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INSTITUTO AGRONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA
TROPICAL E SUBTROPICAL
CLIMA E QUALIDADE NATURAL DE BEBIDA DE
CAFÉ NA REGIÃO MOGIANA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
ANDRÉRIKA VIEIRA LIMA SILVA
Orientador: Dr. MARCELO BENTO PAES DE CAMARGO
Co-orientador: Dr. JENER FERNANDO LEITE DE MORAES
Campinas, SP
2010
Dissertação submetida como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre
em
agricultura Tropical e Subtropical Área de
Concentração em Gestão de Recursos
Agroambientais
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iii
AGRADECIMENTOS
Seria muita pretensão entregar a dissertação sem agradecer a muitas pessoas que
tornaram esse trabalho possível.
Em primeiro lugar, é claro, ao meu querido orientador e mestre, com quem eu
tive o prazer de discutir e trabalhar durante esses dois anos. Sempre incentivando,
corrigindo meu inglês e, principalmente sendo extremamente calmo e paciente durante
as várias “discussões”. E, é claro, também pela liberdade que me deu para trabalhar.
Ao IAC, por ter me aceitado no programa de pós-graduação e ter acertado na
indicação do orientador.
Ao INMET, pela gentil cessão de dados de sua série histórica.
À CAPES e à FAPESP, pela concessão de bolsas de estudos, sem as quais teria
sido muito difícil concluir o mestrado.
À COOXUpela cessão de valiosos dados.
À professora Dra. Luci Hidalgo Nunes, aos alunos de geografia/geologia da
UNICAMP, pela ótima experiência durante o estágio de docência.
À UNESP, até hoje minha casa e escola e aos grandes amigos e mestres de lá.
Aos poucos e bons amigos da PG IAC (especialmente Camilla, Carol e Cajuru).
Ao Gui, por estar sempre ao meu lado, e especialmente por sua “quase”
interminável paciência.
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS..........................................................................................
LIST A DE FIGURAS..........................................................................................
RESUMO..............................................................................................................
ABSTRACT..........................................................................................................
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................
2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................
2.1 Exigências Climáticas do Cafeeiro..................................................................
2.2 Acumulação Térmica: Graus-Dia (GD) e Evapotranspiração Potencial
(ETP).....................................................................................................................
2.3 Fenologia do Café Arábica..............................................................................
2.4 Café Natural, Cereja Descascado ou Despolpado ..........................................
2.5 Qualidade Natural de Bebi..............................................................................
2.6 Café Gourmet e Premium................................................................................
2.7 Região Mogiana do Estado de São Paulo........................................................
2. 8 Geotecnologia e Geoprocessamento...............................................................
2.8.1 Estatística espacial........................................................................................
2.9 Estimativa de Temperaturas Médias Mensais e Anual....................................
2.10 Estimativa de Precipitação............................................................................
3 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................
3.1 Geração do Modelo Digital de Elevação (MDE)............................................
3.2 Estimativa da Temperatura Média e Precipitação Total Mensais e Anual
Normais.................................................................................................................
3.3 Mapa de Qualidade Natural de Bebida de Café..............................................
3.3.1 Mapa de qualidade de bebida com base nas condões térmicas.................
3.3.2 Mapa de qualidade de bebida com base nas condições térmicas e hídricas
3.4 Maturação de Diferentes Cultivares de Café...................................................
3.5 Estimativa das Temperaturas Médias Quinzenais e Chuvas Totais
Decendiais (2000 -2008)......................................................................................
3.6 Estimativa da Qualidade de Bebida Ano a Ano.............................................
3.7 Dados de Qualidade Natural de Bebida de Café.............................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................
4.1. Correlação entre Altitude e Temperatura Média Normal...............................
4.2 Coeficientes de Regressão Múltipla de Estimativa das Temperaturas
Médias Mensais.....................................................................................................
4.3 Estimativa das Épocas de Maturação de Diferentes Cultivares de Café..........
4.4 Caracterização Pluviométrica do Outono-Inverno na Mogiana Paulista........
4.5 Qualidade Natural de Bebida de Café.............................................................
4.5.1 Qualidade natural de bebida de café considerando apenas o fator térmico..
4.5.2 Qualidade natural de bebida de café considerando os fatores térmicos e
hídricos..................................................................................................................
4.6 Estimativa das Temperaturas Médias Quinzenais e Totais Decendiais de
Prepipitação...........................................................................................................
4.7 Estimativa de Qualidade Natural de Bebida de Café na Mogiana Paulista doo
ano de 2002..............................................................................................................
5 CONCLUSÕES..................................................................................................
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................
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v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classificação de qualidade sensorial de café, segundo
BRESSANI, 2007.........................................................................
Tabela 2 - Classificação de qualidade de bebida de café para a Mogiana
Paulista e sul de Minas Gerais segundo CAMARGO &
CORTEZ (1998)............................................................................
Tabela 3 – Classificação de interpoladores espaciais quanto às suas
qualidades......................................................................................
Tabela 4 - Localização dos postos meteorológicos utilizados para estimar
as temperaturas médias mensais para a região Mogiana...............
Tabela 5 Localização postos pluviométricos utilizados para estimar a
precipitação mensal para a Mogiana paulista................................
Tabela 6 - Classes de qualidade natural de bebida de café na Mogiana e
respectivas altitudes.......................................................................
Tabela 7 Localização dos postos meteorológicos utilizados para estimar
as temperaturas médias quinzenais e precipitação total decendial
na Mogiana. No período 2000-2008..............................................
Tabela 8 – Classificação de qualidade de bebida de café adotada com base
na classificação de qualidade da Cooxupé.....................................
Tabela 9 - Valores a, b e c das equações de estimativa de temperaturas
médias normais para a Mogiana paulista.......................................
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vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Apresentação esquemática dos diferentes estádios fenológicos
da cultura do café arábica para o Estado de São Paulo.
CAMARGO & CAMARGO (20010.............................................
Figura 2 Distribuição geográfica de área cultivada e número de
produtores 2007/2008 no estado de São Paulo.
COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA
INTEGRAL - CATI, (2009)..........................................................
Figura 3 Localizão da região Mogiana do estado de São Paulo...............
Figura 4 – Esquema de folhas utilizadas para a elaboração do Modelo
Digital de Elevação da Mogiana Paulista. Adaptado de
VALERIANO (2008)....................................................................
Figura 5 Organograma de elaboração do mapa de Qualidade Natural de
Bebida de café................................................................................
Figura 6 Modelo Digital de Elevação na Região Mogiana do estado de
São Paulo.......................................................................................
Figura 7 Correlação entre a altitude (m) e a temperatura média anual
(° C) para diferentes localidades da região Mogiana do estado de
São Paulo.......................................................................................
Figura 8 Estimativa das épocas de maturação da cultivar de café Mundo
Novo ..............................................................................................
Figura 9 – Estimativa das épocas de maturação da cultivar de ca
Catuaí.............................................................................................
Figura 10 - Estimativa das épocas de maturação da cultivar de ca
Obatã..............................................................................................
Figura 11 Precipitação pluviométrica mensal normal de outono-inverno na
região Mogiana Paulista.................................................................
Figura 12 Mapeamento da qualidade natural de bebida de café da Mogiana
Paulista considerando apenas o fator térmico................................
Figura 13 Porcentagem da área da Mogiana Paulista com aptidão para
diferentes qualidades de bebida.....................................................
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Figura 14 Proposta de mapeamento de qualidade natural de bebida de
café, considerando os fatores térmicos e hídricos......................
Figura 15 Correlação entre temperaturas médias quinzenais observadas e
estimadas no ano de 2008. a) Araxá, b) Bambuí, c) Franca e d)
Machado......................................................................................
Figura 16 – Chuva total decendial dos meses de abril a junho na Mogiana
paulista do ano de 2002..............................................................
Figura 17 – Chuva total decendial dos meses julho e agosto na Mogiana
paulista do ano de 2002..............................................................
Figura 18 - Estimativa da qualidade natural da bebida de café na Mogiana
para o ano de 2002 considerando as condições térmicas e
hídricas........................................................................................
Figura 19 Qualidade de bebida nas propriedades cooperadas da Cooxupé
(Cooperativas dos Cafeicultores de Guaxupé) no ano agrícola
2001/2002....................................................................................
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viii
Clima e qualidade natural de bebida de café na região Mogiana do estado de São
Paulo
RESUMO
O café arábica é uma planta tropical de altitude, adaptada a clima úmido com
temperaturas amenas, típico dos altiplanos da Etiópia, região de origem da espécie. O
cafeeiro é afetado nas suas fases fenológicas pelas condições ambientais, especialmente
pela variação fotoperiódica e pelas condições meteorológicas, principalmente a
distribuão pluviométrica e temperatura do ar, que interferem diretamente na
produtividade e na qualidade da bebida. A partir dos anos 2000, uma tendência de
produção de cafés de qualidade superior, buscando atender aos crescentes mercados
consumidores externo e interno. Atualmente, a Região Mogiana é a principal produtora
de cafés de qualidade superior do estado de São Paulo. O objetivo geral desse trabalho
foi relacionar dados climáticos (temperatura do ar, chuva, acumulação de graus-dia e
ETp) com a qualidade natural da bebida de café, no intuito de mapear as áreas da região
Mogiana do estado de São Paulo com diferentes aptidões para a produção de cafés de
qualidade. Inicialmente, foram mapeadas as condições climáticas normais e do ano
agrícola 2001/02 da região com o auxílio de Sistemas de Informações Geográficas
(SIGs). A partir de modelos agrometeorológicos, foram estimadas as durações dos
estádios fenológicos da floração–maturação para as cultivares de café Mundo Novo,
Catuaí e Obatã. Os mapeamentos indicaram que a maturação dos grãos de café ocorre
normalmente entre os meses de abril e setembro na região. A região Mogiana apresenta
condições favoráveis à qualidade natural de bebida de café superior, especialmente nas
áreas com altitudes superiores a 700 metros, A inclusão do fator hídrico no mapeamento
de qualidade de bebida indicou que áreas com potencial de qualidade de bebida superior
não foram prejudicadas, enquanto áreas mais quentes de baixa altitude foram
prejudicadas pela antecipação da maturação dos grãos. Para o ano agrícola 2001/02,
reconhecidamente um ano de baixa qualidade devido às adversidades térmicas e
hídricas, o mapeamento foi eficiente, evidenciando os problemas ocasionados por
temperaturas elevadas.
Palavras-Chave: Coffea Arabica, acumulação térmica, SIG, bebida de café, cultivares
de café, zoneamento
2
ABSTRACT
Climate and natural coffee beverage quality in the Mogiana region, state of Sao
Paulo, Brazil
Arabic coffee is nature from highlands in Ethiopia. In this region presents mild
temperatures and high humidity. Environmental conditions affect the coffee plant
through the different phonological growth stages, especially rain and air temperature,
which interferes in phenology, productivity and beverage natural quality. From the last
years there is a tendency of coffee production of superior quality, looking for assist to
the crescents consuming world markets. The Mogiana Region is the main producing of
coffees of superior quality of the state of Sao Paulo, Brazil. The general objective of the
work was to relate climatic data (air temperature, rain, growing degree-day) with the
natural quality of coffee beverage, to obtain regional mapping of the Mogiana area with
different quality types. The normal climatic conditions and for the specific year of
2001/02 in the area were mapped with the support of Geographical Information Systems
(GIS). The durations of the growth stages of flowering-bean maturation for three Arabic
coffee cultivars, Mundo Novo, Catuaí and Oba were determined. The regional
mappings indicated that the maturation of the beans usually happens between the
months of April to September. The Mogiana region presents favorable conditions of
superior natural quality coffee, especially in the areas with altitudes above 700 meters,
considering only thermal conditions. The mapping of coffee quality considering also
rainfall factor indicated that the areas with superior quality were not restricted, while
warmer areas of lowlands were prejudiced for the anticipation of the maturation beans.
For specific agricultural year of 2001/02, the mapping was efficient, considering a
period of low quality due to the high air temperatures.
Key Words: Coffea Arabica, thermal accumulation, GIS, coffee beverage, coffee
cultivars, crop zoning
1
1 INTRODUÇÃO
De todas as atividades econômicas, a agricultura é a que sofre mais diretamente
os efeitos das condições do tempo e do clima. Portanto, o entendimento da dimica
climática é fundamental na organização do espaço agrícola, principalmente no
planejamento de uso da terra.
O caarábica é uma planta tropical de altitude, adaptada a clima úmido com
temperaturas amenas, típicas dos altiplanos da Etiópia, região de origem da espécie. O
cafeeiro é afetado nas suas fases fenológicas pelas condições ambientais, especialmente
pela variação fotoperiódica e pelas condições meteorológicas, principalmente a
distribuão pluviométrica e temperatura do ar, que interferem diretamente na
produtividade e na qualidade da bebida, porém são os trabalhos que avaliam essas
relações.
O Brasil é o maior produtor mundial de café, mas a grande quantidade de grãos
produzida nem sempre atende a critérios de qualidade de um mercado consumidor cada
vez mais exigente. Uma preocupação maior com a qualidade do café iniciou apenas por
volta do ano 2000 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ -
ABIC, 2009). No Brasil, as principais regiões produtoras de cafés de qualidade são a
Mogiana, no estado de São Paulo e Sul do estado de Minas Gerais.
Para compreender a demora do setor cafeeiro brasileiro em investir em
qualidade, é fundamental entender que até a extinção do Instituto Brasileiro do Café
(IBC) em 1990, não havia sentido para tal preocupação. O IBC era responvel por toda
a regulamentação do setor cafeeiro (inclusive tabelamento de preços). Como política
fundamental, o IBC objetivava fornecer o produto para o mercado internacional, e o
excedente, que não podia ser exportável, servia para abastecer o mercado interno. Tal
política resultou na ação de algumas empresas de misturar outros ingredientes (como
cevada) ao café, que refletiu na queda do consumo interno. (SAES & FARINA, 1998)
Portanto, após a extinção do IBC e com o fim do tabelamento de preços em
1992, o mercado iniciou uma reestruturação, e na tentativa de recuperar mercado
interno, foi lançado em 1989 o Selo de Pureza ABIC, com o objetivo de fiscalizar a
indústria do café e impedir que o produto fosse fraudado (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ, 2009). O selo de Pureza existe até os dias
2
atuais, porém não garante que a bebida certificada tenha boas características sensoriais;
garante apenas que o consumidor está realmente adquirindo café.
Em 2004, foi lançado pela ABIC o Programa de Qualidade do Café (PQC), esse
sim focado nas características sensoriais da bebida (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA
INDÚSTRIA DE CAFÉ, 2009). O objetivo do PQC é oferecer produtos diferenciados a
consumidores dispostos a pagar mais por um produto de qualidade superior.
A preocupação da ABIC é um grande avanço em relação à situação anterior da
cafeicultura nacional, mas nos parece um pouco tardia, que desde a década de 90, a
demanda por cafés de qualidade (Gourmets e Especiais) vem crescendo, tanto no
mercado brasileiro quanto nos mercados internacionais. A Colômbia percebeu esse
mercado com antecedência, e criou o personagem “Juan Valdez” ainda na década de 60
com o objetivo de conscientizar o consumidor estrangeiro sobre a qualidade do café
colombiano. Em 1994, a Colômbia desenvolveu uma campanha publicitária para
incentivar o consumo de café por jovens executivos e em 1995 lançou seu programa de
cafés especiais. Em 2005, obteve o certificado de denominação de origem (DO) Cafe
de Colômbiae em Agosto de 2007, recebeu a outorga dessa mesma denominação de
origem da União Européia. (FEDERACIÓN NACIONAL DE CAFETEROS DE
COLOMBIA, 2009).
No Brasil, apesar de existirem inúmeras certificações e selos (geralmente
ligados certificações ambientais e comércio justo, como o “Rainforest Alliance” e o
“UTZ Certified”), há apenas uma denominação geográfica para café – O café do
Cerrado.
O estado de São Paulo possui o selo de identificação “Produto de São Paulo”,
porém esse selo não acompanha nenhuma denominação de origem ou indicação
geográfica.
Denominação de origem pode ser definida como: o nome geográfico de um
país, região ou localidade que serve para designar um produto nele originado, cuja
qualidade e características devem-se exclusivamente ou essencialmente ao ambiente
geográfico, incluindo-se fatores humanos e naturais” (CHADDAD, 1996 apud
COUTINHO, 2003).
Entre cooperativas de produtores da Mogiana paulista, começou a haver a
preocupação de proteger a produção regional de café por meio da obtenção da
denominão de origem, porém esse processo é bastante complexo e a avaliação
considera, entre outros aspectos, a notoriedade do produto em questão, a ligação com o
3
território, sendo a definição da área que tem direito à apelação um ponto central no
processo, sendo qualquer área produtora que use a denominação fora da fronteira
delimitada considerada fraude (COUTINHO, 2003).
Portanto, para que os cafés da Mogiana obtenham a denominação de origem são
fundamentais a delimitação da área e um levantamento detalhado das características
físicas que determinam a qualidade do ca. Nesse ponto, o clima tem papel
fundamental.
A qualidade do café é fortemente influenciada pelas condições de clima, que
definem a aptidão climática para a cultura e pelas condições de tempo, que determinam
a qualidade ano a ano. Dentre os elementos climáticos determinantes para a qualidade,
destaca-se a temperatura do ar, que influencia na duração dos estádios fenológicos da
cultura, condicionando a época da colheita (ORTOLANI et al., 2001).
Considerando a necessidade de modelos agrometeorológicos que definam com
maior precisão a influência das condições ambientais na qualidade natural de bebida de
café, o objetivo geral do trabalho foi relacionar dados climáticos (temperatura do ar,
chuva, acumulação de graus-dia) com a obtenção da qualidade natural da bebida de
café, no intuito de mapear as áreas da região Mogiana do estado de São Paulo com suas
respectivas aptidões para diferentes qualidades de bebida de café.
Essa abordagem foi feita sob dois enfoques diferentes: o primeiro busca
caracterizar e generalizar o clima da área e como este interfere na qualidade de bebida
do café. Sua importância é evidente, visto que ainda há poucos trabalhos que enfocam o
tema; o segundo refere-se ao comportamento interanual dos elementos climáticos e sua
repercussão sobre a qualidade de bebida. Essa abordagem propõe-se mais dinâmica, e
reveste-se de um caráter bastante geográfico, já que busca padrões nas sucessões dos
tipos de tempo e suas repercussões sobre o espo geográfico.
MONTEIRO (1969) argumenta que: “Também é pela sucessão que se percebem
as diferentes combinações dos elementos climáticos entre si e suas relações com os
demais elementos do quadro geográfico. É a seqüência que conduz ao ritmo, e o ritmo é
a essência da análise dinâmica”. Essa abordagem forneceu os subsídios para o
entendimento de como a interação entre os elementos provocou diferentes
características nos cafés produzidos ano a ano.
Desse modo, os objetivos específicos foram:
4
a) Aplicação de modelos agrometeorológicos de estimativa do estádio
fenológico da maturação dos frutos de diferentes cultivares de café arábica;
b) Mapeamentos por meio de tratamentos estatísticos e com o auxílio de SIGs
(Sistemas de Informações Geográficas) das épocas da maturação dos frutos de
diferentes cultivares de café;
c) Mapeamentos da região Mogiana com ênfase na atual aptidão climática da
qualidade natural de bebida em função das condições climáticas espacializadas com
auxílio de Sistemas de Informações Geográficas.
d) Mapeamento da região Mogiana em função das condições de um ano agcola
caracterizando a qualidade natural de bebida em função das condições climáticas
espacializadas com auxílio de Sistemas de Informações Geográficas.
As hipóteses norteadoras do trabalho foram:
Conhecimento mais consistente da influência das condições climáticas sobre os estádios
fenológicos do cafeeiro pode indicar com mais precisão a duração do estádio fenológico
da floração-maturação.
Modelos agrometeorológicos que consideram os efeitos ambientais aos processos
fisiológicos determinantes da fenologia o importantes para a obtenção de estimativas
mais consistentes da duração do estádio fenológico da floração-maturação de diferentes
cultivares de café arábica.
Maior consistência dos mapeamentos espacializados com o auxílio de SIGs das
épocas da maturação dos frutos de diferentes cultivares de café relacionando qualidade
de bebida e condões climáticas na região Mogiana.
5
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Exigências Climáticas do Cafeeiro
As perdas na cafeicultura em decorrência de eventos climáticos são grandes,
que os cafeeiros são plantas perenes e estão expostos às intempéries do clima durante
todo o ano. Os problemas ligados às adversidades climáticas o os mais variados e se
relacionam aos diferentes elementos como: geadas, ventos, veranicos freqüentes,
deficiências hídricas prolongadas, entre outros. Logo, pode-se dizer que os elementos
climáticos que influenciam no processo de produção do café são principalmente: a
temperatura do ar (exigências térmicas) e a precipitação pluvial (exigências hídricas).
A temperatura constitui-se no fator climático mais importante para definir a
aptidão climática do cafeeiro em cultivos comerciais (CAMARGO, 1986). A aptidão
térmica é dada por faixas de temperatura dia anual, classificadas em ideal, apta e
inapta, sendo: Ideal: 19° a 22°C; Apta: 18° a 23°C; Inapta: <18° e >23°C (CAMARGO
& FRANCO, 1985).
Temperaturas médias anuais superiores a 23°C associadas à seca na época do
florescimento provocam abortamento floral e formação de "estrelinhas", o que implica
na quebra de produção, principalmente nos anos em que a estação seca mostra-se mais
longa ou atrasada (CAMARGO, 1985; THOMAZIELLO et al., 2000). No extremo
oposto, temperaturas inferiores a 18°C para o café arábica causam baixa diferenciação
floral e, como conseqüência, baixos níveis de produtividade além de sintomas típicos de
crestamento foliar no período de inverno, associado aos ventos dominantes, além de
atraso demasiado no desenvolvimento dos frutos, cuja maturação pode sobrepor-se ou
ultrapassar a florada seguinte, prejudicando a vegetação e a produção do cafeeiro
(CAMARGO, 1985).
Temperatura média anual igual ou superior a 2C pode provocar a redução de
crescimento no período do verão, além de ocasionar frutos com desenvolvimento e
maturação demasiadamente precoces, o que repercute diretamente na qualidade do
produto, pois a colheita tende a ocorrer em estação muito quente e úmida (CAMARGO,
1985).
Temperatura do ar extremamente baixa pode provocar geadas severas, prejudiciais
aos cafeeiros, pois temperaturas de 2ºC medidas em abrigo meteorológico são
6
suficientes para que ocorram danos à planta. Por outro lado, no hemisfério sul, as
encostas de face sul e sudoeste podem estar sob influência de ventos moderados a
fortes, com temperaturas do ar baixas, ocasionando sintomas típicos de crestamento
foliar nos períodos de inverno.
Em relação às exigências hídricas, mais importante que o total da precipitação
pluvial durante o ano é a sua distribuição ao longo do desenvolvimento da planta. Um
mesmo cafeeiro pode estar em duas fases de desenvolvimento diferentes, porém, as
fases nas quais o cafeeiro está mais vulnerável ao estresse hídrico o a florada e a
granação dos frutos. No entanto, uma deficiência hídrica entre julho e agosto, período
anterior à florada, pode ser benéfica, favorecendo uma florada mais uniforme já nas
primeiras chuvas de setembro. (CAMARGO & CAMARGO, 2001).
Segundo CAMARGO (1986), na avaliação das condões ideais de precipitação
para o cafeeiro é fundamental a atenção a algumas variáveis importantes, tais como
precipitação anual média, distribuão da precipitação durante o ano (número de meses
secos), balanço hídrico, época de ocorrência e intensidade das deficiências e excedentes
hídricos e condições do solo (características físicas). Entretanto, estudos (CAMARGO
& PEREIRA, 1994) baseados em balanços hídricos indicam que o cafeeiro suporta até
150 mm/ano de deficiência hídrica, especialmente se este período não se prolongar até o
mês de setembro e se as condições de solo forem adequadas.
2.2 Acumulação Térmica: Graus-Dia (GD) e Evapotranspiração Potencial (ETp)
Um dos métodos utilizados para relacionar a temperatura do ar e o
desenvolvimento vegetal é o total de graus-dia acumulados (GDA), definido como a
soma de temperaturas acima da condição mínima e abaixo da máxima necessárias para a
planta finalizar os diferentes subperíodos de desenvolvimento (SOUZA, 1990). O
conceito de graus-dia foi desenvolvido para superar inadequações do calendário diário,
predizer eventos fenológicos (WARINGTON & KANEMASU, 1983), identificar as
melhores épocas de semeadura, escalonar a produção de culturas e para programas de
melhoramento.
O conceito de graus-dia pressupõe a existência de uma temperatura-base abaixo
da qual a planta não se desenvolve e, se o fizer, será a taxas muito reduzidas (PEREIRA
et al., 2002). Cada grau de temperatura acima da temperatura-base corresponde a um
7
grau-dia. Cada espécie vegetal ou cultivar possui uma temperatura base, que pode variar
em função dos diferentes subperíodos de desenvolvimento da planta, sendo comum a
adoção de um valor único para todo o ciclo da cultura (CAMARGO, 1984). Esta teoria
assume que tanto as temperaturas diurnas como as noturnas afetam o desenvolvimento e
o crescimento vegetativo, e que os dados somente perdem sua confiabilidade sob
condições de extremo ou prolongado estresse hídrico.
INFELD & SILVA (1987) afirmam que o aumento da temperatura acelera o
desenvolvimento da planta, reduzindo o seu ciclo e vice-versa. Com base nesse
princípio ficam explicadas as diferentes durações do ciclo de uma cultura, em dias, para
cultivos em localidades com regimes de temperaturas diferentes. Vários trabalhos têm
demonstrado a grande utilidade do uso de graus-dia acumulados para previsão de fases
fenológicas, bem como para zoneamento das culturas (SLACK et al., 1994). Esses
autores afirmam que graus-dia independem da época e do local de cultivo. Para o café
arábica o valor da temperatura-base foi determinado por PEZZOPANE et al. (2008)
como sendo de 10,2° C.
A evapotranspiração potencial (ETp) é um elemento climatológico fundamental
proposto por THORNTHWAITE (1955) para indicar a disponibilidade de energia solar
na região. O método de estimativa de ETp de Thornthwaite foi avaliado com bom
desempenho em escala mensal e decendial para as condições do estado de o Paulo
(CAMARGO & SENTELHAS 1997). Constitui assim, um índice de eficiência térmica
da região, semelhante aos graus-dia (GD), porém sendo expressa em milímetros (mm)
de evaporação equivalente. A ETp acumulada é muito utilizada na definição das
disponibilidades térmicas, como nos trabalhos de zoneamento climático da aptidão
agrícola e definição de fases fenológicas (CAMARGO & CAMARGO 2000). Enquanto
os valores da temperatura do ar e de graus-dia são expressos em graus, simples índices
termométricos, a ETp é dada em milímetros de evaporação, equivalente a uma unidade
física.
NUNES et al (2009) determinaram que os cafeeiros da cv Mundo Novo atingem
a maturação plena quando o somatório de graus dias (GD) a partir da florada principal
atinge 2900 GD de acumulação térmica (maturação precoce). Os cafeeiros da cv Catu
(maturação média) atingem a maturação quando completam 2990 GD de acumulação e
os cafeeiros da cultivar Obatã (maturação tardia) alcançam a maturação quando a
acumulação térmica atinge 3203 GD.
8
2.3 Fenologia do Café Arábica
CAMARGO & CAMARGO (2001) esquematizaram a fenologia do ca
Arábica, dividindo-a em seis diferentes fases, sendo as determinantes para a qualidade
de bebida as fases compreendidas entre a floração e a maturação (Figura 1). O cafeeiro
arábica (Coffea arabica L.) leva dois anos para completar o ciclo fenológico. A
fenologia do cafeeiro arábica foi definida e esquematizada (Figura 1) para as condições
tropicais do Brasil e relacionada com condições agrometeorológicas de cada ano. Essa
esquematização é útil para facilitar e racionalizar as pesquisas e observações do
cafeeiro.
Figura 1 - Apresentação esquemática dos diferentes estádios fenológicos da cultura do
café arábica para o Estado de São Paulo. CAMARGO & CAMARGO (2001).
Para identificar os períodos de crescimento e desenvolvimento do cafeeiro foram
esquematizadas seis fases fenológicas distintas, sendo duas delas no primeiro ano
fenológico e quatro no segundo. A primeira fase, “vegetação e formação das gemas
vegetativas”, ocorre normalmente de setembro a março. São meses de dias longos,
com fotoperíodo acima de 13 a 14 horas de luz efetiva (CAMARGO, 1985). A
segunda fase, indução, diferenciação, crescimento e dormência das gemas florais”,
é caracterizada por dias curtos, indo normalmente de abril a agosto. A partir de
fevereiro, com os dias ainda mais curtos, com menos de 13 horas de luz efetiva,
intensifica-se o crescimento das gemas florais existentes (GOUVEIA, 1984). Essas
9
gemas florais, após completo desenvolvimento, entram em dormência e ficam prontas
para a antese quando seu potencial hídrico aumentar, devido à ocorrência de chuvas
ou irrigação.
A terceira fase (floração, chumbinho e expansão dos frutos) é a primeira do
segundo ano fenológico, compreende normalmente quatro meses, de setembro a
dezembro. Inicia-se com a florada cerca de 8 a 15 dias após um aumento do potencial
hídrico nas gemas florais maduras. Uma florada principal normalmente acontece
quando se verifica um período de restrição hídrica, seguido de chuvas, irrigação ou
mesmo um acentuado aumento da umidade relativa do ar (CAMARGO & FRANCO,
1985; RENA & MAESTRI, 1985). As gemas florais de cafeeiros adultos completam
a maturação e entram em dormência, ficando prontas para a antese plena quando o
somatório de graus-dia (GD) a partir de abril atinge 1579 graus-dia e após uma chuva
de pelo menos 7mm, sendo necessária uma chuva de pelo menos 7 mm para quebrar a
dormência das gemas maduras (ZACHARIAS et al. 2008).
Temperatura ambiente elevada associada a um intenso déficit hídrico durante
o início da florada provoca a morte dos tubos polínicos pela desidratação, causando o
abortamento das flores, resultando nas conhecidas “estrelinhas” (DAMATTA &
RAMALHO, 2006). As a fecundação, ocorrem os chumbinhos e a expansão dos
frutos. Havendo estiagem forte nessa fase o estresse hídrico prejudicará o crescimento
dos frutos e resultará ocorrência de peneira baixa (DAMATTA, 2004).
A quarta fase é a de granação dos frutos, quando os líquidos internos
solidificam-se, formando os grãos. Ocorre em pleno verão, de janeiro a março.
Estiagens severas nessa fase poderão resultar no “chochamento” de frutos.
A maturação dos frutos se na quinta fase, compreendendo normalmente os
meses de abril a junho. A maturação plena, ou seja, quando pelo menos 50% dos grãos
atingem a fase de cereja, é alcançada segundo CAMARGO & CAMARGO (2001)
quando o somatório de ETp atinge cerca de 700 mm, as a florada principal. NUNES
et al. (2009) determinaram que os cafeeiros da cv Mundo Novo atingem a maturação
plena quando o somatório de graus dias (GD), a partir da florada principal, atinge 2900
GD de acumulação térmica (maturação precoce). Os cafeeiros da cv Catuatingem a
maturação quando 2990 GD de acumulação são completados (maturação dia) e os
cafeeiros da cultivar Obatã (maturação tardia) alcançam a maturação quando a
acumulação térmica atinge 3203 GD. Nesta fase, a demanda hídrica decresce
significativamente e as deficiências hídricas moderadas beneficiam a qualidade do
10
produto. A sexta fase, de repouso e senescência dos ramos produtivos não primários,
normalmente ocorre em julho e agosto.
2.4 Ca Natural, Cereja Descascado ou Despolpado
Os grãos de café podem ser submetidos a diferentes manejos s-colheita:
despolpamento, cereja descascado e café natural.
Para a obtenção do café despolpado, a polpa e a mucilagem do café são
removidas após a colheita. Esse manejo evita que o grão sofra fermentações e é muito
utilizado em locais úmidos, como a América Central.
No manejo cereja descascado (CD) remove-se apenas a polpa, mas a mucilagem
do grão permanece e seca com o pergaminho. Segundo BRANDO (1999), em locais de
altitudes baixas o café CD tende a se parecer com o natural em relação ao sabor.
Obviamente, a demanda de água e equipamentos requerida por esse manejo pode
encarecer o produto.
O café natural é aquele que permanece com casca, polpa e pergaminho. Esse
manejo é o principal adotado no país e na região Mogiana. Apresenta custo de produção
mais baixo, mas por outro lado o café fica mais exposto às condições ambientais.
Segundo BRANDO (1999), essa denominação deve ser adotada por uma questão de
mercado, e as denominações “café de terreiro” e “café não lavadodevem ser evitadas,
pois transmitem a idéia de falta de cuidado e de sujeira.
Em pesquisa realizada com 410 cafeicultores dos quais 90% são produtores de
arábica, para a empresa ILLY, SAES et al. (2009) constataram que 74% adotam o
manejo Ca Natural. Em relação ao mercado para cafés naturais ou CD, a empresa
entrevistou 50 executivos especialistas em café e 47% deles apontaram como principal
ponto negativo na aquisição de cafés naturais especiais a grande quantidade de defeitos
e 34% indicaram a pouca oferta do produto como fator negativo. Ou seja, faltam cafés
naturais especiais no mercado e os que chegam ao mercado apresentam problemas de
qualidade.
2.5 Qualidade Natural de Bebida de Café
11
Vários fatores ambientais influenciam na qualidade de bebida do ca, e um dos
fatores de maior importância na produção de cafés de qualidade é a temperatura do ar.
Em locais com temperaturas muito elevadas a maturação ocorre muito rapidamente, não
havendo tempo suficiente para que os compostos fenólicos migrem do endosperma para
as camadas superficiais da semente. Com temperaturas mais amenas, a maturação
ocorre mais lentamente, havendo uma maior coincidência entre o ponto de colheita e a
migração de tais compostos (CORTEZ, 1997).
Além disso, a presença de umidade nas épocas de maturação e colheita é
determinante para a qualidade da bebida, pois há quatro tipos básicos de processos
fermentativos que ocorrem nessas fases: acético, lático, propiônico e butírico. As duas
primeiras fases ocorrem naturalmente quando o café atinge a fase passa, porém, quando
há elevada umidade na colheita, formam-se condições idéias para que a fermentação
atinja a terceira e a quarta fases, condicionando gosto rio. Quando a presença de grãos
rio é pequena, classifica-se o café como riado, e quando além de grãos rio, presença
de defeitos, o café é caracterizado como rio zona. (CORTEZ, 1997)
Enfocando a importância do clima sobre a qualidade de bebida do café,
ORTOLANI et al. (2001) mostraram que o cultivo do café de qualidade no estado de
São Paulo tem se mostrado satisfatório em altitudes superiores a 1000 metros, e em
locais onde a colheita ocorre sob condições de baixa temperatura e umidade, pois alta
umidade na colheita pode favorecer a proliferação de fungos, prejudiciais à qualidade da
bebida. Apontaram ainda que a fase de maturação dos frutos é fundamental para a
qualidade da bebida. Tais características são encontradas na região Mogiana do estado,
que, portanto apresenta as condições climáticas necessárias para a produção de bebida
mole (a mais valorizada e apreciada das classes de bebida). Na região Mogiana do
estado de São Paulo a maturação geralmente ocorre por volta de maio a setembro, ou
seja, antes do período de chuvas na região (CIIAGRO, 2008).
O mapeamento de ORTOLANI et al. (2001) foi realizado com base no acúmulo
de graus-dia, porém os autores enfatizaram o fato de o fator térmico não ser suficiente
como único parâmetro para determinar a qualidade do café, sendo o fator hídrico
fundamental. Segundo eles, na continuidade da regionalizão da qualidade da bebida, o
fator hídrico deve ser incluído, pois em locais de clima úmido há a proliferação de
microorganismos fermentam a polpa do grão do café, causando qualidades de bebida
inferiores.
12
Outros fatores, como a colheita (derriça no pano, derriça no chão), s-colheita
(secagem em terreiro, café despolpado, cereja descascado, entre outros) também
possuem influência sobre a qualidade de bebida. Contudo, FAVARIN et al. (2004),
analisando diferentes manejos pós-colheita, concluíram que o manejo pós-colheita não é
o fator determinante na qualidade da bebida, sendo mais importantes os fatores
ambientais, que atuam durante o desenvolvimento do cafeeiro.
A qualidade do café pode ser avaliada por defeitos (presença de grãos verdes,
grão quebrados, entre outros) ou por qualidade sensorial, que avalia a mostra de café de
acordo com suas características de bebida.
diferentes classificações de qualidade sensorial de bebida de café. Em geral,
todas classificam o café de mole ou estritamente mole (as melhores bebidas) a rio ou rio
zona (as piores bebidas). A Tabela 1 apresenta uma classificação mais recente de
qualidade sensorial de café proposta por BRESSANI (2007).
Tabela 1 – classificação de qualidade sensorial de café, segundo BRESSANI (2007)
Estritamente Mole Sabor muito suave e adocicado
Mole Sabor suave e adocicado
Apenas Mole Sabor suave, leve adstringência
Dura Sabor adstringente. gosto áspero
Riada Leve sabor típico de iodo
Rio Sabor forte e desagradável
Rio Zona Bebida de sabor e odor intoleráveis, com gosto acentuado de iodo
CAMARGO & CORTEZ (1998) publicaram um trabalho que considerava os
fatores térmicos e hídricos fundamentais para a qualidade natural de bebida do café.
Segundo eles, quanto mais baixa uma região, maior a temperatura e mais rapidamente
ocorreria a maturação. Desse modo, associaram a qualidade de bebida às condições
altimétricas para a Mogiana Paulista, como ilustra a Tabela 2.
13
Tabela 2 - Classificação de qualidade natural de bebida de café para a Mogiana paulista
e sul de Minas Gerais segundo CAMARGO & CORTEZ (1998)
Altitude Qualidade da Bebida
Acima de 1000 metros Estritamente Mole, encorpada
De 700 a 1000 metros Mole
De 500 a 700 metros Dura
Abaixo de 500 metros Rio
O fator drico foi incluído como uma complementação do fator térmico, ou
seja, se a região for muito quente, a maturação será antecipada, ocorrendo ainda nos
meses chuvosos, como abril. Segundo os autores, na região Mogiana, essa condição é
satisfeita em localidades com altitudes inferiores a 500 metros.
2.6 Ca Gourmet e Premium
Existem diferentes classificações globais de café, que incluem todas as
características do grão qualidade de bebida e defeitos. A classificação de bebida
apresentada aqui é utilizada pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café,
2009), que representa diferentes empresas do ramo:
Café Tradicional: Deve conter 70% de café Arábica na composição e apresentar
no máximo 20% de defeitos PVA (grãos pretos, verdes e ardidos)
Café Superior: Deve conter 85% de grãos Arábica e no máximo 10% de defeitos
PVA
Café Gourmet: 100% grãos Arábica e não devem apresentar defeitos PVA
também o café classificado como Especial, que, apesar das distintas
classificações utilizadas por diferentes entidades, segundo BRESSANI (2007)
geralmente apresentam 100% de gos Arábica, são produzidos com 100% de grãos
cereja, devem ser cafés sustentáveis (certificação ambiental) e ter nota na análise
sensorial acima de 80 (a classificação sensorial vai de 0 a 100)
14
A AMSC (ALTA MOGIANA SPECIALITY COFFEES, 2009), que também é
certificadora de cafés especiais informa que seus membros produzem a cada ano
aproximadamente 60 mil sacas de cafés especiais.
2.7 Região Mogiana do Estado de São Paulo
No estado de São Paulo, a Mogiana é a região com maior tradição em produção
de cafés de qualidade e maior área plantada (CATI, 2009), ilustrada na Figura 2.
Figura 2 Distribuição geográfica de área cultivada e número de produtores 2007/2008
no estado de São Paulo. COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA
INTEGRAL - CATI, (2009).
A Mogiana é uma faixa que compreende a porção leste do estado, na divisa com
o estado de Minas Gerais e engloba aproximadamente 90 municípios (Figura 3). A
denominão Mogiana deve-se ao nome da Companhia de Estradas de Ferro
antigamente existente na região. O termo Média Mogiana era usado para designar as
áreas mais próximas à capital e o termo Alta Mogiana para designar as áreas mais
distantes, o havendo assim nenhuma correlação dessas denominações com caráter
topográfico.
Apesar de não apresentar grande variação longitudinal, estando entre 48,39º e
46,04º W, essa região apresenta significativa variação latitudinal, situando-se entre
19,98º e 23,23º S. Além disso, uma variação topográfica bastante acentuada, indo
15
desde aproximadamente 500 metros de altitude nas planícies aluviais até altitudes
superiores a 1200 metros nos divisores de água.
Essa grande variabilidade do relevo confere diferentes características aos
macroclimas e topoclimas, que por sua vez influenciam diretamente na quantidade e
qualidade do café produzido. Segundo a classificação de Köeppen (SETZER, 1966), a
região apresenta tipos de clima Cwb, Cwa (predominante) e Aw nas áreas mais a norte
Em geral, a rego apresenta verão mais quente e úmido com inverno seco e
ameno. A Média Mogiana foi responsável por aproximadamente 40000 hectares
cultivados com café no ano de 2008 (CIIAGRO, 2008).
Figura 3 Localização da região Mogiana do estado de São Paulo
2. 8 Geotecnologia e Geoprocessamento
Geotecnologia é um nome genérico comumente utilizado para designar os
levantamentos ou mapeamentos da Terra. Fazem parte das geotecnologias o
Processamento Digital de Imagens, a Geoestatística e os SIGs (Sistemas de Informações
Geográficas).
CÂMARA (2004) define Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) como
sistemas que realizam o tratamento computacional de dados geográficos. Segundo o
autor, a principal diferença de um SIG para um sistema de informação convencional é
16
sua capacidade de armazenar tanto os atributos descritivos como as geometrias dos
diferentes tipos de dados geográficos.
geoprocessamento é definido por TEIXEIRA & CHRISTOFOLETTI (1997)
como a tecnologia que abrange o conjunto de procedimentos de entrada, manipulação,
armazenamento e análise de dados espacialmente referenciados. Portanto, o
geoprocessamento engloba todas as geotecnologias, como PDI e SIGs.
Em 2008, o projeto TOPODATA disponibilizou vários produtos oriundos do
radar SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) para o Brasil com a resolução
espacial de 90 metros, reamostradas para 30 metros, entre eles um Modelo Digital de
Elevação (MDE), que é constituído de arquivos altimétricos estruturados em linhas e
colunas georreferenciadas VALERIANO (2008).
Segundo VIEIRA et al. (2007) no caso da cultura do café, as geotecnologias
podem facilitar a avaliação da distribuição das áreas cafeeiras, com a quantificação e o
entendimento das relações entre os sistemas de produção e o ambiente.
2.8.1 Estatística espacial
A escolha do modelo deve depender sempre dos objetivos de um trabalho e dos
dados de que se dispõe. Portanto, cabe ao pesquisador conhecer as vantagens e
limitações de cada modelo, e optar por aquele que melhor se adequar ao conjunto de
dados.
Os interpoladores geoestatísticos são classificados em modelos determinísticos
locais, globais e locais e globais. (CAMARGO et al., 2004)
Modelos de efeitos locais A interpolação é feita a partir das amostras mais
próximas, ou seja, pontos distantes daquele a ser interpolado são desconsiderados,
fazendo com que predominem os efeitos locais. São exemplos os interpoladores:
vizinho mais próximo, média simples e média ponderada. Para o interpolador média
ponderada, o ponderador utilizado é geralmente o inverso da distância euclidiana ou
inverso quadrado da distância (IQD). O IQD torna-se um ponderador interessante
porque pontos mais pximos entre si tem peso maior, enquanto pontos mais distantes
têm peso menor. Dessa forma, cada ponto terá o mesmo peso à mesma distância como
um ponto isolado, porém a variação não é necessariamente a mesma em todas as
17
direções. Outra vantagem é que este ponderador estima valores apenas dentro do
intervalo de valores que os pontos oferecem, não estimando valores fora do intervalo
medido (WEBSTER & OLIVER, 2001).
Modelos de efeitos globais. As Superfícies de Tendência são obtidas através de
ajuste polinomial. Não há limite quanto ao número de polinômios a ser calculado, desde
que seja inferior ao número de pontos amostrais. Tem como grande vantagem a
possibilidade de estimativa com poucos dados, porém, os dados devem estar bem
distribuídos, o mais próximo possível de uma grade regular. Apesar da vantagem da
fácil utilização, CAMARGO et al. (2004) pondera que: ...“a suposição implícita do
modelo, em negligenciar a variabilidade local, não é realista para a maior parte dos
dados naturais. Adicionalmente, os parâmetros estimados são muito senveis a valores
extremos (outliers)”
Modelos de efeitos globais e locais. São as Krigagens O conceito de krigagem
está baseado no conceito de variável regionalizada. Para CAMARGO et al. (2004),
variável regionalizada é uma variável distribuída no espaço cujos valores são
considerados realizações de uma função aleatória.
Segundo LANDIM (2003), atualmente o termo “geoestatística” é consagrado
como ramo da estatística que trata de variáveis regionalizadas. Há duas ferramentas
fundamentais no tratamento das varveis regionalizadas: o semivariograma e a
krigagem. Portanto, segundo essa definição, outros interpoladores espaciais (IQD,
Vizinho mais Próximo) não podem ser considerados modelos geoestatísticos.
A geoestatística, como a conhecemos, surgiu na década de 60 na África do sul,
no campo da Geologia. O engenheiro de minas D. G. Krige (de onde se originou o
termo Krigagem ou Krigeagem) e o matemático G. Matheron são considerados os pais
da geoestatística (LANDIM, 2003). Essa moderna geoestatística foi posteriormente
aplicada a outras áreas, como pedologia e meteorologia.
A teoria das variáveis regionalizadas pressupõe que a variabilidade espacial
depende apenas da distância entre pontos (e não da característica desses pontos). Desse
modo, pode-se concluir que em distâncias menores a variação é menor e se as distâncias
entre pontos forem iguais, a variação deve ser igual. Portanto, a variável deve se
comportar de forma igual em todas as diferentes direções, como demonstra a equação
abaixo:
18
]
h)+
x
Z(-
x
E[Z( 1/2 = (h)
2
ii
)
g
Onde:
γ(h) Semivariância em um vetor h
Z(x
i
) Valores Medidos
Z(x
i
+ h) Valores Medidos separados por um vetor h
Por isso, uma grande preocupação em geoestatística para que se obtenham
observações em grades regulares (distâncias iguais) e com o maior número de pontos
amostrais possível. Esse método é muito aplicado em geologia e pedologia. Porém, em
meteorologia e climatologia (especialmente em escala regional) uma grande
dificuldade na obtenção de grande número de medições em intervalos regulares, e, se os
dados apresentarem falhas, não há como reamostrá-los. Além disso, há outras limitações
ao uso de geoestatística para fins meteorológicos, como a origem da variabilidade dos
dados. Especialmente para chuva (pelo seu caráter de grande variabilidade espacial), a
teoria das variáveis regionalizadas não se aplica, que essa variável não se comporta
de maneira igual em todas as direções (LANDIM, 2003).
LANDIM (2000) classificou diferentes interpoladores quanto às suas qualidades,
como apresentado na tabela 3:
Tabela 3 – Classificação de interpoladores espaciais quanto às suas qualidades
Algoritmo
Fidelidade aos
dados originais
Suavidade das
curvas
Velocidade de
computação
Precisão
Geral
Triangulação 1 5 1 5
Inverso da disncia 3 4 2 4
Sup de Tendência 5 1 3 2
Mínima curvatura 4 2 4 3
Krigagem 2 3 5 1
Onde:
19
1 = Melhor interpolador
5 = Pior interpolador
Mesmo assim, há uma infinidade de trabalhos que aplicam a krigagem à
meteorologia e climatologia:
ASSAD et al. (2003) testaram diferentes interpoladores (média ponderada,
krigagem ordinária e krigagem por indicação) para definir o melhor interpolador de
ISNA (índice de satisfação das necessidades de água). Cabe destacar que nesse trabalho
as temperaturas médias foram estimadas e os dados de chuva foram obtidos em 390
pontos no estado de São Paulo. Os autores concluíram que a krigagem por indicão é
foi o método mais adequado para a estimativa do ISNA.
Considerando a pequena quantidade de dados disponíveis e a grande
variabilidade espacial das chuvas, optou-se por utilizar o interpolador média vel,
com ponderador IQD, já que este é um interpolador de efeitos locais, pouco senvel aos
valores extremos, que não estima valores fora do intervalo medido.
Tentou-se como teste aplicar krigagem aos dados, porém essa não foi eficiente
visto que os dados apresentaram anisotropia (a variável se comportou de forma
diferente dependendo da direção), o semivariograma não apresentou patamar, e, pela
característica do interpolador de estimar valores fora do intervalo medido, a krigagem
chegou a estimar chuva negativa em inúmeras áreas e extremamente elevada em outras.
20
2.9 Estimativa de Temperaturas Médias Mensais e Anual
A temperatura média do ar depende da sua posição no espaço (coordenadas
geográficas latitude e longitude) e das características do local que ocupa no espaço
(altitude e dinâmica da atmosfera). Baseado nisso, há inúmeros trabalhos que estimaram
as temperaturas médias mensais e anuais por meio de regressão linear considerando
essas variáveis independentes: latitude, longitude e altitude. PEREIRA et al. (2002)
realizaram um levantamento de vários trabalhos que utilizaram essa metodologia no
Brasil, para diferentes estados. Para alguns estados do Brasil como Rio Grande do Sul,
São Paulo, Paraná e Tocantins, a variável independente longitude foi desprezada.
PINTO et al. (1972) obtiveram equações de estimativa das temperaturas médias
mensais e da temperatura média anual, para o estado de São Paulo, com coeficientes de
determinação que variaram desde 0,74 no mês de julho a 0,90 no mês de janeiro. Os
autores atribuíram o menor coeficiente de determinação em julho à má localização de
alguns postos meteorológicos, que concentravam ar frio. É necessário também atentar
para o fato que foram utilizadas estações meteorológicas com período observações
superiores a 8 anos, dada a pequena disponibilidade de dados na época, o que pode ter
prejudicado a estimativa.
2.10 Estimativa de Precipitação
CARVALHO & ASSAD (2005) testaram três métodos de interpolação para a
estimativa da chuva no estado de São Paulo: inverso quadrado da distância, curvatura
mínima e krigagem ordinária, com dados de 1027 postos pluviométricos. O interpolador
que apresentou menores erros foi a krigagem ordinária. Os autores atribuíram ao alto
desempenho da krigagem o fato de esse interpolador considerar a dependência espacial
entre os pontos amostrados.
CARVALHO et al. (2009), estimaram a precipitação pluvial anual média para o
estado de São Paulo, a partir de 374 postos pluviométricos usando geoestatística. O
modelo de ajuste do semivariograma utilizado por eles foi o “hole effect”. A melhor
combinação foi obtida utilizando 16 vizinhos e disncia máxima de 600 metros. Os
autores argumentaram que os semivariogramas periódicos podem ter representado
pequenos espaços com grande diferença de altitude, ou a variação entre as distâncias
21
dos pontos amostrados. Os autores advertiram que esses modelos podem não ter
refletido a variabilidade espacial observada.
Porém, mesmo antes do advento da geoestatística, muitos trabalhos, hoje
considerados clássicos, estimaram a chuva para o estado de São Paulo, com bastante
êxito. O trabalho do meteorologista SETZER (1966), baseado observações climáticas e
topografia é considerado até os dias atuais um dos melhores trabalhos de regionalização
de chuvas.
O Atlas climático do estado de São Paulo, do geógrafo MONTEIRO (1973),
também estimou com bastante acurácia a precipitação no estado de São Paulo, tanto na
escala temporal de um ano quanto em médias de períodos maiores. Esse autor utilizou
medidas de postos pluviométricos e altimetria, mas também considerou a circulação
atmosférica regional em seus trabalhos, especialmente a contribuição dos sistemas
polares como mecanismos promotores de precipitação.
Em trabalho anterior que analisava as chuvas de inverno, MONTEIRO (1969)
argumentava que os sistemas polares, como mecanismos produtores de chuvas só
poderiam ser compreeendidos em sua interação com os sistemas intertropicais e que a
simples quantificação das invasões polares não era suficiente para entender a
precipitação a ela associada.
22
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Geração do Modelo Digital de Elevação (MDE)
Foram utilizadas imagens da missão SRTM (Shuttle Radar Topography Mission)
da NASA (Agência Espacial Norte Americana) 9 folhas de 1º00’00’’ de latitude por
1º30’00’’ de longitude com resolução de 90 metros reamostrada para 30 metros. Na
figura 4 é apresentado o diagrama de folhas utilizado:
Figura 4 – Esquema de folhas utilizadas para a elaboração do Modelo Digital de
Elevação. Adaptado de VALERIANO (2009).
Foi criado um sistema de coordenadas de latitude 19,00º S a 24,00º S e longitude
de 45,00º W a 49,0W. Datum e elipsóide WGS 1984.
Dessa forma, foi obtido um Modelo Digital de Elevação (MDE) para a área de
estudo com a resolução correspondente.
23
3.2 Estimativa da Temperatura Média e Precipitação Total Mensais e Anual
Normais
As temperaturas médias mensais para a região Mogiana foram estimadas
considerando os postos meteorológicos listados na Tabela 4, que representam medições
da Mogiana e áreas próximas.
Tabela 4 - Localização dos postos meteorológicos utilizados para estimar as
temperaturas médias mensais para a região Mogiana.
Posto Lat (S) Long (W) Alt (m)
Fonte Período
Mococa 21,47 47,01 665 IAC 1961-1990
Campinas 22,93 47,08 574 IAC 1961-1990
Franca 20,55 47,43 1026 INMET
1961-1990
Campos do Jordão 22,73 45,58 1578 INMET
1961-1990
Monte Alegre do Sul
22,68 46,72 777 IAC 1961-1990
Ribeirão Preto 21,18 47,80 521 IAC 1961-1990
Limeira 22,53 47,45 639 IAC 1961-1990
São Simão 21,48 47,55 617 INMET
1961-1990
Bambuí 20,00 45,98 661 INMET
1961-1990
Machado 21,67 45,92 873 INMET
1961-1990
São Lourenço 22,10 45,02 900 INMET
1961-1990
Araxá 19,57 46,93 1003 INMET
1961-1990
As temperaturas dias mensais foram estimadas por meio de regressão
múltipla, considerando as variáveis independentes latitude, longitude e altitude, de
acordo com a equação:
Tméd = a + b*alt + c*lat + d*long
Onde:
a, b, c e d = coeficientes da equação
alt = altitude, em metros
lat = latitude, em graus decimais
long = longitude, em graus decimais
24
Foram coletados dados diários de precipitação pluvial em postos do Instituto
Agronômico (IAC) e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), deve-se ressaltar
que nem todos os dados corresponderam à normal climatológica (Tabela 5).
Tabela 5Localização dos postos pluviométricos utilizados para estimar a precipitação
mensal para a Mogiana paulista.
Município Lat (S) Long (W) Alt (m) Fonte Período
Agu 22,06 46,98 660 IAC 1961-1990
Altinópolis 20,83 47,31 740 IAC 1961-1990
Araxá 19,56 46,93 1004 INMET 1971-1990
Atibaia 23,13 46,55 805 IAC 1961-1990
Bambuí 20,00 45,98 661 INMET 1972-1990
Buritizal 20,23 47,73 725 IAC 1961-1990
Caconde 21,55 46,65 840 IAC 1961-1990
Campinas 22,93 47,08 574 IAC 1961-1990
Campos do Jordão 22,73 45,58 1578 IAC 1961-1990
Franca 20,55 47,43 1026 IAC 1961-1990
Itapira 22,45 46,83 630 IAC 1961-1990
Itatiba 23,00 46,83 750 IAC 1961-1990
Machado 21,67 45,92 873 INMET 1961-1990
Mato Dentro 19,03 43,43 652 INMET 1971-1990
Mococa 21,47 47,01 665 IAC 1961-1990
Mogi Mirim 22,52 46,95 588 IAC 1961-1990
Monte Alegre do Sul 22,68 46,72 777 IAC 1961-1990
Morungaba 22,88 46,80 795 IAC 1961-1990
Nazaré Paulista 23,98 46,40 880 IAC 1961-1990
Nuporanga 20,65 47,68 620 IAC 1961-1990
Orlândia 20,71 47,96 610 IAC 1961-1990
Ribeirão Preto 21,18 47,80 521 IAC 1961-1990
Pedreira 22,82 46,90 699 IAC 1961-1990
Pinhalzinho 22,76 46,60 915 IAC 1961-1990
Piracaia 23,05 46,35 879 IAC 1961-1990
São João da Boa Vista 21,96 46,81 730 IAC 1961-1990
São José do Rio Pardo 21,63 46,90 680 IAC 1961-1990
São Lourenço 22,10 45,02 900 INMET 1961-1990
São Simão 21,48 47,55 617 IAC 1961-1990
Serra Negra 22,61 46,76 920 IAC 1961-1990
Sta Cruz das Palmeiras 21,83 47,26 644 IAC 1961-1990
Sta Rita do Passa Quatro
21,75 47,46 715 IAC 1961-1990
Sta Rosa de Viterbo 21,41 47,36 610 IAC 1961-1990
Uberaba 19,75 47,92 743 INMET 1961-1990
Vargem 22,92 46,43 835 IAC 1961-1990
25
A precipitação foi estimada com base em dados mensais normais em Sistemas
de Informações Geográficas utilizando-se o interpolador “média móvel”, com
ponderador Inverso Quadrado da Distância, conforme descrito por CAMARGO et al.
(2004) e WEBSTER & OLIVER (2001). Isto porque a pequena quantidade de dados
não permitiu o uso de krigagem, e por ser a média vel um interpolador de efeitos
locais, que mantém a medida no ponto interpolado idêntica à que foi observada, e,
especialmente, por o estimar valores acima ou abaixo dos valores observados (como
ocorre com a krigagem).
3.3 Mapa de Qualidade Natural de Bebida de Ca
3.3.1 Mapa de qualidade de bebida com base nas condições térmicas
A estimativa da qualidade natural de bebida de café foi feita utilizando-se as
classes descritas por CAMARGO & CORTEZ (1998), baseadas em altitude (Tabela 2).
Para que fosse possível trabalhar com base em temperaturas, obteve-se a
correlação da altitude com as temperaturas anuais (Ta). Assim, foi possível incluir uma
classe de inaptidão por excesso de calor (Ta > 24°C) e uma classe de inaptidão por
elevado risco de geadas (Ta < 17° C), apresentadas na tabela 7.
Tabela 6 Classes de qualidade natural de bebida de café na Mogiana e respectivas
altitudes
Qualidade natural de bebida Temperaturas médias normais
encontradas na Mogiana
Inaptidão por Calor T Média Anual > 24º C
Bebida Rio T Média Anual > 23º C
Bebida Dura 21ºC < T Média Anual <23ºC
Bebida Mole 18º < Tdia Anual < 21ºC
Bebida Estritamente Mole T média Anual < 18ºC
Inaptidão por risco de Geadas T Média Anual < 17º C
A temperatura média normal foi obtida com base em equação de regressão,
dessa forma obteve-se o mapa preliminar de qualidade de bebida com base em
condições térmicas.
26
3.3.2 Mapa de qualidade natural de bebida de ca com base nas condões
térmicas e hídricas
Para a inclusão das condições hídricas, foi proposta uma atualização do mapa de
qualidade de bebida anterior, que incluía o fator hídrico nos meses de colheita. Para
tanto, estimou-se a maturação para a cv. Catu (maturação média), de acordo com
NUNES et al. (2009).
Para cada época de maturação obtida, foi calculado o balanço hídrico seqüencial
(CAD 125 mm), segundo a proposta de ROLIM et al. (1998) e consideradas como aptas
todas as áreas que não apresentaram excedente hídrico. Na figura 5 é apresentado o
esquema de elaboração do mapa de qualidade natural de bebida de café incluindo o fator
hídrico.
Figura 5 Organograma de elaboração do mapa de Qualidade Natural de Bebida de
café
27
3.4 Maturação de Diferentes Cultivares de Café
Foram consideradas três diferentes cultivares de café Arábica com as seguintes
características de acordo com (FAZUOLI et al., 2007):
cv. IAC-Mundo Novo, possui alta capacidade de adaptação, dando boas
produções em quase todas as regiões cafeeiras do Brasil, com porte alto, vigoroso,
apresenta frutos vermelhos de maturação precoce e ótima qualidade da bebida.
IAC-Catuaí, tem ampla capacidade de adaptação, com porte baixo, indicado para
plantios adensados ou em renque. Apresenta frutos amarelos ou vermelhos de
maturação média e ótima qualidade da bebida.
IAC-Obatã 1669-20, de porte médio, boa qualidade da bebida e maturação
tardia.
A estimativa das épocas de maturação das cultivares foi baseada na proposta de
NUNES et al. (2009), considerando dados normais mensais de temperatura do ar de 12
localidades da Mogiana Paulista e áreas adjacentes (Tabela 4), representativas da área
em questão.
As equações de temperaturas médias mensais foram aplicadas ao Software Ilwis
3.4, onde a altitude foi obtida a partir da base topográfica SRTM (Shuttle Radar
Topography Mission), de acordo com VALERIANO (2009), com a resolução espacial
de 30 metros. A data da florada foi fixada no dia 15 de setembro, que corresponde à
maior freqüência de floradas na região (CAMARGO & CAMARGO, 2001). O
somatório de graus-dia foi feito sobre temperatura-base de 10,2º C de acordo com
PEZZOPANE et al. (2008). Para que o software pudesse trabalhar com mais eficiência,
a resolução dos mapas foi reduzida para 1utilizando-se o método de interpolação do
“vizinho mais próximo”.
Os graus-dias foram somados por quinzenas até que os primeiros pixels
atingissem a acumulação necessária para o complemento da fase floração-maturação das
diferentes cultivares de acordo com NUNES et al. (2009). A partir de então, cada mapa
quinzenal foi classificado em grãos verdes ou maduros. A contagem de GDs seguiu até
a última quinzena do mês de agosto, e então foi feita álgebra de mapas, obtendo-se
apenas um mapa com diferentes datas de maturação.
28
3.5 Estimativa das Temperaturas Médias Quinzenais e Chuvas Totais Decendiais
(2000-2008)
Foram coletadas informações de temperaturas máximas e nimas diárias de
diferentes postos da região (Tabela 7) e calculadas as médias aritméticas.
Posteriormente, foi subtraído 0,6 °C das médias, para que essas se aproximassem das
médias ponderadas e dessa forma pudessem ser comparadas com as médias mensais e
anuais. (SENTELHAS et al., 1997 apud PEREIRA et al., 2002).
Tabela 7 Localização dos postos meteorológicos utilizados para estimar as
temperaturas médias quinzenais e precipitação total decendial na Mogiana no período
2000 a 2008.
Posto Lat (S) Long (W) Alt (m)
Fonte Período
Barretos -20,57
-48,57
550
IAC 2000-2008
Bragança Paulista -22,96
-46,55
855
IAC 2000-2008
Campinas -22,93
-47,08
574
IAC 2000-2008
Casa Branca -21,78
-47,12
721
IAC 2000-2008
Cristais Paulista -20,41
-47,41
992
IAC 2000-2008
Franca -20,55
-47,43
1026
INMET
2000-2008
Limeira -22,53
-47,45
656
IAC 2000-2008
Mococa -21,47
-47,01
665
IAC 2000-2008
Monte Alegre do Sul
-22,68
-46,72
777
IAC 2000-2008
Piracaia -23,05
-46,35
879
IAC 2000-2008
Ribeirão Preto -21,18
-47,80
521
IAC 2000-2008
São Simão -21,48
-47,55
617
INMET
2000-2008
Vargem -22,92
-46,43
835
IAC 2000-2008
Os dados de temperatura e precipitação foram exportados para o Sistema de
Informações Geográficas, onde foram georreferenciados e interpolados.
Como as estimativas de temperaturas e precipitação foram feitas para períodos
inferiores a um mês e havia pequena quantidade de dados à disposição, optou-se por
utilizar o interpolador “média móvel” em Sistema de Informações Geográficas. A
mesma metodologia foi adotada para estimativa de precipitação.
Os dados quinzenais estimados de temperaturas foram correlacionados com
dados quinzenais observados de quatro postos próximos do INMET (Instituto Nacional
29
de Meteorologia), que, por apresentarem muitas falhas de dados o puderam ser
utilizados nas estimativas.
3.6 Estimativa da Qualidade de Bebida Ano a Ano
Como primeiro teste foi escolhido o ano agrícola 2001/2002, considerado
atípico, por apresentar temperaturas do ar muito acima da normal climatológica na
região. Estimou-se a maturação da cv. Catu para a área com base em acumulação
térmica e considerou-se a florada principal no dia 15 de setembro de 2001.
De posse das diferentes datas de maturação do café, cada uma das épocas de
maturação foi cruzada com seus respectivos mapas decendiais de excedentes hídricos.
Portanto, para cada quinzena de maturação foram considerados dois decêndios de
excedentes hídricos e todas as áreas que apresentaram excedentes foram consideradas
inaptas.
3.7 Dados de Qualidade Natural de bebida de café
Foram organizados dados de qualidade de bebida (considerando prova de xícara,
análise sensorial e defeitos) da Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé).
Como os dados da cooperativa eram classificados em mais de 40 classes
diferentes, esses foram agrupados, com o auxílio de profissionais da Cooperativa, para
formar apenas 6 classes, conforme apresentado na Tabela 8. Todos os dados referentes à
qualidade de bebida de cafés cereja descascados e despolpados foram desconsiderados.
30
Tabela 8 Classificação de qualidade de bebida de café adotada com base na
classificação de qualidade da Cooxupé
Classificação Adotada Classificação Cooxupé
Grupo bebida Rio Agrupadas as classes café barrento, chuvado, bebida rio
Grupo bebida Riada-Rio Cafés aspecto fraco, bebida riada
Grupo bebida Riada Cafés de aspecto regular com xícaras riadas
Grupo bebida Dura Todos os cafés do grupo “bebida dura”
Grupo bebida Mole Consideradas todas as classes de bebida “dura para melhor”,
Grupo Grãos verdes Classe “dura para melhor – grãos verdes
31
4 RESULTADOS E DISCUSÃO
4.1. Correlação entre Altitude e Temperatura Média Normal
O Modelo Digital de Elevação da região Mogiana, apresentado na figura 6 é
bastante ilustrativo quanto à grande variação topográfica regional, apresentando áreas
de altitudes inferiores a 500 metros nos vales dos rios e áreas com altitudes superiores a
1200 metros nos pontos mais elevados da serra da Mantiqueira.
Figura 6 Modelo Digital de Elevação na Região Mogiana do estado de São Paulo
32
Na Figura 7 é apresentada a correlação entre temperaturas médias anuais e
altitudes para diferentes localidades da região Mogiana do estado de São Paulo.
y = -0,008x + 26,335
r = 0,9380*
10
12
14
16
18
20
22
24
400 600 800 1000 1200 1400 1600
Altitude(m )
T m éd ia a n u a l (°C )
Figura 7 Correlação entre a temperatura média anual (° C) e a altitude (m) para
diferentes localidades da região Mogiana do estado de São Paulo
Na Figura 7 pode-se verificar alta (0,93) correlação entre temperatura dia
anual e altitude, justificando a possibilidade de transformar as classes de altitude
propostas por CAMARGO & CORTEZ (1998) em classes de temperatura média anual,
visto que as variáveis se comportam de modo muito semelhante.
4.2 Coeficientes das equações de Regressão ltipla de estimativa das
Temperaturas médias mensais
Os parâmetros das equações de estimativa de temperaturas médias normais
mensais e anual (a, b e c) e os coeficientes de determinação (R
2
) da regressão múltipla
são apresentados na Tabela 10.
33
Tabela 9 - Valores a, b e c das equões de estimativa de temperaturas médias normais
para a Mogiana paulista
a b c R
2
JAN 28,57
-0,0080
ns
0,91
FEV 28,72
-0,0081
ns
0,85
MAR 28,30
-0,0081
ns
0,88
ABR 35,56
-0,0068
-0,4580
0,91
MAI 40,15
-0,0069
-0,7661
0,94
JUN 22,88
-0,0080
ns
0,79
JUL 23,43
-0,0090
ns
0,80
AGO 40,71
-0,0080
-0,7439
0,86
SET 26,87
-0,0088
ns
0,81
OUT 43,26
-0,0077
-0,7418
0,95
NOV 37,51
-0,0077
-0,4544
0,93
DEZ 27,70
-0,0075
ns
0,86
ANO 36,05
-0,0077
-0,4614
0,93
Onde:
a = parâmetro de altitude (metros)
b = parâmetro latitude (graus decimais)
c = parâmetro de longitude (graus decimais)
R
2
= Coeficiente de Determinação
ns = não significativo a 95% de probabilidade
A variável longitude não foi significativa a 95% de probabilidade na maioria dos
meses. Portanto, optou-se por não considerar essa variável na estimativa de
temperaturas médias normais, já que não há prejuízo no coeficiente de determinação dos
meses onde a variável foi significativa. O fato de a variável longitude não ter sido
significativa era esperado, já que a área em questão se estende mais no sentido N-S que
no sentido E-W.
Os coeficientes de determinação obtidos foram bastante satisfatórios (sempre
maiores que 0,8) e superiores aos encontrados por PINTO et al. (1972) para o estado de
São Paulo. Essa diferença é devida principalmente à melhor série de dados utilizada
(todos os postos dispunham das normais climatológicas) enquanto o trabalho dos
referidos autores disponham de séries de apenas 8 anos, o que pode ter intensificado a
influência de eventos extremos no conjunto de dados.
34
Como no trabalho de PINTO et al. (1972) o mês de julho foi o que apresentou
menor coeficiente de determinação. Porém, enquanto os autores justificaram essa
ocorrência pela localização de alguns postos meteorológicos, justificamos o menor
coeficiente de correlação para o mês de julho obtido nesse trabalho pela dinâmica das
massas de ar, especialmente a massa (ou sistema) Polar Atlântica (mPA) que atua
fortemente nesse período do ano no estado de São Paulo. Segundo MONTEIRO (1969),
as invasões polares são condicionadas pelo abastecimento de ar frio a sul do continente
americano, e os anticiclones ali formados investem para o norte, mas sua evolução
depende do seu encontro com sistemas intertopicais, formando sistemas frontais.
4.3 Estimativa das Épocas de Maturação de Diferentes Cultivares de Café
Nas figuras 8 a 10 o indicadas as épocas prováveis de maturação do café
arábica cvs. Mundo Novo, Catue Obatã, considerando o atendimento das exigências
térmicas (GD) estimadas em função das temperaturas normais na região Mogiana
Paulista.
O ca Mundo Novo alcança normalmente a maturação principalmente na
segunda quinzena de abril e primeira quinzena de maio. ORTOLANI et al. (2001)
indicaram para as tradicionais regiões cafeeiras da Mogiana a maturação nos meses
julho-setembro para a cultivar Mundo Novo.
A cultivar Catuaí apresenta maturação principalmente nos meses de junho-
agosto, o que condiciona qualidade de bebida superior, que normalmente na região
esses meses são mais secos. Para essa mesma cultivar de café, ORTOLANI et al. (2001)
estimaram para a Mogiana paulista a maturação principalmente nos meses de agosto e
setembro.
Essa diferença entre as estimativas ocorreu porque os autores utilizaram um
soma térmica considerando 3500 GDs, enquanto neste trabalho o valor foi fixado em
2900 GDs para a cv. Mundo Novo e 2990 GDs para a cv. Catuaí, de acordo com
NUNES et al. (2008).
A maturação do café Obatã ocorre majoritariamente entre os meses de julho-
setembro, época normalmente fria e seca.
35
A oeste da área, a baixa altitude condiciona maturação mais precoce, no mês de
abril, quando há grande probabilidade de ocorrência de chuvas.
Se a maturação mais tardia dos frutos de café condiciona melhor qualidade de
bebida, como argumentaram CAMARGO & CORTEZ (1998), o café cv. Obatã é o que
tem potencial de qualidade de bebida superior. Porém, nas regiões mais altas e frias da
Serra da Mantiqueira, a maturação desta cultivar é demasiado atrasada, ocorrendo em
setembro, o que aumenta o risco de chuvas, e até mesmo de uma florada ocorrer antes
do rmino da colheita. Por outro lado, muitas dessas áreas apresentam-se como Áreas
de Preservação Permanente, onde a agricultura é proibida por lei.
36
Figura 8 Estimativa das épocas de maturação da cultivar de café Mundo Novo.
37
Figura 9 Estimativa das épocas de maturação da cultivar de café Catuaí.
38
Figura 10 – Estimativa das épocas de maturação da cultivar de café Obatã.
39
4.4 Caracterização Pluviométrica do Outono-Inverno na Mogiana Paulista
É apresentada na Figura 11 uma espacialização das condições pluviométricas
mensais normais da região Mogiana Paulista
Legenda
Até 10 mm
10 a 30 mm
30 a 50 mm
50 a 70 mm
70 a 100 mm
Acima de 100 mm
Abril Maio
Junho
Julho
Agosto Setembro
Figura 11 Precipitação pluviométrica mensal normal dos meses de outono-inverno na
região Mogiana Paulista
40
Devido à grande variabilidade espacial das chuvas, especialmente nos meses de
outono-inverno, e à pouca quantidade de dados utilizada (apenas 37 postos), a
estimativa da precipitação pluvial mensal na região foi limitada.
Porém, quando os resultados obtidos são comparados a trabalhos clássicos de
climatologia, observa-se grande correspondência entre eles. Baseado no mapeamento
das condições de chuva realizado pode-se inferir uma dinâmica das precipitações de
outono-inverno na região: no início do outono (abril) ainda um grande potencial de
chuvas na Mogiana, com totais acima de 50 mm. Observa-se uma clara diferença entre
as áreas norte e sul da Mogiana (Figura 9), com norte mais chuvoso (acima de 70 mm)
que o sul (entre 50 e 70 mm). O trabalho clássico do DAEE (1972) o indica duas
regiões com comportamento distinto, mas apresenta chuvas em torno de 60 a 80 mm
para o mês de abril na área.
No mês de maio, o potencial de chuvas diminui bastante, e na maior parte da
Mogiana as precipitações ficam em torno de 30 a 50 mm, com algumas ilhas” mais
chuvosas. O Atlas do DAEE (1972) indica precipitações em torno de 45 mm para a
maior parte da Mogiana, com um leve aumento (chegando a 60 mm de chuva) na serra
da Mantiqueira.
Junho apresenta chuvas mais abundantes no sul da área que no norte. O trabalho
do DAEE apresenta características similares às encontradas nesse trabalho.
Julho e agosto são os meses mais secos da série e toda a região apresenta
precipitação entre 10 e 30 mm. Já o trabalho do DAEE (1972) para esses meses
apresenta resultados bastante próximos.
Setembro apresenta “ilhas” de menor pluviosidade no norte que no sul, o que
também está de acordo com o trabalho do DAEE, que mostra chuvas em torno de 50
mm na maior parte da área e chuvas menos abundantes no norte (região de Franca e
Ribeirão Preto), com precipitações em torno de 40 a 50 mm
O trabalho de SETZER (1966) apresenta um mapa síntese do semestre seco para
o estado de São Paulo, no qual a Mogiana apresenta um comportamento de aumento de
chuvas do norte (Franca com chuvas em torno de 200 mm) para o sul (São João da Boa
Vista em torno de 250 mm). O mesmo trabalho apresenta um mapa de chuvas de julho,
com precipitações na Mogiana entre 10 e 30 mm.
MONTEIRO, (1973) apresenta mapas de tendência quantitativa média para o
estado de São Paulo entre 1941 e 1957, nos quais no período de outono, a Mogiana não
apresenta grandes diferenças regionais, ficando toda a área com 300 mm de chuva. Para
41
o inverno, o trabalho de MONTEIRO (1973) indica o norte da região mais seco, ficando
gradativamente mais úmido para o sul.
Em geral, o mapeamento da precipitação de outono-inverno ficou de acordo com
trabalhos clássicos da literatura sobre chuvas no estado de São Paulo, evidenciando a
consistência das estimativas.
4.5 Qualidade Natural de Bebida de Ca
4.5.1 Qualidade natural de bebida de café considerando apenas o fator térmico
O mapa de qualidade natural de bebida de café indica que a maior parte da
Mogiana apresenta condições favoráveis à qualidade de bebida superior (Figuras 12 e
13). As áreas mais elevadas da serra da Mantiqueira (São Sebastião da Grama)
apresentam elevado risco de geadas, sendo essas áreas margeadas por estreitas faixas
com potencial de bebida estritamente mole (Figura 12). À oeste da Mogiana, a baixa
altitude (em torno de 500 metros) condiciona temperaturas mais elevadas, o que
deteriora a qualidade natural de bebida de café, condicionando bebida dura, havendo
uma pequena área, que representa 0,5 % da área total, (Figura 13) no extremo noroeste
(região de Igarapava) com potencial de qualidade inferior (rio), pois apresenta baixa
altitude, inferior a 500 metros, porém a Mogiana não apresenta restrição por excesso de
calor.
42
Figura 12 Mapeamento da qualidade natural de bebida de café da Mogiana Paulista
considerando apenas o fator térmico
20° S
21° S
22° S
23° S
47° W 48° W
Legenda
Estritamente Mole
Mo le
Dura
Rio
Alto Risco de Ge ada
Ina pto por Calor
43
Figura 13 Porcentagem da área da Mogiana Paulista com aptidão para diferentes
qualidades de bebida
4.5.2 Qualidade natural de bebida de café considerando os fatores térmicos e
hídricos
A proposta de atualização do trabalho de CAMARGO & CORTEZ (1998) é
apresentada na Figura 12. Observa-se que, comparado ao mapeamento anterior (Figura
10), que considerava apenas o fator térmico, este mapa apresenta-se mais restritivo. A
precipitação foi considerada elemento prejudicial à qualidade de bebida durante a
maturação, portanto, em locais sem excedente hídrico a qualidade de bebida não foi
prejudicada, portanto foram considerados “aptos”. Já locais com ocorrência de
excedentes hídricos induzem à significativa redução no potencial de qualidade, e foram
considerados “inaptos”. Em geral, locais que apresentavam potencial de bebida mole
considerando-se apenas o fator térmico (Figura 10) passaram nesse caso a ter potencial
de qualidade de bebida inferior e locais que apresentavam potencial de bebida dura
passaram a ter potencial de bebida pior.
44
Figura 14 Proposta de mapeamento de qualidade natural de bebida de café,
considerando os fatores térmicos e hídricos.
A inclusão do fator hídrico ilustra claramente o quanto as regiões mais quentes
da Mogiana (locais onde a maturação é antecipada) são influenciadas negativamente
pelas chuvas de outono. Nos locais mais altos, onde a maturação é atrasada, a
precipitação não tem influência negativa sobre a qualidade de bebida, que essa fase
coincide com os meses mais secos do ano, excetuando-se as áreas extremamente altas,
onde a maturação plena ocorre em setembro, o que prejudica a qualidade de bebida,
que uma florada pode se sobrepor à maturação do café. Quando comparado à Figura
10, que apresenta os argumentos de CAMARGO & CORTEZ (1998), observa-se que
45
essas áreas são ali apresentadas como de alto risco de geadas. Segundo PEREIRA et al.
(2008) em áreas com temperatura média inferior a 17º C as plantas não conseguem
completar o ciclo fenológico antes da florada seguinte, e não haverá período de repouso
para a indão de novas gemas florais. Além disso, segundo os autores, a colheita
desses grãos prejudicaa safra seguinte. Portanto, áreas que se apresentam aptas com
maturação em setembro devem ser consideradas com muita cautela, que o risco de
chuvas é bastante elevado nessas áreas e o risco de geadas é alto, como ilustrado na
Figura 10.
Desse modo, evidencia-se a validade das proposições de CAMARGO &
CORTEZ (1998), que, apesar de não terem incluído nenhum valor referente à
precipitação argumentaram que a ocorrência de chuvas era fator determinante para a
qualidade inferior de bebida, especialmente em áreas com altitudes inferiores a 500
metros, o que foi comprovado por outra metodologia, apresentada na Figura 12.
4.6 Estimativa das Temperaturas Médias Quinzenais e Totais Decendiais de
Precipitação
Para a avaliação da qualidade natural de bebida de café no período de 2000 a
2008 foi necessária a utilização de valores de temperaturas médias do ar em períodos
inferiores a um mês. Portanto, as temperaturas foram interpoladas em Sistemas de
Informações Geográficas As temperaturas médias quinzenais estimadas foram
comparadas às temperaturas médias quinzenais observadas em 4 postos meteorológicos
no ano de 2002. Isto porque esses postos apresentavam falhas em vários meses e por
isso não foram considerados para efetuar as estimativas.
Obteve-se elevado coeficiente de correlação (acima de 0,9 para todos os
municípios avaliados), evidenciando a confiabilidade das estimativas, como
demonstrado na Figura 15, mesmo alguns deles estando em locais onde houve
deficiência de postos, como Araxá e Bambuí, ambos a aproximadamente 20,00º
latitude Sul.
O alto coeficiente de determinação para o município de Franca pode ser
considerado bastante satisfatório, especialmente dada a altitude do posto meteorológico
no município, acima de 1000 metros
46
a
r = 0,9969
17,00
19,00
21,00
23,00
17,00 19,00 21,00 23,00 25,00
T M éd Qui nz enal O b servad a ( º C )
b
r = 0,9582
17,00
19,00
21,00
23,00
25,00
17,00 19,00 21,00 23,00 25,00
T M éd Qui nz enal O b ser va d a ( ºC )
c
r = 0,9673
17,00
19,00
21,00
23,00
25,00
17,00 19, 00 21,00 23,00 25,00
T M éd Qui nz enal O b servad a ( º C)
d
r = 0,9785
17,00
19,00
21,00
23,00
25,00
17,00 19,00 21,00 23,00 25,00
T M éd Q ui nz enal O b servad a ( º C )
Figura 15 Correlação entre temperaturas médias quinzenais observadas e estimadas
no ano de 2008. a) Araxá, b) Bambuí, c) Franca e d) Machado.
Além disso, foram elaborados mapas de totais decendiais de precipitação para a
região Mogiana para os meses de outono-inverno (abril a agosto) para o período de
2000 a 2008. São apresentados nas Figuras 14 e 15 exemplos desses mapeamentos
decendiais, referentes ao ano de 2002.
47
Decêndio Abril
3º Decêndio Maio 2º Decêndio Maio
3º Decêndio Abril
Decêndio Abril
Decêndio Maio
Decêndio Junho Decêndio Junho 3º Decêndio Junho
O
0 a 5
6 a 10
11 a 20
21 a 30
31 a 50
51 a 70
71 a 100
101 a 150
Mais de 150
Legenda (mm)
48
Figura 16 Chuva total decendial dos meses de abril a junho na Mogiana paulista do
ano de 2002
Figura 17 Chuva total decendial dos meses julho e agosto na Mogiana paulista do ano
de 2002
1º Decêndio
Julho
3º Decêndio
2º Decêndio
3º Decêndio
Julho
2º Decêndio
Julho
1º Decêndio
O
0 a 5
6 a 10
11 a 20
21 a 30
31 a 50
51 a 70
71 a 100
101 a 150
Mais de 150
Legenda
(mm)
49
4.7 Estimativa de Qualidade Natural de Bebida de Café na Mogiana Paulista do
ano de 2002
O mapeamento de estimativa de qualidade natural de bebida de café para o ano
de 2002 (de baixa qualidade de bebida) considerando os fatores térmico e hídrico é
apresentado na Figura 18.
Figura 18 - Estimativa da qualidade natural da bebida de café na Mogiana para o ano
de 2002 considerando as condões térmicas e hídricas
50
Em relação às condões térmicas, o mês de abril de 2002 apresentou
temperaturas médias decendiais muito elevadas, superiores a 22º C (limite superior de
aptidão clitica), que prejudicou a maturação, antecipando-a.
Quando comparado ao mapa elaborado para a normal climatológica, observa-se
uma clara antecipação na maturação: Normalmente, o café Catuaí iniciaria a maturação
na primeira quinzena de maio na Mogiana, mas em 2002 a maturação iniciou já na
primeira quinzena de abril, ou seja, devido a altas temperaturas, a maturação foi
antecipada em um mês.
A condição hídrica favorável em todos os decêndios refletiu a condição de
deficiência hídrica ocorrida no ano, como discutido por CAMARGO (2002), que
avaliou as condições agroclimáticas dos cafeeiros no ano de 2002 e concluiu que as
temperaturas dos meses dos meses de outono (março a junho), períodos com acentuada
deficiência hídrica e elevadas temperaturas do ar, aproximadamente 3° C acima da
normal nas regiões cafeeiras de São Paulo e sul de Minas Gerais. Essas adversidades
climáticas afetaram a fenologia do cafeeiro, especialmente a fase da granação e final da
maturação dos frutos. Essas adversidades levaram a uma redução considerável a uma
redução da fase de plena maturação (cereja), passando rapidamente da fase de cereja
imaturo (verde) para frutos “passa” prejudicando a colheita. Esse ciclo curto de
maturação, menor de quinze dias, afetou os parâmetros físicos da bebida, produzindo
bebida dura fermentada em grande escala.
Apesar de a condição hídrica ter sido favorável”, o que não provocaria
fermentações indesejáveis, é importante destacar que ORTOLANI et al. (2000),
destacaram que temperaturas altas reduzem o ciclo floração-maturação, o que afeta a
translocação de compostos fenólicos do interior do endospoerma para as camadas mais
supeficiais da semente. Ou seja, não houve tempo suficiente para que essa translocação
ocorresse completamente no ano de 2002.
Os dados de qualidade de cooperativa também indicam que o ano de 2002 teve a
qualidade de bebida de café bastante prejudicada (Figura 19).
51
0%
20%
40%
60%
80%
100%
AGUAS DA PRATA
CACONDE
CAJURU
DESCALVADO
DIVINOLANDIA
ESPIRITO STO DO PINHAL
MOCOCA
PIRASSUNUNGA
STA CRUZ DAS PALMEIRAS
STA BARBARA D'OESTE
STO ANTONIO DO JARDIM
S JOSE DO RIO PARDO
S SEBASTIAO DA GRAMA
TAPIRATIBA
VARGEM GDE DO SUL
Verde Rio Riada-Rio Riada Dura Mole
Figura 19 Qualidade de bebida nas propriedades cooperadas da Cooxupé
(Cooperativas dos Cafeicultores de Guaxupé) no ano agrícola 2001/2002
Os dados da Cooxupé indicam que a qualidade da bebida do café foi prejudicada
como um todo na Mogiana paulista e imediações em 2002, quando praticamente todos
os municípios apresentaram aproximadamente 20% de grãos Rio na colheita, e uma
pequena minoria dos municípios colheu mais de 50% de grãos de bebida Mole. Águas
da Prata e Vargem Grande do Sul (cidades vizinhas) não tiveram a qualidade tão
prejudicada, mas mesmo assim ambas apresentaram aproximadamente 10% da colheita
de grãos verdes, o que coincide com a descrição de CAMARGO (2002), de que nesse
ano os grãos passaram muito rapidamente da fase “verde” para a “passa”, prejudicando
a colheita.
52
5 CONCLUSÕES
A região Mogiana do estado de São Paulo apresenta condições favoráveis à
qualidade natural de bebida de café superior, especialmente nas áreas com altitude
superiores a 700 metros, coerentes com o trabalho clássico de CAMARGO & CORTEZ
(1998).
A inclusão do fator hídrico no mapeamento de qualidade natural de bebida
indicou que áreas com potencial de qualidade natural de bebida superior o foram
prejudicadas, enquanto áreas de baixa altitude foram prejudicadas pela antecipação da
maturação dos grãos, coincidindo com o período chuvoso.
Os mapeamentos com o auxílio de SIGs dos resultados dos modelos
agrometeorológicos de estimativa do estádio fenológico da maturação dos frutos das
cultivares Mundo Novo, Catue Obatã permitiu a espacialização das épocas prováveis
da maturação.
O uso do interpolador “média móvel foi eficiente para estimar a precipitação e
também a temperatura média decendial para a região.
A qualidade natural de bebida de café no ano agrícola analisado (2001/2002) na
região Mogiana foi estimada satisfatoriamente pelos parâmetros testados.
53
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As estimativas de qualidade de bebida de café apresentadas podem auxiliar
sobremaneira a delimitação da área com direito à apelação à denominação de origem
“Mogiana Paulista”, bem como os estudos necessários à sua obtenção.
A metodologia apresentada tem como principal ponto positivo a possibilidade de
utilização tanto para estudos de clima quanto para acompanhamento interanual, e
mesmo para acompanhamento da safra, com pequenos ajustes.
A principal contribuão desse trabalho visando a estimativa de qualidade diz
respeito à inclusão do fator hídrico (especialmente o balanço hídrico).
A principal limitação da metodologia foi a não inclusão de uma penalização por
ocorrência de temperaturas adversas durante a fase de maturação dos grãos.
Como muitas entradas de dados nas estimativas de maturação dos grãos
qualidade de bebida, uma resolução espacial alta só pode ser utilizada para áreas
bastante pequenas, devido à capacidade de lculo dos computadores. Para áreas
maiores, como a própria Mogiana, a resolução deve ser reduzida para viabilidade dos
cálculos.
54
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