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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Faculdade de Odontologia
Programa de Pós-graduação em Odontologia
Mestrado em Dentística Restauradora
Resistência de união de pinos intrarradiculares cimentados à
dentina com e sem tratamento com laser de Nd:YAG
Rosana Simões Simon
Orientador: Luiz Henrique Burnett Junior
Porto Alegre
2009
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2
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Faculdade de Odontologia
Programa de Pós-graduação em Odontologia
Mestrado em Dentística Restauradora
Resistência de união de pinos intrarradiculares cimentados à dentina com e sem tratamento
com laser de Nd:YAG
Dissertação apresentada como requisito obrigatório
para obtenção do título de mestre em Dentística
Porto Alegre
2009
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3
Dedicatória
4
À minha mãe, Regina, que esteve do meu lado em todos os
momentos. Obrigada por tuas palavras de carinho, pelo
apoio e por não medir esforços durante toda a minha
criação. Tu és o meu exemplo de vida. Te amo!
5
Agradecimentos especiais
6
Ao Prof. Dr. Luiz Henrique Burnett Junior, por todo o carinho,
sabedoria, empenho, tempo e esforços dedicados ao
longo desses dois anos e, principalmente, pela sua
calma, que me confortou nos momentos mais difíceis.
Muito obrigada pela sua amizade e orientação!
7
Às minhas irmãs, Cristine e Caroline, pela convivência durante
toda a minha vida e, em especial, durante esses dois
anos. Obrigada pela paciência, companheirismo, amor
e carinho. Vocês são muito mais do que amigas, amo
vocês!
Ao meu namorado, Marcelo, que entrou na minha vida durante
essa trajetória. Obrigada por me ouvir, compreender e
apoiar. Sua confiança, respeito e amor me incentivaram
nessa caminhada. Te amo!
Aos meus padrinhos, Carmen e Cláudio, por deixarem as portas
de sua casa abertas para mim e por me receberem com
tanto carinho e aconchego.
À minha tia, Eliane, por me receber com tanto carinho e dedicação
em sua casa e pelas conversas que me distraíram
durante esses dois anos.
Ao meu pai, Sérgio, pelo apoio, incentivo e pelo orgulho que sente
de mim.
Às minhas primas, Gisele e Andréa, pelo apoio e pelos momentos
de descontração em Porto Alegre.
Às minhas avós, por rezarem por mim.
Amo vocês!
8
Às minhas colegas e amigas Paula, Patrícia e Daniela, que me
ensinaram muito ao longo desses dois anos. Muito
obrigada pela companhia em todas as horas, conversas,
e pelos momentos de descontração. Fico muito feliz em
ter tido a oportunidade de conhecê-las!
Às minhas amigas do coração, Patrícia e Michelle, pelas
incansáveis conversas de desabafo e distração. Vocês
são muito especiais para mim.
À Capes, pela bolsa de estudos concedida.
À Profª. Nilza Pereira da Costa, Prof. Dr. Figueiredo e aos
funcionários da secretaria de pós-graduação Ana
Lúcia, Marcos, Carlos e Davenir, pela
disponibilidade, atenção e carinho.
À Profa. Dra. Ana Maria Spohr, que participou da minha
formação durante esses dois anos com dedicação e
conhecimento admiráveis.
Aos professores Eduardo Mota, Hugo Oshima e Ari Tietzmann
pelos momentos agradáveis no laboratório de pesquisa.
9
Aos amigos Guilherme Barbieri, Rhuy Dall Agnol e Marcelo
Baptista pelos bons momentos juntos, pelo carinho e
pela amizade durante esses dois anos.
Aos funcionários da clínica Jaque e Antônio, pelo bom humor e
alegria em nos auxiliar durante as aulas práticas.
Aos colegas do Centro de Microscopia e Microanálises, em
especial ao Maurício e Miriam que participaram, com
muita disposição e bom humor deste trabalho.
Agradeço a todos que, de certa forma, me ajudaram durante esses
dois anos de dedicação e, em especial, a Deus, que com
certeza me acompanhou e me iluminou sempre.
10
RESUMO
Objetivos: Avaliar a resistência de união de pinos de fibra de vidro cimentados à dentina
radicular tratada com laser de Nd:YAG, ácido fosfórico gel a 37% ou com uma solução
experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6), utilizando dois tipos de
cimentos resinosos. Materiais e métodos: Sessenta dentes unirradiculares com morfologia
e comprimentos semelhantes foram submetidos ao tratamento endodôntico tradicional ou
com laser de Nd:YAG, com instrumentação manual. Após, os dentes foram divididos em
seis grupos de acordo com o protocolo de cimentação do pino de fibra de vidro (n=10): G1
–RelyX Unicem; G2laser Nd:YAG + RelyX Unicem; G3 –ácido fosfórico gel a 37%
(AG37%) + RelyX ARC; G4laser Nd:YAG + AG37% + RelyX ARC; G5
condicionamento com solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-
6) + RelyX ARC; e G6laser Nd:YAG + solução experimental (PATENTE solicitada ao
INPI nº PI0903355-6) + RelyX ARC. O laser de Nd:YAG foi irradiado com o seguinte
protocolo: 1064 nm, 60 mJ, 15 Hz, 47,77 mJ/cm
2
durante 1 min. Os dentes com os pinos
cimentados foram armazenados em água destilada a 37ºC por 7 dias. Após esse período, as
raízes foram seccionadas em terços cervical, médio e apical, sendo as fatias submetidas ao
ensaio de resistência de união por push-out. Ainda, seis dentes foram submetidos aos
tratamentos de superfície e levados à microscopia eletrônica de varredura e análise EDS.
Resultados: o grupo da solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-
6) associada ao cimento resinoso RelyX ARC apresentou juntamente com o grupo do laser
de Nd:YAG associado ao cimento RelyX Unicem a maior resistência de união
considerando todos os terços radiculares. Por sua vez, o ácido fosfórico gel associado ao
cimento RelyX ARC apresentou a menor resistência de união juntamente com o grupo do
11
RelyX Unicem. Conclusão: O uso da solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI
nº PI0903355-6) aumentou significativamente a resistência de união do cimento resinoso
RelyX ARC à superfície dentinária do conduto radicular, assim como a irradiação por laser,
de uma maneira geral, também aumentou a resistência de união particularmente nos grupos
G2 e G4.
Palavras-chave: laser; tratamento endodôntico; resistência de união; fibra de vidro.
12
ABSTRACT
Aims: to evaluate the bond strength of fibre-posts luted with two kind of resin cements to
dentin of the root canal treated or not with Nd:YAG laser associated to phosphoric acid.
Materials and methods: Sixty one-root teeth with similar morphology and length were
submitted to the endodontic treatment with manual instrumentation. After, it were divided
into six groups according to the luting protocol of the fibre post (n=10): G1 –RelyX
Unicem; G2 Nd:YAG laser + self-etching luting cement RelyX Unicem; G3 – 37%
phosphoric acid gel (AG37%) + RelyX ARC; G4 Nd:YAG laser + AG37% + RelyX
ARC; G5 – etching with the Experimental Solution (ES): Patent number BRPI0903355-6)
+ RelyX ARC; e G6 Nd:YAG laser + SS solution + RelyX ARC. The Nd:YAG laser
were irradiated with the following protocol: 1064 nm, 60 mJ, 15 Hz and 47.77 mJ/cm
2
, 1
min. Afterwards, the teeth with the luted fibre posts were stored in distilled water at 37ºC
for 1 week. Next, the roots were sectioned in thirds – cervical, medial and apical – being
the slices submitted to the push-out bond strength test. Results: the SS solution group
associated to RelyX ARC presented together with the Nd:YAG laser associated to the
RelyX Unicem the higher bond strength considering all thirds. Notwithstanding, the
phosphoric acid gel associated to the RelyX ARC presented the lower bond strength
together with the Relyx Unicem control group. Conclusion: The use of the ES solution
increased significantly the bond strength of the RelyX Arc to dentin of the root canal.
13
Keywords: laser; endodontic treatment; fibre post; resin cement, phosphoric acid; bond
strength.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Dentes unirradiculares selecionados----------------------------------------------------33
Figura 2. Ilustração do corte no sentido mésio-distal da raiz do dente com o pino
cimentado, gerando fatias do terço cervical, médio e apical com 2 a 2,5mm de espessura-36
Figura 3. Esquema da matriz utilizada para o teste push out -----------------------------------37
Figura 4. Gráfico comparativo dos valores de resistência de união, considerando apenas os
terços radiculares--------------------------------------------------------------------------------------39
Figura 5. Gráfico comparativo dos grupos de estudo, considerando todos os terços
radiculares----------------------------------------------------------------------------------------------40
Figura 6a. Fotomicrografia em MEV – Solução SS (aumento de 1000x)---------------------42
Figura 6b. Fotomicrografia em MEV – Solução SS (aumento de 4000x)---------------------42
Figura 7. Fotomicrografia em MEV - Ácido fosfórico gel (aumento de 4000x)-------------43
14
Figura 8. Fotomicrografia em MEV – Laser Nd:YAG + ácido fosfórico gel (aumento de
4000x)--------------------------------------------------------------------------------------------------43
Figura 9. Fotomicrografia em MEV – Laser Nd:YAG + Solução SS (aumento de 4000x)----
---------------------------------------------------------------------------------------------------------44
Figura 10. Fotomicrografia em MEV – Laser NdYAG (aumento de 4000x)-----------------44
Figura 11. Fotomicrografia em MEV – sem tratamento (aumento de 4000x)----------------45
Figura 12. Gráfico do percentual de cálcio, fósforo e oxigênio nos grupos após o tratamento
de superfície------------------------------------------------------------------------------------------46
Tabela 1 – Valores de resistência de união (MPa) dos grupos estudados--------------------41
15
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIGNIFICADOS
# Número
% Por cento
± Mais ou menos
°C Grau Celsius
µm Micrometro
AG Ácido fosfórico gel
LAG Laser + ácido fosfórico gel
LSE Laser + solução experimental
LSS Laser + solução SS
L Laser
ST Sem tratamento
SS ou SE Solução SS ou experimental
Ca Cálcio
cm Centímetro
EDS Energy dispersive x-ray spectroscopy (Espectroscopia de raios-x por energia
dispersiva)
g Grama
Hz Hertz
Kgf Quilograma-Força
P Fósforo
pH Concentração hidrogeniônica
16
ppm Parte por milhão
rpm Rotações por minuto
seg Segundo
sig. Significância
vol. Volume
W Watt
Bis-GMA Bisfenol glicidil metacrilato-a
mm Milímetro
MPa MegaPascal
nm Nanometro
mJ MiliJoule
mJ/cm2 MiliJoule por centímetro quadrado
Nd:YAG Neodímio:ítrio-alumínio-granada
pps Pulso por segundo
U100 RelyX Unicem
x Indica o número de vezes. Ex. 200x (duzentas vezes)
17
Abreviaturas dos grupos experimentais
G1 – U100: RelyX Unicem
G2 – L+U100: Laser + RelyX Unicem
G3 – AG+Arc: Ácido fosfórico gel + RelyX ARC
G4 – L+AG+Arc: Laser + ácido fosfórico gel + RelyX ARC
G5– SE+Arc: Solução Experimental ou SS+ RelyX ARC
G6 – L+SS+Arc: Laser + solução experimental ou SS+ RelyX ARC
18
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------19
2. REVISÃO DE LITERATURA ------------------------------------------------------------------21
2.1 Laser odontológico---------------------------------------------------------------------------21
2.2 Pinos intrarradiculares-----------------------------------------------------------------------24
2.3 Agentes cimentantes-------------------------------------------------------------------------28
3. OBJETIVOS ---------------------------------------------------------------------------------------30
4. MATERIAIS E MÉTODOS ---------------------------------------------------------------------31
4.1 Obtenção dos dentes e tratamento endodôntico------------------------------------------31
4.2 Irradiação do laser de Nd:YAG no interior do canal radicular------------------------33
4.3 Preparo dos dentes para receber os pinos-------------------------------------------------34
4.4 Cimentação dos pinos e armazenagem----------------------------------------------------35
4.5 Preparo dos corpos de prova para o teste de cisalhamento por extrusão-push out--35
4.5.1 Teste push out-------------------------------------------------------------------------36
4.5.2 Análise estatística dos dados do teste push out-----------------------------------38
4.5.3 Análise da topografia de superfície com MEV-----------------------------------38
5. RESULTADOS ------------------------------------------------------------------------------------39
6. DISCUSSÃO---------------------------------------------------------------------------------------47
7. CONCLUSÕES -----------------------------------------------------------------------------------54
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------------55
19
1. Introdução
O objetivo principal do tratamento endodôntico é criar um ambiente livre de bactérias no
interior do canal radicular. Convencionalmente, a endodontia é realizada através da
instrumentação e irrigação do canal radicular com soluções irrigadoras desinfetantes
promovendo a remoção do tecido pulpar necrótico. Entretanto, em virtude do pequeno diâmetro
dos túbulos dentinários e a existência de canais laterais a esterilização da área tratada não é
alcançada (1).
Uma terapia alternativa à endodontia tradicional tem sido proposta com o uso de lasers de
alta potência, os quais apresentam efeito bactericida quando irradiados sobre a superfície
dentinária. Um dos tipos mais utilizados tem sido o laser de Neodímio:ítrio-alumínio-granada
(Nd:YAG) o qual pode ser facilmente aplicado no canal radicular com o auxílio de pequenas
fibras flexíveis. O uso deste equipamento promove uma taxa de sucesso de 98% nos tratamentos
endodônticos, de acordo com o método descrito por Klinke et al. (2).
As diferenças entre a desinfecção através de soluções irrigadoras e pela irradiação por
laser estão na habilidade de penetração da luz, a qual remove a smear layer (camada de detritos
depositados sobre a dentina) e, ao mesmo tempo, penetra em profundidade nos túbulos
dentinários e canais laterais. As soluções irrigadoras somente conseguem penetrar no interior dos
túbulos dentinários após a remoção da smear layer e, ainda, em menor profundidade (2).
No entanto, a terapia endodôntica não deve ser considerada completa até a realização de
uma restauração definitiva, a qual deve prover resistência, estética e prevenir a microinfiltração
20
entre material restaurador-estrutura dental (3). Assim, uma das formas de restabelecer a função
de um dente tratado endodonticamente é com o uso de pinos de fibra de vidro associados à
técnica adesiva e às restaurações cerâmicas. O uso desses pinos estéticos permite minimizar as
fraturas dentárias quando comparados aos tradicionais pinos metálicos em virtude do seu módulo
de elasticidade ser semelhante à dentina (4). Todavia, em função de serem cimentados utilizando
um protocolo adesivo, uma série de fatores associados à terapia endodôntica tradicional podem
comprometer o desempenho clínico dos pinos de fibra de vidro, dentre eles: a ação das soluções
irrigadoras no colágeno dentinário, as condições de hidratação da dentina como um resultado da
remoção da polpa e o tipo de agente usado para condicionar o substrato previamente à
cimentação (5, 6). Ainda, a qualidade da união dos pinos à dentina radicular é afetada pela
densidade e orientação dos túbulos dentinários em diferentes níveis das paredes da dentina
radicular, e a acessibilidade dos terços coronal, médio e apical do canal, durante a inserção dos
materiais (7, 8).
A resistência de união dos pinos de fibra de vidro à dentina radicular tem mostrado
valores aceitáveis quando cimentados ao canal tratado endodonticamente pelo método
convencional, realizado com instrumentos e soluções irrigadoras (5, 7, 9). Ainda, estudos
mostram que a espessura de cimento não influencia na resistência de união dos pinos cimentados
à dentina radicular (10). Não há relatos na literatura consultada a respeito da resistência de união
dos agentes adesivos associados a pinos de fibra à dentina radicular tratada com o laser de
Nd:YAG na terapia endodôntica.
Assim, este estudo terá como hipótese nula inicial que a resistência de união de sistemas
adesivos à dentina radicular tratada endodonticamente pelo método tradicional ou com laser de
Nd:YAG e com os diferentes tratamentos de superfície será semelhante.
21
2. Revisão da Literatura
2.1 Laser Odontológico
A flora microbiana da dentina intra-radicular pode causar o fracasso do tratamento
endodôntico convencional dos canais radiculares infectados se as bactérias não forem
suficientemente removidas pelo preparo e desinfecção química. Com o objetivo de
examinar os efeitos bactericidas da irradiação com laser Nd:YAG na profundidade da
dentina radicular, KLINKE et al. (1997) verificaram, in vitro, que a contagem das colônias
bacterianas revelou uma eliminação altamente significante das bactérias em todas as
diferentes espessuras de amostras de dentina usadas e irradiadas com laser Nd:YAG,
quando comparadas às amostras não irradiadas. Apesar da intensidade da irradiação
diminuir após a profundidade de 1000µm em dentina, o módulo bacteriano de ação ainda
foi efetivo. Portanto, o efeito da profundidade da irradiação a laser sugere uma eliminação
de agentes patógenos suficiente clinicamente.
MORITZ et al. (1997) estudaram, in vivo, os efeitos da irradiação por laser
Nd:YAG em canais radiculares infectados. Eles selecionaram 30 pacientes, cada um com
um dente unirradicular necrosado necessitando de tratamento endodôntico: 10 foram
tratados com o método convencional através de instrumentação e irrigação com soluções
22
desinfetantes (controle) e 20 receberam duas aplicações de laser Nd:YAG. Os autores
coletaram exames microbiológicos antes e após o tratamento e demonstraram que houve
uma redução significativa no número de bactérias em 50% dos casos após a primeira
aplicação de laser. As bactérias dos canais radiculares foram quase completamente
eliminadas após uma a duas irradiações com o laser Nd:YAG, a 1,5W, 5 pulsos de 30mJ,
mostrando que é suficiente para desinfectar canais radiculares, podendo ser uma ferramenta
útil no tratamento endodôntico.
ZHANG et al. (1998) estudaram os efeitos da irradiação pulsada com laser
Nd:YAG a 2W, 20pps, na parede dentinária radicular com diferentes iniciadores. Eles
testaram o uso de nanquim e “fluoreto de prata” a 38% aplicados na dentina radicular antes
da irradiação com o laser e verificaram que o nanquim foi mais efetivo como iniciador para
o laser do que o “fluoreto de prata”. A aplicação do laser sem iniciador não demonstrou
efeitos típicos de ação do laser na dentina do canal radicular, enquanto que o laser aplicado
após o uso do nanquim ou “fluoreto de prata” revelaram a evaporação da smear layer e
abertura dos túbulos dentinários.
CAMARGO et al. (2005) demonstraram os efeitos da irradiação por laser Nd:YAG
quando aplicado paralelo ou perpendicularmente às paredes dentinárias do canal radicular.
Eles relataram que o laser aplicado paralelamente às paredes do canal produz menos
mudanças morfológicas na dentina do que quando aplicado perpendicularmente. Ainda, a
variação da energia do laser (100 ou 160mJ) não mostra diferença estatística em relação
aos efeitos da irradiação nas paredes dentinárias.
23
O laser Nd:YAG é conhecido pela sua capacidade de selar os túbulos dentinários.
Portanto, ARANHA et al. (2005) avaliaram, in vitro, os efeitos do laser Nd:YAG na
permeabilidade dentinária em canais radiculares. O laser foi usado seguindo dois
parâmetros: A-1W, 10Hz e B-1,5W, 15Hz. Após a irradiação, as espécimes foram imersas
em solução de cloramina a 1% para analisar a penetração da solução e observar o aumento
ou diminuição da permeabilidade dentinária após o tratamento com o laser. A diminuição
da permeabilidade dentinária foi maior quando usado o parâmetro B, enquanto que usando
o parâmetro A o efeito conseguido foi pequeno.
MORIYAMA et al. ( 2004) fizeram um estudo comparativo usando diferentes
durações de pulsos do laser Nd: YAG para obter maiores informações sobre a interação
laser-tecido duro. Eles demonstraram que há um aumento nas concentrações de cálcio e de
fósforo após a exposição da superfície dentinária ao laser, mas nenhuma correlação foi
encontrada com o número de pulsos ou a duração do pulso usada.
CHUN-PIN LIN et al. (2001) estudaram as modificações de composição, fase e
morfologia da dentina humana após o tratamento com a aplicação de laser Nd:YAG, como
uma opção de técnica para reparar fraturas radiculares. Eles utilizaram um difratômetro de
raios-x e microscopia eletrônica de escaneamento e concluíram que os picos de cálcio e
fósforo aumentam após a irradiação e que esse aumento é gradual conforme o aumento da
energia de irradiação. A energia do laser resulta na formação de tricálcio – fosfato e quebra
do colágeno. Os autores sugerem que a energia de irradiação do laser para fusionar deve ser
de 150mJ, 10 pps 4 seg.
24
2.2 Pinos intrarradiculares
Em virtude dos pinos metálicos apresentarem um alto risco de fratura radicular
devido ao seu alto módulo de elasticidade (10 vezes maior que o da dentina), DURET et al.
(1990) introduziram os pinos de fibra de carbono envoltos por uma matriz de Bis-GMA.
Este material possui um módulo de elasticidade próximo ao da dentina, o que reduz a
concentração de estresse sobre o elemento dental, ainda pode unir-se à estrutura dentária
através de sistemas adesivos, além de possibilitar o retratamento endodôntico, quando
necessário.
FERRARI et al. (2000) demonstraram que a área disponível para adesão aumentou
significativamente após o condicionamento ácido em todos os terços radiculares, sendo que
nem todas as áreas respondem de maneira igual ao condicionamento. Trinta dentes
anteriores foram divididos em três grupos e o grupo 1 foi usado para estudar a morfologia
tubular no microscópio eletrônico de varredura, enquanto que o Grupo 2 e 3 receberam
condicionamento com ácido fosfórico a 32%. O Grupo 2 foi examinado em microscopia
eletrônica sem tratamento e o grupo 3 recebeu pinos de fibra de vidro cimentados no canal
radicular. As observações foram feitas de acordo com a localização da dentina radicular, a
densidade tubular foi estimada e o aumento na área disponível para adesão foi calculado.
Os resultados revelaram variação na densidade tubular e a área dentinária para adesão
aumentou em 202% no terço cervical, 156% no terço médio e 113% no terço apical da
dentina radicular.
25
BOFF et al. (2007) testou a influência do modo de ativação na resistência de união
ao teste push out (cisalhamento por extrusão) de pinos de fibra de vidro cimentados ao
canal radicular. Quarenta pré-molares inferiores foram divididos em quatro grupos. Nos
grupos G1, G2 e G3, foi aplicado Single Bond (3M Espe) e fotopolimerizado por 20 seg;
no grupo G4, foi usado Scotchbond Multi-Purpose Plus (3M Espe) como um adesivo
autopolimerizável. O cimento resinoso dual RelyX ARC (3M Espe) foi fotopolimerizado
no G2 e G3 mas não no G1 e G4. O pino translúcido Light-Post (Bisco) foi usado no G3 e
o pino opaco Aesthetic-Plus (Bisco) nos outros grupos. As raízes foram divididas em três
partes e foi realizado o teste push out. Os resultados demonstraram que a fotopolimerização
de ambos o adesivo e cimento resinoso no G2 aumentaram a resistência de união quando
comparado ao G1, onde somente o adesivo foi fotopolimerizado. Nenhuma diferença foi
encontrada entre o G2 (pino opaco) e G3 (pino translúcido). O adesivo autopolimerizável
mostrou a maior resitência de união em todas as regiões radiculares, assim como o terço
cervical. Portanto, a resistência de união à dentina radicular varia conforme o modo de
ativação da cimentação adesiva dos pinos e conforme a região.
Com a finalidade de medir acuradamente a resistência de união entre pinos de fibra
e as paredes do canal radicular, GORACCI et al. (2004) compararam os testes de
microtração e push-out. O teste de microtração demonstrou um grande número de falhas
prematuras e altos valores de desvio padrão, o que faz questionar a sua confiabilidade. Com
o teste push-out, nenhuma falha prematura ocorreu, a variabilidade da distribuição dos
dados foi aceitável e a diferença estatística na resistência de união pôde ser avaliada. Em
26
conclusão, quando medimos a resistência de união de pinos de fibra cimentados, o teste
push-out parece ser mais confiável do que o de microtração.
GORACCI et al. (2005) avaliaram a adesão de pinos de fibra à dentina intra-
radicular e demonstraram que um cimento resinoso de condicionamento total mostra
melhor potencial adesivo do que um cimento auto-condicionante e um auto-adesivo. Os
cimentos testados foram Variolink II, Panavia 21 e RelyX Unicem e foram avaliados pelo
teste push-out e microscopia eletrônica de varredura. A resistência de união ao cimento
Variolink II foi significantemente mais alta do que a do Panavia 21 e RelyX Unicem.
SIMONETTI et al. (2006) testaram a influência do operador na cimentação adesiva
de pinos de fibra. Eles avaliaram um especialista, um operador com experiência moderada e
um operador com pouca experiência e encontraram nenhuma diferença estatística
significante entre os três grupos. Dados os parâmetros desta investigação, o nível de
experiência do operador em cimentar pinos de fibra não afeta a retenção deles ao canal
radicular, sob condições de laboratório.
PEREZ et al. (2006) estudaram sobre a influência da espessura da camada de
cimento resinoso na resistência de união de pinos de fibra à dentina radicular. Dezoito
dentes unirradiculares descoronados receberam pinos cimentados com sistema adesivo
(Espe Sil, 3M, ESPE) e cimento resinoso (All Bond 2, Bisco) e foram divididos em 2
grupos, um com menor e outro com maior espessura de cimento. A resistência de união do
o grupo 1 e 2 não foi significativamente diferente, portanto, o aumento na espessura da
camada do cimento resinoso não afeta a resistência de união.
27
BITTER et al. (2006) avaliaram, in vitro, a resistência de união ao teste push-out de
vários agentes cimentantes aos pinos estéticos e encontraram que tanto o tipo de cimento
quanto o material do pino afetam a resistência de união. Os autores testaram os cimentos
Multilink, Variolink, PermaFlo DC, RelyX Unicem, Clearfil Core e Ketac Cem com pinos
de óxido de zircônia e pinos de fibra de vidro. Os resultados demonstraram que os pinos de
fibra de vidro apresentam maior resistência de união ao teste push-out quando comparados
aos pinos de óxido de zircônia, exceto para os cimentos Multilink (que mostrou valores
maiores com o pino de zircônia) e PermaFlo DC (que não mostrou diferença significativa
entre os materiais dos pinos).
KALKAN et al. (2006) estudaram a resistência de união entre a dentina radicular e
3 sistemas de pinos de fibra de vidro: opaco (Snowposts), elétrico (Everstick) e translúcido
(Fibermaster) nos terços cervical, médio e apical da raiz. Eles usaram 60 dentes
unirradiculares divididos em 3 grupos, um para cada tipo de pino e concluíram que os pinos
opaco e elétrico possuem maior resistência de união se comparados aos pinos translúcidos.
Ainda, a resistência de união é maior no terço cervical do que no médio e apical para os
pinos translúcidos e elétricos, pois para os pinos opacos, não houve diferença estatística
entre os terços da raiz. Os autores concluíram que a resistência de união mais alta foi
observada no terço cervical dos pinos opaco e elétrico.
Segundo BALDISSARA et al. (2006), os efeitos causados pelo tratamento
endodôntico influenciam na cimentação de pinos, pois esta depende da adesão ao dente.
Eles citam a diminuição da retenção quando cimentos à base de eugenol são utilizados e a
28
alteração de proteínas e fibras colágenas causadas pelo hipoclorito de sódio que interfere na
formação da camada híbrida. Portanto, esses autores estudaram o efeito das soluções
irrigadoras e cimentos endodônticos na resistência de união de pinos de fibra ao teste push-
out, em condições cíclicas e não cíclicas. Eles testaram cimentos à base de eugenol e
resinoso, hipoclorito de sódio a 5% e EDTA a 10% e encontraram diferenças estatísticas
somente nos grupos cíclicos, mostrando que a fadiga cíclica reduz a resistência de união ao
teste push-out. O cimento à base de eugenol diminuiu a resistência de união ao teste,
enquanto que o uso do EDTA a 10% associado ao hipoclorito de sódio a 5% mostrou um
efeito favorável na resistência ao teste push-out quando comparado ao uso do hipoclorito
somente.
2.3 Agentes cimentantes
VALANDRO et al. (2007) avaliaram o efeito dos ciclos mecânicos na resistência de
união dos pinos de fibra cimentados à dentina radicular, usando os cimentos Duolink e All
Bond . Os dentes foram submetidos ao teste push-out e demonstraram que o ciclo mecânico
não afeta a resistência de união dos pinos de fibra de vidro (Postec Plus #3, Ivoclar –
Vivadent) nem dos pinos de fibra de quartzo (Post #2, Bisco).
ZICARI et al. (2008) avaliaram a eficiência adesiva e a habilidade de selamento de
pinos de fibra de vidro (Parapost Fiberlux), cimentados com 5 agentes cimentantes
(Panavia 21, Clearfil Esthetic, Variolink II, Rely X Unicem e GC) e concluíram que os
cimentos auto-condicionantes(Panavia 21 e Clearfil Esthetic) tiveram uma resistência de
união ao teste push-out maior que os cimentos de condicionamento total (Variolink II) e o
29
de passo único auto-adesivo (Rely X Unicem e GC). Enquanto que a habilidade de
selamento foi melhor nos sistemas de condicionamento total comparados aos auto-
condicionantes e auto-adesivos.
KECECI et al. (2008) estudaram a resistência de união de 4 sistemas de pinos de
fibra reforçados por resina e 2 agentes cimentantes (Variolink II e Rely X Unicem). Os
testes de micro push-out foram significativamente influenciados pelo tipo de pino e tipo de
cimento, onde a combinação do cimento Variolink II e o sistema de pino mostrou
resistência de união mais alta em comparação com a combinação do sistema de pino com o
cimento Rely X Unicem.
DE MUNCK et al. (2004) testaram agentes cimentantes autoadesivos (Rely X
Unicem), autocondicionantes e de condicionamento total cimentados ao esmalte e à
dentina. Eles demonstraram que o cimento Rely X Unicem se mostrou tão bem em testes de
microtração quanto os cimentos autocondicionantes e de condicionamento total.
30
3. Objetivos
1- Avaliar a resistência de união de agentes de cimentação associados a um pino de
fibra de vidro à dentina intrarradicular após tratamento endodôntico tradicional
ou com laser Nd:YAG e submetidos a tratamentos de superfície com laser
Nd:YAG, ácido fosfórico gel a 37% ou com uma solução experimental
(PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6);
2- Comparar os valores de resistência de união nos terços cervical, médio e apical
da raiz;
3- Verificar com auxílio de microscopia eletrônica de varredura a topografia da
dentina radicular após aplicação de diferentes tratamentos de superfície prévios
à cimentação: laser de Nd:YAG, ácido fosfórico gel 37% ou uma solução
experimental (SE) (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6).
31
4. Materiais e métodos
4.1 Obtenção dos dentes e tratamento endodôntico
O protocolo desta pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa da
PUCRS. Sessenta dentes unirradiculares extraídos com dimensões semelhantes foram
armazenados em solução de cloramina 0,5% por um período máximo de 6 meses (Figura
1). Como critérios de inclusão, além do comprimento médio de 20mm, foram observadas a
amplitude e forma do canal radicular, que deviam ser compatíveis com os pinos a serem
utilizados.
Nos dentes selecionados foram realizados a abertura coronária e tratamento
endodôntico através de instrumentação manual até a lima #45 (Maillefer/Dentsply). Os
canais foram abundantemente irrigados com solução de hipoclorito de sódio a 1% durante a
fase do preparo do canal, associado ao uso do EDTA (10%). Nos grupos onde o laser foi
aplicado, os dentes foram secos com cones de papel absorvente e receberam a irradiação
através da técnica descrita por Klinke et al. (2), com a finalidade de desinfecção do canal
radicular. Em seguida, todos os dentes receberam a obturação do canal com cones de guta-
percha (EndoPoints, Tanariman Industrial Ltda., Brasil)) e cimento de óxido de zinco e
eugenol (Endofill, Dentsply/Maillefer, Petrópolis, RJ, Brasil).
Após o tratamento endodôntico, os dentes foram divididos em 6 grupos (n=10 por
grupo) e receberam os seguintes tratamentos:
32
G1 – tratamento endodôntico tradicional + cimentação do pino com RelyX Unicem
(3M-ESPE, St. Paul, MN, EUA)
G2 – tratamento endodôntico tradicional + aplicação de laser Nd:YAG +
cimentação do pino com RelyX Unicem (3M-ESPE, St. Paul, MN, EUA)
G3 – tratamento endodôntico tradicional + ácido fosfórico gel a 37% + cimentação
do pino com RelyX ARC (3M-ESPE)
G4 – tratamento endodôntico tradicional + aplicação de laser Nd:YAG + ácido
fosfórico gel a 37% + cimentação do pino com RelyX ARC (3M ESPE)
G5 – tratamento endodôntico tradicional + Solução Experimental (PATENTE
solicitada ao INPI nº PI0903355-6) + cimentação do pino com RelyX ARC (3M-ESPE)
G6 – tratamento endodôntico tradicional + aplicação de laser Nd:YAG + solução
experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) + cimentação do pino com
RelyX ARC (3M-ESPE)
Nos dentes onde os pinos foram cimentados com o cimento resinoso RelyX ARC, o
sistema adesivo utilizado foi o de três passos quimicamente ativado, Scotchbond
MultiPurposePlus (3M-ESPE, St. Paul, MN, EUA), para que houvesse completa
polimerização deste nos terços médio e apical da raiz.
33
Figura 1 – Dentes unirradiculares
selecionados
4.2 Irradiação do laser de Nd:YAG no interior do canal radicular
Primeiramente, antes da obturação do canal radicular, os dentes foram secos com
cones de papel absorvente, e receberam a aplicação do laser Nd:YAG com a finalidade de
desinfecção do ambiente, através de uma fibra óptica de quartzo, de 300 µm de diâmetro,
introduzida no interior do canal radicular, em todo o seu comprimento. A técnica utilizada
foi descrita por Klinke et al. (2): após o preparo químico-mecânico do canal, a fibra foi
introduzida até o ápice radicular, sem ativação do laser e, em seguida, removida do canal
em movimentos circulares com o laser ativado. O modelo do laser utilizado foi
Pulsemaster 1000 (American Dental Technologies, Corpus Christi, Texas, EUA), com os
seguintes parâmetros:
34
- Comprimento de onda 1064 nm, densidade de energia de 60 mJ, 15 Hz,
intensidade de energia de 47,77 mJ/cm
2
por pulso, durante 1 minuto, largura do pulso
100µs.
A segunda aplicação do laser de Nd:YAG foi realizada após a desobturação do
canal e preparo para o pino, com a finalidade de tratamento de superfície nos grupos que
seriam irradiados por laser: a dentina radicular preparada foi coberta por um corante (pó de
grafite) introduzido no canal através de um microbrush extrafino. O laser foi aplicado
utilizando o contato da fibra com as paredes do canal paralelamente ao longo eixo do dente.
Após aplicação do laser, o corante foi removido da superfície dentinária com jatos de
ar/água por 30 segundos e aspiração por cânulas endodônticas.
4.3 Preparo dos dentes para receber os pinos
A porção coronária dos dentes foi removida com uma broca 3203 (KG Sorensen,
São Paulo, SP, Brasil), 1mm acima do limite amelo-cementário, mantendo uma junta de
topo lisa e definida. Após, foi realizado o preparo intra-radicular para receber o pino.
Primeiramente, a guta-percha foi removida com brocas tipo largo número 1, 2 e 3,
calibradas no comprimento pré-determinado (10mm). Em seguida, foram usadas as brocas
do sistema de pinos de fibra de vidro Whitepost (FGM, Joinvile, SC, Brasil), de acordo
com as instruções do fabricante. Nos grupos onde os dentes receberiam a aplicação do laser
Nd:YAG, foi realizada a irradiação posterior ao preparo para o pino.
35
4.4 Cimentação dos pinos e armazenagem
Após o preparo dos canais, foi realizado o tratamento de superfície dos substratos
pino de fibra e dentina: Na dentina radicular, foram realizados os pré-tratamentos conforme
a descrição nos grupos. Os pinos de fibra de vidro foram limpos através da aplicação de
ácido fosfórico gel a 37% por 15 seg, lavados com água e secos com jatos de ar. Em
seguida, foi realizada a aplicação de uma camada de silano, conforme a recomendação do
fabricante. Em seguida, foi realizada a cimentação dos pinos nos 6 grupos experimentais.
Os dentes com os pinos cimentados foram armazenados em água destilada a 37ºC por 7
dias antes de serem submetidos aos cortes longitudinais.
4.5 Preparo dos corpos de prova para o teste de cisalhamento por extrusão –
Push-out
Os dentes com os pinos cimentados foram colados com adesivo à base de
cianocrilato (Superbonder, Locktitle, São Paulo, Brasil) a bases de acrílico para facilitar o
seu manuseio durante o corte. As bases foram posicionadas em uma máquina de corte de
baixa velocidade Isomet 1000 (Buehler, Lake Forest, IL, EUA), na qual um disco
diamantado, refrigerado em água, realizou cortes no sentido mésio-distal (perpendiculares
ao longo eixo dos dentes) em fatias. Foram obtidas 3 fatias da raiz com o pino cimentado,
correspondendo aos terços cervical, médio e apical.
36
Figura 2 – Ilustração do corte no sentido mésio-distal da raiz do dente com o pino
cimentado, gerando fatias do terço cervical, médio e apical com 2 a 2,5 mm de espessura.
4.5.1 Teste de cisalhamento por extrusão Push-out
Os espécimes foram posicionados sobre um dispositivo especial (uma base metálica
de aço inoxidável contendo um orifício de 2,5mm de diâmetro na região central e uma haste
metálica com uma ponta ativa de 1mm de diâmetro) fixados na porção inferior e superior,
respectivamente, da máquina de ensaio universal (DL2000, EMIC, São José dos Pinhais,
PR, Brasil). A porção cervical de cada terço foi posicionada em contato com a base e o
conduto radicular contendo o pino de fibra de vidro foi posicionado exatamente na mesma
direção do orifício da base metálica. A haste metálica com ponta ativa de 1mm, fixada na
porção superior da máquina de ensaio universal coincidiu com o centro do pino. Em
seguida, a máquina de ensaio universal foi acionada a uma velocidade de 0,5mm/min até o
deslocamento do pino.
37
A área da superfície adesiva do canal radicular de todos os corpos de prova foi
medida individualmente, sendo essa utilizada para calcular a resistência de união. A força
necessária para o deslocamento do pino foi aferida em Newtons (N), transformada em
quilograma/força (kgf) e convertida em MPa, dividindo-se a força pela área do conduto
radicular.
Figura 3 – Esquema da matriz utilizada para o teste push-out (base de aço
inoxidável contendo um orifício central com 2,5mm de diâmetro e haste metálica com
ponta ativa de 1mm de diâmetro) fixadas a máquina de ensaio universal.
38
4.5.2 Análise estatística dos dados do teste Push-out
Os dados foram primeiramente analisados quanto à normalidade através do teste de
Shapiro-Wilk. Uma vez verificada a distribuição normal, foi aplicada a análise de variância
(ANOVA) e teste de comparações múltiplas de Tukey com nível de significância de 95%.
O software utilizado foi o Statistix for Windows 8.0 (Analytical Software, Tallahassee, FL,
EUA).
4.5.3. Análise da topografia de superfície com MEV
Os seis dentes submetidos a diferentes tratamentos de superfície foram levados ao
microscópio eletrônico de varredura para análise da topografia de superfície. Para tal, foi
aplicado o seguinte protocolo: as amostras foram imersas em solução de glutaraldeído 2,5%
por 12 horas a 4C para fixação, lavadas com 20mL de solução tampão de cacodilato de
sódio 0,2M com pH 7.4 por 1 hora, e lavadas com água destilada por três vezes
consecutivas durante 1 minuto cada. A desidratação foi realizada por imersão das amostras
em álcool etílico (25% por 20min, 50% por 20min, 75% por 20min, e 95% por 20min), e
secas à 37
o
C por 48 horas. As amostras preparadas foram montadas em stubs para
metalização com ouro em 10mA por 1min. e observadas com MEV (Philips XL 30, Philips
Electronic Instruments Inc, Mahwah, NJ, USA). No momento da observação das
superfícies no microscópio eletrônico de varredura, foram também analisadas as taxas de
elementos químicos presentes na área de dentina radicular tratada (EDS).
39
5. Resultados
5.1 Teste de resistência de união por push out
5.6(C)
6.72(B)
8.84(A)
0
2
4
6
8
10
Cervical Médio Apical
Terços
MPa
Figura 4 - Gráfico comparativo dos valores de resistência de união considerando apenas os
terços radiculares.
Observando a figura 4, é notável que o terço cervical apresentou a maior resistência
de união considerando todas a técnicas de tratamento de superfície e cimentos. Por sua vez,
o terço apical apresentou a menor resistência de união.
40
1.99 D
2.68 D
6.54 C
11.02 A
11.28 A
8.84 B
0
2
4
6
8
10
12
SS+Arc L+U100 L+SS+Arc L+AG+Arc U100 AG+Arc
Grupos
MPa
Figura 5 - Gráfico comparativo dos grupos de estudo considerando todos os terços
radiculares.
De acordo com a Figura 5, observa-se que o grupo da solução experimental
(PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) associada ao cimento resinoso RelyX ARC
apresentou juntamente com o grupo do laser de Nd:YAG associado ao cimento RelyX
Unicem a maior resistência de união considerando todos os terços radiculares. Por sua vez,
o ácido fosfórico gel associado ao cimento RelyX ARC apresentou a menor resistência de
união juntamente com o grupo do RelyX Unicem.
41
Tabela 1 - Valores de resistência de união (MPa) dos grupos estudados
Terço
Laser
Ácido Cimento Grupo MPa
Cervical Sim Líquido Relyx Arc L+AL+Arc 13.01 A
Cervical Sim NÃO U100 L+U100 12.43 AB
Cervical Não Líquido Relyx Arc SE+Arc 12.24 AB
Apical Não Líquido Relyx Arc SE+RArc 11.13 ABC
Médio Sim NÃO U100 L+U100 10.70 BC
Médio Não Líquido Relyx Arc SE+Arc 10.47 BCD
Apical Sim NÃO U100 L+U100 9.94 CD
Cervical Sim Gel Relyx Arc L+AG+Arc 8.70 DE
Médio Sim Gel Relyx Arc L+AG+Arc 7.94 EF
Médio Sim Líquido Relyx Arc L+SE+Arc 6.88 EF
Apical Sim Líquido Relyx Arc L+SE+Arc 6.62 F
Cervical Não NÃO U100 U100 3.90 G
Apical Sim Gel Relyx Arc L+AG+Arc 2.96 GH
Cervical Não Gel Relyx Arc AG+Arc 2.77 GH
Médio Não NÃO U100 U100 2.30 GH
Médio Não Gel Relyx Arc AG+Arc 2.06 GH
Apical Não NÃO U100 U100 1.85 H
Apical Não Gel Relyx Arc AG+Arc 1.12 H
* Médias seguidas de mesma letra não apresentam diferença estatística para Tukey (p>0,05).
Na tabela 1, é possível observar que na região cervical o uso do laser associado à
solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) e cimento resinoso
RelyX ARC apresentou a maior resistência de união. Na região apical, o grupo de melhor
desempenho foi com o uso da solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI
PI0903355-6) e cimento resinoso RelyX ARC.
42
5.2 Microscopia Eletrônica de Varredura
Figura 6a. Solução Experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6)
(aumento 1000X)
Figura 6b. Solução Experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6)
(aumento 4000 X)
43
Figura 7. Ácido fosfórico gel (aumento 4000X)
Figura 8. Laser Nd:YAG + ácido gel (aumento 4000X)
44
Figura 9. Laser Nd:YAG + solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI
PI0903355-6) (aumento 4000X)
Figura 10. Laser Nd:YAG (aumento 4000X)
45
Figura 11. Sem tratamento (aumento 4000X)
46
5.3 Análise por Energia Dispersiva de Rx (EDS)
18.29 21.03
29.83
27.68
31.63
31.49
19.75
18.94
23.92
33.03
25.19
20.32
48.92
56.99
34.17
37.26
32.36
40.91
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
AG SS LAG L+SS L ST
Tratamentos de superfície
Percentual
Cálcio Fósforo Oxigênio
Figura 12. Gráfico do percentual de cálcio, fósforo e oxigênio nos grupos após o
tratamento de superfície.
A irradiação das superfícies dentinárias com laser de Nd:YAG (L+AG, L+SE, L)
aumentou o percentual de cálcio e fósforo em relação aos grupos AG e SE. Observa-se, na
figura 12, que a irradiação por laser propiciou um aumento do fósforo inclusive em relação
ao grupo controle ST.
47
6. Discussão
De acordo com os resultados obtidos pelo teste push-out neste estudo, a hipótese
nula inicial foi rejeitada, uma vez que houve diferença estatisticamente significante entre os
grupos testados. Os fatores que podem ter contribuído para esse achado são: os diferentes
tratamentos de superfície utilizados para aumentar a retenção do sistema adesivo à dentina
radicular e o uso de agentes de cimentação com características químicas diferentes para o
tratamento da smear layer.
O cimento autoadesivo Rely X Unicem combina as vantagens do cimento de
ionômero de vidro com as vantagens do cimento resinoso. Apresenta na sua composição 85
a 95% de pó de vidro silanizado, 5 a 10% de sílica tratada com silício, e 1 a 5% de
hidróxido de cálcio. A tripla presa do cimento assegura a presa química e física
(fotopolimerização), o que o torna também indicado para a cimentação de pinos intracanais.
O atrativo deste material é a simplificação da técnica a qual dispensa o uso de sistemas
adesivos aplicados no interior do canal radicular.
O cimento resinoso Rely X ARC é um cimento de presa dual, também indicado para
a cimentação de pinos intracanais. Exige o pré-tratamento do substrato dentário, através de
condicionamento ácido e aplicação do sistema adesivo. A união entre cimento resinoso e
dente se dá através da formação da camada híbrida, penetração do sistema adesivo e
cimento no interior dos túbulos dentinários expostos pelo condicionamento ácido. Nos
grupos G3, G4, G5 e G6, os pinos de fibra de vidro foram cimentados utilizando o cimento
RelyX ARC, enquanto que nos grupos G1 e G2, foram cimentados com RelyXUnicem.
48
Os tratamentos de superfície utilizados foram o condicionamento com ácido
fosfórico a 37% sob a forma de gel (Figura 7) ou solução experimental (Figura 6a,
(PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) e o laser Nd:YAG (Figura 10). A técnica
de condicionamento com ácido fosfórico a 37% é um método consagrado de tratamento de
superfície prévio ao procedimento adesivo. Buonocore (11) demonstrou que o
condicionamento ácido proporciona um aumento da área adesiva da superfície dentária,
através da criação de microporosidades que resultam em retenções micromecânicas
garantindo a união entre a resina e o dente. No entanto, a adesão à dentina ainda representa
um desafio devido às suas características singulares, tais como substrato heterogêneo, alto
conteúdo orgânico, presença de fluido intratubular, permeabilidade e smear layer (12).
A limitação de acesso de maneira uniforme a todos os terços, principalmente o
apical, em condutos radiculares aumenta o grau de dificuldade do tratamento da smear layer
previamente à cimentação de pinos intracanais. Ferrari et al. (13) demonstraram que a área
disponível para a adesão em dentina aumentou significativamente após o condicionamento
ácido em todos os terços radiculares, sendo que nem todas as áreas respondem de maneira
igual ao condicionamento. No presente estudo, no entanto, os grupos que receberam o
condicionamento com ácido fosfórico gel a 37% (G3-AG+Arc e G4-L+AG+Arc)
obtiveram valores de resistência de união inferiores quando comparados aos grupos que
foram condicionados com a solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº
PI0903355-6) (G5-SE+Arc e G6-L+SE+Arc).
A utilização da solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-
6) facilita a sua penetração no interior do canal radicular desobturado, de maneira que todas
as paredes da dentina radicular sejam condicionadas. O uso do ácido fosfórico para a
cimentação de pinos de fibra de vidro tem sido reportado por Salas (14) o qual verificou um
49
aumento da resistência de união do cimento resinoso Enforce após condicionamento da
superfície dentinária radicular. A função dos componentes da solução experimental
(PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) é, além do benefício antimicrobiano (15)
,também manter a integridade das fibras colágenas colaborando como inibidor da
metaloproteinase e prolongando a união dos materiais adesivos à superfície dentinária
condicionada (16). O propilenoglicol tem função antimicrobiana e aumento da viscosidade
(17) da solução permitindo que os componentes da solução experimental (PATENTE
solicitada ao INPI nº PI0903355-6) tenham maior contato com a superfície dentinária.
Nesse estudo, sugerimos o uso de seringas descartáveis para levar a solução experimental
(PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) ao interior do canal, irrigando as
superfícies dentinárias por um tempo de 15 segundos, com aspiração por cânulas de
endodontia simultaneamente à irrigação. Os grupos que receberam o condicionamento com
a solução experimental (G5-SE+Arc e G6-L+SE+Arc) obtiveram valores de resistência de
união superiores quando comparados aos grupos do ácido fosfórico gel a 37% (G3-
AG+Arc e G4-L+AG+Arc) todos com diferença estatisticamente significante (Figura 5). O
grupo G5(SE+Arc) obteve os maiores valores de resistência de união entre todos os grupos
testados. As figuras 6a e 6b deixam claro o efeito benéfico da solução experimental
(PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) na resistência de união, formando o padrão
mais retentivo superficialmente dentre todos os outros métodos de tratamento utilizados,
promovendo a ocorrência de ínúmeras irregularidades com aumento da área disponível para
interação com o sistema adesivo e cimento resinoso.
Atualmente, outra alternativa tem sido proposta para o tratamento da superfície
dentinária: o uso de lasers de alta potência, tal como o laser Nd:YAG. Este laser é capaz de
promover redução da permeabilidade devido às alterações estruturais como dissolução,
50
ressolidificação e recristalização da dentina irradiada (18-20). Esta tecnonologia foi
utilizada neste estudo em dois momentos, simulando as condições clínicas reais: antes da
obturação do canal radicular e após a desobturação do canal para receber o pino. A
utilização do laser antes da obturação do canal teve como objetivo eliminar possíveis
bactérias do sistema de túbulos dentinários, que são resistentes à desinfecção tradicional
realizada durante o tratamento endodôntico, através de irrigação com solução de hipoclorito
de sódio a 1%, associado ou não ao uso do EDTA a 10% (1, 2). Após o preparo do canal
radicular, o laser foi utilizado com a finalidade de pré-tratamento da superfície dentinária,
com o intuito de avaliar se há melhora ou não na união entre o agente cimentante e a
dentina radicular. Os parâmetros utilizados neste estudo foram os mesmos descritos por
Klinke et al. (2). Todavia, foi utilizado um corante (grafite) para aumentar a afinidade do
laser ao tecido alvo e, propositalmente, alterar a topografia de superfície na tentativa de
selar os túbulos dentinários e, possivelmente, aumentar a resistência de união do sistema
adesivo à dentina pela maior área de superfície disponível. Esta manobra parece ter
propiciado um aumento de resistência de união (tabela 1). Todavia, observa-se na figura 10
que não houve a formação de um padrão característico de superfície dentinária irradiada
com laser de Nd:YAG conforme descrito por Paranhos et al. (21) na qual há uma fusão ou
derretimento da dentina, comparando com a figura 11 onde não houve tratamento. Tal fato
pode ter ocorrido devido ao posicionamento da fibra óptica de laser no interior do conduto
radicular, a qual deveria ficar perpendicular à superfície irradiada. Todavia, devido à
limitação de movimento promovido pelo confinamento das paredes do canal, a mesma
ficou paralela à dentina, promovendo menores mudanças morfológicas na dentina (22). Tal
fato manteve componentes inorgânicos, como o cálcio (figura 12) similares à dentina não-
tratada. No entanto, é possível observar um discreto aumento dos níveis de fósforo (5%)
51
quando a superfície foi irradiada por laser sendo este, talvez, o responsável pelo aumento
da resistência de união nos resultados encontrados em grupos irradiados, grupos
G2(L+U100) e G4(L+AG+Arc), quando comparados aos que não foram irradiados e
receberam o mesmo tratamento, G1(U100) e G3(AG+Arc), respectivamente. É possível
especular que este achado pode ter sua explicação no estudo de Moriyama et al. (23) e Lin
et al. (24) os quais também verificaram haver um aumento de fósforo na irradiação da
dentina com laser Nd:YAG e, segundo os autores, o aumento do conteúdo inorgânico é
devido à vaporização do conteúdo orgânico da dentina, deixando na superfície uma maior
quantidade de conteúdo mineral. Não obstante, observando a tabela periódica de elementos
é possível constatar que o fósforo (P) apresenta ponto de fusão de 44
o
C e o cálcio (Ca) 842
o
C. Assim, é possível supor que pequenas variações de temperatura acima da corpórea
média (37
o
C) podem modificar a estrutura da hidroxiapatita presente na superfície
dentinária.
O grupo G5(SE+Arc), que não foi irradiado mostrou valores maiores de resistência
de união quando comparado ao grupo irradiado e que sofreu o mesmo tratamento (G6-
L+SE+Arc). Observa-se nas figuras 7 e 9 um padrão de condicionamento totalmente
diferente para os dois tratamentos. A dentina tratada com o laser do G6-L+SE+Arc (Figura
9) apesar de ter ficado com os túbulos abertos não apresentou o mesmo padrão retentivo da
figura 8 e especula-se que este tenha sido o fator responsável pelo melhor desempenho do
G5-SE+Arc. Porém, a irradiação por laser, de uma maneira geral, aumentou a resistência
de união entre o agente cimentante e a dentina radicular, particularmente nos grupos do
cimento RelyX Unicem e nos grupos que foram condicionados com ácido fosfórico gel a
37% e os pinos cimentados com Rely X ARC. No grupo irradiado pelo laser e que recebeu
o cimento RelyX Unicem, o aumento da resistência de união pode ser creditado à maior
52
quantidade de fósforo na superfície a qual permitiu uma maior troca de íons fosfato com os
grupamentos carboxílicos presentes no cimento permitindo uma extensão maior de
condicionamento da superfície. Conforme demonstrou Yoshida et al. (25) este mecanismo
é o responsável pela ligação química do cálcio com o cimento resultando em uma melhor
união.
É extremamente oportuno ressaltar que nos grupos onde foi aplicado o cimento
resinoso RelyX ARC houve previamente a inserção do sistema adesivo de polimerização
dual Scotchbond Multipurpose Plus (3M ESPE). Tal fato pode ter sido o responsável pelo
desempenho superior deste cimento uma vez que houve uma maior molhabilidade da
superficie dentinária condicionada pelo sistema adesivo o qual apresenta maior capacidade
de espalhamento devido a sua menor viscosidade. Este material serviu como elo de ligação
do cimento resinoso à superfície dentinária concordando com os resultados de Boff et al.
(26) os quais encontraram os maiores resultados de resistência de união na região apical
quando este sistema adesivo foi utilizado. Assim, devido à maior viscosidade do RelyX
Unicem, os resultados tendem a ser menores quanto à resistência de união. Esse fato foi
confirmado por Zicari et al. (27) os quais avaliaram a eficiência adesiva de 5 cimentos
resinosos associados a pinos de fibra de vidro através de teste push out, e demonstraram
que os cimentos Clearfill Esthetic e Panavia 21 obtiveram maiores valores de resistência de
união do que os adesivos de passo único (Unicem). Kececi et al.(28) demonstraram que o
teste de Micropush out foi significativamente influenciado pelo tipo de cimento, onde o
cimento Variolink mostrou valores mais altos de resistência de união quando comparado ao
cimento Rely X Unicem.
Ainda, a resistência de união foi maior no terço cervical, quando comparado aos
terços médio e apical da raiz. Existem diferenças estruturais entre os terços radiculares, tais
53
como a orientação, número e diâmetro dos túbulos dentinários, além da dificuldade da
penetração de luz no terço apical da raiz. Neste estudo, a resistência de união foi maior no
terço cervical, como já foi demonstrado em estudos anteriores (26, 29). A acessibilidade do
terço cervical facilita os procedimentos de cimentação e observações em microscopia
eletrônica de varredura demonstram que há melhor formação da camada híbrida e tags de
resina do que nas outras regiões (13). Além disso, os terços radiculares respondem
diferentemente ao condicionamento ácido, sendo o terço apical o de menor formação de
camada híbrida e, portanto, menores resultados de resistência de união(13, 26).
Estudos prévios avaliaram a resistência de união em canais radiculares usando
testes de microtração, microscopia eletrônica de varredura e testes push-out (7, 26).O teste
push-out usa áreas menores quando comparado aos outros testes, e permite uma
distribuição mais uniforme da força aplicada, eliminando forças de tensão laterais e
direcionando a força na interface adesiva. Outra vantagem é a possibilidade de medir a
resistência de união em diferentes regiões radiculares (26).
O presente estudo não aplicou ensaios de ciclagem mecânica. Tal fato está em
acordo com Valandro et al. (30) os quais avaliaram o efeito dos ciclos mecânicos na
resistência de união dos pinos de fibra de vidro cimentados à dentina radicular e chegaram
à conclusão de que a resistência de união não é afetada pelos ciclos mecânicos.
Futuros estudos deverão avaliar clinicamente o comportamento dos condutos
radiculares submetidos ao tratamento com laser e posteriormente restaurados com pinos
estéticos e técnica adesiva. Esta verificação deverá ser monitorada através do grau de
descolamento das restaurações adesivas restauradas com esta técnica. O uso de alternativas
de condicionamento com a solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº
PI0903355-6) deverá também ser acompanhado por estudos em animais e, posteriormente,
54
em seres humanos. Devido aos resultados extremamente promissores com o emprego deste
agente, há a necessidade de experimentos que comprovem sua efetividade são relevantes.
7. Conclusões
De acordo com os resultados obtidos neste estudo é possível concluir:
- O uso da solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) aumentou
significativamente a resistência de união do cimento resinoso RelyX Arc à superfície
dentinária do conduto radicular;
- O terço cervical apresentou a maior resistência de união do estudo;
- O uso da solução experimental (PATENTE solicitada ao INPI nº PI0903355-6) aumentou
o padrão de retenção da superfície dentinária do conduto radicular facilitando a interação
com a técnica adesiva de colagem dos pinos de fibra de vidro;
- A irradiação por laser de Nd:YAG aumentou, de uma maneira geral, a resistência de união
dos grupos testados, particularmente, nos grupos onde os pinos foram cimentados com
RelyX Unicem e nos grupos onde houve o condicionamento com ácido fosfórico gel a 37%
associado ao cimento RelyX ARC.
55
8. Referências Bibliográficas
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