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INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Mestrado em Biologia Celular e Molecular
Frequências alélicas e genotípicas das isoformas CYP2B6 e
CYP2C8 na população de Moçambique
PAULO ARNALDO
Rio de Janeiro
2010
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Ministério da Saúde
FIOCRUZ
Fundação Oswaldo Cruz
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular
PAULO ARNALDO
Dissertação apresentada ao Instituto Oswaldo Cruz como
parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em
Ciências, área de Biologia Celular e Molecular.
Orientadores:
Dr. Adalberto Rezende Santos
Dr. Philip Noel Suffys
Laboratório de Biologia Molecular Aplicada a Micobactérias
Instituto Oswaldo Cruz (IOC)-FIOCRUZ
RIO DE JANEIRO
2010
Frequências alélicas e genotípicas das isoformas CYP2B6 e CYP2C8 na
população de Moçambique
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Ministério da Saúde
FIOCRUZ
Fundação Oswaldo Cruz
INSTITUTO OSWALDO CRUZ
Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular
PAULO ARNALDO
Frequências alélicas e genotípicas das isoformas CYP2B6 e CYP2C8 na população
de Moçambique
Orientadores:
Dr. Adalberto Rezende Santos
Dr. Philip Noel Suffys
Data da Aprovação: 10/02/2010
BANCA EXAMINADORA:
TITULARES:
Dra. Dalma Maria Banic - FIOCRUZ
Dra. Ana Carolina Paulo Vicente - FIOCRUZ
Dra. Fernanda Carvalho de Queiroz Mello - UFRJ
SUPLENTES:
Dr. Harrison Magdinier Gomes - FIOCRUZ
Dr. Antônio Basílio de Miranda - FIOCRUZ (revisor)
Rio de Janeiro, 10 de Fevereiro de 2010
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Aos meus pais,
Meus irmãos,
Minha irmã Angelina, que não se encontra mais entre nós, mas que sempre me encorajou,
Mimmy, minha companheira e
Meus Amigos
...A Eles dedico este trabalho.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Dr. Adalberto Rezende Santos, pela orientação e oportunidade da realização
deste trabalho que embora fosse multicêntrico com dificuldades de várias ordens, me fez acreditar
que era possível fazê-lo, dando incentivos, ensinamentos científicos e conselhos. Desta, eu nunca
me vou esquecer!
Ao Chefe do Laboratório e meu co-orientador Dr. Philip Noel Suffys pela co-orientação e pela
oportunidade da realização deste trabalho em seu laboratório.
Ao Dr. Harrison, que sempre esteve ali..., como pai comprometido, dando incansavelmente o
máximo apoio possível em todas as dificuldades surgidas durante o curso e execução deste
trabalho, Harrison você é o CARA!
Ao amigo “tricolor” Dr. Antônio Basílio de Miranda (Baza) por toda a sua receptividade em sua
casa, partilha dos conhecimentos de bioinformática para a análise dos resultados e pela revisão
deste manuscrito. Muito obrigado por tudo!
Ao meu chefe e co-orientador Dr. Ricardo Thompson pelas suas sugestões, apoio constante e
confiança em toda a minha jovem carreira profissional, Obrigado Chefe!
A Karla Fernandes do SIEX-Fiocruz pelo seu empenho incondicional para liberação em tempo
recorde das amostras, sem as quais este trabalho teria ficado só pelos sonhos.
Especial gratidão para Márcia Quinhones, Chyntia, Amanda, Lizânia, Sidra, Adalgiza, Diego e
Márcia pelo auxílio na realização dos experimentos e a todos do laboratório, Lia, Alexandre, Luís
Cláudio, Jablonsky, Adriano, Leo, Luís Nei, Luciene, Atiná, Jorge Luís, Rafael e Vinícius pela
partilha dos momentos durante a realização deste trabalho.
Aos funcionários dos bancos de sangue dos Hospitais envolvidos (Macanza, Vieira, Bacar Flôr,
Venâncio, Benedito e Crescência) pelo seu apoio na coleta das amostras e a todos os doadores de
sangue envolvidos no estudo, sem os quais não seria possível a realização deste trabalho.
Aos amigos Dinis, Crizolgo e Jerônimo que sempre estiveram prontos para me ajudar sempre que
precisei. Muito obrigado meus amigos.
Aos amigos do laboratório e do pavilhão de Hanseníase pela partilha dos momentos alegres
durante as peladas, chopps, etc. Muito obrigado pelo convívio!
Ao CNPq e ao Ministério Ciência e Tecnologia de Moçambique que me concederam a bolsa para
este curso.
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Aos meus pais e meus irmãos, pelo carinho, amor, força, incentivo e apoio que sempre deram em
todas as minhas decisões durante a minha formação. Parece pouco dizer por palavras... Muito
obrigado a vocês.
A minha querida Mimmy que embora distante, foi paciente, carinhosa e sempre me incentivou. A
você vai toda a minha gratidão.
A Esperança do INS/CNBS pela compreensão e apoio dado na submissão do projeto ao comitê de
ética.
A todos que não os mencionei aqui, mas que direta ou indiretamente participaram neste trabalho
vai o meu muito obrigado e
A Deus.
Obrigado!
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“No meio de qualquer dificuldade encontra-se a oportunidade.”
Albert Einstein
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A malária é uma doença infecciosa que ao lado da AIDS e da tuberculose, constituem as três
principais causas de mortalidade no mundo, sendo responsáveis por cerca de seis milhões de
mortes por ano. De acordo com a OMS, de 300 a 500 milhões de novos episódios de malária e
mais de dois milhões de mortes ocorrem por ano, principalmente entre crianças menores de cinco
anos na África sub-Sahariana. Devido à indisponibilidade de uma vacina viável contra a malária,
uma das principais estratégias para o controle da mesma tem sido o diagnóstico precoce e o
tratamento com antimaláricos seguros e eficazes. No entanto, a eficácia deste tratamento é
limitada pela emergência de cepas de Plasmódium falciparum (P. falciparum) resistentes aos
antimaláricos. Hoje, o conhecimento sobre a contribuição dos fatores genéticos do hospedeiro
envolvidos na resposta terapêutica das principais classes de antimaláricos é limitado. Contudo,
sabe-se que variações genéticas em genes humanos que codificam para enzimas envolvidas na
biotransformação de diferentes fármacos podem contribuir para diferenças interindividuais na
resposta terapêutica ou toxicidade a várias drogas, estando relacionadas aos desfechos de falha
terapêutica e efeitos adversos. As isoenzimas CYP2B6 e CYP2C8 humanas, ambas envolvidas na
metabolização de uma ampla variedade de fármacos, incluindo antimaláricos, são codificadas por
genes polimórficos, caracterizados por diferentes polimorfismos de base única (SNPs). Algumas
destas variantes caracterizam fenótipos de metabolização lenta e possivelmente estão envolvidas
na modulação do metabolismo dos antimaláricos. Considerando esta hipótese, este estudo teve
como objetivos: (i) análise descritiva das variantes alélicas nos genes CYP2B6 e CYP2C8 em
populações moçambicanas provenientes de três regiões distintas e (ii) obter as frequências
genotípicas e haplotípicas dos polimorfismos identificados. O estudo serviu igualmente para
fornecermos informações capazes de nortear futuros estudos de associação para avaliar o impacto
destes polimorfismos na eficácia terapêutica e/ou eventos adversos. Para atingir esses objetivos,
amostras de sangue de 360 doadores de sangue foram coletadas num cartão de filtro “FTA Classic
Cards” (Whatman) e genotipadas por PCR-RFLP. As frequências das variantes alélicas no
CYP2B6 foram 0,060 (64C>T), 0,426 (516G>T), 0,00 (777C>A), 0,41 (785A>G) e 0,004
(1459C>T), enquanto a frequência da variante selvagem foi de 0,183. Para o gene CYP2C8 as
frequências das variantes alélicas foram: 0,048, 0,005, 0,16 e 0,00 para as mutações 416G>A,
792C>G, 805A>T e 1196A>G, respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas
entre as frequências das mutações encontradas na variável gênero para os dois genes. Também
não foram encontradas diferenças significativas na distribuição das frequências genotípicas e
haplotípicas entre indivíduos das três regiões estudadas, mostrando uma distribuição homogênea
das mutações nas populações incluídas neste estudo. Nossos resultados mostram que os
polimorfismos presentes nos genes CYP2B6 e CYP2C8, sabidamente envolvidos na alteração do
metabolismo de uma variedade de drogas, ocorrem nas populações estudadas, corroborando os
resultados reportados em outros estudos realizados em populações africanas. Assim, fazem-se
necessários estudos de associação incluindo estes genes para um melhor entendimento sobre a
importância destes polimorfismos no tratamento da malária nestas populações.
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Malaria is an infectious disease that alongside AIDS and tuberculosis are the three leading causes
of death worldwide, accounting for about six million deaths per year. According to the World
Health Organization, 300 to 500 million new cases of malaria and more than two million deaths
occur each year, mostly among children under five in sub-Saharan Africa. Due to the
unavailability of a viable vaccine against malaria, one of the main strategies for the control of
malaria has been the treatment of the disease with safe and effective antimalarial drugs. However,
the effectiveness of this treatment is limited due to the emergence of drug-resistant strains of P.
falciparum. Today, knowledge about the contribution of host genetic factors involved in drug
response to the major classes of antimalarial drugs is limited. However, it is known that genetic
variability in human genes coding for drug-metabolizing enzymes may contribute to
interindividual differences in drug response or toxicity and have been attributed to treatment
failure and adverse drug reactions. CYP2B6 and CYP2C8 isoenzymes, both involved in the
metabolism of a wide variety of drugs, including antimalarials, are encoded by polymorphic
genes, characterized by different single nucleotide polymorphisms (SNPs). Some of these variants
are often linked to slow metabolism phenotypes, and possibly are involved in modulating the
metabolism of antimalarials. Considering the latter hypothesis, our goals were: (i) to describe the
genetic profile of the CYP2B6 and CYP2C8 genes in Mozambican populations from three
different regions and (ii) to estimate the genotype and haplotype frequencies of the identified
polymorphisms. The study also aimed to provide information to guide future association studies
in order to assess their impact on therapeutic efficacy and/or adverse events. To reach these goals,
blood samples from 360 blood donors were collected on filter cards “FTA Classic Cards”
(Whatman) and genotyped by PCR-RFLP. The frequency of the allelic variants in CYP2B6 gene
were 0,060 (64C>T), 0,426 (516G>T), 0,00 (777C>A), 0,41 (785A>G) and 0,004 (1459C>T),
while the frequency of the wild variant was 0, 183. For the CYP2C8 gene the frequency of the
allelic variants were 0,048, 0,005, 0,16 and 0,00 for 416G>A, 792C>G, 805A>T and 1196A>G,
respectively. No significant difference between mutations frequencies were found between
genders in both genes. No significant differences were found in the distribution of genotype and
haplotype frequencies between individuals from the three geographical regions, showing a
homogeneous distribution of these mutations in our study population. Our results show that
polymorphisms in the genes CYP2B6 and CYP2C8, known to be involved in altered metabolism
of a variety of drugs, occur in the populations studied, confirming the results reported in other
studies in African populations. Thus, further association studies including these genes in order to
reach a better understanding of the importance of these polymorphisms in the treatment of malaria
in these populations are warranted.
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A Adenina
a.C Antes de Cristo
ACT
Artemisinine Combination Therapy-Terapia combinada com derivados de artemisinina
AL Arteméter mais Lumefantrina
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Artesunato
AQ
Amodiaquina
AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
BSA Albumina de Soro Bovino
C Citosina
CAR Constitutive Androstane Receptor
CoA Coenzima A
CNBS
Comitê Nacional de Bioética para Saúde
CYP450 Citocromo P450
DDT
Dicloro-difenil-tricloroetano
DMSO Dimethil Sulfoxide
DNA Ácido Desoxirribonucléico
dNTP Deoxinucleotídeos Trifosfato
EDTA Ácido Etilenodiaminotetracético
FMO Sistema de Monooxigenases contendo Flavina
G Guanina
HCB
Hospital Central da Beira
HCH
Hexaclorociclohexano
HCM
Hospital Central de Maputo
HCN
Hospital Central de Nampula
HGJM
Hospital Geral José Macamo
HGM
Hospital Geral de Mavalane
HRC Hospital Rural de Chokwé
HIV Vírus da Imunodeficiência Adquirida
HPP
Hospital Provincial de Pemba
HRC
Hospital Rural de Chokwé
IL
Interleucina
IC 95% Intervalo de confiança a 95%
MAO Monoamino-Oxidases
MgCl
Cloreto de Magnésio
MISAU
Ministério da Saúde de Moçambique
OMS Organização Mundial da Saúde
OR Odds Ratio- Razão de Chance
pb Pares de Base
PBREM
Phenobarbital-responsive enhancer module
PCR Polimerase Chain Reaction-Reação de Polimerização em Cadeia
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PNCM
Programa Nacional de Controle da Malária
PXR Pregnane X Receptor
RNA Ácido Ribonucléico
RPM Rotações por minuto
RFLP
Reaction Fragment Lengh Polymorphism- Polimorfismo do tamanho de fragmento de restrição
SERCA
Sarco-endoplasmic reticulum calcium
SNPs Polimorfismos de Base Única
T Timina
Taq Thermus aquaticus
TBE Tris Borato-EDTA
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TE Tris-EDTA
TNF
Fator de Necrose Tumoral
Tris Trishidroximetilamino Metano
WHO World Heath Organization - Organização Mundial da Saúde
VNTR
Variable Number of Tandem Repeats
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FIGURA 2.1. Estimativa de incidência de malária por 1000 habitantes no mundo...................
6
FIGURA 2.2. Distribuição da malária em Moçambique.............................................................
10
FIGURA 2.3. Ciclo biológico do Plasmodium falciparum.........................................................
13
FIGURA 2.4. Eritrócito infectado por Plasmodium falciparum.................................................
15
FIGURA 2.5. Local de ação das drogas antimaláricas................................................................
16
FIGURA 2.6. Biotransformação da artemisinina em seus derivados..........................................
19
FIGURA 2.7. Biotransformação da amodiaquina em N-desethylamodiaquina..........................
21
FIGURA 2.8. Relação entre farmacocinética e farmacodinâmica..............................................
22
FIGURA 2.9. Principais mecanismos moleculares que podem causar alterações no metabo-
lismo de fármacos................................................................................................
24
FIGURA 2.10. Esquema da reação do CYP450..........................................................................
27
FIGURA 2.11. Percentual das isoformas do sistema CYP450 no fígado e exemplos de subs-
tratos, inibidores e indutores................................................................................
28
FIGURA 2.12. Nomenclatura das isoenzimas da superfamília CYP450....................................
29
FIGURA 2.13. Distribuição das mutações não-sinôminas estudadas no gene CYP2B6.............
33
FIGURA 2.14. Distribuição das mutações estudadas no gene CYP2C8.....................................
38
FIGURA 4.1. Mapa de Moçambique ilustrando os locais de coleta de amostras nas três
regiões..................................................................................................................
42
FIGURA 4.2. Gene CYP2B6, estratégia de amplificação...........................................................
44
FIGURA 4.3. Ilustração da estratégia de amplificação do gene CYP2B6, alelos *2, *3, *4,*5
e *9 e a representação do resultado obtido após a digestão utilizando as
enzimas Hae II, Bsr I, Sty I e Bgl II em gel de agarose 2%.................................
46
FIGURA 4.4. Gene CYP2C8, estratégia de amplificação...........................................................
47
FIGURA 4.5. Gene CYP2C8*2, *3 e *4, com estratégia de amplificação. Representação do
resultado obtido após a digestão utilizando as enzimas Bcl I, Bse RI, Xmn I e
Taq I em gel de agarose 4%.................................................................................
48
FIGURA 4.6. Ilustração da placa de sequenciamento.................................................................
50
FIGURA 4.7. Ilustração da página inicial do programa SeqScape.............................................
52
FIGURA 4.8. Ilustração da janela do programa SeqScape v.2.6 onde pode ser observado o
alinhamento das amostras e as sequências referência e consenso ......................
53
xiii
FIGURA 4.9. Ilustração da janela do programa SeqScape v.2.6, onde pode ser observada
uma amostra na qual foi identificada uma mutação............................................
54
FIGURA 4.10. Identificação dos SNPs através da visualização do cromatograma no
programa SeqScape, mostrando os três possíveis genótipos...............................
55
FIGURA 5.1. Gel de agarose 2% mostrando a padronização da PCR em amostras de DNA
no cartão de filtro FTA.......................................................................................
.
63
FIGURA 5.2. Gel de agarose 2% ilustrando a amplificação do gene CYP2B6 para a geno-
tipagem dos alelos CYP2B6*2, *3, *4, *5, *6, *7 e *9................
.......................
63
FIGURA 5.3. Eletroforese em gel de agarose 2% mostrando o perfil de restrição após a
digestão do material amplificado para os sistemas CYP2B6*2 (64C>T) e *5
(1459C>T.............................................................................................................
64
FIGURA 5.4. Eletroforese em gel de agarose a 2% mostrando o perfil de restrição após a
digestão do material amplificado para os sistemas CYP2B6*3 (777C>A),*6
(516G>T, 785A>G), *7 (516G>T, 785A>G, 1459C>T) e *9 (516G>T)...........
65
FIGURA 5.5. Gel de agarose 4% ilustrando a amplificação do gene CYP2C8 (exons 3, 5 e 8)
para a genotipagem dos alelos CYP2C8*2, *3 e *4
............................................
67
FIGURA 5.6. Gel de agarose 4% ilustrando a digestão do material amplificado dos sistemas
CYP2C8*2, *3 e*4...............................................................................................
68
FIGURA 5.7. Identificação do SNP 516G>T no gene CYP2B6, visualizado através do
cromatograma apresentado pelo programa SeqScape.........................................
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TABELA 2.1. Principais enzimas e vias de metabolização de drogas.....................................
23
TABELA 2.2. Diferentes classes terapêuticas de fármacos biotransformados por enzimas
codificadas por CYP2B6...................................................................................
32
TABELA 2.3. Distribuição dos SNPs frequentemente reportados em diferentes
populações........................................................................................................
35
TABELA 2.4. Diferentes classes terapêuticas de fármacos metabolizados pela CYP2C8,
classificados de acordo a contribuição da isoenzima no seu metabolismo.......
37
TABELA 2.5. Distribuição das variantes alélicas encontradas no gene CYP2C8 em
diversas populações..........................................................................................
39
TABELA 5.1. Protocolos padronizados utilizados para a amplificação do gene CYP2B6,
exons 1, 4, 5 e 9................................................................................................
62
TABELA 5.2. Protocolos padronizados utilizados para a amplificação do gene CYP2C8,
exons 3, 5 e 8....................................................................................................
66
TABELA 5.4.1.1. Distribuição das frequências genotípicas absolutas e alélicas dos SNPs
identificados no gene CYP2B6 na população estudada....................................
70
TABELA 5.4.1.2. Frequências de mutações e suas combinações do gene CYP2B6 entre 360
indivíduos estudados..................................................................................
71
TABELA 5.4.1.3. Distribuição das frequências alélicas das mutações estudadas no gene
CYP2B6 nas amostras analisados de acordo com onero..............................
73
TABELA 5.4.1.4. Distribuição das frequências alélicas em populações das três regiões
estudadas...........................................................................................................
73
TABELA 5. 4.1.5. Frequência dos haplótipos identificados no gene CYP2B6.......................
74
TABELA 5. 4.1.6. Análise da distribuição das frequências haplotípicas por região............... 75
TABELA 5.4.2.1. Distribuição das frequências genotípicas absolutas e alélicas dos SNPs
identificados no gene CYP2C8 na população estudada....................................
76
TABELA 5.4.2.2. Distribuição das mutações identificadas no gene CYP2C8 entre 360
indivíduos estudados.........................................................................................
77
TABELA 5.4.2.3. Distribuição das frequências alélicas do gene CYP2C8 encontrados nos
indivíduos analisados de acordo com o gênero................................................
77
xv
TABELA 5.4.2.4. Distribuição das frequências alélicas em populações das três regiões
estudadas...........................................................................................................
78
TABELA 5.4.2.5. Frequência dos haplótipos identificados no gene CYP2C8
(n=360)..........
79
TABELA 5.4.2.5. Distribuição das frequências haplotípicas por região................................. 79
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GRÁFICO 5.1. Distribuição dos indivíduos estudados de acordo com a idade...........
...............
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GRÁFICO 5.2. Distribuição dos indivíduos segundo as características de gênero e
ascendência...................................................................................................................................
61
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2.2.
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PIDEMIOLOGIA
....................................................................................................................... 6
2.2.1.
C
LASSIFICAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA MALÁRIA
................................................................... 7
2.2.2. Situação da malária em Moçambique ............................................................................. 9
2.
3.
C
ICLO BIOLÓGICO DOS PARASITOS DA MALÁRIA HUMANA
.................................................... 11
2.4.
P
ATOGÊNESE DA
M
ALÁRIA
.................................................................................................... 13
2.5.
T
RATAMENTO
Q
UIMIOTERÁPICO DA
M
ALÁRIA
...................................................................... 15
2.5.1. Artemisinina .................................................................................................................. 18
2.5.2. Amodiaquina ................................................................................................................. 20
2.6.
M
ECANISMO DE AÇÃO E VARIABILIDADE NO EFEITO DOS FÁRMACOS
.................................... 21
2.7.
B
IOTRANSFORMAÇÃO DOS FÁRMACOS
................................................................................... 22
2.8.
F
ATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO DE FÁRMACOS
.............................................. 24
2.9.
F
ARMACOGENÉTICA X
F
ARMACOGENÔMICA
......................................................................... 25
2.10. Características do Sistema Citocromo P450 ................................................................. 26
2.11. Nomenclatura ................................................................................................................. 28
2.12. Famílias e Subfamílias ................................................................................................... 29
2.12.1. CYP2B6 ....................................................................................................................... 30
2.12.2. CYP2C8 ....................................................................................................................... 36
xviii
3
3
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4.1.
T
IPO DE ESTUDO
.................................................................................................................... 41
4.2.
L
OCAL DO ESTUDO
................................................................................................................ 41
4.3.
C
ÁLCULO AMOSTRAL
............................................................................................................ 41
4.4.
P
ERÍODO DE ESTUDO
.............................................................................................................. 41
4.5.
P
OPULAÇÃO DE ESTUDO
........................................................................................................ 42
4.6.
S
ELEÇÃO DOS
P
ARTICIPANTES
............................................................................................... 42
4.6.1. Critérios de inclusão ..................................................................................................... 42
4.6.2. Critérios de exclusão ..................................................................................................... 43
4.7.
P
ROCEDIMENTOS
L
ABORATORIAIS
........................................................................................ 43
4.7.1. Coleta de amostras e extração de DNA ........................................................................ 43
4.7.2. Preparação do cartão FTA para a PCR ....................................................................... 43
4.7.3. Amplificação do DNA e Genotipagem .......................................................................... 44
4.7.4. Estratégias de Amplificação .......................................................................................... 44
4.7.4.1. CYP2B6 ...................................................................................................................... 44
4.7.4.2. CYP2C8 ...................................................................................................................... 47
4.7.5. Purificação dos produtos da PCR para o sequenciamento .......................................... 48
4.7.6. Reação de sequenciamento ........................................................................................... 49
4.7.7. Sequenciamento automatizado ...................................................................................... 50
4.7.8. Análise das sequências obtidas através do sequenciamento ......................................... 51
4.8.
MATERIAIS ........................................................................................................................ 56
4.8.1. Detecção dos produtos amplificados ............................................................................ 56
4.8.2. Digestão dos produtos amplificados por enzimas de restrição. ................................... 56
4.9.
ANÁLISE
DOS
DADOS ...................................................................................................... 59
4.10.
ASPECTOS
ÉTICOS ......................................................................................................... 59
4.11.
SUPORTE
FINANCEIRO ................................................................................................. 59
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5.1.
C
ARACTERÍSTICAS DOS INDIVÍDUOS ESTUDADOS
................................................................... 60
xix
5.2.
P
ADRONIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS UTILIZADOS
.............................................. 61
5.2.1. Sistemas CYP2B6*2,*3,*4,*5,*6, *7 e *9 .................................................................... 61
5.3.
S
EQUENCIAMENTO E ANÁLISE DOS
SNP
S ENCONTRADOS NOS GENES
CYP2B6
E
CYP2C8,
ATRAVÉS DO
“S
EQ
S
CAPE
”. ..................................................................................................... 68
5.
4.
A
NÁLISE DESCRITIVA DOS POLIMORFISMOS NA POPULAÇÃO ESTUDADA
. .............................. 70
5.4.1. Gene CYP2B6 ................................................................................................................ 70
5.4.2. Gene CYP2C8 ................................................................................................................ 75
6
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C
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6.1.
A
NÁLISE DAS FREQUÊNCIAS DOS POLIMORFISMOS ESTUDADOS NO GENE
CYP2B6 ............... 81
6.2.
A
NÁLISE DAS FREQUÊNCIAS DOS POLIMORFISMOS ESTUDADOS NO GENE
CYP2C8 ............... 86
6.4.
C
ONSIDERAÇÕES FINAIS
........................................................................................................ 89
7
7
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C
C
O
O
N
N
C
C
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INTRODUÇÃO
1
1. INTRODUÇÃO
A malária é uma doença parasitária, na maioria dos casos febril e aguda de elevada
prevalência e morbidade, causada pelo protozoário do gênero Plasmodium, um parasito
intracelular que se transmite de pessoa a pessoa por fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles.
Em sua forma típica a infecção é caracterizada por acessos febris com intervalos que variam de
um a três dias dependendo da espécie de parasito infectante, acompanhado de cefaléias, calafrios,
tremores e sudorese intensa, podendo ocorrer formas leves e assintomáticas em casos de baixa
parasitemia principalmente em indivíduos com imunidade parcial adquirida por infecções
anteriores. Apesar de importantes avanços no entendimento da doença, a malária ainda é um dos
principais problemas de saúde pública nos países tropicais. Estima-se que cerca de 300 a 500
milhões de novos episódios de malária ocorrem por ano, com uma alta taxa de mortalidade,
especialmente na África sub-Sahariana, onde se estima que quase um milhão de crianças morre
anualmente devido à doença (Snow et al., 1999; Suh et al., 2004; WHO, 2006).
A malária ocorre principalmente nos países da África, Ásia e América Latina,
principalmente devido às precárias condições socioeconômicas e as deficiências nas políticas de
saúde pública destes locais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a malária
representa cerca de 10% do total de doenças presentes em África, sendo responsável por 30-50%
dos internamentos e até 50% das visitas ambulatoriais em unidades hospitalares em áreas com
alta transmissão (WHO, 2002). Segundo Whitehead e colaboradores, 2001, isto resulta da
combinação de diversos fatores como: as condições cliticas e ecológicas ideais para a
reprodução do mosquito vetor (Anopheles spp), a predominância da espécie mais virulenta, o
Plasmodium falciparum (P. falciparum) na sub-região e a ineficiência dos programas de controle
devido à limitação de recursos e a instabilidade socioeconômica (Whitehead et al., 2001).
Devido a não disponibilidade de uma vacina contra a malária, o tratamento
quimioterápico e profilático constitui um dos principais instrumentos de controle da mesma. Nos
últimos 70 anos, desde a introdução de antimaláricos sintéticos, apenas um pequeno número de
drogas antimaláricas têm sido considerado adequado para uso clínico. No entanto, o
desenvolvimento de cepas de parasitos resistentes às drogas disponíveis, acompanhado da
dificuldade na área de descoberta/desenvolvimento de novas drogas, constitui os principais
problemas no controle da doença (Winstanley, 2000; Na-Bangchang e Karbwang, 2009). Em
paralelo, o conhecimento sobre os mecanismos básicos da farmacocinética e farmacodinâmica,
INTRODUÇÃO
2
bem como a contribuição de fatores genéticos do hospedeiro, particularmente associados com o
metabolismo das principais classes de antimaláricos usados para o tratamento da malária nas
diferentes populações das áreas endêmicas ainda é limitado (Guzmán e
Carmona-Fonseca, 2006;
Mehlotra et al., 2006).
Sabe-se hoje que as variações em genes que codificam para as enzimas do citocromo
P450 (CYP450) têm um impacto importante sobre o metabolismo dos medicamentos (Code et
al., 1997; Lang et al., 2001), podendo contribuir de forma significativa para as diferenças
interindividuais tanto em relação à resposta imunológica como terapêutica (Guengerich, 2001). O
sistema P450 é uma superfamília de enzimas que desempenha papel fundamental no metabolismo
oxidativo de numerosas reações, incluindo o metabolismo de ácidos graxos, biotransformação
xenobiótica, além da síntese e metabolismo de substratos endógenos (Nebert e Russell, 2002). A
atividade das isoformas do CYP450 pode ser afetada por vários fatores, incluindo fatores
ambientais, genéticos e fisiológicos, que se refletem no metabolismo dos fármacos (Ingelman-
Sundberg et al., 1999; Nebert e Russell, 2002). Polimorfismos genéticos podem determinar as
variações interindividuais tanto na expressão como na atividade, função e estabilidade de diversas
enzimas importantes do sistema CYP450. Dentre as subfamílias de enzimas que compõem o
sistema enzimático CYP450, as subfamílias CYP1, CYP2 e CYP3 o as mais relevantes e
responsáveis pela metabolização da maior parte dos fármacos dependentes do sistema CYP450
(Venkatakrishnan et al., 2001).
No caso específico das drogas antimaláricas, as variações em genes metabolizadores
podem acarretar diferenças na biotransformação dos fármacos, podendo afetar tanto a eficácia
como a toxicidade, além de contribuir para a resistência através da alteração das concentrações
plasmáticas das drogas (Gonzalez, 1992; Hastings et al., 2002; White, 2004). Alguns estudos
realizados em indivíduos saudáveis e infectados com malária mostram variações interindividuais
nos parâmetros farmacocinéticos, efeitos adversos e níveis de toxicidade dependendo da dose e
via de administração dos antimaláricos atualmente utilizados (Krishna et al., 2001; Hien et al.,
2004; Karunajeewa et al., 2006). Assim sendo, acredita-se que a base para esta variabilidade
interindividual da resposta observada nestes estudos pode incluir polimorfismos nos genes
metabolizadores destas drogas. Portanto, a identificação de fatores responsáveis por variações na
biotransformação de fármacos com implicações terapêuticas são de relevância fundamental,
principalmente em zonas endêmicas da malária, onde as populações estão sujeitas a longa
exposição aos medicamentos antimaricos. Além disso, a determinação de tais variações
INTRODUÇÃO
3
genéticas poderia não fornecer o perfil das isoformas do sistema CYP450 na população, como
também permitir a definição de subgrupos potencialmente em risco de efeitos adversos e/ou falha
terapêutica, maximizando a eficácia do tratamento.
Com base no exposto, o presente estudo teve como objetivo estimar a prevalência de
isoformas do CYP450 (CYP2B6 e CYP2C8) em populações de regiões distintas e endêmicas
para a malária em Moçambique.
REVISÃO DA LITERATURA
4
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Breve Histórico
Conhecida desde a mais remota antiguidade, a malária é uma das doenças parasitárias
com impacto mais profundo na história da humanidade acometendo o homem desde a pré-
história, tendo surgido provavelmente em África de onde se disseminou para outras áreas
tropicais e subtropicais de todo o mundo (Avery et al., 2002). Na história da medicina geral,
dados pré-históricos documentam a ocorrência de doenças sugestivas da malária. O alargamento
do baço (esplenomegalia) documentado em múmias Egípcias à cerca de 3000 a.C, a febre mortal
cíclica e o grande mero de remédios supostamente curativos, mencionados nas escrituras de
Papiro de Ebers a 1570 a.C, nos registros antigos na região entre os rios Tigres e Eufrates (~ 2000
a.C) e na Índia (cerca de 1500-800 a.C), sugeriam provável ocorrência de infecção malárica.
A malária era bem conhecida na China muito antes de Cristo. O Nei Ching” (livro dos
princípios fundamentais da medicina chinesa), elaborado a 2700 a.C, se refere aos paroxismos
febris, associados ao alargamento do baço (esplenomegalia) e tendência da ocorrência de
epidemias bem como da descrição mitológica da doença que atribuía os sintomas de dor de
cabeça, calafrios e febre, de três demônios relacionando a doença à punição de deuses e à
presença de maus espíritos (Bruce-Chwatt, L.J., 1988; Carter e Mendis, 2002). Várias ervas
chinesas usadas por médicos como remédios, incluindo o Ch'ang Shan (Dichroa febrifuga) e
Qinghaosu (Artemísia annua), hoje reconhecida pela sua potente atividade antimalárica, foram
descritos em manuais de medicina clássica chinesa.
Os registros concretos de febres intermitentes da malária foram documentados a 400 a.C
na Grécia indicando a presença de infecção, que foi caracterizada pelo médico grego Hipócrates
(~ 460-370 a.C) no seu Livro de Epidemias como originada por flagelados causadores de
doenças febris semelhantes às causadas por Plasmodium malariae (P. malariae) e Plasmodium
vivax (P. vivax) (Avery et al., 2002). Hipócrates reconheceu a ocorrência sazonal da doença
(verão e outono), a sua relação com o meio ambiente, notando que as febres eram restritas a áreas
pantanosas. Além disso, estabeleceu a relação entre o aumento do baço e os pântanos, embora
nunca tenha colocado a hipótese dos elementos causais envolvidos na gênese dessas doenças
(Gardiner et al., 2005). Posteriormente, diversos médicos gregos e romanos deixaram referências
de que a doença ocorria em epidemias, comprovadas pela citação: “uma doença horrível que vem
todo verão e mata”, ficando conhecida como “Febre Romana” e a expressão mal' aria (mau ar),
REVISÃO DA LITERATURA
5
foi utilizado para explicar que os vapores emanados dos pântanos eram a origem da doença
(Avery et al., 2002).
Durante quase 1.500 anos se espalhando em todo o mundo, pouco se sabia sobre a doença
e seu tratamento. Até que, no final do século XIX, ocorreu um evento marcante e revolucionário
na história da infecção malárica na população humana que foi a descoberta dos parasitos
causadores da malária por Laveran em 1880. Posteriormente, em 1897, o médico escocês Ronald
Ross, descreveu o modo de transmissão da doença em aves através da picada do mosquito
Anopheles. Em 1898, o médico italiano Batista Grassi (1854-1925) confirmou o mecanismo de
transmissão no homem, recebendo o prêmio Nobel em 1902. A descrição do ciclo esporogônico
do parasito causador da malária humana por Grassi, Marchiafava, Bignami e Ross, culminou com
a descrição do ciclo de transmissão da malária e o mecanismo da disseminação da doença (Gilles
e Lucas, 1998).
Desde essa altura uma abordagem geral para eliminar os fatores que contribuem para a
multiplicação e disseminação de parasitos causadores da malária foi aprovada, particularmente no
sul da Europa. A descoberta da primeira droga antimalárica ocorreu no século XVII com a
observação por missionários jesuítas da utilização por populações indígenas da América do Sul
da casca de uma árvore nativa para o tratamento de alguns tipos de febre. O uso dessa casca
extraído de uma árvore local (que recebeu o nome de “Cinchona”) espalhou-se rapidamente pela
Europa e passou a ser conhecido como “pó dos jesuítas”. O seu princípio ativo, a quinina, foi
isolado em 1820, sendo ainda hoje considerada como uma droga antimalárica efetiva, embora
tenha sido registrada resistência a mesma (Gardiner et al., 2005).
Durante a primeira metade do século XX, muitas pesquisas foram dedicadas ao controle
da malária, especialmente no sentido de reduzir ou eliminar a presença de criadouros do inseto
transmissor. As atividades de controle da malária através da gestão ambiental foram efetivadas
com sucesso em vastas áreas da Ásia, Europa e Américas (Ault, 1994; Najera, 2001).
Simultaneamente, o desenvolvimento de antimaláricos sintéticos (como a cloroquina e a
primaquina) e outros compostos sintéticos com atividade inseticida como o dicloro-difenil-
tricloroetano (DDT) e hexaclorociclohexano (HCH ou BHC), deram mais ímpeto na melhoria das
técnicas de controle da malária (Gardiner et al., 2005).
Aliados as medidas de controle do vetor, o acesso ao diagnóstico laboratorial e o
tratamento eficaz e imediato, possibilitaram uma redução significativa da malária. Porém, ainda
hoje a doença continua a ser um dos principais problemas de saúde em mais de 100 países,
REVISÃO DA LITERATURA
6
principalmente países em desenvolvimento das regiões tropicais, incluindo África, Ásia e
América Latina (Sachs e Malaney, 2002; WHO, 2008).
2.2. Epidemiologia
Depois de elucidado o ciclo de transmissão da malária, e adotado o conceito da sua
erradicação em 1955, a Organização Mundial da Saúde lançou a campanha global para eliminar a
doença utilizando os poderosos inseticidas “residuais” e drogas antimaláricas altamente eficazes
disponíveis. Essa campanha erradicou a malária em alguns países e reduziu a incidência em
outros. No entanto o ressurgimento da malária foi significante nos últimos 30 anos (Gardiner et
al., 2005). Hoje a malária continua a ser uma das doenças parasitárias que ainda causa mais
mortes em todo mundo, sendo um dos principais problemas de saúde em cerca de 109 países dos
quais a maioria estão situados na África sub-Sahariana (Figura 2.1) (WHO, 2008).
Figura 2.1. Estimativa de incidência de malária por 1000 habitantes no mundo (WHO, 2008: World
Malaria Report. 2008).
O risco de ocorrência de malária depende fundamentalmente da interação entre o
hospedeiro humano, o parasita e o mosquito vetor. O agente etiológico da doença é o protozoário
do gênero Plasmodium, o qual é transmitido por mosquitos do gênero Anopheles. Existem quatro
principais espécies de plasmódio que infectam humanos, a saber: P. falciparum, P. vivax, P.
Estimativa d
a incidência
da malária por 1000 hab.
REVISÃO DA LITERATURA
7
malariae e P. ovale (Snow et al., 1999). Recentemente, infecções causadas por P. knowlesi têm
sido reportadas no sudeste da Ásia (Gardiner et al., 2005). O P. falciparum é a espécie mais
prevalente e responsável pelo maior número de infecções devido à sua alta virulência, rápida taxa
de reprodução assexuada no hospedeiro vertebrado e a capacidade de sequestramento de
eritrócitos infectados nos vasos sanguíneos de órgãos internos, oferecendo risco elevado de
desenvolvimento da malária cerebral e outras complicações. Adicionalmente, o parasito vem
tornando-se resistente aos antimaláricos comumente usados (Winstanley, 2000). A transmissão
ocorre através da exposição a picadas de mosquitos fêmeas infectantes do gênero Anopheles. Os
mosquitos do complexo Anopheles gambiae e Anopheles funestus são os vetores mais eficazes da
malária humana, implicados na transmissão da doença em várias regiões da África tropical
(Levine et al., 2004).
2.2.1. Classificação epidemiológica da malária
A transmissão da malária flutua em grande parte, com as variações nas características
geográficas, condições climáticas, ecológicas, vetores e da espécie do parasito, bem como a
situação socioeconômica, comportamento e distribuição das populações humanas. Devido à
complexidade epidemiológica em cada área onde a malária ocorre, existem rias formas de
classificação, a saber: intensidade de transmissão, estabilidade de transmissão e estratificação
epidemiológica de risco (Carter e Mendis, 2002). Com base em exames clínicos (exame do baço
ou esplenomegalia), exames laboratoriais e entomológicos ou pela detecção passiva e ativa de
casos (Baird et al., 2002) a classificação da malária dependendo da intensidade de transmissão foi
definida segundo o percentual de baços papáveis em crianças com idade compreendida entre 2 a
9 anos em:
Holoendêmica - quando mais de 75% das crianças entre 2 e 9 anos têm o baço palpável
com índice baixo nos adultos.
Hiperendêmica - quando um percentual de 50 a 75% das crianças dos 2 a 9 anos possuem
baço aumentado e o índice esplênico nos adulto for também elevado.
Mesoendêmica - quando entre 11 e 50% das crianças entre 2 e 9 anos têm esplenomegalia.
Hipoendêmica - quando menos de 10% das crianças com idade entre 2 e 9 anos m
esplenomegalia.
REVISÃO DA LITERATURA
8
Segundo a estabilidade, a endemicidade da malária é classificada em estável e instável:
áreas com malária estável são áreas nas quais existe uma intensa transmissão do Plasmodium e as
pessoas estão constantemente expostas assegurando o desenvolvimento de imunidade contra a
malária exceto para as crianças de baixa idade que em pouco tempo vão ter a sua primeira
experiência com o parasita. Nestas áreas de maria estável os adultos são normalmente
assintomáticos ou oligossintomáticos e apresentam uma baixa parasitemia. Áreas com malária
instável são áreas nas quais a intensidade de transmissão não é tão alta e a incidência varia de
mês para mês ou de ano para ano. Encontram-se nos locais onde a espécie vetora pica o homem
de modo infrequente, e para que exista transmissão é necessária uma densidade alta do vetor.
Nestas áreas o grau de imunidade da população é muito variável, sendo que as crianças
frequentemente escapam da infecção; porém, pode aparecer malária epidêmica que representa
uma forma extrema de malária instável que ocorre quando a população ou um pequeno grupo de
pessoas está exposto a um aumento nas taxas de transmissão num determinado momento do
tempo.
Devido a uma série de situações epidemiológicas existentes em cada país ou região, a
realidade sobre o risco de malária também é estudada em cada lugar. A Organização Mundial da
Saúde estabeleceu a estratificação epidemiológica do risco da malária classificando em áreas de
alto, médio, baixo e sem risco dependendo do índice parasitário anual (IPA), uma medida
malariométrica construída usando como numerador o mero de casos de malária num
determinado ano e num local específico e como denominador a população em risco desse lugar
para o mesmo período de tempo por cada mil habitantes. Por exemplo, no Brasil as áreas de risco
de malária são divididas em: Alto risco: IPA50, Risco médio: IPA10 e 50, Baixo risco:
IPA>1 e <10 e Sem risco: IPA <1.
REVISÃO DA LITERATURA
9
2.2.2. Situação da malária em Moçambique
Em Moçambique, a malária apresenta alto risco de transmissão em quase todo o país
devido às condições ambientais e socioeconômicas que favorecem a proliferação do mosquito
vetor e a exposição da população (Figura 2.2). A maior parte dos casos é observada nas regiões
rurais, onde vive a maioria da população. A malária é endêmica em todo o país, variando entre as
áreas mesoendêmicas e hiperendêmicas; a transmissão é perene, com picos durante e após a
estação das chuvas. No entanto, esta pode variar dependendo da quantidade de chuva e
temperatura do ar observado em cada ano e também em função das condições locais específicas.
O Plasmodium falciparum é a espécie mais frequente e responsável por cerca de 90% de todas as
infecções maláricas, sendo também associada aos casos mais graves da doença.
Em Moçambique a malária é causa comum da procura pelos cuidados de saúde e de
internamentos nas enfermarias dos hospitais do país. A doença representa cerca de 40% do total
das consultas externas e 60% de todos os internamentos em pediatrias dos hospitais rurais e
gerais em todo o País. Adicionalmente, a malária contribui para a elevada taxa de mortalidade
materna (1.500 por 100.000 nascimentos) com uma taxa de letalidade variando entre 1,8 e 9,9%.
É também o maior problema em mulheres grávidas nas zonas rurais. Aproximadamente 34% das
mulheres grávidas estão infectadas pelo parasito, sendo as primigrávidas as mais afetadas, com
uma prevalência de 31%. A anemia associada à malária é também um grave problema e acomete
68% das mulheres grávidas (MISAU/PNCM, 2007b).
As principais estratégias do controle da malária incluem: o controle do vetor
(pulverização, uso de redes mosquiteiras tratadas com insecticidas, larvicidas, saneamento do
meio e eliminação de charcos), a educação para a saúde e o manejo adequado dos casos
sintomáticos. O manejo de casos consiste no diagnóstico precoce e correcto (clínico e
laboratorial) e tratamento precoce e eficaz da doença.
REVISÃO DA LITERATURA
10
Figura 2.2. Distribuição da malária em Moçambique
(http://www.mara.org.za/pdfmaps/MozDistribution.PDF)
REVISÃO DA LITERATURA
11
2. 3. Ciclo biológico dos parasitos da malária humana
O ciclo biológico dos protozoários da família Plasmodidae é caracterizado por duas fases
de multiplicação. A fase assexuada (esquizogônica), que ocorre no hospedeiro vertebrado e a fase
sexuada (esporogônica) que tem lugar no hospedeiro invertebrado, o mosquito do gênero
Anopheles (Figura 2.3).
Os seres humanos habitualmente se infectam por esporozoítos contidos nas glândulas
salivares de mosquitos fêmeas infectados, que ao picarem o homem para tomar a sua refeição de
sangue, inoculam-nos na pele. Após inoculação, os esporozoítos permanecem na pele por até 3
horas, de onde se movem ativamente de forma aleatória, até que encontrem um vaso sanguíneo e,
nela penetram e alcançam a circulação sanguínea. No entanto, nem todos os esporozoítos
alcançam a corrente sanguínea, alguns permanecem no local da picada, sendo provavelmente
eliminados por células fagocíticas, outros escapam da destruição e permanecem na pele,
tornando-se intracelulares, e cerca de 20% entram na circulação linfática e atigem os linfonodos,
onde são eventualmente degradados. Os esporozoítos que alcançam a corrente sanguínea chegam
ao fígado e invadem os hepatócitos por um processo mediado por moléculas de adesão da
proteína parasitária denominada circunsporozoíta (CSP). Estas proteínas cobrem a superfície dos
esporozoítos, com proteoglicanos permitindo a passagem destes pela camada de células
sinusoidais como células de passagem. Depois de atravessar esta camada, os esporozoítos iniciam
o processo de invasão dos hepatócitos através do reconhecimento das moléculas sulfatadas da
membrana destes, mediada pela proteína CSP as quais se aderem, penetram sem ruptura da
membrana plasmática da célula hospedeira resultando na formação do vacúolo parasitóforo. No
interior dos hepatócitos, os esporozoitos se desenvolvem por esquizogonia, dando origem a
esquizontes tissulares que evoluem para estágios invasivos denominados merozoítos. Esta fase do
ciclo é denominada pré-eritrocítica com a duração de 5 a 15 dias (período prepatente)
dependendo da espécie de Plasmódio e da premunição do indivíduo infectado. Ao final desta
fase, os hepatócitos sofrem ruptura, com liberação de 10.000-30.000 merozoítos na corrente
sanguínea, que se fixam aos eritrócitos da circulação e neles penetram tornando-se parasitos
intracelulares móveis, denominados trofozoítos. Dentro do eritrócito, o parasita amadurece e
passa por uma fase de multiplicação que constitui o estágio eritrocítico. No caso de infecções por
P. vivax e P. ovale os parasitos podem permanecer dormentes, como hipnozoítos no fígado,
durante anos antes de desenvolver infecção clínica, podendo assim resultar em recidivas após
REVISÃO DA LITERATURA
12
longos períodos da infecção inicial. Durante a fase eritrocítica, o parasita modifica o ambiente no
interior do eritrócito tornando-o habitat adequado para a sua sobrevivência. A membrana
eritrocitária torna-se mais permeável a pequenas moléculas e metabólitos necessários para o
crescimento do parasita.
O desenvolvimento e multiplicação assexuada dos parasitas no interior dos eritrócitos
constituem o estágio eritrocítico e resulta na formação de trofozoítos e esquizontes maduros. Os
eritrócitos contendo esquizontes rompem-se liberando de 8 a 24 merozoítos, que são responsáveis
pelas crises febris ou “paroxismos” malariais. Os merozoítos liberados podem invadir outros
eritrócitos repetindo o ciclo. A duração do ciclo eritrocitário é de 48 horas para o P. vivax, P.
ovale e P. falciparum e 72 horas para P. malariae. No decurso da fase eritrocitária, alguns dos
merozoítos se diferenciam em formas sexuais (gametócitos), porém, os mecanismos que estão
envolvidos neste desenvolvimento diferencial ainda não foram esclarecidos. Os gametócitos
formados ao serem novamente ingeridos pelo mosquito iniciam com o ciclo sexuado. Os
gametócitos masculinos e femininos ao serem ingeridos pelo mosquito são liberados no intestino
do inseto, onde ocorre a divisão do núcleo dos gametócitos masculinos em oito microgametas
flagelados que deixam os eritrócitos e se movem ativamente para fertilizar um macrogameta
(gametócito feminino), formando o “zigoto”. Em seguida, o zigoto dentro do intestino, se
desenvolve num oocineto móvel que penetra o epitélio do intestino médio e fixa-se por baixo da
lâmina basal formando um oocisto. O oocisto fixado na lâmina basal amadurece e origem a
esporozoítos que se movem através do hemocelo e se acumulam nas células acinais da glândula
salivar, estando prontos para infectarem novo hospedeiro ao serem inoculados no próximo
repasto do mosquito (Good et al., 2005).
REVISÃO DA LITERATURA
13
Figura 2.3. Ciclo biológico do Plasmodium falciparum (Good et al., 2005).
2.4. Patogênese da Malária
A infecção malárica é assintomática durante a fase pré-eritrocítica. Os sintomas da
malária começam a manifestar-se durante a fase eritrocítica da infecção, podendo se apresentar
com grande variedade. Normalmente, os indivíduos infectados apresentam episódios de febre que
são acompanhados de tremores ou “calafrios”. Estes “paroxismos” de febre e calafrios são os
sintomas clássicos da malária, embora, naturalmente, possam ocorrer em outras doenças
(Mackintosh et al., 2004). Em geral, a patogênese da infecção é muito complexa e reflete a
interação entre fatores do hospedeiro e do parasito, incluindo o envolvimento de mecanismos
imunológicos relacionados com a manifestação clínica da doença (Dondorp et al., 2004).
REVISÃO DA LITERATURA
14
O processo é iniciado quando os esporozoítos de Plasmodium entram nas células
hepáticas do hospedeiro logo após a inoculação na circulação sanguínea. Em poucos dias os
esporozoítos inoculados se desenvolvem em esquizontes durante o ciclo pré-eritrocítico que se
rompem liberando enorme quantidade de merozoítos que invadem os eritrócitos (Figura 2.4). Os
distúrbios circulatórios generalizados são decorrentes da invasão e destruição dos eritrócitos, e
dos efeitos de produtos de excreção do parasito, material celular do hospedeiro e os complexos de
anticorpos que estimulam os macrófagos e as células endoteliais para a liberação de citocinas
pró-inflamatórias. Na malária grave ocorre secreção em cascata de citocinas como o fator de
necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-1 beta (IL-1ß) e interferon gama (IFN-γ) que por sua
vez induzem a liberação de outras citocinas, incluindo interleucina-8 (IL-8), interleucina-12 (IL-
12) e interleucina-18 (IL-18) (Weatherall et al., 2002). Simultaneamente, são também liberadas
citocinas antiinflamatórias como a interleucina-6 (IL-6) e a interleucina-10 (IL-10) (Keller et al.,
2004; Good et al., 2005). A maior parte dos sinais e sintomas da malária, particularmente os
“paroxismos maláricos” como calafrios e tremores, sensação de calor e cefaléia intensa, queda de
temperatura, sudorese e febre devem-se a ação das citocinas. Estas são também envolvidas na
disfunção placentária, supressão da eritropoiese, disfunção hepática e inibição da gliconeogênese
(Luty et al., 2000).
Na malária causada por P. falciparum pode ocorrer o sequestro dos eritrócitos infectados,
caracterizado pelo seu desaparecimento” do sangue periférico devido à formação de
protuberâncias ou knobs na superfície dos eritrócitos infectados permitindo a adesão destes nas
células do endotélio vascular, fenômeno conhecido por citoaderência. Este fenômeno pode
resultar num bloqueo do fluxo sanguíneo através dos capilares e vênulas afetadas, provocando
obstrução da microcirculação e o fluxo de oxigênio, levando a glicólise anaeróbia e acidose
láctica (Mackintosh et al., 2004). Quando esta obstrução ocorre em órgãos vitais (cérebro e rins)
pode resultar em complicações fatais, tais como insuficiência renal, coma e malária cerebral
(Dondrop et al., 2004; Mackintosh et al., 2004).
Em indivíduos não imunes, incluindo viajantes provenientes de regiões não endêmicas à
malária e crianças com idade inferior a cinco anos, a malária causada por P. falciparum é
indicado um diagnóstico e início imediato do tratamento, devido à alta propensão de
desenvolvimento de complicações com alto risco de morte.
REVISÃO DA LITERATURA
15
Figura 2.4. Eritrócito infectado por Plasmodium falciparum (http://wiz2.
pharm. wayne.edu/module/antiparasitic.html).
2.5. Tratamento Quimioterápico da Malária
Em geral, o tratamento quimioterápico e profilático da malária destina-se a eliminação das
formas do parasito que se multiplicam na circulação sanguínea, de modo a reduzir e eliminar a
parasitemia nos indivíduos infectados, assim como o bloqueio da ligação entre os estágios
exoeritrocítico e eritrocítico, impedindo assim o desenvolvimento de ataques de malária. No caso
de infecções causadas por P. vivax, P. ovale, o tratamento também é destinado à eliminação de
formas dormentes do parasito no fígado, a fim de evitar recaídas.
Os medicamentos antimaláricos podem ser utilizados na profilaxia assim como no
tratamento de ataques agudos. Desta forma podem ser classificados de diferentes formas. A
forma mais comumente utilizada baseia-se no modo de atuação das drogas nos diferentes estágios
do ciclo biológico do parasito. Sendo assim, os fármacos antimaláricos são classificados em:
agentes esquizonticidas sanguíneos; agentes esquizonticidas teciduais; agentes profiláticos e
agentes que bloqueiam a transmissão entre o homem e o mosquito (Figura 2.5) (Frédérich et al.,
2002).
REVISÃO DA LITERATURA
16
Figura 2.5. Local de ação das drogas antimaláricas (Rang et al., 2001).
Os antimaláricos que atuam sobre as formas eritrocíticas do plasmódio são destinados
para cura clínica ou supressiva, designados esquizonticidas, e utilizados para o tratamento de
ataques agudos. Este grupo inclui as quinolonas, por exemplo, quinina e mefloquina; várias 4-
aminoquinoleinas, como a cloroquina, amodiaquina, halofantrina e antimaláricos que interferem
na síntese do folato, como as sulfonas assim como a artemisinina e seus derivados. Também
fazem parte deste grupo alguns antibióticos, como a tetraciclina e a doxicilina que são utilizados
em combinação com os anteriormente citados. as 8-aminoquinoleinas (primaquina e
tafenoquina), atuam sobre formas teciduais do parasito no gado produzindo a cura radical e
reduzindo a disseminação da infecção através da ação sobre as formas sexuais do parasito (os
gametócitos). Os antimaláricos utilizados para a quimioprofilaxia incluem a cloroquina (excluída
no tratamento da malária devido à resistência), mefloquina, proguanil, pirimetamina, dapsona e
doxiciclina, que atuam no bloqueio da ligação entre os estágios exoeritrocíticos e o eritrocítico. A
primaquina, o proguanil e a pirimetamina são utilizados na prevenção da transmissão, exercendo
REVISÃO DA LITERATURA
17
ação adicional sobre os gametócitos, prevenindo assim o aumento na carga de parasitos no
reservatório humano (Rang et al., 2001).
Nos países endêmicos, incluindo Moçambique, a quimioterapia da malária é feita
empregando-se uma combinação de medicamentos que vêm sendo utilizado há décadas, como
tratamento padrão. Estes incluem entre outros a cloroquina, mefloquina, quinina,
sulfadoxina/pirimetamina e amodiaquina. Contudo, devido ao surgimento e disseminação de
cepas de P. falciparum resistentes, a sensibilidade a estas drogas é limitada (Balint, 2001; Olliaro
e Taylor, 2003;). A artemisinina e seus derivados semi-sintéticos, artesunato, dihidroartemisinina,
artemeter, arteeter e artelinato, constituem a única classe de antimaláricos para os quais ainda não
foi registrada resistência. São medicamentos com ação mais potente e rápida contra o plasmódio
(Noedl, 2005). Apesar da sua longa história de uso na China, estas drogas só recentemente
ficaram disponíveis a nível mundial para o tratamento da malária, sendo normalmente utilizados
em combinações fixas com outras drogas de diferentes mecanismos de ação e alvos moleculares,
como a amodiaquina, pirimetamina, mefloquina, sulfadoxina ou lumefantrina (Wilairatana et al.,
2002; German & Aweeka, 2008). No atual cenário, para reduzir o aparecimento de cepas
resistentes de P. falciparum é recomendada como terapia ideal da malária não complicada a
combinação fixa de medicamentos antimaláricos, utilizando derivados de artemisinina
Artemisinine Combination Therapy(ACT) (Whitty et al., 2004). Nesse contexto, as principais
combinações fixas recomendadas pela OMS incluem: (artesunato+amodiaquina,
artemeter+lumefantrina, artesunato+mefloquina e artesunato+sulfadoxina-pirimetamina).
Em Moçambique os esquemas de tratamento da malária adotados pelo Ministério da
Saúde, no âmbito da terapia combinada (ACT) variam de acordo com a classificação do paciente.
Basicamente, o tratamento consiste em três linhas: a primeira linha que compreende a
administração da combinação da dose fixa de Arteméter + Lumefantrina (AL), em dose única,
imediatamente após o diagnóstico, de um a quatro comprimidos duas vezes ao dia de 20mg de
arteméter e 120 mg de lumefantrina por comprimido, durante três dias consecutivos. A segunda
linha compreende a co-administração por três dias consecutivos de Artesunato + Amodiaquina
(AS + AQ) (4 mg/kg e 10 mg/kg de peso/dia respectivamente). Para os casos de pacientes com
contra-indicações às duas linhas anteriores, como malária grave ou resistente é proposta a terceira
linha de tratamento na base de Quinino, administrado por via oral ou intravenosa
(MISAU/PNCM, 2007a).
REVISÃO DA LITERATURA
18
2.5.1. Artemisinina
A artemisinina e seus derivados representam a classe de antimaláricos mais importantes
até hoje conhecida. A artemisinina é um extrato químico obtido da Artemisia annua L., utilizada
na China mais de 2.000 anos, onde é denominada Qing hao. O seu princípio ativo, qinghaosu
ou artemisinina, foi purificado em 1972 e testado com sucesso no tratamento da malária em 1979
(Klayman et al., 1985). Entretanto, só a partir da década de 80 houve a sua disseminação mundial
(Lee et al., 2002). É uma lactona sesquiterpênica que contém em sua estrutura uma função
endoperoxidase a qual se atribuiu a sua potente atividade antimalárica e alto índice terapêutico
em relação aos outros antimaláricos. A artemisinina é um esquizonticida sanguíneo de ão
rápida e eficaz no tratamento de ataques agudos da malária, incluindo cepas de P. falciparum
multidroga resistentes bem como a malária cerebral. Os seus análogos sintéticos (artesunato,
arteméter e arteter) são hidrossolúveis, exibem maior atividade antimalárica, sendo bem
absorvidos (van Agtmael et al., 1999). A biotransformação da artemisinina ocorre no fígado,
principalmente através de reação de fase I e desalquilação oxidativa por enzimas do citocromo
P450 e outros sistemas enzimáticos. São rapidamente absorvidas após administração oral e possui
um período de meia vida de 1 a 3 horas após a ingestão. A metabolização da artemisinina é
mediada primariamente pela enzima CYP2B6, com contribuição secundária de CYP3A4 e
CYP2A6 (Svensson e Ashton, 1999) (Figura 2.6). A artemisinina é um potente indutor do próprio
metabolismo e outras famílias do citocromo P450 como o CYP2C19 (Svensson e Ashton, 1999;
Burk et al., 2005). Essa indução enzimática pode resultar em interações com outras drogas,
levando-se em conta que a artemisinina é administrada em associação com outras drogas que são
substratos do citocromo P450 (Giao e de Vries, 2001).
REVISÃO DA LITERATURA
19
Figura 2.6. Biotransformação da artemisinina em seus derivados (Kerb et al., 2009).
O mecanismo de ação da artemisinina ainda não é bem conhecido, podendo, no entanto,
envolver a lesão da membrana do parasito por radicais livres gerados após a clivagem da ligação
peróxido em sua estrutura ou alquilação covalente das proteínas (Wu, 2002). Basicamente, mais
de 70% da hemoglobina do eritrócito infectado é digerida resultando na liberação da heme e
ferro
+2
durante a fase eritrocítica do parasito. O grupamento heme liberado é extremamente
tóxico para o parasita sendo, no entanto, neutralizado através da polimerização em hemozoína.
Além disso, os plasmódios são ricos em grupamentos heme e ferro
+2
resultantes da proteólise da
hemoglobina dos eritrócitos infectados. A interação da artemisinina com o grupamento heme no
interior do parasita induz a clivagem da ponte peróxido liberando radicais livres (Meshnick et al.,
1991). Estes radicais são a chave principal das reações químicas responsáveis pelo estresse
oxidativo e danos no sistema membranar do parasito que o levam a morte.
Outro mecanismo de ação da artimisinina ainda não muito bem esclarecido inclui a
inibição da enzima do retículo sarcoendoplasmático Ca
+2
ATPase (SERCA) do P. falciparum,
com grande especificidade, comprometendo o transporte membranar do parasito mediado por
esta enzima (Eckstein-Ludwig et al., 2003; Golenser et al., 2006).
Artemisinina
Deoxidihidro-
artemisinina
Deoxi-
artemisinina
9,10-dihidro-
artemisinina
Metabólitos inativos
Compostos ativos
Dihidroartemisinina
Cristal -7
REVISÃO DA LITERATURA
20
2.5.2. Amodiaquina
A amodiaquina é uma 4-aminoquinoleina que tem sido amplamente utilizada para o
tratamento da malária ao longo dos últimos 50 anos. É altamente eficaz contra os estágios
eritrocitários de todas as quatro espécies de Plasmodium e cepas de P. falciparum resistentes à
cloroquina. A amodiaquina foi introduzida no tratamento da malária em 1940. No entanto, nos
meados de 1980, a sua administração aumentou bastante devido ao uso profilático principalmente
em viajantes para áreas endêmicas a malária. Contudo, logo surgiram vários relatos sugerindo
altos níveis de toxicidade, particularmente agranulocitose (estimado 1:2.100 usuários com uma
taxa de letalidade de 1:31.000) (Hatton et al., 1986; Phillips-Howard e West, 1990) e
hepatotoxicidade (1:15.600) (Raymond et al., 1989; Phillips-Howard e West, 1990). Em 1990, a
amodiaquina foi removida da lista de drogas antimaláricas pela Organização Mundial da Saúde.
Entretanto, uma revisão posterior sugeriu que a toxicidade da amodiaquina foi primeiramente
observada em indivíduos não africanos que faziam tratamento profilático por longo prazo, tendo
se restabelecido em 1996 como uma opção para o tratamento da malária não complicada (Olliaro
et al., 1996). Com o aparecimento de resistência a cloroquina, a amodiaquina é utilizada para o
tratamento da malária em muitos países da África tanto em associação com outros antimaláricos
bem como em monoterapia. Não obstante, a ocorrência de possíveis efeitos colaterais em longo
prazo resultantes da utilização concomitante continua questionável, especialmente em indivíduos
com longa exposição (Cavaco et al., 2005).
A estrutura da amodiaquina é muito semelhante à cloroquina, diferindo apenas pela
presença do anel aromático (p-hidroxianilina) na sua cadeia lateral (Foley e Tilley, 1998). A sua
biotransformação hepática é catalisada pela enzima CYP2C8 em seu metabólito primário,
designado N-desethylamodiaquina (Rahman et al., 1994; Li et al., 2002) (Figura 2.7). O seu
mecanismo de ação consiste na inibição da digestão da hemoglobina pelo parasito e reduz o
suprimento de aminoácidos necessários para a viabilidade do mesmo. Além disso, através da sua
ligação por afinidade aos grupamentos heme livres, inibe a heme polimerase do parasito, enzima
responsável pela polimerização da heme em pigmento malárico (hemozoína) (O´Neill et al.,
1997).
REVISÃO DA LITERATURA
21
Figura 2.7. Biotransformação da amodiaquina em N-desethylamodiaquina (Gil e Berglund, 2007).
2.6. Mecanismo de ação e variabilidade no efeito dos fármacos
A resposta aos fármacos depende de múltiplos fatores, cujos efeitos podem ser
sinergéticos ou inibitórios. Para que uma droga possa produzir efeitos precisa estar nos seus
locais de ação em concentrações adequadas. Embora a dose e a via de administração sejam
determinantes nas concentrações obtidas, a sua absorção, distribuição, localização nos tecidos e
biotransformação são também determinantes no efeito final da droga. O estudo dos processos de
distribuição das drogas e seus metabólitos nos diferentes tecidos é denominado farmacocinética, e
incluem os mecanismos de absorção, transporte, metabolização e eliminação das drogas. A
farmacodinâmica estuda as interações dos fármacos com os seus alvos, denominados receptores.
A variabilidade de cada um destes fatores pode ter como causa os fatores genéticos ou ambientais
e/ou ambos. Estudos anteriores demonstraram que o metabolismo dos fármacos é determinado
em grande parte por fatores hereditários e, dessa maneira, os fatores genéticos explicam a maior
parte da variação das taxas metabólicas de muitos fármacos (Vesell, 2000). A maioria dos efeitos
da droga tem determinantes poligênicos com a interação de rios produtos gênicos sobre a
farmacocinética e farmacodinâmica, incluindo as diferenças herdadas relacionadas aos receptores
e a deposição das drogas, por exemplo, enzimas metabolizadoras e receptores (Benet, 1996). A
relação entre a absorção, distribuição, ligação, biotransformação das drogas e as consequências
na concentração no local de ação está resumida na figura abaixo (Figura 2.8).
Amodiaquina
N-desethylamodiaquina
REVISÃO DA LITERATURA
22
Figura 2.8. Relação entre farmacocinética e farmacodinâmica (Adaptado de Siest et al., 2003).
2.7. Biotransformação dos fármacos
As substâncias xenobióticas na sua maioria possuem características lipofílicas que
permitem a sua passagem pelas membranas biológicas. Entretanto, as propriedades físico-
químicas dos fármacos dificultam a sua eliminação do organismo. Deste modo, a
biotransformação dos fármacos e outros compostos xenobióticos em metabólitos mais
hidrossolúveis é essencial à sua excreção, bem como à cessação das suas atividades biológicas e
farmacológicas (Buxton, 1996). Em geral, as reações de biotransformação geram metabólitos
inativos mais polares, facilmente excretados pelo organismo. Entretanto, em alguns casos o
organismo produz metabólitos com atividade biológica potente ou propriedades tóxicas (Buxton,
1996).
Os sistemas enzimáticos envolvidos na biotransformação de muitos fármacos estão
localizados principalmente no fígado (retículo endoplasmático liso das células
hepáticas
microssomais), embora possam ser encontrados em outros órgãos, como os pulmões, rins e
epitélio gastrointestinal em menores concentrações (Hardman et al., 1996;
Lin e Lu, 1998
).
Metabolismo
hepático
REVISÃO DA LITERATURA
23
O metabolismo ou as reações de biotransformação dos fármacos são classificados em dois
tipos: reações de funcionalização da fase I e reações de biosíntese da fase II (conjugação) (Tabela
2.1). As reações de fase I introduzem ou expõem um grupo funcional (-OH, -NH
2
ou SH) do
fármaco original convertendo-o em um metabólito mais polar através de reações de oxidação,
redução e hidrólise. Em geral, as reações de fase I dão origem a metabólitos farmacologicamente
inativos, menos ativos ou, em alguns casos, mais ativos que a molécula original. Quando o
metabólito resultante da biotransformação for a forma ativa, o composto original é denominado
pró-fármaco. Os metabólitos provenientes da fase I podem ser eliminados ou participarem das
reações da fase II, denominadas reações de ntese ou de conjugação, que resultam na formação
de uma ligação covalente do rmaco ou metabólito primário com um substrato engeno como
ácido glicurônico, sulfato, glutationa, aminoácidos ou acetato. Em geral, esses conjugados são
altamente polares e inativos sendo rapidamente excretados na urina e nas fezes (Hardman et al.,
1996).
Tabela 2.1. Principais enzimas e vias de metabolização de drogas.
Classe de
Enzimas
Tipo de reação Enzimas
Fase I
Oxidação
Hidroxilação, N-e O-Desalquilação,
desaminação
Sistema de monooxigenases do citocromo P450
Desalogenação oxidativa
N-e S-Oxidação Sistema de monooxigenases contendo flavina
(FMO)
Desidratação Álcool desidrogenase e aldeído desidrogenase
Desidratação de aminas Monoamino-oxidase
Redução
Redução de compostos de carbonil Carbonil redutases
Hidrólise
Hidrólise de epóxidos Epóxido hidrolase
Hidrólise de ésteres Carboxilesterases
Hidrólise de peptídeos Peptidases
Outros
Oxidação de ánions de superóxidos Superóxidos desmutases
Oxidação de peróxidos Peroxidases
Fase II
Conjugação Glucuronosilação UDP-glicuronil transferase
Sulfonação Sulfotransferases
Acetilação N-acetiltransferases
Metilação O-, N e S-metiltransferases
Glutationa S-conjugação Glutationa S-transferases
REVISÃO DA LITERATURA
24
2.8. Fatores que afetam a biotransformação de fármacos
A variação na biotransformação de xenobióticos e na resposta ao tratamento por um
determinado fármaco é extensa e pode ser decorrente de vários fatores que incluem fatores
genéticos, idade, sexo, fisiologia do indivíduo, uso concomitante de outras substâncias que
induzem ou inibem enzimas biotransformadoras, além de doenças hepáticas e a interação entre
fármacos. Sabe-se, no entanto, que os fatores genéticos representam uma importante fonte destas
variações. Normalmente, tais fatores são polimorfismos existentes nos genes que codificam para
enzimas biotransformadoras de fármacos que, dependendo da sua localização no gene, podem
resultar em alterações na expressão e/ou na atividade de sítios de ligação de medicamentos
(Weinshilboum, 2003), na diminuição da estabilidade do RNA mensageiro correspondente, ou
ainda em uma modificação da estrutura conformacional da proteína. Como consequência, essas
alterações podem levar à redução ou aumento da atividade da proteína codificada e até mesmo na
ausência da enzima (Thorisson e Stein, 2003) (Figura 2.9).
Figura 2.9. Principais mecanismos moleculares que podem causar alterações no metabolismo de
fármacos.
REVISÃO DA LITERATURA
25
2.9. Farmacogenética x Farmacogenômica
muito tempo se sabe que pacientes tratados com as mais diversas drogas apresentam
variabilidade de resposta e de susceptibilidade ou toxicidade aos medicamentos. Essas variações
podem ser decorrentes de vários fatores. Considerando que os fatores genéticos podem contribuir
para a maior parte das variações interindividuais na resposta a muitos medicamentos comumente
usados, a farmacogenética e a farmacogenômica vêm sendo promovidos recentemente. A
farmacogenética é o estudo das variações genéticas responsáveis pelas respostas variáveis aos
medicamentos incluindo diferenças na eficácia, interações entre drogas e risco de
desenvolvimento de reações adversas, ou seja, como a hereditariedade afeta a resposta à droga
(Ingelman-Sunderberg, 2001). a farmacogenômica estuda como a identificação sistemática de
todos os genes humanos, seus produtos, a variação inter e intra-individual na expressão e função
dos mesmos podem ser utilizados tanto para prever um tratamento ideal para cada indivíduo
assim como para projetar novos medicamentos. O termo farmacogenômica foi criado no âmbito
do projeto do genoma humano, porém, as diferenças entre farmacogenética e farmacogenômica
são insignificantes, sendo, no entanto, na prática os dois termos utilizados alternadamente. A
farmacogenômica amplia o conceito de farmacogénetica que, além do estudo de genes isolados e
seus efeitos sobre diferenças interindividuais nas enzimas metabolizadoras, engloba as funções e
as interações de todos os genes do genoma humano, incluindo as enzimas responsáveis pela
biotransformação de fármacos (Ozdemir et al., 2001). As duas áreas de estudo visam otimizar o
tratamento através da personalização terapêutica, com base nas características genéticas dos
indivíduos, buscando identificar genes cujos produtos modulem as respostas terapêuticas,
influenciando basicamente na farmacocinética e farmacodinâmica de medicamentos ou estejam
associados a reações adversas a medicamentos (Mukherjee e Topol, 2003; Shastry, 2006).
Um dos principais focos da farmacogenética envolve as enzimas metabolizadoras de
fármacos. As variações genéticas presentes nos genes que codificam para essas enzimas podem
resultar em alterações na sua atividade, tendo como consequência o aparecimento de desfechos
desfavoráveis, como reações adversas, falência terapêutica e/ou toxicidade (Ingelman-
Sunderberg, 2001). O genoma humano possui aproximadamente 99,9% de homologia nas
sequências de DNA de todos os indivíduos. Entretanto, ao longo deste, mais de um milhão de
bases podem ser diferentes entre os diferentes indivíduos. Variações nessas sequências que
ocorrem na população geral de forma estável, encontradas com frequência de 1% ou mais, são
denominadas polimorfismos genéticos. As formas mais comuns de polimorfismos genéticos são
REVISÃO DA LITERATURA
26
deleções, mutações, substituições de base única ou SNP (Single Nucleotide Polymorphisms), ou
variações no mero de sequências repetidas (VNTR), micro e minisatélites (Evans e Reiling,
1999). Os SNPs são comuns e constituem cerca de 90% de toda a variação genética na população
humana que ocorre com uma frequência aproximada de um a cada 1.250 pares de bases. Os SNPs
podem ocorrer ao longo da sequência de um determinado gene em qualquer região, sendo os mais
comuns aqueles que ocorrem nas regiões regulatórias e codificante. A maioria dos SNPs
localizados na região codificante apresenta mutações “missense” que levam a troca do
aminoácido correspondente, enquanto que as outras são mutações silenciosas ou neutras. No caso
dos genes que codificam para enzimas envolvidas na biotransformação de fármacos, tais
mutações podem resultar em diferenças na resposta terapêutica individual devido às alterações na
farmacocinética e/ou na farmacodinâmica dos rmacos, sendo, no entanto, citados como
instrumento importante na investigação de bases genéticas de diversas doenças assim como na
predição do tipo de desfecho da resposta terapêutica de um determinado indivíduo em relação ao
tratamento por um determinado fármaco (Wang e Moult, 2001; Roses, 2002).
2.10. Características do Sistema Citocromo P450
O citocromo P450 (CYP450) é uma superfamília de enzimas encontradas em todos os
cinco reinos biológicos. Eles são responsáveis pelo metabolismo de vários compostos endógenos,
e participam da ativação e desativação de muitos agentes cancerígenos e na biotransformação de
xenobióticos. Foi identificado pela primeira vez na década de 1950, como pigmento em
microssomas hepáticos e nomeado por apresentar um pigmento rosado (P de Pink) com o
espectro máximo de absorbância a 450nm, quando reduzido e ligado ao monóxido de carbono. O
pigmento foi posteriormente caracterizado como uma hemoproteína P450 e associado ao
metabolismo de drogas e esteróides nos meados de 1960 (Nebert e Russell, 2002). As isoenzimas
que compõem o sistema CYP450 são mono-oxigenases que catalisam a transformação de
componentes lipofílicos em intermediários hidrofílicos e estão envolvidas no metabolismo de
fase I. O mecanismo catalítico de oxidação, ilustrado na reação da Figura 2.10, envolve a
incorporação de um átomo de oxigênio molecular para o substrato com consequente formação de
uma molécula de água e um metabólito mono-oxigenado (Gonzaléz, 1989; Ekins et al., 1997;
Guengerich, 2001).
REVISÃO DA LITERATURA
27
Figura 2.10. Esquema da reação do CYP450. R-H-substrato; R-OH- produto hidroxilado
XOOH-peróxido (X = H ou resíduos orgânicos (Anzenbacher e Anzenbacherová, 2001).
Nos humanos, as enzimas do citocromo P450 estão localizadas em maior quantidade nas
células microssomais do gado (Lewis, 2004). Também são expressas em todo o trato
gastrointestinal e em quantidades menores nos pulmões, nos rins, na próstata, no epitélio nasal e
da pele, nas gônadas, nas mamas, na placenta, no baço, no pâncreas e no cérebro. Estima-se que
todo o conteúdo do retículo endoplasmático presente nas células hepáticas esteja composto por
isoenzimas que constituem o sistema CYP450, podendo também ser encontradas nas membranas
mitocondriais (Lin e Lu, 1998). Acredita-se que aproximadamente 90% do metabolismo
oxidativo e mais de 50% de toda eliminação dos fármacos utilizados em algum regime
terapêutico seja mediada, parcialmente, pelas enzimas do complexo enzimático CYP450, as quais
apresentam também um importante papel na síntese de hormônios, na síntese de colesterol e no
metabolismo de substratos endógenos (Evans e Relling, 1999; Wienkers e Heath, 2005).
A clonagem e o sequenciamento do DNA complementar de enzimas do CYP e o
sequenciamento do genoma humano demonstraram a existência de 115 genes do sistema CYP450
humanos potencialmente funcionais, sendo 57 ativos e 58 pseudogenes
(http://drnelson.utmem.edu/CytochromeP450.html). Dos 57 genes ativos, doze desempenham um
papel importante no metabolismo de vários xenobióticos, incluindo vários fármacos de uso
clínico (Ingelman-Sundberg, 2004). As enzimas das famílias CYP1, CYP2 e CYP3 são
responsáveis por 70-80% de todo o metabolismo da fase I dos fármacos de uso clínico, enquanto
REVISÃO DA LITERATURA
28
as outras participam do metabolismo de componentes endógenos. As enzimas mais ativas
pertencem às subfamílias CYP2C, CYP2D e CYP3A (Evans e Relling, 1999) (Figura 2.11).
Figura 2.11. Percentual das isoformas do sistema CYP450 no fígado e exemplos de substratos,
inibidores e indutores (Pelkonen et al., 2008).
2.11. Nomenclatura
A nomenclatura da superfamília CYP450 é baseada na similaridade entre as seqüências de
aminoácidos (Nelson et al., 1996) (Figura 2.12). Enzimas que apresentam mais de 40% de
similaridade são agrupadas na mesma família que é indicada por um algarismo arábico (ex.
CYP2). Aquelas que possuem mais de 55% de similaridade em suas seqüências são agrupadas na
mesma subfamília que é representada por uma letra após o número arábico indicativo da família
(ex. CYP2B). Cada membro da subfamília (isoenzima) é representado por outro mero arábico
que vem em seguida a letra indicativa da subfamília (ex. CYP2B6). Quando em itálico, a sigla
refere-se ao gene que codifica a proteína em questão (ex. CYP2B6).
Rifampicina
Fenobarbial
Fenobarbial
Rifampicina
Fenobarbial
Rifampicina
Carbamazepine
Dexametazone
Etanol
Isoniazida
Fumo
Omeprazol
Fenoba
rbial
Rifampicina
Fenobarbial
Rifampicina
REVISÃO DA LITERATURA
29
Figura 2.12. Nomenclatura das isoenzimas da superfamília CYP450.
2.12. Famílias e Subfamílias
A família CYP2 é muito diversificada e inclui um mero importante de enzimas CYP
metabolizadoras de drogas. No homem foram descritas 20 enzimas pertencentes a esta família e
13 subfamílias diferentes. Na subfamília CYP2A foram identificadas as isoformas CYP2A6,
CYP2A7 e CYP2A13. Destas, a CYP2A6 é a mais expressa no fígado e representa
aproximadamente 10% do total das enzimas CYP hepáticas, estando envolvida na ativação de
alguns pró-carcinógenos, tais como aflatoxina B1ou nitrosaminas presentes no fumo de tabaco;
no metabolismo da nicotina e na biotransformação de alguns fármacos (Pelkonen et al., 2008). A
isoenzima CYP2B6 é o único membro da subfamília CYP2B identificado no homem e
responsável pela biotransformação de compostos tóxicos e alguns fármacos (Bathelt et al., 2002).
Na subfamília CYP2C foram identificados em humanos quatro isoformas, a saber: CYP2C8,
CYP2C9, CYP2C18 e CYP2C19. Entre eles, a CYP2C9 apresenta-se em maior concentração no
fígado humano, sendo responsável pelo metabolismo de grande mero de drogas de uso
terapêutico, incluindo drogas inflamatórias ou hipoglicemiantes. A CYP2C19 é também expressa
no fígado e é responsável pelo metabolismo de um número significativo de drogas (Anzenbacher
e Anzenbacherova, 2001). A CYP2C8 é expressa em diversos níveis no fígado e sua importância
no metabolismo de drogas ainda é pouco conhecida. No entanto, entre os seus substratos
encontram-se substâncias endógenas como o ácido retinóico e retinol além de algumas drogas de
uso terapêutico (Soyama et al., 2001).
CYP2B6
*
1B
Família
Subfamília
Isoforma
Variante alélica
REVISÃO DA LITERATURA
30
2.12.1. CYP2B6
Contrariamente às outras isoenzimas hepáticas do citocromo P450 predominantes no
fígado como a CYP3A4, a isoenzima 2B6 (CYP2B6) foi inicialmente considerada uma enzima
de baixa expressão hepática em humanos, com participação secundária no metabolismo de
xenobióticos (Wrighton e Stevens, 1992). No entanto, estudos recentes demonstraram que a
mesma pertence a um conjunto de enzimas CYP hepáticas importantes no metabolismo de
diversas drogas, representando cerca de 2-10% do conteúdo total das enzimas CYP hepáticas
(Code et al., 1997; Ekins et al., 1998). Além disso, a sua importância no metabolismo de
xenobióticos tem sido confirmada com a identificação de um número crescente de novos
substratos, sua inducibilidade por uma rie de substâncias químicas estruturalmente diversas
(Tabela 2.2), e o número relativamente elevado de polimorfismos genéticos que contribuem para
a sua grande variação interindividual (Yamano et al., 1989; Code et al., 1997; Stresser e Kupfer,
1999; Lang et al., 2001). Como a maioria das outras isoformas do CYP, a CYP2B6 é
essencialmente expressa no fígado e envolvida no metabolismo de primeira passagem de drogas
ingeridas, mas pode ser encontrada em outros tecidos extra-hepáticos, incluindo: cérebro, rins,
intestino, endométrio, macrófagos bronco-alveolares, linfócitos e pele (Gervot et al., 1999; Ding
e Kaminsky, 2003).
O gene que codifica para o CYP2B6 foi mapeado no braço longo do cromossomo 19,
entre as posições 19q12 e 19q13. 2, e está localizado juntamente com o pseudogene CYP2B7P
com o qual estão intimamente relacionados vários outros membros da família de genes da família
CYP2. Este gene consiste em nove exons que codificam para 491 aminoácidos (Philips et al.,
1985; Santisteban et al., 1988; Yamano et al., 1989). A sua indução é mediada pelos receptores
nucleares PXR (Pregnane Xenobiotic Receptor) e CAR (Constitutive Androstane Receptor) que
interagem com o PBREM (phenobarbital-responsive enhancer module) e outros fatores
transcricionais que se ligam ao promotor permitindo a transcrição do gene (Sueyoshi et al. 1999;
Goodwin et al., 2001; Wang et al., 2003a). A maior parte dos mecanismos de regulação
transcricional do gene CYP2B6 assemelha-se com os de vários genes metabolizadores de drogas e
muitos indutores da CYP2B6 também induzem CYP3A4 e UGT1A1 (Geick et al., 2001;
Sugatani et al., 2001). Por outro lado, alguns dos indutores também são substratos para CYP2B6,
podendo acelerar o seu próprio metabolismo afetando a sua depuração ou toxicidade. Exemplos
REVISÃO DA LITERATURA
31
de auto-indução amplamente utilizados incluem as drogas anticâncer ciclofosfamida e ifosfamida,
o antiretroviral efavirenz, e o antimalárico artemisinina (Simonsson et al., 2003; Wang et al.,
2003b).
Apesar de ser uma enzima pouco estudada, quando comparadas as outras enzimas da CYP
bem estabelecidas como CYP2D6 e CYP2C19, as variações genéticas do CYP2B6 e sua
importância clínica bem como as variações interindividuais na sua expressão e atividade foram já
reportadas e o número de estudos de farmacogenética cresce rapidamente. Até o momento foram
caracterizados 28 variantes alélicas e uma série de subvariantes de CYP2B6 (*1B a *29) foram
descritas (http://www.cypalleles.ki.se), os quais consistem na combinação de várias mutações
pontuais nas regiões codificante e promotora. No entanto, estudos funcionais mostram uma
variedade de fenótipos codificados pelos alelos polimórficos, que incluem a diminuição
significativa da atividade catalítica ou a perda completa da expressão do gene (Lang et al., 2001;
Rotger et al., 2007; Hoffmann et al., 2008). As variações genéticas foram identificadas em toda a
sequência do gene, tanto na região codificante como promotora. Embora a maioria dos SNPs
identificados resulte em alterações o funcionais, os SNPs importantes apresentam frequências
de até 50% em determinadas populações, tendo impacto significativo na farmacocinética de
vários medicamentos tais como o inibidor da transcriptase reversa do HIV, efavirenz e o
anticâncer ciclofosfamida (Lang et al., 2001).
REVISÃO DA LITERATURA
32
Tabela 2.2. Diferentes classes terapêuticas de fármacos biotransformados por enzimas
codificadas pelo gene CYP2B6.
Classe Terapêutica Fármaco
Quimioterapêuticos
Ciclofosfamida
Ifosfamida
Tamoxifen
Anti
retrovirais
Efavirenz
Nevirapina
Antidepressivos
Bupropion
Anti
epilé
ticos
Metilfenobarbital
Ácido valpróico
Antiarrítmicos
Mexiletine
Procainamida
Antimaláricos Artemisinina
Antiinflamatórios
Tazofelone
Aminop
i
rine
Antipirina
Anestésicos
Propofol
Cetamina
Pentobarbital
Ropivacaína
Lidoca
í
n
a
Sevoflurano
Opióides
Metadona
Petidina
Esteróides
Estrona
Testosterona
Psicotrópicos
Diazepam
Temazepam
Clotizazepam
Midazolam
REVISÃO DA LITERATURA
33
A primeira análise sistemática dos polimorfismos genéticos realizado por Lang e
colaboradores em nove exons da região codificante permitiu a identificação de nove SNPs, dos
quais cinco são não-sinônimas e quatro são mutações silenciosas. De forma isolada ou em
combinação, esses SNPs resultaram em seis diferentes alelos designados como CYP2B6 *2
(64C> T), *3 (777C> A), *4 (785A> G), *5 (1459C> T), *6 (516G> T e 785A> G), e *7 (516G>
T, 785A> G e 1459C> T) (Figura 2.13). Entre eles, o alelo *6, caracterizado pela combinação das
mutações 516G> T no exon 4 e 785A> G no exon 5, foi detectado em cerca de 15-40% de
populações asiáticas e mais de 50% de Afro-americanos (Lang et al., 2001; Guan et al., 2006;
Mehlotra et al., 2006). Adicionalmente, estudos recentes relatam a descoberta de um splicing
aberrante do RNA mensageiro do gene CYP2B6 no mesmo alelo, o qual carece dos exons 4, 5 e
6, apresentando uma proteína com função reduzida (Hoffmann et al., 2008). Neste estudo, os
portadores do alelo CYP2B6*6 heterozigotos e em homozigose, apresentaram uma diminuição
significativa da atividade catalítica e expressão da proteína, em comparação com os portadores do
alelo selvagem CYP2B6*1. O alelo CYP2B6*5 é mais frequente em populações caucasianas (14-
25%) e foi também associado à diminuição na expressão da proteína e atividade catalítica da
enzima (Lamba et al., 2003).
Outros alelos novos caracterizados na região codificante incluem: CYP2B6 *16 (785A> G
e 983T> C), *18 (983T> C), *27 (593T> C), e *28 (1132C> T), bem como quatro alelos de
fenótipo nulo *8 (415A> G), *11 (136A> G), *12 (296G> A), e *15 (1172T> A)
(http://www.cypalleles.ki.se/cyp2b6.htm).
Figura 2.13. Distribuição das mutações não-sinôminas no gene CYP2B6; em vermelho estão repre-
sentados os SNPs de interesse neste estudo e em preto UTR (Zhou et al., 2009).
REVISÃO DA LITERATURA
34
Além dos SNPs localizados na região codificante, os SNPs que ocorrem em sequências
regulatórias e intrônicas também têm impacto sobre a expressão do gene. Dado o fato do gene
CYP2B6 ser altamente induzível e regulado ao nível transcricional, a identificação de SNPs na
região promotora tem sido objeto de pesquisa por diversos grupos (Zukunft et al., 2005; He et al.,
2006), sendo vários os SNPs identificados na região promotora
(http://www.cypalleles.ki.se/cyp2b6.htm). Entre eles, destaca-se o SNP -750T>C que foi
reportado em 49% de indivíduos de origem caucasiana, 83% Africano-americanos e 79% em
hispânicos. No entanto, apesar desta mutação estar localizada num possível sítio de transcrição, a
caracterização funcional revelou que os alelos associados com essa mutação resultaram em
mudanças moderadas na expressão de RNA mensageiro (Lamba et al., 2003).
O gene CYP2B6 desempenha papel crucial na biotransformação de várias drogas
clinicamente importantes, incluindo ciclofosfamida, efavirenz, ifosfamida, tamoxifeno e
artemisinina (Chang et al., 1993; Svensson e Ashton, 1999; Rotger et al., 2007). A sua
importância clínica na inibição da enzima alteração da expressão dos alelos polimórficos pode ser
exemplificada com o antiretroviral efavirenz. De acordo com Marzolini e colaboradores,
concentrações plasmáticas altas do efavirenz são responsáveis por efeitos secundários em
indivíduos com HIV tratados com esta droga e contribuem para uma elevada taxa de abandono e
insucesso terapêutico nesses indivíduos (Marzolini et al., 2001). Entre os alelos polimórficos
identificados, evidências recentes mostram que o alelo CYP2B6*6, principalmente a mutação
516G>T está fortemente associada à elevação da concentração plasmática da droga e ao
aparecimento de efeitos neurológicos relacionados com o uso da droga (Haas et al., 2004). No
entanto, a ocorrência dessas mutações mostra grande variedade étnica em diferentes populações
estudadas (Tabela 2.3).
REVISÃO DA LITERATURA
35
Tabela 2. 3. Distribuição dos SNPs frequentemente reportados em diferentes populações.
a
-
Guan et al., 2006, b- Hiratsuka et al., 2002,
c
- Cho et al., 2004, d- Lang et al., 2001, e,f,i- Lamba et al., 2003, g- Klein et al., 2005, h- Ferreira et al., 2007.
SNP
Chineses Japoneses Coreanos Europeus
(Germânicos)
Euro-descendentes
(Americanos)
Afro-
americanos
Africanos Africanos Hispânicos
(n=368)
a
(n=530)
b
(n=716)
c
(n=430)
d
(n=86)
e
(n=58)
f
(n=103)
g
(n=82)
h
(n=14)
i
64C>T
0,03 0,05 0,03 0,05 0,09 0 0,24 0,14
516G>T
0,21 0,16 0,14 0,29 0,22 0,29 0,68 0,49 0,43
777C>A
0 0 0 0,005 0 0 0 0
785A>G
0,28 0,26 0,19 0,33 0,04 0,17 0,48 0,14
1459C>T
0,003 0,01 0,01 0,14 0,13 0,09 0
REVISÃO DA LITERATURA
36
2.12.2. CYP2C8
A isoenzima 2C8 do citocromo P450 (CYP2C8), juntamente com CYP2C9, CYP2C18 e
CYP2C19 são isoenzimas humanas pertencentes à subfamília CYP2C, sendo coletivamente
responsáveis pelo metabolismo de cerca de 20% de fármacos de uso clínico (Gray et al., 1995).
Além disso, são todas polimórficas e compartilham uma identidade significativa; porém, possuem
diferenças importantes no que diz respeito aos locais e níveis de expressão de proteínas bem
como o tipo de substratos reconhecidos, características essas que em grande parte, determinam a
sua relevância no metabolismo de drogas (Evans et al., 2004). A isoenzima CYP2C8 constitui
cerca de 7% do total das enzimas microssomais do citocromo P450, sendo responsável pelo
metabolismo de primeira passagem de cerca de 5% das drogas, podendo ser também encontrada
em vários tecidos extra-hepáticos como: rins, intestino, glândulas adrenais, cérebro, glândulas
mamárias, ovários e coração, assim como em tumores de câncer de mama (Klose et al. 1999;
Knüpfer et al., 2004). Os principais substratos da CYP2C8 incluem o ácido araquidônico e ácido
retinóico, assim como os agentes terapêuticos apresentados na Tabela 2.4 (Rahman et al., 1994).
A sua indução é mediada por múltiplos receptores nucleares (Ferguson et al., 2005) e a
quercetina e o trimetoprim constituem os principais inibidores da CYP2C8 (Sousa e Marletta,
1985; Wen et al., 2002).
REVISÃO DA LITERATURA
37
Tabela 2.4. Diferentes classes terapêuticas de fármacos metabolizados pela CYP2C8, classificados de
acordo a contribuição da isoenzima no seu metabolismo.
Classe terapêutica
Fármaco
Outras enzimas CYP com papel no
metabolismo
Maior contribuição da
CYP2C8
no metabolismo
Antiarrítmico
Amiodarona
CYP3A4, CYP1A2, CYP2C19, CYP2D6
Antimalárico
Amodiaq
uina
CYP3A4, CYP1A1, CYP1B1
Hiperlipidemia
Cerivastatina
CYP3A4
Antimalárico
Cloroquina
CYP3A4, CYP12D6
Taxano
Paclitaxel
CYP3A4, CYP3A
5
Antidiabético
Repaglinide
CYP3A4
Antidiabético
Rosiglitazona
CYP2C9, CYP3A4
Antidiabético
Troglitazona
CYP3A4
Contribuição intermediária da CYP2C8 no metabolismo
Antiepilético
Carbamazepina
C
YP3A4 (maior)
Linfomas e leucemias
Ciclosfamida
CYP2A6, CYP2B6, CYP2C9, CYP2C19
Antibacteriano
Dapsona
CYP2C9 (maior)
Antiinflamatório
Diclofenac
CYP2C9 (maior
),
CYP3A4, CYP2C19
Antiarrítmico
Diltiazem
CYP3A4, CYP2C9
Hiperlipidemia
Fluvastatina
CYP2C9 (maior
),
CYP3A4
Câncer
Ifosfamida
CYP2A6, CYP2B6, CYP2C9, CYP2C19
Opióides
Metadone
CYP3A4,
CYP2D6,
CYP2B6
Antiinflamatório
Tenoxicam
CYP2C9 (maior)
Hipertensão
Verapamil
CYP3A4 (maior), CYP3A5
O gene que codifica para a isoforma CYP2C8 está localizado no cromossomo 10q24,
juntamente com mais três genes da subfamília CYP2C na seguinte ordem: Cen- 2C18-2C19-2C9-
2C8-Tel. A estrutura completa do gene CYP2C8 tem um tamanho de 31 kilobases, sendo
constituído por nove exons que possuem polimorfismos de base única identificados nas regiões
codificantes e não codificantes (Klose et al., 1999). O alelo selvagem (CYP2C8*1A) apresenta
expressão e atividade normal da enzima CYP2C8. No entanto, vários SNPs têm sido descritos em
diferentes populações, caracterizando outros alelos. Quatro variantes alélicas que codificam a
substituição de aminoácidos foram descritas e designadas CYP2C8*2, *3, *4 e *5 (Figura 2.14)
(Dai et al., 2001; Soyama et al., 2001; Bahadur et al., 2002). Os alelos mais frequentes são
CYP2C8*2 e CYP2C8*3.
REVISÃO DA LITERATURA
38
Figura 2.14. Distribuição das mutações não-sinônimas no gene CYP2C8; em vermelho estão
representados os SNPs de interesse neste estudo e em preto UTR (Zhou et al., 2009).
O alelo CYP2C8*2 ocorre com a frequência de 18% em populações africanas e orientais,
sendo raro em populações caucasianas. É caracterizado por uma substituição 805A>T no exon
cinco, que resulta numa proteína com aproximadamente 15% da atividade catalítica do alelo
selvagem. o alelo CYP2C8*3 ocorre com maior frequência em populações caucasianas (23%)
sendo bastante raro em africanos (Tabela 2.5). É caracterizado por duas substituições de
aminoácidos, 416G>A e 1196A>G nos exons três e oito (Dai et al., 2001; Bahadur et al., 2002).
Indivíduos que apresentam o alelo CYP2C8*3 possuem baixa expressão hepática da enzima,
resultando em uma diminuição da atividade hepática de CYP2C8 em comparação com indivíduos
portadores do alelo selvagem. Yasar e colaboradores relataram um desequilíbrio de ligação
incompleto deste alelo com o alelo CYP2C9*2, onde 96% dos indivíduos de origem caucasiana
portadores do alelo CYP2C8*3 eram também portadores do alelo CYP2C9*2 (Yasar et al., 2002).
O alelo CYP2C8*4 é caracterizado por uma substituição 792C>G no éxon cinco. No entanto, a
sua importância na expressão do gene continua por elucidar. O alelo CYP2C8*5 apresenta
deleção de uma base na posição 475 que resulta em uma mutação do tipo “mudança de fase” no
códon 159 e uma introdução de um “códon de parada” prematuro no resíduo 177 resultando
numa enzima com falta de 64% da estrutura da proteína, incluindo o sitio de reconhecimento,
sendo, portanto inativa (Bahadur et al., 2002; Soyama et al., 2002). Existem ainda outros alelos
REVISÃO DA LITERATURA
39
descritos (*6, *7, *8, *9,*10,*11,*12,*13 e *14), porém a frequência dos mesmos é muito baixa e
sua importância não é bem conhecida (http://www.cypalleles.ki.se/cyp2c8.htm).
Tabela 2.5. Distribuição das variantes alélicas encontradas no gene de CYP2C8 em diversas populações.
Africanos Asiáticos Afro-
americanos
e
Europeus
f
Alelo
Zanzibar
(n=165)
Gana
(n=200)
b
Malásia
(n=57)
c
Japoneses
d
CYP2C8*2
0.139
0.168
0.035
0.000
0.180
-
0.150
0.004
-
0.016
CYP2C8*3
0.021
0.000
0.053
0
-
0.007
0.020
-
0.080
0.069
-
0.198
CYP2C8*4
0.006
0.000
0.000
0.000
0.000
0.045
-
0.075
a, f
-
Cavaco et al., 2005, b- Röwer et al., 2005,
c
- Muthiah et al., 2005, d-Nakajima et al., 2003,
e- Dreisbach et al., 2005, King et al., 2005.
OBJETIVOS
40
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral:
Determinar a prevalência dos polimorfismos dos genes CYP2B6 e CYP2C8 do complexo
P450 humano em indivíduos sadios provenientes de três regiões distintas de Moçambique.
3.2. Objetivo Específico:
Determinar as frequências alélicas, genotípicas e haplotípicas destes polimorfismos na
população estudada.
METODOLOGIA
41
4. METODOLOGIA
4.1. Tipo de estudo
Estudo descritivo observacional.
4.2. Local do estudo
Toda a coleta de material biológico, bem como o preenchimento do instrumento de coleta
de dados foi realizada em diferentes unidades de saúde das regiões estudadas de Moçambique. O
estudo foi realizado em sete hospitais situados em três regiões distintas do país, a saber:
Províncias de Cabo Delgado e Nampula; na região Norte, Província de Sofala, na região Centro,
e Província de Gaza e Cidade de Maputo, na região Sul. Na região Norte o material biológico
(sangue) foi coletado no Hospital Provincial de Pemba (HPP) e Hospital Central de Nampula
(HCN). Na região Centro foi coletado no Hospital Central da Beira (HCB) e no Hospital Rural de
Chokwé (HRC), Hospital Central de Maputo (HCM), Hospital Geral José Macamo (HGJM) e
Hospital Geral de Mavalane (HGM), na região Sul (Figura 4.1). Os hospitais referenciados são de
nível secundário (HRC), terciário (HPP, HGJM e HGM) e quaternário (HCN, HCB) de referência
para doenças em geral.
Após a coleta o material foi encaminhado para o Laboratório de Biologia Molecular
Aplicado a Micobactérias do Instituto Oswaldo Cruz-Fiocruz, no Rio de Janeiro, Brasil, onde
foram realizados todos os procedimentos laboratoriais e análise de dados.
4.3. Cálculo amostral
Tendo em vista a ausência de dados referentes à frequência dos polimorfismos estudados
em Moçambique, foi efetuado um estudo piloto. Assim, assumindo a frequência da ocorrência
desses polimorfismos de 50% a um nível de confiança de 95% foi estimado um tamanho amostral
de 384 voluntários, calculado através do programa EPIINFO versão 3.5.
4.4. Período de estudo
A duração total do estudo foi de 24 meses. A população estudada foi recrutada no período
compreendido entre outubro e dezembro de 2008.
METODOLOGIA
42
Figura 4.1. Mapa de Moçambique ilustrando os locais de coleta de amostras nas ts
regiões.
4.5. População de estudo
Foram arrolados para o estudo indivíduos sadios entre doadores de sangue, atendidos nos
bancos de sangue dos hospitais selecionados no período de recrutamento dos participantes.
4.6. Seleção dos Participantes
4.6.1. Critérios de inclusão
Foram incluídos no estudo, de modo sistemático, indivíduos de ambos os gêneros,
independente de cor, etnia e religião,
com as seguintes condições:
Nacionalidade Moçambicana,
Idade compreendida entre 18 a 65 anos,
Aceitar em participar do estudo de forma voluntária,
Assinar o termo de consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 1).
NORTE
CENTRO
SUL
HCB (Sofala)
HPN (Nampula)
HPP (C.Delgado)
HRC (Gaza)
HCM, HGJM e
HGM
(Maputo)
METODOLOGIA
43
4.6.2. Critérios de exclusão
Não foram incluídos no estudo os indivíduos com as seguintes condições:
Inaptos para doar sangue,
Portadores de doença crônica,
Indivíduos que estavam sob tratamento para qualquer enfermidade.
4.7. Procedimentos Laboratoriais
4.7.1. Coleta de amostras e extração de DNA
Foram colhidos aproximadamente 200µL de sangue, depositados em cartão de filtro do
tipo “FTA Classic Cards” (Whatman) e seco a temperatura ambiente. O cartão de filtro do tipo
FTA permite a coleta, transporte, armazenagem e isolamento dos ácidos nucléicos a temperatura
ambiente. Após a coleta das amostras, os cartões de filtro secos e devidamente identificados
foram armazenados em sacos plásticos contendo sílica gel e enviados para o Laboratório de
Biologia Molecular Aplicada a Micobactérias do Instituto Oswaldo Cruz.
4.7.2. Preparação do cartão FTA para a PCR
O cartão de filtro FTA contendo a amostra foi preparado para a realização da PCR
segundo as instruções do fabricante. Basicamente, cada cartão com amostra foi perfurado em
discos de 1,2mm de diâmetro, com um Harris Micro-punch (Whatman). Os discos foram lavados
(3x) com 200µL de reagente de purificação de FTA e (2x) com 200µL, 1mM TE (10mM Tris-
HCl, 0,1mM EDTA, pH 8,0), sendo incubadas por 5 minutos em cada etapa de lavagem. As
lavagens foram necessárias para reduzir potenciais inibidores da PCR presentes no sangue. Os
discos lavados foram secos a 56°C num bloco de aquecimento durante 10 minutos. Após esta
etapa, o material foi usado para amplificação.
METODOLOGIA
44
4.7.3. Amplificação do DNA e Genotipagem
A amplificação e a genotipagem dos fragmentos de interesse nas regiões codificantes dos
genes estudados (CYP2B6 e CYP2C8) foi feita por PCR-RFLP utilizando diferentes pares de
oligonucleotídeos e endonucleases de restrição. Para a confirmação dos padrões heterozigotos,
uma fração dos produtos da PCR em amostras portadoras das mutações estudadas foi
sequenciada.
A padronização das condições de amplificação para cada gene foi realizada em um
termociclador “Veriti Thermal Cycler - Applied Biosystemscom a utilização de um bloco com
capacidade de gradiente de temperatura que permite uma variação da temperatura de anelamento,
a fim de obter melhor rendimento das reações de PCR. Adicionalmente foram também testadas
diferentes quantidades de discos de cartão FTA, concentrações de magnésio, dNTPs e aditivos.
4.7.4. Estratégias de Amplificação
4.7.4.1. CYP2B6
Para a amplificação das quatro regiões de interesse, que incluíram os exons: um, quatro,
cinco e nove, com fragmentos de 723pb, 526pb, 640pb e 1401pb, respectivamente, foram
utilizados em todas as reações oligonucleotídeos específicos descritos anteriormente (Lang et al.,
2001) como ilustra a figura abaixo (Figura 4.2).
Figura 4.2: Gene CYP2B6, estratégia de amplificação mostrando o tamanho dos
fragmentos amplificados em cada exon (Lang et al., 2001)
640bp
Tamanho do exon
723bp
526bp
1401bp
METODOLOGIA
45
A genotipagem dos alelos CYP2B6*2,*3,*4,*5,*6, *7 e *9 foi realizada através de RFLP,
onde são detectadas alterações nas sequências. Desta maneira, as amostras que apresentam os
SNPs que caracterizam os alelos mutantes, criam ou obstruem tios de restrição para as enzimas
Hae II (alelos *2 e *3, Sty I (*4), Bgl II (*5), Bsr I (*9), Bsr I e Sty I (*6), Bsr I; Sty I e Bgl II (*7)
(Lang et al., 2001).
Os alelos CYP2B6*2 e *3 (C
64
T e C
18045
A) mudam a sequência CGCGA nos exons
um e cinco modificando o sítio de reconhecimento para a enzima Hae II (CGTGA e CGAGA).
Em relação ao alelo CYP2B6*4 (A
18053
G), a mudança da sequência GGAAC no exon cinco
altera o sítio de reconhecimento para a enzima Sty I (GGGAC). No alelo CYP2B6*5 (C
25505
T)
ocorre a criação de um sítio de reconhecimento para a enzima Bgl II (GTCTA) pela mudança da
sequência GCCTA no exon nove, enquanto que o alelo CYP2B6*9 (G
15631
T) muda a sequência
TGACC criando um sítio de reconhecimento para a enzima Bsr I (TTACC) no exon quatro
(Figura 4.3).
METODOLOGIA
46
Figura 4.3: Ilustração da estratégia de amplificação do gene CYP2B6, alelos *2, *3, *4, *5 e *9 e a
representação do resultado obtido após a digestão utilizando as enzimas Hae II, Bsr I, Sty I e Bgl II em
gel de agarose 2%.*1/*1- perfil homozigoto selvagem; *1/*2,*1/*3,*1/*4,*1/*5 e *1/*9 - perfis
heterozigotos; *2/*2,*3/*3,*4/*4,*5/*5 e *9/*9- perfis homozigotos mutantes.
METODOLOGIA
47
4.7.4.2. CYP2C8
Para a amplificação das regiões de interesse neste gene, foram utilizados
oligonucleotídeos descritos por Dai e colaboradores para os exons três, cinco e oito com os
fragmentos de 347pb, 312pb e 117pb, respectivamente e por Nakajima e colaboradores para o
exon cinco, com 167pb (Figura 4.4) (Dai et al., 2001; Nakajima et al., 2003).
Figura 4.4: Gene CYP2C8, estratégia de amplificação mostrando o tamanho dos
fragmentos amplificados em cada exon (Nakajima et al., 2003).
A genotipagem dos alelos CYP2C8*2, *3 e *4 foi realizada atravéz de RFLP onde são
detectadas alterações nas sequências, permitindo a identificação das mutações utilizando as
enzimas Bcl I (*2), Bse RI e Xmn I (*3) e Taq I (*4).
O alelo CYP2C8*2 (A
11054
T) muda a sequência TGATCA no exon cinco modificando o
sítio de reconhecimento para a enzima Bcl I (TGTTCA). O alelo CYP2C8*3 (G
2130
A e
A
30411
G) muda a sequência GAGGAG alterando um sítio de reconhecimento para a enzima Bse
RI (GAGGAA) no exon três, enquanto a sequência CAAAG elimina o sítio de reconhecimento
da enzima Xmn I (CAGAG) no exon oito. Por último, o alelo CYP2C8*4 (C
11041
G) muda a
sequência TATCGA alterando o sítio de reconhecimento da enzima Taq I (TATGGA) (Figura
4.5).
347pb (*2)
167pb (*4)
Tamanho do exon
312pb(*3) 117pb (*3)
~31 kb
METODOLOGIA
48
Figura 4.5: (A) Ilustração da estratégia de amplificação do gene CYP2C8*2, *3 e *4. (B) Representação
do resultado obtido após a digestão utilizando as enzimas Bcl I, Bse RI, Xmn I e Taq I em gel de agarose
4%. *1/*1-perfil homozigoto selvagem; *1/*2,*1/*3e*1/*4- perfis heterozigotos;*2/*2,*3/*3 e*4/*4-
perfis homozigotos mutantes.
4.7.5. Purificação dos produtos da PCR para o Sequenciamento
A purificação do DNA foi realizada utilizando o Kit ChargeSwitch® PCR Clean-Up”
(Invitrogen). O “ChargeSwitch®” é um sistema que permite a purificação rápida e eficiente de
produtos de PCR de sais, dNTPs e outros reagentes que não sejam ácidos nucléicos, baseado
numa esfera magnética que fornece uma superfície de ligação dependente da carga e pH do
METODOLOGIA
49
tampão circulante, facilitando a purificação dos ácidos nucléicos. Basicamente, o processo de
purificação consiste na adição de 25 ou 50µL de produto de PCR num microtubo de 1,5mL
estéril, onde são adicionados posteriormente 25µL ou 50µL de tampão de purificação (NS) e nele
adicionados 3µL ou 10µL de esferas magnéticas “Charge Switch Magnetic Beads” e incubadas à
temperatura ambiente durante 1 minuto, após homogeneização. Depois da incubação, o tubo
contendo a amostra é colocado numa estante imantada por 1 minuto ou até as esferas formarem
um precipitado. Em seguida, sem remover o microtubo da estante, o sobrenadante é retirado e
descartado, mantendo-se no microtubo o precipitado com as esferas. Após este passo, retira-se o
microtubo da estante e nele são adicionados 65µL ou 150µL de tampão de lavagem (WB) e
homogeneizado, sem permitir a formação de bolhas, e novamente colocado na estante por 1
minuto até o reagrupamento das esferas. Este procedimento de lavagem é repetido por mais uma
vez. Após a lavagem o produto é eluído através da adição de 20µL de tampão de eluição (ES),
homogeneizado gentilmente com pipeta e incubado por 1 minuto à temperatura ambiente.
Finalmente, o microtubo é recolocado na estante por 1 minuto ou até as esferas formarem um
precipitado. Sem remover o microtubo da estante, transfere-se com cuidado o sobrenadante
contendo o produto de PCR purificado para microtubos de 0,5mL e armazenado à -20ºC.
4.7.6. Reação de Sequenciamento
A reação de sequenciamento foi realizada em placa específica de sequenciamento como
ilustra o esquema apresentado na Figura 4.6, onde metade correspondia as amostras de produtos
de PCR purificados contendo o oligonucleotídeo senso e a outra metade com as mesmas amostras
contendo o oligonucleotídeo anti-senso. A preparação do mix e a reação de sequenciamento
foram realizadas ao abrigo da luz. A amplificação foi realizada num termociclador “Veriti
Thermal Cycler Applied Biosystems” nas seguintes condições: 40 ciclos de 96ºC durante 10
segundos, 50ºC durante 5 segundos e 60ºC por 4 minutos. Após a amplificação, os produtos
contidos na placa foram precipitados através da adição de 30µL de isopropanol a 75%, seguido
de agitação da placa por 10 segundos e incubada por 15 minutos à temperatura ambiente, sempre
ao abrigo da luz (coberta com papel laminado). Em seguida a placa foi centrifugada a 2616,32 g
por 45 minutos à 20ºC.
METODOLOGIA
50
Figura 4.6: Ilustração da placa de sequenciamento (i) - amostras de 1 a 12 amplificados
com oligonucleotídeo senso, (ii) - amostras de 1 a 12 amplificados com oligonucleotídeo
anti-senso.
Depois da centrifugação, a placa foi invertida sobre um papel toalha, para retirar o
sobrenadante e posteriormente centrifugado na posição invertida, por 30 segundos a 14,72 g.
Após este passo foram adicionados 50µL de etanol 75% e submetidos à nova centrifugação por
15 minutos a 2616,32 g, numa temperatura de 20ºC. Posteriormente a placa foi, novamente,
invertida sobre papel toalha e centrifugada na posição invertida, por 30 segundos a 14,72 g. O
precipitado foi seco no termociclador a 60ºC por 10 minutos. Finalmente, as amostras foram
ressuspendidas em 10µL de formamida e deixada por 3 minutos a 95ºC para desnaturação. Após
essa etapa, a placa foi colocada imediatamente no gelo (choque-térmico) para evitar o anelamento
e depois levada para o sequenciador.
4.7.7. Sequenciamento automatizado
O sequenciamento automático é feito mediante o uso de nucleotídeos de terminação e
uma marcação que permite a identificação das cadeias resultantes. Esta marcação é feita
empregando moléculas fluorogênicas, ou seja, compostos capazes de emitir fluorescência quando
excitados por uma fonte de luz. No sistema utilizado na FIOCRUZ Plataforma
METODOLOGIA
51
PDTIS/FIOCRUZ, da “Applied Biosystems”, é empregada para a excitação dos fluoróforos uma
fonte de luz a laser de argônio acoplado a um sistema ótico, capaz de direcionar o feixe de laser
sobre as amostras a serem analisadas. O sinal de fluorescência gerado pela excitação com laser é
direcionado pelo sistema ótico a um sistema digital que decodifica o sinal eletrônico,
transmitindo-o ao computador acoplado, onde através de programas específicos o sinal é
traduzido numa sequência de DNA.
Neste sistema, as reações de sequenciamento são realizadas utilizando o “kit ABI
PRISM
Big Dye
Terminator v 3.1” (PE Applied Biosystems) segundo as instruções do
fabricante, que são adaptadas às condições do laboratório. Neste sistema a marcação fluorescente
encontra-se na extremidade 3’ do nucleotídeo de terminação, sendo que cada cor gerada
corresponde a uma base específica. Em cada reação de sequenciamento, são utilizados,
aproximadamente, 20ng do produto amplificado e os iniciadores utilizados nas respectivas
reações de PCR.
As reações foram analisadas no sequenciador de 48 capilares “ABI PRISM
®
3730 Genetic
Analyzer” (Applied Biosystems), instalado no Laboratório de Biologia Molecular e
Bioinformática da FIOCRUZ/ Plataforma PDTIS.
4.7.8. Análise das sequências obtidas através do Sequenciamento
As sequências obtidas após o sequenciamento foram analisadas pelo programa “SeqScape
versão 2.6 da Applied Biosystems” (Figuras 4.7). O SeqScape” é uma ferramenta que permite o
alinhamento e a comparação de sequências obtidas diretamente do sequenciador automático
contra uma sequência referência para uma rápida identificação de variantes nas sequências
analisadas (Figura 4.8 e Figura 4.9). O programa permite alinhar e comparar múltiplas amostras
mostrando o eletroferograma e o índice de qualidade de cada sequência (Figura 4.10), permitindo
assim a realização de dois tipos de análise em simultâneo, a saber: 1) Identificação de variantes
nucleotídicas e aminoacídicas que consiste no reconhecimento de posições que se diferem da
sequência referência, classificando-as como variantes conhecidas ou desconhecidas, 2)
Identificação de genótipos, alelos ou haplótipos de uma biblioteca, através da busca em
bibliotecas e bases de dados de genótipos, alelos, ou haplótipos, identificando alelos que mais se
assemelham com a sequência resultante do seuqenciamento do fragmento de interesse nos
sentidos senso e anti-senso (sequência consenso).
METODOLOGIA
52
Figura 4.7: Ilustração da página inicial do Programa “SeqScape”.
METODOLOGIA
53
Figura 4.8. Ilustração da janela do programa “SeqScape v.2.6”onde pode ser observado o alinhamento das amostras e as sequências referência e
consenso.
Presença de
SNP em azul
Sequência
Consenso
Sequência
Referência
Sequências de
diferentes amostras
alinhadas
METODOLOGIA
54
Figura 4.9. Ilustração da janela do programa “SeqScape v.2.6” onde pode ser observada uma amostra na qual foi identificada uma
mutação.
-
Presença de Mutação
METODOLOGIA
55
Figura 4.10: Identificação dos SNPs através da visualização do cromatograma no programa “SeqScape”
mostrando os três possíveis genótipos. [A] e [C] amostras homozigotas, [B] amostra mutante
heterozigota.
Um pico a preto referente a Guanina (GG)
Dois picos (a preto e vermelho) referentes a Guanina e Timina (GT)
Um pico a vermelho referente a Timina (TT)
[A]
[B]
[C]
METODOLOGIA
56
4.8. MATERIAIS
4.8.1. Detecção dos produtos amplificados
Tampão de corrida Tris/Borato/EDTA (TBE) (10x)
Tris-base 108 g/L
Ácido bórico 55 g/L
EDTA (0,5M)
40 mL
Tampão de aplicação de amostra (5x) - Gel Loading buffer”
Azul de Bromofenol 0,25 %
Xileno Cianol 0,25 %
Ficoll 400 15 %
4.8.2 Digestão dos produtos amplificados por enzimas de restrição.
4.8.2.1. Alelos CYP2B6 *2 e *3 (Exons 1 e 5)
Enzima Hae II
A incubação foi feita a 37º C durante 4 horas
4.8.2.2. Alelo CYP2B6 *9 (Exon 4)
Enzima Bsr I
A incubação foi feita a 65º C durante 16 horas
Tampão NB3(10X) 2 µL
Produto amplificado 10 mL
Hae II (20 U/µL) 0,05µL
dH20 até volume total de 20 µL
Tampão NB3(10X) 2 µL
Produto amplificado 10 mL
BsrI (5 U/µL)
0,2µL
dH20 até volume total de 20 µL
METODOLOGIA
57
4.8.2.3. Alelo CYP2B6 *4 (Exon 5)
Enzima Sty I
A incubação foi feita a 37º C durante 4 horas
4.8.2.4. Alelo CYP2B6 *5 (Exon 9)
Enzima Bgl II
A incubação foi feita a 37º C durante 4 horas
4.8.2.5. Alelo CYP2C8 *2 (Exon 5)
Enzima Bcl I
A incubação foi feita a 50º C durante 16 horas
4.8.2.6. Alelo CYP2C8 *3 (Exon 3 e 8)
Enzima Bse RI
A incubação foi feita a 37º C durante 16 horas
Tampão NB3(10X) 2 µL
Produto amplificado 10 mL
Sty I (10 U/µL)
0,5µL
dH20 até volume total de 20 µL
Tampão NB3(10X) 2 µL
Produto amplificado 10 mL
Bgl II (10 U/µL)
0,1µL
dH20 até volume total de 20 µL
Tampão NB3(10X) 2 µL
Produto amplificado 10 mL
Bcl I (15 U/µL)
0,07µL
dH20 até volume total de 20 µL
Tampão NB2(10X) 2 µL
Produto amplificado 10 mL
Bse RI (4 U/µL)
0,25µL
dH20 até volume total de 20 µL
METODOLOGIA
58
Enzima Xmn I
A incubação foi feita a 37º C durante 16 horas
4.8.2.7. Alelo CYP2C8 *4 (Exon 5)
Enzima Taq I
A incubação foi feita a 65º C durante 4 horas
Tampão NB2(10X) 2 µL
Produto amplificado 10 mL
Xmn I (20 U/µL)
0,05µL
dH20 até volume total de 20 µL
Tampão NB3(10X) 2 µL
Produto amplificado 10 mL
Taq I (20 U/µL)
0,05µL
dH20 até volume total de 20 µL
METODOLOGIA
59
4.9. ANÁLISE DOS DADOS
As informações de cada participante incluído no estudo foram depositadas numa planilha
elaborada no programa “Microsoft Excel” e transportados para “SPSS 11.5 for Windows”, onde
foram codificadas para posterior análise. Quando as mutações pontuais testadas não fossem
encontradas, os indivíduos foram considerados portadores de alelo selvagem CYP2B6*1 e
CYP2C8*1 para os genes CYP2B6 e CYP2C8, respectivamente. A análise foi feita de acordo com
a natureza dos dados, comparando as frequências alélicas por gênero e as frequências alélicas,
genotípicas e haplotípicas por região dos indivíduos envolvidos no estudo. A análise estatística
foi feita utilizado o teste χ
2
ou teste exato de Fisher a um nível de significância de 95%. O
número observado de cada mutação foi comparado com o esperado para uma população em
equilíbrio de Hardy-Weinberg, usando o teste χ
2
, tendo sido considerados significativos os
valores de p <0,05.
4.10. ASPECTOS ÉTICOS
O protocolo do presente estudo foi aprovado pelo Comitê Nacional de Bioética para
Saúde de Moçambique no dia 28 de Julho de 2008 com o número 199/CNBS e Comitê de Ética
da FIOCRUZ no Rio de Janeiro no dia 28 de Abril de 2009 com o número 040/09 (Apêndice 3).
4.11. SUPORTE FINANCEIRO
Este projeto foi financiado pelo:
Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU);
Laboratório de Biologia Molecular Aplicado a Micobactérias (IOC- FIOCRUZ)
RESULTADOS
60
5. RESULTADOS
5.1. Características dos indivíduos estudados
Foram elegíveis e incluídos no estudo 384 voluntários entre 18 a 65 anos (idade média de
30 anos) (Gráfico 5.1). Destes, três foram excluídos por não satisfazerem os critérios de inclusão
no estudo; adicionalmente, vinte e uma amostras foram também excluídas devido a dificuldades
de amplificação, não podendo ser genotipadas. As frequências genotípicas esperadas na
população estudada foram consistentes com a Lei do equilíbrio de Hard-Weinberg em todos os
SNPs estudados.
Gráfico 5.1. Distribuição dos indivíduos estudados de acordo com a idade.
Média = 30,2
Mediana = 28
Desvio padrão = 9.74
Idade
(em anos)
RESULTADOS
61
O gráfico 5.2 mostra as características sócio-demográficas da população estudada. Pode
se observar que os indivíduos incluídos no estudo foram todos de ascendência africana e na sua
maioria do gênero masculino nas três regiões onde as amostras foram coletadas.
Gráfico 5.2. Distribuição dos indivíduos segundo as características de gênero e ascendência.
5.2. Padronização dos procedimentos técnicos utilizados
5.2.1. Sistemas CYP2B6*2,*3,*4,*5,*6, *7 e *9
Com vista à determinação das condições ideais para as reações de amplificação do gene
CYP2B6 em amostras de DNA imobilizadas em cartão de filtro FTA, foram realizados vários
testes para a padronização dos sistemas conforme descrito a seguir: a) adição de diferentes
quantidades de discos do cartão FTA de 1,2mm de diâmetro na mistura de reação para a
amplificação (Figura 5.1), b) diferentes concentrações de cloreto de magnésio, c) diferentes
aditivos (Tween 20, Glicerol, Betaína, BSA e DMSO) e d) diferentes temperaturas de anelamento
através de gradiente de temperatura.
Com base nos experimentos realizados, foram estabelecidas as condições de amplificação
de todos os sistemas do gene CYP2B6 nas seguintes condições: temperatura de anelamento de 50
a 60°C, de 1,5 a 3,0mM de MgCl
2
,
0,2mM de dNTPs, de 1 a 2,5 U de Taq polimerase e 4 a 6
discos de cartão FTA de 1,2mm de diâmetro, 20pmol de cada oligonucleotídeo num volume final
de reação de 25µL a 50µL conforme especificado individualmente na Tabela 5.1. As
amplificações são mostradas na Figura 5.2.
RESULTADOS
62
Tabela 5.1. Protocolos padronizados utilizados para a amplificação do gene CYP2B6, exons 1, 4, 5 e 9.
Exon
Sequências de oligonucleotídeos
Ciclagem
Tamanho do
produto
1
(a)
F- 5´-ACATTCACTTGCTCACCT- 3´
R-5´-GTAAATACCACTTGACCA- 3
´
723pb
4
(b)
F- 5’-GGTCTGCCCATCTATAAAC- 3’
R- 5´-CTGATTCTTCACATGTCTGCG- 3´
526pb
5
(c)
F- 5´-GACAGAAGGATGAGGGAGGAA- 3´
R- 5´-CTCCCTCTGTCTTTCATTCTGT- 3
´
640pb
9
(d)
F- 5´-TGAGAATCAGTGGAAGCCATAGA-3´
R-5´-TAATTTTCGATAATCTCACTCCTGC-
1401pb
(a, b e c) -
A PCR foi realizada em 25µL de mistura de reação com tampão 1X, 1U de Taq polimerase
(Invitrogen), 2,5mM de MgCl
2
e 10% de Glicerol e 4 discos de cartão FTA. (d) A PCR foi realizada em 5L
de mistura de reação com tampão 1X, 2,5U de Taq polimerase (Invitrogen), 1,5mM de MgCl
2
, 0,5% de Tween 20
e 0,01% de BSA. Para a amplificação, 6 discos de cartão FTA foram adicionados na mistura de reação.
95º C 5’
95º C 30’’
50º C 30’’
72º C 60’’
72º C 10’
4º C
30X
95º C 5’
95º C 30’’
56º C 30’’
72º C 40’’
72º C 10’
4º C
30X
95º C 5’
95º C 30’’
59º C 30’’
72º C 60’’
72º C 10’
4º C
30X
95º C 5’
95º C 30’’
59º C 30’’
72º C 60’’
72º C 10’
4º C
30X
RESULTADOS
63
Figura 5.1. Gel de agarose 2% mostrando a padronização da PCR em amostras de DNA
no cartaão de filtro FTA. Os números de 1 a 10 indicam o número de discos de 1,2mm
adicionandos no mix da PCR. M- marcador molecular (DNA ladder 100pb).
Figura 5.2. Gel de agarose 2% ilustrando a amplificação do gene CYP2B6 para a
genotipagem dos alelos CYP2B6*2, *3, *4, *5, *6, *7 e *9. Os números de 1 a 4 indicam a
numeração das amostras. M- marcador molecular (DNA ladder 100pb).
M 1 2 3 4
M
1
2 3 4
M
1
2 3
M
1
2
3
M
1
2
3
4 5 6 7 8 9 10
RESULTADOS
64
A digestão do material amplificado dos sistemas CYP2B6*2 (64C>T) e *5 (1459C>T)
(Figura 5.3) e CYP2B6*3 (777C>A), *6 (516G>T, 785A>G) *7 (516G>T, 785A>G, 1459C>T) e
*9 (516G>T) (Figura 5.4) foi realizada conforme descrito anteriormente (Lang et al., 2001),
usando uma unidade de enzima por amostra; no entanto, para o sistema CYP2B6*4 foram usadas
cinco unidades de enzima por amostra.
Figura 5.3. Eletroforese em gel de agarose 2% mostrando o perfil de restrição após a digestão do
material amplificado para os sistemas CYP2B6*2 (64C>T) (A) e *5 (1459C>T) (B). *1/*1- perfil
homozigoto selvagem; *1/*2 e*1/*5- perfis heterozigotos. M - marcador molecular (DNA ladder
100pb).
[A] [B]
RESULTADOS
65
Figura 5.4.
Eletroforese em gel de agarose 2% mostrando o perfil de restrição após a digestão do
material amplificado para os sistemas CYP2B6*3 (777C>A) (A),*6 (516G>T, 785A>G) (B, C) *7
(516G>T, 785A>G, 1459C>T) e *9 (516G>T) (C). *1/*1- perfil homozigoto selvagem; *1/*4 e
*1/*9- perfis heterozigotos; *4/*4 e *9/*9- perfis homozigotos mutantes. M - marcador molecular
(DNA ladder 100pb).
[A]
[C]
[B]
RESULTADOS
66
5.2.2. Sistemas CYP2C8*2, *3 e *4
Similarmente ao ocorrido no gene CYP2B6, as condições de amplificação do gene
CYP2C8 foram padronizadas para a PCR a partir de amostras de sangue impregnado num cartão
de filtro FTA. Os sistemas CYP2C8*2 e *3 foram padronizados utilizando as seguintes
condições: volume final de 5L da mistura da reação com tampão 1X, 2,5mM de MgCl
2
,
0,2mM de dNTPs, 0,25µM de cada oligonucleotídeo e 1U/µL de Taq polimerase, 10% de
Betaína e 5 discos de cartão FTA de 1,2mm. O sistema CYP2C8*4 foi padronizado num volume
final de 25µl da mistura da reação, 2,5mM de MgCl
2
, 1X de tampão, 250µM de dNTPs, 0,4µM
de cada oligonucleotídeo, 10% de glicerol e 1U de Taq polimerase e 3 discos de cartão FTA de
1,2 mm (Tabela 5.2). A Figura 5.5 mostra as amplificações dos respectivos produtos.
Tabela 5.2. Protocolos padronizados utilizados para a amplificação do gene CYP2C8, exons 3, 5 e 8.
Exon
Sequências de oligonucleotídeos
Ciclagem
Tamanho do
produto
3
F- 5’-AGGCAATTCCCCAATATCTC -
3’
R- 5`- ACTCCTCCACAAGGCAGTGA-3
347pb
5
F-5’-AAGATACATATATCTTATGACATG-3’
R- 5’-ATCCTTAGTAAATTACAGAAGG-3’
312pb
8
F- 5’-CTTCCGTGCTACATGATGACG-3’
R- 5`-CTGCTGAGAAAGGCATGAAG-3
117pb
5
F- 5’- AAAGTAAAAGAACACCAAGC-3’
R- 5’-AAACATCCTTAGTAAATTACA-3’
1401pb
95º C 5’
94º C 20’’
55º C 20’’
72º C 10’’
72º C 5’
4º C
38X
9
4
º C 5’
94º C 30’’
48º C 30’’
72º C 30’’
72º C 5’
4º C
30X
RESULTADOS
67
Figura 5.5. Gel de agarose 4% ilustrando a amplificação do gene CYP2C8, exons 3, 5 e 8
para a genotipagem dos alelos CYP2C8*2, *3 e *4. Os números de 1 a 5 indicam a
numeração das amostras. M- marcador molecular de 100pb
.
Para os sistemas CYP2C8*2,*3, a digestão do material amplificado foi realizada
conforme descrito anteriormente (Dai et al., 2001) e para o sistema CYP2C8*4 (Nakajima et
al., 2003). A Figura 5.6 mostra os perfis de digestão do material amplificado para a
genotipagem dos alelos CYP2C8*2, *3 e *4.
M
1
2
3
M
1
2 3
M 1 2 3
M 1 2 3 4 5
RESULTADOS
68
Figura 5.6. Gel de agarose 4% ilustrando a digestão do material amplificado nos sistemas: CYP2C8*2
(A) *3 (C, D) e *4 (B). *1/*1- perfil homozigoto para o genótipo selvagem; *1/*2, *1/*3 e *1/*4-
perfis heterozigotos; *2/*2- perfil homozigoto mutante. M - marcador molecular (DNA ladder 100bp),
P- produto não digerido.
5.3. Sequenciamento e análise dos SNPs encontrados nos genes CYP2B6 e CYP2C8, através
do “SeqScape”.
Após a genotipagem de todas as amostras pela técnica de PCR-RFLP, parte das amostras
portadoras das mutações foi submetida ao sequenciamento para a confirmação dos SNPs
encontrados. Assim, após a purificação, os produtos da PCR foram sequenciados utilizando os
mesmos oligonucleotídeos usados para a amplificação do DNA genômico. De forma a obter
sequências completas e de boa qualidade, as reações de sequenciamento foram realizadas nos
dois sentidos (senso e anti-senso). Após o sequenciamento, verificou-se a perda de uma pequena
parte da sequência nas extremidades em todas as amostras devido à qualidade das sequências
[A]
[B]
[D]
[C]
RESULTADOS
69
obtidas. Entretanto, tal perda não comprometeu a região de interesse referente ao produto
amplificado em todas as amostras.
Para a análise das sequências obtidas nas amostras analisadas foi utilizado o programa
“SeqScape v.2.6” (Applied Biosystems). Foram utilizadas as sequências de RNA mensageiro
AC023172 e NM
_
000770 como referência para o alinhamento com as sequências obtidas dos
genes CYP2B6 e CYP2C8, respectivamente, possibilitando a identificação e a confirmação de
todos os SNPs genotipados por RFLP em ambos os genes
(Figura 5.7).
Figura 5.7. Identificação do SNP 516G>T no gene CYP2B6, visualizado através dos cromatogramas
apresentados pelo programa “SeqScape”. [A] - genótipo mutante heterozigoto, [B] - genótipo mutante
homozigoto.
516G>T
Dois picos pretos (Guanina) e o pico vermelho (Timina), genótipo GT
Um pico vermelho (Timina) genótipo TT
[A]
[B]
RESULTADOS
70
5. 4. Análise descritiva dos polimorfismos na população estudada.
5.4.1. Gene CYP2B6
Trezentos e sessenta amostras foram amplificadas e genotipadas para a detecção das
mutações 64C>T, 516G>T, 777C>A, 785A>G e 1459C>T (Tabela 5.4.1.1 e Tabela 5.4.1.2). As
mutações mais prevalentes foram 516G>T (42.6%), 785A>G (41%), tendo sido detectadas tanto
em heterozigose como em homozigose, as mutações 64C>T, 777C>A e 1459C>T, as quais
apresentaram frequências de 6,0%, 0% e 0,4%, respectivamente, foram encontradas em menor
percentagem.
Tabela 5.4.1.1. Distribuição das frequências genotípicas absolutas e alélicas dos SNPs identificados no
gene CYP2B6 na população estudada (n=360).
SNP Genótipo Número
de amostras
Frequência
absoluta
Frequência
alélica (%)
CC 325 0, 902
64C>T
CT 28 0, 077
TT 7 0, 019
(fa)T 6,0%
GG 112 0, 311
516G>T
GT 191 0, 530
TT 57 0, 158
(fa)T 42,6%
CC 360 1,00
777C>A
CA 0 0,00
(fa)A
0 0,00
0%
AA 131 0, 363
785A>G
AG 165 0, 458
GG 64 0, 177
(fa)G 41%
CC 357 0, 991
1459C>T
CT 3 0, 008
TT 0 0,00
(fa)T 0,4%
(fa) - frequência alélica.
RESULTADOS
71
A Tabela 5.4.1.2 mostra a distribuição das mutações e as suas combinações nos
indivíduos analisados. Podemos observar que em sessenta e seis (18,3%) dos 360 indivíduos
testados não foi detectada nenhuma das mutações descritas na literatura, grupo portador do alelo
selvagem CYP2B6*1. Noventa e quatro (26,1%) indivíduos foram portadores de apenas uma
mutação e duzentos (55,5%) apresentaram diferentes combinações das mutações. de-se
observar também que a combinação das mutações 516G>T e 785A>G era mais frequente, tendo
sido detectada em 30% dos indivíduos testados na forma heterozigótica e 6,38% em homozigose.
Tabela 5.4.1.2. Frequências de mutações e suas combinações do gene CYP2B6 entre 360
indivíduos estudados.
SNP Aminoácido
trocado
Genótipo Nº de
indivíduos
Frequência
(%)
Nenhum
WT* WT*
66 18,3
C64T
R22C
CT 6 1,7
A785G
K262R
AG 21 5,8
A785G
K262R
GG 11 3,05
G516T
Q172H
GT 40 11,1
G516T
Q172H
TT 15 4,16
C1459T
R487C
CT 1 0,27
G516T
Q172H
GT 108 30
A785G
K262R
AG
G516T
Q172H
GT
22
6,1
A785G
K262R
GG
G516T
Q172H
TT
23
6,38
A785G
K262R
GG
C64T
R22C
CT
G516T
Q172H
GT 10 2,77
A785G
K262R
AG
G516T
Q172H
GT
A785G
K262R
AG 2 0,55
C64T
R22C
TT
G516T
Q172H
GT
A785G
K262R
AG 1 0,27
C1459T
R487C
CT
G516T
Q172H
GT
A785G
K262R
GG 1 0,27
C1459T
R487C
CT
RESULTADOS
72
Continuação da Tabela 5.4.1.2.
SNP Aminoácido
trocado
Genótipo Nº de
indivíduos
Frequência
(%)
G516T
Q172H
TT
16
4,44
A785G
K262R
AG
C64T
R22C
CT
4
1,11
A785G
K262R
AG
C64T
R22C
CT
1
0,27
A785G
K
262R
GG
G516T
Q172H
GT
3
0,83
C64T
R22C
CT
G516T
Q172H
GT
C64T
R22C
CT 2 0,55
A785G
K262R
GG
G516T
Q172H
TT
C64T
R22C
CT 1 0,27
A785G
K262R
AG
G516T
Q172H
TT
C64T
R22C
CT 1 0,27
A785G
K262R
GG
C64T
R22C
TT
1
0,27
A785G
K262R
AG
C64T
R22C
TT
1
0,27
A785G
K262R
GG
C64T
R22C
TT
G516T
Q172H
GT 2 0,55
A785G
K262R
GG
C64T
R22C
TT
G516T
Q172H
TT 1 0,27
A785G
K262R
AG
(*) - Selvagem
Após a avaliação das frequências e das combinações das mutações detectadas, a variável
gênero foi testada para verificar a influência da mesma na distribuição das mutações encontradas.
Em ambos os grupos de nero, as mutações 516G>T e 785A>G foram as mais prevalentes. Pode
se observar que, em nossa população de estudo, todas as mutações estudadas foram mais
frequentes em indivíduos do gênero feminino do que indivíduos do gênero masculino; no entanto,
a diferença entre os dois gêneros não foi significativa (Tabela 5.4.1.3).
RESULTADOS
73
Tabela 5.4.1.3. Distribuição das frequências alélicas das mutações identificadas no gene CYP2B6 nas
amostras analisadas de acordo com o gênero.
Masculino Feminino
(N= 522) (N= 198)
SNP alelo frequência frequência p-valor OR IC (95%)
64C>T
C 0,94 0,93
T
0,05 0,06 0, 524 1,25 [0,60 - 2,57]
516G>T
G 0,60 0,52
T
0,40 0,48 0, 060 1,37 [0,97 -1,93]
785A>G
A 0,60 0,55
G
0,39 0,44 0, 207 1,24 [0,88 -1,75]
777C>A
C 1,00 1,00
A
0,00 0,00 n.d n.d n.d
1459C>T
C 0,99 0,99
T
0, 001 0,01 0, 184* 5,32 [0,38 - 148,82]
N- número de alelos, n.d - Não determinado, (*) - Teste exato de Fisher
A distribuição das mutações detectadas foi também analisada por região. A comparação
estratificada das frequências alélicas das mutações em questão entre as três regiões estudadas não
mostrou diferença significativa (Tabela 5. 4.1.4).
Tabela 5. 4.1.4. Distribuição das frequências alélicas em populações das três regiões estudadas.
REGIÃO
SNP Norte (N=196) Centro (N=120) Sul (N=404) p-valor
frequência frequência frequência
64C
>
T
0
,
041
0,
050
0
,
070
0,
344
516G>T
0,
382
0,
408
0,
448
0,
294
777C>A
0
,
00
0
,
00
0
,
00
n.d
785A>G
0,
382
0,
416
0,
415
0,
719
1459C>T
0
,
00
0
,
008
0,
005
0, 930*
N
- número de alelos, (n.d) - Não determinado, (*) - teste exato de Fisher
RESULTADOS
74
Face ao número de SNPs encontrados em heterozigose na população estudada, para a
identificação dos possíveis haplótipos e a determinação das respectivas frequências foi utilizado o
programa bioestatístico PHASE versão 2.1. Dentre as 360 amostras analisadas foram
identificados 12 haplótipos para os cinco SNPs identificados na região codificante do gene
CYP2B6 (Tabela 5.4.2.4). Pode se observar que o haplótipo 1 (selvagem) foi o mais frequente,
seguido pelo haplótipo 7, constituído pela combinação dos SNPs 516G>T e 785A>G (alelo
CYP2B6*6) (24,7%).
Tabela 5. 4.1.5. Frequência dos haplótipos identificados no gene CYP2B6 (n=360).
Haplótipos 64 C>T 516 G>T 777 C>A 785 A>G 1459 C>T
Frequência (%)
1
C G C A C 40,9
2
C G C A T 0,2
3
C G C G C 12,5
4
C G C G T 0,07
5
C T C A C 15,4
6
C T C A T 0, 006
7
C T C G C 24,7
8
C T C G T 0,13
9
T G C A C 2,12
10
T G C G C 1,6
11
T T C A C 0,52
12
T T C G C 1,5
Para verificar possíveis diferenças na distribuição dos haplótipos entre as três regiões
estudadas procedemos a uma comparação estratificada das frequências haplotípicas encontradas.
Para o efeito, foram selecionados somente os haplótipos que se apresentaram em altas
frequências: haplótipo 1 (CGCAC), haplótipo 3 (CGCGC), haplótipo 5 (CTCAC) e haplótipo 7
(CTCGC). Após esta análise observou-se que a diferença na distribuição destes haplótipos nas
três regiões não foi significativa (Tabela 5.4.1.6).
RESULTADOS
75
Tabela 5. 4.1.6. Análise da distribuição das frequências haplotípicas por região.
REGIÃO
Haplótipo Norte (N=196) Centro (N=120) Sul (N=404) p-valor
freq.
(%)
*
freq.
(%)
*
freq.
(%)
*
CGCAC
91
(46,4)
54
(45,0
)
174
(43,1)
0, 627
CGCGC
26
(13,3)
11
(9,2)
34
(8,42)
0, 247
CTCAC
26
(13,3)
14
(11,7)
52
(12,9)
0, 915
CTCGC
46
(23,5)
33
(27,5)
114
(28,2)
0, 271
N - número de alelos, (*) - entre parênteses está indicado o percentual dos haplótipos.
5.4.2. Gene CYP2C8
Para a análise deste gene 360 amostras foram amplificadas e genotipadas para quatro
mutações não-sinôminas. As frequências genotípicas e alélicas, assim como as combinações das
mutações detectadas nos indivíduos analisados estão apresentados na Tabela 5.4.2.1 e na Tabela
5.4.2.2, respectivamente.
A frequência da mutação 805A>T (CYP2C8*2) foi a mais alta, tendo sido detectada em
16% dos indivíduos analisados, sendo 30,8% em heterozigose e somente 0,83% homozigotos. A
frequência da mutação 792C>G (CYP2C8*4) foi muito baixa e representou 0,5%. O alelo
CYP2C8*3 que resulta da combinação das mutações 416G>A e 1196A>G não foi detectado. No
entanto, um percentual de 4,8% dos indivíduos analisados foram portadores da mutação 416G>A,
sendo 8,6% em heterozigose e 0,5% em homozigose.
RESULTADOS
76
Tabela 5.4.2.1. Distribuição das frequências genotípicas absolutas e alélicas dos SNPs identificados no
gene CYP2C8 na população estudada (n=360).
SNP Genótipo Número de
amostras
Frequência
Absoluta
Frequência
alélica (%)
AA 246 0, 683
805A>T
AT 111 0, 308
TT 3 0, 008
(fa)T 16%
GG 327 0, 908
416G>A
GA 31 0, 086
AA
2
0,
005
(fa)A 4,8%
AA 360 1,00
1196A>G
AG 0 0,00
(fa)G
0 0,00
0%
CC 356 0, 988
792C>G
CG 4 0, 011
(fa)G 0,5%
(fa) - frequência alélica.
A distribuição das mutações e as suas combinações entre os indivíduos analisados estão
descritos na Tabela 5.4.2.2. Podemos observar que duzentos e dezessete (60,3%) indivíduos
testados não apresentaram nenhuma das mutações descritas, sendo, portanto portadores do alelo
selvagem CYP2C8*1. Cento e trita e cinco (37,5%) indivíduos foram portadores de apenas uma
mutação, enquanto que somente oito (2,22%) foram portadores da combinação das mutações
416G>A e 805A>T, ambas em forma heterozigótica.
RESULTADOS
77
Tabela 5.4.2.2. Distribuição das mutações identificadas no gene CYP2C8 entre 360 indivíduos estudados.
SNP Aminoácido trocado
Genótipo de indivíduos
Freq
u
ência
(
%
Nenhum
WT*
WT*
217 60,3
G416A R139K GA 23 6,38
G416A R139K AA 2 0,56
C792G I264M CG 4 1,11
A805T I269F AT 103 28,6
A805T I269F TT 3 0,83
G416A R139K GA
8
2,22
A805T I269F AT
(*) - Selvagem
Para verificar a influência da variável gênero na distribuição das mutações encontradas
neste gene, as frequências alélicas das mutações detectadas foram testadas em relação a esta
variável demográfica. A mutação mais prevalente em ambos os grupos foi a 805A>T. No
entanto, não foi observada diferença estatística significativa na distribuição das frequências
alélicas nos dois gêneros (Tabela 5.4.2.3).
Tabela 5.4.2.3. Distribuição das frequências alélicas do gene CYP2C8 encontrados nos indivíduos
analisados de acordo com o gênero.
Masculino
(N=522)
Feminino
(N=198)
SNP alelo frequência frequência p-valor OR
IC (95
%
805A>T A
0,84 0,84
T
0,16 0,16 0, 790 0,94 [0,59 -1,50]
416G>A G
0,96 0,94
A
0,04 0,06 0, 356 1,40 [0,64 -3,01]
1196A>G A
1,00 1,00
G
0,00 0,00 n.d n.d n.d
792C>G C
0, 996 0,99
G
0, 004 0,01 0, 304* 2,65 [0,27 - 26,47]
N - número de alelos, n.d - Não determinado, (*) - Teste exato de Fisher
RESULTADOS
78
A tabela 5.4.2.4 mostra a distribuição das mutações detectadas por região. Após a
comparação estratificada das frequências alélicas das mutações identificadas nas três regiões
estudadas, nenhuma diferença estatisticamente significativa foi observada.
Tabela 5.4.2.4. Distribuição das frequências alélicas em populações das três regiões estudadas.
REGIÃO
SNP Norte (N=196) Centro (N=120) Sul (N=404) p-valor
frequência frequência frequência
805A>T
0, 193 0,15 0,50 0, 377
416G>A
0, 025 0,05 0, 059 0, 193
1196A>G
0,00 0,00 0,00 n.d
792C>G
0,00 0, 016 0,004 0, 497
N - número de alelos, n.d - Não determinado.
A determinação dos haplótipos e as respectivas frequências, realizada através do
programa bioestatístico PHASE versão 2.1.1, permitiu a identificação de cinco haplótipos para os
quatro SNPs identificados na região codificante neste gene (Tabela 5.4.2.5). Dos cinco haplótipos
identificados, o haplótipo 3, correspondente ao genótipo selvagem dos SNPs estudados, foi o
mais frequente com um percentual de 78,6%. Dentre os haplótipos constituídos por variantes
alélicas, o haplótipo 4 foi o mais frequente com um percentual de 15,9%. A tabela 5.4.2.6 mostra
a distribuição dos haplótipos mais frequentes, o haplótipo 3 (GCAA) e o haplótipo 4 (GCTA), na
população estudada nas três regiões. Não foi observada diferença significativa entre as três
regiões geográficas após comparação estratificada das frequências destes haplótipos.
RESULTADOS
79
Tabela 5.4.2.5. Frequência dos haplótipos identificados no gene CYP2C8 (n=360).
Haplótipos
416 G>A 792 C>G 805 A>T 1196 A>G
Frequência
(%)
1
A C A A
4,4
2
A C T A
0,4
3
G C A A
78,6
4
G C T A
15,9
5
G G A A
0,6
Tabela 5. 4.2.6. Distribuição das frequências haplotípicas por região.
REGIÃO
Haplótipo Norte (N=196) Centro (N=120) Sul (N=404) p-valor
freq.
(%)
*
freq
.(%)
*
freq.
(%)
*
GCAA
155
(
79,1
)
98
(
81
,
7
)
328
(
81,2
)
0, 793
GCTA
36
(1
,
4
)
18
(
15
,
0
)
68
(
16.8
)
0, 737
N - número de alelos, (*) - entre parênteses está indicado o percentual dos haplótipos.
DISCUSSÃO
80
6. DISCUSSÃO
A malária, em especial a causada por P. falciparum, continua entre as principais causas de
morbi-mortalidade nos países em desenvolvimento, com especial relevância na África sub-
sahariana, onde a resistência aos antimaláricos comumente usados é generalizada. A emergência
da resistência, particularmente do P. falciparum, tem contribuído bastante para o ressurgimento
global da malária nos últimos anos, tendo já se desenvolvido em quase todas as classes de drogas
antimaláricas (White, 2004). Apesar de a resistência ser um dos principais fatores de insucesso
terapêutico, vários outros fatores, como os fatores genéticos do hospedeiro, particularmente
envolvidos na resposta terapêutica, uso incorreto ou doses subterapêuticas, estado nutricional ou
interações com outros medicamentos podem contribuir para a modulação da resposta terapêutica
(Baird, 2002). Sendo a malária uma infecção sanguínea, a resposta ao tratamento é determinada
pela concentração da droga ou do metabólito ativo no sangue. Neste contexto, as variações na
concentração plasmática dos antimaláricos podem, além de afetar a eficácia terapêutica,
contribuir para a seleção de parasitos resistentes e ao aparecimento de efeitos colaterais (Hastings
et al., 2002). Esta variabilidade pode ter como causa vários fatores que podem incluir variações
na absorção, distribuição, metabolismo e excreção das drogas.
Nos últimos anos, os conhecimentos sobre a biologia molecular têm tido um impacto
importante no entendimento da biologia humana, incluindo a ação dos fármacos e outros
xenobióticos. Com a conclusão do Projeto Genoma Humano a farmacogenética emergiu, e um
dos avanços importantes no campo de pesquisas farmacogenéticas é a avaliação do impacto nos
cuidados da saúde e nas práticas médicas pela possibilidade de uma farmacoterapia
individualizada através do estudo genotípico de cada indivíduo, adaptando o fenótipo a resposta
segura aos medicamentos, diminuindo a probabilidade de eventos adversos. Os polimorfismos
encontrados em enzimas envolvidas na biotransformação de fármacos tem sido um dos focos
principais nas pesquisas farmacogenéticas. A maioria dos genes que codificam para enzimas
envolvidas na metabolização de fármacos utilizados na prática clínica é polimórfica e muitas
vezes as variações genéticas nesses genes ocorrem em alta frequência.
O sistema CYP450 é uma superfamília de heme-proteínas amplamente distribuída em
todos os seres vivos e estão envolvidas no metabolismo de uma variedade de drogas, substâncias
endógenas e xenobióticas, incluindo antimaláricos. Variações genéticas em enzimas
metabolizadoras de drogas pertencentes aos diversos membros destas superfamílias são
DISCUSSÃO
81
responsáveis pela variabilidade interindividual e interétnica da resposta terapêutica,
suscetibilidade a doenças, ocorrência de efeitos colaterais e interações medicamentosas. Assim
sendo, a determinação de marcadores genéticos que possam ajudar a predizer os desfechos
terapêuticos do tratamento por antimaláricos mais usados na atualidade pode ajudar a
compreender os padrões de resposta terapêutica e melhor direcionar não somente a indicação do
uso do medicamento correto bem como o esquema posológico adequado para determinados
indivíduos, promovendo uma utilização racional dos antimaláricos preservando assim a sua
eficácia terapêutica em regiões onde o insucesso do tratamento da malária representa um sério
problema. As isoenzimas CYP2B6 e CYP2C8 do sistema CYP450 são as principais isoformas
deste complexo enzimático, responsáveis pela metabolização da artemisinina, seus derivados e a
amodiaquina, respectivamente, antimaláricos que se encontram entre as principais opções
terapêuticas em países endêmicos, incluindo Moçambique. Vários polimorfismos de base única
com importância tanto na regulação da expressão gênica quanto na atividade das enzimas têm
sido reportados nestes genes. Tendo em vista a importância que esses polimorfismos podem ter
na modulação da resposta terapêutica destes antimaláricos, resolvemos no presente estudo
caracterizar a diversidade alélica dos genes CYP2B6 e CYP2C8 através de PCR-RFLP em
indivíduos sadios provenientes de regiões distintas de Moçambique. Trata-se de um estudo
preliminar para conhecer o perfil dos polimorfismos dos genes referidos em termos de frequência
alélica, genotípica e haplotípica nas comunidades endêmicas a malária de modo a obter
informações de base capazes de nortear futuros estudos para avaliar o impacto prático desses
polimorfismos no tratamento da malária.
6.1. Análise das frequências dos polimorfismos estudados no gene CYP2B6
O gene CYP2B6 está envolvido na biotransformação de uma ampla variedade de fármacos
de uso clínico, incluindo a artemisinina e alguns dos seus derivados (Grace et al., 1998; Svensson
e Ashton, 1999). Polimorfismos de base única têm sido descritos neste gene por vários autores,
no entanto, as suas frequências variam de acordo com as populações estudadas (Hiratsuka et al.,
2002; Guan et al., 2006; Mehlotra et al., 2006). No momento, poucos dados existem sobre a
ocorrência desses polimorfismos em populações de regiões africanas endêmicas a malária, onde
os antimaláricos são usados com maior frequência. Neste estudo, analisamos a prevalência das
variantes alélicas descritas no gene CYP2B6 em populações moçambicanas. Os resultados
DISCUSSÃO
82
obtidos mostram evidências da ocorrência destas mutações na população estudada. As variantes
alélicas 516G>T e 785A>G que caracterizam o alelo CYP2B6*6 se apresentaram com maior
frequência na nossa amostragem, com percentuais de 42,6% e 41%, respectivamente. O SNP
64C>T que caracteriza o alelo CYP2B6*2 foi a terceira variante mais frequente, tendo sido
detectada em 6% dos indivíduos analisados. Após a análise da combinação dos diferentes SNPs
encontrados foram identificadas 18 combinações para todas as mutações estudadas como
apresentado na Tabela 5.4.1.2. A combinação das mutações 516G>T e 785A>G (CYP2B6*6),
tanto em homozigose como em heterozigose, foi observada com maior frequência, indicando a
ocorrência comum do alelo *6 nesta população. Poucos estudos descrevendo a frequência deste
alelo foram reportados em populações africanas. Num estudo realizado em 103 crianças com
malária não complicada em Zanzibar, Ferreira e colaboradores reportaram uma prevalência de
32% do alelo CYP2B6*6 (Ferreira et al., 2008), enquanto que Nyakutira e colaboradores
reportaram a prevalência de 49% do mesmo alelo em 70 pacientes com HIV/AIDS em tratamento
com efavirenz no Zimbábue (Nyakutira et al., 2008). Noutro estudo envolvendo indivíduos
provenientes de regiões africanas endêmicas a malária,
Melhotra e colaboradores reportaram uma
prevalência de 42% de portadores do alelo CYP2B6*6 em 166 indivíduos incluídos no estudo
(Melhotra et al., 2006). Embora os números amostrais utilizados nesses estudos fossem
relativamente inferiores em relação ao número amostral do nosso estudo, as frequências de 32%,
49% e 42% reportados nesses estudos não diferem tanto das encontradas em nosso estudo,
mostrando ocorrência frequente destas mutações em populações de origem africana. Estudos
realizados em populações de origem asiática reportaram frequências das mutações 516G>T e
785A>G variáveis entre 14% a 47% (Cho et al., 2004; Hiratsuka et al., 2002), enquanto que em
populações caucasianas as frequências reportadas variaram entre 25,5% a 28,7% (Lang et al.,
2001; Lamba et al., 2003).
O alelo CYP2B6*5, caracterizado pela mutação 1459C>T que gera uma troca do
aminoácido Arg
487
Cys no exon nove, está associado a uma diminuição de oito vezes da atividade
enzimática em indivíduos homozigóticos em relação aos indivíduos de genótipo selvagem, tendo
um considerável impacto na atividade da mesma (Lang et al., 2001). Em nosso estudo, esta
mutação foi encontrada em apenas três indivíduos de forma heterozigótica. Este achado sugere
uma ocorrência menos frequente desta mutação na nossa população de estudo. Em um estudo
realizado em populações de origem caucasiana, Lamba e colaboradores reportaram uma
prevalência de 14% (Lamba et al., 2003), significativamente maior que a encontrada em nosso
DISCUSSÃO
83
estudo (0,4%). Tratando-se de duas populações etnicamente distintas a diferença observada pode
explicar, em parte, a acentuada diferença étnica da atividade enzimática relatada na literatura. Em
um estudo realizado por Kim e colaboradores em microssomas hepáticos indivíduos etnicamente
diferentes (asiáticos e caucasianos), observaram níveis de expressão das enzimas de CYP1A2 e
CYP2B6 três vezes superiores em amostras dos indivíduos caucasianos, enquanto o nível de
expressão das enzimas da CYP2E1 foi sete vezes superior em indivíduos de origem asiática (Kim
et al., 1997). Tais variações no nível de expressão podem ser explicadas por polimorfismos nas
regiões reguladoras dos genes (Lamba et al., 2003).
A mutação 777C>A, que caracteriza o alelo CYP2B6*3, não foi detectada em nenhum dos
indivíduos analisados. Estudos anteriores em populações de origem não africana (caucasiana e
asiática) detectaram frequências inferiores a 0,5%, sugerindo a ocorrência rara desta variante
alélica (Lang et al., 2001; Hiratsuka et al., 2002; Lamba et al., 2003; Guan et al., 2006).
Embora as frequências observadas sejam significativamente diferentes entre as diferentes
populações, o significado funcional dos polimorfismos encontrados no gene CYP2B6 sobre o
metabolismo da artemisinina e seus derivados, bem como o seu impacto no desfecho terapêutico,
continua por ser determinado. Estudos in vitro analisando a expressão heteróloga demonstraram
que os polimorfismos que codificam para os alelos de CYP2B6 *5, *6 *7 e *9 podem afetar tanto
a regulação da expressão gênica quanto a quantidade e biodisponibilidade enzimática (Ariyoshi et
al., 2001; Jinno et al., 2003). Outros estudos realizados em microssomas hepáticos humanos
também demonstraram resultados similares (Lang et al., 2001; Lamba et al., 2003). Em pacientes
com AIDS tratados com os antiretrovirais amplamente utilizados, efavirenz e nevirapina, estudos
farmacocinéticos mostram que indivíduos homozigotos para o alelo CYP2B6*6 (516G>T e
785A>G) apresentavam níveis plasmáticos de efavirenz, significativamente elevados e
associados a efeitos neuropsicológicos, quando comparados com indivíduos portadores do alelo
selvagem (CYP2B6*1) (Marzolini et al., 2001; Haas et al., 2004; Rotger et al., 2005). Além dos
antiretrovirais, estas variações também foram associadas a alterações no metabolismo e
farmacocinética de outras drogas como o antidepressivo bupropiona (Hesse et al., 2004),
antineoplásico e imunossupressor ciclofosfamida (Xie et al., 2003; Nakajima et al., 2007) e do
anticonvulsante metilfenobarbital (Kobayashi et al., 2004). Artemisinina e seus derivados
pertencem a uma classe de drogas, que são rapidamente absorvidos e eliminados após
administração. A sua concentração plasmática atinge o ponto máximo num intervalo de 1 a 3
horas, dependendo da formulação e via de administração (Teja-Isavadharm et al., 2001; Hien et
DISCUSSÃO
84
al., 2004). Adicionalmente, a capacidade de auto-indução que resulta na aceleração do próprio
metabolismo, bem como a indução de outras famílias do citocromo P450 (Svensson e Ashton,
1999; Burk et al., 2005), levantam a possibilidade de interações medicamentosas com outras
drogas, levando-se em conta que a artemisinina e os seus derivados são co-administrados com
outras drogas substratos do citocromo P450 (Giao e de Vries, 2001). Estudos anteriores têm
mostrado grandes variações interindividuais nos parâmetros farmacocinéticos, efeitos adversos e
níveis de toxicidade dependendo da dose e via de administração da artemisinina, artesunato e
dihydroartemisinina, quer em indivíduos saudáveis como em pacientes com malária (Krishna et
al., 2001; Hien et al., 2004; Karunajeewa et al., 2006). A base para a variabilidade interindividual
da resposta observada nestes estudos parece incluir polimorfismos em genes metabolizadores.
Nesse contexto, a alta frequência destes polimorfismos observada na nossa população de estudo
sugere que os mesmos poderão estar influenciando o nível de resposta terapêutica dos
antimaláricos, bem como de outros medicamentos substratos das enzimas codificadas por este
gene. Em um estudo realizado em Coreanos, Cho e colaboradores reportaram frequências alélicas
do gene CYP2B6 significativamente diferentes, quando comparados a outras populações (Cho et
al., 2004). Nessa população, estudos posteriores em pacientes com malária mostraram que a
concentração plasmática máxima do antimalárico primaquina foi cinco vezes superior em
pacientes Coreanos comparado aos pacientes de origem Indiana e Tailandesa, enquanto que a
concentração do metabolito activo, a carboxiprimaquina, foi de 2,5 a 5 vezes menor, indicando
diferenças étnicas no metabolismo desta droga (Kim et al, 2004).
A fim de verificar a influência do gênero na distribuição das mutações estudadas,
analisamos a frequência das mutações 64C>T, 516G>T, 785A>G e 1459C>T por gênero. Nesta
análise, não foi observada diferença significativa na ocorrência destas mutações entre os dois
grupos (Tabela 5.4.2.3). No entanto, embora não tenham sido observadas diferenças
significativas, a frequência destas mutações foi elevada nos indivíduos do gênero feminino em
relação aos indivíduos do gênero masculino. Tendo em conta o número reduzido de indivíduos do
sexo feminino analisados neste estudo, é de se esperar que um aumento do número amostral
possa trazer diferença significante na ocorrência destas mutações entre os dois gêneros. Tais
diferenças podem resultar em variações significativas da expressão do gene entre os dois neros
reportados na literatura (Lamba et al., 2003). Com efeito, marcadas diferenças na expressão e
atividade do gene CYP2B6 foram reportadas por Lamba e colaboradores, onde indivíduos do
gênero feminino apresentaram quantidades elevadas de RNA mensageiro em relação a indivíduos
DISCUSSÃO
85
do gênero masculino (Lamba et al., 2003). Contudo, estas observações poderiam ser explicadas
por diferenças gênero-específicas, já reportadas, no metabolismo de certas drogas, substratos de
enzimas codificadas pelo gene CYP2B6. Segundo Wang e colaboradores, o nível relativo de RNA
mensageiro do regulador transcricional do CYP2B6, CAR (Constitutive Androstane Receptor) é
maior em indivíduos do gênero feminino em relação aos do masculino podendo ser responsável
por diferenças na taxa de transcrição do gene CYP2B6 nos dois gêneros (Wang e Negishi, 2003).
A etnia é uma variável com uma contribuição muito importante na variabilidade
interindividual no metabolismo de drogas, eficácia terapêutica e toxicidade (Evans et al., 2001 e
Chowbay et al., 2005). Vários SNPs nos genes do sistema CYP têm sido determinados com o
objetivo de explicar as variações interétnicas das respostas terapêuticas a um grande mero de
drogas de uso clínico. No entanto, a frequência dos SNPs funcionais varia muito entre os
diferentes grupos étnicos estudados. Os povos que habitam atualmente Moçambique são
incluídos no grande grupo de populações africanas “os Bantu”, que povoa quase toda a África a
Sul do Sahara (Campbell e Tishkoff, 2008). Dentro deste grupo existem várias subdivisões
étnicas distribuídas ao longo das três regiões administrativas do país, dos quais os grupos Suahili,
Macuas-Lomués, Macondes ocorrem na região norte; Nhanjas e Sena na região centro e os
Tsongas no sul do país, constituem as etnias majoritárias. Neste estudo, não encontramos
diferenças significativas entre as frequências dos polimorfismos estudados em populações
provenientes das três regiões estudadas, sugerindo uma distribuição homogênea destes
polimorfismos nesta população. No entanto, esta análise carece de alguma acurácia que, em
nosso estudo, apesar dos indivíduos incluídos terem sido agrupados de acordo com o local de
origem onde predominam as etnias majoritárias anteriormente citadas, nenhum tipo de marcador
de etnia foi genotipado para determinar com precisão a etnicidade dos indivíduos analisados.
Finalmente, quando analisamos a combinação dos diferentes SNPs identificados no gene
CYP2B6 através do programa estatístico PHASE versão 2.1, identificamos 12 combinações
haplotípicas como ilustrado na Tabela 5.4.1.5. Entretanto, quando comparamos a distribuição dos
haplótipos mais frequentes entre os indivíduos provenientes das três regiões distintas não
observamos diferença significativa, mostrando uma distribuição homogênea dos haplótipos
analisados em nossa população.
DISCUSSÃO
86
6.2. Análise das frequências dos polimorfismos estudados no gene CYP2C8
A isoforma CYP2C8 representa cerca de 7% do total das enzimas pertencentes ao sistema
CYP450 expresso no organismo humano (Shimada et al., 1994) sendo responsável pelo
metabolismo de cerca de 5% das drogas eliminadas na fase I do metabolismo de drogas. A
CYP2C8 é altamente polimórfica e responsável pela biotransformação de vários fármacos de uso
clínico, incluindo os antimaláricos, cloroquina e amodiaquina. Neste estudo, analisamos a
prevalência das mutações 805A>T, 416G>A e 1196A>G e 792C>G, que caracterizam os alelos
CYP2C8*2,*3 e *4, respectivamente. A frequência de cada polimorfismo foi determinada na
população de estudo, como se pode observar na tabela 5.4.2.1. O alelo selvagem CYP2C8*1 foi
observado com maior frequência (60,3%). Entretanto, um percentual de 16% dos indivíduos
analisados foi de portadores do alelo CYP2C8*2 enquanto que o alelo CYP2C8*4 foi detectado
em 0,05% dos indivíduos. O alelo CYP2C8*3, que inclui os dois SNPs específicos 416G>A e
1196A>G (Dai et al., 2001), não foi encontrado na população estudada. De acordo com Dai e
colaboradores, os SNPs 416G>A e 1196A>G geralmente ocorrem de forma simultânea numa
estreita ligação (Dai et al., 2001; Bahadur et al., 2002). No entanto, esta ligação não foi
observada no nosso estudo, uma vez que em nenhum dos indivíduos portadores da mutação
416G>A detectamos a mutação 119A>G. A presença isolada da mutação 416G>A em nossa
amostragem pode ser a possível explicação para esta observação uma vez que todos os mutantes
para o SNP 416G>A foram re-testados tendo resultado no mesmo perfil.
Os alelos CYP2C8*2 e CYP2C8*3 são os alelos funcionais frequentemente reportados no
gene CYP2C8. As suas prevalências variam de acordo com os grupos étnicos. Estudos realizados
por Dai e colaboradores mostraram que o alelo CYP2C8*2 ocorre com baixa frequência (1,6%) e
quase é inexistente em populações de origem caucasiana, enquanto que os alelos CYP2C8*3,
(14%) e CYP2C8*4 (7,4%) eram mais comuns (Dai et al., 2001; Weise et al., 2004). Em
contraste, o alelo CYP2C8*2 tem sido observado com maior frequência em populações africanas
e afro-americanas (18%). Os alelos CYP2C8*3 (2%) e CYP2C8*4 (0,6%) são raramente
encontrados (Dai et al., 2001; Daly, 2003). Poucos estudos descrevendo a frequência destes
alelos em populações de regiões africanas endêmicas à malária foram reportados. No estudo
realizado numa região endêmica a malária na ilha de Zanzibar, Cavaco e colaboradores
reportaram frequências alélicas de CYP2C8*2 (13,9%), CYP2C8*3 (2,1%) e CYP2C8*4 (0,6%),
respectivamente, em 165 pacientes com malária pediátrica (Cavaco et al., 2005). Em uma
DISCUSSÃO
87
população de crianças no norte de Gana, o alelo CYP2C8*2 foi detectado com uma frequência de
16,7% (Röwer et al., 2005),
enquanto Adjei e colaboradores também reportaram a frequência de
17,9% em crianças do sul do mesmo país (Adjei et al., 2008). Nossos resultados mostram que a
frequência de 16% do alelo CYP2C8*2 encontrado na nossa população é semelhante às
frequências reportadas em estudos realizados em outras populações africanas como Gana (16,7%)
(Röwer et al., 2005), (17,9%) (Adjei et al., 2008) e em afro-americanos (18%) (Dai et al., 2001).
Entretanto, a ligeira diferença observada em relação à frequência de 13,9% reportada em
Zanzibar (Cavaco et al., 2005) pode estar relacionada com o menor tamanho amostral utilizado
neste estudo em relação ao nosso.
Funcionalmente, sabe-se que as variantes alélicas CYP2C8*2 e *3 codificam para
enzimas com atividade reduzida, associadas a diferenças significantes dos parâmetros cinéticos
do paclitaxel e do ácido araquidônico quando comparados ao alelo selvagem (Dai et al., 2001). A
biotransformação da amodiaquina em seu metabólito primário, N-desethylamodiaquina, ocorre
rapidamente após administração oral, via CYP2C8 e outras enzimas extra-hepáticas como
CYP1A1 e CYP1B1 produzindo um metabólito desconhecido (Li et al., 2002). Estudos
anteriores têm reportado uma ampla variabilidade interindividual dos parâmetros
farmacocinéticos em indivíduos tratados com amodiaquina (Winstanley et al., 1990). Num estudo
clínico envolvendo 275 pacientes com malária, Parikh e colaboradores mostraram que os níveis
de clareamento intrínseco da amodiaquina eram três vezes menores em portadores do alelo
CYP2C8*2 em relação aos indivíduos portadores do genótipo selvagem. Nesse estudo, nenhuma
reação adversa específica ou evidência de impacto sobre o desfecho terapêutico ou toxicidade
associada aos genótipos dos indivíduos foi registrada, embora efeitos colaterais como dor
abdominal fossem mais comuns em portadores do alelo mutante (Parikh et al., 2007); no entanto,
o possível impacto dos polimorfismos presentes no gene CYP2C8 sobre a eficácia da
amodiaquina pode ser influenciado por outros fatores, tais como o desequilíbrio de ligação com
outros alelos do sistema CYP450 que codificam para fenótipos de metabolizadores lentos, como
o gene CYP2C9 (Yasar et al., 2002).
Além dos efeitos no desfecho terapêutico, um dos elementos não menos importantes
relacionados com os polimorfismos em genes metabolizadores da amodiaquina são os efeitos
colaterais, como toxicidade hepática e agranulocitose associados ao uso profilático ou longa
exposição à droga. Os mecanismos envolvidos na toxicidade da amodiaquina não são bem
conhecidos; no entanto, estudos in vitro têm associado à amodiaquina e o seu metabólito, N-
DISCUSSÃO
88
desethylamodiaquina, a efeitos inibitórios sobre as células da medula óssea e células progenitoras
dos neutrófilos (Labro et al., 1991; Aymard et al., 1992). Outros estudos sugerem que a
toxicidade da amodiaquina esteja também associada a uma auto-oxidação não enzimática da
amodiquina em soluções aquosas neutras, dando origem a um intermediário altamente reativo
designado quinonaimina que é responsável por reações adversas em alguns pacientes devido à
formação de imunocomplexos através da sua ligação com proteínas celulares (Winstanley et al.,
1990). A capacidade da N-desethylamodiaquina na formação deste intermediário é reduzida
comparada a amodiaquina. Neste contexto, a lenta conversão da amodiaquina em N-
desethylamodiaquina em indivíduos com o genótipo CYP2C8 de metabolização lenta pode
predispor a formação da quinonaimina, aumentando o risco de toxicidade (Li et al., 2002; Gil e
Berglund, 2007). A toxicidade da amodiaquina foi anteriormente reportada em indivíduos de
origem não caucasiana, e o alto nível de toxicidade observado nesses indivíduos pela utilização
do medicamento como profilático pode estar associado à prevalência elevada do alelo CYP2C8*3
em caucasianos em relação aos africanos. Segundo Parikh e colaboradores, ainda que o impacto
do alelo CYP2C8*2, mais prevalente em África, no metabolismo da amodiaquina seja
relativamente menor em relação ao alelo CYP2C8*3, um aumento do uso da droga em indivíduos
portadores do alelo CYP2C8*2 poderá levar a uma diminuição gradual da tolerância e aumento
da toxicidade nesses indivíduos (Parikh et al., 2007). Assim sendo, o aumento do uso da
amodiquina para o tratamento da malária em regiões endêmicas faz necessária a realização de
estudos de monitoramento dos eventos adversos relacionados com a droga, bem como a sua
associação com o perfil genotípico dos alelos de CYP2C8 para melhor se entender o impacto
destes polimorfismos no tratamento da malária com amodiaquina.
DISCUSSÃO
89
6.4. Considerações finais
O tratamento da malária é assunto de crucial importância em Moçambique e nos países
africanos onde a malária é endêmica. Os antimaláricos são administrados em grande escala, na
maioria dos casos em situações em que os pacientes se apresentam com febre sem nenhuma
confirmação laboratorial da presença do parasito. Um conhecimento detalhado sobre a influência
da variabilidade genética do hospedeiro na eficácia e segurança dos medicamentos usados no
tratamento da malária em populações-alvo é de importância fundamental para um melhor manejo
do tratamento da malária.
O presente estudo se mostra pioneiro nesta população contemplando a análise de vários
polimorfismos em genes envolvidos na metabolização de antimaláricos e de outras drogas
largamente utilizados. Os dados gerados neste estudo constituem uma informação importante a
ser incorporada nos programas de farmacovigilância praticados em Moçambique, podendo ser
também de grande valia para futuros estudos de associação na população moçambicana, onde a
alta prevalência da malária e outras doenças como a Tuberculose e a AIDS faz com que a maior
parte da população seja exposta ao tratamento concomitante. Adicionalmente, o nosso estudo
teve como foco principal e exclusivo, identificar quais as variantes alélicas de CYP2B6 e
CYP2C8 estariam presentes na população e suas respectivas frequências. No entanto, vários
outros polimorfismos funcionais com impacto significativo no metabolismo dos antimaláricos
ocorrem em outros genes, como por exemplo, os genes UGT1A9 e UGT2B7 (Maruo et al., 2005),
cujos produtos estão envolvidos no metabolismo da dihidroartemisinina (Ilett et al., 2002);
consequentemente para um completo entendimento da influência do “background” genético na
metabolização e efeito dos antimaláricos, faz-se necessário a inclusão destes e outros genes
envolvidos em futuros estudos.
REFERÊNCIAS
90
7. CONCLUSÕES
Nossos resultados mostram que as variantes alélicas presentes nos genes CYP2B6 e
CYP2C8, sabidamente envolvidos na alteração do metabolismo de uma variedade de
drogas, ocorrem nas populações estudadas, corroborando os resultados reportados em
outros estudos realizados em populações africanas.
Não foi observada nenhuma diferença na distribuição dos polimorfismos encontrados nas
três regiões estudadas.
A alta frequência de alelos que codificam para fenótipos de metabolizadores lentos
observada neste estudo indica que uma fração significativa da população moçambicana
estará potencialmente em risco de falha terapêutica ou de efeitos adversos aos
antimaláricos e outros medicamentos substratos das enzimas codificadas por estes genes,
fazendo-se necessária a realização de futuros estudos para um melhor entendimento sobre
a importância destes polimorfismos no tratamento da malária nestas populações.
8. PERSPECTIVAS
Realizar estudos de associação em indivíduos com malária, incluíndo estes e outros genes
envolvidos na metabolização de antimaláricos para um melhor entendimento sobre a
importância dos mesmos no tratamento da malária.
9. DIFICULDADES
A realização do estudo com amostras coletadas em Moçambique e processadas no Brasil
foi uma das maiores dificuldades encontradas porque as mesmas foram coletadas durante
o período do curso.
A padronização da PCR em amostras de sangue impregando no cartão de filtro.
Apreenção das amostras no Aeroporto internacional de Guarulhos, Sao Paulo pela Polícia
Federal durante o envio de Moçambique ao Brasil, tendo sido liberadas dois meses depois
(de 19 de Janeiro a 23 de Março de 2009).
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APÊNDICES
105
11. APÊNDICES
APENDICE 1- DOCUMENTO DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE PARA
CONSENTIMENTO INFORMADO
PROJETO: Frequências alélicas e genotípicas das isoformas CYP2C8 e CYP2B6 na
população de Moçambique
A resposta aos medicamentos no tratamento de doenças varia de indivíduo para indivíduo em quase todo
tipo dos medicamentos utilizados e, vários fatores têm contribuído para essa variabilidade. Hoje é sabido
que para além dos fatores ambientais e fisiológicos, esta variabilidade interindividual da resposta aos
medicamentos está associada a “modificações” na forma como os medicamentos são transformados dentro
do organismo de cada indivíduo. Assim, o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, pretende realizar
em indivíduos saudáveis um estudo para identificar, em nossa população, qual o padrão mais freqüente
das modificações na forma de transformação dos medicamentos usados para o tratamento da malária. As
informações obtidas serão úteis para evitar efeitos indesejáveis durante o tratamento e termos uma idéia se
o mesmo será eficiente.
Você esta sendo solicitado para participar neste estudo, dando uma amostra de sangue e consentindo que
os resultados dos seus exames sejam utilizados neste estudo. Este estudo será coordenado pelo, Dr.
Adalberto Rezende Santos, profissional em atividade no Instituto Oswaldo Cruz do Brasil, pelo Dr.
Ricardo Thompson, profissional em atividade no Ministério da Saúde e será realizado pelo Paulo Arnaldo,
estudante do curso de mestrado em Biologia Molecular e Celular no Instituto Oswaldo Cruz-FIOCRUZ,
Brasil.
1) Procedimento
A participação no estudo inclui responder a um questionário padronizado que registrará os seus dados
pessoais relevantes para entender os resultados das análises que vão ser feitas à sua amostra de sangue. A
participação no estudo implica também que sejam recolhidas cinco gotas do sangue remanescente no tubo
de doação de sangue ou por uma pequena picada no dedo, que serão depositadas e deixadas secar em
papel de filtro. O sangue será utilizado para determinar a capacidade do seu organismo para utilizar alguns
medicamentos.
2) Local do estudo
Os procedimentos de coleta destas amostras serão realizados nos bancos de sangue do Hospital Central de
Maputo, Hospitais Provinciais da Beira, Nampula e Pemba, Hospitais Gerais José Macamo e Mavalane e
no Hospital Rural de Chokwé.
APÊNDICES
106
3) Riscos/Desconfortos
Não haverá riscos adicionais para além dos envolvidos na doação de sangue, pois iremos somente coletar
o sangue que restar no tubo de coleta sangue ou por uma pequena picada no dedo, para um papel de filtro.
4) Participação Voluntária
A participação neste estudo é voluntária. Ao dar consentimento escrito para participar no estudo,
compromte-se a cumprir com os procedimentos do estudo. Contudo, se decidir em não participar neste
estudo, ou interromper a sua participação a qualquer momento, o seu acesso e qualidade de cuidados de
saúde não serão afetados.
5) Custos e Compensações para os participantes
Não haverá custos para si, caso decida pela participação neste estudo. Os custos dos exames laboratoriais
por realizar serão cobertos pelo estudo, nem serei compensado pela participação no estudo.
6) Benefício
Não haverá nenhum benefício directo e imediato para si. Contudo, o conhecimento que resultará deste
estudo é importante para melhorar o tratamento da malária, o que poderá vir a beneficiar a si ou à sua
família no futuro.
7) Confidenciabilidade dos dados
Procedimentos serão adoptados pelos responsáveis por este estudo para proteger a confidencialidade das
informações por si fornecidas. A amostra e outros dados que lhe digam respeito serão identificadas
somente com as iniciais do seu nome, impedindo assim a sua identificação. Somente os pesquisadores
envolvidos neste estudo terão acesso aos resultados e informação nos questionários.
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Frequências alélicas e genotípicas das isoformas CYP2C8 e CYP2B6 na população de Moçambique
Eu, ______________________________________________________________, acredito ter sido
suficientemente esclarecido (a) a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim sobre o
estudo Frequências alélicas e genotípicas das isoformas CYP2C8 e CYP2B6 na população de
Moçambique”, responsável pelo metabolismo dos medicamentos antimaláricos. Ficou claro para mim
qual é o propósito do estudo, os procedimentos a serem seguidos, seus desconfortos e riscos, benefícios e
a garantia da confidencialidade. Receberei uma cópia deste consentimento para mantê-lo comigo. Se tiver
qualquer dúvida sobre a minha participação neste estudo, poderei utilizar os seguintes números de
APÊNDICES
107
telefone: +258 (21) 31 10 38 ou +258 82 2748 900, para contactar o Dr. Ricardo Thompson ou Paulo
Arnaldo no Ministério da Saúde para o devido esclarecimento.
Como já foi esclarecida (o) anteriormente, toda informação pessoal será mantida em sigilo.
A participação em pesquisa é voluntária e após consentimento informado escrito. Entretanto, mesmo
depois de ter dado consentimento informado escrito tenho o direito de retirar o consentimento antes da
coleta da amostra de sangue, sem que isso afete quaisquer dos meus direitos individuais, incluindo acesso
futuro a cuidados médicos em qualquer Hospital do País. Se eu desejar e concordar em participar, devo
assinar na linha abaixo.
_________________________________________________________ _____/_____/_____
Nome do Voluntário: Data
______________________________________________________________________
Assinatura ou impressão digital do Voluntário
______________________________________________________________________
Assinatura da Testemunha
______________________________________________________________________
Nome do Entrevistador
______________________________________________________________________
Assinatura do Entrevistador
APÊNDICES
108
APÊNDICE 2 - QUESTIONÁRIO PARA ENTREVISTA DOS PARTICIPANTES
F
requências alélicas e genotípicas das isoformas CYP2C8 e CYP2B6 na população de
Moçambique
1. Iniciais do Participante:
|____|____|____|
2. Data de coleta da amostra:
____/____/____
3. Código do participante: |__|__|__|__|__|__|
4. Data de Nascimento:
____/____/____
4.1. Idade:
|____|
(anos)͙
5. Gênero:
|____|
Masculino
|____|
Feminino
6. Ascendência:
|____|
Africana
|____|
Européia
|____|
Outra
7. Naturalidade: 7.1. Província:_____________________________________________
8. Distrito: ______________________________________________________________
9. Precisa ser informado sobre os seus exames
|____|
Sim
|____|
Não
APÊNDICES
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APÊNDICE 3FOLHAS DE APROVAÇÃO DOS COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA
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