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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS - UCG
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ANÁPOLIS - UNIEVANGÉLICA
Avaliação da atividade do novaluron, sobre
Boophilus microplus (Canestrini)
em bovinos de corte naturalmente infestados
Gladstone Santos de Souza
Goiânia
2009
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS - UCG
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ANÁPOLIS - UNIEVANGÉLICA
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DO NOVALURON, SOBRE
Boophilus microplus (CANESTRINI)
EM BOVINOS DE CORTE NATURALMENTE INFESTADOS
Orientado: Gladstone Santos de Souza
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Lúcio Benedito de Aquino
Dissertação do Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa
e Desenvolvimento em Tecnologia Farmacêutica.
Goiânia
2009
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Souza, Gladstone Santos de, 1964 -
Avaliação da atividade do novaluron, sobre Boophilus microplus
(Canestrini) em bovinos de corte naturalmente infestados. Gladstone
Santos de Souza. 2009.
44p.: il.
Orientador: Gilberto Lucio Benedito de Aquino
Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Goiás - Universidade
Estadual de Goiás - Centro Universitário de Anápolis
Bibliografia: p.
1. Carrapato - Dissertação. 2. Boophilus microplus. 3. Benzoilfeniluréia –
Dissertação. 4. Novaluron – Dissertação. 5. Bovinos de corte –
Dissertação. I. Gilberto Lúcio Benedito de Aquino. II. Universidade
Católica de Goiás - Universidade Estadual de Goiás - Centro Universitário
de Anápolis. III. Titulo
A minha família que tanto colaborou com
minha formão pessoal e profissional.
Aos professores que dividiram comigo seu conhecimento
e aos colegas de estudo que tornaram essa
caminhada de aprendizado mais divertida.
AGRADECIMENTOS
Aos professores do mestrado: Ademir João Camargo, Antônio Pasqualetto,
Arédio Teixeira Duarte, Caridad Noda rez, Dulcinea Maria B. Campos, Edilson
Pinheiro Peixoto, Fabiane Hiratsuka Souza, Gilberto Lucio Benedito de Aquino,
Hamilton Barbosa Napolitano, Leonardo Guerra de Rezende Guedes, Lúcio Mendes
Cabral e Wilker Ribeiro Filho, pelo profissionalismo, conhecimentos compartilhados e
serenidade que nos dedicaram durante o decorrer do mestrado.
Aos colegas de mestrado: Adriana Ferreira Brunier, Adriano Magno Dias
Fonseca, Anderson José Gomes Faraco, Aparecida Gomes dos Santos Lousa,
Cristiano Elias Dutra, Francisco Capuzo, Georges Hajjar Júnior, Leonardo Doro
Pires, Lilian dos Santos Castro, Myrelle Duarte da Costa Magalhães, Roberta Costa
e Sousa e Wolney Cardoso da Silva que tornaram essa caminhada mais cil e
divertida.
Aos companheiros da Empresa Makteshin Agan Industries: Amir Ellenbogen,
Avner Barazani, Kobi Barkai, Ivan Abuquerque e Virgílio Vicino, que nos confiaram à
responsabilidade de trabalhar com essa fantástica molécula que é o novaluron.
Aos companheiros da Empresa Clarion Biociências Ltda.: Gisele Beffart,
Meiryellen Vinhal e Murilo Albernaz que trabalharam arduamente nossos processos
preliminares de desenvolvimento das formulações utilizadas no experimento e
Antônio Rondon, gerente da fazenda Acará e finalmente ao amigo e irmão Dr.
Wesley José de Souza, Médico Veterinário, que muito colaborou na elaboração e
acompanhamento dos protocolos de testes utilizados neste projeto.
RESUMO
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DO NOVALURON, SOBRE BOOPHILUS
MICROPLUS (CANESTRINI) EM BOVINOS DE CORTE NATURALMENTE
INFESTADO
GLADSTONE SANTOS DE SOUZA (PG)
(1,2)
; MURILO CAETANO DE PAULA
ALBERNAZ (PQ)
2
; MEIRYELLEN VINHAL (PQ)
2
; WESLEY JOSÉ DE SOUZA
(PQ)
4
; GILBERTO LUCIO BENEDITO DE AQUINO (PQ)
(1,3)
(1)
Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnologia
Farmacêutica, UCG
(2)
Clarion Biociências Ltda.
(3)
Curso de Farmácia, UnUCET, UEG
(4)
CEFET-Goiás
O carrapato bovino é o ectoparasita que causa o maior prejuízo à agropecuária
brasileira, e o seu controle é realizado basicamente através de produtos químicos,
os quais vêm perdendo eficácia com o passar do tempo. O presente trabalho teve
como objetivo avaliar a eficácia de uma formulação transdérmica, desenvolvida pelo
laboratório Clarion Biociências Ltda. contendo o fármaco novaluron, frente ao
carrapato Boophilus microplus em animais naturalmente infestados. Os animais
utilizados no experimento foram mantidos a pasto com predomínio de Brachiaria
brizantha, água, ração e sal mineral foram fornecidos ad libitum. A formulação
contendo novaluron foi testada em cinco posologias diferentes: 5,0; 2,5; 1,66; 1,25 e
1,0mg/kg de peso vivo, em dose única comparativamente a um grupo placebo e
controle. O peso dos animais do experimento variou de 290 a 339kg. Somente as
posologias de 5,0 e 2,5mg/kg atenderam os requisitos mínimos. A avaliação dos
perfis plasmáticos das posologias de 2,5 e 5,0mg/kg de novaluron, apresentaram os
seguintes resultados respectivamente: pico de concentração (C
max
) foi de 378 e
396ng/mL; o tempo para obtenção do pico de concentração (T
max
) foi de 4 dias para
ambas as posologias e a área sobre a curva de concentração plasmática (ASC) >
100ng foi de 28 e 42 dias. Com base nos resultados de eficácia e análise do perfil
plasmático, concluiu-se que a posologia de 2,5mg/kg apresentou uma melhor
relação custo/benefício. Posteriormente foi realizada eficácia da formulação de
novaluron 5% na posologia de 2,5mg/kg de peso vivo em dose única
comparativamente ao produto comercial fluazuron, formulação contendo 2,5% de
fluazuron na posologia de 2,5mg/kg em dose única comparadas ao grupo controle.
Os resultados para os dois produtos foram semelhantes. Concluiu-se que
formulação contendo 5% de novaluron na posologia de 2,5mg/kg possui os
requisitos de segurança, eficácia e econômicos que viabilizam estudos
complementares para registro e comercialização.
Palavras chave: Bovino de corte, carrapato bovino, Boophilus microplus,
benzoilfeniluréia, fluazuron, novaluron, clarion.
ABSTRACT
EVALUATION OF THE ACTIVITY OF THE NOVALURON ON A BOOPHILUS
MICROPLUS (CANESTRINI) IN BEEF CATTLE NATURALLY INFESTED
GLADSTONE SANTOS SOUZA(PG)
(1,2)
; MURILO CAETANO DE PAULA
ALBERNAZ(PQ)
2
; MEIRYELLEN VINHAL (PQ)
2
; WESLEY JOSÉ DE SOUZA(PQ)
4
,
GILBERTO LUCIO BENEDITO DE AQUINO (PQ)
(1,3)
(1)
Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnologia
Farmacêutica, UCG
(2)
Clarion Biociências Ltd.
(3)
Curso de Farmácia, UnUCET, UEG
(4)
CEFET-Goiás
The bovine tick is the ectoparasite that causes the greatest prejudice to Brazilian
farming and cattle raising, and its control is realized basically through chemical
products, which are losing effectiveness over time. This work aimed to evaluate the
efficacy of a transdermal formulation, developed by the laboratory Clarion Biociências
Ltd. It contains the medicine novaluron, against the tick Boophilus microplus in
naturally infested animals. Animals used in the experiment were kept in a pasture
with Brachiaria brizantha ascendancy, water; animal food and mineral salt were
supplied ad libitum. The formulation containing novaluron was tested in five different
dosages: 5.0; 2.5; 1.66; 1.25 and 1.0mg/kg of live weight in a single dose compared
to a placebo group and control. The weight of the animals of the experiment varied
from 290 to 339kg. Only the dosages of 5.0 and 2.5mg/kg attended the least
requisites. The evaluation of the plasmatic profiles of the dosages of 2.50 and
5.00mg/kg of novaluron, presented the following results respectively: concentration
peak (C
max
) was 378 and 396ng/mL; the time for obtainment of the concentration
peak (T
max
) was 4 days for both dosages and the area on the plasmatic concentration
curve(ASC) > 100ng was 28 and 42 days. Based on the results of efficacy and
analysis of the plasmatic profile it was concluded that the 2.5mg/kg dosage
presented a better relation cost/ benefit. Afterwards it was realized the efficacy of the
formulation of novaluron 5% in the dosage of 2.5mg/kg live weight in a single dose
comparatively to the commercial product fluazuron, formulation containing 2.5% of
fluazuron in the dosage of 2.5mg/kg in a single dose compared to the group control.
The results for the two products were alike. It was concluded that a formulation
containing 5% of novaluron in the 2.5mg/kg dosage owns the safety requisites,
efficacy and economic which make feasible complementary studies for register and
commercialization.
Keywords: Cut bovine, bovine tick, Boophilus microplus, benzoylphenyl ureas,
fluazuron, novaluron, clarion.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 mero de teleóginas presentes nos animais de cada grupo no dia
do tratamento, dia zero .............................................................................33
Tabela 2 Análise de variância realizada com os dados da Tabela 1 .......................33
Tabela 3 Média do número de teleóginas presentes nos animais dos grupos
tratados em comparação aos grupos: placebo e controle ........................34
Tabela 4 Eficácia comparativa dos grupos tratados com novaluron nas doses de
1mL para: 10, 20, 30, 40 e 50kg de peso vivo em relação ao
grupo placebo e controle ..........................................................................35
Tabela 5 Média por grupo da concentração em ng/mL de novaluron encontrada
no plasma dos animais tratados nas doses de 1mL/10kg e 1mL/20kg
de peso vivo .............................................................................................36
Tabela 6 mero de teleóginas (>4mm) presentes nos animais tratados
com novaluron na dose de 1mL/20kg de peso vivo. .................................37
Tabela 7 Comparação do nível de infestação entre o grupo tratado com o
novaluron na dose de 1mL/20kg de peso vivo e fluazuron na dose de
1mL/10kg de peso vivo .............................................................................38
Tabela 8 Comparação da eficácia entre o grupo tratado com novaluron na
dose de 1mL/20kg de peso vivo e fluazuron na dose de 1mL/10kg
de peso vivo ..............................................................................................39
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fêmea ingurgitada de Boophilus microplus, teleógina, fixada na pele
de bovino ..................................................................................................15
Figura 2 Esquema do ciclo de vida do carrapato Boophilus microplus ...................16
Figura 3 Teleógina realizando postura ....................................................................17
Figura 4 Fórmula estrutural da quitina ....................................................................19
Figura 5 Fórmula estrutural do diflubenzuron .........................................................21
Figura 6 Fórmula estrutural do fluazuron, principal acaricida benzoilfeniluréia,
comercializado no mercado veterinário internacional ...............................22
Figura 7 Fórmula estrutural do grupamento feniluréia ............................................23
Figura 8 Reação entre uma amina aromática e o fosgênio para produzir um
composto isocianato .................................................................................23
Figura 9 Novaluron, acaricida benzoilfeniluréia, objeto do presente trabalho .........24
Figura 10 Biotransformação do novaluron em ruminantes .......................................25
Figura 11 Animais acondicionados em pasto com pivot central................................26
Gráfico 1 Média do número de teleóginas presentes nos animais dos grupos
tratados em comparação aos grupos: placebo (6) e controle (7) ..............34
Gráfico 2 Perfil plasmático de duas formulões contendo novaluron em duas
posologias diferentes administrada em dose única ..................................36
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................12
1.1. Histórico ........................................................................................................12
1.2. Importância econômica .................................................................................12
2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................15
2.1. Carrapato do boi: classificação .....................................................................15
2.2. Carrapato do boi: ciclo de vida .....................................................................16
2.3. Classificação dos acaricidas com importância veterinária ............................18
2.4. Reguladores e inibidores do desenvolvimento de insetos e ácaros .............18
2.5. Benzoilfeniluréia ...........................................................................................19
2.6. Benzoilfeniluréia e seus mercados ...............................................................20
2.7. Benzoilfeniluréia no mercado veterinário ......................................................21
2.8. Benzoilfeniluréia e biofarmácia .....................................................................22
2.9. Síntese dos benzoilfeniluréias ......................................................................23
2.10. Novaluron .....................................................................................................23
3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................26
3.1. Delineamento do experimento ......................................................................26
3.1.1. Primeira etapa: Determinação da dose terapêutica do novaluron em
animais naturalmente infestados por carrapatos. .........................................27
3.1.2. Segunda etapa: comparação da curva plasmática da formulação com
5% de novaluron em duas diferentes posologias .........................................28
3.1.3. Terceira etapa: avaliação da eficácia carrapaticida à campo da formulação
contendo novaluron comparativamente ao produto fluazuron, formulação
contendo fluazuron versus o grupo controle .................................................31
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................33
5. CONCLUSÃO ...............................................................................................40
6. SUGESTÕES ...............................................................................................41
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................42
12
1. INTRODUÇÃO
1.1. Histórico.
O carrapato bovino Boophilus microplus é originário da Ásia. Em função das
expedições exploradoras registradas na história, movimentação de animais e
mercadorias, ocorreu a sua difusão para regiões tropicais e subtropicais como:
África, Austrália, América Central e América do Sul. Tendo se adaptado nas regiões
climáticas demarcadas pelos paralelos 32° Norte e 32° Sul, com alguns focos no
paralelo 35° Sul (NUÑES; MUÑOZ; MOLTEDO, 1982).
Na Grécia Antiga o carrapato era conhecido como o nome de Croton, ou seja
semelhante à mamona, e, pela mesma razão tamm foi denominado na Antiga
Roma com o nome de Ricinus. Existem relatos sobre o carrapato desde o ano 77
d.C., onde foi citado, por Plínio, como hematófago em sua Historia Naturalis. A
designação genérica Boophilus do grego "amigo do boi", foi introduzida por Curtice,
em 1891, sendo o Boophilus microplus a única das 5 espécies conhecidas como
presente no Brasil (PEREIRA, 1982).
No Brasil, sua introdução parece ter se dado pela vinda de animais
comprados do Chile, no início do século XVIII, via o estado do Rio Grande do Sul,
encontrando-se distribuído atualmente em todo o país, variando de intensidade de
acordo com as condões climáticas e os tipos raciais de bovinos explorados
(GONZALES, 1995).
1.2. Importância econômica.
O rebanho bovino brasileiro possui aproximadamente 207 milhões de cabeças
(IBGE, 2005). A bovinocultura brasileira tem como finalidade fornecer proteína de
origem animal para a população e gerar divisas através de exportações, tais como:
carne in natura e seus derivados, embutidos e enlatados, leite e seus derivados,
couro para confecção de sapatos e peças de vestuário, cartilagem bovina para
confecção de ornamentos para indústria têxtil e alimentos para pequenos animais,
colágeno para indústria alimentícia e cosméticos, derivados biliares para síntese de
matérias-primas para indústria farmacêutica bem como a gordura para indústria
química (BONI, 2008).
Para se obter uma produtividade satisfatória na produção agropecuária deve-
se levar em consideração três fatores fundamentais:
13
Qualidade da alimentação fornecida ao rebanho incluindo suplementação de
deficiências de vitaminas e minerais, de acordo com a idade, região e
categoria dos animais envolvidos.
Seleção adequada de características genéticas favoráveis ao tipo de
produção desejada, por exemplo, animais de origem zebuína se adaptam
melhor em regiões com elevada temperatura do que animais de origem
européia.
Garantia da sanidade através de tratamentos curativos frente a quaisquer
alterações sanitárias que venham acometer o rebanho como: verminoses,
infecções e parasitoses. Outra forma é através de tratamentos profiláticos por
meio de vacinações e programas estratégicos de controle de infecções
fúngicas, virais e bacterianas bem como infestações por endoparasitas e
ectoparasitas.
O Boophilus microplus é o ectoparasita que causa maior prejuízo a
agropecuária brasileira. Ao alimentar-se do sangue do animal inocula toxinas na
corrente circulatória desse e dependendo dos casos pode transmitir pelo menos dois
agentes infecciosos o Anaplasma sp e a Babesia sp, causando uma doença
chamada de “complexo da tristeza parasitária bovina” (TPB) (FARIAS, 1995,
KESSLER, 2001). Doença que causa elevada mortalidade em animais jovens em
todo Brasil. Animais submetidos a longos períodos de infestação por carrapatos m
baixa produção de carne e de aproveitamento do seu couro. O carrapato ao fixar-se
no animal, introduz um órgão quitinoso e serrilhado denominado de hipostomio que
lesiona o couro, favorecendo infestação posterior por miíases cutâneas além de
reduzir o valor comercial do mesmo (KESSLER; SCHENK, 1998).
A produção de carne e leite no Brasil no ano de 2007 alcançou valores
próximos à R$ 49 bilhões. Sendo que desse total R$ 16,2 bilhões advém da
produção de leite e R$ 32,8 bilhões da produção de carne (ZURITA, 2008). Estudos
realizados mostraram que o carrapato causa prejuízo a agropecuária brasileira na
ordem de R$ 5 bilhões, aproximadamente 10% do valor gerado em receitas.
Portanto, o controle do carrapato implica diretamente no aumento da produtividade
do rebanho nacional (SEAGRO, 2005).
Atualmente o controle do carrapato é realizado basicamente por meio de
produtos químicos dos grupos: organosforados, piretróides, e fenilpirazólicos
14
(BOOTH; MCDONALD, 2004). Esses produtos são aplicados diretamente nos
animais nas seguintes formas: aspersão, banhos de imersão, pour-on pela via
dermal e pelas vias transdérmica, injetável e as avermectinas utilizadas por via oral
(CAMPBELL, 1989). O uso inadequado de alguns desses produtos pode levar ao
desenvolvimento de linhagens resistentes a esses princípios ativos (CASIDA, et. al.,
1983). Os principais problemas relacionados com o controle químico de carrapatos
são: desenvolvimento de linhagens resistentes de carrapatos, aparecimento de
resíduos químicos nos produtos de origem animal (principalmente leite e carne),
intoxicação direta do ser humano que lida com esses produtos químicos além de
acarretar poluição ambiental proveniente do uso de acaricidas utilizados nesse
controle (BULLMAN; MUÑOS; AMBRÚSTOLO, 1996).
Vários princípios ativos vêm perdendo eficácia com o passar do tempo, sendo
que alguns desses atualmente não conseguiriam o índice mínimo de eficácia
estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para registro
de carrapaticidas, que é de 95% (FERREIRA, et al., 2006). A única categoria de
produto que obtém uma eficácia satisfatória para o controle do carrapato, não
apresenta resistência e nem oferece riscos a seres humanos, são os produtos do
grupo benzoilfeniluréia. Representado no mercado brasileiro pelo princípio ativo
fluazuron, que possui as marcas comerciais Acatak® Pour-on (Novartis) e
Contratack® Pour-on (Clarion). O princípio ativo fluazuron é produzido em escala
industrial com o objetivo exclusivo de atender ao mercado veterinário. Com isso o
seu custo é elevado, deixando os produtos comerciais acima citados com valores de
mercado significativamente elevados. Sendo assim utilizados por uma pequena
parcela de pecuaristas.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Carrapato do boi: classificação.
Para uma melhor compreensão deste parasita é necessário conhecer um
pouco de seus hábitos. O Boophilus microplus, é um parasita monoxeno, isto é,
depende apenas de um hospedeiro em seu ciclo de vida, preferencialmente os
bovinos (CORDOVÉS, 1997). Ocasionalmente outras espécies podem comportar-se
como hospedeiros, entre os quais búfalos, jumentos, ovinos, caprinos e outros
(KESSLER; SCHENK, 1998).
De acordo com Flechtmann (1990) o Boophilus microplus (Figura 1) possui a
seguinte posição sistemática:
Filo – Arthropoda, Von Siebold & Slannius, 1845;
Subfilo – Chelicerata, Heymons, 1901;
Classe – Aracnida, Lamarck, 1802;
Subclasse – Acari, Leach, 1817;
Ordem Parasitiformes, Renter, 1909;
Subordem – Metastigmata, Canestrini, 1891;
Ixodides, Leach, 1815;
Familia – Ixodidae, Murray, 1887;
Gênero – Boophilus, Canestrini, 1887
Figura 1. Fêmea ingurgitada de Boophilus microplus, teleógina, fixada na pele de bovino.
Fonte: PEREIRA, 1998
16
2.2. Carrapato do boi: ciclo de vida.
O ciclo de vida do Boophilus microplus apresenta duas fases distintas: fase de
vida livre ou não parasitária, que se inicia com o desprendimento da teleógina do
hospedeiro (4) e a sua queda ao solo. No solo ela inicia ovopostura (5), que
posteriormente eclodirão destes ovos as larvas infestantes (6). As larvas subirão no
capim e voltarão a fixar na pele do bovino (1) iniciando um novo ciclo.
Na fase parasitária a larva infectante (1), realiza a fixação nos bovinos,
transformando se subsequentemente em ninfa (2), passando depois para o estágio
final que é a teleógina (3). O tamanho da teleógina varia de 1,9 a 2,5 mm de
comprimento por 1,1 a 1,6 mm de largura antes de ingurgitar e atingir 13 mm de
comprimento por 8 mm de largura quando ingurgitada. (Figura 2).
Figura 2: Esquema do ciclo de vida do carrapato Boophilus microplus.
Fonte: KESSLER; SCHENK, 1998.
A teleógina inicia a postura em média três dias após sua queda ao solo, com
período de postura por volta de 15 dias (Figura 3). O peso total dos ovos, após o
término da postura, equivale aproximadamente 52% do peso vivo da teleógina. No
sexto dia após a eclosão, a larva do carrapato está pronta para subir nas pastagens,
localizando o hospedeiro pelo odor, vibrações do solo, sombreamento, estímulo
visual e gradiente de concentração de CO
2
(SONENSHIME, 1993). Ao alcançar o
hospedeiro a larva infectante, fixa-se em regiões do corpo que favorecem seu
desenvolvimento, tais como: úbere, mamas, regiões perineal, barbela, vulvar e entre
as pernas. Essas regiões preferenciais de fixação são determinadas em função da
17
espessura, vascularização e temperatura da pele, bem como pela dificuldade de
acesso às lambidas do hospedeiro (WAGLAND, 1978).
Figura 3. Teleógina realizando postura.
Fonte: PEREIRA, 1998
O período de larva é o mais vulnerável a baixas temperaturas. No entanto, em
presença de alta umidade relativa às larvas podem sobreviver até 8 meses na
pastagem (mesmo em baixas temperaturas) (HITCHCOCK, 1955). Em condições
favoráveis, a fase de vida livre dura em torno de 32 dias, durante os quais o
carrapato não se alimenta e sobrevive exclusivamente das suas reservas
(GONZALES, 1995).
As larvas de Boophilus microplus alimentam-se preferencialmente de plasma
(do sangue, o carrapato separa os componentes celulares ficando somente com o
plasma), apenas nos momentos que precedem o rápido ingurgitamento das ninfas, é
que o sangue torna-se o principal constituinte alimentar, chegando a ingerir nessa
fase por volta de 0,2 a 0,4mL de sangue por dia (BENNET, 1974). O acasalamento
acontece a partir do 1dia que se segue à infestação (LONDT; ARTHUR, 1975)
com rápido ingurgitamento após a cópula, nas horas que antecedem a queda do
hospedeiro. A fêmea do Boophilus microplus ingere de 0,5 a 3,0mL de sangue
(FURLONG, 1993).
As condições ambientais e o grau de resistência do hospedeiro influenciam na
duração do ciclo de vida do carrapato (ROBERTS, 1968). O fato de maior relevância
é que aproximadamente 95% do mero de carrapatos em uma propriedade está no
pasto e os outros 5% está no animal (DOUBLE; KEMP, 1979).
18
2.3. Classificação dos acaricidas com importância veterinária.
Os inseticidas com atividade acaricida o classificados de acordo com a ISO
1750:1981 Nomes comuns para pesticidas e outros agroquímicos (WOOD, 2008),
da seguinte maneira:
Acaricida antibiótico (avermectinas e milbemicinas), difenílicos, carbamato,
carbazato, difenólicos, formamidinicos (amitraz), organoclorados, organofosforados
(clorpirifós), organotínicos, fenilsulfamidinicos, fitalimidinicos, pirazólicos (fipronil),
piretróides (cipermetrina), pirimidinaminicos, pirrolicos, quinoxalinicos, ester
sulfiticos, ácido tetrônicos, tetrazinicos, tiazolidinicos, tiocarbamatos, tiouréia,
reguladores de crescimento (fluazuron, diflubenzuron, lufenuron e novaluron).
2.4. Reguladores e inibidores do desenvolvimento de insetos e ácaros.
Os reguladores de crescimento de insetos IGRs, são fármacos que
reproduzem os efeitos do hormônio juvenil de crescimento produzidos pelo próprio
inseto (ou ácaro). Na sua presença o inseto o evolui, interrompendo seu ciclo na
fase larval (fase jovem) (ADAMS, 2001), impedindo assim sua transformação em
inseto adulto. O fármaco que funciona como IGR, possui uma estrutura semelhante
ao hormônio juvenil, sinalizando falsamente para o organismo do inseto, permanecer
em sua fase imatura. Essa incapacidade do inseto em continuar a se desenvolver e
evoluir para as próximas fases, acaba levando-o à morte.
Os reguladores de desenvolvimento de insetos (IDIs) atuam como inibidores
de quitina ou de ntese de quitina, através da inibição da enzima quitina sintetase,
com isso have falha na formação da cutícula, exoesqueleto de artrópodes e
ácaros.
19
2.5. Benzoilfeniluréias.
O grupo das benzoilfeniluréias possuem moléculas com atividade como
inibidor de quitina em insetos e ácaros. Estes compostos são explorados desde a
década de 70 no controle de insetos e ácaros nos mercados veterinário,
domissanitário e agrícola. Os inibidores de síntese de quitina agem nas larvas
durante o processo de muda (VASUKI; RAJAVEL, 1992). Estas, em processo de
muda, o conseguem se libertar completamente da cutícula precedente,
possivelmente devido à inibição na deposição de quitina, não conferindo a
estabilidade necessária para que as mesmas se livrem da cutícula (GROSSCURT,
1978).
Os ectoparasitas que comumente causam prejuízos aos animais de produção
possuem em sua constituição física a presença de exoesqueleto formado pelo
carboidrato quitina (Figura 4). Esses parasitas possuem ciclos de desenvolvimento
definidos e subdivididos em estágios que tem icio no ovo, passando pelos
diferentes estágios larvais e finalmente chegando ao estado adulto, onde se
diferenciam em machos emeas (MOSER; KOEHLER; PATTERSON, 1992).
A quitina é um polímero polissacarídeo formada por unidades de
acetilglicosamina conectadas por ligações covalentes do tipo β-1,4 (Figura 4).
Constitui o exoesqueleto dos artrópodes e é também encontrada na parede celular
de fungos.
Figura 4. Fórmula estrutural da quitina.
20
2.6. Benzoilfeniluréia e seus mercados.
As primeiras moléculas do grupo benzoilfeniluréia foram destinadas ao
mercado agrícola para controle de ácaros e lagartas (VICENTE, 2004). A primeira
molécula a ser apresentada foi o diflubenzuron (1975) e posteriormente vieram
triflumuron (1979), teflubenzuron (1983), flufenoxuron (1986), flucicloxuron (1988),
lufenuron (1989), fluazuron (1992), clorfluazuron (1994), hexaflumuron (1995) e
novaluron (1996).
As moléculas do grupamento benzoilfeniluréias tais como: diflubenzuron,
triflumuron, teflubenzuron, flufenoxuron, flucicloxuron, lufenuron, clorfluazuron,
hexaflumuron e novaluron tem ação sobre adultos, larvas e ovos de ácaros e
lagartas, e são utilizados em culturas como: batatas, citros, cocos, algodão, pepinos,
repolhos, soja, tomate e trigo (PRATISSOLI, et al., 2004).
Além do uso no mercado agrícola destacam-se os usos adicionais no
mercado domissanitário, onde o diflubenzuron, hexaflumuron e triflumuron (CHEN. et
al., 2005), possuem eficácia contra diversas populações do mosquito Aedes aegypti,
Aedes albopictus e Culex quinquefasciatus que são as três espécies de mosquitos
difundidos principalmente em regiões tropicais e subtropicais do mundo e no Brasil
estão relacionadas com a transmissão de doenças como a dengue e a filariose
linfática. O triflumuron é eficaz contra essas espécies em diferentes posologias
(BELINATO, 2007). O lufenuron tem sido utilizado no controle de pulgas em cães e
gatos (NETO, et. al., 2005). O diflubenzuron é a molécula do grupo benzoilfeniluréia
com maior número de aplicações. Ela é utilizada nos mercados domissanitário no
controle de baratas (Blatella germânica), mosca doméstica (Musca domestica), no
mercado agrícola no controle de lagartas da espécie Lymantria dispar, gafanhotos
(Hemileuca oliviae) (COSTA, 2007) e no mercado veterinário para o controle de
carrapatos e mosca dos chifres (OLIVEIRA; GOMES; SANTOS, 2009). O fluazuron
foi à única molécula do grupo benzoilfeniluréia utilizada especificamente no mercado
veterinário para o controle do carrapato Boophilus microplus em bovinos.
21
2.7. Benzoilfeniluréia no mercado veterinário.
A primeira molécula do grupo benzoilfeniluréia a ser utilizada no mercado
mundial foi o diflubenzuron (Figura 5), em 1975 pela empresa Uniroyal Chemical, e
foi destinado ao controle de larvas da mosca Haematobia irritans que parasitam
bovinos, tamm conhecida como mosca dos chifres e recentemente indicada como
auxiliar no controle do carrapato (OLIVEIRA; GOMES; SANTOS, 2009).
Figura 5. Fórmula estrutural do diflubenzuron.
Fonte: VICENTE, 2004.
A segunda molécula foi o fluazuron (Figura 6), em 1990 pela empresa Ciba-
Geigy, atual Novartis, lançada como um ectoparasiticida que inibe o crescimento e
desenvolvimento de insetos artrópodes, membros da ordem Acarina, como o
carrapato Boophilus microplus. Atuando na formação e deposição da quitina. A
síntese da quitina nos carrapatos ocorre durante o ingurgitamento, em todos os
instares e na embriogênese. O fluazuron interrompe o ciclo de vida dos carrapatos
por interferir na formão da quitina (WHO, 1998). Do grupo benzoilfeniluréias,
somente o diflubenzuron e o fluazuron possuem medicamentos registrados contra o
Boophilus microplus (ADAMS, 2001).
22
Figura 6. Fórmula estrutural do fluazuron, principal acaricida benzoilfeniluréia, comercializado no
mercado veterinário internacional.
Fonte: INCHEM, 2009.
2.8. Benzoilfeniluréia e biofarmácia.
Biofarmacêuticamente as drogas do grupo benzoilfeniluréia estão
classificadas no grupo IV no Sistema de Classificação Biofarmacêutica de Drogas, o
qual está assim dividido:
Grupo I: alta solubilidade (AS) e alta permeabilidade (AP);
Grupo II: baixa solubilidade (BS) e alta permeabilidade (AP);
Grupo III: alta solubilidade (AS) e baixa permeabilidade (BP);
Grupo IV: baixa solubilidade (BS) e baixa permeabilidade (BP).
Essa classificação pode ser usada para determinar especificações de
dissolução in vitro e também pode fornecer bases para prever quando uma
correlação in vitro-in vivo (CIVIV) pode ser obtida com sucesso (AULTON, 2005).
Os benzoilfeniluréias tem como matriz básica de solubilidade os solventes da
família das pirrolidonas. As moculas que se enquadram no Grupo IV o
praticamente insolúveis em água e para sua solubilização necessitam de uma
combinação de solventes, aditivos e/ou tensoativos especiais para sua formulação, a
qual pode variar de acordo com a forma farmacêutica desenvolvida e via de
aplicação adotada.
Os benzoilfeniluréias são compostos derivados da uréia onde frequentemente
tem-se um fenil (radical derivado de um anel aromático) ligado com amina e uréia.
As diferenças entre o diflubenzuron e o fluazuron com relação aos radicais
ligados ao grupamento fenil são as seguintes: diflubenzuron, possui um átomo de
23
cloro (Cl) na posição 4. O fluazuron possui um átomo de cloro (Cl) na posição 3 e um
grupo alcoxi (OR) na posição 4. A estrutura do novaluron possui os mesmo padrão
de substituição encontrado no fluazuron, um átomo de cloro (Cl) na posição 3 e um
grupo alcoxi (OR) na posição 4 (Figura 7).
Figura 7. Fórmula estrutural do grupamento feniluréia.
2.9. Síntese dos benzoilfeniluréias.
A síntese dos derivados de uréia ocorrem em duas etapas: na primeira etapa
ocorre uma reação entre uma amina aromática e o fosgênio para produzir o
isocianato correspondente (Figura 8), posteriormente o isocianato é reagido com
fenil amina para obtenção do composto benzoilfeniluréia.
Figura 8. Reação entre uma amina aromática e o fosgênio para produzir o isocianato correspondente
isocianato.
2.10. Novaluron
Em 1996 a empresa Agrimont (Isagro) apresentou a comunidade científica
internacional o novaluron (Figura 9), um inseticida inibidor da síntese de quitina, que
teve seus direitos industriais e comerciais adquiridos pela empresa Makhteshin
24
Chemical Works Ltd. a qual desenvolveu uma formulação para ser utilizada no
mercado agrícola com a marca comercial Rimon.
Figura 9. Novaluron, acaricida benzoilfeniluréia, objeto do presente trabalho.
Fonte: INCHEM, 2005.
A Makhteshin Chemical Works é uma Empresa que explora exclusivamente
os mercados de defensivos agrícola e de inseticidas domissanitários. Em 2005 foi
celebrado um contrato de cooperação entre a Empresa Clarion Biociências Ltda e a
empresa Makhteshin Chemical Works com o objetivo de avaliar a viabilidade e
desenvolvimento de formulações que pudessem ter efeito contra os ectoparasitas
que comumente acometem bovinos, suínos, aves, cães e gatos. O Clarion é uma
empresa brasileira especializada no desenvolvimento e registro de produtos
destinados ao mercado veterinário. Sendo assim coube ao Clarion avaliar através de
protocolos de testes específicos, com exclusividade, a eficácia da molécula
novaluron (STOCKER, 1998). O novaluron possui características estruturais que
conferem a ela uma maior solubilidade em solventes orgânicos, que os demais IDIs.
Essas características conferem a molécula a possibilidade de oferecer ao mercado
veterinário uma alternativa eficaz e mais econômica para o controle de
ectoparasitas, uma vez que se pode formular um produto com uma concentração
maior que 2,5%, que é a concentração comercial dos produtos contendo fluazuron.
Para essa avaliação foram realizados estudos preliminares para o desenvolvimento
de uma formulação transdérmica que requereu: testes de solubilidade, cinética
química, estabilidade e metodologias analíticas validadas para o produto em tecidos
animais como: músculo, rins, fígado, gordura e plasma.
25
O metabolismo do novaluron em ruminantes tem como metabólitos o próprio
novaluron inalterado, sendo que mais de 90% do produto (Figura 10) é eliminado via
fezes, os outros metabólitos são eliminados via fezes e urina.
Figura 10. Biotransformação do novaluron em ruminantes.
26
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Delineamento do experimento.
Os experimentos foram realizados na Fazenda Acará, localizada na Rod. GO-
324, km 14, Zona Rural, Município de Britânia/GO, no período de 26 de fevereiro a
20 de novembro de 2008. O experimento foi conduzido em uma propriedade que
possui pivot central (Figura 11), para que as condições mínimas de umidade fossem
mantidas para a reprodução do carrapato Boophilus microplus e que á concentração
de animais por hectare (5 a 6 unidades animais/hectare/ano) fosse controlada
durante todo o experimento. Por se tratar de um produto com ação inibidora de
quitina, foi considerado o ciclo de vida do carrapato (Boophilus microplus) no
hospedeiro, com aproximadamente 21 dias como ponto inicial de avaliação da
eficácia, pois somente após o 21º dia pós-tratamento é que ter-se-ia um grupo de
carrapatos com possibilidade de fechar o seu ciclo. Os experimentos foram divididos
em três etapas seqüenciais: primeira etapa, determinação da dose terapêutica do
novaluron em animais naturalmente infestados por carrapatos. Segunda etapa,
comparação da curva plasmática da formulação com 5% de novaluron em duas
diferentes posologia. Terceira etapa, avaliação da eficia carrapaticida à campo da
formulação contendo 5% de novaluron comparativamente ao produto fluazuron,
formulação contento 2,5% de fluazuron versus o grupo controle.
Figura 11. Animais acondicionados em pasto com pivot central.
27
3.1.1. Primeira etapa, 26 de fevereiro a 16 de maio de 2008: Determinação da
dose terapêutica do novaluron em animais naturalmente infestados por
carrapatos.
Para determinação da dose terapêutica in vivo, no controle do carrapato, em
bovinos a campo, sete dias antes do experimento, foram selecionados 42 animais de
Cruzamento Industrial (Nelore com Bonsmara), machos, devidamente identificados
com brincos, com idade entre 32 a 38 meses e peso vivo variando de 290 a 339kg.
Todos os animais utilizados no estudo foram submetidos previamente a
exames clínicos e laboratoriais e classificados como normais. Os animais foram
divididos ao acaso em sete grupos com seis animais cada. Os animais foram
tratados com um placebo e com a formulação contendo 5% de novaluron em dose
única pela via transdermal, por meio de uma pistola dosadora em duas faixas de
aproximadamente 8cm de largura, em ambos os lados da linha mediana dorsal,
desde a região da paleta aa anca do animal. Os animais foram divididos em sete
grupos e tratados de acordo com: 5,0; 2,5; 1,66; 1,25 e 1,0mg/kg de peso vivo de
novaluron, comparativamente ao grupo controle e placebo, na dose de 1mL para
10kg de peso vivo. As seguintes posologias foram pré-determinadas pelo screnning
interno, utilizado pela empresa Clarion em testes de produtos do grupo
benzoilfeniluréia.
Para avaliação da similaridade dentro e entre os grupos de animais quanto ao
nível de infestação pelo carrapato Boophilus microplus, no dia do tratamento, foram
formuladas duas hipóteses com nível de significância de 5%, a primeira a qual
chamamos de H
0
, levanta a possibilidade de similaridade entre os grupos, ou seja,
ausência de diferenças significativas entre eles, onde:
H
0
: grupo 1 = grupo 2 = grupo 3 = grupo 4 = grupo 5 = grupo 6 = grupo 7.
A segunda a qual chamamos de H
1
verifica a possibilidade de não
similaridade entre os grupos, ou seja, diferenças significativas entre pelo menos
um grupo. Para verificação de similaridade entre os grupos será realizado Análise de
Variância (ANOVA), com os dados do número de carrapatos presentes nos animais
de todos os grupos.
Como parâmetro de controle do carrapato Boophilus microplus, foi realizado
uma contagem total das fêmeas do carrapato com tamanho igual ou superior a 4mm
28
de comprimento, no lado esquerdo dos animais, e por contagens em reges
específicas, do mesmo lado, anterior (cabeça), mediana (pescoço, membro anterior
e tórax, incluindo a região inferior ao quarto traseiro), posterior (traseiro, membro
posterior e cauda) e entrepernas (região entre os membros posteriores). Todos os
dados de contagem foram multiplicados por 2,5. As contagens foram realizadas sete
dias antes do início do tratamento, para verificar a existência de infestação natural
nos animais selecionados para o experimento.
Para o cálculo da eficácia de todos os grupos tratados comparativamente aos
grupos placebo e controle foi utilizado a seguinte fórmula:
Eficácia (%) =
x1 - x2
X 100
x1
x1- Média do nº de parasitas do grupo controle ou grupo placebo.
x2- Média do nº de parasitas do grupo tratado.
3.1.2. Segunda etapa, 26 de maio a 10 de setembro de 2008: comparação da
curva plasmática da formulação com 5% de novaluron em duas
diferentes posologia.
Com base nos resultados de eficácia da etapa anterior, foram formados dois
novos grupos para determinação da curva plasmática com as duas posologias que
tiverem melhor desempenho. O doseamento foi realizado com metodologia validada
para espectometria acoplada a HPLC.
Nesta etapa foi realizada comparação entre as médias dos dois grupos de
animais que obtiveram melhor eficácia na etapa anterior, quanto ao teor do ativo
novaluron no plasma. No dia do tratamento, foram formuladas duas hipóteses com
nível de significância de 5%, a primeira hipótese, a qual chamamos de H
0
, levanta a
possibilidade de similaridade entre as duas posologias, ou seja, ausência de
diferenças significativas entre elas, onde:
H
0
: posologia 1 = posologia 2.
A segunda hipótese, a qual chamamos de H
1
, verifica a possibilidade de não
similaridade entre as duas posologias, ou seja, diferenças significativas entre
elas.
Para determinação das concentrações do ativo novaluron no plasma foi
utilizada metodologia desenvolvida para a quantificação de novaluron em plasma
29
bovino por espectrometria de massa. O método envolve uma extração liquido/liquido
da amostra com uma solução de Éter/Hexano (80:20).
3.1.2.1. Preparação das soluções
A solução A composta por novaluron:
Pesaram-se 4,0 mg de novaluron.
Dissolveram-se em 2,0mL de uma solução acetonitrila 80% (em água).
Prepararam-se as demais soluções de novaluron em concentrações
diferentes para o preparo da curva de calibração.
A solução B é composta por fluazuron:
Pesaram-se 2,0 mg de fluazuron.
Dissolveram-se em 2 mL de uma solução acetonitrila 80%.
Preparamou-se uma solução de fluazuron com concentração de 5ug/ml para
ser utilizada como padrão interno.
3.1.2.2. Procedimento analítico
Alíquota-se a quantia de 500mcl de plasma em um tubo de vidro de 5 ml.
Adiciona-se 50mcl de padrão interno (fluazuron 5mcg/ml), agita-se o tubo por
20 seg.
Após 10 minutos adiciona-se 4 ml de uma solução de Éter/Hexano (80:20). E
novamente agitado por 40 seg.
Em seguida é levado ao freezer por 40 minutos e após congelada a amostra é
filtrada em filtro 0,45 d.i e transferida para outro tubo de vidro onde é levada
ao concentrador de amostras.
Após seco, o resíduo do tubo é ressuspenso em 500mcl de fase móvel e
agitado. Após filtrado em filtro de 0,23µ é transferido ao frasco onde é levado
ao sistema de injeção por espectrometria de massa.
O voluma injetado é de 1,5mcl.
A cromatografia foi realizada em uma coluna analítica, sob um fluxo de
0,200mL/min e o sistema operado à temperatura ambiente.
30
3.1.2.3. Amostras e substâncias de referência
Foram preparadas amostras nas concentrações teóricas de 50ng/ml a
1000ng/ml para a validação do método.
3.1.2.4. Parâmetros estatísticos.
Para avaliação dos parâmetros estatísticos foi aplicado o intervalo de
confiança para diferença das médias com base no teste t (NETO; SCARMINIO;
BRUNS, 2007). De acordo com as seguintes fórmulas:
Cálculo da variância.
Cálculo do intervalo de confiança.
3.1.3. Terceira etapa, 1 de setembro a 20 e novembro de 2008: avaliação da
eficácia carrapaticida à campo da formulação contendo 5% de
novaluron comparativamente ao produto fluazuron, formulação
contento 2,5% de fluazuron versus o grupo controle.
A posologia da formulação de novaluron para esse experimento foi aquela
que obteve a melhor eficácia no estudo anterior desempenho associado ao estudo
de mercado, que avalie o custo do tratamento comparativamente ao tempo de
eficácia (custo/benefício) e chegando a conclusão que seria posologia de 2,5mg/kg
de peso vivo.
Para esse estudo foram formados três novos grupos a saber:
Grupo 1: 6 animais de Cruzamento Industrial (Nelore com Bonsmara), machos,
devidamente identificados com brincos, com idade e peso vivo variados, foram
tratados com a formulação experimental novaluron 5% na posologia de 2,5mg/kg de
peso vivo em dose única.
31
Grupo 2: 6 animais de cruzamento industrial (Nelore com Bonsmara), machos,
devidamente identificados com brincos, com idade e peso vivo variados, foram
tratados com fluazuron pour-on na posologia de 1mL/10kg de peso vivo em dose
única.
Grupo 3 - Controle: 6 animais de cruzamento industrial (Nelore com Bonsmara),
machos, devidamente identificados com brincos, com idade e peso vivo variados não
foram tratados e mantidos como grupo controle.
A contagem do mero de carrapatos seguiu a metodologia descrita no item
3.1.1.
Nesta etapa foi realizado comparação entre as eficácia do grupo tratado com
fluazuron e do grupo tratado com a formulação experimental contendo novaluron,
comparativamente ao grupo controle. Onde a primeira hipótese chamada de H
0
:
verifica a possibilidade de eficácia do fluazuron ser semelhante a eficácia da
formulação experimental de novaluron.
A segunda hipótese, a qual chamamos de H
1
, verifica a possibilidade de não
similaridade de eficácia entre as duas formulações, ou seja, há diferenças
significativas entre elas.
Para o cálculo da eficácia de todos os grupos tratados comparativamente aos
grupos placebo e controle foi utilizado a seguinte fórmula:
Eficácia (%) =
x1 - x2
X 100
x1
x1- Média do nº de parasitas do grupo controle ou grupo placebo.
x2- Média do nº de parasitas do grupo tratado.
32
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Tabela 1 se apresenta dados referentes ao número de teleóginas
presentes nos grupos de animais utilizados no experimento. Os dados apresentados
na Tabela 1, demonstraram que os animais de todos os grupos apresentavam
infestações médias por volta de 230 teleóginas do carrapato Boophilus microplus por
animal no dia do tratamento.
Tabela 1. Número de teleóginas (>4mm) presentes nos animais de cada grupo
no dia do tratamento, dia zero.
Animais
Grupos
1 2 3 4 5 6 7
1 238 239 227 233 246 252 249
2 241 252 261 269 261 264 267
3 235 227 259 263 243 255 234
4 229 221 235 249 221 229 258
5 226 233 249 254 226 226 269
6 235 245 252 240 259 222 261
Total
1.404 1.417 1.483 1.508 1.456 1.448 1.538
Média
234 236 247 251 243 241 256
Desvio padrão
6 11 14 14 17 18 13
Na Tabela 2 retrata a avaliação estatística do número de carrapatos
presentes nos animais dos grupos de estudo (Tabela 1), o valor do F calculado foi de
2,10 e não excedeu o valor do Fcrítico que foi de 2,37 ao nível de significância de
5%. Tal resultado evidenciou que os níveis de infestação dentro e entre os grupos
formados não possuem diferenças significativas, sendo considerados similares entre
si, ou seja não rejeita-se H
0
.
Tabela 2. Análise de variância realizada com os dados da Tabela 1.
Fonte da variação
SQ
GL
MQ
F
calc
F
0,05; 6; 35
Entre grupos
2316,14
6,00
386,02
2,10
2,37
Dentro dos grupos
6443,00
35,00
184,09
Total
8759,14
41,00
Com a confirmação da similaridade entre os grupos procedeu-se o tratamento
de todos os animais nas seguintes posologias: 5,00; 2,50; 1,66; 1,25 e 1,00 mg/kg
de peso vivo de novaluron em dose única. Após o tratamento a infestação de
carrapatos caiu em todos os grupos tratados, demonstrando uma eficácia de 100%
para todos os grupos tratados com novaluron no 21º dia. Porém somente as
33
posologias de 5,00 e 2,50mg/kg de novaluron conseguiram reduzir o número de
carrapatos a zero do 21º dia ao 56º e 42º dia respectivamente, como pode ser
observado na Tabela 3.
Tabela 3. Média do número de teleóginas (>4mm) presentes nos animais dos
grupos tratados em comparação aos grupos: placebo (6) e controle (7).
Período de
contagem
das
teleóginas
Grupos
1 2 3 4 5 6* 7**
Dose
5mg/kg
Dose
2,5mg/kg
Dose
1,66mg/kg
Dose
1,25mg/kg
Dose
1mg/kg
- -
-7 249 242 245 247 261 252 244
0 234 236 247 251 243 241 256
7 81 93 90 109 186 238 265
14 19 23 38 41 102 241 236
21 0 0 0 0 0 237 249
28 0 0 17 23 29 252 233
35 0 0 29 39 45 243 250
42 0 0 41 76 107 273 269
49 0 28 93 98 164 256 242
56 0 66 131 144 203 239 245
63 65 98 152 183 212 218 231
70 72 124 169 191 201 229 240
* Grupo controle; ** Grupo placebo.
Nos grupos tratados com 1,00; 1,25 e 1,66mg/kg de peso vivo de novaluron, o
número de teleóginas (>4mm) foi se elevando nas leituras do 35º o 70º dia. Onde
desde o 35º dia nenhum destes grupos apresentavam eficácia superior a 95%. Os
animais do grupo controle e placebo permaneceram infestados durante todo o
experimento conforme demonstra o Gráfico 1.
34
Gráfico 1. Média do número de teleóginas (>4mm) presentes nos animais dos grupos tratados em
comparação aos grupos: placebo (6) e controle (7).
Na Tabela 4 os resultados obtidos com a formulação placebo apresentaram o
mesmo comportamento do grupo de animais não tratados. O que sugere que os
veículos utilizados na formulão de novaluron 5% não possuem atividade acaricida.
Tabela 4. Eficácia comparativa dos grupos tratados em relação ao grupo
placebo e controle.
Dias
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo
5
Placebo Controle Placebo Controle
Placebo Controle Placebo Controle Placebo Controle
-7 - - - - - - - - - -
0 - - - - - - - - - -
7 - - - - - - - - - -
14 - - - - - - - - - -
21 100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
28 100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
93,3% 92,7% 90,9% 90,1% 88,5% 87,6%
35 100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
88,1% 88,4% 84,0% 84,4% 81,5% 82,0%
42 100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
85,0% 84,8% 72,2% 71,7% 60,8% 60,2%
49 100,0%
100,0%
89,1% 88,4% 63,7% 61,6% 61,7% 59,5% 35,9% 32,2%
56 100,0%
100,0%
72,4% 73,1% 45,2% 46,5% 39,7% 41,2% 15,1% 17,1%
63 70,2% 71,9% 55,0% 57,6% 30,3% 34,2% 16,1% 20,8% 2,8% 8,2%
70 68,6% 70,0% 45,9% 48,3% 26,2% 29,6% 16,6% 20,4% 12,2% 16,3%
Com base nos resultados obtidos na primeira etapa somente as posologias de
5,00 e 2,50mg/kg de novaluron atendem aos índices de eficácia exigidos para
registro de drogas carrapaticidas no Brasil.
Placebo
Controle
1mg/kg
1,25mg/kg
1,66mg/kg
2,5mg/kg
5mg/kg
35
Na Tabela 5 se apresenta os resultados foi observaddo trabalho foi avaliada a
curva plasmática das posologias de 2,50mg/kg e 5,00mg/kg de novaluron.
Foram encontrados os seguintes parâmetros farmacocinéticos (Gráfico 2),
respectivamente: o pico de concentração (Cmax) foi de 396ng/mL e 378ng/mL; o
tempo para obtenção do pico de concentração (Tmax) foi de 4 dias para ambas as
posologias e a área sobre a curva de concentração plasmática (ASC) > 100ng foi de
42 dias e 28 dias (Tabela 5).
Gráfico 2. Perfil plasmático de duas formulações contendo novaluron em duas posologias diferentes
administrada em dose única
Comparando as curvas plasmáticas da formulação do novaluron nas duas
posologias com os resultados obtidos na eficácia a campo, observa-se que a
concentração eficaz mínima (CEM) está por volta de 100ng/mL.
Tabela 5. Média por grupo da concentração em ng/mL de novaluron
encontrada no plasma dos animais tratados.
Dias
pós-tratamento
Média Grupo 8
Ng/mL
Média Grupo 9
Ng/mL
Diferença
0 ND ND -
1 252 321
69
2 263 343
80
3 287 364
77
4 378 396
18
5 316 349
33
6 304 341
37
7 281 337
56
14 260 303
43
36
24 166 222
56
28 ND 206
206
35 - 111
111
42 -
Média
278,6 330,7 71,45
Desvio padrão
57,0 48,3 51,6
GL
8,00 10,00
Variância (S²)
5426,376
Intervalo de confiança
Nível de 95%, t
18
=2,101
[-26,429; 169,338]
Observando a variação do perfil plasmático (Gráfico 2), verificou-se que o
dobro da dose o refletiu em dobro de concentração plasmática. Os valores
encontrados no teste estatístico baseado no intervalo de confiança (Tabela 5),
incluem o valor zero no intervalo. Sendo assim não podemos afirmar que existem
diferenças estatísticas nos resultados encontrados. Como um dos principais
objetivos do trabalho é buscar uma nova alternativa econômica e eficiente para o
controle do carrapato. Definiu-se como melhor custo benefício à posologia de
2,50mg/kg de novaluron em dose única, para a continuidade dos estudos. Uma vez
que esta posologia, consegue atingir os níveis de eficácia necessários para registro
do produto no Brasil e tem um custo por tratamento de aproximadamente 50% do
valor da posologia de 5,00mg/kg.
Os resultados obtidos na terceira etapa, mostra que o grupo de animais
tratados com 2,50mg/kg de peso vivo de novaluron se mantiveram livres de
infestação do 21º ao 4dia pós tratamento, os mesmos valores foram alcançados
pelos animais tratados com 2,50mg/kg de fluazuron. O grupo controle ficou
permanentemente infestado por carrapatos (Tabela 6).
Tabela 6. Número de teleóginas (>4mm) presentes nos animais tratados com
novaluron 5%, fluazuron comparativamente ao grupo controle.
Média
Período da contagem das teleóginas (>4mm)
-7 0 1 3 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70
Novaluron 239 241 226 171 70 39 0 0 0 0 39 71 103 145
Acatak 237 201 190 159 85 51 0 0 0 0 26 64 94 121
Controle 262 250 242 236 239 241 221 256 235 237 224 266 248 237
A avaliação estatística pelo método do intervalo de confiança com o nível de
95% de confiabilidade demonstrou que as médias da população de carrapatos entre
37
os animais tratados com novaluron e os animais tratados com fluazuron, foram
semelhantes. O valor do intervalo inclui o número zero. Sendo assim aceita-se H
0
,
onde, média do mero de carrapatos do grupo tratado com novaluron é similar ao
grupo tratado com fluazuron comparativamente ao grupo controle (Tabela 7).
38
Tabela 7. Comparação do nível de infestação entre o grupo tratado com
novaluron e fluazuron.
Número de dias
Média do número de teleóginas >= 4,0mm contadas
Novaluron Fluazuron Diferença
-7 239 237 2
-3 273 236 37
-1 236 220 16
0 241 201 40
+1 226 190 36
+3 171 159 12
+7 70 85 -15
+14 39 51 -12
+21 0 0 0
+28 0 0 0
+35 0 0 0
+42 0 0 0
+49 39 26 13
+56 71 64 7
+63 103 94 9
+70 145 121 24
Média 278,6 330,7 10,56
Desvio padrão 57,0 48,3 17,4
GL 15 15,00
Variância (S²)
9288,048
Intervalo de confiança
Nível de 95%, t
30
=
2,
042
[-59,016; 80,141]
A avaliação estatística pelo método do intervalo de confiança com o nível de
95% de confiabilidade demonstrou que a eficácia das duas formulações
apresentaram valores similares. O valor do intervalo inclui o número zero. Sendo
assim aceita-se H
0
, onde a eficácia do grupo tratado com novaluron é similar ao
grupo tratado com fluazuron comparativamente ao grupo controle (Tabela 8).
39
Tabela 8. Comparação da eficácia entre o grupo tratado com novaluron e
fluazuron.
Número de dias
Eficácia
Novaluron Fluazuron Diferença
+21 100,00% 100,00%
0,00%
+28 100,00% 100,00%
0,00%
+35 100,00% 100,00%
0,00%
+42 100,00% 100,00%
0,00%
+49 82,60% 88,40%
5,80%
+56 73,30% 75,90%
2,60%
+63 58,50% 62,10%
3,60%
+70 38,80% 48,90%
10,10%
Média
81,65% 84,41% 2,76%
Desvio padrão
23,27% 20,07% 3,67%
GL 7 7
Variância (S²)
0,047
Intervalo de confiança
Nível de 95%, t
14
=
2,145
[-0,2054; 0,2606]
Os testes realizados o indicativos da eficia da formulão desenvolvida
pelo empresa Clarion Biociências Ltda. e que tal formulação consegue alcançar
níveis plasmáticos terapêuticos frente ao carrapato Boophilus microplus, quando
administrada à bovinos, pela via transdermal, em dose única.
A formulação de novaluron 5% na posologia de 1mL/20kg de peso vivo
apresentou eficácia superior a algumas formulações carrapaticidas comercializadas
no Brasil: amitraz (44,59%), cipermetrina mais clorpirifós (38,55%), clorpirifós mais
diclorvós (79,67%), cipermetrina mais diclorvós (43,76%), tiazolin mais cipermetrina
(65,16%), cipermetrina mais etion (40,78%) e fipronil (89,17%) (FERREIRA, 2006).
Durante o experimento nenhum animal apresentou sinais de intoxicação ou
alterações fisiológicas que inviabilizasse a continuidade dos estudos.
40
5. CONCLUSÃO
Com base na interpretação dos resultados obtidos a formulação contendo
novaluron a 5% foi eficaz, em dose única, contra o carrapato Boophilus microplus em
todas as posologias propostas no experimento, sem considerar o período pré
patente do carrapato bovino, que é de 21 dias. Quando se considerou o período pré-
patente, somente as concentrações de 2,50 e 5,00mg/kg de novaluron obtiveram
níveis de eficácia de 100% superiores ao 2 dia pós tratamento. Dessa forma
somente essas duas posologias atenderam aos requisitos mínimos exigidos pela
Portaria 48 de 12 de maio de 1997, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, que estabelece que a eficácia mínima de uma droga carrapaticida
deve ser de 95%. Com relação a uma avalião econômica conclui-se que a
posologia de 1mL/20kg de peso vivo, que confere uma concentração de 2,50mg/kg
de novaluron, tem um melhor custo benefício. Pois custa aproximadamente 50%
menos que a posologia de 1mL/10kg de peso vivo que confere uma concentração de
5,00mg/kg de novaluron. A formulação contendo 5% de novaluron na dose de
1mL/20kg de peso vivo apresentou desempenho similar ao produto Acatak aplicado
na dose de 1mL/10kg de peso vivo, que corresponde a uma concentração de
fluazuron de 2,50mg/kg de peso vivo. Nestes termos um litro da formulação de
novaluron tratará o dobro de animais com a mesma eficia do produto Acatak. Tais
estudos recomendam a formulação experimental contendo novaluron como uma
formulação apta a ser submetida aos protocolos necessários para registro de
medicamento de uso veterinário no Brasil.
6. SUGESTÕES
Com base no trabalho realizado, ainda ficam algumas questões que poderiam
resultar em novos trabalhos de pesquisa, por exemplo:
Buscar outros caminhos para elucidar com mais clareza o mecanismo de ação
dos IGR´s do grupo benzoilfeniluréias.
Outro aspecto importante é realizar novos testes de curvas plasmáticas com
novas posologias e realizar análises com uma metodologia analítica com maior
sensibilidade.
Avaliar as atividades pulicida e mosquicida do novaluron.
41
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