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UNIVERSIDADE FUMEC
FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
MARCOS BACELLAR DE CARVALHO
A FELICIDADE NA AGENDA DA ADMINISTRAÇÃO E SUAS
RELAÇÕES COM CONCEITOS ORGANIZACIONAIS
Belo Horizonte
2010
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MARCOS BACELLAR DE CARVALHO
A FELICIDADE NA AGENDA DA ADMINISTRAÇÃO E SUAS
RELAÇÕES COM CONCEITOS ORGANIZACIONAIS
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado da
Faculdade de Ciências Empresariais de Belo
Horizonte da Universidade FUMEC, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em
Administração.
Área de Concentração: Estratégia e Comportamento
Organizacional
Orientador: Prof. Carlos Alberto Gonçalves
Belo Horizonte
2010
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MARCOS BACELLAR DE CARVALHO
A FELICIDADE NA AGENDA DA ADMINISTRAÇÃO E SUAS
RELAÇÕES COM CONCEITOS ORGANIZACIONAIS
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado da
Faculdade de Ciências Empresariais de Belo
Horizonte da Universidade FUMEC, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em
Administração.
Área de Concentração: Estratégia e Comportamento
Organizacional
Orientador: Prof. Carlos Alberto Gonçalves
Dedico este trabalho à Jaqueline,
grande amiga, companheira de longa
jornada, de todos os momentos, dos
bons e dos nem tanto, incansável
incentivadora, e, que além de tudo
isso, deu-me três lindos filhos.
AGRADECIMENTOS
Ao prof. Dr. Carlos Alberto, que bem mais que um orientador, revelou-se um amigo.
Ao Gustavo Ferreira, pelo auxílio no tratamento estatístico realizado e pela sua paciência
em atender às minhas dúvidas e buscar novas perspectivas na exploração de dados.
A todo o corpo docente do curso de Mestrado em Administração, em especial aos
professores Zélia M. Kilimnik, Afrânio C. Aguiar, Mário T. Reis Neto, Luiz Antônio A. Teixeira,
Luiz Cláudio V. de Oliveira e Carlos Alberto Gonçalves, que me proporcionaram especiais
oportunidades de conhecimento e sabedoria.
Ao pessoal da secretaria do curso de Mestrado em Administração, de modo especial à
Evelyn, Cláudia e Vanda, pela boa vontade e gentileza em atender às minhas demandas.
RESUMO
Sendo a felicidade a razão última da vida, conforme proposto por Aristóteles (384 -322 a.C.),
Hume (1741) e Bentham (1789), os formuladores de política pública deveriam tê-la como
paradigma ao estabelecerem suas metas e planos de governo. Aos administradores dos diversos
tipos de organizações, o tema interessa porque pessoas mais felizes são mais produtivas, mais
criativas e mais ceis de lidar. O Utilitarismo, iniciado por Bentham, propõe que as ações dos
indivíduos deveriam ser julgadas pela sua contribuição à Felicidade; quanto maior a intensidade e
mais pessoas afetadas, mais úteis essas seriam. De duas décadas para cá, surgiram diversos
conceitos (construtos) que vêm sendo cobrados dos administradores, são eles: infraestrutura e uso
de tecnologia de informação e comunicação, inovação, competitividade, desempenho econômico,
desempenho ambiental, sustentabilidade e qualidade de vida. A finalidade desta pesquisa, de
corte transversal, de base positivista, caracterizada como conclusiva e descritiva, é avaliar a
utilidade de cada um desses conceitos para a Felicidade, bem como validar um modelo de
relacionamento que os envolva, tendo a Felicidade como variável dependente. Neste estudo, um
amplo levantamento identificou diversos índices usados por organizações de reputação
internacional para medir cada conceito mencionado, incluindo a própria Felicidade, medidos para
diferentes nações. Análise e seleção determinaram o índice que seria usado para representar cada
construto. Um tratamento estatístico demonstrou que todos os construtos são úteis à Felicidade,
pois guardam com ela relação positiva e significativa. O modelo de relacionamento proposto para
explicar a Felicidade a partir desses construtos foi analisado e validado. Individualmente, a
Qualidade de Vida, em que a renda per capita representa apenas 11%, foi a variável mais útil para
a Felicidade, enquanto que a Sustentabilidade, foi a menos útil. Os resultados desta pesquisa
confirmam que a renda, que muitas décadas vem sendo adotada como paradigma aos
formuladores de políticas públicas, é somente um dos meios para melhorar Qualidade de Vida,
este sim um importante predecessor da Felicidade. Uma conseqüência esperada deste estudo está
em que possa servir como contribuição para inserir o assunto na agenda da disciplina
“Administração” onde ele está ainda em estado latente.
Palavras-chave: Medição da Felicidade. Administração e Felicidade. Felicidade como Paradigma
em Administração. Felicidade e Conceitos Organizacionais.
ABSTRACT
Being Happiness the ultimate reason of life, according to Aristotle’s (384 -322 B.C.) Hume´s
(1741) and Bentham´s (1789) proposals, it should be the paradigm for policymakers when setting
the goals and targets of their governments. This issue interests all the people working with
administration because happier people are more productive, more creative, and easier to deal
with. When setting the basis of Utilitarism, Bentham proposed that actions should be judged by
their contribution to Happiness; the more intense they are and the more they affect people, the
more useful they are. In the last two decades, administrators have being required to address
concepts such as: infrastructure and use of technology for information and communication,
innovation, competitiveness, economic performance, environmental performance, sustainability,
and quality of life. The aim of this cross sectional study, which has a positivist basis and is
qualified as conclusive and descriptive is to assess the usefulness of these concepts to Happiness,
analyzing their relation with it. A comprehensive research has roused the identification of several
indexes used by internationally recognized organizations for measuring each of these constructs,
including Happiness, in a national level. Analysis and selection determined the index that would
represent each construct in this study. Statistical treatment revealed that all variables are useful
for Happiness, showing positive and significant relation with it. The relationship model proposed
to explain Happiness, using these constructs, was also analyzed and validated. Individually,
quality of life, where GDP per capita (PPP) represents only 11%, was the variable most useful for
Happiness, while sustainability was the least useful one. The results of this work confirm that
income, for many decades being used as a paradigm by public policymakers, is only one of the
means to improve the population’s quality of life, which is an important antecedent of Happiness.
Among the consequences of this study there is expectation it could contribute to include this issue
in the agenda of the social science of Administration, in which it remains in a latent state.
Key-words: Measurement of Happiness. Happiness and Administration. Happiness as Paradigm
in Administration. Happiness and Organizational Concepts.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Barômetro de Sustentabilidade....................................................................... 79
FIGURA 2: Painel de Sustentabilidade............................................................................. 81
FIGURA 3: Proposta de modelo explicativo para a Felicidade........................................ 90
FIGURA 4: Coeficientes de caminho obtidos no modelo proposto.................................. 120
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Correlações entre os índices agregados para medição da Inovação............... 72
TABELA 2: Análise da amostra....................................................................................... 98
TABELA 3: Estatísticas descritivas da amostra total........................................................ 99
TABELA 4: Estatísticas descritivas da amostra balanceada.............................................. 101
TABELA 5: Matriz de correlação entre as variáveis......................................................... 108
TABELA 6: Número de países usados nas correlações entre as variáveis.................... 109
TABELA 7: Comparação de resultados de algumas correlações com outros estudos..... 109
TABELA 8: Coeficientes de caminhos das regressões lineares e cúbicas......................... 116
TABELA 9: Teste de Normalidade Multivariada – Índice de Mardia.............................. 119
TABELA 10: Teste das hipóteses..................................................................................... 121
TABELA 11: Efeito total de cada variável na Felicidade................................................ 122
TABELA 12: Análise dos coeficientes de determinação.................................................. 124
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Composição da amostra total por continentes...................................... 98
GRÁFICO 2: Composição da amostra balanceada por continentes............................ 100
GRÁFICO 3: Histograma da distribuição da Felicidade.............................................. 102
GRÁFICO 4: Histograma da distribuição da TIC........................................................ 102
GRÁFICO 5: Histograma da distribuição da variável Inovação.................................... 103
GRÁFICO 6: Histograma da distribuição da variável Competitividade......................... 104
GRÁFICO 7: Histograma da distribuição da variável Desempenho Econômico.............. 105
GRÁFICO 8: Histograma da distribuição da variável Desempenho Ambiental............. 105
GRÁFICO 9: Histograma da distribuição da variável Sustentabilidade........................ 106
GRÁFICO 10: Histograma da distribuição da variável Qualidade de Vida..................... 107
GRÁFICO 11: Relação entre TIC e Felicidade............................................................... 110
GRÁFICO 12: Relação entre Inovação e Felicidade......................................................... 111
GRÁFICO 13: Relação entre Competitividade e Felicidade.............................................. 111
GRÁFICO 14: Relação entre Desempenho Econômico e Felicidade............................... 112
GRÁFICO 15: Relação entre Desempenho Econômico e Felicidade (países com renda
per capita < US$ 10.000).......................................................................... 113
GRÁFICO 16: Relação entre Desempenho Econômico e Felicidade (países com renda
per capita > US$ 10.000)........................................................................ 113
GRÁFICO 17: Relação entre Desempenho Ambiental e Felicidade................................ 114
GRÁFICO 18: Relação entre Sustentabilidade e Felicidade............................................ 115
GRÁFICO 19: Relação entre Qualidade de Vida e Felicidade........................................ 116
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Conceituação de Felicidade em função da posição do observador.............. 32
QUADRO 2: Conceituação de Felicidade em função da abrangência e duração............... 34
QUADRO 3: Estrutura do índice de Competitividade do IMD.......................................... 75
QUADRO 4: Estrutura do índice de Desempenho Ambiental............................................ 77
QUADRO 5: Estrutura do índice de Sustentabilidade da Sociedade.................................. 84
QUADRO 6: Índices selecionados para representar os construtos..................................... 93
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BCG Boston Consulting Group
BES Bem Estar Subjetivo
EBSCO Elton B Stephens Company
EDG Environmental Defense Fund
EIU The Economist Intelligence Unit
ENANPAD Encontro da Assoc. dos Programas de Pós-Graduação em Administração
EPO European Patent Office
FIB Felicidade Interna Bruta
FMI Fundo Monetário Internacional
GC Gestão do Conhecimento
GCI Global Competitiveness Index
GII Global Innovation Index
GNH Gross National Happiness
GRI Global Reporting Initiative
GSS General Social Survey
HDI Human Development Index
ICG Índice de Competitividade Global
IDA Índice de Desempenho Ambiental
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IGI Índice Global de Inovação
IIED International Institute for Environmental and Development
III Índice Internacional de Inovação
IISD International Institute for Sustainable Development
IMD International Institute for Management Development
INSEAD Institut Européen d’Administration Des Affaires
ISI Institute for Scientific Information
ISO International Organization for Standardization
IUCN International Institute for Conservation of Nature
JPO Japanese Patent Office
MIT Massachusetts Institute of Technology
OECD Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMC Organização Mundial do Comércio
ONU Organização das Nações Unidas
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PIB (PPP) Produto Interno Bruto (Power Purchasing Parity)
QVT Qualidade de Vida no Trabalho
SSF Sustainable Society Foundation
TIC Tecnologia de Informação e Comunicação
UNCTAD United Nations Conference on Trade and Development
UNEP United Nations Environment Programme
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
USPTO US Patent Office
WEC World Economic Forum
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 16
1.1 Conceito de felicidade interna bruta (FIB) ..................................................................... 16
1.2 Felicidade, utopia e utilitarismo....................................................................................... 17
1.3 A “pobreza” dos indicadores econômicos para medir o bem-estar das populações ... 19
1.4. A medição da felicidade e sua importância para as organizações governamentais e
empresariais ............................................................................................................................. 21
1.5 A organização da Dissertação........................................................................................... 24
2 O PROBLEMA, JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS DA PESQUISA ................................ 25
3 DISCUSSÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA.......................................................................... 28
3.1 Felicidade............................................................................................................................ 28
3.1.1 Histórico do conceito.................................................................................................... 28
3.1.2 O conceito de Felicidade .............................................................................................. 31
3.1.3 Conceito de Felicidade – abordagem de Veenhoven.................................................... 32
3.1.4 A construção do conhecimento sobre Felicidade ......................................................... 35
3.1.5 Avaliação quantitativa da Felicidade............................................................................ 37
3.1.6 O conceito de Felicidade Interna Bruta e o seu emprego em Administração............... 38
3.2 Infraestrutura e Uso de Tecnologia de Informação e comunicação (TIC)................... 40
3.3 Inovação.............................................................................................................................. 41
3.3.1 O conceito de Inovação ................................................................................................ 42
3.3.2 O desafio de medir Inovação no âmbito de uma nação................................................ 44
3.4 Competitividade................................................................................................................. 45
3.4.1 O conceito de Competitividade .................................................................................... 45
3.4.2 O desafio de medir a Competitividade de nações......................................................... 48
3.5 Desempenho Econômico.................................................................................................... 49
3.5.1 A unidade de medida de Desempenho Econômico ...................................................... 49
3.5.2 Desempenho Econômico e Felicidade.......................................................................... 50
3.6 Desempenho Ambiental .................................................................................................... 52
3.7 Sustentabilidade................................................................................................................. 53
3.7.1 A evolução do conceito de Sustentabilidade ................................................................ 53
3.7.2 Indicadores para a Sustentabilidade ............................................................................. 59
3.8 Qualidade de vida.............................................................................................................. 60
4 IDENTIFICAÇÃO, ANÁLISE E SELEÇÃO DE ÍNDICES PARA REPRESENTAR OS
CONSTRUTOS............................................................................................................................ 62
4.1 Índices e medições sobre Felicidade................................................................................. 62
4.2 Índices e medições sobre Infraestrutura e Uso de TIC.................................................. 64
4.2.1 Índice de Prontidão e Uso de TIC (INSEAD e WEC) ................................................. 64
4.3 Índices e medições sobre Inovação................................................................................... 66
4.3.1 Índice Global de Inovação – IGI .................................................................................. 66
4.3.1.1 Estrutura do índice agregado.................................................................................... 66
4.3.1.2 Análise do IGI............................................................................................................ 69
4.3.2 Índice Internacional de Inovação – III.......................................................................... 69
4.3.2.1 Estrutura do Índice Internacional de Inovação (III) do BCG................................... 69
4.3.2.2 Análise do III ............................................................................................................. 70
4.3.3 Índice de Inovação do The Economist Intelligence Unit (EIU) ................................... 71
4.3.4 Análise e seleção do índice sobre Inovação ................................................................. 72
4.4 Índices e medições sobre Competitividade...................................................................... 73
4.4.1 Índice de Competitividade Global – ICG..................................................................... 73
4.4.2 Índice do IMD .............................................................................................................. 74
4.4.3 Comparação entre os índices de Competitividade e Seleção ....................................... 75
4.5 Índice de Desempenho Ambiental.................................................................................... 76
4.5.1. Índice de Desempenho Ambiental – IDA.................................................................... 76
4.6 Índices e medições sobre Sustentabilidade...................................................................... 78
4.6.1 Barômetro de Sustentabilidade..................................................................................... 78
4.6.2 Pegada Ecológica.......................................................................................................... 80
4.6.3 Painel da Sustentabilidade............................................................................................ 80
4.6.4 Índice de Sustentabilidade Ambiental – ISA................................................................ 81
4.6.5 Índice para as metas do milênio ................................................................................... 82
4.6.6 Índice de Sustentabilidade da Sociedade – ISS............................................................ 83
4.7 Índices e medições sobre Qualidade de Vida .................................................................. 85
4.7.1 Índice de Desenvolvimento Humano – IDH ................................................................ 85
4.7.2 Índice de Qualidade de Vida do EIU............................................................................ 86
4.7.3 Índice Legatum de Prosperidade .................................................................................. 87
4.7.4 Seleção do índice de Qualidade de Vida ...................................................................... 88
5 HIPÓTESES DA PESQUISA.................................................................................................. 89
6 METODOLOGIA..................................................................................................................... 92
6.1 Caracterização da pesquisa: tipo, estratégia e método .................................................. 92
6.2 Coleta de dados.................................................................................................................. 93
6.3 População e unidades de observação ............................................................................... 94
6.4 Procedimento de análise de dados.................................................................................... 95
7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................................................ 97
7.1 Análise descritiva da amostra........................................................................................... 97
7.1.2 Amostra balanceada (92 países) ....................................................................................... 99
7.2 Análise univariada de cada construto............................................................................ 101
7.2.1 Felicidade ................................................................................................................... 101
7.2.2 Prontidão e Uso de TCI .............................................................................................. 102
7.2.3 Inovação ..................................................................................................................... 103
7.2.4 Competitividade ......................................................................................................... 103
7.2.5 Desempenho Econômico ............................................................................................ 104
7.2.6 Desempenho Ambiental ............................................................................................. 105
7.2.7 Sustentabilidade.......................................................................................................... 106
7.2.8 Qualidade de Vida ...................................................................................................... 106
7.3 Análise bivariada............................................................................................................. 107
7.3.1 Correlações simples entre os construtos..................................................................... 107
7.3.2 Regressões dos construtos com a Felicidade.............................................................. 110
7.4 Análise do modelo de regressão linear........................................................................... 117
7.5 Análise do modelo proposto............................................................................................ 118
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 125
8.1 Síntese ............................................................................................................................... 125
8.2 Implicações gerenciais e acadêmicas.............................................................................. 130
8.3 Limitações da pesquisa e oportunidade para futuras pesquisas................................. 132
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 134
APÊNDICE A – Exemplos de perguntas usadas por pesquisadores para medir felicidade
................................................................................................................................................. 147
APÊNDICE B – Índice de Prontidão e Uso de TIC – INSEAD (1/2)................................ 148
APÊNDICE C – Estrutura do índice de Competitividade Global – ICG (1/4)................ 150
APÊNDICE D – Estrutura do Índice de Sustentabilidade Ambiental – ISA (1/1).......... 154
APÊNDICE E – Lista de países – amostra total (169) e a usada nas regressões (92 – em
negrito).................................................................................................................................... 155
ANEXO A – Conceito de felicidade ........................................................................................... 156
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Conceito de felicidade interna bruta (FIB)
Era uma vez um jovem e bondoso rei, de um país muito distante chamado Butão, que,
preocupado com o bem-estar de seu povo, declarou que a razão de ser do seu governo seria
proporcionar felicidade a seus súditos. Assim, fez constar na constituição do seu reino que o
Estado e o Governo teria essa a felicidade do povo como principal finalidade, e que as
políticas públicas e ações do governo deveriam ser estabelecidas e desenvolvidas de acordo com
esse nobre propósito.
Desse modo, convidou os sábios de seu e de outros reinos para, juntos, desvendarem
o mistério que leva as pessoas a se sentirem felizes. Esses sábios se reuniram para discutir tão
complexo problema e chegaram à conclusão de que ninguém poderia dizer que outra pessoa é
feliz ou não, porque, ao fazer isso, estaria usando, em seu julgamento, os seus próprios valores,
princípios e preferências. Mas não bastava saber se as pessoas eram felizes, era necessário saber o
que as fazia felizes para ajudá-las nesse caminho rumo à felicidade. Assim, seria possível definir
e implementar políticas públicas apropriadas. Daí, os sábios, usando técnicas que somente eles
possuíam, desenvolveram e aplicaram um método para conhecer o que fazem as pessoas se
sentirem felizes.
A partir de então, foi possível para o rei saber, com precisão, onde precisava
concentrar sua atenção e quais os recursos do reino deveriam ser utilizados para melhorar a
felicidade dos seus ditos. Dessa forma, esse reino passou a ser conhecido em todo o mundo
pela felicidade de seu povo e pela mentalidade de seu rei, que não se propôs a simplesmente
buscar a riqueza como prioridade, mas, sim, a felicidade geral do reino.
O trecho acima parece, mas não é uma estória infantil, faz parte da vida real. Refere-
se a Butão, um pequeno reino situado nas encostas do Himalaia, cujo rei – Jigme Singye
Wangchck –, recém saído da adolescência, fez, em 1972, tal declaração sobre a prioridade da
Felicidade Interna Bruta FIB (em inglês GNH Gross National Happiness) em relação ao
Produto Interno Bruto PIB. Os sábios e matemáticos são os estrangeiros e cientistas do reino
17
que, trabalhando no Centro de Estudos de Butão, desenvolveram a metodologia para se medir a
felicidade. as políticas públicas são estabelecidas e desenvolvidas a partir das lacunas
encontradas em dezenas de indicadores objetivos, agrupados em nove categorias de assuntos
(BUTHAN, Gross National Happiness, 2008). Butão se tornou, assim, o primeiro país do mundo
a ser governado com indicadores e diretrizes que visavam à felicidade do povo.
1.2 Felicidade, utopia e utilitarismo
Na Grécia antiga, Aristóteles de Estagira (384 a.C. a 322 a.C.) considerava que o
bem supremo da vida é a felicidade e que a inteligência, a ética, o prazer e os bens materiais são
apenas meios para se chegar a ela.
Se “o objetivo fundamental de todo o esforço humano é alcançar a felicidade”
(HUME, 1741, p. 211), é de se surpreender que, somente muito recentemente, o assunto tenha
merecido maior atenção por parte dos pesquisadores. Mesmo os psicólogos, para os quais o tema
poderia estar mais imediatamente relacionado e que poderiam ter maior interesse em investigar as
causas que levam as pessoas a se sentirem felizes, priorizaram o estudo das causas do sofrimento
humano, da infelicidade, tais como a depressão, a angústia e o estresse (GIACOMONI, 2004).
Se, por um lado, os resultados desse enfoque permitiram aliviar o sofrimento das pessoas com
tais psicopatologias, por outro, causaram atraso na construção, ainda em andamento, do
conhecimento sobre o que fazem as pessoas felizes.
Thomas Morus, em 1516, publicou o livro “Utopia”, cujo significado em latim é
“lugar nenhum”. O nome “Utopia” seria uma alternativa para fugir de uma perseguição do rei
Henrique VIII, ao situar, em uma ilha inexistente, o lugar onde haveria uma sociedade perfeita e,
ao mesmo tempo, fazer uma crítica contundente à sociedade inglesa resultado de uma
conspiração dos ricos contra os mais pobres (FREITAG, 2001). No dicionário Aurélio, ‘utopia’
significa “país imaginário onde um governo organizado da melhor maneira, proporciona ótimas
condições de vida a um povo equilibrado e feliz. Descrição ou representação de qualquer lugar ou
situação ideais onde vigorem normas/instituições políticas altamente aperfeiçoadas. Projeto
irrealizável, quimera, fantasia”.
18
Após Morus, Charles Fourier, em 1848, publicou o livro “A harmonia universal e o
falanstério”, apresentando as idéias da utopia socialista, em que a felicidade de cada indivíduo e a
harmonia da falange grupo social constituído por dois a três mil indivíduos residindo em um
mesmo castelo alcançariam a civilização se livrando da condição ainda precária de vida. no
século XX, em 1923, Ernst Bloch escreveu “O Princípio da Esperança”, no qual propunha a idéia
de utopia não como algo fantasioso, mas como algo possível de se realizar no futuro a partir de
uma crítica à presente realidade. Para ele, a construção ideológica do futuro deve nortear nossas
ações, iluminar nosso caminho para, de modo obstinado, concretizar nossos desejos. Contudo, o
próprio Bloch, citado por Freitag (2001, p. 17), aponta uma fronteira entre realidade e utopia,
mediada pela dificuldade de concretização da utopia conforme idealizada:
A utopia deve ser rigorosa contra si mesma, desenvolvendo uma consciência sobre suas
próprias fronteiras. Uma utopia que vai se dissolvendo à medida que se realiza, poderia
fazer surgir uma situação que escape por princípio à previsão utópica: novos obstáculos,
novas dificuldades, novos ônus poderiam apresentar-se, que difiram completamente de
tudo quanto conhecemos... A utopia realizada seria ‘outra’.
Portanto, mesmo considerando o conceito de Bloch para a utopia, que a traz para uma
realidade possível, ela é para o futuro. Assim, a felicidade estaria na concretização da utopia; do
mesmo modo, no futuro. O conceito de felicidade considerado neste estudo resulta de
experiências afetivas e avaliações cognitivas que englobam passado e presente, mas não situações
do futuro, ainda não vividas.
Ao longo dos séculos, desde a Grécia antiga, muitos estudiosos, filósofos, artistas e
outros notáveis vêm manifestando suas reflexões e seus pensamentos sobre a felicidade. Contudo,
somente no culo XVIII, na Inglaterra, houve um tratamento mais aprofundado do tema, por
Bentham e seus seguidores. Após essa iniciativa, somente há cerca de três décadas, os psicólogos
iniciaram suas pesquisas nesse campo, hoje denominado psicologia positiva, por enfocar as
“coisas” que fazem bem às pessoas.
Após os psicólogos, vieram os sociólogos e os economistas, afinal, o tema felicidade
é também do interesse dessas ciências sociais. Entretanto, em Administração, o assunto segue
ainda em estado latente.
19
1.3 A “pobreza” dos indicadores econômicos para medir o bem-estar das populações
Sendo a felicidade a razão maior da vida, existe lógica no fato de os governos terem
como prioridade, tal como o rei de Butão, desenvolver, implementar e melhorar as condições que
a favoreçam, de forma cada vez mais elevada. A palavra “felicidade” não vem sendo usada em
Administração, seja ela pública ou privada; em seu lugar tem sido empregado o termo “bem-
estar”.
Bem entendido que o PIB, renda per capita e outros indicadores econômicos não
visam medir o bem-estar das populações. Esses indicadores de riqueza o tão somente
facilitadores para acesso a bens e serviços (ex.: boa educação, planos de saúde, bens materiais
que trazem conforto etc.) importantes para a obtenção de bem-estar. Embora nunca tenham sido
propostos para avaliar bem-estar, eles têm sido de tal forma focados pela mídia que podem ter
causado, como conseqüência, uma supervalorização dos mesmos. Esses indicadores econômicos
(como exemplo, PIB ou renda per capita) são mais populares que qualquer indicador de qualidade
de vida. Como exemplo, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que apenas mais
recentemente (últimos 20 anos) ganhou maior projeção na mídia, mas que, ainda assim, não
freqüenta o noticiário do mesmo modo que os indicadores econômicos. A convicção de que o
bem-estar ou a qualidade de vida depende do desempenho econômico (DE) justificaria o
bombardeio diário da mídia com tantas informações de indicadores econômicos, tais como PIB,
taxa de inflação ou de câmbio.
De acordo com Oswald (1997), as pessoas não têm interesse genuíno em indicadores
de DE, pois eles resultam da crença disseminada de que estão associados ao padrão de vida, este
que seria um antecedente, uma pré-condição para a Felicidade. Renda e os indicadores a ela
relacionados passaram a ser vistos como variáveis proxy de Qualidade de Vida, talvez pela
freqüência como aparecem na mídia. É possível que isso explique a percepção de Robert
Kennedy (1968, p. 2), quando, no ano de sua morte, há quarenta e dois anos, disse, em seu
discurso na Universidade de Kansas:
O PIB leva em conta a poluição do ar, a propaganda de cigarros e ambulâncias que
retiram as vítimas em nossas rodovias. Ele não leva em conta a destruição de nossas
árvores e a perda de nossa beleza natural em caótica disseminação. Ainda, o PIB não
20
considera a saúde de nossas crianças, a qualidade de sua educação, ou a alegria de suas
brincadeiras. Ele não inclui a beleza de nossa poesia, a força de nossos casamentos, a
inteligência de nosso debate público ou a integridade de nossos representantes públicos.
Em resumo, ele mede tudo, exceto o que torna valer a pena a vida
1
.
Atividades criminosas, atendimentos médicos em hospitais relacionados a doenças
causadas por hábitos danosos à saúde humana (fumo, bebida, drogas diversas etc.) e a degradação
ambiental (ex.: doenças do aparelho respiratório), aumentam também o PIB, mas possuem efeito
contrário no bem-estar da população. O PIB não desconta os efeitos maléficos diretos da
degradação ambiental, tais como o esgotamento de recursos naturais e as conseqüências da
poluição do meio-ambiente. Impressiona-nos a visão de Celso Furtado quando, em seu livro “O
Mito do Desenvolvimento”, publicado onze anos antes da definição de desenvolvimento
sustentável do relatório Bruntland e quase duas décadas antes da Cúpula da Terra no Rio (1992),
época em que o conceito ganhou a mídia, dizia:
Por que ignorar, na medição do PIB, o custo para a coletividade da destruição dos
recursos naturais não-renováveis, e o dos solos e florestas (dificilmente renováveis)? Por
que ignorar, no PIB, a poluição das águas e a destruição total dos peixes nos rios em que
as usinas despejam seus resíduos? (FURTADO, 1974, p. 116).
Portanto, o crescimento do PIB, além de contribuições positivas, gera também
externalidades negativas à Qualidade de Vida, conforme mencionado por Kennedy (1968) e
Furtado (1974).
A relação entre renda per capita e felicidade dos indivíduos, tem sido estudada por
pesquisadores de diferentes países. O economista Easterlin (1974) foi pioneiro nesse sentido. Tais
relações serão revisitadas neste estudo, visando confirmar, com dados mais recentes, as
descobertas anteriores.
1
Tradução do autor
21
1.4. A medição da felicidade e sua importância para as organizações governamentais e
empresariais
Dados objetivos sobre medições científicas da felicidade de populações de diferentes
países estão hoje disponíveis (conforme será visto mais adiante neste trabalho), mesmo com as
características abstratas e subjetivas do conceito. Do mesmo modo, uma quantidade significativa
de pesquisas revelou o que as pessoas consideram importante para serem felizes, viabilizando a
definição de diretrizes e políticas de governo para, de modo mais eficaz, identificar, planejar e
desenvolver ações nesse sentido. Não Butão, como também, mais recentemente, alguns outros
países (ex.: Filipinas), já estão desenvolvendo ações visando a obtenção de indicadores mais
apropriados para medir o bem-estar das suas respectivas populações e, a partir daí, planejar suas
políticas de governo. A França é outro exemplo; seu governo, em fevereiro de 2009, solicitou, a
dois economistas premiados com o Nobel Amartya Sen e Joseph Stiglitz , um estudo para o
desenvolvimento de indicadores para se medir o bem-estar da população. Eles apresentaram,
então, ao presidente desse país, em setembro de 2009 (STIGLITZ, SEN, FITOUSSI, 2009), a
proposta do grupo multidisciplinar por eles coordenado, composto por especialistas de várias
universidades internacionalmente reconhecidas. O Reino Unido também demonstra interesse
em usar o índice sobre bem-estar subjetivo (Felicidade) para formular suas políticas públicas,
conforme observado a partir de uma pesquisa realizada pela British Household Panel Survey
(BHPS), que foi apresentada na Conferência da Royal Geographical Society, e que mostrou que
81% da população britânica considera que o primeiro objetivo do governo deva ser criar
condições para a felicidade, não para a riqueza (MC CARTHY, 2008).
Existem diversas definições para a Qualidade de Vida e para os domínios que a
compõem. Apenas para exemplificar, citemos Hettler (1984), cujo modelo proposto para a
qualidade de vida, adotado pelo National Wellness Institute, considera que ela é composta por
seis dimensões: física, emocional, social, profissional, intelectual e espiritual. Como a vida não
pode ser compartimentada, o autor menciona também que os domínios dela não são estanques
uns em relação aos outros, pois se inter-relacionam e se influenciam mutuamente.
Déjours (1992), estudando as psicopatologias do trabalho, identificou que o prazer e
os benefícios resultantes de uma boa qualidade de vida no trabalho (QVT) afetam positivamente
22
as relações de família e o desenvolvimento psíquico e afetivo dos filhos, uma evidência clara
dessas interrelações.
Nas empresas, talvez devido à herança da escola americana sobre relações humanas
no trabalho (Mayo, Herzberg, Maslow, entre outros), são mais usadas as expressões como
motivação, satisfação com o trabalho ou, mais recentemente, de forma especial no Brasil,
“Qualidade de Vida no Trabalho” QVT. (COUTO, 1987; KILIMNIK, 1998; LIMONGI-
FRANÇA, 2003; KILIMNIK e MORAES, 2000; MORAES e KILIMNIK, 1994; entre outros).
Contudo, parece não haver discussão sobre se todos esses conceitos são antecedentes à felicidade
ou se representam tão somente um domínio da vida, embora de grande importância, como o é o
do trabalho.
Muitas organizações, privadas ou públicas, vêm desenvolvendo esforços para
melhorar a qualidade de vida no trabalho (QVT), de modo a reter talentos e proteger seu capital
intelectual. Pessoas satisfeitas e motivadas no trabalho são mais produtivas; isso vem sendo
demonstrado desde os estudos feitos por Mayo, na fábrica de Hawthorne, da Eletric Company, e
relatado em seu livro “The Human Problems of an Industrial Civilization”, publicado em 1933,
conforme citado por Bendix & Fischer (1949). Tais conclusões foram confirmadas por diversos
outros pesquisadores, entre eles, HackmanN & Oldham (1975), Fromm (1983) e Likken (1999),
estes dois últimos citados por Amorim (2002). Além disso, os estudos de Oswald (2009)
demonstram que pessoas mais felizes são mais produtivas. Cskszentmihalyi (1997) e Amabile et
al (2005) demonstraram que são também mais criativas, condição básica para a inovação, e
propiciam um melhor ambiente de trabalho, favorecendo, assim, a QVT, resultando tudo em um
círculo positivo.
Muitas empresas vêm se esforçando para obter QVT, com o intuito de assegurar que
ao menos a dimensão “profissional” da qualidade de vida seja alcançada. Entretanto, ela sozinha
não fará com que cada um dos seus empregados avalie, de modo positivo, a sua vida como um
todo, ou seja, que se considerem felizes, pois isso depende do fato de eles estarem também
satisfeitos com os outros domínios da vida. Desse modo, interessa às empresas (e à nação) que as
pessoas sejam felizes de modo geral e não apenas no trabalho. Yones (2006, p. 1), em seu artigo,
comenta:
O bem-estar mental e emocional dos cidadãos melhora seu desempenho e alarga os
recursos intelectuais, físicos e sociais de uma nação. Pesquisas demonstram que pessoas
23
felizes possuem hábitos mais saudáveis, menor pressão sanguínea, possuem sistema de
imunização mais forte e níveis mais elevados de resistência. Eles causam menos impacto
no sistema nacional de educação. Cidadãos com melhor saúde emocional e mental são
mais fáceis de trabalhar e de se relacionar, são mais criativos e superam colegas menos
felizes nos processos de solução de problemas, inovação, persistência e produtividade.
No Brasil, por exemplo, nos trabalhos publicados nos encontros anuais
“ENANPAD”, a palavra “felicidade”, quando aparece, está relacionada ao consumidor ou à
qualidade de vida no ambiente de trabalho, ambos os temas relevantes, porém não correspondem
ao conceito aqui considerado.
O trabalho, sendo um domínio de grande relevância na vida das pessoas, até mesmo
pelo tempo nele investido, teria grande influência na qualidade de vida. A ausência de qualidade
de vida no trabalho poderia prejudicar, de modo significativo, a qualidade de vida como um todo.
Por outro lado, ela, por si só, não seria suficiente para assegurá-la devido aos outros domínios da
vida. O contrato de trabalho com seus empregados, não dá, às organizações, o direito de atuar em
outros domínios além do domínio profissional, mas elas podem ajudar a criar programas que
favoreçam a satisfação das pessoas não no trabalho, mas também em outros aspectos de sua
vida.
Algumas organizações procuram desenvolver programas para assegurar boa QVT,
contudo, não foram encontradas referências, na pesquisa bibliográfica realizada, sobre práticas
gerenciais que objetivem melhorar a felicidade das pessoas de um modo mais abrangente e não
somente nos aspectos relacionados à vida no trabalho.
A mídia já começa a abordar a aplicação do conceito de FIB (felicidade interna
Bruta) às empresas como matéria de capa (LOES, 2009), incluindo entrevistas com executivos de
empresas nacionais (ex.: Icatu Ford e Natura) que já identificaram o potencial dessa visão para as
práticas gerenciais e que estão iniciando ações para explorar o conceito. Enquanto isso, ele
permanece em estado latente, em termos acadêmicos, na ciência social “Administração”.
24
1.5 A organização da Dissertação
O objetivo geral e os específicos deste trabalho constam no capítulo 2, enquanto que
as hipóteses associadas a tais objetivos são apresentadas no capítulo 5.
O capítulo 3 apresenta uma discussão teórica sobre o tema abordado na dissertação,
sendo cada um dos construtos citados apresentados de modo sucinto, visto que não se objetiva
aqui uma análise crítica a esse respeito. A apresentação desses conceitos visa tão somente
viabilizar o entendimento das métricas adotadas nas respectivas avaliações quantitativas,
realizadas por diversas organizações internacionais, sobre os construtos que fazem parte do
modelo de relacionamento proposto no capítulo 5. O histórico do conceito sobre Felicidade e a
recente evolução do conhecimento sobre o assunto são apresentados no item 3.1 do referencial
teórico e de um modo mais detalhado em relação aos outros construtos abordados, pelo fato de o
tema não ser ainda comum em administração.
No capítulo 4 são apresentados os índices identificados, para cada construto, durante
a pesquisa. Eles refletem medições feitas em diferentes nações, por organizações internacionais
de excelente reputação
2
. Nesse capítulo, são também apresentados a análise e os critérios de
seleção adotados para determinar quais, dentre esses índices, seriam usados como variáveis proxy
representativas de cada construto.
No capítulo 6, é apresentada a metodologia usada na pesquisa enquanto que a
discussão dos resultados e as considerações finais estão, respectivamente, nos capítulos 7 e 8.
2
Nota do autor: “reputação” é algo que se constrói ao longo de anos enquanto que imagem é algo mais imediato;
reputação é como um filme enquanto imagem é apenas um take do filme.
25
2 O PROBLEMA, JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS DA PESQUISA
Renda facilita o acesso a melhor qualidade de vida, seria um facilitador para se
alcançar a felicidade. Contudo, as luzes que focam tão intensamente o desempenho econômico
(DE), têm cegado os governos e as populações para as outras questões que são relevantes na
busca pela felicidade. Bentham (1979) propôs que as ações deveriam ser julgadas pelo resultado
do balanço entre “prazeres” e “dores” (impactos físicos, mentais e espirituais) nas pessoas por
elas afetadas, quanto maior e positivo for tal balanço e mais pessoas impactadas, tão mais úteis
elas seriam. O mesmo se aplicaria às ações das organizações. De acordo com o princípio do
Utilitarismo, as organizações deveriam gerar saldo positivo para a sociedade como um todo, caso
contrário, nem deveriam existir. Nesse sentido, todas as práticas, teorias e conceitos
organizacionais – seja no nível micro (de uma empresa), seja no macro (de uma nação) –
deveriam contribuir positivamente para a felicidade.
De duas décadas para cá, uma série de novos conceitos têm sido apresentados como
necessários para a sobrevivência das organizações, independentemente do tipo ou do porte delas.
Entre esses conceitos estão: inovação, competitividade, sustentabilidade, qualidade de vida
(padrão de vida) e gestão do conhecimento (esta que tem, na infraestrutura para tecnologia de
informação e comunicação, um importante facilitador para que esses conceitos sejam
implementados e desenvolvidos). Inicialmente desenvolvidos por acadêmicos, esses conceitos,
abordados no capítulo 3, se propagaram no meio empresarial e, a seguir, tornaram-se populares
por meio da mídia. Muitas pesquisas, artigos técnicos e livros a respeito vêm sendo
disponibilizados aos que têm interesse no assunto. Diversas instituições de boa reputação
internacional desenvolveram metodologias para medir, de modo confiável, tais construtos
complexos e abstratos. Muitas dessas medições são feitas utilizando amostras representativas de
diferentes nações, conforme apresentado no capítulo 4 deste trabalho.
Os resultados desses estudos, bem como as respectivas metodologias adotadas com
seus testes de robustez, muitas vezes estão disponíveis aos acadêmicos e a outros estudiosos que
usam essa base de dados secundários para desenvolverem suas mais diversas pesquisas.
Além dos citados construtos, que fazem parte do vocabulário do mundo
organizacional, outro ainda não incluído, de nível mais elevado: a Felicidade de cada
26
indivíduo, que, em seu conjunto, determina a felicidade média de uma população. A medição da
felicidade vem sendo feita em diversas nações e seus resultados também disponibilizados ao
público. Como exemplo, tem-se o World Database of Happiness (VEENHOVEN, 2009), que
contém uma coletânea dessas medições realizadas por diversos pesquisadores ao longo de
décadas.
Os construtos, complexos e abrangentes, afetam o indivíduo, suas relações entre si e
suas relações com o meio-ambiente, com a cultura das sociedades em que vivem e com as
instituições. Se as implicações desses construtos na vida das pessoas são tão relevantes e eles
vêm sendo tão freqüente e intensamente mencionados (no meio acadêmico, empresarial,
governamental e também pela mídia) como importantes e benéficos às organizações (sejam estas
simples empresas ou uma nação), eles não podem ser um obstáculo à busca da felicidade “a
razão suprema da vida”, conforme afirma Aristóteles de Estagira (2002). Ao contrário, eles
devem favorecer a felicidade dos indivíduos e, de modo coletivo, a da população como um todo.
Em um mundo onde o positivismo predomina, é provável que tais conceitos não
tenham sido validados por sua contribuição à felicidade da população, além do bem que fazem às
organizações, pelo fato de ser ainda muito recente e imatura a base de conhecimento sobre que o
que faz as pessoas felizes. Isso não significa que esses conceitos sejam obstáculos nesse caminho
da busca pela felicidade, ao contrário, as hipóteses que se pretende verificar neste trabalho, das
relações diretas da cada um destes construtos com a felicidade, são todas positivas, conforme
apresentado no capítulo 5.
Pesquisadores têm demonstrado relações entre alguns dos construtos. Apenas para
exemplificar, citemos alguns deles, uma vez que a lista é extensa: Easterlin (1974), que tratou da
relação entre desempenho econômico (DE) e felicidade; Zidansek (2007), sobre sustentabilidade
ambiental e felicidade; CSikszentmihalyi (1997), que estudou a relação entre inovação e
felicidade; Fagerberg e Srholec (2008), sobre desempenho econômico e inovação; Cantwell
(2003), sobre competitividade e inovação, entre muitos outros; Leigh e Wolfers (2006), bem
como Blanchflower e Oswald (2004, 2005), relacionaram Índice de Desenvolvimento Humano
IDH (qualidade de vida) à felicidade. No Brasil, também existem contribuições nesse sentido.
Como exemplo, citemos Nicolsky (2001), que tratou do assunto desempenho econômico (DE) e
inovação; Andrade (2004), que falou sobre inovação e desempenho ambiental (DA) e Corbi e
Menezes-Filho (2006), que tratou do assunto felicidade e renda.
27
Embora tenham sido identificados diversos estudos relacionando alguns dos
construtos abordados neste trabalho, não foi identificada, na pesquisa bibliográfica na rede da
EBSCO, com cobertura de centenas de revistas científicas internacionais, bem como nas
diferentes combinações de busca no Google Acadêmico ou mesmo Google comum, uma
abordagem com característica semelhante à adotada neste trabalho, ou seja, uma abordagem que
envolva um maior número de construtos reunidos em um modelo.
No desenvolvimento dessa nova abordagem proposta, surgiu a seguinte questão para
pesquisa: Estes conceitos organizacionais
3
apresentam relação positiva e significativa com a
Felicidade?” A mesma questão poderia ser feita adotando-se o Utilitarismo de Bentham: esses
construtos são úteis para a Felicidade?”
Em busca de resposta a essa questão e conseqüente concretização desta dissertação,
foram formulados os seguintes objetivos geral e específicos:
Objetivo geral da pesquisa
Determinar como se relacionam com a Felicidade os seguintes construtos: Prontidão e
Uso de Tecnologia de Informação e Comunicação, Inovação, Competitividade, Desempenho
Econômico, Desempenho Ambiental, Sustentabilidade e Qualidade de Vida.
Objetivos específicos da pesquisa
(a) Mensurar o relacionamento desses construtos com a Felicidade.
b) Verificar a validade de modelo de relacionamento nomológico proposto entre esses
construtos, sendo a Felicidade o último deles.
c) Sistematizar e estruturar as variáveis Proxy (índices agregados) para esses
construtos.
3
Estes novos conceitos serão empregados, daqui em diante no texto, em letras maiúsculas quando se referirem a
construtos.
28
3 DISCUSSÃO TEÓRICA SOBRE O TEMA
Neste capítulo são apresentados, de modo resumido, uma vez que não se propõe aqui
uma análise ou a revisão de cada um, os construtos que se pretende estudar neste trabalho. O
primeiro deles, a Felicidade, é apresentado de modo um pouco mais detalhado, em virtude da
pouca familiaridade existente com o conceito em Administração.
3.1 Felicidade
Para melhor situar o leitor, o tema é introduzido com um breve histórico. A seguir,
ele é apresentado da forma como é entendido na Psicologia Positiva, recente ramo da Psicologia
que busca entender as causas da Felicidade, ou seja, o que leva as pessoas a se sentirem felizes
ao contrário da Psicologia Clássica, que focou o estudo da infelicidade, ou seja, as causas do
estresse, da depressão e da angústia (GIACOMONI, 2004). É também apresentada a abordagem
de Veenhoven (2005, 2007, 2008, 2009), sociólogo holandês, estudioso do assunto, que apresenta
o conceito de uma forma didática, mantendo coerência com a Psicologia. Por fim, são feitas
considerações sobre a avaliação quantitativa da Felicidade construto tão abstrato e subjetivo
que para muitos pode parecer estranho falar em medi-lo e também apresentado um link que
demonstra a Administração Pública via Felicidade Interna Bruta, prática que vem sendo usada
em países pioneiros no assunto e que vem despertando grande interesse em outros.
3.1.1 Histórico do conceito
Filósofos, na Grécia antiga, já discutiam o conceito de Felicidade. Tales de Mileto
(624–557a.C.) considerava que a felicidade só poderia ser alcançada se satisfeitas as necessidades
29
do corpo e do espírito: "A felicidade do corpo consiste na saúde, e a do espírito, na sabedoria.".
Sócrates da Atenas (469–399a.C.), estabelecia o filtro da razão para se alcançá-la: "Tudo
aquilo que diz respeito à alma quando submetido à razão, conduz à felicidade". Aristóteles de
Estagira (384–322a.C.) alertava que não seria o acúmulo de bens e riquezas o caminho para se
chegar a ela, pois “a felicidade não se encontra nos bens externos”. Este último também
relacionou os valores e a cultura de uma sociedade à Felicidade: “a felicidade consiste numa certa
maneira de viver, no meio que circunda o homem, nos costumes e nas instituições adotadas pela
comunidade à qual pertence”, sendo tal conceito adotado nos estudos mais recentes sobre o tema.
Esses filósofos e muitos outros (Epíteto de Hierápolis, Epicuro de Samos, Sêneca de Corduba,
Horacio de Venúsia etc.) contribuíram, com seus pensamentos, para o desenvolvimento do
conceito de Felicidade.
Da Grécia antiga, vêm dois conceitos associados à felicidade (FAEME, 2009;
FERNANDES, 2005): o estoicismo e o hedonismo.
O estoicismo, que teve Zenão de Cítio (336-264a.C.) como seu iniciador e cero de
Arpino (106-43a.C.), Sêneca de Corduba (4 a.C.-65 d.C.) e Marco Aurélio de Roma (121-
180d.C.) como seus principais seguidores, parte do princípio de que o universo seria de natureza
racional, estando o homem, com sua capacidade de pensar, falar e planejar, nele inserido. Desse
modo, o homem deve manter o equilíbrio com o universo por meio de sua racionalidade. A alma
não pode ser perturbada pelos desejos, paixões, angústias, alegrias, dissabores e sofrimentos
espirituais; as glórias e as perdas da vida devem ser suportadas serenamente para não se perturbar
a alma e se manter o equilíbrio do homem com o universo. Prazeres e sofrimentos físicos e
morais deveriam ser serenamente suportados. A felicidade seria alcançada pela virtude estóica.
Esse conceito deu origem à Ética do Dever ou Ética Estóica, que prosseguiu não no
Cristianismo, como também em outras religiões que tinham no estoicismo a base para a
felicidade no reino dos céus. Paulo (apóstolo) mostrava isso quando dizia: “Eu aprendi que, em
qualquer estado em que me encontre, devo estar contente”. O segundo conceito foi o hedonismo
(palavra que vem do latim, hedo = prazer), que teve como precursores os filósofos gregos
Górgias de Leontine (478–375a.C.), Cálicles de Atenas e Aristipo Cirene (435–356a.C.). Tal
conceito propunha que o bem é tudo aquilo que traz prazer imediato. Epicuro de Samos (341-
270a.C.) aprimorou o conceito de hedonismo ao dizer que o bem não era o que conduzia a
qualquer prazer, mas a prazeres “calmos”, ao invés dos intensos, violentos.
30
Depois da contribuição dos filósofos gregos, ao longo dos culos seguintes, o
conceito de Felicidade continuou a ser elaborado, explicitado e discutido por outros filósofos,
cientistas sociais ou não, líderes espirituais e de governo, escritores e artistas das mais variadas
especialidades, da Pintura à Música. Uma análise da amostra do ANEXO A aponta que o
conteúdo mais freqüente dessas manifestações esrelacionado ao que Aristóteles de Estagira
havia identificado mais de trezentos anos a.C., ou seja, que a felicidade não se encontra
externamente ao indivíduo, como é o caso dos bens materiais.
Embora inúmeras manifestações sobre o tema tenham ocorrido, elas eram ainda o
resultado de reflexões filosóficas ou poéticas, não havendo registro de um tratamento mais
elaborado, até a publicação, em 1789, do livro de Jeremy Bentham, intitulado “Uma introdução
aos Princípios da Moral e da Legislação”. A idéia central era a de que o bem-estar das pessoas
seria o resultado do balanço dos prazeres e das dores (sofrimentos) por elas experimentados ao
longo de suas vidas. A esse respeito, Bentham (1989, p. 3) escreveu:
A natureza colocou o gênero humano sob o domínio de dois senhores soberanos: a dor e
o prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o
que, na realidade, faremos. Ao trono desses dois senhores está vinculada, por uma parte,
a norma que distingue o que é certo do que é errado, e, por outra, a cadeia das causas e
dos efeitos. Os dois senhores de que falamos governam-nos em tudo o que fazemos, em
tudo o que dizemos, em tudo o que pensamos, sendo que qualquer tentativa que façamos
para sacudir esse senhorio outra coisa não faz senão demonstrá-lo e confirmá-lo. Através
das suas palavras, o homem pode pretender abjurar tal domínio, porém, na realidade,
permanecerá sujeito a ele em todos os momentos da sua vida.
Bentham (1979) formulou o Princípio da Utilidade. Seus seguidores, entre eles, Stuart
Mill, deram força ao movimento Benthamista, que seria importante alicerce para as reformas
política e econômica no fim do século XVIII e XIX, que conduziram a Inglaterra à democracia
liberal e que se propagaram internacionalmente. O balanço (a soma) dos prazeres (pleasures) e
dores (pains) compreendia tudo o que afeta o ser humano no aspecto físico, mental e espiritual.
Desse modo, embora na época não houvesse ainda uma definição de bem-estar subjetivo (BES),
como hoje é aceito pelos psicólogos, era isso que Bentham já propunha naquela época, quando
dizia “soma dos prazeres e dores”. Sua filosofia foi chamada de “Utilitarismo” porque propunha
que as ações deveriam ser avaliadas pela sua utilidade (BRICH, 2005) em contribuir para “um
maior bem-estar ao maior número possível de pessoas” (BENTHAM, 1979). Veenhoven (2007)
comenta que, ao invés de “Utilitarismo”, tal filosofia deveria ter sido chamada de happyism”,
31
uma vez que propõe que as ações sejam avaliadas pelas suas conseqüências sobre a felicidade.
O Utilitarismo partia do entendimento de que o bem-estar subjetivo (embora não
tenha sido usada essa expressão na época) seria o objetivo permanente e maior dos indivíduos e
que a sociedade deveria atuar por meio de uma legislação que favorecesse sua obtenção. Bentham
retoma, então, o conceito de hedonismo.
Depois de Bentham e de seus seguidores, houve um hiato, que se estendeu até o
século XXI, no que se refere ao tratamento mais elaborado sobre o conceito de Felicidade,
quando, então, psicólogos acadêmicos passaram a estudar o assunto.
3.1.2 O conceito de Felicidade
Neste trabalho, o conceito de felicidade é equivalente ao de bem-estar subjetivo.
Psicologia positiva é o ramo desta ciência social, que visa estudar as razões do bem-estar
subjetivo e entender as causas que estão por trás das avaliações positivas que as pessoas fazem
sobre suas vidas.
Diener e Lucas (2000) entendem o bem-estar subjetivo (BES) como um construto que
somente pode ser mensurado através da auto-avaliação do indivíduo, pelo fato de envolver
aspectos que só podem ser avaliados pelo próprio respondente, sendo os indicadores externos, por
mais apropriados que pareçam à primeira vista, incapazes de realizar tal medição. Indicadores
sociais importantes, tais como expectativa de vida, índices de criminalidade, índices de
analfabetismo, índices de emprego, mortalidade infantil e muitos outros, mesmo sendo de
inequívoca importância para as políticas públicas, não são adequados para se avaliar o BES, pois
são externos ao indivíduo. Pois é ele, o indivíduo, com sua personalidade, sua experiência de
vida, seus valores e com a cultura da sociedade em que vive, quem iponderar tais variáveis ao
fazer uma apreciação global de sua vida.
O BES é composto por duas dimensões: uma emocional e outra cognitiva. A
dimensão emocional fornece o resultado de uma avaliação entre as emoções positivas e negativas
experimentadas pelo indivíduo. A dimensão cognitiva envolve o julgamento sobre a satisfação
em relação à vida de um modo geral ou aos aspectos específicos de domínios que a compõem,
32
tais como o trabalho, o casamento etc. Os resultados de uma avaliação cognitiva podem
apresentar correlação com um grupo de indicadores sociais definidos externamente. Contudo, o
componente cognitivo do BES é ainda subjetivo, pois cabe somente ao indivíduo determinar
quais são os aspectos que considera em sua avaliação, e qual a importância de cada um deles, ou
seja, a ponderação de cada um.
3.1.3 Conceito de Felicidade – abordagem de Veenhoven
Ruut Veenhoven é sociólogo, pesquisador da Universidade de Erasmus, na Holanda,
e autor de diversos artigos sobre o assunto que estamos tratando. Ele mantém um site na internet
sobre o tema onde disponibiliza milhares de artigos e mais de mil e oitocentas surveys com seus
respectivos resultados e metodologias utilizadas. Sua abordagem sobre felicidade é coerente com
a da Psicologia e é aqui adotada pelo seu caráter didático.
Estudando as palavras e expressões associadas ao conceito “Felicidade”, Veenhoven
(2007) as classificou em duas dimensões: a primeira seria aquela em que o conceito refere-se a
algo que a precede ou, se for um resultado, seria, no caso, a própria Felicidade. A segunda seria a
dimensão relacionada à posição de quem faz a avaliação: se é o resultado de uma avaliação
externa ao indivíduo ou se é resultante de uma avaliação feita por ele próprio. Assim, Veenhoven
propõe o esquema apresentado no QUADRO 1.
QUADRO 1 – Conceituação de Felicidade em função da posição do avaliador
Avaliação externa ao
indivíduo
Avaliação do próprio
indivíduo
Predecessores
Condições ambientais de
vida (Environment
Livability)
Condições pessoais para a
vida (Life-ability)
Resultados (felicidade) Utilidade de vida Satisfação com a vida
Fonte: elaborado pelo autor, a partir de VEENHOVEN (2007)
33
A partir do exposto no quadro anterior, explicitemos algumas conceituações:
Condições ambientais de vida (Environment livability): significa o quanto um
ambiente favorece as condições para uma vida feliz. Essas “boas” condições
dependem da perspectiva de quem as vê, por exemplo, para ecologistas, um
bom ambiente seria aquele sem poluição, sem impacto no aquecimento global
e na degradação da natureza; para planejadores de uma cidade, seria, entre
outras, a que oferecesse boas condições de trânsito e condições de saneamento
básicas; já os sociólogos, consideram como condições ambientais de vida
(“environment livability”) a Qualidade de Vida da sociedade como um todo,
sendo esta, então, predecessora da Felicidade.
Condições pessoais para a vida (Life-ability): significa a capacidade que a
pessoa possui para enfrentar os sofrimentos e aproveitar os prazeres da vida.
Refere-se às condições internas ao indivíduo e advêm da saúde física e mental
e da sua personalidade.
Utilidade de vida: representa a percepção externa ao indivíduo em relação ao
significado da vida. Refere-se ao que é esperado desse indivíduo e depende
também da posição do observador externo; se são esportistas, religiosos,
sociólogos etc. Veenhoven (2007) ressalta que, dentro desse conceito, uma
vida percebida como muito útil por terceiros não está necessariamente
relacionada a uma grande satisfação com a vida. Isso é observado quando a
avaliação é feita pelo próprio indivíduo, devido à sua externalidade.
Satisfação com a vida: é a apreciação subjetiva da vida, feita pelo próprio
indivíduo, conceito também chamado de bem-estar subjetivo (BES),
satisfação de vida (life-satisfaction) ou Felicidade.
O QUADRO 2 apresenta novo desdobramento de Veenhoven (2007) para explicar o
conceito de Felicidade em relação à sua abrangência e duração.
34
QUADRO 2: Conceituação de Felicidade em função da abrangência e duração
Curta duração Longa duração
Domínio específico da
vida (ex.: casamento,
trabalho etc.)
Satisfação
instantânea
Satisfação em um domínio
Vida como um todo Experiência de topo
(Top experience)
Satisfação com a vida
(Felicidade)
Fonte: elaborado pelo autor, a partir de VEENHOVEN (2007)
Vejamos, a seguir, os conceitos citados no QUADRO 2:
Satisfação instantânea: seria o prazer relacionado a um domínio específico da
vida e de curta duração. Como exemplo, poderíamos citar a degustação de um
vinho especial, de um prato imediato, de uma vitória em uma prova esportiva,
a contemplação de uma obra de arte, de um bônus ganho etc.
Experiência de topo (Top experience): sensação de felicidade plena,
abrangente, intensa, mas de curta duração; é, muitas vezes, motivo de
exaltações poéticas, mas não é sustentável no longo prazo.
Satisfação em um domínio: significa satisfação consistente, de longa duração,
mas apenas em um domínio da vida, tal como ocorre no casamento, trabalho
etc.
Satisfação com a vida: representa a combinação, de cobertura ampla, dos
domínios que os indivíduos consideram relevantes para a felicidade plena.
O conceito de felicidade descrito por Veenhoven (2007) seria a extensão na qual um
indivíduo julga favoravelmente a sua vida como um todo (portanto, não está restrito a um
domínio específico da vida). Conforme Diener e Lucas (2000), tal avaliação possui dois
componentes: cognitivo e afetivo. O componente afetivo diz o quão bem uma pessoa se sente,
enquanto o componente cognitivo é avaliado, sempre de modo subjetivo, pelo indivíduo em
questão, como um balanço entre as suas aspirações e a realização delas. Veenhoven (2008) diz
que essa definição (de Felicidade) se ajusta à noção clássica de felicidade de Jeremy Bentham,
que a caracteriza como a soma dos prazeres e dores, sendo os “prazeres” tudo que traz uma
sensação positiva física, mental ou espiritual e dores” tudo o que traz sensações negativas.
Felicidade seria a soma da percepção de satisfação em relação à vida (a realização das aspirações,
35
resultado de uma avaliação cognitiva) com o BES, resultante do balanço afetivo.
3.1.4 A construção do conhecimento sobre Felicidade
Diversos estudos realizados nas últimas três décadas contribuíram de modo
importante para a construção do conhecimento no campo da Psicologia Positiva, que objetiva
entender o que leva as pessoas a se perceberem como felizes. Entre as teorias que m sendo
desenvolvidas a partir de estudos empíricos, estão: a teoria da adaptação às circunstâncias, a
teoria da relevância das relações sociais, a teoria relacionada à força do feedback negativo e a
teoria da influência da cultura.
Brickman e Campbell (1971) foram os primeiros a demonstrar o caráter efêmero dos
eventos positivos e negativos em, respectivamente, fazer-nos mais felizes ou infelizes. Um tempo
depois dessas experiências, as pessoas tenderam a voltar aos seus respectivos pontos neutros de
BES. Estudos posteriores, de Lucas et al (2004) sobre viuvez e de Biswas e Diener (2005) com
pessoas sem-teto e prostitutas de rua, demonstraram haver certas situações em que, após um
evento fortemente negativo, ocorre recuperação, contudo, o nível anterior de BES pode não ser
mais atingido.
A conseqüência prática da teoria da adaptação às circunstâncias é que coisas ruins e
boas que acontecem nas vidas das pessoas tendem, ao longo do tempo, a perder seu impacto no
que se refere a nos fazer mais ou menos felizes. Desse modo, uma promoção no trabalho, a
aquisição de qualquer tipo de bem material como um carro ou mesmo uma casa, provoca uma
sensação de felicidade apenas passageira. Coerente com essa teoria é o entendimento de que
felicidade não resulta de uma situação momentânea, mas sim de um processo acumulativo. Outra
implicação seria a que a natureza efêmera de sensações trazidas por bens materiais nos leva à
conclusão de que é falso dizer que uma melhor situação financeira te conduzirá a patamares mais
altos de felicidade. Diener e Oishi (2005) comentam que essas más predições nos levam ao erro
de sacrificar boas relações ou um interessante trabalho para obter um cargo não interessante,
porém mais lucrativo.
Bradburn (1969) demonstrou a forte correlação entre relações sociais e emoções
36
positivas. Diener e Oishi (2005) citam que os resultados de Bradburn foram depois confirmados
por outros autores (Baumeister e Leary em 1995; Uchino et al em 1996). As pesquisas de Lucas
et al (2004) e Stroebe et al (1996) indicaram que, mais que uma correlação, uma explicação
para a relação entre esses construtos. Diener e Oishi (2005) citam ainda os resultados obtidos por
Diener e Seligman em seus estudos publicados em 2002, nos quais todos, em um grupo de
pessoas mais felizes (que haviam reportado mais alto nível de BES), relataram ter relações sociais
fortemente positivas. Para Diener e Oishi (2005), as relações sociais são mais relevantes para o
BES do que a prosperidade material e que, por essa razão, é um erro colocar o dinheiro acima
delas.
A teoria da força do feedback negativo foi demonstrada por Gottman (1994).
Estudando as relações entre pessoas casadas, ele demonstrou, empiricamente, que se o número de
eventos positivos e negativos forem iguais, os parceiros percebem o casamento como muito mais
negativo do que positivo. Observou ainda que, para ser visto como positivo, o número de eventos
positivos deveria ser cinco a seis vezes maior do que o negativo, relação que passou a ser
conhecida como “de Gottman”.
A teoria sobre a influência da cultura na sensação de felicidade tem também sido
desenvolvida por diversos pesquisadores, entre eles Kitayama e Markus (2000), que
evidenciaram que o orgulho é considerado uma característica positiva em alguns países (ex.:
EUA) e negativa em outros (ex.: países do sudeste asiático, como o Japão). Da mesma forma, a
auto-estima é mais valorizada, como antecessora da satisfação com a vida de mulheres, em
culturas centradas no indivíduo, como as ocidentais, enquanto em culturas centradas no coletivo,
como as orientais, ela é menos relevante.
O dinheiro é mais relevante em nações mais pobres do que em ricas, provavelmente
porque ele viabiliza a aquisição de produtos extremamente básicos, como, por exemplo, os
alimentos. Embora tais pesquisas tenham confirmado também que valores centrais da é mais
valorizada se mantêm coerentes em diferentes culturas, existem alguns aspectos culturais
específicos que levam pessoas a diferentes critérios de julgamento sobre satisfação em relação à
vida.
Thomas e Diener (1990) concluíram que a memória não é precisa quando se trata de
resgatar experiências emocionais. Diener e Lucas (2000) demonstraram que pessoas que tendem
a relatar intensas experiências positivas são também as que possuem tendência a relatar intensas
37
experiências negativas e, ainda, que não é a intensidade da experiência que prevalece no
momento em que fazem o retrospecto quando são indagadas sobre suas experiências positivas e
negativas, mas sim a freqüência em que as experiências positivas ocorreram em suas vidas.
3.1.5 Avaliação quantitativa da Felicidade
Medir felicidade, um conceito que envolve sensações, sentimentos, percepções e
avaliações subjetivas, seria possível? Até que ponto o positivismo, que requer metodologia
quantitativa, estaria invadindo um terreno que não lhe pertence? Embora tenha havido um
progresso na aceitação de metodologias qualitativas, o positivismo segue ainda reinando nos
trabalhos acadêmicos.
O desenvolvimento de escalas psicotricas tornou possível a avaliação de conceitos
abstratos, como percepções, atitudes, entre outros. A construção de tais escalas é precedida,
normalmente, pelo emprego de metodologias qualitativas, como as entrevistas e os grupos focais,
dos quais se obtém informações sobre os aspectos relacionados ao construto que se deseja medir.
Uma condição essencial para o emprego dessas escalas é a sua prévia validação antes de serem
usadas em pesquisas. O emprego de escalas psicométricas em estudos no campo de ciências
sociais foi uma forte contribuição para a disseminação da metodologia quantitativa nessa área.
Uma dessas escalas é a de diferencial semântico; sobre ela diz Oliveira (2001): “basicamente,
este método consiste em uma escala bipolar cujos extremos são definidos por um adjetivo ou
frase adjetivada”. Chisnall, citado por Oliveira (2001), diz ainda que: "é importante que os termos
bipolares definam precisamente a diferença entre dois extremos"; isso porque o método pode se
tornar comprometido. Escalas de diferencial semântico vêm sendo usadas para se avaliar atitudes
hedônicas, tais como agradável-desagradável, bom-ruim, prazeroso-não prazeroso, feliz-infeliz.
Com o emprego de escalas psicométricas, normalmente de diferencial semântico, a
felicidade de indivíduos de determinados grupos vem sendo avaliada por diferentes
pesquisadores. Esses grupos analisados podem ser de estudantes de uma universidade, de pessoas
em um hospital ou uma amostra de cidadãos que, no seu conjunto, represente uma nação.
Veenhoven (2005) informa que a primeira comparação sobre a felicidade entre
38
nações, envolvendo nove delas, foi feita em 1948, por Buchanan. A segunda foi realizada por
Cantril, em 1965. A partir daí, uma série de pesquisas sobre felicidade nas nações foram
realizadas por diferentes estudiosos. Veenhoven (2009) é o organizador de um banco de dados
disponível ao público (World Database of Happiness), com 5.671 referências bibliográficas e
1.164 medições de felicidade, grande parte delas sobre nações. Como se vê, felicidade não
poderia ser um conceito metafísico, de mensuração impossível, contudo, o instrumento de medida
deve guardar absoluta coerência com a respectiva definição dada para felicidade, que, no caso de
Veenhoven e deste estudo, é a avaliação global que um indivíduo faz de sua vida, como um todo,
não se restringindo a um domínio específico (casamento, trabalho etc).
O apêndice A apresenta um quadro com exemplos de questões utilizadas por
pesquisadores para medir o nível de felicidade das pessoas.
3.1.6 O conceito de Felicidade Interna Bruta e o seu emprego em Administração
Em 1972, o jovem rei de Butão, Jigme Singye Wangchuc, declarou que, em seu
governo, a felicidade do povo seria o objetivo maior e criou a expressão “Felicidade Interna
Bruta” FIB (Gross National Happiness - GNH). Este seria, então, o FIB, e não mais o PIB, o
guia para o desenvolvimento do seu país. Nesse sentido, a sua declaração foi seguida por atos
concretos, pois, ao longo de seu governo, as políticas públicas e a legislação foram estabelecidas
como suporte a esse seu propósito de governo. Sua inédita abordagem, de administrar um país em
função de indicadores relacionados à felicidade do povo, despertou interesse internacional, de
modo que, muitos em outros países, passaram a considerar a Felicidade como uma possível meta
coletiva para uma nação e a estudar as relações entre Desempenho Econômico (DE) e Felicidade
(Bhutan, The Centre for Bhutan Studies).
Enquanto os modelos tradicionais de desenvolvimento m como objetivo primordial
o crescimento econômico, o conceito de FIB baseia-se no princípio de que a felicidade advém do
desenvolvimento espiritual e do desenvolvimento material, de modo simultâneo. Para isso, o FIB
se sustenta sobre quatro pilares: a promoção de um desenvolvimento socioeconômico sustentável
e igualitário; a preservação e a promoção dos valores culturais; a conservação do meio-ambiente
39
natural; e o estabelecimento de uma boa governança
4
.
Em novembro de 2008, o filho do rei Jigme Singye Wangchuc foi coroado, também
muito jovem, e assumiu o compromisso público, em seu discurso de posse, de aprofundar ainda
mais o FIB como guia de governo.
Em março de 2008, após quatro meses de governo, foi encerrada uma pesquisa
datalhada, feita em Butão, sobre GNH. A pesquisa cobriu doze dos vinte distritos do reino,
atingindo áreas rurais, semiurbanas e urbanas. O questionário continha cento e oitenta perguntas
subjetivas, objetivas e abertas, todas cobrindo os nove valores do FIB (GNH) associados ao bem-
estar subjetivo: bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, educação, cultura, boa governança,
diversidade ambiental (ecologia), vitalidade da comunidade e padrão de vida. Por meio de um
inovador modo de fazer a agregação dos indicadores, obteve-se o macro-indicador GNH, o qual é
possível de ser desdobrado por região, por idade, por sexo, por cada um dos nove subindicadores.
Isso possibilita, ainda de acordo com o Centre for Bhutan Studies, identificar pontos a serem
melhorados e ações do governo a serem priorizadas com o intuito de melhorar a felicidade média
da população.
Em uma pesquisa sobre felicidade média de diferentes nações, realizada pela
Universidade de Leicester (Science Daily, 2006), Butão aparece em oitavo lugar entre 178 países,
situação bastante favorável quando se correlaciona esse índice à sua renda per capita, ainda muito
baixa, cerca de US$ 2000. O país que era isolado abriu suas fronteiras e se transformou em uma
democracia parlamentar. Com cerca de 550.000 habitantes (BHUTANNICA, 2009), Butão possui
cerca de 70% de sua área com cobertura vegetal original e, atualmente, um bem desenvolvido
turismo ecológico. Além disso, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (World Health
Organization), em 2008 o país aumentou sua expectativa de vida de 43 anos, em 1984, para 65,
em 2006, e reduziu em 65%, no mesmo período, a mortalidade infantil (bem verdade que existem
4
A definição de governança corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa é: o
sistema que assegura aos sócios-proprietários o governo estratégico da empresa e a efetiva
monitoração da diretoria executiva. A relação entre propriedade e gestão se através do
conselho de administração, a auditoria independente e o conselho fiscal, instrumentos
fundamentais para o exercício do controle. A boa Governança assegura aos cios eqüidade,
transparência, responsabilidade pelos resultados (accountability) e obediência às leis do país
(compliance). No passado recente, nas empresas privadas e familiares, os acionistas eram
gestores, confundindo em sua pessoa propriedade e gestão. Com a profissionalização, a
privatização, a globalização e o afastamento das famílias, a Governança Corporativa colocou o
Conselho entre a Propriedade e a Gestão”.
40
lá alguns problemas como, por exemplo, conflitos étnicos com nepaleses, entre outros).
Butão, com sua “tecnologia de gestão pelo FIB”, virou o centro da atenção mundial,
inclusive da ONU que patrocina pesquisas nesse país e cujos observadores viajam para para
estudar de perto a experiência e o progresso dos butaneses na prática da gestão pela FIB. Para
divulgar esse conhecimento, conferências e congressos internacionais, incluindo o ocorrido em
novembro de 2009 no Brasil, estão sendo realizados.
No Brasil, no município de Angatuba, localizado a cerca de 180km de São Paulo, foi
implantado, em abril de 2008, um projeto piloto de gestão pelo FIB.
Se o conceito de FIB ainda não é assunto popular entre os administradores, é provável
que isso seja apenas uma questão de tempo.
A seguir é apresentado o primeiro dos sete construtos, além da Felicidade, abordados
nesta pesquisa: Infraestrutura e Uso de Tecnologia de Informação e Comunicação
3.2 Infraestrutura e Uso de Tecnologia de Informação e comunicação (TIC)
De acordo com o relatório do Banco Mundial (1999), na década de 60, a renda per
capita de Gana e da Coréia do Sul eram praticamente iguais. No início da década de 90, a renda
da Coréia era cerca de seis vezes maior do que a de Gana. De acordo com o mesmo relatório,
cerca da metade dessa diferença pode ser explicada pelo modo como foi gerenciado o
conhecimento nessas duas nações ao longo deste período.
A relevância da Gestão do Conhecimento (GC) na obtenção de altos desempenhos de
diferentes processos tem sido ressaltada e demonstrada por diversos autores, entre eles, Drucker
(1999), Davemport (1998), Nonaka e Prusak (1997) e Maranaçdo (1989), este último, no Brasil.
Para Machlup, citado por Gonçalves (2006) e Santos (2001), a informação é matéria-
prima para a geração de conhecimento. Drucker (1999, p. 32) diz que a informação “são dados
dotados de relevância e propósito”, constituindo-se, assim, em recurso- chave para os tomadores
de decisão e para aqueles que a usam para produzir conhecimento.
Gonçalves (2006) ressalta que as tecnologias de informação e comunicação
trouxeram novos modos de criação, coleta, armazenamento, combinação e utilização do
41
conhecimento.
Portanto, a TIC favorece a GC desde a sua entrada, ao facilitar a quantidade e a
velocidade de informações a serem analisadas e processadas antes de se tornarem conhecimento.
A seguir, a TIC continua a desempenhar papel importante nas diversas etapas da GC, tal como na
criação, no armazenamento/retenção, na aplicação e na divulgação do conhecimento. É
importante ressaltar que a existência de TIC não significa que GC, conforme entendimento de
algumas empresas, pois “o papel principal da tecnologia de informação é dar suporte à GC,
ampliando o alcance e acelerando a velocidade de transferência do conhecimento” (ROSSETI e
MORALES, 2007, p.1). Outro ponto a ser comentado é que a TIC poderia ser de grande
relevância em processos de inovação, pois esses se iniciam pelo rápido aporte de um importante
volume de informações que ele viabiliza. Buys (2007), já no próprio título de seu trabalho
(“Tecnologias de informação e comunicação: inovação é quase um sinônimo”), deixa clara a
relação entre esses dois construtos, TIC e Inovação.
Conceitos tais como Inovação, Competitividade, Sustentabilidade e Qualidade de
Vida são todos eles dinâmicos, funcionam como processos contínuos que requerem GC. Para
maior eficácia são constantemente alimentados com novas informações que devem ser
processadas de modo a gerar conhecimento e soluções que, quando aplicadas, em nível nacional,
aos aspectos que os compõem, permitem progresso no conceito, tornando a nação mais
inovadora, mais competitiva, mais sustentável ou com melhor qualidade de vida média. Desse
modo, a TIC seria um construto que favoreceria o desempenho de uma nação em cada um desses
conceitos antecedentes ao de Felicidade, contudo, no modelo apresentado na FIG. 3 (p. 90), ele se
apresenta diretamente relacionado apenas à Inovação e ao Desempenho Ambiental, de modo a
reduzir a complexidade e evitar problemas de multicolinearidade.
A seguir é apresentado o segundo dos sete construtos, além da Felicidade, abordados
nesta pesquisa: Inovação.
3.3 Inovação
Além do conceito sobre inovação, algumas considerações são feitas sobre a polêmica
42
relacionada à medição desse construto.
3.3.1 O conceito de Inovação
Schumpeter (Szrmrecsán, 2002; Moricochi e Gonçalves, 1994), em seu livro “Teoria
do Desenvolvimento Econômico", publicado apenas no idioma alemão em 1912, e traduzido
para outras línguas a partir da segunda edição alemã em 1926, talvez tenha sido o primeiro a
identificar a relevância da inovação tecnológica para o desenvolvimento econômico.
Primeiramente, ele considerou que pequenas organizações ofereceriam a melhor
condição para a inovação devido a sua flexibilidade e menor burocracia do que as grandes.
Contudo, acabou mudando de idéia ao propor que as grandes empresas com poder decisório
centralizado poderiam reunir melhores condições, pois contariam também com os necessários
recursos.
A inovação tecnológica seria o elemento que faria a diferença para uma empresa se
tornar competitiva, crescer e se manter em situações de turbulências de mercado. A inovação
sobre a qual falava Schumpeter era a do tipo radical, novos produtos, novos processos, novos
mercados, novos métodos de gestão, novas fontes de matérias-primas, novos instrumentos
financeiros, novos métodos de comunicação, de transporte, de propaganda e de marketing etc.
Essa proposta de abordagem de rompimento com a solução anterior foi chamada de Teoria da
Destruição Criativa.
Autores que seguiram as idéias de Schumpeter, entre eles Dosi et al (1990) citado por
Zucoloto (2004), consideram que a inovação tecnológica revolucionária, por exemplo uma
invenção importante, capaz de gerar uma patente, está na raiz da competitividade entre empresas.
Assim, as diferenças nos níveis tecnológicos e na capacidade inovadora seriam a causa-raiz do
nível de competitividade e de renda entre as nações (ZUCOLOTO, 2004).
Mitelka (1993), citado por Lemos (1999), propõe uma nova abordagem para a
inovação. Assim, processos usados no projeto, na produção, na comercialização e no marketing,
enfim, em toda a cadeia de produto ou serviço, seriam também passíveis de inovação. O autor vai
mais além ao considerar que melhorias incrementais e não apenas as radicais ou descontínuas,
43
seriam também inovações. O desempenho econômico e a competitividade, em certos casos em
que o paradigma tecnológico é bem maduro, seriam mais dependentes das inovações
incrementais, que podem também conduzir a patentes, enquanto em outros setores, tais como os
de tecnologia digital de comunicação e informação, as inovações radicais determinam o
desempenho econômico e a competitividade.
Goswani e Mathew (2004) concluem que existem muitas definições para a inovação e
que a ausência de um consenso a esse respeito torna o conceito impreciso, inviabilizando a
obtenção de um indicador de larga aceitação. Em seu trabalho esses autores fazem uma coletânea
de conceitos de inovação encontrados em suas diversas pesquisas; são eles:
invenções: referem-se à inovação que cria um novo paradigma na ciência, na
tecnologia, na estrutura do mercado, no conhecimento;
geração de novas idéias: refere-se à habilidade de descobrir novos
relacionamentos, de olhar para temas com novas perspectivas e estabelecer
novas combinações a partir de velhos conceitos;
melhorias: referem-se a mercadorias e serviços melhorados para produção
comercial ou para melhorias de sistemas;
disseminação: divulgação e uso de novas práticas adotadas em qualquer lugar
do globo;
adaptação de soluções testadas em outro lugar: diz respeito a fazer algo de um
modo radicalmente diferente;
entendimento das necessidades do mercado: refere-se a uma inovação baseada
nas necessidades do mercado;
captação: atração e retenção de talentos;
Além da dificuldade de se estabelecer um indicador para a inovação, explicitada por
Goswani e Mathew (2004) e justificada devido à falta de consenso quanto ao seu significado,
outros pontos são também motivo de controvérsias. Um deles é se o indicador deve privilegiar os
fatores facilitadores (ex.: investimento em P&D, número de pessoas envolvidas em P&D em
relação ao efetivo total etc.) ou se devem ser consideradas apenas as saídas (outcomes) como o
número de patentes obtidas ou uma solução intermediária entre essas duas.
No Brasil, o assunto inovação e a polêmica a respeito de sua definição e de
indicadores adequados para sua avaliação m sido motivo de trabalhos para acadêmicos, entre
44
eles, Albuquerque (2000, 2005). Pelo exposto, pode-se concluir que qualquer proposta de
indicador para medir a inovação de uma nação já nasce sujeita a diversas críticas.
Além disso, inovações não são somente de caráter tecnológico, pois resultam, cada
vez mais, do desenvolvimento de redes de comunicação; e também não ocorrem somente no
âmbito de P&D (SAENS e Paula, 2002), mas em todos os setores da empresa, sendo a interação
entre estes uma condição importante, tendo em vista a natureza transfuncional dos processos
internos. Embora a inovação se desenvolva nas empresas, ela depende de uma série de fatores
institucionais, a ela externos, que facilitam e viabilizam o processo.
Entre os fatores institucionais que podem afetar positivamente a inovação em uma
nação, estão os índices relativos à educação formal (ex.: porcentagem da população local ou
nacional com nível secundário completo, com terceiro grau completo, com mestrado ou
doutorado, programas de cooperação entre empresas e instituições de pesquisa) e a existência de
programas adequados de financiamento à P&D.
Nos países mais desenvolvidos, os investimentos em P&D são realizados, na sua
maior parte, no setor produtivo empresarial, enquanto que nos países em desenvolvimento, é o
setor governamental quem lidera (NICOLSKY, 2001).
3.3.2 O desafio de medir Inovação no âmbito de uma nação
Como visto, Inovação é um construto abstrato e complexo, mas que, devido à sua
relevância para o desenvolvimento de uma nação, todo esforço deve ser feito no sentido de se
obter, com a melhor qualidade possível, uma medição. Desse modo, é possível orientar os
tomadores de decisão nos governos, bem como os das empresas, sobre ações que visem progredir
cada vez mais nesse sentido e, conseqüentemente, colher os frutos do desenvolvimento
econômico resultante.
Para Saens e Paula (2002), indicadores sobre Inovação, comparáveis
internacionalmente, são necessários em um mundo globalizado. Entretanto, eles fazem ressalvas
sobre a necessidade de tais indicadores serem complementados com outros, tendo em vista a
diferença do nível de desenvolvimento econômico entre países e, mais ainda, das diferenças
45
dentro de um mesmo país.
falta de consenso sobre os aspectos a serem considerados em um índice para
medir Inovação: deve-se considerar os fatores relacionados à criação de um ambiente favorável,
somente os resultados do processo de inovação ou um misto entre essas duas abordagens? Outra
eterna discussão, típica de índices agregados, está na importância relativa (peso) de cada aspecto
considerado. De todo modo, medições de Inovação no âmbito de nações vêm sendo realizadas,
conforme apresentado no tópico 4.3.
A seguir é apresentado o terceiro dos sete construtos, além da Felicidade, abordados
nesta pesquisa: Competitividade
3.4 Competitividade
3.4.1 O conceito de Competitividade
Até cerca de 40 anos atrás, a palavra “competitividade” praticamente não era
aplicada, seja no âmbito das organizações empresariais, seja nas diferentes esferas da
administração pública. Hoje, ao entrar com o termo em inglês no Google, em menos de meio
segundo surgem 14 milhões de referências a respeito.
O conceito de competitividade pode ser explicado como se fosse uma pirâmide, cuja
base é a competitividade de um processo, a camada a seguir se refere ao produto e a acima dessa
está representada a empresa ou organização, qualquer que seja ela, com fins lucrativos ou não.
Seguindo na hierarquia da pirâmide, o conceito poderia ser aplicado também a uma
cidade, a uma região de um país, ao próprio país ou a uma região do planeta, como comumente
usado na análise de clusters na literatura acadêmica. Neste trabalho, interessa-nos acessar o
conceito de competitividade de nações.
Porter (1999) considerava que a prosperidade nacional não resulta de herança, mas
sim do esforço criativo humano. Ele criticava os economistas clássicos que passavam a idéia de
46
que a prosperidade seria uma conseqüência dos recursos naturais de um país, de sua força de
trabalho, das taxas de juros e do valor da moeda. Ainda de acordo com as palavras de Porter:
A competitividade de um país não depende da capacidade de suas organizações
empresariais de inovar ou melhorar. Elas conquistam uma posição de vantagem em
relação aos melhores competidores do mundo em razão das pressões e dos desafios. Elas
se beneficiam da existência de rivais internos poderosos, de uma base de fornecedores
nacionais agressivos e de clientes locais exigentes. (PORTER, 1999, p. 167).
Segundo Porter (1999), a competitividade de uma nação é resultado de um complexo
jogo de variáveis, tais como os seus valores nacionais, sua cultura, suas estruturas econômicas e
suas instituições. Assim, a competitividade não resulta daquele conjunto de variáveis, conforme
proposto pelos economistas, mas sim de condições internas às organizações capazes de criar um
ambiente desenvolvimentista, dinâmico e desafiador. Contudo, ele reconhece que, na época
(1990), não havia uma definição bem aceita para “competitividade” e que se havia razoável
consenso sobre o que é uma empresa competitiva, o mesmo não ocorria em relação ao que seria
um país competitivo. Diversas propostas foram apresentadas para explicar a competitividade de
uma nação, entre elas: razões macroeconômicas, menor custo de mão-de-obra, abundância de
recursos naturais, intervenção governamental (protecionismo), atuação de sindicatos etc. Para
cada uma dessas propostas, Porter apresentou um contra-argumento, demonstrando que nenhuma
delas seria suficiente para explicar a competitividade de uma nação. Ele propõe, então, que a
produtividade do capital e do trabalho seriam a causa-raiz da competitividade; o primeiro
determina o salário dos empregados e o segundo a remuneração do acionista. Nesse sentido, o
padrão de vida de um país seria a conseqüência da produtividade das empresas.
Como observado, o conceito de competitividade tem sua causa raiz na produtividade
do capital e do trabalho nos mais variados tipos de organizações. Desse modo, explicar
competitividade de nações não estaria correto, uma vez que ela se desenvolve nas organizações
empresariais.
A função do governo seria prover condições para facilitar a obtenção de uma alta
produtividade do capital e do trabalho por meio de uma atuação indireta e não direta, como
algumas vezes ocorre. Como exemplo desse último tipo de atuação, está o protecionismo que, no
longo prazo, prejudica a competitividade ao invés de ajudá-la.
Para Fajnzylber, citado por Haguenauer (1989), a competitividade consiste na
47
capacidade de um país de se manter e de expandir sua participação nos mercados internacionais,
elevando simultaneamente o padrão de vida de sua população. Tyson (1992) considera que
competitividade está associada ao crescimento sustentável do padrão de vida dos cidadãos de um
país, sendo este adequadamente competitivo nos mercados globais. Garelli (2006), professor do
IMD, que elabora uma das pesquisas periódicas internacionais – chamada World Competitiveness
Yearbook (WCY) propôs duas definições, uma com enfoque acadêmico e outra com enfoque
empresarial:
acadêmica competitividade de nações é o campo do conhecimento
econômico que analisa os fatos e as políticas que determinam a capacidade de
uma nação de criar e de manter um ambiente que sustente maior criação de
valor para suas empresas e mais prosperidade para seu povo;
empresarial – competitividade de nações visa identificar como as nações
criam e mantêm um ambiente que sustente a competitividade de suas
empresas.
Krugman (1994) define competitividade como “um conceito comparativo da
capacidade e desempenho de uma firma, subsetor, ou um país para vender e suprir mercadorias e
serviços em um determinado mercado”. Krugman (1994) critica o fato de não haver sentido
prático na aplicação do termo competitividade às nações, pois elas não competem entre si, e,
ainda, que o padrão econômico de um país é determinado, principalmente, nos diferentes setores
da economia.
Se há algum significado substancial, ele deve estar nos fatores que uma nação
emprega para facilitar a produtividade. Thompson (2002) cita dezessete outros autores que
criticaram o conceito de competitividade aplicado às nações e repete o que Porter, oito anos
antes, havia dito, quando citou mais doze autores que chegaram à mesma conclusão: não há
consenso para o que seja “competitividade nacional” em nenhuma das disciplinas da academia
que já publicaram livros e artigos sobre o assunto.
Embora haja essa falta de consenso a respeito de uma definição para a
competitividade, apesar de existirem críticas sobre a aplicação do conceito às nações, sobre as
metodologias empregadas (do mesmo modo que para a inovação) e sobre a construção do índice
agregado, ainda assim pesquisas internacionais vêm sendo, periodicamente, realizadas por
diferentes organizações (vide tópico 4.4) para medir esse construto. Na ausência de critérios que
48
satisfaçam a todos, os resultados desses trabalhos continuam sendo usados como referência pelos
formuladores de políticas e tomadores de decisão, tanto em empresas como em governos, razão
suficiente para considerá-las ainda como relevantes (KRUGMAN, 1994).
Parece razoável esperar que, quanto maior a Competitividade de uma nação, aqui
entendida como a criação de ambiente favorável, maior chance ela terá de obter melhor
Desempenho Econômico (DE), conseqüentemente, melhor padrão de vida e contribuição positiva
para a Felicidade. Um melhor Desempenho Econômico torna maior a chance de acesso a recursos
financeiros necessários para implementar projetos que objetivem melhorar o Desempenho
Ambiental e a Sustentabilidade.
Outra forma de relacionar a competitividade ou qualquer outro construto diretamente
à Felicidade, seria simplesmente através da gica de que todo e qualquer projeto deve,
necessariamente, contribuir para maior bem-estar subjetivo, caso contrário não terá validade.
Hamel e Prahalad (1995) defendem que o nível atual de competitividade resulta de
ações tomadas ou não no passado e que as ações de hoje irão refletir na competitividade do
futuro. Portanto, a administração predatória, de exploração máxima visando o lucro imediato,
compromete os investimentos necessários para se colher os frutos mais à frente, a
competitividade no futuro. O conceito de competitividade estaria, dessa forma, relacionado ao de
sustentabilidade organizacional. Um índice adequado ao conceito de Hammel e Prahalad não
deveria considerar resultados (outputs) da competitividade como o próprio desempenho
econômico (ex.: PIB per capita, participação no comércio internacional etc.), mas sim e tão
somente os aspectos envolvidos na criação de um ambiente favorável para a Competitividade.
3.4.2 O desafio de medir a Competitividade de nações
Mesmo com as críticas sobre a aplicação do conceito “Competitividade” a nações,
medições a respeito vêm sendo feitas por diferentes organizações, conforme apresentado mais
adiante, no tópico 4.4.
Como pode ser observado pelas definições anteriores, uma parte dos autores
considera que a competitividade de uma nação seria o conjunto de fatores que facilitam ou
49
favorecem os resultados das organizações em um mercado global competitivo, enquanto outros a
definem a partir dos resultados obtidos (ex.: market share e aumento de padrão de vida de sua
população).
A falta de consenso na definição do construto inviabiliza também a obtenção de um
consenso sobre um indicador para medi-lo. Além disso, existem críticas, comuns aos índices
agregados, quanto à escolha dos aspectos e dos seus respectivos indicadores, da importância
relativa que se a cada um deles, ou seja, da própria construção desses índices. De todo modo,
as medições periodicamente feitas referentes à Competitividade, no nível de nações, são
divulgadas internacionalmente e influenciam formuladores de políticas públicas e planos de
governo.
A seguir é apresentado o quarto dos sete construtos, além da Felicidade, abordados
nesta pesquisa: Desempenho Econômico.
3.5 Desempenho Econômico
3.5.1 A unidade de medida de Desempenho Econômico
O Desempenho Econômico pode ser avaliado por um conjunto maior ou menor de
diferentes indicadores, dependendo do interesse específico em questão. No caso de estudos
relacionados à Felicidade, o indicador que vem sendo usado é a renda (Produto Interno Bruto
PIB) per capita. Expressar a renda média em dólares americanos (PIB per capita) aplicando
apenas a correção da variação cambial não seria um modo justo de se fazer uma comparação
entre a renda per capita de diversos países, devido às variações do custo de vida entre eles. Por
essa razão, a Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de 2003, passou a usar o PIB PPC,
que permite assegurar a paridade do poder de compra de uma cesta básica de produtos. Esse
indicador vem também sendo usado nas pesquisas acadêmicas sobre as relações entre renda e
Felicidade.
50
3.5.2 Desempenho Econômico e Felicidade
De acordo com Oswald (1997), as pessoas não m inato interesse a respeito de taxas
de inflação ou de câmbio, renda per capita ou quaisquer outros indicadores ou variáveis
econômicas. Do mesmo modo, não seria o acúmulo de bens a razão última de ser da raça
humana, mas sim a busca permanente da melhoria de seu bem-estar. Assim, o Desempenho
Econômico (DE) é apenas meio, e não fim, uma vez que ele viabiliza fatores que contribuem para
fazer as pessoas felizes e é tão somente até neste sentido de utilidade que a economia e seus
indicadores de desempenho interessam ao ser humano (OSWALD, 1997).
A importância do Desempenho Econômico (DE), avaliado por PIB per capita PPC ou
por qualquer outro indicador é de origem externa ao indivíduo, resulta da crença cultural de que
maior Desempenho Econômico (portanto, maior riqueza), irá fazer com que as pessoas que vivem
naquela sociedade alcancem maior nível de bem-estar e Felicidade.
Easterlin (1974) foi o primeiro economista a estudar o relacionamento entre renda e
Felicidade. Correlacionou resultados de surveys sobre Felicidade feitos pela General Social
Survey (GSS) nos EUA, com os respectivos níveis de renda per capita, encontrando, em análise
de corte transversal, relação positiva e significativa entre as duas variáveis. No mesmo estudo, em
uma avaliação de corte longitudinal, usando dados desde 1946, ele notou que, embora o PIB per
capita tenha crescido intensamente nesse período, o nível médio de felicidade do povo americano
não aumentou. Daí, Easterlin propôs a teoria do nível de aspiração, que explica que a relação
entre renda e BES é mediada pelo nível de aspirações do indivíduo. Tal teoria propõe que
aumento de renda leva a um aumento também nas aspirações dos indivíduos, razão pela qual não
reportam maior satisfação com a vida. Se não houvesse mudança no nível de aspirações, haveria
aumento no BES à medida que aumentasse a renda. Contudo, havendo aumento do nível de
aspirações, o BES pode permanecer o mesmo ou até se tornar menor do que o anterior, embora a
renda tenha aumentado. Para Easterlin (1974), o nível de aspirações aumenta de modo
proporcional à renda, de forma que uma anula a outra, explicando o porquê de não se notar
aumento no BES quando há drástico aumento da renda ao longo do tempo.
O famoso paradoxo de Easterlin consiste no fato de ele ter observado, em pesquisas
com corte transversal, que correlação positiva entre o BES e a renda, ou seja, em um mesmo
51
momento (corte transversal), tendência de aumento na Felicidade (BES) à medida que as
nações forem mais ricas. Contudo, isso não foi observado em pesquisas de corte longitudinal em
uma mesma nação; por exemplo, o Japão experimentou um enorme acréscimo na renda depois da
segunda guerra mundial, porém não foi observado aumento na Felicidade na sua população. Em
função de suas descobertas, Easterlin afirmou que o aumento de renda, ao longo do tempo, não
traz mais Felicidade à população de um país. O título de seu trabalho pioneiro já sugere isso:
Does Ecomic grow improve the human lot: some empirical evidences”.
Em 1997, Oswald (1997) comentava que, depois de Easterlin, os resultados das
pesquisas sobre felicidade que vinham sendo realizadas desde a cada de quarenta, tinham sido
intensamente estudados por psicólogos, muito pouco por sociólogos e praticamente ignorados por
economistas. A partir daí, relata Easterlin (2001), os economistas passaram a estudar com maior
empenho as relações entre BES e economia.
As correlações obtidas em cortes transversais, por Easterlin, foram confirmadas por
vários outros pesquisadores, conforme ele próprio comentou (Easterlin, 2007, p. 1) a respeito de
pesquisas de corte transversal: “até onde eu tenho conhecimento, em todas as surveys nacionais
representativas feitas até hoje, uma significativa correlação positiva entre renda e Felicidade foi
encontrada”; e cita os trabalhos de Andrews em 1986, Argyle em 1999 e Diener em 1984.
Easterlin (2007) comentou ainda que o único trabalho longitudinal, correlacionando renda e
Felicidade, realizado por Costa et al (1987) apresentou resultados semelhantes aos de seu
pioneiro estudo.
Correlações (FREY e STUTZER, 2002) entre nível médio de Felicidade e renda
média per capita de diferentes países mostraram que a correlação é positiva e significativa até um
determinado nível de renda; depois disso, há uma estagnação, ou seja, acréscimos de renda não
aumentam a Feicidade. Assim, o ditado popular “dinheiro não traz felicidade” comprovou ser
verdadeiro para níveis de renda mais elevados, quando as pessoas não percebem risco de não
terem satisfeitas suas necessidades mais básicas, como o de alimentação para si e seus filhos.
para situações críticas de pobreza, esse ditado popular comprovaria empiricamente não ser
verdadeiro, mas sim faria referência a um outro: “dinheiro não traz felicidade, manda buscar”.
Oswald (1997), analisando os dados do trabalho de Easterlin de 1974 e empregando
novos dados mais recentes do mesmo GSS (período de 1972 a 1990) para os Estados Unidos e
países europeus, verificou que houve uma variação marginal positiva da Felicidade, ou seja,
52
ainda há sim uma correlação positiva entre esta variável e a renda, contudo apenas incremental.
Easterlin (2007) recentemente esclarece a questão: a variação da Felicidade em
função da renda é claramente verificada em pesquisas de corte transversal, o que não ocorre nas
pesquisas longitudinais devido à teoria das aspirações.
Vale ressaltar que o dinheiro não está diretamente relacionado à Felicidade; uma
pessoa não será mais feliz porque tem agora um grande cofre cheio em casa. A importância da
renda está no fato de ela viabilizar o acesso aos aspectos que uma pessoa considera relevante para
a realização de suas necessidades básicas e para a satisfação das mesmas, ou seja, para a
concretização das coisas que lhe dão prazer. Essas variáveis estariam incluídas no construto
Qualidade de Vida.
A seguir é apresentado o quinto dos sete construtos, além da Felicidade, abordados
nesta pesquisa: Desempenho Ambiental.
3.6 Desempenho Ambiental
O nível de preocupação com o meio-ambiente por parte das populações vem
crescendo ao longo dos anos em todos os países, incluindo a África, conforme relatado por
Tinashe (2009). Isso devido às atividades educacionais a respeito do tema, que vêm ocorrendo
tanto nos diferentes níveis escolares como também nos veículos de mídia (que divulgam com
freqüência acidentes ambientais diversos e suas conseqüências), além de muitas outras criativas
ações.
Para cada ambiente em análise, um conjunto de indicadores mais adequado. Para
uma cidade praiana, como o Rio de Janeiro a qualidade da água de cada praia é relevante; para
São Paulo, o que é relevante é a qualidade do ar, bem como a quantidade em quilômetros de
trânsito lento, por ter passado a ser uma rotina do cidadão. Quando se considera o meio-ambiente
de um país como um todo, outros indicadores são mais apropriados.
Para medir Desempenho Ambiental, normalmente são usados indicadores objetivos
relacionados aos diversos temas que, na sua totalidade, compõem o conceito mais abrangente de
meio-ambiente. Assim, tem-se indicadores para a qualidade da água dos rios, lagos e oceanos
53
(determinada por um conjunto de subindicadores, tais como: demanda bioquímica de oxigênio,
por teores de metais pesados, por índice de coliformes fecais etc.); para a qualidade do ar
(determinado por outro conjunto de subindicadores, tais como emissões atmosféricas de materiais
particulados, de dióxido de enxofre, de NOx etc.); para a contribuição da diminuição do efeito
estufa (determinado pela emissão de gases como dióxido de carbono CO2) ou para o processo
de destruição da camada de ozônio (pela emissão de gases como o flúor derivado); para a
biodiversidade; para a poluição do solo etc. Tais indicadores são então reunidos em um índice
agregado.
A crítica, comum a todos os índices agregados, é que eles reúnem um conjunto de
outros índices de hierarquia inferior para os quais é dada uma determinada importância, muitas
vezes a mesma, aplicando-se a média aritmética, que pode não ser o modo mais adequado para
determinada situação ambiental ou determinado país.
A seguir é apresentado o sexto dos sete construtos, além da Felicidade, abordados nesta
pesquisa: Sustentabilidade.
3.7 Sustentabilidade
3.7.1 A evolução do conceito de Sustentabilidade
Na época dos pioneiros da era industrial, como não havia concorrência, tanto o cliente
quanto o consumidor não tinham tanta relevância. Na certeza de mercado cativo, Ford (1922, p.
72) dizia “O cliente pode ter seu carro na cor que quiser desde que seja preta” (Any customer can
have a car painted any colour that he wants so long as it is black). Tal atitude, hoje vista como
arrogante, deve ser entendida dentro do contexto daquela época. A preocupação dos industriais
era aumentar a produção e reduzir o custo, de modo a viabilizar o acesso, de uma importante fatia
da população, ao produto. Isso poderia ser considerado uma grande contribuição para o bem-estar
de muitos; a questão da cor seria apenas uma exigência ou “um capricho de alguns que nunca
54
estavam satisfeitos”, que cor preta tornava mais baixo o custo. A administração da produção
mantinha o foco em apenas uma parte interessada, o próprio empresário.
Os muitos acidentes fatais que começaram a ocorrer no final do século XIX e no
início do XX resultaram em intervenção de origem externa às organizações industriais, porque
foram produto de legislação de proteção ao trabalhador. Isto é, a inserção dos trabalhadores como
parte interessada nas atividades industriais não foram, em seu início, resultado da conscientização
da classe empresarial, embora alguns empresários já adotassem práticas voltadas para o bem-estar
e a motivação dos trabalhadores. Entre eles o próprio Ford, que pagava, em 1914, salários muito
superiores aos do mercado de trabalho (US$5 por dia de oito horas de trabalho) e mantinha
programa de participação nos lucros da empresa (FORD, 2005). Logo depois, com a
concorrência, a necessidade de agradar o cliente passou a ser também preocupação dos
empresários. As partes interessadas começavam a aumentar, porém, ainda por muitas décadas,
ficaram restritas aos clientes (acionistas e trabalhadores), e também aos mais diretamente
relacionados ao negócio das organizações, como, por exemplo, os órgãos governamentais,
incluindo os fiscalizadores da legislação trabalhista e tributarista, os bancos, os fornecedores,
entre outros.
O conceito atual de desenvolvimento sustentável, composto por uma ampla gama de
partes interessadas, resulta de um processo de construção que demandou muitos anos.
O International Institute for Sustainable Development (IISD), uma organização não
governamental sem fins lucrativos, sediada no Canadá e com atuação em diferentes países,
desenvolveu e publicou, em 2007, o relatório intitulado The Sustainable Development
Timeline”, sobre o histórico do conceito atual de desenvolvimento sustentável.
O trabalho do IISD apresenta, como marco inicial, o livro Silent Spring”, de Rachel
Carson, publicado em 1962, o qual foi resultado de sua pesquisa que envolveu questões tais como
toxicologia, ecologia e epidemiologia. O estudo se desenvolveu a partir de suas constatações
sobre o uso de pesticidas e seus reflexos na saúde do homem e das espécies animais. Na década
de sessenta, destacam-se ainda mais seis eventos, dentre eles: em 1967, a criação da EDF -
Environmental Defense Fund, que obteve na justiça a suspensão do uso de DDT usado para
controle de insetos; em 1968, a realização da Conferência Intergovernamental da UNESCO, para
o uso racional da biosfera e sua conservação, tendo ocorrido as primeiras discussões sobre o
conceito de desenvolvimento ecologicamente sustentável; ainda em 1968, Paul Ehrlich publicou
55
o seu livro Population Bomb”, onde ele estuda as interrelações entre população humana,
exploração de recursos naturais e meio-ambiente. Nos anos setenta, o listados vinte e um
eventos, entre eles a criação do Greenpeace (1971); a fundação do International Institute for
Environment and Development (IIED), com sede no Reino Unido e cuja finalidade era buscar
meios para que os países pudessem obter progresso econômico sem destruir o meio-ambiente; a
Conferência de Estocolmo (1972), que tratou a questão de chuva ácida nos países nórdicos da
Europa e que culminou na criação da UNEP United Nations Environment Programme e
também na criação de muitas agências de proteção ambiental. Nesse mesmo ano, 1972, o Clube
de Roma, fundado quatro anos antes e composto por um grupo de notáveis, com a finalidade de
estudar política e economia internacional e, principalmente, a questão ambiental e o
desenvolvimento sustentável, publica o polêmico livro “Limites do Crescimento”, traduzido para
trinta idiomas e que, por muitos anos, foi o livro sobre meio-ambiente mais vendido no mundo.
Esse livro, elaborado por uma equipe do Massachusets Institute of Technology (MIT), gerou
polêmica ao propor uma redução na velocidade do crescimento econômico, sob a alegação de que
o planeta Terra não suportaria a poluição e a pressão sobre os recursos naturais e energéticos dele
decorrentes. Ocorreu, contudo, que não foram propostas soluções tecnológicas para isso, além do
fato de os países do hemisfério sul apresentarem uma relevante diferença de padrão de vida em
relação aos países do hemisfério norte, os maiores causadores dos danos ambientais.
A década de oitenta foi também muito relevante para a evolução do conceito. Entre os
eventos mais importantes estão: o Relatório Global 2000, que abordou, pela primeira vez, a
importância da biodiversidade para o funcionamento adequado do ecossistema, que se torna mais
frágil devido à extinção de espécies; a convenção da Organização das Nações Unidas (ONU), que
tratou sobre legislação no mar, que endereça regras internacionais claras para a preservação do
meio-ambiente marinho; a Conferência Internacional, que tratou a economia e o meio-ambiente
da OECD, concluindo que os dois deveriam se apoiar mutuamente; a indústria química mundial,
que, a partir de um trabalho originado no Canadá, adota o código de conduta denominado
Atuação Responsável (Responsible Care); uma Conferência sobre Mudança de Clima, que foi
realizada na Áustria (1985) e onde foi, pela primeira vez, previsto o aquecimento global com base
nas emissões de CO2 e outros gases de “efeito estufa”. Nesse mesmo ano, foi descoberto, por
cientistas britânicos e americanos, o buraco na camada de ozônio que protege a Terra contra
radiações nocivas. Em 1987, a Comissão Mundial para o Meio-ambiente, criada pela ONU para
56
analisar e propor soluções para as questões mais críticas sobre meio-ambiente, bem como propor
novas formas de cooperação internacional, sob a coordenação da primeira ministra norueguesa
Gro Harlem Bruntland, apresentou o relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, que ficou
também conhecido como relatório Bruntland. Nele aparece, pela primeira vez, o conceito de
desenvolvimento sustentável, como um construto composto por três outros que se inter-
relacionam: ecológico, social e econômico. A condição de sustentabilidade seria alcançada
quando esses três alcançassem o equilíbrio mútuo. Em 1987, foi ainda celebrado o Protocolo de
Montreal, que estabelecia, ao longo do tempo, restrições progressivas sobre uso de substâncias
nocivas à camada de ozônio.
Entre os eventos da década de 90, estão: a criação do IISD, em 1990, no Canadá.
Nesse mesmo ano, foi realizada a Cúpula para as Crianças, pela ONU, onde se reconheceu a
importância do impacto ambiental sobre as futuras gerações; em 1992, a Cúpula da Terra, no Rio
de Janeiro, organizada pela ONU quando o plano de ação Agenda 21” e os acordos sobre
diversidade biológica e mudança climática foram obtidos e quando o conceito de
desenvolvimento sustentável com os três pilares (social, econômico e ambiental) se tornou
conhecido mundialmente; em 1993, foi realizado o primeiro encontro da ONU sobre
desenvolvimento sustentável e a Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, também da
ONU; em 1995, em Copenhague, foi realizada a Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social,
onde a comunidade internacional expressou formalmente o compromisso em erradicar a pobreza
absoluta. Em 1996, foi aprovada, pela International Organization for Standartization (ISO), a
norma ISO 14001, como instrumento voluntário para que as organizações de todo o tipo e em
todo o mundo, pudessem planejar e implementar sistemas de gestão para manter sob controle
seus aspectos e impactos ambientais. Ainda em 1996, o IISD divulgou o trabalho de um grupo de
especialistas e pesquisadores de todo o mundo, onde foi proposto um conjunto de diretrizes para
avaliar a implantação de processos de desenvolvimento sustentável, como também para avaliar
processos já existentes. Essas diretrizes ficaram conhecidas como Princípios de Bellagio.
No ano 2000, as cidades do mundo, com apenas dois por cento da área da Terra e
consumindo 75% dos recursos naturais do planeta, passaram a ter praticamente o mesmo número
de habitantes que as áreas rurais. No mesmo ano (2000), ocorreu a Cúpula do Milênio da ONU,
quando líderes de governo, reunidos em número sem precedentes, concordaram com uma série de
metas, chamadas mais tarde de “metas de desenvolvimento do milênio”, para serem alcançadas
57
em 2015. Essas metas estão relacionadas à pobreza e à fome, à mortalidade infantil, à saúde
materna, ao ensino básico, à igualdade entre os sexos, à degradação ambiental, às doenças (tais
como malária e AIDS) e ao estabelecimento de uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Em 2001, a Quarta Conferência Ministerial da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em
Doha, no Catar, explicitou e reconheceu sua preocupação com o desenvolvimento e com o meio-
ambiente. Nela, organizações não-governamentais (ONGs) e a OIT concordaram em reavaliar o
acordo anterior sobre propriedade de direitos (property rights) para o acesso a medicamentos e à
saúde pública. Em 2002, em Johannesburg, ocorreu a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, dez anos após a do Rio de Janeiro, sob um clima de frustração pelo baixo
comprometimento dos governos.
Também em 2002, o Global Reporting Initiative (GRI, 2002), uma organização
independente e não-governamental, após cinco anos de busca por um consenso entre as diversas
partes interessadas, publicou diretrizes sobre como as organizações devem reportar as dimensões
sociais, econômicas e ambientais de forma associada às suas atividades. Em 2004, cerca de dois
milhões e meio de pessoas morreram devido a AIDS na região subsaariana da África, a qual
possui apenas 10% da população mundial e 60% das pessoas infectadas com o vírus HIV. Em
2005, o protocolo de Kyoto passou a vigorar em termos práticos; os países desenvolvidos que o
ratificaram deveriam reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 5,25, tomando como
base os valores de 1990, o que significa, para muitos deles, cerca de 15% das emissões de 2008.
A discussão sobre a efetividade do protocolo de Kyoto segue intensa, seja pelo fato de os EUA, o
segundo maior emissor mundial de gases de efeito estufa (o primeiro é a China), não o ter
ratificado como também devido à viabilidade de se alcançar as metas de redução em termos de
quantidade e de prazo por parte dos países desenvolvidos. O argumento de céticos sobre a relação
da emissão desses gases e o aquecimento da Terra, um dos dois motivos expostos pelos EUA
para sua não adesão, vem sendo seguidamente demonstrado como inválido, conforme relatórios
publicados em 2007 pelo Intergovernamental Panel on Climate Change.
Em 2005, o documento intitulado “Avaliação do Ecossistema do Millenium”
(Millenium Ecosystem Assessment), resultado do trabalho de cinco anos de aproximadamente
1.300 especialistas de 95 países, financiado pela ONU, pelo Banco Mundial e pelo World
Resources Institute, proveu informações científicas importantes e preocupantes sobre as
conseqüências de mudanças climáticas no bem-estar do ser humano (Millenium Assessment,
58
2009). Nesse momento, o conceito de desenvolvimento sustentável ganhava sua quarta
dimensão: a institucional, que objetiva avaliar a participação das diferentes partes de uma
comunidade no processo decisório e na aquisição de informações de modo transparente e preciso.
Em 2006, o relatório Stern (UNITED KINGDOM, 2006), realizado para o governo britânico, por
um grupo de pesquisadores da Universidade de Cambridge liderado por Stern, conclui que os
malefícios da poluição serão vinte vezes maiores que os investimentos em ações concretas a
serem já iniciadas.
O relatório The Sustainable Development Timeline”, do IISD, faz também menção a
acidentes ambientais que impressionaram as pessoas de todo o planeta pelas suas proporções. São
alguns deles: o vazamento de óleo no mar do Norte pelo navio Amoco Cadiz (1978); o acidente
nuclear em Three Mile Island, nos EUA (1979); o vazamento de produtos tóxicos em Phopal, na
índia (1984); a morte, por fome, de duzentos e cinqüenta mil a um milhão de pessoas na Etiópia
(1984); o acidente nuclear de Chernobil (1986); e o vazamento de milhões de litros de petróleo,
do Exxon Valdez, na costa do Alaska.
Como pôde ser visto anteriormente, o conceito atual de sustentabilidade resulta de
uma longa caminhada. O nível de conscientização das populações de diferentes países no que se
refere a esse assunto também foi sendo desenvolvido em função desses acontecimentos ao longo
do tempo. Uma clara demonstração disso é a inserção dos temas “meio-ambiente” e
“desenvolvimento sustentável” já nas escolas infantis que antecedem o ensino do primeiro grau.
A definição mais usada para desenvolvimento sustentável é a do relatório Bruntland
(UNITED NATIONS, 1987, p. 1):
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias
necessidades. Ele contém dois conceitos-chave:
- O conceito de necessidades, em particular as necessidades essenciais dos mais pobres
no mundo, para os quais deve ser dada máxima prioridade.
- A idéia das limitações impostas pelo estado da tecnologia e da organização social sobre
a capacidade do meio-ambiente atender às necessidades atuais e futuras.
Deve ser lembrado que há diferença temporal entre os conceitos de Desempenho
Ambiental e o de Sustentabilidade, mesmo quando este último foca apenas a dimensão ambiental,
pois o primeiro trata das condições atuais do meio-ambiente, o último está voltado para sua
condição de preservação para o futuro.
59
3.7.2 Indicadores para a Sustentabilidade
Pinter, Hardi e Bartelmus (2005) comentam a importância das informações fornecidas
por indicadores de Sustentabilidade a respeito da situação atual da sociedade, da economia, do
meio-ambiente. Além disso, dizem que esses indicadores são ferramentas de avaliação que
indicam se as escolhas dos pontos a melhorar foram corretas e o desempenho de ações e políticas
tomadas no sentido de verificar se as pessoas estão indo em direção ao desenvolvimento
sustentável. Como resultado de tudo isso, os autores consideram que tais indicadores oferecem
suporte à elaboração de diretrizes; são ferramentas de planejamento que ajudam na escolha entre
diferentes alternativas. Tais indicadores ajudam também a clarificar objetivos e estabelecer
prioridades, contribuindo para transformar o conceito abstrato de ssuetntabilidade em questões
práticas, e a conscientizar as pessoas a respeito do tema a elas relacionado.
Desde a Cúpula da Terra realizada no Rio em 1992, quando foi enfatizada a
necessidade de indicadores para o desenvolvimento sustentável, muito trabalho foi desenvolvido
em todo o mundo nesse sentido. O IISD, em 2005, dispunha de um banco de dados com 669
entradas sobre esforços realizados por diferentes estudiosos a respeito de indicadores de
Sustentabilidade, com diferentes abrangências e significados para essa palavra.
Bossel (1999), em trabalho do IISD, classificou os indicadores de sustentabilidade em
quatro diferentes tipos de acordo com a sua base conceitual: os limitados ao pilar ambiental da
sustentabilidade; os que consideram o bem-estar do homem e do ecossistema; os baseados em
determinados pontos ou temas; e os que usam a contabilidade ambiental ao abordar os pilares
ambiental e econômico do conceito de sustentabilidade.
Sendo Sustentabilidade um conceito muito abrangente, m sido empregados índices
agregados, compostos por um conjunto de subíndices, cada um relacionado a determinado
aspecto coberto pelo seu significado. Diferentes índices agregados vêm sendo propostos por
distintas organizações, não havendo consenso a respeito sobre qual seria o mais adequado para
avaliar o desempenho de uma nação em termos de desenvolvimento sustentável. Na construção
desses indicadores existem variáveis que são meios e outras que medem resultados, ou seja, o
desempenho propriamente dito. Além disso, diferença do peso que se dá a cada um dos quatro
pilares da Sustentabilidade: ambiental, econômico, social e institucional. Veiga (2007, p.1)
60
comenta:
Mesmo com a unanimidade do reconhecimento do papel crucial que desempenham os
indicadores para a governança ambiental, não tem havido sequer aquele mínimo de
convergência que seria necessário para que houvesse legitimação de algum (ou alguns)
deles. Infelizmente, dez anos depois da adição dos “Princípios de Bellagio” (anexo 4) é
impossível vislumbrar alguma forma de mensurar o desenvolvimento sustentável, ou
somente a sustentabilidade ambiental, que tenha ampla aceitação, além de respeitar seus
dez critérios.
A seguir é apresentado o último dos sete construtos, além da Felicidade, abordados
nesta pesquisa: Qualidade de Vida.
3.8 Qualidade de vida
Nos diferentes veículos de mídia são divulgadas, diariamente, notícias a respeito de
qualidade de vida. Normalmente elas vêm “camufladas” por indicadores que seriam variáveis
proxy do conceito. Do mesmo modo, no meio acadêmico, o assunto vem se tornando objetivo de
diferentes estudos. Uma pesquisa realizada pelo Institute for Scientific Information (ISI) revelou
que, entre 1982 e 2005, trabalhos acadêmicos, de diferentes disciplinas, citaram a expressão
“qualidade de vida” 55.000 vezes (CONTANZA ET AL, 2008). Tal número mostra a
importância que o assunto vem ganhando no meio acadêmico.
No presente estudo, a expressão “Qualidade de Vida” é usada com o significado de
bem-estar, seja de um indivíduo, seja de uma população, podendo ser aplicada a uma região ou a
uma nação. O conceito de bem-estar ou de Qualidade de Vida envolve uma série de aspectos, tais
como lazer, segurança, vida social, saúde física e mental, qualidade ambiental, educação,
adaptação à cultura do local, nível de renda entre outros.
O conceito de padrão de vida (standard of living) é menos complexo e abrangente,
está relacionado à renda do indivíduo. Assim, uma pessoa com alto padrão de vida usa produtos e
serviços de preços mais elevados, como exemplo: casas ou apartamentos, hotéis, restaurantes,
vinhos, roupas, automóveis etc.
Qualidade de vida pode ser entendida de dois modos distintos: primeiramente com
61
base em sua definição que a define como objetiva e externa ao indivíduo, podendo ser avaliada
por meio de um conjunto de indicadores, cada um deles relacionados aos diferentes aspectos que
fazem parte do conceito. Muitas vezes, para se medir apenas um dos aspectos, é empregada uma
coleção de indicadores, de modo que se tenha uma cadeia até se obter o índice agregado. O
segundo entendimento de qualidade de vida está relacionado à avaliação subjetiva que as pessoas
fazem de suas vidas, possível de ser “medida” por auto-relato, ou seja, pelo depoimento da
própria pessoa, que, ao fazer isso, emprega componentes cognitivo e afetivo em sua avaliação.
Esse segundo entendimento de qualidade de vida assume o conceito de Felicidade. Neste
trabalho, Qualidade de Vida tem o primeiro significado, ou seja, é aquela que pode ser avaliada,
medida de modo objetivo e externo ao indivíduo; por essa razão é normativa.
Pela sua própria razão de ser, a Qualidade de Vida normativa, embora diferente do
conceito de Felicidade, deve guardar uma relação forte e positiva com esta última, afinal,
conforme Constanza et al (2008), os indicadores objetivos seriam variáveis proxy de experiências
subjetivas daqueles que os definiram. Do mesmo modo, uma vez que na Qualidade de Vida estão
incluídas a qualidade ambiental e a renda, todos os demais construtos considerados neste estudo,
(exceção de “Felicidade”) são considerados como antecedentes dela (Qualidade de Vida).
62
4 IDENTIFICAÇÃO, ANÁLISE E SELEÇÃO DE ÍNDICES PARA REPRESENTAR OS
CONSTRUTOS
O levantamento realizado resultou na identificação de um conjunto de índices
agregados para medir os construtos. Tais índices são assim chamados porque, normalmente,
resultam de uma composição (em inglês: composite indexes) de outros índices que, como uma
pirâmide, possuem em sua base uma coleção de indicadores relacionados aos diferentes aspectos
cobertos pelo significado do construto. Para alguns deles, foram identificados outros diferentes
índices, os quais foram analisados individualmente. Depois, foram finalmente escolhidos aqueles
índices que representaram cada construto nesta pesquisa. A seguir são apresentados, por
construto estudado, os índices identificados e a respectiva análise.
4.1 Índices e medições sobre Felicidade
Veenhovem (2009) é o organizador de um banco de dados disponível ao público
(World Database of Happiness) com 5.671 referências bibliográficas e 1.164 medições referentes
à Felicidade, grande parte sobre nações. Como se vê, Felicidade não poderia ser um conceito
metafísico, de mensuração impossível, contudo, é importante que o instrumento para a sua
medição guarde absoluta coerência com a respectiva definição dada à felicidade. Como
Veenhoven, este estudo adotou a avaliação global que um indivíduo faz de sua vida, isto é, não
restrita a um domínio específico como casamento, trabalho, etc.
Diferentes instrumentos de medida podem ser usados para medir o nível de
Felicidade das pessoas, como por exemplo, um questionário com uma única ou múltiplas
questões, as quais guardam entre si algumas diferenças quanto ao foco da questão, ao modo como
referenciam o tempo para a pessoa avaliar sua Felicidade, ao modo de avaliação e quanto ao
modo de pontuação. Tais diferenças podem dificultar ou mesmo invalidar comparações de
resultados de diferentes pesquisas.
63
O foco de uma questão pode variar; por exemplo, a questão sobre o quão feliz uma
pessoa é pode ser respondida de modo mais positivo que uma pergunta do tipo “o quão próximo
sua vida está da melhor possível?”. A forma de perguntar pode tornar duvidosa a comparação de
resultados.
Quanto ao tempo, existem perguntas que fazem referência explícita ao momento
atual: “o quão feliz você está neste momento?” ou o quão feliz você está agora?”. Outras não
fazem tal referência, sendo o tempo entendido de modo mais longo: “considerando tudo, o quão
feliz você diria que é?” ou “de um modo geral, você é uma pessoa feliz?
Conforme endereçado no tópico 3.1.6, o apêndice A apresenta exemplos de questões
que são feitas nas pesquisas para se medir o nível de Felicidade das pessoas.
As pesquisas sobre medição de Felicidade podem apresentar diferença de pontuação
devido ao tipo de escala usada, ao número de opções de respostas para uma mesma pergunta e ao
modo de expressar o mesmo significado nas opções de respostas oferecidas aos respondentes.
O tipo de escala de resposta pode ser de quatro níveis, por exemplo: muito feliz (very
happy), razoavelmente feliz (fairly happy), não muito feliz (not very happy) e infeliz (unhappy),
estabelecendo pontuação 4 para a primeira e 1 para a última. outra pesquisa, com a mesma
pergunta, respostas dadas em escala de 1 a dez, tornam os resultados não passíveis de
comparação entre si.
Casos em que uma mesma pergunta tem opções de respostas com diferentes números
fazem com que seja inadequado dizer que a Felicidade média de uma nação é maior do que em
outra pelo fato de uma ter escore dois em uma pesquisa que adota três níveis de escala e a outra
escore três em uma escala com cinco níveis. Exemplo: a primeira com três muito feliz (very
happy), razoavelmente feliz (fairly happy) e não muito feliz (not too happy) enquanto a outra
usa quatro níveis de resposta (very happy, quite happy, not very happy, not at all happy) ou cinco
(very happy, rather happy, neither happy nor unhappy, fairly unhappy, very unhappy).
Outro ponto é o modo como a opção de resposta é expressa, o que pode suscitar
significados diferentes para os entrevistados. Como exemplo, citemos três casos: 1) very
happy/fairly happy/ not at all happy; 2) very happy/fairly happy/not happy; 3) very happy/pretty
happy/not too happy.
No banco de dados mantido por Veenhoven (2009, World database of happiness)
estão disponibilizados dados de diversas pesquisas feitas por diferentes pesquisadores em
64
diferentes países, ao longo de muitos anos, cobrindo grande número de nações. O próprio
Veenhoven agrupou os resultados de boa parte dessas pesquisas sobre Felicidade, realizadas no
período de 2000 a 2008. A metodologia usada está descrita no capítulo sete How Data are
Homogenized (VEENHOVEM, 2009) de seu e-book, incluindo os testes de validade de cada
solução encontrada para contornar as questões acima, bem como para sanar outras dúvidas.
Exemplos de dúvidas: as pessoas têm um adequado entendimento sobre sua Felicidade? erro
tendencioso devido à defesa do ego e de atendimento às expectativas da sociedade (que levariam
as pessoas a responder que possuem nível de Felicidade acima do verdadeiro)? Há
reprodutibilidade nas respostas? diferença significativa devido ao modo como as pessoas
fazem as avaliações, colocando pesos diferentes para componentes afetivos e cognitivos, bem
como o peso da extensão do tempo considerado na avaliação feita por diferentes pessoas?
mais peso para o momento atual ou não? E, por fim, erro introduzido pelas respostas, por
exemplo, devido à possibilidade de entendimento diferente em uma mesma questão dependendo
de quando ela é colocada? Um exemplo desse último caso é que uma pergunta sobre avaliação da
satisfação em relação à vida pode ser interpretada apenas como avaliação do componente
cognitivo da Felicidade quando colocada após uma questão relacionada ao sucesso no trabalho.
O resultado deste trabalho de consolidação de Veenhoven, referente à Felicidade
média dos indivíduos de 144 nações, é o que foi usado no presente estudo.
4.2 Índices e medições sobre Infraestrutura e Uso de TIC
4.2.1 Índice de Prontidão e Uso de TIC (INSEAD e WEC)
Inicialmente desenvolvido pelo grupo de Tecnologia de Informação do Centro para o
Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard, este índice, apurado anualmente
desde 2002 pelo INSEAD, é adotado pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum
WEF), que o publica no relatório denominado The Global Information Technology Report”.
65
Esse relatório visa contribuir para a conscientização sobre a importância da difusão da TIC para a
Competitividade das nações e sobre a relevância de se disponibilizar, aos tomadores de decisão,
do governo ou do setor privado, informações objetivas que lhes permitam identificar os pontos
fracos, a fim de que possam concentrar esforços em busca de progressos em relação ao uso de
TIC (DUTTA e MIA, 2009).
O índice de Prontidão e Uso do INSEAD e WEF consideram três princípios gerais,
ainda de acordo com Dutta e Mia (2009):
1º) a criação de uma ambiente favorável é crucial para viabilizar o uso de TIC;
2º) há a necessidade de um esforço das diferentes partes interessadas (como os
governos, as empresas e os indivíduos);
3º) a prontidão para a TIC facilita o seu uso, conforme demonstrado por forte
correlação de segundo grau entre esses dois subíndices, a partir da qual se
obteve coeficiente de Pearson igual a 0,92.
Os dados usados nesta dissertação se referem a 134 nações cobertas pelo relatório do
INSEAD e WEF de biênio, 2008-2009. O índice final de Prontidão e Uso de TIC é composto por
três subíndices estão relacionadas 68 variáveis; 40% das quais são medidas por indicadores
objetivos de organizações internacionais (como ONU, Banco Mundial e International
Telecommunication Union) e as 60% restantes são obtidas a partir de pesquisas de opinião
realizadas com executivos dos grandes empregadores, dos diversos países cobertos no relatório.
Nessa survey internacional, o número de respondentes em cada país é proporcional ao
tamanho da respectiva economia, tendo, no relatório de 2008-2009, atingido o total de 12.297
executivos. Para realizar o trabalho, uma rede de 150 organizações, universidades e outras
entidades de reputação, atuam como parceiras. O índice final é calculado por média móvel
ponderada com base nos resultados do ano anterior, ao qual é dado maior peso.
O apêndice B apresenta a estrutura do índice e seu desdobramento desde os três
subíndices, os nove pilares até as 68 variáveis.
66
4.3 Índices e medições sobre Inovação
Três índices usados para medir Inovação em diferentes nações foram identificados,
são eles: o Índice Global de Inovação (IGI), desenvolvido pelo INSEAD; o Índice Internacional
de Inovação (III), elaborado pelo Boston Consulting Group (BCG); e o índice de Inovação, do
The Economist Inteligence Unit EIU. A estrutura e a análise referentes a cada um deles são
apresentadas a seguir no desdobramento deste tópico 4.3.
4.3.1 Índice Global de Inovação – IGI
4.3.1.1 Estrutura do índice agregado
As informações sobre a estrutura deste índice (em inglês: The Global Innovation
Index GII), bem como os dados usados no estudo matemático, foram obtidas a partir do
relatório denominado The Global Innovation Ranking and Report 2008 -2009, do INSEAD.
A partir da constatação de que os indicadores normalmente usados para medir
Inovação (ex.: gastos em P& D, mero de patentes registradas e número de artigos publicados
em journals), embora incluídos na abordagem do conceito, não são suficientes para cobrir, de
modo satisfatório, esse construto, surgiu a proposta do Indicador Global de Inovação (sigla em
inglês: GII). Trata-se de um índice agregado global para a Inovação, desenvolvido por Soumitra
Dutta e sua equipe do INSEAD, após anos de estudos. Ele resulta da média aritmética de dois
outros subíndices agregados: um para medir aspectos que propiciam um ambiente favorável à
Inovação nas nações, que medem o nível de prontidão para a Inovação, e outro para medir os
resultados das atividades de inovação que ocorrem em uma nação. Os dois subíndices agregados
empregam um total de oito dimensões sob as quais existe um conjunto de noventa e quatro
67
variáveis relacionadas a cada uma dessas dimensões. Alguns desses indicadores são obtidos a
partir de dados objetivos de instituições internacionais (ex.: UNESCO, Banco Mundial,
UNCTAD, UIT etc.); outros são obtidos a partir de pesquisa de opinião realizada com líderes
empresariais, em âmbito global, pelo Fórum Econômico Mundial. Para realizar essa pesquisa de
opinião, existe um esquema de parceria com instituições de diversos países cobertos na avaliação
internacional; uma delas é a Fundação Dom Cabral, no Brasil. De modo a assegurar que cada
uma dessas dimensões tenha a mesma relevância no subíndice correspondente, seus escores são
calculados pela média aritmética dos valores atribuídos a cada aspecto nelas contidos. Desse
modo, se uma dimensão tiver cinco aspectos e outra dez, elas terão o mesmo impacto no
subíndice.
O subíndice agregado de prontidão para a Inovação possui cinco dimensões a serem
avaliadas no nível nacional: instituições e políticas nacionais, recursos humanos, infraestrutura
geral e de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), grau de sofisticação do mercado e
grau de sofisticação empresarial.
Na dimensão “Instituições e políticas”, são avaliados quinze aspectos, entre eles: a
estabilidade política de um modo global no país em questão; a efetividade do governo em
implementar leis, gerenciar requisitos regulamentares e atender às preocupações dos cidadãos; o
tempo para se abrir uma empresa e para se obter as licenças necessárias ao funcionamento; o grau
de obediência à lei; o grau de proteção à propriedade intelectual; a carga regulatória
governamental; o nível de controle da corrupção; e a qualidade regulatória.
A dimensão “recursos humanos” de uma nação é de grande relevância para o
desenvolvimento de novas idéias que demandam investimento no sistema educacional. Nessa
dimensão, são avaliados quatorze aspectos, entre eles: porcentagem do PIB investido em
educação; nível de alfabetização em adultos (com mais de quinze anos de idade); rigidez de
requisitos legais relacionados ao emprego (calculado por três outros subíndices entre os dez que
compõem o Ease of Doing Bussiness Index”, criado pelo Banco Mundial); disponibilidade de
cientistas e engenheiros; cultura para Inovação; qualidade de escolas de gestão empresarial;
qualidade das instituições de pesquisa científicas; evasão de talentos para outros países em busca
de oportunidades.
A dimensão “infraestrutura geral e de TIC” avalia treze aspectos, entre eles: a
porcentagem de pessoas usuárias da internet, com telefone celular, com computadores pessoais,
68
com televisão, com telefone de linha fixa, com acesso à internet em escolas, velocidade média de
banda larga (MPBS por milhão de pessoas).
A dimensão do “grau de sofisticação do mercado” é avaliado por meio de doze
aspectos, entre outros: investimento líquido externo direto (em dólar), crédito interno para a
empresa privada (porcentagem do PIB), índice de proteção ao investidor (obtido de três dos dez
subíndices do Ease of Doing Business”), restrições de propriedade de empresa para estrangeiros,
nível de barreiras tarifárias ou não para a importação.
A dimensão do “grau de sofisticação empresarial” avalia treze aspectos, entre outros:
nível de segurança na internet (servidores seguros de internet por milhão de pessoas),
investimento em TIC (porcentagem do PIB), índice de prontidão governamental para TIC (obtido
a partir do indicador do relatório da ONU The Global E-Goverment Readiness Report), grau
de orientação para o cliente das empresas, qualidade de fornecedores locais, grau de uso da
internet nas empresas, transferência de tecnologia via investimento direto de estrangeiros.
O subíndice agregado de resultados das atividades de inovação possui três dimensões
avaliadas em nível nacional: conhecimento, competitividade e riqueza.
A dimensão “conhecimentoavalia dez aspectos, entre eles: exportações de produtos
de alta tecnologia, exportação de produtos e serviços de TIC, presença de aglomerados (clusters)
de empresas inovadoras, exportação de produtos manufaturados em valor (porcentagem em
relação ao total de produtos exportados), disponibilidade de fornecedores internos de
equipamentos de processo, inovações tecnológicas de produtos e processos obtidas por meio de
pesquisa formal.
A dimensão “competitividade” avalia oito aspectos, entre eles: exportações de
mercadorias e serviços, presença de produtos inovadores, abrangência de atuação no mercado
internacional e intensidade de competição no mercado doméstico.
A dimensão “riqueza” avalia sete aspectos, entre eles: valor de mercado de empresas
listadas na bolsa de valores, crescimento anual do PIB (%), PIB per capita, valor agregado pela
indústria, valor agregado pelos serviços, gastos governamentais per capita em paridade de poder
de compra, consumo de energia elétrica per capita.
69
4.3.1.2 Análise do IGI
A proposta do INSEAD para avaliar quantitativamente a Inovação em âmbito
nacional, considera que as cinco dimensões para a avaliação da adequação do ambiente nacional
à Inovação são igualmente importantes para o subíndices de input, ou seja, cada uma representa
20% deste e 10% do indicador global. Do mesmo modo, cada uma das três dimensões de output
representa 33,3% em relação ao subíndice de output e a metade (16,6 %) em relação ao índice
global. Portanto, o peso de cada dimensão de output é cerca de 67% maior do que o peso de cada
dimensão de input. Isso significa que, a despeito da média aritmética definir pesos iguais para os
subíndices de inputs e outputs, maior sensibilidade do indicador global a cada uma das três
dimensões de outputs em comparação com cada dimensão de inputs.
O subíndice referente aos ouputs representa o desempenho atual, enquanto o
subíndice de inputs corresponde aos aspectos necessários para se criar um ambiente favorável.
Para verificar se a proposta do INSEAD é coerente, ou seja, se o subíndice de input
nos leva realmente ao subíndice de output, foi realizada uma correlação entre estes tendo sido
obtido coeficiente de Pearson igual a 0,93. Isso significa que, independentemente de qualquer
crítica quanto ao conjunto de aspectos escolhidos para definir ambiente favorável para Inovação e
o seu desempenho, bem como quanto ao critério de ponderação dos diversos aspectos
considerados nas oito dimensões, a metodologia apresenta coerência.
4.3.2 Índice Internacional de Inovação – III
4.3.2.1 Estrutura do Índice Internacional de Inovação (III) do BCG
Trata-se de um índice de Inovação elaborado pela BCG Boston Consulting Group
70
e denominado Índice Internacional de Inovação – III (em inglês : International Innovation Index).
Nele são considerados dois tipos de subíndices, do mesmo modo como no IGI anterior, para se
avaliar quantitativamente aspectos que são relevantes para um ambiente adequado à Inovação e
outro de desempenho de Inovação. Os dados empregados para o cálculo dos índices dos
diferentes países foram obtidos a partir de um de banco de dados públicos do Fórum Econômico
Mundial da UNESCO, e do Banco Mundial. A ponderação entre os diferentes aspectos de uma
dimensão avaliada, bem como das dimensões em relação ao seu subíndice, foi feita por um grupo
de executivos e de especialistas. A última publicação desse relatório do BCG ocorreu em março
de 2009.
O primeiro subíndice, de input, considera três dimensões: ambiente para Inovação
(com os seguintes aspectos a serem avaliados: situação da educação, qualidade da força de
trabalho, qualidade da infraestrutura, ambiente para negócios); política fiscal (com os aspectos:
carga tributária, crédito fiscal gastos com P&D, orçamento governamental para P&D); e outras
políticas (considerando: estabilidade/qualidade e atendimento a requisitos legais, políticas
educacionais, comércio internacional, propriedade intelectual, imigração, infraestrutura).
O subíndice de output também considera três dimensões: resultados de P&D (com os
seguintes aspectos: investimento em P&D, geração de propriedade intelectual, publicação e
transferência de tecnologia e comercialização de inovação); desempenho empresarial
(considerando: exportação de high tech, produtividade no trabalho e capitalização obtida pelas
empresas em bolsa de valores); e impacto público da Inovação (envolvendo os aspectos:
crescimento de emprego, investimentos, migração de negócios, crescimento econômico).
4.3.2.2 Análise do III
Na publicação do BCG acessada (ANDREW, DE ROCCO e TAYLOR, 2009), não
são fornecidos detalhes sobre como foram ponderados cada dimensão, bem como os aspectos
nelas contidos. Informou-se, contudo, que foram ponderados por grupo de executivos e
especialistas americanos. Do mesmo modo, não foi explicado como se é calcula o indicador
global a partir dos dois subindicadores de inputs e outputs, uma vez que ele não representa a
71
média entre esses.
Assim como ocorre para o índice IGI, a coerência da proposta da BCG para a
avaliação quantitativa de Inovação foi analisada, tendo sido confirmada pela correlação entre o
subíndice de input com o de output, mostrando um coeficiente de Pearson igual a 0,82 para 110
países.
4.3.3 Índice de Inovação do The Economist Intelligence Unit (EIU)
The Economist Inteligence Unit é uma organização ligada ao The Economist, com
escritórios em aproximadamente 40 países e que, há cerca de 60 anos, realiza pesquisas e
consultoria para tomadores de decisão em todo o mundo. As informações sobre a metodologia,
bem como sobre os dados secundários usados, estão disponíveis no relatório anual de 2009 (The
Economist, 2009).
Considera dois tipos de subíndices para medir Inovação. 1º) de desempenho
(outputs): medido tão somente pelo número de patentes registradas nos Estados Unidos (USPTO
United States Patent Office), no Japão (JPO Japanese Patent Office) e no banco europeu de
patentes (EPO European Patent Office) por milhão de habitantes, tendo sido normalizados em
uma escala de 1 a 10. Os dados quanto ao número de patentes, é uma média arittica anual com
base em um período de quatro anos. No relatório de 2009, o período coberto vai de 2004 a 2007,
inclusive.
2º) de entradas (inputs): o índice referente a entradas é desdobrado em dois
subíndices; os de entrada direta e os que propiciam condições ambientais favoráveis para a
Inovação cuja composição é abaixo descrita:
os de entrada direta de Inovação, com peso 0,75 no subíndice de inputs,
composto por investimento em P&D (em % do PIB), qualidade da
infraestrutura local para pesquisa, habilidades técnicas da força de trabalho,
qualidade da infra-estrutura para TIC, escolaridade da força de trabalho e
penetração da banda larga;
os que propiciam condições ambientais favoráveis, com peso 0,25 no
72
subíndice de inputs, composto pelos seguintes aspectos: ambiente político,
oportunidades de mercado, política de incentivo à livre iniciativa e
competitividade empresarial, política de comércio internacional (inclui
controles e barreiras alfandegárias ou não), impostos, esquemas de
financiamento, mercado de trabalho e infraestrutura geral).
Os pesos 0,75 e 0,25, para, respectivamente, os índices de entrada direta de Inovação
e de condições ambientais no subíndice de inputs, foram obtidos a partir de regressão com os
indicadores de desempenho.
Avaliação do IEU cobre 82 países. O IEU, em seu relatório, aborda a eficiência do
processo de inovação em um país pela relação entre as posições que cada um ocupa no ranking de
desempenho e no indicador de entrada direta de Inovação; quanto maior tal relação maior a
eficiência do processo.
4.3.4 Análise e seleção do índice sobre Inovação
Na TAB. 1 são apresentados os coeficientes de Pearson para os três indicadores.
Conforme pode ser visto, forte correlação entre todos os pares formados com os três
indicadores de Inovação identificados na pesquisa.
TABELA 1: Correlações entre os índices agregados para a medição de Inovação
Índices correlacionados Coeficiente de
Pearson
GII (INSEAD) X III
(BCG)
0,97
GII (INSEAD) X IEU 0,87
BCG X IEU 0,82
FONTE: Elaborado pelo autor
73
Neste estudo, optou-se por usar os dados do indicador IGI (GII) pelas seguintes
razões:
mais coerência interna pelo maior coeficiente de Pearson (igual a 0,93) entre
os subindicadores de inputs e outputs;
maior média entre as correlações com os outros dois indicadores,
apresentando média de 0,92 contra 0,89 para o III (BCG), e 0,89 para o do
IEU;
maior número de países (133) envolvidos na pesquisa contra 110 e 82,
respectivamente, para o BCG e o IEU.
4.4 Índices e medições sobre Competitividade
Dois índices usados para medir Competitividade de nações foram identificados. São
eles: o Índice de Competitividade Global (ICG), elaborado por um grupo de notáveis acadêmicos
e adotado pelo Fórum Econômico Mundial, e o índice de Competitividade do IMD
International Institute for Management Development. A estrutura e a análise referentes a eles são
apresentadas a seguir, no desdobramento deste tópico 4.4.
4.4.1 Índice de Competitividade Global – ICG
O Relatório de Competitividade Global tem sido elaborado por um grupo de
acadêmicos e publicado pelo Fórum Econômico Mundial, desde 1979. Em 2009-2010, o trabalho
foi coordenado por Xavier Sala-i Marti, da Columbia University. O relatório objetivou avaliar a
capacidade dos países em prover elevados níveis de prosperidade aos seus cidadãos (SALA-I-
MARTI, 2009). Tal análise depende do quão produtivamente um país utiliza os seus recursos
disponíveis. O Índice de Competitividade Global (em inglês: Global Competitiveness Index
74
GCI) mede o conjunto de instituições, de políticas e de fatores que definem os níveis de
prosperidade econômica atual até o médio prazo. É sustentado por nove pilares compostos por
um conjunto de oitenta e nove variáveis. Os nove pilares, com o respectivo número de variáveis
medidas (estas entre parênteses), são: instituições (quinze), infraestrutura (seis), macroeconomia
(seis), saúde e educação primária (nove), educação de segundo e terceiro graus e treinamento
(sete), eficiência do mercado (vinte e três), prontidão tecnológica (sete), sofisticação empresarial
(oito) e inovação (oito).
Dois terços das variáveis são medidas por uma pesquisa de opinião junto a executivos
(Executive Opinion Survey) e um terço por dados objetivos disponibilizados ao público por fontes
como as Nações Unidas. O apêndice C apresenta os oitenta e nove aspectos medidos.
Conforme pode ser visto no apêndice, estamos tratando de um índice de grande
abrangência, que aborda um conjunto de variáveis pertinentes ao assunto. Contudo, todas essas
variáveis estão relacionadas a inputs de Competitividade, ou seja, à criação de um ambiente
favorável para isso. Nesse sentido, o índice IGC (GCI) se mostra adequado ao conceito de
Hammel e Prahalad para a Competitividade aplicado a países.
4.4.2 Índice do IMD
Há cerca de vinte anos, o IMD – International Institute for Management Development
faz uma avaliação anual da Competitividade de nações e a endereça com as seguintes palavras:
“como nações e empresas estão gerenciando a totalidade de suas competências para alcançar
maior prosperidade”? O IMD considera que não somente o Desempenho Econômico (DE) ou o
crescimento, mas uma série de outros fatores são relevantes para a Competitividade, entre esses o
meio-ambiente, a qualidade de vida, a tecnologia, o conhecimento, etc. A avaliação usa dados
objetivos obtidos a partir de estatísticas de organizações internacionais como UNESCO, OMC,
ONU, Banco Mundial, OECD, FMI, entre outras. Esses dados objetivos representam dois terços
do mero total de indicadores; os dados referentes ao terço restante são obtidos por meio de
pesquisa de opinião junto a aproximadamente 4.000 executivos dos diferentes países cobertos na
pesquisa. O número de respondentes é proporcional ao PIB do respectivo país. O QUADRO 3
75
apresenta um resumo da estrutura do índice de do IMD.
QUADRO 3: Resumo da Estrutura do Índice de Competitividade do IMD
Dimensão Tema
Número de
indicadores
Economia doméstica (tamanho, crescimento e
riqueza) 26
Comércio internacional 21
Investimento internacional 19
Emprego 8
Desempenho
Econômico
Preços 4
Básica 26
Tecnológica 21
Científica 21
Saúde e meio-ambiente 25
Infraestrutura
Educação 17
Total de indicadores 188
Fonte: elaborado pelo autor (a partir do relatório anual do IMD – 2009)
4.4.3 Comparação entre os índices de Competitividade e Seleção
Correlacionando este índice de Competitividade do IMD com o Índice de
Competitividade Global (ICG) do Fórum Econômico Internacional, obtém-se um coeficiente de
Pearson igual a 0,93, o que indica que são instrumentos de medida que geram resultados
semelhantes para o conjunto de países (57 ao todo) onde foi possível fazer tal correlação. Neste
estudo, foram usados os dados da avaliação do Fórum Econômico Internacional (IGC), tendo em
vista que o número de nações cobertas nesta avaliação – 133, é mais que o dobro que o do IMD.
76
4.5 Índice de Desempenho Ambiental
4.5.1. Índice de Desempenho Ambiental – IDA
Muitas vezes incluído em estudos que analisam índices de Sustentabilidade, o IDA
(em inglês: Environmental Performance Index - EPI) é mais um índice de Desempenho
Ambiental, como a própria tradução de seu nome em inglês já indica. É também resultado do
trabalho das mesmas universidades de Yale e Columbia, envolvidas no ISA (mais adiante
descrito no tópico 4.6.4). A estrutura do IDA pode ser vista no QUADRO 4.
O índice EPI resulta da média aritmética de dois subíndices, o de saúde ambiental e o
de ecossistema. Sendo um índice de desempenho, ele foca resultados (outputs) e não as condições
que os favorecem. É também um indicador focado apenas na questão ambiental, de modo mais
específico; visa reduzir o estresse ambiental na saúde humana e promover a vitalidade
ecossistêmica, além de consistente gestão de recursos naturais (VEIGA, 2007). O índice cobre o
desempenho em seis áreas (Saúde ambiental, Qualidade Ambiental, Recursos Hídricos, Recursos
Naturais Produtivos, Biodiversidade e Habitat, e Energia) desdobradas em dezesseis variáveis. A
cooperação internacional na apuração de dados tem permitido a obtenção de um indicador sem
problemas de missing values (URBEL, 2004). Em 2008, foi publicado, pela primeira vez, um
resultado, tendo em vista que o de 2005 era ainda resultado de teste piloto. Como pode ser visto,
em meio à questão ambiental aspectos relacionados à saúde, como saneamento adequado,
mortalidade infantil e acesso à água potável. Nesta pesquisa, é empregado o próprio EPI como
representante do Desempenho Ambiental; contudo, uma alternativa seria usar apenas o subíndice
relacionado ao ecossistema.
77
QUADRO 4: Estrutura do Índice de Desempenho Ambiental
Particulados urbanos
Poluição do ar indoor
Água potável
Saneamento adequado
Saúde ambiental
Mortalidade infantil
Particulados urbanos
Qualidade do ar
Ozônio regional
Carga de nitrogênio
Recursos hídricos
Consumo de água
Proteção à vida selvagem
Proteção de regiões
Taxa de ext de madeira plantada
Biodiversidade e habitat
Consumo de água
Taxa de ext. de madeira plantada
Sobrepesca
Recursos naturais
produtivos
Subsídios para agricultura
Eficiência energética
Energia renovável
Vitalidade do
ecos-
sistema e
gestão
de recursos
naturais
Energia sustentável
CO2 por PIB
Fonte: Elaborado pelo autor
78
4.6 Índices e medições sobre Sustentabilidade
Seis índices usados para medir Inovação em nações foram identificados
5
. São eles: o
Barômetro de Sustentabilidade, elaborado por um grupo de pesquisadores da UICN (União
Internacional para Conservação da Natureza e do IDRC (The International Development
Research Center); Pegada Ecológica (em inglês: Ecological Footprint), desenvolvido por
pesquisadores da Universidade British Columbia; o Painel da Sustentabilidade, do International
Institute for Sustainable Development (IISD,) organização internacional sediada no Canadá; o
Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA), elaborado por um conjunto de organizações, entre
elas a Universidade de Yale; o índice para as oito metas do milênio (Milennium Development
Goals MDGs), estabelecidas pela ONU para serem alcançadas até 2015; e o Índice de
Sustentabilidade da Sociedade ISS (em inglês: Sustainability Society Index SSI) –,
desenvolvido pela Sustainable Society Foundation (SSF). No desdobramento desse tópico 4,
esses índices são apresentados e analisados.
4.6.1 Barômetro de Sustentabilidade
Trata-se de uma metodologia de avaliação da sustentabilidade desenvolvida por um
grupo de pesquisadores do International Union for Conservation of Natur (IUCN), entre eles e de
modo destacado, Prescott-Allen (2001). O Barômetro de Sustentabilidade avalia duas dimensões,
o bem-estar das pessoas e o bem-estar do ecossistema, tudo por meio de uma escala de 0 a 100. A
partir da definição do sistema a ser avaliado, que é composto pela população da nação ou da
região coberta e pelo respectivo ecossistema, são selecionados, pelos próprios interessados na
medição, os conjuntos de indicadores relacionados ao bem-estar humano e ao bem-estar do
ecossistema. Portanto, trata-se de uma metodologia flexível, que permite, para cada sistema em
79
estudo, a identificação dos indicadores a partir de uma coleção deles, fornecida pela metodologia.
O par de coordenadas de bem-estar humano e do ecossistema, mostrado na FIG. 1, permite-nos
identificar o desempenho em termos de sustentabilidade.
FIGURA 1: Barômetro da Sustentabilidade
FONTE: Van Bellen, 2007
As faixas na FIG. 1 apresentam diferentes níveis de sustentabilidade. Para evoluir
positivamente, é necessário progressão nas duas dimensões, mesmo que uma delas tenha
elevadíssimo nível; sendo uma muito baixa, a sustentabilidade resultante estará na faixa menos
baixa. Desse modo, veis mais elevados de sustentabilidade são alcançados pelo bom
desempenho simultâneo nas duas dimensões.
O conceito do barômetro de sustentabilidade é interessante porque não funde em um
indicador essas duas dimensões. Contudo, a característica especial do índice é a classificação
do nível quanto à sustentabilidade, de acordo com a sua posição em uma área determinada no
gráfico, para o que é necessário usar as duas dimensões, inviabilizando a obtenção de um número
para representar o conceito contido nesse índice, razão pela qual ele não foi escolhido para
5
O Happy Planet Index – HPI – elaborado pela New Economics Foundation, organização não governamental
britânica, considerado por alguns como índice “de sustentabilidade”, não foi incluído na análise porque em seu
cálculo há uma mistura de conceitos de sustentabilidade com felicidade e qualidade de vida.
80
representar um construto neste estudo.
4.6.2 Pegada Ecológica
Wackernagel e Rees (1996), pesquisadores da Universidade de British Columbia,
desenvolveram esse índice (em inglês: ecological footprint) para medir o grau em que a
humanidade está usando os recursos naturais, se de modo mais rápido que o necessário para que a
natureza possa regenerá-los. Em sua concepção, usa um conceito puro associado ao
desenvolvimento sustentável e desprovido de outros interesses, entre eles o econômico. A
“Pegada” de uma população é expressa em termos de quantidade de hectares de terra e água,
biologicamente produtivas, necessários para se manter o padrão atual de produção e consumo e
absorver os resíduos e emissões líquidas e gasosas geradas. Quanto menor o número do
indicador, menor o Desempenho Ambiental (DA). Trata-se de um interessante instrumento de
medição, contudo, aborda apenas o pilar ambiental da sustentabilidade, por essa razão não foi
usado como representativo deste último construto neste trabalho. Poderia também ser
considerado o indicador de Desempenho Ambiental de uma sociedade, tendo em vista os limites
da natureza.
4.6.3 Painel da Sustentabilidade
Este índice (em inglês: Dashboard of Sustainability) foi desenvolvido por uma equipe
internacional de especialistas sobre o assunto, coordenada pelo IISD, localizado no Canadá.
Trata-se de um índice agregado (composite indicator) por quatro outros índices também
agregados que mede desempenho econômico, social, ambiental e institucional de um país. Esses
índices são representados de modo a reproduzir um painel de automóvel, como se cada uma
dessas dimensões fosse um instrumento do painel com sua respectiva escala conforme (vide
FIG.2).
O cálculo de cada subíndice, inicialmente planejado para as três dimensões
81
referenciadas na definição de sustentabilidade do relatório Bruntland social (18 indicadores),
econômica (15 indicadores) e ambiental (13 indicadores) –, foi revisado para incluir também a
dimensão institucional.
FIGURA 2: Painel de Sustentabilidade
Fonte: Van Bellen (2004)
4.6.4 Índice de Sustentabilidade Ambiental – ISA
É o resultado de um trabalho conjunto das equipes do Yale Center for Environmental
Law and Policy e do Center for International Earth Science Information Network da Columbia
University também com a contribuição do World Economic Forum e do Joint Ressearch Centre
of the European Commission.
O ISA é um índice (em inglês: Environmental Sustainability Index ESI) agregado
resultante de 21 indicadores de sustentabilidade ambiental agrupados em cinco dimensões e
suportados por 76 variáveis (apresentadas no APÊNDICE D).
Para o cálculo do índice agregado ISA, os vinte e um indicadores possuem o mesmo
peso. No cálculo de cada indicador, foi também dado o mesmo peso às variáveis que o compõem.
Como o número de variáveis é diferente para cada indicador, essas variáveis possuem diferentes
importâncias relativas no ISA. Por exemplo, Governança Ambiental possui doze delas (cada uma
impactando 8,33% do respectivo indicador) enquanto o indicador “Emissões de gases que
prejudicam a camada de ozônio” possui apenas duas (cada uma impactando 50% do respectivo
82
indicador).
No relatório (ESTY, 2005), são apresentados os testes de incerteza e sensibilidade
realizados para assegurar a robustez da metodologia empregada. Tais testes cobriram quatro
aspectos principais: a variância, a introdução de inferência sobre missing values, a ponderação
dos indicadores adotada na metodologia (média aritmética entre os vinte e um indicadores) em
comparação com propostas de especialistas e a ponderação linear dos indicadores, entre outros.
Conforme pode ser comprovado no APÊNDICE D e até mesmo pelo seu próprio
nome, o ISA é um indicador agregado que compreende apenas a dimensão ambiental do conceito
de sustentabilidade, não envolvendo aspectos relacionados aos outros dois pilares da definição de
Bruntland, ou seja, as dimensões social e econômica, bem como a institucional como mais
recentemente considerado. Essa é a razão pela qual ele não foi escolhido para representar o
construto.
4.6.5 Índice para as metas do milênio
Na década de 90, muitos acordos foram obtidos em diferentes cúpulas mundiais sobre
assuntos diversos (Ex.: racismo, direito das mulheres, desenvolvimento social, desenvolvimento e
meio-ambiente). Em dezembro de 2000, 195 estados membros da ONU assinaram a Declaração
do Milênio, assumindo o compromisso de alcançar oito metas até 2015. São elas:
Meta 1: erradicar a fome e a pobreza extrema.
Meta 2: atingir o ensino básico universal.
Meta 3: promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres.
Meta 4: reduzir a mortalidade infantil.
Meta 5: melhorar a saúde materna.
Meta 6: combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças.
Meta 7: garantir a sustentabilidade ambiental.
Meta 8: estabelecer uma relação de parceria mundial para o desenvolvimento.
83
Cada uma das metas citadas possui números específicos a serem atingidos; elas são
principalmente metas sicas para o desenvolvimento social de países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento.
As metas do milênio, de grande relevância para se reduzir a distância que separa esses
países dos mais evoluídos, são desbalanceadas quanto aos quatro pilares do conceito de
Sustentabilidade, apresentando, seis delas (portanto, 75 %) no campo social, uma no de
cooperação internacional e apenas uma no de ambiental. Por essa razão, um índice agregado (em
inglês: Milennium Development Goals- MDG), incorporando igualmente as oito metas, pode ser
interessante para avaliar como os menos desenvolvidos estão progredindo, mas não o tornaria
apropriado para avaliar o progresso em direção à Sustentabilidade por parte das nações mais
desenvolvidas. Devido ao seu desbalanceamento na abordagem das diferentes dimensões do
conceito de Sustentabilidade, tal índice não foi usado neste estudo.
4.6.6 Índice de Sustentabilidade da Sociedade – ISS
Trata-se de um índice (em inglês: Sustainability Society Index SSI) desenvolvido
pela Sustainable Society Foundation (SSF). Os fatores que levaram ao desenvolvimento deste
indicador foram, de acordo com a própria organização, “a limitada cobertura das dimensões do
conceito de Sustentabilidade a falta de transparência e falta de atualização periódica dos demais
indicadores a respeito” (SSF, 2008).
Para o desenvolvimento do ISS, foi adotada a definição de Sustentabilidade dada pela
Comissão Bruntland, com suas três dimensões (social, econômica e ambiental) e com uma
extensão relacionada à dimensão institucional:
Uma sociedade sustentável é a que atende as necessidades da atual geração sem
comprometer o atendimento às necessidades das futuras gerações e onde cada indivíduo
pode se desenvolver com liberdade em uma sociedade equilibrada e em harmonia com
sua vizinhança” (KERK, 2008, p. 14).
Essa extensão do conceito de Sustentabilidade está relacionada à quarta e última
84
dimensão – a institucional –, que ganhou força após a definição criada pela Comissão Bruntland.
De modo a cobrir todas as dimensões do conceito Sustentabilidade, o ISS é formado
por cinco temas, os quais são desdobrados em vinte e dois subtemas. Cada subtema possui a
mesma relevância para o cálculo do indicador que representa o tema, obtido por média aritmética.
Para o cálculo do indicador ISS, os três primeiros temas possuem peso igual a um sétimo,
enquanto para os dois últimos o peso é dois sétimos. O QUADRO 5 apresenta a estrutura do
Índice de Sustentabilidade da Sociedade.
QUADRO 5 – Estrutura do Índice de Sustentabilidade da Sociedade – ISS
Temas Indicadores
Vida saudável
Alimentação suficiente
Suficiência de água
Boas condições de saneamento
Oportunidades de educação
Desenvolvimento
pessoal
Igualdade entre sexos
Qualidade do ar
Qualidade da água
Meio-ambiente
saudável
Qualidade do solo
Boa governança
Emprego
Crescimento da população
Distribuição de renda
Sociedade bem
balanceada
Dívida pública
Reciclagem de resíduos
Uso de fontes renováveis de água
Uso de fontes
alternativas
Consumo de energia renovável
Área florestal
Preservação da biodiversidade
Emissão de gases do efeito estufa
Pegada Ecológica
Sustentabilidade
mundial
Cooperação internacional
FONTE: Elaborado pelo autor
85
4.7 Índices e medições sobre Qualidade de Vida
4.7.1 Índice de Desenvolvimento Humano – IDH
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é calculado anualmente pelas
Organizações das Nações Unidas (ONU). É um índice agregado composto por três indicadores
destinados a avaliar a Qualidade de Vida, sendo eles a longevidade (expectativa de vida), o nível
de educação (subdividido em dois indicadores, um para os adultos com dois terços de peso e
outro para crianças com um terço do peso) e o nível de renda per capita. Esse índice surgiu em
função das críticas à renda per capita como único indicador até então usado em nível
internacional para comparar bem-estar entre nações. Foi desenvolvido pela equipe de cientistas
liderados por Mahbub al Haq e a partir das idéias de Amartya Sen, economista indiano ganhador
do prêmio Nobel de 1998.
Desde 1990, o IDH vem sendo calculado e divulgado. Uma de suas vantagens é o fato
de usar dados facilmente obtidos, mesmo nas nações mais pobres, o que viabiliza sua apuração
para uma grande quantidade de nações. Além disso, conforme Guimarães e Januzzi (2005, p. 76):
O reduzido número de dimensões utilizado na construção do índice tem servido para
manter a simplicidade de seu entendimento, o que tem se constituído num fator muito
importante de sua transparência e de simplicidade para transmitir seu significado a um
público amplo e diversificado.
Contudo, o IDH, devido às suas limitações quanto aos aspectos relacionados ao
desenvolvimento humano, vem recebendo muitas críticas como indicador adequado para avaliar
o que seu próprio título propõe. Nesse sentido, no Brasil, Veiga (2005, p. 174) tem se destacado:
O principal defeito do IDH é que ele resulta da média aritmética de três índices mais
específicos que captam renda, escolaridade e longevidade. Mesmo que se aceite a
ausência de outras dimensões do desenvolvimento para as quais ainda não
disponibilidade de indicadores tão cômodos – como a ambiental, a cívica, ou a cultural –
é duvidoso que seja essa média aritmética a que melhor revele o grau de
desenvolvimento atingido por uma determinada coletividade. Ao contrário, é mais
razoável supor que o cerne da questão esteja justamente no possível descompasso entre o
86
nível de renda obtido por determinada comunidade e o padrão social que conseguiu
atingir, mesmo que revelado apenas pela escolaridade e longevidade.
Mesmo com as limitações, o IDH, devido a sua grande disseminação e fácil obtenção
de dados para seu cálculo, vem sendo considerado útil internacionalmente, conforme o próprio
Veiga (2005) também reconhece.
As distorções que o método de cálculo do IDH provoca, com suas apenas três
dimensões de desenvolvimento humano, pode ser avaliada pelo fato de a Venezuela, país em
regime ditatorial, sem liberdade de imprensa e onde não há mais democracia, se colocar acima do
Brasil no ranking de 2009.
4.7.2 Índice de Qualidade de Vida do EIU
No período 1999/2000, foi realizada uma avaliação sobre BES, envolvendo setenta e
quatro nações, tendo sido feita uma pergunta única com três alternativas de respostas: “de um
modo geral, você está muito satisfeito (very satisfied) / razoavelmente satisfeito (fairly satisfied) /
não muito satisfeito (not very satisfied) / absolutamente não satisfeito (not at all satisfied) com a
vida que leva?” Logo após, outras perguntas foram feitas incluindo um conjunto de aspectos
encontrados na literatura como relevantes para a Qualidade de Vida. Uma regressão multivariada
foi realizada tomando o resultado da avaliação subjetiva como variável independente, e os
aspectos (supostamente) relevantes para a Qualidade de Vida como variáveis independentes. No
final desse tratamento estatístico, apenas nove deles “sobreviveram” (The Economist, 2005),
explicando os 80% de variação em uma mesma nação. Oito deles foram encontrados como
estatisticamente significativos; esses aspectos são: bem-estar material (PIB per capita em PPP),
saúde (avaliada pela expectativa de vida no nascimento), segurança e estabilidade política,
Qualidade de Vida familiar (taxa de divórcio por milhão de habitantes convertida em escores de 1
a 5), qualidade de vida comunitária (medida por engajamento religioso ou afiliação a órgãos
sindicais), clima e geografia (medida pela latitude para diferentes países de clima quente e frio),
segurança de emprego, liberdade política e igualdade entre gêneros. Os coeficientes beta foram
87
usados como pesos para a estimativa da satisfação em relação à vida a partir de dados objetivos;
desse modo, o índice de Qualidade de Vida pôde ser calculado a partir de indicadores objetivos.
Concluiu-se que a Qualidade de Vida medida pelo índice IEU (The Economist
Inteligence Unit) resulta do processamento de um conjunto de indicadores objetivos.
A correlação entre este índice com a IDH de 2005 apresentou um coeficiente de
Pearson igual a 0,84.
4.7.3 Índice Legatum de Prosperidade
Trata-se de um índice desenvolvido pelo Legatum Institute e submetido a um grupo
de conselheiros composto por acadêmicos de diversas universidades, entre elas, Harvard, Duke,
Califórnia, Stanford etc. O índice compreende dois subíndices que possuem pesos iguais no
índice final: competitividade econômica, incluindo fatores que explicam os diferentes níveis
relativos de riqueza material entre países; e a Qualidade de Vida (liveability), que aborda fatores
que explicam os diferentes níveis relativos de satisfação com a vida nas populações desses
mesmos países. Quanto à competitividade, são enfocados os fatores que propiciam (inputs)
prosperidade e não os resultados (outputs como PIB ou renda per capita). Portanto, o índice
avalia a intensidade com que as nações estão organizadas para se criar prosperidade, não
importando o quão já prósperas elas sejam hoje.
O índice é composto por 22 indicadores-chave e 44 subindicadores a eles
relacionados. É usado um esquema dinâmico para ponderar os indicadores relacionados a outros
diversos indicadores, assim, por exemplo, a importância do capital, a abertura ao comércio e o
empreendedorismo assumem pesos diferentes conforme o nível de renda per capita da nação.
A dimensão relacionada aos fatores que geram prosperidade incluem os seguintes
pontos:
investimento produtivo que abriga indicadores sobre investimento de capital;
governança e nível de competição no mercado, que inclui variáveis como
tributação das indústrias domesticas; tarifas de importação etc;
88
comercialização de novas idéias, que inclui indicadores sobre abertura
econômica, educação, inovação e empreendedorismo;
nível de dependência externa, sendo consideradas a exportação de
commodities e a ajuda externa.
A dimensão relacionada à qualidade de vida é constituída por dois temas aos quais
outros estão subordinados; são eles:
os fatores que favorecem a liberdade e a oportunidade, que incluem
indicadores como liberdade de escolha e igualdade de oportunidade;
fatores que favorecem o bem-estar, como boa governança, meio-ambiente
agradável, clima moderado e tempo para lazer;
fontes que aliviam a miséria, como renda per capita, boa saúde, baixo nível de
desemprego, vida familiar, vida na comunidade e vida religiosa.
É importante ressaltar que o subíndice que mede a qualidade de vida consiste de
medidas externas ao indivíduo, portanto, está de acordo com a definição de Qualidade de Vida
adotada neste estudo.
O relatório de 2008, do Legatum Prosperity Index, apresenta dados para 104 países.
Uma correlação do Índice Legatum de Prosperidade com o Quality Index do Economist
Intelligence Unit apresentou coeficiente de Pearson igual a 0,86.
4.7.4 Seleção do índice de Qualidade de Vida
Pra representar o construto Qualidade de Vida, optou-se, nesta pesquisa, pelo índice
do The Economist Intelligence Unit, por este abranger maior número de países, bem como para
não introduzir maior complexidade ao trabalho, uma vez que muito boa correlação entre esses
dois índices.
89
5 HIPÓTESES DA PESQUISA
A proposta deste trabalho é buscar entender como diferentes conceitos
organizacionais se relacionam com a Felicidade, todos medidos no âmbito de nações.
Desenvolver um índice agregado composto por aspectos que cubram o conceito do construto,
fazer medições para diferentes nações e analisar a validade de resultados não é tarefa simples. As
medições referentes a cada um dos índices escolhidos, disponíveis ao público, resultam de uma
mistura de dados objetivos e de percepções (quantificadas também) obtidas em entrevistas
realizadas em pesquisas de opinião cuidadosamente planejadas. Os resultados obtidos nessas
medições, realizadas por organizações de excelente reputação internacional, foram por elas
analisados quanto à sua validade estatística. Essa preocupação com a qualidade das medições
pode ser exemplificada por casos encontrados em que resultados obtidos para determinados
países foram descartados em função do fato de missing values não atenderem ao critério mínimo
preestabelecido. A utilização de dados secundários de boa qualidade e disponíveis ao público foi
importante recurso usado; contudo, isso obviamente impõe uma limitação à pesquisa e ao modelo
proposto, ou seja, a necessidade de haver medições para um grande conjunto de nações para o
construto considerado.
A importância dos construtos escolhidos pode ser avaliada pela freqüência como
aparecem na literatura técnica bem como na mídia. São todos eles bem conhecidos e já familiares
aos que acompanham a evolução da ciência social “Administração”. Contudo, outros construtos
poderiam ser escolhidos, como exemplo “Governança”, que está presente como um dos aspectos
da Qualidade de Vida, construto mais abrangente e por essa razão priorizado. Por mais que se
explique as razões da escolha dos construtos considerados neste estudo, ainda assim eles são o
resultado de um processo de escolha, pois existem outras opções possíveis também de ser bem
fundamentadas.
Selecionados os índices agregados para representar cada construto, foi possível, em
função da estrutura de cada um, propor o modelo de relacionamento desses construtos
6
com a
6
Nos modelos de rede nomológica, construtos são representados por elipses, enquanto que variáveis objetivas, tais
como indicadores numéricos, são ilustradas por meio de retângulos. No caso presente, os índices escolhidos, mesmo
que numéricos, representam quantitativamente um conjunto de variáveis abstratas contidas em um mesmo conceito
90
Felicidade, apresentado na FIG. 3. Na mesma figura são apresentadas as hipóteses de pesquisa
H1 a H 11, de modo a atender aos objetivos da pesquisa definidos no capítulo 2.
FIGURA 3 - Proposta de modelo explicativo para a Felicidade
Fonte: Elaborado pelo autor
O modelo da FIG. 3 apresenta um esquema gico de relacionamento entre os
construtos, que encontra fundamentação no referencial teórico apresentado no capítulo 3. No
modelo, alguns construtos não apresentam relação direta com a Felicidade; contudo, afetam-na
indiretamente, via outros construtos. Por exemplo: a Inovação afetaria Competitividade
(conforme Cantwell, 2002), esta o Desempenho Econômico (DE) e este a Qualidade de Vida, que
possui relação direta com a Felicidade. O mesmo ocorre com o Desempenho Econômico e com a
Felicidade, pois a tão discutida relação “dinheiro X Felicidade”, não é direta, pois é intermediada
pelas “coisas” que o dinheiro viabiliza, inseridas nos indicadores objetivos do construto
Qualidade de Vida. A influência dos construtos não relacionados diretamente com a Felicidade
no modelo, pode ser calculada pela multiplicação dos coeficientes de determinação. Essa
proposta de modelo com menos relações, ajuda a evitar problemas de multicolinearidade na
análise estatística. As seguintes hipóteses são apresentadas:
H1: Prontidão e Uso de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC)
explica, de modo positivo e significativo, a Inovação;
H2: Prontidão e Uso de Tecnologia de Informação e Comunicação explica, de
complexo; tais variáveis foram escolhidas como proxy, por essa razão são, ainda assim, consideradas como
construtos e representadas por elipses no modelo.
91
modo positivo e significativo, o Desempenho Ambiental (DA);
H3: Inovação explica, de modo positivo e significativo, a Competitividade;
H4: Competitividade explica, de modo positivo e significativo, o Desempenho
Econômico (DE);
H5: Desempenho Econômico (DE) explica, de modo positivo e significativo,
o Desempenho Ambiental (DA);
H6: Desempenho Econômico (DE) explica, de modo positivo e significativo,
a Sustentabilidade (H6);
H7: Desempenho Econômico (DE) explica, de modo positivo e significativo,
a Qualidade de Vida;
H8: Desempenho Ambiental (DA) explica, de modo positivo e significativo, a
Sustentabilidade;
H9: Desempenho Ambiental (DA)explica, de modo positivo e significativo, a
Qualidade de Vida;
H10: Qualidade de Vida explica, de modo positivo e significativo, a
Felicidade;
H11: Sustentabilidade explica, de modo positivo e significativo, a Felicidade.
92
6 METODOLOGIA
6.1 Caracterização da pesquisa: tipo, estratégia e método
Tomando por referência o esquema proposto por Burrell e Morgan (1979), esta
pesquisa caracteriza-se como de base positivista, pois tem por objetivo a explicação de relações
entre variáveis, por meio da identificação de regularidades.
Com base em Malhotra (2001), esta pesquisa é caracterizada também como
conclusiva descritiva, na medida em que possui objetos bem definidos e utiliza procedimentos
formais e estruturados, dirigidos para a solução de problemas ou para a avaliação de alternativas
de cursos de ação. De acordo com Mattar (2000), este tipo de pesquisa é utilizado quando se
procura descrever as características de grupos, estimar a proporção de elementos em uma
população específica que possua determinadas características ou comportamentos, e descobrir ou
verificar a existência de relação entre variáveis.
Trata-se de estudo de corte transversal, pois pelo fato de algumas variáveis
representarem um período, é tomado um único valor (média) para representá-lo, não havendo
intenção de análise da evolução ao longo do tempo.
Tendo sido definido o tipo de abordagem a ser utilizado, optou-se por uma estratégia
de análise de dados predominantemente quantitativa, cujo foco encontra-se na análise estatística
das relações entre as variáveis. Utilizou-se, para tanto, de ferramentas de análise multivariada de
dados, com ênfase na utilização da técnica de regressão linear múltipla, por meio da análise de
caminhos (Path Analysis).
De modo a complementar a estratégia de pesquisa adotada, utilizou-se, como método
de coleta de dados, uma ampla pesquisa junto a fontes internacionais de reconhecida reputação
com vistas à obtenção de dados secundários referentes a todas as dimensões estudadas, medidas
no nível de nações.
93
6.2 Coleta de dados
Como salientado anteriormente, utilizou-se, como método de coleta de dados, o
levantamento de estatísticas e o de pesquisas realizadas a priori. Ambos os métodos são
adequados quando se trabalha com dados secundários, os quais são caracterizados por já terem
sido coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, até analisados e que estão catalogados à
disposição dos interessados, diferentemente dos dados primários, que são coletados pelo próprio
pesquisador para um determinado fim.
A utilização dessas técnicas de coleta de dados implica em algumas dificuldades para
o pesquisador, já que os dados podem estar incompletos ou desatualizados e ainda estarem
excessivamente agregados, dificultando seu uso. A identificação de mais de um índice para cada
construto, no levantamento realizado, permitiu atenuar esse problema pelo fato de possibilitar a
seleção de qual seria o mais apropriado de acordo com o escopo da pesquisa. O QUADRO 6
apresenta uma síntese de cada índice utilizado na pesquisa.
QUADRO 6 – Índices selecionados para representar os construtos
Indicador Fonte Índice Escala
Principais
Indicadores
(ver em)
Felicidade World Database of
Happiness
Happiness 0 – 10
4.1
Competitividade
World Economic Forum
© 2008
Global Competitive-
ness Index
1 – 7 4.4.1 e
apêndice C
Inovação The Global Innovation
Rankings and Report
2009
Global Innovation
Index (GII)
1 – 7 4.3.1.1
94
(Continuação)
Indicador Fonte Índice Escala
Principais
Indicadores
(ver em)
Prontidão e uso
de TCI
The Global Information
Technology Report 2009
(INSEAD)
Networked
Readiness Index
(NRI)
1 – 7 4.2 e
apêndice B
Qualidade de
Vida
The Economist
Intelligence Unit’s
quality-of-life index
Quality-of-life index
1 a 10
4.7.2
Desempenho
Econômico
The Economist
Intelligence Unit’s
quality-of-life index
GDP per person US$ PIB (PPP
7
)
per capita
Desempenho
Ambiental
Environmental perfor-
mance index - 2008
Environmental
Performance Index
0 a
100
Quadro 4
em 4.5.1
Sustentabilidade
Sustainable Society
Foundation
Sustainable Society
Index (SSI)
0 – 10
4.6.6
Fonte: elaborado pelo autor
6.3 População e unidades de observação
De acordo com Marconi e Lakatos (1996), a população corresponde a um conjunto de
seres que apresentam ao menos uma característica em comum, sendo a amostra uma parcela da
população selecionada para uma pesquisa com o intuito de se fazer inferências acerca da
população.
Nesta pesquisa, a população é composta pela totalidade de países. Entretanto, existem
7
PPP: do inglês, Power Purchasing Parity, trata-se de um índice para assegurar o mesmo poder de compra quando
se faz comparações do PIB entre nações, sendo introduzido um fator de correção referente à taxa de inflação interna
e à taxa cambial da moeda do respectivo país em relação ao dólar americano.
95
divergências em relação ao número total de países. De acordo com a International Organization
for Standardization (ISO), constam, em sua lista de códigos de países da ISO 3166-1, 246 países.
considerando os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), o número de
países passa a ser de 192 mais a cidade do Vaticano, Kosovo e Taiwan, os quais não são
membros. A explicação para a divergência observada encontra-se no fato da ISO incluir em sua
listagem 51 territórios e entidades não-independentes, os quais não são considerados pela ONU.
Independentemente do número total de países tomado como base, procurou-se obter
dados acerca do maior número possível deles. Nesse sentido, foi confeccionado um banco de
dados do qual faz parte um total de 169 países, para os quais se obteve dados para ao menos um
dos indicadores analisados nesta pesquisa. Esse total corresponde a 88,02% da totalidade dos
países membros da ONU ou mais de 95% da população mundial, portanto, trata-se de amostra
bastante representativa.
Cabe destacar que, para a realização da regressão linear múltipla utilizando-se a
técnica de análise de caminhos, foi feito um balanceamento do banco de dados de maneira a
selecionar somente os países que possuem dados para todos os indicadores. Dessa maneira, a
amostra foi reduzida para 92 casos. O APÊNDICE E apresenta a relação dos 169 países da
amostra inicial, nela estão identificados os 92 usados na regressão múltipla.
6.4 Procedimento de análise de dados
O tratamento estatístico consistiu-se, primeiramente, a partir da confecção de um
banco de dados formado pelos oito indicadores em estudo, resultando em uma amostra total de
169 países. Na seqüência, procederam-se análises univariadas, bivariadas e multivariadas, com o
auxílio dos softwares Microsoft Excel 2007©, SmartPLS 2.0 e SPSS 16.0®.
A análise dos dados foi dividida em duas partes. A primeira aborda as estatísticas
univariadas (como as medidas de tendência central, as medidas de dispersão, histograma e tabelas
de freqüência), assim como as estatísticas bivariadas (como as medidas de associação entre duas
variáveis tais como correlação e regressão).
A segunda parte consiste na análise do modelo de pesquisa proposto por meio da
96
utilização da regressão linear múltipla, utilizando-se da técnica de análise de caminhos. De
acordo com Hair et al. (2005), a regressão múltipla é o método de análise apropriado quando o
problema da pesquisa envolve uma única variável dependente métrica relacionada a duas ou mais
variáveis independentes métricas.
a análise de caminhos (Path Analysis), é uma técnica descritiva resultante da
conjunção do MRLM (Modelo de regressão linear múltipla) com a teoria causal. A sua ênfase
consiste em descrever a estrutura total das ligações existentes entre as variáveis dependentes e
independentes, assim como em avaliar a seqüência gica do modelo estrutural, formalizado com
base em uma teoria causal. Essa teoria especifica a ordem existente entre as variáveis, que reflete
uma presumível estrutura de ligações de causa-efeito (PESTANA, M. H; GAGEIRO, J.N. 2000).
A técnica de regressão é usada para determinar a importância que cada variável tem
para as outras que lhe sucedem na presumível ordem causal. As influências podem ser indiretas
ou diretas, conforme haja ou não alguma variável de permeio. As setas da FIG. 3 representam o
conjunto de ligações causais entre as variáveis e o modelo proposto reflete o diagrama de
caminhos sugerido nesta pesquisa.
Por meio da técnica de regressão, estima-se a importância de cada ligação,
envolvendo, normalmente, várias equações de regressão. Dessa maneira, torna-se possível
mensurar o efeito total de cada variável, decomposto na soma dos efeitos diretos e indiretos. Cabe
destacar que o efeito indireto é obtido pelo produto dos coeficientes que tem as variáveis de
permeio.
97
7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
7.1 Análise descritiva da amostra
7.1.1 Amostra total
Primeiramente, foi realizada uma análise de dados ausentes em relação ao número de
países (169) da amostra total com o auxílio do software SPSS 13.0. Observa-se que, para todas as
variáveis, foram identificados, entre os países que compuseram a amostra desta pesquisa, casos
que não possuíam informações disponíveis. O construto com maior número de dados ausentes foi
Qualidade de Vida, que apresentou 66 países com informações indisponíveis, o que corresponde
a 39,05% da amostra total. Já o construto Sustentabilidade, foi o que apresentou o menor número
de dados ausentes, perfazendo um total de 19 países ou 11,24% da amostra total. A TAB. 2
apresenta os resultados completos desta análise.
TABELA 2 – Análise da amostra
Nº de dados ausentes
Extremos (a,b)
Construto N Número % Baixos Altos
Felicidade 144 25 14,79 0 0
Competitividade 134 35 20,71 0 0
Inovação 130 39 23,08 0 0
Prontidão para TCI 117 52 30,77 0 0
Qualidade de Vida 103 66 39,05 0 0
DE 160 66 39,05 0 1
DA 138 31 18,34 0 0
Sustentabilidade 150 19 11,24 8 4
Fonte: elaborado pelo autor
98
Ainda de acordo com a TAB. 2, cabe destacar que, embora o número de dados
ausentes identificados seja elevado, o construto com menor número de casos válidos (103),
representa 53,65% da população considerada nesta pesquisa, a qual é composta pelos países
membros da ONU. Além disso, deve-se destacar a existência de valores extremamente altos para
as variáveis Desempenho Econômico (DE) (Luxemburgo) e Sustentabilidade (Finlândia,
Noruega, Suécia e Suíça) e valores extremos para baixo para Sustentabilidade (Arábia Saudita,
Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque, Kuwait, Líbia, Omã e Qatar).
No que tange a distribuição dos países de acordo com seus respectivos continentes
observa-se que a Oceania é o continente com o menor mero de representantes, 4 ou 2,37% da
amostra total. A Ásia é o continente com maior número de representantes, 48 ou 28,4% da
amostra total, seguido pelo continente africano com 47 representantes e pela Europa e América
com, respectivamente, 41 e 29 representantes. O GRAF 1 apresenta uma síntese dos resultados.
GRÁFICO 1 – Composição da amostra total por continentes
FONTE: elaborado pelo autor
Em relação às estatísticas descritivas para cada um dos construtos em análise, é
importante destacar que os resultados obtidos são influenciados pelo tipo de escala utilizada. Esta
sendo diferente para cada construto, torna-se difícil a comparação entre eles. Nesse sentido, será
realizado, nos tópicos posteriores, um estudo individual para cada construto, destacando-se os
aspectos mais relevantes. A TAB. 3 apresenta os resultados completos para cada construto da
amostra total, obtidos para o respectivo número de países “N” identificados na TAB. 2.
99
TABELA 3 – Estatísticas descritivas da amostra total
Indicadores Média Mediana
Desvio-
Padrão nimo Máximo
Felicidade 5,91 5,70 1,11 3,20 8,50
Competitividade 4,20 4,11 0,67 2,85 5,74
Inovação 3,14 2,96 0,85 1,81 5,28
TIC 4,00 3,85 0,85 2,49 5,85
Qualidade de Vida 6,22 6,17 1,00 3,89 8,33
DE $13.643,61
$8.760,00
$11.864,43 $672,00 $54.690,00
DA 72,22 76,10 12,88 39,10 95,50
Sustentabilidade 5,66 5,70 0,58 4,10 7,00
Fonte: Elaborado pelo autor
De maneira geral, nota-se que existe uma grande amplitude entre o valor mínimo e o
máximo para todos os construtos; contudo, o coeficiente de variação revela que eles, à exceção
do Desempenho Econômico (com coeficiente de variação de 87%), apresentaram níveis médios
de variabilidade. Em relação à média e à mediana, pode-se observar que, para todos os
construtos, à exceção do Desempenho Econômico, ambas as estatísticas apresentam valores
próximos (todas com diferença inferior a 6%).
7.1.2 Amostra balanceada (92 países)
Conforme explicado no tópico anterior, para realizar a análise multivariada houve a
necessidade de redução da amostra total para 92 países. O GRAF. 2 apresenta a distribuição
desses países pelos diferentes continentes.
100
GRÁFICO 2 – Composição da amostra balanceada por continentes
FONTE: Elaborado pela autor.
Comparando a distribuição dos países por continentes da amostra total (169 países)
com a distribuição da amostra balanceada (92 países), constata-se que a participação de países
africanos reduziu de modo significativo, de 27, 8% para 10%, enquanto a participação de países
da Europa e das Américas aumentaram, também de maneira notável. Essas variações o
explicadas pelo fato de que em países menos desenvolvidos, como muitos da África, não estão
disponíveis informações suficientes sobre os diversos aspectos considerados nos índices
escolhidos para os construtos. Não atendendo a certos critérios mínimos sobre missing values,
esses países acabam sendo desconsiderados pelas organizações que realizam essas medições.
A estatística descritiva para cada construto em análise, referente aos 92 países, é
apresentada na TAB. 4. Em relação às estatísticas da amostra total (TAB. 3), todas as médias
sofreram aumento, contudo, muito pequenos em termos porcentuais (variando de 1,1% para
Qualidade de Vida a 6,8% para a Felicidade). as medianas também sofreram variações
positivas e também pequenas (de 0,5% para Qualidade de Vida a 10,9% para a Felicidade).
Importante destacar também que, mesmo com redução porcentual considerável em países da
África e com aumento da participação na amostra de países da Europa e Américas, não houve
aumento expressivo na renda média, que foi de apenas 1,4% para esse grupo de 92 países. Uma
das razões para isso é o fato de existir um grupo de países outliers em termos de renda muito
elevada, conforme visto no GRAF. 7 (p. 105), que permaneceu quando o corte foi feito. O peso
deles é muito relevante na média, isso é demonstrado pela drástica redução do coeficiente de
variação que passou de 87% para 13% após a redução do número de países.
101
TABELA 4
Estatísticas descritivas da amostra balanceada
Indicadores Média Mediana
Desvio-Padrão
Mínimo
Máximo
Felicidade
6,31 6,40 1,08 3,20 8,50
Competitividade
4,35 4,24 0,62 3,35 5,74
Inovação
3,30 3,16 0,80 2,05 5,28
TIC
4,12 3,98 0,81 2,70 5,85
Qualidade de Vida
6,29 6,20 0,94 4,50 8,33
DE
$13.837,54
$8.934,50
$1.869,34 $672,00
$4.690,00
DA
78,45 79,55 8,48 56,20 95,50
Sustentabilidade
5,80 5,80 0,57 4,20 7,00
FONTE: Elaborado pelo autor.
7.2 Análise univariada de cada construto
Neste tópico, serão realizadas análises descritivas exploratórias univariadas de cada
construto medido pelo respectivo índice agregado escolhido para representá-lo neste estudo.
7.2.1 Felicidade
O GRAF. 3 mostra a distribuição de freqüência dos países em relação à Felicidade.
Pode ser observado que existem dois picos na freqüência um pouco acima da média e que
maior concentração de valores à direita da média (6,31), uma vez que a mediana está acima desta
(6,40). Nota-se também que a curva de distribuição apresenta-se com boa simetria em relação à
média.
102
GRÁFICO 3 – Histograma da distribuição da Felicidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
7.2.2 Prontidão e Uso de TCI
O GRAF. 4 mostra a distribuição de freqüência dos países em relação à TIC. Pode ser
observado um pico na freqüência um pouco abaixo da média (4,12), sendo que valores abaixo
desse ponto são mais freqüentes do que os substancialmente acima da média. No que tange os
extremos do histograma, observa-se que valores extremos para cima são mais comuns do que
extremos para baixo.
GRÁFICO 4 – Histograma da distribuição da TIC
FONTE: Elaborado pelo autor.
103
7.2.3 Inovação
O GRAF. 5 mostra a distribuição de freqüência dos países em relação à Inovação,
apresentando dois picos de freqüência abaixo da média (3,30) e estando grande parte dos países
concentrados entre os valores 2,2 e 3,6, intervalo este que compreende a dia da distribuição.
Vale ressaltar que, embora a curva de distribuição se apresente com boa aderência, a curva
normal possui certa assimetria, com cauda mais longa à direita.
GRÁFICO 5 – Histograma da distribuição da Inovação
FONTE: Elaborado pelo autor.
7.2.4 Competitividade
O GRAF. 6 mostra a distribuição de freqüência dos países em relação à
Competitividade. Podem ser observados picos nas freqüências imediatamente abaixo da média.
Nota-se também que os dados estão mais concentrados à esquerda da média (4,35), ao contrário
do lado direito, onde se apresentam de modo mais distribuído. Nota-se também que existe um
número considerável de países com índice de Competitividade superior a 5, valor este
104
considerado alto, já que o valor máximo da escala utilizada para esta variável é 7.
GRÁFICO 6 – Histograma da distribuição da Competitividade
FONTE: Elaborado pelo autor
.
7.2.5 Desempenho Econômico
O GRAF. 7 mostra a distribuição de freqüência dos países em relação à renda per
capita, podendo ser observada uma alta concentração de valores até US$10.000,00. A partir daí, a
freqüência vai diminuindo, ou seja, na amostra há uma maior quantidade de países de baixa renda
que de alta. Pode ser notada também a existência de um pico na distribuição para valores
imediatamente superiores a US$30.000,00 e um pequeno grupo seleto de países com renda entre
US$50.000,00 e US$60.000,00, conforme o GRAF. 7. A assimetria do histograma é explicada
pela importante diferença entre a média (US$13.837 per capita) e mediana (US$9.934 per capita)
para a renda média destes 92 países.
105
GRÁFICO 7 – Histograma da distribuição do Desempenho Econômico
FONTE: Elaborado pelo autor.
7.2.6 Desempenho Ambiental
O GRAF. 8 mostra a distribuição de freqüência dos países em relação ao
Desempenho Ambiental, apresentando um pico de freqüência para valores um pouco acima de 70
e inferiores a 80, valor este considerado alto para uma escala que varia de 0 a 100. Além disso,
existe uma pequena descontinuidade na distribuição de freqüência dos dois lados do histograma.
É possível perceber que a concentração de países do lado direito da curva é um pouco maior, o
que é explicado pelo fato da mediana (79,6) ser um pouco maior que a média (78,5).
GRÁFICO 8 – Histograma da distribuição do Desempenho Ambiental
FONTE: Elaborado pelo autor.
106
7.2.7 Sustentabilidade
O GRAF. 9 apresenta a distribuição de freqüência da amostra para o índice de
Sustentabilidade escolhido para representá-la. Nesta distribuição, a média e a mediana
apresentaram o mesmo valor (5,80), contudo pode ser visto que, do lado direito da curva, os
valores estão mais concentrados que no esquerdo e que há um pico entre 6 e 6,25, em uma escala
que vai de o a 10.
GRÁFICO 9 – Histograma da distribuição da Sustentabilidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
7.2.8 Qualidade de Vida
O GRAF. 10 apresenta a distribuição de freqüência dos resultados das medições sobre
Qualidade de Vida, realizada nos países contidos na amostra. Observa-se um pico ao redor da
média, sendo valores inferiores a ela ligeiramente mais freqüentes do que os superiores, uma vez
que a mediana (6,29) é também ligeiramente inferior à média (6,20). A distribuição mostra
também que valores à direita da média estão mais dispersos
107
GRÁFICO 10 – Histograma da distribuição da Qualidade de Vida
FONTE: Elaborado pelo autor.
7.3 Análise bivariada
A análise bivariada consistiu-se de correlações e regressões simples cujos resultados
são discutidos a seguir.
7.3.1 Correlações simples entre os construtos
Além da correlação de cada construto com a Felicidade, no intuito de explorar melhor
os dados, foram também verificadas todas as possíveis relações entre os construtos em análise.
Uma correlação objetiva determinar a intensidade e a direção da associação de um par de
variáveis; para tanto, foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Pearson.
Conforme pode ser visto na primeira coluna da TAB. 5, todos os construtos
apresentaram relação direta e significativa a 1% com a Felicidade, sendo a Qualidade de Vida, o
que maior coeficiente de Pearson apresentou, enquanto a Sustentabilidade, o menor.
108
TABELA 5 – Matriz de correlação entre as variáveis
Fel Comp
Inov TIC Qual
Desemp.
Econ.
Desemp.
Amb Sust
Felicidade 1
Competitividade 0,69* 1
Inovação 0,67* 0,97* 1
TIC 0,68* 0,96* 0,96* 1
Qualidade de Vida 0,73* 0,79* 0,79* 0,81*
1
DE 0,62* 0,85* 0,88* 0,88*
0,86*
1
DAal 0,59* 0,67* 0,59* 0,65*
0,68*
0,58* 1
Sustentabilidade 0,26* 0,18**
0,19**
0,28*
0,43*
0,36* 0,46* 1
* - significante a 1%; ** - significante a 5%;
FONTE: Elaborado pelo autor.
Quanto às demais relações, todas elas também se mostraram positivas, portanto,
variam em um mesmo sentido, sendo ditas diretamente proporcionais e tendo sido mostradas
significativas a 1%; à exceção de duas relações com a Sustentabilidade (Competitividade e
Inovação), que o foram somente a 5%. em relação à intensidade, nota-se que existem
associações fortíssimas (como, por exemplo, a entre Inovação e Competitividade, TIC e
Inovação, e TIC e Competitividade) e associações de fraca intensidade (como Sustentabilidade e
Competitividade, e Sustentabilidade e Inovação). Ressalta-se, ainda, o fato de que embora as
relações da Sustentabilidade tenham suportado testes de significância a 1% ou a 5%, essa variável
foi a que menos intensidade apresentou em suas relações.
A TAB. 6 apresenta o número de países usados em cada uma dessas correlações.
109
TABELA 6 – Número de países usados nas correlações entre as variáveis
Fel Comp Inov TIC Q.V.
Desenv
Econ
Desenv
Amb Sust
Felicidade 1
Competitividade 121 1
Inovação 118 128 1
TIC 115 117 117) 1
Qualidade de vida 102 99 99 97 1
Desempenho Econômico 102 99 99 97 103 1
Desempenho Ambiental 130 115 113 110 99 99 1
Sustentabilidade 137 124 121 113 101 101 134 1
A TAB. 7 apresenta alguns resultados de pesquisas anteriores comparados com os
obtidos neste estudo. Como pode ser visto, os coeficientes encontrados nas relações apresentam-
se semelhantes.
TABELA 7 – Comparação de resultados de algumas correlações com outros estudos
Relação estudada
Este
estudo
Outro estudo
Fonte do “outro” estudo
Competitividade X PIB per capita 0,85 0,75
Relatório de 2008 Legatum
Institute
Felicidade X PIB per capita
0,62 0,76
Relatório de 2008 Legatum
Institute
Felicidade X PIB (PPP) per capita
Qualidade de Vida
0,62 0,65 Deaton, Angus (2007)
Inovação X PIB (PPP) 0,88 0,86 Fagerberg e Srholec (2008)
Sustentabilidade X Felicidade 0,26 0,35 Zidansek (2007)8
DA X Felicidade 0,46 0,52 Zidansek (2007)
Fonte: elaborado pelo autor
8
Zidansek usou o ESI como índice de Sustentabilidade
110
7.3.2 Regressões dos construtos com a Felicidade
Neste tópico, serão apresentados os resultados das regressões dos diversos construtos
com a Felicidade.
PRONTIDÃO E USO DE TIC
O GRAF.11 apresenta os resultados da regressão linear entre TIC e Felicidade,
realizada para melhor entender a relação entre essas. A linha contínua representa a regressão
linear e a linha tracejada a regressão cúbica.
GRÁFICO 11– Relação entre TIC e Felicidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
Primeiramente, cabe destacar que, tanto a regressão linear quanto a cúbica,
apresentaram resultados similares. Observa-se que existe uma tendência de haver maior
Felicidade quanto maior for TIC. Como critério de ajuste dos modelos, obteve-se um coeficiente
de determinação (R²) de 46,7% para a regressão cúbica e um de 46,6% para a regressão linear.
INOVAÇÃO
O GRAF.12 apresenta os resultados da regressão linear entre Inovação e Felicidade.
A regressão cúbica apresentou resultado (explicação de 46,6% da variância) ligeiramente
111
superior ao da linear (explicação de 45,1% da variância). Desse modo, países que apresentam
maior nível de Inovação tendem a apresentar maior nível de Felicidade.
GRÁFICO 12 – Relação entre Inovação e Felicidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
COMPETITIVIDADE
O GRAF.13 apresenta os resultados da regressão linear entre Competitividade e
Felicidade. A regressão cúbica explicou 47,4% da variância e a linear 47%. Portanto,
tendência de países com maior Competitividade apresentarem maiores índices de Felicidade.
GRÁFICO 13 – Relação entre Competitividade e Felicidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
112
DESEMPENHO ECONÔMICO
O GRAF. 14 representa as regressões linear e cúbica realizadas entre Desempenho
Econômico e Felicidade, sendo que os coeficientes de determinação encontrados permitem
explicar, respectivamente, os valores 38,9% e 40,2% da variância.
GRÁFICO 14 – Relação entre Desempenho Econômico e Felicidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
Por se tratar de uma questão recorrente na literatura técnica, a relação entre renda e
Felicidade foi analisada separadamente para dois grupos de países, de renda per capita acima e
abaixo de US$ 10.000, conforme os gráficos 11 e 12. Constatou-se que não existe uma tendência
definida para países com renda até US$ 10.000 (coeficiente de determinação igual a 0,07 e 0,13,
respectivamente, para regressão linear e cúbica), enquanto para países com renda superior a esse
valor foi possível observar uma explicação (coeficiente de determinação igual a 0,38 e 0,41,
respectivamente, para regressão linear e cúbica). Esses resultados não confirmam os estudos de
Frey e Stutzer (2002) que identificaram que tal relação ocorre até um determinado nível de
renda a partir do qual entra em estagnação , mas estão alinhados com diversos outros
pesquisadores citados no tópico 3.5.2, inclusive a correlação positiva entre renda e Felicidade,
para a amostra como um todo, obtida em pesquisa de corte transversal.
113
GRÁFICO 15 Relação entre Desempenho Econômico e Felicidade para países com
renda per capita menor que US$ 10.000
FONTE: Elaborado pelo autor.
GRÁFICO 16 – Relação entre Desempenho Econômico e Felicidade
para países com renda per capita acima de US$ 10.000
FONTE: Elaborado pelo autor.
É importante mencionar que a média da renda per capita do grupo abaixo de US$
10.000 é de US$ 4.017, enquanto para o grupo de renda acima de US$ 10.000, é de US$ 24.017,
portanto, um acréscimo de 500%. Por outro lado, a Felicidade média no grupo de baixa renda é
de 5,7, contra 6,8 para o de alta renda, somente 20% maior que a primeira. Assim, para um
114
acréscimo de 500% na renda houve um acréscimo de apenas 20% na Felicidade; mais um
indicativo de que a renda afeta a Felicidade, mas não tanto. Dobrar a renda per capita, o que exige
tempo e esforço extraordinário, levaria, na hipótese de relação linear entre essas duas variáveis, a
um aumento de apenas 4% na Felicidade.
DESEMPENHO AMBIENTAL
O GRAF. 17 apresenta as regressões cúbica e linear entre Felicidade e Desempenho,
que apresentaram coeficientes de determinação de, respectivamente, 37,6% e 35%.
GRÁFICO 17 – Relação entre Desempenho Ambiental e Felicidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
SUSTENTABILIDADE
O GRAF. 18 mostra o relacionamento entre Sustentabilidade e Felicidade. A falta de
tendência clara, percebida pelo simples exame visual, é confirmada pelos resultados que indicam
que apenas 6,5% e 15,6 % da variância são explicados, respectivamente, nas regressões cúbica e
linear.
115
GRÁFICO 18 – Relação entre Sustentabilidade e Felicidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
QUALIDADE DE VIDA
O GRAF. 19 apresenta o relacionamento entre Qualidade de Vida e Felicidade, o
mais significativo entre os construtos analisados. Pode ser observado que quanto melhor for a
Qualidade de Vida do país, tendência de maior nível de Felicidade. Nesse sentido, tanto a
regressão linear quanto a regressão cúbica apresentam coeficientes de determinação elevados,
sendo para ambos os casos de 53,6%.
Para melhor explorar os dados e entender o comportamento da QV com a renda, os
dois grupos de países com renda abaixo e acima de US$ 10.000 foram analisados. O acréscimo
de 500% na renda resultou em acréscimo de 25% na Qualidade de Vida. Em uma relação linear
isso significa que dobrar a renda levaria ao acréscimo de apenas 5% na QV. Embora a renda seja
um dos nove aspectos contidos no índice de QV do EIU, o resultado indica que ela pode ter
influência menor na Felicidade do que a sugerida. Caso cada um desses aspectos influenciasse,
com a mesma intensidade, ou seja, com 11% cada um deles.
116
GRÁFICO 19 – Relação entre Qualidade de Vida e Felicidade
FONTE: Elaborado pelo autor.
RESUMO DAS REGRESSÕES ENTRE OS CONSTRUTOS E FELICIDADE
Com o intuito de facilitar a comparação dos resultados expostos acima, foi elaborada
a TAB. 8.
TABELA 8 – Coeficientes de determinação das regressões lineares e cúbicas
Variável
Independente
Modelo
Linear
Modelo Cúbico
Qualidade de vida 0,54 0,54
Competitividade 0,47 0,47
TIC 0,47 0,47
Inovação 0,45 0,46
Desempenho Econômico 0,39 0,40
Desempenho Ambiental 0,35 0,38
Sustentabilidade 0,07 0,16
FONTE: Elaborado pelo autor
De maneira geral, pode-se observar que os coeficientes de caminho para as regressões
lineares e cúbicas não apresentaram grandes divergências, sendo a maior diferença encontrada
para o modelo cuja variável independente foi a Sustentabilidade, que também apresentou menor
117
coeficiente de determinação. Por outro lado, a relação que encontrou melhor explicação da
Felicidade foi a Qualidade de Vida.
7.4 Análise do modelo de regressão linear
No tópico anterior foi realizada uma análise de regressão simples para cada variável
independente, em função da variável dependente Felicidade, utilizando um modelo linear e um
modelo bico. neste tópico, propõe-se a realização de uma regressão linear múltipla com o
intuito de se identificar combinações de variáveis independentes que melhor expliquem a variável
dependente. Nesse sentido, procedeu-se uma análise de regressão com base em um método de
busca seqüencial, o qual, de acordo com Hair et al. (2005), estima a equação de regressão com
um conjunto de variáveis e, então, acrescenta ou elimina, seletivamente, as variáveis até que
alguma medida de critério geral seja alcançada. Nesta pesquisa, utilizou-se o método de
estimação stepwise, que permite ao pesquisador examinar a contribuição de cada variável
independente para o modelo de regressão. Esse método considera todas as variáveis
independentes para a inclusão antes do desenvolvimento da equação, então, a variável com maior
contribuição para o modelo é acrescentada; posteriormente, testa-se a inclusão de outras variáveis
com base em sua contribuição incremental em relação às variáveis já presentes na equação.
A aplicação do método Stepwise resultou na identificação de apenas a variável
Qualidade de Vida como significativa na explicação da Felicidade com coeficiente de
determinação (R²) igual a 0,539, considerado alto para pesquisa em área comportamental, de
acordo com Cohen (1977). Nota-se que o resultado obtido coincide com aquele obtido para a
regressão linear simples com a variável independente sendo a Qualidade de Vida, realizada no
tópico 7.3. Esse resultado corrobora para a conclusão de que a Qualidade de Vida é o melhor
predecessor da Felicidade para a amostra analisada, mesmo quando ele é comparado com uma
possível combinação das variáveis independentes.
118
7.5 Análise do modelo proposto
Dadas as análises anteriores, nas quais se buscou identificar primeiramente as
relações individuais das variáveis com a Felicidade e, posteriormente, a relação de uma
combinação linear das variáveis em função da Felicidade, propõe-se, neste tópico, por meio da
utilização da análise de caminhos, estudar as relações diretas e indiretas das variáveis em relação
à Felicidade. Para tanto, foi desenvolvido um diagrama de caminhos, que foi apresentado na FIG.
4.
Para a execução dessa análise, utilizou-se o software SmartPLS 2.0, que utiliza o
método de estimação dos Mínimos Quadrados parciais. Esse método foi o escolhido, pois, de
acordo com Chin (1997), ele não pressupõe a normalidade multivariada da amostra e também
admite um tamanho pequeno de casos para que se estimem os parâmetros.
A falta de normalidade multivariada, segundo Hair et al. (2005), é particularmente
problemática, pois inflaciona substancialmente a estatística qui-quadrado e cria um viés
ascendente em valores críticos para determinar a significância de coeficientes. A TAB. 9
apresenta os resultados do teste de normalidade multivariada, realizada, por meio do teste de
Mardia, com o auxílio do software AMOS 5. Conforme observado, a amostra apresenta
normalidade multivariada, na medida em que o valor do teste foi de 2,735, valor situado abaixo
do limite máximo de aceitação, que é de 3,00 (DIAS, 2004; OLIVEIRA, 2006), o que tende a
tornar os resultados mais robustos.
Embora os dados tenham apresentado normalidade multivariada, optou-se pela
utilização do método de mínimos quadrados parciais mediante o tamanho reduzido da amostra
disponível. Inicialmente, a amostra foi composta por 169 países, após um balanceamento da
mesma para a exclusão dos países que não apresentavam informações disponíveis para todas as
variáveis. Na tentativa de tornar a análise mais robusta, a amostra foi reduzida para 92 países.
Dessa maneira, a utilização do método de mínimos quadrados parciais tornou-se mais apropriada
do que a utilização de outros métodos.
119
TABELA 9 – Teste de Normalidade Multivariada – Índice de Mardia
Variável Assimetria
Valor
crítico Curtose
Valor
crítico
Sustentabilidade -0,422
-1,652
0,421
0,824
DA -0,612
-2,395
-0,03
-0,058
DE 1,076
4,212
0,349
0,684
Qualidade de Vida 0,256
1,002
-0,719
-1,407
Prontidão para TCI
0,396
1,552
-0,724
-1,417
Inovação 0,511
2,003
-0,638
-1,249
Competitividade 0,447
1,75
-0,672
-1,317
Felicidade -0,197
-0,773
-0,459
-0,899
Índice de Mardia
7,214
2,735
FONTE: Elaborado pelo autor.
A FIG. 4 apresenta os resultados empíricos obtidos por meio da visualização do
diagrama de caminhos, sendo os valores junto às setas correspondentes aos coeficientes de
caminho (beta), e os valores junto às elipses correspondentes aos coeficientes de determinação
(R²).
120
FIGURA 4 – Coeficientes de caminho (beta) e de determinação (R²)
obtidos para o modelo proposto.
FONTE: Elaborado pelo autor.
No modelo proposto, observa-se que, diferentemente das análises realizadas
anteriormente quando todas as variáveis estavam diretamente relacionadas com a Felicidade,
apenas duas delas estão agora presentes: Qualidade de Vida e Sustentabilidade; as demais estão a
ela associadas via construtos de permeio.
Ao se realizar um paralelo entre os coeficientes de determinação obtidos na análise da
regressão linear simples da Felicidade em função da Qualidade de Vida (53,6%) e o coeficiente
de determinação da Felicidade apresentado na figura anterior (53,5%), nota-se que os valores
obtidos são semelhantes. Isso se deve ao fato de, entre as variáveis relacionadas diretamente com
a Felicidade, a Qualidade de Vida possuir o maior coeficiente de caminho, a saber: 0,781 e o
único significante a 1%. Nesse sentido, pode-se concluir que a análise de caminho não obteve
êxito em aumentar o poder explicativo da variável Felicidade, todavia, como sevisto adiante,
essa técnica permitiu a análise do efeito indireto das variáveis em relação à Felicidade.
No que tange as análises das hipóteses de pesquisa, que são compostas por todas as
relações estabelecidas entre as variáveis no diagrama de caminhos, de um total de onze hipóteses,
121
duas foram rejeitadas e nove foram aceitas. Cabe destacar que, para a análise da significância dos
coeficientes de caminho, utilizou-se a técnica bootstrapping, a qual, segundo Hair et al. (2005),
não se baseia em só estimação de modelo, mas calcula estimativas de parâmetros e seus
intervalos de confiança com base em múltiplas estimativas. Essa técnica delineia a amostra para
atuar como a população, para fins de amostragem e, gera, a partir dela, milhares de subconjuntos
aleatórios. Os parâmetros são então estimados para todas as novas amostras, retirando-se a média
das estimativas finais, que é comparada com a estimativa da amostra original, por meio do teste t.
Nesta pesquisa, realizou-se uma reamostragem fixa de 1.000 casos. Os resultados são
apresentados na TAB. 10.
Quanto aos coeficientes de caminho (TAB. 10), observa-se que a influência do
Desempenho Econômico no Desempenho Ambiental (H5) e na Sustentabilidade (H6) não foi
estatisticamente significativa, o que levou à rejeição dessas hipóteses de pesquisa.
TABELA 10 – Teste das hipóteses
Origem Destino Hipótese
Coeficiente de
caminho
Teste t
Inovação H2 0,954 103,7 *
TIC
DA H3 0,349 2,0 **
Inovação Competitividade H4 0,976 211,9 *
Competitividade DE H5 0,845 24,5 *
DA H6 0,258 1,6
Sustentabilidade H7 0,062 0,7
DE
Qualidade de vida H8 0,710 15,7 *
Sustentabilidade H9 0,507 5,2 *
DA
Qualidade de Vida H10 0,2635 4,4 *
Sustentabilidade Felicidade H11 -0,1497 2,1 **
Qualidade de Vida Felicidade H12 0,7814 15,5 *
FONTE: Elaborada pelo autor
* - significante a 1%; ** - significante a 5%;
Em relação às demais hipóteses, cabe destacar que a influência da TIC no
122
Desempenho Ambiental (H2) e a influência do Desempenho Ambiental na Qualidade de Vida
(H9) são positivas, de baixa intensidade e estatisticamente significantes. Já a influência da
Sustentabilidade na Felicidade, é negativa, de baixa intensidade e estatisticamente significante. A
relação positiva, de média intensidade e estatisticamente significante é referente à influência do
Desempenho Ambiental na Sustentabilidade (H8).
As relações identificadas como sendo positivas e de alta intensidade são referentes à
influência da TIC na Inovação (H1), a influência da Inovação na Competitividade (H3), a
influência da Competitividade no Desempenho Econômico (H4), a influência do Desempenho
Econômico na Qualidade de Vida (H7) e a influência da Qualidade de Vida na Felicidade (H11).
Como salientado anteriormente, uma das vantagens da cnica de análise de
caminhos é a possibilidade de se calcular o efeito total de todas as variáveis em relação à outra
variável; no caso desta pesquisa, é a Felicidade, mesmo que estas variáveis não tenham um
relacionamento direto no diagrama de caminhos. Isso é possível devido ao fato do efeito total ser
calculado como a soma do efeito direto e do efeito indireto, que é calculado pela multiplicação
dos coeficientes de caminho entre as variáveis. Por exemplo, no diagrama de caminho proposto
nesta pesquisa a variável Desempenho Econômico não está diretamente relacionada com a
Felicidade, entretanto, ela está relacionada com as variáveis Qualidade de Vida e
Sustentabilidade, as quais, por sua vez, estão diretamente relacionadas com a Felicidade, o que
gera um efeito indireto da variável Desempenho Econômico na Felicidade. Os resultados obtidos
para o efeito total de todas as variáveis em análise em relação à Felicidade são expostos na TAB.
11.
TABELA 11 – Efeito total de cada variável na Felicidade
Indicador Efeito total Teste t Significância
Qualidade de Vida 0,781 15,475 Significativo a 1%
Desempenho Econômico 0,579 12,360 Significativo a 1%
TIC 0,501 10,149 Significativo a 1%
Competitividade 0,490 9,937 Significativo a 1%
Inovação 0,478 9,726 Significativo a 1%
Desempenho Ambiental 0,130 2,172 Significativo a 5%
Sustentabilidade 0,150 2,068 Significativo a 5%
FONTE: Elaborado pelo autor.
123
De maneira geral, nota-se que, de acordo com o diagrama de caminho proposto, todas
as variáveis apresentam impacto estatisticamente significativo em relação à Felicidade. Cabe
destacar que a variável Desempenho Ambiental apresenta uma significância ao nível de 5%,
sendo seu efeito total positivo e de baixa intensidade em relação à Felicidade. a variável
Sustentabilidade, apresenta também uma significância ao vel de 5%; todavia, seu efeito é
negativo e de baixa intensidade. Trocando a variável proxy de Sustentabilidade por outra – ISA –,
a hipótese da relação desse construto com a Felicidade seria rejeitada por não ser significativa,
mesmo a 5%. Isso revela a fragilidade da hipótese frente ao tipo de variável proxy escolhida para
representar o construto (conforme analisado em 4.6, a construção dos índices encontrados para
medir Sustentabilidade guardam entre si diferenças importantes).
As variáveis Inovação, Competitividade, TIC e Desempenho Econômico apresentam
efeito positivo, de dia intensidade e estatisticamente significativo no nível de 1%. A variável
Qualidade de Vida apresentou efeito positivo, de alta intensidade e significativo a 1%, sendo esta
última variável a mais relevante para explicar o comportamento da variável Felicidade.
Com vistas a validar o modelo, procedeu-se com uma análise do coeficiente de
determinação (R²), com base nos estudos de Cohen (1977). Segundo esse autor, o estado de
desenvolvimento de grande parte da ciência do comportamento é tal que não muito da variância
na variável dependente é previsível. Nesse sentido, o autor propõe uma escala para a classificação
do coeficiente de determinação, sendo R² igual a 10% considerado baixo, R² igual a 30%
considerado médio e R² igual a 50% considerado alto. Os resultados são expostos na TAB. 12.
124
TABELA 12 – Análise dos coeficientes de determinação (R²)
Baixo
(10)
Médio
(30)
Alto
(50)
Muito
alto
(70)
Extrem.
Elev.
(90)
Competitividade 0,95
Inovação 0,91
Qualidade de Vida 0,78
Desempenho Econômico
0,71
Felicidade 0,53
Desempenho Ambiental 0,35
Sustentabilidade 0,39
FONTE: Elaborado pelo autor.
Nesta pesquisa, não foram observados valores inferiores a 10% (baixos), sendo o
menor valor igual a 30% (médio) para a variável Sustentabilidade o que torna as relações
estabelecidas aceitáveis. Ademais, cabe destacar que o coeficiente de determinação da variável
Felicidade foi de 53,46%, valor este considerado alto e que torna robusta a análise. Destaca-se
também a existência de valores muito elevados para o coeficiente de determinação, como é o
caso das variáveis Competitividade e Inovação, cujos valores são, respectivamente, 95% e 91%.
125
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
8.1 Síntese
Sócrates (384-324 a.C.), desde a Grécia Antiga, depois Hume (1741) e Bentham
(1789), entre muitos outros, propunham que a Felicidade é a última razão da vida. Coerente com
esse entendimento, Bentham, ao lançar as bases do Utilitarismo, propôs que as ações deveriam
ser julgadas pela sua contribuição ao BES
9
: quanto maior a contribuição e quanto mais pessoas
afetadas, maior a sua utilidade; de modo contrário, quanto mais infelicidade e mais pessoas
afetadas, mais inúteis seriam as ações. Assim, propunha também que as penas deveriam ser
baseadas no resultado de tal avaliação: pena mais severa quanto mais “inútil” as ações fossem.
O tema sempre foi abordado na filosofia como algo metafísico, por vezes uma
derivação do espírito (espiritual), outras da mente (mental), levando à idéia de que, devido à sua
característica puramente abstrata, seria impossível de se mensurar. Os estudos que vêm sendo
desenvolvidos, primeiro na Psicologia, depois na Sociologia e, a seguir, na Economia, mostram
que ela pode sim ser objetivamente avaliada por instrumentos de medição especialmente
desenvolvidos. Muitas dessas medições da Felicidade têm sido feitas para diferentes nações.
Seguindo a lógica de Bentham, todas as ações, programas, conceitos organizacionais,
no nível micro (empresas) ou macro (nações) deveriam ser úteis para a Felicidade, caso contrário,
seriam contra a natureza humana e fadados ao fracasso.
De duas décadas para cá, surgiram conceitos que ocupam hoje importante destaque na
academia, no meio empresarial e mesmo na mídia popular, entre eles: Prontidão e Uso de
Tecnologia de Informação e Comunicação, Inovação, Competitividade, Desempenho Econômico
(DE), Desempenho Ambiental (DA), Sustentabilidade e Qualidade de Vida. Esses conceitos vêm
sendo também medidos no nível de nações por diferentes organizações internacionalmente
reconhecidas.
A inspiração deste estudo resulta da busca da tangibilidade da Felicidade, de sua
9
A expressão BES – “Bem- Estar Subjetivo” só foi usada no séc. XX por estudiosos da psicologia positiva.
126
materialização, mediante apropriações empíricas, de forma a explicá-la de modo epistêmico e
objetivo.
Nesse sentido, os objetivos da pesquisa consistiram em determinar se esses conceitos
organizacionais possuem com a Felicidade uma relação positiva e significativa, bem como testar
a validação de um modelo de relacionamento explicativo da Felicidade a partir deles. As relações
positivas e significativas confirmariam a utilidade de cada um, de acordo com o Utilitarismo de
Bentham.
A amostra apresentou normalidade multivariada, o que torna os resultados obtidos
mais robustos.
A análise das relações de cada construto com a Felicidade, mediante correlações,
mostrou que eles, sem exceção, apresentam relações positivas e significativas (a 1%) com a
Felicidade. Nessas correlações, a Qualidade de Vida foi o construto que apresentou maior
intensidade (coeficiente de Pearson), enquanto que a Sustentabilidade apresentou a menor, com
valor bem abaixo dos demais.
Na análise das relações desses sete construtos com a Felicidade, além das correlações,
foram também realizadas regressões simples, em modelos linear, cúbico, logarítmico e
quadrático, os dois primeiros tendo apresentado coeficientes de determinação ligeiramente mais
elevados, contudo semelhantes entre si. Os sete coeficientes obtidos nessas regressões
confirmaram a relação positiva e significativa de cada um deles com a Felicidade. Quanto à
intensidade das relações com a Felicidade, essas foram, de acordo com os critérios de Cohen
(1977) para Ciências Sociais, considerados:
elevados para Competitividade, Prontidão e Uso de TIC, Inovação e
Qualidade de Vida;
entre medianos e elevados para Desempenho Ambiental e Desempenho
Econômico;
baixos para Sustentabilidade.
Vale registrar que a relação entre Desempenho Econômico e Felicidade muito
estudada na literatura (Easterlin, 1974; Oswald, 1997; Costa et al, 1987; Frey e Stutzer, 2002,
entre outros) confirmou ser positiva e significativa a 1% para o grupo do total de países da
amostra, tendo apresentado intensidade entre média e elevada. Visando analisar estudos
anteriores sobre essa relação entre renda e Felicidade, um corte foi feito, gerando dois grupos de
127
países: um com renda per capita abaixo e outro acima de US$10.000. Os primeiros estudos (como
o de Easterlin, 1974) apresentaram variação positiva da Felicidade com a renda até determinado
ponto: a partir de US$ 10.000 ocorreria estagnação e novos incrementos na renda não seriam
correspondentes na Felicidade. Já outros estudos (como o de Oswald, 1997) apresentaram
resultados em que essa relação se mantinha ao longo de toda a amostra, mesmo em níveis mais
elevados de renda; embora, para esses casos, a taxa de crescimento fosse menor. Os resultados
deste trabalho mostram situações diferentes em ambos os casos, pois, se para toda a amostra se
confirma que renda apresenta relação positiva e significativa com a Felicidade, ao fazer o corte
em US$10.000, ocorreu que o conjunto de países de menor renda não apresentou relação
significativa com a Felicidade, ao passo que o coeficiente de determinação para a amostra cuja
renda é superior a US$10.000 (0,41 na regressão cúbica), de acordo com Cohen (1977), está na
faixa entre médio e elevado.
O mesmo corte foi feito na relação Qualidade de Vida e Felicidade entre esses dois
grupos de países: os coeficientes de determinação mostram médio poder de explicação para o
grupo de baixa renda e entre médio e elevado para o grupo de alta renda. Para países de alta
renda, o coeficiente de determinação entre renda e Felicidade aumenta 11% (de 40,7 para 45,1%)
quando a primeira é trocada por QV, enquanto que, para países de baixa renda, ela aumenta 143%
(de 12,8 para 31,1%).
Parece haver, para países de menor PIB per capita, mecanismos de compensação da
baixa renda nos aspectos que compõem o índice de QV aqui adotado, de modo que, apesar da
diferença tão drástica na renda média entre esses dois grupos de países, a Felicidade experimenta
um acréscimo muito pequeno. Dobrar a renda (que demanda tempo e esforço extraordinários), em
um modelo linear de relacionamento, aumentaria a Felicidade em apenas 4%. Esse resultado
demonstra a pobreza em focar o PIB ou PIB per capita como índices importantes para a
Qualidade de Vida, Felicidade (ou bem-estar) da população.
Regressão múltipla envolvendo todos os construtos como variáveis independentes e a
Felicidade também como independente, empregando método Stepwise, revelou como
significativa apenas a Qualidade de Vida com elevado coeficiente de determinação (R²), sempre
de acordo com critério de Cohen (1977); isso, entretanto, não contribuiu para melhorar a
explicação já obtida nas regressões simples.
Desse modo, foi atendido o primeiro objetivo da pesquisa e confirmado que cada um
128
desses construtos, ao apresentar relação positiva e significativa com a Felicidade, seriam “úteis” a
ela. Qualidade de Vida foi o construto que apresentou melhor explicação da Felicidade enquanto
que Sustentabilidade, representada pelo Índice de Sustentabilidade da Sociedade, foi o que
apresentou a menor, embora, ainda assim, positiva.
Explorando ainda os dados disponíveis, correlações de todos os outros vinte e um
possíveis pares de relações entre os outros construtos, que não com a Felicidade, foram também
estudados. Os coeficientes de Pearson obtidos e os testes neles realizados demonstraram também
que todos, sem exceção, guardam relação positiva entre si, significativas a 1%, exceto para dois
casos, em que ocorreram a 5% (relações da Sustentabilidade com Competitividade e Inovação).
Além disso, as intensidades das correlações, com exceção das realizadas com a variável
Sustentabilidade, apresentaram-se também com valores importantes, alguns muito elevados, tais
como Inovação com Competitividade (0,97); Uso e Prontidão de TIC com Competitividade
(0,96) e Inovação (0, 96); Desempenho Econômico com Inovação (0,85), com Prontidão e Uso de
TIC (0,88) e com Qualidade de Vida (0,86).
Os resultados do conjunto de correlações entre construtos apresentam muito boa
concordância com estudos anteriores, tais como os obtidos no relatório do Legatum Institute
(2008), para Desempenho Econômico com Competitividade e Felicidade; por Deaton (2007),
para Desempenho Econômico com Felicidade; por Fagerberg e Srholec (2008), para Inovação
com Desempenho Econômico; e por Zidansek (2007), para Felicidade com Desempenho
Ambiental e Sustentabilidade.
Quanto à cadeia de relacionamento proposta até a Felicidade, a análise dos onze pares
de relações apresentados no modelo revelou que a variância em nove delas é explicada de modo
significativo, o que resultou na aceitação das respectivas hipóteses. São elas:
significativas a 1%: Prontidão e Uso de TIC com Inovação, Inovação com
Competitividade, Competitividade com Desempenho Econômico,
Desempenho Econômico com Qualidade de Vida, Desempenho Ambiental
com Sustentabilidade e com Qualidade de Vida, Qualidade de Vida com
Felicidade;
significativas a 5%: Prontidão e Uso de TIC com Desempenho Ambiental e
Sustentabilidade com Felicidade.
As hipóteses Desempenho Econômico com Sustentabilidade e com Desempenho
129
Ambiental foram rejeitadas. Isso não significa que essas variáveis não sejam afetadas pelo
Desempenho Econômico, pois regressão simples tomando Desempenho Econômico como
variável independente e Desempenho Ambiental como dependente apresentou satisfatória
(média) intensidade de explicação (31%) e coeficiente beta igual a 0,563. O que acontece no
modelo é que a variável TIC, por apresentar alta correlação com a variável Desempenho
Econômico, diminui o coeficiente de caminho entre este último e o Desempenho Ambiental.
Nas hipóteses significativas as seguintes relações foram positivas e de alta
intensidade:
a influência da Prontidão e Uso de TIC na Inovação;
a influência da Inovação na Competitividade;
a influência da Competitividade no Desempenho Econômico;
a influência do Desempenho Econômico na Qualidade de Vida;
a influência da Qualidade de Vida na Felicidade.
Tendo em vista que muitos construtos, no modelo, não apresentavam relação direta
com a Felicidade, foi possível calcular o efeito total desses nesta última, tendo sido encontrados
como significativos a 1%, exceto Desempenho Ambiental e Sustentabilidade que o foram a 5%.
Embora a análise das relações diretas propostas no modelo tenha encontrado duas
hipóteses não aceitas, a validação do modelo deve se basear principalmente nos coeficientes de
determinação obtidos nas regressões de cada construto com as variáveis que levam a cada um
deles. Aqui, todos os coeficientes de determinação se mostraram significativos a 1%, quanto à
intensidade da explicação. Elas foram, de acordo com Cohen (1977):
muito elevadas para Competitividade (0,95), Inovação (0,91), Qualidade de
Vida (0,78) e Desempenho Econômico (0,71);
elevadas para Felicidade (0,53);
média para Desempenho Ambiental (0,34) e Sustentabilidade (0,30).
Não é de se surpreender a força da Qualidade de Vida na explicação da Felicidade,
pois ela reúne um conjunto de aspectos que a literatura considera relevantes para o bem-estar.
Sustentabilidade se apresentou diferente dos demais construtos, embora tenha
apresentado correlação positiva e significativa com a Felicidade; sua intensidade foi bem mais
baixa que as obtidas com os demais construtos. Nas regressões com a Felicidade, ela se revelou
de baixa intensidade no modelo cúbico, contudo ainda positiva. Na análise do modelo, o
130
coeficiente de caminho da Sustentabilidade com a Felicidade se mostrou significativo a 5%,
embora negativo. Substituída a variável proxy por outra (ESI) como representativa do construto
ela se apresentou como não-significativa. Ao testar um modelo sem esse construto, a
explicação da Felicidade reduziu 4%, ou seja, mesmo que pouco explique a Felicidade, ainda
assim ela contribui para isso. Além disso, ela é medianamente explicada pelo Desempenho
Ambiental e Desempenho Econômico.
8.2 Implicações gerenciais e acadêmicas
Se a Felicidade é a última razão de ser da vida, todas as propostas organizacionais, no
nível micro (empresas) ou macro (países) deveriam possuir com ela relação positiva, como foi
demonstrado neste estudo para cada um desses construtos. Assim, os administradores, ao
melhorarem a infraestrutura e o uso de tecnologia de informação e comunicação, ao melhorarem
as condições que propiciam mais Inovação e Competitividade, ao buscarem maior crescimento
econômico e melhor desempenho ambiental estão contribuindo para melhorar também o nível
médio de Felicidade da população. Essas são inferências, no nível do conjunto de nações que
compõem a amostra desta pesquisa, que podem ser aplicadas, por análise de clusters (ex: por
exemplo de continentes, por macro-regiões do globo ou mesmo por regiões em uma mesma
nação) a outros grupos de estudo, desde que estejam disponíveis os índices correspondentes.
O conceito de bem estar subjetivo ou Felicidade envolve duas dimensões: cognitiva e
afetiva, mas ambas subjetivas. O conceito de Qualidade de Vida no modelo possui limitações
para captar aspectos culturais e sociais, entre outros, relacionados à avaliação cognitiva, bem
como o componente afetivo da Felicidade. Esses outros aspectos estariam incluídos nos 47% não
explicados pelo modelo. Apesar da relevância da explicação encontrada (53%) para a Felicidade,
via Qualidade de Vida, está claro que o conjunto dos aspectos não incluídos no modelo é também
relevante para explicá-la. Aos administradores, fica o desafio de planejar e implementar
programas de governo para atender os aspectos contidos na Qualidade de Vida, medidos de modo
objetivo. À administração pública interessa melhorar o poder de explicação da Felicidade, para
que os programas de governo sejam mais eficazes em propiciar condições que favoreçam o bem-
131
estar das respectivas populações. Aqui, é provável que características regionais, tais como a
cultura e a importância relativa das relações familiares e sociais, sejam uma limitação para a
obtenção de uma única fórmula aplicável a qualquer região do mundo.
O PIB, conforme Oswald (1997), entre muitos outros, é apenas um meio para se
atingir um fim: a Qualidade de Vida; o foco deve estar nesta última e não nos meios. Conforme
Néri (2008, p. 31):
Segundo Adam Smith, o pai da disciplina, o estudo da economia deveria tratar como
central a determinação do nível de felicidade individual. Não rejeitamos aqui a renda e a
riqueza como determinantes da satisfação com a vida dos indivíduos. Nesta visão, o livro
de Smith poderia ser intitulado de “A Felicidade Geral das Nações.
Sendo a maior finalidade do poder público a criação de condições para melhorar o
bem-estar subjetivo (a Felicidade média) da população e não o Desempenho Econômico (renda
per capita), parece gico que ela sirva como referência para a definição das diretrizes de nível
mais elevado da administração pública. Contudo, não é o que se vê, pois as políticas públicas são
ainda definidas com base na atual referência o PIB. Mais recentemente, o conceito de FIB
começou a ser difundido internacionalmente (como exemplo, citemos que o Brasil sediou uma
Conferência Internacional sobre o tema em novembro de 2009). existem países (ex: Butão,
Filipinas) que tomam o bem-estar de sua população como real objetivo de seus governos, a partir
da qual todas as diretrizes e programas de governo devem estar alinhados. Outros países (como
França e Reino Unido) começam a se interessar pelo tema. Nenhum deles propõe retirar de cena
o PIB, pois a renda segue importante, contudo cabe primeiramente aos formuladores das políticas
públicas, e a seguir aos administradores, mudar o foco, a referência, e balancear suas ações no
sentido de proporcionar, com os recursos que m em mãos, a maior utilidade possível para a
Felicidade, considerando os demais aspectos que são, para a população de cada país, relevantes
para alcançá-la.
O resultado do trabalho mostra que a Qualidade de Vida explica 53% da Felicidade; a
variável proxy para representar esse construto considera a renda per capita, porém, sua
importância relativa no índice desse construto é de apenas 11,5%; os demais componentes são:
saúde, segurança e estabilidade política, qualidade de vida familiar, qualidade de vida
comunitária, clima e geografia, segurança de emprego, liberdade política e igualdade entre
gêneros. O PIB está contido na Qualidade de Vida e, provavelmente, afeta outros componentes
132
do mesmo índice. Contudo, sua relevância como predecessor desses será maior à medida que for
eficazmente convertida em contribuição para a segurança pública, para a educação, para a saúde
da população etc. A Qualidade de Vida pode melhorar, por soluções criativas, muito pouco
dependentes da renda. Como exemplo, a saúde, nesse índice de Qualidade de Vida do IEU, é
medida pela expectativa de vida após o nascimento, portanto, muito afetada pela mortalidade
infantil que foi reduzida drasticamente no Brasil por um programa que demanda muito pouca
renda (Pastoral da Criança), demonstrando como a importância da renda pode ser reduzida.
Aos administradores nas empresas e às demais organizações interessa ter pessoas
mais felizes porque elas são mais produtivas (OSWALD, 2009), mais criativas
(CSIKSZENTMIHALYI, 1997; AMABILE, T. ) e mais fáceis de lidar (GIACOMONI, 2004).
Qualidade de Vida no Trabalho é um importante domínio da Felicidade, mas é importante que as
pessoas sejam felizes de modo geral, no conjunto de domínios de suas vidas. Não tendo as
organizações autoridade para intervir na vida das pessoas, ainda assim resta bom potencial para,
de modo criativo, como algumas o fazem, desenvolver programas que afetem a qualidade de
vida em outros domínios da vida. Um exemplo seria o horário flexível de trabalho, programa
adotado por empresas reveladas, em pesquisas, como as melhores para se trabalhar.
8.3 Limitações da pesquisa e oportunidade para futuras pesquisas
Quanto à escolha dos construtos, embora tenha sido proposto um desenho de modelo
com fundamentação lógica, outros desenhos podem ser também propostos e estudados. É
possível enriquecer o modelo com a inclusão de outros construtos referentes a conceitos
organizacionais que possam melhorar o seu poder de explicação na Felicidade.
Quanto à amostra, devido à demanda de dados detalhados referentes a uma série de
aspectos considerados nos índices agregados muitas vezes não disponíveis em certos países como
os africanos, levou à necessidade de redução de países, acarretando uma forte participação de
países europeus nesta pesquisa. Embora a comparação realizada entre características da amostra
total (com 169 países) e da balanceada (com 92 países, usada na análise multivariada e do modelo
proposto) tenha indicado que diferenças importantes possam não ocorrer, possibilidade de
133
estudar, por meio de análise de sensibilidade, a variação de resultados em função da composição
de amostras tomadas em futuras pesquisas.
Quanto à escolha dos índices para representar os construtos, correlações entre
diferentes índices obtidos no levantamento para um mesmo construto mostraram coeficientes de
Pearson acima de 0,80 (exceção, mais uma vez para Sustentabilidade), demonstrando coerência
no modo como foram construídos e permitindo também inferir que resultados não seriam
drasticamente diferentes se outro índice fosse escolhido para representar o respectivo construto.
De todo modo, outros índices podem ser testados.
Quanto à questão temporal dos índices usados na pesquisa, inicialmente a idéia era
usar dados referentes aos construtos de pesquisas realizadas no mesmo ano, contudo, essas
possuem periodicidades diferentes, de modo que existe alguma diferença entre os anos de cada
uma. Para conhecer o erro envolvido, foram realizadas correlações entre resultados de pesquisas
ocorridas em seqüência, quando disponíveis, cujos resultados apresentaram coeficientes de
Pearson da ordem de 0,96, ou seja, muito pouca diferença nos resultados de um ano para outro.
No caso da Felicidade, os estudos (EASTERLIN, 1974; OSWALD, 1987) mostram que ela varia
muito pouco em uma mesma nação, mesmo considerando longos períodos. Por essa razão
considera-se que o erro devido a essa pequena diferença temporal é aceitável para o propósito
desta pesquisa. Fica, contudo, a possibilidade de uma tentativa em futuras pesquisas em ter tais
dados mais alinhados no tempo.
Quanto aos possíveis desdobramentos por análise de clusters, os dados da pesquisa
foram tratados de modo global, sendo os resultados obtidos aplicáveis a esse conjunto. A análise
de clusters, segmentando os dados (por exemplo, por regiões do globo), pode permitir a
identificação de particularidades. Para exemplificar: as pesquisas sobre a relação de Felicidade e
renda apresentaram, para a América do Sul e Caribe, níveis de Felicidade superiores ao que seria
esperado a partir de inferência feita da relação entre essas duas variáveis avaliadas também de
modo global (LEIGH e WOLFERS, 2006; SEAGER e STEWART, 2010; VEENHOVEN, 2007;
entre muitos outros). A explicação para esse fato foi o valor dado para a cultura local e para as
relações familiares e sociais, aspectos que, conforme dito anteriormente, não são captados no
modelo. Desse modo, seria esperado que, nessa região, a explicação do modelo para a Felicidade
fosse inferior ao valor encontrado em nível global. Por outro lado, outras regiões deveriam ter
melhor explicação.
134
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ZUCOLOTO, GRAZIELA F. Inovação Tecnológica na Indústria Brasileira: Uma Análise
Setorial. Dissertação (Mestrado) - USP. 140 p., 2004.
147
APÊNDICE A – Exemplos de perguntas usadas por pesquisadores para medir felicidade
Tipo de
pergunta
Pergunta (s) Pesquisa
onde foi
usada
Única Considerando tudo, o quão feliz você diria que é (Taking all together, how happy you say you are)?: muito feliz (very happy),
razoavelmente feliz (quite happy), não muito feliz (not very happy), realmente não feliz (not a at all happy).
World Value
Studies
Única
Como você está satisfeito com a vida que leva (How satisfied are you with the life you lead)?: muito satisfeito (very satisfied),
razoavelmente satisfeito (fairly satisfied), não muito satisfeito (not very satisfied), realmente não satisfeito (not at all satisfied).
Euro-
barometer
surveys
Única
Aqui está uma figura de uma escada. Suponha que o topo dela represente a melhor e o chão da escala a pior vida para você.
Onde na escada você sente que está no presente momento? Escada de 0 a 10 como uma escala graduada (Here is a picture of a
ladder. Suppose the top of the ladder represents the best possible life for you and the bottom of the ladder the worst possible
life. Where on he ladder do you feel you personally stand at the present time).
Cantril
(1965),
escada de
ranking de
vida atual
Múltipla A mesma questão colocada duas vezes, no começo e no fim da entrevista: como você se sente em relação à sua vida como um
todo: extasiado (delighted), satisfeito (pleased), mais satisfeito que insatisfeito (mostly satisfied), nem satisfeito nem insatisfeito
(mixed), mais insatisfeito que satisfeito (mostly dissastified), insatisfeito (unhappy), muito mal (terrible).
Andrew &
Withey’ Life
3.
Múltipla
Cinco questões avaliadas em uma escala de pontuação de 1 a 7 variando desde concordo plenamente até discordo plenamente:
em muitos aspectos a minha vida está próxima ao ideal (In most ways my life is close to ideal), as condições de minha vida são
excelentes (The conditions of my life are excelent), estou satisfeito com minha vida (I am satisfied with my life), de modo
abrangente eu consegui as coisas importantes que eu queria em minha vida (So far I have gotten the important things I want in
life), se pudesse viver minha vida novamente eu não a mudaria em quase nada (If I could live my life over, I would change
almost nothing).
Diener 1985
Escala de
Satisfação
com a Vida
(Satisfaction
with life Scale
– SWLS)
FONTE: Elaborado pelo autor (adaptado de Veenhoven, 2007)
148
APÊNDICE B – Índice de Prontidão e Uso de TIC – INSEAD (1/2)
Subíndice Pilar Variáveis
Disponibilidade de capital de risco
Sofisticação do mercado financeiro
Disponibilidade de tecnologias recentes
Nível de desenvolvimento de
cluster
Patente de utilidade*
Export. de produtos e serviços de alta tec.
Carga de regulamentos governamentais
Extensão e efeito da tributação
Taxa de tributos total*
Tempo necessário p/ iniciar um negócio/empresa*
Nº de procedimentos necessários para se p/ iniciar um negócio/empresa*
Intensidade da competição local
Liberdade de imprensa
Ambiente para
mercado
adequado
Acessibilidade ao conteúdo digital
Efetividade dos organismos de elaboração de leis
Leis relacionadas à TIC
Independência judicial
Proteção à propriedade intelectual
Eficiência da justiça para disputas
Direitos de propriedade
Qualidade da competição no setor de prov. de internet
Nº de procedimentos para fazer valer um contrato*
Ambiente
político e
regulatório
Tempo p/ fazer valer um contrato na justiça*
Linhas telefônicas*
Servidores seguros de internet*
Produção de eletricidade*
Disponibilidade de cientistas e engenheiros
Qualidade das instituições científicas
Educação terciária*
Componente ambiental
Infraestrutura
Gastos com educação*
*dados objetivos
149
APÊNDICE B (cont.) – Índice de Prontidão e Uso de TIC - INSEAD (2/2
)
Subíndice Pilar
Variáveis
Qualidade da educação em Ciências e em Mat.
Qualidade do sistema educacional
Acesso à internet em escolas
Sofisticação do comprador
Taxa (preço) de conexões telefônicas residenciais
Assinaturas (mensais) de linhas telefônicas res. *
Assinaturas (mensais) de banda-larga de alta v. *
Mais baixo custo de banda-larga*
Prontidão individual
Custo da ligação de telefone celular*
Nível de treinamento do staff
Disponibilidade local de pesq. esp. e serv. de treinamento
Qualidade das escolas de gestão
Gasto empresarial em P & D
Colaboração entre escolas e univ. em pesquisa
Taxa (preço) de ligação telefônica de empresas*
Assinaturas (mensais) telefônicas de empresas*
Qualidade dos fornecedores locais
Quantidade de fornecedores locais
Prontidão
empresarial
Import. de compt.+ serv. de comunic.+ outros serv.*
Prioridade do governo para TIC
Contratos gov. de produtos de tec. avançada
Importância da TIC na visão de futuro do governo
Componente de prontidão
Prontidão
governamental
E-government Readiness Index*
Usuários (assinantes) de telefone celular*
Computadores pessoais*
Usuários (assinantes) de banda-larga*
Usuários de internet*
Uso individual
Usuários de internet com banda-larga*
Prevalência de licenças de tecnologia estrangeiras
Absorção de tecnologia no nível de empresas
Capacidade para inovação
Disponibilidade para novas linhas de telefone
Uso empresarial
Nível de uso empresarial da internet
Sucesso do governo na promoção da TIC
Disponibilidade de serviços governamentais on-line
Uso da TIC e eficiência do governo
Presença da TIC em escritórios governamentais
Componente de uso
Uso governamental
E- participation index*
* dados objetivos
150
APÊNDICE C – Estrutura do índice de Competitividade Global – ICG (1/4)
Dimensões
Desdobra-
mento das
dimensões Variáveis proxy Indicadores
1.1)Direitos de
propriedade
1.01) Direitos de propriedade
1.02) Desvio de recursos públicos
1.2) Ética e corrupção
1.03) Nível de confiança púb. dos políticos
1.04) Independência da justiça
1.3) Influência indevida
1.05) Favoritismo em decisões de pessoas
em cargos de governo
1.06) Desperdício de gastos
governamentais 1.4) Ineficiência
governamental
1.07) Carga de regulamentária
governamental
1.08) Custo empresarial devido a
terrorismo
1.09) Confiabilidade dos serviços policiais
1.10) Custos empresariais devido a crime
e violência
A)
Instituições
Públicas
1.5) Segurança
1.11) Crime organizado
1) Ética corporativa 1.12) Comportamento ético das empresas
1.13) Eficácia do quadro corporativo
1.14) Proteção do interesse dos acionistas
minoritários
1 Instituições
B)
Instituições
privadas
2) accountability (Prestação
de contas)
1.15) Qualidade das normas de audit. e
contab.
2.01Qualidade da infraestrutura geral
2.02) Desenv. da infraestrutura ferroviária
2.03)Qualidade da infraestrutura portuária
2.04) Qualidade da infraestrutura aeroport.
2.05) Qualidade do suprimento de energ.
elétr.
2 Infraestrutura
2)
Infraestrutura
2.06) Linhas telefônicas*
3.01) Superávit/déficit gov. *
3.02) Taxa de poupança nacional*
3.03) Inflação*
3.04) Spread bancário*
3.05) Débito do governo*
3 Macroeconomia-
3) Macro-
economia
3.06) Taxa efetiva de câmbio*
*dados objetivos
151
APÊNDICE C – Estrutura do índice de Competitividade Global – ICG (2/4)
Dimensões
Desdobramento
das dimensões
Variáveis proxy Indicadores
4.01) Impacto empr. de médio prazo por
malária
4.02) Impacto empr. de médio prazo por
tuberculose
4.03) Impacto empr. de médio prazo por
HIV/AIDs
4.04) Mortalidade infantil*
4.05) Expectativa de vida*
4.06) Ocorrência de malária*
4.07) Ocorrência de tuberculose*
Saúde
4.08) Ocorrência de HIV/AIDs*
4 Saúde e Educação Primária
Educação
primária
4.09) Proporção da população com
primeiro grau*
5.01) % de pessoas com 2º grau* Quantidade de
educação
5.02) % da pop. com 3º grau*
5.03) Qualidade do sistema educacional
5.04) Qualidade do ens. de Mat. e Ciências
5.05) Qualidade das escolas de gestão
5.06) Disponibilidade local pesq. Especial e
serv. de treinamento
5 Educação de 2º e 3º
graus e treinamento
Qualidade da
educação
5.07) Extensão de treinamento do staff
*dados objetivos
152
APÊNDICE C – Estrutura do índice de Competitividade Global – ICG (3/4)
Dimensões
Desdobramento das
dimensões
Variáveis
proxy
Indicadores
6.01) Custo da política para a agricultura
6.02) Eficiência do quadro legal
6.03) Extensão e feito dos impostos
6.04) Nº de procedimentos p/ iniciar uma
empresa (d.o)
Distorções
6.05) Tempo requerido p/ se iniciar uma
empresa
6.06) Intensidade da competição local
6.07) Efetividade da política antitruste
6.08) Importações (d.o)
6.09) Presença ou não de barreiras
tarifárias no comércio exterior
Competição
6.10) Restrições à prop. para estrangeiros
6.11) PIB – exportações + importações*
A) Mercado de
bens: distorções,
competição e
tamanho
Tamanho
6.12) Exportações*
6.13) Práticas de contratação e demissão
1) Flexibilidade
6.14) Flexibilidade da determinação de
remuneração
6.15) Confiança em gestão profissional
6.16) Pagamento e produtividade
6.17) Perda de talentos (brain drain)
B) mercado de
trabalho:
flexibilidade e
eficiência
2) Eficiência
6.18) Emprego de mulheres no setor
privado
6.19) Sofisticação do mercado financeiro
6.20) Facilidade de acesso a empréstimos
6.21) Disponibilidade de capital de risco
6.22) Confiança no bancos
6 Eficiência de mercado
C) Mercado
financeiro:
sofisticação e
abertura
6.23) Acesso ao mercado local de ativos
(equity)
7.01) Prontidão tecnológica
7.02) Absorção tecnol. no nível empresarial
7.03) Legislação relacionada a TIC
7.04) FDI (?) e transferência de tecnologia
7.05) Telefones celulares*)
7.06) Usuários da internet*
7 Prontidão Tecnológica
7 Prontidão
tecnológica
7.07) Computadores pessoais*
*dados objetivos
153
APÊNDICE C – Estrutura do índice de Competitividade Global – ICG (4/4)
Dimensões
Desdobramento
das dimensões
Variáveis proxy Indicadores
8.01) Quantidade de fornecedores locais
A) Setores de
suporte e da
rede do negócio
8.02) Qualidade de fornecedores locais
8.03) Sofisticação do processo de
produção
8.04) Extensão do marketing
8.05) Controle de distribuição internacional
8.06) Vontade de delegar autoridade
8.07) Natureza da vantagem competitiva
8 Sofisticação Empresarial
B) Sofisticação
da estratégia e
operação das
empresas
8.08) Presença de cadeia de valor
9.01) Qualidade das instituições científicas
9.02) Gastos das empresas com P & D
9.03) Colaboração universidade-indústria
para pesquisa
9.04) Contratos (procurement) do governo
de produtos de tecnologia avançada
9.05) disponibilidade de cientistas e
engenheiros
9.06) Patentes de utilidade*
9.07) Proteção à propriedade intelectual
9 Inovação
9.08) Capacidade para inovação
*dados objetivos
154
APÊNDICE D – Estrutura do Índice de Sustentabilidade Ambiental – ISA (1/1)
Dimensão Indicadores
Variáveis
População urbana ponderada pela concentração de NO2
População urbana ponderada pela concentração de SO2
População urbana ponderada pela concentração de TSP
Qualidade do ar
Poluição de ambiente interno (indoor) devido ao uso de combustível sólido
% do território nacional com ecorregiões em risco de extinção
% de espécies de pássaros em risco de extinção em relação ao total de espécies de
pássaros conhecidas no país
% de mamíferos em risco de extinção em relação ao total de espécies de mamíferos
conhecidas no país
% de anfíbios em risco de extinção em relação ao total de espécies de anfíbios
conhecidas no país
Biodiversidade
Índice Nacional de Biodiversidade
% da área total de terra (incluindo áreas de água interiores como lagos e rios) com
impacto antropogênico muito baixo
Terra
% da área total de terra (incluindo áreas de água interiores como lagos e rios) com
impacto antropogênico muito elevado
Concentração de oxigênio dissolvido
Condutividade elétrica
Concentração de fósforo
Qualidade da água
Sólidos suspensos
Disponibilidade de água doce per capita
Sistemas
ambientais
Quantidade de água
Disponibilidade de águas subterrâneas per capita
Consumo de carvão por área de terra povoada
Emissões de NOx por área de terra povoada
Emissões de SO2 por área de terra povoada
Emissões de VOC por área de terra povoada
Redução da
poluição do ar
Veículos em uso por área de terra povoada
Taxa de alteração média anual de cobertura florestal de 1990 a 2000
Redução do
estresse do
ecossistema
Ultrapassagem de acidificação sobre a deposição antrópica de enxofre
Alteração porcentual na população entre 2004 a 2050
Redução da taxa de
crescimento
populacional Taxa de fertilidade total
Pegada ecológica (ecological footprint) per capita
Taxa de reciclagem de resíduos
Redução de
resíduos e pressões
de consumo
Geração de resíduos perigosos
Emissões de águas industriais orgânicas poluídas (DBO) por disponibilidade de água
doce
Consumo de fertilizante por hectare de terra cultivada
Consumo de pesticida por hectare de terra cultivada
Redução do
estresse hídrico
% do país com severo stress hídrico
Produtividade de sobrepesca
% da área total de florestas com certificação em gestão sustentável
Pesquisa do Forum Econômico Mundial sobre subsídios
% de área salinizada devido à irrigação em relação ao total de área cultivada
Redução de
estresses
ambientais
Gestão de recursos
naturais
Subsídios para agricultura
155
APÊNDICE E – Lista de países – amostra total (169) e a usada nas regressões (92 – em negrito)
Afeganistão
Costa do Marfim
Itália
Peru
África do Sul
Costa Rica
Jamaica
Polônia
Albânia
Croácia
Japão
Porto Rico
Alemanha
Cuba
Jordânia
Portugal
Angola
Dinamarca
Kosovo
Qatar
Arábia Saudita
Djibuti
Kuwait
Quênia
Argél
ia
Egito
Laos
Quirguistão
Argentina
El Salvador
Lesoto
Reino Unido
Armênia
Emir.
Árabes Unidos
Letônia
Rep. Centro-Africana
Austrália
Equador
Líbano
Rep. Dem. do Congo
Áustria
Eslováquia
Libéria
Rep. Dominicana
A
zerbaijão
Eslovênia
Líbia
Rep. Checa
Bahrein
Espanha
Lituânia
Romênia
Bangladesh
Estados Unidos
Luxemburgo
Ruanda
Barbados
Estônia
Macedônia
Rússia
Bélgica
Etiópia
Madagáscar
Senegal
Belize
Filipinas
Malásia
Serra Leoa
Benin
Finlândia
Malawi
Sérvia
Bielorrússia
França
Mali
Síria
Bolívi
a
Gabão
Malta
Sri Lanka
Bósnia
Gâmbia
Marrocos
Suazilândia
Botsuana
Gan
a
Maurício
Sudão
Brasil
Geórgia
Mauritânia
Suécia
Brunei Darussalam
Grécia
México
Suíça
Bulgária
Guatemala
Mianmar
Suriname
Burkina Fasso
Guiana
Moçambique
Tailândia
Burundi
Guiné
Moldávia
Taiwan
Butão
Guiné-
Bissau
Mongólia
Tajiquistão
Cabo Verde
Haiti
Montenegro
Tanzânia
Camarões
Holanda
Namíbia
Timor-
Leste
Camboja
Honduras
Nepal
Togo
Canadá
Hong Kong, China
Nicarágua
Trindade e Tobago
Cazaquistão
Hungria
Níger
Tunísia
Chade
Iêmen
Nigéria
Turquemenistão
Chile
Ilhas Salomão
Noruega
Turquia
China
Índia
Nova Zelândia
Ucrânia
Chipre
Indonésia
Omã
Uganda
Singapura
Irã
Palestina
Uruguai
Colômbia
Iraque
Panamá
Uzbequistão
Congo
Irlanda
Papua N.
Guiné
Venezuela
Coréia do Norte
Islândia
Paquistão
Vietnã
Coréia do Sul
Israel
Paraguai
Zâmbia
156
ANEXO A – Conceito de felicidade
Uma amostra dos conceitos no site: http://www.pensador.info/p/conceito_de_felicidade/1/
Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade. Carlos Drummond de Andrade
Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. Mahatma Gandhi
Saber encontrar a alegria na alegria dos outros, é o segredo da felicidade. Georges Bernanos
Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente. Érico Veríssimo
O dinheiro não traz felicidade – para quem não sabe o que fazer com ele. Machado de Assis
A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos. Arthur
Schopenhauer
A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira. Léon Tolstoi
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira. Johann Goethe
O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas
com esperança e de esperar o melhor e não o pior. Alfred Montapert
A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-
se feliz. Sigmund Freud
As idéias das pessoas são pedaços da sua felicidade. William Shakespeare
Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons. Carlos Drummond
de Andrade
A suprema felicidade da vida é ter a convicção de que somos amados. Victor Hugo
A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido. Marxwell Maltz
O dinheiro é uma felicidade humana abstrata; por isso, aquele que não é capaz de apreciar a verdadeira
felicidade humana, dedica-se completamente a ele. Arthur Schopenhauer
O segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros. Alexandre Herculano
O dinheiro não dá felicidade. Mas paga tudo o que ela gasta. Millôr Fernandes
A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros. Allan
Kardec
157
A felicidade não é uma estação aonde chegamos, mas uma maneira de viajar. Margareth Lee Rimbeuk
Quase sempre a maior ou menor felicidade depende do grau de decisão de ser feliz. Abraham Lincoln
A recordação da felicidade já não é felicidade; a recordação da dor ainda é dor. George [Lord] Byron
Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade. Bertrand Russell
Não é a força, mas a constância dos bons resultados que conduz os homens à felicidade. Friedrich Nietzsche
A felicidade não se encontra nos bens exteriores. Aristóteles
Os homens que procuram a felicidade são como os embriagados que não conseguem encontrar a própria casa,
apesar de saberem que a têm. Voltaire
Em vão procuramos a verdadeira felicidade fora de nós, se não possuímos a sua fonte dentro de nós. Marquês
de Maricá
Não busque a felicidade fora, mas sim dentro de você, caso contrário nunca a encontrará. Epiteto
O amor é a primeira condição da felicidade do homem. Camilo Castelo Branco
A maior felicidade é quando a pessoa sabe por que é que é infeliz. Fiodor Dostoievski
A felicidade não depende do que você é ou do que tem, mas exclusivamente do que você pensa. Dale Carnegie
A felicidade é salutar para o corpo, mas só a dor robustece o espírito. Marcel Proust
A espécie de felicidade que me falta, não é tanto fazer o que quero mas não fazer o que não quero. Jean Jacques
Rousseau
Quem não encontra a felicidade em si mesmo, é inútil procurá-la em outro lado. François La Rochefoucauld
A felicidade é difícil de atingir, pois só a atingimos tornando felizes os outros. Stuart Clock
Aquilo a que chamamos felicidade consiste na harmonia e na serenidade, na consciência de uma finalidade,
numa orientação positiva, convencida e decidida do espírito, ou seja, na paz da alma. Thomas Mann
A felicidade não é um ideal da razão, mas sim da imaginação. Emmanuel Kant
O prazer não é um mal em si; mas certos prazeres trazem mais dor do que felicidade. Epicuro
A felicidade consiste em ações perfeitamente conformes à virtude, e entendemos por virtude não a virtude
relativa, mas a virtude absoluta. Entendemos por virtude relativa a que diz respeito às coisas necessárias e por
virtude absoluta a que tem por finalidade a beleza e a honestidade. Aristóteles
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
158
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem
Vinicius de Moraes
um caminho para a felicidade. Não nos preocuparmos com coisas que ultrapassam o poder da nossa
vontade. Epicuro
O dinheiro não faz a felicidade. Um homem com 10 milhões de dólares o é mais feliz do que o que possui 9.
Bart Brown
Uma vida inteira de felicidade! Nenhum homem vivo conseguiria suportá-la. Seria o inferno. George Bernard
Shaw
A felicidade não consiste em adquirir nem em gozar, mas sim em nada desejar, consiste em ser livre. Epiteto
Não é a riqueza nem a pompa, mas a tranqüilidade e a ocupação que dão felicidade. Thomas Jefferson
Aprendi a procurar a felicidade limitando os desejos, em vez de tentar satisfazê-los. Stuart Mill
A felicidade não depende do que nos falta, mas do bom uso do que temos. Thomas Hardy
Não há uma estrada real para a felicidade, mas sim caminhos diferentes. Há quem seja feliz sem coisa nenhuma,
enquanto outros são infelizes possuindo tudo. Luigi Pirandello
O dinheiro não traz a felicidade. Manda buscar Millôr Fernandes
Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade. Carlos Drummond de Andrade
A felicidade depende das qualidades próprias do indivíduo e não do estado material do meio em que se acha.
Allan Kardec
A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que você é, ou melhor, apesar daquilo que
você é. Victor Hugo
Felicidade! É inútil buscá-la em qualquer outro lugar que não seja no calor das relações humanas. um bom
amigo pode levar-nos pela mão e nos libertar.
(Terra dos Homens – 1939) Antoine de Saint-Exupéry
...e buscas a segurança antes da felicidade, a segunda será o preço que terás que pagar pela primeira. \Richard
Bach
159
O segredo da felicidade não é fazer sempre o que se quer, mas querer sempre o que se faz. Leon Tolstoi
Felicidade é a única coisa que podemos dar sem possuir Voltaire
Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz. Madre Teresa de
Calcutá
O segredo para ser infeliz é ter tempo livre para se preocupar se é feliz ou não. George Bernard Shaw
O mais feliz dos felizes é aquele que faz os outros felizes. Alexandre Dumas
Ser estúpido, egoísta e ter boa saúde, eis as condições ideais para ser feliz. Mas se a primeira vos falta, tudo está
perdido. Gustave Flaubert
Procuramos a nossa felicidade em coisas materiais, mas a felicidade não está na matéria, e sim nas coisas
espirituais. W. Somerset Maugham
A felicidade é um perfume que não podemos espargir sobre os outros, sem que caiam algumas gotas sobre nós
mesmos. Ralph Waldo Emerson
Não preciso me drogar para ser um gênio;
Não preciso ser um nio para ser humano;
Mas preciso do seu sorriso para ser feliz. Charles Chaplin
Quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho. Vivo tranqüilo, a liberdade é quem me faz carinho
Marisa Monte
Seja feliz do jeito que você é, não mude sua rotina pelo que os outros exigem de você, simplesmente viva de
acordo com o seu modo de viver. Bob Marley
Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade. Gottfried Leibnitz
A felicidade é como a saúde: se não sentes a falta dela, significa que ela existe. Ivan Turgueniev
Há pessoas que têm tudo para serem felizes, exceto a felicidade. Sacha Guitry
A felicidade não consiste em fazer o que gostamos, mas em gostarmos do que fazemos. Noel Clarasó
Não existe / felicidade perfeita. Horácio
Toda felicidade é incerta e instável. Séneca
Nunca somos tão infelizes como supomos, nem tão felizes como havíamos esperado. François La
Rochefoucauld
A felicidade não se encontra nos bens exteriores. Aristóteles
A felicidade e a saúde são incompatíveis com a ociosidade. Aristóteles
A felicidade é para quem se basta a si próprio. Aristóteles
Felicidade é ter o que fazer, ter algo que amar e algo que esperar Aristóteles
A felicidade consiste numa certa maneira de viver, no meio que circunda o homem, nos costumes e nas
instituições adotadas pela comunidade à qual pertence. Aristoteles
160
A felicidade é igual, quer se encontre numa pessoa rica quer numa de condição humilde. Eurípedes
Bem curta seria a felicidade dos homens se fosse limitada aos prazeres da razão; os da imaginação ocupam os
maiores espaços da vida humana. Marquês de Maricá
O dinheiro é instrumento de felicidade, mas não é a felicidade. Paolo Mantegazza
Quanto maior é a sua sabedoria, mais os homens se afastam da felicidade. Erasmo
Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade. Bertrand Russel
A felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A felicidade é a própria estrada. Bob Dylan
Alegria é a mais perfeita expressão da felicidade. Jeanete de Moraes Souza
A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro.
Platão
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