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UNIVERSIDADEESTADUALDECAMPINAS
FACULDADEDEENGENHARIACIVIL,ARQUITETURAEURBANISMO
GuilhermeAntônioMichelin
OReconhecimentodeuma
PaisagemCultural
FAZENDALAGEADOBotucatu/SP
Dissertação apresentada à Comissão de Pós
Graduação da Faculdade de Engenharia Civil,
ArquiteturaeUrbanismo,daUniversidadeEstadualde
Campinas, como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de
concentração de Recursos Hídricos, Energéticos e
Ambientais, Linha de Pesquisa de Planejamento
Regional,PatrimônioePaisagem.
Orientador:Dr.AndréMunhozdeArgolloFerrão
CAMPINAS
2010
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
M582r
Michelin, Guilherme Antônio
O reconhecimento de uma paisagem cultural: Fazenda
Lageado - Botucatu/SP / Guilherme Antônio Michelin. --
Campinas, SP: [s.n.], 2010.
Orientador: André Munhoz de Argollo Ferrão.
Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo.
1. Planejamento regional. 2. Patrimonio cultural -
Proteção. 3. Café - Brasil - Historia. 4. Fazendas de
café. 5. Paisagens culturais. I. Argollo Ferrão, André
Munhoz de. II. Universidade Estadual de Campinas.
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo. III. Título.
Título em Inglês: The recognition of a cultural landscape:: Lageado Farm -
Botucatu/SP
Palavras-chave em Inglês: State planning, Cultural heritage protection, Coffe Brazil
history, Coffee farm, Cultural landscapes Brazil
Área de concentração: Recursos Hídricos, Energéticos e Ambientais
Titulação: Mestre em Engenharia Civil
Banca examinadora: Regina Andrade Tirello, José Matheus Yalendi Perosa
Data da defesa: 21/01/2010
Programa de Pós Graduação: Engenharia Civil
ii
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Dedicoestetrabalhoameuspais,
Dr.DayaeProf.Marilene.
v
vi
Agradecimentos:
ADeus.
ObrigadoaMarita,minhaamadaesposa,pelapaciência,apoioeamorincondicional;
Obrigadoatodaminhafamília,pelocarinhoepelaformaçãopessoal;
Obrigado à direção da Faculdade de Ciências Agronômicas e da Universidade Estadual Paulista que
contribuíram com o desenvolvimento deste estudo. Agradeço em especial ao Prof. Leonardo
TheodoroBull,porincentivaraimplementaçãodoProjetodeRevitalizaçãodeUsodaÁreaHistórica
da Fazenda Lageado, em 2005, e a José Eduardo Candeias, coordenador do projeto, pelo
companheirismoeportornarrealidadenossossonhosdepreservaçãodaFazendaLageado.
AosAmigos,EmpresasAmigaseInstituiçõesAmigasdaFazendaLageadoeàpopulaçãobotucatuense,
parceirosmaisimportantesnestatarefadeconstruçãoeconservaçãodanossapaisagemcultural;
AgradeçoàFundaçãodeEnsinoePesquisasAgrícolaseFlorestais,queapoiouestetrabalhode2006a
2008;
ObrigadoàMirzaPellicciottaeàJulianaBinotti,pelosuporteespiritualeintelectual;
ObrigadoameusprofessoresecompanheirosdaFaculdadede Engenharia,ArquiteturaeUrbanismo,
da UniversidadeEstadual de Campi
nas e do Labore, por somarema minhavida suas ricasvisões do
mundo.
Obrigado a todos que contribuíram de forma direta ou indireta no processo de desenvolvimento
destetrabalhoequenãopudecitarnominalmente.
Obrigadoespecialameuorientador,Dr.André Argollo, pelariquezadepossibilidadesquedividimos
durantetodooprocessodedesenvolvimentodestetrabalho.
vii
Resumo
MICHELIN,GuilhermeAntônio.OReconhecimentodeumapaisagemcultural:FazendaLageado
Botucatu/SP.Campinas,SP:[s.n.],2010.DissertaçãodeMestrado‐UniversidadeEstadualde
Campinas,FaculdadedeEngenhariaCivil,ArquiteturaeUrbanismo.
Comumaevoluçãohistóricasingular,aFazendaLageadodesenvolveusecomopropriedade
particularprodutoradecaféparaexportaçãonoúltimoquarteldosécXIX.Em1934,passa
ao controle do governo federal, transformandose Estação Experimental. Em 1972, o
governoestadualrecebeafazendaatravésdecessãodeusopor99an
osparaimplantação
de unidade de Ensino Superior. Esta singularidade com que a Fazenda Lageado vem se
desenvolvendoaolongodotempo,suadivisadiretacomoperímetrourbanodeBotucatue
aarquiteturacaracterísticadosperíodosporquepassoutrazemumacargahistóricamuito
forte e uma intensa relação com o desenvolvim
ento da região ondeestá inserida. Através
da análise transdisciplinar aliada ao enfoque sistêmico e à visão de processos, propõese
auxiliaroleitoravisualizarrelaçõesexistentesentreosprocessoscoevolutivosdafazenda
edaáreaurbana,nointuitode possibilitar aexplicitaçãodopróprioprocessodeformação
dapai
sagemlocal,emseucaráterfísicoe,também,cultural.
PalavrasChave:1.Planejamentoregional;2.PatrimônioculturalProteção;3.Café‐Brasil
Historia;4.Fazendasdecafé;5.Paisagensculturais.
ix
SUMÁRIO
ListadeIlustrações...........................................................................................................................3
ListadeTabelas................................................................................................................................7
ListadeAbreviações.........................................................................................................................8
IINTRODUÇÃO.......................................................................................................................9
Oobjetodepesquisa........................................................................................................................9
ContodeApresentação...................................................................................................................14
Relaçõescomoobjetodeestudo....................................................................................................17
AFazendaeoArquiteto......................................................................................................................................17
II‐OBJETIVOS..........................................................................................................................23
ObjetivosGerais.............................................................................................................................23
ObjetivosEspecíficos......................................................................................................................23
III‐CONTEXTOHISTÓRICO.......................................................................................................25
Ocupaçãohumanadapaisagem.....................................................................................................26
BotucatuPortaldoSertão................................................................................................................................26
OCaféeaFerroviaprocessoscontíguosnaconstruçãodaPaisagem.............................................................37
ABaciadoRibeirãoLavapés(BRL)Unidadedeanálise....................................................................................47
IV‐METODOLOGIA.................................................................................................................55
Aevoluçãodoolharsobreoobjetoprocessoemconstantedesenvolvimento.............................55
V‐TEORIAEPRÁTICA..............................................................................................................63
ArquiteturaRuraleEspaçoNãoUrbano.........................................................................................63
Obinômio“PatrimônioPaisagem”...............................................................................................83
Dopatrimônioàpaisagem...................................................................................................................................83
Dapaisagemaopatrimônio.................................................................................................................................99
VIRESULTADOSOBTIDOS..................................................................................................121
AsFontesPrimáriasdePesquisa....................................................................................................121
NoâmbitodaEstaçãoExperimentalCentraldoCafé.......................................................................................130
NívelRegional...............................................................................................................................133
AFazendaLageadoeaBaciadoLavapés.........................................................................................................133
NíveldaPropriedade.....................................................................................................................145
AevoluçãodaocupaçãofísicadaFazendaLageado:Umaleituraatravésdosseusvestígiosedificados........145
Usosevisuaisdeinteresse...............................................................................................................................158
NíveldoEdifícioedoMaquinário..................................................................................................167
Osistemadaságuas..........................................................................................................................................168
Aevoluçãodousoeocupaçãodoterreiroedesuasedificaçõesadjacentes..................................................178
RiscosatuaisàconservaçãodapaisagemculturaldaFazendaLageado..........................................196
VIICONCLUSÃO.................................................................................................................203
Desdobramentospossíveisdesteestudo.......................................................................................206
VIII‐REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS......................................................................................209
ANEXOS.............................................................................................................................215
ANEXO01INVENTÁRIODEPROTEÇÃODOACERVOCULTURAL..........................................................217
ANEXO02VISUAISDEINTERESSE........................................................................................................231
ANEXO03SISTEMADEÁGUAS.............................................................................................................247
ANEXO04MAPASDEPRESERVAÇÃODOPATRIMÔNIOCULTURAL......................................................271
ListadeIlustrações
Figura1CroquisdasdelimitaçõesdoperímetrourbanoedaFazendaLageadodentrodoMunicípiodeBotucatu10
Figura2‐BaciasHidrográficas.FonteSILVAetall(2008)............................................................................................11
Figura3FazendaLageado,recortedeestudo...........................................................................................................12
Figura4‐Vistaaéreado"Bairro"nadécadade1960.Fonte:SpadaroeGomes(1994)............................................18
Figura5‐Mapadotrajetodosmonçoeirosnaregião.Fonte:Pupo(2002).................................................................30
Figura6‐RepresentaçãográficadapossíveláreadoadaporJoséGomesPinheiro.FontePupoeCiaccia(2005).....32
Figura7CriaçãodaFreguesia.FragmentosdaLei283.Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo........................33
Figura8‐ElevaçãodeBotucatuàvila.FragmentosdaLeinº506‐Fonte:ArquivodoEstadodeoPaulo..............34
Figura9DivisasdoMunicípio‐FragmentosdasLeis554e657.Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo................34
Figura10‐MapadoMunicípiodeBotucatunadatadesuacriação.Fonte:Pupo(2002)...........................................35
Figura11ProváveltransposiçãodoslimitesdoMunicípiodeBotucatuparamapaatual........................................36
Figura12‐perímetrourbanodeBotucatu‐desenhodeC.Schmitt
(semdata)..........................................................39
Figura13‐"AsTrêsPedras.SerradeBotucatú"‐desenhodeC.Schmitt(Explor.Botuc.24/9/82).......................40
Figura14‐"FimdoespigãodoDrJoão,vistodocafezaldoBarãodeSerraNegra"desenhodeC.Schmitt(sem
data).............................................................................................................................................................................42
Figura15‐"CasaeVendadoJucaCapitão(antigaD.Joanna)naEstradavelhadeTieteBotucatunamargemE.
doCapivara"desenhodeC.Schmitt(EstaçãoAlambarySãoManoel10/4/86)....................................................43
Figura16‐"VistadaSerradoBarão"‐desenhodeC.Schmitt(cafezaldo(?)TicoAntunes5/4/86)..........................44
Figura17‐VistadoAltodaSerradeBotucatunaEstradavelhaTietê(8SW)‐desenhodeC.Schmitt
(ExploraçãoporBotucatu8/10/82)..............................................................................................................................45
Figura18‐"SerradeBotucatu.VistadoAltodoBarãoedoValledoCórregoFundodaestradaoFonseca"‐
desenhodeC.Schmitt(ExploraçãoSãoManoel4/5/86).........................................................................................46
Figura19MunicípiodeBotucatuemvermelho,sobreoMapadasUnidadesHidrográficasdeGerenciamentode
RecursosHídricos‐URGHI.Fonte:IGC.........................................................................................................................48
Figura20‐LocalizaçãodaBaciadoRibeirãoLavapesnoMunicípiodeBotucatu.......................................................49
Figura21RibeirãoLavapés,dentrodaFazendaLageado.........................................................................................50
Figura22JuzantedoRibeirãoLavapés,vistodapontedeacessoàarquiteturadaprodução.................................50
Figura23‐VazantedoRibeirãoLavapés,vistodapontedeacessoàarquiteturadaprodução.................................51
Figura24‐Abaciacomoampulheta............................................................................................................................51
Figura25‐DelimitaçãodaBaciadoLavapéssobreMDTElevação.Fonte:Orsi..........................................................52
Figura26‐AltitudesdaBRL.Fonte:Orsi(2004)...........................................................................................................53
Figura27‐DeclividadesdaBRL.Fonte:Orsi(2004).....................................................................................................54
Figura28‐Abordagemsistêmicaevisãodeprocessosparaoestudodaarquiteturarural.FonteArgolloFerrão
(2004b).........................................................................................................................................................................56
Figura29Esquemados3conjuntosrecortedeanálise............................................................................................59
Figura30‐exemplodeevoluçãonaturaldosvetores"processocultural"e"processoprodutivo".............................59
Figura31ArquiteturadaProduçãoesquematizadaciclicamente.............................................................................60
Figura32‐Conjuntosrecorteanalisados.....................................................................................................................61
Figura33“Espiralevolutiva”Recortedeanálisefísicotemporaldoobjetodeestudo..........................................61
Figura34‐Croquisdeanálisedaevoluçãodamalhaurbana.Fonte:Michelin(2004)................................................64
Figura35‐RestaurodaTulhacomoatoirradiadordedesenvolvimento.Fonte:Michelin(2004)..............................71
Figura36‐RelaçõesdiretasentreaTulhaeseuentornoimediato.Fonte:Michelin(2004).......................................72
Figura37EscalasdeanálisedaFazendaLageadoedamalhaurbanadeBotucatu.Fonte:Michelin(2004)..........73
Figura38“CafetalBuenavista”.DesenhodeParedes(2003).Fonte:RamirezeParedes(2004).............................76
Figura39‐MapadocaminhodocaféatéCuba.Fonte:RamirezeParedes(2004)....................................................77
Figura40‐Cafezalplantadoemterraços.Aofundo,conjuntodeedificaçõesmesclandoseàpaisagemnatural.
Fonte:www.sweetmarias.com....................................................................................................................................80
Figura41VistageraldaCidadedeDrama.Fonte:www.sweetmarias.com............................................................80
Figura42‐Utilizaçãodacoberturadoedifícioparasecagemdocafé.Fonte:www.sweetmarias.com.....................81
Figura43‐EstaçãoferroviáriadeBotucatu................................................................................................................87
Figura44‐ProjetodoPostoLageado..........................................................................................................................87
Figura45‐MapadelimitandopropostadeampliaçãonoperímetrodeTombamento............................................108
Figura46‐DistintastipologiasdeTombamentopropostasnaTGI.Fonte:Michelin(2001)....................................109
Figura47MontanhasdoTongariro.Imagem:UNESCO/S.A.Tabbasum.............................................................113
Figura48‐Comunidadelocal.Imagem:UNESCO/S.A.Tabbasum..........................................................................113
Figura49‐MontanhasSagradasdoTongariro.Imagem:UNESCO/S.A.Tabbasum..............................................114
Figura50‐"SerradeBotucatu.VistadoAltodoBarãoedoValledoCórregoFundodaestradaoFonseca"‐
desenhodeC.Schmitt(ExploraçãoSãoManoel4/5/86)......................................................................................121
Figura51‐AtuaçãodaempresaConceiçãoeCianaBolsadoCafédeSantos.Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo
...................................................................................................................................................................................123
Figura52Detalhedadatadecontrato(novembrode1921)evendedor(F.Conceição&Cia).Fonte:Arquivodo
EstadodeSãoPaulo...................................................................................................................................................123
Figura53‐Detalhecompradores(diversos)edatadeentrega(dezembrode1921).Fonte:ArquivodoEstadodeSão
Paulo..........................................................................................................................................................................124
Figura54‐CapadoLevantamentodemateriaisadquiridosjuntoàFazendaLageado.Fonte:BibliotecaFCA(obras
raras).........................................................................................................................................................................124
Figura55‐Levantamentodoterreirosuperior,comáreade11.700m²,comvalorestimadode175:500$000.......125
Figura56‐Residência28,deCarlosFioravante,naColôniaFazendinha..............................................................126
Figura57‐DetalhedonomedaColôniaFazendinhaedeseumorador,CarlosFioravante.....................................127
Figura58‐Croquisdacasan°28...............................................................................................................................127
Figura59‐DataeassinaturadoAgrônomoresponsávelpeloserviço......................................................................128
Figura60Partedolevantamentoplanialtimétricode1934,contendocasagrande,terreiroscomindicaçãode
áreasetulhasdepassagem.......................................................................................................................................129
Figura61‐CasadoDespolpador,comlavadoresdecafé,caixasd'aguaeterreiroanexo,comalinhadetrem
indicadaemtracejado...............................................................................................................................................129
Figura62‐RelatóriosdasAtividadesdaEstaçãoExperimentaldeBotucatu,dediversosanos...............................130
Figura63‐ProjetopaisagísticoparaDiretoriadaEECCFigura64‐ProjetoparaPostoFerroviário(estação)....130
Figura65‐PlantadaSedecomindicaçãodeusodasedificações,comsistemadeáguasetopografia..............131
Figura66LimitesdoMunicípiodeBotucatuem1855(manchavermelhoclaro)elimiteatual,emvermelhoescuro.
...................................................................................................................................................................................133
Figura67‐RecortedaBaciadentrodoMunicípio.DesenhosobreMDTElevação.Fonte:Silvaetall(2008)..........134
Figura68CroquisdofuncionandoemfunildaBacia..............................................................................................135
Figura69‐LocalizaçãodaFazendaLageadosobreMapadeAltitudesdaBRL,deOrsi(2004)................................136
Figura70‐LocalizaçãodaFazendaLageadosobreMapadeDeclividadesdaBRL,deOrsi(2004)..........................137
Figura71‐manchaurbana,FazendaLageadoeBaciadoLavapésnoMunicípiodeBotucatu................................138
Figura72CroquisdaPaisagempréexistenteaoperíododeanálise.....................................................................140
Figura73CroquisdaPaisagemdoperíododeanálise:FazendaCafeeira.........................................................141
Figura74‐CroquisdaPaisagemdoperíododeanálise:EstaçãoExperimentalCentraldoCa.........................142
Figura75‐CroquisdaPaisagemdoperíododeanálise:UniversidadeEstadualPaulista.....................................143
Figura76‐Croquissemescaladasituaçãodocampusemrelaçãoàcidadeeàfazenda.........................................144
Figura77‐FazendaLageado‐Sistemaviárioatual...................................................................................................146
Figura78‐FazendaLageado‐Sistemaviárioatualcomedificações........................................................................147
Figura79‐MapadaEstaçãoExperimental(finaldadécadade1930).Fonte:BibliotecaFCA(ObrasRaras)...........147
Figura80‐Provávelsistemaviáriooriginaldafazendacafeeira,comlocaçãodasedificaçõesdeépocaemvermelho.
....................................................................................................................................................................................148
Figura81‐Sistemaviárioprincipaldoperíodo,cominserçãodasedificaçõesdeépocaemazul.........................148
Figura82‐Sistemaviárioprincipaldauniversidade,emamarelo,cominserçãodasedificaçõesdeépoca..............149
Figura83‐manchadaocupaçãooriginaldafazendacafeeira..................................................................................150
Figura84‐EdifíciodaTulhaeCasadeMáquinas......................................................................................................150
Figura85‐CasadeMorada(CasaGrande)...............................................................................................................151
Figura86‐CasadeColono(ColôniaSeisCasas).........................................................................................................151
Figura87manchadaocupaçãoprincipaldaestaçãoexperimental.......................................................................152
Figura88‐PrédiodaDiretoriadaEstaçãoExperimental...........................................................................................152
Figura89‐Hospedaria...............................................................................................................................................153
Figura90‐CasadeservidordaEstaçãoExperimental...............................................................................................153
Figura91manchadaocupaçãodauniversidade....................................................................................................154
Figura92‐DepartamentodeEngenhariaRural.Fonte:www.fca.unesp.br..............................................................154
Figura93‐Fonte:www.fca.unesp.br.........................................................................................................................155
Figura94‐DepartamentodeCiênciasdoSolo.Fonte:www.fca.unesp.br................................................................155
Figura95‐evoluçãodaocupaçãodaFazendaLageado............................................................................................156
Figura96‐evoluçãodaocupaçãodaFazendaLageadoeanálisedosistemaviário.................................................157
Figura97FazendaLageado‐Usoeocupaçãocomatividadesdeesporteelazer..................................................159
Figura98‐Pedestresutilizandoavenidacentraldauniversidadeparalazereesporte............................................159
Figura99‐Pedestresutilizandoavenidacentraldauniversidadeparalazereesporte............................................160
Figura100‐Famíliabrincandoembolsãodeestacionamento,nofinaldesemana.................................................160
Figura101‐Pedestrespraticandocorrida.................................................................................................................161
Figura102‐FamíliasnofinaldetardeaoredordaHospedaria................................................................................161
Figura103‐Criançasbrincandonogramadoemfinaldetarde.VistadaCuestaaofundo......................................162
Figura104‐FeiradoAutomóvelAntigo(set/2009).Foto:JoséEduardoCandeias...................................................162
Figura105‐FeiradoAutomóvelAntigo(set/2009).Foto:JoséEduardoCandeias...................................................163
Figura106‐FeiradoAutomóvelAntigo(set/2009).TulhaaoFundo.Foto:JoséEduardoCandeias........................163
Figura107‐FeiradoAutomóvelAntigo(set/2009).CasaGrandeaofundo.Foto:JoséEduardoCandeias..............164
Figura108‐CampodefuteboldoAthléticoClubeLageado......................................................................................164
Figura109FazendaLageado‐Visuaisdeinteresse(EMVERMELHO:Visuaisemlocaldepermanência;EM
AMARELO:visuaisapartirdosistemaviário);...........................................................................................................165
Figura110‐FazendaLageado‐visuaisdeinteressesobreusoeocupação..............................................................166
Figura111aquedutonoterreirosuperior...............................................................................................................168
Figura112‐raloparacaptaçãodeáguasecanaletasnoterreiroinferior................................................................168
Figura113‐Caixasd'água ..........................................................................................................................169
Figura114tanquesdelavagemdodespolpadordecafé........................................................................................169
Figura115Comporta ................................................................................................................................169
Figura116‐Caixadedecantação..............................................................................................................................169
Figura117‐Ocaminhodaságuasnoperíodocafeeiro.............................................................................................170
Figura118‐OcaminhodoCafé(períododafazenda)...............................................................................................171
Figura119AnálisedosistemadeáguassobredesenhodeAfonsoPoyart.............................................................173
Figura120ProvávelsistemadeÁguaseEnergianaEstaçãoExperimentalCentraldoCafé(2°Período).............174
Figura121‐SistemadeÁguasnaFazendaCafeeira(1°Período)..............................................................................175
Figura122‐Levantamentodatijoleira,expostoatravésdeprospecçãoarqueológica.DesenvolvidoporGuilherme
Michelin,dentrodoprojetoArqueologianoCampus................................................................................................176
Figura123‐Vistaaéreadoconjuntoedificadoharmoniaentreaarquiteturadaproduçãodocafé,edificaçõesda
EstaçãoExperimentaleedificaçõesuniversitárias.Fonte:PrefeituraMunicipaldeBotucatu
(www.botucatu.sp.gov.br).........................................................................................................................................178
Figura124‐Ocupaçãodoterreironoperíodo......................................................................................................179
Figura125‐Tulhadepassagem,pequena.Aparterefeitadomuro(pedrasmaisclaras)éoprovávellocalda
segundatulha,desaparecidacompletamente..........................................................................................................180
Figura126‐tulhadepassagem,grande...................................................................................................................180
Figura127‐UsodoterreironoPeríodo................................................................................................................181
Figura128‐VarandadaCasaGrandevoltadaparaaTulha....................................................................................182
Figura129‐VistadaentradadatulhaapartirdopatamardaCasaGrande...........................................................182
Figura130‐Ocupaçãodoterreiroeadjacênciasnoperíodo................................................................................183
Figura131‐Galpãoparaequipamentosconstruídosobreoterreirointermediário.................................................184
Figura132‐Secadordecaféalenha.........................................................................................................................184
Figura133‐galpãodeserviçosimplantadosobreoterreirosuperior......................................................................185
Figura134Detalhedoconjuntodetulhasdogalpão.............................................................................................185
Figura135‐BombadecombustívelmarcaWayne,implantadanalateraldoGalpão.............................................186
Figura136‐VolumeàdireitaacrescidoduranteperíododeEstaçãoExperimental.................................................187
Figura137‐Placadoaerador/classificadorimplantadonatulha............................................................................187
Figura138‐Aerador/classificadorimplantadonatulha,em1935...........................................................................188
Figura139‐Usodoterreiroeadjacênciasnoperíodo..........................................................................................189
Figura140‐Ocupaçãodoterreiroeadjacênciasnoperíodo................................................................................190
Figura141‐Usoatualdoterreiroeadjacências........................................................................................................191
Figura142‐EvoluçãodaOcupaçãodosTerreiroseáreasadjacentes......................................................................192
Figura143‐EvoluçãodoUsodosTerreiroseáreasadjacentes................................................................................192
Figura144‐Vistadoconjuntodeinteressecominterferência.................................................................................197
Figura145‐Vistadoconjuntodeinteressecominterferênciasnapaisagem..........................................................197
Figura146‐PrédiodaDiretoriadaEECCantesdareforma(2008)..........................................................................199
Figura147‐PrédiodaDiretoriaEECCduranteareforma(01/2009)........................................................................199
Figura148‐Saguãodeentradaantesdareforma(foto:2004)................................................................................200
Figura149‐Saguãoduranteareforma(02/2009)...................................................................................................200
Figura150‐Edificaçãosemuso,comriscodearruinamento...................................................................................201
Figura151‐fluxodeveículoscruzandoaáreahistóricanofinaldodia,emumferiadoprolongado......................201
Figura152‐pedestreseveículosdividindoespaçonaavenidacentraldauniversidade..........................................202
ListadeTabelas
Tabela1‐conjuntosrecortedeanálise,comexemplosderelaçõesdecoevolução...................................................58
Tabela2‐RelaçãoentreasmetodologiasdeArgollo(2004),Michelin(2004),Saia(1945)eRamirez&Paredes
(2004)...........................................................................................................................................................................74
Tabela3‐Componentescomunsdaarquiteturaruralcubana,segundoRamirezeParedes(2004)...........................74
Tabela4‐MaioresCafeicultores.Botucatu1920.......................................................................................................122
ListadeAbreviações
CECRE Curso de Especialização em Conservação e Restauração deMonumentos e Conjuntos
Históricos;
CONDEPHAATConselhodeDefesadoPatrimônioHistóricoArqueológico,ArtísticoeTurístico
doEstadodeSãoPaulo;
DPHANDepartamentodoPatrimônioHistóricoeArtísticoNacional;
EECCEstaçãoExperimentalCentraldoCafé;
EFSEstradadeFerroSorocabana;
FCA/UNESPFaculdadedeCiênciasAgronômicasdaUniversidadeEstadualPaulista;
FEC/UNICAMP Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade
EstadualdeCampinas;
FEPAFFundaçãodeEstudosePesquisaAgrícolaseFlorestais;
IPHANInstitutodoPatrimônioHistóricoeArtísticoNacional;
SPHANSuperintendênciadoPatrimônioHistóricoeArtísticoNacional;
UFBAUniversidadeFederaldaBahia;
UNESCOOrganizaçãodasNaçõesUnidasparaaEducação,aCiênciaeaCultura;
UNESPUniversidadeEstadualPaulista;
IINTRODUÇÃO
Oobjetodepesquisa
Com uma evolução histórica singular, cuja conformação física atual data de 1881, a Fazenda
Lageado desenvolveuse como propriedade particular produtora de café para exportação,
utilizandose de tecnologia hidráulica como força motriz para obeneficiamento dos grãos.Em
1934, a fazenda passa ao controle do governo federal, tornandose a Estação Experimental
Central de Café, também conhecida como Usina de Café de Botucatu. Neste período recebe
inúmeros investimentos em maquinários e tecnologia de ponta para o desenvolvimento de
pesquisasagrícolas,inicialmentesobreoprópriocafée posteriormenteexpandidasparaoutros
grãoseprodutos agrícolas.Apenasnoano de1972,o governodo EstadodeSãoPaulo recebe
umacessão,de99anos, parausodafazendacomounidadedeEnsinoSuperiore implantação
dos cursos de Agronomia e Medicina Veterinária,unindo as Faculdades de Ciências Médicase
Biológicas de Botucatu com outros Institutos Isolados de Ensino Superior do Estado, pela Lei
Estadual 952,de 30 dejaneiro de 1976,para aformaçãoda Universidade EstadualPaulista
(UNESP).
Este processo de evolução singular da Fazenda Lageado e sua relação física com a cidade de
Botucatu,cujoperímetrourbanofazdivisadi retacoma áreaondeseencontraoconjuntode
edificações de interesse educacional (da universidade) e históricoarquitetônico (antigas
edificaçõesdo períodocafeeiroe daestação experimental),conforme
Figura 1, incitoua busca
por possíveis relações entre estes processos coevolutivos da fazenda e da área urbana, no
intuitodepossibilitaraexplicitaçãodopróprioprocessodeformaçãodapaisagemlocal.
Figura1CroquisdasdelimitaçõesdoperímetrourbanoedaFazendaLageadodentrodoMunicípiodeBotucatu
Cruzandose estas informações aos recortes físicos naturais gerados pelas principais bacias
hidrográficas que banham o Município, apresentados na F
igura 2, verificasea intersecção dos
conjuntos de análise no exato ponto de estreitamento da bacia hidrográfica do Ribeirão
Lavapés, a qual abrange também grande parte do perímetro urbano de Botucatu, conforme
Figura3.
A Bacia apresenta também outras características bastante peculiares, como uma grande
variaçãodealtitude,entre400e900metros,transposiçãodeáguasdabaciadoPardoparaado
MédioTietê,entreoutrospontosqueserãoapresentadosposteriormente.
10
F
igura2‐BaciasHidrográficas.FonteSILVAetall(2008)
1
Inserindose nesta equação o conjunto arquitetônico resultante da coevolução dos processos
produtivos e culturais da Fazenda Lageado, obtêmse o recorte físico de análise capaz de

1 SILVA, Ramon Felipe Bicudo. Lavapés, água e vida : nos caminhos da Educação Ambiental / Ramon Felipe
Bicudo da Silva, André Castilho Orsi, Fernanda C. Silva Chinelato; fotografia Eduardo Rodrigues da Silva, Ramon
Felipe Bicudo da Silva; revisão de textos Bahige Fadel – Botucatu, SP : Gráfica Editora Lar Anália Franco, 2008.
216p. ISBN 978-85-60884-02-5
11
abranger umexcelente númerode informações em um espaço físicointeressante: oponto de
estreitamentodeumabaciahidrográfica.
Figura3FazendaLageado,recortedeestudo
Paralelamente,ascamadashistóricascapazesderepresentaratemporalidadedecadaperíodo
daevoluçãohistóricoadministrativadaFazendaLageado,citadobrevementeacima,podemser
visualizadas fisicamente através da análise das arquiteturas características relativas aos
processosprodutivoseculturaisdecadaumdessesperíodos.
Destaforma,numamesmaregiãodelimitadafisicamente,oestreitamentodabaciadoLavapés,
observase a coexistência harmônica de rastros deixados pela cultura cafeeir
a e pelos
imigrantes, pela tecnologia dos maquinários desenvolvidos durante o período de Estação
12
Experimental e sua mão de obra técnica, ou ainda pelo atual uso da área como universidade,
comsuasnovasconstruçõesousuasintervençõesemáreaspréexistentes.
aproximadamente duas décadas, a implantação de novas construções para abrigar a
evolução natural da universidade vinha ocorrendo primordialmente fora do núcleo original da
fazenda cafeeira, seguindo plano diretor de 1972, de autoria do Arq. Eugênio Monteferrante,
gerandoumprocessoprogressivodeabandonofísicodestenúcleohistóricocultural.Comisto,
despertouseespontaneamenteumprocessodereapropriaçãodestaáreapelapopulaçãolocal
e regional, manifestado através de novos usos voltados ao lazer e à cultura, convivendo em
consonânciaaosusosprópriosdosafazeresdiáriosdauniversidade.
Nosúltimosanos,porém,estesprocessosdeatendimentoàdemandauniversitáriaporespaço
têmsemanifestadofisicamenteatravésdorápidosurgimentodeedificaçõesmuitopróximasao
núcleo histórico central, desenvolvidas sem critérios específicos ou ainda, mais comumente,
sem projeto arquitetônico, explicitando uma lacuna na legislação local que acarreta riscos
bastante sérios ao entendimento deste conjunto históricoarquitetônico, capaz até então de
expressaraconstruçãodapaisagemculturallocal.
13
ContodeApresentação
Embora a formatação de uma dissertação de mestrado acadêmico direcione normalmente o
autorautilizarsederegulamentosformaisparaodesenvolvimentodaescritaeda aplicaçãode
metodologias, o processo específico de evolução deste trabalho percorrerá também, e
constantemente, o caminho das visões pessoais e vínculos humanos, relacionandoos
invariavelmenteaopróprioobjetodeestudo.
O menino e a fazenda
Nascido na cidade de Botucatu, conterrâneo da Fazenda Lageado, na década de 1970
uma pequena cidade do interior paulista, com pouco mais de 50 mil habitantes, morador da
Vila dos Lavradores, também conhecido por “Bairro”, a três quadras do final do perímetro
urbano, com cerca de dez anos já esperava ansioso a chegada do final de semana para poder
passear de bicicleta com os amigos. Naquele tempo, a molecada corria solta na rua, e o
castigo era ficar fechado em casa assistindo televisão... Café da manhã tomado, mochila nas
costas contendo o lanche preparado pela D. Marilene, sua mãe, os pneus amarelos da bicicleta
nova, objeto de sonho dos moleques da época, calibrados na tarde anterior no posto da
esquina, passava no Bar do João, aquele bar na quadra de baixo de sua casa, comprar uma
garrafa de guaraná caçulinha, na conta do pai, e encaminhava-se com mais uma dezena de
amigos para um destino sempre presente: a Fazenda Lageado, a longínquos dois quilômetros
de casa.
Imbuídos do espírito empreendedor que só um grupo de crianças pode ter, optavam
sempre pelos caminhos mais árduos e complexos quanto possível, chegando a uma estrada
vicinal, de terra, visando alcançar as cotas mais altas da fazenda, acrescendo,
aproximadamente, incríveis 600 m à distância final. Logo na entrada secundária da fazenda,
algumas vezes encontravam o portão fechado e eram obrigados a passar pela praticamente
intransponível cerca de arame farpado com quatro fios, com suas bicicletas e mochilas, para
14
chegarem ao primeiro ponto de parada. A grande árvore, no topo do morro, sombreava seu
descanso e seu banquete e delimitava uma plantação de árvores frutíferas que só conseguiam
atacar mediante um intenso esquema de segurança, ficando um moleque olhando para cada
lado, camuflando as bicicletas com galhos de árvores. Se os seguranças da faculdade os
pegassem contariam para seus pais e a bronca seria bem grande. Soubessem o que sabem hoje,
não atacariam os estudos realizados pela faculdade de agronomia. Mas eram apenas crianças, e
as frutas tão saborosas...
Preparados para a segunda parte da aventura, alcançar os gigantescos terreiros de café
do outro lado do vale, a descida de pedras e cascalhos era tão famosa quanto íngreme, e
qualquer falha no freio ou tangente mal escolhida na curva lá embaixo transformava-se em
várias escoriações. Choro só quando o negócio era grave, como alguns braços ou dedos
quebrados, ou pior ainda, a bicicleta, afinal, naquela época homem não chorava!
Mas o que realmente, nos dias de hoje, faz abrir aquele característico sorriso tímido no
homem barbado que outrora fora este menino, fazendo seus olhos brilharem, é a lembrança
da sensação de vitória após a curva. O vento nos cabelos, o sorriso estampado no rosto, a
estrada, agora de terra batida e plana, permitindo uma pilotagem arriscada sem as mãos. E a
procura de ângulos, à sua esquerda, onde a vegetação mais densa dali permitia, para ver os
primeiros enquadramentos do conjunto de prédios enormes em torno do terreiro, o local a
ser alcançado, sem a necessidade de mais nenhum grande esforço, pois a gravidade cumpria
agora sua parte.
Magrelo e pequenino (só espichou a partir dos quinze para dezesseis anos de idade),
em raríssimas ocasiões conseguia chegar à frente de toda a turma, na disputa para alcançar a
bica d’água em primeiro lugar, a segunda parada obrigatória, escondida na vegetação cerrada
da floresta que se erguia na estrada entre o Paiol e o Curral...
15
Mas isso não o importava tanto. A bica servia para tomar água gelada, molhar os
cabelos, a despeito do que era dito pelas mães..., e descansar um pouco, conversando e rindo
da aventura, sentados nos troncos das árvores caídas, deitados nas grandes raízes que
sobressaíam ao solo, ou na caixa d’água de concreto, que era quadrada e baixa com bordas
largas que ali se mostrava já em desuso há algum tempo, e acessível facilmente àquelas pernas
ainda curtas, com a vegetação tomando o espaço que deveria conter a água. E sua maior
recordação, talvez pela própria lembrança lhe vir à mente em câmera lenta, é de algumas
dezenas de metros antes, passando a ponte sobre o rio, naquela época limpo e mais caudaloso,
e da necessidade de levantar a cabeça e os olhos, para conseguir visualizar o conjunto
magnífico e imponente, mais especificamente aquele enorme prédio de tijolos aparentes, que
seu avô um dia lhe contara que era a “tuia” (local de outras tantas histórias dessa turma...), e
logo depois, no início da curva que subia à direita contornando-a, surgia a Casa Grande, com
aquelas palmeiras bem grandes na frente, e o infindável muro do terreiro ao seu lado, todo
em pedra, com o pontilhão passando por cima da estrada, que seu avô também contou que
era para levar o café naqueles pequenos vagões para o andar de cima da tulha, e de como tudo
desaparecia ao entrar na estrada de terra da floresta em direção à bica, para as últimas
pedaladas fortes seguidas de um cavalo de pau para levantar poeira, encostar a bicicleta e
tomar água, molhar a cabeça, descansar, conversar e rir...
16
Relaçõescomoobjetodeestudo
AFazendaeoArquiteto
Este pequeno conto de apresentação remete à história de um, entre os tantos cidadãos
botucatuenses,a possuíremuma relaçãodiretacom aevoluçãohistórica daFazendaLageado.
Embora descrito de maneira informal num tempo cronológico não muito distante do atual,
váriosdesteseventoserelaçõessãodeextremaimportância noentendimentodainfluênciada
Fazendanaformaçãodapaisagemlocal,sejaelafísicaoucultural.
AsingularidadecomqueoLageado,assimcomumenteconhecidopelapopulaçãolocal,vemse
desenvolvendo ao longo do tempo e a arquiteturacaracterística dos períodos por que passou
trazemumacargahistórica muitoforteeumaintensarelaçãocomodesenvolvimentodaregião
ondeestáinserida.
Comisto,a identificaçãodosusuários com oconjuntoexistentenafazendatemrelaçãodireta
não somente com a metodologia de implantação e construção das edificações, mas também
comacompreensãoeabsorçãodestaevoluçãopelosusuáriosdecadaperíodo,ondearelação
dosmesmoscomafazendasevoltaconstantementeaoconjuntohistóricoedificado.
E neste exato sentido, a Fazenda Lageado apresentase como objeto central deste estudo,
expressada na soma da necessidade de uma análise mais apurada sobre as relações entre a
população botucatuense e este patrimônio históricoarquitetônicocultural reconhecido por
ela,com aprópria evoluçãode vida,pessoal eacadêmica,do outrorameninoprotagonista do
contodeapresentação.
Além do óbvio interesse que um conjunto do porte existente na Fazenda Lageado possa
despertar nos cidadãos da regi
ão e seus visitantes, e mesmo em profissionais ligados à
arquitetura,restauro,agronomia,engenharia,históriaououtrasáreasafins, aevoluçãopessoal
desteautorrelacionasediretamenteadoispontosimportantes:
17
a universidade,onde o pai, Odair Carlito Michelin, conhecido como Dr. Daya,é médico
formado nas primeiras turmas da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de
Botucatueprofessordainstituiçãodesdeentão;
ea infância naViladosLavradores,bairrobastante próximoàentradada fazenda, que
permitiuconstantespasseiosaocampusuniversitário,portadordeumaarquiteturatão
agradável e imponente, tornandose o grande impulso para ingressar na carreira de
ArquiteturaeUrbanismo,pelaUniversidadePresbiterianaMackenzie(FAUMACK).
Figura4‐Vistaaéreado"Bairro"nadécadade1960.Fonte:SpadaroeGomes(1994)
2
Afazendasurge,então,comotemadetrabalhopessoalparaadisciplinaArquiteturanoBrasilII,
no ano de 1999, ministrada pela Prof. Dra. Mônica Junqueira de Camargo, uma primeira
aproximação do autor através de um método científico para o levantamento histórico e

2
Intervenções do autor sobre a foto original deSPADARO, J.;GOMES, L. R. C. Vila dos Lavradores 1893-1994
Narrativas Ilustradas. Botucatu: Jornal A Cidade, 1994. p.1. (O círculo vermelho indica o local onde a residência da
família Michelin foi construída no início da década de 1970, lá residindo até hoje. A seta indica o sentido da Fazenda
Lageado).
18
fotográfico da fazenda, no intuito maior de visualizar as diferenças entre as arquiteturas
advindasdecadaumdosseustrêsperíodosdeevoluçãohistóricoadministrativa.
O interesse pessoal, principalmente pelo processo de seu desenvolvimento, direcionou a
escolha do tema do Trabalho de Graduação Interdisciplinar (TGI) necessário à obtenção do
título de Arquiteto e Urbanista, no ano de 2001, sob orientação da própria Dra. Mônica
Junqueira: “Subsídios para Tombamento da Fazenda Lageado pelo CONDEPHAAT”. Esta
monografia encontrase como parte integrante do processo de Tombamento da Fazenda
Lageado.
A fazenda segue, então, como objeto de estudo no ano de 2004, durante o Curso de
EspecializaçãoemConservaçãoeRestauraçãodeMonumentoseConjuntosHistóricos(CECRE)
3
.
Como parte da avaliação individual final, foi desenvolvido e apresentado o projeto “Parque
Urbano:FazendaLageado”.
O próprio jogo de palavras, “fazenda” X “urbano”, foi intencionalmente incorporado ao título
visandoincitar discussõessobre efetivas marcas,sinais,ou aindavestígios físicos,culturais(ou
mesmotemporais...),deixadospeloobjetodeestudonolocalondeeleseinsere.
Combasenoprojeto“ParqueUrbano:FazendaLageado”surge,emmaiode2005,o“Projetode
RevitalizaçãodeUsodaÁreaHistóricadaFazendaLageado”,desenvolvidojuntocomoservidor
JoséEduardoCandeias.Esteprojetoconfigurouseatravésdeparceriaformadaentreoautor,a
FaculdadedeCiênciasAgronômicas(FCA/UNESP)eaFundaçãodeEstudosePesquisasAgrícolas
e Florestais (FEPAF), visando analisar, adequar e implantar as idéias desenvolvidas para a
conservaçãodopatrimôniodaFazendaLageado.

3 Dirigido exclusivamente para arquitetos, urbanistas e engenheiros civis, o curso é uma atividade regular da
Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, oferecido bianualmente desde 1981, contando com o
apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e de outras importantes instituições nacionais e internacionais da área da
preservação cultural. Mais informações sobre o CECRE podem ser obtidas no website http://www.cecre.ufba.br.
19
Aimplantaçãoprática dealgumasdaspropostas teóricasdesenvolvidasaolongodestesquase
dez anos expôs algumas questões referentes, principalmente, às relações entre a população
localeasdiversasmaneirascomoelavemseapropriandodaFazendaLageado.
Comoimplantarumasoluçãourbanaemumelementofísicorural?Ouainda,istoéviável?Até
onde iria a urbanidade desta fazenda? Até onde estaria mantida uma “ruralidade” nos usos
nitidamente urbanos da universidade? É possível definir uma fazenda como um parque para
umacidade?
Em grande parte, a dificuldade em se entender a problemática da relação “rural X urbano”,
consiste fundamentalmente, na área de transição entre ambas, no que concerne às suas
relaçõese,principalmente, na transiçãofísicapropriamentedita,osustentáculomaterialonde
ocorregrandepartedestasrelações.
Nocaso da FazendaLageado, estaquestão éainda maiscomplexa. Aprópria localizaçãofísica
da fazenda, hoje com sua parte edificada principal circundada pela urbes; a unicidade do
processo evolutivo de uso da áreae seu patrimônio (fazenda particular, estação experimental
federal e atualmente universidade); o reconhecimento do Lageado pela população
botucatuenseenquantopatrimôniohistórico,sãoalgunspontosquesustentamestaafirmação.
A demanda por informações desta natureza estimulou, então, a continuidade dos estudos
acadêmicossobreaFazendaLageado,confluindocomatipologiadeanáliseeasmetodologias
propostas pelo Dr. André Munhoz de Argollo Ferrão, da “Faculdade de Engenharia Civil,
Arquiteturae Urbanismo”da Universidade Estadualde Campinas(FEC/UNICAMP),culminando
nestadissertaçãodemestradonaáreadeRecursosHídricosEnergéticoseAmbientais,linha de
pesquisasobrePlanejamentoRegional,PatrimônioePaisagem,paralelamenteàparticipaçãono
grupodepesquisadoresdoLaboratóriodeEmpreendimentos,oLabore.
Apesar de não ser o caso, obviamente, de apresentar aqui todos os resultados obtidos nos
estudos anteriores, alguns poderão ser constantemente citados, principalmente pelas bases
20
gráficas desenvolvidas, o que possibilitará visualizar o processo de amadurecimento do
entendimentopessoaldoautorsobreoobjetodeestudo.
Importante,porém,explicitarqueaintençãodistonãoé,deformaalguma,direcionaraleitura
sobre o objeto ou mesmo propor uma metodologia única para isso, mas, sim, apresentar um
conjunto debases teóricas eexperiências realizadas, visando auxiliar na compreensãopessoal
decadaleitorsobreodesenhodapaisagemculturaldaFazendaLageado.
21
22
IIOBJETIVOS
Apartirdasquestõesapresentadasnaintroduçãodestetrabalho,a conservaçãoeconseqüente
evolução desta paisagem cultural dependem, então, não apenas de sua visualização, mas
tambémdeseumelhorentendimento.Destaforma,osobjetivosdestadissertaçãoapresentam
se:
ObjetivosGerais
‐ Identificar o papel da Fazenda Lageado enquanto ambiente formador da paisagem física e
culturaldaBaciadoRibeirãoLavapés;
ObjetivosEspecíficos
‐ Explicitar as camadas históricas sobrepostas na Fazenda Lageado através da identificação de
seuconjuntoedificadoemcadaumdeseustrêsperíodoshistóricoadministrativos.
‐DemonstrararelaçãoentreaocupaçãofísicadaFazendaLageado,no estreitamentodaBacia
do Ribeirão Lavapés, e a utilização direta dos seus recursos hídricos nos processos de
beneficiamentodegrãosduranteosperíodosdeproduçãocafeeiraedeEstaçãoExperimental.
‐DelimitarumaáreadeinteresseparaaconservaçãodapaisagemculturaldaFazendaLageado,
apartirdoreconhecimentodeelementosqueadesenharam.
‐IdentificarelementosdanificadoresdapaisagemculturaldaFazendaLageado.
23
24
IIICONTEXTOHISTÓRICO
A questão inicial a ser abordada, neste trabalho, referese à necessidade de um pleno
conhecimento do objeto para melhor estudálo. Apesar da obviedade da afirmação, não é
incomumagrandedificuldadeemseencontrar,dentrodaáreaacadêmica,materialcompilado
eorganizadosobreoobjetodeinteresse,principalmentenaáreadepreservaçãodepatrimônio
cultural.
A amplitude temporal por que passam demandam especial atenção não apenas aos próprios
objetosemsi,mastambémàevoluçãodetodaacomunidadeaelerelacionada.Istoexplicitase
nas distintas formas e rigores com que as informações a respeito de um bem são tratadas e
armazenadas,emcadaumdestestemposcronológicosdistintos.
Importante entender, também, que não é intenção deste trabalho revisitar ou rediscutir
questões amplamente conhecidas e debatidas sobre conservação e restauração do
patrimôniohistóricoculturalarquitetônico.Pretendese,sim,utilizálascomobasesólidaparaa
explicitaçãodenovascontribuiçõesqueauxiliemoleitoravisualizar relaçõesentreosprocessos
de edificação física do patrimônio cultural de uma região e o processo de desenho de sua
paisagemcultural.
Com isto, para visualizar e identificar corretamente a influência da Fazenda Lageado na
formação da paisagemda Baciado Ribeirão Lavapés, agente reconhecidamenteatuante neste
processo,cadaleitorpode,edeve,permitirseàliberdadedopróprioolharsobreoobjetoaser
estudado, neste caso, o conjunto formado pela Fazenda Lageado e a paisagem onde ela se
insere.
Destaforma,estetrabalhonãovaiapresentaroubasearseemanálisesatravésdedefiniçõesou
conceitos prontos, nem tem a pretensão de exaurir qualquer assunto. Ao contrário, esta
dissertação apresentará, sobretudo graficamente, a visão peculiar do seu autor sobre o
processoevolutivodapaisagemculturaldaFazendaLageadoesuasrelações,deformaaservir
25
como base para as análises de cada leitor. É justamente neste processo, a multiplicidade de
visões possíveis, que se manifestará a riqueza do processo constante de desenho desta
paisagemcultural.
Ocupaçãohumanadapaisagem
BotucatuPortaldoSertão
Retornando aproximadamente três séculos na linha do tempo, a ocupação desta parte do
interior paulista, os chamados Sertões do Paranapanema, teve origem em duas áreas: as
margens do rio Paranapanema, a partir da mineração de ouro nas vertentes deste rio no
períodoaproximadode1722a1748,segundoAlmeida(1968)
4
eoutromaisaoNorte,segundo
Pellicciotta(2004)
5
,ondeváriastrilhasepicadõescomeçavamaserabertasemdireçãoàregião
de mineração, uma variante do caminho de Cuiabá, que seguia a oeste da atual cidade de
Botucatu, penetrando os sertões para alcançar o rio Grande.. Além desta variante, temse
notícia de outros caminhos abertos entre as áreas de pastagem, como por exemplo, um
caminhoutilizadopelosjesuítasparainterligarsuasfazendasnodaserradeBotucatucomo
rioParanapanema,ouumcaminhoabertoapartirdeSorocabaque,pelaregiãooeste,buscava
alcançarorioGrande.
Sobreestes caminhos,o historiadorHernâniDonato, consideradoentreos maioresestudiosos
daregião,emsuas‘AchegasparaaHistóriadeBotucatu’,registraosprocessosdesuaevolução,
que culminaram na fundação da cidade, distinguindoos em três tipologias: caminhos de
socorro,caminhoreligiosoecaminhomilitar.
Sobreoprimeiro,diz:
“partindo de Sorocaba, cruzava os campos botucatuenses para ir ‘matar a fome dos
mineiros(...)levandolhesaboiadaapassoeosgênerosalimentíciosemlombodemula’
(...)Oprojetomaisconhecidoparaessecaminhodesocorrofoiaqueleestabelecidopor
BartolomeuOaesdaSilva.PropunhaselevaraCuiabáto
doogadoqueagentedasminas

4 ALMEIDA, Aluísio de O Tropeirismo e a Feira de Sorocaba. Sorocaba: Luzes Gráfica Editôra Ltda, 1968, p26
5 PELLICCIOTTA, Mirza B. Os Sertões do Paranapanema. São Paulo: Empresa Documento Arqueologia e
Antropologia, 2000, 45p.
26
necessitasse.PorumapicadaqueteriacomoreferênciaocursodoRioTietê,costeando
pelonorteaserradeBotucatu,aproximandosedaqueladeAgudos”
6
o caminho religioso trata diretamente de relações com os registros da presença de uma
fazendadecriaçãojesuítaemBotucatu,porvoltade1720,sobreaqualcita:
“Talcaminhoreligiososeriacalcadosobreastrilhasindígenasdevoltearaserraedado
Peabiru
7
.(...)OpadreEstanislaudeCampos,visitador,declarara,segundoumbiógrafo,
ter de percorrer caminho áspero entre as fazendas confiadas aos seus cuidados, as de
Guareí e Botucatu. (...) Foi este o principal dos roteiros para a penetração das atuais
zonasPaulistaeNoroeste.”
8
Aindasobreestescaminhosreligiosos:
“Em 1762, a Informação Anual do Colégio Jesuíta de São Paulo, justificando as
esperanças econômicas postas na exploraçãodapecuária,explicavaque tais resultados
seriam possíveis por estar afazenda de criardos campos de Botucatu‘no caminhodas
minas’”.(...) O Padre Luiz Gonzaga Cabral, s.j., em “jesuítas no Brasil”, citando Aleixo
Garcia(...)afir
maqueospadres‘abriramasestradasdeSantosaSãoPauloemaisoutras
paraointerior,especialmenteumaporBo
tucatuatéosaldeamentosdoParanapanema,
comcomunicaçãofluvialparaMatoGrosso’
9
Donato visualiza os ‘caminhos militares’ em Botucatu após a restauração da Capitania e
indicação do morgado de Mateus
10
como seucapitãogeneral, na última metade do séc.XVIII,
quandoaregiãopassaaserentendidacomopontoestratégicoparareforçomilitardaCapitania
contraqualquerpossívelnovoataqueespanholsobreosdomíniosportugueses.
“... A fim de manter sólida tal posição e aumentada a flexibilidade do sistema
defensivo, além da fundação de povoações, o Botelho e Mourão quis um
caminhobemabertoeconservado,atéoIguatemi.Minuciosoemtudo,fazsaber
qualotraçadodoseudesejo:‘...averedaquesedeveseguiréentrarpelaserra
deBotucatuondetenhamaiorcomodidadeedaíbota
roagulhãoempontofixo
nabarradorioPardoecortandoosertão,bemnomeiodacampanhaentreos

6 DONATO, Hernani. Achegas para a História de Botucatu. Botucatu, SP: Banco Sudameris Brasil: Prefeitura
Municipal de Botucatu, 1985, 3ª edição reescrita, p35
7 O Peabiru, segundo Hernani Donato (in: Sumé e Peabiru, Mistérios Maiores do século da descoberta, Edições
GRD, São Paulo, 1997), seria “a via transcontinental que antes do Descobrimento ligava a futura São Vicente à
andina Cuzco. E por esta, ao Pacífico e à cidade do México.
8 DONATO. H. Op. Cit., p36
9 DONATO, H. Op. Cit., p.35
10 Luis Antonio de Souza Botelho e Mourão, nome oficial do morgado de Mateus.
27
dois rios Paranapanema e Tie tê, fugindo sempre de avizinhar os matos e
pantanaisqueambostemportodasuamargem...’
11
Aocupaçãodestaregião,conformeasdescriçõesdeHernaniDonato,apresentatraçoscomuns
emseus‘caminhos’.Apesardoprópriotermosugerirautilizaçãodoespaçofísicocomoáreade
passagem,trânsito,aescolhadalocaçãodeste,oudequalqueroutrocaminho,trazintrínsecaa
necessidade de subsídios físicos para sobrevivência, tanto do homem quanto dos animais
utilizadosemsuamovimentação,alémdasquestõesrelativasàsegurançadetodaacomitiva.
Em suma, é consensual que uma pais
agem escolhida como base, seguidamente, para tantos
‘caminhos’ deva privilegiar a existência de água, a facilidade de acessos e transporte, a
facilidadeemseconseguiralimentos,afertilidadedeterrenos,alémdepermitirgrandesvisuais
parasegurança,entreoutrasquestões.
Apenas como referência, indícios arqueológicos recentemente encontrados remontam a uma
ocupação indígena na área entre 6 a 10 mil anos. Mesmo não analisando com profundidade
esta ocupação,seja por nãoser o focoespecífico destetrabalho ou mesmopara não correr o
riscodetratardeformalevianaumtemadestarelevância,oprocessocontínuodeestabilização
do homem tanto tempo neste espaço físico é um forte sinal da sustentabilidade real
intrínsecanestapaisagem.
Oprocessodeocupaçãohumananestaregião,queposteriormenteculminounaimplantaçãoda
FazendaLageado,podeservisualizadotambémapartirdopróprioprocessodeevoluçãodestes
‘caminhos’do“homembranco”
12
,explicitadosporDonato.
Neste sentido, os ‘caminhos de socorro’ utilizavam a região como corredor de passagem,
ligandoSorocabaaoMatoGrosso.Arelaçãodefixaçãonolocalsedava,obviamente,deforma
temporária, através dos pousos. A partir disto, a implantação das fazendas jesuíticas
apresentava, ao menos, dupla função: a introdução da pecuária para exploração econômica

11 DONATO, H. Op. Cit. p.36
12 Em contrapartida ao indígena. (nota do autor)
28
utilizandose dos caminhos consolidados e o trabalho de “catequização” da população
indígenalocal.
Estes “caminhos religiosos” subsidiam, então, a criação dos “caminhos militares”, onde a
ocupação permanente da região passa a ser proposta prioritária. Atentandose à citação de
morgado de Mateus sobre seu traçado “bem no meio da campanha entre os dois rios
ParanapanemaeTietê,fugindo sempre deavizinharosmatos epantanaisque ambostem por
toda sua margem...”, notase também uma predileção em privilegiarespaços que apresentem
visuaisdeobservação.
OplanodeBotelhoeMourãoparaocupaçãoefetivadaregião,incluindoafundaçãodavilade
Wotucatu
13
, em 1766, acaba por não acontecer
14
, e durante muitos decênios a data de
fundaçãoeseufundador,omorgadodeMateus,ficaramimpressoscomoumerrohistórico.
Apósa saídadomorgadodogoverno,Donato(1985)apresentaosertãodeBotucatucomoum
imã, atraindo indivíduos com causas não tão nobres: “... fuga ao recrutamento, perseguições
políticas,receioàaçãopolicial,deserçãodoscontingentesdatropaedepolícia,etc.”
15
.Apenas
apartirde1830,aproximadamente,começaramachegarfamíliascomocontingentemineiro.
Corroborando com a procedência desta população, Trajano Pupo (2002)
16
, apoia que “os
primeiropovoadoresoindígenasdenossaregiãovieramprincipalmentedeItapetiningaede
Franca, juntamente com um apreciável contingente do sul de Minas”. E continua,
caracterizandoos:
“O tipo mineiro que povoou os campos de Botucatu, portanto, devia ser
basicamente branco, recenseado como tal, mas com sangue indígena e negro,
oriundo de cruzamentos mais antigos com esta raça. Os mineiros qualificados

13 Outra variante do topónimo Botucatu, explicitados em DONATO, H. Op. Cit. P25-27
14Segundo Donato, a fundação de ‘Wotucatu’ estaría a cargo do negociante e fazendeiro Simão Barbosa Franco, em
troca de favores e concessão de terras, algo bastante comum para a época devido à escassez de recursos e,
principalmente, de contingente populacional na região.
15 DONATO, H. Op. Cit., p51
16 PUPO, Trajano Carlos de Figueiredo, Botucatu Antigamente… (das origens até 1917), Itu, SP, Editora Ottoni,
2002, p. 26-27
29
nosprocessospoliciais,emBotucatu,invariavelmenteaparecemcomo‘brancos’
ou‘decoreshonestas’”.
17
Trajano analisa, também, a obra de Donato em paralelo aos relatos monçoeiros de Afonso
Taunay,natentativadereconstituirummapadestestrajetos(conforme
Figura5)edeverificara
evoluçãodaocupaçãodaregião,citandoconstantementeosembatesentreoscolonizadorese
osíndioshabitantesdaregião,alémdobanditismo.
Figura5‐Mapadotrajetodosmonçoeirosnaregião.Fonte:Pupo(2002)
EsãoestesembatesqueimpulsionamocapitãoJoséGomesPinheiroVellozo
18
apermitirqueo
mineiro Joaquim da Costa de Abreu seaposse de terras no alto da serra, umvão de sesmaria

17 PUPO, Trajano Carlos de Figueiredo, 2002, Op. Cit., p. 26-27
18 O Capitão José Gomes Pinheiro Vellozo era proprietário de terras em Sorocaba (Fazenda Campo - Largo), em
Itapetininga, em Botucatu (Fazendas Monte - Alegre, Capão Bonito, Morrinhos e Pedras) e em Mato Grosso. A
Fazenda Monte Alegre incluia a parte central da atual cidade de Botucatu e os Bairros de Lavapés, Cidade Alta e
Tanquinho. Foi Deputado Provincial, Oficial das Milícias, Capitão das Antigas Ordenanças do Imperador e Coletor
30
queointeressara quandoabriapicadaspara fugirdaestrada real,emtrabalhoparaafazenda
Sobrado,propriedadedeumportofelicense,ondeeracapataz.Sobreisto,dizDonato(1985):
“O fazendeiro da Sobrado fazcomo os outros:recomenda aseu capataz ... que
evite a estrada real, gravada por onerosos tributos em barreiras sucessivas. Do
Paraná (então Campos Gerais) deverá abrir picadão direto ao alto da serra de
Botucatu. (...) Joaquimcomeça por abrir a picada.Deumpontosobreoalto da
serra, onde alguns ranchos, resto de grupo caiuá junto a um ri beirão.
Acampou ali, longo temp
o, mais interessado na terra do que na picada
encomendadapelopatrão.”
19
Joaquim Costa de Abreu, ao possear as terras de Gomes Pinheiro, em 1840, faz doação ao
patrimônio de Nossa Senhora das Dores de Cima da Serra, erguendo capela e iniciando o
processodefundaçãodacidade.
Arelaçãoentreambosnãoviriasertãoamistosa,poisJoaquimacabaporpossearmaisdoqueo
combinado. Sobre esta rusga, Donato (1985) diz: “Sucedeu que o tropeiro voltou e posseou
quantopode.Fezcasa,curralelavoura.Chamou,daterranatal,parenteseamigos,seguidores
dapolítica conservadora.(...) Enquantoisso, avança comsinais
de demarcaçãosobre as terras
deGomesPinheiro.(...)”
20
.
Mas a grande questão de discórdia foi a chamada ‘porteira da contenda’, que teria sido
mandadacolocarporCostadeAbreu.Pinheiromandatiraraporteiraeseguetiroteioentreas
partes. Ela acaba por ficar, Pinheiro ingressa em juízo contra Costa e a questão se arrasta.
JoaquimCostadeAbreufaleceantesdotérminodolitígio.
Apenas em 1843, ocorre acordo entre as partes e José Gomes Pinheiro faz doação de terras
para o patrimônio, porém mudando o nome da padroeira em homenagem à esposa, Ana

de Rendas Gerais e Provinciais em Itapetininga em 1844. (fonte: www.pinheiromachado.com, visitada em 7/10/09
Às 11h44)
19 DONATO, H. Op. Cit., p54
20 DONATO, H. Op. Cit., p55
31
Florisbela. “Sant’Anna de sima da Serra”. Sobre o termo de doação, Pupo e Ciaccia (2005)
21
interpretamseutexto,traçandooseguintepossívelmapadaárea:
Figura6‐RepresentaçãográficadapossíveláreadoadaporJoséGomesPinheiro.FontePupoeCiaccia(2005)
1 “...pequenoboqueirãoentreduasvertentes...”
2 “...dondehouverumRanchoQueimadonolado direito...”
3 “...edescendodestavertentedoRanchoqueimadoabaixo,peloveiod’água,semprepelaágua
maisacostadadoRincãodoCampo...”
4 “...atéalturaquefaz quadraprocurandoorumodaPorteiradaContenda.
..”
5 “PorteiradaContenda”
6 “...eporestaadiante ...”(alinha6corresponde
bemaproximadamenteaotraçadodaatualrua
VelhoCardosoHD,55)
7 “...atébaternaprimeiravertentedoladoesquerdo...”
8 “...esubindoporestavertente acimaatésuaca
beceira...”
9 “...edestacabeceiratirarseáumalinhareta...”
10
“...atéacabeceiradaoutravertentemaisdecima,queficaemfrenteàcabeceiradosupradito
RanchoQueimado...”
22

21 PUPO, Trajano Carlos de Figueiredo, CIACCIA, Paulo Pinheiro Machado, As Primeiras Fazendas da Região
de Botucatu, Botucatu, SP, Prefeitura Municipal de Botucatu, 2005.
32
NotasequeaáreadefinidacomoRincãodaCercaVelhaviriaaconfigurarocentrohistóricode
Botucatu,entreosatuaisRibeirãoLavapéseCórregoTanquinho.
Após algumas tentativas, a 15 de outubro de 1845, o capitão, eleito novamente vereador na
Câmara de Itapetininga
23
, apresenta nova indicação para criação da Freguesia de Botucatu.
AssinadapelopresidentedaprovínciaManueldaFonsecaeLimaa19defevereirode1846,alei
283,lei7doanode1946,dizotexto:
Figura7CriaçãodaFreguesia.FragmentosdaLei283.Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo
JoséGomesPinheiroVellozopassaaserconsiderado,então,oreal“fundadordeBotucatu”.
A elevação de Botucatu a vila data de 14 de abril de 1855, data comemorada pelos
botucatuenses como fundação da cidade. Diz a lei assinada por José Antônio Saraiva, então
presidentedaProvíncia:

22 PUPO, Trajano Carlos de Figueiredo, CIACCIA, Paulo Pinheiro Machado, 2005, Op.Cit. p.34.
23 Pela participação no golpe liberal, tendo papel ativo de chefia ao lado de Regente Feijó e Tobias de Aguiar,
Pinheiro Machado ficara afastado da Câmara de Itapetininga desde 1842.
33
Figura8‐ElevaçãodeBotucatuàvila.FragmentosdaLeinº506‐Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo.
As leis 554, de 05 de março de 1857 e 657, de 09 de abril de 1859 marcam as divisas,
delimitandoumgigantescoespaçodeterra.
Figura9DivisasdoMunicípio‐FragmentosdasLeis554e657.Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo
34
Donatoexplicitaseu espanto: “Umuniverso!”.Ecitaasdivisaspropostasquandoa Câmarade
ItapetiningasobreapresençadoImperador:‘sualatitudeédetrintalegoasmaisoumenos,sua
longetudeédeoitentalegoas:édivididoaonortepeloRioTietê,aosulpeloParanapanemaao
oestepeloParanáeaolestepeloRibeirãodoJacuí”
24
.
A representação gráfica apresentada por Pupo (2002), na Figura 10, expõe as divisas do
MunicípiodeBotucatudiretamentecomasProvínciasdoParaná,aoSul,edoMatoGrosso,ao
Oeste, equivalendo hoje a aproximadamente a quarta parte do atual estado de São Paulo,
conformeindicadonaFigura11.
Figura10‐MapadoMunicípiodeBotucatunadatadesuacriação.Fonte:Pupo(2002).

24 DONATO, H. Op. Cit., p116
35
Figura11ProváveltransposiçãodoslimitesdoMunicípiodeBotucatuparamapaatual
Nodia15dedezembrode1860oimperadorPedroII,peloDecreto2702,desanexaoTermo
Botucatu dos de Itapetininga e Tatuí, criando nele o lugar de Juiz Municipal, que acumula as
funçõesdeJuizdeÓrfãos.
25
Em1866,BotucatusetransformaemComarcae,em1876,recebeo
títulodecidade.
SobreoméritodeBotucatunaevoluçãodaProvínciadeSãoPaulo,NiminonPinheiro
26
cita:
“Em 1844 foi fundado o povoado de Botucatu, centro de expansão pioneira, e
em 1855 era vila. Futuras cidades se constituíram: São Domingos, São Pedro
doTurvo(1872),Lenções(freguesiaem1858,vilaem1866ecomarcaem1877),
Santa Cruz do Rio Pardo (vila em 1860,freguesia em 1872 e distrito de paz em
1876),Avaré(1862),SãoJosédosCamposNovos(vilaem1868),eoutrasmaisno

25 PUPO, Trajano Carlos de Figueiredo, Op. Cit. p. 67
26 PINHEIRO, Niminon S. Os Nômades: Etnohistória Kaingang e seu contexto: São Paulo 1850 a 1912. Tese de
Doutorado defendida no Dep.História da UNESP de Assis, p.196/197. In: Pellicciotta, M.M.B., op.cit.
36
mesmoritmo(..)Em1872, apopulaçãopaulistadoplanaltoestavaporvoltade
57406 habitantes. Em 1890, subiu para 89.840. Esta população era oriunda de
MinasGeraismastambémdeoutrasregiõesdaprópriaProvínciadeSãoPaulo.O
seu centro de abastecimento era Botucatu. Em 1886, Botucatu tinha 2000
habitantesnacidadee16.000nomunicípio”
O último quartel do séc. XIX traz a Botucatu, então, doisgrandes vetores de desenvolvimento
intrinsecamente relacionados entre si, capazes de influenciar vigorosamente o desenho da
paisagemlocal:
A compradas fazendas Lageado,Edgárdia e parte de algumas fazendas adjacentes,em
1881,porJoãoBaptistadaRochaConceição,filhodoBarãodeSerraNegra;e
AchegadadaEstradadeFerroSorocabana(EFS),em1889.
OCaféeaFerroviaprocessoscontíguosnaconstruçãodaPaisagem
Exatamente durante este período, o final do século XIX, a expansão da cultura do café se
baseadanoqueArgolloFerrão(2004)
chamariadeComplexoCiência&Tecnologia,implantado
emSãoPaulo.
“Naquele período, a base da economia brasileira podia ser representada,
principalmente, pelo complexo cafeeiro paulista, portanto, era natural que os
centros de pesquisa e experimentação agrícola, bem como entidades de
assistência agropecuária, criados na época, se localizassem em São Paulo, e
tivessem como objetivo gerar e difundir conhecimento compatível com a
realidadedoestado.”
27
A criação da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, em 1886, e do Instituto
Agronômico de Campinas, em 1887, aliados à autorização da construção da Hospedaria dos
Imigrantes, em 1881, e a criação do Serviço de Imigração e Colonização, também em 1886,

27 Cf. ARGOLLO FERRÃO, André Munhoz de. Arquitetura do Café. Campinas, SP: Editora da UNICAMP; São
Paulo, SP: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004a, p.38.
37
entreoutroscentroseentidades,permitemaconstatação,segundoArgolloFerrão,doprocesso
deformaçãodeuma estrutura quepromovesseocrescimentoequilibradodotrinômio“solo
plantatrabalho”,suportededesenvolvimentodaculturacafeeira,basesobaqualogoverno
imperialassentariaamodernacafeiculturapaulistaebrasileira,promovendo:
“a titulação das terras ‘do sertão’, que estavam sendo incorporadas rapidamente à
economiaimperial;
Odesenvolvimentode conhecimentosespecíficosetecnológicosparalastreara evolução
docomplexoagroindustrial,emgeral,edocafé,emespecial;
E a garantia, sem traumas, da substituição da mãodeobra escrava pela de
trabalhadoresassalariados,imigranteseuropeus.”
28
Estestrêspontos,citadosporArgolloFerrão,sãotambéminerentesaoprocessodeevoluçãoda
cafeicultura na região de Botucatu. Todos os três manifestaramse na chegada da ferrovia à
cidadeparaalcançarestepromissorcentroprodutorecomercial,natecnologiadesenvolvidae
aplicada, tanto para isto, quanto no processo produtivo que acabariapor definira arquitetura
da Fazenda Lageado, e também pela mãodeobra imigrante utilizada não apenas no
desenvolvimento e construção da ferrovia e da fazenda, mas também no funcionamento de
ambas.
AdisputaentreasCompanhiasItuanaeSorocabanaparaalcançaracidade,consideradocomo
portal para o sertão paulista, foi histórica, sendo iniciada oficialmente em 1882. Alcançar
Botucatusignificaria oprimeiropass
oparaconquistarooestepaulista,umcentroprodutorem
rápidaexpansão,regiãodevultososinvestimentos.
Esta contenda foi então responsável pela implantação de duas estradas de ferro paralelas no
estadodeSãoPaulo,esobreseuresultado,dizDonato(1995):
“Em junho de1888, o bairrode Antônio Monteiro, região de fazendasjunto ao
sopé de leste da serra. Atingido este local, a serra poucos metros distante, a

28 ARGOLLO FERRÃO, André Munhoz de (2004a). Op. Cit. p 42.
38
SorocabanaentendeuquevenceraadisputacomaItuana:ganharaabatalhado
rumo do oeste. Em comemoração, assim que o primeiro trem bufou na
estaçãozinha ali construída, foi colocada uma placa dando ao sítio, estação e
instalações o nome de Vitória. Que veio a ser, bem mais tarde, por imposição
oficialfederal,Vitoriana.”
29
Destadata,atéaefetivachegadadaferroviaàcidade,Donatocontaqueaescaladadaserraera
feitaatravésdostrolesdoCandinho
30
,alémdatrilhaprópriademuares.Esobrea epopéiade
conquistadaserra:
“Enquanto os troles do Candinho subiam e desciam, sob o sol e a chuva, a
conquista da serra transformouse em epopéia contada em verso e prosa na
capital, na corte, na Alemanha. Na Alemanha porque um engenheiro alemão,
Schmidt(sic),dirigiaostrabalhos,muitosalemãeseramcapatazesefeitores.”
31
Especificamente sobre este engenheiro da Sorocabana, o alemão Carlos Schmitt, desenvolve
inúmeros levantamentos visando a definição dos caminhos a serem percorridos pelo leito da
estradadeferroatéoaltodaserra.ApesardeC.Schmittnãodatardiversosdosseusesboços,
podese supor que todos tenham sido desenvolvidos entre 1882 e 1887, conseqüentemente
limitesmínimoemáximodedatasexistentesemoutrosdesenhosdomesmocaderno.
Figura12‐perímetrourbanodeBotucatu‐desenhodeC.Schmitt
(semdata)

29 DONATO, Hernani. Op. Cit. p280.
30 Conforme Donato (2004), Candinho de Godoy fora o vencedor da concorrência para o funcionamento da linha de
de troles, 18 quilômetros que ligavam Botucatu ao trem.
31 DONATO, Hernani. Op. Cit. p281.
39
Figura13‐"AsTrêsPedras.SerradeBotucatú"‐desenhodeC.Schmitt(Explor.Botuc.24/9/82)
32

32 As Três Pedras estão localizadas na delimitação atual do Município de Pardinho.
40
As informações contidas nestes levantamentos auxiliam vigorosamente na visualização do
processo de transformação que estes dois vetores, café e ferrovia, fomentam na paisagem.
Apesar de diversos de seus desenhos apresentaremse apenas como esboços e croquis sem
acabamento final detalhado (conforme figuras Figura 14 e Figura 16), podese vislumbrar
perfeitamente não apenas a amplitude visual da paisagem analisada, mas principalmente os
pontos de referência utilizados (localidades e proprietários), além de alguns usos da terra
naqueleperíodo.
Desta forma, o Dr. João Baptista da Rocha Conceição
33
e seus cafezais, são constantemente
citados, tanto como pontos de referência quanto no próprio título dos desenhos
34
,
principalmente o “cafezal do Barão de Serra Negra”, nítida homenagem ao pai do Dr. João
Baptista, implantado no final do Espigão da serra, nos limites da Fazenda Lageado, local com
visuaisprivilegiadosparaascotasbaixasdabaciahidrográfica.
Em seus desenhos, utiliza como referência constante os cafezais, que aparentemente
assumiamconsiderávelpartedapaisagem,mesmoantesdachegadadaferrovia.
A Figura 17 e a Figura 18, por exemplo, apresentam com perfeição a relação de avanço da
culturacafeeirasobreavegetaçãonativa,comsignificativasáreasdedevastaçãoedecafezais,
que, desenhados sem volume como foram, insinuamse como áreas de plantio recente.
Cafeeiros jovens, nitidamente à espera de um amadurecimento concomitante à chegada da
ferrovia.

33 Dono da Fazenda Lageado e Edgárdia.
34 Nestes desenhos apresentados de Carlos Schmitt, o Dr. João Baptista e seus cafezais estão citados no título da
Figura 14, no canto superior direito da Figura 15, título da Figura 16, título e ponto de referência central da Figura
18, além das terras de seu irmão Manoel Conceição, o “Maneco”, indicados ao centro da Figura 14. Há também duas
indicações de ‘Serra Negra’, à direita na Figura 14 e Serra de Piracicaba (Serra Negra), segundo nome à direita no
alto da Figura 17, muito provavelmente referenciando também as terras do seu irmão, o Conde de Serra Negra.
41
Figura14‐"FimdoespigãodoDrJoão,vistodocafezaldoBarãodeSerraNegra"desenhodeC.Schmitt(semdata)
42
Figura 15‐"Casa e Vendado Juca Capitão (antiga D. Joanna)na Estrada velha deTieteBotucatu na margem E. do Capivara" desenhode C. Schmitt
(EstaçãoAlambarySãoManoel10/4/86)
43
Figura16‐"VistadaSerradoBarão"‐desenhodeC.Schmitt(cafezaldo(?)TicoAntunes5/4/86)
44
Figura17‐VistadoAltodaSerradeBotucatunaEstradavelhaTietê(80°SW)‐desenhodeC.Schmitt(ExploraçãoporBotucatu8/10/82)
45
Figura18‐"SerradeBotucatu.VistadoAlto doBarãoedoValledo Córrego Fundo daestradaoFonseca"‐desenhode C. Schmitt(ExploraçãoSão
Manoel4/5/86)
46
Estes anos marcaram também um período de transição da mãodeobra empregada nos
trabalhos,comaAboliçãodaEscravatura,em1888,eProclamaçãodaRepública,em1889,atos
declaradamentemodificadoresdosfatoreseconômicosesociais.
Iniciase um fluxo constante de imigrantes estrangeiros para a região, a contar dos alemães,
chefiados porSchmitt naconquista dosertão pelaferrovia, conformecitado porDonato, e do
fluxo incitado pela cultura cafeeira, estando a família Conceição entre os principais
empregadores.EmBotucatu,estefluxofoiprincipalmentedeitalianos, mastambémespanhóis,
portugueses,alemãesejaponeses.
Sehistoricamente,sepôdeverificaraexistênciadefortesrelaçõesdaFazendaLageadocom
os processos principais de modificação da paisagem regional, fazse necessário entender
fisicamentecomoistoaconteceu.
ABaciadoRibeirãoLavapés(BRL)Unidadedeanálise
Analisarapaisagemculturaldeumaregiãorequeradefiniçãodelimitesfísicosquecomponham
umaunidadedeanálise.
Comoo recorte temporala seranalisadonormalmente ébastanteamplo, aescolha de limites
políticoadministrativosparaanálisedaevoluçãodestaspaisagens,raramente,éaescolhamais
adequada. Botucatu é um exemplo típico disto, pois os limites de criação do município
equivaleriamhojeaaproximadamenteumquartodetodooestadodeSãoPaulo.
asbaciashidrográficas,enquantounidadedeanálisedapaisagem,comportamsedemaneira
bastante satisfatória, visto que não apresentam modificações rudes dentro da magnitude
centenária
a ser analisada, excetuandose obviamente fatores de ação humana ou catástrofes
naturais.
47
Botucatu possui, dentro do perímetro de seu Município, três Unidades Hidrográficas de
GerenciamentodeRecursosHídricos(URGHI):
URGHITietê/Sorocaba,ondeencontraseaBaciadoRibeirãoLavapés(10)
URGHI Médio Paranapanema (17), onde atualmente é captada água de abastecimento
dazonaurbanadeBotucatu,naBaciadoRioPardo;
URGHIPiracicaba/Capivari/Jundiaí(5),queabrangeumaínfimapartedomunicípio.
Figura19MunicípiodeBotucatuemvermelho,sobreoMapadasUnidadesHidrográficasdeGerenciamentode
RecursosHídricos‐URGHI.Fonte:IGC
Para o recorte de análise, outro fator a ser considerado são as necessidades advindas da
implantaçãodeumaproduçãoagroindustrialcafeeiranaregião.Podesesupor,comomínimo
de erro, que a existência e a qualidade das águas da região devem estar entre os motivos
principaisdestaescolha.
48
No caso do objeto de estudo, eram as águas da bacia do Lavapés que seriam utilizadas tanto
para irrigação dos cafezais como enquanto força motriz dos principais equipamentos de
beneficiamentodocafé,enquantofazendacafeeira,ecomogeraçãodeenergiaelétricaapartir
de1936,noiníciodaEstaçãoExperimental.
Segundo Orsi (2004) a Bacia do Ribeirão Lavapés apresenta área de drenagem de 10.704
hectaresetemoRibeirãoLavapéscomoprincipalcursod’águapercorrendoumtrechode40km
desdesuanascenteatéadesembocaduranarepresadeBarraBonita,oRioTietê.

Figura20‐LocalizaçãodaBaciadoRibeirãoLavapesnoMunicípiodeBotucatu
49
Figura21RibeirãoLavapés,dentrodaFazendaLageado
Figura22JuzantedoRibeirãoLavapés,vistodapontedeacessoàarquiteturadaprodução
50
Figura23‐VazantedoRibeirãoLavapés,vistodapontedeacessoàarquiteturadaprodução
Noaspectofísico,estabaciaapresentaumfatocuriosoemfunçãodascondiçõesgeográficasda
área:umaformaçãofísicasemelhanteaumaampulheta,compreendendo,noâmbulosuperior,
grandepartedoperímetrourbanodeBotucatue aparte“alta”dabacia,comaltitudesvariando
entre924a716m(ORSI,2004),enquantoaáreadedesembocaduraepartebaixadabacia,com
altitudesvariandoentre611a455m(ORSI,2004),consistirianaoutraâmbula,conformepode
senotarnaFigura26.Nãoporacaso,aFazendaLageadoestáimplantadaexatamentevérticeda
ampulheta.
Figura24‐Abaciacomoampulheta
51
Figura25‐DelimitaçãodaBaciadoLavapéssobreMDTElevação.Fonte:Orsi
Ao considerar a desembocadura da parte inicial da bacia na altura da Fazenda Lageado,
Leopoldo(1989)encontrouumadensidadededrenagemde1,36km/km²,declividademédiade
11% e declividade total do curso principal de 1,05%; características que impõem à bacia um
escoamento das águas de chuva bastante rígido, com maior escoamento superficial que
infiltração,ambientepropícioparacaptaçãodeáguascomofimagroindustrial.
Atualment
e, a Bacia do Ribeirão Lavapés é considerada uma bacia de transposição. Leopoldo
(1989) verificou uma descarga média da bacia junto à saída da Fazenda Lageado, de 0,6 m³/s
com produção diária calculada em 51.840 m³, sendo que desse total, estimase que cerca de
52
30.000 são oriundos do Rio Pardo (pertencente à Bacia do Paranapanema) e bombeados
paraacidadedeBotucatuparafinsdeabastecimento.
Somase a esta informação, a localização da Estação de Tratamento de Efluentes da SABESP
paratodaacidadedeBotucatu,implantadadentrodaFazenda Lageado,fatorquenovamente
explicitaaimportânciadodirecionamentodaságuasdentrodestabacia.
Figura26‐AltitudesdaBRL.Fonte:Orsi(2004)
53
Figura27‐DeclividadesdaBRL.Fonte:Orsi(2004)
54
IVMETODOLOGIA
Aevoluçãodoolharsobreoobjetoprocessoemconstantedesenvolvimento
Sobre esta questão, emerge um fator que será de extrema importância nas análises que se
seguirão. Argollo Ferrão (2004a) expõe à vista a relação entre esses vetores de mudanças
(sistema de trabalho, economia e sociedade) e o reflexo que isto viria a ter no ambiente
construído, principalmente com relação às técnicas de produção e conseqüente arquitetura
produzidanasfazendascafeeiraspaulistas.
Importanteentenderqueotermo‘ambienteconstruído’nãodeveseraplicadoexclusivamente
às edificações construídas. O que Argollo Ferrão chama genericamente de “arquitetura da
produçãocafeeira”,incluiriadiversosníveispossíveisdeanálise,aconhecêlos:
“a arquitetura das regiões cafeeiras, que se estabeleceu segundo uma lógica toda
especialdeocupaçãodosespaçosgeográficosedeplanejamentourbano,compatível
comaevoluçãodainfraestruturadeapoioàeconomiacafeeira;
aarquitetura das fazendasdecafé, em queosedifícios, caminhos, parques,jardins,
pomares, plantações e criações são concebidos de acordo com padrões
arquitetônicosespecíficosecompatíveiscomoseumododeproduzir;
aarquiteturadocafezal,emqueseplanejaainstalaçãoeomanejodaplantaçãode
forma a protela dos fenômenos climáticos perniciosos, facilitar seus tratos
culturaiseracionalizaracolheita,preparoetransporteinternodoproduto;
e, finalmente, a arquitetura do cafeeiro, representada pelo trabalho de
melhoramentogenético,quesepreocupaemdesenhareconsubstanciarumaplanta
com formato, tamanho, resistência de ramos e folhas, inserção de flores e frutos,
etc., capaz de proporcionar alta produtividade, mecanização das principais práticas
agrícolas, conforto para os trabalhadores que a manejam, resistências às pragas e
55
doenças,enfim,atenderrequisitospreestipuladosporpesquisadoresafinadoscomo
setorprodutivo.”
35
EstametodologiadeolharsobreoobjetoapresentasedeformamaisdestrinchadaemArgollo
Ferrão(2004b)
36
,quepropõeousodaabordagemsistêmicaeavisãodeprocessoscomoguia
para estudo e caracterização da arquitetura rural, no âmbito de um determinado complexo
produtivo,representadaesquematicamentenaFigura28.
Figura28‐Abordagemsistêmicaevisãodeprocessosparaoestudodaarquiteturarural.FonteArgolloFerrão
(2004b)
Astrêslinhasdeevolução,chamadaspeloautorde“vetoresdecoevolução”pelainteratividade
quelheséintrínseca,sãoexplicitadasporeledaseguinteforma:
Ovetordecoevolução“processosculturais” devebuscarodesenhodosprocessosculturaisque
compõe o contextoque sepretendeestudar, ouseja, osprocessosculturais queafetame são
afetados pelo complexo produtivo que se está analisando. Devem ser observados fatores
históricos,característicasgeográficas,sócioeconômicas,ecológicas,etc.

35 ARGOLLO FERRÃO, André Munhoz de. 2004a. Op. Cit. p 47.
36 ARGOLLO FERRÃO, André Munhoz de. Arquitetura Rural e Paisagens Culturais no Brasil a partir de uma
abordagem sistêmica e da visão de processos. VEGUETA 8, ISSN: 1133-598X. 2004b. P. 133 – 148.
Processos
Culturais
Processos
Produtivos
Arquiteturada
Produção
56
O vetor de coevolução “processos produtivos” diz respeito aos “processos C&T” (“processos
científicos etecnológicos”, nitidamente relacionados ao “Complexo Ciência & Tecnologia”,em
citações anteriores de Argollo Ferrão (2004a)), o conjunto que exprime a realidade do que se
procura enxergar no primeiro vetor. Apesar de também poderem se caracterizar como
processos culturais, o fato dos processos C&T estarem diretamente relacionados à evolução
físicadaarquiteturarural,fazcomqueoautorreitereaimportânciadestadivisãoparafacilitar
oreconhecimentodesuacoevolução.
Sobrearelaçãodecoevoluçãoentreosdoisprimeirosvetoresesuarepercussãonaformação
daarquiteturadaprodução,oterceirovetor,sãoaspalavrasdeArgollo:
“Ambos os vetores: o que representa a evolução dos processos culturais e o que representa a
evolução dos processos produtivos coevoluem afetandose mutuamente, promovendo e
sofrendo mudanças a partir da lógica que os processos que os compõe possui. Tais mudanças
repercutem sobre um terceiro vetor de coevolução: o que repr
esenta o processo de
conformação da arquitetura da produção do complexo em foco, ou seja, processos
agro
industriaisouagroecológicos,emsetratandodoestudodaarquiteturarural.
Assim, a coevoluçãodo contexto em quese inserem os vetores querepresentam os processos
culturaiseosprocessosprodutivosdeter
minaaevoluçãodovetorquerepresentaoprocessode
conformação da arquitetura da produçã
o do cluster tomado como objeto de estudo. A
arquitetura rural é, pois, resultante da integração dos processos culturais e produtivos que co
evoluemnoâmbitodeumdeterminadocomplexoagroindustrial,ouagroecológico.”
37
Esta abordagem sistêmica da arquitetura rural permite, então, segundo Argollo, a
caracterização de tipologias arquitetônicas rurais por períodos e subregiões delimitados
históricaegeograficamente.
Nocasoda FazendaLageado,istovem a tornarseumferramental deextremointeresse,visto
que o que se pode entender como “complexo produtivo” da Fazenda Lageado possui três
recortes temporais e históricos bastante definidos, explicitados pela sua evolução histórico
administrativa.Aomesmotempo,todosos recortesterãoamesmadelimitaçãogeográfica,ou

37 ARGOLLO FERRÃO, André Munhoz de. 2004b. Op. Cit. p 141.
57
seja: o gargaloda baciado Lavapés,paisagem conformadapela própria área físicada Fazenda
Lageado.
Istoremetediretamenteàseguintequestão:se,conformediz Argollo,osprocessosculturaise
produtivos coevoluirão com a construção de uma arquitetura da produção, e dentro de um
recorte históricotemporal e geográfico caracterizariam uma tipologia arquitetônica rural
específica, uma maneira
para se analisar a evolução históricoadministrativa da Fazenda
Lageadoseriaatravésdavisualizaçãode três conjuntosrecortedevetores“processocultural/
processoprodutivo/arquiteturadaprodução”,organizadosdaseguinteforma:
Tabela1‐conjuntosrecortedeanálise,comexemplosderelaçõesdecoevolução.
VETORA VETORB VETORC
Conjuntorecortedeanálise“processocultural” “ProcessoProdutivo” “Arquiteturada
produção”
CONJUNTOI
Fazendacafeeira
(particular)
Aumentode
exportação,a
implantaçãoda
ferroviafacilitando
acessoàmãodeobra
especializada,política
nacionaldeauxílioaos
cafeicultores,etc.
Desenvolvimentode
sistemadetransporte
epréseparaçãode
grãosdocafezalpara
osterreiros,
tecnologiade
transportedegrãos
secosporvagonetas
doterreiroatéatulha,
conseqüenteaumento
naprodução
ConstruçãodeTulha
maior,emalvenaria
detijolos,com
sistemadeponte,
ondeasvagonetas
despejam
diretamenteosgrãos
préseparadosnos
grandessilosde
madeira,internosà
edificação.
CONJUNTOII
EstaçãoExperimental
(federal)
Políticanacionalde
desenvolvimentoda
agropecuária,
existênciade
indústrias
direcionadasao
suportedaagricultura
nacidade,etc.
Desenvolvimentode
equipamentopara
separaçãodosgrãos
decafé
Retiradade
maquinárioantigoe
implantaçãode
novasmáquinas
dentrodaTulha,sem
modificações
estruturaisna
edificação.
CONJUNTOIII
Universidade
(estadual)
Museudocafépassaa
geriroconjunto
histórico,Criaçãodo
selodeEmpresa
AmigadaFazenda
Lageado,etc.
Estudosacadêmicos
sobreaevoluçãoda
FazendaLageado,
Implantaçãodo
Projetode
RevitalizaçãodeUso
daÁreaHistórica,etc.
Retiradadeanexose
divisóriasexecutadas
naTulha,sem
conceito,abertura
daTulhapara
visitaçãocomo
museu,implantação
deCentrodeCiência
naTulha.
58
Figura29Esquemados3conjuntosrecortedeanálise.
É natural, neste caso, que tanto o vetor “processo produtivo” quanto o vetor “processo
cultural” sejam visualizados como processos contínuos e “lineares”, se tomarmos como
referênciaorecortetemporalanalisado(iniciadoenquantofazendacafeeira,atéosdiasatuais,
comouniversidade).Aformaçãodestesvetoressegueumaseqüênciaevolutivanaturaldurante
trêsconjuntosrecorteemanálise,podendoservisualizadosfacilmentecomovetorescontínuos,
obviamente únicos em sua especificidade, explicitado pelas próprias modificações de posse e
usoporquepassaram.
Figura30‐exemplodeevoluçãonaturaldosvetores"processocultural"e"processoprodutivo"
a“arquiteturadaprodução”,nocasodaFazendaLageado,nãopodeserexplicitadadeforma
tãosimplista.Isto,pois,emdiversosmomentos,ummesmoconjuntodeobjetosfísicosservirá
de sustentáculo para usos e ocupações variadas, exatamente como foi edificado, ou mesmo
utilizandose de pequenas adequações, sem que, para isso, imponha modificações no
entendimentodoobservadorsobreoambienteconstruídooriginalmente.
59
Paralelamente, não como negar que o vetor “arquitetura da produção” continua co
evoluindo junto aos outros dois, formalizandose fisicamente em novas edificações acrescidas
aoconjuntooriginal,visandoatenderàsnovasnecessidadesapresentadaspelosoutrosvetores.
Assim, comovisto, o processo de evolução da “arquitetura deprodução” da Fazenda Lageado
seria um vetor contínuo, em coevolução aos outros dois, ao mesmo tempo confinado
espacialmente.Seguindonestalinhaderaciocínio,comoestastrês“arquiteturasdaprodução”
materializamse, fisicamente falando, em uma mesma paisagem, é possível uma sobreposição
destesvetores,obtendoseaseguinteconformação:
Figura31ArquiteturadaProduçãoesquematizadaciclicamente
Dentre diversos pontos comuns na arquitetura da produção, que poderiam ser apresentados
nostrêsconjuntosrecortedeanálise,a Tulhafoiescolhidaporfacilitararápidaassimilaçãodo
quesepretendemostraraseguir.
Contudo,seesteesquemarepresentadeformabastantesatisfatóriaoconjuntodosprocessose
informaçõesaseremvisualizadasfisicamenteparaesteestudo,nãorepresentacomfidelidadea
contínuacoevoluçãohistóricadaarquiteturadaproduçãojuntoàevoluçãodosseusprocessos
culturais
e produtivos. Mais interessante, seria, neste caso, sua representação tridimensional,
emespiralaoredordosoutrosdoisvetores.
60
Figura32‐Conjuntosrecorteanalisados
Esquematicamente,esterecortedeanálisefísicotemporaldeestudoérepresentado,então,a
partir da soma dos seus três conjuntosrecorte, desenhando uma “espiral evolutiva” ao seu
redor,representandoacoevoluçãodoconjuntoformadopelosprocessosculturais,produtivos
earquitetônicosdaFazendaLageado.
Figura33“Espiralevolutiva”Recortedeanálisesicotemporaldoobjetodeestudo
Assim sendo, cada fração da evolução históricaculturalarquitetônica da Fazenda Lageado
atribui um potencial histórico e material inerente a cada um de seus ambientes construídos,
61
constituindo um conjunto único. Portanto, mesmo podendo cada elemento ser analisado
separadamente, todos devem estar contextualizados neste conjunto único de relações
interdependentes.
Estascomplexasrelaçõesinerentesaoprocessodeformaçãodo conjuntoculturaldeinteresse
da Fazenda Lageado impõem uma grande dificuldade em se analisar ou mesmo visualizar de
formadiretaoconjuntodeprocessosemcurso,oumesmoaquelesqueumdiainfluenciaram
na formação da paisagem atualmente percebida pelo observador ou estudioso da Fazenda
Lageado.
Assim, fazse necessário um aprofundamento nas questões relativas à ambientação física da
Fazenda Lageado, no que concerne à sua inserção e conseqüente influência na formação da
paisagemlocal.
O grande fator complicador, neste caso, residena complexidade dasrelações humanascom o
binômio “patrimôniopaisagem”, o que restringiria de imediato omonopólio dos seus estudos
porumaúnicaárea.
Porém, ainda que prevaleça, sobretudo, a visão do arquiteto restauradorconservador neste
estudo, a utilização de ferramentas de transdisciplinaridade, aliada ao enfoque sistêmico e à
visãodeprocessos,visaauxiliarnasuapercolaçãoemáreasafinsaopróprioobjetodeestudo,
comohistória,engenharia,geografia,agronomia,sociologia,etc.
Obviamente dentro das limitações teóricopráticas deste autor, esperase que a visão
apresentada amplie o alcance deste estudo, permitindo a incorporação de novas vis
ões que
caminhemcoletivamente nossentidosde preservaçãodavidadeste incomparávelpatrimônio,
nãoapenasevitandoadestruiçãode sua paisagemcultural,masauxiliandoemsuaconstrução
contínua.
62
VTEORIAEPRÁTICA
ArquiteturaRuraleEspaçoNãoUrbano
Pela própria relação do café com a sociedade brasileira, inúmeros e respeitáveis estudos
foramrealizadossobrearquiteturaemfazendascafeeirasesuainfluênciaemdiversosaspectos
da arquitetura urbana. Conseqüentemente, as diferentes visões e abordagens sobre o tema
impuseramaestamatériaumariquezaimpressionante.
Entre os maiores estudiosos nacionais de história da arquitetura, Luis Saia, Julio Katinsky e
CarlosLemosdesenvolveramdiversostrabalhossobre a arquitetura
rural.Étambémcomuma
eles um direcionamento do foco principal sobre a habitação, paralelamente aos primeiros
ensaios sobre a análise desta matéria enquanto conjunto das construções realizadas no
ambiente rural, analisando com rigor e maestrianão apenas a evolução das construções, mas
suainserçãonapaisagemeasrelaçõescomavidanelainserida.
No caso da Fazenda Lageado,devido à suasingela evoluçã
o de usos e os efeitos da influência
disto sobre sua ocupação territorial, as questões a serem analisadas extrapolam tanto o
“ambiente rural” quanto o “ambiente urbano”. Se é trivial se pensar na “ruralidade” de uma
fazendacafeeiraouna“urbanidade”deumauniversidade,oobjetodeestudoaquiapresentado
caminhanolimboentreambas.
A Lageado é hoje uma fazenda com características nitidamente urbanas, explicitadas por seu
uso universitário, projeto urbanístico e tipologia das novas construções para suporte destas
atividades, além de sua localização territorial, em continuidade à área urbana de Botucatu,
conformeapresentadoemMichelin(2004),na
Figura34.
Ao mesmo tempo, não se pode negar que a Fazenda Lageado é, como diz seu próprio nome,
umafazendaemantémdiversascaracterísticasruraispredominantes,comoáreasdeplantioe
produçãoagrícola,circulaçãoconstantedeequipamentosrurais,comotratores,colheitadeiras,
etc. Em diversos pontos, a Fazenda Lageado apresenta também ao observador uma paisagem
63
bucólica, uma percepção de “infinita” área verde. É um ambiente rural de fato, ainda que
voltadoparaasáreasdeensino,pesquisaeextensão.
Figura34‐Croquisdeanálisedaevoluçãodamalhaurbana.Fonte:Michelin(2004)
FAZENDA
LAGEADO
BOTUCATU
64
Este cenário sem características totalmente definidas, urbanas ou rurais, é visualizado por
Argollo Ferrão (2007)
38
como um “espaço nãourbano” (ou “espaço nu”). Argollo apresenta,
desta forma, um entendimento distinto do senso comum, da zona rural como território ainda
nãourbanizado,áreaparaocrescimentodascidades,espaçosabertossomenteàocupação.
Aocontrário.O“espaçonu”abrangeriatodasasoutraspossibilidadesdeocupaçãodoterritório
que extrapolariam a configuração urbana tradicional, como as Áreas de Proteção Ambiental,
parques(agrários,fluviais,patrimoniais,etc.),florestasnacionais,etc.,estandoincluídotambém
neste conjunto o ambiente rural tradicionalmente caracterizado, com suas diversas nuances,
queincluiriamdopequenoprodutordeumaagriculturadesubsistênciaaograndeproprietário
deproduçãomonocultora.
Este espaço de transição entre rural e urbano, “periurbano” para quem olha sentido urbano
rural e “rurbano” ou “rururbano”, para quem olha desde o ambiente rural, apresenta
normalmenteumaaltacomplexidadeemseuestudo,vistoquenãoumalinhademarcatória
queexpliciteoslimitesdeiníciooufimdosambientesruraleurbano.
Sobreesteslimiteserelações,aFazendaLageadoapresentapontosrealmenteinteressantes.É
fato que seu conjunto edificado foi originalmente desenhado para atender uma produção
cafeeiraemlargaescala.maisde70anos,noentanto,sejanoperíododeusocomoEstaçã o
Experimental Federal ou atualmente como universidade, esta “arquitetura da produção”
original vem sendo constantemente utilizada como sustentáculo da coexistência de usos
urbanos e rurais, sem que haja necessidade de qualquer grande alteração, de qualquer
intervençãoquecomprometaavisualizaçãoeentendimentodeseuconjuntooriginal.
Mas,quearquiteturaéessa?Intuitivamente,éfácilserelacionaraarquiteturadacasasedede
umafazend
aagrícolaaumaarquiteturarural.Porém,oqueseentende por“arquiteturarural”
podenãoseguirexatamenteestecaminho...

38 ARGOLLO FERRÃO, André Munhoz de. Arquitetura rural e espaço não-urbano. Revista Labor & Engenho:
Patrimônio Cultural – Engenharia e Arquitetura. Campinas: CMU-Publicações-GEPCEA-UNICAMP. Arte Escrita
Editora, n°1. 2007(pp.89 a 110).
65
Em “Acervo arquitetônico do Vale do Tietê”, Katinsky (1999), ao analisar inúmeras sedes de
fazendasconstruídasoualteradaspelaculturadocafé,concluique “napartedafrente,comou
sem varanda, situase, invariavelmente a escada de acesso, pois a casa localiza se sempre em
desnível do terreno, com a frente no andar superior, a cavaleiro da área, dominando
visualmente a paisagem”
39
. Interessante observar que segue relacionando a situação da casa
sededafazendaàpaisagem:
“éinegáveltambém,umanovavisãodapaisagemembutidanessenovo‘partido’,como
dizemosarquitetos.Neleestáimplícitooreconhecimentodapredominânciadoentorno
em relação à construção. É como se houvesse uma total inversão da ótica; as casas
bandeiristas, na feliz observação do botânico Saint Hilaire introduziram uma nota
pitoresca na paisagem, tornandoas, casa e entorno, graciosas para merecerem a
atençãodograndecientista.Nasfazendasdecafé,aocontrário,adescriçãodapaisagem
sefazapartirdavarandadeentradaoudassalasfronteiras.”
40
Damesmaforma,emmeadosdoséculoXX,LuisSaiaanalisaumadúziadefazendas
41
nointuito
de entender o desenvolvimento da arquitetura rural paulista. Entre incontáveis passagens
interessantes, quando compara edificações dos fazendeiros de Piratininga (edificações
seiscentistas)comalgunsexemplaresdolitoraleoutrafazendadoséculoXIX,evidencia:
“Já na localização encontramos um elemento diferenciador. Enquanto os fazendeiros
seiscentistas de Piratininga preferem para residência locais situados a meia altura da
paisagem,eempontosinternosdeumaregiãolivredoperigodeataquedo síndios,os
pontos escolhidos pelos fazendeiros do litoral estão próximos do mar, que seria o
caminho natural, tanto para o transporte de mercadorias, como para o de possíveis
índiosbravos.(...).”
42
E seguindo nesta comparação, explicita relações entre o processo produtivo e o
desenvolvimentodaarquiteturadaprodução:

39 KATINSKY, Julio. Acervo Arquitetônico do Vale do Tietê. São Paulo: Ed., 1999. p.04
40 KATINSKY, Julio. Op. Cit.
41 SAIA, Luis. Notas Sobre a Arquitetura Rural Paulista no Segundo Século In: Morada Paulista. São Paulo: Ed.
Perspectiva S.A. 3ªed. 1995. Coleção Debates.
42 SAIA, Luis. Op. Cit. p.104
66
“(...) Esta razão levou o arquiteto a preferir pontos topograficamente adequados à
obtenção de água para mover o engenho, por meio de aqueduto. Este último
acondicionamentofoiresolvidodentrodeumpartidomuitoclaroebemescolhido,com
conseqüênciasimportantes paraoladopropriamentefamiliar daresidência.Percebese
como os acidentes topográficos foram utilizados em benefício de uma distribuição
criteriosadasdiversaspartesdaconstrução,dopontodevistadofuncionam
ento.”
43
Sobre a arquitetura rural adotada na Fazenda Paud’Alho, considerada entre as mais
importantes fazendas históricas nacionais, apesar de Saia apresentar o “aproveitamento dos
acidentes de terreno para dispositivos arquitetônicos de funcionamento específico” enquanto
soluçãoarquitetônicacomumàsoutrasfazendas, inserenaequaçãoocomponentehumano
commaisintensidade,bemcomoensaiaaanálisedarelaçãoentreproduçãoeaarquitetura:
“... aqui também a residência se liga com a parte destinada ao trabalho, de um modo
quase direto: residência–terreiro de café. As cocheiras, depósitos, casas dos escravos,
etc.sedispõ e demaneiraqueacondiçãotopográficaprevaleçaseguramente.Notemse,
aesserespeito,asrelaçõesresidência–senzalaesenzala–trabalho.”
44
Lemos grande importância à residência propriamente dita. Em seus livros consagrados
como“Cozinhas,etc.”ou“CasaPaulista”,esmiúçaosaspectosdavidacotidianadosmoradores
emesmodosvisitantes.Arelaçãoentreacasaprincipaldemoradiaeaarquiteturadaprodução
sempreécitada,constantementecomosuportedeanálisedaprimeira.
Sobre a casa bandeirista da roça, Lemos expõe uma relação importante: a sistemática
recorrente de desenvolvimento da arquitetura relacionada à evolução do processo cultural
local. Como exemplo disto, visualiza uma cultura indígena dando rumo à arquitetura de uma
fazenda, citando as construções de suporte do processo produtivo como satélites da casa de
morada.
“Essa fragmentação em esparsas edículas à volta da casa está mais para a sistemática
indígena do que para a tradição européia, ou melhor, ibérica. No sul da Península,

43 Ibid.
44 SAIA, Luis. Op. Cit. p.105
67
especialmente no Algarve, a tendência sempre foi aglutinar sob um mesmo telhado
todasasatividadesdocomplexorural.Seo‘monte’alentejanofoireproduzidonoBrasil,
foiononordesteounolitoral,nuncaemSãoPaulo”.
45
Martins (1978), em O Partido arquitetônico rural de Porto Feliz, Tietê e Laranjal Paulista no
século XIX: um estudo comparativo’, tese orientada pelo próprio Katinsky, cita: “a casa é o
elemento central, é a marca concreta da ocupação da terra pelo homem; assim, além dos
aspectostecnomorfológicosdasmoradas,revestesedeimportânciaseurelacionamentocomo
ambiente no qual se encontram integradas”
46
. Apesar da descrição focada na unidade
habitacional, mais uma vez verificamos a questão da paisagem inserida, e inseparável, no
entendimentodaformaçãodaarquiteturaruralglobaldasfazendasdecafé.
No caso da Fazenda Lageado, a residência principal
47
não está implantada a cavaleiro do
conjunto de beneficiamento do café, com vista para as plantações e terreiros, como era
bastante comum no período escravista. Estabelecida no período de transição para a mãode
obra imigrante, ela encontrase no final do último dos seus três terreiros, com visão direta e
privilegiada para a tulha, edificação onde o café beneficiado era armazenado e
posteriormenteempacotado,dolugaremquesaíaprontoparasernegociado.Aindamais,a
varanda da Casa de Morada tinha vista privilegiada para a porta de saída principal da tulha e
paraoconjuntodepaióisdearmazenamento.
Ocaféseguia,então, seucaminho,alcançandoomercadocarregadopelotrem,atravésdeum
braçoparticulardaEstradadeFerroSorocabana,construídodentrodaLageado.
Oquãorural,defato,podeserconsideradauma fazenda como esta, comforteselementosde
industrialização debruçados sobre sua evolução? Neste ponto, o termo agroindustrial parece
seromaisadequado.

45 LEMOS, Carlos A. C. Casa paulista: história das moradias anteriores ao ecletismo trazido pelo café. São Paulo:
EDUSP, 1999
46 MARTINS, Neide. O Partido arquitetônico rural de Porto Feliz, Tietê e Laranjal Paulista no século XIX:
um estudo comparativo. São Paulo: Edusp. Tese de Doutorado. 1978. p.9
47 Comumente conhecida como Casa Grande, alguns autores utilizam também o termo ‘Casa de Morada’, para
designar as casas-sede das fazendas cafeeiras menos luxuosas, e que, normalmente, não eram a residência oficial do
Cafeicultor, mas de seu administrador (fato bastante comum a partir do final do século XIX e início do XX, onde o
mesmo cafeicultor possuía inúmeras fazendas).(nota do autor)
68
Assimsendo,afaltadeumadefiniçãoclaradoquepodeserentendidocomo“arquiteturarural”
incita aum exercíciode pesquisa em outras culturas.Sendoo objeto de estudo umafazenda
cafeeira,umexemplointeressanteparaanáliserelacionalpodeserCuba,peladiretainfluência
francesanasquestõesreferentesàsuaarquiteturadocafé,diferentedoocorridonoBrasil.
Paraumabrevecontextualização,segundoRamirezeParedes
48
,ocaféfoiintroduzidoemCuba
como cultivo em 1748, em conseqüência do inusitado auge do produto nas Antilhas nos
primeiros decênios do séc. XVIII. Sem ser considerado ainda fonte de riqueza, provavelmente
comfinsmedicinais,somenteapartirmigraçãomaciçadefrancesesvindosdeSantoDomingo,
quedominavaatéentãocercade60%docomérciocafeeironohemisférioocidental,queailha
assumeopostodegrandeprodutor,natransiçãodosséculosXVIIIeXIX.
Mas o que de fato atrai mais atenção enquanto base para um estudo comparativo são as
distintas tipologias arquitetônicasdesenvolvidas para os processos produtivos relacionados ao
café. Aqui,diversos fatores contribuemcom a especificidade de cada conjunto construído nas
fazendas e com o processo de formação de sua paisagem, desde a região geográfica onde se
implanta, com seus relevos distintos, altimetria diversa, variação de distância aos centros
consumidores e, principalmente, a disponibilidade de água. Instituiuse, com isso, métodos
distintosparaobeneficiamentodosgrãosdecaféeconseqüentearquiteturadaproduçãoaeles
relacionada. Mesmo a microlocalização topográfica, foi um fator influente na solução
arquitetônicaemetodologiaconstrutivadentrodeumamesmaregiãogeográfica.
Entre os elementos de maior influência no desenho da arquitetura rural do café em Cuba, a
diferença geográfica de
finiu dois métodos de beneficiamento dos grãos. O seco, na zona
ocidental da Ilha, área de poucos desníveis, vales amplos dificultando represamento e
conseqüenteencaminhamentodeáguaporgravidadeparaosprocessosdebeneficiamento.Eo
úmido, no interior das serranias orientais, com maiores elevações e diferenças de níveis,
facilidadederepresamento,emanutençãodaquantidadedeáguaduranteosperíodosdeseca,
maissemelhanteaopadrãoutilizadonoBrasil.

48 RAMÍREZ, Jorge Freddy; PAREDES, Fernando Antonio. Los Cafetales da La Sierra Del Rosário (1790
1850). Havana, Cuba: Ediciones UNIÓN. 2004. Prefácio de Eusébio Leal Spengler. Impresso por Editorial Nomos
S.A. na Colômbia.
69
Autilizaçãoounãodaáguarefletiasetambémnoperíododacolheitadocafé.Ondeseutilizava
ométodoúmido,acolheitaerarealizadamuitopróximaaofinaldoperíododechuvas,comos
rios e represas maischeios.Para ométodo seco,a colheitase realizavamais tardiamente,em
plenaseca.Destaforma,paraseatingirummesmoresultado,utilizandoseumamesmaplanta,
um mesmo grão, a arquitetura dos cafezais e a conseqüente conformação da paisagem
resultanterefletiamespecificidadesdeacordocomoperíododoanoeasdiferentesregiõesem
queeramimplantados.
Apesar das diferenças que possam surgir em algumas partes do processo ou mesmo das
construções referentes aos distintos métodos, Ramirez e Paredes (2004) verificam uma
arquiteturaagroindustrialcomumdesenvolvidaemCuba.Ainexistênciadeumatipologiaúnica
ouumcomportamentouniformenaorganizaçãodasconstruçõesnãoimpediuqueaconcepção
da unidade produtora cafeteira desenvolvesse uma arquitetura rural típica, distinta da até
entãoexistentenailha.
Segundoos autores,o‘cafetal’ francês estava integradopor trêselementosfundamentais,em
qualquerregiãodopaís:
1) o ‘batey’ (o núcleo funcional básico, subdividido em zona produtiva e zona
habitacional);
2)oscamposdecultivodocaféeorestodaterradafazenda;
3)arededecaminhos.
Sobre elementos fundamentais, no Brasil, Saia (1945) levanta os programas das sedes de
fazendaseis
centistasdaseguinteforma:
1) Trabalho doengenhomovidoporintermédioderodad’água;
2) Trabalho debeneficiamento(forno,alambique,etc.)edepósitos;
3) Residência.
70
Referenteaoentendimentodeumconjuntoapresentadopor suaarquiteturarural,oumesmo
agroindustrial, Argollo Ferrão (2004b) apresenta em número de quatro os níveis passíveis de
análise:
1) Nívelregional(arquiteturadaregião);
2) Níveldapropriedade(arquiteturadasfazendasdecafé);
3) Níveldoedifícioedomaquinário(arquiteturadonúcleoindustrial);
4) Nívelagroecológico(arquiteturadocafezal).
Sobre a Fazenda Lageado, no projeto final do Curso de Conservação e Restauração de
Monumentos e Conjuntos Históricos (CECRE/UFBA), em Michelin (2004) podese verificar um
resultado semelhante à tipologia de análise proposta por Argollo Ferrão (2004b), embora
desenvolvida de uma forma mais intuitiva, porém a rica essência do seu processo, em si, a
credenciacomofocodeanálise,nestecaso.
Oprojetoproposto,eaceito,comoobjetodetrabalhoindividualparaocursofoiorestaurode
uma única edificação, a Tulha, considerada entre as mais importantes do conjunto histórico
culturalarquitetônicodaFazendaLageado.Umaescolhabaseadanoparadigmadeutilizaçãode
um ato pontual, nesse caso um ato restaurativo, como agente irradiador de desenvolvimento
para seus arredores, idéia amplamente utilizada e divulgada por importantes figuras do
urbanismo,comoJaimeLerner,atravésdesua“acupunturaurbana”.
Figura35‐RestaurodaTulhacomoatoirradiadordedesenvolvimento.Fonte:Michelin(2004)
71
Em2004,aescolhadaTulhacomoobjetodetrabalho,apesardebemintencionadaebastante
embasada, mostrouse um pouco frágil, talvez levemente ingênua, pois os primeiros
questionamentos sobre o objeto daquele estudo estimularam análises entre a tulha e seu
entorno imediato, que por sua vez instigaram a visualização de suas relações com todo o
conjunto de edificações históricas, conseqüentemente deste conjunto com o campus
universitário, induzindose a uma “visão serial reversa” (um gracejo à análise seqüencial
propostaporGordonCullen...).
Figura36‐RelaçõesdiretasentreaTulhaeseuentornoimediato.Fonte:Michelin(2004)
Porém,paradesenvolvimentodeprojetosdeconservaçãoou restaurode formaresponsávele
criteriosa, ainda que de objetos pontuais, fazse necessário um estudoamplo envolvendo não
apenas a história do monumento, mas todas as conexões que o ato restaurativo crie no local
ondeeleseráconcebido.
Nestesentido,avisualizaçãodaamplitudedetransformaçõesqueumaintervençãodesteporte
geraria no desenvolvimento de Botucatu explicitou a necessidade de compreensão das
interdependênciasentreosprocessosdeevoluçãodaprópriacidadeedaFazendaLageado.
Assim sendo, o escopo do trabalho ampliouse substantivamente, concebendose três escalas
deanálisebe
mdistintas,porémnitidamenteinterrelacionadas:
CidadedeBotucatu
XFazendaLageado;
CampusFazendaLageadoXÁreaHistórica;
ÁreaHistórica;
72
Figura37EscalasdeanálisedaFazendaLageadoedamalhaurbanadeBotucatu.Fonte:Michelin(2004)
Importante explicitar que estas diferentes escalas não foram propostas para a visualização de
distintos processos, mas para representação dos mesmos processos em diferentes escalas
físicas, em idênticos recortes temporais. Isto, para buscar uma visão mais ampla e integrada,
capazdepossibilitarmelhorvisualizaçãoeconseqüenteentendimentodaarquiteturaresultante
dasrelaçõesentreestesprocessos.
Embora um pouco distintas entre si, todas estas metodologias estimulam a compreensão da
relação da produção com o lugar onde ela se dá, permitindo e instigando a visualização de
processosquenãotenhamfatoresouprodutosfisicamentepalpáveis.Estesfatores,porém,são
fundamentais e indeléveis ao processo de materialização da arquitetura de produção,
conformandoodesenhodapaisagemlocal.
Dentre as quatro apresentadas, a visão de Luis Saia apresentase de forma mais fechada,
direcionada à análise do conjunto edificado. a proposta de Argollo Ferrão apresentase de
forma mais abrangente, principalmente por separar de forma mais clara e organizada seus
níveis de análise, capaz de abarcar as outras metodologias. O quadro a seguir permite uma
melhorvisualizaçãodasrelaçõesentreasmetodologias.
73
Tabela2‐RelaçãoentreasmetodologiasdeArgollo(2004),Michelin(2004),Saia(1945)eRamirez&Paredes
(2004)
ARGOLLOFERRÃO MICHELIN SAIA RAMIREZePAREDES
NivelRegional; CidadedeBotucatu
X
FazendaLageado
(não apresenta análise
diretadaquestão)
(não apresenta análise
diretadaquestão)
NiveldaPropriedade; CampusFazendaLageado
X
ÁreaHistórica
Trabalhode
beneficiamento
(forno,alambique,etc.)e
depósitos;
arededecaminhos;
‐ os campos de cultivo do
café e o resto da terra da
fazenda;
Níveldoedifício
edomaquinário;
ÁreaHistórica Residência;
‐Trabalhodoengenho
movidoporintermédiode
rodad’água;
o‘batey’
(núcleofuncionalbásico,
subdivididoemzona
produtivaezona
habitacional);
Nívelagroecológico; CampusFazendaLageado
X
ÁreaHistórica
(analisaempartea
questão)
(não apresenta análise
diretadaquestão)
os campos de cultivo do
café e o resto da terra da
fazenda;
Retomandoainfluênciafrancesanaculturacafeeiracubana,explicitadaporRamirezeParedes
(2004), mesmo com todas as particularidades e distintos elementos tipológicos da arquitetura
desenvolvida nos “cafetales” em uma ou outra região da Ilha, é possível verificar alguns
exemplos de componentes comuns entre a arquitetura rural dos “cafetales” cubanos,
comparadoscomsimilaresconhecidosdaarquiteturaruraldocafébrasileiro,natabela3.
Tabela3‐Componentescomunsdaarquiteturaruralcubana,segundoRamirezeParedes(2004)
Nomeoriginal
49
Provável componente da arquitetura rural
brasileira
50
Vinculadosàatividadeprodutiva:
‘secaderos’o‘tendales’ terreiros
‘tahona’ moinhosdepilar
‘casas o habitaciones destinadas a la
clasificacióndelgrano’
tulha
‘almacenes’ armazéns

49 RAMIREZ e PAREDES, 2004. Op. Cit. Pag. 67
50 Tradução proposta pelo autor
74
Nomeoriginal
51
Provável componente da arquitetura rural
brasileira
52
Vinculadosàhabitação:
‘Viviendaocasaseñorial’ CasaGrande
‘cocina’ Cozinha
‘Viviendadeesclavos’ Senzala
‘Capilla’ Capela
Outroselementos secundários edificadosnas fazendascafeeiras,mas não menosimportantes,
complementavam as funções necessárias ao seu bom funcionamento, como os fornos,
estábulos, pomares, cocheiras, poços, cemitérios, entre outros. Além disso, notase grande
referência ao elemento fundamental “rede de caminhos” de Ramirez e Paredes, como as
rampas, escadas, caminhos, pontes, cercas e portões. Estes elementos, embora normalmente
apresentados com menor valor arquitetônico referente ao conjunto principal da fazenda, tem
importância fundamental na delimitação dos seus ambientes e conseqüente conf
ormação da
paisagem.
Na visão de Argollo Ferrão, estes itens por ele chamados “construções complementares”
integrariamoníveldapropriedade,sendopossívelumaanáliseaindamaisampla,relacionando
esta propriedade a todo o conjunto de elementos existentes na região (nível regional),
facilitando a visualização de outros processos exógenos que interferem na evolução única de
cadafazendaemsi.
Asdistinçõesentreos‘cafetales’,explicitavamse,entreoutros,noprocessodebeneficiamento,
onde no método seco os grãos de café eram espalhados nos terreiros logo após a colheita,
aindaemcereja,atingindoopontoidealdesecagememcercadevinteesetedias.Nométodo
úmido, comutilização de água, eraefetuada aretirada antecipada da polpa ou casca externa,
passandoporumdespolpador,apartirdeondeseguiamparaumprocessodefermentaçãoem
tanques por cerca de 24 horas, para somente depois serem espalhados nos terreiros para

51 RAMIREZ e PAREDES, 2004. Op. Cit. Pag. 67
52 Tradução proposta pelo autor
75
secagem,atingidaem7dias.Estadiferençanoiníciodoprocesso,quecaracterizavaosmétodos
empregados, implicava na existência de construções específicas para o encaminhamento e
beneficiamento inicialdos grãos, taiscomo: represas, depósitos deágua, moinhos hidráulicos,
tanquesdefermentação,aquedutos.
Como exemplo de diferenciações dos processos de beneficiamento do café pela
microlocalização topográfica, a Serra do Rosári
o apresenta três conjuntos distintos: os vales
entremontanos, onde quase metade dos “cafetales” da região foi implantada seguindo os
cursos de rios, aproveitandose principalmente da marcada inclinação e fertilidade nas
depressões, com vasto sistema de irrigação natural e facilidade de acesso. Parte dos
cafeicultoresimplantouse nas encostas,solucionandoos desníveiscomrampaseescadas.Eo
terceiro grupo, embora em pequeno número, apresentava soluções auda
ciosas para
implantação nos cumes das montanhas, como o ”cafetal Buenavista”, conforme retratado na
Figura38.
53
Figura38“CafetalBuenavista”.DesenhodeParedes(2003).Fonte:RamirezeParedes(2004).

53 RAMIREZ e PAREDES, 2004. Op. Cit. cita como ‘cafetales’ mais representativos da Serra do Rosario: nos vales
intramontanos – San Pedro, Santa Catalina, Independência, Santa Serafina e Ermita; nas encostas – La Mariana e
Victoria; no topo das elevações – Buenavista.
76
Seguindo neste exercício de busca por pontos de vista distintos para melhor embasar o
processo de construção de uma abordagem mais ampla e crítica sobre o termo ”Arquitetura
Rural”,englobase,então, avisãodoDrIsmailSerageldin
54
,sobrearquiteturaruralnoYêmem,
paisagemorigináriadocaféquechegouaCuba,segundoRamirezeParedes(2004).
Figura39‐MapadocaminhodocaféatéCuba.Fonte:RamirezeParedes(2004)
Entre seu mais de 200 artigos sobre temas que variam de biotecnologia a desenvolvimento
rural, passando por sustentabilidade e pelo valor da ciência para a sociedade, um exemplo
interessante surge no estudo de caso “Arquitetura Rural na República Árabe do Yêmen: O

54 Egípcio, mestre e Ph.D pela universidade de Harvard, 22 títulos de doutor ‘honoris causa’, vice-presidente do
Banco Mundial ente 1992 e 2000, atual diretor da Biblioteca de Alexandria. Disponível em: <www.serageldin.com>.
Acesso em: em 21/01/2009 às 20h00.
77
impacto do rápido crescimento econômico sobre as Expressões Tradicionais”
55
, realizado em
1982.
EsteestudofezpartedoSeminário“OHabitatRuralemmudança”,osextodeumconjuntode
seminários cujo tema esteve embasado nas transformações da arquitetura contemporânea no
mundo Islâmico. Segundo o autor, este tema foi escolhido como foco, parte pela importância
dasmudançasquevinhamocorrendonoambienterural,epartepelasdificuldadesencontradas
pelosprofissionaisdeprojetonasoluçãodosproblemasrelativosaestasáreas,principalmente
nospaísesemdesenvolvimento.
A análise de Seralgedin se desenvolve a partir de uma primeira visita ao Yemen, no início da
década de 1970. Cita, então, este país como uma das mais isoladas áreas do mundo até a
década de ’60. Importante ter na memória este recorte físicotemporal, principalmente a
questãodoisolamentodaárea,queseráimportantenoentendimentodavisãodoautorsobre
arquiteturarural.
Após esta primeira visita, em 1972, onde verificou detalhadamente as edificações em seu
estado inicial, pode observar através de suas subseqüentes visitas as mudanças graduais
introduzidasnatipologiadasnovasconstruções(edeintervençõesnasantigas).Estasmudanças
seriam exponenciadas através da quebra do isolamento acima citado, ocorrida tanto por
migração interna para as cidades maiores quanto pela emigração para países vizinhos,
principalmentepelapopulaçãodonortedopaís,cujaáreaagriculturáveleradepiorqualidade,
emdireçãoàArábiaSaudita.
Para ent
ender a coevolução entre as expressões arquitetônicas rurais e urbanas, Seralgedin
pautaoescopodesuaanáliseem5aspectosbásicos:
‐Locação(emrelaçãoaoambientenaturaloumodificadopelohomem);
‐MetodologiaConstrutiva(sistemaconstrutivo,materiaisetecnologiaaplicada);
‐Aglomeração(comoosedifíciosrelacionamseentresieoresultadodoefeitocoletivo);

55 SERAGELDIN, Ismail. Arquitetura Rural na República Árabe do Yêmen: O impacto do rápido
crescimento econômico sobre as Expressões Tradicionais. In: The Changing Rural Habitat: Volume 1 Case
studies. Yêmen: Ed. Aga Khan Award for Architecture, 1982;
78
‐Estilo(caráterarquitetônico);
‐ Decoração (elementos decorativos que indicam estética individual ou comunal das
edificações).
Se comparada às metodologias propostas para análises de arquitetura rural de Brasil e Cuba,
vistasanteriormente,adeSeralgedinaparentaum carátermaisurbano,principalmenteaocitar
oefeitocoletivonasquestõesdeaglomeração,ouestéticaindividualecomunalnadecoração.
Ao mesmo tempo, a locação pode se dar em meio natural, intuitivamente mais direcionado à
umaarquiteturarural,oumodificadopelohomem,oquepoderiaserentendidoparaambas.
Porém, ao iniciar sua análise, o faz, e não por acaso, através das “vilas” yemenes, as vilas
isoladas que conformariam uma “arquitetura rural” do Yêmen. Percorre, constantemente, a
questão da tradição
56
, as relações de origem dos povos com a evolução das metodologias e
técnicas construtivas, os materiais tradicionais utilizados e a mãodeobra local como
fundamentodessaarquitetura.
Apesardemostrarseaparentementedistintadavisãoapresentadaatéagorasobreoambiente
rural,pode ser vista como uma metodologia bastante similar, no sentido que também toma
como base a coevolução entre a cultura local e seus processos produtivos específicos. Com
isso, novamente, podese verificar as especificidades locais e culturais determinando a
arquiteturadaproduçãoalidesenvolvida,e direcionando, porconseqüência,ametodologiade
análisesobreseupróprioambiente.
Comoexemplo,aarquiteturaruralrelativaaocafénoYêmendesenhaumapaisagembastante
distintadasquehaviamsidoapresentadasatéomomento,deformaaagregarumvalormuito
interessantenadiscussão.

56 Durante a evolução do texto, Serageldin repete constantemente a palavra “tradicionalmente” ao iniciar as análises
pontuais dos tópicos (agricultura tradicional, construção tradicional, etc.).
79
Figura 40‐Cafezal plantado em terraços. Aofundo, conjunto de edificaçõesmesclandose à paisagem natural.
Fonte:www.sweetmarias.com
Figura41VistageraldaCidadedeDrama.Fonte:www.sweetmarias.com
80
Figura42‐Utilizaçãodacoberturadoedifícioparasecagemdocafé.Fonte:www.sweetmarias.com
Seguindo sua análise, ao focar a área urbana, Serageldin visualiza o processo de perda da
identidade característica desta arquitetura local, impulsionado por pressões econômicas e por
fatores como mudança na metodologia construtiva através da inserção de materiais não
tradicionais (blocos de concreto), não apenas pela facilidade construtiva e menor tempo de
construção, mas também pelo menor custo devido à diminuição de mãodeobra qualificada
local,principalmentenasgrandescidades.
Em suma, para Serageldin, a arquitetura destas vilas isoladas, portadoras de diferentes
peculiaridades que influenciaram diretamente o desenvolvimento da arquitetura urbana
existente no país, é a “arquitetura rural” do Yêmen. Sua arquitetura “original”, base de
desenvolvimentodaarquiteturalocal,ruralouurbana
Assimsendo, estesdiversosericosprocessosdeabordagemsobreotermo”arquiteturarural”,
seja no Brasil, em Cuba, ou no Yêmen,
representam, naturalmente, uma amplitude de
possibilidadesparasuaconceituação.
81
Aimportânciadestaanálisedirecionase,então,aodelineamentocomumatodasestasvisões,
representado tanto pela relação entre os processos de evolução cultural de cada povo e a
paisagemondeseinserem,comotambémpelasdiversasesingelasmaneirascomoestarelação
se materializaem cadauma destas paisagens específicas, esomente nelas, seja em suaforma
físicaoumesmocultural.
Destaforma,podeseverificarquenãoexisteumavisãomaiscorreta,maisverdadeiraoumais
bonitaqueaoutra.Apenasdevesebuscaravisãoquemelhorseadapteacadacaso.
Eéexatamenteestaespecificidadequeoleitor,oestudioso,oumesmoovisitantedaFazenda
Lageado consegue, e deve sempre, sentir e observar: um exemplar centenário da cultura
cafeeira brasileira, portador de uma evolução históricoadministrativa singular, diretamente
relacionadaàevoluçãodaregiãoondeestáimplantada.
Isto é explicitado, também, tanto no reconhecimento da Fazenda Lageado como grande
patrimônio público pela população local e regional, quanto pela manutenção de grande parte
de seu rico acervo material durante todos estes anos, sem que sobre ele pese uma única
proteçãolegal.
Neste sentido, qualquer estudo acadêmico ou qualquer intervenção nesta área,
necessariamentedeveriaobservarcommuita atençãoarelaçãoentreoseupatrimôniocultural
edificado e o ambiente onde ele está inserido, uma paisagem que vem sendo desenhada a
milharesdemãos,deformaúnica,maisde125anos.
82
Obinômio“PatrimônioPaisagem”
Dopatrimônioàpaisagem
Patrimônio
57
[Dolat.patrimoniu.]S.m.
1.Herançapaterna
2.Bensdefamília
3.Dotedosordinandos
4. Bem, ou conjunto de bens culturais ou naturais, de valor reconhecido para determinada
localidade,região,país,ouparaahumanidade,eque,aosetornar(em)protegido(s),como,por
exemplo,pelotombamento,deve(m)serpreservado(s)paraousufrutodetodososcidadãos.
5.Fig.Riqueza
Monumento[Dolat.monumentu.]S.m.
1. Obra ou con strução que se destina a transmitir à posteridade a memória de fato ou de
pessoanotável.
2. Edifíciomajestoso
3. Sepulcrosuntuoso;mausoléu
4. Qualquerobranotável
5. Memória,recordação,lembrança.
Estas estreitas e indeléveis relações entre um objeto reconhecido pela população como parte
indissociável de sua história, e o contexto físico e cultural onde ele se insere são elementos
primitivosnacomposiçãodobinômioPatrimônioPaisagem.
A conformação desta unicidade intrínseca a este binômio, muitas vezes, não é de fácil
visualização direta, visto que trata de uma relação de elementos não apenas em sua forma
física, mas também enquanto relações da evolução cultural, principalmente em sua vertente
local.
Isto fica bastante claro ao se visualizar o processo de evolução do próprio conceito de
patrimônio no Brasil, paralelamente à maneira como ele vem sendo tratado, especialmente a
partir da segunda década do século XX, quando são publicados os primeiros artigosalertando
sobre a ameaça de perda irreparável de monumentos da arte colonial, externandose as
discussõesentreosintelectuaisdaépoca.

57 DICIONÁRIO AURÉLIO ELETRÔNICO Século XIX, versão 3.0, novembro 1999. Correspondente à versão
integral do Novo Dicionário Aurélio, seculo XXI Aurélio Buarque de Holanda Ferreira publicado pela Editora
Nova Fronteira.
83
Contemporâneaaomovimento moderno noBrasil,enão por acaso,estamudança drástica no
cenário nacional apresenta a nítida aproximação cultural entre Brasil e Europa, onde grande
parte destes intelectuais brasileiros havia estudado e mantinha contatos constantes.
Paralelamente,aevoluçãotecnológi caveiofacilitaracomunicaçãoeodeslocamentointernoao
país, anteriormente inexistente, permitindo uma comunicação constante entre todos, seja
atravéscartastrocadas,oumesmovisitas.
E é exatamente ne
ste período, onde o barroco (e somente ele) era considerado o “estilo
nacional”,quesurgemosprimeirosmecanismoseações,defato, paraaproteçãolegaleefetiva
dopatrimônionacional.SãocriadasasInspetoria sEstaduaisdeMonumentosHistóricos(Minas
Gerais,em1926;Bahia,
em1927;Pernambuco,em1928)etambémapresentadososprimeiros
projetosaoCongressoNacionalparacriaçãodeumalegislaçãoespecífica.
Interessante verificarque o impedimento maiorpara estes projetos transformaremse emleis
devese menos à conceituação de patrimônio em si, que vinha sendo maturado algum
tempo no país à sombra das discussões européias
58
, mas principalmente pela questão do
direitoàpropriedadedobemtombado,oqueferiaaconstituiçãonacionalvigente.
Necessárioobservarqueastratativas,normativasoucompromissosinternacionaisdedefesado
patrimônio cultural mundial, realizadas normalmente em nome da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), seja através das “Cartas”,
“Declarações”, entre
outrosinstrumentos, apesar de não terem valor legal no que concerne à
defesa do patrimônio cultural nacional brasileiro, são de suma importância nesta discussão,
visto que, sendo o Brasil um signatário, a partir delas é que se direcionam a criação de novas
leis,oumesmoasatualizaçõesnaslegislaçõesquesefazemnecessárias.
59

58 Sobre a evolução dos conceitos de preservação e restauro, ver o capítulo: Notas sobre a Evolução do Conceito de
Restauração em KÜHL, Beatriz Mugayar. Arquitetura do Ferro e Arquitetura Ferroviária em São Paulo:
Reflexões sobre sua Preservação. São Paulo: Ateliê Editorial: Fapesp: Secretaria da Cultura, 1998.
59 A totalidade destas “Cartas Patrimoniais” está disponível, na íntegra, no website do IPHAN www.iphan.org.br
,
Existe, também, uma compilação impressa que apresenta desde a Carta de Atenas de 1931, até a Convenção de
Salvaguarda do Patrimoniocultural imaterial, Paris 2003, em: INSTITUTO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO E
ARTÍSTICO NACIONAL, Cartas Patrimoniais. 3ªed. rev. aum. – Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. 408p.
84
Neste sentido, em 1931, é firmada a Carta de Atenas, na Sociedade das Nações, no Escritório
Internacional dosmuseus. Também conhecidacomo Cartade Restauro deAtenas, explicita as
discussões internacionais sobre os princípios gerais e doutrinas concernentes à proteção dos
monumentos,apontandocomonecessidadesprimárias,conformeBeatrizKühl(1998):
“(...) inventariar os monumentos históricosdos vários países e estender o conceito de respeito,
manutenção e salvaguarda, não aos monumentos, mas também à fisionomia da cidade,
especialmente em torno a eles, assim como assegurar a preservação de certas perspectivas.
Consideravase, ainda, a utilização da edificação um fator primordial para sua ma
nutenção e
sobrevivência.”
60
NoBrasil,aprimeiravitóriapelaconservaçãodopatrimônionacional surgeatravésdodecreto
n°22.928, de 12/09/1933, elevando a cidade de Ouro Preto à categoria de Monumento
Nacional.
Naseqüência,aconstituiçãode1934,emseuartigo 10°,esboçaapreocupaçãonacionalcoma
defesadopatrimônio:
“CompeteconcorrentementeàUniãoeaosEstados:
(...)
III‐protegeras belezas naturais eosmonumentos de valorhistóricoouartístico,
podendoimpediraevasãodeobrasdearte.”
A regulamentação disto, porém, vem através do DecretoLei
25, de 30 de novembro de
1937,consideradooprimeiroinstrumentolegaldedefesadopatrimônionacional,queemseu
artigo1°,explicita:
“Art.Constituiopatrimôniohistóricoeartísticonacionalo conjuntodebensmóveis e
imóveis existente no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor
arqueológicoouetnográfico,bibliográficoouartístico.“
61
É criado, oficialmente, o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que
vinha funcionando informalmente desde 1936, sob o comando de Rodrigo Melo Franco de

60 KÜHL, Beatriz Mugayar. Op. Cit. p198.
61 BRASIL. Decreto-Lei n°25. 30 de novembro de 1937
85
Andrade. Órgão criado e gerido, basicamente, pelos ‘modernistas’, a partir de anteprojeto
desenvolvidoporMariodeAndrade.
O grupo ganhava força e influência, principalmente junto ao mineiro Gustavo Capanema,
MinistrodeCulturadeGetulioVargas,naquelemomentooórgãoresponsávelpelopatrimônio
nacional.
RodrigoMeloF.deAndrade,CarlosDrummonddeAndrade,AfonsoArinos,PrudentedeMorais
Neto,ManuelBandeira,LuisSaia,GilbertoFreire,SergioBuarquedeHolanda,JoaquimCardoso,
foramalgunsdosatoresprincipaisdeste processo,comauxílio de estrangeiros,comoGermain
Bazin,HannahLevyeRobertSmith.
Este panorama nacional, representado pelas décadas de 1920 e ‘30, po
de também ser visto
como agente de grande influência nas relaç
ões urbanorurais. O “Complexo Ciência &
Tecnologia”, explicitado anteriormente conforme Argollo Ferrão (2004a), ganha ainda mais
força noestado de SãoPaulo, ampliando sua atuação, por exemplo, através da instalaçãodas
seçõestécnicasdocaféealgodãodentrodoInstitutoAgronômicodeCampinas(em1923)eda
criaçãodoInstitutoBiológico(1924),apartirdostrabalhosdaComissãodeEstudoe Debelação
daPragadoCafé,problemaqueassolavaoscafezaisdaregiãodeCampinas.
Neste cenário, iniciase a implantação de um conjunto de Estações Experimentais Federais,
visando o desenvolvimento de produtos agrícolas. A Fazenda Lageado tem importante papel
neste conjunto, sendo transformada na Estação Experimental Central do Café (E.E.C.C.), em
1934, com função de desenvolvimento de produtos agrícolas voltados ao café. Dentre
os
principais produtos: o “café amarelo de Botucatu”; uma planta de alta resistência às
intempéries.Posteriormente,aspesquisassãoampliadasparaoutrosgrãoseprodutos.
A “revitalização” da Fazenda Lageado, que entrara em de
clínio após a crise de 1929, e sua
conseqüente relação com a evolução da própria cidade de Botucatu, podem ser verificadas
neste período, pois no mesmo ano de 1934, é inaugurada uma nova Estação Ferroviária em
Botucatu,epoucosanosdepois,opostodaFazendaLageado.
86
Figura43‐EstaçãoferroviáriadeBotucatu
Figura44‐ProjetodoPostoLageado
Comovisto,adefiniçãodoqueeraopatrimônionacionaleaspropostasde tratamentodeseus
monumentos estavam a cargo, basicamente, do grupo de intelectuais modernistas. Este
87
posicionamento impositivo, segundo Maria Cecília Fonseca (2005)
62
, está diretamente
relacionado à instauração do Estado Novo, sendo o Estado “representante legítimo dos
interessesdaNação,porsuavezentendidocomo‘indivíduo coletivo’,enãomaiscomocoleção
deindivíduos, conformeaideologialiberal.”Comisto,oEstadoapresentavao“objetivodecriar
umaculturanacionalhomogênea,quepropiciasseaidentificaçãodoscidadãoscomaNação.”
Estasoluçãoadotadapelosmodernistasdeveriapreencheralacunaexistentenaeducaçãodas
geraçõesdebrasileirosanterioraeles.Umadasmaiorescríticaspesavaprincipalmentesobrea
falta, até então, de uma visão nacional de conjunto, de uma cultura mais globalizada.
Teoricamente, esses intelectuais seriam naturalmente os mais capacitados a proteger o
patrimônio nacional, através do desenvolvimento de uma produção técnica mais objetiva e
científica.
Esteprocessodeevoluçãodoolharsobreopatrimônio,defato,fezmuitosentidonocontexto
nacionalondeseinseriu.
A luta pela defesa do patrimônio segue forte, instaurandose como crime, no Código Penal
brasileiro,oscasosde“Danoemcoisadevalorartístico,arqueológicoouhistórico”
63
.
Apartirde1941,porém,oDecretoLei3.866,de29denovembrode1941,atravésdeartigo
único,instauraapossibilidadedecancelamentodoTombamentopeloPresidentedaRepública.
Dizotexto,assinadoporGetúlioVargaseGustavoCapanema:
Artigo único . O Presidente da República, atendendo a motivos de interesse blico,
poderá determinar, de ofício ou em grau de recurso, interposto por qualquer legítimo
interessado, seja cancela do o tombamento de bens pertencentes à União, aos Estados,
aosmunicípiosouapessoasnaturaisoujurídicasdedireitoprivado,deitonoServiçodo
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de acordo com o DecretoLei 25, de 30
de
novembrode1937.”

62 FONSECA, Maria Cecília Londres. O patrimônio em Processo: trajetória da política federal de preservação no
Brasil. 2ªed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; MinC – IPHAN, 2005
63 BRASIL, Decreto Lei n°2.848, de 07 de dezembro de 1940. Título II, Capítulo IV, Art. 165 e 166.
88
Seguindoaanálise,dentrodoprópriodecretolein°25,emseuartigo1°,seção2ª,oseguinte
escrito:
Art
(...)
§2ª Equiparamse aos bensa que se refere opresente artigo esão também sujeitos ao
tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe
conservareprotegerpelafeiçãonotável comquetenhamsidodotadospelanaturezaou
agenciadospelaindústriahumana.”
Aqui, o duplo entendimento da paisagem, natural ou modificada pelo homem, ensaia uma
primeirapreocupaçãocomobinômiopatrimôniopaisagem.Paraestecaso,talvezestebinômio
fossemelhorexpressocomo“paisagempatrimônio”.
Com o fim do Estado Novo, retomase o processo de democratização brasileira. Em 1946, o
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) transformase no Departamento
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN), mantidas praticamente as mesmas
qualificaçõeseserviços.
O período entre o final dos anos ’40 até meados dos ’60 não apresenta nenhuma grande
evolução no contexto da defesa do patrimônio nacional, com exceção talvez ao Decreto
44.851, de 11 de novembro de 1958 e do Decreto Legislativo n°32 de 1956, onde,
respectivamente,JuscelinoKubitschekpromulgaeosenadobrasileiroaprovaaConvençãopara
aProteçãodeBensCulturaisemcasodeconflitoarmado,assinadaemHaia,em14deabrilde
1954;eàLei3.924,de24dejulhode1961,quedispôssobreosmonumentosarqueológicos
e préhistóricos, baseada na “Recomendação de NovaDelhi”, de 5 de dezembrode 1956, que
definiaosprincípiosinternacionaisaseremaplicadosemmatériadepesquisaarqueológicas,na
SessãodaConferênciaGeraldaUNESCO.
No contexto internacional, principalmente na Europa, é bastante nítido que o fim da Segunda
Guerra Mundial trouxe consigo a necessidade de um novo debate sobre a questão do
patrimôniocultural,emmuitoscasos,devastadopelosconflitos.
Estehiato“desenvolvimentista”abarcatambémaFazendaLageadonosanos’50e‘60.Dentro
dosRelatórios daEstação Experimental, prevalecemapenasinvestimentospara amanutenção
89
do conjunto existente, serviços internos, poucos investimentos de maior monta, nenhuma
grandedescoberta.Umperíodomarcadopelasimplesestabilidade.
Algo que mereceria um estudo mais aprofundado, certamente é a relação disto tudo com o
Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, implantado na segunda metade da década de ‘50.
Nitidamente, os “50 anos em 5” influenciaram fortemente a urbanização e industrialização
nacionais, e suprimiram a evolução do meio rural. “Agricultura e educação”, por conseguinte,
seria seu slogan para concorrer à reeleição de 1965: “5 anos de agricultura para 50 anos de
fartura”.
64
Tivessesidolevadoacaboestaidéia,aFazendaLageadocertamenteteriaumpapel
nestesentido.Masahistórianãoseguiriaessecaminho...
A partir de 1964, com a ascensão do Governo Militar ao poder, iniciase um processo de
modificação gradativa do que deveria ser entendido como conjunto patrimonial brasileiro. A
legislaçãonacionalde patrimônioevoluinosentido desalvaguardálo,sem grandes discussões
conceituaisevidentes.
Com base na ‘Recomendação sobre medidas destinadas a proibir e impedir a exportação, a
importaçãoeatransferênciadepropriedadesilícitasdebensculturais’,assinadana13ªSessão
daConferênciaGeraldaUNESCO,emParis,a19denovembrode1964,criouse,noBrasil,aLei
4.845,de19denovembrode1965,queemseucaput:
proíbeasaída,paraoexterior,deobrasdearteeofíciosproduzidosnoPaís,até
ofimdoperíodomonárquico”.
Em 1967, Rodrigo Melo Franco aposentase da direção do DPHAN, indicando para seu lugar
RenatoSoeiro,que,apesardeseguiramesmalinhadomentor,nãogozadamesmainfluência.
Na seqüência, a Lei 5.471, de 9de julho de 1968, que dispõe sobrea exportação de livros
antigoseconjuntosbibliográficosbrasileiros”,emseuartigo1°,diz:

64 Sobre a evolução política de Juscelino, ver <www.memorialjk.com.br>
90
“ArtFicaproibida,sob qualquer forma,aexportação de bibliotecaseacervos
documentais constituídos de obras brasileiras ou sobre o Brasil, editadas nos
séculosXVIaXIX.”
Estes seriam os primeiros passos efetivos no sentido de modificação do conjunto entendido
como patrimônio nacional, ampliando o que antes era representado pelo barroco e pelo
modernismo.
Durantea décadade 1960,no contexto internacional,a evoluçãodas discussões conceituaise
preservacionistas sobre patrimônio caminha no sentid o de um melhor entendimento, e
conseqüente salvaguarda, de relações entre os ambientes naturais e os riscos que ações
antrópicasvinhamcausandosobreeles.
Em12dedezembrode1962éassinadaaRecomendaçãorelativaàSalvaguardadabelezaedo
carát
erdaspaisagensesítios,na 12ªSessão da ConferênciaGeraldaUNESCO.Interessantese
verificar as considerações iniciais à esta recomendação, pois nela estão contidas tanto as
problemáticas comuns aos países membros, quanto uma conceituação inicial relacionando a
necessidadedeconservaçãodapaisagemeaevoluçãoculturaldospovosnelainseridos:
“Considerandoque,emtodasaépocas,ohomemalgumasvezessubmeteua belezaeo
caráterdaspaisagensesítiosquefazempartedoquadro naturaldasuavidaeatentados
queempobreceramopatrimôniocultural,estéticoeatémesmovitalderegiõesinteiras,
emtodasaspartesdomundo;
Considerandoqu
e,aocultivarnovasterras,desenvolverporvezesdesordenadamenteos
centros ur
banos, executar grandes obras e realizar vastos planejamentos físicos
territoriaiseinstalaçõesdeequipamentoindustrial ecomercial,ascivilizaçõesmodernas
aceleraramessefenômenoque,atéoséculopassado,haviasidorelativamentelento;
Considerando que esse fenômeno tem repercussão não apenas no valor est
ético das
paisagensedossítios
naturaisoucriadospelohomem,mastambémnointeressecultural
ecientíficooferecidopelavidaselvagem;
Considerando que, por sua beleza e caráter, a salvaguarda das paisagens e dos sítios
definidos pela presente recomendação é necessária à vida do homem, para quem
constituem um poderoso regenerador físico, mora
l e espiritual e por contribuírem
amplamente para a vida artística e cultural dos povos, como o demonstram inúmeros
exemplosuniversalmenteconhecidos;
91
Considerando, ainda mais,queaspaisagens e sítios constituemumfator importante da
vida econômica e social de um grande número de países, assi m como um elemento
importantedascondiçõesdehigienedeseushabitantes;”
Alguns itens desta recomendação são de especial interesse para o entendimento da
interdependênciaeconseqüentecoevolução,dobinômio“patrimônioepaisagem”;
I. Definição:
1. Para os efeitos da presente recomendação, entendese por salvaguarda da beleza e do
caráter das paisagens e sítios a preservação e, quando possível, restituição do aspecto
daspaisagensesítios,naturais,ruraiseurbanos,devidoànaturezaouàobradohomem,
que apresentem um interesse cultural ou estético, ou que constituam meios naturais
característicos.
(...)
II. PrincípiosGerais
(...
)
5. Asalvaguardanãodeverialimitarseàspaisagenseaossítiosnaturais,masestenderse
também às paisagens e tios cuja formação se deve, no todo ou em parte, à obra do
homem. (...) Uma proteção especial deveria ser assegurada às proximidades dos
monumentos.
Com relação às medidas de Salvaguarda, a Recomendação cita a inserção de restrições nos
planos de urbanização e no planejamento em todos os níveis: regional, urbano ou rural;
proteção legal, por ‘zonas’, das paisagens extensas; proteção de sítios isolados; criação de
parquesereservasnacionais;entreoutrospont os.
Importante também verificar que existe todo um conjunto de itens, do 37 ao 42, voltados à
educaçãodacomunidade,nosentidodeconhecimentodaspaisagensesítiosedassuasnormas
desalvaguarda.
A evolução doconceito de intervenção nopatrimônio edificado,discutido commaior vigor no
segundopósguerra,direcionaosurgimentoda“CartadeVeneza”,emmaiode1964,umaCarta
InternacionalsobreConservaçãoeRestauraçãodeMonumentoseSítios,dentrodoIICongresso
de arquitetos e técnicos dos monumentos históricos. Dois pontos apresentam um maior
interessenodesenvolvimentodestetrabalho:adefiniçãodemonumentohistórico,noartigo1°,
eaquestãodasuaambiência,nosartigose7°:
Art. A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada,
bem como o sítio urbano ou rural que testemunho a uma civilização particular, de
92
uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Estendese não às
grandescriações,mastambémàsobr asmodestas,quetenhamadquirido,comotempo,
umasignificaçãocultural.
(...)
Art.Aconservaçãodeummonumentoimplicanapreservaçãodeumaambiênciaem
sua escala. Enquanto a ambiência subsistir, será con
servada, e toda construção nova,
todadestruiçãoeto
damodificaçãoquepossamalterarasrelaçõesdevolumesedecores
serãoproibidas.
Art.Omonumentoéinseparáveldahistóriadequeétestemunhoedomeioemquese
situa.(...)”
Aadequação daCarta de Venezapara a realidadeamericanacomporia as“Normasde Quito”,
de dezembro de 1967, um documento bastante interessante, onde aceitase que os “bens do
patrimônio cultural representam um valor econômico e são suscetíveis de constituirse em
instrumentos de progresso.” Esta normativa fala também na relação intrínseca entre o
patrimônio edificado e a paisagem que o encerra, relaciona o patrimônio monumental ao
momento americano, a valorização econômica do monumento, inclusive sobre a exploração
turísticadosmesmos.
Algunspontosinteressantes:
“II.ConsideraçõesGerais
1. A idéias do espaço é inseparável do conceito de monumento e, portanto, a
tutela do Estado pode e deve estenderse ao contexto urbano, ao ambiente
natural que o emoldura e aos bens culturais que encerra. Mas pode existir
uma zona, recinto ou sítio de caráter monumental, sem que nenhum dos
elementos que o constitui, isoladamente considerados, mereça essa
designação.
2. Os lugares pitorescos e outras belezas naturais, objeto de defesa e proteção
por partedoEstado, nãosão propriamente mo
numentosnacionais. Amarca
históricaouartísticadohomeméessencialparaimprimiraumapaisagemou
aumrecintodeterminadoessacaracterísticaespecífica.
(...)
III.Opatrimôniomonumentaleomomentoamericano
1. É uma realidade evidente que a América, e em especial a América Ibérica,
constituiumaregiãoextraordinariamentericaemrecursosmonumentais.Aos
grandiososte
stemunhosdaculturaprécolombianaseagregamasexpressões
93
monumentais, arquitetônicas e históricas do extenso período colonial, numa
exuberante variedade de formas. Um acento próprio, produto do fenômeno
da aculturação, contribui para imprimir aos estilos importados um sentido
genuinamente americano de múltiplas manifestações locais que os
caracterizaedistingue(...)”
Apesar destas problemáticas sobrevirem também no Brasil, pela acelerada e comumente
desordenada urbanização, o golpe militar de ’64, a instauração do Ato Institucional 05 (AI
05), em dezembro de 1968, e conseqüente restrição de direitos à população brasileira, com
grandepartedosintelectuaisexiladadopaís,naturalmente,ofocodasdiscussõesnesteperíodo
nãosedá,especificamente,sobreapreservaçãodopatrimôniocultural.
Aprimeiraaçãoefetivanosentidoderepensaroconceitodedefesadopatrimôniohistóricoe
artístico brasileiro surge no Compromisso de Brasília, em abril de 1970, onde se indicava um
planonacional prevendo,entreoutras ações: aintegraçãoentreos níveisde governo,federal,
estadual e municipal, para criação de órgãos estaduais de proteção (onde ainda não o
houvessem)partilhandoaresponsabilidadedapreservação,principalmentedosbensregionais.
Incluia, também, a instituição de museus regionais; entrosamento das universidades com
bibliotecas e arquivos públicos nacionais; formação de mãodeobra especializada em
restauraçãoeconservação.
Esse compromisso é reforçado pelo Compromisso de Salvad
or, de 1971, que insere nele
algumas recomendações complementares, caminhando no mesmo sentido do documento
original.
Étambémem1970,queoDepartamentodoPatrimônioHistóricoeArtísticoNacional(DPHAN)
passa a se chamaroficialmente Instituto do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional (IPHAN),
comoéatualmente.
65
oanode1972,noâmbitointernacional,trazdiscussõesmaisefetivasnosentidoconceitual,
aproximandodefinitivamentepatrimônioepaisagem.

65 Apenas como curiosidade, em 1979, o IPHAN é dividido entre Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (SPHAN) e Fundação Nacional pró-Memória (FNpM), extinguidos, em 1986, para a criação do Instituto
Brasileiro do Patrimônio Cultural (IBPC), que volta a se chamar IPHAN em 1994.
94
Em06deabril,atravésdacircularn°117,oGovernodaItália,atravésdoMinistériodainstrução
Pública, divulga a “Carta do Restauro, 1972”, instruindo as ações voltadas às intervenções em
obrasdearte,compreendendodosmonumentosarquitetônicosàspinturaseesculturas.
Emjunho,éassinadaa‘DeclaraçãosobreoAmbienteHumano’,ou‘DeclaraçãodeEstocolmo’,
desenvolvida pela Organização das Nações Unidas para o meio Ambiente UNEP. Este
documentofalaespecificamentesobreasrelaçõesdohomemcomomeioambiente,direciona
aumamelhorutilizaçãodosrecursosnaturais,faladerecursosrenováveis,qualidadede vida,e
assuntosafins.
Estesdoisdocumentospreparamcaminhoparaoprimeirodocumentointernacionalaexplicitar
diretamente as relações entre patrimônio cultural e natural: a Convenção para a Proteção do
PatrimônioMundial,CulturaleNatural,a16denovembrode1972,emParis,na17ªSessãoda
ConferênciaGeraldaUNESCO.
Emseuartigoconsidera“patrimôniocultural”:
‐ os monumentos: obras arquitetônicas, esculturas ou pinturas monumentais, objetos
ouestruturasarqueológicas,inscrições,grutaseconjuntosdevaloruniversalexcepcional
dopontodevistadahistória,daarteoudaciência,
‐ os conjuntos: grupos de construções isoladas ou reunidas, que, por sua arquitetura,
unidadeouintegraçãoàpaisagem,têmvaloruniversalexcepcionaldopontodevistada
história,daarteoudaciência,
‐ ossítios: obra
s do homem ou obras conjugadas do homem e da natureza, bem como
áreas, que incluem os sítios arqueológicos, de valor universal excepcional do ponto de
vistahistórico,estético,etnológico ouantropológico.”
66
Eemseuartigo2º,considera“patrimônionatural”:

66 UNESCO. Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural. Ed. UNESCO. 1972.
WHC.2004/WS/2 Original: English. p.2-3. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001333/133369POR.pdf>. Acesso em: 14 de maio de 2009, 18h43
95
‐ os monumentos naturais constituídos por formações físicas e biológicas ou por
conjuntos de formações de valor universal excepcional do ponto de vista estético ou
científico;
‐ as formações geológicas e fisiográficas, e as zonas estritamente delimi tadas que
constituam habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas de valor universal
excepcionaldopon
todevistaestéticooucientífico,
‐ os sítios natu
rais ou as áreas naturais estritamente delimitadas detentoras de valor
universalexcepcionaldopontodevistadaciência,daconservaçãooudabelezanatural.”
67
OCongressoNacionalBrasileiroaprovasuaredaçãoatravésdedecretoLegislativo74,sendo
promulgadapeloPresidenteErnestoGeiselatravésdoDecreto80.978,de12dedezembrode
1977.
A Recomendação de Nairóbi, relativa à salvaguarda dos conjuntos históricos e sua função na
vida contemporânea, resultado da 19ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO, em 26 de
novembrode1976,consideraos“conjuntoshistóricosoutradicionais”como“presençavivado
passado que lhes deu forma”. Para os ef
eitos da Recomendação, apresenta as seguintes
definições:
“a)Considerase‘conjuntohistóricooutradicional’todogrupamentodeconstruçõesede
espaços, inclusive os sítios arqueológicos e palenteológicos, que constituam um
assentamentohumano,tantonomeiourbanoquantonoruralecujacoesãoevalorsão
reconhecidos do ponto de vista arqueológico, arquitetônico, préhistórico , histórico,
estéticoouciocultural.(...)
b)Entendesepor‘ambiência’ dos con
juntoshistóricosoutradicionais, oquadronatural
ouconstruídoqueinfluinapercepçãoestáticaoudinâmicadesses conjuntos,ouaelesse
vinculademaneiraimediatano espaço,ouporlaçossociais,econômicosouculturais.”
Emseusprincípiosgerais,passagensconceituaisimportantes:

67 Ibid. p.3
96
2. “(...) Sua salv aguarda e integração na vida coletiva de nossa época deveriam ser uma
obrigaçãoparaosgovernoseparaoscidadãosdosEstadosemcujoterritórioseencontram.
(...)”
3. “Cada conjunto histórico ou tradicional e sua ambiência deveria ser considerado em sua
globalidade, como um todo coerente, cujo equilíbrio e caráter espec
ífico dependem da
síntese dos elementos qu
e o compõem e que compreendem tanto as atividades humanas
comoasconstruções,aestruturaespacialeazonacircundante.(...)”
A partir de uma leitura em conjunto destes dois últimos documentos, a Convenção de Paris
1972 e a Recomendação de Nairóbi 1976, a visão sobre a composição do patrimônio cultural
funde,definitivamente,oobjetofísico,sejanaturaloucriadopelohomem,eaculturahumana
responsável por ele, seja através do desenvolvimento da técnica responsável por sua
construção, pela vivência junto a ele, ou mesmo pela simples cultura do olhar sobre o objeto
(sejaummonumentoouumapaisagemnatural).
Acompreensãodaimportânciaemseanalisar,deformaequilibrada,oselementosfísicoseas
“atividadeshumanas”relacionadasaeles,permitealeituradeevoluçãodopatrimôniocultural
enquanto processo contínuo. Isto é de fundamental importância para se entender a nova
posturaaseradotadanadefesadopatrimônionacional.
A década de ’70 possui três momentos marcantes neste processo, explicitados com grande
riqueza de detalhes por Maria Cecília Fonseca
68
. O primeiro seria a criação do Programa
IntegradodeReconstruçãodasCidadesHistóricas(PCH),em1973,queveiosuprirbasicamente
afaltaderecursosfinanceiroseadministrativosdoIPHAN.
Osegundomomentosedariaem1975,comacriaçãodoCentroNacionaldeReferênciaCultural
(CNRC),umconvênioentrediversosórgãosdogoverno,ministérios,secretarias,definidocomo
o “traçado de um sistema referencial básico para a descrição da análise da dinâmica cultural
brasileira”
69
. O perfil dos agentes recrutados era completamente interdisciplinar, uma

68 FONSECA, Maria Cecília Londres. Op.cit. 2005 (p. 141 a 157)
69 Definição do objetivo do CNRC no Relatório Técnico n°1, de 2/7/1975, in: FONSECA Maria Cecília Londres.
Op.cit. p.144
97
amplitude inexistente até então no quadro do IPHAN, composto, em sua maioria, por
arquitetos. Seu grande nome seria Aluísio Magalhães, que além de ser um dos seus
idealizadores,dirigiuoCNRCdesteseuinício.
AnomeaçãodeAluísioMagalhãescomodiretordoIPHAN,em1979,trazconsigoafusãodestes
três órgãos, IPHAN/PCH/CNRC. Segundo Fonseca (2005): “Reuniamse assim, numa
instituição,osrecursoseoknowhowgerencialdoPCH,oprestígioeacompetênciatécnicado
IphaneavisãomodernaeinovadoradoCNRC.”
Entre os discursos e posicionamentos que se seguiram, aparecem questões de extrema
importância para a consolidação do binômio patrimôniopaisagem: a relação entre as coisas
“vivas” e as “mortas”, simbolizando as atividades humanas ou a vida social e econômica das
comunidades e o patrimônio material onde elas se reali
zavam; a integração entre a cultura
eruditaeaculturapopular;entreoutras.
Merecem atenção, neste sentido, as idéias de Aluísio Magalhães ao trabalhar conceitos como
bensculturais,memóriaecontinuidade,aoinvésdosconceitosdearteehistóriasobreosquai
s
se fundamentavam as ações do IPHAN até então. A articulação que propõe entre passado,
presente e futuro, pode ser vista como um dos principais pilares que sustentaram a evolução
dos conceitos de patrimônio e paisagem, levando ao pensamento complexo e a visão de
processos, proposta por Argollo Ferrão e adotados para a análise da Fazenda Lageado neste
estudo.
DuaspassagensdaobradeMagalhães
70
queharmonizamcomopontodevistaapresentadopor
ArgolloFerrão:
“Essa relação de tempo é curiosa porque é preciso entender o bem cultural num tempo
multidimensional. A relação entre a anterioridade do passado, a vivência do momento e a

70 MAGALHÃES, Aloísio. E Triunfo? A questão dos bens culturais no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira;
Brasilia: FNpM, 1985. Subcapítulo: Relações entre a cultura, o espaço e o tempo. p.73 a 77.
98
projeçãoque se deveintroduzir é umacoisasó.Énecessáriotransitar o tempotodo nessas três
faixas,porqueobemculturalnãosemedepelotempocronológico.”
71
“Otempoculturalnãoécronológico.Coisasdopassadopodem,derepente,tornarsealtamente
significativasparaopresenteeestimulantesparaofuturo.”
72
Neste momento, talvez seja mais interessante, para os fins deste estudo, desprenderse dos
conceitos advindos do patrimônio cultural, enquanto base para se entender o binômio
“patrimôniopaisagem”,e utilizarsedo segundo,analisandoo sentido“paisagempatrimônio”,
parasechegaraumsensocomumaambos.
Dapaisagemaopatrimônio
Paisagem
73
[Dofr.paysage.]S.f.
1. Espaçodeterrenoqueseabrangenumlancedevista.
2. Pintura,gravura,oudesenhoquerepresentaumapaisagemnaturalouurbana.
Para BlancPamard e Raison (1986), “se um geógrafo, um historiador, um arquitecto se
debruçarem sobre a mesma paisagem, o resultado dos seus trabalhos e a maneira de os
conduzirserãodiferentes,segundooângulodevisãodecadaumqueasexaminam”,ouainda,
“conforme o interesse de que é objecto ou a maneira como se encara, a própria noção de
paisagemdifere.”
74
Dentretodasestasdisciplinas,ageografiaaparentaumamaiormaturidadenasdiscussõessobre
o termo ”paisagem”, talvez por utilizálo mais tempo, como conceito de unidade para
caracterização de um ambiente de estudo através de suas associações geográficas, ou seja,
vistasapartirdasrelaçõesentreasdiversaspartesqueaconformam.

71 MAGALHÃES, Aloísio. Op. Cit. p75
72 Ibid.
73 Conforme DICIONÁRIO AURÉLIO ELETRÔNICO. op.cit.
74 BLANC-PAMARD, Chantal; RAISON, Jean-Pierre. Paisagem. p.138. In: ROMANO,Ruggiero.(Dir.).
Enciclopédia Einaldi, Vol. VIII – Região. Porto:Inova-Artes Gráficas para Imprensa Nacional/Casa da
Moeda,1986, cap. Paisagem. p. 138-160.
99
Aconceituaçãodotermopaisagem,porém,nãoseriautilizadodeformaunânime nahistóriado
pensamentogeográfico
75
.
O curioso, neste caso, são os períodos onde ela teria maior importância para os estudos da
geografia: conceituações inovadoras nas primeiras décadas do século XX; suplantada pelos
conceitosderegião,espaço,territórioelugar;eretomadadediscussõesapartirdadécadade
1970.
Mesmos recortes vistos no processo de evolução conceitual apresentada sobre o patrimônio.
Mesmo recorte de modificação dos usos da Fazenda Lageado. Apresentase, aqui, um vasto
campoparaascontribuiçõesdehistoriadores,antropólogos,geógrafos,cientistassociais...
Especificamente,paraesteestudo,ofocodadiscussãoirácircundara qualificação“cultural”da
paisagem,emparaleloao”patrimôniocultural”,discutidoanteriormente.
Publicado em 1925, “A Morfologia da Paisagem”, de Carl Ortwin Sauer
76
, contestaria a visão
deterministadageografianorteamericana,antecipando,aomesmotempo, a conceituaçãode
geografiacultural,queelepróprioembreveestabeleceria.
Carl Sauer apresenta as formas da paisagem e sua estrutura, dividindoas em “paisagem
natural”e“paisagemcultural”,sinônimodeumapaisagem“geográfica”,vistoqueoestudoda
geografiabaseiasenauniãoerelaçãodoselementosfísicoseculturaisdapaisagem.
Por “paisagem natural”, Sauer entende a área anterior à introdução da atividade humana,
podendoserrepresentadaporumconjuntodefatosmorfológicos.Talvezmelhorexplicitadana
seguintepassagem:
“Neste sentido a área física é o somatório de todos os recursos naturais que o homem
temàsuadisposiçãonaárea.Esalémdasuacapacidadeacrescentarqualquercoisaa
essesrecursos.Elepode‘desenvolvêlos’,ignorálosemparteouexplorálos.”
77

75 CORRÊA, Roberto Lobato;ROSENDAHL, Zeny(Org.). Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro: EdUERJ,
1998. 124p. Capítulo: Apresentando Leituras sobre Paisagem, Tempo e Cultura (p. 7 a 11).
76 SAUER, Carl Ortwin, A Morfologia da Paisagem. 1925, p. 12 a 74. In: CORRÊA, Roberto Lobato;
ROSENDAHL, Zeny(Org.). Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998. 124p.
100
As formas que o homem introduziria na paisagem, mesmo que por manipulação da própria
natureza, formariam outro conjunto. A “paisagem cultural” seria, então, o resultado da ação
humana,aolongodotempo,sobrea“paisagemnatural”.
“Sobainfluênciadeumadeterminadacultura,elaprópriamudandoatravésdotempo, a
paisagemapresentaumdesenvolvimento,passandoporfaseseprovavelmenteatingindo
no final o término do seu ciclo de desenvolvimento. Com a introdução de uma cultura
diferente, isto é, estranha, estabelecese um rejuvenescimento da paisag em cultural ou
umanovapaisagemsesobrepõesobreoquesobroudaantiga.”
78
Verificamse,nestapassagem,doispontosdeextremaimportâncianarelaçãoentrepatrimônio
epaisagem:aimportânciadadaàevoluçãodaculturaqueagesobreumdeterminadoespaço;e
mais importante, uma possível sobreposição de paisagens culturais, visualizada, neste caso,
pelas intervenções físicas que cada cultura distinta exerce sobre a paisagem anterior, pré
existente.
EstenovorumoqueSauerestabeleceparaageografia
serviriacomobaseparaosestudossobre
paisagemqueseseguiramnadécadade1970,noBrasil.
Como exemplo o mais famoso paisagista brasileiro, Roberto Burle Marx, em ”Recursos
Paisagísticos no Brasil”, de 1975, realça que a paisagem não é estática, pois todos os seus
elementosconstituintessãopassiveisdetransformaçõesprópriasequeumterritórioéformado
de um número infinito de paisagens parcialmente superpostas. Considera a paisagem cultural
comoformasqueapresentamainfluenciadaculturahumana.
ParaAb’Saber(1977:2003),apaisagemé“umaherançaemtodoosentidodapalavra:herança
de processosfisiográficos e biológicos, e patrimôniocoletivo dos povos que historicamente as
herdaram como território de atuação de suas comunidades”. Seguindo, diz que “as paisagens

77 SAUER, Carl Ortwin, op. cit. p.30.
78 SAUER, Carl Ortwin, op. cit. p.59.
101
têmsempreocaráterdeherançasdeprocessosdeatuaçãoantiga,remodeladosemodificados
porprocessosdeatuaçãorecente”
79
.
Sobreosdiversostiposde paisagenspossíveis,paraSantos(1982:2007),um“traçocomum”
em seu entendimento: ser “a combinação de objetos naturais e objetos fabricados, isto é,
objetossociais,eseroresultadodaacumulaçãodaatividadedemuitasgerações.”Apaisagem
compreenderia,então,doiselementos:
“Osobjetosnaturais,quenãosãoobradohomemnemjamaisforamtocadosporele;e
Osobjetossociais,testemunhasdotrabalhohumanonopassado,comonopresente.”
80
Independente das terminologias utilizadas, é comum a todos a visão de que os fenômenos
naturais e humanos que compõe uma área não estão simplesmente reunidos, mas sim estão
associadosousãointerdependentes.Apaisagemnãoé,simplesmente,umacenarealvistapor
umobservador.DizCarlSauer:
“Toda paisagem tem uma individualidade, bem como uma relação com outras
paisagens e isso também é verdadeiro com relação às formas que compõe a
paisagem. Nenhum vale é exatamente igual a outro vale; nenhuma cidade uma
réplicadeoutracidade.”
81
A paisagem se apresenta, assim, de forma identitária. Demonstra a identidade de cada povo,
suas atitudes ao se apropriarem dos ambientes. O entendimento das diversas e distintas
maneirasdohomemseestabelecernoespaço(ruralouurbano),“humanizando”apaisageme
transformandoanaturezaemparteintegrantedeseuobjeto(eobjetivo)cultural.
É de senso comum, também, que o homem modifica o ambiente tanto por questões de
sobrevivência (produção de alimentos, defesa, etc.) como por questões contemplativas,
místicas,buscandoumespaçoidealizadoparaoseudesenvolvimentopessoal,íntimo,imaterial.

79 AB’SÁBER, Aziz Nacib. Potencialidades Paisagísticas Brasileiras. 1977. In: AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os
domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. (p. 9 a 26)
80 SANTOS, Milton. Pensando o Espaço do Homem. 5.ed. São Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 2007.
p53-54.
81 SAUER, Carl Ortwin, op. cit. p.24
102
A partir do entendimento desta conceituação tomada por empréstimo da geografia, capaz de
distinguir com melhor exatidão as paisagens naturais e culturais, podese retomar com mais
embasamento as discussões que culminaram na Convenção para a Proteção do Patrimônio
Mundial,CulturaleNatural,deParis1972.
A“culturalização”deumapaisagem,atravésdesuaqualificação,sejaemsuaforma culturalou
mesmo natural, permite sua categorização dentro do sentimento humano de monumento ou
patrimônio, explicitada pelos novos termos utilizados a partir da Convenção de 1972:
“PatrimônioNatural”e“PatrimônioCultural”.
Destaforma,uma análisedapaisagemquesepretendacientíficadeveprivilegiarporsupostoo
componentehumano,portantodeveseruma análiserelacional.Mesmoapaisagemqualificada
um dia como “natural”, uma paisagem “pura”, passa a ser incorporada à cultura inerente ao
próprio ser humano a partir de sua simples análise, absorção e conseqüente projeção de
possíveis modificações antrópicas a serem realizadas sobre ela. Ou mesmo a proposta de sua
manutenção, da forma como foi encontrada, enquanto enquadramento de um monumento
histórico.
Estasmesmasindagaçõesedificuldadesdeconceituaçãovêmsendodiscutidasamplamentepor
instituições e pesquisadores de vários países até os dias de hoje. Torelly (2008) incita esta
discussão:
“Emprincípio,assimcomoqualquercidadeéhistórica,qualquerpaisagemécultural.Seja
ela intocada pelo homem, seja ela totalmente alterada pela ação antrópica. Ao
vislumbrarmos uma paisagem, nossos sentidos como a visão, a audição e o olfato, são
estimulados e as sensações são imediatamente processadas por nosso intelecto, que se
utiliza de todo nosso aparato cognitivo, que acumul
amos desde o nascimento, para
atribuirvaloressubjetivoseobjetivose formarrepresentações.”
(82)

82 TORELLY, Luiz Philippe Peres, Paisagem cultural: uma contribuição ao debate; ano 9, vol. 4, novembro
2008, p. 240. Todas as cidades. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc240/mc240.asp>
Acesso em: 03/12/2008 às 10h.
103
A paisagem natural, porém, apresenta uma especificidade que não pode ser desprezada.
ConformeCarlSauer,aanálisedesuaformaçãomorfológicaconteriaascaracterísticasfísicasdo
terreno,resultadodaformaçãodiferenciadadecadasolo,tipodedrenagem,recursosminerais,
etc. A base climática, específica de cada local, a proximidade do mar, rios e lagos, são outros
fatoresdegrandeinfluêncianaformaçãodeumapaisagemnatural.
Mas o que representa sobremaneira uma paisagem natural de forma mais visível ao olho
humano é, sem dúvida, sua vegetação. Carl Sauer cita Alexander Von Humboldt como o
primeiroareconhecerestaimportância:
“Muitodocaráterdasdiferentespartesdomundodependedatotalidadedasaparências
externas, embora as linhas das montanhas, a fisiologia das plantas e animais, a forma
das nuvens e transparência da atmosfera componham a impressão geral; ainda assim
nãodevesernegadoqueoelementomaisimportantenessaimpressãoéacoberturada
vegetação.”
83
Neste ponto, explicitase a diferença fundamental entre o patrimônio cultural edificado e o
patrimônionatural.
Fisicamente, um monumento pode ser estabilizado, restaurado, reconstruído à imagem e
semelhança de seu original, a partir do conhecimento das técnicas e materiais tradicionais no
tempodesuaconstrução.Apaisagemnatural,nunca.
Uma paisagem natural é resultado de uma evolução contínua do próprio planeta. A natureza
não pode ser completamente controlada, como a tecnologia desenvolvida pelo homem
permitiriaàpinturadeumapaisagemdentrodeummuseu.
Nãohá,entã
o,paisagemdetemposantigos.Apaisageméatual,frutodereferênciashumanas
deseuprópriopassado.Podem existir estruturasdeterminadasporcondicionantesdeumaou
maisépocasespecíficas,porémelaguardaemsiapassagemdetodosostempos,eabrangerá,
inclusive,otempofuturo.

83 VON HUMBOLDT, Alexander. In: SAUER, Carl Ortwin, op. cit. p.54
104
DisseArgan(1984):
“Cadaobranãoapenas resulta de umconjunto derelações, masdeterminaporsuavez
todo um campo de relaçõesque se estendem até o nosso tempo e osuperam, umavez
que, assim, comocertos fatossalientesda arte exerceramuma influênciadeterminante
mesmoàdistânciadeséculos,tambémnãosepodeexcluirquesejamconsideradoscomo
pontosdereferênc
ianumfuturopróximooudistante”.
84
Pensadoenquantopatrimônionatural,apaisageméumaobradearteaberta.Umquadroque
vem se modificando através dos tempos e através dele continuará a se modificar até que seu
processosejafinalizado.
Alinhado a este raciocínio, Milton Santos (1982:2007) defende que o espaço não pode ser
estudadocomoseosmateriaisqueformamapaisagemtrouxessemnelesmesmossuaprópria
explicação.Necessariamente,devemserrelacionadosàsuaevolução.Diz:
“A noção de tempo é fundamental. A sociedade é atual, mas a paisagem, pelas suas
formas,écompostadeatualidadesdehojeedopassado...O passadoconstruídoquedaí
resultaévariegado.Formasdeidadesdiferentescomfinalidadesefunçõesmúltiplassão
organizadasedispostasdemúltiplasmaneiras.Cadamovimentodasociedadelheatribui
umnovopapel.”
85
Neste sentido, o homem e todo o conjunto cultural peculiar à raça humana inseremse de
maneira intrínseca não apenas na formação/formatação de um ambiente físico, mas nas
distintasformasdevisualizaçãoeentendimentodestemesmoambientefisicamenteúnico,nas
distintasformasdepassagemdestaculturaentredistintasgerações.
Esta visualização das relações entre os processos de absorção da paisagem enquanto
patrimônio explicita a indissolubilidade do binômio patrimôniopaisagem. O sentimento de
herança, possíveltambémparaum espaçofísico emconstante evolução,a paisag
em,é citado
porAb’Saber(2005),“maisdoquesimplesespaçosterritoriais,ospovosherdarampaisagense
ecologias...”.

84 ARGAN, Giulio Carlo. História da Arte como História da Cidade. 1984
85 SANTOS, Milton. OP. Cit.. p. 60.
105
BlancPamard e Raison (1986), aceitam a “culturalização” das paisagens analisando algumas
descrições em 1936 no Journal d’um Cure de Campagne, de Bernanos (França), onde cita que
”...cada paisagem se encarna na pessoa de um dos protagonistas e, influenciandose
reciprocamente, a região reflectese no homem e viceversa. Quando não se personifica, a
paisagem pode existir através da música, do ritmo, da poesia da luz...”. E continuam,
percebendoestarelação:“Avidaliteráriadaspaisagensnãoestánoqueretratam,masnoque
sugerem.”
86
Comrelaçãoà suapercepção,desenvolvemumavisãobastanteinteressantesobreapaisagem,
eaculturanelaindissoluvelmenteinserida:
“Tomada na sua acepção mais corrente, de ordem principalmente visual, a
paisagemfoge,defacto,aestasimplesclassificação:nofundoelapodesertudo
excepto o que deveria ser, globalmente perceptível pelos sentidos e
secundariamente visual ou até ideal, quando não mesmo ideológica. Vivida e
construídaenãoobservad a.É,alias,assimquehojeelaétratadaatépormuitos
dos que pretend
em lançar as bases das ciências da paisagem. Arquitectos e
urbanistas, mesmo quando julgam preserválas o fazem em função de um
certo conceito préformado, ou da idéia que o público possa formar a respeito
dela.Maisdoquesobr
eavidadapaisagem,baseiam
senasuaprópriavidaem
relação a ela. Quando não a reconstroem integralmente, modificamna; e
qualquerquesejaorespeitoquelheinspira,quandopretendemadaptaracidade
à paisagem, e não o inverso, fazemno em função da imagem mental que dela
traçaram.Apaisag
emvulgarexistemedianteeparaohomem.”
87
Aindasobreaobinômiopatrimôniopaisagem,Santos(1982:2007)reflete:“Consideradaemum
ponto determinado no tempo, uma paisagem representa diferentes momentos do
desenvolvimentodeumasociedade.Apaisageméoresultadodeumaacumulaçãodetempos.”

86 BLANC-PAMARD, Chantal; RAISON, Jean-Pierre. op. cit. p.140.
87 BLANC-PAMARD, Chantal; RAISON, Jean-Pierre. op. cit. p.140-141.
106
E reforça seu elemento “humano”, dizendo: “A paisagem, assim como o espaço, alterase
continuamenteparapoderacompanharastransformaçõesdasociedade”.
88

As diversas relações possíveis anteriormente descritas buscam sintetizar a questão física, o
espaço,apaisagem, junto à questãoimaterial,otempo, opatrimônio.Nestesentido, somase
umapassagememSantos(1982:2007),sobreotempoeoespaço:
“O passado passou, e o presente é real, mas a atualidade do espaço tem isto de
singular: ela é formada de momentos que foram, estando agora cristalizados como
objetosgeográficosa tuais;essasformasobjetos,tempopassado,sãoigualmentetempo
presente enquanto formas que abrigam uma essência dada pelo fracionamento da
sociedadetotal.Porisso,omomentopassadoestámortocomo
tempo,nãoporémcomo
espaço. O momento passado não é, nem voltará a ser, mas sua objetivação não
equivaletotalmenteaopassado,umavezqueestásempreaquieparticipadavidaatual
comoformaindispensávelàrealizaçãosocial.”
89

Emsuma,umapaisagemnatural,quandoindissociávelàevoluçãodavidahumana,sejaatravés
de critérios estéticos, históricos, ou qualquer outro relacionado à sua cultura, pode ser
entendidacomoumpatrimônionatural.
Da mesma forma, viuse que esta “paisagempatrimônio” é um processo em constante
evolução, podendo sofrer recortes de análise para fins de estudo, porém sempre sendo
necessáriooentendimentodesuasrelaçõescomosoutrosperíodosdesuaevolução.
É natural, então, que a paisagem cultural
relacionada à evolução desta paisagem natural
necessite ser estudada da mesma forma, visto que uma é base da outra, estando ambas
inseparavelmente relacionadas, em constante coevolução. Desta forma, o objeto de trabalho
deverá ser sempre analisado e entendido enquanto conjunto da soma de todos os tempos
atuandosobreomesmoespaço,nabuscapeloentendimentodoqueseriaesteconjunto,esta
“paisagempatrimônio”.

88 SANTOS, Milton. Op. Cit.. p54.
89 SANTOS, Milton. OP. Cit.
107
No caso do patrimônio culturaledificado da FazendaLageado, o recorteda área que permite,
minimamente, visualizar a manifestação física da relação de coevolução entre a paisagem
cultural e paisagem natural, ou seja, a evolução das obras de arquitetura, urbanismo e
engenharia, foi apresentada em Michelin (2001), através da monografia de graduação
“SubsídiosparaoTombamentodaFazendaLageadopeloCONDEPHAAT”.
90
Importante mencionar que, apesar deste trabalho ter sido desenvolvido sem uma análise
rigorosadascamadashistóricasque,sobrepostas,comporiamodesenhodasuapaisagematual,
a percepção do espaço físico global que a compunha proporcionou dois interessantes
resultados:
‐ a indicação imediata para a ampliação do perímetro de tombamento, solicitado
originalmenteaoCONDEPHAAT
91
,quecontemplavaapenasasedificaçõesdafazendacafeeira,
visandoagoraabraçarasedificaçõesdoperíododeEstaçãoExperimental,conformeFigura45;
Figura45‐MapadelimitandopropostadeampliaçãonoperímetrodeTombamento
92

90 MICHELIN, Guilherme Antonio. Subsídios para o Tombamento da Fazenda Lageado pelo CONDEPHAAT.
Monografia componente do Trabalho de Graduação Interdisciplinar para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista,
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2001.
91 Através de guichê do ano de 1986
108
‐eapercepçãodevisuaisdeinteresseparaoconjuntohistóricoedificado,acarretando
indicaçãodedistintastipologiasdeusoeocupaçãodaárea,visandosuapreservação;
Figura46‐DistintastipologiasdeTombamentopropostasnaTGI.Fonte:Michelin(2001)
Importante, porém, relatar que a base principal para se alcançar estes resultados aliou a
manifestação de percepções pessoais e entrevistas realizadas, ainda que de modo bastante
informal, com importantes estudiosos da história local, como Dr. Joel Spadaro, Luis Roberto
Coelho Gomes (o Zulo), o historiador João Figueroa, Isaura Bretan (historiadora na época
responsávelpeloMuseudoCafé),Dr.WilsonNakamoto(SecretárioMunicipaldeCultura),além
do suporte técnico do Prof.Carlos Cerqueira Lemos, e do Prof. Paulo Del Negro, técnico do
CONDEPHAAT, responsáveis por explicitar a importância da análise do patrimônio como um
conjunto único, indissociável, paralelamente à necessidade de visualização dos processos
históricos a ele incorporados, ampliando as possibilidades da monografia que se configurava,
originalmente, como simples visualização de estilos arquitetônicos e levantamentos físico
fotográficosdeobjetoshistóricos.
O trabalho explicita, desta forma, a percepção de um cidadão sobre uma paisagem onde ele
próprio se insere, através da visualização de processos a ambos relacionados, iniciando uma
aproximação da compreensão do desenho de sua paisagem cultural, ainda que não de forma
intencionalnaquelemomento.

92 Mapa desenvolvido por Michelin (2004) op cit., com base no trabalho de graduação.
109
Com relação à paisagem cultural, sua discussão é, em si, tão complexa, que o primeiro
instrumento legal internacional a reconhecêla e a propor o direcionamento à sua proteção
surge apenas no ano de 1992, dentro do 16º Período de Sessões do Comitê do Patrimônio
Mundial da UNESCO, em Santa Fé, no México, quase 70 anos após as primeiras discussões de
CarlSauersobreotema.
Aapresentaçãoeaprovaçãodestanovacategoria,aPaisagemCultural,enfocaainteraçãoentre
anatureza eacultura, e queao mesmotempoestá estreitamenterelacionado comas formas
de vida tradicionais. Este novo enfoque representaria uma grande contribuição ao
desenvolvimentosustentáveleàparticipaçãocomunitária.
Apenasparafinsdecontextualização,naRecomendaçãodeSalvaguardade1989
93
,entendese
comoculturatradicionalepopular:
“oconjuntodecriaçõesqueemanamdeumacomunidadeculturalfundadasnatradição,
expressas por um gr upo ou por indiv íduos e que reconhecidamente respondem às
expectativasda comunidadeenquanto expressãodesua identida decultural e social;as
normaseosvaloressetransmitemoralmente,porimitaçãooudeoutrasmaneiras.Suas
formascompreendem,entreoutras,angua,aliteratura,a
sica,adança,osjogos,a
mitologia,osrituais,oscostumes,oartesanato,aarquiteturaeoutrasartes.”
Podese ver, nesta recomendação, o entendimento de que as diversas formas de cultura
tradicional de uma localidade constroem um conjunto único. Apesar de, quando analisados
separadamente,osenso comumosdirecionarianaformaçãodeconjuntosdistintos,nomínimo
em materiais e imateriais, ao visualizálos enquanto conjunto único, podese iniciar o
entendimento de relações de coevolução, por exemplo, costumes x rituais x arquitetura,
mitologiaxrituaisxartesanato,etc.
Em1990,aCartadeLausanneexplicitaque“oconhecimentodasorigen
sedodesenvolvimento
dassociedadeshumanasédefundamentalimportânciaparaahumanidadeinteira,permitindo
lheidentificarsuasraízesculturaisesociais.”

93 Realizada em Paris, a 15 de novembro de 1989, na 25ª Reunião da Conferência Geral da UNESCO.
110
Desta forma, a conceituação sobre o que representaria uma paisagem cultural vai sendo
elaborada:
Aspaisagensculturaisrepresentamaobracombinadadanaturezaedohomemdefinida
noartigo1daConvenção(de1972).Osmesmosilustramaevoluçãodasociedadeedos
assentamentos humanos emtranscursodotempo,sobainfluênciadasrestriçõesfísicas
e/ou oportunidades apresentadas por seu ambiente natural e das sucessivas forças
sociais, econômicas e culturais, tanto internas como externas. As Paisagens Culturais
deverão selecionarse sobre a
base de seu valor universal sobressalente e de sua
representatividade em termos de uma região geocultural clara m ente definida e, em
conseqüência, por sua capacidade para ilustrar os elementos culturais essenciais e
distintivosdeditasregiões.”
94
Este entendimento da evolução de ações antrópicas arraigadas na formação das paisagens
culturais, paralelamenteà sua abundantevariedade distribuída pelo mundo, impeliu o Comitê
de Patrimônio Mundial a propor uma nova classificação para sua melhor compreensão e
tratamento,dividindoaemtrêscategorías:
95
1. Apaisagemclaramentedefinida,desenhadaoucriadaintencionalmentepelohomem,
queéamaisfacilmenteidentificável.Nestacategoriaseincluemosjardinseespaçosde
parques construídos por razões estáticas, que com freqüência (ainda que nem sempre)
estãorelacionadascomedifícioseconjuntosmonumentaisreligiososoudeoutrotipo.
2. Apaisagemorganicamenteevolutiva.Esteéoresultadodeumimperativoinicialmente
social, econômico, administrativo e/ou religioso e chegou à sua forma atual em
associação com seu ambiente natural e como resposta ao mesmo. Tais paisagens
refletem o processo de evolução em suas características morfológicas e seus
componentes.Sedividememduassubcategorias:

94 Operational guidelines for the implementation of the World Heritage Convention. Centro del Patrimonio
Mundial, 1999.
95 Operational Guidelines for the Implementation of the World Heritage Convention, Centro del Patrimonio
Mundial, París, 1999.
111
‐ A paisagem relíquia (ou fóssil) é aquela cujo processo evolutivo se deteve em
algummomentopassado,bemdemaneiraabruptaouduranteumperíodo.Suas
características,semembargo,sãovisíveisaindaemformamaterial.
‐ A paisagem contínua é aquela que retém um papel social ativo na sociedade
contemporânea,estreitamenteassociadacomaformatradicionaldevida,ecujo
processo evolutivo está ainda em curso. Ao mesmo tempo, exibe evidencias
materiaissignificativasdestaevoluçãonotranscursodotempo.
3. Apaisagemculturalassociativasejustificaemvirtudedasfortesassociaçõesreligiosas,
artísticasouculturaisdoelementonatural,maisdo quenaevidênciacultural,quepode
serinsignificanteou,incluso,inexiste
nte.
Apartirdoslineamentosconceituaisdestanovacategoriapatrimonial,surgeuminteressecada
vezmaiordediversossetores,estudiososeperitosrelacionadosaoprocessodepreservaçãodo
patrimônio. Inúmeros trabalhos e discussões são desenvolvidos, no objetivo de debater e
aclarar sua essência, facilitar sua identificação, ou ainda utilizar estas paisagens como
instrumentodepreservaçãoegestãodopatrimônionaturalecultural.
Em1993,comoobjetofinaldaReuniãoInternacionaldeEspecialistassobrePaisagensCulturais
deValorUn
iversalExcepcional,realizadaemTemplin,Alemanha,propõese um PlanodeAção
visando ajudar os Estados Partes na identificação, valoração, nominação e manejo destas
propriedades para sua inclusão na Lista de Patrimônio da Humanidade. Aprovado no mesmo
ano,dentrodo17º PeríododeSeçõesdoComitê,
locadoemCartagena,naColômbia,seguiram
se as primeiras inscrições de Paisagens Culturais, sendo “A Paisagem Cultural Associativa das
Montanhas Sagradas Maiores do Parque Nacional de Tongariro, Nova Zelândia” o primeiro
inscrito.
112
Figura47MontanhasdoTongariro.Imagem:UNESCO/S.A.Tabbasum
Figura48‐Comunidadelocal.Imagem:UNESCO/S.A.Tabbasum
113
Figura49‐MontanhasSagradasdoTongariro.Imagem:UNESCO/S.A.Tabbasum
As discussões sobre os diferentes aspectos das paisagens culturais, bem como os perigos e
ameaças a elas vinculadas, culminaram na “Recomendação R(95)9” (Sobre a conservação
integradasáreas depaisagensculturaiscomointegrantesdaspolíticas paisagísticas),indicando
aos EstadosMembros que adaptassem suas “políticas para conservação e evolução orienta da
deáreasdepaisagemculturalaocontextodeumapolíticageralrelativaapaisagens”.
DirecionadaparaospaísesdaComunidadeEuropéia,aconceituaçãoteóricaapresentadanesta
Recomendação aprecia efetivamente a paisagem cultural enquanto fenômeno amplo e
complexo, relacionado a diversos processos simultâneos. O termo paisagem passa a ser
entendido enquanto conjunto das paisagens anteriormente qualificadas. É bastante nítida,
porém,ainserçãodavisãoculturalsobreela.
“Paisagem expressão formal dos numerosos relacionamentos existentes em
determinado período entre o indivíduo ou uma sociedade e um território
topograficamente definido, cuja aparência é resultado de ação ou cuidados
especiais,defatoresnaturaisehumanosedeumacombinaçãodeambos.
114
Paisageméconsideradaemumtriplosignificadocultural,porquanto:
É definida e caracterizada de maneira pela qual determinado território é
percebidoporumindivíduoouumacomunidade;
testemunho ao passado e ao presente do relacionamento existente
entreosindivíduoseseumeioambiente;
Ajuda a especificar culturas locais, sensibilidades, práticas, crenças e
tradições.”
Embora não haja uma acepção específica para a paisagem cultural, em si, buscase sua
delimitaçãofísica,categorizadapelotermo“áreadepaisagemcultural”:
“Área de paisagem cultural partes específicas, topograficamente delimitadas da
paisagem,formadasporváriascombinaçõesdeagenciamentosnaturaisehumanos,que
ilustramaevoluçãodasociedadehumana,seuestabelecimentoeseucaráteratravésdo
tempo e do espaço e quanto de valores reconhecidos têm adquirido social e
culturalmente em diferentes níveis territoriais, graças à presença de remanescentes
físicosquerefletemousoeasatividadesdesenvolvidasna
terranopassado,experiências
outradiçõesparticulares,ourepresentaçãoemobrasliteráriasouartísticas,oupelofato
dealihaveremocorridosfatoshistóricos.”
Outros pontos legítimos nesta recomendação dizem respeito à necessidade de uma visão
múltipla e multidisciplinar sobre a paisagem, desde seu processo de identificação, avaliação e
mesmo conservação. São indicados que os três níveis de governo (municipal, estadual e
federal),apopulaçãolocal,organizaçõesnãogovernamentais,prefeitos,secretários,arquitetos,
historiadores, agrônomos, cientistas sociais, antropólogos, engenheiros, físicos, geógrafos,
devempensaretrabalharemconjuntoparaaevoluçãodapaisagemculturalondeseinserem.
Esta discussão fomentada nos anos 90, juntamente à necessidade em se voltar novamente o
olhar ao ambiente rural e sua cultura característica (aq
ui entendida tanto no sentido de
produção agrícola, como no deprocesso cultural), ameaçadapor inúmeros processos, como a
urbanizaçãodesenfreada,industrializaçãomassificada,turismo,etc.
A própria Recomendação R(95)9, em suas considerações iniciais, cita como base a campanha
pelas zonas rurais empreendida pelo Conselho da Europa, e a Regulamentação 2078 das
115
Comunidades Européias, que trata de métodos de produção agrícola compatíveis com as
exigênciasdeproteçãodomeioambienteedaszonasrurais,dejunhode1992.
Esta nova demanda avançaa discussão sobre o patrimônio cultural imaterial, ou intangível, e,
conseqüentemente, reaviva a discussão conceitual sobre paisagem cultural, relacionada não
apenas ao aclaramento deste conceito, mas também pela busca por instrumentos e
mecanismosmaisadequadosàsuagestãoeconservaçãoefetiva.
Algunsdocumentosseseguiram,comoaCartadeMarDelPlatasobreoPatrimônioIntangível,
um documento do Mercosul de junho de 1997, baseando a Carta de Fortaleza, Patrimônio
imaterial: estratégias e formas de proteção, de novembro de 1997, a partir do Seminário
promovidopeloIPHAN em comemoraçãoaos seus 60anosdecriação.Oobjetivo erarecolher
subsídios para elaboração de diretrizes e cria
ção de instrumentos legais e administrativos
visando identificar, proteger, promover e fomentar os processos e bens ‘portadores de
referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira’(conformeartigo216daConstituição).
Na continuação
deste caminho, seria foi instituído o “Registro dos Bens Culturais de Natureza
Imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro” junto à criação do “Programa
NacionaldePatrimônioImaterial”,atravésdedecreto3551,de04deagostode2000.
Adefesa legaldopatrimônioimaterial,diferentedopatrimôniomaterial,nãoserealizaatravés
de tombamento, mas de inscrição em Livro de Registro, conforme explicitado no artigo 1°,
Seção1,destalei:
“§Esseregistrosefaráemumdosseguinteslivros:
I‐Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e
modosdefazerenraizadosnocotidianodascomunidades;
II‐LivrodeRegistrodasCelebrações,ondeserãoinscritosrituaisefestas
que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do
entretenimentoedeout
raspráticasdavidasocial;
III‐Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas
manifestaçõesliterárias,musicais,plásticas,cênicaselúdicas;
116
IV‐LivrodeRegistrodos Lugares, ondeserãoinscritosmercados,feiras,
santuários, praças e demais espaços onde se concentrem e reproduzem
práticasculturaiscoletivas.”
96
Porém, vale observar que esta inscrição tem como referência a continuidade do bem e sua
relevânciaparaamemóriaeidentidadenacional,instituindootítul odePatrimônioCulturaldo
Brasil. Esses bens devem ser reavaliados no máximo a cada dez anos, e em caso de
descontinuidadeperdemotítuloadquirido,ficandoapenasoregistrodesuaexistência.
Interessante observar que o Brasil foi um dos precursoresnesta discussão e na proposição de
umagestãoconservativa.Apenasem2003,na32ªSessãodaConferênciaGeraldaUnesco,em
Paris,surgiria a Convençãoparaasalvaguarda dopatrimônioImaterial
97
.Nestedocumento, o
patrimônioculturalimaterialseriaentendidocomo:
"as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas‐junto com os
instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados‐que as
comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte
integrantedeseupatrimôniocultural."
Observase aqui a indissolubilidade entre o patrimônio imaterial (práticas, técnicas...) e o
material(instrumentos,lugares...).Oquesesegueaestaexplicaçãoé diretamenterelacionado
ao entendimento de paisagem cultural enquanto processo contínuo, indicado em negrito a
seguir:
“Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é
constantementerecriado pelas comunidadese grupos em função de seu ambiente, de
suainteraçãocomanaturezaedesuahistória,gerandoumsentimentodeidentidadee
continuidade, contribuindo assim para promovera diversidade cultural e à criatividade
humana.”

96 BRASIL, Decreto Nº 3551, de 04 de agosto de 2000, Institui o Registro dos Bens Culturais de Natureza Imaterial
que constituem o patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial e dá outras
providências. Brasília, DF. 2000
97 CURY, Isabelle (Org.). Cartas Patrimoniais. 3ªed. rev. aum. – Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. Convenção para a
salvaguarda do patrimonio cultural imaterial. (p.371-390)
117
Paralelamente, sobre o reavivamento dos estudos sobre paisagem cultural, SabatéBell e
Schuster (2001)
98
descrevem experiências sobre a relação entre paisagem cultural e
desenvolvimento regional, a partir do projeto para o Corredor do Llobregat, uma bacia
hidrográficaque abarcainúmeras cidadese povoados, apresentando, entre outros problemas,
esvaziamento populacional, segregação, mecanização e mudança de culturas agrícolas, até
desembocar como elemento limitador físico a oeste da cidade de Barcelona, onde a
especulaçãoimobiliáriaadicionaseaosoutrosproblemas.
Neste caso, a paisagem cultural a ser estudada extrapola os limites do urbano e também do
rural. Isto, pois, os autores visualizam que estes ambientes fora do urbano possuem
característicaspróprias,distintasmuitasvezesdorural,comoasáreasperiurbanas,rururbanas,
áreas verdes protegidas, vales de rios. Isto coincide com o que seria posteriormente
conceituado por Argollo Ferrão como espaço “nãourbano”, conforme explicitado
anteriormente,emcapítuloespecífico.
Novamente, retomase o entendimento do conceito de paisagem cultural como processo
contínuo, assim como a preocupação pela conservação física e cultural da população local e
seus costumes regionais, expresso fisicamente nos diversos níveis de sua arquitetura rural,
conformevistotambémemArgolloFerrão(2004b).
Comisto,asespecificidadesinerentesacadarecorteterritorialsolicitamumasoluçãodegestão
própriadoconjuntocompostoporseupatrimônioarquitetônico,natural,cultural,etc.,ouseja,
do conjunto que forma sua paisagem cultural. Desta forma, Sabaté Bell e Schuster desenham
diversasformasdegestãoeintervençãoconservativa,conformeestasespecificidadesregionais
e submissas à paisagem préexistente, como a criação de parques industriais, mineiros,
agrícolas, fluviais, paisagens bélicas, parques arqueológicos, caminhos
históricos, ecomuseus,
parquespatrimoniais,eventplaces.

98 SABATÉ-BELL, J., SCHUSTER, M. Designing the Llobregat Corridor. Cultural Landscaping and Regional
Development, Projectant l’eix Del Llobregat. Paisatge cultural i desenvolupament regional. Universidad Politécnica
de Cataluña y Massachusetts Institute of Technology. Barcelona, 2001
118
A variedade de soluções que estes autores visualizam para a gestão do patrimônio, conforme
sua especificidade, vem de encontro com o fato de que, em momento algum, relacionouse
nesta revisão bibliográfica o termo paisagem cultural especificamente a um ambiente urbano
ouumambienterural.Istoseráumfatorprimordialparaaaplicaçãodesteconceitoaotentarse
entenderaevoluçãodapaisagemculturaldoobjetodeestudo,aFazendaLageado.
Naevoluçãodestepensamento,SabatéBell(2007)preconizaumnovoparadigma.Aovisualizar
os planos de ordenação territoriais do século XX, imerso em análises sobre a dinâmica
populacional, desenvolvimento industrial, utilização de zoneamentos e projetos de grandes
infraestruturascomoinstrumentosfundamentais,orientaqueosesforçossejamempreendidos
para utilização da paisagem, em seu sentido mais amplo, cultural e natural, enquanto eixo
centraldeinstrumentaçãoeplanificaçãourbana,nãomaiscomomerosuporte,mascomofator
básicodequalquertransformaçãoaserrealizadaemseuterritório.
Neste sentido, propõe a paisagem não como resultado acabado de uma cultura, mas como
realidade continuamente evolutiva, uma visão coerente à leitura em “espiral evolutiva”,
conformeapresentadonaFigura33,umaadequaçãoaométododeArgolloFerrão
99
paraocaso
específico da Fazenda Lageado. SabatéBell pleiteia superar a posição meramente
conservacionista do patrimônio, trabalhando com os recursos dentro dos seus próprios
processosdetransformação.Levantaapossibilidade,bastantereal,dasconstruçõesrealizadas
hojegeraremasidentidadesepatrimôniosdofuturo.
Esta visão inovadora, porém, em hipótese alguma deve ser desvinculada do conceito de
paisagem cultural vista até então. O “conservar transformando” pode ser uma ferramenta de
planejamentoegestãomuitointeressante,desdequerespeitadaapréexistênciadaspaisagens
sobrepostasanteriormente.
Arelaçãoentreospatrimôniosmaterial,imaterialenatural,cujoconjuntodeprocessosformaa
paisagem cultural única de cada região, pode ser
visualizada enquanto processo contínuo
atravésdascamadashistóricassobrepostasqueacompõe,explicitadadeformamaisnítidaem

99 Para os estudos sobre Arquitetura Rural, com foco transdiciplinar através do pensamento complexo e da visão de
processos.
119
seus bens materiais e, porque não, naturais. Não se preocupar com esta préexistência
acarretaria “hiatos” na leitura deste processo evolutivo, dificultando as percepções desta
paisagem cultural e a sua absorção pelas gerações posteriores, bem como a continuidade de
algunsseusbensimateriais.
Oprimeiro instrumentolegal brasileiro,desenvolvido nosentido deauxiliar a preservação das
PaisagensCulturaisnacionais,surgecomaPortaria127,de30deabrilde2009,quechancelaa
PaisagemCulturalpeloInstitutodePatrimônioArtísticoeNaci
onalIPHAN.
Nela, define que a “Paisagem Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional,
representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a
ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores.” Considera, tamb
ém, o caráter
dinâmico dacultura e da ação humana sobre o território, observando sua convivência com as
transformações inerentes ao desenvolvimento econômico e social sustentáveis, valorizando a
motivaçãoresponsávelpelapreservaçãodopatrimônio.
Apesar de se tratar de um instrumento ainda primário, passível obviamente de críticas, abre
campo para discussão sobre a utilização da chancela da Paisagem Cultural Brasileira como
instrumento de gestão compartilhada da porção do território nacional assim reconhecida,
atravésdepactuaçãoquepodeenvolveropoderpúblico,asociedadecivileainiciativaprivada.
A Portaria indica, também, que este pacto convencionado poderá ser integrado de Plano de
Gestão a ser acordado entre as diversas entidades, órgãos e agentes públicos e privados
envolvidos,oqualseráacompanhadopeloIPHAN.
120
VIRESULTADOSOBTIDOS
AsFontesPrimáriasdePesquisa
ConfirmandoaimportânciadoDr.JoãoBaptistadaRochaConceição
Analisaroperíodo daFazendaLageado enquanto produtorade café apresentouobstáculosde
difícil transposição. O fator primordial foi a inexistência de fontes primárias de época, ligadas
diretamenteàsuaarquiteturadaprodução, como plantas,mapaseprojetos,fundamentaisao
entendimento do contexto geral de inserção da Fazenda no processo maior de evolução
regional.
Apenascomo rememoração,tratase aquide uma fazenda cafeeirarelacionadadiretamente à
evolução ferroviária (neste caso da E.F. Sorocabana), de forma que este foi o processo que
apresentouinformações nítidas da evolução da paisagem na região até o final do século XIX,
explicitadasnosdesenhosdeC.Schimtt,engenheirodaSorocabana.
Figura50‐"SerradeBotucatu.VistadoAltodoBarãoedoValledoCórregoFundodaestradaoFonseca"‐
desenhodeC.Schmitt(ExploraçãoSãoManoel4/5/86)
Apartirdestemomentohistórico,temseumhiatonasfontesprimáriassobrea arquiteturada
produção,oumesmoinformaçõestécnicasespecíficassobreoobjetodeestudo.
121
Para sanar esta dificuldade, inicialmente buscouse confirmar a importância da família
Conceição no desenvolvimento da região, incluindose a pessoa do Dr. João Batista da Rocha
Conceição, proprietário da Fazenda Lageado de 1881 até seu falecimento em 1922. Pela s
informações apresentadas por Pupo (2002), em 1908 a família Conceição possuía
aproximadamente1.380.000pésdecafénoMunicípio,distribuídosdaseguinteforma:
“Dr.JoãoBatistadaRochaConceição: 630.000pés
Dr.AntonioConceição: 110.000pés
Conceição&Cia:205.000pés
ManoelErnestodaConceição: 435.000pés”
100
O Dr. João Batista aparecia como o maior contribuinte do imposto rural sobre cafeeiros do
municípiodeBotucatu,pagandoalgoemtornode1:218$000,cifrasbastantealtascomparadas
aos maiores contribuintes dos outros impostos da época, como o Imposto Predial (Estevam
Ferrari 274$000) ou mesmo Imposto de Indústrias e Profissões (Laercio Pereira Pinto
605$000).
No ano de 1920, João Baptista mantinha sua produção na Lageado enquanto seu irmão,
ManecoConceição,ampliavaparamaisdemeiomilhãodepés.
Tabela4‐MaioresCafeicultores.Botucatu1920
Cafeicultores Botucatu - 1920 Cafeeiros
João Baptista da Rocha Conceição (dr.) - Fazenda Lageado 600.000
Cia. Agrícola Botucatu 450.000
Cia. Cafeeira Paulista (Pratânia) 320.000
Manoel Ernesto Conceição 315.000
Ulhôa Cintra 260.000
Theóphilo Moraes Martins 250.000
João Rodrigo de Souza Aranha 240.000
Villas Boas & Irmão 230.000
José Cardoso de Almeida 205.000
Manoel Ernesto Conceição 200.000
Joaquim Franco de Mello 194.000
Narcisa Reis 180.000
Fonte: Almanaque de Botucatu. Botucatu: Ano I, num. 01, 1920, p. 228-235101

100 PUPO, Trajano Carlos de Figueiredo. Op. Cit. p.285.
101 In: FALEIROS, Rogerio Nalques, Fronteiras do Café: Fazendeiros e Colonos no Interior Paulista (1917 a 1937).
Tese de Doutorado. Faculdade de Economia UNICAMP. 2007
122
A empresa familiar Conceição & Cia era habilitada a atuar diretamente na Bolsa de Café de
Santos, apresentando bom volume de negócio, com entrega imediata do produto, fator que
certamenteauxiliavanasuacomercialização.
Figura 51‐Atuação daempresa Conceição eCia na Bolsa do Café de Santos.Fonte: Arquivo do Estado de São
Paulo
Figura52Detalhedadatadecontrato(novembrode1921)evendedor(F.Conceição&Cia).Fonte:Arquivodo
EstadodeSãoPaulo
123
Figura53‐Detalhecompradores(diversos)edatadeentrega(dezembro de1921).Fonte:ArquivodoEstadode
SãoPaulo
Este material, apesar de fundamental ao entendimento do contexto de formação da Fazenda
Lageado e sua inserção na evolução de Botucatu, continuava não demonstrando fisicamente
comoistoteriaacontecido.
Neste sentido, uma agradável surpresa teve lugar no setor de obras raras da Biblioteca da
Faculdade de Ciências Agronômicas. O material existente, além de conter mapas, projetos, e
relatóriosdoperíododaE.E.C.C.,continhatambémgrandepartedolevantamentode tudoque
foiadquiridocomafazenda.Aindaquenãomuitobemdetalhadofisicamente,seanalisadoem
paralelo aos remanescentes físicos existentes atualmente na Fazenda Lageado, permitem
alcançaraamplitudenecessárianorecortepropostoparaestadissertação.
Figura54‐CapadoLevantamentodemateriaisadquiridosjuntoàFazendaLageado.Fonte:BibliotecaFCA(obras
raras)
124
Figura55‐Levantamentodoterreirosuperior,comáreade11.700m²,comvalorestimadode175:500$000.
125
Figura56‐Residência28,deCarlosFioravante,naColôniaFazendinha
126
Figura57‐DetalhedonomedaColôniaFazendinhaedeseumorador,CarlosFioravante.
Figura58‐Croquisdacasan°28
Têmse,agora,ossubsídiosparainiciar odesenhodapaisagempréexistenteàimplantaçãoda
Estação Experimental, preenchendo a lacuna existente entre a implantação da fazenda agro
industrialnofinaldosécXIXpeloDr.JoãoBatista,esua aquisiçãopelogovernofederal,unindo
seaspontasdesconectasdarededeanálisetemporal.
127
Há,porém,umapequenalacunaqueprecisasermencionada.Comooacervodeobrasrarasda
BibliotecadaFCAencontraseaindaemprocessodeorganizaçãoecatalogação,nãofoipossível
verificarcomexatidãotudooqueexistianafazendanadatadesuaaquisiçãopelogoverno.
Alémdisso,muitosdosdesenhosnãoestãodatados,ounãoindicamsetratardelevantamento
doexistente,ouprojetoaserconstruído.
No entanto, o levantamento de novembro de 1934 apresenta o sistema completo utilizado
para o beneficiamento do café, conforme será apresentado na análise “nível da edificação”.
Tanto osistema de águas, quantoas edificaçõesconstam deste levantamento, indicando uma
maior possibilidade de préexistência, visto que o conjunto possui dimensões e complexidade
bastante grandes, sendo difícil terem sido projetados e executados em poucos meses após a
datadeaquisiçãodafazenda.
Aliaseaestasuposição,ofalecimentodoDr.JoãoBatistaem1922,apartir deondenãosetem
muita informação sobre seus herdeiros, e o fato da Estação Experimental não estar voltada à
grandeproduçãocafeeiraeexportadora,deformaquenãofariasentidoum investimentodesta
monta em construções. O comum neste período foram os investimentos em evolução de
maquinários,utilizandosedasconstruçõespréexistentes.
Figura59‐DataeassinaturadoAgrônomoresponsávelpeloserviço
128
Figura60Partedolevantamentoplanialtimétricode1934,contendocasagrande,terreiroscomindicaçãode
áreasetulhasdepassagem.
Figura61‐CasadoDespolpador,comlavadoresdecafé,caixasd'aguaeterreiroanexo,comalinhadetrem
indicadaemtracejado.
129
NoâmbitodaEstaçãoExperimentalCentraldoCafé
AoterseuusotransformadoemEstaçãoExperimentalFederal,em1934,eposteriormenteem
uso universitário, em 1972, a Fazenda Lageado traçou um caminho nitidamente voltado à
ciênciaetecnologia.Eradeseesperar,portanto,aexistênciadeumavastagamademateriale
estudosrealizadosnesteperíodo.
A dificuldade, neste caso, estaria em encontrar material compilado exatamente sobre a
evoluçãodaprópriaFazendaLageado.
A solução novamente se apresentaria no material remanescente da Estação Experimental
CentraldoCafédeBotucatu,dentrodaBibliotecadaFCA.
Figura62‐RelatóriosdasAtividadesdaEstaçãoExperimentaldeBotucatu,dediversosanos.

Figura63‐ProjetopaisagísticoparaDiretoriadaEECCFigura64‐ProjetoparaPostoFerroviário(estação)
130
Figura65‐PlantadaSedecomindicaçãodeusodasedificações,comsistemadeáguasetopografia.
131
Da mesma forma que o primeiro período, os mapas, projetos, e relatórios da E.E.C.C.,
necessariamente devem ser analisados em paralelo aos remanescentes físicos do conjunto
edificado e seus respectivos equipamentos, relacionados ao sistema produtivo do café e
ampliadosaoutrosgrãoseprodutosagrícolas,conseqüênciadaadequaçãoàprópriaevolução
conceitualdaestaçãoexperimental.
Com relação ao período universitário, a questão é semelhante ao período anterior. Por estar
voltada ao ensino das Ciências Agrárias, desde sua implantação em 1972, os estudos
desenvolvidos são, obviamente, direcionados às questões inerentes a este ramo específico.
Porém, por estar em um tempo cronológico bem mais próximo ao atual, e os sistemas de
armazenamento de dados estarem bastante mais avançado, o acesso às informações foi bem
maissimples.
132
NívelRegional
AFazendaLageadoeaBaciadoLavapés
NocasodaFazendaLageado,assimcomonamaioriadeoutraspaisagens,aescolhadelimites
políticoadministrativos como recorte físico para o desenho de sua paisagem cultural o é
adequada.
A amplitude temporal de análise trouxe consigo modificações gigantescas nesses limites,
explicitados na Figura 66, conforme a necessidade e força política ou financeira dos próprios
gruposdesereshumanosresponsáveispelasuaocupação.
Vale lembrar também que, no tempo em que inexistiam tecnologias para localização e
demarcaçãomaisapuradas,osmarcosprincipaisrelacionavamseàsbaciashidrográficas,sejam
atravésdeseusrios,ouentãodesuascumeeiras.
Figura66LimitesdoMunicípiodeBotucatuem1855(manchavermelhoclaro)elimiteatual,emvermelho
escuro.
133
Figura67‐RecortedaBaciadentrodoMunicípio.DesenhosobreMDTElevação.Fonte:Silvaetall(2008)
Por outro lado, ainda que não seja possível saber com exatidão todos os fatores que
impulsionaramaescolhadoDr.JoãoBatistadaRochaConceiçãoespecificamenteporBotucatu,
para ampliar sua produção agroindustrial cafeeira, podese supor que a existência e a
qualidadedaságuasdaregiãoestavamentreosmotivosprincipaisdestaescolha.Eramaságuas
da bacia do Lavapés que seriam utilizadas tanto para irrigação dos cafezais como enquanto
forçamotrizdosprincipaisequipamentosdebeneficiamentodocafé.
Neste sentido, a localização da Fazenda Lageado é extremamente estratégica dentro da Bacia
do Lavapés. O caminho de toda a água que cai na parte superior da Bacia, obrigatoriamente,
passapordentrodaFazendaLageado.AregiãodascotasaltasdaBaciafuncionacomoumfunil
captandotodaaáguaeencaminhandonosentidodaarquiteturadaproduçãocafeeira.
134
Figura68CroquisdofuncionandoemfunildaBacia.
Verificandose os mapas desenvolvidos por Orsi (2004) e Silva (2008), paralelamente às
informaçõesde Leopoldo(1998),podese terumaboa noçãodo sistemadeáguasencontrado
pelocafeicultornaBaciadoLavapés.
Adeclividadeacentuadaexatamentenaregiãodafazenda,aliadoàdificuldadedeinfiltraçãoda
águanoleitodorioimpunhamaoLavapésuma situaçãoprivilegiadanoescoamentodaságuas
para os fins que se necessitava, principalmente em períodos de chuva. Não por acaso, as
edificaçõesreferentesaoprocessoprodutivodocaféestãoimplantadasexatamentenovértice
destaampulhetaformada
pelaBacia.
135
Figura69‐LocalizaçãodaFazendaLageadosobreMapadeAltitudesdaBRL,deOrsi(2004)
136
Figura70‐LocalizaçãodaFazendaLageadosobreMapadeDeclividadesdaBRL,deOrsi(2004)
137
Na Figura 71, verificase a relação direta da Bacia do Lavapés, em azul, com o processo de
ocupaçãodoMunicípio,atravésdamanchaurbanaedaimplantaçãodaFazendaLageado.

Figura71‐manchaurbana,FazendaLageadoeBaciadoLavapésnoMunicípiodeBotucatu
138
CidadedeBotucatuXFazendaLageado
Observandose a escala regional de análise, algumas peculiaridades
podemservistassobreaevoluçãodamanchaurbanadeBotucatuem
função do tempo. Devido a fatores principalmente naturais
(topografia acentuada e existência de inúmeros ribeirões e córregos
no perímetro urbano, além da Cuesta de Botucatu limitando
totalmente seu crescimento para o Leste) a cidade não cresceu de
formaconcêntrica.
Alémdisso,trêsconjuntosdeprocessosantrópicospodemserconsideradoscomoimportantes
direcionadoresdofluxodelocaçãodapopulação:
AcompradaFazendaLageadoeterrasvizinhaspeloDr.JoãoBatistadaRochaConceição
(filho do Barão de Serra Negra), em 1881, e a implantação da ferroviaSorocabana,
em1890;
A aquisição da Fazenda Lageado pelo Governo Federal para criação da Estação
ExperimentalCentraldoCafé,em1934;
AimplantaçãodasFaculdadesdeCiênciasMédicaseBiológicadeBotucatudistritode
RubiãoJúnior,em1962edeAgronomiaeMedicinaVeterináriaFazendaLageado,
em1972);
Estes três marcos históricos são, então, tomados como limitadores temporais dos períodos
recortedeanálise:(18811934);(19341972);(1972atual).
a análise da evolução física da cidade de Botucatu foi realizada através da utilização dos
croquisdeSchmitt,de1872,alémdemapasqueapresentavam
asdelimitaçõesbotucatuenses
nosanosde1890,1939,1949,1959,1982,1992,2000.
Como os mapas existentes não coincidiam com as datas limites dos períodos de análise, para
finsdidáticosoptousepelautilizaçãodosseguintesmapase,conseqüentemente,seuslimites:
1939,paraperíodo;1982,paraperíodo;e2000,paraperíodo.
139
AnáliseemEspiral:aPaisagempréexistente
A partir do método proposto, tomase como ponto inicial da
“espiral” de análise a situação do núcleo de fundação da Cidade
de Botucatu
102
, no período aproximado da compra da Fazenda
Lageado e terras vizinhas pelo Dr. João Batista da Rocha
Conceição (filho do Barão de Serra Negra), em 1881, e a
implantaçãodaferroviaSorocabana,em1890.
Graficamente,estapaisagempréexistenteapresentasedaseguintemaneira:
Figura72CroquisdaPaisagempréexistenteaoperíododeanálise.

102 Apesar do Distrito de Rubião Junior ter importância reconhecida na evolução histórico-cultural botucatuense,
principalmente por ser a região preferida pelos imigrantes para implantação de suas pequenas propiedades
cafeilcutoras, não foram encontradas fontes de informação confiáveis para sua inserção nesta análise.
140
Período:FazendaCafeeira(Dr.JoãoBatistaConceição)
Durante este período o crescimento da malha urbana se deu em
direção à Ferrovia e à Fazenda Lageado. Isto fica bastante claro ao
severificarodesenhodestapaisagem,apresentadonaFigura73.
Importante observar, também, a localização do núcleo original
edificado para a produção cafeeira, pois será importante para as
análises relacionais dos próximos períodos. a arquitetura da produção, propriamente dita,
serámelhorexplicitadanoníveldasedificaçõesemaquinários.
Figura73CroquisdaPaisagemdoperíododeanálise:FazendaCafeeira
141
Período:EstaçãoExperimentalCentraldoCafé(E.E.C.C.)
Nesteperíodo,verificaseacontinuidadedoadensamentoparao
lado da ferrovia onde se encontra a fazenda. Paralelamente, a
delimitação em laranja claro
103
, de 1959, apresenta um
crescimento acentuado à direita do núcleo de fundação, em
direçãoàrodoviadeacessoàfazenda.
A cidade continua distribuindose também junto à própria
ferrovia,outroacessoaoLageado.
Dois outros fatores de atração populacional devem ser observados: o eixo industrial e a
instalaçãodaFaculdadedeCiênciasMédicaseBiológicas,em1968,noDistritodeRubiãoJúnior.
Aomesmotempo,deveseobservaremqueaocupaçãointernadaFazendaseemdireçãoà
cidade.Graficamente:
Figura74‐CroquisdaPaisagemdoperíododeanálise:EstaçãoExperimentalCentraldoCafé

103 Como não se conseguiu um mapa com as delimitações da cidade na data limite da E.E.C.C. (1972), a
delimitação em laranja claro refere-se aos limites da cidade em 1959, e a laranja escuro em 1982.
142
Período:UniversidadeEstadualPaulista
Ainserçãodosdoiscampiuniversitáriosemextremosopostosda
cidade instigou uma dinâmica bastante diferente das anteriores.
Apartir deste momento, acidade,comoum todo, deveservista
como pólo de atração populacional. Isto, pois, muitos destes
estudantes fixaram residência na cidade, criando uma mãode
obra qualificada e conseqüente mudança no perfil sócioeconômico da população, atraindo
novasofertasdecomércioeserviços.
Neste caso, a evolução urbana, a partir da paisagem anterior, será mais visível se observada
sobre a delimitação laranja claro, de 1959. Isto se traduz na representação da paisagem
apresentado na Figura 75, como um crescimento vertiginoso ao redor da Fazenda Lageado,
além da ocupação massiva próxima ao campus de Rubião Júnior, de Ciências Médicas e
Biológicas.
Figura75‐CroquisdaPaisagemdoperíododeanálise:UniversidadeEstadualPaulista
143
Paralelamente, a urbanização interna da Fazenda Lageado, edificada para atender à demanda
universitária, segue o conceito apresentado na paisagem anterior, com a ocupação crescendo
emdireçãoàcidade.Aformataçãofinaldoespaçodestinadoaocampusabrangeasedificações
dosdoisperíodosanteriores.
A partir deste momento, o processo de desenvolvimento da arquitetura da produção “agro
industrial” passar a ter a coexistência de outro processo: a arquitetura da produção
“acadêmica” ou “cultural”. O conjunto edificado internamente ao campus, contendo os
produtosdostrêsperíodos passaa ser oespaçodetransiçãoentre ruraleurbano,um espaço
comcaracterísticasmistas,umespaçonãourbano.
Figura76‐Croquissemescaladasituaçãodocampusemrelaçãoàcidadeeàfazenda
144
NíveldaPropriedade
Osegundoníveldeanálisevisualizaerelacionaosprocessosexistentesnaáreadelimitadapela
fazenda. Sua ampla extensão territorial (mais de 2.100 ha) e a localização das edificações nos
três períodos históricoadministrativos por que passou, possibilita um recorte mais específico,
porémnãomenosinteressanteouimportante,delimitadopelaárea físicaatualcompostapelo
patrimônio edificado principal do campus universitário, explícito anteriormente na Figura 76.
Aqui estão inseridas as edificações históricas, edificações atuais, pavimentação de piso,
equipamentosurbanos,etc.
Atualmente, o campus universitário ocupa cerca de 5% da área total da fazenda
104
, sendo o
restante ocupado com áreas de plantio para estudos e testes, pecuária, e uma grande parte
comoáreadeproteçãoambiental(APACorumbataí).
Eéexatamentenesteespaçodelimitadopelocampus,quesepodevisualizarcommaiorclareza
o espaço nãourbano explicitado por Argollo Ferrão. A Fazenda Lageado possibilita um exato
recorte onde urbano e rural dialogam de forma harmônica, onde as camadas históricas
sobrepõemse,semquetenhaseperdidoacontinuidadedeseuprocessoevolutivo.
A evolução da ocupação física da Fazenda Lageado: Uma leitura através dos seus vestígios
edificados
Entendendosequeapaisagematualé resultadodaatuaçãohumanasobreapaisagemnatural,
e conhecendose a existência de resquícios dos três períodos de evolução histórico
administrativa por que passou a Fazenda Lageado, é possível verificar dois outros processos
capazes de confirmar a existência destes recortes históricos distintos: a evolução do sistema
viárioea existênciadeconjuntos arquitetônicosdiferenciados entre si,característicosdecada
umdestesperíodos.

104 Lembrando-se que, apesar de oficialmente serem duas fazendas distintas, Lageado e Edgárdia, desde sua compra
pelo Dr. João Batista da Rocha Conceição passaram a ser conhecidas como uma só propriedade, levando o nome da
primeira, onde estão locadas as edificações de interesse.
145
Através de simples observação do arruamento existente atualmente, explicitado graficamente
naFigura77,observasedoisgrandesconjuntostipológicosdistintos.Oprimeiroimplantadode
forma a acompanhar as curvas de nível, formando um traçado bastante orgânico, fato
notadamentecomumempropriedadesrurais.
Figura77‐FazendaLageado‐Sistemaviárioatual
Ao se verificar a área ocupada pelas novas edificações da universidade, construída a partir de
projeto realizadoem 1972 pelo arquiteto e urbanista botucatuense Eugênio Monteferrante,o
traçado retilínio e ortogonal, com grandes avenidas, de cunho modernista, confrontase
visualmentecomoarruamentooriginaldafazenda.
Estasdiferençasficamaindamaisevidentesaoseverificararelaçãoentreasedificaçõeseo
sistemaviário,nãoapenascomrelaçãoasuaorientação,mastambémpelasuaescala.
146
Figura78‐FazendaLageado‐Sistemaviárioatualcomedificações
Nestesentido,buscouseinformaçõescapazesdesepararcorretamenteaatuaçãosobreo
sistemaviárioemcadaumdosperíodoshistóricoadministrativos,conformeexplicitadona
Figura79,chegandoseàseguintesconclusões,expostasnaFigura80,Figura81eFigura82.
Figura79‐MapadaEstaçãoExperimental(finaldadécadade1930).Fonte:BibliotecaFCA(ObrasRaras)
147
Figura80‐Provávelsistemaviáriooriginaldafazendacafeeira,comlocaçãodasedificaçõesdeépocaem
vermelho.
Figura81‐Sistemaviárioprincipaldoperíodo,cominserçãodasedificaçõesdeépocaemazul.
148
Figura82‐Sistemaviárioprincipaldauniversidade,emamarelo,cominserçãodasedificaçõesdeépoca.
Notase, portanto, uma estreita relação entre os dois primeiros períodos de evolução da
fazenda, verificada pela utilização do mesmo sistema viário implantado originalmente, apenas
compequenosajustes,indicadosemazul.
Asegundamaneiradeseidentificarosdiferentesperíodosdeevoluçãohistóricoadministrativa
da Fazenda Lageadoé através daimplantação eda arquiteturacaracterística desenvolvidaem
cadaumdeseusperíodos.
Seguese a representação gráfica da evolução arquitetônica do Lageado nos três períodos
delineadosnestapesquisa:
149
Figura83‐manchadaocupaçãooriginaldafazendacafeeira
Figura84‐EdifíciodaTulhaeCasadeMáquinas
150
Figura85‐CasadeMorada(CasaGrande)
Figura86‐CasadeColono(ColôniaSeisCasas)
151
Figura87manchadaocupaçãoprincipaldaestaçãoexperimental
Figura88‐PrédiodaDiretoriadaEstaçãoExperimental
152
Figura89‐Hospedaria
Figura90‐CasadeservidordaEstaçãoExperimental
153
Figura91manchadaocupaçãodauniversidade
Figura92‐DepartamentodeEngenhariaRural.Fonte:www.fca.unesp.br
154
Figura93‐Fonte:www.fca.unesp.br
Figura94‐DepartamentodeCiênciasdoSolo.Fonte:www.fca.unesp.br
155
Unindose as três representações pontuais, explicitamse as relações diretas de ocupação
anteriormentecitadas:
Figura95‐evoluçãodaocupaçãodaFazendaLageado
Nestecaso,podeseverificaremplanta,fisicamente,aindicaçãoderelaçõesintrínsecasentrea
ocupação desenvolvida através da implantaçãode edifícios nos dois pr imeiros períodos, e um
afastamentodaáreaoriginalnoterceiroperíodo.
Apesar de possuírem características arquitetônicas distintas, a evolução do processo de
ocupaçãodasedificaçõesapresentaseharmônicaaoresultadoobtidoanalisandosesomenteo
sistemaviário.
O mapa apresentado a seguir, na Figura 96, contendo o resultado evolução da ocupação da
Fazenda Lageado e análise do sistema viário, permite a visualização com maior clareza desta
relação.
156
Figura96‐evoluçãodaocupaçãodaFazendaLageadoeanálisedosistemaviário
157
Usosevisuaisdeinteresse
Enquanto campus universitário, o uso do espaço baseiase, como esperado, no tripé ensino‐
pesquisa‐extensão.Ruaspavimentadas,edificaçõesmodernas,laboratórioscom tecnologiade
ponta, auxílio aos pequenos agricultores da região, prestação de serviços aos grandes
agricultoresnacionais.Porém,deformaparalela,outrosusosvêmseintensificandoe,comisto,
modificando o perfil e quantidade de usuários em uma área com perfil, a princípio, apenas
universitário.
Durante o ano letivo, apesar do prevalecimento esperado da população universitária, a
população botucatuense vem intensificando o uso do espaço como área de lazer e esportes,
principalmentenoiníciodamanhãefinal detarde,noverão,enosfinaisdesemana,quandose
somam visitantes de toda a região. Este fato vem ocorrendo mesmo sem equipamentos
urbanosadequados.
Outrofatorimportantenaconsolidaçãodenovosusuários,comperfildistintodouniversitário,
está na reabertura do Museu do Café em 2005, dentro doProjeto de Revitalização de Uso da
Área Histórica da Fazenda Lageado. A partir da construção de parcerias com a Prefeitura
Municipal de Botucatu, GovernoEstadual, iniciativa privada (turismo), entre outros agentes, a
médiaanualde2.000visitantes,nobiênio2005e2006,sofreuumsaltosignificativo,atingindo
o extraordinário número de 16.000 visitantes em 2009. Qualitativamente, a amplitude é
igualmentevasta,recebendodesdealunosdoensinofundamentalemédiodacidadeeregiãoa
grupos de idosos de todo o estado, incluindose inúmeros estrangeiros participantes de
intercâmbiosdauniversidade.
No sentido de se verificar a existência de uma relação entre o local de permanência destas
pessoas, com a área de interesse histórico, duas situações serviram de modelo para
desenvolvimento de comparação. Na Figura 97, apresentamse graficamente os locais e usos
queaspessoasfazemdoespaço(azulparaesportes,laranjaparalazerecontemplaçãoecírculo
pontilhadoemvermelhoparaturismoeducacional).
158
Figura97FazendaLageado‐Usoeocupaçãocomatividadesdeesporteelazer
Figura98‐Pedestresutilizandoavenidacentraldauniversidadeparalazereesporte
159
Figura99‐Pedestresutilizandoavenidacentraldauniversidadeparalazereesporte
Figura100‐Famíliabrincandoembolsãodeestacionamento,nofinaldesemana.
160
Figura101‐Pedestrespraticandocorrida
Figura102‐FamíliasnofinaldetardeaoredordaHospedaria
161
Figura103‐Criançasbrincandonogramadoemfinaldetarde.VistadaCuestaaofundo.
Figura104‐FeiradoAutomóvelAntigo(set/2009).Foto:JoséEduardoCandeias
162
Figura105‐FeiradoAutomóvelAntigo(set/2009).Foto:JoséEduardoCandeias
Figura106‐FeiradoAutomóvelAntigo(set/2009).TulhaaoFundo.Foto:JoséEduardoCandeias
163
Figura107‐FeiradoAutomóvelAntigo(set/2009).CasaGrandeaofundo.Foto:JoséEduardoCandeias
Figura108‐CampodefuteboldoAthléticoClubeLageado
Após verificar a diversidade de usos de lazer e contemplação existentes na Fazenda Lageado,
externos ao uso diário de universidade, na Figura 109, foram demarcados os pontos que
possuíamamplitudevisualdeinteresse,comolocaiscomvisualizaçãoparaoconjuntohistórico,
paraauniversidadeoumesmoparaáreasverdes,comoazonadaCuestadeBotucatu.
164
Figura109FazendaLageado‐Visuaisdeinteresse(EMVERMELHO:Visuaisemlocaldepermanência;EM
AMARELO:visuaisapartirdosistemaviário);
Todasestasvisuaisindicadaspodemserverificadasnoanexo02.
Sobrepondoseosmapasdeusoedevisuaisdeinteresse,percebesequeautilizaçãomaiorse
especificamente em áreas com visual para o conjunto histórico de interesse, conforme
explicitadona
Figura110.
165

Figura110‐FazendaLageado‐visuaisdeinteressesobreusoeocupação
166
NíveldoEdifícioedoMaquinário
Visualizar a evolução dos processos de construção, uso e ocupação nos distintos períodos
históricoadministrativos da Fazenda Lageado é visualizar a evolução dos seus processos
produtivos e culturais, visto que todos os três processos interrelacionamse em coevolução.
Uma maneira possível de atingir este objetivo é analisar a evolução da própria arquitetura de
produção,fisicamentefalando.
Porém, no caso da Fazenda Lageado, alguns fatores necessitam ser mensurados em conjunto
com a história física apresentada por suas construções e equipamentos integrados. A
modificaçãodefunções e usospor quepassou nãoimpôsapenasadequaçõesàsedificações e
aperfeiçoamentodossistemasparamelhoriadequalidadedosprodutosfinaisouampliaçãodos
resultados obtidos. A partir de certo momento histórico, praticamente todos os processos
referentesaocaféemlargaescalacessaram,fazendocomqueoconjuntoprincipaledificado
105
caíssetotalmenteemdesuso,ouentão,apresentassemodificaçõescompletasnesteuso,oqual
muitasvezesnãoseriacondizentecomaedificaçãoocupada.
A conseqüência maior disto, no que se refere à conservação do patrimônio, é que algumas
partes da história que este conjunto edificado poderia contar foram perdidas, seja por
arruinamento parcial, descaracterização total ou parcial, chegando muitas vezes ao
desaparecimentocompleto.
Seaperdamaterialcompletadesteselementoséumproblemapraticamentesemsolução,cuja
lacuna poderia ser suprida pela existência de um rico material histórico, não se pode
subestimaraimportânciadequalquervestígiooriginal,sejadasedificações,oumesmodeseus
bensintegrados.
No caso específico da Fazenda Lageado, apesar de informações valiosas terem se perdido,
principalmentenoqueconcerneabensmóveiseintegrados,muitoaindaperdura,sendoagora
necessárioumconhecimentomaisaprofundadodestepatrimônioparasuaefetivaconservação.

105 Entendendo-se como conjunto edificado não apenas as edificações principais, como terreiros, despolpadores,
tulha, aquedutos, mas todos os equipamentos integrados ao processo, incluindo-se as edificações secundárias, como
moradias, prédios administrativos, etc.
167
O conjunto da arquitetura da produção, desenvolvido nos dois primeiros períodos (fazenda
cafeeiraeEstaçãoExperimental)podeseranalisadaindiretamenteemfunçãodedoisprocessos
coexistentes e complementares: a evolução do sistema de águas e a evolução de uso e
ocupaçãodoterreiroedesuasedificaçõesadjacentes.
Osistemadaságuas
OsimplescaminharsobreosterreirosdaFazenda
Lageado,emesmoaoseuredor,permiteao
observadorumcontatodiretocominúmerosvestígiosdeequipamentosqueexternamaampla
responsabilidadedeumsistemacomplexodeáguas,noprocessoevolutivodaFazendaLageado.
Figura111aquedutonoterreirosuperior

Figura112‐raloparacaptaçãodeáguasecanaletasnoterreiroinferior
168

Figura113‐Caixasd'água Figura114tanquesdelavagemdodespolpadordecafé.

Figura115Comporta Figura116‐Caixadedecantação
Assim como foi verificado, cada um dos três períodos históricoadministrativos da Fazenda
Lageado (fazenda cafeeira, Estação Experimental e Universidade) apresenta características
peculiaresreferentesàarquitetura,implantação,sistemaviário.
Seriadeseesperar,portanto,queaculturadousodaáguaseguisseestemesmocaminho.
169
Ousodaágua:FazendacafeeiraeEstaçãoExperimental:
Durante estesdois períodos, a água erautilizada em todoo processo relativo ao café,seja na
irrigaçãodoscafezais,lavagemdosgrãos,comomeiotransporteemgrandepartedoprocesso
debeneficiamentoetambémcomoforçamotrizdosprópriosequipamentosdebenefício.
ContemplarosistemadeáguasdaFazenda Lageadoétestemunhartambémoprópriocaminho
percorrido pelo café. Esta relação direta pode ser visualizada comparandose a Figura 117
(caminhodaságuas)comaFigura118(caminhodocafé).
Figura117‐Ocaminhodaságuasnoperíodocafeeiro.
106

106 Em Azul claro, o Ribeirão Lavapés; Amarelo, edificações que fazem parte do proceso; Azul escuro, águas
canalizadas (aparentes); Verde (contínuo) – águas canalizadas subterráneas; Verde (pontilhado) – prováveis
170
Figura118‐OcaminhodoCafé(períododafazenda)
AáreaqueenglobaoGalpãoda EstaçãoExperimentalCentraldoCafé(EECC)eopomaratrásda
CasaGrandesofreugrandesmodificações,deformaquenãoépossívelvisualizarcomexatidão
o funcionamento das águas neste espaço. No entanto, o mais provável é que não haja muita
diferençadorestantedoprocesso.

caminhos das águas; Obs.: Ilustração original desenvolvida por Luis Ribeiro, Agência Peagadê, Botucatu/SP.
www.peagade.com.br
171
Retomando a questão das águas, a diferença primordial entre os dois primeiros períodos
encontrase exatamente na sua utilização como força motriz dos diversos equipamentos. Na
fazendaagroindustrialerausadadeformadireta,principalmentepormeioderodasd’água.
duranteaEstaçãoExperimental,osequipamentostrabalhavamcom motoresmovidosaenergia
elétrica, instalados após a implantação de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), dentro da
própriaFazendaLageado.
Apesar do sistema de águas para beneficiamento direto do café ter se mantido praticamente
intacto durante os dois períodos, foi edificado um novo sistema para a implantação da PCH,
com canais e comportas localizados mais próximos ao Rio Lavapés, fora do conjunto de
terreiros.
AtravésdeumdoscroquisdeAfonsoPoyart,engenheirodaEstaçãoExperimental,apresentado
na Figura 119, têmse uma leitura do sistema de águas da E.E.C.C. Neste desenho, podese
verificar a locação da Usina, em vermelho, além dos dutos de abastecimento da Usina (2) e
escoadouros de águas (1 e 6), todos em azul. Não se sabe, porém, se este um projeto foi
executadoemsuatotalidade.
172
Figura119AnálisedosistemadeáguassobredesenhodeAfonsoPoyart.
UmadificuldadenoentendimentodosistemaresidenofatodocroquisfeitoporPoyart,sobreo
conjunto moinho/serraria não estar totalmente correto. A dúvida maior apresentase na
alimentaçãodosistemageradorcriadoparamoverosequipamentosdeambos.Podesertanto
o número 5 quanto o conjunto 4. Não se encontrou, também, documentos que confirmem o
funcionamentodositens3,7e8.
Outra informação interessante é sobre a implantação de uma caixa de decantação, ou
decantador,(anexo3),solicitadaporAfonsoPoyart,em1939,paraeliminarareia(10m³/dia)e
outros materiais que danificavam a turbina geradora de energia elétrica.E faz sua descrição:
“Essa caixa tem o fundo de concreto, paredes de tijolos argamassados com cime nto e as
173
seguintesdimensões:15mx4msx2m,com umacomportademadeiraeumcanaldedescarga
emconcreto.”
107
Através deste conjunto de informações, apresentase o possível sistema de águas da EECC,
excetuadosospontosdedúvida,naFigura120.
Figura120ProvávelsistemadeÁguaseEnergianaEstaçãoExperimentalCentraldoCafé(2°Período)
ApesardasituaçãoedificadaduranteaEstaçãoExperimentalhaversesobrepostoaosistemade
águasedificadoduranteperíododefazendacafeeira,a
Figura121apresentaaprovávelsituação
original deste conjunto a partir dos resquícios encontrados através de prospecções
arqueológicas
108
,em2008e2009.

107 Conforme Relatório das Atividades da Estação Experimental de Botucatu. Relativo ao Exercício de 1939.(p. 5).
Fonte: Biblioteca FCA (obras raras)
108 Dentro do programa Arqueologia no Campus, parceria do Museu do Café com a empresa Zanettini Arqueologia
174
Estasprospecções expuseramuma grandecanaleta emtijolos e um resquício deuma manilha
cerâmica.
Figura121‐SistemadeÁguasnaFazendaCafeeira(1°Período)
Ainda que se necessite uma pesquisa mais aprofundada sobre esta questão, estes primeiros
achados permitem aventar hipóteses mais precisas do funcionamento do conjunto utilizado
para devolver as águas excedentes do terreiro ao Ribeirão Lavapés, e também o
encaminhamentoparaarodad’águadoconjuntomoinhoeserraria.Aslinhasazuis,emtraço
ponto,indicamdoiscaminhospossíveisparaencaminhamentodaáguaaomoinho.
175
Figura122‐Levantamentodatijoleira,expostoatravésdeprospecçãoarqueológica.Desenvolvidopor
GuilhermeMichelin,dentrodoprojetoArqueologianoCampus.
176
O conjunto arquitetônico edificado para o sistema de águas na Fazenda Lageado apresenta,
ainda, sua estrutura principal em bom estado de conservação. Infelizmente grande parte dos
bens integrados das canaletas e dutos, como as comportas e ralos, desapareceram. Em
contrapartida, grande parte dos maquinários e equipamentos inerentes ao processo de
beneficiamento encontramse ainda nos loca is de origem, o que permite um excelente
entendimentodoprocessocomoumtodo,conformepodeservistonoanexo03.
177
Aevoluçãodousoeocupaçãodoterreiroedesuasedificaçõesadjacentes
Para complementar o entendimento do conjunto formado pela arquitetura da produção da
FazendaLageado, após verificarseaevoluçãodosistema de águas,devese direcionaroolhar
sobre o conjunto edificado que compreende as outras atividades inerentes à produção, neste
caso,oterreiroesuasedificaçõesadjacentes.
É do senso comum visualizar o terreiro como um espaço edificado fundamentalmente para
atender à produção cafeeira. Porém, a paisagem atual do conjunto formado ao seu redor, e
mesmo sobre ele, é capaz de apresentar, no caso da Fazenda Lageado, uma sobreposição
harmônica de camadas históricas edificadas em diversos tempos cronológicos, conforme
apresentadonaFigura123.
Figura123‐Vistaaéreadoconjuntoedificadoharmoniaentreaarquiteturadaproduçãodocafé,edificações
daEstaçãoExperimentaleedificaçõesuniversitárias.Fonte:PrefeituraMunicipaldeBotucatu
(www.botucatu.sp.gov.br)
178
Período:Usoeocupaçãodoterreiroeadjacênciasduranteafazendacafeeira
Figura124‐Ocupaçãodoterreironoperíodo
O processo produtivo do café, neste primeiro período, utiliza o terreiro, em sua totalidade,
comopartefundamentaldoprocessodebeneficiamentodocafé,nasecagemdosgrãos.
NaFigura124verificasequeasúnicasconstruçõesedificadassobreelesãoacasagrandeeas
tulhas de passagem, que atuam na transição dos grãos para vencer os desníveis entre os
terreiros.
Não se pôde constatar, com exatidão, a data de construção da tulha de passagem grande,
edificada no terreiro intermediário. Embora ela apareça no levantamento de novembro
de
1934, haveria tempo hábil para sua construção desde a aquisição da fazenda pelo governo
Federal. É mais provável, porém, que ela fizesse parte do conjunto produtivo do período
cafeeiro.
179
Figura125‐Tulhadepassagem,pequena.Aparterefeitadomuro(pedrasmaisclaras)éoprovávellocalda
segundatulha,desaparecidacompletamente.
Figura126‐tulhadepassagem,grande.
180
a relação dos usuários com o conjunto, como pode ser visto na Figura 127, baseavase
fundamentalmenteemrelaçõesdetrabalho.
Figura127‐UsodoterreironoPeríodo
Importante verificar também a implantação da Casa de Morada. Enquanto nas fazendas
cafeeiras escravistas a Casa Grande localizavase costumeiramente a cavaleiro da área, na
FazendaLageado,compredominantemãodeobraimigrantedesdesuaaquisiçãopeloDr.João
Baptista, a casa encontrase a cavaleiro do conjunto de finalização do processo de
beneficiamento do café, principalmente da Tulha, cuja porta principal está voltada para a
varandadacasa.
A partir dali, ou do patamar inferior da casa se tem acesso visual direto para os paióis de
armazenamentoetambémparaomoinho.
181
Não indícios, porém, que o Doutor tenha vivido na Fazenda Lageado, visto que possuía
diversasoutrasterras,principalmentenaregiãodePiracicaba,ondelegislounaCâmarade1883
a1886
109
,efoimaçomativo,consideradoumdosfundadoresdaLojaMaçônicadaquelacidade.
Acasadevetersido,portanto,residênciaapenasdeseusadministradores.
Figura128‐VarandadaCasaGrandevoltadaparaaTulha
Figura129‐VistadaentradadatulhaapartirdopatamardaCasaGrande

109 Fonte www.camaradepiracicaba.sp.gov.br, acessado em 07/10/2009 às 11h59
182
Período:UsoeocupaçãodoterreiroeadjacênciasduranteaEstaçãoExperimental
Nosegundoperíodo,amudançadeusoéexplicitadanaFigura130pelaimplantaçãodegrandes
edificações em partes pouco utilizadas do terreiro, visto que seu uso como estação
experimentalparaodesenvolvimentoeanálisesdegrãosnãodemandamaisaproduçãoem
largaescaladoperíodode empresacafeicultora,logo oterreironãoénecessário emsuatotal
magnitude.
Figura130‐Ocupaçãodoterreiroeadjacênciasnoperíodo
Nesteponto,iniciaseoprocessodeaproximaçãodavidaurbanaàrural,verificada tantopelas
novas tecnologias adicionadas aos processos produtivos, explicitadas na implantação de
maquinárioseequipamentos,quantoàmãodeobrautilizadaporeles.
183
Comoexemplosdestaevoluçãoimplantaramsegalpõesocupandoextensasáreasdeterreiros,
intermediárioesuperior,paraabrigar,respectivamente,equipamentoseserviços.
Figura131‐Galpãoparaequipamentosconstruídosobreoterreirointermediário.
Figura132‐Secadordecaféalenha
184
Figura133‐galpãodeserviçosimplantadosobreoterreirosuperior
Figura134Detalhedoconjuntodetulhasdogalpão
185

Figura135‐BombadecombustívelmarcaWayne,implantadanalateraldoGalpão.
186
Com a construção do novo prédio da Diretoria da Estação Experimental, a casa grande sofre
uma grande reforma interna, visando abrigar a três famílias de servidores. Neste momento
sofre o acréscimo no fundo da edificação, para abrigar banheiros e cozinha de uma das
unidades.
Figura136‐VolumeàdireitaacrescidoduranteperíododeEstaçãoExperimental
Mas os exemplos mais comuns apresentamse na utilização das edificações originais, sem
grandes modificações estruturais, apenas as necessárias para adequação de maquinários
visandooaprimoramentodoprocessodebeneficiamento.
Isto ocorreu na tulha, com implantação de um grande aerador/classificador de café em 1935,
desenvolvidopelasindústriasBlasi,tambémdeBotucatu.
Figura137‐Placadoaerador/classificadorimplantadonatulha.
187
Figura138‐Aerador/classificadorimplantadonatulha,em1935.
A manutenção de grande parte do processo produtivo cafeeiro no início da Estação
Experimental utilizando ininterruptamente o conjunto edificado original, sem grandes
modificações estruturais, permitiu sua conservação, de forma bastante parecida à original da
fazenda.
Aomesmotempo,aosemanteratipologiadeusodoconjunto,entendesequesemantémsua
apropriaçãopelapopulaçãoquetrabalhavadiretamentenaárea,conformeexplic
itadonaFigura
139.
Importanteobservarquesurgenacidadeumanovatipologiadamãodeobramelhorformada,
não mais de imigrantes, mas de seus descendentes e de técnicos trazidos pelo governo.
Importante observar que estes novos usuários viviam, em grande parte, na zona urbana, que
cresciaemdireçãoàfazenda,eapenastrabalhavamnoLageado.
188
Figura139‐Usodoterreiroeadjacênciasnoperíodo
189
Período:UsoeocupaçãodoterreiroeadjacênciasduranteaUniversidade
Figura140‐Ocupaçãodoterreiroeadjacênciasnoperíodo
no terceiro período, após um pequeno intervalo de adaptações, que duraria desde sua
implantação até o final da década de oitenta, iniciase a implantação de novas edificações
projetadaspara atender à demanda universitária, noeixo principallocado no aclivefrontal ao
conjuntodeinteressehistórico.
Este processo de abandono gradativo da utilização dos edifícios originais da fazenda, em uso
contínuoduranteoperíododaEstaçãoExperimental,refletesenoafastamentocadavezmaior
destes usuários relacionados à universidade dos afazeres
diários antes inseridos na área
histórica.
190
Conseqüentemente, esta desocupação progressiva da área original da fazenda passa
gradativamentea serpreenchidanão apenaspela populaçãoda cidadeeregião,mas também
pela própriapopulação universitária como área de lazer (Figura 141),principalmente nos finais
de semana, onde a união entre a belezae imponênciado conjuntoarquitetônico àrelação de
descendência,diretaouindireta,degrandepartedapopulaçãodacidadecomostrabalhadores
dostrêsperíodosdafazendatransformaramnanoprincipalobjetodevisitaçãoecontemplação
dacidade.
Figura141‐Usoatualdoterreiroeadjacências
AnálisedaEvoluçãodeUsoeocupaçãodoterreiroeadjacências
Pontualmente,pôdeseverificarumarelaçãodiretaentreosprocessosdeusoedeocupaçãodo
terreiroeadjacênciasemcadaumdeseusperíodos.
191
Ao se analisar, porém, a evolução destes dois processos de forma contínua, podese verificar
commaiorexatidão,novamente,umarelaçãodiretaentreosdoisprimeirosperíodoshistórico
administrativos,emoposiçãoaousoatual.
A mudança para uso universitário imprime uma modificação completa na relação de uso e
ocupação de todo o conjunto, explicitada pelas construções em grande número não apenas
sobre o terreiro, mas ao seu redor, conforme Figura 142. A tipologia de uso modificase
totalmentetambém,comopodeservistonaFigura143.
Figura142‐EvoluçãodaOcupaçãodosTerreiroseáreasadjacentes
Figura143‐EvoluçãodoUsodosTerreiroseáreasadjacentes
192
DelimitaçãodaáreadeconservaçãodapaisagemculturaldaFazendaLageado
DelimitarumaáreaparaconservaçãodapaisagemculturaldaFazendaLageadonãoseresumea
verificaroespaçoocupadopelasedificaçõesquesepretendeconservar.
Éfato,porém,queesteconjuntoedificadoéosustentáculofísicocapazdeexpressaraevolução
cultural e tecnológica da própria população que neste local viveu, ou a ele se relaciona
atualmente.
Eéexatamenteeste sentimento,dapaisagemcomoparteindissolúvel desuaprópria história,
quepropiciaseureconhecimentocomopatrimôniocultural.Apenasescolherasedificaçõesem
melhores condições físicas ou os melhores exemplares arquitetônicos não simbolizaria a
evoluçãoculturaldapopulaçãoqueconstruiuestasedificações.
Vistoqueaformaçãodeumapaisagemculturaléumprocessoevolutivocontínuo,preservaro
conjunto físico apresentado pela arquitetura da produção da Fazenda Lageado é preservar a
arquitetura da produção cafeeira, idealizada e edificada pelo Dr. João Batista da Rocha
Conceição.Ao mesmo tempo, épreservara arquiteturadaproduçãotecnológica desenvolvida
enquanto Estação Experimental Federal e, também, a arquitetura da produção científica, em
desenvolvimentodesdeaimplantaçãodauniversidade,noiníciodadécadade1970.
Este conjunto de processos coexistentes, no mesmo espaço físico e com os mesmos recortes
temporais, permite a delimitação de uma área capaz demanifestar as próprias relaçõesentre
estes distintos períodos, não apenas fisicamente, mas também enq
uanto evolução cultural.
Desta forma, conservar esta paisagem é garantir o acesso das gerações futuras à sua própria
cultura.
Nocasoda Fazenda Lageado,aconservaçãodapaisagemqueilustraestasrelaçõesdeevolução
apresentase no conjunto formado pela delimitação física para a preservação do patrimônio
edificado, conforme anexo 04; pela preservação de suas visuais, conforme anexo 02; e pela
atualizaçãodoPlanodiretorparatodoocampusuniversitário;
193
194
195
RiscosatuaisàconservaçãodapaisagemculturaldaFazendaLageado
O primeiro ponto de risco à conservação da paisagem cultural da Fazenda Lageado é a
inexistência de uma legislação específica de proteção ao seu patrimônio físico e cultural, seja
emnívelmunicipal,estadualounacional.
A cidade de Botucatu ainda não possui Conselho de Defesa do Patrimônio e o pedido de
Tombamento ao Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico, Arquitetônico e Turístico do
EstadodeSãoPaulo(CONDEPHAAT)encontrase,desde1986,emtramitação.
Pela legislação municipal, a Fazenda Lageado seria uma zona de uso especial. Porém, não se
pode relevar o fato do campus universitário, que abrange também a área de interesse para
conservação,estarimplantadaforadoperímetrourbanodacidade,conseqüentemente,forada
abrangênciadalegislaçãomunicipaldeobras.
Aaprovaçãodasconstruçõesinternasaoperímetrouniversitáriovemsedandoatravésdeuma
comissão de obras, subordinada às diretorias das unidades do campus. Até o início da última
década, mesmo sem uma capacitação técnica direcionada ao setor de obras, poucas
interferências de monta ocorreram, e a comissão de obras apresentavase de forma bastante
efetivanapreservaçãodopatrimônio.
Porém, os crescentes investimentos em novos laboratórios e novas tecnologias para uso da
universidade,paralelamenteàconstruçãodenovasedificaçõesdeapoioaoscursosexistentes,
têmtrazidoumcrescimentoaceleradoparaocampus.
Apesar do plano diretor vigente para o campus Lageado, projetado em 1972 pelo arquiteto
botucatuense EugênioMonteferrante, estarsendo seguido com relativa correção,ele abrange
apenas a área nova da universidade. A isto, aliase o fato do projeto não ter como premissa
conservação de visuais para a área de interesse, um ponto bastante importante para a
preservaçãodesuapaisagem.
Sobreisto, ogrande problemaé,de fato,o crescimento semplanejamento na áreaenvoltória
aoconjuntodeinteresseparapreservação.Diversasconstruçõesdegrandeportevêmsurgindo,
utilizandosedemateriaisconstrutivosecoresconflitantesaoconjuntopatrimonial,oumesmo
196
sem nenhuma proteção visual. Isto tem interferido de forma direta na leitura uniforme até
entãoexistentenoconjuntohistórico.
Figura144‐Vistadoconjuntodeinteressecominterferência
Figura145‐Vistadoconjuntodeinteressecominterferênciasnapaisagem
197
Outro problema que se soma a esta questão é a falta de um mecanismo de gestão específico
para a área de interesse históricoculturalarquitetônico, delimitado como área para
preservaçãodapaisagemcultural.
Apesar do reconhecimento da Fazenda Lageado pela população como conjunto patrimonial
único, indivisível, atualmente a gestão da área e seu entorno imediato está dividida entre a
FaculdadedeCiênciasAgronômicas(FCA),quetemsobtutelaamaiorpartedasedificações,ea
FaculdadedeMedicinaVeterináriaeZootecnia(FMVZ).
Aliadaaisto, afaltade uma políticaespecíficadaUniversidadeEstadual Paulista (UNESP)para
conservação e restauro de Patrimônio Histórico e Paisagem Cultural impossibilitava a
destinaçãodequalqueraportefinanceiroparaaárea.
Outropontoimportanteéainexistênciadecursose/oupessoalnoCampus
diretamenteligados
àáreadepatrimôniohistóricoe cultural.Asfaculdadesaliexistentessãodasáreasdeciências
agrárias,engenhariaflorestal,medicinaveterináriaezootecnia.
AcriaçãodoPlanodeRevitalizaçãodoUsodaÁreaHistóricadaFazendaLageado
110
,apartirde
2005, tem suprido, em parte esta demanda, porém vem se tornando efetiva apenas para as
edificaçõesdaFaculdadedeCiênciasAgronômicas.AreaberturaeampliaçãodoMuseudoCafé
sob coordenação do servidor José Eduardo Candeias, permitiu a utilização integral da Casa
Grandeparaomuseu,bemcomoalimpezaeocupaçãodediversasedificaçõescomoacasade
máquinasdaTulha,moinho,serrari
a,tulhadepassagem,agoraabertasàvisitaçãodopúblico.
Porém,algumasasedificaçõesquenãoestãosobatuteladiretadoPlanodeRevitalizaçãoeda
diretoria da FCA vem sofrendo profundas modificações. Um exemplo importante é o caso do
prédio da Diretoria da E.E.C.C., projeto do arquiteto italiano Angelo Murgel, cuja obra de
adequação, executada a partir do final de 2008, destruiu completamente o piso original em
pastilhas do térreo, que apresentavase em bom estado de conservação, bem como grande
partedesuasjanelasoriginais,alémdesofrerpinturaexternasobreoacabamentooriginalem
argamassaraspada.

110 Sobre o Plano de Revitalização, ver MICHELIN, Guilherme A., et all (2007)
198
Figura146‐PrédiodaDiretoriadaEECCantesdareforma(2008)
Figura147‐PrédiodaDiretoriaEECCduranteareforma(01/2009)
199
Figura148‐Saguãodeentradaantesdareforma(foto:2004)

Figura149‐Saguãoduranteareforma(02/2009)
200
Afaltadeusodeoutrasedificaçõestambémcausaseuarruinamento.
Figura150‐Edificaçãosemuso,comriscodearruinamento
UmpontoimportantequetemaverdiretamentecomoplanejamentodacidadedeBotucatu,é
ofatodaFazendaLageadoser,hoje, um pontodepassagemparaacessodepartedacidadeà
RodoviaAlcidesSoares,queligaBotucatuaoRioTietêeàsregiõesdePiracicabaeSãoCarlos.
Figura151‐fluxodeveículoscruzandoaáreahistóricanofinaldodia,emumferiadoprolongado.
201
Isto traz para dentro da área histórica um fluxo bastante grande, não apenas de veículos de
passeio,mastambémdecaminhõeseônibus,causandoriscosgrandesaopatrimônio.
Aindaque nãosejaconsideradoumrisco direto àconservaçãodapaisa gem cultural,arelação
entreveículosepedestreséoutropontoquenecessitaserverifi
cadocomurgência.
Emperíodosdeverão,oumesmoaosfinaisdesemana,ainexistênciadeequipamentosurbanos
adequadosaolazereesportestemcausadoumriscodiretoàsegurançadaprópriapopulação.
Figura152‐pedestreseveículosdividindoespaçonaavenidacentraldauniversidade
202
VIICONCLUSÃO
A FazendaLageado pode serconsiderada um dosprincipais agentes noprocesso de formação
da paisagem física e cultural da Bacia do Ribeirão Lavapés. Desde sua aquisição pelo Dr. João
BatistadaRochaConceiçãoéumpólodeatraçãopopulacionaledesenvolvimentoparaacidade
deBotucatueregião.
Enquanto fazenda cafeeira, atraiu grande quantidade de imigrantes para o trabalho em seus
cafezais. Alguns
prosperaram rapidamente, transformandose em pequenos cafeicultores, ou
mesmo fundando pequenas indústrias na cidade. Muitas delas voltadas, direta ou
indiretamente,aocafé.Comopassardotempo,estesimigranteseseusdescendentesviriama
formarabasedacomunidadebotucatuense.
AarquiteturaedificadaparaatenderàproduçãocafeeiradaFazendaLageadofoinotadamente
influenciada pelas especificidades da Bacia do Lavapés, ao mesmo tempo em que foi também
influenciadora de sua ocupação. Sua implantação no exato ponto de afunilamento da bacia
possibilitou o uso da água como agente primordial no processo de beneficiamento de grãos,
influenciandotambémdiretamenteaocupaçãodacidadeemsuadireção,dentrodabacia.
Ao se transformar em Estação Experimental, não apenas atraiu, mas formou mãodeobra
especializada, bemcomo possibilitou uma melhor colocação profissional dos descendentes de
imigrantes,estesmesmosquehaviamchegadoanteriormenteaBotucatuemfunçãodopróprio
café.Odesenvolvimentotecnológicoatingia,concomitantemente,cidadeefazenda,ampliando
omercado,asindústrias,serviçose,comisso,aspossibilidadesdedesenvolvimentoregional.
Novamente, pôdese verificar a cidade crescendo em direção à Fazenda, e as edificações da
fazendaimplantadascadavezmaispróximasaoperímetrourbano.
Acolhendo em seu ambiente uma universidade, estas relações diretas com a cidade ficaram
ainda mais nítidas. As influências que a implantação de dois campi universitários de uma
instituiçãodoportedaUniversidadeEstadualPaulistageramnacidade,diretaeindiretamente,
sãobastanteóbvias.
203
Não fosse o portal de entrada da universidade, os limites entre cidade e fazenda não se
poderiamdefinircomexatidão.Nãosetem,também,umaexatadimensãodelimitesentre os
usosurbanose ruraisdentrodoLageado.Eisto,certamente,nãoéconseqüênciaapenasdouso
universitáriovoltadoàsciênciasagráriasedaterra.
A integração quase total que a Fazenda Lageado experimenta hoje com o ambiente urbano a
contextualizadeformaúnica.Estaunicidade,provenientetambémdasmudançasperiódicasde
uso e ocupação, é reconhecida pela população local e regional como parte de sua própria
história.
Nestesentido,oconjuntocompostopelas“arquiteturasdaprodução”decadaum dosseustrês
distintosperíodoshistóricoadministrativosécapazderepresentar,fisicamentee dentrodeum
mesmorecorteterritorial,oprocessodeevoluçãodacomuni
dadelocal.
O potencial histórico material da Fazenda Lageado advém da permanência dos vestígios que
simbolizam esta evolução cultural local. Isto serve tanto para o patrimônio material, quanto
imaterial.
Vistoqueabaciahidrográficaéomelhorre
cortedeanáliseparaapaisagemculturalestudada,
sua preservação é fundamental no entendimento dos processos evolutivos referentes ao
conjuntopatrimonial.Abaciahidrográficaéoquadroondeapaisagemculturalestádesenhada.
Nãosedeveconfundir,portanto,preservaçãoeconservaçãocomumcongelamentodoobjeto
no tempo, ou mesmo qualquer tipo de coibição de uso condizente ao patrimônio original. Ao
contrário, conservar e preservar significa, neste caso, utilizar corretamente, tratar de forma
dignaopatrimônioeapaisagemcultural.Éconviverrespeitosamentecomapréexistência.
Desta forma, a delimitação proposta para a conservação da paisagem cultural da Fazenda
Lageadoeaindicaçãodosriscosatuaisaelaverificados,nãomenosprezamasedificaçõesoua
função da universidade dentro deste conjunto patrimonial. Muito pelo contrário, apenas
verifica que, atualmente, a “arquitetura da produção científica” não vem dialogando
corretamentecomasoutrasanteriores.
204
Neste sentido, preservar os vestígios físicos capazes de expressar a evoluçãocultural dos dois
primeirosperíodoshistóricoadministrativosporquepassou,significaretomarodiálogocom as
arquiteturas das produções anteriores, possibilitando novos desafios projetuais nas
intervençõesnecessárias.
Por este motivo, a conservação apropriada da paisagem cultural da Fazenda Lageado deve
considerar a preservação do conjunto delimitado como patrimônio cultural, formado por seus
dois primeiros períodos históricoadministrativos, somada a um plano diretor para o correto
desenvolvimentodoterceiroperíodo,auniversidadeemexpansão.
Assim, podese visualizar a conservação física da paisagem de uma região como um dos
melhoresmétodosparasepermitiraconservaçãodesuacultura.
Portanto, é sempre no dia de hoje que se desenha a paisagem cultural que será observada,
vividaeapreendidapelasfuturasgerações.
205
Desdobramentospossíveisdesteestudo
Duranteoprocessodedesenvolvimentodestadissertação,oleitortevecontatocominúmer os
elementos capazes de permitir o reconhecimento da Fazenda Lageado enquanto paisagem
culturalnaregiãodeBotucatu/SP.Apesardisto,podesetambémverificarqueoentendimento
dos próprios conceitos referentes à paisagem ainda carecem de aprofundamento teórico e
prático.
Vale também expor ao leitor que, desde o início de seu desenvolvimento, sempre esteve
intrínseca a esta proposta de trabalho uma formatação que servisse como base para o
desenvolvimento de outros projetos e estudos
sobre a área, ou mesmo sobre a metodologia
aplicada.
A utilização da metodologia de análise processual, baseada nos estudos de Argollo Ferrão,
mostrouse bastante eficaz e adequada ao entendimento de diversos processos inerentes à
evolução do conjunto que se pretendeu estudar. Somandose aos resultados obtidos nesta
dissertação, esperase que o produto desta equação possa contribuir, e de forma efetiva, na
discussãoenaprópriaconservaçãodaspaisagens,especialmenteadaFazendaLageado.
Neste sentido, ao finalizar esta etapa do trabalho, a posição de autor da dissertação tornase
bastante confortável para expor algumas lacunas encontradas em seu processo de
desenvolvimento, bem como explicitar alguns possíveis encaminhamentos que possibilitem a
complementação do estudo aqui apresentado, bem como a preservação desta paisagem
cultural.
Inicialmente, como forma interessante de desenvol
ver o potencial científico existente na
paisagem cultural da Fazenda Lageado, propõese a criação do Laboratório de Estudo da
Paisagem, o LEP/UNESP. A ser formatado com caráter transdiciplinar, apresentase como
possibilidade real de integração entre as distintas áreas de conhecimento provenientes das
Faculdades da Universidade Estadual Paulista, não apenas em Botucatu, mas dos campi
disseminadosportodooEstadodeSãoPaulo.
206
Paralelamente, fomentar parcerias com as outras universidades, principalmente suas coirmãs
UNICAMP e USP, junto aos órgãos de preservação federal e estadual, seja no caráter do
patrimônio cultural, como IPHAN e CONDEPHAAT, ou mesmo na defesa da paisagem natural,
como IBAMA, Secretaria doMeio Ambiente.Esta parceria teria um duplo sentido, de um lado
atuando no suporte técnico à formação e desenvolvimento científico nas disciplinas afins. De
outro, utilizar a mãodeobra qualificada universitária para auxiliar os órgãos competentes no
reconhecimento e preservação do patrimônio cultural e ambiental do Estado de São Paulo. A
priori, trabalho este que o corpo docente e discente das universidades desenvolve e que
muitasvezespermaneceencerradonoambienteacadêmico.
Neste sentido, deve ser atualizada também a discussão sobre metodologias de preservação e
formas de inventariamento, fundamental para a evolução do IPAC Fazenda Lageado,
apresentadonoanexo01.
Com relaçãoespecificamente à preservação, e conseqüente desenho, da paisagem culturalda
FazendaLageado,anecessidademaisprementeé,semdúvida,acriaçãodeumplanodiretorde
uso e ocupação para toda a Fazenda Lageado, incluindose legislação de obras e manejo
ambiental, principalmente internamenteao perímetro indicada para preservação da paisagem
culturaleseuentornoimediato,físicoevisual.
No sentido de contribuição pessoal na criação da proteção legal para a Fazenda Lageado, um
desdobramento real desta dissertação será a apresentação deste material para subsidiar
tecnicamente o tombamento da paisagem cultural da Fazenda Lageado pelo Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo‐
CONDEPHAAT.
Da mesma forma, será encaminhada uma solicitação para chancela de Paisagem Cultural da
FazendaLageadopeloInstitutodePatrimônioHistóricoNacionalIPHAN.
Outro ponto de importância é a finalização do processo de higienização e catalogação do
material referente à Estação Experimental, dentro do setor de obras raras da biblioteca da
FCA/UNESP,incluindoseadigitalizaçãodetodoestematerialparaacessoaopúblicoemgeral.
207
Fazsenecessário,também,amontagemdeprojetospontua isderestauroeconservaçãoparao
conjuntodeinteresse.Istodeveráserfeitoemdiversasescalas,abrangendodesdeopatrimônio
imóvel, aos bens integrados e móveis. Paralelamente, levantar a existência de patrimônio
imaterialdentrodaFazenda.
Esperasequeesteestudopossaserutilizadocomobaseparadesenvolvimentodeumtrabalho
de educação e capacitação cultural sobre a Fazenda Lageado e o Museu do Café, contendo
projeto completo de comunicação visual, guias de visitação, ambientes virtuais, e ações
integradas.
Eque,porfim,estahumildecontribuiçãosirvadeinspiraçãoatodosaquelesqueseinteressam
na preservação do patrimônio cultural brasileiro e que muitas vezes se vêem sozinhos. Que
possamosdesenhar
umapaisagemculturalfecundaparaaspróximasgerações.
208
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2004a
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1835até1868.SãoPaulo:Tipographia
ImparcialdeJ.Roberto(?).Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo.

212
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deJ.Roberto(?).Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo.
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AssembléaLegislativadaProvinciadeSãoPauloDesde1835até1868.SãoPaulo:TipographiaImparcial
deJ.Roberto(?).Fonte:ArquivodoEstadodeSãoPaulo.

______.LeiEstadual657.Lei18doanode1859.Lex:CollecçãodasLeisPromulgadaspela
AssembléaLegislativadaProvinciadeSãoPauloDesde1835até1868.SãoPaulo:TipographiaImparcial
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ImportanciaGlobal”.Natchitoches,Louisiana,2004.
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SagradosylosPaisajesCulturales”UNESCO,UniónMundialparalaConservación(UICN),Universidad
de las Naciones Unidas (UNU), Convención de las Naciones Unidas para la Diversidad Biológica (CB
D),
Foro Permanente de las Naciones Unidas sobre Asuntos Indígenas (U
NPFII) y Organización de las
NacionesUnidasparalaAgriculturaylaAlimentación(FAO)Tokio,2005.
_____,
RecomendaçãoR(95)9.
VIOLLETLEDUC,EugeneEmmanuel.Restauro.Apresentação,traduçãoenotasporOdeteDourado.
Salvador.Mestradoemarquiteturaeurbanismo.UFBA,1993
KATINSKY,Julio.AcervoArquitetônicodoValedoTietê.SãoPaulo:Ed.,1999
ZANETTINI,P.E.;MORAESWICHERS,C.A.ArqueologianoCampus‐UNESP,CampusdeBotucatu,
MunicípiodeBotucatu,SãoPaulo.AutorizaçãoFederalde
Pesquisa(IPHAN/MinC):Portaria296,de
24deOutubrode2007(Projeto03,AnexoI)ProcessoIPHAN01506.001561/200782.
214
UNIVERSIDADEESTADUALDECAMPINAS
FACULDADEDEENGENHARIACIVIL,ARQUITETURAEURBANISMO
GuilhermeAntônioMichelin
OReconhecimentodeumaPaisagemCultural:
FAZENDALAGEADOBotucatu/SP
ANEXOS
Dissertação apresentada à Comissão de Pós
Graduação da Faculdade de Engenharia Civil,
ArquiteturaeUrbanismo,daUniversidadeEstadualde
Campinas, como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de
concentração de Recursos Hídricos, Energéticos e
Ambientais, Linha de Pesquisa de Planejamento
Regional,PatrimônioePaisagem.
Orientador:Dr.AndréMunhozdeArgolloFerrão
CAMPINAS
2010
215
216
ANEXO01
IPAC
INVENTÁRIODEPROTEÇÃODOACERVOCULTURAL
217
Uma das primeiras atividades desenvolvidas no sentido de se produzir um material para
conhecimento mais rigoroso sobre o patrimônio imóvel da Fazenda Lageado, enquanto conjunt o
patrimonialindissociável,foiamontagemdeumInventáriodePreservaçãodoAcervoCultural,oIPAC
FazendaLageado.
Sendoopróprioobjetodeestudopartedeumcampusuniversitário,oconceitoinicialpropostofoia
integração de alunos de graduação no processo. Neste sentido, como não existem cursos em áreas
afinsdentrodocampusFazendaLageado,foramministradaspalestraspa
raoCursodeArquiteturae
UrbanismodaFaculdadedeArquitetura,ArteseComunicaçãoFAAC/UNESPCampusdeBauru,nas
disciplinas“HistóriadaArquiteturaI”e“TécnicasRetrospectivas”,emoutubrode2005.Naseqüência,
o contato estendeuse à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana
Mackenzie,atravésdeseuEscritórioModeloMOSAICO,noiníciodoanode2006.
Aidéia apresentava duplafunção:conscientizar os alunosnasquestõesreferentesà preservaçãodo
patrimônio cultural; e possibilitar a ampliação do inventário, atendendo a um maior número de
edificaçõespossíveis,utilizandoestamãodeobraqualificada.
A proposta constava de aulas expositivas sobr
e patrimônio cultural, teorias de restauro, história de
Botucatu e da Fazenda Lageado e visitas monitoradas ao localde estudo. Como não houve retorno
positivo dos alunos da FAAC/UNESP, o trabalho foi desenvolvido apenas com o grupo MOSAICO,
durante2semestres.
As fichas utilizadas para montagem do Inventário foram baseadas na publicação editada pela
Secretaria da Cultura e Turismo da Bahia, parte do trabalhode cadastramento de monumentos em
todooEstadodaBahia.
1

1
BAHIA (Secretaria da Cultura e Turismo). IPACBA: Inventário de Preservação do Acervo Cultural da Bahia.
Salvador:SCT:CRCBA,2002.432p.:il.,mapas.(MonumentosdaRegiãoPastorildoEstadodaBahia;v.7)
218
A experiência de utilização desta tipologia de inventariamento apresentouse bastante eficaz no
entendimento da amplitude do conjunto a ser estudado. O produto final alcançado, no entanto,
explicitoudiversasincompatibilidades.
Porsetratardeumtipodefichaconsiderada“fechada”,comquantidadeetipologiadeinformações
préformatadas, os espaços de preenchimento ou mesmo inserção de fotos, plantas ou croquis
mostraramseineficazesparaatenderdeformasatisfatóriaasdistintastipologiasepato
logiasdecada
edificação,oumesmodeinformaçõesexistentesouacessíveisaseurespeito.
Umbomexemplodestadisparidade:asinformaçõeslevantadaseproduzidassobreaTulhadeveriam
caberemumafichaidênticaàdeumaCasadeColono.Estavisíveldistinçãodecomplexidadee escala
detrabalhoentreambasnãoseespelhouemsuaformaderegistro.
Indicase, portanto, que tanto o processo de desenvolvimento, quanto os resultados obtidos nesta
primeira versão do IPAC Fazenda Lageado, sejam
utilizados como base para discussão e
desenvolvimento de um novo inventário para defesa do acervo cultural da Fazenda Lageado,
fundamentalàconservaçãodesuapaisagemcultural.
219
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 01
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 01
REGIÃO : SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO
DENOMINAÇÃO: TULHA
CADASTRO IMOBILIÁRIO
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : Edifício situado em terreno acidentado, tendo a sua esquerda, a escola. O pavimento superior da acesso
aos terreiros localizados em frente à edifica
ç
ão
,
através de uma
p
assarela. Da fachada norte avista-se o
p
aiol e da fachada oeste
,
o moinho
BRASIL
UTILIZAÇAO ATUAL : Depósito
ÉPOCA : SÉCULO 19 F (ou 20 I)
I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA :
DESCRIÇÃO : A tulha é responsável pelo processo final de secagem, separação e empacotamento do café. Construída com pedras, tijolos e madeira, esta edificação é a mais
importante histórica e arquitetonicamente do conjunto e apresenta, com extrema dignidade, as marcas do tempo em que vem acompanhando a evolução da Fazenda Lageado,
desde o final do século XIX. Internamente, possui silos capazes de estocar enorme quantidade de café, além de primorosos equipamentos em madeira da década de 1930,
considerados entre as mais avançadas tecnologias mundiais para separação e empacotamento de café da época
aos
terreiros
localizados
em
frente
à
edificação
,
através
de
uma
passarela
.
Da
fachada
norte
avista se
o
paiol
e
da
fachada
oeste
,
o
moinho
e a serraria/ferraria. As ruas que circundam a edificação são pavimentadas.
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
A B B B C B IPAC
O ÇÃO S
O ÇÃO O OS
cons
id
era
d
os en
t
re as ma
i
s avança
d
as
t
ecno
l
og
i
as mun
di
a
i
s para separaç
ã
o e empaco
t
amen
t
o
d
e ca
fé d
a
é
poca.
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
220
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Sistema Construtivo e Materiais: Embasamento
em pedras aparelhadas, vedaçao em alvenaria de
tijolos e divisões internas em madeira. Cobertura em
telhas cerâmicas e uma parte em telhas metálicas.
O edifício de planta retangular é dividido em 3
pavimentos. Sua cobertura divide-se em três partes
distintas, com as laterais apresentando beiral com
cimalha de tijolos trabalhada. A estrutura em tesoura
sobre
os
silos
possui
um
sistema
de
travamento
Histórico Arquitetônico:
Restaurações e Intervenções Realizadas :
Entre 1978 e 1980- ponte de acesso do terreiro inferior à
tulha é refeita, mantendo os trilhos originais das vagonetas.
sobre
os
silos
poss
u
i
u
m
sistema
de
tra
v
amento
pentagonal possibilitando a passagem de uma ponte
sobre os mesmos, que originalmente possuía trilhos
na passagem da vagoneta de distribuição do café.
As aberturas são em arco abatido, arco pleno e
verga-reta; os caixilhos predominantemente em
2005- guarda-corpo da ponte de acesso é refeito.
RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA:
Restauro
completo
Verificação
de
telhado
e
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
inte
g
rados : Va
g
onetas
,
trilhos das va
g
onetas
,
Silos de
g;
p
madeira, pintados de azul com exceção à entrada
dos silo que é metálica.
UTILIZAÇÃO PROPOSTA: Centro de ciências e
Museu
2007 - desmontagem de intervenções internas em madeira
e limpeza geral
Restauro
completo
.
Verificação
de
telhado
e
estrutura. Recuperação de estrutura do telhado.
Restauro de esquadrias, bens móveis e integrados.
integrados
:
Vagonetas
,
trilhos
das
vagonetas
,
Silos
de
armazenamento em madeira, equipamentos de
empacotamento de grãos, equipamento motriz.
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS: função original agregada
à função museológica
Museu
Á
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Elevação Leste; 2- Elevação Norte e Oeste; 3- Ponte de acesso aos silos.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
221
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 02
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 02
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO
DENOMINAÇÃO: CASA GRANDE
CADASTRO IMOBILIÁRIO
BRASIL
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : Sua implantação privilegiada impõe dois andares, sendo o inferior utilizado como depósito e garagem,sem
ligação
direta
com
a
casa,
e
o
superior
dando
acesso
ao
terreiro.
Da
elevação
oeste
avista
-
se
o
paiol.
As
ruas
que
circundam
a
edificação
UTILIZAÇAO ATUAL : Museu do Café (5
salas) e FEPAF (5 salas)
ÉPOCA : SÉCULO 19 F
I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA :
668,10 m²
DESCRIÇÃO : A Casa Grande, apesar de imponente, nunca serviu de morada para os donos da Fazenda. Durante o período de Estação Experimental, foi
subdividida internamente em 3 casas, descaracterizando-a bastante internamente. Os vidros colocados externamente à janela são de período posterior
ligação
direta
com
a
casa
,
e
o
superior
dando
acesso
ao
terreiro
.
Da
elevação
oeste
avista-se
o
paiol
.
As
ruas
que
circundam
a
edificação
são pavimentadas
)()
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
A A A A B A IPAC
O ÇÃO S
O ÇÃO O OS
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Sistema Construtivo e Materiais:
Baldrame em pedra;
terraço em concreto; paredes em alvenaria de tijolos,
originalmente rebocada com pintura em caiação; cobertura
em telha francesa.
Edifício apresenta planta em "L" recoberta por
telhado de dez águas, contando com o anexo. A
Casa possui varanda em concreto que substituiu a
original em madeira. Destaque para os lambrequins
em
madeira
e
guarda corpo
no
terraço
Forro
em
Histórico Arquitetônico: Construída para servir de
moradia aos administradores da Fazenda, foi
subdividida em 3 residências durante o período da
Estação Experimental, o que acabou por
descaracterizar
bastante
a
edificação
A
varanda
Restaurações e Intervenções Realizadas :
1934- adaptada para acolher três famílias pertencentes à
fazenda experimental. Cria-se também volume externo no
fundo da casa.
1972- Mais uma vez as divisões internas são modificadas,
em
madeira
e
g
u
arda
-
corpo
no
terraço
.
Forro
em
madeira com piso de tabuado e caixilharia com
estrutura em madeira. Seu fechamento é em folha
interna de abrir dupla e vidro externo tipo guilhotina;
No andar inferior, portas de madeira dupla, de abrir
para fora.
d
escarac
t
er
i
zar
b
as
t
an
t
eae
difi
caç
ã
o.
A
varan
d
a
original em madeira foi trocada pela atual em
concreto, com o gradil sendo desenvolvido a partir do
original em madeira.
1978-79- troca do assoalho
UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
Museu do Café
Recuperação
de
características
internas
originais
para atender à nova realidade imposta pela implantação da
universidade.
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
inte
g
rados:
p
arte do forro ori
g
inal
,
móveis e e
q
ui
p
amentos
p
Museu do Café
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
Recuperação
de
características
internas
originais
(divisões internas, rodapés, etc). Verificação de
estrutura (rachaduras grandes no interior).
integrados:
parte
do
forro
original
,
móveis
e
equipamentos
da época da Fazenda Experimental.
Á
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Elevação Leste; 2- Elevação Oeste; 3- Varanda.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTE
Ç
ÃO DO ACERVO CULTURA
L
MONUMENTO
BTU
-
FLG 03
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 03
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO
CADASTRO IMOBILIÁRIO
BRASIL
DENOMINAÇÃO: DIRETORIA DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : Edificação construída para sediar a Diretoria da Estação Experimental, motivo de conscurso
vencido pelo arquiteto italiano A. Murgel.
Sua implantação na encosta oeste à área de interesse, proporciona uma das melhores visões
UTILIZAÇAO ATUAL : Departamentro da
FMVZ (Faculdade de Medicina
Vt i Z t i)
ÉPOCA : SÉCULO 20 I I - INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA :
p
q
g
,
pp
por situar-se em nível mais elevado em relação ao conjunto. Seu terreno é relativamente plano e a via de acesso ao edifício é pavimentada.
DESCRIÇÃO : A Diretoria da FCCE é uma das raras edificações que mantém boa parte de suas características originais, como o piso do salão de entrada e o vitral com motivo
de café. Apresenta beiral em concreto nas extremidades arredondadas e marquise em concreto com vigas invertidas na entrada frontal, acessada po uma escadaria em mármore
branco
As
3
portas
que
compóe
a
entrada
são
em
ferro
trabalhado
com
gradil
de
segurança
retrátil
que
quando
aberto
fica
totalmente
imbutido
na
parede
As
esquadrias
externas
Veterinária e Zootecnia)
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
A B B A B A IPAC
branco
.
As
3
portas
que
compóe
a
entrada
são
em
ferro
trabalhado
com
gradil
de
segurança
retrátil
,
que
quando
aberto
,
fica
totalmente
imbutido
na
parede
.
As
esquadrias
externas
frontais são inclinadas e bastante características.
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias,
para correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico:
1936- o arquiteto italiano A. Murgel vence o concurso para
projeto da Diretoria da Estação Experimental
Sistema Construtivo e Materiais: Vedação externa
externa em alvenaria estrutural de tijolo, com acabamento
externo com reboco em cimento e areia, sem pintura.
Cobertura em laje impermeabilizada coberta com telhas
metálicas escondida
p
or
p
altibanda.
Restaurações e Intervenções Realizadas :
metálicas escondida por paltibanda
.
Entre 1978 e 1980- a sede da diretoria da FCCE passa a
abrigar um departamento da FMVZ, interferindo nas
divisões internas em alvenaria de tijolos.
UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIACARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
inte
g
rados: vitral com motivo de café e móveis da
Restauro
completo
Verificação
de
estrutura
e
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
integrados:
vitral
com
motivo
de
café
e
móveis
da
recepção.
Restauro
completo
.
Verificação
de
estrutura
e
telhado. Restauro de esquadrias e pisos originais.
Manutenção de Vitral.
Á
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
FOTOS:
1- Vista Sudeste; 2- Elevação Leste, entrada principal; 3- Vista geral do conjunto de interesse a partir da
Diretoria.
222
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO BTU - FLG 04
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO
CADASTRO IMOBILIÁRIO
ÉPOCA : SÉCULO 20 I I - INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA :
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
A A A A B A IPAC
PROTEÇÃO EXISTENTE :
NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
UTILIZAÇAO ATUAL : Pavimento
Superior:Anfiteatro (salão); Pavimento Inferior:
Serviços Gerais (salão) e salas vazias.
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto,com apoio da
FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DENOMINAÇÃO: SEDE SOCIAL A.C.LAGEADO
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : Edificação contígua à tulha, sua implantação a coloca em local de destaque no conjunto.
DESCRIÇÃO : Edificação construída para uso múltiplo, foi utilizada como escola e também foi sede do Atlético Clube Lageado, local de encontro dos moradores das colônias ali
existentes.O destaque desta edificação de dois andares está no Salão de Baile, no andar superior, que conserva o piso e forro de madeira trabalhados originais. As aberturas são em
verga-reta com caixilharia em madeira original. Atualmente é parte do Centro de Ciências, abrigando a Experimentoteca.
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico:
Edificação era utilizada como Sede Social do A.C.
lageado, clube formado pelos funcionários da
Estação Experimental. Sofreu algumas adequações,
principalmente
no
andar
inferior
para
funcionar
como
Sistema Construtivo e Materiais: Baldrame em pedra,
terraço em concreto; parede em alvenaria de tijolos
pintadas e rebocadas e cobertura com telha francesa e
estrutura em madeira.
Edificação avarandada recoberta por telhado de 4
águas com telha francesa; masarda da entrada em 2
águas e lambrequins em madeira. Destaque para o
guarda-corpo da varanda. As aberturas são em
verga reta
com
caixilharia
em
madeira
Forro
em
Restaurações e Intervenções Realizadas :
pr
i
nc
i
pa
l
men
t
enoan
d
ar
i
n
f
er
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or, para
f
unc
i
onar como
Escola.
v
erga
-
reta
com
cai
x
ilharia
em
madeira
.
Forro
em
madeira trabalhada no salão e no hall de entrada.
No restante da casa apresenta forro simples em
madeira. Piso de tabuado, trabalhado no pavimento
superior e de concreto no pavimento inferior.
UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
Centro de Ciências
Revisão
da
cobertura
restauro
de
algumas
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
inte
g
rados:
p
iso e forro trabalhados.
Centro de Ciências
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
Revisão
da
cobertura
,
restauro
de
algumas
esquadrias do salão superior e todo o andar inferior,
com esquadrias.
integrados: piso e forro trabalhados
.
Á
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Elevação Leste; 2- Elevação Oeste, composição com tulha; 3- Detalhe piso trabalhado do anfiteatro.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 05
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 05
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO
DENOMINAÇÃO: MOINHO
CADASTRO IMOBILIÁRIO
BRASIL
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : A edificação faz parte do conjunto com a serraria e a ferraria. UTILIZAÇAO ATUAL : Museu
ÉPOCA : SÉCULO 19 F
I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL ÁREA CONSTRUIDA :
DESCRIÇÃO : Moinho ou casa de beneficiamento de grãos, constituído por pavimento térreo e porão com uma abertura arredondada para entrada de
equipamento força motriz em roda d`água, aproveitando o desnível do terreno. A caixilharia varia conforme a fachada em quem está inserida; a oeste, verga e
contra-verga retas. Na fachada leste, verga em arco pleno. No térreo, piso de tabuado e no porão, piso de tijoleira, assentado para facilitar a visitação
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPAC
O ÇÃO S
O ÇÃO O OS
museológica.
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais: Baldrame em
pedra e parede de alvenaria de tijolos que possuem
sistema de travamento em cabos; cobertura em telha
francesa posteriormente substituída por telha capa-
canal e estruturada em tesouras simples de madeira
Restaurações e Intervenções Realizadas :
canal e estruturada em tesouras simples de madeira
.
2004 : é reformado através de recursos patrocinados
pelo BANESPA.
UTILIZAÇÃO PROPOSTA : RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA :
Restauro do equipamento motriz
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
integrados:
pedra
-
(restaurada)
e
parte
do
equipamento
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS :
R
es
t
auro
d
o equ
i
pamen
t
o mo
t
r
i
z.
integrados:
pedra
-
(restaurada)
e
parte
do
equipamento
motriz.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
PERIGOS
POTENCIAIS
Dtiã
d
BIBLIOGRAFIA B
Á
SICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Vista Noroeste; 2- Vista Nordeste; 3- Detalhe da pintura sobre as pedras do embasamento (reforma em
2004); 4- Porão: abertura para a entrada do equipamento da força motriz em roda d`água.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
223
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 06
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 06
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇÃO: SERRARIA - FERRARIA
CADASTRO IMOBILIÁRIO
BRASIL
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : A edificação faz parte do conjunto com o moinho.
UTILIZAÇAO ATUAL : Serraria e
de
p
ósito
ÉPOCA : SÉCULO 19 F
I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA : 506,05m²
DESCRIÇÃO : Na serraria, piso de terra batida na parte inferior e tabuão no mazanino; na ferraria, piso de concreto. Apresentam fechamento frontal em grades de
madeira e janelas com fechamento em folha interna de abrir simples. Algumas pequenas aberturas laterais apresentam gtade de ferro fundido trabalhado. Na
cobertura, telhas capa e canal e telhas metálicas.
depósito
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPAC
O ÇÃO S
O ÇÃO O OS
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais: Baldrame em
pedra, alvenaria em tijolos de variável espessura e
grandes tesouras de material revitalizado quem
vencem o vão todo apoiadas sobre as grossas
paredes laterais
Restaurações e Intervenções Realizadas :
pare
d
es
l
a
t
era
i
s.
2004 - Na reforma, patrocinada pelo BANESPA, recebe
telhas novas, acabamento e pintura látex. Não houve
prospecções para coloração ou tipo de pintura e reboco.
UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
Restauro completo da Ferraria
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
inte
g
rados: e
q
ui
p
amentos de serraria com en
g
rena
g
ens
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
Restauro completo da Ferraria
.
integrados:
equipamentos
de
serraria
com
engrenagens
de madeira e equipamentos de corte originais das
décadas de 30 e 40, materiais de trabalho da ferraria.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Elevação oeste: serraria e ferraria; 2- Antes da reforma, tipologias diversas de telhas existentes indicam
fases de construção; 3- Forno externo em ruínas; 4- Detalhe da serra.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO BTU - FLG 07
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇÃO: TERREIROS CADASTRO IMOBILIÁRIO
ÉPOCA : SÉCULO 19 F I - INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA : mais de 15 mil m²
ESTADO DE A SATISFATÓRIO ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPA
C
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto,com apoio da
FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
UTILIZAÇAO ATUAL :
Área de Lazer e
contemplação. Raras vezes, o terreiro
superior é utilizado para secagem de
café.
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : Terreiros situados a sul da Casa Grande e a leste da Tulha, sendo este ligado por uma passarela. É o
equipamento de maior interesse para as fazendas cafeeiras, e reitera a grandiosidade e importância da Fazenda Lageado no
desenvolvimento da região.
DESCRIÇÃO : Parte fundamental no processo de beneficiamento do café, além de ser um dos mais conhecidos elementos do período cafeeiro. Utilizado principalmente na secagem dos grãos, foi construído em “terra batida”
e, no início do século XX, coberto com “tijoleira”. Os círculos em cimento encontrados no piso delimitam os locais onde o café era amontoado e coberto durante a noite, após os trabalhos diários de secagem. Paralelamente à
evolução da Fazenda, inúmeras intervenções acompanharam a passagem dos terreiros por estes períodos, como as diferentes metodologias construtivas presentes nos muros de arrimo entre os três níveis dos terreiros (parte com
pedra de junta seca, parte com pedra aparelhada, mais uniforme). Além disto, algumas edificações foram sendo construídas sobre o próprio terreiro, como o galpão de beneficiamento no segundo nível e o grande galpão do piso
superior, diminuindo expressivamente sua área utilizável, indicando uma mudança drástica em seu uso original, principalmente após a década de 1940.
DADOS COMPLEMENTARES
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Restaurações e Intervenções Realizadas :
Década de 90- implantaçãode edificaçõesde grande porte.
UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
Restauro de piso e de sistema drenante. Verificação de
arrimos. Retirada de vegetação em arrimo inferior.
Sistema Construtivo e Materiais :
Arrimo em pedra,
sendo parte em junta seca, e parte aparelhada. Piso tijoleira
em fieiras paralelas.Parte, atrás da Casa Grande, é de lajeado.
Originalmente,parte do terreiro era em terra batida. Círculos de
armazenamento de café em cimento.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização da área
por falta de amparo legal.
FOTOS:
1- Vista aérea geral dos Terreiros, com tulha e casa de colonos ao fundo ; 2- Terreiro inferior, visto a partir da
Casa Grande.
Década 40 e 50
- implantação de importantes construções sobre
os terreiros.
Entre 1978 e 1980
- restauraçãodos terreiros, principalmentenos
muros de arrimo.
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
integrados: Círculos de armazenamento noturno de café,
Tulhas Intermediárias; Galpão de Beneficiamento;Sistema
de pré-separação de café; Galpão de grande porte e
silos de armazenamentos de grãos.
O terreiro distribui-se em três níveis, aproveitando o
desnível do terreno, sendo dois terreiros grandes e
um intermediário de pequeno porte. No terreiro
superior encontra-se um conjunto de aqueduto
implantado no muro de contenção, além de um
grande Galpão para armazenamento de materiais e
equipamentos de grande porte, incluindo um
conjunto de silos de armazenamento de grãos,
semelhantes ao funcionamento da tulha. E no
terreiro intermediário um galpão de beneficiamento
de grãos.
Histórico Arquitetônico:
224
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 08
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 08
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇÃO: HOSPEDARIA
CADASTRO IMOBILIÁRIO
BRASIL
UTILIZAÇAO ATUAL : Incubadora de
Empresas de Base Tecnológica
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : Hospedaria situada a sul da área de interesse histórico. Tem a oeste um lago artificial, local de lazer e
contem
p
la
ç
ão
,
e ao alto a diretoria da FCCE.
ÉPOCA : SÉCULO 20 M
I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA : 1080,44 m²
Empresas de Base Tecnológica
contemplação
,
e ao alto a diretoria da FCCE
.
DESCRIÇÃO : A HOSPEDARIA foi originalmente construída para abrigar os visitantes da Estação Experimental Federal, projetada no final da década de 1930
pelo arquiteto italiano A. Murgel, mesmo autor do prédio da Diretoria da Estação Experimental. Embora externamente apresente boa parte das características
originais, internamente já foi bastante modificada nas reformas para abrigar o departamento de Ciências dos Solos (1978), e a Incubadora de Empresas de Base
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPAC
O ÇÃO S
O ÇÃO O OS
Tecnológica (2005).
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Sistema Construtivo e Materiais :
Principal elemento
é a alvenaria de tijolo, rebocada em cimento e pintada de
branco, com lajes intermediárias em concreto armado.
Estrutura da cobertura em tesouras de madeira, com total
de 15 águas, cobertas em telhas cerâmicas, tipo francesa.
Edifício de 2 pavimentos com calçamento
envoltório cimentado e janelas em ferro pintado e
vidro. Porta de entrada em ferro trabalhado,
desenho com motivo animal, (uma cabeça de boi ou
búfalo
estilizada)
com
vedação
interna
em
vidro
Sua
Histórico Arquitetônico:
Restaurações e Intervenções Realizadas :
de 15 águas
,
cobertas em telhas cerâmicas
,
tipo francesa
.
Entre 1978 e 1980– a hospedaria passa a receber o
Departamento de Ciências dos Solos, causando
modificações nas divisões internas.
búfalo
estili
z
ada)
com
v
edação
interna
em
v
idro
.
S
u
a
implantação em cruz coberta por 12 águas de telhas
cerâmicas e volume térreo dos fundos (elevação
oeste) por 3 águas.
UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
Ad ã
d
il
Rti d
d
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
integrados: nenhum
2005- Edificação sofreu significativa intervenção para
abrigar a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica.
Mudança da entrada para os fundos da edificação.
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
Adequação da comunicação visual. Retirada de
placa apoiada na marquise frontal (foto 02).
i
n
t
egra
d
os: nen
h
um
Á
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Elevação Oeste - Lago artificial, área de lazer e contemplação ; 2- Elevação leste com painel de
identificação cobrindo o pórtico de entrada; 3- Porta de Entrada em ferro trabalhado
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO BTU - FLG 09
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇ
Ã
O : FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇ
Ã
O : DESPOLPADOR
CADASTRO IMOBILIÁRIO
UTILIZAÇAO ATUAL : Nenhuma
ÉPOCA : SÉCULO 19 F ou 20 I I - INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA : 459 m²
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
C C C B C
C IPAC
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, par
a
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : Encontra-se a leste e em nível superior em relação aos terreiros. Possibilita vista para o conjunto de interesse
histórico. Circundada por área verde e o acesso é feito somente por pedestres.
DESCRIÇÃO : A edificação é parte de conjunto existente no início do processo de beneficiamento do café. Externamente, o conjunto conta com tanques de lavagem e
encaminhamento dos grãos para a edificação. Internamente, as bases e canaletas em alvenaria de tijolos servem também de apoio aos maquinários em ferro. A força-
motriz inicial era a roda d'água, posteriormente substituida por motor movido a energia elétrica, gerada pela Pequena Central Hidrelétrica (PCH) implantada dentro da
Própria Fazenda. Grande parte do maquinário e de suas peças ainda encontram-se no local, assim como diversas partes do sistema de propulsão, como as canaletas e o
encaixe da roda d'água.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
DADOS COMPLEMENTARES
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Edificação com paredes de alvenaria de tijolos na
elevação norte e parte da oeste e o restante em
madeira. Possui encaixe e canaleta para roda
d'água, tanques e equipamentos para o processo de
beneficiamentodo café em seu exterior e interior
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais: tanques em
alvenaria de tijolos cobertos com cimento, com comportas
em ferro fundido. Paredes em alvenaria de tijolos e
madeira. Grade de madeira sobre parede na fachada
oeste. Piso cimentado.
b
ene
fi
c
i
amen
t
o
d
o ca
em seu ex
t
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i
n
t
er
i
or.
Cobertura em duas águas e piso cimentado. Grade
de madeira sobre a parede na fachada norte e
aberturas na fachada oeste.
Restaurações e Intervenções Realizadas :
oeste
.
Piso cimentado
.
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móveis e
integrados:
tanques
comportas
em
ferro
fundido
e
RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA: Estrutura da
edificação e bens moveis e integrados
UTILIZAÇÃO PROPOSTA: beneficiamento de café
(função original)
integrados:
tanques
,
comportas
em
ferro
fundido
e
equipamentos de lavagem e despolpamento de café.
edificação e bens moveis e integrados
.
(função original)
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS: função original e
museológica
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR: Arq. Guilherme Michelin
DATA:
19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Elevação Norte; 2- Tanque e comportas em ferro fundido; 3- Vista interna de equipamentos
PERIGOS POTENCIAIS : Desmoronamento da
edificação e roubo de peças. Descaracterização do
conjunto pela construção de edificações próximas
225
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 10
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 10
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇÃO: PAIOL
CADASTRO IMOBILIÁRIO
UTILIZAÇAO ATUAL : Depósito
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA : Construção circundada por área verde com via de acesso pavimentada. Da fachada sul avista-se o moinho
BRASIL
ÉPOCA : SÉCULO 20 M I - INÍCIO M - MEADOS F - FINAL
ÁREA CONSTRUIDA :
Ç
à direita e a tulha à esquerda. A leste encontra-se a Casa Grande.
DESCRIÇÃO : Projetada e construída na segunda metade da década de 1930, no período da Estação Experimental Federal, o PAIOL tinha a função primária de
armazenamento de grãos. Durante todos estes anos, a edificação sofreu pequenas reformas para adequação de uso e conservação, não apresentando, com
isso
m danças
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significati as
Interessante
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as
abas
de
concreto
projetadas
para
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o
acesso
de
animais
ao
interior
principalmente
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
BBA
BC
B IPA
C
i
sso, mu
d
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i
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cat
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vas.
I
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d
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i
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i
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i
pa
l
mente
roedores, que normalmente invadiam os paióis pelas frestas do piso.
C
RUIM
BBA
BC
B
IPAC
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais:
Fundação em pedra
e tijolos, com aba em concreto. Paredes, piso e caixilharia
em madeira simples. Cobertura com estrutura em madeira
simples. Paiol superior com pendural e telhas francesas.
Construções com plantas livres e poucas aberturas devido
às suas funções.
Restaurações e Intervenções Realizadas :
Década de1950- Paiol superior reconstruído após incêndio.
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Nenhuma UTILIZAÇÃO PROPOSTA: armazenamento de grãos
(função original)
RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA: Abas de concreto
da fundação e escadas de acesso.
(função original)
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS: função original e
museológica
da fundação e escadas de acesso
.
Á
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Paiol inferior e anexo ; 2- Paiol superior; 3- Vista do piso elevado no paiol superior.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 11
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 11
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇÃO: ARCOS (aquedutos)
CADASTRO IMOBILIÁRIO
BRASIL
UTILIZAÇAO ATUAL : Nenhuma
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA :
Arcos (aquedutos) encontra-se no terreiro superior.
ÉPOCA : SÉCULO 19 F I - INÍCIO M - MEADOS F - FINAL ÁREA CONSTRUIDA :
DESCRIÇÃO :
Os arcos formam o muro de arrimo e são o sistema primário de separação do café. Eles decrescem a partir do centro para as laterais, constituindo um
interessante sistema de engenharia.
Sobre os arcos existem canaletas de água e diferentes saída de café.
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPAC
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MAC
K
DATA :
j
unho/200
7
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
COMPILADA POR : Mosaico MACK
DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias,
para correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico:
Restaurações e Intervenções Realizadas :
UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Terreiro Superior, com aqueduto implantado no muro de contenção; 2- Aqueduto sobreposto ao muro de
arrimo – Terreiro superior; 3- Detalhe aqueduto - canaleta e saída de café.
Sistema Construtivo e Materiais: aquedutos em
alvenaria de tijolos e de pedra. Canaletas de água no topo
em tijolo, revestidas em cimento.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização por falta
de amparo legal.
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS :
Limpeza completa, restauro de canaletas e das
comportas.
226
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 12
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 12
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO
DENOMINAÇÃO: TULHAS INTERMEDI
Á
RIAS
CADASTRO IMOBILIÁRIO
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA :
As tulhas intemediárias situam-se entre o terreiro superior e o intermediário e entre o superior e o inferior.
BRASIL
UTILIZAÇAO ATUAL : Depósito
ÉPOCA : SÉCULO 19 F
I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL ÁREA CONSTRUIDA :
DESCRIÇÃO : Tulhas Intermediárias apresentam planta quadrada recobertas por telhado de quatro águas. Servem para pré-armazenamento e transporte vertical
de grãos realizado por um funil de armazenamento. Uma das tulhas liga o terreiro superior ao inferior por uma passarela, ... e a outra, liga o terreiro superior ao
intermadiário ...
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPAC
O ÇÃO S
O ÇÃO O OS
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais:
Restaurações e Intervenções Realizadas :
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
Limpeza
completa
restauro
de
telhado
esquadrias
e
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
Limpeza
completa
,
restauro
de
telhado
,
esquadrias
e
da ponte de acesso.
Á
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Tulha Intermediária; 2- Tulha Intermediária Pequena.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 13
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 13
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO
DENOMINAÇÃO: GALPÃO DE BENEFICIAMENTO
CADASTRO IMOBILIÁRIO
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA :
O galpão de beneficiamento situa-se no terreiro intermediário.
BRASIL
UTILIZAÇAO ATUAL :
ÉPOCA : SÉCULO 19 F
I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL ÁREA CONSTRUIDA :
DESCRIÇÃO : Galpão de Beneficiamento com equipamentos da década de 1930/40. Face leste construída no muro de arrimo entre o terreiro superior e
intemediário com aberturas e pilares em alvenaria de tijolos. A face oposta (oeste) com fechamento em madeira a x metros
do solo. As outras duas face
encontram-se totalmente abertas. Cobertura metálica em duas águas.
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPAC
O ÇÃO S
O ÇÃO O OS
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
Ó
Ó
É
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico:
Implantado quando estação experimental.
Sistema Construtivo e Materiais: Fechamento em
madeira e pilares de alvenaria de tijolos na face leste.
Cobertura metálica com tesouras em madeira. Piso em
tijoleira contíguo ao do terreiro.
Restaurações e Intervenções Realizadas :
UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
Restauro
do
telhado
verificação
de
estrutura
e
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : Bens móvies
inte
g
rados: e
q
ui
p
amentos das décadas de 1930 e 1940.
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
Restauro
do
telhado
,
verificação
de
estrutura
e
restauro dos maquinários (bens integrados).
integrados: equipamentos das décadas de 1930 e 1940
.
Á
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
FOTOS:
1- Galpão de Beneficiamento – vista externa ; 2- Galpão de Beneficiamento – vista interna.
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
227
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU - FLG 14
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO
BTU
-
FLG 14
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU
DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO
DENOMINAÇÃO: GALPÃO SUPERIOR
CADASTRO IMOBILIÁRIO
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA :
O galpão superior situa-se no terreiro superior, tendo a norte os silos de armazenamento de grãos.
BRASIL
UTILIZAÇAO ATUAL : Depósito
ÉPOCA : SÉCULO 20 M
I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL ÁREA CONSTRUIDA :
DESCRIÇÃO :
Galpão para armazenamento de materiais e equipamentos de grande porte, incluindo um conjunto de silos de armazenamento de grãos. Possui conjunto de salas
na parte frontal da edificação.
ESTADO DE A SATISFATÓRIO
ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E
GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE
PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS
SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPAC
O ÇÃO S
O ÇÃO O OS
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto, com apoio
da FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais:
Restaurações e Intervenções Realizadas :
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/2008
FOTOS:
1- Galpão do terreiro superior ;
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
Verificação de estrutura e telhados. Restauro
completo dos silos de armazenamento.
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO BTU - FLG 15
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇÃO: COLÔNIA (HOSPEDARIA) CADASTRO IMOBILIÁRIO
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA :
UTILIZAÇAO ATUAL : moradia
ÉPOCA : SÉCULO 19 F I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL ÁREA CONSTRUIDA :
ESTADO DE A
SATISFATÓRIO ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPA
C
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
DESCRIÇÃO :
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto,com apoio da
FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais:
Restaurações e Intervenções Realizadas :
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
moradia
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
moradia
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/200
8
FOTOS: 1- Primeira casa ; 2- Fundos primeira casa; 3- Casa central
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
Restauro de características originais
Troca de telhado original em telha capa e canal, por telha
francesa. Acréscimo de volumes nos fundos,
normalmente sanitário e cozinha. Troca de paredes
internas originais em taipa por alvenaria de tijolos.
Paredes externas em alvenaria de tijolos, telhado de duas
águas em telha cerâmica, varanda frontal. Internamente
paredes divisórias em taipa de mão.
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
Pode ser visualizada a partir do Prédio dadiretoria da
Estação Experimental. Acesso fácil.
Residências unifamiliares.
228
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO BTU - FLG 16
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇÃO: COLÔNIA DO BREJO CADASTRO IMOBILIÁRIO
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA :
UTILIZAÇAO ATUAL : moradia
ÉPOCA : SÉCULO 19 F I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL ÁREA CONSTRUIDA :
DESCRIÇÃO :
ESTADO DE A
SATISFATÓRIO ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPA
C
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto,com apoio da
FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais:
Restaurações e Intervenções Realizadas :
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
moradia
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
moradia
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/200
8
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
Residências unifamiliares, com recuo entre elas.
FOTOS:
1- casa ; 2- Fundos primeira casa;
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
Restauro de características originais
Paredes externas em alvenaria de tijolos, telhado de duas
águas em telha cerâmica, varanda frontal. Internamente
paredes divisórias em taipa de mão.
Troca de telhado original em telha capa e canal, por telha
francesa. Acréscimo de volumes nos fundos,
normalmente sanitário e cozinha. Troca de paredes
internas originais em taipa por alvenaria de tijolos.
Está situada no aclive defronte ao conjunto principal
(tulha e terreiros).
IPAC
CATEGORIA: IPAC Nº :
INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL
MONUMENTO BTU - FLG 17
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
REGIÃO
: SUDESTE ESTADO : SÃO PAULO MUNICÍPIO : BOTUCATU DISTRITO :
LOCALIZAÇÃO :
FAZENDA LAGEADO DENOMINAÇÃO: COLÔNIA SEIS CASAS CADASTRO IMOBILIÁRIO
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA :
UTILIZAÇAO ATUAL : moradia
ÉPOCA : SÉCULO 19 F I -
INÍCIO M - MEADOS F - FINAL ÁREA CONSTRUIDA :
DESCRIÇÃO :
ESTADO DE A
SATISFATÓRIO ESTRUTURA ELEMENTOS INSTALAÇÕES E GRAU DE
CONSERVAÇÃO B
MEDÍOCRE PORTANTE SECUNDÁRIOS COBERTURA INTERIOR SERVIÇOS SALUBRIDADE PROTEÇÃO
C
RUIM
IPA
C
PROTEÇÃO EXISTENTE : NENHUMA PROTEÇÃO PROPOSTA : TOMBAMENTO ESTADUAL
COMPILADA POR : Mosaico MACK DATA : junho/2007
CONFERIDA POR : Arq. G. Michelin DATA : junho/2007
REVISTA POR : Arq. G. Michelin DATA : novembro/2007
REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
OBSERVAÇÕES : As informações aqui contidas foram obtidas em estudos pessoais do arquiteto,com apoio da
FCA e FEPAF, através de levantamentos in loco e de documentação existente na Fazenda Lageado e
CONDEPHAAT. Trata-se de um trabalho inicial, portanto Indica-se um aprofundamento em fontes primárias, para
correto desenvolvimento do material e posterior autenticação.
DADOS COMPLEMENTARES
DADOS TIPOLÓGICOS DADOS CRONOLÓGICOS DADOS TÉCNICOS
Histórico Arquitetônico: Sistema Construtivo e Materiais:
Restaurações e Intervenções Realizadas :
CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS : UTILIZAÇÃO PROPOSTA RESTAURAÇÃO NECESSÁRIA
moradia
UTILIZAÇÕES POSSÍVEIS
moradia
BIBLIOGRAFIA BÁSICA :
REINSPECIONADO POR:Arq. Guilherme Michelin
DATA: 19/02/200
8
FOTOS: 1- Terceira casa ; 2- Primeira casa; 3- Vazio da edificação demolida
PERIGOS POTENCIAIS : Descaracterização do
edifício por falta de amparo legal.
Restauro de características originais
Paredes externas em alvenaria de tijolos, telhado de duas
águas em telha cerâmica, varanda frontal. Internamente
paredes divisórias em taipa de mão.
Troca de telhado original em telha capa e canal, por telha
francesa. Acréscimo de volumes nos fundos,
normalmente sanitário e cozinha. Troca de paredes
internas originais em taipa por alvenaria de tijolos. Uma
das residências foi demolida por apresentar risco de
desmoronamento.
DADOS JURÍDICOS: Propriedade Federal com concessão de uso Estadual
Possui ampla área defronte ao conjunto, com acesso
direto à área de esporte (campo de futebol do A.C.
Lageado).
Residências unifamiliares, em número de seis, com
recuo entre elas.
229
230
ANEXO02
VISUAISDEINTERESSE
231
232
Figura1FazendaLageado‐Visuaisdeinteresse(EMVERMELHO:VISUAISEMLOCALDEPERMANÊNCIA;EMAMARELO:VISUAISAPARTIRDOSISTEMAVIÁRIO)
233
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
A 01

Pontode
Observação:
ÁreaverdenofinaldaAvenida
CentraldaUniversidade
Descrição: Conjunto Histórico eCuesta Descrição: Cuesta
234
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
A 02

Pontode
Observação:
Sistemaviário
Descrição: Vistadoconjuntohistórico Descrição: VistadaCuesta
235
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
B 01/02

Pontode
Observação:
Sistemaviário
Descrição: Vistadoconjuntodeinteresse Descrição: Vistadoconjuntodeinteresse
236
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
B 06

Índice
remissivo:
Sistemaviário
Descrição: Vistadoconjuntodeinteresse 
237
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
A 03

Pontode
Observação:
DiretoriaE.E.C.C.
Descrição: Hospedaria Descrição: ArquiteturadaProduçãocafeeira
238
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
B 05

Pontode
Observação:
PróximoàDiretoriaEECC
Descrição: Vistadoconjuntodeinteresse
239
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
A 04

Pontode
Observação:
PraçaHospedaria
Descrição: Hospedaria
240
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
B 03

Pontode
Observação:
Sistemaviário
Descrição: Vistadoconjuntodeinteresse
241
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
B 04

Pontode
Observação:
Sistemaviário
Descrição: Vistadoconjuntodeinteresse
242
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
A 05

Pontode
Observação:
LagoCasadebombasecapela
Descrição: VistanoturnaTulhaeEscola
243
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
A 06

Pontode
Observação:
TerreiroSuperior(aquedutos)
Descrição: VistaconjuntohistóricoeVistauniversidade Descriçã o: VistaconjuntohistóricoeVistauniversidade
244
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
A 07

Pontode
Observação:
Caixad’água
Descrição: Vistadauniversidade Descrição:
245
FAZENDALAGEADO‐VISUAISDEINTERESSE
GRUPO VISUAL
A 08

Pontode
Observação:
Mirantepróximoacesso
FazendaEdgardia
Descrição: VistapanorâmicadaCuestadeBotucatu
246
ANEXO03
SISTEMADEÁGUAS
247


EmAzulclaro,oRibeirãoLavapés;Amarelo,edificaçõesquefazempartedoprocesso;Azulescuro,águas
canalizadas(aparentes);Verde(contínuo)águascanalizadassubterráneas;Verde(pontilhado)prováveis
caminhosdaságuas;
(IlustraçãooriginaldesenvolvidaporLuisRibeiro,AgênciaPeagadê,Botucatu/SP.www.peagade.com.br)
248
FAZENDALAGEADOSISTEMASDEÁGUAS Caixasd’água
FICHA
01
Observação:
Caixad’águaemalvenariadetijolos(primeiroperíodo):Aconstruçãodabase,emalvenaria,foi
datadapara1907,conformelevantamentoporarqueomagnetismo.Apartesuperiorcoma
coberturanãoseteminfo rmaçõesexatas.Foiutilizadanosdoisprimeirosperíodosparao
sistemadebeneficiamentodocaféeatualmenteserveaosistemadeirrigaçãodauniversidade.
Caixad’águaemconcreto(segundoperíodo):Edificadaemdataaproxi
madade1939,atravésde
projetodoEngenheirodaEstaçãoExperimentalAfonsoPoyart.
Localização: CaixaD’Água
Descrição: Caixad’águaperíodonafrenteedoperíodoaofundo. Descrição: DetalheCaixaD’Águaperíodo
249
FAZENDALAGEADOSISTEMASDEÁGUAS SistemaLavador/Despolpador
FICHA
02
Observação:
Oconjuntodespolpadorfoiedificadonoperíododefazendacafeeira.Nãosetemaexatadatade
construçãodoslavadoresmaiores,masaprecemnolevantamentotopográficodenovembrode
1934,deformaque ou foramedificadosdurante afazendacafeeira,oulogono primeiro anoda
E.E.C.C.UmadasplantasplantasencontradasnaBibliotecadaFCA,apresentaapenasoslavadores
externosmenores(fig.02).
A casa
do despolpador possui uma das paredes em alvenaria de tijolos, onde se apoiava a roda
d’água.As outras paredessãovedaçãoem madeira, com coberturaemtelhas cerâmicas. Nãose
podeprecisar,também,adatadestesfechamentos.
Os bens integrados originais encontramse em grande parte armazenados dentro da edificação.
Estãodesaparecidos o despolpadora seco (equipamento de beneficiamento) e grandepartedos
bensintegradosreferentesaosistemadeáguas(comportas).
Localização: Despolpador
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Caixadedistribuição.(Foto:SidneyTrovão)
250
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Caixadedistribuição.DetalheComporta(Foto:SidneyTrovão)
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Lavadores
251
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: ConjuntodeLavadores
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Lavadores
252
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: CasadoDespolpador(Encaixerodad’água)
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: CasadoDespolpadoreLavadores
253
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Conjuntodespolpadorecanaletas
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Resquíciossistemadetransmissãodeforças(JogodePolias)
254
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Despolpador Limeira
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Despolpador antigo(emmadeira)
255
Descrição: Planta(desenhoCAD:Mosaico/Mackenzie) Descrição: Lavadores deManobracomsistemadedistribuiçãoporcomportas
256
Figura2STCUsinadeDespolpamento,SeccagemeBenefíciodeCafédeBotucatuSeçãodeDespolpamento.
Fonte:BibliotecaFCA(Obrasraras)
Figura3STCUsinadeDespolpamento,SeccagemeBenefíciodeCafédeBotucatuSeçãodeDespolpamento.
Fonte:BibliotecaFCA(Obrasraras)
257
FAZENDALAGEADOSISTEMASDEÁGUAS Aqueduto
FICHA
03
Observação:
O aqueduto é parte fundamental no sistema de distribuição do café. Após ser lavado e
despolpado, era encaminhado aos terreiros para secagem. O projeto deste sistema prevê uma
préseparação por flotação, através das canaletas edificadas sobre os arcos. O café de pior
qualidade boiava, o de melhor qualidade era mais denso, e vinha no fundo da canaleta. Desta
forma,conformeaaberturadacomporta,retiravaseocaféescolhido.
Localização:
Descrição: Vistapanorâmicadosaquedutosdoterreirosuperior
258
Descrição: Canaletadedistribuição Descrição: Sistemacomcomportaparaextra çãodocafé.Captaçãodeáguanopiso.
Descrição: Carriolaparacaptaçãodocaféedistribuiçãono
terreiro.(Foto:SidneyTrovão)
Descrição: Detalhecarriolaparacaptaçãodocaféedistribuiçãonoterreiro.
259
FAZENDALAGEADOSISTEMASDEÁGUAS Drenagemdosterreiros
FICHA
04
Observação:
O aqueduto é parte fundamental no sistema de distribuição do café. Após ser lavado e
despolpado, era encaminhado aos terreiros para secagem. O projeto deste sistema prevê uma
préseparação por flotação, através das canaletas edificadas sobre os arcos. O café de pior
qualidade boiava, o de melhor qualidade era mais denso, e vinha no fundo da canaleta. Desta
forma,conformeaaberturadacomporta,retiravaseocaféescolhido.
Localização: Sistemadedrenagemdos
terreiros

Descrição: Canaletasemalvenariadetijoloseconcretosobremurodepedra Descrição: Captaçãodeáguanoterreiro
260
Descrição: Sistemadedistribuiçãodeáguaentreosterreiros Descrição: Canaletasdecaptaçãodeáguanoterreiroinferior
Descrição: Vistapanorâmicadoterreiroinferior
261
FAZENDALAGEADOSISTEMASDEÁGUAS
PequenaCentralHidrelétricae
Sistemadeabastecimento
FICHA
05
Observação:
Para instalação da Pequena Central Hidrelétrica, projetada por Afonso Poyart em 1936, foi
criadotodoumsistemadedutosecanaisvisandooseuabastecimentocontínuo.
Aparteedificada em alvenaria de tijolos, ouqueésubterrânea,encontraseaparentemente
embomestado,comexceçãodabarragem,emestadodearruinamento.
Todososequipamentosmetálicosoriginais,comodu
tosebensintegrados,desapareceram.
OequipamentogeradororiginalencontraseaindanaPCH.
Localização:
Sistemadeabastecimentoda
PCH

Descrição: CabeçalhodoprojetodePoyartparaaPCH
262
Descrição: ProvávelsistemadeáguasdaE.E.C.C. Descrição: BarragemnoLavapés.Fonte:Relatório daFCA1977a1980
Descrição: Equipamentogerador.Fonte:RelatóriodaFCA1977a1980 Descrição: VisitadaCaixadedistribuição
263
FAZENDALAGEADOSISTEMASDEÁGUAS Caixadedecantação
FICHA
06
Observação:
ProjetadapeloengenheiroAfonsoPoyartem1939parasanarproblemadaqualidadedaágua
que servia a Pequena Central Hidrelétrica. Construída em alvenaria de tijolos e concreto.
Encontravaseemgrandepartesoterradaecomvegetação.Acomportaeradivididaemduas
partes,umasuperiorparaescoamento de águasexcedenteseoutrainferiorparalimpezada
areiaacumulada.
Pelas plantas encontradas na Biblioteca da FCA, a caixa de decantação faz parte do sistema
construído para captação de água para a PCH, diretamente no Rio Lavapés, somandose à
águaexc
edentedoterreiro.
Aestruturaencontraseembomestado,masosbensintegradosnãoforamencontrados.
Localização:
Decantador

Descrição:
Planta
Descrição: Canaletadecaptaçãodeágua
264
Descrição: Planta Descrição: Detalheencaixecomporta
Descrição: Planta Descrição: SaídadeáguaparadutodaPCH
265
Descrição: Planta Descrição: VistadaCaixa
Descrição: Planta Descrição: Vistaparcialdacaixaedacanaletadedistribuição
266
Descrição: Planta Descrição: Vistadacomportadeescoamentoeli mpeza
Descrição: Planta Descrição: Vistadacanaletadeescoamentoelimpeza
267
FAZENDALAGEADOSISTEMASDEÁGUAS ConjuntoMoinhoeSerraria
FICHA
07
Observação:
O sistema motriz do conjunto Moinho e Serraria inicialmente funcionava através de roda
d’água.
ApósainstalaçãodosistemadeáguasparasupriraPequenaCentralHidrelátrica,foiinstalado
tambémumsistema geradordiretamentenestelocal.Apequenatorreemalvenariadetijolos
comdutometálicoéovestígioexternodestesistema.Ogeradorfuncionavanabase.
um projeto de Afonso Poyart para instalação de um segundo conjunto gerador
na
seqüênciadesteprimeiro,masnãoévisívelsefoiinstalado.
Localização:
Moinho/Serraria

Descrição: VistaexternadoMoinho. Descrição: Antigolo caldarodad’água
268
Descrição: Resquíciodeequipamentodetransmissãodeforçasparao
moinho
Descrição: Moinhointerno‐Pedra
Descrição: Serraria:SistemadetransmissãodeenergiaparaaSerraria,
todoemmadeira.Originalprimeiroperíodo.
Descrição: Serraria:SistemadetransmissãodeenergiaparaaSerra,
todometálico.Provávelsegundoperíodo.
269
FAZENDALAGEADOSISTEMASDEÁGUAS DrenagemE.E.C.C.
FICHA
08
Observação:
Nadécadade1960,foiconstruídoumsistemadedrenagemdeáguaspluviais paraatenderà
estaçãoExperimental.Algumasdastampasdevisitaaindaencontramsevisíveis.
Localização:
Decliveemfrenteàdiretoria
EECC,atéaHospedaria

Descrição: Tampadevisitadosistema.Datadode1962 Descrição: Tampadevisitadosistema.
270
ANEXO04
MAPASDEPRESERVAÇÃODO
PATRIMÔNIOCULTURAL
271
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
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