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A partir de então, o crescente avanço tecnológico verificado nos mais variados
campos de atuação tem proporcionado aos arquitetos da atualidade maior liberdade na criação
de espaços, tanto relativa à forma quanto às suas dimensões. Como também na criação de
elementos arquitetônicos, considerados no âmbito dos detalhes ou fragmentos, que por meio
de novos materiais e equipamentos disponíveis conferem à obra determinadas peculiaridades.
Porém, o emprego de tais recursos, devido aos altos custos, ficou restrito a grandes obras
institucionais. Quase sempre custeadas por governos ou grupos privados, detentores de
posição econômica privilegiada que, por meio da arquitetura expõem para mundo o seu
poderio, não só econômico como também político e cultural.
Enquanto isso, as esquadrias utilizadas na arquitetura tradicional, como nas
residenciais, comerciais e outras de pequeno e médio porte, acessíveis à maioria das
populações, repetem modelos que vêm sendo usados desde épocas remotas. O que é
compreensível pelo fato de o novo nem sempre ser desejado pela estrutura hegemônica da
sociedade. A chegada do novo causa um choque.
Quando uma variável se introduz num lugar, ela muda relações preexistentes
estabelece outras (SANTOS, 1997. p 98). O novo se contrapõe ao velho, mas nem sempre o
exclui. A coexistência do novo e do velho não se justifica apenas para simplesmente abrandar
o sentimento nostálgico, mas pelo conjunto de variáveis, da combinação e relação que existem
entre elas. A adoção do novo concretiza-se mais facilmente nos grandes centros que o
“inventam”, ou o incorporam e o propagam. Os centros menores, por estarem mais afastados
geograficamente e culturalmente daqueles, retardam a adoção do novo, mantendo de forma
voluntária ou involuntária laços mais estreitos com a tradição, embora esta seja propulsora do
novo. Da mesma forma, em uma mesma sociedade o novo é absorvido pelas classes
economicamente mais favorecidas. Não se faz aqui necessário se estender no discurso sobre a
tríade novo, velho, tradição. Mas diante do exposto, ainda que com brevidade, demonstra-se
que nela reside uma justificativa da coexistência, na arquitetura, de elementos de diferentes
épocas, seja de ordens construtiva, formal, funcional. Justifica o fato de manutenção de
técnicas de manufatura e elementos construtivos primitivos na elaboração de esquadrias
contemporâneas, notadamente nas feitas de madeira, concomitantemente aquelas que
empregam os mais avançados produtos industrializados, como os variados tipos de vidros e
materiais estruturadores como o alumínio, o PVC ou elementos reguladores das aberturas por
meio de controles remotos ou células foto sensíveis.
Atualmente são bem maiores que outrora as possibilidades do emprego das
esquadrias, seja nos modos de fabricação, seja nos diferentes materiais, seja na concepção