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Em 17
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de setembro de 1934, o professor Pierre Deffontaines
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reuniu
em sua casa da Avenida Angélica n.133, na cidade de São Paulo – SP, estudiosos
de procedências políticas diferentes e formações profissionais dispares. São eles:
o geólogo e professor da Escola Politécnica da USP, Luis Flores de Moraes
Rego
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; o historiador e bibliotecário e, a partir de 1935, Diretor da Biblioteca
Municipal,
Rubens Borba de Morais
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e o advogado e estudante do curso de
História e Geografia, Caio Prado Junior
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; e juntos fundaram formalmente a
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Em muitas publicações da própria AGB, aparece o dia 7 de setembro como a data de sua
fundação e não o dia 17 como está registrado na Ata de Fundação. Parece, ao nosso entendimento,
que essa pequena diferença justifica-se pelo não conhecimento durante muito tempo da Ata de
Fundação da Associação devido ao seu desaparecimento. Assim, a informação que a AGB havia
sido fundada no dia 7 de setembro, acabou sendo disseminada e publicada em vários documentos,
boletins e anais, sendo, inclusive declarada no registro dos Estatutos que foram reformados em
1945. Talvez a simbologia da data em referência à Independência do Brasil tenha estimulado tal
informação, como também a proximidade de representação dos números “7” e “17”.
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Pierre Deffontaines nasceu em Limoges em 21 de fevereiro de 1894 e morreu em Paris em 5 de
novembro de 1978. Desde muito cedo demonstrou interesse pela geografia e acabou por dedicar
toda a sua vida ao desenvolvimento desse campo de conhecimento. Seus primeiros estudos foram,
contudo, no campo do Direito, em que se licenciou em 1916, em Poitiers. Em seguida mudou-se
para Paris e passou a freqüentar a Sorbonne, onde obteve o diploma de estudos superiores de
Geografia e História em 1918.
Nos anos seguintes, Deffontaines seguiu as etapas usuais da carreira do magistério na França:
agrégé d’histoire et géographie em 1922, bolsista da Fundação Thiers (1922-1925), professor e
diretor do Instituto de Geografia na Faculdade Católica de Lille (1925-1939), chargé de cours de
geografia pré-histórica na Ecole d’Anthropologie de Paris. Obteve o título de doutor em geografia
pela Sorbonne em 1932 e foi secretário geral da Sociedade de Geografia de Lille de 1932 a 1937.
Deffontaines chega ao Brasil, em 1934, com 40 anos de idade onde funda e assume a Cadeira de
Geografia Humana da Universidade de São Paulo (USP). Nos anos seguintes, mesmo sem se fixar
de maneira definitiva no país, manteve contatos regulares com o Brasil. Foi o criador da cadeira de
geografia na UDF, e aí lecionou de 1936 a 1938. Foi também um dos principais responsáveis pela
criação do Conselho Nacional de Geografia e da Revista Brasileira de Geografia. Promoveu,
igualmente, a participação do Conselho Nacional de Geografia do Brasil no Comitê Internacional de
Geografia. Além de sua intensa atividade intelectual, era um militante católico extremamente
atuante.
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Nasceu no dia 9 de agosto de 1896, na cidade do Rio de Janeiro, nesta cidade cursou o Colégio
militar e ingressou na Escola de Minas de Ouro Preto, tendo concluído o curso em 1917 como um
dos alunos mais brilhantes que já haviam passado pela referida escola. Ministrou aulas de
graduação na Escola Politécnica e de pós-graduação no Instituto de Engenharia com temática em
Geologia de São Paulo. Realizou, juntamente com Ribeirão Costa, a criação dos cursos de
Engenheiros de Minas e Metalurgistas em 1939. Faleceu no dia 25 de julho de 1940, com apenas
43 anos.
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Nasceu em Araraquara, SP, em 23 de janeiro de 1899. Estudou Biblioteconomia nos Estados
Unidos, como bolsista da Fundação Rockfeller. Em 1940 fundou o Curso de Biblioteconomia da
Escola de Sociologia e Política de São Paulo, que dirigiu e onde lecionou por vários anos. Foi um
dos fundadores da Associação Paulista de Bibliotecários. Na década de 50, atuou com destaque em
organismos internacionais na Europa e Estados Unidos, tais como a Biblioteca da ONU e o Centro
de Informações da ONU. Faleceu em 2 de setembro de 1986.
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Nasceu na cidade de São Paulo em 11 de fevereiro de 1907. Pertencia à aristocrática família
Prado, de certa tradição na sociedade paulista, dona de riquezas e importante participação na
economia local. Estudou Direito na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, onde formou-se
em 1928. Mantendo-se ativo na militância comunista (ainda que restrita) elegeu-se deputado
estadual por São Paulo em 1947, mas foi cassado no ano seguinte quando o Partido Comunista foi
colocado na ilegalidade. Homem de negócios, fundou a Editora Brasiliense e a Gráfica Urupês. À
primeira, fundada com Monteiro Lobato, em 1944. Pela editora publicou de 1955 a 1964 a Revista
Brasiliense, editada por vários intelectuais.