Introdução
5
dependência estrogênica justifica a maior incidência da endometriose no período
reprodutivo da mulher e nas nulíparas. A endometriose também pode estar presente
e acometer o intestino de mulheres após a menopausa (Henriksen, 1955; Lansac et
al, 1987; Badawy et al, 1988), existindo relatos de pacientes de até 76 anos
(Williams Jr, 1963).
Os implantes ectópicos de estroma e/ou glândulas endometriais são
observados principalmente nos ovários, tubas uterinas, recesso retrouterino,
ligamentos uterossacrais, peritônio pélvico, útero, cólon sigmoide, reto, íleo,
apêndice, bexiga, ureter, ceco, septo retovaginal e vagina (Williams, Pratt, 1977;
Lansac et al, 1987; Chapron et al, 2003a). Mais raramente se observam implantes
na vulva, umbigo, parede abdominal, regiões inguinais, cicatrizes cirúrgicas, omento
(Jimenez, Miles, 1960; Williams, Pratt, 1977; Lansac et al, 1987), diafragma,
pulmões, pleura (Lattes et al, 1956; Charles, 1957; Heneghan, Teixidor, 1979),
jejuno, estômago, pâncreas, divertículo de Meckel (Aronchick et al, 1983; Craninx et
al, 2000), rins, ureteres, linfonodos e espaço subaracnoideo (Javert, 1949; Lombardo
et al, 1968; Mizrahi et al, 2003).
A endometriose intestinal é a forma mais comum da doença extragenital e
acomete entre 3% e 37% das mulheres com endometriose, sendo a incidência maior
nas pacientes inférteis ou com dor pélvica crônica (Kratzer, Salvati, 1955; Macafee,
Greer, 1960; Williams, Pratt, 1977). Dos implantes intestinais, até 95% se encontram
no reto e no sigmoide (Williams, Pratt, 1977; Gordon et al, 1982; Markham et al,
1989; Canis et al, 1996; Roseau et al, 2000; Chapron et al, 2003a).
A maior frequência da endometriose no reto, sigmoide, apêndice, ceco e íleo
terminal pode ser explicada pela proximidade uterina (Meyers et al, 1979; Canis et
al, 1996; Bannura et al, 1998), pela mobilidade diminuída dessas estruturas (Meyers
et al, 1979; Canis et al, 1996) e pela tendência de drenagem do líquido peritoneal
para essas regiões (Meyers, 1973). O comprometimento do recesso retrouterino é
encontrado em 68% das pacientes e supera outros comprometimentos, como o
uterino (57%) e o ovariano (55%) (Williams, Pratt, 1977).