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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
JULIO FRANCISCO KLEINPAUL
EFEITO DE DIFERENTES AJUSTES DO SELIM SOBRE O
CONFORTO E A CINEMÁTICA ANGULAR DA COLUNA
LOMBAR DE CICLISTAS
Dissertação de Mestrado
Florianópolis – SC
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Julio Francisco Kleinpaul
EFEITO DE DIFERENTES AJUSTES DO SELIM SOBRE O
CONFORTO E A CINEMÁTICA ANGULAR DA COLUNA
LOMBAR DE CICLISTAS
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação
Física da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito para a obtenção do
título de mestre em Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Renato Pereira Moro
Co-Orientador: Prof. Dr. Felipe Pivetta Carpes
Florianópolis - SC
2010
ii
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina
.
K64e Kleinpaul, Julio Francisco
Efeito de diferentes ajustes do selim sobre o conforto
e a cinemática angular da coluna lombar de ciclistas
[dissertação] / Julio Francisco Kleinpaul ; orientador,
Antônio Renato Pereira Moro. - Florianópolis, SC, 2010.
114 p.: il., grafs., tabs., +; estudo piloto e anexos
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Desportos. Programa de Pós-Graduação
em Educação Física.
Inclui referências e apêndice
1. Educação física. 2. Ciclismo. 3. Coluna lombar.
4. Ergonomia. 5. Cinemetria. I. Moro, Antônio Renato
Pereira. II. Universidade Federal de Santa Catarina.
Programa de Pós-Graduação em Educação Física. III. Título.
CDU 37
JULIO FRANCISCO KLEINPAUL
EFEITO DE DIFERENTES AJUSTES DO SELIM SOBRE O
CONFORTO E A CINEMÁTICA ANGULAR DA COLUNA
LOMBAR DE CICLISTAS
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação
Física da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito para a obtenção do
título de mestre em Educação Física.
Florianópolis, 24 de fevereiro de 2010.
MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Área de concentração: Cineantropometria e Desempenho Humano
__________________________________________
Prof. Dr. Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo
Coordenador de Pós-Graduação em Educação Física
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Antônio Renato Pereira Moro – UFSC (Presidente/Orientador)
______________________________________
Prof. Dr. Carlos Bolli Mota – UFSM (Titular)
______________________________________
Profª. Drª. Saray Giovana dos Santos – UFSC (Titular)
AGRADECIMENTOS
Ao final de um trabalho cabe mencionar aquelas pessoas que ao longo
do processo tornaram, com suas palavras e atos, mais agradável a tarefa
A minha Família, Armando, Ingride, Janes, Isa, Joel e Jéssica, fonte
de sustentação de minhas metas.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Antônio Renato Pereira Moro, pela
orientação técnica e pela oportunidade de crescimento profissional por
meio do aprimoramento do conhecimento.
Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Felipe Pivetta Carpes, por sempre
confiar em minha capacidade como pesquisador e que, desde a
graduação, em muito colaborou com suas sugestões e incentivos. Pelo
exemplo de profissionalismo e paixão pela pesquisa.
A minha namorada, Luana Mann, pela leitura do texto, pela ajuda nas
coletas e por estar ao meu lado em todos os momentos. Pelo amor,
companheirismo e compreensão. Por ser para mim um exemplo de
profissionalismo e dedicação naquilo que faz.
Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Antônio Renato
Pereira Moro, Profª. Drª. Saray Giovana dos Santos, Prof. Dr.
Carlos Bolli Mota, pela leitura cuidadosa e sugestões pertinentes que
contribuíram para o estudo e enriqueceram esta dissertação de mestrado.
Aos colegas do BIOMEC da UFSC, Juliano, Dani, Tati, Luana,
Diogo, Adri e Rosi, obrigado pelo apoio e coleguismo.
Aos Ciclistas que formaram o grupo avaliado, obrigado, sem a
colaboração de vocês a realização deste estudo não seria possível.
Ao Grupo que colaborou de alguma forma com as coletas,
especialmente Diogo, Luana e Adri Pacheco, muito obrigado.
Aos Professores e Colegas do mestrado, foi um prazer conviver e trocar
experiências com vocês.
A todas estas pessoas fica meu sincero agradecimento, vocês tornaram
esta dissertação possível.
Agradecimentos por apoio financeiro
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina e
Programa de pós-graduação em Educação Física, pelo ensino
gratuito.
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior, pela bolsa de estudos concedida a mim
durante os últimos 16 meses do curso de Mestrado.
BIOMEC – Laboratório de Biomecânica da UFSC,
pelo apoio aos projetos de pesquisa em Biomecânica e
pelo apoio técnico na coleta dos dados.
RESUMO
KLEINPAUL, Julio Francisco. Efeito de diferentes ajustes do selim
sobre o conforto e a cinemática angular da coluna lombar de
ciclistas. 2010. 114f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) –
Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.
Introdução: com base no que a literatura tem apresentado, o ajuste
errôneo da bicicleta às características antropométricas do ciclista pode
causar desconfortos e dores, o que pode ser um fator de risco para
lesões, além de aumentar a possibilidade de abandono do esporte.
Métodos quantitativos para a avaliação da coluna lombar m
interessado pesquisadores devido a frequência de associação entre
desconforto no ciclismo e dor lombar. Em ciclistas recreacionais, os
maiores erros no posicionamento são encontrados para a regulagem do
selim, fator determinante para a postura da coluna lombar durante o
ciclismo. Objetivo: analisar os efeitos de diferentes ajustes do selim
sobre o conforto e o comportamento angular da coluna lombar.
Métodos: Participaram deste estudo oito ciclistas recreacionais do sexo
masculino (idade: 27 ± 6 anos; massa: 73,8 ± 6,8 kg; estatura: 1,77 ±
0,05 m). Antes de iniciarem as coletas de dados, os sujeitos foram
esclarecidos sobre os objetivos da pesquisa, para então assinarem o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Todas as avaliações
foram realizadas nas dependências do Laboratório de Biomecânica do
Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina. A
avaliação cinemática bidimensional foi feita com o software de análise
postural (SAPO), sendo utilizadas duas câmeras, que operaram em
frequência de 30 Hz. Um ciclossimulador, onde foi apoiada a bicicleta,
foi utilizado para garantir um melhor equilíbrio aos ciclistas durante a
avaliação. Todos os sujeitos pedalaram em uma bicicleta devidamente
ajustada as características corporais de cada sujeito (com exceção da
altura selim) para a aquisição de cinco ciclos de pedalada para as duas
situações de ajuste do selim (avaliadas randomicamente), a taxa de
produção de potência de 150 W, característica do ciclismo recreacional.
Foram fixados marcadores reflexivos nas referências anatômicas
(processos espinhosos da primeira à quinta vértebra lombar e primeira
vértebra sacral, e espinhas ilíacas póstero- e ântero-superiores), que
serviram para a determinação dos ângulos avaliados. Para levantar
informações acerca do conforto foi aplicado um questionário após as
coletas. Para a análise estatística foi aplicado Teste t de Student pareado
ii
para comparar o comportamento angular lombar durante o ciclo de
pedalada nas duas posições. Os resultados de todas as análises foram
considerados significativos quando p < 0,05. Resultados: em relação ao
conforto, tanto geral quanto da coluna lombar, ocorreu diminuição do
número de relatos de desconfortos após o ajuste correto da altura do
selim. Em relação a amplitude angular dos segmentos lombares, pode-se
perceber que na situação de selim ajustado ocorreram os maiores valores
médios de flexão, inclinação e rotação, mas tanto na situação
desajustada quanto ajustada, os valores fisiológicos não foram
ultrapassados. Quanto ao comportamento ao longo do ciclo, pode-se
perceber que a flexão teve um comportamento diferenciado, ou seja,
ocorreram dois ciclos de flexão-extensão durante um ciclo completo do
pé-de-vela (PDV) enquanto ocorreu apenas um ciclo de inclinação
lateral ou de rotação neste mesmo período. A flexão apresentou, em
média, na posição ajustada, os maiores valores no início e no meio do
ciclo, e na posição desajustada, os maiores valores ocorreram no início e
no fim do ciclo. Para a inclinação lateral e para a rotação os maiores
valores foram encontrados respectivamente no Ponto Morto Inferior
(PMI) e no Ponto Morto Superior (PMS), sendo que no PMI ocorreu a
máxima inclinação e a máxima rotação para a direita e no PMS a
máxima inclinação lateral e a máxima rotação para a esquerda em ambas
as situações para todos os segmentos avaliados, demonstrando maior
regularidade neste tipo de movimento. Conclusão: Por se tratar de um
movimento cíclico, as maiores diferenças acorreram no início, meio e
fim do mesmo, confirmando a oposição de fases que ocorre ao longo de
um ciclo de PDV. Ocorreu diminuição do relato de desconforto após o
ajuste, indicando a importância deste.
Palavras-chave: ciclismo, cinemetria, coluna, ergonomia.
ABSTRACT
Kleinpaul, Julio Francisco. Effect of different set saddle on comfort
and angular kinematics of the lumbar spine of cyclists. 2010. 114f.
Dissertation (Master in Physical Education) - Program of Post-graduate
in Physical Education of the Federal University of Santa Catarina,
Florianópolis, 2010.
Introduction: Based on what the literature has shown the wrong
adjustment of the bicycle to anthropometric characteristics of the rider
can cause discomfort and pain, which may be a risk factor for injury,
and increase the possibility of abandonment the sport. Quantitative
methods for assessment of the lumbar spine have interested researchers
because the frequency of association between cycling and discomfort in
lower back pain. Recreational cyclists, the biggest errors in positioning
are found for the adjustment of the saddle, the determining factor for the
posture of the lumbar spine during cycling. Objective: To analyze the
effects of different settings on saddle comfort and angular lumbar spine.
Methods: A group of eight male recreational cyclists (age: 27 ± 6 years;
mass: 73.8 ± 6.8 kg, height: 1.77 ± 0.05 m). Before commencing data
collection, the subjects were informed about the research objectives, and
then signed the Consent Form. All evaluations were conducted on the
premises of the Biomechanics Laboratory Sports Center of the Federal
University of Santa Catarina. The two-dimensional kinematic evaluation
was performed using the posture analysis software (SAPO), and used
two cameras, operating at a frequency of 30 Hz. A cycle simulator,
which was supported the bike was used to ensure a better balance to
cyclists during the evaluation. All subjects rode on a bicycle properly
adjusted the body characteristics of each subject (except the saddle
height) for the purchase of five cycles of cycling for two situations of
adjustment of the saddle (randomly found), the rate of power production
150 W, characteristic of recreational cycling. Reflective markers were
attached on the anatomical landmarks (spinous process of the first to the
fifth lumbar and first sacral vertebrae and anterior-superior and posterior
iliac spines), who served for the determination of the angles measured.
To gather information about the comfort a questionnaire was
administered after the collections. Statistical analysis was applied paired
Student's t test for comparing angular back during the cycle ride in the
two positions. The results of all tests were considered significant when p
< 0.05. Results: In relation to comfort, both general and lumbar spine, a
decrease in the number of reports of discomfort after the correct
ii
adjustment of the height of the saddle. For wide-angle view of the
lumbar segments, we can see that the situation occurred saddle set the
highest values of bending, tilting and rotating, but inappropriate in the
situation as adjusted physiological values were not exceeded. The
behavior over the cycle, can be seen that the bending had behaved
differently, ie, there were two cycles of flexion-extension during a
complete cycle of the foot-candle (PDV) as it occurred only one cycle of
inclination lateral or rotation in the same period. Flexion presented on
average in adjusted position, the highest values at the beginning and
middle of the cycle, and inappropriate position, the highest values
occurred at the beginning and end of the cycle. For the tilt and rotation
for the highest values were found respectively in the bottom dead center
(PMI) and at top dead center (PMS), and the PMI was the maximum tilt
to the right and the maximum rotation to the right and the PMS
maximum lateral inclination to the left and the maximum rotation to the
left in both cases for all segments evaluated, demonstrating greater
regularity in this type of movement. Conclusion: because it is a cyclical
movement, the major differences rushed at the beginning, middle and
end of the same, confirming the opposition phase that occurs over a
course of PDV. There was reduction in reported discomfort after
adjustment, indicating the importance of this.
Keywords: cycling, kinematic, spine, ergonomics.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Avaliação do ângulo do joelho, informação que serviu de base
para ajustes no selim. ...............................................................................25
Figura 2 - Avaliação do alinhamento da face anterior da patela com o eixo
do pedal, informação que serviu de base para ajustes no selim. ..............25
Figura 3 - Posicionamento do ciclista sobre a bicicleta. Imagem ilustrativa.
Adaptado de Bressel e Larson (2003). .....................................................35
Figura 4 - Disposição das meras para aquisição das imagens. Imagem
ilustrativa. Adaptado de Kleinpaul (2007). ..............................................45
Figura 5 - Cálculo das variáveis angulares (L1-L2, L2-L3, L3-L4, L4-L5,
L5-S1). Esquema dos ângulos a serem calculados nos três planos (flexão-
extensão no plano sagital, inclinação lateral no plano frontal e rotação no
plano transverso)......................................................................................47
Figura 6 – Determinação dos ângulos de flexão-extensão. ......................47
Figura 7 – Determinação dos ângulos de inclinação lateral. ....................48
Figura 8 – Determinação dos ângulos de rotação.....................................48
Figura 9 - Comportamento angular da pelve no plano sagital em função do
ciclo do pé-de-vela...................................................................................60
Figura 10 - Comportamento angular do segmento lombar quando todas as
porções são analisadas em conjunto no plano frontal (posição ajustada), em
função do ciclo do pé-de-vela. .................................................................60
Figura 11 - Comportamento angular do segmento lombar quando todas as
porções são analisadas em conjunto no plano frontal (posição desajustada),
em função do ciclo do pé-de-vela. ...........................................................61
Figura 12 - Comportamento angular do segmento lombar quando todas as
porções são analisadas em conjunto no plano sagital (posição ajustada), em
função do ciclo do pé-de-vela. .................................................................61
Figura 13 - Comportamento angular do segmento lombar quando todas as
porções são analisadas em conjunto no plano sagital (posição desajustada),
em função do ciclo do pé-de-vela. ...........................................................62
Figura 14 - Variação da curvatura geométrica do segmento lombar quando
todas as porções são analisadas em conjunto no plano transverso (posição
ajustada), em função do ciclo do pé-de-vela. ...........................................62
ii
Figura 15 - Variação da curvatura geométrica do segmento lombar quando
todas as porções são analisadas em conjunto no plano transverso (posição
desajustada), em função do ciclo do pé-de-vela. ......................................63
Figura 16 - Amplitude angular no plano sagital na posição ajustada. ......64
Figura 17 - Amplitude angular no plano sagital na posição desajustada..64
Figura 18 - Amplitude angular no plano frontal na posição ajustada.......64
Figura 19 - Amplitude angular no plano frontal na posição desajustada..65
Figura 20 - Amplitude angular no plano transverso na posição ajustada. 65
Figura 21 - Amplitude angular no plano transverso na posição desajustada.
..................................................................................................................65
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características dos sujeitos avaliados: idade (anos), massa
corporal (kg) e estatura (m)......................................................................42
Tabela 2 - Altura média do selim nas situações desajustado e ajustado (cm).
.................................................................................................................51
Tabela 3 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado
e desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para o
ângulo pélvico analisado estão apresentados. Resultados de flexão-extensão
(anteversão pélvica) em relação ao plano sagital. ....................................52
Tabela 4 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado
e desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para
cada ângulo analisado estão apresentados. Resultados de flexão-extensão
em relação ao plano sagital. (continua)....................................................53
Tabela 4 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado
e desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para
cada ângulo analisado estão apresentados. Resultados de flexão-extensão
em relação ao plano sagital. (conclusão)..................................................54
Tabela 5 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado
e desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para
cada ângulo analisado estão apresentados. Resultados da inclinação lateral
em relação ao plano frontal. (continua)....................................................55
Tabela 5 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado
e desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para
cada ângulo analisado estão apresentados. Resultados da inclinação lateral
em relação ao plano frontal. (continuação) ..............................................56
Tabela 5 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado
e desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para
cada ângulo analisado estão apresentados. Resultados da inclinação lateral
em relação ao plano frontal. (conclusão) .................................................57
Tabela 6 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado
e desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para
cada ângulo analisado estão apresentados. Resultados de rotação em relação
ao plano transverso. (continua) ................................................................58
ii
Tabela 6 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado
e desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para
cada ângulo analisado estão apresentados. Resultados de rotação em relação
ao plano transverso. (conclusão) ..............................................................59
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
C7 7ª vértebra Cervical
EMG Eletromiografia de superfície
EIPS Espinha Ilíaca Póstero Superior Direita
EIAS Espinha Ilíaca Ântero Superior Direita
Hz Hertz
L1 1ª vértebra Lombar
L2 2ª vértebra Lombar
L3 3ª vértebra Lombar
L4 4ª vértebra Lombar
L5 5ª vértebra Lombar
MTB Mountain Bike
PDV Pé-De-Vela
PMI Ponto morto inferior do ciclo do pé-de-vela (180°)
PMS Ponto morto superior do ciclo do pé-de-vela (0°)
rpm Rotações por minuto
S1 1ª vértebra Sacral
T7 7ª vértebra Torácica
T12 12ª vértebra Torácica
W Watts
2D Bidimensional
3D Tridimensional
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................17
1.1 PROBLEMA......................................................................................17
1.2 OBJETIVOS ......................................................................................20
1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................20
1.2.2 Objetivos Específicos ......................................................................20
1.3 HIPÓTESES DO ESTUDO................................................................21
1.4 JUSTIFICATIVA...............................................................................21
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO .........................................................22
1.6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO.............................................................23
1.7 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS..........................................................23
2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................26
2.1 POSICIONAMENTO NA BICICLETA E CONFORTO...................26
2.1.1 Ajuste do Selim................................................................................30
2.2 LESÕES NO CICLISMO...................................................................32
2.3 A COLUNA VERTEBRAL E O CICLISMO.....................................33
2.4 CINEMÁTICA DO CICLISMO ........................................................37
3 MÉTODOS ..........................................................................................41
3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................41
3.2 SUJEITOS DA PESQUISA ...............................................................41
3.3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA ......................................................42
3.4 COLETA DOS DADOS.....................................................................43
3.5 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DOS DADOS....................43
3.5.1 Avaliação cinemática ......................................................................44
3.5.1.1 Obtenção das coordenadas dos pontos da coluna lombar ......... 46
3.5.2 Avaliação Antropométrica e de Conforto .......................................49
3.6 TRATAMENTOS DOS DADOS.......................................................49
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................49
4 RESULTADOS ...................................................................................51
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................................................67
6 CONCLUSÕES ...................................................................................81
6.1 RECOMENDAÇÕES ........................................................................82
6.2 SUJESTÕES ......................................................................................82
REFERÊNCIAS.....................................................................................84
ii
APÊNDICES...........................................................................................97
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO ......................................................................................98
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO..........................101
APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO DE RE-AVALIAÇÃO ...................103
APÊNDICE D - ESTUDO PILOTO.......................................................104
APÊNDICE E FILTRO BUTTERWORTH.........................................108
ANEXOS ...............................................................................................110
ANEXO A - DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO DA INSTITUIÇÃO
PESQUISADA ...........................................................................................111
ANEXO B - CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA..........113
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMA
A bicicleta é o veículo mais utilizado no mundo, tanto para o
lazer, o treinamento físico, a avaliação do desempenho, a reabilitação ou
esporte competitivo (CARMO et al., 2001). A prática do ciclismo não
abrange somente ciclistas e triatletas profissionais como também os
indivíduos em geral, para os quais esta se constitui também um
excelente meio de transporte e lazer (BOYD; NEPTUNE; HULL, 1997;
ROWE; HULL; WANG, 1998; CARMO, 2001). Como em qualquer outra
situação de interação com uma máquina ou com o meio ambiente,
existem aspectos ergonômicos que devem ser considerados. A
ergonomia estuda as interações entre seres humanos e outros elementos
de um sistema, e também é a profissão que aplica teoria, princípios,
dados e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-estar humano e o
desempenho geral de um sistema (MORAES; MONT’ALVÃO, 1998), e
dessa forma, no ciclismo, um fator ergonômico de grande importância é
a posição do corpo na bicicleta. Outras questões como peças acessórios,
vestimentas, e métodos de treinamento também tem importante parcela
no desempenho do ciclista, mas ainda assim, é em relação ao
posicionamento que os maiores índices de reclamação por dor ou
desconforto ocorrem (SALAI et al., 1999; RAYMOND; JOSEPH;
GABRIEL, 2005).
Para a realização de uma prática saudável deve-se levar em
consideração a correta postura do ciclista (adequação das dimensões da
bicicleta de acordo com as características antropométricas de quem a
utiliza), principalmente o ajuste do selim, a fim de se evitar desconfortos
e dor, o que pode vir a causar problemas na coluna, acabando por ser um
fator de abandono ao esporte (MARTINS et al., 2006b). A posição
superior do corpo dos ciclistas é ajustada de acordo com a modalidade a
fim de obter-se um equilíbrio entre conforto e desempenho, o que nem
sempre é possível. Outros fatores são determinantes do ajuste do
posicionamento, dentre eles a distância da prova a ser percorrida e o
grau de condicionamento dos músculos dorsais (ASPLUND; WEBB;
BARKDULL, 2005) e abdominais (HODGES; RICHARDSON, 1996). O
18
ângulo de inclinação do tronco é um fator importante por poder alterar
as características de recrutamento muscular dos membros inferiores
durante a pedalada (SAVELBERG; VAN DE PORT; WILLEMS, 2003;
RICARD et al., 2006; DOREL; COUTURIER; HUG, 2007;
DIEFENTHAELER et al., 2008a). Este ângulo de inclinação, que
caracteriza muitas posturas competitivas, ainda leva a posturas
incorretas considerando parâmetros biomecânicos, e geram diferentes
padrões de sustentação sobre a bicicleta, por vezes requerendo o reforço
de musculaturas específicas a fim de minimizar e/ou evitar futuras
lesões/dores na coluna vertebral, como, por exemplo, desgastes de
discos intervertebrais que podem causar hérnia de disco lombar
(HENNEMANN; SCHUMACHER, 1994; ADAMS et al., 2002), vindo a
afetar a performance do ciclista (SAVELBERG; VAN DE PORT;
WILLEMS, 2003). Por outro lado, a postura do tronco também influencia
questões ergonômicas relacionadas a pressão no selim (CARPES et al.,
2009a; 2009b), e por isso seu ajuste se torna um detalhe complexo e
importante para o desempenho no ciclismo, seja recreacional, seja
competitivo.
Por determinar a posição do tronco, a coluna vertebral tem sido o
foco de estudos relacionados a dor (VAN TULDER, 1996; O’SULLIVAN,
2000; PANJABI, 2003). No esporte, os ciclistas apresentam dores
frequentes nas costas, mais especificamente na região lombar (SALAI et
al., 1999). Porém, poucos são os estudos que discutem essa observação
(MELLION, 1994; SALAI et al., 1999; BURNETT et al., 2004). A posição do
tronco dos ciclistas no ciclismo de estrada fica demasiadamente
inclinada para frente pela busca de uma posição aerodinâmica a fim de
diminuir o arrasto aerodinâmico (KYLE, 1994). Esta inclinação do tronco
é comumente sustentada por longos períodos de tempo, o que
descaracteriza a posição fisiológica ereta, podendo causar dores na
região lombar (CALLAGHAN; McGILL, 2001; ASPLUND; WEBB;
BARKDULL, 2005; RAYMOND; JOSEPH; GABRIEL, 2005). Embora a
presença de dor seja evidente, existem muitas hipóteses e poucas
certezas sobre as causas da dor lombar (POOL-GOUZWAARD et al., 1998;
PANJABI, 2003).
Uma preocupação que surge com isso é a saúde dos usuários e
sua relação com a ergonomia. Os aspectos relacionados à ergonomia,
nesse caso, dizem respeito ao ajuste correto da interação ciclista-
bicicleta na busca tanto por conforto como por desempenho e bem-estar
(BURKE, 1996; MESTDAGH, 1998). Além das perdas na técnica e na
eficiência, ciclistas são regularmente confrontados com lesões e dores
crônicas causadas por desvios na postura adequada na bicicleta (BURKE,
19
1996), o que tem sido efetivamente minimizado quando o
posicionamento é correto (WELBERGEN; CLIJSEN, 1990; BURKE, 1996).
Com o intuito de diminuir o número de incógnitas nas análises da
coluna, os pesquisadores têm proposto modelos simplificados para
definir e quantificar as variáveis associadas a sua movimentação
(DIEFENTHAELER et al., 2008b). No entanto, selecionar estruturas
anatômicas para representar a coluna e acessá-las adequadamente, não é
uma tarefa simples. A análise das principais características do fenômeno
(como exemplo o tipo de movimento a ser analisado), dos objetivos da
pesquisa, assim como dos recursos técnico-metodológicos disponíveis,
têm se mostrado fundamental para a adequação e viabilidade das
pesquisas. Esses fatores são levados em consideração na seleção das
estruturas anatômicas a serem utilizadas como base nos modelos
representativos da forma geométrica da coluna vertebral (CAMPOS,
2005).
No caso da descrição do movimento humano, a biomecânica
emprega um ramo da mecânica chamado de cinemática (HAMILL;
KNUTZEN, 1999). Com o emprego da cinemática, o movimento pode ser
quantificado e descrito por variáveis espaciais e angulares, independente
das forças que causaram este movimento (HAMILL; KNUTZEN, 1999;
ENOKA, 2000). Contudo, ainda existem metodologias que não se
aplicam genericamente, como no caso da coluna durante atividades
dinâmicas. Dessa forma, a necessidade de estudarmos a coluna em
movimento limita-se ao elenco de métodos de análise postural
disponíveis (DE PAULA et al., 2009).
Os novos métodos de análise cinemática tridimensional do
movimento podem ser adaptados à determinação da posição
tridimensional de um número suficiente de pontos do dorso humano
para permitir uma descrição bastante fiel da coluna vertebral no espaço,
em função do tempo. Mesmo assim, uma das dificuldades encontradas
ao utilizar a análise cinemática bi e tridimensional na análise postural
reside na interpretação dos resultados fornecidos por estas metodologias.
Dada a complexidade da coluna vertebral e o grande número de graus de
liberdade para movimentar-se no espaço, faz-se necessária a
identificação de variáveis que representem bem o comportamento da
coluna vertebral em um dado instante, e suas alterações durante o
movimento (BRENZIKOFER et al., 2000), pois existe uma carência de
metodologias mais simples que envolvam um menor volume de aparato
instrumental (DIEFENTHAELER et al., 2008b).
Diante da importância da flexibilidade lombar como fator
determinante do desempenho de um ato motor vital e da escassez
20
metodológica para uma investigação descritiva que forneça dados
quantitativos sobre a movimentação dos segmentos da coluna lombar
durante o ciclismo, as questões formuladas para investigar neste estudo
são:
A alteração da altura do selim influencia os movimentos nos
planos sagital, frontal e transverso nos segmentos ósseos na região da
coluna vertebral lombar significativamente? Qual a repercussão da
mudança na altura do selim sobre o conforto durante a pedalada?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar os efeitos de diferentes ajustes do selim sobre o conforto
e o comportamento angular da coluna lombar.
1.2.2 Objetivos Específicos
Caracterizar e quantificar o comportamento angular da coluna
lombar durante o ciclo da pedalada;
Relacionar o comportamento angular da coluna lombar com os
diferentes ajustes do selim;
Examinar a relação entre conforto geral e ajuste de selim
utilizado;
Examinar a relação entre conforto na região lombar e ajuste de
selim utilizado.
21
1.3 HIPÓTESES DO ESTUDO
H1: existe diferença nos valores angulares da coluna lombar no
sentido ântero-posterior entre as diferentes situações de ajuste do selim
(ajustado e desajustado).
H2: existe diferença nos valores angulares da coluna lombar no
sentido médio-lateral entre as diferentes situações de ajuste do selim
(ajustado e desajustado).
H3: existe diferença nos valores angulares da coluna lombar no
sentido transversal entre as diferentes situações de ajuste do selim
(ajustado e desajustado).
H4: o ajuste correto da altura do selim melhora o conforto.
1.4 JUSTIFICATIVA
Muitos das metodologias de análise cinemática desenvolvidas ao
longo da evolução ciclística não são aplicáveis para uma análise mais
detalhada do gesto motor realizado pela coluna lombar durante o
ciclismo, e muitas não passam somente de testes. Até hoje, nenhuma
metodologia se propôs a analisar a cinemática angular da coluna lombar
considerando a mesma como um conjunto de corpos articulados e
considerando seus três graus de liberdade, objeto do presente estudo.
Dessa forma, a necessidade de estudarmos a coluna em movimento
limita-se ao elenco de métodos de análise postural disponíveis.
Tais métodos precisam ter não só sua eficiência confirmada, mas,
também, serem aplicados com a certeza de não por em risco a saúde do
ciclista (não ser um método de análise invasivo). Como a orientação dos
segmentos corporais é um fator determinante da magnitude das forças
geradas e aplicadas, a cinemática permitirá caracterizar e quantificar os
movimentos característicos desta região, dos quais não se sabe ao certo
quais são os limites considerados saudáveis, principalmente em relação
ao eixo transversal, além de se verificar se o uso desta metodologia não
acarreta movimentos muito divergentes dos observados com o uso de
metodologias já existes.
22
Estudos prévios desenvolvidos pelo nosso grupo de pesquisa em
ciclismo (MARTINS et al., 2006b, 2007) têm demonstrado que desajustes
no posicionamento ocorrem com a maioria dos ciclistas recreacionais e
também os ciclistas competitivos apresentam um alto índice de erros no
ajuste de seus selins, o que pode vir a causar problemas na coluna
acabando por ser um fator de abandono ao esporte. A busca por um
método padrão para análise cinemática da coluna lombar no ciclismo
pode ser um fator motivante para uma série de estudos futuros, inclusive
relacionados ao efeito desses movimentos da coluna lombar sobre a
pressão no selim (DAGNESE et al., 2005; CARPES et al., 2009a; CARPES et
al., 2009b) e os efeitos do fortalecimento abdominal sobre a mobilidade
da lombar (HODGES; RICHARDSON, 1996; CARPES; REINEHR; MOTA,
2008).
Além disso, proporcionar uma metodologia válida e aplicável
pode aumentar a possibilidade de seu uso dentre os ciclistas, por
exemplo, para a avaliação do posicionamento na bicicleta, o que é
comercialmente chamado de “bike-fit”.
Assim sendo, considerando a escassez de estudos sobre a área em
âmbito nacional e internacional os resultados servirão de base para
posteriores estudos com objetivo de prevenir lesões e desconfortos
relacionados ao mau posicionamento e o excesso de carga em pontos
específicos da região lombar colaborando com isso para a maximização
do desempenho dos ciclistas, bem como sendo uma ferramenta para
prover melhoras no conforto, que é uma variável fundamental para a
aderência à prática deste esporte.
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo delimitou-se a avaliar o comportamento angular da
região lombar da coluna vertebral de oito ciclistas recreacionais
universitários, que voluntariamente aceitaram participar do projeto. O
experimento foi conduzido em situação de Laboratório, onde cada
participante executava uma rotina de pedaladas, em situações
diferenciadas do posicionamento (ajuste) do selim, utilizando para isso
uma bicicleta.
23
1.6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Alguns fatores podem ter influenciado nos resultados deste
estudo:
• A bicicleta não ser do próprio ciclista a ser avaliado;
• Em alguns casos, o ajuste da altura do selim atingiu o limite do
comprimento máximo do canote do selim;
A digitalização das imagens em 2D (bidimensional) em um software
diferente do previamente definido para as coletas e processamento dos
dados, limitou algumas análises, mesmo adotando todos os
procedimentos recomendados para a realização da coleta e
digitalização de dados com videogrametria e fotogrametria;
• Pouco tempo para a percepção de conforto durante as avaliações.
1.7 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS
Altura do selim
Conceitual: altura do banco da bicicleta.
Operacional: a altura do selim foi determinada através da mensuração da
maior distância entre a parte superior do selim e o centro do pedal, de
acordo com o protocolo de Burke (1996).
Ângulos lombares
Conceitual: posição relativa entre os segmentos lombares, ou a posição
absoluta em relação a uma referência fixa (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
Operacional: após a digitalização dos pontos referentes às articulações
lombares envolvidas no software SAPO® 0.68, foi identificado o ângulo
absoluto entre os segmentos lombares ou as hastes e o plano de
referência.
a) Flexão: foi determinada pelo ângulo formado entre a vertical e o
segmento formado por duas vértebras sequenciais, na vista lateral
(Figura 6). A anteversão pélvica foi determinada pelo ângulo formado
entre a horizontal e o segmento formado pelas espinhas ilíacas ântero e
póstero-superior, também na vista lateral.
b) Inclinação lateral: foi determinada pelo ângulo formado entre a
horizontal e o segmento formado por duas vértebras sequenciais, na
vista posterior (Figura 7).
24
c) Rotação: foi determinada pelo ângulo formado entre a horizontal e a
haste posicionada sobre cada vértebra, na vista posterior (Figura 8).
Conforto
Conceitual: “é a sensação de bem-estar, comodidade e segurança
percebida pelo usuário nos níveis físico e sensorial” (GOMES FILHO,
2003, p. 29).
Operacional: o nível de conforto do selim foi determinado através de
uma escala subjetiva que varia de zero a 10, sendo que zero indica “não
confortável” e 10 indica “muito confortável”. A ocorrência de
desconforto/dor também foi detectada através de um questionário
(APÊNDICE B).
Selim ajustado
Conceitual: situação na qual o ângulo relativo do joelho do ciclista
encontra-se entre 150° e 155° no momento de maior extensão do
membro inferior, quando o ciclista encontra-se sentado (BURKE;
PRUITT, 1996) (Figura 1), além de encontrar-se na posição neutra
quando o pé-de-vela encontra-se na horizontal, ou seja, a 90º. A posição
neutra do joelho ocorre quando a face anterior da patela está alinhada
com o eixo do pedal (Figura 2).
Operacional: o ângulo relativo do joelho foi determinado com a
utilização de um goniômetro e o alinhamento da patela com o centro do
pedal foi verificado com um fio de prumo.
25
Figura 1 - Avaliação do ângulo do joelho, informação que serviu de base
para ajustes no selim. Imagem ilustrativa. Adaptado de Martins et al. (2007).
Figura 2 - Avaliação do alinhamento da face anterior da patela com o eixo
do pedal, informação que serviu de base para ajustes no selim. Imagem
ilustrativa. Adaptado de Martins et al. (2007).
Selim desajustado
Conceitual: situação em que o ângulo relativo do joelho não se encontra
dentro dos ângulos recomendados (150° a 155°) para a maior extensão
ou não respeita a posição neutra (BURKE; PRUITT, 1996).
Operacional: é a posição (altura) do selim utilizada normalmente pelo
ciclista avaliado.
26
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Com a finalidade de fundamentar o estudo e subsidiar a discussão
dos resultados, selecionaram-se os seguintes tópicos para compor o
referencial teórico:
Posicionamento na bicicleta e conforto;
Ajuste do Selim;
Lesões no ciclismo;
A coluna vertebral e o ciclismo;
Cinemática do ciclismo.
Este capítulo foi submetido à publicação como um artigo de
revisão
.
2.1 POSICIONAMENTO NA BICICLETA E CONFORTO
Muitas vezes o ajuste da bicicleta ainda é feito numa base de
tentativa e erro. Ajustes incorretos da posição do selim, guidom ou
clipes das sapatilhas, podem aumentar o risco de lesão (SWAIN, 1996). O
pedalar é um movimento que não é natural na ergonomia do ser humano
e como consequência disso, a menor irregularidade no campo da
simetria física pode levar a desconfortos e dores.
Groenendijk, Christiaans e van Hulten (1992) relatam em seu estudo
que mais de 1 milhão de ciclistas na Holanda reportam desconfortos no
selim. Cerca de 36% dos homens e 42% das mulheres de um total de
900 avaliados reportaram queixas. As queixas mais comuns entre os
homens eram: dor nos ossos pélvicos, parestesia da região genital, e dor
na região do períneo. As queixas específicas mais frequentes entre as
mulheres foram: dor nos ossos pélvicos, irritação na região genital,
queimadura na pele e dor no cóccix. Desconfortos tanto para homens
quanto para mulheres ocorreram mesmo durante curtos percursos de
KLEINPAUL, J. F; MANN, L.; DIEFENTHAELER, F.; MORO, A. R. P.;
CARPES F. P. Aspectos determinantes do posicionamento corporal no
ciclismo: uma revisão sistemática. Revista Motriz, (no prelo).
27
ciclismo (de 3 a 10 km).
A pesquisa científica e empírica tem mostrado que a posição
correta numa bicicleta é determinada por vários fatores. O sistema que
ilustra a correlação entre eles é formado pelos seguintes fatores: fricção,
eficiência, maximização da potência da pedalada e conforto. Contudo,
aparentemente muitos ciclistas amadores e até mesmo ciclistas
profissionais continuam a adotar posições incorretas nas suas bicicletas
(BURKE; PRUITT, 1996; MARTINS et al., 2006b, 2007).
As diferentes posições tomadas pelos atletas em função de
diferentes modelos de guidom e assento também vêm sendo um tópico
de muito interesse. Bressel e Larson (2003) verificaram os efeitos de
diferentes modelos de selins sobre os ângulos de tronco e pelve e
conforto de ciclistas do sexo feminino. Foram avaliadas 20 ciclistas que
pedalaram em uma bicicleta estacionária com as mãos posicionadas na
parte superior e inferior do guidom e com a utilização de três modelos
de selim (plano, parcialmente vazado e vazado). O ângulo pélvico foi
mensurado por um inclinômetro e o ângulo do tronco foi quantificado
através de digitalização de imagens de vídeo. O nível de conforto foi
mensurado subjetivamente através de um ranqueamento do mais para o
menos confortável. Seus principais resultados mostraram que a
inclinação pélvica foi aumentada em 8% com a utilização do selim
parcialmente vazado e em 16% com a utilização do selim vazado em
relação ao selim plano. Os ângulos de flexão do tronco foram maiores
com a utilização do selim vazado em comparação com os outros
modelos. As participantes apresentaram um aumento de 77% na
anteversão pélvica e 11% na flexão do tronco quando utilizaram a
posição aerodinâmica em relação a posição mais elevada no guidom.
Um total de 55% dos sujeitos classificou o selim parcialmente vazado
como o mais confortável, e 30% classificaram o selim plano como o
mais confortável. Estes dados indicam que os modelos de selim
parcialmente vazado e vazado aumentam a inclinação pélvica
anteriormente e que o selim vazado pode aumentar o ângulo de flexão
do troco em algumas condições durante o ciclismo. Um selim
parcialmente vazado pode ser mais confortável que os modelos planos e
vazados.
Com relação aos diferentes tipos de guidom Grappe et al. (1998)
verificaram a influência das posições do tronco vertical (tronco ereto na
vertical), inclinada (usada em provas de velocidade, onde o atleta segura
o guidom na porção inferior) e a aerodinâmica (usada em provas contra-
relógio, a fim de diminuir a resistência do ar) sobre variações
fisiológicas. O objetivo do estudo foi analisar os efeitos dessas posições
28
sobre variáveis ventilatórias e metabólicas. Nove ciclistas competitivos
foram avaliados em um cicloergômetro para as três condições enquanto
pedalando 10 minutos a 70% do VO
2
max. As variáveis ventilatórias
(ventilação, índice de troca respiratória, média inspiratória e percepção
de esforço) foram significativamente maiores na posição inclinada do
que na posição vertical. VO
2
, volume relativo, produção de gás
carbônico, taxa respiratória, ciclo de débito inspiratório, frequência
cardíaca e pH permaneceram inalterados entre todas as posições
analisadas. Estes resultados mostram que as maiores mudanças nas
variáveis ventilatórias e metabólicas ocorreram na posição inclinada. A
posição aerodinâmica parece ser a posição mais satisfatória quando o
arrasto aerodinâmico é predominante.
Seguindo esta mesma linha de pesquisa, Dorel, Couturier e Hug
(2007) testaram a hipótese de que, em comparação com a postura padrão,
a postura aerodinâmica modifica a coordenação dos músculos dos
membros inferiores durante a pedalada e, por conseguinte influencia a
produção de força no pedal. Foram avaliados 12 triatletas que pedalaram
em duas intensidades: limiar ventilatório + 20%; e zona de compensação
respiratória (ZCR). Para cada intensidade, os sujeitos foram testados em
três posições: (1) postura vertical (de descanso), (2) posição inclinada
(agarre na parte inferior do guidom), e (3) posição aerodinâmica. As
trocas gasosas foram registradas continuamente, assim como a
eletromiografia de superfície (EMG) e a força efetiva aplicada ao pedal.
Nenhuma diferença estatisticamente significante foi encontrada para as
trocas gasosas entre as três posições. Por outro lado, os dados ilustram
um aumento estatisticamente significativo da ativação elétrica dos
músculos glúteo máximo e vasto medial e diminuição estatisticamente
significativa da atividade do reto femoral na posição aerodinâmica
quando comparada com a posição de descanso na intensidade ZCR.
Uma troca significante nos padrões do sinal EMG em postura mais
inclinada foi observada para o reto femoral (em ambas as intensidades),
glúteo máximo, vasto lateral, e vasto medial (ZCR) comparando-se a
postura aerodinâmica com a de descanso. Estas mudanças no sinal EMG
estão intimamente relacionadas com a alteração do perfil de aplicação da
força na posição aerodinâmica (picos de força positiva maior na fase de
propulsão e picos menores de força negativa na fase de recuperação do
ciclo de pedalada, e ocorrência posterior destes picos ao longo do ciclo).
Ashe et al. (2003) compararam variáveis cardiovasculares e
respiratórias de homens fisicamente ativos, assumindo-se duas posições
no guidom (posição mais elevada e posição aerodinâmica). Os
resultados demonstram que na posição com tronco mais elevado, foi
29
observado maior consumo de oxigênio, ventilação, batimento cardíaco e
carga máxima de trabalho, o que mostra o efeito de simples ajustes da
bicicleta para ciclistas recreacionais. Savelberg, Van de Port e Willems
(2003) estudaram os efeitos da posição do tronco de ciclistas sobre o
padrão de recrutamento muscular. Mudanças no posicionamento do
tronco, para frente ou para trás, afetaram a cinemática do tornozelo e do
quadril, bem como a orientação da coxa. Um padrão semelhante foi
encontrado para a atividade elétrica muscular. Tanto para os músculos
que cruzam a articulação do quadril quanto os que cruzam a articulação
do tornozelo foram encontradas alterações no período de ativação e na
amplitude do sinal eletromiográfico.
Burke e Pruitt (1996) e Hinault e Genzling (1988) constatam que o
mais importante ângulo na bicicleta é a inclinação do tubo do selim. Um
bom posicionamento deste requer que o joelho esteja sobre o eixo do
pedal quando o pé-de-vela (PDV) está na horizontal (90º). A inclinação
do tubo do selim é geralmente desenhada para satisfazer isso.
Geralmente este ângulo fica entre 72º e 74º e os ajustes necessários são
feitos com o posicionamento a frente e atrás do selim. A inclinação do
tubo do selim está relacionada também ao comprimento do fêmur.
Para o posicionamento da parte superior do corpo os ciclistas
tipicamente ajustam seu alcance de acordo com seu conforto, de acordo
com o nível de condicionamento dos músculos das costas e a distância a
ser percorrida. Burke e Pruitt (1996) ressaltam que no ciclismo mountain
bike (MTB), a posição superior do corpo é, na maior parte dos casos,
estendida. Em ciclismo de estrada, a posição mais inclinada funciona
para diminuir a altura do centro de gravidade e distribuir melhor o peso
entre a roda dianteira e traseira. Neste sentido, um fato a ser analisado é
a relação do posicionamento com o conforto. Segundo Usabiaga et al.
(1997) a carga mecânica global sobre a coluna é reduzida quando se
apóia o peso sobre os membros superiores (posição aerodinâmica), fato
este que pode repetir-se com a elevação do selim (ajuste), que isto irá
projetar o peso do ciclista para frente. Porém uma posição mais
inclinada pode aumentar a compressão anterior dos discos
intervertebrais, vindo a causar desconfortos e dor nesta região
(HENNEMANN; SCHUMACHER, 1994; NACHEMSON, 1999; ADAMS et
al., 2002; ASPLUND; WEBB; BARKDULL, 2005).
A rotação da porção inferior da coluna lombar em posturas
fletidas é um fator de risco no desenvolvimento de danos nos anéis
fibrosos (NACHEMSON, 1999). Além disso, altos graus de tensão são
responsáveis por aumentar o risco de danos lombares, porém não é
conhecida a angulação lombar assumida pelos ciclistas, nem qual é a sua
30
relação com a amplitude angular desta região. É possível que a
prolongada tensão da coluna provocada pelo grau de flexão e de rotação
seja um fator causador de dor (MCGILL; CHOLEWICKI, 2001).
Christiaans e Bremner (1998) verificaram se as condições
ambientais e a experiência afetam o nível de conforto dos ciclistas:
resistência ao rolamento, chuva e vento, e também a roupa do ciclista.
Roupa inadequada pode levar, por exemplo, através da fricção com o
selim, a possíveis lesões. O vestuário também pode ser usado como uma
medida preventiva do desconforto; luvas de ciclismo, por exemplo, são
usados para ajudar a prevenir neuropatia ulnar. A área mais
fundamental, em termos de conforto no ciclismo, é a que se relaciona
diretamente com o indivíduo. Aspectos biomecânicos e fisiológicos e,
em especial as características pessoais como idade, sexo, comprimento
dos segmentos corporais e postura na bicicleta são relevantes. A área de
biomecânica engloba a relação ciclista-bicicleta e sugere a melhor forma
de posicionamento ou adaptação das partes de uma bicicleta ao
comprimento dos segmentos corporais de cada indivíduo.
2.1.1 Ajuste do Selim
Segundo Mestdagh (1998), o ajuste do selim deve ser o primeiro a
ser realizado ao se ajustar uma bicicleta às características
antropométricas do ciclista. Ele é o principal apoio para o ciclista, e a
sua posição relativa à transmissão central (eixo do pé-de-vela)
determinará as condições ergonômicas do movimento das pernas. A
seguir vem o guidom, que deve estar posicionado de modo que o ciclista
possa pedalar em posição de procura de velocidade (aerodinâmica) e em
posição mais elevada para períodos de tempo mais longo, com as mãos
repousando na parte superior, para caso do ciclismo de estrada. Não é
possível corrigir uma postura errada do selim manipulando a posição do
guidom, a qual, aliás, pode variar de acordo com as modalidades.
O comprimento do pé-de-vela é relacionado com o comprimento
do membro inferior. Este ajuste pode afetar o conforto e a amplitude de
movimento e flexão do joelho e quadril. Em caso de mudança no
tamanho do pé-de-vela a altura do selim deve ser reajustada (BURKE;
PRUITT, 1996; MESTDAGH, 1998).
Diefenthaeler et al. (2008a) analisaram os efeitos de diferentes
31
posicionamentos do selim no padrão de ativação elétrica de músculos do
membro inferior durante a pedalada. Três ciclistas de elite foram
submetidos a um protocolo que constou da avaliação de quatro
diferentes posições de selim (para frente, para trás, para cima e para
baixo), assumindo como posição de referência a posição usada pelos
atletas durante os treinos e competições. O deslocamento do selim foi de
1 cm para todas as posições. A atividade elétrica do glúteo máximo, reto
femoral, bíceps femoral, vasto lateral, gastrocnêmico medial, e tibial
anterior foi analisada. Os resultados demonstram que pequenos ajustes
na posição do selim podem afetar os padrões de ativação elétrica e
provavelmente a técnica de pedalada.
No estudo de Peveler, Pounders e Bishop (2007) o propósito foi
determinar se uma diferença no desempenho dos ciclistas quando
adotam o método que recomenda usar o ângulo do joelho entre 25 a 35°
(0° extensão completa; para a prevenção de lesões) e o que recomenda
utilizar 109% da altura entre pernas (para o ótimo desempenho) para
ajustar a altura do selim. Ciclistas treinados (n = 9) e não ciclistas (n =
18) foram avaliados por meio de um teste anaeróbico de produção de
potência de 30 s, que serviu para comparar os dois protocolos. Não
houve nenhuma diferença significante para o pico e para a média de
potência produzida nos dois casos. O ângulo de 25° do joelho produziu
uma potência significativamente mais alta comparado com 109% da
altura entre pernas. Por isto recomendam que a altura do selim seja
regulada através da angulação do joelho entre 25 a 35º para ciclistas
destreinados, o que é relevante tanto para a prevenção de lesões quanto
para o aumento do desempenho.
Peveler et al. (2005) compararam três métodos de ajuste da altura
do selim existentes na literatura, a fim de verificar qual deles garantia
que a angulação do joelho ficasse entre 25 e 35° quando o encontra-
se no ponto morto inferior do ciclo de pedalada (PMI). Os resultados
sugeriram que o método que garante esta angulação é aquele em que a
altura do selim é determinada usando-se um ângulo de joelho entre 25 e
35°. Este método é recomendado por reduzir o risco de lesões por
excesso de treinamento.
Um dos objetivos do estudo de Gregor e Rugg (1986) foi verificar
as alterações decorrentes da manipulação do selim sobre os movimentos
do quadril e joelho variando de 100% para 115% da altura da cintura
pélvica. Baseando-se nesses dados, muitos ciclistas de estrada adotam
como referência a altura do selim entre 106 e 109% da altura da sínfise
púbica como uma posição que proporciona melhor conforto. Conclusões
dos autores indicaram que a articulação do joelho foi a mais afetada
32
pelas alterações na altura do selim, sendo as outras articulações
analisadas (quadril e tornozelo) menos afetadas.
2.2 LESÕES NO CICLISMO
Uma boa bicicleta deve ter conforto e minimizar o potencial para
lesões (BURKE, 1996). Alguns milímetros errados no ajuste de uma
bicicleta levaram ciclistas a uma grave lesão no joelho (HINAULT;
GENZLING, 1988), bem como promovem alterações na biomecânica da
pedalada (DIEFENTHAELER, 2004).
Em outros casos, pequenos ajustes no desenho e no ângulo de
inclinação do selim podem minimizar as dores relacionadas ao ciclismo
(SALAI et al., 1999; LOWE; SCHARADER; BREINTENSTEIN, 2004), a fim
de minimizar os riscos a problemas urológicos e andrológicos que o
estresse pela pressão no selim pode causar aos praticantes
(LEIBOVITCH; MORAN, 2005; CARPES et al., 2009a, b).
As principais reclamações dos ciclistas acerca das dores
existentes durante a pedalada podem ser apresentadas em ordem
crescente, como: dores causadas pela posição sentada (3%), dores no
pescoço (9% combinadas com dores lombares e 5% sem dores nas
costas), dores nas pernas ou joelhos (18%) e dores lombares (65%)
(LOWE; SCHARADER; BREINTENSTEIN, 2004; LEIBOVITCH; MORAN,
2005).
Salai et al. (1999) avaliaram as possíveis causas da dor lombar em
ciclistas e sugeriram uma solução para o ajuste apropriado da bicicleta.
Os achados da análise biomecânica, quando aplicados em um grupo de
ciclistas, mostraram que após os ajustes adequados da angulação do
selim, a maioria dos ciclistas (>70%) apresentou diminuição na
incidência e na magnitude das dores lombares. A dor lombar é uma
patologia frequente entre ciclistas. Em estudo de Fanucci et al. (2002)
foram avaliados 10 ciclistas recreacionais saudáveis em dois protótipos
de bicicleta. Ângulos dorso-lombares em duas posições foram medidos
através de cinemetria usando como referência o limite superior a 11ª ou
12ª vértebra dorsal e o limite inferior a terceira vértebra lombar. A
análise estatística dos ângulos medidos demonstrou que as diferenças
entre o ângulo dorso-lombar nas diferentes posições do selim são
estatisticamente significativas e apresentam coeficiente de correlação
33
igual a 0,64. Fanucci et al. (2002) concluíram que a incidência da dor
lombar pode ser reduzida em ciclistas com o posicionamento adequado
da unidade do pedal; a posição com pedais atrás do eixo do selim
permite ângulos mais fisiológicos da coluna em comparação com o
modelo clássico que tem os pedais na frente do eixo do selim. Este fato
é devido a uma posição pélvica diferente.
De acordo com Amâncio (2005), as lesões decorrentes do ciclismo
competitivo geralmente ocorrem na coluna, nos membros inferiores e de
joelho. Essas, comumente ocorrem devido ao mau posicionamento do
atleta ou de treinos com cargas acima do esforço habitual ou sem
intervalos de descanso. as lesões do ciclismo de lazer são
consequências de quedas que causam abrasões, contusões, fraturas,
luxações e traumas (craniano, abdominal e perineal).
2.3 A COLUNA VERTEBRAL E O CICLISMO
A coluna vertebral é uma das constituições do sistema esquelético
do corpo humano mais complexo. Sua estrutura deve se portar por horas
de forma rígida e por outras de maneira flexível. Os movimentos
articulares são permitidos pela deformação dos discos intervertebrais.
Arcos, apófises vertebrais, músculos, ligamentos, articulações
interapofisárias e os discos intervertebrais constituem um sistema que
estabiliza, limita e controla as rotações e translações relativas entre os
corpos vertebrais. Consequentemente a variação da forma geométrica da
coluna está vinculada a este complexo sistema. Cada articulação
intervertebral apresenta mobilidade discreta e as adaptações geométricas
da coluna, nas regiões flexíveis, ocorrem pela integração dos
comportamentos individuais dos segmentos móveis, os quais são
definidos pelo conjunto formado por duas vértebras adjacentes e os
tecidos moles entre elas (GARDNER-MORSE; STOKES, 2004).
A coluna participa ativamente e desempenha um importante papel
na mecânica da locomoção humana. O tronco e os membros superiores
providenciam parte do apoio e inércia necessários à geração do
movimento dos membros inferiores. A força aplicada propaga-se pelos
membros inferiores e, ao chegar à cintura pélvica, atua sobre o sacro
34
causando efeitos que se distribuem pelo restante da coluna (CAMPOS,
2005).
A coluna forma o eixo primordial de movimentação do corpo
humano e suas estruturas possibilitam movimentos de flexão, extensão e
rotação (PEQUINI, 2005) que, quando combinados, aumentam a
sobrecarga nos discos intervertebrais lombares (NORDIN; FRANKEL,
1989) e são potencialmente causadores de lesão (LIMA; PINTO, 2006). A
rotação da porção inferior da coluna lombar em posturas fletidas é um
fator de risco no desenvolvimento de danos nos anéis fibrosos
(NACHEMSON, 1999). Além disso, altos graus de tensão são conhecidos
por aumentar o risco de danos lombares, porém não é conhecida a
angulação lombar assumida pelos ciclistas, nem qual é a sua relação
com a amplitude angular desta região. É possível que a prolongada
tensão da coluna provocada pelo grau de flexão e de rotação seja um
fator causador de dor (MCGILL; CHOLEWICKI, 2001).
O objetivo do estudo de Burnett et al. (2004) foi examinar se
existem diferenças na cinemática da coluna e na atividade dos músculos
do tronco em ciclistas com e sem dor lombar crônica inespecífica. Os
possíveis fatores causadores da dor podem ser a prolongada flexão
anterior, flexão-relaxamento ou o excesso de ativação dos eretores da
coluna e a geração de altas cargas mecânicas enquanto a coluna se
encontra em uma posição fletida ou rotacionada. Foram avaliados nove
ciclistas assintomáticos e nove ciclistas com dor lombar. Avaliou-se a
cinemática da coluna e a eletromiografia foi registrada bilateralmente
nos músculos do tronco selecionados. Foram coletados dados a cada
cinco minutos até a ocorrência da dor ou desconforto geral. Ciclistas no
grupo de dor mostraram uma tendência para o aumento da flexão e
rotação lombar apresentando maiores ângulos de flexão na porção
inferior da coluna lombar (38,6°±19,4°) e na porção superior da lombar
(18,9°±20,9°) quando comparado ao grupo sem dor (25,1°±19,8° e
27,2°±13,5°) respectivamente, com uma perda associada de co-
contração do músculo multífido lombar. Este músculo é conhecido
como um estabilizador fundamental da coluna lombar. Os achados
sugerem que a cinemática e o controle motor alterado na região inferior
da coluna lombar são associadas com o desenvolvimento da dor lombar
em ciclistas.
O posicionamento do ciclista sobre a bicicleta gera um padrão de
orientação da coluna que altera a posição natural do ser humano (Figura
3). A posição do ciclista na bicicleta em qualquer que seja a modalidade,
produz uma inversão do ângulo intervertebral e modifica a transmissão
de pressão para os discos vertebrais (USABIAGA et al., 1997)
35
comprimindo a parte anterior do disco e distendendo os ligamentos da
parte posterior, implicando em dores na região lombar (ASPLUND;
WEBB; BARKDULL, 2005).
Figura 3 - Posicionamento do ciclista sobre a bicicleta. Imagem ilustrativa.
Adaptado de Bressel e Larson (2003).
Usabiaga et al. (1997) através de radiologia e de eletromiografia
mensuraram as variações angulares e a ativação muscular da coluna
lombar de três ciclistas de elite a diferentes posições adotadas sobre
diferentes tipos de bicicletas usadas para competição. As posições
envolveram uma mudança de lordose para cifose discal. Para obter uma
posição mais aerodinâmica, os ciclistas flexionaram o quadril e
posicionaram a pélvis horizontalmente sem alterar os ângulos
interdiscais. A amplitude angular encontrada na posição aerodinâmica
entre os segmentos avaliados (L1-L2, L2-L3, L3-L4, L4-L5, L5-S1)
apresentou aumento gradativo na direção de L4-L5 (de 3° para 6°),
decrescendo em L5-S1 (3°) e na posição mais elevada de agarre do
guidom a amplitude manteve-se semelhante entre os segmentos para o
movimento de flexão-extensão (4°). Concluíram que as mudanças
observadas podem modificar a biomecânica normal da coluna lombar,
mas a carga mecânica global sobre a coluna é reduzida quando se apóia
o peso sobre os membros superiores (posição aerodinâmica). O
desequilíbrio que ocorre entre a atividade dos músculos flexores e
extensores pode causar dor lombar em indivíduos sem preparo físico.
Concluíram também que o ciclismo não gera forças biomecânicas
36
prejudiciais a coluna lombar, até mesmo em condições de ciclismo
profissional.
Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Kleinpaul
(2007) ao verificar os efeitos de diferentes posições de agarre do guidom
(posição de descanso e inclinada) sobre a cinemática tridimensional da
coluna lombar. A amplitude angular de flexão-extensão encontrada na
posição inclinada entre os segmentos avaliados (L1-L2, L2-L3, L3-L4,
L4-L5, L5-S1) apresentou aumento gradativo na direção de L5-S1 (de
para 10°) e na posição de descanso (posição mais elevada de agarre
do guidom) o comportamento foi semelhante, mas com amplitudes
maiores (de para 18°). Para os resultados da inclinação lateral
encontraram-se amplitudes de a na posição de descanso e de a
para a posição inclinada e de e respectivamente para os
resultados de rotação na altura das espinhas ilíacas póstero superiores.
Os resultados mostram grandes semelhanças no comportamento angular
da lombar nas duas posições avaliadas e frequentemente utilizadas pelos
ciclistas e indicaram que o início e o meio do ciclo do pé-de-vela
apresentaram maior influência na cinemática da pedalada, visto que
trata-se de um movimento cíclico e os membros inferiores encontram-se
em oposição de fase, o que gera uma situação simétrica no início e na
metade do ciclo onde os mesmos encontram-se ou mais flexionados ou
mais estendidos. Concluiu que houve grande variabilidade, em média,
nos resultados obtidos para a flexão/extensão, o que pode estar
diretamente relacionado com o número e a distribuição dos pontos.
para movimentos de inclinação lateral e rotação notou-se uma relativa
rigidez nesta região da coluna. Quanto a este aspecto, percebeu-se que
esta região não realizou movimentos biomecanicamente desfavoráveis a
mesma, ou seja, que agridam as estruturas que compõem esta região,
pois os mesmos estavam dentro dos padrões esperados e também
considerados normais.
O ângulo de inclinação do tronco é um fator importante por
alterar as propriedades e recrutamento muscular durante a pedalada
(SAVELBERG; VAN DE PORT; WILLEMS, 2003; RICARD et al., 2006).
Este ângulo de inclinação que caracteriza muitas posturas competitivas
ainda causa posturas biomecânicas incorretas que podem levar a lesões
na região dorsal, vindo a afetar a performance do ciclista (SAVELBERG;
VAN DE PORT; WILLEMS, 2003).
A posição adotada por ciclistas de diferentes modalidades gera
diferentes padrões de sustentação sobre a bicicleta, por vezes então
requerendo o reforço de musculaturas específicas a fim de minimizar
e/ou evitar futuros problemas/dores na coluna vertebral, como, por
37
exemplo, desgastes de discos intervertebrais que podem causar hérnia de
disco lombar (HENNEMANN; SCHUMACHER, 1994; ADAMS et al.,
2002).
2.4 CINEMÁTICA DO CICLISMO
Para que um movimento possa ser descrito corretamente, algumas
variáveis são necessárias para determinar com precisão sua localização
no espaço, tanto para a translação quanto para a rotação. Dentre elas
encontram-se: posição num dado instante, deslocamento, velocidade e
aceleração. As causas da origem dessas variáveis são desprezíveis em se
tratando de avaliações cinemáticas (ENOKA, 2000) e, em biomecânica,
geralmente estas avaliações são conduzidas com a análise de imagens
(videografia, videogrametria, videofotogrametria) para uma posterior
reconstrução do movimento em duas ou três dimensões.
Atualmente, os estudos biomecânicos acessam a movimentação
da estrutura óssea de forma indireta, identificando e medindo posições
específicas, demarcadas na pele. Geralmente é utilizada a
videogrametria, uma técnica não invasiva, que possibilita estimar a
posição óssea indiretamente através de marcadores aderidos diretamente
na pele, ou em suportes, em posições estrategicamente escolhidas. A
reconstrução bidimensional (2D) ou tridimensional (3D), através da
videogrametria, é vantajosa por permitir medir o movimento à distância,
interferindo minimamente no fenômeno a ser estudado (CAMPOS, 2005).
A grande maioria das pesquisas que utilizam a cinemática no
ciclismo demonstra avaliações em relação aos movimentos que ocorrem
no plano sagital, como os de extensão e flexão tendo como protagonistas
principais as articulações do quadril, joelho e tornozelo. Com essas
informações pode-se afirmar que as variáveis necessárias para
determinação da localização de um ponto no espaço (deslocamentos,
velocidades, aceleração) parecem ficar prejudicadas em função de
alterações na cadência e na configuração da bicicleta (selim e suas
possibilidades de regulagem, comprimento do pé-de-vela, posição do
no pedal) (GREGOR; CONCONI, 2000).
A proposta do estudo de Diefenthaeler et al. (2008b) é a melhoria na
metodologia para análise cinemática do movimento do tronco no plano
sagital em ciclistas aplicando um marcador de referência anatômico
38
adicional. Para este propósito, foi acrescentado aos pontos de referência
anatômicos comumente usados em avaliações relativas à cinemática do
plano sagital da coluna durante o ciclismo (grande trocanter e acrômio),
o marco anatômico da última costela que foi usado para calcular o
ângulo de inclinação do tronco, ângulo de flexão da coluna e o ângulo
de inclinação lombar. Com isso, foi possível descrever a cinemática da
coluna em três diferentes formas. Observou-se que esta nova
metodologia traz informações úteis para uma análise detalhada do
movimento do tronco no plano sagital sem a necessidade de um grande
número de marcadores ou de uma análise tridimensional. Os autores
concluíram que este método pode ser usado durante a avaliação no
ciclismo, principalmente em relação ao posicionamento do corpo.
A rotação pélvica durante o ciclismo é importante porque
influencia a aerodinâmica, a eficiência e a ocorrência de lesões por
excesso de treino. Mueller, McEvoy e Everett (2005) verificaram se a
posição pélvica sofre influência devido ao longo período sentado
durante o ciclismo. Trinta ciclistas de elite internacional, 15 da categoria
estrada e 15 da categoria MTB participaram dos testes. Em posição
estática sobre a bicicleta aferiu-se em graus a inclinação sacra em
relação a horizontal. Em situação dinâmica, utilizou-se análise
cinemática de marcadores de superfície reflexivos fixados nas espinhas
ilíacas póstero e ântero superiores para obter a medida em graus da
rotação pélvica anterior, pelo ângulo entre estes dois marcadores e a
horizontal. Não foram encontradas relações estatísticas entre as duas
posições de prova. Concluíram que a amplitude angular alcançada
durante longo período sentado no ciclismo pode ter pequena relevância
para a posição que o ciclista utiliza nesta modalidade.
Durante a pedalada, um movimento significativo da pelve foi
observado por Sauer et al. (2007) investigando os efeitos de gênero,
potência, e posição das mãos no guidom sobre o movimento da pelve ao
longo de um ciclo de pedalada. Eles também investigaram se fatores
antropométricos poderiam explicar qualquer diferença inter-individual
observada. Foram avaliados ciclistas experientes (12 homens e 14
mulheres). Cada sujeito foi avaliado em uma bicicleta estacionária em
três produções de potência (100, 150 e 200 W), com as mãos na posição
de descanso e aerodinâmica. A cinemática de uma tríade de marcadores,
situados em marcos pélvicos posteriores, foi usada para caracterizar o
movimento tridimensional. As excursões angulares maiores foram
observadas com a pélvis rodando internamente (~3º) e lateralmente
(~2º) para a posição aerodinâmica. A posição aerodinâmica causou no
quadril inclinação nas direções anterior e inferior. Comparado com
39
homens, as mulheres exibiram maior média de rotação pélvica anterior
na posição aerodinâmica (homens: 21 ± 3°; mulheres: 24 ± 4°). A média
do movimento pélvico anterior foi correlacionada negativamente com a
flexibilidade lombar entre os homens, sugerindo que isto pode ser um
importante fator a ser considerado ao se ajustar a bicicleta. Os autores
concluíram que o movimento pélvico é esperado durante o ciclismo,
mas é influenciado pelo modelo de selim, seu material ou pela potência
de pedalada. Esse efeito foi mais pronunciado em mulheres do que em
homens. A explicação encontrada pelos pesquisadores é que quando
diferentes ciclistas são avaliados à mesma produção de potência
absoluta, mulheres com variáveis antropométricas menos pronunciadas,
como por exemplo massa corporal, foram submetidas a uma
porcentagem maior de produção de potência máxima, e isso reflete em
um movimento pélvico maior para sustentar a intensidade de exercício.
Neptune e Hull (1995) examinaram o movimento pélvico durante o
ciclismo utilizando análise de vídeo através da fixação de marcadores
refletivos na espinha ilíaca ântero superior e uma tríade de marcadores
fixados em uma haste metálica inserida na crista ilíaca lateral. Um dos
objetivos foi avaliar a precisão de dados cinéticos derivados da análise
de vídeo. Embora eles não tenham informado os ângulos de inclinação
pélvicos para comparação, eles sugeriram que o movimento de tecidos
macios pode desalinhar os marcadores e introduzir erros em
subsequentes cálculos cinemáticos e cinéticos. Além disso, afirmam que
os resultados irão depender das variáveis biomecânicas de interesse
avaliadas.
O estudo de Cappello et al. (1997) revelou que algumas
participantes femininas apresentam uma camada de tecido adiposo
grossa em cima de suas espinhas ilíacas superiores anterior e posterior
que podem acentuar o movimento e desalinhar os marcadores. Estas
limitações e o movimento dinâmico mínimo esperado da pélvis durante
o ciclismo (isto é, < 3°) conduziram Neptune e Hull (1995) a usar um
inclinômetro em seu estudo. Embora o ângulo pélvico avaliado neste
estudo pareça estar seguro e válido, a técnica é limitada porque requer
uma postura estática que restringe a avaliação do movimento dinâmico
da coluna e da pélvis. Cabe lembrar que o vínculo entre a movimentação
da pele e os segmentos ósseos adjacentes, pode variar dependendo da
região a ser estudada, do tipo de movimento e do biotipo das pessoas.
No caso de medir a coluna vertebral, o movimento da pele tende a seguir
o movimento dos ossos mais fielmente do que em outras regiões do
corpo, uma vez que a aponeurose superficial se insere sobre as apófises
40
espinhosas, fazendo com que a pele dorsal seja relativamente fixa aos
processos vertebrais adjacentes (BIENFAIT, 1989; LUNDBERG, 1996).
Avaliações que envolvam movimentos ocorrentes nos três planos
de movimento (x, y, z) estão sendo aos poucos estudadas pelos
pesquisadores. Para Chaudhari et al. (2001), compreender a cinemática das
articulações é particularmente importante na detecção de movimentos
rotatórios e translatórios na possibilidade de causarem graves lesões
articulares, especialmente em diferentes atividades, as quais dependem
diretamente de forças externas.
Várias metodologias de análise dos movimentos da coluna foram
propostas (STOKES; ANDERSSON; FORSSBERG, 1989; WHITTLE;
LEVINE, 1999; VACHERON et al., 1999; BRENZIKOFER et al., 2000), mas
a maioria delas possui limitações em seu método, seja em relação a
simplicidade da análise (STOKES; ANDERSSON; FORSSBERG, 1989;
WHITTLE; LEVINE, 1999; VACHERON et al., 1999) ou em relação a
análise de apenas um plano de movimento (DIEFENTHAELER et al.,
2008b). Neste ponto, o presente estudo procura responder como ocorrem
os movimentos da coluna lombar considerando-se todos os seus
segmentos (BRENZIKOFER et al., 2000) e também seus três graus de
liberdade, já que pouquíssimos estudos procuraram caracterizar este tipo
de movimento (WHITE; PANJABI, 1978a; KLEINPAUL, 2007), sendo este
um assunto inédito devido a sua especificidade de análise do movimento
durante o ciclismo.
41
3 MÉTODO
3.1 TIPO DE ESTUDO
Esta pesquisa caracteriza-se como aplicada quanto à natureza,
quantitativa quanto à abordagem do problema, descritiva quanto aos
seus objetivos e empírica do tipo descritivo correlacional quanto aos
procedimentos técnicos, envolvendo a busca por relações entre variáveis
que procurem explicar e manipular os pontos de maior angulação
lombar.
Gil (2002) afirma que quando uma pesquisa procura produzir
conhecimentos para aplicações práticas e dirigidas a solução de
problemas específicos ela deve ser classificada como sendo uma
pesquisa aplicada, ainda, quando esta pesquisa parte do pressuposto que
tudo é quantificável o autor a classifica como sendo quantitativa. Gil
(2002) afirma ainda que a pesquisa descritiva tem como objetivo
descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Também é correto dizer que
esta pesquisa se caracteriza por ser de cunho correlacional (THOMAS;
NELSON, 2002), pois procura determinar o relacionamento entre duas ou
mais variáveis.
3.2 SUJEITOS DA PESQUISA
Foram avaliados ciclistas recreacionais residentes na cidade de
Florianópolis. A seleção dos sujeitos foi do tipo não probabilístico
intencional. O grupo de estudo foi composto por oito sujeitos do sexo
masculino sem patologias nem dor lombar (nem histórico dela).
A Tabela 1 apresenta as características dos sujeitos avaliados.
42
Tabela 1 - Características dos sujeitos avaliados: idade (anos), massa corporal
(kg) e estatura (m).
Idade (anos) Massa (kg) Estatura (m)
27,63 ± 6,1 73,81 ± 6,8 1,77 ± 0,05
3.3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA
Entre os instrumentos para as avaliações estavam:
Uma bicicleta Mountain Bike;
Um ciclosimulador (CompuTrainer Pro Lab 3D, Racermate
Inc., EUA), para fixar a bicicleta, gerar a sobrecarga mecânica
para o teste (potência fixa de 150 W), controlar a cadência de
pedalada (entre 70 e 80 rpm), e garantir a estabilidade do
ciclista na mesma;
Um questionário (APÊNDICES B e C) com o qual foram
adquiridas informações acerca da prática de ciclismo para cada
ciclista e também em relação ao conforto durante a prática;
Fita métrica da marca Cardiomed com resolução de 1 mm para
medir dimensões da bicicleta e parâmetros corporais
necessários à avaliação;
Goniômetro da marca Carci com resolução de para medir e
ajustar os ângulos corporais do avaliado na bicicleta;
Balança eletrônica da marca Toledo com resolução de 100 g
para mensurar a massa dos sujeitos do estudo;
Estadiômetro da marca Seca com resolução de 1 mm para
mensurar a estatura dos sujeitos do estudo;
Software de análise postural (SAPO) utilizado para determinar
os ângulos absolutos dos segmentos em relação à vertical ou à
horizontal a cada decil (10%) do ciclo do pé-de-vela (PDV),
para a avaliação cinemática bidimensional que foi feita
utilizando duas câmeras digitais (SONY HVR-V1U)
sincronizadas, que operaram em frequência de 30 Hz;
Planilhas para anotações e organização das coletas.
43
Foram utilizados recursos materiais e humanos pertencentes ao
Laboratório de Biomecânica da Universidade Federal de Santa Catarina
(BIOMEC) e ao Laboratório de Esforço Físico (LAEF).
3.4 COLETA DOS DADOS
Os testes foram realizados no Laboratório de Biomecânica da
Universidade Federal de Santa Catarina (BIOMEC) pelo próprio
mestrando e por uma equipe de apoio. Todas as coletas de cada ciclista
(antropométrica, cinemática e de conforto) foram realizadas no mesmo
dia, sendo que as duas avaliações cinemáticas foram realizadas em
ordem aleatória de avaliação. As coletas foram agendadas previamente
com data e hora pré-determinadas.
3.5 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DOS DADOS
Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa
Catarina (Anexo B) (projeto aprovado e protocolado sob o processo
208/2009). Todos os participantes da pesquisa assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) concordando em
submeterem-se ao protocolo e que os resultados sejam divulgados,
permanecendo suas identidades não reveladas, conforme a Resolução
196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde. Os
procedimentos experimentais foram realizados no Laboratório de
Biomecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (BIOMEC).
As coletas foram realizadas, para cada sujeito, em um único dia,
conforme data e hora pré-determinadas. Inicialmente eram mensuradas a
massa corporal e a estatura do ciclista e a bicicleta do sujeito era
acoplada ao ciclossimulador. Em seguida, eram fixados os marcadores
reflexivos no dorso de cada ciclista para posteriormente serem
realizadas a calibração e aquisição das imagens de interesse em cada
uma das duas situações. Após as filmagens, o ciclista respondia aos
questionários (Apêndices B e C).
44
Antes de iniciarem os procedimentos para a coleta dos dados, os
ciclistas que aceitaram participar do estudo foram informados sobre o
protocolo de avaliação e esclarecidos sobre os objetivos e os métodos da
pesquisa. Não havendo dúvidas foram marcados horários para as
avaliações.
3.5.1 Avaliação cinemática
Todos os sujeitos pedalaram em uma bicicleta devidamente
ajustada as características corporais de cada sujeito (com exceção da
altura do selim) durante 1 minuto após a estabilização da cadência de
pedalada para a aquisição de cinco ciclos de pedalada para cada uma das
duas situações de ajuste do selim (ajustado e desajustado), com cadência
entre 70 e 80 rpm e em uma taxa de produção de potência de 150 W,
característica do ciclismo recreacional (Burke e Pruitt 2003). Houve um
período mínimo de acomodação de 30 s após ser atingida a cadência de
70 rpm, em cada posição, que antecedeu os ciclos selecionados para
análise.
Os procedimentos utilizados para as duas situações de coleta
foram os mesmos, o que os diferenciou foi a altura do selim, ou seja, na
situação que utilizou o selim desajustado, o mesmo estava da mesma
forma que o ciclista o utiliza normalmente e, na situação selim ajustado,
a altura do mesmo foi definida de acordo com o protocolo de Burke e
Pruitt (1996) para adaptar a bicicleta as características corporais de cada
ciclista (Figuras 1 e 2).
Os testes envolveram a avaliação cinemática bidimensional (2D)
da coluna lombar que foi feita utilizando duas câmeras digitais
sincronizadas e posicionadas posteriormente e lateralmente ao
voluntário e perpendiculares entre si (3,10 m de distância do plano de
calibração e 1,20 m de altura), de modo que uma delas ficasse
perpendicular ao plano sagital (lado direito) e a outra perpendicular ao
plano frontal (vista posterior) durante todo o experimento, evitando
erros de paralaxe. O ambiente experimental está ilustrado na Figura 4. O
foco, a inclinação lateral, assim como os outros parâmetros das câmeras
foram ajustados manualmente e foram mantidos fixos durante todo o
experimento.
45
Figura 4 - Disposição das câmeras para aquisição das imagens.
Imagem ilustrativa. Adaptado de Kleinpaul (2007).
Depois de ajustadas, as câmeras registraram ininterruptamente as
atividades determinadas no protocolo até o final do experimento. As
sequências de imagens geradas foram inicialmente armazenadas na
memória das filmadoras digitais. Após uma pré-escolha dos trechos de
interesse, estes foram transferidos para o disco rígido do computador.
Todo o tratamento de imagem subsequente para análise 2D, descrito a
seguir, foi realizado através do Software de Análise Postural (SAPO)
versão 0.68.
46
3.5.1.1 Obtenção das coordenadas dos pontos da coluna lombar
A metodologia para a descrição dos movimentos da coluna
lombar consistiu nas seguintes etapas: (a) construção de um modelo de
representação da coluna lombar como um sistema de corpos rígidos
articulados, sendo utilizado um conjunto de 13 marcadores posicionados
sobre os acidentes ósseos desta região do corpo; (b) obtenção das
coordenadas espaciais dos marcadores por meio da cinemetria
bidimensional; (c) determinação dos ângulos propostos para a avaliação
da mobilidade nesta região da coluna vertebral. Esta metodologia
apresenta um bom grau de confiabilidade das medidas de repetibilidade,
de acordo com o Apêndice D.
A coluna lombar foi reconstruída em segmentos a partir do
posicionamento de marcadores adesivos retro-reflexivos, em forma de
hastes para permitir também a análise dos ângulos de rotação, com
5 mm de diâmetro posicionados sobre a pele, seguindo o alinhamento
dos processos espinhosos das vértebras, avaliados por palpação. Os
pontos de referência anatômica foram: processos espinhosos da primeira
à quinta vértebra lombar e primeira sacral, espinha ilíaca póstero
superior direita (EIPS) e espinha ilíaca ântero superior direita (EIAS),
que serviram para o cálculo dos ângulos avaliados, apresentados nas
Figuras 5, 6, 7 e 8. Os marcadores semi-esféricos das espinhas ilíacas
ântero e póstero superiores serviram para controlar o ângulo de
inclinação da pelve, para assegurar que não é o posicionamento da
mesma que estava alterando a posição da coluna lombar. Foram
analisadas posições dinâmicas (ciclista pedalando) assumindo-se
diferentes posições do selim (desajustado e ajustado). As mesmas foram
testadas randomicamente.
47
Figura 5 - Cálculo das variáveis angulares (L1-L2, L2-L3, L3-L4, L4-L5, L5-
S1). Esquema dos ângulos a serem calculados nos três planos (flexão-extensão
no plano sagital, inclinação lateral no plano frontal e rotação no plano
transverso).
Figura 6 – Determinação dos ângulos de flexão-extensão.
z
y
x
48
Figura 7 – Determinação dos ângulos de inclinação lateral.
Figura 8 – Determinação dos ângulos de rotação.
Esta pesquisa aplicou a metodologia proposta por Brenzikofer et al.
(2000, 2001) propondo a quantificação e análise de alterações da coluna
lombar, considerando todos os segmentos da mesma, com movimentos
analisados por meio de reconstrução 2D, no ciclismo.
49
3.5.2 Avaliação Antropométrica e de Conforto
Para caracterização do grupo de estudo, foram mensurados a
massa e a estatura dos mesmos.
Para se levantar o maior número de informações acerca de cada
ciclista e também em relação ao conforto foi aplicado, após as coletas,
um questionário (APÊNDICES B e C).
3.6 TRATAMENTOS DOS DADOS
As imagens adquiridas foram digitalizadas considerando-se os
pontos anatômicos de referência para a análise do movimento angular da
coluna lombar durante a pedalada. Após a digitalização das imagens e
determinação dos ângulos, os dados foram filtrados em ambiente Matlab
versão 7.0.1 (MathWorks Inc, USA) através de um filtro do tipo
Butterworth de segunda ordem e frequência de corte de 6 Hz
(APÊNDICE E). Para extrapolar os dados e garantir que ocorresse o
mesmo número de eventos em cada ciclo do PDV os dados foram
normalizados através do programa Origin 6.0 Professional.
Os dados referentes ao conforto, adquiridos através da aplicação
dos questionários (APÊNDICES B e C) foram tabulados em uma
planilha do software Excel para facilitar a análise dos mesmos.
3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Todos os procedimentos estatísticos foram realizados no software
SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 15.0 for
Windows. Utilizou-se estatística descritiva de medidas de tendência
central (média), de variabilidade (desvio-padrão) para apresentação dos
dados angulares, antropométricos (massa corporal e estatura) e da altura
do selim nas duas situações de ajuste. A fim de verificar se os dados
possuíam distribuição normal, aplicou-se o teste de Shapiro-Wilk, o qual
50
comprovou a normalidade dos mesmos. O Teste t de Student pareado foi
aplicado para comparar a altura do selim nas duas situações e o
comportamento angular lombar durante o ciclo de pedalada nas duas
posições. Os resultados de todas as análises são considerados
significativos quando p < 0,05.
51
4 RESULTADOS
Neste capítulo estão descritos os resultados obtidos na análise das
variáveis de conforto e o comportamento angular da coluna lombar. Para
melhor apresentação dos dados, os mesmos foram organizados de
acordo com os objetivos específicos: comportamento angular da coluna
lombar com os diferentes ajustes do selim; caracterização e
quantificação do comportamento angular da coluna lombar durante o
ciclo da pedalada; conforto geral; conforto na região lombar.
A Tabela 2 apresenta as alturas médias (cm) do selim nas
situações desajustado e ajustado.
Tabela 2 - Altura média do selim nas situações desajustado e ajustado (cm).
Altura do selim
Desajustado (cm) Ajustado (cm) p*
69,75 ± 2,51 75,56 ± 3,57 0,001
* p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o teste-t de Student
entre as situações de selim ajustado e desajustado.
A Tabela 3 apresenta os ângulos encontrados para a pelve no
plano sagital nas situações de selim ajustado e desajustado. Com
exceção do segundo, terceiro e quarto decis (10, 20 e 30% do ciclo),
todos os demais apresentaram diferenças estatisticamente significativas
entre as situações analisadas, sendo encontrados valores médios
superiores na posição ajustada.
52
Tabela 3 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado e
desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para o ângulo
pélvico analisado estão apresentados. Resultados de flexão-extensão (anteversão
pélvica) em relação ao Plano Sagital.
Ajustado Desajustado
% do
ciclo
__
X
±DP
__
X
±DP
p
0 49±7 45±9 0,008
10 48±7 45±9 0,15
20 49±7 46±9 0,24
30 50±7 47±9 0,13
40 51±8 47±10 0,03
50 52±9 47±10 0,01
60 52±9 47±9 0,02
70 52±9 46±9 0,03
80 51±9 46±9 0,04
90 50±8 45±9 0,03
100 48±6 44±7 0,005
p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o Teste t de Student
pareado entre as situações de selim ajustado e desajustado.
A Tabela 4 apresenta os ângulos encontrados para a coluna
lombar no plano sagital nas situações de selim ajustado e desajustado.
As não diferenças foram encontradas principalmente a 70, 80 e 90% do
ciclo de PDV, sendo encontrados valores médios superiores na posição
ajustada.
53
Tabela 4 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado e
desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para cada
ângulo analisado estão apresentados. Resultados de flexão-extensão em relação
ao Plano Sagital. (continua)
Ajustado Desajustado
% do ciclo
__
X
±DP
__
X
±DP
p
L1-L2 36±6 32±5 0,006
*
L2-L3 35±5 30±6 0,009
*
L3-L4 32±7 29±8 0,01
*
L4-L5 30±8 25±7 0,004
*
0
L5-S1 27±9 24±9 0,004
*
L1-L2 36±5 32±5 0,004
*
L2-L3 34±5 30±7 0,004
*
L3-L4 31±6 28±8 0,02
*
L4-L5 29±6 25±8 0,003
*
10
L5-S1 26±8 22±8 0,004
*
L1-L2 35±5 31±5 0,005
*
L2-L3 34±5 30±7 0,002
*
L3-L4 30±6 27±8 0,02
*
L4-L5 29±6 25±8 0,009
*
20
L5-S1 26±7 21±8 0,004
*
L1-L2 35±5 31±5 0,003
*
L2-L3 33±5 30±7 0,003
*
L3-L4 30±6 27±7 0,02
*
L4-L5 28±7 25±8 0,02
*
30
L5-S1 26±7 21±7 0,004
*
L1-L2 36±5 31±6 0,002
*
L2-L3 32±5 29±7 0,03
*
L3-L4 31±6 27±7 0,01
*
L4-L5 28±7 24±8 0,01
*
40
L5-S1 26±7 22±8 0,005
*
p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o Teste t de Student
pareado entre as situações de selim ajustado e desajustado.
54
Tabela 4 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado e
desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para cada
ângulo analisado estão apresentados. Resultados de flexão-extensão em relação
ao Plano Sagital. (conclusão)
Ajustado Desajustado
% do ciclo
__
X
±DP
__
X
±DP
p
L1-L2 36±6 31±6 0,005
*
L2-L3 32±5 29±7 0,06
L3-L4 31±7 27±6 0,02
*
L4-L5 28±7 24±8 0,02
*
50
L5-S1 26±7 22±8 0,02
*
L1-L2 36±7 31±6 0,02
*
L2-L3 33±6 29±6 0,08
L3-L4 30±7 27±7 0,04
*
L4-L5 28±8 25±8 0,08
60
L5-S1 26±8 22±9 0,03
*
L1-L2 36±7 32±6 0,06
L2-L3 33±6 30±6 0,07
L3-L4 30±7 27±7 0,1
L4-L5 28±8 25±9 0,1
70
L5-S1 26±9 21±9 0,045
*
L1-L2 35±7 32±6 0,2
L2-L3 33±6 30±6 0,06
L3-L4 30±7 28±8 0,3
L4-L5 28±8 25±9 0,1
80
L5-S1 25±10 22±9 0,1
L1-L2 34±7 32±6 0,3
L2-L3 34±6 30±7 0,04
*
L3-L4 30±7 28±8 0,2
L4-L5 28±7 25±8 0,07
90
L5-S1 25±9 22±9 0,3
L1-L2 34 ±5 32±5 0,1
L2-L3 34±6 30±6 0,02
*
L3-L4 31±5 28±7 0,03
*
L4-L5 28±5 24±6 0,02
*
100
L5-S1 24±8 22±8 0,2
p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o Teste t de Student
pareado entre as situações de selim ajustado e desajustado.
55
Com base nos resultados da tabela 4, pode-se rejeitar a primeira
Hipótese nula e aceitar parcialmente a primeira Hipótese alternativa,
pois existe diferença na maioria dos valores angulares da coluna lombar
no eixo ântero-posterior entre as diferentes situações de ajuste do selim
(ajustado e desajustado).
A Tabela 5 apresenta os ângulos encontrados para o plano frontal
nas situações de selim ajustado e desajustado. Neste plano ocorreram
poucas diferenças significativas, sendo que estas ocorreram apenas para
o segmento L1-L2 a 30, 40, 80, 90 e 100% do ciclo e para o segmento
L4-L5 a zero, 40, e 100% do ciclo, sendo encontrados valores médios
superiores principalmente na posição desajustada nestes casos.
Tabela 5 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado e
desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para cada
ângulo analisado estão apresentados. Resultados da inclinação lateral em
relação ao Plano Frontal. (continua)
Ajustado Desajustado
% do ciclo
__
X
±DP
__
X
±DP
p
L1-L2 82±2 83±3 0,2
L2-L3 83±3 83±4 0,5
L3-L4 86±2 85±1 0,8
L4-L5 84±3 85±2 0,02
*
0
L5-S1 83±3 85±2 0,1
L1-L2 83±3 84±3 0,1
L2-L3 84±4 84±4 0,5
L3-L4 86±1 86±2 0,5
L4-L5 86±3 86±2 0,1
10
L5-S1 84±3 86±2 0,1
L1-L2 88±1 88±1 0,9
L2-L3 87±4 87±2 0,98
L3-L4 89±1 88±2 0,5
L4-L5 89±2 89±1 0,99
20
L5-S1 87±2 89±1 0,1
L1-L2 95±3 93±1 0,03
*
L2-L3 92±3 93±1 0,6
L3-L4 92±1 92±1 0,4
L4-L5 92±1 92±1 0,06
30
L5-S1 91±2 92±1 0,2
p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o Teste t de Student
pareado entre as situações de selim ajustado e desajustado.
56
Tabela 5 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado e
desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para cada
ângulo analisado estão apresentados. Resultados da inclinação lateral em
relação ao Plano Frontal. (continuação)
Ajustado Desajustado
% do ciclo
__
X
±DP
__
X
±DP
p
L1-L2 100±5 97±3 0,04
*
L2-L3 96±3 96±2 0,7
L3-L4 95±2 94±1 0,2
L4-L5 95±2 93±1 0,04
*
40
L5-S1 94±3 94±1 0,8
L1-L2 101±6 98±4 0,1
L2-L3 98±3 97±2 0,7
L3-L4 96±2 95±2 0,2
L4-L5 95±3 94±1 0,2
50
L5-S1 95±3 95±2 0,9
L1-L2 98±5 97±4 0,3
L2-L3 97±3 96±2 0,2
L3-L4 94±2 94±2 0,5
L4-L5 94±3 93±1 0,6
60
L5-S1 94±3 94 ±1 0,99
L1-L2 93±3 93±2 0,4
L2-L3 93±2 92±1 0,2
L3-L4 91±1 92±1 0,4
L4-L5 91±2 91±1 0,9
70
L5-S1 91±2 92±1 0,4
L1-L2 86±2 88±1 0,01
*
L2-L3 88±1 88±1 0,6
L3-L4 87±2 89±1 0,09
L4-L5 88±2 89±1 0,3
80
L5-S1 87±2 88±2 0,3
L1-L2 82 ±3 84±2 0,01
*
L2-L3 84±2 85±2 0,3
L3-L4 85±3 86±1 0,2
L4-L5 85±2 87±2 0,08
90
L5-S1 84±2 85±2 0,2
p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o Teste t de Student
pareado entre as situações de selim ajustado e desajustado.
57
Tabela 5 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado e
desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para cada
ângulo analisado estão apresentados. Resultados da inclinação lateral em
relação ao Plano Frontal. (conclusão)
Ajustado Desajustado
% do ciclo
__
X
±DP
__
X
±DP
p
L1-L2 82±3 83±2 0,04
*
L2-L3 83±3 84±3 0,5
L3-L4 84±3 85±1 0,4
L4-L5 84±2 86±1 0,005
*
100
L5-S1 83±3 84±2 0,1
p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o Teste t de Student
pareado entre as situações de selim ajustado e desajustado.
Com base nos resultados da tabela 5, pode-se rejeitar a segunda
Hipótese nula e aceitar parcialmente a segunda Hipótese alternativa,
pois existe diferença em alguns valores angulares da coluna lombar no
eixo médio-lateral entre as diferentes situações de ajuste do selim
(ajustado e desajustado).
A Tabela 6 apresenta os ângulos encontrados para o plano
transverso nas situações de selim desajustado e ajustado. Neste plano
também ocorreram poucas diferenças significativas, sendo que estas
ocorreram para a haste L1 apenas a 20% do ciclo, para L2 a 90 e 100%,
L3 apenas a 90% do ciclo, L4 a zero e 10% do ciclo e para L5 a zero,
10, 20, 90, e 100% do ciclo do PDV, sendo encontrados valores médios
superiores na posição desajustada.
58
Tabela 6 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado e
desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para cada
ângulo analisado estão apresentados. Resultados de rotação em relação ao Plano
Transverso. (continua)
Ajustado Desajustado
% do ciclo
__
X
±DP
__
X
±DP
p
L1
84,±4 85±2 0,4
L2
84±2 86±3 0,1
L3
86±2 86±1 0,8
L4
86±1 86±1 0,02
*
0
L5
83±3 85±3 0,01
*
L1
84±4 86±2 0,1
L2
85±3 87±3 0,1
L3
87±2 87±2 0,97
L4
86±1 88±2 0,02
*
10
L5
84±4 86±3 0,04
*
L1
87±2 88±1 0,045
*
L2
88±2 89±2 0,2
L3
89±1 88±1 0,6
L4
89±1 90±1 0,2
20
L5
87±3 88±2 0,03
*
L1
91±1 91±1 0,4
L2
92±3 92±1 0,7
L3
92±1 91±1 0,1
L4
92±3 91±1 0,5
30
L5
91±1 91±1 0,3
L1
94±1 93±1 0,3
L2
95±4 93±2 0,4
L3
94±3 92±1 0,3
L4
95±6 93±1 0,3
40
L5
94±3 93±2 0,6
L1
94±2 93±2 0,3
L2
96±6 94±2 0,4
L3
95±5 93±1 0,4
L4
96±8 93±1 0,4
50
L5
95±5 93±2 0,4
p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o Teste t de Student
pareado entre as situações de selim ajustado e desajustado.
59
Tabela 6 - Variáveis cinemáticas das duas posições adotadas (selim ajustado e
desajustado). Valores de média (
__
X
) ± desvio padrão (DP) (graus) para cada
ângulo analisado estão apresentados. Resultados de rotação em relação ao Plano
Transverso. (conclusão)
Ajustado Desajustado
% do ciclo
__
X
±DP
__
X
±DP
p
L1
94±2 93±2 0,4
L2
95±5 93±2 0,4
L3
94±5 93±1 0,6
L4
95±7 93±1 0,5
60
L5
94±5 93±1 0,4
L1
91±1 91±1 0,7
L2
92±4 92±1 0,6
L3
92±3 92±1 0,9
L4
92±4 92±0,3 0,7
70
L5
91±3 91±0,4 0,9
L1
88±1 89±1 0,3
L2
89±3 89±2 0,6
L3
89±1 90±1 0,06
L4
89±2 90±1 0,2
80
L5
87±5 89±2 0,1
L1
86±2 87±1 0,2
L2
86±3 87±4 0,049
*
L3
87±1 88±1 0,05
*
L4
87±2 88±1 0,1
90
L5
84±5 87±3 0,03
*
L1
84±3 85±2 0,4
L2
84±3 85±3 0,02
*
L3
86±2 86±1 0,6
L4
86±2 86±1 0,3
100
L5
83±3 85±3 0,001
*
p<0,05 representa valor estatisticamente significativo para o Teste t de Student
pareado entre as situações de selim ajustado e desajustado.
Com base nos resultados da tabela 6, pode-se rejeitar a terceira
Hipótese nula e aceitar parcialmente a terceira Hipótese alternativa, pois
existe diferença em alguns valores angulares da coluna lombar no eixo
transversal entre as diferentes situações de ajuste do selim (ajustado e
desajustado).
60
Os valores das curvaturas em toda a extensão da coluna lombar e
pélvica ao longo do ciclo estão apresentados em gráficos sobrepostos.
Esta forma de apresentação permite a visualização e comparação das
curvaturas da coluna ao longo do ciclo de pedalada.
Na Figura 9 está representado o comportamento pélvico no Plano
Sagital (anteversão). Nela pode-se observar que, em ambas as posições,
ocorreram dois ciclos de flexão-extensão ao longo de um ciclo do PDV.
43,0
45,0
47,0
49,0
51,0
53,0
1 8 15 22 29 36 43 50 57 64 71 78 85 92 99
% ciclo
Ângulo )
Ajustado
Desajustado
Figura 9 - Comportamento angular da pelve no Plano Sagital em função
do ciclo do pé-de-vela.
Nas Figuras 10 e 11 está representado o comportamento dos
segmentos lombares no Plano Frontal (inclinação lateral). Nelas pode-se
observar que em ambas as posições a maior inclinação lateral para a
esquerda ocorre na parte final do ciclo de pedalada, próximo ao PMS
(100% do ciclo) e a maior inclinação lateral para a direita ocorre na
metade do ciclo, próximo ao PMI, considerando-se o PDV direito.
81,0
83,0
85,0
87,0
89,0
91,0
93,0
95,0
97,0
99,0
101,0
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100
% do ciclo
ângulo(º)
L1-L2
L2-L3
L3-L4
L4-L5
L5-S1
Figura 10 - Comportamento angular do segmento lombar quando todas as
porções são analisadas em conjunto no Plano Frontal (Posição Ajustada),
em função do ciclo do pé-de-vela.
61
82,0
84,0
86,0
88,0
90,0
92,0
94,0
96,0
98,0
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100
% do ciclo
ângulo(º)
L1-L2
L2-L3
L3-L4
L4-L5
L5-S1
Figura 11 - Comportamento angular do segmento lombar quando todas as
porções são analisadas em conjunto no Plano Frontal (Posição
Desajustada), em função do ciclo do pé-de-vela.
Nas Figuras 12 e 13 está representado o comportamento dos
segmentos lombares no Plano Sagital (flexão-extensão). Nelas pode-se
observar que em ambas as posições houve grande variabilidade, em
média, nos resultados obtidos para a flexão/extensão, ocorrendo dois
ciclos de flexão-extensão a cada ciclo de PDV.
24,0
26,0
28,0
30,0
32,0
34,0
36,0
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100
% do ciclo
ângulo(º)
L1-L2
L2-L3
L3-L4
L4-L5
L5-S1
Figura 12 - Comportamento angular do segmento lombar quando todas as
porções são analisadas em conjunto no Plano Sagital (Posição Ajustada), em
função do ciclo do pé-de-vela.
62
20,0
22,0
24,0
26,0
28,0
30,0
32,0
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100
% do ciclo
ângulo(º)
L1-L2
L2-L3
L3-L4
L4-L5
L5-S1
Figura 13 - Comportamento angular do segmento lombar quando todas as
porções são analisadas em conjunto no Plano Sagital (Posição Desajustada), em
função do ciclo do pé-de-vela.
Nas Figuras 14 e 15 está representado o comportamento dos
segmentos lombares no Plano Transverso (rotação). Nelas pode-se
observar que em ambas as posições a maior rotação para a esquerda
ocorre na parte final do ciclo de pedalada, próximo ao PMS e a maior
rotação para a direita ocorre na metade do ciclo, próximo ao PMI,
considerando-se o PDV direito.
83,0
85,0
87,0
89,0
91,0
93,0
95,0
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100
% do ciclo
ângulo(º)
L1
L2
L3
L4
L5
Figura 14 - Variação da curvatura geométrica do segmento lombar quando
todas as porções são analisadas em conjunto no Plano Transverso (Posição
Ajustada), em função do ciclo do pé-de-vela.
63
85,0
86,0
87,0
88,0
89,0
90,0
91,0
92,0
93,0
94,0
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100
% do ciclo
ângulo(º)
L1
L2
L3
L4
L5
Figura 15 - Variação da curvatura geométrica do segmento lombar quando
todas as porções são analisadas em conjunto no Plano Transverso (Posição
Desajustada), em função do ciclo do pé-de-vela.
As Figuras 16, 17, 18, 19, 20 e 21 apresentam a amplitude
angular e o desvio padrão no plano sagital, frontal e transverso, para os
segmentos da coluna lombar ao longo de cinco ciclos do pé-de-vela,
respectivamente, para ambas as situações adotadas. Nas Figuras 16 e 17,
observa-se as amplitudes de flexão/extensão para as regiões da coluna
lombar analisadas. Percebe-se, ainda que qualitativamente, um aumento
da amplitude proporcional a parte inferior da lombar, principalmente na
posição desajustada (posição ajustada: 2,5º para L1-L2, 2,6° para L2-L3,
2,7° para L3-L4, 2,9° para L4-L5 e 2,2° para L5-S1 e para a posição
desajustada: 1,6° para L1-L2, 1,0° para L2-L3, 2,1° para L3-L4, 1,2°
para L4-L5 e 2,7° para L5-S1).
Nas Figuras 18 e 19 uma maior amplitude angular em relação a
inclinação lateral (Plano Frontal) na região superior da lombar pode ser
observada, principalmente na posição ajustada (posição ajustada: 19,0º
para L1-L2, 14,3° para L2-L3, 11,4° para L3-L4, 11,0° para L4-L5 e
12,1° para L5-S1 e para a posição desajustada: 15,3° para L1-L2, 14,4°
para L2-L3, 9,6° para L3-L4, 8,6° para L4-L5 e 10,7° para L5-S1). Nas
Figuras 20 e 21 a amplitude de rotação apresenta-se maior em L2 e L5
em ambas as posições (posição ajustada: 10,1º para L1-L2, 11,9° para
L2-L3, 8,8° para L3-L4, 9,9° para L4-L5 e 11,8° para L5-S1 e para a
posição desajustada: 8,2° para L1-L2, 8,5° para L2-L3, 7,1° para L3-L4,
6,7° para L4-L5 e 8,3° para L5-S1).
64
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Região Lombar
Amplitude (º)
L1-L2
L2-L3
L3-L4
L4-L5
L5-S1
Figura 16 -
Amplitude
angular no
Plano Sagital
na Posição
Ajustada.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Região Lombar
Amplitude (º)
L1-L2
L2-L3
L3-L4
L4-L5
L5-S1
Figura 17 -
Amplitude
angular no
Plano Sagital
na Posição
Desajustada.
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Região Lombar
Amplitude (º)
L1-L2
L2-L3
L3-L4
L4-L5
L5-S1
Figura 18 -
Amplitude
angular no
Plano Frontal
na Posição
Ajustada.
65
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
Região Lombar
Amplitude (º)
L1-L2
L2-L3
L3-L4
L4-L5
L5-S1
Figura 19 -
Amplitude
angular no
Plano Frontal
na Posição
Desajustada.
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Região Lombar
Amplitude (º)
L1
L2
L3
L4
L5
Figura 20 -
Amplitude
angular no
Plano
Transverso na
Posição
Ajustada.
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Região Lombar
Amplitude (º)
L1
L2
L3
L4
L5
Figura 21 -
Amplitude
angular no
Plano
Transverso na
Posição
Desajustada.
66
Dos questionários (APÊNDICES B e C), podem-se destacar os
seguintes resultados:
- 5/8 dos ciclistas avaliados sentiam algum tipo de desconforto em suas
bicicletas. Destes, quatro mencionaram ter sentido algum tipo de dor
durante ou após a prática de ciclismo, as quais foram na coluna cervical
e períneo (1), na coluna lombar (1), períneo (1) e joelho e ísquios (1).
- 4/8 dos ciclistas consideraram que suas bicicletas se adaptavam
parcialmente as suas características corporais, 3/8 consideraram que as
mesmas se adaptavam plenamente e 1/8 considerou que sua bicicleta
não se adapta às suas características corporais.
- em relação ao conforto do selim, 1/8 considerou o conforto do selim de
sua bicicleta bom (atribuíram conforto maior ou igual a 7), 5/8
consideraram pouco conforto (entre 4 e 6) e 2/8 consideraram nenhum
conforto (entre zero e 3).
- após o ajuste da altura do selim, durante as avaliações, 4/8 dos ciclistas
não consideraram que houve melhora no conforto e, destes, nenhum
sentiu desconforto/dor em algum local do corpo após o ajuste. Dentre as
explicações para isso, um respondeu “me senti igual nas duas
situações”, outro respondeu “estou acostumado com minha regulagem”,
outro respondeu “ficou mais instável, tive sensação do joelho estar
hiperextendido” e o último não soube explicar o porque.
- em relação ao conforto lombar, durante as avaliações, com o selim
desajustado ocorreu um relato de desconforto, enquanto que com o
selim ajustado não ocorreu nenhum relato.
- em relação ao conforto geral, também durante as coletas, na situação
de selim desajustado ocorreram três relatos de desconfortos enquanto
que na situação de selim ajustado não ocorreu nenhum relato de
desconforto corporal.
Com base nestes resultados, pode-se rejeitar a quarta Hipótese nula e
aceitar a quarta Hipótese alternativa, pois o ajuste correto da altura do
selim melhorou o conforto, ou pelo menos, diminuiu o número de
desconfortos relatados.
67
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo estão discutidos com a literatura existente os
resultados obtidos na análise das variáveis de conforto e o
comportamento angular da coluna lombar de ciclistas recreacionais.
Para melhor discussão dos dados, os mesmos foram divididos em
tópicos de acordo com os objetivos específicos: comportamento angular
da coluna lombar com os diferentes ajustes do selim; caracterização e
quantificação do comportamento angular da coluna lombar durante o
ciclo da pedalada; conforto geral e conforto na região lombar.
5.1 COMPORTAMENTO ANGULAR DA COLUNA LOMBAR COM
OS DIFERENTES AJUSTES DO SELIM
Na literatura consultada, nenhum estudo teve o objetivo de
comparar o comportamento angular da coluna com a utilização de
diferentes ajustes da altura do selim, mas sim, com diferentes modelos
de selim, diferentes angulações do selim e em diferentes posições de
agarre no guidom.
Bressel e Larson (2003) verificaram os efeitos de diferentes
modelos de selins sobre os ângulos de tronco e pelve de ciclistas do sexo
feminino que pedalaram em uma bicicleta estacionária com as mãos
posicionadas na parte superior e inferior do guidom e com a utilização
de três modelos de selim (plano, parcialmente vazado e vazado). Em
relação aos ângulos do tronco, encontraram que a inclinação pélvica foi
aumentada em 8% com a utilização do selim parcialmente vazado e em
16% com a utilização do selim vazado em relação ao selim plano. Os
ângulos de flexão do tronco foram maiores com a utilização do selim
vazado em comparação com os outros modelos. As ciclistas
apresentaram um aumento de 77% de anteversão pélvica e de 11% de
flexão do tronco quando utilizaram a posição aerodinâmica em relação a
posição mais elevada no guidom. No presente estudo, a posição ajustada
apresentou maior flexão da coluna lombar e maior anteversão pélvica
(Tabelas 3 e 4), o que vai ao encontro dos dados acima descritos. Isso se
deve ao fato de a situação ajustada, no presente estudo, aumentar a
altura do selim (Tabela 2), o que provoca maior flexão do tronco, da
mesma forma que a posição aerodinâmica de agarre do guidom.
A amplitude de flexão encontrada no presente estudo, para ambas
68
as posições aumentou na direção de L4-L5 e diminuiu em L5-S1 na
posição ajustada, sendo, no geral, maiores na posição ajustada,
conforme figuras 16 e 17, sendo este comportamento semelhante ao
encontrado por Usabiaga et al. (1997), Bressel e Larson (2003), Kleinpaul
(2007) e por Sauer et al. (2007) e portanto, característicos do ciclismo,
tanto recreacional quanto competitivo.
Usabiaga et al. (1997) mensuraram através de radiologia as
variações angulares da coluna lombar de três ciclistas de elite em
diferentes posições adotadas sobre diferentes tipos de bicicletas usadas
para competição. As posições envolveram uma mudança de lordose para
cifose discal. Para obter uma posição mais aerodinâmica, os ciclistas
flexionaram o quadril e posicionaram a pelve horizontalmente sem
alterar os ângulos interdiscais. A amplitude angular encontrada na
posição aerodinâmica entre os segmentos avaliados (L1-L2, L2-L3, L3-
L4, L4-L5, L5-S1) apresentou aumento gradativo na direção de L4-L5
(de para 6°), decrescendo em L5-S1 (3°) e na posição mais elevada
de agarre do guidom a amplitude manteve-se semelhante entre os
segmentos para o movimento de flexão-extensão (4°). Os autores
concluíram que as mudanças observadas podem modificar a
biomecânica normal da coluna lombar, mas a carga mecânica global
sobre a coluna é reduzida quando se apóia o peso sobre os membros
superiores (posição aerodinâmica). Concluíram também que o ciclismo
não gera forças biomecânicas prejudiciais a coluna lombar, até mesmo
em condições de ciclismo profissional.
Os valores de inclinação lateral reportados no presente estudo
variaram de 10 a 19º na posição ajustada (Figura 18) e de 8 a 15° na
posição desajustada (Figura 19), sendo que as maiores amplitudes
ocorreram em L1-L2. os valores de rotação variaram de 8 a 11° na
posição ajustada (Figura 20) e de 6 a na posição desajustada (Figura
21), sendo que as maiores amplitudes ocorreram em L2 e L5. Estes
valores foram superiores aos encontrados por Kleinpaul (2007), enquanto
que os valores de flexão-extensão foram menores. Quanto a estes
achados, Kleinpaul (2007) percebeu que a região lombar não realizava
movimentos biomecanicamente desfavoráveis a mesma, ou seja, que
agridam as estruturas que compõem esta região, pois os mesmos
estavam dentro dos padrões esperados e também considerados normais,
concordando com White e Panjabi (1978b) e Usabiaga et al. (1997).
Os resultados encontrados por Kleinpaul (2007) ao verificar os
efeitos de diferentes posições de agarre do guidom (posição de descanso
e inclinada) sobre a cinemática tridimensional da coluna lombar, em
termos de amplitude angular de flexão-extensão, na posição inclinada
69
entre os segmentos avaliados (L1-L2, L2-L3, L3-L4, L4-L5, L5-S1)
apresentou aumento gradativo na direção de L5-S1 (de 6° para 10°) e na
posição de descanso (posição mais elevada de agarre do guidom) o
comportamento foi semelhante, mas com amplitudes maiores (de 5°
para 18°). Para os resultados da inclinação lateral encontraram
amplitudes de 1° a 6° na posição de descanso e de 2° a 6° para a posição
inclinada, sendo que as maiores amplitudes ocorreram em L3-L4 e L5-
S1 e de e 6° respectivamente para os resultados de rotação na altura
das espinhas ilíacas póstero superiores.
Seguindo esta mesma linha de pesquisa, Sauer et al. (2007)
investigaram os efeitos da posição das mãos no guidom sobre o
movimento da pelve ao longo de um ciclo de pedalada através da
cinemática de uma tríade de marcadores, situados em marcos pélvicos
posteriores, encontraram que as excursões médias angulares da pelve
durante um ciclo de pedalada variaram em - na inclinação pélvica
anterior, na posição de descanso, a - na rotação interna-externa na
posição aerodinâmica. Variações angulares maiores foram observadas
com a pelve rodando internamente (~3º) e lateralmente (~2º) para a
posição aerodinâmica. Os valores de amplitude de anteversão pélvica
encontrados no presente estudo foram de 4,3° para a situação ajustada e
de 3,7° para a situação desajustada (Tabela 3), ou seja, semelhantes aos
acima apresentados, mas ambas um pouco superiores, o que indica que a
posição ajustada do selim permite maior amplitude de movimento
pélvico.
5.2 CARACTERIZAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO
COMPORTAMENTO ANGULAR DA COLUNA LOMBAR
DURANTE O CICLO DA PEDALADA
A coluna vertebral é fundamental para a dinâmica postural. Ela é
responsável pela interligação mecânica entre os segmentos corporais.
Quase todos os movimentos executados no dia-a-dia envolvem uma
coordenação sinérgica entre os membros e a coluna. Dessa forma, o
funcionamento da coluna é diretamente relacionado com a qualidade de
vida (CAMPOS, 2005). Ações antecipatórias podem configurar a coluna
para otimizar a movimentação dos membros inferiores e a absorção dos
impactos. Em decorrência desses fatores, durante o andar, a forma
geométrica da coluna adapta-se e oscila, realizando um ciclo completo
por passada no plano frontal e dois no sagital (CALLAGHAN; PATLA;
70
MCGILL, 1999; SAUNDERS et al., 2005). Este comportamento foi
semelhante durante uma revolução do ciclo do pedal nos achados de
Kleinpaul (2007) e Kleinpaul et al. (2008) e também no presente estudo
tanto para a coluna lombar quanto para a pelve (Figuras 9 a 15), ambos
avaliando ciclistas recreacionais.
Os resultados de Kleinpaul (2007) e Kleinpaul et al. (2008) mostram
grandes semelhanças no comportamento angular da coluna lombar nas
duas posições avaliadas (descanso e inclinada) as quais indicaram que o
início, o meio e o fim do ciclo do pé-de-vela influenciam mais na
cinemática da pedalada, visto que se trata de um movimento cíclico, no
qual os membros inferiores encontram-se em oposição de fase, o que
gera uma situação simétrica no início e na metade do ciclo onde os
mesmos encontram-se ou mais flexionados ou mais estendidos.
Perceberam um aumento da amplitude de flexão proporcional na parte
baixa da lombar (L4-L5), principalmente na posição inclinada. Uma
maior amplitude angular em relação a inclinação lateral na região mais
baixa da lombar (L4-L5) pode ser observada, principalmente na posição
de descanso. A amplitude de rotação apresentou um valor próximo de 5
graus. Concluíram que houve grande variabilidade, em média, nos
resultados obtidos para a flexão-extensão, sendo que os maiores valores
foram encontrados ao final da fase de propulsão da pedalada, próximo
ao PMI, para todos os segmentos analisados, exceto o segmento L1-L2
na posição inclinada que apresentou maior angulação no início do ciclo,
para ambas as posições avaliadas. para movimentos de inclinação
lateral e rotação notou-se uma relativa rigidez nesta região da coluna,
sendo que a maior inclinação lateral ocorreu próximo a metade do ciclo
enquanto que os maiores valores de rotação para a direita foram
encontrados neste ponto do ciclo. Observou-se a maior inclinação
lateral, exceto no segmento L1-L2 para ambas as posições, e em L3-L4
para a posição inclinada, na parte final do ciclo de pedalada (PMS), com
os segmentos apresentando maior angulação próximo do final da fase de
propulsão do ciclo (PMI). Em ambas as posições a maior rotação para a
esquerda ocorreu na fase final do ciclo de pedalada, próximo ao ponto
morto superior (PMS) e a maior rotação para a direita ocorreu na metade
do ciclo, próximo ao ponto morto inferior (PMI), considerando-se o pé-
de-vela (PDV) direito. Todos os resultados corroboram com o estudo de
White e Panjabi (1978b), demonstrando as possibilidades de
movimentação da coluna vertebral em relação aos seus graus de
liberdade, tanto em valores absolutos, quanto considerando
características de comportamento angular.
Estes valores, em termos de amplitude de flexão, foram
71
semelhantes aos resultados encontrados no presente estudo (maiores
amplitudes na porção inferior em ambas as situações) (Figuras 16 e 17)
e contrários aos valores de amplitude de inclinação lateral dos
segmentos, os quais foram maiores em direção aos segmentos
superiores, em ambas as situações (Figuras 18 e 19). Ao longo do ciclo,
na situação ajustada (Figura 12) o comportamento encontrado também
foi semelhante, com exceção de L2-L3 e L4-L5 que apresentaram maior
flexão no início e fim do ciclo e menor flexão no final da fase de
propulsão (PMI), já na situação desajustada (Figura 13) somente o
segmento L5-S1 apresentou maior flexão no início e meio do ciclo
enquanto que os outros segmentos apresentaram este comportamento no
início e no fim do ciclo. Para ambas as situações, tanto na inclinação
lateral (Figuras 10 e 11) quanto na rotação (Figuras 14 e 15) todos os
segmentos avaliados apresentaram maior deslocamento para a direita na
fase final de propulsão, concordando com Saunders et al. (2005) e
Kleinpaul (2007), o que evidencia que a coluna lombar tem seu
comportamento influenciado pelo movimento dos membros inferiores.
A rotação pélvica durante o ciclismo é importante porque
influencia a aerodinâmica, a eficiência e a ocorrência de lesões por
excesso de treino. Mueller, McEvoy e Everett (2005) investigaram se a
posição pélvica sofre influência devido ao longo período sentado
durante o ciclismo. Trinta ciclistas de elite internacional, 15 da categoria
estrada e 15 da categoria MTB participaram dos testes. Em situação
dinâmica, utilizaram análise cinemática de marcadores de superfície
refletivos fixados nas espinhas ilíacas póstero e ântero superiores para
obter a medida em graus da rotação pélvica anterior, pelo ângulo entre
estes dois marcadores e a horizontal. Para os ciclistas de estrada
encontraram uma rotação média de 16,9°±5,1° (amplitude de 19,8°) e
para os ciclistas de MTB encontraram uma rotação média de 26,2°±7,8°
(amplitude de 32,5°). Não foram encontradas relações estatísticas entre
as duas posições de prova. Concluíram que a amplitude angular
alcançada durante longo período sentado no ciclismo pode ter pequena
relevância para a posição que o ciclista utiliza nesta modalidade. Estes
dados são superiores aos achados no presente estudo, sendo que foram
encontradas amplitudes de rotação, para o segmento L5-S1 de 11,8º na
situação ajustada (Figura 20) e de 8,3° na situação desajustada (Figura
21). Provavelmente esta diferença se deve ao fato destes pedalarem em
cadência moderada (70 a 80 rpm), por se tratar de ciclistas recreacionais,
que o movimento da pelve e da coluna são provocados pelo
movimento dos membros inferiores (CAMPOS, 2005).
Em se tratando de rotação, poucos estudos utilizaram
72
metodologias semelhantes a aqui utilizada, com hastes, para a
determinação da mesma. Os resultados do presente estudo apresentaram
comportamento parecido com os encontrados para a marcha (WHITTLE;
LEVINE, 1999; SCHACHE et al., 2002; SCHACHE et al., 2003) tanto para a
flexão como para a inclinação lateral e para a rotação, apesar de não ser
o mesmo gesto motor, mas similar (Figuras 10 a 15).
Whittle e Levine (1999) representaram a movimentação da coluna
lombar, através da fixação de marcadores reflexivos e de hastes na
junção toraco-lombar e no sacro. Encontraram valores médios no plano
sagital para a pelve e para a lombar de 2,79±0,76º e 3,98±1,21°,
respectivamente, no plano frontal de 7,72±2,26º e 7,55±1,65º e no plano
transverso de 10,40±3,22º e 8,34±2,19º. No plano sagital, a mudança na
lordose lombar durante o ciclo da marcha foi consistente para cada
sujeito, mas variou consideravelmente entre eles. A coordenação de fase
entre a inclinação pélvica e a lordose lombar também variaram
consideravelmente entre os sujeitos. No plano frontal, houve um padrão
muito mais consistente de movimento, a inclinação lombar lateral
geralmente seguiu o padrão de obliquidade pélvico, embora houvesse
alguma curva lateral adicional, apenas antes do contato inicial,
sobreposta na relação geralmente linear. O plano transversal mostrou
oscilação semelhante entre rotação axial da pelve e rotação axial da
coluna lombar, a não ser que o movimento pélvico era um pouco maior,
e aconteceu depois no ciclo da marcha que o movimento da coluna
lombar. A lordose lombar teve seu próprio padrão de movimento, não
sendo simplesmente um reflexo do movimento pélvico. Seguiu o
movimento pélvico de perto no plano frontal. Aqui, o comportamento de
flexão lombar (Figuras 12 e 13) também foi semelhante ao de
anteversão pélvica (Figura 9), sendo que na situação de selim ajustado
(Figura 12) esta coordenação foi bem mais consistente, ou seja, a flexão
lombar seguiu o movimento pélvico estreitamente ao longo do ciclo.
Vogt, Pfeifer e Banzer (2002) avaliaram o movimento angular da
coluna lombar e da pelve durante a marcha. Para a pelve, encontraram
amplitude angular durante a passada de 4,9° no plano sagital, 4,4° no
plano frontal e 4,4° no plano transverso. Para a coluna lombar
encontraram amplitude angular de 4,1° no plano sagital, 2,8° no plano
frontal e 8,6° no plano transverso. Estes dados também assemelham-se
aos encontrados por Sauer et al. (2007) e Schache et al. (2002) e superiores
aos encontrados por Whittle e Levine (1999).
O estudo do movimento pélvico durante o ciclismo utilizando
análise de vídeo através da fixação de marcadores reflexivos na espinha
ilíaca ântero superior e uma tríade de marcadores fixados em uma haste
73
metálica inserida na crista ilíaca lateral (fixada de forma invasiva na
pelve) foi objetivo de estudo de Neptune e Hull (1995). No eixo X
(inclinação lateral) as maiores amplitudes foram encontradas entre o
segundo e o terceiro quadrantes do ciclo (180°), sendo esta de 0,5 cm e
as menores amplitudes no início e no final do ciclo (valores próximos a
zero). Para o eixo Z (rotação) o movimento característico foi semelhante
ao encontrado em outros estudos (KLEINPAUL, 2007; SAUER et al., 2007;
KLEINPAUL et al., 2008) sendo maior para a direita no início e no final
do ciclo (próximo a 2 cm) e menor na metade do ciclo (próximo a
-2 cm). Este comportamento foi semelhante ao encontrado no presente
estudo, haja vista a limitação da instrumentação do mesmo, para a
anteversão pélvica (Figura 9) e para a inclinação lateral (Figuras 10 e
11) e rotação lombar (Figuras 14 e 15) em ambas as situações avaliadas,
indicando que este comportamento é característico do ciclismo.
Sauer et al. (2007) investigando os efeitos da posição das mãos no
guidom sobre o movimento da pelve ao longo de um ciclo de pedalada
através da cinemática de uma tríade de marcadores, situados em marcos
pélvicos posteriores, encontraram variações angulares maiores com a
pelve rodando internamente (~3º) e lateralmente (~2º) para a posição
aerodinâmica, atingindo ângulos de inclinação lateral e rotação interna
máxima perto do ponto morto inferior (PMI). A inclinação anterior da
pelve oscilou duas vezes em um ciclo de pedalada com a máxima
inclinação anterior correspondente à posição do ponto morto superior
(PMS) do PDV. A posição aerodinâmica causou no quadril inclinação
nas direções anterior e inferior, mas não alterou substancialmente a
forma das excursões angulares, o que concorda com Kleinpaul (2007),
Kleinpaul et al. (2008), Saunders et al. (2005) e com o presente estudo. Sauer
et al. (2007) encontraram ainda, para homens, na posição de descanso,
rotação pélvica média de 5°, inclinação lateral média de e anteversão
pélvica média de 12°. A anteversão pélvica média na posição
aerodinâmica foi de 20°. Quanto ao comportamento pélvico ao longo do
ciclo de pedalada, ocorreu maior flexão no início, meio e fim do ciclo,
enquanto que a maior inclinação lateral e rotação ocorreram ambos no
meio do ciclo (180° ou PMI). Resultados muito semelhantes a estes
foram encontrados por Schache et al. (2002), ao longo de um ciclo de
passada, avaliando o comportamento angular da coluna lombar durante a
corrida e aos encontrados no presente estudo avaliando o ciclo de
pedalada. Isso sugere grande semelhança de comportamento motor
comparando a marcha e o ciclismo.
Burnett et al. (2004) ao examinar se existem diferenças na
cinemática da coluna em ciclistas com e sem dor lombar crônica
74
inespecífica encontraram valores de flexão pélvica variando entre 23,2°
e 23,4° (0,1°) e de flexão sacral na altura de S2 variando de 24,9° a
25,3° (0,5°) e na altura de L3 variando de 26,8° a 27,2° (0,4°) ao longo
do ciclo de pedalada para os ciclistas saudáveis. Já para os ciclistas com
dor lombar estes valores variaram, respectivamente entre 15° e 16,1°
(1,1°), manteve-se em 38,6° (0°) e 18,9° e 19,3° (0,4°). Em relação a
rotação, para os ciclistas saudáveis, encontraram valores de rotação
pélvica variando entre 5,6° e 6,4° (0,9°), rotação sacral na altura de S2
variando entre 1,6° e 2,2° (0,6°) e na altura de L3 variando entre 3,4° e
7,8° (4,4°) ao longo do ciclo de pedalada. Para os ciclistas com dor estes
valores variaram, respectivamente entre 5,2° e 8,1° (2,9°), manteve-se
em 3,4° (0°) e entre 5,1° e 5,3° (0,2°). Estes achados mostram que a
cinemática da coluna para ambos os grupos manteve-se estável ao longo
do ciclo de pedalada (sem diferenças estatisticamente significativas).
Estes dados apresentaram amplitudes menores às encontradas nos
estudos de Usabiaga et al. (1997), Kleinpaul (2007) e Kleinpaul et al. (2008) e
também no presente estudo. A utilização de uma bicicleta desajustada
pode provocar a ocorrência de desconfortos e dores corporais, dentre
elas, dor lombar, pélvica e cervical que podem ser agravadas devido à
prática continuada (MARTINS et al., 2006a) e, devido a ocorrência de
desconforto ou dor, ocorrem ações antecipatórias que limitam a
amplitude de movimento (CALLAGHAN; PATLA; MCGILL, 1999).
White e Panjabi (1978b) apresentam as amplitudes dos segmentos
da coluna nas três direções. A maior flexão-extensão em L1-L2 foi de
12°, aumentando para 19° em L5-S1, a inclinação lateral variou, mas
diminuiu em direção a S1 e a rotação apresentou as menores amplitudes,
sendo que em S1 ocorreu a maior rotação (4°). Deve ser notado que,
embora a coluna toraco-lombar ser considerada uma única estrutura, o
movimento no plano sagital origina-se primeiramente na região lombar,
enquanto que a mobilidade neste plano geralmente diminui na
extremidade inferior da coluna lombar comparada às regiões torácicas
superiores (WHITE e PANJABI, 1978b). No presente estudo, os valores de
flexão também aumentaram na porção inferior, só que apresentaram
valores menores (2,9° em L4-L5 na situação ajustada e de 2,7º em L5-
S1 na situação desajustada) (Figuras 16 e 17), a inclinação lateral
também diminuiu em direção a L5-S1 em ambas as situações, que
apresentaram valores maiores (19° na situação ajustada e 15º na situação
desajustada em L1-L2) (Figuras 18 e 19), enquanto que as maiores
amplitudes de rotação ocorreram em L2 e L5 em ambas as situações
(11º ajustado e 8º desajustado) (Figuras 20 e 21).
No estudo de Van Herp et al. (2000) avaliando a cinemática 3D de
75
100 sujeitos saudáveis, foram encontrados valores médios de flexão de
55,4±9,1°; 23,1±10,3° de extensão; 21,7±6,4° de inclinação lateral para
a esquerda, 22,8±6,de inclinação lateral para a direita, 14,1±5,5° de
rotação para a esquerda e 13,1±5,5° de rotação para a direita (horária).
Estes valores foram encontrados com a realização específica de cada um
destes movimentos, sendo que estes valores de flexão foram bem
superiores aos encontrados no presente estudo, enquanto que os valores
de inclinação lateral e de rotação foram semelhantes, indicando que o
ciclismo não provoca movimentos biomecanicamente desfavoráveis que
sobrecarreguem a coluna lombar que agridam as estruturas que
compõem esta região, pois os mesmos estão dentro dos padrões
esperados e também considerados normais, mesmo com o selim
desajustado, concordando também com White e Panjabi (1978b) e
Usabiaga et al. (1997).
Diefenthaeler et al. (2008b) encontraram para a flexão do tronco,
valores similares para os três ciclistas avaliados. O ângulo de flexão do
tronco não apresentou alteração significativa no seu movimento no
plano sagital ao longo do ciclo do PDV. Para todos os ciclistas
avaliados, a maior flexão do tronco foi observada no segundo quadrante
da pedalada (entre 90° e 180° do ciclo de pedalada). Uma pequena
amplitude de movimento foi observada, variando entre e 5°, com
ângulo médio (desvio-padrão) de 38° (±5°). Estes valores são similares
aos reportados pela literatura (BRESSEL e LARSON, 2003; SAVELBERG;
VAN DE PORT; WILLEMS, 2003). O ângulo de flexão da coluna ao longo
do ciclo de pedalada apresentou um valor médio de 149° (±8°) e uma
amplitude angular que variou entre e 11°. A flexão lombar também
apresentou um padrão de movimento similar para os ciclistas avaliados.
A amplitude de movimento variou entre 3° e 10°, e os valores máximo e
mínimo foram similares, ambos acorrendo entre o segundo e o terceiro
quadrante da pedalada. Na média, o ângulo de flexão lombar apresentou
um valor de 57° (±6°). Este comportamento se repetiu no presente
estudo, sendo que os valores de amplitude de flexão lombar também
foram pequenos (Figuras 16 e 17), apesar das diferenças metodológicas
e amostrais entre os estudos.
No presente estudo (Figuras 9, 12 e 13) uma maior variabilidade
foi observada, em média, nos resultados obtidos para a flexão/extensão,
o que pode estar diretamente relacionado com o número e a distribuição
dos pontos (BRENZIKOFER et al., 2001), mas também com o tipo de
movimento específico que ocorre no plano sagital (flexão-extensão) que
realiza dois ciclos completos por passada (CALLAGHAN; PATLA;
MCGILL, 1999; SAUNDERS et al., 2005) e também durante um ciclo de
76
pedalada, como pode-se observar nos estudos de Kleinpaul (2007), Sauer
et al. (2007) e Kleinpaul et al. (2008). para movimentos de inclinação
lateral (Figuras 10 e 11) notam-se maiores amplitudes nesta região da
coluna, indo de encontro as observações de Brenzikofer et al. (2000).
Poucos estudos tratam dos movimentos de rotação axial nesta região,
sendo que os valores encontrados (Tabela 6 e Figuras 14 e 15) vão ao
encontro dos apresentados por White e Panjabi (1978b), Neptune e Hull
(1995), Usabiaga et al. (1997) e Sauer et al. (2007).
5.3 CONFORTO E AJUSTE DE SELIM UTILIZADO
No esporte, os ciclistas constantemente apresentam dores nas
costas, mais especificamente na região lombar (SALAI et al., 1999).
Porém, poucos são os estudos que discutem essa observação (GREGOR;
CONCONI, 2000; PEQUINI, 2005). Usabiaga et al. (1997) relatam que o
desequilíbrio que ocorre entre a atividade dos músculos flexores e
extensores pode causar dor lombar em indivíduos sem preparo físico.
Em relação ao ajuste do selim e o desconforto, tanto geral, quanto
para o desconforto lombar, com o selim ajustado, nenhum ciclista
relatou desconforto, enquanto que para o selim desajustado um ciclista
relatou desconforto na região lombar e três relataram desconforto geral
ou em outras regiões do corpo. Esta pequena diminuição no número de
relatos de desconfortos pode estar associado ao curto tempo das
avaliações, mas também pode ser devido ao pequeno grupo de ciclistas
avaliados. Mesmo assim Alencar e Matias (2009) reforçam que o ajuste da
bicicleta deve ser individualizado, independentemente de o ciclista ser
profissional ou recreacional.
Desconfortos corporais em locais específicos durante a pedalada
também foram destacados pelos ciclistas avaliados por Martins et al.
(2006a). Para os 17 ciclistas recrecionais, na situação de desajuste, foram
detectados cinco desconfortos na região lombar, um cervical e mais um
desconforto em outras regiões, já para a situação bicicleta ajustada,
detectou-se apenas um desconforto no joelho. Para os 19 ciclistas
competitivos foram detectados um desconforto na região lombar e mais
um desconforto no joelho com a bicicleta ajustada, e para a situação
bicicleta desajustada, detectou-se um desconforto lombar, um cervical,
um no joelho e três desconfortos em outros locais. Os resultados
apresentados sugerem que erros no posicionamento corporal dos
ciclistas na bicicleta, tanto em ciclistas recreacionais quanto em
competitivos, podem ser fatores que corroboram para o surgimento de
77
desconfortos que podem acarretar lesões pela prática continuada. No
presente estudo cinco dos oito ciclistas relataram algum tipo de
desconforto na situação desajustada enquanto que nenhum relatou
desconforto após o ajuste, o que segue a mesma tendência do estudo de
Martins et al. (2006a).
Groenendijk, Christiaans e van Hulten (1992) relataram que mais de 1
milhão de ciclistas da Holanda sofrem de desconfortos no selim.
Desconfortos tanto para homens quanto para mulheres ocorreram
mesmo durante curtos percursos de ciclismo (3-10 km). Estes dados vão
ao encontro aos do presente estudo, tanto em relação ao desconforto do
selim, que 7/8 dos ciclistas avaliados consideraram o selim de suas
bicicletas desconfortável ou pouco confortável, como em relação ao
curto período de pedalada, que ciclistas recreacionais avaliados não
costumam pedalar mais que duas horas por dia.
Bressel e Larson (2003) verificaram os efeitos de diferentes
modelos de selins sobre os ângulos de tronco e pelve e conforto de
ciclistas do sexo feminino. Foram avaliadas 20 ciclistas que pedalaram
em uma bicicleta estacionária com as mãos posicionadas na parte
superior e inferior do guidom e com a utilização de três modelos de
selim (plano, parcialmente vazado e vazado). O nível de conforto foi
mensurado subjetivamente através de um ranqueamento do mais para o
menos confortável. Seus resultados mostraram que um total de 55% (11)
dos sujeitos classificaram o selim parcialmente vazado como o mais
confortável, e 30% (6) classificaram o selim plano como o mais
confortável. Estes dados indicam que um selim parcialmente vazado
pode ser mais confortável que os modelos plano e vazado. Estes dados
não podem ser diretamente comparados com os do presente estudo,
apesar de ambos terem utilizado escalas subjetivas de avaliação do
conforto e respondidas pelos sujeitos avaliados logo após a realização
dos testes, já que o objetivo não foi o mesmo. Porém, pode-se notar que
em relação ao conforto do selim, 1/8 dos ciclistas classificou o conforto
do selim de suas bicicletas bom, 5/8 consideraram pouco confortável e
2/8 consideraram nada confortável. Após o ajuste da altura do selim,
durante as avaliações, 4/8 dos ciclistas consideraram que houve melhora
no conforto.
Para o posicionamento da parte superior do corpo os ciclistas
tipicamente ajustam seu alcance de acordo com seu conforto, com o
nível de condicionamento dos músculos das costas e a distância a ser
percorrida (BURKE; PRUITT, 1996). Burke e Pruitt (1996) ressaltam que
no ciclismo MTB, a posição superior do corpo é na maior parte dos
casos estendida. Como no presente estudo foram avaliados ciclistas
78
MTB recreacionais, provavelmente o conforto dos mesmos esteja
relacionado ao condicionamento físico dos músculos de suas costas
(USABIAGA et al., 1997) e a não familiaridade a uma posição um pouco
mais estendida (SALAI et al., 1999; PEQUINI, 2005), característica do
ciclismo de estrada. Pequini (2005) acrescenta que a dor lombar de
ciclistas pode ser atribuída, em parte, a extensão anatômica entre a pelve
e a coluna, que resulta em força de tensão ao longo do ligamento
anterior longitudinal da coluna lombar, que aumenta como resultado de
ficar sentado no selim, reclinando-se sobre o guidom, na chamada
postura aerodinâmica.
No presente estudo a pequena relação entre ajuste do selim tanto
com conforto geral como com o conforto na região lombar pode estar
diretamente relacionada a preferência pela posição mais baixa do selim,
que a quase totalidade dos ciclistas avaliados relatou não ter
conhecimento de nenhum protocolo de ajuste. Adicionalmente, a não
preferência pela postura ajustada foi justificada na maioria dos casos por
causar estranheza nos avaliados, ou seja, a posição do corpo ficava em
uma condição nunca utilizada anteriormente pelos mesmos para pedalar.
Segundo Martins et al. (2007) o ciclista recreacional utiliza a bicicleta
para muitos fins, o que o leva a não ter um cuidado específico em
relação à prática do esporte. A preferência pela postura desajusta pode
ser explicada pelo fato de os ciclistas recreacionais não terem o
desempenho como principal fator determinante do posicionamento na
bicicleta (PEQUINI, 2005), principalmente em função de um menor
tempo de prática, comparando-se com ciclistas competitivos.
Mellion (1994) afirma que a coluna lombar é a plataforma que o
ciclista usa para controlar e impulsionar a bicicleta e a firmeza da
mesma, em grande parte, determina o conforto e a qualidade do
ciclismo. Idealmente, a lombar estará em uma posição estável com as
tuberosidades isquiais situadas confortavelmente na parte traseira do
selim. O equilíbrio (dos movimentos para os lados, para frente e para
trás) desta plataforma é crítico por causa da transmissão efetiva da força
aos pedais e da resistência do ciclista (MELLION, 1994).
Segundo Usabiaga et al. (1997) a carga mecânica global sobre a
coluna é reduzida quando se apóia o peso sobre os membros superiores
(posição aerodinâmica), fato este que pode repetir-se com a elevação do
selim (ajuste), que isto irá projetar o peso do ciclista para frente.
Porém uma posição mais inclinada pode aumentar a compressão anterior
dos discos intervertebrais, vindo a causar desconfortos e dor nesta região
(HENNEMANN; SCHUMACHER, 1994; NACHEMSON, 1999; ADAMS et
al., 2002; ASPLUND; WEBB; BARKDULL, 2005). Os dados do presente
79
estudo confirmam a melhora do conforto com o ajuste do selim. Pequini
(2005) verificou que a posição anti-anatômica de flexão do tronco é o
motivo das dores na coluna vertebral que tem vitimado inúmeros
ciclistas, confirmando a necessidade de se manter as curvaturas naturais
da coluna lombar quando se está pedalando.
O posicionamento do ciclista sobre a bicicleta gera um padrão de
orientação da coluna que altera a posição natural do ser humano. A
posição do ciclista na bicicleta em qualquer que seja a modalidade,
produz uma inversão do ângulo intervertebral e modifica a transmissão
de pressão para os discos vertebrais (USABIAGA et al., 1997)
comprimindo a parte anterior do disco e distendendo os ligamentos da
parte posterior, implicando em dores na região lombar (ASPLUND;
WEBB; BARKDULL, 2005). O desequilíbrio que ocorre entre a atividade
dos músculos flexores e extensores pode causar dor lombar em
indivíduos sem preparo físico (USABIAGA et al., 1997). No presente
estudo isto não se confirmou, pois ocorreu aumento da flexão lombar
com o ajuste do selim enquanto que os desconfortos diminuíram. Porém,
após o ajuste ocorreram menores valores médios de inclinação lateral e
de rotação, o que pode ter sido determinante para a melhora da sensação
de conforto.
Christiaans e Bremner (1998) realizaram um levantamento
detalhado dos ajustes corretos a serem utilizados na regulagem geral de
bicicletas. O foco foi a mensuração das preferências adotadas pelos
ciclistas, e a comparação com medidas corporais. O estudo procurou
investigar fatores relacionados com o conforto e a validade dos ajustes
relacionados. Os resultados mostraram que os ajustes encontrados nas
bicicletas comerciais são questionáveis por não levarem em conta
fatores individuais de medidas antropométricas. Concluíram com isso
que o conforto sobre a bicicleta é fortemente determinado pelas
necessidades e preferências individuais. Coincidentemente, a única
medida física que prediz confiavelmente a geometria preferida para a
bicicleta no estudo de Christiaans e Bremner (1998) é a altura entre pernas,
que determina a distância adequada entre o selim e o pedal, a qual foi
utilizada como referência para o ajuste do selim no presente estudo.
Salai et al. (1999) objetivaram avaliar as possíveis causas da dor
lombar em ciclistas e sugeriram uma solução para o ajuste apropriado da
bicicleta. Foram avaliados ciclistas em três tipos de bicicletas. A
angulação pélvica e lombar foi mensurada assumindo-se posições
diferentes sobre a bicicleta, e relatando os vetores de força atuando no
períneo. A hiperextensão lombo-pélvica resultou em um aumento nas
forças tensivas no períneo. Estas forças foram facilmente reduzidas com
80
o apropriado ajuste da angulação do selim. Os achados da análise
biomecânica, quando aplicados em um grupo de ciclistas, mostraram
que após os ajustes adequados da angulação do selim, a maioria dos
ciclistas (>70%) apresentou diminuição na incidência e na magnitude
das dores lombares. Esse estudo sugere, então, que um dos principais
fatores relacionados à dor lombar no ciclismo é dependente do ajuste do
selim. Isto concorda com os dados do presente estudo que mostraram
redução no desconforto após o ajuste.
Diversos outros ajustes têm sido abordados na literatura, como,
por exemplo, o ângulo de inclinação do selim, indicando que uma leve
inclinação para baixo (10° a 15°) pode evitar dores na lombar,
independente de gênero, idade ou tipo de bicicleta (SALAI et al., 1999). O
modelo da bicicleta condiciona adaptação espinhal as posições adotadas
no ciclismo de acordo com o biotipo do atleta, dimensões do quadro, e
posição de agarre do guidom (HAMLEY; THOMAS, 1967).
Erros no ajuste da bicicleta podem também ser responsáveis por
desequilíbrios na distribuição de peso entre as rodas, alterações na
pressão da região dos ísquios e períneo no contato com o selim
(DAGNESE et al., 2007, CARPES et al., 2009) e sobrecargas na região
lombar (PEQUINI, 2005; SALAI et al., 1999; MARTINS et al., 2007) e
articulação do joelho (MARTINS et al., 2006a).
81
6 CONCLUSÕES
Tendo em vista os objetivos estabelecidos e a partir dos
resultados apresentados nesse estudo, destacam-se as seguintes
conclusões:
a) Em relação a amplitude angular dos segmentos lombares, pode-se
perceber que na situação de selim ajustado ocorreram os maiores valores
médios de flexão, inclinação e rotação. Em relação as médias angulares
a flexão foi maior na situação ajustada enquanto que as maiores médias
de inclinação e rotação ocorreram na situação de desajuste do selim,
evidenciando a importância da utilização do ajuste correto do mesmo.
b) Quanto ao comportamento ao longo do ciclo, pode-se perceber que a
flexão tem um comportamento diferenciado, ou seja, ocorrem dois
ciclos de flexão-extenção durante um ciclo completo do PDV enquanto
ocorre apenas um ciclo de inclinação lateral ou de rotação neste mesmo
período. A flexão não apresentou um comportamento regular em todos
os segmentos, sendo que na posição ajustada os maiores valores foram
encontrados no início e no meio do ciclo, com exceção dos segmentos
L2-L3 e L4-L5, nos quais os maiores valores foram encontrados no
início e no fim do ciclo. Na posição desajustada, os maiores valores
ocorreram no início e no fim do ciclo, com exceção de L5-S1, no qual
os maiores valores ocorreram no início (PMS) e no meio (PMI) do ciclo
do PDV.
Para a inclinação lateral e para a rotação os maiores valores
foram encontrados respectivamente no PMI e no PMS, sendo que no
PMI ocorreu a máxima inclinação para a direita e a máxima rotação para
a direita e no PMS a máxima inclinação lateral para a esquerda e a
máxima rotação para a esquerda (Considerado o PDV direito), em
ambas as situações para todos os segmentos avaliados, demonstrando
maior regularidade neste tipo de movimento. Por se tratar de um
movimento cíclico, as maiores diferenças ocorreram no início, meio e
fim do mesmo, confirmando a oposição de fases que ocorre
normalmente ao longo de um ciclo de PDV.
c) Acredita-se que a saúde dos usuários tem relação com a ergonomia, e
a mesma deve ser adotada, que após o ajuste foi relatado um número
82
menor de desconfortos, apesar do curto período dos testes. Aconselha-se
que a altura do guidom deva ser elevada na mesma proporção que o
selim para que a flexão da coluna não seja tão pronunciada, que estes
valores foram os únicos que aumentaram após o ajuste. O ajuste deve
ser utilizado gradualmente levando-se em consideração as necessidades
e preferências de cada ciclista.
6.1 RECOMENDAÇÕES
a) Apesar de serem discretas as diferenças de amplitude angular
encontradas, devemos ter em mente que situações que combinem flexão
com inclinação, rotação com inclinação, ou rotação com flexão são
potencialmente lesivas aos discos intervertebrais. Devido a isso, sempre
que possível, devemos evitar tais combinações, principalmente em
amplitudes que se aproximem dos limites fisiológicos e biomecânicos
do corpo. Os valores aqui encontrados, tanto na situação desajustada
quanto ajustada, não ultrapassaram os valores fisiológicos, indicando
que nenhuma dessas situações de ajuste prejudica a coluna lombar.
b) Bicicletas fabricadas para fins recreacionais devem permitir maiores
amplitudes de ajuste tanto do selim quanto do guidom para evitar
posturas muito fletidas e que comprimam os discos intervertebrais e que,
por vezes, requerem o reforço muscular da região dorsal, característica
que os ciclistas recreacionais geralmente não possuem. Outro fator que
deve ser considerado é o conforto do selim, já que apenas um dos
ciclistas avaliados classificou o selim de sua bicicleta como sendo
confortável.
6.2 SUJESTÕES
a) Para estudos futuros, em relação a instrumentação, pode-se sugerir
mais estudos que monitorem o movimento de rotação, pois os poucos
estudos que analisaram esta componente angular limitaram-se apenas ao
movimento pélvico. O estudo desta componente faz-se importante, pois
a combinação da rotação com a flexão ou com a inclinação lateral é
83
potencialmente lesiva e pode provocar dores lombares e até mesmo
lesões nesta estrutura.
b) Sugere-se também que sejam realizados estudos com mulheres, pois a
literatura relata que as mesmas geralmente apresentam maiores
amplitudes de movimento lombar e pélvico, o que pode trazer
consequências diferenciadas em relação aos homens.
84
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97
APÊNDICES
98
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO
Titulo do Projeto de Pesquisa
“EFEITO DE DIFERENTES AJUSTES DO SELIM SOBRE O
CONFORTO E A CINEMÁTICA ANGULAR DA COLUMA
LOMBAR DE CICLISTAS”
Você está sendo convidado a participar como voluntário da
pesquisa intitulada: “Efeito de diferentes ajustes do selim sobre o
conforto e a cinemática angular da coluna lombar de ciclistas” a ser
realizada junto ao Laboratório de Biomecânica (BIOMEC), vinculado
ao Centro de Educação Física e Desportos (CDS) da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Com sua adesão ao estudo, você
ficará disponível para os seguintes testes: (a) Avaliação antropométrica
para ser determinada a caracterização morfológica dos participantes; (b)
Realização de dois testes pedalando em uma bicicleta devidamente
ajustada as características corporais de cada sujeito para a aquisição de
cinco ciclos consecutivos de pedalada para cada uma das duas situações
de ajuste do selim, em uma taxa de produção de potência de 150 w,
característica do ciclismo recreacional, de acordo com BURKE e PRUITT
(2003).
Todas as informações coletadas são estritamente confidenciais,
pois, somente os pesquisadores terão acesso aos dados coletados da
pesquisa. Sendo que esses dados serão armazenados em mídia eletrônica
(CD e DVD). Os participantes poderão ter acesso somente aos seus
dados, na forma de relatórios expedidos pelos pesquisadores. Todos os
formulários de avaliações e de observação, e os termos de
consentimento serão guardados em envelope lacrado por um período de
cinco anos no Laboratório de Biomecânica em armário chaveado ou
então na sala do professor responsável. Dessa forma, o anonimato dos
sujeitos está totalmente assegurado.
Os riscos pertinentes ao protocolo são aqueles inerentes a
qualquer prática de exercícios recreacionais. Estes riscos podem ser
esclarecidos a qualquer momento pelo responsável dos testes e tendem a
ser minimizados pela avaliação clinica antes dos testes. Da mesma
forma, os pesquisadores responsáveis por este estudo estarão preparados
para qualquer emergência efetuando os primeiros socorros.
Você estará contribuindo de forma única para o
desenvolvimento da ciência, dando possibilidade a novas descobertas e
99
ao avanço das pesquisas. Além disso, esta pesquisa aborda informações
que podem ser utilizadas na prática pelos ciclistas e orientadores físicos
envolvidos com a atividade física, os quais visam planejar uma atividade
física mais eficiente, melhorando a performance do ciclista e evitando
riscos de lesões a partir dos resultados das análises dos dados
cinemáticos da coluna lombar dos sujeitos.
Se você estiver de acordo em participar deste estudo,
garantimos que as informações fornecidas serão confidenciais e serão
utilizadas neste trabalho. Da mesma forma, se tiveres alguma dúvida em
relação aos objetivos e procedimentos da pesquisa, pode, a qualquer
momento, entrar em contato conosco pelos telefones (48) 3721-8530 /
(48) 9144-8222 ou pessoalmente no Laboratório de Biomecânica do
CDS-UFSC.
As pessoas que lhe acompanharão serão o Prof. Dr. Antônio
Renato Pereira Moro e o acadêmico de mestrado de Educação Física
Julio Francisco Kleinpaul.
Agradecemos desde já a sua colaboração e participação.
_________________________
Prof. Dr. Antônio Renato Pereira Moro
(Pesquisador Responsável)
100
CONTATO:
Laboratório de Biomecânica – BIOMEC
Tel. 48 3721-8530
Acadêmico: Julio Francisco Kleinpaul
e-mail: juliofk@gmail.com
Tel: (48) 9144-8222
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMADO
Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa; que recebi
de forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os
dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que, neste estudo, as
medições dos experimentos/procedimentos serão feitas em mim.
Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.
Nome por extenso____________________________________________________
Assinatura_________________________________________________________
Florianópolis: ________/_______/_________
101
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO
Avaliado (a): _____________________________________________
Idade: ______ anos. Estatura: _______ cm. Peso: ____ kg.
Sexo: ( ) M ( ) F
1- Já foi avaliado na bicicleta anteriormente?
( ) Não ( ) Sim
Quando e onde:_______________________________
2 - Qual seu membro inferior dominante ( ) direito ( ) esquerdo
3 - É portador de algum tipo de doença? ( ) Não ( ) Sim
Qual?____________________________________________
4 – Já teve alguma lesão óssea ou muscular?
( ) Não ( ) Sim Qual?_____________________________
5 – Se já teve lesões, fez fisioterapia?
___________________________________
QUANTO A PRÁTICA
6 - Frequência de Prática: _______x / semana ou ________ x/ mês.
Quantas horas por treino?___h
7 – Sente-se confortável na bicicleta?
_________________________________________________________
__________________________________________________________
8 - Você sente dor nas costas durante ou após a prática? ( ) sim ( ) não
Onde (região)? ( ) cervical ( ) torácica ( ) lombar
9 – Sente dor em outro local particular do corpo durante ou após a
prática?
( ) sim ( ) não
Onde? ( ) Joelhos, ( ) braços, ( ) quadril, ( ) tornozelo, ( ) punhos,
102
( ) períneo
10 – A bicicleta que você utiliza se adapta a suas características
corporais? ( ) Sim ( ) Parcialmente ( ) Não
11- O selim (banco) da bicicleta é confortável? (0= não confortável; 10=
muito confortável)
( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10
12- Pratica outro tipo de esporte?
( ) Não ( ) Sim. Qual(is)?
_____________________________________________
103
APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO DE RE-AVALIAÇÃO
Re-Avaliado (a):
_________________________________________________
1- Sentiu-se mais confortável na bicicleta após o ajuste?
( ) Sim ( ) Não
Por quê?__________________________________________
2- Sentiu dor/desconforto em algum local do corpo após o ajuste da
bicicleta?
( ) sim ( ) não
Onde? ( ) Joelhos, ( ) braços, ( ) quadril, ( ) tornozelo, ( ) punhos,
( ) costas
3 - Qual seu parecer sobre as avaliações?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
_________________________________
104
APÊNDICE D - ESTUDO PILOTO
Teste de repetibilidade para determinar o erro de medida.
O estudo piloto foi realizado em três etapas: a primeira
constituiu-se da captura de 10 fotografias coletadas em ordem aleatória
de tempo entre as coletas; a segunda etapa foi a digitalização das fotos e
por último o processamento e análise dos dados.
1 OBJETIVOS
1.1 Objetivo geral
Verificar a validade interna da fixação dos marcadores utilizados
para a identificação das amplitudes de movimento da coluna lombar
durante a pedalada por meio da fotogrametria.
1.2 Objetivos específicos
- Verificar a repetibilidade da fixação dos marcadores nos pontos
anatômicos (distância entre eles) nas fotografias realizadas;
- Verificar a repetibilidade da fixação dos marcadores nos pontos
anatômicos (ângulo das hastes) nas fotografias realizadas.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A primeira etapa deste estudo foi realizada entre os dias 22 e
24/04/2009 no Laboratório de Biomecânica da UFSC a uma temperatura
ambiente de 27ºC. Participou deste estudo um indivíduo do sexo
feminino com 23 anos de idade, 1,67 m de estatura e 57 kg de massa
corporal. Utilizou-se uma câmera fotográfica digital Fujifilm modelo
A850, resolução 8.1 mega pixels, esta foi posicionada a 2 m de distância
do avaliado, a 88 cm do solo.
Utilizaram-se cinco hastes com marcadores reflexivos fixadas
com fita adesiva, na qual um avaliador experiente (4 anos de atuação na
área de Biomecânica) fixou-as nos pontos anatômicos pré-estabelecidos
(processo espinhoso da primeira à quinta vértebra lombar) para analisar
a repetibilidade de fixação das hastes tanto em relação a distância entre
elas como para o ângulo de posicionamento de cada uma delas.
105
Foi selecionada a posição sobre a bicicleta como de referência
para a realização do teste.
Figura 1 Posição de referência: sobre a bicicleta, mãos no guidom, tronco em
posição natural e mantendo o pé direito à frente, com o Pé-de-vela a 90° do
ciclo.
Marcação dos pontos anatômicos
A marcação dos pontos anatômicos (PA) foi realizada sobre os
acidentes ósseos da região de interesse. As hastes foram fixadas sobre as
articulações do indivíduo para posterior posicionamento do indivíduo
sobre a bicicleta e captura das imagens. O avaliado não mexia as hastes,
ou seja, permanecia em posição estática.
O indivíduo foi orientado para permanecer na posição por 10
segundos, período este que o avaliador capturou uma fotografia. Isto foi
repetido 10 vezes com intervalos aleatórios de tempo entre cada uma das
fotos.
A segunda etapa deste estudo consistiu na digitalização das 10
fotografias, pelo mesmo avaliador, com o objetivo de verificar a
repetibilidade na marcação dos pontos utilizando o Software para
Avaliação Postural – SAPO, versão 0.68.
Alguns critérios para realizar a coleta e a digitalização das fotos
foram adotados: marcar os pontos com a mão dominante (direita), a
marcação de todos os PA foram refeitas em cada uma das 10 tentativas,
ou seja, em cada fotografia as hastes foram recolocadas nos PA. Para a
106
calibração das imagens utilizou-se a primeira fotografia como modelo
de referência para as demais.
A terceira etapa consistiu no tratamento estatístico. Os dados
foram organizados no programa Microsoft Office Excel 2003 para
Windows
®
. Foi utilizada a estatística descritiva mediante média e desvio
padrão. Para verificar a repetibilidade entre as digitalizações das 10
fotografias utilizou-se o coeficiente de variação (CV), classificado por
Gomes (1990) como baixo quando < 10, médio - entre 11 e 20, alto de
21 a 30 e muito alto > 31.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio do estudo piloto foi possível verificar que existe boa
repetibilidade na fixação das hastes, pois os dados referentes às
digitalizações das fotografias (Tabela 1) apresentaram índices de
variabilidade (CV) baixos.
Quanto à realização das 10 fotografias para a Posição de
Referência, observou-se que ocorreu baixa variabilidade nos valores das
distâncias entre L1-L2, L2-L3, L3-L4 e L4-L5 (Tabela 1) e dos ângulos
das hastes, exceto para L1 que apresentou CV=10,4 e L3 que apresentou
CV=11,8, os quais, segundo Gomes (1990), classificam-se como um CV
médio. Esta baixa variabilidade, que ocorreu no geral, garante que o erro
não será significante o bastante para influenciar os resultados,
garantindo assim um forte controle dos procedimentos. Estas diferenças,
principalmente nos ângulos encontrados, podem ter ocorrido pelo fato
do indivíduo ter que se reposicionar 10 vezes, em momentos diferentes,
na posição estática sobre a bicicleta, e permanecer durante pelo menos
10 segundos nesta posição, consequentemente estando sujeito a
pequenos movimentos corporais. Este período de tempo foi necessário
devido ao processo de armazenamento de cada fotografia, exigido pela
câmera utilizada.
No estudo realizado por Iunes et al. (2005) foram capturadas 2
fotografias com intervalos de 1 minuto entre cada uma, por um mesmo
examinador, os resultados não mostraram níveis aceitáveis de
repetibilidade, sendo que dos 21 ângulos analisados apenas 7 foram
considerados aceitáveis (33%) e constatou-se que houve maiores
variações dos erros-padrão referentes às medidas angulares adquiridas
no plano sagital.
107
Tabela 1 Média (X), desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) para
a distância (cm) entre as hastes das 10 fotografias digitalizadas.
Segmento X ± DP CV
L1-L2 3,5±0,1 3,3
L2-L3 3,7±0,2 5,5
L3-L4 3,9±0,3 8,4
L4-L5 3,8±0,3 7,0
Tabela 2 Média (X), desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) para
o ângulo (graus) de cada haste das 10 fotografias digitalizadas.
Vértebra X ± DP CV
L1 18,0±1,9 10,4
L2 16,6±1,1 6,7
L3 15,2±1,8 11,8
L4 17,1±1,1 6,3
L5 20,7±2,1 10,0
Para Barros e Reis (2003) quanto maior o desvio-padrão maior a
variabilidade dos dados, confirmando que a marcação por estimativa não
é a mais recomendada para a fixação dos marcadores nos PA,
confirmando a importância de um avaliador experiente para a realização
desta tarefa.
Como o avaliador que marcou os pontos anatômicos neste estudo
pode ser considerado experiente (4 anos de prática) e constatou-se baixa
variabilidade dos resultados das diferentes digitalizações das 10
fotografias, as diferenças observadas entre elas podem ter ocorrido
principalmente, devido à movimentação dos PA devido ao
posicionamento sobre a bicicleta. Além disso, neste estudo serão
avaliadas amplitudes angulares, e estas pequenas variações não irão
interferir no resultado final deste tipo de análise.
4 CONCLUSÃO
Diante dos resultados deste estudo piloto pode-se concluir que
existe boa repetibilidade na fixação das hastes e que o sujeito
responsável por esta fixação possui experiência suficiente para realizar
esta tarefa, já que os dados apresentaram baixos índices de variabilidade
(CV) entre as 10 digitalizações das fotografias.
108
APÊNDICE E – FILTRO BUTTERWORTH
%Rotina Julio Cinematica para ambiente Matlab 7
%data: Novembro 2009
%Abre os dados brutos, filtra e salva os resultados.
clc
clear all
%Abrindo os dados do arquivo do excel
%Nesta ele determina o arquivo a ser lido
h=msgbox('Selecionar colunas que serao importadas, uma por aba');
waitfor(h);
incllat = xlsread('ajustado.xls',-1);
flexext = xlsread('ajustado.xls',-1);
rot = xlsread('ajustado.xls',-1);
clear h
%pode ser salvo um documento .txt e carregá-lo com o load
SR=30; %taxa de amostra de dados da cinematica (neste caso
30Hz)
%filtrando dados cinemáticos
SRr2=2*(6/SR); %frequência de corte de 6 Hz
[B,A]=butter(2,SRr2,'low'); %construindo o filtro Butterworth de
ordem 2 passa baixa
incllatfilt=filtfilt(B,A,incllat); %cinematicafilt + enter mostra os dados
filtrados
flexextfilt=filtfilt(B,A,flexext);
rotfilt=filtfilt(B,A,rot);
clear('A','B','SRr2');
%Salvando os dados filtrados (cinematicafilt) no arquivo selecionado
%(filename.xls), na aba (sheet) e célula (A2) escolhidas.
%para cada arquivo filtrado, substituir o nome do arquivo de destino
.xls
109
s = xlswrite('lombarajfilt.xls', incllatfilt, 'incllat', 'A1');
s = xlswrite('lombarajfilt.xls', flexextfilt, 'flexext', 'B1');
s = xlswrite('lombarajfilt.xls', rotfilt, 'rotacao', 'C1');
110
ANEXOS
111
ANEXO A - Declaração de consentimento da Instituição Pesquisada
112
113
ANEXO B - Certificado de aprovação do Comitê de Ética
114
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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