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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
CARMEM SALETE WEBBER KARPINSKI
A INCLUSÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DOS
ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
NO ENSINO REGULAR
Joaçaba
2009
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1
CARMEM SALETE WEBBER KARPINSKI
A INCLUSÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DOS
ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
NO ENSINO REGULAR
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Educação da Universidade do Oeste de
Santa Catarina como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª. Ortenila Sopelsa
Joaçaba
2009
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CARMEM SALETE WEBBER KARPINSKI
A INCLUSÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DOS
ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
NO ENSINO REGULAR
Dissertação de Mestrado, apresentada como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Educação, do Curso de Mestrado
em Educação da Universidade do Oeste de
Santa Catarina,
______/_______/_________
BANCA EXAMINADORA
_____________________________
Profª. Drª. Ortenila Sopelsa
Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC
_____________________________
Profª. Drª. Iara Caierão
Universidade de Passo Fundo - UPF
_____________________________
Prof. Dr. Sandino Hoff
Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC
3
Aproveite as oportunidades que lhe
são dadas. Não despreze uma palavra
vinda de alguém. Muitas vezes de onde
menos se espera, surge uma luz para
iluminar nossas dúvidas, nossas
incertezas. Entre os mais humildes
está a verdadeira sabedoria.
Pe. Marcelo Rossi
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado força para concluir esse estudo.
Agradeço ao meu marido Airton e ao meu filho Andrey, por terem entendido a minha
ausência.
Aos meus pais Nayr e Alcides, que, quando me queixava, sempre tinham uma palavra
de incentivo.
À Prefeitura Municipal de Getúlio Vargas (RS), em especial à Secretaria Municipal
de Educação, Cultura e Desporto pelo incentivo, empréstimo de livros e por terem concedido
a minha Licença Prêmio na época em que mais precisei.
Agradeço do fundo do meu coração a incansável, simpática e afetiva orientadora Drª.
Ortenila Sopelsa, que me acolheu até em sua residência para me orientar.
Agradeço a todas as pessoas, pais, professoras, e mães de alunos com NEE que
participaram da entrevista e me receberam atenciosamente em suas casa.
Também agradeço à banca examinadora, Profª. Drª. Ortenila Sopelsa, Profª. Drª. Iara
Caierão, Prof. Dr. Sandino Hoff.
A todos os meus colegas professores pelas palavras de incentivo.
À minha sogra Iva, que acolheu meu filho e meu marido quando eu me ausentava,
para almoçarem em sua casa, que está sempre de portas abertas para receber mais um.
Enfim, agradeço a todos que de uma foram ou outra contribuíram para que eu
concluísse o meu mestrado.
5
RESUMO
A presente pesquisa teve por objetivo investigar a inclusão e as aprendizagens dos alunos com
necessidades especiais no ensino regular. Na pesquisa, foram envolvidos seis professoras, seis
mães e seis alunos. As professoras são integrantes da Rede Municipal de Ensino de Getúlio
Vargas (RS). Escolhi duas das quatro escolas da rede: a Escola Municipal de Ensino
Fundamental Pedro Herrerias com um total de alunos nos três turnos de 459 alunos (EJA e
Ensino Fundamental) e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Zambrzycki com
um total de 256 no ano de 2009. Escolhi tais escolas por estar desenvolvendo atividades como
professora nestes estabelecimentos há vários anos. A coleta de dados foi realizada por meio de
entrevistas semiestruturadas, com professoras, mães e alunos. A análise dos dados foi
realizada com base nas entrevistas com os referidos entrevistados à luz dos referenciais
teóricos, tendo como base principal Vigotsky (2003), Wallon (1975), Freire (1997), Jardim
(2001), Salvador (1994), Stainback e Stainback (1999), Ausubel citado por Moreira e Masini
(2006), Carvalho (2002), Mantoan (2003), Pacheco (2007). Com base nas entrevistas com os
sujeitos envolvidos, foi possível identificar a concepção das professoras em relação à
interação e ao desenvolvimento dos alunos com NEE nas classes regulares, como também as
relações interpessoais dos alunos com NEE nas classes regulares. Ao dar vez e voz às
professoras, foi possível perceber que estão compromissadas e que têm compromisso no
processo de inclusão dos alunos com NEE. Demonstraram acreditar na importância da escola
regular para esses alunos, procuram formas de contribuir com a aprendizagem e, também,
estão colaborando para o processo de inclusão escolar e social dos alunos com NEE. Porém,
todas as professoras que fizeram parte desta pesquisa afirmaram não ter formação específica
para atender tais alunos e que, pelos anos de prática, estão tentando metodologias diversas
para que, de uma maneira ou de outra, esses alunos possam aprender de forma significativa.
Sentem a ausência de uma formação continuada efetiva a fim de ampliar seus conhecimentos
a respeito das NEE dos alunos. Muitas vezes sentem-se impotentes frente a certos desafios no
cotidiano escolar, observam também, turmas numerosas de alunos do ensino regular onde são
incluídos quatro alunos com NEE, ao invés de dois como prevê o Decreto Lei 319/91.
Palavras-chave: Aprendizagem. Necessidades Educacionais Especiais. Inclusão Escolar.
6
ABSTRACT
The objective of the following research is to investigate the inclusion and the learning process
of the students with special needs in regular schools. In the research six teachers, six mothers
and six students were involved. The teachers are part of the city’s teaching group in Getúlio
Vargas- RS. I chose two of the four schools in the city: Pedro Herrerias Elementary School
with a total of 459 students in three shifts (EJA and Elementary Teaching) and Antônio
Zambrzycki Elementary school with a total of 256 students in 2009. I chose these schools
because I have developed activities as a teacher in these places for many years. The data
collection was done through semi- structured interviews with mothers, teachers and students.
The data analysis was based on the interviews with the mentioned interviewees using the
theoretical referential, having Vigotsky (2003), Wallon (1975), Freire (1997), Jardim (2001),
Salvador (1994), Stainback and Stainback (1999), Ausubel mentioned by Moreira and Masini
(2006), Carvalho (2002), Mantoan (2003) and Pacheco (2007) as principal base. Based in the
interviews with the people involved, it was possible to identify the teachers’ conception
regarding the interaction and development of the students with special educational needs
(SEN) in regular classes, as well as the interpersonal relations of these students in regular
classes. Giving the chance for the teachers to speak, it was possible to notice that they are
committed and they are compromised on the inclusion process of the students with SEN.
They demonstrated that they believe in the importance of the regular school for these students,
they look for ways to contribute with the learning process and are also collaborating with the
school and social inclusion process of the students with SEN. Nevertheless all these teachers
that were part of this research said not to have any specific graduation to help the students
and that considering the years of experience, they are trying various methodologies for
somehow making these students to learn significantly. They feel there is not an effective
continuing formation, in order to broaden their knowledge concerning the students with
special needs. Many times they feel impotent with certain challenges in the school everyday
life. They also observe big group of regular students where four students with SEN are
included, instead of two, which determines the 319/91 law.
Key words: Learning Process. Special Educational Needs. School Inclusion.
7
LISTA DE SIGLAS
EAP – Espaço de Apoio Pedagógico
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
MCE – Modificabilidade Cognitiva Estrutural
MEC – Ministério da Educação e Cultura
NEE – Necessidades Educacionais Especiais
NIAE – Núcleo Integrado de Aprendizagem Escolar
NIAE - Núcleo Integrado de Atendimento ao Educando
ONU – Organização das Nações Unidas
PEI - Programa de Intervenção Mediatizada
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SMECD – Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto
TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
9
1.1 Procedimentos metodológicos 17
2 INCLUSÃO SOCIAL
23
2.1 Inclusão educacional 29
3 O PROCESSO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM NO
COTIDIANO ESCOLAR
37
4 A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NEE NO ENSINO REGULAR
50
4.1 A concepção dos professores em relação à inclusão e ao
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos com Necessidades
Educacionais Especiais no ensino regular
55
4.2 A concepção das mães e dos alunos com Necessidades Educacionais
Especiais em relação à inclusão e a aprendizagem no ensino regular
68
CONCLUSÃO
79
REFERÊNCIAS
83
ANEXO
88
APÊNDICES
89
9
1 INTRODUÇÃO
A opção do Brasil em incluir alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE)
em escolas regulares na tentativa de minimizar a exclusão social torna-se evidente e
necessária, principalmente após a Declaração de Salamanca, na Espanha, em 1994. Para
entendermos melhor o significado da inclusão escolar e social busquei o significado da
palavra incluir que vem do latim includere, verbo transitivo direto que significa compreender,
abranger; conter entre si, envolver, implicar; inserir, intercalar, introduzir, fazer parte, figurar,
entre outros; pertencer juntamente com outros.
No Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2008), o verbo incluir apresenta vários
significados, todos com sentido de algo ou alguém inserido entre outras coisas ou pessoas. Em
nenhum momento, o autor dessa definição pressupõe que o ser incluído precisa ser igual aos
demais, aos quais se agregou, ou do grupo ao qual fará parte.
Ao falarmos em inclusão escolar, queremos deixar clara a ideia em que os alunos que
apresentam alguma diferença sejam aceitos nas escolas regulares para conviver e aprender
junto com os demais alunos da classe ou da escola. Considero que é, principalmente, na
escola que aprendemos a conviver, contribuir e construir juntos um mundo de oportunidades
reais. Nessa escola, cada aluno, cada professor, cada funcionário, cada pai ou mãe será
responsável pela qualidade de vida, de aprendizagem do outro, mesmo quando ele apresenta
alguma diferença. É uma proposta que tem a sustentação do Poder Público nas esferas
municipal, estadual e federal.
Para a Declaração de Salamanca (1994), as classes e as escolas especiais são exceções,
recomendadas apenas para casos em que as necessidades educacionais ou sociais não possam
ser contempladas no ensino regular, bem como, se necessário, para o bem-estar do aluno com
NEE. A preocupação com alunos das áreas rurais faz parte desse contexto, como também a
busca de apoio nas comunidades e a elaboração de políticas educacionais que contemplem as
necessidades de todos os alunos.
A Conferência Mundial de Educação Especial realizada em Salamanca na Espanha,
entre 7 e 10 de junho de 1994, reuniu 88 governos e 25 organizações internacionais, os quais
reafirmaram o compromisso com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade de
urgência do providenciamento de educação para crianças, jovens e adultos com NEE dentro
do ensino regular. Nesse sentido, a Declaração ressalta:
10
[...] toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade
de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem. Toda criança possui
características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são
únicas. Sistemas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar
em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades. Aqueles com
necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria
acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais
necessidades (BRASIL, 1996).
Em 1996, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), Lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996),
estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional no Brasil. A Lei dispõe de vários
artigos sobre os direitos na educação dos portadores de NEE na rede regular de ensino.
O capítulo V da Educação Especial, artigo 58, afirma que educação especial é
modalidade de educação escolar, portanto será oferecida na rede regular para educandos com
NEE. Assim, quando necessário, haverá serviços de apoio para atender às peculiaridades dos
alunos com NEE. A Lei enfatiza que, se houver necessidade, o atendimento será feito em
classes, escolas ou serviços especializados, uma vez que não é possível a integração do aluno
com NEE.
A oferta de educação especial, dever do Estado, tem início na faixa etária de zero a
seis anos durante a educação infantil (BRASIL, 1996). O artigo 59, da Lei nº 9394/96, ressalta
que os sistemas de ensino assegurarão aos alunos com NEE: currículos, métodos, técnicas,
recursos educativos e organização específica conforme suas necessidades. Há, também,
promessa de aceleração para alunos superdotados, bem como capacitação dos professores
especializados para a integração dos alunos com NEE nas classes comuns. Todos os alunos
terão acesso igualitário. Enfatiza, ainda, que o Poder Público adotará a ampliação do
atendimento dos alunos com NEE na rede pública regular de ensino.
uma década vivenciando esse contexto, após receber alunos com NEE na sala de
aula regular, observo o desafio e a importância que é a inclusão desses alunos. Isso me leva a
buscar algumas teorias, tais como: Mantoan (2003); Góes e Laplane (2004); Mitler (2003);
Carvalho (2002); Stainback e Stainback (1999); e muitos outros. Durante a especialização,
desenvolvi uma monografia com o tulo “Portadores de NEE no Ensino Regular: Papel da
Comunidade Escolar”. Com base em tais estudos sobre a inclusão de alunos com NEE em
turmas regulares, percebi a quebra de paradigmas na educação, ou seja, alunos que antes
frequentavam somente as escolas especiais, atualmente estão sendo incluídos nas classes
regulares das escolas regulares,
11
porém, de maneira geral, em nome da inclusão, as classes especiais estão sendo
desfeitas e seus alunos distribuídos entre as turmas regulares, à revelia dos
professores. Mas, paradoxalmente, também tem ocorrido a expansão das referidas
classes, para atender a maior demanda de alunos com necessidades educacionais
especiais, deficientes ou não, para os quais os sistemas não conceberam, ainda, outra
saída (CARVALHO, 2002, p. 49).
Como professora de classes inclusivas, tenho muita dificuldade de trabalhar com
alunos que apresentam NEE. Na escola onde atuo, trabalhamos por períodos, cada período é
de 50 minutos no máximo e permaneço numa turma durante uma hora e quarenta minutos.
Nesse tempo que fico com eles, preciso fazer a chamada, olhar os temas de casa, recolher
trabalhos, passar os textos no quadro, explicar, realizar exercícios, a rotina é bastante extensa
e não venço, e ainda preciso atender individualmente alunos que apresentam dificuldades de
aprendizagem. Por isso, passei a pedir ajuda a alunos da classe que realizam as atividades de
ensino com maior facilidade, para sentarem-se ao lado dos que apresentam maior dificuldade
e assim ajudá-los a desenvolver suas atividades. A rotina do professor em salas inclusivas é
bastante árdua e desgastante. Hoje, também, as classes são numerosas e os alunos são ativos,
não querem realizar as atividades propostas, sem contar que, quando temos hiperativos nas
classes, não temos sossego e precisamos dar conta de muitas turmas porque trabalhamos de
dois a três turnos.
Sou graduada em Estudos Sociais - Plena em Geografia -, não fiz Ensino Médio de
Magistério e não fiz Pedagogia, por isso compreendo que a minha formação é deficitária,
faltam-me conhecimentos em relação às necessidades apresentadas pelas crianças ao
ingressarem nas escolas. Todos os professores necessitam saber o porquê de os alunos não
aprenderem determinados conteúdos, por que uns aprendem e outros não. Observo que, de
maneira geral, nós professores temos dificuldade de compreender por que determinados
alunos não aprendem determinados conteúdos, porque uns aprendem e outros não Tais
questionamentos me provocam inseguranças, porém sempre busco a melhor maneira para
mediar todos os alunos e, muitas vezes se for preciso, retomo as explicações.
Entendo que é papel das universidades, em todas as licenciaturas, prepararem os
futuros professores, também, para o conhecimento específico das NEE, uma vez que são
incluídos nas classes regulares.
Após tantos questionamentos, passei a usar metodologias que achava corretas para que
meus alunos conseguissem aprender. Fui tentando colocá-los em grupos (duplas) com alunos
que apresentavam aprendizagem adequada. Com uma aluna surda-muda, como eu não me
comunico por sinais, e alguns alunos, colegas dela entendiam e se comunicavam com ela,
12
passei a pedir a eles que me ajudassem nas explicações dos conteúdos. Eles demonstraram
muita boa vontade, afetividade com seus colegas com NEE. Assim, eu vou ensinando e
aprendendo com os meus alunos.
Como professora do ensino regular, observo que é nítido que a inclusão dos alunos
com NEE não é total, tanto por parte dos pais quanto dos professores, e mesmo da sociedade
em geral. A inserção de alunos com NEE no ensino regular não está bem compreendida,
desenvolvida e respeitada como merece. Dúvidas e questionamentos persistem desde o
momento em que, ao entrar em uma sala de aula, deparei-me com dois alunos com NEE, um
com deficiência auditiva e outra aluna surda-muda.
Até meados de 2000, não falavam de inclusão na Rede Municipal de Ensino de
Getúlio Vargas, cidade onde trabalho há anos nessa área. Procurava oportunizar a esses alunos
atividades realizadas em grupo, isto é, contribuindo não somente para a sua inclusão na sala
regular de aulas, mas, principalmente, também para a sua interação e participação no grupo e
no contexto social. Observava a dificuldade de comunicarmo-nos por sinais, no entanto
alguns alunos sabiam, por isso eram convidados a contribuir no grupo. Nunca houve a
participação de monitores ou especialistas ajudando na sala de aula. Naqueles momentos,
sentia-me um tanto insegura, mas procurava administrar as aulas da melhor maneira possível.
Nessa época, não conhecia nada sobre inclusão. Passei a me questionar: Como trabalhar sem
especialização, sem orientação, com alunos com NEE?
Ao ingressar na escola, o aluno traz consigo um conjunto de valores, cultura,
constituídos na família (pais, irmãos e outros) em que vive e também provenientes das
relações que estabelece socialmente (amigos, igreja, comunidade, entre outros). Por sua vez,
nós professores também trazemos conosco valores e crenças, e estes se concretizam de acordo
com as relações sociais estabelecidas, porém cabe ao professor desenvolver conhecimentos
pedagógicos e científicos e estratégias, como também métodos adequados que promovam a
capacidade de aprendizagem dos alunos, provocando, assim, seus potenciais de socialização e
inclusão. O papel do professor é, então, mediar e facilitar o processo do ensino e da
aprendizagem dos alunos.
Vigotsky (2003a) salienta que o ser humano adquire conhecimentos pela sua interação
com o meio. Segundo o autor, o aluno traz consigo seus próprios conhecimentos, e a
mediação do professor é valorizar tais conhecimentos, ampliando-os para novos
conhecimentos. Nesse sentido, Vigotsky (2003a, p. 76) referia-se à Zona de Desenvolvimento
Proximal: “Do ponto de vista psicológico, o professor é o organizador do meio social
educativo, o regulador e o controlador de suas interações com o educando”.
13
Wallon (1973, p. 10) também contribui quando observa que “[...] a educação foi
definida como a influência exercida pela sociedade dos adultos sobre a das crianças, para as
tornar aptas para a vida social numa determinada sociedade [...]”.
Vários fatores interferem na aprendizagem dos alunos. Entre eles, destacamos: falta de
oportunidade; discriminação; exclusão; discrepância entre o potencial de aprendizagem do
aluno e os resultados esperados pela escola. Referindo-se às intervenções adequadas, Jardim
(2001, p. 98) assinala:
As crianças com dificuldades de aprendizagem, recebendo intervenções pedagógicas
adequadas e enriquecidas quanto ao processo ensino-aprendizagem, adquirem
informações e desbloqueiam suas dificuldades, podendo modificar todo o seu
potencial dinâmico de aprendizagem [...]. As crianças com desordens ou disfunções
cerebrais mínimas apresentam disfunções que requerem processos diferentes e
estratégias instrumentais especiais e de alternativas.
Dessa forma, as crianças precisam da intervenção dos seus pares e dos adultos, para o
desenvolvimento da aprendizagem. Precisam estar em contato com outras pessoas, para se
socializarem e aprender. Assim, quanto mais os alunos com NEE estiverem envolvidos nas
salas de aula do ensino regular, melhor desenvolverão suas capacidades de aprendizagem.
Sabemos que nem todos aprendem da mesma forma, por isso os professores precisam usar
metodologias diferentes, a fim de incluir todos os alunos. É imprescindível, também, que o
aluno com NEE passe por uma avaliação de profissionais especializados, como psicólogos,
fonoaudiólogos, pedagogos e outros. Além disso, é importante observar se o aluno está
interagindo com as oportunidades de aprendizagem.
Nesse sentido, Jardim (2001, p. 149) enfatiza:
Uma vez colocados em uma sala de aula, professor e alunos passam a constituir um
grupo novo, com uma dinâmica própria, e entre eles se desenvolvem, muitas vezes,
intensas relações interpessoais que a rigor contribuem para o sucesso da
aprendizagem.
Para o autor, a educação recebida nos primeiros anos de vida tem relação com o objeto
mostrado à criança. Na escola, ela aprende a estabelecer relações, comparações, com base
naquilo que já conhece.
Haverá inclusão nas escolas regulares, no verdadeiro sentido da palavra, se existir
integração entre professor e aluno. Os profissionais da educação precisam ter conhecimento
do que é deficiência, quais são os principais tipos, características e necessidades educativas
14
dos alunos com NEE. Com base nessas informações, os professores podem fazer seu
planejamento curricular. Pacheco e outros (2007, p. 32) salientam que:
O currículo é compreendido aqui como orientação fornecida pelas escolas e
professores envolvidos no ensino e na aprendizagem que acontece em sala de aula.
Isso pode envolver questões como o conteúdo do material a ser aprendido, os
métodos de ensino utilizados, os significados sociais e éticos a serem transmitidos
dos quais resulta a base que orienta a interação dentro do grupo e os resultados
pretendidos nesse processo.
A prática em salas de aula inclusivas pode ser assim definida: o ensino em equipe; a
adaptação curricular; integração dos alunos; ambiente organizado da sala de aula; tudo é
planejado pelos professores. No ambiente escolar inclusivo, o aluno que apresenta alguma
deficiência é tratado igual aos outros, e cada membro da sala de aula precisa ser orientado e
percebido individualmente, uma vez que todos apresentam alguma dificuldade. Dessa
maneira, a classe toda aprende de maneira colaborativa; em equipe, estabelecem-se relações
sociais entre os alunos e professores e desenvolve-se a autonomia dos alunos (PACHECO et
al., 2007).
Os autores contribuem também em relação ao método de ensino usado pelas escolas
inclusivas. Destacam que:
[...] os professores precisam adquirir habilidades para lidar com várias deficiências e
habilidades de encorajamento de comunicação positiva, participação e envolvimento
dentro do contexto da sala de aula. Os professores sentiram que os métodos
colaborativos, como aprendizagem cooperativa, encorajava a interação social dos
alunos. Porém o trabalho individual [...] o trabalho em pares também foram
favorecidos (PACHECO et al., 2007, p. 52-53).
Por isso, é necessário desenvolver o ensino utilizando métodos diferentes para que
todos, de uma forma ou de outra, aprendam. Alcudia e outros (2000, p. 96), referindo-se ao
modelo de inclusão da cidade de Valência (Espanha), afirmam: A programação dos
conteúdos e das atividades precisam estar adaptadas à capacidade, ao ritmo, à motivação, às
possibilidades de cada aluno considerado individualmente.”
É importante ressaltar também que algumas avaliações escolares são motivos de
opressão para os alunos, principalmente quando se trata de aprender a viver com outros
indivíduos diferentes. Isso parece ser uma ameaça à estabilidade social, econômica, política e
cultural da nossa realidade. Contrariando esses princípios, precisamos construir uma
15
sociedade mais humanizada, na qual o diferente possa ser acolhido com dignidade e todos
aprendamos a viver juntos.
As relações interpessoais professor-aluno também são muito significativas no processo
do ensino e da aprendizagem. Entendemos que, quando o professor vez e voz aos seus
alunos, a aprendizagem acontece de forma prazerosa e sem traumas. Os alunos sentem mais
prazer em ir à escola, em realizar as atividades de ensino propostas pelo professor, em
participar das atividades em grupo e outros envolvimentos. Portanto, “o aprendizado humano
pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram
na vida intelectual daquelas que as cercam” (VIGOTSKY, 2003a, p. 115).
O projeto Leonardo da Vinci denominado Melhoramento da Habilidade dos
Professores quanto à Inclusão” (em inglês ETAI) desenvolve na Áustria, Islândia, em
Portugal e na Espanha estudos bem-sucedidos de educação inclusiva em escolas obrigatórias.
Segundo Pacheco e outros (2007, p. 149), o projeto sugere que as classes inclusivas
necessitam de um pré-planejamento, exige um ambiente preparado:
É necessário experimentar tipos de métodos de aprendizagem diferentes. Os
professores precisam planejar a sala de aula fornecendo materiais, garantindo a
interação. Em todas as turmas os alunos sentam-se juntos, trabalham de forma
cooperativa. As classes são unidas em 2, 4 ou 6 alunos, ou ainda em forma de “U”.
A escola inclusiva precisa valorizar a formação de relacionamentos, proporcionando
um ambiente afetuoso, com igualdade, apoio constante no nível cognitivo, social e
emocional. Reuniões freqüentes onde os alunos presidem e avaliam seu próprio
desenvolvimento.
Observamos, dessa forma, que os professores das escolas inclusivas precisam
proporcionar aos alunos todas as metodologias de ensino possíveis para que os alunos com
NEE possam aprender e ter uma educação efetiva. No decorrer deste estudo, pude observar
que os autores consultados defendem trabalhos em grupos heterogêneos e atividades
cooperativas entre todos os alunos da classe, em que seja priorizada sempre uma mescla de
alunos em cada grupo, pois:
Uma colaboração extensiva parece ser de vital importância. Quanto maiores as
necessidades especiais, maior a necessidade de colaboração e coordenação. Sente-
se que a inclusão é uma preocupação da escola toda, e não apenas de uma
determinada turma. necessidade de que as escolas formem uma equipe ou
equipes colaborativas de funcionários para apoiar o trabalho dos professores da
turma em questão. Essas equipes poderiam incluir o diretor, o coordenador dos
alunos com necessidades especiais e outros membros da equipe com conhecimento e
habilidades relevantes (PACHECO et al., 2007, p. 49).
16
Assim, as pessoas com NEE têm os mesmos direitos dos demais cidadãos. Direitos
esses assegurados pela Constituição Federal, pela Declaração de Salamanca e pela Convenção
da Guatemala de cujos documentos finais o Brasil é signatário. A inclusão é um desafio que
deverá ser enfrentado pelo ensino regular. Para que isso ocorra de forma plena, é necessário e
indispensável que a escola reveja suas práticas e as melhore, a fim de atender às necessidades
dos alunos com de NEE. Consideramos de grande relevância que a escola, ou seja, o professor
observe durante suas atividades de ensino as diferenças existentes em sala de aula,
considerando todo o processo do ensino e da aprendizagem.
Com base no exposto, considero relevante realizar um estudo a fim de identificar o
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos com NEE na sala de aula regular. Durante esta
caminhada de vivências em sala de aula regulares com a inclusão de alunos com NEE, foi
possível observar todo o contexto que envolve o processo do ensino e da aprendizagem.
Nesse sentido, a pesquisa foi norteada pelos seguintes questionamentos:
a) O ensino regular contribui na aprendizagem dos alunos com NEE?
b) Qual é a concepção dos familiares dos alunos com NEE em realçao à inclusão e à
aprendizagem dos seus filhos?
c) Qual é a concepção dos professores em relação à inclusão dos alunos com NEE nas
classes regulares?
d) Qual é a concepção dos alunos com NEE em relação à sua inclusão nas classes
regulares?
Tendo como objetivos:
a) Objetivo geral
- Investigar a inclusão e as aprendizagens dos alunos com NEE no ensino regular.
b) Objetivos específicos
- Identificar a concepção dos professores em relação à inclusão e aprendizagem dos
alunos com NEE, nas classes regulares.
- Identificar a concepção dos pais em relação a inclusão e a NEE dos seus filhos no
ensino regular.
- Identificar a concepção dos alunos com NEE em relação à sua inclusão nas classes
regulares.
17
1.1 Procedimentos metodológicos
O presente trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa qualitativa de caráter
descritivo. De acordo com Lüdke e André (1986), nas abordagens qualitativas, o pesquisador
precisa trabalhar todos os dados levantados durante a pesquisa, assim como relatar as
observações, transcrição das entrevistas feitas e as análises documentais.
O ambiente natural é a fonte de dados, o pesquisador é o seu instrumento principal na
pesquisa qualitativa. Ela é realizada no contato direto e prolongado entre o pesquisador, o
ambiente e a situação investigada por meio do trabalho de campo. O pesquisador procurará
presenciar o maior número de situações a ser pesquisado. Os problemas são estudados no
ambiente onde eles ocorrem naturalmente sem qualquer manipulação intencional do
pesquisador, chamado também de “naturalístico”. Lüdke e André (1986, p. 12) ressaltam que:
O material obtido nessas pesquisas é rico em descrições de pessoas, situações,
acontecimentos, inclui transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias,
desenhos e extratos de vários tipos de documentos. Citações são freqüentemente
usadas para subsidiar um ponto de vista. Todos os dados da realidade são
considerados importantes.
A pesquisa qualitativa prioriza a interação entre o pesquisador e pesquisados com o
objetivo de compreender uma realidade, transformando-a. Cada ator percebe a interação do
outro, contribuindo, a partir do diálogo, à sua própria resposta, baseada naquela intenção
compartilhada. Para isso, o pesquisador precisa se colocar no lugar do pesquisado.
Godoy (1995) enfatiza:
A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas,
lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação
estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos
sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo.
Nesse tipo de pesquisa, fica evidente que a preocupação maior está no processo de
acontecimento dos fatos do que com o produto final. O pesquisador demonstra interesse
principalmente nas interações cotidianas. Também, precisa ficar atento para os significados
dados pelas pessoas às coisas. Nesse tipo de estudo, é possível capturar os pontos de vista dos
participantes da pesquisa desde que o pesquisador esteja atento às suas percepções.
18
Os métodos qualitativos “contribuem para a compreensão de fenômenos complexos na
sua totalidade, por isso é um método bastante usado nas pesquisas relacionadas à educação”
(GODOY, 1995, p. 20-29). Para o autor, no método descritivo, é importante observar que ele
possibilita identificar fenômenos e fatores relacionados ao o quê, onde, quando e com quem.
A pesquisa foi realizada na Rede Municipal de Educação de Getúlio Vargas (RS),
especialmente nas escolas: Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Herrerias com um
total de alunos nos três turnos de 459 alunos (EJA e Ensino Fundamental) e 35 professores e a
Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Zambrzycki com um total de 256 no ano
de 2009 e 31 professores. A escolha das escolas ocorreu em virtude de serem locais onde
trabalho como professora. As duas escolas estão localizadas em bairros diferentes, um tanto
distante uma da outra. As famílias dos alunos são de classe média baixa, as mães, domésticas
ou do lar, e os pais trabalham como pedreiros, carpinteiros, pequenos comércios, pequenas
indústrias; alguns deles são motorista, policial, mecânico, costureira, autônomo, do lar,
faxineira, jardineiro, secretária, construtor, servente/doméstica, eletricista, consultora,
chapeador, pintor, montador, massoterapeuta e vigilante.
A inclusão escolar demanda mudanças profundas no meio escolar. Além de uma maior
dedicação por parte dos professores é importante fortalecer a participação dos pais para
enfrentar tal desafio. Quando pensamos em inclusão, pensamos também no acesso físico à
escola (rampas, portas largas, mobiliário adequado, banheiros, adaptadores, etc), além do
transporte adequado às pessoas com NEE. Todas as pessoas envolvidas no processo de
inclusão necessitam de estudo, melhores informações para adequar-se a nova realidade
inclusiva; desde o guarda da portaria até as serventes, todos deverão falar a mesma
linguagem. Nesse sentido Lebedeff e Pereira (2005, p. 306) contribuem quando escrevem: “O
processo físico à escola deverá ser facilitado aos indivíduos portadores de deficiências; os
participantes da escola inclusiva deverão procurar dar continuidade aos seus estudos,
aprofundando-os.”
Os sujeitos que fizeram parte da pesquisa foram cinco professoras, cinco alunos com
NEE e as mães dos referidos alunos. Ressalto, que foram entrevistadas somente mães, por
motivo de serem o único membro da família que participa na escola. A coleta de dados foi
feita por meio de entrevistas semiestruturadas com os sujeitos envolvidos, com o objetivo de
obter dados mais subjetivos.
A entrevista perpassa pela interação entre o entrevistador e o entrevistado, também
conhecidos por pesquisador e pesquisado. É necessário que se crie uma atmosfera recíproca
entre ambos. O entrevistado discorre sobre o assunto proposto pelo entrevistador com base
19
nas informações que ele detém. Se o clima da entrevista fluir positivamente e o entrevistado
se sentir à vontade, as informações fluirão automaticamente. A entrevista semiestruturada ou
não-padronizada liberdade de percurso ao entrevistador. Nesse sentido, as autoras Lüdke e
André (1986, p. 34) contribuem:
Parece-nos claro que o tipo de entrevista mais adequado para o trabalho de pesquisa
que se faz atualmente em educação aproxima-se mais dos esquemas mais livres,
menos estruturados. As informações que se quer obter, e os informantes que se quer
contar, em geral professores, diretores, orientadores, alunos e pais, são mais
convenientes e abordáveis através de um instrumento mais flexível.
Ainda com relação à entrevista, o entrevistador carece de alguns cuidados como:
respeito pelo entrevistado. Esse respeito envolve o agendamento antecipado do local, data e
horário marcados de acordo com a sua disponibilidade de tempo e, além disso, o entrevistador
precisa garantir-lhe o sigilo e anonimato, ou seja, a ética em relação às declarações. Além do
mais, o entrevistador precisa desenvolver a capacidade de ouvir para melhor conduzir sua
entrevista. É necessário desenvolver um clima de confiança entre ambos para que o
entrevistado sinta-se à vontade para se expressar.
Também, é muito importante que o entrevistador organize antecipadamente um roteiro
que guie a entrevista mediante certa sequência lógica do assunto do seu interesse.
Dependendo da competência e habilidade do entrevistador, a entrevista pode ultrapassar os
limites da técnica puramente, entrando no emocional do entrevistado por meio da observação,
da entoação da sua voz, dos gestos e outros. É importante que o entrevistado seja informado
sobre os fins da pesquisa, respeitando o sigilo no que se refere às entrevistas (LUDKE;
ANDRÉ, 1986).
O tipo de entrevista fica a critério do entrevistador e, ao escolher um dos tipos, ele
assume uma técnica de coleta dos dados. Quanto mais informado sobre o assunto, melhor ele
conduzirá sua entrevista.
Diante do exposto, ressalto que as entrevistas com as professoras, os alunos e as
mães foram realizadas a partir de agendamento antecipado conforme acordo entre as partes.
Em sequência, segue a identificação dos sujeitos envolvidos e o modelo das referidas
entrevistas.
20
Professoras
Formação acadêmica Há quanto tempo
desenvolve atividades com
NEE?
Quanto tempo na
escola?
A Ensino Médio – Magistério 3 anos 3 anos
B Ensino Superior – Pedagogia 5 anos 5 anos
C Letras – Espanhol - Literatura 5 anos 5 anos
D Pedagogia 5 anos 5 anos
E Pedagogia 5 anos 5 anos
F Pedagogia 3 anos 3 anos
Quadro 1: Identificação das professoras
Fonte: a autora
As professoras foram identificadas pelas letras do alfabeto maiúsculas.
Roteiro das entrevistas com as professoras
a) Na sua concepção, como acontece a inclusão e as aprendizagens dos alunos com
NEE no ensino regular?
b) Você tem formação e cursos para trabalhar com alunos com NEE?
Letra aluno Idade Série Tempo do aluno na série
a 7 anos 1ª série do Ensino Fundamental 1 ano
b 9 anos 4ª série Ensino Fundamental 1 ano
c 9 anos 4ª série Ensino Fundamental 1 ano
d 12 anos 1ª série do Ensino Fundamental 6 anos
e 6 anos I Etapa da 1ª série do Ensino Fundamental 1 ano
f 7 anos II Etapa da 1ª série do Ensino Fundamental 1 ano
Quadro 2: Identificação dos alunos
Fonte: a autora.
Os alunos foram identificados pelas letras do alfabeto maiúsculas.
Roteiro das entrevistas com os alunos
a) O que a escola representa para você?
b) Qual é a diferença da Apae e a escola em que você está atualmente?
c) Qual é a sua concepção em relação à sua inclusão no ensino regular?
21
Em sequência, segue o quadro de identificação das mães dos alunos com NEE.
Mães do
Aluno
Idade
Profissão
Há quanto tempo
seu filho frequenta
a escola regular?
Quais as maiores necessidades do(a)
seu(sua) filho(a)?
Aa 47 Do lar 1 ano Problemas neurológicos
Bb 42 Doméstica 4 anos Doença degenerativa (cadeirante)
Cc 34 Doméstica 2 anos Hiperativa
Dd 49 Servente 1 ano Deficiência mental
Ed 50 Doméstica 2 anos Déficit de atenção
Ff 30 Correios 2 anos Hiperatividade
Quadro 3: Identificação dos pais
Fonte: a autora
.
As mães foram identificadas com uma letra maiúscula e outra minúscula, por
exemplo: Aa significa que “A” é a mãe do aluno “a”.
Roteiro das entrevistas com as mães
a) Vocês recebem atendimento e orientações da deficiência do seu filho fora da
escola?
b) Qual é a sua concepção em relação à aprendizagem e à inclusão do seu filho na
escola regular?
A análise dos dados foi feita com base nas entrevistas com os sujeitos envolvidos, à
luz do referencial teórico utilizado na pesquisa. Na pesquisa, apresentamos primeiramente, a
Introdução, juntamente com os Procedimentos metodológicos. Em seguida, a seção dois traz a
Inclusão Social, na qual o subtítulo Inclusão Educacional. Na terceira seção discorremos
sobre O processo do ensino e da aprendizagem e a inclusão no cotidiano escolar. Na quarta
seção, tratamos da inclusão de alunos com Necessidade Educacionais Especiais no ensino
regular, com os subtítulos: A concepção dos professores em relação à inclusão e ao
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos com Necessidade Educacionais Especiais no
ensino regular e A concepção das mães e dos alunos com Necessidades Educacionais
Especiais em relação à inclusão e à aprendizagem no ensino regular. Para finalizar,
apresentamos a Conclusão, na qual constam os resultados encontrados e as considerações
finais.
22
2 INCLUSÃO SOCIAL
A Declaração de Salamanca (1994) deixa claro o direito à educação de todos os
indivíduos, independentemente das diferenças individuais. Determina que o Estado assegure
que a educação das pessoas com necessidades especiais faça parte do sistema educativo.
Notamos o envolvimento dos governos, grupos comunitários, de pais, das organizações de
pessoas com alguma NEE na procura da promoção e do acesso da educação para a maioria
daqueles que apresentam alguma deficiência.
De acordo com a Declaração de Salamanca (1994), todas as crianças m o direito à
educação e necessitam ter a oportunidade de acesso a um nível aceitável de aprendizagem.
Cada indivíduo tem características, interesses, capacidades e necessidades próprias de
aprendizagem. Os sistemas de educação têm de ser planejados, tendo em vista a diversidade
de necessidades. As crianças e os jovens com NEE precisam ter acesso às escolas regulares, e
estas devem seguir a orientação inclusiva, atingindo a educação para todos. A Declaração faz
um apelo aos governos para que concedam prioridade por meio de políticas e orçamentos que
possam incluir todas as crianças, independentemente das diferenças ou dificuldades
individuais. Os Estados devem adotar como lei o princípio da educação inclusiva, admitindo
todos os alunos na rede regular de ensino, desenvolver projetos e encorajar intercâmbio com
países que têm experiência de escolas inclusivas, estabelecer planejamento, supervisão e
avaliação educacional para as crianças com NEE, de modo descentralizado e participativo,
encorajar os grupos envolvidos na tomada de decisão sobre os serviços nessa área de ensino,
investir maior esforço nas estratégias de intervenção precoce das NEE e garantir programas de
formação de professores para dar respostas às NEE nas escolas inclusivas.
A Declaração de Salamanca (1994) apela, também, aos governos com programas
cooperativos internacionais e às agências financiadoras internacionais (ONU, Unesco, Unicef,
PNUD e ao Banco Mundial) para que apoiem a educação de alunos com tais necessidades.
A inclusão social de pessoas portadoras de NEE na sociedade brasileira ainda é
incipiente. Movimentos nacionais e internacionais têm buscado efetivar uma política de
inclusão de pessoas portadoras de deficiência na escola regular. Nesse sentido, Maciel (2000,
p. 53) observa:
23
Passos fundamentais devem ser dados para mudar o quadro de marginalização
dessas pessoas, como: alteração da visão social; inclusão escolar; acatamento à
legislação vigente; maiores verbas para programas sociais; uso da mídia, da
cibercultura e de novas tecnologias.
Compreendo que todos fazemos parte de uma mesma sociedade, portanto cabe a todos,
civis ou entidades governamentais, lutar para que a inclusão das pessoas com NEE se torne
realidade nesse novo milênio. Quanto a isso, Stainback e Stainback (1999, p. 29) afirmam:
Se realmente desejamos uma sociedade justa e igualitária, em que todas as pessoas
tenham valor igual e direitos iguais, precisamos reavaliar a maneira como operamos
em nossas escolas, para proporcionar aos alunos com deficiência as oportunidades e
as habilidades para participar da nova sociedade que está surgindo. Então nessa
sociedade não tem lugar para a exclusão e a segregação.
Na perspectiva (1983) é salientado que o homem é um ser naturalmente social e
cultural, originando-se daí suas ações. Tais ações deram origem às condutas morais e éticas
que são visíveis na história da evolução do homem mediante descobertas e invenções que aos
poucos foram permitindo o controle do meio e da própria sobrevivência. Também, o esforço
dedicado e o estudo foram combatendo as enfermidades, e a preservação da vida é exemplo
disso. O ser humano tem buscado resultados por intermédio de estudos, para a superação das
deficiências no ser humano transmitidas pela hereditariedade ou geneticamente.
Ao longo do tempo, vem se travando uma verdadeira batalha por uma ética na defesa
dos mais fracos como crianças, idosos, pessoas com necessidades especiais, com doenças em
estado terminal, os pobres e outros motivos mais. As discussões são crescentes sobre a
importância de respeitarmos as diferenças entre as pessoas.
De maneira geral, é necessário que a sociedade tome consciência da necessidade de
acolher todas as pessoas com alguma necessidade especial ou que estejam em desvantagem
pela enorme desigualdade social existente em nosso país e no mundo. Todas essas pessoas
precisam ser tratadas com dignidade e tem de ser assegurado a elas, por meio de leis, o direito
de receber atendimento de serviços de qualidade para suprir as suas necessidades especiais. O
atendimento dessas pessoas implica a adequação das condições do meio para permitir o
melhor desenvolvimento com o intuito de reduzir as suas limitações. É na coletividade que
precisamos ampliar esforços para combater as diferenças que geram essas limitações nos
humanos. É importante que se ampliem estudos a fim de reduzir a probabilidade de ocorrência
dessas situações num futuro próximo. Também, precisa ficar claro que, se houver necessidade
24
de serviços especializados separadamente nos casos de limitações expressivas ou graves, que
essas pessoas sejam amparadas pelo Estado sem problema algum e com muita dignidade e
respeito, permitindo o seu crescimento pessoal mesmo quando não for possível a inclusão
delas na escola regular. O importante nesse contexto é que o aluno, ou qualquer pessoa, tenha
atendidos os seus direitos como cidadão e que seja ajudado no desenvolvimento da sua
independência e autonomia nas atividades cotidianas.
Em sociedades inclusivas, pessoas diferentes convivem e aprendem em todas as
situações e não somente na escolar. uma grande esperança que, progressivamente, as
sociedades sofram mudanças qualitativas, sobretudo no que se refere às práticas não-
excludentes, tornando-as cada vez mais inclusivas e democráticas.
No Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de NEE estão sendo discriminadas ou
excluídas das comunidades onde vivem ou do mercado de trabalho. A exclusão dos
indivíduos com algum tipo de deficiência é tão antigo quanto à socialização do homem.
A sociedade em geral, desde seus primórdios, sempre considerou as pessoas com
alguma NEE inabilitadas para qualquer tipo de trabalho, estas sempre estiveram à margem da
sociedade, sem atendimento, sem direitos, sem respeito, sofrendo preconceito. A inclusão
escolar, fortalecida pela Declaração de Salamanca, não resolve todos os problemas de
marginalização dessas pessoas, o processo de exclusão é mais antigo do que a escolarização.
Inicia no nascimento de um ser humano, com uma característica especial adquirida por meio
da hereditariedade e que pode ocorrer em qualquer família estruturada ou não, bem como em
qualquer classe social, com um agravante, ocorre principalmente nas classes menos
favorecidas (MACIEL, 2000).
Percebemos que a tendência dos profissionais da saúde é ressaltar, no diagnóstico, os
aspectos limitantes da deficiência, são os primeiros a ser chamados a dar os diagnósticos
conclusivos. Os médicos, raramente, informam às famílias das crianças com NEE as
possibilidades de superação das dificuldades de desenvolvimento, os locais para orientar a
família, os recursos de estimulação precoce, os centros de terapia. Os pais, por sua vez,
necessitam de ajuda, de orientação, de acesso a grupos de apoio, porque eles também se
tornam pessoas com NEE diante da situação dos seus filhos. São os pais desses alunos que
intermediarão a inclusão ou a exclusão dos seus filhos, de acordo como forem orientados, por
isso cabe também aos professores o papel de mediadores entre as famílias e a escola, a fim de
viabilizar a inclusão desses filhos.
Portanto, fica evidente que é imprescindível que a família dos alunos com NEE
tenham um acompanhamento psicológico e participem de grupos de apoio, pois os familiares
25
podem intermediar a inclusão ou a exclusão desses alunos nas classes regulares das escolas e
também na comunidade.
As barreiras surgem com o nascimento de uma criança quando o médico, mediante
exames, constata alguma “deficiência”. A partir desse momento, a família busca soluções para
o problema, numa corrida contra o tempo, para tentar solucioná-lo em menor tempo, se
possível. A inclusão o é um ato espontâneo, é intencional e necessita ser feita uma
intervenção para que ela se concretize, mas essa concretização não acontece de um momento
para outro, é um processo da vida toda da pessoa com NEE. A inclusão envolve profissionais
especializados, familiares, participação da comunidade em geral e, em especial, do sujeito da
inclusão, que precisa se expor à sociedade e lutar contra a marginalização, exigindo seus
direitos como cidadão.
Conforme ressaltamos, para que haja inclusão nas escolas regulares, no verdadeiro
sentido da palavra, é preciso que exista a integração entre professor e aluno, que os
profissionais da educação tenham conhecimento do que é deficiência, quais são os principais
tipos, características e necessidades educativas desses alunos. Antes de tudo, o professor
precisa ter uma visão ampla dessa área por intermédio da sua formação acadêmica. Os
professores precisam atualizar seus conhecimentos constantemente por meio de formação
continuada em forma de cursos, seminários e formação em serviço. Também, é necessário que
os educadores estejam em constante contato com os familiares ou responsáveis dos alunos, a
fim de conhecer todo o histórico de vida destes e, juntamente com outros profissionais, traçar
estratégias de orientação à família e à escola, bem como pesquisar técnicas, métodos e
estratégias de ensino para melhor desenvolver a linguagem, contribuir para o
desenvolvimento físico e, ainda, estimular as relações sociais entre os pares.
A integração entre professores e alunos ocorrerá, sobretudo, quando houver uma visão
despida de preconceitos. Nesse sentido, as políticas públicas precisam proporcionar a
formação continuada aos professores, a fim de que tenham conhecimentos, subsídios e tempo
disponível para a interação escola e família.
A sociedade em geral, por falta de conhecimento, considera os casos de NEE uma
doença crônica, um peso ou um problema sem solução e, assim, não são dadas as chances a
essas pessoas de mostrarem o seu potencial e as suas habilidades. Quanto ao mercado de
trabalho para pessoas com NEE, percebemos que os empregadores pouco absorvem a mão-de-
obra dessas pessoas, por não acreditarem no potencial delas e que, quando empregados, a
faixa salarial é menor do que a dos colegas de profissão (MACIEL, 2000).
26
As áreas de lazer, esportes, cultura e transportes para essas pessoas são insuficientes.
Na educação, também não é diferente. Em nome da igualdade de direitos, todas as pessoas
com NEE devem ser atendidas. É na diversidade que se encontra a democracia. Dessa forma,
toda a sociedade necessita de um trabalho de sensibilização contínua e permanente, buscando
ajuda em outras sociedades, onde a inclusão está num estágio mais avançado, capaz de atingir
um grau efetivo de compromisso com as pessoas portadoras de necessidades especiais,
oportunizando a inclusão social e escolar. É necessário criar alternativas que favoreçam essas
pessoas na promoção da inclusão, minimizando, assim, barreiras arquitetônicas, sonoras e
visuais (MACIEL, 2000). Observo, diante das minhas vivências, que é necessário que todas
as pessoas envolvidas com sujeitos com NEE sejam orientadas a estabelecer formas de
convivências, em que o respeito às diferenças seja um ato de cidadania. Sendo assim, cabe a
todos os profissionais das escolas especial e regular criarem canais de comunicação que
considerem a inclusão social anterior à inclusão escolar. É preciso estar preparado para a
rápida evolução tecnológica dos novos tempos que influencia o processo educativo. O
conhecimento adquirido por uma pessoa no início de sua vida educacional estará superado em
um curto espaço de tempo e assim também ocorrerá com as novas formas de habilitação de
alunos com NEE.
A inclusão social acontecerá mediante a criação de políticas e leis de programas e
serviços de atendimento em favor dos portadores de alguma NEE. Consiste em criar
mecanismos que adaptem essas pessoas aos sistemas sociais comuns. Se isso não for possível,
criar, então, sistemas especiais separados. A sociedade precisa abrir espaços conforme as
necessidades de adaptação específicas para cada pessoa, a fim de que eles sejam capazes de
interagir naturalmente na sociedade. Esse parâmetro não promove a discriminação e a
segregação na sociedade. A pessoa com NEE passa a ser vista pelo seu potencial e não pelo
que ela não consegue realizar. Dessa maneira, é proposto o paradigma da inclusão social,
tornando a sociedade em geral propícia a um lugar de convivência entre as pessoas diferentes,
com os mesmos direitos.
É dessa forma que trabalham os inclusivistas para mudar a sociedade nas suas atitudes,
nos seus sistemas sociais comuns, em todos os aspectos: na educação, no trabalho, na saúde e
no lazer (WIKIPÉDIA, 2009).
A inclusão é um tema amplamente discutido pela sua relevância, mas, na prática, a
inclusão está distante de se tornar realidade. O mercado de trabalho busca trabalhadores
perfeitos para exercer funções trabalhistas. De maneira geral, o capital emprega pessoas
27
perfeitas, excluindo as demais. A solução da exclusão ou da inclusão só acontecerá se
resolvermos antes a contradição fundamental entre capital e trabalho.
Criamos ilusões quando pensamos que incluindo todos os alunos, portadores de NEE
ou outros grupos minoritários nas escolas, estamos fazendo inclusão. Não é tão simples assim,
estamos fazendo apenas inclusão escolar. E a inclusão social? Existem na América Latina
milhares de indivíduos excluídos das escolas por causa de conflitos armados, da violência, da
exploração sexual, da pobreza, falta de trabalho para os pais, entre outros. A inclusão social é
um movimento mundial na esperança de que pessoas portadoras de NEE encontrem seus
direitos e tenham um lugar digno na sociedade.
A inclusão encontra sustentação na dialética inclusão/exclusão, assim como nas lutas
minoritárias em defesa de seus direitos. A inclusão escolar é uma prioridade, mas percebemos
ainda dificuldade no que se refere às discriminações sociais e pedagógicas. Nem todas as
pessoas, nem todos os professores, nem todos os pais de alunos da escola regular aceitam a
inclusão de alunos portadores de NEE. Para que aconteça definitivamente a inclusão escolar e
social, são necessárias muitas mudanças no que se refere ao ser humano quanto ao modo de
pensar e agir com relação ao outro. É uma questão cultural, seja em relação a problemas
físicos, seja quanto a fatores econômicos, ou outros. É necessário construir culturalmente a
humildade, a humanização, a solidariedade, para não correr o risco da inclusão escolar não
acontecer e, simplesmente, as escolas tornarem-se lugares de integração, onde nem todos os
direitos serão atendidos. Sabemos que, do modo como as sociedades foram se estruturando, as
pessoas com alguma NEE foram sendo marginalizadas e privadas de sua liberdade e se
tornaram alvo de atitudes preconceituosas. De maneira geral, a sociedade precisa observar o
potencial que cada um tem e deixar de valorizar apenas algumas pessoas. Se não levarmos em
conta todo esse contexto, de nada vale a legislação vigente de inclusão social.
Entendemos que a inclusão escolar pode possibilitar outros tipos de inclusão na
sociedade em geral e, assim, aos poucos, o sujeito conquistará seu espaço de direito, garantido
em lei, na Constituição Federal, de forma ampla e de fato. Aos poucos, a sociedade precisa
oportunizar a inclusão para todos e provocar a transformação geral. Por muito tempo, tentou-
se homogeneizar as turmas nas salas de aula, os grupos sociais na sociedade e assim por
diante. Agora, é preciso desconstruir essa história e construir outra, aquela em que o diferente
passa a ser um sujeito capaz de construir seu próprio conhecimento no contexto em que está
inserido. Também, considerar que é nas relações entre os diferentes que a aprendizagem se
desenvolve.
28
A escola precisa ter função social e educativa, favorecendo o desenvolvimento do ser
humano, onde ele possa aprender e vivenciar que, em um mundo inclusivo, todos têm
oportunidades de ser e de estar de forma integral, participativa, política, cultural e social
(DENARI; BRAZ, 2005). No âmbito político, não bastam leis e verbas, mas, sim,
participação do incluído nas decisões de direito de um cidadão, que seja ouvido e respeitado,
uma vez que é ele quem sabe das suas necessidades. No âmbito cultural, é necessário dar
oportunidades para os alunos com NEE para que façam parte da sua cultura e, no âmbito
social, que as pessoas incluídas tenham acesso à educação, à saúde e ao trabalho.
2.1 Inclusão educacional
Recaem sobre os professores a esperança de melhoria da educação brasileira. Tal
situação é facilmente verificada por meio de suas queixas. Muitas vezes, sentem-se
impotentes diante das dificuldades em atender à diversidade de alunos em salas comuns do
ensino regular. Devemos considerar, também, o número reduzido de professores com
formação em Educação Especial desenvolvendo atividades nas salas de aula do ensino
regular.
Um professor sozinho pouco faz diante da complexidade e da responsabilidade de
tantas questões educacionais ligadas à diversidade de alunos nas escolas regulares. Esse
trabalho será possível se for desenvolvido por equipe multidisciplinar que pense o trabalho
educativo observando os diferentes campos do conhecimento, que resultará em uma prática
inclusiva. Sabemos da existência das equipes de apoio pedagógico desenvolvidas por
profissionais especializados, mas, infelizmente, os alunos com NEE serão encaminhados a
esses grupos quando o professor da classe esgotar todas as possibilidades de intervenção
pedagógica e não obtiver sucesso. Essa equipe é chamada a intervir como último recurso, nas
dificuldades extremas de aprendizagem. Propostas como essas andam em direção à exclusão e
não à inclusão. Isso também desresponsabiliza o professor em relação à não-aprendizagem do
aluno com NEE.
Com relação a isso, Correia (1999, p. 25) confirma:
29
A existência de uma equipe com uma pluralidade de formações permite uma
avaliação mais abrangente pela informação que fornece e, conseqüentemente, um
maior rigor no processo de tomada de decisões. A equipe prestará apoio necessário à
implementação de um plano de intervenção que resposta às necessidades
educativas da criança. São funções da equipe multidisciplinar: [...] prestar o apoio
necessário a professores e pais da criança. Definir estratégias de intervenção a
desenvolver na classe regular, sempre que se considere vantajosa para o aluno e sua
manutenção nela, fazendo as necessárias modificações curriculares [...].
As questões curriculares também precisam atender às expectativas do grupo de alunos
ou da maioria deles. As adequações curriculares não podem ser generalizáveis, necessitam
atender aos anseios dos professores de forma coletiva, como também dos demais profissionais
da escola, enfim, de toda à comunidade escolar.
A escola é um lugar de prestar serviços aos cuidados dos alunos, ou de sobrevivência,
por intermédio da merenda que é oferecida? Temos conhecimento de que nem todas as casas
têm comida todos os dias, mas na escola tem. Porém, a inclusão e a dignidade humana vão
muito além da alimentação e a presença física em uma sala de aula.
A escola não pode ser vista somente como uma prestadora de serviços. O trabalho da
escola vai além, ela precisa desenvolver no aluno o senso de humanismo, de cooperação,
ajuda mútua, de amizade, respeito, humildade, participação, colaboração, trabalho em grupo,
e, ainda, o respeito pelas diferenças. Nessa mesma linha, a escola necessita desenvolver com o
aluno o aprender a pensar, a fazer operações mentais básicas, tem de desenvolver a
autonomia, para atender às exigências do mercado de trabalho do século XXI. O aluno precisa
desenvolver também o pensamento crítico para entrar no mercado de trabalho no século
vigente. A escola que tem o papel de ensinar raramente tem colocado os alunos em situações
de reflexão. Assim enfatiza Fonseca (1998, p. 310):
Os novos desafios da educação e formação profissional e o combate ao
analfabetismo e à iliteracidade terão que ser equacionados com programas
cognitivos, que não ensinam um saber ou uma competência profissional, mas que,
em contrapartida, desenvolvem os pré-requisitos para outras aprendizagens, as tais
condições de modificabilidade estrutural [...].
Nesse sentido, Fonseca (1998, p. 313) observa que os alunos encontram-se “em estado
de verdadeiro empobrecimento cognitivo, sem apetite mental para o superar, como que
consubstanciando um pré-determinismo de insucesso escolar e profissional”. Na escola
inclusiva, é fundamental que o professor conheça as relações interpessoais que ocorrem na
sala de aula entre ele e os seus alunos.
30
Sempre ocorrerão laços de empatia e, outras vezes, o relacionamento é mais difícil. As
relações com os diferentes de nós, geralmente, são alvo do processo de exclusão. Os alunos
que apresentam dificuldades de aprendizagem acumulam repetências, não conseguem se
alfabetizar, acabam abandonando a escola ou sendo rotulados de diferentes e encaminhados
para as classes especiais. Também os alunos que apresentam dificuldades físicas/motora,
sensorial e outras acabam sendo segregados para instituições especializadas. Dessa maneira,
essas crianças perdem a chance de conviver e participar do convívio com seus pares.
Na escola inclusiva, é preciso romper com esse modelo de educação. Para iniciar o
processo de mudança, é necessário olhar o aluno, enxergando nele seus pontos positivos, ele é
muito mais do que aluno, ele é um ser social que frequenta outros ambientes. Portanto, é
preciso conhecê-lo fora da escola também, enfim, como se relaciona com a sua família.
Também, é necessário que se investiguem os pais, ver se eles dão valor ao estudo e quais as
vivências escolares deles. As conversas com os pais têm de ser amistosas, sem julgamentos,
sem culpar ninguém. É relevante observar o comportamento da criança na família. O
professor precisa identificar as causas das dificuldades dos seus alunos, observando-os e
trocando ideias com seus colegas sobre os alunos. O diagnóstico deve servir para identificar
as capacidades e dificuldades dos alunos e, principalmente, para que o professor possa ajudá-
los na sua aprendizagem. É imprescindível a opinião dos familiares para compreender esse
aluno nas suas dificuldades e ajudá-lo.
Referente a isso, Mantoan (2007, p. 45) enfatiza:
A aprendizagem nessas circunstâncias é acentrada, ora sobressaindo o lógico, o
intuitivo, o sensorial, ora os aspectos social e afetivo dos alunos. Nas práticas
pedagógicas predominam a experimentação, a criação, a descoberta, a co-autoria do
conhecimento. Vale que os alunos são capazes de aprender hoje e o que poderemos
oferecer-lhes de melhor, para que se desenvolvam em um ambiente rico e
verdadeiramente estimulador de suas potencialidades.
A aprendizagem, de acordo com o paradigma da inclusão, pressupõe o professor a
incentivar no aluno a capacidade de pensar, interagir, interpretar, compreender, criticar,
argumentar, selecionar informações relevantes, expressar-se coerentemente nas situações reais
como, por exemplo, de um questionamento ou até na solução de um problema matemático.
Assim, o desenvolvimento dessas habilidades pelo professor nos seus alunos com ou sem
NEE permitirá a estes raciocinar de maneira crítica, obtendo juízo de valores, compreensão e
ponderação no seu dia-a-dia. As escolas precisam se adaptar às exigências do novo século e
31
nós professores, ter um novo olhar sobre o aluno. A nova escola terá de desenvolver o saber
pensar crítico nos alunos.
Também, faz-se necessário, em virtude da reforma educacional que está ocorrendo
com a inclusão, que os professores se preparem para abraçar essa causa com mais segurança,
com mais conhecimento. Para isso, torna-se imprescindível a formação continuada, a infra-
estrutura da escola, por parte das políticas públicas.
Vale, aqui, retomar a questão das políticas públicas, pois, além do querer e saber do
professor, é exigido um trabalho coletivo, envolvendo todo o contexto social no qual o aluno
com NEE convive.
Sobre a formação continuada, Freire (2002, p. 43) afirma: “Por isso é que na formação
permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”.
Nesse sentido, durante a formação continuada, os professores terão a oportunidade de
compartilhar a troca de saberes e também de refletir sobre a sua prática. Ao voltar para a sala
de aula, estarão mais seguros e ricos de conhecimentos, para melhor mediatizar a
aprendizagem dos seus alunos.
Os cursos de formação acadêmica de professores pouco abordam sobre a educação
inclusiva e conhecimentos em torno das NEE dos alunos. As principais dificuldades estão em
profissionais preparados para estar nas salas de aula, mas que, na maioria das vezes, não
sabem como agir com a diversidade. Portanto, é necessário mudanças tanto na formação
acadêmica dos professores quanto dos demais profissionais da educação. Durante minha
vivência nas escolas, foi possível observar que muitos professores apontam como obstáculo
ao processo de inclusão o grande número de alunos em uma sala de aula e a falta de recursos
para dar apoio pedagógico conforme cada necessidade. Observam que as turmas deveriam ser
menores para dar um atendimento mais individualizado aos que mais precisam. Os
professores também citam a necessidade das salas de recursos, de orientação educacional,
atendimento especializado como importantes procedimentos para uma educação inclusiva.
A inclusão não requer planos específicos de aprendizagem para os alunos com NEE. O
plano individualizado pode reforçar a exclusão desse aluno. Levar em conta a diversidade não
é necessariamente trabalhar com currículo especial para cada dificuldade dos alunos com
NEE. Fundamental seria a flexibilização curricular, porém é necessário pensá-la, tomando por
base a diversidade existente na escola e não somente levar em consideração alguns membros
que fazem parte dela. Dependendo da metodologia usada pelo professor, poderá, ao invés de
incluir, excluir, mesmo que o aluno com NEE esteja compartilhando o mesmo espaço
(PAULON; FREITAS; PINHO, 2005).
32
Carvalho (2002, p. 81) também contribui nesse contexto quando assinala que “A
educação deve ser a mesma para os ditos normais, com as mesmas finalidades e com o mesmo
protocolo de intenções, voltados para a cidadania dos aprendizes”. Vários são os desafios
enfrentados pelas escolas, um deles diz respeito à qualidade da educação oferecida aos alunos
com NEE e também aos demais alunos.
Referindo-se à participação efetiva do aluno no processo do ensinar e aprender,
Carvalho (2002, p. 105-106) ressalta:
Na escola, a qualidade deve passar pelo sucesso de todos os atores envolvidos: - o
aluno na medida em que for capaz de aprender a aprender e aprender a fazer; - o
professor que, ao ressignificar a sua própria prática pedagógica, poderá centrá-la na
aprendizagem em vez de no ensino; - a comunidade escolar para que desempenhe
seu papel político e social, além do pedagógico, em busca da cidadania plena de seu
alunado; - a família que precisa participar da elaboração do projeto político-
pedagógico das escolas; - a comunidade onde a escola se localiza, em suas múltiplas
possibilidades de parcerias.
Para que se estabeleça a educação para todos, é necessário que haja uma reforma geral
no sistema educativo tradicional. A meta é incluir todos os alunos com necessidades especiais
ou não nas escolas e, aos poucos, ir melhorando a qualidade da educação, para que todos
adquiram uma educação de qualidade nesse mundo globalizado e desigual em oportunidades.
Qualquer forma de exclusão é condenável. Estamos vivendo um momento único, em que o
mundo está voltado para a inclusão, e todos deverão ter acesso às oportunidades de ser
alguém valorizado e fazer parte da sociedade. A intenção é que a sociedade passe por uma
mudança radical e que se transforme em nova sociedade, com escolas diferentes, onde os
alunos aprendam a fazer, a ser cidadãos participativos, políticos e sociais. Para que tenhamos
uma sociedade inclusiva, precisamos caminhar em direção à cooperação e à solidariedade e
não atendendo aos interesses econômicos ou à caridade pública, como é atualmente, em que
cada dia é excluída uma parcela maior da população (CARVALHO, 2002, p. 120-121). De
maneira geral, os professores precisam ser motivados para que a inclusão se realize e a
educação de qualidade se estabeleça em todas as escolas a todos os alunos.
A sociedade tem produzido avanços em relação à democratização que muito se deve
aos inúmeros movimentos sociais realizados no país. O movimento dos direitos humanos
aponta a urgência de construirmos espaços sociais menos excludentes e alternativas para o
convívio na diversidade. A inclusão social deixa de ser preocupação somente de governantes
e passa a ser uma questão fundamental da sociedade.
33
O mundo está passando por grandes transformações, novas tendências revolucionam
os padrões clássicos de comportamento, e as instituições também passam por modificações.
Nesse momento, nova ordem mundial está se organizando, valores sendo alterados, novas
expectativas, novos sonhos e outras formas de pensar o mundo. Entre essas modificações, está
surgindo a ética do cuidado, na qual buscaremos novas maneiras de nos relacionarmos.
Percebendo que está havendo tentativas de mudanças nas instituições escolares, se fala
sobre o cuidar no sentido do zelo pelas coisas, pelas crianças, pelos idosos. Com a questão da
inclusão social e escolar, temos de pensar sobre os cuidados que precisamos ter com as
pessoas com alguma NEE. Elas sofreram discriminações e segregações ao longo de suas
vidas, está mais do que na hora da sociedade perceber e mudar isso.
Na concepção de Heidenfelder (2008):
Estes desafios serão efetivamente vencidos com uma revolução silenciosa que
acontece no indivíduo, se estende pela família, passa pelas escolas, atinge as
organizações sociais, e estilhaçam com os vitrais no Estado. Uma revolução cujas
armas são carregadas com ética, transparência, vontade política e comprometimento
com o coletivo. [...] fazer a nossa parte será sem dúvida cumprir uma agenda
microssocial, cobrar das demais esferas organizadas, votar e denunciar os desvios de
conduta que quebram o pacto social proposto pela revolução será nossa contribuição
para a agenda macrossocial do século XXI.
Para que a inclusão escolar e também social seja realizada plenamente, será necessário
construirmos um pacto social entre elas: a escola, os pais, as igrejas, o Estado, por meio das
políticas públicas. Contudo, a realidade da sala de aula inclusiva só se transformará quando o
ser humano de forma geral for tocado, na sua mais pura sensibilidade, no amor ao próximo,
desenvolvendo assim o compromisso social coletivo.
Ao longo da história, o preconceito e a desinformação predominaram. As pessoas com
algum tipo de deficiência foram sacrificadas porque a sociedade as considerava um peso. Na
Roma Antiga, por exemplo, havia uma lei das doze tábuas, que dava plenos poderes à família
para matar crianças que tinham algum tipo de necessidade especial. Era, portanto, uma cultura
milenar, um preconceito enraizado na sociedade. As pessoas com alguma NEE sofrem por
dois motivos: pelas suas limitações físicas e também com a sociedade que não é solidária com
elas. Em consequência disso, muitas vezes, a vida para elas acaba ficando muito árdua,
levando-os ao desespero, à baixa autoestima, à depressão, entre outros, por isso a sociedade
precisa criar mecanismos de superação. Hoje, no Brasil, já existe a lei de cotas no mercado de
trabalho. O principal problema encontrado é a qualificação profissional para o preenchimento
34
de vagas. É importante que haja políticas públicas, que os governos municipais, estaduais e
federal e a sociedade em geral criem mecanismos os quais qualifiquem as pessoas com
necessidades especiais para enfrentar o mercado de trabalho, a fim de que consigam adquirir
sua independência financeira. Cabe à sociedade e ao poder público proporcionar essa
oportunidade. Cada uma das pessoas com algum tipo de necessidade especial, com certeza,
pode contribuir com algo para melhorar a nossa sociedade (FERRAZ, 2006, p. 12-13).
Sobre a educação escolar, tendo como foco a inclusão dos alunos com necessidades
especiais, Ferraz (2006) aponta desafios na construção de políticas públicas e também em
relação aos desafios pedagógicos. Nesse sentido, Góes e Laplane (2004, p. 23) afirmam que:
“Ao considerar as possibilidades de inserção escolar da criança com necessidades especiais
desde a educação infantil, no contexto da educação comum, [...] têm revelado vantagem no
desenvolvimento de propostas.”
Com relação a isso, no município de Getúlio Vargas (RS) na rede municipal de ensino,
na qual atuo como professora do ensino fundamental, séries finais, estamos construindo
democraticamente, em conjunto com todos os professores e a Secretaria Municipal de
Educação, uma Proposta Político Pedagógica na qual está ressaltada a concepção de inclusão
e que, em longo prazo, será efetivada pelos profissionais da educação.
Nesse município, o poder público, juntamente com escolas e entidades, tem se
esforçado para que a inclusão seja prioridade. O “diferente” passa a ser a norma e não a
exceção nos sistemas destinados a satisfazer as necessidades educacionais daqueles antes
excluídos. Conforme exigências do Ministério da Educação e Cultura (MEC), foi
implementado em uma das escolas.
A prática educativa, neste início de século, após tantas reviravoltas, necessita estar
voltando suas preocupações para o sujeito, o aluno, na pretensão de ajudá-lo, a fim de que
possa tornar-se um indivíduo autônomo, livre e responsável, reconhecendo seus direitos,
juntamente com a construção de relações interpessoais mais humanizadas. A escola precisa
partir do pressuposto de que é por meio da cultura que o indivíduo, o aluno, adquirirá sua
liberdade. A educação é um capital humano que ninguém poderá nos tirar. Esse é o desafio da
escola na sua totalidade. Para que isso aconteça, temos de mudar, como professores, e buscar
caminhos.
De acordo Sacristán (2005, p. 192-193):
35
Acreditamos que a construção de um credo pedagógico para orientar a escola e a
educação “na medida do aluno” atualizada deve partir das seguintes considerações:
1) a necessidade de partir de um diagnóstico realista do sistema educacional atual; 2)
a aceitação de alguns pressupostos sólidos de partida (interpretados com toda a
prudência, flexibilidade e pluralidade necessárias), que não renunciamos ao papel
normativo pertencente à educação proporcionada pelas escolas; 3) embora o dever
ser que pretendemos nos incline a mudar o existente, devemos levar em
consideração algumas das condições da realidade das instituições contra as quais
muitas vezes se chocam os melhores desejos, ao não conhecer sua solidez e a
dinâmica de mudança que as caracteriza.
Tudo vai depender da atitude que tomarmos diante dos problemas considerados como
desafios na educação. Vai depender dos nossos pontos de vista e que, ao adotarmos uma
determinada postura, esta nos conduzirá para um caminho que poderá ser melhor ou pior.
A educação inclusiva e para todos também vai depender em boa parte das políticas
adotadas a médio e longo prazo. Cada grupo social ou político trabalha com
diferentes argumentos e têm visões de mundos diferentes e experiências de vida
diferentes. Tem internalizado valores que não são os mesmos. Por isso, cada pessoa
tem opções políticas diferentes por acreditar em projetos políticos que diferem em
conteúdo entre um e outro (SACRISTÁN, 2005, p. 192-193).
Um fator importante para enfrentar os desafios na educação dos alunos com NEE é
investigar os próprios alunos e as suas famílias. As informações obtidas e corretas
contribuirão para um diagnóstico geral da situação e dos problemas existentes na educação.
Com base nesse diagnóstico, é possível a mobilização para a construção das novas políticas
públicas em educação (SACRISTÁN, 2005, p. 193).
A União, Estados e Municípios precisam construir novas políticas públicas tendo em
vista a inclusão dos alunos com NEE nas escolas regulares assim como no mercado de
trabalho.
36
3 O PROCESSO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM NO COTIDIANO ESCOLAR
Referindo-se a alunos com NEE, não poderíamos deixar de referenciar algo sobre
como ocorre o processo do ensino e da aprendizagem no cotidiano escolar. Inicialmente,
discorremos sobre a aprendizagem significativa, valendo-nos da teoria de Ausubel (2000),
citado por Moreira e Masine (2006). A Teoria ausubeliana afirma que o aluno aprende a partir
do que traz consigo em seus conceitos gerais sobre as coisas. Quando chega à escola, a
informação recebida por meio do professor interage com os conhecimentos próprios do aluno,
em especial o que é significativo para ele. Os autores salientam que o educador pode orientá-
lo de forma adequada, partindo do que ele conhece, para depois partir para o novo
conteúdo.
Segundo os autores, para o aluno aprender, são necessárias duas condições básicas:
disposição para aprender e que o conteúdo escolar seja significativo para ele. A aprendizagem
escolar é produzida de forma significativa quando o aluno relaciona o novo conteúdo escolar
com situações aprendidas e que já fazem parte da sua estrutura cognitiva prévia. A
aprendizagem pode ser adquirida por meio da descoberta ou da repetição.
Conforme Ausubel (2000 apud MOREIRA; MASINE, 2006, p. 16), “a aprendizagem
adquirida de maneira significativa fica retida na memória por mais tempo, também a
capacidade de aprender outros conteúdos é maior, da mesma forma, se for esquecida facilita a
reaprendizagem”. Os autores assinalam que a reforma educacional como missão de construir
um ser humano melhor e mais feliz passa pela oferta de metodologias de conteúdos,
propósitos da educação, assim como das condições nas quais a educação é oferecida. O aluno
precisa aprender e aprender a fazer a conexão entre o que sabe e os conteúdos novos.
Nesse sentido Moreira e Masine (2006, p.17) destacam que:
[...] aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma nova informação se
relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Ou
seja, neste processo a nova informação interage com uma estrutura de conhecimento
específica, a qual Ausubel define como conceito subsuçor [...].
Ao relacionar a concepção de Ausubel com a inclusão social, podemos conceber que
os alunos com NEE poderão aprender os conteúdos desde que o professor relacione-os com
assuntos aprendidos por eles no seu dia-a-dia. Para eles, isso será significativo, e a
aprendizagem acontecerá de forma significativa e com sucesso. A inclusão desses alunos nas
37
classes regulares terá sucesso se houver uma interação entre todos, sejam eles com ou sem
NEE.
Referindo-se à inclusão social e ao processo de ensino e da aprendizagem, é
significativo enfatizar a importância das relações e da afetividade no desenvolvimento do ser
humano. Na concepção de Wallon (1975), as relações existentes nas crianças é a relação de
reciprocidade, de igualdade, relações estas que deveriam existir em todas as sociedades, mas
que as pessoas, ao se tornarem adultas, corrompem-se ou, em algumas vezes, passam a
valorizar os interesses materiais ou econômicos. O desenvolvimento social da criança evolui
rapidamente a partir do momento em que começa a falar e andar. Ao andar, ela muda o
ambiente a seu favor, ir e vir à vontade. Quando aprende a falar, nomes aos objetos,
facilitando o seu entendimento com os adultos. A criança começa a estabelecer reciprocidade
com os outros (WALLON, 1975, p. 210-212).
A respeito das questões de inclusão social, quanto às suas relações com a afetividade,
Wallon (1975, p. 206-207) evidencia um suporte para o desenvolvimento afetivo do ser
humano, principalmente no que se refere à relação professor-aluno.
Não existe preponderância do desenvolvimento psíquico sobre o desenvolvimento
biológico, mas ação recíproca. A criança normal tem necessidade, a partir duma
certa idade idade em que ela se torne capaz de relações de ordem afetiva com o
ambiente, particularmente com a mãe de ser objeto de manifestações afetivas para
que seu desenvolvimento biológico seja perfeitamente normal. [...] a criança está,
pois, primeiramente ligada à mãe, mas este horizonte social alarga-se muito
rapidamente.
Para o autor, existem quatro estágios para o desenvolvimento humano: impulsivo-
emocional (0 a 1 ano de idade); sensório-motor e projetivo (3 a 6 anos); o categorial (6 a 11
anos); puberdade e adolescência (11 anos em diante). Destaca que uma maneira afetiva no
ensino e na aprendizagem é pôr limites, garantindo o bem-estar dos envolvidos, e que os
limites são uma demonstração de afeto para com o aluno.
Wallon (1975, p. 207-215) observa que “o professor, por ser adulto, passou por
todos os estágios anteriormente citados e tem uma consciência moral, isso é indicador de
amadurecimento, de conhecimento de mundo, ele tem condições de acolher seus alunos
afetivamente.” O professor precisa ser modelo e referência para o aluno na sua forma de
relacionar-se, de expressar seus valores, de resolver seus conflitos, de expor suas ideias, de
ouvir os outros e muito mais.
38
A escola maternal prepara o aluno (3-5 anos) para a sua emancipação da vida familiar.
Dessa forma, ele começa, com a ajuda dos professores, a resolver alguns conflitos da sua
idade. Ao encontrar-se com outras crianças com a mesma idade nessa escola, ele passa a estar
inserido em uma pequena coletividade mais ou menos semelhante ao da sua família. As
relações estabelecidas com os colegas e professores é de solidariedade, em que todos são
peças importantes da turma, todos vão ocupar papéis definidos. Essa estrutura ainda muito se
parece com a familiar, mas é muito importante para o aluno entender, ou melhor, superar as
questões relacionadas à inveja, ao ciúme, que são frequentes nessa idade. Com a superação
dessa etapa da vida, o aluno entra noutra etapa (6-7 anos até 11-12 anos) mais seguro e vai
entender que, além da família, ele pode estabelecer relações com outras pessoas, que pode
entrar em vários grupos. Assim, ele passa a fazer escolhas, gostar mais desse colega e menos
daquele, em que fica evidente o seu ponto de vista particular.
Por volta dos 12 anos de idade (puberdade ou adolescência), e abrangendo vários anos,
é o período da vida da criança no qual ela sente-se desorientada em relação a si, tanto física
quanto moralmente. Sente muita necessidade de se examinar diante do espelho e observar as
transformações que vão ocorrendo em seu corpo. Passam a ser vaidosas, sentem desejo de
atrair a atenção, de surpreender os outros, mas também são tímidas, sentem vergonha e muita
dúvida sobre si. Nesse período, a vida afetiva torna-se muito intensa, chamada de
ambivalência, que faz com que sintam necessidade de aventura, de se libertarem (WALLON,
1975, p. 209-218).
Nesse sentido, Wallon (2007) enfatiza que a educação passa pela dimensão da
afetividade. Tanto os professores quanto os alunos, conforme constatou em pesquisas,
necessitam de afetividade.
Sacristán (1998, p. 42-43) também contribui nesse contexto quando assinala que o
orgânico e o psíquico andam juntos; segundo ele, quatro estágios citados anteriormente por
Wallon (1975) explicam essa passagem, “a emoção e o socius”. A emoção é uma forma de
expressão que vem de dentro para fora. É uma expressão corporal que aos poucos adquire o
caráter de comunicação. Então, a emoção é, também, uma forma de comunicação do aluno, de
ele demonstrar o que está sentindo naquele momento.
A emoção é um sentimento que pode provocar satisfação no processo do ensino e da
aprendizagem. Assim, se o ambiente de sala de aula for agradável e as relações interpessoais
entre professor e aluno satisfatórias, tanto alunos quanto professores conseguirão resultados
qualitativos, em especial quando se trata de alunos com NEE. Esses alunos trazem consigo
insatisfação e outros problemas decorrentes das suas limitações quanto à aprendizagem, mas,
39
se o professor demonstrar confiança nesse aluno e com afetividade ajudá-lo, com certeza irá
cativá-lo para a sua aula e teremos um aluno a menos evadido da escola.
Ao referir-se à inclusão social, é importante enfatizar a questão da constituição
histórico-cultural do sujeito, sobretudo incluindo o processo do ensino e da aprendizagem.
Sabemos que tanto o professor quanto o aluno têm uma história de vida, e que essa trajetória é
marcada principalmente pelo contexto social vivenciado.
Nesse sentido, Vigotsky (2003a, p. 68) salienta que o ser humano adquire
conhecimentos pela interação com o meio. Para o autor, a interação professor e aluno é
fundamental para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem. Ressalta, ainda, a
importância de o professor fazer a mediação entre o princípio teórico-científico e a forma
prática. Dessa maneira, o aluno irá ampliar o seu desenvolvimento mental, construindo seus
conhecimentos. Tal conhecimento é possível por meio da mediação adequada, ou seja,
metodologias, relações, respeito mútuo, sempre levando em consideração a questão histórico-
cultural.
É de responsabilidade do professor a tomada de decisões. A escola precisa conhecer e
compreender o aluno, seu universo cultural, que é de grande eficácia para estabelecer a
interação entre o professor e o aluno. É mediante essa interação com o professor e os colegas
que o aluno com NEE vai aprender. As atividades propostas pelo professor, na sua maioria em
salas inclusivas, necessitam ser planejadas em grupos heterogêneos e cooperativos para que
aconteça a aprendizagem e, assim, avançar no sentido da sua autonomia.
Vigotsky (2003b, p. 213) afirma que “o ser humano pode dominar através do
conhecimento e da sabedoria, pode avançar na sua emancipação em relação à natureza. Isso é
possível através da interação social com as outras pessoas”.
Em relação à aprendizagem dos alunos, evidenciamos que eles aprendem na relação
com os outros: com os colegas de aula; professores; na família; na comunidade. Portanto, na
relação professor-aluno e aluno-aluno, pode desencadear a aprendizagem efetiva.
Para Vigotsky (2003a, p. 121), é na relação com os outros que o aluno desenvolve uma
reação:
O aluno vai demonstrar mais apreço por aquela disciplina, na qual o professor ao
ensinar demonstra mais emoção. A forma do professor ensinar, mediar, lidar com as
dificuldades na sala de aula, ressalta os sentimentos de afeto, de sentir-se na sala de
aula, ou acontecer do aluno sentir-se excluído quando o professor não o percebe
como incluído, que age e participa no grupo.
40
O modelo de educação inclusiva rejeita a hipótese de o insucesso escolar recair
totalmente sobre a criança. Cabe, também, ao professor a responsabilidade da aprendizagem
dos alunos com NEE. Em uma sala de aula inclusiva, o professor precisa conhecer cada um
dos seus alunos e suas necessidades, a fim de mediá-las por intermédio de metodologias
específicas para cada aluno conforme a dificuldade apresentada no momento.
O autor (2003a) dá ênfase às questões dos sentimentos, às questões que dão sentido na
vida. Ele relata que um velho funcionário que nunca havia estudado recordava sinais de
pontuação. Sabia que, antes da enumeração de documentos ou certificado, deve colocar dois-
pontos, que a vírgula separava o sobrenome e as enumerações; em outras palavras, em toda a
sua vida e experiência, sempre foram assim os momentos cujo significado emocional era
denotado com esses sinais. No entanto, ele não encontrou nenhuma vez, em todos os seus
anos de trabalho, o sinal de exclamação. Ficou sabendo, por meio da esposa, dessa regra,
aprendida por ela no colégio, pela qual se coloca um sinal de exclamação para expressar
entusiasmo, admiração, ira, indignação e outros sentimentos. Esses sentimentos, porém, não
tinham existido na vida do funcionário, e um sentimento de infinita amargura pela vida
totalmente vivida, de rebelião e indignação, provoca-lhe, pela primeira vez, uma forte
explosão e, no livro de felicitações de seu chefe, escreveu três grandes sinais de exclamação
depois de sua assinatura. Se quiserem que seus alunos não tenham uma vida tão lamentável
quanto à do funcionário de Tchekov, façam com que o entusiasmo, a indignação e outros
sentimentos não passem ao largo de suas vidas, para que nelas haja mais pontos de
exclamação (VIGOTSKY, 2003a, p. 122).
Com o exemplo de Vigotsky sobre o funcionário, entendemos que, na mediação do
professor, é ele quem precisa demonstrar emoção, alegria, respeito. As emoções são tão
importantes quanto o conhecimento intelectual. Nisso, o professor é o mediador, que, por
meio de atividades como um jogo, mediante regras, auxilia o aluno a aprender lidar com suas
emoções, e, quando respeita essas regras, ensina o aluno a não seguir cegamente seus
sentimentos, mas, sim, coordená-los (VIGOTSKY, 2003a, p. 121-123).
Ao trabalhar com alunos com NEE nas salas inclusivas, o professor poderá utilizar
jogos com os alunos, em grupos, com o objetivo de que os alunos com necessidades de
aprendizagem aprendam, com base no jogo (situação problema), algumas habilidades
planejadas intencionalmente pelo professor.
O jogo, no contexto de sala de aula ou em nível de escola, promove a aprendizagem e
a convivência social, oportunizando a construção de atividades cada vez mais complexas a
partir da participação conjunta e dos contatos interpessoais desempenhados pelos alunos. No
41
grupo, esses alunos vão reconhecendo o igual e o diferente, suas limitações, as possibilidades
e também desenvolvem empatias e afetos.
Nesses momentos, os alunos experimentam troca de experiências e compartilham os
conhecimentos aprendidos. Além disso, é necessário destacar a mediação feita pelos
professores por intermédio da escolha de jogos. É positivo disponibilizar ao aluno toda a
variedade de materiais existentes, para permitir a ele maior liberdade imaginativa.
Assim, Vigotsky (2003a, p. 133) contribui, enfatizando sobre o significado do
brinquedo na educação dos alunos:
[...] primeiro que ele não é o aspecto predominante da infância, mas é um fator
muito importante do desenvolvimento. Em segundo lugar, que ocorre no
desenvolvimento do próprio brinquedo, de uma predominância de situações
imaginárias para a predominância de regras. E, em terceiro quero mostrar as
transformações internas no desenvolvimento da criança que surgem em
conseqüência do brinquedo.
Quando o professor disponibilizar o brinquedo para seus alunos, sabe que, ao brincar,
o aluno pensa, reflete e age em determinadas situações e assim cria soluções e desenvolve a
aprendizagem. Por isso, o brinquedo é tão importante quanto o livro, o caderno, o lápis e o
professor que contribuem na aprendizagem significativa.
Freire (1997, p. 25), quando se refere à inclusão social, observa que a cidadania, a
autonomia e a dignidade humana ocorre por meio da inclusão social. Leva em
consideração, também, a realidade do aluno, a sua cultura e, portanto, “ensinar exige respeito
à autonomia do ser do educando”. O autor ressalta a importância de o professor respeitar a
individualidade do educando e aproveitar as suas vivências no ato de educar. Com base nisso,
caberia ao professor fazer a inter-relação entre o que o aluno sabe e o que o professor tem a
lhe ensinar.
Freire (1997, p. 25) aborda a diferença entre treinar e educar, descrevendo que “treinar
é aprender técnicas e habilidades necessárias para um determinado fim, enquanto que educar é
muito mais que isso, não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção”. O autor destaca que o processo do ensinar exige do professor
a afetividade, e que o professor não pode ter medo de expressá-la, que é ela que vai selar o
compromisso do professor com o aluno. Para ele, o professor pode ser afetivo com seus
alunos, alegre, ético e ter autoridade sem ser autoritário, uma vez que “Nem a arrogância é
sinal de competência nem a competência é causa de arrogância”. É por meio da afetividade
42
que haverá uma troca mútua de conhecimentos entre professor e aluno, em que quem ensina,
aprende ao ensinar e quem aprende, ensina.
Vivemos em uma sociedade opressora, na qual as camadas menos favorecidas são
oprimidas e, se não bastasse, ainda terminam por aceitar o que lhes é imposto por
consequência da falta de conscientização. Essa conscientização deveria vir por vias da escola,
é função da escola educar para a vida, mediante uma educação crítica. Os professores
precisam mediar seus alunos para a criticidade dos fatos e não os aceitar passivamente.
A lógica opressor/oprimido vem de muitos séculos, portanto faz-se necessário investir
em novas metodologias, está mais do que na hora de quebrarmos tal lógica e construirmos um
novo conhecimento, no qual a sociedade toda passe a respeitar-se, viver sem segregações, sem
discriminações, em que os alunos com NEE sejam percebidos com olhares diferentes, ou seja,
que eles também podem aprender e até mesmo mudar o rumo das suas vidas. Assim,
estaremos ensinando para a autonomia, para a libertação.
Freire (2002), quando se refere à discriminação, enfatiza que ela é imoral e lutar contra
ela é nosso dever como ser humano, como educador. Também, quando se refere à relação
professor-aluno, deixa claro que ela necessita de amorosidade, assim a aprendizagem acontece
de uma forma agradável, tanto para o professor quanto para o aluno.
A prática educativa nas escolas precisa dar seu testemunho de respeito às diferenças. É
na escola que ainda podemos encontrar características fundamentalmente humanas. É possível
educar nas relações estabelecidas entre o professor e o aluno no dia-a-dia. A escola pode fazer
o aluno sonhar, que a sociedade não faz, pois a realidade, para muitas crianças, é
extremamente difícil, uma vez que precisam deixar de estudar para ir trabalhar, para ajudar no
sustento da família e, como consequência, o círculo vicioso não se rompe nunca. Os filhos
deixam a escola para trabalhar; mais tarde, os netos fazem o mesmo e assim continua a
miséria e a opressão. As vivências com meus alunos e seus familiares retrata isso. A escola
pode contribuir para a promoção de um sujeito autônomo e crítico, mas, para tanto, o trabalho
precisa ser coletivo e efetivo, voltado às necessidades dos alunos.
aproximadamente uma década ou pouco mais, passei a fazer parte do grupo de
professores da Rede Municipal de Ensino do Município de Getúlio Vargas (RS). Foi a partir
desse momento que se iniciaram meus questionamentos em relação à inclusão de alunos de
NEE nas classes regulares. Sem ter conhecimento algum sobre como agir em sala diante das
necessidades de aprendizagem desses alunos, por conta própria, passei a proporcionar
atividades em grupos heterogêneos. Essa foi a maneira que encontrei para ajudá-los na sua
aprendizagem, mesmo sentindo, muitas vezes, a incerteza de estar agindo de maneira correta.
43
Os alunos que não apresentavam dificuldades de aprendizagem ajudavam os demais e, ainda,
eu atendia individualmente, nos grupos, para ajudá-los. Hoje, após ter estudado sobre a
questão da inclusão e de estar desenvolvendo esta pesquisa, percebi, por meio das entrevistas
com os professores, que a história se repete, e que eles procuram trocar experiências com
outros professores das escolas onde atuam. De acordo com Freire (2002, p. 52), “ensinar não
é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção”.
Referindo-se à aprendizagem, Freire (2002, p. 77-86) assevera que somos os únicos
seres capazes de aprender algo muito mais rico que meramente repetir a lição dada: “aprender
para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar [...] constatando nos tornarmos capazes
de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos
saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela”.
Para o autor, necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a
escola, visto ser ele um sujeito social e histórico. Freire (2002) define essa postura como ética
e defende a ideia de que o educador precisa buscar essa ética, a qual chama de ética universal
do ser humano. É preciso proporcionar aos alunos a criatividade, a curiosidade, assim
passarão a ser sujeitos da sua história e não objetos. Deixa evidente, também, que o professor
necessita de conhecimento e da generosidade para ter autoridade, competência e liberdade na
condução de suas aulas, a autoridade no sentido da competência profissional, e que a sua
presença não passe despercebida pelos alunos.
Além dos clássicos, é relevante referenciar também alguns autores contemporâneos
que se referem ao processo do ensino e da aprendizagem na inclusão social. As conexões
interpessoais entre professor e aluno necessitam combinar cenários de confiança, alegria,
entusiasmo, envolvimento, empenho, conforto, orgulho, tranquilidade para que a
aprendizagem se desenvolva. É necessário, então, que os professores iniciem uma reflexão
sobre a sua prática, levando em conta a afetividade. Almeida e Mahoney (2007, p. 23)
ressaltam que:
Tanto alunos como professores expressam o desejo de relações interpessoais
satisfatórias: que satisfaçam suas necessidades. Ainda que tenham focalizado a
situação de sala de aula, as pesquisas revelam que professores e alunos não estão
protegidos dos sentimentos provocados por situações externas à sala de aula e à
escola.
44
A aprendizagem é um processo dinâmico, está sempre em construção. As práticas
avaliativas que predominam nas escolas brasileiras necessitam ser repensadas. É necessário
construir diferentes formas de avaliar os alunos, a chamada avaliação qualitativa. Isso
significa abandonar práticas, técnicas e instrumentos de avaliações e rever o sistema de notas
e conceitos.
Conforme Jardim (2001, p. 77), os alunos aprendem mediante a comunicação
estabelecida entre professor e aluno:
Ensinar significa organizar as condições exteriores próprias à aprendizagem. Essas
condições devem ser organizadas de maneira gradual, levando-se em conta, em cada
etapa, as habilidades recentemente adquiridas, a necessidade de retenção dessas
habilidades e a situação estimuladora específica exigida pela etapa seguinte.
Conseqüentemente, ensinar implica uma freqüente comunicação verbal com o
estudante.
Dessa forma, o papel do professor é converter os conhecimentos científicos por ele
estudados, ensinando aos alunos de forma sistemática e explícita, aplicando as teorias de
comportamento e aprendizagem humanas, estudadas por ele na graduação, à base de
estratégias de instrução e de interação que visam essencialmente modificar e melhorar suas
capacidades de aprendizagem. A aprendizagem é um processo dinâmico, no qual o aluno está
em constante interação com os colegas da turma, mudando suas ideias e atitudes.
De acordo com Jardim (2001, p. 99):
A criança ou jovem com dificuldades de aprendizagem apresenta discrepância entre
a capacidade ou habilidade mental e o desempenho, refletidas em resultados
escolares insatisfatórios. As dificuldades de aprendizagem sugerem um
comprometimento no processo de informação, com uma pequena desordem
psiconeurológica que afeta a função cognitiva.
Seguindo a concepção do autor, na inclusão social, precisamos primeiramente dar voz
àqueles que mais têm sofrido com os obstáculos existentes, até que sejam incluídos. A partir
desse momento, procurar tentar resolver o mais breve possível e com êxito as dificuldades dos
alunos com NEE.
O aluno com dificuldade de aprendizagem possui, no plano educacional, um conjunto
de condutas diferenciada dos alunos das classes regulares. Esses alunos, de maneira geral, têm
apresentado problemas de comportamento nas escolas e natingindo os objetivos educacionais
mínimos escolares. A diferença entre os alunos com NEE e os das classes regulares é que os
45
potenciais, individuais de aprendizagem são diferentes. O importante para o aluno com NEE é
que a escola desenvolva nele uma maximização no seu nível funcional de aprendizagem.
Portanto, cabe ao professor perceber as possibilidades no aluno e saber a diferença
entre aquele com NEE e aquele que está experimentando problemas de aprendizagem por
motivos da desvantagem cultural, de aprendizagem inadequada nas séries iniciais ou, ainda,
por motivos socioeconômicos, por problemas de integração pedagógica ou por deficiências
específicas cientificamente diagnosticadas por especialistas.
O prejuízo ou risco está no problema do aluno não ser identificado e o professor não
propor a ele, em momento propício, a intervenção pedagógica necessária para superar suas
dificuldades de aprendizagem. É comum a escola, pelos critérios de avaliação tradicionais,
reforçar a inadaptação escolar desse aluno, culminando, assim, com rotulações, em atraso
mental ou deixar cair na delinquência.
Nesse sentido, Vigotski (2003a, p. 75) contribui:
Na base do processo educativo deve estar a atividade pessoal do aluno, e toda a arte
do educador deve se restringir a orientar e regular essa atividade. No processo de
educação, o professor deve ser como os trilhos pelos quais avançam livre e
independentemente os vagões, recebendo deles apenas a direção do próprio
movimento. A escola científica é sem sombra de dúvida, uma “escola de ação”.
Observando a concepção do autor, observo a importância de levar em consideração o
conhecimento do aluno, sua experiência pessoal com base nisso interagir, mediar as
atividades de ensino de acordo com as necessidades do aluno.
O professor necessita variar as suas metodologias. Há métodos que servem para alguns
alunos e não servem para outros. Não podemos concluir, apenas com o uso de um único
método, que o aluno não aprenderá. Os diagnósticos precisam estar ancorados em bases
científicas e não atender apenas aos interesses ideológicos. Seguindo a linha de pensamento
de que somos todos diferentes e todos temos alguma NEE, Jardim (2001, p. 118) afirma:
[...] a exceção à regra inverteu-se, pois a cada dia é mais raro encontrar crianças sem
dificuldades de aprendizagem. Qualquer criança de qualquer classe social ou de
qualquer nível econômico, pode sentir-se insegura, confusa e ameaçada pelas
exigências escolares. Muitas tragédias e conflitos familiares são resultantes das
dificuldades de aprendizagem na infância.
46
A aprendizagem é o produto da experiência adquirida em uma mudança de
comportamento do aluno, na qual interferem condições internas e externas e é movida por
dois fatores: o psicológico e o neurológico. O educador precisa receber em sua formação
acadêmica o mínimo de noções operacionais que lhe permitam compreender, controlar e até
transformar o processo das diferentes necessidades, a fim de poder aplicar tal conhecimento
no diagnóstico e na intervenção. Além dos professores, os pais também precisam ter
conhecimento mais aprofundado em relação às dificuldades dos seus filhos para ajudar a
superar os problemas emocionais dos filhos com NEE. “O professor é ainda uma das peças
fundamentais na recuperação das crianças com dificuldades de aprendizagem” (JARDIM,
2001, p. 133-145). A aprendizagem dos alunos com NEE avançará se os professores
estiverem imbuídos de conhecimentos mais aprofundados e muito desejo de oferecer
atividades que permitam o avanço do aluno com NEE no patamar de conhecimentos
conquistado até então por ele.
Não existe um processo único de ensino e aprendizagem mas, sim, dois processos
distintos: o de aprendizagem (desenvolvido pelo aluno) e o de ensino (desenvolvido pelo
professor). Esses processos se comunicam entre si.
Conforme salienta Weisz (2006, p. 65-66), situações adequadas de aprendizagem
necessitam reunir algumas condições e respeitar princípios como:
Os alunos precisam por em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o conteúdo que
se quer ensinar; os alunos têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do
que se propõem produzir; a organização da tarefa pelo professor garante a máxima
circulação de informação possível. O conteúdo trabalhado mantém suas
características de objeto sociocultural real, sem se transformar em objeto escolar
vazio de significado social.
O professor, quando está na classe com seus alunos, precisa estar sempre atento,
observando, por meio de atividades ou não, para saber se esses alunos apresentam
dificuldades. É preciso que estas sejam constatadas o quanto antes para podermos incluir
metodologias que os ajudem a aprender. O professor precisa, também, olhar o aluno por
muitas óticas.
Jardim (2001, p. 118-119) constatou algumas dificuldades nesse sentido:
47
Os problemas de dificuldades de aprendizagem tendem a diminuir de importância a
partir dos 14 anos; a incidência é maior nos rapazes que nas moças; a escola parece
não se adaptar à sua função cultural e tende a institucionalizar-se como agente de
seleção e rejeição; o aumento das dificuldades de aprendizagem parece depender da
redução da taxa de mortalidade infantil; as avaliações escolares e as normas de
eficácia e rendimento oprimem as crianças vulnerabilizando seu potencial de
aprendizagem; ignora-se que o atraso mental é inferior durante o período, para
aumentar depois no ensino fundamental; e muitos outros.
Como professora, com experiência de vários anos, sinto muita dificuldade em
identificar as causas das dificuldades de aprendizagem nos meus alunos das séries finais do
ensino fundamental. Nas conversas com outras professoras, no recreio ou nas reuniões
pedagógicas, sempre procuramos compartilhar nossas dúvidas. Assim, percebo que as minhas
dúvidas a respeito de como agir diante de tal dificuldade são as dúvidas que perseguem outros
colegas professores. O que podemos concluir é que precisamos nos aprofundar mais e mais
em pesquisas para, talvez, obter mais resultados qualitativos na aprendizagem dos nossos
alunos com NEE.
O educando, em primeiro lugar, precisa ser aceito pelo professor, para envolver-se no
processo do ensino e da aprendizagem. É preciso buscar alternativas para a superação das
dificuldades encontradas. Diante da diversidade das turmas nas escolas regulares, é necessário
habilidades do professor-mediador como: trabalho em duplas; avaliação formativa; o
estabelecimento de significação e sentido dos conteúdos; maior interação entre professores e
alunos; trabalho multidisciplinar em forma de projetos.
As atividades de aprendizagem podem ser organizadas em diferentes perspectivas,
segundo Salvador (1994). Cita como exemplo: a) desenvolver-se de forma cooperativa na
qual os objetivos dos participantes estão estreitamente vinculados, para que cada um possa
alcançar seus objetivos; b) já em uma situação competitiva, os objetivos dos participantes
estão relacionados, mas de forma excludente: um só participante pode alcançar a meta,
enquanto outros podem ser excluídos; todos almejam o mesmo alvo; c) na situação
individualista, não existe relação entre os objetivos que os participantes desejam alcançar.
Perseguem-se resultados individualmente benéficos, sendo irrelevantes quando obtidos pelos
outros membros do grupo. Assim, analisando as três formas, de organização social, a
cooperativa, a comparativa e a individualista, a que mais colabora para a formação da
sociedade que queremos é a organização cooperativa da aprendizagem, na qual os
participantes unem-se em torno de um objetivo comum, todos buscam ajudar-se mutuamente
no grupo para alcançar a meta estabelecida pelo professor mediador.
48
A perspectiva das aprendizagens cooperativas,
[...] favorece o estabelecimento de ralações entre os alunos muito mais positivas,
caracterizadas pela simpatia, atenção, cortesia e respeito mútuo, assim como por
sentimentos recíprocos de obrigação e de ajuda. Estas atitudes positivas estendem-
se, além disso, aos professores e ao conjunto da instituição escolar. Contrário ao que
acontece nas situações competitivas, nas quais os grupos configuram-se sobre a base
de uma relativa homogeneidade do rendimento acadêmico dos participantes e
costumam ser altamente coerentes e fechados, nas situações cooperativas os grupos
são, em geral, mais abertos e fluidos e se constituem sobre a base de variáveis como
a motivação ou os interesses dos alunos (SALVADOR, 1994, p. 79-80).
É importante desenvolver uma educação mais humanizadora, na qual não
competitividade, pois isso provoca a exclusão. Em relação a isso, Salvador (1994, p. 82)
assinala:
A cooperação sem competição intergrupos é superior à cooperação com a
competição intergrupos quanto ao rendimento e à produtividade. Com atividades
cooperativas nas escolas teremos mais repercussão sobre o processo de
solidariedade e socialização entre os alunos. O trabalho coletivo nem sempre
frutos imediatos. O simples fato de agir conjuntamente, cooperativamente, obriga a
todos os membros participantes a estruturarem melhor suas atividades, a coordená-
las, sem que a responsabilidade recaia sobre um único participante.
Durante as atividades de ensino, procuro trabalhar de forma cooperativa, os alunos
que têm mais facilidade em determinados conteúdos ajudam os que têm maiores dificuldades.
Procuro, também, trabalhar em grupos pequenos e fazer uma mescla de alunos, em que
trabalham os alunos da classe regular e os alunos com NEE. Observo que os alunos da classe
regular, quando bem orientados, auxiliam de forma significativa os alunos com NEE. Percebo
que, ao mediar o ensino, o professor precisa envolver todos os fatos e todo o contexto que
envolve o aluno, seu contexto e o significado para a sua vida.
A relação entre educador-educando depende do clima estabelecido pelo educador, da
relação empática com seus alunos, da sua capacidade de ouvir, de refletir, de discutir e de
fazer a intervenção entre o seu conhecimento e o conhecimento dos alunos. O professor
precisa educar para as mudanças, as incertezas, a autonomia, para a liberdade e para a
formação de um cidadão consciente de seus deveres e responsabilidades sociais.
49
4 A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
NO ENSINO REGULAR
A inclusão social e as aprendizagens dos alunos com NEE no ensino regular é um fato
histórico que se desenvolve nas últimas décadas. Muito se tem falado, discutido, sobre a
temática, mas a realidade da sala de aula parece não ter modificado o cenário, ou seja,
professores insatisfeitos, familiares equivocados em relação à aprendizagem de seus filhos,
alunos diante das dificuldades vividas no cotidiano escolar.
Todo esse contexto refere-se à não-inclusão social. A inclusão implica mudança desse
atual paradigma educacional para a construção de um novo, no qual as diferenças é que
produzirão as mudanças para uma sociedade mais humanizada.
Assim a inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora.
Ela provoca uma crise escolar, ou de identidade institucional que por sua vez abala a
identidade dos professores e faz com que seja ressignificada a do aluno
(MANTOAN, 2007, p. 24)
.
A escola inclusiva não usa práticas específicas para cada tipo de deficiência ou
dificuldade do aluno. Eles aprendem nos seus limites, e o professor precisa explorar as
possibilidades de cada um. Utilizará metodologias e técnicas de ensino variadas para
proporcionar a cada aluno a aprendizagem à sua maneira.
Na escola inclusiva, o professor precisa recriar os espaços educativos: trabalhos em
pequenos grupos e diversificados; trabalho cooperativo; apoio mútuo entre os pares. Nesse
sentido:
Para ensinar a turma o professor parte do princípio de que os alunos sempre sabem
alguma coisa, de que todos podem aprender, mas no tempo e do jeito que lhes é
próprio e ainda, é muito importante que o professor nutra uma elevada expectativa
em relação à capacidade de progredir dos alunos e que não desista nunca de buscar
meios para ajudá-los a vencer os obstáculos escolares (MANTOAN, 2007, p. 48).
A escola torna-se inclusiva quando professores, coordenação, direção, alunos e pais
trabalham coletivamente em prol da superação e socialização. A aprendizagem é mediatizada
pelo professor e pelos colegas de aula. Os ritmos de cada aluno são diferentes, mesmo porque
não se espera que todos aprendam tudo e no mesmo tempo. Sabemos que cada aluno aprende
no seu ritmo e aprende o que faz sentido para a sua vida. As nossas escolas só serão inclusivas
50
se nós professores estivermos abertos a repensar nossos valores costumes e nos adequarmos a
uma sociedade mais justa, igualitária e mais humana. Sabemos que, para muitas crianças, a
escola pode ser o único espaço para terem acesso aos conhecimentos universais e
sistematizados.
A escola inclusiva existe mais de duas décadas em países como EUA, Portugal e
outros. Dessa maneira, podemos buscar subsídios na área da educação inclusiva onde está
dando certo e adaptá-las à realidade brasileira.
Pacheco e outros (2007, p. 128), referindo-se à situação em que se encontrava a Escola
da Ponte, localizada na cidade do Porto em Portugal, em 1976, observam:
[...] era um arquipélago de solidões. Os professores remetiam-se para o isolamento
físico e psicológico, em espaços e tempos justapostos. O trabalho escolar era
exclusivamente centrado no professor, informado por manuais iguais para todos,
repetição de lições [...] sua falsa competência multidisciplinar, em horários
diferentes dos outros professores, como poderiam partilhar, comunicar, desenvolver
um projeto comum?
É necessário buscar tais experiências que deram certo e aplicá-las nas nossas escolas.
O Brasil tem onde buscar exemplos de práticas inclusivas que deram certo em países como
Portugal, Espanha, Islândia, Áustria (PACHECO et al., 2007). Estes foram os pioneiros na
inclusão de alunos com NEE em escolas regulares, experienciaram as práticas, a fim de
validá-las e substituí-las por outras.
O acesso do aluno entre 7 e 14 anos é obrigatório no Ensino Fundamental. Os pais ou
responsáveis que deixam seus filhos dessa idade sem a escolaridade obrigatória podem estar
sujeitos às penas do artigo 246 do Código Penal (BRASIL, 2005b), que trata do crime de
abandono intelectual. É possível que até os dirigentes de instituições que não tomam
providências em relação a essa situação possam incorrer nas mesmas penas (art. 29 CP). O
mesmo pode ocorrer se a instituição simplesmente acolhe uma criança com deficiência
recusada por uma escola regular (esta recusa é crime, art. 8º, Lei 7.853/89) (BRASIL, 2005b)
e silenciar a respeito, não denunciando a situação. “Os Conselhos Tutelares e autoridades
locais precisam ficar atentos para cumprir seu dever de garantir a todas as crianças e
adolescentes o seu direito de acesso à escola comum na faixa obrigatória, acesso de Alunos
com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular” (BRASIL, 2005b, p. 15).
Sabemos que a inclusão nas escolas regulares requer grandes investimentos do Estado
e grandes esforços e dedicação intensiva por parte dos professores, direção das escolas,
51
funcionários, pais e alunos para, em médio e longo prazo, podermos construir uma sociedade
mais humanizada.
Com referência a essa questão, Pacheco e outros (2007, p. 130) assinalam que:
As mudanças de uma escola tradicional para uma prática inclusiva são complexas e
não podem ser feitas de um dia para outro. A inclusão demanda reflexão sobre visão
e atitude e, com grande freqüência, a adoção ou a criação de uma nova visão em
relação à educação escolar, à aprendizagem e aos aspectos sociais.
A sociedade está cheia de diferenças, não vê, quem não quer. Na concepção de
Feltrin (2004, p. 64-65):
A sociedade convive com a diferença que é encarada com normalidade. Convive-se
com a diferença de estatura, de peso, de sexo, de condição social, de ocupação, etc.,
todos somos diferentes, absolutamente. Entretanto, a diferença não deixa de ter um
aspecto grandemente positivo. [...] O curioso e contraditório é que a sociedade, ao
mesmo tempo, procura separar, alguns diferentes, até como uma necessidade. Assim
trata os doentes, os drogados, os criminosos. [...] Toda a atenção atual, no entanto, é
a de fazer com que pessoas “diferentes” tornem-se parte da sociedade, e tornar-se
parte da sociedade quer dizer participar de sua estrutura e desempenhar nela um
papel social.
Nas escolas, não é diferente, elas são um reflexo da sociedade. Dessa forma, os alunos
com NEE estão sendo incluídos por obrigatoriedade da lei, por isso o objeto deste estudo é
investigar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos com NEE nas classes regulares.
Conforme Stainback e Stainback (1999), entre a exclusão e a inclusão na sociedade
norte-americana, as escolas públicas, em particular, têm experimentado estágios de
incorporação de um grande número de alunos com NEE nas salas de aula. A dificuldade da
maioria dos alunos pobres dos Estados Unidos com NEE ou não era o acesso à educação.
Quando estava terminando a guerra de independência norte-americana, em 1783,
cidadãos ricos estabeleceram várias sociedades filantrópicas com o objetivo de educação a
grupos marginalizados e com necessidades especiais, com medo de que estes viessem a
ameaçar a República (STAINBACK; STAINBACK, 1999). As instituições continuaram a
crescer até a década de 1950 juntamente foram sendo criadas as “escolas comuns” públicas,
onde a maioria das crianças eram educadas; essas escolas, atraíram grande número de alunos.
Mesmo assim, grupos minoritários como os afro-americanos, os nativos, os com necessidades
especiais visíveis foram excluídos das escolas públicas regulares. Estes eram educados em
casa ou em escolas especiais. Os alunos com necessidades graves não tinham nenhum tipo de
52
serviço educacional disponível. A partir das décadas de 1950 e 1960, os pais de alunos com
necessidades especiais fundaram organizações na sociedade norte-americana como a National
Association for Retarded Citizens e passaram a reivindicar ações legais para a educação de
seus filhos junto com seus pares (STAINBACK; STAINBACK, 1999).
Os autores afirmam que em 1992 ficaram garantidos, mediante emendas, os direitos
dos alunos com NEE no emprego e nas escolas que recebem recursos federais. Pressões por
parte dos pais, dos tribunais e governantes resultaram no Ato da Educação para Todas as
Crianças Portadoras de Deficiências, de 1975, promulgada em 1978. Mais tarde, estendeu-se,
por meio desse documento, a educação pública a todas as crianças, independentemente das
suas necessidades, em ambientes menos restritos possíveis. Os estados norte-americanos
passaram a exigir que seus professores do ensino regular passassem a frequentar cursos
preparatórios. Conforme Stainback e Stainback (1999), somente na década de 1980, os
sistemas de educação regular e especial foram desafiados a incluir alunos com necessidades
especiais nas escolas comuns juntamente com seus pares. Entendemos que educação para
todos é uma educação escolar “independente de seu talento, deficiência, origem
socioeconômica ou origem cultural” (STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 39).
Os autores (1999, p. 39-40) enfatizam que:
Educando todos juntos, nas mesmas salas de aula, os alunos com necessidades
especiais têm a oportunidade de prepararem-se para a vida em comunidade, os
professores melhoram suas habilidades e a sociedade toma a decisão consciente de
agir de acordo com o valor social da igualdade para todos os seres humanos. No que
se refere à escola inclusiva, é no constante desequilíbrio provocado pelas diferenças
existentes entre os alunos com NEE e os sem que ocorrem as trocas entre eles e a
permanente reorganização do conhecimento pelo aluno. Assim, eles vão avançando
na construção dos seus próprios conceitos, vão progredindo, superando os desafios
ou soluções de problemas do dia-a-dia na escola.
Juntos, desenvolverão atitudes positivas se forem proporcionadas por intermédio dos
adultos (professores, direção das escolas, funcionários, pais) em ambientes integrados. A
integração e a comunicação facilitarão as amizades e o trabalho com colegas. Eles aprendem a
ser sensíveis, a respeitar, a compreender, a estender a mão, a crescer com seus pares.
Os alunos com NEE educados separadamente em escolas especiais, ou melhor,
segregados, não irão adquirir a independência e a autonomia para conviver na comunidade ou
na sociedade em geral, ficarão alienados. Entretanto, se forem educados em escolas
inclusivas, juntamente com seus pares, desenvolver-se-ão mais, ao observar os colegas, no
convívio entre os demais.
53
A questão está em oferecer a esses alunos os serviços de que necessitam, mas em
ambientes integrados, e em proporcionar aos professores atualização de suas
habilidades. [...] os benefícios para a sociedade em geral, sem dúvida, são a razão
mais importante para o ensino inclusivo; é o valor social da igualdade. Ensinamos
através do exemplo de que, apesar das diferenças, todos temos direitos iguais”
(STAINBACK; STAINBACK, 1999, p. 25).
O valor social da igualdade, conforme Stainback e Stainback (1999), existe quando as
escolas incluem todos os alunos; a igualdade é respeitada e vista como um valor na sociedade,
com os resultados visíveis da paz social e da cooperação. Ao contrário, quando as escolas são
excludentes, o preconceito fica inserido nos alunos, tanto naqueles com necessidades
especiais quanto nos demais, e, quando se tornam adultos, isso acaba em conflitos sociais, e o
resultado é uma competição desumana.
Sabemos que é por meio da educação que as pessoas podem conquistar um mundo
mais seguro, igualitário, mais humano, mais independente. É nesse sentido que enfatizamos
uma educação para todos. O mundo necessita do empenho nessa causa, de toda a humanidade,
seja ela política ou civil.
A educação para todos envolve um compromisso político para uma reforma
educacional que, aos poucos, gerará uma política adequada de emprego, de trabalho, de saúde,
incentivando cada vez mais o estudante a se aprimorar, e mais para o desenvolvimento da
sociedade em geral em benefício de toda a coletividade e do que apenas para alguns. Por meio
da educação e satisfazendo as necessidades educacionais de todos, a inclusão social
acontecerá de forma efetiva e, também, assumiremos novas responsabilidades com os grupos
antes excluídos.
É importante observar, também, que a superação das necessidades educacionais
básicas dependerá da cooperação financeira entre países ricos e pobres que atendam todas as
crianças, jovens e adultos nas suas necessidades. Para ajudar a população menos favorecida, é
necessário planejar ações concretas entre todos os setores da sociedade e estabelecer metas de
curto e de longo prazo elaboradas e planejadas coletivamente, incluindo as necessidades
locais, estaduais e nacionais. Tal planejamento precisa ser revisto e avaliado constantemente,
a fim de estabelecer, caso necessário, novas metas.
54
4.1 A concepção das professoras em relação à inclusão e ao desenvolvimento da
aprendizagem dos alunos com NEE no ensino regular
Após observar a legislação vigente que sustenta a inclusão social e interage com os
autores que enfatizam a importância dessa inclusão para os direitos de todos, procedemos à
pesquisa no que se refere ao objetivo primeiro que é identificar a concepção dos professores
em relação à inclusão dos alunos com NEE nas classes regulares.
Ao dar vez e voz às professoras, foi possível perceber que estão envolvidas no
processo de inclusão dos alunos com NEE. Demonstraram acreditar na importância da escola
regular para esses alunos, procuram formas de contribuir com a aprendizagem e, também,
estão colaborando para o processo de inclusão escolar e social dos alunos com NEE. Porém,
todas as professoras que fizeram parte desta pesquisa afirmaram não ter formação específica
para atender esses alunos e que, pelos anos de prática, estão tentando metodologias diversas
para que, de uma maneira ou de outra, esses alunos possam aprender de forma significativa.
Ficou evidente na fala da maioria dessas professoras, também me incluo nisso, que
temos que rever nossa concepção em relação à inclusão. Também ficou explícita nas falas das
professoras a preocupação em relação à aprendizagem dos alunos que apresentam NEE,
porque pouco sabem sobre como estes aprendem. Mencionaram não ter tido disciplinas que
abordam esses conhecimentos nos cursos superiores frequentados por elas e, também, não ter
qualificação específica para tal e reclamam de uma formação continuada na escola que trate
de tais questões.
Os professores queixam-se e sentem-se impossibilitados muitas vezes, perante a
abstração que envolve o aprender, o aprender do aluno com NEE que na maioria das vezes
exige dos professores mais estudo, mais conhecimentos acerca das necessidades desses
alunos, mais pesquisa, mais dedicação. Isto pode estar levando o professor a sentir-se
impotente diante das dificuldades do aluno, o qual, inconscientemente, estaria trazendo à tona
todo um sofrimento.
A partir da década de 1990, ou melhor, de Salamanca, é que os países em
desenvolvimento passaram a se comprometer com uma educação mais abrangente, atendendo
às minorias, ou seja, às populações mais carentes. que os recursos dedicados à educação
(investimentos) não aumentaram. Criaram-se muitas leis em favor dessa população, mas a
realidade escolar continua igual. Com a globalização, as escolas passaram a formar seus
alunos para o trabalho, para o mercado competitivo.
55
Essas transformações sociais passaram a exigir mudanças na profissão de docente,
modificando toda a organização escolar e principalmente o trabalho do professor, que são
vistos como os responsáveis pelo desempenho dos seus alunos, das escolas e do sistema
educacional em sua totalidade.
Diante de todas essas mudanças, o professor, por não poder acompanhar, mesmo se
esforçando, acaba desenvolvendo um sofrimento psíquico, tratado como mal-estar docente
(MONTEIRO; SOARES, 2009).
Nesse sentido Nóvoa (1995, p. 27) contribui dizendo que “caracteriza essa situação
como uma crise da identidade docente, que se explica através desta dicotomia existente entre
o que o professor idealiza para o ensino e a realidade concreta do ensino”.
Assim, com todas as mudanças no ensino, por exemplo, com a inclusão dos alunos
com NEE nas escolas regulares, as questões de indisciplina e outros empecilhos como a falta
de recursos materiais, tudo está contribuindo para o processo de sofrimento dos professores e
muitos passam a desenvolver a Síndrome de Burnout
1
.
Gasparini; Barreto e Assunção (2005, p. 38) contribuem quando observam que:
[...] as condições de trabalho, ou seja, as circunstâncias sob as quais os docentes
mobilizam as sua capacidades físicas, cognitivas e afetivas para atingir os objetivos
da produção escolar, podem gerar sobre esforço ou hipersolicitação de suas funções
psicofisiológicas. E, se não tempo para a recuperação, são desencadeados ou
precipitados os sintomas clínicos prejudicando sua saúde.
A Síndrome de Bournout surgiu no campo do stresse ocupacional recentemente e,
segundo França (1999, p. 31):
Estresse ocupacional pode ser entendido como as situações que a pessoa percebe o
seu ambiente de trabalho como ameaçador às suas necessidades de realização
profissional e pessoal e/ou a sua saúde física e mental, prejudicando a interação
desta com o trabalho e com o ambiente de trabalho, à medida que esse ambiente
contém demandas excessivas a ela, ou que não contém recursos adequados para
enfrentar tais situações.
O professor, de forma geral, foi preparado para trabalhar com alunos que “aprendem”
e, portanto, isso gerava uma rotina e dava certa segurança ao professor. Porém, agora, com a
1
O Burnout é uma síndrome caracterizada pelo esgotamento físico, psíquico e emocional, em decorrência de trabalho
estressante e excessivo. É um quadro clínico resultante da má adaptação do homem ao seu trabalho. (HUBNER, Hudson.
França, 1987).
56
inclusão dos alunos com NEE nas classes regulares, quando o professor se depara com o “não
aprender” e com suas próprias limitações, isso leva a pensar em inadaptação dele a essa nova
realidade. Por isso dizem não terem sido preparados, não tiveram em seu currículo acadêmico
embasamento teórico voltado à área da Educação Especial. Quando se deparam, em suas salas
de aula, com alunos com NEE, nem sempre recebem da escola o suporte necessário para lidar
com suas próprias ansiedades e/ou limitações.
Tal evidência emergiu ao questionar as professoras em relação a sua formação
específica para trabalhar com alunos com NEE. Quanto a isso a professora “A” relatou: Eu
não tenho cursos específicos para trabalhar com crianças portadoras de NEE, apenas
algumas palestras pinceladas, não aprofundadas, que pudessem ajudar como agir no
processo de aprendizagem desses educandos.
Nesse sentido, a professora “B” observou: Não tive formação específica, tanto na
graduação quanto na Formação Continuada. Na verdade, aprendi a trabalhar com
portadores de NEE na prática. sou educadora muito tempo e tive vários casos de
inclusão na minha classe.
A professora “C” também enfatizou seus conflitos no que se refere à formação
específica no ensino e aprendizagem dos alunos com NEE ao relatar: Não tenho curso
específico para trabalhar com portadores de NEE. Procuro ler e participo de momentos de
formação, procurando aprender sempre. Estou cursando Pós-graduação em Psicopedagogia,
o que tem me ajudado neste sentido.
Até o momento, das cinco professoras, três delas dizem não ter nenhuma formação
específica para trabalhar com alunos que apresentam NEE, inclusive abordam a ausência de
uma formação continuada na própria escola.
O aluno adquire conhecimento, de maneira especial, a partir do contexto social da
escola, da intervenção de seus colegas e da família. Portanto, a escola precisa considerar e
observar as diferenças e os ritmos de cada um. Pacheco e outros (2007, p. 20-21) assinalam
que:
Na Escola da Ponte, na Vila das Aves, ao norte da cidade do Porto, no norte de
Portugal [...] o ensino tradicional tem sido substituído por um sistema de ensino e
aprendizagem centrado em pequenos grupos e no ritmo de cada aluno. Não há
métodos diferentes para as crianças consideradas deficientes, pois cada aluno é
tratado como especial. Da mesma forma, as adaptações curriculares são feitas para
todos os alunos. A comunicação e o trabalho em equipe são priorizados [...] Os
grupos de alunos são heterogêneos, e não baseados em notas.
57
E escola da Ponte, cidade do Porto, em Portugal substituiu o ensino tradicional por um
sistema de ensino e aprendizagem centrado em pequenos grupos e no ritmo de cada aluno.
Não há métodos diferentes para as crianças com NEE, pois cada aluno é tratado como
especial. As adaptações são feitas para todos os alunos. São priorizados os trabalho em
equipe. Todos os professores são de todos os alunos e todos os alunos são de responsabilidade
de todos os professores. Os grupos são formados por alunos diferentes em relação as suas
aprendizagens (heterogêneos). A avaliação não é em forma de nota (quantitativa) mas sim
qualitativa. O trabalho em grupo funciona de forma cooperativa.
Fica nítido, pelas observações das professoras entrevistadas, que as universidades
necessitam melhorar seu currículo disciplinar, incluindo disciplinas que abordem
conhecimentos sobre os alunos com NEE, como eles aprendem, quais as principais NEE,
como diagnosticar tais problemas. Portanto, é imprescindível que todos os cursos
direcionados a professores tenham esse cuidado, seja ele professor de história, de português,
de inglês, de matemática, todos precisam saber sobre essas especificidades dos alunos com
NEE.
Outro problema enfrentado pelas professoras das classes regulares é o número
excessivo de alunos nas turmas. Para um professor trabalhar as dificuldades de cada aluno em
uma turma numerosa, fica difícil; há necessidade de repensarmos sobre o número ideal para
cada classe. Sobre turmas numerosas, a professora “A” salientou: Muito importante é o
acompanhamento individual, o que se torna difícil fazer em escolas de ensino regular onde
temos grande número de educandos na classe e somente um professor, não temos monitores,
nem profissionais para nos auxiliar. Percebemos a angústia da professora em não poder
solucionar, muitas vezes, as dificuldades dos alunos em virtude do número excessivo das
classes regulares. Todos apresentam alguma dificuldade, uns nos cálculos, outros na
interpretação, outros na escrita e em outros problemas, e o professor, muitas vezes, permanece
na turma apenas quarenta e cinco minutos, o que é muito pouco para solucionar tantas
dificuldades em classes tão numerosas.
Nessa quebra de paradigma, com a inclusão dos alunos com NEE nas escolas
regulares, o importante não é pensar se está certa ou errada a atitude, mas, sim, de o professor
questionar-se e ter discernimento de que a sua prática pode resultar em efeitos positivos ou
negativos, que possibilitem oportunidades a quem antes não teve. O verdadeiro sentido da
inclusão desses alunos é de que os professores proponham-se a procurar maneiras de ajudá-los
a aprender, a participar, reconhecendo seus limites, mas que não existem receitas e que os
58
professores, com muita dedicação, poderão encontrar caminhos na própria prática, na própria
experiência. Tudo será construído aos poucos, é um processo em construção.
Um aspecto importante salientado pelas professoras entrevistadas é sobre o interesse
delas em conhecer mais sobre os alunos com NEE, para melhor contribuir no processo do
ensino e da aprendizagem desses alunos. Observando a concepção de Pacheco e outros
(2007), percebemos a necessidade de metodologias e intervenções contínuas para inclusão de
alunos com NEE nas classes regulares. Todavia, como um professor sozinho atende trinta
alunos da classe regular e mais quatro alunos com NEE? As políticas públicas e a escola
necessitam rever tal contexto. As professoras que fizeram parte desta pesquisa, também
vivenciam no cotidiano escolar diferenças, conflitos e inseguranças e, muitas vezes, sentem-se
solitárias para compreender e mediar o desenvolvimento da aprendizagem. Ao serem
questionadas quanto às principais dificuldades que encontram no cotidiano escolar, observo
que se destacam diferentes conflitos, e cada uma procura administrar conforme seu
conhecimento e concepção. Nesse sentido, a professora “A ressaltou: Estou criando
estratégias para conseguir realizar atividades de ensino.
A falta de cursos profissionalizantes, ou até mesmo de profissionais para ajudar
encontrar um caminho, dificulta a resolução de vários problemas encontrados nesses
educandos e até mesmo para termos uma concepção.
A professora “B”, também, enfatizou: É na troca de experiências entre os colegas,
conversando com professores de Classes Especiais e Sala de Recursos que eu vou
procurando superar as dificuldades e as angústias para poder atingir os objetivos.
A professora “C”, por sua vez, mencionou: Não tenho curso específico para trabalhar
com portadores de NEE. Procuro ler e participo de momentos de formação, procurando
aprender sempre.
Mediante as falas das professoras entrevistadas, fica evidente que a contribuição para
os alunos com necessidades de aprendizagem ocorrerá por intermédio do conhecimento
científico, da formação continuada em cada especificidade e de oportunidades de grupos de
estudo e de muita troca de experiência entre os professores. Os professores demonstram muita
preocupação com a aprendizagem desses alunos. O que é constatado na afirmação da
professora “B”: Sinto necessidade de aprofundar os estudos sobre cada problema
apresentado e conhecer novas maneiras de trabalhar com estes alunos com NEE, contribuir
para que haja um maior crescimento na aprendizagem deles.
Nesse contexto, Mantoan (2007, p. 56) destaca que:
59
O exercício constante e sistemático de compartilhamento de idéias, sentimentos e
ações entre professores, diretores e coordenadores da escola é um dos pontos-chave
do aprimoramento em serviço. Esse exercício é feito sobre as experiências
concretas, os problemas reais, as situações do dia-a-dia que desequilibram o trabalho
nas salas de aula – essa é a matéria-prima das mudanças pretendidas pela formação.
Outro questionamento feito às professoras foi quanto a identificar a sua concepção
em relação de como acontece a inclusão e as aprendizagens dos alunos com NEE nas
classes regulares. Nesse sentido, a professora “D” destacou: Acredito que o primeiro passo é
buscar conhecer melhor a necessidade, o diagnóstico do aluno e respeitar o tempo que cada
um leva para aprender. É preciso ter paciência de explicar várias vezes a mesma coisa e
vibrar a cada conquista do aluno. O diagnóstico do qual fala a professora é conhecer a
necessidade especial do aluno.
Nesse mesmo sentido, a professora “E” contribui, dizendo:
A professora deve conhecer primeiramente a realidade deste aluno. Deve conhecer a
mãe e a família dele. Saber dos problemas e compartilhar com essa realidade.
Trabalhar com o aluno a sua maior necessidade, o conhecimento e transmitir de
forma conjunta com a família para que a mesma consiga dar uma sequência naquilo
que foi trabalhado em aula.
Complementando a professora “F” relatou:
Cada caso é um caso. Inicialmente conhecer a história de vida do aluno, todas as
suas capacidades e dificuldades. Como professores devemos rever nossas práticas
educacionais e processos metodológicos usados. Também elaborar juntamente com
o Núcleo Integrado de Aprendizagem Escolar (NIAE) um Plano Educativo
Diferenciado, que contemple os objetivos e conteúdos, bem como a avaliação deste
aluno.
A educabilidade cognitiva pode ser uma alternativa para os alunos com NEE, hoje
incluídos nas classes regulares. A intenção é que esses alunos aprendam mais, que com novos
olhares dos professores, possam otimizar na sua aprendizagem e que num futuro próximo
venham a tornar-se cidadãos mais participativos na sociedade e que também possam
conquistar a sua independência.
As professoras entrevistadas por mim disseram não possuir formação nenhuma ou
apenas um ou outro curso para trabalhar com alunos com NEE. Com relação a isso, a
professora “F” exclamou: O que sei é muito pouco, tive apenas uma matéria na graduação e
60
outra na pós-graduação. Assisti a algumas palestras e cursos de poucas horas a respeito
deste assunto.
Também a professora “D” acrescentou:
Ainda não participai de nenhum curso específico para isso. Faço o trabalho baseado
na minha experiência e nos estudos que fiz. O que me ajuda muito neste trabalho
também é o diálogo constante com as colegas, pois assim trocamos ideias e
aplicamos aquilo que acreditamos ser o melhor para os alunos. não temos a
certeza de que a forma como trabalhamos é a mais adequada.
No mesmo sentido, a professora “E” argumentou:
Ninguém me preparou para trabalhar com alunos com NEE. Fui procurando saber
um pouco aqui e outro pouco ali e fui encaixando como se fosse um quebra cabeça.
Mas o que mais me contribuiu foi quando conheci a realidade do aluno juntamente
com o apoio da família para que pudéssemos trabalhar em sintonia na aprendizagem
deles. Caminhando todos na mesma direção.
Percebemos, por intermédio das falas das professoras entrevistadas, que está sendo
bastante difícil ensinar alunos com NEE sem ter um prévio conhecimento das diferentes
necessidades educacionais apresentadas por alguns alunos, nas escolas regulares, por motivo
da inclusão escolar. Muitos professores sentem-se frustrados por não conseguirem ajudar mais
na aprendizagem dos seus alunos com NEE.
De acordo com Mantoan (2007), é com base nas experiências vividas pelos
profissionais da escola que vão sendo construídas as estratégias de ensino para a
aprendizagem dos alunos com NEE. Nem tudo está pronto, é preciso ainda rever e construir
muito em relação a essa temática, diferentemente do ensino tradicional das turmas
homogêneas, dos conteúdos programáticos, das avaliações por meio de provas, enfim, de
metodologias excludentes e não inclusivas.
O ensino e a aprendizagem que envolvem o afeto, o amor e o respeito fazem com que
o aluno sinta-se valorizado e incentivado a aprender. Para Freire (1996, p. 66), “Acima de
tudo, ensinar exige respeito à autonomia do ser, do educando. O respeito à autonomia e à
igualdade de cada um é imperativo, ético e não um favor que podemos ou não conceder uns
aos outros [...]”.
61
Em relação ao processo do ensino e da aprendizagem dos alunos com NEE, os
professores abordam as angústias e os desafios que enfrentam no cotidiano escolar. Segundo a
professora “B”:
Estas crianças com NEE apresentam limitações, mais dificuldades para uma
compreensão imediata. É preciso muita paciência e proporcionar atividades variadas,
trabalhar um determinado assunto de diversas formas. Estar do lado, investigar,
questionar, despertar e eles desenvolvem, crescem, apresentam resultados positivos.
Os professores estão se questionando muito desde Salamanca (1994), com a inclusão
dos alunos com NEE nas classes regulares. Esse procedimento, como consequência, está
provocando efeitos positivos na maioria dos professores, que estão buscando conhecimentos
para aprender a trabalhar com esses alunos. Constatamos essa postura nos relatos das falas das
professoras entrevistadas: a professora “B” salientou: Para trabalhar com alunos com NEE, é
necessário muita dedicação, o atendimento deveria ser individual, a atenção voltada para
ele, estar sempre elogiando o que faz, incentivá-lo para que consiga realizar as atividades
sempre melhor.
Para a professora “A”, o contato com a afetividade está entusiasticamente atrelado ao
problema de aprendizagem:
Acredito e tenho certeza que um dos principais passos para iniciar o processo de
aprendizagem é o afeto, dando carinho, amor, atenção, incentivo e olhá-lo da mesma
forma que olhamos os seus colegas. Muito importante é o acompanhamento
individual, o que se torna difícil fazer em escolas regulares onde temos grande
número de educandos na classe e somente um professor, não temos monitores e nem
profissionais para nos auxiliar.
Como professora vários anos, trabalhando com alunos com NEE, entendo que as
turmas precisam ser menores para que o professor atenda o aluno individualmente, explique
quantas vezes for necessário a fim de que ele realmente aprenda. Em casos como a
hiperatividade, o aluno, para aprender, necessita de medicamentos receitados por um médico
especialista, conforme a situação de cada um, porém o mais importante é deixar de lado os
preconceitos em relação ao diferente. Considero que antes de tudo os alunos com NEE
necessitam de atenção individualizada observando todas as suas lacunas e necessidades
educacionais. O medicamento é apenas um paliativo mas não uma ferramenta que desenvolva
a aprendizagem do aluno.
62
Ressalto também a importância de se elaborar na escola o currículo com base nas
necessidades dos alunos, valorizando sempre o que eles conhecem. Enfatizamos também
que a verdadeira inclusão perpassa pelo respeito mútuo em sal de aula, ou seja, entre professor
e alunos e entre os pares. Ela precisa envolver toda a comunidade escolar e a sociedade em
geral.
Outro fator que emergiu a partir desta investigação é a compreensão que obtive de que
nós professores precisamos evitar a reprodução de aulas aprendidas nas faculdades, nos
cursos, em oficinas e palestras. Precisamos interagir regularmente com nossos colegas
professores, estudar juntos cada caso, partindo da própria realidade da escola, como se ela
fosse única, precisamos colaborar uns com os outros, para juntos buscar caminhos, soluções
para os problemas pedagógicos da escola. “Tal a necessidade deles [dos professores]
formarem grupos de estudos nas escolas para a discussão e compreensão dos problemas
educacionais, à luz do conhecimento científico e, se possível, de modo interdisciplinar”
(MANTOAN, 2007, p. 56).
Na concepção de Mantoan (2007, p. 52), é importante:
Ensinar a turma toda, reafirmar a necessidade de promover situações de
aprendizagem que formem um tecido colorido de conhecimento, cujos fios
expressam diferentes possibilidades de interpretação e de entendimento de um grupo
de pessoas que atua cooperativamente em uma sala de aula.
O professor precisa ter um olhar diferenciado para aquele aluno que apresenta alguma
NEE. Esse aluno necessita da atenção e do afeto individualmente, para que, gradativamente,
consiga efetivar sua aprendizagem. De acordo com Paim (1992, p. 27-29), “uma tarefa
primordial para que aconteça a aprendizagem em sala de aula é resgatar o sentimento do amor
entre os professores e aluno”. Observa-se, então, a importância do professor compreender
que as interações no grupo são fundamentais para a aprendizagem do aluno. Quando a
professora se refere à agitação e ao fato de que os próprios alunos têm dificuldades de
interagir, está confirmando as dificuldades do processo do ensino e da aprendizagem. A
professora “C” relatou: Agitação, falta de aceitação para trabalhos em grupo, falta de
paciência por parte dos alunos, o que torna difícil a aprendizagem.
Pacheco e outros (2007, p. 49) destacam: “enfatiza-se a necessidade de que as escolas
formem uma equipe ou equipes, colaborativas de funcionários para apoiar o trabalho dos
professores da turma em questão”.
63
O aluno que apresenta alguma necessidade de aprendizagem exige uma ajuda maior do
professor, que, muitas vezes, em virtude da turma numerosa, torna-se difícil um atendimento
adequado. As professoras entrevistadas também se referiram a esse fato, mencionando que se
sentem culpadas por não conseguir dar a devida atenção aos alunos com NEE, por causa das
classes numerosas. Nesses casos, elas necessitam do auxílio de um monitor para ajudar
aqueles alunos que apresentam maiores dificuldades. No entanto, o monitor precisa ter uma
formação pedagógica, para atuar normalmente, com os devidos conhecimentos sobre os tipos
de dificuldades existentes, a fim de auxiliar o professor na sala de aula em face da diversidade
da classe. O monitor poderia ser, por exemplo, um professor estagiário, com o papel de
acompanhar os alunos com NEE nas suas dificuldades, explicando, auxiliando, mostrando,
enfim, orientando-os nos momentos em que a professora sente-se impossibilitada de atender
vários alunos ao mesmo tempo. Segundo Souza (2009), é importante ajudar os alunos que
apresentam NEE com atendimento individual, a fim de que entendam melhor a explicação do
professor.
Ao questionar as professoras em relação às maiores dificuldades encontradas durante
as atividades de ensino, a professora “A” respondeu:
Para trabalhar com educandos portadores de NEE, é necessária muita dedicação, o
atendimento deveria ser individual, a atenção voltada somente para ele, estar sempre
elogiando o que faz, incentivá-lo para que consiga realizar as atividades sempre
melhor. Para recebermos esses alunos em escolas regulares é extremamente
necessário uma monitora, para que possamos dar a atenção e o atendimento
individual de que precisam.
Nas falas das professoras, fica nítida a preocupação em bem atender a todas as
necessidades de aprendizagem dos alunos da classe. A professora “A” relatou que fica difícil
atender, pelo número elevado de alunos nas classes regulares. Na concepção de Correia
(1999, p. 167), a inclusão existirá quando:
Um conjunto de práticas e serviços de apoio (e. g., classe com um número reduzido
de alunos – 20 como refere o D – L 319/91, de 23 de agosto, desde que incluam dois
alunos com NEE; serviços adequados de psicologia, de saúde, etc.) necessários ao
bom atendimento da criança com NEE.
Neste estudo, percebi que faltam efetivar-se as políticas públicas nas quais se limite o
número de alunos por classe e que o número de alunos com NEE também seja respeitado
64
conforme o Decreto Lei 319/91 e ainda, se necessário for, que o professor titular receba ajuda
de um serviço de apoio, no caso um monitor. Pois esse também é um dos fatores que contribui
para o desenvolvimento de um trabalho apropriado de inclusão social e de aprendizagem,
porém tanto o monitor quanto o aluno com NEE precisam participar e interagir no grupo, pois
observa-se, em algumas escolas, a figura do monitor limitada nos fundos da sala juntamente
com tais alunos.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), por exemplo, é um
problema que atinge muitas crianças nas escolas. Esse aluno apresenta dificuldade de
concentração, de controlar impulsos, de seguir regras, dificuldade em manter-se sentado por
muito tempo, geralmente movimenta-se muito na sala. O exagero pode ocorrer também em
relação às emoções, sejam elas de raiva, alegria ou de frustração.
Conforme Barros e Silva (2006), os portadores de TDAH são qualificados como
agressivos, porém, na maior parte delas, as causas da conduta agressiva o da hiperatividade
e a impulsividade, as quais geram uma inabilidade em lidar com o autocontrole. Muitas
crianças ingerem medicamentos conforme diagnóstico nos arquivos da escola.
Durante a entrevista, a professora “C” assinalou: Minha aluna aprende normalmente,
desde que medicada, pois tem dores de cabeça. A família resiste, arranja desculpas para não
dar o medicamento. Sem o medicamento fica superagitada, falante, nervosa, agressiva e não
consegue aprender.
Ao entrevistar essa aluna, que é hiperativa, identificada nesta pesquisa pela letra “c”,
percebi que tem problemas de relacionamento, em alguns momentos apresenta agressividade,
principalmente quando não usa o medicamento, que, segundo a mãe, identificada como “Cc”,
a filha administra sozinha a ingestão do medicamento, com apenas 9 anos de idade, porque a
mãe e o pai saem para o trabalho antes de ela ir para a escola. Ao perguntar sobre o
relacionamento com os colegas e professores, a aluna me respondeu: Gosto de algumas
professoras, mais ou menos, às vezes a professora implica com as gurias. As meninas são
fofoqueiras, alguns colegas me chamam por apelido: Rádio Sideral e papagaio.
Constatei que a aluna não é bem aceita na turma, por terem-na apelidado. Pelos
apelidos, percebemos que os próprios colegas estão discriminando, excluindo-a da classe.
necessidade de a professora trabalhar ainda mais as questões da inclusão dos alunos com NEE
nessa turma. De maneira geral, as dificuldades sentidas pelo professor durante as atividades
de ensino estão vinculadas à falta de conhecimentos específicos nessa área. Como exemplo,
destacamos o relato da professora “A”: Fiz o Ensino Médio Magistério, não tenho cursos
especiais para trabalhar com crianças com NEE, apenas participei de algumas palestras.
65
Constatamos que a angústia das professoras é decorrente da falta de conhecimento
sobre os alunos com NEE. Um ponto positivo a salientar é que todas as professoras
pesquisadas deixaram evidente a necessidade de buscar novos conhecimentos em relação à
inclusão de alunos com NEE nas salas de aula regulares. Esexplícito na atitude e nas falas
de muitos professores que não é fácil reconhecer as necessidades dos alunos e buscar
caminhos para a inclusão dos mesmos.
Nesse sentido, Mantoan (2007, p. 52) confirma:
Inovações educacionais, como a inclusão, abalam a identidade profissional e o lugar
conquistado pelos professores em dada estrutura ou sistema de ensino, uma vez que
atentam contra a experiência, os conhecimentos e o esforço que fizeram, para
adquiri-los. É uma mudança experimentada pelos professores que ensinam a turma
toda.
A inclusão escolar abalou um grande número de professores, os quais se sentiam
seguros profissionalmente com seus cursos de graduação. Hoje, porém, percebemos que a
graduação é muito pouco, precisamos buscar mais conhecimentos sobre os alunos com NEE.
Necessitamos, como escola, acompanhar a evolução do mundo.
Com a inclusão de alunos com NEE nas classes regulares, os professores estão sendo
mais exigidos, principalmente no que se refere ao atendimento individual ao aluno. Os alunos
com alguma NEE geralmente exigem mais atenção, dedicação e explicação do docente. Por
isso, entendo que os professores necessitam aprofundar seus conhecimentos sobre os tipos, as
características de cada necessidade de aprendizagem que os alunos podem vir e apresentar nas
salas de aula. Conhecendo as NEE existentes, o professor saberá quais estratégias usar para
que o aluno aprenda.
O nosso cotidiano é marcado por relações, e, em tais relações, também podem aflorar
os conflitos. Em todos os ambientes onde atuação humana ocorrem relações interpessoais,
porém nem sempre são harmônicas. Na maioria das vezes, ocorrem por meio de hierarquias,
submissões e obediências onde o respeito é conquistado por meio da imposição.
Conforme Wallon (1975), é difícil imaginar a existência do homem antes da
sociedade, pois todo o indivíduo é um ser essencialmente social. De maneira geral, o grupo
social é indispensável tanto para sua aprendizagem quanto para o desenvolvimento da
personalidade do ser humano. Ele será humano mediante as relações estabelecidas com os
outros humanos.
66
Quanto aos direitos assegurados aos alunos com NEE, a professora “C”, em entrevista,
relatou que: As maiores dificuldades encontradas são quando saímos da escola para
passeios, teatro, viagens, pois muitas vezes não rampas, lugares apropriados para
cadeirantes. Em virtude desse depoimento, percebemos, também, que nem tudo o que consta
na legislação é posto em prática. Existem muitas leis, todavia elas precisam vigorar para
promover mudanças, melhorias na vida das pessoas com alguma NEE.
Mantoan e outros (2007, p. 51-52) relatam:
As escolas de qualidade são necessariamente abertas às diferenças e,
consequentemente, para todas as crianças. São escolas em que todos os alunos se
sentem respeitados e reconhecidos nas suas diferenças. [...] que se caracterizam por
um ensino de qualidade, que não excluem, que não categorizam em grupos por
perfis de aproveitamento escolar e por avaliações padronizadas [...] as escolas para
todos são escolas inclusivas
Questionando a professora B” sobre o desenvolvimento da aprendizagem nos alunos
com NEE, ela afirmou: estas crianças com NEE apresentam limitações, mais dificuldades
para uma compreensão imediata. É preciso muita paciência e proporcionar atividades
variadas.
Com isso, a professora quis referir-se ao tempo de cada aluno para aprender. Nesse
sentido, Mantoan (2003, p. 62) salienta que:
Para se apropriar do saber acadêmico, cada aluno traça, individualmente, um
caminho que é mediado pelo professor e/ou pelos colegas. Os marcos dessa
caminhada têm ritmos necessariamente diferentes, porque não se espera que todos
aprendam tudo e no mesmo tempo, pela imitação, pela repetição e pelo
conformismo intelectual. Tais condições facilitam a adaptação intelectual dos alunos
às matérias escolares, respeitando as limitações de cada um, suas aptidões pessoais,
necessidades e interesses.
Diante de turmas cada vez mais heterogêneas com a inclusão social, o professor
precisa usar metodologias diversificadas para que os alunos com NEE aprendam. Sabemos
que nem todos vão aprender tudo, também sabemos que cada aluno tem seu tempo para
aprender e que nem todos aprendem as mesmas coisas. O mais importante é que os alunos
com NEE aprendam a socializar-se com os demais colegas, assim uns vão aprendendo com os
outros nas relações que vão se estabelecendo entre os pares. Portanto, cabe a nós professores
estimular o aluno com NEE para a aprendizagem se efetivar de maneira significativa.
67
4.2 A concepção das mães e dos alunos com NEE em relação à inclusão e à
aprendizagem nas classes regulares
A escola é um meio onde acontecem relações interpessoais, por isso é necessário
levarmos em conta as relações que acontecem entre professores e alunos na sala de aula para
uma aprendizagem. Portanto, é na qualidade dessas relações interpessoais entre professor e
aluno que poderá haver garantia de desenvolvimento da aprendizagem na sua plenitude. O
meio escolar, por intermédio das relações estabelecidas entre professor e aluno, e todas as
relações que são consolidadas nesse meio ajudarão o aluno a construir seu conhecimento.
A afetividade na escola é condição necessária para desenvolver no aluno o seu
desenvolvimento como pessoa. É por meio das relações que o aluno estabelece com os outros,
nas trocas de experiências vivenciadas, que ele vai construindo o seu modo de ser, sentir e
agir no mundo. O sucesso do aluno dependerá também das relações que ele estabelece com os
outros. De maneira geral, o professor desempenha o papel de mediador no processo educativo
e na construção do conhecimento, por isso é essencial que o professor conheça o
desenvolvimento psicológico da criança e as suas necessidades para poder ajudá-la.
Conforme Almeida (2007, p. 198):
[...] à medida que se desenvolvem cognitivamente, as necessidades afetivas da
criança tornam-se mais exigentes. Por conseguinte, passar afeto inclui não apenas
beijar, abraçar, mas também conhecer, ouvir, conversar, admirar a criança, faz-se
mister ultrapassar os limites do afeto epidérmico, exercendo uma ação mais
cognitiva no nível, por exemplo, da linguagem.
Percebo, então, a necessidade de o professor prestar muita atenção em seus alunos
para conhecê-los melhor, perceber suas carências e dedicar um tempo a mais a esse aluno,
transmitindo carinho, atenção, elogiando as suas tarefas, mostrando que se interessa por ele.
Isso valerá muito mais do que um beijo. É por meio dessa afetividade que o professor vai
demonstrar a importância que o aluno tem para ele e, consequentemente, o aluno vai se
interessar mais pelas aulas.
Freire (2002) também sempre demonstrou preocupação com a relação do ensino e da
aprendizagem desenvolvidos nas escolas. Observa que é necessário em um professor o saber
ouvir indistintamente, não importando a raça, a condição socioeconômica, cultural ou escolar.
Isso significa respeito, e esse respeito parte do compromisso firmado entre esses sujeitos
quando inseridos conjuntamente no processo educacional.
68
Para o autor (2002, p. 53-54):
Viver a abertura respeitosa aos outros e, de quando em vez, de acordo com o
momento, tornar a própria prática de abertura, ao outro como objeto de reflexão
crítica deveria fazer parte da aventura docente. O sujeito que se abre ao mundo e aos
outros inaugura com seu gosto a relação dialógica em que se confirma como
inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento da história.
As relações interpessoais entre alunos e professores e entre os pares, será mais
humanizada e dará mais sentido a vida quando serão respeitadas as diferenças no convívio da
sala de aula. É dessas relações que vão surgir pessoas voltadas ao outro, sem muitas
cobranças, com mais afeto, com mais cooperação com aqueles que apresentam algum tipo de
dificuldade. Dessa forma, a sociedade em que vivemos será melhor, as relações entre as
pessoas farão uma sociedade mais fraterna e menos individualista como é na atualidade.
Moraes (2003) enfatiza que os desafios da Educação no mundo globalizado, propõe o
paradigma construtivista, interacionista, sociocultural e transcendente como ponto de partida
para se repensar a educação. O novo paradigma pretende formar um indivíduo menos egoísta,
resgatando o ser humano em sua totalidade, visando assim humanizar as relações sociais. O
autor enfatiza:
Uma educação para a era relacional pressupõe o alcance de um novo patamar na
história da evolução da humanidade no sentido de corrigir os inúmeros
desequilíbrios existentes, as injustiças e as desigualdades sociais, com base na
compreensão de que estamos numa jornada individual e coletiva, o que requer o
desenvolvimento de uma consciência ecológica, relacional, pluralista,
interdisciplinar, sistêmica, que traga maior abertura, uma nova visão da realidade a
ser transformada, baseada na consciência da inter-relação e da interdependência
essenciais que existem entre todos os fenômenos da natureza. Uma educação que
favoreça a busca de diferentes alternativas que ajudem as pessoas a aprender a viver
e a conviver, a criar um mundo de paz, harmonia, solidariedade, fraternidade e
compaixão (MORAES, 2003, p. 27).
Nesse sentido, cabe ao professor articular experiências em que o aluno possa refletir
sobre as suas relações com o mundo e também com o conhecimento no processo do ensino e
da aprendizagem.
A escola precisa e pode privilegiar as relações, dando prioridade à autorrealização e à
autoestima do aluno, porém é preciso enfatizar que não é ela responsável por isso. Cabe
também esta responsabilidade às políticas públicas e todos os espaços sociais na comunidade
onde este sujeito com NEE interage. Assim esse tipo de educação extrapola o espaço da sala
de aula fazendo com que todos se sintam pertencentes a esse contexto.
69
É importante também que os alunos interajam experiências das pessoas mais velhas e
que aprendam com elas a ter responsabilidades reais. Os jovens precisam vivenciar os
problemas para aprender a buscar soluções (MAGALHÃES, 2001). Contribui quando assinala
que “a escola da era da globalização deverá corrigir essas distorções e formar cidadãos que
possam exercer na sua comunidade uma presença humanizadora que implique não em
competitividade mas em vivência coletiva, em crescimento com o outro.”
Gostaria de enfatizar nesta parte da pesquisa a importância da aceitação e orientação
da família com os filhos com NEE, pois muitas vezes os pais não têm conhecimento
suficiente como também estrutura psicológica para compreensão de tal necessidade. Cabe
então às políticas públicas e aos gestores da escola, organizarem a interação dessas famílias na
escola, por meio de palestras com profissionais da área, reuniões com grupos de estudo a fim
de que os professores também possam interagir mais com essas famílias. Nesse sentido
poderá se tornar um trabalho multidisciplinar entre a escola e as famílias de todos os alunos.
Durante a minha trajetória de vida profissional percebi que as mães ficam constrangidas em
ter filhos com NEE.
É importante que as famílias compreendam que o trabalho não é da escola e de
qualquer instituição social, mas que cabe também a família o papel de compreensão e ajuda
para tais necessidades.
Assim escola e família precisa ser aliadas para colaborar com o desenvolvimento das
crianças com NEE, pois a escola pode articular o trabalho de orientação e assistência às
famílias.
Desse modo, as escolas municipais de Getúlio Vargas (RS), por meio de um núcleo
chamado Núcleo Integrado de Atendimento ao Educando (NIAE) concentra profissionais de
todas as áreas (fonoaudiológica, neurológica, psicológica, psicopegógica) para onde são
encaminhados os alunos do município que apresentam NEE para serem atendidos nas suas
especificidades de aprendizagem pelo tempo que for necessário. Também, percebo que as
famílias precisam ter persistência em acompanhar seus filhos até o devido local, nos horários
agendados com esses profissionais, a fim de o tratamento não seja interrompido, o que viria a
prejudicar o aluno na sua aprendizagem escolar.
Os autores Stobaus e Mosquera (2006, p. 224) contribuem: “Dessa forma começamos
a perceber o quanto é importante uma ajuda terapêutica precoce, no sentido de desenvolver
nas famílias um olhar diferenciado de aposta sobre seus filhos, descobrindo, assim, os
caminhos possíveis para apoiar o filho no seu desenvolvimento como pessoa”.
70
A cada ano que passa, observamos pesquisas que confirmam a ideia de que a família é
parte integrante do processo educativo dos alunos e que o seu envolvimento na escola é
necessário e insubstituível.
Compreendo que a disponibilidade dos pais está cada vez mais reduzida em razão das
responsabilidades profissionais que os mesmos exercem, no entanto é possível e a família
precisa dispor de tempo suficiente para o acompanhamento e a orientação do filho, com NEE
ou não. também o meio da caderneta que a escola utiliza, mas, para isso, os pais precisam
consultá-la diariamente para certificar-se do que está acontecendo com o filho na escola. O
importante é que a família se dedique e encontre estratégias para que o filho com NEE possa
ter uma educação de qualidade, conforme sua necessidade.
Nas famílias que têm filhos com NEE, a atenção precisa ser redobrada, uma vez que a
falta dessa atenção pode ser a causa do problema, pois a família tem grande responsabilidade
no desenvolvimento emocional da criança.
Nas famílias em que filhos com NEE, os problemas são inúmeros, vão desde os
desafios a serem enfrentados até situações que podem ter um impacto na vivência familiar,
resultando em ansiedade e frustração. Os pais, por exemplo, não precisam envergonhar-se dos
filhos que apresentam NEE, mas, sim, demonstrar coragem e procurar apoio na escola, na
área da saúde, como também pesquisar na internet ou em livros a especificidade que o filho
apresenta.
Atualmente, existem bons livros que abordam o assunto e que apresentam desde as
características das NEE até o tratamento e as estratégias de auxílio a essas pessoas. Tanto os
educandos com NEE quanto as famílias necessitam acompanhamento e terapias psicológicas e
familiares, a fim de eliminar dúvidas. O educando que recebe apoio crescerá com maior
segurança, mais feliz e desenvolverá melhor a sua aprendizagem que contribuirá no seu
convívio social. O ambiente familiar precisa ser calmo, de confiança, segurança e apoio
familiar.
As NEE podem ser de vários tipos, apresentarem níveis diferentes que vão desde a
deficiência motora, mental e sensorial. Algumas NEE que apresentam características mais
definidas podem ser diagnosticadas pelo pediatra logo nos primeiros anos de vida, quando
essas crianças chegam à escola, possuem um diagnóstico, facilitando o trabalho dos
professores enquanto outras necessidades vão ser percebidas quando a criança começar a
frequentar a escola (MALVEIRA, 2007).
A maioria dos casos de NEE só vai se manifestar na criança em idade escolar.
Portanto, é o professor que precisa estar atento e encaminhar aos especialistas ao suspeitar que
71
o aluno apresenta qualquer discrepância em relação à sua aprendizagem. Só assim será
possível uma intervenção pedagógica.
A Constituição Federal Brasileira (BRASIL, 2005b) elegeu como princípios a
cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso II e III), e como objetivo principal, a
promoção do bem-estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas discriminativas (art. 3º, inciso IV). Garante direito à igualdade (art.
5º) e o direito de todos à educação (art. 205 e seguintes), visando o “pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. No
art. 206, inciso I, acrescenta o princípio “igualdade de condições de acesso e permanência na
escola”. e ainda que “é dever do Estado mediante garantia de acesso aos níveis mais elevados
do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um (art. 208,
inciso V) (BRASIL, 2005b).
Entendo que a família aliada à escola, assistida pelos professores e especialistas,
poderão contribuir com os alunos que apresentam NEE a tornarem-se cidadãos com dignidade
e autonomia, promovendo o bem-estar deles.
Como professora de alunos com NEE, percebo que a convivência entre os diferentes,
professor-aluno, e entre os pares, precisa ser de uma verdadeira inclusão. A inclusão
enriquecerá as pessoas e contribuirá para a formação de ideias e ações comunitárias,
cooperativas, respeitando a individualidade e capacidade de cada um. Os alunos com NEE,
após experimentarem o convívio com os demais, passarão a interagir melhor no mundo em
seu favor e em favor dos outros.
Namba (2009) esclarece quando ressalta:
colaboração e cooperação, onde as relações sociais são privilegiadas, com
possível criação de redes de auto-ajuda. Quebram-se os paradigmas tradicionais,
pois mudam-se os papéis e responsabilidades, tornando os professores mais
próximos dos alunos. A infra-estrutura de serviços possibilita maior integração da
escola à comunidade, os pais participam desse processo, sendo esses de fundamental
importância na inclusão de seus filhos. O ambiente educacional é flexível, visando o
processo do ensino-aprendizagem individual de cada aluno. As estratégias utilizadas
são baseadas em pesquisas, introduzindo modificações na escola a partir de
discussões entre equipe técnica, professores, alunos e pais.
Quanto às relações existentes entre os alunos com NEE e os alunos do ensino regular,
os professores observam as dificuldades vivenciadas e como superar isso na sala de aula.
72
A professora “A” relatou:
Nos primeiros dias ou até mesmo algumas semanas, o aluno “a”, foi excluído do
grupo por expressar-se com dificuldade, gagueira, e até mesmo aconteceram
brincadeiras desagradáveis. Foi necessário conversarmos muito sobre as diferenças e
que todos somos seres humanos, cada qual do seu jeito. Com esses momentos de
diálogo, os colegas passaram a entender, aceitar e ajudar o menino. Mesmo assim,
percebo que ele não se sente bem por ter dificuldades em realizar as atividades.
Converso com ele para que fique mais à vontade. As crianças não são todas iguais,
umas levam mais tempo para aprender e outras menos.
Nesse sentido a professora “B” relatou:
Uma das minhas preocupações é criar um ambiente harmonioso, de respeito e ajuda
entre todos. Eu não sei bem o que acontece, mas admiro muito as crianças, esta
relação entre diferentes se de forma natural. Tenho dois alunos incluídos e não
vejo diferença nenhuma na maneira deles se relacionarem. Adoram ajudar estes
colegas, sentar juntos, fazer grupos. São incansáveis. Existe reciprocidade, os dois
alunos adoram os demais, se sentem bem na turma.
Verifico nessa fala que a professora gosta do que faz e também conseguiu passar aos
demais alunos o respeito com aqueles que apresentam NEE.
A professora “C” observou:
No meu caso, a aluna tem sérios problemas de relacionamento. Como o diagnóstico
foi feito após vários anos de escola, já havia muitos preconceitos, apelidos, [...]
Os colegas, apesar de todo o trabalho realizado pelos professores, ainda reclamam
de seu modo de falar. muita falta de aceitação, conscientização. É fácil trabalhar
com quem está na cadeira de rodas, mas com uma criança que anda, fala o que quer
é muito difícil.
Quando tratamos de inclusão em uma sala de aula regular, primeiramente precisamos
trabalhar sobre o assunto com toda a turma e, só após muita conversa com os alunos,
integrarmos o aluno com NEE na sala do ensino regular. O aluno sem NEE precisa aprender a
respeitar as diferenças, para que não aconteçam intimidações.
Revendo as entrevistas das professoras no que se refere às relações interpessoais dos
alunos com ou sem NEE, percebemos que, em um primeiro momento, a professora “A” teve
uma conversa sobre as diferenças existentes entre as pessoas, e os alunos que não apresentam
NEE tentaram excluir o aluno diferente. A referida professora comentou, ainda, que percebia
73
que o diferente não se sentia à vontade por não conseguir realizar bem as atividades de aula,
no entanto, após a professora explicar sobre a questão das diferenças, eles passaram a aceitar e
respeitar o colega.
A sociedade está cheia de preconceitos, principalmente sobre aquilo que sai do padrão,
o diferente. poucos anos, a sociedade valorizava o igual; tanto é verdade que as turmas
de aula estavam ficando cada vez mais homogêneas, os diferentes, fora do padrão, eram
excluídos da sala de aula, do mercado de trabalho, da sociedade em geral. Até mesmo os
familiares que tinham crianças com NEE as escondiam; às vezes, nem os vizinhos as
conheciam, elas eram mantidas à margem da sociedade.
Com relação às diferenças na escola, Mantoan (2007, p. 24) enfatiza:
O aluno da escola inclusiva é outro sujeito, que não tem uma identidade fixada em
modelos ideais, permanentes, essenciais. O direito à diferença nas escolas
desconstrói, portanto, o sistema atual de significação escolar excludente, normativo,
elitista, bem como suas medidas e seus mecanismos de produção da identidade e da
diferença.
Para acontecer a inclusão de fato, é necessário renovar a escola para que atraia os
alunos, alunos diferentes, alunos que queiram frequentá-la, que elejam a escola como um
lugar para convier, para se relacionar, para interagir. Sacristán (2005, p. 201), referindo-se ao
motivo pelo qual ela não atrai o alunado, afirma: “uma boa parte da responsabilidade pela
falta de simpatia dos estudantes com as escolas e com o que se ensina nelas está nos
conteúdos e na forma como se organiza a cultura curricular”.
Ao entrevistar as mães dos alunos com NEE e os próprios alunos em relação à sua
inclusão e aprendizagem nas classes regulares, manifestaram-se de formas diferentes,
porém todos enfatizaram as dificuldades que enfrentam no cotidiano escolar.
Nesse sentido, o aluno “d” relatou: Os colegas gostam de mim. No início não me
aceitavam por causa da diferença de idade. Brinco com eles e eles agora me respeitam.
Aprendo mais quando a professora explica na minha classe individualmente. Esse aluno está
na série do ensino fundamental seis anos, possui, segundo especialistas, deficiência
mental leve. Esse é o seu primeiro ano nessa escola. Disse estar lendo bem e aprendeu a fazer
algumas contas de matemática. O aluno frequentava classe especial e disse que não aprendia,
passou a aprender nesta escola nesse ano, disse também que essa professora se dedica mais a
ensiná-lo. Sua mãe que o acompanhava na entrevista disse que nesses seis meses nessa escola
aprendeu mais do que em cinco anos em classe especial.
74
a aluna “e” respondeu: Aqui nesta escola as pessoas gostam de mim, me respeitam
mais que na outra escola. Aprendo mais quando a professora vem na minha classe. Essa
aluna frequentou pouco tempo a Escola Especial, foi encaminhada para fazer alguns testes
para investigar a sua necessidade educacional. Segundo os especialistas, ela possui déficit de
atenção, também tem dificuldades fonoaudiológicas. A aluna está na etapa da 1ª série do
Ensino Fundamental e está há um ano na série.
Nessa mesma sequencia o aluno “f” respondeu: Gosto mais desta escola, aprendo
mais quando tem mais silêncio, tem colegas que falam muito e eu não consigo pensar.
Quando não tomo o remédio brigo com os colegas e até com a professora. Aprendo mais
nessa escola porque a professora dá bastante temas diferentes.
O aluno citado anteriormente é hiperativo. Disse que na escola regular onde estudava
antes a professora dizia que ele era mal-educado, ela não percebia suas necessidades de
aprendizagem, portanto não o encaminhou aos especialistas. A mãe trocou de escola. Nessa
escola atual, também de ensino regular, o aluno passou por testes com especialistas em
educação, como psicopedagogos, psicólogos, e foi encaminhado para um neurologista, e foi
detectada a sua necessidade. Agora, está sendo medicado para que sua aprendizagem aconteça
naturalmente.
Quanto ao aluno “a”, que apresenta problemas neurológicos, pouco falou, não
consegue responder aquilo que lhe é perguntado, desviava o assunto. O que pude perceber é
que, segundo ele, o que aprende, logo esquece. Disse gostar muito desta escola, mas ainda, em
turno inverso, frequenta a Escola Especial.
A mãe e o pai desse aluno possuem pouca instrução, o menino é filho adotivo, o
possui outros irmãos, os pais apresentam idade um pouco avançada e percebi que o menino
não é incentivado, não recebe maiores estimulações. Às vezes, ele é um tanto agressivo com a
mãe. Observei que ela não consegue impor limites no menino, também parece não se dedicar
para com que o menino aprenda. A mãe só diz que ele é bastante revoltado.
A família e a escola são duas instituições que exercem um papel de grande
importância para o desenvolvimento do indivíduo. A família é a primeira mediadora da
aprendizagem, e a escola é um espaço de socialização e transmissão do conhecimento
sistematizado.
Quanto a isso, a legislação americana, Lei Pública 94-142, exigiu às escolas públicas o
envolvimento das famílias na educação de seus filhos. Correia (1999, p. 148) contribui,
afirmando que o governo americano requer das escolas:
75
Envolvam os pais em todas as decisões que se refiram à educação do seu filho;
informem os pais de todos os aspectos que estejam relacionados com o problema do
filho; facultem informações acerca dos direitos dos pais e do seu filho, capacitem os
pais para que estes possam reclamar em tribunal caso situações de desacordo com os
profissionais da escola não tenham sido resolvidas.
Constato, assim, que a família e a escola necessitam agir em conjunto para maior
aprendizagem dos alunos que apresentam NEE. A responsabilidade é de ambas as partes,
além do mais, cabe às escolas disponibilizar formação para pais no que se relaciona aos
problemas de aprendizagem dos alunos com NEE.
O aluno “b” é cadeirante e possui doença degenerativa, é alegre e demonstra estar
muito contente na escola regular. Disse ele: Aprendo normalmente todas as disciplinas. Falou
que se diverte com os colegas, que todos gostam muito dele, chegam a brigar entre eles para
conduzir sua cadeira pelo pátio da escola na hora do recreio. A mãe desse aluno demonstrou
ser muito afetiva com seu filho.
Entendo que o ensino e a aprendizagem se desenvolvem de maneira permanente ao
longo de toda a vida do ser humano, em todos os lugares do planeta, sobretudo onde houver
interações sociais. Portanto, é na escola que vivenciamos e nos apropriamos de conhecimento
formalmente organizado. A escolarização desempenha um papel fundamental no
desenvolvimento do indivíduo, sem ela, ocorrerá o fracasso, a exclusão, que representam
problemas de extrema gravidade. O papel dos pais, professores e colegas é fundamental na
mediação, na orientação e no desenvolvimento das crianças. Percebo, mediante as falas das
mães e também dos alunos, a necessidade da escola estar articulando os trabalhos de
assistência e orientação para as famílias de alunos com NEE no que se refere ao tipo de
necessidade dos seus filhos e como ajudá-los em casa para melhorar a sua aprendizagem. É
grande o número de pais com pouca escolaridade, dificultando, assim, a ajuda e até a
motivação necessária aos filhos com NEE. Nessa perspectiva, Correia (1999, p. 147) destaca:
“Assim surge a necessidade de alargar a formação aos pais para que possam contribuir
corretamente nessa nova atuação”.
Com a inclusão, os pais estão sendo mais solicitados na escola para informar e
contribuir com a aprendizagem dos seus filhos com NEE. A escola pensa em organizar
momentos de estudos para pais interagirem melhor na educação dos seus filhos.
A mãe “Ee” falou em relação à aprendizagem de sua filha: Ela está aprendendo. Na
escola anterior, ela não aprendeu nada, não sabia ler nem escrever. A aprendizagem dela
está 100%. As professoras são dedicadas, atendem individualmente. Ela frequentou a APAE -
76
Escola Especial por pouco tempo. A mãe ainda disse sentir-se inútil, incapaz diante das NEE
da sua filha. Afirmou, também, nunca imaginar ter filhos que apresentassem dificuldades de
aprendizagem. A mãe trabalha o dia inteiro fora de casa e quem toma conta das crianças é a
irmã mais velha com 15 anos de idade. Essa mãe tem três filhos com NEE na escola. Todos
recebem atendimentos de especialistas e isso é muito significativo. Comentou: Muitas vezes,
senti necessidade de ajudar, preciso de maiores esclarecimentos da escola diante das
necessidades especiais de meus filhos. A filha e” apresenta déficit de atenção, segundo os
especialistas consultados.
A mãe “Ff” disse “o meu filho era visto como mal educado na outra escola. a
professora não percebeu a NEE do meu filho”. Esse aluno é hiperativo e recebe medicação
diariamente que é receitada por um neurologista. Quando toma o remédio aprende
normalmente.
a mãe “Dd” relata “procuro sempre estar mandando ele fazer os temas de aula,
peço para ele realizar bem as tarefas, mando ler mais, eu e o pai dele temos pouco estudo e
não conseguimos ajudá-lo”.
Sobre como o seu filho aprende a mãe “Aa” relatou que seu filho gosta de ir na escola,
mas pouco aprende. Ele tem problemas neurológicos e frequenta a Escola Espacial duas vezes
por semana.
Alegre e dinâmica a mãe “Bb” que possui um filho só, e este tem uma doença
degenerativa, é cadeirante contribui dizendo que seu filho aprende tudo com facilidade, gosta
de ler, está sempre com os cadernos. Ela teme que com o avanço da doença ele não possa
mais frequentar a escola.
A teoria de Barkley (2002) aponta para o fato de que o TDAH não se restringe a uma
simples deficiência de atenção ou de controle dos impulsos, trata-se de uma deficiência na
capacidade de enxergar na direção do futuro. Por isso, os alunos que possuem o transtorno são
apontados como desinteressados, desmotivados, irresponsáveis e, até mesmo, preguiçosos,
podendo repetir o ano na escola, desistir dos estudos e muito mais. Segundo especialistas,
precisam ser medicados para se controlarem.
Percebi, nesta categoria de análise, que os alunos com NEE estão aprendendo,
demonstram gostar da escola regular e são aceitos pela maioria dos colegas, mesmo com suas
diferenças.
Já, quanto às mães, senti que carecem de ajuda, esclarecimentos maiores sobre as
necessidades dos seus filhos. A maioria das mães entrevistadas possui pouco estudo e ficam
pouco tempo com seus filhos, pois precisam trabalhar. Sentem a necessidade de a escola estar
77
articulando palestras, esclarecimentos sobre os tipos de NEE, como ajudá-los em casa, a que
tipo de profissionais devem recorrer se for o caso.
78
CONCLUSÃO
O presente estudo teve como objetivo investigar a inclusão e as aprendizagens dos
alunos com NEE no ensino regular nas escolas Antonio Zambrzycki e Pedro Herrerias,
escolas que fazem parte da Rede Municipal de Ensino, no município de Getúlio Vargas (RS).
Constituiu-se em uma abordagem qualitativa na modalidade descritiva. A coleta de dados
ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas com os alunos com NEE, suas devidas mães
e suas professoras.
A pesquisa representou para mim um grande aprendizado como educadora e também
como ser humano, possibilitou-me visualizar o longo caminho a ser percorrido em prol da
inclusão social e educacional, de forma efetiva.
Nesse contexto, considero também o quanto as escolas carecem, em especial de
princípios, valores, infraestrutura, apoio técnico e pedagógico, a fim de poder contribuir, por
meio da educação para todos, para uma sociedade mais justa e mais humanizada.
Procurei desenvolver a pesquisa, observando os objetivos específicos propostos,
considerando, primeiramente, a concepção das professoras em relação à inclusão e à
aprendizagem dos alunos com NEE nas classes regulares. Ficou evidente que as professoras
estão envolvidas no processo da inclusão dos alunos com NEE e acreditam na importância
dessa escola para esses alunos, estão colaborando para acontecer o processo de inclusão dos
alunos com NEE nas classes regulares. Porém, todas afirmaram não ter formação específica
para atendê-los e que, pelos anos de prática pedagógica, estão tentando metodologias diversas
para que esses alunos aprendam de forma significativa. Ficou explícito nas falas das
professoras que elas o sabem como eles aprendem, que na formação universitária não
tiveram disciplinas que abordassem tal assunto e reclamaram não estar tendo uma formação
continuada que as ensine como agir com alunos com NEE nas classes regulares.
Muitas vezes, os professores sentem-se impotentes diante das responsabilidades que
têm na rotina escolar como: carga horária cheia; alunos com NEE; turmas numerosas;
trabalham em várias escolas e outros. Isso estaria trazendo sofrimento aos professores, em que
muitos já apresentam problemas de saúde, por exemplo, a Síndrome de Burnout.
As professoras entrevistadas enfatizaram que os alunos com NEE necessitam de
atendimento individual, de reforço, e elas, muitas vezes não dispõem de tempo para dar
79
atenção. Queixam-se da necessidade de monitores para auxiliá-las nas salas de aula com
aqueles alunos com NEE.
Elas demonstraram interesse em conhecer mais sobre as NEE para poder contribuir
com seus alunos incluídos e falaram também que as maiores dificuldades estão na falta de
formação continuada, grupos de estudo para aprenderem como ensinar melhor esses alunos.
Também, necessidade de melhorias na parte arquitetônica das escolas (rampas, portas
largas, entre outros).
As docentes acreditam que antes de tudo, a escola, assim como as professoras,
precisam conhecer a família do aluno (culturas, valores, e outros) para depois diagnosticar
com especialistas a necessidade do aluno. Muito importante é o atendimento individual e
respeitar o tempo de cada aluno.
As professoras afirmaram que esses alunos necessitam de afetividade, amor, respeito,
incentivo para aprenderem. Para tanto, as classes necessitam ser menores e, em cada turma,
somente dois alunos com NEE, conforme o Decreto Lei 319/91, e não quatro ou mais alunos,
como é comum em nossas classes.
É indispensável que o professor de classes inclusivas tenha uma conversa com os
demais alunos sobre a inclusão, sobre as diferenças existentes entre as pessoas, que ninguém é
igual a ninguém.
No objetivo que procurei identificar a “Concepção das mães e dos alunos com NEE
em relação à inclusão e à aprendizagem deles nas classes regulares”, constatei a importância
das relações interpessoais entre aluno e professor, aluno e aluno e pais e professores, para a
efetivação da inclusão social e escolar. Elas enfatizam que gostariam que a escola
esclarecesse melhor sobre as NEE dos seus filhos, pois a maioria delas tem pouca
compreensão e conhecimento em relação a tais necessidades.
A partir do desenvolvimento das categorias de análise, foi possível verificar que os
alunos com NEE aprendem se houver afetividade, dedicação, cooperação dos professores,
colegas, família e comunidade. É por meio da interação família e escola, da mediação do
professor e do acompanhamento dos especialistas, que se torna possível superar desafios em
relação à inclusão e à aprendizagem dos alunos com NEE.
Neste estudo, observei, por meio do referencial teórico e das entrevistas, que a
inclusão vai além de incluir simplesmente o aluno na sala de aula do ensino regular, é preciso
criar condições para que o alunos com NEE interaja e participe das ações que acontecem na
sala de aula, que ele também tenha voz e vez, a fim de que seja respeitado seus direitos de
cidadania.
80
Quero ressaltar aqui que os fundamentos da inclusão mobilizam as políticas públicas
que se efetiva por intermédio das leis, todavia, para acontecer, é necessário sensibilizar o
coração das pessoas para a aceitação dos diferentes, sejam eles diferentes na condição social,
física, cultural, econômica, étnica, de gênero, comportamental, intelectual, entre outras.
muito o que se fazer quanto à inclusão. A legislação escrita e aprovada existe,
entretanto não basta tal legislação, precisa ser posta em prática e que se promova a formação
continuada para todos os professores. Passaram-se quinze anos de promulgação da Declaração
de Salamanca, da qual o Brasil é signatário, e ainda os professores dizem não estar preparados
para trabalhar com alunos com NEE no ensino regular. Os professores necessitam de apoio de
monitores e especialistas, a fim de dar suporte cognitivo e afetivo aos alunos; as turmas são
muito numerosas, e o professor docente não conta sozinho e, ainda, as turmas têm vários
alunos com NEE que necessitam atendimento individual, reforço, de um olhar diferenciado do
professor, apoio familiar, apoio psicológico e neurológico, enfim, de um tratamento
multidisciplinar para superarem suas NEE.
No objetivo que procurei identificar a “Concepção dos alunos com NEE em relação à
sua inclusão nas classes regulares”, ficou evidente que eles estão aprendendo, estão, na
maioria dos casos, sentindo-se incluídos, pois afirmam sentir que os colegas e professores
gostam deles e que aprendem quando a professora vai à classe para explicar individualmente.
Esses alunos precisam do afeto dos professores, colegas e familiares, para melhorar a sua
auto-estima e aprender.
Para muitos alunos é importante o silêncio durante as atividades de ensino para sua
concentração. Observo que muitas vezes os alunos da classe regular, conseguem perturbá-los.
Apontam também, que o atendimento multidisciplinar, de especialistas, tais como psicólogos,
fonoaudiólogos e psicopedagogos contribuem para o desenvolvimento tanto da aprendizagem
quanto da autoestima.
Percebo que a inclusão social e escolar ocorrerá pela ação efetiva de todos os
segmentos da sociedade, como: poder público, por meio das políticas públicas, das
universidades, que precisam rever o ensino nas licenciaturas, da escola, das empresas, dos
meios de comunicação, entre outros.
Esta pesquisa me proporcionou entender que o ser humano necessita da aceitação do
outro para estar incluído, ele precisa fazer parte, e isso é inclusão social. Incluir é aceitar o
outro como ele é, com suas diferenças, sem exigências, proporcionando que avance e
participe na evolução de seu contexto.
81
Além do mais, como ser humano com postura ética, atribuo maior importância à
dignidade daquelas pessoas que até então foram segregadas, discriminadas pelas sociedades.
O homem pode ser mais humano ou seja, desenvolver mais a razão, a capacidade de melhorar
o bem-estar humano, progredir na construção de um mundo melhor para todos nós,
desenvolver a tolerância e a boa vontade em relação àqueles que necessitam da nossa ajuda
como as pessoas com NEE.
82
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87
ANEXO
88
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
89
90
APÊNDICES
91
APÊNDICE: A - Carta para obtenção do consentimento
UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC
CAMPUS DE JOAÇABA – SC
CARTA PARA OBTENÇÃO DO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PESQUISAS QUE ENVOLVAM:
JOVENS, ADULTOS, ENTREVISTA E AVALIAÇÃO
Caro(a) Sr.(a)
Eu, CARMEM SALETE WEBBER KARPINSKI, mestranda da Universidade do Oeste de Santa Catarina, portadora do CPF 291.432.330-
15, RG 8010598418, estabelecida na Rua Pedro Toniolo, 754 CEP 99.900-000, na cidade de Getúlio Vargas (RS), cujo telefone de
contato é (54) 3341-1937, estou desenvolvendo um trabalho de pesquisa intitulado: “INCLUSÃO ESCOLAR: O DESENVOLVIMENTO DA
APRENDIZAGEM DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS”. Nesse trabalho de investigação, tenho o auxílio
da orientadora Profª. Drª. Ortenila Sopelsa, professora do Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina
(UNOESC), Campus de Joaçaba (SC).
O objetivo deste estudo é investigar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos com NEE nas classes regulares. Nesse
sentido, venho solicitar sua colaboração no trabalho de pesquisa em foco. Necessito que o Sr.(a) forneça informações de sua
compreensão e vivência a respeito do tema “INCLUSÃO ESCOLAR: O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS”. Para a coleta desses dados, organizamos uma entrevista semiestruturada composta
de questões abertas, em que será utilizado como meio de registro um gravador magnético. Após esse momento de coleta, para fins de
análise, transcreveremos literalmente cada uma das respostas fornecida e as analisaremos cientificamente. Em momento oportuno, após
a análise, efetuaremos um novo contato com o(a) Sr.(a) para devolução do que foi concluído no trabalho. Cada um dos participantes será
orientado previamente sobre a atividade a ser desenvolvida e será solicitado seu consentimento.
Sua participação nesta pesquisa é voluntária, as perguntas que deverão ser respondidas ocorrerão, se necessário, com minha
interferência ou questionamento, sem riscos. Sua participação proporcionará um melhor conhecimento a respeito da temática “Inclusão
Social: O Desenvolvimento da Aprendizagem dos Alunos com NEE nas Escolas Regulares”.
Informo que o(a) Sr.(a) tem a garantia de acesso em qualquer etapa do estudo, a respeito de qualquer esclarecimento de
eventuais dúvidas. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa da Unoesc – Rua Getúlio Vargas, 2125 – Bairro Flor da Serra – Joaçaba (SC), pelo telefone (49) 35512012, fone/fax (49) 3551-
2004, e comunique-se com o Presidente do comitê Prof. Jovani Steffani.
Também, é garantida a liberdade da retirada do consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem
qualquer prejuízo.
Garanto que as informações obtidas serão analisadas sem a divulgação da identificação dos participantes. O(a) Sr.(a) tem o
direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e, caso seja solicitado, darei todas as informações de que
precisar.
Não existirão despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Também, não há
compensações financeiras relacionadas à sua participação.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa, e os resultados poderão ser veiculados por meio de
artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível sua identificação.
Abaixo, está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não tenha ficado qualquer dúvida.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim em relação ao
estudo “INCLUSÃO ESCOLAR: O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS”.
Eu discuti com a Mestranda Carmem Salete Webber Karpinski sobre a minha decisão em participar neste estudo. Ficaram
claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro, também, que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de
esclarecer minhas dúvidas a qualquer tempo.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e sei que poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento,
antes ou durante a entrevista, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
___________________________________ Data _______/______/______
Assinatura do entrevistado
Nome:
Endereço:
RG.
Fone: ( )
____________________________________ Data _______/______/______
Assinatura do(a) pesquisador(a)
92
APÊNDICE B – Questionário das entrevistas
Roteiro das entrevistas com as professoras
a) Na sua concepção, como acontece a inclusão e as aprendizagens dos alunos com NEE no
ensino regular?
b) Você tem formação e cursos para trabalhar com alunos com NEE?
Roteiro das entrevistas com os alunos
a) O que a escola representa para você?
b) Qual é a diferença da Apae e a escola em que você está atualmente?
c) Qual é a sua concepção em relação à sua inclusão no ensino regular?
Roteiro das entrevistas com as mães
a) Vocês recebem atendimento e orientações da deficiência do seu filho fora da escola?
b) Qual é a sua concepção em relação à aprendizagem e à inclusão do seu filho na escola
regular?
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