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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO
JEQUITINHONHA E MUCURI - UFVJM
CAIO DE OLIVEIRA MOREIRA
CIANAMIDA HIDROGENADA E FENOLOGIA DE PRODUÇÃO EM
CULTIVARES PINOT MEUNIER E PINOT NOIR NO MUNICÍPIO DE
DIAMANTINA/MG.
DIAMANTINA - MG
2010
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CIANAMIDA HIDROGENADA E FENOLOGIA DE PRODUÇÃO EM
CULTIVARES PINOT MEUNIER E PINOT NOIR NO MUNICÍPIO DE
DIAMANTINA/MG.
CAIO DE OLIVEIRA MOREIRA
Dissertação apresentada à Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção
Vegetal, área de concentração em Produção
Vegetal, para a obtenção do título de
“Mestre”.
Orientador:
Prof. Dr. José Carlos Moraes Rufini
DIAMANTINA - MG
2010
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Ficha Catalográfica - Serviço de Bibliotecas/UFVJM
Bibliotecária Viviane Pedrosa de Melo CRB6 2641
M839m
2010
Moreira, Caio de Oliveira
Cianamida hidrogenada e fenologia de produção em cv. pinot meunier e pinot
noir no município de Diamantina/MG/Caio de Oliveira Moreira Diamantina:
UFVJM, 2010.
45p.
Dissertação (Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação Stricto
Sensu em Produção Vegetal) - Faculdade de Ciências Agrárias,
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Orientador: Prof. Dr. José Carlos Moraes Rufini
1. Vitis vinifera L. 2. Maturação 3.Demanda térmica 4.Qualidade
5. Vitivinicultura I. Título
CDD 663.2
OFEREÇO
A Deus, por mais esta vitória!
À minha família, que sempre esteve comigo!
DEDICO
Dedico esta dissertação, em especial, aos meus
pais, Cláudio de Melo Moreira e Maria das
Graças de Oliveira Moreira, aos meus irmãos,
Lucas e César, a todos os meus amigos e ao
estimado professor e orientador, Dr. José Carlos
Moraes Rufini.
AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar, por estar sempre comigo em cada passo da
minha vida.
Ao professor e orientador, Dr. José Carlos Moraes Rufini, pelos
ensinamentos.
À Pesquisadora e Coorientadora, Dra. Nísia Andrade Villela
Dessimoni Pinto, pelo auxilio, paciência e atenção nas dispendiosas análises
pós-colheita dos frutos.
Aos professores, Dr. Enilson de Barros Silva e Dr. José Sebastião
Cunha Fernandes, pelos ensinamentos, sugestões e auxílios nas análises
estatísticas.
A todos os professores da pós-graduação em Produção Vegetal, pelos
ensinamentos.
Aos bolsistas de iniciação científica, Alcinei e Cosme Damião. À
Ângela, Renata, aos amigos: Mayara, Juan, Eder e Michel, pela colaboração
valiosa neste trabalho.
Ao Mateus e ao João Meira, por terem disponibilizado o vinhedo
Quinta D’Alva para condução do trabalho.
Enfim, a todos que contribuíram com este trabalho, meus sinceros
agradecimentos.
i
RESUMO
MOREIRA, C. O. Cianamida hidrogenada e fenologia de produção em cultivares Pinot
Meunier e Pinot Noir no município de Diamantina/MG. 2010, 57p. (Dissertação -
Mestrado em Produção Vegetal) Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, Diamantina, 2010.
O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da cianamida hidrogenada e a fenologia
de produção em cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir no município de Diamantina/MG. Os
experimentos foram conduzidos em propriedade comercial localizada em Diamantina/MG. O
vinhedo foi instalado em 2005 com as cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir, enxertadas sobre
o porta-enxerto 1103 Pausen, implantado com espaçamento de 1 m entre plantas x 2,5 m entre
fileiras. As plantas foram conduzidas com 2 hastes em esquema de espaldeira vertical e três
fios de arame. A poda foi realizada em 4 de setembro de 2008, deixando uma haste curta com
duas gemas por esporão. Para a caracterização fenológica foram feitas observações visuais a
cada dois dias da poda até a colheita. As demandas rmicas foram calculadas a partir de
temperaturas observadas na Estação Meteorológica de Diamantina/MG. Para as curvas de
maturação foi utilizado suco para avaliação química dos teores de sólidos solúveis totais
(SST), acidez total titulável (ATT) e relação SST/ATT. Para avaliar o efeito da aplicação de
cianamida hidrogenada na brotação, início de maturação e nas características físico-químicas
das cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir cultivadas em Diamantina/MG, foram realizadas
avaliações das plantas a cada dois dias, quando foram aferidas as porcentagens de brotação e
porcentagens de bagas em início de maturação. Na colheita foi realizada a contagem do
número de cachos por planta e foram amostradas 15 bagas por parcela para as seguintes
avaliações físico-químicas das bagas: umidade, massa, diâmetros longitudinal (DL) e
transversal (DT), relação DL/DT, teor de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável
(ATT), relação STT/ATT, açúcares redutores, antocianinas, flavonóides, compostos fenólicos
e pH. Os resultados obtidos demonstram duração do período fenológico para as cultivares
Pinot Meunier e Pinot Noir de 145 e 155 dias, respectivamente, para a produção da safra de
verão em Diamantina/MG, podendo considerar a variedade Pinot Meunier de ciclo precoce. A
exigência térmica necessária para a produção da Pinot Meunier da poda à colheita foi de
1340,67 GD e da Pinot Noir de 1446,95 GD. A cultivar Pinot Noir apresentou maior teor de
sólidos solúveis totais e acidez, sendo a maior relação SST/ATT da Pinot Meunier nas
condições de Diamantina/MG. Foram evidenciados para o efeito da aplicação da cianamida
hidrogenada a antecipação do início da maturação em 17 dias para a Pinot Meunier, a maior
porcentagem de cachos em início de maturação em 45,84% e 28,23% para ‘Pinot Meunier’ e
‘Pinot Noir’, respectivamente, e o incremento de algumas características físico-químicas
avaliadas, como acidez total titulável, relação SST/ATT, flavonóides e taninos para a cultivar
Pinot Meunier e sólidos solúveis totais, açúcares redutores e umidade das bagas para a
cultivar Pinot Noir.
Palavras-chave: Vitis vinifera L., maturação, demanda térmica, qualidade, vitivinicultura.
ii
ABSTRACT
MOREIRA, C. O. Hydrogenated cyanamide and phenology of the production in Pinot
Meunier and Pinot Noir cultivars in the city of Diamantina/MG. 2010, 57p. Dissertation
(Masters in Vegetable Production) Federal University of the Jequitinhonha and Mucuri
Valleys, Diamantina/MG, 2010.
This study aimed to evaluate the effect of hydrogenated cyanamide and phenology of
production in Pinot Meunier and Pinot Noir cultivars in Diamantina/MG. The experiments
were conducted in commercial property located at Diamantina/MG. The vineyard was
established in 2005 with the Pinot Meunier and Pinot Noir cultivars, grafted on rootstock
Pausen 1103, deployed with a spacement of 1 m between plants and 2.5 m between rows. The
plants were conducted with 2 rods in an arrangement of vertical cordon and three wires. The
pruning was performed on September 4, 2008 leaving a short stem with two buds per spur. To
characterize the phenology were made visually observations every two days from pruning to
harvest. The thermal demands were calculated from the observed temperatures at the
meteorological station of Diamantina/MG. For the maturation curves was used a juice to
make chemical evaluation of total soluble solids (TSS), total titratable acidity (TTA) and the
TSS/TTA ratio. To evaluate the effect of hydrogenated cyanamide on sprouting, early
maturation and the physicochemical characteristics of the Pinot Meunier and Pinot Noir
cultivars grown in Diamantina/MG where the assessments of plants were made every two
days, then there were measured the percentage of budding and the percentage of berries in
early maturation. At harvest it was counted the number of clusters per plant and there were
sampled 15 berries per plot for the following physicochemical evaluations of berries:
humidity, mass, longitudinal diameter (DL) and transversal diameter (TD), LD/TD ratio
content of total soluble solids (TSS), total titratable acidity (TTA), TSS/ATT ratio, reducing
sugars, anthocyanins, flavonoids, phenolic compounds and pH. The results show that the
duration of phenological period for the Pinot Noir and Pinot Meunier cultivars are from 145 to
155 days, respectively, for the production of summer crops in Diamantina/MG, which may
consider the Pinot Meunier variety in early maturity. The thermal requirement needed for the
production of Pinot Meunier from pruning to harvest was 1340.67 GD and Pinot Noir
presented 1446.95 GD. Pinot Noir cultivar showed the highest content of total soluble solids
and acidic, and also the highest TSS/TTA ratio of Pinot Meunier in the Diamantina/MG
environment. For the purpose of applying hydrogenated cyanamide there were evidenced the
anticipation of early maturation in 17 days for Pinot Meunier, the highest percentage of early-
ripening in 45.84% and 28.23% for Pinot Meunier and Pinot Noir, respectively and the
increment of some physicochemical characteristics evaluated as total titratable acidity,
TSS/TTA ratio, flavonoids and tannins for the Pinot Meunier cultivar and total soluble solid,
reducing sugars and humidity from the berries to the Pinot Noir cultivar.
Keywords: Vitis vinifera L., maturation, thermal demand, quality, vitiviniculture
iii
LISTA DE TABELAS
ARTIGO CIENTÍFICO I. Pág.
Tabela 1
Análises químicas do solo da área experimental vinhedo
instalado na Região de Diamantina, MG.
7
Tabela 2
Dados climatológicos médios de Diamantina - MG durante a
condução do experimento, 2008/2009.
9
Tabela 3
Estád
io
fenológico, dias acumulados após a poda (DA) e graus
dias acumulados (GDA) para as variedades Pinot Meunier e
Pinot Noir em Diamantina, MG.
11
ARTIGO CIENTÍFICO II.
Tabela 1
Porcentagem de gemas brotadas para as variedades Pinot
Meunier e Pinot Noir, em função da aplicação de Cianamida
Hidrogenada.
29
Tabela 2
Porcentagem de cachos em início de maturação para as
variedades Pinot Meunier e Pinot Noir, em função da aplicação
de cianamida hidrogenada.
30
Tabela 3
Valores médios: sólidos solúveis totais
-
SST
-
(ºBrix), acidez
total titulável -ATT- (mg 100g
-1
ácido tartárico), relação
SST/ATT, úcares redutores AR - (g 100 g
-1
), antocianinas
ANT (mg 100 mL
-1
), flavonóides FL- (mg pirocatequina
/100g) e fenóis totais TAN - (mg de ácido nico /100g ), pH,
das videiras Pinot Meunier e Pinot Noir, em função das doses de
CH.
32
Tabela 4
Valores médios da umidade das bagas
Um
-
(%), m
assa das
bagas - M - (g), diâmetro longitudinal DL - (mm), diâmetro
transversal DT - (mm), razão diâmetro longitudinal e
transversal (DL/DT) e número de cachos por planta NC - das
videiras Pinot Meunier e Pinot Noir, em função das doses de CH.
32
iv
LISTA DE FIGURAS
ARTIGO CIENTÍFICO I. Pág.
Figura 1
Teores de sólidos soluveis totais (A); acidez total titulável
expressa em ácido tartárico (B); relação SST/ATT (C), em PM e
PN, em função de dias após início de maturação em
Diamantina/MG, 2009.
17
SUMÁRIO
Pág.
RESUMO.……………………………………………………………………………. i
ABSTRACT….………………………………………………………………….…… ii
LISTA DE TABELAS..…………………………………………………………...…. iii
LISTA DE FIGURAS………………………………………………………………... iv
INTRODUÇÃO GERAL……………………………………………………….……. 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.………………………………………………. 3
ARTIGO CIENTÍFICO I. ……...............................................…….............................
1 Resumo.......................................................................................................................
4
2 Abstract...................................................................................................................... 4
3 Introdução.................................................................................................................. 5
4 Material e métodos..................................................................................................... 6
5 Resultados e discussão............................................................................................... 11
6 Conclusão................................................................................................................... 19
7 Referências................................................................................................................. 19
ARTIGO CIENT
Í
FICO II
.
.......
.
............................................................
......
..................
1 Resumo.......................................................................................................................
23
2 Abstract...................................................................................................................... 24
3 Introdução.................................................................................................................. 24
4 Material e métodos..................................................................................................... 26
5 Resultados e discussão............................................................................................... 29
6 Conclusões................................................................................................................. 39
7 Referências................................................................................................................. 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 44
CONCLUSÃO GERAL................................................................................................ 45
INTRODUÇÃO GERAL
A videira (Vitis sp.) é originária do árido Cáucaso, na Ásia. A uva é uma das frutas
mais antigas a ser utilizada na alimentação humana e a sua produção se espalha por todo o
mundo, apresentando alto interesse comercial. Sua utilização está baseada nas características
alimentícias e organolépticas, sendo consumida principalmente em forma de vinhos, sucos e
geléias. A videira, segundo dados da FAO (2007), ocupa o décimo segundo lugar em
produção mundial entre os produtos agropecuários, totalizando uma produção de cerca de
65,9 mil toneladas.
No Brasil, é cultivada em quase todas as regiões, graças ao melhoramento genético e à
descoberta da quebra de dormência por métodos químicos, pois a videira é uma planta de
clima temperado, tendo sua produção concentrada nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Na
Região Sul, a uva é destinada à produção de vinhos e sucos; no Sudeste, além da elaboração
de vinhos e sucos, é empregada no consumo “in natura” e, no Nordeste, a produção é quase
totalmente destinada à mesa. O Brasil produz cerca de 1,4 mil toneladas de uva (IBGE,
2009).
A cultura da videira possui grande importância para o cenário da fruticultura no
Estado de Minas Gerais. Atualmente, é cultivada uma área aproximada de 874 hectares, com
produção de 13.711 toneladas de uvas (IBGE, 2009), apresentando grandes perspectivas de
crescimento, especialmente em razão das excelentes condições de clima. As videiras das
castas viníferas, segundo Embrapa Uva e Vinho (2003), apresentam melhor desenvolvimento
em temperaturas variando de 20 a 25° C, no verão.
O município de Diamantina se destacou, no passado, na produção de uvas para
vinho. Segundo classificação de Koppen (apresentada por Vianello & Alves, 1990),
Diamantina possui clima vinícola, sendo tipo Cwb, temperado úmido, com inverno seco e
chuvas no verão, e a temperatura do mês mais quente inferior a 22°C, semelhante à
classificação climática de Bento Gonçalves, uma das principais regiões produtoras de vinho
do Brasil.
Para produção de vinho, existem inúmeras variedades; entretanto, as variedades ‘Pinot
Meunier’ e ‘Pinot Noir’ se destacam por apresentarem características excelentes para esse
fim. Essas variedades compõem o grupo das cultivares autorizadas na França para produção
de espumantes, sendo consideradas mais importantes as variedades da espécie Vitis vinifera,
nesse país (Boss & Thomas, 2002).
2
A ‘Pinot Noir’ é uma cultivar da espécie Vitis vinifera, considerada vinífera tinta
(Camargo, 2003), recentemente introduzida no Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul. Foi
grandemente difundida pelo mundo, com enorme demanda pelas indústrias para elaboração de
vinhos espumantes de alta qualidade.
A cultivar ‘Pinot Meunier’, de origem antiga, foi considerada, durante muito tempo,
mutante da ‘Pinot Noir’. Entretanto, se distingue da ‘Pinot Noir’ por apresentar suas folhas
densamente cobertas por tricomas. É uma variedade da espécie Vitis vinifera de origem
francesa que, juntamente com a ‘Pinot Noir’, representam 74% dos vinhedos da região de
Champagne (Boss & Thomas, 2002).
Considerando que as variedades ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’ são videiras que se
destacam no cenário vinícola mundial e apresentam grande potencial para a produção de um
vinho de qualidade em Diamantina/MG, é imprescindível estudar a fenologia de produção e
conhecer o comportamento dessas variedades com o intuito de obter maior rendimento e
melhor qualidade da fruta.
3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOSS, P.K. & MARK, T.R. Association of dwarfism and floral induction with a grape
‘green revolution’ mutation. Nature,v. 416, p.847-850, 2002.
CAMARGO, U. A. Uvas para processamento. Produção. Frutas do Brasil. Embrapa Uva e
Vinho (Bento Gonçalves. RS), v.1, n.1 p.34-44, 2003.
EMBRAPA. Uvas Viníferas para Processamento em Regiões de Clima Temperado. Centro
Nacional de Pesquisa Uva e Vinho (CNPUV), Sistema de Produção, v. 4 Versão Eletrônica
Jul./2003.
FAO. FAOSTAT home-page. Disponível em: http://faostat.fao.org/DesktopDefault.aspx?
PageID=339&lang=es. Acesso em: 14 de dezembro. 2009.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Home-page. Disponível em:
http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/agric/default.asp?t=2&z=t&o=11&u1=1&u2=28&u3=1&u4
=28&u5=1&u6=1.Acesso em 16 de dezembro de 2009.
TONNIETTO, J.; CARBONNEAU, A. A multicriteria climatic classification system for
grape-growing regions worldwide. Agricultural and forest Meteorology. v.124, n.1-2, p:81-
97.2004.
VIANELLO, R.L., ALVES, A.R. Meteorologia Básica e Aplicações. Viçosa: Imprensa
Universitária da UFV. v. 1 449p., 1990.
ARTIGO CIENTÍFICO I
Revista Ceres
ISSN 0034-737X (impressa) ISSN 2177-3491 (on-line)
4
Caracterização fenológica, requerimentos térmicos e curva de maturação para as
cv. Pinot Meunier e Pinot Noir.
RESUMO
MOREIRA, C. O. Caracterização fenológica, requerimentos térmicos e curva de
maturação para as cv. Pinot Meunier e Pinot Noir. 2010 57p. Dissertação de
Mestrado (Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Produção Vegetal). Faculdade
de Ciências Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri,
Diamantina - UFVJM, 2010.
Este trabalho teve por objetivo avaliar as características fenológicas, demanda rmica e
maturação das uvas Pinot Meunier e Pinot Noir na região de Diamantina/MG. Para a
caracterização fenológica, foram feitas observações visuais a cada dois dias a partir da
poda até a colheita, contando-se em dias acumulados para cada subperíodo observado.
A poda foi realizada em 4 de setembro de 2008, deixando uma haste curta com duas
gemas por esporão. As demandas térmicas foram calculadas a partir de temperaturas
observadas na Estação Meteorológica de Diamantina/MG. Para as curvas de maturação
utilizou-se suco para as seguintes avaliações físico-químicas: teor de sólidos solúveis
totais (SST), acidez total titulável (ATT) e relação SST/ATT. O delineamento estatístico
foi em blocos casualizados com quatro repetições, sendo cada parcela constituída de
quatro plantas úteis, utilizando-se 12 bagas por parcela e 3 repetições para as análises
químicas dos frutos. A duração do período fenológico para as cultivares Pinot Meunier
e Pinot Noir foram 145 e 155 dias, respectivamente, para a safra de verão em
Diamantina/MG, podendo considerar a variedade Pinot Meunier de ciclo precoce. A
exigência térmica necessária para a produção da Pinot Meunier da poda à colheita foi de
1340,67 GD e da Pinot Noir de 1446,95 GD na safra 2008/2009 em Diamantina/MG. A
cultivar Pinot Noir apresentou maior teor de sólidos solúveis totais e acidez, sendo a
maior relação SST/ATT da Pinot Meunier nas condições de Diamantina/MG.
Palavras-chave: Vitis vinifera L., vitivinicultura, uva, qualidade.
ABSTRACT
MOREIRA, C. O. Phenological characterization, thermal requirements and the
maturation curve for cv. Pinot Meunier and Pinot Noir. 2010, 57p. Dissertation
(Masters in Vegetable Production) Federal University of the Jequitinhonha and
Mucuri Valleys, Diamantina, 2010.
This study aimed to evaluate the phenological characteristics, thermal demands and
maturation of the Pinot Meunier and Pinot Noir grapes in the region of
Diamantina/MG. To the phenological characterization there were made visually
observations every two days from pruning to harvest, counting cumulative days in each
observed subperiod. The pruning was performed on September 4, 2008 leaving a short
5
stem with two buds per spur. The thermal demands were calculated from the observed
temperatures at the meteorological station of Diamantina/MG. For the maturation
curves it was used juice for the following physicochemical evaluations: total soluble
solids (TSS), total titratable acidity (TTA) and TSS/TTA ratio. The statistical design was
randomized blocks with four replicates with each plot of four useful plants, using 12
berries per plot and 3 replicates for the chemical analysis of fruits. The duration of
phenological period for the Pinot Meunier and Pinot Noir cultivars were 145 and 155
days respectively for the summer harvest in Diamantina/MG, which may consider Pinot
Meunier in early maturity. The thermal requirement needed for the production of Pinot
Meunier from pruning to harvest was 1340.67 GD and 1446.95 GD of Pinot Noir in the
2008/2009 harvest in Diamantina/MG. The Pinot Noir cultivar showed the highest
content of total soluble solids and acidity, with the highest TSS/TTA ratio of Pinot
Meunier in the Diamantina/MG environment.
Keywords: Vitis vinifera, vitiviniculture, grape, quality.
INTRODUÇÃO
As cultivares Vitis vinifera são videiras de clima temperado que exigem
variações sazonais adequadas para o seu desenvolvimento fenológico. De acordo com
Mandelli (2007), a radiação solar, a temperatura do ar, a precipitação pluviométrica e a
umidade relativa do ar são os elementos meteorológicos de maior influência sobre o
desenvolvimento, produção e qualidade da uva. Essa influência ocorre em todos os
estádios fenológicos da videira, delimitados pelo repouso vegetativo, brotação, floração,
frutificação, crescimento das bagas, maturação e queda das folhas. Segundo Aravena et
al. (2003), a fenologia é o estudo das diferentes etapas de desenvolvimento das plantas
durante uma época e está relacionada com fatores ambientais, tais como luz,
temperatura e umidade.
A caracterização fenológica em videiras se torna uma ferramenta de grande
importância para os produtores, podendo informar a época de colheita e o potencial
climático de diferentes regiões para o cultivo da videira. Para Leão (1999), o estudo da
fenologia é de fundamental valor para o planejamento das atividades a serem realizadas
no vinhedo, bem como para a previsão da data de colheita e comercialização.
6
A videira apresenta comportamento fenológico distinto em diferentes climas.
Murakami et al. (2002) afirmam que a videira em clima tropical semiárido apresenta
comportamento fenológico diferente daquelas cultivadas em regiões de clima
subtropical e temperado, sendo necessário o controle de irrigação e poda. Pode-se,
então, concluir que as condições climáticas influenciam na fenologia e na fisiologia das
plantas e, consequentemente, na produção e qualidade dos frutos.
Outro fator importante na produção de uvas são as características organolépticas
dos frutos para colheita. Para Gonçalves et al. (2002), os atributos de qualidade, tais
como sólidos solúveis totais e acidez total titulável, apresentam fundamental
importância no monitoramento do ponto de colheita dos frutos de videira, possibilitando
um melhor controle de qualidade da matéria-prima a ser utilizada na elaboração de
vinhos. A maturação fisiológica é utilizada para definir o ponto ideal de colheita, sendo
o estádio de crescimento e desenvolvimento quando os frutos atingem o nível ideal de
maturação (Chitarra & Chitarra, 2005).
Tendo em vista esses aspectos, o presente estudo teve por objetivo caracterizar o
comportamento fenológico, determinar as exigências térmicas e curvas de maturação
das videiras ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’ no município de Diamantina/ MG.
MATERIAIS E MÉTODOS
A área do experimento eslocalizada no município de Diamantina/MG, cujas
referências são: 1548 m de altitude, latitude 18º14'58", longitude 43º36'01". O clima da
região é do tipo Cwb, temperado úmido, com inverno seco e chuvas no verão, e a
temperatura do mês mais quente inferior a 22°C, segundo classificação de Koppen
(apresentada por Vianello & Alves, 1990).
7
O vinhedo foi instalado em 2005 com as cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir,
enxertadas sobre o porta-enxerto 1103 Pausen, implantado com espaçamento de 1 m
entre plantas x 2,5 m entre fileiras. As plantas foram conduzidas com 2 hastes em
esquema de espaldeira vertical e três fios de arame.
A adubação das plantas foi realizada antes do início da poda de frutificação, com
base na análise química do solo (Tabela 1), conforme recomendação da Embrapa Uva e
Vinho (2003). A poda foi realizada em 4 de setembro de 2008, sendo caracterizada
como poda curta, deixando-se duas gemas por esporão.
Os tratamentos fitossanitários foram realizados preventivamente, de forma a
evitar o aparecimento de doenças fúngicas, principalmente antracnose (Elsinoe
ampelina/ Sphaceloma ampelinum), míldio (Plasmopara viticola) e oídio (Uncinula
necator). Foram utilizados Manzate 800 WP como princípio ativo mancozebe
(alquilenobis (ditiocarbamato)), na dose de 250g 100L
-1
do produto comercial, e Folpan
Agricur 500 WP como principio ativo folpete (dicarboximida), na dose de 135g 100L
-1
do produto comercial, conforme preconizado pela Embrapa Uva e Vinho (2003). As
pulverizações foram realizadas com auxílio de um pulverizador costal manual, em
intervalos de quinze dias, revezando-se os produtos comerciais.
Tabela 1: Análises químicas do solo da área experimental vinhedo instalado na Região
de Diamantina/MG.
Prof. (cm)
pH
/1
P
/2
*
K
/2
*
Ca
/3
+
Mg
/3
+
Al
/3
+
H+Al
/3
#
SB
/3
t
/3
T
/3
m
/4
V
/4
M.O.
/5
0-20 6,4 16,9
148
2,1 0,9 0,2 1,5 3,4 3,6
4,9
6 69
1,2
20-40 6,5 5,7 87 1,4 0,9 0,1 1,9 2,5 2,6
4,4
4 57
0,7
/1
(água);
/2
(mg/dm³);
/3
(cmol
c
/dm³);
/4
(%),
/5
(dag/Kg).
*
Método mehlich-1;
+
Método do KCl 1 mol/L;
#
Método do Ca(OAc)
2
0,5 mol/L, pH 7.
8
As plantas foram envolvidas por um tecido filó para proteção ao ataque de
insetos, a partir do início da maturação.
Para o controle de plantas daninhas, foram efetuadas capinas manuais na área
experimental.
A quebra da dormência foi realizada com a aplicação de cianamida hidrogenada
(Dormex®), logo após a execução da poda, nas gemas dos esporões. A solução de
cianamida hidrogenada a 26 mL L
-1
foi preparada momentos antes da aplicação e
pincelada sobre as gemas.
Foram avaliados a cada dois dias os estádios fenológicos, através de observações
visuais, a partir da poda até a colheita. As determinações dos estádios de
desenvolvimento foram baseadas na escala proposta por Baggiolini (1952), Pedro Júnior
et al. (1989) e Baillod e Baggiolini (1993) para os seguintes períodos: a) Gema-algodão:
quando 50% das gemas apresentarem o rompimento das escamas e surgir a plumagem;
b) Brotação: quando 50% das gemas apresentarem o surgimento das folhas; c)
Aparecimento da inflorescência: quando 50% dos ramos apresentarem inflorescência,
quando os cachos são visíveis, embora rudimentares; d) Florescimento: quando 50% das
flores se encontram abertas (florescimento propriamente dito com flores visíveis); e)
Início da maturação das bagas: quando 50% das bagas mudam de coloração; f) Colheita:
momento em que 100% das bagas apresentam coloração intensa, com teor máximo de
sólidos solúveis totais.
A caracterização da demanda térmica das variedades estudadas foi realizada por
meio do somatório dos graus-dia (GD) desde a poda até a colheita, e também para cada
subperíodo estudado, utilizando os dados climáticos da Estação Meteorológica de
9
Diamantina, pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), segundo as seguintes
equações propostas por Ometto (1981):
GD = [(Tm-Tb) + (TM – Tm)/ 2] quando Tm > Tb;
GD = [(TM – Tb)2 / 2 (TM – Tm)] quando Tm Tb;
GD = 0, quando Tb TM, onde: GD = Graus-dia;
TM = Temperatura máxima diária, em °C;
Tm = Temperatura mínima diária, em °C e
Tb = Temperatura-base, em °C.
Os dados climatológicos médios de Diamantina ocorridos durante a condução do
experimento se encontram na Tabela 2.
Tabela 2: Dados climatológicos médios de Diamantina/MG durante a condução do
experimento, 2008/2009.
Temperatura (°C) Umidade (%)
Precipitação
(mm) Mês Máx. Mín. Máx. Mín.
Setembro 19,0 17,8 67,3 62,0 62,2
Outubro 21,1 19,8 66,0 60,1 59,2
Novembro 19,5 18,6 84,9 79,5 291,2
Dezembro 19,0 18,1 90,3 85,6 393,6
Janeiro 20,4 19,3 86,1 79,9 221,4
Fevereiro 20,9 19,7 84,1 77,7 120,0
A temperatura base utilizada foi de 10°C. Com os dados obtidos, foram
realizados os somatórios de unidades térmicas, expressos em graus-dia acumulados.
Os frutos foram analisados semanalmente quanto ao teor de sólidos solúveis
totais e acidez total titulável durante o processo de maturação, que se iniciou no dia 28
de dezembro de 2008, até a data da colheita das respectivas variedades.
A coleta dos frutos foi feita manualmente, com o auxilio de uma tesoura de
colheita, retirando-se três bagas de três cachos por planta em pontos diferentes do
cacho, para maior uniformização dos resultados, para cada variedade.
10
O teor de sólidos solúveis totais foi obtido por refratometria, utilizando o
refratômetro portátil ATAGO PAL - 1, e as leituras foram feitas em amostras de suco da
polpa, extraída por prensagem manual. A acidez total titulável foi determinada por
titulação com solução de NaOH 0,1 N, sendo os resultados expressos em g de ácido
tartárico por 100 mL de suco, segundo metodologia do Instituto Adolfo Lutz (IAL,
2005).
A relação entre sólidos solúveis totais e acidez total titulável (ratio) foi obtida
pela divisão dos resultados encontrados de teor de sólidos solúveis totais pela acidez
total titulável.
A colheita foi realizada no dia 26 de janeiro de 2009 para a Pinot Meunier, e 5
de fevereiro de 2009 para a Pinot Noir, quando os frutos apresentavam teor de sólidos
solúveis totais de 16,13 e 18,71 ° Brix, e acidez total titulável de 0,76 e 0,96 g 100mL
-1
de suco de ácido tartárico, respectivamente.
Durante a colheita, as bagas foram acondicionadas em bandejas plásticas,
identificadas e encaminhadas para o laboratório de pós-coheita da Universidade Federal
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, onde foram trituradas e acondicionadas em
freezer, para manter as características químicas das bagas.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados (DBC) com
quatro repetições, sendo cada parcela constituída de quatro plantas úteis. Foram
utilizadas 12 bagas por parcela e 3 repetições para as análises químicas dos frutos. Para
a análise estatística, utilizou-se o aplicativo software SISVAR 5.1 (Ferreira, 2007). Os
dados foram submetidos à análise de variância para identificação dos efeitos dos fatores
e de suas interações. Os efeitos isolados foram desdobrados via análise de regressão
linear.
11
RESULTADOS E DISCUSÃO
A quantidade de dias acumulados a partir da poda de frutificação em diferentes
estádios fenológicos das videiras Pinot Meunier e Pinot Noir na região de Diamantina se
encontra na Tabela 3. O período compreendido entre a poda e a gema algodão, para as
videiras Pinot Meunier e Pinot Noir, foi de 9 e 10 dias, respectivamente. Para a Pinot
Noir, cultivada em partes baixas do Vale de Casablanca no Chile, Villaseca (2004),
foram observados 9 dias da poda à gema algodão.
Tabela 3: Estádio fenológico, dias acumulados após a poda (DA) e graus dias
acumulados (GDA) para as variedades Pinot Meunier e Pinot Noir em Diamantina/MG.
Estádio fenológico
Dias acumulados Graus dias
Pinot
Meunier
Pinot
Noir
Pinot
Meunier
Pinot
Noir
Gema algodão 9 10 90,31 101,31
Brotação 15 14 149,03 143,29
Inflorescência 22 21 193,95 187,81
Florescimento 48 45 434,23 408,30
Início da maturação 102 97 945,64 899,05
Colheita 145 155 1340,67 1446,95
Murakami et al. (2002) encontraram um período de 10 dias para uva Itália no
Norte do Rio de Janeiro, com poda realizada em julho. Em estudo para avaliar a
fenologia da videira Isabel sobre diferentes porta-enxertos, Sato et al. (2008)
encontraram período de 10 dias da poda à gema algodão. Esses resultados corroboram
os obtidos neste trabalho, indicando haver uma similaridade entre os períodos
observados, independentemente da variedade e condições de temperatura nas diferentes
regiões para o estádio de poda à gema algodão.
A brotação também ocorreu em períodos semelhantes para ambas as variedades
em Diamantina/MG (Tabela 3). Pedro Junior et al. (1993) observaram 12 dias para o
início da brotação em estudo com a videira ‘Niágara Rosada’ em Jundiaí/SP, valor mais
12
precoce próximo ao encontrado neste estudo. Entretanto, Villaseca (2004) observou 36
dias para a Pinot Noir, cultivada em partes baixas do Vale de Casablanca no Chile,
começar a brotar, provavelmente sob efeito da época da poda e das condições de clima.
Poucos trabalhos relatam as fases fenológicas em videira, especialmente para as
variedades em estudo. Em Diamantina/MG, o aparecimento da inflorescência ocorreu
aos 22 dias para variedade Pinot Meunier e aos 21 dias para a variedade Pinot Noir,
enquanto Santos et al. (2007) encontraram menor período para o surgimento da
inflorescência, 19 e 17 dias para as videiras ‘Tannat’ e ‘Cabernet Sauvignon’,
respectivamente, no norte do Paraná.
o florescimento foi observado aos 48 dias para a Pinot Meunier e aos 45 dias
para a Pinot Noir. Resultado semelhante foi encontrado por Roberto et al. (2005), 43
dias para o florescimento da ‘Cabernet Sauvignon’ em região subtropical, enquanto
Jubileu et al. (2007) observaram um período de 31 dias para o florescimento da
‘Malvasia Bianca’ durante duas safras em zona subtropical.
Com relação ao início da maturação, a videira Pinot Noir apresentou menor
período, 97 dias, em relação à Pinot Meunier, 102 dias (Tabela 3). Valores muito
superiores foram observados por Martins (2006) para a Pinot Noir, em São Joaquim/SC,
quando observou um período de 142 dias para início da maturação. Entretanto, Shellie
(2007) observou valor mais próximo ao observado em Diamantina/MG, dia de 114,6
dias para Pinot Meunier e 109,6 dias para Pinot Noir, em três safras. Pedro Júnior et al.
(2006) observaram em três anos de estudo um período de 119 dias para ‘Niabell’,
enquanto Roberto et al. (2005) observaram 93 dias para ‘Cabernet Sauvignon’, em zona
subtropical. Já Murakami et al. (2002), estudando a variedade ‘Itália’ na região Norte do
Rio de Janeiro, observaram uma média de 106 dias.
13
As diferenças observadas nos ciclos fenológicos para as diferentes cultivares
podem ser explicadas pelas variações de temperaturas nas distintas localidades, onde
ocorreram as pesquisas. Segundo Pedro Júnior e Sentelhas (2003), a duração do ciclo
das videiras pode variar entre regiões em razão das diferenças edafoclimáticas. Em
locais com temperaturas mais elevadas, o período para completar o ciclo tende a ser
mais curto em comparação a regiões de clima mais frio. Notadamente, o momento da
poda passa a ser referência para o início do ciclo fenológico da videira, que sofre a
influência das condições climáticas predominantes durante aquele período.
Observa-se pela Tabela 3 que o ciclo fenológico, da poda à colheita, foi de 145
dias para a videira Pinot Meunier, e 155 para Pinot Noir. Em estudo com as mesmas
variedades no Chile, Aravena et al. (2003) observaram um período um pouco mais
acentuado, 165 dias para as cultivares Pinot Noir e Pinot Meunier. Martins (2006)
constatou para a Pinot Noir o ciclo de 177 dias da poda à colheita na região de São
Joaquim/SC. O prolongamento do ciclo de produção provavelmente ocorreu em função
da ocorrência de menores temperaturas nas regiões de cultivo, quando comparadas com
as temperaturas médias registradas em Diamantina/MG (Tabela 2). Mandelli (2002)
observou ciclo de 142 dias para variedade Pinot Noir, do período de início da brotação
ao final da maturação na Serra Gaúcha/RS. Herlemont (2004), na região de Champagne,
na França, encontrou valores médios para as cultivares Pinot Noir e Pinot Meunier de
155 e 153 dias, respectivamente, da brotação à colheita. Shellie (2007) observou média
de 151,2 dias para ‘Pinot Meunier’ e 161,7 para Pinot Noir, da brotação até a colheita,
durante quatro anos de estudo, na Universidade de Idaho, EUA. Villaseca (2001)
observou média de 250 dias para a ‘Pinot Noir’ completar o ciclo na região de
Casablanca, no Chile.
14
Os valores de graus dias acumulados requeridos por cada cultivar e cada estádio
fenológico podem ser observados na Tabela 3. A variedade Pinot Meunier necessitou de
menor demanda térmica no subperíodo da poda à gema algodão - 90,31 GD contra
101,31 GD da Pinot Noir. Santos et al. (2007) encontraram necessidade térmica de
103,1 GD para a ‘Cabernet Sauvignon’ no Norte do Paraná, enquanto Villaseca (2004)
observou 81,9 GD para o mesmo estádio fenológico da Pinot Noir cultivada no Chile.
Além da temperatura, outros fatores, como a umidade do solo, reservas da planta e
disponibilidade de nutrientes, podem interferir na evolução dos períodos fenológicos da
videira, evidenciando, a partir da brotação, maior dependência à disponibilidade de
nutrientes e umidade do solo.
A demanda térmica necessária para a brotação das gemas das variedades Pinot
Meunier e Pinot Noir em Diamantina/MG foi de, respectivamente, 149 GD e 143 GD.
Leão et al. (2003) encontraram média de 159,2 GD para a ‘Superior Seedless’ em
diferentes épocas de poda no Vale do São Francisco. Santos et al. (2007) verificaram
165,4 GD para ‘Tannat’ no Norte do Paraná. Valores inferiores foram encontrados por
Anzanello et al. (2008) na Depressão Central do Rio Grande do Sul, para ‘Concord’
(118,1 GD) submetida à poda de inverno.
Para o início da inflorescência, as videiras apresentaram demandas térmicas de
193,95 GD para a Pinot Meunier e 187,81 GD para Pinot Noir. Ribeiro et al. (2008)
observaram valores superiores (238 GD) para ‘Benitaka’, em Janaúba, no Norte de
Minas Gerais. Roberto et al. (2004) observaram comportamento mais precoce para o
inicio da inflorescência para a uva Isabel, cultivada no Noroeste do Paraná (147,53 GD).
Entretanto, constatou-se em Diamantina/MG maior precocidade no
florescimento da videira Pinot Meunier, 434,23 GD, e da Pinot Noir, 408,30 GD,
15
quando comparadas com outras variedades e localidades. Brixner et al. (2009)
constataram média de 579,8 GD para a ‘Cabernet Sauvignon’, em três safras, na Região
de Fronteira Oeste no Rio Grande do Sul. Moura et al. (2007), estudando a mesma
variedade no Vale do São Francisco, em duas épocas de podas, encontraram média de
516,35 GD, valores muito acima dos encontrados na região de Diamantina/MG.
Com relação ao início da maturação, a Pinot Noir necessitou de menor demanda
térmica (899,05 GD) que a Pinot Meunier (945,64 GD). As exigências térmicas para
esse período foram próximas aos resultados encontrados no Noroeste do Paraná para a
videira ‘Isabel’, quando a demanda térmica foi de 949,9 GD (Roberto, et al. 2004) e
menor que o resultado encontrado para ‘Benitaka’ por Ribeiro et. al (2008) no Norte de
Minas Gerais, quando a demanda térmica foi de 1426 GD para poda realizada no
inverno.
O ciclo compreendido da poda à colheita mostrou menor necessidade térmica
para a variedade Pinot Meunier (1340,67 GD) em relação à Pinot Noir (1446,95 GD).
Aravena (2003) descreve que as variedades Pinot Noir e Pinot Meunier são
consideradas de ciclo precoce, sendo que a soma de graus dias para completarem o ciclo
variou de 1133 e 1204 GD, respectivamente, e considera variedades tardias as videiras
que necessitam de demanda térmica próxima a 1500 GD. Dessa forma, os resultados
obtidos em Diamantina/MG evidenciam a Pinot Noir como variedade de ciclo tardio,
não corroborando os resultados obtidos por Aravena (2003) no Chile. Essa disparidade
pode ser explicada pela ocorrência de temperatura média mais baixa no Chile, quando
comparada com a região de Diamantina/MG, como pode ser constatado nesse mesmo
país pelo trabalho de Villaseca (2004), que observou valores de 1071,1 GD para a Pinot
Noir. Entretanto, Martins (2006) observou a necessidade térmica de 1416 GD para Pinot
16
Noir em São Joaquim/SC, valor próximo ao obtido em Diamantina/MG. Mandelli
(2002) verificou 1248,4 GD para a mesma variedade, do período de início da brotação
ao final da maturação na Serra Gaúcha/RS. Valores superiores foram encontrados por
Atauri (2006), na França, para a Pinot Noir, sendo 1696,0 graus dias da brotação aa
maturação fisiológica. Santos et al. (2007) citam que a determinação dos graus-dia
permite estimar a duração das fases fenológicas e do ciclo da poda à colheita das
videiras, favorecendo um melhor planejamento das atividades agrícolas, como melhor
distribuição da mão-de-obra nos períodos mais adequados, por exemplo, na colheita.
Outro fator de considerável importância no cultivo de videiras é o conhecimento
do estádio de maturação para melhor planejamento da colheita. Pedro Júnior et al.
(1997) descrevem que é interessante ter conhecimento do comportamento das curvas de
maturação para diferentes épocas de poda e desenvolver métodos para a estimativa do
teor de sólidos solúveis com base em dados meteorológicos.
A cultivar Pinot Noir inicialmente apresenta concentração de Sólidos Solúveis
Totais menor que a ‘Pinot Meunier’. Entretanto, a partir do décimo sexto dia, observa-
se maior incremento no teor de sólidos solúveis da ‘Pinot Noir’, durante o período de
maturação, variando de cerca de 15,58 a 18,7 °Brix (Figura 1A).
Entretanto, observaram concentração de 22,5º Brix para a cv Pinot Noir em São
Joaquim/SC (Burin et al., 2007), 23,8 e 23,7 ° Brix para Pinot Meunier e Pinot Noir,
respectivamente, na região de Parma, nos EUA (Shellie, 2007) e 23,0 °Brix para a Pinot
Noir, no Chile (Villaseca, 2004).
17
Dias após o início da maturação
___ Pinot Noir - - - - Pinot Meunier
0 10 20 30 40
SST
12
13
14
15
16
17
18
19
20
A
Y___ = 12,644+0,148x
r²= 0,972
Y- - - = 13,416+0,167x-0,00258x²
r² = 0,938
Dias após início da maturação
___ Pinot Noir ----- Pinot Meunier
0 10 20 30 40
Ácido tartárico (g/100mL)
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
Y___ = 1,676 - 0,0329x+0,000415x²
r²= 0,957
Y- - - = 1,240 - 0,0317x+0,000546x²
r²= 0,976
B
Dias após início da maturação
____ Pinot Noir - - - Pinot Meunier
0 10 20 30 40
SST/ATT (Ratio)
6
8
10
12
14
16
18
20
22
C
Y____=7,255+0,326x-0,00126x²
r² = 0,966
Y- - - =10,812+0,518x-0,00627x²
r² = 0,988
Figura 1: Teores de sólidos soluveis totais (A); acidez total titulável expressa em ácido
tartárico (B); relação SST/ATT (C) em cv Pinot Meunier e Pinot Noir, em função de
dias após início de maturação em Diamantina/MG, 2009.
Os valores observados para SST em Diamantina podem ter sido influenciados
pela quantidade de chuva no período de maturação, o qual ultrapassou 600 mm.
Segundo Silva et al. (2008), chuvas intensas provocam o aumento do volume das bagas,
intensificando a translocação de água para os frutos, provocando a diluição dos açúcares
no interior das bagas, levando a menores teores de sólidos solúveis totais.
Os teores de acidez titulável (figura 1B) apresentaram decréscimos para as duas
variedades. A variedade Pinot Meunier, na primeira coleta, apresentou valores médios
de 1,26 g 100 mL
-1
de ácido tartárico, atingindo, na colheita, quando avaliada aos 30
dias após o início da maturação, teores médios de 0,76 g 100 mL
-1
de ácido tartárico. A
18
variedade Pinot Noir apresentou, na primeira coleta, 1,67 g 100 mL
-1
de ácido tartárico
e, aos 40 dias após o início da maturação, 0,96 g 100 mL
-1
de ácido tartárico. Santos et
al. (2008) encontraram valores médios de 1,5 g de ácido tartárico para 100 mL de suco
para videira Isabel; porém, as análises foram realizadas em frutos processados com a
casca, o que justifica valores mais elevados da acidez. Rizzon et al. (2007), estudando
teores de ácido tartárico e málico no mosto de videiras em Bento Gonçalves/RS,
encontraram valores médios de 0,77; 0,69; 0,73 e 0,49 g 100 mL
-1
de ácido tartárico
para as cultivares Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Cabernet Franc e Niágara,
respectivamente. Entretanto, valores mais baixos foram encontrados por Shellie (2007),
nos EUA, para a Pinot Meunier e Pinot Noir, sendo 0,53 e 0,56 g 100 mL
-1
,
respecitvamente.
A União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA, 2008) recomenda que o mosto
da uva apresente máximo de 0,95 g 100 mL
-1
de ácido tartárico, para produção de vinho
tinto, e um máximo de 1,6 g 100 mL
-1
de ácido tartárico para elaboração de espumantes.
Os valores observados para a acidez titulável em Pinot Noir e Pinot Meunier em
Diamantina/MG estão em conformidade com os recomendados pela UVIBRA.
A relação SST/ATT pode ser observada na Figura 1C. A variedade Pinot Noir
apresentou maior incremento na relação, partindo de 7,7 para 18,9, apesar de apresentar
valor final inferior à variedade Pinot Meunier que, na colheita, apresentou média de
21,1. Superiores foram os valores observados por Shellie (2007), 52,35 para Pinot
Meunier e 41,87 Pinot Noir. Entretanto, Silva et al. (2006), em estudo da variedade
Patrícia, no Estado de Goiás, em diferentes épocas de poda, observou 17,83 para a
relação SST/ATT.
19
Segundo Rizzon e Miele (2002), a relação SST/ ATT é um dos índices utilizados
para determinação da maturação da uva e de sua qualidade enológica, e sua utilização
como índice de maturação deve ser feita com critério, pois um aumento dos sólidos
solúveis nem sempre corresponde à igual redução da acidez. Porém, esse índice pode
indicar o equilíbrio ideal entre açúcar e acidez de uma variedade para uma determinada
região, tendo como referência uma safra considerada ótima do ponto de vista enológico.
CONCLUSÕES
A duração do período fenológico para as cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir
foi de 145 e 155 dias, respectivamente, para a safra de verão em Diamantina/MG,
podendo a variedade Pinot Meunier ser considerada de ciclo precoce.
A exigência térmica necessária para a produção da Pinot Meunier, da poda à
colheita, foi de 1340,67 GD e, da Pinot Noir, de 1446,95 GD na safra 2008/2009, em
Diamantina, MG.
A cultivar Pinot Noir apresentou maior teor de sólidos solúveis totais e acidez,
sendo a maior relação SST/ATT da Pinot Meunier nas condições de Diamantina/MG.
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ARTIGO CIENTÍFICO II
Revista Ciência e Agrotecnologia
ISSN 1413-7054 (impressa) ISSN 1981 – 1829 (on-line)
23
Efeito da cianamida hidrogenada na brotação, início de maturação e composição
físico-química das cv. Pinot Meunier e Pinot Noir.
Effect of hydrogenated cyanamide on sprouting, early maturation and physicochemical
composition of Pinot Meunier and Pinot Noir cv
RESUMO
MOREIRA, C. O Efeito da cianamida hidrogenada na brotação, início de maturação e
composição físico-química das cv. Pinot Meunier e Pinot Noir. . 2010, 57p. Dissertação de
Mestrado (Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Produção Vegetal). Faculdade de
Ciências Agrárias, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina -
UFVJM, 2010.
Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da aplicação de cianamida hidrogenada na
brotação, início de maturação e nas características físico-químicas das cultivares Pinot
Meunier e Pinot Noir cultivadas em Diamantina/MG. A poda foi realizada em 4 de setembro
de 2008, deixando uma haste curta com duas gemas por esporão. O delineamento
experimental foi em blocos casualizados em esquema fatorial 2x2 com quatro repetições,
constituído por duas cultivares (‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’) e duas doses de cianamida
hidrogenada (0,0 e 26,0 mL.L
-1
). As avaliações das plantas foram realizadas a cada dois dias,
quando foram aferidas as porcentagens de brotação e porcentagens de bagas em início de
maturação. A colheita foi realizada no dia 26 de janeiro de 2009 para a Pinot Meunier e 5 de
fevereiro de 2009 para a Pinot Noir, quando foi realizada a contagem do número de cachos
por planta. Foram amostradas 15 bagas por parcela para as avaliações físico-químicas das
bagas: umidade, massa, diâmetros longitudinal (DL) e transversal (DT), relação DL/DT, teor
de sólidos solúveis totais (SST), acidez total titulável (ATT), relação STT/ATT, açúcares
redutores, antocianinas, flavonóides, compostos fenólicos e pH. O início da maturação, para a
‘Pinot Meunier’, foi antecipado em 17 dias, com aplicação de cianamida hidrogenada. A
porcentagem de cachos em início de maturação foi superior em 45,84% e 28,23% para ‘Pinot
Meunier’ e ‘Pinot Noir’, respectivamente, com a aplicação de cianamida hidrogenada. A
aplicação de cianamida hidrogenada na concentração de 26 mL L
-1
apresentou melhores
resultados para algumas das características físico-químicas avaliadas, como acidez total
titulável, relação SST/ATT, flavonóides e taninos para a cultivar Pinot Meunier e sólidos
solúveis totais, açúcares redutores e umidade das bagas para a cultivar Pinot Noir. Pode-se
recomendar a aplicação de cianamida hidrogenada na concentração 26 mL L
-1
para as duas
cultivares na região de Diamantina/MG.
Termos de indexação: Vitis vinifera, dormência, qualidade, vitivinicultura.
24
ABSTRACT
MOREIRA, C. O. Effect of hydrogenated cyanamide on sprouting, early maturation and
physicochemical composition of Pinot Meunier and Pinot Noir cv. 2010, 57p. Dissertation
(Masters in Vegetable Production) Federal University of the Jequitinhonha and Mucuri
Valleys, Diamantina, 2010.
This study aimed to evaluate the effect of hydrogenated cyanamide on sprouting, early
maturation and the physicochemical characteristics of the Pinot Meunier and Pinot Noir
cultivars grown in Diamantina/MG. The pruning was realized on September 4, 2008 leaving a
short stem with two buds per spur. The experimental design was conduced with randomized
blocks in a 2x2 factorial scheme with four replicates, consisting in two varieties (Pinot
Meunier and Pinot Noir) and two levels of hydrogenated cyanamide (0.0 and 26.0 mL.L
-
1
) . The evaluations of the plants were realized every two days, when the percentage of
sprouting and percentage of berries in early maturation were measured. The harvest was
held on January 26, 2009 to Pinot Meunier and February 5, 2009 to Pinot Noir, when the
number of clusters per plant was counted. There were sampled 15 berries per plot for the
physicochemical evaluation of berries: humidity, mass, longitudinal diameter (LD) and
transversal diameter (TD), LD/DT ratio, total soluble solids content (TSS), total titratable
acidity (TTA), TSS/TA ratio, reducing sugars, anthocyanins, flavonoids, phenolic compounds
and pH. The early maturation for the Pinot Meunier was anticipated in 17 days, applying
hydrogen cyanamide. The percentage of clusters in early maturation was higher than 45.84%
and 28.23% for Pinot Meunier and Pinot Noir, respectively, in the application of
hydrogenated cyanamide. The application of hydrogenated cyanamide at a concentration of
26 mL L
-1
showed better results for some of the physicochemical characteristics measured
as total titratable acidity, TSS/TTA ratio, flavonoids and tannins for the Pinot Meunier cultivar
and total soluble solids, reducing sugars and humidity of the berries to the Pinot Noir
cultivar. Can be recommended the application of hydrogenated cyanamide at a concentration
of 26 mL L
-1
for both cultivars in the region of Diamantina/MG.
Index terms: Vitis vinifera, dormancy, quality, vitiviniculture.
INTRODUÇÃO
A videira é uma frutífera tipicamente de clima temperado, mas é cultivada em diversas
regiões do Brasil. Apresenta como principal característica a queda das folhas no final do ciclo
e entra em dormência no inverno, quando há drástica redução de suas taxas metabólicas. Para
que essa planta inicie um novo ciclo vegetativo na primavera, é necessária exposição a certo
período de baixas temperaturas (Petri et al., 1996). As videiras requerem pouca exposição a
baixas temperaturas, abaixo de C, para sair da condição de dormência, ou seja, entre 50 e
400 horas, variando em função da cultivar (Sousa, 1996).
25
A falta de frio invernal na videira produz efeitos como o atraso na brotação das gemas,
diminuição de brotos e ramos por sarmento, baixa uniformidade e desenvolvimento dos ramos
e atraso na maturação das bagas (Or et al., 2002). Como consequência, a produtividade e a
qualidade dos frutos podem ser comprometidas.
Pesquisas realizadas demonstram que, dentre os produtos disponíveis no mercado, a
cianamida hidrogenada é o mais eficiente produto químico para a quebra de dormência
(George & Nissen, 1993). Segundo Miele e Dallágnol (1994), observa-se diminuição da
dominância apical com a aplicação de cianamida hidrogenada. O efeito da cianamida
hidrogenada tem sido verificado nos mais diferentes processos biológicos e fisiológicos da
videira, especialmente na quebra de dormência das gemas, época de brotação, florescimento,
maturação e na produtividade do vinhedo (Pires et al. 1999). A cianamida hidrogenada
(H
2
CN
2
) tem sido utilizada para estimular e uniformizar a brotação e floração, bem como para
aumentar a produtividade da videira (Miele, 1991). O efeito da cianamida hidrogenada é
variável em função da época de aplicação, da concentração e do volume de calda, podendo
uniformizar, antecipar ou retardar a brotação e, consequentemente, a fenologia das plantas,
como também alterar a dominância apical e a produtividade do vinhedo (Miele, 1991).
O modo de ão da cianamida hidrogenada como produto químico, para a quebra de
dormência, não é ainda conhecido (George & Nissen, 1993). Sabe-se, entretanto, que a
cianamida hidrogenada é rapidamente absorvida e metabolizada (Goldback et al., 1988) e que
causa diminuição da atividade da catalase, sem modificar a da peroxidase (Shulman et al.,
1986). Isso resulta num aumento da concentração de água oxigenada (H
2
O
2
) nos tecidos das
gemas. Esse aumento poderia ser responsável pela ativação do ciclo das pentoses e
consequente indução da quebra de dormência das gemas (Omran, 1980).
26
A produção de uvas de qualidade, destinadas à elaboração de vinhos finos, está
estreitamente relacionada a diversos fatores, entre os quais, a cultivar-copa. Segundo Boss &
Thomas (2002), a Pinot Meunier, juntamente com a Pinot Noir, representam 74% dos
vinhedos da região de Champagne na França, e são utilizadas na elaboração de vinhos
espumantes de alta qualidade. Entretanto, para a determinação da adaptação de novas
variedades de videiras em regiões onde o seu cultivo não é conhecido, um dos mais
importantes aspectos a ser considerado é o estudo das características do potencial produtivo
dessas plantas (Jimenez e Ruiz, 1995).
Tendo em vista esses aspectos, o presente trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos
da cianamida hidrogenada na brotação, início da maturação e composição físico-química das
bagas das cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir na região de Diamantina/MG.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em propriedade comercial localizada no município de
Diamantina/MG, situado a 1548 m de altitude, latitude 18º14'58" e longitude 43º36'01". O
clima da região é do tipo Cwb, temperado úmido, com inverno seco e chuvas no verão, e a
temperatura média do mês mais quente, inferior a 22°C, segundo classificação de Koppen
(apresentada por Vianello e Alves, 1990).
O vinhedo foi instalado em 2005 com as cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir,
enxertadas sobre o porta-enxerto 1103 Pausen, implantado com espaçamento de 1 x 2,5 m. As
plantas foram conduzidas com 2 hastes em esquema de espaldeira vertical e três fios de
arame.
A poda foi realizada em 4 de setembro de 2008, utilizando-se uma tesoura de poda,
deixando uma haste curta com duas gemas por esporão. Os tratamentos para quebra de
27
dormência constituíram-se na ausência (0,0 mL L
-1
) e na aplicação (26 mL L
-1
) de princípio
ativo (p.a.) de cianamida hidrogenada (produto comercial Dormex®), pincelada sobre as
gemas no mesmo dia da poda.
As avaliações das plantas foram realizadas a cada dois dias, quando foram aferidas as
porcentagens de brotação e porcentagens de bagas em início de maturação para as cultivares
Pinot Meunier e Pinot Noir. As determinações dos estádios de desenvolvimento foram
baseadas na escala proposta por Baggiolini (1952), Pedro Júnior et al. (1989) e Baillod e
Baggiolini (1993) para os seguintes períodos: Brotação: quando 50% das gemas apresentarem
o surgimento das folhas; início da maturação das bagas: quando 50% das bagas mudarem de
coloração.
A colheita foi realizada no dia 26 de janeiro de 2009 para a Pinot Meunier e 5 de
fevereiro de 2009 para a Pinot Noir, quando foi realizada a contagem do número de cachos
por planta (NC). Logo após a colheita, os tratamentos foram identificados e encaminhados
para análises no Laboratório de Pós-Colheita da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). No laboratório, as bagas foram lavadas e secadas, quando
foram aferidas as seguintes características biométricas: umidade (Um), em percentagem,
determinada pelo método de secagem em estufa, com circulação forçada de ar, em
temperatura de 65 ±5ºC, por 48 horas (AOAC, 2000); massa de quinze bagas (M), em gramas;
diâmetro longitudinal (DL) e diâmetro transversal (DT), com auxílio de um paquímetro,
sendo os resultados expressos em mm; relação diâmetro longitudinal/transversal (DL/DT).
Os frutos foram triturados em multiprocessador doméstico, modelo Walita,
homogeneizados e divididos em três lotes iguais representando cada repetição, e
acondicionados sob refrigeração em potes plásticos a uma temperatura de congelamento de -
20°C, a o início das análises físico-químicas. As características sico-químicas avaliadas
28
das amostras, compostas pela polpa e casca de cada tratamento foram: teor de sólidos solúveis
totais (STT), com o auxílio de refratômetro digital ATAGO PAL - 1; acidez total titulável
(ATT), por titulometria com solução de hidróxido de sódio a 0,1 mol L
-1
, usando fenolftaleína
como indicador (Instituto Adolfo Lutz-IAL, 2003), com resultados expressos em porcentagem
de ácido tartárico em 100 g de matéria fresca. A relação SST/ATT foi obtida pelo quociente
entre SST e ATT; Açúcares Redutores (AR) expressos em mg 100 g
-1
, determinados pela
extração ácida e quantificados pelo método de SOMOGY-NELSON (Nelson, 1944);
antocianinas (ANT) determinadas pelo método diferencial do pH, quantificadas por
espectrofotometria, sendo os resultados expressos em cianidina-3- glicosídeo mg/1000mL;
flavonóides (mg pirocatequina /100g), sendo a extração realizada em metanol 80% e
quantificados por espectrofotometria utilizando-se a pirocatequina como padrão (Zhishen et
al., 1999), fenóis totais (TAN) (g de ácido tânico /100g), quando a extração dos compostos
fenólicos foi realizada segundo Goldstein e Swain (1963) e a dosagem pelo todo de Folin-
Denis (AOAC, 2000). Os resultados foram expressos em g de ácido tânico/100g de matéria
fresca equivalente em g de fenóis totais e o pH foi determinado por leitura direta em
potenciômetro digital (Instituto Adolfo Lutz-IAL, 2003).
O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema fatorial 2x2
com quatro repetições, constituído por duas cultivares (‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’) e duas
doses de cianamida hidrogenada (CH) - 0,0 e 26,0 mL. L
-1
. Foram amostradas 15 bagas por
parcela para as características biométricas em 3 repetições para as características físico-
químicas dos frutos.
Foi realizada análise de variância dos dados e as médias comparadas, utilizando-se o
teste Tukey, adotando-se 5% de probabilidade, com auxilio do aplicativo software SISVAR
5.1 (Ferreira, 2007).
29
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A porcentagem de gemas brotadas para as videiras ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’ em
função da aplicação de CH pode ser observada na Tabela 1.
Tabela 1: Porcentagem de gemas brotadas para as variedades ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’,
em função da aplicação de CH.
Dias após aplicação Pinot Meunier Pinot Noir
0,0 m.L
-1
26,0 m.L
-1
0,0 m.L
-1
26,0 m.L
-1
2 0,00 a 1,55 a 0,00 a 0,00 a
4 0,00 a 1,57 a 0,00 a 0,00 a
6 0,00 b 3,35 a 0,00 a 2,05 a
8 0,00 b 4,79 a 0,00 b 3,65 a
10 0,00 b 6,35 a 0,00 b 12,75 a
12 13,5 b 18,75 a 6,43 b 40,65 a
14 25,0 b 28,34 a 24,64 b 65,87 a
16 25,0 b 55,34 a 25,67 b 65,10 a
18 29,00 b 68,31 a 54,37 b 65,25 a
Letras minúsculas na linha, iguais, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo Teste
Tukey.
Observa-se que a aplicação de cianamida hidrogenada (CH) adiantou a brotação em
aproximadamente 10 dias em relação à testemunha. Para as duas variedades, a aplicação de
cianamida hidrogenada proporcionou a antecipação da brotação e maior número de gemas
brotadas por planta. Para a ‘Pinot Meunier’ observa-se que, a partir do sexto dia após
aplicação de 26,0 mL L
-1
de CH, houve diferenças significativas na porcentagem de gemas
brotadas. Essa diferença, que era de apenas 3,55% de gemas brotadas, aumentou para 39,31 %
após o décimo oitavo dia da aplicação da CH.
Para a ‘Pinot Noir’, a partir do oitavo dia após aplicação da CH, houve aumento da
porcentagem de brotação, sendo observado incremento de 10,88 % no décimo oitavo dia,
quando comparada com a testemunha.
30
Resultados semelhantes aos obtidos neste trabalho foram observados por Werle et al.
(2008), em estudo sobre o efeito da CH na brotação e produção da videira ‘Niágara Rosada’,
na região Oeste do Paraná. Pires et al. (1999) constataram que a aplicação da CH em videira
‘Niágara Rosada’, na região de Jundiaí/SP, adiantou a brotação das gemas e aumentou a
porcentagem de gemas brotadas. Hernandez et al. (2008) relataram, ainda, que a antecipação
da brotação promovida por tratamentos com CH pode melhorar a qualidade e a produtividade
da videira em função do rápido aumento da área foliar. Em estudo com a cultivar Merlot, em
São Joaquim/SC, Mendes et al. (2008) observaram que as plantas que possuíam maior área
foliar atingiram o máximo peso de bagas e teor de sólidos solúveis mais cedo.
A porcentagem de cachos em início de maturação das cultivares ‘Pinot Meunier’ e
‘Pinot Noir’ em função da CH se encontra na Tabela 2.
Tabela 2: Porcentagem de cachos em início de maturação para as variedades Pinot Meunier e
Pinot Noir, em função da aplicação de cianamida hidrogenada.
Dias após aplicação Pinot Meunier Pinot Noir
0,0 mL/L 26 mL/L 0,0 mL/L 26 mL/L
60 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a
63 0,00 b 1,65 a 0,00 a 0,00 a
67 0,00 b 20,25 a 6,25 b 12,50 a
70 0,00 b 57,22 a 12,50 b 26,75 a
77 0,00 b 83,34 a 20,32 b 31,35 a
88 6,25 b 83,34 a 50,00 b 85,75 a
104 37,50 b 83,34 a 62,42 b 90,65 a
Letras minúsculas na linha, iguais, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo Teste
Tukey.
Para a cultivar ‘Pinot Meunier’ houve adiantamento do início da maturação dos
cachos em aproximadamente 15 dias quando aplicada a CH, podendo-se inferir que a
aplicação acelerou a maturação dessa cultivar. O início da maturação ocorreu aos 63 dias após
a aplicação da CH, estabilizando-se aos 77 dias após a aplicação da CH. Nesse período, os
31
cachos das plantas que não receberam aplicação da CH ainda permaneciam verdes. Nessas
plantas, o início da maturação ocorreu apenas 88 dias após a poda. No tratamento sem
aplicação de CH, aos 104 dias da poda apenas 37,5% dos cachos estavam em início de
maturação, o que mostra a importância do tratamento com CH.
Para a cultivar ‘Pinot Noir’, a aplicação da cianamida hidrogenada o influenciou no
início da maturação dos cachos, o que ocorreu aos 67 dias após a aplicação; porém, observa-
se a partir desse período maior porcentagem para as plantas tratadas com a CH.
O adiantamento da maturação e o aumento da porcentagem de cachos em início de
maturação proporcionaram às plantas tratadas com CH a produção de bagas de melhor
qualidade quanto a suas características físicas e físico-químicas (Tabela 3). A possível
explicação para as diferenças encontradas nos tratamentos com a aplicação de CH nos
parâmetros avaliados se justifica em função da antecipação do processo de maturação dos
cachos, provocada pela CH. Isso porque os tratamentos, com e sem aplicação de CH, foram
colhidos em um mesmo dia, para as duas variedades.
Com relação ao teor de SST, foi observado em média 15,17 °Brix para a ‘Pinot
Meunier’ e 17,83 °Brix para ‘Pinot Noir’ (Tabela 3). Na ‘Pinot Meunier’ não houve efeito da
CH nos teores de SST. Por outro lado, na ‘Pinot Noir’, a aplicação de 26 mL L
-1
aumentou os
SST de 16,85 para 18,81 °Brix.
32
Tabela 3: Valores médios: sólidos solúveis totais -SST- (ºBrix), acidez total titulável -ATT- (mg 100g
-1
ácido tartárico), relação SST/ATT,
Açúcares redutores – AR - (g 100 g
-1
), antocianinas – ANT – (mg 100 mL
-1
), flavonóides – FL- (mg pirocatequina /100g) e fenóis totais – TAN -
(mg de ácido tânico /100g ), pH, das cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir, em função das doses de cianamida hidrogenada.
Doses SST ATT SST/ATT AR ANT FL TAN pH
PM PN PM PN PM PN PM PN PM PN PM PN PM PN PM PN
0,0 14,90 b A
16,85 a B
0,76 a B
0,92 b A
20,36 a B
18,53 a A
6,98 a A
7,47 a B
25,53 b A
37,86 a A
13,36 b B
30,38 a A
264,32 a B
284,67 b A
3,64 a A
3,87 a A
26,0 15,45 b A
18,81 a A
0,65 a A
0,89 b A
24,36 a A
21,21 b A
6,40 b A
9,26 a A
29,97 b A
41,29 a A
28,11 b A
34,53 a A
411,63 a A
308,82 a A
3,95 a A
4,00 a A
Média
15,17 b
17,83 a
0,71 a
0,90 b
22,36 a
19,87 b
6,69 b
8,36 a
27,75 b
39,57 a
20,73 b
32,45 a
337,98 a
296,75 a
3,80 a
3,93 a
Letras minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, iguais, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo Teste Tukey.
Tabela 4: Valores médios da umidade das bagas – Um - (%), massa das bagas - M - (g), diâmetro longitudinal – DL - (mm), diâmetro transversal
– DT - (mm), razão diâmetro longitudinal e transversal (DL/DT) e número de cachos por planta – NC - das cultivares Pinot Meunier e Pinot Noir,
em função das doses de cianamida hidrogenada.
Doses Um M DL DT DL/DT NC
PM PN PM PN PM PN PM PN PM PN PM PN
0,0 82,91 a A 86,41 a B 31,79 b A 34,05 a A 14,63 a A 14,74 a A 15,30 a A 15,08 a A 0.95 a A 0.98 a A 12,83 b B 17,75 a B
26,0 84,41 a A 82,08 a A 30,84 a A 32,50 a A 14,58 a A 14,59 a A 15,17 a A 14,90 a A 0.96 a A 0.98 a A 20,00 b A 26,08 a A
Média 83,66 a 84,25 a 31,31 b 33,28 a 14,61 a 14,66 a 15,23 a 14,99 a 0,96 a 0,98 a 16,41 b 21,91 a
Letras minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, iguais, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo Teste Tukey.
33
Para a ‘Pinot Noir’, cultivada em São Joaquim/SC, Burin et al. (2007) encontraram
valores de SST de 22,5 °Brix, superiores aos observados neste trabalho. Por outro lado,
Mandelli (2002), para a ‘Pinot Noir’, em Bento Gonçalves/RS, observou, em dez safras, para
SST, valores médios de 18,1 °Brix. Em outro trabalho no Estado do Rio Grande do Sul,
realizado em duas safras, Marodin et al. (2006) observaram valores médios de 18,2 e 19,15
°Brix para as variedades ‘Cabernet Sauvignon’ e ‘Pinot Noir’, respectivamente. Entretanto,
não verificaram efeito da CH no teor de SST, o que não corrobora os resultados obtidos para a
Pinot Noir em Diamantina/MG. Werle et al. (2008) também não encontraram efeito da
aplicação de CH nos teores de SST, em trabalho realizado no município de Quatro Pontes/PR,
para a cultivar ‘Niágara Rosada’. Segundo Chitarra & Chitarra (2005), os teores de SST se
intensificam com a maturação dos frutos e são utilizados como uma determinação aproximada
do teor de açúcares e, muitas vezes, como índice de maturação, além de serem decisivos na
manutenção do sabor e aroma, tornando-se importantes para o consumo da fruta in natura ou
industrializada.
Os valores da acidez total titulável (ATT), expressa em g 100 mL
-1
de ácido tartárico,
foram menores para a ‘Pinot Meunier’, comparada com a ‘Pinot Noir’. A ATT reduziu com a
aplicação da CH para a ‘Pinot Meunier’, porém não variou para a ‘Pinot Noir’. Marodin et al.
(2006) observaram valores médios de ATT próximos de 1,0 g 100 mL
-1
de ácido tartárico
para a videira ‘Pinot Noir’. Para a ‘Cabernet Sauvignon’, Miele (1991) observou média geral
de 0,95 g de ácido tartárico por 100 mL de mosto em Bento Gonçalves/RS. Tanto Miele
(1991) como Marodin et al. (2006) afirmaram que a CH não afetou a ATT em seus estudos.
Esses resultados corroboram os obtidos para a ‘Pinot Noir’, mas diferem dos observados para
a ‘Pinot Meunier’ em Diamantina/MG.
34
Para a relação SST/ATT, a ‘Pinot Meunier’ apresentou maior valor do que a ‘Pinot
Noir’, quando utilizada
a CH (Tabela 3). Em Silvânia/GO, a cultivar ‘Patrícia’ apresentou
relação SST/ATT média de 17,83 (Silva et al. 2006). Por sua vez, Leão (2002) obteve 23,95
para a relação SST/ATT em treze variedades estudadas no Submédio do São Francisco.
A relação SST/ ATT é importante por ser um dos índices utilizados para determinação
da maturação da uva e de sua qualidade enológica (Rizzon e Miele 2002). Sua utilização
como índice de maturação da uva deve ser feita com cuidado, pois um aumento da SST nem
sempre corresponde à igual redução de ATT. De qualquer modo, esse índice pode indicar o
equilíbrio ideal entre açúcar e acidez de uma variedade para uma determinada região, tendo
como referência uma safra considerada ótima do ponto de vista enológico. Essa relação
SST/ATT é uma das formas mais utilizadas para a avaliação do sabor dos frutos, sendo mais
representativa que a medição isolada de açúcares ou da acidez (Chitarra e Chitarra 2005).
Os açúcares redutores se mostraram baixos quando comparados com os resultados
obtidos por outros autores. A cultivar ‘Pinot Noir’ apresentou valores médios superiores aos
da ‘Pinot Meunier’, 8,36 g 100 g
-1
e 6,69 g 100 g
-1
, respectivamente. A aplicação de CH
proporcionou maior teor de úcares redutores para a cultivar ‘Pinot Noir’’. Chavarria et al.
(2008) encontraram 19,73 g 100 g
-1
para a cultivar ‘Moscato Giallo’. Manfroi et al. (2006)
também encontraram valores superiores em relação ao obtido em Diamantina/MG para a
cultivar ‘Cabernet Franc’ (médias de 16,29 g 100 g
-1
). Segundo Chavarria et al. (2008),
valores baixos de açúcares redutores comprometem o grau alcoólico do vinho. Entretanto, é
importante salientar que as bagas do presente estudo foram trituradas com a casca, o que pode
explicar o baixo teor de açúcares quando comparado com trabalhos que avaliaram somente o
mosto das uvas.
35
Os polifenóis totais (antocianinas, taninos e flavonóides) são as substâncias
responsáveis por todas as diferenças entre vinhos brancos e tintos, principalmente cor e sabor,
além de interferirem na estabilidade do vinho durante seu envelhecimento (Penter 2006).
Os teores de antocianinas das duas cultivares não variaram com as doses de CH
(Tabela 3). Por outro lado, a cultivar ‘Pinot Noir’ apresentou maiores teores de antocianinas
do que a ‘Pinot Meunier’, sendo os valores médios de 39,57 e 27,75 mg 100 mL
-1
. Valores
superiores foram observados por Mané et al. (2007), 63,2 e 60,2 mg 100 mL
-1
, para a ‘Pinot
Noir’ e ‘Pinot Meunier’, respectivamente. Abe et al. (2007) encontraram valores que variaram
de 12,8 a 248 mg 100 g
-1
, em estudos de cultivares Vitis viniferas L. e Vitis Labrusca L.
Kallithraka et al. (2005) encontraram valores médios de 73,17 mg 100 g
-1
, em estudo de
diferentes variedades de Vitis vinifera.
As antocianinas se encontram largamente distribuídas na natureza e são responsáveis
pelas cores azuis, violeta e vermelho que se apresentam nos frutos, flores e algumas folhas,
caules e raízes de plantas (Vinson et al., 1999). No caso das uvas e vinhos, são compostos de
extrema importância em relação à coloração, sendo encontradas na película da uva, nas três
primeiras camadas da hipoderme e na polpa das castas tintas (Penter 2006).
Em relação aos constituintes de flavonóides, a cultivar ‘Pinot Noirapresentou maior
concentração comparada à ‘Pinot Meunier’. Entretanto, a influência da CH foi evidenciada
somente sobre a ‘Pinot Meunier’. Na Tabela 3, pode-se observar os valores médios obtidos
para flavonóides das cultivares ‘Pinot Noir’ (32,45 mg pirocatequina 100g
-1
) e ‘Pinot
Meunier’ (20,73 mg pirocatequina 100g
-1
). Chamkha et al. (2003), em estudo de duas safras
com ‘Pinot Noir’, observaram média de 0,385 mg 100g
-1
de flavonóides totais, valor bem
abaixo do encontrado neste estudo. Para as variedades ‘Isabel’ e ‘Niágara’, Soares et al.
36
(2008) encontraram, respectivamente, médias de 19,18 e 37,75 mg catequina 100g
-1
, em
estudo de compostos fenólicos e atividade antioxidante.
Em média, os teores de taninos na ‘Pinot Noir’ não se diferiram da ‘Pinot Meunier’.
No entanto, na ausência da cianamida hidrogenada observa-se maior teor de tanino na Pinot
Noir (Tabela 3). Rombaldi et al. (2004) encontraram valores superiores de tanino para a
cultivar ‘Bordô’, 670 mg 100 mL
-1
, na safra 2001/2002. Entretanto, Penter (2006) encontrou
valores médios de 410,30 mg 100 mL
-1
para a polpa, em estudo da cultivar ‘Cabernet
Sauvignon’, produzida na Serra Catarinense, resultados parecidos com a ‘Pinot Meunier’
(411,63 mg 100g
-1
) para o tratamento de 26,0 mL L
-1
de cianamida hidrogenada em
Diamantina/MG.
Para o pH, os valores não variaram com as doses e cultivares. Os valores dios
observados foram 3,80 e 3,93 para a ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’, respectivamente (Tabela
4). Valores semelhantes foram observados por Shellie (2007) para ‘Pinot Noir’ (3,81) e para
‘Pinot Meunier’ (4,03) na safra de 2004, em estudo na região de Parma, nos Estados Unidos
da América. Enquanto Tambe et al. (2008) observaram pH de 3,90 para a cultivar ‘Pinot
Meunier’. Segundo Tamborra (1992), o pH do mosto se deve encontrar no máximo em 3,3
para que ocorra fermentação de forma adequada, na produção de vinho. Entretanto, a União
Brasileira de Vitivinicultura (2007/2008) recomendam pH, para uvas tintas, variando de 3,7 a
4,0, na data da colheita. Dessa forma, os valores observados para o pH das cultivares Pinot
Meunier e Pinot Noir nas condições agroecológicas de Diamantina/MG se encontram em
conformidade com os valores preconizados para a produção de vinho.
A umidade média das bagas para a ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’ foi de 83,66% e
84,25%, respectivamente (Tabela 4). Observou-se maior umidade para a ‘Pinot Noir’ na
ausência da cianamida hidrogenada. Abe et al. (2007) encontraram umidades variando de 78 a
37
82%, em diferentes cultivares de Vitis vinifera e Vitis Labrusca. Chavarria et al. (2008b)
citam que frutos com menor teor de água podem apresentar maiores concentrações de
compostos desejáveis. O maior teor de umidade nas bagas pode justificar o menor teor de
SST, em detrimento da diluição ocorrida. O maior teor de água poderia diluir os açúcares e
reduzir seu teor nos frutos.
A massa das bagas não variou com a aplicação de cianamida hidrogenada e cultivares.
No entanto, na ausência da cianamida hidrogenada, a Pinot Noir apresentou maior massa do
que a ‘Pinot Meunier’. Rizzon & Miele (2001) encontraram valores médios de 26,7 g para
quinze bagas, em oito safras de avaliação para a videira Cabernet Franc’, em Bento
Gonçalves/RS. Regina et al. (2005) encontraram peso médio 30,82 g, de quinze bagas, em
estudo da videira ‘Syrah’, na região mediterrânea da França, valores semelhantes ao
encontrado em Diamantina/MG. Entretanto, Leão (2002) observou massa de 47,55 g de
quinze bagas, em treze variedades estudadas no Submédio do São Francisco. Aravena et al.
(2003) encontraram massas de 0,93 e 1,18 g por baga, para as videiras ‘Pinot Meunier’ e
‘Pinot Noir’, no Chile. Segundo Entave (1995), bagas com massa menor que 1,5 g são
consideradas muito pequenas; de 1,5 a 2,0 g, pequenas; de 2,0 a 2,5 g, médias; de 2,5 a 3,5 g,
grandes e acima de 3,5 g são consideradas muito grandes. De acordo com essa classificação e
os resultados obtidos em Diamantina/MG, a massa das bagas das cultivares Pinot Meunier e
Pinot Noir é considerada média, superior às produzidas no Chile.
Para os diâmetros longitudinal (DL) e transversal (DT), não houve diferenças
significativas para a aplicação da cianamida hidrogenada e cultivares (Tabela 4). A ‘Pinot
Meunier’ apresentou para diâmetros longitudinal e transversal 14,61 mm e 15,23 mm,
respectivamente. Para a videira ‘Pinot Noir’, foram observados diâmetro longitudinal de
14,66 mm e diâmetro transversal de 14,99 mm. Ferreira et al. (2004) encontraram diâmetros
38
transversais variando de 18 mm a 22 mm e longitudinais entre 17 a 19 mm para a cultivar
‘Niágara Rosada’, em diferentes épocas de poda em Caldas/MG. As bagas produzidas em
Diamantina/MG são consideradas de tamanho pequeno, pois, de acordo com Leão et al.
(1999), frutos com diâmetros médios entre 10,1 a 15,0 mm são classificados como frutos
pequenos.
A relação DL/DT também não apresentou diferenças significativas para cianamida
hidrogenada e cultivares. Essa relação mostra o formato da baga que, quanto mais próximo de
1, mais arredondado é o formato da baga. A relação DL/DT verificada foi de 0,96 e 0,98 para
a ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’, respectivamente, demonstrando um formato mais
arredondado para as duas cultivares produzidas em Diamantina/MG.
Em relação ao número de cachos por planta, observaram-se diferenças significativas
entre a testemunha e a aplicação de CH para as duas cultivares. Houve incremento de
aproximadamente 56 % e 47% no número de cachos para a videira ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot
Noir’, respectivamente. Hernandes et al. (2008) também encontraram diferenças
significativas, testando diferentes doses, e encontraram valores médios de 8,83 cachos por
planta para a dose de 26 mL L
-1
de cianamida hidrogenada, na videira ‘Niágara Rosada’. O
aumento no número de cachos produzidos em plantas tratadas com cianamida hidrogenada
está de acordo com relatos de Miele (1991) e Pires et al. (1999). O aumento do número de
cachos por planta está diretamente relacionado ao aumento da porcentagem de brotação das
gemas ocasionado pelo uso da CH (Tabela 3). Independente do uso da CH, o número de
cachos por planta foi maior na ‘Pinot Noir’, comparada à ‘Pinot Meunier’.
39
CONCLUSÕES
A aplicação de cianamida hidrogenada na concentração de 26 mL L
-1
antecipou a
brotação em 10 dias para a ‘Pinot Meunier’ e em 6 dias para ‘Pinot Noir’ e aumentou o
número de brotos em 39,31% e 10,88% para ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’, respectivamente.
O início da maturação, para a ‘Pinot Meunier’, foi antecipado em 17 dias, com
aplicação de cianamida hidrogenada.
A porcentagem de cachos em início de maturação foi superior em 45,84% e 28,23%
para ‘Pinot Meunier’ e ‘Pinot Noir’, respectivamente, com aplicação de cianamida
hidrogenada.
A aplicação de cianamida hidrogenada na concentração de 26 mL L
-1
apresentou
melhores resultados para algumas das características físico-químicas avaliadas, como acidez
total titulável, relação SST/ATT, flavonóides e taninos para a cultivar Pinot Meunier e sólidos
solúveis totais, açúcares redutores e umidade das bagas para a cultivar Pinot Noir.
Pode-se recomendar a aplicação de cianamida hidrogenada na concentração 26 mL L
-1
para as duas cultivares na região de Diamantina/MG.
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44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados aqui apresentados, embora propiciem boas indicações sobre os
parâmetros estudados para as cultivares ‘Pinot Noir e Pinot Meunier na Região de
Diamantina, Minas Gerais, visando à elaboração de vinho tinto fino, devem ser considerados
como preliminares, ou seja, observações quanto ao comportamento dessas cultivares deverão
ser realizados durante vários ciclos produtivos, para que o seu potencial possa ser
devidamente avaliado e caracterizado.
45
CONCLUSÃO GERAL
Nas condições em que o trabalho foi realizado, pode-se concluir que as cultivares
Pinot Meunier e Pinot Noir apresentam potencial de exploração para a região de Diamantina,
tendo em vista o desenvolvimento fenológico da produção e as características físico-químicas
das bagas, que podem ser indicadas como matéria-prima para elaboração de vinhos de
qualidade.
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