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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
HELENA IRACY CERQUIZ SANTOS NETO
ANÁLISE DISCURSIVA DA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO-LEITOR DO
PROGRAMA ONDAS DA CIÊNCIA, DO SISTEMA UDESC DE RÁDIO EDUCATIVA
Palhoça
2008
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HELENA IRACY CERQUIZ SANTOS NETO
ANÁLISE DISCURSIVA DA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO-LEITOR DO
PROGRAMA ONDAS DA CIÊNCIA, DO SISTEMA UDESC DE RÁDIO EDUCATIVA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Ciências da Linguagem da Universidade do Sul de
Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Ciências da Linguagem.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Solange Maria Leda Gallo.
Palhoça
2008
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HELENA IRACY CERQUIZ SANTOS NETO
ANÁLISE DISCURSIVA DA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO-LEITOR DO
PROGRAMA ONDAS DA CIÊNCIA, DO SISTEMA UDESC DE RÁDIO EDUCATIVA
Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção do
título de Mestre em Ciências da Linguagem e aprovada
em sua forma final pelo Curso de Mestrado em Ciências
da Linguagem da Universidade do Sul de Santa
Catarina.
Palhoça, 12 de dezembro de 2008.
______________________________________________________
Professora e orientadora Solange Maria Leda Gallo, Dr.ª
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Professora Dulce Márcia Cruz, Dr.ª
Universidade Federal de Santa Catarina
______________________________________________________
Professor Sandro Braga, Dr.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Aos meus pais e aos que não estão mais
presentes, mas sempre vivos no meu coração.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, necessito fazer um agradecimento ao meu pai, Laudelino Santos
Neto. Foi ele quem me estimulou (como sempre o fez na minha vida intelectual) e convenceu
a cursar um novo mestrado anos após a defesa do primeiro, em Educação.
A jornada tornou-se menos árdua com o apoio e as palavras sempre sábias de
minha mãe, Maria Julieta Cerquiz Santos Neto.
À Lanimar Alves Batista por ser minha amiga-irmã. Tem pessoas as quais não é
preciso dizer mais do que isto. O fato de poder ser sua amiga transcende a qualquer definição.
Os agradecimentos estendem-se à Maria Angélica Augusta do Nascimento. Em
pouco tempo de convivência tornou-se tão próxima e presente.
Muito obrigada ao amigo Gustavo Gouvêa Villar e à tia Ligia Gouvêa pela
transcrição do resumo ao francês. Obrigada pela amizade gratuita e verdadeira desde a
infância.
E como não agradecer especialmente a minha orientadora, Solange Maria Leda
Gallo? Em meio a tantas mudanças de projeto em virtude do desligamento institucional de
minha primeira orientadora, Dulce rcia Cruz, que obteve sucesso no concurso à vaga de
docente na UFSC, a respeitada e estimada Solange, Sol para os mais próximos, acolheu a
minha proposta, apesar de termos enveredado não mais pelos jogos eletrônicos ou pela arte
popular, mas pela divulgação de ciência, sob os auspícios da corrente francesa da análise
discursiva. À professora Solange, o meu muito obrigada. Obrigada por tudo, sempre, desde a
minha chegada ao Campus Pedra Branca, em 2004.
Ao jornalista Paulo Roberto Santhias, pela disposição em ceder os programas
gravados, pelos e-mails trocados e conversas entusiasmadas sobre a causa da divulgação
científica.
À Madalena Bernardino Giostri, pelo auxílio na transcrição dos programas
radiofônicos.
Ao colega e professor Marcelo Medeiros pela pronta disposição e simpatia
impressionantes ao me auxiliar bibliograficamente no tópico Discurso
Acadêmico/Pedagógico.
Há professores que deixam suas marcas indeléveis ao longo do processo de
aquisição, reformulação e transformação do conhecimento. Para tal, posso citar Marci Fileti
Martins. Com seu jeito meigo e doce de conduzir as aulas e a vida, com a elegância e leveza
de poucos, tornou mais interessantes as discussões a respeito de temas tão distantes a
princípio.
Quero agradecer também ao professor Luciano Gonçalves Bitencourt. Na
qualidade de Coordenador de Curso de Comunicação Social da Unisul, ele apoiou a coragem
de cursar um segundo mestrado, permitindo algumas ausências para que eu pudesse terminar
a produção de mais um tópico da dissertação. Poderia se resumir a isto, mas ele é uma pessoa
justa e dedicada ao que faz, além de ser alguém com quem se pode conversar abertamente,
discutir questões teóricas e sonhar com um novo jornalismo.
“Ciência sem consciência não passa de ruína da alma.”
(RABELAIS)
RESUMO
Com ênfase no meio radiofônico e alicerçada no dispositivo teórico da corrente
francesa da análise do discurso esta pesquisa analisa o duplo movimento de interpretação dos
cientistas e da mídia no programa Ondas da Ciência. Para tal, utilizou-se como corpus as
edições dos meses de março, julho e outubro do ano de 2007, ano que marca a reedição do
programa, único na linha editorial de Ciência, Tecnologia e Inovação produzido no Estado de
Santa Catarina. Esse corpus está recortado pela noção de sujeito-leitor que será o foco da
análise. Procuramos identificar a construção de um leitor (ouvinte) nos materiais que
constituem o programa, buscando averiguar quais os atravessamentos discursivos presentes e
ainda como se dá a ressignificação da ciência na textualidade discursiva radiofônica. Ao
longo das edições analisadas concluímos que o sujeito-leitor do Ondas da Ciência mantém-se
numa constante sendo projetado como um sujeito homogêneo e não há oportunidade de
polêmica, como poderia acontecer no espaço acadêmico no qual o programa acontece.
Palavras-chave: Rádio. Divulgação de Ciência. Sujeito-leitor.
RÉSUMÉ
Avec accent sur le moyen radiophonique et avec appuie sur le dispositif théorique de la chaîne
française de l‟analyse du discours cette recherche examine le double mouvement
d‟interpretation des savants et de la midia au programme Ondas da Ciência (Vagues de la
Science). Pour celà, on a utilizé comme corpus les éditions des mois de mars, juillet et octobre
de l‟année 2007, année qui marque la réédition du programme, unique dans la ligne éditoriale
de la Science, Technologie et d‟Innovation produite à l‟État de Santa Catarina. Ce corpus est
fondé par la notion du sujet-lecteur qui sera le foyer de l‟analyse. On a essad‟identifier la
construction d‟un lecteur (auditeur) sur les matériels qui constituent le programme. Sur les
éditions analysées on a reste demonstré que le sujet-lecteur de Ondas da Ciência se maintient
immuable. Le sujet-lecteur du programme est elaboré en tant que sujet homogène, sans
opportunité de discussion, comme pourrait permettre um programme développé à l‟académie.
Mots-clés: Radio. Divulgation de la Science. Sujet-lecteur.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................10
2 ANÁLISE DO DISCURSO ...........................................................................................................13
2.1 ORIGENS .........................................................................................................................................13
2.2 AS TRÊS FASES DA AD ...................................................................................................................17
2.3 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO E DO SENTIDO ...................................................................................21
2.4 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO-LEITOR .............................................................................................25
2.5 HETEROGENEIDADES .....................................................................................................................28
2.6 AUTORIA ........................................................................................................................................31
3 CIÊNCIA E MÍDIA .......................................................................................................................35
3.1 O DISCURSO JORNALÍSTICO ...........................................................................................................35
3.2 O DISCURSO CIENTÍFICO E O DISCURSO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ...........................................43
3.3 O DISCURSO ACADÊMICO/PEDAGÓGICO ........................................................................................51
4 ANÁLISE ........................................................................................................................................54
4.1 CORPUS ..........................................................................................................................................54
4.1.1 RECORTE .......................................................................................................................................55
4.2 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO ............................................................................................................56
4.3 SEQÜÊNCIAS DISCURSIVAS ...........................................................................................................58
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................................78
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................82
ANEXOS ...............................................................................................................................................87
ANEXO A TRANSCRIÇÃO DO PROGRAMA ONDAS DA CIÊNCIA: MAR./2007 ...............88
ANEXO B TRANSCRIÇÃO DO PROGRAMA ONDAS DA CIÊNCIA: JUL./2007................105
ANEXO C TRANSCRIÇÃO DO PROGRAMA ONDAS DA CIÊNCIA: OUT./2007 ..............128
ANEXO D CD CONTENDO OS PROGRAMAS ONDAS DA CIÊNCIA ANALISADOS ......137
13
2 ANÁLISE DO DISCURSO
2.1 ORIGENS
Os estudos pecheuxtianos sobre ideologia e discurso, por volta dos anos 60 do
século passado, ocuparam um “lugar original”. Original, “[...] não porque ele tentou, em
seguida a Althusser, pensar o sujeito ideológico, mas porque ele quis pensá-lo na
materialidade específica da língua. Michel Pêcheux percorreu a aventura da língua”
(MALDIDIER, 2003, p. 95). Parte dessa aventura justifica-se por esses estudos inserirem-se
num contexto europeu, sobretudo francês, da “[...] explicação do texto”. Porém, à época, os
estudos estavam voltados à prática da “leitura literal”, o que se mostrava perfeitamente
insuficiente (ORLANDI, 1997). A partir dessa conjuntura, Michel Pêcheux inovou ao extrair
o conceito de formação ideológica das teorias de Louis Althusser na obra os Aparelhos
Ideológicos de Estado; da obra Arqueologia do Saber, de Michel Foucault, o conceito de
formação discursiva, alicerces da Análise do Discurso AD (BRANDÃO, 2002). Calcado
nesses conceitos, Pêcheux uniu os conhecimentos sobre o próprio texto
2
e a história. Desta
forma, ele agrupou os interesses de psicólogos, lingüistas e historiadores para formular a
disciplina que tem como base a interdisciplinaridade ao trabalhar o marxismo, a psicanálise e
a lingüística. Mas, conforme afirma Orlandi (2005), a AD é mais do que interdisciplinar, é
uma disciplina de entremeio: ela se inspira na psicanálise, no marxismo e na lingüística para
se constituir, entretanto, retrabalha esses conceitos. Interdisciplinaridade ocorre quando as
disciplinas comunicam-se entre si, contudo, permanecem intactas.
A AD está entre várias disciplinas sem ser exatamente nenhuma delas em virtude
da ressignificação dada a ela, da sua reinscrição constante a cada nova análise. Como diz
Silva (2005, p. 287) a análise do discurso “[...] é uma disciplina não positiva que se faz na
contradição da relação entre as outras disciplinas”. Conforme Gallo e Martins (2007), o
sujeito da AD está permanentemente construindo, é eminentemente um método científico de
interpretação. Mazière (2007, p. 10) complementa a afirmação acima ao dizer que a
2
O texto é a unidade que o analista tem diante de si e da qual ele parte. O que faz ele diante de um texto? Ele o remete
imediatamente a um discurso que, por sua vez, se explicita em suas regularidades pela sua referência a uma ou outra
formação discursiva que, por sua vez, ganha sentido porque deriva de um jogo definido pela formação ideológica dominante
naquela conjuntura” (ORLANDI, 1999, p. 63).
16
será apresentado no número 37 da revista Langages, que será chamado de a teoria dos dois
esquecimentos.
O esquecimento 1 “[...] é inacessível ao sujeito, precisamente por esta razão,
aparece como constitutivo da subjetividade na ngua”. Por outro lado, do
esquecimento 2 pode ser dito que ele “[...] se acha, pois, desenhado num espaço
vazio o campo de „tudo o que teria sido possível ao sujeito dizer (mas que não diz)‟
ou o campo de „tudo a que se opõe o que o sujeito disse‟. Esta zona do „rejeitado‟
pode estar mais ou menos próxima da consciência e questões do interlocutor
visando a fazer, por exemplo, com que o sujeito indique com precisão „o que ele
queria dizer‟ que o fazem reformular as fronteiras e re-investigar esta zona. [...]
(„Eu sei o que digo‟, „eu sei do que eu falo‟). [...] A relação entre os „esquecimentos
1 e 2‟ remete à relação entre a condição de existência (não-subjetiva) da ilusão
subjetiva e as formas subjetivas de sua realização” (PÊCHEUX e FUCHS, 1997, p.
175-176).
No ano seguinte, em 1971, no artigo intitulado Língua, linguagem, discurso, na
página Idéias do , é que Pêcheux realmente fundamenta o discurso, segundo o
relato histórico de Maldidier (2003). Neste artigo o autor faz uma relação explícita com o
materialismo histórico, ligando o discurso à ideologia. Semântica e Discurso (no original em
francês, Lês verités de la palice) é o livro seguinte de Pêcheux, apresentado com um mês de
intervalo após o artigo na revista de número 37 da Langages de março de 1975. Nesse livro,
numa situação de idéias maduras de Pêcheux, é quando o termo pré-construído será realmente
apresentado, numa relação com interdiscurso. “[...] A elaboração do pré-construído nesses
anos constitui de fato uma questão teórica e amigável levada a efeito com Paul Henry”,
relembra Maldidier (2003, p. 34).
Apesar de Semântica e Discurso ser considerado como o grande livro de Pêcheux,
é no artigo Análise de discurso, língua e ideologias, do número 37 da revista Langages, que o
autor postula o “quadro epistemológico” da AD:
[...] o materialismo histórico como teoria das formações sociais e de suas
transformações, aí compreendida a teoria das ideologias; a lingüística como teoria ao
mesmo tempo dos mecanismos sintáticos e dos processos de enunciação; a teoria do
discurso como teoria da determinação dos processos semânticos. Intervêm uma
quarta referência de “uma teoria da subjetividade (de natureza psicanalítica)”. É
apontado o que vai estar no centro da proposta: a questão da leitura, na sua ligação
com a do sujeito (IDEM, p. 38).
Além de trabalhar a questão do sujeito e do sentido “[...] sentido e sujeito são
produzidos na história, em outras palavras, eles são determinados” (IDEM, p. 51) (vide p.
17
21) , Pêcheux discutirá pela primeira vez o que está implícito nos textos anteriores e enfoca
nesse artigo, a questão da enunciação.
Após o prolífico ano de 1975, os quatro anos seguintes serão, conforme Maldidier
(2003, p. 55), “[...] mais da fala do que da escrita”. Contudo, mais detidamente, em 1976 é
instituído o seminário da HPP (Pesquisas sobre a teoria das ideologias), que durou até 1979;
em 1977, no texto Remontemos de Foucault a Spinoza, com Jacqueline Authier-Revuz,
anuncia-se um conceito novo, o de heterogeneidade (vide p.28). Será na década seguinte, nos
anos 80, em que teremos nos últimos anos de vida de Michel cheux, o projeto da RCP
ADELA (Pesquisa Cooperativa do Programa) tendo o texto Ler o arquivo hoje como centro
do debate e manifesto do grupo. O projeto foi entregue oficialmente em 1981, sendo a criação
oficial da RCP em janeiro de 1982, sob o número de 676. O projeto era estruturado em três
grandes motes: arquivo sócio-histórico; pesquisas lingüísticas sobre a discursividade e
informática em análise de discurso. “[...] Se o problema da leitura colocado desde AAD 69
ressurge, é de uma maneira radicalmente nova que é abordado” (IDEM, p. 79).
2.2 AS TRÊS FASES DA AD
A partir do termo foucaultiano arquivo, a leitura deixa de estar na meta da
máquina discursiva e passa a ser tema de confronto com os mais diversos textos sócio-
históricos (MALDIDIER, 2003). Este é um momento de transição entre a AD-1, conhecida
como a primeira fase da análise do discurso, em que a máquina de ler era o fulcro, dentro do
estruturalismo, em que um dispositivo de leitura era o grande objetivo do grupo. Segundo
Henry (1997, p. 26), os textos de Pêcheux possuem uma concepção original justamente
porque vão além do estruturalismo, porque rompem “[...] com a concepção instrumental
tradicional da linguagem”, sendo algo com considerável repercussão na França. Nesta
primeira fase, de rompimentos e conceitualizações,
[...] o sujeito era duplamente recalcado. Nos corpora estudados analisavam-se
posições dos sujeitos, efeitos-sujeitos. Quanto ao sujeito-leitor, que era o próprio
analista, ele se apagava atrás de seu gesto “científico”. O próprio desenvolvimento
do procedimento parecia garantir este apagamento. A primeira fase, a da
constituição do corpus sobre a base das condições de produção estáveis e
homogêneas. Engajava sua responsabilidade teórica. Era o momento da
19
A terceira fase é o momento do outro sobre o mesmo, conforme Pêcheux (1997a,
p. 315-317), didaticamente apresenta a AD-3:
[...] o primado teórico do outro sobre o mesmo se acentua, empurrando até o limite a
crise da noção de máquina discursiva estrutural. [...] O procedimento da AD por
etapas, com ordem fixa, explode definitivamente. [...] Alguns desenvolvimentos
teóricos que abordam a questão da heterogeneidade enunciativa conduzem, ao
mesmo tempo, a tematizar, nessa linha, as formas lingüístico-discursivas do
discurso-outro: - discurso de um outro, colocado em cena pelo sujeito, ou discurso
do sujeito se colocando em cena como um outro (cf. as diferentes formas da
“heterogeneidade mostrada”); - mas também e sobretudo a insistência de um “além”
interdiscursivo que vem, aquém de todo autocontrole funcional do “ego-eu”,
enunciador estratégico que coloca em cena “sua” seqüência, estruturar esta
encenação (nos pontos de identidade nos quais o “ego-eu” se instala) ao mesmo
tempo em que a desestabiliza (nos pontos de deriva em que o sujeito passa no outro,
onde o controle estratégico de seu discurso lhe escapa). [...] Como separar, nisso que
continuamos a chamar “o sujeito da enunciação”, o registro funcional do ego-eu”
estrategista assujeitado [...] e a emergência de uma posição do sujeito? Que relação
paradoxal essa emergência mantém com o obstáculo, a irrupção imprevista de um
discurso-outro, a falha no controle? O sujeito seria aquele que surge por instantes,
onde o “ego-eu” vacila? Como inscrever as conseqüências de uma tal interrogação
nos procedimentos concretos da análise? Se a análise de discurso se quer uma (nova)
maneira de “ler” as materialidades escritas e orais, que relação nova ela deve
construir entre a leitura, a interlocução, a memória e o pensamento? O que faz com
que textos e seqüências orais venham, em tal momento preciso, entrecruzar-se,
reunir-se ou dissociar-se? Como reconstruir, através desses entrecruzamentos,
conjunções e dissociações, o espaço de memória de um corpo sócio-histórico de
traços discursivos, atravessado de divisões heterogêneas, de rupturas e de
contradições? Como tal corpo interdiscursivo de traços se inscreve através de uma
língua, isto é, não somente por ela mas também nela?
Calcada em tantas indagações e revisões teóricas, mesmo após a morte trágica de
Pêcheux, em 1983, a teoria da Análise do Discurso não esmoreceu. O grupo dissolveu-se
porque, segundo Mazière (2007), temia que a luta renhida de Pêcheux pela consolidação da
AD se transformasse numa disciplina institucionalizada, repleta de especialidades. Além
disso, havia também a questão burocrática: o grupo não possuía vínculo institucional estável
e, após a morte do líder, isso também pesou muito. Todavia,
[...] o percurso de Michel Pêcheux deslocou alguma coisa. De uma ponta à outra, o
que ele teorizou sob o nome de “discurso” é o apelo de algumas idéias tão simples
quanto insuportáveis: o sujeito não é a fonte do sentido; o sentido se forma na
história através do trabalho da memória, a incessante retomada do -dito; o sentido
pode ser cercado, ele escapa sempre. Por causa de Michel Pêcheux, o discurso, no
campo francês, não se confunde com sua evidência empírica; ele representa uma
forma de resistência intelectual à tentação pragmática. Este pensamento continua a
trabalhar em certas pesquisas sobre o discurso. Para além da lingüística, ele permitiu
a abertura de novas pistas na história, em sociologia, em psicologia, por todo lugar
onde se tem a ver com textos, onde se produz o encontro da língua com o sujeito
(MALDIDIER, 2003, p. 96).
22
[...] O processo de resistência é justamente isso: estabelecer um outro lugar de discurso onde
se possa (re) significar o que ficou “fora”.
Para compreender a significação de sujeito dentro da análise do discurso é preciso
compreendê-lo como parte integrante de um complexo sistema sócio-histórico-ideológico, no
qual o sujeito não atua de forma individualizada e suas reações são reflexos de todo um
contexto que o cerca. “[...] Em análise de discurso, se considera que o que define o sujeito é o
lugar do qual ele fala em relação aos diferentes lugares de uma formação social” (IDEM, p.
109-110). O fato do sujeito ser afetado pela ideologia e pela historicidade “[...] resulta no
deslocamento da centralidade do sujeito” (ORLANDI, 2006c, p. 188), em virtude de que o
sujeito se apropria da linguagem ao nascer. Por isso, [...] O sujeito seria puro efeito e não
origem, fonte de si mesmo”, resume a autora (2003c, p. 18).
[...] Quando nascemos os discursos estão em processo e nós é que entramos nesse
processo. Eles não se originam em nós. Isso não significa que não haja singularidade
na maneira como a língua e a história nos afetam. Mas não somos o início delas.
Elas se realizam em nós em sua materialidade. Essa é uma determinação necessária
para que haja sentidos e sujeitos. As ilusões não são “defeitos”, são uma necessidade
para que a linguagem funcione nos sujeitos e na profusão de sentidos. [...] Este não é
um esquecimento voluntário para, ao se identificarem com o que dizem, se
constituírem em sujeitos. É assim que suas palavras adquirem sentido, é assim que
eles se significam retomando palavras já existentes como se elas se originassem
neles (ORLANDI, 1999, p. 36).
O discurso se utiliza de diferentes recursos para expressar o seu conteúdo,
recorrendo a inúmeras possibilidades de adaptação de conteúdos pré-produzidos de terceiros.
O sujeito na sua posição de autor seleciona aquilo que lhe interessa ao auxílio da construção
de sua narrativa e utiliza-se de citações, paráfrases e até mesmo a apropriação de informações
anteriormente produzidas. A seleção e mixagem de todo esse material são realizadas pelo
autor que adapta os conteúdos anteriores para alcançar o “novo” resultado.
[...] O sujeito é essencialmente histórico. [...] Concepção de um sujeito histórico
articula-se outra noção fundamental: a de um sujeito ideológico. Sua fala é um
recorte das representações de um tempo histórico e de um espaço social. [...] O
sujeito situa o seu discurso em relação aos discursos do outro. Outro que envolve
não o seu destinatário para quem planeja, ajusta a sua fala (nível intradiscursivo),
mas que também envolve outros discursos historicamente já constituídos que
emergem na sua fala (nível interdiscursivo). Nesse sentido, questiona-se aquela
concepção do sujeito enquanto ser único, central, origem e fonte do sentido,
formulado inicialmente por Benveniste, porque na sua fala outras vozes também
falam (BRANDÃO, 2002, p. 49).
28
dominante
14
. [...] É preciso se criar condições para que as classes populares elaborem sua
história de leituras que a classe dominante desconhece, ou melhor, não reconhece” (IDEM, p.
93).
A inserção dos sujeitos-leitores numa mesma formação discursiva resulta na
produção de sentido, o que gera a evidência de leitura,
[...] fazendo parecer óbvio e único o efeito de sentido que se produz, o qual passa
a ser considerado como “o” sentido. A mudança de domínio de saber implica uma
emergência de um efeito de sentido diferente, mobilizado por um efeito-leitor
igualmente diverso. [...] É preciso ressaltar, entretanto, que um mesmo sujeito-leitor
não pode identificar-se com diferentes efeitos-leitores. Passar de um sujeito-leitor
para outro pode significar uma troca ao nível do sujeito empírico; passar de um
efeito-leitor a outro implica necessariamente passar de uma formação discursiva
para outra. [...] Apenas sujeitos-leitores inscritos em formações discursivas diversas
podem preencher diferentes efeitos-leitores. Assim, ao identificar-se com uma outra
matriz de sentido, o sujeito-leitor emerge da prática de leitura como efeito-leitor
(INDURSKY, 2003, p. 191).
Orlandi (2006b, p. 53) explica que [...] o texto é atravessado por várias posições
do sujeito. [...] Essas diferentes posições do sujeito no texto correspondem a diversas
formações discursivas”. O sujeito reconhece-se na formação discursiva, constituindo-se,
identificando-se nela e mudando a cada nova leitura, nas quais novas formações ideológicas
atravessam e trazem novos efeitos de sentidos. Não textos que não sejam inter-
relacionados a outros textos. Todo texto teve pelo menos uma fonte distinta para se filiar.
Pode-se afirmar que o sentido produzido pelo sujeito-leitor jamais terá um fecho definitivo
que a cada leitura, a cada análise, a cada modificação no texto, serão encontradas novas
formas ideológicas e históricas, e conseqüentemente também de sentidos.
2.5 HETEROGENEIDADES
Por isso, o sujeito é assujeitado. Não quer dizer que se aceita aquilo que está dito e
sim que o sujeito-leitor tem condições de produzir e interpretar sentidos, a partir de todo o
sentido sempre já-lá, ou seja, a partir do interdiscurso. Em função dos atravessamentos pelas
14
“[...] Relativamente ao problema da escola e ao conhecimento „legítimo‟, a classe dominante é a que o precisa desse
conhecimento para se legitimar, a classe-média é a que precisa do conhecimento legítimo para se reproduzir (ou ascender) e a
classe popular é a que está excluída, ou seja, já sabe que não lhe adianta essa forma de conhecimento” (ORLANDI, 2006c, p.
215).
31
relativamente ao estatuto das noções enunciativas („distância‟ etc.) evocadas acima, bastante
problemático a despeito ou em razão de seu caráter „natural‟, „intuitivamente falando‟”. O
sujeito pode inscrever-se em diferentes formações ideológicas e discursivas. Seus gestos e
discursos refletem essa polifonia. Segundo a autora (idem, p. 30-31),
[...] São assim designados como “exteriores” em relação ao discurso, vindo interferir
na cadeia do discurso em enunciação sob a forma de um ponto de heterogeneidade:
uma outra língua; um outro registro discursivo, familiar, pedante, adolescente,
grosseiro etc.; um outro discurso, técnico, feminista, marxista, jacobino, moralista
etc, que pode ser somente caracterizado como discurso dos outros, discurso usual se
assim se quiser, de alguns outros, de um outro particular; uma outra modalidade
de consideração de sentido para uma palavra, recorrendo explicitamente ao
exterior, um outro discurso especificado, ou aquele da língua como lugar da
polissemia, homonímia, metáfora, etc... afastadas ou ao contrário invocadas para
construir o sentido de palavra. Nos dois casos ao lado do sentido dado como
corrente, um sentido é constituído por uma palavra por referência a um ou outros
sentidos. [...] Um outro, o interlocutor, diferente do locutor e a este título
suscetível de não compreender, ou de não admitir (se você entende o que quero
dizer; se o senhor me permite a expressão; perdoe-me o termo; se você quiser
assim...), operações implicitamente admitidas como indo de si para fora do discurso,
por parte do interlocutor engrenagem do funcionamento normal da comunicação.
Authier-Revuz (2004), explica que essas marcas constituem a heterogeneidade
marcada mostrada, quando o outro está inscrito no discurso tanto direto (aspas, glosa, negrito
etc.), quanto indireto, apresentando as vozes outras de forma explícita no texto. Mas, também
a heterogeneidade mostrada, não-marcada, presente na ironia e no humor, por exemplo.
Ainda na heterogeneidade marcada, tem-se duas formas de apresentação: no fio do discurso e
na estrutura enunciativa. Por último, temos, na estrutura enunciativa (MARTINS, 2007), o
discurso relatado de forma direta e indireta; no fio do discurso, a justaposição de dois
discursos e o distanciamento metalingüístico. Formas estas que marcam a presença do outro
no discurso do sujeito autor, a ser discutido em seguida.
2.6 AUTORIA
Ao definir que termo ou caminho que o discurso irá percorrer, o sujeito se coloca
na posição de autor por estar como o princípio do agrupamento do discurso. Para formar uma
unidade textual o sujeito seleciona o que vai ser utilizado no discurso, esse processo seletivo
deriva do “princípio do autor que funciona como uma das ordens reguladoras do discurso”
32
(FOUCAULT apud BRANDÃO, 2004, p. 67). Para Foucault (2006, p. 27-28), o autor é o
“[...] princípio de agrupamento do discurso, como unidade e origem de suas significações,
como foco de sua coerência. [...] O autor é aquele que a inquietante linguagem da ficção
suas unidades, seus nós de coerência, sua inserção no real. Lagazzi-Rodrigues (2006), ao
encontro de Foucault (2006), afirma que, ao se localizar o princípio de autoria como origem
da textualidade, autor e texto vinculam-se a uma relação processual, oposto à afirmação de
que o autor é origem do texto ou vice-versa. [...] O autor está na base da coerência do
discurso”, declara ORLANDI (2006b, p. 77), porque a noção de autor esdentro da noção
de sujeito, o responsável pela organização e estruturação do discurso. “[...] O sujeito se
constitui como autor ao constituir o texto. O autor é o lugar em que se constrói a unidade do
sujeito. É onde se realiza o seu projeto totalizante” (IDEM, p. 55-56). O discurso se inscreve
no sujeito, conseqüentemente, o apagamento do sujeito: “[...] explicitar o princípio da
autoria é desvelar o que produz o apagamento do sujeito” (ORLANDI, 1999, p. 61). A autoria
é a função do sujeito que está mais determinada pela exterioridade, a função mais afetada
pelas exigências de coerência, não contradição e responsabilidade. Cabe ao autor respeito às
normas estabelecidas, originalidade, clareza, não-contradição etc. Essas exigências têm por
finalidade tornar o sujeito visível, mesmo quando ele não tem interesse em assumir
claramente suas intenções e objetivos, pois assim esse autor se torna calculável e identificável
(ORLANDI, 2003c). Sendo identificável, esse autor se responsabiliza pelo que diz, não-diz,
pelo o que cala ou silencia (LAGAZZI-RODRIGUES, 2006).
O autor [...] apaga o sujeito produzindo uma unidade que resulta de uma relação de
determinação do sujeito pelo seu discurso. [...] -se a ação do discurso sobre o
sujeito. Portanto, é na relação entre discurso e sujeito que podemos apreender o jogo
entre a liberdade (do sujeito) e a responsabilidade (do autor) (ORLANDI, 1999, p.
61-62).
Aliás, Orlandi (2006c, p. 263) declara que “[...] o silêncio, tanto quanto a palavra,
tem suas condições de produção; por isso, dada a diversidade dessas, o sentido do silêncio
varia, isto é, ele é tão ambíguo quanto as palavras. O autor constitui-se junto à construção do
texto, ele “[...] (se) produz (n)o texto” explica Lagazzi-Rodrigues (2006, p. 93). Mesmo
assujeitado, o autor pode estar além da leitura parafrástica. Orlandi (2006c) explica que de
acordo com o grau de inferência implicada na leitura pode-se ter desde a leitura parafrástica
(comum nos textos acadêmicos) até um ponto mais alto, que seria o da leitura polissêmica,
próprio da arte. “[...] Nem por isso, deve-se esquecer que a leitura parafrástica coloca menos
33
do conhecimento extra-texto (conhecimento de mundo, do jogo de poder, de outros textos,
etc.) do que a leitura polissêmica” (IDEM, p. 202).
Para construir sua identidade como autor, o sujeito tem de estabelecer uma relação
com a exterioridade à qual se deve referir, ao mesmo tempo em que se remete à sua
interioridade. O sujeito aprende através da articulação interioridade/exterioridade a assumir o
papel de autor e aquilo que implica, processo no qual temos a assunção da autoria, onde o
autor é o sujeito que, “tendo o domínio de certos mecanismos discursivos, representa, pela
linguagem, esse papel na ordem em que se constitui, assumindo a responsabilidade pelo que
diz, como diz etc.” (ORLANDI, 1999, p. 76). Portanto, não basta falar para ser autor, tem que
estar inserido na cultura, no contexto sócio-cultural, assumir, diante das instâncias
institucionais, o papel social na relação com a linguagem, constituir-se e mostrar-se autor
(IDEM).
O autor [...] é diferença (originalidade) sem ser divisão (individualidade). O autor,
então, enquanto tal, apaga o sujeito produzindo uma unidade que resulta de uma
relação de determinação do sujeito pelo seu discurso. Desse modo, -se a ação do
discurso sobre o sujeito. Portanto, é na relação entre discurso e sujeito que podemos
apreender o jogo entre a liberdade (do sujeito) e a responsabilidade (do autor)
(ORLANDI, 2006b, p. 61-62).
Na visão de Pfeiffer (2003b, p. 102), para que o sujeito seja autor, ele necessita ter
um “[...] espaço de interpretação (a possibilidade do gesto interpretativo vem do outro
virtual). Ao mesmo tempo, ele precisa necessariamente estar em relação (inserido no) com o
Outro o interdiscurso. Contudo, a autora esclarece que não é exatamente porque o autor
está em relação com o Outro e o outro não quer dizer que esse sentido do sujeito-autor o será
para o sujeito-leitor, em virtude de que eles podem estar em formações discursivas diferentes.
Por isso, o autor está totalmente interligado ao texto, o que implica em disciplina e
organização, enquanto o sujeito está relacionado ao discurso e a sua relação com o texto é a
da dispersão. O real do discurso vem a ser a descontinuidade, a dispersão, a incompletude, a
falta, o equívoco e a contradição que são constitutivas tanto do sujeito como do sentido. O
imaginário pertence ao nível das representações, a unidade, a completude, a coerência, o claro
e o distinto e a não-contradição. Por meio desta articulação entre real e imaginário, necessária
e sempre presente, é que o discurso funciona (ORLANDI, 2003c). O autor tem com texto uma
identidade necessária que se qualifica de duas formas: a função-autor
16
e o efeito-autor
17
. Na
16
Para Gallo (2001, p. 68), [...] a função-autor [...] tem relação com a dimensão enunciativa do sujeito do discurso, ou seja,
tem a ver com a heterogeneidade interna a uma formação discursiva dominante, que ganha seu movimento e sua unidade
sem perder, com isso, sua dominância”.
36
comunicar, informar, mas não opinar ficou inevitavelmente ligado à censura”, assim foi
aceita uma política de silêncio (IDEM, p. 54).
A historicidade das instituições pode ser vista como resultante de processos
discursivos que se tornam aparentes através de práticas e/ou rituais sociais, por meio da
circulação de seus produtos e dos sistemas de normas e leis que se estabelecem de acordo com
o discurso institucional, moldando-se e transformando-se, o que provoca um efeito
“universalizante” de reconhecimento: em uma dada formação social as pessoas sabem ou
deveriam saber o que é um jornal e uma igreja, entre outras instituições. Esse processo
histórico de naturalização das instituições e dos sentidos funciona de modo a torná-las
evidentes, legítimas e necessárias. “[...] É a ideologia que produz um „desligamento‟ entre tal
processo histórico-discursivo de constituição e sua institucionalização” (IDEM, p. 51).
Se por um lado a ideologia faz com que certos sentidos sejam naturalizados como
únicos e permitidos no discurso em geral, e no discurso jornalístico em particular, também é
possível que outros sentidos sejam silenciados e interditados. Esta forma de silêncio, a que
chamamos de silêncio fundador, indica que o sentido das palavras sempre pode ser outro. A
esse silêncio podemos somar outro, o silêncio “local”, no qual certos dizeres são proibidos e
“censurados”, e ainda na forma mais radical, o silêncio “constitutivo”, “para dizer é preciso
não dizer” (ORLANDI, 1999).
Devido às exigências do poder religioso, político e jurídico de manter preservado
o status quo dominante, temo o assujeitamento da instituição jornalística:
[...] Estabelecendo um paralelo com a noção de assujeitamento do sujeito a um -
dito, consideramos que houve um processo histórico de assujeitamento da instituição
jornalística a um já-dito constituído juridicamente [...] e não uma vontade de
neutralidade, resultado do uso de técnicas que adequam uma exterioridade factual
colada a sentidos literais (MARIANI, 1999, p. 55).
Mariani (1999) propõe que o funcionamento do discurso jornalístico é regido por
“relações sociais jurídico-ideológicas” responsáveis por conservar certas informações em
circulação, colaborando assim na manutenção dessas mesmas relações. Em outras palavras, a
imprensa constituiu-se por uma “norma identificadora”, resultante da aplicação da lei, porém,
esse discurso jurídico-político apaga-se na história da imprensa e passa a ser internalizado
(auto-cencura), representado sob a evidência, como se fosse, desde sua constituição, sempre
assim.
Em 1821 foi criada a primeira Lei de Imprensa de Portugal, acabando com a
censura prévia e institucionalizando a “liberdade” do dizer. A partir desse momento, as
39
Como não poderia deixar de ser, tendo-se em vista esta relação institucional muito
próxima, o discurso jornalístico também é atravessado pelo discurso publicitário. Segundo
Mussoi (2005, p. 11), o
[...] discurso publicitário [...] se caracteriza pelo seu caráter persuasivo e pela
maneira como constrói positivamente a imagem do produto ou da marca que está
sendo objeto do trabalho publicitário. Para conseguir isso, a publicidade não se
limita a apresentar o produto de forma “objetiva”. Ao contrário o discurso
publicitário faz juízo de valor: o produto é sempre “o melhor”, “o mais eficiente”, “o
mais bonito”, “o mais econômico”. O sentido não dito (sugerido) no texto é, em
geral, mais forte do que o sentido enunciado.
Como são tecidas de linguagem, as práticas discursivas institucionais compõem-se
de uma dupla constituição comunidade/formação discursiva que tanto afeta como é afetada
pela memória e pela ideologia (IDEM).
[...] As instituições, na maneira como as estamos concebendo, constituem parte do
processo ideológico geral de edificação de práticas discursivas e não-discursivas,
processo esse que apaga para o sujeito seu assujeitamento às formas discursivas,
produzindo o efeito de literalidade, de objetividade do real, etc. O que chamamos de
instituição é fruto de longos processos históricos durante os quais ocorre a
sedimentação de determinados sentidos concomitantemente à legitimação de
práticas ou condutas sociais. São práticas discursivas que se legitimaram e
institucionalizaram, ao mesmo tempo em que organizaram direções de sentidos e
formas de agir no todo social (IDEM, p. 51).
O resultado desse trabalho do discurso jornalístico é a própria definição do que é
notícia para a imprensa. A concepção de notícia como um relato de fatos ou acontecimentos
atuais, de interesse e importância para a comunidade e capaz de ser compreendido pelo
público, faz acreditar que a linguagem permite ter uma relação direta com a realidade-sentido
literal (“relato de fatos ou acontecimentos”) e se pode ter também uma via de comunicação
que vai sempre se concretizar (capaz de ser compreendida pelo público). De acordo com
Mariani (1999), dois modos de se construir uma notícia, utilizados pelo fazer jornalístico,
devido a duas situações específicas: o que é inusitado, portanto ainda não memória; e o
possível, previsível, que remete a algo que já aconteceu com certa semelhança, logo,
formou uma memória. Segundo a autora, tal discurso tem seu trabalho contínuo e uniforme
realizando uma seleção imaginária que faz com que as pessoas desenvolvam modelos de
compreensão da realidade, fazendo com que isso resulte na construção individual de uma
memória que permitirá o manuseio com as demais situações das quais ainda não há memória.
Desta forma, para construir o discurso jornalístico, pode-se buscar na memória discursiva um
-dito, ou quando o acontecimento não remete à memória é necessário que se crie uma a
42
A autora nos faz lembrar que o discurso jornalístico, é um discurso sobre, que tem
como característica ficar entre um discurso de origem e um interlocutor.
Ivanissevich (2005, p. 21), comenta que, primeiramente, o papel da mídia é
vender informação, em que o jornalista qualificado é alguém que transmite os fatos de forma
correta e atraente: “[...] Por ser um negócio, não se pode esperar que a mídia divulgue ciência
por motivos altruístas. Para ser veiculada pela mídia, a ciência tem de ser capaz de despertar
interesse [...] e ser bem entendida pelo grande público. Mas, uma das coisas que atrapalham
o jornalista é o jornalismo fast-food”, que impõe a necessidade de concisão na linguagem
utilizada no texto, onde tempo e espaço são delimitados. Se levarmos em conta essa
inviabilidade de ser imparcial, percebe-se que, entre as particularidades do discurso
jornalístico, estão as relações de poder instauradas através da hierarquia de cada instituição.
de se perceber que essas relações reforçam e ampliam o espaço de atuação da imprensa.
Enfim, compreender a imprensa é “compreender que o discurso jornalístico, o poder, os
efeitos de evidência e a produção de sentidos estão de fato interligados” (MARIANI, 1999, p.
60).
O mito da informação jornalística vigora por causa de outro mito: o da
comunicação lingüística, que legitimidade ao discurso dito neutro e imparcial do
jornalismo. É nos manuais de jornalismo que esse processo de legitimação do discurso
encontra-se alicerçado, pois a partir do momento em que são impostas normas de redação e
normas gramaticais, o jornalista é responsabilizado pelo relato mais ou menos fidedigno dos
fatos. Assim está enfatizado nos manuais o “poder dizer” que torna o sujeito onipotente em
relação à linguagem. “Informar e opinar, desse ponto de vista dicotomizado, resultam da
capacidade (ou interesse) do responsável pela notícia em manipular a linguagem” (IDEM, p.
52). Além desse controle interno na atividade jornalística há também um controle externo:
[...] Comunicar/informar/noticiar (na imprensa) são atos resultantes de um controle
exterior, vindo do Estado e do sistema jurídico por um lado, e, por outro, de um
controle internalizado na própria atividade jornalística. Os efeitos ilusórios estão aí:
o controle externo e interno, garantindo a objetividade (e neutralidade etc.),
garantiria também a imprensa como digna de fé (IDEM, p. 53).
Para Silva (2003, p. 174), a padronização da notícia silencia o redator. Este
silenciamento nada mais é do que o modo da empresa “[...] se colocar a partir de sua própria
posição. Gomes (2000, p. 19) complementa:
47
A fim de se conciliar com o público, o que é trazido pelo divulgador, segundo
Nunes (2001), é justamente o que não é ciência, como as crenças, a imaginação, as profecias,
deixando de lado uma série de dizeres. Tudo isso para fazer uma certa metáfora científica,
para diminuir o “peso” do texto original. Orlandi (2001, p. 24) diz que “[...] Não se
transportam sentidos de um discurso para outro. Segundo a autora, o DDC é um discurso de
transferência, em que é necessário a metáfora para “[...] algo que significava de um modo,
desliza para produzir outros efeitos de sentidos, diferentes. Por isso, inexistem equivalências
de sentido, transferência. O problema, ainda segundo essa mesma autora, é que quando a
transferência é mal feita, temos somente um transporte de sentidos, ao invés da transferência.
Conseqüência disto é a perda dita acima, resultando em caricatura. “[...] Por outro lado, o
jornalista não estará “traduzindo” o discurso científico para o leitor, mas estará trabalhando no
entremeio desses dois discursos, deslocando, portanto, também sua posição de jornalista”
(IBIDEM). Zamboni (2001, p. 51) complementa, citando Authier-Revuz, que
[...] nessa perspectiva, a divulgação científica apresenta-se como prática de
reformulação de um discurso-fonte (D1) em um discurso segundo (D2), em função
de um receptor diferente daquele a quem se endereça o discurso científico (discurso-
fonte). [...] Assim, ao contrário de D2 produto-de-tradução, que “não mostra os
bastidores da proeza”, o D2 produto-de-divulgação mostra-se como o resultado de
um trabalho de reformulação de D1, fenômeno perceptível em dois níveis: na
estrutura enunciativa de discurso relatado, que faz de D1 não apenas a fonte mas o
objeto, mencionado, de D2” e na constituição do “fio do discurso”, que revela
marcas de “operações locais explícitas de citação, tradução, ajustamento, glosa”.
Também baseada em Authier-Revuz, Martins (2006) afirma que o DDC se
constrói a partir de um fio heterogêneo que liga dois discursos. Aliás, isto é o que difere o
DDC do discurso científico, monológico. Contudo, esse dialogismo do DDC acaba resultando
em outro discurso, pois o discurso científico acaba se perdendo quando reinterpretado pelo
DDC. Segundo Martins (2007), o problema é que “[...] ao invés do dialogismo no DDC se
constituir num questionamento do que constitui o monologismo no DC, vai o DDC concorrer
para marcar como sendo „verdadeiro‟ o discurso científico monológico e homogêneo”. Ao
encontro da autora, Zamboni (2001, p. 40-41) enfatiza que
[...] No plano dos valores simbólicos, a divulgação científica opera como uma força
de reconhecimento e legitimação dos círculos de saber, conferindo à atividade
científica um lugar de prestígio e poder. Não fora assim, os pesquisadores não teriam
interesse em ser divulgadores da ciência para audiências mais amplas. E nem a
associações científicas teriam interesse em manter revistas e jornais dedicados à
divulgação científica.
50
Por isso, Zamboni (2001), questiona qual o campo deveria se situar o DDC, pois,
na visão da autora, não pertence ao campo científico. Novamente ela sugere que o DDC deve
ser um gênero particular de discurso, não o discurso da AD, mas da lingüística textual, como
gênero discursivo. Para a autora, o DDC está mais ligado ao campo de transmissão de
informações, sendo algo mais amplo do que somente o jornalismo científico. Este tende a ser
referencial, evitando o espaço à subjetividade, com ênfase à objetividade.
Orlandi (2004, p. 134) complementa que o DDC não é simplesmente uma soma
de discurso, como se fosse jornalismo mais ciência resultando em divulgação científica, ou
ainda ciência acrescida dos meios de comunicação: “[...] é uma articulação específica com
efeitos particulares, que se produzem pelo seu modo mesmo de circulação, [...] como ele está
sendo formulado e portanto não é indiferente ao seu modo de produção. Para a autora, o
jornalista, ao produzir a divulgação de ciência, produz uma versão, desencadeando novos
gestos de interpretação, ressignificando. [...] Esse efeito leitor do discurso de divulgação
científica constitui-se, entre outros, de um fato discursivo particular: trata-se da passagem da
metalinguagem, que é própria ao discurso científico, para a terminologia
20
, no caso, científica,
deslocando seu modo de significar(IDEM, p. 135). Essa terminologia informa a ciência. O
efeito leitor é de conhecimento sobre, ao invés de saber fazer ciência. Se mal feito, o DDC
resultará em informação científica caricaturada. A partir desse conhecimento divulgado pela
mídia, o efeito leitor é o de você sabe que x, mas não sabe X. Concomitantemente, a
didatização desse discurso, explicando o que o leitor deve saber, mas, ao contrário, deveria-se
instigar ao máximo esse sujeito para que fosse buscar o conhecimento na própria ciência, o
que, em geral, não ocorre no dia-a-dia (IDEM). Como diz França (2005, p. 45-46),
[...] Notícias sobre ciência não substituem as aulas de física, química e biologia que,
de resto, devem incluir, além da memorização dos fatos, a capacidade de ensinar a
pensar, algo muito mais desafiador. Ao que parece, isso não está acontecendo. Para
Carl Sagan, a “sociedade está produzindo pessoas de raciocínio lento, desprovidas
de imaginação, senso crítico e curiosidade”. Essas pessoas, estimuladas pelo
discurso da divulgação, que utiliza muito bem a técnica de exibir o lado maravilhoso
da ciência, aceitam o que lhes é transmitido sem uma atitude cautelosa.
O leitor de ciência não precisa ocupar o lugar do cientista, mas saber se relacionar
com ele, para saber discutir os assuntos importantes de seu país, sobretudo aonde serão
aplicados os recursos destinados às pesquisas cientificas etc., como afirma Orlandi (2004). A
20
“[...] No caso da divulgação científica a terminologia serve para dar uma ancoragem à circulação do conhecimento,
estabelecendo assim um processo de transmissão de conhecimento como notícia. O que é privilegiado é o processo de
„transmissão‟, e isso se faz por uma estrutura discursiva do tipo: „eu digo que eles dizem x para que vocês saibam‟. O
enunciado de base da divulgação científica seria: „eu estou dizendo para vocês que é x lhes indico o termo para que vocês
saibam‟” (ORLANDI, 2004, p. 142).
53
nos moldes acadêmicos de citação, fichamentos, produção de papers, com suas inúmeras
normalizações e metodologias de pesquisa.
Diante desses fundamentos da AD apontados até o momento e que propiciam a
pesquisa a respeito da linguagem de uma forma diferenciada, segue no próximo capítulo a
análise propriamente dita. Case ressaltar que a metodologia da análise do discurso,
materializada a partir do corpus que será exposto na seqüência desta dissertação, com seu
respectivo recorte, pressupõe uma abordagem teórica do material e já constitui parte da
análise.
55
4.1.1 Recorte
Em relação ao objeto de estudo Programa Ondas da Ciência buscamos saber:
1. Como é construído o sujeito-leitor nessa textualidade?
2. Quais os atravessamentos discursivos presentes?
3. Como se a ressignificação da ciência na textualidade discursiva
radiofônica?
Diante de tais questionamentos, tem-se em mente, conforme Orlandi (1999, p.
27), que
[...] Cada material de análise exige que seu analista, de acordo com a questão que
formula, mobilize conceitos que outro analista não mobilizaria, face as suas (outras)
questões. Uma análise o é igual a outra porque mobiliza conceitos diferentes e
isso tem resultados cruciais na descrição dos materiais. Um mesmo analista, aliás,
formulando uma questão diferente, também poderia mobilizar conceitos diversos,
fazendo distintos recortes conceituais.
Além disso, da mesma forma que a autora explica o recorte metodológico
(IBIDEM), esclarecemos que as perguntas, o recorte, são de responsabilidade nossa, “[...] é
essa responsabilidade que organiza sua relação com o discurso, levando-o à construção de
“seu” dispositivo analítico, optando pela mobilização desses ou daqueles conceitos, esse ou
aquele procedimento, com os quais ele se compromete na resolução de sua questão.
Na análise da textualidade discursiva do programa radiofônico Ondas da Ciência,
o foco está na identificação do modo como o jornalista trabalha o conhecimento científico; na
construção do sentido no texto jornalístico de divulgação científica; nos atravessamentos
discursivos presentes no corpus. O recorte será a construção do sujeito-leitor, ou seja, a
compreensão de como esse leitor imaginário
22
está inserido no discurso radiofônico do Ondas
da Ciência.
Este estudo será possível porque a “análise do discurso visa a fazer
compreender como os objetos simbólicos produzem sentidos, analisando assim os próprios
22
Para Orlandi (2006b), há sempre um leitor virtual inscrito no texto, constituído durante a escrita, ou seja, quando o ouvinte
do Ondas da Ciência se despuser a ouvi-lo, encontrará o leitor virtual aí constituído para se relacionar/idenficar.
56
gestos de interpretação que ela considera como atos no domínio simbólico, pois eles intervêm
no real do sentido” (ORLANDI, 1999, p. 26).
Tem-se a noção de que a língua é opaca, não há verdades ocultas por detrás de um
texto, mas gestos de interpretação os quais o analista deve compreender. Mas, a fim de
garantir um tratamento mais adequado dos dados, deve-se ter em mente de que a compreensão
abarca a produção de sentidos.
[...] Em suma, a Análise de Discurso visa a compreensão de como um objeto
simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por
sujeitos. Essa compreensão, por sua vez, implica em explicitar como o texto
organiza os gestos de interpretação que relacionam sujeito e sentido. Produzem-se
assim novas práticas de leitura (IBIDEM).
A partir desses gestos de leitura, os efeitos de sentidos se desfazem, ficando o
analista mais exposto aos vários níveis de significação, principalmente o enunciativo. Cabe,
portanto, ao analista estar atento às condições de produção de tal discurso, tais como as
questões sócio-históricas e ideológicas, além, é claro, do contexto imediato de enunciação. A
análise desses vestígios que serão encontrados possibilitará a pesquisa dos processos
discursivos existentes no programa radiofônico Ondas da Ciência.
4.2 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
O programa Ondas da Ciência é produzido em Santa Catarina, Estado que
historicamente não valoriza a divulgação de ciência no meio jornalístico, tendo em vista que
até o presente momento pouco se veiculou sobre ciência em Santa Catarina. A produção da
pauta, apresentação e entrevista do Ondas da Ciência é realizada pelo jornalista responsável
pelo setor de jornalismo da Rádio Udesc FM, Paulo Roberto Santhias. As notícias e a edição
final do programa ficam a encargo da equipe do sistema de rádio da emissora. Por último, as
reportagens são produzidas por acadêmicos de Jornalismo, a partir da parceria entre os cursos
de Comunicação Social do Instituto Superior e Centro Educacional Luterano (IELUSC) e da
Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e ainda do Curso de Jornalismo da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em virtude disto, a divulgação científica
59
destacada da do locutor em virtude dos efeitos que isto produz. Essa alternância de categorias
gera sentidos outros, sobretudo no de que uma cisão na narrativa com a intervenção de um
profissional que trabalha, além da parte acústica, tudo aquilo que não seja somente a fala do
locutor e do repórter, próprio do discurso jornalístico em dividir as funções da equipe de
comunicação. A primeira citação é do programa de março de 2007, o primeiro programa da
retomada do Ondas da Ciência. Temos um locutor apresenta as manchetes do programa,
resgatando o pré-construído da grande mídia.
Seqüência 2
Paulo: Olá ouvintes de Ondas da Ciência// O programa de hoje traz como reportagem
especial ônibus que circulam com combustível menos poluente em Santa Catarina//
TÉCNICO: Corta BG e Insere trecho de depoimento da reportagem
E agora no Estado de Santa Catarina a primeira cidade a receber até por uma
iniciativa própria/ uma iniciativa é... particular/ receber o diesel metropolitano/ que
vem a ser um benefício pra... pra cidade de Joinville//
Na edição de março, reportada acima, o apresentador abre o programa com a
heterogeneidade mostrada marcada no discurso relatado direto. Nota-se que a heterogeneidade
mostrada marcada é uma constante Ondas da Ciência, em que, segundo Authier-Revuz
(1990), o divulgador diz ao leitor leigo o que os cientistas dizem, próprio do discurso de
divulgação de científica, mas, aqui, o pré-construído é do discurso jornalístico, porque a
intervenção do técnico ao tirar a trilha sonora de fundo da locução, o chamado BG, e a
inserção de um trecho da entrevista que será apresentada no meio do programa, temos um
efeito de legitimação do que o locutor-apresentador do programa está dizendo, seguindo ainda
o pré-construído da grande mídia.
Seqüência 3
Paulo: Aquecimento global// Combustível com menor quantidade de (en) xofre está
sendo experimentado no transporte coletivo do norte de Santa Catarina// Ônibus de
duas empresas de Joinville circulam usando o diesel metropolitano/ que reduz a
emissão de poluentes na atmosfera// [...] Estamos com o repórter Erivelto Amarante/
que produziu a matéria e com quem vamos conversar agora// Erivelto/ qual a
62
MESMA VOZ MASCULINA: Ah/ benefícios em relação à natureza e tal/ preservação e
tal/ poluição...
Neste momento, o leitor, que é o usuário de ônibus, não tem nome tampouco
sobrenome. A voz legitimada da ciência, a voz da verdade, do discurso monológico, possui.
Todos os entrevistados “oficiais” possuem nome, sobrenome e função específica. Quando é o
usuário de ônibus, há uma informalidade maior, com perguntas mais diretas e respostas
induzidas. Souza (2003, p. 160), explica que a voz do cientista é apresenta com nome e
sobrenome “[...] devido a essa individualização a fala dos que detêm essas funções são falas
legitimadas, o que lhes confere o papel de autores de seus discursos. Autores de sua
interpretação. São falas que constituem uma memória institucionalizada”.
Ao entrevistar o usuário de ônibus, o repórter busca “reforço” para seus
argumentos de que o sujeito-leitor não sabe, gerando o efeito de legitimação, mesmo não
sendo a voz legitimada do discurso acadêmico. Isto é interessante em se tratando de uma
emissora radiofônica educativa de uma instituição de ensino superior (IES). Contudo, aqui é o
repórter quem produz a textualidade, o sujeito-leitor não poderia ser diferente. Apesar de estar
numa IES, a autoria neste momento não tem relação com o discurso acadêmico.
Seqüência 7
Erivelto: Você já ouviu falar sobre o diesel metropolitano?//
VOZ FEMININA: Não//
Erivelto: Você sabia que algumas empresas de transporte aqui da cidade/ transporte
coletivo/ estão usando um combustível menos poluente?//
MESMA VOZ FEMININA: Não/ também não sabia//
Erivelto:Você acha que falta orientação e informação das pessoas porque a gente
sabe que normalmente tem muita gente que usa o transporte coletivo como você/ por
exemplo/ mas não tem o conhecimento disso// Você acha que essa era uma
informação importante?//
Acima, nas frases destacadas em negrito, um direcionamento ao sujeito-leitor,
inclusive destacando uma voz exclusiva ao perguntar Você ouviu...?; Você acha que falta
orientação e informação das pessoas...?; Vo acha que essa era uma informação
importante? Nesta última questão, ainda temos uma textualidade característica do discurso
pedagógico, quando o sentido é circular, em que a resposta é dada na pergunta, gerando um
65
Seqüência 12
: Independente de qualquer ganho de trabalho ou financeiro/ em um momento
em que ouvimos falar de aquecimento global/ aumento da camada de ozônio e
derretimento das geleiras/ a escolha desse diesel menos poluente/ vai ajudar para
amenizar os problemas ambientais/ e os impactos causados pelo homem no planeta//
Erivelton Amarante/ de Joinville/ para o Ondas da Ciência//
O repórter faz uso da memória do sujeito-leitor, mas a partir da própria mídia,
com fatos que são notícia no momento da veiculação. Sobretudo, a memória é utilizada de
forma superficial, para dar um efeito de fecho. O problema é que, para tal, esvazia-se o lugar
da discussão política a respeito da questão ambiental para ceder espaço à divulgação científica
rasa. Ao final da reportagem, percebe-se que o conhecimento a respeito do biodiesel não é
historicizado. O discurso científico novamente é distanciado. Os estereótipos apresentados
pelo repórter sugerem ao sujeito-leitor analogias com estereótipos veiculados pela publicidade
na grande mídia. O pré-construído de estereótipos da grande mídia dão ênfase ao discurso
jornalístico em detrimento de quaisquer outros.
Seqüência 13
Leila: Pesquisa catarinense de combustível renovável a partir de resíduos gordurosos
é finalista do prêmio nacional// O trabalho dos pesquisadores Henry França Meyer e
Vinícius Rodolfo Iquers/ da Furb/ Universidade de Blumenau/ transformam resíduos
gordurosos oriundos de gordura e rejeito de frigoríficos em biodiesel// Os
pesquisadores já passaram para a fase pré-industrial da produção do combustível// O
título da pesquisa é longo/ chama-se/ Desenvolvimento de processos de craqueamento
térmico contínuo para a produção de biocombustíveis/ a partir de resíduos gordurosos
como energia alternativa renovável/ e foi classificado no prêmio Piter Urari 2007//
Para mais informações visite o site www.furb.br//
Leila: Dois milhões de reais para pesquisadores// A Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Minas Gerais/ FAPEMIG/ anunciou recentemente o total de recursos
destinados para mestres e doutores// A verba é referente ao edital de bolsas de
incentivo à pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico de Minas// Essa é a primeira
versão do edital que foi lançada a primeira vez em 2005//
69
pesquisador que ele envia esse projeto/ só quii você concorre com o Brasil inteiro/ a
concorrência é muito grande// Nós temos em Santa Catarina a fundação de amparo à
pesquisa do Estado/ a Fapesc/ ela poderia ser um pouco melhor para nós/ né/ no
sentido di ter um pouco mais de recursos que o Estado carece/ para que a gente não
tenha que ficar simplesmente todas as vezes é... concorrendo com o Brasil inteiro//
Quase todos os estados tem uma fundação de amparo à pesquisa// Já foi um avanço
porque/ há alguns anos não tínhamos nem sombra do que nós temos hoje/ mas a gente
espera quii possa/ realmente haver uma evolução e a pesquisa em Santa Catarina ter
realmente o lugar de destaque que merece//
Leila: Do Centro de Ciências Tecnológicas/ repórter Leila Torres/ especial para o
Ondas da Ciência//
No caso acima, um assunto que renderia apenas uma nota, a repórter estende o
assunto até transformá-lo numa entrevista, com o rumo sendo desviado para a divulgação
inclusive do mestrado da instituição e o anúncio da abertura de vagas para candidatos à bolsa
de pesquisa. O resultado disso é um atravessamento publicitário a favor da UDESC dentro de
um discurso jornalístico, como é possível perceber no trecho destacado em negrito, quando a
repórter faz uma pergunta dirigida a respeito da iniciação científica no Departamento de
Física. Neste caso, a repórter assume o discurso publicitário, em que o sujeito-leitor é o
usuário, aquele que compra a idéia empreendida de que esse departamento é um sucesso em
publicação de pesquisas acadêmicas. Mas, também o atravessamento do discurso
acadêmico, com um mínimo do discurso de divulgação científica, que aparece somente no
início da matéria, quando são apresentados dados estatísticos de relatório de publicação
científica. Mas, a informação não é historicizada, o sujeito-leitor continua sendo o do
jornalismo, aquele que não sabe e reflete a respeito do conhecimento, mas somente recebe
informações sobre. Contudo, ainda o atravessamento do discurso pedagógico quando a
repórter Leila Torres “explica” de forma didática o que quer dizer cada um dos conceitos
apresentados, mas sem sair da nomenclatura (vide trecho destacado em negrito). Conforme
cita Coracini (2007, p. 44) “[...] No discurso científico (DC), o jogo de interesses (de poder)
se acha, em geral, velado, em nome do saber acadêmico”. Gomes (2000, p. 23) complementa
ao declarar que
72
Gerson Volnei Lágrima/ diretor da UDESC Joinville// E a entrevista de Ondas da
Ciência de hoje é com o professor Gerson// Olá professor Gerson//
Gerson: Paulo mais uma vez uma satisfação estar aqui na rádio UDESC/ podendo
trazer um pouco daquilo que a gente viu e que a gente viveu aí nesse período que a
gente teve fora do país...//
[...]
Sheila: Vem aí o trigésimo congresso nacional de matemática aplicada
computacional// O evento vai ser de três a seis de setembro/ na Universidade Federal
de Santa Catarina// Para mais informações visite o site: www. sbmac.org.br //
Sheila: Telhas ecológicas estão sendo testadas na UDESC de Lages// Embalagens de
leite Longa Vida e plástico são as fontes de matéria-prima das telhas/ o objetivo é
demonstrar como essa nova tecnologia/ colabora na preservação ambiental e serve
para economizar no custo da construção//
A maneira de construir um leitor é muito semelhante do mês de março, na
primeira edição. Contudo, verifica-se em julho o interesse em idealizar o sujeito-leitor em
público jovem, característica do ouvinte de rádio FM. Mas, um paradoxo. Ao mesmo
tempo que uma migração de faixa etária em virtude da escolha das trilhas sonoras do
programa, o tratamento dado às matérias é semelhante ao anterior, sem sair dos moldes mais
tradicionais do discurso jornalístico de dio AM, que é mais dedicada ao estilo noticioso do
discurso jornalístico.
No caso da notícia sobre as telhas ecológicas, a pauta poderia ser desdobrada ao
discurso de divulgação científica, mas não há esse desdobramento, ainda se fecha no discurso
jornalístico, sem a contextualização e historicização do assunto.
A seguir, outro trecho a respeito do discurso jornalístico.
Seqüência 18
Paulo: O corpo humano é uma máquina com diversas áreas ainda por desvendar//
Investigações mais recentes mostram que a célula-tronco/ vão além das expectativas
73
no campo da medicina regenerativa// Os testes comprovam a eficácia para dar origem
à tecidos diferenciados/ como sangue/ ossos/ nervos e músculos// Já a Igreja Católica
começa a demonstrar o interesse e aprova um tipo de pesquisa// Saiba qual
modalidade que conta com o apoio/ na reportagem de Mauro Barreto//
Esse trecho do programa Ondas da Ciência veiculado em julho de 2007
surpreende porque, como diz Orlandi (apud PAYER, 2003, p. 65)
Ao produzir um texto o autor faz gestos de interpretação que prendem o leitor nessa
textualidade constituindo assim ao mesmo tempo o efeito-leitor correspondente. À
escrita (formulação) do discurso de divulgação científica corresponde pois o efeito-
leitor que o institui e que o caracteriza no modo mesmo em que ele se apresenta na
circulação dos sentidos.
Sabe-se de longa data sobre a grande discussão entre o meio religioso
25
e o
científico envolvendo a pesquisa com células-tronco. A questão é que o programa reflete a
respeito do tema da mesma forma que a grande mídia. Novamente o Ondas da Ciência faz
uso do pré-construído proposto pela grande mídia, sem deslocamento ao discurso científico. O
deslocamento ao discurso científico ocorre no trecho abaixo, quando o entrevistado fala.
Seqüência 19
A célula-tronco hematopoiética ela gera os tecidos sangüíneos/ então ela é uma célula
que vai formar o sangue// A célula-tronco mesenquimal ela tem um um potencial
diferente/ ela pode ser modulada mas ela forma a cartilagem/ ela forma osso/ ela
forma tecido muscular// Alguns trabalhos têm mostrado que ela também pode formar/
é... tecido encefálico/ é... o... cérebro/ célula de tecido neural// Então é isso que tem
chamado a atenção do nosso grupo/ né/ essa... possibilidade de utilização dessa
célula// O que parece/ ao que tudo indica/ que é uma célula que tem um grande
potencial terapêutico/ mas ela tem que ser trabalhada pra isso//
Em relação à reportagem abaixo, também presente no mês de julho, novamente
temos um exemplo do que, ao contrário do discurso de divulgação científica, temos o discurso
jornalístico como formação discursiva dominante.
25
“[...] No pensamento religioso, a interpretação consiste na descoberta dos sentidos -dados por Deus; no pensamento
científico, a interpretação é a descoberta de sentidos já-dados pela natureza (SOUZA, 2003, p. 167).
76
Paulo: A próxima matéria de Ondas da Ciência vai falar de um assunto que vem
mobilizando a comunidade no planalto sul de Santa Catarina// Fato/ que é
conseqüência de pesquisa evolvida dentro da universidade// O núcleo de tecnologia de
alimentos da UDESC de Lages/ já colhe o resultado da pesquisa/ que transforma o
pinhão em bebida destilada// Mais uma perspectiva de renda para a região/ a partir da
Araucária// A reportagem é de Heloíse Gesser//
Heloíse: Árvore de longa vida e de muitos nomes// A Araucária Angustifolha é vista
nos campos do planalto sul de Santa Catarina especialmente na região de Lages e
arredores// Aqui ela é soberana// Com uma altura que chega a cinqüenta metros é uma
grande copa em forma de taça// Além de fornecer madeira de excelente qualidade/
motivo pelo qual quase a levou à extinção/ ela é ainda mais famosa pelo pinhão/
semente a qual ela produz// Esse mesmo pinhão que garante a alimentação de espécies
animais entre eles roedores e pássaros/ faz parte do cardápio obrigatório do outono e
inverno em milhares de residências do Sul// E além de pratos típicos/ o pinhão faz
parte de uma pesquisa/ desde 2003/ financiada pela Universidade do Estado de Santa
Catarina/ e realizada pelo núcleo de tecnologia de alimentos da UDESC que fica no
centro de ciências agro-veterinárias/ o CAVE de Lages// A pesquisa obteve o destilado
alcoólico do pinhão// A semente tem uma grande potencialidade na produção de
bebidas já que a composição chega a quase cinqüenta por cento de amido em matéria
úmida// O professor do CAVE/ e coordenador do projeto/ Gilberto Massachi Ide/
colocou o nome da cachaça do pinhão como pinhaça// Ele explica como é feito o
processo/ que ainda não chegou ao fim//
De todas as três edições analisadas, as de março, julho e outubro, a reportagem acima
é a única em que houve enfoque a um projeto ainda não finalizado, em processo de análise. A
pesquisa sobre células-tronco também ainda não está fechada, mas a reportagem não deu
ênfase a isso, como no caso da reportagem sobre a pinhaça. Nesta situação, uma
aproximação do discurso científico. Porém, ainda estamos no discurso jornalístico, porque,
como nas demais edições, a temática é escolhida de acordo com a data de veiculação no
caso desta reportagem sobre a cachaça extraída do pinhão, foi veiculada no mês de julho,
período em que a semente é um prato típico do inverno no Sul do País ou com temas do
momento, como é o caso do plasma no mês de outubro (o trecho será apresentado em seguida)
ou ainda o biodiesel em março. Percebe-se que a temática do programa é aleatória, pois o
79
[...] um efeito de sentido no sujeito-leitor que o coloca na posição de um leitor em
falta, ele desconhece o que deveria conhecer e que, portanto, deve se colocar na
posição de quem espera por conselhos de conduta e não por uma conversa, uma
reflexão. Nestas condições de produção de leitura é possível inscrever-se um
discurso do tipo autoritário.
também os cientistas prontos para falarem a partir da voz do discurso de
divulgação científica, no fio do discurso. Mesmo assim, a formação discursiva dominante é o
discurso jornalístico, com as características já apresentadas durante a análise.
Partindo para o segundo problema, ou seja, a questão de como se a
ressignificação da ciência na textualidade discursiva radiofônica, concluímos que o
programa Ondas da Ciência segue os moldes clássicos do discurso de divulgação científica,
migrando a produção de sentidos ao meio radiofônico, com a inclusão de trilhas, vinhetas etc.,
mas sempre trabalhando a heterogeneidade marcada mostrada no discurso direto e indireto
(AUTHIER, 1990), trabalhando no pacto com o discurso legitimado, com o Estado e,
pressupondo-se o leitor leigo, próprio ainda da divulgação produzida pelo jornalismo na
grande mídia, conforme afirma Silva (2002).
Em relação ao último problema desta pesquisa, ou seja, a questão de como é
construído o sujeito-leitor nessa textualidade, partimos do pressuposto de que o programa
Ondas da Ciência é o único programa radiofônico na linha editorial de ciência, tecnologia e
inovação no Estado de Santa Catarina. Tendo-se em mente tal pressuposto, o foco de pesquisa
foi justamente analisar a construção do sujeito-leitor desse programa ao longo do ano de 2007.
Balizamo-nos na idéia de uma crescente em relação à construção do sujeito-leitor. Em virtude
disso, ao segmentar o corpus justificou-se a escolha das edições do mês de março, julho e
outubro do ano passado, em 2007. A edição de março foi a primeira após a retomada do
programa; a de outubro, a última daquele ano. Contudo, durante a realização desta pesquisa,
tomamos conhecimento de que Ondas da Ciência novamente está “fora do ar”. Mas, o que
seria algo desalentador, passou a ser um fator de análise. Esperava-se que, por ser o único
programa radiofônico pautado na divulgação de ciência em Santa Catarina, seria estabelecida
uma nova linguagem, inclusive pelo inusitado do discurso de divulgação científica ser
veiculado no meio radiofônico e ser produzido no meio acadêmico, formato distante dos
tradicionais impresso, televisivo e até mesmo em rede, na internet.
Ao longo das edições analisadas concluímos que o sujeito-leitor do Ondas da
Ciência manteve-se numa constante. É um sujeito-leitor-ideal (projetado pelo autor), que não
sabe, por isso deve aprender o que veicula a equipe de jornalistas que produz o programa. A
pauta do Ondas da Ciência pode ser qualquer uma. Os temas são tratados de forma aleatória,
82
REFERÊNCIAS
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AUTHIER-REVUZ, Jacqueline. Heterogeneidade(s) enunciativa(s). IN: Cadernos de
Estudos Lingüísticos. N. 19. Campinas: UNICAMP, jul./dez. 1990. p. 25-42.
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IN: GUIMARÃES, Eduardo (org.). Produção e circulação do conhecimento: política,
ciência, divulgação. Campinas: Pontes, 2003.
CORACINI, Maria José. Um fazer persuasivo: o discursivo subjetivo da ciência. Campinas:
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breve preâmbulo. IN: INDURSKY, Freda; FERREIRA, Maria Cristina Leandro (orgs.).
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Eni Pucinelli (org.). A leitura e os leitores. 2. ed. Campinas: Pontes, 2003.
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GADET, Françoise. Prefácio. IN: GADET, Françoise; HAK, Tony (orgs.). Por uma análise
automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 3. ed. Campinas:
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(dis)curso. V. 1, n. 2. Tubarão: Unisul, 2001.
GALLO, Solange Leda; MARTINS, Marci Fileti. Tópicos especiais em análise discursiva
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GOMES, Mayra Rodrigues. Jornalismo e ciências da linguagem. São Paulo: Hacker; Edusp,
2000.
87
ANEXOS
90
no Brasil ela vai colaborar de maneira efetiva na redução da emissão de poluentes/ o que vai
ser extremamente positivo para o Brasil para os grandes centros urbanos que tem um grande
volume de veículos a diesel i/ uma outra coisa importante/ o Brasil ele importa diesel/ então
com a introdução do biodiesel em percentuais crescentes/ a partir de dois e treze vai ser
obrigatório os 5%/ isso visa diminuir a dependência do Brasil nu consu... na importação de
diesel//
LOCUTOR: Erivelto/ com a exceção dos engenheiros e técnicos/ o restante da população sabe
a diferença entre um e o outro combustível?
REPÓRTER (NO ESTÚDIO): Para fazer a matéria/ nós fomos até o terminal urbano de
Joinville/ o terminal central/ que é o mais movimentado da cidade exatamente para perguntar
a respeito disso// I eu conversei com mais de dez usuários do transporte conversei também
com alguns motoristas i/ grande maioria cem por cento na verdade/ desconhecem dessa
inovação desse novo combustível i da ajuda né/ da contribuição que esse combustível vai
acabar gerando pro meio ambiente//
LOCUTOR: Vamos ouvir a reportagem//
TÉCNICO: insere trilha + vinheta (reportagem especial)
REPÓRTER (NO ESTÚDIO): Desde janeiro deste ano metade dos usuários de transporte
coletivo de Joinville andam de ônibus com um combustível menos poluente// É o diesel
metropolitano/ mas será que eles têm conhecimento dessa informação e do benefício que isso
pode oferecer para o meio ambiente?// O Ondas da Ciência visitou o terminal urbano central
da cidade//
TÉCNICO: Insere matéria
REPÓRTER: Tu já ouviu falar no diesel metropolitano?
VOZ MASCULINA: Não.
REPÓRTER: Tu sabia que as empresas de transporte aqui de Joinville tão usando um
combustível menos poluente?
MESMA VOZ MASCULINA: Não.
REPÓRTER: Que tu acha que esse tipo de benefícios isso pode trazer?
93
de siderúrgicas você também tem um grande fluxo de caminhões/ então você também é
obrigatório a comercialização do diesel metropolitano/ é/ esses municípios vem crescendo a
cada nova atualização da resolução da MP que trata do diesel no Brasil/ foram incrementados
os números de municípios que/ obrigatoriamente têm que consumir esse diesel metropolitano
de baixo enxofre/ então você tem hoje capitais como Belo Horizonte/ como Rio de Janeiro/
como Fortaleza/ Recife/ Aracaju/ Salvador/ Curitiba/ Porto Alegre/ né?/ i agora no Estado de
Santa Catarina a primeira cidade a receber até por uma iniciativa própria/ uma iniciativa
particular/ receber o diesel metropolitano/ que vem a ser um benefício pra/ pra cidade de
Joinville//
REPÓRTER (NO ESTÚDIO): Antes do diesel metropolitano chegar aos ônibus em Joinville/
São Francisco do Sul/ Araquari/ e Barra do Sul/ o produto é coletado na refinaria de
Araucária/ no Paraná// O percurso é mais demorado que o tradicional/ embora tenha o mesmo
custo/ mas os resultados na manutenção dos veículos/ já são visíveis//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
VOZ MASCULINA: Eu tinha que fazer regulagem de bomba injetora/ eu tinha que fazer
regulagem de bico injetor/ troca de filtro de ar/ troca de filtro de óleo/ que pra mim manter
meu carro dentro dos padrões// Eu tinha que normalmente/ como eu usava o diesel/ o interior/
eu tinha que fazer a troca dos quatro elementos/ hoje/ eu vejo que com troca de dois
elementos eu consigo fazer com que o carro se enquadre dentro das norma// Eu não preciso
ter um custo/ de manutenção para que meu carro permaneça dentro da norma/ menores do que
eu tinha no passado//
REPÓRTER (NO ESTÚDIO): Independente de qualquer ganho de trabalho ou financeiro/ em
um momento em que ouvimos falar de aquecimento global/ aumento da camada de ozônio e
derretimento das geleiras/ a escolha desse diesel menos poluente/ vai ajudar para amenizar os
problemas ambientais/ e os impactos causados pelo homem no planeta// Erivelton Amarante/
de Joinville/ para o Ondas da Ciência//
TÉCNICO: INSERE TRILHA QUE VAI A BG E VAI SUMINDO
96
colocados no mercado/ i com isso gera evidentemente a... a renda a partir da comercialização
dessas inovações// Então é um instrumento importante qui/ hoje/ é... no país/ o Brasil está se
modernizando/ o Brasil está se mostrando competitivo em diversas áreas ãh... do
conhecimento i... inclusive com repercussão internacional i esse é um instrumento importante
que ajuda não ãh... no ponto de vista das instituições federais que tem o apoio de lei
federal/ mas dentro dos estados as instituições estaduais suportadas/ pur uma lei estadual de
inovação//
LOCUTOR: Professor/ o senhor é presidente da Fundação Araucária/ do Paraná// Eu pergunto
ao senhor/o Paraná já tem sua lei específica do setor?//
ENTREVISTADO: É o Paraná também/ como todos outros estados/ está em processo de
discussão da sua lei estadual de inovação// Já um movimento dos diversos atores do
sistema/ seja da academia/ seja do meio da indústria/ seja da do meio de governo/ discutindo
um projeto de lei/ quii brevemente também será mandando para a Assembléia Legislativa//
LOCUTOR: Professor/ qual é a expectativa do senhor para os próximos dez anos tendo uma
lei desse porte aprovada e funcionando devidamente?//
ENTREVISTADO: É/ exatamente/ na linha de que se ela cria os instrumentos do ponto de
vista da transferência do conhecimento das novas tecnologias/ se elaa... instrumentos de
incentivo fiscal/ de promoção/ é... e de atração das empresas para a promoção da inovação/
evidentemente qui o que é de se esperar é bons resultados// O que se conhece do mundo afora/
é... di países que é... investiram nessa área/ é... mostraram esses países um grande
desenvolvimento a partir de ações concretas dessa natureza/ Coréia é um grande exemplo/né?/
A Coréia vinte anos era praticamente é... menos do que o Brasil em termos de produção di
conhecimento e transformação disso em produto de processo e hoje a Coréia é
desparadamente mais do que o Brasil// I um dos grandes/ é... trunfos que o país/ ãh... Coréia
utilizou foi exatamente o estímulo à produção científica/ de tecnologia e a transferência disso
promovendo a inovação//
LOCUTOR: A Coréia é um exemplo em que campo do conhecimento/ professor?
97
ENTREVISTADO: Em diversas áreas do conhecimento/ principalmente em novas
tecnologias/ né?/ Isso é... é visível nos dados econômicos dos dois países mostra isso
claramente// Então o Brasil no caminho certo/ e é preciso que se estimule cada vez mais
ações dessa natureza pra que a gente possa alcançar o patamar que o país merece//
LOCUTOR: Seria desenvolvimento/ distribuição de renda e justiça social?//
ENTREVISTADO: Com certeza/ porque a medida em que o país se torna mais competitivo/
as empresas produzem mais e ganham mercado/ isso produz riqueza e renda/ né?/ qui é isso
gera emprego/enfim/ movimenta toda a economia com repercussão social//
LOCUTOR: Muito bem/ agradecemos a participação do presidente do Conselho Nacional das
Fundações de Apoio à Pesquisa / Confap / professor Jorge Bonassar nesta entrevista para o
Ondas da Ciência // Muito obrigado professor//
ENTREVISTADO: Obrigado eu e felicidades//
TÉCNICO: INSERE BG
REPÓRTER (VOZ FEMININA): Aumenta a produção científica dos professores
pesquisadores da Udesc de Joinville// Segundo o diretor de pesquisa/ Marcelo da Silva
Roncion/ o aumento foi tanto em congressos nacionais e internacionais como em publicações
de artigos em revistas científicas//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Foi noventa e seis por cento o aumento da participação de professores do CCT e também em
publicações em periódico/ tanto nacionais como internacionais/ nós saímos de um patamar de
quinze artigos publicados em média/ pra trinta e sete artigos/ dando um total em cento e
quarenta e seis por cento/ de aumento da produção em/ periódicos científicos nacionais e
internacionais//
REPÓRTER (VOZ FEMININA): Um dos fatores que proporcionaram o aumento da produção
científica dos professores e alunos/ foi a criação de cursos de mestrado// No campus de
Joinville a Udesc oferece mestrado em engenharia dos materiais/ engenharia elétrica e física//
100
REPÓRTER (NO ESTÚDIO): Do Centro de Ciências Tecnológicas/ repórter Leila Torres/
especial para o Ondas da Ciência//
TÉCNICO: INSERE BG
LOCUTOR: E agora ouça a segunda edição da rodada de notícias//
TÉCNICO: SOBE BG
REPÓRTER (NO ESTÚDIO MESMA VOZ FEMININA DA ENTREVISTA
ANTERIOR): Novo curso de Mestrado em Computação Aplicada surge com foco nas
indústrias de software// programas de computador da Grande Florianópolis// Entre as linhas
de pesquisa/ destaque para a inteligência artificial/ e por isso deverá ser aplicada nos campos
de Engenharia/ Saúde e Educação// Para obter mais informações tome nota do telefone//
quatro oito/ três dois oito um/ quinze três sete// ou visite o site/ www.univali.br//
TÉCNICO: SOBE BG
REPÓRTER (NO ESTÚDIO MESMA VOZ): Lançada a décima edição do prêmio Finep de
Inovação Tecnológica// O prêmio vai beneficiar iniciativas de inovação desenvolvidas e
aplicadas por empresas// instituições de ciência e tecnologia// ou instituições públicas e
privadas sem fins lucrativos// São duas as etapas// regional e nacional// e sete as categorias//
produto/ processo/ pequena empresa/ média e grande empresa/ instituições de ciência e
tecnologia/ inovação social/ inventor e inovador// O períod/ o período de inscrições vai até o
dia dezesseis de julho// Mais informações estão no site wwwfinep.gov.br/regulamento.hmtl//
TÉCNICO: SOBE BG
Vinheta em seco carimbada na trilha: Reportagem
Vai sumindo BG
LOCUTOR: Uma nova área da medicina vem se desenvolvendo no Brasil// Trabalhos de
medicina regenerativa/ demonstram a utilização da célula do próprio paciente/ para recuperar
106
psicológica do cigarro// Ouça como são os métodos de controle do tabagismo na reportagem
de Pedro Augusto Kuhnen//
TÉCNICO: SOBE BG
Vinheta em seco carimbada na trilha: Reportagem
Vai sumindo BG
REPÓRTER: A tosse rouca arranca o resto de catarro preso à garganta de Ana// Ela está
encharcada de suor depois de passar a noite inteira com febre// A bronquite provoca dores no
peito/ falta de apetite// Ana tem 7 anos e/ como toda criança/ possui pulmões pequenos e
precisa respirar mais rápido do que qualquer adulto// A casa de apenas um quarto parece
ainda menor com uma série de vizinhos tentando ajudar// O mal estar da menina dura dois
dias e seu Evailson não quer mais esperar/ vai levar a filha ao hospital/ mas antes de pegá-la
no colo/ precisa apagar o cigarro/ um dos 36 que fumou desde que Ana adoeceu//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
E hoje eu queria parar né// Tinha uma menina que durmia com nóis/ ela tinha... ela desde que
ela nasceu/ durmia com nóis e até os 7 anos ela tinha bronquite e eu nunca notei que era o
meu cigarro que fazia mal pra ela// Depois dos 7/ hoje ela tem 12/ foi durmir sozinha no
quarto dela/ nunca mais ela sofreu de bronquite/ nunca mais tossiu//
REPÓRTER: Quando o pai de Ana fuma produz dois tipos de fumaça: a que ele inala e a que
é produzida pela queima da ponta do cigarro. A fumaça que Ana respira ao dormir no mesmo
quarto de seu pai possui mais de quatrocentas substâncias tóxicas como monóxido de carbono
e a nicotina. Ana é fumante passiva, principal motivo de seus ataques que bronquite.
Fumantes passivas como Ana, tem duas vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão
ou infarte. No Brasil, cerca de duzentos mil mortes por ano são provocadas pelo tabagismo
direto e indireto. Ate dois mil e dois o câncer de pulmão foi a segunda maior causa de morte
entre os homens e a terceira entre as mulheres catarinenses. Um estudo realizado pelo
CEPOM /Centro de Pesquisa Oncológica de Florianópolis/ mostra que em dois mil e cinco
Santa Catarina possuía quase novecentos e cinqüenta mil fumantes. O Brasil já possui uma lei
sobre locais onde os fumantes podem ou não fumar/ mas ela é pouco respeitada/ explica a
Doutora Senin Diba Ralf/ Oncologista do CEPOM//
109
nicotina/ ela engana esses receptores e esses receptores do cérebro passam a produzir a
dopamina/ e aí o indivíduo vai ter uma satisfação como se tivesse fumado//
REPÓRTER: Muitos fumantes viram dependentes psicológicos/ são pessoas que não
precisam fumar cigarros até o final/ mas precisam acendê-lo/ ter o cigarro nas mãos enquanto
dirigem ou enquanto falam ao telefone// Para esse tipo de problema existem tratamentos e de
forma gratuita// Marcelo Stuart é enfermeiro do posto de saúde da Lagoa da Conceição em
Florianópolis e conta como funciona o grupo de apoio aos fumantes//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Os pacientes primeiro a gente aborda alguns aspectos com relação ao... parar de fumar/ os
malefícios que o cigarro proporciona e as medidas que eles podem fazer pra realmente
parando// E após isso eles discutem entre eles/ o que/ como é que estão o dia-a-dia pós o
cigarro/ dicas de como parando/ é... o que que eles vem apresentando/ e como eles que
estão fazendo para manter sem o cigarro// I eles mesmo discutem entre eles//
REPÓRTER: O instituto nacional de câncer afirma que setenta por cento dos fumantes que
iniciam o tratamento nos grupos de apoio conseguem abandonar o vício// A motivação para
enfrentar a dependência muitas vezes está na família/ na conscientização de que o cigarro não
prejudica a saúde de quem fuma/ mas também de todos que estão ao redor// A médica
Lígia de Almeida Gama confirma//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Nas reuniões a gente sempre pergunta assim quais os motivos que a pessoa está querendo
parar de fumar/ né/ e uma coisa que aparece bastante é que é em relação à família/ aos filhos//
Vários fumantes aqui que estão participando do nosso grupo têm os filhos com bronquite/ e
esse é um motivo freqüente deles quererem parar de fumar/ por causa dos filhos/ de proteger
os filhos/ da fumaça/ a esposa que reclama da fumaça/ né/ então isso aparece bastante//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
É o que aconteceu a Evailson José Correia/ pai de Ana citada no início da matéria// Hoje Ana
tem doze anos e não sofre tanto com a bronquite como antigamente// Seu Evailson/ fumava
quase quarenta cigarros por dia// Com a ajuda dos adesivos repositores de nicotina e os grupos
112
ENTREVISTADO: Nós visitamos em Barcelona/ por exemplo/ é... vários parques
tecnológicos/ não falando de um parque tecnológico/ mas visitamos vários parques
tecnológicos/ parques científicos de Barcelona/ uma iniciativa de governo que é o vinte e dois
arrouba de Barcelona// Visitamos o parque Biotec / de biotecnologia de Barcelona/ visitamos
o parque que está dentro de uma universidade/ que é a universidade Nassale/ em Barcelona/ e
sabemos que tem outros parques que não tivemos tempo/ di ir visitar// E você olha pra
Joinville hoje/ Joinville discutindo/ Joinville/ a criação do primeiro parque tecnológico//
Santa Catarina tem um parque tecnológico que é o Celta lá em Florianópolis e o projeto du du
grande parque que é o Sapiens Park// Então você começa a ver as diferenças que existe/
quando você vai pra uma reunião/ que nós participamos de uma reunião com o governo da
Catalunha/ e o ministro lá/ não era ministro/ era o secretário de Estado da Indústria/ diz pra
gente que neste ano passado de dois mil e seis foram investidos cento e dez milhões de euros
do Governo em parques tecnológicos a gente começa a ficar realmente preocupado com qual
vai ser o segmento que vamos ter aqui na nossa região// Então/ eu vejo assim/ nós temos
muito a aprender com eles/ sem dúvida/ né/ nós temos que olhar o que eles têm fora e todo
o tipo de parceria que a gente puder fazer com eles/ transferência de tecnologia que é uma
coisa que eles têm muito interesse/ a gente deve fazer//
LOCUTOR: Muito bem/ pelo que o senhor nos coloca/ o senhor parece cético em relação à
evolução tecnológica aqui do Brasil// O senhor acredita que uma política tecnológica
estabelecida transforma definitivamente uma região ou um país?//
ENTREVISTADO: Eu não tenho dúvidas disso e isso foi possível ver em Barcelona// Na
palestra que nós tivemos junto com os representantes do governo da Catalunha/ é... eles
mostraram lá pra nós u... u... as dificuldades que eles começaram a ter porque Barcelona tinha
uma economia muito centrada em cima da área têxtil/ indústria têxtil/ de produção têxtil/ na
década de trinta// Eles tiveram uma grande crise/ muitas organizações/ muitas instituições
faliram/ se transferiram pra Ásia como a gente sabe a forte concorrência que a Ásia tem
hoje na área têxtil com todos os países do mundo/ e eles sofreram com isso// E naquele
momento eles tiveram e tomaram a decisão de que eles iriam investir em tecnologia//
Começaram-se todos os projetos desses parques que hoje estão vinte anos em
funcionamento/ né/ e tão colhendo hoje os resultados// trinta quarenta anos atrás definiram
qual que seria o foco/ falando especificamente em Barcelona/ qual seria o foco da região da
Catalunha nas áreas econômicas que eles poderiam atuar e que poderiam ter sucesso// Eles
115
REPÓRTER: A reportagem de capa da revista Pesquisa Fapesp/ é no mínimo muito curiosa/
especialmente para as mulheres// Estudos mostram que shampoos e condicionadores limpam e
deixam os cabelos mais fáceis de pentear/ mas é // Os produtos não recuperam os fios
danificados como prometem diversas marcas// Mais informações sobre o assunto estão no site
www.agencia.fapesp.br//
CNICO: SOBE E CORTA BG/ INSERE EFEITO
LOCUTOR: O corpo humano é uma máquina com diversas áreas ainda por desvendar//
Investigações mais recentes mostram que a célula-tronco/ vão além das expectativas no
campo da medicina regenerativa// Os testes comprovam a eficácia para dar origem à tecidos
diferenciados/ como sangue/ ossos/ nervos e músculos// a Igreja Católica começa a
demonstrar o interesse e aprova um tipo de pesquisa// Saiba qual modalidade que conta com o
apoio/ na reportagem de Mauro Barreto//
REPÓRTER: O avanço das pesquisas biológicas traz uma nova esperança para os pacientes
com diabetes/ doenças do coração/ doenças neurológicas e do cérebro/ além de traumas na
medula espinhal// A esperança vem a partir das pesquisas com células tronco/ também
conhecidas como células estaminais ou células-mãe/ pela capacidade que possuem de se
dividir em outras células// Elas também podem se transformar em diferentes tecidos através
de um processo chamado de diferenciação celular/ em que as células-tronco podem dar
origem a novos nervos/ ossos/ músculos ou até mesmo componentes do sangue/ substituindo
aqueles tecidos anteriormente danificados// O neurologista Ilmar Correa/ de Florianópolis/
mais detalhes sobre os benefícios da utilização das células-tronco//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
A idéia de utilizar célula-tronco/ no tratamento de doença de Alzheimer/ é tentar recriar essas
células que foram/ que foram lesadas/ e fazer com que elas/ essas células novas passem a
produzir aquilo que es faltando na doença de Alzheimer// Basicamente acetilcolina/
acetilcolina é um neurotransmissor mais importante/ pra memória/ e é o neurotransmissor
mais afetado da doença de Alzheimer porque as células que produzem acetilcolina são lesadas
logo no início da doença// Na doença de Parkinson/ a alteração mais importante/ que provoca
os sintomas motores/ é a falta de outra substância que é a dopamina// Então a idéia de utilizar
118
sua estrutura/ é formada por cem/ cem a duzentas células// Para a Igreja/ o respeito pela vida
humana/ desde quando o óvulo foi fecundado/ existe a vida de um novo ser humano// E o
primeiro direito de uma pessoa humana é a sua vida// Por isso que o embrião não pode ser
servir de cobaia para a experimentação ou como objeto de manipulação//
REPÓRTER: Para evitar conflitos de ordem religiosa/ muitos pesquisadores estudam outros
tipos de células-tronco e não as embrionárias// É o caso da Universidade Federal de Santa
Catarina/ que utiliza células hematopoiética e mesenquimais conforme já mencionamos//
Apesar dessa alternativa/ ainda há debate devido ao alto potencial de diferenciação das células
embrionárias// A professora Andréa Trentim/ do grupo de pesquisa da Universidade Federal
de Santa Catarina/ comenta o ponto de vista científico em relação à esse dilema moral//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Pra se ter resultado/ a gente precisa trabalhar/ precisa ter estudos// Mas na minha opinião/ eu
acho que os estudos com célula-tronco embrionais estão muito no início ainda/ são muito
básicos// Paralelamente a isso/ tem mui/ a gente tem tido muito resultados/ com células
adultas/ ou de/ neonatos/ como é o caso da placenta e cordão umbilical/ ou esses estudos com
célula-tronco de medula óssea que já são de adultos mesmos/ né/ ii até células de pele/
foram encontrados nichos de células-tronco na pele/ né// Então o estudo di/ com células
adultas tem avançado muito e trazido resultados bastantes promissores// Talvez/ até esses
resultados/ sejam mais efetivos do que o da célula-tronco embrionária propriamente dita//
Agora/ tem essa polêmica/ né/ que é uma questão que a sociedade tem que analisar/ e decidir
até que ponto o risco da utilização de embriões humanos é válida/ né// Então essa é/ é uma
discussão que a sociedade toda tem que ter e precisa primeiro conhecer o que que são essas
células/ né/ como é que elas são utilizadas/ quais que seriam as possibilidades//
REPÓRTER: Mauro Barreto para o Ondas da Ciência/ com trabalhos técnicos de Sérgio
Ouriques e Fran Pegoraro// Supervisão geral de Helena Iracy Santos Neto//
TÉCNICO: INSERE TRILHA COMO EFEITO
LOCUTOR: A velha máquina de escrever é hoje peça de museu// Mas o equipamento
serviu para expressar conhecimentos em vários níveis/ aliá/s uma profissão muito valorizada
atualmente surgiu com o advento da máquina de escrever// Ouça a reportagem de Jéferson
121
Eu fiz quando tinha 14 anos/ isso em mil novecentos e setenta e quatro/ em Tubarão//
REPÓRTER: E esse curso ajudou você a arrumar emprego?//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Ajudou...// Porque em Tubarão pra secretaria ninguém contratava ninguém sem ter o curso de
datilografia// Importante/ na época era muito importante//
REPÓRTER: E você já se adaptou ao computador?//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
/ já me adaptei// Não sou nenhuma gênia/ mas me adaptei (risos)//
REPÓRTER: De volta à história/ o especialista Ronaldo ressalta a criatividade de alguns
inventos da época e da mecânica das máquinas mais usadas//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Em mil novecentos e vinte/ você podia/ tinha máquina por exemplo/ que é... que trabalhava
no projeto dela/ falava e a máquina escrevia// Existe essa máquina/ mas na época
financeiramente não era viável// Aliás eu posso estar até enganado/ em mil novecentos e
quatro/ primeiro as máquinas prensadas eram de escrita invisível/ você não via o que escrevia/
você batia de baixo pra cima e depois é que foi mudado// Existia outros tipos de escritas
horizontais/ escritas verticais/ máquinas que escrevem de lado/ de trás pra frente/ da frente pra
trás// É um negócio/ a mecânica dela é muito variável//
REPÓRTER: Agora ele fala sobre a substituição do invento//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
De setenta pra ela foi perdendo espaço com a chegada do computador// E ela não vai
morrer/ claro/ ela reduziu// A máquina hoje perdeu oitenta e cinco/ noventa e cinco por cento
de espaço//
REPÓRTER: No meio dessa transição está a jornalista Miriam Pedrotti/ que fala da
experiência que teve quando trabalhou em bancos e posteriormente na televisão//
127
TÉCNICO: INSERE BG
LOCUTOR: Ondas da Ciência de hoje vai chegando ao fim// Para contato com a produção
anote o correio eletrônico// [email protected] ou [email protected] // Mês que vem tem
nova edição // Obrigado e até o próximo Ondas da Ciência//
TÉCNICO: SOBE BG
LOCUTOR: Ondas da Ciência/ uma produção da dio Udesc FM/ em parceria com os
cursos de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina/ Unisul e Bom Jesus Ielusc//
Trabalho voluntário de pós-edição e finalização/ Erivelto Amarante// Supervisão UFSC/
professor Eduardo Méditsch// Supervisão Unisul/ professora Helena Santos Neto// Supervisão
Bom Jesus/ Ielusc/ professora Isane Mustafá// Direção do Sistema Udesc de dio Educativa/
professor Amilton Diácomo Tomazzi// Reitor da Universidade do Estado de Santa Catarina/
professor Anselmo Fabio de Moraes// Udesc/ Universidade do Estado de Santa Catarina//
TÉCNICO: SOBE E CORTA BG
Tempo total do programa: 00:49’:48’’
128
ANEXO C Programa Ondas da Ciência: out./2007
TRANSCRIÇÃO: Madalena Bernardino Giostri
REVISÃO: Helena Iracy Cerquiz Santos Neto
TÉCNICO: Trilha com vinheta em seco (trilha + texto)
Está no ar/ Ondas da Ciência// Uma produção da rádio UDESC FM/ em parceria com os
cursos de jornalismo da UFSC/ UNISUL e Bom Jesus e Ielusc// Apresentação jornalista Paulo
Roberto Santhias//
TÉCNICO: SOBE BG
LOCUTOR: Olá ouvintes de Ondas da Ciência/ Ouça agora os destaques deste programa// O
sol como fonte de energia para o cidadão// Há 10 anos o Estado desenvolve tecnologia a partir
desta matriz energética limpa// Neste programa você vai saber mais sobre o plasma// Uma
substância estudada por físicos e engenheiros que revoluciona muito mais que um aparelho de
TV// Ondas da Ciência traz também notícias do setor// Os principais acontecimentos da
ciência/ tecnologia e inovação de Santa Catarina/ você ouve a partir de agora//
TÉCNICO: SOBE E CORTA BG
LOCUTOR: A integração da ciência com o jornalismo científico avançou no Brasil// Esta é a
conclusão de cientistas renomados que participaram da semana da física/ na UDESC
Joinville// A estudante de jornalismo Melane Peter do Ielusc/ participou da semana na
condição de observadora e repórter//Melane é das estudantes que demonstram interesse pelo
setor// Ela também buscou os motivos para a baixa procura pelos cursos de física nas
instituições de ensino superior do país// Na UDESC Joinville/ para esse vestibular/ o índice
candidato/vaga é de dois estudantes//
TÉCNICO: VINHETA - REPORTAGEM ESPECIAL
131
transformando uma coisa que seria de uma certa forma invertendo todo o processo em termos
de concepção mesmo/ de conceitual//
REPÓRTER: Na terça-feira/ dezoito de setembro/ o professor e doutor Kilder Leite Ribeiro
falou sobre as novas configurações do sistema solar// Em agosto de dois mil e seis astrônomos
de todo mundo estiveram reunidos em Praga/ na República Tcheca/ e decidiram que Plutão
não é mais um planeta do sistema solar// Apesar de continuar orbitando no mesmo espaço de
sempre/ ele agora é classificado como um planeta Anão// Kilder comentou sobre as
redefinições e sobre a importância dessas mudanças para a sociedade//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
A mudança é praticamente para mostrar que esses padrões científicos/ né/ que são padrões
criados pelo homem/ eles podem sofrer mudanças/ adaptações de acordo com a nossa
necessidade// Então a gente sempre procura definir padrões/ né/ que obedeçam a uma certa
regra// E esses novos planetas/ é.../ que tão sendo descobertos/ eles não obedecem essas regras
mínimas/ que é ter uma órbita em torno do sol/ eles estarem sempre no mesmo plano/ terem
movimento de rotação todos no mesmo sentido/ esses planetas novos eles não obedecem isso//
Então/ o objetivo dessa mudança é facilitar o entendimento du/ sistema solar/ né// Você criar
um padrão que facilite as pessoas a entenderem o que que é cada corpo dentro do sistema
solar//
REPÓRTER: O estudo dos astros/ é uma das áreas que mais envolve os cientistas brasileiros/
embora a divulgação ainda seja precária// Kilder elogia os ótimos resultados dessas pesquisas
no país//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Isso nomeia a astrofísica no Brasil/ talvez seja um dos ramos que mais publique no Brasil/
né// Assim/ os grupos são bem formados/ a parte de equipamento é muito boa// O Brasil
participa praticamente de todos os grandes telescópios do mundo/ ele tem tempo nesses
telescópios/ então o Brasil assim/ na área de astronomia/ ele é um país que você pode falar di /
di vanguarda porque ele praticamente participa de tudo que é feito no mundo//
REPÓRTER: A física moderna também foi debatida e questionada durante a semana de
atividades// Sabe-se que aproximadamente trinta por cento da economia mundial depende dos
134
REPÓRTER: Para a surpresa de muita gente/ plasma não se resume aos modernos monitores
de TV// Queremos falar sobre um processo de físico-químico// Temos o estado sólido/ líquido
e gasoso// Além deles/ existe um quarto estado fundamental da matéria que ocorre
naturalmente apenas em condições especiais de temperatura e pressão// Neste estado de
plasma/ as moléculas ficam com muita energia/ e por isso emitem uma luz// O sol/ assim
como todas as estrelas com luz própria/ são plasma// Aquelas lâmpadas fluorescentes brancas
também// E ainda/ aquela luz forte/ típica das soldas/ também é considerado um fenômeno de
plasma// Heloísa Turatti/ doutora em ciência de engenharia em metais pela universidade
federal/ é quem nos dá o parecer técnico//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
O plasma é um gás ionizado constituído de átomos neutros/ íons e elétrons// A luz emitida
pelo plasma é gerado pela emissão de fótons de luz provenientes de reações termoquímicas//
As reações geradas no plasma/ podem ser transformadas em energia e calor// Trata-se de uma
forma inteligente de usar energia em diferentes setores tecnológicos/ sem gerar resíduos
prejudiciais ao meio ambiente//
REPÓRTER: Entre as diversas vantagens de se utilizar o plasma/ o mais interessante/ é o fato
de ser uma tecnologia cem por cento limpa// No Japão/ o processo é bastante difundido/
mas no Brasil/ o assunto ainda é novidade// No entanto/ algumas pesquisas existem por
aqui pelo Estado// É o caso de projetos como os das pesquisadoras Paola Eggerdt e Heloísa
Regina Turatti// Elas estão utilizando o plasma na fabricação de peças para implante no corpo
humano e próteses dentárias/ através da sinterização de de titânio à plasma// Além disso/
estudam sobre tratamento de superfícies de materiais a fim de torná-los mais resistentes a
corrosão// Este processo é conhecido como nitritração a plasma// Os dois processos/ vale
ressaltar/ são totalmente limpos//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Usos como/ reciclagem de embalagens tetrapark/ alterações de superfícies de lentes de
contato a fim de evitar a rejeição pelo olho deste materiais/ a nitriciamentação/ que é um
processo tecnológico com a finalidade de aumentar a resistência ao desgaste de peças
automotivas/ a melhoria na magnetização de peças condutoras e até mesmo a degradação de
resíduos sólidos/ líquidos e gasosos são todos exemplos de aplicações da tecnologia plasma//
135
REPÓRTER: Outra área a ser beneficiada pelas tecnologias de plasma/ é a indústria
petroquímica// A engenheira química Anelise Leal Vieira/ em parceria com as citadas
pesquisadoras Paola e Heloísa/ formou uma equipe para estudar uma forma de eliminar os
resíduos tóxicos dos postos de gasolina// A gasolina e o óleo diesel ficam armazenados em
tanques submersos e os gases gerados ali precisam obrigatoriamente sair para não
explodirem// O problema é que esses gases chamados de compostos orgânicos voláteis saem
direto para a atmosfera/ pondo em risco a vida da comunidade e do meio ambiente// A
pesquisa será financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa Científica do Estado e quem fala
mais sobre o projeto é a própria coordenadora Anelise Leal//
TÉCNICO: INSERE DEPOIMENTO
Esses tanques que ficam no submersos dos postos de gasolina/ tem um orifício por onde sai
uma tubulação pra liberação desses compostos/ que não podem ficar sobre pressão dentro do
tanque// Eles são liberados pra atmosfera sem nenhum tipo de tratamento// E qual seria a
nossa proposta?// Propor um sistema/ pra eliminar esses resíduos através de plasma térmico//
Que seria uma técnica/ que proporciona temperaturas elevadas/ acima de seis mil graus/ né/ e
através dessas temperaturas/ esses compostos orgânicos voláteis/ voltariam ao estado
fundamental/ ou sejam/ ocorreria uma reação/ e eles se transformariam em compostos não
tóxicos// Tanto a instalação como o desenvolvimento mesmo do produto não/ não é caro//
REPÓRTER: Em termos de custo/ Anelise afirma que o produto sairia no ximo por
cinqüenta mil reais mais a conta mensal de energia para o posto// A matéria-prima a ser
utilizada é de fabricação nacional/ portanto nada é importado/ a mão de obra será delas
mesmas/ que produziram tudo nos laboratórios da UNISUL// Júlia Holff para Rádio
UDESC// Produção/ Luana Batista e Júlia Off// Edição/ Sérgio Ouriques// Orientação Helena
Iracy Santos Neto e Rosane de Albuquerque Porto//
TÉCNICO: INSERE BG COM VINHETA EM SECO
RADAR ONDAS DA CIÊNCIA
REPÓRTER: Tome nota// Vem aí/ o primeiro Seminário de Bioenergia// Vai ser nos dias
cinco e seis de novembro/ no auditório da EPAGRI/ em Florianópolis// Entre os objetivos/
destaque para a formação de redes para o desenvolvimento sustentável e o levantamento de
grupos de pesquisa e desenvolvimento do setor//
136
TÉCNICO: SOBE BG
REPÓRTER: Santa Catarina presente no Fórum Euro-Latino-Americano de Torino/ na Itália//
O objetivo do fórum/ é aproximar representantes de projetos de empreendimentos novos em
tecnologia da informação// A participação dos catarinenses/ visa a captação de recursos para
financiar projetos de ciência/ tecnologia e inovação/ desenvolvidos por aqui// O Fórum foi
realizado entre os dias vinte e quatro e vinte e seis deste mês//
TÉCNICO: FUSÃO E CAI BG
INSERE TRILHA DO PROGRAMA A PARTIR DE “ANOTE O NOSSO CORREIO
ELETRÔNICO”
LOCUTOR: E o programa de hoje vai chegando ao final// Para entrar em contato com Ondas
da Ciência é muito fácil// Anote o nosso correio eletrônico// [email protected] ou
[email protected] // Mande sua mensagem com sugestão/ crítica e participação//
Obrigado e até o próximo Ondas da Ciência//
TÉCNICO: SOBE BG
INSERE VINHETA EM SECO SOBRE A TRILHA
Ondas da Ciência// Uma produção da Rádio Udesc FM em parceira com os cursos de
jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina/ Unisul e Bom Jesus Ielusc// Trabalho
voluntário de pós-edição e finalização/ Erivelto Amarante// Supervisão UFSC/ Professor
Eduardo Méditsch// Supervisão UNISUL/ Professora Helena Santos Neto// Supervisão Bom
Jesus Ielusc/ Professora Isani Mustafá// Direção do Sistema Udesc de Rádio Educativa/
Professor Amilton Diácomo Tomazzi // Reitor da Universidade do Estado de Santa Catarina/
Professor Anselmo Fábio de Moraes // Udesc / Universidade do Estado de Santa Catarina//
TÉCNICO: SOBE E CORTA BG
Tempo total do programa: 00:19’:46’’
137
ANEXO D CD contendo os programas Ondas da Ciência analisados
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
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