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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Determinação da Acidez Total de Vinhos Tintos Empregando
Titulações Baseadas em Imagens Digitais
Adamastor Rodrigues Tôrres
JOÃO PESSOA – PB – BRASIL
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Determinação da Acidez Total de Vinhos Tintos Empregando
Titulações Baseadas em Imagens Digitais
Adamastor Rodrigues Tôrres
Dissertação apresentada como parte
dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Química pela
Universidade Federal da Paraíba.
Orientador: Prof. Dr. Edvan Cirino da Silva
João Pessoa – PB - Brasil
2010
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T693d Tôrres, Adamastor Rodrigues.
Determinação da acidez total de vinhos tintos empregando
titulações baseadas em imagens digitais / Adamastor Rodri-
gues Tôrres.- João Pessoa, 2010.
60f.
Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCEN
Orientador: Edvan Cirino da Silva
1. Química. 2. Vinhos tintos – acidez - Imagens Digitais
(DIB). 3. Imagens Digitais (DIB) – acidez – vinhos tintos.
UFPB/BC CDU: 54(043)
/
*/A,>oL
1-
-
~ro~Dr.
Determinação da Acidez Total de Vinhos Tintos
Empregando Titulações Baseadas em Imagens
Digitais.
Aprovada pela banca examinadora:
Edvaldo da Nóbrega Gaião
Examinador
Examinador
DEDICO a Deus pela bênção e
permissão em poder realizar meus
projetos humanos.
Agradecimentos
A Deus pelo dom da vida, da ciência e do entendimento.
Aos meus pais Adamastor Tôrres e Fátima Rodrigues, meus irmãos Luís
Tôrres e Fred, e ao meu avô Inácio Rodrigues.
A Maythe Gonçalves pelos momentos divididos nas últimas etapas deste
trabalho.
Aos professores Edvan Cirino da Silva e Mário César Ugulino de Araújo pelo
acolhimento no LAQA, pela oportunidade de trabalho, seus ensinamentos,
confiança em minha pessoa, contribuições acadêmicas, científicas e
sugestões.
Ao irmãozinho e co-orientador de coração Wellington da Silva Lyra pela sua
disponibilidade, conhecimento, empenho e ajuda em todas as etapas deste
trabalho.
Aos professores Edvaldo da Nóbrega Gaião, Luciano Farias de Almeida e
Sérgio Ricardo Bezerra dos Santos por todas suas sugestões na pré-defesa e
na defesa.
Aos mestrandos Stefani Iury e Renato Allan pela ajuda e colaboração na
parte experimental.
Ao colega e professor Márcio Coelho pelos momentos de orientação pessoal
e exemplo de dedicação à pesquisa.
Ao LAQA, na pessoa do professor Mário Ugulino, para o desenvolvimento
deste trabalho.
A todos os amigos que ganhei durante este período no LAQA ...
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... iii
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... v
LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................. vi
RESUMO. ......................................................................................................... vii
ABSTRACT ...................................................................................................... viii
CAPÍTULO I ........................................................................................................
1.INTRODUÇÃO .............................................................................................. 2
1.1. Caracterização geral do problema e proposta de solução ...................... 2
1.2. Objetivos ................................................................................................. 4
1.2.1. Objetivo geral ..................................................................................... 4
1.2.2. Objetivos específicos ......................................................................... 4
1.3. Vinhos tintos ............................................................................................ 5
1.3.1. Composição, propriedades físico-químicas e controle de qualidade . 5
1.3.2. Discriminação entre acidez real, acidez titulável e acidez total .......... 7
1.3.3. Antocianinas ...................................................................................... 8
1.4. Titulação de neutralização .................................................................... 12
1.4.1. Detecção do ponto final ................................................................... 13
1.4.2. Curvas de titulação .......................................................................... 13
1.5. Revisão da literatura ............................................................................. 16
1.5.1. Métodos para determinação da acidez total em vinhos ................. ..16
1.5.2. Método de referência para determinação de acidez total.. .............. 18
1.6. Imagens digitais em química analítica ................................................. .18
CAPÍTULO II .......................................................................................................
2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 27
2.1. Soluções, amostras e reagentes ........................................................... 27
2.2. Equipamentos ....................................................................................... 27
2.3. Sistema de titulação baseado em imagens digitais............................... 28
2.4. Procedimento de titulação DIB..... ......................................................... 29
2.4.1Softwares para controle do sistema de titulação DIB................... 31
2.5. Software para tratamento das imagens digitais...............................33
2.6. Testes estatísticos para validação dos resultados analíticos............36
2.6.1. Aplicação do teste t emparelhado baseado no teste de
hipóteses.................................................................................... 37
2.6.2. Aplicação do teste t emparelhado baseado no conceito de intervalo de
confiança.................................................................................... 38
CAPÍTULO III ......................................................................................................
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 40
3.1. Estudo dos incrementos de volume do titulante .................................... 40
3.2. Imagens digitais e espectros de absorção durante uma titulação
DIB............................................................................................... 41
3.3. Curvas de titulação e localização do ponto final............................. 45
3.4. Determinações de acidez total dos vinhos tintos............................ 47
CAPÍTULO IV ......................................................................................................
4. CONCLUSÕES ............................................................................................ 51
4.1. Propostas futuras .................................................................................. 52
CAPÍTULO V ........................................................................................................
5. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 54
iii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1. Estrutura química geral das antocianinas...........................................8
FIGURA 1.2. Esquema ilustrando as possíveis mudanças estruturais de uma
antocianina genérica em meio aquoso em função do pH .........................................10
FIGURA 1.3. Variações de cores observadas, obtidas com extrato de uva, para
diferentes pH’s...........................................................................................................11
FIGURA 1.4. Tipos de curvas de titulação: (a) curva sigmóide e (b) curva de
segmento linear..........................................................................................................14
FIGURA 2.1. Foto do sistema de titulação de vinhos tintos baseada em imagens
digitais. O zoom destacado na foto ilustra o posicionamento da webcam diante da
célula de fluxo ............................................................................................................28
FIGURA 2.2 Diagrama esquemático do sistema de titulação DIB: Am – solução da
amostra, Tit – solução do titulante, BP – bomba peristáltica, V
1
- válvula da amostra,
V
2
- válvula do titulante, V
3
– válvula para transferência da solução resultante, WC-
webcam, CF- célula de fluxo, L- lâmpada fluorescente, AV – acionador de válvulas,
IC – interface de controle, CP – computador portátil, AM – agitador magnético e BM
– barra magnética.......................................................................................................30
FIGURA 2.3 Curvas de calibração das válvulas solenóides (a) do titulante e (b) da
amostra.......................................................................................................................31
FIGURA 2.4
Janela principal do programa desenvolvido para Titulação DIB. A seta
em vermelho aponta a janela cuja mensagem informa o momento de captura da
imagem . ....................................................................................................................32
FIGURA 2.5 Janela principal do software “Valor de Cor para o tratamento das
imagens digitais..........................................................................................................33
FIGURA 2.6 Esquema da rotina do cálculo do valor RGB pelo programa “Valor de
Cor”............................................................................................................................34
FIGURA 2.7 Janela para definição das coordenadas da região de interesse nas
imagens. A seta indica a região delimitada pelo usuário (definida pelo retângulo)
para o cálculo do “Valor de Cor” ................................................................................35
FIGURA 2.8 Janela do cálculo do valor de cor e valor médio das componentes RGB
....................................................................................................................................36
iv
FIGURA 3.1. Curvas de titulação DIB com incrementos de 0,2 mL (pontos azuis) nas
vizinhanças do ponto final (a) e sua respectiva segunda derivada (b)......................41
FIGURA 3.2. Imagens digitais obtidas durante a titulação do vinho tinto para
incrementos de volume de titulante e o respectivo pH da solução............................42
FIGURA 3.3. Espectros de absorção obtidos de uma amostra de vinho tinto diluída
1:10 (v/v) em meio ácido (a) e em meio alcalino (b) para cada incremento de volume
do titulante..................................................................................................................42
FIGURA 3.4. Estrutura molecular das espécies de antocianinas encontradas em
soluções aquosas......................................................................................................43
FIGURA 3.5. Variação das componentes do sistema de cores RGB ao longo da
titulação das amostras de vinho tinto. Onde: C
B
=valor da componente para o branco
e C
i
=valor da componente para uma dada adição de titulante..................................45
FIGURA 3.6. Curvas de titulação DIB (a) e sua respectiva curva de segunda
derivada (b)................................................................................................................45
v
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.1 Padrões de identidade e qualidade do vinho e derivados da uva e do
vinho.............................................................................................................................6
TABELA 3.1 Resultados das médias de três determinações da acidez total de
vinhos tintos, em termos de g/L de ácido tartárico, obtidos pelos métodos de
titulação (DIB e potenciométrica)...............................................................................48
vi
LISTA DE ABREVIATURAS
MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
AOAC Association of Official Analytical Chemists
OIV Office International de la Vigne et du Vin
IAL Instituto Adolfo Lutz
pH Potencial hidrogeniônico
LED Diodo emissor de luz
DBBQ 3,5-di-t-butil -1,2-benzoquinona
DIB Baseada em imagens digitais
RBP Proteína ligante do retinol
RGB Vermelho-verde-azul
HSV Matiz - saturação - valor
CMYK Ciano-magenta-amarelo-preto
PIXEL Elemento de imagem
CCD Dispositivo de carga acoplada
CMOS Semicondutor metal-óxido complementar
APS Sensor de pixel ativo
PCA Análise de componentes principais
HCA Análise hierárquica de agrupamentos
UV-Vis Ultravioleta-visível
USB Universal serial bus
vii
RESUMO
Título: “Determinação da Acidez Total de Vinhos Tintos Empregando Titulações
Baseadas em Imagens Digitais
Neste trabalho, propõe-se o uso de imagens digitais, capturadas com uma
Webcam, para determinação da acidez total de vinhos tintos por meio de titulação
ácido-base sem a utilização de indicador externo. As imagens digitais apresentam a
cor da radiação emergente que é complementar à da radiação absorvida por
moléculas de antocianinas presentes nos vinhos. Cada imagem, gerada de acordo
com o sistema vermelho-verde-azul (RGB), fornece uma matriz de valores dos
componentes R, G e B cujas médias definem o valor de cor obtido como:
BGR
222
. Esse valor foi adotado como resposta analítica para a construção das
curvas de titulação baseadas em imagens digitais (DIB). Para a localização mais
precisa do ponto final, foram geradas as curvas de titulação com base nos valores
da segunda derivada da resposta analítica. As antocianinas apresentam diferentes
cores de acordo com o pH do meio e, a partir das variações do valor de cor das
imagens obtidas durante a titulação dos vinhos tintos, o ponto final pôde ser
detectado com precisão. O método oficial recomenda o uso da titulação
potenciométrica para a determinação da acidez total de vinhos tintos. Este método
requer diluição da amostra antes da titulação que deve ser efetuada até um valor
fixo de pH (8,2-8,4). A fim de ilustrar a viabilidade do método proposto, foram
realizadas titulações envolvendo a determinação da acidez total em dez amostras de
vinhos tintos. Os resultados foram comparados com os obtidos pela titulação
potenciométrica usada como método de referência. Constatou-se que não há
diferença sistemática estatisticamente significativa entre os resultados, aplicando-se
o teste t emparelhado ao nível de 95% de confiança. O método proposto produziu
resultados com uma precisão melhor que a do método oficial. Essas características
vantajosas da titulação DIB são atribuídas à natureza trivariada das medidas
associadas às imagens digitais.
Palavras-chaves: Imagens digitais, Sistema de cores RGB, Titulação ácido-base,
Vinhos Tintos e Acidez total.
viii
ABSTRACT
Title: ‘‘Determination of Total Acidity in Red Wines Employing Digital Image-
Based Titrations ’’
This work proposes the use of digital images captured by a Webcam for
determination of total acidity in red wines by means of an acid-base titration without
using an external indicator. Digital images present the colour of the emergent
radiation, which is complementary to the radiation absorbed by molecules of
anthocyanines presents in wines. Each image, generated according to RGB system,
yields a matrix of the values of the R, G and B components whose averages define a
the colour value obtained as:
BGR
222
. This value was adopted as analytical
response to build titrations curves based on digital images (DIB). For a more precise
localization of the end point, titrations curves were generated on the basis of the
second derivative values of the analytical response. Anthocyanines present different
colours according to medium pH and, from the variation of the colour values of the
images obtained during the titration of the red wines, the end point could be detected
with precision. The official method recommends the use of potenciometric titration for
determination of total acidity in red wines. This method requires a dilution of the
sample before the titration that must be carried out until a fixed value of pH (8.2 –
8.4). In order to illustrate the feasibility of the proposed method titrations involving the
determination of total acidity in ten red wines samples were carried out. Results were
compared to the ones obtained by potenciometric titration used as reference method.
No statistic difference has been observed between the results by applying the paired
t-test at 95% confidence level. The proposed method yielded results with a better
precision than the official method. These advantageous characteristics are attributed
to the trivariate nature of the measures associated to digital images.
Key words: Digital images, RGB colour system, Acid-base titration, Red wines and
Total acidity.
INTRODUÇÃO
Capítulo 1
2
1. INTRODUÇÃO
1.1. Caracterização geral do problema e proposta de solução
Nas últimas décadas, a elaboração e o consumo de vinhos têm crescido
cada vez mais no âmbito internacional (BARROS, 1990; BENASSI, 1997 e
NASCIMENTO, 2005). O vinho pode ser definido, de acordo com a portaria nº 229
do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), como sendo a
bebida obtida da fermentação alcoólica do mosto de uva sã, fresca e madura
(BRASIL, 1988). O mosto simples de uva é o produto obtido pelo esmagamento ou
prensagem da uva com a presença ou não de suas partes sólidas. Sendo assim,
não se recomenda o uso do termo vinho para produtos obtidos de quaisquer outras
matérias-primas (ANDRADE et al., 2008).
A obtenção de vinhos de boa qualidade necessita da realização de análises
físico-químicas, as quais são fundamentais para a monitoração do processo e
identificação de possíveis alterações. Dessa maneira, uma vez detectado algum
problema pode-se intervir no processo para efetuar as correções pertinentes. Entre
as propriedades importantes, destacam-se o pH e a acidez que, além de
contribuírem para uma boa fermentação do mosto, participam das características
organolépticas dos vinhos, influenciando na estabilidade e coloração. A acidez volátil
relaciona-se principalmente com a presença dos ácidos acético, fórmico e butírico e
permite inferir sobre a sanidade dos vinhos. Por exemplo, vinhos vinificados
corretamente, nos quais foi acrescentado dióxido de enxofre, apresentam baixa
acidez volátil (NASCIMENTO, 2005). A acidez total é usada durante o
processamento e no término das operações para padronização dos vinhos
(BARROS, 1990).
As substâncias que conferem características ácidas ao mosto ou ao vinho
são ácidos orgânicos relativamente fracos. Por isso, quando mostos e vinhos são
titulados com base forte, o ponto de equivalência será maior que 7,0, usualmente
entre 7,8 e 8,3 (BARROS, 1990).
O ácido tartárico é o mais forte entre os ácidos orgânicos do vinho e, por
isso, influi de modo determinante no pH e nas características sensoriais dos vinhos
(RIZZON e MIELE, 2001). Este fato motiva o uso da unidade “gramas/Litro de ácido
3
tartárico” para exprimir a acidez total de uma amostra de vinho (ZOECKLEIN, 1995 e
DARIAS-MARTÍN et al., 2003). O método de determinação da acidez total em vinhos
é descrito por várias instituições como a Association of Official Analytical Chemists -
AOAC (ZOECKLEIN, 1995), Office International de la Vigne et du Vin - OIV (1969) e
Instituto Adolfo Lutz - IAL (2008). Em geral, os métodos preconizados envolvem a
titulação de neutralização dos ácidos com solução padronizada de base, usando
fenolftaleína como indicador. A observação visual da mudança de cor no indicador é
uma prática tradicional para detecção do ponto final em titulações (CARDWELL et
al., 1991), porém essa observação é dificultada quando amostras coloridas são
tituladas (AFONSO e AGUIAR, 2004; OSAWA, GONÇALVES e RAGAZZI, 2006).
Por esta razão, as instituições acima citadas recomendam a titulação
potenciométrica quando as amostras são coloridas, como no caso do vinho tinto
(OIV, 1969 e IAL, 2008).
Os vinhos tintos apresentam uma matriz que absorve radiação
eletromagnética numa ampla faixa do espectro visível, cujas posições das bandas
modificam com o pH devido à presença das antocianinas provenientes da uva
(GARCIA e REIS, 2006; MALACRIDA e MOTTA, 2006). Além disso, outra
característica muito interessante dessa matriz é que ocorre uma mudança de cor
quando a acidez é neutralizada.
Neste trabalho, propõe-se uma metodologia baseada em imagens digitais
para a determinação de acidez de vinhos tintos por intermédio de titulação ácido-
base sem o uso de indicador tendo em vista a mudança natural da cor da matriz com
a neutralização. Como meio de detectar essa mudança de cor e encontrar o ponto
final da titulação, utilizou-se uma webcam para a obtenção das imagens digitais tal
qual no trabalho de Gaião et al. (2006).
4
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo geral
¾ Propor uma metodologia baseada em imagens digitais, capturadas com uma
Webcam, para determinação de acidez total de vinhos tintos por meio de
titulação ácido-base sem o uso de indicador.
1.2.2. Objetivos específicos
¾ Associar as imagens digitais aos espectros de absorção no visível dos vinhos
tintos durante a titulação para estudar as características absorventes da
matriz;
¾ Construir curvas de titulação baseadas nos valores de cor obtidos a partir dos
componentes vermelho-verde-azul (RGB) das imagens digitais;
¾ Desenvolver um sistema automático para a implementação da titulação de
vinhos baseada em imagens digitais;
¾ Desenvolver um programa computacional para gerenciar o sistema
automático;
¾ Aplicar a estratégia proposta na determinação da acidez total de vinhos tintos;
¾ Avaliar o desempenho da metodologia proposta, comparando-se os
resultados de sua aplicação com os da titulação potenciométrica mediante
testes estatísticos aplicados aos resultados das determinações analíticas.
5
1.3. Vinhos tintos
1.3.1. Composição, propriedades físico-químicas e controle de qualidade
O vinho compreende uma matriz complexa que, além de água, açúcar e
álcool, contém uma grande variedade de substâncias inorgânicas e outras orgânicas
(NASCIMENTO, 2005). Os vinhos contêm uma mistura complexa de ácidos
orgânicos, sendo os mais importantes o tartárico, málico, succínico, acético, cítrico e
lático. Os ácidos tartárico, málico e cítrico são provenientes da própria uva e seus
teores se modificam durante a maturação e os processos de fermentação. Já os
ácidos lático, succínico e acético são originários do metabolismo de bactérias e
leveduras (BENASSI, 1997).
Vinhos de qualidade são obtidos de uvas com teores de sólidos solúveis
totais, polifenóis e antocianas (tintos), o mais elevado possível, enquanto que a
acidez total deve ser baixa (BEVILAQUIA, 1995).
Entre as frutas, a uva é uma das maiores fontes de compostos fenólicos. Os
principais fenólicos presentes na uva são os flavonóides (antocianinas, flavanóis e
flavonóis), os estilbenos (resveratrol), os ácidos fenólicos (derivados dos ácidos
cinâmicos e benzóicos) e uma larga variedade de taninos (MALACRIDA e MOTTA,
2005).
Os compostos fenólicos possuem grande importância na alta qualidade dos
vinhos tintos. Eles são responsáveis pela adstringência e amargura, além de
contribuir na estabilidade da cor do vinho. Foi demonstrado que o perfil dos
compostos fenólicos de um vinho é influenciado por práticas vinícolas e diferentes
técnicas enológicas. A variedade, o vinhedo, e região onde as uvas são cultivadas
afetam toda a composição fenólica dos vinhos (CLIFF, KING e SCHLOSSER, 2007).
Na análise visando ao controle de qualidade dos vinhos, as determinações
físico-químicas usuais são: exame preliminar, densidade relativa, álcool em volume,
pH, acidez total, acidez volátil, acidez fixa, extrato seco, açúcares redutores em
glicose, açúcares não redutores em sacarose, sulfatos, extrato seco reduzido,
relação álcool em peso/extrato seco reduzido, cinzas, cloretos (IAL, 2008). De
acordo com o MAPA (BRASIL, 1999), os padrões de qualidade dos vinhos deverão
obedecer aos limites apresentados na Tabela 1.1.
6
TABELA 1.1 Padrões de identidade e qualidade do vinho e derivados da uva e do vinho.
Propriedades físico-químicas mínimo máximo
Álcool etílico em graus GL, a 20º C
7,0 9,9
Acidez total em meq/L
55,0 130,0
Acidez volátil (corrigida), em meq/L
- 20,0
Extrato seco reduzido, em g/L
13,0 -
Sulfatos totais, em sulfato de potássio, em g/L
- 1,0
Anidrido sulfuroso total, em g/L
- 0,35
Cloretos totais, em cloreto de sódio, em g/L
- 0,20
Cinzas, em g/L, tintos
1,5 -
Álcool metílico, em g/L - 0,35
Fonte: Adaptado de BRASIL, 1999
Os compostos fenólicos são importantes em enologia, uma vez que
participam da cor do vinho, das características gustativas de suavidade, dureza, do
sabor adstringente e, de alguma forma, do aroma que, por sua vez são influenciados
pelo pH e acidez volátil. O teor de ácido presente no vinho varia de 1 a 8%. A acidez
total quando elevada é sinal de alterações microbianas nos vinhos (FREITAS, 2006).
A acidez volátil está relacionada principalmente à presença dos ácidos
acético, fórmico e butírico, que permite inferir sobre a sanidade dos vinhos. Vinhos
com altos teores de acidez volátil indicam que organismos não desejáveis,
particularmente o Acetobacter, estão presentes, e que provavelmente, o vinho pode
virar vinagre. Portanto, vinhos vinificados corretamente, nos quais foi acrescentado
dióxido de enxofre, apresentam baixa acidez volátil (BARROS, 1990; NASCIMENTO,
2005).
7
1.3.2. Discriminação entre acidez real, acidez titulável e acidez total
Na determinação da acidez de vinhos, observa-se o emprego indiscriminado
dos termos acidez real, acidez titulável e acidez total em trabalhos acadêmicos,
científicos e em procedimentos para análises e controle de qualidade de vinhos,
como relatado a seguir.
Diversos trabalhos encontrados na literatura empregam dois dos termos
citados ou se referem à apenas um deles para a determinação da acidez em vinhos
(RUNYAN, 1901; CARDWELL et al., 1991; RANGEL e TÓTH, 1998; HONORATO et
al., 1999; GAIÃO et al., 1999; OHTSUKI et al., 2000; GARCIA e REIS, 2006).
A medida da acidez total é definida como a concentração dos ácidos
orgânicos na uva ou vinho. Neste caso, a acidez total corresponde a todos os ácidos
da matriz, dissociados e não dissociados. Por outro lado, a acidez titulável consiste
na neutralização dos íons H
3
O
+
resultantes da dissociação incompleta dos ácidos
orgânicos fracos, os quais são titulados com uma base padrão. Sendo assim, os
termos acidez titulável e acidez total são utilizados indistintamente pelos órgãos
AOAC e OIV por se referirem à mesma medida (DARIAS-MARTÍN et al., 2003).
GAMA e AFONSO (2007) relataram a origem da proposição do conceito de
pH para exprimir a acidez de um meio (geralmente aquoso) e a evolução de sua
medida. A origem da definição do pH pode ser encontrada no desenvolvimento da
química de soluções aquosas ocorrido durante o século XIX. A teoria da dissociação
eletrolítica proposta por Svante Arrhenius desempenhou um papel fundamental para
a consolidação desse conceito. Não obstante, Louis Pasteur foi o primeiro a
reconhecer em 1875, por intermédio dos seus estudos de fermentação, que a acidez
real é bem diferente da acidez total. Isto porque ácidos com mesmo número de
hidrogênios ionizáveis não têm necessariamente a mesma força.
PATO (1999) afirma que os ácidos fracos presentes no vinho (ácidos
tartárico, málico, láctico e succínico) se ionizam na água de forma incompleta, e a
concentração de íons H
3
O
+
, constitui o que se chama “acidez real”, a qual é
traduzida pela notação logarítmica de Sörensen, onde pH= - log [H
3
O
+
].
Em face do exposto, não se observa um consenso geral com respeito às
diferentes possibilidades para exprimir a acidez dos vinhos. Neste trabalho, adotou-
se o termo preconizado pela Instrução Normativa nº 24, de 08 de setembro de 2005,
do MAPA, que considera a acidez total ou titulável como sendo a reação de
8
neutralização dos ácidos com solução padronizada de base, até o ponto de
equivalência ou potenciômetro até pH = 8,2 (BRASIL, 2005 e IAL, 2008).
1.3.3. Antocianinas
As antocianinas (das palavras gregas anthos= flor e kianos= azul) são
pigmentos da classe dos flavonóides e responsáveis pela maioria das cores azul,
roxa e todas as tonalidades de vermelho encontradas em flores, frutos, algumas
folhas, caules e raízes de plantas. São compostos solúveis em água e altamente
instáveis em temperaturas elevadas (MALACRIDA e MOTTA, 2006).
As antocianinas fazem parte do grupo dos flavonóides, compostos fenólicos
caracterizados pelo núcleo básico flavílico (cátion 2-fenilbenzopirílio) que consiste de
dois anéis aromáticos unidos por uma unidade de três carbonos e condensados por
um oxigênio.
A molécula de antocianina, representada na figura 1.1, é constituída por
duas ou três porções, uma aglicona (antocianidina), um grupo de açúcares e,
freqüentemente, um grupo de ácidos orgânicos (MALACRIDA e MOTTA, 2006). Nas
antocianinas, uma ou mais hidroxilas das posições 3, 5 e 7 estão ligadas a açúcares
(grupos R’’), aos quais podem estar ligados ácidos fenólicos.
FIGURA 1.1. Estrutura química geral das antocianinas
Adaptado de MALACRIDA e MOTTA (2006)
Os diferentes grupos R e R’ e açúcares (R’’) ligados nas posições 3, 5 ou 7,
assim como os ácidos a eles ligados, caracterizam os diferentes tipos de
9
antocianinas (TERCI e ROSSI, 2002). Quando livres dos açúcares, as antocianinas
são chamadas de antocianidinas (RAMOS et al., 2000).
Entre as antocianidinas mais conhecidas, dezoito ocorrem naturalmente e
apenas seis (pelargonidina, cianidina, delfinidina, peonidina, petunidina e malvidina)
são importantes como corantes em alimentos (MALACRIDA e MOTTA, 2006).
Existe um grande interesse no estudo das antocianinas em diversas áreas,
como na saúde, devido ao seu grande potencial terapêutico, na indústria, com
destaque para as aplicações na fabricação de vinhos e como corantes naturais, e
também na área de ensino em química, onde servem como indicadores de pH
(MARÇO, POPPI e SCARMINIO, 2008).
Apesar de possuir a mesma origem biossintética de outros flavonóides
naturais, as antocianinas diferem destes por absorver fortemente na região visível do
espectro (STRINGHETA e BOBBIO, 2000).
As antocianinas podem apresentar diferentes formas estruturais, as quais
podem assumir diferentes colorações. Essas formas podem sofrer interferências de
diversos fatores, destacando-se entre estes a temperatura, o valor do pH e possíveis
ligações com outras substâncias químicas (copigmentos). O pH é o fator que mais
influencia na coloração das antocianinas, visto que, em função de sua acidez ou
alcalinidade, estas podem apresentar diferentes estruturas (BORDIGNON et al,
2009).
A propriedade destes compostos apresentarem cores diferentes,
dependendo do pH do meio em que eles se encontram, faz com que estes
pigmentos possam ser utilizados como indicadores naturais de pH.
COUTO, RAMOS e CAVALHEIRO (1998) realizaram um experimento
didático empregando extratos de flores contendo antocianinas em titulações ácido –
base e os resultados do volume correspondente ao ponto final das titulações foram
comparados com os obtidos por potenciometria. Nos sistemas de titulação ácido
fraco – base forte, os erros foram menores que 2%.
SOARES, CAVALHEIRO e ANTUNES (2001) quantificaram ácido acético
em vinagres na presença de extratos de antocianinas e os resultados foram
comparados com aqueles obtidos usando indicadores convencionais, neste caso, a
fenolftaleína. Os erros relativos ao indicador convencional se mostraram bastante
satisfatórios em termo de análise volumétrica, obtendo-se erros menores que 1% em
relação à fenolftaleína, na titulação de vinagres de vinho branco e vinagre de álcool.
10
Para o vinagre de vinho tinto a viragem do indicador natural não foi tão nítida, devido
à presença de outros compostos da uva.
As mudanças estruturais que ocorrem com a variação do pH e que são
responsáveis pelo aparecimento das espécies com colorações diferentes, incluindo
o amarelo em meio fortemente alcalino, podem ser explicadas pelo esquema das
principais transformações mostradas na figura 1.2 (TERCI e ROSSI, 2002),
facilmente identificadas e relacionadas, pela simples observação visual, de acordo
com a figura 1.3.
Figura 1.2. Esquema ilustrando as possíveis mudanças estruturais de uma antocianina genérica em
meio aquoso em função do pH
(Adaptado de TERCI e ROSSI, 2002)
11
FIGURA 1.3. Variações de cores observadas, obtidas com extrato de uva, para diferentes pH’s
(Adaptado de TERCI e ROSSI, 2002)
Como se observa na figura 1.2, de modo geral, em meio extremamente
ácido (pH entre 1,0-2,0), as antocianinas apresentam coloração intensamente
avermelhada devido ao predomínio da forma cátion flavílico. Para um meio com pH
maior que 2,0, é observado um equilíbrio entre o cátion flavílico e uma estrutura
conhecida como carbinol (incolor). Com o aumento do pH, as antocianinas perdem a
cor até se tornarem praticamente incolores em pH aproximadamente 6,0, devido à
predominância da espécie carbinol.
Em valores de pH acima de 6,0, tanto a estrutura carbinol quanto a
anidrobase (violeta) podem formar a espécie anidrobase ionizada (azul). A formação
da anidrobase ionizada (azul) ocorre com a ruptura do anel heterocíclico quando
formada a partir da estrutura carbinol, o que, dependendo do tipo de antocianina,
pode tornar a reação irreversível.
A formação da anidrobase ionizada (azul) a partir da anidrobase quinoidal
(violeta) pode ocorrer por dois caminhos diferentes: de maneira direta, resultado de
um aumento brusco de pH, ou com um aumento gradual de base entre os valores de
pH 6,5 e 9,0. Ao iniciar-se a ionização das antocianinas, são formadas estruturas de
anidrobases que exibem coloração azul. Em meio extremamente alcalino, observa-
se o equilíbrio entre formas ionizadas de chalconas, apresentando coloração
amarelada (MARÇO, POPPI e SCARMINIO, 2008).
Como visto na figura 1.2 e na figura 1.3, em pH próximo à neutralidade, as
antocianinas apresentam-se praticamente incolores. Entretanto, as antocianinas
encontram-se sempre associadas às partes coloridas das plantas, indicando que
fatores físico-químicos incomuns devem estabilizá-las naturalmente. Um desses
fatores pode ser a presença de compostos chamados copigmentos, tais como
flavonóides não antociânicos, alcalóides, aminoácidos e nucleosídeos, entre outros
(FALCÃO et al., 2003).
12
Podem existir três mecanismos básicos de estabilização de antocianinas,
que são a copigmentação intramolecular, a copigmentação intermolecular e a auto
associação. A copigmentação intramolecular somente ocorre quando o pigmento e o
copigmento são partes de uma única molécula, ou seja, quando o cromóforo da
antocianina e um resíduo de ácido cinâmico (copigmento) estão covalentemente
ligados ao mesmo resíduo de açúcar. Na copigmentação intermolecular
predominam, provavelmente, forças de Van der Waals e efeitos hidrofóbicos em
meio aquoso como resultado do “empilhamento” entre a molécula de antocianina e o
copigmento. A auto-associação ocorre quando as antocianinas estão presentes em
concentrações mais elevadas (STRINGHETA e BOBBIO, 2000).
A reação de copigmentação é provavelmente o principal mecanismo de
interação molecular envolvido em variações da cor e da adstringência durante a
produção e envelhecimento dos vinhos. Fatores como o etanol, luz, pH, temperatura,
estruturas e concentrações do copigmento e da antocianina, entre outros,
influenciam significativamente a reação de copigmentação (FALCÃO et al., 2003).
Outra propriedade das antocianinas está relacionada aos seus efeitos
benéficos sobre a nutrição e saúde, devido as suas propriedades antioxidantes, pois
são carreadoras diretas de radicais livres e desta forma desempenham um papel
importante na prevenção de doenças cardiovasculares, modulação da inflamação,
inibição da agregação plaquetária, prevenção do câncer e de sua progressão. As
antocianinas presentes no vinho tinto foram associadas com a redução da incidência
de doenças cardíacas (VOLP et al., 2008).
1.4. Titulação de neutralização
A titulometria, também chamada de volumetria ou titrimetria, é baseada em
uma reação com estequiometria conhecida entre o analito e o reagente (titulante). O
volume de titulante necessário para reagir completamente com o analito é usado
para determinar a concentração do analito. Esse volume exato é denominado ponto
de equivalência (ou estequiométrico), o qual está associado à condição de
equivalência química. Não obstante, a titulação experimental fornece apenas o
volume do ponto final cujo valor deve estar o mais próximo possível do volume do
ponto de equivalência. A diferença entre o volume do ponto final e o estequiométrico
13
define o erro absoluto da titulação (SKOOG et al., 2006). O erro relativo é obtido
dividindo-se o erro absoluto pelo volume do ponto de equivalência ou, em termos
percentuais, multiplicando-se o resultado por 100 (cem).
A titulação ou volumetria de neutralização (ou ácido-base) é uma técnica de
análise quantitativa baseada na reação entre os íons H
3
O
+
e OH
-
:
H
3
O
+
+ OH
-
2H
2
O,
cuja extensão é governada pelo produto iônico da água (BACCAN et al., 2004).
1.4.1. Detecção do ponto final
Nas titulações, as concentrações dos analitos são determinadas a partir da
estequiometria das reações envolvidas e do volume (ou massa) do titulante
correspondente ao ponto final. A estequiometria das reações é revelada através da
detecção do ponto final da titulação. Este pontopode ser encontrado visualmente ou
através do emprego de um sensor que responde a alterações na propriedade
monitorada. (ROCHA e REIS, 2000).
Uma das estratégias mais usadas para detectar o ponto final de titulações
baseia-se no uso da variação de cor de algumas substâncias chamadas indicadores
(BACCAN et al., 2004), que permitem que as alterações nas propriedades
absorventes da solução sejam perceptíveis, até certo ponto, pelo analista. Outra
maneira de detecção do ponto final é através do uso das curvas de titulação.
1.4.2. Curvas de titulação
As curvas de titulação visam à determinação do volume do ponto final e são
construídas a partir dos sinais da propriedade (absorção molecular, pH,
condutividade, etc) relacionada com a concentração do analito em função do volume
de titulante. As curvas de titulação podem ser construídas manualmente ou de forma
automática por meio de equipamentos adequados (SKOOG et al., 2006 e
MENDHAM et al., 2002).
14
A forma da curva depende de alguns fatores tais como: a reação de titulação,
a espécie monitorada (indicador, titulante, analito ou produto formado), bem como a
técnica instrumental escolhida (espectrofotometria, condutimetria ou
potenciomentria, por exemplo). O volume do ponto final da titulação é assinalado por
uma descontinuidade que ocorre numa determinada região da curva, nas
proximidades do ponto de equivalência da mesma (GAIÃO et al., 2006).
Dois perfis de curvas de titulação são encontrados nos métodos
titulométricos. No primeiro tipo, chamado curva sigmóide, as observações
importantes são confinadas a uma pequena região (tipicamente de ± 0,1 a ± 0,5 mL)
ao redor do ponto de equivalência. Em um segundo tipo de curva, denominada curva
com segmentos lineares, as medidas são feitas nos dois lados, porém usam-se os
pontos distantes do ponto final para sua localização. Isto decorre do fato de que,
nessa região, as medidas analíticas estão associadas aos equilíbrios químicos
envolvidos na reação de titulação (SKOOG et al., 2006). A figura 1.4 mostra os dois
tipos de curvas encontradas nos métodos titulométricos.
FIGURA 1.4. Tipos de curvas de titulação: (a) curva sigmóide e (b) curva de segmento linear
Adaptado de SKOOG et al. (2006)
O ponto final pode corresponder ao ponto de inflexão da curva de titulação.
A determinação do ponto final de titulações potenciométricas de ácidos e bases
geralmente está associada com a determinação do ponto de inflexão da curva de
titulação obtida ao plotar-se o potencial (ou pH) medido como função do volume de
titulante adicionado (COSTA, 1989).
15
De um modo geral, o ponto final de uma titulação pode ser detectado mais
facilmente pelo exame da curva de titulação e sua primeira e segunda derivadas
(MENDHAM et al., 2002).
O método da primeira derivada (dpH/dV) pode fornecer o ponto de inflexão
da curva de titulação com uma maior precisão. Como resultado, obtém-se uma curva
em forma de pico cujo máximo ou mínimo corresponde geralmente ao ponto final da
titulação (SKOOG et al., 2006). No método da segunda derivada (d
2
pH/dV
2
), o ponto
final da titulação é localizado como sendo o ponto da curva cuja segunda derivada é
nula. (COSTA, 1989).
Entretanto, a determinação do ponto de equivalência vai se tornando cada
vez mais difícil à medida que titulamos ácidos e bases mais fracas, e quando as
soluções dos mesmos vão se tornando mais diluídas. A razão destas dificuldades,
visualizadas pela simples observação das curvas de titulação, são devidas às
pequenas inflexões que as mesmas apresentam nas proximidades do ponto de
equivalência (ALEIXO e GODINHO, 1984).
Nas curvas de titulação que possuem simetria, o ponto de inflexão coincide
com o ponto final da titulação. Normalmente, curvas de titulação de ácido forte com
base forte apresentam simetria, enquanto titulações de ácidos fracos com base forte,
ou vice-versa, não apresentam simetria em suas curvas (COSTA, 1989).
Um método alternativo para determinação do ponto final de eletrólitos fracos
é o gráfico de Gran, proposto em 1950. Este método baseia-se no uso de funções
lineares em relação ao volume de titulante. Se dV/dpH, em vez de dpH/dV, é plotado
contra o volume, V, determinadas vantagens são obtidas. Nas curvas diferenciais de
dV/dpH são obtidas duas retas que se interceptam no ponto de equivalência. Se a
curva é traçada durante o curso da titulação, a posição aproximada do ponto final
geralmente pode ser calculada antes que ele seja alcançado e, consequentemente,
os incrementos de dV reduzidos (GRAN, 1950). Outra vantagem é que o método
produz um gráfico linear que pode revelar a constante de dissociação do ácido e o
volume de base requerido para alcançar o ponto final (ALEIXO e GODINHO, 1984;
COSTA, 1989 e SKOOG et al., 2006).
16
1.5. Revisão de literatura
1.5.1. Métodos para determinação de acidez total em vinhos tintos
Várias metodologias são descritas na literatura com o propósito de
determinar a acidez total. Desde o século passado, a análise de amostras coloridas
sempre preocupou os químicos analíticos. Os indicadores comuns muitas vezes dão
resultados insatisfatórios em virtude da dificuldade de se detectar o ponto final.
RUNYAN (1901) testou uma mistura de indicadores composta por verde de
malaquita e “collarin” para a determinação da acidez total em vinhos tintos. Neste
processo, o vinho foi diluído de 1:30 e a titulação foi realizada da base para o ácido.
A mudança de cor, para esta mistura de indicadores, foi melhor observada quando
colocada contra a luz. Os resultados indicaram uma maior diferença, em gL
-1
de
ácido tartárico, para os vinhos tintos.
CARDWELL et al. (1991), propuseram uma técnica em fluxo descontínuo
utilizando um detector óptico, com uma janela de comprimento de onda que é capaz
de discriminar entre a cor da matriz e a cor do indicador, para a determinação da
acidez titulável e da acidez total de vinhos e vinagres respectivamente. Este sistema
alternativo baseava-se na escolha da combinação ideal entre a janela espectral - o
indicador - e o diodo emissor de luz (LED), para a viabilidade da técnica.
RANGEL e TÓTH (1998) desenvolveram um sistema em fluxo para
determinação seqüencial da acidez total, baseada numa pseudotitulação, e de ácido
tartárico, baseado na formação de um complexo colorido com vanadato, de vinhos
tintos e brancos. Esta metodologia envolveu diálise in-line antes da injeção para
diluir as amostras e para evitar interferência da matriz da amostra na detecção
espectrofotométrica. Usando fenolftaleína como indicador, o comprimento de onda
foi monitorado em 500 nm, o que permitiu diminuir a absorção da solução indicadora
para ser monitorada na determinação da acidez total.
GAIÃO et al. (1999) propuseram um sistema automático de titulação por
injeção em fluxo com detecção espectrofotométrica para a determinação da acidez
total em vinhos brancos e tintos. O titulador proposto explora gradientes de
concentração gerados no fluxo do sistema de injeção e não exige a construção de
curvas analíticas baseadas em várias soluções-padrão de ácido tartárico. Um
fotômetro a base de LED foi usado na medida espectrofotométrica e púrpura de m-
17
cresol foi escolhido como indicador ácido-base. As absorbâncias dos vinhos tintos
injetados no sistema em fluxo não foram detectadas no comprimento de onda (LED
amarelo) utilizado.
HONORATO et al. (1999) apresentaram um sistema híbrido flow-batch
como uma nova abordagem automatizada para titulação. O ponto final é encontrado
por meio do método de Fibonacci. A viabilidade da abordagem foi demonstrada na
titulação de vinhos brancos com NaOH utilizando púrpura de m-cresol como
indicador. O sistema se mostrou particularmente atrativo para a determinação da
acidez de vinhos. Entretanto, a aplicação do sistema proposto à análise de vinhos
tintos foi dificultada pelas variações da absorbância da amostra com o pH. Isto levou
a variações no sinal medido perto do ponto de equivalência, afetando a comparação
com o sinal de referência, prejudicando assim a aplicação do algoritmo de Fibonacci.
Este problema pode ser superado pela escolha apropriada da combinação do
comprimento de onda/indicador.
Nos estudos de Ohtsuki et al. (2000) o teor de acidez total do vinho foi
determinado por voltametria com base na redução da quinona, 3,5-di-t-butil -1,2-
benzoquinona (DBBQ). A DBBQ demonstrou ser uma quinona adequada como
reagente para esta determinação devido ao seu potencial de redução, estabilidade e
solubilidade em etanol contendo ácidos orgânicos. Nos voltamogramas da DBBQ
obtidos com ácidos orgânicos tais como ácido tartárico, cítrico e málico, um pico
simples e bem definido apareceu cuja altura foi proporcional à concentração de
ácido total a 0,1 V durante a varredura catódica do potencial. A partir do método de
adição padrão, utilizando uma solução padrão de ácido tartárico, o teor de acidez
total no vinho foi calculado. A cor da amostra e sua turbidez não causaram
interferência nos resultados da análise.
GARCIA e REIS (2006) desenvolveram um procedimento automático para a
determinação da acidez total no vinho tinto, combinando a instrumentação, o
software, e uma estratégia de trabalho baseado na abordagem flow-batch
empregando multicomutação. O sistema de fluxo compreendia um injetor automático
e válvulas solenóides de três vias, que foram controladas por um microcomputador
através de um cartão de interface eletrônica. O controle do software foi desenvolvido
com a capacidade de reconhecer o ponto final da titulação utilizando fenolftaleína
como indicador externo.
18
Na determinação da acidez total em termos da massa de ácido tartárico
presente nos vinhos, as metodologias mencionadas acima, necessitam do uso de
um indicador externo, como também combinam a escolha deste indicador com a
janela espectral emitida pelo LED, visto que os vinhos tintos absorvem a radiação
eletromagnética numa ampla faixa do espectro visível, na qual aumenta com o pH
do meio (GARCIA e REIS, 2006) devido às antocianinas presentes na uva
(MALACRIDA e MOTTA, 2006).
1.5.2. Método de referência para determinação de acidez total
A determinação de qualquer parâmetro físico-químico de vinhos é realizada
em conformidade com um protocolo estabelecido por órgãos oficiais. Instituições
como a AOAC (ZOECKLEIN, 1995), OIV (1969), IAL (2008), assim como o MAPA
(BRASIL, 2005), estabelecem suas recomendações para a determinação da acidez
total em vinhos tintos.
O método recomendado pelo IAL (2008), como também pelo MAPA
(BRASIL, 2005), se baseia na titulação de neutralização dos ácidos com solução
padronizada de álcali, com uso de indicador fenoftaleína para soluções claras de
vinho e outras bebidas álcoolicas fermentadas ou com o pHmetro para soluções
escuras. O procedimento consiste na titulação de uma alíquota da amostra
descarbonatada com solução de hidróxido de sódio padronizada, até pH = 8,2-8,4.
1.6. Imagens digitais em química analítica
GELADI e GRAHN (1996) definiram imagem como sendo a reprodução de
um objeto real ou cena, preservada em um meio. Como exemplo dessa definição de
imagens podemos citar uma pintura a óleo, uma aquarela, uma fotografia, uma
escultura, etc.
MACHADO, LEITE e SOUKI (2004) definiram imagem digital como sendo
nada mais do que uma série de dígitos binários (0 e 1), ou seja, um longa seqüência
desses dois números que, então, se “transformam” numa estrutura, geralmente
19
quadriculada, denominada pixel, que representam uma intensidade de luz e de cor,
onde todos estes pixels em conjunto irão formar a imagem digital.
As imagens digitais podem ser produzidas por diversos aparelhos, incluindo
câmeras de vídeo e fotográficas digitais, scanners, aparelhos de raios-X,
microscópios eletrônicos, aparelhos de ultra-som e radares, como também webcams
e telefones celulares (MACHADO, LEITE e SOUKI, 2004).
No campo da química analítica, diversos trabalhos foram publicados na
literatura, envolvendo o uso de imagens digitais obtidas a partir de algum destes
aparelhos eletrônicos. Os transdutores de imagem monitoram a radiação incidente
de forma contínua e reversível para aquisição de imagens. No mercado estão
disponíveis os transdutores do tipo dispositivos de carga aclopada (CCD) e os
semicondutores metal-óxido complementar (CMOS) (LYRA, 2008). Alguns trabalhos
encontrados na literatura discorrem sobre as câmeras CCD e as imagens digitais,
como sendo ferramentas promissoras em medidas analíticas de cunho geral.
O uso de imagem em química começou com a utilização do microscópio,
mas este instrumento nunca foi um assunto importante em química como foi para
biologia, fisiologia, medicina e geologia. Isso mudou quando o microscópio eletrônico
e depois o microscópio de íon se tornaram disponíveis, com possibilidade de
mapeamento das concentrações dos elementos (GELADI e GRAHN, 1996). Sendo
assim, diversos trabalhos foram publicados envolvendo este dispositivo.
FASSETT, ROTH e MORRISON (1977) obtiveram a quantificação de
imagens da espectrometria de massa de íons secundários produzidos por um
microscópio de íon e processamento de imagem digital. O filme negativo da imagem
do íon é convertido em uma matriz de densidades de ponto que mantém a resolução
espacial da imagem original. Técnicas de análise de imagem são demonstradas,
incluindo características da análise e correlação-cruzada usando transformada
de Fourier.
FASSET e MORRISON (1978) desenvolveram uma metodologia para
tornar multielementar as medidas de íons secundários por processamento de
imagem digital. Os autores utilizaram técnicas de processamento de imagens
para lidar com informações químicas contidas dentro de micrografias de íons. A
metodologia foi aplicada para análise de ferro policristalino.
20
DRUMMER e MORRISON (1980) perceberam as diversas vantagens em
se obter resultados diretos a partir das imagens. O modo de imagem explora todo
o potencial da capacidade do microscópio de íons de proporcionar informação
espacial que é muitas vezes perdida ou severamente comprometida em volumes
de análises por espectrometria de massa de íons secundários. Além disso,
observaram vantagens em comparação à digitalização de imagens de
microssonda, incluindo os tempos de aquisição de imagens substancialmente
diminuídos, aumentos da resolução, e muitas vezes, maior precisão, com o
compromisso entre o tempo e o número total de contagens registradas
normalmente eliminadas.
FIORI (1988) relata os avanços na eletrônica óptica e o desenvolvimento de
computadores poderosos e baratos que têm estendido a capacidade do microscópio
eletrônico quantificar diretamente a imagem e os elementos que compõe a amostra.
Começando pela formação da imagem, seguido pela descrição dos sinais analíticos
e os detectores para estes sinais, assim como o hardware necessário, Fiori discute
também a construção da imagem analítica através da microscopia eletrônica.
COOKE (1988) faz uma revisão sobre a evolução da microscopia química
que ocorreu entre janeiro de 1986 e novembro de 1987, de acordo com os
documentos do Chemical Abstracts. A ênfase foi colocada sobre os avanços na
técnica de microscopia e instrumentação relevantes para potenciais métodos
analíticos. O uso de imagens estava presente em várias técnicas citadas no artigo
de revisão publicado por Cooke.
LEE et al. (1991) demonstrou que a resolução de imagens em microscopia
eletroquímica de varredura pode ser substancialmente melhorada usando técnicas
de processamento digital de imagens.
GELADI e ESBENSEN (1989) afirmaram que imagens podem conter
informação útil em química e muitos métodos químicos podem gerar dados em
imagens. Para os autores a relação entre imagem e as propriedades
físicas/químicas de um objeto em estudo é dependente do comportamento do
espectro no sistema de imagem. Muitos tipos de parâmetros físicos (variáveis)
podem ser utilizados para propósitos em imagens. Algumas variáveis permitem a
extração da informação química, e o mais importante, é que a interpretação de
21
resultados pode ser baseada na observação visual ao invés de olhar uma lista de
números.
BYRNE et al. (2000) investigou os meios de tratamento da alta densidade de
pontos das matrizes geradas pela imagem digital. Usando uma câmera digital CCD
de alta resolução, um ponto da matriz de uma imagem a cores foi tomada e
processada utilizando o software de desenvolvimento LabVIEW, para retornar aos
valores numéricos dos componentes da cor vermelho, verde e azul de cada ponto. A
aplicação da imagem digital como um detector para reações colorimétricas mostrou
um grande potencial para medidas que envolvam a produção química da mudança
de cor, oferecendo uma alta produção de medidas em análises qualitativas e
quantitativas.
WITHAGEN, GROEN e SCHUTTE(2007) analisaram diferentes tipos de
câmeras para sua utilização em medidas experimentais. Baseando-se em
experimentos foi verificado um modelo geral de câmera CCD. Este modelo inclui
ganho de offset, ruído aditivo e multiplicativo, e correção gama. Para diversas
câmeras, exceto para uma webcam típica, este modelo geral mantêm-se. Para a
webcam, no estudo do ruído, a parte do ruído aditivo é mais importante que a parte
do ruído multiplicativo sobre a escala de intensidade. Em geral, os estudos
demonstraram que o modelo CCD é suficiente para todas as câmeras, exceto para
webcams de baixa qualidade. Resultados para webcam mostraram que é perigoso
escolher um modelo de câmera geral e assumir a sua validade. É importante validar
o modelo para cada câmera específica utilizada. Como apenas uma câmera foi
testada, os valores do parâmetro do modelo não são necessariamente válidos para
outras câmeras do mesmo tipo.
TRIGO JÚNIOR (2007) estudou a medida da qualidade de imagens de
câmeras digitais usando entropia informacional. A grandeza definida como entropia
informacional mede a taxa na qual uma fonte fornece informação. Os transdutores
de imagem do tipo CCD ou CMOS são importantes para esta informação. Uma
entropia informacional alta está associada com uma grande variação nos valores de
intensidade dos pixels da imagem, enquanto uma imagem com entropia baixa possui
pixels mais uniformes e pouca informação pode ser obtida das imagens. O estudo
conclui que as imagens que apresentam maior complexidade são aquelas em que a
entropia informacional é maior, tanto para a entropia em um único canal como
também para as imagens em RGB.
22
MONEMI et al. (1999) utilizaram uma câmera CCD como sistema de
detecção em um ensaio quimioluminescente para determinação da proteína ligante
do retinol (RBP). A quimioluminescência emitida a partir dos capilares de vidro foi
detectada por uma varredura lenta da câmera CCD num tempo de exposição
otimizado.
LAMPEN et al., (2000) usaram as imagens digitais adquiridas pela câmera
para obter informações sobre as propriedades químicas e mineralógicas das pedras
e do solo do planeta Marte.
MALEKI, SAVAFI e SEDAGHATPOUR (2004) empregaram uma câmara
digital como sistema de detecção para determinação simultânea de alumínio (III) e
ferro (III) em aços usando cromazurol S como reagente cromogênico. Os valores
RGB associados às imagens dos complexos formados com o reagente foram
usados na construção de um modelo de redes neurais artificiais.
No que diz respeito ao uso de imagens digitais, obtidas particularmente por
uma webcam, destacam-se os trabalhos de Gaião et al. (2006), Lyra (2008) e
recentemente o trabalho de Wongvilai et al. (2010). A webcam é uma câmera digital
de baixo custo que captura imagens digitais de modo quase instantâneo. Esse tipo
de câmera utiliza comumente um CCD ou CMOS como sensor de imagem.
GAIÃO et al., (2006), explorou o uso de imagens digitais em química
analítica, empregando uma webcam como detector do ponto final em titulações de
neutralização. Para cada pixel da imagem obtida pela webcam, o valor de cor das
componentes RGB foi baseado no produto 2
R
x 2
G
x 2
B
, e então o valor médio de
todos os pixels da imagem foi usado para construir as curvas de titulação. A
viabilidade da técnica requer uma variação das componentes RGB da imagem e
uma descontinuidade nas curvas de titulação onde está o ponto final associado à
condição de equivalência química.
LYRA (2008) desenvolveu um método espectrométrico de emissão em
chama baseada em imagens digitais. Um método matemático foi proposto para
construção das curvas analíticas e estimar as figuras de mérito desenvolvido. Esta
modelagem consistia na decomposição da imagem em suas componentes
individuais R, G e B e seus valores foram usados para definir um vetor posição no
espaço tri-dimensional RGB. A norma deste vetor foi adotada como o valor baseado
em RGB (reposta analítica) e se revelou estar relacionada linearmente com a
23
concentração do analito. O método foi aplicado na determinação de lítio em
comprimidos antidepressivos, sódio em soro fisiológico e cálcio em águas.
WONGVILAI et al. (2010) utilizaram uma webcam como um detector de
baixo custo para um simples reator lab-on-chip. O sistema proposto utiliza uma
webcam para monitorar as mudanças de cor, em tempo real, do indicador
fenolftaleína na zona contínua de uma reação de neutralização ácido-base. O
desaparecimento da cor rosa do indicador, quando a solução ácida difundia na
solução básica, foi registrada como a mudança no valor das componentes RGB.
Esta mudança estava relacionada com a concentração do ácido.
HUANG e ZHANG (2008) caracterizaram o espectro de cores das chamas
de metano em várias condições de queima utilizando modelos de cor RGB e HSV
(matiz, saturação e valor) em vez de resolver o espectro físico real. Os resultados
demonstram que cada tipo de chama tem sua própria característica de distribuição,
tanto no espaço RGB como HSV. Também foi observado que valores médios de B e
de G no modelo RGB representam bem o CH * e C
*
2
de emissão do metano pré-
misturado na chama. Essas características podem ser utilizadas para a medida e
monitoramento de chamas. O sistema de imagens utilizado neste estudo é uma
câmera digital CCD.
O uso de imagens obtidas por scanner em química analítica foi descrita
inicialmente no trabalho de Shishkin Yu et al. (2004). Neste trabalho, os autores
estudaram a possibilidade de usar um scanner de mesa e um software de
processamento de imagem digital para a avaliação numérica da intensidade da cor
das substâncias adsorvidas em espuma de poliuretano. O método permite realizar a
digitalização das imagens de amostras coloridas de espuma de poliuretano usando
um scanner de mesa. A quantificação das substâncias adsorvidas baseava-se na
construção de curvas analíticas a partir das medidas de luminosidade do canal
selecionado (R, G ou B) em função da concentração das soluções de calibração.
Gomes et al. (2008) realizou a determinação de ácido ascórbico pela
digitalização das amostras no scanner, e uma região da imagem obtida foi
selecionada para tratamento. Os valores médios das cores primárias vermelho (R),
verde (G) e azul (B) foram calculadas através de programa computacional para cada
amostra. O princípio da técnica foi baseada na reação entre o ácido ascórbico,
hexacianoferrato de potássio e cloreto de ferro (III) para formar o complexo azul da
Prússia.
24
SOLDAT, BARAK e LEPORE (2009) também utilizaram um scanner para
obter as imagens digitais e explorá-las com finalidade analítica. Neste artigo, os
autores demonstraram que a análise de imagem digital digitalizada de microplacas
em scanner pode substituir um espectrofotômetro comum para vários procedimentos
quantitativos em microescala. Esta descoberta permite baixo custo e micro-
quantificação de diversos compostos ser demonstrada em laboratório. O método foi
utilizado na determinação de vários íons de interesse ambiental.
MARTINEZ et al., (2008) desenvolveram um sistema que utiliza dispositivos
baseados em papel microfluídico para execução de vários ensaios colorimétricos
para simples testes de diagnóstico. Os resultados dos ensaios colorimétricos foram
obtidos com dois tipos de celulares com câmera, um scanner portátil, um scanner de
mesa e uma câmera digital. Os celulares com câmera são portáteis e cada vez mais
acessíveis, leves e equipados com alta resolução (2 megapixels). Neste trabalho foi
utilizado o sistema de cores primárias subtrativas: ciano, magenta, amarelo e preto
(CMYK).
O uso de imagens digitais também está relacionado com trabalhos
envolvendo o emprego de métodos quimiométricos de classificação.
MATOS et al. (2003) demonstrou o uso de Análise de Componentes
Principais (PCA) de imagens para classificar e prever imagens de diferentes
formatos, tamanhos, cores e tamanhos de partícula. Com a PCA de imagens foi
possível separar diferentes figuras geométricas (círculos, triângulos e losangos) e
classificar algumas amostras. Além disso, foi apresentada a possibilidade de
empregar a PCA de imagens para separar três tamanhos de partícula: 63, 150 e
600μm. As imagens foram digitalizadas a partir de um scanner.
PEREIRA e BUENO (2007) desenvolveram uma metodologia analítica para
complementar a avaliação da qualidade de tintas utilizando imagens digitalizadas
obtidas por um scanner. Aplicando PCA e análise hierárquica de agrupamentos
(HCA) foi possível identificar o melhor desempenho da pintura evitando
interpretações subjetivas.
GODINHO et al., (2008) objetivaram classificar os refrigerantes dos tipos
Cola, Laranja e Guaraná, utilizando PCA das imagens dos refrigerantes, obtidas em
um scanner comum. Ao mesmo tempo, resultados de análises físico-químicas, para
algumas marcas, foram correlacionados com os resultados obtidos da PCA. As
componentes principais resultaram em diferentes padrões de agrupamento da
25
amostra nas parcelas de pontuação de acordo com histogramas RGB. pH, ácido
ascórbico e medidas de sacarose também foram correlacionados com as marcas
analisadas através de parcelas de pontuação PCA das imagens digitalizadas.
MATERIAL E MÉTODOS
Capítulo 2
27
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Soluções, Reagentes e Amostras
Uma solução-padrão de hidróxido de sódio 0,1 mol L
-1
foi preparada a partir
do reagente de grau analítico NaOH (Synth). Sua padronização foi realizada de
acordo com procedimento descrito na literatura (JEFFERY et al., 1992). A solução
padronizada foi utilizada como titulante na determinação da acidez das amostras de
vinhos tintos.
Dez amostras de vinhos tintos (secos e suaves) de diferentes marcas e lotes
foram adquiridas em supermercados da cidade de João Pessoa-PB.
Água recém destilada e deionizada foi sempre utilizada na preparação das
soluções.
2.2. Equipamentos
Uma webcam Clone, modelo 11090-CL, provida de sensor de imagens do
tipo CMOS (LYRA, 2008), foi empregada na captura das imagens digitais do sistema
titulométrico.
Uma bomba peristáltica Ismatec, modelo IPC, equipada com 8 canais e 12
roletes, foi usada na propulsão dos fluidos por intermédio de tubos de bombeamento
de Tygon
®
com diâmetro interno de 1,14 mm. Para o transporte das soluções-
amostras envolvidas no processo de titulação, foram utilizados tubos de Teflon
®
com
0,8 mm de diâmetro interno.
Três válvulas solenóides de três vias (three-way), da Cole Parmer, modelo
EW-01540-13, foram usadas para introduzir os incrementos de volume de amostra e
titulante no sistema analítico (ALMEIDA, 2007).
Uma interface de controle NI USB-6008 da National Instruments foi
empregada para o acionamento das válvulas solenóides. Este equipamento permite
o interfaceamento de instrumentos analíticos ao microcomputador, sendo uma
tendência natural em todos os laboratórios de análises de rotina e/ou pesquisa
(GAIÃO et al., 2004).
28
Um agitador magnético IKA da Lab Disc, modelo White, foi utilizado para
girar uma barra magnética presente no interior do erlenmeyer.
Um pHmêtro Metrohm, modelo 713, foi usado na titulação potenciométrica
implementada para obtenção dos valores de referência da acidez total das amostras
dos vinhos tintos.
Um notebook com processador Intel Core2Duo, HD de 120 Gigabyte e
memória de 2 Gigabyte (sistema operacional Windows XP
®
) foi empregado para
controlar o sistema automático de titulação baseada em imagens digitais.
2.3. Sistema de titulação baseado em imagens digitais
O sistema titulométrico consiste de um(a): webcam, cela de fluxo, bomba
peristáltica, agitador magnético, notebook, válvulas solenóides de três vias,
acionador de válvulas e fonte de iluminação. Todo o sistema foi montado e colocado
dentro de uma caixa de madeira com aproximadamente 32 x 54 x 36 cm
3
e paredes
internas cobertas com folhas de papel branco, como mostrado na Figura 2.1.
FIGURA 2.1. Foto do sistema de titulação de vinhos tintos baseada em imagens digitais. O zoom
destacado na foto ilustra o posicionamento da webcam diante da célula de fluxo.
29
A câmera usa conexão Universal Serial Bus (USB) na sua comunicação com
o computador (MIGUEL, CAVALCANTE e SILVA, 2006; LYRA, 2008). A webcam foi
conectada à porta USB de um notebook Core2Duo e configurada para capturar
imagens digitais com 24 bits (16.7 milhões de cores) à taxa de 30 quadros/s e 640
pixels x 480 pixels de resolução espacial. As imagens foram capturadas e
armazenadas como arquivo ‘‘jpg’’ usando o programa fornecido pelo fabricante da
webcam.
Como ilustrado no zoom do retângulo em vermelho da Figura 2.1, a webcam
foi posicionada defronte à cela de fluxo confeccionada a partir de um tubo de vidro
com 4 mm de diâmetro e 4,5 cm de comprimento (ARAÚJO et al., 1996). A fim de
minimizar interferências da luz ambiente, o sistema de titulação baseado em
imagens digitais (DIB) foi colocado dentro da caixa de madeira. Além disso, as
paredes internas da caixa foram cobertas com uma folha de papel branco com o
intuito de proporcionar uma iluminação uniforme e reduzir a luminosidade e a
reflexão especular. As soluções coloridas foram iluminadas apenas com a luz de
uma lâmpada fluorescente de 5 W.
O sistema analítico foi controlado pelo notebook, por intermédio de uma
interface de controle, a qual acionava as válvulas da amostra de vinho tinto e do
titulante. Uma conexão USB possibilitou também o controle da bomba peristáltica.
2.4. Procedimento de titulação DIB
O procedimento de titulação consiste, inicialmente, no bombeamento de um
determinado volume de amostra para o erlenmeyer onde, em seguida, são
efetuados incrementos da solução titulante. Transcorrido o tempo de mistura, a
solução resultante para cada adição do titulante é transferida até a célula de fluxo,
onde as imagens digitais são capturadas pela webcam. O analista digita apenas o
tempo requerido para cada etapa da titulação nas caixas especificadas e aciona o
botão de cada uma delas. A rotina desenvolvida para o funcionamento do sistema
de análise proposto é baseada na relação entre o tempo de acionamento das
válvulas e o volume de amostra e/ou titulante requerido na titulação. Um diagrama
esquemático, usado para descrever o procedimento analítico envolvendo a titulação
DIB, é mostrado na Figura 2.2.
30
FIGURA 2.2 Diagrama esquemático do sistema de titulação DIB: Am – solução da amostra, Tit –
solução do titulante, BP – bomba peristáltica, V
1
- válvula da amostra, V
2
- válvula do titulante, V
3
válvula para transferência da solução resultante, WC- webcam, CF- célula de fluxo, L- lâmpada
fluorescente, AV – acionador de válvulas, IC – interface de controle, CP – computador portátil, AM –
agitador magnético e BM – barra magnética.
Inicialmente, quando as válvulas V
1
, V
2
e V
3
estão desligadas (OFF), as
soluções da amostra e titulante, respectivamente, retornam ao seus recipientes,
enquanto a válvula V
3
fica apenas aspirando o ar. O sistema aciona primeiramente a
válvula V
1
(ON) e um volume de 10 mL da amostra de vinho tinto é bombeada para o
erlenmeyer. Em seguida, a V
2
é acionada (ON) para a adição de incrementos de 1,0
mL de titulante (NaOH 0,1000 mol L
-1
) e 0,2 mL próximo ao ponto final. Terminado o
tempo de mistura, a válvula V
3
é acionada e a solução resultante é aspirada para a
célula de fluxo. Quando a célula é preenchida, a bomba peristáltica é desligada, o
fluxo é interrompido e as imagens digitais são capturadas pela webcam. Após a
31
captura das imagens, a bomba peristáltica é ligada e a solução resultante retorna ao
erlenmeyer para uma nova adição do titulante. O processo de titulação é repetido
sucessivamente para dezoito adições de titulante.
As válvulas solenóides foram calibradas relacionando o tempo de abertura e
o volume desejado em cada etapa da titulação. Para isso, foi estudada a faixa de
volume requerido para a válvula do titulante e da amostra. Foram construídas curvas
de calibração correlacionando-se a quantidade em massa do fluido injetado em
função do tempo, como ilustrado na Figura 2.3.
FIGURA 2.3 Curvas de calibração das válvulas solenóides (a) do titulante e (b) da amostra.
No presente trabalho, para a adição de 10 mL da amostra necessitou-se de
155,4 s e, para incrementos de 1,0 e 0,2 mL do titulante, requereu-se o tempo de
16,6 e 3,3 s respectivamente. Para misturar as soluções (amostras e titulante), um
tempo de 15 s foi suficiente e 15 s foram necessários para o transporte da mistura
do erlenmeyer até o preenchimento completo da célula de fluxo. Esses mesmos
intervalos de tempo foram utilizados para a obtenção da imagem digital do branco.
2.4.1. Softwares para controle do sistema de titulação DIB
O software de controle do sistema de titulação baseado em imagens digitais
(DIB) foi escrito em ambiente LabVIEW 5.1
®
da National Instruments. Esse programa
é facilmente executado, pois apresenta uma interface gráfica contendo botões e
caixas com funções explícitas, como observado em sua tela principal ilustrada na
Figura 2.4.
32
32
FIGURA 2.4 Janela principal do programa desenvolvido para Titulação DIB. A seta em vermelho
aponta a janela cuja mensagem informa o momento de captura da imagem.
Inicialmente, realizou-se um estudo de vazão de amostra e titulante com a
finalidade de certificar o volume liberado pelas válvulas solenóides. Após o estudo,
verifico-se que as válvulas funcionavam a uma vazão constante de 0,06 mL s
-1
. A fim
de facilitar a operacionalização do programa, o tempo usado para o acionamento
das válvulas solenóides era convertido em milissegundos.
Quando a célula de fluxo é preenchida, uma janela com a mensagem
Cubeta preenchida, Capturar Imagem” é exibida, o fluxo do sistema é
interrompido e a imagem após cada adição do titulante é capturada pela webcam.
Na caixa “Número de Adições” o usuário tem a opção de escolher quantas
adições de titulante devem ser realizadas durante a titulação, e terminada as
adições, o botão “Zerar” faz uma nova contagem para a amostra seguinte.
33
2.5. Software para tratamento das imagens digitais
Para o tratamento das imagens digitais adquiridas na titulação, utilizou-se
um software lab-made escrito em linguagem Object Pascal usando o Delphi
®
como
ferramenta de desenvolvimento. O Delphi
®
foi escolhido para o desenvolvimento
deste software, por ser uma linguagem de fácil assimilação e por possuir instruções
que permitem o tratamento das imagens obtidas pela webcam. Além disso, o
programa escrito em Delphi
®
é executado em ambiente Windows
®
tornando-o
bastante amigável ao usuário, uma vez que eles são baseados em janelas. A Figura
2.4 apresenta a janela principal do software desenvolvido para o tratamento das
imagens digitais.
FIGURA 2.5 Janela principal do software “Valor de Cor para o tratamento das imagens digitais.
Um esquema da rotina de funcionamento do programa computacional “Valor
de Cor” é apresentada mais detalhadamente na Figura 2.6 onde, inicialmente, o
usuário seleciona com o mouse do computador a região da primeira imagem da
titulação, no caso o branco (água destilada), que será usada para o cálculo do valor
de cor baseado em RGB. O programa usa as mesmas coordenadas da região
delimitada pelo usuário para todas as imagens obtidas. Em seguida, o programa
realiza uma varredura (coluna por coluna) dos pixels da região delimitada, calcula o
valor de cor RGB para cada pixel e posteriormente a média de todos os valores
34
RGB. Este valor médio é usado para construir as curvas de titulação baseadas em
imagens digitais (GAIÃO et al., 2006).
Os cálculos do valor de cor baseado em RGB são baseados no produto
2
R
.2
G
.2
B
, onde R, G e B são as componentes vermelho, verde e azul,
respectivamente.
FIGURA 2.6. Esquema da rotina do cálculo do valor RGB pelo programa “Valor de Cor
Adaptado de LYRA (2008)
As operações descritas pelo esquema anterior, envolvendo o tratamento dos
pixels podem ser compreendidas da seguinte maneira de acordo com as figuras 2.7
e 2.8 seguintes:
1) Definição das coordenadas da região de interesse nas imagens digitais: ao
acionar o botão “Definir coordenadas” abre-se uma janela na qual o operador
seleciona o diretório destinado ao armazenamento das imagens digitais e a primeira
imagem do conjunto, referente ao branco, é usada na seleção da região de
35
interesse. Com o auxílio do mouse o usuário delimita a região de trabalho e suas
coordenadas ficam armazenadas na caixa “Coordenadas selecionadas”.
FIGURA 2.7 Janela para definição das coordenadas da região de interesse nas imagens. A seta
indica a região delimitada pelo usuário (definida pelo retângulo) para o cálculo do “Valor de Cor”.
2) Definição das componentes RGB das imagens obtidas: ao acionar o botão
Abrir imagens” abre-se novamente a janela do diretório da “etapa 1” para seleção
das imagens digitais obtidas durante a titulação. O programa faz uma varredura de
todos os pixels da região selecionada na ‘‘etapa 1’’, coluna por coluna, e calcula o
valor ‘‘Cor do Windows’’ destes por meio da função interna do Windows 1, que
converte a cor num valor numérico. Por meio da função interna do Windows 2, o
valor ‘‘Cor do Windows’’ é decomposto nas componentes R, G e B para todos os
pixels. Os valores médios de cada componente da imagem são calculados e
armazenados na caixa “Valores RGB”.
36
FIGURA 2.8 Janela do cálculo do valor de cor e valor médio das componentes RGB
3) Valor de cor baseado em RGB: a caixa “Valor de Cor” da Figura 2.7 fornece o
resultado do valor de cor obtido no cálculo de 2
R
.2
G
.2
B
para cada imagem. O valor
médio de cada componente R, G e B da imagem utilizado no cálculo pode ser
visualizado na caixa “Valores RGB”. Na coluna “Nº Pontos” e “Valor de Cor” têm-se o
número de imagens obtidas durante a titulação e o valor de cor para cada imagem
respectivamente.
As titulações baseadas em imagens digitais foram sempre realizadas a fim
de certificar que o titulante era adicionado em excesso, gerando uma
descontinuidade na curva de titulação.
2.6. Testes estatísticos para validação dos resultados analíticos
Os resultados das determinações realizadas por intermédio das titulações
DIB e potenciométrica foram comparados aplicando-se testes estatísticos descritos
na literatura (BARROS NETO, SCARMÍNIO e BRUNS, 2007 e SKOOG, et al., 2006).
37
Cada amostra foi analisada em triplicata para utilização das médias nos testes
estatísticos.
2.6.1. Aplicação do teste t emparelhado baseado no teste de hipóteses
O teste de hipóteses é, usualmente, utilizado na formulação do teste t
emparelhado usado para avaliar se existem diferenças sistemáticas estatisticamente
significativas entre os resultados de dois métodos analíticos. Neste trabalho, os
resultados referem-se às concentrações de ácido tartárico (g L
-1
) obtidas nas
titulações DIB (método proposto) e potenciométrica (método de referência). Essas
concentrações exprimem a medida da acidez total das amostras de vinhos tintos
analisadas.
Para implementar o teste t emparelhado, calculam-se as diferenças (d
i
) entre
os valores de concentração para cada par de resultados assim como a média
dessas diferenças (
d
). Além disso, assumindo-se que se Δ é a diferença média
verdadeira entre os resultados dos métodos, pode-se testar a hipótese nula (H
0
) de
que Δ = 0. Sendo assim, o teste t pareado pode ser aplicado com base na
expressão:
n/s
0d
t
d
=
(2.1)
onde n é o número de amostras analisadas por ambos os métodos e s
d
é o desvio
padrão das diferenças dado por:
(
)
1
2
=
n
dd
i
d
s
(2.2)
Após o cálculo do valor de t, este deve ser comparado a um valor crítico de
t
crít
para o número de graus de liberdade (ν) dado por ν = n -1 e nível de confiança
desejado. Geralmente, adota-se o nível de 95% de confiança como um bom
compromisso entre confiança estatística e precisão. Como resultado, se o valor de t
for maior que o de t
crít
, a hipótese nula é rejeitada o que revela uma diferença
sistemática significativa entre os resultados no nível de confiança adotado. Isto
38
significa que há uma probabilidade menor que 2,5% (em cada cauda) ou de 5% no
total das diferenças nos valores advirem de erros aleatórios (SKOOG, et al., 2006).
Caso contrário, não existe diferença sistemática estatisticamente significativa entre
os resultados dos métodos analíticos.
2.6.2. Aplicação do teste t emparelhado baseado no conceito de intervalo de
confiança
O conceito de intervalo de confiança também pode ser explorado para a
aplicação do teste t emparelhado. Novamente, sua implementação requer o cálculo
da média (
d
) das diferenças (d
i
) entre os valores de concentração para cada par de
resultados. Admitindo-se que Δ é a diferença média verdadeira entre os resultados
dos dois métodos, o intervalo de confiança para Δ é dado pela equação 2.4
n
d
s
t
d
υ
±=Δ
(2.3)
onde n é o número de amostras,
desvio padrão da média das diferenças e é o
ponto de distribuição t correspondente ao número de graus de liberdade (ν) no nível
de confiança desejado (BARROS NETO, SCARMÍNIO e BRUNS, 2007).
d
s
ν
t
A interpretação do intervalo de confiança é realizada da seguinte maneira: (i)
se o valor “zero” estiver contido dentro do intervalo construído, não existe diferença
sistemática estatisticamente significativa entre os resultados dos dois métodos.
Neste caso, a hipótese nula não pode ser rejeitada e a média das diferenças (
d
)
deve ser um ponto da distribuição t com Δ = 0; (ii) caso contrário, existe uma
diferença sistemática significativa entre os resultados dos métodos ao nível adotado
de confiança estatística.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Capítulo 3
40
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Estudo dos incrementos de volume do titulante
Na titulação de ácidos fracos o valor de pH no ponto de equivalência
depende da concentração do analito (ácido presente). No caso do ácido tartárico
(Ka
1
9,20 x 10
-4
e Ka
2
4,31 x 10
-5
), ele não pode ser determinado em uma
solução aquosa por titulação até o ponto de equivalência devido suas constantes de
dissociação. Isso faz com que, na prática, uma titulação potenciométrica a um valor
fixo de pH (no caso até pH = 8,2) seja realizada (GOLOVNEV, ROMANOVA e
BUSYGINA, 2000).
Titulações cujas curvas apresentam inflexões pouco acentuadas exigem do
químico muita experiência no planejamento adequado das adições do titulante,
tornando-se necessário, geralmente, o cálculo prévio, segundo equações gerais das
curvas de titulação (MEDEIROS e CARVALHO, 1991). Além disso, técnicas de
análise instrumental que empregam medidas com base em pontos de inflexão
podem ter sua precisão comprometida devido à necessidade de diferenciação do
sinal, que é muito sensível ao ruído instrumental (MARTINS, et al., 2003).
PRENESTI, et al. (2004) estudaram os equilíbrios químicos homogêneos e
heterogêneos que estão envolvidos com as várias modificações que ocorrem
durante a vida dos vinhos. Os autores verificaram que durante a titulação ácido-base
dos vinhos, um primeiro ponto de inflexão foi encontrado em torno de pH 7,5, e que
a presença de vários compostos no vinho aumenta a capacidade tampão na matriz.
Além disso, observou-se que a inflexão na curva de titulação (em torno de pH 7,5)
se assemelha à de um ácido fraco.
Para evitar que o efeito tampão dos vinhos dificultasse a localização do
ponto final da titulação DIB pelo método da segunda derivada, um estudo
envolvendo a quantidade de titulante que deveria ser adicionado foi realizado. De
acordo com a Figura 3.1 (b), adições de 0,2 mL de titulante próximo ao ponto final
foram escolhidas neste trabalho para a construção das curvas de titulações DIB,
sem prejuízo para o método da segunda derivada. Esse é menor incremento do
titulante que assegura o melhor compromisso entre uma localização precisa do
ponto final da titulação DIB e as variações de cor detectáveis pela webcam. Para as
outras regiões, foram efetuados incrementos de 1,0 mL de titulante (Figura 3.1 (a)),
41
com o intuito de, em face do efeito tampão, obter variações de cor mais expressivas,
assim como tornar o processo de titulação mais rápido.
FIGURA 3.1. Curvas de titulação DIB com incrementos de 0,2 mL (pontos azuis) nas vizinhanças do
ponto final (a) e sua respectiva segunda derivada (b).
3.2. Imagens digitais e espectros de absorção obtidos durante uma titulação
DIB
Uma substância colorida absorve seletivamente radiações com
comprimentos de onda da região visível do espectro eletromagnético. A coloração
da solução resulta da radiação emergente que não é absorvida (transmitida), sendo
por isso denominada cor complementar (GOMES, et al., 2008).
As imagens digitais apresentam a cor da radiação emergente, a qual é a cor
complementar da radiação absorvida pelas espécies moleculares absorventes
(antocianinas). Desse modo, as imagens digitais estão associadas diretamente com
o fenômeno de absorção molecular que fornece a base da espectrofotometria UV-
Vis.
VERSARI, BOULTON e PARPINELLO (2008) afirmam que a cor total dos
vinhos resulta da combinação de três componentes: copigmentação (8-30%), total
de antocianinas livres (24-35%) e pigmentos poliméricos (35-63%). De acordo com
estes autores, o vinho tinto é uma matriz complexa e, apesar de sua cor poder ser
medida por técnicas espectrais, a relação entre a cor do vinho e sua composição
química é difícil de explicar.
A figura 3.2 mostra a associação entre as imagens digitais obtidas durante a
titulação de vinho tinto e o pH medido após as adições do volume de titulante,
42
enquanto a figura 3.3 apresenta os espectros registrados após as mesmas adições
realizadas na amostra diluída de 1:10 (v/v).
FIGURA 3.2. Imagens digitais obtidas durante a titulação do vinho tinto para incrementos de volume
de titulante e o respectivo pH da solução.
FIGURA 3.3. Espectros de absorção obtidos de uma amostra de vinho tinto diluída 1:10 (v/v) em meio
ácido (a) e em meio alcalino (b) para cada incremento de volume do titulante.
As antocianinas presentes nos vinhos são capazes de absorver radiação na
região do espectro visível conferindo uma variedade de cores, como pode ser
observado pelas imagens da Figura 3.2, dependendo do meio em que se encontram.
O pH é o fator mais importante no que diz respeito à coloração das
antocianinas, e dependendo do grau de acidez ou alcalinidade, as antocianinas
43
adotam diferentes estruturas químicas em meio aquoso (CONSTANT, STRINGHETA
e SANDI, 2002).
Tal fato pode ser observado por meio dos espectros registrados ao longo da
titulação na Figura 3.3 que revelam a existência de diferentes perfis espectrais
dependendo do pH, devido à predominância de diferentes estruturas em cada meio
(MARÇO, POPPI e SCARMÍNIO, 2008).
Observando as imagens obtidas, pode-se notar que em meio ácido,
predomina a coloração vermelha e a absorbância varia lentamente para valores
menores. Após o ponto final, a cor muda para verde, e um aumento na absorbância
é verificado em meio alcalino (CORTES, RAMOS e CAVALHEIRO, 2007).
Em soluções aquosas, quatro espécies da molécula de antocianina podem
existir em equilíbrio: o cátion flavílico (AH
+
), a base quinoidal (A), a pseudobase
carbinol (B) e a espécie chalcona (C) (MARÇO e SCARMÍNIO, 2007). As espécies
mostradas na Figura 3.4 correspondem às diferentes estruturas químicas das
antocianinas quando se varia o pH do meio, sendo estas responsáveis pela
mudança de cor apresentada pela amostra de vinho tinto ao longo da titulação,
como também pelos diferentes espectros apresentados.
FIGURA 3.4. Estrutura molecular das espécies de antocianinas encontradas em soluções aquosas
Adaptado de MARÇO e SCARMÍNIO (2007)
44
O aumento do pH desloca o equilíbrio entre os numerosos cromóforos e,
conseqüentemente, as quantidades relativas de todas essas formas estruturais
variam de acordo com os equilíbrios químicos abaixo.
Em valores de pH acima de 9,0, as antocianinas ocorrem principalmente nas
formas ionizadas da base quinoidal (A) e chalcona (C) (MARÇO, et al., 2005). As
reações das antocianinas em meio aquoso e as propostas de mecanismos
envolvidos nestas reações ainda podem ser consideradas objetos de estudos, uma
vez que não são completamente entendidas.
As principais reações estudadas são aquelas relacionadas à perda da
coloração das antocianinas (TERCI, 2004). O principal fator no desvanecimento da
coloração das antocianinas é a alta reatividade do cátion flavílico frente a reagentes
nucleofílicos, neste caso H
2
O e OH
-
(MARÇO, et al., 2005).
As cores observadas nas imagens digitais na Figura 3.2, ao longo da
titulação, são resultantes da interação de nosso sistema visual com a parte do
espectro eletromagnético que denominamos luz visível (GOUVEIA-MATOS, 1999).
LYRA (2008) afirma que a mistura das cores primárias vermelho, verde e
azul, em diferentes combinações e níveis variados de intensidades pode simular
todas as cores existentes no espectro da região do visível.
A Figura 3.5 mostra a variação das componentes vermelho, verde e azul,
das imagens digitais obtidas pela webcam ao longo da titulação das amostras de
vinho tinto.
45
FIGURA 3.5. Variação das componentes do sistema de cores RGB ao longo da titulação das
amostras de vinho tinto. Onde: C
B
=valor da componente para o branco e C
i
=valor da componente
para uma dada adição de titulante.
3.3. Curvas de titulação e localização do ponto final
Inicialmente, vale lembrar que o método oficial preconizado pelo IAL (2008)
recomenda que as titulações de vinhos tintos sejam efetuadas usando pHmêtro e
que as amostras sejam tituladas até um valor fixo de pH (8,2-8,4), não necessitando
assim da construção da curva de titulação potenciométrica, bastando apenas que o
analista verifique o volume de titulante gasto até este valor e efetue os cálculos.
Para o método proposto, curvas de titulação foram construídas a fim de
localizar o ponto final da titulação. A Figura 3.6 mostra a curva de titulação DIB e sua
respectiva segunda derivada.
FIGURA 3.6. Curvas de titulação DIB (a) e sua respectiva curva de segunda derivada (b)
46
O ponto de inflexão desta curva foi determinado empregando-se o método
derivativo. As curvas de segunda derivada revelam o ponto final da titulação
fundamentando-se no conceito matemático de que a segunda derivada indica a
mudança de sentido da concavidade de uma dada curva (CIENFUEGOS e
VAITSMAN, 2000).
As seguintes equações foram utilizadas para o cálculo das segundas
derivadas das curvas de titulação.
Equações para o cálculo das primeiras derivadas:
()
()
VV
RR
i1i
i1i
ΔV
ΔR
=
+
+
e
()
2
VV
V
i1i
médio
=
+
Equações para o cálculo das segundas derivadas:
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
()
()
i
médio
1i
i1i
médiomédio
2
V
V
ΔR/ΔVΔR/ΔV
ΔV
ΔR/ΔVΔ
ΔV
Δ
médio
R
==
+
+
e
(
)
(
)
2
médiomédio
VV
V
i1i
médio
+
=
+
Onde R é a resposta analítica e V é o volume do titulante, i=0,1,2,3,.....,n, e n
é o número de pontos de titulação que foram usados no cálculo derivativo. As curvas
de segunda derivada foram construídas usando o valor de
V
médio
Analisando os gráficos da Figura 3.6 (a) e a Figura 3.5, percebe-se que a
variação mais pronunciada do valor de cor na curva de titulação DIB deve-se a
contribuição das três componentes (vermelha, verde e azul) antes do ponto final da
titulação. Antes deste ponto a componente vermelha mantém-se constante, e
variações ocorrem para as componentes verde e azul, fato que permite a
visualização da cor vermelha das imagens. Após o ponto final da titulação DIB, as
47
variações das três componentes em diferentes combinações e intensidades levam
às cores exibidas pelas amostras de vinho tinto em meio alcalino.
No gráfico da Figura 3.6 (b), no cruzamento do zero, indicado por uma seta
na curva de segunda derivada da titulação dos vinhos tintos, o valor fornecido do
volume do ponto final (V
PF
) foi semelhante para as titulações DIB e potenciométrica.
Na titulação potenciométrica, para esta mesma amostra de vinho tinto da Figura 3.6,
o volume de NaOH consumido no ponto final também foi de 8,1 mL (volume do
titulante para qual o pH se enquadra na faixa preconizada pelo método oficial).
O ponto de inflexão da curva de titulação DIB, observado na curva da
segunda derivada da Figura 3.6 (b), encontra-se num valor de pH relacionado com a
neutralização de todos os ácidos fracos presentes na matriz da amostra do vinho
tinto (figura 3.2).
Os resultados acima atestam uma boa concordância entre o método
titulométrico proposto e o recomendado pelos órgãos oficiais.
3.4. Determinações de acidez total dos vinhos tintos
O método proposto (titulação DIB) foi aplicado na determinação da acidez
total de dez amostras de vinho tinto (secos e suaves) e os resultados foram
comparados com os obtidos pelo método de referência (titulação potenciométrica). A
tabela 3.1 apresenta os resultados, em termos de concentração de ácido tartárico
em g/L, obtidos nessas determinações.
48
TABELA 3.1 Resultados das médias de três determinações da acidez total de vinhos tintos, em
termos de g/L de ácido tartárico, obtidos pelos métodos de titulação (DIB e potenciométrica).
AMOSTRAS
TITULAÇÃO
DIB POTENCIOMÉTRICA
1 11,4 ± 0,2 11,4 ± 0,2
2 12,3 ± 0,2 12,2 ± 0,2
3 11,9 ± 0,0 12,4 ± 0,1
4 12,3 ± 0,2 12,1 ± 0,1
5 11,8 ± 0,1 12,0 ± 0,3
6 12,3 ± 0,2 12,6 ± 0,3
7 12,2 ± 0,1 12,3 ± 0,2
8 12,0 ± 0,1 11,7 ± 0,2
9 12,4 ± 0,1 12,2 ± 0,2
10 12,2 ± 0,1 12,1 ± 0,1
Pode-se observar uma boa concordância entre os resultados da aplicação
dos métodos titulométricos, dada a proximidade dos valores obtidos para a
concentração de ácido tartárico. De fato, a aplicação do teste
t emparelhado,
baseado no teste de hipóteses, revelou não existir diferença sistemática significativa
entre os resultados dos métodos ao nível de 95% de confiança. Essa inferência
pode ser corroborada pelo teste
t emparelhado baseado no intervalo de confiança
construído para a diferença média verdadeira (Δ). Para o nível de 95% de confiança,
os limites desse intervalo são:
49
Δ = [-0,4038; 0,3638]
Como se pode observar o intervalo contém o valor “zero”, evidenciando que
não existe diferença sistemática estatisticamente significativa entre os resultados ao
nível de confiança adotado. Por conseguinte, a hipótese nula de Δ = 0 não pode ser
rejeitada (BARROS NETO, SCARMÍNIO e BRUNS, 2007).
Conforme preconizado pelo MAPA (BRASIL, 1999), todas as amostras
analisadas neste estudo apresentaram padrão de qualidade para comercialização
quanto à acidez total, como indicado na tabela 1.1. (Seção 1.3).
CONCLUSÕES
Capítulo 4
51
4. CONCLUSÕES
Neste trabalho, demonstrou-se que imagens digitais, capturadas com uma
Webcam, possibilitam a implementação de uma nova estratégia de titulação ácido-
base para a determinação de acidez total de vinhos tintos sem o uso de indicador.
Para atingir esse objetivo, a metodologia proposta se baseia nas propriedades
absorventes inerentes à matriz das amostras de vinho tinto. De fato, as antocianinas
apresentam diferentes cores de acordo com o pH do meio e, a partir das variações
do valor de cor das imagens obtidas nas titulações, o ponto final foi localizado com
precisão sem a necessidade do uso de indicador e diluição da amostra.
O desempenho da metodologia proposta foi avaliado por meio de titulações
envolvendo a determinação da acidez total em dez amostras de vinhos tintos. Os
resultados foram comparados com os obtidos pela titulação potenciométrica usada
como método de referência. A aplicação do teste t emparelhado revelou que não
existe diferença sistemática estatisticamente significativa entre os resultados, ao
nível de 95% de confiança. O método proposto produziu resultados com uma
precisão melhor que os da titulação potenciométrica recomendada como método
oficial. Essa melhor característica de desempenho, exibida pela titulação DIB, pode
ser atribuída à natureza trivariada das medidas associadas às imagens digitais.
O software desenvolvido para a realização automática da titulação DIB é de
fácil execução, além de minimizar os esforços humanos. Entretanto, sua
performance analítica precisa ser otimizada dado que o tempo de análise do sistema
titulométrico DIB pode ser reduzido ainda mais, quando comparado ao método de
referência. Além do mais, usando uma Webcam como detector de radiação na
região do visível, a estratégia proposta oferece uma alternativa economicamente
viável frente ao emprego dos pHmêtros convencionais, os quais são mais onerosos.
Adicionalmente, destaca-se ainda como vantagem uma maior vida útil da webcam
quando comparada com os eletrodos de vidro, cujas medidas de pH envolvem um
contato direto entre a membrana do eletrodo e a matriz da amostra.
52
4.1. Propostas futuras
Com o término deste estudo, novas propostas de investigação surgiram a
fim de estabelecer por completo a viabilidade das titulações baseadas em imagens
digitais, tanto no que diz respeito à titulação de amostras coloridas, como também
na titulação baseadas em outros tipos de reações (oxidação-redução, precipitação,
etc).
A realização de titulações de vinagres tintos, por exemplo, onde o indicador
encontra-se na própria amostra, já se encontra em andamento. Todavia, deve ser
investigada a possibilidade de aplicar a metodologia proposta a sistemas que
envolvam titulações de soluções coloridas baseadas em outros tipos de reações:
titulações de oxi-redução, titulações permanganimétricas onde o indicador é o
titulante, as titulações iodométricas onde o indicador encontra-se na amostra e as
titulações com dicromato, etc.
Em relação à automação do sistema titulométrico DIB, novas configurações
de fluxos podem ser avaliadas com o intuito de melhorar a performance analítica,
permitindo, por exemplo, um maior número de análises por hora. Essa motivação
advém do fato do sistema titulométrico, implementado neste trabalho, basear-se em
uma configuração de closed-flow.
REFERÊNCIAS
Capítulo 5
54
5. REFERÊNCIAS
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