Download PDF
ads:
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
RELAÇÃO ENTRE HIPERSENSIBILIDADE TIPO I
E OCORRÊNCIA DE INFESTAÇÃO POR
HELMINTOS INTESTINAIS EM CRIANÇAS
Jussara Silva Lima
Uberaba-MG
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Jussara Silva Lima
RELAÇÃO ENTRE HIPERSENSIBILIDADE TIPO I
E OCORRÊNCIA DE INFESTAÇÃO POR
HELMINTOS INTESTINAIS EM CRIANÇAS
Tese apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Patologia, área de
concentração “Patologia Clínica”, da
Universidade Federal do Triângulo
Mineiro, para a obtenção do Título de
Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Virmondes Rodrigues Jr.
Uberaba-MG
Março - 2010
ads:
III
“ O degrau da escada não foi
inventado para repousar, mas apenas
para sustentar o pé o tempo necessário
para que o homem coloque o outro pé
um pouco mais alto.”
Aldous Huxley.
Dedico esse trabalho à minha família:
meu marido e filhos que, resignada
e pacientemente, dividiram o nosso
tempo de convivência com o tempo
designado à tese.
À meus pais que, com amor
incondicional, me ensinaram a aprender
e à querida Adibinha que cumpriu
magistralmente esta função, e que guiou
meus passos durante toda a sua vida e
que hoje se fundem com os meus...
AGRADECIMENTOS
Em primeira instância a Deus de cujas benemesses me farto a cada dia e que me propicia
superações diárias.
Aos pais e pacientes que generosamente quiseram participar do presente estudo, depositando
confiança em meu trabalho. Espero que lhes tenha dado o retorno apropriado.
Á minha família cuja base sólida me deu forças para encarar a vida de frente.
Aos meus pais pelo apoio constante e amor incondicional e pela dedicação ímpar na formação de
todos os filhos. Á minha mãe pelo amor intenso e por cumprir esse papel incondicionalmente. Ao
meu pai pela presença firme e constante em minha vida, pelos pés no chão e pelo seu exemplo
constante de honradez e retidão. E a ambos, atualmente, pela presença em mim, no dia a dia do
meu caminhar.
Á meu esposo, Adilson Resende Lima, pelo companheirismo e ânimo a mim proporcionados
a cada etapa desse trabalho, pela disponibilidade em muitas ocasiões agregar ao seu papel de pai,
os afazeres de mãe em minha substituição e me acompanhar em meus planos.
À meus filhos: João Gabriel e Sarah Inessa, por serem maravilhosamente diferentes
enquanto pessoas e igualmente belas e admiráveis na essência, me estimularam e me impulsionaram
a buscar vida nova a cada dia, meus agradecimentos por se privarem da minha companhia,
concedendo a mim, a oportunidade de galgar mais esse degrau.
Ao meu orientador: Dr. Virmondes Rodrigues Júnior por me guiar de forma magistralmente
tranqüila e segura e pela sua disponibilidade mesmo em meio a tantos compromissos. Com certeza é
um exemplo a nos espelharmos de serenidade e competência.
À Dra. Karla Arruda, por ter cedido seu laboratório, seu tempo, e seu material,
gentilmente para dar continuidade ao nosso trabalho.
À minha secretária e amiga Mariana de Freitas Ferreira por ser meu esteio de todas as
horas e suprir minha pouca habilidade no computador.
Às pós graduandas da USP-RP:Ana Beatriz Rosseti Santos e Michelle Christiane
Rodrigues Barbosa, pela disponibilidade e carinho com que me receberam, pelas refeições que se
privaram durante todo o tempo que lá estive para que nada desse errado e pela solicitude em repetir
cada exame que julgávamos estar em desacordo.
Ao enfermeiro e técnico de laboratório de imunologia da UFTM Carlos Alberto M. Araújo
que me ajudou na coleta de sangue da maioria dos pacientes, realizando os exames parasitológicos
de fezes.
A todos os funcionários do laboratório de imunologia da UFTM, em especial Betânia
Maria Ribeiro (Técnico em Laboratório) que me ajudou na confecção dos exames Elisa, e a
Mônica Miguel Sawan (Farmacêutica - Bioquímica) pelo apoio na dia a dia.
À Prefeitura Municipal de Veríssimo, através da secretaria de saúde que me apoiou
incondicionalmente, conferindo informações, disponibilizando seu servidores da saúde, em especial a
técnica de enfermagem Augusta de Souza Oliveira, Valéria Cristina Carneiro (Recepcionista) e D.
Selma Regina Gonçalves (Auxiliar de Serviços Gerais) e Renata Cristina C. F. Oliveira
(Recepcionista).
À UFTM, que me proporcionou condições para que o estudo pudesse ser realizado e para
que finalmente pudesse ingressar de fato às atividades de docência.
VII
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................................. 13
Hipótese .................................................................................................................................... 25
Objetivo Geral .......................................................................................................................... 26
Objetivos Específicos ............................................................................................................... 26
População e Métodos ................................................................................................................ 27
População Alvo ........................................................................................................................ 27
Critérios de inclusão ................................................................................................................. 27
Critérios de exclusão ................................................................................................................ 28
Quantificação de IgE total por ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent Assay) ................... 29
Quantificação de IgE específica a alérgenos por ELISA (Enzyme Linked Immunosorbent
Assay) ....................................................................................................................................... 30
Análise estatística dos dados. ................................................................................................... 30
Resultados ................................................................................................................................. 32
Indivíduos ................................................................................................................................. 32
Ocorrência de Atopias .............................................................................................................. 32
Parasitológico de Fezes ............................................................................................................ 33
Hemograma .............................................................................................................................. 34
Níveis Séricos de IgE total ....................................................................................................... 36
Reatividade de anticorpos IgE para antígenos específicos - Tropomiosina ............................. 37
Correlações entre os parâmetros imunológicos ........................................................................ 39
Discussão .................................................................................................................................. 43
Conclusões ................................................................................................................................ 50
Referências ............................................................................................................................... 51
Anexo 1 .................................................................................................................................... 63
Anexo 2 .................................................................................................................................... 67
Anexo 3 .................................................................................................................................... 68
Anexo 4 .................................................................................................................................... 69
VIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
µg/mL microgramas por mililitro
Abs absorbância
Ac anticorpo
Ag antígeno
ARIA - Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma
BSA Albumina sérica bovina
CD4 Cluster de diferenciação 4
CTL Linfócito T Citolítico
CVF Capacidade Ventilatória Final
DA- Dermatite atópica
Derp 1 2 Dermatophagoides pteronyssinus dos grupos 1 e 2
EDTA - ácido etilenodiamino tetra-acético
ELISA Enzyme Linked Immunosorbent Assay
FcεRI – Receptor de Porção Fc ε
HC-UFTM Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
Ig - Imunoglobulina
IL - Interleucina
ISAAC International Study of Asthma and Allergies in Childhood
MHC Complexo Principal de Histocompatibilidade
MIF - Merthiolate-Iodo-Formol
OPD - 1,2 ortofenilenodiamino
PBS Tampão Fosfato-Salina
Per a7 Periplaneta americana do grupo 7
PFE Pico do Fluxo Espiratório
PIB- Produto interno bruto
PNDU- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
TGF-β Fator de Transformação e crescimento beta
Th T auxiliar
TropoÁcaro Tropomiosina de Ácaro
TropoÁscaris - Tropomiosina de Áscaris lumbricóides
UI/mL Unidades Internacionais por mililitro
VEF1 Volume Expiratório Forçado no 1 segundo
IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tipos de Hipersensibilidade .................................................................................... 14
Tabela 2 - Distribuição dos indivíduos conforme sexo e procedência ..................................... 32
Tabela 3 - Ocorrência de Atopias na população estudada ........................................................ 33
Tabela 4 - Positividade no exame parasitológico segundo procedência dos indivíduos .......... 33
Tabela 5 - Positividade no exame parasitológico segundo sexo dos indivíduos ...................... 33
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Parâmetros hematológicos segundo sexo ................................................................ 34
Figura 2 - Parâmetros hematológicos segundo procedência .................................................... 34
Figura 3 - Parâmetros hematológicos de acordo com acometimento de alergia ...................... 35
Figura 4 - Parâmetros hematológicos de acordo com acometimento de asma ......................... 35
Figura 5 - Níveis séricos de IgE de acordo com acometimento de alergia .............................. 36
Figura 6 - Níveis séricos de IgE de acordo com acometimento de asma, eczema e rinite ....... 36
Figura 7 - Reatividade aos antígenos rPer a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro de acordo com
acometimento de asma, eczema e rinite ................................................................................... 37
Figura 8 - Reatividade aos antígenos rPer a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro de acordo com a
procedência ............................................................................................................................... 38
Figura 9 - Reatividade aos antígenos Der p 1-2 de acordo com acometimento de alergia. ..... 38
Figura 10 - Reatividade aos antígenos Der p 1-2 de acordo com acometimento de asma,
eczema e rinite. ......................................................................................................................... 39
Figura 11 - Reatividade aos antígenos Der p 1-2 de acordo com a procedência ...................... 39
Figura 12 - Correlação entre IgE total e contagem de eosinófilos de acordo com a
procedência. .............................................................................................................................. 40
Figura 13 - Percentual de eosinófilos de acordo com acometimento de alergia. ..................... 40
Figura 14 - Correlação entre IgE específica a TropoÁscaris e o valor de IgE total de acordo
com a procedência. ................................................................................................................... 41
Figura 15 - Correlação entre IgE específica a rPer a7 e os níveis de IgE total de acordo com a
procedência. .............................................................................................................................. 41
Figura 16 - Correlação entre IgE específica a Der p 1-2 e os níveis de IgE total de acordo
com a procedência. ................................................................................................................... 42
Figura 17 Correlação entre IgE específica a rPer a7 e TropoÁscaris de acordo com a
procedência. .............................................................................................................................. 42
XI
RESUMO
Alergia é definida como uma doença dependente de uma resposta do sistema imune a
um antígeno exógeno, mediante a produção de anticorpos IgE contra os mesmos. Devido à
similaridade entre a resposta imune contra helmintos e as doenças alérgicas mediadas por IgE,
há uma intensa discussão sobre a relação entre estes parasitos e alergia.
Neste estudo avaliamos 404 crianças na cidade de Veríssimo, zona urbana e rural. Foi
realizada a pesquisa de parasitose intestinal pelo método de sedimentação espontânea. A
ocorrência de atopias (asma, rinite alérgica e dermatite atópica) foi analisada clinicamente
pelo questionário ISAAC, e associada a parâmetros hematológicos e veis séricos de IgE
total e específicas contra alérgenos Derp 1 2, Per a7 e tropomiosina de Áscaris e Ácaro.
A ocorrência de parasitoses intestinais se mostrou muito reduzida na população
estudada. Não observamos diferenças nos parâmetros hematológicos quanto a ocorrência de
atopia ou quanto a procedência dos indivíduos. Da mesma forma, a concentração de IgE, total
ou específica não variou em nenhuma das condições alérgicas analisadas ou entre indivíduos
da zona rural ou urbana. Contudo, observamos correlação positiva entre a concentração de
IgE total e a de IgE anti Derp 1 2. Ainda, houve uma correlação positiva entre a produção de
IgE contra antígenos Per a7 e antígenos de tropomiosina de Áscaris.
Demonstramos que a ocorrência de quadros alérgicos ou a procedência dos indivíduos
não esteve relacionada com alterações de parâmetros laboratoriais, especialmente com
reatividade à antígenos parasitários e ambientais, embora tenhamos demonstrado que os
anticorpos contra antígenos de ácaros podem ser grandes responsáveis pelos níveis de IgE
total e que a reatividade a antígenos de ácaros é acompanhada por aumento na reatividade à
antígenos Per a7. A ausência de diferença nos parâmetros analisados entre as duas populações
pode ser devida ao fato de que a cidade estudada se trata de um município interiorano, onde
não há grandes discrepâncias sociais, ambientais, climáticas ou estruturais entre a zona rural e
a zona urbana.
XII
ABSTRACT
Allergy is defined as being a disease dependent on an immune system response to an
exogenous antigen, through IgE antibodies production against them. Due to the similarity
among the immune responses against helminthes and the allergic diseases mediated by IgE,
there is an intense discussion about the relationship among these parasites and
allergy.
In this study we evaluated 404 children living on the urban and rural areas of
Veríssimo City. Intestinal parasites were searched by the spontaneous sedimentation method.
The occurrence of atopies (asthma, allergic rhinitis and atopic dermatitis) was clinically
evaluated by the ISAAC questionnaire and associated to hematological parameters serum
levels of total or specific IgE against allergens (Derp 1 2, Per a7, Ascaris tropomyosin and
acaridae).
The occurrence of intestinal parasites was low in the studied population. We did not
observe differences on hematological parameters as to the occurrence of atopies and the living
area of the individuals. Moreover, total and specific IgE concentration did not vary among
any allergic conditions evaluated or between rural or urban individuals. However, we
observed a positive correlation between total and anti-Derp 1 2 specific IgE. Also, there was a
positive correlation between IgE production against anti-Per a7 and anti-Ascaris tropomyosin
antigens.
We demonstrate that the occurrence of allergic episodes or the place where
individuals live were not related to alterations on laboratory parameters, especially with the
reactivity to parasitic or environmental antigens, although we have demonstrated that the
antibodies against acaridae antigens could be responsible for the total IgE levels and the
reactivity against acaridae antigens (Tropo acaridae) is followed by an increase in reactivity to
P. Americana antigens (Per a7). The lack of difference within the parameters analyzed
between the two populations could occur due to the fact that the studied City is a municipality
located at the countryside, where the social, environmental, climatic or structural
discrepancies between the rural and the urban areas are not intense.
Introdução 13
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
INTRODUÇÃO 1
2
1.Alergias e Atopias 3
4
O termo alergia foi originalmente definido por Clemens Von Pirquet como “uma 5
capacidade alterada do corpo de reagir a uma substância estranha”, o alergéno (VON 6
PIRQUET, 1906; JOHANSSON et al., 2001) constituindo-se numa definição extremamente 7
ampla que incluía todas as reações imunológicas. 8
Existem vários tipos de alérgenos, alguns atuam por inalação (pós, pólens, fungos, 9
gases, vapores e substâncias químicas voláteis), outros após ingestão (leite, ovos, chocolate, 10
carne, peixe, mariscos, medicamentos), outros por contato (lã, couro, cal, cosméticos, tinturas) 11
e outros por inoculação (picadas de insetos) (KAY, 2001b). 12
Atualmente, a alergia é definida de modo mais restrito, como uma doença dependente de 13
uma resposta do sistema imune a um antígeno exógeno, sob outros aspectos inócuo, mediante 14
a produção de anticorpos IgE contra os mesmos ou a instalação de uma resposta celular 15
específica (JANEWAY et al., 2002). 16
Indivíduos atópicos são aqueles propensos a produzir altos níveis de anticorpos IgE 17
específicos para alérgenos ambientais (AALBERSE, 1991) e parecem ser mais sensíveis a 18
ativação de mastócitos e basófilos por aeroalérgenos (PLAUT et al., 1986; BOYCE, 2003), 19
além de apresentarem geralmente níveis mais elevados de IgE e de eosinófilos circulantes que 20
pessoas não atópicas (JANEWAY et al., 2002). 21
Cerca de 40% da população ocidental apresenta uma tendência exagerada a produzir 22
resposta de IgE a uma ampla variedade de alérgenos ambientais comuns (JANEWAY et al., 23
2002). Esse estado, a atopia, parece ter origem genética, sendo influenciado por vários loci 24
gênicos (MARTINEZ et al., 1997; PRESCOTT et al., 1998; OBER, 2001). 25
foi relatado que eventos durante o período gestacional (sensibilização intra-útero, 26
possibilidade de resposta imunológica específica após 22 semanas de vida fetal, dieta 27
materna, infecções, tabagismo materno, resposta imunológica materna polarizada Th2) e na 28
vida extra-uterina (estilo de vida, dietas, poluição, estresse, desmame precoce) combinam-se 29
para justificar o atual aumento na prevalência de asma, rinite, eczema atópico e alergias 30
alimentares (MIESCHER & VOGEL, 2002). 31
A alergia é secundária às reações do sistema imune denominadas reações de 32
Introdução 14
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
hipersensibilidade; estas produzem lesão tecidual e podem causar doenças. O quadro abaixo 1
resume os tipos de hipersensibilidades e seus principais mecanismos. 2
3
Tabela 1 - Tipos de Hipersensibilidade 4
Tipo de hipersensibilidade
Mecanismos imunes patológicos
Mecanismos de lesão tecidual
Hipersensibilidade imediata:
Tipo I
IgE
Mastócitos e seus mediadores (aminas
vasoativas, mediadores lipídicos,
citocinas)
Mediada por anticorpos:
Tipo II
IgM e IgG contra antígenos da superfície
celular ou da matriz extracelular
Opsonização e fagocitose de
célulasRecrutamento e ativação de
neutrófilos e macrófagos mediados por
complemento e receptor Fc
Anormalidades das funções celulares
Mediada por imunocomplexos:
Tipo III
Imunocomplexos de antígenos
circulantes e anticorpos de IgM ou IgG
Recrutamento e ativação de leucócitos
mediados por complemento receptor
Fc
Mediada por linfócitos T:
Tipo IV
1. CD4 hipersensibilidade do tipo
tardio
2. CTL’s – citólise mediada por LT
1. Ativação de macrófagos, inflamação
mediada por citocinas
2. Dirigir a destruição das células-alvo,
inflamação mediada por citocinas
(ABBAS et al., 2005) 5
6
2. Resposta Imune frente à alergenos 7
O termo atopia (do grego atopos significando fora de lugar”) é usado para 8
descrever doenças IgE-mediadas (KAY, 2001a). Classicamente, as reações IgE-mediadas 9
envolvem uma fase de sensibilização e desafios subseqüentes com o alérgeno. Durante a fase 10
de sensibilização, o alérgeno, complexado com as moléculas da classe II do MHC, é 11
apresentado às células T naive pelas chamadas células apresentadoras de antígenos, 12
representadas principalmente pelas células dendríticas (ABBAS et al., 2005; LARCHE, 13
2006). 14
As células T naive se diferenciam em lulas CD4+, denominadas Th2, que sofrem 15
expansão clonal e produzem citocinas, principalmente IL-4 e IL-13. Estas citocinas induzem 16
a expansão clonal das populações de células B naive e B de memória e produção de IgE 17
alérgeno-específica. A IgE ligada às superfícies de células B alérgeno-específicas também 18
facilita a apresentação do antígeno às células T. A ativação das células T, na presença de IL-4, 19
aumenta a diferenciação em células Th2 (CORRY & KHERADMAND, 1999). Finalmente, as 20
moléculas de IgE alérgeno-específicas irão se ligar às superfícies dos mastócitos e basófilos, 21
Introdução 15
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
através de receptores de alta afinidade para cadeias pesadas ε, chamados FcεRI, 1
constitutivamente expressos nessas células (MUDDE et al., 1990; CORRY & 2
KHERADMAND, 1999; ABBAS et al., 2005; LARCHE et al., 2006). 3
A reação aguda de hipersensibilidade imediata ocorre quando, numa re-exposição, os 4
antígenos se ligam aos anticorpos da classe IgE presentes nas superfícies dos mastócitos e 5
basófilos. A ligação cruzada de dois receptores FcεRI presentes nas superfícies resultará na 6
degranulação dessas células e na liberação e ntese de múltiplos mediadores, incluindo a 7
histamina, leucotrienos C4, D4 e E4, prostaglandinas, e fator ativador de plaquetas, além de 8
quimiocinas e citocinas (KAY, 2001b; LARCHE et al., 2006; BISCHOFF, 2007), 9
responsáveis pelos clássicos sintomas de anafilaxia, rinoconjuntivite e urticária (KAY, 10
2001b). 11
Uma fase tardia da reação alérgica, que ocorre de seis a vinte-e-quatro horas após a 12
exposição ao alérgeno, também é observada; nessa fase observa-se um acúmulo de leucócitos 13
inflamatórios, incluindo neutrófilos, eosinófilos, basófilos e células T CD4
+
. Dependendo do 14
órgão alvo, a fase de reação tardia pode ser provocada por mastócitos ou células T (KAY, 15
2001b). Migrando para o sítio de exposição ao alérgeno, sob a influência de quimiocinas e 16
citocinas, as células T alérgeno-específicas sofrem reativação e expansão clonal. A 17
apresentação de antígenos pelas células dendríticas, facilitada pela IgE, também aumenta a 18
ativação das células T. Eosinófilos, mastócitos e basófilos ativados liberam mediadores, 19
quimiocinas e citocinas pró-inflamatórias. Ainda, as citocinas liberadas nesta fase trazem 20
importantes repercussões no endotélio e em tecidos musculares (LARCHE et al., 2006; 21
HAMID et al., 2009). 22
Existe um consenso geral de que a inflamação alérgica seja decorrente da ativação das 23
células Th2
produzindo IL-4 e IL-13, que contribui para a produção de IgE, e IL-5 que 24
promove a inflamação eosinofílica. Entretanto, apesar de existir um considerável corpo de 25
evidências ligando a resposta Th2
aos alérgenos, à sensibilização atópica e a doenças 26
alérgicas, nem todos os indivíduos sensibilizados desenvolvem sintomas (RENAULD, 2001; 27
AHERN & ROBINSON, 2005). 28
29
3. Principais doenças atópicas 30
3.1 Dermatites atópica (DA) 31
Esta enfermidade cursa com uma inflamação crônica da pele, de maior ocorrência na 32
infância (LEUNG, 1993). Caracteriza-se por episódios recorrentes de eczema, xerose e 33
Introdução 16
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
prurido. As lesões da dermatite atópica são eczematosas similares as de hipersensibilidade 1
retardada e não urticariformes como as de hipersensibilidade imediata (KAY, 2001a). 2
No Brasil, o estudo ISAAC fase I mostrou uma prevalência média para eczema 3
atópico de 7,3%, eczema grave de 0,8% e de eczema diagnosticado de 13,2%, na faixa etária 4
de 6-7 anos de idade (WILLIAMS et al., 1999; YAMADA et al., 2002). 5
Segundo(LEUNG, 1993) a ocorrência de DA em 77% de gêmeos homozigóticos, 6
quando comparada com a taxa de 15% encontrada em gêmeos dizigóticos, indica uma 7
susceptibilidade genética na etiologia da DA. 8
Entre 5 a 20% das crianças de todo o mundo são afetados por dermatite atópica 9
(WILLIAMS et al., 1999) e 60 % destas continuam a apresentar esta enfermidade após a 10
puberdade (WUTHRICH, 1999). Além disto, aproximadamente 80 % das crianças portadoras 11
de DA estão sob risco de desenvolver alergia respiratória. 12
Os pacientes com dermatite atópica são mais sensíveis à exposição a alérgenos do 13
meio ambiente. Pacientes com dermatite atópica leve expostos a altas concentrações de 14
alérgenos inalatórios, podem desencadear um quadro grave de eczema (THESTRUP-15
PEDERSEN, 2000). 16
GUILLET et al (1992) demonstraram que mais de 85% dos pacientes com dermatite 17
atópica apresentaram níveis de IgE elevados e testes cutâneos positivos para aeroalérgenos, 18
enquanto um subgrupo de pacientes portadores de dermatite não atópica, não apresentou 19
sensibilização a alérgenos alimentares e inalantes (GUILLET & GUILLET, 1992). 20
21
3.2 Asma 22
É uma das doenças crônicas mais comuns na infância (WONG et al., 2001). Estima-se 23
que existam mais de 200 milhões de casos no mundo (SARINHO et al., 2000). Somente nos 24
Estados Unidos esta enfermidade afeta aproximadamente 10 milhões de pessoas (ABBAS et 25
al., 2005) 26
De acordo com diversos trabalhos da literatura, a prevalência desta doença vem 27
aumentando progressivamente nas últimas décadas, constituindo-se em uma verdadeira 28
epidemia (DI FRANCO & PAGGIARO, 2005). 29
A asma cursa com inflamação crônica das vias aéreas inferiores, desencadeada pela 30
ativação dos mastócitos submucosos do trato respiratório, induzida principalmente por 31
aeroalérgenos, resultando em constrição brônquica e secreção aumentada de muco, tornando a 32
respiração mais difícil pelo aprisionamento do ar inalado nos pulmões. Esta enfermidade 33
caracteriza-se pela presença continuada de grande número de linfócitos Th2, eosinófilos, 34
Introdução 17
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
neutrófilos e outros leucócitos no tecido pulmonar (JANEWAY et al., 2002). 1
A asma ocorre com episódios recorrentes de sibilo, falta de ar, compressão do tórax, 2
particularmente à noite ou no inicio da manhã, podendo ser acompanhada de tosse seca 3
(PATTERSON et al., 2005). Cerca de 75% da asma persistente tem base alérgica 4
(PATTERSON et al., 2005). Esta doença acomete principalmente indivíduos entre 4 e 40 5
anos, tendo sido também relatada em populações geriátricas (APTER et al., 1988). Existe uma 6
relação temporal entre sintomas respiratórios, exposição aos alérgenos e presença de 7
anticorpos IgE contra alérgenos comuns. Por outro lado a asma não alérgica acomete 8
principalmente crianças com menos de 04 anos ou idosos com mais de 60 anos de idade. 9
Nesta enfermidade a inflamação das vias aéreas mediada por IgE específica para alérgenos 10
está ausente. Em alguns pacientes os testes cutâneos são positivos, entretanto apesar da 11
presença de anticorpos da classe E, não há relação temporal entre sintomas e exposição 12
(PATTERSON et al., 2005). 13
Vários fenótipos têm sido usados para investigar a genética da atopia. Devido a 14
heterogeneidade genética a simples classificação em indivíduos de alto e baixo risco é 15
complexa (BLUMENTHAL & BLUMENTHAL, 2002). Embora existam evidências de que a 16
asma é de natureza hereditária, esta hereditariedade não parece seguir os padrões mendelianos 17
clássicos. Diversos estudos de famílias evidenciam um forte padrão de agregação familiar no 18
caso da asma (SCHWARTZ, 1952; SPEIZER et al., 1976; PINTO et al., 2008), mas a 19
genética da doença é complicada por sua natureza poligênica e pela interação entre fatores 20
genéticos e ambientais (BIERBAUM & HEINZMANN, 2007; PINTO et al., 2008). 21
Teldeschi e Sant’anna (2002) sugerem que sejam incluídos como maiores fatores de 22
risco: história parental de asma, eczema, e como menor risco a eosinofilia periférica, a 23
sibilância na ausência de resfriado e a rinite alérgica. Ainda, o diagnóstico de asma é 24
dificultado pela inexistência de testes suficientemente específicos e sensíveis. Atualmente 25
associa-se o diagnóstico de asma em menores de três anos de idade aos seguintes achados: 26
início dos sintomas antes dos seis primeiros meses de vida, sintomas induzidos por exercícios 27
físicos, choro ou riso, eczema, história familiar de asma e tabagismo materno. 28
Também podem ser aplicados testes funcionais para auxiliar o diagnóstico da asma, 29
especialmente a espirometria, onde a obstrução das vias aéreas é caracterizada por redução do 30
VEF1 (inferior a 80% do previsto) e da relação VEF1/CVF (inferior a 75%). O diagnóstico de 31
asma pode ser confirmado pela presença de obstrução ao fluxo aéreo que desaparece ou 32
melhora significativamente após broncodilatador (PEREIRA & NASPITZ, 1998). Em casos 33
de suspeita de asma com espirometria normal ainda podem ser aplicado: teste de 34
Introdução 18
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
broncoprovocação com agentes broncoconstritores (metacolina, histamina, carbacol) para 1
demonstrar a presença de hiperresponsividade brônquica (RIBEIRO et al., 1995); medidas de 2
VEF1 antes e após teste de exercício, demonstrando-se após o esforço queda significativa da 3
função pulmonar (acima de 10 a 15%) (HABY et al., 1994); medidas seriadas do pico do 4
fluxoexpiratório (PFE) auxiliam no diagnóstico de asma quando demonstra-se variabilidade 5
aumentada nos valores obtidos pela manhã e à noite (acima de 20% em adultos e de 30% em 6
crianças) (RIBEIRO et al., 1995). 7
Ainda, testes laboratoriais como a medida da inflamação das vias aéreas que pode ser 8
realizada avaliando a presença de eosinófilos e células metacromáticas no escarro induzido 9
após a nebulização com solução salina hipertônica, aliada a níveis de óxido nítrico ou 10
monóxido de carbono exalado tem sido considerado como marcadores promissores na asma, 11
porém estas medidas ainda não sejam rotineiras no diagnóstico clínico do paciente asmático 12
(PASTORINO & FOMIN, 2007). 13
14
3.3 Rinite alérgica 15
A rinite alérgica representa um problema global de saúde pública que atinge no 16
mínimo 10 a 25% da população geral e sua prevalência vem aumentando (KAY, 2001a). A 17
prevalência de rinite em escolares tem-se mostrado estável e atinge em média 29,6% 18
(STRACHAN et al., 1997). A doença é caracterizada por inflamação da mucosa nasal 19
mediada por IgE, cursando com espirros, secreção e congestionamento nasal que persiste por 20
um período de no mínimo 1 hora por dia (SIBBALD & RINK, 1991; BOUSQUET et al., 21
2001b). A rinite pode ser classificada em infecciosa e não infecciosa. A rinite infecciosa é 22
caracterizada predominantemente por secreção nasal de cor branca, amarela ou esverdeada, e 23
grande concentração de neutrófilos e menos comumente bactérias (PEDERSEN & WEEKE, 24
1992). 25
Rinite não infecciosa é caracterizada pela presença de secreções aquosas ou mucóides 26
com ou sem eosinófilos. A rinite não infecciosa pode ser subdividida em alérgica sazonal, 27
alérgica perene e perene não alérgica (PATTERSON et al., 2005). A rinite alérgica sazonal é 28
secundária à reatividade da mucosa nasal para alérgenos, sendo caracterizada por rinorréia, 29
congestionamento nasal, espirros associados a prurido dos olhos, nariz, ouvido e garganta. 30
Esses sintomas são periódicos e ocorrem durante a estação de polinização das plantas para as 31
quais o paciente é sensível. Rinite alérgica perene é caracterizada por sintomas nasais 32
intermitentes ou contínuos resultantes de uma reação alérgica, sem variação sazonal 33
(PATTERSON et al., 2005). 34
Introdução 19
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
O diagnóstico é basicamente clínico com associação de vários dos seguintes sintomas: 1
espirros em salva, coriza abundante, obstrução nasal, intenso prurido nasal, no palato e/ou nos 2
olhos (SOLÉ et al., 2006). Ao exame físico pode-se encontrar linha de Dennie-Morgan (prega 3
em pálpebras inferiores secundárias ao edema), sulco nasal transverso e hiperemia 4
conjuntival, além de olheiras pela estase venosa, à rinoscopia anterior: cornetos nasais 5
congestos, edemaciados e mucosa de coloração pálida e acinzentada (BACHERT et al., 6
2002). Outros recursos diagnósticos podem auxiliar os critérios clínicos tais como: 1. testes 7
cutâneos de hipersensibilidade imediata (evidenciam reações alérgicas mediadas por IgE). 2. 8
determinação de IgE sérica específica, com indicadores indiretos de atopia tais como: 9
dosagem de IgE total elevada, eosinofilia no sangue periférico e na secreção nasal. 3. Teste de 10
provocação nasal (SOLÉ et al., 2006). 11
Os principais fatores desencadeantes ou agravantes das crises são os alérgenos 12
ambientais, em especial poeira, ácaros, fungos, epitélio, urina e saliva de animais, baratas e 13
pólens (CAMELO-NUNES & SOLÉ, 2005). Destacam-se a exposição à aeroalérgenos, dentre 14
eles Dermatophagoides pteronyssinus, Dermatophagoides farinae, Blomia tropicalis e outros. 15
A rinite alérgica é conseqüência da reação de hipersensibilidade mediada por anticorpos IgE à 16
alérgenos específicos, que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos e sensibilizados 17
(SEGUNDO et al., 2009; ESTEVES et al., 2000) 18
A prevalência de rinite alérgica chega a 12,2% em criança (ESTEVES et al., 2000) e a 19
proporção de indivíduos com sintomas de rinite em grupos de asmáticos pode chegar até a 20
100% (SOLE et al., 2006). Por outro lado, é freqüente encontrar hiperreatividade brônquica 21
entre pacientes com rinite. 22
Além dessa associação epidemiológica, a existência de fatores desencadeantes 23
comuns, a semelhança do processo inflamatório da mucosa nasal e brônquica, a demonstração 24
da existência da inflamação nasal em asmáticos sem sintomas de rinite, e de inflamação 25
brônquica em pacientes com rinite sem sintomas de asma, bem como a indução de inflamação 26
brônquica por provocação nasal em alérgenos e de inflamação nasal por provocação 27
brônquica são evidências que favorecem a teoria da doença única da via aérea em que a rinite 28
e asma são consideradas manifestações de uma mesma doença (BOUSQUET et al., 2001a; 29
SOLE et al., 2006). 30
31
4. Helmintos Intestinais 32
Infecções por geohelmintos são as mais prevalentes e persistentes de todas as 33
infecções em muitas regiões dos trópicos. Estima-se que estes organismos infectem 34
Introdução 20
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
aproximadamente um terço da população humana (COOPER et al., 2003). Dentre os 1
helmintos, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Ancylostoma duodenale são os agentes 2
mais prevalentes de helmintíases humanas (CHAN et al., 1997). 3
Acredita-se que cerca de 22% da população mundial esteja acometida por Ascaris 4
lumbricoides e 10% dos indivíduos parasitados encontram-se na América Latina 5
(CARVALHO et al., 2002). A alta prevalência de ascaridíase é considerada indicativa de 6
saneamento básico inadequado, comumente observado em comunidades rurais. Entretanto, 7
são freqüentes os relatos de ascaridíase em áreas urbanas, semelhante ou mesmo superior às 8
áreas rurais adjacentes em vários países do terceiro mundo (FERREIRA et al., 1991a; SAN 9
SEBASTIAN & SANTI, 2000; CARVALHO et al., 2002). 10
Dentro do contexto mundial, os países com menor controle de saneamento têm 11
tendência a apresentar maior número de pacientes infectados. No nordeste do Equador 12
SEBASTIÁN et al., constataram uma incidência de 48% de infestação das crianças 13
analisadas, com um ou mais helmintos, sendo 32,2% de Ascaris e 24,1% de Trichuris (SAN 14
SEBASTIAN & SANTI, 2000). 15
Estudo feito em São Paulo por Ferreira e colaboradores (1991), com moradores de 16
uma favela mostrou de 10 a 40% a taxa de prevalência da infecção por Ascaris sendo a faixa 17
etária de 2 a 12 anos a mais acometida, tendo também grande quantidade de ovos nas fezes, 18
falando a favor de maior gravidade da infecção. 19
Carvalho Odos (2002) realizou um levantamento das helmintíases intestinais em 20
aproximadamente 19.000 escolares de 7 a 14 anos da rede pública em Minas Gerais e 21
encontrou 15% monoparasitados, 3% poliparasitados, sendo que a prevalência de Ascaris 22
lumbricoides foi de 10,3%. 23
Corroborando com o estudo feito por Carvalho, outro estudo encontrou maior 24
percentual de parasitas intestinais em crianças de 7 a 14 anos distribuídas nas várias regiões 25
do país, com prevalência de 28,5% de giardíase, 8,8% de amebíase, 51,1% de tricuríase e 26
56,5% de ascaridíase (LOPEZ & JÚNIOR, 2007). 27
O Ascaris lumbricoides é um parasita específico do homem, sendo sua maior 28
incidência em crianças, que adquirem os ovos presentes no solo por ingestão, alimentos e 29
objetos. Os ovos podem sobreviver por um período de até 2 anos em temperatura apropriada 30
(5 a 10°C), quando presentes em fezes humanas e estas são utilizadas como adubo 31
propiciando uma disseminação ampla (LOPEZ & JÚNIOR, 2007). 32
A criança parasitada pode ser assintomática ou pode apresentar sintomas decorrentes 33
da reação de hipersensibilidade à infecção pelas larvas, ao alérgeno de vermes adultos, sendo 34
Introdução 21
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
este considerado o mais ativo de todos os alérgenos de origem parasitária (LOPEZ & 1
JÚNIOR, 2007). 2
Em regiões onde a urbanização ocorre de forma desordenada os problemas ambientais 3
se agravam resultando em aumento da incidência de parasitoses. Estudando uma região de 4
baixo desenvolvimento sócio-econômico em Campina Grande, estado da Paraíba, SILVA e 5
colaboradores (2005) analisaram 742 crianças de 2 a 10 anos de idade e obteve a prevalência 6
de 56,3% de Ascaris e 89,9% de Entamoeba histolytica (SILVA et al., 2005). 7
A incidência das parasitoses se mostra inversamente proporcional à presença de 8
saneamento básico eficaz, sendo que no Brasil houve um declínio da prevalência das 9
helmintíases em metrópoles nos últimos 30 anos (FERREIRA et al., 1991b). 10
Apesar do desenvolvimento de métodos tecnologicamente mais avançados o exame 11
parasitológico de fezes continua sendo considerado o padrão-ouro no diagnóstico de 12
parasitoses intestinais, por ser um método simples, rápido, específico e viável na maioria das 13
localidades. Diversas variações no exame de fezes podem ser aplicadas no intuito de se 14
demonstrar a presença de diversas formas do ciclo evolutivo dos helmintos (OLIVEIRA, 15
2007). 16
17
4.1 Resposta imune a helmintos 18
A defesa frente a infecções por helmintos é mediada pela ativação das células Th2, a 19
qual resulta na produção de anticorpos IgE e na ativação de eosinófilos. Os anticorpos IgE se 20
ligam à superfície dos helmintos, se aderem por meio de receptores Fcε, estes são ativados e 21
secretam grânulos com enzimas que destroem os parasitas. A produção de anticorpos IgE 22
específicos e a eosinofilia são observadas freqüentemente em infecções por helmintos. Essas 23
respostas são atribuídas à propensão dos helmintos de estimular a subpopulação Th2 de 24
células CD4, as quais secretam IL-4 e IL-5 (ABBAS et al., 2005). Diversos estudos reforçam 25
a importância dos mecanismos ligados a polarização de células Th2 no combate aos helmintos 26
(FINKELMAN et al., 1999; RODRIGUES et al., 1999; WYNN & HOFFMANN, 2000; 27
GRENCIS, 2001; NUTMAN & KUMARASWAMI, 2001). 28
A IL-4 estimula a produção de IgE e a IL-5 estimula o desenvolvimento e a ativação 29
dos eosinófilos. Estes podem ser mais eficazes na destruição de helmintos do que outros 30
leucócitos porque a proteína básica principal dos grânulos dos eosinófilos pode ser mais 31
tóxica para os helmintos do que as enzimas proteolíticas e os intermediários reativos do 32
oxigênio produzidos por neutrófilos e macrófagos (ABBAS et al., 2005). 33
Introdução 22
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
Devido à similaridade entre a resposta imune contra helmintos e as doenças alérgicas 1
mediadas por IgE, uma intensa discussão sobre a relação entre estes parasitos e alergia. 2
Embora seja bem conhecido que infecções helmínticas possam causar uma estimulação 3
policlonal da síntese de IgE, a qual é dependente da produção de IL-4, continua não 4
esclarecido o papel dos helmintos na sensibilização alérgica. São aventadas cinco 5
possibilidades: (1) os helmintos protegem contra alergia; (2) os helmintos acentuam alergia; 6
(3) pessoas alérgicas são mais resistentes aos helmintos; (4) pessoas alérgicas são mais 7
susceptíveis aos helmintos e (5) não há relação entre ambos (DOLD et al., 1998). 8
Estudos comparativos entre populações com variados graus de infecções helmínticas 9
têm indicado que uma infecção de baixa intensidade pode potencializar a reatividade alérgica 10
(JOUBERT et al., 1980; LYNCH & DI PRISCO-FUENMAYOR, 1984), enquanto que uma 11
infecção de alta intensidade tende a suprimir a reatividade alérgica (KAPLAN et al., 1980; 12
LYNCH et al., 1983; LYNCH et al., 1987). 13
Lynch e colaboradores (1993) demonstraram que o tratamento com anti-helmíntico em 14
um grupo de crianças com alta intensidade de infecção em uma favela da Venezuela resultou 15
em uma diminuição no nível inicialmente alto de IgE total e elevação da reatividade ao teste 16
cutâneo e do nível de IgE específico contra alérgenos ambientais. 17
Lynch e colaboradores (1997) e Araújo e colaboradores (2000) aventam a 18
possibilidade que a IgE policlonal suscitada por parasitos se ligaria aos receptores de IgE dos 19
mastócitos, impedindo a ligação da IgE específica a estas células, evitando a degranulação das 20
mesmas e as manifestações alérgicas. 21
Hussain e colaboradores (1992) demonstraram que a IgG4 suscitada em infecções por 22
filarídeos foi capaz de bloquear a degranulação de mastócitos, evitando o acúmulo de 23
eosinófilos ao redor de microfilárias e a morte destes vermes. 24
Scrivener e colaboradores (2001) demonstraram que a infecção por ancilostomídeos 25
está associada à proteção contra atopia. Estes autores sugeriram que esta proteção poderia 26
advir dos antígenos de ancilostomídeos suscitarem a produção de anticorpos de outra classe 27
que, ligando-se a aeroalérgenos, impedindo-os de reagir com IgEs ligadas a receptores de alta 28
afinidade de basófilos e mastócitos, evitando assim a degranulação destas células. Por outro 29
lado a IgG4 está aumentada em indivíduos em uso de imunoterapia para alergia. Estes dados 30
levantaram a hipótese que a produção de IgG4, imunoglobulina bloqueadora da degranulação 31
de mastócitos mediada por IgE (HUSSAIN, 1992), pode ser adicionada como explicação para 32
o efeito protetor de helmintos contra alergia. 33
Van Den Biggellar e colaboradores (2000) encontraram uma baixa resposta cutânea a 34
Introdução 23
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
aeroalérgenos em pacientes infectados com esquistossomose urinária, associada ao aumento 1
na produção de IL-10 por células mononucleares de sangue periférico, quando estimuladas 2
por antígenos do Schistosoma haematobium. 3
Estudando esta mesma linha Yasdanbakhsh e colaboradores (2001) sugeriram que 4
citocinas regulatórias (IL-10 e/ou TGF-β) produzidas localmente durante infecções 5
helmínticas crônicas, seriam responsáveis pela baixa prevalência de doenças alérgicas em 28 6
populações portadoras de helmintíases. 7
Corroborando estes achados, Araújo e colaboradores (2000) verificaram uma 8
associação inversa entre carga parasitária e positividade para teste cutâneo para antígenos de 9
ácaros em indivíduos com infecções crônicas de Schistosoma mansoni. Em estudos 10
subseqüentes (2004) sugeriram que infecções helmínticas diminuem a habilidade de pacientes 11
com asma responderem à alérgenos de D.pteronyssinus, mediante ação moduladora da IL-10. 12
13
5. A hipótese da “teoria da higiene” 14
As doenças alérgicas são causadas por uma interação complexa entre características 15
genéticas do indivíduo e fatores ambientais. O aumento significativo da prevalência de asma 16
atópica nas últimas décadas em determinadas populações sugerem que a exposição a fatores 17
ambientais possam apresentar um papel relevante nesta relação. Além disto, resultados de 18
estudos epidemiológicos têm demonstrado uma relação inversa entre a prevalência de asma e 19
atopia e de exposição a infecções (vírus, bactérias e parasitas) e produtos bacterianos 20
(endotoxinas) (STRACHAN, 1989; WEISS, 2000). A partir destas evidências, foi 21
desenvolvida a “hipótese da higiene”, postulando que infecções inibem o desenvolvimento de 22
atopia (STRACHAN, 2000). 23
Ngoc e colaboradores (2005) relatam que populações com alta prevalência de 24
infestação por helmintos que induzem a produção de IgE, seriam protegidas de doenças 25
alérgicas e Paunio e colaboradores (2000) demonstraram um aumento de manifestações 26
alérgicas relacionado à infecção por vírus do sarampo. Infecções causadas por Toxocara canis 27
(BUJIS et al., 1994) e A. lumbricoides (LYNCH et al., 1997) suscitam fortes manifestações 28
de asma brônquica. Estes autores relatam uma melhora do quadro clínico de asma brônquica 29
em pacientes submetidos a tratamento com anti-helmínticos e aceitam a hipótese de que o 30
estado atópico pode levar o indivíduo a se proteger contra parasitoses. 31
Recentes achados de Cooper e colaboradores (2004) indicam que resistência para 32
ascaridíases em indivíduos atópicos pode ocorrer mediante produção de IgE e expressão de 33
citocinas Th2 para antígenos do parasito. Crianças com teste cutâneo positivo para alérgenos 34
Introdução 24
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
ambientais têm maior freqüência de células mononucleares do sangue periférico expressando 1
citocinas Th2 (IL-4 e IL-5) e maior liberação de histamina por basófilos do sangue periférico 2
estimulados com antígenos do parasito do que crianças com teste cutâneo negativo. Estas 3
respostas são mais proeminentes em crianças não infectadas com A. lumbricoides. 4
Também foi sugerida a existência de antígenos similares em parasitos e ácaros, a 5
exemplo da cisteína protease de Ancylostoma duodenale e o Der p1 do gênero 6
Dermatophagoides, que podem explicar a exacerbação de alergia em pacientes infectados 7
com parasitos (PRITCHARD, 1993). 8
Nesta linha de raciocínio, demonstrou-se que Anisakis simplex, um nematódeo de 9
peixes que infecta o homem e causa manifestações alérgicas, possui vários antígenos que 10
levam a produção de anticorpos que reagem cruzado com antígenos de ácaros da poeira 11
(JOHANSSON et al., 2001). Estes anticorpos, sendo da classe IgE, poderiam ser responsáveis 12
por quadros de exacerbação de alergia. 13
Diversos estudos têm demonstrado que infecções por diferentes agentes ou contato 14
com microorganismos específicos reduzem a prevalência de asma e atopia. Exposição a 15
patógenos tais como vírus da hepatite A, Toxoplasma gondii, Helicobacter pilori e 16
Mycobacterium tuberculosis parecem reduzir significativamente o risco de atopia, 17
provavelmente por estímulo de reposta Th1(MATRICARDI et al., 2000). 18
Além disto, infecções por parasitas parecem estar também associados à inibição do 19
desenvolvimento de asma e atopia (VAN DEN BIGGELAAR et al., 2000; COOPER et al., 20
2003). Sendo esta ultima observação o tema central de estudo no presente trabalho. 21
Diante deste cenário, os complexos mecanismos regulatórios envolvidos na resposta 22
imune sofrem influências do meio ambiente, o que pode vir a influenciar a resposta imune a 23
alérgenos e a manifestações clínicas da atopia. 24
Assim, neste estudo, avaliamos a ocorrência de atopias em crianças de duas 25
comunidades distintas do município de Veríssimo, Minas Gerais, e associamos aos níveis 26
séricos de IgE total e específicas. 27
Hipótese 25
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
HIPÓTESE 1
Existência de proteção cruzada entre alergia e infecção por helmintos. Crianças 2
expostas à infecção por parasitos intestinais apresentam menor ocorrência de atopia.3
Objetivos 26
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
OBJETIVO GERAL 1
Analisar a expressão de atopia nas suas várias formas (dermatite, rinitee ou asma), em 2
crianças residentes na zona urbana ou rural. 3
4
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 5
1- Avaliar os níveis de IgE total em crianças de 2 a 15 anos do município de Veríssimo . 6
2- Avaliar o número de eosinófilos em crianças de 2 a 15 anos do município de 7
Veríssimo. 8
3- Avaliar a infecção por helmintos em crianças de 2 a 15 anos do município de 9
Veríssimo. 10
4- Caracterizar atopia e helmintíase, pelos dados clínicos e laboratoriais, e resposta do 11
questionário padrão adaptado do ISAAC. 12
5- Correlacionar a atopia com a procedência e sua associação com os níveis séricos de 13
IgE total e IgE específico para Derp 1 2, Per a7, tropomiosina de ácaro e tropomiosina 14
de Ascaris. 15
População e Métodos 27
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
POPULAÇÃO E MÉTODOS 1
POPULAÇÃO ALVO 2
Nosso estudo foi realizado no município de Veríssimo, localizado no estado de 3
Minas Gerais, microrregião do Triângulo Mineiro. Possui uma área de 1030,64 Km² e 4
uma população de aproximadamente 3991 habitantes (IBGE, 2009). Segundo estimativa 5
no ano de 2000, 51% da população vivia em área urbana e 49% em área rural (IBGE, 6
2000). 7
Foram analisadas 404 crianças na cidade de Veríssimo com idades entre 2 a 15 8
anos independente do sexo, correspondendo a aproximadamente 40,4% da população 9
entre 0 e 19 anos do município (IBGE, 2010), através de demanda espontânea, 10
atendimento ambulatorial, ou através de busca ativa nas escolas municipal e estadual 11
(Algodão Doce, Escola Maria Nathália Idaló e Geraldino Rodrigues da Cunha), sendo 12
todos estes considerados provenientes da zona urbana, além de pacientes da mesma 13
faixa etária provenientes da zona rural do distrito de Rufinópolis e de assentamentos 14
dentro da zona rural do município. 15
Foi inicialmente, aplicado o questionário adaptado do ISAAC (anexo 1) para 16
investigação de asma, rinite alérgica e dermatite atópica para todos os pacientes. 17
Foi coletado sangue para exames de hemograma, e plasma para dosagem de IgE 18
total e específicas e amostras de fezes para pesquisa de parasitos intestinais. As 19
amostras foram coletas no ano de 2008. 20
Os responsáveis legais das crianças avaliadas em nosso estudo assinaram o 21
termo de consentimento livre após o esclarecimento. O projeto foi aprovado pelo 22
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, protocolo 23
n°0909 de 2008. 24
Critérios de inclusão 25
Foram incluídas todas as crianças do município, de 2 a 15 anos, independente do 26
sexo, que procuravam o ambulatório por demanda espontânea, ou que faziam 27
acompanhamento clínico ou que pertenciam à rede pública de ensino, municipal ou 28
estadual, bem como as crianças pertencentes à zona rural e dos cinco assentamentos da 29
zona rural do município. 30
População e Métodos 28
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
1
Critérios de exclusão 2
Foram excluídas as crianças que os acompanhantes não sabiam responder ao 3
questionário modificado na primeira consulta, e que, depois de contactados ainda não 4
conseguiam respondê-lo. Foram excluídas ainda as crianças cujos responsáveis não 5
colheram amostras para o exame parasitológico de fezes. Foi ainda critério de exclusão 6
idades superiores a 15 anos e inferior a 2 anos, ou que estavam fazendo uso de 7
corticoterapia por um período igual ou superior a 5 dias, ou crianças imunossuprimidas. 8
O sangue foi coletado em todas as crianças após terem respondido ao 9
questionário e passado pelo exame clínico completo pelo investigador. Foram colhidos 10
5 ml de sangue venoso em tubo de coleta a vácuo com EDTA e utilizado parcialmente 11
para realização do hemograma e o plasma restante foi congelado em freezer a -70ºC 12
para utilização posterior. 13
O hemograma foi realizado pelo método automatizado utilizando o aparelho do 14
laboratório de patologia clínica do HC-UFTM. Foram também confirmados pelo 15
método manual por contagem em câmara de Newbauer e o diferencial realizado em 16
esfregaço corado pelo método de Giemsa. 17
A amostra para exame de fezes foi colhido em três dias diferentes, sem laxante 18
prévio. Foram coletadas em frascos com tampa, contendo 25 ml de solução de MIF 19
(Methiolate, Iodo e Formol) e aplicadas as técnicas de Exame direto e Hoffman 20
modificado, descritos brevemente abaixo: 21
Exame Direto: Foram colocadas duas a três gotas de salina a 0,85% em uma 22
lâmina de microscopia. Adicionou-se com um palito pequena porção de vários 23
pontos da amostra de fezes, espalhando-as e fazendo um esfregaço corado 24
posteriormente com lugol. A amostra foi observada em microscópio ótico nas 25
objetivas 10x e 40x. 26
Exame Hoffman Modificado: Foram colocados aproximadamente 5g a 10g de 27
fezes em um frasco descartável), com cerca de 10 ml de água, e triturada bem 28
com bastão de vidro. Acrescentou-se mais 10 ml de água e filtrou-se a suspensão 29
em um tubo de 15 ml com tampa, por intermédio de gaze cirúrgica dobrada em 30
quatro partes. Deixou-se essa suspensão em repouso durante 2 horas. 31
Centrifugou-se a 220g, durante 10 minutos, desprezando o sobrenadante. 32
População e Métodos 29
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
Agitou-se o sedimento em agitador elétrico, colocando uma gota deste sobre 1
uma lâmina adicionadas de duas gotas de lugol. A amostra foi observada em 2
microscópio ótico nas objetivas de 10x e 40x. 3
As dosagens de IgE total e específicas foram realizadas no laboratório de 4
imunologia clínica da faculdade de Medicina da USP-Ribeirão Preto sob a orientação da 5
Dra. Karla Arruda e no laboratório de Imunologia da UFTM-Uberaba, sob coordenação 6
do Prof. Dr. Virmondes Rodrigues Júnior. 7
QUANTIFICAÇÃO DE IgE TOTAL POR ELISA (ENZYME 8
LINKED IMMUNOSORBENT ASSAY) 9
A IgE total presente no plasma foi dosada por ELISA sandwish, utilizando-se 10
pares de anticorpos monoclonais comercialmente disponíveis. Foram utilizadas placas 11
de 96 poços de fundo chato, sensibilizadas com os anticorpos monoclonais específicos 12
para a captura da IgE a uma concentração de 1µg/mL (BD-Phamingem-EUA). Após 18 13
horas, cada poço foi bloqueado pela adição de 200µL de solução salina tamponada com 14
fosfato (PBS) contendo 2% de albumina bovina (Sigma-EUA) (PBS/BSA). Às fileiras 15
11 e 12 de cada placa foram adicionados padrão de IgE para realização da curva padrão. 16
Às outras fileiras foram adicionados 50µL/poço de plasma e igual volume de PBS-BSA, 17
ou seja, numa diluição 1/2. As placas foram incubadas a 4 °C, por 16 horas e lavadas 18
por 4 vezes com uma solução PBS contendo 0,05% de Tween 20 (PBS-T). 19
A seguir, foram adicionados 70µL/poço dos anticorpos anti-cadeia Kappa e anti-20
cadeia Lambda (BD-Phamingem-EUA) marcados com biotina diluído em PBS-BSA. 21
As placas foram incubadas novamente por 2 horas a 37°C e lavadas por 4 vezes em 22
PBS-T. Após esta etapa, foram adicionados 100µl/poço de streptavidina conjugada à 23
peroxidase, diluída 1:2000 em PBS-BSA. As placas foram incubadas por 2 horas e 24
lavadas por 4 vezes com PBS-T, quando, então, foram adicionados 100µL/poço de 25
substrato contendo 1,2 ortofenilenodiamino (OPD). 26
Os resultados foram obtidos pela diferença entre as absorbâncias obtidas a 405 e 27
490 nm (Abs 405- Abs 409), medidas em um leitor automático de ELISA (Biorad 2550 28
READER ELISA) e expressas em absorbância. 29
População e Métodos 30
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
QUANTIFICAÇÃO DE IgE ESPECÍFICA A ALÉRGENOS POR 1
ELISA (ENZYME LINKED IMMUNOSORBENT ASSAY) 2
Um ELISA indireto quimérico foi utilizado para quantificar a presença de IgE 3
específica para Per a7 (uma tropomiosina de Periplaneta americana, tendo sido como 4
um dos principais alérgenos desta espécie de barata), Tropoáscaris (tropomiosina, de 5
Ascaris lumbricóides), e Tropo Ácaro (tropomiosina de ácaros) produzidas no 6
laboratório de imunologia clínica da faculdade de Medicina da USP-Ribeirão Preto. 7
Para ácaro foram também analizados Derp1-2 (derivados Dermatophagoides 8
pteronyssinus, também implicadas como potenciais alérgenos) a partir de antígenos 9
recombinantes (Indoor by technology-Charlotteville-EUA). 10
Para medida de anticorpo IgE anti-tropomiosina o anticorpo monoclonal 1A6, 11
direcionado contra tropomiosina de D. pteronyssinus e que reconhece também 12
tropomiosina de camarão e barata (WITTEMAN et al., 1994), foi utilizado para cobrir 13
placas de polipropileno, na concentração de 0,1 g/poço. Após lavagens, foram 14
adicionados: tropomiosina recombinante de A. lumbricoides na concentração 0,5 15
g/mL; Per a7 recombinante, na concentração 0,05 g/mL; para detecção de anticorpos 16
IgE específicos para Derp 1 2, as placas foram sensibilizadas com Derp 1 2 em tampão 17
Carbonato/Bicarbonato, ph 9,4, a uma concentração de 0,1g/poço. Após bloqueio e 18
lavagens, soros das crianças foram adicionados na diluição 1:5. A detecção da presença 19
de IgE específica para tropomiosina foi realizada através da utilização de anticorpo de 20
cabra anti IgE humano biotinilado (Kirkegaard & Perry Laboratories-EUA), seguida 21
pela adição de streptavidina peroxidase para Tropo Ácaro, TropoÁscaris e Per a7. 22
Para os ensaios de Der p1 e 2, foi utilizado anticorpo monoclonal anti-IgE 23
humana conjugado a biotina (Pharmingen-EUA), seguido de streptoavidina-peroxidase 24
A determinação da densidade óptica foi realizada através da leitura em comprimento de 25
onda de 405 nm e o resultado expresso em absorbância ou em UI/mL, concentração 26
obtida diretamente a partir da curva controle construída. 27
ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS. 28
Dados nominais foram descritos conforme sua ocorrência absoluta e percentual. 29
Para a análise dos resultados numéricos, utilizamos o teste de Mann-Whitney e teste de 30
“t” não-pareado, para comparação das variáveis entre 2 grupos, e Correlação de 31
Spearman para avaliar correlação entre dados quantitativos. As análises estatísticas 32
População e Métodos 31
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
foram feitas com o programa StatView Abacus Concepts versão 4,57 (Statsoft-EUA). O 1
nível considerado de significância para os testes foi de 5% (p<0,05). 2
Resultados 32
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
RESULTADOS 1
INDIVÍDUOS 2
Um total de 404 indivíduos responderam ao questionário e foram então 3
submetidos aos exames iniciais que compreenderam: anamnese, exame físico, exames 4
parasitológico de fezes e de sangue. Um total de 335 indivíduos foram incluídos no 5
estudo. 6
Dos 335 indivíduos, 167 eram do sexo feminino (49%) e 168 do sexo masculino 7
(51%). Os indivíduos foram cadastrados inicialmente de acordo com sua procedência 8
em: demanda espontânea, distrito de Rufinópolis, escola municipal Algodão Doce, 9
escola estadual Geraldino Rodrigues da Cunha e Escola Municipal Maria Nathália 10
Idaló, assentamento 21 de Abril, assentamento Califórnia, assentamento Rio do Peixe e 11
da zona rural. Posteriormente foram agrupados apenas entre zona urbana 12
(compreendendo as várias escolas e demanda espontânea urbana), zona rural (advindos 13
de Rufinópolis e região), e assentamentos (21 de Abril, Califórnia e Rio do Peixe). 14
Destes, 249 (74%) eram provenientes da zona urbana e 86 (26%) indivíduos eram 15
provenientes da zona rural. A distribuição dos indivíduos segundo sexo e procedência 16
são apresentados na tabela 2. 17
18
Tabela 2 - Distribuição dos indivíduos conforme sexo e procedência 19
Sexo
Masculino
Feminino
Total
122 (49%)
127 (51%)
249 (74,3%)
46 (53,5%)
40 (46,5%)
86 (35,7%)
168 (50,1%)
167 (49,9%)
335 (100%)
OCORRÊNCIA DE ATOPIAS 20
Quanto à ocorrência de atopias na população alvo do estudo observamos 89 21
crianças com asma (26,6%), 162 com rinite (48,4%) e 97 apresentando eczema (29%). 22
Quanto à associação entre as doenças, asma e rinite se apresentaram concomitantemente 23
em 57 crianças (17%), asma e eczema em 37 (11%) e rinite e eczema em 65 (19,4%). A 24
ocorrência das três condições em conjunto foi observada apenas em 29 crianças (8,7%). 25
Cento e dezessete crianças não apresentaram nenhuma atopia (34,9%) (Tabela 3). 26
27
Resultados 33
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
Tabela 3 - Ocorrência de Atopias na população estudada 1
CONDIÇÃO CLÍNICA
Número de
Indivíduos
%
ASMA.
89
26,6
RINITE
162
48,4
ECZEMA
97
29,0
ASMA + RINITE
57
17,0
ASMA + ECZEMA
37
11,0
RINITE + ECZEMA
65
14,9
ASMA + RINITE + ECZEMA
29
8,7
SEM ATOPIA
117
34,9
ASMA, RINITE OU ECZEMA
218
65,1
TOTAL
335
100
2
PARASITOLÓGICO DE FEZES 3
Os resultados dos exames parasitológicos de fezes tiveram um grande número de 4
amostras negativas. A positividade nos exames parasitológicos segundo a procedência e 5
o sexo é apresentada nas tabelas 4 e 5 respectivamente. Foram observadas positividade 6
em 30 amostras, sendo apenas uma por helmintos. 7
8
Tabela 4 - Positividade no exame parasitológico segundo procedência dos 9
indivíduos 10
PARASITO
POSITIVO
NEGATIVO
Total
Zona
Urbana
Zona
Rural
Total
Zona
Urbana
Zona
Rural
Giárdia sp.
5
(1,5%)
5
0
330
(98,5%)
248
86
Entamoeba sp.
24
(7,2%)
17
7
311
(92,8%)
231
80
Ascaris lumbricoides
1
(0,3%)
1
0
335
(99,7%)
247
86
11
Tabela 5 - Positividade no exame parasitológico segundo sexo dos indivíduos 12
PARASITO
POSITIVO
NEGATIVO
Total
Masculino
Feminino
Total
Masculino
Feminino
Giárdia sp.
5
(1,5%)
5
0
330
(98,5%)
164
166
Entamoeba sp.
24
(7,2%)
16
8
311
(92,8%)
153
158
Ascaris
lumbricoides
1
(0,3%)
1
0
335
(99,7%)
169
166
Resultados 34
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
HEMOGRAMA 1
Os parâmtros hematológicos, número de hemácias/mm3, concentração de 2
hemoglobina e valor de hematócrito, mostraram-se dentro da normalidade para idade e 3
sexo e não variaram significativamente quando ao gênero dos indivíduos, com valor de 4
p=0,47, p=0,24 e p=0,65 respectivamente (FIGURA 1 A-C). 5
6
Figura 1 - Parâmetros hematológicos segundo sexo 7
A - Hemácias/mm
3
entre indivíduos do sexo masculino e feminino; p=0,47. B - Hemoglobina em g/dL 8
entre indivíduos do sexo masculino e feminino; p=0,24. C - % do Hematócrito entre indivíduos do sexo 9
masculino e feminino; p=0,65. As barras representam a média e a linha vertical o desvio padrão. Análise 10
estatística pelo teste de “t” não pareado. 11
12
Levando-se em conta a procedência dos indivíduos também o foram 13
observadas diferenças quanto aos parâmetros hematológicos, sendo para número de 14
hemácias p=0,06 (FIGURA 2A), para concentração de hemoglobina p=0,99 (FIGURA 15
2B) e para hematócrito p=0,06 (FIGURA 2C). No entanto observamos que os valores 16
limítrofes de “p” para número de hemácias e hematócrito sugerem uma tendência a 17
maiores valores destes parâmetros nos indivíduos da zona urbana. 18
19
20
Figura 2 - Parâmetros hematológicos segundo procedência 21
A - Hemácias/mm
3
entre indivíduos da zona rural e urbana; p=0,06. B - Hemoglobina em g/dL entre 22
indivíduos da zona rural e urbana; p=0,99. C - % do Hematócrito entre indivíduos da zona rural e urbana; 23
p=0,06. As barras representam a média e a linha vertical o desvio padrão. Análise estatística pelo teste de 24
“t” não pareado. 25
26
Analisando os indivíduos de acordo com o acometimento de alergia, seja asma, 27
rinite ou eczema, não observamos diferenças estatisticamente significativas para 28
p>0,05
p>0,05
p>0,05
p>0,05
p>0,05
p>0,05
Resultados 35
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
nenhum dos parâmetros hematológicos observados. Quanto ao número de 1
hemácias/mm3, p=0,26. Para concentração de hemoglobina, p=0,09, e para hematócrito, 2
p=0,36 (FIGURA 3) 3
4
Figura 3 - Parâmetros hematológicos de acordo com acometimento de alergia 5
A - Hemácias/mm
3
entre indivíduos não alérgicos (n=117) e alérgicos (n=218); p=0,26. B - Hemoglobina 6
em g/dL entre indivíduos alérgicos e não alérgicos; p=0,09. C - % do Hematócrito entre indivíduos 7
alérgicos e não alérgicos; p=0,36. As barras representam a média e a linha vertical o desvio padrão. 8
Análise estatística pelo teste de “t” não pareado. 9
10
Entre os indivíduos acometidos ou não por asma também não observamos 11
diferenças estatisticamente significativas nos parâmetros hematológicos. Quanto ao 12
número de hemácias/mm3, p=0,34. Para concentração de hemoglobina, p=0,72, e para 13
hematócrito, p=0,17 (FIGURA 4). Não foram observadas diferenças significativas entre 14
os indivíduos agrupados pela presença ou ausência de rinite ou dermatite atópica. 15
16
17
Figura 4 - Parâmetros hematológicos de acordo com acometimento de asma 18
A - Hemácias/mm
3
entre indivíduos asmáticos (n=89) e não asmáticos (n=246); p=0,34. B - Hemoglobina 19
em g/dL entre indivíduos asmáticos e não asmáticos; p=0,72. C - % do Hematócrito entre indivíduos 20
asmáticos e não asmáticos; p=0,17. As barras representam a média e a linha vertical o desvio padrão. 21
Análise estatística pelo teste de “t” não pareado. 22
23
A contagem de leucócitos totais bem como o diferencial do leucograma não teve 24
significância estatística em relação ao sexo (masculino ou feminino) ou quanto à 25
procedência (rural e urbana). A contagem de eosinófilos, por sua vez, que indicaria 26
possível atopia ou presença de verminoses, também não mostrou diferença 27
estatisticamente significante quando analisado em relação às variáveis sexo ou 28
procedência. 29
p>0,05
p>0,05
p>0,05
p>0,05
p>0,05
p>0,05
Resultados 36
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
1
NÍVEIS SÉRICOS DE IgE TOTAL 2
Os níveis séricos de IgE total não variaram significativamente entre os 3
indivíduos que apresentavam algum quadro de alergia e aqueles não alérgicos, p=0,38 4
(FIGURA 5) 5
6
7
Figura 5 - Níveis séricos de IgE de acordo com acometimento de alergia 8
Valor de IgE em absorbância entre indivíduos não alérgicos (n=117) e alérgicos (n=218).; p=0,36. A linha 9
horizontal representa a mediana, as barras os percentis 25-75% e as linhas verticais os percentis 10-90%. 10
Análise estatística pelo teste de Mann Whitney. 11
12
A concentração sérica de IgE entre indivíduos asmáticos e não asmáticos não 13
variou significativamente , com valor de p=0,40 (FIGURA 6A). Da mesma forma, entre 14
indivíduos com e sem eczema ou rinite não foram observadas diferenças estatísticas, 15
onde p=0,18 e p=0,88, respectivamente (FIGURAS 6B e 6C). 16
17
18
Figura 6 - Níveis séricos de IgE de acordo com acometimento de asma, eczema e 19
rinite 20
A - Valor de IgE em absorbância entre indivíduos asmáticos e não asmáticos; p=0,4. B - Valor de IgE em 21
absorbância entre indivíduos com e sem eczema; p=0,18. C - Valor de IgE em absorbância entre 22
indivíduos com e sem rinite; p=0,88. As barras representam a média e a linha vertical o desvio padrão. 23
Análise estatística pelo teste de “t” não pareado. 24
25
p>0,05
p>0,05
p>0,05
p>0,05
Resultados 37
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
REATIVIDADE DE ANTICORPOS IGE PARA ANTÍGENOS 1
ESPECÍFICOS - TROPOMIOSINA 2
Quando analisada a reatividade aos antígenos Per a7, TropoÁscaris, Tropo 3
Ácaro e Derp1-2 observamos que entre indivíduos asmáticos e não asmáticos não houve 4
diferenças estatisticamente significativas, com valores de p=0,79 para rPer a7, p=0,65 5
para TropoÁscaris e p=0,53 para Tropo Ácaro (FIGURA 7A). 6
Assim como entre os indivíduos acometidos de asma, quando a reatividade aos 7
alérgenos entre indivíduos com e sem eczema e com e sem rinite foi avaliada não foram 8
observadas variações significativas. Com relação a reatividade de anticorpos na 9
presença de eczema observamos valor de p=0,44 para rPer a7, p=0,48 para 10
TropoÁscaris e p=0,46 para Tropo Ácaro (FIGURA 7B). Já nos pacientes avaliados em 11
relação à presença de rinite observamos valores de p=0,87 para rPer a7 e p=0,91 para 12
TropoÁscaris e p=0,65 para Tropo Ácaro (FIGURA 7C). 13
De forma semelhante, ao analisarmos a reatividade dos anticorpos IgE 14
específicos para Per a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro em relação à procedência, não 15
observamos diferenças estatisticamente significativas, com p=0,31, p=0,41 e p=0,40, 16
respectivamente (FIGURA 8). 17
18
19
Figura 7 - Reatividade aos antígenos rPer a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro de 20
acordo com acometimento de asma, eczema e rinite 21
A - Reatividade de anticorpos IgE específicos para os antígenos rPer a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro em 22
UI/mL entre os indivíduos asmáticos e não asmáticos. B - Reatividade de anticorpos IgE específicos para 23
os antígenos rPer a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro em UI/mL entre os indivíduos com e sem eczema. C - 24
Reatividade de anticorpos IgE específicos para os antígenos rPer a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro em 25
UI/mL entre os indivíduos com e sem rinite. As barras representam a média e a linha vertical o erro 26
padrão. Análise estatística pelo teste de “t” não pareado. 27
28
p>0,05
p>0,05
p>0,05
Resultados 38
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
1
Figura 8 - Reatividade aos antígenos rPer a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro de 2
acordo com a procedência 3
Reatividade de anticorpos IgE específicos para os antígenos rPer a7, TropoÁscaris e Tropo Ácaro em 4
UI/mL entre os indivíduos da zona rural e da zona urbana. As barras representam a média e a linha 5
vertical o erro padrão. Análise estatística pelo teste de “t” não pareado. 6
7
Reatividade de anticorpos IgE específicos para Dermatofagóides 8
De maneira semelhante, a reatividade aos antígenos Derp 1 2, alérgenos 9
derivados do ácaro Dermatophagoides pteronyssinus e amplamente pesquisado como 10
tendo participação no desencadeamento de asma, não variou significativamente entre 11
indivíduos alérgicos e não alérgicos, p=0,98 (FIGURA 9). 12
13
Figura 9 - Reatividade aos antígenos Der p 1-2 de acordo com acometimento de 14
alergia. 15
Reatividade de anticorpos IgE específicos para os antígenos Der p 1-2 em absorbância entre indivíduos 16
não alérgicos (n=117) e alérgicos (n=218).; p=0,98. A linha horizontal representa a mediana, as barras os 17
percentis 25-75% e as linhas verticais os percentis 10-90%. Análise estatística pelo teste de Mann 18
Whitney. 19
20
Ainda, entre asmáticos e não asmáticos não observamos diferenças significativas 21
em relação á reatividade aos antígenos Der p 1-2, com p=0,66, como demonstrado na 22
FIGURA 10A. Da mesma, forma não observamos diferenças estatisticamente 23
significativas entre indivíduos com e sem eczema, p=0,21 (FIGURA 10B) e nem entre 24
p>0,05
p>0,05
Resultados 39
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
indivíduos com e sem rinite, p=0,81 (FIGURA 10C). Ainda com relação aos antígenos 1
Der p 1-2, a procedência dos indivíduos não influenciou na reatividade aos antígenos, 2
com p=0,70 (FIGURA 11). 3
4
Figura 10 - Reatividade aos antígenos Der p 1-2 de acordo com acometimento de 5
asma, eczema e rinite. 6
Reatividade de anticorpos IgE específicos para os antígenos Der p 1-2 em absorbância entre: A. 7
indivíduos asmáticos e não asmáticos; p=0,66. B. indivíduos com e sem eczema p=0,21. C. indivíduos 8
com e sem rinite, p=0,81. As barras representam a média e a linha vertical o erro padrão. Análise 9
estatística pelo teste de “t” não pareado. 10
11
Figura 11 - Reatividade aos antígenos Der p 1-2 de acordo com a procedência 12
Reatividade de anticorpos IgE específicos para os antígenos Der p 1-2 em absorbância entre indivíduos 13
da zona rural e urbana; p=0,7. As barras representam a média e a linha vertical o erro padrão. Análise 14
estatística pelo teste de “t” não pareado. 15
16
CORRELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS IMUNOLÓGICOS 17
Não observamos correlação entre os níveis séricos de IgE total e a contagem 18
relativa de eosinófilos de acordo com a procedência dos pacientes, p=0,44 (FIGURA 19
12). 20
p>0,05
p>0,05
p>0,05
p>0,05
Resultados 40
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
1
Figura 12 - Correlação entre IgE total e contagem de eosinófilos de acordo com a 2
procedência. 3
355 soros analisados por ELISA para dosagem de IgE total e contagem de eosinófilos entre os indivíduos 4
da zona urbana e rural. Análise estatística pelo teste de correlação de Spearman, p=0,44, z=0,756. 5
6
Da mesma forma, o percentual de eosinófilos não variou significativamente 7
entre alérgicos e não alérgicos, com p=0,08 (FIGURA 13). 8
9
Figura 13 - Percentual de eosinófilos de acordo com acometimento de alergia. 10
Percentual de eosinófilos entre indivíduos alérgicos e não alérgicos; p=0,08. As barras representam a 11
média e a linha vertical o erro padrão. Análise estatística pelo teste de “t” não pareado. 12
13
Não observamos correlação entre concentração plasmática de IgE total e a 14
reatividade ao antígeno TropoÁscaris, p=0,24 (FIGURA 14). De forma semelhante, não 15
foi evidenciada uma associação entre reatividade ao antígeno rPer a7 e a concentração 16
de IgE total, onde p=0,13 (FIGURA 15). 17
Por outro lado, a concentração plasmática de IgE total e a reatividade aos 18
antígenos Der p 1-2 mostraram uma correlação positiva, com valor de p<0,0001. Apesar 19
da demonstração da correlação, esta se mostrou fraca, característica evidenciada por 20
r=0,43 (FIGURA 16). 21
22
p>0,05
p>0,05
Resultados 41
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
1
Figura 14 - Correlação entre IgE específica a TropoÁscaris e o valor de IgE total 2
de acordo com a procedência. 3
355 soros analisados por ELISA para dosagem de IgE total e IgE específica para antígenos TropoÁscaris 4
entre os indivíduos de zona urbana e rural. Análise estatística pelo teste de correlação de Spearman, 5
p=0,24, z=1,156. 6
7
8
Figura 15 - Correlação entre IgE específica a rPer a7 e os níveis de IgE total de 9
acordo com a procedência. 10
355 soros analisados por ELISA para dosagem de IgE total e IgE específica para antígenos rPer a7 entre 11
os indivíduos de zona urbana e rural. Análise estatística pelo teste de correlação de Spearman, p=0,13, 12
z=1,477. 13
14
15
p>0,05
p>0,05
p<0,05
Resultados 42
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
Figura 16 - Correlação entre IgE específica a Der p 1-2 e os níveis de IgE total de 1
acordo com a procedência. 2
355 soros analisados por ELISA para dosagem de IgE total e IgE específica para antígenos Der p 1-2 3
entre os indivíduos de zona urbana e rural. Análise estatística pelo teste de correlação de Spearman, 4
p<0,0001, z=7,659. 5
Quando analisamos a reatividade aos antígenos Tropoáscaris e rPer a7 em cada 6
paciente observamos uma correlação positiva, com valor de p<0,0001, aliado a um valor 7
de r=0,98 indicando que esta correlação é significativa e positiva (FIGURA 17). 8
9
Figura 17 Correlação entre IgE específica a rPer a7 e TropoÁscaris de acordo 10
com a procedência. 11
355 soros analisados por ELISA para dosagem de IgE específica para antígenos rPer a7 e TropoÁscaris 12
em UI/mL entre os indivíduos de zona urbana e rural. Análise estatística pelo teste de correlação de 13
Spearman, p<0,0001, z=16,088. 14
p<0,05
Discussão 43
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
DISCUSSÃO 1
Diversos estudos demonstraram uma relação entre as helmintíases e 2
positividade ao teste cutâneo de atopia, especialmente na helmintíase relacionada com 3
Ascaris lumbricoides. Cooper e colaboradores (2003) avaliando pacientes equatorianos 4
relataram uma influência negativa da infecção helmíntica na atopia, da mesma forma 5
Dagoye e colaboradores (2003) e Flohr e colaboradores (2006). demonstraram, em 6
pacientes da Etiópia e do Vietnam respectivamente, esta associação negativa. Enquanto 7
Scrivener e colaboradores (2001) em pacientes etíopes não observaram influência da 8
infecção helmíntica nas atopias, Palmer e colaboradores (2002), em estudo realizado na 9
China, relatou que a infecção helmíntica era fator agravante ao aparecimento de atopias. 10
Em estudo avaliando crianças de um bairro de periferia da cidade de São Paulo, Brasil, 11
Nascimento Silva e colaboradores (2003) observaram uma alta prevalência de 12
helmintíase (≈57%) associada com alta prevalência de asma (≈60%). Uma importante 13
revisão de Leonard-Bee (2006), aponta diversos estudos ao longo dos anos relacionando 14
infecção parasitária intestinal e a ocorrência de asma. 15
A cidade avaliada em nosso estudo parece apresentar características interioranas, 16
sem grande distinção entre a zona rural e urbana. Em estudo realizado estudo em área 17
onde o baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi demonstrada alta 18
prevalência de parasitoses intestinais (SILVA et al., 2005). A localidade estudada no 19
presente trabalho não apresenta nenhuma característica de grande metrópole, como 20
presença de lixões, alagados, ou outras condições agravantes da saúde da população ou 21
que possibilitasse a individualização da área urbana e rural em relação à quantidade de 22
aeroalérgenos. Além disso, apresenta um IDH considerado médio. O IDH é uma medida 23
geral, sintética, do desenvolvimento humano. Ele computa o PIB per capita, depois de 24
corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, a longevidade (expectativa de 25
vida ao nascer) e a educação (índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos 26
os níveis de ensino). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que 27
varia de zero a um (PNDU, 2009), estando o Município de Veríssimo avaliado em 0,776 28
(PNDU, 2000). 29
Em nosso estudo observamos uma ocorrência de asma em cerca de 27%, de 30
rinite em cerca de 48% e de eczema em 29% das crianças avaliadas. O ISAAC 31
(International Study on Asthma and Allergies em Childhood) é um programa exclusivo 32
Discussão 44
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
de investigação epidemiológica mundial criada em 1991 para investigar a incidência de 1
asma, rinite e eczema em crianças devido à preocupação de que estas condições estavam 2
aumentando na Europa Ocidental e os países em desenvolvimento. O ISAAC se tornou 3
um dos maiores projetos mundiais de pesquisa colaborativa realizado, envolvendo 4
mais de 100 países e 2 milhões de crianças. Um dos grandes benefícios da utilização 5
dos parâmetros do estudo ISAAC é a padronização de normas definidoras de quadros 6
alérgicos (ISAAC, 2009). 7
Estudo realizado por Solé e colaboradores (2006), em 20 cidades brasileiras 8
demonstraram prevalências muito parecidas de asma e de rinite, embora tenhamos 9
observado uma maior ocorrência de eczema. Lasmar e colaboradores (2007), em estudo 10
realizado em Belo Horizonte, encontrou uma prevalência de cerca de 75% de rinite em 11
crianças. Ambos os trabalhos seguiram as diretrizes do estudo ISAAC. 12
Muitos aspectos como idade do paciente quando da infecção parasitária inicial, 13
carga parasitária, condições sócio-econômicas, estilo de vida e exposição à alérgenos 14
ambientais podem ter papéis importantes na relação entre infecções parasitárias e 15
doenças alérgicas Eventos que ocorrem por volta dos 2 ou 3 anos de idade podem ser 16
cruciais na determinação do desenvolvimento de doenças alérgicas (ARRUDA & 17
SANTOS, 2005).A escolha da idade mínima de 2 anos se baseou em apontamentos na 18
literatura de que o sistema imune , especialmente os de resposta inata atingem 19
maturação completa por volta de 24 meses de idade (RUBIN, 2007). 20
Em nosso estudo não observamos diferenças entre os índices hematimétricos 21
(número de hemácias, concentração de hemoglobina e hematócrito) nem entre 22
indivíduos do sexo masculino e feminino, levando em conta a procedência dos 23
indivíduos ou quanto ao acometimento ou não de doença alérgica. Embora o 24
apresentado neste estudo, não observamos diferenças nestes índices entre os pacientes 25
apresentando rinite ou eczema. Não encontramos relatos na literatura que avaliassem 26
especificamente estes índices em pacientes com atopias. Podíamos ter esperado 27
diferenças nos índices hematimétricos, especialmente na concentração de hemoglobina, 28
naqueles pacientes apresentando parasitose intestinal crônica, porém, como discutido 29
posteriormente, não observamos uma alta positividade no exame parasitológico de fezes 30
que nos permitisse tal análise. Contudo, como os parâmetros hematológicos estavam 31
dentro dos limites da normalidade, nos sugere que todas as crianças gozavam de boas 32
condições de saúde. 33
Discussão 45
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
Os indivíduos analisados neste estudo apresentaram uma baixa positividade no 1
exame parasitológico de fezes, mesmo aqueles que viviam em localidades com menor 2
controle sanitário. Nosso resultado discorda de trabalhos que observaram uma alta 3
positividade, especialmente para helmintos, em regiões rurais e/ou com saneamento 4
básico deficiente como em um importante estudo realizado em duas localidades na 5
Etiópia, uma rural e outra urbana, onde se encontrou Ascaris lumbricoides em cerca de 6
40% das amostras analisadas, com uma prevalência maior naqueles provenientes da 7
zona rural (SCRIVENER et al., 2001). Da mesma forma foi demonstrado que a 8
ascaridíase é uma das infecções helmínticas mais prevalentes no Brasil, e que está 9
relacionada principalmente com o ambiente rural (PEREIRA et al., 1995). Ludwig e 10
colaboradores (1999) estudando a situação em um município do interior de São Paulo, 11
Brasil, estabeleceram uma correlação entre as condições de saneamento básico e a 12
freqüência de parasitoses intestinais, evidenciando como medidas de melhoria destas 13
condições cursam com redução na ocorrência de helmintíases. 14
Carvalho Odos e colaboradores (2002) avaliando três mesorregiões do estado de 15
Minas Gerais, observaram uma prevalência de cerca de 16,5% de helmintíase por 16
Ascaris lumbricoides em escolares do primeiro grau em Uberaba, Brasil, sendo nesta 17
localidade o helminto mais comumente encontrado, seguido de T. trichiura com 5,5%. 18
Outro estudo havia apontado estes dois agentes como os mais comumente 19
encontrados em inquéritos helmintológicos (STEPHENSON et al., 1990). O espectro 20
parasitário e a prevalência variam em diferentes regiões, de acordo com as diferenças 21
climáticas, sócio-econômicas, educacionais e sanitárias de cada área {CARVALHO 22
ODOS, 2002}. 23
A baixa positividade no parasitológico de fezes observada em nosso trabalho 24
talvez seja reflexo do tratamento antiparasitário fornecido a esta população e/ou a baixa 25
sensibilidade do exame (NEVES et al., 2005). Já foi sugerido que a determinação da 26
IgE especifica anti-Ascaris é capaz de detectar a infecção mesmo em indivíduos com 27
parasitológico negativo. De fato Hagel e colaboradores (1993) demonstraram que a 28
determinação de IgE anti-Ascaris estaria negativamente relacionada com a presença de 29
ovos na fezes. Medeiros e colaboradores (2006) sugerem em seu estudo que 30
especialmente em pacientes apresentando condições alérgicas a determinação de IgE 31
anti-Ascaris é mais útil que o exame parasitológico de fezes na demonstração de 32
infecção helmíntica. Enquanto que os autores observaram uma positividade de cerca de 33
75% na determinação de IgE anti-Ascaris, a positividade no exame parasitológico foi 34
Discussão 46
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
muito inferior. Frei e colaboradores (2008) apontam uma interferência da administração 1
profilática de antiparasitários em comunidades antes da realização de estudos de 2
prevalência de parasitos intestinais, possivelmente levando a um viés analítico 3
importante, com baixa determinação de infestação por helmintos na área de estudo. 4
Apesar desta baixa positividade ao exame parasitológico observamos que 5
embora nossa amostra tenha se mostrado homogênea quanto ao sexo (168 masculino e 6
167 feminino), a positividade no exame parasitológico se mostrou maior nos indivíduos 7
do sexo masculino ainda que sem significância estatística. Outro estudo havia 8
apontado resultado semelhante (TRIPPIA et al., 1998), enquanto que Silva e 9
colaboradores (2003) não observaram este predomínio. 10
Nossos pacientes que apresentaram algum quadro de atopia, seja asma, rinite ou 11
eczema, não apresentaram níveis de IgE total estatisticamente diferentes dos indivíduos 12
não atópicos. Relatos de Nyan e colaboradores (2001) demonstram uma maior 13
concentração de IgE total em indivíduos que apresentaram alguma atopia em relação 14
aos o atópicos (NYAN et al., 2001), embora trabalhos de Satwani e colaboradores 15
(2009) também não tenham sido capazes de evidenciar esta diferença. Estudos 16
epidemiológicos indicam que a inibição da reatividade á aeroalérgenos em indivíduos 17
infectados por geohelmintos não está associada ao nível sérico de IgE total (VAN DEN 18
BIGGELAAR et al., 2000; SCRIVENER et al., 2001). 19
Não observamos diferenças na concentração de IgE total entre indivíduos do 20
sexo masculino e feminino, embora Nyan et al., tenha relatado uma maior concentração 21
de IgE total em mulheres (NYAN et al., 2001). 22
Levin e colaboradores (2008) e Schneider e colaboradores (2002) sugerem um 23
efeito do parasitismo intestinal, especialmente por helmintos ou níveis de IgE parasito 24
específicos influenciando os níveis totais de IgE, ponto que não pudemos confirmar em 25
nosso estudo pela baixa positividade no exame parasitológico de fezes. Outro estudo 26
com um grupo maior de indivíduos parasitados mostrou que a presença de infecção 27
helmíntica não influencia os níveis de IgE total tanto na zona urbana quanto na rural 28
(NYAN et al., 2001). Ainda, foi demonstrada uma maior concentração de IgE total em 29
indivíduos provenientes de ambiente rural, relacionando esta diferença com baixa 30
condição sanitária e com possíveis infecções helmínticas (SCRIVENER et al., 2001). 31
Hagel e colaboradores (1993) observaram que a IgE anti-Ascaris estava negativamente 32
relacionada com os níveis de IgE total em indivíduos não atópicos, diferentemente dos 33
indivíduos atópicos. A infecção por Ascaris lumbricoides foi associada tanto com 34
Discussão 47
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
uma proteção como com o aumento de sintomas de dificuldade respiratória, assim como 1
a demonstração de sensibilização a alérgenos, com produção de citocinas envolvidas 2
nos processos alérgicos (SALES et al., 2002). 3
A produção de IgE específica, tanto para alérgenos (Der p1 e 2 , Per a7 e Tropo 4
Ácaro) ou relacionada com antígenos parasitários (TropoÁscaris) não se mostrou 5
discrepante entre indivíduos apresentando atopias e indivíduos não atópicos. Produção 6
de IgE anti-Derp 1 2 também não foi relacionada com a procedência dos indivíduos. 7
Entretanto estudos de Scrivener e colaboradores (2001) encontraram maiores níveis de 8
IgE anti-Ascaris em indivíduos provenientes da zona rural que naqueles provenientes da 9
zona urbana, porém a IgE específica para Derp1 se mostrou aumentada naqueles 10
provenientes do ambiente urbano. Ainda, demonstraram que a concentração de IgE anti-11
Der p1 e a IgE total estavam relacionadas com a queixa de dificuldade respiratória 12
associada à asma. Lynch e colaboradores (1987) haviam observado níveis 13
aumentados de IgE específica anti-Ascaris em pacientes alérgicos de países tropicais. 14
Alguns estudos já demonstraram que os alérgenos de ácaros D. pteronyssinus, D. 15
farinae e B. tropicalis são os mais prevalentemente encontrados na poeira na maioria 16
das regiões tropicais (RIZZO et al., 1993; SARINHO et al., 2000, SEGUNDO et al., 17
2009) e que existe uma associação entre sensibilização aos ácaros e asma (SPORIK et 18
al., 1990; PEAT et al., 1996; WICKENS et al., 1999). Segundo Clark e Adinoff (1989) 19
pacientes com asma, dermatite e rinite comprovadamente alérgicos a aeroalérgenos 20
apresentam melhora significativa com controle maior de sintomas e prevenção de 21
exacerbações após eliminação ou redução da exposição a esses antígenos. 22
Conforme já mencionado, a determinação de IgE específica para antígenos, 23
sejam eles alérgenos ou derivados de parasitos tem certa vantagem em relação a outros 24
métodos de avaliação, especialmente quando não infecção intestinal atual. Em nosso 25
estudo, os testes para alérgenos de ácaros, baratas e para antígenos de Ascaris basearam-26
se na reatividade contra a tropomiosina. De fato, foi demonstrado que a tropomiosina 27
é a maior componente, por exemplo, do alérgeno Per a7 em indivíduos com asma e/ou 28
rinite (SANTOS et al.). Também existem relatos na literatura que podem ocorrer 29
reações cruzadas entre a tropomiosina de insetos, com a Per a7 e de parasitos, como a 30
tropomiosina de áscaris. Sugere-se que esta reatividade cruzada tenha implicações 31
clínicas (ARRUDA & SANTOS, 2005). Em nosso estudo observamos uma correlação 32
positiva entre a IgE anti-Per a7 e IgE anti-TropoÁscaris. De fato, a infecção por Ascaris 33
lumbricoides foi associada não com uma proteção, mas sim com aumento de 34
Discussão 48
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
sintomas de dificuldade respiratória, assim como a demonstração de sensibilização a 1
alérgenos, evidenciada por aumento de IgE específica (SALES et al., 2002). 2
Dada a heterogeneidade dos dados referentes à produção de IgE dentro de cada 3
grupo, realizamos avaliações para verificar possíveis correlações entre veis de IgE 4
total e específicas e também uma avaliação destes padrões levando-se em conta a 5
contagem de eosinófilos. Observamos que a concentração de IgE total não se mostrou 6
correlacionada com a IgE específica para TropoÁscaris e Per a7, porém correlacionou-7
se com a IgE anti-Derp 1 2. A presença desta correlação pode nos sugerir que naqueles 8
pacientes onde encontramos os maiores níveis de IgE este aumento se deva mais a 9
exposição a este alérgeno que a um possível parasitismo intestinal. Não fomos capazes, 10
entretanto de determinar uma correlação entre os níveis de IgE total e um aumento no 11
número de eosinófilos, talvez por diferenças no número de eosinófilos teciduais no local 12
do processo inflamatória, não refletidas no número sérico. 13
Em trabalho de Moraes e colaboradores (2001) tanto o nível rico de 14
eosinófilos quanto o de IgE total foi maior no grupo de atópicos do que nos não 15
atópicos. Ainda, observaram que na infância, além das doenças alérgicas, as parasitoses 16
intestinais podem elevar esses níveis, inferindo, contudo que a diferença na 17
concentração de IgE total encontrada entre estes grupos se devia principalmente aos 18
fenômenos alérgicos e não com a presença de parasitoses . Esta última afirmação está de 19
acordo com outros estudos (HATTEVIG et al., 1987; SOTO-QUIROS et al., 1998). 20
Medeiros e colaboradores (2006) observando uma população de 101 pacientes com 21
asma e/ou rinite, reforçada pela demonstração de altos níveis de IgE específica para 22
alérgenos, e com alto risco de infecção helmíntica, verificaram uma eosinofilia em cerca 23
de 50% dos indivíduos, com IgE específica para áscaris em cerca de 75% destes 24
mesmos indivíduos. A concentração de IgE específica anti-Ascaris se mostrou 25
correlacionada com número o eosinófilos, com a concentração de IgE total, assim como 26
o número de eosinófilos se mostrou correlacionada com a IgE total. Da mesma forma 27
Satwani e colaboradores (2009) observaram uma forte correlação entre a eosinofilia e o 28
nível de IgE total e presença de alergia. Entretanto a associação de eosinofilia e níveis 29
de IgE não foi significativa em algumas doenças alérgicas sistêmicas. 30
Utilizando de modelos experimentais de asma, Lima e colaboradores (2002) 31
relacionaram a influência da sensibilização com antígenos parasitários na supressão do 32
acúmulo de eosinófilos nas vias aéreas observado neste modelo de doença, que foi 33
Discussão 49
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
acompanhado inclusive com supressão das citocinas que contribuem para este 1
fenômeno. 2
Conclusões 50
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
CONCLUSÕES 1
Concluímos que a incidência geral na população estudada de asma, rinite e 2
eczema foram compatíveis com os achados da literatura. Não observamos diferenças na 3
incidência de atopias, asma, rinite e eczema em relação à sexo ou procedência dos 4
indivíduos deste estudo. Os parâmetros hematológicos avaliados se mostraram 5
compatíveis com os valores normais para idade e sexo da população estudada. 6
Observamos um baixo índice de indivíduos apresentando parasitologia intestinal 7
demonstrável no exame de fezes, prejudicando a correlação deste exame com os 8
parâmetros imunológicos. Os indivíduos avaliados em nosso estudo o apresentaram 9
variação da concentração de IgE total ou específicas a antígenos de parasitos ou 10
aeroalérgenos independente do sexo ou de sua procedência (urbana ou rural). A 11
correlação entre os níveis de IgE total e Der p1 e 2 sugere uma grande exposição a 12
ácaros e uma contribuição importante destes anticorpos específicos nos níveis de IgE 13
total. Observamos uma correlação positiva entre os níveis de anticorpos IgE anti-14
Ascaris e IgE anti-Per a7. 15
Referências 51
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
REFERÊNCIAS 1
2
AALBERSE, R. C. The IgE response and atopy. Eur Respir J Suppl. 13 78s-84s; 3
1991. 4
ABBAS, A.; LICHTMAN, A.; POBER, J. Cellular and molecular immunology. 5
6.Philadelphia. 2005. p.553 6
AHERN, D. J.; ROBINSON, D. S. Regulatory T cells as a target for induction of 7
immune tolerance in allergy. Curr Opin Allergy Clin Immunol. 5 (6); 531-6; 2005. 8
APTER, A.; GRAMMER, L. C.; NAUGHTON, B.; PATTERSON, R. Asthma in the 9
elderly: a brief report. N Engl Reg Allergy Proc. 9 (2); 153-6; 1988. 10
ARAUJO, M. I.; LOPES, A. A.; MEDEIROS, M.; CRUZ, A. A.; SOUSA-ATTA, L.; 11
SOLE, D., et al. Inverse association between skin response to aeroallergens and 12
Schistosoma mansoni infection. Int Arch Allergy Immunol. 123 (2); 145-8; 2000. 13
ARAUJO, M. I.; HOPPE, B. S.; MEDEIROS, M., JR.; CARVALHO, E. M. 14
Schistosoma mansoni infection modulates the immune response against allergic and 15
auto-immune diseases. Mem Inst Oswaldo Cruz. 99 (5 Suppl 1); 27-32; 2004. 16
ARRUDA, L. K.; SANTOS, A. B. Immunologic responses to common antigens in 17
helminthic infections and allergic disease. Curr Opin Allergy Clin Immunol. 5 (5); 18
399-402; 2005. 19
BACHERT, C.; VAN CAUWENBERGE, P.; KHALTAEV, N. Allergic rhinitis and its 20
impact on asthma. In collaboration with the World Health Organization. Executive 21
summary of the workshop report. 7-10 December 1999, Geneva, Switzerland. Allergy. 22
57 (9); 841-55; 2002. 23
BIERBAUM, S.; HEINZMANN, A. The genetics of bronchial asthma in children. 24
Respir Med. 101 (7); 1369-75; 2007. 25
BISCHOFF, S. C. Role of mast cells in allergic and non-allergic immune responses: 26
comparison of human and murine data. Nat Rev Immunol. 7 (2); 93-104; 2007. 27
BLUMENTHAL, J. B.; BLUMENTHAL, M. N. Genetics of asthma. Med Clin North 28
Am. 86 (5); 937-50; 2002. 29
Referências 52
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
BOUSQUET, J.; DEMOLY, P.; GODARD, P. [Recommendations for the management 1
of asthma]. Rev Prat. 51 (5); 533-7; 2001a. 2
BOUSQUET, J.; DEMOLY, P.; MICHEL, F. B. Specific immunotherapy in rhinitis and 3
asthma. Ann Allergy Asthma Immunol. 87 (1 Suppl 1); 38-42; 2001b. 4
BOYCE, J. A. The role of mast cells in asthma. Prostaglandins Leukot Essent Fatty 5
Acids. 69 (2-3); 195-205; 2003. 6
BUJIS, J.; BORSBOOM, G.; VAN GEMUND, J.; HAZEBROECK, A.; VAN 7
DONGEN, P.; VAN KNAPEN, F., et al. Toxocara seroprevalence in 5-year-old 8
elementary schoolchildren:relation with allergic asthma. Am J Epidemiol. 140 838-9
847; 1994. 10
CAMELO-NUNES, I.; SOLÉ, D. Rinossinusopatia alérgica.in Guias de medicina 11
ambulatorial e hospitalar: Pediatria. Manole. Barueri, 2005. 1073-1079. 12
CARVALHO, C. R.; LENZI, H. L.; CORREA-OLIVEIRA, R.; VAZ, N. M. Indirect 13
effects of oral tolerance to ovalbumin interfere with the immune responses triggered by 14
Schistosoma mansoni eggs. Braz J Med Biol Res. 35 (10); 1195-9; 2002. 15
CARVALHO ODOS, S.; GUERRA, H. L.; CAMPOS, Y. R.; CALDEIRA, R. L.; 16
MASSARA, C. L. [Prevalence of intestinal helminths in three regions of Minas Gerais 17
State]. Rev Soc Bras Med Trop. 35 (6); 597-600; 2002. 18
CHAN, M. S.; BRADLEY, M.; BUNDY, D. A. Transmission patterns and the 19
epidemiology of hookworm infection. Int J Epidemiol. 26 (6); 1392-400; 1997. 20
CLARK, R. A.; ADINOFF, A. D. The relationship between positive aeroallergen patch 21
test reactions and aeroallergen exacerbations of atopic dermatitis. Clin Immunol 22
Immunopathol. 53 (2 Pt 2); S132-40; 1989. 23
COOPER, P. J.; CHICO, M. E.; RODRIGUES, L. C.; ORDONEZ, M.; STRACHAN, 24
D.; GRIFFIN, G. E., et al. Reduced risk of atopy among school-age children infected 25
with geohelminth parasites in a rural area of the tropics. J Allergy Clin Immunol. 111 26
(5); 995-1000; 2003. 27
COOPER, P. J.; CHICO, M. E.; RODRIGUES, L. C.; STRACHAN, D. P.; 28
ANDERSON, H. R.; RODRIGUEZ, E. A., et al. Risk factors for atopy among school 29
children in a rural area of Latin America. Clin Exp Allergy. 34 (6); 845-52; 2004. 30
Referências 53
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
CORRY, D. B.; KHERADMAND, F. Induction and regulation of the IgE response. 1
Nature. 402 (6760 Suppl); B18-23; 1999. 2
DAGOYE, D.; BEKELE, Z.; WOLDEMICHAEL, K.; NIDA, H.; YIMAM, M.; HALL, 3
A., et al. Wheezing, allergy, and parasite infection in children in urban and rural 4
Ethiopia. Am J Respir Crit Care Med. 167 (10); 1369-73; 2003. 5
DI FRANCO, A.; PAGGIARO, P. L. Do we need to check for asthma in subjects with 6
allergic rhinitis? Monaldi Arch Chest Dis. 63 (2); 72-3; 2005. 7
DOLD, S.; HEINRICH, J.; WICHMANN, H. E.; WJST, M. Ascaris-specific IgE and 8
allergic sensitization in a cohort of school children in the former East Germany. J 9
Allergy Clin Immunol. 102 (3); 414-20; 1998. 10
ESTEVES, P.; ROSÁRIO, N.; TRIPPIA, G.; CALEFFE, L. Prevalência de rinite 11
alérgica perene e sazonal, com sensibilização atópica ao Dermatophagoides 12
pteronyssinus (Dp) e ao Lolium multiflorium (LOLIUM) em escolares de 13 e 14 anos 13
e adultos de Curitiba. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia. 2000. 14
FERREIRA, C.; FERREIRA, M.; NOGUEIRA, M. Prevalência e intensidade de 15
infecção por Ascaris lumbricoides em amostra populacional urbana (São Paulo, SP). 16
Cadernos de Saúde Pública. 7 (1); 82-89; 1991a. 17
FERREIRA, C. S.; CAMARGO, L. M.; MOITINHO, M. L.; DE AZEVEDO, R. A. 18
Intestinal parasites in Iaualapiti Indians from Xingu Park, Mato Grosso, Brazil. Mem 19
Inst Oswaldo Cruz. 86 (4); 441-2; 1991b. 20
FINKELMAN, F. D.; WYNN, T. A.; DONALDSON, D. D.; URBAN, J. F. The role of 21
IL-13 in helminth-induced inflammation and protective immunity against nematode 22
infections. Curr Opin Immunol. 11 (4); 420-6; 1999. 23
FLOHR, C.; TUYEN, L. N.; LEWIS, S.; QUINNELL, R.; MINH, T. T.; LIEM, H. T., 24
et al. Poor sanitation and helminth infection protect against skin sensitization in 25
Vietnamese children: A cross-sectional study. J Allergy Clin Immunol. 118 (6); 1305-26
11; 2006. 27
FREI, F.; JUNCANSEN, C.; RIBEIRO-PAES, J. T. [Epidemiological survey of 28
intestinal parasite infections: analytical bias due to prophylactic treatment]. Cad Saude 29
Publica. 24 (12); 2919-25; 2008. 30
GRENCIS, R. K. Cytokine regulation of resistance and susceptibility to intestinal 31
nematode infection - from host to parasite. Vet Parasitol. 100 (1-2); 45-50; 2001. 32
Referências 54
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
GUILLET, G.; GUILLET, M. H. Natural history of sensitizations in atopic dermatitis. 1
A 3-year follow-up in 250 children: food allergy and high risk of respiratory symptoms. 2
Arch Dermatol. 128 (2); 187-92; 1992. 3
HABY, M. M.; ANDERSON, S. D.; PEAT, J. K.; MELLIS, C. M.; TOELLE, B. G.; 4
WOOLCOCK, A. J. An exercise challenge protocol for epidemiological studies of 5
asthma in children: comparison with histamine challenge. Eur Respir J. 7 (1); 43-9; 6
1994. 7
HAGEL, I.; LYNCH, N. R.; DI PRISCO, M. C.; ROJAS, E.; PEREZ, M.; ALVAREZ, 8
N. Ascaris reinfection of slum children: relation with the IgE response. Clin Exp 9
Immunol. 94 (1); 80-3; 1993. 10
HAMID, O. A.; ELFEDAWY, S.; MOHAMED, S. K.; MOSAAD, H. Immunoblotting 11
technique: a new accurate in vitro test for detection of allergen-specific IgE in allergic 12
rhinitis. Eur Arch Otorhinolaryngol. 266 (10); 1569-73; 2009. 13
HATTEVIG, G.; KJELLMAN, B.; BJORKSTEN, B.; JOHANSSON, S. G. The 14
prevalence of allergy and IgE antibodies to inhalant allergens in Swedish school 15
children. Acta Paediatr Scand. 76 (2); 349-55; 1987. 16
HUSSAIN, R.; POINDEXTER, R. W.; OTTESEN, E. A. Control of allergic reactivity 17
in human filariasis. Predominant localization of blocking antibody to the IgG4 subclass. 18
J Immunol. 148 (9); 2731-7; 1992. 19
IBGE. População residente, por sexo e situação do domicílio, população residente de 10 20
anos ou mais de idade, total, alfabetizada e taxa de alfabetização, segundo os 21
Municípios. IBGE - BRASIL, 2000. Disponível em 22
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/universo.php?tipo=31o/t23
abela13_1.shtm&paginaatual=1&uf=31&letra=V. Acessado em 2009. 24
IBGE. Estimativas das populações residentes, em de julho de 2009, segundo os 25
municípios. IBGE - BRASIL, 2009. Disponível em 26
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2009/POP2009_DOU.pdf27
. Acessado em 2009. 28
IBGE. Infocidades - Veríssimo - Pirâmide Etária. IBGE - BRASIL, 2010. Disponível 29
em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=317110. Acessado em 30
2010. 31
ISAAC. The International Study of Asthma and Allergies in Childhood. The 32
International Study of Asthma and Allergies in Childhood, 2009. Disponível em 33
http://isaac.auckland.ac.nz/. Acessado em 2009. 34
Referências 55
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
JANEWAY, C.; TRAVERS, P.; WALPORT, M.; CAPRA, J. Imunobiologia. O 1
sistema imunológico na saúde e na doença. 4ª.Porto Alegre. 2002. 2
JOHANSSON, E.; APONNO, M.; LUNDBERG, M.; VAN HAGE-HAMSTEN, M. 3
Allergenic cross-reactivity between the nematode Anisakis simplex and the dust mites 4
Acarus siro, Lepidoglyphus destructor, Tyrophagus putrescentiae, and 5
Dermatophagoides pteronyssinus. Allergy. 56 (7); 660-6; 2001. 6
JOUBERT, J. R.; VAN SCHALKWYK, D. J.; TURNER, K. J. Ascaris lumbricoides 7
and the human immunogenic response: enhanced IgE-mediated reactivity to common 8
inhaled allergens. S Afr Med J. 57 (11); 409-12; 1980. 9
KAPLAN, J. E.; LARRICK, J. W.; YOST, J.; FARRELL, L.; GREENBERG, H. B.; 10
HERRMANN, K. L., et al. Infectious disease patterns in the Waorani, an isolated 11
Amerindian population. Am J Trop Med Hyg. 29 (2); 298-312; 1980. 12
KAY, A. B. Allergy and allergic diseases. First of two parts. N Engl J Med. 344 (1); 13
30-7; 2001a. 14
KAY, A. B. Allergy and allergic diseases. Second of two parts. N Engl J Med. 344 (2); 15
109-13; 2001b. 16
LARCHE, M. Immunoregulation by targeting T cells in the treatment of allergy and 17
asthma. Curr Opin Immunol. 18 (6); 745-50; 2006. 18
LARCHE, M.; AKDIS, C. A.; VALENTA, R. Immunological mechanisms of allergen-19
specific immunotherapy. Nat Rev Immunol. 6 (10); 761-71; 2006. 20
LASMAR, L. M.; CAMARGOS, P. A.; ORDONES, A. B.; GASPAR, G. R.; 21
CAMPOS, E. G.; RIBEIRO, G. A. Prevalence of allergic rhinitis and its impact on the 22
use of emergency care services in a group of children and adolescents with moderate to 23
severe persistent asthma. J Pediatr (Rio J). 83 (6); 555-61; 2007. 24
LEONARDI-BEE, J.; PRITCHARD, D.; BRITTON, J. Asthma and current intestinal 25
parasite infection: systematic review and meta-analysis. Am J Respir Crit Care Med. 26
174 (5); 514-23; 2006. 27
LEUNG, D. Y. The immunologic basis of atopic dermatitis. Clin Rev Allergy. 11 (4); 28
447-69; 1993. 29
Referências 56
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
LEVIN, M. E.; LE SOUEF, P. N.; MOTALA, C. Total IgE in urban Black South 1
African teenagers: the influence of atopy and helminth infection. Pediatr Allergy 2
Immunol. 19 (5); 449-54; 2008. 3
LIMA, C.; PERINI, A.; GARCIA, M. L.; MARTINS, M. A.; TEIXEIRA, M. M.; 4
MACEDO, M. S. Eosinophilic inflammation and airway hyper-responsiveness are 5
profoundly inhibited by a helminth (Ascaris suum) extract in a murine model of asthma. 6
Clin Exp Allergy. 32 (11); 1659-66; 2002. 7
LOPEZ, F. A.; JÚNIOR, D. C. Tratado de Pediatria. 1ª ed.Ed. Manole, 2007. 8
LUDWIG, K. M.; FREI, F.; ALVARES FILHO, F.; RIBEIRO-PAES, J. T. [Correlation 9
between sanitation conditions and intestinal parasitosis in the population of Assis, State 10
of Sao Paulo]. Rev Soc Bras Med Trop. 32 (5); 547-55; 1999. 11
LYNCH, N. R.; LÓPEZ, R.; ISTÚRIZ, G.; TENIAS-SALAZAR, E. Allergic Reactivity 12
and Helminthic Infection in Amerindians of the Amazon Basin. Int Arch Allergy 13
Immunol. 72 369-372; 1983. 14
LYNCH, N. R.; DI PRISCO-FUENMAYOR, M. C. High allergic reactivity in a 15
tropical environment. Clin Allergy. 14 (3); 233-40; 1984. 16
LYNCH, N. R.; PEREZ, M.; LOPEZ, R. I.; TURNER, K. J. Measurement of anti-17
Ascaris IgE antibody levels in tropical allergic patients, using modified ELISA. 18
Allergol Immunopathol (Madr). 15 (1); 19-24; 1987. 19
LYNCH, N. R.; HAGEL, I.; PEREZ, M.; DI PRISCO, M. C.; LOPEZ, R.; ALVAREZ, 20
N. Effect of anthelmintic treatment on the allergic reactivity of children in a tropical 21
slum. J Allergy Clin Immunol. 92 (3); 404-11; 1993. 22
LYNCH, N. R.; PALENQUE, M.; HAGEL, I.; DIPRISCO, M. C. Clinical improvement 23
of asthma after anthelminthic treatment in a tropical situation. Am J Respir Crit Care 24
Med. 156 (1); 50-4; 1997. 25
MARTINEZ, A.; MARTINEZ, J.; PALACIOS, R.; PANZANI, R. Importance of 26
tropomyosin in the allergy to household arthropods. Cross-reactivity with other 27
invertebrate extracts. Allergol Immunopathol (Madr). 25 (3); 118-26; 1997. 28
MATRICARDI, P. M.; ROSMINI, F.; RIONDINO, S.; FORTINI, M.; FERRIGNO, L.; 29
RAPICETTA, M., et al. Exposure to foodborne and orofecal microbes versus airborne 30
viruses in relation to atopy and allergic asthma: epidemiological study. Bmj. 320 31
(7232); 412-7; 2000. 32
Referências 57
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
MEDEIROS, D.; SILVA, A. R.; RIZZO, J. A.; MOTTA, M. E.; OLIVEIRA, F. H.; 1
SARINHO, E. S. Total IgE level in respiratory allergy: study of patients at high risk for 2
helminthic infection. J Pediatr (Rio J). 82 (4); 255-9; 2006. 3
MIESCHER, S. M.; VOGEL, M. Molecular aspects of allergy. Mol Aspects Med. 23 4
(6); 413-62; 2002. 5
MORAES, L. S.; BARROS, M. D.; TAKANO, O. A.; ASSAMI, N. M. [Risk factors, 6
clinical and laboratory aspects of asthma in children]. J Pediatr (Rio J). 77 (6); 447-54; 7
2001. 8
MUDDE, G. C.; HANSEL, T. T.; VON REIJSEN, F. C.; OSTERHOFF, B. F.; 9
BRUIJNZEEL-KOOMEN, C. A. IgE: an immunoglobulin specialized in antigen 10
capture? Immunol Today. 11 (12); 440-3; 1990. 11
NASCIMENTO SILVA, M. T.; ANDRADE, J.; TAVARES-NETO, J. [Asthma and 12
ascariasis in children aged two to ten living in a low income suburb]. J Pediatr (Rio J). 13
79 (3); 227-32; 2003. 14
NEVES, D. P.; MELO, A. L.; LINARDI, P. M.; VITOR, R. A. Parasitologia humana. 15
11.Atheneu, 2005. p.494 16
NGOC, P. L.; GOLD, D. R.; TZIANABOS, A. O.; WEISS, S. T.; CELEDON, J. C. 17
Cytokines, allergy, and asthma. Curr Opin Allergy Clin Immunol. 5 (2); 161-6; 2005. 18
NUTMAN, T. B.; KUMARASWAMI, V. Regulation of the immune response in 19
lymphatic filariasis: perspectives on acute and chronic infection with Wuchereria 20
bancrofti in South India. Parasite Immunol. 23 (7); 389-99; 2001. 21
NYAN, O. A.; WALRAVEN, G. E.; BANYA, W. A.; MILLIGAN, P.; VAN DER 22
SANDE, M.; CEESAY, S. M., et al. Atopy, intestinal helminth infection and total 23
serum IgE in rural and urban adult Gambian communities. Clin Exp Allergy. 31 (11); 24
1672-8; 2001. 25
OBER, C. Susceptibility genes in asthma and allergy. Curr Allergy Asthma Rep. 1 26
(2); 174-9; 2001. 27
OLIVEIRA, C. Parasitoses intestinais.in Tratado de Pediatria - Sociedade Brasileira de 28
Pediatria. Manole. São Paulo, 2007. 29
Referências 58
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
PALMER, L. J.; CELEDON, J. C.; WEISS, S. T.; WANG, B.; FANG, Z.; XU, X. 1
Ascaris lumbricoides infection is associated with increased risk of childhood asthma 2
and atopy in rural China. Am J Respir Crit Care Med. 165 (11); 1489-93; 2002. 3
PASTORINO, A.; FOMIN, A. Asma na intercrise - Aspectos Diagnósticos, 4
Classificação e Tratamento de Manutenção.in Tratado de Pediatria - Sociedade 5
Brasileira de Pediatria. Manole. São Paulo, 2007. 6
PATTERSON, E. E.; BRENNAN, M. P.; LINSKEY, K. M.; WEBB, D. C.; SHIELDS, 7
M. D.; PATTERSON, C. C. A cluster randomised intervention trial of asthma clubs to 8
improve quality of life in primary school children: the School Care and Asthma 9
Management Project (SCAMP). Arch Dis Child. 90 (8); 786-91; 2005. 10
PEAT, J. K.; TOVEY, E.; TOELLE, B. G.; HABY, M. M.; GRAY, E. J.; MAHMIC, 11
A., et al. House dust mite allergens. A major risk factor for childhood asthma in 12
Australia. Am J Respir Crit Care Med. 153 (1); 141-6; 1996. 13
PEDERSEN, P. A.; WEEKE, E. R. [Occurrence of asthma and non-infectious rhinitis in 14
Denmark]. Nord Med. 107 (4); 119-21; 1992. 15
PEREIRA, C.; NASPITZ, C. II Consenso Brasileiro de Manejo da Asma. 1998. 16
PEREIRA, R. M.; TRESOLDI, A. T.; BELANGERO, V. M.; BUCARETCHI, F.; 17
HESSEL, G.; DA SILVA, J. M. [Liver abscess in childhood: report of 8 cases]. Arq 18
Gastroenterol. 32 (4); 186-90; 1995. 19
PINTO, L. A.; STEIN, R. T.; KABESCH, M. Impact of genetics in childhood asthma. J 20
Pediatr (Rio J). 84 (4 Suppl); S68-75; 2008. 21
PLAUT, M.; KAZIMIERCZAK, W.; LICHTENSTEIN, L. M. Abnormalities of 22
basophil "releasability" in atopic and asthmatic individuals. J Allergy Clin Immunol. 23
78 (5 Pt 2); 968-73; 1986. 24
PNDU. Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil - Atlas do 25
Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 26
(PNUD), 2000. Disponível em http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-27
M%2091%2000%20Ranking%20decrescente%20(pelos%20dados%20de%202000).ht28
m. Acessado em 2009. 29
PNDU. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Desenvolvimento 30
Humano e IDH. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2009. 31
Disponível em http://www.pnud.org.br/idh/. Acessado em 2009. 32
Referências 59
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
PRESCOTT, S. L.; MACAUBAS, C.; SMALLACOMBE, T.; HOLT, B. J.; SLY, P. D.; 1
LOH, R., et al. Reciprocal age-related patterns of allergen-specific T-cell immunity in 2
normal vs. atopic infants. Clin Exp Allergy. 28 Suppl 5 39-44; discussion 50-1; 1998. 3
PRITCHARD, D. I. Atopy and helminth parasites. Int J Parasitol. 23 (2); 167-8; 1993. 4
RENAULD, J. C. New insights into the role of cytokines in asthma. J Clin Pathol. 54 5
(8); 577-89; 2001. 6
RIBEIRO, M.; SILVA, R.; PEREIRA, C. Diagnóstico de asma: comparação entre o 7
teste de broncoprovocação e a variabilidade do pico de fluxo expiratório. J Pneumol. 8
21 217-24; 1995. 9
RIZZO, M. C.; ARRUDA, L. K.; CHAPMAN, M. D.; FERNANDEZ-CALDAS, E.; 10
BAGGIO, D.; PLATTS-MILLS, T. A., et al. IgG and IgE antibody responses to dust 11
mite allergens among children with asthma in Brazil. Ann Allergy. 71 (2); 152-8; 1993. 12
RODRIGUES, V., JR.; PIPER, K.; COUISSINIER-PARIS, P.; BACELAR, O.; 13
DESSEIN, H.; DESSEIN, A. J. Genetic control of schistosome infections by the SM1 14
locus of the 5q31-q33 region is linked to differentiation of type 2 helper T lymphocytes. 15
Infect Immun. 67 (9); 4689-92; 1999. 16
SALES, V.; RODRIGUES, C.; CAVALCANTI, G.; TROMBONE, A.; LIMA, R.; 17
SANTOS, A. Infection with Ascaris lumbricoides in pre-school children. Allergy Clin 18
Immunol. 105 2002. 19
SAN SEBASTIAN, M.; SANTI, S. Control of intestinal helminths in schoolchildren in 20
Low-Napo, Ecuador: impact of a two-year chemotherapy program. Rev Soc Bras Med 21
Trop. 33 (1); 69-73; 2000. 22
SANTOS, A. B.; CHAPMAN, M. D.; AALBERSE, R. C.; VAILES, L. D.; FERRIANI, 23
V. P.; OLIVER, C., et al. Cockroach allergens and asthma in Brazil: identification of 24
tropomyosin as a major allergen with potential cross-reactivity with mite and shrimp 25
allergens. J Allergy Clin Immunol. 104 (2 Pt 1); 329-37; 1999. 26
SARINHO, E.; RIZZO, M.; JUST, E.; FERNANDEZ-CALDAS, E.; SOLE, D. 27
Sensitization to domestic mites in atopic and non-atopic children living in Recife, PE, 28
Brazil. Rev. Bras. Alergia Imunopatol. 23 105-110; 2000. 29
SATWANI, H.; REHMAN, A.; ASHRAF, S.; HASSAN, A. Is serum total IgE levels a 30
good predictor of allergies in children? J Pak Med Assoc. 59 (10); 698-702; 2009. 31
Referências 60
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
SCHNEIDER, M.; HILGERS, R. H.; SENNEKAMP, J. Allergy, total IgE and 1
eosinophils in East and West -- serious effects of different degrees of helminthiasis and 2
smoking. Eur J Med Res. 7 (2); 63-71; 2002. 3
SCHWARTZ, M. Heredity in bronchial asthma; a clinical and genetic study of 191 4
asthma probands and 50 probands with Baker's asthma. Acta Allergol Suppl (Copenh). 5
2 1-288; 1952. 6
SCRIVENER, S.; YEMANEBERHAN, H.; ZEBENIGUS, M.; TILAHUN, D.; 7
GIRMA, S.; ALI, S., et al. Independent effects of intestinal parasite infection and 8
domestic allergen exposure on risk of wheeze in Ethiopia: a nested case-control study. 9
Lancet. 358 (9292); 1493-9; 2001. 10
SEGUNDO, G. R.; SOPELETE, M. C.; TERRA, S. A.; PEREIRA, F. L.; JUSTINO, C. 11
M.; SILVA, D. A., et al. Diversity of allergen exposure: implications for the efficacy of 12
environmental control. Braz J Otorhinolaryngol. 75 (2); 311-6; 2009. 13
SIBBALD, B.; RINK, E. Epidemiology of seasonal and perennial rhinitis: clinical 14
presentation and medical history. Thorax. 46 (12); 895-901; 1991. 15
SILVA, M. T. N.; PONTES, A.; ARAGÃO, P.; ANDRADE, J.; TAVARES NETO, J. 16
Prevalence of intestinal parasites in children, with low index socio-economics of 17
Campina Grande (Paraíba) Revista baiana saúde pública. 29 (1); 121-125; 2005. 18
SOLE, D.; WANDALSEN, G. F.; CAMELO-NUNES, I. C.; NASPITZ, C. K. 19
Prevalence of symptoms of asthma, rhinitis, and atopic eczema among Brazilian 20
children and adolescents identified by the International Study of Asthma and Allergies 21
in Childhood (ISAAC) - Phase 3. J Pediatr (Rio J). 82 (5); 341-6; 2006. 22
SOLÉ, D.; WECKX, L.; FILHO, N.; JÚNIOR, J. II Consenso Brasileiro sobre Rinites 23
2006. Rev. bras. alerg. Imunopatol. 29 (1); 29-58; 2006. 24
SOTO-QUIROS, M.; GUTIERREZ, I.; CALVO, N.; ARAYA, C.; KARLBERG, J.; 25
HANSON, L. A., et al. Allergen sensitization of asthmatic and nonasthmatic 26
schoolchildren in Costa Rica. Allergy. 53 (12); 1141-7; 1998. 27
SPEIZER, F. E.; ROSNER, B.; TAGER, I. Familial aggregation of chronic respiratory 28
disease: use of National Health Interview Survey data for specific hypothesis testing. 29
Int J Epidemiol. 5 (2); 167-72; 1976. 30
SPORIK, R.; HOLGATE, S. T.; PLATTS-MILLS, T. A.; COGSWELL, J. J. Exposure 31
to house-dust mite allergen (Der p I) and the development of asthma in childhood. A 32
prospective study. N Engl J Med. 323 (8); 502-7; 1990. 33
Referências 61
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
STEPHENSON, L. S.; LATHAM, M. C.; KINOTI, S. N.; KURZ, K. M.; BRIGHAM, 1
H. Improvements in physical fitness of Kenyan schoolboys infected with hookworm, 2
Trichuris trichiura and Ascaris lumbricoides following a single dose of albendazole. 3
Trans R Soc Trop Med Hyg. 84 (2); 277-82; 1990. 4
STRACHAN, D.; SIBBALD, B.; WEILAND, S.; AIT-KHALED, N.; ANABWANI, 5
G.; ANDERSON, H. R., et al. Worldwide variations in prevalence of symptoms of 6
allergic rhinoconjunctivitis in children: the International Study of Asthma and Allergies 7
in Childhood (ISAAC). Pediatr Allergy Immunol. 8 (4); 161-76; 1997. 8
STRACHAN, D. P. Hay fever, hygiene, and household size. Bmj. 299 (6710); 1259-60; 9
1989. 10
STRACHAN, D. P. Family size, infection and atopy: the first decade of the "hygiene 11
hypothesis". Thorax. 55 Suppl 1 S2-10; 2000. 12
TELDESCHI, A. L.; SANT'ANNA, C. C.; AIRES, V. L. [Prevalence of respiratory 13
symptoms and clinical conditions and associated asthma in schoolchildren in Rio de 14
Janeiro, Brazil]. Rev Assoc Med Bras. 48 (1); 54-9; 2002. 15
THESTRUP-PEDERSEN, K. Clinical aspects of atopic dermatitis. Clin Exp Dermatol. 16
25 (7); 535-43; 2000. 17
TRIPPIA, S.; ROSÁRIO, N.; FERRERI, F. Aspectos clínicos da asma na criança: 18
análise de 1009 pacientes em um ambulatório especializado. Revista Brasileira de 19
Alergia Imunopatologia. 21 75-82; 1998. 20
VAN DEN BIGGELAAR, A. H.; VAN REE, R.; RODRIGUES, L. C.; LELL, B.; 21
DEELDER, A. M.; KREMSNER, P. G., et al. Decreased atopy in children infected with 22
Schistosoma haematobium: a role for parasite-induced interleukin-10. Lancet. 356 23
(9243); 1723-7; 2000. 24
VON PIRQUET, C. Allergie. Munch. Med. Wochenschr. 53 1457; 1906. 25
WEISS, S. T. Parasites and asthma/allergy: what is the relationship? J Allergy Clin 26
Immunol. 105 (2 Pt 1); 205-10; 2000. 27
WICKENS, K.; PEARCE, N.; SIEBERS, R.; ELLIS, I.; PATCHETT, K.; SAWYER, 28
G., et al. Indoor environment, atopy and the risk of the asthma in children in New 29
Zealand. Pediatr Allergy Immunol. 10 (3); 199-208; 1999. 30
Referências 62
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
WILLIAMS, H.; ROBERTSON, C.; STEWART, A.; AIT-KHALED, N.; 1
ANABWANI, G.; ANDERSON, R., et al. Worldwide variations in the prevalence of 2
symptoms of atopic eczema in the International Study of Asthma and Allergies in 3
Childhood. J Allergy Clin Immunol. 103 (1 Pt 1); 125-38; 1999. 4
WITTEMAN, A. M.; AKKERDAAS, J. H.; VAN LEEUWEN, J.; VAN DER ZEE, J. 5
S.; AALBERSE, R. C. Identification of a cross-reactive allergen (presumably 6
tropomyosin) in shrimp, mite and insects. Int Arch Allergy Immunol. 105 (1); 56-61; 7
1994. 8
WONG, G. W.; HUI, D. S.; CHAN, H. H.; FOK, T. F.; LEUNG, R.; ZHONG, N. S., et 9
al. Prevalence of respiratory and atopic disorders in Chinese schoolchildren. Clin Exp 10
Allergy. 31 (8); 1225-31; 2001. 11
WUTHRICH, B. Clinical aspects, epidemiology, and prognosis of atopic dermatitis. 12
Ann Allergy Asthma Immunol. 83 (5); 464-70; 1999. 13
WYNN, T. A.; HOFFMANN, K. F. Defining a schistosomiasis vaccination strategy - is 14
it really Th1 versus Th2? Parasitol Today. 16 (11); 497-501; 2000. 15
YAMADA, E.; VANNA, A. T.; NASPITZ, C. K.; SOLE, D. International Study of 16
Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC): validation of the written questionnaire 17
(eczema component) and prevalence of atopic eczema among Brazilian children. J 18
Investig Allergol Clin Immunol. 12 (1); 34-41; 2002. 19
YAZDANBAKHSH, M.; VAN DEN BIGGELAAR, A.; MAIZELS, R. M. Th2 20
responses without atopy: immunoregulation in chronic helminth infections and reduced 21
allergic disease. Trends Immunol. 22 (7); 372-7; 2001. 22
23
24
Anexos
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
ANEXO 1
Módulo do questionário de Asma e rinite e atopia modificado do
“International Study of Asthma and Allergies in Childhood” (ISAAC)
1. Alguma vez, no passado, você (seu filho) teve sibilos (chiado no peito)?
Sim ( ) 2 pontos Não ( ) 0 ponto
Se você respondeu não, passe para a questão de nº6.
2.Nos últimos 12 meses, você (seu filho) teve sibilos (chiado no peito)?
Sim ( ) 2pontos Não ( ) 0 ponto
3. Nos últimos 12 meses, quantas crises de sibilo (chiado no peito) você (seu
filho) teve?
Nenhuma ( )
Mais de 4 crises ( )
1 a 3 crises ( )
4. Nos últimos 12 meses, com que freqüência você (seu filho) teve o sono
prejudicado por chiado no peito?
Nunca acordou por chiado ( )
Menos de uma noite por semana ( )
Uma ou mais noites por semana ( )
5.Nos últimos 12 meses, o seu chiado (de seu filho) foi tão forte a ponto de
impedir que conseguisse dizer mais de duas palavras entre cada respiração?
Sim ( ) 1 pontos Não ( ) 0 ponto
6.Alguma vez você (seu filho) teve asma?
Sim ( ) 1 pontos Não ( ) 0 ponto
7. Nos últimos 12 meses, você (seu filho) teve chiado no peito após exercícios
físicos?
Anexos
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
Sim ( ) 2 pontos Não ( ) 0 ponto
8. Nos últimos 12 meses, você (seu filho) teve tosse seca à noite, sem estar
gripado ou com infecção respiratória?
Sim ( ) 2 pontos Não ( ) 0 ponto
9. A criança apresenta prurido na pele?
Sim ( ) Não ( )
10. A criança apresenta lesões na pele como:
Kerose
Sim ( ) Não ( )
Querotese
Sim ( ) Não ( )
Eczema
Sim ( ) Não ( )
Localização (se houver):
Extremidades
Sim ( ) Não ( )
Superfícies extensoras
Sim ( ) Não ( )
11. Olheira:
Sim ( ) Não ( )
12. Prega Deny Morgan (abaixo pálpebra inferior) :
Sim ( ) Não ( )
13. Fissura infra auricular:
Sim ( ) Não ( )
14. Descamação difusa couro cabeludo:
Sim ( ) Não ( )
Anexos
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
15. As lesões são:
( ) Um único episódio
( ) recidiva freqüente
( ) crônica
16. A criança alguma vez teve problema com :
-Espirros
Sim ( ) Não ( )
-Corrimento de nariz
Sim ( ) Não ( )
-Nariz “trancado”
Sim ( ) Não ( )
17. Nos últimos meses você teve problema:
- De espirros
Sim ( ) Não ( )
- Corrimento de nariz
Sim ( ) Não ( )
Nariz “trancado”
Sim ( ) Não ( )
Sem ter gripe ou resfriado?
Sim ( ) Não ( )
18. Nos últimos 12 meses você teve problema de nariz, acompanhado por olhos
lacrimejantes ou coceira nos olhos?
Sim ( ) Não ( )
19. Nos últimos 12 meses você teve problema de nariz em quais meses?
20. Nos últimos 12 meses quanto o problema de nariz interferiu nas suas
atividades diárias?
21. Você alguma vez teve rinite alérgica?
Sim ( ) Não ( )
Anexos
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
22. Você alguma vez teve alergia ao pólen na primavera?
Sim ( ) Não ( )
Anexos
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
ANEXO 2
TERMO DE ESCLARECIMENTO
Nome da Criança:
Responsável:
Título do projeto: Relação entre infestação por helmintos intestinais e a
ocorrência de hipersensibilidade do tipo I em crianças
Termo de Esclarecimento
O menor em questão tem um tipo de doença denominada (dermatite/rinite/ e/ou
asma) e está sendo convidado (a) participar do estudo (Relação entre infestação por
helmintos intestinais e a ocorrência de hipersensibilidade do tipo I em crianças). Os
avanços na área de saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a sua
participação é importante. O objetivo deste estudo é (Analisar a expressão de atopia nas
suas várias formas (dermatite/rinite/ e/ou asma), em crianças (com e sem infestação por
helmintos). E caso ele participe, será necessário fazer exames de sangue, consultas
médicas semanais, responder questionários sobre. Não será feito nenhum procedimento
que traga a ele qualquer desconforto importante ou risco à sua vida). A criança pode
ter algum desconforto quando receber uma picada para colher o sangue do seu
braço.Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não permitir mais
que o menor participe da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento,
sem prejuízo ao seu atendimento. Pelo consentimento na participação da criança no
estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas
as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade.
Seu nome nem da criança pela qual você responde, não aparecerá em qualquer momento
do estudo, pois será identificado com um número. Além disso, a criança participante do
estudo ganhará ,obtendo um diagnóstico mais fidedigno e, portanto, mais qualidade no
seu tratamento e acompanhamento.
Anexos
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
ANEXO 3
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO
Titulo do projeto: Relação entre infestação por helmintos intestinais e a
ocorrência de hipersensibilidade do tipo I em crianças
Eu,___________________________________________________________li
e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual
procedimento a que a criança pela qual sou responsável será submetido. A explicação
que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para
interromper a participação da minha criança a qualquer momento, sem justificar minha
decisão e que isso não afetará o tratamento.de meu filho. Sei que meu nome,nem de
meu filho não se divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por
participar do estudo. Eu concordo que meu filho participe do estudo.
Uberaba,................/................/...............
Assinatura do responsável pela criança documento de identidade
Assinatura do pesquisador responsável assinatura do pesquisador orientador
Telefone de contato dos pesquisadores:
Jussara Silva Lima-3312-5520
Virmondes Rodrigues Junior-3318-5289
Em caso de dúvida em relação a esse documento, você pode entrar em contato com o Comitê Ético em
Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, pelo telefone 3318-5854.
Anexos
Tese de Mestrado Jussara Silva Lima
ANEXO 4
SOLICITAÇÃO: FAZ.
Ilmo.sr.
Delfino José Neto de Freitas
Secretário de saúde do município de Veríssimo.
Vimos por meio desta solicitar às autoridades competentes autorização para que
se faça em seu município pesquisa com relatório de procedimentos em anexo.
Ressaltamos ainda a importância social que o trabalho irá imprimir aos
participantes da pesquisa, já que a pesquisadora: Jussara Silva Lima, médica pediatra, se
compromete a fazer o acompanhamento e condutas terapêuticas a cada um dos pacientes
em particular.
No aguardo da resposta, atenciosamente.
Jussara Silva Lima
Médica pediatra
Mestranda pela UFTM
Dr. Vir mondes Rodrigues Junior
Reitor pró-tempore da Universidade Federal do Triângulo Mineiro-Uberaba-MG
Orientador do trabalho desenvolvido
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo