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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ZOOTECNIA
EVANDRO KLEBER LORENZ
Densidade de estocagem de piracanjuba (Brycon orbigniannus) em tanques-rede de
pequeno volume
Marechal Cândido Rondon
2010
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ZOOTECNIA
EVANDRO KLEBER LORENZ
Densidade de estocagem de piracanjuba (Brycon orbigniannus) em tanques-rede de
pequeno volume
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação Stricto Sensu em zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Oeste
do Paraná - UNIOESTE, Campus de Marechal
Cândido Rondon, como parte das exigências para a
obtenção do tulo de Mestre em Zootecnia, área de
concentração em Produção e Nutrição Animal.
Orientador: Prof. Dr. Aldi Feiden
Co-orientador: Prof. Dr. Wilson Rogério Boscolo
Marechal Cândido Rondon
2010
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DEDICATÓRIA
À Deus
Pelo dom da vida
Pelas oportunidades conquistadas
À
Minha mãe
Nelcinda Eggers (In memorian)
Pelos ensinamentos e exemplo de vida
À
Minha namorada
Bruna Letícia Nervis
Pelo apoio, amor e compreensão
À
Família Pfluck
Edson, Fabiana e Emanuele
Pela fervor da amizade, incentivo e apoio
AGRADECIMENTOS
Ao professor e orientador Dr. Aldi Feiden pela paciência, orientação, apoio e,
principalmente, pela amizade.
Ao professor e co-orientador Dr. Wilson Rogério Boscolo pelo apoio irrestrito
e, também, pela amizade.
À Universidade Estadual do Oeste do Paraná pelo estudo gratuito e de
qualidade.
À Fundação de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Capes- pelo fornecimento de bolsa e, com isso, o incentivo e apoio ao
conhecimento e a pesquisa.
À Itaipu Binacional que através do convênio ITAIPU/FUNIVERSITÁRIA
disponibilizou a estrutura para a realização do experimento.
Aos pesquisadores do Grupo de Estudos de Manejo em Aqüicultura -
GEMAq, pelas oportunidades e ensinamentos durante a execução desse e demais
trabalhos.
Aos colegas de mestrado, pela amizade e apoio durante o período do curso.
Ao colega de graduação e mestrado, Sidnei e Fabiana, respectivamente,
pela amizade sincera e pelo companheirismo.
À técnica Letícia Hayashi Higuchi pelo imenso apoio nas análises
bromatológicas e pela amizade.
Aos estagiários do Gemaq por apoio em todos os trabalhos realizados pelo
grupo.
À amiga e estagiária Juliana Löesch pelo auxilio nas avaliações zootécnicas
e, principalmente, pelo seu grande companheirismo e apoio.
Ao Sr. Ivanil e Sra. Dilva Nervis pelo grande apoio, amizade e incentivo.
Ao colega e grande amigo Rafael (Codorna), pela amizade, profissionalismo
e apoio na realização desse experimento.
Aos amigos e componentes do Buteko da Creusa F.C.: Jonas (mestre),
Fernando (Morenão), João Paulo (João Barreiro), Eloir (sábio), Rosângela e Sandra,
pela amizade, grande apoio e paciência nos momentos em que não pude me fazer
presente nas cervejadas nos dias de estudos.
RESUMO
DENSIDADE DE ESTOCAGEM DE PIRACANJUBA (Brycon orbigniannus) EM
TANQUES-REDE DE PEQUENO VOLUME
A densidade de estocagem (DE) é um fator que pode afetar o desenvolvimento
dos peixes. O objetivo do trabalho foi avaliar a densidade de estocagem de juvenis
de Brycon orbignyanus cultivados em tanques-rede sobre a sobrevivência, peso,
crescimento, biomassa, hematologia e composição química. O experimento foi
realizado durante cinco meses na área de transição do reservatório da Itaipu
Binacional no Centro de Desenvolvimento de Pesquisa para Piscicultura em
Tanques-rede localizado no Refúgio Biológico do município de Santa Helena PR.
Foram utilizados 750 juvenis com peso e comprimento médio inicial de 26,72±5,99g
e 13,45±0,99cm, respectivamente, distribuídos em 12 tanques-rede de 1,00 m
3
em
um delineamento inteiramente casualizado. Foram utilizados quatro tratamentos (25,
50, 75 e 100 peixes/m
3
) e três repetições. Os animais receberam ração comercial
extrusada contendo 36% de proteína bruta e foram alimentados três vezes ao dia
até a saciedade aparente. Ao final do período experimental, os peixes
permaneceram em jejum por um período de 24 horas para, posteriormente, serem
realizados os procedimentos de coletas de sangue e avaliações dos parâmetros de
desempenho, rendimento e composição química da carcaça dos animais. A
sobrevivência e a biomassa final aumentaram linearmente com o aumento do
número de animais estocados por unidade produtiva. Os valores de rendimento de
carcaça como peso eviscerado, tronco limpo, filé, cabeça e gordura visceral não
apresentaram diferenças significativas (p>0,05), entre os tratamentos. Entretanto, o
comprimento total e padrão, ganho de peso, peso total e índice hepatossomático
apresentaram diferenças significativas (p<0,05) e efeito quadrático para os
tratamentos. A análise química da carcaça não diferiu estatísticamente (P>0,05)
para as variáveis matéria seca, proteína e matéria mineral, no entanto, a maior
deposição lipídica foi observada nos peixes produzidos na densidade de 50
peixes/m
3
. As variáveis eritrocitárias como hemoglobina e hematócrito não
apresentaram diferenças estatísticas (P>0,05) para os tratamentos utilizados, porém,
o eritrócito total e a glicose diferiram significativamente (P<0,01 e P<0,05,
respectivamente) entre as densidades. Concluiu-se que a densidade ótima para o
cultivo de piracanjuba em tanques-rede fica entre 58 e 75 peixes/m
3
.
PALAVRAS-CHAVE: densidade de estocagem, espécie nativa, estresse,
hematologia, desempenho
ABSTRACT
DENSITY OF STOCKING OF PIRACANJUBA ( BRYCON ORBIGNYANNUS), IN
CAGES OF SMALL VOLUME
The density of stocking (DS) is a factor that can affect the development of fish.
The aim of this current study was to analyze the effect of DS over the survival,
weight, growth, and biomass hematology and chemical composition of juveniles
Brycon orbignyannus farmed in cages. The experiment was realized in the area of
transition of the tank of Itaipu Binational in the center of research development to fish
farm in cages located in the Biological Refuge in the city of Santa Helena-PR, for a
period of five months. It was used 750 juveniles with an initial average weight and
length of 26.72+-5,99 g and 13.45+-0,99cm, respectively distributed in twelve cages
of 1,00m3 randomly in a design completely casualized and three repetitions. The
animals received commercial food extruded containing 36% of rough protein and
they were feed three times a day until the visible satiety. At the end of the
experimental period, the fish were kept in fasting for a period of 24 hours.
Subsequently, they were realized the proceeding of blood collection assessment of
the parameters of performance, income and chemical composition of the animals
carcass. The survival and the final biomass increased straightly with the increase
number of animals stocked for unit productive. The values of income of carcass as
gutted weight, clean barrel, fillet, head and grease visceral didn’t present significant
difference (p>0.05) between the treatment. However, the total length and pattern,
gain weight, total weight and hipathossomatic indices presented significant difference
(p<0.05) and effect quadratic of the treatment. The chemical analyzes of the animals
carcass didn’t differ, statistically (p>0.05) to the variable dry material, protein and
mineral material, so that, the higher lipic deposition was watched at fish produced in
density 50 fish per m3
.
The varieties erythrocitics as hemoglobin and hematocrito
didn’t present difference statistics (p>0.05) to the treatment used, however, the total
erythrocitics and the glucose differed significantly (p<0.01 and p<0.05, respectively)
between the densities. It was concluded that the best density to the farm of
piracanjuba in cages is between 58and 75 fish per m
3.
KEY-WORDS: Stocking Density, native species, stress, hematology, income.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Piracanjuba (Brycon orbignyanus) ........................................................................18
Figura 2: Tanques-rede de 1 m
3
utilizados no experimento de diferentes densidades de
estocagem de piracanjuba (B. orbignyanus)........................................................................33
Figura 3: Coleta de sangue por punção caudal em piracanjuba...........................................36
Figura 4:Evisceração da piracanjuba...................................................................................37
Figura 5: Filetagem da piracanjuba cultivada em diferentes densidades de estocagem ......38
Figura 6: Vísceras da piracanjuba submetida a diferentes densidades de estocagem.........38
Figura 7: Separação da gordura visceral da piracanjuba submetida a diferentes densidades
de estocagem......................................................................................................................39
Figura 8: Temperatura média da água em experimento de cultivo de piracanjuba (B.
orbignyanus) em diferentes densidades em tanques-rede de 1m
3
.......................................40
Figura 9: Transparência média da água e índice pluviométrico da cidade de Santa Helena
durante o período experimental de cultivo de piracanjuba (B. orbignyanus) em diferentes
densidades em tanques-rede de 1m
3
...................................................................................41
Figura 10: Comprimento total (cm) de juvenis de piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas
em diferentes densidades....................................................................................................44
Figura 11: Peso final (g) de juvenis de piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas em
diferentes densidades..........................................................................................................44
Figura 12: Ganho de peso (g) de juvenis de piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas em
diferentes densidades..........................................................................................................45
Figura 13: Biomassa (g) de juvenis de piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas em
diferentes densidades..........................................................................................................45
Figura 14: Fator de condição de juvenis de piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas em
diferentes densidades..........................................................................................................48
Figura 15: Sobrevivência, em porcentagem, de juvenis de piracanjubas (B. orbignyanus)
cultivadas em diferentes densidades...................................................................................50
Figura 16: Exemplar de piracanjuba (B. orbignyanus) com sinais de mordida na região da
nadadeira dorsal e da nadadeira caudal ocasionada por canibalismo ocorrido por baixa
densidade de estocagem.....................................................................................................51
Figura 17: Exemplar de piracanjuba (B. orbignyanus) atacado por outros indivíduos da
mesma espécie devido a baixa estocagem em tanques-rede..............................................52
Figura 18: Exemplar de piracanjuba (B. orbignyanus) com lesão no tegumento atacada por
bactérias e fungos................................................................................................................52
Figura 19: Proteína Bruta (PB), em porcentagem, de juvenis de piracanjubas (B.
orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades..............................................................54
Figura 20: Lipídeos (LP), em porcentagem, de juvenis de piracanjubas (B. orbignyanus)
cultivadas em diferentes densidades...................................................................................54
Figura 21: Glicose em g.dL-1 de piracanjubas (B. orbignyanus) cultivados sob diferentes
densidades de estocagem...................................................................................................56
Figura 22: Indice hepatossomático de juvenis de piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas
em diferentes densidades....................................................................................................57
Figura 23: Cruzamento entre as curvas hepatossomático e glicose no sangue de
piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades ...................................58
Figura 24: Eritrócito de piracanjuba (B. orbignyanus) cultivados em diferentes densidades
de estocabem......................................................................................................................59
7
LISTA DE TABELA
Tabela 1 Composição química aproximada de 10 espécies de peixes de água doce de valor
comercial dos açudes do nordeste brasileiro. ......................................................28
Tabela 2: Níveis de garantia da ração comercial (matéria seca)
1
.........................................34
Tabela 3: Valores médios de oxigênio dissolvido (mg.L
-1
) e pH médios observados nos
tanques-rede de 1m
3
utilizados para cultivo de piracanjuba (Brycon orbignyanus)
sob diferentes densidades no Reservatório da Itaipu...........................................42
Tabela 4: Valores de desempenho produtivo de piracanjubas (Brycon orbignyanus)
cultivadas em diferentes densidades em tanques-rede........................................43
Tabela 5: Valores médios da composição corporal em matéria seca de piracanjuba (B.
orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades de estocagem.......................53
Tabela 6 Caractesticas hematológicas de piracanjuba (B. orbignyanus) cultivadas em
diferentes densidades de estocagem...................................................................55
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................9
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................12
2.1 Situação Atual da Pesca e da Aqüicultura......................................................................12
2.2 Tanques-rede ................................................................................................................13
2.2.1 Gaiolas e tanques-rede...............................................................................................15
2.2.2 As estruturas dos tanques-rede..................................................................................16
2.3 Espécie estudada ..........................................................................................................17
2.4 Densidade de estocagem ..............................................................................................21
2.5 Rendimento do Pescado................................................................................................25
2.6 Composição Química do Pescado.................................................................................27
2.7 Hematologia...................................................................................................................29
3 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................32
3.1 Disposição dos tanques-rede.........................................................................................32
3.2 Procedimento experimental............................................................................................33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................40
4.1 Qualidade da água.........................................................................................................40
4.2 Desempenho produtivo das piracanjubas ......................................................................43
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................61
REFERENCIAS.........................................................................................................62
1 INTRODUÇÃO
Segundo relatório da ONU a população mundial atual totaliza 6,5 bilhões de
pessoas e pode chegar a 9 bilhões em 2050, em vista disso, assegurar o acesso
mundial à alimentação, face ao impacto das mudanças climáticas, deve ser um dos
maiores desafios desse século. Atualmente 850 milhões de pessoas passam fome
no mundo.
Segundo a FAO (2008) aproximadamente 110 milhões de toneladas de peixe
para consumo humano em 2006 foram disponibilizados sendo que, desses,
aproximadamente 47% são provenientes da aqüicultura.
No Brasil a participação da aqüicultura na produção de pescado que em 1997
era de 12% apresentou um crescimento maior que três vezes a sua produção
chegando a 25,9% da produção total em 2006 demonstrando um grande acréscimo
refletido na produção total e compensando a sobrexploração da pesca IBAMA
(2008).
Atualmente o espaço limitado ao cultivo está levando a uma grande
intensificação dos empreendimentos, utilizando os sistemas de alta circulaçãocomo
o uso de gaiolas flutuantes. Desta forma, a produtividade natural perdeu espaço
conquistado em décadas anteriores nos sistemas mais extensivos de águas
verdes”. (MOREIRA et al., 2001)
Os peixes são criados comercialmente em diferentes sistemas intensivos de
produção. De acordo com Castagnolli (2000), nos últimos anos, desenvolveram-se
novas tecnologias de criação de peixes em cativeiro, destacando-se os raceways, ou
canais com elevado fluxo de água, tanques-rede e sistemas fechados com
circulação de água.
Dentre as vantagens do uso de tanques-rede destaca-se o fato de ser possível
o seu uso em águas públicas anteriormente utilizadas apenas para produção de
energia ou para armazenamento de água e, também, por possibilitar uma maior
troca de água do viveiro facilitando a oxigenação e reduzindo os resíduos
possibilitando, com isso, uma maior estocagem de indivíduos por volume.
Estes fatos anteriormente citados nos atentam por uma necessidade de
obtenção de maiores conhecimentos de cultivo de espécies potencialmente
10
produtivas, em ambientes favoráveis e com geração de alimento de boa qualidade e
aceitação.
Entretanto muitas espécies cultivadas são exóticas e, segundo Esteves (1998),
o cultivo destas espécies é uma preocupação de pesquisadores nacionais, pelo fato
de poderem ocasionar danos tais como predação, invasão de territórios e
superpopulação, dentre outros problemas decorrentes da invasão de ambientes
naturais.
Nos últimos anos a produção de peixes nativos vem sendo incentivada com o
intuito de preservá-las e manejá-las de forma adequada. Dentre as espécies
cultivadas destacam-se a piracanjuba (B. orbignyannus), dourado (Salminus
maxillosus), curimbatá (Prochilodus lineatus), mandi (Pimelodus maculatus)
(SACCOL-PEREIRA; NUÑER, 2003), entre outros.
Dentre as espécies de peixes brasileiras destaca-se a piracanjuba (Brycon
orbignyanus), por apresentar carne de ótima qualidade, hábito alimentar onívoro e
com grande aceitabilidade de ração, rápido crescimento, facilidade de cultivo e
excelente aceitação comercial. A coloração da carne da piracanjuba é laranja
avermelhada devido à deposição de pigmentos carotenóides provenientes de
alimento natural, dando assim um agradável aspecto e, provavelmente, um melhor
valor de mercado (Santamaria; ANTUNES, 1998). Segundo IBAMA (2008) o preço
da sua carne no Estado de Santa Catarina em 2006 é o mesmo disposto aos
carnívoros de grande aceitação tais como o pintado e dourado.
No desenvolvimento de uma tecnologia de produção para uma determinada
espécie de peixe, um dos primeiros passos é a verificação da densidade de
estocagem adequada para a região, que visa definir níveis ótimos de produtividade
por área (BRANDÃO et al., 2004)
Desta forma este estudo visa aprimorar a tecnologia no cultivo de piracanjuba
em tanque-rede, de maneira que seja possível compreender melhor a influencia da
densidade de estocagem sobre o desenvolvimento zootécnico, corporal e, de saúde
animal dessa espécie.
O objetivo principal foi avaliar a produção de juvenis de piracanjuba, B.
orbignyannus, criadas em diferentes densidades em tanques-rede de pequeno
volume.
11
Objetivou-se principalmente avaliar o desempenho zootécnico, o rendimento
corpóreo, composição química da carne e as condições de saúde da piracanjuba, B.
orbynianus, cultivados em diferentes densidades de estocagem em sistema de
tanques-rede de pequeno volume.
2 REVIO DA LITERATURA
2.1 Situação Atual da Pesca e da Aqüicultura
Segundo a FAO (2009) no total, 80% do estoque mundial de peixes de que se
tem informações m sido relatados como plenamente exploradas ou
sobrexploradas. Provavelmente, já foi atingido o máximo potencial de captura da
pesca dos oceanos do mundo.
A produção mundial de captura da pesca e da aquicultura disponibilizou em
torno de 110 milhões de toneladas de peixe para consumo humano em 2006, o que
equivale uma teórica oferta de 16,7 kg (peso vivo) per capita, uma figura que está
entre as mais altas registradas até agora onde aproximadamente 47% deste
montante correspondeu a aquicultura.
Excluindo China, a oferta per capita aumentou moderadamente, cerca de 0,5%
anualmente desde 1992 (após um declínio desde 1987), com o aumento do
aquicultura a oferta supera os efeitos da estagnação na produção a partir de captura
da pesca e aumento da população.
A China continua a ser de longe o maior produtor de pescado do mundo, pois
sua produção em 2006 foi de aproximadamente 51,5 miles de toneladas (17,1 e
34,4 miles de toneladas da pesca e da aqüicultura, respectivamente), valores que
são estimados para atender uma oferta interna para consumo humano, de 29,4 kg
per capita, bem como para exportação e para fins o alimentares. No entanto,
existem indicações de que as estatísticas sobre a produção da pesca e da
aqüicultura na China esteja demasiado elevado.
Em 2008, a China relatou uma queda de produção em mais de 10%, o que
equivale a um redução de mais de dois milhões de toneladas de peixe decorrentes
da captura e de três milhões de toneladas da aqüicultura.
A aqüicultura continua a crescer mais rapidamente do que qualquer outro setor
de produção de alimentos de origem animal, e mais pido que a população.
Segundo a FAO (2009) é possível que estamos a atingir um marco importante. Após
um crescimento, especialmente durante as últimas quatro décadas, a aqüicultura,
13
pela primeira vez, é capaz de fornecer metade do peixe consumido pela população
humana global.
A pouco tempo, as tendências da produção da aqüicultura e da pesca
prosseguiam sem qualquer alteração drástica daquelas existentes no início da
década.
A estimativa para a produção de pescado em 2008 através da aqüicultura e da
pesca é de aproximadamente 53,2 e 91 milhões de toneladas, respectivamente. São
valores bastante altos e, pode-se observar que a diferença entre a captura e a
produção ainda são bastante elevados porém, se analisarmos o crescimento de
cada setor observamos um acréscimo significativo de 4,7% na produção para 2007
enquanto que a captura teve um decréscimo de 0,8 %.
Desta forma, pode-se dizer que uma tendência mundial para a produção de
pescados através da aquicultura para manter a oferta de proteína dessa origem e
ainda aumentar o mercado consumidor que aumenta consideravelmente.
2.2 Tanques-rede
Segundo relatos históricos, o uso de tanques-rede ou gaiolas para cultivo de
peixes estava presente desde o final do século XIX na Ásia. Onde os primeiros eram
usados na retenção de peixes até a venda e eram confeccionadas com bambu. A
partir de 1950, nos Estados Unidos, surgiram as primeiras estruturas confeccionadas
com plástico (KENTUCKY STATE UNIVERSITY, 2005).
Os maiores motivos para a difusão desse método de cultivo se devem ao fato
de ser possível sua utilização em locais variados (rios, reservatórios, lagos, canais,
etc.), uso de densidades elevadas, colheita rápida, produção em unidades
pequenas, adaptação flexível às demandas de mercado, possibilidade de
observação direta e intervenção imediata (MULLER; VÁRADI, 1984)
O cultivo de peixes em tanques-rede é considerado um sistema de produção
intensivo. Desta forma, os peixes são confinados em altas densidades, dentro de
uma estrutura onde os animais recebem ração balanceada e, ainda, permite que
ocorra uma boa troca de água com o ambiente.
14
Segundo Schmittou (1993) as modalidades de criação de organismos
aquáticos e principalmente na piscicultura, a dos tanques-rede é a que permite as
maiores densidades de estocagem.
A alta taxa de renovação de água dentro do tanque-rede é o principal fator que
viabiliza a alta densidade populacional e a produção de uma grande biomassa de
peixes por unidade de volume (50 a 250 kg/m
3
), já que supre a elevada demanda
por oxigênio e remove os dejetos produzidos (NOGUEIRA, 2007).
Segundo Ayroza et al. (2005) o cultivo de peixes em tanques-rede pode
incrementar consideravelmente à produção aquícola, criar condições para atrair
novos investidores e, tornar-se excelente alternativa de geração de emprego e renda
além de diminuir a pressão sobre os estoques pesqueiros naturais e sobre as
várzeas.
Segundo Nogueira (2007) dentre as vantagens do cultivo de peixes em
tanques-rede destaca-se:
- menor custo de implantação em comparação com outros sistemas de cultivo
intensivo em viveiros escavados e Raceway;
- maior facilidade e rapidez na montagem da infra-estrutura de produção;
- maior facilidade e rapidez para expansão da capacidade de produção;
- maior facilidade de controle e monitoramento do processo de cultivo;
- maior proteção contra predadores naturais;
- amostragens de peixes são feitas facilmente
- possibilidade de combinar o cultivo de várias espécies;
- colheita simplificada;
- aproveitamento de ambientes de grandes lagos e barragens; dispensando
desmatamento de áreas e movimentações de terras, evitando processos de erosão
e assoreamento de rios e lagos.
Como todo empreendimento o cultivo de peixes em tanques-rede também
apresenta algumas desvantagens as quais são assim destacadas por Nogueira
(2007):
- menor possibilidade de correção dos parâmetros químicos e físicos da água;
- a ração deve ser de alta qualidade e nutricionalmente balanceadas;
- o controle de doenças é muito difícil;
- amortização dos investimentos poderá ser pequena;
- aumento nos custos com mão-de-obra mais especializada.
15
Devido as suas particularidades, a escolha do local para cultivos de peixes em
tanques-rede, é sem dúvida, a etapa mais importante no processo de implantação
do empreendimento. Dentre os principais critérios a serem considerados no
processo de escolha podemos destacar a facilidade de acesso, parâmetro físico-
quimicos da água e condições climatogicas.
2.2.1 Gaiolas e tanques-rede
Gaiolas e tanques-rede são estruturas de tela ou rede, fechadas de todos os
lados, que retêm os peixes e permitem fluxo contínuo de água, removendo
metabólitos e fornecendo oxigênio aos animais. As gaiolas são confeccionadas com
material rígido, como telas de aço galvanizado revestidas com PVC, telas de aço
inox, polietileno de alta densidade (tela plástica), entre outros. Tanques-rede são
construídos com material flexível como redes de multifilamentos de seda recobertas
ou não com PVC (BEVERIDGE, 1996; CYRINO; CONTE, 2001).
A denominação de tanques-rede é empregada às unidades de cultivo que
utilizam, para a contenção dos peixes, materiais que se comportem como uma rede
na hora da colheita (ONO; KUBITZA, 2003)
As gaiolas ou tanques-rede de pequeno volume e alta densidade (PVAD)
apresentam tamanho entre 1,0 e 4,0 m
3
e permitem produzir entre 150 e 250
Kg/m
3
/ciclo. Gaiolas de PVAD tem maior capacidade de produtividade, pois
possuem menor área para que o fluxo de água retire os metabólitos e promova a
oxigenação. Gaiolas de grande volume e baixa densidade (GVBD) apresentam mais
de 18 m
3
, e podem produzir de 20 a 80 Kg/m
3
/ciclo. Grande mero de piscicultores
no Brasil, bem como em diversos países, utiliza gaiolas de tamanhos intermediários
(de 6 a 18 m
3
), com produtividade entre 50 e 100 Kg/m
3
/ciclo (BEVERIDGE, 1996).
16
2.2.2 As estruturas dos tanques-rede
As estruturas utilizadas para a armação de um tanque-rede são geralmente
construídas usando tubos, perfis e barras metálicas, onde são presos os flutuadores
e as malhas.
Os flutuadores são estruturas que permitem que o tanque-rede fique suspenso
sob a água, mantendo a tela esticada e possibilitando a movimentação da estrutura
em decorrência à da água. Eles podem ser feitos especificamente para o uso nessa
atividade ou serem adaptados através do uso de tambores psticos ou tubos de
PVC tampados nas extremidades.
Outra estrutura importante dos tanques-rede são os comedouros. São
utilizados para fazer a contenção da ração extrusada e são confeccionados por
diferentes materiais em forma de malha e em diferentes formas e tamanhos,
podendo ser central ao tanque ou fixado à borda do mesmo.
De qualquer forma os materiais utilizados na estrutura de
sustentação,contenção e flutuação devem ter as seguintes características (Nogueira,
2007):
- permitir a troca eficiente de água entre o tanque-rede e o ambiente;
- resistência à corrosão (ferrugem);
- resistência mecânica (agüentar o movimento das águas, as maretas ou marolas);
- baixo custo;
- leve para facilitar o deslocamento e manejo;
- material não cortante ou abrasivo para não causar ferimentos aos peixes;
- permitir a saída dos dejetos produzidos pelos peixes (fezes e restos de ração).
Existem vários tipos de tanques rede, e que variam basicamente quanto à
forma da estrutura (redondos, quadrados e retangulares), e quanto a área útil para o
cultivo. Os tanques rede mais utilizados atualmente são os de 4,0m
3
e 6,0m
3
de
volume útil. Geralmente medem 2,0m x 2,0m de comprimento e largura, com altura
variando entre 1,20m (1,0m submerso) a 1,80m (1,5m submerso), permitindo altas
densidades de cultivo (150 a 200 kg/m
3
) e facilitando o manejo da despesca.
17
O tamanho e forma do tanque tem influência direta sobre o cultivo de algumas
espécies de peixes afetando o desenvolvimento e a produtividade do
empreendimento. Saccol-Pereira e Nuner(2003) concluiu que diferentes formas de
tanques influenciam no comprimento e peso de larvas de piracanjubas destacando
que tanques quadrados possibilitam um melhor resultado.
Os tanques-rede devem ser dispostos em ambientes aquáticos, ditos lênticos
reservatórios, açudes ou lagos – onde haja ligeiro fluxo de água, sendo muito
importante que haja uma renovação constante, mesmo que lenta, da água dos
tanques-rede, a fim de remover a amônia excretada e repor o oxigênio dissolvido.
Devem-se evitar corredores de vento e locais sujeitos a correntes muito fortes, como
embocaduras de rios, por exemplo.
A profundidade mínima é de 2,0 m permitindo que o fundo dos tanques-rede
fique, pelo menos, a 80 cm do fundo do reservatório. Com isso, reduz-se bastante o
efeito nocivo dos processos bioquímicos que ocorrem no sedimento, como
fermentação e decomposição de fezes e de sobras de ração.
2.3 Espécie estudada
O gênero Brycon, encontra-se representado por cerca de 40 espécies, sendo
que dentre as mais utilizadas para o cultivo destacam-se a piracanjuba (B.
orbignyanus) (fig.1) e o matrinxã (B. cephalus), sendo ambas nativas da bacia
Paraná-Uruguai (MOREIRA et al., 2001).
18
Figura 1: Piracanjuba (Brycon orbignyanus)
Fonte: Arquivo pessoal
A piracanjuba, que se encontra distribuída nas bacias do Paraná, Paraguai e
Uruguai, é uma espécie que apresenta seus estoques naturais sensivelmente
reduzidos devido principalmente à ação antrópica, como a destruição da mata ciliar,
a poluição dos mananciais hídricos e o barramento dos rios (ARANA, 2004).
Tanto o matrinxã como a piracanjuba são espécies consideradas de alta
capacidade de adaptação a cultivos extensivos e intensivos. Essa adaptabilidade
deve-se principalmente ao seu hábito alimentar onívoro. Pizango-Paima et al. (2001)
em seus estudos com matrinxã na Amazônia Central destaca que esta espécie
apresenta a capacidade de se alimentar dos itens disponíveis no ambiente
considerando, assim, como espécie oportunista e onívora.
Seixas-Filho et al. (2000) avaliando a anatomia funcional e morfométrica dos
intestinos e cecos pilóricos de piracanjuba relatou que a maioria dos órgãos
encontra-se no terço anterior da cavidade peritoneal, onde estão localizados o
intestino anterior (esôfago e estômago), as alças 1, 7 e 8 e a porção cranial das
alças 2 e 9 do intestino médio, e os cecos pilóricos. No terço médio, localizam-se a
porção caudal das alças 2 e 9 e as alças 3, 4, 5 e 6 do intestino médio; e no terço
posterior encontra-se o intestino posterior, que chega ao ânus e se abre
anteriormente à nadadeira anal. Destaca, ainda, que o arranjo das alças intestinais é
bastante definido, o plano geral do intestino médio e do reto foi mantido. As
relações entre o arranjo das pregas da mucosa e a velocidade de transporte do
19
alimento no intestino médio sugerem que os padrões transversal e obliquo retardam
o avanço do alimento em sentido aboral, possibilitando maior período digestivo e
melhor aproveitamento dos nutrientes, contribuindo para a preparação do bolo fecal.
O padrão da mucosa dos cecos pilóricos possui características anatômicas
semelhantes às do intestino e, o comprimento e calibre dos mesmos aumentam
proporcionalmente com o desenvolvimento do peixe. Seixas-Filho et al. (2000)
concluiu que a piracanjuba possui um padrão de alças intestinais que sugere uma
adaptação para uma alimentação com valores intermediários entre o arranjo
intestinal de peixes carnívoros e o dos herbívoros. O comprimento total do intestino
e das alças intestinais e seus calibres, provavelmente, exercem função específica na
absorção de nutrientes.
Angelescu e Gneri (1949) (apud Seixas Filho et a., 2000) observam que as
características anatômicas do aparelho digestório dos peixes acham-se em estreita
dependência com a natureza dos alimentos, as características do habitat, o estado
nutricional e o estádio de desenvolvimento do indivíduo, manifestados,
especialmente nesse aparelho, por adaptações e modificações. Essas são variações
morfológicas provocadas pela ação de fatores do ambiente sobre o organismo,
podendo ser de caráter permanente, produzidas na evolução filogenética, como no
caso das adaptações, ou de caráter temporário, produzidas no ciclo ontogenético do
indivíduo, chamadas de modificações.
Os estudos relativos ao manejo e nutrição da piracanjuba tem sido intensificado
nos últimos anos, visando levantar informações que possibilitem sua criação em
cativeiro, tendo em vista que as mesmas respondem positivamente em termos de
desempenho com a utilização de alimentos de origem vegetal, o que contribui para a
redução do custo de produção. Devido a resposta positiva que a piracanjuba
apresenta a dietas com proteína de origem vegetal e animal, o custo do seu cultivo é
reduzido pela possibilidade da utilização do farelo de soja em substituição a farinha
de peixe.
Esta espécie adapta-se bem à dietas peletizadas ou extrusadas, sendo que o
fornecimento de dietas extrusadas permite maior controle do consumo, facilitando a
manutenção da qualidade da água, fundamental para essas espécies. Os níveis
protéicos recomendados variam de 25 a 30% (MOREIRA et al., 2001).
Sá e Fracalossi (2002) testando diferentes porcentagens de proteínas em
rações isocalóricas com juvenis de piracanjuba perceberam que rações com 29 %
20
de proteína bruta e com 10,4 Kcal EM/g PB foram suficientemente satisfatórias em
seu cultivo demonstrando uma conversão alimentar de 1,55.
Izel et al. (2004) em experimentos com alevinos de matrinxã alimentados com
rações isocalóricas (390Kcal/100g) com diferentes porcentagens de proteína bruta
(PB) relataram que dietas contendo 28 % de PB proporcionou o maior crescimento
em peso diário dos peixes (4,0 g/dia).
Albeláez-Rojas et al. (2002) em seus estudos concluiram que matrinxãs (B.
cephalus) cultivados em sistema intensivo e semi-intensivo e alimentados com ração
extrusada com 30 % de PB apresentaram conversão alimentar de 1,9 e 2,14,
respectivamente.
A conversão alimentar é um fator importante no cultivo de peixes onde objetiva-
se obter o menor valor possível acarretando em maior aproveitamento do alimento
fornecido. Uma boa conversão alimentar torna-se de grande importância para a
produção comercial de determinada espécie.
Brandão et al. (2005) em seu estudo com diferentes densidades de estocagem
de matrinxã (Brycon amazonicus) (200, 300, 400 e 500 px/m
3
) para recria em
tanques-rede observaram que a conversão alimentar não diferiu entre os
tratamentos e ficou entre 1,31-1,35.
A criação de larvas é um dos fatores mais limitantes no cultivo desta espécie,
principalmente em função da elevada taxa de canibalismo. Visando reduzir esse
canibalismo tem-se utilizado larvas de outros peixes e também “organismos-
alimentos”, como a artemia. A densidade nessa fase varia de 25 a 70 peixes/m
2
(Moreira et al., 2001). Feiden e Hayashi (2005) destacaram a importância do
alimento vivo na dieta de juvenis de piracanjuba cultivadas em cativeiro.
A desuniformidade das larvas é um dos fatores determinantes para que ocorra
um aumento na taxa de canibalismo, sendo a alimentação adequada
(disponibilidade e tipo) importante para se obter maior taxa de sobrevivência durante
esse período.
Feiden e Hayashi (2005) notaram que houve mortalidade pouco significativa
entre os juvenis de piracanjubas cultivados a uma densidade de 15 ind/m
3
destacando a tendência a canibalismo da espécie nesta idade devido a condição de
estresse a que foram submetidos pelas variações de características físico-quimicas
da água.
21
Saccol-Pereira e Nuñer (2003) estudando larvicultura de piracanjuba
perceberam que não houve diferença significativa na sobrevivência, média de peso,
comprimento e altura dorso-ventral das larvas cultivadas as densidades de 5, 15 e
25 larvas/L.
2.4 Densidade de estocagem
A muito tempo é comum o confinamento de organismos aquáticos em altas
densidades (DE) para se obter um aumento da produtividade e melhorar o
desenvolvimento zootécnico da população (Ono, 1998). Segundo Kubitza et al.
(1999) a estimativa da capacidade de sustentação dos ambientes onde os
organismos são confinados oferece grande vantagem, uma vez que permite estimar
a biomassa da criação que pode ser alcançada sem prejudicar as condições
ambientais e, com isso, evitando transtornos que possam vir a comprometer a
produtividade e viabilidade do empreendimento. Segundo Ono (1998) o aumento da
densidade de peixes aumenta a competição por alimento e há uma piora na
qualidade da água do ambiente.
Muitos são os motivos que levam a um estudo mais aprofundado dos limites
produtivos causados pela estocagem de peixes em diferentes densidades em
ambiente de cultivo. Baldisserotto (2002) afirma que caso a densidade seja baixa,
muitas vezes, o crescimento dos peixes é melhor, mas o espaço é pouco
aproveitado. Existem, inclusive, algumas espécies que não crescem bem quando em
baixas densidades, pois parecem requerer algum tipo de estimulação social com
exemplares da mesma espécie. Alem disso, os exemplares de algumas espécies,
quando criados em baixa DE, tendem a estabelecer territórios bem definidos e,
muitas vezes, gastam muita energia na defesa deles.
A medida que a DE aumenta, o custo de defesa do território torna-se excessivo
em relação às vantagens que ele poderia trazer, pois para defender seu território o
peixe precisaria brigar o tempo inteiro com um número cada vez maior de invasores
e não teria tempo para se alimentar ou desfrutar de alguma outra comodidade do
seu território. Deste modo, com o aumento da densidade, o peixe acaba desistindo
do seu território e passa a fazer parte de um cardume. Em densidades elevadas, a
22
redução do crescimento deve-se, muitas vezes, a uma deterioração da qualidade da
água e não ao efeito da densidade em si. Contudo, mesmo quando essa limitação é
eliminada, existe uma DE ótima para espécies com quantidade ilimitada de alimento.
(BALDISSEROTTO, 2002)
Desta forma, a densidade de estocagem pode ter influência direta no
crescimento individual bem como da população como um todo. Esta afirmação já foi
por muitas vezes testada por vários autores dentre os quais podemos destacar os
seguintes estudos:
Salaro et al. (2003) testando o cultivo de trairão (Hoplias lacerdae) em
diferentes densidades de estocagem (1 e 4 alevinos/m2) perceberam que o maior
ganho de peso diário e comprimento ocorreu nos peixes estocados a menor
densidade.
Gomes (2000), estudando larvas de matrinxã (Brycon cephalus), verificou que
o comprimento e peso foram significativamente reduzidos com o aumento da
densidade de estocagem.
Brandão et al. (2004) em um experimento com recria de tambaqui em
diferentes densidades (200, 300, 400 e 500 px/m
3
) perceberam que o crescimento
em comprimento e peso na densidade de 500 px/m
3
foi significativamente menor que
a 200 px/m
3
.
Brandão et al. (2005) em seu estudo com diferentes densidades de estocagem
de juvenis de matrinxã (Brycon amazonicus) (200, 300, 400 e 500 px/m
3
) para recria
em tanques-rede observaram que não houve diferença significativa entre as
variáveis de crescimento sugerindo que não houvesse atingido a capacidade de
suporte. O coeficiente de variação do crescimento não apresentou diferença
significativa entre as densidades demonstrando homogeneidade entre os lotes.
Gomes e Schlindwein (2000) estudaram efeito de períodos produtivos e
densidade de estocagem no cultivo de catfish (Ictalurus punctatus) e observaram um
maior ganho de peso nos indivíduos estocados em menor densidade.
Marengoni (2006) observou que o aumento da densidade de tilápia do Nilo
(250, 300, 350 e 400 peixes/m
3
) promoveu uma redução linear (p<0,01) sobre o
peso médio final e ganho de peso médio diário, porém não influenciou no fator
condição dos peixes. Da mesma forma, observou que houve um aumento linear
significativo (p<0,05) na biomassa final, produtividade, consumo de ração e
conversão alimentar aparente à medida que se eleva a densidade de cultivo.
23
Ostini et al. (2007) estudando a criação de juvenis de robalo-peva
(Centropomus parallelus) com peso médio de 32,53 g submetido a diferentes
densidades de estocagem (20 e 40 peixes/m
3
) em tanques-rede de 1 m
3
de volume
notou que na densidade de 20 peixes/m
3
teve-se significativamente (p<0,05) um
maior ganho de peso dos peixes e que à densidade de 40 peixes/m
3
apresentou
maior biomassa final.
A influência da densidade tanto pode atingir a disponibilidade de alimento,
competição por espaço como o instinto de formação de cardume o que leva, dentre
outras coisas, a uma uniformidade ou não da população bem como a uma alteração
na sobrevivência devido a competição, levando ao canibalismo.
Lage et al. (1999) em um experimento com piracanjubas de um ano e três
meses e com 149 g de peso médio estocadas em densidades de 1 e 0,5 peixe/m
2
não percebeu influencia da densidade de estocagem e nem dos níveis de
alimentação (2%, 3,5% e “ad libitum”) no ganho de peso e nem no crescimento.
Paiva et al. (2008) avaliaram a produção de tipia tailandesa (Oreochromis
niloticus), estocada em diferentes densidades (200, 250 e 300 peixes/m
3
) em
tanques-rede de 1 m
3
instalados em viveiros de piscicultura povoados ou não com a
mesma espécie e observaram que houve uma distribuição de freqüência de classe
de peso entre as densidades onde em tanques-rede situados em viveiro livre
apresentou-se 82,4, 70,9 e 61,9% de peixes nas densidades de 200, 250 e 300
peixes/m
3
, respectivamente, com peso comercial (500 g). Da mesma forma, em
tanques-rede situados em viveiro povoado conseguiu-se atingir 51,3, 42,1 e 44,9%,
respectivamente, com 500 g de peso.
Piaia e Baldisserotto (2000) em seu estudo com densidades (114, 227 e 454
alevinos/m
3
) de estocagem de alevinos de jundiá (Rhandia quelen) em circulação
fechada observou que os alevinos submetidos a maior DE permaneciam em grupo
na captura do alimento enquanto que os estocados a menor densidade formaram
territórios distintos e individuais podendo ter ocorrido maior gasto metabólico em
função de interações agonísticas o que levou a um menor crescimento e, também,
uma menor sobrevivência. Verificaram que maiores densidades de estocagem
favorecem a formação de grupos na captura de alimentos. O aumento da densidade
de estocagem contribuiu para o não territorialismo entre os peixes e,
conseqüentemente, para a diminuição do canibalismo.
24
Albeláez-Rojas et al. (2002) notaram que houve uma maior taxa de
sobrevivência em matrinxãs cultivados em sistema intensivo (93,3 %) (10 peixes/m
3
)
comparado ao sistema semi-intensivo (70,6 %) (1 peixe por metro cúbico).
Salaro et al. (2003) testando o cultivo de trairão (Hoplias lacerdae) em
diferentes densidades de estocagem (1,0 e 4,0 alevinos/m
2
) observaram que ocorreu
uma maior sobrevivência nos alevinos estocados em maior densidade (96,7%),
quais observaram que a esta densidade os peixes formaram cardume à meia água
para captura do alimento não registrando agressividade entre os peixes.
De acordo com Pienaar (1990), o canibalismo pode ser controlado por simples
alteração na disponibilidade de alimento.
Feiden et al. (2006) ao avaliarem o desenvolvimento de larvas de surubim-do-
iguaçu (Steindachneridion melanodermatum) alimentadas com diferentes dietas,
observaram que a maior disponibilidade de alimento reduz o canibalismo,
demonstrando que o canibalismo está diretamente relacionado com a
disponibilidade de alimento.
Cavero et al.(2003) em seu experimento com diferentes densidades de
estocagem de juvenis de pirarucu em ambiente confinado perceberam que o
consumo de alimento foi inversamente proporcional à densidade de estocagem. Não
foi observado o estabelecimento de classes hierárquicas nem a formação de zonas
específicas de alimentação dentro dos tanques-rede. Durante o experimento não foi
registrado casos de agressão, competição por alimento ou canibalismo.
Gomes (2000), estudando larvas de matrinxã (Brycon cephalus), o observou
correlação entre a sobrevivência e densidade de estocagem.
A quantidade de adensamento de peixes utilizadas num cultivo pode alterar
significativamente a composição corporal de forma que venha interferir no produto
final de comercialização. Esta situação foi bastante testada por alguns
pesquisadores e, por vezes, provada.
Albeláez-Rojas et al. (2002) em seu estudo sobre composição corporal de
tambaqui (Colossoma macropomum) e matrinxã (Brycon cephalus) cultivados em
sistema intensivo (10 peixes/m
3
) e semi-intensivo (1 peixe/m
3
) perceberam que
houve menor deposição de gordura (13,51 % e 14,95 %, respectivamente) e maior
deposição de proteína ( nos peixes cultivados no sistema intensivo.
Luz e Zaniboni Filho (2002) testaram diferentes densidades de estocagens de
pós-larvas de mandi-amarelo (Pimelodus maculatus) (5, 15 e 30 s-larvas/L) e
25
perceberam que a sobrevivência foi inversamente proporcional ao acréscimo na
densidade. Desta forma, também, ocorreu um maior canibalismo no tratamento com
maior densidade onde observou-se a presença de alimento no trato digestório dos
indivíduos mortos porém, isso não afetou o canibalismo. Mas, mesmo assim, a
densidade de 30 pós-larvas/L apresentou 3 vezes mais larvas que aquele com maior
sobrevivência e menor densidade (5) obtendo-se uma maior produtividade.
Brandão et al. (2005) em seu estudo com diferentes densidades de estocagem
de matrinxã (Brycon amazonicus) (200, 300, 400 e 500 px/m
3
) para recria em
tanques-rede observou que a sobrevivência média final oscilou entre 92% na
densidade de 200 px/m
3
a 77,75% na de 400 peixes/m
3
porém não houve diferença
significativa entre as densidades e a média ficou em torno de 85%.
Lopez e Sampaio (2000) em um estudo com larvas de pacamã (Lophiosilurus
alexandri) cultivadas em canaletas de 0,43 m
2
de área útil e sob as densidades de
150, 250 e 500 larvas/canaleta observou uma sobrevivência de 60, 49 e 37%,
respectivamente. Porém, não observaram uma diferença significativa em relação ao
comprimento médio final das larvas. Relataram, ainda, que a influencia negativa das
densidades de estocagem na sobrevivência das larvas de pacamã pode ter sido
decorrente da densidade de alimento disponível incidindo sobre o canibalismo da
espécie.
Ostini et al. (2007) estudando a criação de juvenis de robalo-peva
(Centropomus parallelus) com peso médio de 32,53 g submetido a diferentes
densidades de estocagem (20 e 40 peixes/m
3
) em tanques-rede de 1 m
3
de volume
observaram que não houve influencia da densidade na sobrevivência (96,70 e
99,20%, respectivamente).
2.5 Rendimento do Pescado
O conhecimento da proporção da matéria-prima que será transformada em
produtos finais para a comercialização, bem como da quantidade que faparte do
resíduo do processamento, permite o planejamento logístico da produção e os
cálculos necessários para a avaliação da eficiência produtiva da empresa
(BITTENCOURT, 2008). Segundo Souza et al. (1999) o conhecimento sobre o
26
rendimento do peixe, bem como de seus subprodutos, são de fundamental
importância tanto para a indústria de processamento quanto para o produtor.
O rendimento de cortes é fundamental na produção de peixes, visto que, a
comercialização é realizada principalmente pela quantidade de quilos de filé, peixe
inteiro ou eviscerado. O conteúdo visceral é importante no rendimento de cortes,
sendo que no momento do abate as vísceras (fígado, trato digestório) e outros
componentes (gordura visceral e gônadas) são descartados (LAZZARI et al., 2007).
Todos estes fatores caracterizam a necessidade de ampliar pesquisas voltadas
ao maior rendimento do pescado de acordo com manejo nutricional, densidade de
estocagem, tamanho e formas de abate.
Em um estudo com veis de proteína (25, 30 e 35%) e energia (3250 e 3500
kcal/kg) na alimentação de pacus (P. mesopotamicus) em tanques-rede no
reservatório de Itaipu, Signor (2006) não encontrou diferença entre os tratamentos
para o rendimento de filé e tronco limpo e observou que o menor rendimento de
carcaça ocorreu nos peixes alimentados com ração contendo a maior proporção de
proteína bruta (35%) e energia digestível (3500 kcal/kg) ressaltando, ainda, que
nessas condições ocorreu uma maior deposição de gordura visceral nos animais.
Boscolo et al. (2001) em sua avaliação sobre o rendimento da tilápia do Nilo
das linhagens tailandesa e comum encontraram para o tronco limpo rendimento de
49,46 e 51,39% e rendimento de filé de 37,47 e 33,37%, respectivamente.
Silva et al. (2002) estudando o desempenho produtivo da tilápia do Nilo (O.
niloticus L) em diferentes densidades (90, 120 e 150 peixes/m
3
) e trocas de água em
“raceway” perceberam que os rendimentos de filé e de carcaça diminuíram com a
menor troca de água nas maiores densidades de estocagem. A maior média para
rendimento de fi(35,02%) foi encontrada na densidade de 90 peixes/m
3
na troca
de água total de 60 minutos.
Leonhardt et al. (2006) trabalhando com características morfométricas,
rendimentos e composição do filé de tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus),da
linhagem tailandesa, local e do cruzamento de ambas notaram um rendimento de filé
de 36,51, 38 e 39,05, respectivamente. Os autores atribuíram o maior rendimento
demonstrado pelo cruzamento as linhagem devido ao menor peso final registrado,
notando que o peso de abate influencia diretamente no rendimento do pescado.
27
Segundo Souza et al. (1999) no Brasil não existe padronização no método de
filetagem e na categoria de peso, em função das espécies de peixes, sobre seus
rendimentos.
Em trabalho com rendimento de carcaça de peixe matrinxã (Brycon cephalus)
nos diferentes cortes de cabeça Gomiero et al. (2003) concluiram que o corte
obliquo da cabeça proporcionou melhores rendimentos de tronco limpo (65,67%) em
relação ao corte reto da cabeça (61,28%). Para o rendimento de filé os autores
encontraram um rendimento de 36,61% e 37,23%, respectivamente.
Segundo Souza et al. (2000) a relação inversa entre o peso da cabeça e o
rendimento potencial é comprovada. O peso da cabeça é um bom indicador do
rendimento do corpo limpo, pois à medida que o tronco vai sendo manipulado, a
correlação diminui, atingindo menor valor para filé sem pele.
Estudando efeito do peso de abate nos rendimentos do processamento da
piracanjuba, Freato et al. (2005) observaram que as porcentagens de cabeça e de
resíduo de filetagem diminuíram com o aumento da classe de peso de abate, ao
passo que o rendimento do filé aumentou. Da mesma forma observou-se que a
porcentagem de vísceras aumentou em função do aumento da classe de peso, até
atingir o máximo de 12,12%, em peixes com peso médio de abate de 915,8 g. Os
autores inferiram, com isso, que esse aumento ocorreu devido à proximidade da
maturidade sexual, uma vez que considerou-se como vísceras todo o conteúdo da
cavidade celomática, incluindo gônodas e gordura celomática.
2.6 Composição Química do Pescado
Segundo Oetterer (2002) o pescado apresenta muito mais vantagens do que
qualquer alimento de origem animal no aspecto nutricional. Ressalta a autora que o
pescado possui alto valor nutricional principalmente por possuir todos os
aminoácidos essenciais, um alto teor de lisina, alta digestibilidade protéica, além de
ser fonte de vitaminas lipossolúveis e das do complexo B, alta saturação dos ácidos
graxos, com presença do ômega-3 e o baixo teor de colesterol.
28
O conhecimento sobre o rendimento do fie as variações em sua composição
centesimal o de grande importância para as unidades beneficiadoras de pescado,
bem como para produtores (MACEDO-VIEGAS et al., 2002).
Segundo Ogawa e Maia (1999) a carne do pescado possui, em geral,
características extremamente variáveis, contendo entre 60 e 85 % de umidade,
aproximadamente 20 % de proteína, 1 a 2 % de cinzas, 0,3 a 1 % de carboidratos e
0,6 a 36 % de lipídeos.
Na tabela 1 podemos ver as composições químicas de diferentes espécies de
água doce de valor comercial.
Tabela 1 Composição química aproximada de 10 espécies de peixes de água doce
de valor comercial dos açudes do nordeste brasileiro.
Espécie Proteína Gordura Cinza
Tilápia 18,5 3,6 2,4
Tucunaré comum 22 1,6 2,6
Sardinha 17,8 4,5 1,9
Curimatã comum 18,5 6,6 1,7
Pescada do Piauí 18,1 2,6 1,5
Traíra 21,5 2,5 1,8
Piau comum 17,5 8,6 1,8
Piau verdadeiro 18,2 4,5 2,0
Cangati 17,5 7,5 2,0
Branquinha 18 7,9 1,5
Fonte: Sales e Sales (1990)
As espécies do gênero Brycon apresentam uma boa aceitação no mercado
consumidor principalmente pela qualidade de sua carne que além de coloração
avermelhada (principalmente a piracanjuba) possuem uma constituição nutricional
excelente com índices altos de proteína e baixos de gordura. Sá e Fracalossi (2002)
perceberam que a composição corporal de alevinos de piracanjubas é variável
conforme o alimento ingerido. Destaca ainda a composição média, na matéria seca
(MS), de 59,03 ± 1,33 % de PB, 27,13 ± 1,80 % de EE e 9,13 ± 0,09 % de cinzas em
indivíduos cultivados com ração composta por 36 % de PB.
Izel et al. (2004) relatam que fis de matrinxã alimentados com ração contendo
28 % de PB e 3900 Kcal/kg de energia apresentaram 64,8 % de proteína, 33,1 % de
gordura, 4,2 % de minerais e 6000,3 Kcal/kg de energia, na matéria seca.
Pizango-Paima et al. (2001) em suas análises com matrinxã (Brycon cephalus)
em ambiente natural na Amazônia central concluiu que os teores de proteína foram
de 63 % no músculo e de 42 % no fígado e que o extrato etéreo (EE) foi de 21,6 % e
29
33,6 %, respectivamente, na matéria seca. Da mesma forma, relata que existe uma
relação entre composição centesimal da dieta e aquela do filé.
Bittencourt et al. (2008) observando a composição química da carcaça na
matéria natural no cultivo de pacu (P. mesopotamicus) em tanques-rede de pequeno
volume em diferentes densidades (200, 300 e 400 peixes/tq) observaram que não
houve diferença estatística (p<0,05%) na MS, matéria mineral (MM) e PB entre os
tratamentos, porém, notaram uma diminuição de lipídeos (LI) com o aumento da
densidade de estocagem.
2.7 Hematologia
As enfermidades, de um modo geral, estão relacionadas às alterações do
hemograma nos animais e no homem. Por isso o quadro hematológico de diferentes
peixes e condições de criação vêm sendo estudado (TAVARES-DIAS et al., 2000).
O estudo da hematologia em peixes contribui para a compreensão da fisiologia
comparativa, relação filogenética, condições alimentares e outros parâmetros
ecológicos (LARSSON et al., 1976).
A resposta dos peixes ao estresse pode ser dividida em primária, secundária e
terciária, de acordo com o nível organizacional em que operam (BARTON E IWANA,
1991).
Segundo Okamura et al. (2007) a resposta primária ao estresse é marcada,
principalmente pela liberação de cortisol e adrenalina, que são frutos da ativação de
dois grandes sistemas, o eixo hipotalâmico-pituitário-interrenal (HPI) e o sistema
simpático-cromafim (SC).
As alterações neuroendócrinas da resposta primária dão origem às respostas
secundárias, que são marcadas por desequilíbrios hidrominerais, comprometimento
das funções imunológicas e mobilização de substratos ricos em energia. O aumento
do nível plasmático de glicose se , principalmente, pela depleção das reservas de
glicogênio hepático e aumento da gliconeogênese (VIJAYAN, 1997).
Como conseqüência dos eventos causados pela resposta primária e
secundária podem ocorrer complicações que atingem o organismo como um todo,
denominadas de respostas terciárias (ODAMURA et al., 2007) que, dentre outras
30
manifestações, apresentam uma redução do ganho de peso e da resistência às
doenças.
A condição de estresse de peixes submetidos a densidades acima do tolerável
para a espécie pode ocasionar uma queda na imunidade corpórea acarretando
numa possível disseminação de doença e proliferação de organismos patógenos tais
como bactérias, fungos, protozoários e fungos. Uma forma de observar a condição
sanitária de peixes é realizando a análise de glicose no sangue. Segundo Morgan e
Iwana (1997) a glicose é um bom indicador de distúrbios fisiológicos resultantes de
diferentes tipos de estressores, por ser a principal fonte de energia utilizada pelos
peixes para suportar situações desfavoráveis.
Segundo Procarione et al. (1999), a submissão de peixes a densidades
extremas causam um aumento na glicose sanguínea e, conseqüentemente a
diminuição do crescimento, pois a energia destinada ao crescimento é desviada para
compensar a situação desfavorável.
Brandão et al. (2005) em seu estudo com diferentes densidades de estocagem
de matrinxã (Brycon amazonicus) (200, 300, 400 e 500 px/m
3
) para recria em
tanques-rede observaram que não houve diferença significativa entre os tratamentos
quanto a concentração de glicose sanquinea, ficando esta em torno de 60-65 mg.dL
-
1
, demonstrando que nenhuma delas foi fisiológicamente estressante para o
matrinxã.
Azevedo et al. (2006) observaram que não houve variações significativas dos
valores de hematócrito e do número total de leucócitos em tilápias cultivadas em
diferentes sistemas de cultivo (consórcio com suínos e pesque-pague) supondo que
isto se deve ao fato de os animais não estarem sujeitos a efeitos de fatores
estressantes e, também, a densidade populacional adequada para tilápias.
Observaram, tamm, que não houve diferença significativa entre os valores médios
da taxa de glicose no sangue dos peixes mantidos nos dois tipos de exploração,
porém, nos animais criados em consorciação com suínos, ocorreram valores
ligeiramente mais elevados o que pode representar uma resposta ao estresse por
parte dos animais vivendo em ambiente mais eutrofizado, decorrente da presença
das fezes de suínos.
Desta forma pode se dizer que a concentração de glicose plasmática é utilizada
como um dos principais indicadores de estresse em peixes, especialmente em razão
de seus valores permanecerem elevados por mais tempo em indivíduos
31
estressados, podendo variar de acordo com o estímulo estressante a que os
mesmos são submetidos e com o ambiente em que são mantidos.
Fujinomoto et al. (2007) estudando parâmetros sanguíneos de pacu (Piaractus
mesopotamicus) de 100 g de peso médio alimentados com dietas suplementadas
com cromo trivalente em duas densidades de estocagem (4 Kg/m
3
e 20 Kg/m
3
)
observaram que os peixes submetidos à baixa densidade, após 15 dias,
apresentaram valores de leucócitos maiores que os mantidos em alta densidade e
ocorreu inversão desses valores após 30 dias, permanecendo estáveis até 90 dias.
Os autores perceberam que na menor densidade os maiores ou menores valores,
principalmente dos parâmetros de leucócitos totais, hematócrito, neutrófilo e
linfócitos, ocorreram aos 15 e 30 dias de experimento. Na maior densidade, essas
variações ocorreram mais tardiamente, aos 30 e 90 dias.
Não houve influencia da densidade sobre o número de neutrófilos havendo
redução do número nas duas densidades aos 90 dias. Observou-se, ainda, um
aumento no índice hepato-somático (IHS) nos peixes estocados em alta densidade,
onde o menor peso do fígado pode estar relacionado com a utilização do glicogênio
em resposta à alta densidade. Contudo, é possível que essa diminuição aconteça
nas primeiras horas e os níveis sejam repostos rapidamente.
Camargo et al. (2005) avaliando parâmetros eritrocitários do jundiá (Rhamdia
quelen) submetido a dieta com diferentes níveis de proteína bruta (30, 40 e 50%)
observaram que o nível de 50% PB possibilitou uma boa eritropoiese e foi o que
mais estimulou a produção de hemoglobina, assegurando o bom estado de saúde
aos peixes. A concentração de hemoglobina (HGB) e o percentual de hematócrito
(HCT) aumentaram conforme aumentou o nível protéico.
Tavares-Dias et al. (2002) em seu estudo com Rhamdia quelen perceberam
que os trombócitos e linfócitos foram as células de defesa orgânica mais freqüentes
nas extensões sanguineas e apresentaram correlação negativa entre si.
Observaram, tamm, a presença de leucócitos imaturos nas extensões sanguineas
Ranzani-Paiva et al. (1999) notaram que ocorreu efeito de espécie e idade para
os valores de eritrócitos e Hemoglobina sendo que os mais velhos apresentaram
valores médios mais altos assim como de hemoglobina corpuscular média (HCM).
3 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado no reservatório da Itaipu
Binacional, no Centro de Desenvolvimento de Tecnologias para
Piscicultura em Tanques-rede no Município de Santa
Helena/Paraná, na área de transição do reservatório, junto ao
Refúgio Biológico de Santa Helena, nas seguintes coordenadas
geográficas: W 54º 21’196, S 24º 51’ 105, W 54º 21’ 078, S 24º 51
192 e W 54º 21’ 224, S 24º 51’ 143.
3.1 Disposição dos tanques-rede
Os tanques-rede foram instalados em uma corda fixada nas
extremidades com poitas de aproximadamente 300 Kg de peso.
Para controle do impacto de ventos e da variação do nível da água,
a corda possuía em suas extremidades bóias flutuantes.
Os tanques utilizados possuiam as dimensões de 1,00m X
1,00m X 1,00m totalizando 1,00 m
3
com bóias flutuantes nas bordas
e confeccionados com telas galvanizadas e recobertas com PVC.
Todos os tanques possuíam cobertura de sombrite na tampa para
reduzir a incidência solar (Fig 3).
33
Figura 2: Tanques-rede de 1 m
3
utilizados no experimento de
diferentes densidades de estocagem de piracanjuba (B.
orbignyanus)
Fonte: Arquivo pessoal
Para controle da ração fornecida os tanques possuíam
comedouros perimetrais confeccionados com sombrite evitando,
assim, a perda de ração para o meio ambiente. A distância entre as
unidades foi de um metro facilitando a troca de água e a
manutenção das estruturas.
A profundidade media do local é de 8 metros em condições
normais de vazão do reservatório podendo oscilar em ± 4 metros.
3.2 Procedimento experimental
Para este trabalho foram utilizados 750 juvenis de piracanjuba
(Brycon orbignyanus) com peso e comprimento médio inicial de
26,72±5,99g e 13,45±0,99cm, respectivamente, distribuídos
aleatoriamante em 12 tanques-rede de 1,00 m
3
.
34
Foram utilizados quatro tratamentos e três repetições. Os
tratamentos foram definidos pelas densidades de estocagem que
foram divididas em 25, 50, 75 e 100 peixes/m
3
.
Os peixes foram adquiridos junto a uma unidade produtora de
alevinos da região e haviam sido estocados anteriormente em
tanques escavados. A estocagem para o transporte foi realizada em
sacos plásticos numa densidade de 25 peixes por unidade. Todos os
exemplares não apresentaram aparência de estresse ocasionado
pelo transporte e nem descamação decorrente de eventual briga ou
agitação.
Os peixes foram aclimatados ao local adequadamente por
aproximadamente 15 minutos e posteriormente soltos nas unidades
de pesquisa (tanques-rede).
Do mesmo utilizou-se 20 juvenis para avaliações dos
parâmetros morfométricos médios iniciais: comprimento total (CT),
comprimento padrão (CP), peso total (PT), peso eviscerado (PE),
peso do filé (PL), tronco limpo (TL), altura da cabeça (AA),
comprimento da cabeça (CC), peso da cabeça (PC) e gordura
visceral (GV).
O período experimental foi de 5 meses. Os peixes foram
alimentados três vezes ao dia durante todo o tempo de experimento
com ração comercial extrusada com 36% (Tabela 2) de proteína
bruta (PB) onde todo o consumo da ração era anotado regularmente.
Tabela 2: Níveis de garantia da ração comercial (matéria seca)
1
Item Quantidade indicada garantida pelo fabricante (%)
Umidade (máx) 10
Extrato etéreo (mín) 8
Proteína bruta (mín) 36
Fósforo (mín) 0,8
Matéria fibrosa (máx) 6,0
Matéria mineral (máx) 12
Cálcio (máx) 3,5
1
Os ingredientes que normalmente compõem esta ração são: gordura de
frango, farelo de soja, farinha de vísceras, premix vitamínico mineral, farinha de
peixe, calcário calcítico, farelo de glutem de milho 60, farelo de trigo, milho
integral moído. Eventuais substitutivos são: cloreto de sódio (sal comum), L-lisina,
farelo de glúten de milho 21, sorgo integral moído, quirera de arroz, farinha de
trigo, óleo vegetal, DL- metionina, etoxiquin, fosfato bicalcico.
35
Diariamente fez-se observação dos tanques-rede e o
recolhimento de eventuais indivíduos mortos os quais foram
anotados e contabilizados.
O pH e o oxigênio dissolvido (mg/L) da água de cada tanque de
cultivo foram medidos três vezes, no início, no meio e no final do
período experimental através de equipamentos portáteis digitais.
Por outro lado, a temperatura (ºC) e a transparência (m) da
água foi monitorada diariamente pela manhã (9h00min) e à tarde
(16h30min), dentro da área onde se encontra os tanques-rede, ou
seja, fora dos tanques e em apenas um ponto próximo. Para a
medida desses parâmetros utilizou-se termômetro e disco de secchi,
respectivamente.
Após o período de cultivo coletou-se cinco peixes de cada
unidade experimental para coleta de sangue. Para este
procedimento anestesiou-se os peixes através do uso de eugenol®
(solução de óleo de cravo) (60 mg.L
-1
) e, através do uso de seringa
descartável contendo EDTA (10%), fez-se a coleta de 2 mL de
sangue de cada animal através da punção caudal (Fig.6). Esta
alíquota foi destinada a contagem do número de eritrócitos em
câmara de Neubauer sob microscópio óptico com objetiva de 40
vezes após a diluição do sangue com líquido de Hayem (Collier,
1944) e Goldenfarb et al. (1971), respectivamente. Para a avaliação
bioquímica da glicose foi utilizado o plasma colhido com fluoreto e
separado por centrifugação, sendo a leitura efetuada por
espectrofotômetro.
Para a avaliação hematológica fez-se a análise de glicose,
hemoglobina, hematócrito e eritrócito.
36
Figura 3: Coleta de sangue por punção caudal em piracanjuba
Fonte: Arquivo pessoal
Após, manteve-se os peixes em jejum por 24 horas e fez-se a
biometria final de todas as unidades demonstrativas para
mensuração da biomassa final e, então, retirou-se cinco peixes de
cada tanque-rede, insensibilizou-se por choque térmico e
acondicionou-se em caixa com gelo para transporte até o
Laboratório de Tecnologia do Pescado da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná UNIOESTE/Campus de Toledo para a avaliação
dos índices de rendimento de carcaça: comprimento total,
comprimento padrão, peso total, peso eviscerado, tronco limpo, filé,
comprimento da cabeça, peso da cabeça, gordura visceral e índice
hepato-somático.
O índice hepato-somático foi efetuado conforme Vazzoler
(1996):
IHS =Wf/Wt.100, onde Wf= peso do fígado; Wt=peso total
Para aferição do comprimento total, padrão e da cabeça
utilizou-se um ictiômetro (Fig.7) e de um paquímetro.
37
O fator de condição de Fulton (K) foi calculado a partir da
equação:
K = 100 x P / L
3
, onde P=peso (g) e L comprimento (cm).
Para retirada de cabeça, vísceras, gordura visceral, filé e fígado
os indivíduos foram submetidos a evisceração (Figura 4) e filetagem
(Figura 5).
Figura 4:Evisceração da piracanjuba
Fonte: Arquivo pessoal
38
Figura 5: Filetagem da piracanjuba cultivada em diferentes
densidades de estocagem
Fonte: Arquivo pessoal
As vísceras e a gordura visceral foram separadas em placa de
Petry (Figura 6 e 7) e posteriormente pesadas.
Figura 6: Vísceras da piracanjuba submetida a diferentes
densidades de estocagem
Fonte: Arquivo pessoal
39
Figura 7: Separação da gordura visceral da piracanjuba
submetida a diferentes densidades de estocagem
Fonte: Arquivo pessoal
Para medição do peso total, eviscerado, cabeça, tronco limpo,
filé, gordura visceral e fígado utilizou-se balança digital.
As amostras de filé foram separadas para análise da
composição química segundo a metodologia descrita na AOAC
(2005) tendo sido avaliadas a umidade, a proteína bruta, o extrato
etéreo e a matéria mineral.
Os dados obtidos ao final do período experimental foram
submetidos à análise de variância a 5% de probabilidade e, quando
constatadas diferenças significativas, foram submetidos ao teste de
regressão e, quando necessário, fez-se análise de Linear Response
Plateau (LR) através do programa estatístico SAEG (Sistema de
Análises Estatísticas e Genéticas) (UFV, 1997).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Qualidade da água
O mecanismo que rege a qualidade da água de um reservatório é bastante
complexo e está sujeito a variações diárias e nictimerais, causadas principalmente
por fatores externos (incidência solar e ocorrência de chuvas) e por processos
autóctones tais como decomposição de matéria orgânica e atividade metabólica de
organismos.
Durante o experimento os valores dos parâmetros da qualidade da água dentro
dos tanques-rede não diferiram entre si (p>0,05) bem como dos valores externos
(Fig.8).
Figura 8: Temperatura média da água em experimento de cultivo
de piracanjuba (B. orbignyanus) em diferentes densidades em
tanques-rede de 1m
3
Observou-se que os valores médios da temperatura da água (21,8°C)
mantiveram-se na maioria do tempo dentro da faixa ideal para a criação de peixes
(BOYD, 1990 E MELO,1998).
Segundo Arana (1997) a temperatura possui uma papel fundamental em todos
os organismos aquáticos, agindo diretamente na ingestão de alimentos,
41
sobremaneira nos termoconformadores, e influenciando os parâmetros químicos da
água.
Frascá-Scorvo et al. (2001) em seu estudo sobre o comportamento alimentar
de matrinxã (B. cephalus) no período de temperaturas baixas (18 – 26 ºC) em
tanques de cultivo observaram uma sobrevivência de 86,40 % considerando que a
espécie teve uma boa adaptação a variação térmica. Esses dados vêm a corroborar
com os resultados encontrados nesse trabalho inferindo que os indivíduos estavam
em conformidade térmica o sendo as baixas temperaturas razão para
mortalidades, assim como para condições de estresse.
Conforme demonstrado na figura 9 a transparência média da água foi de 2,17
m e oscilou entre 1 e 3,8 m sendo bastante influenciada pelo ritmo de chuvas e
ventos locais.
Figura 9: Transparência média da água e índice pluviométrico da
cidade de Santa Helena durante o período experimental de cultivo
de piracanjuba (B. orbignyanus) em diferentes densidades em
tanques-rede de 1m
3
___ Transparência da água em metros (m)
___ Índice pluviométrico em mililitros (ml)
Da mesma forma não se observa, através deste parâmetro, uma produtividade
primária elevada na área demonstrando que o ambiente não estava eutrofizado e,
também, que a base alimentar dos peixes cultivados no experimento era
praticamente a fornecida artificialmente, ou seja, ração comercial.
42
Não houve uma variação significativa (p>0,05) dos valores de pH e OD entre
os tratamentos durante o período de cultivo permanecendo próximos a 7,0 em
ambos os casos conforme pode ser visto na tabela 3.
Tabela 3: Valores médios de oxigênio dissolvido (mg.L
-1
) e pH médios observados
nos tanques-rede de 1m
3
utilizados para cultivo de piracanjuba (Brycon orbignyanus)
sob diferentes densidades no Reservatório da Itaipu.
D25 D50 D75 D100
O2 dissolvido (mg/L)
7,36±0,12 7,23±0,35 7,32±0,18 7,36±0,11
pH 7,14±0,19 7,15±0,22 7,33±0,16 7,12±0,24
D25 (25 peixes/m
3
), D50 (50 peixes/m
3
), D75 (75 peixes/m
3
) e D100 (100 peixes/m
3
)
Os valores de OD encontrados nesse estudo para todos os tratamentos ficaram
próximos a 7 mg.L-1 satisfazendo as concentrações mínimas recomendadas por
Boyd (1982) que, conforme o autor, devem ser superiores a 5,00 mg.L-1.
Neu et al. (2009) em um estudo com dinâmica nictimeral e vertical das
características limnológicas em ambiente de criação de peixes em tanques-rede no
reservatório de Itaipu notaram que ocorre variação nictimeral, exceto para o fósforo,
porém, as variáveis estão dentro dos limites recomendados para a aqüicultura, com
exceção do oxigênio dissolvido, que apresentou valores baixos a noite. Para a
distribuição vertical as concentrações dos parâmetros físicos e químicos da água
não ultrapassaram o limite estabelecido pela resolução do CONAMA 357/05 para
criação de peixes.
Estudando a Influência do arraçoamento do pacu (Piaractus mesopatamicus)
em tanques-rede sob a qualidade da água em área aquícola no reservatório de
Itaipu Bueno et al. (2009) afirmam que as variáveis da água estão dentro dos limites
recomendados para aqüicultura.
Desta forma os dados da qualidade da água durante o período de cultivo
encontraram-se dentro dos valores considerados ideais para o cultivo de peixes.
Sendo apenas observado a grande variação da temperatura durante o período
decorrente da mudança de estações onde a maioria do experimento realizou-se no
inverno.
43
4.2 Desempenho produtivo das piracanjubas
Após a análise de variância notou-se que alguns índices zootécnicos não foram
influenciados pela densidade de cultivo (tab.4)
Tabela 4: Valores de desempenho produtivo de piracanjubas (Brycon orbignyanus)
cultivadas em diferentes densidades em tanques-rede.
Densidades de estocagem
D25 D50 D75 D100 CV REG F
CT (cm)
* 20,96 23,81 22,32 19,65 5,02 QUAD 0,95
CP (cm)
* 18,36 21,59 20,00 17,42 5,52 QUAD 0,93
PF (g)
* 138,15 195,63 160,10 110,97 14,20 QUAD 0,92
GP (g)
* 111,42 168,91 133,35 84,25 17,25 QUAD 0,92
BI (g)
* 1457,12
4340,41
8903,43 8622,00
27,27 LIN 0,88
CA
NS 2,17 2,52 1,65 2,65 29,92
XXXXXX
XXXXXX
SO (%)
* 40,00 61,33 81,78 82,00 22,10 LIN 0,89
CC (cm)
NS 4,09 4,47 4,18 3,88 6,65
XXXXXX
XXXXXX
AC (cm)
NS 4,26 4,848 4,51 3,97 6,73
XXXXXX
XXXXXX
PE (%)
NS 89,94 90,69 88,55 90,69 3,21
XXXXXX
XXXXXX
PL (%)
NS 44,94 45,67 39,72 42,69 9,64
XXXXXX
XXXXXX
TL (%)
NS 65,75 65,01 59,26 63,81 8,21
XXXXXX
XXXXXX
PC (%)
NS 10,34 11,13 12,22 11,58 7,88
XXXXXX
XXXXXX
IH
* 0,58 0,67 0,78 1,07 15,17 QUAD 1
GV(%)
NS 0,00324
0,0313 0,027 0,0443 39,45
XXXXXX
XXXXXX
CT = comprimento total; CP = comprimento padrão; PF = peso final; GP = ganho de peso; BI =
biomassa total; CA = conversão alimentar; SO = sobrevivência; CC = comprimento da cabeça; AC =
altura da cabeça; PE = peso eviscerado; PL = peso do filé; TL = tronco limpo; PC = peso da cabeça;
IH= índice hepato-somático; GV = gordura visceral. D25 = 25 peixes/m
3
; D50 = 50 peixes/m
3
; D75 =
75 peixes/m
3
; D100 = 100 peixes/m
3
.
O comprimento total, peso final e ganho de peso tiveram influência direta da
densidade de estocagem onde observa-se um comportamento quadrático a medida
em que aumenta a densidade (Fig. 10, 11 e 12). Enquanto que a biomassa
apresentou um aumento linear conforme aumentou-se a densidade (Fig. 13).
44
Figura 10: Comprimento total (cm) de juvenis de piracanjubas (B.
orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades
Figura 11: Peso final (g) de juvenis de piracanjubas (B.
orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades
45
Figura 12: Ganho de peso (g) de juvenis de piracanjubas (B.
orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades
No presente trabalho observou-se um comportamento quadrático para o ganho
de peso, peso final, comprimento total. Estes resultados demonstram que a
piracanjuba estocada em tanques-rede possui maior ganho de peso em densidade
de 58 peixes/m
3
e comprimento total maior a 63 peixes/m
3
.
Figura 13: Biomassa (g) de juvenis de piracanjubas (B.
orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades
Conforme Hengsawat et al. (1997) a determinação da densidade de
estocagem ótima para uma espécie pode ser um fator crítico no sistema de
46
produção de tanques-rede. Desta forma, a densidade de estocagem tem uma
relação com o retorno econômico do investimento onde maiores produções
acarretam em maior lucro, viabilizando o empreendimento. Nessa relação podemos
compreender que o retorno tem estreita ligação com a biomassa final produzida a
qual é dependende da densidade, onde objetiva-se atingir valores máximos de
estocagem sem que haja perda na conversão final e produção de carne.
Nesse estudo observou-se um crescimento linear da biomassa conforme o
aumento da densidade. Esse resultado deve-se bastante a baixa mortalidade
anteriormente citada para as densidades maiores, bem como a um maior mero
inicial de peixes estocados.
Brandão et al. (2005) em estudo com diferentes densidades de estocagem de
matrin(Brycon amazonicus) na recria em tanques-rede observaram um aumento
linear da biomassa conforme o acréscimo de estocagem.
Os resultados também corroboraram com Marengoni (2006) que, estudando a
produção de tilápia do Nilo (linhagem chitralada) em tanques-rede sob diferentes
densidades de estocagem percebeu que o aumento da densidade elevou
linearmente a produtividade e a biomassa final.
O mesmo crescimento linear foi encontrado por Ostini et al.(2007) que testando
a criação de robalo-peva (Centropomus parallelus) submetidos a diferentes
densidades (20 e 40 peixes/m
3
).
Conforme discutido por Boyd (1990) a intensificação do cultivo interage com
muitas varveis que podem vir a influenciar na eficiência produtiva, na
sustentabilidade e, por fim, no lucro.
Se a taxa de estocagem ótima for definida como a que proporciona o maior
lucro, esta densidade populacional tamm provavelmente otimiza os custos
operacionais, minimizando os gastos com mão-de-obra, energia, ração, doenças e
qualidade do efluente, entre outros, pois todos estes fatores contribuem direta ou
indiretamente à sobrevivência e crescimento dos peixes que são fundamentais para
o retorno do capital investido (MARENGONI, 2006).
Como em todos os cultivos, a criação de peixes apresenta densidades ótimas
em que ocorre o melhor desenvolvimento dos indivíduos acarretando no maior
crescimento e ganho de peso.
47
O menor crescimento e ganho de peso em densidades mais altas já havia sido
descrito por Ostini et al. (2007) em estudos com robalo-peva estocados em
diferentes densidades.
Porém, Salaro et al. (2003) em cultivo de trairão (H. lacerdae) em diferentes
densidades de estocagem (1 e 4 alevinos/m
2
) perceberam que o maior ganho de
peso diário e comprimento ocorreu nos peixes estocados a menor densidade.
Lage et al. (1999) em seu trabalho com piracanjuba com peso médio de 149 g
estocadas em densidades de 1 e 0,5 peixe/m
3
em viveiro escavado o perceberam
influência da densidade de estocagem no ganho de peso e nem no crescimento.
Esse efeito é relativo a fisiologia particular de cada espécie, porém
Baldisserotto (2002) afirma que caso a densidade seja baixa, muitas vezes, o
crescimento dos peixes é melhor, mas o espaço é pouco aproveitado.
Os resultados de CT e GP encontrados corroboram com os encontrados por
Brandão et al. (2004) em seu experimento com recria de tambaqui em diferentes
densidades (200, 300, 400 e 500 peixes/m
3
) onde observou que o comprimento e
peso foi significativamente menor nos tanques com maior densidade de estocagem.
Da mesma forma Piaia e Baldisserotto (2000) testando densidades de jundiá
(R. quelen) (114, 227 e 454 alevinos/m
3
) em circulação fechada observaram que os
alevinos submetidos a maior densidade formaram territórios distintos e individuais
podendo ter ocorrido maior gasto metabólico em função de interações agonísticas o
que levou a um menor crescimento e, também, uma menor sobrevivência.
Verificaram, ainda, que maiores densidades favorecem a formação de grupos na
captura de alimentos. Essa situação foi percebida no presente trabalho onde teve-se
alta mortalidade em piracanjubas estocadas em baixa densidade e um menor
crescimento em altas densidades.
Marengoni (2006) observou que o aumento da densidade de tilápia do Nilo
(250, 300, 350 e 400 peixes/m
3
) promoveu uma redução linear (p<0,01) sobre o
peso médio final e ganho de peso médio diário, porém não influenciou no fator
condição dos peixes.
Para este trabalho calculou-se o fator condição e observou-se um
comportamento quadrático onde os maiores valores foram encontrados nos peixes
estocados em D25 e em D100, respectivamente. Após derivação da equação
quadrática observou-se que os melhores índice para o fator de condição
encontrados estariam próximos a 67 peixes/m
3
(Fig. 14)
48
Figura 14: Fator de condição de juvenis de piracanjubas (B.
orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades
Os valores ficaram abaixo dos encontrados por Carneiro et al.(1999) que testou
cultivo de tilápia vermelha da Flórida em diferentes densidades (25, 50, 75 e 100
peixes/m
3
) em tanques-rede e não houve diferença significativa entre as densidades.
Rocha et al. (2005) observaram o fator condição em carpas (Cyprinus carpio)
de diferentes sexos encontraram resultados entre 2 e 3 sendo considerados
aceitáveis pelos autores.
De acordo com Lima-Junior e Goitein (2006) o fator de condição é um índice
bastante utilizado no estudo da biologia de peixes, pois fornece importantes
informações sobre o estado fisiológico desses animais, a partir do pressuposto de
que indivíduos com maior massa em um dado comprimento estão em melhor
condição.
Marengoni (2006) não observou influência do aumento da densidade no fator
de condição no cultivo de tilápia do Nilo Oreochromis niloticus (linhagem chitralada),
porém, relata que ocorreu uma redução linear (p<0,01) sobre o peso médio final e o
ganho de peso. O mesmo resultado foi encontrado por Cavero et al. (2003) no
cultivo de juvenis de pirarucu em diferentes densidades de estocagem (15, 20 e 25
peixes/m
3
).
O comprimento da cabeça (CC), a altura da cabeça (AC), o peso eviscerado
(PE), o peso do filé (PL), o tronco limpo (TL), o peso da cabeça (PC) e a gordura
49
visceral (GV) não tiveram diferença significativa (p<0,05) entre os tratamentos não
demonstrando, portanto, influência da taxa de estocagem sobre seus valores.
Segundo Freato et al. (2005) em sua avaliação sobre o efeito do peso de abate
nos rendimentos do processamento da piracanjuba as porcentagens de cabeça e de
resíduo de filetação diminuem com o aumento da classe de peso de abate, ao passo
que o rendimento de filé sem pele aumenta. Em seus estudos perceberam que a
menor de suas classes de peso avaliadas (577,24 g) apresentou uma porcentagem
de cabeça de 14,57, valor acima, porém muito próximo aos encontrados nesse
trabalho. Ressaltam, ainda, que esta espécie apresenta crescimento da cabeça
proporcionalmente menor que o corpo com o aumento da classe de peso.
e Fracalossi (2002) testando diferentes níveis de proteínas (24, 26, 29, 32,
36 e 42 % PB) em cultivo de piracanjubas com peso inicial médio de 8,38±0,09 g e
em densidades de 0,09 peixes.L
-1
, encontraram uma conversão de 1,06±0,08 para
indivíduos alimentados com ração constituída de 36% PB. Os resultados de CA
encontrados nesse experimento (1,65 2,65) estão bem acima dos encontrados
pelos autores o que pode estar relacionado ao tamanho inicial de cultivo utilizado
onde peixes com menores tamanhos possuem uma maior capacidade de aproveitar
alimentos constituindo, assim, tecidos e estruturas. Outro fator importante a ser
mencionado é a temperatura média do ambiente em que e Fracalossi (2002)
realizaram o estudo sendo esta de 26,3ºC a qual oferece um acondicionamento mais
confortável para a piracanjuba, haja visto, que no atual estudo observou-se
visualmente uma maior busca ao alimento com temperaturas superiores a 21ºC
enquanto que em temperaturas mais baixas teve-se dificuldade no fornecimento da
ração, ocorrendo, por muitas vezes, sobras inevitáveis de alimento o que pode ter
causado o aumento da CA.
Através da análise de LRP (Linear Response Plateau), observou-se um
aumento linear na sobrevivência, com platô em 68 %, ou seja, na densidade de
61,81 (Fig. 15). Este resultado demonstra a interação diretamente crescente entre as
populações ocorrendo uma menor disputa por espaços e alimentos entre os
indivíduos das populações estocadas a maiores densidades reduzindo a formação
de condições hierárquicas e a mortalidade por estresse, brigas ou por
inacessibilidade ao alimento.
50
Figura 15: Sobrevivência, em porcentagem, de juvenis de
piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas em diferentes
densidades
Lage et al. (1999) em seu experimento com densidades baixas de piracanjubas
(0,5 e 1px/m
2
) observaram que o territorialismo e o estresse podem ter influenciado
o baixo desenvolvimento da espécie, porém, não demonstraram sobrevivência.
Ostini et al. (2007) estudando a criação de juvenis de robalo-peva
(Centropomus parallelus) com peso médio de 32,53 g submetidos a diferentes
densidades de estocagem (20 e 40 peixes/m
3
) em tanques-rede de 1 m
3
de volume
observaram que não houve influencia da densidade na sobrevivência (96,70 e
99,20%, respectivamente).
Brandão et al. (2005) em seu estudo com diferentes densidades de estocagem
de matrinxã (Brycon amazonicus) (200, 300, 400 e 500 px/m
3
) para recria em
tanques-rede observou que a sobrevivência média final oscilou entre 92% na
densidade de 200 px/m
3
e 77,75% em 400 peixes/m
3
, porém não houve diferença
significativa entre as densidades e a média ficou em torno de 85%. Estes resultados
não tem relação próxima com os encontrados nesse trabalho, porém, observa-se
que pode se ter extrapolado a capacidade de suporte do ambiente.
No presente estudo observou-se, portanto, o comportamento de cardume da
espécie demonstrando uma redução de disputa por territórios a medida em que se
aumenta a densidade de cultivo. Com a diminuição da densidade foi possível
observar indivíduos com falta de escamas e com ferimentos no tegumento
51
demonstrando brigas ocasionadas por disputa e até por canibalismo (Figura 16, 17 e
18).
Figura 16: Exemplar de piracanjuba (B. orbignyanus) com sinais de
mordida na região da nadadeira dorsal e da nadadeira caudal
ocasionada por canibalismo ocorrido por baixa densidade de
estocagem
Fonte: Arquivo pessoal
52
Figura 17: Exemplar de piracanjuba (B. orbignyanus) atacado por
outros indivíduos da mesma espécie devido a baixa estocagem em
tanques-rede
Fonte: Arquivo pessoal
Figura 18: Exemplar de piracanjuba (B. orbignyanus) com lesão no
tegumento atacada por bactérias e fungos
Fonte: Arquivo pessoal
53
Conforme Fox (1975) o canibalismo é frequentemente uma resposta a oferta de
alimento ou a densidade. Essa condição também foi demonstrada em experimento
realizado por Salaro et al. (2003) que ao testarem o cultivo de trairão (Hoplias
lacerdae) em diferentes densidades de estocagem (1 e 4 alevinos/m
2
) observaram
que ocorreu uma maior sobrevivência nos alevinos estocados em maior densidade
(96,7%) observando que a esta densidade os peixes formaram cardume à meia
água para captura do alimento não registrando agressividade entre os peixes.
Observaram, também, que na maior densidade ocorreu uma maior homogeneidade
do lote diminuindo o canibalismo.
Os resultados da composição química da carcaça da piracanjuba cultivadas em
diferentes densidades de estocagem estão descritas na tabela 5.
Tabela 5: Valores médios da composição corporal em matéria seca de piracanjuba
(B. orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades de estocagem.
Parâmetros analisados Densidades de estocagem REG F
D25 D50 D75 D100
CV(%)
Umidade (%)* 83,44
81,57 83,83
82,96 1,71 XXX XXX
Proteína Bruta (%)* 78,95
75,15 76,78
80,39 2,84 QUAD
0,96
Lipídios (%)* 13,23
17,089
13,62
12,36 11,48 QUAD
0,65
Cinza (%)* 6,08 5,68 6,48 7,52 14,78 XXX XXX
D25 = 25 peixes/m
3
; D50 = 50 peixes/m
3
; D75 = 75 peixes/m
3
; D100 = 100 peixes/m
3
.
Todos os valores bromatológicos encontrados estão dentro dos intervalos
sugeridos por Ogawa e Maia (1999).
Os valores de umidade (UM) e cinza (CZ), em matéria seca das piracanjubas
estocadas em diferentes densidades cultivados em tanque-rede no reservatório de
Itaipu não diferiram estatisticamente (P>0,05).
As proporções de proteína bruta (PB) e lipídeos (LP) apresentaram
comportamento quadrático positivo e negativo, respectivamente (fig.19 e 20).
54
Figura 19: Proteína Bruta (PB), em porcentagem, de juvenis de
piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas em diferentes
densidades
Figura 20: Lipídeos (LP), em porcentagem, de juvenis de
piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas em diferentes
densidades
Izel et al. (2004) analisando matrinxãs alimentados com ração contendo 28%
de PB e 390 Kcal/100g de energia concluíram que o filé apresentou 64,8% de PB,
33,1% de gordura, 4,2% de minerais na matéria seca. Os valores de PB e CZ
encontrados por esses autores ficaram abaixo dos encontrados nesse trabalho
enquanto que o de gordura ficou bem acima, praticamente dobrando os valores. O
55
resultado encontrado por estes autores podem ser atribuído ao fato de que os
matrinxãs terem peso final próximo ao de abate comercial.
Da mesma forma os valores encontrados por e Fracalossi (2002) em seu
estudo com níveis de proteína em rações para piracanjubas apresentam PB em
menor proporção enquanto que os níveis de EE e CZ são bem superiores.
Os valores de PB e EE foram semelhantes aos apresentados por Sales e Sales
(1990) para a composição bromatológica da tipia da mesma forma que CZ está
com a pescada do Piauí.
Os comportamentos quadráticos observados demonstram um pequeno
acréscimo de lipideos e conseqüente decréscimo de proteínas próximo a densidade
de 50 peixes/m
3
. Ao observarmos a curva de fator de condição (fig. 20) encontrada
observamos que os valores considerados mais baixos, ou seja, que estão mais
próximos de um, estão próximos a esta densidade. Desta forma podemos dizer que
os animais situados nessa área estão mais bem nutridos e com uma relação
corporal mais equilibrada de forma que o aumento da massa corpórea acompanha a
do crescimento. Do mesmo modo, ao observarmos a proporção lipídica encontramos
próximo a estas densidades um acréscimo de gordura corporal o que vem a afirmar
esta condição de bem estar, haja visto que os resultados encontrados estão abaixo
dos referidos por autores, não vindo a acarretar em excesso no acúmulo de gordura.
A hematologia encontrada para as piracanjubas cultivadas nas diferentes
densidades estão apresentadas na tabela 6:
Tabela 6 Características hematológicas de piracanjuba (B. orbignyanus) cultivadas
em diferentes densidades de estocagem
Densidade de estocagem (peixes/m
3
) Parâmetros analisados
25 50 75 100
CV (%)
Eritrócitos (10
6
) 2,41 2,03 2,47 3,15 9,07**
Hematócrito (%) 43,65 42,03 41,39 42,29 4,66
NS
Glicose (g.dL
-1
) 132,89 92,37 83,49 112,26 21,93*
Hemoglobina (g.dL
-1
) 12,48 12,80 12,18 12,59 3,93
NS
** (P<0,01) *(P<0,05)
Os valores de Hematócrito e Hemoglobina não apresentaram diferença
significativa (p<0,05) para as diferentes densidades demonstrando que as mesmas
não tiveram influência em seus resultados.
56
Os valores de hematócrito ficaram acima dos encontrados por Tavares-dias et
al. (2002) em seu estudo com R. quelen, porém, os de hemoglobina situou-se entre
os valores encontrados para R. quelen e Clarias isheriensis.
Um resultado muito semelhante foi encontrado por Hoshiba et al. (2009) que
testando resposta fisiológica de matrinxã (B. amazonicus) encontraram dados de
hematócrito próximos a 40 % enquanto que para hemoglobina obtiveram resultados
próximos a 14 g.dL
-1
e, ainda, concluíram que exercícios contínuos por 10 minutos
não foram suficientes para obter respostas ao estresse.
Para a concentração de glicose no sangue das piracanjubas obteve-se
diferença significativa (P<0,01) entre os tratamentos e, realizou-se uma regressão
demonstrada na figura 21.
Figura 21: Glicose em g.dL-1 de piracanjubas (B. orbignyanus)
cultivados sob diferentes densidades de estocagem
Os valores mais altos foram encontrados em D25 e D100, enquanto que para
D50 e D75 notou-se valores menores e mais próximos entre si.
Segundo Procarione et al. (1999) a submissão de peixes a densidades
extremas causam um aumento da glicose sanguínea sendo desta forma, conforme
Morgan e Iwana (1997) um bom indicador dos distúrbios fisiológicos resultante de
situações desfavoráveis que vêm a causar condições estressantes.
Martins et al. (2004) estudando hematologia e resposta inflamatória aguda em
O. nilóticus submetida a estímulo único e consecutivo de estresse de captura
verificaram que houve um acréscimo da taxa de glicose após 30 minutos no sangue
57
dos indivíduos submetidos ao estresse. Ressaltaram, ainda, que tais resultados o
dependentes da espécie estudada, da intensidade e do tipo do estresse aplicado.
Os resultados encontrados neste trabalho corroboraram com os encontrados
por estes autores vindo a afirmar uma condição de estresse nos peixes adensados
em grande e pouca quantidade.
Não existem muitos estudos direcionados a condição hematológica de peixes
submetidos a condição de estresse em diferentes densidades porém, segundo Oba
et al. (2009) a liberação de Cotecolaminas e de cortisol tem como consequência
alterações bioquímicas e fisiológicas conhecidas como respostas secundárias ao
estresse. Os efeitos metabólicos incluem hiperglicemia, hiperlactacemia, depleção
das reservas glicogênicas, lipólise e inibição da síntese protéica.
Através de regressão foi possível encontrar uma condição de bem estar ótimo
nesse tipo de cultivo em uma densidade de 67 peixes/m
3
.
Ao observarmos o índice hepatossomático (Fig. 22) notamos uma curva
crescente significativa entre D25 e D100, demonstrando um aumento do peso do
fígado em relação ao corpo conforme o aumento da densidade.
Figura 22: Indice hepatossomático de juvenis de piracanjubas
(B. orbignyanus) cultivadas em diferentes densidades
Segundo Kubitza et al. (2000) o fígado de tamanho aumentado, esparramado
por toda a cavidade abdominal pode indicar uma anormalidade.
Fujimoto et al. (2007) estudando parâmetros sanguíneos de pacu alimentados
com dietas suplementadas com cromo trivalente em duas densidades de estocagem
58
(4 e 20 Kg.m
-3
) notaram que o IHS foi maior nos peixes estocados em alta densidade
e, desta forma, concluiram que o peso menor do fígado pode estar relacionado com
a utilização do glicogênio em resposta a alta densidade.
Segundo Urbinati e Carneiro (2004), as catecolaminas atuam diretamente no
fígado estimulando a glicogenólise e transformando o glicogênio em glicose em
situações adversas para atender as demandas energéticas.
Os resultados encontrados nesse trabalho corroboraram com os observados
pelos autores supra citados sendo possível, assim, identificar uma situação de
anormalidade nos peixes estocados em baixa densidade. Essa anormalidade pode
ser decorrente de uma situação de estresse ocasionado, muito provavelmente, pela
disputa por espaço. Confirmando isso podemos notar fígados menores nos peixes
estocados nas densidades mais altas onde ocorreu a formação de cardume entre os
indivíduos.
Ao observarmos o cruzamento das curvas de IH e glicose (GL) (Fig. 23)
percebemos um ponto de encontro na densidade de 63 peixes/m
3
que
aparentemente é onde ocorrem as menores taxas de glicose no sangue com os
maiores índices hepato-somáticos. Sendo, desta forma, supostamente uma
condição de equilíbrio entre para o gasto energético onde ocorre a menor condição
de estresse.
Figura 23: Cruzamento entre as curvas hepatossomático e
glicose no sangue de piracanjubas (B. orbignyanus) cultivadas
em diferentes densidades
59
Ao analisarmos a quantidade de eritrócitos no sangue (Fig. 24) notamos uma
curva crescente onde notadamente temos os valores mais altos na densidade maior
e mais baixos na densidade de 50 peixes/m
3
.
Figura 24: Eritrócito de piracanjuba (B. orbignyanus) cultivados
em diferentes densidades de estocabem
Os resultados encontrados estão de acordo com o encontrado por Tavares-
Dias e Moraes (2004) para pacus em cativeiro os quais mantiveram a valores entre
1,63 e 3,13x10
6
µL.
Dias et al. (2007) afirmam que o número de eritrócitos pode estar relacionado
com a maior demanda de energia/oxigênio pelo organismo, o que normalmente
ocorre em situações adversas. Tal fato culmina com o aumento do número de
eritrócitos que participam do transporte de gases envolvidos no metabolismo
energético. Alem disso, o aumento na eficiência do transporte de oxigênio, contribui
para o processo de defesa orgânica, uma vez que o oxigênio influencia diretamente
na disponibilidade de energia empregada nos processos imunológicos.
Martins et al. (2004) avaliando a hematologia e a resposta inflamatória aguda
de O.niloticus submetidas a estímulos único e consecutivos de captura perceberam
um aumento de eritrócitos no sangue conforme eram submetidos ao estresse.
O de eritrócitos encontrados nesse trabalho novamente vem a demonstrar
uma situação de estresse, porém, nesse caso demonstra, também que os indivíduos
em alta densidade de estocagem possuem uma concentração mais alta de eritrócito
60
onde podemos entender que existe uma maior demanda de energia pelo organismo
ocasionada por uma situação adversa.
Com isso podemos dizer que os indivíduos estocados em D25 e D100
demonstraram condições de anormalidade, ora afirmado pela taxa de glicose,
eritrócitos, ou índice hepatossomático.
5 CONCLUSÃO
Conclui-se que B. orbignyanus apresenta comportamento de cardume quando
cultivado em tanque-rede, demonstrando canibalismo em densidades baixas.
Os melhores resultados para condição de conforto dos peixes com base nos
parâmetros hematológicos e hepatossomáticos foram em densidades próximas a 65
peixes/m
3
.
A melhor relação entre conforto e produção para esta faixa de peso ficou
próxima a 60 peixes/m
3
.
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