação; reparação; restauração ou modernização.
De acordo com a origem dos problemas do edifício: evitáveis ou inevitáveis.
Quanto à estratégia de manutenção adotada: preventiva; corretiva ou engenharia de
manutenção.
De acordo com a periodicidade de realização das atividades: rotineiras; periódicas ou
emergenciais.
A NBR 5674 - Elaboração de projetos de edificações atividades técnicas (ABNT, 1999)
aponta três tipos de manutenção necessárias, a manutenção rotineira, a manutenção planejada
e a manutenção não planejada, conforme mostra o quadro 3.1.
QUADRO 3.1 – Caracterização da manutenção rotineira, planejada e não planejada.
TIPO DE MANUTENÇÃO
DESCRIÇÃO
Manutenção rotineira
É caracterizada por um fluxo constante de serviços simples e padronizados,
para os quais somente são necessários equipamentos e pessoal
permanentemente disponíveis nas edificações
Manutenção planejada
É caracterizada por serviços cuja realização é organizada antecipadamente,
tendo por referência solicitações dos usuários, estimativas da durabilidade
esperada dos componentes das edificações em uso ou relatórios de
inspeções periódicas sobre o seu estado de deterioração
Manutenção não planejada
É caracterizada por serviços não previstos na manutenção planejada,
incluindo a manutenção de emergência, caracterizada por serviços que
exigem intervenção imediata para permitir a continuidade do uso das
edificações ou evitar graves riscos ou prejuízos pessoais e patrimoniais aos
seus usuários ou proprietários
Fonte: Adaptado de ABNT (1999).
Bezerra e Tubino (2003) subdividem os serviços de manutenção em permanente/rotineira e
periódica. Estabelecem que os serviços de manutenção permanente sejam os serviços relativos
às áreas, instalações e equipamentos comuns, que não exigem grande especialização técnica e
que tem programação de curto prazo, como os serviços de vigilância, limpeza e jardinagem.
Em contrapartida, afirma que a manutenção periódica demanda serviços especializados e
34
obras de engenharia programadas a médio e longo prazo, e devem ser dirigidos por
profissionais legalmente habilitados. Também comenta que, além dos requisitos funcionais,
devem ser asseguradas as questões de segurança, higiene e conforto.
Gomide (2006) caracteriza os seguintes tipos de manutenção: preditiva, preventiva, corretiva
e detectiva. A manutenção preditiva é descrita como a atividade que visa o estudo de sistemas
e equipamentos com análises de seus comportamentos e usos, a fim de detectar eventuais
anomalias, e direcionar os procedimentos de manutenção preventiva. Esta, refere-se à
atividade que atua antecipadamente para que não haja reparações. São atividades programadas
com base em dados estatísticos ou no histórico de manutenções. Em relação à manutenção
corretiva, o autor coloca que a mesma atua na correção da falha ou do desempenho menor que
o esperado, o que implica, na paralisação de um sistema e conseqüentemente num custo
elevado. Por último, a manutenção detectiva, que visa apurar a causa de problemas e falhas
para a sua análise, auxiliando os planos de manutenção.
Independentemente do tipo de classificação, a manutenção dos condomínios envolve
conhecimentos e capacidades bastante diversificados, relacionados com a Engenharia Civil,
Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica e Eletrônica, Engenharia Química, Engenharia de
Produção, Arquitetura, Informática, entre outros. Dentre as atividades de atuação da
engenharia civil, destacam-se os serviços de instalações elétricas, instalações hidráulicas,
estrutura de concreto armado, manutenção de revestimentos e serviços gerais de construção
(MÉLO FILHO, 2009).
Tais serviços são apresentados no Manual de Áreas Comuns do Sindicato da Indústria da
Construção Civil em Pernambuco (SINDUSCON/PE, 2007a), caracterizados a partir de sua
periodicidade. O quadro 3.2 apresenta apenas os serviços realizados em altura, pois, impactam
diretamente na segurança dos trabalhadores quando não previamente estudados e consistem
no foco da pesquisa. A tabela pode ser vista integralmente no Anexo B.
35
QUADRO 3.2 – Serviços de manutenção preventiva realizados em altura.
Fonte: Adaptado de SINDUSCON (2007a).
Sistema
Subsistema
Atividade
A cada
mês
Jardim Manutenção Geral
A cada 3
meses
Esquadrias de alumínio Limpeza de persianas de enrolar
Esquadrias de alumínio Limpeza dos orifícios dos trilhos internos
Esquadrias de alumínio
Limpeza geral esquadria (zona
marítima/industrial)
A cada ano
Impermeabilização
Inspecionar a camada drenante do
jardim, verificando se não há obstrução
na tubulação e entupimento dos ralos
Revestimento de parede/ piso e teto
Azulejo/ Cerâmica/
Pastilha
Lavagem da fachada, muros, áreas
externas
Esquadrias de Alumínio
Limpeza geral da esquadria (zona urbana
ou rural)
Esquadrias de Alumínio
Reapertar parafusos aparentes dos
fechos
Esquadrias de Alumínio Regulagem do freio
Esquadrias de Ferro
Paredes e tetos internos
revestidos de
argamassa/gesso liso ou
executado c/
componentes de gesso
acartonado (dry-wall)
Repintar as esquadrias
Esquadrias de Ferro
Verificar o desempenho da vedação e
fixação dos vidros
Revestimento de parede/piso e teto
Paredes externas/
fachada
Verificar a calafetação de rufos, fixação
de pára-raios, antenas e elementos
decorativos
Vidros
Verificar o desempenho da vedação e
fixação dos caixilhos
Vidros
Vidros temperados: Inspecionar o
funcionamento do sistema de molas e
dobradiças e verificar a necessidade de
lubrificação
A cada
2 anos
Instalações Elétricas
Tomadas, interruptores
e pontos de luz
Reapertar conexões e verificar estados
dos contatos elétricos substituindo as
peças que apresentam desgaste
A cada 3
anos
Revestimento de parede/ piso e teto
Paredes
externas/internas
Efetuar lavagem da fachada e muros
Esquadrias de Madeira Pintar ou envernizar as esquadrias
Periodicidade
a ser definida
Equipamentos Industrializados Elevadores
Manutenção recomendada pelo
fabricante e atendimento às leis
municipais pertinentes
Equipamentos Industrializados Antena Coletiva Vistoria no sistema instalado
36
3.3.2 Manual de operação, uso e manutenção das edificações
Sabendo que a fase de operação, uso e manutenção da edificação inicia-se após a entrega da
obra, Santos, Schmitt e Bordin (2002) afirmam que essa fase é de especial importância, pois,
para garantir a satisfação dos clientes externos é importante que a empresa construtora forneça
esclarecimentos sobre os procedimentos adequados ao melhor aproveitamento da edificação,
para redução dos custos de manutenção, assim como, para preservação de sua vida útil. Os
autores acrescentam ainda, que estas informações devem estar contidas no Manual de
Operação, Uso e Manutenção das Edificações.
O manual de operação, uso e manutenção é o documento que reúne apropriadamente todas as
informações necessárias para orientar as atividades de operação, uso e manutenção da
edificação. Conforme a NBR 14.037 (ABNT, 1998), em edificações condominiais devem ser
entregues um exemplar do manual com informações sobre cada unidade autônoma aos seus
proprietários, incluindo nele também informações julgadas necessárias sobre componentes,
instalações e equipamentos de áreas comuns e um exemplar do manual específico às áreas e
equipamentos comuns ao síndico, incluindo o conjunto completo de projetos e discriminações
técnicas previsto.
Com base na referida norma, o SINDUSCON/PE (2007b) reforça que o manual do
proprietário e o manual de áreas comuns devem informar aos usuários e ao síndico, as
características técnicas da edificação, descrever os procedimentos recomendáveis para o
melhor aproveitamento da edificação, orientar os usuários para a realização das atividades de
manutenção e prevenir a ocorrência de falhas e acidentes.
Dentre as informações sobre procedimentos recomendáveis para inspeções, operação e uso da
edificação, é fundamental no manual, a descrição dos riscos inerentes à edificação,
descrevendo procedimentos de segurança preventivos necessários, assim como, definição de
roteiros de inspeções na edificação, com destaque para a observação de itens relacionados à
segurança e salubridade, ou críticos ao funcionamento da edificação, descrevendo as
condições especiais de acesso necessárias a todos os componentes e instalações e
equipamentos não diretamente acessáveis, como a utilização de escadas, andaimes,
equipamentos especiais de iluminação e ventilação (ABNT, 1999).
37
Portanto, o Manual de Áreas Comuns e o Manual do Proprietário devem conter informações
do projeto, procedimentos operacionais, orientar quanto aos riscos e fornecer diretrizes para a
realização desses serviços de manutenção, visto que, são de responsabilidade do proprietário.
Entretanto, não adianta apenas definir os procedimentos que devem ser executados e sua
periodicidade, se as edificações não estão sendo construídas de forma a proporcionar tais
condições (MÉLO FILHO, 2009). É imprescindível investir estudos à fase de projeto da
edificação, evitando que na fase de manutenção, os custos de intervenção sejam elevados e
ocorram eventos não programados, como os acidentes do trabalho.
Além do que, a forma como são concebidos os empreendimentos, muitas vezes acarretam em
dificuldades para trabalhadores e donos de empresas executarem os serviços de manutenção,
principalmente àqueles relacionados a fachadas, visto que, são realizados em altura. Verifica-
se também, a dificuldade da condução dos serviços enfrentada pelos síndicos, em função da
complexidade dos fatores técnicos e operacionais envolvidos.
3.4 A fase de desconstrução
Segundo o dicionário Aurélio, demolir significa "ação de demolir, pôr abaixo; destruição”.
Atualmente, a demolição é responsável pela produção de grande quantidade de resíduos
gerados, acarretando problemas sócio-ambientais. Atualmente o termo mais utilizado é
‘desconstrução’, visto que, a preocupação com o meio ambiente é crescente e extremamente
necessária.
De acordo com o Manual de Desconstrucción (ITEC, 2000), a desconstrução é um conjunto
de operações, cuja finalidade é fazer desaparecer uma construção existente. Essas operações
são trabalhos de mesmas características daquelas realizadas no processo de demolição
habitual. Quanto à segurança e saúde do trabalho, é uma exigência prioritária e há de se dispor
de meios de proteção necessários e observar as prescrições e as normas estabelecidas.
Para Couto et al. (2006), a desconstrução de um edifício é um processo que se caracteriza pelo
seu desmantelamento cuidadoso, de modo a possibilitar a recuperação de materiais e
componentes da construção, promovendo a sua reciclagem e reutilização.
38
A desconstrução vem surgindo como uma alternativa para a Indústria da Construção Civil,
visto que, pode ser entendida como a desmontagem ordenada de uma edificação com o
objetivo de reaproveitar os elementos e componentes, seja para o reuso ou para a reciclagem.
Em contraposição à demolição habitual, que acarreta a mistura de diversos materiais, e
conseqüentemente, a contaminação de componentes, seja para o reaproveitamento, para o
meio ambiente ou para a saúde humana.
Quando comparada à demolição tradicional, a desconstrução apresenta diversas vantagens,
visto que, reduz o volume de resíduos gerados, reaproveita os componentes através da
reciclagem e/ reutilização, além de facilitar o controle de riscos de acidentes durante o
processo de desmonte.
De maneira resumida, o Manual de Desconstrução (ITEC, 2000) estrutura o processo de
desconstrução da seguinte forma:
O desenvolvimento ocorre de pavimento por pavimento, em sentido descendente;
Deve-se começar com a retirada dos equipamentos industriais e desmonte da coberta e
desconstruir o último pavimento;
Outros critérios de alcance geral devem ser seguidos, como por exemplo:
A ordem de desmontagem dos elementos deve ser pensada de maneira que evite a
queda de algum elemento em falso equilíbrio durante o processo, e de maneira que ao
desmontar, evite que outro elemento caia;
Antes de iniciar a desmontagem ou demolição, é necessário reduzir a carga suportada
pelos elementos construtivos. O processo de desconstrução deve seguir uma ordem
que facilite a simetria da edificação.
Deve-se começar a desmontagem dos elementos construtivos compostos com
materiais diversos, em seguida pelos materiais de revestimentos e por fim pelos
materiais de suporte;
Deve-se proceder a um escoramento prévio para a desmontagem, quando forem
remover elementos que trabalham em flexão ou compressão, de maneira que, quando
falte o elemento construtivo, se mantenham a estabilidade e a resistência do conjunto;
Devem-se descarregar previamente os arcos e abóbadas das cargas verticais e anular
os componentes horizontais. Em seguida, proceder-se ao escoramento;
Deve-se começar o processo de desmontagem pela parte superior, em sentido
descendente, de maneira simétrica;
39
Nas estruturas isostáticas, deve-se se manter sempre a estabilidade do conjunto;
Nas estruturas hiperestáticas, deve-se ordenar o processo de maneira que se produzam
deslocamentos, rotações ou deformações mínimos e que não modifiquem o estado
tensional que existia antes.
Mas, para que o processo de desconstrução seja possível, é necessário que desde o início do
ciclo de vida do empreendimento haja ações convergentes nesse sentido. É necessário que
projetistas empreendedores e construtores compreendam que, como qualquer produto, o
empreendimento e seus componentes têm uma vida útil.
Dentro desses entendimentos, o trabalho se concentra na relação do projeto com a
manutenção dos empreendimentos, visto que, muito mais edificações a manter do que a
construir e uma maior consciência da sociedade da necessidade em fazer manutenção.
Além do que, um crescente índice de acidentes fatais envolvendo os serviços na fase pós-
obra, que de acordo com SFIT (2007) apud MAIA (2008), correspondem a 16,22% dos
acidentes fatais ocorridos no setor da construção civil, durante os anos de 2002 e 2006.
40
4 SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
Para atingir o foco da pesquisa, faz-se necessário apresentar os conceitos básicos da SST,
assim como, aspectos importantes para o entendimento do trabalho, como os custos implícitos
num acidente do trabalho, a importância da investigação das causas de um acidente, além dos
princípios básicos para a prevenção de acidentes e para um Sistema de Gestão em Segurança e
Saúde do Trabalho - SGSST.
4.1 A segurança do trabalho
A Segurança do Trabalho, a Higiene Ocupacional e a Medicina do Trabalho são ciências que
fazem uso de técnicas preventivas com o objetivo de evitar os acidentes e doenças
ocupacionais. Vilella et al. (1990) assegura que a Segurança do Trabalho estuda as condições
materiais que põem em risco a integridade física dos trabalhadores, a Higiene Ocupacional
estuda os riscos ocupacionais presentes no ambiente de trabalho, que podem causar alterações
reversíveis ou permanentes na saúde do trabalhador e a Medicina do Trabalho estuda as
conseqüências das condições materiais e ambientais sobre as pessoas. E, em conjunto com a
Segurança e a Higiene, trata de estabelecer condições de trabalho que não gerem danos nem
doenças.
Em seus estudos, Cardella (1999) comenta que Segurança é o conjunto de ações exercidas
com intuito de reduzir danos ou perdas provocadas por agentes agressivos. Ressalta que a
segurança é uma das cinco funções complementares vitais que devem ser exercidas
juntamente com a missão de qualquer organização.
Bellovi et al. (1990) define a segurança do trabalho como o conjunto de técnicas e
procedimentos que tem por objetivo eliminar ou reduzir o risco de que se produzam os
acidentes do trabalho. E, para entender e aplicar a segurança do trabalho é preciso possuir
uma série de conhecimentos variados que correspondem às matérias que formam parte da
segurança do trabalho. Matérias tão distintas como a engenharia, legislação, organização e
gestão de empresas, economia, análise estatística, formação, psicologia, etc.
Percebe-se, que vários autores contribuíram para ampliar a definição da segurança do
trabalho, referindo-a como um componente do sistema de produção, inserida dentro do
41
planejamento da empresa. Dessa forma, contribui na redução de retrabalho e desperdícios de
materiais, além da preservação da integridade física e mental do trabalhador e do patrimônio
material da empresa (MARTINS, 2004).
Enfatiza-se, portanto, que a segurança no trabalho e saúde do trabalhador deve ser vista como
investimento, como um ‘negócio’ para a organização. Pois, a partir do momento que a
segurança do trabalho atua na prevenção das perdas, decorrem aspectos positivos nas
condições de trabalho, e conseqüentemente, na redução dos índices de acidentes e
conseqüentes custos, proporcionando benefícios para os trabalhadores, para as empresas e
para a sociedade.
4.2 Acidente do trabalho
O guia britânico British Standard 8800 BS8800 (1996) define o acidente com ‘um evento
não planejado que acarrete morte, problema de saúde, ferimento, dano ou outros prejuízos’.
Similarmente, a OHSAS 18001 Sistemas de gestão para segurança e saúde ocupacional
especificação (1999), define o acidente do trabalho como um evento não desejado, que
provoca morte, danos à saúde, prejuízos ou outras perdas.
No conceito legal, o Plano de Benefícios da Previdência Social através da Lei 8.213 de 24 de
julho de 1991, regulamentada pelo Decreto 611, em seu Capítulo II, Seção I, Art. 19° define
acidente do trabalho como: “aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho” (BRASIL, 2009d).
A mesma lei em seu Art. 20° também considera acidente do trabalho, as doenças
ocupacionais, que podem ser:
Doença profissional, aquela “produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social”;
Doença do trabalho, aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais
em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
42
Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei, em seu artigo 21°,
aquele ocorrido “no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado”,
caracterizando o acidente de trajeto.
A Lei apresenta uma série de disposições e ressalvas, a fim de caracterizar o acidente do
trabalho. Com base na legislação, pode-se dizer que o acidente do trabalho se configura sob
três formas, conforme mostra a figura 4.1.
FIGURA 4.1: Tipos de acidentes do trabalho.
Fonte: Adaptado de Barkokébas Jr (2009).
No entanto, muitos autores consideram acidentes do trabalho não apenas aqueles que
provocam lesão ao trabalhador, mas também, aqueles que provocam danos materiais e/ou
tenham potencial de acarretar futuros danos à integridade física e/ou mental do trabalhador.
Sendo assim, um conceito mais amplo em relação ao conceito legal, denominado muitas vezes
de conceito prevencionista do acidente de trabalho.
4.3 Acidentes, incidentes e quase-acidentes
Do ponto de vista prevencionista, Bellovi et al. (1990) afirma que não precisa acontecer a
lesão física, produzindo-se em muitas ocasiões, os acidentes chamados brancos (incidentes).
Estes, não geram danos físicos, mas convém também controlá-los. O mesmo autor conceitua
acidentes do trabalho como uma ocorrência anormal, não desejado, que se apresenta de forma
brusca e inesperada, sendo normalmente evitável. Acrescenta que o mesmo interrompe a
continuidade do trabalho e pode causar lesões às pessoas.
TIPOS DE ACIDENTES
DO TRABALHO
Acidente Típico
Doenças Ocupacionais
Acidente de Trajeto
Doenças Profissionais
Doenças do Trabalho
43
Os acidentes brancos adotados por Bellovi (1990) é citado nos guias British Standard 8800
BS8800 (1996) e BSI-OHSAS-18001 (1999), como ‘incidente’, sendo um evento não previsto
que tem o potencial de conduzir aos acidentes.
Outras bases literárias utilizam o termo ‘quase-acidente’ para aquelas ocorrências sem dano
ao homem. De acordo com Cambraia et al. (2005) o conceito de quase-acidentes, assim como
o de acidente, é variável em função de seus objetivos para fins preventivos, do contexto em
análise e dos interesses dos envolvidos, não existindo um consenso.
Conforme constatado por Maia (2008), vários autores se empenharam em estabelecer
conceitos e relações entre: incidentes, acidentes leves e acidentes graves. No presente
trabalho, limitou-se a considerar as definições adotadas pelos guias British Standard 8800
BS8800 (1996) e BSI-OHSAS-18001 (1999) e as reflexões de Miguel (1998), que tem base
em estudos pioneiros realizados por Heinrich (1931), Bird (1966) e pela Insurance Company
of North America (1969).
Heinrich (1966) apud Miguel (1998) introduziu pela primeira vez, o levantamento de
acidentes sem lesão e eventualmente com dano a propriedade (incidentes). Sua investigação
apresentou como resultado que, para cada lesão incapacitante havia 29 lesões menores e 300
acidentes sem lesão, conforme mostra a figura 4.2.
FIGURA 4.2 Pirâmide de Heinrich – 1959.
Fonte: Adaptado de Miguel (1998).
Bird, em 1966, analisou 90.000 acidentes ocorridos numa empresa siderúrgica americana,
durante um período de mais de 7 anos, apresentando o seguinte resultado:
Lesão incapacitante
Lesão não incapacitante
Acidentes sem lesão
44
FIGURA 4.3 Pirâmide de Bird – 1966.
Fonte: Adaptado de Miguel (1998).
Em 1969, a Insurance Company of North America, com base na análise de 1.753.498 casos de
acidentes informados no mesmo ano por 297 empresas, empregando 1.750.000 trabalhadores,
chegou a uma relação mais precisa do que a de Bird, conforme apresenta a figura 4.4.
FIGURA 4.4: Pirâmide da
Insurance Company of North America
-1969.
Fonte: Adaptado de Miguel (1998).
Benite (2004) ressalta a importância dada ao estudo dos incidentes ao afirmar que as empresas
que focam os esforços na eliminação de eventos raros estão cometendo um equivoco, pois
deveriam realizar esforços para eliminar eventos com maiores incidências, que são aqueles
localizados na base da pirâmide.
O incidente pode ser considerado como um sinal de alerta, visto que, é um indício que outro
incidente com maiores perdas materiais ou mesmo, um acidente grave pode acontecer, caso
Lesão incapacitante
Lesão não incapacitante
Acidentes com dano à propriedade (sem lesão)
Acidentes com lesão grave
Acidente com lesão leve
Acidentes com dano à propriedade
Acidentes sem lesão ou danos visíveis
45
não se atue diretamente nas causas e origens desses incidentes. Para tanto, é necessário que
todos da empresa participem dessa atuação, ou seja, na prevenção dos acidentes, contando
com o assessoramento de especialistas em SST capazes de identificar riscos, avaliá-los e
propor as medidas para sua eliminação e/ou controle.
4.4 Perigo e Risco
Segundo os guias BS-8800 (1996) e BSI-OHSAS-18001 (1999), o perigo é definido como
uma fonte ou situação potencialmente capaz de causar perdas em termos de danos à saúde,
prejuízos à propriedade, prejuízos ao ambiente do local de trabalho ou uma combinação entre
eles. E o risco, como a combinação da probabilidade e conseqüência da ocorrência de uma
situação de perigo específica.
Considera-se o perigo como a fonte geradora do risco. Portanto, a SST deve atuar na origem
do risco, ou seja, atuando na prevenção, buscando sempre eliminar o perigo. Pois, estando o
perigo eliminado, o risco não existirá. No entanto, quando não se consegue eliminar o perigo,
por demandar dificuldades no ajuste da produção, custos elevados, tecnologias avançadas e
outros condicionantes muitas vezes inalcançáveis, a SST detém-se no controle dos riscos.
Pois, diferentemente do perigo que existe ou inexiste, o risco possui gradações, devendo a
SST, atuar na redução do mesmo.
4.5 Os agentes ocupacionais
Os agentes ocupacionais são considerados riscos apenas quando causam danos à saúde do
trabalhador, e se subdividem em agentes ambientais e agentes de segurança. Os agentes
ambientais se propagam sob forma de energia (físico), na forma de matéria (químico) ou na
forma de microorganismos (biológico). Dependendo da natureza, concentração ou intensidade
e tempo de exposição, os agentes ambientais (físicos, químicos e biológicos) são capazes de
causar danos à saúde do trabalhador. Já os agentes de segurança, subdividem-se em agentes
mecânicos e agentes ergonômicos, que são estáticos ou decorrentes da inadequação do
ambiente ao homem, conforme apresenta o quadro 4.1.
46
QUADRO 4.1 – Agentes ocupacionais.
TIPOS DE AGENTE
AGENTE
DESCRIÇÃO
Ambientais
Físico
São as diversas formas de energia a que possam estar
expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações,
pressões anormais, temperaturas extremas, radiações
ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som
e ultra-som.
Químico
São as substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de
poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que,
pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato
ou ser absorvido através da pele ou por ingestão.
Biológicos
São as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários,
vírus entre outros.
De segurança
De acidentes
São aqueles que coloquem o trabalhador em situação de
perigo e possa afetar a sua integridade, bem estar físico e
moral.
Ergonômicos
São aqueles que venham causar as más condições de
trabalho, as quais venham causar desconforto, insegurança
e que não atendam às características psico-fisiológicas dos
trabalhadores.
Fonte: Barkokébas Jr., 2009.
No âmbito legal, os agentes ocupacionais são considerados riscos quando ultrapassam os
parâmetros legais. Na legislação brasileira, é a Norma Regulamentadora 15 Atividades e
operações insalubres (BRASIL, 2009b) que estabelece os limites de tolerância, como a
concentração ou a intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de
exposição ao agente.
Além da NR-15, existem outros parâmetros que podem ser adotados, como os Limites de
Exposição (Threshold Limit Values - TLVs) e os Índices Biológicos de Exposição (Biological
Exposure Índices BEIs), que são sugeridos pela American Conference of Governmental
Industrial Hygienists – ACGIH.
47
4.6 Premissas básicas da prevenção de acidentes
É fato que o trabalho gera modificações no ambiente, que podem interferir na saúde e bem-
estar do trabalhador. Logo, a prevenção utiliza um conjunto de técnicas para identificar,
avaliar e assim, estudar as formas de controle da situação, para que a mesma não prejudique a
integridade física e/ou mental do trabalhador. Pode-se afirmar, que a prevenção, além de
eliminar/controlar os riscos ocupacionais, reflete na rentabilidade da empresa, na otimização
da produção e na qualidade de vida do trabalhador e sua família.
No plano legal, a Norma Regulamentadora N°. 9 (BRASIL, 2009b) estabelece a
obrigatoriedade da elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais PPRA, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente
controle da ocorrência de riscos existentes ou que venham a existir no ambiente no de
trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais
Com base no que prescreve a norma, para a prevenção de acidentes, é necessário a realização
de cada etapa, conforme mostra a figura 4.5, admitindo-as como premissas básicas da
prevenção.
FIGURA 4.5: Etapas básicas da prevenção de acidentes
Fonte: Barkokébas Jr., Vasconcelos e Monteiro (2009)
Torna-se fundamental também, o monitoramento contínuo, em função de que o ambiente de
trabalho é mutante, as máquinas e equipamentos se desgastam, a mão-de-obra é rotativa e as
pessoas assimilam informações de forma distinta (BARKOKÉBAS JR. et al., 2009).
Identificar os
riscos
Avaliar os riscos
Controlar os
riscos
ETAPAS
BÁSICAS DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Monitoramento
contínuo
48
Com essas ações pensadas na origem dos riscos, se evitam os acidentes e conseqüentemente
os custos e responsabilidades implícitas ao acidentes, além de fornecerem base para um
Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho.
4.7 Os custos dos acidentes de trabalho
De acordo com o Instituto de Desenvolvimento e Inspeção das Condições de Trabalho -
IDICT (sem data) apud Reis e Soeiro (2005), cerca de dois acidentes em cada três são
predeterminados antes do início das atividades do canteiro de obras. Os mesmos autores
acrescentam que projetos de pesquisa europeus mostraram que nas obras, somente cerca de
20% dos custos de acidentes são provocados por erros durantes as atividades de execução. Os
erros e omissões ocorridos nas fases de concepção, planejamento e organização da obra
refletem na qualidade e na segurança do trabalho.
O acidente de trabalho pode tomar proporções bastantes avultosas mesmo quando se
considera apenas os custos econômicos, pois os custos humanos são imensuráveis, tendo em
vista, que a vida humana e a invalidez não podem ser quantificadas (BARKOKÉBAS JR. et
al., 2004a).
O custo humano constitui-se na dor, na invalidez, nas mortes, ou seja, em todos os danos que
possam causar sofrimento. o custo econômico é constituído pelos gastos e perdas que o
acidente produz, como as perdas materiais, os danos nos equipamentos, a perda de horas de
trabalho de colegas e chefias, etc.
Percebe-se que os custos humanos e os custos econômicos possuem uma relação direta e
muitas vezes, são difíceis de diferenciar. Além disso, são muitos os envolvidos que pagam
diretamente e/ou indiretamente o acidente do trabalho, como o acidentado e sua família, a
empresa e a sociedade.
No entanto, é evidente que o acidente do trabalho produz um sofrimento maior ao acidentado,
pois, quando não se trata de acidente fatal, é pago através de lesões físicas e psíquicas,
necessitando de tratamentos e acompanhamentos médicos, e muitas vezes medicamentos por
toda a vida. Os efeitos psicológicos também podem ser apontados como um dano ao
trabalhador, visto que, uma mutilação tem o potencial de causar discriminação da sociedade.
49
Sob o ponto de vista econômico, os acidentes podem provocar redução da renda familiar, no
caso de afastamento ou mudança de função decorrente do acidente (VASCONCELOS;
BARKOKÉBAS JR., 2009).
A sociedade, conforme visto, também paga, pois perde uma pessoa economicamente ativa,
junto com sua experiência e conhecimento acumulado, ou mesmo, arca com as despesas do
acidentado através da contribuição ao INSS. Este, é uma autarquia do Governo Federal do
Brasil que recebe as contribuições para a manutenção do Regime Geral da Previdência Social,
sendo responsável pelo pagamento da aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença,
auxílio-acidente, entre outros benefícios previstos em lei.
A perda de uma pessoa treinada e capacitada também gera um grande custo humano à
empresa, pois, segundo Bellovi et al. (1990), os conhecimentos e experiências de trabalhador
em parte podem ser substituídos, mas em parte não, que referem-se às próprias
características do profissional.
o custo econômico para a empresa, Bellovi et al. (1990) subdivide em custos facilmente
contabilizados e custos razoavelmente ocultos. De maneira semelhante, Barkokébas et al.
(2004b) classificam os custos em direto e indireto, conforme mostra a figura 4.6.
FIGURA 4.6 – Custos do acidente do trabalho.
Fonte: Barkokébas Jr. et al., 2004b.
O custo econômico direto refere-se aos gastos correspondentes ao atendimento do acidentado
e são de responsabilidade do INSS. o custo indireto, é representado pelas despesas arcadas
pela empresa, através do salário do acidentado no dia do acidente, salários dos demais
trabalhadores que interromperam suas atividades em decorrência do acidente, salários
adicionais por horas extras, salários dos supervisores para providencias em decorrência do
Acidentado
Empresa
Sociedade
Indireto
Direto
CUSTO DE ACIDENTE DO TRABALHO
Custo Humano
Custo Econômico
50
acidente, custo de material ou equipamento danificado no acidente, perda da imagem no
mercado, despesas com o treinamento do substituto do acidentado, redução da produtividade
do acidentado no retorno ao trabalho, dentre outros.
Tendo em vista os impactos negativos provocados pelo acidente de trabalho, Binder et al.
(1996) entendem que a investigação das causas de um incidente/acidente deve ser interpretada
como uma oportunidade coletiva de aprendizagem organizacional.
4.8 As causas dos acidentes de trabalho
As causas de um acidente do trabalho podem ser inúmeras, em sua maioria, decorrentes de
falta ou deficiência do planejamento e organização da produção, condições inseguras nos
ambientes de trabalho e dos comportamentos humanos, que podem ter origens de ordem
psicológicas, ou refletir problemas sociais e de formação cultural e/ou organizacional. Como
os comportamentos humanos referem-se a fatores subjetivos, torna-se difícil a tarefa da
investigação, pois, os problemas e/ou distúrbios mentais podem estar diretamente
relacionados à atividade laboral ou não.
Seja pelo desconhecimento dos riscos de acidentes, ou por um treinamento inadequado, ou
pela falta de aptidão ou do interesse pelo trabalho, ou pelo excesso de confiança, ou quaisquer
que sejam os motivos, é fato que, muitas vezes, os mesmos podem ser detectados
precocemente pelos responsáveis técnicos da organização.
Em função dessa diversidade de variáveis que podem estar vinculadas a um acidente, ou seja,
tendo em vista que o acidente é multicausal, percebe-se que a investigação de um acidente é
complexa, e se baseia num grande número de informações acumuladas na empresa.
De fato, a investigação de acidentes tem demonstrado a importância das ações relacionadas
com a SST no desempenho e nos índices de acidentes nas organizações. As ações e
comportamentos de todos os trabalhadores, chefias e direção da empresa implicam no
desenvolvimento do clima de SST da organização. Esse clima influencia o pensamento causal
de todos os membros da organização em relação às causas dos acidentes , assim como, o
modo de coletar as informações e de investigar as suas causas (FUGAS, 2007).
51
Em função dessa diversidade e multiplicidade de fatores envolvidos, a prevenção dos riscos
ocupacionais deve contemplar todas as condições de trabalho que possam afetar a integridade
física e mental do trabalhador, sendo assim, essencialmente necessário, o conhecimento de
todos os possíveis fatores de riscos existentes no ambiente do trabalho. Pois, segundo Moreira
(2003), a avaliação de poucos fatores no estudo das condições de trabalho ou caracterização
das causas dos acidentes e doenças ocupacionais dificulta o entendimento de seus verdadeiros
determinantes.
Binder e Almeida (1997) afirmam que vários métodos desenvolvidos com esta finalidade,
embora que, para sistemas de menor complexidade, o método de escolha é constituído pelas
inspeções de ambientes e de condições de trabalho. Em contrapartida, os mesmos autores
apontam que, alguns fatores da organização do trabalho são dificilmente detectados pela
inspeção, como a designação improvisada de trabalhadores para execução de tarefas, o uso de
materiais por várias equipes sem designação de responsável, a falta de ferramentas e materiais
necessários à execução de tarefas eventuais ou não rotineiras, ou seja, fatores que adquirem
importância crescente no desencadeamento de acidentes.
Em contrapartida às dificuldades encontradas na prevenção de acidentes, Lopez et al. (1992)
apud Véras (2004), afirmam que, o esforço que uma sociedade dedica à prevenção dos
acidentes, às doenças ou a catástrofes, pode se considerar o mais completo indicador do vel
de qualidade de vida pelo qual esta sociedade trabalha e aspira. Sendo assim, indicam que as
medidas preventivas devem partir das seguintes premissas:
Todos os acidentes têm causas naturais e se explicam de forma natural (Lei de efeito);
Todas as falhas e erros devem classificar-se em meios de características e comportamentos
humanos (princípio da implicação);
As causas e contingências de cada acidente estão inter-relacionadas (noção de sistema).
4.9 Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho
Entende-se por gestão, o ato de coordenar esforços de pessoas para atingir os objetivos da
organização. o sistema de gestão, refere-se ao conjunto de instrumentos interdependentes
que se relacionam e interagem, e que são utilizados pela organização para planejar, operar e
controlar suas atividades (CARDELLA, 1999).
52
No contexto de sistema de gestão, as ações em SST devem ser voltadas para a eliminação dos
riscos em todos os processos, a partir da integração dos profissionais que planejam a SST, que
são os profissionais de segurança e saúde, e quem executa as ações, que geralmente, são
gerentes operacionais.
Para garantir a eficácia e a eficiência das ações preventivas, é necessário que todo o quadro da
organização participe de forma efetiva e sinta-se parte integrante do todo, além do que, devem
ser ações que respondam ao SGSST da organização, ou mesmo, direcionem para a
implementação do mesmo (VASCONCELOS, 2009).
Entretanto, o isolamento da SST em relação a todos os demais processos e setores ainda é
parte da cultura nas organizações, que não entende a SST como um fator que agregue valor ao
produto (MOREIRA, 2003).
A ILO-OSH 2001 recomenda diretrizes voltadas para as organizações, com o intuito de
fornecer orientações sobre a integração dos elementos do SGSST e, ainda, de motivar a
gerência e responsáveis pelos trabalhadores, à melhoria contínua dos resultados. Pois, o
SGSST no âmbito da organização contribui no direcionamento das ações de SST, no
planejamento dos recursos financeiros, no estabelecimento do gerenciamento da segurança e
saúde no trabalho; na redução dos riscos de embargos e interdições nas obras; na valorização
da mão de obra; na valorização da imagem da empresa no mercado, dentre outros fatores.
Vale salientar, que o SGSST é visto pela Organização Internacional do Trabalho OIT,
através de suas diretrizes sobre SGSST, como voluntário e não certificável, visto que, o
objetivo maior é proteger os trabalhadores contra fatores de riscos.
Para tanto, é parte do sistema, a identificação e a avaliação quantitativa e qualitativa dos
riscos, a fim de controlá-los através de ações preventivas e corretivas que percorram todas as
fases do ciclo de vida do empreendimento.
Sendo assim, a fase projetual é apontada como o ponto de partida para o planejamento de
ações de SST, destacando-se o projeto de arquitetura, por ser tomado como referência pelos
demais projetos.
53
5 A SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONCEPÇÃO DO PROJETO DE
ARQUITETURA
Para entender a relação que existe entre o projeto de arquitetura e a SST, é fundamental que se
entenda o projeto de arquitetura e o seu processo de elaboração, além da sua relação com a
coordenação de projetos e os demais projetos. Ao final desse capítulo, torna-se evidente a
interface existente entre o projeto de arquitetura e a SST, pertinente a todas as fases do ciclo
de vida do empreendimento.
5.1 O projeto de arquitetura
O arquiteto Lúcio Costa, um dos pioneiros da arquitetura modernista no Brasil, define
arquitetura como:
... é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o
propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada
finalidade e visando determinada intenção. E nesse processo fundamental de
ordenar e expressar-se ela se revela igualmente arte plástica, porquanto nos
inumeráveis problemas com que se defronta o arquiteto desde a germinação
do projeto até a conclusão efetiva da obra, sempre, para cada caso
específico, certa margem final de opção entre os limites - máximo e mínimo
- determinados pelo cálculo, preconizados pela técnica, condicionados pelo
meio, reclamados pela função ou impostos pelo programa, - cabendo então
ao sentimento individual do arquiteto, no que ele tem de artista, portanto,
escolher na escala dos valores contidos entre dois valores extremos, a forma
plástica apropriada a cada pormenor em função da unidade última da obra
idealizada (Considerações sobre arte contemporânea - 1940, 1995).
O arquiteto acrescenta ainda, que a intenção plástica é precisamente o que diferencia a
arquitetura da simples construção. Em contrapartida, o autor afirma que a arquitetura, depende
necessariamente, da época da sua ocorrência, do meio físico e social a que pertence, da
técnica decorrente dos materiais empregados e, finalmente, dos objetivos e dos recursos
financeiros disponíveis para a realização da obra, ou seja, do programa proposto.
De maneira objetiva, Gregotti apud Ivanóski (2004), define que fazer arquitetura é construir
para determinada finalidade, utilizando-se materiais que são trabalhados eficientemente pelas
54
técnicas e pelas formas, estas últimas ligadas à criação artística, ao sentimento e à emoção. As
técnicas e formas devem ser, também, resultado de um pensamento racional e científico para a
produção da qualidade ambiental da edificação, com eficiência térmica (insolação e
ventilação), acústica (ruído), visual (iluminação e cores), psicológica (textura, materiais,
cores, formas e dimensões).
Ching (1998) ressalta que a arquitetura é geralmente concebida, projetada e construída em
função de um conjunto de condições existentes, que podem ser de natureza puramente
funcional ou também refletir a atmosfera social, política e econômica.
Percebe-se, portanto, que a arquitetura é constituída por uma série de escolhas de variáveis e
condicionantes, que dependendo da priorização dada e da viabilidade existente, são escolhidas
soluções de uma gama de soluções encontradas.
A consistência das informações do projeto arquitetônico torna-se imprescindível para o
sucesso do empreendimento, visto que, as decisões arquitetônicas na fase de concepção
podem comprometer muitas variáveis em toda a vida útil do empreendimento, podendo ser o
custo, o tempo de obra, à execução de determinado serviço, os riscos de acidentes, o
desempenho térmico, o desempenho acústico, dentre outras, seja em função da orientação da
edificação no terreno, do percentual de ocupação no solo, do atendimento às leis em vigor, do
aproveitamento da ventilação, do partido plástico adotado, etc.
Os projetistas, inevitável e instintivamente, prefiguram soluções aos problemas com os quais
se defrontam, porém a profundidade e o espectro de seu vocabulário de projeto influenciam
tanto sua percepção de uma questão quanto a formulação de sua resposta. Se sua compreensão
de uma linguagem de projeto é limitada, o espectro de soluções possíveis a um problema será
limitado (CHING, 1998). Ou seja, se o arquiteto não conhece e se não faz parte de sua
realidade, conseqüentemente o mesmo não consegue vislumbrar as possíveis soluções a serem
encontradas.
Diante da complexidade das questões envolvidas pelo projeto de arquitetura, a figura 5.1
proposta por Ching (1998), apresenta uma visão geral dos elementos, sistemas e organizações
básicos que compõem uma obra de arquitetura.
55
FIGURA 5.1 – Sistemas arquitetônicos.
Fonte: Adaptado de Ching (1998).
Além das questões intrínsecas à arquitetura apresentadas nesse subitem, vale ressaltar que o
projeto arquitetônico é ponto de partida para os demais projetos técnicos e para aqueles
elaborados para a produção, influenciando assim, na antecipação e identificação dos possíveis
problemas nas etapas de execução e manutenção.
Inserido nesse contexto, o presente trabalho enfatiza os aspectos da SST pertinentes aos
trabalhadores que executarão serviços futuros nos empreendimentos, a fim de mantê-los e
preservá-los. Pois, o se pode pensar na manutenção e preservação da edificação sem pensar
em quem irá executar esses serviços. Além da necessidade do arquiteto e demais projetistas
fazerem projeções futuras da edificação, ou seja, devem ter em vista, como serão realizados os
serviços e como será a interação entre o homem (executor do serviço) e a edificação (produto
a ser mantido através dos serviços).
SISTEMAS ARQUITETÔNICOS
A Arquitetura do
Espaço
Estrutura
Delimitação
Padrão, relações, hierarquia organizacionais
Imagem formal e definição espacial
Qualidades de formato, cor, textura, escala,
proporção
Vivenciada através do
Movimento no
Espaço-Tempo
Realizada por intermédio da
Tecnologia
Acomodando um
Programa
Compatível com seu
Contexto
acessos
configuração da via de acesso
seqüência de espaços
luz, vista, toque, audição e olfato
estrutura e delimitação
proteção e conforto ambiental
saúde, segurança e bem-estar de trabalhadores
saúde, segurança e bem-estar de usuários
durabilidade
exigências, necessidades e aspirações do usuário
fatores económicos e sócio-culturais
restrições legais
tradição e antecedentes históricos
terreno e meio ambiente
clima: sol, vento, temperatura, precipitação
geografia: solos, topografia, vegetação, água
caracter
ísticas sensoriais e culturais do local
56
5.2 O processo do projeto de arquitetura
A NBR - 05679 (ABNT, 1995a) estabelece as atividades de projeto de edifícios em etapas,
podendo ser dividida em dois grupos. O primeiro correspondente às etapas iniciais do projeto
(levantamento, programa de necessidades e estudo de viabilidade) e o segundo
correspondente às etapas de elaboração do projeto (estudo preliminar, anteprojeto, projeto
legal, projeto básico e projeto executivo).
De maneira semelhante, Melhado et al. (2005) define a primeira grande etapa de um projeto, a
de idealização do produto, aquela na qual se analisam as necessidades dos clientes e onde se
estabelecem as diretrizes para o empreendimento e seu projeto. Acrescenta ainda, que é nessa
etapa onde há a contratação do arquiteto, sem envolver diretamente os demais projetistas
durante a concepção do produto.
A concepção arquitetônica da edificação, dos elementos da edificação, das instalações
prediais e dos seus componentes construtivos deve abranger a determinação e a representação
de aspectos como os ambientes exteriores (acessos, vias, pavimentos, passarelas, escadas,
taludes, patamares, bermas, arrimos, canaletas, lagos, piscinas, jardins, áreas livres,
fechamentos e proteções), ambientes interiores (acessos, circulações horizontais e verticais,
vestíbulos, salas, salões, dormitórios, abrigos, sanitários e cozinhas), elementos da edificação
e seus componentes construtivos (fundações, estruturas, coberturas, forros, vedos verticais,
revestimentos e acabamentos, equipamentos para comunicação visual, equipamentos
(mobiliário, incorporados, outros), jardins e parques, instalações prediais e seus componentes
construtivos (ABNT, 1995b).
A referida norma, apesar de apresentar detalhadamente os elementos e componentes a serem
levados em consideração, nada comenta sobre elementos direcionados como meio de proteção
para trabalhadores que irão atuar em serviços futuros realizados na edificação.
Para tanto, diante do amplo leque de exigências do projeto arquitetônico, é necessário que se
haja uma seqüência lógica e coerente das atividades. A NBR 13.531 (ABNT, 1995c) e a NBR
13.532 (ABNT, 1995b), determinam as etapas das atividades técnicas do projeto de
edificações e de seus elementos, instalações e componentes como partes sucessivas da
seguinte maneira:
57
Levantamento
Programa de necessidades
Estudo de viabilidade
Estudo preliminar
Anteprojeto
Projeto Legal
Projeto Básico
Projeto Executivo
Com base na NBR 13.531 (ABNT, 1995c), o quadro 5.1 apresenta os fluxos de informações
(entradas e saídas) necessários para cada etapa do projeto arquitetônico.
QUADRO 5.1 – Fluxo de informações das etapas do projeto de arquitetura.
Etapas do projeto de
arquitetura
Fluxo de informações
Entradas
Saídas
Levantamento de dados para
arquitetura
Levantamento
topográfico e cadastral
Outras.
Registros de vistorias no local da futura edificação
e de arquivos cadastrais (municipais, estaduais ou
federais), incluindo os seguintes dados mínimos:
Vizinhança da edificação (acidentes);
Leis municipais de parcelamento de solo e de
zoneamento;
Serviços públicos, companhias concessionárias,
água potável, esgotos sanitários, escoamento
de águas pluviais, energia elétrica em alta ou
baixa tensão, iluminação pública, gás
combustível, coleta de lixo e pavimentação;
Terreno destinado à edificação;
Orientação Norte-Sul, direção e sentido dos
ventos predominantes;
Diferença ou alterações ocorridas após o
levantamento topográfico e cadastral
(movimentos de terra, construções
clandestinas, rios, córregos, vias públicas,
perfis, pavimentações, calçadas, guias,
sarjetas, torres de transmissão de alta-tensão
e postes);
Edificações existentes no terreno destinado à
edificação (a demolir ou não);
Área de construção, número de pavimentos, uso
atual, características arquitetônicas e
construtivas;
Outras informações relevantes.
58
Etapas do projeto de
arquitetura
Fluxo de informações
Entradas
Saídas
Programa de necessidades
de arquitetura
Levantamento de dados
para a arquitetura;
Outras informações.
Informações necessárias à concepção
arquitetônica da edificação e aos serviços de
obra, como nome, número e dimensões
(gabaritos, áreas úteis e construídas) dos
ambientes, com distinção entre os ambientes a
construir, a ampliar, a reduzir e a recuperar,
características, exigências, número, idade e
permanência dos usuários, em cada ambiente;
Características funcionais ou das atividades em
cada ambiente (ocupação, capacidade,
movimentos, fluxos e períodos);
Características, dimensões e serviços dos
equipamentos e mobiliário; exigências ambientais,
níveis de desempenho; instalações (elétricas,
mecânicas, hidráulicas e sanitárias).
Estudo de viabilidade de
arquitetura
Levantamento de dados
para arquitetura;
Programa de
necessidades para
arquitetura;
Levantamento de dados
obtidos pelas demais
atividades técnicas.
Metodologia empregada;
Soluções alternativas (físicas e jurídico-legais);
Conclusões e recomendações.
Estudo preliminar de
arquitetura
Programa de
necessidade de
arquitetura;
Programa de
necessidades obtido
pelas demais atividades
técnicas (se necessário);
Levantamento
topográfico e cadastral;
Levantamento de dados
para arquitetura;
Estudo de viabilidade de
arquitetura;
Outras informações.
Informações sucintas e suficientes para a
caracterização geral da concepção adotada,
incluindo indicações das funções, dos usos, das
formas, das dimensões, das localizações dos
ambientes da edificação, bem como de quaisquer
outras exigências prescritas ou de desempenho;
Informações sucintas e suficientes para a
caracterização específica dos elementos
construtivos e dos seus componentes principais,
incluindo indicações das tecnologias
recomendadas;
Informações relativas a soluções alternativas
gerais e especiais, suas vantagens e
desvantagens, de modo a facilitar a seleção
subseqüente.
Anteprojeto de arquitetura Estudo preliminar de
arquitetura;
Estudos preliminares
produzidos por outras
atividades técnicas (se
necessário);
Informações técnicas relativas à edificação
(ambientes interiores e exteriores), a todos os
elementos da edificação e aos seus componentes
construtivos considerados relevantes
QUADRO 5.1 – Fluxo de informações das etapas do projeto de arquitetura.
59
Etapas do projeto de
arquitetura
Fluxo de informações
Entradas
Saídas
Levantamento
topográfico e cadastral;
Sondagens de simples
reconhecimento do solo;
Outras informações.
Projeto legal de arquitetura Anteprojeto de
arquitetura
Anteprojetos produzidos
por outras atividades
técnicas (se necessário);
Levantamento
topográfico e cadastral
Legislação municipal,
estadual e federal
pertinentes (leis,
decretos, portarias e
normas);
Normas técnicas
(INMETRO e ABNT).
Informações necessárias e suficientes ao
atendimento das exigências legais para os
procedimentos de análise e de aprovação do
projeto legal e da construção, incluindo os órgãos
públicos e as companhias concessionárias de
serviços públicos, como departamento de obras e
de urbanismo municipais, conselho dos
patrimônios artísticos e históricos municipais e
estaduais, autoridades estaduais e federais para a
proteção dos mananciais e do meio ambiente,
departamento de aeronáutica civil.
Projeto básico de arquitetura Anteprojeto de
arquitetura
Anteprojetos produzidos
por outras atividades
técnicas;
Outras informações.
Informações relativas à edificação (ambientes
externos e internos) e a todos os elementos da
edificação, seus componentes construtivos e
materiais de construção;
Projeto para execução de
arquitetura
Anteprojeto ou projeto
básico de arquitetura;
Anteprojetos ou projetos
básicos produzidos por
outras atividades
técnicas;
Outras informações.
Desenhos:
Planta geral de implantação;
Planta de terraplenagem;
Cortes de terraplenagem;
Plantas das coberturas;
Cortes (longitudinais e transversais);
Elevações (frontais, posteriores e laterais);
Plantas, cortes e elevações de ambientes
especiais (banheiros, cozinhas, lavatórios,
oficinas e lavanderias);
Detalhes (plantas, cortes, elevações e
perspectivas) de elementos da edificação e de
seus componentes construtivos (portas,
janelas, bancadas, grades, forros, beirais,
parapeitos, pisos, revestimentos e seus
encontros, impermeabilizações e proteções
Textos:
Memorial descritivo da edificação;
Memorial descritivo dos elementos da edificação,
das instalações prediais, dos componentes
QUADRO 5.1 – Fluxo de informações das etapas do projeto de arquitetura.
60
Etapas do projeto de
arquitetura
Fluxo de informações
Entradas
Saídas
construtivos e dos materiais de construção de
construção;
Memorial quantitativo dos componentes
construtivos e dos materiais de construção;
Perspectivas (opcionais):
Maquetes (opcionais);
Fotografias, microfilmes e montagens
(opcionais);
Recursos audiovisuais (opcionais).
Neufert (2008) relata o processo de projeto de forma prática e mais detalhada, direcionada
para o projeto arquitetônico. Relata que o processo de projeto inicia com a elaboração de um
programa da construção com base nos seguintes condicionantes:
Localização do terreno, dimensões, diferenças de nível no terreno, ruas adjacentes;
Localização das redes de água e esgoto, leis de zoneamento, plano diretor, plano de
massa, dentre outros;
Plantas oficiais de localização.
O autor mostra na seqüência, o levantamento das necessidades dos compartimentos no que diz
respeito à área, pé-direito, posicionamento e suas inter-relações, além das medidas do
mobiliário previsto, tipo de construção adotada e capital disponível para o investimento. A
etapa subseqüente refere-se ao desenho esquemático dos ambientes, através de retângulo em
escala, contendo as áreas desejadas, de forma a estabelecer a relação funcional entre as áreas e
posicionando de maneira a atribuir a orientação adequada. Nesta fase, se inicia a
visualização da solução.
No entanto, o autor coloca que antes de começar a projetar propriamente, é necessário o
esclarecimento definitivo dos dados para implantação do edifício no terreno, onde são
indagadas questões como orientação, direção dos ventos, possibilidades de acesso, presença
de árvores, vizinhança. E através destas informações, várias tentativas e esgotamento de
possibilidades são realizadas, assim como balanço entre prós e contras, a fim de encontrar
uma boa solução.
Em seqüência à fase de pesquisas, Neufert (2008) afirma que, na maioria das vezes, é
encontrada a solução com rapidez, visualizando-se formalmente a edificação. A partir de
QUADRO 5.1 – Fluxo de informações das etapas do projeto de arquitetura.
61
então começa a primeira etapa do projeto, ou anteprojeto, onde se início ao tratamento dos
dados de organização e composição do objeto a ser construído, assim como das idéias ou
concepções de fundo. Nesse momento, uma idéia esquemática do conjunto da construção é
apresentada através de plantas e vistas em croquis.
Depois de concluído o anteprojeto, o autor recomenda uma pausa de três a catorze dias, a fim
de distanciar o arquiteto do projeto e permitir a percepção das deficiências existentes no
projeto e novas soluções. Inicia-se então, a fase de projeto, onde ocorre a interação com os
demais projetistas e são determinados os elementos construtivos e as instalações. Na maioria
das vezes, antes do final desta etapa, enviam-se os desenhos para aprovação pelo órgão
responsável local. Por fim, Neufert (2008) chama a atenção de que não se deve poupar tempo
na fase preparatória de projeto, uma vez que este será recuperado na facilidade da execução
da obra.
No presente trabalho, chama-se atenção para as projeções das alterações futuras, a partir das
necessidades dos usuários e do próprio empreendimento, visando a sua preservação. Além
disso, o arquiteto deve enxergar a obra como um todo, criando áreas de intersecção entre a
arquitetura e às demais áreas de conhecimento.
5.3 A coordenação de projetos e o projeto de arquitetura
O projeto arquitetônico, que é ponto base para os demais projetos e parte da primeira etapa do
desenvolvimento do empreendimento, reflete inicialmente, como um custo único. E, se mal
concebido, pode provocar impactos negativos durante toda a vida útil do empreendimento,
através de retrabalhos e reparos em atividades diversas, como nos serviços de fachadas,
instalações hidráulicas, instalações elétricas, esgoto, etc.
No entanto, atualmente no Brasil, o tempo destinado a elaboração de projetos de edificações
verticais é relativamente curto, ou seja, poucos meses são destinados à fase de planejamento
do empreendimento, tendo em vista o tempo médio de três anos para a execução de uma
edificação vertical. Sendo assim, o tempo limitado para conceber projetos e traçar estudos de
viabilidade técnica, econômica e financeira, pode contribuir diretamente nos problemas
detectados durante a vida útil do empreendimento.
62
O gerenciamento de projetos também é um fator que proporciona implicações na execução do
empreendimento. Para Félix (2005), o gerenciamento de projetos é uma das áreas mais
abandonadas na construção civil. O planejamento e o controle na construção são considerados
como uma área onde impera o caos e a improvisação. As pesquisas destacam que as causas
mais significativas para esses problemas de gerenciamento são:
Deficiência nas especificações e nas comunicações dos detalhes do projeto;
Conhecimento técnico insuficiente dos projetistas; e,
Falta de confiança no planejamento prévio para os trabalhos com base nos projetos.
Melhado et al. (2005) aponta como uma das dificuldades para a gestão do processo de projeto,
a sua multidisciplinaridade, pois, um grande o número de intervenientes necessários ao seu
desenvolvimento. O mesmo autor comenta que até recentemente, o projeto de edificações era
composto por um projeto de arquitetura associado a projetos complementares, projetos
técnicos ou de engenharia, representando um arranjo tradicional, ou seja, um conjunto de
projetos isolados, desenvolvidos independentemente e de maneira desintegrada.
Segundo Fabrício (2004), a fase de concepção do edifício ocorre de forma separada do
desenvolvimento do projeto, ou seja, a atuação do arquiteto ocorre previamente e com
reduzida interação com os demais projetistas e com o pessoal da obra. Muitas vezes, somente
após a etapa de lançamento do empreendimento no mercado, é feita a contratação dos demais
projetistas que irão participar do desenvolvimento do projeto. Dessa forma, o arranjo
institucional e as práticas vigentes de processo de projeto podem ser classificados como
altamente hierarquizados e são desenvolvidos de maneira seqüencial, com a equipe de projeto
se modificando ao longo do processo de projeto, pela mobilização e desmobilização dos
projetistas das diferentes especialidades.
O processo seqüencial permite que apenas o projetista de arquitetura conheça as etapas
iniciais do processo projetual, ficando como tarefa para os demais projetistas, adequar as suas
partes ao partido adotado pelo projeto de arquitetura (FABRÍCIO; MELHADO, 2001).
Diante dessa multidisciplinaridade e dessas atividades seqüenciadas, percebe-se que no
processo de projeto, torna-se necessário a figura do coordenador de projetos, através da
compatibilização das informações e viabilização das soluções de projetos provenientes dos
projetistas e demais profissionais envolvidos, que correspondem a arquitetos, engenheiros de
63
estruturas, engenheiros de instalações prediais, diretores/gerentes comerciais e
empreendedores.
Para tanto, o coordenador de projetos também deve se preocupar com a integração desses
agentes e dos prazos estipulados na fase de planejamento da execução do empreendimento,
sendo assim, uma atividade complexa diante da diversidade das especificidades das áreas
envolvidas e intervenção de uma variável de participantes.
5.4 A segurança do trabalho e o projeto de arquitetura
Diante dos custos decorrentes dos acidentes de trabalho, percebe-se que os mesmos devem ser
evitados na origem, desde a fase de concepção do empreendimento. Cabrito (2005) converge
ao colocar que ao combater os riscos na origem, obriga-se a atuar na fase de concepção, quer
se trate de novas máquinas e equipamentos ou ainda de novos materiais. Também atribui
atenção especial desse princípio durante a concepção ou fase de projetos.
Assim como pode ser utilizado como ferramenta para a melhoria da qualidade e
produtividade, o projeto possui grande potencial para reduzir problemas futuros, como
retrabalhos, danos ao meio ambientes, acidentes do trabalho, além de custos elevados e não
programados. Portanto, a inserção das medidas de SST na fase de concepção aumenta o
potencial no controle de riscos de acidentes, colaborando de forma efetiva, não apenas na fase
de execução, mas também na fase de manutenção. Além disso, interfe diretamente na
produtividade do canteiro de obras e demandam menores gastos nos serviços de manutenção
futuros, necessários para a preservação do tempo de vida útil do empreendimento.
Dessa forma, verificam-se grandes vantagens em contraposição aos poucos recursos
necessários, que são basicamente os conhecimentos técnicos de SST por parte dos
profissionais envolvidos na elaboração e no processo de projeto, e, a integração da equipe,
gerenciada pelo coordenador de projetos.
A Figura 5.2 apresenta os conhecimentos técnicos, que contemplam as diversas áreas de
conhecimentos e suas respectivas áreas de intersecção por parte dos diversos profissionais
envolvidos na fase de concepção, e, a integração da equipe e informações compatibilizadas
por meio das ações do coordenador de projetos.
64
Tanto os conhecimento técnicos como a integração da equipe de projetos constituem a base
para a concepção do empreendimento que contemple as projeções futuras. Estas, decorrentes
das necessidades futuras do empreendimento e de seus usuários, seja na fase de execução ou
na fase de manutenção.
FIGURA 5.2 – Vantagens resultantes da interface entre a segurança e saúde do trabalho e o projeto de
arquitetura.
Dessa forma, demandam vantagens na eliminação/ redução dos riscos de acidentes, vantagens
na execução de serviços e vantagens na eliminação de custos referentes à adaptação do
empreendimento às condições impostas pelos serviços de manutenção.
Entretanto, a dificuldade de integração das medidas de SST na fase projetual é evidente,
decorrente muitas vezes, da falta de conhecimento dos profissionais, função muitas vezes, da
própria formação acadêmica. Pois, grande parte dos cursos de engenharia e arquitetura no
Brasil não oferece componente sobre o assunto, e quando oferecem, muitas vezes não são
obrigatórias.
Couto e Teixeira (2006) complementam, comentando que é necessário também, que os
projetistas tenham experiência efetiva do tipo de obra de atuação e tenham consciência que os
riscos emergem da interação dos trabalhadores com os condicionantes materiais do trabalho e
tenham consciência das capacidades e limitações dos trabalhadores da construção.
Acrescentam ainda, que os projetistas devem também ter consciência, que os prazos de
execução de obras inadequados ou falhas na coordenação de trabalhos são fatores
potenciadores de riscos.
Concepção
Poder preventivo
Conhecimentos
técnicos
Equipe
integrada
Segurança e
S
aúde do
T
rabalho
Poucos recursos
Poder econômico
Poder produtivo
Execução, manutenção
e desconstrução
CICLO DE VIDA DO EMPREENDIMENTO
65
Outra dificuldade de integração das medidas de SST na fase projetual é função muitas vezes,
da falta da figura do coordenador de projetos, ou mesmo, da falta de conhecimentos ou
habilidades deste. Martins e Serra (2004) apontam o coordenador de projetos como
responsável também pela compatibilização dos projetos sob o ponto de vista da saúde e da
segurança do trabalho em todas as fases da vida do empreendimento. E acrescentam que o
coordenador deve ter experiência na execução e no planejamento de obras a fim de distribuir
tarefas, identificando riscos relativos ao sistema construtivo.
Portanto, o coordenador de projetos deve se preocupar e garantir a identificação e a avaliação
de riscos em potencial, através de adoção de medidas preventivas durante a concepção do
empreendimento, assim como, os projetistas devem conhecer e considerar as premissas
fundamentais para prevenção de acidentes, no momento das decisões técnicas.
Vale salientar, que no Brasil, o coordenador de projeto é o principal agente na gestão do
processo de projeto e tem como principais atribuições realizar ações de integração entre
projetistas, coordenar e controlar os projetos e as trocas de informações, a fim de garantir que
o processo de projeto cumpra os prazos e objetivos estabelecidos (MELHADO et al., 2005).
66
6 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia do trabalho foi estruturada em três etapas, para melhor entendimento e
organização. A etapa I buscou verificar a necessidade da inserção da segurança e saúde do
trabalho na formação de arquitetos e coordenadores de projetos, a fim de comprovar as
reflexões apresentadas anteriormente. Essa etapa teve início após o embasamento teórico
parcial, proveniente das revisões bibliográficas em livros, periódicos, artigos científicos,
normas nacionais e internacionais. A etapa II trata da análise de riscos nos serviços de
manutenção predial. E, por fim, a etapa III, que representa o objetivo maior do trabalho, que é
a proposição das diretrizes de segurança do trabalho para o projeto de arquitetura.
Etapa I - Necessidade da inserção da segurança e saúde do trabalho na formação de arquitetos
e coordenadores de projetos
A primeira etapa do trabalho consistiu num levantamento dos cursos de arquitetura existentes
no estado de Pernambuco - Brasil, e análise das respectivas matrizes curriculares, a fim de
verificar a existência da abordagem do assunto durante a graduação. A pesquisa contemplou o
total de cursos existentes, que representam seis graduações em instituições de nível superior
distintas.
Concomitantemente ao levantamento das matrizes curriculares das graduações em arquitetura,
foram elaborados e aplicados dois questionários de entrevista, sendo um destinado a
arquitetos (Apêndice A), representando escritórios de arquitetura, e outro destinado a
coordenadores de projetos (Apêndice B), representando empresas construtoras, a fim de
verificar o conhecimento e a atuação desses profissionais na Segurança e Saúde do Trabalho.
Foram entrevistados dez arquitetos e cinco coordenadores de projetos.
Ambos os questionários de entrevistas contemplaram quesitos relativos à formação
profissional, atuação no mercado, conhecimentos relativos à Segurança e Saúde do Trabalho,
conhecimentos relativos à etapa de manutenção predial e atuação no ensino. O item formação
profissional permitiu obter informações referentes à instituição de ensino e do ano de
formação do entrevistado, além questões relativas à participação em cursos de pós-graduação,
treinamentos e cursos de curta duração. Já o item atuação no mercado contemplou questões
sobre tempo de exercício profissional no ramo da construção de edifícios verticais, número
67
médio de envolvimento em projetos/ano, tipologia de maior demanda, entre outras. Quanto
aos itens ‘conhecimentos acerca da segurança e saúde do trabalho’ e ‘conhecimentos acerca
da etapa de manutenção predial’, ambos abrangeram, dentre outras, perguntas relativas à
familiarização com os assuntos, aos impactos dos temas na construção civil, à relação dos
mesmos com o projeto de arquitetura, às cobranças por parte do construtor, e ainda, perguntas
sobre a existência de orientações relativas à segurança e saúde do trabalho e à manutenção
predial por parte do coordenador de projetos. Em relação ao item ‘atuação em ensino’
referiram-se à perguntas sobre os assuntos abordados em sala de aula. Posteriormente, as
respostas dos questionários foram agrupadas em blocos semelhantes.
A pesquisa utilizou uma amostragem não probabilística baseada em critérios de conveniência,
visto que, a seleção dos entrevistados ocorreu através da identificação dos principais
escritórios de arquitetura e empresas construtoras atuantes em projetos de edifícios verticais
na RMR, Pernambuco - Brasil. Foram realizadas entrevistas em dez escritórios de arquitetura
e cinco coordenadores de projetos de empresas construtoras, devendo-se, portanto, ter os
devidos cuidados na generalização dos resultados encontrados.
Etapa II Análise dos riscos de acidentes em altura nos serviços de manutenção de fachadas
em edificações verticais
O estudo consistiu primeiramente na coleta de dados estatísticos de acidentes fatais ocorridos
em Pernambuco, no período de 2002 e 2006, pela Superintendência Regional do Trabalho -
SRT/PE, a fim de ressaltar a importância do estudo e de verificar as causas potenciais dos
acidentes. O início do período estudado corresponde ao começo da implantação do Sistema
Federal de Inspeção do Trabalho SFIT pela SRT/PE, que aconteceu a partir de outubro de
2001, com a obrigatoriedade de inclusão dos respectivos acidentes do trabalho no sistema.
Além disso, foram realizados registros fotográficos e observações em 55 empreendimentos na
fase pós-obra selecionados aleatoriamente, a fim de estabelecer relações entre o projeto de
arquitetura e os possíveis riscos para trabalhadores na execução de serviços de manutenção
em fachadas.
A partir dos registros e respectivas análises, foram detectados aspetos semelhantes nas
edificações que seriam relevantes considerá-los para a organização dos dados. Dessa forma,
68
os empreendimentos foram agrupados em blocos, com base em três aspectos, apresentados na
figura 6.1: volumetria, vedação e outras variáveis.
Levando em consideração que uma edificação vertical é composta por base, corpo e
coroamento, o aspecto ‘volumetria’ se concentrou nas partes ‘corpo’ e ‘coroamento’, visto
que, o presente trabalho se concentra em risco de quedas em altura nos serviços de
manutenção predial.
O corpo do edifício exibe os recortes, saliências e reentrâncias existentes, influenciando
diretamente todo o planejamento e estratégias para a realização dos serviços de manutenção.
o coroamento ganha destaque em função de ser um elemento de suporte (local de
ancoragem) de dispositivos e equipamentos necessários, como por exemplo, andaime e
cadeira suspensa.
Já o tipo de vedação influencia na periodicidade dos serviços e no grau de dificuldade
encontrado para a realização dos serviços. Pois, de fato, uma fachada constituída de pele ou
cortina de vidro exigirá um intervalo de tempo mais curto entre as intervenções, se comparada
a uma fachada revestida em cerâmica. Outra situação que merece destaque refere-se à
existência de fachada cega, visto que, implica no acesso de trabalhadores a possíveis
andaimes instalados.
O terceiro aspecto engloba diversas situações, tendo em vista que, apesar de relevantes, foram
encontradas em menor número do que os aspectos ‘volumetria’ e ‘vedação’. Dentre essas
diversas situações encontradas, quatro situações ganharam destaque, em função da existência
de: passarelas, lajes intermediárias, jardineiras e luminárias em direito duplo (figura 6.1).
Pois, são situações que acarretam dificuldades para a execução de serviços em altura e para a
instalação de dispositivos de apoio à execução e à segurança do trabalhador.
69
Estudo Preliminar
Anteprojet
o
Diversas
Apresenta recortes
Não apresenta recortes
Apresenta saliências e reentrâncias
Não apresenta saliências e reentrâncias
Possui pele ou cortina de vidro
Não possui pele ou cortina de vidro
Possui fachada cega
Não possui fachada cega
Possui passarela
Não possui passarela
Possui lajes intermediárias
Não possui lajes intermediárias
Possui jardineiras
Não possui jardineiras
Possui luminária em pé direito duplo
Não possui luminária em pé direito duplo
ETAPA
ASPECTO
S CONSIDERADOS
SITUAÇÕES
Volumetria
Corpo
Coroamento
Outras variáveis
Vedação
Passarelas/eleva-
-
dores panorâmicos
Pele/cortina
de vidro
Luminária em pé
direito duplo
Jardineiras
Fachada cega
Platibanda
Elementos em
‘saque’
Saliências e
reentrâncias
Recortes
Lajes
intermediárias
Possui coroamento com elementos em ‘saque’
Não possui coroamento com elementos em ‘saque’
Possui platibanda
Não possui platibanda
FIGURA 6.1– Aspectos e situações encontradas nos empreendimentos considerados para o tratamento
dos dados.
Etapa III – Elaboração das diretrizes de segurança do trabalho para o projeto de arquitetura
Seguindo os parâmetros apresentados na etapa II, as edificações pesquisadas foram agrupadas.
Por fim, foram elaboradas diretrizes relativas à segurança do trabalho com aplicabilidade na
fase de desenvolvimento do projeto arquitetônico, a fim de subsidiar, futuramente, um
briefing
1
de segurança do trabalho destinado à empreendedores na fase de projeto.
1
Entende-se briefing no presente trabalho, como um conjunto de informações formalizadas e direcionadas para
empreendedores, com o intuito de verificar se o projeto em seu início, atende aos requisitos mínimos da empresa, no que diz
respeito a um determinado assunto
70
7 NECESSIDADE DA INSERÇÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO NA
FORMAÇÃO DE ARQUITETOS E COORDENADORES DE PROJETOS
7.1 Análise das matrizes curriculares dos cursos de Arquitetura
Verificou-se que, um dos motivos para a dificuldade de muitos arquitetos em lidar com a
interface entre a arquitetura e a SST, decorre do distanciamento das questões acerca da SST
das componentes dos cursos de graduação.
São seis instituições de ensino superior, localizadas no Estado de Pernambuco - Brasil, que
dispõem o curso de graduação em Arquitetura. Após análise das matrizes curriculares (Anexo
B), verificou-se a ausência de componente obrigatória que abordasse especificamente a SST,
assim como, de componentes obrigatórias que apresentassem o assunto em seu conteúdo
programático.
As componentes eletivas das matrizes curriculares também foram objetos de análise. Algumas
componentes que se relacionam com a SST foram verificadas. A instituição A oferece a
componente ‘Ergonomia aplicada à Arquitetura’ e a instituição C oferece a componente
‘Ergonomia e Acessibilidade’, conforme mostra o Quadro 7.1. a instituição B oferece a
componente ‘Segurança e Saúde do Trabalho’ como uma componente isolada, ou seja,
disponível na matriz curricular do curso de Engenharia Civil, onde é permitido que os
estudantes do curso de Arquitetura aproveitem os créditos da componente.
QUADRO 7.1 – Resultado da análise das matrizes curriculares dos cursos de Arquitetura.
Instituição
Componente
Classificação
A Ergonomia aplicada à Arquitetura Eletiva
B Segurança do Trabalho Isolada
C Ergonomia e Acessibilidade Eletiva
D -- --
E -- --
F -- --
Fonte: Pesquisa de campo.
Observou-se também, que todas as instituições oferecem com obrigatoriedade, a componente
Planejamento Arquitetônico em todos os semestres do curso, sendo pré-requisito para a
mesma componente num estágio mais avançado. No final do curso, os estudantes são
71
orientados a elaborar o Trabalho Final de Graduação - TFG e apresentar defesa a uma banca
examinadora, onde são exigidos aspectos sócio-econômicos, construtivos, de mercado,
estéticos, etc. Em contrapartida ao extenso leque exigido pelas componentes de projetos, nada
consta sobre a SST.
7.2 Os arquitetos e coordenadores de projetos
Após o tratamento e interpretação dos dados dos formulários de entrevistas aplicados aos
arquitetos e coordenadores de projetos, observou-se a superficialidade nos conhecimentos
sobre SST adquiridos no plano acadêmico e ao longo da carreira profissional. Além disso,
apenas um dos entrevistados (coordenador de projetos) possui formação em SST.
Um dos depoimentos mostra a percepção da necessidade da formação em SST por parte do
entrevistado:“... É fundamental que a segurança do trabalho faça parte da graduação. A
segurança é canalizada para a obra, o que na verdade seria necessário antes. O arquiteto é o
primeiro de toda uma cadeia sistêmica da construção civil, que, a partir do projeto de
arquitetura se desencadeiam todas as outras ações, todos os outros projetos. Então a
necessidade da segurança do trabalho está inserida como um dos pré-requisitos ao ato de
projetar. Um exemplo semelhante é o caso da acessibilidade, que até há pouco tempo, os
arquitetos não tinham nenhum envolvimento... e não deve-se apenas formar novos
profissionais com essa consciência, mas também, reciclar os mais experientes”.
Em contrapartida, um dos entrevistados apontou que, “naturalmente, o curso de graduação em
Engenharia Civil é canalizado para a produção e o curso de Arquitetura para a plástica”. Tal
colocação reflete a imagem do perfil profissional do arquiteto como conseqüência de uma
cultura acadêmica distorcida, acarretando em prejuízos a longo prazo, já que, o ato de
construir, exige uma forte integração de uma diversidade de áreas de conhecimentos, dentre as
quais, a interface da SST e o projeto de arquitetura.
Quanto à atuação no mercado, os arquitetos se envolvem em média, de seis a oito projetos ao
ano, e os coordenadores de projetos em um número muito superior aos profissionais de
arquitetura, sendo em ambos os casos, em sua maioria, obras de edifícios verticais.
72
Em relação ao quesito ‘Conhecimentos técnicos em segurança e saúde do trabalho’, pôde-se
observar que os arquitetos entrevistados, além de não apresentarem formação nessa área,
apresentam deficiências nos conhecimentos adquiridos em SST ao longo da carreira
profissional. Apesar do que, um dos entrevistados avalia que a SST na construção civil “...
deve ter importância máxima, pois é uma indústria com transformações, de serviços de risco.”
E, ao ser indagado sobre a relação da SST com a arquitetura, comentou “... é mais
complicado, mas sempre que projeto, penso na execução do serviço. E sempre o que pesa
mais na escolha arquitetônica é a dificuldade de realização de determinados serviços.”
Quanto aos conhecimentos de manutenção predial, percebeu-se que a preocupação dos
profissionais em relação aos serviços de manutenção, refere-se sempre a problemas relativos
às dificuldades de execução, sem estabelecer relações com a identificação dos riscos de
acidentes. Um dos arquitetos entrevistados ao ser questionado sobre a existência de
dificuldades de execução nos serviços de fachadas decorrentes de escolhas arquitetônicas,
respondeu que “... essa dificuldade existe sempre que tem um material novo, como por
exemplo, as dificuldades durante o período de adaptação da utilização de placas de granito
com grampos.”
Outro arquiteto observa uma maior relação, indagando e colocando exemplos: “... Plano
inclinado de fachada ... Penso como será a limpeza? Será um carrinho com rodinhas? Talvez
eu pensasse nisso, mas antes de projetar eu pesquisaria se é possível a manutenção, se
equipamentos para a construção... No entanto, numa obra térrea eu não me preocupo, ao
contrário de uma obra vertical que é inevitável esse tipo de preocupação.”
Outra informação relevante, é que os entrevistados, com exceção de dois coordenadores de
projetos, afirmaram que a SST nunca é apontada como um item específico a ser discutido nas
reuniões de projetos.
Quanto ao item ‘Atividades em docência’, para aqueles que atuam nessa área, foram feitos
questionamentos sobre a abordagem do tema SST em suas aulas. Todos afirmaram que esse
tema não faz parte do conteúdo programático da componente que ministra.
Enfim, constatou-se que os coordenadores de projetos entrevistados apresentaram uma visão
mais ampla no que diz respeito da percepção da interface existente entre a arquitetura e a SST.
73
Quanto aos arquitetos, aqueles com maior tempo de formação acadêmica e atuação no
mercado, apresentaram maior dificuldade em perceber a existência dessa interface. Percebe-se
que, a repetição da produção de projetos com o mesmo padrão, acaba gerando certa
inalterabilidade no processo de elaboração do projeto, como também a falta de iniciativa para
incorporar novos processos.
Verificou-se ainda, que os arquitetos que se detém a projetos para edifícios de incorporação
demonstraram maior receptividade, enquanto que aqueles que se detêm a projetos para
edifícios com manifestações arquitetônicas mais arrojadas se demonstraram menos receptivos
no que diz respeito à relevância do assunto.
74
8 ANÁLISE DE RISCOS DE ACIDENTES NOS SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO
PREDIAL
8.1 Análise de acidentes fatais
Através de dados do SFIT (2007) apud Maia (2008), em Pernambuco, no período de janeiro
de 2002 a dezembro de 2006, foi detectado um total de 409 acidentes de trabalho,
considerando todos os setores produtivos, os quais 285 acidentes não fatais e 124 acidentes
fatais, conforme consta na tabela 8.1.
TABELA 8.1 –Estatísticas de acidentes de trabalho em todos os setores industriais do Estado de
Pernambuco.
ANO
TOTAL DE
ACIDENTES
TOTAL DE ACIDENTES NÃO
FATAIS
TOTAL DE ACIDENTES
FATAIS
2002 24 11 13
2003 126 94 32
2004 74 42 32
2005 38 17 21
2006 147 121 26
TOTAL 409 285 124
Fonte: Adaptado de SFIT- MTE (2007) apud Maia (2008).
A tabela 8.2 mostra que, no mesmo intervalo de tempo, a Indústria da Construção Civil foi
responsável por 71 acidentes de trabalho, sendo 34 acidentes não fatais e 37 acidentes fatais.
TABELA 8.2 - Estatísticas de acidentes de trabalho na Indústria da Construção Civil do Estado de
Pernambuco.
ANO
TOTAL DE
ACIDENTES
TOTAL DE ACIDENTES NÃO
FATAIS
TOTAL DE ACIDENTES
FATAIS
2002 06 01 05
2003 23 14 09
2004 20 06 14
2005 11 05 06
2006 11 08 03
TOTAL 71 34 37
Fonte: Adaptado de SFIT- MTE (2007) apud Maia (2008).
Dentre as principais causas desses acidentes fatais, segundo dados do SFIT (2007), a queda
por diferença de nível se destacou, com um total de 15 ocorrências. Em seguida, o choque
elétrico, com um total de nove ocorrências, soterramento/desmoronamento, com cinco
75
ocorrências, impacto de materiais, com três ocorrências e demais causas, com cinco,
conforme mostra a tabela 8.3.
TABELA 8.3 - Total de acidentes por causa.
CAUSAS TOTAL
Queda de diferença de nível 15
Choque elétrico 9
Desabamento/ esmagamento 5
Impacto de Material 3
Diversos 5
Total 37
Fonte: Adaptado de SFIT- MTE (2007) apud Maia (2008).
Os dados reforçam a necessidade da SST em priorizar a atuação no risco de acidentes em
altura, visto que: a conseqüência na maioria dos casos é fatal; trata-se de um risco presente em
diversos setores de atividades da construção civil; e, envolve diversas funções. Além disso,
trata-se de um risco que não pode ser eliminado, que, o perigo, ou seja, a fonte potencial de
provocar danos é a altura.
Dos 15 acidentes fatais por queda de diferença de nível, ocorridos entre 2002 a 2006,
apresentados na tabela anterior, quatro destes eventos ocorreram na fase pós-obra, conforme
mostra a tabela 8.4.
De acordo com informações do SFIT- MTE (2007) apud Maia (2008), o acidente por quedas
em fase pós-obra ocorrido em 2002, aconteceu quando o operário encontrava-se numa viga
divisória entre duas caixas de elevadores de uma edificação vertical, com o elevador parado
acima dele. Com a intenção de passar o cabo de tração na polia do contrapeso, perdeu o
equilíbrio e caiu no fundo do poço do elevador. Vale salientar, que o operário estava sem o
cinto de segurança.
Em 2003, ocorreram dois acidentes fatais decorrentes de queda por diferença de nível. Um
dos acidentes aconteceu quando o operário caminhava sobre telhas de cimento amianto ao
realizar o serviço de recuperação de uma cobertura. As telhas não suportaram o peso, fazendo
com que o trabalhador caísse de uma altura de 3,5m. O acidentado, apesar de vestir o cinto de
segurança, não estava fazendo o uso correto do equipamento.
76
O outro acidente fatal, decorrente do risco de queda em altura na fase pós-obra, em 2003,
correspondeu a um operário que trabalhava sobre um andaime tubular. Durante a atividade,
teve uma crise epiléptica seguida de queda do andaime. Este equipamento estava em não
conformidade a diversos aspectos da Legislação Brasileira de Segurança e Medicina do
Trabalho. Além do mais, o funcionário não utilizava o cinto de segurança.
TABELA 8.4 - Tipo e descrição dos acidentes.
TIPO DE
ACIDENTE
ANO CAUSA FASE DA OBRA
TOTAL DE
ACIDENTES
TOTAL DE
VÍTIMAS
Típico
2002
Queda execução 2 2
Queda do poste execução 1 1
Impacto de materiais execução 1 1
Queda Pós obra 1 1
2003
Choque elétrico execução 1 1
Queda execução 3 3
Desabamento/ esmagamento execução 2 2
Queda Pós obra 2 2
2004
Choque elétrico execução 1 1
Desabamento/ esmagamento execução 2 2
Desabamento/ esmagamento Pós obra 2 2
Choque elétrico execução 3 3
Impacto de materiais execução 1 1
Queda execução 3 3
2005
Queda execução 3 3
Choque elétrico execução 2 3
Choque elétrico execução 1 1
2006
Queda Pós obra 1 1
Choque elétrico execução 1 1
Desabamento/ esmagamento execução. 1 1
Homicídio 2004 Homicídio execução 1 1
Trajeto 2003 Atropelamento execução 1 1
Trajeto 2004 Atropelamento execução 1 1
Fonte: Adaptado de SFIT- MTE (2007) apud Maia (2008).
o acidente ocorrido em 2006 refere-se a mais um exemplo da falta de uso do cinto de
segurança. Pois, o funcionário ao realizar o serviço de montagem de andaime suspenso no 22°
pavimento de uma edifício, se desequilibrou e caiu.
São números expressivos diante do curto período de tempo analisado. Além do que, em todos
os casos, a falta do uso de cinto de segurança é apontada como uma das principais causas.
77
Em nível de projeto, a simples disposição de ganchos permitiria uma infra-estrutura adequada
para fixação dos cintos de segurança e induziria a sua utilização. Assim como, subsidiaria os
procedimentos de SST contemplados nos manuais de áreas comuns e do proprietário
8.2 Análise de empreendimentos na fase pós-obra
A pesquisa tomou como exemplo, edifícios localizados na RMR. Mediante observações nos
aspectos formais dos empreendimentos, puderam-se identificar dificuldades de execução de
serviços de manutenção de fachadas, como a troca de revestimentos, limpeza, pintura,
serviços referente às instalações hidráulicas, elétricas, dentre outros. Além disso, pôde-se
detectar que grande parte dessas dificuldades gera risco potencial de acidentes por queda.
8.2.1 Volumetria
Observou-se que os edifícios que possuem muitos recortes apresentam a necessidade de
planejamento prévio para a instalação de andaimes suspensos, a fim de locar e quantificar os
equipamentos de forma otimizada.
O edifício Sierra Nevada (figuras 8.1 e 8.2), que estava tendo o seu revestimento trocado
durante a pesquisa de campo, possui a volumetria robusta e com muitos recortes. Observou-se
que o serviço é longo e constituído de improvisações. Tal fato acontece em função da falta de
suportes permanentes para a instalação de andaimes suspensos, tendo assim, que ser
reposicionado de trecho a trecho.
A figura 8.3 mostra o uso de telas de fachada e cabos de aços improvisados, assim como,
andaimes suspensos sem a tela de proteção. a figura 18.4 exibe o local de ancoragem do
andaime suspenso, assim como, a presença de roldana para cabo de elevação de materiais
disposto indevidamente nesse local, visto que, se localiza acima da área de movimentação dos
trabalhadores, deixando os mesmos, expostos ao risco de quedas de materiais.
78
FIGURAS 8.1 e 8.2 - Edifício Sierra Nevada.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.3 e 8.4 – Andaime suspenso no Edifício Sierra Nevada.
Fonte: Pesquisa de campo.
O mesmo acontece com o edifício Atlanta, conforme mostram as figuras 8.5 e 8.6, no que diz
respeito a improvisação dos dispositivos de segurança, como tela, ancoragem dos andaimes e
cabos de aço.
Já as figuras seguintes (8.7 à 8.10) apresentam edifícios composto de reentrâncias e saliências,
que dificultam as operações de manutenção. Para tanto, seria necessário deixar previamente a
ancoragem e trilhos para andaimes suspenso articuláveis, que possam ter a mobilidade de
avançar e recuar ao corpo do edifício. Outra possibilidade é a disposição de andaimes
estacionados na própria fachada, sendo resguardados por elementos da própria composição do
edifício, definidos no desenvolvimento do projeto.
As figuras 8.11 e 8.12 mostram o Edifício Clinical Center, que no momento da visita, estava
sendo realizado um reparo no revestimento cerâmico. Foram detectadas diversas situações de
79
não atendimento aos parâmetros legais, como a disposição de escada de mão para acesso à
cadeira suspensa, a improvisação do sistema de fixação da cadeira suspensa e a disposição de
‘calços’ para o engate do cinto de segurança.
FIGURAS 8.5 e 8.6 – Edifício Atlanta.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.7 e 8.8 – Edifício Empresarial Center Wecon e Empresarial Alexandre Castro e Silva.
Fonte: Pesquisa de campo.
80
FIGURAS 8.9 e 8.10 – Edifício Clinical Center.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURA 8.11 e 8.12 – Detalhe execução de serviço no Edifício Clinical Center.
Fonte: Pesquisa de campo.
No Edifício Vila do Mar foi verificada a ocorrência de serviços de fachada, conforme
mostram as figuras 8.13 e 8.14, sendo realizados em andaime tipo torre, com altura
percorrendo todo o edifício. No entanto, a Legislação Brasileira de Segurança e Medicina do
Trabalho, em seu subitem 18.15.18 da NR18 estabelece que a altura do andaimes não pode
exceder em 4 (quatro) vezes a menor dimensão da base de apoio, quando não estaiadas. Neste
caso, é necessária a instalação de andaime fachadeiro com sua devida ancoragem à estrutura
do edifício, dispondo de tela, guarda-corpo e cabo de aço independente para fixação do cinto
de segurança. Outra solução é a utilização de andaimes suspensos convencionais ancorados
em ganchos fixados na estrutura da parte inferior da laje de coberta.
Outra situação encontrada, refere-se à edifícios que possuem redução do seu corpo à medida
que ganha altura, sendo o processo para instalação de dispositivos de segurança similar
81
aqueles apresentados nos edifícios possuidores de reentrâncias, visto que, para realização de
serviços em seu corpo, necessitaria da utilização de andaimes articuláveis (figuras 8.15 à
8.18).
FIGURAS 8.13 e 8.14 – Edifício Vila do Mar.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.15 e 8.16 – Edifício José Noberto.
Fonte: Pesquisa de campo.
82
FIGURAS 8.17 e 8.18 – Edifício Ilha de Santinori.
Fonte: Pesquisa de campo.
Outro aspecto relevante com base nas observações da volumetria das edificações é que muitos
dos edifícios existentes na RMR possuem o coroamento - parte de fechamento superior da
composição plástica do edifício composto por ‘saques’ de forma a impedir a instalação de
andaimes convencionais, necessitando assim, de maiores estudos para a seleção e instalação
de andaimes articuláveis (figuras 8.19 à 8.22).
No caso dos Edifícios Empresariais Isaac Newton e Alfred Nobel (figuras 8.23 e 8.24), a
composição do volume permite a disposição de ‘andaimes simplesmente apoiado’ no último
piso, devendo a laje ser previamente estudada em seu projeto para suportar a carga.
FIGURAS 8.19 e 8.20 – Edifício Ilha do Retiro.
Fonte: Pesquisa de campo.
83
FIGURAS 8.21 e 8.22 – Edifício Maria Leopoldina.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.23 e 8.24 – Edifícios Empresariais Isaac Newton e Alfred Nobel.
Fonte: Pesquisa de campo.
A ausência de platibanda também foi item apontado com frequencia e requer um estudo
detalhado, com previsão da contratação de especialistas que acessem a parte superior do
edifício para realização de serviços de manutenção. No entanto, tal fato não ocorre, resultando
na exposição do trabalhador ao grave e iminente risco de queda em altura, em função da falta
de estrutura planejada para o apoio às atividades de manutenção (figuras 8.25 à 8.28).
84
FIGURAS 8.25 e 8.26 – Hospital Alfa.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.27 e 8.28 – Edifício Empresarial Blue Tower.
Fonte: Pesquisa de campo.
8.2.2 Vedação
Verificou-se que grande parte dos edifícios apresenta numa de suas fachadas, cortinas de
vidro ou peles de vidro, que necessitam de manutenção com maior freqüência (figuras 8.29 à
8.33). Ou seja, a situação atual desses edifícios exige que as pessoas limpem individualmente
as esquadrias correspondentes ao seu andar, de maneira a realizar “malabarismos” para o
alcance à parte externa da vidraçaria, expondo o trabalhador ao risco de queda. Nesses casos,
o estudo para a utilização de andaimes suspensos convencionais e articuláveis deve ser
realizado, assim como, a disposição dos respectivos trilhos na última laje.
85
FIGURAS 8.29 e 8.30 – Edifício Empresarial Business Beach.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.31, 8.32 e 8.33 –
Hotel Boa Viagem Praia, Edifício Lula Cardozo Aires e Edifício
Debret.
Fonte: Pesquisa de campo.
Extensos panos cegos de fachadas também podem ser apontados com freqüência nos edifícios
da RMR, inviabilizando o acesso de trabalhadores a possíveis andaimes convencionais
instalados para serviços de reparos ou limpeza na fachada (figura 8.34 à 8.37). A solução
‘improvisada’ na obra de manutenção é, geralmente, a junção de andaimes suspensos em
contraposição ao que determina a legislação, que em seu subitem 18.15.43.3 da NR18, limita
o cumprimento dos estrados dos andaimes suspensos em até 8 metros.
A utilização de andaimes elétricos em fachadas cegas é inevitável, visto que, os trabalhadores
que executarão o serviço deverão subir e descer toda a fachada do edifício sempre que for
realizar os serviços.
86
FIGURAS 8.34 e 8.35 –
Edifício Rio Araguaia e Edifício Porto Atlântico.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.36 e 8.37 –
Edifício Ficus.
Fonte: Pesquisa de campo.
8.2.3 Outras variáveis
Alguns edifícios da RMR dispõem de passarelas e elevadores panarômicos em suas fachadas.
No caso dos elevadores panorâmicos (fotos 8.38 à 8.41), como o serviço é pontual, poderá ser
feito através do uso de cadeira suspensa.
87
FIGURAS 8.38 e 8.39 –
Hotel Atlante Plaza.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.40 e 8.41 –
Edifício Recife Flat.
Fonte: Pesquisa de campo.
Em outros casos, a falta de planejamento para a etapa de manutenção torna-se um problema
em função da própria composição plástica do edifício, como é o caso dos Edifícios Ilha de
Maiorca e Príncipe de Vivar (figuras 8.42 à 8.45). O acesso às esquadrias pertencentes ao
volume da circulação vertical do edifício torna-se inviável mesmo supondo a instalação de
andaime suspenso convencional, em função da disposição de lajes intermediárias. O alcance
do trabalhador, sobre o andaime, à esquadria não seria possível, devendo haver um estudo
prévio com equipamento específico e procedimento para execução de serviço com o uso da
cadeira suspensa.
88
FIGURAS 8.42 e 8.43 –
Edifício Ilha de Maiorca.
Fonte: Pesquisa de campo.
FIGURAS 8.44 e 8.45 –
Edifício Príncipe de Vivar.
Fonte: Pesquisa de campo.
Similarmente à disposição de lajes intermediárias, a disposição de jardineiras em
apartamentos requer atenção especial, visto que, os proprietários realizam os serviços de
jardinagem na área externa correspondente ao seu apartamento (figuras 8.46 e 8.47). Portanto,
é necessário que se deixe ganchos para o engate do cinto de segurança em cada apartamento.
89
FIGURAS 8.46 e 8.47 –
Edifício Scala.
Fonte: Pesquisa de campo.
Outro aspecto relevante, bastante comum nas edificações brasileiras (figuras 8.48 à 8.51), é a
existência de ambientes com direito duplo dispondo de luminárias no forro. A
inobservância aos serviços de manutenção na etapa projetual torna-se evidente quando é
necessário trocar as lâmpadas das luminárias. Neste caso, recomenda-se o uso de iluminação
indireta.
FIGURAS 8.48 e 8.49 –
Edifício Golden Home Service.
Fonte: Pesquisa de campo.
90
FIGURAS 8.50 e 8.51 –
Hotel Atlante Plaza.
Fonte: Pesquisa de campo.
91
9 DIRETRIZES DE SEGURANÇA DO TRABALHO PARA O PROJETO DE
ARQUITETURA
Diante da superficialidade com que a SST é tratada por arquitetos e coordenadores de projetos
atuantes na área da construção de edificações verticais e da inexistência de dispositivo legal
para aplicação da SST na fase projetual, as diretrizes foram elaboradas para auxiliar o
arquiteto, o coordenador de projetos e o construtor, a fim de inserir a prevenção de acidentes
na etapa projetual.
Nesse sentido, de acordo com a análise realizada, os dados foram agrupados conforme
aspectos considerados na metodologia.
QUADRO 9.1 Diretrizes de segurança do trabalho destinadas ao projeto de arquitetura, para o
controle dos riscos de acidentes em altura na manutenção de fachadas de edificações verticais.
ASPECTOS CONSIDERADOS
DIRETRIZES
DE SEGURANÇA DO TRABALHO
Volumetria
Composição dispondo de
recortes
Dispor de elementos de ancoragem para a instalação de
andaimes suspensos;
Dispor de elementos para a fixação de telas de fachada e
cabos de aços independentes para andaime, cinto de
segurança e um destinado para a movimentação de
materiais.
Composição apresentando
reentrâncias e saliências
Dispor de elementos de ancoragem para andaimes
suspensos articuláveis, que possam ter a mobilidade de
avançar e recuar ao corpo do edifício;
Prever a disposição de andaimes estacionados na própria
fachada, sendo resguardados por elementos da própria
composição do edifício;
Prever a disposição de ganchos na estrutura da parte inferior
da laje de coberta para a utilização de andaimes suspensos
convencionais;
Dispor de elementos para a instalação de andaimes
fachadeiros, a fim de permitir a sua devida ancoragem à
estrutura do edifício.
Sempre prever a ancoragem para cabo de aço destinado
exclusivamente para o cinto de segurança do trabalhador.
Coroamento com elementos
em ‘saque’
Dispor de elementos de ancoragem para andaimes
suspensos articuláveis;
Prever a disposição de ‘andaimes simplesmente apoiado’ no
último piso, devendo a laje ser previamente estudada para
suportar a carga;
Sempre prever a ancoragem para cabo de aço destinado
exclusivamente para o cinto de segurança do trabalhador.
Ausência de platibanda
Dispor ganchos embutidos na fachada para o engate do
cinto de segurança e verificar a existência de profissionais
92
ASPECTOS CONSIDERADOS
DIRETRIZES
DE SEGURANÇA DO TRABALHO
especialistas no acesso a parte superior do edifício para
realização de serviços de manutenção.
Vedação
Utilização de cortinas e/ou
peles de vidro
Dispor de elementos de ancoragem para andaimes
suspensos convencionais e/ou articuláveis, que possam ter a
mobilidade de avançar e recuar ao corpo do edifício;
Sempre prever a ancoragem para cabo de aço destinado
exclusivamente para o cinto de segurança do trabalhador.
Fachada cega
Dispor de ancoragem na última laje para a instalação de
andaimes elétricos e cabo de aço para cinto de segurança
de maneira independente.
Outras variáveis
Disposição de passarelas e
elevadores panorâmicos
Prever a utilização de cadeiras suspensas com os
respectivos ganchos e cabos de aço independentes para o
engate do cinto de segurança e da movimentação de
materiais.
Disposição de lajes
intermediárias
Prever a utilização de cadeiras suspensas com os
respectivos ganchos e cabos de aço independentes para o
engate do cinto de segurança e da movimentação de
materiais de maneira independente.
Disposição de jardineiras no
corpo do edifício
Dispor de ganchos para o engate do cinto de segurança.
Iluminação em pé direito
duplo
Prever iluminação indireta
93
10 CONCLUSÕES
O estudo demonstra que grande parte dos problemas de SST, enfrentados em edificações
verticais, tem sua origem na etapa de desenvolvimento de projeto, especificamente o projeto
de arquitetura, considerando que os demais projetos o tomam como referência. Evidencia-se
assim, a importância das decisões arquitetônicas, que interagem com diversos aspectos em
toda a vida útil do empreendimento.
Por meio do levantamento e análise das matrizes curriculares dos cursos de Arquitetura de
Pernambuco, verificou-se a deficiência no ensino da arquitetura por não contemplar a SST
nem mesmo nos conteúdos programáticos de componentes correlatas. Também se observou
através das entrevistas realizadas, a maneira superficial com que a SST é tratada por
arquitetos e coordenadores de projetos atuantes na área da construção de edificações verticais.
Entretanto, o estudo permitiu mostrar a uma parcela de arquitetos e coordenadores de projetos
atuantes na construção de edifícios verticais, a necessidade da inserção de aspectos da SST na
etapa de desenvolvimento e coordenação de projetos.
a coleta e análise dos acidentes fatais da construção civil na fase pós-obra ressaltaram o
reforço e a necessidade da priorização das medidas de controle contra o risco de quedas.
Mediante observações nos aspectos formais dos empreendimentos, puderam-se identificar as
dificuldades de execução de serviços de manutenção de fachadas realizados em altura, e que
acarretam no risco potencial de queda. A partir da sistematização das observações e do
tratamento dos dados, puderam-se elaborar diretrizes para o projeto de arquitetura, voltadas
para o controle do risco de quedas nos serviços de manutenção.
As diretrizes se concentraram na disposição de elementos de ancoragem para a instalação de
andaimes de diversas categorias e ganchos para a fixação do cinto de segurança. Alguns
artifícios utilizados na arquitetura também foram citados, como o anteparo utilizado na
composição plástica do edifício que resguarde andaimes estacionados na fachada.
As considerações da SST na fase da concepção do projeto de arquitetura é uma ferramenta de
grande importância, tendo em vista à eliminação ou redução dos riscos de acidentes em toda a
94
vida útil do empreendimento. Conseqüentemente, a aplicação da SST na concepção
arquitetônica acarreta na valorização de recursos humanos, através da redução do sofrimento e
dos gastos com acidentes de trabalho, além da eliminação/redução dos custos com retrabalhos
construtivos para adaptação do empreendimento às condições impostas pelos serviços de
manutenção.
Vale ressaltar que a interface entre o projeto de arquitetura e a SST é uma das diversas
interfaces projetuais. É importante que não haja sobreposição de nenhuma das partes, ou seja,
deve-se pensar de forma integrada, havendo assim, a necessidade da obtenção de
conhecimentos em SST por parte do arquiteto e também, do coordenador de projetos, visto
que, o mesmo tem papel integrador e multidisciplinar.
Por fim, os resultados permitem subsidiar a elaboração de briefing de SST destinado à
empreendedores. Este, pode ser utilizado como parâmetro de verificação de atendimento aos
requisitos mínimos ao padrão da empresa e aos parâmetros legais, e ainda, para a realização
de auditorias em projetos.
95
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101
APÊNDICES
Apêndice A – Formulário de entrevista – Coordenador de Projetos
Pesquisador de Campo :___________________________________________________________________________
Horário – Turno:_________________________________________________________________________________
Empresa: Data:
Coordenador de projetos responsável pela entrevista: _______________________________________________
Endereço: _________________________________________________________________________________________
Cidade: Bairro:
Número de funcionários: da empresa: terceiros: total:_______
1- FORMAÇÃO
1.1 Qual a graduação que cursou?
1.2 Instituição que cursou a graduação:
1.3 Ano de conclusão:
1.4 Fez curso de pós-graduação? Qual?
Aperfeiçoamento Especialização Mestrado
Doutorado Pós-doutorado
1.5 Onde (instituição acadêmica)?
1.6
Qual o último curso de atualização profissional (cursos de curta duração, treinamentos,
capacitação profissional, etc) que você freqüentou?
2- ATUAÇÃO NO MERCADO
2.1 Você atua na função de coordenador de projetos há quanto tempo ?
2.2 Qual o número médio de empresas construtoras você atende?
2.2 Qual o número médio de obras/ano que você se envolve?
2.3 Quais o tipos de projetos (tipologias arquitetônicas) você se envolve?
2.4 Qual a tipologia que tem maior demanda?
2.5 Quanto aos projetos de edifícios residenciais, qual seria um percentual em relação
ao número de obras/ano?
2.6 E, quanto aos projetos de edifícios comerciais, qual seria um percentual em relação
ao número de obras/ano?
3- CONHECIMENTOS ACERCA DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
3.1 Você é familiarizado com o assunto (SST)?
3.2 Se fosse para definir o que é a SST, como você definiria?
3.3 Qual a importância que você acha que a segurança e saúde do trabalho exerce na
construção civil?
3.4 E nos projetos arquitetônicos, você observa alguma relação?
3.5 Você teve a oportunidade de ter o contato com essa área do conhecimento durante
a graduação?
3.6 realizou algum curso de pós-graduação, curso de curta duração, treinamento ou
capacitação profissional que abordasse o assunto?
3.7 Durante a etapa projetual de uma obra, durante as reuniões do time de projetos das
empresas construtoras, a SST é levada em consideração?
3.8 Você orienta os projetistas quanto aos aspectos da SST?
3.9 Existe uma cobrança para a abordagem do assunto por parte do construtor?
3.10
E, quanto as observações do engenheiro de produção, existe algum feedback referente
a SST?
4- CONHECIMENTOS ACERCA DA ETAPA DE MANUTENÇÃO PREDIAL
4.1 Você é familiarizado com o assunto (manutenção predial)?
4.2 Em relação aos serviços de fachadas, qual a relação que você faria com a
Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
Formulário de Entrevista - Coordenador
102
arquitetura (plástica arquitetônica)?
4.3 Você observa algumas dificuldades de execução nos serviços de fachadas
decorrentes de escolhas arquitetônicas? Cite algumas.
4.4 Na fase pós-obra, existe uma comunicação entre a empresa construtora e seus
serviços?
4.5 E, quanto aos conhecimentos adquiridos acerca da manutenção predial, como se
deve?
4.6 Sente a necessidade de um feedback dos usuários através das empresas
construtoras?
5- COMENTÁRIOS E OBSERVAÇÕES
5.1 Há algum comentário que você gostaria de fazer ?
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
5.2 Observações do pesquisador de campo:
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
103
Apêndice B – Formulário de entrevista - Arquiteto
Pesquisador de Campo :___________________________________________________________________________
Horário – Turno:_________________________________________________________________________________
Empresa: Data:
Arquiteto e/ou responsável pela entrevista: _________________________________________________________
Endereço: _________________________________________________________________________________________
Cidade: Bairro:
Número de funcionários: da empresa: terceiros: total: ______
1- FORMAÇÃO
1.1 Instituição que cursou a graduação em arquitetura:
1.2 Ano de conclusão:
1.3 Fez curso de pós-graduação? Qual?
Aperfeiçoamento Especialização Mestrado
Doutorado Pós-doutorado
1.4 Onde (instituição acadêmica)?
1.5
Qual o último curso de atualização profissional (cursos de curta duração, treinamentos,
capacitação profissional, etc) que você freqüentou?
2- ATUAÇÃO NO MERCADO
2.1 Você atua na profissão de arquiteto ?
2.2 Qual o número médio de projetos/ano?
2.3 Quais os tipos de projetos (tipologias arquitetônicas) você elabora?
2.4 Qual a tipologia que tem maior demanda?
2.5 Quanto aos projetos de edifícios residenciais, qual seria um percentual em relação
ao número de projetos/ano?
2.6 E, quanto aos projetos de edifícios comerciais, qual seria um percentual em relação
ao número de projetos/ano?
2.7 Você terceiriza algum tipo de serviço? Qual?
2.8 Quantas empresas construtoras o seu escritório atende?
3- CONHECIMENTOS ACERCA DA SEGURANÇA E ASÚDE DO TRABALHO
3.1 Você é familiarizado com o assunto (SST)?
3.2 Se fosse para definir o que é a SST, como você definiria?
3.3 Qual a importância que você acha que a segurança e saúde do trabalho exerce na
construção civil?
3.4 E nos projetos arquitetônicos, você observa alguma relação?
3.5 Você teve a oportunidade de ter o contato com essa área do conhecimento durante
a graduação?
3.6 realizou algum curso de pós-graduação, curso de curta duração, treinamento ou
capacitação profissional que abordasse o assunto?
3.7 Durante a etapa projetual de uma obra, durante as reuniões do time de projetos das
empresas construtoras, há considerações /orientações acerca da SST emitidas pelo
empresário/construtor?
3.8 E, pelo coordenador de projetos?
3.9 E, pelo engenheiro de produção, existe um feedback?
4- CONHECIMENTOS ACERCA DA ETAPA DE MANUTENÇÃO PREDIAL
4.1 Você é familiarizado com o assunto (manutenção predial)?
4.2 Em relação aos serviços de fachadas, qual a relação que você faria com a
arquitetura (plástica arquitetônica)?
4.3 Você observa dificuldades de execução nos serviços de fachadas decorrentes de
escolhas arquitetônicas? Cite algumas.
4.4 Na fase pós-obra, existe uma comunicação entre a empresa construtora e seus
Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco
Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil
Formulário de Entrevista - Arquiteto
104
serviços?
4.5 Sente a necessidade de um feedback dos usuários através das empresas
construtoras?
4.6 E quanto aos conhecimentos adquiridos acerca da manutenção predial, como se
deve?
5- ATUAÇÃO EM ENSINO
5.1 Você atua na função de professor?
5.2 Em qual instituição de ensino?
5.3 Qual (is) a(s) disciplina(s) que ministra?
5.4 Se, em disciplinas de projeto, existe a abordagem da fase pós-obra quanto às
interferências projetuais nos serviços de manutenção predial?
5.5 Quanto aos conhecimentos acerca da SST, sente alguma necessidade de abordagem
durante as aulas?
6- COMENTÁRIOS E OBSERVAÇÕES
6.1 Há algum comentário que você gostaria de fazer ?
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
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__________________________________________________________________________________________________
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6.2 Observações do pesquisador de campo:
__________________________________________________________________________________________________
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105
ANEXOS
Anexo A – Serviços de manutenção preventiva
Quadro 13.1 – Serviços de manutenção preventiva.
Sistema Subsistema Atividade
A cada
semana
Equipamentos
Industrializados
Sauna Úmida
Fazer drenagem de água no
equipamento
Equipamentos
Industrializados
Grupo Gerador
Verificar nível de óleo, entradas e saídas
de ventilação desobstruídas, local
isolado
A cada 15 dias
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Bombas de água limpa e de água
servida: alternar a chave no painel
elétrico para utilizá-las em sistema de
rodízio.
Equipamentos
Industrializados
Iluminação de
emergência
Efetuar teste de funcionamento dos
sistemas por 15 minutos
Equipamentos
Industrializados
Grupo Gerador
Efetuar teste de funcionamento dos
sistemas por 15 minutos
A cada mês
Jardim Manutenção Geral
Equipamentos
Industrializados
Pressurização de
escada
Deverão ser alternados os ventiladores
através de chave comutadora, para que
não haja desgaste
Equipamentos
Industrializados
Pressurização de
escada
Efetuar a manutenção preventiva dos
ventiladores e do gerador
Equipamentos
Industrializados
Banheira de
Hidromassagem/SPA
Ligar o motor
Equipamentos
Industrializados
Ar condicionado
Manutenção recomendada pelo
fabricante e atendimento à resolução
176 do Ministério da Saúde e à Norma
13971
Equipamentos
Industrializados
Iluminação de
emergência
Para blocos autônomos e módulos.
Efetuar teste de funcionamento do
sistema por mais de 1 hora.
Equipamentos
Industrializados
Automação de Portões Manutenção geral dos sistemas
Revestimentos de parede/ piso e
teto
Pedras naturais
(mármore, granito e
outros)
Encerramento de peças polidas (pisos,
bancadas de granito, etc.)
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Limpeza de ralos e grelhas das águas
pluviais e calhas.
A cada 2 meses
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Bomba de incêndio; testar seu
funcionamento
Equipamentos
Industrializados
Gerador de água quente
Limpar e regular sistemas de
queimadores
Equipamentos
Industrializados
Gerador de água quente Limpar os filtros de água
Equipamentos
Industrializados
Iluminação de
emergência
Para unidades centrais; Verificar
fusíveis, led de carga de bateria selada,
nível de eletrólito da bateria comum.
Jardim Verificar vegetação próxima à quadra
A cada 3 meses
Equipamentos
Industrializados
Porta corta-fogo
Aplicar óleo lubrificante nas dobradiças
e maçanetas
Esquadrias de alumínio Limpeza de persianas de enrolar
Esquadrias de alumínio Limpeza dos orifícios dos trilhos internos
Esquadrias de alumínio
Limpeza geral esquadria (zona
marítima/industrial)
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Verificar as caixas de esgoto e águas
pluviais
Equipamentos
Industrializados
Banheira de
Hidromassagem SPA
Limpeza de Tubulação
106
A cada
4 meses
Sistemas de Automação
Dados/ Informática/
Voz/Telefonia/
Vídeo/Televisão
Efetuar serviços de operação assistida
A cada 6 meses
Equipamentos
Industrializados
Circuito fechado de TV Vistoria no sistema instalado.
Equipamentos
Industrializados
Gerador de água quente Drenar o depósito de água quente.
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Acionar as tubulações que não são
constantemente usadas (ladrão)
Desratização e Desinsetização Aplicação de produtos químicos.
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Limpar e verificar regulagem do
mecanismo de descarga
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Limpar os aeradores (bicos removíveis)
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Manutenção de Bombas de Recalque –
água potável, incêndio, esgotos e águas
pluviais.
Sistema de Combate a Incêndio
(Sprinkler, etc.) e seus
componentes industrializados
(bombas, válvulas de fluxo,
detectores de fumaça, etc.)
Manutenção constante, a fim de garantir
a operacionalidade do sistema e
componentes.
Instalações hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Testar abertura e fechamento dos
registros dos subsolos e cobertura
(barrilete)
Instalações Elétricas
Quadro de Distribuição
de Circuitos
Testar os disjuntores
Playground
Verificar a integridade dos brinquedos,
encaixes e apertos dos parafusos
Revestimentos de parede/piso e
teto
Deck de madeira Verificar os elementos de fixação
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Verificar os ralos e sifões das louças,
tanques e pias
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Verificar o funcionamento das bombas
submersas
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Limpeza dos reservatórios (inferior e
superior)
A cada ano
Equipamentos
Industrializados
Porta corta-fogo Efetuar a regulagem das portas
Equipamentos
Industrializados
Gerador de água quente Verificação completa do sistema
Equipamentos
Industrializados
Sistemas de proteção
contra descargas
atmosféricas
Impermeabilização
Inspecionar a camada drenante do
jardim, verificando se não há obstrução
na tubulação e entupimento dos ralos
Impermeabilização
Inspecionar e refazer onde necessário
os rejuntes dos pisos, paredes, soleiras,
ralos e peças sanitárias
Revestimento de parede/ piso e
teto
Azulejo/ Cerâmica/
Pastilha
Lavagem da fachada, muros, áreas
externas
Equipamentos
Industrializados
Gerador de água quente
Lavar internamente os depósitos de
água quente
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Limpar o crivo do chuveiro
Equipamentos Industrializados Gerador de água quente Limpeza das chaminés
Esquadrias de Alumínio
Limpeza geral da esquadria (zona
urbana ou rural)
Equipamentos Industrializados Sistema de Segurança
Manutenção recomendada pelo
fabricante
107
Sistemas de Automação
Dados/ Informática/ Voz/
Telefonia/ Vídeo/
Televisão
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Esquadrias de Alumínio
Reapertar parafusos aparentes dos
fechos
Instalações Elétricas
Quadros de Distribuição
de Circuitos
Reapertar todas as conexões
Equipamentos de Incêndio Recarga de Extintores
Equipamentos Industrializados
Banheira de
Hidromassagem/SPA
Refazer o rejunte das bordas
Esquadrias de Alumínio Regulagem do freio
Revestimento de parede/ piso e
teto
Repintar os forros dos banheiros
Esquadrias de Ferro
Paredes e tetos internos
revestidos de
argamassa/gesso liso
ou executado c/
componentes de gesso
acartonado (dry-wall)
Repintar as esquadrias
Esquadrias de Ferro
Verificar o desempenho da vedação e
fixação dos vidros
Revestimento de parede/piso e teto
Paredes externas/
fachada
Verificar a calafetação de rufos, fixação
de pára-raios, antenas e elementos
decorativos
Revestimento de parede/piso e teto
Piso cimentado, piso
acabado em concreto,
contrapiso
Verificar as juntas de dilatação, e
preencher com mastique quando
necessário
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Trocar os vedantes (courinhos) das
torneiras, misturadores de lavatório e de
bidê e registros de pressão
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Verificar as tubulações de captação de
água do jardim para detectar a presença
de raízes que possam destruir ou entupir
as tubulações
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Verificar os anéis o’ring dos registros de
pressão, misturador de lavatório e de
bidê
Vidros
Verificar o desempenho da vedação e
fixação dos caixilhos
Vidros
Vidros temperados: Inspecionar o
funcionamento do sistema de molas e
dobradiças e verificar a necessidade de
lubrificação
Quadra Poliesportiva Equipamentos: Pintar os equipamentos
Playground Pintura dos Brinquedos
Revestimentos de parede/piso e
teto
Deck de madeira
Remover o verniz existente com o uso
do removedor, lixar e envernizar
novamente
Revestimentos de parede/piso e
teto
Rejunte e tratamento de
juntas
Verificar e completar o rejunte nas juntas
de dilatação e juntas de trabalho c/
mastique
A cada
2 anos
Esquadrias de Madeira Internas Encerar as esquadrias
Instalações Elétricas
Tomadas, interruptores
e pontos de luz
Reapertar conexões e verificar estados
dos contatos elétricos substituindo as
peças que apresentam desgaste
A cada 3 anos
Revestimento de parede/ piso e
teto
Paredes
externas/internas
Efetuar lavagem da fachada e muros
Esquadrias de Madeira Pintar ou envernizar as esquadrias
Equipamentos de Incêndio Teste mangueiras
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Verificar gaxeta, anéis o’ring e
estanqueidade dos registros de gaveta
e dos registros de esfera
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Verificar o diafragma da torre de entrada
e a comporta do mecanismo de caixa
acoplada
108
Fonte: Adaptado de SINDUSCON (2007a).
Revestimento de parede/ piso e
teto
Paredes e tetos internos
revestidos de
argamassa/gesso liso
ou executado com
componentes de gesso
acartonado (dry-wall)
Repintar as áreas internas (umidades
privativas e áreas comuns)
A cada 5 anos
Equipamentos de Incêndio Teste hidrostático dos extintores
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Verificar a estanqueidade da válvula de
descarga, torneira automática e torneira
eletrônica
Equipamentos Industrializados
Sistemas de proteção
contra descargas
atmosféricas
Inspeção periódica de acordo com a
norma
Periodicidade a ser definida conforme o empreendimento
Instalações Hidráulicas/ Louças/
Metais/ Bombas
Limpar os filtros e efetuar revisão nas
válvulas redutoras de pressão conforme
orientações do fabricante
Equipamentos
Industrializados
Sistema de combate a
incêndio
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Equipamentos
Industrializados
Grupo Gerador
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Equipamentos
Industrializados
Sauna Úmida
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Equipamentos
Industrializados
Sauna Seca
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Equipamentos
Industrializados
Iluminação de
Emergência
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Revestimento de parede/ piso e
teto
Revestimentos
especiais (fórmica, pisos
elevados, materiais
compostos de alumínio)
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Forros Madeira
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Piscinas
Manutenção recomendada pelo
fabricante
Equipamentos Industrializados Elevadores
Manutenção recomendada pelo
fabricante e atendimento às leis
municipais pertinentes
Quadra Poliesportiva
Pisos flutuantes e de base asfáltica:
seguir as recomendações do fabricante
Equipamentos Industrializados Aquecedor Individual Verificar os equipamentos
Equipamentos Industrializados Instalações de Interfone Vistoria no sistema instalado
Equipamentos Industrializados Exaustão mecânica Vistoria no sistema instalado
Equipamentos Industrializados Antena Coletiva Vistoria no sistema instalado
Verificação do Programa de
Manutenção
Avaliar o estado de conservação do
edifício e verificar a realização do
Programa de Manutenção Preventiva
Equipamentos Industrializados
Sistemas de proteção
contra descargas
atmosféricas
Medição Ôhmica do Sistema
Quadra Poliesportiva Pisos em gramas
109
Anexo B – Matrizes curriculares dos cursos de Arquitetura de Pernambuco
Quadro 13.2 – Matriz curricular da instituição A.
Componentes Obrigatórios
CH
Semanal
Créditos
CH Total
Pré-
Requisitos
Co-
Requis.
Código Ciclo Geral
Teorica
Prat.ica
AQ217 Planejamento Arquitetônico 1A 15 45 2 60
AQ260 Arquitetura e Urbanismo 1A 60 0 4 60
AR010 Desenho Artístico 0 90 3 90
MA015 Matemática 30 30 3 60
DE005 Desenho Geométrico 30 60 4 90
BI030 Metodologia do Estudo 30 0 2 30
AQ002 Introdução à Computação Gráfica 15 45 2 60
Componentes Obrigatórios
CH
Semanal
Créditos
CH Total
Pré-
Requisitos
Co-
Requis.
Código Ciclo Profissional
Teo.
Prat.
AQ218 Planejamento Arquitetônico 2A 15 45 2 60 AQ217
AQ262 Arquitetura e Urbanismo 2 60 0 4 60 AQ260
CA310 Topografia 30 30 3 60
DE245
Desenho Arquitetônico e Urbanístico
1
30 45 3 75 AR010
DE200 Geometria Descritiva 30 60 4 90 DE005
AQ001 Estética 30 0 2 30
AQ313 Planejamento Arquitetônico 3A 30 90 5 120 AQ218
AQ219 Iniciação ao Paisagismo 1A 30 30 3 60 AQ218
AQ267 Arquitetura e Urbanismo 3A 60 0 4 60
CI303
Materiais e Detalhes Técnicos da
Construção 1
30 30 3 60
DE247 Perspectiva A 30 45 3 75 DE245
CI217 Estática e Grafostática 1 60 0 4 60 MA015
AQ314 Planejamento Arquitetônico 4A 30 90 5 120 AQ313
AQ220 Iniciação ao Paisagismo 2A 30 30 3 60 AQ219
AQ264 Arquitetura e Urbanismo 4 30 30 3 60
AQ262
AQ267
CS016 Estudos Sociais e Econômicos 1 45 0 3 45
CI304
Materiais e Detalhes Técnicos da
Construção 2
30 30 3 60
CI303
DE230 Técnicas de Apres.de Projetos 30 30 3 60 DE247
CI240
Resistência dos Materiais e
Estabilidade A
60 0 4 60 CI217
AQ272 Controle do Ambiente A 30 30 3 60
AQ326 Planejamento Arquitetônico 5B 30 90 5 120 AQ314
110
AQ265 Arquitetura e Urbanismo 5 60 0 4 60 AQ267
AQ320 Planejamento Urbano 1A 30 75 4 105 CS016
CI307
Materiais e Detalhes Técnicos da
Construção 3
30 30 3 60 CI304
AQ312 Detalhes de Projeto Arquitetônico 30 45 3 75 DE230
AQ205 Teoria Urbana e Regional 45 0 3 45
CI215 Sistemas Infra-Estruturais A 45 15 3 60
AQ327 Planejamento Arquitetônico 6B 30 90 5 120 AQ326
AQ266 Arquitetura e Urbanismo 6 30 30 3 60
AQ321 Planejamento Urbano 2A 30 75 4 105 AQ320
CI210 Concreto Armado A 60 0 4 60 CI240
AQ273 Controle do Ambiente B 30 30 3 60
AQ210 Instalações Hidro-Sanitárias A 45 0 3 45
AQ328 Planejamento Arquitetônico 7B 30 90 5 120 AQ327
AQ322 Planejamento Urbano 3A 30 75 4 105 AQ321
AQ236 Legislação B 60 0 4 60
CI278 Sistemas Estruturais A 60 0 4 60 CI240
AQ233 Instalações Elétricas A 45 0 3 45
AQ329 Planejamento Arquitetônico 8B 30 90 5 120 AQ328
AQ323 Planejamento Urbano 4A 30 75 4 105 AQ322
AQ232 Prática Profissional 60 0 4 60
AQ234 Instalações Especiais A 15 30 2 45 AQ210
AQ268 Intervenções em Sítios Históricos A 30 90 5 120 AQ266
AQ416 Trabalho de Graduação 1 45 0 3 45
AQ417 Trabalho de Graduação 2 30 90 5 120
AQ416
AQ329
AQ220
AQ265
AQ268
AQ323
AQ232
AQ312
AQ236
CI210
CI278
DE200
AQ272
AQ205
AQ273
CI215
AQ233
AQ234
CA310
AQ002
Código Componentes Eletivos
CH
Semanal
Créditos
CH Total
Pré-
Requisitos
Co-
Requis.
Teórica
Pratica
MA216 Matemática 5B 30 30 3 60
AQ421 Projeto Auxiliado por Computador 1 15 45 2 60
AQ422 Projeto Auxiliado por Computador 2 15 45 2 60
111
AQ423 Projeto Auxiliado por Computador 3 15 45 2 60 AQ422
AQ424 Computação Gráfica Avançada 15 45 2 60 AQ423
AQ425 Multimídia Aplicada à Arquitetura 15 45 2 60 AQ424
CO253 Introdução à TV 30 45 4 75
DE249
Desenho Arquitetônico e Urbanístico
2
30 30 3 60 DE245
DE304 Ergonomia Aplicada à Arquitetura 30 30 3 60
AQ426 Desenho Urbano 30 30 3 60
AQ427 Avaliação do Desenho Ambiental 30 30 3 60
AQ428 Projeto de Interiores 30 90 5 120 AQ312
AQ429 Projetos Especiais 30 90 5 120
AQ430
Planejamento de Transportes
Urbanos
60 0 4 60
BI260 Métodos e Técnicas de Pesquisa 30 30 3 60
AQ418 Paisagismo 3 30 30 3 60
AQ219
AQ220
AQ419 Paisagismo 4 30 30 3 60
AQ219
AQ220
AQ420 Paisagismo 5 30 30 3 60
AQ219
AQ220
AQ418
AQ419
AQ431 Técnicas Retrospectivas 30 30 3 60
AQ432 Aprender na Obra 30 60 4 90 AQ313
ED001 Educação Física 0 30 1 30
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
112
Quadro 13.3 – Matriz curricular da instituição B *.
Currículo 50-A-3– Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Período Código Disciplina
Créditos
Carga
Horária
1
ARQ1401 Projeto Arquitetônico I 04 60
ARQ1102 Geometria Descritiva 04 60
ARQ1800 Introdução à Arquitetura e ao Urbanismo 04 60
MAT1124 Matemática Aplicada à Arquitetura 04 60
TEO1915 ou
TEO1910
Introdução à Teologia ou
Teologia I
04
04
60
LET1550 Estética e História das Artes 04 60
2
ARQ1402 Projeto Arquitetônico II 04 60
ARQ1103 Desenho Arquitetônico 04 60
ARQ1104 Perspectiva à Mão Livre 04 60
ARQ1801 História da Arquitetura e Urbanismo I 04 60
FIL1433 Filosofia e Conhecimento Tecnológico 04 60
LET 1057 Português Instrumental II 04 60
3
ARQ1410 Projeto Arquitetônico III 08 120
ARQ1802 História da Arquitetura e Urbanismo II 04 60
ARQ1700 Materiais e Tecnologia da Construção I 04 60
ARQ1100 Computação Gráfica na Arquitetura I 04 60
ARQ1730 Solos e Fundações 04 60
4
ARQ1411 Projeto Arquitetônico IV 08 120
ARQ1701 Materiais e Tecnologia da Construção II 04 60
ARQ1803 História da Arquitetura e Urbanismo III 04 60
ARQ1101 Computação Gráfica na Arquitetura II 04 60
ARQ1301 Conforto Ambiental I 04 60
5
ARQ1412 Projeto Arquitetônico V 08 120
ARQ1804 História da Arquitetura e Urbanismo IV 04 60
ARQ1302 Conforto Ambiental II 04 60
ARQ1724 Sistemas Estruturais I 02 30
ARQ1806 Teoria do Urbano 04 60
SOC1981 Estudos Socioculturais do Espaço Urbano 02 30
6
ARQ1413 Projeto Arquitetônico VI 08 120
ARQ1501 Projeto Urbano I 04 60
ARQ1805 História da Arquitetura e Urbanismo V 04 60
ARQ1725 Sistemas Estruturais II 04 60
ARQ1150 Topografia e Informações Geográficas 04 60
7
ARQ1414 Projeto Arquitetônico VII 08 120
ARQ1502 Projeto Urbano II 04 60
ARQ1510 Paisagismo I 04 60
ARQ1714 Instalações Prediais I 04 60
ARQ1726 Sistemas Estruturais III 04 60
8
ARQ1415 Intervenção em Sítios Históricos 04 60
ARQ1505 Planejamento Urbano e Regional 04 60
ARQ1511 Paisagismo II 04 60
ARQ1820 Técnicas Retrospectivas 04 60
ARQ1715 Instalações Prediais II 04 60
ARQ1904 Gerenciamento de Projetos e Obras 04 60
113
9
ARQ1504 Desenho Urbano e Espaços da Cidade 08 120
ARQ1955 Trabalho Final de Graduação I 04 60
ARQ1416 Arquitetura de Interiores I 04 60
ARQ1808 Arquitetura Contemporânea 04 60
ELC1040 Eletiva de Curso de 4 créditos 04 60
ARQ1954 Estágio Supervisionado 04 60
10
ARQ1956 Trabalho Final de Graduação II 12 180
TEO1916 ou
TEO1911 ou
TEO1912 e
TEO1913
Humanismo e Cidadania ou
Teologia II ou
Teologia II I e
Teologia II II
04 60
ARQ1900 Legislação e Ética Profissional 02 30
ELC1040 Eletiva de Curso de 4 créditos 04 60
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
* Nesta instituição de ensino, a componente Segurança do Trabalho é oferecida como
optativa, sendo parte da matriz curricular do curso de Engenharia Civil.
114
Quadro 13.4 – Matriz curricular da instituição C.
Período
Disciplina CH CR
História das artes 72 04
Teoria da percepção 54 03
Desenho artístico 72 04
Matemática aplicada 54 03
Geometria descritiva 72 04
Expressão plástica 90 05
Período
Disciplina CH CR
Estética 72 04
Estudos sociais e ambientais 72 03
Desenho arquitetônico I 72 04
Física aplicada à arquitetura 72 04
Espaço pastoral 36 02
Projeto de arquitetura I 108 06
Período
Disciplina CH CR
Teo.e história da arqut.e urb. I 72 04
Desenho de perspectiva 72 04
Desenho arquitetônico II 72 04
Mecânica aplicada 54 03
Informática aplicada 54 03
Projeto de arquitetura II 108 06
Período
Disciplina CH CR
Teo.e história da arquit. e urb. II 72 04
Conforto ambiental I 72 04
Instalações hidro-sanitárias 54 03
Topografia e cartografia 54 03
Detalhes arquitetônicos 54 03
Projeto de arquitetura III 108 06
Período
Disciplina CH CR
Teo.e história da arquit. e urb. II 72 04
Conforto ambiental I 72 04
Instalações hidro-sanitárias 54 03
Topografia e cartografia 54 03
Detalhes arquitetônicos 54 03
Projeto de arquitetura III 108 06
Período
Disciplina CH CR
Arquitetura contemporânea 72 04
Metodologia científica 36 02
Legislação urb.-arquitetônica 72 04
Sistemas estruturais 54 03
Planejamento urbano II 72 04
Projeto de arquitetura V 108 06
115
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
Período
Disciplina CH CR
Arquitetura e urb. no Brasil I 72 04
Tecnologia da construção 54 03
Arquitetura de interiores I 54 03
Paisagismo I 72 04
Planejamento urbano III 72 04
Projeto de arquitetura VI 108 06
Período
Disciplina CH CR
Arquitetura e urb. no Brasil II 72 04
Ética e prática profissional 54 03
Arquitetura de interiores II 54 03
Paisagismo II 72 04
Planejamento urbano IV 72 04
Técnicas retrospectivas 108 06
Período
Disciplina CH CR
Crítica da arquitetura 72 04
Disciplina optativa 54 03
Planejamento urbano e regional 90 05
Trabalho de graduação I 72 04
Estágio supervisionado 220 12
10° Período
Disciplina CH CR
Trabalho de graduação II 180 10
Optativas
Disciplina CH CR
Arquitetura e fé 54 03
Montagem de textos 54 03
Acústica arquitetônica 54 03
Ergonomia e acessibilidade 54 03
Instalações especiais 54 03
Prática da construção 54 03
116
Quadro 13.5 – Matriz curricular da instituição D.
1º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
HAR1 História das artes 1 60 04
DAQ1 Desenho arquitetônico 1 60 04
DART Desenho artístico 60 04
DEG1 Desenho geométrico 1 60 04
MAT1 Matemática 1 60 04
EXPL Expressão plástica 60 04
Total
360 24
2º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
HAR2 História das artes 2 60 04
DAQ2 Desenho arquitetônico 2 60 04
DEG2 Desenho geométrico 2 60 04
MAT2 Matemática 2 60 04
FIAP Física aplicada 60 04
POA1 Projeto de arquitetura 1 120 08
Total 420 28
3º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
HAU1 História da arquitetura e urbanismo 1 60 04
ESAM Estudos sociais e ambientais 60 04
TPER Teoria da percepção 30 02
DPER Desenho de perspectiva 90 06
MEAP Mecânica aplicada 60 04
POA2 Projeto de arquitetura 2 120 08 Projeto de arquitetura 1
Total
420 28
4º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
HAU2 História da arquitetura e urbanismo 2 60 04
ESTE Estética 30 02
CAM1 Conforto ambiental 1 60 04
INAA Informática aplic. à arq. e urbanismo 60 04
RMAT Resistência dos materiais 60 04
POA3 Projeto de arquitetura 3 120 08 Projeto de arquitetura 2
LEGS Legislação 30 02
Total
420 28
5º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
HAU3 História da arq. e urbanismo 3 60 04
IHSA Instalações hidro-sanitárias 60 04
CAM2 Conforto ambiental 2 60 04
TEC1 Tecnologia da construção 1 30 02
SESTR Sistemas estruturais 60 04
POA4 Projeto de arquitetura 4 120 08 Projeto de arquitetura 3
PCONS Prática da construção 30 02
Total
420 28
117
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
6º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
HAU4 História da arquitetura e urbanismo 4 60 04
TEUR Teoria urbana 60 04
TOPO Topografia 30 02
ECON Estabilidade das construções 60 04
TEC2 Tecnologia da construção 2 30 02
POA5 Projeto de arquitetura 5 120 08 Projeto de arquitetura 4
PEC1 Prática e estágio – laboratório arquitetura
obrigatório 1
120 04
Total
420 28
7º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
ABR1 Arquitetura brasileira 1 60 04
AQI1 Arquitetura de interiores 1 60 04
POA6 Projeto de arquitetura 6 120 08 Projeto de arquitetura 5
PUB1 Planejamento urbano 1 90 06 Projeto de arquitetura 5
PEC2 Prática e estágio obrigatório 2 120 04
INEL Instalações elétricas 60 04
Total
510 30
8º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
ABR2 Arquitetura brasileira 2 60 04
IMHI Intervenções em sítios e mon. históricos 1 60 04
AQI2 Arquitetura de interiores 2 60 04
PAIS Paisagismo 90 06
PUB2 Planejamento urbano 2 120 08 Planejamento urbano 1
MTCI Metodologia científica 30 02
Total
420 28
9º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
IMH2 Intervenções em sítios e mon. históricos 2 60 04
ETPP Ética e prática profissional 30 02
TRG1 Trabalho de graduação 1 120 08 Planejamento urbano 1
PLAUR Planejamento urbano e regional 120 08 Planejamento urbano 1
PEC3 Prática e estágio obrigatório 3 120 04
Total
450 26
10º Período
Código Disciplinas CH CR Pré-requisitos
TRG2 Trabalho de graduação 2 180 12
ORÇA Orçamento de obra 30 02
Total
210 14
118
Quadro 13.6 – Matriz curricular da instituição E.
MATRIZ CURRICULAR CARGA HORÁRIA
1º Semestre / Período
Cálculo 60
Desenho de arquitetura e urbanismo I 60
Geometria descritiva 60
Introdução à arquitetura e urbanismo 60
Metodologia científica 60
2º Semestre / Período
Des. de arquitetura e urbanismo II 60
Estudos dirigidos I 40
Estudos sócio-econômicos 60
Informática 60
Maquetes 60
Projeto de arquitetura I 60
3º Semestre / Período
Conforto ambiental I 60
Estética e história das artes 60
Estudos dirigidos II 40
Projeto de arquitetura II 60
Sistemas estruturais I 60
Topografia 60
4º Semestre / Período
Conforto ambiental II 60
Estudos dirigidos III 40
Projeto de arquitetura III 60
Sistemas estruturais II 60
Tecnologia da construção I 60
Teoria e história da arquitetura e urbanismo I 60
5º Semestre / Período
Conforto ambiental III 60
Projeto de arquitetura IV 60
Sistemas estruturais III 60
Tecnologia da construção II 60
Teoria e história da arquitetura e urbanismo II 60
6º Semestre / Período
Estudos ambientais 60
Instalações hidrossanitárias 60
Projeto de arquitetura V 60
Tecnologia da construção III 60
Teoria e história da arquitetura e urbanismo III 60
7º Semestre / Período
Desenho urbano 60
Ética profissional e legislação 60
Instalações elétricas 60
Projeto de arquitetura e urbanismo VI 60
Teoria e história da arquitetura e urbanismo IV
60
119
8º Semestre / Período
Planejamento habitacional 60
Planejamento urbano e regional I 60
Projeto de arquitetura VII 60
Projeto de paisagismo I 60
Técnicas retrospectivas I 60
9º Semestre / Período
Arquitetura de interiores 60
Planejamento urbano e regional II 60
Projeto de arquitetura e urbanismo VIII 60
Projeto de paisagismo II 60
Técnicas retrospectivas II 60
10º Semestre / Período
Trabalho final de graduação (TFG) 180
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
120
Quadro 13.7 – Matriz curricular da instituição F.
1º Período
Nome da disciplina Pré-requisitos
Iniciação à Arquitetura Não
Psicologia Não
Sociologia Não há
Ética e Filosofia Não há
Desenho Artístico Não há
Desenho Universal Não há
2º Período
Geometria Gráfica Bidimensional Não há
História das Artes e Estética Não há
Metodologia Científica Não
Geometria Descritiva Não há
Plástica I Desenho artístico
Fundamentos Quantitativos o há
Período
Projeto Arquitetônico I
Plástica I / Iniciação a arq. e urb. / Geome
tria descritiva /
Geometria gráfica bidimensional
Desenho de Perspectiva Desenho artístico / Geometria descritiva
Princípios da Natureza Não há
Plástica II
Plástica I / Geometria gráfica bidimensional / Geometria
descritiva / Desenho artístico
Desenho Arquitetônico I
Geometria gráfica bidimensional / Geometria descritiva
História da Arquitetura I Iniciação a arq. e urb. / História das artes e estética
4º Período
Projeto Arquitetônico II Projeto Arquitetônico I
História da Arquitetura II História da Arquitetura I
Instalações gerais
Desenho Arquitetônico I / Fundamentos Quantitativos /
Princípios da Natureza
Desenho Arquitetônico II Desenho Arquitetônico I
Topografia
Geometria gráfica bidimensional / Geometria descritiva /
Fundamentos Quantitativos
Hist. da Arq. Arte no Brasil I História das Artes e Estética
5º Período
Projeto Arquitetônico III Projeto Arquitetônico II
Materiais Det. Téc. Const. I Não há
Inst. e Equip. II/Inst. Hidráu.
Desenho Arquitetônico I / Desenho Arq. II /
Fundamentos Quantitativos / Princípios da Natureza
Hist. da Arq. da Arte no Br. II Hist. da Arq. Arte no Brasil I
Resistência dos Mat. e Estab. Fundamentos Quantitativos / Princípios da Natureza
História Arquitetura III História da Arquitetura II
6º Período
Projeto Arquitetônico IV Projeto Arquitetônico III
Percepção Ambiental Psicologia
Teoria da Arq. e Urbanismo I História da Arquitetura I, II e III
Conforto do Ambiente I Fundamentos Quantitativos / Princípios da Natureza
Sistemas Estruturais
Fundamentos Quantitativos / Princípios da Natureza /
Resistência dos Mat. e Estab.
Materiais Det.Tec. Constr. II Materiais Det.Tec. Constr. I
7º Período
Teoria da Arq. e do Urb II Teoria da Arq. e do Urb I
Instalações Elétricas
Fundamentos Quantitativos / Princípios da Natureza /
Desenho Arq.I e II
Proj Arquitetônico V. Projeto Arquitetônico IV
Introdução ao projeto digital Desenho Arquitetônico I e II / Projeto Arquitetônico IV
121
Planejam. Urb.e Regional I
Histórias da Arquitetura I, II, III / Percep
ção Ambiental /
Teoria da Arq. e do Urb II
Conforto do Ambiente II Conforto do Ambiente I
8º Período
Acústica Arquitetônica Fundamentos Quantitativos / Princípios da Natureza /
Planejam. Urb. Reg. II Planejam. Urb. Reg. II
Projeto Digital I Proj Arquitetônico V. / Introdução ao projeto digital
Paisagismo I
Histórias da Arquitetura I, II, III / Percepção Ambiental /
Teoria da Arq. e do Urb I / Desenho Arq I e II
Interven. em Sítios Históricos
Histórias da Arquitetura I, II, III / Percepção Ambient
al /
Teoria da Arq. e do Urb I
Desenho Urbano
Percepção Ambiental / Teoria da Arq. e do Urb II
/Planejamento
9º Período
Trabalho de Graduação I
Metodologia Científica / necessitará do conhecimento de
todas as disciplina até o 8° período
Geoprocessamento Planejam. Urb. Reg. I e II
Projeto Digital II Projeto Digital I
Paisagismo II Paisagismo I
Arquitetura de Interiores I
Projeto arquitetônico I, II, III e IV / desenho Universal /
Desenho Arq. I e II / disciplinas Tecnologia
10º Período
Trabalho de Graduação II Trabalho de Graduação I
Arquitetura de Interiores II Arquitetura de Interiores I
Gestão Ambiental
Necessitará do conhecimento apresentado nas disciplina
até o 9° período
Habitabilidade
Necessitará do conhecimento apresentado nas discip
lina
até o 9° período
Prática profissional
Necessitará do conhecimento apresentado nas disciplina
até o 9° período
Fonte: Pesquisa de campo (2008).
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