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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PSIQUIATRIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO DA CONTRATRANSFERÊNCIA E SUA ASSOCIAÇÃO COM
CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE EM PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO
ANALÍTICA
ROBERTA ROSSI GRUDTNER
ORIENTADOR
PROF. DR. CLÁUDIO LAKS EIZIRIK
PORTO ALEGRE, AGOSTO DE 2009.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PSIQUIATRIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO DA CONTRATRANSFERÊNCIA E SUA ASSOCIAÇÃO COM
CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE EM PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO
ANALÍTICA
ROBERTA ROSSI GRUDTNER
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria,
Faculdade de Medicina, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre.
ORIENTADOR
PROF. DR. CLÁUDIO LAKS EIZIRIK
PORTO ALEGRE, AGOSTO DE 2009.
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Ao
AoAo
Ao Marco, meu amor.
Marco, meu amor. Marco, meu amor.
Marco, meu amor.
Ao
AoAo
Ao Gustav
Gustav Gustav
Gustavo,
o, o,
o, fruto do nosso amor.
fruto do nosso amor.fruto do nosso amor.
fruto do nosso amor.
4
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao Prof. Dr. Cláudio Laks Eizirik, orientador desta dissertação, pela formação
profissional, pelo estímulo à pesquisa, pela oportunidade de crescimento profissional
e pessoal.
À Dra. Simone Hauck, pela amizade, pela participação e pelas importantes
contribuições que tornaram possível a realização deste trabalho.
Ao Dr. Manuel José Pires dos Santos, pela disponibilidade, pelo importante
auxílio, pela inestimável contribuição.
À Dra. Ana Flávia Barros da Silva Lima, pelo apoio e estímulo permanentes,
pelo exemplo de ética e de dedicação à vida acadêmica.
Aos meus pais, Roberto e Aida, pela formação moral, pelo exemplo de
integridade e bondade, pelo estímulo à busca do conhecimento e do bem-estar.
5
AGRADECIMENTOS
Às colegas psicólogas Luciana Terra, Letícia Kruel e Gabriela Sbardellotto,
pela amizade e pelo auxílio na obtenção do banco de dados.
Aos colegas Dr. Giovanni Salum Jr., Dra. Aline Cervieri, Dra. Laura Moschetti,
Dra. Anne Sordi, pela colaboração na coleta de dados.
Ao colega Dr. Joel Alex Longhi, pela disponibilidade e importante contribuição
na formatação dos dados estatísticos.
A Sra. Vânia Naomi Hirakata, pela assessoria na análise estatística.
À Profa. Neusa da Silva Costa, pela revisão ortográfica desta dissertação.
Aos colegas médicos residentes e cursistas do Serviço de Psiquiatria do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, pelo convívio diário e colaboração aceitando
participar do estudo.
Aos pacientes que participaram desta pesquisa e generosamente
contribuíram dispostos a fornecer dados muito pessoais.
E a todos que de alguma forma colaboraram na realização deste trabalho.
6
The carpenter has a hammer.
The surgeon has a scalpel.
The therapist has the self.
(Hayes & Gelso, 2001)
7
RESUMO
Introdução: O conceito de contratransferência (CT) sofreu considerável
evolução desde sua formulação inicial. Originalmente, a CT foi conceituada como um
obstáculo ao tratamento devendo ser superado. Esta visão restrita se amplia, no
decorrer dos últimos 100 anos, considerando as reações contratransferenciais uma
criação conjunta entre analista e paciente, tornando-se, quando adequadamente
utilizado, um valioso instrumento diagnóstico e terapêutico. Atualmente, a
centralidade da CT na prática clínica é incontestável, correlacionando-se com a
transferência, paralelamente, às vezes, induzindo-a e, para alguns, precedendo-a.
De acordo com a literatura, reações contratransferenciais têm implicações no
processo terapêutico e podem influenciar no desfecho do tratamento psicoterápico.
Portanto, analisar empiricamente as associações entre sentimentos do terapeuta e
fatores do paciente pode ampliar o conhecimento desta questão clínica e teórica
extremamente relevante na psicanálise e na psicoterapia psicodinâmica
contemporâneas.
Método: Este estudo avaliou a CT e sua associação com
características do paciente em psicoterapia de orientação analítica, delineamento
transversal com amostra consecutiva, composta por 86 pares terapêuticos do
Ambulatório de Psicoterapia de Orientação Analítica do Serviço de Psiquiatria do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foram coletadas informações
sociodemográficas, avaliação multiaxial e estilo defensivo dos pacientes. A Escala
de Avaliação da Contratransferência (EACT), questionário autoaplicável que lista 23
sentimentos distribuídos nas dimensões de aproximação, afastamento e indiferença,
foi utilizada para aferir a CT no início, meio e final da sessão. Resultados:
Observou-se que gênero, renda, estado civil, Eixo IV e GAF da avaliação multiaxial
correlacionaram-se com a CT. A associação entre padrões contratransferenciais e
8
estas características pode refletir a influência do paciente na experiência subjetiva
do terapeuta. Não se evidenciou, nesta amostra, correlação de sentimentos
contratransferenciais com idade, escolaridade e estilo defensivo do paciente. Além
disso, a presença de diagnóstico nos eixos I, II e III da avaliação multiaxial não se
associou com a CT. Estes resultados, de acordo com estudos empíricos, podem
sugerir a contribuição questionável dos transtornos psiquiátricos clínicos e dos
transtornos de personalidade com sentimentos contratransferenciais específicos. Os
resultados deste estudo mostraram um predomínio de sentimentos de aproximação,
com aumento da intensidade no decorrer da sessão. Pode se inferir que houve
diminuição da ansiedade inicial dos terapeutas, possibilitando maior contato
emocional e ampliação da sua capacidade empática. Ou seja, evidenciou-se
empiricamente que em cada sessão o terapeuta vive um processo de aproximação
gradativa com o paciente. Conclusão: Há sentimentos contratransferenciais comuns
associados a determinadas características dos pacientes em psicoterapia de
orientação analítica. A CT do terapeuta constitui parte inevitável de cada encontro
analítico. Através dos afetos contratransferenciais, o terapeuta percebe o que seu
paciente sente, inferindo sua realidade psíquica. Portanto, o terapeuta utiliza a si
próprio como instrumento de compreensão. Assim, a
busca pelo terapeuta das
fontes de seus sentimentos contratransferenciais possibilita o manejo adequado e
efetivo da CT, promovendo o processo terapêutico. Este estudo possui limitações
que comprometem a generalização dos resultados, sendo imperioso destacar a
necessidade de pesquisas futuras através de estudos empíricos controlados para
ampliar o conhecimento nesta área de grande relevância na prática de psicanalistas
e psicoterapeutas.
Descritores: contratransferência (Psicologia), psicoterapia, mecanismos de defesa,
diagnóstico psiquiátrico, gênero.
9
ABSTRACT
Introduction: The concept of countertransference (CT) has undergone
considerable change since its initial description. CT was originally defined as an
obstacle to treatment that had to be overcome. This limited view has broadened in
the last 100 years, countertransference reactions are created jointly by analyst and
patient and may, when adequately used, be a valuable diagnostic and therapeutic
tool. The central role played by CT in clinical practice is currently undeniable, and is
now seen as corresponding to transference, following it side by side, sometimes
inducing it and, at other times, preceding it. According to the literature,
countertransference reactions have a role in therapy and may affect the outcome of
psychotherapeutic treatments. Therefore
, to empirically address what are the
relationships between therapist feelings and patient parameters can contribute to
amplify a set of crucial questions in contemporary clinical and theoretical
psychoanalysis and psychodynamic psychotherapy.
Method: This cross-sectional
study evaluated countertransference and its association with patient characteristics in
psychoanalytic psychotherapy. It enrolled 86 consecutive therapeutic dyads seen at
the Psychoanalytic Psychotherapy Outpatient Service in the Psychiatry Department
of Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, Brazil. Sociodemographic data,
multiaxial assessment and patients’ defensive styles were recorded. The
Countertransference Evaluation Scale (CTES), a self-report feeling checklist that
contains 23 words for feelings classified into tree dimensions, closeness, distance
and indifference, was used to measure CT at the beginning, middle and end of the
session. Results: Sex, income, marital status, axis IV disorders and GAF scores
were correlated with CT. The association between countertransference reactions and
10
patient characteristics may reflect the influence of the patient on the therapist's
subjective experience. In this study, no association between feelings induced in the
therapist and patient defense style, educational level and age was found. Moreover,
axis I, II and III diagnoses were not associated with CT. These results, in agreement
with other empirical studies, may suggest that the contribution of psychiatric
diagnoses and personality disorders to specific countertransference reactions is still
unclear. The results of this study showed that feelings of closeness were
predominant, and that they increased during the session. This finding may suggest a
decrease in the initial therapist anxiety, a change that may promote greater emotional
contact and an increase in the capacity to empathize. Namely, it is demonstrated
empirically that in each session the therapist lives a process of gradual approach with
the patient. Conclusion: There are common countertransference feelings associated
with some patient characteristics in psychoanalytic psychotherapy. CT is an
inevitable part of each analytical encounter. CT feelings make the therapists
understand what their patients feel and to infer their inner reality. Therapists,
therefore, may use their own feelings as a tool to understand the patient. The search
for the sources of therapist’s countertransference feelings makes possible the
appropriate and effective use of the CT, promoting the therapeutic process. This
study has limitations that compromise the generalization of the results, being
imperious to detach the necessity of future research through empirical controlled
studies to widen the knowledge in this area of paramount relevance in the practice of
psychoanalysts and the psychotherapists.
Keywords: countertransference (Psychology), psychotherapy, defense mechanisms,
psychiatry diagnosis, gender.
11
LISTA DE ABREVIATURAS
ANOVA Análise de Variância
CT Contratransferência
DSM Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
DSQ Defense Style Questionnaire
EACT Escala de Avaliação da Contratransferência
GAF Avaliação Global do Funcionamento
GPPG Grupo de Pesquisa e Pós Graduação
HCPA Hospital de Clínicas de Porto Alegre
RS Rio Grande do Sul
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características dos pacientes...................................................................56
Tabela 2 Sentimentos contratransferenciais.......................................................... 57
Tabela 3A
Contratransferência e características dos pacientes ...............................58
Tabela 3B
Contratransferência e características dos pacientes ...............................59
Tabela 4 Regressão Linear Múltipla: Contratransferência e variáveis p<0,20…....60
Table 1 Patient characteristics …...…………………………………………….……..77
Table 2 Countertransference feelings ……………………..………………………..78
Table 3A
Countertransference and patient characteristics …………………………79
Table 3B
Countertransference and patient characteristics …………………………80
Table 4 Multiple Linear Regression: Countertransference and Factors p<0,20...81
13
SUMÁRIO
RESUMO..............................................................................................................................7
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................14
1.1 Revisão da Literatura..................................................................................................15
1.1.1 Contratransferência: evolução do conceito ...............................................................15
1.1. 2 Contratransferência: visão contemporânea ..............................................................20
1.3 Contratransferência: influência de características do paciente .....................................27
2 REFERÊNCIAS..............................................................................................................31
3 OBJETIVOS ...................................................................................................................40
3.1 Objetivo Geral............................................................................................................ 40
3.2 Objetivos Específicos .................................................................................................40
4 ASPECTOS ÉTICOS.....................................................................................................41
5 ARTIGO ..........................................................................................................................42
5.1 Versão em Português ..................................................................................................42
5.2 Versão em Inglês ........................................................................................................ 63
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................84
ANEXOS ............................................................................................................................86
ANEXO 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Terapeuta................87
ANEXO 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Paciente...................88
ANEXO 3 - Escala para Avaliação da Contratransferência...................................89
ANEXO 4 - Defense Style Questionnaire (DSQ-40)...................................................90
ANEXO 5 - Protocolo de Pesquisa...............................................................................94
14
1 INTRODUÇÃO
O relacionamento analítico tem papel central no processo terapêutico,
constituindo um importante fator preditor de desfecho no tratamento
(WALLERSTEIN, 1998). O encontro analítico se estabelece através da
comunicação, tanto de forma consciente como por meio da experiência emocional,
um nível mais primitivo de interação (ZASLAVSKI; SANTOS, 2006). O material do
paciente não é externo ao analista, mobiliza uma experiência emocional própria do
terapeuta, permitindo a compreensão do que está sendo recriado na díade paciente-
terapeuta. (GREEN, 1975; EIZIRIK; AGUIAR; SCHESTATSKY, 2005). Deste modo,
a imagem do analista como uma tela em branco, buscando completa abstinência e
neutralidade, tornou-se um mito, pois a subjetividade do analista influencia
decisivamente no processo terapêutico. Conforme Cruz Roche (1991): “O
observador (analista) é agora um participante (p. 20).
Portanto, o estudo da contratransferência (CT) é fundamental na prática de
psicanalistas e psicoterapeutas. Através dos afetos contratransferenciais, o
terapeuta utiliza a si próprio como instrumento para inferir a realidade psíquica do
paciente. Investigar quais são as características do paciente que provocam reações
contratransferenciais comuns pode contribuir para a ampliação do entendimento e
do uso desta importante ferramenta no processo terapêutico. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a CT e sua associação com fatores específicos do paciente em
psicoterapia de orientação analítica.
15
1.1 Revisão da Literatura:
A revisão bibliográfica sobre este tema foi realizada nas seguintes bases de
dados bibliográficos: MEDLINE, LILACS, JOURLIT. O período pesquisado foi entre
1920 e 2009. As palavras chaves utilizadas foram: countertransference (psychology),
psychoanalitic therapy, psychodynamic psychotherapy, defense mechanisms,
psychiatric diagnosis, gender.
Além das bases de dados foram consultados livros, revistas o indexadas,
trabalhos apresentados em eventos científicos disponíveis em nosso meio e
indicações de colegas, que abordavam o tema.
1.1.1 Contratransferência: evolução do conceito
O conceito de CT sofreu considerável evolução desde sua formulação inicial
(ZIMERMAN, 2004). Originalmente, a CT foi definida como uma barreira ao
tratamento devendo ser superada (FREUD, 1970). Esta visão restrita se amplia, no
decorrer dos últimos 100 anos, considerando as reações contratransferenciais uma
criação conjunta entre analista e paciente, tornando-se, quando adequadamente
utilizado, um valioso instrumento diagnóstico e terapêutico (HEIMANN, 1950;
KERNBERG, 1965; RACKER, 1982; SANDLER, 1970; WINNICOTT, 1949;
GABBARD, 2006).
Freud introduziu o termo CT em “As perspectivas futuras da terapia
psicanalítica, 1910”. Neste artigo, define-a em função do analisando, apresenta
característica resistencial, devendo ser superada. Assim, a CT resulta da influência
do paciente sobre os sentimentos inconscientes do médico. O terapeuta vivencia o
16
paciente como alguém do seu passado, conceituando a CT como reações
inconscientes e defensivas do analista à transferência do paciente, ou seja, a
transferência do analista. Portanto, para Freud, a CT impedia o funcionamento
eficiente da mente do analista no processo terapêutico, apresentando, na visão
clássica, um significado negativo (SANDLER; DARE; HOLDER, 1977; EIZIRIK;
AGUIAR; SCHESTATSKY, 2005).
Freud enfatiza que: [...] cada psicanalista só chega até onde permitem seus
próprios complexos e resistências interiores” (1970, p.129). Além disso, acentua
para o perigo de o analista cair na “tentação de projetar para o exterior algumas
peculiaridades de sua própria personalidade” (1976, p.150). Deste modo, a
perspectiva freudiana ressalta a purificação psicanalítica, onde a CT origina-se de
conflitos neuróticos do terapeuta reativados pelo contato com o paciente, impedindo
o estabelecimento do método analítico e da associação livre. Por conseguinte,
considerava que as reações contratransferenciais não eram observações objetivas
do analisando, sendo um obstáculo ao tratamento. Por isso, Freud recomendou a
autoanálise e o tratamento psicanalítico, ao analista, propondo a superação de
deficiências psicológicas produzidas pelos conflitos inconscientes, visando dominar a
CT e promover a verdadeira psicanálise (THOMA; KACHELE, 1992; ZASLAVSKI;
SANTOS, 2006).
Este conceito, classificado por Kernberg (1965) como clássico, foi
gradativamente sendo ampliado, mesmo que de forma controversa, por autores
como Ferenczi, Balint, Sullivan, Deutsch e, até mesmo, Freud (MANFREDI, 1998).
Entretanto, durante quatro décadas, a CT manteve uma imagem negativa. Assim, a
primeira afirmação explícita do valor positivo da CT foi feita por Heimann (1950),
17
considerando toda resposta emocional do analista em relação ao paciente um
importante instrumento terapêutico. Afirma:
“[...] que o inconsciente do analista entende o inconsciente do
paciente - esse relacionamento no nível profundo chega à superfície
sob forma de sentimentos que o analista percebe em resposta a seu
paciente, em sua “contratransferência”. Esta é a via de acesso mais
dinâmica pela qual a voz do paciente atinge o analista. Na
comparação entre os próprios sentimentos provocados nele mesmo,
e as associações e o comportamento do paciente, o analista dispõe
do melhor meio de verificar se compreendeu, ou não, seu paciente”
(HEIMANN, 1950, p.82).
Portanto, Heimann definiu a CT como uma criação do paciente, sendo tarefa
do analista “Suportar os sentimentos que são despertados em si próprio, em
oposição à descarga dos mesmos, a fim de subordiná-los à tarefa analítica na qual
ele, o analista, funciona como reflexo em espelho para o paciente” (HEIMANN, 1950,
p.84).
Concomitantemente, Racker (1982) elabora de forma mais sistematizada uma
teoria da CT, considerando-a como importante ferramenta para compreensão das
relações de objeto do paciente e para formulação da interpretação. Descreve suas
características, salientando a presença de manifestações conscientes e
inconscientes. Este autor conceituou CT indireta como a transferência do analista
em relação à “totalidade” de objetos, que indiretamente são transferidos ao paciente.
E, ainda, a CT direta se refere às respostas do analista em relação ao paciente. A
última se divide em identificação concordante e complementar. A identificação
concordante baseia-se na introjeção e projeção, enquanto a identificação
complementar gera no analista identificação com os objetos transferenciais do
paciente (RACKER, 1982, 1957).
18
Assim, Kernberg (1965), ao lado de Heimann (1950), Racker (1982) e Money-
Kyrle (1956), definiram o conceito totalístico, opondo-se ao freudiano, considerando
a CT como a totalidade dos sentimentos e das fantasias do analista em relação ao
seu paciente, o enfoque total(MANFREDI, 1998, p. 111). Salientando, ainda, que
as reações emocionais do terapeuta ao paciente fazem parte inevitável do processo
terapêutico e podem servir ao clínico como fonte de informação sobre o inconsciente
do analisando.
Por ser considerada vaga ou demasiadamente ampla, a visão totalística foi
criticada por diversos autores (KERNBERG, 1989; MANFREDI, 1998; SANDLER,
1970, 1976; THOMA; KACHELE, 1992), resultando no conceito específico que
diferencia as respostas do analista ligadas a seus próprios conflitos daquelas
despertadas pelo paciente. Desta forma, Sandler (1977, p. 62) caracterizou a CT
[...] como um conjunto de respostas emocionais específicas despertadas no dico
pelas qualidades especificas de seu paciente”. Portanto, aspectos gerais da
personalidade e da estrutura psicológica interna do analista são excluídos, buscando
evitar obliterar o processo terapêutico. Logo, o analista, ao realizar o exame
criterioso das suas respostas emocionais, pode obter insight dos processos que
ocorrem no paciente.
Tansey e Burke (1989) sugeriram que o terapeuta deveria discriminar qual a
fonte de seus sentimentos: sua transferência em relação ao paciente e sua CT. A
primeira incluiria manifestações emocionais decorrentes da história pessoal do
terapeuta, não provocadas pelo paciente. Em contrapartida, a CT se manifestaria
identificando parte do self do paciente ou de suas fantasias como fonte da reação,
idéia ou comportamento do analista (EIZIRIK, 1993).
19
Langs (1974, p. 298), por exemplo, definiu a contratransferência como
“Aquelas respostas ao paciente que, determinadas por algum evento na terapia ou
na vida real do terapeuta, são primariamente baseadas em relações significativas do
passado do terapeuta, basicamente gratificam as necessidades do terapeuta. Esta
definição abrange o conceito de CT aguda e crônica. A primeira ocorre “em
situações específicas com pacientes específicos (REICH, 1951, p. 26). Neste caso,
pode-se considerar uma determinada CT que ocorre esporadicamente. Em
contrapartida, a CT crônica é comum para determinado terapeuta, manifestando-se,
quase de forma indiscriminada, com vários pacientes; podendo ser considerado um
traço contratransferencial (ROSENBERGER; HAYES, 2002).
Recentemente, Kiesler (2001) afirma que a CT sempre se refere à interação,
envolvendo contribuições tanto do paciente quanto do terapeuta. Ressalta a
subjetividade do analista sempre envolvida na maneira como o comportamento do
analisando é vivenciado por esse. Ainda a CT se refere às experiências
inconscientes, pré-conscientes e conscientes do terapeuta e sentimentos
despertados em relação aos seus pacientes. Assim como inclui atitudes verbais e
não-verbais do terapeuta observadas no setting terapêutico.
É importante salientar que a evolução teórica da CT está ancorada no
desenvolvimento de conceitos como identificação projetiva (KLEIN, 1975; BION,
1965, 1985; ROSENFELD, 1978, 1989; MELTZER, 1987, 1990), campo analítico
(BARANGER; BARANGER, 1969; BARANGER; BARANGER; MOM, 1983), role
responsiviness (SANDLER, 1976, 1981), enactment (MCLAUGHLIN, 1991,
JACOBS, 1986, 2001, 2002), teoria do relacionamento e construtivismo (MITCHELL,
1988; HIRSCH, 1994; TANSEY, 1994; HOFFMAN, 1991).
20
1.1. 2 Contratransferência: visão contemporânea
Nas últimas décadas, a CT tem sido de variadas formas conceituada, avaliada
e analisada (HAYES; GELSO, 2001; ORR, 1988; WOLSTEIN, 1988), sendo um dos
tópicos mais debatidos no campo da psicanálise e psicoterapia (EIZIRIK; AGUIAR;
SCHESTATSKY, 2005). Embora ainda existam controvérsias, observa-se uma
concordância quanto ao significado clínico da CT. Sendo assim, apesar de reações
contratransferenciais não examinadas, geralmente dificultarem o tratamento
(SINGER; LUBORSKY, 1977); existem dimensões da CT que podem auxiliar o
analista no processo terapêutico.
De acordo com Hayes (1995), para o terapeuta usar a CT a serviço do
processo terapêutico, deve tentar discernir o modo que o paciente aciona seus
conflitos o resolvidos, identificar suas reações subjacentes, analisar como estas
reações afetam o curso e o desfecho do tratamento e, então, manejar sua CT
efetivamente.
Deste modo, um dos principais desafios a respeito da CT parece ser a
inclusão ou não de todos os sentimentos do analista, ou seja, o que é resposta ao
paciente e o que é relacionado à neurose do terapeuta. Paciente e terapeuta são
pessoas distintas, possuem histórias próprias, momentos de vida particulares e
sentimentos transferenciais. Citando Green: “Assim como, a visão da realidade
externa do paciente é dependente da sua visão da realidade psíquica, então nosso
esboço da sua realidade psíquica é controlado por nossa visão da nossa própria
realidade psíquica (GREEN, 1975, p. 2).
21
Por conseguinte, o uso da CT como instrumento terapêutico tem sido
amplamente debatido. Por um lado, a CT pode levar o terapeuta a agir
defensivamente em consonância com seus próprios interesses, percebendo os
pacientes de forma distorcida e exibindo uma pobre avaliação clínica. Por outro lado,
o insight que pode ser derivado da CT pode aprofundar o entendimento da dinâmica
da relação e fornecer valiosa informação no curso do tratamento. (HAYES et al,
1998).
Recentemente, múltiplas teorias convergem para o entendimento da CT como
uma criação conjunta entre paciente e terapeuta. O paciente provoca certas
respostas no terapeuta, enquanto conflitos não-resolvidos no inconsciente do
analista determinam à forma final da CT. Acredita-se que o analisando induz o
analista a encenar um determinado papel que reflete o mundo interno do paciente,
abarcando também dimensões específicas da personalidade do terapeuta.
(GABBARD, 2001). Desta maneira, a CT pode constituir uma fonte crucial de
informação sobre o paciente (ABEND, 1989; GABBARD, 1995).
Para o uso clínico contemporâneo da CT deve-se atentar para o
desenvolvimento de conceitos correlatos. A identificação projetiva
1
por exemplo,
adquire um aspecto interpessoal, comunicativo. Na situação analítica, o paciente se
comporta de tal maneira que o terapeuta sente-se movido a representar um papel na
fantasia do paciente (BION, 1966, 1970; OGDEN, 1982). Posteriormente, Ogden
(1996) ressalta que ocorre uma criação dialética, onde paciente e terapeuta se
relacionam simultaneamente, de forma separada, mas também unidos num só,
1
M. Klein (1975) descreveu como uma fantasia onipotente, na qual o sujeito põe no objeto partes suas com as
quais fica identificado. Mecanismo utilizado para livrar a mente de angústias próprias (ou partes), evacuando-
as para fora e, às vezes, dentro de outro que se torna receptor deste processo. De acordo com Bion, o analista é
um “continente” vazio, em cujo interior o paciente deposita partes de si mesmo (BION, 1966) Adquire
característica de comunicar emoções: “Acredito que o paciente faça algo ao analista e que o analista faça
algo ao paciente” (BION, 1985).
22
formando o sujeito analítico ou terceiro-analítico intersubjetivo. Neste contexto, a
díade determina dimensões de transferência-contratransferência únicas e fazendo
parte da comunicação do paciente com analista, contribuindo para determinar o uso
da contratransferência como elemento essencial para compreensão da
transferência.
De acordo com autores kleinianos contemporâneos, a CT pode refletir a
tentativa de o paciente evocar sentimentos no terapeuta que o paciente não
consegue tolerar. Joseph (1989) observou que o paciente frequentemente induz o
terapeuta a agir da maneira que o paciente projetou. Se o analista responde de
modo atenuado, é possível perceber o que está sendo projetado e com isso acessar
o mundo interno do paciente, ajudando-o a entender o conteúdo através da
interpretação.
Porém o terapeuta corre o risco de confundir seus próprios sentimentos com
os do paciente, pois o paciente não é responsável por todos os sentimentos do
analista. Então, parte da tarefa do terapeuta é processar o que está aparecendo na
díade de tal forma que seus sentimentos são diferenciados daqueles do paciente. A
pressão interpessoal é aplicada por comportamentos específicos do paciente que
evocam respostas específicas no terapeuta (JOSEPH, 1989; SPILLLIUS, 1992).
É importante salientar que o processo de identificação projetiva requer um
“gancho” no recipiente de projeção para que possa fixar. Por isso, alguns terapeutas
“servirão” melhor do que outros às projeções do paciente. Portanto, o terapeuta deve
buscar aliviar a pressão de encenar a relação de objeto e recuperar a capacidade
reflexiva. Quanto mais o terapeuta, fazendo uso da sua CT, puder reconhecer a
discrepância entre realidade da situação analítica e a pressão que o mundo interno
do paciente faz para transformar o analista num objeto de transferência, mais o
23
analista poderá criar um espaço para examinar essa interação em colaboração com
o paciente (FELDMAN, 1997).
Outro conceito relacionado à CT é role responsiveness, definido por Sandler
(1976, 1981) como a interação de fantasias e de comportamento complementar ou
padrão específico de relação do paciente e de resposta do analista. Spillius (1992)
enfatizou que a visão de Sandler assemelha-se com a de Joseph sobre identificação
projetiva, onde o paciente inconscientemente induz sentimentos no analista,
pressionando-o a agir de acordo com o que projetou. Entretanto, Sandler (1993)
cautelosamente distingue role responsiviness do processo primário de identificação.
Ele descreve o último como sendo um espelho automático que reflete o processo de
empatia analítica. Ressaltou que a identificação projetiva deve ser uma reação
emocional despertada no analista como resultado da intenção inconsciente do
paciente de evocar tal reação no terapeuta. Desta forma, evita-se considerar
qualquer sentimento contratransferencial como sendo induzido somente pelo
paciente.
Ainda, analistas clássicos sugerem o uso do enactment ou encenação
contratransferencial de forma ampla, indicando dimensões da transferência-
contratransferência que operam fora do nível consciente do terapeuta, ou seja,
comunicações não-verbais como: mudanças na respiração, tensão muscular,
postura corporal. Cabe ressaltar que a encenação contratransferencial definiu-se
como “interações regressivas (defensivas) entre o par são experimentadas como
conseqüência do comportamento do outro” (MCLAUGHLIN, 1991, p. 595). Muito
desta perspectiva baseia-se em aspectos da CT no seu sentido restrito, onde
experiências do passado do analista são revividas na interação com o paciente
(JACOBS, 1986).
24
Todavia, Chused (1991) definiu enactment quando a tentativa de atualizar a
fantasia da transferência resulta numa reação contratransferencial. Igualmente,
Roughton (1993) observou semelhanças entre enactment e identificação projetiva,
entretanto, afirmou que o primeiro demanda transformar a experiência em
comportamento. atualização, em contrapartida, é vista envolvendo formas sutis
de manipulação, por parte do analisando, que induz o analista, frequentemente de
forma inconsciente, a assumir um papel específico; que silenciosamente gratifique o
desejo de transferência ou, ao contrário, defenda contra este desejo. Neste caso, o
enactment adquire efeito de atualização. Portanto, enactment, role responsiveness
de Sandler e identificação projetiva na perspectiva de Ogden assumem
características semelhantes.
Cabe enfatizar que, por serem primitivas, tais relações de objeto não são
expressas em palavras e, portanto, o comunicadas de forma não verbal e
comumente podem ser percebidas através da CT ou atuadas pelo analista. Ao
distinguir essas mensagens na CT, o analista pode identificar a natureza das
fantasias do paciente, suas defesas e sua história (JOSEPH, 1989).
Embora estudiosos da psicologia do ego evidenciem semelhanças entre
enactment e identificação projetiva na perspectiva de M. Klein, diferenças são
observadas. De acordo com o significado, enactment requer ação, enquanto a
identificação projetiva envolveria um sentimento contratransferencial que o é
levado à ação. Entretanto, considera-se esta possibilidade mais teórica, pois a
reação contratransferencial dificilmente é destituída de ação, se incluir, por exemplo,
mudança no tom de voz ou alteração de postura corporal (GABBARD, 2001).
Por fim, a duplicidade da relação terapêutica destaca-se na teoria do
relacionamento e do construtivismo. No processo terapêutico, duas subjetividades
25
estão presentes e se influenciam mutuamente. Por isso, o enactment deve ocorrer
nas duas direções. Terapeutas precisam continuamente se monitorar, avaliando de
que forma poderiam estar participando inconscientemente do cenário proposto pelo
paciente. Ainda o comportamento do analista influencia a transferência do paciente
ao analista. Deste modo, a transferência e a CT são criações conjuntas embasadas
na interação paciente-terapeuta. Estes processos estão inevitavelmente interligados.
De acordo com Gabbard (2001), o aspecto mais radical do pensamento
construtivista advoga que os domínios intrapsíquico e interpessoal não podem estar
separados um do outro na ade analítica (HOFFMAN, 1991). Não experiência
analítica sem o analista entrar no mundo relacional do paciente (MITCHELL, 1988).
Este modelo implica a participação e a vulnerabilidade do analista. Portanto,
teóricos do relacionamento e construtivistas como Mitchell (1988), Aron (1995),
Hirsch (1994) e Tansey (1994) salientam a inevitabilidade e o uso clínico da CT.
Citando Mitchell:
O paciente é visto como, pelo menos até certo ponto, embebido
dentro da matriz relacional do analisando. Não modo algum para
evitar os papéis e as configurações nomeadas dentro do mundo
relacional do analisando. A experiência do analista necessariamente
é moldada pela estrutura relacional do analisando; ele atua papéis
determinados mesmo que ele desesperadamente tente se colocar
fora do sistema do paciente e não representar papel algum.
(Mitchell, 1988, p. 292).
Jacobs (1999, 2001) enfatizou a experiência do analista através do enactment
como forma de expandir a compreensão da subjetividade no processo terapêutico.
Paulatinamente, a encenação contratransferencial foi sendo considerada inevitável,
além de ser considerada um agente potencial de mudança, na medida em que é
compreendida. O entendimento da CT, então, assim como qualquer outro aspecto
do funcionamento mental é complexo. Este autor sintetiza: “A contratransferência,
26
como a própria transferência, é uma criação composta de elementos que se
deslocam e se transformam em resposta ao processo de desenvolvimento e
mudança na psicologia do analista. (JACOBS, 1999, p. 575).
Ainda considera-se que o paciente tentará inevitavelmente transformar o
terapeuta em objeto de transferência. Portanto, a tarefa do analista é tentar sair do
enacment transferência-contratransferência ou do papel projetado imposto pelo
paciente e compreender, interpretativamente, o que está sendo recriado no setting
psicoterápico ou psicanalítico, visando produzir mudança psíquica. Ressalta–se que,
apesar da possibilidade do envolvimento espontâneo e emocional do clínico ser
considerado uma valiosa ferramenta de informação sobre o paciente, a postura ética
profissional se mantém necessária (GABBARD; LESTER, 1995).
Conforme Ogden (1997) a natureza do diálogo psicanalítico é singular e a
visão contemporânea da CT pressupõe entendê-la dentro de um processo de
interação paciente-terapeuta, incluindo a participação da subjetividade do terapeuta
e dos aspectos projetados do mundo interno do paciente. A ênfase atribuída a cada
um dos contribuintes pode variar de acordo com a teoria, mas consenso sobre o
que o paciente projeta dentro do analista e o que este traz à situação terapêutica
são igualmente relevantes para determinar a CT (WIENER, 2007; GABBARD, 2001).
Portanto, a autoanálise e a análise do terapeuta são imprescindíveis, assim como a
busca da influência do paciente nas reações do analista faz-se necessária no
processo terapêutico.
27
1.3 Contratransferência: influência de características do paciente
Atualmente, a centralidade da CT na prática clínica é incontestável, tornando-
se “correlato da transferência, caminhando ao seu lado, induzindo-a, às vezes e,
para alguns, precedendo-a (GREEN, 1983, p. 21). De acordo com a literatura,
reações contratransferenciais têm implicações no processo terapêutico e podem
influenciar no desfecho do tratamento psicoterápico (ROBBINS; JOLKOVSKI, 1987;
KIESLER, 1992; MOHR, 1995; HOLMQVIST, 2000). Conforme Schafer [...]
devemos instituir a análise da contratransferência ao lado da transferência e das
defesas como um dos três elementos principais que define a terapia como
psicanalítica.” (SCHAFER, 1992, p. 230).
A definição contemporânea da CT enfatiza a interação paciente-terapeuta na
criação das reações emocionais do terapeuta. Vários autores evidenciaram que o
paciente influencia nos sentimentos do terapeuta (HEIMANN, 1950; MONEY-
KYRLE, 1956; RACKER, 1982; WINNICOTT, 1949), na tentativa de comunicar o que
ainda não foi possível informar através de palavras ou atos. Portanto, é necessário
que o terapeuta identifique, de forma acurada, as fontes de seus sentimentos
contratransferenciais, manejando efetivamente a CT, a fim de auxiliar o paciente no
entendimento e resolução de seus conflitos.
Diferentes aspectos do paciente como, por exemplo, gênero (ARMELIUS;
HOLMQVIST, 2003), qualidade das relações de objeto (GREENBERG; MITCHELL,
1983; KERNBERG, 1989, 1984; MCDOUGALL, 1985), características de
comportamento (COLSON et al., 1986; CORNFIELD; FIELDING, 1980;
HARTOCOLLIS, 1972) e diagnóstico clínico despertam respostas emocionais
28
comuns no terapeuta (HOLMQVIST; BENGT-AKE, 1996). Além disso, quanto maior
a gravidade do transtorno psiquiátrico, mais provável que a reação
contratransferencial informe sobre o mundo interno do paciente. (KERNBERG,
1975).
Observa-se que pacientes com diagnósticos psiquiátricos específicos
influenciam a CT de forma sistemática e recorrente. Psicopatologias específicas têm
sido associadas com reações contratransferenciais comuns, podendo auxiliar o
terapeuta a confirmar sua impressão psicodinâmica a respeito do paciente
(HOLMQVIST, 1998; SCHWARTZ; WENDLING, 2003). Tem sido descrito que
pacientes com transtorno borderline, por exemplo, evocam sentimentos de paralisia
e rejeição no terapeuta (KERNBERG, 1995; MCHENRY, 1994). Ainda terapeutas
podem perceber sentimentos de exclusão e inutilidade ou idealização, quando estão
tratando pacientes narcisistas (KOHUT, 1977, 1988). Selzer et al (1989)
demonstraram que pacientes esquizofrênicos evocavam sentimentos de
desesperança e fadiga nos terapeutas.
Padrões contratransferenciais têm sido observados com vários tipos de
pacientes, usualmente contrastando com traços disfuncionais de personalidade,
estruturas de caráter dependente e geralmente estilos interpessoais manipuladores.
EIZIRIK et al (1991) verificaram que a CT tende a manter um padrão dominante
detectável a partir do primeiro contato do terapeuta com paciente borderline. De
acordo com a literatura, o tipo mais comum de pacientes que evocam emoções
negativas nos terapeutas são os pacientes com transtorno depressivo e transtorno
de personalidade borderline (MCWILLIAMS, 1994).
A CT percebida em relação a pacientes deprimidos varia desde afeição
benigna até fantasias de salvação onipotente, de frustração e irritabilidade. Em
29
muitas situações, sentimentos de desmoralização, incompetência, desesperança e
atitude de não estar sendo bom o suficiente constituem a CT. McIntyre e Schwartz
(1998) evidenciaram que há diferença significativa nas reações contratransferenciais
de acordo com o tipo de paciente. Pacientes com transtorno borderline evocaram
mais intensamente reações de hostilidade e dominância. Pacientes com transtorno
depressivo despertaram significativamente mais CT relacionada com submissão,
amabilidade e necessidade. Por se perceberem mais necessários com pacientes
depressivos, os terapeutas sentiram que o processo terapêutico tinha mais
benefícios e maior potencial de desfecho favorável.
Todavia, observam-se estudos empíricos com resultados controversos. De
acordo com o estudo realizado na clínica Menninger (COLSON et al, 1986a, 1986b)
as reações da equipe despertadas pelos pacientes com diferentes tipos de
patologias foram analisadas, mostrando que o diagnóstico o influenciou as
reações emocionais dos profissionais. Entretanto, o tipo de comportamento
caracterizado como violento/agressivo ou suicida/deprimido influenciou a CT. Outro
estudo similar realizado por Holmqvist e Bengt-Ake (1996) demonstrou que 15% da
variância dos sentimentos da equipe poderiam ser atribuídos a diferenças nos estilos
evocativos do paciente. Praticamente nenhuma variância foi encontrada, devido à
organização de personalidade do paciente e apenas uma leve variância devido ao
estado global de saúde mental do paciente, avaliado através da escala Health-
Sickness Rating Scale, que pontua de 1 a 100 de acordo com o nível global do
funcionamento mental do paciente.
Um estudo clássico realizado por Yulis e Kiesler (1968) analisou a CT do
terapeuta associada com três tipos de pacientes: paciente hostil, sedutor e
dependente. Apesar de se imaginar que haveria reações contratransferenciais
30
diferentes em relação ao tipo de paciente, observou-se que não houve diferença
entre as reações emocionais despertadas no terapeuta. Ainda outros estudos não
encontraram associação entre pacientes hostis ou sedutores com maior reação
contratransferencial que pacientes que não possuíam estas características (HAYES;
GELSO, 1991; PEABODY; GELSO, 1982; ROBBINS; JOLKOVSKI, 1987).
Igualmente, a associação entre contratransferência e aspectos da
sexualidade do paciente não foi observada. Pacientes homossexuais não
despertaram tipos específicos de CT ou diferença na intensidade das reações
emocionais, quando comparados com pacientes heterossexuais (GELSO et al, 1995;
HAYES; GELSO, 1993).
Embora, na literatura, não se hesite em afirmar a contribuição do paciente
induzindo certas reações emocionais no terapeuta e que estes sentimentos são
ferramentas valiosas no tratamento psicoterápico, existe uma carência de pesquisas
empíricas nesta área (ROSSBERG et al, 2008). Em número limitado, estudos
empíricos têm demonstrado reações contratransferenciais comuns associadas com
tipos específicos de pacientes (SCHWARTZ, 1999). Entretanto, os achados são
bastante divergentes. Sendo assim, avaliar quais o as características do paciente
que provocam reações contratransferenciais comuns nos terapeutas pode contribuir
para a ampliação do entendimento e do uso deste importante instrumento no
processo terapêutico.
31
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YULIS, S.; KIESLER, D.J. Countertransference response as a function of therapist
anxiety and content of patient talk. Journal of Consulting and Clinical Psychology,
v.32, p. 413–419, 1968.
ZASLAVSKI, J.; SANTOS, M.J.P. Contratransferência: teoria e prática. Porto Alegre:
Artmed, 2006. p. 335.
ZIMERMAN, D. E. Manual de técnica psicanalítica. Porto Alegre: Artmed, 2004. p.
471.
40
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Avaliar a associação entre características dos pacientes em
psicoterapia de orientação analítica e contratransferência de terapeutas
jovens no início do tratamento do Programa de Psicoterapia de Orientação
Analítica do Ambulatório de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, no período de fevereiro de 2006 a dezembro de 2007.
3.2 Objetivos Específicos
Avaliar a contratransferência percebida pelo terapeuta e sua evolução
ao longo de uma sessão de psicoterapia de orientação analítica no início do
tratamento.
Avaliar fatores específicos dos pacientes como gênero, idade, renda,
estado civil e diagnóstico psiquiátrico multiaxial segundo DSM -IV-TR.
Avaliar o estilo defensivo dos pacientes através da versão em
português do Defense Style Questionnaire (DSQ-40).
41
4 ASPECTOS ÉTICOS
Não houve influência do estudo em questão no tratamento dos pacientes. Os
dados foram inseridos no banco de dados sem a possibilidade de identificação
posterior do paciente e do terapeuta após a conclusão do estudo. Todos que
concordaram em participar do estudo assinaram, em separado, Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexos 1 e 2).
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre e aprovado sob o número (GPPG) 05-157.
42
5 ARTIGO
5.1 Versão em Português
Contratransferência e características do paciente
em psicoterapia de orientação analítica
2
Roberta Rossi Grudtner
Médica Psiquiatra. Mestranda em Psiquiatria pela UFRGS, Porto Alegre, RS.
Simone Hauck
Médica Psiquiatra. Mestre em Psiquiatria pela UFRGS. Doutoranda em Psiquiatria
pela UFRGS, Porto Alegre, RS. Psiquiatra contratada do Serviço de Psiquiatria do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Cláudio Laks Eizirik
Médico Psiquiatra. Doutor em Medicina, UFRGS, Porto Alegre, RS. Professor
adjunto, Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal, UFRGS, Porto Alegre, RS.
Analista didata, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, RS. Presidente
International Psychoanalitic Association (IPA). Hospital de Clínicas de Porto Alegre -
Serviço de Psiquiatria e Medicina Legal.
Considera-se, atualmente, a contratransferência inevitável e necessária no
processo terapêutico, sendo originada pela díade paciente-terapeuta. O
exame criterioso das reações contratransferenciais pode auxiliar na
compreensão do paciente, inferindo seu mundo interno.
Portanto, analisar
empiricamente as associações entre sentimentos do terapeuta e fatores do
paciente pode ampliar o conhecimento desta questão clínica e teórica
extremamente relevante na psicanálise e na psicoterapia psicodinâmica
contemporâneas. Este estudo avaliou a contratransferência e suas
2
Artigo submetido no The International Journal of Psychoanalysis
43
correlações com características do paciente em psicoterapia de orientação
analítica. Delineamento transversal com amostra consecutiva, composta por
86 pares terapêuticos do Ambulatório de Psicoterapia de Orientação Analítica
do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foram
coletadas informações sociodemográficas, avaliação multiaxial e estilo
defensivo dos pacientes. A Escala de Avaliação da Contratransferência
(EACT), questionário autoaplicável que lista 23 sentimentos distribuídos nas
dimensões de aproximação, afastamento e indiferença, foi usada para aferir a
CT no inicio, meio e final da sessão. Os terapeutas apresentaram um
predomínio de sentimentos de aproximação que se intensificou no decorrer da
sessão. Características dos pacientes como: gênero, renda, estado civil e
GAF, correlacionaram-se com reações contratransferenciais específicas. Eixo
I, II e III, assim como idade, estilo defensivo e escolaridade do paciente não
influenciaram na contratransferência. Os terapeutas demonstraram empatia e
maior capacidade de conectar-se afetivamente com seus pacientes.
sentimentos contratransferenciais comuns associados a determinadas
características dos pacientes em psicoterapia de orientação analítica
. Este
estudo possui limitações que comprometem a generalização dos resultados,
sendo imperioso destacar a necessidade pesquisas futuras através de
estudos empíricos controlados para ampliar o conhecimento nesta área de
grande relevância na prática de psicanalistas e psicoterapeutas.
Descritores: contratransferência (Psicologia), psicoterapia, mecanismos de
defesa, diagnóstico psiquiátrico, gênero.
44
I
NTRODUÇÃO
A conceituação da contratransferência é uma das mais complexas e
controvertidas entre distintas correntes psicanalíticas (Zimerman, 2004; Eizirik et al,
2005). A definição do termo abarca na literatura analítica um emaranhado e antigo
questionamento que permanece instigante na atualidade. O conceito de
contratransferência sofreu considerável evolução desde sua formulação inicial
(Abend, 1989). Originalmente, a CT foi conceituada como um obstáculo ao
tratamento devendo ser superado (Freud, 1910). Esta visão restrita se amplia, no
decorrer dos últimos 100 anos, considerando as reações contratransferenciais uma
criação conjunta entre analista e paciente; tornando-se, quando adequadamente
utilizado, um valioso instrumento diagnóstico e terapêutico (Heimann, 1950;
Kernberg, 1965; Racker, 1957; Sandler, 1970; Winnicott, 1949; Gabbard, 1995,
2001, 2006).
Embora, na literatura, não se hesite em afirmar a contribuição do paciente
induzindo certas reações emocionais no terapeuta e que estes sentimentos são
ferramentas valiosas no tratamento psicoterápico, existe uma carência de pesquisas
empíricas nesta área (ROSSBERG et al, 2008). Em número limitado, estudos
empíricos têm demonstrado reações contratransferenciais comuns associadas com
tipos específicos de pacientes (SCHWARTZ, 1999). Entretanto, os achados são
bastante divergentes. Sendo assim, avaliar quais o as características do paciente
que provocam reações contratransferenciais comuns nos terapeutas pode contribuir
para a ampliação do entendimento e do uso deste importante instrumento no
processo terapêutico.
O objetivo deste trabalho foi investigar a existência de associação entre
sentimentos contratransferenciais percebidos pelo terapeuta e características
45
sociodemográficas, estilo defensivo e avaliação diagnóstica multiaxial de pacientes
em psicoterapia de orientação analítica no início do tratamento.
M
ÉTODO
Amostra
Trata-se de um estudo de delineamento transversal com amostra consecutiva,
composta por 86 pares terapêuticos. Foram incluídos todos os pacientes que
receberam indicação de tratamento psicoterápico e ingressaram no Ambulatório de
Psicoterapia de Orientação Analítica do Serviço de Psiquiatria do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre (HCPA), no período que foi realizado o estudo. Os dados
foram coletados no início do tratamento.
O grupo de terapeutas foi composto por médicos do segundo e terceiro ano
da Residência em Psiquiatria do Serviço de Psiquiatria do HCPA e do Curso de
Especialização em Psiquiatria do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da
UFRGS/HCPA.
Os critérios de inclusão foram: idade superior a 18 anos e indicação de
psicoterapia de orientação analítica. Nesse estudo, utilizou-se 21 critérios de
indicação de psicoterapia de orientação analítica que foram derivados de ampla
revisão da literatura e discussão em grupos focais e painel de experts, estando
descritos, juntamente com análise fatorial e modelo teórico correspondente, em
estudo publicado previamente (Hauck et al, 2006). Os critérios de exclusão foram
relacionados à contra-indicação de psicoterapia de orientação analítica, tais como:
transtornos psicóticos, depressão grave com tentativa de suicídio, dependência
química, quadros fóbicos causadores de incapacitação crônica, personalidade
bordeline com actings fortemente agressivos ou autodestrutivos, síndrome cerebral
46
orgânica e deficiência mental, transtornos caracteriológicos graves, transtornos de
alimentação graves (Eizirik et al, 2005; Kaplan et al, 2007).
Instrumentos
O protocolo de coleta dos dados do paciente incluía: informações socio-
demográficas, diagnóstico psiquiátrico segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico
dos Transtornos Mentais (APA, 2002), variáveis psicodinâmicas relacionadas ao
processo de indicação de psicoterapia de orientação analítica e planejamento
terapêutico inicial. Os terapeutas receberam 30h de treinamento teórico-prático
sobre aplicação deste protocolo.
É importante salientar que os terapeutas utilizaram o DSM-IV-TR (APA, 2002)
para avaliação multiaxial, diagnosticando o paciente através da entrevista clínica, no
lugar de instrumento padronizado. Isto foi possível porque os terapeutas deste
estudo têm experiência com diagnóstico psiquiátrico em pacientes internados e
ambulatoriais, estão habituados a utilizar o DSM para esse fim, e o tempo de contato
com o paciente (em média quatro sessões), favoreceu a realização do diagnóstico
mais acurado. Ainda a classificação multiaxial envolve cinco eixos, cada qual relativo
a um diferente domínio de informações capaz de ajudar o clínico a planejar o
tratamento e predizer o resultado. O Eixo I corresponde a transtornos clínicos e
outras condições que podem ser foco de atenção clínica; Eixo II, Transtornos de
personalidade e retardo mental; Eixo III, condições médicas gerais; Eixo IV,
Problemas psicossociais e ambientais e Eixo V, avaliação global do funcionamento.
A descrição desse último é feita usando a Escala de Avaliação do Funcionamento
Global (GAF) dividida em 10 faixas de funcionamento. O clínico avalia o
funcionamento do paciente quanto à presença de sintomas, funcionamento social,
ocupacional ou escolar, relações interpessoais, comportamento, capacidade de
47
autocuidado, risco de agressão ou suicídio, pensamento e capacidade de
julgamento, entre outros. O escore resultante varia de 1 a 100. Por fim, todos os
diagnósticos foram revisados pelo pesquisador, a partir da análise do prontuário
hospitalar, ao término da pesquisa e discutidos com o médico assistente sempre que
necessário.
Defense Style Questionnaire (DSQ-40)
O DSQ-40, versão adaptada para o português Brasileiro, é uma escala
validada, autoaplicável tipo Likert (1-9), onde 1 indica “discordo totalmente” e 9
indica “concordo totalmente”. São quarenta perguntas relacionadas às defesas
descritas no DSM-III-R, que representam 20 mecanismos de defesa, agrupados nos
fatores maduro, neurótico e imaturo. Os escores das defesas individuais são
calculados pela média dos dois itens de cada mecanismo de defesa dado e escores
dos fatores o obtidos através da média dos escores das defesas que pertencem a
cada fator. Esta escala foi utilizada para avaliar o estilo defensivo dos pacientes,
sendo respondida pelo paciente a partir da sua percepção de como reage a
determinadas situações (derivados conscientes dos mecanismos de defesa) (Blaya
et al, 2004).
Escala de Avaliação da Contratransferência (EACT)
A escala para avaliação da contratransferência (Eizirik, 1997) foi desenvolvida
para identificar as respostas emocionais do terapeuta em relação ao paciente em
três momentos da sessão: no início, meio e final da sessão. É autoaplicável, tipo
Likert (0-3), onde 0 indica “nada” e 3 indica “muito”. São 23 sentimentos descritos,
sendo agrupados em três dimensões que representam sentimentos de aproximação,
afastamento ou indiferença (Eizirik, 1997). A escolha e a utilização deste instrumento
baseiam-se no fato de ser uma escala de fácil preenchimento, não requerer
48
treinamento e, ainda, por ter sido utilizado pelos terapeutas em outros estudos,
estando familiarizados com a mesma. Isto possibilitou a aferição de sentimentos
comuns percebidos pelo terapeuta durante a sessão de forma sistematizada.
Análise Estatística
Para medidas contínuas e dicotômicas foi realizado Teste T de Student, para
variáveis com três ou mais categorias foi utilizado análise de variância (Anova).
Para a medida de intensidade de associação entre duas variáveis contínuas
simétricas, foi usado o coeficiente de correlação de Pearson e Spearman, para
variáveis assimétricas. Para comparação entre médias nos mesmos indivíduos
utilizou-se ANOVA para medidas repetidas.
Os resultados foram analisados no programa Statistical Package for Social
Sciences (SPSS, versão 14), com nível de significância de 0,05.
Realizou-se regressão linear múltipla para controlar possíveis fatores
confundidores, tendo sido incluídas as variáveis cujos valores P foram menores que
0,20 nas análises bi-variadas.
Aspectos Éticos
Não houve influência do estudo em questão no tratamento dos pacientes. Os
dados foram inseridos no banco de dados sem a possibilidade de identificação
posterior do paciente e do terapeuta após a conclusão do estudo. Todos que
concordaram em participar do estudo assinaram, em separado, Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre e aprovado sob o número (GPPG) 05-157.
49
RESULTADOS
A tabela 1 mostra as características sociodemográficas e avaliação
diagnóstica multiaxial dos pacientes em estudo.
Analisando-se o DSQ-40, evidenciou-se que a média desvio padrão) do
estilo de defesa maduro foi de 4,48 (1,39); do estilo de defesa neurótico foi 4,64
(1,37) e do estilo de defesa imaturo foi 4,22 (1,14). As médias dos três estilos de
defesa não diferiram entre si (p=0.09). Portanto, não se observa, neste estudo,
associação entre os estilos defensivos e sentimentos despertados no terapeuta.
Em relação aos escores da EACT, evidenciou-se o predomínio de
sentimentos de aproximação sobre os de afastamento e indiferença. A intensidade
média desvio padrão) de aproximação foi 49,20 (14,46), afastamento 19,18
(13,68) e indiferença 6,62 (5,13). Para obter um escore comparável nas três
dimensões avaliadas, dividiu-se a intensidade média de cada um dos escores pelo
seu número de itens. Evidenciou-se diferença entre a intensidade de sentimentos de
aproximação e as intensidades de afastamento e indiferença (p<0,001). De acordo
com cada fase da sessão (início, meio e final), a tabela 2 apresenta os escores
parciais de intensidade dos sentimentos contratransferenciais. Observou-se
diferença significativa entre os escores parciais de intensidade de aproximação
comparados com os de afastamento e indiferença (p<0,001) em todos os momentos
da sessão.
Além disso, os escores parciais de sentimentos de aproximação aumentam
durante a sessão, sendo sua intensidade no início menor do que no meio (p<0,001)
e no final da sessão (p=0,001). Não se observa diferença entre os escores de
aproximação no meio e no final da sessão. Não se observa diferença entre os
50
escores parciais de afastamento e de indiferença ao longo da sessão, que
permanecem estáveis durante a sessão.
Evidenciou-se correlação significativa entre sentimentos de afastamento no
meio da sessão e presença de problemas psicossociais e ambientais (p=0,02). A
tabela 3A mostra que os sentimentos de aproximação correlacionaram-se
inversamente com a avaliação global de funcionamento (GAF) (r=-0,23; p=0,03),
incluindo também os escores parciais de aproximação no meio (r=-0,27; p=0,01) e
no final da sessão (r= -0,27; p=0,01). Quanto à avaliação diagnóstica multiaxial, não
se observa correlações entre a intensidade de sentimentos contratransferenciais e
diagnósticos dos eixos I, II e III (tabela 3B).
Avaliando-se os dados sociodemográficos, encontrou-se associação entre
sentimentos de afastamento e paciente do sexo masculino (p=0,034). Além disso,
evidenciou-se correlação direta entre sentimentos de indiferença e renda (r=0,20;
p=0,02). Não se observa associações de sentimentos contratransferenciais
específicos com idade e escolaridade do paciente.
Tabela 4 demonstra regressão linear múltipla para controlar possíveis
confundidores, evidenciando-se: associação inversa de sentimentos de aproximação
no meio da sessão com GAF (p=0,04); correlação inversa entre sentimentos de
aproximação no final da sessão e GAF (p=0,01); correlação entre sentimentos de
afastamento no início da sessão e estado civil (p=0,02); correlação de sentimentos
de afastamento no meio da sessão com presença de eixo IV (p=0,01); de
sentimentos de indiferença no início da sessão e sexo masculino (p=0,04) e
associação entre sentimentos de indiferença e renda do paciente (p=0,03).
51
DISCUSSÃO
Este estudo avaliou as respostas emocionais de terapeutas e as suas
associações com características específicas dos pacientes em psicoterapia de
orientação analítica. Observou-se que gênero, renda, estado civil, Eixo IV e GAF da
avaliação multiaxial correlacionaram-se com sentimentos contratransferenciais
específicos nos terapeutas.
Dados dos mecanismos de defesa sugerem que os pacientes avaliados são
bastante heterogêneos quanto ao estilo defensivo e, nesta amostra, não se observa
um estilo defensivo predominante. Isto pode dever-se ao fato de ser um ambulatório
geral de psicoterapia de orientação analítica, não focado em tratar clusters
determinados de pacientes, mas pacientes que por variados diagnósticos tenham
indicação e se beneficiem deste tipo de tratamento. Não se observou associação
entre o nível defensivo do paciente e contratransferência despertada no terapeuta, o
que poderia ser explicado pela heterogeneidade da amostra.
Neste estudo, não se observou correlação entre sentimentos despertados no
terapeuta e presença de diagnóstico nos eixos I, II e III da avaliação multiaxial. Na
literatura, estudos clínicos sugerem fortemente a relação entre diagnóstico e
contratransferência, especialmente no tratamento de pacientes com patologias
graves (Winnicott, 1949; Kernberg, 1965, 1995; McHenry, 1994). Entretanto, estudos
empíricos com pacientes portadores de diferentes diagnósticos mostram resultados
divergentes. Brody e Farber (1996) observaram através do uso de vinhetas clínicas
que pacientes com transtorno borderline de personalidade, com depressão e com
esquizofrenia geram respostas emocionais específicas no terapeuta. Franko e Rolfe
(1996) evidenciaram que pacientes com anorexia despertavam mais intensamente
sentimentos negativos no terapeuta que pacientes com bulimia. Betan et al (2005) e
52
Rossberg et al (2008) demonstraram que padrões contratransferenciais se
correlacionam sistematicamente com transtornos de personalidade. Em oposição a
estes achados, estudos sistemáticos evidenciaram que o diagnóstico por si não
influenciou as reações contratransferenciais despertadas no terapeuta (Allen et al,
1985; Colson et al, 1986a, 1986b). Whitney (1995) estudou a resposta emocional do
terapeuta em relação a pacientes com transtorno de personalidade borderline e
pacientes com depressão, não encontrando correlação significativa. Holmqvist e
Armelius (1996) observaram que o diagnóstico de transtorno mental, assim como o
de transtorno de personalidade não contribuiu para a variância dos sentimentos
contratransferenciais despertados no terapeuta. Em estudo prévio, Holmqvist (1998)
não encontrou associação significativa entre sentimentos despertados nos
profissionais e diagnósticos específicos. Portanto, é evidente que este tema
permanece controverso.
Em relação à contratransferência dos terapeutas, os resultados deste estudo
mostraram um predomínio de sentimentos de aproximação, evidenciando-se
aumento da intensidade desses sentimentos no decorrer da sessão. Isto pode ser
explicado pela possível diminuição da ansiedade inicial dos terapeutas e sua maior
capacidade de estabelecer um contato emocional e se identificar empaticamente
com o paciente no decorrer da sessão (Eizirik, 1997). Evidencia-se, assim,
que em
cada sessão se vive um processo se aproximação gradativa com o paciente,
inferindo-se empiricamente o que os terapeutas vivenciam no encontro analítico.
Os escores de intensidade de sentimentos de aproximação mostraram-se
mais altos em relação a pacientes com escores de GAF menores, sugerindo que um
nível global de funcionamento mais prejudicado gera nos terapeutas mais
intensamente este tipo de reação contratransferencial. Este achado encontra-se em
53
conformidade com outros estudos. Holmqvist e Armelius (1998) demonstraram que o
estado mental global do paciente está associado aos sentimentos do terapeuta,
sendo mais importante na determinação da reação contratransferencial do que o
diagnóstico do paciente. Igualmente, no estudo realizado na clínica Menninger,
encontrou-se que o nível de gravidade da patologia do paciente estava associado
com a contratransferência despertada no terapeuta (Colson et al, 1986a, 1986b).
Pacientes casados geraram mais sentimentos de afastamento no início da
sessão, podendo ser uma informação útil sobre problemas que o paciente está
enfrentando, possibilitando entendimento e auxiliando a inferir sobre o mundo
interno do paciente.
A presença de problemas psicossociais e ambientais (eixo IV) causaram
maiores escores de afastamento no meio da sessão. Isto sugere que além destes
serem potenciais fatores que afetam o diagnóstico do paciente, o tratamento e o
prognóstico segundo o DSM-IV-TR também causam ao longo da sessão uma reação
emocional negativa nos terapeutas. Uma das hipóteses é que tal fenômeno
pudesse corresponder a um movimento defensivo do terapeuta em relação a
questões da vida do paciente que ele não tem como mudar.
Observou-se que a intensidade de sentimentos de indiferença no inicio da
sessão está associada ao gênero do paciente e à sua renda. Sentimentos como
distanciamento, imobilidade e desinteresse o despertados no terapeuta,
correlacionados com estas duas variáveis. De acordo com os resultados deste
estudo, observa-se associação entre sentimentos de indiferença e paciente homem
no início da sessão. Esses resultados são similares aos de Eizirik (1997), que
investigou contratransferência em relação à amostra de idosos da região urbana de
Porto Alegre, evidenciando que as mulheres despertavam maior intensidade de
54
sentimentos de aproximação do que os homens. Além disso, houve correlação entre
sentimentos de indiferença e pacientes homens ao longo da entrevista. Entretanto,
Armelius e Holmqvist (2003) avaliaram a associação entre os sentimentos
despertados no profissional e gênero do paciente, demonstrando que as pacientes
femininas despertaram mais sentimentos negativos do que pacientes homens. Isto
poderia refletir uma diferença entre as amostras. Quanto à associação com a renda,
o estudo foi realizado num hospital escola, onde honorários não são cobrados,
sendo oferecido a pacientes que não têm condições financeiras de manter um
tratamento psicoterápico. Desta forma, é possível que os terapeutas sintam-se mais
mobilizados a ajudar os pacientes, que, de fato, possuem baixa renda; estando mais
identificados com a proposta da instituição. A maior intensidade de indiferença
observada em relação a pacientes com renda superior pode ser reflexo da ausência
de identificação, por parte do terapeuta, deste tipo de paciente com a necessidade
de utilizar este serviço gratuito.
É necessário assinalar que a avaliação da contratransferência ocorreu no
início do processo terapêutico. Além disso, terapeutas em formação podem ter mais
dificuldades para tolerar a contratransferência. Brody e Farber (1996) compararam a
reação emocional entre terapeutas experientes, estudantes de psicologia e internos,
observando que os terapeutas inexperientes tendem a atuar a contratransferência.
Ainda, quanto mais experientes, os terapeutas sentem-se mais confortáveis com
reações emocionais despertadas pelos pacientes, mesmo que negativas.
Cabe salientar que este estudo apresenta algumas limitações. O desenho
naturalístico deste estudo implica poucos critérios de exclusão e determina a
heterogeneidade da amostra. Além disso, seus resultados são baseados no
delineamento transversal. Portanto, questões sobre causalidade não podem ser
55
respondidas. Devido à seleção da amostra, não foi possível controlar variáveis que
poderiam influenciar os resultados. Por estas razões, a generalização fica
comprometida. Portanto, são necessários estudos controlados, buscando aprofundar
o conhecimento a respeito da associação de variáveis do paciente e respostas
emocionais despertadas no terapeuta e como estas podem influenciar no
diagnóstico e tratamento psicoterápico.
CONCLUSÃO
Os resultados do presente estudo indicam que os terapeutas, nesta amostra,
têm um predomínio de sentimentos de aproximação, sugerindo que são capazes de
conectar-se afetivamente e identificar-se com seus pacientes. Além disso, a
aproximação despertada nos terapeutas aumenta no decorrer da sessão, refletindo
um processo paulatino de contato emocional com seus pacientes.
Em relação a características dos pacientes, observou-se que gênero, renda,
estado civil, Eixo IV e GAF possuem efeito independente na determinação de
reações contratransferenciais específicas. O diagnóstico de eixo I, II e III, assim
como a idade, estilo defensivo do paciente e escolaridade não influenciaram na
contratransferência.
A busca pelo terapeuta das fontes de seus sentimentos contratransferenciais
possibilita o manejo adequado e efetivo da CT, promovendo o processo terapêutico.
Este estudo possui limitações que comprometem a generalização dos resultados,
sendo imperioso destacar a necessidade de estudos empíricos controlados para
ampliar o conhecimento nesta área de grande relevância na prática de psicanalistas
e psicoterapeutas.
56
Tabela 1. Características dos pacientes
Característica Média ± DP ou No. (%)
Idade, anos 38,53 ± 11,24
Escolaridade, anos 11,96 ± 3,18
Renda, salário mínimo nacional 3,25 ± 3,05
Sexo do paciente
Feminino 70 (81,4)
Masculino 16 (18,6)
Estado civil
Casado ou com companheiro 34 (39,5)
Solteiro ou sem companheiro 52 (60,5)
Filhos
Sim 57 (66,3)
Não 29 (33,7)
Mecanismos de defesa
Maduro
4,48 (1,39)
Neurótico 4,64 (1,376)
Imaturo 4,22 (1,14)
Eixo I
Sim 64 (74,6)
Não 21 (24,4)
Eixo II
Sim 19 (22,1)
Não 66 (76,7)
Eixo III
Sim 42 (48,8)
Não 43 (50,0)
Eixo IV
Sim 74 (86)
Não 11 (12,8)
GAF 62,09 ± 16,28
GAF, Avaliação do Funcionamento Global; DP, desvio padrão.
57
Tabela 2. Sentimentos contratransferenciais
Sentimentos
contratransferenciais
Média* ± DP P**
No geral < ,001
Aproximação 1,64 ± ,47
Afastamento ,63 ± ,45
Indiferença ,73 ± ,57
No início da sessão < ,001
Aproximação 1,53 ± ,51
Afastamento ,64 ± ,56
Indiferença ,75 ± ,66
Durante a sessão
< ,001
Aproximação 1,70 ± ,50
Afastamento ,6 ± ,47
Indiferença ,75 ± ,61
No final da sessão
< ,001
Aproximação 1,68 ± ,50
Afastamento ,61 ± ,46
Indiferença ,68 ± ,63
DP, desvio padrão.
*
Valor derivado da intensidade média de cada dimensão dividido pelo
número de itens que a compõe – vide texto.
** O valor de p é derivado da análise da Aproximação, Afastamento e
Indiferença dentro da sua categoria.
58
Tabela 3A. Contratransferência e características dos pacientes
Características dos pacientes
Renda
Idade
Escolaridade
GAF
Contratransferência r
s
p
r p
r p
r p
No geral
Aproximação -,04 ,70
-,07 ,46
-,03 ,77
-,23 ,03*
Afastamento ,15 ,14
,11 ,28
,01 ,90
-,16 ,15
Indiferença ,20 ,02*
,08 ,46
,05 ,64
-,11 ,32
No início da sessão
Aproximação -,03 ,73
-,15 ,14
-,04 ,72
-,09 ,40
Afastamento ,17 ,10
,10 ,31
-,06 ,54
-,15 ,16
Indiferença ,30 ,004*
,16 ,14
,003 ,97
-,14 ,19
Durante a sessão
Aproximação -,05 ,64
-,05 ,64
,00 ,99
-,27 ,01*
Afastamento ,14 ,17
,14 ,19
,04 ,69
-,14 ,20
Indiferença ,23 ,03*
,01 ,86
,07 ,49
-,09 ,43
No final da sessão
Aproximação -,04 ,67
-,14 ,90
-,04 ,66
-,27 ,01*
Afastamento ,12 ,27
,06 ,56
,07 ,50
-,13 ,24
Indiferença ,15 ,15
,02 ,78
,06 ,56
-,05 ,61
GAF, Avaliação do Funcionamento Global
* Estatisticamente significativo.
r = Coeficiente de Correlação de Pearson
rs = Coeficiente de Correlação de Spearman
59
Tabela 3B. Contratransferência e características dos pacientes
Características dos pacientes
Casado
Filhos Eixo I Eixo II Eixo III
Eixo IV
Contratransferência
p p p p p p
No geral
Aproximação ,79 ,31 ,19 ,83 ,95 ,09
Afastamento ,06 ,29 ,77 ,62 ,99 ,06
Indiferença ,45 ,01* ,17 ,11 ,79 ,17
No início da sessão
Aproximação ,32 ,31 ,41 ,47 ,84 ,06
Afastamento ,01* ,12 ,78 ,58 ,94 ,30
Indiferença ,11 ,01* ,19 ,52 ,58 ,76
Durante a sessão
Aproximação ,85 ,35 ,06 ,81 ,81 ,17
Afastamento ,19 ,67 ,68 ,62 ,98 ,02*
Indiferença ,85 ,04* ,11 ,06 ,98 ,05
No final da sessão
Aproximação ,94 ,37 ,32 ,72 ,53 ,12
Afastamento ,28 ,32 ,91 ,77 ,92 ,05
Indiferença ,59 ,07 ,43 ,06 ,90 ,12
* Estatisticamente significativo.
Teste utilizado – Teste t de Student
60
Tabela 4. Regressão Linear Múltipla:
Contratransferência e variáveis p<0,2
Contratransferência
Variáveis p<0,2 p<0,05
No geral
Aproximação Imaturo, I, IV, GAF
Indiferença Sexo, Idade, Renda,
Casado (a), IV, GAF
No início da sessão
Aproximação Idade, IV
Afastamento Sexo, Renda, Casado (a),
ter filho(s), GAF,
Casado
(a)
Indiferença Sexo, Idade, Renda,
Casado(a), ter filho(s),
Maduro, I, GAF,
Sexo,
Renda
Durante a sessão
Aproximação Neurótico, I, GAF GAF
Afastamento Sexo, Idade, Renda,
Casado (a), IV
IV
Indiferença Renda, Ter filho(s),
I, II, IV, Maduro
No final da sessão
Aproximação IV, GAF GAF
Afastamento Sexo, IV
Indiferença Renda, ter filho(s),
II, IV, Maduro
61
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63
5.2 Versão em Inglês
Therapist countertransference and patient characteristics in
psychoanalytic psychotherapy
*
Roberta Rossi Grudtner
3
Psychiatrist, Graduate student, Master’s Degree Program in Psychiatry, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brazil
Simone Hauck
Psychiatrist, Masters Degree in Psychiatry, UFRGS. Graduate student, Doctorate
Program in Psychiatry, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto
Alegre, Brazil. Psychiatrist at the Psychiatry Service of Hospital de Clínicas de Porto
Alegre.
Cláudio Laks Eizirik
Psychiatrist, PhD in Medicine, UFRGS, Porto Alegre, Brazil. Adjunct Professor,
Department of Psychiatry and Forensic Medicine, UFRGS, Porto Alegre, Brazil.
Training and Supervising Analyst, Porto Alegre Psychoanalyst Society, Porto Alegre,
Brazil. President of the International Psychoanalytic Association (IPA).
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Psychiatry and Forensic Medicine Service,
Porto Alegre, Brazil.
*
This manuscript has been successfully submitted online for publication in The International Journal of
Psychoanalysis.
3
Address correspondence to: Roberta Rossi Grudtner, Rua Anita Garibaldi, 1226 / 903.
CEP 90450-000, Porto Alegre, Brazil. Phone: 55 51 30241393. E-mail: rgrudtner@terra.com.br
64
Countertransference, currently seen as inevitable and necessary in the
psychotherapeutic setting, has its origin in the patient-therapist dyad. The
careful examination of countertransference may aid in understanding patients
by providing information about their inner world. Therefore, to empirically
address what are the relationships between therapist feelings and patient
parameters can contribute to amplify a set of crucial questions in
contemporary clinical and theoretical psychoanalysis and psychodynamic
psychotherapy. This study evaluated countertransference and its association
with patient characteristics in psychoanalytic psychotherapy. This cross-
sectional study enrolled 86 consecutive therapeutic dyads seen at the
Psychoanalytic Psychotherapy Outpatient Service of the Psychiatry
Department of Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, Brazil.
Sociodemographic data, multiaxial assessment and patient defense styles
were recorded. Countertransference feelings were assessed using the
Countertransference Evaluation Scale developed by Eizirik (1997), a self-
report checklist that contains 23 words for feelings combined into three
dimensions, closeness, distance and indifference, and used at the beginning,
middle and end of the session. Most therapists reported feelings of closeness,
which intensified during the session. Patient characteristics, such as sex,
income, marital status and GAF scores, were correlated with specific
countertransference reactions. Axis I, II and III disorders, as well as patient
defense style, did not affect countertransference. Therapists showed great
empathy and capacity to connect affectively with their patients. Common
countertransference reactions are associated with certain patient
characteristics in psychoanalytic psychotherapy. The search for the sources
of therapist’s countertransference feelings makes possible the appropriate and
effective use of the CT, promoting the therapeutic process. This study has
limitations that compromise the generalization of the results, being imperious
to detach the necessity of empirical controlled studies to widen the knowledge
in this area of paramount relevance in the practice of psychoanalysts and the
psychotherapists.
Keywords: countertransference (Psychology), psychotherapy, defense
mechanisms, psychiatry diagnosis, gender.
I
NTRODUCTION
The concept of countertransference (CT), one of the most complex and
controversial in psychoanalysis regardless of theoretical orientation (Zimerman,
2004; Eizirik et al, 2005), has undergone considerable change since it was first
described (Abend, 1989). CT was originally defined as a barrier to treatment, which
had to be overcome (Freud, 1910). This limited view has been expanded in the last
65
100 years. It is currently believed that countertransference reactions are created
jointly by analyst and patients and may, when adequately used, be a valuable
diagnostic and therapeutic tool (Heimann, 1950; Kernberg, 1965; Racker, 1957;
Sandler, 1970; Winnicott, 1949; Gabbard, 1995, 2001, 2006).
The clinical situation and the analytical encounter are currently seen and
studied as a relationship between two people that occurs regardless of their wishes
and that produces a mutual emotional impact. Countertransference enactments may
provide useful information about what is being recreated by the therapist-patient dyad
(Gabbard, 1995, 2001, 2006; Bowis, 2004; Eizirik et al, 2005).
Countertransference is an essential tool to understand the patient, and its
importance in psychotherapy is undeniable (Thoma and Kachele, 1992; Zaslavsky
and Santos, 2006). Specific psychopathologies have been found to be associated
with common countertransference enactments, and may aid the therapist in
confirming the psychodynamic impression about the patient. (Holmqvist, 1998;
Schwartz and Wendling, 2003). Different patient characteristics, such as sex, object
relation quality, behavioral traits and clinical diagnosis may trigger common emotional
responses in the therapist (Holmqvist and Bengt-Ake, 1996; Armelius and Holmqvist,
2003).
Several studies in the literature report that patients evoke certain emotional
reactions in the therapist, and that these feelings are valuable tools in the
psychotherapeutic treatment. However, empirical studies in this area are scarce
(Rossberg et al, 2008). Therefore, the evaluation of which patient characteristics
induce common countertransference reactions in therapists may contribute to greater
understanding and more adequate use of this important tool of the therapeutic
process. The purpose of this study was to investigate the association between the
66
type of countertransference induced in the therapist and specific patient factors, such
as sociodemographic characteristics, defense style, and multiaxial evaluation, in
psychoanalytic psychotherapy.
M
ETHOD
Sample
This cross-sectional study enrolled 86 consecutive therapeutic dyads. All
patients referred to psychotherapeutic treatment and seen in the Psychoanalytic
Psychotherapy Outpatient Department of the Psychiatry Service of Hospital de
Clínicas de Porto Alegre (HCPA) during the study interval were included in the
sample. The group of therapists was composed of second and third year residents in
Psychiatry at the Psychiatry Service of HCPA and of students of the Specialization
Course in Psychiatry offered by the Department of Psychiatry and Forensic Medicine
of HCPA and the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Data were
collected at the beginning of the treatment.
Inclusion criteria were age greater than 18 years and referral to psychoanalytic
psychotherapy. This study used 21 criteria of referral for psychoanalytic
psychotherapy developed from a broad review of the literature and from discussions
by focus groups and expert panels. These criteria were described, together with
corresponding factorial analysis and theoretical background, in a study published
elsewhere (Hauck et al, 2006). Exclusion criteria were contraindications for
psychoanalytic psychotherapy: psychotic disorders; severe depression with serious
suicide attempts; chronic alcoholism or drug addiction; phobic disorders that cause
chronic disability; borderline personality disorders with severely aggressive or self-
destructive enactments; organic brain syndromes or mental disability; severe
personality disorders; severe eating disorders (Eizirik et al, 2005; Kaplan et al, 2007).
67
Instruments
The following data were collected: sociodemographic data; psychiatric
diagnosis according to the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
(American Psychiatric Association, 2002); psychodynamic variables associated with
the process of referral to psychoanalytic psychotherapy; and initial therapeutic
planning. The therapists received 30 hours of theoretical and practical training for
data collection, and were supervised by psychotherapists with 15 to 40 years’
experience in psychoanalytic psychotherapy.
It is important to note that the therapists used DSM-IV-TR for the multiaxial
evaluation, and that patients were diagnosed using clinical interviews instead of
standardized instruments. This was possible because the therapists in this study had
experience in making psychiatric diagnoses of inpatients and outpatients, and were
familiar with the use of DSM-IV-TR for this purpose. Moreover, the duration of contact
(about four sessions) favored the definition of a more accurate diagnosis. Multiaxial
classification consists of five axes, one for each domain of information that may aid
the clinician to plan the treatment and to predict outcomes. Axis I corresponds to
clinical syndromes and other clinical disorders; axis II, personality disorders and
mental retardation; axis III, general physical conditions; axis IV, psychosocial and
environmental problems; and axis V, global assessment of functioning. Axis V is
evaluated using the Global Assessment of Functioning Scale (GAF) that classifies
functioning into ten levels. The clinician evaluates patient functioning based on, for
example, symptoms, social, occupational or school functioning, interpersonal
relationships, behavior, self-care, danger of aggression or suicide, judgment and
thinking. The resulting score may range from 1 to 100. All diagnoses were reviewed
68
by one of the authors according to a review of hospital charts at the end of the study,
and discussed with the attending physician whenever necessary.
Defense Style Questionnaire (DSQ-40)
The Brazilian Portuguese version of the DSQ-40 is a validated, self-report 10-
point Likert-type questionnaire (1-9), in which 1 indicates “strongly disagree” and 9,
“strongly agree”. There are forty questions about defenses described in DSM-III-R,
which represent 20 defense styles grouped as mature, neurotic and immature. The
scores of individual defenses are calculated as the means of two items of each
defense mechanism and the factor scores are obtained from mean score of the
defenses that belong to each factor. This scale was used to evaluate patient defense
styles, and was responded by patients according to their perception of how they react
to certain situations (conscious derivatives of defense mechanisms) (Blaya et al.,
2004).
Countertransference Evaluation Scale (CTES)
The countertransference evaluation scale, developed by Eizirik (1997), was
designed to identify emotional responses of the therapist to the patient at three time
points: at the beginning, in the middle and at the end of the session. It is a self-report
Likert-type scale (0-3), in which 0 indicates not at all”, and 3, "very much”. Twenty-
three feelings are described and grouped in three dimensions: closeness, distance or
indifference (Eizirik, 1997). This instrument was chosen because it is an easy
questionnaire to respond, does not require training, and had been used by the
therapists before. Therefore, the assessment of common feelings perceived by the
therapist during the sessions was systematized.
69
Statistical analysis
The student t test was used for dichotomous variables, and the analysis of
variance (ANOVA), for variables with three or more outcomes.
The Pearson and the Spearman correlation coefficients measured the intensity
of association between two normally distributed continuous variables.
Repeated measures ANOVA was used for the comparisons between means
for the same person.
Results were analyzed statistically using the Statistical Package for Social
Sciences (SPSS 14.0), and the level of significance was set at 0.05.
Multiple linear regression was performed to adjust for possible confounding
factors; all variables with p values lower than 0.20 in bivariate analysis were included
in multivariate analysis.
ETHICAL ISSUES
This study did not affect patient treatment. Data were collected in a database
with no possibility of later identification of patient or therapist after the completion of
the study. All those that accepted to participate in the study signed an informed
consent term separately. Patient, therapist or both were allowed to refuse to
participate or withdraw from the study at any time without any harm to treatment or
specialization training at HCPA.
This study was approved by the Research Committee and the Ethics in
Research Committee of HCPA under number GPPG 05-157.
70
RESULTS
Table 1 shows the sociodemographic characteristics and multiaxial evaluation
of the study patients.
The analysis of DSQ-40 scores revealed that mean standard deviation) of
mature defense styles was 4.48±1.39; of neurotic defense styles, 4.64±1.37; and
immature defense styles, 4.22±1.14. Mean scores for the three defense styles did not
differ from each other (p=0.09). Therefore, this study did not show any predominance
in the use of any defense style.
The analysis of the CTES scores revealed a predominance of closeness over
distance and indifference. Mean intensity (±SD) for closeness was 49.20 (±14.46), for
distance, 19.18 (±13.68), and for indifference, 6.62 (±5.13). To obtain a score
comparable in the three dimensions under analysis, mean intensity of each score
was divided by the number of items. Results showed a difference between the
intensity of closeness and the feelings of distance and indifference (p<0.001). Table
2 shows the partial intensity scores of the countertransference feelings according to
each time point in the session (beginning, middle, and end). There was a significant
difference between the partial scores of closeness intensity in comparison with
distance and indifference scores (p<0.001) at all time points in the session.
Moreover, partial scores of closeness increased during the session, and its
intensity was lower in the beginning than in the middle (p<0.001) and at the end of
the session (p<0.001). There was no difference between the closeness scores in the
middle and at the end of the session. No difference was found between partial
scores of distancing or indifference during the session, and results did not vary during
the session.
71
Table 3A shows that feelings of closeness were inversely correlated with GAF
score (r=-0.23; p=0.03), which included the partial closeness scores in the middle (r=-
0.27; p=0.01) and at the end of the session (r=-0.27; p=0.01). The multiaxial
diagnostic evaluation did not reveal any correlations between intensity of
countertransference feelings and axes I, II and III diagnoses (Table 3B). There was a
direct association between feelings of distance in the middle of the session and the
presence of psychosocial and environmental problems (p=0.02). The analysis of
demographic data revealed a direct association between therapist feelings of
distance and male sex (p=0.034). It also showed that there was a direct correlation
between feelings of indifference and income (r=0.20; p=0.02). There were no
associations of specific countertransference feelings with patient age or educational
level.
Table 4 shows multiple linear regression to control for possible confounding
factors showed: an inverse association of feelings of closeness in the middle of the
session with GAF (p=0.45); an inverse correlation between feelings of closeness at
the end of the session and GAF (p=0.01); a direct correlation between feelings of
distance in the beginning of the session and marital status (p=0.02); a direct
correlation of distance feelings in the middle of the session with axis IV disorder
(p=0.01); feelings of indifference in the beginning of the session and male sex
(p=0.04) and feelings of indifference and higher income (p=0.03).
DISCUSSION
This study evaluated the emotional responses of therapists and their
associations with specific characteristics of patients of psychoanalytic psychotherapy.
Sex, income, marital status, axis IV disorder and GAF score in the multiaxial
72
evaluation were correlated with specific countertransference feelings reported by
therapists.
Data about defense mechanisms suggested that the defense style of patients
were heterogeneous, and no defense style was predominant in this sample. This may
be assigned to the fact that the study was conducted in a general psychoanalytic
psychotherapy outpatient service, not specialized in the treatment of specific patient
clusters, but that sees patients with a variety of pathologies, who have an indication
for psychoanalytic psychotherapy and who might benefit from this type of treatment.
There was no association between patient defense level and the countertransference
reaction evoked in the therapist, which may be explained by sample heterogeneity.
No correlation was found between feelings induced in the therapists and axes
I, II or II diagnoses in the multiaxial evaluation. Clinical studies in the literature
suggest a strong association between diagnosis and countertransference, particularly
in the treatment of patients with severe pathologies (Winnicott, 1949; Kernberg, 1975,
1995; McHenry, 1994). However, empirical studies with patients with different
pathologies showed contradictory results. Brody and Farber (1996) used clinical
vignettes and found that patients with borderline personality disorders, depression
and schizophrenia induced generally specific emotional responses in the therapist.
Franko and Rolfe (1996) found evidence that patients with anorexia induced more
intense negative feelings in the therapist than patients with bulimia. Betan et al.
(2005) and Rossberg et al. (2008) found that countertransference patterns are
systematically correlated with personality disorders. Conversely, systematic studies
found that the diagnosis alone did not affect countertransference reactions (Allen et
al, 1986; Colson et al, 1986). Whitney (1995) studied the emotional response of
therapists to patients with borderline personality disorder and patients with
73
depression and did not find any significant correlations. Holmqvist and Armelius
(1996) noted that a diagnosis of mental disability, as well as of personality disorder,
did not contribute to variations in the therapist’s countertransference feelings. In
1998, Holmqvist did not find any significant association between the feelings evoked
in therapists and specific diagnoses. Therefore, this issue is still unsettled and open
to discussion.
In this study, the analysis of countertransference revealed a predominance of
feelings of closeness and an intensification of these feelings during the session. This
may be explained by a reduction in the initial therapist anxiety and a greater capacity
to establish an emotional connection and to empathize with the patient during the
session (Eizirik, 1997).
The scores that measured the intensity of closeness were higher for
patients with lower GAF scores, which suggested that a more severely impaired level
of global functioning might generate this type of countertransference reaction more
intensely in therapists. This finding is in agreement with other study reports.
Holmqvist and Armelius (1998) demonstrated that the global mental condition of the
patient is associated with the therapist’s feelings and is more important in
determining countertransference reactions than the patient's diagnosis. The study
conducted at the Menninger Clinic also found that the level of disease severity was
associated with the countertransference induced in the therapist (Colson et al.,
1986).
Married patients evoked significantly more feelings of distance in the
beginning of the session, which suggests that this could provide useful information
about problems that the patient is struggling with and may aid therapists in
understanding and inferring a patient’s inner reality.
74
Psychosocial and environmental problems (axis IV) led to higher
distance scores in the middle of the session, which suggests that these factors, in
addition to their potential effect on the patient’s diagnosis, treatment and prognosis
according to DSM-IV-TR, may also evoke a negative emotional reaction in the
therapist along the session. One of the possible explanations for that phenomenon is
that it may be a defense move by the therapist in face of the patient’s life issues,
which the therapist is unable to change.
The intensity of the indifference at the beginning of the session was
associated with patient sex and income. Feelings such as detachment, immobility
and lack of interest are induced in the therapists and are associated with these two
variables. The results of this study showed an association between indifference at the
beginning of the session and male sex. These findings are similar to those reported
by Eizirik (1997), who evaluated countertransference in a sample of elderly patients
in the metropolitan area of Porto Alegre and found that women induced more intense
feelings of closeness than men. In addition, feelings of indifference were correlated
with male sex during the interview. However, Armelius and Holmqvist (2003)
evaluated the association between feelings induced in the therapists and patient sex
and found that female patients evoked a larger number of negative feelings than
male patients. This may reflect a difference between study samples.
The analysis of the association with income should take into consideration that
this study was conducted in a university hospital, where fees are not charged and
services are offered to patients that cannot afford a psychotherapeutic treatment.
Therefore, therapists may feel more motivated to help patients that are actually low
income as they are more closely identified with the institution’s purposes. Indifference
75
may, therefore, be a reflection of the lack of therapist identification with the high-
income patients that need to use this no-fee service.
The evaluation of countertransference was conducted at the start of the
therapeutic process. In addition, therapists in training may face greater difficulties to
tolerate countertransference. Brody and Farber (1996) compared the emotional
reaction of experienced therapists, psychology students and interns, and found that
inexperienced therapists tend to enact countertransference. Moreover, the more
experienced the therapists, the more comfortable they feel with the emotional
reactions induced by patients, even when they are negative.
This study has some limitations. Its naturalistic study design resulted in few
exclusion criteria and in a heterogeneous sample. Moreover, results are based on a
cross-sectional analysis. Therefore, questions about causality cannot be addressed.
Some variables that may have affected the results could not be controlled because of
the type of sample selection. Therefore, generalizations are not warranted.
Controlled studies should be conducted to further investigate the association of
patient variables and emotional responses induced in the therapists and how these
responses may affect diagnosis and psychotherapeutic treatment.
CONCLUSION
According to the results of this study, feelings of closeness were more
predominantly induced in therapists, which suggests that therapists are capable of
establishing affective connections and identifications with their patients. Moreover,
therapists’ feelings of closeness increased during the session, which may reflect a
gradual process of emotional connection with their patients.
The analysis of patient characteristics revealed that sex, income, axis IV
diagnoses and GAF scores had an independent effect on the induction of specific
76
countertransference reactions. Axis I, II and III disorders, as well as patient age,
educational level and defense style scores, did not affect countertransference.
A therapist’s search for the sources of his or her emotional reactions should
promote the effective management of countertransference and may substantially
benefit rather than hinder the therapeutic process. The scarcity of empirical studies in
this area and the paramount relevance of these issues warrant further studies.
77
Table 1. Patient characteristics
Characteristic Mean ± SD or no. (%)
Age, years 38.53 ± 11.24
Education, years 11.96 ± 3.18
Income, national minimal wage 3.25 ± 3.05
Marital status
Married or cohabiting 34 (39.5)
Single and not cohabiting 52 (60.5)
Children
Yes 57 (66.3)
No 29 (33.7)
Defense Mechanisms
Mature
4,48 (1,39)
Neurotic 4,64 (1,376)
Immature 4,22 (1,14)
Axis I
Yes 64 (74.6)
No 21 (24.4)
Axis II
Yes 19 (22.1)
No 66 (76.7)
Axis III
Yes 42 (48.8)
No 43 (50.0)
Axis IV
Yes 74 (86)
No 11 (12.8)
GAF 62.09 ± 16.28
GAF: global assessment of functioning; SD: standard deviation
78
Table 2. Countertransference feelings
Countertransference
feelings
Mean* ± SD P**
Overall < .001
Closeness 1.64 ± .47
Distancing .63 ± .45
Indifference .73 ± .57
Beginning of session < .001
Closeness 1.53 ± .51
Distancing .64 ± .56
Indifference .75 ± .66
During session
< .001
Closeness 1.70 ± .50
Distancing .6 ± .47
Indifference .75 ± .61
End of session
< .001
Closeness 1.68 ± .50
Distancing .61 ± .46
Indifference .68 ± .63
SD: standard deviation
* Value calculated as mean intensity of each dimension divided by number
of items in corresponding dimension – see text.
** Value of p is calculated according to analysis of closeness, distancing
and indifference within each category.
79
Table 3A. Countertransference and patient characteristics
Patient characteristics
Income
Age
Education
GAF
Countertransference r
s
P
r P
r P
r P
Overall
Closeness -.04 .70
-.07 .46
-.03 .77
-.23 .03*
Distancing .15 .14
.11 .28
.01 .90
-.16 .15
Indifference .20 .02*
.08 .46
.05 .64
-.11 .32
Beginning of session
Closeness -.03 .73
-.15 .14
-.04 .72
-.09 .40
Distancing .17 .10
.10 .31
-.06 .54
-.15 .16
Indifference .30 .004*
.16 .14
.003 .97
-.14 .19
During session
Closeness -.05 .64
-.05 .64
.00 .99
-.27 .01*
Distancing .14 .17
.14 .19
.04 .69
-.14 .20
Indifference .23 .03*
.01 .86
.07 .49
-.09 .43
End of session
Closeness -.04 .67
-.14 .90
-.04 .66
-.27 .01*
Distancing .12 .27
.06 .56
.07 .50
-.13 .24
Indifference .15 .15
.02 .78
.06 .56
-.05 .61
GAF: global assessment of functioning
* Statistically significant.
r = Pearson correlation coefficient
rs = Spearman correlation coefficient
80
Table 3B. Countertransference and patient characteristics
Patient characteristics
Married Children Axis I
Axis II Axis III Axis IV
Countertransference p p p p p p
Overall
Closeness .79 .31 .19 .83 .95 .09
Distancing .06 .29 .77 .62 .99 .06
Indifference .45 .01* .17 .11 .79 .17
Beginning of session
Closeness .32 .31 .41 .47 .84 .06
Distancing .01* .12 .78 .58 .94 .30
Indifference .11 .01* .19 .52 .58 .76
During session
Closeness .85 .35 .06 .81 .81 .17
Distancing .19 .67 .68 .62 .98 .02*
Indifference .85 .04* .11 .06 .98 .05
End of session
Closeness .94 .37 .32 .72 .53 .12
Distancing .28 .32 .91 .77 .92 .05
Indifference .59 .07 .43 .06 .90 .12
* Statistically significant.
Student t test
81
Table 4. Multiple Linear Regression
Countertransference and factors p<0,2
Countertransference Factors p<0,2 p<0,05
Overall
Closeness Immature, I, IV, GAF
Distancing
Indifference Sex, Age, Income,
Married, IV, GAF
Beginning of session
Closeness Age, IV
Distancing Sex, Income, Married,
Children, GAF,
Married
Indifference Sex, Age, Income,
Married, Children, Mature, I,
GAF,
Sex,
Income
During session
Closeness Neurotic, I, GAF GAF
Distancing Sex, Age, Income,
Married, IV
IV
Indifference Income, Children ,
I, II, IV, Mature
End of session
Closeness IV, GAF GAF
Distancing Sex, IV
Indifference Income, Children
II, IV, Mature
82
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84
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo avaliou a CT dos terapeutas e as suas associações com
características dos pacientes em psicoterapia de orientação analítica. Observou-se
que gênero, renda, estado civil, Eixo IV e GAF da avaliação multiaxial
correlacionaram-se com sentimentos contratransferenciais específicos nos
terapeutas. A associação entre padrões contratransferenciais e estas características
dos pacientes pode refletir a influência do paciente na experiência subjetiva do
terapeuta.
Não se evidenciou, nesta amostra, associação da CT com idade, estilo
defensivo e escolaridade do paciente. Além disso, a presença de diagnóstico nos
eixos I, II e III da avaliação multiaxial não se associou com a reação
contratransferencial. Estes resultados, de acordo com outros estudos empíricos,
podem sugerir a contribuição questionável dos transtornos psiquiátricos clínicos e
dos transtornos de personalidade com sentimentos contratransferenciais específicos.
Em relação à avaliação da CT, os resultados deste estudo mostraram um
predomínio de sentimentos de aproximação, com aumento da intensidade desses
sentimentos no decorrer da sessão. Pode-se inferir, a partir desta observação, que
houve diminuição da ansiedade inicial dos terapeutas, possibilitando maior contato
emocional e ampliação da capacidade empática do terapeuta no decorrer da sessão.
As reações emocionais do terapeuta constituem parte inevitável de cada
encontro analítico. Através dos afetos contratransferenciais, o terapeuta percebe o
que seu paciente sente, inferindo sua realidade psíquica. Portanto, o terapeuta
utiliza a si próprio como instrumento de compreensão.
85
De acordo com Jacobs (1993), a experiência subjetiva do analista no setting
psicoterápico proporciona informações valiosas e complexas, e principalmente
amplia a comunicação do paciente, promovendo o processo analítico:
É verdade, claro, que todas nossas reações não são igualmente
úteis. Algumas são muito pessoais e idiossincráticas; e todos nós
temos dias quando, atrapalhados, cansados ou preocupados, nos
percebemos reagindo de forma que primariamente tem haver com
nossos próprios interesses. Mas também é verdade, quando nossos
ouvidos estão sintonizados e estamos ouvindo bem, lapsos de
memória e imaginação surgem fornecendo significado e geralmente
iluminando respostas à comunicação de nossos pacientes. Tais
experiências têm nos ensinado que nossa habilidade de entender
outra pessoa depende de nossa capacidade, não apenas de ouvir
aquele indivíduo, mas a nós mesmos também. E nós aprendemos
outra coisa: que entre as ferramentas de trabalho do analista, nada
é mais valioso que o uso efetivo de si mesmo. (JACOBS, 1993,
p.14).
86
ANEXOS
87
ANEXO 1 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Terapeuta
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Estamos realizando um trabalho de pesquisa na área da psicoterapia que tem
como finalidade avaliar a associação entre características do paciente e a
contratransferência despertada no terapeuta.
Para avaliar as características do paciente, estamos utilizando a ficha de
avaliação para psicoterapia de orientação analítica, a escala Defense Style
Questionnaire DSQ-40, versão adaptada para o português brasileiro, autoaplicável.
Para avaliar a contratransferência estamos usando a Escala de Avaliação da
Contratransferência a ser preenchida pelo terapeuta.
Convidamos-lhe a participar deste trabalho. Sua participação envolve a
concordância em preencher a ficha de avaliação e a referida escala. Esta visa
identificar as respostas emocionais do terapeuta em relação ao paciente, sendo
mensuradas em escores de maior e menor intensidade de aproximação, indiferença
ou afastamento.
A investigação terá caráter sigiloso, de forma que em momento algum será
revelado a público os nomes dos participantes ou quaisquer dados que possam
revelar a identidade ou dados do preenchimento individual do questionário. O
benefício deste trabalho está ligado ao desenvolvimento das pesquisas na área de
psicoterapia.
Em caso de qualquer dúvida a respeito do referido estudo, estaremos prontos
para esclarecê-las. O contato pode ser feito através da pesquisadora Roberta Rossi
Grüdtner, pelo fone 99997478 ou pelo e-mail:rgr[email protected]
.
Eu,......................................................................................................................,
concordo em participar do referido estudo através do preenchimento do questionário
acima especificado. Estou ciente de que a minha participação é voluntária e de que
posso cancelá-la a qualquer momento, se assim desejar. Também fui informado do
caráter confidencial dos dados e que a divulgação dos resultados será sem
identificação e unicamente para fins de pesquisa.
Porto Alegre,...... de .................................. de .......... .
Assinatura do terapeuta:..............................................................
Assinatura do pesquisador:..........................................................
Pesquisador responsável: Cláudio Laks Eizirik.
88
ANEXO 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Paciente
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Estamos realizando uma pesquisa com a finalidade de avaliar seu jeito de ser
e como você se sente em relação a algumas situações da sua vida. Vamos pedir
que você responda a um questionário sobre esses temas nesse momento. Também
será solicitado que seu terapeuta forneça alguns dados sobre o jeito que você é e
como você se sente para que possamos avaliar algumas características do
tratamento que você realiza nesse hospital. A sua identidade o será revelada em
trabalhos que utilizem as informações fornecidas e você poderá optar por se retirar
do estudo a qualquer momento sem que isso prejudique seu atendimento no
Hospital de Clínicas.
Eu _________________________________________________ fui informado
dos objetivos acima descritos e do porquê estão sendo utilizadas as escalas que vou
preencher de forma clara e detalhada. Sei que poderei solicitar novos
esclarecimentos e que, a qualquer momento do estudo, terei liberdade de retirar meu
consentimento de participar na pesquisa. O pesquisador (a)
________________________ certificou-me do caráter confidencial dos dados e de
que, a divulgação dos resultados será sem identificação e unicamente para fins de
pesquisa.
Porto Alegre, ___ de ____________ de _____.
Assinatura do paciente ___________________________________________
Assinatura do pesquisador ________________________________________
Contato com a pesquisadora: Roberta R. Grüdtner- 21018413
Pesquisador responsável: Cláudio L. Eizirik
89
ANEXO 3 - Escala para Avaliação da Contratransferência
Instruções: Avalie se, durante a realização da entrevista, percebeu em si algum(ns)
dos sentimentos abaixo descritos em relação ao(a) entrevistado(a). Faça um círculo
ao redor do número que melhor expressa o que sentiu.
* * ASSINALE OS SUBTOTAIS * *
no início durante no final
Curiosidade 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Interesse 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Simpatia 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Solidariedade 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Afeição 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Desejo de ajudar 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Alegria 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Tristeza 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Pena 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Atração 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
SUBTOTAIS -
Desconforto 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Desconfiança 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Tédio 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Rejeição 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Desesperança 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Reprovação 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Acusação 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Irritação 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Medo 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Hostilidade 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
SUBTOTAIS -
Desinteresse 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Distância 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Imobilidade 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
SUBTOTAIS -
(Este instrumento está sendo utilizado em um projeto de pesquisa de Cláudio Eizirik e colaboradores)
NADA ...............................................0
POUCO ............................................1
MODERADAMENTE .....................2
MUITO ............................................3
90
ANEXO 4 – Defense Style Questionnaire (DSQ-40)
DSQ-40
Nome: _________________________________________________
Idade:___________
Este questionário consiste de 40 afirmativas relacionadas a como você pensa e
funciona em sua vida. Não questão certa ou errada. Marque o grau em relação
ao qual você concorda ou discorda de cada afirmativa e assinale sua resposta, de 1
a 9. Por exemplo, um escore de 5 indicaria que você nem concorda e nem discorda
da afirmativa, um escore de 3 indicaria que você discorda moderadamente e um
escore de 9 que você concorda fortemente.
1. Eu fico satisfeito em ajudar os outros e, se eu não puder fazer isso, eu fico
deprimido.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
2. Eu consigo não me preocupar com um problema até que eu tenha tempo
para lidar com ele.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
3. Eu alivio a minha ansiedade fazendo coisas construtivas e criativas, como
pintura e marcenaria.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
4. Eu sou capaz de achar bons motivos para tudo que eu faço.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
5. Eu sou capaz de rir de mim mesmo com bastante facilidade.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
6. As pessoas tendem a me tratar mal.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
7. Se alguém me assalta e rouba o meu dinheiro, eu prefiro que essa pessoa
seja ajudada ao invés de punida.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
8. As pessoas dizem que eu costumo ignorar os fatos desagradáveis como se
eles não existissem.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
91
9. Eu costumo ignorar o perigo como se eu fosse o Super-homem.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
10. Eu me orgulho da minha capacidade de reduzir as pessoas aos seus
devidos lugares.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
11. Eu freqüentemente ajo impulsivamente quando alguma coisa está me
incomodando.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
12. Eu fico fisicamente doente quando as coisas não estão indo bem para mim.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
13. Eu sou uma pessoa muito inibida.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
14. Eu fico mais satisfeito com minhas fantasias do que com a minha vida real.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
15. Eu tenho qualidades especiais que me permitem levar a vida sem
problemas.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
16. Há sempre boas razões quando as coisas não dão certo para mim.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
17. Eu resolvo mais as coisas sonhando acordado do que na vida real.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
18. Eu não tenho medo de nada.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
19. Às vezes, eu acho que sou um anjo e, outras vezes, acho que sou um
demônio.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
20. Eu fico francamente agressivo quando sou magoado.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
21. Eu sempre acho que alguém que eu conheço é como um anjo da guarda.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
22. Tanto quanto eu sei, ou as pessoas são boas ou más.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
23. Se o meu chefe me repreendesse, eu poderia cometer um erro ou trabalhar
mais devagar só para me vingar dele.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
92
24. Eu conheço alguém que é capaz de ser justo e imparcial em qualquer coisa
que faça.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
25. Eu posso controlar os meus sentimentos se eles interferirem no que eu
estiver fazendo.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
26. Eu freqüentemente sou capaz de ver o lado engraçado de uma situação
apesar de ela ser desagradável.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
27. Eu sinto dor de cabeça quando tenho que fazer algo de que não gosto.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
28. Eu freqüentemente me vejo sendo muito simpático com pessoas com
quem, pelo certo, eu deveria estar muito irritado.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
29. Eu tenho certeza de que a vida é injusta comigo.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
30. Quando eu sei que vou ter que enfrentar uma situação difícil, eu tento
imaginar como isso será e planejo um jeito de lidar com a situação.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
31. Os médicos nunca realmente entendem o que há de errado comigo.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
32. Depois de lutar pelos meus direitos, eu tenho a tendência de me desculpar
por ter sido tão firme.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
33. Quando estou deprimido ou ansioso, comer faz com que eu me sinta
melhor.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
34. Freqüentemente me dizem que eu não mostro os meus sentimentos.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
35. Se eu puder saber com antecedência que vou ficar triste mais adiante, eu
poderei lidar melhor com a situação.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
36. Não importa o quanto eu reclame, eu nunca consigo uma resposta
satisfatória.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
37. Freqüentemente eu me dou conta de que eu não sinto nada em situações
que deveriam me despertar fortes emoções.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
93
38. Manter-me muito ocupado evita que eu me sinta deprimido ou ansioso.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
39. Se eu estivesse passando por uma crise, eu me aproximaria de pessoas
que tivessem o mesmo problema.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
40. Se eu tenho um pensamento agressivo, eu sinto a necessidade de fazer
algo para compensá-lo.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
94
ANEXO 5 – Protocolo de Pesquisa
Ficha de avaliação para Psicoterapia de Orientação Analítica
Nome:______________________________________DN:___/___/_________
Sexo: _______ Escolaridade ____ anos de estudo concluídos Data:
___/___/______
Telefone:____________Profissão:______________________
Prontuário:__________
Estado Civil: _________________ Renda aproximada: _______ salários mínimos
Religião: ______________________________ Praticante: ( ) Sim ( ) Não
Reside com: ________________________________________________________
Filhos (idades): ______________________________________________________
Motivo da procura: ____________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Tempo de atendimento no HCPA: __________________
Qual? ___________________________________________
C
C
r
r
i
i
t
t
é
é
r
r
i
i
o
o
s
s
d
d
e
e
i
i
n
n
d
d
i
i
c
c
a
a
ç
ç
ã
ã
o
o:
Sim
Não Observações
1 Busca espontânea
2 Disponibilidade de tempo
3 Atividade Profissional
4 Inteligência
5 Boa Adaptação Prévia
6 Teste de Realidade
7 Pessoa Significativa Quem?
8 Qualidade das relações de
objeto
9 Expectativas Realistas
10
Sofrimento Psíquico
11
Curiosidade Psíquica
12
Pensa Psicologicamente
13
Tolerância à Frustração
14
Difusão de Identidade
15
Conflitos com
Dependência
16
Descontrole de Impulsos
17
Assume
Responsabilidades
95
18
Fator Desencadeante
19
Conflito Focal Identificável
20
Motivação
21
Aliança Terapêutica
Foco:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________________________________________________
Sentimentos despertados durante a avaliação (contratransferência: por ex, raiva,
impotência, rechaço, desconfiança, angústia, medo, simpatia, tédio, atração, irritação
etc...):
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________________
Sentimentos transferenciais predominantes (por ex, raiva, impotência, rechaço,
desconfiança, angústia, medo, simpatia, tédio, atração, irritação etc...):
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
96
Defesas predominantes:
(Colocar as 7 mais observadas, numerando de 1 a 7 da mais freqüente para a
menos utilizada)
Projeção delirante Desvalorização
Negação psicótica Repressão
Distorção psicótica Isolamento do afeto
Retraimento apático Intelectualização
Queixa com rejeição de ajuda Formação reativa
Agressão passiva Dissociação
Atuação Deslocamento
Identificação projetiva Anulação
Fantasia autista Supressão
Racionalização Sublimação
Cisão da auto-
imagem ou da
imagem alheia
Humor
Projeção Auto-afirmação
Negação Antecipação
Onipotência Altruísmo
Idealização Afiliação
Hipótese Psicodinâmica Preliminar:
Diagnóstico:
EIXO I: _____________________________________________________________
EIXO II: ____________________________________________________________
EIXO III: ____________________________________________________________
EIXO IV: ____________________________________________________________
EIXO V: ________ (GAF)
Características da Psicoterapia:
1. Supervisão: ( ) Sim ( ) Não
97
2. Freqüência: ( ) 1x ( ) 2 x semana
Setting: mesma sala para as duas sessões? ( ) Sim ( ) Não
Intervalo entre elas ____ dias
3. Psicoterapia prévia: ( ) Não ( ) Sim (Onde, quando, duração, interrupções [razão],
tipo)___________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4. Tratamento psiquiátrico prévio: ( ) Não ( )Sim (Qual) _______________________
_____________________________________________________________________
5. Medicação: ( ) Não ( ) Sim (Quais) _________________________________
_____________________________________________________________________
6. Sexo do terapeuta: F ( ) M ( ) Idade: ___ anos
Terapeuta: ______________________________________________________________
Supervisor: ______________________________________________________________
(Dados Confidenciais: após a digitação dos dados, ao final do projeto, os dados de
identificação do paciente, terapeuta e supervisor serão destruídos).
Glossário:
Boa adaptação:
algum grau de satisfação na maioria das seguintes áreas: familiar,
profissional e amorosa.
Pessoa significativa:
estabeleceu algum nculo significativo com alguém além da
família nuclear.
Qualidade das relações de objeto
: relações de objeto internalizadas, que podem
ser repetidas na transferência, com algum grau de confiança, afeto e constância
objetal e sem ataques repetidos ao vínculo e/ou reações desesperadas mediante
“ameaça” de separações.
Sofrimento psíquico:
sentimento de mal-estar, desconforto, infelicidade, angústia,
insatisfação...
Curiosidade psíquica:
Interesse em estabelecer conexões entre o interno e o
externo e entre passado e futuro.
Pensar psicologicamente
: ter capacidade de estabelecer essas conexões.
Difusão de identidade:
não ter um conceito formado de self, o que freqüentemente
está acompanhado de uma dificuldade de definir as outras pessoas.
OBS: O glossário dos mecanismos de defesa e instruções de preenchimento
encontra-se no apêndice B do DSM-IV-TR (pág. 754-759). –
98
Catalogação-na-Publicação
G886e Grudtner, Roberta Rossi
Estudo da contratransferência e sua associação com características do
paciente em psicoterapia de orientação analítica / Roberta Rossi Grudtner. —
2009.
97 f.
Dissertação (mestrado) — Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas:
Psiquiatria, Porto Alegre, BR-RS, 2009.
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Laks Eizirik.
1. Contratransferência (Psicologia) 2. Psicoterapia 3. Mecanismos de
defesa I. Eizirik, Cláudio Laks II. Título
NLM WM 62
(Bibliotecária responsável: Lenise Di Domenico Colpo – CRB-10/1757)
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