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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE
ANA ELISA BARRETO MATIAS
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE SENSORES QUIMICAMENTE
MODIFICADOS PARA ANÁLISE DE SULFETO
Goiânia - GO
2010
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ANA ELISA BARRETO MATIAS
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE SENSORES QUIMICAMENTE
MODIFICADOS PARA ANÁLISE DE SULFETO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Engenharia do Meio
Ambiente da Universidade Federal de Goiás, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre
em Engenharia do Meio Ambiente.
Área de Concentração: Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental
Professor Orientador: Prof. Dr. Eric de Souza Gil
Goiânia
2010
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Matias, Ana Elisa Barreto
M433d Desenvolvimento e caracterização de sensores quimicamente modificados para
análise de sulfeto [manuscrito] Ana Elisa Barreto Matias. – 2010.
71 f.: il., figs., tabs.
Orientador: Prof. Dr. Eric de Souza Gil.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás. Pro-
grama de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente. Escola
de Engenharia Civil, 2010.
Bibliografia.
Inclui lista de figuras, tabelas, abreviaturas e siglas e de símbolos.
.
1. Sensor eletroquímico – Análise ambiental. 2. Sulfeto 3. Azul de metileno 4.
Eletroanalítica 5.. I. Titulo
CDU: 544.6.076
ANA ELISA BARRETO MATIAS
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE SENSORES QUÍMICAMENTE
MODIFICADOS PARA ANÁLISE DE SULFETO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia
do Meio Ambiente da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás,
aprovada em nove de fevereiro de 2010 pela seguinte Banca Examinadora:
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Eric de Souza Gil – UFG
Presidente da banca
_____________________________________________________________
Prof.
Dr. Emerson Schwingel Ribeiro – UFRJ
Examinador
_____________________________________________________________
Prof.
Dr. Alexandre Soares Gustavo do Prado – UNB
Examinador
_____________________________________________________________
Profa. Dra. Nora Katia Saavedra Del Aguila - UFG
Examinador
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, que é o meu alicerce!
A minha querida mãe que além da amizade, companheirismo e paciência,
compartilhou comigo o mestrado e até as correções. Sempre abdicando da sua vida
em favor da minha...
Ao meu amado pai, que está sempre nos apoiando, alegrando e tentando tornar mais
leve as nossas vidas de mestrandas.
As minhas irmãs Rafa e Bel, pelo carinho, o apoio, a amizade e até pelas briguinhas
quando eu vou para casa.
Ao professor Éric Gil, pelas orientações, “puxões de orelha” e pelos conhecimentos
compartilhados. Agradeço muitíssimo pela confiança e principalmente pela amizade!
Aos meus queridos e amados avós, que ajudam a tornar meus sonhos possíveis!
As minhas tias e tios, principalmente Cris, Kátia, Luizinho, Tânia e Joana, que estão
sempre me apoiando e sempre com muito carinho (cada um ao seu modo)!!
As “primas” Dani, Rachel e Marina por fazerem parte dessa história chamada Ana
Elisa.
Aos queridos amigos que sempre me apoiaram e participam comigo dessa jornada em
Goiânia: Japão, Thalita e Lorena, muitíssimo obrigada!
As meninas: Rila, Carol, Sara, Valéria (paiaça), Kaloni, Inna, Ge e Roberta que
tornam a vida mais leve, mais divertida e que sempre estão comigo em busca da
cervejinha gelada para aliviar o estresse...
A minha “irmã de alma” que por muitos anos dividiu o ap, as contas, as alegrias e as
tristezas (quase um casamento Lulu !), não tenho palavras para te agradecer pelo
apoio e companheirismo de sempre...
Ao meu amigo Castanheira, que mesmo com tantos anos de distância está sempre ao
meu lado.
As queridas amigas e companheiras de PPGEMA Jeanete e Annyella, muito obrigada
por tudo!
Ao Diogo que durante um ano, persistentemente, trabalhou e cheirou sulfeto junto
comigo!!
A todos que de alguma forma me apoiaram e facilitaram a minha caminhada...
A CAPES pela bolsa concedida (fundamental)!!
RESUMO
O impulso desenvolvimentista da atualidade tem provocado a necessidade de se monitorar
continuamente o teor de contaminantes lançados nos cursos de águas naturais e efluentes
industriais. Neste contexto, é essencial o desenvolvimento de novas metodologias de
determinação e quantificação de diversos tipos de poluentes, com rapidez, seletividade e
sensibilidade, características estas, encontradas nos eletrodos quimicamente modificados (EQM).
Vários processos industriais são fontes poluidoras dos recursos hídricos, tais como indústrias
petroquímicas, de papel e celulose. O sulfeto é frequentemente liberado por essas indústrias e
causa sérios danos devido a sua alta toxicidade mesmo em baixas concentrações, o que sugere
métodos de detecção de sulfeto de alta sensibilidade, tempo reduzido e baixo custo. Várias
metodologias analíticas para detecção de sulfeto se baseiam na reação com azul de metileno, que
por sua vez possui reconhecida capacidade mediadora de elétrons. Nesse sentido o
desenvolvimento e caracterização de EQM modificado com sílica-nióbio-azul de metileno,
possui características promissoras e grande potencial de utilização nessas análises.
Foram
realizados estudos do comportamento voltamétrico de EQMs de pasta de carbono modificados
com diferentes concentrações de SNAM. Foram investigados além do efeito da composição da
pasta, efeitos do tipo de eletrólito suporte e do pH. O EQM foi estudado por voltametria cíclica,
voltametria linear e cronoamperometria, apresentando boa resposta ao íon sulfeto nas faixas
lineares de concentração de 7.59 x 10
-6
a 6.34 x 10
-5
mol L
-1
, com coeficientes de correlação (r)
de 0,9979, limite de detecção de 2,03 x 10
-6
mol L
-1
e limite de quantificação de 6,77 x 10
-6
mol
L
-1
. Os resultados obtidos neste trabalho permitiram concluir que a pasta de carbono modificada
com SNAM apresenta um bom desempenho analítico para análise de sulfeto, garantindo boa
sensibilidade, o que pode tornar-se uma alternativa vantajosa para determinação de sulfeto em
amostras de interesse ambiental.
Palavras chave: Sulfeto, sensor eletroquímico, azul de metileno, eletroanalítica.
ABSTRACT
The developmental impulse of the present time has caused a continuous degradation of the
environment, which increases the need of monitoring the contaminant levels launched in the
natural water courses and industrial effluents. In this context, it is crucial to develop new
methodologies of determination and quantification of various types of pollutants, with rapidity,
selectivity and sensitivity, characteristics which were found in the chemically modified
electrodes (CMEs). Many industrial processes are polluting the sources of water resources, such
as the petrochemical industries and paper and cellulose industries. From those, sulfide is
frequently set free causing serious demages due to its high toxicity, even in low concentrations,
which suggests methods of detention of sulfide of high sensitivity, reduced time and low cost.
Some analytical methodologies for the detention of sulfide are based on the reaction with
methylene blue, which has recognized mediating electron capacity. Accordingly, the
development and characterization of CMEs, modified with silica-niobium-methylene blue
possess promising characteristics and great potential of use in these analyses. Studies of the
voltametric behavior of CMEs had been carried through with different concentrations of SNAM.
Beyond the effect of the paste composition, also the effect of the type of electrolyte support and
of the pH had been investigated. The CMEs had been studied by cyclic
voltammetry, linear
voltammetry and
chronoamperometry technique, presenting good reply to the ion sulfide in the
linear response range between 7.59 x 10
¬6
and 6,34 x 10
¬5
moI L
¬ 1
, with correlation coefficient (r)
of 0, 9979, detection limit of 2,03 x 10
-6
mol L
-1
and quantification limit of 6,77 x 10
¬6
moI L
¬ 1
.
The results gotten in this work has allowed to conclude that the carbon paste modified with
SNAM presents a good analytical performance for analysis of sulfide in samples of
environmental interest.
Key words: sulfide, electrochemical sensor, methylene blue, eletroanalytical.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
(a) Sinal de excitação da voltametria cíclica. (b) Voltamograma cíclico típico para
processo redox reversível ........................................................................................................... 31
Figura 2 – Sinais de excitação para voltametria de pulso diferencial ........................................ 31
Figura 3 (a) Aplicação do potential-step cronoamperométrico (b) Comportamento da
corrente com tempo ................................................................................................................... 32
Figura 4 – Estrutura do azul de metileno ................................................................................... 33
Figura 5 – Reação entre a N,N dimetil amina e o sulfeto .......................................................... 33
Figura 6 – Ciclo do enxofre ....................................................................................................... 35
Figura 7 – Estados de oxidação do enxofre ............................................................................... 36
Figura 8 – Efeito do pH no equilíbrio do sulfeto........................................................................ 38
Figura 09 – Esquema do eletrodo de pasta de carbono modificado............................................ 41
Figura 10 – Sistema eletroquímico amperométrico para aquisição de dados ............................ 42
Figura 11 Voltamograma cíclico em eletrodo espiral de platina, para primeiras varreduras
em diferentes concentrações de sulfeto. Faixa de potencial de -0,2 a 1,0V, 100mVs
-1
.............. 43
Figura 12 –Voltamograma cíclico em eletrodo espiral de platina, para um meio aerado e
deareado contendo sulfeto, em 0,2 a 1,0V, 100mV..................................................................... 44
Figura 13 – Voltamograma cíclico em diferentes materiais eletródicos, na faixa de -0,2 a 1,0V,
100 mV............................................................................................................................... 45
Figura 14 - Voltamograma cíclico para varreduras sucessivas, em meio contendo sulfeto de
sódio 0,1molL-
1
, com eletrodo de platina em meio deaerado(A ) e meio aerado (B). Faixa de
varredura -0,25 a 1,0 mVs
-1
, 100mVs
-1
em KCl 0,1molL
-1
, pH 7,0............................................
46
Figura 15 - Voltamograma cíclico para varreduras sucessivas, em meio contendo sulfeto de
sódio 0,1molL-
1
obtido em carbono vítreo em meio deaerado(A ) e meio aerado (B). Faixa de
varredura -0,25 a 1,0 mVs
-
1
, 100mVs
-
1
em KCl 0,1molL
-
1
, pH 7,0 ........................................... 46
Figura 16 - Voltamograma cíclico em meio contendo sulfeto de sódio 0,1molL-
1
obtido após o
primeiro uso e após sonificação. Faixa de varredura -0,25 a 1,0 mVs
-1
, 100mVs
-1
em KCl
0,1molL
-1
, pH 7,0......................................................................................................................... 47
Figura 17 - Voltamograma cíclico em meio contendo sulfeto de sódio 0,1molL-
1
obtido após o
polimento e após sonificação. Faixa de varredura -0,25 a 1,0 mVs
-1
, 100mVs
-1
em KCl
0,1molL
-1
, pH 7,0......................................................................................................................... 48
Figura 18 -
-
Voltamogramas cíclicos obtidos em KCL 0,1 M pH 7,0 e na ausência de sulfeto
com EQM-SNAM (−−) e em KCL 0,1 M na presença de sulfeto 1mM com EQM-SNAN (-
.
-)
e com eletrodo convencional de Pasta de Carbono (....). -0,3 a 0,2 V, 100 mVs
-1
. II
Voltamograma cíclico para o azul de metileno, em diferentes velocidades de varreduras, na
faixa de potencial -0,35 a 0,3 Vs
-1
, 30 µmol L
-1
, em solução de NaCl 0,050 mol L
-1
. Fonte:
Souza et al., 2003.......................................................................................................................... 49
Figura 19 - Valores relativos de resposta obtidos através dos
voltamogramas cíclicos das cinco
pastas de carbono modificadas em KCl 0,1molL
-1
, pH 8, com adição de 50 µL de sulfeto 0,01
mol L
-1
, faixa de potencial de -0,5 a 1,2V, 100mV. It = corrente total e Ib = corrente do
branco, ambos divididos pela corrente de fundo......................................................................... 51
Figura 20 - Comparação entre os voltamograma cíclico de pastas de carbono modificadas em
KCl 0,1molL
-1
, pH 8, na presença de sulfeto 0,01 mol L
-1
, faixa de potencial de -0,2 a 1,2V,
100mV ...........................................................................................................................................
53
Figura 21 - Efeito do pH sobre a resposta voltamétrica do sulfeto 0,1 molL
-
1
,
em KCl 0,1mol
L
-1
.................................................................................................................................................. 54
Figura 22 - Efeito do pH na variação de corrente para determinação de sulfeto em KCl 0,1mol
L
-1
, faixa de potencial -0,25 a 1,2 e velocidade de varredura 100 mVs
-1
...................................... 55
Figura 23 - Comportamento do azul de metileno em diferentes valores de pH............................ 55
Figura 24 Efeito dos pH ácido e básico, na determinação de sulfeto em KCl 0,1mol L
-
1
,
faixa de de potencial -0,25 a 1,2 e velocidade de varredura 100mV............................................. 56
Figura 25 Voltamograma cíclico para diferentes eletrólitos utilizando PCAM3 em pH 8,0,
faixa de potencial de -0,2 a 1,2 e velocidade de varredura 100 mV............................................ 57
Figura 26 – Estabilidade do eletrodo em KCl 0,1molL
-
1
a 100mVs
-
1
........................................... 58
Figura 27 – Efeito da adição de sulfeto na resposta do voltamograma em KCl 0,1mol L
-
1
, pasta
PCAM3, faixa de potencial -0,5 a 1,2 e velocidade de varredura 100mV ................................... 59
Figura 28 – DPV para 8 adições de sulfeto em KCl 0,1 mol L
-
1
................................................... 60
Figura 29 – Cronoamperograma para 8 adições de sulfeto. E = 1,0 V, KCl 0,1mol.L
-
1
, pH 8,0.. 61
Figura 30 – Curva analítica obtida a partir do cronoamperograma para 8 adições de sulfeto....... 62
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Exemplos de sensores químicos comuns ........................................................ 25
Tabela 3.2 -
Composição das pastas de carbono modificadas com sílica-nióbio-azul de
metileno ............................................................................................................................... 40
Tabela 4.3 -
Parâmetros para otimização do sensor eletroquímico ..................................... 59
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EQM: Eletrodo Quimicamente Modificado
CONAMA: Conselho Nacional do meio Ambiente
pH: potencial Hidrogeniônico
SNAM: Sílica-Nióbio-Azul de Metileno
PC: pasta de carbono
PCAM: pasta de carbono modificada
VC: Voltametria Cíclica
DPV: Voltametria de Pulso Diferencial
EPC: Eletrodos de Pasta de Carbono
O: forma oxidada do analito
R: forma reduzida do analito
S1: medida corrente a antes da aplicação do pulso
S2: medida corrente ao final da aplicação do pulso
FIA: análise por injeção de fluxo
r: coeficiente de correlação
LD: Limite de Detecção
LQ: Limite de Quantificação
SD: Desvio Padrão
LISTA DE SÍMBOLOS
E Potencial
E
0
Potencial padrão
R Constante dos gases
K Temperatura em Kelvin
z Número de elétrons
F Constante de Faraday
ai Atividade iônica
T Temperatura termodinâmica
I Corrente elétrica
Epa Potenciais de pico anôdicos
Epc Potenciais de pico catódicos
Ipa Correntes de pico anôdicas
Ipc Correntes de pico catódicas,
Ep/2 Potencial de meio pico anôdico
E
1/2
Potencial de meia onda
Ks Equilíbrio da reação
γ
max
. Comprimento de onda máximo
nm Nanômetros
molL
-1
Mol por litro
V Volts
mgL
-1
Miligrama por litro
PPM Partes por milhão
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização da pesquisa ..................................................................... 17
1.2. Justificativas ............................................................................................... 20
1.3. Objetivo ....................................................................................................... 22
1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................. 22
1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................... 22
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Sensores Quimicamente Modificados .......................................................
23
2.2. Métodos de imobilização do modificador eletroquímico ......................... 23
2.3. Eletrodos de Pasta de Carbono ................................................................. 27
2.4. Técnicas Eletroquímicas Voltamétricas e Amperométricas ..................... 29
2.4.1. Voltametria ....................................................................................
2.4.2. Amperometria..................................................................................
29
32
2.5. Azul De Metileno ...................................................................................... 32
2.6. Sulfeto ................................................................................................. 34
3. METODOLOGIA
3.1. Preparação dos Reagentes ......................................................................... 39
3.2. Síntese da sílica modificada com óxido de nióbio (SN) ........................... 39
3.3. Adsorção do corante na sílica modificada................................................. 39
3.4. Síntese dos sensores quimicamente modificados ..................................... 40
3.5. Medidas eletroquímicas............................................................................. 41
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Oxidação eletroquímica do Sulfeto ........................................................... 43
4.2. Adsorção do sulfeto................................................................................... 45
4.3. Estudo do modificador químico (SNAM)..................................................
48
4.4. Estudo da Sensibilidade da Pasta de Carbono Modificada
....................... 49
4.5.
Estudo da Composição da Pasta de Carbono Modificada ........................
50
4.6. Influência do pH ........................................................................................
53
4.7. Efeito do eletrólito suporte.........................................................................
56
4.8. Estudo da estabilidade do sensor eletroquímico........................................ 60
4.9. Determinação de sulfeto.............................................................................
58
4.10. Curva analítica e parâmetros quantitativos................................................ 60
CONCLUSOÊS E SUGESTÕ
ES
............................................................................
63
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
...................................................................
64
17
1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização da pesquisa
No mundo pós-moderno a preocupação com o meio ambiente tornou-se fundamental
e uma questão de sobrevivência do homem e do nosso Planeta Terra.
O crescimento populacional e o desenvolvimento de novas tecnologias geram
transformações contínuas no meio que nos cerca. Esse impulso desenvolvimentista tem
provocado uma onda de poluição do ar, da terra e das águas e, em consequência, enormes
catástrofes, o que justifica a motivação da busca por soluções de tais problemas. Portanto, para
que a qualidade de vida seja garantida, é necessário que medidas de preservação do meio
ambiente e dos recursos hídricos sejam tomadas.
A implementação de ações práticas que oportunizem um desenvolvimento
sustentável torna-se fundamental. No entanto, apesar de as pesquisas terem ampliado nosso
conhecimento sobre as questões, elas ainda não são suficientes para fornecer todos os subsídios
adequados para que orientemos nossa prática, de forma consciente, segura e economicamente
viável.
A água é um recurso natural essencial à manutenção da qualidade de vida, ao bem
estar da população e ao desenvolvimento econômico. O mundo atual vive uma nova era, em que
á água passou a ocupar um papel fundamental nas políticas públicas, é a era do “ouro azul”
(Ciências Hoje, 2004).
È importante ressaltar que embora a água seja abundante no planeta, a sua
disponibilidade para o homem é bem pequena. Existe na terra aproximadamente 1,4x10
18
L de
água, da qual aproximadamente 97,5% é salgada e inadequada ao uso, sem que haja um
tratamento dispendioso. Do pouco mais de 2,5% do volume de água doce existente, apenas
0,27% se apresenta sob uma forma facilmente utilizada pelo homem. Ainda assim, a demanda
total deste recurso no mundo, ainda é muito inferior a sua disponibilidade (Ciências Hoje, 2004).
Algumas regiões do globo sofrem permanentemente com a escassez hídrica. No
entanto, em outras regiões o desperdício de água, bem como os processos agrícolas e industriais,
aliados à distribuição desses recursos hídricos, têm provocado sua escassez, tornando-se
necessário adequar a gestão dos mesmos (Ciências Hoje, 2004).
Sendo assim, é necessário monitorar continuamente o teor dos contaminantes
químicos nos cursos de águas naturais e nos efluentes industriais neles lançados, entre estes
contaminantes, pode-se destacar o sulfeto. Neste contexto, é essencial desenvolver novas
18
metodologias de determinação e quantificação de diversos tipos de poluentes, com rapidez,
seletividade e sensibilidade, características estas, encontradas nos eletrodos quimicamente
modificados, doravante (EQM).
A análise de sulfeto, um contaminante de águas naturais, é realizada em laboratório,
sob a ação de diversos interferentes. O monitoramento on-line, possibilitado pelo
desenvolvimento de um eletrodo quimicamente modificado para análise de sulfeto, confere a
vantagem de uma análise rápida e minimiza os interferentes existentes nas análises atuais.
O termo EQM, introduzido por Murray (1975), consiste na imobilização de um
agente modificador na superfície de eletrodos convencionais, possibilitando alterações na
reatividade e seletividade das características sico-químicas da superfície destes eletrodos.
Portanto, uma grande aplicação analítica dos EQM devido ao vasto número de materiais que
podem atuar como agentes modificadores (DELBEM et al., 2002; MURRAY, 1984).
Vários processos industriais são fontes poluidoras dos recursos hídricos, tais como
indústrias petroquímicas, de papel e celulose, entre outras. O sulfeto é um composto xico e
corrosivo, frequentemente liberado por essas indústrias químicas. Esse composto provoca sérios
danos à água e à saúde do homem, mesmo em baixas concentrações. Pode-se citar como
exemplo a exposição contínua de 15 a 20 ppm que pode causar irritação das membranas mucosas
e conjuntiva dos olhos. Esta alta toxicidade sugere métodos de detecção de sulfeto de alta
sensibilidade, tempo reduzido e baixo custo, características estas encontradas no EQM
desenvolvido (AGA, 2009).
A Resolução Conama 357/2005, atribui condições e padrões para classificação das
águas. Em relação às águas doces classe I, por exemplo, águas que podem ser destinadas ao
abastecimento para consumo humano, o valor máximo permitido para H
2
S não dissociado é
0,002 mgL
-1
de S e para sulfato total 250 mgL
-1
.
O sulfeto de hidrogênio é a forma mais abundante de sulfeto na água. Sua presença
além de causar mau odores, forma um ácido fraco tornando a água corrosiva (FEITOSA;
MANOEL, 2000, p. 95). O acumulo de gás sulfídrico na água a torna nociva à maioria dos
organismos aquáticos. Isto ocorre porque este gás atua nos organismos enzimaticamente,
inibindo a cadeia respiratória através da desativação da enzima citocromo oxidase e,
consequentemente, inibindo a formação de água e ATP. Além disto, este gás atua na
hemoglobina através de uma combinação que a torna inativa para o processo respiratório
(ESTEVES, 1988).
19
Assim, o acúmulo de gás sulfídrico pode proporcionar condições ambientais bem
desfavoráveis à vida aquática. Este gás, pelo menos in vitro, é cerca de dez vezes mais tóxico do
que o cianeto (ESTEVES, 1988).
A principal fonte de sulfeto em águas naturais são os esgotos sanitários e efluentes
industriais que contenham sulfato em condições anaeróbias, pois devido à ação biológica, ocorre
a redução do sulfato a sulfeto. Em menor proporção, o íon sulfeto pode também ser gerado por
decomposição biológica de matéria orgânica contendo enxofre, notadamente as proteínas
albuminóides. A equação química 1.1 representa a redução de sulfato a sulfeto em meio
anaeróbio pelas bactérias do gênero Desulphovibrio desulphuricans (PIVELLI, 2008):
SO
4
-2
+ 2 C + 2 H
2
O → 2 HCO
-3
+ H
2
S (1.1)
O sulfeto pode apresentar-se na água sob diversas formas, tais como HS
-
e como
H
2
S. As concentrações desses últimos são variáveis, dependendo do pH, conforme a equação 1.2
(PIVELLI, 2008):
H
2
S ↔ HS
-
+ H
+
(1.2)
A forma iônica S
-2
está presente em quantidade pouco significativa, menor que 0,5%
do sulfeto dissolvido em pH maior ou igual a 12,0 e menor do que 0,05% em pH menor do que
11,0. Sob o ponto de vista analítico, os sulfetos são divididos em três categorias (APHA, 1995):
a) Sulfeto total, incluindo as formas dissolvidas e particuladas;
b) Sulfeto dissolvido, definido como a forma de sulfeto que permanece na água após
a remoção através de coagulação e floculação com cloreto de alumínio e sedimentação;
c) Sulfeto de hidrogênio não ionizável: calculado a partir da concentração de sulfeto
dissolvido, do pH da amostra e da constante de dissociação do H
2
S.
A presença de sulfeto em águas residuais, principalmente sulfeto de hidrogênio,
causam maus odores e corrosão das tubulações de concreto nas instalações de tratamento de
esgotos. A toxicidade do H
2
S ocorre por inalação ou pelo contato com a pele e olhos. Além dos
efeitos na água, citados anteriormente, os efeitos na saúde humana decorrentes de exposição
aguda são: taquicardia, palpitações cardíacas, arritmias cardíacas, bronquites, edemas
pulmonares, depressão respiratória e até paralisia respiratória (E.P.A., 2001).
20
Entre os efeitos neurológicos citam-se: vertigem, irritabilidade, dor de cabeça,
tontura, tosse, convulsões e até estado de coma. Normalmente esses sintomas são acompanhados
de náuseas, vômitos e diarréia (LILIAMTIS; MANCUSO, 2003
).
Além disso, a exposição ao gás sulfídrico pode também provocar irritação na pele,
lacrimejamento, perda gradativa da percepção de odores, fotofobia e visão embaçada. Os sulfetos
orgânicos como o metanotiol (CH
3
SH) e etanotiol (C
2
H
5
SH) também apresentam uma acentuada
ação tóxica no organismo humano, o que torna essencial o desenvolvimento de metodologias
para quantificar tiocompostos (LILIAMTIS; MANCUSO, 2003; VENDRAME, 2004).
Existem várias metodologias analíticas descritas para detectar sulfeto, tais como:
espectrofotometria, cromatografia e métodos eletroquímicos, sendo a mais usual o método do
azul de metileno, um método colorimétrico descrito por Fischer. O presente trabalho propõe
desenvolver um método eletroanalítico para a detecção de sulfeto explorando propriedades do
azul de metileno, entre as quais se destaca sua capacidade de mediar transferência de elétrons
(SCOTTI et al., 2006).
O azul de metileno reage seletivamente com sulfeto, produzindo descoloração,
principio do método colorimétrico, utilizado em ensaios oficiais para determinação de sulfeto
(APHA, 1995). No entanto, a elevada hidrossolubilidade do azul de metileno comprometeria a
reprodutibilidade dos ensaios. Sendo assim, o objetivo desse trabalho, situa-se no campo da
avaliação da composição de partículas de sílica-nióbio-azul de metileno (SNAM) imobilizadas
em eletrodos de pastas de carbono.
O complexo SNAM apresenta boa estabilidade, o que possibilita seu uso para a
composição de um sensor eletroquímico. Considerando que diversas metodologias para a
determinação de sulfeto descrita na literatura baseiam-se na interação deste analito com o azul de
metileno, propõe-se o desenvolvimento de um sensor quimicamente modificado com SNAM
para análise eletroanalítica de sulfeto.
Considerando a alta toxicidade do sulfeto e a dificuldade dos métodos existentes para
determinar e quantificar este analito in loco, o sensor quimicamente modificado com sílica-
nióbio-azul de metileno apresenta uma alternativa versátil para este tipo de análise, motivado por
sua sensibilidade e baixo custo.
1.2. Justificativa
A necessidade de métodos analíticos mais versáteis para o monitoramento ambiental
tem estimulado o desenvolvimento de uma gama de novos métodos. Os EQM revelam-se
21
promissores quanto a sua utilização no monitoramento on-line de efluentes e outras matrizes de
interesse ambiental, possibilitando uma rápida adaptação nos processos de tratamento. O
interesse por técnicas rápidas, sensíveis e de baixo custo para diagnóstico tem aumentado em
decorrência do crescente desenvolvimento alcançado por esses aparatos. Neste contexto, a fusão
dos métodos clássicos com outras metodologias analíticas constitui-se em saída para a superação
de possíveis limitações e desvantagens da química analítica (ROSATTO et al., 2001).
Em eletroanalítica, a busca de novos modificadores para preparação de eletrodos
modificados tem sido tema de pesquisa regular. Esses sensores representam uma ferramenta
promissora para suplementar as técnicas existentes, motivadas por suas características singulares,
tais como: seletividade; baixo custo; potencial para miniaturização, facilidade de automação e
construção de equipamentos simples e portáteis para um monitoramento rápido feito in loco. No
entanto, é necessário enfatizar que estas ferramentas não podem e não devem ser vistas como
alternativas para técnicas analíticas clássicas, mas sim como um complemento a elas, pois alguns
sensores ainda podem apresentar problemas de estabilidade (ROSATTO et al., 2001; SILVA,
2006).
A possibilidade de controlar e manipular premeditadamente as propriedades das
superfícies dos eletrodos é bastante vantajosa, pois os EQM proporcionam às superfícies,
características que podem contornar efetivamente muitos dos problemas apresentados pelos
sensores eletroquímicos tradicionais. Pode-se citar como exemplo a passivação gradual da
superfície, que é a consequência principal da adsorção dos produtos da própria reação de óxido-
redução utilizada na detecção e a dificuldade de discriminar compostos com características redox
similares (ROSATTO et al. 2001; WANG, 1991).
O azul de metileno é comumente utilizado na detecção de sulfeto em alguns métodos
analíticos. O uso dos EQM modificados com azul de metileno configura em técnica promissora
de detecção em sistemas eletroanalíticos, conferindo alta sensibilidade, rapidez e baixo custo
para a detecção de sulfeto. Além disso, são dispositivos pequenos, portáteis, de fácil
manipulação e que não necessitam da adição contínua de reagentes para a sua operação. Sendo
assim, constitui-se em aparato importante na instrumentação analítica para a determinação de
compostos químicos e biológicos em concentrações muito baixas, da ordem de ppm (ALFAYA;
KUBOTA, 2002).
Estudos eletroquímicos do azul de metileno adsorvido sobre lica gel quimicamente
modificada com óxido de nióbio, foram descritos na literatura e pode-se observar que a
espécie ativa quimicamente apresenta-se bem adsorvida na superfície da matriz, com o material
fortemente adsorvido na superfície da lica, garantindo estabilidade. Estas características,
22
aliadas as propriedades do azul de metileno de possibilitar a transferência de elétrons,
justificaram um novo modelo de sensor eletroquímico para a detecção de sulfeto (SCHIAVO et
al., 2000).
23
1.3 OBJETIVO
1.3.1. Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo construir e caracterizar um sensor capaz de
determinar sulfeto em amostras de interesse ambiental tais como águas fluviais e residuárias.
1.3.2. Objetivos Específicos
1. Desenvolver um sensor quimicamente modificado com azul de metileno adsorvido
sobre sílica gel quimicamente modificada com óxido de nióbio capaz de monitorar sulfeto.
2. Caracterizar um sensor para análise de sulfeto avaliando: diferentes valores de pH;
diferentes concentrações de SNAM; condições ótimas de resposta; concentração limite de
detecção de sulfeto.
3. Estudar quais as condições adequadas para aplicação do sensor.
4. Estudar a otimização nos parâmetros de voltametria cíclica (CV), voltametria de
pulso diferencial (DPV) e cronoamperometria.
5. Estudar o comportamento eletroquímico do sulfeto em diferentes meios
eletrolíticos e materiais eletródicos.
24
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Sensores Quimicamente Modificados
A denominação eletrodo quimicamente modificado (EQM) foi inicialmente
empregada na eletroquímica em meados da década de 70 para designar eletrodos recobertos com
espécies quimicamente ativas, que permaneçam convenientemente imobilizadas na superfície
desses dispositivos e que modifiquem o comportamento eletroquímico do mesmo (PEREIRA et
al., 2002).
O principal objetivo dessa modificação é pré-estabelecer e controlar a natureza
físico-química da interface eletrodo-solução. Sua finalidade é alterar a reatividade e seletividade
do sensor, o que pode favorecer o desenvolvimento de eletrodos para vários fins e aplicações, de
acordo com o interesse e a necessidade. Sendo assim, avanços tecnológicos na área de sensores
modificados encontram aplicações nas mais variadas áreas de atuação. Pode-se citar como
exemplo sua atuação na saúde pública, na qual sensores in vivo podem ser usados na detecção de
drogas em situação de emergência (WILKINS; ATANASOV, 1996).
O emprego de um sensor químico se tanto para análise quantitativa como para
análise qualitativa. O sensor é um dispositivo que responde a um analito particular, de maneira
seletiva, por meio de uma reação química. Promove o aumento da seletividade das reações
químicas que podem manifestar-se pela mudança de cor, de potencial elétrico sobre a superfície,
da frequência oscilatória de um cristal, emissão de luz fluorescente, fluxo de elétrons ou
produção de calor. O transdutor responde a este sinal e traduz a magnitude do sinal junto a uma
medida da concentração do analito, o que originam frequentemente, sinais de corrente maior do
que na ausência de um modificador químico (CATTRALL, 1997; BAKKER; QIN, 2006).
três categorias de sensores eletroquímicos: amperométricos, potenciométricos e
condutométricos (KISSINGER, 2005).
Os sensores encontram vasta aplicação ambiental, onde o monitoramento on line é
muito valioso, que, tanto as indústrias, quanto os órgãos de vigilância ambiental, necessitam
de sensores para análise quantitativa ou diferencial de inúmeros rejeitos industriais. Pode-se citar
como exemplo: as misturas gasosas, óleos, compostos orgânicos voláteis, metais pesados, entre
outros (KATZ et al., 1994).
O desenvolvimento de sensores eletroquímicos é uma das áreas de maior e mais
rápido crescimento dentro da química analítica, principalmente em decorrência dos novos
desafios impostos por amostras de interesse industrial, clínico e ambiental, que têm levado a uma
25
crescente busca por sensores com melhores características, alta sensibilidade, seletividade e
estabilidade (FREIRE et al., 2003).
Os EQM têm sido muito utilizados para diminuir o sobrepotencial que alguns
analitos requerem para se oxidar ou reduzir. Na tentativa de minimizar os problemas de
interferentes e estabilidade durante as análises, o resultado da modificação promove o bloqueio
do acesso direto ao eletrodo, inibindo alguns processos e favorecendo outros (BARD, 1983;
VENDRAME, 2004).
Um sensor eletroquímico consiste em duas partes: (1) o eletrodo base; (2) uma
camada de modificador químico. As características analíticas desejadas do sensor determinam a
forma de preparar um eletrodo quimicamente modificado. Os diversos estudos realizados com
estes dispositivos, buscando aperfeiçoar suas performances, levaram a uma grande evolução
desses sensores (PEREIRA et al., 2002).
A escolha do material para o eletrodo base, cuja superfície sofrerá a modificação,
mostra-se favorável e importante na preparação desses dispositivos. Diversos materiais têm sido
empregados conforme as características desejadas para esse sensor, segundo a tabela 2.1. Este
substrato deve ser adequado para o método de imobilização selecionado e apresentar
características eletroquímicas apropriadas. Entre os materiais convencionais emprega-se ouro,
platina, carbono vítreo, mercúrio na forma de filme, fibras de carbono e pasta de carbono. Entre
os substratos menos usuais inclui-se carbono vítreo reticulado, material plástico condutor e
vidros condutores (PEREIRA et al., 2002).
Os métodos mais importantes utilizados para a introdução de um agente modificador
sobre o eletrodo base consistem em adsorção irreversível direta, ligação covalente a sítios
específicos da superfície do eletrodo, recobrimento com filmes poliméricos ou ainda a
preparação de eletrodos à base de pasta de carbono, com um modificador pouco solúvel em água
para sua adsorção neste tipo de substrato (SOUZA, 1997).
As aplicações analíticas de eletrodos quimicamente modificados envolvem, na
maioria das vezes, cnicas voltamétricas ou amperométricas. Em termos analíticos, a
sensibilidade ou seletividade de uma determinação, deve aumentar com a utilização de um EQM
para que seu emprego seja justificado (SOUZA, 1997).
26
Tabela 2.1. Exemplos de sensores químicos comuns.
Tipo de Sensor Princípio Materiais Analito
Óxido semicondutor Condutividade de
impedância
SnO
2
, TIO
2
, ZnO
2
,
WO
3
, polímeros
O
2
, H
2
, CO, NO
x
,
SO
x
, hidrocarbonetos,
álcool, H
2
S,
Eletroquímico
(eletrólito líquido)
Amperométrico Compósito Pt, Au,
catalisador
O
2
, O
3
, H
2
, CO, NO
x
,
SO
2
, H
2
S, NH
3,
glicose, hidrazina
Eletrodo íon seletivo
(ISE)
Potenciométrico Vidro, LaF
3
, CaF
2
pH, K
+
, Na
+
, Ca
2+
, Cl
-
Mg
2+
, F
-
, Ag
+
Eletrólito sólido Amperométrico YSH, H
+
- condutor O
2
, H
2
, CO,
hodrocarbonetos
Potenciométrico YSH, b-albumina,
Nasicon, Naffion
O
2
, H
2
, CO, CO
2
, Cl
2,
H
2
S, NO
x
, SO
x
, H
2
O,
hidrocarbonetos
Piezoelétrico Mecânico w/filme de
polímero
Quartz Hidrocarbonetos,
COV
Combustão catalítica Calorimétrico Pt/ Al
2
O
3
, Pt-fio H
2
, CO,
hidrocarbonetos
Piroelétrico Calorimétrico Piroelétrico + filme Vapores
Ópticos Colorimétrico de
fluorescência
Fibra óptica/
indicador de corantes
Ácido, bases,
hidrocarbonetos,
materiais biológicos
Fonte: STETTER et al., 2003.
Determinadas substâncias reagem diretamente na superfície do eletrodo promovendo
uma determinação efetiva e rápida. Em contrapartida, alguns analitos reagem lentamente, de
forma que a detecção eletroquímica não ocorre, ou ainda, a reação entre o analito e a superfície
do eletrodo pode formar subprodutos que interferem nas medições eletroquímicas. Existem
diferentes direções em que esses eletrodos podem beneficiar aplicações analíticas, incluindo a
aceleração de transferência de elétrons, o acúmulo preferencial e a permeabilidade seletiva da
membrana. (RICARDI et al., 2002; ARAKI et al., 2002; STRADIOTO et al., 2003; BRETT e
BRETT, 1993).
27
2.2. Métodos de imobilização do modificador eletroquímico
Os principais métodos utilizados para a introdução de um agente modificador sobre
um eletrodo base conforme nos apresenta Pereira (2002) e Vendrame (2004), consistem em:
Adsorção: Trata-se da forma mais simples de se incorporar um modificador à base do
eletrodo. Essa técnica consiste na imersão do eletrodo à solução do agente modificador em um
solvente apropriado, sendo que, a adsorção se dá por forças eletrostáticas, hidrofóbicas ou
dispersivas na superfície do eletrodo. A fixação é bastante simples e as adsorções são
comumente realizadas em eletrodos de grafite, carbono vítreo ou platina. Entretanto, estacnica
é limitada, que não apresenta uma ampla faixa de resposta linear, pois é capaz de produzir,
no máximo, uma camada de modificador imobilizado. Além disso, o processo inverso, o de
dessorção, pode ocorrer do modificador para o meio, resultando na perda da vida útil desses
dispositivos.
Ligação covalente: O modificador é ligado covalentemente ao substrato do eletrodo
por meio de reações de silanização, que, em meio ácido, a oxidação de eletrodos metálicos
forma uma fina camada de óxido recobrindo a superfície base desses dispositivos, que
posteriormente, podem ser silanizados e reagir com outras moléculas. Para os eletrodos a base de
carbono a modificação ocorre entre os seus grupos funcionais oxigenados e outros reagentes que
se deseje adicionar.
Estes eletrodos também possuem, como limitação, a formação de apenas uma camada
de modificador e são mais difíceis de serem preparados. Entretanto, são mais estáveis em relação
aos obtidos pelos demais métodos e muito empregados para a imobilização de enzimas.
Recobrimento com filmes poliméricos: Consiste no recobrimento da superfície do
eletrodo com filmes poliméricos condutores ou permeáveis ao eletrólito suporte e à espécie de
interesse, explorando a grande variedade de características dos polímeros. Este método permite a
imobilização de muitas monocamadas da espécie ativa, resultando em ampliação da resposta
eletroquímica.
Formação de compósitos: formados pela mistura de dois ou mais componentes de
diferentes naturezas. Cada fase mantém sua característica individual, mas a mistura pode
apresentar novas características físicas, químicas ou biológicas. Está técnica é muito empregada
para eletrodos de pasta de carbono, pois este material forma uma fase condutora ideal na
elaboração desses modificadores que são bastante inertes quimicamente, possuindo ainda, um
amplo intervalo de potencial, baixa resistência e baixa corrente residual.
28
2.3. Eletrodos de Pasta de Carbono
O uso de eletrodo de pasta de carbono (EPC) foi registrado inicialmente por Adams
(1958), como uma proposta de preparar um eletrodo de carbono renovável, que poderia ser usado
em uma ampla faixa de potenciais positivos, nos quais o eletrodo de mercúrio metálico é
facilmente oxidado.
Atualmente o seu emprego é amplo devido a sua versatilidade, baixo custo, baixo
ruído, modificação conveniente e facilidade de renovação da superfície, além de permitir a
incorporação de matrizes inorgânicas, as quais conferem características específicas ao eletrodo
(ADAMS, 1958; ALEMU; CHANDRAVANSHI, 1998).
A pasta de carbono consiste no pó de grafite e um aglutinante (líquido orgânico), que
auxilia na fixação da pasta de carbono ao eletrodo, aos quais deve ser adicionado o modificador
eletroquímico (PEREIRA, 2002; LIMA, 1998).
O grafite em pó, utilizado para preparação do EQM, deve apresentar alta pureza,
baixa capacidade de adsorção de nitrogênio e de impurezas eletroativas, além de possuir uma
distribuição granulométrica uniforme (SILVA, 2006).
O aglutinante é geralmente um quido orgânico como parafina, óleo mineral,
silicone, entre outros. Utilizado para dar consistência à mistura e preencher as cavidades entre as
partículas de grafite. O aglutinante deve apresentar as características de ser quimicamente inerte,
eletroinativo, imiscível em água e nas soluções do analito, possuir baixa volatilidade e não conter
impurezas. A denominação pasta de carbono se dá, ao se utilizar como aglutinante do grafite, o
óleo mineral (SILVA, 2006; LIMA, 1998).
O desenvolvimento do eletrodo de pasta de carbono modificado possui a vantagem
de melhorar o limite de detecção do analito de interesse e aumentar a seletividade das reações em
relação ao eletrodo convencional. O procedimento é simples e a regeneração da superfície é feita
através da renovação da pasta na ponta do biossensor.
Um mediador é uma molécula capaz de transferir elétrons, apresentando
comportamento eletroquímico reversível e eletrocinética rápida (BANCI et al., 1999).
2.4. Técnicas Eletroquímicas Voltamétricas e Amperométricas
Medições potenciométricas baseiam-se na medida da diferença de potencial em
células eletroquímicas na ausência de correntes apreciáveis. Ocorre entre dois ou três eletrodos
imersos em uma solução, usualmente denominada de eletrólito suporte. Os eletrodos encontram-
29
se conectados externamente por meio de circuitos elétricos metálicos, possibilitando assim, uma
reação de transferência de elétrons. Desta forma, a superfície do eletrodo é a junção entre um
condutor iônico e um condutor eletrônico na eletroanálise (SKOOG et al., 2002).
Um dos eletrodos responde ao analito alvo e é denominado de eletrodo de trabalho.
O segundo, denominado eletrodo de referência, possui potencial constante e independe das
propriedades da solução. Um terceiro eletrodo, denominado de eletrodo auxiliar, pode ser
inserido ao sistema e sua função é a de drenar eventual excesso de corrente no sistema. O
potencial do eletrodo de trabalho corresponde ao potencial presente na interface
eletrodo/solução, que é proporcional ao logaritmo neperiano da concentração do analito, segundo
a equação de Nernst, equação 2.3 (SKOOG et al., 2002):
E = E
0 + RT / zF ( lnai ) (2.3)
Em que E é o potencial produzido no eletrodo, E
0
é o potencial padrão produzido no
eletrodo (relacionado com diversos parâmetros, tais como os potenciais de junção e do eletrodo
de referência), R a constante dos gases (8.314 J mol
-1
K
-1
), T a temperatura, z é o número de
elétrons envolvidos no processo, F a constante de Faraday (96.485C) e a
i
corresponde à
atividade da espécie iônica (LIMA, 1998; CANH, 1994).
Diversos métodos eletroanalíticos são encontrados na literatura. Dividem-se em
métodos interfaciais, que ocorrem na camada eletrodo-solução e métodos não interfaciais, em
que os fenômenos ocorrem no interior da solução. Os métodos interfaciais, por sua vez,
subdividem-se em estáticos (potenciométricos) ou dinâmicos (de potencial ou corrente
controlada). As técnicas utilizadas no presente trabalho consistem em métodos dinâmicos de
potencial controlado a destacar os métodos voltamétricos e amperométricos (SKOOG et al.,
2002).
2.4.1. Voltametria
A voltametria abrange medidas em que a informação do analito é obtida pela
corrente em função do potencial aplicado, que se desenvolve sob condições de polarização
completa por concentração, na interface eletrodo/solução. Classifica-se essa técnica como
dinâmica, pois a célula eletroquímica é operada na presença de corrente elétrica (i > 0) que, por
sua vez, é medida em função da aplicação controlada de potencial (SKOOG et al., 2002).
30
O método baseia-se em uma resposta de corrente ao se aplicar um sinal de excitação
de potencial variável, utiliza-se de uma rampa de potencial e o resultado é expresso pela corrente
em função do potencial. O sistema é composto por dois ou três eletrodos, em que o eletrodo de
trabalho (eletrodo sob análise) é polarizado, seu potencial medido em função do eletrodo de
referência e o fluxo de corrente ocorre e é lido entre este e um eletrodo auxiliar (SKOOG et al.,
2002).
O parâmetro ajustado é o potencial e o parâmetro medido é a corrente resultante. O
registro da corrente em função do potencial é denominado voltamograma e a magnitude da
corrente obtida pela transferência de elétrons durante um processo de oxirredução, equação 2.4, é
proporcional à quantidade de analito presente na interface do eletrodo e, consequentemente, na
célula eletroquímica (WANG, 2001; SKOOG et al., 2002).
O + ne
-
R (2.4)
Um eletrodo atrai espécies eletroativas, carregadas positiva ou negativamente, que
podem ou não reagir na sua superfície. Espécies neutras também interagem com o eletrodo via
adsorção. Sendo assim, a reação no eletrodo é composta por uma série de etapas que ocorrem,
sobretudo, na dupla camada, sendo que, para se descrever qualquer processo eletródico deve se
considerar, inicialmente, o transporte das espécies até a superfície do eletrodo e, em seguida, a
reação que ocorre nessa interface eletrodo/solução (WANG, 2001; SKOOG et al., 2002).
Portanto, a corrente depende de processos como a transferência de massa
(transferência da espécie do corpo da solução para a interface eletrodo-superfície); transferência
de carga (transferência de elétrons na superfície do eletrodo) e das reações químicas que
envolvem a transferência de elétrons, que podem por sua vez ser homogêneos (protonação,
dimerização, etc) ou heterogêneos (decomposições catalíticas, adsorção, desorção, cristalização)
(WANG, 2001; SKOOG et al., 2002).
O transporte de massa deve ser contínuo, para que a concentração da espécie
eletroativa de interesse na superfície do eletrodo permaneça renovada. Existem três formas pela
qual o transporte de massa pode ocorrer, a migração, a convecção e a difusão.
Os mecanismos de transporte de massas que envolvem difusão ocorrem através do
movimento espontâneo sob influência de gradiente de concentração. o mecanismo de
migração depende do movimento de espécies devido à influência de um campo elétrico, que, por
sua vez, é dependente do tamanho e da carga da espécie (só ocorre para espécies carregadas). O
movimento por convecção se deve a processos mecânicos (agitação). Em voltametria, as
31
condições experimentais são ajustadas para que o transporte por migração e convecção seja
minimizado (WANG, 2001; SKOOG et al., 2002).
A forma na qual o potencial é aplicado e, consequentemente, a forma como o sinal
analítico (corrente) é adquirido, irá denominar o tipo de cnica voltamétrica em questão
(WANG, 2001).
A voltametria cíclica, uma das técnicas mais empregadas em eletroanalítica para
análises qualitativas, é um método utilizado para medir o potencial de uma semi-reação, em que
as formas oxidadas e reduzidas são medidas durante um determinado tempo, para obtenção do
voltamograma, utilizando um potencial de onda triangular, Figura 1. Constitui-se em um método
capaz de determinar rapidamente a termodinâmica de processos redox e a cinética de reações
heterogêneas de transferência de elétrons. A voltametria é caracterizada por alguns parâmetros
que podem ser úteis também para análises quantitativas, tais como: potenciais de pico anôdicos
(Epa) e catódicos (Epc), correntes de pico anôdicas (Ipa) e catódicas (Ipc), potencial de meio
pico anôdico (Ep/2) e potencial de meia onda (E
1/2
) (WANG, 2001; SKOOG et al., 2002).
A reversibilidade da reação indica as etapas que irão atuar no processo. Para uma
reação reversível (Ks > 10
-1
cm s
-1
), apenas a etapa de transferência de massa irá atuar, pois a
cinética da reação de transferência de carga é rápida e a corrente de pico varia linearmente com a
raiz quadrada da velocidade de varredura. Quando a velocidade de transferência de carga é lenta
(Ks <10
-5
cm/s), a reação é irreversível e as concentrações das espécies oxidadas e reduzida não
serão mais função apenas do potencial, não possuindo, portanto, um comportamento nerstiano.
Para uma reação eletródica quase-reversível (10
-1
> Ks > 10
-5
cm/s) a corrente é controlada tanto
pela etapa de transferência de massa como pela etapa de transferência de carga (WANG, 2001;
SKOOG et al., 2002).
Figura 1. (a) Sinal de excitação da voltametria cíclica. (b) Voltamograma cíclico típico para processo redox
reversível. Adaptado de Wang (2001).
32
No caso da voltametria de pulso diferencial (VPD) a instrumentação opera de tal
modo que as medidas de corrente e aplicação de pulsos de potencial são realizados em intervalos
de tempo muito pequenos, Figura 2.
A corrente é medida duas vezes, uma antes da aplicação do
pulso (S1) e a outra ao final do pulso (S2). A primeira corrente é subtraída da segunda e a
diferença é plotada versus o potencial aplicado. O voltamograma resultante consiste de picos de
corrente cuja área é diretamente proporcional à concentração do analito (WANG, 2001; SKOOG
et al., 2002).
O objetivo de se fazer duas leituras de corrente e se trabalhar com a diferença entre
elas é fazer a correção da corrente capacitiva. Em razão dessa corrente capacitiva ser
compensada ao se registrar as diferenças de corrente, a sensibilidade da técnica de pulso
diferencial atinge limites de detecção da ordem de 10
-7
a 10
-8
mol L
-1
(WANG, 2001; SKOOG et
al., 2002).
Figura 2. Sinais de excitação para voltametria de pulso diferencial.
2.4.2. Amperometria
Na amperometria a intensidade da corrente varia de acordo com a concentração de
espécies ativas eletroquimicamente na solução. As reações de oxidação e redução ocorrem no
eletrodo de trabalho, enquanto a manutenção do potencial é promovida por um eletrodo de
referência. Um terceiro eletrodo deve estar presente no sistema, o eletrodo auxiliar, para
equilibrar a queda do potencial promovida pela corrente que passa na solução ou ao se executar
meios com condutividade baixa. A corrente registrada é uma medida direta da reação
eletroquímica em função do tempo, observado pela Figura 3 (CAHN, 1994; D’ORAZIO, 2003;
LIMA, 1998).
33
A cronoamperometria envolve um reforço do potencial do eletrodo de trabalho, a
partir de um valor pelo qual nenhuma reação faradáica ocorre, para um potencial em que a
concentração superficial da espécie eletroativa é efetivamente zero. O transporte de massa nessas
condições ocorre somente por difusão e a curva da corrente pelo tempo reflete a mudança no
gradiente de concentração na proximidade da superfície do eletrodo (WANG, 2001).
Figura 3. (a) Aplicação do potential-step cronoamperométrico (b) Comportamento da corrente com o
tempo. Adaptado de Bard e Faulkner (2001).
2.5. Azul de Metileno
O azul de metileno ou Cloreto de 3,9 bis dimetilamino fenazotianio, um composto
aromático heterocíclico, esquematizado pela Figura 4, é um corante orgânico da classe das
fenotiazinas que tem sido amplamente empregado como mediador de elétrons, em razão de suas
propriedades eletrocatalíticas frente ao NADH. Também tem sido largamente utilizado como um
indicador redox em química analítica, pois suas propriedades eletroquímicas são bem conhecidas
em solução aquosa. Soluções de azul de metileno tornam-se incolores frente a ação de um agente
redutor e permanecem azul na presença de um agente oxidante (PESSOA et al., 1997).
Figura 4. Estrutura do azul de metileno
.
34
Esta substância tem sido empregada como corantes em diversos procedimentos de
coloração, visto tratarem-se de cnicas de coloração temporárias, como em colorações de Gram
e Wright, pois trata-se de um corante de baixa toxicidade, que absorve intensamente na região do
UV-visível (λ
máx
= 664 nm em água) (SIQUEIRA et al.,1983).
Para a determinação de sulfeto, o método óptico mais empregado é do azul de
metileno. Em meio ácido o sulfeto é convertido a ácido sulfídrico, que reage com uma amina
produzindo uma espécie estável, denominada azul de metileno, figura 5, que pode ser
determinada espectrofotometricamente na região do visível (VENDRAME, 2004).
Figura 5. Reação entre a N,N dimetil amina e o sulfeto (LODGE, 2008)
Em contrapartida, são também descritos métodos em que se baseiam na descoloração
do azul de metileno quando na presença de ânions sulfeto. Entretanto, ambos os métodos
colorimétricos além de pouco robustos são susceptíveis a inúmeros interferentes, incluindo
compostos oxidantes e redutores (APHA, 1995; GOUVEIA; SERIACOPI, 2009).
Face ao exposto, sensores quimicamente modificados com azul de metileno podem
ser utilizados como sistema de mediação de elétrons, possibilitando assim, o desenvolvimento de
novos dispositivos eletroquímicos.
Para a escolha do material modificador observou-se que tem sido empregados óxidos
mistos do tipo SiO
2
/MxOy como adsorvente de espécies químicas e como imobilizador de
espécies eletroativas, utilizadas para a fabricação de sensores e biossensores eletroquímicos em
trabalhos como os de Fujiwara et al., (2001); Perez et al., (2001) e Rosatto et al., (1999).
No trabalho desenvolvido por Schiavo et al. (2000), foi caracterizado o azul de
metileno adsorvido sobre sílica gel quimicamente modificada com óxido de nióbio (SNAM).
Observou-se que o eletrodo modificado possui uma relação linear entre a corrente e a velocidade
de varredura, demonstrando que a espécie ativa quimicamente apresenta-se bem adsorvida na
superfície da matriz. O eletrodo não apresentou queda expressiva da corrente, indicando que o
material está fortemente adsorvido na superfície da sílica, promovendo estabilidade. Portanto, a
matriz de sílica gel quimicamente modificada com óxido de nióbio mostrou-se um bom suporte
35
para o azul de metileno, revelando uma grande afinidade pelo mediador e conferindo ao eletrodo
de pasta de carbono grande estabilidade.
A sílica gel quimicamente modificada tem sido empregada na imobilização de
mediadores hidrossolúveis, conferindo maior estabilidade ao eletrodo. A sua incorporação no
eletrodo se deve as suas características, tais como: porosidade controlada, resistência mecânica,
alta área superficial e estabilidade química (SCHIAVO et al., 2000).
2.6. Sulfeto
O enxofre é um elemento representativo, localizado na família 16 da tabela
periódica, que é chamada de família dos Calcogênios. Possui número atômico igual a 16 e massa
molar 32,06 gmol
-1
. É um componente essencial à vida, pois está presente em moléculas de
proteínas, junto com carbono, hidrogênio e oxigênio.
O sulfeto, principalmente o sulfeto de hidrogênio, causa mau cheiro e sua toxicidade
ocorre por inalação ou pelo contato com a pele e os olhos. Na saúde humana, em baixas
concentrações, pode ser metabolizado. No entanto, em exposição aguda pode causar taquicardia,
arritmias cardíacas, bronquites, edemas pulmonares, depressão respiratória e até paralisia
respiratória. Nas células essas lesões ocorrem devido ao comportamento do ácido sulfídrico não
ionizado, que este interrompe o transporte de elétrons entre os canais do citocromo, isolando-
os. Assim, o oxigênio molecular é bloqueado e, consequentemente reduzido, o que diminui os
processos oxidativos do metabolismo ao ponto de não serem mais satisfeitas as demandas
metabólicas (CASARETTI; DOULL, 1993; E.P.A., 2001).
Uma intoxicação por inalação é mais difícil de ocorrer, visto que, em razão do odor
característico, limites de 1,4 mg de sulfeto já são percebidos pelo olfato. Em concentrações
próximas de 0,1mg de sulfeto por litro de ar ocorre uma contaminação por exposição aguda,
enquanto 0,5 mg provocam uma intoxicação lenta. Uma intoxicação rápida ocorre no indivíduo
exposto ao ambiente com concentrações de cerca de 2 mg de sulfeto por litro de ar
(WYNGAARDEN, et al., 1992).
O ciclo do enxofre engloba uma fase gasosa e uma fase sedimentar, predominante,
Figura 6. O enxofre é assimilado pelos produtores como sulfato inorgânico em um processo
biológico envolvendo microrganismos com funções específicas de redução e oxidação. Nessas
reações, o enxofre é recuperado dos sedimentos mais profundos. Entretanto, em condições
anaeróbias, ocorre a redução a sulfetos, entre os quais destaca-se o sulfeto de hidrogênio (H
2
S),
altamente tóxico. Tanto no solo como na água, em condições aeróbias, haverá formação de
36
enxofre elementar, por um processo oxidativo, que por sua vez, se transforma em sulfato. Na
crosta e no ar, paralelamente, ocorrem processos geoquímicos e meteorológicos, tais como:
erosão, lixiviação, ação da chuva e processos biológicos de produção e decomposição. Há,
portanto, uma interdependência entre terra, água e ar neste ciclo
(FEITOSA e FILHO, 1997;
PIVELLI, 2008).
Figura 6. Ciclo do enxofre (SAWYER E MCCARTY, 1978).
A incorporação ao solo de formas gasosas de enxofre se pela adsorção direta ou
pela dissolução na água da chuva (FREIRE F., 1997). O enxofre do solo está sujeito a
transformações microbianas, influenciadas pelas condições ambientais que afetam a composição
e a atividade dos microrganismos. Nos solos podem ocorrer os seguintes processos:
mineralização ou decomposição de enxofre orgânico com liberação de formas inorgânicas;
imobilização ou conversão do enxofre inorgânico em compostos orgânicos dos microrganismos;
produção de sulfetos pela redução de sulfatos; produção de formas voláteis e oxidação de
enxofre elementar ou outras formas reduzidas
(SILVA E. R., 2005).
O teor de enxofre total nos solos pode variar de 0,002 a 3,5%. O enxofre ocorre no
solo em formas orgânicas e inorgânicas. O enxofre orgânico, em solos bem drenados de regiões
37
úmidas, constitui a maior parte do enxofre total, indica a ocorrência de três formas. Os
compostos com ligação S-O (sulfato de ésteres); compostos com ligação S-C; enxofre inerte ou
residual (enxofre em compostos não identificados) (SILVA E. R., 2005; FREIRE F.,1997).
A industrialização, queima de carvão nas usinas termoelétricas e motores dos
automóveis começam a romper este equilíbrio biogeoquímico, pois o dióxido de enxofre
resultante desses processos, quando na atmosfera e, em contato com o oxigênio e vapores de
água, transforma-se em ácido sulfúrico, que voltam à superfície sob a forma de chuva, neve ou
microscópicas partículas de poeira ácida, provocando a corrosão de construções e sérios danos à
natureza e a saúde humana (SILVA E. R., 2005).
O ciclo do enxofre ocorre na natureza englobando uma série de reações de conversão
de átomos de enxofre em uma variedade de estados de oxidação. O enxofre pode se apresentar de
diversas formas na água, tais como: íon sulfato (SO
4
2
), íons sulfito (SO
3
2-
), íon sulfeto (S
2-
), gás
sulfídrico (H
2
S), dióxido de enxofre (SO
2
), ácido sulfúrico (H
2
SO
4
), enxofre molecular (S
0
),
associado a metais (como FeS), etc. Entre as várias formas de enxofre presentes na água o íon
sulfato e o gás sulfídrico são as mais frequentes, sendo que, o íon sulfato assume maior
importância na produtividade do ecossistema, pois ele se constitui em fonte principal de enxofre
para os produtos primários (PIVELLI, 2008; VENDRAME, 2004).
O enxofre pode ser encontrado na natureza em quatro estados de oxidação principais,
Figura 7, na forma de sulfato (SO
4
-2
); dióxido de enxofre (SO
2
); sulfito (SO
3
-2
) e sulfeto (S
-2
),
segundo o equilíbrio (VENDRAME, 2004):
S
-2-
↔ S
0
↔ SO
3
-2
↔ SO
4
-2
Figura 7. Estados de oxidação do enxofre (PIVELLI, 2008).
O sulfeto é a combinação do enxofre (estado de oxidação -2) com um elemento
químico ou um radical. compostos covalentes de enxofre, como polímeros, dissulfeto de
carbono (CS
2
) e o sulfeto de hidrogênio (H
2
S). A maioria são sulfetos metálicos como Na
2
S.
Embora o ciclo e outros aspectos toxicológicos e analíticos do sulfeto envolvam
mecanismos de oxiredução, poucos estudos eletroanaliticos são encontrados (CANDIDO, 2006;
CASSELA, MARCHESI, 1995).
Algumas metodologias analíticas convencionais são descritas para identificação e
quantificação de sulfeto em meio aquoso,
como: titulações, potenciometria, voltametria,
polarografia, espectrofotometria, cromatografia e métodos eletroquímicos, sendo a mais usual, o
38
método do azul de metileno, que é um método colorimétrico descrito por Fischer (CANDIDO,
2006).
Diversos outros métodos analíticos vêm sendo sugeridos para a detecção de sulfeto
em amostras, como rochas e sedimentos, em que se pode destacar o método analítico que utiliza
H
2
O
2
como agente oxidante e determina a acidez por titulação com base forte (O’SHAY et al.,
1990); método gravimétrico, com utilização de água régia para oxidar sulfetos (SOARES, 1995);
métodos turbidimétricos, (BLANCHAR et al., 1965); técnica de coulometria de corrente
constante, para amostra contida em gás natural (CAETANO et al., 2008). A literatura nos mostra
também outros métodos como a cromatografia de troca iônica acoplada à detecção
amperométrica, análise por injeção de fluxo (FIA) e métodos mais simples como o iodométrico,
que se baseia em uma titulação com tiosulfato de sódio, para análises em meio aquoso
(CASSELA, MARCHESI, 1995).
O comportamento do sulfeto varia conforme o pH, o que pode interferir em diversas
análises. O sulfeto em solução é um ácido fraco, com Ka
1
= 1,0 x 10
-7
e Ka
2
= 1,2 x 10
-13
, que se
encontra em equilíbrio segundo a equação 2.5:
H
2
S
(aq)
↔ HS
-
(aq)
+ H
+
↔ S
2-
(aq)
(2.5)
A distribuição das formas de sulfeto está relacionada com o pH da solução, como
demonstra a Figura 8. Em pH neutro o equilíbrio predominante é entre H
2
S e HS
-
, sendo que,
pequenas variações de pH, na faixa de 6 a 8, afetam significativamente a concentração de H
2
S. O
equilíbrio entre H
2
S na fase líquida e gasosa é regida pela lei de Henry, equação 2.6:
H
2
S
(aq)
= α . H
2
S
(g)
(2.6)
(1) (2)
39
Figura 8. Efeito do pH no equilíbrio do sulfeto (SAWYER E MCCARTY, 1978).
Em pH igual ou superior a 8, a maior parte de enxofre reduzido existente em solução
estará na forma de íons HS
-
e S
2-
e a quantidade de H
2
S livre é tão pequena que não ocorre
presença de odor. Por outro lado, quando o pH cai abaixo de 8, o equilíbrio muda rapidamente,
elevando o teor de H
2
S. Sendo assim, o tipo de sulfeto encontrado depende do pH. Se o pH está
ácido a forma predominante de sulfeto será volátil como H
2
S. Em um pH neutro o HS
-
é a forma
que está presente em maior quantidade, e S
2-
predomina em um pH alcalino (SAWYER E
MCCARTY, 1978).
40
3 METODOLOGIA
3.1. Preparação dos Reagentes
Os ensaios foram realizados na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de
Goiás, por um período de aproximadamente um ano em laboratório.
Os reagentes utilizados foram de grau analítico e as soluções foram preparadas com
água purificada pelo sistema Milli-Q (Modelo UV Plus Ultra low Organics Water).
Os reagentes, todos de pureza analítica, cloreto de potássio (Gibco); ácido clorídrico
(Sigma); hidróxido de sódio (Aldrich); ácido acético, cloreto de sódio, hidróxido de potássio
fosfato de sódio, sulfato de sódio e sulfeto de sódio (Merck), foram utilizados na preparação das
soluções eletrolíticas.
Preparou-se soluções de acetato de sódio e cloreto de potássio 0,1 mol L
-1
com
potencial hidrogeniônico (pH) variando de 2,0 a 12,0. Soluções de hidróxido de sódio e ácido
clorídrico foram utilizadas para correção de pH.
Para o preparo de 1 L de solução de cloreto de potássio 0,1 mol L
-1
pesou-se 7,4 g de
KCl e diluiu-se com água destilada para um litro de solução. Dessa solução mãe é retirado
alíquotas de 200 mL para correção do pH com hidróxido de sódio e ácido clorídrico, obtendo-se
assim, soluções de KCl com pH variando de 2 a 12. Durante o experimento, realizou-se diversos
ensaios utilizando as soluções de KCl, principalmente em pH 8,0. Portanto esta solução foi
preparada várias vezes.
Para o preparo de 1 L de solução de acetato de sódio 0,1 mol L
-1
pesou-se 8,2 g de
CH
3
COONa e diluiu-se com água destilada para um litro de solução. Dessa solução mãe retirou-
se alíquotas de 200 mL para correção do pH com hidróxido de sódio e ácido clorídrico, obtendo-
se soluções de CH
3
COONa com pH variando de 2 a 12.
A solução de fosfato de sódio e sulfato de sódio foram preparadas da mesma forma
que as soluções supracitadas, partindo de uma massa inicial de 12,0 g e 13,2 g respectivamente e
diluindo para 1L, obtendo-se assim soluções 0,1mol L
-1
.
A solução de sulfeto de sódio 0,1 mol L
-1
, utilizada nos ensaios de determinação de
sulfeto, foi preparada partindo-se de 0,78 g para o preparo de 100 mL de solução. Dessa solução
mãe, alíquotas de 50 µL foram adicionadas às análises para a determinação de sulfeto por
voltametria cíclica. Na voltametria de pulso diferencial e na cronoamperometria, adicionou-se
sucessivas alíquotas de 50 µL.
41
3.2. Síntese da sílica modificada com óxido de nióbio (SN)
A preparação de sílica gel modificada foi iniciada com ativação de 40 g da sílica gel
60 (Fluka), em estufa por sete horas a 120
o
C, 22 g de pentacloreto de nióbio dissolvido em etanol
absoluto e 200 mL de tetracloreto de carbono.
A reação processa-se por oito horas sob refluxo em banho-maria. Decorrido este
tempo a sílica é filtrada, lavada e seca a vácuo. Em seguida, a mesma foi hidrolisada por imersão
em água destilada e agitada por quinze minutos, sendo posteriormente, seca em estufa a 90
0
C.
O teor de nióbio foi obtido através de Fluorescência de raio-X e foi encontrado um
valor de 0,26 mmoL de Nb/g de material. A análise de área superficial BET revelou uma grande
superfície de 375 m
2
.
3.3. Adsorção do corante na sílica modificada
A adsorção do azul de metileno (AM) inicia-se pela imersão de 200 mg de SN em 5
mL de solução 0,1% (m/V) do corante durante uma hora. A seguir o material SNAM foi filtrado,
lavado com água deionizada até o sobrenadante ficar incolor e deixou-se secar por uma semana à
temperatura ambiente. Seguindo as reações 3.7, 3.8, 3.9 (SHIAVO et al., 2000):
NbCl
5
+ 5 C
2
H
5
OH Nb(OC
2
H
5
)
5
+ 5HCl (3.7)
n---SiOH + Nb(OC
2
H
5
)
5
(---SiO)
n
Nb(OC2H5)
5-n
+ (5-n) C
2
H
5
OH (3.8)
(---SiO)
n
Nb(OC
2
H
5
)
5-n
+ (5-n) H
2
O (---SiO)
n
Nb(OH)
5-n
+ (5-n) C
2
H
5
O (3.9)
Os sítios Nb(OH)
5-n
são os responsáveis pela adsorção do azul de metileno na
superfície da sílica, segundo a equação 3.10 (SHIAVO et al., 2000):
SN
-
H
+
+ AM
+
Cl
-
SN
-
AM
+
+ HCl (3.10)
O teor de AM no material foi obtido por análise elementar, pelo aparelho Elementar
Analyser PE 2400, revelando que a SN adsorveu 41 µmoL de AM/g de SN e por
espectrofotômetria UV-VIS, no espectrofotômetro HP-8452 (SHIAVO et al., 2000), observando-
se que o corante mantêm suas características mesmo quando imobilizado.
42
3.4. Preparação dos sensores quimicamente modificados
Iniciou-se a preparação dos sensores com a adição de 1 mg de óleo mineral
parafínico (Nujol®), em 50 mg de grafite em pó, obtendo-se assim o branco.
Para a preparação da pasta de carbono modificada adicionou-se à 50 mg de grafite
em pó, 1mg de óleo mineral parafínico (Nujol®) e cinco adições de SNAM nas proporções
indicadas pela tabela 3.2 abaixo e, finalmente, homogeneizou-se por cerca de 15 minutos até a
formação de uma pasta.
Tabela 3.2 - Composição das pastas de carbono modificadas com sílica-nióbio-azul de metileno.
PCAM
Grafite
em pó (mg)
Óleo
mineral (gota)
SNAM
(mg)
BRANCO
50
1
-
PCAM 1 50
1
5
PCAM 2 50
1
10
PCAM 3
PCAM 4
PCAM 5
50
50
50
1
~ 1
~ 1
20
30
40
PC: pasta de carbono
PCAM: pasta de carbono modificada com sílica-nióbio-azul de metileno
SNAM: sílica-nióbio-azul de metileno
Acima de 40 mg de SNAM observou-se saturação no meio e assim essa foi a
proporção máxima utilizada.
A pasta foi então depositada na superfície da base do eletrodo de trabalho, como
demonstra a Figura 9. Este eletrodo apresentou ótima estabilidade e pode ser utilizada para várias
análises, lavando delicadamente com água destilada, no intervalo entre estes ensaios.
43
Figura 9. Corte transversal de um suporte utilizado para eletrodo de pasta de carbono: (1) Pasta de carbono;
(2) Material inerte (teflon); (3) Condutor de cobre
3.5. Medidas eletroquímicas
Para as medições eletroquímicas utilizou-se um Potenciostato/Galvanostato µAutolab
III da Eco Chemie (Holanda) acoplado ao software GPES 4.9, para a aquisição de dados, Figura
10 (b); conectado a uma célula eletroquímica com sistema de três eletrodos (trabalho, referência
e auxiliar), como mostrado na Figura 10 (a). Os eletrodos de trabalho são eletrodos de pasta de
carbono modificados com sílica-niôbio-azul de metileno; o eletrodo auxiliar é de espiral de
platina e eletrodo de referência de calomelano.
Para pesagem dos componentes da pasta de carbono, utilizou-se uma balança
analítica Shimadzu AY 220. As medidas eletroquímicas foram feitas através de voltametria
cíclica e linear, além de cronoamperometria, utilizando diversas soluções, como as soluções de
cloreto de potássio 0,1 molL
-1
, ácido acético 0,1 molL
-1
, cloreto de sódio 0,1 molL
-1
, fosfato de
sódio 0,1 molL
-1
e sulfato de sódio 0,1 molL
-1
, até que foi determinada a solução com melhor
resposta para análise de sulfeto.
Para ensaios comparativos foram realizados análises com pasta de carbono
modificada com SNAM e sem (branco), na presença e na ausência de sulfeto na célula
eletroquímica.
Para otimizar os parâmetros de voltametria cíclica, selecionou-se diferentes faixas de
potencial em intervalo compreendido entre -0,5 e 1,25 V. A velocidade de varredura selecionada
foi de 100 mVs
-1
. Para a obtenção do voltamograma, inicialmente registrou-se o branco. Em
seguida, alíquotas de 50 µL da solução padrão de sulfeto foram adicionadas aos 10 mL de
eletrólito suporte contido na célula eletroquímica e os voltamogramas obtidos foram registrados
e comparados.
44
A partir de um valor de potencial obtido por voltametria cíclica, realizou-se a
cronoamperometria. Oito alíquotas de 50 µL da solução padrão de sulfeto foram adicionadas
para a obtenção de uma curva de calibração e determinação quantitativa do analito.
Para a voltametria de pulso diferencial, utilizou-se 10 mL de solução de eletrólito
suporte, adicionou-se alíquotas de 50 µL da solução padrão de sulfeto, em intervalos de tempos
iguais, até a obtenção do voltamograma.
Todos os dados obtidos foram tratados pelo programa Origin, versão 7.5, que
forneceu a curva analítica e os parâmetros estatísticos obtidos.
(a) (b)
Figura 10. (a) Célula eletroquímica com eletrodo de referência (esquerda), eletrodo auxiliar (centro) e
eletrodo de trabalho (direita); (b) Potenciostato.
3.6. Método do Azul de Metileno
A determinação de sulfeto também foi realizada pelo método espectrofotômetro do
azul de metileno, baseada na reação do sulfeto com cloreto férrico e dimetil-p-fenilenodiamina,
produzindo azul de metileno (APHA, 1995).
O método em questão se mostrou pouco robusto, podendo sofrer interferência de
agentes redutores fortes, tiosulfato, ferrocianeto, sendo necessário, muitas vezes, um pré-
tratamento (APHA, 1995).
45
Várias análises foram realizadas pelo método em questão mas em nenhuma delas,
mesmo reproduzindo o recomendado por Apha (1995), obteve-se êxito, como mostrado na
Figura 11.
(a)
(b)
Figura 11. (a) resultado do primeiro ensaio do método do azul de metileno (b) resultado do segundo ensaio
do método do azul de metileno.
3.7. Oxidação eletroquímica do sulfeto
A oxidação do sulfeto foi avaliada em diferentes eletrodos, tais como: eletrodo
espiral de platina, eletrodo de carbono vítreo, eletrodo de pasta de carbono e eletrodo de pasta de
carbono modificado com SNAM. Diferentes condições reacionais foram utilizadas nos ensaios
46
como: concentração molar e aeração do meio, faixa de potencial de -0,2 a 1,05 e velocidade de
varredura de 100mVs-1.
47
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Oxidação eletroquímica do Sulfeto
Nos estudos realizados com eletrodo de espiral de platina, como eletrodo de trabalho,
notou-se na primeira varredura um pico anódico, em torno de 100 mV, bem definido. Este pico é
largo, o que indica que pode ser referente à sobreposição do processo anódico do azul de
metileno e da oxidação do H
2
S em S
0
, sendo observado, que o processo oxidativo se mostrou
proporcional a concentração, Figura 12, conforme nos apresenta Lovric et al. (1997) e Scotti
(2006).
A oxidação catalítica do HS
-
consiste em dois picos oxidativos em -0,120V e 0,17V e
um pico redutivo de -0,122V (LOVRIC et al., 1997). No voltamograma da Figura 12 à medida
que se aumentou a concentração de sulfeto, observou-se um aumento da corrente e uma
superposição dos picos anódicos e o pico referente ao azul de metileno imobilizado na pasta. O
pico catódico não foi observado, o que demonstra que para essas condições a oxidação do sulfeto
de hidrogênio é irreversível.
Figura 12. Voltamograma clico em eletrodo espiral de platina, para primeiras varreduras em diferentes
concentrações de sulfeto. Faixa de potencial de -0,2 a 1,0V, 100mVs
-1
.
48
A presença de oxigênio no meio pode alterar significativamente a análise
eletroquímica e os processos oxidativos. Experimento realizado em meio aerado e meio
deaerado, a temperatura ambiente, mostram uma expressiva diferença nos níveis de corrente,
para o eletrodo espiral de platina, segundo a Figura 13. Ao meio deaerado foi adicionado
nitrogênio, por aproximadamente 5 minutos e em seguida iniciou-se a análise.
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
I / mA
E x E S C , K C l 0 ,05m olL
-1
M eio aerado
M eio deae rado
Figura 13. Voltamograma cíclico em eletrodo espiral de platina, para um meio aerado e deaerado contendo
sulfeto, em 0,2 a 1,0V, 100mV.
Outro fator importante para a oxidação eletroquímica do sulfeto diz respeito ao
material eletródico utilizado. As análises em carbono vítreo resultaram em um único pico
anódico, pouco definido e deslocado para potenciais mais positivos que os observados para
eletrodos de platina, esquematizado pela Figura 14. Esses resultados demonstram a variação na
resposta ciclovoltamétrica em relação ao material eletródico.
49
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
-0.05
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
I / mA
E x ESC, KCl 0,05m olL
-1
Platina
Carbono Vítreo
Ea 1
Ea2
Ea1
Figura 14. Voltamograma cíclico para primeiras varreduras, em diferentes materiais eletródicos, na faixa
de -0,2 a 1,0V, 100 mVs
-1
.
4.2. Adsorção do sulfeto
Os efeitos de adsorção mostram alterações em decorrência da variação dos materiais
eletródicos, o que justifica o uso de outros materiais além do EQM.
Os picos anódicos, observados nos diferentes materiais eletródicos, são evidentes
apenas na primeira varredura, pois efeitos de adsorção alteram a significativamente a superfície
do eletrodo e características eletródicas.
Entre 0,35 e 0,5V, há um pico associado à adsorção específica de sulfato. Na
varredura reversa de potencial (sentido catódico), tais compostos são reduzidos, podendo
produzir um pico catódico próximo a +0,5 V devido, principalmente, à redução do enxofre
elementar a H
2
S (SANTOS, V. P.; TREMILIOSE FILHO, 2001).
Varreduras sucessivas em diferentes condições experimentais, realizadas com
eletrodos convencionais, comprovaram o elevado poder adsortivo do ânion sulfeto sobre
superfícies eletródicas. A Figura 15 mostrou que o processo de adsorção em carbono treo foi
maior e mais linear em meio deaerado.
50
(a)
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
-0.02
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
0.14
0.16
I / mA
E x ESC, KCl 0,05molL
-1
1º varredura
2º varredura
3º varredura
4º varredura
5º varredura
(b)
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
I / mA
E x ESC, KCl 0,05molL
-1
1º varredura
2º varredura
3º varredura
4º varredura
5º varredura
Figura 15. Voltamograma cíclico para varreduras sucessivas, em meio contendo sulfeto de sódio 0,1molL-
1
,
com eletrodo de carbono vítreo em meio deaerado(A ) e meio aerado (B). Faixa de varredura -0,25 a 1,0 V,
100mVs
-1
em KCl 0,1molL
-1
, pH 7,0.
Tal efeito foi igualmente observado em eletrodo de platina, porém, em meio
contendo oxigênio o comportamento foi ainda menos linear, Figura 16.
(a)
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
0.12
I / mA
E x ESC, KCl 0,05molL
-1
1º varredura
2º varredura
3º varredura
4º varredura
5º varredura
(b)
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
I / mA
E x ESC, KCl 0,05molL
-1
1º varredura
2º varredura
3º varredura
4º varredura
5º varredura
Figura 16. Voltamograma cíclico para varreduras sucessivas, em meio contendo sulfeto de sódio 0,1molL-
1
obtido em platina em meio deaerado(A ) e meio aerado (B). Faixa de varredura -0,25 a 1,0 V, 100mVs
-1
em
KCl 0,1molL
-1
, pH 7,0.
Outro fato também observado foi o deslocamento anódico expressivo (
~
0,5V), em
eletrodo de platina a partir do segundo ciclo. Em contrapartida ao carbono vítreo não houve uma
51
queda imediata dos níveis de corrente, sugerindo que o efeito de adsorção, além de alterar as
características eletródicas, resulta em um efeito de pré-concentração inicial.
Por sua vez a regeneração do eletrodo de platina foi facilmente alcançada por
sonificação a cada uso, o que regenerou a superfície do eletrodo, possibilitando a sua renovação,
Figura 17.
-0 .4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
-0.2
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
I / mA
E x E S C , K C l 0,01m olL
-1
P rim eiro uso
R euso após sonificação
Figura 17. Voltamograma cíclico em meio contendo sulfeto de sódio 0,1molL-
1
obtido após o primeiro uso
e após sonificação. Faixa de varredura -0,25 a 1,0 mVs
-1
, 100mVs
-1
em KCl 0,1molL
-1
, pH 7,0.
No entanto, em diversas situações, apenas a sonificação, não é suficiente para a
renovação do eletrodo. Para o eletrodo de carbono vítreo foi necessário o polimento, visto que o
banho no ultrasom não promoveu a regeneração da superfície, Figura 18.
52
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
0.10
I / mA
E x ESC, KCl 0,01molL
-1
Reuso após polimento
Reuso após sonificação
Figura 18. Voltamograma cíclico em meio contendo sulfeto de sódio 0,1mol L-
1
obtido após o polimento e
após sonificação. Faixa de varredura -0,25 a 1,0 mVs
-1
, 100mVs
-1
em KCl 0,1mol L
-1
, pH 7,0.
Para os eletrodos de pasta de carbono os efeitos de adsorção são menores, sendo que
no caso dos eletrodos de carbono modificados, este efeito é praticamente nulo e o EQM pode ser
reutilizado diversas vezes.
4.3. Estudo do modificador químico (SNAM)
Através da análise da sílica por fluorescência de raio-X realizada por Shiavo et al.
(2000), obteve-se a quantidade de nióbio na superfície da sílica correspondente a 0,26 mmol de
Nb/g de material. A análise de área superficial BET comprovou uma das vantagens na utilização
da sílica como matriz, visto que possui grande área superficial (375 m
2
g
-1
), o que permite a
adsorção de uma maior quantidade de material. Na análise elementar revelou que a SN adsorveu
41 µmol de Am/g de SN, observou-se pelo espectro UV-VIS que o corante mantém as mesmas
características, tanto imobilizado como solúvel, não havendo alteração dos máximos dos picos,
nem da razão entre eles.
53
4.4. Estudo da Sensibilidade da Pasta de Carbono Modificada
Avaliou-se o efeito da modificação na pasta de carbono sobre a resposta voltamétrica
em solução de KCl 0,1 M em pH 8,0, utilizando intervalos de potencial na faixa de -0,3 a 0,2 V
para concentrações de sulfeto na ordem de concentração de mM e de 0,250 a 1,250V para
concentrações de sulfeto na ordem de µM. Ambos à velocidade de varredura 100 mVs
-1
.
Os resultados obtidos foram apresentados na Figura 19, onde comparou-se a pasta de
carbono não modificada (branco) e a pasta de carbono modificada (PCAM) com e sem a
presença de sulfeto.
Figura 19. I - Voltamogramas cíclicos obtidos em KCL 0,1 M pH 7,0 e na ausência de sulfeto com EQM-
SNAM (−−) e em KCL 0,1 M na presença de sulfeto 1mM com EQM-SNAN (-
.
-) e com eletrodo
convencional de Pasta de Carbono (....). -0,3 a 0,2 V, 100 mVs
-1
. II Voltamograma cíclico para o azul de
metileno, em diferentes velocidades de varreduras, na faixa de potencial -0,35 a 0,3 Vs
-1
, 30 µmol L
-1
, em
solução de NaCl 0,050 mol L
-1
. Fonte: Souza et al., 2003.
A pasta de carbono modificada com SNAM apresentou níveis de resposta cerca de 10
vezes superior ao observado para eletrodo de pasta de carbono convencional. Isso ocorreu em
virtude do possível papel mediador de elétrons do azul de metileno, viabilizando a catálise do
54
sulfeto, bem como a interação e afinidade química entre o AM e o analito, comprovada pela
Figura 19 I.
A Figura 19 II apresenta o voltamograma para o azul de metileno em solução de NaCl
0,050 molL
-1
e observa-se que o processo anódico ocorre em aproximadamente -0,1Vs
-1
,
enquanto os picos catódicos são observados em aproximadamente -0,3Vs
-1
.
Foi utilizado o potencial de -0,3 a 0,2V, pois além dos picos do azul de metileno, nota-se
ainda, a oxidação do H
2
S, que envolve picos de oxirredução em concentrações da ordem de
mmol. Esses picos referem-se a potenciais de oxidação do sulfeto em 0.17 V e a um potencial de
redução de -0.122 V aproximadamente. Porém, em concentrações abaixo de 10
-5
mol L
-1
esses
picos normalmente não são observados e, abaixo de 10
-6
mol L
-1
o processo catódico
praticamente desaparece (LOVRIC et al., 1997).
Acredita-se que esse aumento contínuo de corrente está associado a sucessivas reações de
oxidação, conforme apresentado no esquema da Figura 7. Essas reações iniciam-se com a
oxidação do H
2
S, formando S
x
2
-, sobreposto ao pico de oxidação do azul de metileno. Estes
sulfetos solúveis consomem oxigênio até o estado estável hexavalente, tais como S
x
O
6
2-
,
tiosulfatos e enxofre elementar que é, em seguida, oxidado a sulfato (LIMA, 2009).
4.5. Estudo da Composição da Pasta de Carbono Modificada
Os eletrodos de pasta de carbono contendo diferentes teores de modificador, segundo
a tabela 1, foram avaliados por voltametria cíclica no intervalo de potenciais entre -0,5 a 1,2 V
(vs ECS) a 100 mVs
-1
, Figura 20.
55
Figura 20. Valores relativos de resposta obtidos através dos voltamogramas cíclicos das cinco pastas de
carbono modificadas em KCl 0,1molL
-1
, pH 8, com adição de 50 µL de sulfeto 0,01 mol L
-1
, faixa de
potencial de -0,5 a 1,2V, 100mV. It = corrente total e Ib = corrente do branco, ambos divididos pela corrente
de fundo.
Os resultados obtidos foram apresentados pela Figura 20. As pastas de carbono
modificadas apresentaram concentrações respectivamente de 1:10, 1:5, 2:5, 3:5, 4:5 m/m (g) do
modificador SNAM, com concentração variável de grafite.
Os perfis voltamétricos, bem como a sensibilidade ao sulfeto, variam
consideravelmente em função da proporção de SNAM na pasta de carbono, como se pode
observar pelos valores de corrente. Ressalta-se que as alterações na composição do material
eletródico podem resultar não apenas na alteração dos níveis de corrente faradaica, em
decorrência do aumento da eficiência de transferência eletrônica (α), como também da corrente
capacitiva. Deste modo, o ganho de sensibilidade deve ser preferencialmente definido pela
diferença observada entre níveis de corrente em presença de sulfeto e corrente residual. Portanto
observou-se que a PCAM4, seguida pela PCAM3, possui melhor resposta em relação ao sulfeto,
identificada pelo i, este comportamento também foi observado em outros eletrólitos e em
outros pH.
PCAM
56
4.6. Influência do pH
A influencia do pH sobre a resposta ciclovoltamétrica da PCAM3 foi investigada
através da utilização da solução tampão de acetato de sódio 0,1mol L
-1
e cloreto de potássio 0,1
mol L
-1
. O pH das soluções foi ajustado com soluções concentradas de hidróxido de sódio e
ácido clorídrico. Foram registrados voltamogramas cíclicos em cada pH estudado.
Figura 21. Comparação entre os voltamograma cíclico de pastas de carbono modificadas em KCl 0,1molL
-1
,
na presença de sulfeto 0,01 mol L
-1
, em diferentes pH, faixa de potencial de -0,2 a 1,2V, 100mV.
Baseado no equilíbrio do sulfeto descrito na literatura, Figura 8 e no voltamograma
obtido pelas Figuras 21 e 22, observou-se que embora pouco significativo, pode-se verificar um
ligeiro aumento da corrente em pH mais alcalino.
57
Figura 22.
Efeito do pH sobre a resposta voltamétrica do sulfeto 0,1 molL
-1
,
em KCl 0,1mol L
-1
.
Observou-se nas variações relacionadas a cada valor de pH estudado, Figuras 22 e 23, um
ligeiro aumento na variação da corrente em relação ao seu branco, indicando que pH mais
alcalinos se mostram mais favoráveis a oxidação do sulfeto. Em pH acima de 10, os processos
oxidativos, de um modo geral, são favorecidos e embora se observe um aumento da corrente,
uma diminuição de sensibilidade.
Figura 23. Efeito do pH na variação de corrente para determinação de sulfeto em KCl 0,1mol L
-1
, faixa de
potencial -0,25 a 1,2 e velocidade de varredura 100 mVs
-1
.
58
A propriedade do azul de metileno de agir como mediador redox envolve a participação
de prótons, visto que o grupo funcional amino pode sofrer protonação ou desprotonação, com os
processos de oxidação e redução, Figura 24. Assim, com a diminuição do pH, maior o número de
prótons presentes no meio, de modo a aumentar o processo de transferência de elétrons e,
portanto, caso este composto participasse da oxidação de sulfeto exercendo tal papel, deveria ser
maior a corrente observada.
Figura 24. Comportamento do azul de metileno em diferentes valores de pH (SCOTTI et al., 2006).
Porém não é o observado neste caso, visto que, em pH mais alcalino, em decorrência
da disponibilidade de íons OH
-
e a formação de oxigênio pela oxidação da água, observa-se
maior sinal da corrente. Os processos oxidativos, de uma maneira geral, são mais susceptíveis
em meio básico, o que promove além da formação de oxigênio da água, um aumento na
disponibilidade de íons S
2-
, para interagir e pré-concentrar com o azul de metileno.
Em pH acima de 11, Figura 25 (b) os processos oxidativos interferem na resposta do
voltamograma, com acréscimo nos valores de corrente, tanto para a pasta de carbono modificada
como para o branco, além de não apresentar uma definição de picos, o que leva a concluir que
meios muito básicos não são ideais para a determinação do analito.
59
(a) pH 2 x branco pH2
(Pico ~ 0,009 mA)
(b) pH 12 x branco pH 12
(Pico ~ 0,004 mA)
Figura 25: Efeito dos pH ácido e básico, na determinação de sulfeto de sódio 0,1mol L
-1
em KCl 0,1mol L
-1
,
faixa de potencial -0,25 a 1,2 e velocidade de varredura 100mV, em PCAM3.
4.7. Efeito do eletrólito suporte
Uma vez definida a melhor composição do eletrodo, avaliou-se o efeito de diferentes
eletrólitos na resposta voltamétrica, com o objetivo de estudar suas capacidades de uso como
modificador da superfície de diferentes eletrodos sólidos. Foram estudadas quatro soluções como
eletrólito suporte: (1) acetato de sódio (CH
3
COONa), (2) cloreto de potássio (KCl), (3) fosfato
de sódio (NaH
2
PO
4
) e (4) sulfato de sódio (Na
2
SO
4
), todos com concentração 0,1 mol L
-1
e
intervalo de potencial de -0,5 a 1,2 V, utilizando a PCAM3 em pH 8. Os resultados são
apresentados na Figura 26.
60
Figura 26. Voltamograma cíclico para diferentes eletrólitos utilizando PCAM3 em pH 8,0, faixa de
potencial de -0,2 a 1,2 e velocidade de varredura 100 mVs
-1
.
Observa-se na Figura 26, com intervalos de potencial de -0,5 a 1,2V, o
comportamento de diferentes eletrólitos frente ao eletrodo modificado. Embora se observe
comportamento semelhante para os diferentes eletrólitos, verificou-se para o KCl, pico anódico
e catódico em 0,1V e -0,2V respectivamente, enquanto o acetato mostrou apenas um pico
catódico, pouco definido em -0,2V, os demais eletrólitos utilizados não evidenciaram os picos do
azul de metileno presente na pasta.
Para o sulfato de sódio notou-se a presença de um pico anódico discreto em 750V, o
que é comumente verificado nos ensaios em presença de íon sulfato (SANTOS et al., 2001;
STULP et al.,2008).
A partir dos voltamogramas obtidos na Figura 26, verificou-se que embora haja
alguns picos discretos, referentes ao azul de metileno, não houve grande influencia na resposta
voltamétrica, evidenciando apenas uma menor contribuição da corrente capacitiva do fosfato e
acetato.
Portanto conclui-se que o eletrólito suporte não exerceu grande influencia na resposta
ciclovoltamétrica frente ao sulfeto.
61
4.8. Estudo da estabilidade do sensor eletroquímico
A estabilidade do sensor depende principalmente da estabilidade do azul de metileno
sobre a matriz de sílica-nióbio e para verificação, mediram-se os valores de corrente anódica em
função do número de ciclos empregados.
A estabilidade do eletrodo foi investigada na faixa de potencial de -0,2 a 1,2 V e com
velocidade de varredura de 100 mVs
-1
, em KCl 0,1mol L
-1
em pH 8,0. Notou-se que as
intensidades das correntes de pico apresentaram uma boa estabilidade, que se empregou 200
ciclos e a corrente de pico anódica e catódica permaneceu praticamente constante, Figura 27.
Esses resultados indicam que o azul de metileno não é lixiviado da superfície do eletrodo e nem
decomposto durante a análise.
Figura 27. Estabilidade do eletrodo em KCl 0,1mol L
-1
, em PCAM3, faixa de potencial de -0,5 a 1,2 a
100mVs
-1
, na presença de 50 µL de sulfeto de sódio 0,1 mol L
-1
.
4.9. Determinação de sulfeto
Após os ensaios realizados, determinaram-se as melhores condições para a análise de
sulfeto:
62
Tabela 4.3: Parâmetros para otimização do sensor eletroquímico.
Parâmetro estudado
Variáveis/valores
analisados
Valor ótimo
Composição da pasta
(SNAM)
1:10; 1:5; 2:5; 3:5; 4:5 2:5 – 3:5
Faixa de varredura -0,5 a 1,25 V
-0,5V a
1,2V
pH 2 à 10 8 à 10
Eletrólito suporte
Cloreto, acetato,
sulfato, fosfato
Cloreto
Em seguida avaliou-se a sensibilidade ao sulfeto aumentando a concentração deste
ânion por voltametria cíclica, Figura 28.
Figura 28. Efeito da adição de sulfeto na resposta do voltamograma em KCl 0,1mol L
-1
, pasta PCAM3, faixa
de potencial -0,5 a 1,2 e velocidade de varredura 100 mVs
-1
.
Verificou-se que a resposta do voltamograma se mostra sensível ao aumento da
concentração de sulfeto no meio. Em concentrações de 50 e 100 µL o pico anódico está mais
evidente em 0,5 e 0,95 V, esse pico, embora deslocado para potenciais mais positivos, deve estar
relacionado ao sulfeto. Essa relação fica evidenciada pela DPV, Figura 29.
63
Para concentrações mais altas foi observado um pico largo 0,3 e 0,7 V, o que,
segundo a literatura, indica ser referente à oxidação de sulfeto a enxofre elementar e deste ao
sulfato. De acordo com diversos trabalhos publicados, entre 0,3 e 0,4V um pico anódico
referente a oxidação de S
2-
a S
0
e um pico de 0,5V referente ao sulfato, segundo a reação 4.11
(SANTOS et al, 2002; TEIXEIRA et al., 2002; SANTOS e TREMILIOSE FILHO, 2001 ).
H
2
S + 1/2O
2
S
0
+ H
2
O SO
4
-
+ 2H
+
(4.11)
Testou-se ainda a atividade do sulfeto através da DPV em KCL 0,1mol L
-1
, com
intervalos de potencial de 0,75 a 1,05 V e pode-se observar que os melhores picos de oxidação
aparecem em maiores concentrações, com valores de 0,87 V, Figura 29. Na DPV a corrente
capacitiva é descontada ao registrar diferença de corrente, o que torna este método mais sensível.
Esta sensibilidade foi indicada pelo aumento proporcional da concentração do analito.
Figura 29. DPV para 8 adições de 50 µL de sulfeto em KCl 0,1 mol L
-1
.
4.10. Curva analítica e parâmetros quantitativos
Após a otimização das condições de trabalho para a SNAM em cloreto de potássio
0,1 molL
-1
, intervalos de potencial de -0,5 a 1,2 e velocidade de varredura 100 mVs
-1
foram
64
feitas medidas amperométricas através da cronoamperometria, com 8 adições de sulfeto, com o
propósito de se obter uma curva analítica para o eletrodo desenvolvido.
O cronoamperograma observado pela Figura 30, foi obtido em condições
estacionárias, fato que justifica os sobressaltos e quedas bruscas dos níveis de corrente a cada
adição. Também se pode inferir que a maior proporcionalidade da concentração versus corrente
contendo sulfeto em relação à concentração versus corrente do branco, indica que o efeito
adsortivo aumenta expressivamente com a concentração.
Figura 30. Cronoamperograma para 8 adições de sulfeto. E = 1,0 V, KCl 0,1mol.L
-1
, pH 8,0
As figuras 30 e 31 mostram a variação da corrente de pico com a concentração. Para isso
adicionou-se alíquotas constantes de amostra na célula eletroquímica correspondente a 50 µL de
solução de sulfeto de dio 0,1mol L
-1
, com concentração entre 5 x 10
-6
mol L
-1
e 3 x 10
-5
mol
L
1
, com coeficientes de correlação (r) de 0,9979, limite de detecção de 2,03 x 10
-6
mol L
-1
e
limite de quantificação de 6,77 x 10
-6
mol L
-1
, calculado a partir das equações 4.12 e 4.13
(BRASIL, 2003).
LD = 3 SD / coeficiente angular da curva analítica (4.12)
LQ = 10SD / coeficiente angular da cura analítica (4.13)
65
Sendo SD desvio padrão da curva analítica; LD - limite de detecção; LQ limite de
quantificação.
A faixa linear de concentração foi calculada a partir da equação da regressão linear,
determinada pelo método dos mínimos quadrados, obedecendo à equação 4.14, com valores de
7.59 x 10
-6
a 6.34 x 10
-5
.
Ipa = 2,03E
-6
+ 1,11[S
2-
] (4.14)
A boa linearidade do método com resposta analítica em ampla faixa de concentração,
bem como o limite de detecção encontrado extrapolou as concentrações limites determinadas
pela legislação, que possam provocar algum dano ao meio ambiente ou a saúde humana,
indicando uma adequada determinação de sulfeto por esse método eletroanalítico. Esses fatores
indicaram que a cronoamperometria pode vir a ser um método eficiente para a detecção de
sulfeto.
Figura 31. Curva analítica obtida a partir do cronoamperograma para oito adições de sulfeto.
66
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES
A utilização das propriedades eletroativas do azul de metileno, somados a afinidade
deste corante pelo ânion sulfeto, são atributos que demonstram o bom desempenho do sensor
eletroquímico na análise de sulfeto. Esse sensor apresenta-se como uma alternativa promissora
para o monitoramento deste analito, que as técnicas voltamétricas e cronoamperométricas
foram capazes de determinar tanto qualitativamente como quantitativamente, a presença de
sulfeto em limites convenientes aos interesses ambientais e à saúde humana.
Os estudos sobre os parâmetros de análise indicam que as melhores condições são
observadas em meio alcalino, justificado pelo ligeiro aumento da corrente e pelo ganho de
sensibilidade entre os níveis de corrente em presença de sulfeto e corrente residual.
Em relação à composição de SNAM e carbono grafite, a PCAM4 seguida pela
PCAM3 obtiveram melhor resposta frente ao analito.
Os diferentes eletrólitos utilizados não demonstraram grande influência na resposta
voltamétrica, enquanto o material eletródico resultou em efeitos de adsorção de sulfeto,
observado na utilização de eletrodos de platina e carbono vítreo, para o eletrodo quimicamente
modificado este efeito é praticamente nulo, o que possibilitou a sua reutilização em várias
análises.
Observou-se no presente trabalho uma adequada linearidade demonstrada pela
cronoamperometria (r = 0,9979) e boa sensibilidade do método, apresentando ainda um baixo
limite de detecção.
O modificador eletroquímico não foi lixiviado em solução e indicou ótima
estabilidade, possibilitando a sua reutilização em diversas análises, embora a faixa de resposta
linear mostrou-se ainda limitada.
Sugere-se para trabalhos futuros a validação do método eletroanalítico e a otimização
de outros parâmetros eletroquímicos, como a reprodução das análises em baixa velocidade de
varredura.
67
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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