RESUMO
Concentrações humanas e industriais em centros urbanos com grande influência regional,
como é o caso de Uberlândia-MG, produzem quase sempre pressões nos sistemas hídricos
locais e regionais, que trazem como conseqüência direta sua degradação, com amplos
desdobramentos ambientais, sobretudo, na diminuição da quantidade e qualidade da água,
bem como no dano causado às bacias hidrográficas, mormente em função do lançamento de
efluentes não tratados. Contudo, alternativas para minimizar os impactos causados,
especialmente na utilização da água, vêem sendo discutidas e implantadas, tendo em vista o
uso racional e o controle da demanda de água. Dentre essas alternativas, especificamente no
Brasil, o reúso planejado da água mostra-se uma solução plausível para mitigar os efeitos
sobre os sistemas hídricos. Atualmente, o gerenciamento dos recursos hídricos nas indústrias
encontra-se mais complexo devido à necessidade de mecanismos e atividades alternativas
para minimizar os impactos ambientais, à tentativa de adequar-se e compensar as obrigações
estabelecidas pelas leis brasileiras e ainda continuar crescendo frente a um mercado
competitivo e, em sua maioria, sem políticas ambientais. Nessa perspectiva de análise, essa
dissertação tem como objetivo analisar e avaliar a gestão do uso da água no Distrito Industrial
de Uberlândia-MG, por meio do estudo de caso da Souza Cruz S/A, que a mais de dois anos
adota, em sua gestão ambiental, o reúso da água, identificando as alternativas de minimização
dos impactos ambientais, especialmente no que tange aos recursos hídricos, por meio do
reúso. Os principais resultados mostram a falta de controle ambiental por parte da maioria das
indústrias. Os órgãos gestores municipais ainda encontram muitas dificuldades em se fazer
cumprir as obrigações legais, apesar de estarem por meio de programas como o PREMEND
do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) avançando na gestão ambiental
industrial. Os principais limites na implantação de medidas, como o reúso da água, esbarram
no fator custo-benefício e no descaso de muitas empresas em relação ao uso dos recursos
naturais, o que vem agravando a situação dos recursos hídricos da bacia hidrográfica em que o
referido distrito se encontra. Observou que o segmento industrial apresenta uma visão
ambiental dicotômica do DMAE, especificamente quanto ao uso industrial da água, o que faz
com que o cuidado com que água chegue às dependências industriais seja totalmente o
inverso quando retorna ao meio ambiente. Apesar das dificuldades na gestão hídrica no DI, a
Souza Cruz conseguiu por meio de seus processos mitigadores, a exemplo do reúso da água,
reduzir a demanda ofertada pela concessionária, além de reutilizar 100% dos seus efluentes,
não os lançando mais na rede pública, diminuindo assim, a sobrecarga na Estação de
Tratamento de Efluentes e melhorando a condição ambiental local. Entretanto, uma postura
ambiental equilibrada entre a necessidade, e o quanto utilizar de água, é uma opção
empresarial de poucas empresas no Distrito Industrial de Uberlândia. Há, portanto, a
necessidade de uma maior contribuição da sociedade para que a dinâmica ambiental criada
para atender as necessidades industriais e humanas possa ser guiada por processos e políticas
de preservação ambiental trazendo novas possibilidades na gestão hídrica local, seja por meio
de contribuições privadas positivas, como é o caso do reúso implantado pela Souza Cruz, seja
por orientações do administrativo municipal, que regulamenta o uso da água e estabelece
práticas conservacionistas. Na realidade, a problemática no uso correto da água, perpassa por
uma exploração abusiva e, ao mesmo tempo, por um retardamento nas tentativas de
adequação do quanto consumir e do quanto preservar em Uberlândia, MG.
Palavras-chave: Gestão de recursos hídricos; Distrito Industrial; Souza Cruz.