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DESNITRIFICAÇÃO EM SISTEMAS DE
LODO ATIVADO
ELIVÂNIA VASCONCELOS MORAES DOS SANTOS
CAMPINA GRANDE – PB
FEVEREIRO DE 2009
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ELIVÂNIA VASCONCELOS MORAES DOS SANTOS
DESNITRIFICAÇÃO EM SISTEMAS DE LODO ATIVADO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental
da Universidade Federal de Campina Grande,
em cumprimento às exigências para
obtenção do título de Mestre.
Área de Concentração:
ENGENHARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E SANITÁRIA
Orientadores:
Profº ADRIANUS C. VAN HAANDEL – M.Sc. - Ph.D.
Profª PAULA FRASSINETTI FEITOSA CAVALCANTI – M.Sc. - Drª.
CAMPINA GRANDE – PB
FEVEREIRO DE 2009
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ELIVÂNIA VASCONCELOS MORAES DOS SANTOS
DESNITRIFICAÇÃO EM SISTEMAS DE LODO ATIVADO
DISSERTAÇÃO APROVADA EM: _____/_____/______.
COMISSÃO EXAMINADORA:
____________________________________
ADRIANUS C. VAN HAANDEL – PhD.
Orientador – UFCG
_______________________________________________
PAULA FRASSINETTI FEITOSA CAVALCANTI - Drª.
Orientadora – UFCG
________________________________
JOSÉ TAVARES DE SOUSA – Dr.
Examinador Interno – UEPB
________________________________
GLÓRIA MARIA MARINHO – Drª.
Examinadora Externa – IFCE
AGRADECIMENTOS
A Deus pela constante presença e transmissão de forças em todos os
momentos vivenciados nesta difícil jornada.
Aos meus pais e irmãs que ajudaram dando toda forma de apoio,
carinho e compreensão para que pudesse realizar este trabalho.
Ao professor Adrianus c. van Haandel e à professora Paula Frassinetti
Feitosa Cavalcanti, pela orientação deste trabalho, pela amizade, dedicação e
paciência e, em especial, por serem profissionais e pessoas admiráveis.
Ao Heraldo Antunes Silva Filho e todo seu companheirismo, além da
ajuda gráfica.
Aos colegas de mestrado, em especial, Érica Oliveira da Nóbrega pela
amizade, e pelo trabalho realizado em conjunto que engrandeceram de forma
expressiva nossos conhecimentos.
À Nélia Luna Leal pela amizade, conselhos e grandiosa experiência
profissional que deu valioso suporte para a realização deste trabalho.
Aos bolsistas, mestrandos e doutorandos do laboratório do PROSAB-PB
André, Priscila, Silvana, Eudes, Eliane, Lincoln, Israel que auxiliaram na prática
de análises, na operação dos sistemas experimentais e na troca de
conhecimentos.
Aos professores do mestrado: Annemarie König, Beatriz Susana Ovruski
de Ceballos, Mônica de Amorim Coura e Rui de Oliveira.
Ao professor Tavares e à professora Glória Marinho componentes da
banca examinadora pela amizade e pela predisposição em analisar este
trabalho com todos os adventos do tempo.
Ao PROSAB pelo financiamento desta pesquisa e ao CNPq pela
disponibilização de bolsa de mestrado, auxílios indispensáveis para que fosse
possível a permanência na cidade de Campina Grande durante a pesquisa.
E a todos que de alguma maneira contribuíram para que esse trabalho
pudesse ser concluído.
RESUMO
SANTOS, E. V. M. Desnitrificação em sistemas de lodo ativado. 2009. 114
p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG), Campina Grande, 2009.
Para o dimensionamento de sistemas de lodo ativado com remoção de
nutrientes, diversos fatores devem ser considerados quando se pretende
otimizar o projeto. Uma boa alternativa para projetos de sistemas de lodo
ativado em países de clima tropical, como o Brasil, é a introdução de um ou
mais reatores anóxicos, visto que, a nitrificação é um fator quase inevitável sob
as condições de temperatura e disponibilidade de oxigênio presentes nesses
sistemas. O principal processo que ocorre em fases anóxicas é chamado de
desnitrificação e é capaz de reduzir custos com aeração em até 20%, recuperar
a alcalinidade perdida na nitrificação e ainda remover a matéria orgânica e o
nitrogênio da fase líquida de forma eficiente. Este estudo teve como objetivos:
determinar a capacidade de desnitrificação dos sistemas Bardenpho e UCT,
avaliar a cinética do processo de desnitrificação, e verificar o comportamento
metabólico de bactérias heterotróficas geradas em sistemas de lodo ativado
quando submetidas a ambientes aeróbio e anóxico (via nitrato e nitrito) com
substratos solúvel e particulado, a partir da comparação da taxa de consumo
de oxigênio e a taxa de consumo de oxigênio equivalente. A desnitrificação via
nitrato para material solúvel teve maior destaque no sistema Bardenpho,
todavia para material particulado o sistema UCT comportou-se um pouco
melhor. Essa mesma tendência ocorreu utilizando-se nitrito como aceptor final
de elétrons. As taxas de consumo de oxigênio e de oxigênio equivalente de
nitrato mostraram-se semelhantes (Bardenpho anóxico: 51 mg/L/h; aeróbio: 51
mg/L/h) e, (University of Cape Town anóxico: 36 mg/L/h; aeróbio: 37 mg/L/h), e
a taxa equivalente de nitrito apresentou-se 60% inferior a estas. Para a
otimização desses sistemas a remoção de nitrogênio deve ser um fator
relevante, pois se confirmou que além da remoção desse nutriente, a matéria
orgânica pode ser removida com a mesma eficiência de um reator aeróbio.
ABSTRACT
SANTOS, E. V. M. Denitrification in systems of activated sludge. 2009. 114
Dissertation (Master) Federal University of Campina Grande, Campina
Grande, 2009.
For the design of systems of activated sludge with removal of nutrients,
several factors should be considered when intend to optimize the project. A
good alternative for projects of systems of activated sludge at countries of
tropical climate, like Brazil, it is the introduction of one or more reactors anoxics,
because, the nitrification is an almost inevitable factor under the temperature
conditions and readiness of oxygen present these systems. The principal
process that happens in phases anoxics is called denitrification and it is capable
to reduce costs with aeration in up to 20%, to recover the lost alkalinity in the
nitrification and still to remove the organic matter and the nitrogen of the liquid
phase in an efficient way. This study had as objectives: to determine the
capacity of denitrification of systems Bardenpho and University of Cap Town,
to evaluate the kinetics of the denitrification process, and to verify the metabolic
behavior of bacteria heterotrofics generated in systems of activated sludge
when submitted to atmospheres aerobic and anoxic (it saw nitrate and nitrite)
with soluble substrate and difficult degradation, starting from the comparison of
the rate of consumption of oxygen and the rate of consumption of equivalent
oxygen. The denitrification through nitrate for soluble material had larger
prominence in the system Bardenpho, though for material difficult degradation
the system UCT behaved a better little. That same tendency happened being
used nitrite as final aceptor of electrons. The rates of consumption of oxygen
and of equivalent oxygen of nitrate they were shown similar (Bardenpho anoxic:
51 mg/L/h; aerobic: 51 mg/L/h) and, (University of Cap Town anoxic: 36 mg/L/h;
aerobic: 37 mg/L/h), and the equivalent rate of nitrite came 60% more little than
these. For the optimization of those systems the removal of nitrogen should be
an important factor, because it was confirmed that besides the removal of that
nutritious one, the organic matter can be removed with the same efficiency of a
reactor aerobic.
SUMÁRIO
Capítulo 1 Introdução
01
Capítulo 2 Revisão de Literatura
05
2.1 Esgotos sanitários 05
2.2 Fontes e Formas de Material Orgânico em Esgotos Sanitários 05
2.3 Fontes e Formas de Nutrientes em Esgotos Sanitários 07
2.4 Legislação 09
2.5 Sistemas de Lodo Ativado 10
2.6 Sistemas de Lodo Ativado Com Remoção de Nutrientes 13
2.7 Microbiologia de Lodo Ativado 15
2.8 Bactérias em Sistemas de Lodo Ativado 16
2.9 Metabolismo Oxidativo 16
2.10 Amonificação/Assimilação 17
2.11 Nitrificação 18
2.12 Desnitrificação 19
2.13 Novos processos de remoção de nitrogênio 23
2.14 Modelos Matemáticos para Lodo Ativado 25
2.15 Fatores Cinéticos da Utilização de Material Orgânico 25
2.16 Fatores cinéticos do Processo de Nitrificação 28
2.17 Fatores Cinéticos do Processo de Desnitrificação 29
2.17.1 Produção de lodo em sistemas anóxico/aeróbios 29
2.17.2 Taxa de Desnitrificação 30
2.17.3 Capacidade de desnitrificação 31
2.18 Respirometria 31
Capítulo 3 Material e Métodos
34
3.1 Introdução
34
3.2 Material 35
3.2.1 Descrição dos sistemas Bardenpho e UCT 35
3.2.1.1 Sistema Bardenpho 35
3.2.1.2 Sistema UCT 36
3.3 Métodos 40
3.3.1 Critérios de Dimensionamento 40
3.3.1.2 Idade de lodo 40
3.3.2 Caracterização do Esgoto 41
3.3.3 Operação dos sistemas 42
3.3.4 Parâmetros de desempenho analisados 43
3.3.4.1 Teste de Sedimentabilidade 45
3.3.4.2 Medição da TCO total “in locu” 45
3.3.5 Balanços de Massa dos Materiais Nitrogenado e Orgânico 45
3.3.5.1 Balanço de Massa de Material Nitrogenado do Sistema
Bardenpho
46
3.3.5.2 Balanço de Massa de Material Nitrogenado do Sistema
UCT
47
3.3.5.3 Balanço de Massa do Material Orgânico 48
3.3.6 Testes Respirométricos 49
3.3.6.1 Frações biodegradáveis do esgoto 51
3.3.6.2 Metabolismo heterotrófico em ambiente aeróbio 52
3.3.6.3 Fatores de influência sobre o metabolismo heterotrófico
aeróbio
53
3.3.7 Testes de Desnitrificação 55
3.3.7.1 Desnitrificação via nitrato 55
3.3.7.2 Desnitrificação via nitrito 57
3.3.7.3 Fatores que influenciam a desnitrificação 57
3.3.8 Determinação das constantes cinéticas e da capacidade de
desnitrificação
59
3.3.8.1 Sistema Bardenpho 60
3.3.8.2 Sistema UCT 61
Capítulo 4 Apresentação dos Resultados
62
4.1 Introdução
62
4.2 Caracterização do Esgoto 62
4.3 Desempenho dos sistemas experimentais 63
4.3.1 Resultados de sedimentação 72
4.3.2 Resultados da TCO “in locu” 73
4.4 Resultados dos Balanços de Massa 73
4.4.1 Nitrogênio 73
4.4.2 Matéria Orgânica 74
4.5 Testes Respirométricos 75
4.5.1 Resultados das frações de matéria orgânica biodegradável 75
4.5.2 TCO do lodo heterotrófico na presença de oxigênio 75
4.6 Testes de Desnitrificação 79
4.6.1 TCO
eq
do lodo heterotrófico na ausência de oxigênio
(desnitrificação via nitrato)
79
4.6.2 TCO
eq
do lodo heterotrófico na ausência de oxigênio
(desnitrificação via nitrito)
80
4.7 Constantes cinéticas 81
4.8 Capacidade de desnitrificação 82
4.9 Fatores de influência ao metabolismo heterotrófico aeróbio e anóxico 83
4.9.1 Efeito da Temperatura 83
4.9.2 Efeito do pH 84
4.9.3 Efeito do Oxigênio Dissolvido 84
Capítulo 5 Discussão
87
5.1 Desempenho dos sistemas experimentais 87
5.1.1 Sedimentabilidade 88
5.2 Testes respirométricos 89
5.2.1 Frações biodegradáveis do esgoto 89
5.2.2 Metabolismo heterotrófico em ambiente aeróbio 91
5.3 Testes de desnitrificação 91
5.3.1 Metabolismo heterotrófico em ambiente anóxico
(desnitrificação via nitrato)
91
5.3.2 Metabolismo heterotrófico em ambiente anóxico
(desnitrificação via nitrito)
92
5.4 Constantes cinéticas 94
5.5 Capacidade de desnitrificação 95
5.6 Fatores de influência do metabolismo aeróbio e anóxico 97
5.6.1 Temperatura 97
5.6.2 pH 99
5.6.3 OD 100
Capítulo 6 Conclusões
102
Capítulo 7 Referências Bibliográficas
105
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 2 Revisão de Literatura
Figura 2.1:
Divisão geral do material orgânico de esgoto sanitário (em
termos de DQO)
06
Figura 2.2: Esquema de um sistema de lodo ativado convencional
11
Figura 2.3: Representação dos aparatos utilizados no teste de
sedimentabilidade dinâmico. Determinação gráfica das
constantes de Vesilind.
13
Figura 2.4: Esquema de um sistema de lodo ativado Bardenpho com 3
reatores (anóxico-aeróbio-anóxico) e um decantador
secundário
14
Figura 2.5: Esquema de um sistema de lodo ativado UCT com 5
reatores (anaeróbio-anóxico-aeróbio-anóxico-aeróbio) e um
decantador secundário
15
Figura 2.6: Teste respirométrico com adição de cloreto de amônio e de
acetato de sódio (correspondendo cada adição a 60
mgDQO/L) em que foram construídas duas curvas da taxa
de consumo de oxigênio (software S32c)
33
Capítulo 3 Material e Métodos
Figura 3.1:
Fluxograma representativo das principais etapas da fase
experimental
35
Figura 3.2: Esquema representativo da configuração e operação do
sistema Bardenpho: reatores anóxicos (R1
a
, R2
a
e R3
a
) e
aerado (R4
a
) e fluxos de esgoto bruto, efluente e lodo
36
Figura 3.3: Esquema representativo da configuração e operação do
sistema Bardenpho: reatores anaeróbio (R1
b
), anóxicos
(R2
b
e R4
b
) e aerado (R3
b
) e fluxos de esgoto bruto,
efluente e lodo
37
Figura 3.4: Principais componentes dos sistemas Bardenpho e UCT 39
Figura 3.5: Foto da caixa de areia vertical e do poço de visita de onde o
esgoto bruto era bombeado
42
Figura 3.6: Esquema do sistema utilizado para a realização dos testes
respirométricos
50
Figura 3.7: Respirograma de um teste para a determinação das
diferentes frações biodegradáveis do esgoto de Campina
Grande
52
Capítulo 4 Apresentação dos Resultados
Figura 4.1:
Respirograma referente à TCO
max
do lodo heterotrófico do
sistema UCT após adição de substrato solúvel
77
Figura 4.2: Respirograma referente à TCO
max
do lodo heterotrófico do
sistema Bardenpho após adição de substrato solúvel
77
Figura 4.3: Respirograma referente à TCO
max
do lodo heterotrófico do
sistema UCT após adição de substrato particulado
78
Figura 4.4: Respirograma referente à TCO
max
do lodo heterotrófico do
sistema Bardenpho após adição de substrato particulado
79
Figura 4.5: Respirograma da TCO
max
de lodo heterotrófico sob
diferentes faixas de concentrações de OD (0,5; 1; 2; 3; 4 e 5
mg/L)
86
Capítulo 5 Discussão
Figura 5.1:
Fluxograma referente às frações de material orgânico,
determinadas a partir de testes com o esgoto de Campina
Grande
90
Figura 5.2: TCO exógena e TCO
eq
exógena de nitrato e nitrito com
substratos solúvel e particulado referentes aos sistemas
operados
93
Figura 5.3: TCO endógena e TCO
eq
endógena de nitrato e nitrito com
substratos solúvel e particulado referentes aos sistemas
operados
94
Figura 5.4: Gráfico da TCO exógena para as bactérias heterotróficas
mantidas em ambiente aeróbio e com temperatura variando
de 10
o
C a 50
o
C
98
Figura 5.5: Gráfico da TCO equivalente desenvolvida por bactérias
heterotróficas desnitrificantes quando submetidas a
temperaturas que variaram de 10
o
C a 50
o
C na presença de
nitrato
99
Figura 5.6: Gráfico da taxa de consumo de oxigênio e da taxa de
consumo de oxigênio equivalente em função do pH
100
Figura 5.7: Gráfico do perfil obtido de dados de TCO equivalente de
nitrato sob diferentes concentrações de OD
101
LISTA DE TABELAS
Capítulo 2 Revisão de Literatura
Tabela 2.1:
Diferentes formas e estados de oxidação do nitrogênio 08
Tabela 2.2: Exigências legais de alguns países para descartes de
efluentes em corpos hídricos receptores de esgotos (todas
relativas à concentração no efluente)
09
Tabela 2.3: Fontes de carbono utilizadas para desnitrificação e relação
DQO/N em diferentes reatores tratando diferentes águas
residuárias
22
Tabela 2.4: Demandas de oxigênio, alcalinidade, e carbono orgânico 25
Capítulo 3 Material e Métodos
Tabela 3.1:
Dimensões dos reatores dos sistemas Bardenpho e UCT. As
recirculações estão indicadas
38
Tabela 3.2: Recirculações de licor misto dos sistemas Bardenpho e UCT 38
Tabela 3.3: Cririos de dimensionamento segundo o modelo simplificado
de lodo ativado e seus valores numéricos (van Haandel e
Marais, 1999)
40
Tabela 3.4a: Condições operacionais dos reatores, anaeróbio, aerados e
anóxicos dos sistemas Bardenpho e UCT
42
Tabela 3.4b: Distribuição das zonas de tratamento em cada sistema de
lodo ativado operado
43
Tabela 3.5: Principais parâmetros analisados, frequência e 44
Tabela 3.6: Variáveis analisadas e pontos de coleta de amostras nos
sistemas Bardenpho e UCT
44
Tabela 3.7: Equações utilizadas para determinação do balanço de
massa de material nitrogenado referente ao sistema
Bardenpho
46
Tabela 3.8: Equações utilizadas para determinação do balanço de
massa de material nitrogenado referente ao sistema UCT
48
Tabela 3.9: Equações utilizadas para determinação do balanço de
massa de material orgânico referente aos sistemas
Bardenpho e UCT
49
Tabela 3.10: Equações utilizadas para determinação das constantes
cinéticas e da capacidade de desnitrificação do sistema
Bardenpho
60
Tabela 3.11: Equações utilizadas para determinação das constantes
cinéticas e da capacidade de desnitrificação do sistema UCT
61
Capítulo 4 Apresentação dos Resultados
Tabela 4.1:
Caracterização do esgoto afluente aos sistemas (valores
máximos e mínimos) e média das amostras compostas
63
Tabela 4.2: Concentrações de DQO afluente e efluente aos sistemas
referentes às duas idades de lodo operadas (15 e 20 dias)
64
Tabela 4.3: Concentrações de nitrato produzido no reator aeróbio e
presente no efluente do sistema Bardenpho e UCT,
referentes às idades de lodo de 15 e 20 dias
65
Tabela 4.4: Concentrações de nitrito no reator aeróbio e no efluente dos
sistemas Bardenpho e UCT, referentes às duas idades de
lodo operadas (15 e 20 dias)
65
Tabela 4.5: Concentrações de SST e SSV determinadas em cada
sistema de lodo ativado (Bardenpho e UCT) referentes às
duas idades de lodo operadas (15 e 20 dias)
66
Tabela 4.6: Concentrações de NTK afluentes e efluentes dos sistemas
de lodo ativado (Bardenpho e UCT) e referentes às duas
idades de lodo operadas (15 e 20 dias)
66
Tabela 4.7: Concentrações de amônia afluentes e efluentes dos
sistemas Bardenpho e UCT, referentes às idades de lodo
de15 e 20 dias
67
Tabela 4.8: Concentrações da alcalinidade afluente e efluente dos
sistemas Bardenpho e UCT, referentes às idades de lodo
de15 e 20 dias
67
Tabela 4.9: Valores do pH afluente e efluente dos sistemas de lodo
ativado (Bardenpho e UCT) e referentes às duas idades de
lodo operadas (15 e 20 dias)
68
Tabela 4.10: Concentrações de fósforo total afluente e efluente dos
sistemas de lodo ativado (Bardenpho e UCT) e referentes às
duas idades de lodo operadas (15 e 20 dias)
68
Tabela 4.11: Concentrações de ortofosfato afluentes e efluentes de cada
sistema de lodo ativado (Bardenpho e UCT) e referentes às
duas idades de lodo (15 e 20 dias)
69
Tabela 4.12: Concentrações de NTK no reator R1a reator anóxico e
R1b – reator anaeróbio do sistema Bardenpho e UCT, Rs de
lodo de 20 e 15 dias
70
Tabela 4.13: Concentrações de amônia nos reatores R1a e R3a e R1b e
R3b do sistema Bardenpho e UCT, Rs de 20 dias e 15 dias
70
Tabela 4.14a: Concentrações de nitrato nos reatores do sistema
Bardenpho e UCT. Rs = 20 dias
71
Tabela 4.14b: Concentrações de nitrato nos reatores do sistema
Bardenpho e do sistema UCT referentes à idade de lodo de
15 dias
71
Tabela 4.15a: Concentrações de nitrito nos reatores do sistema Bardenpho
e UCT. Rs = 20 dias
71
Tabela 4.15b: Concentrações de nitrito nos reatores do sistema Bardenpho
e UCT. Rs = 15 dias
72
Tabela 4.16: Constantes de sedimentabilidade para o sistema Bardenpho
e UCT. Rs de 20 dias e de 15 dias
72
Tabela 4.17: Taxa de consumo de oxigênio “in locu” do sistema
Bardenpho e do sistema UCT referentes às idades de lodo
de 20 dias e de 15 dias
73
Tabela 4.18: Balanço de massa de material nitrogenado do sistema
Bardenpho e do sistema UCT referentes às idades de lodo
de 20 dias e de 15 dias
74
Tabela 4.19: Balanço de massa de material orgânico do sistema
Bardenpho e do sistema UCT referentes às idades de lodo
de 20 dias e de 15 dias
74
Tabela 4.20: Fração de matéria orgânica presentes no esgoto de
Campina Grande obtidas através de testes respirométricos
75
Tabela 4.21: TCO do lodo heterotrófico gerado nos sistemas A
(Bardenpho) e B (UCT), para substrato solúvel e particulado
e TCO endógena
76
Tabela 4.22: TCO equivalente de nitrato do lodo gerado nos sistemas A
(Bardenpho) e B (UCT) referentes aos materiais solúvel,
particulado e TCO endógena
80
Tabela 4.23: TCO equivalente de nitrito dos sistemas Bardenpho e UCT
referentes aos materiais solúvel, particulado e TCO
endógena
80
Tabela 4.24a: Constantes cinéticas referente à TCO, por miligrama de
sólidos ativos por dia, para os sistemas Bardenpho e UCT
com substratos solúvel, particulado e fase endógena
81
Tabela 4.24b: Constantes cinéticas referente à TCO equivalente de nitrato,
por miligrama de sólidos ativos por dia, para os sistemas
Bardenpho e UCT com substratos solúvel, particulado e fase
endógena
82
Tabela 4.24c: Constantes cinéticas referente à TCO, por miligrama de
sólidos ativos e por dia, para os sistemas Bardenpho e UCT
com substratos solúvel, particulado e fase endógena
82
Tabela 4.25: Constantes cinéticas de desnitrificação (k
2
e k
3
) obtidas dos
sistemas Bardenpho e UCT para as duas idades de lodo
operadas (20 dias e 15 dias)
82
Tabela 4.26: Capacidade de desnitrificação nos reatores R1 (D
c1
), R2
(D
c2
), R4 (D
c4
) e, capacidade de desnitrificação completa
83
(D
c
) nos sistemas Bardenpho e UCT para as idades de lodo
de 20 dias e de 15 dias
Tabela 4.27: Temperaturas mínima, ótima e máxima, para as bactérias
heterotróficas e heterotróficas desnitrificantes
84
Tabela 4.28: Influência do pH, sobre o metabolismo das bactérias
heterotróficas (TCO) e heterotróficas desnitrificantes (TCO
eq
)
84
Tabela 4.29: TCO
eq
por hora de exposição a diferentes concentrações de
OD (0; 0,5; 1; 2; 3; 4 e 5 mg/L), na presença de nitrato. E,
valor percentual referente ao valor padrão máximo (0 mg/L
de OD)
85
Tabela 4.30: TCO determinada em testes respirométricos pelo
respirômetro Beluga S32c com variações das concentrações
de OD (0,5; 1; 2; 3; 4 e 5 mg/L)
85
Capítulo 5 Discussão
Tabela 5.1:
Valores médios dos percentuais de remoção das principais
variáveis estudadas
87
Tabela 5.2: Constantes de sedimentabilidade segundo van Haandel e
Marais (1999) e as obtidas experimentalmente para os
sistemas operados
89
Tabela 5.3: Valores médios das frações de material orgânico obtidos em
estudos realizados em Campina Grande e na cidade do
Cabo
90
Tabela 5.4: Valores médios da TCO
exo
com substrato solúvel e TCO
end
para os sistemas estudados
91
Tabela 5.5: Valores médios da TCO
exo
com substrato solúvel e TCO
end
para sistemas de lodo ativado de diferentes referências
91
Tabela 5.6: Taxa de consumo de nitrogênio como nitrato e nitrito para
material solúvel, particulado e em fase endógena dos
sistemas Bardenpho e UCT
93
Tabela 5.7: Capacidade de desnitrificação dos sistemas operados e
fluxo total de nitrato desnitrificado em cada reator desses
sistemas. R
s
= 20 dias
94
Tabela 5.8: Capacidade de desnitrificação dos sistemas operados e
fluxo total de nitrato desnitrificado em cada reator desses
sistemas. R
s
= 15 dias
96
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
a: Recirculação de licor misto
A: Área do cilindro
AC: Amostra composta
AESA: Área de Engenharia Sanitária e Ambiental
Afl: Esgoto afluente aos sistemas de lodo ativado operados
ANAMMOX: Anaerobic Ammonium Oxidation
ASM: Actived Sludge Models (modelo de lodo ativado)
ASM1: Modelo de lodo ativado da IWA
ASM2: Modelo de lodo ativado da IWA
ASM2d: Modelo de lodo ativado da IWA
ASM3: Modelo de lodo ativado da IWA
AT: Amplitude total
b
h
: : Decaimento de bactérias heterotróficas (d
-1
)
BH: Baterias heterotróficas
BHD: Bactérias heterotróficas desnitrificantes
b
n
: Constante de decaimento de bactérias nitrificantes (d
-1
)
B
n
: Balanço de massa de material nitrogenado
B
o
: Balanço de massa de material orgânico
C
r
: Massa de lodo ativo presente no sistema por unidade de DQO
biodegradável aplicada por dia
CPU: Central Processing Unit
C: Carbono
CANON: Completely Autotrophic Nitrogen removal Over Nitrite
CV: Coeficiente de variação
CCT: Centro de Ciências e Tecnologia
CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio (mgO
2
.L
-1
)
D
c
:
Capacidade de desnitrificação total de um sistema de lodo ativado
(mgN/d)
D
c1
: Capacidade de desnitrificação de R1 (mgN/d)
D
c2
: Capacidade de desnitrificação de R2 (mgN/d)
D
c4
: Capacidade de desnitrificação de R4 (mgN/d)
Dec: Decantador
DP: Desvio padrão
DQO: Demanda Química de Oxigênio (mgO
2
.L
-1
)
(dX
n
/dt )
c
: Taxa de crescimento das bactérias nitrificantes (mgSSV.L
-1
.d
-1
)
(dX
n
/dt)
d
: Taxa de decaimento das bactérias nitrificantes (mgSSV.L
-1
.d
-1
)
(dX
n
/dt)
e
: Taxa de descarga de lodo de excesso (mgSSV.L
-1
.d
-1
)
Efl: Esgoto efluente aos sistemas de lodo ativado operados
f: Fração de lodo orgânico decaído como resíduo endógeno
f anóxica: Fração anóxica dos sistemas de lodo ativado operados
f aeróbia: Fração aeróbia dos sistemas de lodo ativado operados
f
b:
Fração biodegradável de esgoto
f
bp:
Fração biodegradável particulada de esgoto
f
bs
: Fração biodegradável solúvel de esgoto
f
cv
:
Produção de massa bacteriana (gSSV/gDQO)
f
min
: Fração de massa de lodo mínima no reator pré-D
f
n
: Fração de nitrogênio total Kjeldahl em lodo volátil
f
up
: Fração de DQO não biodegradável particulada
f
us
: Fração de DQO não biodegradável solúvel
f
x1
: Fração anóxica de massa de lodo em R1
f
x2:
Fração anóxica de massa de lodo em R2
f
x3
: Fração anóxica de massa de lodo em R3
f
x4
: Fração anóxica de massa de lodo em R4
H: Altura da interface lodo-sobrenadante
IWA: International Water Association
IVL: Índice volumétrico de lodo
k: Constante de sedimentabilidade
K: Constante de desnitrificação
k
1
: Constante cinética de desnitrificação (material solúvel)
k
2
: Constante cinética de desnitrificação (material solúvel e particulado)
k
3
: Constante cinética de desnitrificação (material endógeno)
K
n
:
Constante de meia saturação bactérias autotróficas (mgN.L
-1
)
K
s
:
Constante de meia saturação bactérias heterotróficas (mgN.L
-1
)
MN
ae
: Fluxo de nitrogênio amoniacal efluente (mgN/d)
MN
d
: Fluxo de nitrogênio utilizado na desnitrificação (mgN/d)
MN
d1
: Fluxo de nitrogênio desnitrificado em R1 (mgN/d)
MN
d2
: Fluxo de nitrogênio desnitrificado em R2 (mgN/d)
MN
d4
: Fluxo de nitrogênio desnitrificado em R4 (mgN/d)
MN
Ds
:
Massa de nitrato removida por unidade de tempo, associada à
utilização de material rapidamente biodegradável
MN
l
: Fluxo de nitrogênio total Kjeldahl no lodo (mgN/d)
MN
na
: Fluxo de nitrato afluente (mgN/d)
MN
oe
: Fluxo de nitrogênio orgânico efluente (mgN/d)
MN
ta
: Fluxo de nitrogênio total Kjeldahl afluente (mgN/d)
MN
te
: Fluxo de nitrogênio total Kjeldahl efluente (mgN/d)
M
oc
: Consumo de oxigênio para oxidação de material orgânico (mgO/d)
M
oeq
: Oxigênio equivalente recuperado através da desnitrificação (mgO/d)
M
on
: Consumo de oxigênio para nitrificação (mgO/d)
M
ot
: Consumo total de oxigênio no reator aeróbio (mgO/d)
mS
o
: Fração de DQO afluente oxidada no sistema (mgDQO/d)
MS
ta
: Fluxo de DQO afluente (mgDQO/d)
mS
te
: Fração de DQO detectada no efluente (mgDQO/d)
mS
Xv
: Fração de DQO afluente descarregada no lodo de excesso (mgDQO/d)
mS
o
: Fração de DQO afluente oxidada no sistema (mgDQO/d)
MX
t
: Massa de lodo colocado no cilindro para teste de sedimentabilidade
mX
v
: Produção de lodo (mgSSV/mgDQO)
µ
m
:
Taxa específica de crescimento com limitação de oxigênio ou substrato
(d
-1
)
µ
max
: Taxa específica máxima de crescimento (d
-1
)
µ
mT
: Taxa máxima de crescimento a uma temperatura T (d
-1
)
N
a
:
Concentração de amônia (mgN.L
-1
)
N
aa
: Concentração de nitrogênio amoniacal afluente (mg/L)
N
ae
: Concentração de nitrogênio amoniacal efluente (mg/L)
N
c
:
Concentração de amônia nitrificada (mgN.L
-1
)
N
Ds
:
Remoção de nitrato em mg N por litro de afluente, associada à
utilização de material rapidamente biodegradável
ND:
Não detectado pelo método padrão utilizado
N
l
:
Concentração de NTK para a produção de lodo de excesso (mgN.L
-1
)
N
na
: Concentração de nitrogênio nitrato afluente (mgN/L)
N
ne
: Concentração de nitrato no efluente (mgN/L)
N
n1:
Concentração de nitrato em R1 (mgN/L)
N
n13e
: Concentração de nitrato que entra em R2 (mgN/L)
N
n2
: Concentração de nitrato em R2 (mgN/L)
N
n3
: Concentração de nitrato em R3 (mgN/L)
N
n4
: Concentração de nitrato em R4 (mgN/L)
N
o
: Material nitrogenado inicial referente a recirculações (mgN/L)
N
oa
: Concentração de nitrogênio orgânico afluente (mgN/L)
N
oe
: Concentração de nitrogênio orgânico efluente (mgN/L)
N
ta
:
Concentração de NTK afluente (mgN.L
-1
)
N
te
:
Concentração de NTK efluente (mgN.L
-1
)
NTK ou N
k
:
Concentração de nitrogênio total Kjeldahl (mgN.L
-1
)
▲N
n1
: Variação de nitrato em R1 (mgN/L)
▲N
n2
: Variação de nitrato em R2 (mgN/L)
▲N
n4
: Variação de nitrato em R4 (mgN/L)
OD: Concentração de oxigênio dissolvido (mgO
2
.L
-1
)
OLAND:
Oxygen Limited Autotrophic Nitrification Denitrification
OPS:
Concentração de ortofosfato solúvel (mgP/L)
pH:
Potencial hidrogeniônico
Pós-D:
Reator pós-desnitrificante, localizado após o reator aeróbio
Pré-D: Reator pré-desnitrificante, localizado anteriormente ao reator aeróbio
PROSAB:
Programa de Saneamento Básico
PT:
Concentração de fósforo total (mgP/L)
PVC:
Poli cloreto de vinila
Q:
Vazão afluente da bomba dos
adora usada em testes de
sedimentabilidade
Q
a
:
Vazão afluente (L.d
-1
)
Q
ra
: Vazão afluente multiplicada pela recirculação a (L.d
-1
)
Q
rr
: Vazão afluente multiplicada pela recirculação r (L.d
-1
)
Q
rs
: Vazão afluente multiplicada pela recirculação s (L.d
-1
)
r: Taxa de recirculação de licor misto
r
Ds
: Taxa de desnitrificação para material rapidamente biodegradável
r
Dp
:
Taxa de desnitrificação para material lentamente biodegradável
R
h
: Tempo de permanência do líquido (d)
R
min
: Tempo de retenção mínimo requerido para utilização completa do
material rapidamente biodegradável no reator pré-D (d)
r
n
:
Taxa de nitrificação (mgN.L
-1
.d
-1
)
R
s
: Idade de lodo (d)
r
sbs
: Taxa de material rapidamente biodegradável afluente a reator pré-D
r
us
: Taxa de utilização de material rapidamente biodegradável
R
sm
:
Idade de lodo mínima para que ocorra nitrificação
r
max
:
Taxa de utilização máxima material carbonáceo (mgDQO.mgX
a
-1
.d
-1
)
R1:
Primeiro reator de um sistema de lodo ativado
R2:
Segundo reator de um sistema de lodo ativado
R3:
Terceiro reator de um sistema de lodo ativado
R4:
Quarto reator de um sistema de lodo ativado
R1
a
:
Primeiro reator do sistema Bardenpho (anóxico)
R2
a
:
Segundo reator do sistema Bardenpho (anóxico)
R3
a
:
Terceiro reator do sistema Bardenpho (aeróbio)
R4
a
:
Quarto reator do sistema Bardenpho (anóxico)
R1
b
:
Primeiro reator do sistema UCT (anaeróbio)
R2
b
:
Segundo reator do sistema UCT (anóxico)
R3
b
:
Terceiro reator do sistema UCT (aeróbio)
R4
b
:
Quarto reator do sistema UCT (anóxico) (anóxico)
s: Taxa de recirculação de licor misto
S: Concentração de substrato (mg/L)
S
ba
: DQO biodegradável afluente (mg/L)
S
bpa
:
DQO biodegradável particulada afluente (mg/L)
S
bsa
:
DQO biodegradável solúvel afluente (mg/L)
SHARON:
Single Reactor for High Activity Ammonium Removal Over Nitrite
Sistema A:
Sistema Bardenpho
Sistema B:
Sistema UCT
SLA:
Lodo Ativado
S
ta
: DQO afluente (mg/L)
S
te
: DQO efluente (mg/L)
S
ua
:
DQO não biodegradável afluente
S
upa
:
DQO não biodegradável particulada afluente
S
usa
:
DQO não biodegradável solúvel afluente
SST:
Sólidos suspensos totais
SSV: Sólidos suspensos voláteis
S32c:
Software do respirômetro Beluga
T:
Temperatura (°C)
TCMO:
Taxa de consumo de matéria orgânica (mgDQO/L/h)
TCO:
Taxa de consumo de oxigênio (mgO
2
.L
-1
.h
-1
)
TCO
end
: Taxa de consumo de oxigênio endógena (mgO
2
.L
-1
.h
-1
)
TCO
eq
: Taxa de consumo de oxigênio equivalente (mgO
2
.L
-1
.h
-1
)
TCO
exo
: Taxa de consumo de oxigênio exógena (mgO
2
.L
-1
.h
-1
)
TCO
exo,max
: Taxa de consumo de oxigênio exógena máxima (mg.L
-1
.h
-1
)
TCO “in locu”: Taxa de consumo de oxigênio real do sistema (mgO
2
.L
-1
.h
-1
)
TCO
max
:
Taxa de consumo de oxigênio máxima (mg.L
-1
.h
-1
)
TCO
total
: Taxa de consumo de oxigênio total (mgO
2
.L
-1
.h
-1
)
UAEC:
Unidade Acadêmica de Engenharia Civil
UCT:
University of Cape Town
UFCG:
Universidade Federal de Campina Grande
V:
Velocidade de sedimentação do lodo no cilindro
v
o
: Constante de sedimentabilidade
V
r
:
Volume do sistema de tratamento (L)
VSZ: Velocidade de sedimentação zonal (m/h)
V
T
:
Volume total (L)
V
U
:
Volume útil (L)
X
a
: Concentração das bactérias heterotróficas (mgSSV/L)
X
e
:
Concentração de resíduo endógeno (mg.L
-1
)
X
F
:
Concentração de sólidos fixos (mg.L
-1
)
X
i
:
Concentração de resíduo inerte (mg.L
-1
)
X
n
:
Concentração de nitrificantes (mgSSV.L
-1
)
X
t
: Concentração de lodo (gSTS/L)
X
V
:
Concentração de sólidos voláteis (mg.L
-1
)
Y:
Coeficiente de síntese celular; constante de rendimento
(mgN.L
-1
.d
-1
)
Y
n
:
Coeficiente de rendimento das autotróficas
(mgN.L
-1
.d
-1
)
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Sistemas de lodo ativado se distinguem de outros sistemas de tratamento
biológico de esgotos por oferecerem a possibilidade de se remover, de águas
residuárias, os nutrientes nitrogênio e fósforo com requisitos mínimos de área.
Para dispor das vantagens desses sistemas, quanto à remoção de nutrientes,
podem-se variar suas configurações e, dessa maneira, elevar o seu potencial
de tratamento.
Grande parte do lodo em sistemas de lodo ativado se compõe de bactérias
heterotróficas facultativas, isto é, bactérias que usam o material orgânico como
fonte de energia, utilizando oxigênio como aceptor final de elétrons. Todavia,
quando em situações onde o oxigênio não está presente, essas bactérias são
capazes de utilizar a energia contida no material orgânico, através da
fermentação, ou utilizar outro oxidante como aceptor final de elétrons, por
exemplo, nitrato ou nitrito.
Quando nitrato ou nitrito são utilizados pelas bactérias heterotróficas
facultativas como oxidante da matéria orgânica, ocorre a remoção de nitrogênio
como gás (N
2
) num processo denominado de desnitrificação.
O processo de desnitrificação contribui para mitigar o problema de
eutrofização nos corpos d’água receptores. Esse processo se deve,
principalmente, a atuação de bactérias quimiorganotróficas, e fototróficas e de
alguns fungos (SCHMIDT et al., 2003). Shoun et al. (1992)
afirmam que
somente bactérias realizam a desnitrificação, sendo alguns fungos capazes
apenas de catalisar o processo.
De forma geral, a desnitrificação é precedida pela nitrificação que é um
processo realizado comumente por organismos autotróficos nitrificantes. Em
regiões de clima quente com temperaturas acima de 25
o
C, como é o caso do
Nordeste do Brasil, a nitrificação, mesmo que não tenha sido prevista em
projeto, quase sempre acontece, principalmente quando a idade de lodo é
maior que 10 dias. Por esse motivo, a desnitrificação deve estar inserida no
projeto original de dimensionamento para que problemas operacionais graves
2
não ocorram, como por exemplo, a flotação do lodo no decantador secundário
devido à liberação de nitrogênio gasoso (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).
A Resolução N
o
357 de 17 de março do CONAMA (2005) estabelece limites
de nitrato (10 mg/L) para corpos hídricos enquadrados na Classe 2 e, portanto,
havendo nitrificação o nitrato efluente de um sistema de tratamento de esgotos
deve ser controlado.
Apesar de não ser ainda exigida pela lei brasileira, a desnitrificação é
absolutamente recomendável para todos os sistemas de lodo ativado, diante de
suas vantagens econômicas e operacionais. Dentre essas vantagens
destacam-se: menor produção do lodo de excesso, menor gasto da energia
para aeração (principalmente na desnitrificação via nitrito), melhor
sedimentabilidade do lodo no decantador secundário, recuperação da
alcalinidade, necessária em esgotos com baixa alcalinidade natural (EPA, 1999;
HOFFMANN et al. 2004).
Para projetar racionalmente um sistema de lodo ativado com remoção de
nutrientes é preciso que se saiba a estequiometria e a cinética das populações
bacterianas que se desenvolvem em tais sistemas. Essa cinética pode ser
afetada por diversos fatores ambientais e operacionais aos quais as bactérias
estão submetidas, sendo estes: temperatura, concentração disponível de
oxigênio dissolvido (OD), pH e, também, a configuração de projeto.
Modelos matemáticos são amplamente utilizados para descrever a cinética
de processos biológicos que ocorrem em sistemas de lodo ativado
e auxiliam,
de forma eficaz, na determinação de relações estequiométricas. A respirometria
é uma ferramenta muito importante que, em conjunto com um bom modelo
matemático de descrição cinética, permitem a determinação de parâmetros de
projeto e a qualificação da influência de fatores ambientais e operacionais sobre
o desempenho e estabilidade de sistemas de lodo ativado.
A partir dessas considerações definiu-se uma investigação experimental,
da qual trata esta dissertação de mestrado, que teve como principal objetivo
avaliar o metabolismo de lodo heterotrófico responsável pelo processo de
desnitrificação em sistemas de lodo ativado. Como objetivos específicos,
apresentam-se:
3
(1) utilizar o modelo simplificado da teoria de lodo ativado, descrito
por van Haandel e Marais (1999) para a determinação da
cinética das bactérias desnitrificantes e demais heterotróficas;
(2) montar e operar, sob mesmas condições, dois diferentes
sistemas de lodo ativado (Bardenpho e UCT University of
Cape Town), em escala piloto, tratando o esgoto da cidade de
Campina Grande;
(3) avaliar o desempenho dos sistemas quanto à
sedimentabilidade do lodo e quanto à remoção de matéria
orgânica e de nutrientes, notadamente o nitrogênio, através de
análises físicas e químicas;
(4) comparar a taxa de utilização da matéria orgânica em ambiente
aeróbio e em ambiente anóxico;
(5) verificar a influência dos fatores ambientais, especificamente
pH, temperatura e OD, sobre a remoção de matéria orgânica
em ambiente aeróbio e anóxico;
(6) comparar a taxa de desnitrificação via nitrito e via nitrato de
cada sistema operado, utilizando substrato solúvel e
particulado como doador de elétrons;
(7) determinar as relações estequiométricas e as constantes
cinéticas da desnitrificação em cada sistema operado e,
(8) determinar a capacidade de desnitrificação do sistema
Bardenpho e do sistema UCT para idade de lodo de 20 dias e
de 15 dias.
Esta dissertação apresenta-se dividida em 7 capítulos. O Capítulo 2 trata
de uma revisão de literatura, no qual são apresentados conceitos teóricos e
citações sobre os esgotos sanitários e algumas exigências da legislação
brasileira sobre o lançamento de esgotos. Também compõem esse capítulo, os
processos de remoção de nitrogênio, os tratamentos biológicos para remoção
de nitrogênio com enfoque ao sistema de lodo ativado, a microbiologia, o
estudo cinético dos processos que ocorrem em sistemas de lodo ativado e a
utilização da respirometria para suas determinações.
4
As unidades e a operação dos sistemas experimentais estão descritas no
Capítulo 3, Material e todos. As variáveis analisadas e a freqüência de
análises, os testes respirométricos e os demais experimentos realizados
complementam esse capítulo.
Estão apresentados no Capítulo 4, os resultados obtidos durante a fase
experimental. Esses resultados foram organizados em figuras e tabelas, com o
objetivo de facilitar a avaliação dos sistemas operados e as características da
atividade biológica dos lodos. No Capítulo 5, encontra-se a discussão dos
resultados apresentados.
No Capítulo 6 expõem-se as conclusões da discussão dos resultados
obtidos nesse estudo. A lista de referências bibliográficas encontra-se no final
desta dissertação.
5
CAPÍTULO 2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Esgotos Sanitários
O despejo líquido formado pelo esgoto doméstico e industrial, pela água
de infiltração e pela parcela de contribuição pluvial é chamado de esgoto
sanitário (CARVALHO e OLIVEIRA, 1997).
A maior parcela desses esgotos
pode ser atribuída aos esgotos domésticos e devido a isso, de uma forma geral,
os esgotos domésticos caracterizam os esgotos sanitários.
Segundo o Manual de Saneamento da
FUNASA (2006) o esgoto
doméstico é aquele que provém, principalmente, de residências,
estabelecimentos comerciais, instituições ou quaisquer edificações que
dispõem de instalações de banheiros, lavanderias e cozinhas. Os principais
poluentes desses esgotos, capazes de desequilibrar os ecossistemas
aquáticos, são a matéria orgânica, os sólidos e os nutrientes.
2.2 Fontes e Formas de Material Orgânico em Esgotos Sanitários
Cerca de 70% dos sólidos no esgoto são de origem orgânica (FUNASA,
2006). A concentração e composição do material orgânico dependem da origem
do esgoto. Quando se tem a finalidade de modelar, por exemplo, o sistema de
lodo ativado, é necessário dividir o material orgânico afluente em quatro frações
diferentes (VAN HAANDEL e VAN DER LUBBE, 2007).
Van Haandel e Marais (1999) utilizam a DQO (Demanda Química de
Oxigênio) como parâmetro representativo da matéria orgânica visto que é
possível relacionar estequiometricamente e de forma direta a DQO com o
material orgânico. De acordo com esses autores, o material orgânico em termos
de DQO pode ser biodegradável e não biodegradável. A Figura 2.1 apresenta
um esquema das frações do material orgânico em um sistema de lodo ativado.
6
Figura 2.1: Divisão geral do material orgânico de esgoto sanitário (em termos
de DQO)
A massa bacteriana, através de seu metabolismo, pode agir sobre o
material orgânico afluente (S
ta
), porém essas ações bioquímicas não afetam o
material não biodegradável (S
ua
). Para uma descrição mais refinada do sistema
de lodo ativado, ambos, o material biodegradável (S
ba
) e não biodegradável
(S
ua
), são divididos em frações sendo estas: solúvel (S
bsa
e S
usa
) e particulada
(S
bpa
e S
upa
). A subdivisão leva em consideração o tamanho físico do material
orgânico
(VAN HAANDEL e VAN DER LUBBE, 2007).
Balanço de Massa de Material Orgânico
Em um sistema de lodo ativado, uma fração da massa de material orgânico
afluente (mS
ta
) não é removida da fase líquida e deixa o sistema junto com o
efluente (mS
te
); outra é transformada em lodo orgânico e deixa o sistema como
lodo de excesso (mS
Xv
); e a fração restante é oxidada para produtos inorgânicos
gasosos (mS
o
).
As frações de material orgânico que deixam o sistema na forma de lodo,
oxidada e no efluente, em termos de DQO, permitem fazer o balanço de massa do
material orgânico (B
o
) (Equão 2.1). De acordo com van Haandel e Marais
(1999),
quando o balanço fecha, ou seja, quando B
o
= 1 o sistema é dito operar
sob condições de carga orgânica constante e que os erros anaticos normalmente
cometidos nãoo significativos.
B
o
= (MS
te
+ MS
Xv
+ MS
o
) - MS
ta
= 1 (Equação 2.1)
7
Sendo:
MS
ta
: fluxo de DQO afluente (mgDQO/d)
MS
te
: fluxo de DQO efluente (mgDQO/d)
MS
Xv
: fluxo de DQO que sai no lodo de excesso (mgDQO/d)
MS
o
: fluxo de DQO oxidada (mgDQO/d)
2.3 Fontes e Formas de Nutrientes em Esgotos Sanitários
Em esgotos sanitários, os macronutrientes nitrogênio e fósforo estão
presentes em suas diversas formas. A estrutura de alguns aminoácidos
apresenta fósforo orgânico como parte de sua composição, porém o fósforo de
esgotos sanitários é encontrado, principalmente, na forma de fosfatos,
notadamente ortofosfato (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).
O nitrogênio orgânico e amoniacal são as principais formas de nitrogênio
que chegam às estações de tratamento de águas residuárias, provenientes de
esgoto de residências, atividades agrícolas e industriais. A matéria nitrogenada
inorgânica afluente, representada pelo N
a
(nitrogênio amoniacal), encontra-se
nas formas gasosa (NH
3
) e ionizada (NH
4
+
); a predominância de uma forma ou
de outra depende do pH.
Em esgotos sanitários, as formas oxidadas nitrito (NO
2
-
) e nitrato (NO
3
-
)
não são comumente encontradas. a concentração de Nitrogênio Total
Kjeldahl (NTK ou N
k
, que é a soma do N orgânico e amoniacal) geralmente se
situa na faixa de 40 a 60 mg/L, e corresponde a, aproximadamente, 6 a 12% da
DQO afluente.
Da concentração total, cerca de 75% é nitrogênio amoniacal e 25%
nitrogênio orgânico (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999). O nitrogênio inorgânico
está presente em várias formas e estados de oxidação, conforme apresentado
na Tabela 2.1. No decorrer das transformações biológicas do nitrogênio da
forma orgânica para a forma molecular gasosa, ocorrem reações de
amonificação, assimilação, nitrificação e desnitrificação.
8
Tabela 2.1: Diferentes formas e estados de oxidação do nitrogênio
Forma Fórmula Estado de oxidação do nitrogênio
Amônia
NH
3
-3
Íon amônio
NH
4
+
-3
Nitrogênio gasoso
N
2
0
Íon nitrito
NO
2
-
+3
Íon nitrato
NO
3
-
+5
Balanço de Massa de Material Nitrogenado
O balanço de massa do material nitrogenado (B
n
) permite avaliar os
procedimentos analíticos utilizados para determinar as diversas formas de
nitrogênio, e assegurar a quantificação das frações de nitrogênio presentes em
sistemas de lodo ativado.
Segundo van Haandel e Marais (1999), as frações nitrogenadas deixam o
sistema de lodo ativado sob três formas: como material sólido no lodo de
excesso, como material dissolvido no efluente ou como nitrogênio gasoso para
a atmosfera. A Equação 2.2 apresenta o cálculo típico do balanço de massa
nitrogenado.
B
n
= (MN
l
+ MN
te
+ MN
d
)/MN
ta
(Equação 2.2)
Sendo:
B
n
: balanço de massa de material nitrogenado (mgN/d)
MN
l
: fluxo de nitrogênio descarregado no lodo de excesso (mgN/d)
MN
te
: fluxo de nitrogênio descarregado no efluente (mgN/d)
MN
d
: fluxo de nitrogênio utilizado na desnitrificação (mgN/d)
MN
ta
: fluxo de nitronio afluente (mgN/d)
9
2.4 Legislação
Diante dos possíveis e graves problemas com o lançamento de esgotos
contendo cargas excessivas de nutrientes, tornou-se necessária a definição dos
limites de concentração destes compostos. Alguns limites de concentração
permissíveis de formas de nitrogênio para descarte em corpos de água estão
apresentados na Tabela 2.2.
Tabela 2.2: Exigências legais de alguns países para descartes de efluentes em
corpos hídricos receptores de esgotos (todas relativas à concentração no
efluente)
PAÍS CONCENTRAÇÃO LIMITE REFERÊNCIA
BRASIL 10 mg N-NO
3
/L BRASIL (2005)
COMUNIDADE
EUROPÉIAS/OMS
50 mg N-NO
3
/L e 11,3 mg N-NO
3
/L
para água potável
MATEJU et al. (1992) /
HISCOCK et al. (1991) /
KIM et al. (2003)
DINAMARCA
0,025 mg N-NH
4
+/L para descarga
em rios com peixes
HENZE et al. (1997)
ITÁLIA 20 mg N-NO
3
/L TILCHE et al. (1999)
CORÉIA
60 mg N-NTK/L no efluente e
10 mg N-NO
3
-/L para água de consumo
CHOI et al. (2004)
EUA/EPA
10 mg N-NO
3
/L e
15 mg/L N-NTK
MATEJU et al. (1992)
Para adequar um efluente de sistema de tratamento de esgotos a padrões
legais, primeiramente é importante considerar as normas estaduais e/ou
municipais, e, quando o local não dispuser de tais leis, deve-se tomar como
referência a Resolução Nº357 de 17 de Março de 2005 do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA N
o
357). Essa resolução nacional abrange a
classificação de corpos d’água e atribui alguns padrões para lançamento de
esgotos.
Segundo a Resolução 357 do CONAMA, para lançamento em corpos
d’água receptores, a concentração de nitrogênio total amoniacal em efluentes
tratados não deve ultrapassar o valor de 20 mg/L. As condições de lançamento
previstas nessa Resolução não contemplam o NTK e fósforo total. Porém, para
lançamento de efluentes em corpos d’água, deve-se atender às exigências de
enquadramento desses corpos, visando à manutenção da qualidade do
manancial.
10
Ainda segundo a Resolução Nº357 do CONAMA, quando um corpo d’água
não tem enquadramento, ele é considerado Classe 2 e recebe as atribuições
desta classe. Todavia, para águas doces, algumas condições e padrões da
Classe 2 são estabelecidas pela Classe 1. Como, por exemplo, quanto às
frações nitrogenadas: para nitrato limite aceitável de até 10 mgN/L; nitrito até 1
mgN/L e nitrogênio amoniacal total variando de 0,5 mgN/L a 3,7 mgN/L,
conforme o pH.
Para efluentes de sistemas de lodo ativado que tratam esgoto doméstico, a
concentração de nitrogênio amoniacal deverá estar inserida provavelmente
dentro da faixa de 2 mgN/L a 3,7 mgN/L, visto que o efluente é lançado com um
pH próximo da neutralidade. O fósforo total segue os critérios da Classe 2, onde
a concentração máxima permissível varia de 0,03 mgP/L a 0,05 mgP/L para
ambientes lênticos ou intermediários, respectivamente.
2.5 Sistemas de Lodo Ativado
Sistemas de lodo ativado o sistemas biológicos de tratamento de águas
residuárias, um dos mais difundidos no mundo e também muito utilizados no
Brasil, devido, principalmente à qualidade do efluente e os baixos requisitos por
área, além da possibilidade de se variar alguns processos (VON SPERLING,
2002).
Em sistemas de lodo ativado a matéria orgânica é em parte convertida em
biomassa bacteriana (lodo) e em parte mineralizada para CO
2
e H
2
O. Devido às
boas características de sedimentabilidade do lodo, a biomassa bacteriana pode
ser separada do efluente tratado por simples sedimentação.
As seguintes unidades são partes integrantes da etapa biológica do
processo de lodo ativado: tanque de aeração ou reator biológico: local onde
ocorrerão os processos de biodegradação; sistema de aeração: fornecimento
de oxigênio necessário à biodegradação aeróbia; tanque de decantação ou
decantador secundário: separação da água tratada da biomassa formada. Em
sistemas de lodo ativado, parte do lodo decantado é recirculado para o reator
biológico para manter alta a concentração da biomassa ativa no reator
(VON
SPERLING, 2002).
11
A Figura 2.2 representa um esquema de um sistema de lodo ativado
convencional onde se distinguem o reator biológico e um decantador
secundário. Em sistemas de lodo ativado convencionais os sólidos são
recirculados do fundo da unidade de decantação, por meio de bombeamento,
para a unidade de aeração.
Figura 2.2: Esquema de um sistema de lodo ativado convencional
A idade de lodo (R
s
) representa o tempo dio que uma partícula de lodo
permanece no sistema, e pode ser determinada pela razão: massa de lodo no
reator pela massa de lodo descarregada diariamente (grosseiramente dividindo-
se a quantidade de lodo (seco) contida no tanque de aeração pela quantidade
diária de lodo (seco) retirada do sistema como lodo em excesso). É o parâmetro
fundamental para o dimensionamento e operação de sistemas de lodo ativado
(VAN HAANDEL e MARAIS, 1999). A maior idade de lodo usual para sistemas
de lodo ativado convencionais é de 10 dias, acima dessa idade de 18 dias a 30
dias, considera-se aeração prolongada.
Todavia, além da idade de lodo, a relação existente entre alimento e
microrganismos e a sedimentabilidade do lodo constituem também parâmetros
importantes para o bom desempenho desses sistemas.
A relação alimento/microrganismos indica a proporção entre a carga
orgânica afluente ao tanque de aeração e a massa de microorganismos
presentes neste, expressa em kgDBO.d
-1
.kgSSV
-1
. Valores típicos encontram-
se de 0,07 a 0,45 kgDBO.d
-1
.kgSSV
-1
.
12
A sedimentabilidade do lodo de um sistema de lodo ativado pode ser
determinada, principalmente, através do índice volumétrico de lodo (IVL) e
através da velocidade de sedimentação zonal (BARBOSA e SOUZA, 1998).
A expressão de Vesilind (1968) que relaciona a velocidade zonal de
sedimentação de lodo com a concentração deste (Equação 2.3) é utilizada para
caracterizar a sedimentabilidade:
VSZ= V
o
exp(-kX
t
) (Equação 2.3)
Sendo:
VSZ: velocidade de sedimentação zonal (m/h);
X
t
: concentração de lodo (gSTS/L);
V
o
, k: constantes de sedimentabilidade.
As constantes de sedimentabilidade variam de acordo com a natureza e
concentração do lodo e, portanto, não podem ser estimadas teoricamente.
Leitão (2004) propôs um método que consiste em se colocar em um
cilindro o lodo a ser investigado (concentração e massa inicialmente
conhecidas), recirculando-se o efluente clarificado pela parte inferior do tubo
como indicado na Figura 2.3. Aplicando-se taxas diferentes de recirculação,
obtêm-se velocidades ascendentes diferentes. O lodo se expandirá de tal modo
que a sua velocidade de sedimentação se igualará à velocidade ascendente do
líquido, sendo esta a VSZ. A VSZ (Equação 2.4) é dada pela razão da vazão
(Q) da bomba dosadora e a área do cilindro (A):
.
VSZ = Q/A (Equação 2.4)
A concentração (Equação 2.5) de sólidos é dada pela razão entre a massa
de lodo colocado no cilindro (MX
t
) e o volume de lodo que é dado pelo produto
da área (A) e a altura (H) da interface lodo-sobrenadante:
X
t
= MX
t
/(HA) (Equação 2.5)
13
Figura 2.3: (Esquerda) Representação dos aparatos utilizados no teste de
sedimentabilidade dinâmico (Leitão 2004). (Direita) Determinação gráfica das
constantes de Vesilind.
Conhecida a VSZ para diferentes concentrações de sólidos totais (X
t
), as
constantes de Vesilind podem ser determinadas graficamente.
As constantes
são determinadas plotando-se em um diagrama semi-logarítmico (base-e) a
VSZ em função da concentração de lodo. A declividade da reta (A, na Figura 1)
o valor da constante k. A constante v
o
pode ser encontrada como a
intersecção da reta com o eixo das ordenadas.
2.6 Sistemas de Lodo Ativado com Remoção de Nutrientes
Algumas das principais configurações de sistemas de lodo ativado com
remoção de nitrogênio e fósforo são:
Sistema Bardenpho
:
Sistemas de lodo ativado do tipo Bardenpho ou simplesmente sistemas
Bardenpho são variantes de sistemas de lodo ativado convencionais e são
projetados para remover além da matéria orgânica os macronutrientes
nitrogênio, através dos processos seqüenciais de nitrificação e desnitrificação e
14
fósforo, apenas através de descarte de lodo. Na Figura 2.4 apresenta-se um
esquema de um sistema Bardenpho.
Figura 2.4: Esquema de um sistema de lodo ativado Bardenpho com 3 reatores
(anóxico-aeróbio-anóxico) e um decantador secundário
Sistemas Bardenpho são sistemas formados por 3 reatores sequenciais
do tipo anóxico-aeróbio-anóxico ou, de outra maneira, pré-desnitrificante-
nitrificante-pós-desnitrificante. A eficiência desses sistemas quanto à
desnitrificação depende da taxa de reciclo de lodo interno, que proporciona
maior aporte de nitratos aos reatores anóxicos.
Em condições normais, sem desnitrificação endógena, o sistema
Bardenpho tem uma eficiência de desnitrificação em torno de 83%. Esse
percentual pode ser alcançado como resultado do desempenho do primeiro
reator anóxico. Se 50% dos nitratos forem removidos na segunda zona anóxica,
através da respiração endógena utilizando nitratos, então uma eficiência de
90% pode ser obtida (COLLIVIGNARELI e BERTANZA, 1999; LOPES, 2000).
Sistema UCT
Na Figura 2.5 apresenta-se o sistema UCT que é um sistema de lodo
ativado composto de 4 reatores sendo o primeiro anaeróbio, o segundo e o
quarto anóxicos e o terceiro aeróbio, podendo ou não apresentar um quinto
reator, sendo este aeróbio. Após a série de reatores um decantador
secundário.
15
No sistema UCT (Figura 2.5) proposto por Rabinowitz e Marais (1980), a
introdução de nitrato na zona anaeróbia é evitada porque o fluxo recirculado
que chega à zona anaeróbia é trazido do reator anóxico em vez do reator
aeróbio.
Na zona anóxica a concentração de nitrato é controlada a um baixo nível
devido à manipulação do fator de recirculação (r = 1), de tal modo que o nitrato
disponível para desnitrificação sempre é menor que a capacidade de
desnitrificação disponível na zona de pré-D (VAN HAANDEL e VAN DER
LUBBE, 2007).
Figura 2.5: Esquema de um sistema de lodo ativado UCT com 5 reatores
sequenciais (anaeróbio-anóxico-aeróbio-anóxico-aeróbio) e um decantador
secundário.
2.7 Microbiologia de Lodo Ativado
Diante da variedade de compostos orgânicos e inorgânicos disponíveis
nos esgotos, um diversificado ecossistema se desenvolve nos reatores de um
sistema de lodo ativado. A composição dessa comunidade depende da
competição pela variada e limitada disponibilidade de alimento, sendo também
influenciada por parâmetros ambientais, principalmente pH, temperatura, OD e
outros (ECKENFELDER, 1992).
No lodo de sistemas de lodo ativado geralmente é encontrada uma grande
diversidade de espécies de microrganismos, entre bactérias, protozoários,
fungos e micrometazoários. Esses organismos ocorrem em grandes
16
populações, principalmente as bactérias, que estão presentes em quantidades
que variam em média entre 1 a 38 * 10
6
/mL (HORAN, 1990).
2.8 Bactérias em Sistemas de Lodo Ativado
As bactérias são os microrganismos mais importantes de sistemas de lodo
ativado, sendo responsáveis pela decomposição da matéria orgânica do esgoto
e pela formação dos flocos, os quais podem ser separados da fase líquida por
sedimentação.
A maioria das bactérias presentes em sistemas de lodo ativado são
quimioheterotróficas e também gram-negativas, oxidando a matéria orgânica a
dióxido de carbono e água, utilizando oxigênio molecular como aceptor de
elétrons (HORAN, 1990; JENKINS et al., 2003). Também são encontradas
bactérias quimioautotróficas que realizam a ntese orgânica a partir de gás
carbônico e água, utilizando com fonte de energia a oxidação aeróbia de
compostos inorgânicos formados por nitrogênio, enxofre e ferro
(ECKENFELDER, 1992).
2.9 Metabolismo Oxidativo
O metabolismo heterotrófico de degradação da matéria orgânica pode
ser de duas formas: catabolismo onde os organismos obtêm energia através da
oxidação de um doador de elétrons e, anabolismo que resulta na síntese de
novas células. Segundo Marais e Ekama (1976),
para o catabolismo é utilizado
1/3 do material orgânico e para o anabolismo 2/3 desse material.
Sabe-se
que na oxidação de 1 g de DQO 1 g de oxigênio é utilizado.
Essa relação pode ser utilizada para quantificar o metabolismo oxidativo ou
catabolismo, através de testes respirométricos. o anabolismo ou síntese da
matéria orgânica só pode ser estimado mediante análises de sólidos suspensos
voláteis.
A produção de massa bacteriana durante o metabolismo oxidativo está
na faixa entre 0,35 e 0,52 gSSV/g
-1
DQO metabolizada. Esse é o coeficiente de
síntese celular ou constante de rendimento (Y).
17
De acordo com van Haandel e Marais (1999) 0,45 gSSV/g
-1
DQO é um
bom valor médio a ser utilizado. Por outro lado, a DQO do lodo anabolizado é
de 1,5 mgDQO/mg
-1
SSV.
2.10 Amonificação/Assimilação
O nitrogênio chega ao esgoto doméstico basicamente sob duas formas: (1)
uréia, resultante da metabolização das proteínas e excretada na urina e (2)
proteínas não assimiladas, excretadas nas fezes. A uréia é rapidamente
hidrolisada por bactérias, sob condições aeróbias ou anaeróbias, pela ação da
enzima urease, gerando amônia e gás carbônico.
As proteínas são convertidas a moléculas mais simples, peptídeos ou
aminoácidos, pela ação de enzimas extracelulares produzidas por bactérias
proteolíticas. Na seqüência, ocorre o processo de deaminação, que
dependendo das condições ambientais será oxidativa ou oxidativa-redutiva,
intermediadas por bactérias aeróbias ou anaeróbias. Ambas as reações
produzem íon amônio (NH
4
+
) e ácidos orgânicos (BITTON, 1994).
Segundo van Haandel e van der Lubbe (2007), o processo de
amonificação é a conversão de nitrogênio orgânico em íon amônio,
considerando que o processo inverso, a conversão de amônio em nitrogênio
orgânico, é chamado assimilação bacteriana ou, assimilação.
O processo de amonificação é rápido, tendo início no sistema de coleta
e interceptação do esgoto, fazendo com que já se encontre amônia no esgoto
afluente ao sistema de tratamento (VON SPERLING, 2002).
No processo de amonificação consumo de acidez e aumento de
alcalinidade. Considerando que o pH no licor misto (mistura da biomassa
suspensa com esgoto) é tipicamente perto do ponto neutro (pH = 7), o amônio
estará predominantemente presente em sua forma iônica (NH
4
+
) pela reação
que ocorre na Equação 2.1:
RNH
2
+ H
2
O + H
+
ROH + NH
4
+
(Equação 2.1)
18
2.11 Nitrificação
O processo de nitrificação é a conversão da amônia a nitrato pela ação de
bactérias. Denomina-se nitrificação autotrófica quando o processo se deve à
ação de bactérias autotróficas aeróbias, que utilizam o CO
2
como fonte de
carbono e adquirem energia para sua assimilação a partir da oxidação dos
compostos nitrogenados.
A nitrificação ocorre em duas etapas consecutivas: nitritação e nitratação.
Na nitritação a amônia é oxidada a nitrito e na nitratação o nitrito é oxidado a
nitrato. Não se tem conhecimento de nenhum microrganismo capaz de
converter amônia diretamente a nitrato (BITTON, 1994; VAN LOOSDRECHT e
JETTEN, 1998; YE e THOMAS, 2001; METCALF e EDDY, 2003).
A alcalinidade é consumida pela oxidação de N-amoniacal (consumo de
8,64 mg de HCO
3
-
ou 7,14 mg CaCO
3
por mg de amônio (NH
4
+
) oxidado) e o
valor de pH diminui se não houver meios para o seu controle. A alcalinidade
consumida pelas bactérias nitrificantes pode ser calculada utilizando-se as
Equações 2.2, 2.3 e 2.4 (BARNES e BLISS, 1983; METCALF e EDDY, 2003):
para nitritadoras ou bactérias oxidantes de N-amoniacal:
NH
4
+
+ 3/2O
2
NO
2
-
+ H
2
O + 2H
2
+
+ energia (Equação 2.2)
para nitratadoras ou bactérias oxidantes de nitrito:
NO
2
-
+ ½O
2
NO
3
-
+ energia (Equação 2.3)
equação global para a nitrificação:
NH
4
+
+ 2O
2
NO
3
-
+ H
2
O + H
+
+ energia (Equação 2.4)
Dessas equações, percebe-se que um consumo de alcalinidade e um
consumo maior de oxigênio e na primeira fase da nitrificação, ou seja, na fase
de nitritação. A energia liberada nessas reações é usada pelos organismos
19
nitrificantes para síntese a partir das fontes de carbono inorgânico, como
dióxido de carbono, bicarbonato e carbonato (BARNES e BLISS, 1983).
Estequiometricamente o consumo de oxigênio é de 1,86 mol O
2
/ gN-NH
4
+
*
32 gO
2
/mol = 4,25 gO
2
/ gN-NH
4
+
na nitrificação de 1 mol N-NH
4
+
* 14 g N/mol. E
o consumo de alcalinidade de 1,98 mol HCO
3
-
* 61 gHCO
3
-
/mol = 8,635 gO
2
/g
N-NH
4
+
na nitrificação 1 mol N-NH
4
+
* 14 g N/mol.
A velocidade máxima de nitrificação ocorre em concentrações de OD
acima de 2 mg O
2
/L. O aumento da concentração de biomassa nitrificante
também aumenta a taxa de nitrificação. Fatores ambientais como pH,
temperatura, concentração de oxigênio dissolvido, substâncias tóxicas ou
inibidoras influenciam a taxa de crescimento dos organismos nitrificantes e,
como conseqüência, a taxa de oxidação da amônia.
2.12 Desnitrificação
O processo de desnitrificação pode ser realizado por bactérias
quimiorganotróficas e fototróficas e por alguns fungos (SCHMIDT et al., 2003).
Muitas espécies são capazes de usar oxigênio no metabolismo e, na ausência
de oxigênio, reduzem nitrato (NO
3
-
) no metabolismo denominado anóxico.
Desse modo, a mesma biomassa pode ser usada em processo aeróbio/anóxico
para remoção de carbono e nitrato (NO
3
-
). O termo anóxico refere-se a uma via
metabólica oxidativa sem utilização do oxigênio (METCALF e EDDY, 2003).
Quase todas as bactérias desnitrificantes são capazes de utilizar nitrito
(NO
2
-
) substituindo o nitrato (NO
3
-
) como aceptor final de elétrons além de usar
também compostos orgânicos diferentes como doadores de elétrons ou fonte
de energia (WIESMAN, 1994).
Metcalf e Eddy (2003) apresentam como bactérias desnitrificantes os
seguintes gêneros: Achromobacter, Aerobacter, Alcaligenes, Bacillus,
Brevibacterium, Flavobacterium, Lactobacillus, Micrococcus, Proteus,
Pseudomonas e Spirillum.
Além dessas bactérias, Mateju et al. (1992) ainda citam: Azospirillum,
Beggiatoa, Chromobacterium, Clostridium, Dessulfovibrio, Erythrobacter,
Galionella, Helobacterium, Halomonas, Hypomicrobium, Neisseria, Paracoccus,
20
Propionibacterium, Rhizobium, Thiobacillus, Thiosphaera, Vibrio e
Xanthomonas.
Bactérias do gênero Paracoccus, Thiobacillus, Thiosphaera e outros
podem efetuar desnitrificação autotrófica com uso de CO
2
ou bicarbonato,
compostos de hidrogênio e de enxofre (SO, S
2
-
, S
2
O
3
2-,
S
2
O
2
2-
ou SO
3
2-
) como
também ferro como fonte de energia (MATEJU et al., 1992).
Na desnitrificação via nitrato, o nitrogênio passa por vários níveis de
oxidação em que ocorrem as seguintes etapas:
NO
3
NO
2
NO N
2
O N
2
.
Na desnitrificação o doador de elétrons pode se originar de três fontes:
matéria orgânica do afluente (esgoto), matéria orgânica do material celular
bacteriano (respiração endógena) e de fonte externa exógena de carbono
(acetato ou metanol, por exemplo).
Segundo a USEPA (1993)
a fórmula química C
10
H
19
O
3
N pode ser usada
para representar o material orgânico biodegradável em esgotos (Equação 2.5).
Outras fontes de carbono como metanol (Equação 2.6) e acetato (Equação
2.7) também podem ser usadas (METCALF e EDDY, 2003):
C
10
H
19
O
3
N + 10NO
3
-
5N
2
+ 10CO
2
+ 3H
2
O + NH
3
+ 10OH
-
(Equação 2.5)
5CH
3
OH + 6NO
3
-
3N
2
+ 5CO
2
+ 7H
2
O + 6OH
-
(Equação 2.6)
5CH
3
COOH + 8NO
3
-
4N
2
+ 10CO
2
+ 6H
2
O + 8OH
-
(Equação 2.7)
Nessas reações descritas nas Equações 2.5, 2.6 e 2.7, um equivalente de
alcalinidade, ou seja, 3,57 g de alcalinidade (como CaCO
3
) são produzidos por
equivalente de NO
3
-N reduzido. Na nitrificação são consumidos 7,14 g de
alcalinidade como CaCO
3
por grama de NH
4
-N oxidados.
Dessa forma, -se que a desnitrificação recupera metade da alcalinidade
consumida durante a nitrificação. As meias-reações seguintes (Equações 2.8,
2.9 e 2.10) correspondem à utilização de oxigênio, nitrato e nitrito,
21
respectivamente, como aceptores finais de elétrons no processo de oxidação
(METCALF e EDDY, 2003).
0,25 O
2
+ H
+
+ e
-
0,5 H
2
O (Equação 2.8)
0,20 NO
3
-
+ 1,2 H
+
+ e
-
0,1 N
2
+ 0,6 H
2
O (Equação 2.9)
0,33 NO
2
-
+ 1,33 H
+
+ e
-
0,67H
2
O + 0,17 N
2
(Equação 2.10)
Comparando as meias-reações apresentadas nas Equações 2.8 e 2.9
percebe-se para a aceitação de 1 elétron são necessários 0,25 moles de
oxigênio e 0,2 moles de nitrato. A partir daí, pode-se calcular a equivalência de
oxigênio e nitrato como (0,25 * 32 gO
2
/mol)/(0,20 * 14 gN/mol) é igual a 2,86
gO
2
/gNO
3
-N. O oxigênio equivalente é um desígnio útil aos cálculos de oxigênio
total requerido para nitrificação-desnitrificação em sistemas de tratamentos
biológicos. Semelhantemente, para nitrito como aceptor final de elétrons, o
oxigênio equivalente de nitrito é 1,71 g O
2
/gNO
2
-N (METCALF e EDDY, 2003).
Os cálculos para a determinação da taxa de consumo de oxigênio
equivalente de nitrato ou nitrito resumem-se no produto dos fatores
equivalentes (2,86 e 1,71, respectivamente) pela variação de nitrato ou nitrito.
Assim, a partir desses fatores, pode-se determinar além do valor
equivalente de oxigênio, também a taxa de consumo de oxigênio equivalente e,
consequentemente, estimar a utilização de matéria orgânica em cada uma
dessas situações. Dessa forma, o valor da taxa de consumo de oxigênio, obtido
pelo consumo de oxigênio nos processos aeróbios, pode ser comparado de
forma direta à taxa de consumo de oxigênio equivalente, obtida em condições
anóxicas.
A taxa de desnitrificação é afetada por fatores ambientais como:
temperatura, pH e concentração de OD. A desnitrificação ocorre em
temperaturas na faixa de 10°C a 30°C. O pH ótimo está na faixa de 6,5 a 8,0
(METCALF e EDDY, 2003). A velocidade de desnitrificação é reduzida em
valores de pH abaixo de 6,0 e acima de 9,0 (SURAMPALLI et al., 1997),
principalmente devido ao aumento da produção de óxidos nítricos que são
22
inibidores do processo. Em valores de pH abaixo de 7, pode haver aumento da
produção de N
2
O como produto final da desnitrificação (HENZE et al., 1997).
A presença de oxigênio inibe o processo de desnitrificação em
concentrações superiores a 1 mgO
2
/L (SURAMPALLI et al., 1997). A
concentração de oxigênio que é considerada de maior efeito é a que está
dentro dos flocos ou biofilmes e o a que é medida na fase líquida (HENZE et
al., 1997).
Quando a fonte de energia é orgânica, a água residuária a ser
desnitrificada deve conter carbono orgânico suficiente para prover a conversão
de nitrato (NO
3
-
) a N
2
gasoso pela bactéria. O requerimento de carbono pode
ser provido por meio de fonte interna (recirculação de parte da água residuária,
material celular) ou externa (aminoácidos, etanol, acetato, sucinato, acetona,
glicose, óleo de oliva e benzoato) (METCALF e EDDY, 2003; HENZE et al.,
1997).
Henze et al. (1997) relataram valores de C/N ótimo de 4 a 5 kgDQO/ kg N
no caso de matéria orgânica e de 3,1 a 3,7 kgDQO/kg N no caso de ácido
acético como fonte de carbono.
Barnard (1991) relatou que a desnitrificação
completa pode ser atingida em esgoto sanitário com relação DQO/NTK de 7.
Para fontes de carbono prontamente biodegradáveis, Narcis et al. (1979)
recomendam que relação DQO/NO
3
-
de 3 a 6 (massa/massa) possibilita
completa redução de nitrato a nitrogênio elementar. Sistemas biológicos
similares podem ter diferentes relações C/N ótimas se usadas para tratar
diferentes águas residuárias sob condições ambientais e em reatores distintos.
Por isso, a relação C/N ótima para sistemas desnitrificantes biológicos que
tratam águas residuárias específicas, deve ser determinada experimentalmente.
Na Tabela 2.3 encontram-se para algumas fontes de carbono utilizadas para
desnitrificação e em diferentes reatores a relação ótima C/N encontrada.
Tabela 2.3: Fontes de carbono utilizadas para desnitrificação e relação DQO/N
em diferentes reatores tratando diferentes águas residuárias.
REFERÊNCIA
TIPO
DE REATOR
FONTE
DE CARBONO
FORMA DE N
A SER
DESNITRIFICADA
RELAÇÃO
ÓTIMA
TURK
E MAVINIC (1989)
BATELADA ACETATO NO2-
DQO/N =2
ABELING
E SEYFRIED
(1992)
PROCESSO
ANÓXICO/AERÓBIO
ACETATO
NO3-
NO2-
DQO/N = 2,08
DQO/N = 1,56
23
KIM et al (1992) REATOR CONTÍNUO AMIDO NO3- C/N = 2,58
MATEJU et al
(1992)
REATOR CONTÍNUO ACETATO NO3- DQO/N = 3,74
KUBA et al (1996)
PROCESSO
ANÓXICO/AERÓBIO
ACETATO
NO3-
C/N = 3,4
BERNET et al.
(1997)
FRASCO BATELADA
ÁGUAS RESIDUÁRIAS
DE SUINOCULTURA
NO2-
C/N = 2,88
C/N = 4,16
AESOY et al.
(1994)
REATOR DE BIOFILME
ETANOL
LODO HIDROLISADO
NO3-
DQO/N = 4,5
DQO/N = 8 A 10,5
CARRERA et al
(2004)
SISTEMA BIOLÓGICO
DE REMOÇÃO DE
NUTRIENTES
ETANOL NO3- DQO/N = 7
CEÇEN
E GONENÇ (1995)
LODO ATIVADO MELADO NO3- DQO/N = 5
2.13 Novos processos de remoção de nitrogênio
Recentes estudos relatados (desde 1990) têm mostrado que, através de
novos processos, a remoção biológica de nitrogênio pode acontecer de outras
formas além da via comum: nitrificação e desnitrificação completas.
Esses estudos apresentam-se de grande relevância científica, pois aliam
economia e inovação tendo em vista a grande preocupação com a descarga de
nutrientes no meio ambiente.
Os novos processos consistem em rotas alternativas de remoção biológica
de nitrogênio em águas residuárias. Um exemplo interessante e testado e
utilizado em escala real em algumas localidades (com satisfatórios resultados) é
o processo SHARON (Single Reactor for High Activity Ammonium Removal
Over Nitrite) em que se estabelece um curto-circuito nos processos de
nitrificação e desnitrificação. Um grupo de investigadores da Universidade
Técnica de Delft na Holanda desenvolveu esse processo que é capaz de
nitrificar parcialmente águas residuais e produzir quantidades consideráveis de
nitrito (Hellinga et al., 1998).
A nitrificação é interrompida numa etapa intermediária, em que a oxidação
da amônia cessa na forma de nitrito para numa próxima etapa, sem aeração,
haver conversão de nitrito a nitrogênio gasoso, economizando, dessa forma,
energia e doadores de elétrons.
A oxidação para nitrito requer 3/4 da demanda de oxigênio necessário
para a oxidação para nitrato como também a desnitrificação do nitrito requer
apenas 3/5 do material orgânico necessário para a remoção do nitrato (Schmidt
et al., 2003). O sistema SHARON é operado sob curtos tempos de detenção
hidráulica, altas temperaturas (30
o
C a 35
o
C), elevadas vazões específicas de
24
alimentação (alta concentração de amônia no efluente) e sem recirculação
(VAN VELDHUIZEN et al., 1997; e JETTEN et al., 2000).
Outros processos em estudos são:
ANAMMOX (Anaerobic Ammonium Oxidation) que é realizado por
microrganismos autotróficos e dispensa adição de fonte externa de carbono
(JETTEN et al., 1999). Esse processo também é operado em escala real e
combina parte do nitrogênio, na forma de nitrito, com o nitrogênio amoniacal
excedente e transforma a amônia a nitrogênio gasoso sob condições
anaeróbias, reduzindo significativamente o consumo de oxigênio e DQO na fase
de desnitrificação (MULDER et al., 1995).
O processo ANAMMOX geralmente requer um passo anterior de
nitrificação parcial, que converte em nitrito parte do amônio presente no
afluente. O nitrito pode ser produzido pelo processo SHARON à montante do
tanque ANAMMOX, convertendo cerca de 50% do amônio afluente em nitrito
(VILLAVERDE, 2001).
CANON (Completely Autotrophic Nitrogen removal Over Nitrito), processo
alternativo ao processo Sharon-Anammox economicamente vantajoso, uma vez
que permite a remoção de amônio em um único reator, apesar de apresentar
eficiência de remoção de nitrogênio inferior
(SCHMIDT et al., 2003). Esse
sistema exige, no entanto, um rigoroso controle da concentração de oxigênio,
para garantir a nitrificação parcial e evitar o envenenamento da biomassa
Anammox por nitrito, devido a excesso de oxigênio (NIELSEN et al., 2005).
No processo OLAND (Oxygen Limited Autotrophic Nitrification
Denitrification), o oxigênio é fornecido em quantidade estequiométrica para que
a nitrificação proceda apenas até nitrito e, subseqüentemente, devido à
escassez de aceptores de elétrons, o nitrito formado seja consumido para
oxidar o restante do amônio (VERSTRAETE e PHILIPS, 1998).
O processo OLAND, quando comparado ao processo de nitrificação e
desnitrificação convencional, permite uma economia de 62,5% de oxigênio
(energia) e 100% de agente redutor (fonte de carbono orgânico). Além de que,
a oxidação direta de amônio a nitrogênio gasoso pode ser alcançada em uma
única fase (VERSTRAETE e PHILIPS, 1998). Na Tabela 2.4 estão
apresentados alguns processos e as demanda de oxigênio e alcalinidade,
assim como de carbono orgânico.
25
Tabela 2.4: Demandas de oxigênio, alcalinidade, e carbono orgânico.
Primeira Etapa Segunda Etapa
Processo
Oxigênio
(g O
2
/g N)
Alcalinidade
(g CaCO
3
/g N)
C Orgânico
(g DQO/g N)
Alcalinidade
(g CaCO
3
/g N)
Nitrificação/Desnitrificação
4,57 1,14 3,7 (3,57)
Nitritação/ Desnitritação
3,43 7,14 2,3 (3,57)
SHARON/ ANAMMOX
1,71 3,57 - 0,24
2.14 Modelos Matemáticos para Lodo Ativado
Os modelos matemáticos mais empregados atualmente na predição de
comportamentos biológicos em unidades de tratamento de esgotos derivam dos
estudos realizados pelo grupo de pesquisadores da IWA International Water
Association, denominados de ASM Actived Sludge Models (Modelos para
Lodo Ativado). Para esses modelos contribuiram os estudos realizados pela
equipe de pesquisadores da University of Cape Town na África do Sul,
coordenada pelo professor G. Marais, em meados dos anos 80. Apesar desses
modelos se basearem em processos que ocorrem na biomassa suspensa,
muitos pesquisadores que trabalham com biomassa fixa os utilizam
(SEZERINO, 2006).
Os modelos matemáticos da IWA (ASM1, ASM2, ASM2d e ASM3)
predizem dados para o dimensionamento e a operação de sistemas de lodo
ativado de qualquer configuração, seja convencional ou não. Esses dados
podem ser obtidos através de programas de simulação ou simplificações do
modelo (HENZE et al., 1987; HENZE et al., 1999; GUJER et al., 2000).
Em 1999, van Haandel e Marais publicaram um livro que oferece a
simplificação dessa teoria, que resultou no Modelo Simplificado para Lodo
Ativado, incluindo além do modelamento do sistema de lodo ativado, também
aspectos de minimização de custos e otimização de projeto e operação.
2.15 Fatores Cinéticos da Utilização de Material Orgânico
O principal fator a ser considerado, quando se pretende determinar a
cinética da utilização do material orgânico, é a taxa de utilização deste material.
26
Essa taxa corresponde à velocidade com que os processos oxidativos e de
síntese ocorrem em sistemas de lodo ativado.
A taxa de crescimento das bactérias heterotróficas é proporcional à taxa
de utilização de substrato e a concentração do substrato influencia na taxa de
utilização desse substrato. Sendo assim, o crescimento bacteriano ocorre em
função da disponibilidade de material orgânico. Quando pouca
disponibilidade de substrato, a taxa de crescimento é proporcionalmente
reduzida e quando não se tem limitação de substrato essa taxa de crescimento
é máxima. A Equação 2.11 expressa a relação entre a taxa específica máxima
de crescimento e a disponibilidade desse substrato.
µ
m
= µ
max
*
[S/(S + K
s
)] (Equação 2.11)
Sendo:
µ
m
: taxa específica de crescimento (d
-1
);
µ
max
: taxa específica máxima de crescimento (d
-1
);
K
s
: constante de meia saturação;
S: concentração de substrato (mg/L).
Quando a quantidade de substrato é máxima, de modo que não limita o
metabolismo bacteriano, S >> K
s
, pode-se considerar que µ
m
é igual ao valor de
µ
max
, sendo µ
max
determinado conforme a Equação 2.12 (VAN HAANDEL e
MARAIS, 1999).
µ
max
= (Y * r
max
) / X
a
(Equação 2.12)
Sendo:
X
a
: concentração das bactérias heterotróficas (mg/L);
Y: coeficiente de rendimento das bactérias heterotróficas (0,45 mgX
a
*mgDQO
-1
)
(VAN HAANDEL e MARAIS, 1999);
r
max
: taxa de utilização máxima do material carbonáceo (mgDQO*mgX
a
-1
.d
-1
),
determinada, por exemplo, através de testes respirométricos (Seção 2.18 deste
Capítulo).
27
A equação 2.13 apresenta uma forma simples de determinar a taxa
máxima de utilização do material carbonáceo.
r
max
= 3 * TCO
exo
/ X
a
(Equação 2.13)
Sendo:
r
max
: taxa de utilização máxima do material carbonáceo (mgDQO*mgX
a
-1
*d
-1
);
TCO
exo
: taxa de consumo de oxigênio exógena (a DQO oxidada é equivalente a
TCO
exo
* 3, visto que 1/3 do material adicionado é oxidado, como abordado na
Seção 2.9 deste Capítulo).
Observando as Equações 2.12 e 2.13, percebe-se que, tendo-se
determinado a TCO
exo
(através dos testes respirométricos), para se calcular r
max
(Equação 2.13) e µ
max
(Equação 2.12) é necessária a determinação da
concentração de lodo ativo X
a
(Equação 2.14.a). É importante destacar que
nem todo material volátil é biomassa ativa. O valor desse parâmetro pode ser
estabelecido por dois critérios independentes segundo Marais e Ekama, (1976):
(1) a teoria de lodo ativado mostra que a concentração de lodo ativo se
expressa como (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999):
X
a
= Y * R
h
* S
ta
/ (1 + b
h
* R
s
) * R
h
Equação (2.14.a)
Sendo:
R
h
: tempo de permanência do líquido (d);
S
ta
: DQO do afluente (mg/L);
b
h
: constante de decaimento de lodo ativo (d
-1
);
R
s
: idade de lodo (d);
(2) a partir da TCO endógena, determinada na ausência de material
extracelular, também se pode determinar o valor de X
a
(VAN HAANDEL e
MARAIS, 1999). A equação 2.14.b apresenta mais uma maneira de cálculo
utilizado para determinar a concentração das bactérias heterotróficas ativas no
28
sistema. Para melhor estimativa de X
a
, usa-se a média dos resultados obtidos
pelos dois métodos.
X
a
= TCO
end
/ [f
cv
* (1 - f) * b
h
] (Equação 2.14.b)
Sendo:
b
h
: constante de decaimento para as bactérias heterotróficas (0,24 * 1,04
(t-20)
,
onde t é a temperatura de operação) (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999);
X
a
: concentração das bactérias heterotróficas mgSSV/L;
TCO
end
: taxa de consumo de oxigênio endógena (mgO
2
.L
-1
.h
-1
);
f
cv
: fator de conversão de DQO para material ativo heterotrófico (1,5
mgDQO/mgSSV) (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999);
f: fração não biodegradável após total decaimento do lodo = 0,2 (resíduo
endógeno).
2.16 Fatores cinéticos do Processo de Nitrificação
Segundo van Haandel e Marais (1999), a taxa de crescimento líquido das
bactérias nitrificantes, que consiste no resultado da taxa de crescimento bruto
subtraída da taxa de decaimento, quando em condições estacionárias, será
igual à taxa de descarga de lodo de excesso (Equação 2.14):
(dX
n
/dt )
l
= (dX
n
/dt)
c
+ (dX
n
/dt)
d
+ (dX
n
/dt)
e
(Equação 2.14)
Sendo:
(dX
n
/dt )
c
= r
n
Y
n
= µ
máx
X
n
* N
a
/(N
a
+ K
n
)
(dX
n
/dt)
d
=- b
n
X
n
(dX
n
/dt)
e
= -X
n
/R
s
(dX
n
/dt) = 0 = µ
máx
X
n
* N
a
/(N
a
+ K
n
) - b
n
X
n
- X
n
/R
s
Em que:
(dX
n
/dt )
c
: taxa de crescimento das bactérias nitrificantes (mgSSV.L
-1
.d
-1
)
(dX
n
/dt)
d
: taxa de decaimento das bactérias nitrificantes (mgSSV.L
-1
.d
-1
)
(dX
n
/dt)
e
: taxa de descarga de lodo de excesso (mgSSV.L
-1
.d
-1
)
29
E também,
r
n
: taxa de nitrificação (mgN.L
-1
.d
-1
);
µ: taxa específica de crescimento das autotróficas (d
-1
);
µ
max
: taxa específica máxima de crescimento das autotróficas (d
-1
);
b
n
: constante de decaimento (d
-1
);
K
n
: constante de meia saturação de Monod (mgN.L
-1
);
Y
n
: coeficiente de rendimento das autotróficas (mgN.L
-1
.d
-1
);
R
s
: idade de lodo do sistema (d).
Com um rearranjo na equação anteriormente descrita e, considerando que
a concentração de amônia (substrato disponível para nitrificação) é muito maior
do que K
n
, ou seja, K
n
/N
p
<< 1, a expressão para determinação da idade de lodo
mínima (R
SM
) para que ocorra nitrificação será (Equação 2.15):
R
sm
= 1/(
µ
max
- b
n
) (Equação 2.15)
As constantes cinéticas apresentadas (K
n
, µ
max
e b
n
)
variam conforme a
água residuária a ser tratada. Os principais fatores que demonstram influenciar
o valor de µ
m
são, além da origem do afluente, algumas condições operacionais
e ambientais como OD, temperatura e pH.
2.17 Fatores Cinéticos do Processo de Desnitrificação
2.17.1 Produção de lodo em sistemas anóxico/aeróbios
Dados publicados sobre sistemas de lodo ativado sob condições
anóxicas/aeróbicas puderam ser comparados, verificando-se que a produção de
lodo não era afetada pela presença de zonas anóxicas, ou seja, era equivalente
a um sistema puramente aeróbio. Além disso, a massa de lodo orgânico por
unidade de massa de DQO diária aplicada (mX
v
) é ditada em função da idade
de lodo para frações diferentes de lodo anóxico, temperatura e lodo (sistemas
pré-D e pós-D)
(VAN HAANDEL e VAN DER LUBBE, 2007).
30
2.17.2 Taxa de Desnitrificação
A taxa de desnitrificação pode ser determinada pelo perfil linear da
concentração de nitrato, indicando que a remoção de nitrato é um processo de
ordem zero em relação à concentração de nitrato.
O perfil da concentração de nitrato em um reator pré-D indica que podem
ser distinguidas duas fases: uma fase primária com uma duração curta (de
alguns minutos) com uma taxa de desnitrificação alta, e uma fase secundária
que ocorre durante a permanência do nitrato no reator anóxico, com uma taxa
de desnitrificação constante, porém mais baixa (VAN HAANDEL, 1981).
No reator pós-D também um perfil linear da concentração de nitrato em
função do tempo de retenção, mas a taxa de desnitrificação dentro do reator
pós-D sempre é menor que na fase secundária de um reator pré-D.
Van Haandel (1981) mostrou que se pode associar o valor alto da taxa de
desnitrificação durante a fase primária à utilização simultânea de material
rapidamente e lentamente biodegradável.
Na fase secundária, onde o material rapidamente biodegradável já foi
consumido, a taxa de desnitrificação é devido à utilização do material
lentamente biodegradável. No reator pós-D, a desnitrificação é associada à
utilização de material lentamente biodegradável. Esse material (em um reator
pós-D) está presente numa concentração menor quando comparada a um
reator pré-D e, consequentemente, a taxa de desnitrificação será também
menor.
Descreve-se o processo de desnitrificação em um reator pré-D usando-se
duas constantes: k
1
para a fase primária e k
2
para a fase secundária. Pode-se
imaginar para o modelamento que durante a fase primária desenvolvem-se os
dois processos de desnitrificação simultaneamente e que, apenas um deles
continua durante a fase secundária. Então K = k
1
+ k
2
na fase primária e K = k
2
na fase secundária. Para o reator pós-D acrescenta-se a constante k
3
.
Van Haandel (1981) calculou os valores das constantes das taxas de
desnitrificação k
1
e k
2
dos resultados experimentais obtidos por vários autores
que utilizaram esgoto municipal como afluente: Duro (1974), Van Haandel
(1981); na África do Sul; Sutton et al. (1979) no Canadá; Heide (1975) nos
Países Baixos e Heidman (1979) nos Estados Unidos.
31
Todavia, é possível que em esgotos com uma contribuição industrial
significante ou predominantemente industrial, as constantes tenham valores
diferentes devido à presença de materiais tóxicos. Os valores seguintes foram
calculados para as temperaturas de 12°C a 26°C (Equações 2.21, 2.22 e 2.23).
k
1
= 0,72 * 1,2
(T- 20)
(Equação 2.21)
k
2
= 0,10 * 1,08
(T- 20)
(Equação 2.22)
k
3
= 0,08 * 1,03
(T -20)
(Equação 2.23)
2.17.4 Capacidade de desnitrificação
Na prática, o parâmetro mais importante em um sistema de lodo ativado
com remoção de nitrogênio é a quantidade (concentração em mg/L) de nitrato
que pode ser removida por litro de afluente, que corresponde à capacidade de
desnitrificação (D
c
) do lodo envolvido (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).
A importância de se determinar a capacidade de desnitrificação, dentre
diversos fatores, pode ser atribuída à concentração de nitrogênio que deverá
ser removida sob as condições operacionais do sistema de lodo ativado
operado (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).
Além disso, tendo o dado referente à capacidade de desnitrificação,
basta calcular a capacidade de nitrificação como proposto por van Haandel e
Marais, 1999, e se estima de forma confiável quanto de nitrogênio excedente se
deve obter. É uma maneira de se programar o projeto e a operação de um
sistema de lodo ativado que promove eficiente remoção de nitrogênio.
2.18 Respirometria
Testes respirométricos para determinação da taxa de consumo de oxigênio
(TCO) são muito úteis para avaliar a biodegradabilidade e toxicidade de
efluentes, descrever o metabolismo bacteriano, a influência de fatores
ambientais sobre este metabolismo e a cinética dos processos biológicos entre
outros parâmetros relacionados com a biomassa ativa presente na suspensão
de lodo de sistemas de lodo ativado.
32
A TCO pode ser determinada usando-se aparelhos denominados
respirômetros. Os respirômetros podem ser do tipo abertos (contínuos ou semi-
contínuos) ou fechados subdivididos em manométricos, volumétricos e
combinados.
Catunda et al. (1996), em parceria com a Universidade Federal de
Campina Grande, desenvolveram um respirômetro do tipo aberto e semi-
contínuo. Nesse respirômetro, denominado Beluga, a aeração é controlada pelo
software S32c, que ativa o aerador quando a concentração de OD atinge um
limite inferior previamente estabelecido, desativando-o quando esta atinge o
limite superior também estabelecido, iniciando ciclos de períodos com e sem
aeração. Durante os períodos sem aeração o Beluga calcula a TCO a partir da
variação da concentração de OD com o tempo. A Figura 2.6 mostra a tela do
monitor de operação do respirômetro (software S32c - respirômetro Beluga)
durante um teste respirométrico realizado com uma batelada de licor misto.
No teste cujos resultados estão representados na Figura 2.6, foi utilizado
inicialmente cloreto de amônio (utilizado por bactérias autotróficas) e em
seguida, o monossubstrato acetato de sódio, solúvel e de fácil assimilação
pelas bactérias heterotróficas na presença de oxigênio.
A tela apresenta duas janelas. Na janela superior, vê-se o gráfico da
concentração de OD cujos pontos correspondem aos valores de OD medidos
durante os períodos com aeração que ia até atingir a concentração limite
superior de 3 O
2
mg/L. E os períodos sem aeração, que tinha como limite inferior
a concentração de OD de 1 mg/L. Na janela inferior, vê-se o respirograma, ou a
curva da TCO calculada pelo software S32c do respirômetro Beluga, durante os
períodos sem aeração.
Ainda observando a Figura 2.6 percebe-se que, no início do teste, a TCO
permanece constante e em um valor muito baixo, correspondendo à respiração
endógena e, por isso, denominada TCO endógena (TCO
end
). Após a adição do
substrato ela aumenta exponencialmente até atingir um valor constante e
máximo para, em seguida, cair e praticamente retornar ao valor inicial, ou seja,
a TCO endógena.
A TCO relativa à utilização de um substrato externo (no caso, o cloreto de
amônio ou o acetato) é denominada de TCO exógena (TCO
exo
). A curva da
33
TCO representa a soma da TCO endógena com a exógena, sendo chamada de
TCO total (TCO
total
).
Os dados pontuais da temperatura do licor misto, da concentração de OD
e da TCO podem ser lidos diretamente na tela no lado esquerdo do gráfico. Os
dados de concentração de OD e TCO em função do tempo e temperatura são
armazenados em uma planilha Excel gerada pelo software S32C.
Figura 2.6: Teste respirométrico com adição de cloreto de amônio e de acetato
de sódio (correspondendo cada adição a 60 mgDQO/L) em que foram
construídas duas curvas da taxa de consumo de oxigênio (software S32c).
34
CAPÍTULO 3
MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Introdução
Para avaliar a cinética e determinar as relações estequiométricas dos
processos de utilização do material orgânico por bactérias heterotróficas foram
operados dois sistemas de lodo ativado do tipo Bardenpho e UCT. Usando-se a
respirometria, determinou-se a capacidade metabólica dos lodos gerados nos
dois sistemas em termos da constante de utilização dos materiais rapidamente
e lentamente biodegradáveis, buscando-se uma metodologia para comparação
do metabolismo das bactérias heterotróficas facultativas quando expostas a
ambiente aeróbio e anóxico. A descrição dos sistemas, os procedimentos
operacionais e analíticos serão descritos neste capítulo.
Os experimentos que compõem esta dissertação foram desenvolvidos nas
instalações do laboratório da Área de Engenharia Sanitária e Ambiental da
Unidade Acadêmica de Engenharia Civil do Centro de Ciências e Tecnologia da
Universidade Federal de Campina Grande (AESA/UAEC/CCT/UFCG). Esse
laboratório atende às pesquisas desenvolvidas pelo PROSAB (Programa de
Saneamento Básico) e está localizado na antiga estação de tratamento de
esgoto da cidade de Campina Grande, situada no bairro do Catolé.
A fase experimental foi iniciada em julho de 2007 e teve a duração de 11
meses.
Durante a pesquisa, os reatores foram operados simultaneamente e sob
condições ambientais idênticas.
A Figura 3.1 representa um fluxograma dos principais testes realizados
durante a fase experimental com intuito de atender aos objetivos propostos
nesta dissertação.
35
Figura 3.1: Fluxograma representativo das principais etapas da fase
experimental.
3.2 Material
3.2.1 Descrição dos sistemas Bardenpho e UCT
3.2.1.1 Sistema Bardenpho
O sistema Bardenpho era composto de 4 reatores sequenciais: 2
anóxicos pré-desnitrificantes (R1
a
, R2
a
), 1 reator aeróbio (R3
a
) e um terceiro
anóxico pós-desnitrificante (R4
a
). O descarte de lodo era feito do reator aerado.
36
Os reatores anóxicos R1
a
, R2
a
e R4
a
tinham capacidade volumétrica de 27, 65
e 41 L, respectivamente, enquanto que o reator R3
a
tinha volume útil de 102 L.
O decantador secundário tinha 70 L de volume útil. O licor misto do
reator aerado (R3
a
) era recirculado, a uma taxa mínima de 600 L/d e máxima de
900 L/d, para o primeiro reator anóxico. Do decantador também era recirculado
licor misto para o primeiro reator, também com uma taxa mínima de 600 L/d e
máxima de 900 L/d. Na Figura 3.2 está apresentado um esquema do sistema
Bardenpho. O sistema tratava 300 L/dia de esgoto coletado de um poço de
visita do sistema de esgotamento da cidade de Campina Grande - PB.
Figura 3.2: Esquema representativo da configuração e operação do sistema
Bardenpho: reatores anóxicos (R1
a
, R2
a
e R3
a
) e aerado (R4
a
) e fluxos de
esgoto bruto, efluente e lodo.
3.2.1.2 Sistema UCT
O sistema UCT possuía 4 reatores sequenciais: 1 reator anaeróbio (R1
b
),
alimentado com esgoto de Campina Grande, seguido por 1 reator anóxico pré-
desnitrificante (R2
b
), 1 reator aerado (R3
b
) e outro anóxico pós-desnitricante
(R4
b
). O descarte de lodo também era feito do reator aerado.
Nesse sistema ocorriam três recirculações de lodo: a primeira, a uma
taxa mínima de 600 L/d e máxima de 900 L/d, do reator anóxico R2
b
para o
37
reator anaeróbio R1
b
, com o propósito de recircular o licor misto,
presumivelmente sem nitrato, favorecendo, assim, o surgimento de um
ambiente anaeróbio (sem oxidante) em R1
b
.
A segunda recirculação, de 300L/d, ocorria do decantador para o reator
anóxico R2
b
. O objetivo dessa recirculação era favorecer a desnitrificação
através da maior concentração de lidos ativos em R2
b,
além de algum
residual de nitrato que por ventura ainda estivesse presente.
A terceira recirculação do reator R3
b
(aerado) para o reator R2
b
(anóxico), de no máximo 300L/d, objetivava inserir nitrato em R2
b
para
favorecer o processo de desnitrificação. Esse sistema também apresentava os
mesmos componentes periféricos (sistema de aeração, bombas, motores) do
sistema Bardenpho. A Figura 3.3 contém um esquema do sistema UCT.
Figura 3.3: Esquema representativo da configuração e operação do sistema
Bardenpho: reatores anaeróbio (R1
b
), anóxicos (R2
b
e R4
b
) e aerado (R3
b
) e
fluxos de esgoto bruto, efluente e lodo.
A configuração, o volume e as taxas de recirculação dos sistemas
Bardenpho e UCT foram definidos segundo o modelo simplificado da teoria de
lodo ativado, referenciado por van Haandel e Marais (1999). Na Tabela 3.1
38
estão apresentadas as dimensões das unidades componentes dos dois
sistemas operados e na Tabela 3.2 as taxas de recirculações do licor misto.
Tabela 3.1: Dimensões dos reatores dos sistemas Bardenpho e UCT. As
recirculações estão indicadas.
Reator Diâmetro (m) Altura (m) Quantidade V
T
(L) V
U
(L)
Anaeróbio 0,20 0,95 1 29 27
Pré-D 0,20 0,95 1 29 27
Pré-D 0,30 0,95 1 67 65
Aeróbio 0,41 0,95 2 105 102
Pós-D 0,25 0,95 2 46 41
Decantador 0,35 0,80 2 76 70
Tabela 3.2: Recirculações de licor misto dos sistemas Bardenpho e UCT.
Bardenpho UCT
Recir.
Taxa
Vazão (L/d) Direção Recir.
Taxa
Vazão (L/d)
Direção
s 1 300
de dec para R
1B
s 1 300
de dec para R
2C
a 3 900
de R
3
para R
1B
a 2 600
de R
3
para R
2C
r 0 0 - r 1 300
de R
2
para R
1C
Os decantadores dos dois sistemas foram confeccionados em fibra de
vidro e com forma cilíndrica, enquanto que os reatores foram confeccionados
em tubos de PVC, tendo o fundo vedado por um cap. Cada sistema ficava
encaixado em uma grade de cantoneiras.
Um motor de 1/3 HP, 45 rpm
e um sistema de polias, todos montados
acima dos sistemas, promoviam a agitação do conteúdo dos reatores e dos
decantadores, através de eixos centrais providos com palhetas. Assim, um
único motor agitava todos os reatores e o decantador de cada sistema. O
bombeamento do afluente e as recirculações do lodo para os reatores era feito
através de bombas peristálticas com mangueiras de silicone com diâmetro de 1
cm. A bomba era acoplada a um motor de 1/3 HP, ligado a um redutor de
freqüência, que tinha como finalidade regular a rotação da bomba, ajustando
assim as vazões de acordo com o desejado.
Para a aeração dos sistemas, utilizaram-se basicamente dois
compressores de ar modelo JET MASTER, da SCHULZ, com capacidade para
65 L/min, com motor de 1/3 HP (250W) e pressão máxima de 2,8 bar.
Temporizadores alternavam o tempo de funcionamento dos aeradores, gerando
ciclos com períodos de 15 minutos com aeração seguidos de períodos de 15
39
minutos sem aeração. Os períodos dos ciclos eram alternados para garantir o
suprimento constante de oxigênio, além de otimizar o uso dos aeradores. No
sistema distribuidor de oxigênio existia uma válvula destinada à liberação do ar
insuflado para a atmosfera, visando regular e manter a concentração de OD
desejada no sistema. Tal procedimento foi adotado para garantir uma maior
vida útil ao equipamento de aeração e possibilitar a manutenção da
concentração de oxigênio dissolvido em torno de 2 mg/L.
Na Figura 3.4 mostra-se uma foto contendo os principais componentes
dos sistemas, distinguindo-se:
agitadores mecânicos de eixo vertical com palhetas acionados por
um motor trifásico, 1/3 HP, de baixa rotação (45 rpm). Essa agitação
assegurava a suspensão do lodo e o contato deste com toda a massa líquida;
aeradores/compressores (tipo nebulizador e JET MASTER -
SCHULZ) que insuflavam bolhas de ar através de pedras porosas presas no
fundo do reator, garantindo o suprimento de oxigênio dissolvido (OD) aos
microrganismos;
bomba peristáltica, que alimentava os sistemas com esgoto;
bombas dosadoras de recirculação, Prominent, com capacidade de
vazão de 19,9L/h.
Figura 3.4: Principais componentes dos sistemas Bardenpho e UCT.
40
3.3 Métodos
3.3.1 Critérios de Dimensionamento
Os critérios de dimensionamento e operação de cada sistema (volume do
reator, tempo de detenção hidráulica, taxa de aeração, taxas de recirculações,
idade do lodo, vazão afluente) foram elaborados segundo o modelo simplificado
para sistemas de lodo ativado apresentados por van Haandel e Marais (1999).
Os principais critérios utilizados encontram-se na Tabela 3.3.
Tabela 3.3: Critérios de dimensionamento segundo o modelo simplificado de lodo
ativado e seus valores numéricos (VAN HAANDEL e MARAIS, 1999).
Fator
mbolo
Valor
Fração não biodegradável dissolvida da DQO afluente
Fração não biodegradável e particulada da DQO afluente
Coeficiente de rendimento
Fração de lodo ativo decdo que se torna resíduo endógeno
Razão DQO/SSV em lodo orgânico
Constante de decaimento de lodo ativo
Temperatura
Idade de lodo
f
us
f
up
Y
f
f
cv
b
h
T
R
s
variável
variável
0,45gSVS/gDQO
0,2
1,50gDQO/gSSV
0.24*1,04
(t-20)
variável
variável
Dentre os critérios de dimensionamento expostos na Tabela 3.3, o
parâmetro operacional denominado idade de lodo (R
s
) pode ser considerado
como mais importante para um bom desempenho de sistemas de lodo ativado.
Esse parâmetro pode ser definido no início do projeto, podendo ser modificado
com base no desempenho metabólico do lodo produzido nos sistemas.
As frações de DQO afluente (
f
us
, f
up
)
dependem do esgoto afluente. Essas
frações foram determinadas conforme características físico-químicas do esgoto da
cidade de Campina Grande. A temperatura e a constante de decaimento de lodo
ativo foram determinadas de acordo com a temperatura ambiente. E para os
pametros Y, f, f
cv
foram adotados valores referenciados em van Haandel e
Marais (1999).
3.3.1.2 Idade de lodo
A idade de lodo foi estabelecida visando a uma eficiente remoção de
nitrogênio, em especial a viabilidade de boa nitrificação. Para isso, a idade de
lodo deveria ser longa. Devido à remoção de fósforo através do mecanismo
41
conhecido como biodesfosfatação, ser esperada apenas na operação do
sistema UCT, que o sistema Bardenpho deveria promover remoção de
fósforo somente através de simples descarte de lodo, a remoção de nitrogênio
foi mais relevante para a definição da idade de lodo, pois deveria ocorrer nos
dois sistemas operados.
Como os dois sistemas foram projetados para promover os processos de
nitrificação e desnitrificação, embora o sistema UCT, por apresentar uma zona
anaeróbia, favorecesse também à remoção de fósforo, optou-se por uma idade
de lodo longa. Assim, de início foi definida a mesma idade de lodo (20 dias)
para os dois sistemas.
Após seis meses de operação, mediante os resultados satisfatórios de
nitrificação e desnitrificação, procurou-se otimizar essa idade de lodo,
diminuindo para 15 dias, os quais, segundo a teoria de lodo ativado, ainda é
possível se obter nitrificação completa (Equações 2.14 e 2.15, presentes no
Capítulo 2; Seção 2.16).
3.3.2 Caracterização do Esgoto
Foram feitas duas caracterizações do esgoto afluente nos primeiros meses
de pesquisa. Foram coletadas 26 amostras de esgoto de meia em meia hora
nas duas caracterizações. Das amostras coletadas foram tiradas alíquotas para
formar uma amostra composta. As duas coletas tiveram início às 06:00 horas
da manhã sendo concluídas as 20:00. O objetivo principal dessa caracterização
foi o de definir o melhor horário para alimentação dos tanques de
armazenamento do esgoto afluente aos sistemas.
Para uma alimentação equalizada, cada sistema continha um tanque de
armazenamento do afluente que era alimentado de uma caixa de areia uma vez
por dia. Os parâmetros analisados para a caracterização do esgoto afluente
como também para acompanhamento da operação e do desempenho dos
sistemas estão apresentados na Tabela 3.6 da Seção 3.3.2.1, deste Capítulo.
42
3.3.3 Operação dos sistemas
Os sistemas foram alimentados com esgoto da cidade de Campina
Grande. O esgoto bruto era coletado de um poço de visita e antes de entrar nos
sistemas passava por uma caixa de areia vertical (Figura 3.5). Da caixa de
areia o esgoto enchia tanques de 300 L de onde era bombeado para os
sistemas a uma taxa de 300L/dia. Foi necessário um período médio de 1 mês
até que se formasse um lodo concentrado e de boa sedimentabilidade em cada
um dos sistemas. Os sistemas foram operados com um tempo de detenção
hidráulica (TDH) de 0,78 dias. A concentração de OD nos reatores aeróbios foi
mantida em torno de 2 mg/L.
Figura 3.5: Foto da caixa de areia vertical e do poço de visita de onde o esgoto
bruto era bombeado.
Para manter a idade de lodo de 20 dias, inicialmente definida para ambos
os sistemas, diariamente eram descartados aproximadamente 12 L dos
reatores aerados. Para a idade de lodo de 15 dias eram descartados
aproximadamente 16 L de licor misto. As Tabelas 3.4a e 3.4b resumem as
condições operacionais dos reatores dos sistemas Bardenpho e UCT.
Tabela 3.4a: Condições operacionais dos reatores, anaeróbio, aerados e
anóxicos dos sistemas Bardenpho e UCT.
Parâmetro Sistema Bardenpho e UCT
TDH total 0,78 dias
43
Vazão do afluente 300 L/dia
Idade de lodo 20 e 15 dias
Temperatura média 25 ± 1ºC
Tabela 3.4b: Distribuição das zonas de tratamento em cada sistema de lodo
ativado operado.
Bardenpho UCT
f anóxica f aeróbia f anaeróbia f anóxica f aeróbia f anaeróbia
56,6% 43,4% 0% 45,1% 43,4% 11,5%
f: fração em relação ao volume total de reatores (235 L)
Eram feitas manutenções diárias e semanais dos sistemas como: escovar
as paredes dos reatores para remover o lodo que ficava aderido; aferir a
concentração de OD nos reatores aeróbios; controlar as vazões de alimentação
e de recirculação.
Durante o primeiro mês de operação, não foram feitas análises, dando
tempo para o lodo se adaptar ao regime operacional imposto. Normalmente
aguarda-se um período de, no mínimo, o dobro da idade de lodo pretendida. A
partir daí, foram coletadas amostras, semanalmente, até junho de 2008 para
caracterizar o desempenho dos sistemas.
3.3.4 Parâmetros de desempenho analisados
As amostras para análises laboratoriais dos sistemas Bardenpho e UCT
eram coletadas através de torneiras dispostas nos reatores na mesma altura
com a intenção de se estabelecer alturas de coleta iguais.
O horário das coletas variava entre 08:00 e 09:00 horas da manhã, sendo
as amostras imediatamente analisadas. As principais coletas eram realizadas
com uma freqüência de uma vez por semana.
No total, 40 determinações de cada sistema compuseram a fase de
monitoramento. Dessas, os 10 primeiros dados correspondem à aclimatação
dos sistemas, os 15 posteriores correspondem à idade de lodo de 20 dias e os
outros 15 dados são referentes à idade de lodo de 15 dias.
44
Os parâmetros analisados, a freqüência e os métodos analíticos estão
apresentados na Tabela 3.5. Os pontos de coleta específicos para cada
sistema estão apresentados na Tabela 3.6.
Tabela 3.5: Principais parâmetros analisados, frequência e métodos.
Tabela 3.6: Variáveis analisadas e pontos de coleta de amostras nos sistemas
Bardenpho e UCT.
Sistema Bardenpho Sistema UCT
Variáveis Afl R1
a
R2
a
R3
a
R4
a
Efl Afl R1
b
R2
b
R3
b
R4
b
Efl
DQO x x x x x x x x
NTK x x x x x x
NTK (Lodo) x x
Amônia x x x x x x x x
Nitrato x x x x x x x x x x
Nitrito x x x x x x x x x x
Alcalinidade Total x x x x
Fósforo
Total e Ortofosfato
x x x x x x x x x
pH x x x x
Sólidos Suspensos
Totais, Voláteis e Fixos
x x
TCO x x
OD x x x x x x x x x x x x
Sedimentabilidade x x
Variáveis Frequência
Semanal
Métodos
Analíticos
Referência
DQO mg/L 1 vez
Titulométrico
Refluxação
fechada
APHA et al. (1998)
NTK mgN/L 1 vez
Semi-Micro
Kjeldahl
APHA et al. (1998)
Ania N-NH
4
+
1 vez
Semi-Micro
Kjeldahl
APHA et al. (1998)
Nitrato N-NO
3
-
1 vez Salicilato de Sódio
RODIER et al. (1975)
Nitrito N-NO
2
-
1 vez
Colorimétrico
Diazotização
APHA et al. (1998)
Alcalinidade Total 1 vez Kapp BUCHAUER (1998)
Fósforo Total e Ortofosfato
1 vez Ácido Ascórbico APHA et al. (1998)
pH 1 vez Potenciométrico APHA et al. (1998)
Sólidos Suspensos
Totais, Voláteis e Fixos
5 vezes Gravimétrico APHA et al. (1998)
TCO 2 vezes Semicontínuo
VAN HAANDEL E CATUNDA
(1982)
OD 5 vezes Eletrométrico YSI MODEL 58
Sedimentabilidade 1 vez Dinâmico LEITÃO (2004)
45
3.3.4.1 Teste de Sedimentabilidade
Para a determinação das constantes de sedimentabilidade da equação de
Vesilind, o procedimento era feito segundo descrito por Leitão (2004). Foram
utilizados cilindros transparentes e graduados, dotados de sistema de agitação
acoplado a um motor de baixa rotação e uma bomba dosadora (ver no Capítulo
2; Seção 2.5; Figura 2.3, teste dinâmico). A velocidade de sedimentação em
zona (VSZ) era determinada quando a velocidade de sedimentação (V) do lodo
no cilindro era igual à velocidade ascendente do líquido (Leitão 2004). A massa
de lodo e o volume por ela ocupado nesse equilíbrio davam a concentração do
lodo (X
t
). A partir dos pares de valores (VSZ versus X
t
) e da Equação 2.3
(Capítulo 2; Seção 2.5)
foram determinadas as constantes de Vesilind v
o
e k,
para os lodos dos dois sistemas operados.
3.3.4.2 Medição da TCO total “in locu”
A medição da TCO no reator aeróbio era feita, de forma simples, com
auxílio de um cronômetro e um oxímetro. Duas vezes por semana a TCO era
medida nos reatores aeróbios dos sistemas Bardenpho e UCT para monitorar a
atividade metabólica do lodo e para calcular o balanço de massa.
Inicialmente deixava-se o eletrodo de oxigênio em contato com o licor
misto do reator aeróbio por um período médio de 20 minutos, tempo necessário
para que o medidor marcasse uma concentração de OD estável. O OD inicial
era anotado e, em seguida, a aeração era interrompida e o cronômetro era
acionado imediatamente. Os valores de OD eram marcados em função do
tempo até que o valor de OD chegasse a uma concentração muito baixa
(aproximadamente 0,12 mg/L) para, então, finalizar o teste e religar a aeração.
3.3.5 Balanços de Massa dos Materiais Nitrogenado e Orgânico
Para os cálculos do balanço de massa do material nitrogenado dos
sistemas Bardenpho e UCT, foram utilizadas as Equações 3.1 a 3.15 e de
acordo com a descrição abordada no Capítulo 2, Seção 2.2. As equações
referentes ao sistema Bardenpho encontram-se na Tabela 3.7 e as referentes
46
ao sistema UCT encontram-se na Tabela 3.8. O detalhamento de cada termo
contido nessas equações está descrito na Lista de Símbolos.
O cálculo do balanço de massa do material orgânico dos sistemas
Bardenpho e UCT foi igual para os dois sistemas e conforme descrito no
Capítulo 2; Seção 2.3. Isso foi possível porque os dados de entrada para as
equações que compõem o balanço de massa de matéria orgânica não
dependem da configuração do sistema e das taxas de recirculação.
3.3.5.1 Balanço de Massa de Material Nitrogenado do Sistema Bardenpho
A Equação 3.1 expressa o fluxo de nitrogênio total Kjeldahl afluente (MN
ta
)
ao sistema Bardenpho que deve ser determinado inicialmente, pois será
utilizado em cálculos adiante. As Equações 3.2 e 3.3 dão os fluxos de material
nitrogenado no lodo de excesso (MN
l
) e os fluxos referentes às recirculações de
licor misto (N
o
). A Equação 3.4 dá o fluxo de nitrogênio total Kjeldahl (MN
te
) que
não foi oxidado e nem foi removido no lodo, ou seja, é o nitrogênio que sai no
efluente.
Para o cálculo dos fluxos de desnitrificação foi necessário determinar ▲N
n1
▲N
n2
▲N
n4
que correspondem
às concentrações de nitrato nos reatores
anóxicos do sistema Bardenpho, sendo eles R1
a
, R2
a
e R4
a
. A determinação
desses fluxos foi realizada através das Equações 3.5, 3.6, 3.7, 3.8, 3.9 e 3.10,
considerando as taxas de recirculação de licor misto. A Equação 3.11
apresenta o fluxo geral de desnitrificação (MN
d
) do sistema Bardenpho. A
Equão 3.12 apresenta o balanço de massa de material nitrogenado para o
sistema Bardenpho. A recirculação do licor misto foi monitorada e determinada
para cada conjunto de análises realizadas nesta pesquisa. Para o balanço de
massa, esse fator é extremamente importante.
Tabela 3.7: Equações utilizadas para determinação do balanço de massa de
material nitrogenado referente ao sistema Bardenpho.
Equações para Balanço de Massa
de Material Nitrogenado referentes ao sistema Bardenpho
Equação
MN
ta
(mgN/d) = Q
a
* (N
oa
+ N
aa
+ N
na
) 3.1
47
MN
l
(mgN/d)
= f
n
* V
r
* X
v
/R
s
)
3.2
N
o
(mg/L) = (Q
a
* N
na
+ Q
rs
* N
ne
+
Q
ra
* N
n3
)/(Q
a
+ Q
ra
+ Q
rs
)
3.3
MN
te
(mgN/d) = Q
a
* (N
oe
+ N
ae
+ N
ne
)
3.4
▲N
n1
= N
no
- N
n1
3.5
MN
d1
= (Q
a
+ Q
rs
+ Q
ra
) * ▲N
n1
3.6
▲N
n2
= N
n1
- N
n2
3.7
MN
d2
= (Q
a
+ Q
rs
+ Q
ra
) * ▲N
n2
3.8
▲N
n4
= N
n3
-
N
n4
3.9
MN
d4
= (Q
a
+ Q
rs
) * ▲N
n4
3.10
MN
d
= MN
d1
+ MN
d2
+ MN
d4
3.11
B
n
= (MN
l
+ MN
te
+ MN
d
)/MN
ta
3.12
3.3.5.2 Balanço de Massa de Material Nitrogenado do Sistema UCT
O balanço de massa para o sistema UCT seguiu a mesma sequência de
cálculos do sistema Bardenpho, todavia devido às diferentes taxas de
recirculações e localizações dos reatores anóxicos, as equações foram
adequadas como se vêem a seguir. E, MN
ta
MN
l
e MN
te
foram calculados de
acordo com as Equações 3.1, 3.2 e 3.4. O fator N
o
não foi necessário nos
cálculos do balanço de massa para o sistema UCT. A Equação 3.13 expressa a
variação de nitrato no reator 2, que era o primeiro reator anóxico do sistema
UCT, isto é, o primeiro local do sistema onde ocorria desnitrificação. Nesse
cálculo é importante destacar que o nitrato que entrava em R2
b
vinha da
recirculação do decantador (como nitrato descartado no efluente. A Equação
3.14 equivale ao fluxo de nitrogênio desnitrificado (MN
d2
) em R2
b
. Nesta
equação as vazões totais de recirculação s, a e r também utilizadas. Para
calcular a variação de nitrato no reator R4
b
, utilizou-se a Equação 3.13 e para o
fluxo de nitrogênio desnitrificado nesse reator utilizou-se a Equação 3.14. Com
48
a Equação 3.15, o fluxo MN
d
pode ser calculado para o sistema UCT,
considerando apenas o fluxo de nitrato desnitrificado em R2
b
e em R4
b
. O
cálculo final, que determina B
n
para o sistema UCT foi o mesmo utilizado para o
sistema Bardenpho (Equação 3.12).
Tabela 3.8: Equações utilizadas para determinação do balanço de massa de
material nitrogenado referente ao sistema UCT.
Equações para Balanço de Massa
de Material Nitrogenado referentes ao sistema UCT
Equação
▲N
n2
= N
n13e
- N
n2
3.13
MN
d2
= (Q
rs
+ Q
ra
+ Q
rr
) * ▲N
n2
3.14
MN
d
= MN
d2
+ MN
d
4
3.15
B
n
= (MN
l
+ MN
te
+ MN
d
)/MN
ta
3.12
3.3.5.3 Balanço de Massa do Material Orgânico
As equações utilizadas para a determinação dos balanços de massa
referentes aos sistemas Bardenpho e UCT estão descritas na Tabela 3.9.
A Equação 3.16, possibilita a determinação de mS
te
que é a massa de
DQO detectada no efluente dos sistemas. Consideraram-se os sistemas
estudados em estado estacionário e, assim o valor de DQO determinado no
efluente de cada sistema era equivalente ao material não biodegradável solúvel,
que somente esta fração da DQO poderia ter sido expulsa como efluente
líquido. Os fluxos MS
ta
, MN
na
, MN
oe
correspondem à relação da vazão afluente
com a DQO afluente, com o nitrato afluente e com o nitrogênio orgânico
efluente, respectivamente. A Equação 3.17 permite determinar o consumo total
de oxigênio (M
ot
), através da TCO medida no reator aeróbio de cada sistema
(Seção 3.3.2.3; Capítulo 3). A Equação 3.18 possibilita a determinação do
consumo de oxigênio para nitrificação (M
on
). Com a Equação 3.19 calcula-se o
consumo de oxigênio para oxidação de material orgânico (M
oc
). Para sua
determinação faz-se obrigatório o cálculo do material oxidado para nitrificação e
49
o teste da TCO realizado como descrito na seção 3.3.2.3. A Equação 3.20
permitiu determinar o oxigênio equivalente recuperado através da
desnitrificação (M
oeq
). A Equação 3.21 apresenta a fração de DQO afluente que
é descarregada com o lodo de excesso (mS
Xv
). A Equação 3.22 expressa a
fração de DQO afluente que é oxidada no sistema (mS
o
). Por fim, o balao de
massa do material orgânico para os sistemas Bardenpho e UCT, (B
o
), pode ser
determinado através do uso da Equação 3.23.
Tabela 3.9: Equações utilizadas para determinação do balanço de massa de
material orgânico referente aos sistemas Bardenpho e UCT.
Equações para Balanço de Massa de Material
Orgânico referentes aos sistemas Bardenpho e UCT
Equação
mS
te
= S
te
/S
ta
3.16
M
ot
= V
r3
* TCO
r3
* 24
3.17
M
on
= 4,57 * (MN
ta
- MN
na
- MN
l
- MN
oe
- MN
ae
)
3.18
M
oc
= M
ot
- M
on
3.19
M
oeq
= 2,86 * MN
d
3.20
mS
Xv
= f
cv
* X
v
* R
h
/(R
s
* S
ta
)
3.21
mS
o
= (M
oc
+ M
oeq
)/MS
ta
3.22
B
o
= mS
te
+ mS
Xv
+ mS
o
3.23
3.3.6 Testes Respirométricos
Para os testes de respirometria utilizou-se o respirômetro Beluga S32c, do
tipo aberto e aeração de forma semicontínua, conforme descrito no Capítulo 2,
Seção 2.18. As concentrações de OD de referências mínima e máxima usadas
foram de 1,0 mg/L e 3,0 mg/L. Os valores de referência foram escolhidos de
acordo com a resposta metabólica do lodo, para que não houvesse erro na
50
leitura da TCO. Para os testes respirométricos, foi montado um sistema
contendo alguns materiais específicos (Figura 3.6):
CPU (Central Processing Unit) com o software S32c instalado e
seus periféricos (monitor, mouse, teclado);
respirômetro Beluga com saída para a CPU, aerador e entrada
para o eletrodo de OD;
aerador de aquário com pedra porosa;
eletrodo de oxigênio;
béquer com 2 litros de capacidade;
agitador magnético com bastão, para manter o lodo em
suspensão.
Figura 3.6: Esquema do sistema utilizado para a realização dos testes
respirométricos
O procedimento básico utilizado nos testes respirométricos consistia em:
ligar o respirômetro e esperar aproximadamente 10 minutos e calibrar o
eletrodo de oxigênio de acordo com a temperatura ambiente;
coletar um litro de licor misto dos reatores aeróbios e armazenar em
béquer de 2 litros;
51
deixar o licor misto sob agitação e emergir o eletrodo de OD, ligado ao
respirômetro, dando início aos ciclos com e sem aeração, tendo como
referências a concentração máxima de OD de 3 mg/L e mínima de 1
mg/L). O software do respirômetro calculava a TCO, por regressão linear,
através dos dados de depleção de OD. No início do teste não se
adicionava substrato, com a finalidade de se determinar a TCO
endógena (TCO
end
).
deixar os lodos sob aeração por um período de tempo suficiente para
todo material extracelular ser utilizado (verificar esta utilização quando o
valor da TCO ficar constante), e assim, determinar a TCO
end..
adicionar o substrato após estabelecer a TCO
end
. Aguardar o respirômetro
começar a registrar valores da TCO relativos à utilização do substrato
adicionado.
restabelecer a TCO
end
quando todo o substrato for utilizado. Expressar a
DQO do substrato oxidado pelo lodo a partir da integração da área da
curva formada que dava o oxigênio consumido por litro de licor misto. Ao
se comparar a concentração de substrato adicionado e a concentração
de DQO oxidada, verificar experimentalmente a fração de material
oxidado.
3.3.6.1 Frações biodegradáveis do esgoto
Para a determinação das frações biodegradáveis de DQO do esgoto
afluente aos sistemas foram realizados testes respirométricos, conforme
descrito na Seção 3.3.5, deste Capítulo, com os passos adicionais
seguintes:
esperou-se a sedimentação do lodo e sifonou-se o sobrenadante. O
volume sifonado foi completado com esgoto bruto;
antes de ser iniciada a aeração do conteúdo do quer foram
adicionados 10 mg/L de uma solução de alil-tiouréia para inibir a
atividade das bactérias autotróficas;
o teste foi realizado, sendo controlado pelo respirômetro que mantinha
a concentração de OD no intervalo adotado;
52
A Figura 3.7 contém o respirograma de um teste onde se na janela
inferior o gráfico da TCO, expressa em mgO
2
.L
-1
.h
-1
. Identificam-se nesse
gráfico, logo no começo do teste, a utilização do material biodegradável e
solúvel e, portanto, rapidamente biodegradável e a do biodegradável e
particulado (que apresenta valor em declínio) e a TCO endógena que era o
valor medido mais baixo e constante do gráfico. As áreas definidas entre a
respiração exógena e endógena dão o valor da DQO utilizada e, assim,
determinam-se as frações biodegradáveis do esgoto.
Também foi determinada, analiticamente, a DQO após a adição do esgoto
e depois de sua utilização (quando estabelecida a TCO endógena).
Figura 3.7: Respirograma de um teste para a determinação das diferentes
frações biodegradáveis do esgoto de Campina Grande.
3.3.6.2 Metabolismo heterotrófico em ambiente aeróbio
Para avaliar a capacidade metabólica das bactérias heterotróficas em
ambiente aeróbio, utilizou-se o monossubstrato solúvel, acetato de dio
53
(NaC
2
H
3
O
2
* 3H
2
O), por ser facilmente utilizado pelo lodo gerado em esgotos
domésticos. Também foi utilizado amido comercial como substrato particulado
de difícil degradação, cuja fração solúvel corresponde a 2% da DQO total
(SILVA FILHO, 2003).
O teste respirométrico foi realizado segundo o que está descrito na Seção
3.3.5 deste Capítulo com o licor misto dos sistemas Bardenpho e UCT,
utilizando-se os dois substratos: acetato de sódio e amido comercial.
3.3.6.3 Fatores de influência sobre o metabolismo heterotrófico aeróbio
Influência da temperatura
Sabendo-se que o metabolismo das bactérias heterotróficas pode ser
afetado pelas condições ambientais de temperatura, foram realizados testes
respirométricos para verificar a TCO dessas bactérias, submetidas a
temperaturas crescentes, que variaram de grau em grau, partindo de 10ºC até
atingir 50ºC. O tempo de exposição do licor misto a cada temperatura foi de
aproximadamente 15 minutos.
A temperatura era regulada utilizando um termo-controlador de limite
mínimo de ajuste de 0ºC e limite máximo de 60ºC acoplado a uma geladeira. O
aumento da temperatura pelo termo-controlador era favorecido com a ajuda de
uma lâmpada incandescente dentro da geladeira.
Em cada temperatura, foram determinados, através da respirometria, os
valores da TCO
total
,
sendo possível assim a determinação de µ
m
.
O lodo utilizado foi retirado do sistema UCT, pois no período de realização
desse teste as características biológicas e mecânicas desse lodo estavam
melhores que a do sistema Bardenpho. Os testes respirométricos foram
realizados com a amostra de lodo dentro da geladeira e o procedimento
utilizado durante os testes respirométricos baseou-se no procedimento descrito
na Seção 3.3.5 deste Capítulo e mais algumas etapas:
uma amostra de 1 L do licor misto do sistema UCT foi tomada num béquer e
transferida para a geladeira, sendo antes verificado o valor do pH da amostra
para avaliar se estava adequado para o desenvolvimento da atividade das
bactérias;
54
dentro da geladeira o licor misto era agitado e aerado. Quando se
estabeleceu a respiração endógena, a temperatura foi ajustada para 10
o
C.
Após 15 minutos, estabelecida a temperatura desejada no licor misto, foi
adicionado substrato (acetato de sódio) numa dosagem equivalente a 500
mg de DQO, suficiente para garantir a atividade exógena por até 15 horas de
teste;
a TCO foi medida semi-continuamente sendo registrados no mínimo três
valores no intervalo mantido de 15 minutos;
Influência do pH
O licor misto do sistema UCT foi também utilizado para esses testes pelas
mesmas razões anteriormente descritas. Os valores de pH testados nos testes
foram: 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, e 11.
Para determinação da atividade metabólica das bactérias heterotróficas
em ambiente aeróbio submetidas a diferentes valores de pH do licor misto, foi
realizado um teste conforme descrito neste Capítulo, Seção 3.3.5 e as
seguintes etapas de procedimento:
1 L da amostra era transferida ao béquer de 2 L e o pH ajustado ao valor
desejado (3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11). Para cada pH era usada uma nova
amostra.
quando estabelecida a respiração endógena, adicionava-se acetato de sódio
em uma concentração correspondente de DQO de 120 mg/L, concentração
esta, suficiente para o tempo do teste;
o respirômetro marcava os valores de TCO exógena até um período de 1
hora de exposição do lodo às condições de pH impostas.
Influência da concentração de OD
Para verificar a influência que a concentração de OD exerce sobre o
metabolismo das bactérias heterotróficas geradas em sistemas de lodo ativado,
foram realizados testes respirométricos específicos para esse fim. O lodo
utilizado para esses testes foi coletado do reator aeróbio do sistema UCT.
55
Um litro de licor misto do sistema UCT era posto sob agitação, controlada
pelo respirômetro sendo estabelecidas as concentrações máximas e nimas.
Para esse teste, variou-se as faixas de OD, através de um ajuste no próprio
respirômetro, de 0,5 mg/L a 1 mg/L; 1 mg/L a 2 mg/L; 2 mg/L a 3 mg/L; 3 mg/L a
4 mg/L; 4 mg/L a 5 mg/L; e 5 mg/L a 6 mg/L.
Para cada faixa de OD estudada adicionava-se acetato de sódio (120 mg/L
de DQO) e se verificava os pontos de TCO marcados pelo respirômetro,
permanecendo em média 15 minutos sob cada faixa de OD. Nesse intervalo de
tempo, no mínimo 3 pontos de TCO podiam ser observados.
3.3.7 Testes de Desnitrificação
Para os testes de desnitrificação foi utilizado o método espectrofotométrico
de absorção molecular pela técnica do salicilato de sódio, proposta por Rodier
(1975) para determinação de nitrato, e o método colorimétrico de diazotização
para determinação de nitrito. Essas análises laboratoriais aliadas aos
procedimentos que se seguem, compuseram a etapa mais específica da
pesquisa.
Os testes visaram à determinação da taxa de consumo de oxigênio
equivalente de nitrato e nitrito para o material rapidamente biodegradável,
lentamente biodegradável e taxa correspondente à respiração endógena para
os sistemas Bardenpho e UCT. Também foi realizada uma análise da influência
que fatores ambientais exercem sobre o processo de desnitrificação.
3.3.7.1 Desnitrificação via nitrato
Para a execução dos testes de desnitrificação via nitrato, após o
estabelecimento da TCO
end
do lodo de cada sistema operado (conforme
descrito na Seção 3.3.5 deste Capítulo), desenvolveu-se a metodologia
descrita a seguir:
a aeração era interrompida e deixava-se que o OD se tornasse nulo.
era adicionada uma concentração de 50 mg/L de solução de nitrato de
sódio e nenhum material orgânico;
56
que o lodo encontrava-se previamente em condição endógena, em um
primeiro momento, verificou-se a TCO equivalente referente ao consumo
endógeno.
Para isso coletou-se um volume de 50 mL da amostra de licor misto
(imediatamente centrifugado e o sobrenadante separado do lodo) tendo sido
considerado como ponto inicial, os primeiros 50 mL coletados. A concentração
de nitrato foi medida em diversos momentos, para que se observasse a
depleção de nitrato em função do tempo transcorrido.
Em média, o teste transcorria durante 4 horas, com coletas de 15 em 15
minutos, tendo sido coletadas 16 amostras nas primeiras execuções, e tendo
em vista a taxa constante, aumentou-se o intervalo de coleta dessas amostras,
sendo então coletados de meia em meia hora e de hora em hora. Foram
realizadas análises de DQO e nitrato. O pH era próximo da neutralidade e o OD
nulo.
Os cálculos que possibilitaram a conversão dessas concentrações de
nitrato para taxa de consumo de oxigênio equivalente se basearam na
estequiometria da reação de oxi-redução desses oxidantes que demonstra a
equivalência 2,86 gO
2
/gNO
3
-N. O cálculo mais detalhado desta relação está
apresentado no Capítulo 2, Seção 2.13.
Para determinar a taxa de consumo de oxigênio equivalente de nitrato do
material rapidamente biodegradável, o procedimento foi semelhante ao descrito
anteriormente (para respiração endógena) com o diferencial da adição de
acetato de sódio no começo do teste.
Os primeiros 50 mL coletados após a adição de solução de acetato de
sódio equivalente a 240 mg/L de DQO, eram considerados o ponto inicial e a
partir deste, durante 4 horas, eram coletados de 15 em 15 minutos para os
primeiros testes, e de meia em meia hora e de hora em hora para os testes
posteriores. Também foram realizadas análises de DQO e nitrato e monitorou-
se tanto o pH (mantendo-o próximo de 7) quanto o OD que era nulo. Para o
cálculo da TCO equivalente utilizou-se novamente a estequiometria da reação
química dos oxidantes (oxigênio e nitrato).
O procedimento para a determinação da TCO equivalente de nitrato para
material lentamente biodegradável foi quase em sua totalidade igual ao
anteriormente citado (para material rapidamente biodegradável) com a única
57
diferença quanto ao substrato adicionado. O substrato introduzido, dessa vez,
foi amido comercial na mesma concentração equivalente de DQO de 240 mg/L.
Os cálculos para a determinação da TCO equivalente de nitrato para
material lentamente biodegradável também seguiram a mesma sequência dos
anteriormente descritos. Foram realizados 10 testes de 4 horas para cada
situação (respiração endógena, com acetato de sódio e com amido comercial).
3.3.7.2 Desnitrificação via nitrito
A desnitrificação via nitrito foi determinada com o objetivo de verificar se,
mesmo quando o sistema não fosse operado sob condições que favorecessem
a chamada desnitrificação curta (processo descrito no Capítulo 2, Seção 2.13),
existiria uma resposta metabólica do lodo quando as condições mudassem e se
adicionasse uma concentração de nitrito, na ausência de oxigênio e nitrato.
Esses testes também foram realizados estando o lodo na fase endógena e
com substrato solúvel e particulado. Os procedimentos utilizados foram
semelhantes aos procedimentos com nitrato. A diferença foi somente quanto ao
aceptor final de elétrons fornecido (nitrato ou nitrito). Foram realizados 6 testes
de 4 horas para cada situação (respiração endógena, com acetato de sódio e
com amido comercial).
Os cálculos para a determinação da taxa de consumo de oxigênio
equivalente seguiram a descrição do Capítulo 2, Seção 2.13, considerando que
a relação estequiométrica do nitrito é de 1,71 mgO
2
/mgNO
2
-N.
3.3.7.3 Fatores que influenciam a desnitrificação
Os testes desta seção consistiram na submissão de 1 L de licor misto,
coletado do reator aeróbio do sistema UCT, a diferentes condições operacionais
e ambientais. Antes dos testes, verificava-se se o pH e OD estavam adequados
(aproximadamente 7 para o pH e 0 mg/L para o OD).
Os parâmetros analisados
foram temperatura, pH e concentração de OD.
58
Influência da temperatura
Os testes procedidos para verificar a influência que a temperatura exerce
sobre o processo de desnitrificação foram realizados de forma semelhante ao
descrito na seção 3.3.5.4. A principal mudança era que o processo o era
controlado pelo respirômetro e o OD era nulo e, além da adição de 500 mg/L de
solução de acetato de sódio, eram adicionados 50 mg/L de solução de nitrato
de sódio. A faixa de temperatura estudada, não variou a exemplo do teste
descrito na Seção 3.3.5.4 deste Capítulo, porém o intervalo entre os pontos
coletados foi maior devido à maior dificuldade para a realização de todo o
processo, já que amostras deveriam ser coletadas para a análise de nitrato.
Então, a faixa estudada foi de 10ºC a 50ºC, sendo realizados apenas 5 testes
sob as seguintes temperaturas: 10ºC, 20ºC, 30ºC, 40ºC e 50ºC.
O tempo de exposição a cada temperatura desejada durou em média 1
hora. Nesse intervalo de tempo, sob uma temperatura específica (de 10
o
C a
50
o
C), eram coletadas amostras e determinada a concentração de nitrato em
função do tempo.
A partir das concentrações de nitrato determinadas, pôde-se proceder com
os cálculos para a determinação da TCO equivalente, conforme descrito no
Capítulo 2, seção 2.13.
Influência do pH
Nos testes de influência do pH para as bactérias desnitrificantes, o
procedimento foi o mesmo descrito na seção 3.3.5.5, tendo como maior
diferença, a não utilização do respirômetro. Visto que, este teste deveria ser
procedido sob condições anóxicas, adicionou-se 50 mg/L de solução de nitrato
de sódio e manteve-se o OD nulo.
Os testes para determinar a influência do pH também seguiram o descrito
na seção 3.3.5.5 (com valores de pH de 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, e 11). Um
período de 1 hora de exposição do lodo às condições de pH impostas foi o
suficiente para a determinação da TCO equivalente.
59
A partir das concentrações de nitrato determinadas, pôde-se proceder com
os cálculos para a determinação da TCO equivalente, conforme descrito no
Capítulo 2, seção 2.13.
Influência da concentração de OD
Para verificar a influência que a concentração de OD exerce sobre o
metabolismo das bactérias desnitrificantes, foram realizados testes
respirométricos específicos.
O teste era feito sob atuação do respirômetro em que um litro de licor
misto do sistema UCT era posto sob agitação.
A aeração era controlada pelo respirômetro sendo estabelecidas as
concentrações máximas e mínimas. Esse teste, somado ao teste de influência
do OD sobre bactérias heterotróficas em geral, foi uma exceção a todos os
outros testes da pesquisa, em que se variaram faixas de OD através de um
ajuste no próprio respirômetro, que não permaneceu com um mínimo de 1 mg/L
e máximo de 3 mg/L. Sendo estabelecidas faixas de 0,5 mg/L a 1 mg/L; 1 mg/L
a 2 mg/L; 2 mg/L a 3 mg/L; 3 mg/L a 4 mg/L; 4 mg/L a 5 mg/L; e 5 mg/L a 6
mg/L.
Para cada faixa de OD estudada adicionava-se acetato de sódio (120 mg/L
de DQO) e 50 mg/L de nitrato de sódio, permanecendo em média 1 hora sob
cada faixa de OD. A análise de nitrato era realizada, após a coleta das
amostras em função do tempo, durante 4 horas. O procedimento de cálculo era
o mesmo do Capítulo 2, seção 2.13.
3.3.8 Determinação das constantes cinéticas e da capacidade de
desnitrificação
Para determinar a fração não biodegradável particulada (f
up
), por não
haver um método direto para essa determinação, o seguinte cálculo foi utilizado
(Equação 3.24):
X
v
= ((1 - f
us
- f
up
) * (1 + f * b
h
* R
s
) * C
r
+ f
up
* R
s
/ f
cv
) * S
ta
/ R
h
(Equação 3.24)
60
Para a determinação da DQO biodegradável afluente ao sistema (S
ba
)
(Equação 3.25):
S
ba
= (1 - f
us
- f
up
) * S
ta
(Equação 3.25)
O detalhamento de cada termo contido nessas equações e nas equações
das Tabelas 3.10 e 3.11 está descrito na Lista de Símbolos.
3.3.8.1 Sistema Bardenpho
Na Tabela 3.10 estão apresentadas as equações que foram utilizadas na
determinação das constantes cinéticas e da capacidade de desnitrificação do
sistema Bardenpho. As Equações 3.26 e 3.27 expressam as duas formas de
obter a capacidade de desnitrificação para o primeiro reator anóxico do sistema
Bardenpho.
As Equações 3.28 e 3.29 apresentam as duas formas para se determinar
a capacidade de desnitrificação do segundo reator anóxico do sistema
Bardenpho. As Equações 3.30 e 3.31 possibilitam a determinação da
capacidade de desnitrificação do último reator anóxico. A soma dessas três
capacidades resulta na capacidade de desnitrificação total do sistema
Bardenpho.
Tabela 3.10: Equações utilizadas para determinação das constantes cinéticas e
da capacidade de desnitrificação do sistema Bardenpho.
Equações para Determinação das Constantes Cinéticas
e da Capacidade de Desnitrificação do sistema Bardenpho
Equação
D
c1
= (0,12 * f
bs
+ k
2
* C
r
* f
x1
) * S
ba
3.26
D
c1
= (s * N
ne
) + (a * N
n3
) - ((a + s + 1) * (N
n1
))
3.27
D
c2
= k
2
* Cr * f
x2
* S
ba
3.28
D
c2
= (a + s + 1) * (N
n1
– N
n2
)
3.29
D
c4
= k
3
* C
r
* f
x4
* S
ba
3.30
D
c4
= (s + 1) * (N
nae
– N
n4
)
3.31
61
3.3.8.2 Sistema UCT
Na Tabela 3.11 estão apresentadas as equações que foram utilizadas na
determinação das constantes cinéticas e da capacidade de desnitrificação do
sistema UCT. As Equações 3.32 e 3.33 expressam duas formas de se obter a
capacidade de desnitrificação para o primeiro reator anóxico do sistema UCT.
As Equações 3.34 e 3.35 apresentam as duas formas para se determinar
a capacidade de desnitrificação do segundo reator anóxico do sistema
Bardenpho. A soma dessas duas capacidades resulta na capacidade de
desnitrificação total do sistema UCT.
Tabela 3.11: Equações utilizadas para determinação das constantes cinéticas e
da capacidade de desnitrificação do sistema UCT.
Equações para Determinação das Constantes Cinéticas
e da Capacidade de Desnitrificação do sistema UCT
Equação
D
c2
= k
2
* C
r
* f
x2
* S
ba
3.32
D
c2
= (a + s + r + 1) * (N
n3
– N
n2
)
3.33
D
c4
= k
3
* C
r
* f
x4
* S
ba
3.34
D
c4
= (s + 1) * (N
n3
– N
n4
)
3.35
62
CAPÍTULO 4
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
4.1 Introdução
Neste capítulo os dados obtidos em fase experimental serão
apresentados considerando-se os parâmetros de desempenho escolhidos para
os dois sistemas operados, referentes à eficiência de remoção de matéria
orgânica, ao processo de nitrificação e desnitrificação. Também serão
apresentados dados da atividade metabólica dos lodos heterotróficos gerados.
Grande parte dos dados foi compilada em médias das determinações
experimentais para cada idade de lodo, sendo também apresentado para cada
média os valores máximos, mínimos e a amplitude total obtida (AT, valor
máximo subtraído do valor nimo), além destes, foram utilizados outros
instrumentos de estatística básica como desvio padrão (DP) e coeficiente de
variação (CV).
4.2 Caracterização do Esgoto
Conforme descrito no Capítulo 3, na Seção 3.3.2, para definir o horário
de coleta e armazenamento do esgoto nos tanques de 300 L afluente aos dois
sistemas e caracterizar o esgoto bruto, foram coletadas amostras pontuais do
esgoto no período de 06:00 as 20:00 horas.
As amostras foram analisadas individualmente para se determinar o
horário em que as concentrações dos parâmetros analisados eram máxima e
mínima. Os resultados dessa caracterização estão apresentados na Tabela 4.1.
Para a variável amônia, a maior concentração foi encontrada às 08:30 da
manhã (54 mg/L). Para a variável DQO a maior concentração obtida foi às
09:00 horas. As variáveis amônia e DQO foram admitidas como as mais
importantes para a determinação do horário de alimentação dos tanques
63
afluentes, tendo sido a escolha do horário de coleta função do horário em que
esses parâmetros (amônia e DQO) se apresentaram em concentração máxima,
ficando estabelecido o horário para coleta entre 8:00 e 9:00 horas da manhã.
Tabela 4.1: Caracterização do esgoto afluente aos sistemas (valores máximos
e mínimos) e média das amostras compostas.
MÉDIA DA AC
MÍNIMO MÁXIMO DP CV AT
Horário da Coleta
- 12:30 8:30 - - -
NH
3
(mg/L)
36 28 54 7,9 0,2 26
MÉDIA DA AC
MÍNIMO MÁXIMO DP CV AT
Horário da Coleta
- 07:00 9:00 - - -
DQO (mg/L)
681 256 928 163 0,2 672
MÉDIA DA AC
MÍNIMO MÁXIMO DP CV AT
Horário da Coleta - 06:30 09:30 - - -
PT (mg/L)
5,1 3,4 7,2 0,9 0,2 3,8
MÉDIA DA AC
MÍNIMO MÁXIMO DP CV AT
Horário da Coleta
- 07:00 10:30 - - -
OPS (mg/L)
3,9 2,6 5,1 0,4 0,1 2,5
MÉDIA DA AC
MÍNIMO MÁXIMO DP CV AT
Horário da Coleta
- 06:00 08:00 - - -
pH (mg/L)
6,9 6,7 7,3 0,18 0,03 0,6
MÉDIA DA AC
MÍNIMO MÁXIMO DP CV AT
Horário da Coleta
- 18:30 09:00 - - -
ALCALINIDADE (mgCaCO
3
/L)
230 176 333 0,18 0,03 0,6
AC = Amostra Composta
4.3 Desempenho dos sistemas experimentais
O desempenho dos dois sistemas operados (Bardenpho e UCT) foi
analisado a partir das variáveis citadas na Tabela 3.6 do Capítulo 3, Seção
3.3.2.1. As Tabelas 4.2, 4.3, 4.4, 4.5, 4.6, 4.7, 4.8, 4.9, 4.10 e 4.11 contêm os
valores médio, máximo e mínimo, o coeficiente de variação (CV), o desvio
padrão (DP) e a amplitude total (AT) das variáveis analisadas de amostras
coletadas do afluente e efluente, durante os meses de julho de 2007 a maio de
2008.
Os valores médios são referentes a 15 determinações tanto para a idade
de lodo de 15 dias quanto para a idade de lodo de 20 dias.
64
Observando-se a Tabela 4.2, verifica-se que embora alimentados de um
mesmo reservatório, os valores afluentes médios de DQO para as duas idades
de lodo e para os dois sistemas de lodo ativado operados. Os valores médios
foram de 463 mg/L a 559 mg/L, para o sistema UCT e 485 mg/L e 550 mg/L
para o Bardenpho. Analisando-se os valores médios da DQO efluente dos dois
sistemas, calcula-se uma eficiência de remoção de 90% para o sistema
Bardenpho e 92%, aproximadamente, para o sistema UCT, independente das
idades de lodo aplicadas de 15 e 20 dias.
Tabela 4.2: Concentrações de DQO afluente e efluente aos sistemas referentes
às duas idades de lodo operadas (15 e 20 dias).
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
DQO
(mg/L)
Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15 Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15
Média
550 55 485 46 559 47 463 38
Max
626 103 584 95 700 89 537 58
Min
456 22 349 30 478 16 332 21
DP 53 26 68 22 60 20 72 11
CV
0,1 0,5 0,1 0,5 0,1 0,4 0,1 0,3
AT
170 81 235 92 222 73 205 37
Na Tabela 4.3 estão apresentados os resultados de nitrato determinados
durante o monitoramento dos sistemas e para cada idade de lodo operada. Os
valores referem-se a amostras coletadas do reator aerado (R3) e do efluente de
cada sistema.
Os valores médios de nitrato produzido no reator aeróbio (R3a e R3b)
dos sistemas para as duas idades de lodo, variaram de 9 mg/L a 10 mg/L,
Quanto às concentrações efluentes, a variação média foi de 0,8 mg/L a 3,0
mg/L.
Em percentuais, a remoção pode ser estimada em 86% e 91% para o
sistema Bardenpho nas idades de lodo 20 e 15 dias, respectivamente, e de
83% e 70% para o sistema UCT também nas idades de lodo 20 e 15 dias,
respectivamente.
65
Tabela 4.3: Concentrações de nitrato produzido no reator aeróbio e presente no
efluente do sistema Bardenpho e UCT, referentes às idades de lodo de 15 e 20
dias.
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
Nitrato
(mg/L)
R3a Efl 20 R3a Efl 15 R3b Efl 20 R3b Efl 15
Média
10 1,4 9 0,8 9 1,6 10 3,0
Max
13 2,4 12 1,6 12 2,8 12 4,0
Min
6,5 0,1 4,6 0,1 6,5 0,3 8,2 1,5
DP
2,2 0,7 1,7 0,4 1,7 0,8 1,1 0,7
CV
0,2 0,5 0,2 0,4 0,2 0,5 0,1 0,2
AT
6,5 2,2 7,9 1,5 5,5 2,5 3,9 2,4
Os valores médio, máximo e mínimo, obtidos através do monitoramento
da concentração de nitrito produzido no reator aeróbio e no efluente a cada
sistema e para cada idade de lodo estão apresentados na Tabela 4.4.
As concentrações médias de nitrito produzido nos reatores aeróbios (R3
a
e R3
b
) de cada sistema e para as duas idades de lodo, variaram de 0,7 mg/L a
2,5 mg/L. A concentração máxima de nitrito foi de 4,8 mg/L no R3
b
, determinada
no sistema UCT quando operado sob idade de lodo de 20 dias.
Quanto às concentrações de nitrito nos efluentes, a variação média foi de
0,6 mg/L a 1,9 mg/L, sendo a máxima determinada de 4,2 mg/L para o efluente
do sistema UCT na idade de lodo de 15 dias.
Tabela 4.4:
Concentrações de nitrito no reator aeróbio e no efluente dos
sistemas Bardenpho e UCT, referentes às duas idades de lodo operadas (15 e
20 dias).
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
Nitrito
(mg/L)
R3a Efl 20 R3a Efl 15 R3b Efl 20 R3b Efl 15
Média
1,3 0,8 0,8 1,0 2,5 0,6 0,7 1,9
Max
2,5 2,9 3,3 2,8 4,8 2,0 1,8 4,2
Min
0,3 0,0 0,0 0,0 0,4 0,0 0,0 0,2
DP
0,6 0,7 1,1 0,9 1,4 0,5 0,5 1,2
CV
0,4 0,9 1,3 0,9 0,5 0,9 0,8 0,6
AT
2,2 2,9 3,3 2,8 4,4 2,0 1,8 4,0
A Tabela 4.5 contém os valores dios, máximos e mínimos dos dados
relativos às concentrações de sólidos suspensos totais (SST) e sólidos
suspensos voláteis (SSV) dos sistemas Bardenpho e UCT. Analisando-se a
66
Tabela 4.5, nota-se que os valores médios das concentrações de sólidos
suspensos totais para as duas idades de lodo e para os dois sistemas de lodo
ativado operados, variaram de 3244 mg/L a 3739 mg/L, tendo como mínimos e
máximos os valores médios de 1320 mg/L a 4786 mg/L. Quanto às
concentrações de sólidos suspensos voláteis, a variação média foi de 2030
mg/L a 2619 mg/L, tendo como valores nimo e máximo, 894 mg/L e 3580
mg/L.
Tabela 4.5: Concentrações de SST e SSV determinadas em cada sistema de
lodo ativado (Bardenpho e UCT) referentes às duas idades de lodo operadas
(15 e 20 dias).
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
Sólidos
(mg/L)
ST 20 SSV 20 ST 15 SSV 15 ST 20 SSV 20 ST 15 SSV 15
Média
2826 2030 3054 2225 3738 2619 3243 2177
Max
4640 3484 3200 2532 4786 3580 3566 2480
Min
1320 894 2940 2096 1858 1282 2836 1946
DP
1140 848 73 102 972 681 185 157
CV
0,40 0,42 0,02 0,05 0,26 0,26 0,06 0,07
AT
3320 2590 260 436 2928 2298 730 534
A Tabela 4.6 contém os dados das concentrações médias, máximas e
mínimas de nitrogênio total Kjeldahl (NTK). Observando-se a Tabela 4.6,
verifica-se que os valores afluentes médios de NTK, para as duas idades de
lodo e para os dois sistemas de lodo ativado operados, variaram de 53 mg/L a
62 mg/L. Quanto às concentrações de NTK nos efluentes, a variação média foi
de 2 mg/L a 3 mg/L.
Em percentuais, as remoções foram, respectivamente para as idades de
lodo de 20 dias e 15 dias, de 95% e 97% para o sistema Bardenpho e de 96% e
97% para o sistema UCT.
Tabela 4.6: Concentrações de NTK afluentes e efluentes dos sistemas de lodo
ativado (Bardenpho e UCT) e referentes às duas idades de lodo operadas (15 e
20 dias).
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
NTK
(mg/L)
Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15 Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15
Média
59 2,8 54 1,8 62 2,5 53 1,7
67
Max
66 5,6 67 2,2 74 5,6 63 2,2
Min
53 1,6 46 1,5 50 1,7 45 0,6
DP
3,7 1,4 6,2 0,2 5,9 1,1 6,1 0,3
CV
0,1 0,5 0,1 0,1 0,1 0,4 0,1 0,2
AT
13,2 4,0 21,0 0,7 24,0 3,9 18,0 1,7
Observando-se a Tabela 4.7 que contém as concentrações médias,
máximas e mínimas de nitrogênio amoniacal, verifica-se que os valores
afluentes médios de amônia, para as duas idades de lodo e para os dois
sistemas de lodo ativado operados, variaram de 43 mg/L a 50 mg/L, tendo
como nimo e máximo os valores 35 mg/L a 59 mg/L. Quanto às
concentrações efluentes, a variação média foi de 0,6 mg/L a 1,3 mg/L.
Em percentuais, a redução na concentração de amônia (nitrificação) foi,
respectivamente para as idades de lodo de 20 dias e 15 dias, de 98% e 99%
para o sistema Bardenpho e de 97% e 99% para o sistema UCT.
Tabela 4.7: Concentrações de amônia afluentes e efluentes dos sistemas
Bardenpho e UCT, referentes às idades de lodo de 15 e 20 dias.
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
Amônia
(mg/L)
Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15 Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15
Média
50 1,2 47 0,6 47 1,3 43 0,6
Max
59 3,9 56 0,6 58 5,6 55 0,6
Min
42 0,6 36 0,6 39 0,6 35 0,6
DP
4,8 1,2 5,1 0,0 4,3 1,3 4,6 0,0
CV
0,1 1,0 0,1 0,03 0,1 1,1 0,1 0,04
AT
17,0 3,3 20,0 0,0 19,0 5,0 20,2 0,0
Na Tabela 4.8 contém os valores médios, máximos e mínimos da
alcalinidade afluente e efluente dos dois sistemas de lodo ativado e para as
duas idades de lodo operadas. Os valores médios variaram de 364 mgCaCO
3
/L
a 385 mgCaCO
3
/L. Quanto às concentrações efluentes, a variação média foi de
167 mgCaCO
3
/L a 189 mgCaCO
3
/L.
Tabela 4.8: Concentrações da alcalinidade afluente e efluente dos sistemas
Bardenpho e UCT, referentes às idades de lodo de 15 e 20 dias.
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
Alcalinidade
(mgCaCO
3
/L)
Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15 Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15
68
Média
364 178 379 167 383 176 385 189
Max
408 212 442 192 408 212 481 301
Min
295 151 301 145 333 141 299 123
DP
30 14 41 13 22 24 54 40
CV
0,08 0,08 0,11 0,08 0,06 0,14 0,14 0,21
AT
113 61 141 47 74 71 182 178
Na Tabela 4.9, onde se encontram os valores médios, máximos e
mínimos do pH afluente e efluente dos sistemas investigados, verifica-se que os
valores afluentes médios de pH para as duas idades de lodo e para os dois
sistemas de lodo ativado operados, variaram de 7,5 mg/L a 7,7 mg/L. Quanto às
concentrações efluentes, a variação média foi de 7,8 mg/L a 8,0 mg/L.
Tabela 4.9: Valores do pH afluente e efluente dos sistemas de lodo ativado
(Bardenpho e UCT) e referentes às duas idades de lodo operadas (15 e 20
dias).
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
pH
Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15 Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15
Média
7,5 8,0 7,5 7,8 7,7 8,0 7,6 7,8
Max
7,9 8,2 7,9 8,2 8,0 8,3 8,1 8,3
Min
7,1 7,4 7,1 7,0 7,1 7,6 7,4 7,5
DP
0,3 0,2 0,3 0,3 0,3 0,2 0,2 0,2
CV
0,04 0,03 0,04 0,04 0,04 0,02 0,03 0,02
AT
0,8 0,7 0,8 1,2 0,9 0,7 0,8 0,8
Na Tabela 4.10 observam-se os valores da concentração de fósforo total
afluente e efluente aos dois sistemas de lodo ativado operados e para as duas
idades de lodo. A concentração dia afluente aos dois sistemas variou de 7,4
mg/L a 8,9 mg/L. Quanto às concentrações efluentes, a variação média foi de
2,3 mg/L a 4,9 mg/L.
Em percentuais, as remoções foram, respectivamente para as idades de
lodo de 20 dias e 15 dias, de 66% e 49% para o sistema Bardenpho, e de 74%
e 39% para o sistema UCT.
Tabela 4.10: Concentrações de fósforo total afluente e efluente dos sistemas de
lodo ativado (Bardenpho e UCT) e referentes às duas idades de lodo operadas
(15 e 20 dias).
Fósforo
Bardenpho UCT
69
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
Total
(mg/L)
Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15 Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15
Média
8 2,8 7 3,8 9 2,3 8 4,9
Max
11 5,1 10 6,2 11 6,7 10 7,4
Min
6 1,3 6 2,5 6 0,4 5 1,9
DP
1,3 1,1 1,1 1,3 1,4 1,8 1,5 1,5
CV
0,2 0,4 0,1 0,3 0,2 0,8 0,2 0,3
AT
4,9 3,8 3,9 3,7 5,2 6,3 5,1 5,5
Observando-se a Tabela 4.11, verifica-se que as concentrações de
ortofosfato afluentes médias, para as duas idades de lodo e para os dois
sistemas de lodo ativado operados, variaram de 5,0 mg/L a 6,5 mg/L. Quanto às
concentrações efluentes, a variação média foi de 2,2 mg/L a 4,4 mg/L.
Em percentuais, as remoções foram, respectivamente para as idades de
lodo de 20 dias e 15 dias, de 64% e 36% para o sistema Bardenpho e de 66% e
17% para o sistema UCT, também para as idades de lodo 20 e 15 dias,
respectivamente.
Tabela 4.11: Concentrações de ortofosfato afluentes e efluentes de cada
sistema de lodo ativado (Bardenpho e UCT) e referentes às duas idades de
lodo (15 e 20 dias).
Bardenpho UCT
R
s
= 20 R
s
= 15 R
s
= 20 R
s
= 15
Ortofosfato
(mg/L)
Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15 Afl 20 Efl 20 Afl 15 Efl 15
Média
6,1 2,2 5,0 3,2 6,5 2,2 5,3 4,4
Max
7,4 4,7 6,7 5,4 8,5 5,9 6,9 6,6
Min
3,1 0,8 3,4 1,2 4,5 ND 3,0 1,5
DP
1,1 1,1 1,0 1,2 1,0 2,0 1,3 1,5
CV
0,18 0,51 0,20 0,36 0,15 0,92 0,24 0,35
AT
4,31 3,86 3,30 4,20 4,01 5,90 3,90 5,10
ND: não detectado pelo método padrão utilizado.
Nas Tabelas 4.12, 4.13, 4.14a, 4.14b, 4.15a e 4.15b estão concentrações
médias, máximas e mínimas dos parâmetros analisados de amostras coletadas
dos reatores do sistema Bardenpho e do sistema UCT obtidas durante a
operação com idade de lodo de 20 e 15 dias, conforme a Tabela 3.6 do
Capítulo 3, seção 3.3.4.
70
A Tabela 4.12 contém as concentrações de NTK. Foram analisadas
apenas amostras do primeiro reator de cada sistema para efeito de cálculos das
constantes de desnitrificação e balanço de massa (Tabela 4.13).
Tabela 4.12: Concentrações de NTK no reator R1
a
reator anóxico e R1
b
reator anaeróbio do sistema Bardenpho e UCT, R
s
de lodo de 20 e 15 dias.
NTK (mg/L) do primeiro reator dos sistemas
Idade de lodo de 20 dias Idade de lodo de 15 dias
Sistema Sistema Sistema Sistema
Bardenpho UCT Bardenpho UCT
R1
a
R1
b
R1
a
R1
b
Média
14 50 12 28
Max
19 67 17 35
Min
4 42 7 18
DP
5,1 8,5 2,9 4,9
CV
0,4 0,2 0,2 0,2
AT
14,5 25,3 9,5 16,5
Na Tabela 4.13 estão apresentadas as concentrações de amônia nos
reatores dos sistemas Bardenpho e UCT. Os dados são referentes aos reatores
R1 e R3 de cada sistema, para efeito de cálculos das constantes de
desnitrificação e balanço de massa.
A partir da Tabela 4.13, observa-se que a concentração de amônia no
reator aeróbio de cada sistema (R3
a
e R3
b
) foi praticamente igual à obtida no
efluente desses sistemas, conforme visto na Tabela 4.7.
Tabela 4.13: Concentrações de amônia nos reatores R1
a
e R3
a
e R1
b
e R3
b
do
sistema Bardenpho e UCT, R
s
de 20 dias e 15 dias.
Ania (mg/L) com R
s
20 dias Amônia (mg/L) com R
s
15 dias
Sistema Bardenpho
Sistema UCT Sistema Bardenpho
Sistema UCT
R1
a
R3
a
R1
b
R3
b
R1
a
R3
a
R1
b
R3
b
Média
13 2,2 40 1,0 9 0,6 23 0,6
Max
18 5,0 46 1,5 12 0,6 32 0,6
Min
3 0,5 31 0,6 7 0,6 17 0,6
DP
5,0 1,6 4,7 0,4 1,7 0,0 4,5 0,0
CV
0,4 0,7 0,1 0,4 0,2 0,0 0,2 0,0
AT
14,6 4,5 15,3 0,9 5,1 0,0 15,2 0,0
Nas Tabelas 4.14a e 4.14b encontram-se as concentrações de nitrato
nos quatro reatores de cada sistema operado para as idades de lodo de 20 dias
71
e de 15 dias. Além de utilizados para cálculos de balanços de massa e da
determinação das constantes cinéticas de desnitrificação, esses dados são
importantes para um bom conhecimento sobre os processos de nitrificação e
desnitrificação que ocorreram dentro dos sistemas.
Tabela 4.14a: Concentrações de nitrato nos reatores do sistema Bardenpho e
UCT. R
s
= 20 dias.
Nitrato (mg/L) com idade de lodo de 20 dias
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R1
a
R2
a
R3
a
R4
a
R1
b
R2
b
R3
b
R4
b
Média
1,7 0,2 10,1 4,6 0,7 3,2 9,4 2,3
Max
4,6 1,2 13,0 8,4 0,9 4,5 12,0 3,2
Min
0,4 0,0 6,5 3,0 0,2 1,2 6,5 1,7
DP
1,4 0,4 2,3 1,8 0,2 1,1 1,9 0,4
CV
0,8 2,6 0,2 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2
AT
4,2 1,2 6,5 5,4 0,7 3,3 5,5 1,5
Tabela 4.14b: Concentrações de nitrato nos reatores do sistema Bardenpho e
do sistema UCT referentes à idade de lodo de 15 dias.
Nitrato (mg/L) com idade de lodo de 15 dias
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R1
a
R2
a
R3
a
R4
a
R1
b
R2
b
R3
b
R4
b
Média
2,2 0,2 9,2 1,6 0,8 3,6 9,9 3,8
Max
3,6 0,6 12,5 3,9 1,3 4,3 12,1 4,5
Min
0,2 0,0 4,6 0,8 0,4 2,5 8,2 2,7
DP
1,2 0,2 2,1 0,9 0,3 0,6 1,2 0,6
CV
0,5 1,0 0,2 0,6 0,4 0,2 0,1 0,2
AT
3,4 0,6 7,9 3,1 0,9 1,8 3,9 1,8
Nas Tabelas 4.15a e 4.15b encontram-se os resultados das análises de
nitrito em todos os reatores dos sistemas e para as idades de lodo de 20 dias e
de 15 dias.
Tabela 4.15a: Concentrações de nitrito nos reatores do sistema Bardenpho e
UCT. R
s
= 20 dias.
Nitrito (mg/L) com idade de lodo de 20 dias
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R1
a
R2
a
R3
a
R4
a
R1
b
R2
b
R3
b
R4
b
Média
0,3 0,1 1,3 1,2 0,1 0,7 2,3 2,1
Max
1,3 0,2 2,5 4,5 1,1 2,8 4,6 4,5
Min
0,0 0,0 0,3 0,1 0,0 0,0 0,4 0,0
72
DP
0,4 0,1 0,6 1,3 0,3 1,0 1,3 1,4
CV
1,5 1,1 0,5 1,1 3,0 1,5 0,6 0,7
AT
1,3 0,2 2,2 4,4 1,1 2,8 4,2 4,5
Tabela 4.15b: Concentrações de nitrito nos reatores do sistema Bardenpho e
UCT. R
s
= 15 dias.
Nitrito (mg/L) com idade de lodo de 15 dias
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R1
a
R2
a
R3
a
R4
a
R1
b
R2
b
R3
b
R4
b
Média
0,8 0,3 0,7 1,4 0,5 0,9 0,7 1,1
Max
1,6 1,2 3,3 2,7 1,6 3,6 1,8 4,2
Min
0,2 0,0 0,0 0,8 0,0 0,0 0,0 0,0
DP
0,4 0,4 1,1 0,6 0,5 1,1 0,6 1,3
CV
0,5 1,4 1,7 0,4 1,0 1,2 0,9 1,2
AT
1,4 1,2 3,3 1,9 1,6 3,6 1,8 4,2
4.3.1 Resultados de sedimentação
Através dos testes de sedimentação foram determinadas as constantes
de sedimentabilidade de Vesilind (k e v
o
). Os valores médios dessas constantes
estão apresentados na Tabela 4.16. Como podem ser vistos, os valores médios
da constante k variaram de 0,25 L/g a 0,27 L/g para as duas idades de lodo e
para os dois sistemas, apresentando uma pequena variação. os valores
médios da constante v
0
variaram de 14,04 m/h a 26,92 m/h também
considerando os dois sistemas operados e as duas idades de lodo.
Ainda pode ser observado na Tabela 4.16 que o desvio padrão e o
coeficiente de variação apresentaram-se baixos, o que garante uma pequena
variação de resultados referentes aos testes de sedimentabilidade realizados.
É interessante observar que o valor de k (a constante relativa a
sedimentação por compressão) foi praticamente invariável em qualquer das
condições operadas (sistemas ou idades de lodo diferentes). Todavia a
constante v
o
foi bem mais baixa para o sistema Bardenpho do que para o
sistema UCT (o que mostra que o sistema UCT tem a característica de
sedimentação melhor em relação ao sistema Bardenpho).
Tabela 4.16: Constantes de sedimentabilidade para o sistema Bardenpho e
UCT. R
s
de 20 dias e de 15 dias.
Constantes de Sedimentabilidade
73
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias
K (L/g) V
o
(m/h) k (L/g) V
o
(m/h) k (L/g) V
o
(m/h) K (L/g) V
o
(m/h)
Média
0,28 14,32 0,25 14,02 0,29 26,92 0,27 26,41
Max
0,32 18,60 0,29 15,60 0,34 36,50 0,30 31,20
Min
0,24 12,20 0,21 12,10 0,23 9,28 0,23 22,50
DP
0,03 2,02 0,02 1,23 0,04 6,91 0,02 2,30
CV
0,09 0,14 0,09 0,09 0,13 0,26 0,07 0,09
AT
0,08 6,40 0,08 3,50 0,11 27,22 0,07 8,70
4.3.2 Resultados da TCO “in locu”
Os resultados das determinações da TCO “in locu” (nos sistemas, de
forma manual, sem uso do respirômetro), observadas na Tabela 4.17, mostram
que este parâmetro variava para cada sistema e cada idade de lodo operada. O
valor máximo e o valor mínimo tiveram uma considerável diferença devido às
variações diárias que ocorriam nos sistemas, como matéria orgânica afluente e
flutuações na concentração de sólidos. Para a idade de lodo de 15 dias os
valores foram inferiores aos referentes à idade de lodo de 20 dias para ambos
os sistemas.
Os resultados da Tabela 4.17 também demonstram que o metabolismo
(autotrófico acrescido do heterotrófico) do lodo do sistema Bardenpho esteve
inferior ao do sistema UCT durante a operação de 20 dias e de 15 dias.
Tabela 4.17: Taxa de consumo de oxigênio “in locu” do sistema Bardenpho e
do sistema UCT referentes às idades de lodo de 20 dias e de 15 dias.
Taxas de Consumo de Oxigênio "in locu" (mg/L/h)
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias
Média
55 40 60 45
Max
66 53 68 59
Min
36 29 45 31
DP
8,2 7,2 7,3 9,2
CV
0,1 0,2 0,1 0,2
AT
30,0 24,0 23,0 28,0
4.4 Resultados dos Balanços de Massa
4.4.1 Nitrogênio
Na Tabela 4.18 estão apresentados os valores médios do balanço de
massa do material nitrogenado dos sistemas Bardenpho e UCT durante a
operação com idades de lodo de 20 dias e de 15 dias. Percebe-se que esses
74
valores se desviam em menos de 10% da unidade. Esses resultados mostram
que as análises laboratoriais foram conduzidas de forma confiável (VAN
HAANDEL e MARAIS, 1999).
Tabela 4.18: Balanço de massa de material nitrogenado do sistema Bardenpho
e do sistema UCT referentes às idades de lodo de 20 dias e de 15 dias.
Balanços de Massa de Material Nitrogenado
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias
Média
0,93 0,96 0,92 0,95
Max
1,08 1,08 1,08 1,04
Min
0,78 0,80 0,83 0,81
DP
0,12 0,09 0,08 0,11
CV
0,13 0,10 0,09 0,11
AT
0,42 0,28 0,25 0,33
4.4.2 Matéria Orgânica
Na Tabela 4.19 estão apresentados os resultados referentes aos
balanços de massa de material orgânico (expresso em forma de DQO) do
sistema Bardenpho e do sistema UCT durante a operação com idades de lodo
de 20 dias e de 15 dias.
Constata-se que ocorreu uma boa aproximação ao valor teórico de 1,
estando apenas menos de 6% distante desse resultado.
Tabela 4.19: Balanço de massa de material orgânico do sistema Bardenpho e
do sistema UCT referentes às idades de lodo de 20 dias e de 15 dias.
Balanços de Massa de Material Orgânico
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias
Média
0,97 0,97 0,94 0,96
Max
1,02 1,02 1,03 1,08
Min
0,92 0,87 0,81 0,85
DP
0,04 0,05 0,06 0,05
CV
0,04 0,05 0,07 0,06
AT
0,10 0,15 0,22 0,23
75
4.5 Testes Respirométricos
4.5.1 Resultados das frações de matéria orgânica biodegradável
Observando a Tabela 4.20, verifica-se que a fração biodegradável
solúvel do esgoto de Campina Grande é bem inferior a fração biodegradável
particulada. Embora sendo a fração biodegradável elevada, chegando a 75%,
apenas 13% deste percentual está associado ao material solúvel e rapidamente
biodegradável.
Tabela 4.20: Fração de matéria orgânica presentes no esgoto de Campina
Grande obtidas através de testes respirométricos.
Frações Biodegradáveis do
Esgoto de Campina Grande
f
bs
f
bp
f
b
Média
0,13 0,62 0,75
Max
0,16 0,64 0,78
Min
0,10 0,60 0,72
DP
0,03 0,02 0,03
CV
0,23 0,02 0,03
AT
0,06 0,04 0,06
f
b
: fração biodegradável total; f
bs
: fração biodegradável solúvel; f
bp
: fração
biodegradável particulada.
4.5.2 TCO do lodo heterotrófico na presença de oxigênio
Conforme relatado no Capítulo 3 (Seção 3.3.6.2), testes respirométricos
foram realizados com bateladas de lodo gerado nos dois sistemas operados,
usando-se substratos específicos, com a finalidade de se obter a TCO das
bactérias heterotróficas consumindo matéria orgânica solúvel e matéria
orgânica particulada. Os resultados dos testes utilizando-se acetato de sódio
como material solúvel e amido comercial como material particulado estão na
Tabela 4.21.
Verifica-se que, para o substrato solúvel, a TCO do lodo do sistema
Bardenpho (sistema A) foi maior que a do lodo do sistema UCT (sistema B)
quando utilizado como fonte material orgânico, não ocorrendo o mesmo quando
utilizado substrato particulado, sendo a TCO do sistema UCT maior nessa
situação. Quando se tinha a ausência de substrato externo (determinação da
76
TCO endógena), percebe-se que o sistema UCT apresentava melhor taxa que o
sistema Bardenpho.
Tabela 4.21: TCO do lodo heterotrófico gerado nos sistemas A (Bardenpho) e B
(UCT), para substrato solúvel e particulado e TCO endógena.
Taxa de Consumo de Oxigênio (mg/L/h) – Ambiente Aeróbio
Exógena
Solúvel Particulado Endógena
A B A B A B
Média
51 37 11 17 10 12
Max
61 50 11 19 12 16
Min
41 26 10 15 8 10
DP
6 7 0,3 2 1 2
CV
0,12 0,18 0,03 0,09 0,13 0,16
AT
20 24 1 5 4 5
As Figuras 4.1 e 4.2 apresentam respirogramas obtidos através de um
dos 15 testes realizados para a determinação da TCO de bactérias
heterotróficas em ambiente aeróbio para cada sistema operado (UCT e
Bardenpho, respectivamente). A partir desses respirogramas pode-se observar
a diferença entre a TCO
max
e a TCO
end
.
Para o sistema UCT (Figura 4.1) a TCO
max
esteve entre 40 e 50 mg/L/h
enquanto a TCO
end
esteve entre 10 e 15 mg/L/h. A TCO
exo
desse teste resultou
em 35 mg/L/h. para o sistema Bardenpho (Figura 4.2) a TCO
max
manteve-se
próxima a 60 mg/L/h, enquanto a TCO
end
esteve entre 10 e 15 mg/L/h como no
sistema UCT. A TCO
exo
desse teste resultou em 45 mg/L/h.
77
Figura 4.1: Respirograma referente à TCO
max
do lodo heterotrófico do sistema
UCT após adição de substrato solúvel.
Figura 4.2: Respirograma referente à TCO
max
do lodo heterotrófico do sistema
Bardenpho após adição de substrato solúvel.
78
Na Figura 4.3 observa-se um respirograma de um dos testes realizados
para determinação da TCO
max
do lodo heterotrófico do sistema UCT quando
adicionado substrato particulado. Percebe-se que num primeiro momento a
TCO
max
é bem superior (30 mg/L/h) e em seguida decresce rapidamente
mantendo-se por um período consideravelmente grande até restabelecimento
da TCO
end
(10 mg/L/h).
A TCO
max
inicial corresponde a utilização de material solúvel presente no
amido comercial utilizado para o teste, que segundo Silva Filho (2003) fica em
torno de 2% da DQO total desse substrato. Em seguida, ao ser consumida a
pequena parcela solúvel do amido comercial, ocorre utilização do material
particulado (de 20mg/L/h a 15mg/L/h). Quando então a TCO
end
é restabelecida.
Na Figura 4.4 percebe-se que o mesmo comportamento apresentou o
lodo do sistema Bardenpho, todavia a TCO
max
para material solúvel (primeiros
pontos obtidos no respirograma), foi maior que a obtida nos testes com lodo do
sistema UCT. Esse fato era previsto diante dos valores obtidos para TCO
max
com substrato solúvel (TCO
max
Bardenpho maior que UCT).
Figura 4.3: Respirograma referente à TCO
max
do lodo heterotrófico do sistema
UCT após adição de substrato particulado.
79
Figura 4.4: Respirograma referente à TCO
max
do lodo heterotrófico do sistema
Bardenpho após adição de substrato particulado.
4.6 Testes de Desnitrificação
4.6.1 TCO
eq
do lodo heterotrófico na ausência de oxigênio (desnitrificação
via nitrato)
Conforme se observa na Tabela 4.22, a TCO equivalente de nitrato do
lodo dos sistemas, foi, para o sistema Bardenpho, maior quando utilizado
material solúvel (acetato) como fonte material orgânica, apresentando-se
semelhantemente à taxa obtida em ambiente aeróbio (TCO na presença de
oxigênio). Quando ocorreram as seguintes situações: adição de material
particulado (amido) e lodo com ausência de substrato externo (determinação da
TCO endógena), os resultados, semelhantemente ao em ambiente aeróbio,
também mostram que o sistema UCT apresentava maior atividade que o
sistema Bardenpho.
80
Tabela 4.22: TCO equivalente de nitrato do lodo gerado nos sistemas A
(Bardenpho) e B (UCT) referentes aos materiais solúvel, particulado e TCO
endógena.
Taxa de Consumo de Oxigênio Equivalente (mg/L/h) - Ambiente Axico (nitrato)
Solúvel Particulado Endógena
A B A B A B
Média
51 36 11 18 10 12
Max
57 46 11 19 11 16
Min
41 21 10 15 8 10
DP
5 7 0,4 1 1 2
CV
0,10 0,18 0,04 0,08 0,12 0,17
AT
15 25 1 4 3 6
4.6.2 TCO
eq
do lodo heterotrófico na ausência de oxigênio (desnitrificação
via nitrito)
Observando a Tabela 4.23, percebe-se que a taxa de consumo de
oxigênio equivalente de nitrito, para o sistema Bardenpho, foi maior quando
utilizado material solúvel (acetato) como fonte material orgânica,
semelhantemente à tendência obtida no ambiente aeróbio e no ambiente
anóxico via nitrato, onde o sistema Bardenpho também apresentou maiores
valores de TCO. Quando ocorreram as seguintes situações: adição de material
particulado (amido) e determinação da TCO endógena com nitrito, os resultados
foram também semelhantes aos obtidos em ambiente somente com nitrato,
tanto para a TCO exógena como para a TCO endógena, percebendo-se que o
sistema UCT apresentava melhores taxas que o sistema Bardenpho nessas
condições.
Tabela 4.23: TCO equivalente de nitrito dos sistemas Bardenpho e UCT
referentes aos materiais solúvel, particulado e TCO endógena.
Taxa de Consumo de Oxigênio Equivalente (mg/L/h) - Ambiente Anóxico (nitrito)
Solúvel Particulado Endógena
A B A B A B
Média
30 16 5 7 2 3
Max
33 17 6 7 3 3
Min
28 14 5 6 2 3
DP
2 1 0,2 0,3 0,2 0,1
CV
0,07 0,09 0,04 0,05 0,10 0,03
AT
5 3 0,5 1 0,6 0,3
81
Dos resultados obtidos com os testes de desnitrificação via nitrito
(Tabela 4.23), também se pode constatar que a taxa de consumo de oxigênio
equivalente de nitrito, quando o substrato é solúvel, apresentou-se em torno de
60% em relação à taxa de consumo de oxigênio de nitrato, para o sistema
Bardenpho, e 45% para o sistema UCT.
Quando o substrato é particulado houve uma inversão desse percentual
(sofre uma inversão evite falar sentimentos para coisas), para o sistema
Bardenpho apresenta-se em torno de 45% e para o sistema UCT em torno de
60%. Percebe-se que a configuração do sistema influencia de forma direta nos
resultados, favorecendo a utilização mais pida da DQO solúvel ou particulada
(utilizando nitrito como aceptor) de acordo com o lodo gerado.
4.7 Constantes cinéticas
Nas Tabelas 4.24a, 4.24b e 4.24c estão apresentadas as taxas de
utilização de oxigênio dissolvido (OD), e as taxas equivalentes a nitrito e nitrato,
representadas em termos de mgO.mgX
a
-1
.dia
-1
, calculadas para facilitar a
discussão dos resultados dessa investigação, sendo X
a
a massa de lodo ativo
determinado através da respirometria, conforme descrito no Capítulo 2, Seção
2.15 e Equação 2.14a e 2.14b.
Para o substrato solúvel, essas taxas equivalentes, tanto as equivalentes a
nitrato quanto a nitrito, foram maiores para o lodo gerado no sistema
Bardenpho. O sistema UCT seguiu a tendência observada em outros testes
semelhantes (anteriormente apresentados nesse Capítulo, Seção 4.5 e 4.6),
demonstrando maior taxa para substratos lentamente biodegradáveis como o
amido e o material celular endógeno.
Tabela 4.24a: Constantes cinéticas referente à TCO, por miligrama de sólidos
ativos por dia, para os sistemas Bardenpho e UCT com substratos solúvel,
particulado e fase endógena.
Oxigênio - mgO/mgX
a
/d
A B
X
a
= 724 mg/L X
a
= 788 mg/L
Solúvel Particulado Endógena Solúvel Particulado Endógena
1,69 0,36 0,33 1,13 0,52 0,37
82
Tabela 4.24b: Constantes cinéticas referente à TCO equivalente de nitrato, por
miligrama de sólidos ativos por dia, para os sistemas Bardenpho e UCT com
substratos solúvel, particulado e fase endógena.
Nitrato - mgO/mgX
a
/d
A B
X
a
= 724 mg/L X
a
= 788 mg/L
Solúvel Particulado Endógena Solúvel Particulado Endógena
1,69 0,36 0,33 1,10 0,55 0,37
Tabela 4.24c: Constantes cinéticas referente à TCO, por miligrama de sólidos
ativos e por dia, para os sistemas Bardenpho e UCT com substratos solúvel,
particulado e fase endógena.
Nitrito - mgO/mgX
a
/d
A B
X
a
= 724 mg/L X
a
= 788 mg/L
Solúvel Particulado Endógena Solúvel Particulado Endógena
0,99 0,17 0,07 0,49 0,21 0,09
Os valores das constantes de desnitrificação (Tabela 4.25) foram maiores
para o sistema UCT (idade de lodo de 20 dias: k
2
= 0,21 e k
3
= 0,13 e idade de
lodo de 15 dias: k
2
= 0,19; e k
3
=0,11) do que para o sistema Bardenpho (idade
de lodo de 20 dias = k
2
(0,15); k
3
(0,10) e idade de lodo de 15 dias = k
2
(0,17); k
3
(0,10)).
Tabela 4.25: Constantes cinéticas de desnitrificação (k
2
e k
3
) obtidas dos
sistemas Bardenpho e UCT para as duas idades de lodo operadas (20 dias e 15
dias).
Constantes Cinéticas de Desnitrificação mgN.mgX
a
-1
.d
-1
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias
k
2
0,15 0,17 0,21 0,19
k
3
0,10 0,10 0,13 0,11
4.8 Capacidade de desnitrificação
A capacidade de desnitrificação de cada reator anóxico dos dois
sistemas operados foi determinada através dos cálculos definidos no Capítulo
3 e os resultados estão na Tabela 4.28.
83
Os valores constantes na Tabela 4.26 demonstram que para o sistema
Bardenpho a capacidade de desnitrificação do primeiro reator anóxico (R1
a
) foi
menor do que a capacidade observada no segundo reator desse sistema (R2
a
),
pois apesar do material solúvel estar mais facilmente acessível ao lodo em R1
a
,
provavelmente o volume do reator foi mais determinante do que o tipo de
substrato disponível.
Quando se compara os dois sistemas percebe-se que para o segundo
reator anóxico (R2
a
e R2
b
), a maior capacidade observada é referente ao
sistema UCT. Quando se analisa os reatores pós-D observa-se que
praticamente a mesma capacidade é atingida nos dois sistemas.
Tabela 4.26: Capacidade de desnitrificação nos reatores R1 (D
c1
), R2 (D
c2
), R4
(D
c4
) e, capacidade de desnitrificação completa (D
c
) nos sistemas Bardenpho e
UCT para as idades de lodo de 20 dias e de 15 dias.
Capacidade de Desnitrificação (mgN/L)
Sistema Bardenpho Sistema UCT
R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias R
s
= 20 dias R
s
= 15 dias
D
c1
13 14 - -
D
c2
25 23 38 35
D
c4
11 12 10 12
D
c
49 49 48 47
4.9 Fatores de influência ao metabolismo heterotrófico aeróbio e anóxico
4.9.1 Efeito da Temperatura
Na Tabela 4.27 estão apresentadas as temperaturas: mínima, abaixo da
qual o ocorre resposta metabólica; temperatura ótima, por apresentar melhor
resposta metabólica e; temperatura máxima, onde acima desse valor o
metabolismo decaiu de forma significativa. Os valores apresentados na Tabela
4.27 foram obtidos através de testes respirométricos (para as bactérias
heterotróficas em ambiente aeróbio) e de testes específicos de desnitrificação
(para as bactérias heterotróficas em ambiente anóxico) descritos no Capítulo 3,
Seção 3.3.6.3.
84
Tabela 4.27: Temperaturas mínima, ótima e máxima, para as bactérias
heterotróficas e heterotróficas desnitrificantes.
Tipo da Bactéria T mínima
(ºC) T ótima
(ºC) T máxima (ºC)
BH (heterotróficas) 16 38 46
BHD (heterotróficas desnitrificantes) 10 a 20 30 a 40 40 a 50
4.9.2 Efeito do pH
A Tabela 4.28 contém os dados da TCO das bactérias heterotróficas na
presença de oxigênio e TCO equivalente das bactérias heterotróficas na
ausência de oxigênio e presença de nitrato sob condições de pH variadas de 3
a 11. Observando-se a Tabela 4.28 verifica-se que para a faixa de pH de 3 a 4
não ocorre reação metabólica das bactérias. A partir do pH 5 a atividade
metabólica aumenta gradativamente atingindo a máxima quando o pH = 8,
sendo o intervalo entre pH 7 e 9 o ótimo, ou seja a melhor faixa de pH.
Observa-se ainda a Tabela 4.28 vê-se que os resultados dos testes
respirométricos utilizando-se oxigênio (TCO) e nitrato (TCO equivalente) como
oxidantes são bastante próximos.
Tabela 4.28: Influência do pH, sobre o metabolismo das bactérias heterotróficas
(TCO) e heterotróficas desnitrificantes (TCO
eq
).
TCO e TCO equivalente (mg/L/h)
pH TCO TCO equivalente
3
0 0
4
0 0
5
4,88 5,23
6
10 10,3
7
15,7 13,99
8
25,3 23,59
9
18,4 16,7
10 3,8 4,1
11
0 0
4.9.3 Efeito do Oxigênio Dissolvido
Na Tabela 4.29 encontram-se os valores de TCO equivalente (na
presença de OD e nitrato). O lodo foi submetido durante os testes
respirométricos a concentrações de OD de 0; 0,5; 1; 2; 3; 4 e 5 mg/L, reguladas
pelo respirômetro. Para cada concentração de OD testada, valores de TCO
eram obtidos e a TCO
eq
era determinada, através de análise de amostras do
85
lodo testada. Na Tabela 4.29 verifica-se que quanto maior era a concentração
de OD menor era a TCO
eq
.
Na Tabela 4.30 encontram-se os valores de TCO obtidos no teste de
influência do OD sobre o metabolismo heterotrófico. E na Figura 4.5 um
respirograma representativo de um dos testes para a determinação da
influência do OD sobre o metabolismo heterotrófico. Percebe-se que não
significativa influência de OD na faixa de concentrações testadas.
Tabela 4.29: TCO
eq
por hora de exposição a diferentes concentrações de OD
(0; 0,5; 1; 2; 3; 4 e 5 mg/L), na presença de nitrato. E, valor percentual referente
ao valor padrão máximo (0 mg/L de OD).
Taxa de consumo de oxigênio equivalente por hora
TCOeq (mg/L/h) Concentração de OD (mg/L) % do máximo
0 5 0
0,2 4 0,55
0,26 3 0,72
0,72 2 2,00
2,26 1 6,28
5,26 0,5 14,6
36 0 100
Ainda observando a Tabela 4.29 vê-se que o percentual mínimo em
relação ao valor padrão (em que a concentração de OD é nula) em que ainda
existia alguma reação metabólica determinada em termos de TCO
eq
foi de
0,55% (para concentração de OD de 4 mg/L), enquanto que o percentual
máximo foi de 14,6% (referente a concentração de 0,5 mg/L), concentrações
inferiores a 0,5 mg/L não foram testadas.
Tabela 4.30: TCO determinada em testes respirométricos pelo respirômetro
Beluga S32c com variações das concentrações de OD (0,5; 1; 2; 3; 4 e 5 mg/L).
TCO (mg/L/h) Concentração de OD (mg/L)
37
5
35
4
38
3
39
2
39
1
37
0,5
86
Figura 4.5: Respirograma da TCO
max
de lodo heterotrófico sob diferentes faixas
de concentrações de OD (0,5; 1; 2; 3; 4 e 5 mg/L).
87
CAPÍTULO 5
DISCUSSÃO
5.1 Desempenho dos sistemas experimentais
Na Tabela 5.1 encontram-se os valores médios dos percentuais de
remoção das principais variáveis estudadas nos sistemas Bardenpho e UCT
para as duas idades de lodo estudadas e apresentam-se os valores médios dos
coeficientes de variação (CV) obtidos a partir dos percentuais médios de
remoção.
Tabela 5.1: Valores médios dos percentuais de remoção das principais
variáveis estudadas.
Bardenpho UCT
R
S
= 20 R
S
= 15 R
S
= 20 R
S
= 15
Média
90 90 91 92
DQO
CV 0,05 0,04 0,04 0,03
Média
95 97 96 97
NTK
CV 0,03 0,01 0,02 0,01
Média
97 99 97 99
Amônia
CV 0,03 0,01 0,03 0,01
Média
86 91 83 69
Nitrato
CV 0,07 0,04 0,09 0,12
Média
39 19 66 11
Nitrito
CV 0,84 1,70 0,43 2,64
Média
64 49 74 39
Fósforo total
CV 0,27 0,31 0,27 0,35
Média
61 35 67 17
Ortofosfato
CV 0,39 0,57 0,47 1,17
A partir da Tabela 5.1 percebem-se bons percentuais na remoção de
DQO, NTK e amônia, todos estes superiores a 90%, tanto para o sistema
Bardenpho quanto para o sistema UCT para as duas idades de lodo operadas
(20 e 15 dias). Esses excelentes percentuais de remoção indicam que os
sistemas atingiram o desempenho esperado para sistemas de lodo ativado nas
configurações operadas e com idade de lodo igual ou superior a 15 dias que
88
garante um maior tempo de retenção celular nos sistemas e maior estabilização
das bactérias nitrificantes (van Haandel e Marais, 1999). O percentual de
remoção constante pode ser comprovado pelos coeficientes de variação, que
se apresentaram sempre inferiores a 5%.
A alcalinidade do esgoto foi suficiente para o processo de nitrificação
(concentração média afluente superior a 300 mgCaCO
3
/L). O pH manteve-se
próximo à neutralidade, o que garantiu adaptação do lodo e manutenção das
condições operacionais dos sistemas.
O sistema Bardenpho foi pouco mais eficiente que o sistema UCT quanto
à desnitrificação. Esse fato pode ser justificado devido à percentagem de
volume de reatores anóxicos no sistema Bardenpho (57%) ser superior à
mesma fração no sistema UCT (45%), proporcionando assim um maior
potencial de desnitrificação para o sistema Bardenpho em relação ao sistema
UCT.
Considerando os coeficientes de variação (CV) contidos na Tabela 5.1
percebe-se que não ocorreu substancial variação para as variáveis DQO (3% a
5%), NTK (1% a 3%), amônia (1% a 3%) e nitrato (4% a 12%), para os dois
sistemas e as duas idades de lodo operadas, o que garante que houve
manutenção das eficiências apresentadas para cada variável. para variável
fósforo total (27% a 35%) e ortofosfato (39% a 117%) houve uma menor
eficiência e maior variação dos percentuais de remoção, demonstrando
instabilidade dos sistemas quanto à remoção dessas variáveis, que pode ser
atribuída à baixa fração biodegradável solúvel do esgoto.
5.1.2 Sedimentabilidade
A sedimentabilidade do lodo nos dois sistemas sempre foi muito boa
como mostra a Tabela 5.2. Nesta Tabela observam-se nas colunas 2, 3 e 4 os
valores de k e v
o
que caracterizam sedimentabilidade boa, regular ou ruim para
lodo ativado segundo van Haandel e Marais (1999). Na mesma tabela também
se encontram os valores das constantes observadas experimentalmente para
os dois sistemas operados e para as duas idades de lodo (colunas 5, 6, 7 e 8).
89
Pode-se notar que em todos os casos a sedimentabilidade dos lodos
pode ser qualificada como boa ou mesmo excelente, tendo-se em vista que as
constantes tinham valores melhores que aquelas que qualificam
sedimentabilidade boa.
Tabela 5.2: Constantes de sedimentabilidade segundo van Haandel e Marais
(1999) e as obtidas experimentalmente para os sistemas operados.
5.2 Testes respirométricos
5.2.1 Frações biodegradáveis do esgoto
A Figura 5.1 mostra a composição do material orgânico do esgoto nesta
investigação experimental (determinada através de testes respirométricos nesta
pesquisa). Comparado aos resultados da Tabela 5.3 (fracionamento da matéria
orgânica, obtida por diferentes pesquisadores), pode se notar que para as
frações do material orgânico afluente (biodegradáveis e o biodegradáveis)
houve boa aproximação nos dados. A exceção é a fração biodegradável solúvel
obtida nesta pesquisa (13%) que é muito menor que a obtida em pesquisas
anteriores em (torno de 25%) como pode ser observado na Tabela 5.3.
Essa baixa percentagem de f
bs
,
aparentemente limitou a capacidade do
lodo prevista em projeto, principalmente para a remoção de fósforo, visto que
havia reduzida concentração de matéria orgânica disponibilizada para a
biodesfosfatação, pois nesse processo, apenas material solúvel e
biodegradável (f
bs
) é utilizado pelas bactérias poli-P (removedoras de fósforo)
para execução da remoção de fósforo.
V. Haandel e Marais (1999) Bardenpho UCT
Parâmetro
Bom Regular Ruim R
s
=15 R
s
=20 R
s
=15 R
s
=20
k (L/g)
0,31 0,36 0,46 0,25 0,28 0,27 0,29
v
o
(m/h)
11 9,5 6 14 14 26 27
90
Figura 5.1: Fluxograma referente às frações de material orgânico,
determinadas a partir de testes com o esgoto de Campina Grande.
Tabela 5.3: Valores médios das frações de material orgânico obtidos em
estudos realizados em Campina Grande e na cidade do Cabo.
Água Residuária fb fbs fbp fu fus fup Referência
Campina Grande
0,80 0,27 0,53 0,20 0,15 0,05 SILVA FILHO 2003
Campina Grande
0,88 0,25 0,63 0,12 0,07 0,05 COURA DIAS et al 1982
Cidade do Cabo (África do Sul)
0,75 0,25 0,58 0,21 0,09 0,12 MARAIS E EKAMA 1976
O principal objetivo da determinação das frações biodegradáveis do esgoto
foi para efeito de cálculos de D
c
em função de f
bs
(Equação 3.26 do Capítulo
3).
Isto porque em alguns momentos não foi possível determinar D
c
através
dos dados de nitrato em R2
a
devido a sua concentração apresentar-se muito
baixa, em outras palavras, a capacidade de desnitrificação, como potencial de
desnitrificação, não podia ser determinada de forma confiável igualando as
Equações 3.26 e 3.27 do Capítulo 3, pois dessa maneira se estaria
subestimando o potencial de desnitrificação.
De toda forma, mesmo com a determinação de f
bs
mostram-se mais
confiáveis os dados referentes aos dias em que havia nitrato em R2
a
, ficando o
valor definido para f
bs
como referência para cálculos.
91
5.2.2 Metabolismo heterotrófico em ambiente aeróbio
Os valores de TCO
exo
e TCO
end
que caracterizam o metabolismo
heterotrófico em ambiente aeróbio, apresentaram-se diferentes para os dois
sistemas operados (Tabela 5.4). Os dados foram compatíveis com os
observados em trabalhos anteriores tratando o esgoto de Campina Grande com
substrato solúvel através de sistemas de lodo ativado (Tabela 5.5).
A relação
TCO
exo
/TCO
end
= 51/10 = 5,1 e 37/12 = 3,1 para acetato de sódio usado em
testes respirométricos, indica que o lodo era de boa qualidade biológica (alta
capacidade metabólica).
Tabela 5.4: Valores médios da TCO
exo
com substrato solúvel e TCO
end
para os
sistemas estudados.
Taxa de Consumo de Oxigênio (mg/L/h) - Ambiente Aeróbio
Exógena Endógena
Bardenpho UCT Bardenpho UCT
51 37 10 12
Tabela 5.5: Valores médios da TCO
exo
com substrato solúvel e TCO
end
para
sistemas de lodo ativado de diferentes referências.
TCOexo (mg/L/h) TCOend (mg/L/h) Referência
49 20 PORTO 2007
48 11 COSTA 2002
43 16 RODRIGUES 2005
5.3 Testes de desnitrificação
5.3.1 Metabolismo heterotrófico em ambiente anóxico (desnitrificação via
nitrato)
Os valores de TCO
eq
exógena
e TCO
eq
endógena que caracterizam o
metabolismo heterotrófico em ambiente anóxico, analisado através do processo
de desnitrificação via nitrato, apresentaram-se diferentes para cada sistema
(Figura 5.2), indicando assim, que dependendo da configuração, o sistema de
lodo ativado promove o crescimento de um lodo característico às condições de
operação.
92
Tanto no sistema Bardenpho e como no UCT a taxas de consumo de
oxigênio equivalente (calculado da taxa de desnitrificação) era praticamente
idêntica aos valores das TCOs correspondentes em ambiente aeróboio. Essa
ocorrência repetiu-se para os testes utilizando os dois substratos definidos na
pesquisa (Figuras 5.2 e 5.3): acetato de sódio e amido comercial, e também
para a situação em que não era adicionado substrato (fase endógena). Isto é,
não importando o substrato, nem a configuração do sistema de lodo ativado, as
taxas de consumo de oxigênio e taxas de consumo de oxigênio equivalente se
igualam. Esses resultados indicam que a eficiência na remoção de material
orgânico de qualquer sistema de lodo ativado é a mesma tanto sob condições
anóxicas ou aeróbias.
5.3.2 Metabolismo heterotrófico em ambiente anóxico (desnitrificação via
nitrito)
Comparou-se a taxa de oxidação de material orgânico com oxidantes
diferentes: oxigênio, nitrato e nitrito. Calculou-se a taxa consumo de oxigênio ou
equivalente no caso de nitrato e nitrito para três condições diferentes: (1)
substrato solúvel (acetato) (2) substrato particulado (amido) e (3) sem substrato.
Em todos os casos a TCO e a TCO
eq
de nitrato eram praticamente idênticas
como mostram as Figuras 5.2 e 5.3.
Constatou-se que sempre a TCO
eq
era muito menor quando se usava
nitrito como oxidante, observando-se uma taxa de oxidação de 60 % ou menos
que a taxa observada com nitrato ou oxigênio. Conclui-se que a oxidação dos
substratos e a respiração endógena era muito mais lenta no caso do oxidante
ser nitrito.
Todavia como no caso de nitrito se transferência de 3 elétrons
enquanto que no caso de nitrato 5 por átomo N. a taxa mais baixa de
oxidação pelo nitrito compensa parcialmente a menor capacidade oxidativa do
material comparado com o nitrato. Dessa maneira quando se analisa os dados
de desnitrificação via nitrito, em termos de nitrito removido por hora, verifica-se
esta taxa se aproxima da taxa de remoção de nitrato em condições
comparáveis.
93
Os dados correspondentes podem ser confirmados através da reversão
da determinação das taxas de consumo de oxigênio equivalente para nitrito ou
nitrato (Tabela 4.22 e 4.23 do Capítulo 4, Seção 4.10), sendo necessária a
divisão do valor da taxa média obtida pelas constantes 2,86 (para nitrato) e 1,71
(para nitrito) como se mostra na Tabela 5.6.
Estas considerações levam a uma importante conclusão: os sistemas
modernos de remoção de nitrogênio se destinaram a ter nitrificação somente
até nitrito, pressupondo que seria mais pido remover nitrito que nitrato porque
precisa transferir menos elétrons.
Todavia esta pesquisa indica que a taxa de oxidação com nitrito é mais
lenta que a taxa com nitrato e por esta razão a taxa de remoção no caso de
nitrito não é mais alta do que no caso de nitrato. Por outro lado permanece
válido que a nitrificação para nitrito consumo menos oxigênio que a nitrificação
para nitrato e na desnitrificação a demanda de material orgânico também é
menor.
Tabela 5.6: Taxa de consumo de nitrogênio como nitrato e nitrito para material
solúvel, particulado e em fase endógena dos sistemas Bardenpho e UCT.
Taxa de Consumo de Nitrogênio (mg/L/h) - Ambiente Anóxico
Solúvel Particulado Endógena
Bardenpho UCT Bardenpho UCT Bardenpho UCT
NITRATO
18 13 4 6 3 4
Solúvel Particulado Endógena
Bardenpho UCT Bardenpho UCT Bardenpho UCT
NITRITO
18 9 3 4 1 2
0
10
20
30
40
50
60
Solúvel Particulado Solúvel Particulado Solúvel Particulado
Exógena Oxigênio Exógena Nitrato Exógena Nitrito
TCO e TCOeq (mg/l/h)
Bardenpho UCT
94
Figura 5.2: TCO exógena e TCO
eq
exógena de nitrato e nitrito com substratos
solúvel e particulado referentes aos sistemas operados.
0
2
4
6
8
10
12
14
Endógena Oxigênio Endógena Nitrato Engena Nitrito
TCO e TCOeq (mg/l/h)
Bardenpho UCT
Figura 5.3: TCO endógena e TCO
eq
endógena de nitrato e nitrito com
substratos solúvel e particulado referentes aos sistemas operados.
5.4 Constantes cinéticas
Como visto no Capítulo 4, Seção 4.7, das constantes cinéticas avaliadas
(em termos de mgO/mgX
a
/d) percebe-se que a taxa de consumo de oxigênio
equivalente de nitrato foi maior para o sistema Bardenpho (1,69 mgO/mgX
a
/d)
que para o sistema UCT (1,1 mgO/mgX
a
/d) para material solúvel.
Quanto ao material particulado e fase endógena, a maior relação foi para
o sistema UCT (0,55 mgO/mgX
a
/d e 0,36 mgO/mgX
a
/d) que para o sistema
Bardenpho (0,35 mgO/mgX
a
/d e 0,33 mgO/mgX
a
/d).
Em uma pesquisa realizada por Iamamoto (2006), os dados obtidos
foram representados em termos de gN/gSSV/d que é mais abrangente que a
forma anteriormente expressa, visto que, os sólidos suspensos voláteis não
contém lodo ativo como também material orgânico de outra natureza (lodo
inerte - Xi e resíduo endógeno - Xe). Comparando-se os resultados deste
trabalho aos de Iamamoto (2006), em função de SSV, vê-se que quando usado
substratos solúvel as taxas de desnitrificação via nitrato expressas em termos
de gN/gSSV/d, o bastante próximas: 0,18 gN/gSSV/d (Iamamoto, 2006) e 0,2
gN/gSSV/d (este trabalho). para o substrato particulado amido, os resultados
foram bastante distintos 0,22 gN/gSSV/d (Iamamoto ,2006) e 0,04 gN/gSSV/d
95
(este trabalho). Aparentemente Iamamoto usou amido parcialmente solúvel,
tanto é que a constante de desnitrificação com amido (0,22) era maior que a de
acetato (0,2).
Por outro lado, quando o aceptor era nitrito os resultados obtidos neste
trabalho foram diferentes daquele obtido por Iamamoto et al. (2006): 0,43
gN/gSSV/d para solúvel e 0,28 gN/gSSV/d para amido e nos testes de
desnitrificação via nitrito desta pesquisa os resultados foram os mesmos obtidos
para nitrato 0,2 gN/gSSV/d para material solúvel e 0,04 gN/gSSV/d (material
particulado).
A determinação das constantes cinéticas da desnitrificação em
mgN.mgX
a
-1
.d
-1
foi realizada conforme cálculos anteriormente descritos
(Capítulo 3, Seção 3.3.8). De acordo com a Tabela 4.31 do Capítulo 4,
verifica-se que a constante k
2
foi maior que a constante k
3
para os dois
sistemas. Esse é um resultado bastante previsível, visto que a constante de
desnitrificação k é determinada pela utilização de substrato particulado que está
presente em maior concentração no reator pré-D (com constante k
2
) que no
reator pós-D (com constante k
3
).
Os valores dessas constantes foram maiores para o sistema UCT (20
dias = k
2
(0,21); k
3
(0,13) e 15 dias = k
2
(0,19); k
3
(0,11)) do que para o sistema
Bardenpho (20 dias = k
2
(0,15); k
3
(0,10) e 15 dias = k
2
(0,17); k
3
(0,10)). Essa
tendência foi verificada também nos testes específicos de desnitrificação via
nitrato e nitrito em que o sistema UCT apresentou-se melhor que o sistema
Bardenpho para a biodegradação de material particulado provavelmente devido
a fatores relacionados à configuração dos sistemas.
5.5 Capacidade de desnitrificação
A capacidade de desnitrificação mostrou-se pouco maior para o sistema
Bardenpho quando comparado ao sistema UCT para as duas idades de lodo
avaliadas (Tabela 4.32 da Seção 4.16 do Capítulo 4). O sistema Bardenpho
continha 3 reatores anóxicos enquanto o sistema UCT apenas 2, todavia
pesquisadores acreditam que o lodo poli-P gerado sob as condições da
configuração do sistema UCT são capazes de promover a desnitrificação, o que
justifica que as capacidades foram próximas mesmo tendo o sistema
96
Bardenpho um reator anóxico a mais que o sistema UCT (VAN HAANDEL e
VAN DER LUBBE).
O primeiro reator do sistema Bardenpho (R1
a
) apresentou capacidade de
desnitrificação inferior ao segundo (R2
a
) e superior ao quarto (R4
a
). Essa
tendência repetiu-se para as duas idades de lodo operadas, isto porque o
primeiro reator (R1
a
) apesar de receber o esgoto bruto e as recirculações do
reator aerado (R3
a
) e do decantador, era menor em volume (27 L) enquanto o
reator R2
a
tinha 65 L de capacidade.
Referente à diferença observada entre R1
a
e R2
a
com R4
a
(41 L), o que
determinou a melhor capacidade de desnitrificação em R1
a
e R2
a
não foi o
volume do reator (27 L e 65 L respectivamente) e sim a escassez de material
orgânico já que R4 era o último reator da sequência e, por esse motivo,
apresentava-se quase em fase endógena.
Essa mesma tendência (maior capacidade de desnitrificação para o
segundo reator que o quarto) foi observada para o sistema UCT nas duas
idades de lodo operadas, apesar de R2
b
ter maior volume (65 L) que R4
b
(41L)
não acredita-se que este fator tenha sido de maior relevância para a definição
de que R2
b
tivesse maior capacidade de desnitrificação, mas avalia-se que a
escassez de material orgânico prontamente disponível para a biomassa tenha
sido a causa determinante.
Nas Tabelas 5.7 e 5.8 estão apresentados os valores médios de D
c
dos
sistemas Bardenpho e UCT (idade de lodo de 20 e 15 dias). O fluxo total
desnitrificado também se encontra nessas tabelas para cada idade de lodo
operada, respectivamente 20 e 15 dias.
Tabela 5.7: Capacidade de desnitrificação dos sistemas operados e fluxo total
de nitrato desnitrificado em cada reator desses sistemas. R
s
= 20 dias.
Bardenpho UCT
Rs = 20 dias R1
a
R2
a
R4
a
Total R2
b
R4
b
Total
D
c
(mg/L afl.)
13 25 11 49 38 10 48
(Q * D
c
)/V (mg/d)
144 115 80 - 175 73 -
Tabela 5.8: Capacidade de desnitrificação dos sistemas operados e fluxo total
de nitrato desnitrificado em cada reator desses sistemas. R
s
= 15 dias.
Bardenpho UCT
97
Rs = 15 dias R1
a
R2
a
R4
a
Total R2
b
R4
b
Total
D
c
(mg/L afl.)
14 23 12 49 35 12 47
(Q * D
c
)/V (mg/d)
156 106 88 - 162 88 -
5.6 Fatores de influência do metabolismo aeróbio e anóxico
5.6.1 Temperatura
Quanto aos resultados referentes aos fatores que influenciam a taxa
metabólica dos microrganismos heterotróficos tanto em ambiente aeróbio
quanto em ambiente anóxico, ocorreu semelhança nos dados obtidos para
temperatura e pH quando comparadas às taxas em cada uma dessas situações
(Tabelas 4.28 e 4.29 do Capítulo 4, Seções 4.14.1 e 4.14.2).
A temperatura ótima (maior taxa metabólica do lodo) em ambiente
aeróbio foi de 38ºC, a menor determinada foi de 16ºC e a máxima de 46ºC.
Dentro do intervalo de temperatura observada ocorreu atividade metabólica
exógena (16ºC a 46ºC), observa-se que a temperatura ótima (38ºC) está mais
próxima da máxima que da mínima, o que também foi observado por Pelczar et
al., (1997).
nos testes de desnitrificação em que se variava a temperatura, a
melhor faixa de temperatura foi de 30ºC a 40ºC, a menor de 10ºC a 20ºC e a
máxima de 40ºC a 50ºC.
Analisando-se os resultados das situações relativas aos ambientes,
(aeróbio e anóxico), vê-se que os valores de TCO definidos de forma bastante
precisa pelo respirômetro Beluga S32c, na presença de oxigênio, encontrou-se
dentro da faixa obtida nos testes de desnitrificação. E com isso, percebe-se que
não somente as taxas de consumo de oxigênio apresentadas nas Seções 5.8 e
5.9 estiveram próximas, como também a influência que a temperatura exerce
sobre o metabolismo das bactérias heterotróficas, fato este que sinaliza boas
chances de que essas bactérias heterotróficas sejam predominantemente
desnitrificantes.
A Figura 5.4 apresenta a curva da TCO exógena em função da
temperatura (variação de 10
o
C a 50
o
C em 1ºC a cada 15 min) para as bactérias
heterotróficas enquanto a Figura 5.5 apresenta essa curva para as bactérias
98
heterotróficas desnitrificantes comparada às temperaturas que coincidiram com
os testes aeróbios (10
o
C, 20
o
C, 30
o
C, 40
o
C e 50
o
C) para uma melhor
visualização.
Observa-se na Figura 5.4 que um crescimento não muito acelerado
aconteceu nos primeiros momentos, em seguida um crescimento maior definiu
um ponto máximo de valor de temperatura que se manteve praticamente igual
de 35
o
C a 38
o
C, em 40
o
C percebe-se uma considerável queda que se mantém
até chegar à zero de TCO, em 47ºC.
Figura 5.4: Gráfico da TCO exógena para as bactérias heterotróficas mantidas
em ambiente aeróbio e com temperatura variando de 10
o
C a 50
o
C.
Observando a Figura 5.5 vê-se que o crescimento mais significativo
aconteceu a 30
o
C. Percebe-se que até 20
o
C as TCO e TCO
eq
estiveram
aproximadamente em 5 mg/L/h e praticamente dobraram com o dobro da
temperatura. A partir de 40
o
C essas taxas decresceram e quando se
estabeleceu uma temperatura de 50
o
C, não se observa mais reação metabólica.
99
Figura 5.5: Gráfico comparativo da TCO e TCO
eq
das bactérias heterotróficas
quando submetidas a temperaturas que variaram de 10
o
C a 50
o
C com
intervalos de 10
o
C.
5.6.2 pH
Avaliando os valores das taxas de consumo de oxigênio e taxa de
consumo de oxigênio equivalente de nitrato, obtidas para pH, percebe-se que o
melhor pH para os testes em ambiente aeróbio foi de 8, tendo sido
determinados os limites mínimo de 5 e máximo de 10 em que ainda ocorria
atividade metabólica.
Para ambiente anóxico, os valores de pH foram os mesmos, tendo como
único diferencial os valores de TCO que, para ambiente aeróbio foi de 25 mg/L
(pH 8 = ótimo), 4,9 mg/L (pH 5 = mínimo) e 3,8 mg/L (pH 10 = máximo) e para
ambiente anóxico, 23 mg/L (pH 8 = ótimo), 5,2 mg/L (pH 5 = mínimo) e 4,1mg/L
(pH 10 = máximo) ambos utilizando lodo do sistema UCT, que o objetivo
desse teste era o de verificar a influência do pH no metabolismo em geral de
lodo heterotrófico gerado em sistemas de lodo ativado e não o de comparar
essa influência de acordo com o sistema.
Na Figura 5.6 encontram-se duas curvas: uma relativa à TCO e outra à
TCO equivalente de nitrato. Observa-se uma mesma tendência do traçado das
duas curvas para todos os valores de pH.
100
Figura 5.6: Gráfico da taxa de consumo de oxigênio e da taxa de consumo de
oxigênio equivalente em função do pH.
5.6.3 OD
Quanto à influência da concentração de OD mantida durante o teste
respirométrico (Figura 5.7) o percentual referente à TCO máxima (quando o OD
era nulo) reduziu para 15% em relação ao máximo quando o OD era 0,5 mg/L;
6,3% do total quando o OD era 1,0 mg/L; 2,0% do total quando o OD era 2,0
mg/L; 0,72% do total quando o OD era 3,0 mg/L e 0,55% do total quando o OD
era 4 mg/L. Acima de 4 mg/L de OD não houve nenhuma resposta metabólica
(Figura 5.7).
Metcalf e Eddy (2003) afirmam que uma relação de 50% entre a TCO
obtida quando o OD é zero e a TCO quando o OD é 0,1 mg/L; essa relação
decresce para 33% quando o OD passa a ser 0,2 mg/L, e decresce ainda a
17% quando o OD é 0,5 mg/L.
Ao se comparar os resultados obtidos nos testes de influência de OD e
os dados apresentados em Metcalf e Eddy (2003) percebe-se que houve uma
semelhança para os percentuais com OD de 0,5 mg/L, todavia os outros valores
obtidos podem ser avaliados de forma geral devido às concentrações de OD
serem diferentes.
101
Figura 5.7: Gráfico do perfil obtido de dados de TCO equivalente de nitrato sob
diferentes concentrações de OD.
102
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES
A utilização do modelo simplificado da teoria de lodo ativado, descrito
por van Haandel e Marais (1999) para a determinação de constantes
cinéticas de lodo heterotrófico desnitrificante e demais heterotróficos
demonstrou ser bastante adequada, pois houve uma boa aproximação dos
dados experimentais com os calculados segundo o modelo.
Quanto ao desempenho dos sistemas operados em escala piloto e
alimentados com esgoto da cidade de Campina Grande (Bardenpho e
UCT) concluiu-se que ambos os sistemas apresentaram semelhante e
excelente eficiência na remoção das variáveis NTK e amônia. O sistema
UCT foi um pouco mais eficiente na remoção de DQO que o sistema
Bardenpho, tendo apresentado ambos os sistemas eficiência acima de
90%. A remoção de fósforo foi inconstante nos dois sistemas e nas duas
idades de lodo operadas, com maior eficiência para sistema UCT na idade
de lodo de 20 dias (74%). A sedimentabilidade dos lodos gerados nos dois
sistemas pode ser qualificada como boa ou mesmo excelente.
A partir da comparação da taxa de utilização da matéria orgânica em
ambiente aeróbio e em ambiente anóxico conclui-se que as taxas de
consumo de oxigênio e de consumo de oxigênio equivalente foram
semelhantes quando utilizados substratos solúvel e particulado, como
também, na ausência de substrato (endogenia), não importando se a
origem do lodo foi do sistema Bardenpho ou UCT.
103
Ao se comparar a taxa de desnitrificação via nitrito e via nitrato de cada
sistema operado, utilizando-se substrato solúvel e particulado como
doador de elétrons, verificou-se que:
- a taxa de consumo de oxigênio equivalente de nitrito, quando o substrato
é solúvel, ficou em torno de 60% em relação à taxa de consumo de
oxigênio de nitrato, para o sistema Bardenpho, e 45% para o sistema UCT.
- Quando o substrato é particulado esse percentual é invertido, para o
sistema Bardenpho esteve em torno de 45% e para o sistema UCT em
torno de 60%. Utilizando-se qualquer substrato, a desnitrificação via nitrito
apresentou TCO
eq
inferior a de nitrato para ambos os sistemas operados.
Tanto com o oxidante nitrito quanto com o nitrato, a taxa de utilização de
nitrogênio em equivalente de oxigênio (mgO*mgX
a
-1
*d
-1
) foram maiores
para o sistema Bardenpho quando o substrato era solúvel e maiores para
o sistema UCT quando o substrato era particulado ou em fase endógena.
Os valores das constantes de desnitrificação (k
2
e k
3
) foram maiores
para o sistema UCT do que para o sistema Bardenpho nas duas idades de
lodo operadas.
A capacidade de desnitrificação do sistema Bardenpho e do sistema
UCT para idade de lodo de 20 dias e de 15 dias foi pouco maior para o
sistema Bardenpho: 49 para 20 dias e 49 para 15 dias, que para o sistema
UCT: 48 para 20 dias e 47 para 15 dias. Recomenda-se o sistema UCT em
relação ao sistema Bardenpho quando se pretende obter além de boa
nitrificação e desnitrificação, a remoção de fósforo.
Com a verificação da influência dos fatores ambientais,
especificadamente pH, temperatura e OD, sobre a remoção de matéria
orgânica em ambiente aeróbio e anóxico, confirmou-se que:
- para ambiente aeróbio: houve atividade metabólica do lodo heterotrófico
na faixa de temperatura entre 16ºC e 46ºC tendo sido temperatura ótima
(melhor taxa metabólica do lodo), 38ºC.
104
- para ambiente anóxico: a melhor faixa de temperatura foi de 30ºC a 40ºC,
não ocorrendo atividade metabólica do lodo heterotrófico fora da faixa de
10ºC a 50ºC.
- os valores de pH foram os mesmos para ambiente aeróbio e anóxico,
tendo sido ótimo o pH 8, não ocorrendo atividade metabólica do lodo
heterotrófico fora da faixa de pH 5 a pH 10.
- em ambiente aeróbio não há considerável influência da concentração de
OD sobre o metabolismo heterotrófico.
- em ambiente predominantemente anóxico, na presença de
concentrações mínimas de OD, a atividade metabólica do lodo
heterotrófico reduz para 15% do total (OD nulo), quando o OD era 0,5
mg/L; 6% do total quando o OD era 1,0 mg/L; 2% do total quando o OD era
2,0 mg/L; 0,7% do total quando o OD era 3,0 mg/L e 0,5% do total quando
o OD era 4 mg/L. Acima de 4 mg/L de OD não houve nenhuma resposta
metabólica.
105
CAPÍTULO 7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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