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ELAÇÃO ENTRE INDECISÃO PROFISSIONAL E
CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE
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2009
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ENISE DA
F
ONSECA
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ARTINS
R
ELAÇÃO ENTRE INDECISÃO PROFISSIONAL E
CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Psicologia da
Universidade São Francisco para a obtenção do
título de Mestre em Psicologia.
O
RIENTADORA
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TATIBA
2009
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Ficha catalográfica elaborada pelas Bibliotecárias do Setor de
Processamento Técnico da Universidade São Francisco.
158.6 Martins, Denise da Fonseca.
M342r Relação entre indecisão profissional e características de
personalidade. -- Itatiba , 2009.
90 p.
Dissertação
(mestrado) – Programa de Pós-Graduação
Stricto
Sensu
em Psicologia da Universidade São Francisco.
Orientação de: Ana Paula Porto Noronha
1. Indecisão profissional. 2. Personalidade. 3. Orientação
profissional. 4. Avaliação psicológica. I. Título. II. Noronha,
Ana Paula Porto.
iv
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IVERSIDADE
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RACISCO
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ROGRAMA DE
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RADUAÇÃO
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ELAÇÃO ENTRE INDECISÃO PROFISSIONAL E
CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE
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POIO
:
FAPESP
COMISSÃO
EXAMIADORA
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Agradecimentos
O primeiro agradecimento que quero fazer é a Deus, pois sem Ele, nada seria
possível. Foi Ele quem cuidou de mim, deu proteção e forças, sustentando toda essa
jornada. Ajudou-me a não olhar para os problemas, mesmo quando pareciam montanhas
intransportáveis, mas nunca foram maiores que o meu soberano Deus.
Aos meus pais, Osvaldo e Elisabete, que nunca mediram esforços para me ver
feliz. Foram eles que estiveram ao meu lado o tempo todo e nunca deixaram de acreditar
em mim. Obrigada pelas orações, esforço, dedicação e compreensão, em todos os
momentos dessa e de outras caminhadas.
Um agradecimento especial ao Guilherme, que me acompanhou nessa trajetória.
Esteve ao meu lado nas conquistas e ajudou-me a entender as dificuldades. Em alguns
momentos, mesmo ausente, me ensinou a ser uma pessoa melhor. Alguém que luta e
que vai a busca dos seus sonhos, e que acima de tudo, espera com paciência. Nunca
deixarei de acreditar que tudo é possível aquele que crê, mesmo quando não
nenhuma esperança.
As minhas amigas mais que especiais Giselle Pianowski e Marina Gurgel. Sem
elas a vida acadêmica seria muito mais árdua. Meninas, obrigada pelas conversas,
almoços, risadas, gafes, abraços, palavras de carinho, pelo apoio em meio aos
problemas, enfim, por tudo que vocês representam na minha vida.
A Ana Paula, minha professora e orientadora, mas acima de tudo, amiga. Foi
quem me ensinou a ser uma profissional diferenciada, reconheceu minhas limitações,
meus momentos de fraqueza, soube me ouvir e me entender. Obrigada pelos
importantes ensinamentos tanto científicos quanto pessoais, pela amizade e apoio, e
pelo conforto nas horas difíceis.
vi
Pelas sugestões, comentários, explicações, boa vontade e, principalmente, pela
ajuda na coleta de dados e devolutivas, agradeço a Fernanda Ottati, Maiana Nunes e
Rodolfo Ambiel. Obrigada pela ajuda atribuída sempre que necessário, carinho,
incentivo, pelos momentos de descontração e pela amizade construída durante a
realização desse trabalho.
Agradeço de coração ao apoio financeiro prestado pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pela concessão da bolsa de estudos, a qual
possibilitou a execução dessa dissertação.
Enfim, obrigada a todos que de alguma maneira contribuíram para a execução
desse trabalho, seja pela ajuda constante ou por uma palavra de amizade!
vii
Resumo
Martins, D. F. (2009). Relação entre indecisão profissional e características de
personalidade. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Psicologia, Universidade São Francisco, Itatiba, 90 p.
A Orientação Profissional (OP) tem como propósito fornecer um conjunto de
informações sobre as características psicológicas dos sujeitos, com intuito de auxiliar o
adolescente no que se refere às dificuldades enfrentadas na escolha profissional. Sob
essa perspectiva, a Psicologia contribui com instrumentos de avaliação psicológica
designados para gerar hipóteses e inferências que auxiliam a escolha saudável e
ajustada. No Brasil, ainda existem poucos estudos que visem avaliar construtos que
tenham relação com a OP, bem como compreender os motivos que levam o indivíduo à
indecisão profissional e quais características de personalidade contribuem para isso.
Assim, o presente estudo teve como objetivo identificar as relações entre a indecisão
profissional e as características de personalidade de estudantes do Ensino Médio.
Participaram da pesquisa 186 estudantes das três séries do Ensino dio de quatro
escolas, duas particulares e duas públicas, com idades entre 14 e 18 anos (Média 15,93;
DP=0,92), sendo 43,5% do sexo masculino e 56,5% do sexo feminino. Os instrumentos
utilizados foram o Inventário de Levantamento das Dificuldades da Decisão
Profissional (IDDP) e a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP), aplicados
coletivamente em sala de aula. Por meio do teste t de Student verificou-se que os alunos
das escolas particulares possuíam imaturidade para escolha, com escores significativos
no fator Neuroticismo. Em relação ao sexo, os homens demonstraram ser mais imaturos,
além de possuírem conflitos com pessoas significativas. No que tange à idade e as séries
do Ensino Médio, houve diferença significativa para imaturidade para escolha e os
fatores Socialização e Neuroticismo. A correlação de Pearson, entre IDDP e BFP
apresentou associações, em sua maioria, positivas e significativas para os quatro fatores
do IDDP e os fatores Neuroticismo, Extroversão, Socialização e Realização do BFP. Os
fatores dos dois instrumentos permitiram agregar informações sobre características de
personalidade que podem contribuir para a indecisão profissional, possibilitando o
estabelecimento de perfis. Assim, o uso de instrumentos psicológicos que empreguem o
modelo dos Cinco Grandes Fatores da personalidade, pode contribuir com a prática de
OP. Acredita-se que os elementos que essa investigação trouxe, possam ser uma
ferramenta útil para orientadores profissionais, especialmente no que se refere à
integração de informações advindas de instrumentos distintos.
Palavras-chave: Indecisão Profissional, Personalidade, Orientação Profissional,
Avaliação Psicológica.
viii
Abstract
Martins, D. F. (2009). Relationship between career indecision and characteristics of
personality. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Psicologia, Universidade São Francisco, Itatiba, 90 p.
The vocational guidance is to provide a set of information about the psychological
subject’s characteristics, in order to assist the adolescents with regard to difficulties in
professional choice. From this perspective, the Psychology contributes with tests of
psychological assessment assigned to generate hypotheses and inferences that aim to
help a healthy and adjusted choice. In Brazil, there are few studies designed to assess
constructs that have relationship with the vocational guidance, as well as understand
what motivates the individual to career indecision and personality characteristics which
contribute to it. The present study it has as objective to identify the relationship between
the career indecision and characteristics of personality of high school students. The
participants were 186 students from three grades of high school for four schools, two
private and two public aged between 14 and 18 years (mean 15.93, SD = 0.92), and
43.5% males and 56.5% female. The instruments used were the ‘Levantamento das
Dificuldades da Decisão Profissional (IDDP)’ and ‘Bateria Fatorial de Personalidade
(BFP)’, applied collectively in the classroom. Through the Student’s t test found that
students of private schools had a choice to immaturity, with significant scores on the
Neuroticism factor. Regarding gender, men have proved to be more immature, and
having conflicts with significant others. For age and grades of high school, there was a
significant difference for the choice to immaturity and Agreeableness and Neuroticism
factors. The Pearson correlation between IDDP and BFP of associations, mostly
positive and significant for the four IDDP factors and Neuroticism, Extraversion,
Agreeableness and Conscientiousness of the BFP factors. The factors of two
instruments allowed aggregate information about personality characteristics that can
contribute to the career indecision, enabling the establishment of profiles. Thus, the use
of psychological instruments that employ the Big Five personality trait can contribute to
the practice of vocational guidance. It is believed that the elements that research has
brought can be a useful tool for career counselors, especially as regards the integration
of information from different instruments.
Keywords: Career indecision, Personality, Vocational Guidance, Psychological
Assessment.
ix
Sumário
LISTA DE TABELAS....................................................................................................................... x
APRESETAÇÃO.......................................................................................................................... 01
ITRODUÇÃO............................................................................................................................... 05
I
NDECISÃO
P
ROFISSIONAL
:
CONCEITO E PESQUISAS RELACIONADAS
........................................... 05
P
ERSONALIDADE SOB A PERSPECTIVA DOS CINCO GRANDES FATORES E PESQUISAS
RELACIONADAS
............................................................................................................................. 16
I
NDECISÃO
P
ROFISSIONAL E
P
ERSONALIDADE
............................................................................. 23
P
ESQUISAS SOBRE
I
NDECISÃO
P
ROFISSIONAL E
P
ERSONALIDADE
............................................... 28
O
BJETIVOS
.................................................................................................................................... 39
MÉTODO......................................................................................................................................... 40
P
ARTICIPANTES
............................................................................................................................. 40
I
NSTRUMENTOS
............................................................................................................................. 40
P
ROCEDIMENTO
............................................................................................................................ 47
RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 48
DIFERENÇAS DE MÉDIAS
................................................................................................................ 50
CORRELAÇÃO DE PEARSO ENTRE O IDDP E O BFP
......................................................................... 65
COSIDERAÇÕES FIAIS ......................................................................................................... 76
REFERÊCIAS.............................................................................................................................. 80
REFERÊCIAS DOS ISTRUMETOS CITADOS AS PESQUISAS ................................ 87
AEXOS.......................................................................................................................................... 91
x
Lista de Tabelas
Tabela 1. Descrição dos 17 fatores primários e alfa de Cronbach do IDDP (Primi &
cols., 2000)......................................................................................................................42
Tabela 2. Descrição dos quatro fatores e dos fatores primários do IDDP (Primi & cols.,
2000)................................................................................................................................43
Tabela 3. Fatores e facetas da Bateria Fatorial de Personalidade (Nunes & cols.,
2009)................................................................................................................................46
Tabela 4. Estatística descritiva do IDDP (N=186).........................................................48
Tabela 5. Estatística descritiva do BFP (N=186)............................................................49
Tabela 6. Médias, desvios padrão e valores de t e p por tipo de escola.........................50
Tabela 7. Médias, desvios padrão e valores de t e p por sexo........................................52
Tabela 8. Prova de Tukey para as idades no fator Imaturidade para escolha do
IDDP................................................................................................................................53
Tabela 9. Prova de Tukey para as idades no fator Socialização do BFP........................54
Tabela 10. Prova de Tukey para as séries nos fatores Imaturidade para escolha (IDDP),
Neuroticismo e Socialização (BFP).................................................................................54
Tabela 11. Freqüência das respostas nos fatores do IDDP.............................................55
Tabela 12. Resultados da ANOVA (grupo extremo)......................................................56
Tabela 13. Prova de Tukey para o grupo extremo do fator Insegurança e falta de
informação do IDDP........................................................................................................57
Tabela 14. Prova de Tukey para o grupo extremo do fator Ênfase na busca de prestígio e
retorno financeiro do IDDP.............................................................................................58
Tabela 15. Prova de Tukey para o grupo extremo do fator Imaturidade para escolha do
IDDP................................................................................................................................60
xi
Tabela 16. Prova de Tukey para o grupo extremo do fator Conflitos com pessoas
significativas do IDDP.....................................................................................................61
Tabela 17. Indecisão profissional e os cinco grandes fatores da personalidade.............63
Tabela 18. Indecisão profissional e as características de personalidade (facetas do
BFP).................................................................................................................................64
Tabela 19. Correlação de Pearson entre IDDP e as facetas do fator Extroversão do
BFP..................................................................................................................................66
Tabela 20. Correlação de Pearson entre IDDP e as facetas do fator Socialização do
BFP..................................................................................................................................68
Tabela 21. Correlação de Pearson entre IDDP e as facetas do fator Realização do
BFP..................................................................................................................................70
Tabela 22. Correlação de Pearson entre IDDP e as facetas do fator Neuroticismo do
BFP..................................................................................................................................72
1
APRESETAÇÃO
A Orientação Profissional (OP) diz respeito a um processo de coleta de dados
que auxilia os indivíduos a buscar o autoconhecimento, identificando seus interesses e
aptidões, além de reunir informações sobre as profissões, a fim de selecionar as
alternativas para formular seu plano profissional para o futuro (Osipow, 1999; Savickas,
2004). Ainda, no processo de OP, o indivíduo é auxiliado a se preparar para entrar e
progredir em uma ocupação. Nesse sentido, o autoconhecimento oferece subsídios para
que o sujeito entre em contato consigo mesmo, o que possibilita a percepção de suas
identificações, características e singularidades, proporcionando assim, condições para
fazer sua escolha profissional (Andrade, Meira & Vasconcelos, 2002).
O trabalho em OP é realizado por profissionais especializados, que cada vez
mais vêem a necessidade de auxiliar as pessoas no que se refere à tomada de decisão.
Ao realizar intervenções para ajudá-las, é importante considerar as informações pessoais
(Osipow, 1999). Para isso, os profissionais que trabalham nessa área podem fazer uso
de técnicas e instrumentos de avaliação psicológica que os ajudem a compreender as
dificuldades enfrentadas pelos indivíduos (Primi & cols., 2000; Teixeira & Lassance,
2006).
O processo de avaliação psicológica em OP pode ser aplicado a qualquer pessoa
em diferentes idades. Entretanto, de acordo com Melo-Silva, Lassance e Soares (2004),
no Brasil, a maior procura por serviços de OP se por alunos do Ensino Médio,
provenientes de escolas públicas e particulares, sendo esta a população do presente
estudo. É nesse contexto, repleto de dificuldades e conflitos, que os jovens começam a
pensar a respeito de sua futura carreira. A escolha de uma profissão ou ocupação é um
marco importante de entrada na vida adulta, pois é a transição do Ensino Médio para o
2
superior ou para o mercado profissional. Nesse período, o jovem se diante de uma
multiplicidade de profissões, áreas de estudo, cursos, chegando a ficar, muitas vezes,
confuso diante de tal complexidade (Andrade & cols., 2002).
Nas últimas décadas, houve um crescente interesse pelos profissionais da área no
que se refere ao estudo da indecisão profissional. Com o aumento das opções de
atividades profissionais, muitas vezes os indivíduos podem ficar indecisos, por não
saberem pelo que optar. Osipow (1999) assinala que um maior desenvolvimento de
medidas para avaliar a indecisão profissional tem ocorrido, com o intuito de auxiliar as
pessoas nessa questão.
No contexto brasileiro, Sparta, Bardagi e Teixeira (2006) citam que, apesar da
grande preocupação que os pesquisadores têm em relação à indecisão profissional,
especialmente em adolescentes, observa-se uma carência de instrumentos nacionais ou
adaptados à realidade do país que avaliam adequadamente este construto. Nesse sentido,
os autores evidenciam que foram encontrados apenas três instrumentos capazes de
mensurar a indecisão profissional, sendo estes, o Inventário de Cristalização das
Preferências Profissionais ICPP (Balbinotti, Marocco & Tétreau, 2003); a Escala de
Indecisão Vocacional (Teixeira & Magalhães, 2001); e o Inventário de Levantamento
das Dificuldades da Decisão Profissional – IDDP (Primi & cols., 2000).
De acordo com o estudo de levantamento de Noronha e Ambiel (2006) sobre o
estado da arte em OP, conclui-se que ainda existem poucas pesquisas brasileiras que
visem compreender as dificuldades encontradas pelos jovens acerca da escolha
profissional. Dessa forma, faz-se necessário o desenvolvimento de estudos com vista a
avaliar construtos que tenham relação com a OP, com destaque para as características de
personalidade, para inteligência, para os interesses, dentre outros aspectos não menos
relevantes.
3
Nessa direção, os pesquisadores da área vêm investigando as relações entre
indecisão e traços de personalidade, para que seja possível um maior entendimento das
dificuldades para realizar uma escolha profissional. Além disso, essa compreensão pode
possibilitar o desenvolvimento de intervenções que identifiquem os problemas dos
alunos que estão enfrentando o processo de tomada de decisão (Kelly & Shin, 2009).
O primeiro passo para ajudar os jovens indecisos é identificar, definir e
categorizar a natureza das suas dificuldades. Assim, analisar a estrutura das
investigações empíricas, bem como fundamentar-se em estudos teóricos, torna-se
relevante para auxiliar os indivíduos frente à escolha profissional (Mau, 2001). Nesse
particular, valem as asserções de Ackerman e Beier (2003), ao afirmarem que o
orientador precisa integrar as variadas informações coletadas para fornecer um feedback
útil para seus clientes, sendo que as pesquisas que comparam os construtos tendem a
colaborar nessa direção.
Levando em consideração esse pressuposto, o estudo da relação entre indecisão
profissional e das características de personalidade torna-se relevante para a prática do
psicólogo, uma vez que essas informações podem contribuir durante os processos de
OP. Assim, com o intuito de integrar os dados teóricos e empíricos, a presente pesquisa
tem início com a exposição do construto indecisão profissional, apresentando a sua
definição, o detalhamento da teoria que será utilizada para a compreensão dele, bem
como pesquisas internacionais e nacionais sobre o conceito. Em seguida, o construto
personalidade é abordado, sendo compreendido sob a perspectiva do Modelo dos Cinco
Grandes Fatores. Na seqüência, o enfoque é dado à relação da indecisão profissional e
das características da personalidade. Em acréscimo, são apresentadas pesquisas
referentes aos dois construtos e, após, os objetivos da presente investigação são
oferecidos.
4
Posteriormente, o delineamento metodológico é exposto, considerando os
participantes, instrumentos e procedimentos de coleta de dados. Em seguida, são
exibidos os resultados e discussão, apresentando as análises e as reflexões realizadas.
Após, são apresentadas as considerações finais. Por fim, são apresentadas as referências
utilizadas para a construção do trabalho e os anexos.
5
ITRODUÇÃO
Indecisão Profissional: conceito e pesquisas relacionadas
No contexto da Orientação Profissional (OP), a temática da indecisão
profissional é tida, pelos investigadores, como uma das principais áreas de atenção. A
partir de investigações empíricas, eles vêm buscando explicar os motivos que podem
levar o sujeito a ter dificuldades para fazer uma escolha, o que, por sua vez, gerou o
interesse na compreensão das diferenças individuais na tomada de decisão (Kleiman &
cols., 2004; Silva, 2004).
De acordo com Gati, Krausz e Osipow (1996), decidir é um processo complexo.
Embora algumas pessoas façam escolhas com facilidade, aquelas que possuem
dificuldades em optar por uma profissão. Faria e Taveira (2006) enfatizam que existem
alguns motivos que conduzem as pessoas à indecisão profissional, sendo um deles o de
conseguir imaginar-se em muitas atividades profissionais, cujas características
condizem com seus interesses. Em contrapartida, as que não se imaginam em
nenhum campo profissional, levando-as a sentirem-se sem opções. Para algumas
pessoas, existe a dificuldade de tomar decisões de forma generalizada. Por fim,
aquelas que realmente não se sentem prontas para a tomada de decisão referente à sua
carreira e ao seu futuro profissional. Em síntese, os autores descrevem a indecisão
profissional como a incapacidade do indivíduo em selecionar, ou comprometer-se com
um objetivo profissional.
Osipow (1999) se refere à indecisão como um estado que vai e vem ao longo da
vida, ocorrendo quando as decisões são tomadas, realizadas, e em seguida tornam-se
obsoletas, sendo necessária uma nova escolha, acarretando outro momento de indecisão.
6
De acordo com Leong e Chervinko (1996), alguns indivíduos podem sofrer com a
indecisão por terem idéias irrealistas e negativas das conseqüências de suas decisões,
como medo do fracasso, medo do sucesso ou medo de perder outras opções.
Gati e Saka (2001) destacam que as pessoas, normalmente, fazem sua primeira
opção profissional durante a adolescência. Essas escolhas podem ter conseqüências no
futuro do indivíduo, no bem estar psicológico, na saúde e na aceitação social. Em
acréscimo, as dificuldades relacionadas à tomada de decisão podem levar o adolescente
a transferir a responsabilidade de escolha para alguém, retardando ou mesmo impedindo
a tomada de decisão.
Nesse sentido, Vidal-Brown e Thompson (2001) entendem que a indecisão
profissional pode ocorrer devido a alguns aspectos externos, dentre eles, a influência
social. Em alguns casos, famílias mais pobres possuem certos limites educacionais, o
que dificulta a estimulação para que seus filhos façam a escolha por uma ocupação. No
âmbito familiar, Santos (2005) relata que a família é afetada como um todo, pois alguns
pais buscam realizar-se por meio dos filhos e outros sofrem com o desgaste enfrentado
pelo adolescente que não consegue se decidir. Em alguns casos, o jovem sente-se
cobrado, pois a família assume um papel de expectativa sobre a escolha profissional
dele. As crises enfrentadas no âmbito familiar envolvem oscilações na tomada de
decisão, questionamentos quanto a uma profissão rentável e segura, mas que não
satisfaz, ou ainda a opção por uma ocupação que atrai, entretanto não oferece
estabilidade financeira.
Quando a indecisão é vista sob a perspectiva da diferenciação dos sexos,
Sweeney e Schill (1998) relatam que existem alguns aspectos que diferenciam a
dificuldade para a escolha entre homens e mulheres. Elas tendem a encontrar problemas
para tomar uma decisão no que se refere ao receio do sucesso, acreditando que poderá
7
reduzir suas chances de casamento e entrar em conflito com seu par, em uma inversão
de papéis, ou ainda a preparação para o emprego, principalmente se a profissão for
predominantemente masculina. Em outro turno, no caso dos homens, Rochlen e
O’Brien (2002) discutem que existem outros fatores que podem comprometer a tomada
de decisão. Em algumas famílias tradicionais, o homem é visto como sendo responsável
pela renda familiar, sendo necessário que ele tenha uma ocupação fixa e que seu
rendimento aumente ao longo do tempo. Nesse sentido, o adolescente pode ser cobrado
a escolher uma profissão que possa fornecer um futuro rentável, perdendo a
oportunidade de explorar informações e desenvolver interesse por atividades distintas.
De modo a detalhar a indecisão profissional, Gati e colaboradores (1996) se
referem ao construto como a falta de cristalização dos interesses, sendo que o indivíduo
não consegue se estruturar ou encontrar um equilíbrio quanto à escolha, impedindo-o de
optar por um caminho profissional específico. Além disso, os autores alertam para o
fato de que quando o indivíduo está diante de uma escolha, depara-se com uma série de
alternativas e uma extensa quantidade de informações disponíveis em cada uma delas,
que devem ser levadas em consideração. Assim, o sujeito terá que optar pelo curso,
faculdade/universidade, currículo, professores, profissões em potencial, entre outros.
Ainda, aspectos como tempo de formação, grau de independência, interação social, são
importantes no momento da tomada de decisão, uma vez que esses fatores devem estar
condizentes com as características do indivíduo.
Segundo Gati e colaboradores (1996), o construto tem sido debatido de maneira
dicotômica, pois muitas vezes envolve apenas contribuições empíricas que visam
desenvolver sua medida, conduzidas independentemente de conceituações teóricas.
Com o intuito de integrar os aspectos teóricos e empíricos, os autores propuseram um
modelo taxonômico hierárquico, separado em componentes distintos e envolvendo
8
diferentes tipos de dificuldades. O modelo taxonômico dos autores é apresentado a
seguir.
Figura 1. Modelo taxonômico hierárquico das dificuldades de tomada de decisão de carreira. Fonte: Gati,
Krausz e Osipow (1996).
Como pode ser observado na Figura 1, o modelo apresenta duas grandes
categorias que se referem aos problemas anteriores ao processo de escolha, relacionados
à imaturidade para escolher, bem como as dificuldades durante o processo, nos quais
estão presentes a falta de conhecimento pessoal e do mundo do trabalho. Essas duas
categorias de dificuldades foram divididas em subcategorias. A primeira, ‘Falta de
Prontidão’, se refere aos problemas enfrentados antes de engajar-se na escolha por uma
profissão específica e engloba a ‘Falta de motivação’ para empenhar-se no processo de
9
tomada de decisão; a ‘Indecisão’ presente em qualquer tipo de escolha; e as dificuldades
relacionadas aos ‘Mitos disfuncionais’, como expectativas irracionais.
A segunda categoria, ‘Falta de Informação’, diz respeito ao ‘Processo de tomada
de decisão na carreira’, relacionado a conhecimentos sobre as etapas envolvidas no
decurso da escolha, que podem ser adquiridos antes ou durante o processo; ao Self’’,
sendo a falta de conhecimento do sujeito sobre suas preferências, bem como sobre suas
capacidades individuais de percepção, englobando as dificuldades associadas à falta de
informação no presente com a incerteza sobre o futuro; às ‘Ocupações’, que é
caracterizada pelos aspectos insuficientes sobre as alternativas de trabalho e as
características destas; e às ‘Maneiras de obter informações’, que descrevem as formas
de alcançar conhecimento sobre si mesmo e acerca das profissões.
Por fim, a terceira categoria, ‘Informação Inconsistente’, agrega as ‘Informações
não confiáveis’, sendo que as incertezas podem estar relacionadas às preferências do
indivíduo, ou às percepções de pessoas significativas, ou ainda, às alternativas
apresentadas por profissionais especializados na área. ‘Conflitos internos’, se refere às
preferências incompatíveis com aquilo que é desejado, como por exemplo, o desejo de
ser um professor e ter um rendimento bastante alto. Além disso, engloba habilidades
insuficientes e mais elevadas do que necessário. Os ‘Conflitos externos’ expressam as
escolhas que o indivíduo precisa fazer e por quais critérios optar, levando em
consideração as diversas opções profissionais.
Essas informações são integradas, sendo que o indivíduo pode ter uma única
dificuldade ou uma combinação delas, indicando que os problemas encontrados nas
categorias não são completamente independentes uns dos outros. Desta forma, durante
um processo de escolha profissional, o indivíduo pode ser classificado a partir de uma
categoria maior e, em seguida, em subcategorias (Gati & cols., 1996).
10
Com o intuito de buscar dados empíricos para o modelo proposto, Gati e
colaboradores (1996) desenvolveram o instrumento Career Decision-Making
Difficulties Questionnaire (CDDQ) a fim de estudar as dificuldades encontradas no
processo de tomada de decisão. Participaram do estudo 259 pessoas de Israel, com idade
variando entre 19 a 23 anos, e 304 pessoas dos Estados Unidos, de 17 a 23 anos. Para
verificar a validade da estrutura da taxonomia, recorreu à Análise de Clusters, que
indicou existir uma coerência entre o modelo teórico e os dados empíricos. Além disso,
as categorias foram semelhantes nas duas amostras e compatível com as relações
derivadas do modelo teórico. Desta forma, após reunir o quadro teórico e a investigação
empírica, os autores concluíram que a indecisão profissional não é um único tipo de
problema com sintomas diferentes, mas sim um grupo de problemas que normalmente
conduzem para o mesmo resultado final, qual seja, a incapacidade de tomar uma decisão
profissional.
Outros autores utilizaram o CDDQ, entre eles Albion (2000) que investigou as
dificuldades da escolha profissional de jovens. O instrumento foi aplicado em 347
estudantes australianos, sendo 199 do sexo feminino e 148 do sexo masculino, com
média de idade de 16,01 anos (DP = 0,67), de escolas estaduais e privadas. Por meio da
análise multivariada de covariância (MANCOVA), verificou que os alunos mais velhos
foram menos indecisos, [F(1,341) = 6,03, p<0,05], mais satisfeitos, [F(1,341) = 6,28,
p<0,05], e mais confiantes na sua escolha, [F(1,341) = 4,00, p<0,05]. Além disso,
verificou-se diferença entre os tipos de escolas, sendo que os alunos das escolas
privadas foram menos indecisos do que das estaduais, [F(1,341) = 8,85, p<0,01].
Em seguida, Albion (2000), considerando o sexo, realizou uma MANCOVA
com as três categorias do CDDQ, quais sejam, ‘Falta de Prontidão’, ‘Falta de
Informação’ e Informação Inconsistente’. Os dados revelaram que as meninas
11
possuíam mais dificuldades devido à falta de informação do que os meninos, [F(1,341)
= 3,87, p<0,05]. No geral, os autores concluíram que existem poucas diferenças no
envolvimento dos jovens no processo de tomada de decisão. Os meninos tendem a ter
mais conhecimento sobre as profissões e as meninas podem ter níveis mais elevados de
motivação para optar por uma ocupação.
Kelly e Lee (2002) buscaram verificar os principais problemas presentes durante
o processo de tomada de decisão profissional. Participaram 434 estudantes
universitários do primeiro semestre, que teriam que optar por um curso específico no
quarto semestre. A idade média dos alunos foi de 18,07 anos, com desvio padrão de
0,53. Os instrumentos utilizados foram o Career Decision Scale CDS (Osipow, 1987),
o Career Factors Inventory CFI (Chartrand, Robbins, Morrill & Boggs, 1990), além
do CDDQ. Os autores realizaram uma análise fatorial dos três instrumentos, a fim de
explorar os domínios da indecisão.
Constatou-se pelos resultados encontrados, que seis fatores descreviam de
melhor forma o construto. ‘Falta de Informação’ e ‘Necessidade de Informação’ se
relacionaram, uma vez que estudantes indecisos podem reconhecer que possuem
conhecimentos insuficientes sobre o universo profissional, entretanto muitas vezes não
sentem necessidade de procurar ou começar a busca por informações. ‘Traços de
Indecisão’ refletiu uma dificuldade crônica para tomar decisões, podendo interferir nas
escolhas realizadas durante o processo de aconselhamento. O ‘Desentendimento com os
outros’, refere-se a um problema que ocorre após a escolha feita, sendo que pessoas
significativas podem fazer objeções quanto à decisão tomada. Já a ‘Identidade Difusa’,
pode estar relacionada a uma incapacidade de cristalizar uma preferência ou atribuir às
características pessoais a uma profissão. Por fim, ‘Ansiedade para Escolha’, pode ser
compreendida como uma angústia para tomar uma decisão.
12
Assim, Kelly e Lee (2002) encontraram apoio na teoria de Gati e colaboradores
(1996), uma vez que os problemas de indecisão podem ocorrer antes do processo de
tomada de decisões, o que pode ser devido à falta de informações e à identidade.
durante o processo, as dificuldades podem ocorrer devido a ansiedade, que inibem o
progresso do indivíduo na realização da escolha. Por fim, a dificuldade de escolha pode
estar relacionada a conflitos com outras pessoas.
Com o intuito de investigar os problemas relacionados à indecisão profissional,
Kleiman e colaboradores (2004) aplicaram dois instrumentos, quais sejam, o Career
Thoughts Inventory CTI (Sampson, Peterson, Lenz, Reardon & Saunders, 1996a) e o
CDDQ. Participaram do estudo 109 mulheres e 93 homens, com média de 20,17 anos
(DP= 1,90), de uma universidade estadual, matriculados em um curso sobre
planejamento de carreira. Os resultados evidenciaram uma correlação entre os dois
instrumentos (r = 0,82; p < 0,01). Segundo os autores, os dados sugeriram que os
indivíduos que se sentem confusos quanto à tomada de decisão, podem ter falta de
informação sobre o processo, sobre si mesmo ou sobre as profissões.
Silva (2004) se refere ao CDDQ como um dos principais instrumentos de
avaliação da indecisão profissional em âmbito internacional. Por este modelo estar
baseado em uma premissa teórica, bem como em dados empíricos, optou-se por usar
essa teoria. Ao lado disso, o instrumento a ser utilizado na pesquisa em questão foi
elaborado sob essa perspectiva teórica, cuja descrição virá a seguir.
No Brasil, Primi e colaboradores (2000) construíram um instrumento para
avaliar a indecisão profissional, sendo este o Inventário de Levantamento das
Dificuldades da Decisão Profissional IDDP. Em sua construção, o instrumento foi
aplicado em 227 alunos de escolas públicas e particulares, com idade entre 14 e 17 anos,
da oitava rie do Ensino Fundamental e segunda e terceira séries do Ensino Médio.
13
Com o intuito de buscar evidências de validade de construto, realizou-se uma análise
fatorial, que indicou a presença de 17 fatores primários. Estes foram divididos em
quatro grupos maiores, quais sejam, Insegurança e falta de informação (fator 1); Ênfase
na busca de prestígio e retorno financeiro (fator 2); Imaturidade para a escolha (fator 3);
e Conflitos com pessoas significativas (fator 4), detalhados a seguir.
O fator 1 refere-se à percepção de falta de informação e insegurança no que diz
respeito à escolha profissional. Além disso, inclui aspectos relacionados a dificuldades
financeiras. Pode-se dizer que os problemas encontrados em relação a esse fator estão
associados à falta de clareza sobre si mesmo (identidade difusa), o que pode levar a uma
indefinição profissional. O fator 2 refere-se ao aspecto motivacional da escolha, mais
especialmente centrado no aspecto econômico e de prestígio social proporcionado pelas
profissões. Nesse caso pode-se afirmar que não se trata necessariamente de uma
dificuldade de realizar uma escolha, mas vincula-se a aspectos específicos de certas
profissões. Nesse fator uma tendência à autovalorização e ao apoio familiar. Além
disso, pode-se dizer que a profissão se apresenta como uma forma de solução de
problemas pessoais. o fator 3 está associado à falta de motivação em tomar uma
decisão profissional, que não representa uma dificuldade em si, mas uma falta de
preparo para a escolha. Por fim, o fator 4 refere-se aos conflitos externos, sendo a
desaprovação do meio quanto à tomada de decisão, além do mais, a escolha profissional
é vista como algo imutável, podendo ser algo aversivo.
Ainda, Primi e colaboradores (2000), por meio da análise de variância
(ANOVA), verificaram que os alunos de escolas públicas tendem a privilegiar o aspecto
social e econômico das profissões e os alunos mais jovens apresentam um maior grau de
imaturidade. Embora os resultados sejam promissores, o instrumento carece de estudos
mais amplos, sendo o seu uso recomendado apenas para pesquisas.
14
Com vistas a investigar a associação entre indecisão profissional, características
de personalidade e interesses profissionais, Primi e colaboradores (2001) utilizaram o
Inventário Fatorial de Personalidade IFP (Pasquali, Azevedo & Ghesti, 1997) e o
questionário de interesse de Busca Auto Dirigida SDS (Holland, Fritzsche, & Powell,
1994), além do IDDP. Os autores pretendiam buscar evidências de validade para o
IDDP. Assim, foram avaliados 70 adolescentes do e anos do Ensino Médio, com
idade variando entre 13 a 19 anos.
Os resultados indicaram correlações significativas entre o IDDP e o IFP. O fator
‘Insegurança e falta de informação’ (IDDP) associou-se com os fatores ‘Autonomia’,
‘Afago’, ‘Denegação’ e ‘Ordem’ (IFP). Ao lado disso, o fator ‘Ênfase na busca de
prestígio e retorno financeiro’ (IDDP) correlacionou-se com ‘Ordem’, ‘Persistência’,
‘Mudança’, ‘Heterossexualidade’, ‘Denegação’ e ‘Agressão’ (IFP). O fator
‘Imaturidade para a escolha’ (IDDP) se relacionou aos fatores ‘Dominância’,
‘Agressão’, ‘Heterossexualidade’ e ‘Veracidade’ (IFP). Por fim, ‘Conflitos com pessoas
significativas’ (IDDP) associou-se ao fator ‘Afago’ (IFP). Em relação aos instrumentos
IDDP e SDS as correlações revelaram que a subescala do IDDP que avalia o ‘Conflito’
resultante da preferência por várias atividades associou-se de maneira significativa aos
seis fatores do SDS. Além disso, as correlações apontaram que alunos mais imaturos
apresentam menos distinção em seus interesses, o que está relacionado a uma maior
indiferenciação nas características de personalidade (Primi & cols., 2001).
Posteriormente, Primi, Noronha, Nunes e Ambiel (2006) realizaram um estudo
correlacional entre habilidades, personalidade e dificuldade de escolha profissional,
utilizando a Bateria Fatorial CEPA (Horn, 1991), o IFP (Pasquali & cols., 1997) e o
IDDP. Participaram da pesquisa 33 alunos de um programa de OP, com idades entre 14
a 17 anos. Referente ao IDDP e à Bateria Fatorial CEPA, os resultados apontaram
15
correlações, em sua maioria, significativas e negativas, evidenciando que pessoas com
alto escore em inteligência fluída possuem menos conflitos com pessoas significativas
em relação à escolha profissional. Em contrapartida, pessoas com coeficientes altos em
inteligência cristalizada, tendem a apresentar maiores conflitos.
Em relação à Bateria Fatorial CEPA e o IFP, se destacaram as correlações
significativas que avaliavam a inteligência fluída (Bateria Fatorial CEPA) e os fatores
‘Dominância’, ‘Desempenho’, ‘Exibição’, ‘Agressão’ e ‘Heterossexualidade’ (IFP). As
pessoas com escore mais alto nessa habilidade apresentaram maior desejo de liderar
outras pessoas, mais gosto em realizar tarefas difíceis, preferência por ser o centro da
atenção dos outros e ser considerado inteligente. De acordo com os autores, as pessoas
com níveis maiores em inteligência fluída tendem a ter uma maior autonomia intelectual
e abertura. Assim, Primi e colaboradores (2006) discutem que durante um processo de
OP, é importante avaliar algumas características do sujeito, para que o orientador possa
ajudá-lo na escolha ajustada.
Autores como Chartrand e colaboradores (1994), Tokar, Fischer e Subich (1998)
e Osipow (1999) sugerem que uma maior compreensão da indecisão profissional se dá a
partir do entendimento das diferenças individuais. Essas determinarão a maneira do
sujeito processar informações para resolver problemas, seus diferentes estilos de tomada
de decisões e suas dificuldades frente à escolha profissional (Chartrand & cols., 1994).
Leong e Chervinko (1996) e Saka, Gati e Kelly (2008) acrescentam que a indecisão
pode ser compreendida a partir dos traços de personalidade, assim, há a possibilidade de
identificar as dificuldades durante o processo de tomada de decisão, bem como aquilo
que as mantêm. As características de personalidade serão tratadas com maior destaque a
seguir, uma vez que o construto será investigado no presente estudo.
16
Personalidade sob a perspectiva dos Cinco Grandes Fatores e pesquisas
relacionadas
No que se refere ao campo da Orientação Profissional (OP), a avaliação da
personalidade tem auxiliado na compreensão dos comportamentos relacionados à
tomada de decisão, tal como já evidenciado anteriormente (Pérez, Cupani & Beltramino,
2004). Com vistas a uma maior compreensão, Chartrand e colaboradores (1993)
definem traços ou características de personalidade como aspectos utilizados para
explicar o comportamento humano. O pressuposto fundamental é que os traços são
estáveis e consistentes, representando a probabilidade que o indivíduo tem de agir em
determinadas circunstâncias.
A personalidade tem sido conceituada a partir de uma variedade de perspectivas
teóricas, com diversos traços e características para descrevê-la. No entanto, uma das
propostas de maior consenso para mensurá-la é o Modelo dos Cinco Grandes Fatores
(CGF), conhecido internacionalmente como Big Five, que descreve as dimensões
humanas de forma consistente e replicável (Nunes, Hutz & Nunes, 2009). Por meio de
pesquisas, pôde-se constatar que o CGF não reduz as diferenças entre os homens a
apenas cinco traços, mas permite compreender que cinco fatores podem representar a
personalidade de forma mais ampla, sendo que cada um deles resume características
mais específicas (John & Srivastava, 2001).
O CGF compreende a personalidade em cinco dimensões, a saber: Extroversão,
Socialização, Realização, Neuroticismo e Abertura para novas experiências. O fator
Extroversão representa as pessoas que geralmente são assertivas, ativas, sociáveis,
energéticas, expressivas e alegres. Pessoas com escores altos nesse fator tendem a ser
sociáveis, comunicativas, otimistas e afetuosas, enquanto escores baixos indicam
17
pessoas reservadas e cautelosas (Judge & Bono, 2000; McCrae & Costa, 1997; Roccas,
Sagiv, Schwartz & Knafo, 2002). O fator Socialização descreve a qualidade das
relações interpessoais das pessoas e abrange uma tendência a ser gentil, confiante,
confiável, carismático, altruísta, provido de compaixão. Pessoas com pontuações altas
nesse fator possuem tendências de simplicidade, modéstia e cooperação. Ao passo que
indivíduos com escores baixos tendem a ser irritáveis, impiedosos e inflexíveis (Judge
& Bono, 2000; Roccas & cols., 2002). O fator Realização diz respeito à organização,
persistência, motivação e responsabilidade para alcançar objetivos. Indivíduos com
pontuação alta nesse fator tendem a ser cuidadosos, profundos, responsáveis,
organizados e escrupulosos, e ao lado disso, pessoas com pontuações baixas nessa
dimensão tendem a ser irresponsáveis, desorganizadas e sem escrúpulos (Roccas &
cols., 2002).
O fator Neuroticismo foi definido como o nível crônico de ajustamento
emocional. Abrange algumas características da personalidade, bem como afeto positivo
e negativo, instabilidade emocional, ansiedade, depressão, melancolia, tristeza,
nervosismo, hostilidade, vulnerabilidade, autocrítica, impulsividade e temor. Pessoas
com escore alto tendem a ser ansiosas, deprimidas, irritadas e inseguras. Pontuações
baixas indicam pessoas que são mais calmas e emocionalmente estáveis (Hutz & cols.,
1998; Nunes & Hutz, 2001; Roccas & cols., 2002). Por último, o fator Abertura para
novas experiências engloba autonomia de pensamento, ação, abertura a novas idéias,
experiências e apreciação da natureza. Indivíduos com pontuação alta nesta dimensão
tendem a ser intelectuais, imaginativos, sensíveis, de espírito aberto àquilo que é novo e
diferente e pessoas com pontuação baixa tendem a ser insensíveis e convencionais
(Roccas & cols., 2002).
18
Com vistas a verificar a replicabilidade do modelo CGF em diversas culturas,
McCrae e Costa (1997), aplicaram o instrumento Revised EO Personality Inventory
NEO-PI-R (Costa & McCrae, 1992) em uma amostra de 7134 pessoas, incluindo
coreanos, portugueses, alemães, americanos, israelenses, chineses e japoneses, com
idade entre 15 e 84 anos. Os autores concluíram que a estrutura da personalidade,
mensurada por meio do CGF, pode ser semelhante em distintas culturas, transcendendo
os diversos idiomas, mostrando-se universal. O fator Socialização apresentou diferenças
individuais, o que leva a pressupor que seja uma conseqüência das relações
interpessoais de cada cultura. Já as variações no fator Realização, podem se referir à
existência de uma desvalorização da ambição pessoal em algumas sociedades. Por fim,
os autores relatam que o modelo CGF contribui para uma compreensão universal da
personalidade, mas sugerem que pesquisas sejam desenvolvidas para constatar a
replicabilidade do modelo em outros contextos, bem como na formação escolar e
profissional e nos interesses.
Em outra pesquisa, McCrae e colaboradores (2002) realizaram um estudo para
verificar se existem diferenças na personalidade de meninos e meninas por faixa etária.
Para isso, aplicaram o NEO-PI-R, em 1.312 meninas e 635 meninos de 14 a 18 anos.
Foi realizada a análise de variância (ANOVA) dos fatores do NEO-PI-R em relação ao
sexo e a idade. Os resultados indicaram diferenças significativas no que se refere ao
sexo para Neuroticismo [F(1, 1947) = 52,54; p<0,001], Extroversão [F(1, 1947) =
21,75; p<0,001], Abertura [F(1, 1947) = 22,52; p<0,001] e Socialização [F(1, 1947) =
31,33; p<0,001], com pontuação maior para as meninas nos quatro fatores. Também,
por meio da ANOVA pode-se verificar que entre 14 e 18 anos os fatores Socialização e
Realização são relativamente baixos. De acordo com os autores, aparentemente, existe
19
uma mudança no que se refere a esses dois fatores em torno dos 18 anos, sendo que
estes traços de personalidade podem se destacar no final da adolescência.
Nessa mesma direção, Allik, Laidra, Realo e Pullmann (2004) tiveram como
objetivo avaliar o desenvolvimento da personalidade dos 12 aos 18 anos. Participaram
da pesquisa 2650 adolescentes da Estônia, com média de idade de 14,9 anos e desvio
padrão de 2,0. Os autores utilizaram o NEO-FFI, versão estoniana do NEO-PI-R. Por
meio das diferenças de médias, pode-se verificar que existem diferenças significativas
entre os sexos, sendo que as meninas apresentaram maior média no fator Extroversão e
os meninos no fator Socialização. Em relação à idade, a ANOVA indicou que existem
diferenças significativas nos cinco fatores. Referente aos fatores Neuroticismo e
Extroversão, os autores discutem que esses traços podem apresentar uma suave
mudança na transição da adolescência para a vida adulta, sendo assim, pessoas com
mais de 18 anos tendem a ser menos extrovertidas e neuróticas.
Os fatores Socialização e Realização apresentaram uma descontinuidade, sendo
que ambos tiveram índices mais baixos entre 12 e 18 anos. No entanto, indicaram
escores mais elevados após os 18 anos, o que pode estar relacionado ao término do
Ensino Médio. o fator Abertura, diferentemente dos outros fatores, apresentou
aumento no início da adolescência, aos 12 anos. Apesar das diferenças encontradas, os
achados apontam para a existência de poucas variações nos níveis de traços de
personalidade entre 12 e 18 anos de idade. Os autores concluíram que o pequeno
aumento no fator Abertura e o declínio nos fatores Socialização e Realização, podem
estar relacionados às diferenças individuais da amostra.
Em âmbito nacional, o estudo do CGF ainda é recente, entretanto alguns autores
têm mostrado a sua contribuição no que se refere à avaliação psicológica. Nesse sentido,
Hutz e colaboradores (1998) construíram um instrumento de avaliação da
20
personalidade, sob a perspectiva do modelo dos Cinco Grandes Fatores, apropriado para
uso no Brasil e contaram com a participação de 976 estudantes universitários. Fazia
parte do instrumento 96 adjetivos originados por meio de um estudo piloto, que
examinou cerca de 180 descritores de traços freqüentemente utilizados em português.
As análises fatoriais indicaram que os cinco fatores são apropriados para a utilização em
populações brasileiras. Além disso, os resultados mostraram que os marcadores retidos
formam escalas psicometricamente adequadas.
Outras pesquisas nacionais tiveram como objetivo construir escalas para avaliar
separadamente os cinco grandes fatores. São essas, Escala Fatorial de Neuroticismo
EFN (Nunes & Hutz, 2001); Escala Fatorial de Extroversão EFEx (Nunes & Hutz,
2006); Escala Fatorial de Socialização – EFS (Nunes & Hutz, 2007); e Escala Fatorial e
Abertura à Experiência – EFA (Vasconcellos & Hutz, 2008).
No que tange a mensuração dos Cinco Grandes Fatores, Nunes e colaboradores
(2009) consideraram que seria relevante uma bateria que englobasse as cinco
dimensões, para ter uma avaliação completa da personalidade. Dessa forma, os autores
organizaram a Bateria Fatorial da Personalidade BFP. Com o intuito de verificar as
características psicométricas do instrumento, realizaram um estudo em alunos do Ensino
Médio, a fim de analisar a validade convergente - discriminante. Para isso, avaliaram
211 adolescentes de uma escola particular do Estado do Paraná, com idades variando
entre 16 e 18 anos, participantes de um projeto de Orientação Profissional. Além do
BFP, foram aplicados os instrumentos Bateria de Provas de Raciocínio BPR-5 (Primi
& Almeida, 1998), Escala de Aconselhamento Profissional EAP (Noronha, Sisto &
Santos, 2007), Self-Directed Search SDS (Holland, Fritzsche, & Powell, 1994; Primi,
Mansão, Muniz & Nunes, no prelo), bem como o IDDP. Por meio da correlação do BFP
21
e cada um dos instrumentos, os autores constataram que a bateria possui evidências de
validade convergente - discriminante.
Nesse momento, vale destacar o estudo entre o BFP e o IDDP realizado por
Nunes e colaboradores (2009), uma vez que os autores utilizaram os mesmos
instrumentos da pesquisa em questão. Por meio da correlação de Pearson, verificaram
que os índices mais elevados ocorreram entre Neuroticismo e os quatro fatores do
IDDP, sendo que Insegurança e falta de informação (fator 1), obteve o maior escore (r =
0,620). De acordo com os autores, é possível supor que níveis mais elevados de
vulnerabilidade a comentários de outras pessoas, dependência da opinião dos outros,
instabilidade de humor e visão pessimista sobre o futuro podem estar associadas à
indecisão profissional.
No que diz respeito ao fator Realização, foram encontradas correlações
significativas e negativas com Insegurança e falta de informação (fator 1) e Imaturidade
para a escolha (fator 3), do IDDP (r=-0,353; r=-0,265, respectivamente). Segundo os
autores, o resultado sugere que indivíduos com uma visão mais positiva sobre si e mais
comprometidos com suas atividades, possuem maior tendência a apresentar níveis mais
baixos em dificuldades referentes à tomada de decisão. O fator Extroversão apresentou
correlação negativa com Insegurança e falta de informação (fator 1) e Conflitos com
pessoas significativas (fator 4) do IDDP (r=-0,213; r=-0,190, respectivamente). Além
disso, houve correlação positiva com Ênfase na busca de prestígio e retorno financeiro
(fator 2) do IDDP. Os autores supõem que pessoas que tendem a ter uma auto-
valorização exagerada, sejam mais gregárias, podendo ter uma grande quantidade de
amigos. Além disso, podem apresentar dificuldades para tomar uma decisão, pois se
grande importância ao retorno financeiro e sucesso que desejam ter em função da
profissão.
22
Por sua vez, o fator Socialização associou-se à Ênfase na busca de prestígio e
retorno financeiro (fator 2), do IDDP (r=0,257). Os autores relatam que, pessoas com
nível mais elevado nesse fator, tendem a dar mais importância às recompensas externas
associadas à escolha de uma profissão. Por fim, o fator Abertura apresentou correlações
negativas com Imaturidade para a escolha (fator 3) e Conflitos com pessoas
significativas (fator 4), do IDDP (r=-0,204; r=-0,244, respectivamente). Os autores
acreditam que indivíduos que se interessam por idéias inovadoras, possuem
comportamentos mais exploratórios associados à profissão, podendo ter como
conseqüência um amadurecimento maior para optar por uma atividade profissional,
desenvolvendo estratégias mais eficazes para evitar conflitos com pessoas significativas.
De acordo com Nunes e colaboradores (2009), essa interpretação possui um caráter
hipotético, uma vez que não foram encontrados dados teóricos ou empíricos que
confirmassem, necessitando de estudos futuros que comprovem tais achados.
É importante salientar que a presente pesquisa e a de Nunes e colaboradores
(2009) possuem o mesmo tema de estudo, entretanto existem diferenças entre elas. Em
sua investigação, os autores utilizaram o instrumento IDDP e outros, a fim de buscar
evidências de validade convergente - discriminante para o BFP. Dessa forma, eles
criaram dados normativos para estudantes do Ensino Médio de Curitiba. Em relação ao
presente estudo, como informado anteriormente, o objetivo é verificar a relação entre
indecisão profissional e as características de personalidade. Além disso, essa pesquisa
foi realizada com jovens de outro estado, São Paulo, e pretende trazer considerações que
futuramente possam contribuir para a prática do psicólogo durante processos de OP.
Na seqüência, será apresentada a relação entre a indecisão e as características de
personalidade no contexto da Orientação Profissional (OP). Assim sendo, o intuito da
23
próxima seção é o de promover uma compreensão mais aprofundada da relação entre os
construtos estudados nessa pesquisa.
Indecisão Profissional e Personalidade
No que se refere à relação entre indecisão profissional e a personalidade,
Chartrand e colaboradores (1993) relatam que uma das maiores críticas presentes na
investigação deles, é o fracasso em integrar estudos teóricos com evidências empíricas.
Apesar disso, Kelly e Shin (2009) citam que alguns estudos têm buscado investigar as
associações existentes entre os construtos.
Leong e Chervinko (1996) pontuam que a compreensão da relação entre
indecisão profissional e personalidade pode auxiliar os profissionais na distinção dos
estudantes momentaneamente indecisos dos que poderão ter um problema mais crônico.
Em acréscimo, Vidal-Brown e Thompson (2001) expõem que os traços de
personalidade devem ser integrados no entendimento da escolha por uma carreira, uma
vez que a eleição de uma carreira pode refletir a expressão da personalidade do
indivíduo. Ainda, para os autores, as dificuldades enfrentadas na tomada de decisão
estão diretamente relacionadas com a personalidade do sujeito. Segundo Saka e Gati
(2007), essas dificuldades são consideradas por orientadores profissionais como um dos
principais problemas durante o processo de OP, pois o cliente não possui preferências
claras, tendo conseqüências preocupantes no planejamento profissional.
A fim de investigar a relação entre os construtos, Saka e colaboradores (2008)
desenvolveram um modelo tridimensional para analisar as dificuldades da tomada de
decisão relacionadas a características de personalidade, quais sejam, pessimismo,
ansiedade e autoconceito/identidade. O pessimismo foi descrito como a tendência em
24
concentrar-se nos aspectos negativos das situações. Pensamentos e crenças
disfuncionais podem ser manifestados pelos indivíduos durante as diferentes fases do
processo de tomada de decisão, incluindo percepções pessimistas acerca do mundo do
trabalho, do processo da escolha e do autocontrole.
No que diz respeito às questões relacionadas ao mundo do trabalho, Saka e
colaboradores (2008) discorrem que indivíduos com esse tipo de indecisão, podem
apresentar características psicológicas como depressão, hesitação, dúvida, dificuldades
de concentração, sentimentos de culpa e de inferioridade. Eles possuem a tendência em
centrar-se nos problemas e inconvenientes do mercado de trabalho atual, o que pode
levá-los a acreditar que não seria possível encontrar um bom emprego dentro da
profissão escolhida. O pessimismo em relação ao processo de escolha pode ocorrer
devido aos acontecimentos e mudanças que acontecem durante a vida, ou ainda, a
fatores externos. Além disso, o indivíduo pode ter uma visão pessimista sobre seu
autocontrole, que poderia estar relacionado à falta de capacidade de sucesso em realizar
determinadas tarefas.
De acordo com os autores, a indecisão também pode estar relacionada à
ansiedade. Eles citam que esta pode ocorrer durante o processo de tomada de decisão,
envolvendo sentimentos de estresse ou estar ligada à incerteza envolvida na escolha e
no futuro. Do mesmo modo, existe o medo de perder outras opções, ou optar por uma
ocupação inadequada, tendo que arcar com as conseqüências da escolha.
Além dos aspectos expostos por Saka e colaboradores (2008), os indivíduos
podem estar indecisos por causa de seu autoconceito/identidade, uma vez que eles não
conseguem formar uma identidade estável, clara e independente. Por esta razão, o
sujeito pode ficar ansioso e ter uma baixa auto-estima, bem como enfrentar conflitos
com sua família, por excesso de críticas, falta de suporte ou pela dependência da
25
aprovação dos outros. Vale pontuar que os três fatores propostos, pessimismo,
ansiedade e autoconceito/identidade, relacionam-se mais fortemente às definições
compostas no fator Neuroticismo do CGF (Nunes & cols., 2009).
Nesse particular, o fator Neuroticismo é compreendido por Lucas e Wanberg
(1995) como composto por algumas variáveis que contribuem para indecisão
profissional, sendo estas, ansiedade, medo do compromisso, pessimismo e baixa auto-
estima. Para os autores, a ansiedade pode ocorrer quando os indivíduos não se sentem
confortáveis para decidir. Outro fator que pode contribuir para a indecisão é o medo do
compromisso, que se refere à falta de habilidade para realizar escolhas importantes,
devido à percepção dos resultados negativos após as decisões. o pessimismo pode
levar a pessoa a crer que coisas ruins vão acontecer com ela, mostrando-se pouco
entusiasmado. Por fim, os indivíduos indecisos têm tendência a possuir uma baixa auto-
estima, pois acreditam que suas escolhas são pouco adequadas, não se sentindo
confortáveis diante delas.
De acordo com Leong e Chervinko (1996), uma das principais dificuldades de
indivíduos que não conseguem decidir, é a ansiedade. Esse estado pode ser um dos
principais antecedentes da indecisão, além do mais, está diretamente relacionado com o
fator Neuroticismo do CGF, confirmando as considerações realizadas por Saka e
colaboradores (2008).
Considerando o fator Neuroticismo, Feldman (2003) afirma que pessoas com
níveis altos possuem tendência em tomar decisões de maneira impulsiva, para assim,
diminuir o estresse causado pela escolha. Kelly e Shin (2009) acrescentam que este fator
está associado à falta de informação, bem como a pensamentos e sentimentos negativos,
o que inclui expectativas negativas em relação ao processo e ao resultado da exploração
profissional.
26
Além do fator Neuroticismo, Feldman (2003) relata que o fator Extroversão
parece estar mais associado à indecisão profissional. A partir desse pressuposto, baixos
índices de Extroversão podem contribuir para um momento crítico no início do
desenvolvimento profissional. Isso se deve ao fato de que as pessoas mais introvertidas
possuem poucas habilidades para buscar apoio social, o que pode contribuir para
dificuldades durante o processo de tomada de decisão. Essas pessoas não possuem
comportamentos de exploração que visem à procura por informações vindas de
profissionais da área, membros do corpo docente ou funcionários de empresas.
No que diz respeito aos outros três traços de personalidade do modelo dos CGF
(Socialização, Realização e Abertura), investigações tem sido realizadas em relação à
associação deles com a indecisão profissional. No entanto, os achados encontrados
foram pouco consistentes e significativos. Nesse sentido, pode-se dizer que o fator
Socialização parece estar associado a resultados positivos em processos de tomada de
decisão, entretanto, em longo prazo pode ocorrer momentos de indecisão sobre a
profissão escolhida. O fator Realização sugere um bom desempenho frente ao momento
da escolha, mas pode gerar cobranças do próprio indivíduo, levando-o a realizar
decisões precoces. Por fim, pode-se dizer que o fator Abertura tende a contribuir para
maior disponibilidade para percorrer novos caminhos profissionais. Mas, ao mesmo
tempo, pode levar o indivíduo a ter maiores dificuldades para optar por uma única
carreira (Feldman, 2003). Sob essa perspectiva, esses três traços de personalidade,
merecem mais atenção e investigações, tal como preconizado por Nunes e
colaboradores (2009).
Quanto à mensuração do modelo dos CGF, Lounsbury, Hutchens e Loveland
(2005) enfatizam que os psicólogos poderiam utilizá-lo para maior compreensão dos
aspectos que antecedem a indecisão, expostos anteriormente, bem como para realizarem
27
um melhor planejamento das estratégias do processo de Orientação Profissional. Nesse
sentido, os autores levantam a hipótese de que os profissionais da área poderiam tentar
oferecer mais oportunidades para exploração de carreira e autonomia nas tarefas não
estruturadas, ao invés de organizar atividades que exigem certas regras.
Saka e colaboradores (2008) concluem que a relação entre indecisão profissional
e personalidade tem implicações importantes, tanto teoricamente como na prática do
psicólogo. A teoria irá auxiliar o profissional no planejamento das etapas do processo de
orientação, além de criar hipóteses de como o indivíduo poderá enfrentar os problemas
relacionados à tomada de decisão. Identificar as principais dificuldades da indecisão
seria o primeiro e mais importante passo do aconselhamento. Em seguida, o
conhecimento dos traços de personalidade que contribuem para isto, poderia auxiliar o
trabalho do psicólogo, possibilitando-lhe o desenvolvimento de intervenções
diferenciadas.
Convém destacar que, internacionalmente, os estudos referentes à relação entre
indecisão profissional e personalidade estão mais avançados. Em contrapartida, ainda
poucas investigações que buscam integrar os dados teóricos e empíricos, como
preconizado por Gati e colaboradores (1996) e complementado por Kelly e Shin (2009).
Apesar dos diversos estudos que procuram discutir o tema, não há uma teoria
que explique, de forma sustentável, a relação existente entre os construtos. Ainda assim,
pode-se perceber que cada referencial teórico oferece importantes contribuições. Alguns
autores concordam quando afirmam que a indecisão profissional está fortemente
associada ao fator Neuroticismo (Lucas & Wanberg, 1995; Saka & cols., 2008; Nunes
& cols., 2009), bem como a características de personalidade como ansiedade e
pessimismo. Por outro lado, apenas Feldman (2003) cita os outros fatores da
28
personalidade, o que evidencia uma lacuna em estudos que visem compreender a
indecisão profissional por meio dos Cinco Grandes Fatores.
Desta forma, tais afirmações justificam a pertinência de estudos que tenham
como foco a relação dos construtos. Assim, a seguir, são apresentadas as pesquisas
referentes à relação entre indecisão profissional e personalidade. A maior parte dos
achados são em referência ao fator Neuroticismo e suas variáveis, uma vez que, como
visto anteriormente, indivíduos mais indecisos tendem a possuir maiores índices nesse
fator.
Pesquisas sobre Indecisão Profissional e Personalidade
A relação entre indecisão profissional e personalidade tem sido estudada por
alguns autores, dentre eles Chartrand e colaboradores (1993) que entendem os cinco
fatores de personalidade como fundamentais para prever estratégias de resolução de
problemas, identificar o estilo de tomada de decisão, bem como verificar os
antecedentes da indecisão profissional. A pesquisa que realizaram envolveu a
participação de 249 estudantes de psicologia, com idade média de 20,2 anos (DP=4,0).
Os instrumentos utilizados foram NEO Personality Inventory NEO-PI (Costa &
McCrae, 1985); Problem Solving Inventory PSI (Heppner, 1988); Career Decision
Making Styles CDMS (Harren & Biscardi, 1980); e Career Factors Inventory CFI
(Chartrand, Robbins, Morrill, & Boggs, 1990).
Entre os resultados, destaca-se que o fator Neuroticismo se relacionou com a
falta de habilidade em resolver problemas, falta de confiança e dificuldades no controle
emocional. Em contrapartida, o fator Extroversão associou-se à confiança na resolução
de problemas. os fatores Abertura e Realização apresentaram relações negativas com
29
problemas nas habilidades de decisão. No que diz respeito ao estilo de tomada de
decisão, o fator Realização associou-se com o estilo racional, referindo-se aos
indivíduos que tomam uma decisão de maneira rápida. Já o fator Abertura relacionou-se
com o estilo dependente, no qual o indivíduo necessita do auxílio de fontes externas.
Com base nos achados, Chartrand e colaboradores (1993) concluíram que em
relação a resoluções de problemas, o fator Neuroticismo contribui de forma negativa, tal
como apontado posteriormente por Lounsburry e colaboradores (1999), Feldman (2003)
e Kelly e Shin (2009). Por outro lado, pessoas com índices mais elevados nos fatores
Realização e Abertura possuem estratégias mais eficientes para resolver dificuldades
referentes à tomada de decisão. Em acréscimo, indivíduos que são mais propensos a se
preocupar e tem uma falta de controle sobre suas reações emocionais, podem apresentar
dificuldades para realizar uma escolha.
No estudo de Meyer e Winer (1993), o objetivo foi verificar os aspectos da
indecisão profissional e sua relação com o fator Neuroticismo. Participaram da pesquisa
195 estudantes de psicologia, com idade entre 18 e 20 anos. Os instrumentos utilizados
foram Career Decision Scale CDS (Osipow, 1987); Eysenck Personality Inventory
EPI (Eysenck & Eysenck, 1968); e Sixteen Personality Factor Questionnaire 16PF
(Cattell, 1972). Inicialmente, os autores separaram a amostra em quatro grupos de
acordo com as médias e desvios padrão do CDS, quais sejam, indecisão muito alta, alta
indecisão, baixa indecisão e indecisão muito baixa. Em seguida, os dados dos quatro
grupos foram comparados considerando o sexo, sendo que a ANOVA revelou
resultados significativos para as mulheres (F = 3,29, p = 0,02).
Tendo em vista o sexo, a escala O (auto-confiante vs. apreensivo) diferiu no nível
de indecisão para os homens (F = 5,14, p = 0,01). Já nas três escalas (O – auto-confiante
vs. apreensivo; Q3 auto-conflito indisciplinado vs. controlado; Q4 – relaxado vs.
30
tenso) houve diferenças significativas em indecisão para as mulheres. (O – F = 3,50, p =
0,05; Q3 F = 2,96, p = 0,05; e Q4 F = 3,82, p = 0,01). As análises revelaram que a
indecisão está fortemente ligada ao fator Neuroticismo, como afirmado por Chartrand e
colaboradores (1993). Além do mais, as mulheres apresentam maiores índices nesse
fator nos dois instrumentos de avaliação da personalidade. De acordo com Meyer e
Winer (1993), os dados sugerem que indivíduos com esses traços tendem a ter uma
maior ansiedade, ou seja, mais apreensão e tensão, indicando este como um fator
importante da indecisão, o que foi confirmado posteriormente por Lucas e Wanberg
(1995), Leong e Chervinko (1996) e Saka e colaboradores (2008).
Considerando os níveis de decisão em estudantes, Multon, Heppner e Lapan
(1995) examinaram o afeto positivo, relacionado ao fator Extroversão e o afeto
negativo, mais associado ao fator Neuroticismo. Participaram do estudo 196 alunos do
Ensino Médio, com idade variando de 14 a 18 anos. Foram utilizados os instrumentos
Goal Instability Scale GIS (Robbins & Patton, 1985) e Career Decision Profile
CDP (Jones, 1989). Os autores usaram os escores do GIS e do CDP, e identificaram
quatro grupos, sendo eles, grupo 1 (alta instabilidade em atingir objetivos/ indecisão de
carreira); grupo 2 (alta instabilidade em atingir objetivos/ decisão de carreira); grupo 3
(baixa instabilidade em atingir objetivos/ indecisão de carreira); e grupo 4 (baixa
instabilidade em atingir objetivos/ decisão de carreira). Vale destacar que os grupos 2 e
o 4 estão mais relacionados ao afeto positivo (Extroversão). os grupos 1 e 3, se
associam mais ao afeto negativo (Neuroticismo).
Mais especialmente, o primeiro grupo apresentou desconforto ao escolher uma
carreira, falta de conhecimento sobre as profissões e uma disposição para o afeto
negativo. Pessoas com essas características tendem a vivenciar uma falta de objetivos
profissionais, que podem impedi-los a escolher entre várias alternativas de carreira,
31
além dos traços de ansiedade que estes possuem. Os autores discutem que, durante um
processo de OP, os psicólogos podem ajudar esses indivíduos em questões relacionadas
à identidade, uma vez que a ausência do auto-conhecimento pode gerar dificuldades em
traçar metas, bem como favorecer traços de ansiedade. Em acréscimo, Multon e
colaboradores (1995) relatam que estudantes indecisos podem não ser capazes de tomar
uma decisão devido à falta de conhecimento de suas características de personalidade.
O grupo dois incluiu indivíduos que indicaram que apesar de possuir alta
instabilidade em atingir objetivos, possuem uma clara escolha profissional. A hipótese
que os autores levantaram, é a de que eles foram influenciados por uma fonte externa,
como pais, professores, entre outros, uma vez que não confiam na sua capacidade de
tomar decisões. O trabalho com esses alunos poderia incluir maior exploração
profissional, identificando as escolhas feitas, a fim de verificar a autenticidade delas.
Sem orientação, esses indivíduos podem prosseguir em uma carreira que não
corresponda aos seus valores e interesses, que a decisão foi tomada antes deles terem
real clareza daquilo que queriam o que pode fazer com que eles se sintam confusos e
desorientados.
O terceiro grupo foi constituído por alunos que possuem uma indecisão natural
da faixa etária. Esse grupo é visto como tendo uma simples necessidade de recolher
mais informações sobre si, o mundo do trabalho ou o processo de tomada de decisão. O
principal trabalho do psicólogo seria incentivá-los a explorar como seus interesses
podem ser expressos por meio das várias opções profissionais. Além do mais, atividades
de exploração profissional podem ajudá-los a alcançar maior identidade vocacional.
Por fim, no grupo quatro, Multon e colaboradores (1995) agruparam os
indivíduos que possuem clareza sobre identidade e profissão. Esses alunos diferiram do
outros grupos, por serem mais confiantes, por expressarem mais conforto nas suas
32
habilidades de decisão e bom conhecimento sobre as profissões. Uma maior
compreensão sobre como essas características positivas se desenvolvem, poderia ajudar
na intervenção, bem como auxiliar os indivíduos dos outros grupos. Os indivíduos desse
grupo praticamente não precisariam da ajuda de um psicólogo. No entanto, o orientador
profissional poderia favorecer a eficácia das suas escolhas por meio de informações
sobre o trabalho ou cursos que melhor correspondessem às necessidades desses alunos.
Lucas e Wanberg (1995) tiveram o intuito de investigar alguns aspectos
relacionados ao fator Neuroticismo, dentre eles ansiedade, pessimismo e medo do
compromisso, e a sua relação com os três componentes da indecisão, quais sejam, nível
de decisão, conforto com a escolha e as razões para indecisão. Foram participantes da
pesquisa 300 estudantes universitários do curso de psicologia, com idade variando de 18
a 21 anos. Os instrumentos utilizados foram Career Decision Profile CDP (Jones,
1989); State-Trait Anxiety Inventory STAI (Spielberger, 1983); Life Orientation Test
– LOT (Scheier & Carver, 1985); e Fear of Commitment Scale – FOCS (Serling & Betz,
1990).
Os resultados indicaram que houve correlações significativas entre o CDP e
ansiedade (r = -0,36; p < 0,01); otimismo (r = 0,17; p < 0,01); e medo do compromisso
(r = -0,53; p < 0,01). De acordo com os achados, os autores concluíram que indivíduos
que estão confortáveis com sua escolha, apresentaram menos ansiedade. Além disso,
esses alunos tiveram altos níveis de otimismo e menos medo do compromisso. Lucas e
Wanberg (1995) pontuam que o otimismo é uma variável da personalidade que tem sido
pouco investigada no que se refere à indecisão profissional. Nesse sentido, sugerem que
estudantes otimistas tendem a ser mais decididos, se sentem confortáveis com a escolha,
possuem determinação, conhecimento de si e sobre as informações profissionais.
33
Em seu estudo, Leong e Chervinko (1996) buscaram investigar a relação entre
indecisão profissional e personalidade, por meio dos traços perfeccionismo,
autoconsciência e medo de compromisso, características mais relacionadas com o fator
Neuroticismo do CGF. O estudo contou com a colaboração de 217 estudantes de
psicologia, com idade entre 18 e 25 anos. Os autores utilizaram os instrumentos Career
Decision Scale CDS (Osipow, 1987); Multidimensional Perfectionism Scale MPS
(Hewitt & Flett, 1991b); Self-Consciousness Scale SCS (Fenigstein, Scheier & Buss,
1975); e Fear of Commitment Scale FOCS (Serling & Betz, 1990). Os resultados
revelaram correlações significativas entre indecisão e personalidade, obtendo r =0,26;
p<0,001 para perfeccionismo; r =0,19; p<0,05 para autoconsciência e r=0,36; p<0,001
para medo de compromisso.
De acordo com os autores, o perfeccionismo influenciou de maneira negativa, o
que pode ter causado a indecisão profissional, uma vez que indivíduos que possuem esta
característica podem exigir muito de si mesmo, ou ainda querer evitar uma escolha que
acarrete conseqüências negativas. A autoconsciência esteve significativamente
associada à indecisão profissional. Isto se deve ao fato de que indivíduos que
apresentam este traço de personalidade estão pouco abertos para ouvir a opinião e
comentários dos outros sobre si, pois evitam críticas negativas, insistindo muitas vezes
em uma tarefa e criando falsas expectativas. o medo de compromisso apresentou-se
como um forte fator de indecisão, sendo que as pessoas preferem evitar tomar uma
decisão por medo das conseqüências, boas ou ruins, dessa escolha.
Nessa mesma direção, Meldahl e Muchinsky (1997) buscaram investigar a
indecisão profissional e o fator Neuroticismo em homens e mulheres. Para isso
avaliaram 183 mulheres e 151 homens universitários. Os autores utilizaram o
instrumento Career Decision Profile CDP (Jones, 1989). O fator Neuroticismo foi
34
avaliado por meio do estresse percebido, afeto positivo e negativo e traço de ansiedade.
Por meio da análise de Cluster, os autores verificaram que o sexo feminino estava mais
decidido. a amostra composta pelo sexo masculino, embora apresentasse baixo
estresse e ansiedade, não obteve altos escores referente à tomada de decisão.
Lounsbury e colaboradores (1999) objetivaram analisar a relação entre indecisão
profissional e personalidade por meio do modelo dos Cinco Grandes Fatores. Para isso,
os autores avaliaram 249 estudantes do curso de psicologia, utilizando os instrumentos
Career-Decidedness Inventory (Lounsbury & cols., 1999) e EO Five-Factor Inventory
NEO-FFI (Costa & McCrae, 1989). Os resultados apontaram que a escolha
profissional está significativamente relacionada às cinco dimensões, dando ênfase a três
delas. Foi verificado que a decisão de carreira está negativamente relacionada ao
Neuroticismo (r=-0,29; p<0,01), uma vez que estudantes que apresentaram nível
elevado nesse fator estavam com dificuldade em realizar uma escolha, pois
apresentavam instabilidade emocional, gerando angústia, tensão, ansiedade e outras
características.
No que diz respeito ao fator Realização, a relação com a decisão de carreira foi
positiva (r=0,17; p<0,05), pois, de acordo com os autores, pessoas que possuem níveis
altos nessa dimensão são organizadas, disciplinadas e possuem um bom planejamento
para escolher a carreira profissional. O fator Socialização apresentou uma correlação
positiva com a decisão de carreira (r=0,14, p<0,05), entretanto esta relação não ficou
amplamente clara para os autores, sendo necessários outros estudos. Apesar disso,
foram apontadas algumas hipóteses sobre aspectos que poderiam explicar a ligação de
decisão de carreira e Socialização. Pode-se supor que esses alunos estão mais dispostos
a empenhar-se no planejamento de sua carreira, mais propensos a confiar em
35
informações sobre escolhas profissionais e, mais inclinados a procurar e ouvir conselhos
de outras pessoas.
Com o intuito de investigar a relação entre maturidade para a tomada de decisão e
traços de personalidade, Savickas, Briddick e Watkins-Jr (2002) avaliaram 200 alunos
de psicologia, por meio do California Psychological Inventory CPI (Gough, 1996) e
do Career Development Inventory College and University Form CDI (Super & cols.,
1981). Os resultados apresentaram correlação entre orientação interpessoal (associado
ao fator Extroversão, no CGF) e atitudes de planejamento (r=–0,20; p<0,05) e de
exploração das profissões (r=–0,16; p<0,05). Além disso, houve associação entre a
adesão às normas (associado ao fator Socialização no CGF) e atitudes de planejamento
(r=0,31; p<0,05) e de exploração das profissões (r=0,19; p<0,05). Os autores
concluíram que os indivíduos com escores mais altos no fator Extroversão e de adesão
às normas associaram-se mais aos planejamentos necessários para a escolha e a
exploração profissional.
A fim de verificar os fatores que influenciam a tomada de decisão, Albion e
Fogarty (2002) avaliaram 121 estudantes australianos do Ensino Médio, sendo que a
média de idade para as meninas foi de 15,75 anos (DP=0,86) e para os meninos foi de
16,20 anos (DP=0,80). Os autores utilizaram os instrumentos Career Decision-Making
Difficulties QuestionnaireCDDQ (Gati & cols., 1996); International Personality Item
Pool – IPIP (Goldberg, 1997); Shipley Institute of Living Scale (Zachary, 1991); Interest
Determination, Exploration and Assessment System – IDEAS (Johansson, 1990); e
Personal Attributes Questionnaire PAQ (Spence, Helmreich, & Stapp, 1974). As
correlações realizadas indicaram índices significativos entre o tipo masculino e
indecisão (r=–0,30; p<0,01). Em seguida, os autores verificaram correlações
36
significativas entre falta de motivação e indecisão do CDDQ e Realização e
Neuroticismo do IPIP.
O fator Realização mostrou ser um fator determinante na tomada de decisão. Os
estudantes com altos escores nessa dimensão tendem a fazer escolhas com mais
entusiasmo, autoconfiança e persistência. No que tange o fator Neuroticismo, pessoas
com características dessa dimensão possuem a tendência a evitar se envolver com as
oportunidades e situações referentes a profissões. Além disso, podem se focar apenas
nas dificuldades e ansiedade. Esses indivíduos, quando deparados com o problema de
escolha, tendem a procurar estratégias de fuga, desviando-se da tarefa de tomada de
decisão. Para Albion e Fogarty (2002), os estudantes mais novos se encontram em uma
fase de exploração e não estão completamente prontos para se comprometer com uma
escolha profissional, o que favorece a indecisão.
Na pesquisa de Lounsbury e colaboradores (2005), foi investigado o modelo CGF
e a decisão de carreira em 603 alunos de Ensino Médio, com média de idade de 17,80.
Para isso, utilizou-se os instrumentos Adolescent Personal Style Inventory – APSI
(Lounsbury & cols., 2003) e o Career Decidedness Scale (Lounsbury & cols., 1999). Os
resultados apontaram correlações significativas entre decisão de carreira e Socialização
(r =0,13; p<0,05), Realização (r =0,22; p<0,01), Neuroticismo (r =0,17; p<0,01) e
Abertura (r =0,16; p<0,01). Referente ao gênero, houve correlações significativas
apenas no fator Neuroticismo para as meninas (r =0,23; p<0,01).
Com base nos achados, pode-se dizer que quanto mais alta a competência para a
escolha profissional (menor indecisão), maiores os escores em Socialização, Realização
e Abertura. Em acréscimo, os autores relataram que a correlação significativa no fator
Realização pode estar relacionada a alunos que são mais regrados, disciplinados,
confiáveis, responsáveis e sistemáticos, tendendo a apresentar menor indecisão
37
profissional. No que diz respeito ao fator Abertura, a significância sugere que alunos
mais abertos para a aprendizagem e novas experiências tendem a explorar mais as
opções profissionais, e encontrar carreiras que melhor lhes convém. Quanto ao fator
Socialização, os autores sugerem que os professores e pessoas significativas tendem a
gostar mais de pessoas que são mais gentis e cooperativas.
Em sua pesquisa, Landry (2006) investigou a relação entre a tomada de decisão,
ansiedade, preocupação e personalidade de estudantes universitários. Participaram 139
homens e 199 mulheres, com uma média de idade de 21 anos. O autor utilizou os
instrumentos Career Decision Scale CDS (Osipow, 1987); State-Trait Anxiety
Inventory STAI (Spielberger, 1983); Penn State Worry Questionnaire (Meyer, Miller,
Metzger & Borkovec, 1990) e Big Five Inventory (John & Srivastava, 1999).
Os resultados indicaram que a indecisão profissional está positivamente
relacionada com a ansiedade. Uma relação positiva significativa também foi encontrada
entre a indecisão e preocupação. Além disso, houve correlações negativas e
significativas entre a indecisão e os fatores Socialização e Realização. Em relação ao
gênero, foram encontradas diferenças para preocupação e os fatores Socialização e
Neuroticismo, com maiores escores para as mulheres.
Kelly e Shin (2009) realizaram um estudo para explorar a indecisão profissional,
pensamentos negativos e falta de informação, associados ao fator Neuroticismo.
Participaram 310 estudantes universitários, com média de idade de 18,17 anos. Os
instrumentos utilizados foram o NEO Five-Factor Inventory – NEO-FFI (Costa &
McCrae, 1992); o Emotional and Personality Related Aspects of Career Decision-
Making Difficulties Scale EPCD (Saka & cols., 2008) e o Career Decision Difficulty
Questionnaire CDDQ (Gati & cols., 1996). Os achados revelaram que pessoas com
escores mais alto em Neuroticismo, podem apresentar pensamentos negativos e
38
ansiedade no que se refere à tomada de decisão, além de ter expectativas ruins quanto ao
processo, exploração e falta de informação profissional. Em relação ao sexo, os autores
não encontraram diferenças significativas sobre as dificuldades de decisão de carreira.
Vale salientar que foram encontrados poucos estudos nacionais abordando a
relação da indecisão profissional e da personalidade. Os existentes fizeram parte de
outras seções, apresentadas anteriormente.
Considerando as questões apontadas até o momento a respeito da Orientação
Profissional, da atuação do psicólogo juntos aos jovens em momento de escolha, e, em
particular, da compreensão da indecisão profissional por meio das características de
personalidade, o presente estudo visa buscar um maior entendimento da relação
existente entre a indecisão profissional e as características de personalidade. Os
objetivos do estudo serão expostos a seguir.
39
OBJETIVOS
Comparar os resultados dos participantes quanto aos desempenhos nos
instrumentos IDDP e BFP no que se refere às variáveis tipo de escola, sexo,
idade, séries e grupos extremos.
Verificar em que medida relação entre a indecisão profissional e as
características de personalidade, por meio da correlação dos resultados do
Inventário de Levantamento das Dificuldades da Decisão Profissional (IDDP) e
da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP).
40
MÉTODO
Participantes
O estudo avaliou 186 adolescentes, sendo 43,5% do sexo masculino e 56,5% do
sexo feminino. Eles tinham entre 14 e 18 anos, com média de 15,93 e desvio padrão de
0,921. Participaram alunos de quatro escolas, duas particulares, contando com 41,4%
dos alunos, e duas públicas, com 58,6% dos alunos, localizadas em duas cidades do
interior de São Paulo. Foram avaliados estudantes das três séries do Ensino Médio,
sendo 29,6% da 1ª série; 33,9% da 2ª série; e 36,6% da 3ª série.
Instrumentos
Para a coleta de dados foram utilizados o Inventário de Levantamento das
Dificuldades da Decisão Profissional (IDDP) e a Bateria Fatorial de Personalidade
(BFP), cujas descrições vêm a seguir.
Inventário de Levantamento das Dificuldades da Decisão Profissional - IDDP
Desenvolvido por Primi e colaboradores (2000), o instrumento consiste em uma
forma de avaliar várias facetas da dificuldade da decisão profissional. O inventário é
constituído por 81 itens em escala tipo likert desde 1, discordo totalmente, até 7,
concordo totalmente, que descrevem experiências ligadas à escolha profissional. O
instrumento IDDP possui uma aplicação simples, podendo ser completado em 25
minutos. A pontuação é obtida por meio da soma dos escores brutos dos fatores. Vale
41
destacar, que os itens negativos devem ser invertidos, antes que o total seja calculado.
Desta forma, quanto maior o número de pontos, mais alta será a indecisão profissional.
O instrumento foi desenvolvido com base nos dados de 227 alunos da oitava
série do ensino fundamental e de e anos do Ensino Médio de duas escolas do
interior de São Paulo, uma particular e a outra pública. As idades dos alunos variaram
de 14 a 21 anos, com média de 16,22 e desvio-padrão de 1,51. A construção do
instrumento ocorreu a partir de uma versão piloto. Primeiramente, foi realizada uma
revisão da literatura internacional sobre as dificuldades da escolha profissional e feita à
seleção de uma definição de conteúdo desse construto que fundamentasse a criação de
itens para o inventário. Em seguida, ocorreu a elaboração de itens a partir das categorias
definidas pela matriz de conteúdo.
Após a análise do significado das categorias, os autores elaboraram 155 itens
preliminares. Esses itens foram revisados e aqueles que possuíam maior qualidade
foram retidos para a versão piloto do IDDP, somando 81 itens. Os critérios de seleção
foram: objetividade, clareza, redação e pertinência. A apreciação geral da versão piloto
do inventário indicou que ele satisfez o propósito de relacionar de maneira abrangente
as dificuldades apontadas no modelo de Gati e colaboradores (1996). A análise fatorial
do inventário indicou a presença de 17 fatores primários, apresentados na Tabela 1.
42
Tabela 1. Descrição dos 17 fatores primários e alfa de Cronbach do IDDP (Primi &
cols., 2000).
Descrição dos fatores Código Alfa
1. Falta de informação sobre o self, processo de escolha e profissões
INFO 0,77
2. Indecisão IND 0,78
3. Conflitos externos com a família ou pessoas significativas CONFLEX
0,74
4. Falta de apoio da família e colegas APO 0,74
5. Falta de estratégias para obtenção de
informações
ESTR 0,69
6. Preferências diversificadas DIV 0,72
7. Ênfase na realização REAL 0,50
8. Desmotivação e aversão AVER 0,64
9. Conflito entre interesse e habilidade CONFLIN 0,66
10. Ênfase nos aspectos econômicos e de prestígio ECON 0,73
11. Decisão passiva PASS 0,50
12. Mitos disfuncionais I, escolha salvadora SALV 0,51
13. Obstáculo financeiro FINAN 0,52
14. Insegurança quanto ao self INSEG 0,55
15. Imaturidade IMAT 0,48
16. Mitos disfuncionais II, escolha imutável IMUT 0,53
17. Auto-admiração, narcisismo, ego inflado NARCI 0,53
Os 17 fatores foram hierarquicamente agrupados em quatro fatores mais amplos.
Fator 1 Insegurança e falta de informação (alfa 0,89), constituído pelos fatores
primários: ESTR, INFO, DIV, CONFLIN, IND, INSEG e FINAN. Fator 2 Ênfase na
busca de prestígio e retorno financeiro (alfa 0,79), composto pelos fatores primários:
ECON, NARCI, APO e SALV. Fator 3 Imaturidade para a escolha (alfa 0,70), inclui
os fatores primários: AVER, PASS e IMAT. Por fim, o Fator 4 – Conflitos com pessoas
significativas (alfa 0,71), constituído pelos fatores primários: CONFLEX, REAL e
IMUT (Primi & cols., 2000). Na tabela a seguir, estão descritos os fatores primários e o
que estes avaliam, sendo organizados dentro dos quatro fatores do IDDP.
43
Tabela 2. Descrição dos quatro fatores e dos fatores primários do IDDP (Primi & cols.,
2000).
Fator 1
Insegurança e falta de
informação
Mede insegurança, falta de informações e obstáculos financeiros. É
constituído pelos seguintes fatores primários: ESTR, INFO, DIV,
CONFLIN, IND, INSEG e FINAN.
ESTR – Falta de estratégias
para obtenção de informações
Indica o quanto o sujeito desconhece as maneiras de obter informações
sobre suas habilidades e as características das profissões existentes
INFO – Falta de informação
sobre o self, processo de
escolha e profissões
Avalia-se o quanto o sujeito desconhece as características do que
deseja escolher, bem como suas habilidades, interesses e profissões
DIV – Preferências
diversificadas
O quanto o sujeito mostra interesse por muitas profissões
CONFLIN – Conflito entre
interesse e habilidade
Mostra dificuldade em se sentir preparado para ingressar em uma
profissão de seu interesse, ou seja, medo de que suas habilidades não
sejam suficientes para determinada profissão que escolheu
IND – Indecisão Avalia o quanto o sujeito sente-se inseguro, com medo de decidir-se
profissionalmente, revelando características de dependência para
decidir
INSEG – Insegurança quanto
ao self
Mede o grau de segurança para tomar decisões
FINAN – Obstáculo
financeiro
Revela a dificuldade financeira relacionada a escolha de uma profissão
Fator 2
Ênfase na busca de prestígio e
retorno financeiro
Corresponde a componentes econômicos de prestígios financeiros,
sendo formado pelos seguintes fatores primários: ECON, NARCI,
APO e SALV.
ECON – Ênfase nos aspectos
econômicos e de prestígio
Demonstra o quanto o sujeito se importa com o sucesso que a profissão
lhe trará tais como status, poder e sucesso
SALV – Mitos disfuncionais
I, escolha salvadora
Demonstra o quanto o sujeito atribui a uma profissão a resolução de
seus problemas
NARCI – Auto- admiração,
narcisismo, ego inflado
Demonstra o quanto o sujeito super-valoriza suas capacidades de
decisão
APO – Falta de apoio da
família e colegas
Pouca presença ou importância da família na decisão profissional
Fator 3
Imaturidade para escolha
Mede características de indisposição na tomada de decisões, engloba
os fatores primários: AVER, PASS e IMAT.
AVER – Desmotivação e
aversão
Demonstra a dificuldade que o sujeito tem em sentir-se disposto para
enfrentar uma escolha profissional
PASS – Decisão passiva Indica que o sujeito confia que com o passar do tempo escolherá
corretamente
IMAT – Imaturidade Mostra o quanto relata não ser o momento de pensar sobre a escolha
Fator 4
Conflitos com pessoas
significativas
Revela a desaprovação do meio quanto à escolha, correspondendo aos
fatores primários: CONFLEX, REAL e IMUT.
CONFLEX – conflito externo
com a família ou pessoa
significativa
Indica a presença de desacordo entre a escolha do sujeito e a opinião de
pessoas significativas quanto a escolha
REAL – Ênfase na realização Demonstra como o sujeito demonstra duvida sobre com que profissão
pode obter realização
IMUT – Mitos disfuncionais
II , escolha imutável
Mede o quanto o sujeito acredita em crenças populares que tornam
rígida sua escolha
A ANOVA permitiu constatar que o instrumento distingue de maneira
sistemática as idades e tipos de escolas, revelando-se uma importante ferramenta de
44
diagnóstico para profissionais e pesquisadores da área de OP. Embora ainda não se
encontre comercializado, possui evidências de validade e de precisão.
Bateria Fatorial de Personalidade – BFP
O BFP foi desenvolvido por Nunes, Hutz e Nunes (2009). O instrumento avalia
cinco fatores da personalidade, sendo eles Abertura para novas experiências,
Socialização, Extroversão, Realização e Neuroticismo. O BFP é constituído por 126
itens em escala do tipo likert, variando desde 1 (absolutamente não me identifico com a
frase) a 7 (descreve-me perfeitamente). O tempo de aplicação estimado é de 35 minutos.
A correção é realizada por meio dos escores brutos de cada faceta e, em seguida,
dos fatores do BFP. Os itens negativos devem ter seu escore invertido, antes que se
calcule o total das facetas e fatores. Esses itens podem ser identificados por meio dos
crivos que acompanham o instrumento. Após a soma dos itens de cada faceta e fator,
esses devem ser transformados em escores percentílicos para que possam ser
interpretados. Para isso, é necessário consultar as tabelas disponíveis no manual do
BFP, de acordo com o perfil das pessoas avaliadas (sexo, faixa etária, região geográfica
e nível de escolaridade).
Para construir a versão preliminar do BFP, Nunes e colaboradores (2009)
coletaram os itens das escalas individuais, quais sejam: Escala Fatorial de Neuroticismo
(EFN), Escala Fatorial de Extroversão (EFEx), Escala Fatorial de Socialização (EFS),
Escala Fatorial de Realização (EFR), por meio da Teoria de Resposta ao Item (TRI) no
modelo de Rasch e análise de conteúdo. a seleção dos itens da Escala Fatorial de
Abertura (EFA) foi feita por meio da análise de conteúdo e análise semântica.
45
As análises geraram a seleção de 24 itens para avaliação de Neuroticismo (alfa
de Cronbach de 0,89), 29 para Extroversão (alfa de Cronbach de 0,89), 28 para
Socialização (alfa de Cronbach de 0,85), 42 para Realização (alfa de Cronbach de 0,88)
e 44 para Abertura (alfa de Cronbach de 0,88). Desta forma, a versão preliminar da
bateria foi constituída por 167 itens. Essa versão foi usada na realização de estudos em
algumas regiões brasileiras e, com os dados levantados, análises adicionais permitiram a
montagem da versão final do BFP, composta por 126 itens.
Para compor as tabelas normativas do instrumento, os autores contaram com
amostras de 18 estudos independentes, totalizando 6.599 pessoas, sendo que 34,1%
eram do sexo masculino e 65,9% do sexo feminino, com idade média de 23,0 anos (DP
= 7,68). Os estados brasileiros que participaram foram BA, RS, MG, SC, SP, PB, PE,
RJ, SE, PR, GO.
A dimensionalidade do BFP foi verificada por meio de análise dos componentes
principais. O melhor resultado obtido foi a extração de cinco fatores, identificados com
os conteúdos esperados para Neuroticismo, Extroversão, Socialização, Realização e
Abertura e apresentaram, respectivamente, eigenvalues de 10,04; 7,57; 7,10; 6,12; 4,59,
que explicaram 7,97%; 6,01%; 5,64%; 4,86% e 3,65% da variância total. Também foi
verificado o KMO nesta análise, que teve um resultado de 0,92 e o teste de esfericidade
de Barlett apresentou um nível de significância inferior a 0,001, indicando a viabilidade
da manutenção dos resultados obtidos. A precisão dos fatores do BFP e suas facetas
foram calculadas a partir do alfa de Cronbach. Serão apresentadas a seguir a descrição
das facetas do instrumento.
46
Tabela 3. Fatores e facetas da Bateria Fatorial de Personalidade (Nunes & cols., 2009).
As evidências de validade do BFP foram realizadas em dois momentos.
Primeiramente, aplicou-se a bateria em conjunto com outros instrumentos, em grupos
com perfis variados. Em seguida, foram recuperadas informações dos estudos de
validação das escalas para a mensuração individual dos fatores, a saber, EFN, EFEx,
Fatores e suas facetas Alfa Descrição
euroticismo
0,89
N1 – Vulnerabilidade 0,77 Dependência, indecisão, insegurança,
passividade
N2 – Instabilidade 0, 77 Instabilidade de humor, irritabilidade,
nervosismo
N3 – Passividade 0,69 Atitude passiva, dificuldade para assumir
compromissos e responsabilidades
N4 – Depressão 0,78 Desânimo, insatisfação com a vida,
percepção irrealista e negativa, insônia
Extroversão
0,84
E1 – Nível de comunicação 0,72 Facilidade para falar em público ou com
pessoas desconhecidas
E2 – Altivez 0,64 Pessoas que gostam de ser o centro das
atenções
E3 – Dinamismo 0,77 Postura ativa, iniciativa
E4 – Interações Sociais 0,57 Pessoas ativas em situações sociais
Socialização
0,84
S1 – Amabilidade 0,83 Preocupação com os outros, altruísmo,
bondade
S2 – Pró-sociabilidade 0,69 Adesão as regras sociais e leis, respeito aos
outros
S3 – Confiança 0,70 O quanto às pessoas confiam nos demais e
acreditam que eles não as prejudicarão
Realização
0,82
R1 – Competência 0,75 Atitude ativa para alcançar objetivos,
percepção favorável de si.
R2 – Ponderação 0,61 Planejamento das ações, pessoas
controladas e menos impulsivas
R3 – Empenho 0,67 Pessoas detalhistas, com alto nível de
exigência pessoal
Abertura
0,71
A1 – Interesse por novas idéias
0,68 Abertura para novos conceitos ou idéias
A2 – Liberalismo 0,55 Abertura para novos valores morais e
sociais
A3 – Busca por novidades 0,57 Preferência por vivenciar novos eventos e
ações
47
EFS, EFR e EFA, para verificar se os indicadores de validade das escalas mantinham-se
em um conjunto de itens mais reduzido. Por meio das pesquisas realizadas, Nunes e
colaboradores (2009) constataram que o BFP possui evidências de validade de critério e
convergente e discriminante.
Procedimento
Primeiramente, realizou-se contato com as instituições de ensino. Em seguida o
projeto do estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
São Francisco, sendo aprovado. Posteriormente, foram enviadas duas vias do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para os pais dos alunos que se prontificaram a
participar da pesquisa. Os alunos que tiveram a autorização assinada por seus
responsáveis, responderam aos instrumentos dentro da própria escola, em salas de aula,
coletivamente, em uma única sessão. Inicialmente, o encontro se deu com os alunos das
escolas particulares e em seguida com os estudantes das escolas públicas. O primeiro
instrumento a ser respondido foi o BFP e logo após, os adolescentes responderam ao
IDDP. O tempo de aplicação dos dois instrumentos foi de 1 hora e 20 minutos.
Os dados coletados foram expostos em uma planilha eletrônica (Statistical
Package for the Social Sciences SPSS), sendo obtidos os escores de cada aluno nos
dois instrumentos utilizados. Após essa etapa, foram realizadas entrevistas devolutivas
individuais com os estudantes. Para esta tarefa, houve a colaboração de estudantes da
graduação e da pós-graduação em Psicologia, devidamente treinados. Em outra
oportunidade, o mesmo procedimento se deu com as escolas públicas. Entretanto, as
entrevistas devolutivas foram realizadas coletivamente, em cada classe, devido à grande
quantidade de alunos.
48
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir serão apresentados os resultados do estudo, sendo que inicialmente são
discutidas as estatísticas descritivas do Inventário de Levantamento das Dificuldades da
Decisão Profissional (IDDP) e da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP). Em seguida,
estão expostos os resultados das diferenças de médias das escolas, sexo, idade e ries,
bem como os grupos extremos referentes aos quatro fatores do IDDP relacionado com
as dimensões das facetas do BFP. Para concluir, os resultados da correlação entre os
dois instrumentos são exibidos.
Na Tabela 4 encontram-se os valores mínimos e máximos, bem como as médias
e os respectivos desvios padrão para cada um dos fatores do IDDP. Destaca-se que os
valores são resultantes da ponderação, a fim de facilitar a compreensão em razão do
número desigual de itens.
Tabela 4. Estatística descritiva do IDDP (N=186).
Mínimo
Máximo
Média
Desvio
Padrão
Insegurança e falta de informação 1,00 5,08 3,31 0,88
Ênfase na busca de prestígio e retorno
financeiro
1,31 6,63 3,91 0,93
Imaturidade para escolha 1,00 6,50 2,84 1,10
Conflitos com pessoas significativas 1,00 5,00 2,87 0,78
Como pode ser observado na Tabela 4, o fator Ênfase na busca de prestígio e
retorno financeiro, apresentou a maior média. Esse resultado revela que existe uma
tendência a valorizar o aspecto econômico e de prestígio social proporcionado pelas
profissões. Além disso, pode-se dizer que esses indivíduos atribuem a profissão a
resolução de seus problemas referente à escolha. O achado demonstra que esses
49
adolescentes tendem a ter grande valorização das suas capacidades de decisão, o que faz
com que haja pouca presença ou importância da família na escolha profissional (Primi
& cols., 2000). Por sua vez, o fator Imaturidade para escolha, obteve a menor média,
embora, considerando o desvio padrão, esse fator apresentou a maior variabilidade de
respostas. Dessa maneira, infere-se que os jovens da amostra possuem motivação para a
tomada de decisão, sentindo-se prontos para isto. Pode-se dizer que eles estão se
preparando para o momento da escolha e confiantes em sua decisão.
Na Tabela 5 são apresentados os valores mínimos e máximos, bem como as
médias e os respectivos desvios padrão para cada um dos fatores do BFP. É importante
ressaltar que os valores são resultantes da ponderação, pois o número de itens do
instrumento é desigual.
Tabela 5. Estatística descritiva do BFP (N=186).
Mínimo
Máximo
Média
Desvio Padrão
Neuroticismo
1,61 5,73 3,49 0,87
Extroversão 2,23 6,75 4,43 0,79
Socialização 2,68 6,57 4,72 0,81
Realização 1,47 6,27 4,62 0,78
Abertura 2,93 6,30 4,43 0,59
Observa-se que o fator Socialização teve a maior média. Nesse sentido, os
estudantes da amostra tendem a ser gentis, confiantes, carismáticos, altruístas, simples,
modestos e cooperativos (Judge & Bono, 2000; Roccas & cols., 2002). No que diz
respeito ao fator Neuroticismo, este apresentou a menor média. Assim sendo, pode-se
dizer que esses alunos têm tendência a ser mais calmos e emocionalmente estáveis
(Hutz & cols., 1998; Roccas & cols., 2002).
50
Diferenças de Médias
No que se refere à diferença de médias entre as variáveis escolas (particular e
pública) estas foram comparadas por meio do teste t de Student. A análise revelou
índices significativos em relação ao fator Imaturidade para escolha do IDDP, com
média maior para as escolas particulares, como observado na Tabela 6.
Tabela 6. Médias, desvios padrão e valores de t e p por tipo de escola.
Escola Média
DP t p
Particular
77 3,38 0,90
0,78 0,434
Insegurança e falta de informação
Pública 109
3,27 0,86
Particular
77 3,78 0,92
-1,67
0,096
Ênfase na busca de prestígio e
retorno financeiro Pública 109
4,01 0,93
Particular
77 3,25 1,18
4,54 0,000 Imaturidade para escolha
Pública 109
2,54 0,95
Particular
77 2,86 0,78
-0,13
-0,015
Conflitos com pessoas significativas
Pública 109
2,88 0,78
Particular
77 3,78 0,79
3,87 0,000 Neuroticismo
Pública 109
3,29 0,88
Particular
77 4,44 0,71
0,11 0,911
Extroversão
Pública 109
4,43 0,84
Particular
77 4,18 0,60
-9,05
0,000 Socialização
Pública 109
5,09 0,72
Particular
77 4,51 0,79
-1,53
0,126
Realização
Pública 109
4,69 0,78
Particular
77 4,39 0,62
-0,90
0,368
Abertura
Pública 109
4,47 0,56
Pode-se supor que esses alunos ainda não estão maduros para a tomada de
decisão, uma vez que eles podem sentir-se cobrados pela família, sendo levados a optar
por uma profissão que lhes traga estabilidade financeira, ou ainda, por estudarem em
escolas particulares e, em alguns casos, terem a tarefa de ingressarem em universidades
estaduais (Santos, 2005). Além disso, a hipótese de que esses estudantes podem
51
enfrentar imaturidade para a escolha, devido ao desenvolvimento profissional, que se
relaciona ao momento individual de cada pessoa, uma vez que esses alunos ainda não se
sentem seguros e confiantes para decidir (Gati & cols., 1996).
No que diz respeito ao BFP, houve diferenças significativas nos fatores
Neuroticismo, com maior média para as escolas particulares, e no fator Socialização,
tendo as escolas públicas obtido a maior média. Supõe-se que os alunos das escolas
particulares da amostra do presente estudo vivenciam momentos de instabilidade
emocional como aflição, angústia, sofrimento. Além disso, eles podem ter idéias
distantes da realidade, ansiedade, dificuldades para tolerar a frustração causada pela não
realização de seus desejos, podendo estar relacionado à escolha profissional. Em relação
aos estudantes das escolas públicas, pode-se supor que eles têm tendência a ser
generosos, bondosos, altruístas, com desejo de ajudar aos outros. Ainda, esses alunos
podem apresentar atitudes de simplicidade, modéstia e cooperação (Nunes & cols.,
2009).
A Tabela 7 se refere à diferença de médias tendo como referência a variável
sexo. No IDDP houve diferenças significativas em relação à Imaturidade para a escolha,
sendo que os homens tiveram maiores médias.
52
Tabela 7. Médias, desvios padrão e valores de t e p por sexo.
Sexo Média
DP t p
Masculino
81 3,29 0,88
-0,32
0,744
Insegurança e falta de informação
Feminino 105
3,33 0,87
Masculino
81 3,92 1,03
0,06
0,950
Ênfase na busca de prestígio e
retorno financeiro Feminino 105
3,91 0,85
Masculino
81 3,19 1,15
3,99
0,000
Imaturidade para escolha
Feminino 105
2,56 0,99
Masculino
81 3,01 0,82
2,10
0,036
Conflitos com pessoas significativas
Feminino 105
2,77 0,73
Masculino
81 3,50 0,80
0,21
0,830
Neuroticismo
Feminino 105
3,48 0,93
Masculino
81 4,39 0,70
-0,60
0,548
Extroversão
Feminino 105
4,46 0,85
Masculino
81 4,55 0,72
-2,40
0,017
Socialização
Feminino 105
4,84 0,86
Masculino
81 4,58 0,79
-0,55
0,582
Realização
Feminino 105
4,64 0,79
Masculino
81 4,47 0,58
0,79
0,429
Abertura
Feminino
105
4,40 0,59
Pode-se pensar que os meninos dessa amostra sentem-se menos maduros que as
meninas, vivenciando uma falta de preparo para a tomada de decisão (Primi & cols.,
2000). Esta imaturidade pode estar relacionada à falta de informações ou à identidade
profissional (Kelly & Lee, 2002). No que diz respeito aos Conflitos com pessoas
significativas, os resultados também apontaram diferença para os homens. Esse fator
engloba a desaprovação do meio quanto à escolha, sendo que esta é vista como algo
imutável, apresentando uma tendência aversiva ao tema da escolha profissional (Primi
& cols., 2000). Supõe-se que este achado pode ter relação com as asserções de Rochlen
e O’Brien (2002), uma vez que em algumas famílias o jovem pode ser cobrado a optar
por uma profissão que lhe traga um futuro promissor, o que faz com que ele perca a
oportunidade de desenvolver o interesse genuíno por ocupações distintas.
53
Em relação ao BFP, foram encontradas diferenças no fator Socialização para as
mulheres. Desta forma, pode-se dizer que elas tendem a ser mais gentis, confiantes,
carismáticas e altruístas (Nunes & cols., 2009). Este resultado está em consonância com
os dados de McCrae e colaboradores (2002) e Landry (2006), uma vez que os autores
também encontram diferenças significativas no fator Socialização para as mulheres.
Visando analisar as possíveis diferenças existentes entre as idades, realizou-se
uma análise de variância (ANOVA), que indicou diferenciação significativa para
Imaturidade para escolha do IDDP [F(186, 4) = 4,344; p = 0,002] e para o fator
Socialização do BFP [F(186, 4) = 4,568; p = 0,002]. A prova de Tukey (Tabela 8)
indicou que não houve diferenciação entre as idades. a hipótese de que esses alunos
ainda não estão preocupados com a tomada de decisão, bem como possuem pouca
informação sobre as questões profissionais e acreditam estar distantes do momento da
escolha (Albion & Fogarty, 2002).
Tabela 8. Prova de Tukey para as idades no fator Imaturidade para escolha do IDDP.
Idade 1
17 50 2,49
16 64 2,66
18 5 3,09
14 7 3,19
15 59 3,27
Sig. 0,368
A prova de Tukey apresentada na Tabela 9, indica que dois conjuntos foram
formados, separando os jovens de 17 e de 18 anos. Os alunos de 17 anos obtiveram a
maior média no fator Socialização se diferenciando das outras idades.
54
Tabela 9. Prova de Tukey para as idades no fator Socialização do BFP.
No que tange às três séries do Ensino Médio, essas foram analisadas por meio da
ANOVA. Os achados indicaram diferença significativa para o fator Imaturidade para
escolha do IDDP [F(186, 2) = 13,913; p < 0,001]; Neuroticismo [F(186, 2) = 8,885; p <
0,001] e Socialização [F(186, 2) = 20,976; p < 0,001] do BFP. A prova de Tukey
(Tabela 10) indicou que os alunos da 1ª série se diferenciaram nos três fatores.
Tabela 10. Prova de Tukey para as séries nos fatores Imaturidade para escolha (IDDP),
Neuroticismo e Socialização (BFP).
Série 1 2
1ª série
55
3,45
2ª série
63
2,65
3ª série
68
2,51
Imaturidade
para escolha
Sig. 0,745
1,000
1ª série
55
3,89
2ª série
63
3,35
3ª série
68
3,29
Neuroticismo
Sig. 0,932
1,000
1ª série
55
4,18
2ª série
63
5,02
3ª série
68
4,87
Socialização
Sig. 1,000
0,497
Idade 1 2
18 5 4,03
14 7 4,08 4,08
15 59 4,51 4,51
16 64 4,87 4,87
17 50
4,92
Sig.
0,063 0,059
55
Como pode ser observado na Tabela 10, os alunos da série possuem
imaturidade para escolha. Supõe-se que este dado pode estar relacionado à entrada
recente desses estudantes no Ensino Médio, sendo possível que eles não se sintam
preparados para optar por uma carreira. Nesse sentido, eles podem acreditar que ainda
não é o momento de pensar sobre a escolha (Primi & cols., 2000). Além disso, a
hipótese de que esses jovens vivenciam momentos de dependência, indecisão,
insegurança, atitude passiva, com tendência a ter dificuldades para assumir
compromissos e responsabilidades. No entanto, eles tendem a demonstrar preocupação
com os outros, altruísmo, bondade, confiam nas outras pessoas e acreditam que elas não
o prejudicarão (Nunes & cols., 2009).
Visando verificar em quais fatores e facetas do instrumento BFP os indivíduos
da amostra são mais ou menos indecisos, foi realizado uma organização das médias dos
quatro fatores do IDDP por meio do quartil. A partir da freqüência das respostas nos
fatores do IDDP, foram compostos três grupos, apresentados na Tabela 11.
Tabela 11. Freqüência das respostas nos fatores do IDDP.
Fatores do IDDP quartil 25 quartil 50 quartil 75
Insegurança e falta de informação abaixo de 2,5 entre 2,5 e 3,9 acima de 3,9
Ênfase na busca de prestígio e retorno
financeiro
abaixo de 3,2 entre 3,2 e 4,5 acima de 4,5
Imaturidade para escolha abaixo de 2,0 entre 2,0 e 3,6 acima de 3,6
Conflitos com pessoas significativas abaixo de 2,3 entre 2,3 e 3,3 acima de 3,3
A partir dessa formação, realizou-se a ANOVA para verificar as diferenças
significativas entre os grupos. A Tabela 12 apresenta essa análise, considerando os
resultados das facetas e fatores do BFP nos quais o F foi significativo.
56
Tabela 12. Resultados da ANOVA (grupo extremo).
Insegurança e
falta de
informação
Ênfase na
busca de
prestígio e
retorno
financeiro
Imaturidade
para escolha
Conflitos com
pessoas
significativas
E2 – Altivez
F
p
8,299
0,000
E3 – Dinamismo
F
p
4,288
0,015
6,441
0,002
E4 – Interações Sociais F
p
5,081
0,007
S1 – Amabilidade F
p
4,194
0,017
6,022
0,003
3,150
0,045
S2 – Pró-sociabilidade F
p
6,090
0,003
R1 – Competência F
p
9,496
0,000
6,029
0,003
8,631
0,000
R2 – Ponderação F
p
3,658
0,028
R3 – Empenho F
p
4,751
0,010
N1 – Vulnerabilidade F
p
20,046
0,000
4,316
0,015
3,914
0,022
N2 – Instabilidade F
p
4,471
0,013
N3 – Passividade F
P
20,200
0,000
12,889
0,000
N4 – Depressão F
p
10,942
0,000
10,130
0,000
5,783
0,004
Neuroticismo F
p
24,396
0,000
9,028
0,000
Extroversão F
p
3,637
0,028
8,287
0,000
Socialização F
p
4,656
0,011
Realização F
p
7,945
0,000
3,494
0,32
Em relação à Tabela 12, alguns destaques devem ser feitos. Houve uma
discriminação razoavelmente igualitária do IDDP em relação às facetas e fatores do
BFP. A única exceção centra-se no fator Conflitos com pessoas significativas, que
apresentou resultados significativos apenas em três facetas, a saber, ‘Amabilidade’,
‘Vulnerabilidade’ e ‘Depressão’.
57
Em seguida, para identificar os grupos extremos, os quartis foram renomeados,
sendo que o quartil 25 passou a ser o grupo 1 (menor grau de indecisão); o quartil 50 foi
mudado para grupo 2 (intermediário); e o quartil 75 transformou-se no grupo 3 (maior
grau de indecisão). Por meio da prova de Tukey, pode-se verificar as maiores médias
para cada faceta e fator do BFP. A Tabela 13 apresenta os dados relativos à prova de
Tukey para o fator Insegurança e falta de informação do IDDP, considerando as facetas
do BFP, nos quais o F foi significativo.
Tabela 13. Prova de Tukey para o grupo extremo do fator Insegurança e falta de
informação do IDDP.
Insegurança e falta de informação
N 1 2 3
E3 – Dinamismo 1 47 5,09
2 94
4,71 4,71
3 45 4,57
Sig.
0,667 0,074
S1 – Amabilidade 1 47 5,45
2 94 5,02
3 45 5,40
Sig. 0,050
R1 – Competência 1 47 5,21
2 94 4,70
3 45 4,48
Sig.
0,350 1,000
N1 – Vulnerabilidade
1 47
3,29
2 94
3,77
3 45 4,69
Sig.
0,055 1,000
N2 – Instabilidade 1 47
3,62
2 94
3,83 3,83
3 45
4,36
Sig.
0,637 0,066
N3 – Passividade 1 47 3,00
2 94 3,48
3 45 4,38
Sig.
1,000 1,000 1,000
N4 – Depressão 1 47 2,11
2 94 2,62
3 45 3,10
Sig.
1,000 1,000 1,000
58
Neuroticismo 1 47 3,00
2 94 3,42
3 45 4,13
Sig.
1,000 1,000 1,000
Extroversão 1 47 4,69
2 94 4,31
3 45
4,41 4,41
Sig.
0,775 0,157
Os resultados permitem compreender que em ‘Passividade’ e ‘Depressão’, as
médias dos jovens no fator Insegurança e falta de informação se agruparam em três
grupos distintos, de modo que os mais inseguros apresentaram maior passividade e
depressão. De maneira diferente, na ‘Vulnerabilidade’ e na ‘Instabilidade’, também
fatores do Neuroticismo, houve a reunião em apenas dois conjuntos. Em ambos, a maior
média ficou com os com maior insegurança. Já em relação às facetas dos fatores
Extroversão, Sociabilidade e Realização do BFP, houve a divisão em dois grupos. As
médias indicaram que dinamismo, amabilidade e competência, sugerem menos
indecisão e mais segurança. Em seguida, na Tabela 14 estão expostos os resultados da
prova de Tukey do fator Ênfase na busca de prestígio e retorno financeiro do IDDP.
Tabela 14. Prova de Tukey para o grupo extremo do fator Ênfase na busca de prestígio e
retorno financeiro do IDDP.
Ênfase na busca de prestígio e retorno financeiro
N 1 2
E2 – Altivez 1
42
3,09
2
94 3,73
3
50
3,93
Sig.
1,000 0,563
E3 – Dinamismo 1
42 4,40
2
94 4,78 4,78
3
50
5,07
Sig.
0,061 0,225
59
E4 – Interações Sociais 1
42
4,72
2
94
5,26
3
50
5,33
Sig.
1,000 0,922
S1 – Amabilidade 1
42 4,81
2
94 5,25
3
50
5,51
Sig.
1,000 0,355
R1 – Competência 1
42 4,50
2
94 4,73 4,73
3
50
5,11
Sig.
0,352 0,055
R2 – Ponderação 1
42 4,36
2
94 4,51 4,51
3
50
4,95
Sig.
0,762 0,104
R3 – Empenho 1
42 4,05
2
94 4,52 4,52
3
50
4,75
Sig.
0,068 0,518
Extroversão 1
42
4,02
2
94
4,50
3
50
4,64
Sig.
1,000 0,597
Realização 1
42 4,30
2
94 4,59
3
50 4,93
Sig.
0,130 1,000
Pode-se observar que em relação à ‘Altivez’, ‘Interações Sociais’, ‘Amabilidade’
e o fator Extroversão, foram formados dois conjuntos, de modo que houve uma
diferenciação do grupo com menos indecisão dos dois demais. Ao lado disso, o grupo
com maior indecisão apresentou as maiores médias. Já em ‘Dinamismo’,
‘Competência’, ‘Ponderação’ e ‘Empenho’, a maior média ficou com os com maior
indecisão, tendo se diferenciado principalmente do grupo intermediário. No fator
Realização, a maior média se deu para os mais indecisos, sendo que os grupos com
menor indecisão e o intermediário estiveram no mesmo conjunto. Em síntese, por meio
60
dos dados é possível verificar que as médias para esse fator se dividiram em dois
grupos, indicando que os mais indecisos e preocupados com o prestígio e retorno
financeiro apresentam maior altivez, dinamismo, interações sociais, amabilidade,
competência, ponderação e empenho. A seguir, a prova de Tukey para o fator
Imaturidade para escolha do IDDP é exposta na Tabela 15.
Tabela 15. Prova de Tukey para o grupo extremo do fator Imaturidade para escolha do
IDDP.
Imaturidade para escolha
N 1 2
S2 – Pró-sociabilidade 1
42
5,20
2
98 4,89
3
46
4,31
Sig.
1,000 0,406
R1 – Competência 1
42
5,19
2
98
4,76
3
46 4,45
Sig.
0,130 1,000
N1 – Vulnerabilidade 1
42 3,64
2
98 3,76
3
46
4,30
Sig.
0,857 1,000
N3 – Passividade 1
42 3,07
2
98 3,48
3
46
4,23
Sig.
0,135 1,000
N4 – Depressão 1
42 2,14
2
98 2,57
3
46
3,11
Sig.
0,075 1,000
Neuroticismo 1
42 3,18
2
98 3,42
3
46
3,92
Sig.
0,316 1,000
Socialização 1
42
4,94
2
98 4,75 4,75
3
46
4,43
Sig.
0,095 0,453
61
Realização 1
42
4,88
2
98 4,57 4,57
3
46
4,47
Sig.
0,760 0,098
Por meio dos resultados, verificou-se que houve a divisão em dois grupos. Na
faceta ‘Pró-sociabilidadeos menos e os medianamente indecisos apresentaram a maior
média e permaneceram no mesmo conjunto. Em ‘Competência’ pode-se verificar que o
grupo com menor indecisão manteve-se isolado e com média mais alta. Por outro lado,
em ‘Vulnerabilidade’, ‘Passividade’, ‘Depressão’ e no fator Neuroticismo, a maior
média se deu para o grupo com maior indecisão e imaturidade, que ficou isolado em um
conjunto, enquanto os menos e medianamente indecisos reuniram-se em outro grupo.
nos fatores Socialização e Realização, nos quais também houve a formação de dois
grupos, os mais indecisos se diferenciaram dos menos indecisos e os intermediários
ficaram representados nos dois conjuntos. A Tabela 16 apresenta os dados da prova de
Tukey para o fator Conflitos com pessoas significativas do IDDP.
Tabela 16. Prova de Tukey para o grupo extremo do fator Conflitos com pessoas
significativas do IDDP.
Conflitos com pessoas significativas
N 1 2
S1 – Amabilidade 1
45
5,54
2
92 5,12
3
49 5,12
Sig.
0,061
N1 – Vulnerabilidade 1
45 3,97 3,97
2
92
3,64
3
49
4,20
Sig.
0,551
N4 – Depressão 1
45 2,33
2
92 2,53
3
49
3,02
Sig.
0,574 1,000
62
Os achados indicaram que na faceta ‘Amabilidade’ do fator Socialização, a
maior média se deu para os jovens com menos indecisão, embora não tenha sido
suficientemente significativo para formar dois ou mais conjuntos. Já em relação à
‘Vulnerabilidade’ os achados contrariaram o que se supunha teoricamente, uma vez que
apesar de ter havido a formação de dois sub-conjuntos, a diferenciação ocorreu entre o
grupo intermediário e mais indecisos, de modo que os menos indecisos partilharam dos
dois grupos. Na faceta ‘Depressão’, houve uma clara distinção para o grupo com maior
indecisão.
A próxima análise tem como intuito apresentar características de personalidade
que podem contribuir para a indecisão profissional. Nesse sentido, por meio da
ANOVA, considerando os quatro fatores do IDDP e as facetas do BFP, nos quais o F
foi significativo na Tabela 12, bem como as maiores médias da prova de Tukey, foi
possível propor perfis para uma maior compreensão de indivíduos que enfrentam
dificuldades para a tomada de decisão. A Tabela 17 apresenta os traços de
personalidade, de acordo com o modelo dos cinco grandes fatores, de indivíduos que
tendem a possuir menor e maior grau de indecisão profissional.
63
Tabela 17. Indecisão profissional e os cinco grandes fatores da personalidade.
Menor grau de indecisão Maior grau de indecisão
Insegurança e falta de
informação
Extroversão
Pessoas assertivas, ativas,
sociáveis, energéticas,
expressivas, alegres,
comunicativas, otimistas e
afetuosas.
Neuroticismo
Instabilidade emocional,
ansiedade, depressão,
melancolia, tristeza, nervosismo,
hostilidade, vulnerabilidade,
autocrítica, insegurança,
impulsividade e temor.
Extroversão
Pessoas assertivas, ativas,
sociáveis, energéticas,
expressivas, alegres,
comunicativas, otimistas e
afetuosas.
Ênfase na busca de prestígio e
retorno financeiro
Socialização
Indivíduos gentis, confiantes,
confiáveis, carismáticos,
altruístas, provido de compaixão,
com simplicidade, modéstia,
cooperação.
Socialização
Indivíduos gentis, confiantes,
confiáveis, carismáticos,
altruístas, provido de compaixão,
com simplicidade, modéstia,
cooperação.
Imaturidade para escolha
Realização
Diz respeito à organização,
persistência, motivação,
responsabilidade para alcançar
objetivos, cuidado.
Neuroticismo
Instabilidade emocional,
ansiedade, depressão,
melancolia, tristeza, nervosismo,
hostilidade, vulnerabilidade,
autocrítica, insegurança,
impulsividade e temor.
Na Tabela 17, observa-se a união das informações oferecidas pelos fatores do
IDDP, bem como do BFP. Mesmo com bases teóricas distintas, os instrumentos
possibilitam a compreensão da indecisão profissional por meio das características de
personalidade. Ainda, verifica-se em relação aos dados, o estabelecimento de perfis,
criados com o intuito de oferecer elementos úteis para o trabalho do psicólogo durante
os processos de Orientação Profissional. Em seguida, a título de síntese, a Tabela 18
expõe sucintamente quais características de personalidade podem contribuir com as
dificuldades na escolha, de acordo com os fatores dos instrumentos IDDP e BFP. A fim
de contribuir com a leitura, os fatores do IDDP são apresentados separadamente.
64
Tabela 18. Indecisão profissional e as características de personalidade (facetas do BFP).
Menor grau de indecisão Maior grau de indecisão
E3 – Dinamismo
Postura ativa, iniciativa.
N1 – Vulnerabilidade
Dependência, indecisão,
insegurança, passividade.
S1 – Amabilidade
Preocupação com os outros, altruísmo,
bondade.
N2 – Instabilidade
Instabilidade de humor,
irritabilidade, nervosismo.
N3 – Passividade
Atitude passiva, dificuldade para
assumir compromissos e
responsabilidades.
Insegurança e falta de
informação
R1 – Competência
Atitude ativa para alcançar objetivos,
percepção favorável de si.
N4 – Depressão
Desânimo, insatisfação com a vida,
percepção irrealista e negativa,
insônia.
E2 – Altivez
Pessoas que gostam de ser o centro
das atenções.
E3 – Dinamismo
Postura ativa, iniciativa.
E4 – Interações Sociais
Pessoas ativas em situações sociais.
S1 – Amabilidade
Preocupação com os outros,
altruísmo, bondade.
R1 – Competência
Atitude ativa para alcançar
objetivos, percepção favorável de si.
R2 – Ponderação
Planejamento das ações, pessoas
controladas e menos impulsivas.
Ênfase na busca de
prestígio e retorno
financeiro
R3 – Empenho
Pessoas detalhistas, com alto nível
de exigência pessoal.
S2 – Pró-sociabilidade
Adesão às regras sociais e leis, respeito
aos outros.
N1 – Vulnerabilidade
Dependência, indecisão,
insegurança, passividade.
N3 – Passividade
Atitude passiva, dificuldade para
assumir compromissos e
responsabilidades.
Imaturidade para
escolha
R1 – Competência
Atitude ativa para alcançar objetivos,
percepção favorável de si.
N4 – Depressão
Desânimo, insatisfação com a vida,
percepção irrealista e negativa,
insônia.
N1 – Vulnerabilidade
Dependência, indecisão,
insegurança, passividade.
Conflitos com pessoas
significativas
S1 – Amabilidade
Preocupação com os outros, altruísmo,
bondade.
N4 – Depressão
Desânimo, insatisfação com a vida,
percepção irrealista e negativa,
insônia.
65
Considerando a análise das características de personalidade que podem
contribuir com as dificuldades de tomada de decisão, é possível refletir que indivíduos
que estão enfrentando problemas quanto à escolha, demonstram por meio da
personalidade, mais indicativos de indecisão, como pode ser observado na Tabela 18.
Em acréscimo, verifica-se que predomínio do fator Neuroticismo no que se refere à
indecisão profissional, tal como previsto por Lounsbury e colaboradores (2005), Saka e
colaboradores (2008), Kelly e Shin (2009) e Nunes e colaboradores (2009).
Correlação de Pearson entre o IDDP e o BFP
Com vistas a verificar as relações entre os dois instrumentos utilizados na presente
pesquisa, a saber, IDDP e BFP, as próximas tabelas apresentam os coeficientes da
correlação de Pearson. Nessas análises, foram incorporadas as facetas dos cinco
grandes fatores de personalidade do BFP. As correlações foram, em sua maioria,
positivas e significativas.
A Tabela 19 apresenta a relação entre indecisão profissional e o fator
Extroversão. Verificou-se que o fator Insegurança e falta de informação do IDDP,
correlacionou negativamente com a faceta ‘Dinamismo’ do BFP. Supõe-se que há
relação, ainda que baixa, entre informações profissionais suficientes, segurança,
preparação para realizar uma escolha, postura ativa, iniciativa para resolver os
problemas e para colocar as idéias em prática (Nunes & cols., 2009; Primi & cols.,
2000).
66
Tabela 19. Correlação de Pearson entre IDDP e as facetas do fator Extroversão do BFP.
Insegurança
e falta de
informação
Ênfase na
busca de
prestígio e
retorno
financeiro
Imaturidade
para escolha
Conflitos com
pessoas
significativas
E1 – Nível de comunicação r -0,08 0,18
*
-0,09 0,00
E2 – Altivez r -0,00 0,30
**
0,08 0,13
E3 – Dinamismo r -0,21
**
0,25
**
-0,10 -0,02
E4 – Interações Sociais r -0,11 0,22
**
-0,12 -0,02
Extroversão r -0,12 0,31
**
-0,07 0,03
* Correlações significativas ao nível de 0,05
** Correlações significativas ao nível de 0,01
Feldman (2003) pontua que pessoas com maiores níveis de Extroversão possuem
menos indecisão profissional. De fato, os resultados da presente pesquisa apontam que
pessoas mais extrovertidas possuem maiores habilidades para ir à busca de informações
profissionais vindas de fontes externas. Supõe-se que a segurança atrelada a uma
postura ativa, faz com que o indivíduo à busca de pessoas que possam auxiliá-lo a
obter mais conhecimentos sobre as profissões.
No que diz respeito ao fator Ênfase na busca de prestígio e retorno financeiro do
IDDP, houve correlações positivas e significativas com as quatro facetas do fator
Extroversão do BFP. Como pode ser observado na Tabela 19, a magnitude dos escores
variou de baixos a moderados, com destaque paraNível de comunicação’, com o
menor valor (r = 0,184) e ‘Altivez’, com o maior valor (r = 0,302). Desse modo, pode-
se dizer que relação entre a preocupação com o aspecto econômico e com o prestígio
social e características de personalidade, como tendência à tranqüilidade para falar em
público ou conversar com pessoas desconhecidas, gostando de ser o centro das atenções,
tendo uma postura ativa, com iniciativa e dinamismo, bem como facilidade em
situações sociais, com grande intimidade nas relações. Esses jovens podem super
valorizar suas capacidades de decisão, tendendo a confiar em si mesmo e tomar suas
67
decisões sozinhos, sem depender de outras pessoas para auxiliar na escolha por uma
profissão (Nunes & cols., 2009; Primi & cols., 2000).
Vale destacar que no estudo de Nunes e colaboradores (2009), os resultados
semelhantes se deram para os fatores Insegurança e falta de informação e ‘Dinamismo’
e entre Ênfase na busca de prestígio e retorno financeiro do IDDP e as facetas ‘Altivez’
e ‘Interações sociais’ do fator Extroversão do BFP. Segundo os autores, os dados
encontrados se referem a pessoas que tendem a ter uma apreciação de si mesmo
exagerada, com tendência a possuir uma grande quantidade de amigos. Desta forma,
durante a escolha profissional elas podem ter problemas referentes a questões
relacionadas ao retorno financeiro e prestígio que buscam por meio da profissão.
Os resultados da presente investigação corroboram os achados de Chartrand e
colaboradores (1993), uma vez que pessoas com escores altos na faceta ‘Dinamismo’
tendem a tomar a iniciativa para resolver os problemas. Levando em consideração o
estudo de Savickas e colaboradores (2002), acredita-se que níveis elevados no fator
Extroversão, podem contribuir para que o indivíduo desenvolva com facilidade seu
planejamento profissional. As características de personalidade que ele possui, irão
contribuir positivamente para os comportamentos de exploração profissional, bem como
para a tomada de decisão. Ainda, de acordo com Multon e colaboradores (1995), esses
alunos aparentam ter confiança em si mesmo, demonstrando conforto em relação as
suas escolhas e bom conhecimento sobre as profissões.
A Tabela 20 apresenta as correlações entre os fatores do IDDP e as facetas do
fator Socialização do BFP. Houve associações positivas e significativas entre o fator
Ênfase na busca de prestígio e retorno financeiro do IDDP com duas facetas, a saber,
‘Amabilidade’, com maior escore (r = 0,305) e ‘Pró-sociabilidade’, com menor escore
(r = 0,145). Observou-se que houve tendência a dar importância a aspectos como status,
68
poder e sucesso, proporcionado por algumas profissões. Esses alunos tendem a
preocupar-se com os outros, tendo atitudes de respeito com os demais e tentativas de
ajudar as pessoas, bem como buscam aderir às regras sociais e leis. Sendo assim,
acredita-se que esses estudantes vêem a escolha de uma profissão como a resolução de
seus problemas (Nunes & cols., 2009; Primi & cols., 2000).
Tabela 20. Correlação de Pearson entre IDDP e as facetas do fator Socialização do BFP.
Insegurança
e falta de
informação
Ênfase na
busca de
prestígio e
retorno
financeiro
Imaturidade
para escolha
Conflitos com
pessoas
significativas
S1 – Amabilidade r 0,00 0,30
**
-0,20
**
-0,10
S2 – Pró-sociabilidade r -0,01 0,14
*
-0,21
**
0,03
S3 – Confiança r -0,11 -0,01 -0,12 -0,08
Socialização r -0,05 0,19
**
-0,24
**
-0,05
* Correlações significativas ao nível de 0,05
** Correlações significativas ao nível de 0,01
o fator Imaturidade para escolha do IDDP, apresentou correlações negativas e
significativas com as mesmas facetas do fator Socialização do BFP (‘Amabilidade’ e
‘Pró-sociabilidade’). Assim, pode-se dizer que houve relação entre pessoas que
normalmente se preocupam e respeitam os outros, pensam nas conseqüências de seus
atos e buscam se aderir às regras sociais e leis. Essas características podem contribuir
para que o indivíduo realize uma decisão madura, confiando que irá realizá-la no
momento certo (Nunes & cols., 2009; Primi & cols., 2000).
Nunes e colaboradores (2009) encontraram algumas correlações semelhantes
com as do presente estudo, sendo estas, Ênfase na busca de prestígio e retorno
financeiro do IDDP com a faceta ‘Amabilidade’ do fator Socialização do BFP. Para
eles, a associação encontrada se refere a pessoas que possuem tendência em considerar
importante nas profissões os aspectos financeiros e de status social.
69
Os dados encontrados na presente pesquisa sobre a relação entre indecisão e o
fator Socialização, foram na mesma direção das hipóteses levantadas nos estudos
expostos anteriormente. Referente ao dado, Lounsbury e colaboradores (1999)
acreditam que, a relação positiva entre decisão de carreira e o fator Socialização pode
auxiliar no planejamento profissional, sendo que essas pessoas tendem a confiar nas
informações que recebem, bem como ouvem e aceitam os conselhos de outras pessoas,
o que pode contribuir para que os indivíduos sintam-se mais maduros e seguros frente à
tomada de decisão. Savickas e colaboradores (2002) corroboram que associação
entre atitudes de planejamento, exploração das profissões e Socialização. Em
contrapartida, Feldman (2003) pontua que apesar da associação positiva do fator em
processos de escolha, em alguns momentos pode ocorrer uma indecisão referente à
opção escolhida.
Na Tabela 21 estão expostas as relações entre o IDDP e as facetas do fator
Realização do BFP. Houve correlação negativa entre o fator Insegurança e falta de
informação do IDDP, com a faceta ‘Competência’ do fator Realização do BFP. Esse
resultado pode indicar que os alunos à medida que têm conhecimento das maneiras de
obter informações sobre suas habilidades, interesses e o mundo profissional, menor
clareza de seus objetivos e não se importam de fazer sacrifícios para consegui-los, além
disso, confiam em si mesmos e na capacidade de realizar aquilo que consideram
importante. Dessa forma, o indivíduo sente-se seguro para fazer uma escolha
profissional, revelando um bom conhecimento sobre si mesmo, o que pode contribuir
para a tomada de decisão (Nunes & cols., 2009; Primi & cols., 2000).
70
Tabela 21. Correlação de Pearson entre IDDP e as facetas do fator Realização do BFP.
Insegurança
e falta de
informação
Ênfase na
busca de
prestígio e
retorno
financeiro
Imaturidade
para escolha
Conflitos com
pessoas
significativas
R1 – Competência r -0,29
**
0,27
**
-0,28
**
0,01
R2 – Ponderação r -0,01 0,17
*
-0,13 -0,04
R3 – Empenho r -0,00 0,27
**
-0,16
*
-0,00
Realização r -0,11 0,31
**
-0,24
**
-0,02
* Correlações significativas ao nível de 0,05
** Correlações significativas ao nível de 0,01
O fator Ênfase na busca de prestígio e retorno financeiro do IDDP se
correlacionou positivamente com as três facetas do fator Realização do BFP. Esse fator
foi o que apresentou mais correlações com as facetas do BFP. A magnitude dos escores
variou de baixos a moderados, sendo que ‘Ponderação’, teve o menor valor (r = 0,179) e
‘Empenho’, o maior valor (r = 0,277).
Considerando esse dado, pode-se pensar que esteve presente uma tendência a se
importar com os aspectos econômicos e de prestígio social proporcionado pelas
profissões, ao mesmo tempo em que a crença de que escolher uma ocupação
profissional será o fim de seus problemas. Ainda, houve relação entre a busca de seus
objetivos e a consciência de que é preciso fazer alguns sacrifícios pessoais para obter os
resultados esperados, acreditando em sua própria capacidade de tomar decisões, fazendo
suas escolhas sem precisarem da ajuda de outras pessoas, sendo ponderados no que
fazem e dizem, possuindo alta dedicação nas atividades que se propõe a fazer, além de
gostar de obter reconhecimento pelo esforço (Nunes & cols., 2009; Primi & cols.,
2000).
Ainda, o fator Imaturidade para escolha do IDDP, apresentou correlações
negativas com as facetas ‘Competência’, com maior magnitude (r = -0,281) e
71
‘Empenho’, com menor magnitude (r = 0,167). Supõe-se que há uma tendência a
motivação para fazer uma escolha profissional, bem como uma preparação para a
tomada de decisão, com clareza do que querem e esforço para atingir seus objetivos,
sendo indivíduos detalhistas, com alta dedicação e esforço para realizar seus trabalhos
(Nunes & cols., 2009; Primi & cols., 2000).
Nunes e colaboradores (2009) encontraram correlações semelhantes entre o fator
Insegurança e falta de informação e a faceta ‘Competência’; Ênfase na busca de
prestígio e retorno financeiro e ‘Empenho’; e Imaturidade para escolha e ‘Competência’
do fator Realização do BFP. Para os autores, esse resultado diz respeito a uma
percepção positiva sobre as capacidades e comprometimento com as atividades, com
tendência a maior facilidade para tomar uma decisão.
Os achados encontrados entre a indecisão profissional e o fator Realização, estão
em concordância com os de Chartrand e colaboradores (1993). Verificou-se que
indivíduos com esse traço possuem poucas dificuldades para realizar uma escolha e que
a fazem de forma simples e rápida, além de terem maiores estratégias quando encontram
alguma dificuldade para tomar uma decisão. Segundo Lounsbury e colaboradores
(1999), indivíduos com escores altos em Realização possuem características, como
organização e disciplina, que podem contribuir positivamente para o planejamento da
escolha, além do mais, Albion e Fogarty (2002) e Lounsbury e colaboradores (2005)
acrescentam que pessoas com entusiasmo, autoconfiança, persistência, responsáveis e
sistemáticos, tem tendência a realizar decisões com maior facilidade.
Ao lado disso, tomando como referência a investigação de Lounsbury e
colaboradores (2005), constatou-se que quanto mais alta a competência, ou seja,
maiores níveis de Realização, menor será a indecisão profissional do indivíduo. Dessa
72
forma, as correlações encontradas na presente pesquisa tornam-se relevantes, uma vez
que confirmam os resultados encontrados em outros estudos.
Na Tabela 22 estão expostas as relações entre o IDDP e as facetas do fator
Neuroticismo. Verificou-se que o fator Insegurança e falta de informação do IDDP,
apresentou correlações positivas e significativas com as quatro facetas do fator
Neuroticismo do BFP. Esse fator do IDDP foi o que apresentou mais correlações com as
facetas do BFP. A magnitude dos escores variou de baixos a moderados, sendo que
‘Instabilidade’, teve o menor valor (r = 0,177) e ‘Vulnerabilidade’, o maior valor (r =
0,443). Supõe-se que uma relação entre falta de informação e insegurança no que diz
respeito à escolha profissional, com tendência a apresentar características de
necessidade de aceitação, dependência, indecisão, insegurança, passividade,
instabilidade de humor, irritabilidade, nervosismo, atitude passiva, dificuldade para
assumir compromissos, sentimentos de desânimo e insatisfação com a vida (Nunes &
cols., 2009; Primi & cols., 2000).
Tabela 22. Correlação de Pearson entre IDDP e as facetas do fator Neuroticismo do
BFP.
Insegurança
e falta de
informação
Ênfase na
busca de
prestígio e
retorno
financeiro
Imaturidade
para escolha
Conflitos com
pessoas
significativas
N1 – Vulnerabilidade r 0,44
**
0,07 0,18
*
0,13
N2 – Instabilidade r 0,17
*
0,04 0,11 0,07
N3 – Passividade r 0,38
**
-0,01 0,40
**
0,15
*
N4 – Depressão r 0,31
**
-0,00 0,35
**
0,27
**
Neuroticismo r 0,43
**
0,03 0,34
**
0,20
**
* Correlações significativas ao nível de 0,05
** Correlações significativas ao nível de 0,01
73
Pode-se dizer que esses achados estão em consonância com o que foi pontuado
por Multon e colaboradores (1995) e Kelly e Shin (2009), uma vez que falta de
conhecimento sobre as profissões, bem como uma disposição para pensamentos e
sentimentos negativos acerca da escolha. Ainda, houve uma tendência a falta de clareza
dos objetivos profissionais, bem como das características de personalidade.
O fator Imaturidade para escolha do IDDP, correlacionou-se positivamente com
as facetas ‘Vulnerabilidade’, com menor magnitude (r = 0,187), ‘Passividade’, com
maior magnitude (r = 0,401) e ‘Depressão’ do fator Neuroticismo do BFP. Houve uma
tendência nas dificuldades para realizar uma escolha profissional. Isso pode estar
relacionado à vulnerabilidade a comentários, críticas e opiniões dos outros, atitude
passiva, irresponsabilidade, falta de motivação, percepção irrealista e negativa dos
possíveis obstáculos que são encontrados no cotidiano. Desta forma, o indivíduo tende a
acreditar que não é o momento certo para pensar sobre a escolha (Nunes & cols., 2009;
Primi & cols., 2000).
Sob essa perspectiva, as questões apontadas podem levar o indivíduo a ter
incerteza acerca da escolha e do futuro, uma vez que a possibilidade de perder outras
opções, ou optar pela profissão errada, tendo que arcar com as conseqüências de sua
decisão. Ainda, os jovens que tendem a ter esse tipo de indecisão podem apresentar
características psicológicas como depressão, hesitação, dúvida, dificuldades de
concentração, sentimentos de culpa e de inferioridade, pessimismo e falta de capacidade
de sucesso em realizar determinadas atividades (Saka & cols., 2008).
Conflitos com pessoas significativas do IDDP apresentou correlações
significativas com ‘Passividade’, com menor magnitude (r = 0,15) e ‘Depressão’, com
maior magnitude (r = 0,27). Desse modo, pode-se pensar que existe uma tendência a
desaprovação do meio em que vivem quanto à escolha, com disposição a ter uma atitude
74
passiva, pouca motivação para concluir as atividades iniciadas, que são consideradas
longas ou difíceis de realizar, insatisfação com a vida, percepção irrealista e dificuldade
para cumprir tarefas do dia a dia. Assim, supõe-se que há dúvidas sobre com que
profissão se pode obter realização (Nunes & cols., 2009; Primi & cols., 2000).
Segundo Leong e Chervinko (1996) indivíduos com essas características tendem
a ser mais fechados para ouvir a opinião dos outros, pois não querem ser criticados,
além disso, podem insistir em tarefas que acreditam ser o melhor para si, criando falsas
expectativas. Desta forma, essas pessoas acabam enfrentando conflitos com suas
famílias, uma vez que não aceitam sugestões e desconsideram os comentários de
pessoas significativas quanto à escolha (Saka & cols., 2008). Nesse sentido, os achados
parecem concordar entre si.
Levando em consideração os resultados de Nunes e colaboradores (2009), houve
semelhança entre o fator Insegurança e falta de informação do IDDP e as quatro facetas;
Imaturidade para escolha do IDDP e as facetas ‘Vulnerabilidade’, ‘Passividade’; por
fim, Conflitos com pessoas significativas do IDDP e ‘Depressão’, do fator Neuroticismo
do BFP. De acordo com os autores, este dado sugere que escores altos em
vulnerabilidade e dependência da opinião de outras pessoas, mudanças de humor e
pessimismo acerca do futuro, podem estar associados à indecisão profissional.
No que tange o presente estudo, as maiores associações se deram entre os fatores
de indecisão e Neuroticismo, confirmando os resultados de Lounsbury e colaboradores
(2005), Saka e colaboradores (2008) e Nunes e colaboradores (2009). Pode-se verificar
que o fator Neuroticismo contribui de forma negativa para a tomada de decisão, uma
vez que está associado à ansiedade, angústia, apreensão, tensão, falta de habilidade em
resolver problemas, falta de confiança e dificuldades no controle emocional (Chartrand
& cols., 1993; Meyer & Winer, 1993; Lucas & Wanberg, 1995; Leong & Chervinko,
75
1996; Lounsbury & cols., 1999; Feldman, 2003; Saka & cols., 2008; Kelly & Shin,
2009). Ainda, Albion e Fogarty (2002) relatam que pessoas com níveis mais elevados
de Neuroticismo tendem a evitar o envolvimento com as oportunidades profissionais,
fugindo ou desviando-se da tarefa de tomada de decisão.
76
COSIDERAÇÕES FIAIS
Nas últimas décadas houve uma crescente abertura para a área de Orientação
Profissional (Andrade & cols., 2002), entretanto, pesquisas brasileiras nesse contexto,
ainda são vistas como uma tarefa desafiadora (Melo-Silva & cols., 2004). Além disso, a
literatura sobre avaliação psicológica na área de OP, em língua portuguesa, é
extremamente limitada (Teixeira & Lassance, 2006).
Nesse sentido, Noronha e Ambiel (2006) pontuam que estudos que visem
compreender as dificuldades encontradas pelos jovens acerca da escolha profissional,
bem como a construção de instrumentos para uso em OP, são necessários para o
preenchimento dessa lacuna. É importante lembrar que, os instrumentos de avaliação
psicológica podem auxiliar os psicólogos a realizar uma avaliação preliminar do tipo de
dificuldade de decisão dos indivíduos (Silva, 2004).
Especificamente quanto ao estudo da relação entre indecisão profissional e
características de personalidade, Lounsbury e colaboradores (1999) afirmam que a
utilização de instrumentos que empreguem o modelo dos Cinco Grandes Fatores da
personalidade, tende a contribuir com a prática de OP, aconselhamento e planejamento
de carreira. Acredita-se que tais informações possam fornecer dados relevantes para as
pessoas que estão indecisas quanto à tomada de decisão. Dessa forma, o conhecimento
das características pessoais é uma maneira bastante produtiva de encontrar informações
úteis para a escolha profissional e, em conseqüência, construir o planejamento de
carreira. Em âmbito internacional, alguns autores têm buscado investigar as relações
entre esses construtos (Kelly & Shin, 2009). Todavia, nota-se uma escassez de estudos
que visem compreender a indecisão por meio do modelo CGF.
77
No que tange essas questões, a proposta desse trabalho foi a de investigar a
relação entre indecisão profissional e as características de personalidade, tendo em vista
adolescentes do Ensino Médio, além de verificar as possíveis diferenças de algumas
variáveis, tais como sexo, idade, séries e tipo de escola. Esses objetivos foram
atendidos, uma vez que foram encontradas correlações, em sua maioria, positivas e
significativas para os quatro fatores do IDDP e os fatores Neuroticismo, Extroversão,
Socialização e Realização do BFP. Em acréscimo, houve diferenciações significativas
para todas as variáveis estudadas.
Considerando o levantamento bibliográfico da relação dos construtos estudados
neste trabalho, verificou-se que várias pesquisas estavam relacionadas à indecisão e
características de personalidade associadas ao fator Neuroticismo. Por meio dos achados
da presente investigação, foi confirmado que de fato associações entre a indecisão
profissional e o fator Neuroticismo, corroborando os resultados de Lounsbury e
colaboradores (2005), Saka e colaboradores (2008), Kelly e Shin (2009) e Nunes e
colaboradores (2009).
Sob essa perspectiva, torna-se pertinente a continuidade de estudos, visando
possíveis identificações da indecisão e os outros fatores da personalidade. Como
preconizado por Feldman (2003) e Nunes e colaboradores (2009), os fatores
Socialização, Realização e Abertura merecem mais atenção e investigações, para que
esses possam ser verificados mais profundamente e complementados.
Em relação ao fator Abertura, na presente pesquisa, não foram encontradas
correlações com a indecisão profissional. Supõe-se que isso seja um dado favorável,
uma vez que pessoas com essas características tendem a ser intelectuais, imaginativas,
sensíveis, de espírito aberto àquilo que é novo e diferente, com tendência a autonomia
de pensamento, abertura a novas idéias, experiências e apreciação da natureza (Roccas
78
& cols., 2002). No entanto, é necessário que outros estudos sejam desenvolvidos, para
possibilitar a comparação e confirmação desse achado, uma vez que na pesquisa de
Nunes e colaboradores (2009), foram encontradas algumas correlações nesse sentido.
Acredita-se que a presente investigação ganha relevância ao apresentar possíveis
características de personalidade que podem contribuir para a indecisão profissional.
Adicionalmente, a criação de perfis (Tabelas 17 e 18) torna-se uma ferramenta útil para
orientadores profissionais, especialmente no que se refere à integração de informações
advindas de instrumentos distintos. Em acréscimo, vale ressaltar a integração dos dados
teóricos e empíricos, sendo essa uma contribuição importante para que seja possível a
aplicação deles nas intervenções psicológicas durante os processos de OP (Chartrand &
cols., 1993; Gati & cols., 1996). Além disso, o psicólogo poderá usufruir de uma
fundamentação teórica bastante divulgada e pesquisada internacionalmente, quais
sejam, o modelo taxonômico hierárquico das dificuldades de tomada de decisão de
carreira, de Gati e colaboradores (1996) e o modelo dos cinco grandes fatores da
personalidade – Big Five.
Convém destacar que o psicólogo durante a sua prática na clínica, na escola ou
em outros ambientes, não deve se prender apenas à indecisão profissional e às
características de personalidade, mas que permita o levantamento de informações sobre
o indivíduo e sobre seus contextos de vida, aspectos essenciais no processo de OP
(Savickas, 2004). Além disso, o psicólogo deve ter consciência dos seus limites e estar
comprometido com a sua formação e atuação, buscando sempre atender da melhor
forma as demandas que os indivíduos trazem sobre o contexto profissional, o que lhe
dará subsídios para um trabalho ético (Andrade & cols., 2002).
De modo geral, algumas limitações do presente estudo devem ser apontadas. A
amostra foi composta somente por alunos do Ensino Médio, de 14 a 18 anos, apenas de
79
duas cidades do interior de São Paulo. Estudos futuros podem agregar informações mais
amplas, de indivíduos em outros momentos da tomada de decisão e outras idades, que
estejam vivenciando um processo de OP, ou tenham ingressado no Ensino Superior.
Cabe destacar, a importância da realização de outras pesquisas que possam contemplar
pessoas de diversas cidades e estados brasileiros, bem como ampliar o número de
participantes, para que os resultados possam ser generalizados nacionalmente, a fim de
enriquecer a cientificidade da avaliação psicológica no contexto da Orientação
Profissional.
Por fim, outro aspecto pode ser apontado, qual seja, a baixa precisão de alguns
fatores primários do IDDP, que apresentam alfa menor que 0,60. Tais resultados
revelam a necessidade de revisão dos parâmetros psicométricos do inventário e, em
alguma medida, justificam a pouca contribuição desses fatores no estabelecimento dos
perfis apresentados na penúltima seção dos resultados. Ainda, em relação a esses
resultados (Tabelas 17 e 18), pode-se hipotetizar que a desejabilidade social tem alguma
influência sobre o fator Ênfase na busca de prestígio e retorno financeiro. Por certo,
novas análises devem ser feitas a fim de responder estas questões.
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Serling, D. A., & Betz, N. E. (1990). Development and evaluation of a measure of
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CA: Consulting Psychologists Press.
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Consulting Psychologists Press.
Zachary, R. A. (1991). Shipley Institute of Living Scale: Revised manual. Los
Angeles: Western Psychological Services.
91
AEXOS
92
AEXO 1
TERMO DE COSETIMETO LIVRE E ESCLARECIDO (1ª via)
Relação entre indecisão profissional e características de personalidade
Eu,........................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
(nome, idade, R.G., endereço), dou meu consentimento livre e esclarecido para que
.........................................................................................................(nome do adolescente)
participe como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob a responsabilidade da
pesquisadora Denise da Fonseca Martins, sob orientação da Prof
a
Dr
a
Ana Paula Porto
Noronha do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade
São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 - O objetivo da pesquisa é investigar a indecisão profissional e a personalidade;
2 - Serão aplicados dois instrumentos, um para a avaliação da indecisão profissional e
outro para as características de personalidade;
3 - A resposta aos instrumentos poderá causar constrangimento, mas não trará riscos à
saúde física;
4 - Foram oferecidas todas as informações necessárias para poder decidir
conscientemente sobre a participação na referida pesquisa;
5 - É possível interromper a qualquer momento a participação na pesquisa;
6 - Os dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco poderá ser contatado
a qualquer momento para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa
pelo telefone: (11) 4534-8117;
8 - O contato com o responsável pelo estudo poderá ser feito sempre que julgar
necessário pelo telefone (11) 4526-5394;
9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
poder do voluntário e outra com a pesquisadora responsável.
Itatiba,..........de.....................2009.
Assinatura do responsável:....................................................................................
93
AEXO 2
TERMO DE COSETIMETO LIVRE E ESCLARECIDO (2ª via)
Relação entre indecisão profissional e características de personalidade
Eu,........................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
(nome, idade, R.G., endereço), dou meu consentimento livre e esclarecido para que
.........................................................................................................(nome do adolescente)
participe como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob a responsabilidade da
pesquisadora Denise da Fonseca Martins, sob orientação da Prof
a
Dr
a
Ana Paula Porto
Noronha do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade
São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 - O objetivo da pesquisa é investigar a indecisão profissional e a personalidade;
2 - Serão aplicados dois instrumentos, um para a avaliação da indecisão profissional e
outro para as características de personalidade;
3 - A resposta aos instrumentos poderá causar constrangimento, mas não trará riscos à
saúde física;
4 - Foram oferecidas todas as informações necessárias para poder decidir
conscientemente sobre a participação na referida pesquisa;
5 - É possível interromper a qualquer momento a participação na pesquisa;
6 - Os dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco poderá ser contatado
a qualquer momento para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa
pelo telefone: (11) 4534-8117;
8 - O contato com o responsável pelo estudo poderá ser feito sempre que julgar
necessário pelo telefone (11) 4526-5394;
9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
poder do voluntário e outra com a pesquisadora responsável.
Itatiba,..........de.....................2009.
Assinatura do responsável:....................................................................................
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