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vontade de transar, mas, ah... eu espero ainda encontrar algum
companheiro, que seja bom para mim. Lulu
Eu gostava de ter relações. Ainda tenho vontade. Mas com o homem certo.
Porque com o marido era triste, e tem muitos rapazinhos aí que não estão
com nada! Eu prefiro homem mais velho, eu prefiro até policial. Nilda
Em muitos relatos a preferência seria pela abstinência, por não terem desejo sexual, porém, as
mulheres que vivem uma relação matrimonial se sentem obrigadas a manterem o sexo
requerido pelo marido.
Eu não penso nada do sexo. É difícil falar isso. Ah, com alguns tenho
prazer, mas tem gente que não dá. Tem gente que só falta mandar você ir
embora. É estúpido! Helenice
Ah, eu não tenho vida amorosa, parceiro, eu não tenho. Eu não quero ter,
não. Porque eu já sofri demais com homem. Briga. Às vezes eu ficava
dentro de casa lavando, passando e cozinhando, pra eles me trair... Eu não
quero, não. Tive o pai dos meus filhos. Depois eu não tive mais ninguém,
não. Não quero ter não. Fernanda
As histórias de agressão e abuso são relatadas desde a infância (QUADRO 2). Violência e
abuso sexual são praticados, inclusive, por parentes, o que leva as entrevistadas, em geral, a
fugirem da família e se casarem. Porém, as histórias de violência se repetem com o parceiro.
A minha primeira relação sexual foi com um rapazinho, eu estava numa
festa, foi com um rapazinho, ele me enfiou dentro do ônibus, foi à força,
numa casa abandonada, ele quase me bateu. Foi horrível. Helenice
Minha mãe separou do meu pai na época, foi embora. Eu era nova, tinha 13
anos. Meu pai tentou me estuprar. Eu gritei, chamei a vizinha, botei a boca
no mundo. Ele estava bêbado. Aí, esse coroa era doido por mim. Aí eu, de
medo do meu pai, fui morar com ele. Esse coroa se aproveitou, né, da
situação. No começo era carinhoso. Eu passei uns três dias morando lá pra
primeiro ter relação com ele, porque eu fiquei com medo. Meu primeiro
marido foi agradável. A gente viveu muito bem uns três, quatro anos. Graça
Eu não gosto de falar de sexo porque eu fui estuprada. Era criança. Foi
alguém da minha casa. Era um senhor, era de dentro de casa. Minha mãe
não quis me ajudar, eu contava pra ela, ela falava que eu era louca, que era
mentira (a entrevistada chora). Foram várias vezes, eu tinha oito anos.
Depois, tive um rapaz que ia casar comigo, só que, pela segunda vez, a
mesma pessoa me estuprou de novo, aí eu fugi de casa. Tive que sair e fui
morar na rua. Sozinha, na rua. Tive um filho que morreu ao nascer, que era
do estupro. (Depois, com outros homens) ah... era muito chato, eu não
conseguia conviver com homem, não; vai indo certo tempo eu tomo raiva
deles. Eles também começam a me trair... Não gosto de sexo e nunca gozei,
não. Por causa que eu fui estuprada, acho que é por causa disso. Às vezes,