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BRUNO BORINE
ESCALA DE DEPRESSÃO (EDEP) E BATERIA FATORIAL DE
PERSONALIDADE: EVIDÊNCIAS DE VALIDADE
ITATIBA
2009
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BRUNO BORINE
ESCALA DE DEPRESSÃO (EDEP) E BATERIA FATORIAL DE
PERSONALIDADE: EVIDÊNCIAS DE VALIDADE
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação Stricto Sensu em
Psicologia da Universidade São
Francisco para a obtenção do título de
Mestre.
ORIENTADOR: PROF. DR. MAKILIM NUNES BAPTISTA
ITATIBA
2009
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ii
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este estudo ao meu orientador Prof. Dr. Makilim Nunes Baptista pelo apoio
e confiança depositados em mim, pelo acolhimento após a mudança de orientador e pela
orientação clara e profissional. Agradeço a forma descontraída de passar o conhecimento e,
principalmente pela amizade que construímos no decorrer do pouco tempo que estivemos
juntos e conseguimos estabelecer. Quero que tenha a certeza que levarei este convívio
comigo pela vida toda. Através do seu incentivo foram abertos caminhos que sem dúvida,
serão os alicerces necessários para minha carreira profissional. Como expressei
anteriormente, o sentimento de admiração que tenho por você enquanto profissional era
grande e agora após nossa convivência maior ainda pelo grande Ser humano que você é.
Dedico ao Prof. Dr. Carlos Henrique S. S. Nunes por estar comigo neste começo da
minha caminhada bem sucedida, por ter acreditado em mim e incentivado meu trabalho.
Caro professor, amigo é aquele que nos estende o braço nos momentos mais necessários
principalmente quando necessitamos fazer as melhores escolhas e, vofoi um amigo no
sentido mais verdadeiro da palavra, porque me apoiou no momento necessário, momento
este que foi um divisor de águas na minha vida profissional.
Dedico a minha família, os meus pais Valmir Borine e Monica Borine e a minha
irmã Patrice por acreditar em mim e pelo esforço e dedicação que fizeram para
proporcionar a minha formação pessoal e profissional. Agradeço pelo carinho, dedicação e
amor incondicional que sempre demonstraram por mim. Este trabalho é uma vitória de
todos nós e sem vocês ao meu lado nada disso teria sentido.
Dedico à Rita de Cassia P. Calderani por estar sempre do meu lado me motivando e
apoiando nos momentos em que mais precisei. Todo o empenho para a conclusão desta
etapa da minha vida com certeza será recompensado.
Agradeço a todos de coração!
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus pela proteção que tem me oferecido e por tudo que
tem feito por mim.
Ao meu orientador Prof. Dr. Makilim Nunes Baptista. Tenho muito orgulho da
experiência que pude ter de ser orientando por você. Um profissional que considero
gabaritado e uma pessoa de muito caráter.
À minha família, meu pai Valmir, minha mãe Monica e minha irmã Patrice pela
ajuda, compreensão e incentivo em todos os momentos da minha vida. Amo muito vocês
todos.
A minha namorada Rita que sem o seu amor tudo seria mais difícil para mim.
Às minhas avós Terezinha e Esther, meus tios, tias, primos e primas que sempre
estiveram atentos na minha caminhada, dando suporte e motivação quando precisei.
Aos meus avôs Walter e Adalto (in memória) que estão entre nós, abençoando e
protegendo todos que fizeram parte das suas vidas.
À família Calderani pela compreensão e paciência nos momentos difíceis.
Á Universidade São Francisco em Itatiba, seus diretores reitores e todos os seus
funcionários.
Aos alunos de Psicologia e Arquitetura da Universidade São Francisco que
compreenderam a importância da pesquisa e disponibilizaram tempo para a aplicação dos
Instrumentos.
A todos os professores da Pós-graduação de Psicologia da Universidade São
Francisco, principalmente aqueles que me possibilitaram excelentes aulas em classe, onde
pude certamente adquirir o conhecimento necessário.
À professora Dra. Ana Paula Noronha por sua sensibilidade, me oferecendo a
oportunidade de participar do projeto “Escolha Certa”, onde pude aprender muito
vivenciando experiências importantes.
Ao Professor Fermino Fernandes Sisto que me incentivou a seguir a carreira
acadêmica despertando em mim a possibilidade de ir em frente. Recordarei sempre as boas
conversas que compartilhamos juntos. Serei sempre agradecido.
v
Ao Professor Dr. Claudio Garcia Capitão que gentilmente aceitou o convite de
participação na banca examinadora. Agradeço seus bons conselhos e incentivos que levarei
junto comigo.
Ao Professor Dr. Altemir José Barbosa que esteve presente na banca examinadora
com a sua traquilidade e amabilidade me possibilitando dimensionar a importância da
minha pesquisa.
Ao Prof. Dr. Ricardo Primi que com suas aulas elucidativas colaborou para o meu
conhecimento sobre os instrumentos de avaliação.
Ao Coordenador do curso de Arquitetura Fernando Atick, pela forma atenciosa que
dispensou a mim e também por disponibilizar os alunos de arquitetura para a aplicação da
pesquisa.
À professora Cassinha e à professora Maria Eugênia que gentilmente
disponibilizaram sua aula no curso de Psicologia para a aplicação dos Instrumentos.
Aos colegas do Laboratório LAPSAM3 Juliana, Adriana, Hugo, Gisele e Mayra
pela amizade e sugestões para o trabalho.
Às colegas da secretaria da Pós-graduação Marcela e Ana Paula pelo apoio nos
momentos necessários.
Aos amigos André, Ciro, Hélio, Arthur, Rodolfo, Richard, Daniela, Daniel, entre
outros que me ajudaram com sua lealdade e companheirismo.
A todos os amigos que de alguma maneira colaboraram para este projeto e que
posso não ter citado aqui.
À Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de nível Superior (CAPES) pelo
apoio financeiro dessa pesquisa.
vi
RESUMO
Borine. B. (2009). Escala De Depressão (EDEP) e Bateria Fatorial De Personalidade:
Evidências de Validade. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Psicologia, Universidade São Francisco, Itatiba.
A presente pesquisa visou buscar evidências de validade baseada na relação com outras
variáveis para a Escala de Depressão (EDEP) com a Bateria Fatorial de Personalidade
(BFP). A EDEP é um instrumento de rastreamento para amostras psiquiátricas e não
psiquiátricas construída a partir dos indicadores provenientes dos principais manuais de
diagnóstico e classificações de transtornos e doenças mentais, além dos preceitos da Teoria
Cognitiva Comportamental. A BFP é operacionalizada no Modelo dos Cinco Grandes
Fatores da Personalidade (CGF), que tem sido utilizado amplamente, com grande aceitação
no mundo científico e profissional; neste modelo, a personalidade é explicada a partir de
cinco fatores amplos, denominados no Brasil como Extroversão, Socialização, Realização,
Neuroticismo e Abertura a Novas Experiências. Participaram desta pesquisa 212 pessoas,
de ambos os sexos, com idade mínima de 17 e máxima de 58 anos, estudantes
universitários dos cursos de psicologia e arquitetura de uma instituição de ensino superior
privada do interior do estado de São Paulo. Neste estudo, foi verificada por meio do teste de
correlação de Pearson alta correlação positiva entre a EDEP e o fator Neuroticismo e
correlação negativa moderada e baixa para a EDEP e os fatores Extroversão, Realização e
Socialização da BFP. Adicionalmente foram verificadas relações entre a EDEP e os eventos
de vida apresentando correlação baixa e positiva e entre os eventos de vida com os fatores
da BFP, sendo apresentada, como principal associação, correlação com magnitude nula e
positiva entre eventos de vida e Neuroticismo. Finalmente, foi analisado, por meio do teste
t de Student e ANOVA se havia média para gênero, níveis econômicos, estados civil e idade
para os escores da EDEP e da BFP, na qual foi possível observar diferenças de dia
significativas principalmente para a EDEP e nível econômico, fator Socialização e gênero,
e para os fatores Socialização e Extroversão para idade, portanto, esses resultados indicam
que os objetivos foram atingidos encontrando-se evidências de validade baseada na relação
com outras variáveis para a Escala de Depressão (EDEP).
Palavras-chave: validade, avaliação psicológica, depressão, personalidade.
vii
ABSTRACT
Borine B. (2009). Depression Scale (EDEP) and Battery Factor Personality: Evidence of
Validity. Master's Thesis, Program of Pos Graduate Studies Programs in Psychology, São
Francisco University, Itatiba.
This paper aimed to find evidence of validity based on the relationship with other variables
for Depression Scale (EDEP) with Battery Factor Personality (BFP). The EDEP is a
screening instrument for psychiatric samples and non-psychiatric constructed from the
indicators from the main manual of diagnosis and classification of mental disorders and
diseases in addition to the precepts of the Cognitive Behavioral Theory. The BFP is
operationalized in the Model of the Big Five Personality Factors (CGF), which has been
widely used, with great acceptance in the scientific and professional. In this model,
personality is explained by means of five broad factors, known in Brazil as extroversion,
Socialization, Achievement, Neuroticism and Openness to New Experiences. Participants
were 212 persons of both sexes, aged 17 and a maximum of 58 years, undergraduate
students of psychology and architecture of an institution of private higher education in the
state of Sao Paulo. In this study, was verified by means of the Pearson correlation high
positive correlation between the EDEP and Neuroticism factor and a negative and moderate
to low EDEP and the factors Extraversion, Achievement and Socialization of BFP.
Furthermore, the study found links between EDEP and life events and showing low
correlation between positive and life events with the factors of the BFP, being presented as
the main association, correlation with magnitude between zero and positive life events and
Neuroticism. Finally, it was analyzed using the Student t test and ANOVA determined
whether there was an average for gender, economic status, marital status and age to scores
EDEP and BFP, in which we observed significant differences in average mainly for EDEP
and economic status, and gender socialization factor, and the Socialization and Extraversion
factors for age, therefore, these results indicate that found evidence of validity based on the
relationship with other variables for Depression Scale (EDEP).
Key-words: depression; personality; psychological assessment; validity.
viii
SUMÁRIO
1. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ........................................................................................
01
2. DEPRESSÃO......................................................................................................................
06
2.1 Visão geral e histórica........................................................................................................
06
2.2 Dados epidemiológicos......................................................................................................
08
2.3 Diagnóstico........................................................................................................................
12
2.4 Fatores de risco..................................................................................................................
15
2.5 Aspectos psicológicos........................................................................................................
17
2.6 Aspectos gerais das escalas de avaliação de depressão.....................................................
21
3. PERSONALIDADE...........................................................................................................
24
3.1 Modelo dos cinco grandes Fatores (CGF).........................................................................
24
3.2 Construção da Bateria Fatorial de Personalidade..............................................................
30
4. RELAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E PERSONALIDADE..........................................
33
5. OBJETIVOS.......................................................................................................................
39
6. MÉTODO...........................................................................................................................
40
6.1 Participantes.......................................................................................................................
40
6.2 Instrumentos.......................................................................................................................
40
6.3 Procedimentos....................................................................................................................
47
7. RESULTADOS...................................................................................................................
49
7.1 Análises descritivas da amostra.........................................................................................
49
7.2 Análise descritivas da EDEP da BFP e dos eventos de vida..............................................
55
7.3 Resultados das correlações entre a EDEP e BFP...............................................................
57
ix
7.4 Resultados da correlação dos eventos de vida com a EDEP e BFP...................................
61
7.5 Diferenças de média para a EDEP e BFP...........................................................................
66
8. DISCUSSÃO.......................................................................................................................
78
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................
88
10. REFERÊNCIAS...............................................................................................................
91
11. ANEXOS...........................................................................................................................
98
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Exemplos das sentenças que compõe a EDEP..........................................................
42
Tabela 2. Os 5 fatores da BFP e suas 17 facetas caracterizadas..............................................
45
Tabela 3. Exemplos das sentenças que compõe a BFP............................................................
46
Tabela 4. Frequência - Dados sócios demográficos.................................................................
50
Tabela 5. Frequência - Trabalha atualmente e profissão..........................................................
51
Tabela 6. Frequência - Avaliação diagnóstica para depressão em familiares e o grau de
parentesco ...............................................................................................................................
52
Tabela 7. Frequência - Avaliação psiquiátrica/psicológica e diagnóstico sugerido ................
53
Tabela 8. Frequência - Tratamento psicológico atual para depressão e sua duração ..............
53
Tabela 9. Frequência - Tratamento medicamentoso atual para depressão e sua duração .......
54
Tabela 10. Frequência – Auto percepção do nível de sintomas depressivos............................
54
Tabela 11. Descrição da EDEP, das facetas e dos fatores gerais da BFP.................................
55
Tabela 12. Descrição dos eventos de vida................................................................................
56
Tabela 13. Correlação de Pearson entre a EDEP e os fatores gerais da BFP...........................
57
Tabela 14. Correlação de Pearson entre a EDEP e as facetas da BFP......................................
60
Tabela 15. Correlação de Pearson entre a EDEP e os eventos de vida...................................
61
Tabela 16. Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Extroversão e suas
facetas........................................................................................................................................
62
Tabela 17. Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Socialização e suas
facetas........................................................................................................................................
64
Tabela 18. Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Realização e suas
faceta ........................................................................................................................................
64
Tabela 19. Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Abertura
a
Experiências .............................................................................................................................
65
xi
Tabela 20. Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Neuroticismo e suas
facetas........................................................................................................................................
65
Tabela 21. Teste-t Diferenças de média para sexo, curso, trabalha atualmente e familiar
diagnosticado.............................................................................................................................
68
Tabela 22. Teste-t – Pessoas que julgaram ter sintomas depressivos leves,moderados e
graves........................................................................................................................................
69
Tabela 23. ANOVA para a idade Quartil – Diferença de média ..............................................
70
Tabela 24. Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação a faceta
interação social do fator Extroversão........................................................................................
70
Tabela 25. Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação à faceta
idéia do fator Abertura a Experiências......................................................................................
71
Tabela 26. Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação à faceta
idéia do fator Abertura a Experiência........................................................................................
71
Tabela 27. Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação ao fator
Extroversão...............................................................................................................................
72
Tabela 28. Verificação de Diferença de médias para o quartil das idades em relação ao fator
Socialização...............................................................................................................................
72
Tabela 29. ANOVA para classe econômica – Diferença de média...........................................
73
Tabela 30. Verificação de diferença de médias de classes econômicas em relação a
EDEP.........................................................................................................................................
74
Tabela 31. Verificação de diferença de médias das classes econômicas em relação a faceta
Sociabilidade.............................................................................................................................
74
Tabela 32. Verificação de diferenças de médias das classes econômicas em relação ao fator
Extroversão...............................................................................................................................
75
Tabela 33. Avaliação diagnóstica de Depressão........................................................................
75
Tabela 34. EDEPDiferenciação para avaliação psicológica ou psiquiátrica ........................
76
Tabela 35. Faceta Passividade – Diferenciação para avaliação psicológica ou Psiquiátrica
76
xii
Tabela 36. Faceta Depressão Diferenciação para avaliação psicológica ou
Psiquiátrica................................................................................................................................
77
Tabela 37. Fator Neuroticismo – Diferenciação para avaliação psicológica ou Psiquiátrica
77
xiii
ANEXOS
ANEXO 1. Questionário de Identificação sóciodemográfico ..................................................
98
ANEXO 2. Termo de Consentimento livre e esclarecido (primeira via)............................
101
ANEXO 3. Termo de Consentimento livre e esclarecido (segunda via)............................
103
1
1. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
A avaliação psicológica é uma atividade considerada exclusiva do psicólogo
Anastasi e Urbina, 2000; Noronha, (2002). O seu objetivo é descrever por meio de diversas
técnicas reconhecidas e de uma terminologia específica a melhor compreensão possível dos
aspectos relevantes de um indivíduo. A função da avaliação psicológica não é oferecer um
simples rótulo, mas sim, descrever por meio de técnicas e de linguagem apropriada, a
melhor compreensão de alguns aspectos da vida de uma pessoa, ou de um grupo, Baptista,
Morais, Rodrigues e Silva (2006); Tavares (2004).
Noronha (1999) discorre sobre a avaliação psicológica como um processo que pode
ou não incluir testes padronizados como um recurso para atingir seus objetivos. O processo
avaliativo envolve a coleta das informações, os instrumentos e as diversas formas de
medidas para que se possa chegar a uma conclusão, ou seja, a avaliação psicológica pode
incluir diferentes procedimentos de medidas, identificação das dimenes especifica do
sujeito do seu ambiente e da relação entre eles.
Os instrumentos psicológicos são indispensáveis para a obtenção de qualquer tipo
de amostras do comportamento, são relevantes para o entendimento do funcionamento
cognitivo ou afetivo do ser humano e proporcionam algum tipo de escore que podem ser
interpretados Urbina (2007). Sendo mais específico, é necessário para o estudo da
depressão e da personalidade algum tipo de instrumento que consiga mensurar
características emocionais, motivacionais, interpessoais e de atitudes (Anastasi & Urbina,
2000).
2
Em 2001 o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou a resolução nº 025/2001
que regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização dos testes psicológicos. Este
documento teve a intenção de enfatizar o aprimoramento dos instrumentos e procedimentos
técnicos dos psicólogos garantindo assim, a qualidade e a ética em relação à atuação do
psicólogo. A resolução enfatiza alguns aspectos como, os requisitos, a fundamentação
teórica com a definição dos construtos, apresentação dos dados empíricos da validade e
precisão da interpretação dos escores dos testes. Todos os testes devem conter critérios de
aplicação, segundo o CFP, cada 10 anos o teste deve ser submetido uma revisão,
sendo que poderá acarretar em um comprometimento ético se os instrumentos e testes de
avaliação psicológica não estiverem de acordo com os requisitos determinados pelo CFP
(2001).
A validade é um aspecto fundamental na construção de um instrumento ou teste
psicológico e segundo Anastasi e Urbina (2000) é definido como “aquilo que o teste mede e
quão bom ele faz isso” (p.107). A validade deve comprovar os objetivos do teste e, neste
contexto a validade estabelece alguns princípios básicos como, a orientação teórica
sustentável e a ligação entrem a teoria psicológica e a sua averiguação por meio de
testagem de hipóteses empíricas experimentais (Anastasi & Urbina, 2000)
Os procedimentos de avaliação podem ser de três tipos: 1. validação e descrição do
conteúdo, que é o exame sistemático do conteúdo de um instrumento ou teste para saber se
ele abrange uma amostra representativa ou um domínio de comportamento a ser medido; 2.
validação concorrente e preditiva do critério que indicam a efetividade de um instrumento
ou teste para predizer o desempenho de um indivíduo em atividades específicas; 3.
validação de construto, que é a extensão em que se pode dizer que o teste mede um
construto teórico ou um traço Urbina (2007).
3
Uma das maneiras de buscar validade para o instrumento é por meio da evidência de
validade baseada na relação com outras variáveis. Esta validade está relacionada com a
importância da análise da relação dos escores de um instrumento com outras variáveis
externas, estas medidas externas devem incluir medidas de alguns critérios que o
instrumento se propõe a medir, podendo ser outros instrumentos que meçam construtos
relacionados ou diferentes. Nesse sentido, as evidências encontradas dentre estes construtos
indicariam o quanto esta relação é consistente com o construto que se deseja estudar nas
interpretações do instrumento base AERA, APA & NCME, (1999).
A precisão, não menos importante para uma escala, é o nível de confiabilidade do
resultado dos testes, a partir da verificação da sua consistência interna e estabilidade. A
precisão é caracterizada como estratégias de minimizar o erro de mensuração, sendo assim,
uma escala com uma precisão considerada alta, estima os erros que podem ocorrer em uma
testagem psicológica. No lado oposto, a precisão baixa de um instrumento caracteriza que
este não está conseguindo estimar os erros com eficácia Urbina (2007). Além disso, refere-
se à consistência dos escores obtidos pelos mesmos sujeitos quando eles são novamente
examinados com o mesmo teste em diferentes ocasiões, ou com diferentes conjuntos de
itens equivalentes e/ou sob outras condições variáveis de exame (Anastasi & Urbina, 2000).
Tem-se ainda que a avaliação psicológica é um processo técnico-científico de coleta
de dados favorecendo as interpretações de informações a respeito dos fenômenos
psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se,
para tanto, de estratégias psicológicas como métodos, técnicas e instrumentos. Os
resultados das avaliações devem considerar os condicionamentos históricos e sociais e seus
efeitos no psiquismo, com a finalidade de servir como base para atuar não somente sobre o
indivíduo, mas também na modificação do meio inserido (CFP, 2003).
4
Para se alcançar uma estratégia diagnóstica que mantenha um compromisso ético e
humanitário, faz-se necessário compreender as cnicas utilizadas, suas funções, vantagens
e limitações, respeitando a complexidade de cada técnica do processo de avaliação
psicológica e da pessoa submetida a essas técnicas Tavares (2004).
Segundo Noronha e Alchieri (2004), em 1986, um grupo do Conselho Regional de
Psicologia do RS (7º Região) formou a Comissão de Métodos e Técnicas Psicológicas e
neste ano organizou um evento pioneiro no país, o I Encontro sobre Testes Psicológicos do
CRP 07 no Rio Grande do Sul. O objetivo deste evento foi discutir como estava o ensino
dos testes no Brasil. O evento tornou-se referência e em 1999 ganhou aceitação
internacional. Os temas mais debatidos se referiam às questões de aplicação dos
instrumentos, falta de normas e uso indiscriminado dos testes, Alves, (Alchieri & Marques,
2001).
Noronha, Baldo, Barbin e Freitas (2003) apresentaram uma pesquisa de
levantamento bibliográfico de 1990 a 2003 sobre os estudos feitos em avaliação
psicológica. A partir dos resultados os autores apontaram que algumas necessidades
como, modificações nos currículos de avaliação psicológica, currículo mínimo para a
formação, priorização da qualidade de ensino da técnica em detrimento da quantidade de
testes estudados e maior aprofundamento teórico no sentido de estabelecer uma relação
entre a teoria e a prática.
Um estudo realizado no ano de 2004 por Noronha, Primi e Alchieri (2004), teve
como objetivo identificar as principais informações psicométricas a respeito dos
instrumentos psicológicos presentes nos seus manuais, tais como editora, data de
publicação, variável medida, padronização, validade e precisão, sendo consultados 146
instrumentos de avaliação comercializados no Brasil, por onze editoras. Os resultados
5
indicaram que somente 28,8% desses instrumentos relataram estudos de precisão, validade
e padronização. Isso demonstra a importância do aprimoramento quanto aos estudos e
pesquisas de instrumentos confiáveis para avaliação psicológica.
Segundo Gomes (2004), o estudo da história da psicologia no Brasil, em relação à
avaliação psicológica, vem recebendo nos últimos anos bastante atenção dos cursos de pós-
graduação e também do ensino de graduação. Desta forma foi aberto espaço para o estudo
mais aprofundado dentro da grande diversidade do conhecimento em Psicologia, pois,
devido às exigências cada vez maiores de aplicações efetivas na área foi necessário um
maior aprimoramento.
Para Noronha e Alchieri (2004), o ensino de testes foi um dos pontos de base para a
discussão da atividade profissional nos currículos de muitos cursos no Brasil. Segundo os
autores, desde a lei 4119 referente à criação dos cursos de Psicologia, a questão dos testes
estava contemplada nas disciplinas de Técnicas de Exame Psicológico, as TEPs como
eram denominadas, em que era obrigatório nas instituições e estavam divididas ao longo de
um vasto currículo nos cursos do país. Esta cultura dos testes lecionados caracterizava-se
como "(...) uma prática a ser aprendida e reproduzida, perpetuava-se mecanicamente no
ensino das universidades que multiplicavam a Psicologia pelo país" (Alchieri & Bandeira,
2002, p.3).
Para a melhoria das ressalvas apontadas na avaliação psicológica no Brasil é
necessário existir uma boa relação entre o uso dos instrumentos e a formação profissional,
sendo importante um bom desenvolvimento do profissional na área em que se deseja
avaliar. De acordo com Anastasi e Urbina (2000), tal formação exige um período
relativamente longo de treinamento intensivo e de experiência supervisionada para o uso
adequado dos testes. O treinamento evita inadequações e falta de conhecimento por
6
esquecimento de conteúdo ou até mesmo por defasagem na atuação do psicólogo. A
preparação na área de avaliação se dá por meio de disciplinas que abordam prioritariamente
a técnica de aplicação, correção e interpretação dos instrumentos com base em seu
conteúdo e, mais especificamente, em suas características psicométricas.
2. DEPRESSÃO
2.1 Visão Geral e Histórica
Verificando a história dos seres humanos no decorrer da vida observamos que todas
as pessoas passam por momentos de dificuldades, perdas de pessoas queridas, um bom
emprego, situações ou momentos nos quais se entristeceram, sentiram-se infelizes, porém,
o sentimento que vivenciaram é normal e compreensível. Afinal, sentir-se triste, nem
sempre significa ser deprimido ou estar num processo patológico.
Segundo Kaplan e Sadock (2003), cerca de 400 a.C, filósofos e médicos da
antiguidade, como Hipócrates e Platão, escreviam sobre males dos humores ou da alma.
Portanto, é um assunto que sempre permeou a humanidade, na busca por fundamento a
explicação da tristeza excessiva ou alegria escassa.
Outra corrente com fundamentação em Hegel, Nietzsche e Hurssel defendiam que o
humor estava mais relacionado com a consciência moral do homem, tornando o transtorno
de humor em um transtorno ético. Defendiam que as funções intelectuais e racionais eram
prioritárias sobre as emocionais (Teixeira, 2001).
Na psiquiatria o termo “depressão mental” aparece em 1860, decorrente a uma
analogia com o termo cardiológico, que estabelecia uma relação com a redução do
7
funcionamento do coração, concedendo uma experiência ainda um tanto que subjetiva
como um sintoma de adoecimento. Foi constatado então que vivências de indivíduos
“normais” poderiam indicar também anormalidades mentais ou mudanças da qualidade e
quantidade de emoções e de sentimentos esperado (Teixeira, 2001).
Kaplan e Sadock (2003) relatam que, no inicio do século XIX, Esquirol descreveu
vários quadros delirantes de melancolia. Em 1882, o psiquiatra alemão, Karl Kahlbaum,
usou o termo “ciclotimia”, para descrever a mania e a depressão como estágios da mesma
doença. No final do século XIX e inicio do século XX, Kraeplin desenvolveu estudos que
tiveram contribuições fundamentais na caracterização dos quadros do humor como
entidades nosológicas.
No começo de 1940 foi demonstrada a eficácia do lítio nos quadros de mania aguda
e, na década de 50, redobrou-se o interesse pelos aspectos biológicos dos transtornos
mentais com a introdução da clorpromazina. Também nesta década, surgem os
antidepressivos tricíclicos, tendo por base a ação anticolinérgica. Nos anos 90, a maior
ênfase foi dada aos mecanismos nucleares dos efeitos dos antidepressivos e, atualmente, os
estudos etiológicos focam o modelo integrativo, ou seja, os aspectos neuroquímicos,
neuroimunológicos, psicológicos e ambientais (Kaplan & Sadock, 2003).
Balonne (2004) afirma que a depressão essencialmente um transtorno episódico
recorrente, ou seja, que se repete ao longo da existência do sujeito. A depressão altera a
maneira que a pessoa o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta
emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se
alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.
Depressão pode ser um sintoma de alguma patologia associada a comorbidade, pode
estar ligada aos aspectos cognitivos do sujeito ou ser realmente o centro da patologia, ser
8
referente ou ainda pode estar associada, em segundo plano, a outras formas de adoecimento
físico e psíquico. A depressão como sintoma pode estar associada a quadros clínicos como:
transtorno de estresse pós-traumático, demência, esquizofrenia, alcoolismo ou doenças
clínicas. No aspecto cognitivo é composta pelas alterações de humor caracterizadas por
tristeza, irritabilidade, anedonia, apatia, falha de memória entre outras variedades de
aspectos que incluem alterações cognitivas e, por fim, pode ser associada a doenças
neuropsiquiátricas, neurológicas e/ou sistêmicas. O indivíduo deprimido pode apresentar
alterações bioquímicas que envolvem neurotransmissores como: serotonina, dopamina e
noradrenalina, caracterizando o desequilíbrio orgânico (Lafer & Vallada Filho, 1999).
Para Kaplan e Sadock (2003) a depressão é um episódio patológico representado
por alguns sintomas que geram sofrimento para a pessoa. Os sintomas mais freqüentes são:
a perda de interesse ou prazer, distúrbios de sono e apetite, retardo motor, sentimento de
inutilidade ou culpa, distúrbios cognitivos, diminuição da energia e pensamento de morte
ou suicídio.
Para Beck e cols. (1997), a depressão está envolvida em três aspectos fundamentais
da cognição. O indivíduo passa a ter uma visão negativa sobre si mesmo, sobre o mundo, e
sobre o futuro. Por meio desta interpretação distorcida da realidade, o deprimido sente-se
encurralado, envolvido por situações nas quais podem ocorrer decepções, sofrimento,
desamparo e desesperança.
Nas últimas décadas os profissionais da área da saúde constataram um aumento
significativo de pessoas com sintomas depressivos e preocupados com a rápida evolução da
doença consideraram a possibilidade de um grande número de pessoas na sociedade
sofrerem de sintomas de depressivos. Devido a isso, houve a preocupação de se fazer
estudos estatísticos para saber o real número de pessoas com este transtorno de humor.
9
2.2 Dados Epidemiológicos
De acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001) é
estimado um aumento significativo de deprimidos nas próximas duas décadas. A depressão
representará a segunda enfermidade que mais tempo estará presente na vida das pessoas,
podendo ultrapassar as doenças cardiovasculares até 2020. Ela pode ser desencadeada em
qualquer faixa etária, tanto em homens quanto em mulheres, sendo responsável por altos
custos de tratamentos o que gera grandes prejuízos tanto para o governo como também para
a sociedade. Estima-se que existam aproximadamente 450 milhões de indivíduos inseridos
em um quadro de transtornos mentais.
O transtorno depressivo é mais comum no sexo feminino, estimando-se uma
prevalência do episódio em 1,9% no sexo masculino e em 3,2% no sexo feminino. Em
geral, a depressão afeta de 15% a 20% das mulheres e de 5% a 10% dos homens (OMS,
2001).
A depressão grave, enquanto transtorno mental, ocupa uma parcela grande das
pessoas que se afastam das atividades educacionais e profissionais, respondendo por 12%
do total de afastamento educacional e profissional, gerando um impacto econômico muito
grande nas sociedades. Este impacto acarreta não somente prejuízos financeiros como
também evasão no sistema educacional e dificuldades nas inter-relações dentro das
organizações como um todo (OMS, 2001).
Segundo o Jornal da Associação Médica Americana, os custos diretos e indiretos
dos empregados depressivos são de 44 bilhões por ano. Estima-se que 14 milhões de
americanos passaram por clínicas com experiência no tratamento de depressão no ano e
10
2003. O custo para as empresas acaba sendo perdido em dias úteis, pela baixa
produtividade dos empregados e o pelos gastos com planos de saúdes (King, 2003).
A presença de outros problemas clínicos em comorbidade com a depressão é muito
comum. Dos pacientes com depressão atendidos em serviços de saúde primária, 65%
apresentam diagnóstico, ao mesmo tempo, de transtorno de ansiedade, transtornos
somatoformes ou abuso de substâncias como o álcool. Dentre esses pacientes, 82%
apresentam pelo menos um problema médico o psiquiátrico, como hipertensão (50%),
artrite reumatóide (23%), diabetes (17%) e cardiopatia (15%). Sintomas físicos múltiplos
como dor, fadiga, insônia e alterações gastrointestinais estão fortemente associados a
quadros depressivos e ansiosos (Michelon, 2006).
Ayuso-Mateos e colaboradores (2001), por meio do estudo denominado ODIN
(Outcome of Depression Internacional Network) realizou um estudo epidemiológico com
aproximadamente 8.500 participantes da Europa e para avaliação da depressão utilizou o
Inventário de Beck Depressão e avaliações clínicas em neuropsiquiatria. O estudo apontou
que a prevalência de desordem depressiva na amostra foi de 6,6% dos homens e 10% das
mulheres. Outro dado interessante foi que na área urbana foram encontradas maiores taxas
de depressão em relação na área rural.
Em um estudo de prevalência realizado com 7000 sujeitos na Holanda foi
encontrado 4,3% da amostra com diagnóstico de depressão em um período de seis meses do
começo da pesquisa. Deste montante, 30% tinha acompanhamento profissional, neste caso,
acompanhamento médico. Esse estudo apresenta que os indivíduos com depressão
dependem de uma ampla melhoria no sistema de saúde, principalmente na área de detecção
e atuação sobre a doença (Spijker, Graaf, Bilj, Beekman, Ormel, 2002).
11
Dalgalarrondo (2000) aponta que, no Brasil, em torno de 30% a 50% da população
brasileira apresentam durante a vida pelo menos um episódio de algum transtorno mental,
dentre estes a depressão que é considerada um problema sério de saúde blica, que
quadros patológicos podem atingir de 2% a 5% da população brasileira. Como ainda não
surgiu nenhum tratamento preventivo, os médicos acreditam em uma taxa de cerca de dois
milhões de novos deprimidos clínicos no mundo a cada ano, sendo que no Brasil poderá
chegar a mais de 10 milhões de indivíduos (Cardoso & Luz, 1999).
Barbosa, Dias, Gaião e Di Lorenzo (1996) desenvolveram uma pesquisa não em
âmbito epidemiológico, mas no âmbito infantil que teve como objetivo detectar a taxa de
prevalência de sintomas depressivos em escolares da rede particular de ensino, na cidade de
Ribeirão Preto. Os sujeitos foram os alunos de 7 a 14 anos e utilizou-se como instrumento o
CDI (Inventário de Depressão infantil). Foi aplicado em sala de aula, na presença de um
pesquisador e uma professora da escola, em um total de 135 crianças, 44% do sexo
masculino e 56% do sexo feminino. A prevalência de sintomatologia depressiva encontrada
foi de 1,48%.
Almeida-Filho, Marie, Coutinho, França, Fernandes, Andreoli e Busnello (1992)
realizaram um estudo de morbidade psiquiátrica de adultos em três áreas urbanas brasileiras
(Brasília, São Paulo e Porto Alegre), tendo como objetivo estimar as prevalências globais
de distúrbios psiquiátricos (EPG) na população e estimar as prevalências de demanda
potencial (DPE) de serviços destinados a tratamento dos distúrbios psiquiátricos. O estudo
foi realizado com 6.470 participantes maiores de 15 anos. Foi aplicado um instrumento de
triagem (QMPA) para juntamente com o DSM III diagnosticar os casos e os não casos.
Como resultados, encontraram que as estimativas de demanda potencial (DPE) variaram de
20% a 35%, enquanto que as taxas de prevalências globais (EPG), incluindo qualquer nível
12
de sintomatologia, situaram-se entre 30% e 50%. Os achados por grupo diagnóstico
mostram que ansiedade e fobias constituem os principais problemas de saúde mental da
população urbana brasileira, com EPG variando de 8% a 18% e DPE de 5% a 12%.
Apontou também uma prevalência (em 30 dias) em casos de depressão em Brasília de 2,8%
e, em São Paulo de 1,9 %.
Observa-se que existe uma preocupação por parte da Organização Mundial da
Saúde em relação ao aumento de casos de depressão no mundo nas últimas décadas e
aparentemente esse aumento é estimado para as próximas décadas também. Sendo
necessária para combater tal situação uma maior divulgação na mídia, maior conhecimento
dos sintomas depressivos na população em geral e, principalmente, aumentar a capacidade
dos profissionais no diagnóstico da depressão (Baptista, 2004).
2.3 Diagnóstico
Apesar das características mais típicas dos estados depressivos serem os
sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam tais sensações. Para
chegar-se a um diagnóstico de depressão é necessário um trabalho que considere os
sintomas psíquicos, fisiológicos e evidências comportamentais.
A depressão é diagnosticada a partir da presença de determinados sintomas que se
manifestam numa certa duração, freqüência e intensidade. Nos manuais psiquiátricos
mundialmente reconhecidos e atualmente em vigor o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais DSM-IV-TR (APA, 2002) e pela Organização Mundial de Saúde CID-
10 (OMS, 1993), descrevem minuciosamente. Reservando um item dentro da nosografia
os "Transtornos do Humor" (DSM-IV) ou "Transtornos Afetivos" (CID-10).
13
O Critério de Diagnóstico para a classificação do episódio depressivo pelo CID 10
também utilizado pela Associação Médica Brasileira apresenta três sintomas fundamentais
e sete sintomas acessórios (OMS, 1993).
1. Sintomas típicos: a) Humor deprimido; b) Perda de interesse; c) Fatigabilidade.
2. Sintomas Adicionais: a) Concentração e atenção reduzidas; b) Auto-estima e
autoconfiança reduzidas; c) Idéias de culpa e inutilidade; d) Visões desoladas e pessimistas
do futuro; e) Idéias ou atos auto lesivos ou suicídio; f) Sono perturbado; g) Apetite
diminuído.
Convencionalmente fala-se em depressão quando estão presentes pelo menos cinco
dos seguintes sintomas, por pelo menos duas semanas (APA, 2002; OMS, 1993), humor
depressivo, perda de interesse ou prazer (um destes dois ou ambos são obrigatórios), perda
ou ganho de peso significativo, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor,
fadiga ou perda de energia, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva, indecisão ou
capacidade diminuída de pensar e pensamentos de morte recorrentes. A OMS (1993) com
base no CID -10 classifica como depressão grave (três sintomas típicos e quatro adicionais),
moderada (dois sintomas típicos e três adicionais) e leve (dois sintomas típicos e dois
adicionais - nenhum em grau acentuado)
Segundo Del Porto (1999), os sintomas no plano psíquico, fisiológicos e
comportamentais podem ser:
1. Sintomas psíquicos: a) Humor depressivo: sensação de tristeza, auto
desvalorização e sentimentos de culpa. Geralmente os pacientes trazem sentimentos de que
os objetos e pessoas lhes parecem fúteis, minimizando sua importância. Descrevem que
perdem a capacidade de prazer e alegria aparentando um grande vazio. As crianças e os
14
adolescentes m comportamentos de irritabilidade ou explosões de raiva e agressividade.
os adultos relatam uma apatia, ou seja, uma indiferença em relação aos ganhos e perdas;
b) Redução da capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades, antes
consideradas como agradáveis. O doente perde o interesse por atividades sociais; c) Fadiga
ou sensação de perda de energia: A pessoa pode relatar fadiga persistente, mesmo sem
esforço físico, e as tarefas mais leves parecem exigir esforço substancial, lentificando-se o
tempo para a execução das tarefas; d) Diminuição da capacidade de pensar, de se
concentrar ou de tomar decisões. Decisões antes quase automáticas são difíceis no presente.
Um paciente pode demorar a terminar um simples relatório, pela incapacidade em escolher
as palavras adequadas. O curso do pensamento pode estar notavelmente lentificado.
2. Sintomas fisiológicos: a) Alterações do sono (mais freqüentemente insônia,
podendo ocorrer também hipersonolência). A insônia é, mais tipicamente, intermediária
(acordar no meio da noite, com dificuldades para voltar a dormir), ou terminal (acordar
mais precocemente pela manhã). Pode também ocorrer insônia inicial. Com menor
freqüência, mas não raramente, os indivíduos podem se queixar de sonolência excessiva,
mesmo durante as horas do dia; b) Alterações do apetite (mais comumente perda do apetite,
podendo ocorrer também aumento do apetite). Muitas vezes a pessoa precisa esforçar-se
para comer, ou ser ajudada por terceiros a se alimentar. As crianças podem não ter o
esperado ganho de peso no tempo correspondente. Algumas formas específicas de
depressão são acompanhadas de aumento do apetite, que se mostra caracteristicamente
aguçado por carboidratos e doces; c) Redução do interesse sexual.
3. Evidências comportamentais: a) Retraimento social; b) Crises de choro;
15
c) Comportamentos suicidas; d) Retardo psicomotor e lentificação generalizada, ou
agitação psicomotora. Certos pacientes se referem à sensação de peso nos membros, sente-
se pesados demais.
A depressão é considerada uma condição crônica. Frequentemente é apresentada
acompanhada de sintomas físicos e de humor deprimido. Nesses casos recomenda-se um
aconselhamento de suporte com uma psicoterapia e a psicofarmacoterapia. A recorrência
aumenta com o mero de episódio depressivo, as vezes exigindo a manutenção da
medicação por tempo indeterminado. no caso de depressão leve e moderada pode ser
conduzida por psicólogo, que logicamente deve estar atento aos sintomas e a qualquer sinal
de agravamento da situação (Rakel, 1999).
Levando-se em consideração que os sintomas depressivos causam sofrimento as
pessoas acometidas deve haver uma preocupação por parte dos profissionais da área de
saúde em estudar os possíveis fatores de risco para a depressão, tornando cada vez mais o
trabalho preventivo em vez de emergencial. Estes fatores geralmente são a idade, o gênero,
fatores socioeconômicos, eventos de vida entre outros.
2.4 Fatores de Risco
Com relação ao gênero,
o estudo da Área de Captação Epidemiológica do Instituto
Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (ECA) demonstra que as mulheres
apresentam cerca de duas vezes mais depressão do que homens, não por ser um fator de
risco puro e simples, mas sim pelo ambiente e suporte social na maioria das culturas serem
diferenciados em relação ao homem. As mulheres m a característica de ruminar mais
seus próprios problemas e pensamentos negativos o que aumenta a chance da depressão
(Lima, 1999).
16
Mari, Almeida-Filho, Coutinho, Andreoli, Miranda e Streiner (1993) relatam que a
idade é um fator de risco para o começo dos transtornos depressivos, situando entre 20 e 40
anos, apesar de a depressão também ocorrer na infância. De forma similar ao sexo, também
não porque pensar que a idade seja um fator de risco isoladamente. Fatores sociais
podem colocar as pessoas mais jovens em maior risco, da mesma forma que a
predisposição biológica para depressão maior pode aumentar com a idade. Estudos
brasileiros conduzidos na comunidade sugerem que transtornos mentais comuns, como
ansiedade, depressão e transtornos somatoformes, aumentam com a idade (Baptista,
Baptista & Dias, 2001).
Fatores socioeconômicos também aparecem como fator de risco para depressão,
pessoas com baixa escolaridade e renda apresentam maiores prevalência de transtornos
mentais. As pessoas com depressão maior apresentam menor escolaridade e situação
econômica inativa do que aquelas sem a depressão ou outro transtorno mental (Lima,
1999).
Áreas de residência parece ser um fator de risco a se considerar, o estudo
ECA
sugere que a ocorrência de depressão maior é cerca de duas vezes menor em comunidades
rurais, o que poderia estar relacionado à maior integração e menor estresse nesses locais.
Essas diferenças seriam maiores entre os jovens (abaixo de 45 anos de idade). Nesse
estudo, tais diferenças permaneceram mesmo após controle de fatores de confusão, tais
como raça, situação conjugal, idade e situação socioeconômica (Lima, 1999).
Com relação à situação conjugal, a depressão parece ser mais freqüente entre
pessoas divorciadas ou separadas, do que entre solteiros e casados. Viuvez recente está
associada à alta ocorrência de depressão. Esses riscos parecem variar de acordo com o sexo.
Mulheres solteiras parecem ser menos suscetíveis à depressão do que casadas. Com os
17
homens ocorre a situação oposta. As pessoas que moram sozinhas parecem estar em maior
risco para depressão: quanto maior o mero de pessoas que moram no domicílio, menos a
chance de apresentar depressão (Lima, 1999).
Mudanças identificáveis no padrão de vida, o que se pode chamar de eventos vitais,
que representam uma ruptura do comportamento usual e afetam o bem estar do indivíduo. A
maioria dos estudos epidemiológicos mostra uma associação entre eventos negativos e
depressão maior (Lima, 1999). O estresse crônico é uma condição que em longo prazo traz
dificuldades, financeiras e nas relações interpessoais, sendo uma ameaça permanente à
segurança do indivíduo (Gomide, Salvo e Pinheiro, 2005).
Fatores sócios ambientais podem modificar o efeito de estressores sobre as pessoas.
Considera-se suporte social uma série de fatores protetores significantes e apropriados, que
o ambiente é capaz de prover aos indivíduos, habilitando-os a lidar com estressores
ambientais. O suporte social pode ser concebido a partir de quatro componentes: rede
social, interação social, suporte social percebido, e suporte instrumental. Estudos
epidemiológicos mostram que fatores como falta de esposo (a), isolamento social, e falta de
uma pessoa confidente associam-se a maior ocorrência de depressão maior (Baptista,
2004).
É importante salientar que os fatores acima citados formam uma rede causal, sendo
que cada fator não apenas afeta diretamente o indivíduo, como também interage com os
demais. No estudo ECA, por exemplo, os resultados das análises demonstraram que a
depressão é mais freqüente entre jovens, mulheres e pessoas que moram na zona urbana,
mesmo quando outros fatores sócio demográficos são considerados (Lima, 1999).
Dentro deste quadro, em que pessoas de diversas idades apresentam depressão, os
psicólogos utilizam seus conhecimentos a respeito dos aspectos psicológicos da depressão
18
para favorecer a compreensão do transtorno. Deve-se considerar a importância dos aspectos
psicológicos já que a cognição do indivíduo pode ser determinante para a doença.
2.5 Aspectos psicológicos
Dentro das abordagens psicológicas a cognitiva comportamental vem se destacando
no estudo e tratamento da depressão. A teoria cognitiva descreve que os afetos são
secundários a depressão. O crescimento da importância dos componentes cognitivos na
depressão ocorreu com os trabalhos de Beck que mencionou o fator cognição determinante
para a doença. Para o autor, a cognição é elemento essencial na patologia e as construções
negativas dos pensamentos é o fator desencadeante da sintomatologia na depressão (Beck,
1982).
Bandura (1979), destaca que pessoas deprimidas apresentam expectativas de
desempenho excessivamente elevadas, o que as conduz a experimentar pouco sucesso e
muitos fracassos, induzindo-as a prestar atenção seletiva aos eventos negativos, tendendo à
auto-avaliação negativa. Lembra ainda que existe o ciclo vicioso dos deprimidos, uma vez
que as pessoas depressivas, estando pessimistas, facilmente despertam rechaço ou rejeição
o que intensifica sua auto desaprovação, tornando-as mais negativas e assim alimentando o
ciclo doentio.
Seligman 1977, em sua teoria do desamparo aprendido, colabora com os conceitos
cognitivistas por meio da compreensão do aprendizado da impotência perante os
acontecimentos, que se estabelece em determinadas pessoas no início da vida, sendo
responsável pela representação cognitiva de fracasso existente nos pacientes deprimidos.
19
Beck (1982) teoriza a necessidade da existência de uma predisposição cognitiva
para a depressão que se originaria nas experiências iniciais das pessoas, formando os
conceitos ou esquemas negativistas sobre si mesmas e sobre a vida. Esses esquemas
disfuncionais depressogênicos ficariam latentes, podendo se manifestar quando os
indivíduos passassem por vivências semelhantes às iniciais, que foram responsáveis pela
aprendizagem da atitude negativista.
Shinohara (1998) propõe que os esquemas disfuncionais dos pacientes depressivos
têm origem nas experiências de perdas ou desapontamentos durante a infância ou
adolescência, causando distorções que moldam a percepção da realidade dentro de um
aspecto negativista. A experiência pessoal forma pressupostos cognitivos que estabelecem
sistemas de valores e crenças que, por sua vez, dão sentido e previsão aos acontecimentos.
Devido à forma e intensidade das experiências iniciais, alguns desses pressupostos podem
ser disfuncionais, que por si não causam a depressão, mas, uma vez ativados,
desencadeiam os chamados pensamentos negativos automáticos que interferem diretamente
na interpretação de tudo que ocorre com os indivíduos, desencadeando uma distorção
patológica de um processo que existe em qualquer pessoa.
O modelo cognitivo propõe três conceitos clássicos para explicar o substrato
psicológico da depressão: a tríade cognitiva, os esquemas cognitivos disfuncionais e as
distorções ou erros cognitivos. A tríade cognitiva consiste no fato de o paciente apresentar
uma visão negativa e persistente em relação a três aspectos fundamentais que são: sobre si
mesmo, sobre o mundo e sobre o futuro. Por meio dessa interpretação errônea, o deprimido
sente-se encurralado, envolvido por situações nas quais só podem ocorrer decepções,
sofrimento, desamparo e desesperança (Bahls, 1999).
20
Beck, Rush, Shaw e Emery (1997) relacionam vários sintomas depressivos como
conseqüência dessa visão negativista tríplice. Os esquemas cognitivos dizem respeito à
forma sistemática como a pessoa interpreta as situações adequando-as a suas referências
vivenciais e também designam padrões estáveis que categorizam e avaliam as experiências.
Na organização estrutural do paciente deprimido, esses padrões estáveis, que servem de
base para transformar os dados em cognições, encontram-se disfuncionais gerando
percepções distorcidas da realidade (Goldrajch, 1996). O paciente perde grande parte do
controle sobre seus pensamentos e não se acha em condições de utilizar outros esquemas
que melhor se adaptem às situações. À medida que a depressão se intensifica mais
automático se torna o pensamento. A pessoa pode vir a ser então inteiramente dominada
pelo esquema disfuncional, ficando a organização cognitiva autônoma e independente de
fatores externos (Ito, 1998).
Os erros cognitivos representam as distorções que acontecem no processamento das
informações, no sentido de adaptar a realidade aos esquemas negativistas. São erros
sistemáticos que reforçam a crença do paciente em seus conceitos depressivos. Esses
pensamentos ocorrem automaticamente, parecendo óbvios e naturais ao paciente (Beck,
1982).
Beck, Rush, Shaw, Emery (1997) pensavam que a depressão se caracteriza por uma
distorção da natureza humana. Segundo os autores, a organização cognitiva da pessoa
deprimida sofre uma revolução cognitiva a qual produz a inversão no modo de interpretar a
realidade. Uma das características do paciente severamente deprimido é a desatenção em
relação a informações ambientais, tendendo a perseverar em temas pessimistas.
Para Ferster (1973), as pessoas deprimidas apresentam como características a perda
de certos tipos de interesse em atividades habituais associadas a aumento dos
21
comportamentos como: choro excessivo, queixas, irritabilidade e autocrítica. Este
comportamento é modificado pela baixa freqüência de reforçamento positivo associado ao
aumento de freqüência do reforçamento negativo. O autor acredita que os estímulos
positivos geram respostas corporais condizentes com sensações agradáveis ou prazerosas
em contra partida os reforços negativos desestimulam o sujeito gerando um desprazer nas
atividades. O autor se refere ainda os comportamentos de fuga e esquiva são causados por
condições aversivas. Estas esquivas podem ser evidenciadas em situações que o indivíduo
não tem repertório comportamental para enfrentar tal situação. Além disso, é necessário
compreender que para cada indivíduo existe uma relação funcional entre o comportamento
e o ambiente, podendo os dois modelar e manter a depressão.
A terapia cognitiva comportamental utiliza um conjunto de procedimentos clínicos
de intervenção terapêutica frente a transtornos psicológicos e/ou psiquiátricos e que em
muito contribui para o tratamento de transtornos humor (afetivos) unipolares: A depressão
(Caballo, 2002). Entretanto, para a avaliação da depressão é necessário mais que uma teoria
bem alicerçada, são necessários outros instrumentos que possibilitem investigar com maior
validade e precisão a amostra do comportamento, dentre os quais se destacam as escalas, os
testes e os inventários de depressão.
2.6 Aspectos gerais das escalas de avaliação de depressão
Dentre as escalas existentes para a avaliação de depressão há três tipos, as escalas de
auto-avaliação que são aplicadas por um observador, as de avaliação global e as mistas que
utilizam o observador e também a auto-avaliação. Estas escalas necessitam de um
conhecimento prévio do próprio paciente ou de um observador profissional, para que assim,
22
seja realizado um julgamento padronizado que permita análises estatísticas da amostra do
comportamento do indivíduo (Calil & Pires, 1998
).
As escalas de auto-avaliação merecem uma maior consideração, uma vez que
apresentam algumas vantagens no uso em pacientes com transtornos de humor, pois os
mesmos estão numa posição única para fornecer informações sobre seus próprios
sentimentos. A avaliação objetiva, como questionários, escala de auto-avaliação e
inventários são métodos que reduzem a subjetividade e a interferência pessoal do
profissional que está realizando a aplicação. Estes instrumentos são de fácil aplicação,
correção e considerados econômicos, pois requerem um treinamento mais simples para o
aplicador (Calil & Pires, 1998
).
Existem varias escalas de depressão que são utilizadas no mundo de auto-avaliação
e mistas (hetero-aplicativas), tais como a Escala de Depressão de Hamilton (HDRS), a
Montgomery Asberg Depression Scale (MADRS), a Escala de Rastreamento Populacional
para Depressão (Center for Epidemiologic Studies Depression Scale CES-D), Escala de
Depressão de Beck (BDI), Escala de Auto-Avaliação da Depressão de Zung, Inventário de
Auto-Avaliação de Wakefield, Escala de Avaliação da Depressão de Carrol (Baptista, Souza
e Silva Alves, 2008; Calil e Pires, 1998
).
Estes instrumentos de avaliação dos sintomas depressivos, na verdade, dependem
das várias categorias de sintomas que serão incluídos nos itens de cada escala, sendo
exatamente nisso que as mesmas se diferenciam. Estas categorias estão relacionadas a
fatores relacionados ao humor, ao sistema vegetativo, a parte psicomotora, a área social, a
aspectos cognitivos, a ansiedade e a irritabilidade (Calil & Pires, 1998
).
A HDRS é uma das escalas mais utilizadas mundialmente e uma das mais
importantes levando-se em conta que muitas escalas são modificações da mesma. É uma
23
escala que é sensível na avaliação da gravidade dos sintomas de modo que as escalas
desenvolvidas posteriores são comparadas a ela no quesito da validade e precisão. Apesar
do instrumento ser construído para verificar a gravidade de um número grande de sintomas
depressivos o aspecto somático e cognitivo são os mais focalizados (Calil & Pires, 1998
).
A MADRS foi construída depois da HDSR e de outras que se seguiram. Ela é uma
escala considerada simples, que no seu desenvolvimento teve por objetivo mensurar as
variações do estado clínico do paciente servindo para avaliar a resposta terapêutica. Tem
seus itens em sua maioria focados no humor, no sistema vegetativo e nos aspectos
cognitivos (Calil & Pires, 1998
).
Um instrumento particularmente adequado para uso com pacientes psiquiátricos é o
BDI, porém, tem sido amplamente usado na clínica, em pesquisa com pacientes não
psiquiátricos e na população geral. Ele é composto por 21 itens focalizado em sua maioria
em aspectos cognitivos e vegetativos (Baptista, Souza e Silva Alves, 2008; Gorestein e
Andrade, 1998).
As Escala de Auto-Avaliação da Depressão de Zung e a Escala de Avaliação da
Depressão de Carrol focalizam seus itens em sua grande maioria em aspectos cognitivos e
vegetativos. O Inventário de Auto-Avaliação de Wakefield tem a construção dos seus itens
direcionados em sua maioria nos aspectos vegetativos, de humor e de ansiedade (Calil &
Pires, 1998
).
Além destas, a CES-D é um instrumento de rastreamento reconhecido como um
recurso rápido, simples e útil para a identificação de sintomas depressivos ou de
vulnerabilidade à depressão. Ela não se constitui num instrumento diagnóstico no sentido
estrito, mas funciona como um indicador da possível presença de depressão, que deve ser
avaliada por critérios clínicos, bioquímicos e psicossociais, para que se possa fazer uma
24
afirmação mais segura sobre sua presença ou ausência. Existem ainda escalas especificas de
uma população alvo, a Children´s Depression Invetory (CDI) que avalia depressão entre 6 a
16 anos e a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, usada para medir a depressão em
idosos (Batistoni, Neri e Cupertino, 2007).
É importante ressaltar que cada escala tem sua construção pautada e focalizada em
diferentes aspectos, portanto, uma escala que tem a maioria dos seus itens relacionados ao
aspecto cognitivo logicamente vai ser mais sensível na captação de sintomas relacionados à
cognição, outras escalas podem ser sensíveis na captação de sintomas psicomotor,
vegetativo, de ansiedade entre outros. É difícil avaliar qual instrumento consegue mesurar
melhor a depressão já que o enfoque de cada instrumento pode ser diferenciado.
3. PERSONALIDADE
3.1 Modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF)
Assim como a depressão a discussões acerca da personalidade têm sido constantes
ao longo da história da Psicologia, resultando em várias teorias que procuram conceituá-la.
Segundo Hall, Lindzey e Campbell (2000), a personalidade pode ser explicada de maneiras
distintas por quatro correntes teóricas. As teorias psicodinâmicas que enfatizam os motivos
inconscientes e os conflitos intrapsíquicos do ser humano; as teorias estruturais que
focalizam as diferentes tendências comportamentais que caracterizam os indivíduos; as
teorias experienciais que observam a maneira pela qual a pessoa percebe a realidade; e, por
fim, as teorias da aprendizagem que enfatizam a base aprendida das tendências de resposta.
25
É interessante observar que estas teorias incluem conceitos que explicam a
coerência do comportamento, sendo estes aspectos mais duradouros, que possibilitam o
estudo da personalidade humana. Para as teorias, independentemente de quais sejam as
origens dos estímulos apresentados, as unidades principais do comportamento ao longo do
tempo sempre são mantidas, caracterizando, assim, uma identidade individual (Bazi, 2000).
Pode-se considerar então que a consistência no comportamento dos sujeitos define as
“características psicológicas” que vão demonstrar formas de pensar, sentir e atuar com as
pessoas (Eysenck & Long, 1998).
Allport (1973) acreditava que a forma mais adequada de análise da personalidade
humana requer a identificação de princípios gerais de desenvolvimento, organização e
expressão das características estáveis das pessoas, sem esquecer que a propriedade mais
notável do homem é sua individualidade. A personalidade para esse autor é uma
organização dinâmica do indivíduo relacionada aos sistemas psicológicos e físicos, que
determinam o seu comportamento e o seu pensamento.
Os Traços de personalidade são considerados por alguns pesquisadores como uma
das principais unidades da personalidade, tendo papel preponderante na forma de agir,
pensar e sentir de determinada pessoa, emergindo de tal descrição uma visão geral do
comportamento típico do indivíduo (Allport,1973; Goldberg, 1990; Pervin, 1978).
Allport (1973), em seus estudos, definiu traço como sendo as unidades estruturais
da personalidade. Tal definição pode ser realizada por meio da análise semântica de 1.800
palavras (sobretudo adjetivos). Estas palavras são sujeitas a análises estatísticas (análise
fatorial) e reduzidas a fatores que são amplamente aceitos. Ainda segundo este autor, deve-
se evitar a multiplicidade desnecessária de conceitos; assim os fatores são muito mais
26
aceitos usando o menor número de conceitos para descrever a multiplicidade dos
fenômenos.
Eysenck (1993), foi um dos maiores defensores da teoria de traços, o autor
apresentou diversos estudos sobre os mesmos e os conceituou como sendo certas tendências
que são percebidas nos processos de modificações e reorganizações da personalidade que
diferenciam um sujeito do outro. Nesse contexto, cada pessoa deve lidar com seus motivos
e com as influências ambientais, com vistas a reajustar seu comportamento caso necessário
por conta de situações inesperadas que aparecem durante a vida. Sua teoria considera a
personalidade como uma hierarquia de traços, definindo-os como tendências duradouras,
modos de comportar-se em uma diversidade de situações.
De acordo com John, Angleitner e Ostendorf (1988), Cattell produziu 35 variáveis
que ele próprio considerava mais importantes a partir do trabalho de Allport sobre os
termos relevantes da personalidade e sua categorização em traços, estados, papéis e
tendências. Cattell foi o primeiro a analisar um grande conjunto de medidas de traços da
personalidade, e utilizando a análise fatorial, chegou a uma solução de 16 fatores que
procuravam explicar o construto. O sistema de Cattell baseou-se nas descrições de
personalidade obtidas por meio de entrevistas, questionários e avaliações entre pares, sendo
atribuído ao autor o desenvolvimento de uma metodologia que permitiu agrupar de forma
objetiva centenas de descritores de traços (Digman & Inouye, 1986).
Vale destacar que os métodos de análise fatorial utilizado por Cattell eram limitados
e pouco sofisticados. As análises fatoriais eram feitas manualmente. Talvez, por isso, o
modelo tenha permanecido extenso com 16 fatores (McCrae & John, 1992). Contudo, com
o avanço das técnicas fatoriais e da computação, métodos mais sofisticados de localização e
extração de fatores foram sendo desenvolvidos, e com isso, gradativamente, chegou-se na
27
formulação mais aceita atualmente, na qual a personalidade é explicada a partir de cinco
grandes fatores (Hutz e cols, 1998; John, Angleiter e Ostendorf, 1988).
O primeiro a apresentar em 1930 uma explicação teórica da personalidade a partir
dos cincos fatores foi McDougall que teve seu trabalho discutido no meio acadêmico
chamando a atenção de Thurstone que começou a desenvolver pesquisas empíricas para
verificar se o modelo realmente era viável (Nunes, Hutz e Nunes, 2008).
Apesar dos estudos pioneiros de McDougall e Thurstone, foram necessários
aproximadamente 50 anos para que os pesquisadores da personalidade dessem a devida
atenção aos cinco fatores. A maioria dos pesquisadores estava impressionada com o
resultado atingido por Cattell e não mostrava interesse nos estudos realizados por
McDougall que havia atingido os cinco fatores. Esta situação era esperada que os
estudos feitos por Cattell repercutiam em maior grau no meio acadêmico por se tratar de
um pesquisador renomado da época e também pela concretização de um instrumento
inovador para avaliar a personalidade por meio de traços, o 16PF (Cattell, 2000).
Somente
aos poucos os pesquisadores da área de personalidade foram considerando o modelo com
cinco fatores e os estudos de McDougall uma ferramenta vantajosa para o campo de
trabalho e para a área de pesquisa (Nunes, Hutz e Nunes, 2008).
O modelo CGF recentemente ganhou espaço e se consolidou como um método
objetivo e apropriado para o estudo da personalidade em diferentes contextos e diversas
culturas. Este modelo tem sido utilizado em muitas áreas de avaliação psicológica, como no
contexto clínico, escolar e organizacional (Hall, Lindzey e Campbell, 2000; McAdams,
1992; Nunes e Hutz, 2002; Pervin e John, 2004).
No Brasil, Hutz e cols (1998), com o trabalho intitulado O desenvolvimento de
marcadores para a avaliação da personalidade no modelo dos cinco grandes fatores,
28
evidenciaram que a composição do modelo CGF é adequada. O presente estudo trabalhará
com a adaptação realizada por Hutz e cols (1998) e com a descrição dos fatores realizada
por Nunes e cols (2007), os quais serão apresentados abaixo:
1. O Fator Neuroticismo
Neuroticismo refere-se ao nível crônico de ajustamento e instabilidade emocional.
Representa as diferenças individuais que ocorrem quando pessoas experimentam padrões
emocionais associados a um desconforto psicológico (aflição, angústia, sofrimento, entre
outros). Um alto nível de Neuroticismo identifica indivíduos que são propensos a vivenciar
mais intensamente sofrimento emocional. Além disso, inclui idéias dissociadas da
realidade, ansiedade excessiva e dificuldade para tolerar a frustração (Nunes e cols, 2007).
2. O Fator Realização
Realização representa o grau de organização, persistência, controle e motivação para
alcançarem objetivos. Pessoas que possuem escores altos nesse fator tendem a ser
organizadas, confiáveis, trabalhadoras, decididas, pontuais, escrupulosas, ambiciosas e
perseverantes. Por outro lado, pessoas que tem a pontuação baixa em Realização tendem a
não ter objetivos claros, não são confiáveis e geralmente são descritas como sendo
preguiçosas, descuidadas e negligentes (Nunes e cols, 2007).
3. O Fator Abertura a Novas Experiências
Abertura a Novas Experiências tem como principais elementos a imaginação ativa,
sensibilidade estética, atenção com sentimentos interiores, preferência pela diversidade,
curiosidade intelectual e independência de julgamento. Indivíduos com pontuação alta neste
fator são curiosos sobre assuntos internos e externos, e suas vidas são mais ricas em
experiências. Eles são dispostos a nutrir idéias novas e valores pouco convencionais, e
29
experimentam tanto emoções positivas como negativas mais intensamente (Nunes e cols,
2007).
4. O Fator Socialização
Socialização descreve a qualidade das relações interpessoais dos indivíduos. O fator
relaciona-se aos tipos de interações que uma pessoa apresenta ao longo de um contínuo que
se estende da compaixão ao antagonismo. Pessoas que tem alta pontuação em Socialização
tendem a serem generosas, bondosas, afáveis, prestativas e altruístas. Ávidas para ajudar
aos outros, elas tendem a ser responsivas e empáticas, e acreditam que a maioria das outras
pessoas iagir da mesma forma. Indivíduos que tem escore baixo em Socialização tendem
a ser pessoas cínicas, não cooperativas e irritáveis, podendo também ser pessoas
manipuladoras, vingativas e implacáveis (Nunes, Nunes, Muniz, Miguel, Couto e Primi,
2007).
5. O Fator Extroversão
Extroversão é um componente da personalidade humana que está relacionado às
formas como as pessoas interagem com os demais e indica o quanto elas são
comunicativas, falantes, ativas, assertivas, responsivas. Este Fator refere-se à quantidade e à
intensidade das interações interpessoais preferidas, nível de atividade, necessidade de
estimulação e capacidade de alegrar-se. Pessoas com pontuações altas em Extroversão
tendem a serem sociáveis, ativas, falantes, otimistas e afetuosas. Indivíduos com escores
baixos em Extroversão tendem a serem reservados (mas não necessariamente inamistosos),
sóbrios, indiferentes e independentes. Introvertidos não são necessariamente pessoas
infelizes ou pessimistas, porém não são espirituosos como caracterizam as pessoas com
escores altos neste mesmo fator (Nunes e cols, 2007).
30
Mesmo diante de resultados expressivos do modelo CGF e de sua descrição, ainda
algumas dificuldades para o modelo se tornar integrador. Apesar de evidência de
validade do modelo dos CGF carências que devem ser mostradas para um
aprimoramento do modelo, entretanto, também são vistas dificuldades em outros modelos
que buscam explicações sobre personalidade (Lima & Simões, 2000).
Uma das dificuldades é falta de consenso entre os pesquisadores no que se refere às
nomenclaturas que devem ser utilizadas para cada fator, existindo diferentes palavras para
mencionar os mesmo fatores. Em alguns instrumentos o fator agreeableness em inglês tem
sido traduzido como Agradabilidade, Amabilidade ou Socialização e o mesmo acontece
com o fator Realização também chamado no Brasil de Conscienciosidade. Outro exemplo é
o fator Abertura a Experiência que foi chamado de inteligência por alguns pesquisadores
(John, 1990).
De 1980 a 1990, outra observação foi assinalada por Briggs (1992), sua crítica fazia
referência à falta de especificidade nas definições dos fatores, fruto, em parte, por ser um
modelo com bases totalmente empíricas. Efetivamente a maneira pela qual foi construído o
modelo dos CGF por meio da análise fatorial e estudos experienciais vão contra a maioria
das descobertas desenvolvidas pelas ciências em geral, que consideram prioritariamente o
aprofundamento teórico para depois verificar á utilização prática. O modelo dos CGF foi
constituído de forma inversa com ênfase na aplicação prática e não com ênfase na teoria.
3.2 Construção da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)
Nunes, Muniz (2007) desenvolveram escalas que avaliam individualmente cada um
dos cinco grandes fatores, denominadas como Escala Fatorial de Neuroticismo (EFN),
31
Escala Fatorial de Extroversão (EFEx), Escala Fatorial de Socialização (EFS), Escala
Fatorial de Realização (EFR) e Escala Fatorial de Abertura (EFA). Com as escalas
individuais concluídas, evidenciou-se a necessidade da construção de um único instrumento
que englobasse os CGF para o uso no Brasil e pudesse avaliar todos os aspectos da
personalidade em um só instrumento.
A construção de uma escala completa com os cinco fatores gerais foi possível ao
selecionar os itens mais representativos das escalas individuais, formando assim, a BFP. O
trabalho realizado por Nunes, Nunes, Muniz, Miguel, Couto, Primi (2007) gerou itens para
os cinco fatores gerais e as 17 facetas que estão distribuídas nos mesmos, sendo que a BFP
ficou constituída por 167 itens. Essa versão foi usada na Realização de estudos em algumas
regiões brasileiras e, com os dados levantados, aconteceram análises adicionais que
permitiram a montagem da versão final da BFP, composta por 126 itens (Nunes, Hutz e
Nunes, 2008).
A BFP possui estudos de precisão, estudos de evidências de validade de
construto, concorrente e de critério, os quais estão documentados no manual técnico para
aplicação. Mesmo diante de resultados satisfatórios da consistência interna da BFP e de
seus estudos fatoriais, por ser um instrumento novo é importante a verificação da
replicabilidade dos resultados (Nunes, Hutz e Nunes, 2008).
Estudos preliminares sobre a busca de evidência de validade por meio das
correlações entre a BFP e o NEO-PI-R foram realizados. Verificou-se se a BFP reage de
maneira convergente com o NEO-PI-R averiguando a existência de correlações entre os
fatores dos dois instrumentos e também constatando o uso das escalas em grupos de
pessoas com diferentes escolaridades. Os instrumentos foram aplicados em uma amostra
preliminar de 38 universitários do interior do estado de São Paulo com idade média e 23,4
32
anos (DP = 6,9), sendo 30 estudantes eram do sexo feminino (80%). É evidente que existe
uma direta correspondência entre os dois instrumentos avaliados que as duas escalas
avaliam o construto personalidade. Os resultados demonstraram que os fatores
correspondentes dos dois instrumentos tiveram correlações significativas de magnitude de
alta r = 0,70 ( p <0,01) a r = 0,81 ( p <0,01). As correlações das facetas da BFP e do NEO-
PI-R em seus fatores correspondentes também foram realizados e foram consideradas
representativas e significativas (Nunes, Hutz e Nunes, 2008).
Um projeto que englobou a BFP em diferentes contextos e com outros cinco
instrumentos foi realizado por Ana Paula Porto Noronha conjuntamente com o Ricardo
Primi nos anos de 2007 e 2008. O estudo foi realizado em um grupo de estudantes do
ensino médio de uma escola particular do estado do Paraná. O grupo foi composto por 211
adolescentes com idades variando entre 16 e 18 anos, sendo que 58,3% eram do sexo
feminino. O estudo foi realizado no contexto da orientação profissional e, além da BFP,
foram aplicadas a Bateria de Provas de Raciocínios (BPR-5), a escala de Interesses
Profissionais (SDS), Inventário de Dificuldades de Decisão Profissional (IDDP) e a Escala
de Aconselhamento Profissional (EAP) (Noronha, Nunes, Ambiel, Barros e Freitas, 2008;
Primi, Noronha, Nunes e Ambiel, 2006).
A correlação entre a BPR-5 e a BFP foram baixas que são instrumentos que
medem construtos diferentes, a BFP avaliando a personalidade e o BPR-5 inteligência. O
resultado apontou correlações de (r= -0,22; p<0,05) a (r= 0,18; p<0,05) para as correlações
estatisticamente significativas. A EAP está ligada diretamente com a escolha profissional, a
escala apresentou uma maior correlação com a BFP do que a BPR-5. Os resultados das
correlações foram de (r= -0,20; p<0,05) a (r= 0,53; p<0,05), as correlações com magnitudes
altas significativas foram entre o fator Abertura as novas experiência da BFP e as
33
dimensões de artes/comunicação e ciências humanas/sociais aplicadas da EAP (Noronha,
Nunes, Ambiel, Barros e Freitas, 2008; Primi, Noronha, Nunes e Ambiel, 2006).
As correlações significativas variaram entre (r= -0,28 p<0,05) a (r= 0,60 p<0,05)
para a BFP e o SDS, é importante ressaltar que o teste SDS é composto por tais dimensões
(tipos), à saber, Realista, Investigativo, Artístico, Social, Empreendedor e Convencional.
Foram encontradas correlações significativas com magnitudes positivas altas entre o fator
Extroversão da BFP tipo Social e Empreendedor, o fator Socialização da BFP também teve
correlações positivas, caracterizando que quanto maior for à gentileza da pessoa maior será
seu interesse por profissões que visam ajudar o outro e que necessita de uma interação
positiva social (Noronha, Nunes e Ambiel, 2008; Primi, Noronha, Nunes e Ambiel, 2006).
4. RELAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E PERSONALIDADE
O modelo CGF juntamente com as variadas escalas de depressão abrem uma
interessante perspectiva sobre as relações empíricas e conceituais entre personalidade e
depressão. Embora descreva traços não clínicos, os fatores do modelo têm contribuído para
um melhor entendimento. Diversos estudos vêm tentando estabelecer relações dos CGF
com as patologias clínicas, dentre estas relações investigadas, encontram-se associações
entre depressão e características de personalidade, propondo que medidas baseadas no
modelo CGF podem ser úteis para identificar riscos psicológicos potenciais (Piedmont,
1998).
Como se pode verificar, o fator Neuroticismo avalia o ajustamento afetivo versus a
instabilidade emocional. Indivíduos que pontuam alto neste fator são predispostos a
experiênciar angústia, afetos negativos, idéias irrealísticas e formas de enfrentamento pouco
34
adaptativas, refletindo em um indivíduo preocupado, inseguro, nervoso e muito tenso, este
fator é o que mais se relaciona diretamente à psicopatologia em geral e a depressão em
particular (Schultz & Schultz, 2002).
É conhecido que o alto grau de Neuroticismo está relacionado aos aspectos
negativos do bem estar emocional, apresenta alta correlação com depressão, ansiedade e
autocensura, no entanto, não significa que pessoas com alto grau de Neuroticismo sofram
de depressão clínica, porém as pessoas que sofrem de depressão clínica tendem a pontuar
alto neste fator (Schultz e Schultz, 2002).
Um estudo neste âmbito foi realizado por Zonderman, Herbst, Schmidt, Costa,
MacCrae (1993) teve como objetivo verificar quando medidas de sintomas depressivos
foram usadas para predizer diagnósticos psiquiátricos, realizados em registro de
hospitalizações. A amostra foi composta 6.913 adultos que foram acompanhados ao longo
de 16 anos. As análises demonstraram que quanto maior o grau de sintomas depressivos
mesmo que estes sejam abaixo da severidade de atendimento clínico, maior a possibilidade
de ocorrência de transtornos psiquiátricos futuros.
Com o objetivo de verificar as relações entre mudanças na personalidade e
mudanças na severidade da depressão Santor, Bagby e Joffe (1997) examinaram 71
pacientes ambulatórias, recebendo um tratamento psicofarmacológico por cinco semanas.
Para a pesquisa foi utilizado o Inventário Beck de Depressão (BDI), o NEO-PI e a escala
Hamilton de Neuroticismo. Os resultados indicaram que todos os escores mudaram
significamente para as medidas de depressão e personalidade. Os escores de BDI, da escala
Hamilton e o fator Neuroticismo do NEO-PI diminuíram com o tempo, enquanto que os
escores de Extroversão aumentaram com o tempo.
35
O estudo realizado por Craigie, Saulsman, e Lampard (2007) em um centro de
intervenções clínicas, investigou a associação dos transtornos de personalidade com o
tratamento para a depressão após um limite de tempo. Baseado em grupo de terapia
cognitivo-comportamental, 115 pacientes ambulatoriais com diagnóstico de depressão
participaram do estudo. O transtorno de personalidade foi determinado pelo Millon Clinical
multiaxial Inventory-III. Como previsto, as análises revelaram que pessoas com transtorno
de personalidade apresentam um aumento dos sintomas severos de depressão. Os resultados
também demonstraram uma melhora clínica para os pacientes com sintomas depressivos
que não estão associados há um transtorno de personalidade.
Com objetivo de verificar as vulnerabilidades comuns à depressão e os transtornos
de personalidade Smith, Louisa, Alloy, Eabramsom (2006) apresentaram um estudo para
verificar as altas taxas de comorbidade da depressão com o eixo II de personalidade do
DSM-IV e também verificar os altos e os baixos níveis de risco cognitivo para a depressão.
A pesquisa foi realizada em uma amostra de 349 estudantes que se submeteram a
questionários de Diagnóstico e questionários de auto-relato, a saber, Beck Depression
Inventory, the rumination subscale, examinação de transtorno de personalidade e
verificação dos números de episódios depressivos por meio de questionários. Como
esperado o risco cognitivo e ruminação foram relacionados com a patologia do eixo II, os
estados de risco cognitivo foi também significativamente relacionado ao severo transtorno
de personalidade. A vulnerabilidade cognitiva para depressão e a ruminação de
pensamentos negativos também foram relacionadas com várias dimensões da
personalidade, incluindo paranóico, esquizotípico, histriônico, narcisista, evitativo,
dependente e obsessivo-compulsivo.
36
A literatura dos sintomas depressivos vem apontando que no período do entardecer
existe uma piora no quadro de depressão. Estes padrões estão associados a sintomas
vegetativos, a saber, peso, perda de apetite, perda de prazer, retardo psicomotor. Rusting e
Larsen (1998) fizeram uma pesquisa com 46 graduados sendo que todos os casos foram
não-clínicos. O objetivo da pesquisa era verificar se o humor deprimido, o Neuroticismo e a
ansiedade realmente estavam associados com o período do dia (entardecer). O método
utilizado para a pesquisa foi testar o humor das pessoas 3 vezes por dia em 60 dias
consecutivos por meio de questionários de auto-relato. O resultado apresentado foi que o
humor depressivo no entardecer foi relacionado com os recursos neuróticos das pessoas, a
amostra apresentou um maior nível de depressão, ansiedade e um estilo cognitivo
indicativo de desespero. O fator entardecer pode ser um fator de risco para a depressão leve
ou traços de personalidade associado a negativa afetividade.
Um estudo de levantamento bibliográfico na área neurobiológica para verificar as
áreas cerebrais de relação da personalidade e da depressão foi realizado por Foster e
MacQueen (2008). Foram examinados estudos relacionados a neuroanatomia,
neuroendócrino, molecular e alterações genéticas em pacientes deprimidos. Os autores
consideraram se os fatores comuns neurobiológicos podem ser compartilhados entre
personalidade e depressão. Os estudos já realizados fornecem insights sobre os mecanismos
neurobiológicos subjacentes à fisiopatologia da depressão, incluindo alterações
neuroendócrinas na função do hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), alterações
neuroanatômicas nas principais regiões cerebrais, e alterações serotoninérgicos dos
sistemas de sinalização.
Estudos clínicos mostram alterações semelhantes em pacientes deprimidos
sugerindo que alterações na função neuroendócrina do HPA, contribuíram para alterações
37
nos traços de personalidade. No cérebro, as regiões implicadas na depressão incluem o
hipocampo e o córtex cingular anterior que, aparentemente também podem desempenhar
um papel na personalidade. As principais moléculas envolvidas na depressão têm sido
extensivamente estudadas com referência aos traços de personalidade, especialmente
Neuroticismo. Até à data, medidas fisiológicas (soro e tomografia de emissão de positrons)
fornecem as mais fortes evidências implicando cérebro-neurotróficos e serotonina como
moléculas ligadas a personalidade, ao passo que evidências genético são cada vez mais
convincente. Os autores acreditam que existem ligações neurobiológicas entre
personalidade e depressão, porém, eles descrevem que necessidade de mais estudos
sobre a relação da depressão e da personalidade nos aspectos neurobiológicos (Foster &
MacQueen, 2008).
Buscando alternativas para o tratamento da depressão Bagby, Quilty,Segal,
MacBride, Kennedy, Costa Junior (2008) realizaram uma pesquisa que visava verificar se
os pacientes respondem melhor a terapia cognitivo-comportamental ou a farmacoterapia.
Outra questão levantada era se algumas características de personalidade dos pacientes eram
preditivas de resposta para o tratamento cognitivo-comportamental ou para a
farmacoterapia. A amostra foi composta por 280 pessoas e os instrumentos utilizados foram
o Inventário de Personalidade Neo Revisado (NEO-PI-R) e a Escala de Depressão
Hamilton. Houve diferenças nas respostas nos domínio de Neuroticismo e nas facetas de
confiança e sinceridade, distinguindo assim, as taxas de resposta da Terapia Cognitivo-
Comportamenal em comparação com a farmacoterapia. Na conclusão os autores acreditam
que os fatores da personalidade podem contribuir na escolha e na otimização do tratamento
de depressão, por exemplo, pessoas com níveis elevados de Neuroticismo reagiram melhor
ao tratamento farmacoterápico. Por outro lado, veis elevados de agressividade parecem
38
ser um indicador que reage melhor a psicoterapia, portanto, os autores sugerem que cada
característica de personalidade reage diferentemente aos dois tratamentos. Outro resultado
da pesquisa foi que indivíduos depressivos apresentaram níveis elevados de Neuroticismo,
baixos afetividade e níveis baixos nos fatores Extroversão e Realização.
Outro estudo que demonstra a correlação do fator Neuroticismo com
depressão foi realizado por Maciel e Yoshida (2006) que investigaram as características de
Neuroticismo, alexitimia e depressão em dependentes de álcool. Participaram 20 pacientes
ambulatoriais e 20 não-dependentes, membros da comunidade. Foram utilizados a escala
individual de Neuroticismo (EFN), a Toronto Alexithymia Scale (TAS) e o Inventário Beck
e Depressão (BDI). Os resultados apontaram para diferenças entre o grupo ambulatorial
dependente e o grupo não dependente, os dois grupos tiveram medidas diferentes em
Neuroticismo, tanto na escala geral da EFN quanto para os outros dois inventários, apenas
no fator depressão não houve diferença. O estudo demonstrou que os dependentes em
álcool apresentam níveis elevados de Neuroticismo em relação ao grupo controle.
Uma pesquisa nacional no âmbito clínico, especificamente no contexto hospitalar
foi realizada por Dias (2008). Foram aplicados a Escala de depressão (EDEP), o teste
Inflammatory Bowel Disease Questionnaire (IBDQ), a Bateria Fatorial de Personalidade
(BFP) e o Inventário de Percepção do Suporte Familiar (IPSF) em um grupo clínico
composto por 100 pessoas com um tipo específico de doença inflamatória intestinal,
denominada Doença de Crohn (DC) e em 100 pessoas de um grupo não clínico.
Algumas correlações encontradas destacam-se, como a entre a EDEP e o fator
Neuroticismo (r=0,48; p<0,01) da BFP. Tais associações eram esperadas, uma vez que
correlações entre medidas de Neuroticismo e depressão têm sido documentadas de forma
recorrente (Nunes, 2000). De modo semelhante, verificou-se que quanto maiores os
39
suportes familiares, menores os níveis de Neuroticismo (r= -0,33, p<0,01) (Nunes, Hutz e
Nunes, 2008). Foram apresentadas também as correlações dos fatores Extroversão (r= -
0,32; p<0,01), Socialização (r= -0,23; p<0,01), Realização (r= -0,15; p<0,01) e do fator
geral de Abertura, que não teve correlação significativa com a EDEP.
Alguns estudos demonstraram que existe correlação negativa entre os sintomas depressivos
e os fatores Extroversão, Realização, Socialização e Abertura a Experiência do modelo dos
CGF (Bagby, Quilty, Segal, Macbride, Kennedy, Costa Junior, 2008; Dias, 2008). Estes
achados estão sendo discutidos na literatura sobre pessoas que possuem características
predominantes destes fatores que tendem a ter menor pré-disposição para depressão
(McCrae & Costa, 2003). São necessários novos estudos que confirmem ou levantem
outras hipóteses acerca de quais variáveis de personalidade podem estar relacionadas à
depressão, além disso, escassez na literatura sobre a associação entre os fatores da
personalidade e depressão.
5. OBJETIVOS
Geral
Buscar evidências de validade baseada na relação com outras variáveis para a Escala
de Depressão (EDEP) com a Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) por meio da
verificação das correlações entre os escores da EDEP com os fatores gerais e as facetas da
BFP.
Específicos
40
1. Avaliar se gêneros, nível econômicos, estados civil e idade diferenciam os escores
da EDEP e da BFP;
2. Analisar a associação entre os eventos de vida, com os escores de depressão e
personalidade.
6. MÉTODO
6.1 Participantes
Participaram deste estudo 212 pessoas com idades entre 17 e 58 anos com média de
25 anos (DP= 8,21), de ambos os sexos, sendo 57 (26,9%) do sexo masculino e 155
(73,1%) do sexo feminino, estudantes universitários inseridos nos cursos de Arquitetura e
Psicologia de uma instituição de ensino superior privada do estado de São Paulo.
6.2 Instrumentos
Os dois instrumentos utilizados neste estudo serão a Escala de Depressão (EDEP),
Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) também será utilizado um Questionário de
Identificação.
6.2.1 Questionário de Identificação (anexo)
O Questionário é composto por treze perguntas que objetivam apurar dados
sociodemográficos e informações de caracterização da amostra. Nas primeiras seis
perguntas estão inclusas o nível de escolaridade do testando e do chefe da família, o gênero,
estado civil, idade e o curso acadêmico em que o sujeito está inserido. A questão sete tem o
41
intuito de classificar o participante em classes sociais, para isso, foram utilizados os
indicadores da Associação Nacional de Empresa de Pesquisa (ANEP, 2000), verificando a
quantidade de artefatos que o participante possui dentro de casa (televisão, rádio, banheiro,
automóvel, empregada mensalista, aspirador de pó, maquinas de lavar, vídeo cassete ou
DVD, geladeira, freezer).
Na questão oito é perguntado se o participante está trabalhando no momento e qual
seria a sua profissão, as questões 9 a 12 são perguntas diretamente relacionadas à avaliação
de depressão na família, a avaliação do próprio participante e se o mesmo está passando por
um tratamento psiquiátrico/medicamentoso e/ou psicológico. A última questão é uma
adaptação do instrumento de eventos de vida desenvolvido por Eugene Paykel e traduzido
para o Brasil. São itens que incluem eventos no trabalho, educação, questões financeiras,
saúde, lutos, migração/mudança, namoro/coabitação, questões legais, família e matrimônio,
que são fatores de risco a depressão. O tempo de aplicação foi de aproximadamente 5
minutos.
6.2.2 Escala de Depressão (EDEP) (Baptista & Sisto, em desenvolvimento)
Para a construção da EDEP foram utilizados os indicadores do DSM-IV-TR (APA,
2002) e do CID 10 (OMS, 1993). Os indicadores também foram baseados nos preceitos de
Beck (Beck & Cols, 1997) juntamente com a Teoria Comportamental da Depressão de
Ferster, Culbertson e Boren (1977). A EDEP é um instrumento de rastreamento para
amostras psiquiátricas e não-psiquiátricas, em formato likert de cinco pontos, que variam de
zero a quatro. A pontuação mínima para o teste é zero e a máxima trezentos.
Foram considerados para sua construção 28 indicadores da depressão, a saber,
humor deprimido, perda ou diminuição de prazer, choro, desesperança, desamparo,
42
indecisão, sentimento de incapacidade e inadequação, carência/dependência, negativismo,
esquiva de situações sociais, queda de produtividade, inutilidade, autocrítica exacerbada,
culpa, diminuição da concentração, pensamento de morte, auto-estima rebaixada, falta de
perspectiva sobre o presente, hipocondria, alteração de apetite, alteração de peso, alteração
de sono, lentidão/agitação psicomotora, perda de libido, fadiga/perda de energia e irritação.
A partir destes indicadores foram elaboradas
150 sentenças que abordam cada um deles de forma negativa e positiva, como exemplo:
Tabela 1
Exemplos das sentenças que compõem a EDEP
Não me sinto irritado
Tenho estado mais irritado
Não penso em me machucar
Tenho pensado em me
machucar
Não tenho pensado sobre isso
Tenho pensado mais sobre
morte
Gosto de tomar remédio por
precaução
Tomo remédio apenas quando
preciso
Não costumo sentir culpa
Venho me sentindo culpado
pelos problemas
As frases foram construídas por 10 profissionais de Psicologia, com experiência em
atendimentos de pacientes com transtorno de humor, após a eliminação de frases repetidas e
dúbias, foram gerados 75 itens, compostos por um par de frases cada. Cada item é
composto por uma régua contendo cinco círculos, dentro dos quais é requisitado que se
indique um único círculo no qual melhor expressa como a pessoa se sente em relação às
afirmações apresentadas. No exemplo mencionado "irritação” citada acima o participante
deve escolher o círculo imediatamente mais próximo da frase "Não me sinto irritado", caso
ele concorde completamente com essa sentença, ou próximo à frase "Tenho estado mais
irritado", caso ele se sinta irritado. O círculo central deve ser marcado se o sentimento de
irritação puder ser classificado como "não ter mudado nem para mais nem para menos".
43
Imediatamente à sua direita, caso ele se sinta "não muito" irritado, e imediatamente à sua
esquerda, caso se sinta um "pouco" irritado o mesmo deve ser realizado nos outros
exemplos colocados.
6.2.3 Bateria Fatorial de Personalidade (Nunes, Hutz e Nunes, 2008)
A escala tem como finalidade a avaliação da personalidade por meio dos traços. As
respostas dadas aos itens da BFP são registradas em uma escala tipo likert de concordância,
de sete pontos, sendo que esta pontuação vai flutuar dependendo da identificação do sujeito
com a frase apresentada. Quanto maior a pontuação maior será sua identificação com a
frase. É aconselhável a avaliação em pessoas que, no mínimo, tenham cursado parcialmente
o ensino médio. O tempo de aplicação estimado é de 35 minutos.
A BFP consiste de um instrumento de auto-relato que tem sua base no modelo dos
cinco grandes fatores adequados para o Brasil por Hutz, Nunes, Silveira, Serra, Antón,
Wieczonek (1998). Faz-se necessário ressaltar que o CGF é uma versão moderna e atual
dos modelos gerados pelas teorias de traço e tem seus fatores representados pelas
nomenclaturas Neuroticismo, Realização, Abertura para novas Experiências, Socialização e
Extroversão.
A BFP foi construída selecionando os itens mais representativos das escalas fatoriais
individuais. Para esta seleção de itens da EFN, EFEx, EFS e EFR foi realizada, dentro das
bases de dados originalmente utilizadas para a validação e normatização destes testes,
utilizando a Teoria de Resposta ao Item (TRI). As amostras foram compostas
principalmente por estudantes de ensino médio e universitário sendo de diferentes estados
brasileiros e totalizavam 1.218, 1.084, 1.100 e 160 participantes para a EFN, EFEx, EFS e
EFR, respectivamente. É importante ressaltar que, para a versão preliminar da BFP, os itens
44
da EFA apenas foram selecionados a partir da análise de conteúdo, uma vez que tal escala
não havia sido aplicada ao momento em qualquer grupo (Nunes, Nunes, Muniz, Miguel,
Couto, Primi, 2007).
Nunes, (2007), em seus estudos por meio de análises fatoriais geraram a seleção de
28 itens para avaliação de Socialização Alpha = 0,85, 24 para Neuroticismo Alpha = 0,89,
29 para Extroversão, Alpha = 0,89, 44 para Abertura e 42 para Realização com Alpha =
0,88. Sendo assim, a bateria ficou constituída primeiramente por 167 itens, englobando os
cinco fatores em um instrumento. Nunes, Hutz e Nunes (2008) aplicaram a BFP em
1.729 pessoas de cinco estados brasileiros, sendo que a maioria da amostra de pessoas foi
da Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul. A idade média da amostra foi de 21,9 anos
(DP=7,9) e 29,7% das pessoas avaliadas eram homens.
A partir dos resultados desse estudo, foram realizadas novas análises fatoriais para a
extração dos fatores e identificação dos itens mais representativos para cada faceta do
instrumento, bem como a consistência interna dos fatores e de suas respectivas facetas. Foi
considerada a interpretabilidade dos itens bem como a carga fatorial dos mesmos e itens
com cargas fatoriais inferiores a 0,30 foram eliminados. Com essa análise, a Bateria
Fatorial de Personalidade ficou composta por 124 itens em sua segunda versão.
Posteriormente, a BFP foi aplicada em grupos variados em alguns estados brasileiros, com
esta amostra mais diversificada e ampla, foi possível fazer uma seleção mais apurada dos
itens dos fatores. Com isso chegou-se em sua configuração final com 126 itens cujo tempo
de aplicação foi reduzido para aproximadamente 35 minutos (Nunes, Hutz, e Nunes, 2008).
45
Tabela 2
Os 5 fatores da BFP e suas 17 facetas caracterizadas
FATORES NÚMERO
DE ITENS
ALFA FACETAS CARACTERÍSTICAS
9
0,77
Nl
Vulnerabilidade
Dependência, necessidade de ser
aceito, passividade.
6
0, 77
N2 Instabilidade
Mudanças de humor,
irritabilidade, nervosismo.
6
0,69
N3 Passividade
Passividade para resolver
problemas rotineiros.
8
0,78
N4 Depressão
Relacionado
com sintomas
depressivos.
Total
29
0,89
Extroversão
7
0,72
E1 Comunicação
Grau de comunicação:
comunicativa, tímida.
7
0,64
E2 Altivez
Egocentrismo, ser o centro das
atenções.
6
0,77
E3 Dinamismo
Dinamismo, iniciativa para
resolver problemas.
7
0,57
E4 E4 Interações
Sosociais
Participação em grupos, ser
popular.
Total
25
0,84
Socialização
14
0,83
S1
Amabilidade
Ajuda ao próximo, altruísmo e
gentileza.
10
0,69
S2
Sociabilidade
Comportamentos de risco,
condutas anti-sociais.
10
0,70
S3
Confiança
Desconfiança das pessoas em
sua volta e de desconhecidos.
Total
28
0,84
Realização
10
0,75
R1
Competência
Alcançar os objetivos, boa
percepção sobre si.
4
0,61
R2
Ponderação
Apresenta planejamento de
ações, pouca impulsividade.
7
0,67
R3
Emprenho
Detalhista, exigem muito de si.
Total
21
0,82
Abertura
10
0,68
A1
Idéias
Abertura para novas idéias,
fantasia, imaginação.
7
0,55
A2
Liberalismo
Abertura para valores morais e
sociais.
6
0,57
A3
Novidades
Conhecer novos lu
gares, viver
novas situações.
Total
21
0,71
46
Na tabela 3 são apresentados exemplos de frases que compõe a ultima versão da
BFP que englobam os fatores Extroversão, Abertura a experiência, Neuroticismo,
Realização e Socialização.
Tabela 3
Exemplos das sentenças que compõe a BFP
Procuro seguir as regras sociais sem questioná-las. 1 2 3 4 5 6 7
Tento fazer com que as pessoas sintam-se bem. 1 2 3 4 5 6 7
Gosto de falar sobre mim. 1 2 3 4 5 6 7
Tenho um "coração mole". 1 2 3 4 5 6 7
Falo tudo o que penso. 1 2 3 4 5 6 7
Gosto de fazer coisas que nunca fiz antes. 1 2 3 4 5 6 7
Acredito que as pessoas têm boas intenções. 1 2 3 4 5 6 7
Sou divertido. 1 2 3 4 5 6 7
Tomo cuidado com o que falo. 1 2 3 4 5 6 7
Dificilmente perdôo. 1 2 3 4 5 6 7
Divirto-me quando estou entre muitas pessoas. 1 2 3 4 5 6 7
Respeito os sentimentos alheios. 1 2 3 4 5 6 7
Mesmo quando preciso resolver alguma coisa para mim,
costumo adiar até o último momento.
1 2 3 4 5 6 7
Tento influenciar aos outros. 1 2 3 4 5 6 7
Sou generoso(a). 1 2 3 4 5 6 7
Estou satisfeito comigo mesmo. 1 2 3 4 5 6 7
Não falo muito.
1 2 3 4 5 6 7
Posso agredir fisicamente as pessoas quando fico muito
irritado.
1 2 3 4 5 6 7
47
Em relação às evidências de validade, os estudos conduzidos com as escalas
individuais de validade convergente e de critério foram re-analisados com os itens da BFP,
mantendo-se resultados favoráveis e estáveis. Dentre os resultados encontrados por Nunes e
colaboradores (2008), destacaram-se as correlações de Neuroticismo com o fator
correspondente do Eysenck Personality Questionnaire (EPQ) (r= 0,80; p <0,001) e com o
Inventário de Depressão de Beck (BDI) (r = 0,66; p <0,001) e Socialização com
indicadores de transtorno anti-social no contexto escolar (r = -0,59; p <0,001) (Nunes, Hutz
e Nunes, 2008).
Outra fonte de seleção dos itens foi a relação entre a avaliação da personalidade
pelos CGF e a descrição de transtornos de personalidade a partir de sistemas categóricos,
como o DSM-IV (Nunes, 2005). Uma terceira fonte de itens foi o projeto internacional de
pesquisa em personalidade International Personality Item Pool, que foi desenvolvida
conjuntamente entre cientistas de todo o mundo para prover acesso simples e rápido às
medidas de diferenças individuais de domínio público (Nunes, 2005).
6.3 Procedimento
O presente projeto recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade São Francisco, foram agendadas as aplicações na instituição de ensino que
previamente autorizou a pesquisa. Depois de sanadas todas as possíveis dúvidas dos
participantes foram assinadas duas vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
preenchimento do questionário de identificação e aplicados os instrumentos.
48
A aplicação dos instrumentos foi coletiva tanto para a EDEP quanto para a BFP,
sendo que as duas escalas foram aplicadas em todos os participantes. A aplicação da EDEP
durou 15 minutos e a aplicação da BFP durou, aproximadamente 35 minutos.
49
7. RESULTADOS
A análise dos dados foi realizada com o uso do pacote estatístico SPSS (Statiscal
Package for Social Science), os dados foram exportados e analisados conforme a
necessidade prevista. A verificação da validade baseada na relação com outras variáveis da
EDEP foi realizada a partir do cálculo da correlação de seus resultados com os encontrados
no uso da BFP por meio de Correlação de Pearson.
Para os objetivos específicos foram aplicados os teste-t (dois grupos) e ANOVA
(mais de dois grupos) para avaliar se havia diferença de média dos instrumentos para
gênero, nível econômico, estado civil e categorias etárias. Também se utilizou o teste de
Correlação de Pearson para as medidas de eventos de vida, depressão e personalidade.
Todos os testes terão como parâmetro o nível de significância de 5%.
7.1 Análises descritivas da amostra
A amostra foi composta de 212 universitários com idades entre 17 e 58 anos com
média de 25 ± 8,21 anos. A pesquisa foi realizada com ambos os sexos, sendo 155 (73,1%)
do sexo feminino de uma universidade privada do interior do estado de São Paulo, a
amostra foi realizada em sua maioria com alunos de Psicologia 152 (71,7%).
Em relação a estado civil, 170 (80,6%) dos participantes foram considerados como
sozinhos, incluindo solteiros, viúvo e desquitado e 39 (18,5%) foram considerados juntos,
incluindo casado e recasado. Para identificar a classe econômica da amostra foi utilizado o
Critério Padrão de Classificação Econômica do Brasil de 2008. A maioria dos participantes
foi incluída nas classes A2, B1, B2 e C1 com um total de 194 (90,9%) da amostra, com
uma participação pequena de participantes as classes A1, C2 e D totalizaram 18 (9,1%) da
amostra. Para verificação dos dados cio-demográficos mais detalhadamente segue anexa
a Tabela 4.
50
Tabela 4
Frequência - Dados sócios demográficos
Idade N F
16 - 20 59 32,8%
21 - 25 60 33,3%
26 - 30 32 17,8%
31 - 35 8 4,4%
36 - 40 5 2,8%
41 - 45 10 5,6%
46 - 50 1 0,6%
51 - 55 3 1,7%
56 - 60 2 1,1%
Total 180 100%
Não responderam 32
Total 212
Sexo N F
Feminino 155 73,1%
Masculino 57 26,9%
Total 212 100%
Estado civil
N F
Sozinhos 170 80,6%
Juntos 39 18,5%
Outros 2 0,9%
Total 211 100%
Não responderam 1
Total 212
Classe Econômica N F
B2 67 31,6%
B1 51 24,1%
A2 41 19,3%
C1 35 16,5%
C2 8 3,8%
A1 6 2,8%
D 4 1,9%
Total 212 100%
Curso N F
Psicologia 152 71,7%
Arquitetura 60 28,3%
Total 212 100,0%
51
Foi analisado nesta pesquisa se os participantes trabalhavam e qual seria sua
profissão. Dos participantes, 150 (71,1%) estão trabalhando e 61 (28,9%) não (apenas 1 não
respondeu a pergunta). Das profissões exercidas pelos participantes algumas foram mais
frequentes nas respostas: auxiliares/assistentes de administração, escritório ou de recursos
humanos 26 (17,9%), estagiários 30 (20,7%), recepcionista/secretária 15 (10,3%) e
Desenhista projetista 11 (7,6%). O restante das profissões, bem como suas frequências
estão demonstrados na Tabela 5.
Tabela 5
Frequência - Trabalha atualmente e profissão
Trabalha atualmente N F
Sim 150 71,1%
Não 61 28,9%
Total 211 100%
Não responderam 1
Total 212
Profissão N F
Estagiário 30 20,7%
Auxiliar/Assistente 26 17,9%
Recepcionista/Secretária 15 10,3%
Desenhista Projetista 11 7,6%
Professor/Instrutor 9 6,2%
Vendas 7 4,8%
Área financeiro-Bancária 7 4,8%
Gerentes 6 4,1%
RH 5 3,4%
Técnico 4 2,8%
Recreação 2 1,4%
Outros 18 15,9%
Total 150 100%
Também se investigou se alguém da família já havia sido diagnosticado com
depressão por psicólogos e psiquiatras e qual seria o grau de parentesco deste familiar (1º
52
Grau: pais, irmãos e avós Grau: Tios e primos). Dos 212 participantes 60 (28,6%)
responderam que sim (havia algum familiar diagnosticado), e apenas 2 participantes não
responderam a questão. Dos participantes com resposta positiva 49 (81,7%) mencionaram
que eram parentes de Grau e 11 (18,3%) responderam que eram parentes de 2 º grau
(Tabela 6).
Tabela 6
Frequência - Avaliação diagnóstica para depressão em familiares e o grau de parentesco
Avaliação diagnóstica N F
Não 150 71,4%
Sim 60 28,6%
Total 210 100%
Não responderam 2
Total 212
Grau de parentesco N F
Parentes de 1º grau 49 81,7%
Parentes de 2º grau 11 18,3%
Total 60 100%
Quando perguntado se o participante havia passado por uma avaliação
psiquiátrica ou psicológica 153 (72,2%) responderam que não haviam passado por
nenhuma avaliação, 15 (7,1%) passaram por avaliação e foram diagnosticados com
depressão, 34 (16%) participantes passaram por avaliação sem nenhum diagnóstico e 10
(4,7%) participantes passaram por avaliação com outro diagnóstico dentre os quais
destacaram-se: transtorno de pânico, ansiedade, hiperatividade e irritabilidade vide (Tabela
7).
53
Tabela 7
Frequência. - Avaliação psiquiátrica/psicológica e diagnóstico sugerido
Avaliação Psiquiátrica e psicológica N F
Não 153 72,2%
Sim, sem nenhum diagnóstico 34 16,0%
Sim, com diagnóstico de depressão 15 7,1%
Sim, com outro diagnóstico 10 4,7%
Total 212 100%
Diagnóstico N F
Ansiedade 2 20%
Hiperatividade 2 20%
Irritabilidade 2 20%
Transtorno de Pânico 2 20%
Transtorno Bipolar 1 10%
Carência na infância 1 10%
Total 10 100%
Com relação ao participante estar passando atualmente por tratamento psicológico
de depressão a grande maioria não passa por tratamento 207 (97,6%), somente 5 (2,4%) dos
participantes responderam que estão passando por tratamento psicológico variando de 2
meses a 6 anos de tratamento (Tabela 8).
Tabela 8
Frequência - Tratamento psicológico atual para depressão e sua duração
Tratamento N F
Não 207 97,6%
Sim 5 2,4%
Total 212 100%
Tempo do tratamento N F
2 meses 2 40%
2 anos 1 20%
4 anos 1 20%
6 anos 1 20%
Total 5 100%
54
A respeito de tratamento medicamentoso 185 (98,4%) participantes não estão
passando por tratamento, apenas 3 (1,6%) estão atualmente sendo tratados com
medicamentos, variando de 1 a 5 anos de tratamento e 24 participantes não responderam a
esta pergunta (Tabela 9).
Tabela 9
Frequência - Tratamento medicamentoso atual para depressão e sua duração
Tratamento N F
Não 185 98,4%
Sim 3 1,6%
Total 188 100%
Não responderam
24
Total 212
Tempo do tratamento N F
1 ano 1 33%
3 anos 1 33%
5 anos 1 33%
Total 212 100%
Na Tabela 10, quando foi perguntado a todos os participantes se consideram estar
incluídos em algum nível de sintomatologia depressiva 23 (10,8%) participantes acreditam
estar com sintomas leves, 5 (2,4%) participantes acreditam estar com sintomas moderados e
184 (86,8%) não responderam, provavelmente porque não estavam incluídos em nenhum
dos níveis
Tabela 10
Frequência – Autopercepção do nível de sintomas depressivos
Nível dos
sintomas
N F
Leve 23 82,1
Moderado 5 17,9
Total 28 100,0
Total 212
55
7.2 Análises descritivas da EDEP, da BFP e dos eventos de vida.
Na Tabela 11 é demonstrada a estatística descritiva das pontuações da amostra para
a EDEP, facetas e os fatores gerais da BFP. É interessante observar que a menor média
dentre os fatores gerais da BFP foi de Neuroticismo para um DP = 0,82 e a maior média foi
de Socialização com DP = 0,85. A média da EDEP foi de 84,33 para um DP = 45,07.
Tabela 11
Descrição da EDEP, das facetas e dos fatores gerais da BFP
Mínimo Maximo Média Desvio Padrão
EDEP
6,00 213,00 84,33 45,07
E1 – comunicação
1,67 6,67 4,42 1,05
E2 – altivez
1,43 6,14 3,82 0,96
E3 – dinamismo
2,20 7,00 4,92 0,88
E4 - interações
sociais
2,00 7,00 5,08 1,05
S1 – amabilidade
1,17 6,83 5,55 0,83
S2 – sociabilidade
1,13 7,00 4,86 1,35
S3 – confiança
1,50 6,75 4,37 1,09
R1 – competência
2,60 7,00 5,16 0,84
R2 – ponderação
1,50 7,00 4,69 1,05
R3 – empenho
1,43 7,00 4,82 0,95
A1 – idéias
2,20 6,90 4,45 1,04
A2 – liberalismo
2,14 7,00 4,86 0,88
A3 – novidades
2,00 7,00 4,65 0,94
N1 –
vulnerabilidade
1,00 6,67 3,38 1,04
N2 – instabilidade
1,00 6,67 3,60 1,21
N3 – passividade
1,00 6,50 3,59 1,20
N4 – depressão
1,00 5,50 2,29 0,92
NEUROTICISMO
1,31 5,31 3,21 0,82
EXTROVERSÃO
2,76 5,98 4,56 0,69
SOCIALIZAÇÃO
1,97 6,64 4,93 0,85
REALIZACÃO
1,84 6,47 4,90 0,69
ABERTURA
3,21 6,55 4,65 0,65
56
Para os eventos de vida no último ano para a amostra teve média de 4,64 com um
DP = 2,7. Analisando especificamente as áreas, o trabalho e a saúde aparecem como sendo
as duas áreas que mais geraram acontecimentos vitais para os participantes tendo a média
de 1,24 e 0,79 respectivamente. Os restantes das áreas apresentaram médias mais baixas na
geração de acontecimentos e podem ser verificadas na tabela 12.
Tabela 12
Descrição dos eventos de vida
Mínimo Máxim
o
Média Desvio Padrão
Ev. Trabalho
0 4 1,24 1,10
Ev. Saúde
0 3 0,79 0,69
Ev. Família
0 4 0,51 0,74
Ev. Financeiro
0 2 0,39 0,56
Ev.Legalização
0 3 0,37 0,66
Ev. Educação
0 2 0,32 0,61
Ev. Namoro
0 3 0,29 0,59
Ev. Luto
0 2 0,25 0,45
Ev. Mudança
0 2 0,24 0,45
Ev. Matrimônio
0 3 0,24 0,56
Ev. TOTAL
0 16 4,64 2,74
57
7.3 Resultado das correlações entre a EDEP e BFP.
As correlações dos fatores gerais da BFP com a EDEP em sua grande maioria foram
significativas, apenas o fator Abertura a Novas Experiências não teve resultados
significativos. O fator Neuroticismo teve correlação positiva e alta com a EDEP (r= 0,65;
p<0,01), sendo que as pessoas que sofrem de sintomas depressivos tendem a vivenciar mais
intensamente as situações de sofrimento e podem apresentar uma maior instabilidade
emocional (ou vice-versa). O fator Extroversão teve correlação negativa e moderada com a
EDEP (r= -0,42; p< 0,01), portanto, pessoas com sintomas depressivos podem interagir
menos com os demais, são pessoas menos comunicativas, falantes, ativas, assertivas e
responsivas. O fator Socialização teve associação baixa e negativa com a EDEP (r= -0,20
p< 0,01) demonstrando que pessoas com sintomas depressivos podem ter uma qualidade de
interações sociais baixas sendo pouco generosas, bondosas, afáveis, prestativas e altruístas.
O fator Realização também teve correlação negativa e baixa com a EDEP (r= -0,27
p<0,01). Esta associação demonstra que pessoas com sintomas depressivos tendem a serem
menos organizadas, persistentes e com pouco controle e motivação para alcançarem seus
objetivos (Tabela 13).
Tabela 13
Correlação de Pearson entre a EDEP e os fatores gerais da BFP
Bateria Fatorial de Personalidade
Neuroticismo Extroversão Socialização Realização Abertura
EDE
P
0,65(**) -0,42(**) -0,20(**) -0,27(**)
-0,08
** Nível de significância de p<0,01
58
Na análise das quatro facetas de Extroversão apenas a faceta E2 (altivez) envolvida
com a percepção da pessoa sobre suas capacidades não teve correlações significativas com
a EDEP. A faceta E1 (comunicação) teve correlação negativa e baixa (r= -0,30 p <0,01),
indicando que pessoas com sintomas depressivos são menos comunicativas, a faceta E3
(dinamismo) apresentou associação negativa e moderada (r= -0,54 p <0,01), sugerindo que
pessoas com sintomas depressivos tomam menos iniciativas em qualquer situação em sua
vida e, por fim, a faceta E4 (interações sociais) que apresentou correlação negativa e
moderada (r= -0,40 p<0,01) podendo se interpretar que pessoas com sintomas depressivos
tendem a uma menor interação social.
Todas as facetas do fator Socialização tiveram correlações significativas e negativas
com a EDEP, o fator S1(amabilidade) apresentou associação negativa e nula (r= -0,14
p<0,05) indicando que pessoas com sintomas depressivos tendem a serem menos
compreensivas, atenciosas e empáticas. A faceta S2 (sociabilidade) teve correlação negativa
e nula (r= -0,15 p<0,05) o que indica que as pessoas com sintomas depressivos podem se
colocar em situações de risco, bem como há um aumento da possibilidade de transgressões
a leis ou regras sociais, apresentando uma postura fechada com os demais, chegando a
pressionar e induzir os outros a realizar algo que não queiram. A faceta S3 (confiança) teve
correlação negativa e nula (r= -0,17 p<0,05) podendo representar que pessoas com
pontuação maior na EDEP não confiam tanto nos demais e acreditam mais que os outros
possam prejudicá-los.
Dentre as facetas do fator Realização duas não tiveram correlação significativa com
a EDEP, a faceta R2 (ponderação) que está relacionada com situações que envolvem o
cuidado com a forma para expressar opiniões ou defender interesses e a R3 (empenho) que
descreve uma tendência ao detalhismo na realização de trabalhos e um alto nível de
59
exigência pessoal com a qualidade das tarefas realizadas. A faceta R1(competência)
apresentou correlação negativa e moderada de (r= -0,44 p<0,05) apontando que pessoas
com sintomas depressivos tendem a buscar menos os objetivos e a ter menor consciência de
que é preciso fazer alguns sacrifícios pessoais para se obter os resultados esperados.
O fator Abertura a Novas Experiências não teve facetas significativas. A faceta A1
(idéias) é caracterizada pela abertura para novos conceitos ou idéias, A2 (Liberalismo) tem
relação com a abertura de novos valores morais e sociais e A3 (novidades) é descrita como
a tendência a buscar novos eventos e ações.
O fator Neuroticismo apresentou a maior correlação positiva com a EDEP também
se observando a mesma tendência entre suas facetas e o instrumento. A faceta N1
(vulnerabilidade) apresentou associação positiva e moderada (r= 0,40 p<0,01) indicando o
quanto intensamente as pessoas com sintomas depressivos vivenciam um maior sofrimento
em decorrência à aceitação dos outros para consigo. A faceta N2 (instabilidade) teve
correlação positiva e moderada de (r= 0,49 p<0,01) demonstrando que os sintomas
depressivos podem estar relacionados com a instabilidade emocional, o quanto as pessoas
são irritáveis, nervosas e com grande variação de humor. A faceta N3 (passividade) teve
correlação positiva e moderada (r= 0,40 p<0,01), pressupondo que pessoas com depressão
apresentam menos iniciativa, mesmo em tarefas simples e, por último, a faceta N4
(depressão) que teve a maior correlação entre as facetas do BFP, com associação positiva e
alta (r= 0,66 p<0,01), estando relacionada com a expectativa que a pessoa tem em relação
ao seu futuro, indicando também uma vida monótona. As correlações de todas as facetas da
BFP com a EDEP estão apresentadas na Tabela 14.
60
Tabela 14
Correlação de Pearson entre a EDEP e as facetas da BFP
Facetas BFP EDEP
E1 Comunicação
-0,30(**)
E2 Altivez 0,05
E3 Dinamismo
-0,54(**)
E4 E4 Interações Sociais
-0,40(**)
S1 Amabilidade
-0,14(*)
S2 Sociabilidade
-0,15(*)
S3 Confiança
-0,17(*)
R1 Competência
-0,44(**)
R2 Ponderação -0,12
R3 Empenho -0,08
A1 Idéias -0,07
A2 Liberalismo -0,11
A3 Novidades -0,01
Nl Vulnerabilidade
0,40(**)
N2 Instabilidade
0,49(**)
N3 Passividade
0,40(**)
N4 Depressão
0,66(**)
** Nível de significância de p<0,01
* Nível de significância de p<0,05
61
7. 4 Resultados da correlação dos eventos de vida com a EDEP e BFP
Procurou-se verificar se os eventos de vida no último ano, divididos por área e na
sua totalidade, se relacionavam tanto com EDEP como para as facetas e os fatores gerais da
BFP por meio da correlação de Pearson. As seguintes Tabelas demonstram as correlações
que tiveram nível de significância p<0,05.
Na tabela 15 são apresentadas as correlações dos eventos de vida com a EDEP.
Verificaram-se correlações nulas e positivas com eventos de saúde, de mudança, de
matrimonio e correlação baixa e positiva (r= 0,24 p<0,01) com o questionário de eventos
total, demonstrando que os participantes que passaram por eventos de saúde (doença física
pessoal grave, doença grave de familiar próximo, gravidez não desejada entre outros),
eventos de mudança (mudança da cidade/país ou mudança dentro da mesma cidade) e de
matrimonio (relação extraconjugal, conjugue começou ou parou de trabalhar entre outros)
tenderam a apresentar maiores níveis de sintomas depressivos. O mesmo ocorre com a
EDEP e os eventos totais, ou seja, quanto maior o número de eventos de vida respondida
pelo participante maior o resultado apontado na EDEP e vice-versa.
Tabela 15
Correlação de Pearson entre a EDEP e os eventos de vida
Eventos de Vida EDEP
Ev. Saúde 0,19(**)
Ev. Mudança 0,15(*)
Ev. Matrimônio 0,14(*)
Ev. TOTAL 0,24(**)
** Nível de significância de p<0,01
* Nível de significância de p<0,05
62
Para os resultados das correlações dos fatores gerais e das facetas de Extroversão
apenas as facetas altivez e interações sociais tiveram correlação com os eventos de vida.
A faceta Interação social apresentou correlação nula e negativa com eventos de
trabalho e correlação nula e positiva com eventos financeiros, indicando que pessoas que
participam em grupos e gostam de serem populares tendem a vivenciar mais eventos
financeiros (dificuldade financeira moderada/grave e melhora financeira) e tendem a
apresentar menos eventos de trabalho (mudança de emprego, aumento de jornada de
trabalho demissão e dispensa entre outros). A faceta Altivez teve correlação nula e negativa
com eventos de luto e correlação positiva e nula com os eventos totais, sugerindo que
pessoas com aspectos egocêntricos e que gostam de ser o centro das atenções tendem a
passar menos eventos de luto (morte de amigo íntimo, parente significativo, membro da
família, filho, cônjuge e perdas ou roubo de objeto de valor) e podem apresentar maiores
riscos para todos os eventos (Tabela 16).
Tabela 16
Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Extroversão e suas facetas
E2 -
Altivez
E4 - Interações sociais
Ev. Trabalho
-0,17(*)
Ev. Financeiro
0,17(*)
Ev. Luto -0,15(*)
Ev. TOTAL 0,16(*)
* Nível de significância de p<0,05
O fator Socialização teve correlação baixa e negativa com eventos de trabalho,
correlação nula e negativa com eventos na família e correlação nula e positiva com eventos
financeiros, indicando que pessoas que são generosas, bondosas, afáveis, prestativas e
63
altruístas tendem a apresentar menos eventos de trabalho (mudança de emprego, aumento
de jornada de trabalho demissão e dispensa entre outros) e eventos de família (nascimento
de filho, saída de filho de casa, problemas de relacionamento com familiares entre outros) e
podem apresentar mais eventos financeiros (dificuldade financeira moderada/grave e
melhora financeira). A faceta Confiança teve correlações nulas e negativas com eventos de
trabalho, eventos de saúde e eventos de família e correlações nulas e positivas com eventos
financeiros e de matrimônio, indicando que indivíduos que são desconfiados de pessoas em
sua volta e de desconhecidos tendem a ter mais problemas financeiros (dificuldade
financeira moderada/grave e melhora financeira) e de matrimônio (relação extraconjugal,
conjugue começou ou parou de trabalhar entre outros) e uma menor probabilidade de passar
por eventos de ordem financeira (dificuldade financeira moderada/grave e melhora
financeira), de saúde (doença física pessoal grave, doença grave de familiar próximo,
gravidez não desejada entre outros) e de família (nascimento de filho, saída de filho de
casa, problemas de relacionamento com familiares entre outros). A faceta Sociabilidade
apresentou correlação baixa e negativa com eventos de trabalho e correlação baixa e
positiva com os eventos financeiros, demonstrando que pessoas com aspectos de condutas
anti-sociais tendem a apresentar menos eventos de trabalho (mudança de emprego, aumento
de jornada de trabalho demissão e dispensa entre outros) e podem passar por mais eventos
financeiros (dificuldade financeira moderada/grave e melhora financeira). A faceta
Amabilidade apresentou correlação nula e negativa com eventos de família, indicando que
pessoas altruístas, gentis e que ajudam ao próximo tendem a passar menos por
acontecimentos familiares (nascimento de filho, saída de filho de casa, problemas de
relacionamento com familiares entre outros). As correlações estão apresentadas na Tabela
17.
64
Tabela 17
Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Socialização e suas facetas
S1
Amabilidade
S2
Sociabilidade
S3
Confiança
SOCIALIZAÇÃO
Ev. Trabalho -0,22(**) -0,16(*) -0,21(**)
Ev. Financeiro 0,20(**) 0,16(*) 0,19(**)
Ev. Saúde -0,16(*)
Ev. Família -0,14(*) -0,14(*) -0,18(*)
Ev.Matrimônio 0,14(*)
** Nível de significância de p<0,01
* Nível de significância de p<0,05
Na tabela 18 é apresentado o fator geral Realização, O fator não teve correlação
com os eventos de vida, apenas a faceta Empenho, teve correlação baixa e negativa com
eventos financeiros, o que pode representar que pessoas detalhistas, exigentes muito de si
apresentam menos eventos financeiros (dificuldade financeira moderada/grave e melhora
financeira).
Tabela 18
Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Realização e suas facetas
R3 -
Empenho
Ev. Financeiro -0,20(**)
** Nível de significância de p<0,01
O fator Abertura à experiência juntamente com sua faceta Idéias teve correlação
nula e positiva com o evento financeiro, apontando que pessoas que são abertas a novas
culturas, valores, idéias e fantasia tendem a ter mais eventos financeiros (dificuldade
financeira moderada/grave e melhora financeira). A faceta Liberalismo apresentou
correlação nula e positiva com eventos de família, indicando que pessoas abertas a novos
65
valores sociais e novas culturas apresentaram mais eventos de família (nascimento de filho,
saída de filho de casa, problemas de relacionamento com familiares entre outros) e a faceta
novidades teve correlação nula e positiva com os eventos de educação o que se pode
interpretar que pessoas que gostam de conhecer novos lugares e viver novas situações
tendem a ter mais eventos de educação (iniciou ou retomou estudo, mudança de escola,
interrupção do curso, fracasso acadêmico importante) (Tabela 19).
Tabela 19
Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Abertura a Experiências e suas
facetas
A1 -
Idéias
A2 - Liberalismo
A3 - Novidades
ABERTURA
Ev. Educação 0,14(*)
Ev. Financeiro 0,18(**) 0,17(*)
Ev. Família 0,16(*)
** Nível de significância de p<0,01
* Nível de significância de p<0,05
O fator Neuroticismo apresentou correlação nula e positiva com os eventos total. A
faceta Passividade apresentou correlação baixa e positiva também com eventos total. As
outras correlações significativas estão apresentadas na tabela abaixo. Dentre tais resultados
chama atenção a correlação entre os eventos total e o fator geral de Neuroticismo
demonstrando que pessoas instáveis emocionalmente, que vivenciam mais os momentos de
sofrimento tendem a ter mais eventos em sua vida (Tabela 20).
Tabela 20
Correlação de Pearson - Eventos de vida e o fator geral de Neuroticismo e suas faceta
N2 -
Instabilidade
N3 - Passividade NEUROTICISMO
Ev. Trabalho 0,14(*)
Ev. Financeiro 0,14(*)
Ev. TOTAL 0,14(*) 0,22(**) 0,15(*)
66
** Nível de significância de p<0,01
* Nível de significância de p<0,05
7. 5 Diferenças de média para a EDEP e BFP.
Na tabela 21 são apresentados somente os resultados significativos da diferença de
média para os instrumentos. Existiu diferença de média significativa entre as facetas e no
fator geral de Socialização e também para duas facetas de Neuroticismo. As mulheres
tiveram médias maiores do que os homens tanto nas facetas como também no fator geral de
Socialização e os homens tiveram médias maiores nas facetas passividade e depressão do
fator Neuroticismo.
Houve também diferença significativa entre os cursos, sendo que as pessoas que
estão no curso de Psicologia apresentaram maior média nas facetas Sociabilidade,
Confiança e no fator geral de Socialização. O grupo que cursa Psicologia também
apresentou na faceta ponderação do fator Realização maior média, os participantes que
estão cursando Arquitetura apresentaram médias maiores na faceta Instabilidade e no fator
geral de Neuroticismo.
Para analisar se existiu diferença de média dos participantes que trabalham em
relação aos participantes que não estavam trabalhando no momento em que foi realizada a
pesquisa, utilizou-se também o teste-t. Houve diferenças significativas apenas para a faceta
Sociabilidade, Confiança e para o fator geral Socialização. As pessoas que não trabalham
apresentaram pontuações maiores em relação à média para os participantes que trabalham.
No que diz respeito a diferença de média realizada para quem tem ou não familiares
com diagnóstico de depressão, verificou-se se as questões genéticas e sociais podem estar
associadas aos resultados dos participantes. Foi constatado que houve diferença de média
para a faceta Dinamismo do fator Realização, diferenças nas facetas Instabilidade e
67
Passividade do fator Neuroticismo e no fator geral Realização. Em relação à faceta
Instabilidade foi constatada uma média maior para os participantes dos familiares com
diagnóstico de depressão em relação aos participantes que não tinham familiares com
diagnóstico de depressão. O mesmo aconteceu com a faceta Passividade de com média
maior também para pessoas com familiares com diagnóstico de depressão em relação as
pessoas sem familiares com diagnóstico de depressão. Para o fator Realização a média foi
maior para as pessoas que não tiveram alguns familiares diagnosticados com depressão em
relação a participantes com familiares diagnosticados.
68
Tabela 21
Teste-t - Diferenças de média para sexo, curso, trabalha atualmente e familiar
diagnosticado
Curso Média Desvio
padrão
T P
S2 – Sociabilidade
Psicologia 5,08 1,34 3,90 0,000
Arquitetura 4,30 1,21
S3 – Confiança
Psicologia 4,52 1,04 3,31 0,001
Arquitetura 3,98 1,10
R2 – Ponderação
Psicologia 4,79 1,07 2,17 0,031
Arquitetura 4,44 0,94
N2 – Instabilidade
Psicologia 3,46 1,21 -2,69 0,008
Arquitetura 3,95 1,16
NEUROTICISMO
Psicologia 3,14 0,82 -2,15 0,032
Arquitetura 3,41 0,81
SOCIALIZAÇÃO
Psicologia 5,05 0,85 3,46 0,001
Sexo Média Desvio
padrão
T p
S1 – Amabilidade
Masculino
5,32 0,86 -2,51 0,013
Feminino 5,64 0,80
S2 – Sociabilidade
Masculino
4,39 1,13 -3,11 0,002
Feminino 5,03 1,39
S3 – Confiança
Masculino
3,94 1,02 -3,58 0,000
Feminino 4,53 1,07
N3 – Passividade
Masculino
4,02 1,22 3,23 0,001
Feminino 3,43 1,15
N4 – Depressão
Masculino
2,53 0,98 2,24 0,026
Feminino 2,21 0,89
SOCIALIZAÇÃO
Masculino
4,55 0,74 -4,05 0,000
Feminino 5,07 0,84
69
Tabela 21 (Em continuação)
Teste-t - Diferenças de média para sexo, curso, trabalha atualmente e familiar
diagnosticado
Familiar
Diagnosticado
Média Desvio padrão T P
R3 - Dinamismo
Não 4,90
0,94
2,10 0,033
Sim 4,60
0,92
N2 -
Instabilidade
Não 3,46
1,21
-2,61 0,002
Sim 3,95
1,17
N3 - Passividade
Não 3,50
1,24
-1,94 0,048
Sim 3,85
1,08
REALIZAÇÃO
Não 4,95
0,72
2,04 0,042
Sim 4,74
0,62
Realizou-se o teste-t para verificar diferenças de média no resultado da EDEP para
os participantes que julgaram ter sintomas depressivos leves, moderados e graves em
relação a participantes que não consideraram ter sintomas depressivos. O resultado dos
participantes que consideram ter sintomas depressivos teve média maior do que dos
participantes que consideraram não ter sintomas depressivos para a EDEP (Tabela 22).
Tabela 22
Teste-t – Pessoas que julgaram ter sintomas depressivos leves, moderados e graves
N Média Desvio
padrão
T p
EDEP
Não consideram ter sintomas
depressivos
184 80,28 44,55 -3,44
0,001
Consideram ter sintomas
depressivos/Leve-Moderado-
Grave
28 111,00
39,60
ANOVA
Foi realizado para verificação das diferenças de média para as facetas, fator geral da
BFP ANOVA e o Tukey. As idades foram divididas em quartis sendo que o grupo 1 incluiu
70
os participantes de 17 a 19 anos (N = 32), o grupo 2 de 20 a 21 anos (N = 47), o grupo 3 de
22 a 26 anos (N = 51) e o grupo 4 de 27 a 58 anos (N = 50). Os resultados apresentados na
tabela 23 foram significativos para p<0,05. Como se pode verificar, houve diferença
significativa para a faceta Interação social do fator Extroversão, faceta Sociabilidade do
fator Socialização, faceta Idéias do fator Abertura a Experiência e os fatores gerais
Extroversão e Socialização.
Tabela 23
ANOVA para a idade Quartil – Diferença de média
F p
E4 - Interações sociais
7,03
0,000
S2 – Sociabilidade
3,71
0,013
A1 – Idéias
3,01
0,031
EXTROVERSÃO
3,75
0,012
SOCIALIZAÇÃO
3,83
0,011
O resultado da faceta de interação social do fator Extroversão apresentou média
significativa para dois grupos distintos. Um grupo formado por participantes de 17 a 19
anos com média maior e outro grupo formado pelos demais participantes, com médias
menores (Tabela 24).
Tabela 24
Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação a faceta interação
social do fator Extroversão
Idade
Quartil
Subconjunt
o para alfa
=0,05
2 1
4 50 4,84
3 51 4,95
2 47 5,00
1 32 5,79
71
Na Tabela 25 o grupo 3 se diferenciou do restante da amostra observada uma
tendência no aumento da média dos resultados na faceta Sociabilidade conforme a
diminuição da idade. Os Participantes com idades entre 22 a 26 anos se diferenciaram do
restante dos participantes e tiveram a menor média e os participantes de 17 a 19 anos
tiveram a maior média.
Tabela 25
Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação à faceta
sociabilidade do fator Socialização
Idade
quartil
Subconjunto
para alfa =0,05
2 1
3 51
4,29
4 50
4,93 4,93
2 47
4,93 4,93
1 32
5,23
Em relação a faceta idéia, Apesar de não haver separação de dois grupos distintos,
existe uma tendência no aumento da média dos resultados na faceta idéia conforme a
diminuição da idade. Os participantes com idades entre 19 a 22 anos tiveram as maiores
médias do que os restantes dos participantes (tabela 26).
Tabela 26
Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação à faceta idéia do
fator Abertura a Experiência
Idade
quartil
Subconjunto para alfa
=0,05
1
3 51
4,20
4 50
4,22
1 32
4,51
2 47
4,74
72
Existiu a necessidade de dois grupos distintos para o fator geral de Extroversão, um
grupo composto pelos participantes mais jovens de 17 a 19 anos que tiveram as maiores
médias e o outro grupo com o restante dos participantes que tiveram dias mais baixas
(tabela 27).
Tabela 27
Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação ao fator
Extroversão
Idade
quartil
N Subconjunto para alfa
=0,05
2 1
2 47 4,43
4 50 4,48
3 51 4,51
1 32 4,91
Houve separação de dois grupos para a média dos participantes no fator geral de
Socialização sendo que um grupo foi formado por participantes de 22 a 26 anos e o restante
dos participantes formou o outro grupo. É observado também que os participantes entre 17
a 21 anos tiveram médias maiores do que os participantes de 22 a 57 anos (Tabela 28).
Tabela 28
Verificação de diferença de médias para o quartil das idades em relação ao fator
Socialização
Idade
quartil
Subconjunto para alfa
=0,05
2 1
3 51
4,58
4 50
4,97 4,97
2 47
5,00 5,00
1 32
5,15
73
Foi realizado para verificar a diferença de média para a classe econômica a ANOVA
e o teste Tukey. A classe econômica teve como critério o Padrão de Classificação
Econômica do Brasil de 2008. As classes sociais estão divididas de forma hierárquica
começando por A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E. No presente estudo juntou-se as classes em
grupos para facilitar as análises, um dos grupos foi formado por participantes das classes
A1 e A2 (N = 47), um grupo formado por participantes da classe B1 (N = 51), um grupo
por participantes da classe B2 (N = 67)e um grupo formado por participantes das classes
C1, C2 e D (N = 47). Não houve participantes incluídos na classe E. Os resultados
apontaram diferenças significativas para a EDEP, para a faceta sociabilidade do fator
Socialização, a faceta depressão do fator Neuroticismo e o fator geral de Neuroticismo
(Tabela 29).
Tabela 29
ANOVA para a classe econômica – Diferença de média
F p
EDEP
3,27
0,022
S2 - Sociabilidade
2,76
0,043
N4 – Depressão
2,92
0,035
EXTROVERSÃO
3,13
0,027
Os resultados da diferença de média entre as classes econômicas em relação a EDEP
são significativos e mesmo não formando dois grupos distintos demonstraram que a média
foi menor nas classes A1+ A2 e B1 que variaram (M = 74,30) a (M = 75,41) em relação a
média maior para as classes C1 + C2 + D e B2 variando (M = 86,36) a (M = 96,76) (Tabela
30).
74
Tabela 30. Verificação de diferença de médias das classes econômicas em relação a EDEP
Classe
Econômica
N Subconjunto para alfa
=0,05
1
A1 + A2 47 74,30
B1 51 75,41
C1 + C2 + D 47 86,36
B2 67 96,76
Em relação a faceta sociabilidade as médias geraram dois grupos significativos.
Estes grupos se diferenciam principalmente pela média menor das classes econômicas A1 +
A2 e da maior média das classes C1 + C2 + D (Tabela 31)
Tabela 31. Verificação de diferença de médias das classes econômicas em relação à faceta
Sociabilidade
Classe
Econômica
N Subconjunto para alfa =0,05
2 1
A1 + A2 47
4,63
B1 51
4,73 4,73
B2 67
4,78 4,78
C1 + C2 + D 47
5,35
Os resultados apontaram a necessidade de 2 grupos para o fator Extroversão. Sendo
que a maior diferença ocorreu entre a classe B2 com a média mais baixa e A1 + A2 que
apresentou a média mais alta (Tabela 32)
75
Tabela 32
Verificação de diferença de médias das classes econômicas em relação ao fator
Extroversão
Classe
Econômica
N Subconjunt
o para alfa
=0,05
2 1
B2 67
4,41
C1 + C2 + D 47
4,46 4,46
B1 51
4,65 4,65
A1 + A2 47
4,77
Para a verificação de diferença de média para pessoas que passaram por avaliação
psiquiátrica e psicológica foi utilizado a análise estatística ANOVA juntamente com o teste
Tukey. Houve diferenças significativas para p< 0,05 nas médias da EDEP, das facetas
passividade e depressão e do próprio fator geral Neuroticismo (Tabela 33).
Tabela 33
Avaliação diagnóstica de depressão
F p
EDEP
3,40
0,019
N3 –
Passividade
3,68
0,013
N4 – Depressão
3,82
0,011
NEUROTICISM
O
3,68
0,013
Os resultados da tabela 34 apresentaram a separação de dois grupos distintos, sendo
os participantes que passaram por avaliação sem nenhum diagnóstico, com outro
diagnóstico e que não passaram por diagnóstico tiveram médias menores e o outro grupo
76
teve média maior sendo formado por participantes que passaram por avaliação psiquiátrica
ou psicológica e foram diagnosticados com depressão.
Tabela 34
EDEP – Diferenciação para avaliação psicológica ou psiquiátrica
Você já passou por avaliação psiquiátrica ou
psicológica
N Subconjunto para alfa
=0,05
2 1
Sim, sem nenhum diagnóstico 34 71,02
Sim, com outro diagnóstico 10 75,80
Não 153
84,94 84,94
Sim, com diagnóstico de depressão 15 114,06
A faceta passividade também apresenta dois grupos sendo que a diferenciação esta
relacionada à média baixa dos participantes que passaram por avaliação sem nenhum
diagnóstico e da maior média das pessoas que foram avaliadas e tiveram o diagnóstico de
depressão (Tabela 35).
Tabela 35
Faceta passividade – diferenciação para avaliação psicológica ou psiquiátrica
Você já passou por avaliação psiquiátrica ou
psicológica
N Subconjunto para alfa =0,05
2 1
Sim, sem nenhum diagnóstico 34 3,18
Não 153
3,58 3,58
Sim, com outro diagnóstico 10 4,03 4,03
Sim, com diagnóstico de depressão 15 4,30
A faceta depressão dividiu-se em dois grupos sendo que a principal diferença de
média esteve relacionada a média baixa dos participantes que passaram por avaliação sem
77
nenhum diagnóstico e da maior média das pessoas que foram avaliadas e tiveram o
diagnóstico de depressão (Tabela 36).
Tabela 36
Faceta depressão – diferenciação para avaliação psicológica ou psiquiátrica
Você já passou por avaliação psiquiátrica ou
psicológica.
N Subconjunto para alfa
=0,05
2 1
Sim, sem nenhum diagnóstico 34 1,96
Sim, com outro diagnóstico 10 2,18 2,18
Não 153
2,32 2,32
Sim, com diagnóstico de depressão 15 2,90
O fator Neuroticismo como suas facetas seguiu a mesma tendência, dividiu-se em
dois grupos sendo que a diferenciação se deu pela média baixa dos participantes que
passaram por avaliação sem nenhum diagnóstico, com outro diagnóstico ou que não
passaram por diagnóstico em relação a maior média das pessoas que foram avaliadas e
tiveram o diagnóstico de depressão (Tabela 37).
Tabela 37
Fator Neuroticismo – diferenciação para avaliação psicológica ou psiquiátrica
Você já passou por avaliação psiquiátrica ou
psicológica.
N Subconjunto para alfa =0,05
2 1
Sim, sem nenhum diagnóstico 34 2,98
Não 153 3,20 3,20
Sim, com outro diagnóstico 10 3,35 3,35
Sim, com diagnóstico de depressão 15 3,80
78
8. DISCUSSÃO
Diversos estudos têm se interessado pela relação entre personalidade e depressão
principalmente utilizando modelos que explicam a personalidade por meio de fatores
(Widiger & Trull, 1992). De fato, os modelos em fatores têm subjacente a idéia da
existência de uma relação muito próxima entre personalidade e psicopatologia em geral, ou
entre personalidade e depressão em particular, apresentando-se como uma possibilidade de
relacionar estes dois conceitos e permitindo um avanço na avaliação psicológica como um
todo.
Dentre os estudos realizados nacionalmente e internacionalmente sobre a depressão
e a personalidade no modelo dos CGF, o fator Neuroticismo é o que mais apresenta
correlações com o quadro depressivo, este traço da personalidade indica uma maior
propensão para os indivíduos à depressão, (Craigie, Saulsman e Lampard, 2007; Nunes,
2000; Santor, Bagby e Joffe, 1997). O alto grau de Neuroticismo está relacionado com a
instabilidade emocional do indivíduo e como este vivência um momento de angustia ou de
sofrimento, inclui ainda aspectos que identificam o nível de ansiedade, hostilidade,
depressão, auto-estima, impulsividade e vulnerabilidade (Widiger, Trull, Clarkin,
Sanderson e Costa, 2002).
O Neuroticismo é o fator da personalidade que apresenta a maior associação com a
patologia depressão na literatura sendo que as pessoas que sofrem de depressão clínica
tendem a pontuar alto neste fator. Quanto maior o grau de sintomas depressivos mesmo que
estes sejam abaixo da severidade de atendimento clínico, maior a possibilidade de
ocorrência de transtornos psiquiátricos futuros. (Schultz e Schultz, 2002; Zonderman,
Herbst, Schmidt, Costa, McCrae, 1993).
79
No trabalho, os resultados da EDEP com o fator geral Neuroticismo apresentaram as
maiores correlações, o que também vem sendo encontrado nos trabalhos desenvolvidos a
respeito da depressão e a associação com este fator (Craigie, Saulsman e Lampard, 2007;
Nunes, 2000; Santor, Bagby e Joffe, 1997). É importante ressaltar que todas as pessoas no
estado depressivo apresentam alto grau de Neuroticismo, mas nem todas as pessoas que
apresentam alto nível de Neuroticismo tendem a serem depressivas (Schultz e Schultz,
2002).
No estudo intitulado, Evidências de validade da escala de depressão (EDEP) em
uma amostra no contexto hospitalar, Diaz (2008) em uma das vertentes do trabalho
analisaram a relação entre a EDEP e a BFP. As maiores correlações da EDEP com a BFP
foram diretamente relacionadas ao fator e facetas de Neuroticismo, verificou-se que todas
as facetas do fator Neuroticismo apresentaram relações com a EDEP e, sendo assim, com a
sintomatologia depressiva. a faceta que apontou a maior correlação com os sintomas
depressivos foi à faceta depressão que contêm itens que avaliam alguns aspectos
propriamente ditos de sintomas depressivos. Realmente a depressão parece estar altamente
associada tanto ao fator geral de Neuroticismo como também as suas facetas,
principalmente, a faceta depressão.
O estudo de Santor, Bagby e Joffe (1997) demonstraram que o estado depressivo
pode influenciar os escores resultantes de Extroversão e Neuroticismo. Os escores de
Extroversão aumentam com o passar do tempo de tratamento enquanto que os escores de
Neuroticismo diminuíram com o uso dos medicamentos. Portanto, pessoas que tiveram uma
melhora no quadro depressivo aumentaram seu vel de Extroversão isso pode demonstrar
que estas pessoas tendem a se tornarem mais comunicativas e extrovertidas.
80
No presente trabalho, a EDEP apresentou correlações negativas para o fator
Extroversão indicando que pessoas com sintomas depressivos tendem a apresentar níveis
baixos neste fator sendo menos comunicativas e mais introvertidas. Este resultado vai ao
encontro com pesquisas que foram realizadas nacionalmente e internacionalmente
demonstrando que os indivíduos depressivos tendem a apresentar níveis baixos no fator
Extroversão (Bagby, Quilty, Segal, McBride, Kennedy e Costa Junior, 2008; Nunes, 2005;
Nunes, 2007; Dias, 2008).
O mesmo aparentemente ocorre com o fator Realização que envolve aspectos de
competência, organização, persistência e motivação para alcançarem objetivos. Os estudos
envolvendo a personalidade e a patologia depressão vem demonstrando que pessoas com
sintomas depressivos tendem a apresentar baixo nível neste fator (Bagby, Quilty, Segal,
McBride, Kennedy e Costa Junior, 2008; Dias, 2008). Outros transtornos que também
podem estar associados aos escores baixos em Realização são: o transtorno de
personalidade anti-social e bordeline (Widiger, Trull, Clarkin, Sanderson e Costa, 2002).
No trabalho, os resultados corroboram com o que vêm sendo encontrados nos
demais estudos, já que os participantes que tiveram as maiores pontuações na EDEP
apresentaram baixo nível no fator Realização. Pode-se inferir que pessoas depressivas
tendem a se perceberem menos competentes, organizadas e motivadas em seus objetivos do
que pessoas que não estão incluídas em um quadro depressivo (Bagby, Quilty, Segal,
McBride, Kennedy e Costa Junior, 2008; Nunes, 2005; Dias, 2008).
No estudo realizado por Nunes (2005) para a construção e normatização das escalas
individuais de Socialização e Extroversão, foi observada uma forte associação negativa
entre os componentes da escala individual de Neuroticismo, que envolvem aspectos de
depressão, com aquelas abarcadas por Socialização e Extroversão. As facetas do fator
81
Extroversão que se destacaram com associações negativas com o fator Neuroticismo foram
às facetas de nível de comunicação e assertividade, indicando que pessoas que
apresentaram níveis elevados de depressão podem apresentar dificuldade em tomarem
decisões, de resolverem ativamente os problemas que enfrentam e de apresentarem suas
opiniões claras às pessoas.
Ainda em seu trabalho Nunes (2005), a respeito do fator Socialização, evidenciou
que as facetas que tiveram maiores correlações negativas com o fator Neuroticismo foram
às facetas confiança e amabilidade, indicando que pessoas com sintomas depressivos
tendem a se preocupar menos com os demais, se engajam menos em comportamentos de
ajudar os outros e também tendem a confiar menos nas pessoas.
No estudo desenvolvido por Dias (2008) foram apresentadas associações negativas
entre os sintomas depressivos e o fator e as facetas de Socialização da BFP. Isto indica que
pessoas depressivas tendem a apresentar um baixo nível de Socialização comparado a
pessoas que não estão inseridas em um quadro depressivo (Bagby, Quilty, Segal, McBride,
Kennedy e Costa Junior, 2008; Dias, 2008; McCrae e Costa, 2003, Nunes e Hutz, 2007;
Nunes, 2005).
O presente estudo confirma estes achados que existiram associações negativas
entre a EDEP com todas as facetas e com o fator geral de Socialização, indicando que
pessoas com sintomas depressivos m uma pior qualidade no nível de relacionamento com
as pessoas, são menos altruístas, menos cuidadosas com os outros e não costumam ajudar
as demais pessoas (McCrae e Costa, 2003, Nunes e Hutz, 2007; Nunes, 2005).
O fator Abertura a Experiência esta relacionada com a flexibilidade em lidar com
valores, com novas idéias, com a capacidade de imaginar/fantasiar e com a curiosidade
intelectual. Este fator tende a apresentar menos relações com os transtornos de
82
personalidade do que os demais. Mesmo assim, o fator Abertura pode estar relacionado, nos
casos de escores elevados, ao transtorno de personalidade esquizotípico, histriônico e
narcisista. Por outro lado, escores baixos em Abertura podem ter relações com os
transtornos de personalidade esquizóide e obsessivo-compulsivo (Nunes, Hutz e Nunes,
2008; Widiger, Trull, Clarkin, Sanderson e Costa, 2002).
No estudo não houve correlações significativas entre a EDEP e as facetas e o fator
geral de Abertura a Experiência. Pode-se inferir que os sintomas depressivos não estão
diretamente relacionados a este fator, o que vem a corroborar com a literatura encontrada,
que apresenta o fator como não sendo uma dimensão muito associada aos transtornos de
personalidade e as patologias em geral (Nunes, Hutz e Nunes, 2008; Widiger, Trull,
Clarkin, Sanderson e Costa, 2002).
A respeito de fatores de riscos para a depressão, foi realizada a correlação entre
eventos de vida dos participantes com os resultados da EDEP e da BFP. Estas associações
foram possíveis por meio do questionário de identificação que incluiu em um dos seus itens
os acontecimentos vividos pelo participante no ultimo ano com questões direcionadas ao
trabalho, educação, questões financeiras, saúde, lutos/perdas, migração/mudanças,
namoro/coabitação, questões legais, família e matrimônio. Tais eventos de vida
apresentaram relações diretas com os sintomas depressivos tendendo a ser considerado
fator de risco para a depressão (Gomide, Salvo, Pinheiro e cols. 2005; Lima, 1999).
Os eventos de vida são mudanças identificáveis no padrão de vida do indivíduo,
representam uma quebra no modo de se comportar e afetam o bem estar. A maioria dos
estudos epidemiológicos mostra uma relação direta entre os eventos negativos de vida e a
depressão (Lima, 1999).
83
No trabalho, a EDEP teve correlação com os eventos de vida total o que vai ao
encontro com a literatura que pressupõe a relação de indivíduos que passam por eventos de
vida com a depressão (Gomide, Salvo, Pinheiro e cols. 2005; King, 2003; Lima, 1999).
Analisando os acontecimentos separadamente, os eventos de saúde, eventos de mudança e
de matrimonio apresentaram correlações significativas e positivas com a EDEP, indicando
que pessoas que passam por situações de doença física pessoal grave, doença grave de
familiar próximo, gravidez não desejada, mudança da cidade/país ou mudança dentro da
mesma cidade, relação extraconjugal e com conjugue que começou ou parou de trabalhar
apresentam mais sintomas depressivos ou vice-versa.
A respeito dos eventos de vida e sua relação com a personalidade pouco tem se
estudado a respeito, já que a literatura pressupõe que a personalidade é um construto
duradouro e que pouco se modifica (Allport, 1973; Goldberg, 1990; Nunes, Hutz e Nunes,
2008; Pervin, 1978) Mesmo assim, observando os achados existentes na literatura a respeito
da associação dos cinco grandes fatores da personalidade com a depressão, contendo este,
uma relação com eventos de vida, abrindo um campo de estudo para verificar se
componentes da personalidade podem ser alterados por eventos de vida (Santor, Bagby e
Joffe, 1997; Lima, 1999)
É importante ressaltar que as correlações que foram significativas entre os fatores e
as facetas da BFP e os eventos de vida foram nulas ou baixas, devendo-se tomar cuidado
com qualquer tipo de inferência que possa ser feita a respeito destas análises. O fator
Neuroticismo apresentou correlação positiva com os eventos de vida total. Dentre os
resultados chama atenção a correlação entre os eventos de vida total e o fator geral de
Neuroticismo hipotetizando-se que pessoas instáveis emocionalmente e que vivenciam
mais os momentos de sofrimento tendem a ter mais eventos vitais em sua vida.
84
Na pesquisa também foi verificada a diferença das médias dos participantes entre
gênero, idade, estado civil, cursos e classe econômica. Diferenças entre os participantes que
estavam trabalhando no momento da realização da pesquisa e os que não estavam e também
entre as pessoas que tinham ou não familiares diagnosticados com depressão. Na literatura
o gênero é considerado um fator de risco para depressão sendo que as mulheres
apresentaram mais depressão do que homens. Esta maior prevalência de mulheres com
depressão pode estar relacionada com a diferenciação em que os homens e as mulheres são
tratados na maioria das culturas, além dos fatores biológicos e psicológicos, no entanto, na
presente pesquisa se observou o inverso do apontado pela literatura no BFP, talvez porque
este instrumento avalie apenas tendências de personalidade e não sintomatologia depressiva
(Lima, 1999).
No estudo não houve diferença de média significativa entre os gêneros em relação à
EDEP, somente houve diferença significativa para o fator geral de Socialização e suas
facetas e para duas facetas de Neuroticismo passividade e depressão. As mulheres
apresentaram maiores médias do que os homens nas facetas e no fator Socialização como
também foi exposto no manual da BFP (Nunes, Hutz & Nunes, 2008). As mulheres tendem
a serem mais generosas, bondosas e prestativas do que os homens. Os homens
apresentaram médias maiores nas facetas de Depressão e Passividade, podendo ser mais
passivos para resolver problemas rotineiros e estarem mais envolvidos com sintomas
depressivos.
Amezquita, Medina, Gonzalez, Perez, Zuluaga e Mejia (2003) realizaram um estudo
com o objetivo de avaliar as diferença de vários programas acadêmicos para o nível de
depressão, ansiedade e comportamento suicida em uma amostra composta por 625 alunos
da universidade de Caldas na Colômbia. Para isso foram aplicados nos estudantes os
85
inventários de ansiedade e depressão de Beck. Diante dos resultados verificou-se uma
parcela grande de estudantes acometidos pela depressão e ansiedade no nível leve,
chegando a 40% em alguns cursos e números significativos para depressão e ansiedade
moderada e grave. Outra conclusão foi que houve grande diferença do nível de ansiedade e
depressão entre os cursos.
Diferentemente do estudo acima apresentado, neste trabalho não houve diferença
significativa das médias dos cursos em relação à depressão. Os cursos de Psicologia e
Arquitetura não se diferenciaram para a EDEP, de maneira geral as diferenças se deram
para os fatores gerais de Socialização e Neuroticismo. Os estudantes do curso de Psicologia
apresentaram médias maiores para Socialização tendendo a ter uma qualidade de
relacionamento maior do que os estudantes de Arquitetura. Os estudantes de Arquitetura
apresentaram maiores médias para Neuroticismo sendo mais instáveis emocionalmente.
A idade é um fator de risco para o começo dos transtornos depressivos, situando
entre 20 e 40 anos, apesar de a depressão também ocorrer na infância (Mari, Almeida Filho,
Coutinho, Andreoli, Miranda e Streiner, 1993). No trabalho, a média da pontuação das
idades não se diferenciou para a EDEP. A idade se diferenciou principalmente para a faceta
idéia do fator Abertura a Experiência os participantes mais jovens de 17 a 21 anos tiveram
as maiores médias do que os participantes entre 22 a 57 anos, indicando que estes são mais
fantasiosos, imaginativos e apresentam uma maior abertura para novas idéias. Da mesma
maneira, os mais jovens apresentaram maiores médias no fator Extroversão e Socialização,
podendo ser mais comunicativos, extrovertidos, dinâmicos, participativos e por outro lado
podem ser mais desconfiados e com condutas anti-sociais. No entanto, os valores das
associações encontrados no manual da BFP para os fatores e facetas são muito baixos para
86
diferença em faixas etárias, como também foi encontrado no trabalho (Nunes, Hutz e
Nunes, 2008).
Fatores econômicos também aparecem como risco para depressão, pessoas com
baixa renda apresentam maiores prevalência de transtornos mentais. As pessoas com
depressão na maioria das vezes apresentam situação econômica mais fragilizada do que
aquelas sem depressão ou com outro transtorno mental (Lima, 1999). Confirmando o que
vem sendo encontrado na literatura, os resultados apontaram que as classes econômicas A1,
A2 e B1 foram as que menos apresentaram sintomas depressivos. Aparentemente pessoas
em classes econômicas mais baixas apresentam maiores indicadores de depressão, talvez
porque o poder aquisitivo baixo esteja ligado a outros fatores de risco para depressão, tais
como maior violência e preconceito social, menor educação e acesso a saúde, dentre outros.
Nos resultados as pessoas que passaram por uma avaliação realizada por psiquiatras
ou psicólogos e foram diagnosticados com depressão apresentaram as maiores médias. Eles
realmente se diferenciaram do restante da amostra, o que demonstra a sensibilidade da
EDEP e de seus itens que diferenciam os indivíduos que relataram terem sido
diagnosticados com depressão dos indivíduos com outros transtornos ou que nunca
passaram por nenhuma avaliação.
Levando em conta todas as relações encontradas entre os construtos depressão e
personalidade na literatura, principalmente envolvendo a modelo dos cinco grandes fatores
da personalidade e a depressão, os resultados deste estudo foram satisfatórios, encontrando
fortes evidências de validade para o instrumento base, a EDEP. As principais evidências são
as correlações da EDEP com o fator geral e as facetas de Neuroticismo e associações
negativas com os fatores Realização, Extroversão e Socialização da BFP, apresentando
relações semelhantes aos principais estudos desenvolvidos nesta área até o momento
87
(Bagby, Quilty, Segal, McBride, Kennedy e Costa Junior, 2008; Craigie, Saulsman e
Lampard, 2007; Dias, 2008; Nunes, 2000; Nunes, 2005; Nunes, 2007; Santor, Bagby e
Joffe, 1997; Schultz e Schultz, 2002; Zonderman, Herbst, Schnidt, Costa e McCrae,
1993).
Diante da necessidade de criar testes válidos para a área de avaliação psicológica no
Brasil e, principalmente, instrumentos voltados para a sintomatologia depressiva que
englobem algumas peculiaridades que são específicas da população brasileira, a EDEP
pode acrescentar muito neste sentido por se tratar de um instrumento nacional. Ela
apresenta algumas vantagens em relação a outros instrumentos com propósitos
semelhantes, que estes instrumentos internacionais e adaptados ao Brasil foram
construídos dentro de outros contextos culturais, esta situação favorece o processo de
validação da EDEP, pois é possível ter resultados mais seguros e condizentes a realidade
brasileira, outro fator que traz consistência a mesma é que para sua construção foi levado
em conta os indicadores dos principais manuais de diagnóstico e classificações de
transtornos e doenças mentais.
O número reduzido dos participantes fez com que este estudo apresentasse
limitações, caso o número fosse maior, diminuiria a chance dos resultados com vieses em
função do perfil dos participantes. Outra possibilidade foi a não existência de uma
amostragem com pessoas sem o histórico depressivo. Caso estas amostragens tivessem
disponíveis, poderiam possibilitar e auxiliar a encontrar resultados mais conclusivos.
88
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente estudo foram abordadas questões relacionadas à verificação das
relações da depressão com a personalidade com o intuito de buscar evidências de validade
baseadas nas relações com outras variáveis para a EDEP. Outras questões levantadas no
estudo foram o quanto os eventos de vida podem apresentar relações com a depressão e o
quanto estes eventos podem estar associados à personalidade de um indivíduo.
Com base nos resultados obtidos percebe-se que o objetivo de buscar evidências de
validade baseadas nas relações com outras variáveis para a EDEP foi alcançado, que as
associações deste instrumento com a BFP sugerem ir de encontro com os trabalhos
realizados nacionalmente e internacionalmente entre a relação da depressão e da
personalidade no modelo dos cinco grandes fatores.
A pesquisa apresentou correlações positivas entre a depressão e o fator
Neuroticismo e correlações negativas entre depressão e os fatores Realização, Extroversão
e Socialização, apenas o fator Abertura a Experiência não apresentou associação
significativa com a EDEP.
A pesquisa também procurou conhecer se existiam diferenças de média
significativas para os escores da EDEP e da BFP para gênero, idade, estado civil, fatores
sócio econômicos entre outros. De acordo com esta pesquisa foi constatada que há
diferenças de media nos escores conforme demonstrado nas tabelas.
A respeito da relação da depressão com os eventos de vida, a pesquisa apresentou
correlação entre a EDEP e os eventos de vida total, corroborando com a literatura que
pressupõe a relação de depressão com eventos vitais, indicando que os sintomas
depressivos podem estar ligados aos acontecimentos vividos pela pessoa. Estes sintomas
89
geram uma mudança no padrão de vida do indivíduo, podendo desencadear inclusive um
quadro depressivo, sendo mais uma fonte indicando e contribuindo para a validação da
EDEP.
No caso da relação entre os eventos de vida e os fatores da personalidade os
resultados foram poucos conclusivos que as correlações foram baixas ou nulas. Isso se
deve ao fato de que na literatura a personalidade é formada por uma unidade duradoura e
que no decorrer da vida pouco se modifica. No estudo realizado, a associação entre os
eventos de vida e o fator Neuroticismo chamou mais atenção, sendo provável que uma
quantidade maior de eventos na vida dos indivíduos fazem com que eles sejam
influenciados por estes eventos, apresentando uma maior instabilidade emocional
modificando assim sua forma de se comportar
A faceta passividade do fator Neuroticismo foi a que apresentou a maior associação
com os eventos de vida. É provável que indivíduos que passam quantitativamente por estes
eventos de vida apresentem dificuldades para resoluções de problemas corriqueiros ou, até
mesmo, por estes indivíduos vivenciarem acontecimentos estressores, eles acabam por
diminuir sua resposta ao meio ambiente, faltando-lhes motivação para solucionar questões
rotineiras em sua vida.
Na pesquisa não houve diferença de média significativa para a EDEP em relação a
gênero, curso acadêmico e idade. Sabendo que a literatura trata gênero, idade e curso
acadêmico como fatores de risco na depressão é provável que o tamanho da amostra e/ou
sua distribuição influenciaram, gerando um viés nestes aspectos. Para fatores econômicos
foi constatada diferença de média significativa pois realmente pessoas de classes
econômicas mais baixas tendem apresentam mais sintomas depressivos.
90
A respeito da diferença de média para pessoas que passaram por uma avaliação
realizada por psiquiatras ou psicólogos e foram diagnosticados com depressão realmente
apresentaram as maiores médias, demonstrando a sensibilidade da EDEP e de seus itens
para diferenciação dos indivíduos diagnosticados com depressão dos indivíduos com outros
transtornos ou que nunca passaram por nenhuma avaliação.
Dentre os resultados apresentados e discutidos fica evidente que a EDEP avalia de
forma bem sucedida os sintomas depressivos possuindo eficácia para o rastreamento
psiquiátrico e não-psiquiátrico, mesmo assim, há necessidade de novos estudos que possam
contribuir para novas evidências de validade da EDEP e também na replicabilidade dos
resultados aqui encontrados possibilitando um aprimoramento da EDEP tanto em sua
validade como em sua precisão.
O número reduzido de participantes pode ter contribuído para as limitações no
estudo, caso o número fosse maior, diminuiria a chance de resultados com vieses em função
do perfil dos participantes. A não existência de uma amostragem somente com participantes
diagnosticados com depressão também foi um limitador e caso estas amostragens
estivessem disponíveis, os resultados entre os grupos seriam passíveis de comparação e
poderiam gerar resultados mais conclusivos.
91
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98
11. ANEXOS
ANEXO 1. Questionário de identificação sóciodemográfico
99
1
-
Sexo:
1
( ) Masculino
2
( ) Feminino
2- Idade:
3- Curso:
4
-
Estado Civil:
1
( ) Solteiro
3
( ) Viúvo
5
( ) Recasado
2
( ) Casado
4
( ) Desquitado/ Divorciado
6
( ) Outros:
5 – Indique o nível de escolaridade do chefe da família:
1
(
) Analfabeto/ f
undamental incompleto
3
( ) Fundamental II completo
/ Médio incompleto
2
( ) Fundamental I (1ª a 4ª) completo/
4
( ) Médio completo / Superior incompleto
Fundamental II (5ª a 8ª) incompleto
5
( ) Superior completo
6 – Se você não for o chefe da família, indique seu grau de escolaridade:
1
( ) Analfabeto/ fundamental incompleto
3
( ) Fundamental II completo/Médio incompleto
2
( ) Fundamental I (1ª a 4ª) completo/
4
( ) Médio completo / Superior incompleto
Fundamental II (5ª a 8ª) incompleto
5
( ) Superior completo
7 – Assinale com um X a quantidade dos itens que você possui em casa:
Itens Não tem
1 2 3 4 ou +
Televisão
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada mensalista
Aspirador de pó
Maquina de lavar
Videocassete e/ou DVD
Geladeira
Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)
8- Trabalha atualmente?
1( ) Não 2( ) Sim. Qual profissão? : ____________________
9 – Alguém da sua família já foi diagnosticado com depressão, por psicólogo ou psiquiatra?
1( ) Não 2( ) Sim. Quem?______________
10 – Você já passou por avaliação psiquiátrica ou psicológica?
1( ) Não 2( ) Sim, com diagnóstico de depressão
3( ) Sim, sem nenhum diagnóstico 4( ) Sim, com outro diagnóstico. Qual? __________
11
Atualmente está passando por tratamento para depressão?
psicológico
1( ) Não 2( ) Sim Há quanto tempo? _______________
12- Se você está diagnosticado com algum transtorno depressivo, acredita que atualmente os sintomas
depressivos se encontram em qual nível?
¹Leve ( ) ² ( ) Moderado ³( ) Severo
100
13 – Assinale a seguir, os acontecimentos vividos por você, no último ano:
01
( )
Mudança de emprego
26
( ) Morte de amigo íntimo ou parente significativo
02
( )
Aumento na jornada de trabalho
27
( ) Morte de membro da família
03
( )
Diminuição na jornada de trabalho
28
( ) Morte de filho (adotivo ou não)
04
( )
Dificuldades nas relações de trabalho
29
( ) Morte de cônjuge
05
( )
Promoção ou aumento de salário
30
( ) Perdas ou roubos de objetos de valor
06
( )
Rebaixamento no trabalho
31
( ) Mudança dentro da mesma cidade
07
( )
Demissão ou dispensa
32
( ) Mudança para outra cidade/ país
08
( )
Aposentadoria
33
( ) Ficou noivo(a)/ Casou-se
09
( )
Desempregado por um mês mais
34
( ) Rompeu noivado
10
( )
Falência nos negócios
35
( ) Encerrou namoro estável
11
( )
Retomou/Iniciou os estudos
36
( ) Briga séria com noivo(a), cônjuge ou parceiro(a)
12
( )
Mudança de escola
37
( ) Foi multado
13
( )
Interrupção de curso
38
( ) Te
ve que ir ao tribunal/ fórum por alguma questão legal
14
( )
Teve fracasso acadêmico importante
39
( ) Teve sentença de prisão
15
( )
Dificuldades financeiras moderadas
40
( ) Foi processado
16
( )
Dificuldades financeiras grandes
41
( ) Teve membro da família processado
17
( )
Melhora nas finanças
42
( ) Nascimento de um filho/ Adoção
18
( )
Doença física pessoal grave
43
( )
Inclusão de uma pessoa diferente morando na mesma casa (exclui
19
( )
Doença grave de familiar próximo
44
( ) Noivado ou casamento de filhos
20
( )
Gravidez desejada
45
( ) Saída de filho de casa
21
( )
Gravidez não desejada
46
( )
Teve problemas familiares considerados sérios com pessoas que residem com
22
( )
Aborto espontâneo, natimorto, aborto
47
( ) Relação extraconjugal ou infidelidade
23
( )
Menopausa
48
( ) Relação extraconjugal ou infidelidade do parceiro
24
( )
Dificuldades sexuais
49
( ) Reconciliação matrimonial
25
( )
Está acima do peso considerado saudável
50
( ) Cônjuge começou ou parou de trabalhar
101
ANEXO 2. Termo de Consentimento livre e esclarecido (Primeira via)
102
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prof. Dr. Makilim Nunes Baptista (Orientador); Bruno Borine (mestrando em
psicologia)
Escala de Depressão e Bateria Fatorial de Personalidade: evidências de validade.
(Primeira via)
Eu,.......................................................................................................................................
......dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do
projeto de pesquisa supra-citado, sob responsabilidade do(s)pesquisador(es)
denominados acima.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 - O objetivo da pesquisa é buscar evidências de validade da Escala de Depressão -
EDEP por meio de correlação com a Bateria Fatorial da Personalidade;
2 Eu obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente
sobre a sua participação na referida pesquisa;
3 - A resposta a este (s) instrumento(s) / procedimento(s) poderão causar
constrangimento, mas não trarão riscos à minha saúde física;
4- Minha participação neste estudo não acarretará nenhum prejuízo ou benefício
terapêutico, uma vez que se trata de uma pesquisa acadêmica conduzida na
Universidade São Francisco;
5 Eu estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na
pesquisa;
6 - Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: (11) 4534-
8040;
8 Eu poderei entrar em contato com os responsáveis pelo estudo sempre que julgar
necessário pelos telefones (11) 45348028;
9 - Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder e outra com o pesquisador responsável.
Itatiba, ..... de. ...............2008
--------------------------------------------------------------------------------
Assinatura
103
ANEXO 3. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Segunda via)
104
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prof. Dr. Makilim Nunes Baptista(Orientador); Bruno Borine (mestrando em
psicologia)
Escala de Depressão e Bateria Fatorial de Personalidade: evidências de validade.
(Segunda via)
Eu,.......................................................................................................................................
......dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do
projeto de pesquisa supra-citado, sob responsabilidade do(s)pesquisador(es)
denominados acima.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 - O objetivo da pesquisa é buscar evidências de validade da Escala de Depressão -
EDEP por meio de correlação com a Bateria Fatorial da Personalidade;
2 Eu obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente
sobre a sua participação na referida pesquisa;
3 - A resposta a este (s) instrumento(s) / procedimento(s) poderão causar
constrangimento, mas não trarão riscos à minha saúde física;
4- Minha participação neste estudo não acarretará nenhum prejuízo ou benefício
terapêutico, uma vez que se trata de uma pesquisa acadêmica conduzida na
Universidade São Francisco;
5 Eu estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na
pesquisa;
6 - Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: (11) 4534-
8040;
8 - Poderei entrar em contato com os responsáveis pelo estudo sempre que julgar
necessário pelos telefones (11) 45348028;
9 - Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder e outra com o pesquisador responsável.
Itatiba, ..... de. ...............2008
--------------------------------------------------------------------------------
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