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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
ENGENHARIA DE MATERIAIS
MOLDAGEM POR COMPRESSÃO A FRIO DO POLIETILENO DE ULTRA
ALTO PESO MOLECULAR
Bernadete Argolo Bittencourt
Campina Grande
Julho/2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E
ENGENHARIA DE MATERIAIS
MOLDAGEM POR COMPRESSÃO A FRIO DO POLIETILENO DE ULTRA
ALTO PESO MOLECULAR
Bernadete Argolo Bittencourt
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Engenharia
de Materiais como requisito parcial à
obtenção do título de MESTRE EM
CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS
Orientadora: Profa. Dra. Edcleide Maria Araújo
Co-orientador: Prof. Dr. Tomás Jéferson Alves de Melo
Campina Grande
Julho/2008
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG
B624m
2008 Bittencourt, Bernadete Argolo.
Moldagem por compressão a frio do polietileno de ultra alto peso molecular
/ Bernadete Argolo Bittencourt. Campina Grande, 2008.
108f. : il. color.
Dissertação (Mestrado em Ciências e Engenharia de Materiais)
Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e
Tecnologia.
Referências.
Orientadora: Drª. Edicleide Maria Araújo.
1. Polietileno. 2. Compressão a Frio. 3. Resistência a Verde. I. Título.
CDU – 678.742.2(043)
CURRÍCULUM VITAE
Tecnólogo em Processos Petroquímicos pelo CENTEC (1983).
MOLDAGEM POR COMPACTAÇÃO A FRIO DO POLIETILENO DE ULTRA
I
AGRADECIMENTOS
Ao SENAI – CIMATEC (BA) em nome de Manuel Alpire pela
oportunidade de trazer o curso de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de
Materiais da UFCG, possibilitando o meu ingresso neste curso.
À Braskem, em especial a minha líder Mônica Evangelista pela
disponibilidade de recursos materiais e financeiros para realização do mestrado
e pelo apoio e incentivo dados durante este período.
Aos professores da UFCG que ministraram as disciplinas do curso de
Mestrado, pela paciência, tolerância, apoio, incentivo e dedicação empenhada.
À minha família pela paciência, compreensão, apoio e incentivo que
foram fundamentais para a conclusão da dissertação.
Aos meus colegas da Braskem pelo apoio técnico e incentivo que
foram imprescindíveis para realização deste trabalho: Antenor, Manoela,
Ricardo Magnani, Aragão, Talma, Patrícia, Renato, Allan, Priscila, Daniela,
Janice, Grazielle, Leonardo, Kelley e Adillys.
Ao Engenheiro de Materiais Jadeilson Porto, pelo apoio e incentivo
dados durante o período de estágio na Qualificação.
À Drª Adriane Simanke pelo apoio, amizade, iniciativa e dedicação
empenhada.
Aos estagiários da Braskem do curso de Engenharia de Materiais,
Walber Alexandre Nascimento e Luiz Fernando Belchior pelo empenho,
incentivo e dedicação que possibilitaram a conclusão da dissertação.
Ao Professor, Dr. Tomás Jéferson pela co-orientação, amizade e
incentivo.
À Professora, Drª. Edcleide Maria Araújo pela orientação, apoio e
dedicação empenhada.
II
MOLDAGEM POR COMPRESSÃO A FRIO DO POLIETILENO DE ULTRA
ALTO PESO MOLECULAR
RESUMO
Neste trabalho foram investigadas quais características do polietileno
de ultra alto peso molecular (PEUAPM) conferem adequada estabilidade
dimensional e resistência a verde para peças moldadas por compressão a frio.
Para isso, foram selecionados quatro materiais de PEUAPM de dois produtores
do mercado, sendo que dois desses materiais já possuem aplicação no
mercado para utilização em compressão a frio. As amostras dos pós foram
caracterizadas através das técnicas de calorimetria exploratória diferencial
(DSC), tamanho de partícula, absorção de óleo, fluidez do pó, densidade de
compactação, densidade aparente, microscopia eletrônica de varredura (MEV).
Com as amostras foram preparados corpos de prova por moldagem por
compressão a frio para verificar a resistência a verde. A confecção das pré-
formas foi conduzida variando-se parâmetros de prensagem (pressão,
temperatura e tempo). As propriedades foram avaliadas por ensaio de tensão
de resistência a flexão, expansão, densidade a verde e microscopia eletrônica
de varredura. Ficou evidente que as características da partícula (tamanho,
distribuição de tamanho e morfologia) foram determinantes nas propriedades
das pré-formas avaliadas. O aumento da pressão e temperatura de prensagem
conduziu a uma melhor compactação, proporcionando maior valor de
resistência a verde, sendo que a temperatura teve maior impacto para uma
determinada amostra.
III
COLD COMPRESSION MOLDING OF ULTRA HIGH MOLECULAR WEIGTH
POLYETHYLENE
ABSTRACT
The aim of this work was to investigate which features of ultra high
molecular weight polyethylene (UHMWPE) confer good dimensional stability
and green strength resistance to cold compression molded parts. Four different
UHMWPE grades were selected from two specific producers, where two of
them are already commercially applied to cold-compression market. Sample
powders were characterized through intrinsic viscosity, differential scanning
calorimetry (DSC), sieving analysis, oil absorption, powder flowability, tap
density, bulk density and scanning electron microscopy (SEM). Specimens
were prepared by cold-compression in order to evaluate the green-strength
characteristics. Pre form confection was conducted by varying pressing
parameters (temperature, pressure and time). Sample properties were
evaluated by flexural test, green density and SEM. It was observed that the
particle characteristics (particle size, particle size distribution and morphology)
have great influence on the pre form properties. An increase in temperature and
pressure parameters caused improvement in local specimen compaction, where
a higher value of green strength takes place.
IV
PUBLICAÇÕES
BITTENCOURT et al. PEUAPM – Apresentação da Técnica de Ensaio de
Tensão Elongacional (ZST) Como uma Característica da Viscosidade de
Materiais de Ultra Alto Peso Molecular. In: Congresso Brasileiro de
Polímeros, 9, 2007, Campina Grande. Campina Grande: UFCG, 2007. p. 112.
V
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS......................................................................................
I
RESUMO........................................................................................................ II
ABSTRACT..................................................................................................... III
PUBLICAÇÕES............................................................................................... IV
SUMÁRIO....................................................................................................... V
ÍNDICE DE TABELAS..................................................................................... VIII
ÍNDICE DE FIGURAS..................................................................................... IX
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS .................................................................... XI
1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 1
2. OBJETIVOS................................................................................................ 4
2.1. Objetivo Geral.......................................................................................... 4
2.2. Objetivos Específicos............................................................................... 4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................ 5
3.1. Polietileno de Alta Densidade (PEAD) e Polietileno de Ultra Alto Peso
Molecular (PEUAPM) .....................................................................................
5
3.1.1. Polimerização de Olefinas.................................................................... 7
3.1.2. Morfologia da partícula.......................................................................... 9
3.1.3. Propriedades e aplicações.................................................................... 10
3.1.4. Processamento do PEUAPM................................................................ 12
3.1.4.1. Moldagem por Compressão a Quente............................................... 12
3.1.4.2. Extrusão RAM.................................................................................... 13
3.1.4.3. Gel Spinning....................................................................................... 13
3.1.4.4. Extrusão e calandragem com sílica................................................... 14
3.2. Revisão Bibliográfica Específica – Moldagem por Compressão a
Frio..........................................................................................
15
3.2.1. Influência da morfologia, tamanho e distribuição de partícula no
processo de compactação a frio.....................................................................
16
3.2.2. Parâmetros de prensagem – Compactação do pó............................... 17
3.2.3. Modelos de Empacotamento de Partículas.......................................... 20
3.2.3.1. Modelo de Furnas.............................................................................. 21
3.2.3.2. Modelo de Andreasen........................................................................ 22
VI
3.2.3.3. Modelo de Alfred................................................................................ 23
4. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................... 24
4.1. Materiais .................................................................................................. 24
4.2. Métodos................................................................................................... 25
4.2.1. Caracterização dos materiais................................................................ 25
4.2.1.1. Peso Molecular Viscosimétrico – ASTM D 4020................................ 25
4.2.1.2. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) – ASTM D 3418-03....... 25
4.2.2. Caracterização das amostras em pó.................................................... 27
4.2.2.1. Por densidade.................................................................................... 27
4.2.2.2. Fluidez do pó – ASTM D1895-03 (A) ................................................ 29
4.2.2.3. Determinação da distribuição e do tamanho de partículas – ASTM
D1921..............................................................................................................
29
4.2.2.4. Porosimetria do pó ............................................................................ 30
4.2.2.5. Medida de Área Superficial Específica por Adsorção Gasosa –
Método de B.E.T.............................................................................................
31
4.2.2.6. Morfologia do pó................................................................................ 32
4.2.3. Moldagem por Compressão a frio e caracterização das amostras
obtidas.............................................................................................................
32
4.2.3.1. Moldagem das amostras.................................................................... 32
4.2.3.2. Ensaio mecânico por flexão – ASTM D 790 (A)................................. 35
4.2.3.3. Expansão: método interno................................................................. 36
4.2.3.4. Densidade a verde............................................................................. 36
4.2.3.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)...................................... 37
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 38
5.1. Caracterização das amostras.................................................................. 38
5.2. Caracterização das amostras em pó....................................................... 39
5.3. Caracterizações das amostras obtidas por moldagem por compressão
a frio................................................................................................................
45
5.3.1. Tensão de Resistência a Flexão (TRF) obtida por ensaio de
Flexão.............................................................................................................
45
5.3.2. Caracterização das pré-formas por Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV).............................................................................................
46
5.3.3. Expansão.............................................................................................. 49
VII
5.4. Variação dos Parâmetros de prensagem................................................. 52
5.4.1. Variação da Pressão............................................................................. 52
5.4.2. Variação da Temperatura..................................................................... 58
5.4.3. Variação do Tempo............................................................................... 60
6. CONCLUSÕES........................................................................................... 63
7. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS........................................... 65
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 66
9. ANEXOS..................................................................................................... 69
VIII
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.1 – Comparação das propriedades do PEUAPM em relação aos
demais polietilenos.......................................................................................
6
Tabela 4.1 – Principais Propriedades dos Materiais sinterizados................ 24
Tabela 4.2 – Seqüência de prensagem para as amostras estudadas......... 33
Tabela 5.1 – Peso molecular, densidade teórica (Dt) e propriedades
térmicas das amostras................................................................................. 39
Tabela 5.2 – Tamanho de partícula, densidades e fluidez do pó das
amostras....................................................................................................... 40
Tabela 5.3 – Medida da razão de aspecto (H/L) das partículas agrupadas
por tamanho................................................................................................. 44
Tabela 5.4 – Porosimetria por intrusão de mercúrio, absorção de óleo e
medida de área superficial........................................................................... 45
Tabela 5.5 – Resultados de TRF avaliadas na condição padrão de 25°C,
30 MPa, 30 seg............................................................................................ 46
Tabela 5.6 – Resultada de expansão na direção axial................................ 49
Tabela 5.7 – Resultada de expansão na direção transversal...................... 50
Tabela 5.8 – Resumo da caracterização dos pós e pré-formas.................. 52
Tabela 5.9 – TRF e DVR em função da pressão de compactação.............. 55
Tabela 5.10 – Tensão de resistência à flexão (TRF) e densidade à verde
relativa (DVR) em função da temperatura.................................................... 58
Tabela 5.11 – Tensão de resistência à flexão (TRF) e densidade à verde
relativa (DVR) em função do tempo............................................................. 61
IX
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1 – Peças fabricadas com pré-forma de PEUAPM. ........................ 2
Figura 3.1 – Comparação entre moléculas de polietileno.............................. 7
Figura 3.2 – Molécula de PEUAPM................................................................ 9
Figura 3.3 – Comparação entre moléculas de Polietilenos............................ 10
Figura 3.4 – Resistência ao Impacto Charpy.................................................. 10
Figura 3.5 – Desgaste por abrasão................................................................ 11
Figura 3.6 – Moldagem e usinagem das placas............................................. 12
Figura 3.7 – Extrusão RAM de um tubo: (a) mecanismo vibratório de
alimentação, (b) funil alimentador, (c) zona de compactação, (d) acionador
hidráulico, (e) pistão anular, (f) material já compactado, (g) anel de
resfriamento do funil de alimentação, (h) elemento de aquecimento, (i)
extrudado contínuo, (j) anel de resfriamento do extrudado, (k) suporte do
tarugo..............................................................................................................
13
Figura 3.8 – Morfologia de fibras de PEUAPM e PE...................................... 14
Figura 3.9 – Separadores de bateria.............................................................. 15
Figura 3.10 – Efeito da quantidade e do tamanho das partículas na
eficiência de empacotamento: (a) sistema monodisperso; (b) máxima
densidade de empacotamento; (c) deficiência de partículas pequenas; (d)
deficiência de partículas grossas; (e) distribuição inadequada de tamanhos
de partícula.....................................................................................................
20
Figura 4.1 – Kit de densidade aparente.......................................................... 28
Figura 4.2 – Sistema para determinação da densidade de
empacotamento..............................................................................................
29
Figura 4.3 – Prensa utilizada para moldagem dos corpos de prova.............. 34
Figura 4.4 – Molde utilizado para a confecção das pré-formas...................... 34
Figura 4.5 – Corpo de prova obtido................................................................ 35
Figura 4.6 – Máquina de Ensaios Universal Instron....................................... 36
Figura 5.1 – Distribuição granulométrica por peneira..................................... 40
X
Figura 5.2 – Micrografias MEV das 4 amostras: A, A1, B e C com
ampliação de 50, 500 e 3000 X respectivamente. As figuras podem ser
melhor visualizadas no Anexo B. ...................................................................
42
Figura 5.3 – Formas propostas pela metalurgia do pó................................... 43
Figura 5.4 – Modelo de cálculo da razão de aspecto (H/L)............................ 44
Figura 5.5 – Micrografias obtidas por MEV da superfície externa com
ampliação de 100X.........................................................................................
47
Figura 5.6 – Micrografias obtidas por MEV das amostras fraturadas.
(Ampliação 1000X).........................................................................................
48
Figura 5.7 – Variação da espessura em função do tempo. Direção
axial................................................................................................................
50
Figura 5.8 – Variação da largura em função do tempo. Direção transversal. 51
Figura 5.9 – Curva da densidade a verde relativa (DVR) em função da
pressão de compactação................................................................................
54
Figura 5.10 – Curva de compressibilidade em função da TRF...................... 55
Figura 5.11 – Tensão de resistência à flexão (TRF) em função da
densidade a verde relativa (DVR)...................................................................
56
Figura 5.12 – Curvas de compressibilidade baseadas no parâmetro de
densificação. Dados experimentais ajustados à equação (3) para partículas
de PEUAPM. ..................................................................................................
57
Figura 5.13 – Variação da tensão de resistência à flexão (TRF) em função
da temperatura...............................................................................................
59
Figura 5.14 – Micrografias obtidas por MEV das amostras moldadas a
80ºC. Ampliação 500 X...................................................................................
60
Figura 5.15 – Variação da tensão de resistência à flexão (TRF) em função
do tempo.........................................................................................................
61
Figura 5.16 – Efeito da pressão de compactação, temperatura e tempo na
tensão de resistência à flexão........................................................................
62
Figura 5.17 – Efeito da pressão de compactação, temperatura e tempo na
DVR................................................................................................................
63
XI
SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES
a – constante que depende da temperatura, do tipo de polímero e do solvente
utilizado;
b – largura;
CPFT – porcentagem acumulada menor que;
Dap – densidade aparente;
s
D – diâmetro da menor partícula;
D
L
– diâmetro da maior partícula;
D
p
– diâmetro da partícula;
DP – parâmetro de densificação;
Dp50 – tamanho médio de partícula.
D
s
– diâmetro da menor partícula;
Dt – densidade teórica;
DV – densidade à verde;
DVR – densidade à verde relativa;
F – força aplicada;
h – espessura;
H/L – razão de aspecto;
K – constante que depende da temperatura, do tipo de polímero o do solvente
utilizado;
L – distância entre os apoios;
MEV – microscopia eletrônica de varredura;
PE – polietileno;
PVC – poli (cloreto de vinila);
q – módulo ou coeficiente de distribuição;
Tm
1
– temperatura de fusão cristalina para a 1ª corrida;
Tm
2
– temperatura de fusão cristalina para a 2ª corrida;
TRF – Tensão de Resistência à Flexão;
UTEC
®
– polietileno de ultra alto peso molecular da Braskem S/A;
Xc – grau de cristalinidade;
Xc
1
– grau de cristalinidade para a 1ª corrida;
XII
Xc
2
– grau de cristalinidade para a 2ª corrida;
ΔH
1
entalpia de fusão para a 1ª corrida;
ΔH
2
– entalpia de fusão para a 2ª corrida;
ρ
a
– densidade para um PE perfeitamente amorfo.
ρ
c
– densidade para um PE perfeitamente cristalino;
__
Mv – peso molecular viscosimétrico médio;
r
– razão entre o volume das partículas em uma malha, pelo da malha
imediatamente inferior;
[η] – viscosidade intrínseca.
1
1. INTRODUÇÃO
Segundo Sangeeta e Jog (2000), a tecnologia de processamento do pó
é uma técnica que vem sendo muito utilizada dentro de uma variedade de
especialidades, tais como metalurgia, cerâmica e farmacêutica. Esta técnica é
também usada para o processamento de polímeros de alto peso molecular tais
como o poli(tetrafluoretileno) (PTFE) e o polietileno de ultra alto peso molecular
(PEUAPM). Os métodos de processamento por fusão tais como a moldagem
por injeção não podem ser usados para estes polímeros devido à sua alta
viscosidade no estado fundido nas temperaturas de processamento. Como
resultado, estes polímeros podem ser processados por técnicas de
processamento do pó, a qual envolve compactação a frio dos pós poliméricos
seguidos por sinterização das pré-formas a temperaturas elevadas. As
propriedades destes materiais particulados são governadas pelo número de
variáveis do processo empregadas durante a etapa de compactação e
sinterização. A compactação envolve a aplicação de pressão no pó dentro de
um molde fechado. Durante o processo de compactação ocorre o rearranjo das
partículas dentro do molde, seguida da deformação elástica nos pontos de
contato entre as partículas e, finalmente, a compressão do material tomando a
forma do molde. Parâmetros importantes do processo são: a pressão de
compactação e a taxa de aplicação da pressão. Outro fator importante que
afeta o desempenho destes produtos é a característica do pó que está
relacionada com tamanho, distribuição, superfície e forma das partículas, como
também a escoabilidade, densidade aparente, que podem afetar a densidade
de empacotamento e compactabilidade. A técnica de compactação de pó foi
investigada dentre outros autores por: Halldin e Kamel (1977), Truss et al.
(1980) e Han et al. (1981) que usaram a compactação à temperatura ambiente
(compactação a frio) dos pós de PEUAPM sob alta pressão, seguido por livre
sinterização das peças a verde.
O processo de sinterização consiste no tratamento por aquecimento de
produtos poliméricos compactados ou de pré-formas em um sistema com uma
programação de temperatura bem controlada. A temperatura e o tempo são
2
Figura 1.1 - Peças fabricadas com pré-forma de PEUAPM. (Fonte: Catálogo PPD, 1998).
definidos levando-se em consideração os vários processos que ocorrem
durante o ciclo de sinterização. O primeiro processo que ocorre na pré-forma é
a fusão das partículas do polímero, seguida pela coalescência, onde a força
dirigida para esse processo é a redução da energia livre interfacial, e
finalmente a solidificação. Para um PEUAPM, as variáveis que devem ser
consideradas no processo de sinterização é a morfologia da particula, pressão
de compactação, temperatura de sinterização e taxa de resfriamento (JOG,
1993).
O processamento por compressão a frio, com posterior sinterização
para PEUAPM, é utilizado para a fabricação de peças mais complexas ou
compostas com outros materiais, como a borracha. A Figura 1.1, ilustra uma
aplicação de PEUAPM usado como pré-forma. Nesse processo o pó é
compactado a frio formando uma pré-forma que será unida a outro material
para posterior sinterização, tomando-se assim a forma final da peça. Desta
maneira, a resistência da pré-forma e a estabilidade dimensional são de
fundamental importância para continuidade do processo, pois no seu transporte
para prensa de aquecimento, a peça não pode perder sua forma original,
quebrando-se ou se desmanchando e, assim, para se conseguir a propriedade
desejada, torna-se necessário um bom entendimento do processo de
prensagem e das características da partícula.
3
Estudos encontrados sobre a compactação a frio do PEUAPM datam
da década de 80. Como nos últimos tempos foram sintetizados produtos com
melhores propriedades mecânicas, não se sabe o quanto isso afetou na
morfologia da partícula e, conseqüentemente, nas propriedades de resistência
a verde de peças obtidas com pós de PEUAPM. Esta foi a principal motivação
para o presente trabalho. Por isso, pretende-se com este estudo mostrar como
a morfologia, o tamanho e a distribuição de partícula associados às condições
de processamento podem ser empregados como ferramentas básicas para
previsão, controle e otimização do processamento do PEUAPM por
compressão a frio com o intuito de obter produtos de alto desempenho.
4
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Esta pesquisa tem como objetivo estudar a relação entre as variáveis
do processo de compressão a frio do PEUAPM, com as características da
partícula para entender melhor a propriedade de resistência a verde. As
características da partícula (morfologia, tamanho e distribuição de partícula)
foram determinadas e parâmetros de prensagem (tempo, temperatura e
pressão) variados e relacionados com a resistência a verde das pré-formas
obtidas.
2.2. Objetivos Específicos
Caracterizar os pós das amostras quanto a propriedades térmicas,
peso molecular viscosimétrico médio ( ), distribuição e tamanho de
partícula, fluidez do pó, densidade aparente, densidade de
empacotamento, porosimetria, área superficial e morfologia (MEV),
para correlacionar com a resistência à verde da pré-forma.
Moldar as pré-formas em uma condição padrão (30 MPa, 25 °C, 30
segundos), determinar a Tensão de Resistência a Flexão (TRF),
expansão, densidade a verde (DV) e caracterizar por MEV.
Variar os parâmetros de prensagem (pressão, temperatura e tempo) e,
dessa forma, avaliar o impacto de cada parâmetro nas propriedades
finais (TRF e DVR).
__
Mv
5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Polietileno de Alta Densidade (PEAD) e Polietileno de Ultra Alto Peso
Molecular (PEUAPM)
O polietileno é um polímero parcialmente cristalino, flexível, cujas
propriedades são acentuadamente influenciadas pelas quantidades relativas
das fases amorfa e cristalina. As menores unidades cristalinas, lamelas,
encontram-se dobradas em zig-zag perpendiculares ao plano da cadeia
principal. Os polietilenos são inertes face à maioria dos produtos químicos
comuns, devido à sua natureza parafínica, seu alto peso molecular e sua
estrutura parcialmente cristalina. Em temperaturas abaixo de 60 °C são
parcialmente solúveis em todos os solventes. Entretanto, dois fenômenos
podem ser observados (Coutinho et al., 2003):
- interação com solventes, sofrendo inchamento, dissolução parcial,
aparecimento de cor ou completa degradação do material com o tempo;
- interação com agentes tensoativos, resultando na redução da
resistência mecânica do material por efeito de tenso-fissuramento superficial.
Um dos tipos de polietilenos de uso mais comum é o polietileno de alta
densidade (PEAD). O PEAD é utilizado em diferentes segmentos da indústria
de transformação de plásticos, abrangendo os processamentos de moldagem
por sopro, extrusão e injeção, sendo considerado um plástico de uso geral
(commodities).
Um tipo especial de polietileno é o polietileno de ultra alto peso
molecular (PEUAPM). Segundo a norma ABNT NBR 14922 (2003), o PEUAPM
é um polímero sintético composto de cadeias parafínicas, lineares ou
ramificadas, cujo peso molecular médio é igual ou superior a 2,5x10
6
g/mol. O
PEUAPM apresenta cadeias até 10 vezes maiores do que PEAD. Na Figura
3.1, pode-se fazer uma comparação entre os diferentes tamanhos de cadeia
polimérica para os tipos de polietilenos usuais. Seu elevado peso molecular
resulta em propriedades únicas a este polímero como altíssima resistência à
abrasão e ao impacto, e baixo coeficiente de fricção, o que o torna um material
6
Tabela 3.1 – Comparação das propriedades do PEUAPM em relação aos demais
polietilenos.
auto-lubrificante e considerado como um plástico de engenharia. Na Tabela
3.1, estão apresentadas as características dos vários tipos de polietilenos
produzidos em comparação com o PEUAPM.
Testes DIN,
ASTM
Propriedades
Densidade dos polietilenos
PEUAPM
Baixa Média Alta
Físicas
D(53479)
Densidade (g/cm
3
)
0,910-0,925
0,926-0,940
0,941-0,965
0,928-0,941
D(53473)
Absorção de água 24h,
3mm de espessura (%)
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
Mecânicas
D(53455)
Resistência à tração
(10
2
Kgf/cm
2
)
0,4-1,4
0,8-2,4
2,1-3,8
2,8-4,2
D(53455)
Alongamento na ruptura (%)
90/800
50/600
20/1000
200/500
D(53457)
Módulo de flexão
(10
4
Kgf/cm
2
)
0,06-0,5
0,5-1,0
0,7-1,5
0,7-1,2
D256 (ASTM)
Resistência ao impacto (kg)
Não quebra
---
---
Não quebra
D785 (ASTM)
Dureza Rockwell R
10
15
65
67
Térmicas
D(52612)
Condutividade térmica
(10
-4
cal/s cm
2
°C/cm)
8,0
8,0-10,0
11,0-12,4
11,0
D(52328)
Expansão térmica linear
(10
-5
cm/°C)
20
15
14
15
D(53461)
Temperatura de deflexão (°C)
32-42
42-50
45-50
50
Ópticas
D(542)
Índice de refração
1,5
1,52
1,52
---
D1003(ASTM)
Transmitância
4-50
40-50
10-50
---
Fonte: Coutinho et al. (2003).
7
3.1.1. Polimerização de Olefinas
Os primeiros catalisadores de coordenação surgiram quando, em 1953,
K. Ziegler e colaboradores descobriram acidentalmente que traços de níquel
catalisavam a reação (oligomerização de etileno em presença de compostos de
alquil alumínio). Ziegler estudou a ação de várias misturas de sais de metais de
transição com alquil alumínio e concluiu que metais dos grupos IV e VI
polimerizavam o etileno a pressões e temperaturas moderadas (10-20 atm; 50-
75ºC); em particular, o titânio apresentava alta atividade e conduzia a elevados
pesos moleculares. Outra novidade era que o polietileno (PE) assim produzido
era constituído por cadeias lineares (polietileno linear de alta densidade). Por
outro lado, G. Natta e colaboradores (1954) descobriram, um ano mais tarde,
que este tipo de catalisador promovia a polimerização de α-olefinas a
poliolefinas estereoregulares. O polipropileno, por exemplo, poderia ser
polimerizado dando origem a 3 tipos diferentes de microestrutura. O
polipropileno atático (orientação aleatória dos grupos metil ao longo da cadeia,
resultando em um material amorfo). O polipropileno isotático, em que os grupos
metil estão orientados para o mesmo lado da cadeia, esta regularidade reflete-
se no seu elevado ponto de fusão (165ºC), cristalinidade, alta dureza e
resistência à deformação. O polipropileno sindiotático, cuja orientação dos
Figura 3.1 – Comparação entre moléculas de polietileno. (Fonte: Braskem S/A, 2008).
8
grupos metil se alterna. Devido a estas descobertas, K. Ziegler e G. Natta
receberam o prêmio Nobel de 1963. Estes sistemas catalíticos, conhecidos por
catalisadores Ziegler-Natta, permitiram que o polietileno linear e o polipropileno
se transformassem em plástico commodities (plásticos produzidos em grandes
volumes e com baixo custo).
Os catalisadores clássicos de 1ª geração [TiCl
3
(fases α, β,γ,δ)] e 2ª
geração [TiCl
3
+ AlEt
3
+ Base de Lewis (Pr
3
, Nr
3
, R
2
O, R
2
S, ésteres)] são
heterogêneos, ocorrendo a polimerização nos defeitos e arestas dos cristais de
TiCl
3.
Neste sistema, existem vários tipos de centros ativos e os polímeros
resultantes apresentam uma distribuição de peso molecular muito larga. Já os
catalisadores de 3ª geração [(TiCl
4
+ base de Lewis), ex: benzoato de
etila/MgCl
2
+ AlEt
3
] são mais versáteis que os anteriores, visto que conseguem
aliar características de boa atividade na polimerização de eteno e propeno, boa
estéreo-especificidade (isotaticidade em torno de 95%) e ainda copolimerizam
eficazmente o etileno e α-olefinas superiores (Bayón et al., 2000).
De acordo com a patente nº 9203645-7A (1992), a Polialden
Petroquímica S/A desenvolveu um sistema catalítico que permite obter um
polietileno de ultra alto peso molecular com viscosidade intrínseca na faixa de
12 a 60 dL/g, denominado UTEC
®
, dotado de excelentes propriedades
mecânicas, elevada resistência ao ataque químico, estreita distribuição
granulométrica, diâmetro médio de partícula inferior a 200 micra, elevada
densidade aparente, excelente processabilidade e, principalmente, elevada
resistência ao impacto e ao desgaste por abrasão. O elevado peso molecular
confere ao fundido uma viscosidade muito elevada, não podendo ser
conformado pelos métodos convencionais. Na polimerização, o catalisador
pode controlar a produtividade, a morfologia, o peso molecular, a densidade e a
esteréoregularidade. O catalisador utilizado na produção do UTEC
®
é um
Ziegler-Natta de 3ª geração composto de cloreto de titânio (TiCl
3
) suportado em
cloreto de magnésio (MgCl
2
), formando uma malha cristalina única. Além disso,
o sistema catalítico contém compostos orgânicos de alumínio, ex.: Al(C
2
H
5
)
3
,
Al(C
2
H
5
)
2
Cl, que auxiliam na elevação da atividade e na captura de impurezas
9
inibidoras da reação. As condições de processo e as proporções de cada
substância são responsáveis pelo altíssimo peso molecular do PEUAPM.
3.1.2. Morfologia da partícula
A longa cadeia do PEUAPM proporciona a este tipo específico de
polietileno características diferenciadas. Essas cadeias possuem energia
interna suficiente para lhe proporcionar mobilidade em temperaturas elevadas.
Com isso, diversas estruturas podem ser geradas dentro de uma mesma
molécula sob diferentes condições de resfriamento. Estruturas cristalinas de
cadeias dobradas e lamelares estão envoltas por regiões amorfas e
interconectadas por “pontes” ou moléculas de ligação entre as lamelas
cristalinas, as moléculas atadoras (tie molecule). Essas estruturas podem ser
visualizadas na Figura 3.2.
As características diferenciadas do PEUAPM em relação aos
polietilenos convencionais estão justamente na quantidade de moléculas
atadoras existentes. Essas estão em grandes quantidades e formam
emaranhados que amarram a estrutura e propiciam uma melhora significativa
nas suas propriedades mecânicas fazendo com que esse tipo específico de
polietileno deixe de ser tratado como plástico de uso geral (commodity) para se
Figura 3.2 – Molécula de PEUAPM. (Fonte: Kurtz, 2004).
10
tornar um plástico de engenharia. A Figura 3.3 mostra essas estruturas
comparando com um PEAD comum.
3.1.3. Propriedades e Aplicações
Dentre as características principais do PEUAPM destacam-se a alta
resistência ao impacto e à abrasão, resistência a produtos químicos e ao stress
cracking, baixo coeficiente de atrito, absorção de ruídos e retenção de suas
propriedades a baixas temperaturas.
Os gráficos das Figuras 3.4 e 3.5 mostram a comparação das
propriedades do PEUAPM da Braskem (UTEC
®
), com outros materiais.
Figura 3.4. Resistência ao Impacto Charpy. (Fonte: Catálogo Braskem, 2008).
200,0
100,0
37,5
25,0
22,3
0
50
100
150
200
UTEC® Policarbonato ABS Poliamida 6,6 Poliacetal
Figura 3.3 – Comparação entre moléculas de Polietilenos (Fonte: Bajaria e Bellare, 1998)
11
Por possuir essas propriedades, suas aplicações vão desde
revestimento de caçambas e de silos de navios e trens, passando pela
fabricação de próteses, até a produção de fibras de alta resistência, como as
que são usadas em coletes à prova de balas e em cordas de alta tenacidade. O
produto também é utilizado em defesas portuárias, superfícies de esquis,
separadores de bateria e em peças porosas para filtros.
A resina é aplicada ainda com grande freqüência em peças usinadas
para maquinários e componentes de engrenagens, substituindo materiais como
o metal e o acrílico. Chapas e tarugos semi-acabados podem ser trabalhados
de forma a atender a diversas aplicações, utilizando as mesmas técnicas de
usinagem usadas em madeira ou metal.
Uma limitação do material é a temperatura de trabalho. Não se
recomenda a exposição contínua a temperaturas acima de 90ºC, sob o risco de
perda de propriedades (Coutinho et al., 2003).
Figura 3.5. Desgaste por abrasão. (Fonte: Catálogo Braskem, 2008).
1
4
5
5
7
15
18
27
0
30
UTEC® Poliamida Poliamida
6,6
Poliuretano Aço
Carbono
Poliacetal Laminados Latão
12
3.1.4. Processamento do PEUAPM
Devido ao altíssimo peso molecular e viscosidade do fundido, são
necessárias técnicas especiais de processamento para transformação do
PEUAPM, como moldagem por compressão e extrusão RAM. Além dessas
duas técnicas principais, ele também pode ser transformado em fibras pelo
processo gel-spinning, sintetizadas em partes porosas ou calandradas para a
produção de separadores de bateria.
3.1.4.1. Moldagem por Compressão a Quente
É o processo mais comum para transformação do PEUAPM. Na
moldagem por compressão utiliza-se uma prensa hidráulica e molde para
comprimir e aquecer o pó, sinterizando e formando chapas. A pressão mínima
usual é de 70 Kgf/cm
2
e, a temperatura média para a sinterização fica em torno
de 210 ºC. A figura 3.6 apresenta a prensa de obtenção e operação de
usinagem em placas do PEUAPM.
Figura 3.6. Moldagem e usinagem das placas. (Fonte: Catálogo Braskem S/A, 2008)
13
3.1.4.2. Extrusão RAM
A Extrusão RAM do PEUAPM é um processo pelo qual o pó de fluxo
livre é sinterizado para formar um perfil maciço contínuo. O material particulado
é alimentado à matriz alongada e um pistão compatível com o contorno da
cavidade da matriz percorre um trajeto de ida e volta na zona de alimentação.
Nesse trajeto, ele carrega uma batelada do material e depois o comprime
contra outra batelada previamente compactada, empurrando, dessa forma, o
tarugo que foi sinterizado anteriormente dentro da parte aquecida da matriz. A
Figura 3.7 esquematiza o processo.
Figura 3.7. Extrusão RAM de um tubo: (a) mecanismo vibratório de alimentação, (b) funil
alimentador, (c) zona de compactação, (d) acionador hidráulico, (e) pistão anular, (f) material já
compactado, (g) anel de resfriamento do funil de alimentação, (h) elemento de aquecimento, (i)
extrudado contínuo, (j) anel de resfriamento do extrudado, (k) suporte do tarugo. (Fonte: Narkis
e Rosenzweig, 1995).
3.1.4.3. Gel Spinning
Esse processo é utilizado para produção de fios a partir da dissolução
do PEUAPM em solvente. As principais características dos fios são alta
tenacidade, módulo elevado e dureza. Outras propriedades favoráveis destes
fios são alta resistência ao impacto, resistência ao corte e baixa perda
dielétrica. No processo, o material é pré-misturado com um solvente não-volátil
14
e extrusado, formando um gel. O gel formado passa por matriz fiandeira, onde
o material sai na forma de filamentos contínuos, formando um fio. A etapa
posterior é a extração do solvente e secagem. Logo após, os fios são
submetidos a vários estágios de estiramento.
A preparação de um filamento de PEUAPM envolve a formação de
uma morfologia especial, onde a usual estrutura cristalina de cadeia dobrada é
substituída por uma de cadeia estendida altamente orientada, como mostrado
na Figura 3.8.
Figura 3.8 – Morfologia de fibras de PEUAPM e PE. (Catálogo Braskem, 2008).
3.1.4.4. Extrusão e calandragem com sílica
Nesse processo o pó é misturado à sílica e óleo plastificante numa
extrusora de rosca dupla. O composto extrudado apresenta em geral 60% de
sílica, 30% de óleo e 10% de PEUAPM. Na saída da extrusora, a chapa é
calandrada formando uma folha fina, que logo após passa em fornos para
extração do óleo e secagem.
15
Este processo é utilizado para fabricação de uma variedade de
produtos usados em acessórios de armazenamento de energia, tais como
baterias, capacitores e células de combustíveis.
Os separadores de bateria servem de barreira entre a solução aniônica
e o chumbo (cátion). A membrana separadora controla a passagem dos íons e
evita o contato direto entre eles, o que causaria curto-circuito. Como
propriedades, o PEUAPM fornece à elevada resistência mecânica, ao rasgo e à
perfurações. A sílica por sua vez atua na diminuição da resistividade elétrica
pelo controle da porosidade (Figura 3.9).
Figura 3.9. Separadores de bateria. (Fonte: Catálogo Braskem, 2008.)
3.2. Revisão Bibliográfica Específica – Moldagem por Compressão a Frio
O interesse no processo de compressão a frio do PEUAPM se deve
principalmente quando se requer a fabricação de peças com geometria
complexa, pois dessa maneira métodos convencionais de moldagem são
dificultados em função de sua alta viscosidade no estado fundido. Dessa
maneira faz-se a prensagem a frio do material para a sua posterior sinterização
(Han et al., 1981).
16
Segundo Halldin (1977) a etapa de compactação a frio do polímero é
de extrema importância. O material moldado deve possuir uma boa resistência
da pré-forma e estabilidade dimensional, pois no seu transporte para prensa de
aquecimento, a peça não pode perder sua forma original, quebrando-se ou se
desmanchando. Assim o entendimento dessa etapa de prensagem e do
processo de compactação do pó é de fundamental importância para se obter
pré-formas que satisfaçam com excelência as características desejadas. Nesse
contexto, faz-se necessário o conhecimento detalhado sobre o efeito dos
parâmetros de prensagem (pressão, tempo e temperatura) e característica do
pó polimérico (morfologia, tamanho e distribuição de partícula).
De acordo com a patente n° 6.846.869 (2005), pós de PEUAPM são
compactados por moldagem por compressão a frio, gerando pré-formas, que
são posteriormente combinadas com um segundo material e sinterizadas em
temperaturas elevadas para se obter a forma final da peça.
3.2.1. Influência da morfologia, tamanho e distribuição de partícula no
processo de compactação a frio
Halldin e Kamel (1977) mencionam que as diferenças na morfologia,
tamanho e distribuição de partícula do pó estão relacionadas com as condições
de polimerização, influenciando na compactação do pó a frio e
conseqüentemente na formação da pré-forma, dando maior ou menor
resistência a verde. A morfologia da partícula é um dos principais fatores
responsáveis pelas propriedades de resistência a verde do pó compactado,
conformado pelo processo de compressão a frio. A irregularidade da partícula
dos pós pode melhorar o interligamento mecânico entre elas possibilitando o
aumento da densidade a verde dos compactos formados, porém isto pode
acarretar num aumento da tensão residual da pré-forma produzida. Verificaram
ainda, que partículas mais finas aumentam a densidade aparente, porém
aumenta o efeito de carga estática, mas no final apresenta maior compactação,
resistência a verde e menor expansão pós-compactação.
17
Jog (1993) menciona que o formato da partícula é um fator importante
e, em geral, é observado que a forma irregular da partícula com larga
distribuição compacta melhor. No caso de partículas na forma de fibras, muitos
pontos de contato são possíveis. Portanto, o tamanho da partícula não é único
fator importante e sim o diâmetro da fibra já que o empacotamento se dá pela
interpenetração dessas.
Segundo os modelos de compactação (Furnas, Andreasen e Alfred)
aplicados a materiais cerâmicos, indicam que a forma da partícula mais
adequada para uma compactação mais eficiente seria a esférica. Esse tipo de
morfologia aliada a uma ótima distribuição de partícula favoreceria a uma maior
eficiência de empacotamento e conseqüentemente num compacto mais denso
e, portanto, com uma resistência a verde mais elevada (Ortega et al, 1997).
Truss et al. (1980) estudaram a compactação a frio seguida da livre
sinterização de amostras de PEUAPM. Os resultados mostraram que
propriedades equivalentes àquelas obtidas pelos métodos convencionais de
moldagem (moldagem por compressão a quente) podem ser obtidas para esse
processo. Os melhores resultados foram conseguidos para amostras com
morfologia fibrosa, com uma possível melhoria pelo controle do tamanho de
partícula. Partículas com morfologia fibrosas compactam bem por apresentar
uma estrutura menos densa. Já partículas com estrutura nodular fechada não
apresentaram bons resultados por possuírem estrutura mais densa.
3.2.2. Parâmetros de prensagem – Compactação do pó
Crawford and Paul (1982) descreveram o processo de compactação
como sendo formado por uma seqüência de quatro etapas diferentes: na
primeira etapa, ocorre o rearranjo das partículas, em seguida, ocorre a
deformação elástica nos pontos de contato, depois a deformação plástica nos
pontos de contato e finalmente a compressão da massa do material. Durante o
primeiro estágio de compactação, ocorre o rearranjo das partículas dentro do
molde. A pressão que é transmitida através do pó é influenciada pela “colagem”
entre as partículas, ou seja, pela forma como estas partículas se juntam. A
18
continuidade da aplicação da pressão causa a deformação nos pontos de
contato entre as partículas. É neste estágio que ocorre a densificação do pó
através do deslizamento entre as partículas. Durante o terceiro estágio ocorre o
fluxo plástico, ou deformação plástica, em torno da área de contato entre as
partículas e finalmente a densificação resultante da compressão do pó.
Segundo Jog (1993) a densidade de compactação de pós poliméricos
sob alta pressão, definida como densidade a verde, é muito próxima de sua
densidade teórica. No entanto, quando a pressão é retirada a componente
elástica da tensão é recuperada resultando em uma densidade que será
sempre menor que a densidade teórica. O quanto essa densidade se aproxima
da densidade teórica é função da propriedade elástica do material, ou seja,
quanto mais deformação plástica o material apresentar, menos este expandirá
após a compressão a frio, aproximando-se mais de sua densidade teórica. A
variação na densidade a verde com a pressão de compactação no inicio é
rápida seguida de um lento incremento até que se atinja um platô.
Halldin e Kamel (1977) verificaram que a densificação máxima dos
corpos de prova de PEUAPM moldados por compressão a frio ocorre em
pressões próximas a 100 MPa. A resistência do material aumenta
acintosamente com o aumento da densificação atingindo uma constante no
platô de compactação. A compressibilidade observada no platô de
compactação também pode ser definida em função da densidade relativa à
verde e o parâmetro de densificação. A densidade a verde relativa é definida
como sendo:
(1)
onde, DVR - densidade a verde relativa.
DV - densidade a verde.
Dt - densidade teórica.
Dt
DV
DVR =
19
A compressibilidade também pode ser representada como a eficiência
da compactação em função da pressão, denominado de parâmetro de
densificação. O parâmetro de densificação (DP) é definido como:
(2)
onde, D
P
– parâmetro de densificação.
Dap
– densidade aparente.
Dt
– densidade teórica.
O uso do elimina as diferenças das densidades aparentes do pó que é
função das características do pó (tamanho e distribuição de partícula e
aspectos morfológicos).
Krishnamurthy e Kamel (1989) deduziram uma equação que relaciona
o parâmetro de densificação à tensão de resistência à flexão. A equação (3)
relacionada está representada logo abaixo:
(3)
onde, TRF – tensão de flexão;
c – constante;
K – constante.
Para as constantes “c” e “K” os valores encontrados para o PEUAPM
foram de: 0,0115 e 7,05 respectivamente. Quando os resultados de tensão são
representados como uma função do parâmetro de densificação, a tensão a
verde é unicamente determinada pela densificação fracional. Halldin e Kamel
(1977) ainda citam que a equação (3) é utilizada, pelo menos, para pós com
partículas irregulares.
Outra maneira para se promover a densificação do pó é através do
aumento da temperatura durante a compactação. Essa técnica foi estudada por
Thomas et. al. (1997) para o PEUAPM usando temperaturas de 65 à 125ºC.
DapDt
DapDV
DP
=
).(
.
DPK
ecTRF =
20
Figura 3.10 – Efeito da quantidade e do tamanho das partículas na eficiência de
empacotamento: (a) sistema monodisperso; (b) máxima densidade de empacotamento;
(c) deficiência de partículas pequenas; (d) deficiência de partículas grossas; (e)
distribuição inadequada de tamanhos de partícula. Fonte: Roy et al, 1993.
Além disso, seu estudo envolveu variação de pressão e taxa de aplicação de
pressão. Os resultados mostraram que a temperatura foi o parâmetro que mais
impactou na densidade a verde e tensão da pré-forma o que é justificado pelo
aumento significativo na deformação da partícula no estado sólido conduzindo
a uma melhor densificação e consequentemente maior valor de resistência a
verde.
3.2.3. Modelos de Empacotamento de Partículas
Segundo McGeary (1966) os estudos de empacotamento de partícula
podem ser definidos como o problema da correta seleção da proporção e do
tamanho adequado dos materiais particulados, de forma que os vazios maiores
sejam preenchidos com partículas menores, cujos vazios serão novamente
preenchidos com partículas ainda menores e assim sucessivamente. A Figura
3.10 mostra como essa seleção correta pode vir a influenciar no
empacotamento.
21
Para materiais cerâmicos o processamento por tecnologia do pó é uma
técnica muito bem entendida, sendo bem conhecido que quanto mais denso for
o material maior será a sua resistência. Estudos nessa área mostraram que é
possível se obter uma melhor densidade de empacotamento para esses
materiais se forem adotados modelos matemáticos de distribuição de tamanho
de partícula (Furnas, Andreasen e Alfred). Esses modelos nos fornecem a
distribuição de partícula adequada que o sistema deve possuir para se ter um
máximo empacotamento.
Os primeiros e principais estudos teóricos e experimentais relacionados
a empacotamento de partícula foram publicados por Furnas e Andreasen.
Esses estudos diferem-se pelo tipo de abordagem que se dá com relação à
distribuição granulométrica, que pode ser considerada discreta e contínua.
3.2.3.1. Modelo de Furnas
O modelo proposto por Furnas faz uma abordagem discreta do
tamanho de partículas, ou seja, define a distribuição granulométrica, por
exemplo, entre duas malhas sucessivas de peneiras. Furnas mostrou que as
proporções de vários tamanhos de partículas envolvidas na elaboração de uma
distribuição de máximo empacotamento segue uma progressão geométrica e
dessa forma generalizou sua teoria para uma distribuição contínua de
partículas, infinitos tamanhos discretos. A partir dessas considerações
desenvolveu a seguinte equação:
(4)
onde, CPFT – porcentagem acumulada menor que;
D
p
– diâmetro da partícula;
D
s
– diâmetro da menor partícula;
100
loglog
loglog
x
DD
DD
CPFT
r
s
r
L
r
s
r
p
=
22
D
L
– diâmetro da maior partícula;
r
– razão entre o volume das partículas em uma malha, pelo da malha
imediatamente inferior.
3.2.3.2. Modelo de Andreasen
Em uma distribuição real de partículas Andreasen avaliou que todos os
tamanhos estão envolvidos em uma distribuição de partículas caracterizando
como uma distribuição contínua. Em seu estudo definiu a distribuição de
tamanhos de partícula em termos de uma lei de potências, conforme a equação
(5). Essa definição partiu de uma consideração de similaridade que ele avaliou
existir em torno de duas partículas específicas com tamanhos muito diferentes.
Essas, quando ampliadas devidamente representaria o todo. Essa condição de
similaridade foi muito questionada na época e originalmente foi considerada
somente empírica. Mais tarde essa teoria passou a ser embasada por uma
teoria matemática consistente, a teoria dos fractais.
(5)
onde, CPFT – porcentagem acumulada menor que;
D
p
– diâmetro da partícula;
D
L
– diâmetro da maior partícula;
q – módulo ou coeficiente de distribuição.
Andreasen mostrou com estudos experimentais que o expoente de sua
equação devia estar entre 0,33 e 0,5. Mais tarde, Dinger e Funk (1992)
mostraram através de simulações computacionais, que o expoente com valor
de 0,37 é o que proporciona a máxima densidade de empacotamento.
100x
D
D
CPFT
q
L
p
=
23
3.2.3.3. Modelo de Alfred
Através de um estudo extenso comparativo entre os modelos propostos
por Furnas e Andreasen, Funk e Dinger (1992) provaram que esses modelos
podem ser visualizados como duas formas distintas de se expressar uma
mesma coisa e que ambas as equações propostas convergem
matematicamente para a seguinte equação (6):
(6)
onde, CPFT – porcentagem acumulada menor que;
p
D – diâmetro da partícula;
L
D – diâmetro da maior partícula;
s
D – diâmetro da menor partícula;
q – módulo ou coeficiente de distribuição;
Esse modelo, usualmente conhecido como equação de Alfred, além de
introduzir o conceito de tamanho mínimo para a menor partícula na equação de
Andreasen faz também uma revisão matemática do modelo de Furnas.
100x
DD
DD
CPFT
q
s
q
L
q
s
q
p
=
24
Tabela 4.1 – Principais propriedades dos materiais sinterizados
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Serão apresentados os materiais e os métodos que foram utilizados
para o desenvolvimento deste estudo.
4.1. Materiais
Foram utilizadas quatro amostras de PEUAPM de dois produtores
disponíveis no mercado. As amostras A, A1 e B, foram fabricadas pela
Braskem S/A e a amostra C fabricada pela Basell Polyolefins. Todos os
ensaios foram realizados em temperatura e umidade controladas (23,0±2,0 °C
e 50,0±5,0 %, respectivamente). Algumas propriedades mecânicas dos
materiais sinterizados estão expostas na Tabela 4.1.
Propriedades Unidades Norma A/A1 B C
Resistência
ao impacto
KJ/m
2
ISO
1542-2
55 100 51
Tensão no
escoamento
MPa
ASTM
D-638
21 17 21
Tensão na
Ruptura
MPa
ASTM
D-638
38 30 34
Def. na
Ruptura
%
ASTM
D-638
200 300 168
Def. no
Escoamento
%
ASTM
D-638
11,2 - 14,0
Módulo sob
Flexão
MPa
ASTM
D-790
660 733 741
Dureza Shore D
ASTM
D-2240
63 59 63
Índice de
Abrasão
(Referência
Aço1020=100)
Método
interno
17 20 24
Densidade g/cm
3
ASTM
D-792
0,925 0,926 0,931
25
4.2. Métodos
4.2.1. Caracterização dos materiais
4.2.1.1. Peso Molecular Viscosimétrico – ASTM D 4020
O teste consiste em dissolver o pó de PEUAPM em decahidro-
naftaleno (0,01g/50mL) na temperatura de 150°C por uma hora, sob agitação.
Em seguida, uma quantidade suficiente da solução é transferida para um
viscosímetro Ubbelohde de capacidade de 15 à 20 mL e diâmetro interno
0,63mm, mantido em um banho de silicone da marca Schoot, modelo AVS-361
em temperatura de 135±0,1°C. A viscosidade intrínseca (η) é medida usando
software Winvisco da Schoot. De posse da viscosidade intrínseca, é calculado
o peso molecular viscosimétrico médio a partir da equação de Mark-Houwink.
As curvas de GPC para os materiais estão apresentadas no anexo D.
[η] = K x
__
Mv
a
(7)
onde, [η] - viscosidade intrínseca;
K - constante que depende da temperatura, do tipo de polímero o do
solvente utilizado. O valor de “K” e “a” usado no cálculo foi 6,77x10
-4
e 0,67 (Kurtz, 2004);
__
Mv - peso molecular viscosimétrico médio.
4.2.1.2. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) – ASTM D 3418-03
Os experimentos foram realizados em equipamento de DSC, modelo
2910 da TA Instruments, com um acessório de refrigeração (RCS) acoplado.
Cerca de 5 ± 0,01 mg de cada amostra foi pesada em uma panela de alumínio
que foi hermeticamente fechada e colocada no compartimento do equipamento.
26
Os ensaios foram conduzidos em atmosfera de nitrogênio, em uma vazão de
80ml/min.
Primeira corrida, com intuito de eliminar a história térmica dos
materiais, as amostras foram aquecidas de 30 à 180ºC em uma taxa de
10ºC/min e mantida em uma isoterma por 5 minutos para garantir a completa
fusão do material. Determinou-se a temperatura de fusão (Tm
1
) e índice de
cristalinidade (Xc
1
) de cada amostra. Estes valores obtidos estão relacionados
ao processo de polimerização dos materiais. Após a isoterma, as amostras
foram resfriadas até 30ºC, na taxa de 10ºC/min, determinando-se assim a
temperatura de cristalização (Tc) das amostras. Após o resfriamento as
amostras foram novamente aquecidas em uma taxa de 10 °C/min obtendo-se a
temperatura de fusão (Tm
2
).
O valor de ΔH (entalpia de fusão) foi obtido através das áreas dos
picos de fusão. O índice de cristalinidade (Xc) foi calculado pela razão entre o
valor de ΔH de cada amostra e a entalpia de fusão, considerando um polímero
100% cristalino. Foi adotado o valor de 286,18J/g, que é normalmente utilizado
para polietileno (Willey J., 1986).
27
4.2.2. Caracterização das amostras em pó
4.2.2.1. Por densidade
Teórica
A densidade teórica foi calculada baseada nas densidades estimadas
para um PE perfeitamente amorfo (0,881 g/cm
3
) e perfeitamente cristalino
(0,996 g/cm
3
) à 35°C segundo a equação (8) (Swan, 1960).
(8)
onde, X
c
– cristalinidade do material;
Dt – densidade teórica;
ρ
c
– densidade para um PE perfeitamente cristalino;
ρ
a
– densidade para um PE perfeitamente amorfo.
Aparente (Dap) – ASTM D 1895 - Método A
Este método foi utilizado para medir a densidade aparente de PEUAPM
que ainda está na forma particulada (pó). Pode ser definida como sendo uma
medida de massa por unidade de volume do material (considera o volume inter
e intraparticular). Este ensaio fornece índices úteis de desempenho de
materiais plásticos tais como pós e grânulos em relação à sua manipulação,
empacotamento e armazenamento.
Para determinação da Dap foi utilizado um Kit de densidade aparente
composto de um cilindro de aço inox de 100 ± 0,5 cm
3
e um funil com
capacidade de 150 cm
3
e diâmetro inferior de 0,95 ± 0,08 cm (Figura 4.1). A
distância entre o funil e o cilindro é 3,8 cm. O resultado obtido é determinado
=
ac
ac
c
Dt
x
Dt
X
ρρ
ρρ
)..(
.
acccc
ac
XX
Dt
ρρρ
ρ
ρ
+
=
28
pela relação entre a massa de material que preencheu o cilindro pelo volume
deste (sem aplicação de pressão e/ou vibração).
Densidade de empacotamento - Método Interno baseado na norma – ASTM B
527
A densidade de empacotamento é uma medida do máximo
empacotamento que um conjunto de partículas pode atingir apenas pelo seu
rearranjo, sem aplicação de pressão. O procedimento para o cálculo foi
baseado na norma ASTM B527 com algumas adaptações para os materiais em
estudo. O princípio da técnica é compactar uma massa fixa do material em uma
proveta, por meio de vibração e/ou batimentos, e medir seu volume final. Nesse
estudo foi usada uma proveta com capacidade de 25 mL com subdivisão de 0,2
mL. A agitação do pó foi realizada durante 20 min com 150 ciclos/min. O
esquema do sistema utilizado esta mostrado na Figura 4.2.
Fi
g
ura 4.1
Kit de densidade a
p
arente.
29
4.2.2.2. Fluidez do pó ASTM D1895-03 (A)
Para a determinação da fluidez do pó foi utilizado o mesmo Kit de
ensaio para a densidade aparente do item 4.2.2.1. O resultado obtido foi
determinado pelo tempo (cronômetro digital com precisão de 0,01 segundos)
em que 50 g do material fluiu do funil para o cilindro.
4.2.2.3. Determinação da distribuição e do tamanho de partículas -
ASTM D1921
Análises por peneira
Para determinação do tamanho das partículas das amostras foi
utilizado um equipamento denominado ROT-TAP, modelo Coarse, composto
de 7 peneiras, tampa e fundo. No ensaio foi utilizada uma massa de 50 ±0,1g
de amostra e peneiras de malhas 32, 42, 60, 80, 100, 150 e 200 mesh, que
Figura 4.2 – Sistema para a determinação da densidade de empacotamento.
30
corresponde a 500, 355, 250, 180, 150, 106 e 75 μm respectivamente. Cada
amostra foi colocada no topo da série de peneiras. Este conjunto foi colocado
no peneirador para agitar por 10 minutos. No final, cada peneira com resíduo
do pó foi pesada, obtendo-se, então, o peso do pó retido por peneira, Com os
dados obtidos foi possível determinar a curva acumulativa e tamanho médio de
partícula em (Dp50).
4.2.2.4. Porosimetria do pó
Determinação da porosidade por absorção de óleo (método interno) –
Adaptação da ISO 4608
O principio do método é uma colocar quantidade especifica de óleo
sobre a amostra onde esta mistura é centrifugada sob condições padronizadas
e então determinada a quantidade de óleo absorvida pela amostra. Esse
método consiste em correlacionar a absorção de óleo com o volume de poros
da resina após centrifugação por uma hora (1h), a três mil rotações por minuto
(3000 rpm).
Intrusão de mercúrio – ASTM D 2873
A técnica de porosimetria por intrusão de mercúrio fornece informações
sobre a estrutura porosa dos materiais. Essa técnica remonta da década de
vinte e foi da autoria de Washburn (WEBB e ORR, 1997).
Para a maioria dos materiais o ângulo de contacto entre o mercúrio e o
sólido é maior que 90º (o mercúrio não molha o sólido) pelo que é necessário
aplicar uma pressão para forçar o mercúrio a entrar nos poros. Em condições
de equilíbrio, a força aplicada iguala a força devida à tensão superficial (que
tende a manter o mercúrio fora do poro). Com o aumento da pressão, o
mercúrio é intrudido em poros sucessivamente menores. Na prática, para cada
valor de pressão, é registrado o volume de mercúrio intrudido. Da curva
31
resultante do volume cumulativo de mercúrio para sucessivos aumentos de
pressão (curva de intrusão) pode extrair-se valiosa informação sobre o material
em estudo, designadamente sobre o tamanho e distribuição dos poros.
Para o presente estudo a informação retirada do ensaio foi a variação
do volume de mercúrio intrudido entre uma pressão de baixa e uma pressão de
alta em uma amostra de pó do material. A pressão de baixa utilizada foi de 56
psi e teve como função apenas recobrir a partícula. Já a de alta foi de 5000 psi
aonde ocorre penetração em toda a porosidade do material. As pressões
utilizadas foram estipuladas baseadas na norma ASTM D 2873 designada para
plastificantes em Policloreto de Vinila (PVC). O equipamento utilizado para a
análise foi o AutoPore IV 9500 da Micromeritics.
4.2.2.5. Medida de Área Superficial Específica por Adsorção Gasosa –
Método de B.E.T.
O método de Adsorção gasosa mede a quantidade de gás que é
adsorvido, pela superfície limpa do pó, quando se varia a pressão parcial de
gás inerte sob amostra, mantida a temperatura de condensação do gás.
Através desses dados, calcula-se a área superficial pela equação de Brunauer
– Emmet –Teller (B.E.T.).
As medidas foram realizadas em um aparelho ASAP Micrometrics
2020. Pesou-se aproximadamente 0,3g de amostra, que foi colocada em um
tubo porta-amostra e submetida a etapa de pré-tratamento para limpeza da
superfície, através de um vácuo sob pressão de 10 μmHg durante 30 min. Em
seguida, foi feito um tratamento térmico a 80 ºC por 60 min sob fluxo de
nitrogênio. Esta etapa teve como objetivo remover umidade e compostos
voláteis do sólido. Posteriormente, a amostra foi novamente pesada e
submetida a uma segunda etapa de limpeza sob vácuo de 1 μmHg.
Posteriormente, a cela foi imersa em nitrogênio líquido e realizadas as medidas
e calculada a área superficial.
32
4.2.2.6. Morfologia do pó
Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
As amostras dos pós e das barras foram analisadas em um
microscópio da marca PHILIPS, modelo XL30. As amostras das barras (pré-
formas) foram cortadas em pequenos pedaços, e as amostras dos pós foram
espalhadas e ambas “coladas” no porta amostra (stub) em um suporte de
alumínio com superfície plana circular de 1,2 cm de diâmetro. Entre as
amostras e o suporte, colocou-se um adesivo condutor de carbono para fixar a
amostra. As amostras foram então metalizadas com platina para conduzir o
feixe de elétrons emitidos pelo equipamento. Cada amostra foi condicionada no
microscópio, fez-se vácuo e então se iniciou a emissão de feixe de elétrons,
produzidos por um filamento de tungstênio, pela aplicação de uma diferença de
potencial de 20 KV.
Análise da razão de aspecto (H/L)
Foi utilizado um software que determina a razão de aspecto calculada
pela maior (H) e menor (L) dimensão da partícula. Assim, quanto mais próxima
a divisão H/L for de 1, mais esta se assemelha a uma esfera.
4.2.3. Moldagem por compressão a frio e caracterização das amostras
obtidas
4.2.3.1. Moldagem das amostras
A metodologia para gerar as pré-formas, parâmetros de moldagem (30
MPa, 25ºC e 30 segundos), bem como a geometria dos corpos de prova foi
desenvolvida internamente pela Braskem e validada junto ao cliente que utiliza
um PEUAPM específico. Os ensaios realizados para a moldagem dos corpos
33
A, A1, B, C
de prova (pré-formas) estão apresentados na Tabela 4.2. Três condições foram
estudadas conforme mostra a Tabela:
a) pressão (I): varia-se a pressão, deixando temperatura e tempo fixos;
b) temperatura (II): varia-se a temperatura, deixando pressão e tempo
fixos;
c) tempo (III): varia-se tempo, deixando pressão e temperatura fixos.
Amostras Condições
Pressão
(Mpa)
Temperatura (°C)
Tempo de
ensaio
(seg)
(I)
Pressão
30
25 30
40
60
80
100
120
134
(II)
Temperatura
30
25
30
40
60
80
(IV)
Tempo
30 25
30
60
90
120
150
Os corpos de prova foram moldados em uma prensa com capacidade
de 100 toneladas da marca Carver-Monarch, com platô superior e inferior de 50
x 50 cm. Utilizou-se um molde de aço com seis cavidades, com as seguintes
dimensões: 120 X 16 X 16 mm. Para cada cavidade foi adicionado
manualmente 18,00 ± 0,01g de amostra. A Figura 4.3 ilustra a prensa utilizada
para moldagem dos corpos de prova. As Figuras 4.4 e 4.5 mostram o molde
utilizado para a confecção dos corpos de prova e o corpo de prova obtido,
respectivamente.
Tabela 4.2 – Seqüência de prensagem para as amostras estudadas
34
Figura 4.4 - Molde utilizado para a confecção das pré-formas.
Figura 4.3 – Prensa utilizada para moldagem dos corpos de prova.
35
4.2.3.2. Ensaio mecânico por flexão – ASTM D 790 (A)
Para a determinação da tensão de resistência à flexão (TRF) na barra
obtida pelo método de compressão a frio, utilizou-se a máquina universal de
ensaios mecânicos INSTRON modelo 5565, com célula de carga de 100 N. O
método usado foi o de flexão em três pontos com distância entre os apoios de
102 mm e velocidade de deslocamento da travessa (0,5 mm/min), sendo que a
força máxima é registrada no início da fratura. Foi utilizada uma média de cinco
(5) corpos de prova. O procedimento “A” destina-se aos materiais que quebram
com deformação relativamente pequena. A Figura 4.6 e a equação (9) mostram
a máquina de ensaios utilizada e a equação empregada pelo software para
cálculo da tensão, respectivamente.
(9)
Onde: TRF- tensão de resistência a flexão;
F - força aplicada;
L - distância entre os apoios;
b - largura;
h - espessura.
Figura 4.5 - Corpo de prova obtido
2
.2
..3
bh
LF
TRF =
36
4.2.3.3. Expansão: método interno
Essa medida foi realizada logo após a moldagem (tempo “zero”) e após
24 horas utilizando um micrômetro digital, marca Mitutoyo, com a precisão de
0,001mm. As condições adotadas como padrão para os parâmetros de
prensagem foram: 30 MPa, 25ºC, 30 segundos.
4.2.3.4. Densidade a verde
O cálculo da densidade a verde foi determinado pela relação entre
medida da massa e das dimensões dos corpos de prova, após 24h de
obtenção das pré-formas. Para medir as dimensões dos corpos de prova, foi
usado um micrômetro digital, marca Quimex, modelo Triatlon, com precisão de
0,01 mm.
Figura 4.6. Máquina de Ensaios Universal Instron.
37
4.2.3.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A microscopia eletrônica de varredura foi realizada na superfície e na
parte interna dos corpos de prova, utilizando o mesmo equipamento já citado,
no item 4.2.2.6.
38
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Caracterização das amostras
A Tabela 5.1 mostra as principais características dos materiais
estudados. Avaliando as propriedades térmicas, observa-se que entre a
primeira e a segunda fusão há um decréscimo significativo na cristalinidade, de
20 a 30 %, e na temperatura de fusão que ficou em torno de 10ºC. Segundo
alguns autores (Joo et al., 2000; Xu et al., 2002), a diferença nas temperaturas
de fusão destes polímeros tem sido atribuída devido à formação de cristais de
cadeia estendida durante a polimerização. Como a cristalização ocorre dentro
do reator, em uma solução muito diluída, o grau de entrelaçamento das cadeias
(entanglements) é pequeno, não interferindo significativamente na cristalização.
Quando a amostra sólida é fundida e, posteriormente cristalizada, o grau de
entrelaçamento das cadeias pode aumentar, diminuindo a mobilidade da
cadeia e, conseqüentemente, dificultando a cristalização e o espessamento da
lamela, dando origem a cristais menos perfeitos (com menor Tm e menor
cristalinidade). Os termogramas obtidos para estas amostras se encontram no
Anexo A.
As amostras apresentaram pesos moleculares viscosimétricos médios
muito próximos e não mostraram ter relação com a cristalinidade e,
conseqüentemente, com a densidade do material, como mostram os dados da
segunda fusão, conforme os dados apresentados na Tabela 5.1.
39
Tabela 5.1 – Peso molecular, densidade teórica (Dt) e propriedades térmicas das amostras.
* Calculado baseado em Xc
1
pela equação (8).
5.2. Caracterização das amostras em pó
A Tabela 5.2 apresenta as características das amostras dos pós. Entre
as amostras A1 e B, observa-se que elas possuem distribuição semelhante
(larga), conforme Figura 5.1. Considerando as duas amostras (A1 e B),
observa-se que A1 apresenta tamanho de partícula maior do que a de B,
portanto é de se esperar que a amostra B possua maior densidade aparente e,
conseqüentemente, maior densidade de empacotamento, o que fica
evidenciado nos resultados da Tabela. Em virtude da amostra A possuir menor
tamanho de partícula, era de se esperar a maior densidade aparente dentre as
quatro amostras, porém partículas muito reduzidas podem prejudicar a livre
fluidez do pó, o que é evidenciado na Tabela 5.2, resultando no decréscimo da
densidade aparente. Segundo Halldin e Kamell (1977), a densidade aparente
está associada ao tamanho e distribuição de partícula, morfologia e fluidez do
pó. De modo geral, partículas irregulares com larga distribuição e menor
tamanho médio conferem uma maior densidade aparente, porém se esse
tamanho for muito reduzido pode diminuir o empacotamento por dificultar o
fluxo do pó, devido à carga eletrostática. A densidade por empacotamento é
governada pela distribuição e tamanho de partícula, portanto o efeito de fluidez
não interfere no resultado, sendo assim, a amostra A foi semelhante à amostra
B. Em relação às amostras B e C, a amostra B apresentou maior densidade
aparente e de empacotamento em decorrência da distribuição de partícula mais
Amostra
__
Mv
x 10
6
(g/mol)
Dt*
(g/cm
3
)
Xc
1
(±1%)
ΔH
1
(±14J/g)
Tm
1
(±1°C)
Xc
2
(±1%)
ΔH
2
(±14J/g)
Tm
2
(±1°C)
A
8,40±0,06
0,954
66
190
143 44
125
134
A1
7,40±0,10 0,956 67 193 144 46 132 135
B
7,90±0,02 0,950 63 179 142 43 124 134
C
7,40±0,15 0,968 78 222 144 44 126 135
40
Tabela 5.2 – Tamanho de partícula, densidades e fluidez do pó das amostras.
larga. De todas as amostras, a que apresentou melhor fluidez foi a amostra C.
Esse efeito pode estar associado à sua superfície lisa, conforme observado nas
micrografias apresentadas na Figura 5.2 que contribui para a redução do atrito
entre as partículas, conferindo a esta amostra uma boa densidade de
empacotamento, mesmo considerando que de todas as amostras analisadas,
esta é a que tem a distribuição mais estreita (Figuras 5.1).
Amostra
DP
50
(±1,2µm)
Dap
(±0,006g/cm
3
)
Densidade de
empacotamento
(0,04g/cm
3
)
Fluidez do pó
(±0,2seg/50g)
A
120 0,360 0,494 35
A1
240 0,340 0,440 19
B
190 0,420 0,533 17
C
190 0,360 0,471 15
Fi
g
ura 5.1
Distribui
ç
ão
g
ranulométrica
p
or
p
eneira.
41
As morfologias das amostras estão apresentadas na Figura 5.2.
Avaliando as quatro amostras observa-se que a amostra C apresenta forma e
tamanho de partícula mais homogêneo do que as demais amostras. Nas quatro
amostras, é evidente a presença de aglomerados (agregados) de partículas
menores as quais estão agrupadas em sub-partículas. Segundo Wu et al.
(2000) as partículas primárias (nascentes) apresentam formatos irregulares e
superfície topográfica complexa, com muitas regiões reentrantes. Segundo
esses autores, estas partículas são agregados de partículas ainda menores, de
dimensões típicas de aproximadamente 1μm. Na amostra C, é observado que
as sub-partículas apresentam “coalescência” onde não é verificado claramente
a interface entre elas, gerando uma superfície mais lisa. Já para o caso das
amostras A, A1 e B, as partículas possuem tamanhos mais variados e
superfície mais rugosa. Com aumentos maiores, observa-se que nas amostras
A, A1 e B os nódulos estão conectados por fibrilas, dentre elas a B é a que
possui menor quantidade de fibrilas. Essas fibrilas não ocorrem na amostra C
que apresenta morfologia mais homogênea. Essa diferença observada na
morfologia, tamanho e distribuição de partícula entre amostras A, A1 e B
comparado com a amostra C pode estar associada entre as distintas condições
de polimerização empregadas para a obtenção destes polímeros. Além dessas
micrografias apresentadas, encontram-se no Anexo B, outras imagens
realizadas no estudo em tamanho ampliado para melhor visualização.
42
50X 500X 3000X
Amostra A1
50X 500X 3000X
Amostra B
50X 500X 3000X
Amostra A
50X 500X 3000X
Amostra C
Figura 5.2 – Micrografias MEV das 4 amostras: A, A1, B e C com ampliação de 50, 500 e
3000 X respectivamente. As Figuras podem ser mais bem visualizadas no Anexo B.
43
Conforme o modelo de partícula baseado na metalurgia do pó (Nunes,
2003) (Figura 5.3), pode-se inferir uma correlação morfológica para os pós de
PEUAPM baseado nas micrografias obtidas pelo MEV. Todos os quatro pós
teriam formação de agregados (modelo 2), os quais também estão agrupados
em sub-partículas. A amostra “C” apresenta forma semelhante ao modelo 1
(arredondada) e as demais amostras conforme modelo 3 (irregular) e 4
(dendrítico).
Para confirmar a regularidade da partícula, as imagens dos pós das 4
amostras foram analisadas por um software, (analisador de imagens),
conforme modelo Figura 5.4, que fornece dados que permite avaliar a forma da
partícula. Os resultados de razão de aspecto (H/L) das 4 amostras estão
apresentados na Tabela 5.3, agrupados por faixas e os histogramas
encontram-se no Anexo C. Com base nos dados, verifica-se que a amostra
mais regular seria a C e, A e A1 seriam as mais irregulares.
Fi
g
ura 5.3
Formas
p
ro
p
ostas
p
ela metalur
g
ia do
p
ó.
(
Fonte: Nunes, 2003
)
.
44
Tabela 5.3 – Medida da razão de aspecto (H/L) das partículas agrupadas por tamanho
Amostras
Razão H/L (%)
1-1,2 1,2-1,4 1,4-1,6 1,6-1,8 1,8-2 > 2
A
28 25 17 12 9 9
A1
25 30 22 12 8 3
B
28 36 20 8 4 4
C
34 29 24 13 0 0
Para melhor avaliar a morfologia interna das partículas associada à
densidade da partícula, buscou-se fazer uma correlação com a sua porosidade
intraparticular. Desta forma, as amostras foram caracterizadas por ensaio de
porosimetria (intrusão de mercúrio) e os dados obtidos estão apresentados na
Tabela 5.4. Uma maior porosidade indica uma menor densidade de partícula e,
sendo assim, a amostra C teria a menor densidade seguida da A1, A e B,
respectivamente. Segundo Truss et al. (1980), partículas que apresentam
morfologia fibrilar são menos densas. Fazendo-se uma avaliação isolada para
as amostras A, A1 e B, isso se confirma, pois as amostras A, A1 apresentam
maior número de fibrila e maior porosidade que a amostra B, que apresentou
valor baixo de porosidade, indicando ser uma partícula mais densa. Essa
discussão também se aplica para a área superficial (BET) e absorção de óleo.
Entretanto, a amostra A1 não seguiu o mesmo comportamento das demais
amostras e, até o momento, não foi possível explicar a razão para este caso.
Fi
g
ura 5.4
Modelo de cálculo da razão de as
p
ecto
(
H/L
)
.
(
Fonte:Nunes, 2003
)
.
45
Tabela 5.4 – Porosimetria por intrusão de mercúrio, absorção de óleo e medida de área superficial
5.3. Caracterização das amostras obtidas por moldagem por compressão
a frio
Para o processamento de PEUAPM por compressão a frio, a tensão de
resistência à flexão e expansão são considerados parâmetros críticos para
garantir a estabilidade dimensional e manuseio das pré-formas, evitando a
quebra no manuseio para etapa seguinte que pode ser sinterização com uma
outra pré-forma. Segundo informação da área comercial da Braskem, o valor
mínimo da tensão de flexão deve ser de 1,0 ± 0,1 MPa, em condições padrões
de prensagem (30MPa, 25ºC, 30seg). As pré-formas foram caracterizadas por
microscopia eletrônica de varredura (MEV) e a tensão de resistência à flexão
(TRF), e expansão foram medidas.
5.3.1. Tensão de resistência à flexão (TRF) obtida por ensaio de flexão
Os resultados de TRF avaliados na condição padrão estão
apresentados na Tabela 5.5. Desses dados, observou-se que somente a
amostra B não atenderia as condições de processamento exigidas pelo
mercado (1,0 ± 0,1 MPa), para aplicação em compressão a frio, pois não tem
boa estabilidade dimensional, tornando-se quebradiça.
Amostras
Vol. de mercúrio
intrudido
(ml/g)
Porosidade
absorção de óleo
(%)
BET
(m
2
/g)
A
0,070±0,005 14,8±1,0 0,435±0,029
A1
0,122±0,008 21,1±0,2 1,368±0,041
B
0,016±0,001 6,90±0,6 0,260±0,012
C
0,211±0,014 16,3±0,7 0,777±0,024
46
Tabela 5.5 – Resultados de TRF avaliadas na
condição padrão de 25°C, 30 MPa, 30 seg.
5.3.2. Caracterização das pré-formas por Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV)
Análise da superfície de moldagem (externa)
As pré-formas foram avaliadas por análise MEV, a fim de se observar
como as partículas se acomodam após a compressão a frio e avaliar a
influência da morfologia, tamanho e regularidade da partícula na compactação.
Na figura 5.5 (MEV) são ilustradas as superfícies externas das amostras.
Por meio dessas figuras, pode-se visualizar que a amostra C apresenta
superfície lisa, com as partículas bem encaixadas com boa compactação,
provavelmente decorrente da similaridade entre o tamanho e a forma das
partículas. A superfície das amostras A e A1 mostra que há um encaixe entre
as partículas, mas as mesmas estão mais soltas (em relação ao que foi
observado na amostra C) e observa-se um maior número de espaços vazios
entre elas. Já para a amostra B, em geral, não se observa um encaixe entre as
partículas, como se estas estivessem soltas. Dessa análise, verifica-se que
uma melhor resistência da pré-forma (TRF) está associada com a qualidade da
compactação, ou seja, a capacidade do material de se moldar para que haja
um melhor encaixe entre as partículas. Essa capacidade de se moldar pode
estar associada à densidade da partícula, visto que a amostra C foi a que
obteve estrutura menos densa e foi a que teve melhor encaixe e,
conseqüentemente, melhor resistência. Por outro lado, a amostra B, que foi a
Amostra TRF (MPa)
A
0,91±0,02
A1
0,95±0,12
B
0,29±0,01
C
1,36±0,10
47
A A1
B C
que apresentou valores mais baixos de resistência, é a que tem a estrutura
mais densa.
Análise da superfície de fratura (interna)
As imagens foram obtidas com as pré-formas fraturadas, isto é,
rompidas em nitrogênio líquido e o local da fratura analisado. Analisando a
interface entre duas partículas vizinhas, observa-se a formação de espaços
vazios entre elas. Essas partículas apresentam formas que se encaixam,
indicando que essas mantêm a forma que adquiriram ao serem moldadas por
compressão (ver Figura 5.6). Estes espaços vazios são mais evidentes para as
amostras B onde verifica-se as partículas pouco deformadas e encaixadas.
Para as amostras A e A1 ainda se vê um espaçamento relativamente grande,
Figura 5.5 – Micrografias obtidas por MEV da superfície externa com ampliação de 100X
B C
48
A A1
porém as partículas apresentam-se mais deformadas e encaixadas. Na
amostra C as partículas estão bem encaixadas mostrando haver uma maior
interação entre as elas.
Figura 5.6 – Micrografias obtidas por MEV das amostras fraturadas. (Ampliação
1000X).
B C
49
Tabela 5.6 – Resultado de expansão na direção axial
5.3.3. Expansão
A medida de expansão foi determinada nas direções axial e transversal
de aplicação da pressão nos corpos de prova com o objetivo de avaliar a
estabilidade dimensional em função do tempo, adotando como referência as
medidas logo após a moldagem das pré-formas, ou seja, tempo “zero”. Como
os polímeros são materiais viscoelásticos, possuindo “memória” de forma, se
espera que haja uma expansão e que esta persista por certo período de tempo.
Os resultados dessas análises estão apresentados nas Tabelas 5.6 e 5.7 e
representados nas Figuras 5.7 e 5.8. A expansão na direção transversal
(largura das pré-formas) foi menor e estabilizou em um menor período de
tempo do que na axial (na direção da carga). A expansão na direção axial
apresentou maior incremento nas primeiras 24h seguido de um aumento menor
até 200h e, com pequeno acréscimo até 360h. Já na direção transversal o
aumento da expansão é menor comparado com o aumento na direção axial até
as 360h. A amostra C foi a que menos expandiu. Provavelmente este
comportamento pode estar associado à menor elasticidade das partículas uma
vez que não apresentam fibrilas, como também, esta amostra apresentou
maior valor de tensão de resistência à flexão (TRF), indicando uma maior
densificação da pré-forma.
Amostra
Expansão Axial (mm)
Expansão Final (%)
24h 144h 192h 360h
A
0,176 0,233 0,259 0,281 2,46
A1
0,203 0,300 0,328 0,360 2,60
B
0,178 0,240 0,275 0,310 2,23
C
0,129 0,166 0,221 0,232 1,95
50
Tabela 5.7 – Resultado de expansão na direção transversal
Amostra
Expansão Transversal (mm)
Expansão Final (%)
24h 144h 192h 360h
A
0,016 0,013 0,026 0,050 0,31
A1
0,033 0,036 0,053 0,049 0,31
B
0,039 0,037 0,051 0,065 0,41
C
0,007 -0,020 -0,005 -0,004 -0,02
Figura 5.7. Variação da espessura em função do tempo. Direção
axial.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336 360
11,6
11,8
12,0
12,2
12,4
12,6
12,8
13,0
13,2
13,4
13,6
13,8
14,0
14,2
14,4
A
A1
B
C
25°C, 30 MPa, 30 seg
51
Baseado nos resultados apresentados na Tabela 5.8, verifica-se que a
melhor resistência está relacionada à “boa compactação” das partículas que
por sua vez está associada à capacidade destas em se acomodarem e se
interconectarem. Assim, vê-se que características de homogeneidade de
forma, tamanho e distribuição de partículas são importantes por contribuírem
para uma melhor acomodação do pó. Como os polímeros possuem
plasticidade com capacidade de se deformarem sob pressão, têm-se as
características de grau de compressibilidade da partícula como fator
determinante na moldagem da pré-forma por influenciar na interconexão entre
as partículas e, como foi visto no presente estudo, esta capacidade está
associada à “flexibilidade” e à densidade da partícula que pode ser
correlacionada com a porosidade para os materiais estudados.
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336 360
15,45
15,50
15,55
15,60
15,65
15,70
15,75
15,80
15,85
25°C, 30 MPa, 30 seg
A
A1
B
C
Figura 5.8. Variação da largura em função do tempo. Direção
transversal.
52
Tabela 5.8 – Resumo da caracterização dos pós e pré-formas.
Caracterizações
Amostras
A A1 B C
DP
50
(μm)
120 240 190 190
Distribuição de
Partícula
Larga larga larga estreita
Dap
(±0,006g/cm
3
)
0,36 0,34 0,42 0,36
Densidade de
Empacotamento
(±0,04g/cm
3
)
0,494 0,440 0,533 0,471
Fluidez do pó
(±0,2seg/50g)
35 19 17 15
Porosimetria por
intrusão de mercúrio
(mL/g)
0,070±0,005 0,122±0,008 0,016±0,001 0,211±0,014
Porosimetria por
absorção de óleo
(%)
14,8±1,0 21,1±0,2 6,90±0,6 16,3±0,7
Área Superficial BET
(m
2
/g)
0,435±0,029 1,368±0,041 0,260±0,012 0,777±0,024
Morfologia
Partícula
irregular
formada por
nódulos ligados
por fibrila
Partícula
irregular
formada por
nódulos ligados
por fibrila
Partícula
irregular
formada por
nódulos ligados
por poucas
fibrilas
Partícula regular
formada por
nódulos
subdivididos em
subpartículas.
Não apresenta
fibrilas
DVR (%)
73 70 72 75
Expansão Axial
360h (%)
2,46 2,60 2,23 1,95
TRF (MPa)
0,91±0,02 0,95±0,12 0,29±0,01 1,36±0,10
Xc
1
(±1%)
66 67 63 78
5.4. Variação dos Parâmetros de prensagem
5.4.1. Variação da Pressão
A variação da densidade a verde relativa (DVR) com a pressão de
compactação é mostrada na Figura 5.9. A densidade a verde relativa é
expressa como a razão da densidade a verde e a densidade teórica do
material. Observa-se que a densidade a verde relativa inicialmente aumenta
53
bruscamente até pressões próximas a 60 MPa, seguida de um leve incremento
até alcançar um valor de platô em 100MPa. Valores semelhantes foram
encontrados por Halldin and Kamel (1977) para amostras de PEUAPM. Cada
amostra apresentou níveis diferentes de compactação, estando
significativamente abaixo das suas densidades teóricas. As amostras A e A1
apresentaram o mesmo comportamento de compactação chegando a 83% de
sua densidade teórica. A amostra C foi a que apresentou maior valor chegando
a 92% e a amostra B foi a que obteve o mais baixo valor de compactação,
78%. Segundo Halldin and Kamel (1977), a densidade do platô é determinada,
entre outros fatores, pelas propriedades elásticas do material e da partícula, e,
pela morfologia de partícula, isto é, a habilidade de interligá-las
mecanicamente. Essa habilidade para resistir à recuperação elástica ou
expansão afetará o nível do platô. Trust et al. (1980) estudando materiais
semelhantes verificaram que essa habilidade está associada a densidade da
partícula e que partículas com morfologia fibrilar compactam melhor por gerar
partículas menos densas. De acordo com a morfologia das amostras A, A1 e B,
a amostra B por apresentar um número reduzido de fibrilas, implicou numa
estrutura de partícula mais densa e, conseqüentemente, compactou menos.
Apesar da morfologia da amostra C não apresentar fibrilas, dentre as quatro, foi
a que mostrou a melhor compactação, assim como, maior intrusão de mercúrio
(conforme Tabela 5.4), indicando um maior número de vazios e,
conseqüentemente, menor densidade, facilitando a compactação.
54
Na Tabela 5.9 estão apresentados os resultados obtidos de tensão de
resistência à flexão (TRF) e densidade a verde relativa (DVR) em função da
pressão de compactação para as amostras A, A1, B e C. A partir desses
resultados, as curvas de TRF em função da pressão de compactação foram
construídas e estão mostradas na Figura 5.10. Analisando os dados vemos que
o material B, embora tenha um aumento percentual elevado (152%), ainda
assim não conseguiria atender as condições de processamento exigidas pelo
mercado que é de 1,0 ± 0,05 MPa, isso pode ser atribuído a baixa porosidade
da partícula, dificultando a flexibilidade e interação física entre as partículas.
Para os demais materiais, todos possuem boas propriedades mesmo na
condição mínima de pressão, sendo que o material C foi o que obteve os
melhores resultados de TRF que pode ser atribuído ao fato da maior
porosidade proporcionar uma maior flexibilidade e conseqüentemente maior
interação entre as partículas.
Figura 5.9. Curva da densidade a verde relativa (DVR) em função da pressão de
compactação.
0 102030405060708090100110120130140
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A
A1
B
C
25°C, 30 seg
55
Pressão
(MPa)
TRF (MPa)
DVR (%)
A A1 B C
30
TRF
0,91±0,02 0,95±0,12 0,29±0,01 1,36±0,10
DVR
72,6±2,9 70,4±3,0 71,5±3,0 75,0±2,8
40
TRF
1,31±0,08 1,39±0,06 0,44±0,07 1,94±0,09
DVR
75,8±2,8 73,5±2,9 72,7±2,9 79,5±2,6
60
TRF
1,77±0,22 2,00±0,14 0,64±0,09 3,08±0,07
DVR
80,1±2,7 79,6±2,7 76,6±2,8 87,4±2,4
80
TRF
2,11±0,14 2,44±0,17 0,70±0,09 3,47±0,08
DVR
82,2±2,6 82,0±2,6 77,7±2,8 89,2±2,4
100
TRF
2,24±0,06 2,48±0,10 0,72±0,02 3,75±0,08
DVR
83,3±2,6 83,1±2,6 78,1±2,8 89,6±2,4
120
TRF
2,28±0,03 2,52±0,07 0,71±0,03 3,90±0,08
DVR
82,8±2,6 83,1±2,6 78,0±2,8 90,8±2,3
134
TRF
2,43±0,07 2,54±0,12 0,73±0,04 3,83±0,07
DVR
84,2±2,6 82,3±2,5 78,4±2,8 91,2±2,4
Aumento (%)
TRF
167 168 152 182
DVR
16 17 10 22
Tabela 5.9
TRF e DVR em fun
ç
ão da
p
ressão de com
p
acta
ç
ão
Fi
g
ura 5.10
Curva de com
p
ressibilidade em fun
ç
ão da TRF
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
A
A1
B
C
25°C, 30 seg
56
A Figura 5.11 mostra a relação entre densidade à verde relativa e
tensão de resistência à flexão. Observam-se nas curvas diferentes
comportamentos devido às características próprias de cada material. Além
disso, para um mesmo valor de DVR, a amostra B apresenta comportamento
inferior em relação às demais amostras, conforme também observado na
Figura 5.12.
A Figura 5.12 mostra a tensão de resistência à flexão em função do
parâmetro de densificação (DP). Quando os valores de tensão dos quatro
materiais são mostrados em função do parâmetro de densificação, os pontos
coincidem em uma única curva, independente das características de cada
material. Esse comportamento é observado porque o DP leva em consideração
as características individuais de cada partícula, tais como forma, tamanho,
distribuição. O cálculo de DP está mostrado na equação (2).
0 102030405060708090100
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
A
B
C
A1
Figura 5.11 – Tensão de resistência à flexão (TRF) em
fun
ç
ão da densidade a verde relativa
(
DVR
)
.
57
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
DP
A
A1
B
C
Figura 5.12. Curvas de compressibilidade baseadas no parâmetro de
densificação. Dados experimentais ajustados à equação (3) para
partículas de PEUAPM. Fonte: Halldin and Kamel (1977).
Pelo gráfico verifica-se uma boa correlação entre os dados
experimentais e a curva obtida para os materiais estudados por Halldin e
Kamel (1977). Apesar dos autores mencionarem que esta relação é válida para
partículas de PEUAPM irregulares, percebe-se no presente estudo que
também é válido para partículas com geometria mais regulares, visto que a
amostra C apresenta essa morfologia e atende à relação.
58
5.4.2. Variação da Temperatura
O conjunto (molde, amostra e prensa) permaneceu nas faixas de
temperatura definida por 30 minutos antes do inicio do ensaio. Os resultados
de tensão e densidade a verde em função da temperatura estão apresentados
na Tabela 5.10 e na Figura 5.13. Observa-se que o aumento da temperatura
aumenta a densificação do material melhorando sua resistência. Thomas et al.
(1997) obtiveram resultados semelhantes em uma amostra de PEUAPM
moldada a temperaturas de 65ºC à 125ºC. Eles verificaram que, sob pressão
constante, o aumento da temperatura aumenta a deformação das partículas no
estado sólido e também facilita a interconexão das partículas na pré-forma.
Pelo fato da temperatura influenciar na “moldabilidade” das partículas
todas as amostras tiveram um incremento na TRF e DVR conforme Tabela
5.10 e Figura 5.13. Como a amostra C possui uma estrutura mais porosa, o
que já facilita a “moldabilidade”, não se verificou um aumento significativo
quanto para a amostra B, que apresenta uma estrutura de partícula menos
porosa.
Temperatura
(°C)
TRF (MPa)
DVR (%)
A A1 B C
25
TRF
0,91±0,02 0,95±0,12 0,29±0,01 1,36±0,10
DVR
75,24±2,76 73,07±2,60 73,72±2,75 78,83±2,35
40
TRF
1,34±0,10 1,90±0,07 0,49±0,06 2,10±0,09
DVR
77,29±2,90 80,78±2,60 75,44±2,60 85,33±2,34
60
TRF
1,52±0,09 2,06±0,17 0,73±0,10 2,35±0,14
DVR
80,24±2,80 82,63±2,62 77,65±2,40 87,59±2,35
80
TRF
2,06±0,16 2,47±0,14 0,96±0,15 2,56±0,09
DVR
82,56±2,65 84,51±2,59 78,67±2,35 89,39±2,35
Aumento (%)
TRF
126 160 231 88
DVR
10 16 7 13
Tabela 5.10 – Tensão de resistência à flexão (TRF) e densidade à verde relativa
(
DVR
)
em fun
ç
ão da tem
p
eratura
59
Por meio da análise das micrografias na Figura 5.14, observa-se que a
influência da temperatura foi nitidamente percebida na superfície das amostras,
que ficou com aspecto de um material “plastificado”, dando uma maior
resistência na superfície do que no interior do corpo de prova. Isso ocorre
provavelmente pela maior troca térmica que acontece na região próxima ao
molde, contribuindo para uma maior deformação da partícula. Isso ficou
evidenciado para a amostra B, que apesar do efeito da densificação ter sido
menor na temperatura que na pressão o ganho na TRF foi maior. Assim, a
medida da TRF é mais dependente na superfície do corpo de prova onde se
inicia a propagação da trinca.
20 30 40 50 60 70 80 90
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Temperatura (°C)
A
A1
B
C
30MPa, 30 seg
Figura 5.13. Variação da tensão de resistência à flexão (TRF) em função da
temperatura.
60
A A1
5.4.3. Variação do Tempo
Pelos dados apresentados na Tabela 5.11 e na Figura 5.15, observa-se
um aumento mais pronunciado na TRF para a amostra C, cerca de 90
segundos para estabilização. Para as amostras A e A1 foi necessário um
tempo de 60 segundos para estabilizar o valor da TRF. A variação do tempo
para a amostra B não apresentou nenhuma contribuição, por ser um material
mais denso. De um modo geral o aumento do tempo favorece a acomodação
das partículas, devido aos espaços vazios, principalmente para materiais
compressíveis, ou seja, menos densos.
Figura 5.14. Micrografias obtidas por MEV das amostras moldadas a 80ºC.
Ampliação 500 X.
A A1
B C
61
Tempo
(seg)
TRF (MPa)
DVR (%)
A A1 B C
30
TRF
0,91±0,02 0,95±0,10 0,29±0,10 1,36±0,12
DVR
72,64±2,60 72,04±2,95 68,75±2,60 75,00±2,76
60
TRF
1,22±0,15 1,44±0,10 0,19±0,15 1,92±0,10
DVR
75,11±2,58 73,28±2,77 70,03±2,40 79,73±2,76
90
TRF
1,38±0,14 1,41±0,09 0,20±0,17 2,20±0,11
DVR
75,82±2,62 73,44±2,76 70,80±2,90 81,41±2,79
120
TRF
1,36±0,12 1,45±0,13 0,31±0,16 2,21±0,08
DVR
76,05±2,60 74,45±2,40 71,47±2,79 81,36±2,35
150
TRF
1,39±0,13 1,65±0,15 0,30±0,14 2,31±0,11
DVR
76,62±2,62 75,63±2,35 72,71±2,65 81,35±2,34
Aumento (%)
TRF
53 74 3 70
DVR
5 5 6 8
Figura 5.15. Variação da tensão de resistência à flexão (TRF)
em função do tempo.
30 60 90 120 150
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
A
A1
B
C
30MPa, 25°C
Tabela 5.11 – Tensão de resistência à flexão (TRF) e densidade à verde relativa (DVR)
em função do tempo
62
Dos três parâmetros de prensagem avaliados em função da TRF
conforme a Figura 5.16, a pressão e o tempo tiveram uma maior contribuição
para a amostra C por ser a mais porosa entre as quatro amostras e, portanto a
mais compressível. Já a temperatura acarretou em um maior incremento de
TRF para a amostra B (mais densa) contribuindo para uma maior mobilidade
entre as partículas.
A densidade a verde relativa (DVR) é a relação entre a densidade a
verde pela densidade teórica. Portanto, espera-se que com aumento da
variação da pressão, bem como variação do tempo sob pressão, terá maior
ganho percentual a amostra que tiver maior capacidade de densificar. Dos três
parâmetros de prensagem avaliados em função da DVR para as amostras
analisadas conforme a Figura 5.17, a pressão foi o que apresentou a maior
contribuição na densificação, seguido da temperatura e do tempo. Porém,
avaliando separadamente a contribuição destes parâmetros em cada amostra,
verifica-se que para amostra C, a variação da pressão teve maior contribuição
(22%) na densificação, o que evidencia a maior porosidade interna deste
Figura 5.16. Efeito da pressão de compactação, temperatura e tempo na tensão de
resistência à flexão.
30 60 90 120 150
30 MPa, 25°C
20 40 60 80
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
30 MPa, 30 seg
20 40 60 80 100 120 140
25°C, 30 seg
A
A1
B
C
63
material. Para a amostra B, a variação foi somente de 10%, o que demonstra
que este material apresenta partículas densas, dificultando a compactação. A
variação da temperatura trouxe menor contribuição para a amostra B (7%)
devido à maior densidade de partícula. Em relação ao tempo, a amostra C,
como era de se esperar, foi a que apresentou o maior ganho (8%).
Fi
g
ura 5.17. Efeito da
p
ressão de com
p
acta
ç
ão, tem
p
eratura e tem
p
o na DVR.
30 60 90 120 150
30 MPa, 25°C
20 40 60 80 100 120 140
65
70
75
80
85
90
95
100
25°C, 30 seg
20 40 60 80
30 MPa, 30 seg
A
A1
B
C
64
6. CONCLUSÕES
A melhor propriedade de resistência a verde foi obtida para o material
que apresentou maior porosidade pelo ensaio de intrusão de mercúrio.
Essa maior porosidade pode estar associada à melhor capacidade da
partícula em se acomodar por gerar uma partícula mais “flexível”.
Para a aplicação de peças que requer obtenção de pré-formas, as
amostras A, A1 e C são adequadas, pois apresentaram resistência à
flexão e boa compactação. A amostra B só atenderia a esta aplicação
com pré-formas obtidas sob pressão em temperaturas 80°C.
O parâmetro de densificação é função direta da porosidade
interparticular que favorece a TRF.
O aumento da pressão no processo de moldagem por compressão a frio
aumenta a TRF para pós de PEUAPM que tenham menor porosidade
interparticular, pois aumenta a densificação.
O aumento da temperatura no processo de moldagem por compressão a
frio, favorece a movimentação entre as partículas, conferindo uma maior
adesão e aumentando a TRF mesmo sem aumento significativo na
densificação. Isto é mais evidente na superfície das pré-formas que está
em contato direto com a superfície do molde.
O aumento do tempo no processo de moldagem por compressão a frio,
acarreta em um pequeno aumento na TRF, pois permite uma melhor
acomodação das partículas, especialmente para pós de PEUAPM que
apresentem menor porosidade interparticular.
65
7. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
Usar a ferramenta de planejamento experimental, usando a técnica de
compactação a frio com quatro fatores e três níveis cada, para a
amostra B, para avaliar qual desses parâmetros tem maior impacto nas
propriedades mecânicas (tensão de resistência a flexão – TRF) e na
compactação (densidade a verde). Fatores como: temperatura, pressão,
tempo (obtenção das pré–formas) e livre sinterização das pré-formas;
Pesquisar técnicas para determinar dureza da partícula e densidade
teórica do PEUAPM, para maior compreensão das propriedades desses
materiais;
Aplicar os modelos matemáticos (Furnas, Andreasen e Alfred) e avaliar a
eficácia para a moldagem de pré-formas de PEUAPM;
Fazer uso de cargas em pós de PEUAPM moldados por compressão a
frio para avaliar a contribuição nas propriedades mecânicas (TRF) e na
densidade a verde.
Usar técnica de Difração de Raios-X para determinar a estrutura
cristalina dos materiais estudados.
66
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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69
ANEXO A
Termograma 1ª Fusão
Termograma 2ª Fusão
70
ANEXO B
Micrografias do Pó
Aumento 50 X
Amostra A
Amostra A1
Amostra B
71
Amostra C
Aumento 100/150 X
Amostra A
Amostra A1
72
Amostra B
Amostra C
Aumento 500 X
Amostra A
73
Amostra A1
Amostra B
Amostra C
74
Aumento 1000 X
Amostra A
Amostra A1
Amostra B
75
Amostra C
Aumento 3000 X
Amostra A
Amostra A1
76
Amostra B
Amostra C
77
Micrografias Barra – Superfície
Aumento 100 e 500 X
Amostra A
Amostra A1
Amostra B
78
Amostra C
*a amostra C com aumento de 500X não está na mesma dimensão que as outras com o mesmo aumento – Ver escala.
Micrografias das Barras – Interior
Amostra A
Aumento 500 X
Aumento 1000 X
79
Aumento 3000 X
Amostra B
Aumento 500 X
Aumento 1000 X
80
Amostra B
Aumento 500 X
Aumento 1000 X
Amostra C
Aumento 500 X
81
Aumento 1000 X
Micrografias da superfície da Barra moldados com temperatura de 80ºC
Aumento 500 X
Amostra A
Amostra A1
82
Amostra B
Amostra C
83
ANEXO C
Histograma de Regularidade de Partícula
84
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