Download PDF
ads:
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE
Identificação de fatores de risco
gestacionais e familiares para
cardiopatia congênita em pacientes
admitidos na unidade de tratamento
intensivo (UTI) de um hospital
pediátrico de Porto Alegre
Aluno: Tatiana Diehl Zen
Orientador: Prof. Dr. Giorgio Adriano Paskulin
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Patologia da
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre como requisito
para a obtenção do grau de Mestre.
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
I. Instituições e fontes financiadoras
Laboratório de Citogenética da Disciplina de Genética Clínica – Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), RS, Brasil.
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), e Serviços de Cardiologia e Radiologia do
Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) / Complexo Hospitalar Santa Casa de
Porto Alegre, RS, Brasil.
Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
REUNI – Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais.
ads:
3
“Que ninguém se engane: só se consegue a simplicidade
através de muito trabalho”.
Clarice Lispector
4
II. Agradecimentos e dedicatórias
Ao meu marido, amigo e professor Paulo Ricardo Gazzola Zen pelo amor e
apoio para a concretização deste sonho, e principalmente pela paciência nos
momentos de crise.
Ao meu filho Guilherme Diehl Zen, grande amor que me fez ter força para
realizar este trabalho.
Aos meus pais, Joaquim e Sylvia por darem todo suporte e carinho
necessários quando precisei.
Ao meu irmão Gustavo e minha sogra Dileta, que mesmo distantes sempre
me apoiaram.
Ao professor e orientador Dr. Giorgio Adriano Paskulin, agradeço a
confiança em me receber e orientar. Também levarei comigo as aulas para
montagem dos cariótipos, pois achava que jamais conseguiria distinguir os
cromossomos, mas graças a sua paciência aprendi.
Ao colega e amigo, Rafael Fabiano Machado Rosa, não há palavras para
agradecer tanta dedicação em me ajudar do início ao fim.
5
As amigas da UFCSPA Alessandra Pawelec da Silva, Patrícia Trevisan,
Carla Graziadio e Vera Lúcia Torres Andrade pelo apoio e dedicação, que me
ajudaram a concluir este trabalho.
À Dra. Cláudia Pires Ricachinevsky, médica responsável pela UTI do
Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), pelo apoio fornecido para que este
trabalho se desenvolvesse.
Ao meu orientador da bolsa REUNI na disciplina de Microbiologia da
UFCSPA, Prof. Dr. Pedro Alves d’Azevedo por ter dividido momentos especiais na
sala de aula. Juntamente agradeço aos professores da disciplina de Microbiologia
da UFCSPA, Dr. Cícero, Dra. Lia e professora Silvana.
À secretária da Pós-Graduação Maristela, por sempre ter atendido minhas
solicitações com empenho e dedicação.
6
III. Sumário
I. Introdução.................................................................................................... 7
I.1. Etiologia das cardiopatias congênitas.................................................... 12
I.2. Fatores de risco para cardiopatias congênitas...................................... 16
I.2.1 Condições maternas........................................................................ 16
I.2.2 Exposição materna a drogas terapêuticas....................................... 18
I.2.3 Exposição materna a drogas não terapêuticas................................ 19
I.2.4 Exposição ambiental materna.......................................................... 21
I.2.5 Características sociodemográficas.................................................. 22
I.3. A investigação de fatores de risco para cardiopatias congênitas.......... 24
I.4. Prevenção.............................................................................................. 30
I.5. Bibliografia............................................................................................. 33
II. Objetivos..................................................................................................... 39
III. Artigo científico em inglês....................................................................... 40
IV. Artigo científico em português................................................................ 63
V. Considerações finais................................................................................ 87
VI. Anexos....................................................................................................... 89
VI.1. Material e métodos............................................................................... 90
VI.2 Protocolo de pesquisa...........................................................................
99
VI.3 Ficha de análise ao microscópio – cariótipo..........................................
103
VI.4 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (casos).......................... 104
VI.5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (controles)..................... 105
VI.6 Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa........................................ 106
7
I. Introdução
As malformações congênitas são alterações encontradas em
aproximadamente 2 a 5% de todos os nascimentos (Robinson e Linden, 1993),
sendo a doença cardíaca congênita o tipo de defeito mais comumente observado
ao nascimento (Brennan e Young, 2001). As malformações cardíacas
representam um verdadeiro problema de saúde pública, sendo responsáveis, em
países desenvolvidos, por 30 a 50% dos óbitos pós-natais (Hoekelman e Pless,
1988; Rosano e cols., 2000). É interessante salientar que, apesar de elas serem
consideradas as mais frequentes de todas as malformações, correspondendo a
mais de 40% de todos os defeitos identificados ao nascimento, ainda pouco é
conhecido sobre as suas causas (Grech, 1999; Goldmuntz, 2001; Hoffman e
Kaplan, 2002; Pereira e cols., 2003; Clark, 2004; Acharya e cols., 2004).
As cardiopatias congênitas compõem um grupo heterogêneo de lesões que
levam a diferentes consequências hemodinâmicas, necessitando de diferentes
modos de seguimento e intervenção (Grech, 1999). Elas podem ser classificadas
de acordo com a sua fisiologia, gravidade, tipo de alteração ocorrida durante o
desenvolvimento embrionário ou defeito anatômico. A alteração anatômica
congênita mais comum do coração é a comunicação interventricular na forma
isolada, que está presente em 33% de todas as crianças afetadas (Marino e
Digilio, 2000; Richmond e Wren, 2001; Hoffman e Kaplan, 2002). De modo geral o
bebê portador desta anomalia é assintomático, sendo que cerca de 85 a 90%
destas malformações fecham espontaneamente no primeiro ano de vida (Hoffman
e Kaplan, 2002).
8
A incidência das cardiopatias congênitas varia entre 4 a 14 por 1.000
nascidos vivos (Ferencz e cols., 1985; Hoffman e Kaplan, 2002; Gill e cols., 2003;
Pinto e cols., 2004; Ransom e Srivastava, 2007). Cabe salientar que vários
fatores podem influenciar na sua avaliação epidemiológica, como, por exemplo, a
ocorrência de defeitos letais que impossibilitam o nascimento vivo do concepto, a
falta de inclusão de defeitos menores como a válvula aórtica bicúspide, o aborto
terapêutico por doenças cardíacas complexas, a idade dos pacientes, as
alterações silenciosas ou subclínicas não reconhecidas pelo médico, a expressão
fenotípica ampla de doenças relacionadas e as técnicas diagnósticas mais
precisas e em evolução constante (Hoffman e Kaplan, 2002; Ransom e
Srivastava, 2007). Assim, segundo Hagemann e Zielinsky (2004), caso se
agregasse a estes números as cardiopatias congênitas presentes em abortos e
natimortos, sua prevalência global seria multiplicada por 5.
De acordo com Schellberg (2004), os defeitos cardiovasculares podem
apresentar ainda uma distribuição geográfica desigual. Na Europa, por exemplo,
no oeste da Bélgica, a cardiopatia congênita tem uma frequência aproximada de 2
casos para 1.000 nascidos vivos, enquanto que no norte da Espanha esta é de 10
casos para 1.000 nascidos vivos. Por outro lado, acredita-se que na Índia exista
uma taxa de 6 a 8 casos para 1.000 nascidos vivos (Saxena, 2008). No Brasil, um
estudo realizado na cidade de Londrina, interior da região sul do Brasil, estimou
uma incidência de 4 casos para 1.000 nascidos vivos (Guitti, 2000).
A ecocardiografia bidimensional com Doppler a cores é a principal
ferramenta utilizada no diagnóstico e indicação cirúrgica das doenças cardíacas
congênitas (Grech, 1999). Entretanto, é o cateterismo cardíaco a modalidade
9
diagnóstica definitiva que provê dados hemodinâmicos, anatômicos e
eletrofisiológicos críticos para o cuidado com o paciente (Moore e cols., 2002).
A cardiologia fetal permite a identificação de malformações cardíacas
congênitas que necessitarão de uma pronta abordagem após o nascimento ou
que estão associadas com uma perspectiva pobre. A identificação ainda no
período pré-natal destes pacientes é capaz de aumentar substancialmente suas
chances de sobrevida, pois possibilita que o seu nascimento ocorra em centros
que ofereçam condições mínimas para sua avaliação e tratamento (Sharland,
1997; Khoshnood e cols., 2005; Chew e cols., 2006). A ecocardiografia de alta
resolução com Doppler pode identificar a maioria das formas de doenças
cardíacas congênitas graves da 17ª à 18ª semana de gestação (Sharland, 1997;
Hunter e cols., 2000), enquanto que a avaliação ultrassonográfica do coração fetal
através da técnica de corte de quatro câmaras é capaz de detectar 5 a 81% dos
defeitos cardíacos fetais (Hagemann e Zielinsky, 2004). Infelizmente, em nosso
meio, apenas 8,4% das mães de pacientes portadores de cardiopatia congênita,
que realizam avaliação ultrassonográfica durante a gestação, têm o defeito
cardíaco fetal diagnosticado (Oliveira e cols., 1997).
As principais malformações cardíacas congênitas encontradas antes da
avaliação neonatal de rotina são a transposição das grandes artérias, a atresia
pulmonar e o coração esquerdo hipoplásico (Richmond e Wren, 2001). Apesar da
possibilidade de que manifestações clínicas como cianose ou palidez, presença
de um sopro cardíaco, taquipnéia, letargia e falta de ganho de peso possam ser
observadas nestes pacientes (Sharieff e Wylie, 2004), a maioria dos bebês com
cardiopatia congênita não apresenta sinais ou sintomas no período neonatal. A
presença de um sopro cardíaco, por exemplo, é identificada em menos da metade
10
destas crianças, levando uma grande proporção delas a um diagnóstico com
relevante atraso, que ocorre somente após a alta hospitalar. Além disso, cerca de
1 em cada 10 crianças com malformação cardíaca no primeiro ano de vida tem o
defeito identificado somente no momento do óbito (Sharland, 1997; Kuehl e cols.,
1999; Richmond e Wren, 2001).
Os defeitos cardíacos congênitos severos e moderadamente severos são
encontrados em cerca de 3 a 4 em cada 1.000 nascidos vivos e irão necessitar de
cuidados cardiológicos avançados (Hoffman e Kaplan, 2002; Acharya e cols.,
2004). Eles representam uma importante causa tanto de admissão como de
mortalidade em pacientes atendidos em unidades pediátricas de tratamento
intensivo (Rothstein e Johnson, 1982; Kapil e Bagga, 1993). Entretanto, a maioria
destas unidades do nosso Estado se encontra sobrecarregada não dispondo de
profissionais e equipamentos para o diagnóstico diferencial e de condições para o
tratamento cirúrgico de pacientes portadores de cardiopatia congênita (Hagemann
e Zielinsky, 2004).
Assim, mesmo com a progressiva redução na sua mortalidade, as
cardiopatias congênitas ainda representam um importante problema de saúde
pública pelo mundo (Emmanouilides e cols., 2000; Terai e cols., 2002). As suas
formas mais severas, como a tetralogia de Fallot, a transposição das grandes
artérias e o truncus arteriosus, correspondem a 20% dos óbitos neonatais
(Acharya e cols., 2004), sendo que as cardiopatias congênitas constituem a
principal causa de óbito no primeiro ano de vida (Gong e cols., 2000; Pereira e
cols., 2003). Em locais onde existe falta de cuidados médicos e cirúrgicos
precoces esta situação é ainda mais grave, pois ao redor de 50% dos portadores
de cardiopatia congênita necessitam ser operados ainda dentro do primeiro ano
11
de vida (Pinto e cols., 2004; Acharya e cols., 2004). Durante o ano de 1999, as
cardiopatias congênitas foram responsáveis por cerca de 10% dos óbitos infantis
e por metade dos óbitos por malformação congênita na cidade de Porto Alegre
(Hagemann e Zielinsky, 2004).
Alguns fatores como baixo peso ao nascer, prematuridade, internação
prolongada em unidade de tratamento intensivo, doença cardíaca complexa e
retardo do crescimento intrauterino são associados com uma maior mortalidade
em crianças com cardiopatia congênita (Pearson e cols., 1991; Kuehl e cols.,
1999). Um risco maior de morbidade e mortalidade é observado em pacientes
com alterações extracardíacas (que correspondem à cerca de 7 a 48% dos casos)
e/ou associadas a síndromes genéticas (Grech e Gatt, 1999; Marino e Digilio,
2000; Begić e cols., 2003; Clark, 2004). Além disso, vários destes indivíduos não
estarão curados mesmo após a cirurgia cardíaca, continuando a apresentar
morbidade e mortalidade originárias de seus problemas cardíacos. Muitos destes
defeitos também se tornarão aparentes somente após a infância e, algumas
vezes, na vida adulta (Emmanouilides e cols., 2000; Begić e cols., 2003). Em
nosso país, devido à sua detecção tardia, 20,4% dos pacientes com cardiopatia
congênita são tratados apenas na fase adulta (Pinto e cols., 2004).
Apesar de todas as dificuldades e fatores complicadores, um número cada
vez maior de crianças portadoras de cardiopatia congênita tem sobrevivido à
infância e alcançado a idade adulta (Gill e cols., 2003). Atualmente, como uma
consequência da melhoria na técnica cirúrgica, nos cuidados pós-operatórios e no
manejo médico nos últimos 50 anos, mais de 80% das crianças nascidas com
doença cardíaca congênita têm alcançado os 16 anos de idade. Nos Estados
Unidos, há cerca de um milhão de adultos com doença cardíaca congênita, com
12
uma prevalência semelhante também na Europa (Bolger e cols., 2003). Uma
prevalência similar pode ser esperada em nosso meio, nos dando a dimensão
deste problema de saúde pública.
I.1. Etiologia das cardiopatias congênitas
A etiologia das malformações cardíacas é pouco compreendida (Harris e
cols., 2003). Somente em 10 a 25% dos casos é possível fazer uma associação
com causas conhecidas (Maestri e cols., 1989; Buskens e cols., 1995; Gill e cols.,
2003; Judge e cols., 2004; Bruneau, 2008).
O coração é o primeiro órgão formado no embrião, sendo que ele é
fundamental para o provimento de oxigênio e nutrientes para o restante do
desenvolvimento fetal (Ransom e Srivastava, 2007). A sua formação é complexa
e estende-se por diversas semanas da vida embrionária, o que o torna bastante
vulnerável à ocorrência de falhas na sua formação. O sistema vascular inicia o
seu desenvolvimento em torno do 17º dia da vida embrionária, quando
aglomerados de células angioblásticas começam a aparecer. Estas rapidamente
crescem e unem-se para desenvolver uma trama de pequenos vasos sanguíneos
do coração e dos vasos maiores. O coração inicialmente se desenvolve como um
tubo que começa a bombear sangue através dos vasos em desenvolvimento.
Esse se inicia, por volta do 28º dia, como uma protuberância e pregas para a
forma primitiva direita e esquerda, além de seções atriais e ventriculares. As 2 a 3
semanas seguintes são o período mais crítico, durante o qual as câmaras do
coração e os seus grandes vasos passam por um considerável desenvolvimento,
com formação dos septos e válvulas cardíacas (Opitz e Clark, 2000). Deste modo,
13
é plausível que a influência tanto de fatores genéticos como ambientais possa
causar diversos tipos de malformações cardíacas (Thulstrup e Bonde, 2006).
Anormalidades cromossômicas são mais frequentes em pacientes com
cardiopatia congênita do que na população em geral (Marino e Digilio, 2000;
Prasad e Chudley, 2002; Harris e cols., 2003). O desenvolvimento de novas
técnicas de cultivo celular a partir da segunda metade do século XX, associadas à
utilização da colchicina e de soluções hipotônicas no tratamento das metáfases
permitiu a identificação destas alterações. Antes da década de 90, com o uso de
técnicas de cariotipagem convencionais, as alterações cromossômicas eram
identificadas em 8 a 13% dos pacientes com cardiopatia congênita (Ferencz e
cols., 1989; Johnson e cols., 1997; Kučienė e Dulskienė, 2008). A síndrome de
Down é encontrada em 4 a 10% dos pacientes com cardiopatia congênita, sendo
ainda hoje a alteração cromossômica mais frequente nesses indivíduos. Outras
anormalidades citogenéticas comuns incluem as trissomias dos cromossomos 18
e 13, e a síndrome de Turner (Tabela 1).
Mutações em diferentes genes têm sido identificadas em uma série de
síndromes conhecidas e estão sendo associadas a uma variedade de
anormalidades cardíacas (Marino e Digilio, 2000; Srivastava, 2001; Goldmuntz,
2004). A hipótese de Taussig (1988) de que vários, se não a maioria, dos defeitos
cardíacos congênitos apresentavam uma causa genética, foi recebida inicialmente
com ceticismo, porque muitos acreditavam que um único gene, por exemplo, não
poderia ser responsável por defeitos muitas vezes tão complexos. Porém,
trabalhos clínicos recentes têm mostrado cada vez mais o papel de
anormalidades gênicas como causa de malformações cardíacas (Johnson e cols.,
1997; van Karnebeek e Hennekam, 1999; Marino e Digilio, 2000; Opitz e Clark,
14
2000). Atualmente, cerca de 3 a 5% dos pacientes com cardiopatia congênita
apresentam este defeito devido a uma alteração gênica conhecida (Hanson-
Morris e Pelech, 2006; Kučienė e Dulskienė, 2008).
Tabela 1. Frequência e tipos de anormalidades cromossômicas detectadas
através do exame de cariótipo, em amostras de pacientes com cardiopatia
congênita.
1. Pacientes advindos de centros cardiológicos pediátricos com diagnóstico de cardiopatia congênita, confirmado antes do
primeiro ano de vida por ecocardiografia, cateterismo cardíaco, cirurgia ou autópsia;
2. Pacientes referenciados a um departamento de cardiologia pediátrica com doença cardíaca significativa com
necessidade de investigação invasiva ou intervenção cirúrgica durante a infância;
3. Coorte de pacientes com cardiopatia congênita diagnosticados por volta de 1 ano de idade;
4. Coorte de pacientes nascidos vivos com diagnóstico de cardiopatia congênita realizado logo após o nascimento, antes
da alta hospitalar;
5. Crianças com diagnóstico de cardiopatia congênita admitidas em um hospital pediátrico.
Poucos teratógenos cardíacos têm sido definidos, sendo que estes são
detectados em aproximadamente 2% dos pacientes com cardiopatia congênita
(Hanson-Morris e Pelech, 2006; Kučienė e Dulskienė, 2008). Sua ação está
Estudo Ferencz e
cols., 1989
1
Goodship e
cols., 1998
2
Grech e
Gatt, 1999
3
Meberg e
cols., 2000
4
Roodpeyma
e cols., 2002
5
Amostra (N)
2102 170 231 360 346
Alterações
Cromossômicas
271 (12,9%) 21 (12,4%) 21 (9%) 24 (6,7%) 31 (9%)
Aneuploidias
259 (12,3%) 19 (11,2%) 20 (8,6%) 20 (5,6%) 31 (9%)
+21
218 (10,4%) 15 (8,8%) 19 (8,2%) 15 (4,2%) 30 (8,7%)
+13
16 (0,8%) - - 1 (0,3%) -
45,X
7 (0,3%) 2 (1,2%) - 1 (0,3%) -
Outras
1 (0,05%) 1 (0,6%) - - -
Estruturais
12 (0,6%) 2 (1,2%) 1 (0,4%) 4 (1,1%) -
15
diretamente relacionada com o período, o tempo e o nível de exposição
gestacional.
Apesar de tudo isso, o papel de um único fator etiológico é muito difícil de
ser estabelecido, pois em muitos casos se acredita que a causa do defeito é
multifatorial, incluindo a associação de teratógenos ambientais com condições
gênicas e cromossômicas (Kučienė e Dulskienė, 2008).
Estudos mais antigos sobre a recorrência da doença cardíaca congênita
sugeriam uma herança multifatorial (Marino e Digilio, 2000; Gill e cols., 2003).
Porém, estes estudos simplesmente mensuravam a agregação familiar sem
distinguir os fatores genéticos e não genéticos que poderiam contribuir para um
risco aumentado para os familiares (Maestri e cols., 1989). O risco de recorrência
para parentes em primeiro grau era de 2 a 5%, o que corresponde à predição
matemática esperada de um modelo poligênico (Badaruddoza e cols., 1994;
Hunter e cols., 2000; Gill e cols., 2003). Mais atualmente, pesquisadores têm
demonstrado riscos de recorrência significativamente mais altos para
determinados tipos de lesões cardíacas do que aqueles esperados para uma
herança poligênica específica (Boughman e cols., 1987; Gill e cols., 2003). A
necessidade de oferecer aconselhamento genético para as famílias afetadas, com
uma informação acurada sobre os riscos de recorrência, torna imprescindível a
obtenção de uma diagnóstico preciso (Prasad e Chudley, 2002). Contudo, como
aproximadamente 70% de todos os defeitos ao nascimento ainda não possuem
fatores de risco conhecidos, é importante que se dê atenção especial à influência
da exposição materna durante a gestação. Determinadas ocupações ou então
exposição a enfermidades ou medicamentos/agentes que possam apresentar um
16
possível potencial teratogênico, podem se constituir em possíveis causas
relacionadas à cardiopatia congênita (Thulstrup e Bonde, 2006).
I.2. Fatores de risco para cardiopatias congênitas
I.2.1 Condições maternas
O diabetes melito materno pré-gestacional tem sido associado à ocorrência
de cardiopatia congênita, enquanto que para o diabetes gestacional essa
observação é menos consistente (Abu-Sulaiman e Subaih, 2004). A ligação entre
o controle glicêmico durante a organogênese e as malformações fetais tem sido
claramente demonstrada. O diabetes melito insulino-dependente apresenta uma
incidência 3 a 5 vezes maior para defeitos estruturais no concepto, como
anormalidades de membros, do sistema nervoso central e malformações
cardiovasculares (Emmanoulides e cols., 2000; Sharland, 2001; Harris e cols.,
2003; Abu-Sulaiman e Subaih, 2004). Outro exemplo de condição materna
relacionada aos defeitos cardíacos congênitos é a fenilcetonúria, que pode estar
associada a qualquer tipo de malformação cardíaca (Loffredo, 2000; Jenkins e
cols., 2007; Kučienė e Dulskienė, 2008).
A ocorrência de doenças infecciosas, como rubéola, influenza e infecções de
trato urinário, e de outras enfermidades febris durante a gestação também têm
sido associadas a um risco aumentado de defeito cardíaco. Alguns estudos
descrevem que mães que relataram qualquer doença febril durante o primeiro
trimestre da gestação têm o dobro de risco de gerar um filho com cardiopatia
congênita, sendo que este mecanismo ainda não é claro (Wilson e cols., 1998;
17
Loffredo, 2000; Jenkins e cols., 2007; Yu e cols., 2008). A infecção materna pelo
HIV está relacionada mais a um risco aumentado de cardiomiopatia dilatada e de
hipertrofia ventricular esquerda, do que de malformações cardiovasculares
congênitas estruturais (Jenkins e cols., 2007).
Os estudos são conflitantes ao analisar a relação entre a obesidade materna
durante a gravidez e um risco aumentado de cardiopatia congênita. Alguns
investigadores relatam um risco aumentado, mas há a possibilidade de confusão
com outros fatores associados, como, por exemplo, a nutrição, em aspectos como
a ingesta de micronutrientes e suplementos vitamínicos, e a presença de diabetes
melito (Loffredo, 2000; Jenkins e cols., 2007; Kučienė e Dulskienė, 2008).
Embora o lúpus eritematoso sistêmico materno seja consistentemente
associado ao nascimento de crianças com bloqueio cardíaco completo, ele não é
relacionado à ocorrência de malformação cardíaca estrutural (Jenkins e cols.,
2007). Por outro lado, os filhos de mães com epilepsia têm apresentado um risco
aumentado para este tipo de defeito. Nestes casos, contudo, fica muito difícil de
avaliar se isto ocorre independentemente, devido às convulsões maternas, pois
pode haver confusão com o efeito teratogênico direto relacionado às drogas
usadas para a terapia, ou mesmo indireto, no caso daquelas que interferem com o
metabolismo do folato (Loffredo, 2000; Jenkins e cols., 2007).
18
I.2.2 Exposição materna a drogas terapêuticas
A talidomida e a isotretinoína são teratógenos bem conhecidos, causando
inclusive defeitos cardíacos. Elas são contra-indicadas tanto em mulheres que
estão planejando engravidar como durante a gestação. O etretinato, metabólito da
isotretinoína, possui a peculiaridade de persistir no corpo por um longo tempo,
sendo que atualmente não se sabe ao certo qual seria a duração do seu efeito
teratogênico após o seu uso (Loffredo, 2000; Jenkins e cols., 2007).
Uma série de exposições a outros medicamentos associados a um risco
aumentado para defeitos cardiovasculares congênitos já foi relatada, como o uso
de sulfametoxazol/trimetoprima, zidovudina, antagonistas do folato e ibuprofeno
(Jenkins e cols., 2007). Em relação ao uso de fluconazol, a dose de 200 mg não
foi associada a um aumento da ocorrência de cardiopatia congênita, enquanto
que o uso em dose elevada (de 400 a 800 mg) e durante o primeiro trimestre foi
associado à ocorrência de malformações cardíacas (Jenkins e cols., 2007). Mais
recentemente, os inibidores da enzima conversora de angiotensina (Bruneau,
2008) e o cloridrato de paroxetina (Bérard e cols., 2007), medicações
consideradas previamente seguras, também foram identificados com potencial
teratogênico.
Cabe salientar que, para uma série grande de medicamentos, os dados são
insuficientes para determinar o risco. Alguns estudos verificaram a associação
entre o uso de algumas medicações e a ocorrência de malformações cardíacas.
Porém, quando estes dados são sumarizados através de estudos de metanálise,
estas observações não são claras. Por exemplo, a associação de defeito cardíaco
com o uso de lítio, antihistamínicos, antihipertensivos, aspirina, hormônios
19
femininos e simpaticomiméticos ainda não é clara (Wilson e cols., 1998; Jenkins e
cols., 2007).
Em relação às anomalias cardíacas que ocorrem em filhos de mães
epiléticas, como exposto anteriormente o conhecimento atual ainda não permite
uma adequada compreensão sobre se a causa das malformações é a terapia
anticonvulsivante ou simplesmente a epilepsia, ou mesmo uma combinação
destes fatores (Jenkins e cols., 2007).
Algumas exposições a drogas terapêuticas durante a gestação não têm
apresentado evidências de associação com defeitos cardíacos congênitos, como
o uso de ampicilina, penicilina, corticosteróides, diazepam, contraceptivos orais e
metronidazol vaginal (Jenkins e cols., 2007).
I.2.3 Exposição materna a drogas não terapêuticas
A cafeína, segundo a literatura, não está associada a um aumento da
ocorrência de defeitos cardíacos congênitos. Por outro lado, a exposição do feto à
cocaína e à maconha durante o início da gestação tem sido relacionada a um
aumento do risco para malformações cardíacas (Loffredo, 2000; Jenkins e cols.,
2007).
O uso de álcool no primeiro trimestre da gestação foi associado com o dobro
de risco para defeitos do septo atrial, embora uma associação dose-efeito ainda
não seja clara (Loffredo, 2000; Jenkins e cols., 2007; Kučienė e Dulskienė, 2008).
Além disso, numerosos estudos sobre a associação do uso materno de tabaco e
doença cardíaca congênita têm sido realizados, porém esta relação ainda não é
clara. Contudo, é sabido que alguns fatores ligados ao estilo de vida, como o
20
consumo de álcool e de tabaco, aumentam o estresse oxidativo e interferem com
o processo normal de morte celular programada (Kučienė e Dulskienė, 2008).
Cabe salientar também que estes estudos são bastante complexos de serem
realizados. Por exemplo, além de existirem poucos estudos investigando a
associação entre mães que utilizam tabaco durante a gestação e as cardiopatias
congênitas, os mesmos são difíceis de comparar devido às diferenças no
tamanho da amostra, classificações e métodos de estudos de base populacional
(Kučienė e Dulskienė, 2008). Assim, para uma determinação adequada da
relação entre o uso dessas substâncias e o risco de cardiopatia congênita, fazem-
se necessários trabalhos que possam realizar uma averiguação de dados e uma
classificação de métodos de forma mais padronizada (Loffredo, 2000; Jenkins e
cols., 2007).
A exposição paterna também tem sido alvo de estudos. Alguns
pesquisadores demonstraram que filhos de pais que usaram cocaína e maconha
têm um risco aumentado para cardiopatia congênita. Novamente, um viés
potencial se apresenta associado ao uso de drogas ilícitas, o que dificulta a
interpretação desses dados (Wilson e cols., 1998; Loffredo, 2000; Jenkins e cols.,
2007).
Alguns exemplos de condições maternas, exposições a drogas terapêuticas
e não terapêuticas associadas aos defeitos cardíacos congênitos podem ser
observados na Tabela 2.
21
Tabela 2. Teratógenos descritos como associados com defeitos cardíacos
congênitos.
Ψ
percentagem de defeitos cardíacos congênitos descrita em fetos com embriopatia causada pela exposição ao respectivo
teratógeno.
Nomenclatura: AAo: arco aórtico; AP: atresia pulmonar; AT: atresia tricúspide; CIA: comunicação interatrial; CIV:
comunicação interventricular; CoAo: coarctação de aorta; DSAV: defeito de septo atrioventricular; DVSVD: dupla via de
saída de ventrículo direito; EA: estenose aórtica; EP: estenose pulmonar; EPP: estenose pulmonar periférica; IAA:
interrupção de arco aórtico; PCA: persistência de canal arterial; PVM: prolapso de válvula mitral; SI: septo íntegro; TA:
truncus arteriosus; TGA: transposição de grandes artérias; TOF: tetralogia de Fallot; VE: ventrículo esquerdo.
Referências: Gorlin e cols., 2001; Burn e Goodship, 2002; Stevenson e Hall, 2006; Jones, 2006.
I.2.4 Exposição ambiental materna
Algumas exposições gestacionais maternas, como aquelas a solventes
orgânicos, são relatadas como sendo relacionadas a um risco específico de
malformação cardiovascular congênita. Também, exposições a herbicidas,
pesticidas e rodenticidas são relacionadas a um aumento do risco para
cardiopatia congênita. A qualidade do ar e a contaminação de reservas
subterrâneas de água também são relacionadas a um aumento do risco,
enquanto que subprodutos da cloração da água não são descritos como
Agentes
% de defeitos
cardíacos
Ψ
Malformações cardíacas mais frequentes
Ácido retinóico 10 - 50
TGA, TOF, TA, CIV, DVSVD, CoAo, IAA tipo B, artéria subclávia direita
retroesofágica, hipoplasia do AAo e hipoplasia de VE
Hidantoína (fenitoína) 2 - 10
CIV, EA, EP, CoAo, PCA, CIA, TOF, DSAV, EA e veia cava superior
duplicada
Ácido valpróico 10 - 20 CoAo, hipoplasia de VE, EA, IAA, CIA, AP com SI, CIV, PCA e EPP
Álcool 25 - 30 CIV e CIA, TOF, CoAo e PCA
Fenilcetonúria materna 14 - 50 TOF
Rubéola 25 - 75 PCA, EPP, EP, EA e CIV
Diabetes melito insulino-
dependente
3 - 5 CIV, TGA, Situs Inversus, DVSVD, TA e cardiomiopatia hipertrófica
Trimetadiona 50 CIV, CIA, PCA, EA, CoAo, EP, hipoplasia de VE, TOF e TGA
Talidomida <5 TOF, CIA, CIV e TA
22
implicados (Wilson e cols., 1998; Loffredo, 2000; Jenkins e cols., 2007; Yu e cols.,
2008).
Avaliações sobre a exposição materna à radiação ionizante e sua
associação com defeito cardíaco são limitadas. Na literatura são descritos relatos
que identificaram um aumento da ocorrência desta malformação em filhos de
mães expostas a radiação ionizante e outros que não encontraram nenhuma
associação (Jenkins e cols., 2007).
No ano de 2006, Thulstrup e Bonde, realizaram uma interessante revisão da
literatura disponível no MEDLINE, em relação à exposição ocupacional materna e
o risco para defeitos congênitos específicos. Apesar da existência de uma
preocupação crescente em relação ao fato de que solventes orgânicos, pesticidas
e metais pesados possam desempenhar um papel teratogênico, não existem
evidências convincentes ligando a exposição ocupacional durante a gestação a
estas substâncias aos defeitos congênitos.
I.2.5 Características sociodemográficas
A frequência das malformações cardíacas pode variar de acordo com o
sexo. Os indivíduos do sexo masculino parecem apresentar um risco maior para
determinados tipos de malformações cardíacas, incluindo a transposição
completa de grandes vasos e a estenose aórtica (Emmanoulides e cols., 2000).
Apesar de existirem estudos associando tanto a idade materna como a
paterna com risco aumentado de cardiopatia congênita, os dados atualmente
disponíveis são insuficientes para determinar claramente o mesmo (Jenkins e
cols., 2007).
23
Em relação à etnia, também foi observada uma variação do risco para
anomalias cardíacas específicas (Jenkins e cols., 2007), sendo que a base da
variação racial é incompletamente compreendida (Botto e cols., 2001). As
crianças euroderivadas parecem apresentar um risco aumentado para a anomalia
de Ebstein, estenose aórtica, defeitos de septo atrioventricular e atrial, coartação
da aorta, truncus arterioso, transposição de grandes artérias, tetralogia de Fallot,
ducto arterioso patente, estenose pulmonar, coração esquerdo hipoplásico, e
diminuído para estenose pulmonar (Maestri e cols., 1989; Jenkins e cols., 2007).
Uma história de problemas reprodutivos, como aborto prévio, natimorto e
recém nascido prematuro prévio, foi associada com aumento de risco de
tetralogia da Fallot, defeitos de septo atrioventricular e atrial, e anomalia de
Ebstein (Jenkins e cols., 2007).
Em relação à consanguinidade, diversos estudos já demonstraram a sua
associação com um risco aumentado de defeitos cardíacos congênitos (Hassan e
cols., 1997; Robida e cols., 1997; Becker e Al Halees, 1999; Khalid e cols., 2006),
enquanto que outros não verificaram nenhuma diferença (Hassan e cols., 1997;
Roodpeyma e cols., 2002). Cabe lembrar que os estudos que detectaram esta
associação foram aqueles realizados em populações em que a consanguinidade
é um aspecto frequente, secundária a características sócio-culturais.
Outros fatores, como o estresse materno medido pelo relato materno de
perda de emprego, divórcio, separação ou falecimento de um parente próximo ou
amigo, vêm sendo observados em associação a um risco aumentado de defeito
cardíaco conotruncal. Outro estudo verificou resultados similares, mas com um
forte efeito entre os filhos que não completaram o ensino médio (Jenkins e cols.,
2007; Yu e cols., 2008).
24
I.3. A investigação de fatores de risco para cardiopatias congênitas
A busca pelo melhor entendimento sobre a gênese das cardiopatias
congênitas tem estimulado os pesquisadores a verificarem, em diferentes
populações, fatores de risco para a ocorrência dessas malformações. Visto que a
etiologia da maioria dos seus casos é desconhecida, a obtenção do conhecimento
sobre fatores causais pode, potencialmente, prevenir a ocorrência dessas
anormalidades, inclusive através de intervenções em nível da saúde pública. Hoje
em dia, isto se torna ainda mais relevante pelo fato da prevalência dos defeitos
cardíacos congênitos parecer estar aumentando (Botto e cols., 2001).
No ano de 1990, Tikkanen e Heinonen estudaram todos os casos de
malformações cardiovasculares que ocorreram na Finlândia, no período entre
1982 e 1983, com o objetivo de investigaram os possíveis efeitos de fatores de
risco genéticos e ambientais na ocorrência de malformações cardiovasculares na
prole. Foram selecionadas 406 crianças portadoras de cardiopatia e,
aleatoriamente, 756 controles entre os bebês nascidos naquele mesmo período.
Tanto os casos como os controles foram entrevistados pelas suas parteiras ao
redor de três meses após o nascimento, utilizando-se de um questionário
estruturado. Os autores observaram que o consumo materno de álcool pareceu
dobrar as chances de defeito do septo atrial, enquanto que o uso de tabaco, café,
chá, cola e ingesta de ácido acetilsalicílico, foi igualmente presente em ambos os
grupos. Finalmente, a exposição materna a gases anestésicos, conservantes de
madeira ou pesticidas não foram associados com risco aumentado para
malformações cardiovasculares.
25
Em um estudo realizado em seis colônias localizadas ao norte da Índia,
habitadas por um grupo altamente endogâmico, Badaruddoza e cols. (1994)
investigaram a incidência de doença cardíaca congênita quando relacionada ao
grau de consanguinidade dos pais. Os pesquisadores examinaram 1.721
crianças, com idade superior a seis anos e verificaram que 43% delas eram filhos
de casamentos consanguíneos. Destas, 3,37% eram portadoras de doença
cardíaca congênita, enquanto que entre aquelas filhas de pais não consanguíneos
apenas 1,22% o eram. Além disso, as crianças filhas de primos em primeiro grau
foram aquelas com maior percentagem de cardiopatia congênita, sendo que
diferenças observadas no estudo foram estatisticamente significantes. Os autores
concluíram que seus resultados sugerem uma influência genética e lançaram
dúvida sobre a aplicabilidade de um modelo de limiar poligênico para todas as
formas de malformação cardíaca.
Hassan e cols., em 1997, avaliaram retrospectivamente fatores de risco
envolvidos na gênese de malformações cardiovasculares entre nascidos vivos de
um hospital de Karachi, Paquistão, entre os anos de 1987 a 1992. De um total de
8.331 nascidos vivos, 34 recém nascidos apresentavam cardiopatia congênita,
com uma prevalência de 4/1.000. Os pesquisadores não verificaram associação
entre história de abortos maternos, natimortos, consanguinidade e diabetes melito
e um risco aumentado para malformações cardíacas. No mesmo ano, Robida e
cols. investigaram prospectivamente 49.887 nascidos vivos filhos de casais
nativos do Qatar. Os autores detectaram a presença de defeito cardíaco em 610
crianças, com uma incidência estimada de 12,23/1.000 nascidos vivos. Segundo
os pesquisadores, esta incidência elevada observada pode ser um efeito da
consanguinidade entre os pais, que é comum naquela região.
26
A seguir, em 1999, Becker e Al Halees investigaram a presença de
consanguinidade como fator de risco para doença cardíaca congênita. Foram
estudados 1.028 pacientes consecutivos portadores de cardiopatia, em um
hospital especializado em Riad, Arábia Saudita. Os autores concluíram dizendo
que em uma população com um alto grau de casamentos entre aparentados, a
consanguinidade pode exacerbar fatores de risco genético subjacentes (genes
recessivos), particularmente para filhos de pais que são primos em primeiro grau.
Seguindo os estudos na mesma população e no mesmo serviço, Becker e cols.,
em 2001, investigaram a associação entre consanguinidade e cardiopatia
congênita em uma amostra consecutiva de 891 pacientes. Os portadores de
anomalias cromossômicas foram excluídos do estudo. Os autores observaram
que a consanguinidade entre primos em primeiro grau foi significantemente
associada com defeitos de septo ventricular, atrial e atrioventricular, além de
estenose pulmonar e atresia pulmonar. Por outro lado, não observaram
associação da mesma com a tetralogia de Fallot, atresia tricúspide, estenose
aórtica, coartação de aorta e ducto arterioso patente. Os pesquisadores
concluíram que em uma população com alto grau de parentesco, a
consanguinidade parece exacerbar fatores de risco genético subjacentes,
particularmente entre filhos de primos em primeiro grau. Este fato pode ser devido
a um componente recessivo envolvido na gênese de alguns defeitos cardíacos.
Bassili e cols., no ano de 2000, conduziram um estudo de caso e controle
pareado em hospitais para crianças de Alexandria, Egito, com o objetivo de
investigar fatores de risco para a ocorrência de cardiopatia congênita. Foram
selecionados, durante um período de dois anos, 894 casos, que foram pareados
quanto à idade e ao sexo com crianças sem cardiopatia internadas no mesmo
27
hospital. Os autores observaram que o desenvolvimento de malformação cardíaca
foi associado a fatores de risco como idade paterna avançada, consanguinidade,
história familiar de cardiopatia congênita, uso de hormônios sexuais femininos,
irradiação, ocupação materna de risco, diabetes melito e residência suburbana ou
rural. Por outro lado, outros fatores teratogênicos e ambientais, como pesticidas,
herbicidas e químicos industriais, e infecções maternas durante a gestação não
foram implicados. Os autores chamaram a atenção para a grande dificuldade para
conduzir e analisar este tipo de estudo, devido ao modo de seleção da amostra e
ao grande número de variáveis que podem interferir no desfecho.
No ano de 2002, Cedergren e cols. estudaram prospectivamente 277
mulheres suecas cujos filhos apresentavam defeito cardíaco severo, com o
objetivo de identificar fatores de risco associados às anomalias cardíacas.
Aqueles com anomalias cromossômicas conhecidas foram excluídos do estudo.
Para cada caso, duas crianças nascidas no mesmo ano e na mesma região de
mães com idades similares às idades da mãe do caso foram selecionadas a partir
do Registro de Nascimento Médico. Os pesquisadores verificaram dados como
idade dos pais, história reprodutiva materna, doença no início da gestação, relato
do uso materno de drogas e álcool, uso de tabaco, ocupação dos pais e índice de
massa corporal materna. Ao final do estudo, alguns fatores de risco para a
ocorrência de malformações cardiovasculares foram identificados, como diabetes
melito materno e uso de antiepiléticos, além de uma tendência para um risco
aumentado em relação à esterilidade involuntária (dificuldade de ter filhos), aborto
espontâneo, uso de drogas para a tireóide e de antiinflamatórios não esteróides.
Por outro lado, não foi verificada associação com a idade e a ocupação dos pais,
bem como o uso de drogas terapêuticas.
28
Ainda no ano de 2002, Roodpeyma e cols. analisaram retrospectivamente
346 crianças iranianas, que foram admitidas durante um período de cinco anos
em um hospital universitário. Também foi selecionado aleatoriamente um número
similar de controles entre crianças sem cardiopatia congênita admitidas no
mesmo período. Todos os dados do estudo foram coletados a partir dos registros
dos prontuários médicos. Os autores detectaram que a ocorrência de anomalia
cardíaca, malformações extracardíacas, síndromes dismórficas e anormalidades
cromossômicas em irmãos eram fatores de risco significantemente associados à
recorrência de malformações cardíacas. Por outro lado, fatores como
consanguinidade, uso de drogas na gestação, doença materna gestacional,
abortamento e história de natimorto prévios, e anomalia cardíaca em aparentados
não foram relacionados. Segundo os autores, os seus resultados sugerem que
fatores genéticos, mais do que fatores reprodutivos e ambientais, podem
aumentar a ocorrência de defeitos cardíacos.
Begié e cols., em 2003, avaliaram durante um período de seis anos todas as
crianças nascidas vivas em Tuzla Canton, Bósnia-Herzegovina, à procura de
defeito cardíaco congênito. Os autores identificaram 243 crianças com esta
malformação e não observaram diferença em sua ocorrência entre ambos os
sexos. A anomalia mais frequente foi o defeito isolado de septo ventricular, por
outro lado, a incidência de anormalidades cromossômicas estava de acordo com
o descrito na literatura.
Em 2006, Khalid e cols. investigaram o efeito independente da
consanguinidade sobre a prevalência dos defeitos cardíacos congênitos. Foram
incluídos no estudo 173 recém nascidos libaneses portadores de cardiopatia
congênita admitidos em unidades de terapia intensiva neonatal, no período entre
29
os anos 2000 e 2002. Os casos com anomalias cromossômicas foram excluídos
do trabalho. Uma amostra aleatória de 865 recém nascidos sem cardiopatia,
admitidos na mesma unidade e durante o mesmo período de tempo, foram os
controles do estudo. Os autores observaram que a consanguinidade entre primos
em primeiro grau foi significantemente associada, apresentando um risco 1,8
vezes maior de cardiopatia congênita, quando comparados com os filhos de
casais não aparentados. Segundo os autores, este risco significante foi observado
em relação aos defeitos de septo ventricular e atrial, coração esquerdo
hipoplásico e ventrículo único. Não foi detectada nenhuma associação com
transposição de grandes artérias, coartação de aorta, atresia pulmonar, defeito de
septo atrioventricular e tetralogia de Fallot. Segundo os autores, estes resultados
sugerem um fator familiar na etiologia das cardiopatias congênitas.
Seliem e cols., em 2007, estudaram o papel da consanguinidade como um
fator de risco entre os casos familiares de cardiopatia congênita. O estudo foi
realizado em uma população ambulatorial de um centro de cuidados terciários da
região oriental da Arábia Saudita. Os autores identificaram todos os casos
familiares de cardiopatia congênita diagnosticados no período de 1996 a 2000
verificando a presença de consanguinidade entre os seus pais, no caso
considerada como o casamento entre primos em primeiro grau. Foram
identificados 93 casos pertencentes a 37 famílias, sendo 62% delas resultantes
de casamento consanguíneo. Os autores concluíram que a agregação familiar da
doença cardíaca congênita é comum naquela população. Além disso, a
consanguinidade foi comum entre as famílias estudadas, sendo que a distribuição
da doença cardíaca difere naquele subgrupo formado por crianças portadoras de
30
cardiopatia congênita e filhos de pais consanguíneos quando comparado com o
restante dos casos familiares.
Muito recentemente, Liu e cols. (2009) analisaram fatores de risco
ambientais na província de Shandong, China, com o objetivo de promover a
prevenção da cardiopatia congênita. Um estudo de caso e controle foi feito com
uma amostra de 164 pacientes e 328 controles sem cardiopatia, que foram
entrevistados retrospectivamente. Os fatores de risco identificados foram o nível
educacional da mãe, história de hipóxia ou asfixia neonatal, número de gestações
prévias, infecção do trato respiratório superior materno, infecção materna em
geral, realização de exame de ultrassom obstétrico do modo B e estresse materno
durante o início da gestação.
I.4. Prevenção
A proporção de casos que poderiam ser potencialmente prevenidos através
de mudanças no ambiente fetal é atualmente desconhecida (Jenkins e cols.,
2007). Porém, a fração de casos atribuíveis a fatores identificáveis e
potencialmente modificáveis pode ser maior do que 30% para alguns tipos de
defeitos cardíacos (Wilson e cols., 1998). Se fatores como a exposição materna a
solventes, pesticidas, substâncias simpaticomiméticas, tinturas de cabelo e
infecção do trato urinário e o uso de maconha e anestesia paternas realmente são
causais, teremos um grande potencial para intervenções específicas a serem
realizadas tanto antes como durante a gestação (Wilson e cols., 1998), tendo em
vista que, segundo Czeizel (2005), a maior parte das anormalidades congênitas
(85,3%) é prevenível.
31
Entretanto, a falta de informações confiáveis sobre fatores de risco
modificáveis torna difícil a criação de estratégias populacionais para reduzir a
frequência das cardiopatias congênitas. É possível que modificações no estilo de
vida dos casais possam reduzir a chance de gerarem um filho portador de uma
malformação cardíaca (Jenkins e cols., 2007).
Antes de analisarmos os fatores teratogênicos, cabe salientar a indicação do
uso de agentes já sabidos que possam prevenir a ocorrência de cardiopatia
congênita. Alguns estudos têm demonstrado que, além da redução dos defeitos
do tubo neural, o uso de ácido fólico e multivitamínicos no período pré-concepção
e naquele inicial da gestação pode reduzir o risco de doença cardíaca no feto.
Atualmente, o possível efeito protetor de parte destas substâncias é encorajador,
mas ainda inconclusivo (Loffredo, 2000; Jenkins e cols., 2007).
Assim, baseados em evidências disponíveis na literatura médica, é possível
fazer algumas recomendações para mulheres que desejem engravidar,
exclusivamente com o objetivo de reduzir o risco de gerar filhos com cardiopatia
congênita (Quadro 1).
Quadro 1. Recomendações para futuros pais (modificado de Jenkins e cols., 2007).
Mães que desejem engravidar devem:
Tomar um multivitamínico com ácido fólico diariamente;
Buscar cuidados pré-concepcionais e pré-natais, com atenção específica para a detecção e manejo
efetivo de diabetes e fenilcetonúria e vacinação para rubéola;
Discutir o uso de qualquer medicamento com seu médico;
Evitar o contato com pessoas com gripe ou outras doenças febris;
Evitar exposição a solventes orgânicos.
32
Esforços concentrados dos pesquisadores podem melhorar a saúde dessas
crianças e reduzir o impacto das malformações cardíacas congênitas,
especialmente para as famílias e para a sociedade (Kučienė e Dulskienė, 2008).
No futuro, a identificação de fatores de risco específicos poderá levar à adoção de
intervenções ou de políticas públicas dirigidas para a redução do impacto das
cardiopatias congênitas na população humana (Jenkins e cols., 2007).
33
III. Referências bibliográficas
Abu-Sulaiman RM, Subaih B. Congenital heart disease in infants of diabetic
mothers: echocardiographic study. Pediatr Cardiol. 2004;25(2):137-140.
Acharya G, Sitras V, Maltau JM, Dahl LB, Kaaresen PI, Hanssen TA, et al. Major
congenital heart disease in Northern Norway: shortcomings of pre- and postnatal
diagnosis. Acta Obstet Gynecol Scand. 2004;83(12):1124-1129.
Badaruddoza, Afzal M, Akhtaruzzaman. Inbreeding and congenital heart diseases
in a North Indian population. Clin Genet. 1994;45(6):288-291.
Bassili A, Mokhtar SA, Dabous NI, Zaher SR, Mokhtar MM, Zaki A. Risk factors for
congenital heart diseases in Alexandria, Egypt. Eur J Epidemiol. 2000;16(9):805-
14.
Becker S, Al Halees Z. First-cousin matings and congenital heart disease in Saudi
Arabia. Community Genet. 1999;2(2-3):69-73.
Becker SM, Al Halees Z, Molina C, Paterson RM. Consanguinity and congenital
heart disease in Saudi Arabia. Am J Med Genet. 2001;99(1):8-13.
Begić H, Tahirović H, Mesihović-Dinarević S, Ferković V, Atić N, Latifagić A.
Epidemiological and clinical aspects of congenital heart disease in children in
Tuzla Canton, Bosnia-Herzegovina. Eur J Pediatr. 2003;162(3):191-193.
Bérard A, Ramos E, Rey E, Blais L, St. André M, Oraichi D. First trimester
exposure to paroxetine and risk of cardiac malformations in infantis: the
importance of dosage. Birth Defects Res B Dev Reprod Toxicol. 2007;80(1):18-27.
Bolger AP, Coats AJ, Gatzoulis MA. Congenital heart disease: the original heart
failure syndrome. Eur Heart J. 2003;24(10):970-976.
Botto LD, Correa A, Erickson JD. Racial and temporal variations in the prevalence
of heart defects. Pediatrics. 2001;107(3):E32.
Boughman JA, Berg KA, Astemborski JA, Clark EB, McCarter RJ, Rubin JD, et al.
Familial risks of congenital heart defect assessed in a population-based
epidemiologic study. Am J Med Genet. 1987;26(4):839-849.
Brennan P, Young ID. Congenital heart malformations: aetiology and associations.
Semin Neonatol. 2001;6:17-25.
Bruneau BG. The developmental genetics of congenital heart disease. Nature.
2008;7181(451):943-948.
Burn J, Goodship J. Emery and Rimoinn’s – Principles and practice of medical
genetics. Churchil Livingstone, London; c2002.
Buskens E, Grobbee DE, Frohn-Mulder IM, Wladimiroff JW, Hess J. Aspects of
the aetiology of congenital heart disease. Eur Heart J. 1995;16(5):584-587.
34
Cedergren MI, Selbing AJ, Källén BA. Risk factors for cardiovascular
malformation--a study based on prospectively collected data. Scand J Work
Environ Health. 2002;28(1):12-7.
Chew C, Stone S, Donath SM, Penny DJ. Impact of antenatal screening on the
presentation of infants with congenital heart disease to a cardiology unit. J
Paediatr Child Health. 2006;42(11):704-708.
Clark EB. Evolution, genetics, and the etiology of congenital cardiovascular
malformations. J Pediatr. 2004;144(4):416-417.
Czeizel AE. Birth defects are preventable. Int J Med Sci. 2005;2(3):91-2.
Emmanouilides GC, Allen HD, Riemenschneider TA, Gutgesell HP. Moss e
Adams’ doenças do coração na criança e no adolescente. MEDSI, Rio de janeiro;
2000.
Ferencz C, Rubin JD, McCarter RJ, Brenner JI, Neill CA, Perry LW, et al.
Congenital heart disease: prevalence at livebirth. The Baltimore-Washington Infant
Study. Am J Epidemiol. 1985;121(1):31-36.
Ferencz C, Neil CA, Boughman JA, Rubin JD, Brenner JI, Perry LW. Congenital
cardiovascular malformations associated with chromosome abnormalities: an
epidemiologic study. J Pediatr. 1989;114(1):79-86.
Gill HK, Splitt M, Sharland GK, Simpson JM. Patterns of recurrence of congenital
heart disease: an analysis of 6,640 consecutive pregnancies evaluated by detailed
fetal echocardiography. J Am Coll Cardiol. 2003;42(5):923-929.
Goldmuntz E. The epidemiology and genetics of congenital heart disease. Clin
Perinatol. 2001;28(1):1-10.
Goldmuntz E. The genetic contribution to congenital heart disease. Pediatric Clin
North Am. 2004;51(6):1721-1737.
Gong L, Liu M, Jen J, Yeh ET. GNB1L, a gene deleted in the critical region for
DiGeorge syndrome on 22q11, encodes a G-protein β-subunit-like polypeptide.
Biochim Biophys Acta. 2000;1494(1-2):185-188.
Goodship J, Cross I, Liling J, Wren C. A population study of chromosome 22q11
deletions in infancy. Arch Dis Child. 1998;79(4):348-351.
Gorlin RJ, Cohen MM, Levin LS. Syndromes of the head and neck. Oxford
University Press, New York; c2001.
Grech V. The evolution of diagnostic trends in congenital heart disease: a
population-based study. J Paediatr Child Health. 1999;35(4):387-391.
Grech V, Gatt M. Syndromes and malformations associated with congenital heart
disease in a population-based study. Int J Cardiol. 1999;68(2):151-156.
35
Guitti JCS. Epidemiological characteristics of congenital heart diseases in
Londrina, Paraná South Brazil. Arq Bras Cardiol. 2000;74(5):400-404.
Hagemann LL, Zielinsky P. Rastreamento populacional de anormalidades
cardíacas fetais por ecocardiografia pré-natal em gestações de baixo risco no
município de Porto Alegre. Arq Bras Cardiol. 2004;82(4):313-319.
Hanson-Morris KA, Pelech AN. The Wisconsin Pediatric Cardiac Registry: a
mechanism for exploring etiologies of congenital heart defects. WMJ.
2006;105(3):45-48.
Harris JA, Francannet C, Pradat P, Robert E. The epidemiology of cardiovascular
defects, part 2: a study based on data from three large registries of congenital
malformations. Pediatr Cardiol. 2003;24(3):222-235.
Hassan I, Haleem AA, Bhutta ZA. Profile and risk factors for congenital heart
disease. J Pak Med Assoc. 1997;47(3):78-81.
Hoekelman RA, Pless IB. Decline in mortality among young americans during the
20th century: prospects for reaching national mortality reduction goals for 1990.
Pediatrics. 1988;82(4):582-595.
Hoffman JI, Kaplan S. The incidence of congenital heart disease. J Am Coll
Cardiol. 2002;39(12):1890-1900.
Hunter S, Heads A, Wyllie J, Robson S. Prenatal diagnosis of congenital heart
disease in the northern region of England: benefits of a training programme for
obstetric ultrasonographers. Heart. 2000;84(3):294-298.
Jenkins KJ, Correa A, Feinstein JA, Botto L, Britt AE, Daniels SR, et al.
Noninherited risk factors and congenital cardiovascular defects: current
knowledge: a scientific statement from the American Heart Association Council on
Cardiovascular Disease in the Young: endorsed by the American Academy of
Pediatrics. Circulation. 2007;115(23):2995-3014.
Johnson MC, Hing A, Wood MK, Watson MS. Chromosome abnormalities in
congenital heart disease. Am J Med Genet. 1997;70(3):292-298.
Jones KL. Smith’s recognizable patterns of human malformation. Elsevier
Saunders, Philadelphia; c2006. Chapter R; p. 646-665.
Judge CM, Chasan-Taber L, Gensburg L, Nasca PC, Marshall EG. Physical
exposures during pregnancy and congenital cardiovascular malformations.
Paediatr Perinat Epidemiol. 2004;18(5):352-360.
Kapil D, Bagga A. The profile and outcome of patients admitted to a pediatric
intensive care unit. Indian J Pediatr. 1993;60(1):5-10.
Khalid Y, Ghina M, Fadi B, Fadi C, May K, Joseph R, et al. Consanguineous
marriage and congenital heart defects: a case-control study in the neonatal period.
Am J Med Genet A. 2006;15;140(14):1524-30.
36
Khoshnood B, De Vigan C, Vodovar V, Goujard J, Lhomme A, Bonnet D, et al.
Trends in prenatal diagnosis, pregnancy termination, and perinatal mortality of
newborns with congenital heart disease in France, 1983-2000: a population-based
evaluation. Pediatrics. 2005;115(1):95-101.
Kučienė R, Dulskienė V. Selected environmental risk factors and congenital heart
defects. Medicina (Kaunas). 2008;44(11):827-32.
Kuehl KS, Loffredo CA, Ferencz C. Failure to diagnose congenital heart disease in
infancy. Pediatrics. 1999;103:743-747.
Liu S, Liu J, Tang J, Ji J, Chen J, Liu C. Environmental risk factors for congenital
heart disease in the Shandong Peninsula, China: a hospital-based case-control
study. J Epidemiol. 2009;19(3):122-30.
Loffredo CA. Epidemiology of cardiovascular malformations: prevalence and risk
factors. Am J Med Genet. 2000;97(4):319-325.
Maestri NE, Beaty TH, Boughman JA. Etiologic heterogeneity in the familial
aggregation of congenital cardiovascular malformations. Am J Hum Genet. 1989;
45(4):556-564.
Marino B, Digilio MC. Congenital heart disease and genetic syndromes: specific
correlation between cardiac phenotype and genotype. Cardiovasc Pathol.
2000;9(6):303-315.
Meberg A, Otterstad JE, Froland G, Lindberg H, Sorland SJ. Outcome of
congenital heart defects – a population-based study. Acta Paediatr.
2000;89(11):1344-1351.
Moore JWM, Beekman RH, Case CL, Danford DA, Klitzner TS, Mee RBB, et al.
Guidelines for Pediatric Cardiovascular Centers. Pediatrics. 2002;109(3):544-549.
Oliveira LT, Bonow FP, Ceccon G, Zimmer LP, Hagemann LL, Zielinsky P. O
papel da ultra-sonografia obstétrica de rotina no diagnóstico presuntivo de
cardiopatias. Rev AMRIGS. 1997;41:181-186.
Opitz JM, Clark EB. Heart development: an introduction. Am J Med Genet.
2000;97(4):238-247.
Pearson GD, Neill CA, Beittel TM, Kidd L. Determinants of outcome in hospitalized
infants with congenital heart disease. Am J Cardiol. 1991;68(10):1055-1059.
Pereira AC, Corrêa RF, Mota GF, Kim CA, Mesquita SF, Krieger JE. High
specificity PCR screening for 22q11.2 microdeletion in three different ethnic
groups. Braz J Med Biol Res. 2003;36(10):1359-1365.
Pinto VC Jr, Daher CV, Sallum FS, Jatene MB, Croti UA. Situação das cirurgias
cardíacas congênitas no Brasil. Braz J Cardiovasc Surg. 2004;19(2):3-6.
Prasad C, Chudley AE. Genetics and cardiac anomalies: the heart of the matter.
Indian J Pediatr. 2002;69(4):321-332.
37
Ransom J, Srivastava D. The genetics of cardiac birth defects. Semin Cell Dev
Biol. 2007;18(1):132-9.
Richmond S, Wren C. Early diagnosis of congenital heart disease. Semin
Neonatol. 2001;6(1):27-35.
Robida A, Folger GM, Hajar HA. Incidence of congenital heart disease in Qatari
children. Int J Cardiol. 1997;60(1):19-22.
Robinson A, Linden MG. Clinical genetic handbook. Boston, Blackwell Scientific
Publications; c1993.
Roodpeyma S, Kamali Z, Afshar F, Naraghi S. Risk factors in congenital heart
disease. Clin Pediatr. 2002;41(9):653-658.
Rosano A, Botto LD, Botting B, Mastroiacovo P. Infant mortality and congenital
anomalies from 1950 to 1994: an international perspective. J Epidemiol
Community Health. 2000;54:660-6.
Rothstein P, Johnson P. Pediatric intensive care: factors that influence outcome.
Crit Care Med. 1982;10(1):34-37.
Saxena A. Consensus on Timing of Intervention for Common Congenital Heart
Diseases. Indian Pediatr. 2008;45(2):117-126.
Schellberg R, Schwanitz G, Grävinghoff L, Kallenberg R, Trost D, Raff R, et al.
New trends in chromosomal investigation in children with cardiovascular
malformations. Cardiol Young. 2004;14(6):622-629.
Seliem MA, Bou-Holaigah IH, Al-Sannaa N. Influence of consanguinity on the
pattern of familial aggregation of congenital cardiovascular anomalies in an
outpatient population: studies from the eastern province of Saudi Arabia.
Community Genet. 2007;10(1):27-31.
Sharieff GQ, Wylie TW. Pediatric cardiac disorders. J Emerg Med. 2004;26(1):65-
79.
Sharland G. Changing impact of fetal diagnosis of congenital heart disease. Arch
Dis Child Fetal Neonatal Ed. 1997;77(1):F1-F3.
Sharland G. Fetal cardiology. Semin Neonatol. 2001;6: 3-15.
Srivastava D. Genetic assembly of the heart: implications for congenital heart
disease. Annu Rev Physiol. 2001;63:451-469.
Stevenson RE, Hall JG. Human malformations and related anomalies. Oxford
University Press, New York. c2006. Chapter 1, Human malformations and related
anomalies; p.3-84.
Taussig HB. Evolutionary origin of cardiac malformations. J Am Coll Cardiol.
1988;12(4):1079-1086.
38
Terai M, Niwa K, Nakazawa M, Tatsuno K, Segami K, Hamada H, et al. Mortality
from congenital cardiovascular malformations in Japan, 1968 through 1997. Circ J.
2002;66(5):484-488.
Thulstrup AM, Bonde JP. Maternal occupational exposure and risk of specific birth
defects. Occup Med (Lond). 2006;56(8):532-43.
Tikkanen J, Heinonen OP. Risk factors for cardiovascular malformations in
Finland. Eur J Epidemiol. 1990;6(4):348-56.
Van Karnebeek CDM, Hennekam RCM. Associations between chromosomal
anomalies and congenital heart defects: a database search. Am J Med Genet.
1999;84(2):158-166.
Wilson PD, Loffredo CA, Correa-Villaseñor A, Ferencz C. Attributable fraction for
cardiac malformations. Am J Epidemiol. 1998;148(5):414-23.
Yu ZB, Han SP, Guo XR. A Meta-analysis on the risk factors of perinatal
congenital heart disease in Chinese people. Zhonghua Liu Xing Bing Xue Za Zhi.
2008;29(11):1137-40.
39
II. Objetivos
As malformações cardíacas são os defeitos congênitos mais
frequentemente observados ao nascimento e representam um importante
problema de saúde pública. O Serviço de Cardiologia do Hospital da Criança
Santo Antônio (HCSA), Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre
(CHSCPA), é um centro de referência no Estado do Rio Grande do Sul, tanto na
avaliação como no tratamento de crianças com estes defeitos.
Cerca de 70% de todos os defeitos cardíacos identificados não apresentam
fatores de risco bem estabelecidos, sendo que inexistem estudos em nosso meio
avaliando o papel de fatores gestacionais e familiares, como a exposição materna
a certas condições de trabalho e doenças/medicamentos e consanguinidade, na
etiologia destas malformações. Desta forma, através da avaliação de uma
amostra consecutiva de pacientes com malformação cardíaca admitidos na UTI
Cardiológica do HCSA, tivemos como objetivos:
Objetivo Geral
Avaliar aspectos relativos à história gestacional e familiar de pacientes com
cardiopatia congênita que internam em uma UTI do HCSA, com o objetivo de
identificar possíveis fatores de risco envolvidos na gênese desta malformação.
Objetivo específico
Associar o tipo de cardiopatia congênita com as variáveis obtidas no
protocolo.
40
II. Artigo científico em inglês
Identification of gestational and family risk factors for carriers of congenital
heart defects admitted in a intensive care unit of a pediatric hospital from
southern Brazil
Tatiana Diehl Zen, Rafael Fabiano Machado Rosa, Paulo Ricardo Gazzola Zen,
Patrícia Trevisan, Alessandra Pawelec da Silva, Cláudia Pires Ricachinevsky,
Giorgio Adriano Paskulin
41
Authors:
Tatiana Diehl Zen
a,b
, Rafael Fabiano Machado Rosa
a,b,c
,
Paulo Ricardo Gazzola
Zen
a,b,c,d
,
Patrícia Trevisan
b
, Alessandra Pawelec da Silva
c
, Cláudia Pires
Ricachinevsky
e
, Giorgio Adriano Paskulin
a,b,c,d
.
a
Postgraduation Program in Pathology Fundação Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, Brazil.
b
Cytogenetic Laboratory, UFCSPA, Porto Alegre, Brazil.
c
Clinical Genetics, UFCSPA e Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre
(CHSCPA), Porto Alegre, Brazil.
d
Department of Clinical Medicine, UFCSPA, Porto Alegre, Brazil.
e
Department of Pediatric Cardiology and Intensive Care Unit, Hospital da Criança
Santo Antônio, CHSCPA, Porto Alegre, Brazil.
Contact:
Prof. Giorgio Adriano Paskulin
Clinical Genetics – UFCSPA/CHSCPA
Rua Sarmento Leite, 245 / 403
CEP: 90050 – 170
Porto Alegre – RS – Brasil
Phone: 55-51-33038771 Fax: 55-51-33038810
42
Abstract
Although congenital heart diseases are considered the most common of all
malformations, little is known about its causes. The search for better
understanding of its genesis has stimulated researchers to find, in different
populations around the world, risk factors for the occurrence of these congenital
abnormalities. In this sense, a prospective and consecutive sample from subjects
with or without congenital heart diseases, hospitalized at an intensive care unit at
a pediatric hospital in southern Brazil, was evaluated looking for the identification
of gestational and family risk factors, through filling a standard form. In addition, all
patients with congenital heart disease underwent a chromosomal study through
high resolution GTG-Banding karyotype. Chromosomal abnormalities were
observed in 47 (15.8%) subjects, and these were excluded from this study. The
final sample of these cases was composed of 250 patients and 303 controls. After
statistical analysis, using logistic regression, we found that the variables age, rural
origin, gestational losses, use of antihypertensive drugs, antibiotics and, alcohol in
the first trimester of pregnancy were all independently associated. These results
were similar to some studies and different from others. However, it should be
noted that, for several variables, the data found in the literature as well as our
study are not enough to determine a risk.
Hence, the importance of further studies
that can perform an investigate data and a classification of methods in a more
standardized form. Some differences found may be explained by factors related to
genetic constitution of the subjects and their sociocultural diversity. On the other
hand, as congenital heart diseases are represented by a heterogeneous group of
lesions, they may have different etiological associations.
43
Key-words: Congenital heart disease, congenital heart defects, risk factors,
teratogens, drugs.
Introduction
Heart malformations represent a real threat to the public health, being it
responsible, in developed countries, by 30 to 50% of postnatal deaths (Hoekleman
and Pless, 1988; Rosano et al., 2000). They are also the most commonly
observed defect at birth, with an incidence in the general population ranging from
4 to 14 per 1,000 live births (Ferencz et al., 1985; Hoffman and Kaplan, 2002; Gill
et al., 2003; Pinto et al., 2004; Ransom and Srivastava, 2007).
Despite all of this, its etiology is poorly understood (Harris et al., 2003), and
only 10 to 25% of cases can be associated with known causes (Maestri et al.,
Buskens et al., 1995; Gill et al., 2003; Judge et al., 2004; Bruneau, 2008). Among
these stand out chromosomal abnormalities, which are identified in 8 to 13% of the
patients (Ferencz et al., 1989; Johnson et al., 1997; Kučienė and Dulskienė,
2008). Few cardiac teratogens have been defined, being these seen in
approximately 2% of cases (Hanson-Morris and Pelech, 2006; Kučienė and
Dulskienė, 2008), being its action directly related to the period, time, and exposure
of the pregnancy.
The importance of establishing an accurate diagnosis lies in the fact that
families need genetic counseling, with proper information about recurrence risks
(Prasad and Chudley, 2002). Nevertheless, most of congenital heart defects yet
do not have any known risk factors. Thus, it is important to give special attention to
the influence of occupational activities and some diseases and drugs/agents that
may have a possible teratogenic potential (Thulstrup and Bonde, 2006).
44
Thus, we decided to study a sample of patients originated from a pediatric
hospital in southern Brazil, seeking to identify gestational and family risk factors for
congenital heart disease.
Methods
Sample
The sample was composed by subjects with and without congenital heart
disease, cases and controls respectively, hospitalized at the Intensive Care Unit
(ICU) of Hospital da Criança Santo Antônio, Complexo Hospitalar Santa Casa de
Porto Alegre (CHSCPA), located at Porto Alegre , State of Rio Grande do Sul,
Brazil. This hospital is a regional referral center, both in the evaluation and
treatment of children with congenital heart disease.
The sample size calculation was performed using the PEPI version 4.0,
based on results reported by Bassili et al. (2000). Thereby, we used the following
criteria: level of confidence (1-alpha) of 95%, test power (1-ß) of 90%, cases and
controls ratio (1:1) and a difference of at least 10 % between the groups. The
minimum reliable sample size calculated was 572 patients, 286 cases and 286
controls.
From this, the total group of cases consisted of 302 patients with congenital
heart disease and the controls consisted of 303 patients without clinical evidence
of this malformation. In both groups were admitted only patients hospitalized for
the first time at the hospital ICU. The patients from control group comprised
patients hospitalized immediately after the index patients (with congenital heart
disease). This study was approved by the Ethical Comittee of the Universidade
45
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre and of the Complexo Hospitalar
Santa Casa de Porto Alegre.
Evaluation protocol
Patients from both groups were evaluated consecutively and prospectively
by filling a standard form, where there was data about the identification, family and
gestational history. The data were collected from the sample by three interviewers
in a standardized way, after training and implementation of a pilot study.
Relating data to the origin of the patients were divided into those from rural
and urban, in similarity to Liu et al. (2009). In relation to ethnics, the subjects were
classified by the investigators as Caucasian, Negroid or mixed. Maternal and
paternal ages were grouped as follows: <20 years, 20 to 35 years, and 35 years.
Risk occupation group was considered in those who worked where there was
exposure to paints, lacquers and chemicals, especially organic, such as working in
industries of paint, paper, metals and textiles, according to Belletti et al. (1993)
and Bassili et al. (2000).
In the gestational history, factors that could be correlated with the presence
of cardiac malformations in children, such as drug use, maternal diseases
occurrence or exposure to other environmental agents during pregnancy and the
possibility of miscarriage, were divided according to the event, both in the first
trimester of pregnancy and throughout pregnancy. The drugs were grouped
according to their therapeutic class, such as antihypertensives, antibiotics,
antipyretics, analgesics, antihistamines, antidepressants, corticosteroids, anti-
inflammatory and, antifungal.
46
The filling of a standard evaluation form with identification, gestational and
family history data was performed for the two groups, of cases and controls. In
addition, all patients with congenital heart disease underwent to chromosomes
study by high-resolution karyotype, performed on leukocytes obtained from
peripheral blood samples.
Karyotypical analysis
Cytogenetic analysis was performed through the high resolution karyotype
(> 500 bands), according to the modified technique of Yunis (1981), with staining
by GTG-Banding method. From each preparation at least 15 metaphase plates
were analyzed in Axioskop Zeiss microscope, according to the ISCN 2005
standards. In cases of suspected mosaicism, this score was expanded to 100 in
order to confirm or exclude the presence of the same.
Data processing and statistical analysis
Data processing and statistical analysis were performed, respectively, by
creating a database in Excel 6.0, SPSS version 12.0 for Windows and PEPI
(version 4.0). Patients with chromosomal abnormalities identified through
karyotypical evaluation were excluded from analysis.
To compare the means between groups with and without congenital heart
disease, we applied the Student’s t-test for independent samples. In case of
asymmetry, the Mann-Whitney test was used. To compare proportions, the
Pearson’s chi-square test was applied. The measure of effect used was the Odds
Ratio with a confidence interval of 95%. To control for confounding factors and to
evaluate the predictors of heart disease, multiple logistic regression analysis was
47
applied. The criterion for entering the variable in the model was to produce a
P<0.20 in bivariate analysis. Drugs used by less than 10 patients were not
included. As diseases were strongly associated with the medications use, we
decided to use only the variables related to medications in the logistic regression
model. Values of P0.05 were considered as significant, for a range of confidence
interval of 95%.
Results
General data
During a period of 18 months, a total of 333 patients filled the inclusion
criteria. Of these, 31 did not enter the study, due to have gone to death (n = 12) or
being discharged before evaluation (n = 4), or because their parents have chosen
not to participate in the study (n = 15). Of 302 patients with consent, karyotypical
analysis could be successfully performed in 297 patients (in 5 cases there was no
suitable cell growth). Chromosomal abnormalities were observed in 47 patients
(15.8%), and these were excluded from the study. Thus, the final sample of cases
consisted of 250 patients. At the same time, a total of 303 controls were selected
and all were included in the analysis. All of these parents agreed to participate in
the study.
Of the patients with congenital heart disease, nearly half (52%) were
male. Their ages ranged from 1 to 174 months (median of 7 months). Most of
them were Caucasian (83%) and residing in urban areas (84%). Cardiac surgery
was the main reason for ICU admission (77.1%). The maternal and paternal ages
were concentrated in the age group between 20 and 35 years (Table 1).
Inbreeding history was observed in 7 cases (3%) and maternal gestational losses
48
in 57 (22.8%) (Table 2). When analyzing the controls, statistically similar data were
observed, except only in terms of their age, which was higher than the cases
(median of 34 months, ranging from 8 to 91.5 months), and of their origin, which
was significantly greater in urban areas (see Table 1).
Analysis of gestational risk factors
Maternal illness and medication usage history, both in the first trimester and
in general pregnancy, were statistically more frequent among patients with
congenital heart disease. Regarding the type of maternal and paternal occupation,
prenatal care and the use of illicit drugs during pregnancy and menace of abortion,
there were no statistically significant differences (Table 2).
In relation to specific diseases, there was a significant association between
a history of urinary tract infections, infections in general, maternal hypertension
and, the occurrence of congenital heart disease (Table 3). Concerning medication,
the use of antihypertensive drugs, antibiotics, anti-inflammatory and
antipyretic/analgesic drugs was significantly more frequent among cases than
among controls (Table 4). In relation to drugs, only alcohol intake in the first
trimester of pregnancy showed a P=0.066, close to that considered significant
(Table 5).
Analysis of the variables after logistic regressions
From the general data, we observed that age and origin remained
independently associated with congenital heart disease. In relation to the
gestational risk factors, the variables independently associated were the
49
gestational losses occurrence and use of alcohol, antihypertensive and antibiotics
in the first trimester of pregnancy (Table 6).
Discussion
Despite the fact that congenital heart diseases are considerate the most
frequent malformations, little is known about its causes (Grech, 1999; Goldmuntz,
2001, Hoffman and Kaplan, 2002, Pereira et al., 2003, Clark, 2004, Acharya et al.,
2004). The heart is the first organ formed in the embryo, and it is vital to the
provision of oxygen and nutrients to the rest of fetal development (Ransom and
Srivastava, 2007). It has a complex formation, which extends over several weeks
of embryonic life, which makes it very vulnerable to both genetic and
environmental factors influence (Thulstrup and Bonde, 2006).
The search for better understanding of the genesis of congenital heart
disease has stimulated researchers to find risk factors for the occurrence of these
malformations in different populations around the world (Tikkanen and Heinonen,
1990; Bassili et al., 2000; Cedergren et al., 2002; Roodpeyma et al., 2002; Liu et
al., 2009). According to our review, the present study is the first in Brazil with this
approach. The importance of obtaining information about causal factors is that this
could potentially lead actions that would help to prevent the occurrence of these
abnormalities, including public health interventions. Today, this becomes even
more relevant by the fact that the prevalence of congenital heart defects seems to
be increasing (Botto et al., 2001).
In relation to the age of patients and the occurrence of congenital heart
disease we observed in our study a significant association. However, we believe
that this finding is due to the fact that patients with heart disease, due to the
50
severity of their clinical manifestations (Pinto et al., 2004, Acharya et al., 2004),
require early and specialized care, especially for surgery performance. So, these
are referred to this ICU, which is a regional referral center for this type of
care. This may explain the age difference observed between the sample and
control. Despite the frequency of cardiac malformations can vary according to sex,
especially in some specific defects (Emmanouilides et al., 2000), we have not
found any significant difference. This also applies to ethnicity and maternal and
paternal ages (Bassili et al., 2000, Jenkins et al., 2007). The high rate of
Caucasian patients observed in our study (83%) reflects a characteristic of our
region, where many families are European descent (mainly Italian and German).
Regarding the origin of the patients, we observed a significant association
between rural origin and the risk for congenital heart disease, in agreement with
the study of Bassili et al. (2000) from Egypt. We cannot exclude, however, that at
least in our case, this difference occurred because our hospital is a referral center,
that attend patients from the south and other regions. In addition, most of the ICUs
in our State is overloaded and has no professional equipment for a differential
diagnosis or even the conditions for the surgical treatment of patients with
congenital heart disease (Hagemann and Zielinsky, 2004).
In relation to reproductive problems history, the association with gestational
losses observed in our study has been described in the literature, both for general
(Cedergren et al., 2002) and specific defects (Jenkins et al., 2007). On the other
hand, other authors (Hassan et al., 1997; Roodpeyma et al., 2002) did not verify
this association. Liu et al. (2009), unlike us, also found an association with the
number of pregnancies. In addition, Jenkins et al. (2007) showed a relationship
51
with a previous history of stillbirth. However, other authors have not found an
association with these factors (Hassan et al., 1997; Roodpeyma et al., 2002).
Also concerning genetic factors, we did not observe an association between
inbreeding and risk of congenital heart disease, similarly to studies of Hassan et
al. (1997) and Roodpeyma et al. (2002). In contrast, Badaruddoza et al. (1994),
Robida et al. (1997), Becker and Al Halees (1999), Bassili et al. (2000), Becker et
al. (2001), Khalid et al. (2006) and Seliem et al. (2007) showed a relationship with
inbreeding, however some of these studies are characterized by having been
performed in regions where endogamy is common, such as Northern India
(Badaruddoza et al., 1994), Qatar (Robida et al., 1997), Saudi Arabia (Becker and
Al Halees, 1999, Becker et al., 2001) and Lebanon (Khalid et al., 2006). This
association with inbreeding was higher for certain heart defects, especially the
ventricular and atrial septal defects (Becker et al., 2001, Khalid et al., 2006).
In relation to teratogens, few have been defined, but their association is well
established, such as rubella, retinoic acid and thalidomide (Hanson-Morris and
Pelech, 2006; Kučienė and Dulskienė, 2008). Its action is directly related to the
period, the time and level of pregnancy exposure. The occurrence of infectious
diseases during pregnancy also has been associated, similarly to our study, to an
increased risk for cardiac defects (Liu et al., 2009). Some studies have also
reported that mothers who had any febrile illness during the first trimester of
pregnancy, have twice the risk of conceiving a child with congenital heart disease,
and this mechanism is still unclear (Wilson et al., 1998; Loffredo, 2000; Jenkins et
al., 2007; Yu et al., 2008). Interestingly, we observed in our study a statistically
significant risk for congenital heart disease with the use of antibiotics. In the
literature there are reports of this association with the use of specific antibiotics
52
such as sulfamethoxazole/trimethoprim. Nevertheless, some studies have not
shown evidence of association with the use of other antibiotics such as ampicillin
and penicillin (Jekins et al., 2007).
The association of cardiac defects with the use of antihypertensive drugs,
observed in our study, is described as uncertain in the literature (Wilson et al.,
1998; Jenkins et al., 2007). However, interestingly, a class of antihypertensive
drugs, the angiotensin enzyme converting inhibitors, previously considered safe,
was recently identified as potentially teratogenic (Bruneau, 2008). Other maternal
diseases and medications associated with potential risk in the literature, but
without statistical significance in our study, include pregestational diabetes mellitus
(Bassili et al., 2000; Cedergren et al., 2002; Abu-Sulaiman and Subaih, 2004),
epilepsy and use of anticonvulsants (Loffredo, 2000; Cedergren et al., 2002;
Jenkins et al., 2007), female sex hormones (Bassili et al., 2000), high doses
of fluconazole (Jenkins et al., 2007), intake of thyroid medications and anti-
inflammatory drugs (Cedergren et al., 2002).
Alcohol intake in first trimester of pregnancy, other relationship found in our
study, has been associated with risk for heart defects both general (Tikkanen and
Heinonen, 1990) and specific (in the case of the atrial septum defect), although a
dose-effect association is not yet clear (Loffredo, 2000; Jenkins et al., 2007;
Kučienė and Dulskienė, 2008). It is known that some factors related to lifestyle,
such as alcohol intake, increase oxidative stress and interfere with the normal
process of programmed cell death (Kučienė and Dulskienė, 2008). In our study
there was no association with tobacco use, and in the literature this relationship is
not yet clear. Fetal exposure to cocaine and marijuana during early pregnancy has
also been associated with a potential increase in the risk for cardiac malformations
53
by some authors (Loffredo, 2000; Jenkins et al., 2007). However, the evaluation of
these factors is often hampered due to the use of other drugs such as tobacco and
alcohol at the same time and is therefore difficult to evaluate their individual effect
(Kučienė and Dulskienė, 2008).
Although some exposure that would be a risk to pregnancy, such as solvents,
pesticides, rodenticides and ionizing radiation, have been linked in some studies to
a potential increase in the risk for cardiac malformations (Wilson et al., 1998;
Bassili et al., 2000; Loffredo, 2000; Jenkins et al., 2007; Yu et al., 2008), we did
not find this association. Moreover, Thulstrup and Bonde (2006), after an
extensive review, also noted that there is no convincing evidence linking a risk
occupational exposure during pregnancy to birth defects.
However, it should be noted that for a number of diseases and maternal
exposures, medicines and drugs, the data from literature and our study are
insufficient to determine a risk. This draws attention to the need for meta-analysis
studies to investigate the possible existence of a risk, obtaining a sample size
more suitable for analysis. However, one difficulty is that the studies described in
the literature are very heterogeneous, which has often turning impossible to
compare them. For instance, in our review, we found that among the studies that
evaluated risk factors for heart disease during pregnancy, ours was the only one in
which a standardized way to evaluate subjects for the presence of chromosomal
abnormalities was made. Some studies had a description of the karyotypical
analysis only in cases of suspected chromosomal abnormalities (Bassili et al.,
2000; Cedergren et al., 2002; Roodpeyma et al., 2002). Moreover, this type of
study evaluates a large number of variables that can affect the outcome, which
54
makes it harder to analyze. Thus, it is necessary to have studies that can make a
more standardized finding of data with a classification of methods.
Thus, the role of a single etiological factor is very difficult to establish,
because in many situations it is believed that the cause of the heart defect is
multifactorial, including the association of environmental teratogens with both
chromosomal and genetic conditions (Kučienė and Dulskienė, 2008). Some
differences found in studies may, in part, be explained by factors associated with
the genetic background of subjects and their social and cultural diversity (the
studies have been performed in several geographic regions). In addition,
congenital heart diseases are a heterogeneous group of lesions, carrying possibly
different etiologic associations. This is justified, in some form, by the observation
of the association of certain risk factors for specific types of heart defects, as seen
previously in some situations. Thus, an important step in the future will be to
analyze the relationship of risk factors associated with specific groups of specific
malformation, emphasizing, for example, the embryonic classification of these
defects (Clark, 2004).
55
References
Abu-Sulaiman RM, Subaih B (2004) Congenital heart disease in infants of diabetic
mothers: echocardiographic study. Pediatr Cardiol 25(2):137-140.
Acharya G, Sitras V, Maltau JM, Dahl LB, Kaaresen PI, Hanssen TA, et al. (2004)
Major congenital heart disease in Northern Norway: shortcomings of pre- and
postnatal diagnosis. Acta Obstet Gynecol Scand 83(12):1124-1129.
Badaruddoza, Afzal M, Akhtaruzzaman (1994) Inbreeding and congenital heart
diseases in a North Indian population. Clin Genet 45(6):288-291.
Bassili A, Mokhtar SA, Dabous NI, Zaher SR, Mokhtar MM, Zaki A (2000) Risk
factors for congenital heart diseases in Alexandria, Egypt. Eur J Epidemiol
16(9):805-14.
Becker S, Al Halees Z (1999) First-cousin matings and congenital heart disease in
Saudi Arabia. Community Genet 2(2-3):69-73.
Becker SM, Al Halees Z, Molina C, Paterson RM (2001) Inbreeding and congenital
heart disease in Saudi Arabia. Am J Med Genet 99(1):8-13.
Belletti I, Troschel L, Pisani P, Berrino F (1993) Retrospective assessment of
exposure by experts: the example of formaldehyde, solvents and mineral oils
among textile and metal workers. Int J Epidemiol 22(2):S127-33.
Botto LD, Correa A, Erickson JD (2001) Racial and temporal variations in the
prevalence of heart defects. Pediatrics 107(3):E32.
Bruneau BG (2008) The developmental genetics of congenital heart disease.
Nature 7181(451):943-948.
Buskens E, Grobbee DE, Frohn-Mulder IM, Wladimiroff JW, Hess J (1995)
Aspects of the aetiology of congenital heart disease. Eur Heart J 16(5):584-587.
Cedergren MI, Selbing AJ, Källén BA (2002) Risk factors for cardiovascular
malformation--a study based on prospectively collected data. Scand J Work
Environ Health 28(1):12-7.
Clark EB (2004) Evolution, genetics, and the etiology of congenital cardiovascular
malformations. J Pediatr 144(4):416-417.
Emmanouilides GC, Allen HD, Riemenschneider TA, Gutgesell HP (2000) Moss e
Adams’ doenças do coração na criança e no adolescente. MEDSI, Rio de janeiro.
Ferencz C, Rubin JD, McCarter RJ, Brenner JI, Neill CA, Perry LW, et al. (1985)
Congenital heart disease: prevalence at livebirth. The Baltimore-Washington Infant
Study. Am J Epidemiol 121(1):31-36.
56
Ferencz C, Neil CA, Boughman JA, Rubin JD, Brenner JI, Perry LW (1989)
Congenital cardiovascular malformations associated with chromosome
abnormalities: an epidemiologic study. J Pediatr 114(1):79-86.
Gill HK, Splitt M, Sharland GK, Simpson JM (2003) Patterns of recurrence of
congenital heart disease: an analysis of 6,640 consecutive pregnancies evaluated
by detailed fetal echocardiography. J Am Coll Cardiol 42(5):923-929.
Goldmuntz E (2001) The epidemiology and genetics of congenital heart disease.
Clin Perinatol 28(1):1-10.
Grech V (1999) The evolution of diagnostic trends in congenital heart disease: a
population-based study. J Paediatr Child Health 35(4):387-391.
Hagemann LL, Zielinsky P (2004) Rastreamento populacional de anormalidades
cardíacas fetais por ecocardiografia pré-natal em gestações de baixo risco no
município de Porto Alegre. Arq Bras Cardiol 82(4):313-319.
Hanson-Morris KA, Pelech AN (2006) The Wisconsin Pediatric Cardiac Registry: a
mechanism for exploring etiologies of congenital heart defects. WMJ 105(3):45-48.
Harris JA, Francannet C, Pradat P, Robert E (2003) The epidemiology of
cardiovascular defects, part 2: a study based on data from three large registries of
congenital malformations. Pediatr Cardiol 24(3):222-235.
Hassan I, Haleem AA, Bhutta ZA (1997) Profile and risk factors for congenital
heart disease. J Pak Med Assoc 47(3):78-81.
Hoekelman RA, Pless IB (1988) Decline in mortality among young americans
during the 20th century: prospects for reaching national mortality reduction goals
for 1990. Pediatrics 82(4):582-595.
Hoffman JI, Kaplan S (2002) The incidence of congenital heart disease. J Am Coll
Cardiol 39(12):1890-1900.
ISCN (2005) An International System for Human Cytogenetic Nomenclature.
Shaffer LG, Tommerup N (eds.). Basel: S. Karger.
Jenkins KJ, Correa A, Feinstein JA, Botto L, Britt AE, Daniels SR, et al. (2007)
Noninherited risk factors and congenital cardiovascular defects: current
knowledge: a scientific statement from the American Heart Association Council on
Cardiovascular Disease in the Young: endorsed by the American Academy of
Pediatrics. Circulation 115(23):2995-3014.
Johnson MC, Hing A, Wood MK, Watson MS (1997) Chromosome abnormalities in
congenital heart disease. Am J Med Genet 70(3):292-298.
Judge CM, Chasan-Taber L, Gensburg L, Nasca PC, Marshall EG (2004) Physical
exposures during pregnancy and congenital cardiovascular malformations.
Paediatr Perinat Epidemiol 18(5):352-360.
57
Khalid Y, Ghina M, Fadi B, Fadi C, May K, Joseph R, et al. (2006)
Consanguineous marriage and congenital heart defects: a case-control study in
the neonatal period. Am J Med Genet A 15;140(14):1524-30.
Kučienė R, Dulskienė V (2008) Selected environmental risk factors and congenital
heart defects. Medicina (Kaunas) 44(11):827-32.
Liu S, Liu J, Tang J, Ji J, Chen J, Liu C (2009) Environmental risk factors for
congenital heart disease in the Shandong Peninsula, China: a hospital-based
case-control study. J Epidemiol 19(3):122-30.
Loffredo CA (2000) Epidemiology of cardiovascular malformations: prevalence and
risk factors. Am J Med Genet 97(4):319-325.
Maestri NE, Beaty TH, Boughman JA (1989) Etiologic heterogeneity in the familial
aggregation of congenital cardiovascular malformations. Am J Hum Genet
45(4):556-564.
Pereira AC, Corrêa RF, Mota GF, Kim CA, Mesquita SF, Krieger JE (2003) High
specificity PCR screening for 22q11.2 microdeletion in three different ethnic
groups. Braz J Med Biol Res 36(10):1359-1365.
Pinto VC Jr, Daher CV, Sallum FS, Jatene MB, Croti UA (2004) Situação das
cirurgias cardíacas congênitas no Brasil. Braz J Cardiovasc Surg 19(2):3-6.
Prasad C, Chudley AE (2002) Genetics and cardiac anomalies: the heart of the
matter. Indian J Pediatr 69(4):321-332.
Ransom J, Srivastava D (2007) The genetics of cardiac birth defects. Semin Cell
Dev Biol 18(1):132-9.
Robida A, Folger GM, Hajar HA (1997) Incidence of congenital heart disease in
Qatari children. Int J Cardiol 60(1):19-22.
Roodpeyma S, Kamali Z, Afshar F, Naraghi S (2002) Risk factors in congenital
heart disease. Clin Pediatr 41(9):653-658.
Rosano A, Botto LD, Botting B, Mastroiacovo P (2000) Infant mortality and
congenital anomalies from 1950 to 1994: an international perspective. J Epidemiol
Community Health 54:660-6.
Seliem MA, Bou-Holaigah IH, Al-Sannaa N (2007) Influence of inbreeding on the
pattern of familial aggregation of congenital cardiovascular anomalies in an
outpatient population: studies from the eastern province of Saudi Arabia.
Community Genet 10(1):27-31.
Thulstrup AM, Bonde JP (2006) Maternal occupational exposure and risk of
specific birth defects. Occup Med (Lond) 56(8):532-43.
Tikkanen J, Heinonen OP (1990) Risk factors for cardiovascular malformations in
Finland. Eur J Epidemiol 6(4):348-56.
58
Wilson PD, Loffredo CA, Correa-Villaseñor A, Ferencz C (1998) Attributable
fraction for cardiac malformations. Am J Epidemiol 148(5):414-23.
Yu ZB, Han SP, Guo XR. (2008) A Meta-analysis on the risk factors of perinatal
congenital heart disease in Chinese people. Zhonghua Liu Xing Bing Xue Za Zhi
29(11):1137-40.
Yunis, JJ (1981) New chromosome techniques in the study of human neoplasia.
Hum Pathol 12(6):540-549.
Table 1. Demographic characteristics of the sample.
Characteristics Groups
Cases
(n=250)
Controls
(n=303)
P
Age* (months) 7 (1 – 39.3) 34 (8 – 91.5) <0.001
Sex (n=250) (n=303) 0.204
Male 130 (52.0) 140 (46.2)
Female 120 (48.0) 163 (53.8)
Ethnicities (n=247) (n=289) 0.542
Caucasian 205 (83.0) 235 (81.3)
Negroid 13 (5.3) 22 (7.6)
Mixed 29 (11.7) 32 (11.1)
Origin (n=248) (n=302) 0.001
Rural 39 (15.7) 20 (6.6)
Urban 209 (84.3) 282 (93.4)
* Median (P25-P75).
59
Table 2. Characteristics of family and gestational history of the sample.
Characteristics Groups
Cases
(n=250)
Controls
(n=303)
P
Number of pregnancies * (n=247) (n=299) 0.640
2 (1-3) 2 (1-3)
Birth order * (n=250) (n=301) 0.258
2 (1-3) 2 (1-3)
Number of Births * (n=247) (n=299) 0.854
1 (0-2) 1 (0-2)
Number of cesarean * (n=248) (n=303) 0.913
1 (0-1) 1 (0-1)
Gestational losses occurrence 57 (22.8) 52 (17.2) 0.121
Terminated pregancies 1 (0.4) 3 (1.0) 0.631
Inbreeding (n=245) (n=303) 0.896
Yes 7 (2.9) 7 (2.3)
No 238 (97.1) 296 (97.7)
Prenatal (n=249) (n=303) 0.361
Yes 235 (94.4) 292 (96.4)
No 14 (5.6) 11 (3.60)
Miscarriage menace (n=247) (n=301) 0.275
Yes 42 (17.0) 40 (13.3)
No 205 (83.0) 261 (86.7)
Miscarriage menace on 1st trimester (n=40) (n=40) 1.000
Yes 30 (75.0) 31 (77.5)
No 10 (25.0) 9 (22.5)
General maternal disease (n=248) (n=302) 0.001
Yes 123 (49.6) 107 (35.4)
No 125 (50.4) 195 (64.6)
Maternal disease on 1st trimester (n=244) (n=294) 0.001
Yes 71 (29.1) 50 (17.0)
No 173 (70.9) 244 (83.0)
General maternal medication (n=248) (n=302) <0.001
Yes 148 (59.7) 125 (41.4)
No 100 (40.3) 177 (58.6)
General maternal medication on 1st
trimester
(n=226) (n=291) <0.001
Yes 85 (37.6) 65 (22.3)
No 141 (62.4) 226 (77.7)
Drugs during pregnancy (n=247) (n=303) 0.407
Yes 57 (23.1) 60 (19.8)
No 190 (76.9) 243 (80.2)
Maternal risk occupation (n=246) (n=301) 0.714
Yes 30 (12.2) 41 (13.6)
No 216 (87.8) 260 (86.4)
Paternal risk occupation (n=244) (n=302) 1.000
Yes 87 (35.7) 108 (35.8)
No 157 (64.3) 194 (64.2)
* Median (P25-P75).
60
Table 3. Main maternal diseases found in our sample.
Characteristics Groups
Cases
(n=250)
Controls
(n=303)
P
Hypothyroidism 0.761
Yes 5 (2.0) 5 (1.7)
No 245 (98.0) 298 (98.3)
Urinary Tract Infection <0.001
Yes 23 (9.2) 6 (2.0)
No 227 (90.8) 297 (98.0)
Infection <0.001
Yes 17 (6.8) 2 (0.7)
No 233 (93.2) 301 (99.3)
Hypertension 0.033
Yes 17 (6.8) 8 (2.6)
No 233 (93.2) 295 (97.4)
Diabetes Mellitus 0.592
Yes 2 (0.8) 1 (0.3)
No 248 (99.2) 302 (99.7)
Gestational Diabetes 0.181
Yes 4 (1.6) 1 (0.3)
No 246 (98.4) 302 (99.7)
Anemia 0.266
Yes 14 (5.6) 10 (3.3)
No 236 (94.4) 293 (96.7)
Depression (n=249) (n=303) 0.707
Yes 4 (1.6) 3 (1.0)
No 245 (98.4) 300 (99.0)
61
Table 4. Main classes of medicines observed in our sample.
Characteristics Groups
Cases
(n=250)
Controls
(n=303)
P
Thyroid hormone 1.000
Yes 3 (1.2) 4 (1.3)
No 247 (98.8) 299 (98.7)
Antihypertensive 0.011
Yes 18 (7.2) 7 (2.3)
No 232 (92.8) 296 (97.7)
Anti-inflammatory 0.041
Yes 4 (1.6) 0 (0.0)
No 246 (98.4) 303 (100.0)
Anti-diabetes drugs 0.592
Yes 2 (0.8) 1 (0.3)
No 248 (99.2) 302 (99.7)
Antipyretic/analgesic 0.050
Yes 11 (4.4) 4 (1.3)
No 239 (95.6) 299 (98.7)
Antihistamine 1.000
Yes 1 (0.4) 1 (0.7)
No 249 (99.6) 302 (99.3)
Antidepressant 1.000
Yes 1 (0.4) 2 (0.7)
No 249 (99.6) 301 (99.3)
Antifungal 1.000
Yes 1 (0.4) 1 (0.3)
No 249 (99.6) 302 (99.7)
Steroids 0.086
Yes 7 (2.8) 2 (0.7)
No 243 (97.2) 301 (99.3)
Antibiotic (n=249) (n=303) <0.001
Yes 32 (12.9) 12 (4.0)
No 217 (87.1) 291 (96.0)
62
Table 5. Main drugs identified in our sample.
Characteristics Groups
Cases
(n=250)
Controls
(n=303)
P
Smoke (n=248) (n= 303) 0.681
Yes 40 (16.1) 54 (17.8)
No 208 (83.9) 249 (82.2)
Smoke 1st trimester (n=247) (n= 303) 0.917
Yes 35 (14.2) 45 (14.9)
No 212 (85.8) 258 (85.1)
Alcohol (n=248) (n= 303) 0.096
Yes 21 (8.5) 14 (4.6)
No 227 (91.5) 289 (85.4)
Alcohol 1st trimester (n=248) (n= 300) 0.066
Yes 20 (8.1) 12 (4.0)
No 228 (91.9) 188 (96.0)
Table 6. Logistic regression analysis to assess factors independently
associated with the disease.
Variables Odds Ratio (IC 95%) P
Age 0.99 (0.98 – 0.99) <0.001
Gestational losses occurrence 1.47 (1.02 – 2.12) 0.040
Rural Origin 3.01 (1.63 – 5.57) <0.001
Alcohol intake 2.33 (1.05 – 5.16) 0.038
Antihypertensive use 2.62 (1.00 – 6.87) 0.050
Antibiotics use 3.17 (1.55 – 6.49) 0.002
Antipyretic/analgesic use 2.01 (0.60 – 6.75) 0.259
63
II. Artigo científico em português
Identificação de fatores de risco gestacionais e familiares para cardiopatia
congênita em pacientes admitidos em uma unidade de tratamento intensivo
(UTI) de um hospital pediátrico do Sul do Brasil
Tatiana Diehl Zen, Rafael Fabiano Machado Rosa, Paulo Ricardo Gazzola Zen,
Patrícia Trevisan, Alessandra Pawelec da Silva, Cláudia Pires Ricachinevsky,
Giorgio Adriano Paskulin
64
Autores:
Tatiana Diehl Zen
a,b
, Rafael Fabiano Machado Rosa
a,b,c
,
Paulo Ricardo Gazzola
Zen
a,b,c,d
,
Patrícia Trevisan
b
, Alessandra Pawelec da Silva
c
, Cláudia Pires
Ricachinevsky
e
, Giorgio Adriano Paskulin
a,b,c,d
.
a
Programa de Pós-Graduação em Patologia, Fundação Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, Brasil.
b
Laboratório de Citogenética, UFCSPA, Porto Alegre, Brasil.
c
Genética Clínica, UFCSPA e Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre
(CHSCPA), Porto Alegre, Brasil.
d
Departamento de Clínica Médica, UFCSPA, Porto Alegre, Brasil.
e
Departamento de Cardiologia e Unidade de Tratamento Intensivo Pediátricas,
Hospital da Criança Santo Antônio, CHSCPA, Porto Alegre, Brasil.
Correspondência:
Prof. Giorgio Adriano Paskulin
Genética Clínica – UFCSPA/CHSCPA
Rua Sarmento Leite, 245 / 403
CEP: 90050 – 170
Porto Alegre – RS – Brasil
Telefone: 55-51-33038771 Fax: 55-51-33038810
65
Resumo
Embora as cardiopatias congênitas sejam consideradas as mais frequentes de
todas as malformações, pouco é conhecido sobre as suas causas. A busca pelo
melhor entendimento sobre a sua gênese tem estimulado pesquisadores a
verificarem, em diferentes populações pelo mundo, fatores de risco para a
ocorrência destas anomalias congênitas. Neste sentido, uma amostra prospectiva
e consecutiva de indivíduos com e sem cardiopatia congênita, hospitalizados em
uma unidade de tratamento intensivo de um hospital pediátrico do sul do Brasil, foi
avaliada buscando a identificação de fatores de risco gestacionais e familiares,
através do preenchimento de uma ficha padrão. Além disso, todos os pacientes
com cardiopatia congênita foram submetidos ao estudo dos cromossomos através
do cariótipo de alta resolução por bandas GTG. Anormalidades cromossômicas
foram observadas em 47 (15,8%) indivíduos, sendo que estes foram excluídos
deste estudo. A amostra final de casos foi composta por 250 pacientes e 303
controles. Após análise estatística, com o uso de regressão logística, observamos
que as variáveis idade, procedência rural, ocorrência de perdas gestacionais, uso
de anti-hipertensivos, antibióticos e de álcool no primeiro trimestre de gestação
foram todas independentemente associadas. Estes resultados foram
concordantes com alguns estudos e discordantes de outros. Entretanto, cabe
salientar que, para uma série de variáveis, os dados tanto na literatura como em
nossa série são insuficientes para determinar um risco. Daí a importância de mais
estudos que possam realizar uma averiguação de dados e uma classificação de
métodos de forma mais padronizada. Algumas diferenças encontradas talvez
possam ser explicadas por fatores associadas à constituição genética dos
indivíduos e à sua diversidade sócio-cultural. Por outro lado, na medida em que
66
as cardiopatias congênitas são representadas por um grupo heterogêneo de
lesões, elas podem apresentar diferentes associações etiológicas.
Palavras-chave: Cardiopatia congênita, doença cardíaca congênita, fatores de
risco, teratógenos, drogas.
Introdução
As malformações cardíacas representam um verdadeiro problema de
saúde pública, sendo responsáveis, em países desenvolvidos, por 30 a 50% dos
óbitos pós-natais (Hoekelman e Pless, 1988; Rosano e cols., 2000). Elas são
também o defeito mais comumente observado ao nascimento, apresentando uma
incidência na população em geral que varia entre 4 a 14 por 1.000 nascidos vivos
(Ferencz e cols., 1985; Hoffman e Kaplan, 2002; Gill e cols., 2003; Pinto e cols.,
2004; Ransom e Srivastava, 2007).
Apesar de tudo isso, sua etiologia é pouco compreendida (Harris e cols.,
2003), sendo que em somente 10 a 25% dos casos é possível fazer uma
associação com causas conhecidas (Maestri e cols., 1989; Buskens e cols., 1995;
Gill e cols., 2003; Judge e cols., 2004; Bruneau, 2008). Dentre estas se destacam
as anormalidades cromossômicas, que são identificadas em 8 a 13% dos
pacientes (Ferencz e cols., 1989; Johnson e cols., 1997; Kučienė e Dulskienė,
2008). Poucos teratógenos cardíacos têm sido definidos, sendo que estes são
observados em aproximadamente 2% dos casos (Hanson-Morris e Pelech, 2006;
Kučienė e Dulskienė, 2008). Sua ação está diretamente relacionada com o
período, o tempo e o nível de exposição gestacional.
67
A importância de se estabelecer um diagnóstico preciso reside no fato de
que as famílias necessitam de aconselhamento genético, com informação
acurada sobre os riscos de recorrência (Prasad e Chudley, 2002). Contudo, a
maior parte dos defeitos cardíacos congênitos ainda não possui fatores de risco
conhecidos. Assim, seria importante dar atenção especial à influência da
exposição ocupacional, bem como a determinadas enfermidades e
medicamentos/agentes que possam apresentar um possível potencial
teratogênico (Thulstrup e Bonde, 2006).
Deste modo, nós resolvemos estudar uma amostra de pacientes originados
de um hospital pediátrico da região sul do Brasil, buscando a identificação de
fatores de risco gestacionais e familiares para doença cardíaca congênita.
Material e Métodos
A amostra
A amostra foi composta de indivíduos com e sem cardiopatia congênita,
casos e controles respectivamente, hospitalizados na Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI) do Hospital da Criança Santo Antônio, Complexo Hospitalar Santa
Casa de Porto Alegre (CHSCPA), localizado na cidade de Porto Alegre, Estado do
Rio Grande do Sul, Brasil. Este hospital é um centro de referência regional, tanto
na avaliação quanto no tratamento de crianças com cardiopatia congênita.
O cálculo do tamanho amostral foi realizado através do programa PEPI
versão 4.0, tomando como base os resultados descritos por Bassili e cols. (2000).
Desse modo, foram utilizados os seguintes critérios: nível de confiança (1-alfa) de
95%, poder do teste (1-ß) de 90%, razão de casos e controles (1:1) e uma
68
diferença de no mínimo 10% entre os grupos. A amostra mínima confiável
calculada foi de 572 pacientes, 286 casos e 286 controles.
A partir disso, o grupo total dos casos foi constituído por 302 pacientes
portadores de cardiopatia congênita e o dos controles por 303 pacientes sem
evidência clínica desta malformação. Em ambos os grupos foram admitidos
apenas pacientes hospitalizados pela primeira vez na UTI do hospital. Os
controles corresponderam aos pacientes internados imediatamente após os
pacientes índices (com cardiopatia congênita). O presente estudo foi aprovado
pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre e do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre.
Protocolo de avaliação
Os pacientes de ambos os grupos foram avaliados de modo contínuo e
prospectivo através do preenchimento de uma ficha padrão, onde constavam
dados de identificação, história gestacional e familiar. Os dados da amostra foram
coletados por três entrevistadores, de forma padronizada, após treinamento e
realização de um estudo piloto.
Em relação aos dados, quanto à procedência os pacientes foram divididos
naqueles de origem rural e urbana, em similaridade com Liu e cols. (2009). Na
etnia, os indivíduos foram classificados pelos pesquisadores como caucasianos,
negróides ou mistos. As idades maternas e paternas foram agrupadas da
seguinte forma: <20 anos, 20 a 35 anos, e 35 anos. Consideraram-se como
ocupação de risco aquelas onde havia exposição a tintas, laca e agentes
químicos, especialmente orgânicos, como o trabalho em indústrias de tinta, papel,
69
metais e têxteis, de forma concordante com a adotada por Belleti e cols. (1993) e
Bassili e cols. (2000).
Na história gestacional, fatores que poderiam estar correlacionados com a
presença de malformações cardíacas na criança, tais como uso de drogas,
ocorrência de doenças maternas ou exposição a outros agentes ambientais na
gestação e ameaça de abortamento espontâneo, foram divididos de acordo com o
acontecimento tanto no primeiro trimestre de gravidez como em toda a gestação.
Os medicamentos foram agrupados de acordo com a sua classe terapêutica,
como anti-hipertensivos, antibióticos, antitérmicos, analgésicos, anti-histamínicos,
anti-depressivos, corticóides, antiinflamatórios e antifúngicos.
O preenchimento de uma ficha de avaliação padrão com os dados de
identificação, história gestacional e familiar foi realizado para os dois grupos, de
casos e controles. Além disso, todos os pacientes portadores de cardiopatia
congênita foram submetidos ao estudo dos cromossomos através do cariótipo de
alta resolução, realizado em leucócitos obtidos a partir de amostras de sangue
periférico.
Análise cariotípica
A análise citogenética foi realizada através do exame de cariótipo de alta
resolução (>500 bandas), conforme a técnica modificada de Yunis (1981), com
coloração pelo método de banda GTG. De cada preparação no mínimo 15 placas
metafásicas foram analisadas no microscópio Axioskop Zeiss, de acordo com as
normas presentes no ISCN 2005. Em casos com suspeita de mosaicismo, esta
contagem foi expandida para 100 com o objetivo de confirmar ou excluir a
presença do mesmo.
70
O processamento dos dados e a análise estatística
O processamento dos dados e a análise estatística foram realizados,
respectivamente, através da criação de um banco de dados no programa Excel
6.0, dos programas SPSS versão 12.0 para Windows e PEPI (versão 4.0).
Pacientes com cardiopatia congênita identificados com anormalidade
cromossômica através do exame de cariótipo foram excluídos da análise.
Para comparar as médias entre os grupos com e sem cardiopatia
congênita, foi aplicado o teste t de Student para amostras independentes. Em
caso de assimetria, o teste de Mann-Whitney foi utilizado. Para comparar as
proporções, o teste Qui-Quadrado de Pearson foi aplicado. A medida de efeito
utilizada foi o Odds Ratio com intervalo de 95% de confiança. Para controlar os
fatores de confusão e avaliar os preditores de cardiopatia congênita, a análise de
Regressão Logística Múltipla foi aplicada. O critério para a entrada da variável no
modelo foi de que apresentasse um P<0,20 na análise bivariada. Não foram
incluídos medicamentos com número inferior a 10 pacientes. Como as doenças
estavam fortemente associadas com o uso das medicações, optou-se pela
utilização apenas das variáveis relacionadas às medicações no modelo de
regressão logística. Foram considerados como significantes valores de P0,05,
para um intervalo de confiança de 95%.
Resultados
Dados gerais
Durante um período de 18 meses, um total de 333 pacientes preencheram
os critérios de inclusão. Destes, 31 não entraram no estudo, ou por terem ido a
óbito (n=12) ou terem tido alta antes da avaliação (n=4), ou pelo fato dos pais
71
terem optado em não participar do estudo (n=15). Dos 302 pacientes com
consentimento, em 297 o exame de cariótipo pôde ser realizado com sucesso (em
5 casos não houve crescimento celular adequado). Anormalidades
cromossômicas foram observadas em 47 pacientes (15,8%), sendo que estes
foram excluídos do estudo. Assim, a amostra final de casos foi composta por 250
pacientes. Simultaneamente a isso, um total de 303 controles foi selecionado e
todos foram incluídos na análise. Em todos eles os pais consentiram em participar
do trabalho.
Dos pacientes com cardiopatia congênita, cerca de metade (52%) era do
sexo masculino. Suas idades variaram de 1 a 174 meses (mediana de 7 meses).
A maior parte era de etnia caucasiana (83%) e procedente de área urbana (84%).
O principal motivo de internação na UTI foi a cirurgia cardíaca (77,1%). As idades
maternas e paternas concentraram-se na faixa etária entre os 20 e os 35 anos
(Tabela 1). História de consanguinidade foi observada em 7 casos (3%) e de
perdas gestacionais maternas em 57 (22,8%) (Tabela 2). Em relação aos
controles, dados significativamente similares foram observados, com exceção
apenas em relação à idade, que foi superior a dos casos (mediana de 34 meses,
variando de 8 a 91,5 meses), e à procedência, que foi significativamente maior da
área urbana (ver Tabela 1).
Análise dos fatores de risco gestacionais
História de doença materna e uso de medicamento, tanto na gravidez em
geral como no primeiro trimestre, foram estatisticamente mais frequentes entre os
pacientes com cardiopatia congênita. Em relação ao tipo de profissão paterna e
72
materna, a realização de pré-natal, o uso de drogas ilícitas na gestação e ameaça
de aborto, não se observou diferenças estatisticamente significativas (Tabela 2).
Quanto às doenças específicas, observou-se uma associação significativa
entre história de infecção do trato urinário, infecções em geral e hipertensão
arterial sistêmica materna e a ocorrência de cardiopatias congênitas (Tabela 3).
Com relação aos medicamentos, o uso de anti-hipertensivos, antibióticos,
antinflamatórios e antitérmicos/analgésicos foi significativamente mais frequente
entre os casos do que entre os controles (Tabela 4). Em relação às drogas,
somente a ingestão de álcool no primeiro trimestre de gravidez mostrou uma
tendência de associação, apresentando um P=0,066, próximo àquele considerado
significante (Tabela 5).
Análise das variáveis após a regressão logística
A partir dos dados gerais, observou-se que ambas variáveis, idade e
procedência, permaneceram independentemente associadas às cardiopatias
congênitas. Em relação aos fatores de risco gestacionais, as variáveis
independentemente associadas foram a ocorrência de perdas gestacionais e o
uso de álcool, de anti-hipertensivo e de antibióticos no primeiro trimestre de
gestação (Tabela 6).
Discussão
Apesar das cardiopatias congênitas serem consideradas as mais frequentes
de todas as malformações, pouco é conhecido sobre as suas causas (Grech,
1999; Goldmuntz, 2001; Hoffman e Kaplan, 2002; Pereira e cols., 2003; Clark,
2004; Acharya e cols., 2004). O coração é o primeiro órgão formado no embrião,
73
sendo que ele é fundamental para o provimento de oxigênio e nutrientes para o
restante do desenvolvimento fetal (Ransom e Srivastava, 2007). A sua formação é
complexa e estende-se por diversas semanas da vida embrionária, o que o torna
bastante vulnerável à influência tanto de fatores genéticos como ambientais
(Thulstrup e Bonde, 2006).
Assim, a busca pelo melhor entendimento sobre a gênese das cardiopatias
congênitas tem estimulado pesquisadores a verificarem, em diferentes
populações pelo mundo, fatores de risco para a ocorrência dessas malformações
(Tikkanen e Heinonen, 1990; Bassili e cols., 2000; Cedergren e cols., 2002;
Roodpeyma e cols., 2002; Liu e cols., 2009). Segundo nossa revisão, o presente
estudo representa o primeiro trabalho realizado no Brasil com esta abordagem. A
importância da obtenção do conhecimento sobre fatores causais é que este pode
potencialmente levar a ações que visem prevenir a ocorrência dessas
anormalidades, inclusive através de intervenções em nível da saúde pública. Hoje
em dia, isto se torna ainda mais relevante pelo fato de que a prevalência dos
defeitos cardíacos congênitos parece estar aumentando (Botto e cols., 2001).
Em relação à idade dos pacientes e a ocorrência de cardiopatias congênitas
observamos em nosso estudo uma associação significativa. Contudo,
acreditamos que tal achado se deva ao fato de que os pacientes portadores de
cardiopatia, devido à gravidade do seu quadro clínico (Pinto e cols., 2004;
Acharya e cols., 2004), necessitam de atendimento especializado precoce,
principalmente para a realização de cirurgia. Assim, estes são encaminhados para
esta UTI, que é um centro de referência regional para este tipo de atendimento.
Isto poderia justificar a diferença de idade observada entre a amostra e o controle.
Apesar da frequência das malformações cardíacas poder variar de acordo com o
74
sexo, especialmente para alguns defeitos específicos (Emmanouilides e cols.,
2000), nós não encontramos uma diferença significativa. Isto se aplica também à
etnia e às idades maternas e paternas (Bassili e cols., 2000; Jenkins e cols.,
2007). O alto índice de pacientes caucasianos observado em nosso estudo (83%)
reflete uma característica de nossa região, onde muitas famílias são de
descendência européia (principalmente italiana e alemã).
Em relação à procedência dos pacientes, observamos uma associação
significativa entre a origem rural e risco para cardiopatias congênitas, em
concordância com o estudo realizado por Bassili e cols. (2000) no Egito. Não
podemos descartar, contudo, que, pelo menos em nosso caso, essa diferença
tenha ocorrido pelo fato do nosso hospital ser um centro de referência, que
atende pacientes oriundos do sul do país e até de outras regiões. Além disso, a
maior parte das UTIs em nosso Estado se encontra sobrecarregada e não dispõe
de profissionais e equipamentos para o diagnóstico diferencial, ou mesmo de
condições para o tratamento cirúrgico de pacientes portadores de cardiopatia
congênita (Hagemann e Zielinsky, 2004).
Quanto à história de problemas reprodutivos, a associação de perdas
gestacionais observada em nosso estudo tem sido descrito na literatura, tanto
para defeitos em geral (Cedergren e cols., 2002) como específicos (Jenkins e
cols., 2007). Por outro lado, outros autores (Hassan e cols., 1997; Roodpeyma e
cols., 2002) não verificaram esta relação. Liu e cols. (2009), diferentemente de
nós, encontraram também uma associação com o número de gestações
maternas. Além disso, Jenkins e cols. (2007) demonstraram uma relação com
uma história prévia de natimortos. Por outro lado, outros autores não têm
75
encontrado uma associação com estes fatores (Hassan e cols., 1997; Roodpeyma
e cols., 2002).
Em relação ainda a fatores genéticos, não observamos uma associação
entre consanguinidade e risco de cardiopatias congênitas, de forma similar aos
estudos de Hassan e cols. (1997) e Roodpeyma e cols. (2002). Diferentemente,
os estudos de Badaruddoza e cols. (1994), Robida e cols. (1997), Becker e Al
Halees (1999), Bassili e cols. (2000), Becker e cols. (2001), Khalid e cols. (2006) e
Seliem e cols. (2007), mostraram uma relação com consangüinidade, entretanto
alguns destes caracterizam-se por terem sido realizados em regiões
populacionais onde a endogamia é altamente frequente, como o Norte da Índia
(Badaruddoza e cols., 1994), o Qatar (Robida e cols., 1997), a Arábia Saudita
(Becker e Al Halees, 1999; Becker e cols., 2001) e o Líbano (Khalid e cols., 2006).
Esta associação com a consanguinidade parece ser ainda maior para
determinados defeitos cardíacos, em especial os septais como a comunicação
interatrial e a interventricular (Becker e cols., 2001; Khalid e cols., 2006).
Quanto aos teratógenos, poucos têm sido definidos, porém a sua associação
está bem estabelecida, como no caso da rubéola, ácido retinóico e talidomida
(Hanson-Morris e Pelech, 2006; Kučienė e Dulskienė, 2008). Sua ação está
diretamente relacionada com o período, o tempo e o nível de exposição
gestacional. A ocorrência de doenças infecciosas durante a gestação também têm
sido associadas, em similaridade ao nosso estudo, a um risco aumentado para
defeitos cardíacos (Liu e cols., 2009). Alguns trabalhos têm também descrito que
mães que relataram qualquer doença febril durante o primeiro trimestre da
gestação têm o dobro de risco de gerar um filho com cardiopatia congênita, sendo
que este mecanismo ainda não é claro (Wilson e cols., 1998; Loffredo, 2000;
76
Jenkins e cols., 2007; Yu e cols., 2008). De forma interessante, observamos em
nosso estudo uma associação estatisticamente significante de risco para
cardiopatias congênitas com o uso de antibióticos. Na literatura existem relatos
desta associação com o uso de antibióticos específicos, como o
sulfametoxazol/trimetoprima. Apesar disso, alguns trabalhos não têm apresentado
evidências desta associação com o uso de outros antibióticos, como a ampicilina
e a penicilina (Jenkins e cols., 2007).
A associação de defeito cardíaco com o uso de anti-hipertensivos observada
em nosso estudo é descrita como incerta na literatura (Wilson e cols., 1998;
Jenkins e cols., 2007). Contudo, de forma interessante, uma classe de
antihipertensivos, os inibidores da enzima conversora de angiotensina (Bruneau,
2008), considerada previamente segura, foi recentemente identificada com
potencial teratogênico. Outras doenças maternas e medicamentos associados
com um aumento de risco descritos na literatura, só que sem significância
estatística em nosso estudo, incluem o diabetes melito de início pré-gestacional
(Bassili e cols., 2000; Cedergren e cols., 2002; Abu-Sulaiman e Subaih, 2004), a
epilepsia/uso de anti-convulsivantes (Loffredo, 2000; Cedergren e cols., 2002;
Jenkins e cols., 2007), hormônios sexuais femininos (Bassili e cols., 2000), doses
elevadas de fluconazol (Jenkins e cols., 2007), ingesta de medicamentos para
tireóide e antiinflamatórios não esteróides (Cedergren e cols., 2002).
O uso de álcool no primeiro trimestre da gestação, outra relação encontrada
em nosso trabalho, vem sendo associado com risco para defeitos cardíacos tanto
gerais (Tikkanen e Heinonen, 1990) como específicos (no caso os de septo atrial),
embora uma associação dose-efeito ainda não seja clara (Loffredo, 2000; Jenkins
e cols., 2007; Kučienė e Dulskienė, 2008). É sabido que alguns fatores ligados ao
77
estilo de vida, como o consumo de álcool, aumentam o estresse oxidativo e
interferem com o processo normal de morte celular programada (Kučienė e
Dulskienė, 2008). Em nosso estudo não encontramos uma associação com o uso
de tabaco, sendo que na literatura esta relação ainda não é bem clara. A
exposição fetal à cocaína e à maconha durante o início da gestação também tem
sido relacionada a um aumento de risco para malformações cardíacas por alguns
autores (Loffredo, 2000; Jenkins e cols., 2007). Contudo, a avaliação destes
fatores é muitas vezes dificultada devido ao uso concomitante de outras drogas,
como o fumo e o álcool, sendo assim difícil de avaliar o seu efeito individual
(Kučienė e Dulskienė, 2008).
Apesar de algumas exposições gestacionais de risco, como aquelas a
solventes, pesticidas, rodenticidas e radiação ionizante, terem sido relacionadas
em alguns estudos a um risco para malformações cardíacas (Wilson e cols., 1998;
Bassili e cols., 2000; Loffredo, 2000; Jenkis e cols., 2007; Yu e cols., 2008), nós
não encontramos esta associação. Por outro lado, Thultrup e Bonde (2006), após
uma extensa revisão, observaram também que não existem evidências
convincentes ligando a exposição ocupacional de risco durante a gestação a
defeitos congênitos.
Entretanto, cabe salientar que, para uma série de doenças e exposições
maternas, medicamentos e drogas, os dados tanto na literatura como em nosso
estudo são insuficientes para determinar um risco. Isto chama à atenção para a
necessidade de que sejam realizados estudos de metanálise para averiguar a
possível existência de risco, obtendo um tamanho amostral mais adequado para a
análise. Contudo, uma dificuldade encontrada é de que os trabalhos descritos na
literatura são muito heterogêneos, o que acaba impossibilitando muitas vezes a
78
sua comparação. Por exemplo, em nossa revisão, verificamos que dentre os
estudos que avaliaram fatores de risco gestacional para cardiopatia congênita, o
nosso foi o único a avaliar de forma padronizada os indivíduos quanto à presença
de alterações cromossômicas. Alguns trabalhos possuíam a descrição da análise
cariotípica somente em casos suspeitos de cromossomopatia (Bassili e cols.,
2000; Cedergren e cols., 2002; Roodpeyma e cols., 2002). Por outro lado, este
tipo de estudo avalia um grande número de variáveis que podem interferir no
desfecho, o que dificulta em muito a análise. Assim, fazem-se necessários
trabalhos que possam realizar uma averiguação de dados com uma classificação
de métodos de forma mais padronizada.
Mesmo assim, o papel de um único fator etiológico ainda é muito difícil de
ser estabelecido, pois em várias situações se acredita que a causa do defeito seja
multifatorial, incluindo a associação de teratógenos ambientais com condições
gênicas e cromossômicas (Kučienė e Dulskienė, 2008). Algumas diferenças
encontradas nos estudos podem, em parte, talvez ser explicadas por fatores
associadas à constituição genética dos indivíduos e à sua diversidade sócio-
cultural (os trabalhos foram realizados em regiões geográficas diversas). Além
disso, as cardiopatias congênitas são um grupo heterogêneo de lesões, portando,
possivelmente, diferentes associações etiológicas. Isto se justifica, de certa forma,
pela observação da associação de certos fatores de risco a determinados tipos de
defeitos cardíacos, como vimos anteriormente em algumas situações. Desta
forma, um passo importante no futuro será realizar a análise da relação dos
fatores de risco envolvidos com grupos específicos de malformações específicas,
dando-se ênfase, por exemplo, à classificação embriológica destes defeitos
(Clark, 2004).
79
Referências
Abu-Sulaiman RM, Subaih B (2004) Congenital heart disease in infants of diabetic
mothers: echocardiographic study. Pediatr Cardiol 25(2):137-140.
Acharya G, Sitras V, Maltau JM, Dahl LB, Kaaresen PI, Hanssen TA, et al. (2004)
Major congenital heart disease in Northern Norway: shortcomings of pre- and
postnatal diagnosis. Acta Obstet Gynecol Scand 83(12):1124-1129.
Badaruddoza, Afzal M, Akhtaruzzaman (1994) Inbreeding and congenital heart
diseases in a North Indian population. Clin Genet 45(6):288-291.
Bassili A, Mokhtar SA, Dabous NI, Zaher SR, Mokhtar MM, Zaki A (2000) Risk
factors for congenital heart diseases in Alexandria, Egypt. Eur J Epidemiol
16(9):805-14.
Becker S, Al Halees Z (1999) First-cousin matings and congenital heart disease in
Saudi Arabia. Community Genet 2(2-3):69-73.
Becker SM, Al Halees Z, Molina C, Paterson RM (2001) Consanguinity and
congenital heart disease in Saudi Arabia. Am J Med Genet 99(1):8-13.
Belletti I, Troschel L, Pisani P, Berrino F (1993) Retrospective assessment of
exposure by experts: the example of formaldehyde, solvents and mineral oils
among textile and metal workers. Int J Epidemiol 22(2):S127-33.
Botto LD, Correa A, Erickson JD (2001) Racial and temporal variations in the
prevalence of heart defects. Pediatrics 107(3):E32.
Bruneau BG (2008) The developmental genetics of congenital heart disease.
Nature 7181(451):943-948.
Buskens E, Grobbee DE, Frohn-Mulder IM, Wladimiroff JW, Hess J (1995)
Aspects of the aetiology of congenital heart disease. Eur Heart J 16(5):584-587.
Cedergren MI, Selbing AJ, Källén BA (2002) Risk factors for cardiovascular
malformation--a study based on prospectively collected data. Scand J Work
Environ Health 28(1):12-7.
Clark EB (2004) Evolution, genetics, and the etiology of congenital cardiovascular
malformations. J Pediatr 144(4):416-417.
Emmanouilides GC, Allen HD, Riemenschneider TA, Gutgesell HP (2000) Moss e
Adams’ doenças do coração na criança e no adolescente. MEDSI, Rio de janeiro.
Ferencz C, Rubin JD, McCarter RJ, Brenner JI, Neill CA, Perry LW, et al. (1985)
Congenital heart disease: prevalence at livebirth. The Baltimore-Washington Infant
Study. Am J Epidemiol 121(1):31-36.
80
Ferencz C, Neil CA, Boughman JA, Rubin JD, Brenner JI, Perry LW (1989)
Congenital cardiovascular malformations associated with chromosome
abnormalities: an epidemiologic study. J Pediatr 114(1):79-86.
Gill HK, Splitt M, Sharland GK, Simpson JM (2003) Patterns of recurrence of
congenital heart disease: an analysis of 6,640 consecutive pregnancies evaluated
by detailed fetal echocardiography. J Am Coll Cardiol 42(5):923-929.
Goldmuntz E (2001) The epidemiology and genetics of congenital heart disease.
Clin Perinatol 28(1):1-10.
Grech V (1999) The evolution of diagnostic trends in congenital heart disease: a
population-based study. J Paediatr Child Health 35(4):387-391.
Hagemann LL, Zielinsky P (2004) Rastreamento populacional de anormalidades
cardíacas fetais por ecocardiografia pré-natal em gestações de baixo risco no
município de Porto Alegre. Arq Bras Cardiol 82(4):313-319.
Hanson-Morris KA, Pelech AN (2006) The Wisconsin Pediatric Cardiac Registry: a
mechanism for exploring etiologies of congenital heart defects. WMJ 105(3):45-48.
Harris JA, Francannet C, Pradat P, Robert E (2003) The epidemiology of
cardiovascular defects, part 2: a study based on data from three large registries of
congenital malformations. Pediatr Cardiol 24(3):222-235.
Hassan I, Haleem AA, Bhutta ZA (1997) Profile and risk factors for congenital
heart disease. J Pak Med Assoc 47(3):78-81.
Hoekelman RA, Pless IB (1988) Decline in mortality among young americans
during the 20th century: prospects for reaching national mortality reduction goals
for 1990. Pediatrics 82(4):582-595.
Hoffman JI, Kaplan S (2002) The incidence of congenital heart disease. J Am Coll
Cardiol 39(12):1890-1900.
ISCN (2005) An International System for Human Cytogenetic Nomenclature.
Shaffer LG, Tommerup N (eds.). Basel: S. Karger.
Jenkins KJ, Correa A, Feinstein JA, Botto L, Britt AE, Daniels SR, et al. (2007)
Noninherited risk factors and congenital cardiovascular defects: current
knowledge: a scientific statement from the American Heart Association Council on
Cardiovascular Disease in the Young: endorsed by the American Academy of
Pediatrics. Circulation 115(23):2995-3014.
Johnson MC, Hing A, Wood MK, Watson MS (1997) Chromosome abnormalities in
congenital heart disease. Am J Med Genet 70(3):292-298.
Judge CM, Chasan-Taber L, Gensburg L, Nasca PC, Marshall EG (2004) Physical
exposures during pregnancy and congenital cardiovascular malformations.
Paediatr Perinat Epidemiol 18(5):352-360.
81
Khalid Y, Ghina M, Fadi B, Fadi C, May K, Joseph R, et al. (2006)
Consanguineous marriage and congenital heart defects: a case-control study in
the neonatal period. Am J Med Genet A 15;140(14):1524-30.
Kučienė R, Dulskienė V (2008) Selected environmental risk factors and congenital
heart defects. Medicina (Kaunas) 44(11):827-32.
Liu S, Liu J, Tang J, Ji J, Chen J, Liu C (2009) Environmental risk factors for
congenital heart disease in the Shandong Peninsula, China: a hospital-based
case-control study. J Epidemiol 19(3):122-30.
Loffredo CA (2000) Epidemiology of cardiovascular malformations: prevalence and
risk factors. Am J Med Genet 97(4):319-325.
Maestri NE, Beaty TH, Boughman JA (1989) Etiologic heterogeneity in the familial
aggregation of congenital cardiovascular malformations. Am J Hum Genet
45(4):556-564.
Pereira AC, Corrêa RF, Mota GF, Kim CA, Mesquita SF, Krieger JE (2003) High
specificity PCR screening for 22q11.2 microdeletion in three different ethnic
groups. Braz J Med Biol Res 36(10):1359-1365.
Pinto VC Jr, Daher CV, Sallum FS, Jatene MB, Croti UA (2004) Situação das
cirurgias cardíacas congênitas no Brasil. Braz J Cardiovasc Surg 19(2):3-6.
Prasad C, Chudley AE (2002) Genetics and cardiac anomalies: the heart of the
matter. Indian J Pediatr 69(4):321-332.
Ransom J, Srivastava D (2007) The genetics of cardiac birth defects. Semin Cell
Dev Biol 18(1):132-9.
Robida A, Folger GM, Hajar HA (1997) Incidence of congenital heart disease in
Qatari children. Int J Cardiol 60(1):19-22.
Roodpeyma S, Kamali Z, Afshar F, Naraghi S (2002) Risk factors in congenital
heart disease. Clin Pediatr 41(9):653-658.
Rosano A, Botto LD, Botting B, Mastroiacovo P (2000) Infant mortality and
congenital anomalies from 1950 to 1994: an international perspective. J Epidemiol
Community Health 54:660-6.
Seliem MA, Bou-Holaigah IH, Al-Sannaa N (2007) Influence of consanguinity on
the pattern of familial aggregation of congenital cardiovascular anomalies in an
outpatient population: studies from the eastern province of Saudi Arabia.
Community Genet 10(1):27-31.
Thulstrup AM, Bonde JP (2006) Maternal occupational exposure and risk of
specific birth defects. Occup Med (Lond) 56(8):532-43.
Tikkanen J, Heinonen OP (1990) Risk factors for cardiovascular malformations in
Finland. Eur J Epidemiol 6(4):348-56.
82
Wilson PD, Loffredo CA, Correa-Villaseñor A, Ferencz C (1998) Attributable
fraction for cardiac malformations. Am J Epidemiol 148(5):414-23.
Yu ZB, Han SP, Guo XR. (2008) A Meta-analysis on the risk factors of perinatal
congenital heart disease in Chinese people. Zhonghua Liu Xing Bing Xue Za Zhi
29(11):1137-40.
Yunis, JJ (1981) New chromosome techniques in the study of human neoplasia.
Hum Pathol 12(6):540-549.
Tabela 1. Características demográficas da amostra.
Características Grupo
Casos
(n=250)
Controles
(n=303)
P
Idade da criança* (meses) 7 (1 – 39,3) 34 (8 – 91,5) <0,001
Sexo (n=250) (n=303) 0,204
Masculino 130 (52,0) 140 (46,2)
Feminino 120 (48,0) 163 (53,8)
Etnia (n=247) (n=289) 0,542
Caucasiana 205 (83,0) 235 (81,3)
Negróide 13 (5,3) 22 (7,6)
Mista 29 (11,7) 32 (11,1)
Residência (n=248) (n=302) 0,001
Rural 39 (15,7) 20 (6,6)
Urbana 209 (84,3) 282 (93,4)
* Mediana (P25-P75).
83
Tabela 2. Características de história familiar e gestacional da amostra.
Características Grupo
Casos
(n=250)
Controle
(n=303)
P
Número de gestações * (n=247) (n=299) 0,640
2 (1-3) 2 (1-3)
Ordem do nascimento * (n=250) (n=301) 0,258
2 (1-3) 2 (1-3)
Número de partos * (n=247) (n=299) 0,854
1 (0-2) 1 (0-2)
Número de cesáreas * (n=248) (n=303) 0,913
1 (0-1) 1 (0-1)
Ocorrência de perdas gestacionais 57 (22,8) 52 (17,2) 0,121
Abortos provocados 1 (0,4) 3 (1,0) 0,631
Consanguinidade (n=245) (n=303) 0,896
Sim 7 (2,9) 7 (2,3)
Não 238 (97,1) 296 (97,7)
Pré-natal (n=249) (n=303) 0,361
Sim 235 (94,4) 292 (96,4)
Não 14 (5,6) 11 (3,60
Ameaça de aborto (n=247) (n=301) 0,275
Sim 42 (17,0) 40 (13,3)
Não 205 (83,0) 261 (86,7)
Ameaça de aborto no 1° trimestre (n=40) (n=40) 1,000
Sim 30 (75,0) 31 (77,5)
Não 10 (25,0) 9 (22,5)
Doença materna geral (n=248) (n=302) 0,001
Sim 123 (49,6) 107 (35,4)
Não 125 (50,4) 195 (64,6)
Doença materna 1° trimestre (n=244) (n=294) 0,001
Sim 71 (29,1) 50 (17,0)
Não 173 (70,9) 244 (83,0)
Medicamento materno geral (n=248) (n=302) <0,001
Sim 148 (59,7) 125 (41,4)
Não 100 (40,3) 177 (58,6)
Medicamento materno 1° trimestre (n=226) (n=291) <0,001
Sim 85 (37,6) 65 (22,3)
Não 141 (62,4) 226 (77,7)
Droga na gestação (n=247) (n=303) 0,407
Sim 57 (23,1) 60 (19,8)
Não 190 (76,9) 243 (80,2)
Profissão materna de risco (n=246) (n=301) 0,714
Sim 30 (12,2) 41 (13,6)
Não 216 (87,8) 260 (86,4)
Profissão paterna de risco (n=244) (n=302) 1,000
Sim 87 (35,7) 108 (35,8)
Não 157 (64,3) 194 (64,2)
* Mediana (P25-P75).
84
Tabela 3. Principais doenças maternas verificadas em nossa amostra.
Características Grupo
Casos
(n=250)
Controles
(n=303)
P
Hipotireoidismo 0,761
Sim 5 (2,0) 5 (1,7)
Não 245 (98,0) 298 (98,3)
Infecção de Trato Urinário <0,001
Sim 23 (9,2) 6 (2,0)
Não 227 (90,8) 297 (98,0)
Infecção <0,001
Sim 17 (6,8) 2 (0,7)
Não 233 (93,2) 301 (99,3)
Hipertensão Arterial Sistêmica 0,033
Sim 17 (6,8) 8 (2,6)
Não 233 (93,2) 295 (97,4)
Diabetes Melito 0,592
Sim 2 (0,8) 1 (0,3)
Não 248 (99,2) 302 (99,7)
Diabetes Gestacional 0,181
Sim 4 (1,6) 1 (0,3)
Não 246 (98,4) 302 (99,7)
Anemia 0,266
Sim 14 (5,6) 10 (3,3)
Não 236 (94,4) 293 (96,7)
Depressão (n=249) (n=303) 0,707
Sim 4 (1,6) 3 (1,0)
Não 245 (98,4) 300 (99,0)
85
Tabela 4. Principais classes de medicamentos observados em nossa amostra.
Características Grupo
Casos
(n=250)
Controles
(n=303)
P
Hormônio da tireóide 1,000
Sim 3 (1,2) 4 (1,3)
Não 247 (98,8) 299 (98,7)
Anti-hipertensivo 0,011
Sim 18 (7,2) 7 (2,3)
Não 232 (92,8) 296 (97,7)
Anti-inflamatórios 0,041
Sim 4 (1,6) 0 (0,0)
Não 246 (98,4) 303 (100,0)
Droga anti-diabetes 0,592
Sim 2 (0,8) 1 (0,3)
Não 248 (99,2) 302 (99,7)
Antitérmico/Analgésico 0,050
Sim 11 (4,4) 4 (1,3)
Não 239 (95,6) 299 (98,7)
Anti-histamínico 1,000
Sim 1 (0,4) 1 (0,7)
Não 249 (99,6) 302 (99,3)
Antidepressivo 1,000
Sim 1 (0,4) 2 (0,7)
Não 249 (99,6) 301 (99,3)
Antifúngico 1,000
Sim 1 (0,4) 1 (0,3)
Não 249 (99,6) 302 (99,7)
Corticóide 0,086
Sim 7 (2,8) 2 (0,7)
Não 243 (97,2) 301 (99,3)
Antibiótico (n=249) (n=303) <0,001
Sim 32 (12,9) 12 (4,0)
Não 217 (87,1) 291 (96,0)
86
Tabela 5. Principais drogas identificadas em nossa amostra.
Características Grupo
Casos
(n=250)
Controles
(n=303)
P
Fumo (n=248) (n= 303) 0,681
Sim 40 (16,1) 54 (17,8)
Não 208 (83,9) 249 (82,2)
Fumo 1° trimestre (n=247) (n= 303) 0,917
Sim 35 (14,2) 45 (14,9)
Não 212 (85,8) 258 (85,1)
Álcool (n=248) (n= 303) 0,096
Sim 21 (8,5) 14 (4,6)
Não 227 (91,5) 289 (85,4)
Álcool 1° trimestre (n=248) (n= 300) 0,066
Sim 20 (8,1) 12 (4,0)
Não 228 (91,9) 188 (96,0)
Tabela 6. Análise de Regressão Logística para avaliar fatores
independentemente associados com a doença.
Variáveis Odds Ratio (IC 95%) P
Idade 0,99 (0,98 – 0,99) <0,001
Ocorrência de perdas gestacionais 1,47 (1,02 – 2,12) 0,040
Residência rural 3,01 (1,63 – 5,57) <0,001
Uso de álcool 2,33 (1,05 – 5,16) 0,038
Uso de anti-hipertensivo 2,62 (1,00 – 6,87) 0,050
Uso de antibiótico 3,17 (1,55 – 6,49) 0,002
Uso de antitérmicos/analgésicos 2,01 (0,60 – 6,75) 0,259
87
II. Considerações finais
Este projeto foi composto basicamente por duas abordagens: 1) a
aplicação de um protocolo clínico que envolveu entrevista com familiar do
paciente, exame físico dismorfológico e revisão de prontuário; e 2) análise
citogenética de todos os pacientes portadores de cardiopatia congênita. Desta
forma, foi obtida uma grande variedade de informações, sendo que a redação do
artigo científico principal utilizou as informações diretamente ligadas ao objetivo
fundamental do projeto. No entanto, restaram inúmeras informações que
pretendemos utilizar como segue.
A quantidade de dados obtidos nos permitirá a redação de outros artigos
científicos como, por exemplo, verificar em termos qualitativos e quantitativos o
diagnóstico de anormalidades cardíacas durante a realização do
acompanhamento pré-natal das mães de pacientes portadores de cardiopatia
congênita. Também será feita a descrição científica das anormalidades
citogenéticas observadas em 47 crianças da amostra inicial de 297 pacientes
portadores de cardiopatia congênita. Além disso, um enfoque sobre o tempo de
gestação, tipo de parto e os dados apresentados ao nascimento será realizado.
Como a amostra foi composta de pacientes cuja internação hospitalar foi
realizada tanto pelo Sistema Único de Saúde como por convênios privados,
verificaremos possíveis diferenças entre estes dois grupos.
Por outro lado, olhando para o futuro, é enorme a perspectiva que surge a
partir do fato de que a UFCSPA tem como hospital escola o Complexo Hospitalar
Santa Casa. Fazendo parte deste Complexo, o Hospital da Criança Santo Antônio
é referência, pode-se dizer até nacional, para o diagnóstico e tratamento de
88
crianças portadoras de cardiopatia congênita. A quantidade de pacientes que
procura o hospital para atendimento é muito grande, permitindo facilmente a
obtenção de um tamanho amostral significativo. A possibilidade de se manter
projetos de pesquisa ativos buscando ensino e conhecimento acerca das
cardiopatias congênitas, tanto em relação à sua gênese como às suas
implicações, é altamente tentadora.
O grupo de pesquisa em Genética Humana, ligado ao Programa de Pós-
Graduação em Patologia da UFCSPA, possui como linha de pesquisa principal o
“Estudo clínico, citogenético e molecular das malformações congênitas,
neoplasias e patologias multifatoriais”. Através de sua linha de pesquisa o grupo
pretende manter estudos relacionados às cardiopatias congênitas.
89
VI. Anexos
90
VI.1. Material e métodos
VI.1.1 Delineamento do estudo
Estudo observacional, caso-controle, prospectivo.
VI.1.2 A amostra
Este trabalho foi parte integrante de dois outros projetos intitulados
“Prevalência e caracterização clínica dos pacientes que internam na unidade de
tratamento intensivo cardiológica do HCSA e detecção da Síndrome de deleção
22q11 através de exame de cariótipo sincronizado e de técnica de hibridização in
situ fluorescente (FISH)” e “Caracterização de aspectos relativos à história
gestacional, história do parto, história familiar e reprodutiva de pacientes não
portadores de cardiopatia congênita que internam na UTI do HCSA”. A amostra foi
composta de indivíduos portadores de cardiopatia congênita (casos) e sem
cardiopatia (controles).
O Serviço de Cardiologia do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA),
Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre (CHSCPA), localizado na cidade
de Porto Alegre, é um centro de referência no Estado do Rio Grande do Sul, tanto
na avaliação quanto no tratamento de crianças com cardiopatia congênita.
VI.1.2.1 Cálculo do tamanho da amostra
O cálculo da amostra foi realizado utilizando o PEPI (Programs for
epidemiologists) versão 4.0 de acordo com os resultados descritos por Bassili e
cols. (2000). Desse modo, no presente estudo os critérios utilizados foram: nível
de confiança (1-alfa) de 95%, poder do teste (1-ß) de 90%, razão de casos e
controles (1:1) e uma diferença de no mínimo 10% entre os grupos. A amostra
mínima confiável foi de 572 pacientes, 286 casos e 286 controles.
91
VI.1.2.2 Casos
O grupo total dos casos foi constituído por 297 pacientes portadores de
cardiopatia congênita que internaram pela primeira vez na UTI do HCSA e que
foram avaliados de modo contínuo e prospectivo.
VI.1.2.3 Controles
O grupo controle foi constituído por 303 pacientes sem cardiopatia congênita
que internaram na mesma UTI, também de modo contínuo e prospectivo, logo a
seguir ao paciente índice (com cardiopatia congênita). Estes indivíduos foram
identificados através do livro de internações da UTI e do registro geral do Hospital.
VI.1.2.4 Critérios de inclusão
Casos:
1) Paciente ser portador de cardiopatia congênita;
2) Primeira internação na UTI Cardiológica do HCSA por cardiopatia
congênita.
Controles:
1) Paciente não ser portador de cardiopatia congênita;
2) Primeira internação na UTI do HCSA.
VI.1.2.5 Critérios de exclusão
Casos e Controles:
1) Já terem internado anteriormente na UTI do HCSA.
VI.1.3 O protocolo de pesquisa
Para cada paciente foi preenchida uma ficha de avaliação padrão, onde
constavam dados de identificação, história gestacional, história familiar, exame
dismorfológico e ecocardiográfico (ver Anexo B).
As informações obtidas, a partir dos dois projetos anteriormente citados
foram coletadas por um geneticista clínico, com o auxílio de uma acadêmica do
92
curso de medicina, através de entrevista direta com os familiares dos pacientes e
revisão do prontuário hospitalar.
Os dados e o material referentes à complementação da amostra foram
coletados pela mestranda e por dois colaboradores geneticistas clínicos após a
aplicação do consentimento informado. Este protocolo foi construído com base na
ficha de atendimento utilizada pelo serviço de Genética Clínica da
UFCSPA/HCSA, com ênfase nas informações relacionadas às cardiopatias
congênitas. Sua aplicação foi realizada de forma padronizada, na tentativa de se
diminuir possíveis vieses de aferição, através do treinamento dos entrevistadores
e realização de um estudo piloto.
Na identificação foram coletados dados relacionados à idade e sexo dos
pacientes, local de nascimento e de procedência, idade e profissão dos pais, se
possuidor de algum convênio médico particular ou pertencente ao Sistema Único
de Saúde, e com quem foi realizada a entrevista (mãe, pai, ambos os pais ou
mesmo outro familiar). Quanto à procedência, os pacientes foram divididos
naqueles de origem rural e urbana, em similaridade com os critérios descritos por
Liu e cols. (2009).
Considerou-se como ocupação (materna e paterna) de risco aquela onde
havia exposição a tintas, laca e agentes químicos, especialmente orgânicos, como
trabalho em indústrias de tinta, gráfica, metais e têxteis. Esta abordagem foi
concordante com a adotada por Belleti e cols. (1993) e Bassili e cols. (2000).
Na história gestacional foram levantados fatores que podem estar
correlacionados com a presença de malformações cardíacas na criança, tais como
realização ou não de acompanhamento pré-natal, uso de drogas (como fumo,
álcool e cocaína), ocorrência de doenças maternas ou exposição a outros agentes
ambientais na gestação (como raio-X), ameaça de abortamento espontâneo e
trabalho de parto prematuro, com a respectiva idade gestacional de cada evento.
Estes foram posteriormente divididos de acordo com a ocorrência tanto no
primeiro trimestre de gravidez como em toda a gestação.
Na história familiar foram coletados dados sobre a idade materna e paterna
no momento do nascimento do paciente, presença ou não de consanguinidade
entre os pais, grau de parentesco entre os mesmos e recorrência familiar para
malformações e doenças genéticas. Nesta última, consideraram-se quando da
presença de um familiar de até segundo grau afetado.
93
Todos os pacientes portadores de cardiopatia congênita realizaram o estudo
dos cromossomos através do cariótipo de alta resolução (ver descrição da técnica
em detalhes a seguir).
No exame físico foram obtidas medidas antropométricas, como peso,
perímetro cefálico e comprimento/altura. Estas foram avaliadas através de curvas
de crescimento padrões (Jones, 2006). Dismorfias, quando presentes, foram
descritas seguindo a nomenclatura utilizada por Merks e cols. (2003).
Anormalidades em outros órgãos ou sistemas também foram anotadas. Uma
documentação fotográfica de todos os pacientes com a criação de um arquivo de
imagens digitais foi realizada também, após consentimento informado dos
familiares. Esta teve como objetivo complementar a avaliação clínica através da
comparação das características físicas dos pacientes com programas
computadorizados de diagnóstico genético.
A determinação do tipo de cardiopatia congênita apresentada pelos pacientes
foi feita por um dos cardiologistas colaboradores do estudo, tomando como base o
defeito cardíaco principal diagnosticado através do exame ecocardiográfico.
Quando presente, este foi comparado com a descrição cirúrgica e do cateterismo
cardíaco.
Para a amostra controle foi aplicada apenas entrevista com um familiar, para
preenchimento da ficha de avaliação com os dados da identificação, história
gestacional e familiar.
VI.1.4 Procedimentos laboratoriais
De cada paciente com cardiopatia congênita (casos), coletou-se uma
amostra de 2-3 mL de sangue que foi colocada em um frasco com heparina
sódica. Este foi encaminhado ao Laboratório de Citogenética da UFCSPA para
análise citogenética.
VI.1.4.1 Análise citogenética através do cariótipo de alta resolução
A análise citogenética foi realizada através do exame de cariótipo de alta
resolução (>500 bandas), conforme a técnica modificada de Yunis (1981), com
coloração pelo método de banda GTG (banda G por Tripsina e Giemsa). Esta
94
técnica permite o estudo dos cromossomos em uma etapa mais precoce da
mitose (pró-metáfase), e, portanto, mais detalhada no número de bandas
cromossômicas visíveis. Esta análise foi realizada pela mestranda (Tatiana Diehl
Zen) com auxílio de uma bolsista de iniciação científica (Patrícia Trevisan) e de
uma estagiária do Laboratório de Citogenética da UFCSPA (Virgínia Lazzari), de
um geneticista colaborador (Prof. Paulo Ricardo Gazzola Zen) e sob a supervisão
de um citogeneticista e orientador (Prof. Giorgio Adriano Paskulin). O método é
descrito em detalhes a seguir:
VI.1.4.1.1 Cultivo celular com sincronização pelo método
metotrexato/timidina para obtenção de cromossomos pró-metafásicos de
alta resolução
1) Cerca de 0,5 ml de sangue periférico presente na seringa heparinizada foi
inicialmente semeado em a um tubo de cultura descartável, estéril de 15 ml,
contendo 5 ml de meio de cultura RPMI 1640, suplementado com 20% de soro
bovino fetal e 50 μl de fitohemaglutinina M. Esse foi levado à estufa a 37°C por 72
horas;
2) Após 48 horas de cultivo, metotrexato foi adicionado à cultura, na
concentração final de 10
-7
M;
3) Cerca de 14-17 horas após, o conteúdo do cultivo celular foi centrifugado
por 5 minutos, desprezando-se após o sobrenadante;
4) As células do precipitado foram ressuspensas em novo meio de cultivo,
com adição de timidina, numa concentração final de 10
-5
M, sendo o cultivo levado
novamente à estufa;
5) Após 3 horas e meia, adicionou-se colcemide ao cultivo, na concentração
final de 0,01 μg/mL, e aguardou-se por 5 minutos antes de centrifugá-lo;
6) O sobrenadante foi depois desprezado, e o precipitado celular
ressuspenso em 10 mL de solução hipotônica de KCl (0,075M) e levado ao banho-
maria a 37°C por 15 minutos;
7) A seguir, adicionou-se 0,5 mL de fixativo de Carnoy (solução de metanol e
ácido acético glacial na proporção, respectivamente, de 3:1), inverteu-se o tubo de
cultura 2-3 vezes e levou-se o mesmo à centrífuga por mais 5 minutos;
95
8) O sobrenadante foi depois desprezado, e o precipitado ressuspenso, com
posterior fixação das células pela adição de 5-8 mL de fixativo;
9) Ao final, a amostra fixada foi armazenada em um freezer a -20°C por pelo
menos 24 horas até posterior preparação das lâminas.
VI.1.4.1.2 Preparação das lâminas
A partir do material fixado de cada paciente foram feitas lâminas para
avaliação das placas metafásicas. Após sucessivas lavagens (três vezes) do
material fixado com o fixativo de Carnoy, aplicou-se a suspensão de células, com
o uso de pipetas de Pasteur pequenas, em lâminas úmidas e geladas que foram
colocadas para secagem sobre papel filtro úmido, à temperatura ambiente. Depois
de secas, estas foram avaliadas por contraste de fase em microscópio Axioskop
Zeiss (objetiva com aumento de 10X) quanto à presença de placas metafásicas,
sendo depois colocadas em estufa a 56°C por pelo menos 48 horas até a
coloração. Cerca de 3 a 4 lâminas de cada caso foram preparadas para posterior
coloração e análise ao microscópio.
VI.1.4.1.3 Coloração (banda GTG)
As lâminas preparadas com as suspensões de células cultivadas foram
passadas em frascos sequenciais contendo, consecutivamente, solução
tamponada de tripsina, álcool 70%, corante de Giemsa em tampão fosfato e água
destilada, sendo ao final deixadas secando à temperatura ambiente para posterior
análise ao microscópio.
VI.1.4.1.4 Análise ao microscópio
De cada preparação no mínimo 15 placas metafásicas foram analisadas no
microscópio Axioskop Zeiss, de acordo com as normas presentes no International
System for Human Cytogenetic Nomenclature (ISCN) 2005, com o objetivo de
identificar possíveis anormalidades numéricas e estruturais dos cromossomos.
Esta contagem de placas metafásicas exclui um grau de mosaicismo de até 12%
para um limite de confiança de 95% (Hook, 1977). Em casos analisados com
96
suspeita de mosaicismo, esta contagem foi expandida para 100 com o objetivo de
confirmar ou excluir a presença do mesmo.
Para análise das placas metafásicas ao microscópio, as lâminas foram
montadas com lamínulas de 24 x 50 mm acrescidas de entellan® (Merck,
Alemanha). Utilizou-se primeiramente a objetiva com aumento de 10X para
seleção da metáfase, mudando-se a seguir para a objetiva de 100X com imersão
a óleo para contagem e avaliação dos cromossomos. Após, retornou-se à objetiva
de 10X, e se seguiu campos verticais até se encontrar a próxima metáfase, onde
novamente se utilizou a objetiva de 100X com imersão a óleo para avaliar os
cromossomos. Este procedimento foi realizado até se completar a análise de 15
placas metafásicas. Quando necessário, lâminas adicionais foram utilizadas para
alcançar esta contagem. Placas metafásicas muito próximas entre si, com um
grande número de sobreposições cromossômicas ou com dificuldade de
visualização das bandas cromossômicas foram excluídas. Para esta análise,
utilizou-se uma ficha padrão (ver Anexo C) onde foram anotadas informações
sobre a preparação do cultivo celular de cada caso, quantidade e qualidade das
lâminas preparadas para análise, número de metáfases analisadas, contagem dos
cromossomos e descrição detalhada de pelo menos 5 metáfases com
determinação de suas respectivas posições na lâmina, utilizando-se como
referência a lâmina-ponto England Finder
TM
(SPI Supplies) e seguindo as
instruções do fabricante.
Três metáfases representativas de cada amostra foram fotografadas com o
uso de uma câmera digital Nikon coolpix 4500 acoplada ao microscópio. As
imagens foram processadas em computador, através do programa Adobe-
Photoshop versão 7.0 (Adobe®), com posterior impressão e montagem dos
cariótipos.
Ao final, os cariótipos foram novamente reavaliados, dando-se ênfase às
regiões cromossômicas supostamente associadas ao defeito cardíaco congênito
apresentado pelo paciente (Brewer e cols., 1998; van Karnebeek e Hennekam,
1999).
97
VI.1.5 Aspectos éticos
Todas as famílias que concordaram em participar do estudo preencheram um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido autorizando os investigadores a
realizar as etapas previstas no protocolo de pesquisa (anexos D e E). Essas
incluem uma avaliação clínica, com coleta de dados de todos os pacientes e, para
a amostra de casos uma documentação fotográfica, exame físico/dismorfológico e
exame de cariótipo de alta resolução. O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da UFCSPA (anexo F).
VI.1.6 O processamento dos dados e a análise estatística
O processamento dos dados e a análise estatística foram realizados,
respectivamente, através da criação de um banco de dados no programa Excel
6.0, dos programas SPSS versão 12.0 para Windows e PEPI (versão 4.0).
Pacientes com cardiopatia congênita identificados com uma anormalidade
cromossômica através do exame de cariótipo foram excluídos da análise.
Para comparar as médias entre os grupos com e sem cardiopatia congênita,
foi aplicado o teste t-student para amostras independentes. Em caso de
assimetria, o teste de Mann-Whitney foi utilizado. Para comparar as proporções, o
teste Qui-Quadrado de Pearson foi aplicado. A medida de efeito utilizada foi o
Odds Ratio com intervalo de 95% de confiança. Para controlar os fatores de
confusão e avaliar os preditores de cardiopatia congênita, a análise de Regressão
Logística Múltipla foi aplicada. O critério para a entrada da variável no modelo foi
de que apresente um p<0,20 na análise bivariada. Foram considerados como
significantes valores de P0,05, para um intervalo de confiança de 95%.
98
VI.1.7 Referências Bibliográficas
Bassili A, Mokhtar SA, Dabous NI, Zaher SR, Mokhtar MM, Zaki A (2000) Risk
factors for congenital heart diseases in Alexandria, Egypt. Eur J Epidemiol
16(9):805-814.
Belletti I, Troscel L, Pisani P, Berrino F (1993) Retrospective assessment of
exposure by experts: The example of formaldehyde, solvents and mineral oils
among textile and metal workers. Int J Epidemiol 22(6):S127-S133.
Brewer C, Holloway S, Zawalnyski P, Schinzel A, FitzPatrick D (1998) A
chromosomal deletion map of human malformations. Am J Hum Genet 63(4):1153-
1159.
Hook EB (1977) Exclusion of chromosomal mosaicism: tables of 90%, 95%, and
99% confidence limits and comments on use. Am J Hum Genet 29(1):94-97.
ISCN (2005) An International System for Human Cytogenetic Nomenclature.
Shaffer LG, Tommerup N (eds.). Basel: S. Karger.
Jones KL. Smith’s recognizable patterns of human malformation. 6th ed.
Philadelphia: Elsevier Saunders; 2006.
Liu S, Liu J, Tang J, Ji J, Chen J, Liu C (2009) Environmental risk factors for
congenital heart disease in the Shandong Peninsula, China: A hospital-based
case-control study. J Epidemiol 19(3):122-130.
Merks JH, van Karnebeek CD, Caron HN, Hennekam RC (2003) Phenotypic
abnormalities: terminology and classification. Am J Med Genet A 123A(3):211-30.
van Karnebeek CD, Hennekam RC (1999) Associations between chromosomal
anomalies and congenital heart defects: a database search. Am J Med Genet
84(2):158-166.
Yunis, JJ (1981) New chromosomes techniques in the study of human neoplasia.
Hum Pathol 12(6):540-549.
99
VI.2 Protocolo de pesquisa
Projeto: Identificação de fatores de risco gestacionais e familiares para
cardiopatia congênita em pacientes admitidos na Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI) de um hospital pediátrico de Porto Alegre
II. HISTÓRIA GESTACIONAL
Pré-natal: 1. Sim 2. Não
Doenças maternas: __________________________________________________________
Época das doenças (mês): 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Drogas na gestação: _________________________________________________________
Época do uso das drogas (mês): 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Outros agentes: _____________________________________________________________
Época dos agentes (mês): 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ameaça de aborto: 1. Sim 2. Não
Época da ameaça (mês): 1 2 3
Trabalho de parto prematuro: 1. Sim 2. Não
Época (mês): 4 5 6 7 8 9
Obs.1:______________________________________________________________________
Leito: _______________
Nome: _____________________________________________ Registro hospitalar: _______________
Data de nascimento: __________ Data da internação: _____________
Motivo da internação na UTI: ____________________________________________________
Número (Ficha): ______________ Registro genético: _____________________
Sexo: 1. Feminino 2. Masculino 3. Indeterminado
Cor: 1. Branca 2. Preta 3. Mista Idade: ______________ dias
Nome dos pais:_______________________________________________________________________
Endereço: _______________________________________________ Tel: ________________________
Entrevista realizada com: 1. Pai 2. Mãe 3. Ambos os pais 4. Outro familiar_______________
o
Local de nascimento: ________________________ Procedência: _________________________
I. IDENTIFICAÇÃO
100
Heredograma
IV. HISTÓRIA FAMILIAR-REPRODUTIVA
Idade materna: ________ anos Idade paterna: _______ anos
Consanguinidade: 1. Sim 2. Não
Grau de parentesco: 1 2 3 4 Outro
Recorrência familiar: 1. Sim 2. Não
Número total de gestações: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 _____
Ordem do nascimento: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 _____
Número de partos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 _____
Número de cesarianas: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 _____
Número de abortos espontâneos: 1 2 3 _________
Número de abortos provocados: 1 2 3 _________
Número de nativivos: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 _______
Número de natimortos: 1 2 3 __________
Sexo do natimorto: 1. M 2. F 3. Indeterminado 4. Desconhecido
Obs.:3:________________________________________________________________
III. HISTÓRIA DO PA RTO-PERINATAL
Tipo de parto: 1. Vaginal 2. Cesariana ___________________________
Apresentação fetal: 1. Cefálica 2. Pélvica 3. Transversa
Idade gestacional: 1. <37 sem. 2. 37-42 semanas 3. >42 semanas
Dados do nascimento
Peso: _______ gramas (P______) Comprimento: ________ cm (P______)
Perímetro cefálico: ________ cm (P_______) Perímetro torácico: _______ cm (P______)
Apgar 1’:_________ Apgar 5’:________
Obs.2:________________________________________________________________________
101
EXAME FÍSICO
Data de realização das medidas:_______________________
V.I. ANORMALIDADES CRANIOFACIAIS
CRÂNIO: ___________________________________________________________________________________
FACE: ______________________________________________________________________________________
OLHOS: ____________________________________________________________________________________
NARIZ: _____________________________________________________________________________________
BOCA: ______________________________________________________________________________________
ORELHAS: _________________________________________________________________________________
( ) OUTRAS: _____________________________________________________________________________
V.II. TORAX: _____________________________________________________________________________
V.II. ABDOME: ___________________________________________________________________________
V.III. ANOGENITAL: _____________________________________________________________________
V.IV. MEMBRO SUPERIOR: _______________________________________________________________
V.V. MEMBRO INFERIOR:________________________________________________________________
V.VI. PELE E ANEXOS: ___________________________________________________________________
V.V. OUTRAS: ___________________________________________________________________________
MEDIDA ITEM PERCENTIL
______g peso P _______
______cm estatura P _______
______cm PC P________
______cm comp. orelha P________
MEDIDA ITEM PERCENTIL
_______ mm dist. interc. interna P_______
_______ mm dist. interc. externa P_______
_______ mm comp. da mão P_______
_______ mm comp. do dedo médio P_______
102
VI. EXAMES E AVALIAÇÕES COMPLEMENTARES
( ) raio-X de tórax na data de ____/____/____
alterações: ________________________________________________________________________
( ) exames laboratoriais na data de ____/_____/_____
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
( ) outros: ________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
VII. DIAGNÓSTICO CARDIOLÓGICO E SINDRÔMICO
Diagnóstico cardiológico: ____________________________________________________
_________________________________________________________________________
Cardiopatia congênita: 1. Cianótica 2. Não cianótica
Presença de dismorfias: 1. Sim 2. Não
Se sim: 1. sindrômico ___________________________
2. cardiopatia associada a dismorfias
Diagnóstico citogenético – cariótipo de alta resolução:
1. Normal 2. Alterado ______________________________________________
103
VI.3 Ficha de análise ao microscópio – cariótipo
Caso: Data:
___/___/___
Tecido:
Sangue_____
Diagnóstico: Sexo:
Cultivo
Sincronizado
MTX
50μl
Lavar meio +
timidina 50μl
15-17h após
Colcemide
50μl por 15
min
Técnico
N° Lâm.
Prep.
Qualidade das
metáfases
no CF
Técnico
( )
RPMI +Fito/72h
20%SFB
Contagem e Análise: Técnico:
Nível da Banda: 350____ 450____ 550____
Contagem Lâm.: Lâm.: Lâm.: Lâm.: Lâm.: Lâm.: Lâm.:
<45
45
46
47
Mit 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 X Y
Cont Lâmina Local Obs.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Observação:
Diagnóstico:
104
VI.4 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (casos)
Identificação de fatores de risco gestacionais e familiares para cardiopatia congênita em pacientes admitidos na
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital pediátrico de Porto Alegre
Os defeitos (ou malformações) do coração são observados freqüentemente ao nascimento e representam um
importante problema de saúde pública. As doenças genéticas são consideradas uma importante causa destes defeitos do
coração.
Este trabalho tem o objetivo de avaliar aspectos relativos à história gestacional e familiar de pacientes com
cardiopatia congênita que internam em uma UTI do HCSA, para identificar possíveis fatores de risco envolvidos na
gênese desta malformação. Além disso, também serão avaliadas características dismorfológicas e ecocardiográficas
dos pacientes portadores de cardiopatia congênita, para análise futura.
Após a realização do consentimento informado, seu filho será submetido a uma avaliação clínica, com coleta de
dados sobre a sua gestação, o seu parto, sua história familiar e doença cardíaca. , além de um exame físico detalhado e
análise das radiografias do tórax do momento da internação hospitalar. Também após a sua permissão por escrito, será
feita uma documentação fotográfica de seu filho, com o objetivo de complementar a avaliação clínica (para comparação
das características físicas com programas de computador utilizados para estudar as doenças genéticas).
Você também será perguntado a consentir sobre a coleta de uma amostra de 2 ml de sangue do seu filho, que será
utilizada para a análise dos seus cromossomos. As complicações da coleta de sangue são raras e geralmente pequenas,
podendo ocorrer alguma dor ou certo desconforto em decorrência da picada da pele. A amostra de sangue do seu filho,
bem como os dados clínicos e as fotos, serão confidenciais e utilizados exclusivamente neste projeto. Nenhum outro
teste ou pesquisa será feito sem a sua permissão ou de seu filho por escrito, sendo que também não haverá nenhum custo
para a realização destes exames e nem haverá pagamento aos participantes.
Existe a possibilidade de que a participação neste estudo possa fazer você, ou o seu filho se sentirem
emocionalmente desconfortáveis. A participação de seu filho é inteiramente voluntária. Você tem o direito de não
fazer parte, ou mesmo de pedir desistência na participação desta pesquisa sem que isso represente qualquer forma de
prejuízo para o atendimento do seu filho dentro da Instituição onde o projeto está sendo realizado. Não se dará qualquer
informação genética sobre o seu filho e sua família, a outros membros da família, ou a terceiros sem a sua permissão por
escrito. Os pacientes identificados com um problema genético, caso os pais ou o responsável desejarem, serão
encaminhados ao ambulatório de Genética Clínica do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) para avaliação e
acompanhamento.
“Pelo presente Termo de Consentimento, eu declaro que fui informado de forma clara, detalhada e livre de qualquer
constrangimento ou obrigação, dos objetivos, da justificativa e dos procedimentos a que serei submetido, bem como dos
desconfortos e benefícios do presente trabalho. Tive também a oportunidade de discutir e fazer perguntas sobre o trabalho.
Eu, voluntariamente, concordo em participar deste estudo”.
______________________________________
Assinatura do paciente se maior de 12 anos
“Pelo presente Termo de Consentimento, eu declaro que fui informado de forma clara, detalhada e livre de qualquer
constrangimento ou obrigação, dos objetivos, da justificativa e dos procedimentos a que meu filho será submetido, bem como
dos desconfortos e benefícios do presente trabalho. Tive também a oportunidade de discutir e fazer perguntas sobre o
trabalho. Eu e meu filho voluntariamente concordamos em participar deste estudo”.
_____________________________ _________________________________
Nome do paciente Nome do responsável
_____________________________ _________________________________
Assinatura do responsável Grau de parentesco e RG do responsável
_____________________________ __________________________________
Nome do pesquisador responsável Assinatura do pesquisador responsável
* Telefone do Comitê de Ética em Pesquisa da UFCSPA: 3303 8804.
* Telefone da pesquisadora responsável Tatiana Diehl Zen: 3303 8874
Porto Alegre, ____/____/_____
105
VI.5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (controles)
Identificação de fatores de risco gestacionais e familiares para cardiopatia congênita em pacientes admitidos na
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital pediátrico de Porto Alegre
Os defeitos (ou malformações) do coração são observados freqüentemente ao nascimento e representam um
importante problema de saúde pública. As doenças genéticas são consideradas uma importante causa destes defeitos do
coração.
Este trabalho tem o objetivo de avaliar aspectos relativos à história gestacional e familiar de pacientes com
cardiopatia congênita que internam em uma UTI do HCSA, para identificar possíveis fatores de risco envolvidos na
gênese desta malformação. Além disso, também serão avaliadas características dismorfológicas e ecocardiográficas dos
pacientes portadores de cardiopatia congênita, para análise futura.
Após a realização do consentimento informado, você e seu filho serão somente submetidos a uma avaliação
clínica, com o preenchimento de um questionário sobre a sua gestação, parto e história familiar. Nenhuma outra pesquisa
será realizada sem a sua permissão ou de seu filho por escrito.
A importância de se realizar tal estudo reside no fato de que, através da obtenção destas informações e sua
posterior comparação com a do grupo de pacientes com anormalidade do coração, você estará ajudando a identificar
possíveis fatores (como medicações ou doenças durante a gestação) e dados da história familiar que possam estar
relacionados com a causa destes defeitos cardíacos.
Existe a possibilidade de que a participação neste estudo possa fazer você, ou o seu filho se sentirem
emocionalmente desconfortáveis. A participação de seu filho é inteiramente voluntária. Você tem o direito de não
fazer parte, ou mesmo de pedir desistência na participação desta pesquisa sem que isso represente qualquer forma de
prejuízo para o atendimento do seu filho dentro da Instituição onde o projeto está sendo realizado. Não se dará qualquer
informação genética sobre o seu filho e sua família, a outros membros da família, ou a terceiros sem a sua permissão por
escrito. Os pacientes identificados com um problema genético, caso os pais ou o responsável desejarem, serão
encaminhados ao ambulatório de Genética Clínica do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) para avaliação e
acompanhamento.
“Pelo presente Termo de Consentimento, eu declaro que fui informado de forma clara, detalhada e livre de qualquer
constrangimento ou obrigação, dos objetivos, da justificativa e dos procedimentos a que serei submetido, bem como dos
desconfortos e benefícios do presente trabalho. Tive também a oportunidade de discutir e fazer perguntas sobre o trabalho.
Eu, voluntariamente, concordo em participar deste estudo”.
______________________________________
Assinatura do paciente se maior de 12 anos
“Pelo presente Termo de Consentimento, eu declaro que fui informado de forma clara, detalhada e livre de qualquer
constrangimento ou obrigação, dos objetivos, da justificativa e dos procedimentos a que meu filho será submetido, bem como
dos desconfortos e benefícios do presente trabalho. Tive também a oportunidade de discutir e fazer perguntas sobre o
trabalho. Eu e meu filho voluntariamente concordamos em participar deste estudo”.
_____________________________ _________________________________
Nome do paciente Nome do responsável
_____________________________ _________________________________
Assinatura do responsável Grau de parentesco e RG do responsável
_____________________________ __________________________________
Nome do pesquisador responsável Assinatura do pesquisador responsável
* Telefone do Comitê de Ética em Pesquisa da UFCSPA: 3303 8804.
* Telefone da pesquisadora responsável Tatiana Diehl Zen: 3303 8874
Porto Alegre, ____/____/_____
106
VI.6 Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
107
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo