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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Leonardo Tagliari Rico
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA SOLDAGEM-
MONTAGEM EM AMBIENTE DE MANUFATURA ENXUTA
NO SETOR METAL-MECÂNICO UM ESTUDO DE CASO
FLORIANÓPOLIS
2009
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Leonardo Tagliari Rico
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA SOLDAGEM-
MONTAGEM EM AMBIENTE DE MANUFATURA ENXUTA
NO SETOR METAL-MECÂNICO UM ESTUDO DE CASO
FLORIANÓPOLIS
2009
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Engenharia Mecânica
da Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Engenharia Mecânica.
Sob orientação do Prof. João Carlos
Espíndola Ferreira, Phd
Área de concentração: Fabricação.
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Leonardo Tagliari Rico
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA SOLDAGEM-
MONTAGEM EM AMBIENTE DE MANUFATURA ENXUTA
NO SETOR METAL-MECÂNICO UM ESTUDO DE CASO
Aprovado em____de _____________de________.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. Fernando Antônio Forcellini
_______________________________________________
Prof. Drª. Vera Lucia D.V. Pereira
_______________________________________________
Prof. Abelardo A. de Queiroz, Ph.D
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Engenharia Mecânica da
Universidade Federal de Santa Catarina, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia Mecânica. Sob orientação
do Prof. João Carlos Espíndola Ferreira, Phd
Área de concentração: Fabricação.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família, meu pai João, minha mãe Rosa e
meu irmão Cassiano. Que são e sempre serão, o maior apoio que tenho.
Aos amigos e namorada por tornarem tudo mais fácil.
A família Maglia, por tornar tudo melhor em Floripa.
Ao meu orientador, professor João Carlos Espíndola Ferreira,
por sua excelente orientação. Seu conhecimento, técnica e dedicação
foram fundamentais para a conclusão deste trabalho.
À empresa Kuhn Brasil, por gerar a oportunidade de realizar
este trabalho e pelo apoio no desenvolvimento e implementação do
mesmo.
Aos amigos que moraram comigo em Florianópolis, Kleber e
Marcus.
E por fim e não menos importante, à UFSC e ao POSMEC, pela
oportunidade de cursar um mestrado numa universidade reconhecida por
seu alto nível em qualidade de ensino.
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RESUMO
A compreensão do mercado e as respostas sobre as
necessidades são parte fundamental do sucesso das organizações. Em
torno de uma compreensão lógica e pontual o trabalho desenvolvido
apresenta uma revisão bibliográfica sobre a manufatura enxuta citando a
história, nascimento, conceitos e as bases do sistema e suas ferramentas.
Uma vez classificada a estrutura da revisão serviu para uma ampla
análise práticas em sequenciar e estruturar o mapeamento de fluxo de
valor atual e futuro. E de posse da situação futura as soluções adotadas
converge para o desenvolvimento de uma divisão lógica de etapas para
estruturar a transformação rumo a manufatura enxuta. Nesta abordagem
os ganhos são consequência de uma interligação ampla de ferramentas
que provocam uma redução importante nos tempos totais de processo,
ou seja, o tempo de agregação de valor comparativamente ao tempo total
é equalizado. Não é intenção deste trabalho abordar a empresa como um
todo para propor soluções de âmbito geral, mas sim, propor e executar o
uso de ferramentas da manufatura enxuta, através do sistema puxado e
nivelado no setor de montagem das enxadas rotativas (EL),
compreendendo a linha de montagem e de solda. Este trabalho constitui
uma abordagem racional de técnicas de forma a servir aos propósitos
pré- estabelecidos na nacionalização desta linha de produto. Nestas
execuções práticas e pontuais as metas são específicas, sem, no entanto
perder o enfoque na necessidade de estruturar a empresa como um todo,
para que a importância da manufatura enxuta seja compreendida e, em
decorrência, implementada em diversos níveis e setores, para que a
empresa faça frente a novas estruturas do mercado.
Palavras-chave: manufatura enxuta, mapeamento do fluxo de valor,
produção puxada e nivelada e layout celular.
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ABSTRACT
The world market demands from the organizations more and
more integration of processes and swinging of stages so that the time
reduction turns the answers agile enough to assist the demands with
efficiency without burdening inventories excessively or inflating
personnel's or equipments’ structures. The developed work presents a
bibliographical revision on the lean manufacture mentioning the history,
birth, concepts and the bases of the system and its tools. Once classified
the structure of the revision, it was used for a wide practical analysis in
sequencing and structuring the current and future value steam mapping.
And with the possession of the future situation the adopted solutions
converges into the development of a specialist and unified cell of weld
and total flexible assembly in the attendance of the products’ gamma . In
this approach the profits are consequence of a wide interconnection of
tools that cause an important reduction in the total time process, that is,
the time of value aggregation in comparison with the total time is
equalized. It is not intention of this work to approach the Kuhn group in
a global form to propose solutions of general scope, but considering
and executing the use of tools of lean manufacture, through pull and
level production in the assembly sector of rotating hoes (EL),
comprising the weld and assembly line. This work constitutes a rational
boarding of techniques to serve predefined intentions in the
nationalization of this product line. In these practical and prompt
executions the goals are specific, without losing the approach in the
necessity of structuralizing the company as a totality, thus the
importance of the lean manufacture can be understood and, as a result,
can be implemented in several levels and sectors, in order to confront
the new market structures.
Key words: lean manufacture, value steam mapping, pull and level
production and cell layout.
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ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1.2.1- PRIMEIRA UNIDADE DA EMPRESAS .................................................. 18
FIGURA 1.2.2 - ORGANOGRAMA DE GRUPO BUCHER .............................................. 18
FIGURA 1.2.3 - ORGANOGRAMA DO GRUPO KUHN ................................................ 19
FIGURA 1.3.1- ENXADAS ROTATIVAS EL 53-190 ................................................... 20
FIGURA 1.3.2 - VARIAÇÕES ENTRE MODELOS ........................................................ 22
FIGURA 1.4.1 - DIVISÕES DE MERCADO (BUCHER ANNUAL REPORTE, 2008) .............. 23
FIGURA 1.6.1 - EXPORTAÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS NO BRASIL (ANFAVEA, 2004)
............................................................................................................ 26
FIGURA 2.2.1 - LINHA DO TEMPO DA PRODUÇÃO ................................................... 33
FIGURA 2.4.1 - BASES DA COMPREENSÃO LEAN ..................................................... 35
FIGURA 2.5.1 - EXCESSO DE PRODUÇÃO ............................................................... 36
FIGURA 2.5.2 - ESPERA ..................................................................................... 36
FIGURA 2.5.3 - EXCESSO DE MOVIMENTAÇÃO ....................................................... 37
FIGURA 2.5.4 - INVENTÁRIO .............................................................................. 38
FIGURA 2.5.5 - DEFEITOS .................................................................................. 38
FIGURA 2.5.6 - PROCESSOS DESNECESSÁRIOS ........................................................ 39
FIGURA 2.5.7 - MOVIMENTAÇÃO ....................................................................... 40
FIGURA 2.5.8 - LINHA DE AGREGAÇÃO DE VALOR ................................................... 41
FIGURA 2.6.1 ETAPAS DO MFV ....................................................................... 43
FIGURA 2.6.2- FLUXO DA IMPLEMENTAÇÃO .......................................................... 45
FIGURA 2.7.1- FLUXO EM LOTES ........................................................................ 47
FIGURA 2.7.2 - LOTES UNITÁRIOS E VARIÁVEIS ....................................................... 47
FIGURA 2.8.1 - AGRUPAMENTO DE ETAPAS EM UMA CÉLULA DE MANUFATURA. ........... 48
FIGURA 2.12.1 - KANBAN DE PRODUÇÃO ............................................................. 56
FIGURA 2.12.2 - A OPERAÇÃO DO SISTEMA KANBAN DE CARTÃO ÚNICOFONTE: (SLACK,
CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002). ....................................................... 58
FIGURA 2.12.3 - A OPERAÇÃO DO SISTEMA KANBAN DE DOIS CARTÕESFONTE: (SLACK,
CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002). ....................................................... 59
FIGURA 2.13.1 - COMPARAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO EM LOTES GRANDES E DA
PROGRAMAÇÃO NIVELADA FONTE: (SLACK, CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002).
............................................................................................................ 62
FIGURA 3.1.1 - LOOPS DO ESTADO FUTURO .......................................................... 64
FIGURA 3.1.2 - LOOP PUXAR ............................................................................. 65
FIGURA 3.1.3 - LOOP FLUXO .............................................................................. 65
FIGURA 3.1.4 - LOOP SIMPLICIDADE .................................................................... 66
FIGURA 3.1.5 - LOOP ESTABILIDADE .................................................................... 66
FIGURA 3.2.1 - ENTRADA E SAÍDA DOS PROCESSOS ................................................. 69
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FIGURA 3.2.2- FLUXO DE TRABALHO DOS KITS ....................................................... 71
FIGURA 3.2.3- KIT DE PEÇAS SOLDADAS................................................................ 71
FIGURA 3.2.4- FLUXO DE TRABALHO DAS ORDENS SINCRONIZADAS ............................ 72
FIGURA 3.2.5- PARAFUSADEIRA PNEUMÁTICA ....................................................... 73
FIGURA 3.2.6- PISTOLA DE RETRAÇÃO TÉRMICA ..................................................... 73
FIGURA 3.2.7 TORNO CNC ADQUIRIDO ............................................................. 73
FIGURA 3.2.8- FLUXO DE TRABALHO PALLETS INTERCAMBIÁVEIS ................................ 74
FIGURA 3.2.9 - MÁQUINA DE CORTE A LASER ........................................................ 74
FIGURA 3.2.10- DOBRADEIRA ............................................................................ 74
FIGURA 3.2.11 - TROCAS RÁPIDAS DE FERRAMENTAS .............................................. 75
FIGURA 3.2.12- PRENSA ................................................................................... 75
FIGURA 3.2.13 - EMPILHADEIRA ELÉTRICA ............................................................ 75
FIGURA 3.2.14 - FLUXOGRAMA ANTERIOR A INSTALAÇÃO DO NOVO SOFTWARE ........... 76
FIGURA 3.2.15 - FLUXOGRAMA DE ENTRADA DE PEDIDO ATUAL ................................ 76
FIGURA 3.2.16 - DECOMPOSIÇÃO DAS OPÇÕES DAS MÁQUINAS ................................ 77
FIGURA 3.2.17- TELA DE CONFIGURAÇÃO ............................................................. 78
FIGURA 3.2.18 - FICHA DE MONTAGEM ............................................................... 78
FIGURA 3.2.19 - MODELO DA ETIQUETA IMPRESSA VIA SISTEMA ............................... 79
FIGURA 3.2.20 - FLUXO DO KANBAN ................................................................... 79
FIGURA 3.2.21- LISTAS DE NECESSIDADES ............................................................. 81
FIGURA 3.2.22 - SEQUÊNCIA DE COLETA DOS ITENS VIA LISTA DE NECESSIDADES ........... 81
FIGURA 3.2.23- ORDEM SINCRONIZADA ............................................................... 82
FIGURA 3.2.24 - FLUXO DE LIBERAÇÕES ............................................................... 82
FIGURA 3.2.25 - MODELO DO CAMINHO RUMO À MELHORIA ................................... 83
FIGURA 3.2.26 - DIVISÃO DOS GRUPOS ................................................................ 84
FIGURA 3.2.27 - EXEMPLO DE TRABALHO REALIZADO: PULMÃO PARA NIVELAR A
MONTAGEM DOS ROTORES ......................................................................... 84
FIGURA 3.2.28 - CICLO DE MELHORIA ADOTADO PARA O PDCA ................................ 85
FIGURA 3.2.29- ORGANIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS NAS BANCADAS EXEMPLO DE
APLICAÇÃO DO MÉTODO 5S ....................................................................... 86
FIGURA 3.3.1- TABELA DE ENDEREÇO DOS LOCAIS .................................................. 88
FIGURA 3.3.2- SETORES DO CHÃO DE FÁBRICA ....................................................... 88
FIGURA 3.3.3- MAPA DAS COORDENADAS ............................................................ 89
FIGURA 3.3.4- IDENTIFICAÇÃO FÍSICA DOS LOCAIS .................................................. 89
FIGURA 3.3.5- TIPOS DE EMBALAGENS METÁLICAS ................................................. 90
FIGURA 3.3.6- CAIXAS PLÁSTICAS ........................................................................ 90
FIGURA 3.3.7- IDENTIFICAÇÃO FÍSICA DAS PRATELEIRAS ........................................... 90
FIGURA 3.3.8- ENDEREÇOS DE SEIS DÍGITOS NA FÁBRICA .......................................... 91
FIGURA 3.3.9- ORDEM DO ENDEREÇAMENTO NA FÁBRICA ....................................... 91
FIGURA 3.3.10- ENDEREÇOS DE SEIS DÍGITOS ALMOXARIFADO .................................. 92
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FIGURA 3.3.11- ORDEM DO ENDEREÇAMENTO ALMOXARIFADO ............................... 92
FIGURA 3.3.12 - QUADRO DE SEQUENCIAMENTO DA SOLDAGEM .............................. 93
FIGURA 3.3.13- PERFIL DE DESLOCAMENTO SEM SUPERMERCADO ............................. 95
FIGURA 3.3.14- PERFIL DE DESLOCAMENTO COM SUPERMERCADO ............................ 95
FIGURA 3.3.15- FOTO DO SUPERMERCADO DO SETOR............................................. 96
FIGURA 3.4.1- ESTRATÉGIA DE NIVELAMENTO DIA A DIA ........................................ 101
FIGURA 3.4.2- PERFIL DA MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS NO SETOR NO ESTADO ATUAL
.......................................................................................................... 105
FIGURA 3.4.3- PERFIL DE MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS NO ESTADO FUTURO .......... 105
FIGURA 3.4.4 - LAYOUT ATUAL ......................................................................... 106
FIGURA 3.4.5 - MAPA PARA LEVANTAMENTO DOS DESLOCAMENTOS ....................... 107
FIGURA 3.4.6 - CONTAGEM DO DESLOCAMENTO DE UM OPERADOR NO SETOR .......... 107
FIGURA 3.4.7- DINÂMICA DE ORGANIZAÇÃO DO LAYOUT ....................................... 108
FIGURA 3.4.8 - LAYOUT FUTURO ...................................................................... 109
FIGURA 3.4.9- O INÍCIO DA IMPLEMENTAÇÃO DO LAYOUT FUTURO .......................... 109
FIGURA 3.4.10- LAYOUT FUTURO EM IMPLEMENTAÇÃO ........................................ 109
FIGURA 3.4.11 - LAYOUT FUTURO IMPLEMENTADO .............................................. 110
FIGURA 3.4.12 - ETAPAS DE MONTAGEM AGRUPADAS PARA O BALANCEAMENTO ....... 111
FIGURA 3.4.13 - DIVISÃO DE ETAPAS ATRAVÉS DO SOFTWARE ................................ 112
FIGURA 3.4.14 - REDUÇÃO DOS TEMPOS DE PRODUÇÃO APÓS DIVISÃO DOS POSTOS DE
TRABALHO ............................................................................................ 113
FIGURA 3.4.15 - PERFIL DOS TEMPOS DE CICLO NA DISTRIBUIÇÃO DOS POSTOS DE
TRABALHO ............................................................................................ 114
FIGURA 3.4.16- POSTO 1 ............................................................................... 114
FIGURA 3.4.17 - POSTO 2 ............................................................................... 114
FIGURA 3.4.18 - POSTO 3 ............................................................................... 114
3.4.19 - SISTEMA GIRATÓRIO DE FLUXO CONTÍNUO .............................................. 115
FIGURA 3.4.20 - PERFIL DE ALIMENTAÇÃO ATUAL ................................................ 116
FIGURA 3.4.21 - PERFIL DE ALIMENTAÇÃO PROPOSTO NO ESTADO FUTURO ............... 116
FIGURA 3.4.22 - ALIMENTAÇÃO DE MATERIAIS E DIVISÃO DOS POSTOS DE MONTAGEM 117
FIGURA 3.4.23 - PRATELEIRAS DE ENTREGA DE ITENS DO ALMOXARIFADO NO POSTO DE
TRABALHO ............................................................................................ 117
FIGURA 3.4.24 - CARROS DE COLETA ................................................................. 118
FIGURA 3.4.25 - LISTAS DE PICKING (PRIMEIRO MODELO) ...................................... 118
FIGURA 3.5.1- VISTA EXPLODIDA DA MÁQUINA BASE PARA O POSTO DE TRABALHO 5850
.......................................................................................................... 121
FIGURA 3.5.2- VISTA EXPLODIDA DO CARTER PARA O POSTO DE TRABALHO 5851 ...... 121
FIGURA 3.5.3- VISTA EXPLODIDA DO ROTOR PARA O POSTO DE TRABALHO 5851 ....... 121
FIGURA 3.5.4- VISTA EXPLODIDA DO SUPORTE PARA O POSTO DE TRABALHO 5852 ..... 121
FIGURA 3.5.5- PLANO PARA CADA PEÇA (PPCP) - ETAPA DE ANÁLISE FÍSICA DOS ITENS 122
Página | 10
FIGURA 3.5.6- PLANO PARA CADA PEÇA (PPCP) - ANÁLISE FÍSICA DOS ITENS DE
ALMOXARIFADO ..................................................................................... 122
FIGURA 3.5.7 - CICLO DO KANBAN NA FÁBRICA.................................................... 124
FIGURA 3.5.8 - DETALHES DO PROCESSO DE REGISTRO DO PCP FÁBRICA ................ 125
FIGURA 3.5.9 - DETALHES CARTÃO KANBAN (ETIQUETA) ....................................... 125
FIGURA 3.5.10 - PÁGINA DE CADASTRO DOS KANBANS ......................................... 127
FIGURA 3.5.11 - FLUXO DE INFORMAÇÃO ALMOXARIFADO PARA OS SUPRIMENTOS ..... 129
FIGURA 3.5.12 - FLUXO DE INFORMAÇÕES (COMPRAS DIRETAS DO ALMOXARIFADO) ... 130
FIGURA 3.5.13 - ESQUEMA DO KANBAN DE ITENS ADQUIRIDOS ............................... 131
FIGURA 3.5.14 - FLUXO KANBAN ITENS FABRICADOS ............................................. 132
FIGURA 3.5.15 - COMPONENTES DO KANBAN ..................................................... 132
FIGURA 3.5.16 - MOVIMENTAÇÃO DOS CARTÕES ................................................. 134
FIGURA 3.5.17 - SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO DOS CARTÕES NO QUADRO ............... 134
FIGURA 3.5.18 - PEÇAS FUNDIÇÃO .................................................................... 135
FIGURA 3.5.19 - FLUXO DE ENVIO DE PEÇAS FUNDIDAS PARA PROCESSAMENTO EXTERNO
.......................................................................................................... 136
FIGURA 4.1.1 - MIL MÁQUINAS PRODUZIDAS ...................................................... 137
Página | 11
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 1.3.1 - DADOS TÉCNICOS REFERENTES ÀS ENXADAS ROTATIVAS ...................... 20
TABELA 1.3.2 - DEMANDA MENSAL ..................................................................... 21
TABELA 3.2.1- DETALHES DO PROJETO DE MELHORIA .............................................. 69
TABELA 3.2.2- PLANO DE AÇÃO .......................................................................... 85
TABELA 3.4.1 - DEFINIÇÃO DA PRODUÇÃO MENSAL JUNHO ...................................... 99
TABELA 3.4.2 - DEFINIÇÃO DA PRODUÇÃO SEMANAL .............................................. 99
TABELA 3.4.3 - PLANILHA DE NIVELAMENTO PARA JUNHO / 09 ............................... 101
TABELA 3.4.4 - TOMADA DE TEMPO PARA A MONTAGEM DA MÁQUINA .................... 103
TABELA 3.4.5 - TOMADA DE TEMPO PARA MONTAGEM DA MÁQUINA ...................... 103
TABELA 3.4.6 - TOMADA DE TEMPO PARA O TESTE ............................................... 104
TABELA 3.4.7 - TOMADA DE TEMPO PARA A EMBALAGEM ...................................... 104
TABELA 3.4.8 - TEMPOS POR POSTO DE TRABALHO ............................................... 112
TABELA 3.5.1-PARTE DO PLANO PARA CADA PEÇA ................................................ 123
TABELA 3.5.2 - ROTEIROS DE FABRICAÇÃO .......................................................... 123
TABELA 4.1.1- DADOS OPERACIONAIS ............................................................... 138
Página | 12
ÍNDICE DE EQUAÇÕES
EQUAÇÃO 3.4.1 - TEMPO TAKT ........................................................................ 102
EQUAÇÃO 3.4.2 - TEMPO TAKT 2 ...................................................................... 102
EQUAÇÃO 3.4.3 - NÚMERO DE OPERADORES ...................................................... 110
EQUAÇÃO 3.4.4 - TEMPO DE CICLO ................................................................... 111
EQUAÇÃO 3.5.1 - CÁLCULO KANBAN TIPO 4 ....................................................... 127
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------- 17
1.1. VISÃO GERAL DO CONTEXTO E DO TEMA -------------------------- 17
1.2. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA ----------------------------------------- 17
1.2.1. HISTÓRICO ------------------------------------------------------------------ 17
1.2.2. DIVISÕES DO GRUPO ------------------------------------------------------- 18
1.3. IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO ----------------------------------------------- 19
1.3.1. DADOS DO PRODUTO ESCOLHIDO ----------------------------------------- 19
1.3.2. GAMA DE PRODUTOS ------------------------------------------------------ 21
1.4. IDENTIFICAÇÃO DO MERCADO ---------------------------------------- 22
1.4.1. ANALISE DO NEGÓCIO ------------------------------------------------------ 22
1.4.2. MISSÃO E VISÃO ------------------------------------------------------------ 23
1.4.3. FORMULAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DE PESQUISA ------------------------- 24
1.5. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO ---------------------------------------- 25
1.6. JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO -------------- 26
1.7. OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------ 27
1.7.1. OBJETIVO GERAL ------------------------------------------------------------ 27
1.7.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ---------------------------------------------------- 28
1.8. ESTRUTURA DO TRABALHO -------------------------------------------- 28
1.9. METODOLOGIA DA PESQUISA ----------------------------------------------- 29
2. PENSAMENTO LEAN (MANUFATURA ENXUTA) --------------------- 30
2.1. HISTÓRIA ---------------------------------------------------------------------- 30
2.2. O NASCIMENTO --------------------------------------------------------------- 32
2.3. O CONCEITO ------------------------------------------------------------------ 34
2.4. AS BASES DO SISTEMA LEAN ------------------------------------------------- 34
2.5. OS SETE DESPERDÍCIOS NA MANUFATURA ENXUTA ------------------------ 35
2.5.1. SUPERPRODUÇÃO ---------------------------------------------------------- 35
2.5.2. TEMPO DE ESPERA --------------------------------------------------------- 36
2.5.3. TRANSPORTE ---------------------------------------------------------------- 37
2.5.4. ESTOQUE -------------------------------------------------------------------- 37
2.5.5. PRODUTOS DEFEITUOSOS -------------------------------------------------- 38
Página | 14
2.5.6. PROCESSAMENTO DESNECESSÁRIO ---------------------------------------- 39
2.5.7. MOVIMENTAÇÃO ----------------------------------------------------------- 39
2.5.8. VALOR ----------------------------------------------------------------------- 40
2.6. FLUXO DE VALOR -------------------------------------------------------------- 41
2.7. FLUXO CONTÍNUO ------------------------------------------------------------ 46
2.8. TECNOLOGIA DE GRUPO ------------------------------------------------------ 47
2.9. LAYOUT ------------------------------------------------------------------------ 48
2.9.1. PRINCÍPIO DA INTEGRAÇÃO ------------------------------------------------ 48
2.9.2. PRINCÍPIO DA MÍNIMA DISTÂNCIA ----------------------------------------- 48
2.9.3. PRINCÍPIO DE OBEDIÊNCIA AO FLUXO DAS OPERAÇÕES ------------------- 49
2.9.4. PRINCÍPIO DO USO DAS 3 DIMENSÕES ------------------------------------- 49
2.9.5. PRINCÍPIO DA SATISFAÇÃO E SEGURANÇA --------------------------------- 49
2.9.6. PRINCÍPIO DA FLEXIBILIDADE ----------------------------------------------- 49
2.10. JUST-IN-TIME ---------------------------------------------------------------- 49
2.11. JIDOKA OU AUTONOMAÇÃO ----------------------------------------------- 51
2.12. KANBAN --------------------------------------------------------------------- 52
2.12.1. O SISTEMA KANBAN ------------------------------------------------------ 52
2.12.2. KANBAN E O SUPERMERCADO -------------------------------------------- 53
2.12.3. CARACTERÍSTICAS DO KANBAN ------------------------------------------- 54
2.12.4. TIPOS DE KANBAN --------------------------------------------------------- 55
2.12.5. TIPOS DE KANBAN DE PRODUÇÃO --------------------------------------- 56
2.12.6. SELEÇÃO DE ITENS PARA O KANBAN ------------------------------------- 59
2.12.7. DIMENSIONAMENTO DO KANBAN --------------------------------------- 60
2.13. NIVELAMENTO -------------------------------------------------------------- 61
3. IMPLEMENTAÇÃO DO ESTADO FUTURO ------------------------------ 64
3.1. VISÃO DO FUTURO ------------------------------------------------------------ 64
3.2. LOOP ESTABILIDADE ---------------------------------------------------------- 67
3.2.1. TREINAMENTOS DE SENSIBILIZAÇÃO À FILOSOFIA LEAN ------------------- 67
3.2.2. CRIAÇÃO DE TIMES DE MELHORIA ------------------------------------------ 68
3.2.3. SEQUENCIADORES ---------------------------------------------------------- 70
3.2.4. AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS -------------------------------------------- 72
3.2.5. NOVO SOFTWARE ERP ----------------------------------------------------- 76
3.2.6. CONFIGURADOR DE MÁQUINAS -------------------------------------------- 77
3.2.7. KANBANS VIA SISTEMA ----------------------------------------------------- 78
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3.2.8. LISTA DE NECESSIDADES - PICKING LIST ----------------------------------- 79
3.2.9. ORDENS SINCRONIZADAS -------------------------------------------------- 81
3.2.10. MELHORIA CONTÍNUA ---------------------------------------------------- 83
3.2.11. SEMANAS KAIZEN --------------------------------------------------------- 83
3.2.12. SISTEMA DE TRABALHO ADOTADO (CICLO PDCA) ---------------------- 85
3.2.13. METAS DE ORGANIZAÇÃO (5S) ------------------------------------------ 85
3.3. LOOP SIMPLICIDADE ----------------------------------------------------- 86
3.3.1. GESTÃO VISUAL ------------------------------------------------------------- 86
3.3.2. IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS ------------------------------------------------ 87
3.3.3. IDENTIFICAÇÃO GERAL DOS LOCAIS ---------------------------------------- 87
3.3.4. IDENTIFICAÇÃO DAS PRATELEIRAS ----------------------------------------- 89
3.3.5. IDENTIFICAÇÃO DAS PEÇAS ------------------------------------------------- 90
3.3.6. IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE REFUGO DE PEÇAS ------------------------ 92
3.3.7. QUADRO DE INFORMAÇÃO ------------------------------------------------ 93
3.3.8. SUPERMERCADOS ---------------------------------------------------------- 94
3.4. LOOP FLUXO ----------------------------------------------------------------- 96
3.4.1. FLUXO CONTÍNUO ---------------------------------------------------------- 97
3.4.2. ESCOLHA DO PRODUTO E ORGANIZAÇÃO DO PEDIDO -------------------- 98
3.4.3. HEIJUNKA ------------------------------------------------------------------ 100
3.4.4. DEFINIÇÃO DO TAKT TIME ------------------------------------------------ 102
3.4.5. DEFINIÇÃO DOS TEMPOS E ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA CADA
ELEMENTO DE TRABALHO --------------------------------------------------------- 103
3.4.6. OS EQUIPAMENTOS PODEM ATENDER O TAKT TIME -------------------- 104
3.4.7. QUAL O NÍVEL DE AUTONOMAÇÃO --------------------------------------- 104
3.4.8. ORGANIZAR O PROCESSO FÍSICO ------------------------------------------ 104
3.4.9. LEVANTAMENTO DO LAYOUT ATUAL ------------------------------------- 105
3.4.10. LEVANTAMENTO DOS DESLOCAMENTOS ------------------------------- 106
3.4.11. PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DO NOVO LAYOUT ---------------------- 107
3.4.12. DEFINIÇÃO DO NÚMERO DE OPERADORES NECESSÁRIOS PARA ATENDER
O TAKT TIME ----------------------------------------------------------------------- 110
3.4.13. DISTRIBUIR O TRABALHO ENTRE OPERADORES ------------------------- 110
3.4.14. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES NO BALANCEAMENTO: ------------------- 113
3.4.15. DEFINIR O PROCESSO PUXADOR----------------------------------------- 115
3.4.16. COMO O PROCESSO PUXADOR REAGIRÁ FRENTE ÀS MUDANÇAS NA
DEMANDA DOS CLIENTES ---------------------------------------------------------- 117
3.4.17. LISTAS DE COLETA DE ITENS NO SUPERMERCADO (PICKING LIST) ----- 118
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3.4.18. FLUXO MONTAGEM-SOLDAGEM --------------------------------------- 119
3.5. LOOP PUXAR --------------------------------------------------------------- 119
3.5.1. PLANO PARA CADA PEÇA ------------------------------------------------- 120
3.5.2. SOFTWARE DE GERENCIAMENTO DO SISTEMA KANBAN ---------------- 123
3.5.3. CADASTRO DOS ITENS NO SISTEMA -------------------------------------- 126
3.5.4. TIPOS DE KANBANS ------------------------------------------------------- 126
3.5.5. SISTEMA KANBAN --------------------------------------------------------- 128
3.5.6. KANBAN ALMOXARIFADO FORNECEDOR ------------------------------ 128
3.5.7. KANBAN ALMOXARIFADO FÁBRICA ------------------------------------ 130
3.5.8. KANBAN PEÇAS FABRICADAS --------------------------------------------- 131
3.5.9. KANBAN MATÉRIA-PRIMA ------------------------------------------------ 133
3.5.10. KANBAN FUNDIÇÃO TERCEIRO E FÁBRICA --------------------------- 134
4. CONCLUSÃO ---------------------------------------------------------------- 137
4.1. RESULTADOS OPERACIONAIS ----------------------------------------------- 137
4.2. RESULTADOS DA PESQUISA ------------------------------------------------ 138
4.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS----------------------------------------------- 139
4.4. LIMITAÇÕES DO TRABALHO ------------------------------------------ 140
4.5. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ------------------------ 140
Página | 17
1. INTRODUÇÃO
1.1. VISÃO GERAL DO CONTEXTO E DO TEMA
O mercado mundial exige das organizações cada vez mais a
integração de processos e balanceamento de etapas para que a redução
de tempo torne as respostas ágeis o suficiente para atender às demandas
com eficiência sem sobrecarregar excessivamente o inventário ou inflar
a estrutura de pessoal ou de equipamentos. Neste sentido, os ganhos são
consequência de uma abordagem ampla de procedimentos que resultem
em uma redução significativa no tempo total de processo, ou seja, o
tempo de agregação de valor comparativamente ao tempo total é
aumentado. As ferramentas a serem adotadas neste trabalho visam
estabelecer uma linha de montagem eficiente e competitiva que possa
atender o mercado mundial, não somente nos aspectos de capacidade,
mas também qualidade.
Os gestores precisam estar preparados para atuar sob as
variações dos mercados de modo a trabalhar ativamente sobre as
soluções, e assimilar de forma estruturada as ferramentas de melhoria
contínua dos processos, visando a redução sucessiva dos desperdícios.
Este trabalho é um projeto desenvolvido em parceria com uma
empresa do setor metal-mecânico com longa experiência na fabricação
de máquinas agrícolas. Os meios que norteiam esta implementação são
os requisitos básicos para o mapeamento de fluxo e valor, seguido de
uma implementação do estado futuro.
A ferramenta para auxiliar a clarear o processo como um todo
será o mapeamento de fluxo de valor (MFV). E baseando-se no plano
futuro do mapeamento, pretende-se combater os desperdícios da
manufatura através da simplificação do fluxo de materiais e
informações.
1.2. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
1.2.1. Histórico
Em 1807 o senhor Heinrich Bucher iniciou uma pequena forja
em Murzein Niederweningen Suíça (Figura 1.2.1), cidade interiorana
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localizada próxima a Zurique. Com mais de duzentos anos de história
esta pequena empresa tornou-se um gigantesco conglomerado
empresarial. Atualmente o grupo conta com cinco empresas núcleos que
diversificam os negócios e são lideres mundiais em três setores.
Figura 1.2.1- Primeira unidade da empresas
1.2.2. Divisões do grupo
No organograma da Figura 1.2.2 são apresentados detalhes
sobre as cinco divisões do grupo.
Figura 1.2.2 - Organograma de grupo bucher
Kuhn Group É líder mundial no fornecimento de máquinas agrícolas
especializadas.
Entre todos as divisões da empresa Bucher o projeto de
pesquisa foi integralmente desenvolvido no Grupo Kuhn (Figura 1.2.3),
que atualmente dispõe de cinco fábricas na França uma nos Estados
Unidos e uma na Holanda e no Brasil que é o foco deste trabalho. A
matriz localiza-se na cidade de Saverne na França.
Página | 19
Figura 1.2.3 - Organograma do grupo Kuhn
Bucher Municipal Produz, para uma clientela internacional, os mais
modernos veículos municipais para limpeza e remoção de neve em áreas
públicas e privadas, possuindo a maior fatia do mercado em veículos de
varrição na Europa.
Bucher Process - É o maior fabricante mundial de equipamentos e
componentes para a produção de vinho e sucos de frutas.
Bucher Hydraulics Possui um grande número de instalações
produtivas e empresas de distribuição na Europa, na Ásia e nos EUA,
fornecendo soluções de acionamento hidráulico móvel, industrial e de
elevadores, específicas para cada cliente.
Emhart Glass É líder mundial em máquinas e componentes para
moldagem e inspeção de recipientes de vidro. Os equipamentos de
produção para a indústria de recipientes de vidro asseguram que o vidro
continuará sendo a embalagem perfeita para alimentos, bebidas,
cosméticos e produtos farmacêuticos.
1.3. IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO
1.3.1. Dados do produto escolhido
Optou-se neste trabalho pela aplicação inicial dos
conceitos da manufatura enxuta às enxadas rotativas, que são
utilizadas na preparação do solo. Alguns dados técnicos
referentes a este produto são mostrados na Tabela 1.3.1Error!
Reference source not found. Uma foto do produto é ilustrada
na Figura 1.2.1.
Página | 20
Tabela 1.3.1 - Dados técnicos referentes às enxadas rotativas
MÍNIMO
MÁXIMO
1.07
1.89
390
390
211
211
Corrente
Corrente
Lâminas
C
Lâminas C
5
5
15
15
Esqui +
Rodas
Esquis ou
rolos
220
280
10
15
14
20
29
29
40
40
Figura 1.3.1- Enxadas rotativas EL 53-190
Os equipamentos de preparação do solo constituem um dos
principais mercados da empresa, e seus produtos possuem alta
confiabilidade e longo tempo de vida útil. A empresa em questão é
responsável pela produção das enxadas rotativas de pequeno porte, as
quais totalizam doze modelos.
Página | 21
Historicamente, esta linha de produtos pertencia à
matriz, localizada em Saverne, na França, porém o crescimento
constante de produção nos últimos anos incapacitou a
montagem desta linha de produtos na fábrica em questão,
resultando na transferência total desta linha de produtos para a
fabrica brasileira. O mercado deste produto é estável e não sofre
períodos de sazonalidade, e a demanda é constante o ano inteiro
(ver Tabela 1.3.2).
Tabela 1.3.2 - Demanda mensal
1.3.2. Gama de produtos
Os modelos de enxadas rotativas (EL) produzidos no
Brasil se dividem em quatro classes, que se subdividem em
variações de tamanho, totalizando doze opções conforme se
pode ver na Figura 1.3.2.
PROGRAMAÇÃO ENXADAS ROTATIVAS (EL)
MODELOS
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
EL 22 - 120
10
0
5
0
0
0
EL 22 - 150
10
0
5
0
0
0
EL 23 -120
24
28
0
0
0
0
EL 23 -150
24
66
0
0
0
0
EL 43 - 105
26
0
22
20
20
20
EL 43 - 130
24
0
20
40
40
40
EL 43 - 150
50
12
26
20
20
20
EL 43 - 190
0
20
24
26
26
26
EL 53 - 100
0
4
0
0
0
0
EL 53 - 130
0
6
6
12
12
12
EL 53 - 155
0
10
28
26
26
26
EL 53 - 190
0
14
14
16
16
16
Máq/Mês
168
160
160
160
160
160
Página | 22
Figura 1.3.2 - Variações entre modelos
1.4. IDENTIFICAÇÃO DO MERCADO
1.4.1. Analise do negócio
Atualmente a empresa é um fornecedor líder em todas as
regiões do mundo para as seguintes linhas de produto: máquinas
agrícolas especializadas na colheita de forragem, técnicas de
alimentação animal, fertilização, semeação e preparação do solo que é a
linha de produto em analise no projeto. Segue abaixo dados sobre
Página | 23
percentuais de vendas por mercado do grupo e percentual de
funcionários por mercado. (Figura 1.4.1)
A empresa tem por meta diversificar seu faturamento nos mais
diversos mercados mundiais, e como a América do Sul representa
somente 3% do faturamento atual do grupo, com o Mercosul
representando 15% da produção agrícola mundial, então o grupo decidiu
pela aquisição de uma fábrica com condições de atender às necessidades
produtivas, devendo em um tempo relativamente curto gerar uma
excelente resposta, além de vir a tornar-se a base de entrada dos
produtos Kuhn na América do Sul. Com isto, busca-se elevar o
percentual de participação neste mercado para aproximadamente 15%
do faturamento do grupo. Figura 1.4.1
Figura 1.4.1 - Divisões de mercado (Bucher Annual Reporte, 2008)
1.4.2. Missão e visão
O grupo empresarial considerado neste trabalho
pretende ser um dos melhores em todos os mercados em que
atua, buscando aplicar técnicas de produção completamente
atualizadas e integradas.
Conhecendo-se o sistema atual de produção e levando
em consideração os objetivos da empresa para o futuro, decidiu-
se por adotar os conceitos da manufatura enxuta para a
consolidação dos planos de crescimento da empresa para o
mercado sul-americano.
Página | 24
Buscou-se, inicialmente, a aplicação de um procedimento
visando alterar a organização no chão de fábrica. Essa aplicação poderá
contribuir para definir as ferramentas, métodos e esforços de trabalho
para uma abordagem geral e padronizada.
A área escolhida para o projeto consiste em uma divisão de
produtos antes feitos na França. Esta escolha corresponde à divisão de
preparação do solo, uma vez que as enxadas rotativas possuem um
projeto e demanda estáveis.
Este nova linha de montagem deve ser uma resposta eficiente
para futuros projetos de transformação lean em toda a organização
(Womack, 2006).
1.4.3. Formulação da problemática de pesquisa
Com este panorama, não como deixar de pensar, num futuro
próximo, na falência de empresas que não se prepararem efetivamente
para redução e controle de seus custos, ao mesmo tempo alcançando a
melhoria da qualidade de seus produtos e serviços. Daí a importância da
adoção de uma gestão de produção mais eficiente e que possa garantir
não somente a sobrevivência, mas o crescimento das vendas do produto
no mercado.
Os princípios da Produção Enxuta, quando bem abordados e
aplicados, tornam o sistema produtivo mais integrado, com enfoque no
fluxo de produção, além de proporcionar a capacidade de atender aos
clientes com produções em pequenos lotes e, ainda, reduzir os estoques
através da produção puxada e nivelada não baseada em previsões. Têm-
se também colaboradores polivalentes com capacidade de desenvolver
ações de prevenção de defeitos que tragam ganhos no relacionamento de
parceria intensivo no processo interno e externo.
O setor agroindustrial é um dos setores que vem procurando
competir em nível mundial, especificamente o de máquinas e
implementos agrícolas. Ele apresenta algumas particularidades que
dificultam seu desempenho, pois se caracteriza como um setor onde
grande sazonalidade na demanda de seus produtos.
As perguntas da pesquisa fazem parte da delimitação do
problema do trabalho, servindo para orientá-lo e norteá-lo. As questões
da pesquisa são o que, de fato, o pesquisador pretende descrever e se
baseiam nas propostas descritas na formulação do problema e nos
objetivos da investigação (SILVA, 2005).
Página | 25
Portanto as questões que nortearam este trabalho estão expostas
abaixo:
Como estrutura os primeiros passos rumo a manufatura enxuta com o
uso do mapeamento de fluxo e valor?
Como realizar a implementação da manufatura enxuta iniciando
somente para uma linha de produtos?
Como obter melhora no desempenho produtivo para uma linha de
produtos?
Sendo assim esse trabalho tenta observar e descrever:
Quais as práticas de Produção Enxuta, incluindo ferramentas, conceitos
e técnicas utilizadas no ambiente analisado?
E quais os resultados obtidos?
1.5. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO
Este é um projeto de planejamento e implantação de uma célula
especialista em manufatura de pequenas máquinas agrícolas, com
capacidade em atender uma demanda de duzentas máquinas mês. É um
novo setor que nasce como uma oportunidade da unidade brasileira em
incorporar uma linha de produtos antes fabricados na matriz na França.
Entretanto, este novo setor deve atender ou superar as especificações
anteriormente utilizadas que serão descritas nos objetivos desta
dissertação.
Tendo em vista o exposto acima, este trabalho busca mapear o
fluxo de valor atual e futuro, para melhor compreender e implantar o
fluxo contínuo na montagem e no desenvolvimento da produção puxada
para todas as peças envolvidas no setor considerado. Do mesmo modo,
este trabalho contempla de forma geral as considerações para criar-se
estabilidade na transformação lean. E descreve algumas etapas para a
implantação das ferramentas organizacionais.
Página | 26
As considerações expostas nesta dissertação referentes ao novo
software ERP serão consideradas somente no aspecto das ferramentas
utilizadas no processo de transformação lean.
Este estudo delimitou-se em contemplar um ambiente de
montagem que produz uma família de produto para a exportação.
1.6. JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO
Segundo Chade (2002), projeções feitas pela Organização das
Nações Unidas (ONU) mostraram que o Brasil tem potencial para se
tornar o maior produtor agrícola mundial nos próximos doze anos. Este
resultado foi obtido através do Relatório Anual de Commodities,
preparado pela conferência da ONU sobre Desenvolvimento e
Comércio. No qual mostrou que o crescimento do setor agrícola
brasileiro vem aumentando drasticamente, pois nos últimos dez anos a
produção brasileira de grãos cresceu 75% e as exportações de soja
aumentaram quase 100%.
Segundo o United States Development Agricultural (USDA,
2003) que levantou os quinze maiores países exportadores agrícolas
globais, o Brasil aparece entre os maiores produtores mundiais.
Essa boa movimentação do mercado internacional de soja
alavancou a produção brasileira de máquinas agrícolas, que ganhou
novos mercados. Com esse desempenho, as máquinas agrícolas
representaram um grande percentual das exportados. (FUTEMA,
2004).(Figura 1.6.1)
Figura 1.6.1 - Exportação de máquinas agrícolas no Brasil (ANFAVEA, 2004)
Página | 27
Um dos possíveis motivadores para o aumento das exportações
é a melhoria nos processos produtivos empregados por essas empresas.
Uma das possibilidades para consolidar este quadro é buscar
sistemas de produção mais eficazes. Atualmente, uma das principais
ferramentas utilizadas no melhoramento da gestão da produção são
ferramentas do lean manufacturing. Entretanto tradicionalmente esse
sistema é ricamente descrito para indústrias do setor automobilístico e
raramente apresentado no setor de máquinas agrícolas.
Normalmente a associação à técnica é simples, mas a execução
é complicada e muitas empresas não conseguem crescer
significativamente.
Spear e Bowen (1999) comentam que poucas empresas
realmente conseguem implementar a filosofia enxuta em suas
empresas, devido principalmente não possuírem um método
definido para que a implantação seja garantida.
Para este estudo foi abordado uma linha de produtos que
anteriormente eram produzidos na Europa e que agora tem sua base
produtiva no Brasil. Esta linha necessita de um aprimoramento em sua
produção, para que a viabilidade desta linha seja plena no Brasil. E
também sirva como referência para futuras implementações na empresa
como um todo.
Trata-se de um trabalho que poderá contribuir para o apoio a
futuras transformações em empresas manufatureiras do setor metal-
mecânico do seguimento de implementos agrícola., Que optem por
mudar o modelo de produção tradicional pelo modelo da manufatura
enxuta, e que realizem essa transformação primeiramente
desenvolvendo um setor no chão de fabrica como referência de
produção.
Este trabalho espera contribuir para delinear etapas do processo
transformador da manufatura enxuta.
1.7. OBJETIVOS
1.7.1. Objetivo geral
Implementar em uma empresa do setor metal-mecânico uma
série de práticas utilizadas para garantir a melhoria contínua dos
resultados através da aplicação das ferramentas da Manufatura Enxuta:
Página | 28
Descrever a implementação das ferramentas;
Descrever os resultados operacionais.
1.7.2. Objetivos específicos
O objetivo deste trabalho é analisar a implementação de
algumas ferramentas de manufatura enxuta para melhorar o desempenho
de fabricação através dos seguintes objetivos específicos:
Mapear o fluxo de valor;
Definir conceitos do fluxo da implementação;
Identificação dos principais benefícios da implementação.
1.8. ESTRUTURA DO TRABALHO
Capítulo 1: Introdução
Este capítulo é composto por uma discussão sobre o contexto
em que o trabalho está inserido; apresentação do tema do trabalho;
delimitações do trabalho; justificativa para o tema; objetivos do
trabalho; procedimentos metodológicos; estrutura da dissertação.
Capítulo 2: Revisão Bibliográfica
O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica da
dissertação, necessária para a realização da pesquisa em questão. Neste
capítulo faz-se uma abordagem conceitual da história da manufatura
enxuta e algumas técnicas chave, descrevendo as principais ferramentas
da manufatura enxuta utilizadas na empresa considerada neste trabalho.
Capítulo 3: Implementação na empresa
Neste capítulo, são mostrados os resultados e técnicas
utilizadas. E descrevem-se dados sobre o projeto, assim como os
objetivos desejados e alcançados.
Capítulo 4: Conclusão
A dissertação é finalizada com as conclusões relativas ao
trabalho desenvolvido.
Página | 29
1.9. METODOLOGIA DA PESQUISA
Demo (1996, p.34) insere a pesquisa como atividade cotidiana
considerando-a como uma atitude, um “questionamento sistemático
crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou o
diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e
prático”. Demo (1996) define a pesquisa como sendo "a atividade
científica pela qual descobrimos a realidade”.
Para Gil (1999, p.42), a pesquisa tem um caráter pragmático,
sendo um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do
método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir
respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos
científicos”.
Pesquisa é, portanto, a investigação de um problema
(teórico ou empírico) realizada a partir de uma metodologia
(que envolve tanto formas de abordagem do problema quanto os
procedimentos de coleta de dados), cujos resultados devem ser
válidos.
Uma vez definida a pesquisa, precisa-se indagar sobre
quais as direções de sua realização. Esta pesquisa em questão é
descrita e estruturada em tópicos descritos abaixo:
Pesquisa Aplicada: O objetivo geral desta pesquisa é a estruturação do
conhecimento para a aplicação prática da solução de um problema
específico. O problema é delimitado por uma realidade dentro do
contexto da empresa.
Pesquisa Qualitativa: O levantamento de dados da pesquisa é uma
coleta indissociável do pesquisador e dos eventos por ele catalisados.
Sendo desta forma uma associação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são
básicas no processo de pesquisa qualitativa. O ambiente natural é a fonte
direta para coleta de dados.
Pesquisa Exploratória: A exploração da pesquisa visa proporcionar
maior familiaridade com o problema tornando-o explícito. As análises
são exemplos reais de uma situação composta de resposta à ação. As
Página | 30
soluções são parte da compreensão do pesquisador e sua maneira de
construir uma hipótese.
Estudo de caso e Pesquisa-Ação: A pesquisa descrita explora um estudo
profundo de um campo específico de maneira a expor um amplo e
detalhado conhecimento. Porém não deixando de ser uma associação
estreita na resolução de um problema coletivo. Baseia-se em uma
participação ativa do pesquisador e sua capacidade de agir sobre os
eventos.
Método científico é o conjunto de processos ou operações
mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio
adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases
lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo,
dialético e fenomenológico (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI,
1993).
A pesquisa em questão é uma descrição direta de uma
experiência tal como ela parece ser. Ou seja, a realidade descrita é fruto
da capacidade do pesquisador compreender, entender, interpretar e
conseguir descrever os eventos. Sendo assim, esta é uma abordagem
fortemente focada no método fenomenológico.
2. PENSAMENTO LEAN (MANUFATURA ENXUTA)
2.1. HISTÓRIA
A produção artesanal começou a entrar em decadência com o
advento da Revolução Industrial. Com a descoberta da máquina a vapor
em 1764 por James Watt, teve início o processo de substituição da força
humana pela força da máquina.
A Revolução Industrial proporcionou avanços tecnológicos nas
atividades produtivas, que até então eram realizadas manualmente por
artesãos e aprendizes em suas oficinas. A principal realização do novo
modelo foi a mecanização dos sistemas de produção, iniciando pela
substituição da força do homem e da água pela força mecanizada, que se
constituiu num conjunto de mudanças tecnológicas, com profundos
impactos nos níveis econômicos e sociais (FRIGERI, 2008).
Além de marcar o início da produção industrial moderna, com a
utilização intensiva de máquinas, a criação de fábricas, e as
transformações urbanas e rurais, a Revolução Industrial permitiu o
Página | 31
desenvolvimento de novas tecnologias fabris e, do mesmo
modo, o surgimento de novas formas de administrar a produção,
focadas em atender a crescente demanda, por um planejamento
de produção mais preciso.
Os artesãos, que até então trabalhavam em suas
próprias oficinas, começaram a ser agrupados nas primeiras
fábricas. Essa verdadeira revolução, na maneira como os
produtos eram fabricados, trouxe consigo algumas exigências,
entre as quais (LINDGREN, 2001):
• padronização dos produtos;
• padronização dos processos de fabricação;
• treinamento e habilitação da mão-de-obra direta;
• criação e desenvolvimento dos quadros gerenciais e de supervisão;
• desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle da produção;
• desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle financeiro;
• desenvolvimento de técnicas de vendas.
Alguns dos conceitos, que hoje são de uso habitual, não
o eram na época como o conceito de padronização de
componentes introduzido por Eli Whitney em 1790. Segundo
Frederick Taylor, considerado o pai da Administração
Científica, que desenvolveu um estudo sobre os problemas
fabris da época, a observação do trabalho dos operários, para
análise dos tempos e métodos, deve ser uma busca incessante a
fim de se obter melhoras no processo e constituir o trabalhador
ideal para realizar uma atividade específica, da melhor maneira
possível e com a menor duração de tempo de execução
(FERREIRA, ANA CARLA, & MARIA, 2006).
Nas décadas seguintes, Henry Ford criou a linha de
montagem seriada, revolucionando os métodos e processos
produtivos até então existentes. Surge então o conceito de
produção em massa, caracterizada por grandes volumes de
produtos extremamente padronizados, isto é, baixíssima
variação nos tipos de produtos finais.
Essa busca da melhoria da produtividade por meio de
novas técnicas definiu o que se denominou engenharia
industrial. Novos conceitos foram introduzidos, tais como:
• linha de montagem;
Página | 32
• posto de trabalho;
• estoques intermediários;
• monotonia do trabalho;
• arranjo físico;
• balanceamento de linha;
• produtos em processo;
• motivação;
• sindicatos;
• manutenção preventiva;
• controle estatístico da qualidade;
• fluxogramas de processos.
Todo o sistema produtivo obteve ganhos nesta etapa do
desenvolvimento fabril. A gestão de fábrica obteve boas iniciativas e
tornou-se o foco do processo de melhoria.
2.2. O NASCIMENTO
Após alguns anos de sua fundação, a fábrica da Toyota Motor
Company não havia produzido mais que 2.600 carros, e o pós-guerra
não oferecia grandes oportunidades para a nascente indústria
automobilística japonesa (DENNIS, 2008).
No final dos anos 1940, o grupo Toyota se viu obrigado a
demitir grande parte de sua força de trabalho devido a um colapso nas
vendas, resultando também na demissão do primeiro presidente da
Toyota, Kiichiro Toyoda. Um ano depois, em 1950, a Toyota produziu
2.685 veículos, comparado com uma fábrica da Ford que em um dia
havia produzido em torno de 7.000 carros (DENNIS, 2008).
Contudo, na primavera de 1950, um jovem engenheiro japonês
chamado Eiji Toyoda visitou e estudou detalhadamente a fábrica da
Ford em River Rouge, que na época era o maior e mais eficiente
complexo manufatureiro do mundo. Ao retornar ao Japão, Eiji e Taiichi
Ohno chegaram à conclusão que esta forma de trabalho não poderia ser
realizada com sucesso sem fortes reestruturações para a realidade do
mercado japonês (WOMACK, JONES, & ROOS, 2004).
Então, Eijii Toyota e Taiichi Ohno, engenheiros da empresa,
chegaram então à conclusão de que o sistema de produção em massa não
funcionaria no Japão. E isto os levou a criar um novo método que viria a
ser chamado de Sistema Toyota de Produção, ou então Produção Enxuta
Página | 33
(WOMACK, JONES, & ROOS, 2004). No objetivo deles, os
funcionários seriam transformados em custos fixos, devido a uma
negociação com sindicatos e governo para a demissão de um quarto dos
colaboradores. E como se não bastasse, a demanda do mercado japonês
era muito variada e pequena (DENNIS, 2008).
Segundo Ohno, o Sistema Toyota de Produção
começou da necessidade, um a vez que, após a crise do
petróleo, e com o fim do crescimento econômico japonês, o
sistema norte-americano de produção em massa não servia
mais, pois não era mais possível uma grande lucratividade com
esse sistema. O autor ainda lembra que, por muitos anos, os
Estados Unidos reduziam os custos produzindo muitas unidades
de poucos tipos de carros. Todavia, o objetivo deveria ser não
apenas reduzir os custos, mas produzir poucas quantidades de
muitos tipos de carros.
Ainda segundo o autor, uma das motivações para a
criação do Sistema Toyota de Produção foi tentar alcançar os
Estados Unidos. Ele afirma que muitas técnicas utilizadas
posteriormente no Japão foram criadas nos Estados Unidos.
Afirma também que, na época, eram necessários nove
japoneses para fazer o trabalho de um norte-americano. Logo, o
presidente da Toyota, em 1945, propôs que a empresa
alcançasse os Estados Unidos em três anos, o que significaria
que o que era feito por cem japoneses deveria ser começado a
ser feito por dez. Ver na Figura 2.2.1 a representação da
evolução dos sistemas de produção.
Figura 2.2.1 - Linha do tempo da produção
Página | 34
2.3. O CONCEITO
Segundo Dennis, a produção Lean também conhecida como
Sistema Toyota de Produção, representa fazer mais com menos, sendo:
Menos tempo;
Menos espaço;
Menos esforço humano;
Menos maquinaria;
Menos material;
Atender o cliente no tempo certo e na quantidade certa.
O conceito gera uma ferramenta de gerenciamento adequada
dos processos centrais, correspondendo a uma série de ações aplicadas
de forma apropriada, na seqüência correta, no momento correto. O
pensamento enxuto é uma poderosa ferramenta contra o desperdício. A
produção enxuta gera respostas de forma a especificar o valor, fazendo
cada vez mais, com cada vez menos. E como resultado final, entrega ao
cliente o que ele realmente deseja, sem atribuir-lhe os desperdícios ao
longo do processo (WOMACK & JONES, 2006).
Segundo Luis e Rosenfeld, o modo de produção enxuta
apresenta as seguintes características gerais:
Manufatura flexível com menor número de máquinas especializadas;
Redução de estoques;
Formação de empregados qualificados para trabalhar em equipes;
Linha de montagem procurando prevenir falhas e evitar reparos finais;
Relacionamento de cooperação e de longo prazo.
2.4. AS BASES DO SISTEMA LEAN
O sistema se sustenta na eliminação das perdas, ou MUDA
como é usado no Japão, toda filosofia tem por base o reconhecimento do
mapa produtivo do chão de fábrica, assim como as etapas que se devem
respeitar para processos bem sucedidos de implantação.
Todo o projeto lean é altamente sistemático e fundamenta uma
ferramenta eficaz para ver o processo como um todo. A sistemática de
sustentação dos conceitos lean é apresentada na pirâmide da Figura
2.4.1.
Página | 35
Figura 2.4.1 - Bases da compreensão lean
2.5. OS SETE DESPERDÍCIOS NA MANUFATURA ENXUTA
Taiichi Ohno definiu os sete desperdícios da produção, os quais
são descritos nos itens seguintes.
2.5.1. Superprodução
Está relacionada ao fato de produzir-se
antecipadamente, ou em quantidade maior do que o requerido
pela demanda dos clientes, ou em um ritmo acima do
necessário, podendo gerar um excesso de inventário. Portanto, a
produção deve ser sustentada pela filosofia Just-in-Time, que
significa produzir exatamente na quantidade requerida, quando
requerida, e não antes disso.
A superprodução geralmente dá a impressão de que
todos estão ocupados, trabalhando, e que as atividades fluem
normalmente, mas na verdade estão distorcendo a verdade e
mascarando os problemas. Os elevados volumes escondem os
problemas de produção, defeitos e produtos ineficientes, além
da movimentação desnecessária de pessoas e equipamentos (ver
Página | 36
Figura 2.5.1 ). O sistema cria estoque entre processos, não melhorando a
cadeia de valor como um todo.
Figura 2.5.1 - Excesso de produção
2.5.2. Tempo de Espera
É a atividade de ter que esperar para processar determinada
peça, gerando desperdício. Longos períodos de ociosidade de pessoas,
peças e informação, bem como lead times longos, também constitui o
desperdício da espera. É o material que está esperando para ser
processado, formando filas que visam garantir altas taxas de utilização
dos equipamentos. O Sistema de Manufatura Enxuta eFigura
2.5.1nfatiza o fluxo de materiais, e não as taxas de utilização dos
equipamentos, os quais somente devem trabalhar se houver necessidade.
A Manufatura Enxuta também coloca ênfase no homem e não
na máquina. O homem não pode estar ocioso, mas a máquina pode
esperar. Representação ilustrativa da utilização dos tempos
produtivos dos operadores na Figura 2.5.2
Figura 2.5.2 - Espera
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2.5.3. Transporte
Movimento de pessoas, informação ou peças são
atividades que não agregam valor ao produto final, mas
geralmente são etapas necessárias. No entanto, a movimentação
excessiva deve ser eliminada ou reduzida, pois gera
desperdício de tempo, energia e recursos. A elaboração de um
layout adequado, que minimize as distâncias percorridas, assim
como redução dos estoques, ajuda a reduzir este tipo de
desperdício. Ver ilustração da movimentação de cargas na
Figura 2.5.3.
Figura 2.5.3 - Excesso de movimentação
2.5.4. Estoque
Os estoques existem porque uma diferença de ritmo
(ou de taxa) entre o fornecimento e demanda. Se o fornecimento
de qualquer item ocorresse exatamente quando fosse
demandado, o item nunca necessitaria ser estocado. Para se
sustentar este estoque, é necessário um capital de giro para a sua
manutenção, além de locais e pessoas para manipular os
excessos, caracterizando um dinheiro parado, ou seja, perdas
(Figura 2.5.4).Quanto maior o estoque maior será o desperdício.
Em geral, os desperdícios associados ao excesso de
estoque são facilmente percebidos, mas dificilmente combatidos
com eficiência.
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Figura 2.5.4 - Inventário
2.5.5. Produtos Defeituosos
Este desperdício deve ser evitado, pois pode gerar retrabalho e
custo de recuperação, ou mesmo a perda total do esforço e material.
Além do mais, este desperdício pode levar à perda de confiança dos
clientes em relação ao produto. O Sistema de Manufatura Enxuta
aperfeiçoa o processo produtivo de maneira tal que previne a ocorrência
de defeitos, para que se possam eliminar as operações de inspeção.
A Manufatura Enxuta procura sempre aperfeiçoar os processos
estabilizados, reduzindo continuamente a possibilidade da geração de
defeitos. Os ganhos com a redução dos defeitos são facilmente
mensuráveis, o que torna um bom aliado do sistema de implantação da
manufatura enxuta (Figura 2.5.4)
Figura 2.5.5 - Defeitos
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2.5.6. Processamento desnecessário
A atividade de acrescentar ao processo mais “trabalho”
ou esforço do que o requerido pelas especificações dos clientes,
também deve ser tratada como desperdício. Algumas operações
existem apenas em função do mau desenvolvimento dos
projetos, sistemas ou procedimentos ruins.
Nesse sentido, torna-se importante a aplicação das
metodologias de engenharia e análise de valor, que consistem
na simplificação, ou redução do número de componentes, ou
operações necessários para produzir determinado produto. É o
desperdício inerente a um processo não otimizado, ou seja, a
existência de etapas ou funções do processo que não agregam
valor ao produto.
A Manufatura Enxuta questiona e investiga qualquer
elemento que adicione custo e não valor ao produto. Este
desperdício é frequentemente associado a definições não
perfeitamente elaboradas sobre o projeto. Muitas vezes, os
departamentos de engenharia não contam com o conhecimento
necessário para analisar todos os processos de fabricação na
hora de projetar um componente. Para ilustrar a representação
de etapas desnecessárias, ver Figura 2.5.6.
Figura 2.5.6 - Processos desnecessários
2.5.7. Movimentação
A movimentação está relacionada à falta de organização do
ambiente de trabalho, resultando em baixo desempenho dos aspectos
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ergonômicos. As movimentações dentro do setor produtivo devem ser
aquelas que são necessárias para o processamento de atividades.
Muitas vezes, essas movimentações podem ser reduzidas,
agrupadas ou até mesmo eliminadas. O ideal para a produção é que as
atividades de movimentação sejam realizadas sem comprometimento do
ciclo produtivo e do rendimento do operador. A coleta de ferramentas
em locais distantes é ilustrada na Figura 2.5.7 como uma das causas da
movimentação desnecessária.
Figura 2.5.7 - Movimentação
2.5.8. Valor
O conceito de valor constitui-se no ponto de partida essencial
para a produção enxuta. É importante perceber que o valor pode ser
definido pelo cliente final. Ele é significativo quando expresso em
termos de um produto específico - um bem ou um serviço e, muitas
vezes, ambos simultaneamente que atenda às necessidades do cliente a
um preço específico em um momento específico (ROTHER & SHOOK,
2003).
É preciso que a empresa saiba exatamente o que o cliente
deseja, definindo precisamente o valor em termos de produtos
específicos com:
Capacidades específicas;
Preços específicos;
Clientes específicos;
Necessidades específicas.
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Para fazer isso é preciso ignorar os ativos e as tecnologias
existentes na empresa e repensar as empresas com base em uma linha de
produtos com equipes de produção fortes e dedicadas. A Produção
Enxuta precisa ir além da empresa. O pensamento consiste em observar
o todo, o conjunto inteiro de atividades envolvidas na criação e na
fabricação de um produto específico (ROTHER & SHOOK, 2003).
O mecanismo organizacional necessário para identificar a
cadeia de valor é chamado de empreendimento enxuto, ou seja, uma
reunião lógica e seqüencial de todas as partes envolvidas no processo
produtivo, a fim de criar um canal para a cadeia de valor. Veja linha de
agregação de valor na Error! Reference source not found. (ROTHER
& SHOOK, 2003).
Figura 2.5.8 - Linha de Agregação de valor
2.6. FLUXO DE VALOR
A análise de fluxo de valor começa com o
levantamento e acompanhamento detalhado dos processos, a
fim de registrar e documentar as etapas de espera,
movimentação e fluxo de trabalho decorrentes da transformação
de um lote ou item (ADAIR & MURRAY, ND).
De acordo com os princípios enxutos, o objetivo principal da
produção enxuta é o fluxo de valor enxuto da matéria-prima ao produto
acabado, o que significa levar em conta o quadro mais amplo, e não
apenas os processos individuais; buscar melhorar o todo e não somente
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as partes isoladas. Para criar o fluxo de valor enxuto, a técnica mais
apropriada e importante é o mapeamento do fluxo de valor, uma
ferramenta extremamente simples que é compreendida pelo
mapeamento do fluxo de material e mapeamento do fluxo de informação
(ROTHER & SHOOK, 2003).
O mapeamento do fluxo de valor pode ser facilmente explicado
seguindo o caminho da produção de um componente do consumidor ao
fornecedor, e, cuidadosamente, desenhando o mapa do estado atual de
seus fluxos de material e de informação. Em seguida, elaborando o
mapa do estado futuro de como o seu valor deveria fluir (ROTHER &
SHOOK, 2003).
Na medida em que se compreende o fluxo de material de um
produto, encontrar-se-ão os lugares onde o estoque se acumula. Esses
pontos são importantes para serem desenhados no mapa da situação
atual, pois eles mostram onde o fluxo está parando. Por sua vez, o fluxo
de informação é o levantamento da situação onde se localiza a
comunicação interna e externa da empresa (ROTHER & SHOOK,
2003).
Podem ser identificados os movimentos de materiais que são
empurrados pelo produtor e não puxados pelo cliente. Esta situação gera
a condição para a formação de ilhas de programação isoladas, não
conectadas ao processo seguinte, onde cada um produz em um ritmo e
gera lotes de tamanhos que fazem sentido somente a partir de suas
próprias perspectivas, e não a partir da ótica do fluxo de valor enxuto
(ROTHER & SHOOK, 2003).
A aplicação prática do mapeamento do fluxo de valor da
escolha da família de produtos ao plano de implementação é apresentada
na Figura 2.6.1, e descrita em três tópicos, abaixo.
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Figura 2.6.1 Etapas do MFV
Selecionar uma família de itens, composta por um
grupo de produtos que passam por etapas semelhantes de
processamento e utilizam equipamentos similares em seus
processos.
Para desenhar o estado atual e o estado futuro deve-se:
(a) coletar dados que representem a realidade das informações
no chão de fábrica e serem tão fiéis quanto possível; (b) as
idéias sobre o estado futuro são função do bom enquadramento
do estado atual; (c) um bom planejamento do estado futuro
demonstra detalhes tanto atuais como futuros.
Preparar um plano de implementação que descreva, em
uma folha, como se planeja chegar ao estado futuro e inicie as
ações o quanto antes possível (ROTHER & SHOOK, 2003).
Então, logo que esse estado futuro se torne uma realidade, um
novo mapa deverá ser desenhado, o qual nada mais é que a
melhoria contínua no nível do fluxo de valor.
O envolvimento é parte fundamental para o processo de
implementação e todos precisam entender o mapeamento do fluxo de
valor. Geralmente, a força de trabalho geral compreende muito bem os
aspectos técnicos da execução das tarefas, mas não percebe com clareza
a organização horizontal como um todo (WOMACK & JONES, 2004).
No entanto, o mapeamento em si e a equipe de implementação
do estado futuro precisam ser liderados por uma única pessoa, alguém
que enxergue através das fronteiras dos fluxos de valor de uma família
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de produtos e que faça as coisas acontecerem (ROTHER & SHOOK,
2003).
Não se pode esquecer, também, que o mapeamento do fluxo de
valor é somente uma técnica, porém algumas vezes muitos acabam
valorizando excessivamente a ferramenta, desejando fortemente mapear
amplamente a cadeia como um todo. Entretanto, muito mais importante
que mapear é a implementação, que é na realidade a meta única do
método. Assim, a questão básica de tornar-se enxuto não é apenas
mapear. O mais importante é criar valor (a essência da ferramenta
"Mapeamento do Fluxo de Valor", 2001).
O que torna o fluxo de valor enxuto é fabricar os produtos em
um fluxo contínuo, a redução do lead time suficientemente curto permite
a produção somente dos pedidos confirmados, e com o tempo de
mudança zero entre os diferentes produtos (LIKER, 2005). Para isso são
necessários inúmeros mapas do estado futuro, cada um mais enxuto e
mais próximo do ideal, com o processo fornecedor fazendo somente o
que o processo cliente necessita e quando necessita.
Para programar o fluxo de valor enxuto, a produção enxuta
busca no mapa do estado futuro, ligar todos os processos, do cliente à
matéria-prima, em um fluxo contínuo completo que gere o menor lead
time, a mais alta qualidade e o mais baixo custo.
No entanto, para que o mapa do estado futuro consiga
efetivamente atingir o fluxo de valor enxuto da matéria-prima ao
produto acabado, é fundamental obedecer algumas regras coerentes com
os princípios enxutos, apresentadas na Figura 2.6.2 (QUEIROZ,
RENTES, & ARAUJO, 2004). Seguem abaixo os cinco principais
tópicos no processo de desenvolvimento de células de montagem lean.
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Figura 2.6.2- Fluxo da implementação
Produzir de acordo com o takt time: O takt time é
calculado dividindo-se o tempo disponível de trabalho pelo
volume da demanda do cliente, e é utilizado para sincronizar o
ritmo da produção com o ritmo das vendas, em particular no
processo puxador; trata-se de um número de referência que dá a
noção do ritmo em que cada processo deve estar produzindo
para atender a demanda do cliente, sem que gere um excesso de
produção;
Desenvolver um fluxo contínuo onde possível: o fluxo
contínuo significa produzir uma peça de cada vez, com cada
item sendo passado imediatamente de um estágio do processo
para o seguinte, sem nenhuma parada e, conseqüentemente, sem
outros desperdícios;
Utilizar supermercados para controlar a produção onde
o fluxo contínuo não se estende aos processos anteriores:
Freqüentemente, pontos no fluxo de valor onde o fluxo
contínuo não é possível, havendo a necessidade de fabricar em
lotes; nesses casos, é preciso instalar um sistema puxado com
base em estoques controladores, de peças,
Geralmente será necessário programar somente um
ponto no fluxo de valor;
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Nivelamento do mix de produção, ou seja, distribuir a produção
de diferentes produtos uniformemente no decorrer do tempo no processo
puxador: Agrupar todos os produtos e produzi-los todos de uma vez
dificulta o atendimento dos clientes que querem algo diferente do lote
que está sendo produzido, exigindo que se tenha mais produtos acabados
em estoque, na esperança de se ter à disposição o que o cliente quer,
aumentando, portanto, o lead time para atender um pedido; quanto mais
se nivela o mix no processo puxador, mais apto se estará para responder
às diferentes solicitações dos clientes.
De posse do conhecimento obtido com o mapa do estado futuro,
é preciso implementá-lo rapidamente com o apoio de um plano de
implementação, o qual deverá conter metas mensuráveis, responsáveis e
datas definidas (ROTHER & SHOOK, 2003).
2.7. FLUXO CONTÍNUO
O fluxo contínuo é o objetivo maior da produção lean. Porém
criá-lo em todos os aspectos e sistemas reais, tem sido o alvo principal
de muitas empresas. Contudo poucas tentativas podem ser consideradas
bem sucedidas (ROTHER & HARRIS, 2002).
Projetar o sistema físico de uma operação produtiva, assim
como o planejamento estratégico da produção, deve ser o ponto de
partida para o novo arranjo físico. Todavia a importância do fluxo
dependerá de seu binômio volume variedade (SLACK, CHAMBERS, &
JOHNSTON, 2002).
Portanto, deve-se focalizar o modelo real e jamais deixar o
objetivo se perder. Sempre reorganizando as fronteiras tradicionais de
tarefas, profissionais, funções e empresas, assim como repensar as
práticas e ferramentas de trabalho específico, a fim de eliminar
paralisações da matéria prima ao produto acabado e, com isso, criar o
fluxo contínuo (WOMACK & JONES, 2006). Nas Figura 2.7.1 e Figura
2.7.2 são apresentadas as vantagens em se adotar condições de fluxo
contínuo para a redução de estoques entre processos e no melhor
atendimento do mix de produtos.
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Figura 2.7.1- Fluxo em Lotes
Figura 2.7.2 - Lotes unitários e variáveis
2.8. TECNOLOGIA DE GRUPO
A Tecnologia de Grupo consiste em técnicas de agrupamentos que
visam identificar famílias de componentes e máquinas existentes no
sistema funcional com alto grau de similaridade interna, a ponto de
justificar o agrupamento dos diversos elementos em células. Estas
mudanças contribuem significativamente para a redução de custos
(CLÍMACO, 2003).
É ideal para sistemas produtivos de pequenos e médios lotes e
média variedade de produtos, onde esta ferramenta pode alcançar
benefícios no gerenciamento produtivo (CLÍMACO, 2003).
De maneira geral, pode-se conceituar a Tecnologia de Grupo
como sendo uma filosofia que define a solução de problemas,
explorando semelhanças, para se obter vantagens operacionais e
econômicas. Mediante um tratamento em busca das semelhanças que
possam criar um caminho contínuo no chão de fábrica, o conceito e suas
ferramentas são fortemente usados em projetos de layout (ver Figura
2.8.1) (SILVA & GANGA, 2006).
O alcance da robustez de um sistema produtivo passa pelo
projeto adequado do layout do chão de fábrica. As decisões de arranjo
físico são muito importantes, pois podem refletir diretamente no
desempenho da empresa e na satisfação do cliente (SILVA & GANGA,
2006).
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Figura 2.8.1 - Agrupamento de etapas em uma célula de manufatura.
2.9. LAYOUT
Neste item faz-se o detalhamento dos seis princípios para projeto de
layout.
2.9.1. Princípio da integração
Os diversos elementos devem estar harmoniosamente
integrados, pois a falha em qualquer um deles reflete em resultados
negativos na eficiência global, devendo ser dotados de absoluta unidade
de propósitos como uma corrente.
Por este princípio, devem-se estudar os pequenos detalhes da
fábrica, pois esta é considerada como uma unidade composta de uma
série de elementos que devem estar devidamente entrosados, visando a
eficiência do chão de fábrica.
2.9.2. Princípio da mínima distância
O transporte nada acrescenta ao produto. Deste modo, as
distâncias devem ser reduzidas ao mínimo para evitar esforços inúteis,
confusões e custos maiores.
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2.9.3. Princípio de obediência ao fluxo das operações
Materiais, equipamentos e pessoas devem se dispor a
movimentar-se em fluxo contínuo e de acordo com a sequencia do
processo de manufatura. Precisam ser evitados cruzamentos, retornos e
interrupções. A imagem ideal a ser conseguida, neste caso, é a de um rio
com seus afluentes.
2.9.4. Princípio do uso das 3 dimensões
O espaço físico é composto por três direções e deve ser
utilizado, o que se traduzirá numa menor utilização total do espaço.
Deve-se ter sempre em mente que os itens a serem arranjados, na
realidade ocupam certo volume, e não uma determinada área. A
retribuição de se pensar em área somente se traduzirá numa maior
utilização do espaço.
2.9.5. Princípio da satisfação e segurança
Quanto mais satisfação e segurança um layout proporcionar aos
seus usuários, tanto melhor ele será. especialistas que a consideram
como a regra principal no layout, pois se satisfação e segurança o
atendidos, o estudo é aceito e, se aceito, o layout é triunfante. Deve
proporcionar boas condições de trabalho e máxima redução de risco.
2.9.6. Princípio da flexibilidade
Este é um princípio que, notadamente na atual condição de
avanço tecnológico, deve ser atentamente considerado pelo projetista de
layout. São freqüentes e rápidas as necessidades de mudança do projeto
do produto, mudança de métodos e sistema de trabalho. A falta de
atenção a essas alterações pode levar uma fábrica à obsolescência.
2.10. JUST-IN-TIME
O JIT foi criado a partir das observações de Kiichiro Toyoda
quando em visita aos Estados Unidos, onde ele avaliou o funcionamento
dos supermercados americanos. A idéia central do JIT era efetuar as
entregas no momento exato, com o propósito de eliminar o estoque. Este
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objetivo é alcançado em grande parte pela relação entre o prazo de
entrega e o ciclo de produção. Se o prazo de entrega é maior que o ciclo
de produção, a produção é iniciada após o pedido ser recebido,
exatamente no prazo marcado, sem geração de estoque (LAZARENTO).
A instituição da lógica do supermercado em ambientes fabris
inicia na Toyota uma revolução que tem por objetivo estabelecer a
sincronização e, de um ponto de vista mais geral, a redução do tempo de
atravessamento (lead time). Esta revolução é conduzida por uma série de
experiências de tentativa e erro, que vão desde a redução dos tempos de
set-up, passando pela implantação dos sistemas Kanban, até chegar ao
Just-in-Time tal qual é conhecido hoje em dia (LAZARENTO).
O JIT tem por finalidade estabelecer o fluxo contínuo (ou
sincronizado) de produtos e/ou serviços pelo processo produtivo através
do fornecimento de produtos no tempo, local, qualidade, quantidade e
custo desejados pelo cliente, criando uma relação entre as técnicas e
princípios da Produção Enxuta (LAZARENTO).
Segundo Ritzman e Krajewski (2004), o Just-in-Time é o
sistema mais difundido entre os sistemas de produção enxuta existentes.
Os sistemas de produção enxuta agrupam diversos conceitos gerais
como:
Estratégias de operações;
Conhecimento dos Processos;
Destreza tecnológica;
Qualidade;
Capacidade;
Arranjo físico ordenado;
Os tópicos acima descrevem designações como estoque zero,
fabricação em sincronia, produção sem estoque, etc.
O sistema Just-in-Time incorpora os elementos genéricos dos
sistemas de produção enxuta, e sua filosofia baseia-se na eliminação de
perdas, diminuindo estoques desnecessários e eliminando as atividades
que não agregam valor às operações.
Just-in-time significa fornecer a cada processo o que é
necessário, quando necessário e na quantidade necessária (IMAM,
1989). Todas as empresas, quando possuem um plano de produção,
mesmo que indiretamente, procuram o Just-in-Time, buscando atender
imediatamente o seu cliente, reduzindo estoques e tudo aquilo que não
agrega valor ao produto (IMAM, 1989).
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A produção puxada significa que não se pode iniciar um
processo de produção sem que o cliente do processo solicite. A melhor
maneira de pensar num fluxo de produção puxada é pensar ao inverso,
isto é, o cliente é passa a ser o agente que demanda no final da cadeia o
produto, gerando assim uma seqüência de eventos que percorrem todas
as etapas para levar este produto ao cliente (WOMACK & JONES,
2004).
O Just-in-Time é muito mais que se concentrar no tempo de
entrega, pois isso poderia resultar em superprodução e produção
antecipada. É se concentrar no estoque zero, na produção dos itens
necessários, nas quantidades necessárias no momento necessário. Dessa
forma, se faz a produção contrapedido, que seria a produção em resposta
à demanda, e não uma produção antecipada (SHINGO, 1996).
De acordo com Slack (1997), o Just-in-Time pode ser entendido
como uma filosofia aliada a um conjunto de técnicas. Esta filosofia é
baseada na redução de todo desperdício que pode ocorrer no processo de
fabricação. O conjunto de técnicas, por sua vez, busca tornar possível
essa redução das perdas.
Slack (1997) relaciona algumas técnicas que o sistema Just-in-
Time utiliza para o planejamento e controle:
A programação puxada, colocando a responsabilidade da solicitação de
materiais ao cliente ao invés do fornecedor ter que enviar mais
materiais;
A programação nivelada, que visa suavizar o fluxo de
produtos da produção através da redução do período, em que
uma determinada seqüência de produção é repetida;
A sincronização, que é o processo pelo qual o ritmo da
produção é regularizado para produtos de alto volume.
Segundo Shingo, a consideração deve ser distinta entre Kanban
e Just-in-Time que são comumente confundidos. O Sistema Toyota de
Produção é 80% eliminação das perdas, 15% um sistema de produção e
apenas 5% o Kanban.
2.11. JIDOKA OU AUTONOMAÇÃO
A Produção Enxuta tem como um dos pilares o Jidoka ou
“autonomação”, expressão adotada por alguns especialistas e tradutores
a fim de não se confundir com automação. Autonomação significa dotar
as máquinas de escrutínio humano. É um termo derivado das palavras
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inglesas “automation” (automação) e “autonomous” (autônomo). A idéia
básica é atribuída a Sakichi Toyoda.
Sakichi fundou a “Toyoda Fiação e Tecelagem” em 1918.
Engenheiro habilidoso e criativo, inconformado com a produção de
metros e metros de tecido defeituoso quando um dos fios da trama se
quebrava em um tear, decidiu projetar uma máquina automática, que
pararia automaticamente caso um fio quebrasse, evitando assim produzir
defeitos (CARNEIRO, 2006).
A autonomação visa racionalizar o uso da mão de obra e
aprimorar a qualidade e a produtividade da produção. Faz, portanto,
sentido aproveitar as qualificações dos trabalhadores, seus
conhecimentos e experiências, e não sua força física. Desta
necessidade de utilizar não só a força física, mas as experiências e
qualificações dos trabalhadores surge o conceito de Autonomação. Um
conceito novo, mas vital para a obtenção de melhores resultados, onde a
autonomação consiste em facultar ao operador ou à máquina a
autonomia de parar o processamento sempre que for detectada qualquer
anomalia (CARNEIRO, 2006).
2.12. KANBAN
O kanban é uma ferramenta de controle visual que sinaliza,
autoriza e instrui a produção ou retirada de itens em um sistema puxado.
O termo significa “sinais” ou “quadro de sinais” em japonês
(MARCHWINSKI & SHOOK, 2007).
O sistema de informações via kanban compõe-se da principal
ferramenta para a produção em fluxo contínuo (DENNIS, 2008). Sendo
assim, o mesmo constitui o método de operacionalizar o sistema de
planejamento e controle puxado de produção (SLACK, CHAMBERS, &
JOHNSTON, 2002).
Por meio deste sistema, todo o controle dos itens a serem
produzidos e inventários são transferidos para o chão de fábrica, pois
desta forma consegue-se uma maior precisão nas necessidades assim
como uma maior cooperação entre etapas.
2.12.1. O Sistema Kanban
O Kanban não é sinônimo de Sistema Toyota de Produção. Ele
é um método de controle projetado para maximizar o potencial do
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Sistema Toyota. Da mesma forma, ele é um sistema com próprias
funções independentes (SHINGO, 1996).
O termo Kanban significa cartão ou sinal em japonês. Funciona
como um método de operacionalizar o sistema de planejamento e
controle puxado. De maneira simplificada, um cartão utilizado por um
processo cliente avisa seu estágio fornecedor que mais material deve ser
fornecido. Porém, em algumas outras empresas, outras formas de
Kanban são utilizadas, como bolas coloridas, marcadores plásticos, etc
(SLACK, CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002).
Segundo (Ohno, 1997), o método de operação do Sistema
Toyota de Produção é o Kanban. Sua forma mais freqüente de utilização
é um pedaço de papel dentro de um envelope de vinil retangular. Este
papel geralmente contém informações divididas em três categorias:
informação de coleta, informação de transferência e informação de
produção.
O sistema Kanban é o sistema mais conhecido de puxar a
produção. O sistema depende de apenas um parâmetro por etapa, o
cartão (Kanban) que autoriza a produção. Para aperfeiçoar o sistema é
necessário apenas alterar a quantidade de cartões, o que gera uma
necessidade de melhoria contínua no sistema de produção.
2.12.2. Kanban e o supermercado
A idéia do Kanban surgiu dos supermercados norte-americanos
(Ohno, 1997). Um supermercado é onde um cliente pode obter o que é
necessário, na quantidade necessária e no momento em que é necessário.
Fazendo analogia ao sistema de produção, o processo final vai até o
processo inicial, para adquirir as peças necessárias no momento e na
quantidade que precisa. O processo inicial imediatamente produz a
quantidade recém tirada.
Segundo (Smalley, 2005), nos supermercados os itens que têm
maior demanda existem em maiores quantidades e em locais
privilegiados. Aqueles que têm menor demanda, por sua vez, ficam em
prateleiras mais baixas e em menores quantidades. Os itens esporádicos
são aceitos sob encomenda. O supermercado mantém o seu espaço
físico igual durante todos os meses, variando somente a freqüência de
reabastecimento.
Shingo (1996) define quatro características comuns aos
supermercados e ao Kanban:
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Os consumidores escolhem diretamente as mercadorias e compram as
suas favoritas;
O trabalho dos empregados é menor, pois os próprios consumidores
levam suas compras às caixas registradoras;
Ao invés de utilizar um sistema de reabastecimento estimado, o
estabelecimento repõe somente o que foi vendido, reduzindo, dessa
forma, os estoques;
Os dois últimos itens permitem baixar os preços; as vendas sobem e os
lucros crescem.
Smalley (2005) ainda acrescenta que o supermercado, na
fábrica, é um estoque controlado, dimensionado de modo que o processo
cliente sempre encontre peças dos modelos e nas quantidades
necessárias, para cumprir seu programa de entregas, ou para repor seu
supermercado. É também dimensionado para que o processo fornecedor
sempre consiga repor o supermercado antes que os níveis mínimos de
peças definidos sejam atingidos.
2.12.3. Características do Kanban
O sistema Kanban estabelece o número de cartões para regular
o fluxo de itens globais, mantém o estoque a um mínimo e proporciona
controle visual. É eficiente para simplificar o trabalho administrativo e
para dar autonomia ao chão de fábrica, permitindo assim maior
flexibilidade nas mudanças. Ele permite que informações possam ser
transmitidas de forma organizada e rápida (SHINGO, 1996).
Os sistemas Kanban podem ser aplicados em empresas com
produção repetitiva. Porém, mesmo que estas sejam repetitivas, se
houver uma variação temporal ou quantitativa muito grande, a natureza
repetitiva da produção pode não exercer muita influência. O sistema não
pode ser aplicado em empresas onde a produção é feita sob encomenda,
pois os pedidos são esporádicos e imprevisíveis (SHINGO, 1996).
Segundo Ohno (1997) são seis as funções do Kanban:
Fornecer informação sobre apanhar ou transportar;
Fornecer informação sobre a produção;
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Impedir a superprodução e o transporte excessivo;
Servir como uma ordem de fabricação afixada às mercadorias;
Impedir produtos defeituosos pela identificação do processo
que os produz;
Revelar problemas existentes e manter o controle de estoques.
As regras para a sua utilização são as seguintes:
O processo subseqüente apanha o número de itens indicados
pelo Kanban no processo precedente;
O processo inicial produz itens na quantidade e seqüência
indicadas pelo Kanban;
Nenhum item é produzido ou transportado sem um Kanban;
Produtos defeituosos o são enviados para o processo
seguinte;
Reduzir o número de Kanban aumenta sua sensibilidade aos
problemas.
2.12.4. Tipos de Kanban
Shingo define dois tipos de Kanban: (a) Kanban de produção e
(b) Kanban de movimentação. O primeiro serve como um cartão de
identificação e instrução de tarefa. É um sinal para um processo
produtivo de que ele pode começar a produzir um item para que seja
colocado em estoque. A informação contida neste tipo de Kanban,
geralmente inclui número e descrição do componente, descrição do
próprio processo, materiais necessários para a produção do componente
e a destinação para onde estes devem ser enviados (SLACK,
CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002). Na Figura 2.12.1 encontra-se um
exemplo de cartão de produção.
O Kanban de retirada ou movimento serve como cartão de
identificação e de transferência (SHINGO, 1996). Ele avisa o estágio
anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferido para
um local específico. Contém normalmente detalhes como número e
descrição do componente, local onde foi retirado e local para onde é
destinado (SLACK, CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002).
Slack (2002) inclui ainda o Kanban de fornecedor, os quais são
usados para avisar aos fornecedores de que é necessário enviar materiais
ou componentes para a produção. São similares aos Kanban de
transporte, porém são usados com os fornecedores.
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Figura 2.12.1 - Kanban de Produção
2.12.5. Tipos de Kanban de Produção
Smalley (2005) define dois tipos de Kanban de produção: o
interno para programar processos em fluxo, e o de sinalização para
programação de processos em lotes. Ele define que o Kanban interno é
usado para instruir a fabricação de pequenas quantidades. Ele cita que
entre os usos típicos deste tipo de Kanban está a programação das áreas
de produção finais com base na retirada do estoque de um
supermercado, ou um sinal direto de reposição do cliente.
Por sua vez, o Kanban de sinalização é usado para fabricar
grandes quantidades para processos em lotes, como por exemplo prensas
de estamparia e máquinas de injeção. Neste caso, o Kanban interno seria
menos eficiente, pois necessitaria de uma grande quantidade de cartões e
um grande tempo de manuseio dos mesmos (SMALLEY, 2005).
O Kanban de produção padrão é eficiente para programar os
processos quando existe uma seqüência, ou ordem ótima a ser seguida
pela produção, em função dos diversos tipos de materiais usados, ou
pelos números de setups. Na produção padrão, uma seqüência básica é
estabelecida e fixada, mas o tamanho de lote produzido pode variar a
cada vez. Com isso, pode ser definido um lead time estável de produção,
um intervalo de tempo para a produção de cada peça e os lead times de
reposição usados para estabelecer o nível de estoque no supermercado
(SMALLEY, 2005).
Por fim, Smalley (2005) define o Kanban por fabricação em
lotes. Este utiliza quadros de lotes juntos com o estoque no formato de
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supermercado. Então, cada item neste supermercado possui um cartão
Kanban, que é destacado e retorna ao processo fornecedor. Assim, a
cada vez que os cartões chegam a uma determinada quantidade, a
reposição se inicia de acordo com este número. Este tipo de Kanban de
sinalização se difere do Kanban interno para programar processos em
fluxo pelo fato de que no Kanban interno a produção ocorre a cada
cartão disparado, e neste Kanban a produção ocorre através de um
agrupamento de cartões formando um lote de produção.
Circulação dos cartões
dois procedimentos que podem governar o uso dos Kanban.
Eles são conhecidos como sistema de cartão único e sistema de dois
cartões. O sistema de cartão único é o mais utilizado, pois é o mais
simples de operar, utilizando somente Kanban de transporte. O sistema
de dois cartões utiliza tanto o Kanban de transporte como o de produção
(SLACK, CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002).
No sistema de cartão único, em cada estágio um centro de
produção e uma área de armazenagem. A produção e os estoques estão
contidos em contenedores padrão, que contêm todos os mesmos
números de componentes. Quando o processo cliente requerer mais
componentes, para que possam ser processados, ele coleta um
contenedor padrão do processo fornecedor. Depois que o centro de
trabalho utilizou os componentes do contenedor, ele coloca o Kanban de
transporte numa área de espera e envia o contenedor vazio para o centro
de trabalho do processo fornecedor. A chegada de um contenedor vazio
no centro de trabalho do processo fornecedor é sinal para a produção do
mesmo. O Kanban de transporte é movimentado da caixa de espera de
volta ao ponto de estocagem final do processo fornecedor. Este ato
representa a autorização para a coleta de mais um contenedor cheio, que
será movimentado do ponto de estocagem final até o centro de trabalho
do processo cliente (ver
Figura 2.12.2)
Por sua vez, o sistema de dois cartões é mais utilizado em
produções onde o número de diferentes componentes produzidos por
cada estágio é relativamente alto. Neste caso, cada estágio tem dois
pontos de estocagem, um armazenando os contenedores e componentes
que chegam e o outro, os que saem. O ciclo do Kanban de transporte é
similar ao do sistema de cartão único. Assim que o processo cliente
retira um contenedor de seu estoque de entrada, para processá-lo, um
Kanban de movimentação é colocado. Assim, é retirado um contenedor
do estoque de saída do processo fornecedor e colocado então um
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Kanban de produção, permitindo a produção e um novo contenedor do
determinado produto (ver
Figura 2.12.3).
Figura 2.12.2 - A operação do sistema Kanban de cartão únicoFonte: (SLACK,
CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002).
Existem diversas formas de avisar o processo precedente a
produzir, além do cartão Kanban.
Contenedores - o contenedor vazio autoriza a produção, ou
movimentação do material suficiente para reabastecê-lo;
Luminosos - um sinal luminoso elétrico, controlado pelo ponto de
consumo, sinaliza uma necessidade de reabastecimento
instantaneamente visível para o posto de produção;
Espaços demarcados - elaborado para manter um número limitado de
unidades. Um espaço vago é o sinal de que o reabastecimento está
autorizado.
Centro de Trabalho A Centro de Trabalho B
C
C
C
C C
Estoque de
Itens processados
C
C
C
Estoque de
Itens processados
ESTÁGIO A
ESTÁGIO B
C
Contenedor-padrão vazio
Contenedor-padrão cheio
Kanban de transporte
Caixa de cartões Kanban
Fluxo de contenedores-padrão
Fluxo de kanban de transporte
Página | 59
Figura 2.12.3 - A operação do sistema Kanban de dois cartõesFonte: (SLACK,
CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002).
2.12.6. Seleção de Itens para o Kanban
Taveira (1997) afirma que apesar de simplicidade no
funcionamento e a aplicabilidade do sistema Kanban, tem-se verificado
que existem algumas limitações para sua aplicação geral em qualquer
sistema produtivo, principalmente referentes a condições de demanda
relativamente instáveis. Ele recorda que o sistema é mais eficiente para
itens com alto grau de repetibilidade e pequena variação na demanda de
consumo.
Ribeiro (1984) afirma que nem todos os itens fabricados devem
ser controlados pelo Kanban. Através de uma seleção criteriosa, e
utilizando a ferramenta de classificação ABC, é possível controlar de
20% a 30% dos itens de maior atividade, abrangendo em torno de 70% a
80% do valor dos estoques, resultando assim em um ganho significativo
em relação ao giro de estoque. Ribeiro (1984) sugere então que os
produtos sejam escolhidos através de dois índices: coeficiente de
repetibilidade e o coeficiente de variação. Quanto maior for a
repetibilidade e menor for a variação, mais indicado o item será para o
Kanban.
Smalley (2005) diz que se devem identificar os itens de alta
freqüência e alto volume, e os de alta freqüência e baixo volume, e os de
itens de baixa freqüência. Os itens para o Kanban devem ser os de maior
freqüência. Cardoso e Silveira (2002) afirmam que para processos onde
Centro de Trabalho A Centro de Trabalho B
C
C
C
C C
Estoque de
Itens processados
C
C
C
Estoque de
Itens processados
ESTÁGIO A
ESTÁGIO B
C
Contenedor-padrão vazio
Contenedor-padrão cheio
Kanban de transporte
Caixa de cartões Kanban
Fluxo de contenedores-padrão
Fluxo de kanban de transporte
Página | 60
existam muitos produtos e máquinas para a mesma operação, devem ser
determinadas “famílias” de produtos para cada uma destas máquinas.
2.12.7. Dimensionamento do Kanban
Conforme Cardoso e Silveira (2002), para o dimensionamento
do Kanban, devem-se seguir algumas etapas, tais como:
Realizar um estudo de demanda do processo posterior
para identificar a relação do volume correspondente de produto
produzido, o takt time, picos de demanda que podem ocorrer,
etc;
Estudar o comportamento operacional do processo fornecedor
para identificar o número de quebras, problemas de qualidade, entrega
de fornecedores, tempo de reparo de máquinas, etc.;
Calcular o tempo de ciclo do processo fornecedor, sendo que
este deve ser igual ao takt time do processo cliente;
Estudar a capacidade das embalagens, para que ocupem o
menor espaço possível e para reduzir a movimentação.
Para um Kanban de produção padrão, Shingo (1996) diz que
saber quantos Kanban usar é uma questão básica ao administrar um
sistema Kanban.
Ribeiro (1984) afirma que o número de cartões e a quantidade
representada por cartão estão diretamente relacionados com a velocidade
de consumo na linha de montagem e o tempo de reposição necessário ao
ressuprimento dos lotes.
O número de Kanban pode ser calculado através da Equação 1
(SHINGO, 1996).
n
N
Q
Equação (1)
Onde:
N - número de cartões Kanban;
Q - lote de produção;
- estoque mínimo (de segurança);
n - peças por embalagem.
Página | 61
Shingo (1996) acrescenta que no Sistema Toyota de Produção é
mais importante aperfeiçoar o sistema produtivo para diminuir o número
de Kanban do que a quantidade propriamente dita. Ele explicita então
que, para reduzir N é necessário executar a produção em lotes pequenos
e minimizar o tamanho do lote de produção Q pela redução dos tempos
de setup. Também é necessário utilizar estas medidas para reduzir os
tempos de atravessamento ao mínimo e, por fim, eliminar os estoques de
segurança (
).
Smalley (2005) define que, para o cálculo do ponto de disparo
de um produto em uma máquina, onde diversos produtos serão
fabricados, é necessário acrescentar o tempo de produção do lote do
produto que tiver o maior tempo de produção, para amortecer o fato de
que um lote pode estar sendo produzido assim que for disparado o
Kanban. Para aquele produto que possui o maior lead-time, considera-se
o segundo maior tempo de produção de espera, pois ele nunca estará
esperando ele mesmo para ser processado.
2.13. NIVELAMENTO
A segunda regra do Kanban diz que o processo precedente deve
produzir apenas a quantidade retirada pelo processo subseqüente. Para
tanto, é necessário que todas as etapas da produção estejam preparadas
para produzir as quantidades necessárias no momento necessário (Ohno,
1997). Para evitar as flutuações que causam impacto negativo sobre
todos os processos procedentes, devem-se baixar os picos e elevar os
vales na produção, de forma que o fluxo seja suave. Esse trabalho é
chamado de nivelamento da produção (Ohno, 1997).
Segundo Womack & Jones (Soluções Enxutas, 2006) o
nivelamento é chave para alcançar a estabilidade. O termo nivelamento
tem dois enfoques, que são diretamente relacionados. O primeiro é o
nivelamento da produção pelo volume. O segundo é o nivelamento da
produção por tipo de produto ou mix de produção.
Smalley (2005) define que o nivelamento da produção é, de
maneira simplificada, produzir todos os itens da linha dentro de um
intervalo de tempo. Quanto menor os intervalos, maior seria o grau de
nivelamento. Logo, o maior grau de nivelamento significaria ter
capacidade de fazer pequenos lotes de produção, o que requer
preparações de linha. É planejar a produção de forma que o mix e o
Página | 62
volume sejam constantes ao longo do tempo (SLACK, CHAMBERS, &
JOHNSTON, 2002).
Para Smalley (2005) o nivelamento permite reduções de estoque
de produtos acabados e de matéria-prima e, consequentemente, de lead
time. Também aumenta a flexibilidade de resposta para o cliente, pois
permite a produção mais próxima da demanda real. Assim, mudanças
nos pedidos deixam de ser complicadas e a empresa pode ajustar o seu
rumo durante o dia, semana ou mês.
Womack & Jones (2004) afirmam que o Just-in-Time é inútil se
as etapas de produção posteriores não praticarem a programação
nivelada para amenizar possíveis perturbações do fluxo de pedidos no
dia-a-dia não relacionadas à real demanda dos clientes. Pois do
contrário, gargalos surgirão nos processos iniciais, e estoques de
segurança deverão ser criados para preveni-los.
Para nivelar, é necessário primeiramente reduzir os tempos de
setup para a produção de lotes menores. Na Figura 2.13.1 ilustra-se uma
diferença de programação em grandes lotes e a programação nivelada.
Figura 2.13.1 - Comparação da programação em lotes grandes e da
programação nivelada Fonte: (SLACK, CHAMBERS, & JOHNSTON, 2002).
Supondo que uma fábrica possua uma capacidade de produção
de 250 peças por dia e que haja uma demanda de 3.000 produtos A,
1.000 produtos B e 1.000 produtos C. Normalmente, se é necessário
Programação em lotes grandes 3000 de A LEP de A = 600
1000 de B LEP de B = 200
1000 de C LEP de C = 200
Período de 20 dias
250 250 100 50 250 250 100 50 250 250 100 50 250 250 100 50 250 250 100 50
A B A B A B A B A B
A A + + A A + + A A + + A A + + A A + +
150 200 150 200 150 200 150 200 150 200
B C B C B C B C B C
Programação nivelada
Reduzir o tamanho
LEP de A = 150
de lote para:
LEP de B = 50
LEP de C = 50
Período de 20 dias
150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A
50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50
B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B
50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50
C C C C C C C C C C C C C C C C C C C C
150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150
A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A
50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50
B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B
50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50
C C C C C C C C C C C C C C C C C C C C
200
C
600
A 200
B
+
200
C
600
A 200
B
+
200
C
600
A 200
B
+
200
C
600
A 200
B
+
C
200
A 200
+
B
600
Página | 63
produzir um determinado mix de produtos num determinado período,
seriam calculados o lote econômico de produção (LEP) para cada
produto, no caso LEP de A = 600, LEP de B = 200 e LEP de C = 200.
Neste caso, é produzido no primeiro o lote inteiro de A,
totalizando três dias para poder passar para a etapa posterior. Depois é
produzido um lote de B, e a seguir um de C, para assim passarem para o
processo posterior. Supondo que a flexibilidade da unidade produtiva
possa ser aumentada para que os lotes econômicos possam ser
diminuídos a 150, 50, 50 respectivamente A, B, C, possibilitariam a
produção de um lote inteiro de cada um dos produtos por dia e a
liberação dos mesmos para a etapa posterior (SLACK, CHAMBERS, &
JOHNSTON, 2002).
Página | 64
3. IMPLEMENTAÇÃO DO ESTADO FUTURO
3.1. VISÃO DO FUTURO
Todo o caminho percorrido na estruturação do ambiente futuro
são abordagens divididas em etapas para sua melhor compreensão bem
como dos seus objetivos. É apresentado na figura 3.1 esquema do
contexto da construção do estado futuro.
As divisões propostas para a construção do estado futuro são
definições adotadas para consolidar campos de ação adotados pelo
implementador.
Cada loop possui abordagem distinta, e eles se conectam através
do objetivo geral do mapa do estado futuro. A implementação dos loops
não segue obrigatoriamente uma sequência, e em diversas etapas a
abordagem deve ser simultânea. Exemplos de cada um dos loops são
apresentados na Figura 3.1.2. A definição dos loops no mapa são
apresentada nas Figura 3.1.2, Figura 3.1.3, Figura 3.1.4, Figura 3.1.5.
Figura 3.1.1 - Loops do estado futuro
Página | 65
Figura 3.1.2 - Loop Puxar
Figura 3.1.3 - Loop Fluxo
Página | 66
Figura 3.1.4 - Loop Simplicidade
Figura 3.1.5 - Loop Estabilidade
Página | 67
3.2. LOOP ESTABILIDADE
O loop estabilidade inclui aspectos gerais, e o processo de
estabilização compreende etapas conhecidas e amplamente descritas. O
objetivo desta etapa é consolidar a estrutura da empresa para o
desenvolvimento deste trabalho.
A estabilidade compõe a base do sistema de manufatura enxuta.
3.2.1. Treinamentos de sensibilização à filosofia lean
Sabendo que o processo de montagem da célula de fabricação
das EL exigiria uma demanda de trabalho de diversos setores de
fabricação, iniciou-se o treinamento de alguns colaboradores da empresa
a respeito da manufatura enxuta. O processo de sensibilização dos
conhecimentos da manufatura enxuta é parte determinante para o
sucesso da implementação ver (Figura 3.2.1). O procedimento adotado
para a criação de aliados internos foi a contratação de uma equipe
externa de grande renome no mercado de treinamento de equipes. O
processo transformador exige das organizações a criação de equipes
internas com capacitação suficiente para implementar as mudanças, em
uma escala de detalhes não alcançada nas etapas iniciais. O
conhecimento da técnica, associado à visão de longa data dos
operadores do chão de fábrica e da média gerência, garante o sucesso da
operação.
Primeira etapa Gerentes
O processo de sensibilização iniciou com a alta gerência,
visando mostrar as possíveis aplicações dos conceitos lean na situação
real da empresa. O foco foi definido a partir da especificidade da
empresa, tendo em vista seu tamanho, história, natureza do negócio,
estratégia etc.
A palestra foi precedida de uma visita às instalações da empresa
de onde foram tiradas algumas fotos para ilustração da situação atual e
das oportunidades existentes de melhoria. Esta etapa foi executada em
parceria com a Lean Institute Brasil, e contou com a presença de todos
os diretores e gerentes da empresa.
Página | 68
Segunda etapa Coordenadores
A etapa de disseminação do conhecimento no âmbito da média
gerência foi ministrada como forma de apontar os desafios que deverão
ser enfrentados e a necessidade de envolvimento de todos, tendo em
vista a decisão tomada pela empresa pela implementação da
manufatura enxuta. Buscou-se coincidir a palestra da primeira etapa com
a apresentação de planos de transformação.
Esta atividade procurou proporcionar o entendimento básico
dos princípios lean através da experimentação. Foi utilizada uma
simulação de uma fábrica como laboratório para uma transformação
lean, e essa etapa foi executada em parceria com a empresa Taktica
Lean Consulting. As fases desse procedimento de simulação foram as
seguintes:
Simulação 1ª rodada: caracterizando a produção em massa;
Simulação 2ª rodada: experimentando o fluxo contínuo;
Simulação 3ª rodada: deixando o cliente puxar.
3.2.2. Criação de times de melhoria
Esta é uma atividade de incentivo à melhoria, que tem por
finalidade ser um dos pilares no processo de organização da empresa em
longo prazo. Ela influencia no direcionamento rumo às mudanças que
ocorrem no desenvolvimento da transformação enxuta. Uma descrição
dos elementos para a criação de times de melhoria é apresentada na
Tabela 3.2.1. O sistema de times busca dar motivação às equipes, e esta
abordagem resulta em um processo “ganha ganha”, onde o funcionário
ganha por tornar-se mais capacitado e motivado, e a empresa ganha em
ser melhor a cada dia. A melhora na gestão é um reflexo da melhora das
equipes. Nesta etapa, as ferramentas motivacionais consistem em
incentivar o colaborador a agir eficientemente em etapas de melhorias,
seja em grupo ou autônomas (figura 3.4).
Página | 69
EMPRESA
FUNCIONÁRIO
TREINAMENTO,
MOTIVAÇÃO E
RECONHECIMENTO
FORTALECIMENTO DOS
PROCESSOS, INVESTIMENTOS
E ESTABILIDADE
ENTRADA
SAÍDA
RESPOSTA EFICIENTE E
A LONGO PRAZO AO
PROCESSO
TRANSFORMADOR
Figura 3.2.1 - Entrada e saída dos processos
Tabela 3.2.1- Detalhes do projeto de melhoria
ELEMENTO
DESCRIÇÃO
OBJETIVO
Motivar e comprometer os colaboradores de forma progressiva com o
intuito de aprimorar os processos e organizar o chão de fábrica,
estimulando as iniciativas de melhoria. O sistema de times prevê o
treinamento contínuo de práticas lean assim como premiações de
reconhecimento à melhoria contínua.
PÚBLICO ALVO
Colaboradores da fábrica e fundição
FORMAÇÃO DOS
TIMES
Cada setor será um time, exceto para grupos maiores de 15
participantes, onde os setores serão divididos em duas ou mais equipes.
Ter-se-á ao todo 21 times. Todos os grupos devem ter um nome e um
líder.
PONTUAÇÃO
A avaliação será mensal e realizada por um grupo composto por quatro
participantes, sendo dois da comissão organizadora e dois participantes
das equipes que serão eleitos por sorteio. Os grupos serão pontuados
segundo um questionário de indicadores de organização (limpeza,
ferramentas, posto de trabalho), com perguntas objetivas e pesos
diferentes entre elas e respostas como "tem totalmente, tem parcialmente
e não tem". No caso de ocorrerem duas ou mais equipes com a mesma
pontuação, o desempate fica a cargo de uma nova análise que levará em
conta o desempenho individual dos componentes das equipes. Toda a
equipe que estiver em avaliação deve delegar um participante para
acompanhar a pontuação de seu grupo.
PREMIAÇÃO
Os times com a melhor pontuação mensal, trimestral e anual serão
parabenizados publicamente no jornal de circulação interna
“Panorama”. Somente as maiores pontuações trimestrais e anuais
estarão sujeitas a um prêmio, que será definido na época da premiação
(viagem regional, almoço, entrega de troféu ou camisetas, etc).
Página | 70
3.2.3. Sequenciadores
Todas as grandes peças soldadas são tratadas de maneira
especial, pois a necessidade de controlar a quantidade e o momento de
início da fabricação tornou-se ponto determinante para o ajuste das
metas. Ou seja, o setor de soldagem é quem recebe a informação da
ordem a ser produzida conforme os pedidos (Processo Puxador). Desta
forma, o sistema supõe o envio da informação via ordem sincronizada e
a gestão dos carrinhos (Figura 3.2.3) para o setor Solda Quadro.
A sequência de fabricação dos kits é um processo controlado,
via quadro de informação visual, o qual será descrito em maiores
detalhes neste capítulo.
Os carrinhos determinam quando iniciar ou parar a produção,
isto é, após o sistema ser iniciado na soldagem, os controladores do
processo são as filas FIFO, tanto para a pintura como para a montagem.
A informação sobre a quantidade e ordem a ser produzida
seguem no quadro de controle, mas o sistema adota o ritmo de liberação
dos carrinhos vazios no setor. Ou seja, defeitos no processo param o
sistema como um todo. O processo somente reinicia quando o carrinho
vazio retorna da pintura para a soldagem, autorizando a fabricação dos
componentes. Da mesma forma, a fila de carrinhos com as peças
pintadas indica a sequência em que o setor de montagem vai montar os
equipamentos. Desta forma, a soldagem torna-se o único ponto de
entrada da informação, emitida via PCP. Isto confere estabilidade aos
eventos, pois um pequeno atraso na montagem das máquinas faz com
que não sejam liberados novos carrinhos vazios. E, com isso, a
fabricação das peças interrompe todas as sequências de eventos que
estão vinculados à liberação dos carros.
Este procedimento de ordens sincronizadas vincula todos os
processos em uma única forma simplificada de balanceamento. O fluxo
desenvolve um vínculo com toda a cadeia transformadora da soldagem
até a montagem (Figura 3.2.4).
Esta nova forma de trabalho representa uma evolução
comparada ao sistema utilizado anteriormente, o qual consistia em uma
série de informações que comumente geravam conflitos de priorização.
Atualmente, os carros seguem dois fluxos, da montagem para a
pintura e da pintura para a soldagem. A soldagem é iniciada quando
houver carros vazios no setor. Todos os carros da soldagem o
liberados pelo setor de pintura após consumir as peças. A pintura
inicia o consumo das peças dos carros da soldagem, quando houver
Página | 71
carros vazios liberados pela montagem. E a montagem dos
equipamentos ocorre na sequência definida pela liberação dos kits
vindos da soldagem. A quantidade de carros é definida pelo volume
produtivo do mês. De acordo com a ordem, a soma dos kits parados nos
carros não deve exceder o consumo de um dia (
Figura 3.2.2).
MONTAGEM DAS LINHAS
PINTURA
SOLDA
ORDENS SINCRONIZADAS
TODOS OS CARRINHOS SÃO IGUAIS E
NÃO ESPECIFICOS
FIFO DE
CARROS
ENTRADA DA PROGRAMAÇÃO
Figura 3.2.2- Fluxo de trabalho dos kits
Figura 3.2.3- Kit de peças soldadas
Página | 72
Figura 3.2.4- Fluxo de trabalho das ordens sincronizadas
Alguns detalhes referentes às responsabilidades com os carros
são os seguintes:
O envio dos carrinhos com os kits soldados para a pintura é
responsabilidade dos soldadores;
O retorno dos carrinhos vazios para a soldagem é responsabilidade
dos funcionários da soldagem;
O envio dos carrinhos com os kits pintados para a montagem do EL
é responsabilidade dos funcionários da pintura;
O envio dos carrinhos vazios para a pintura é responsabilidade dos
montadores do EL.
3.2.4. Aquisição de equipamentos
Para alcançar o objetivo de transformar um setor da empresa em um
modelo de organização lean, foi necessário adquirir novos equipamentos
de maneira a conferir ao chão de fábrica maior estabilidade. Os
equipamentos adquiridos são listados abaixo.
Parafusadeiras pneumáticas: Uma parafusadeira de torque (Figura
3.2.5) foi adquirida para a montagem do EL, pois percebeu-se a
necessidade de garantir o torque aplicado e ainda reduzir os tempos de
montagem para os rotores montagem complexa de uniões aparafusadas.
Página | 73
Desta forma, esse equipamento contribui para a estabilidade ao longo da
jornada de trabalho.
Figura 3.2.5- Parafusadeira pneumática
Pistola de retração térmica: Todos os produtos são completamente
embalados com plásticos de retração térmica, processo esse que era
executado em tempo elevado, superior a trinta minutos para cada
produto. Na busca por minimizar o tempo e melhorar o processo de
embalagem, foi adquirida uma pistola de retração térmica a propano
(Figura 3.2.6). Agora, este processo é efetuado em um tempo médio de
oito minutos.
Figura 3.2.6- Pistola de retração térmica
Torno CNC Mazak: Após a implantação do sistema kanban no chão de
fábrica, surgiu a necessidade de máquinas mais versáteis, para atender à
demanda por lotes menores. Desta forma, foi adquirido um centro de
torneamento CNC (Figura 3.2.7), o qual possui um sistema de troca
rápida de pallets, que reduziu o tempo de setup deste processo quase a
zero (Figura 3.2.8).
Figura 3.2.7 Torno CNC adquirido
Página | 74
EM PROCESSO
EM PREPARAÇÃO
DESCARGA
Figura 3.2.8- Fluxo de trabalho pallets intercambiáveis
Máquina de corte a laser Trumpf: Seguindo a política de maior
versatilidade, foi adquirida uma máquina de corte a laser, para facilitar a
demanda variável, conforme mostrado na Figura 3.2.9.
Figura 3.2.9 - Máquina de corte a laser
Dobradeira Trumpf: A necessidade de se fabricar lotes menores levou à
necessidade de se adquirir uma dobradeira CNC, que possibilita a
redução dos tempos de setup deste processo quase a zero (Figura
3.2.10).
Figura 3.2.10- Dobradeira
Página | 75
Prensa Jundiaí: A necessidade de maior responsividade da empresa
exigiu um importante ajuste do sistema produtivo, especialmente para o
setor de estamparia, que absorveu uma quantidade significativa de
investimentos. Porém, além das aquisições, como a prensa mostrada na
Figura 3.2.12, realizou-se um projeto de padronização do ferramental,
para que a troca do mesmo fosse realizada sem ajuste da torre das
prensas. Ou seja, as ferramentas possuem as mesmas alturas totais
(Figura 3.2.11).
FERRAMENTAS
PRENSA
FERRAMENTAS DE TAMANHO PADRÃO, TROCAS
NÃO NECESSITAM DE AJUSTE DA PRENSA
Figura 3.2.11 - Trocas rápidas de ferramentas
Figura 3.2.12- Prensa
Empilhadeiras elétricas: Com o desenvolvimento dos supermercados
necessitou-se de equipamentos para a manipulação dos itens nas
prateleiras (Figura 3.2.13).
Figura 3.2.13 - Empilhadeira elétrica
Página | 76
3.2.5. Novo software ERP
Até o momento do início deste trabalho, o software ERP
utilizado não dispunha de ferramentas capazes de contribuir para uma
transformação lean completa, uma vez que faltavam componentes de
suporte ao controle Kanban, assim como as listas de necessidades
(picking list) entre outros componentes de entrada de pedidos. Desta
forma, decidiu-se pela substituição do referido software, escolhendo-se
o software I-Series AS400 já amplamente utilizado no grupo.
Entrada de pedidos
Somente pedidos feitos via sistema entram em produção, o que
garante um padrão de comunicação, pois os pedidos são cadastrados
sempre no mesmo formato padronizado. Os pedidos são feitos com a
definição do modelo requerido. A Figura 3.2.14 e Figura 3.2.15
apresentam detalhes da definição dos modelos para o novo e antigo
modelo de entrada de pedidos.
Figura 3.2.14 - Fluxograma anterior a instalação do novo software
Figura 3.2.15 - Fluxograma de entrada de pedido atual
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As vantagens deste novo sistema são as seguintes:
O PCP não configura mais a máquina;
Diminui a possibilidade de erro;
Erros não se repetem.
3.2.6. Configurador de máquinas
As ferramentas de configuração de máquinas e preço definem
novos processos padronizados de entrada do pedido na programação.
Nesta nova forma, o cadastro do pedido ocorre via sistema, e seguindo-
se as etapas de configuração, o configurador somente permite
montagens pré-determinadas.
Assim sendo, todas as possíveis combinações de montagens,
são analisadas pelo software e executadas com os parâmetros pré-
definidos pelo projeto. A ordenação foi realizada dividindo-se todas as
máquinas em famílias e em códigos com subdivisões das famílias (
Figura 3.2.16). Após a definição do item específico a ser configurado, o
sistema abre janelas de opções a serem escolhidas, e um exemplo é
apresentado na Figura 3.2.17.
O item configurado é uma opção do novo software, para que os
modelos sejam previamente definidos e preparados. Assim, reduz-se
erros e facilita-se o fluxo de informações do pedido do cliente até o chão
de fábrica. Neste novo procedimento, a ficha de montagem das
máquinas é sempre do mesmo formato (Figura 3.2.18).
Figura 3.2.16 - Decomposição das opções das máquinas
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Figura 3.2.17- Tela de configuração
Figura 3.2.18 - Ficha de montagem
3.2.7. Kanbans via sistema
O novo sistema controla todos os itens de gestão via Kanban,
em todos seus aspectos. As características são definidas no software e
cadastradas nos seguintes campos: (a) Quantidade; (b) Prazo; (c)
Endereço.
O sistema controla a passagem dos kanbans no PCP para
registro de movimentação, e também imprime a etiqueta de identificação
de passagem do item. Um exemplo de etiqueta é apresentado na Figura
3.2.19, e o fluxo de operação a ser seguido é mostrado na Figura 3.2.20.
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Figura 3.2.19 - Modelo da etiqueta impressa via sistema
Figura 3.2.20 - Fluxo do kanban
3.2.8. Lista de Necessidades - Picking list
O gerenciamento dos itens utilizados em supermercados tem
seu controle realizado por listas de materiais específicas por posto de
trabalho, as quais definem a coleta de peças, conforme mostrado na
Figura 3.2.21.
Algumas vantagens desta lista são as seguintes:
Listas de necessidades geram coletas precisas de peças;
Listas, via sistema, são baseadas na estrutura;
Listas de peças ajudam a manter os estoques organizados;
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Liberação via sistema são de fáceis de serem feitas.
Os sistemas de listas de necessidades consistem em:
Necessidade de coletar as peças nos supermercados para cada
máquina;
Ser específico para cada pedido de máquina, facilitando desta
forma a coleta dos itens;
Definir as necessidades a serem coletadas nos supermercados;
Boas descrições e endereçamentos;
Assertividade dos pedidos e a diminuição dos deslocamentos.
O fluxo de trabalho desta ferramenta se inicia com:
A entrega da lista de necessidades juntamente com a ficha de
montagem da máquina;
E os montadores, antes de iniciarem a montagem das máquinas,
coletam as peças que irão montar.
O sistema de lista sequencia os endereços, para que os
montadores nunca necessitem passar duas vezes pela mesma rota
(Figura 3.2.22). As coletas são realizadas para duas máquinas de cada
vez, ou seja, o montador se desloca do posto de trabalho a cada duas
horas.
Os critérios para início das listas foram:
A redução de tempos de não agregação de valor com
deslocamentos;
A redução das perdas por coleta de peças erradas;
Facilitar a produção em lotes.
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Figura 3.2.21- Listas de necessidades
Figura 3.2.22 - Sequência de coleta dos itens via lista de necessidades
3.2.9. Ordens sincronizadas
As ordens sincronizadas representam uma ferramenta para
suporte da produção via comunicação direta com as etapas de fabricação
dos grandes conjuntos. A necessidade é definida somente um momento
antes do início da montagem.
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A liberação das ordens sincronizadas e do pedido das máquinas
é simultânea (Figura 3.2.24). Isto é, a sincronização da fabricação com a
montagem deve respeitar as prioridades. Na Figura 3.2.24, dentro do
retângulo referente à Produção, ilustra-se os elementos que o software
utiliza para realizar a gestão:
Kanban, através da gestão baseada no consumo;
Ordens sincronizadas, vinculadas à liberação dos carrinhos
sequenciadores, descritos anteriormente;
Ordens de fabricação, descritas anteriormente, porém não
utilizadas nesta dissertação.
Figura 3.2.23- Ordem sincronizada
Figura 3.2.24 - Fluxo de liberações
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3.2.10. Melhoria contínua
Após concluir-se a primeira etapa de início da produção e
aprimoramento baseado nas técnicas da manufatura enxuta, tornou-se
necessário definir uma política de sustentação em longo prazo. Para isto,
foram aplicados conceitos de melhoria contínua (Kaizen em japonês).
Definiu-se como prioridade as semanas kaizen de
melhoria, juntamente com ciclos PDCA e 5S como ferramentas
de sustentação do processo transformador. A ênfase na melhoria
contínua é importante, pois se sabe que ao longo do caminho de
mudança pode ocorrer uma quantidade significativa de
incorreções, sendo aceitável dar dois passos para frente e um
para trás (Figura 3.2.25).
Figura 3.2.25 - Modelo do caminho rumo à melhoria
3.2.11. Semanas kaizen
Para a implementação das semanas kaizen na empresa,
foi necessária a busca por uma empresa parceira para dar
suporte à realização de um kaizen de uma semana.
Após ter-se selecionado a empresa parceira, as atividades
previstas foram aplicadas ao longo de uma semana, tendo sido
abordados trabalhos logísticos e de montagem. Foram definidos dois
grupos de cinco componentes cada (Figura 3.2.26).
Grupo A - Montagem
Grupo B - Logística
Líder
Líder
Operador 1
Operador 1
Operador 2
Operador 2
Operador 3
Operador 3
Operador 4
Operador 4
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Figura 3.2.26 - Divisão dos grupos
As atividades foram guiadas por tópicos de maior necessidade,
que formaram a base para os trabalhos da semana. Todos os processos
em análise tinham o objetivo de fortalecer os princípios implantados
anteriormente, e um exemplo de melhoria realizado é apresentado na
Figura 3.2.27.
Grupo A
Estudo do processo de montagem;
Cronometragem dos processos de montagem;
Verificação dos novos processos de trabalho.
Grupo B
Levantamento da curva ABCXYZ dos produtos (curva valor do
estoque e de importância do estoque). Ou seja, valor versus
quantidade;
Contagem física dos componentes;
Análise do fluxo de abastecimento;
Reorganização dos materiais na produção;
Verificação dos kanbans de peças internas e de produtos
comprados.
Figura 3.2.27 - Exemplo de trabalho realizado: pulmão para nivelar a montagem
dos rotores
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Ao final da semana Kaizen definiram-se tarefas a serem feitas
visando melhorar a segurança e a estabilidade das rotinas de trabalho.
Estas tarefas estão mostradas na Tabela 3.2.2- Plano de ação.
Tabela 3.2.2- Plano de ação
Item
Atividade
1
Substituir caixas metálicas por caixas plásticas para o kanban de peças
compradas
2
Suporte para unir (embalar) as duas máquinas
3
Providenciar braço giratório para retirar rotor e colocar na máquina de teste
4
Confeccionar prateleiras para caixa plástica
5
Adquirir caixas plásticas
3.2.12. Sistema de trabalho adotado (Ciclo PDCA)
O processo de consolidação das técnicas é parte importante do
processo, pois ao definir-se e treinar-se a equipe do EL, o modelo de
melhoria baseado na equivalência entre as etapas de projeto,
implantação, verificação e correção (ciclo PDCA Figura 3.2.28),
transforma e consolida aliados internos. Ou seja, repassa-se e dá-se
suporte para que o setor tenha continuamente força e técnica para
executar processos cíclicos de melhoria.
Figura 3.2.28 - Ciclo de melhoria adotado para o PDCA
3.2.13. Metas de organização (5S)
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Todos os colaboradores do setor do EL foram treinados e
sensibilizados para organizar o espaço de trabalho, especialmente o
espaço compartilhado.
O propósito central do método 5S, repassado à equipe, consiste
na melhoria da eficiência no ambiente de trabalho, evitando que haja
perda de tempo procurando objetos perdidos. Além disso, uma vez
implementado, acredita-se que o setor possa gerar melhores resultados
através de uma equipe mais participativa com o poder de tomada de
decisões, proporcionando que o procedimento resulte em um diálogo de
entendimento facilitado entre os colaboradores.
Um exemplo de resultado de aplicação do método 5S na
empresa é mostrado na Figura 3.2.29.
Figura 3.2.29- Organização das ferramentas nas bancadas exemplo de
aplicação do método 5S
3.3. LOOP SIMPLICIDADE
3.3.1. Gestão visual
A gestão visual proporciona ganhos através da simplificação do
processo de comunicação, sendo uma das ferramentas associadas à
manufatura enxuta que mais contribui para conferir estabilidade ao
processo de transformação.
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A gestão visual auxilia a melhoria de um dos temas
centrais do novo modelo de gerenciamento de produção, a
busca por soluções que tornem os processos mais facilmente
observáveis, limpos e organizados, resultando em maior
facilidade para realizar o controle e a melhoria. A correta
compreensão dos fluxos de informação e material é muito
importante para as considerações abaixo.
3.3.2. Identificação das áreas
Todos os setores da empresa foram divididos em 27 grandes
partes que representam todas as áreas úteis (Figura 3.3.3).
3.3.3. Identificação geral dos locais
Todas as áreas no chão de fábrica detêm uma posição geral,
definida por linhas de A a L e colunas de 1 a 3 (Figura 3.3.3). Esta
identificação distribui as posições de armazenamento e facilita a
logística interna, além de organizar o fluxo de materiais no chão de
fábrica.
Todos os setores foram identificados e usufruem dessas
coordenadas, através de uma letra e um número, que definem sua
posição na fábrica (Figura 3.3.1). Os setores de grande área foram
referenciados com uma ou mais cotas (ver posicionamento dos setores
na Figura 3.3.2). Toda a identificação descrita foi identificada
fisicamente no chão de fábrica (Figura 3.3.4).
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Figura 3.3.1- Tabela de endereço dos locais
Figura 3.3.2- Setores do chão de fábrica
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Figura 3.3.3- Mapa das coordenadas
Figura 3.3.4- Identificação física dos locais
3.3.4. Identificação das prateleiras
Todas as prateleiras foram identificadas conforme a sua
posição. Para a busca por posições e locais dedicados, teve-se o cuidado
em definir tipos diversos de embalagens para atender ao volume e a
freqüência de cada peça, assim como a origem do item. Com base neste
fato, para itens fabricados definiram-se quatro tipos de embalagens
metálicas, sendo:
10 - pequena;
20 - média;
30 - grande;
40 - cavalete.
Os quatro tipos de embalagens podem ser vistos na
Figura 3.3.5. A numeração é usada somente para identificação via
sistema. Para itens adquiridos, usou-se três tipos de embalagens que
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seguem a mesma lógica (pequena, média e grande), sendo a única
diferença o uso de caixas plásticas (Figura 3.3.6)
Os endereços das prateleiras são compostos por quatro dígitos (por
exemplo, EL 05) - ver descrição na Figura 3.3.7.
Figura 3.3.5- Tipos de embalagens metálicas
Figura 3.3.6- Caixas plásticas
Figura 3.3.7- Identificação física das prateleiras
3.3.5. Identificação das peças
Na organização do chão de fábrica, a ordenação é um critério de
grande importância. O cuidado com o endereçamento e identificação
deve ser permanente para todos os itens. Neste objetivo, todos os itens
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devem obedecer a uma regra clara, definida por: (a) posição; (b)
quantidade; (c) característica.
Adotou-se uma política de reestruturação das áreas de
armazenamento, bem como no desenvolvimento de cartões de
identificação. Este procedimento de identificação reordena a
distribuição de peças na fábrica, assim como facilita o controle
dos estoques.
Os endereçamentos foram divididos, em duas classes sendo:
Itens no chão de fábrica, com endereços divididos em
três campos, onde o primeiro identifica o local de
armazenamento, o segundo a prateleira, e o último define a
posição na prateleira (Figura 3.3.8 e Figura 3.3.9).
Para a segunda classe de identificação, os itens estão
armazenados no almoxarifado central. E os endereços são
divididos em quatro campos, sendo o primeiro o corredor, o
segundo o número da prateleira, o terceiro a altura ou nível do
item e, por fim, a localização de posição (Figura 3.3.10 e Figura
3.3.11).
Figura 3.3.8- Endereços de seis dígitos na fábrica
Figura 3.3.9- Ordem do endereçamento na fábrica
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Figura 3.3.10- Endereços de seis dígitos almoxarifado
Figura 3.3.11- Ordem do endereçamento almoxarifado
3.3.6. Identificação das áreas de refugo de peças
Em todas as áreas de montagem e fabricação, colocou-se uma
caixa vermelha de tamanho médio (
Figura 3.3.5), com a função de indicar a área específica para descarte.
Todos os itens descartados são identificados e os problemas são
monitorados, em busca de uma solução.
Todos os itens que apresentarem problemas são enviados para
uma área central de coleta e, em seguida, são avaliados para definir o
fator gerador da falha. As soluções para a eliminação do erro o
informadas através de solicitação de alteração ou da liberação de uma
ordem de não-conformidade. Ambos os documentos têm, em seu
organograma, uma ordem de responsáveis para a execução proposta.
Página | 93
A finalização do processo compreende a execução da
solicitação e aprovação dos resultados em reunião de grupo, com
freqüência semanal.
3.3.7. Quadro de informação
A busca por simplificar a comunicação interna e
melhorar a organização das prioridades é um princípio da
Produção Enxuta. E a transparência é a capacidade de um
processo de produção comunicar as informações úteis para as
pessoas que a utilizam (MARTINS, 2006).
Tendo isso em vista, considerou-se neste trabalho a
reestruturação no modo em que a informação é controlada.
Dados anteriormente disponíveis somente via sistema
informatizado, agora são disponíveis no quadro visual, como
por exemplo o quadro de sequenciamento da soldagem (Figura
3.3.12).
Este quadro foi desenvolvido para facilitar a ordenação
dos trabalhos, no setor de soldagem. O quadro consiste em uma
série de placas vermelhas e verdes, que sinalizam o item
realizado (com o lado verde), e o não realizado (com o lado
vermelho). Todas as operações a serem realizadas estão
descritas na coluna vertical, no lado direito, e a sequência a ser
realizada deve seguir uma fila de modelos de máquinas,
descritas na linha horizontal na parte superior.
Figura 3.3.12 - Quadro de sequenciamento da soldagem
Página | 94
3.3.8. Supermercados
Em muitos casos, a produção em fluxo contínuo não é viável, o
que torna o uso da fabricação em lotes uma necessidade do processo.
Neste caso, o uso do supermercado gera bons resultados para a produção
(ROTHER & SHOOK, 2006). Algumas vantagens são associadas ao uso
dos supermercados de peças, sendo:
Melhor acuracidade dos estoques;
Organização;
Aumento de flexibilidade das montagens.
Decidiu-se por posicionar as áreas de armazenamento de peças
em agrupamentos similares, classificados pela família de utilização. Esta
abordagem contribui para uma melhor organização do chão de fábrica.
Na etapa de levantamento de dados, percebeu-se a necessidade
da adoção de um sistema de produção não baseado em programação.
Nesta etapa, o supermercado representa a ruptura do fluxo contínuo,
proporcionando a execução do sistema de produção puxado. Porém,
para que a produção seja puxada é necessário estabilizar os processos no
setor produtivo, de modo que eventuais falhas não interrompam a
freqüência de trabalho da montagem.
Desta forma, a escolha adotada foi um sistema puxador,
estabilizado por um supermercado de peças prontas (Figura 3.3.15). O
ganho em disponibilizar todos os itens o tempo todo é a flexibilização
em gerar respostas niveladas à demanda real. Todos os itens no
supermercado são: (a) fabricados, (b) terceirizados ou (c) adquiridos.
Outro ganho associado à utilização do supermercado de peças é
a redução dos deslocamentos, uma vez que o sistema modifica o perfil
de coleta (Figura 3.3.13 e Figura 3.3.14).
A distribuição sem ordenação dos itens no posto de trabalho
gera um deslocamento excessivo, que culmina em um tempo de não
agregação de valor muitas vezes superior ao tempo de utilização real.
No processo de implementação do supermercado de peças, as seguintes
abordagens foram levadas em consideração:
A utilização de um ponto de centralização das peças, visando a
redução dos deslocamentos, onde as coletas são realizadas pelos
operadores, que utilizam de uma lista de necessidades. A retirada das
Página | 95
peças ocorre a cada duas horas, tempo esse que foi definido
levando-se em conta um tempo médio de processo para duas
máquinas, ou seja, a cada rodada a retirada deve ser feita para
duas máquinas.
O dimensionamento das quantidades em estoque. A
definição do tamanho do supermercado levou em conta o
consumo teórico previsto para um período de seis meses, ou
seja, com a previsão definida, os itens armazenados devem
suportar o consumo de quatro dias.
Desta forma, o sistema de produção em lotes garante um bom
percentual de utilização dos equipamentos no processo de fabricação,
além de flexibilizar a montagem.
Figura 3.3.13- Perfil de deslocamento sem supermercado
Figura 3.3.14- Perfil de deslocamento com supermercado
Página | 96
Figura 3.3.15- Foto do supermercado do setor
Os tipos de itens armazenados nos supermercados são os
seguintes:
Adquiridos: Itens provenientes do almoxarifado são entregues no posto
de trabalho. Exceto os de grande dimensão, que utilizam o
supermercado, devido ao excesso de peso ou dimensão para manuseio
em caixas plásticas;
Fabricados: Todos os itens fabricados fazem parte do supermercado;
Terceirizados: Assim como os fabricados, os itens provenientes de
fornecedores externos seguem o mesmo modelo de gestão no
supermercado.
3.4. LOOP FLUXO
Os processos de montagem são peculiares devido à inexistência
de referências, uma vez que este é um produto novo para a unidade
brasileira.
Os trabalhos foram iniciados analisando-se a montagem teste
dos lotes piloto (Figura ), e com base nesta análise elaborou-se o mapa
do estado atual.
Página | 97
Figura 3.63 - Foto da montagem dos lotes piloto
3.4.1. Fluxo contínuo
Segundo Rother e Harris (2002), se o fluxo não for contínuo,
mesmo uma célula de trabalho bem elaborada somente terá alcançado no
máximo cinqüenta por cento de redução do tempo de não agregação de
valor esperado da situação futura.
Em toda a cadeia produtiva, tentou-se aprimorar o fluxo de
maneira a reduzir os tempos totais de produção. Entretanto, neste
trabalho, a integração das etapas em fluxo contínuo foi efetuada somente
para as etapas de montagem. Este trabalho considerou os seguintes
aspectos: (a) nivelamento da montagem ao cliente; (b) os tempos de
produção para o balanceamento das etapas; (c) a busca por eliminar os
deslocamentos (Figura 3.64). Para isto, materiais, informação e
operadores foram tratados da seguinte maneira:
Material: Peças devem ser movidas de uma etapa que agrega valor
diretamente para outra, que tamm agrega valor;
Informação: Todos devem conhecer a meta de produção e perceber
problemas rapidamente;
Operador: O trabalho deve ser cíclico e consistente, além de estar livre
de operações que não agregam valor.
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Figura 3.64 - Modelo da reestruturação do fluxo
Segundo Rother e Harris (2002), no desenvolvimento do fluxo
contínuo deve-se responder a onze questões, as quais são:
Escolha do produto e organização do pedido;
Definição do Takt Time;
Os elementos de trabalho necessário para fazer um item;
O tempo real necessário para cada elemento de trabalho;
Os equipamentos podem atender o Takt Time;
Qual o nível de automação;
Organizar o processo físico;
Definição do número de operadores necessários para atender o
Takt time;
Distribuição do trabalho entre os operadores;
Definição do processo puxador;
Como o processo puxador reagirá frente às mudanças na
demanda dos clientes.
Os tópicos descritos acima são referências clássicas do
desenvolvimento do fluxo contínuo. O presente trabalho descreve os
onze itens.
3.4.2. Escolha do produto e organização do pedido
Inicialmente, os pedidos eram enviados via e-mail da matriz na
para a unidade brasileira. Estes pedidos eram frutos de uma previsão em
Página | 99
longo prazo do serviço comercial francês. Essa forma de
trabalho, muitas vezes, era lenta e necessitava que a informação
fosse confirmada, via ligação telefônica internacional.
Tendo em vista a situação acima, o sistema de
informação foi adequado para a utilização de aplicativos no
software AS400, com suporte ao envio em tempo real de
informações da carteira de pedidos e dos carregamentos.
Os pedidos são recebidos via sistema e processados, e em
seguida recebe-se uma programação mensal de produção (Tabela 3.4.1),
com detalhes de quantidade e modelos a serem produzidos.
Posteriormente a esta etapa, os pedidos são enviados para o
coordenador do setor de montagem em uma programação detalhada, dia
a dia (Tabela 3.4.2). Os pedidos respeitam uma estratégia de
nivelamento que leva em consideração o atendimento dos pedidos e a
flexibilidade da montagem. Os modelos não devem exceder a
quantidade de dez modelos na mesma série de produção. Ou seja, a
capacidade em atender a demanda deve obrigatoriamente distribuir o
mix de produtos no pedido.
Tabela 3.4.1 - Definição da produção mensal junho
KNA
KSA
TOT
KNA
KSA
TOT
KNA
KSA
TOT
KNA
KSA
EL 22 - 120
10
10
0
5
5
EL 22 - 150
10
10
0
5
5
EL 23 -120
24
24
28
28
0
EL 23 -150
24
24
66
66
0
EL 43 - 105
26
26
0
12
10
22
10
10
EL 43 - 130
44
44
0
24
16
40
22
18
Tabela 3.4.2 - Definição da produção semanal
DATA
MODELO
Nº PEDIDO
DATA
MODELO
Nº PEDIDO
Página | 100
01/set
EL23 - 150
EL23A0513
08/set
EL23 - 120
EL23A0531
EL23 - 150
EL23A0514
EL23 - 120
EL23A0532
EL23 - 150
EL23A0515
EL23 - 120
EL23A0533
EL23 - 150
EL23A0516
EL23 - 120
EL23A0534
EL23 - 150
EL23A0517
EL23 - 120
EL23A0535
EL23 - 150
EL23A0518
EL23 - 120
EL23A0536
3.4.3. Heijunka
O nivelamento da produção é um conceito relacionado à
programação da produção. Um programa nivelado é obtido pelo
sequenciamento apropriado dos pedidos, que significa “nivelamento da
produção”. O Heijunka converte a instabilidade da demanda dos clientes
em um processo de manufatura nivelado e previsível, visando estabilizar
o fluxo de valor.
O Heijunka consiste na programação nivelada, através do
sequenciamento de pedidos em um padrão repetitivo, das variações
diárias de todos os pedidos, para corresponder à demanda no longo
prazo. Dito de outra maneira, Heijunka é o nivelamento das quantidades
e tipos de produtos.
A programação da produção, através do Heijunka, permite a
combinação de itens diferentes de forma a garantir um fluxo contínuo de
produção, nivelando também a demanda dos recursos de produção. O
nivelamento permite a produção em pequenos lotes e a redução dos
estoques de produtos intermediários e acabados.
Outras vantagens resultantes do nivelamento da produção são as
seguintes: (a) uma elevada precisão no atendimento ao cliente; (b)
redução das áreas utilizadas; (c) melhoria na rotina de trabalho dos
colaboradores, que não necessitam executar a mesma operação em
seqüências longas e exaustivas.
O sistema de distribuição da gama de produtos, na produção
diária, pode ser visto na Error! Reference source not found.. As
subfamílias de máquinas são agrupadas em seqüências contínuas, para o
sistema de produção convencional do estado atual de produção. Porém,
a nova abordagem de nivelamento deve ser mais eficiente em distribuir
as subfamílias em pequenos grupos, durante o mês de programação.
Esta abordagem é uma necessidade do fluxo contínuo e da produção
puxada, além de ser uma representação fiel do panorama de consumo
nivelado ao cliente.
Página | 101
Tabela 3.4.3 - Planilha de nivelamento para junho / 09
O nivelamento é apresentado de maneira visual nos quadros de
controle de produção para todos os colaboradores. O sistema
apresentado na Tabela 3.4.3 - Planilha de nivelamento para junho / 09 é
uma ferramenta do modelo de distribuição, adotado para agilizar o
atendimento aos pedidos e reduzir inventários em processos longos, que
exigem uma demanda muito forte de itens em períodos espaçados. A
Figura 3.4.1 Error! Reference source not found. mostra o estado ideal
de distribuição, no qual o sistema de programação deve se basear.
Figura 3.4.1- Estratégia de nivelamento dia a dia
3.4.4. Definição do Takt time
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O tempo takt (palavra alemã que significa “ritmo”) é o tempo
disponível para a produção, dividido pela demanda de mercado. Ou seja,
ele dita o ritmo de produção e orienta o tempo de avanço das etapas. O
tempo takt é calculado através da equação (3.4.1)
Equação 3.4.1 - Tempo takt
d
T
taktTempo
a
Onde: Ta = tempo disponível; d = demanda
Para o presente trabalho, foram estabelecidos os seguintes parâmetros:
Demanda mensal: 176 máquinas/mês
Consumo diário: 8 máquinas/dia
Tempo total: 540 min/dia
Tempo real trabalhado: 480 min/dia
Com os valores acima, o tempo takt é calculado como se segue:
Equação 3.4.2 - Tempo takt 2
máq
diamáq
dia
TaktTempo min/60
/8
min/480
Considerou-se, neste trabalho, um percentual de
aproximadamente 25% da capacidade produtiva diária, variando de 360
minutos diários até 600 minutos diários. A variação da demanda adotada
é uma flexibilização exigida pelo segmento de atuação desta linha de
produtos. As possíveis variações podem ocorrer ora por problemas
climáticos, que impactam diretamente nas vendas, ou no sistema
cambial brasileiro de câmbio flutuante, que ora gera exportações
favoráveis, ora não. Isto é, este modelo de flexibilização é fator
decorrente para o sucesso em lidar-se neste mercado.
A variação dos tempos totais trabalhados será descrita segundo
os seguintes tipos de demanda: (a) na alta demanda pelo uso de horas
extras; (b) na baixa demanda por uma jornada menor de trabalho no
setor.
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3.4.5. Definição dos tempos e elementos necessários para cada
elemento de trabalho
A cronometragem das etapas de montagem foi obtida
inicialmente acompanhando-se a fabricação do lote piloto, que
tem um tempo total de montagem de duzentos e vinte minutos
por máquina.
Após o acompanhamento do lote piloto, a etapa
seguinte foi a divisão do tempo total em quatro tempos parciais,
de até no máximo sessenta minutos, conforme tópico descrito
anteriormente.
Desta forma, o trabalho foi realizado em quatro etapas
distintas, dentro do setor no estado futuro. As divisões do layout
compreendem quatro etapas, chamadas de postos de trabalho
descritos nas tabelas abaixo..
Em seguida, a tomada de tempo iniciou-se juntamente
com as primeiras simulações da nova célula de montagem. Os
tempos usados são a média aritmética de três medições, e os
tempos são descritos em minutos.
Tabela 3.4.4 - Tomada de tempo para a montagem da máquina
Atividade
min:seg
Buscar carro das peças
00:51
Acoplar chassi menor no dispositivo
02:21
Preparo
06:58
Pré montagem do carter
09:10
Montar Carter no chassi
11:20
Pegar chave para apertar chassi
13:45
Tabela 3.4.5 - Tomada de tempo para montagem da máquina
Atividade
min:seg
32º
Fixando e apertando
10:24
33º
Pegar rotor
22:16
34º
Pegar peças para o rotor
24:10:00
35º
Remover proteção
26:00:00
36º
Buscar enxadas
29:55:00
37º
Montar componentes
34:56:00
Tabela 3.4.6 - Tomada de tempo para o teste
Atividade
min:seg
55º
Colocar refletores
02:32
Página | 104
56º
Buscar adesivos
03:00
57º
Colocar adesivos
03:59
58º
Colocar parafuso da chapa lateral no chassi
06:34
59º
Aguardando ponte rolante
06:43
60º
Retirar máquina anterior do teste
09:45
61º
Retirar máquina do suporte
11:45
Tabela 3.4.7 - Tomada de tempo para a embalagem
Atividade
min:seg
79º
Adesivar proteção frontal
06:00
80º
Buscar plástico para embalagem
06:43
81º
Embalar proteção
07:33
82º
Buscar capo
08:11
83º
Buscar adesivos
10:30
84º
Montar vareta no capo
11:56
87º
Montar eixo no capo
18:12
3.4.6. Os equipamentos podem atender o Takt Time
Todos os recursos necessários para o atendimento ao Takt time
foram alocados antecipadamente no setor.
3.4.7. Qual o nível de autonomação
Os dispositivos de montagens foram elaborados com o
propósito de realizar uma análise passa-não passa, o que inibe o erro
dimensional de acoplamentos entre etapas.
3.4.8. Organizar o processo físico
Para dimensionar adequadamente o estado futuro, reorganizou-
se o fluxo e dividiram-se as etapas de trabalho. Algumas abordagens no
aprimoramento do layout são apresentadas nos próximos itens.
O fluxo de materiais deve ser lógico e direto, porém no estado
inicial da produção nem sempre tem-se uma organização adequada. Isto
geralmente acarreta uma distribuição confusa de áreas e deslocamentos
(Figura 3.4.2). A necessidade em agilizar e reordenar o setor deve ser
uma busca no processo de melhoria. Desta forma, a ordenação de
espaços e fluxo deve seguir um padrão coerente e estável (Figura 3.4.3).
Os exemplos a seguir ilustram cenários da organização do fluxo.
Página | 105
Figura 3.4.2- Perfil da movimentação de materiais no setor no estado atual
Figura 3.4.3- Perfil de movimentação de materiais no estado futuro
3.4.9. Levantamento do layout atual
Para o início da fabricação dos lotes piloto buscou-se
efetuar o levantamento do layout atual (Figura 3.4.4). Os
seguintes parâmetros foram levados em consideração:
As máquinas devem localizar-se bem próximas umas das
outras, para minimizar distâncias percorridas;
Eliminação de espaços e locais de estoque de peças entre
processos;
Ergonomia apropriada nas estações de trabalho;
Ferramentas e materiais tão próximos quanto possível do ponto
de uso;
Não produzir por lotes, fluxo contínuo nas etapas;
Alimentação das linhas de montagem de maneira a suprir as
peças conforme a necessidade.
Página | 106
Figura 3.4.4 - Layout atual
Esta ilustração do fluxo representa o estado do setor antes da
ordenação do layout, e nesta abordagem o setor de montagem é uma
área central, sem divisão em postos de trabalho, e com as peças em
espaços não definidos.
3.4.10. Levantamento dos deslocamentos
A eliminação dos deslocamentos desnecessários foi um
elemento importante na elaboração do layout futuro. Desta forma, o uso
do diagrama de deslocamento para dimensionar graficamente os
deslocamentos dos operadores em busca de materiais, foi uma
ferramenta de grande importância. O procedimento consiste inicialmente
em: (a) desenhar o deslocamento dos operadores em sua rotina de
trabalho; e, (b) dimensionar o deslocamento realizado em uma etapa de
trabalho.
Desta forma, o deslocamento foi medido no layout atual do
setor especialmente desenhado em escala de medidas, para contagem
métrica da movimentação (Figura 3.4.5). Para um levantamento preciso
do deslocamento, todas as medições foram descritas três vezes,
acompanhando o montador em sua rotina de trabalho (Figura 3.4.6).
O diagrama de deslocamento contribui significativamente para
a tomada de decisões referentes às alterações de posicionamento dos
equipamentos no setor.
Página | 107
Figura 3.4.5 - Mapa para levantamento dos deslocamentos
Figura 3.4.6 - Contagem do deslocamento de um operador no setor
3.4.11. Projeto e Implementação do novo layout
O projeto do novo layout foi feito visando o melhor
aproveitamento físico dos espaços, resultando em um estímulo à
melhora do ambiente de trabalho. Para definir o layout futuro foi
realizada uma dinâmica de posicionamento de todos os itens do setor,
em uma planta baixa de escala 1:100. Foi definida como meta a busca
por seis possibilidades de layout (Figura 3.4.7), com suas qualidades
descritas. Assim, o novo layout foi aprovado e iniciaram-se as alterações
conforme projeto da montagem (Figura 3.4.8).
O setor foi alterado com o acompanhamento da equipe
participante, para definição de detalhes não previstos no projeto
(ver implementação do layout futuro nas Figura 3.4.9, Figura
3.4.10, Figura 3.4.11.
Página | 108
Figura 3.4.7- Dinâmica de organização do layout
Figura 3.4.8 - Layout futuro
Página | 109
Figura 3.4.9- O início da implementação do layout futuro
Figura 3.4.10- Layout futuro em implementação
Figura 3.4.11 - Layout futuro implementado
Página | 110
3.4.12. Definição do número de operadores necessários para
atender o Takt time
Para criar os postos de trabalho foi necessário calcular o número
de operadores necessários para atender a demanda e nivelada ao Takt
time. Este cálculo é feito através da equação (3.4.3), conforme ilustrado
a seguir:
Equação 3.4.3 - Número de operadores
TaktTempo
trabalhodetotalQuantidade
OperadoresdeNúmero
(2)
66,3
min60
min220
OperadoresdeNúmero
Tem-se, portanto, a necessidade de quatro operadores. O item
Quantidade total de trabalho é o tempo total de montagem para uma
máquina.
3.4.13. Distribuir o trabalho entre operadores
A divisão dos postos de trabalho foi feita de maneira a unificar
uma série de operações, tendo-se ao final um tempo de ciclo por posto
de trabalho aproximadamente dez por cento inferiores ao tempo takt.
Esta abordagem de balancear o tempo de ciclo inferior ao tempo
takt garante que eventualidades possam ser corrigidas pela carga
excedente. Esta abordagem será usada somente nesta primeira etapa. Os
ganhos de tempo são reflexos da otimização do fluxo de trabalho gerado
pelo rearranjo do layout futuro.
As operações apresentadas na Figura 3.4.12 são uma ilustração
das operações agrupadas para a divisão da carga de trabalho para os três
postos de trabalho, uma vez que no quarto posto de trabalho os
componentes serão embalados.
Página | 111
Equação 3.4.4 - Tempo de ciclo
OPERADORESDENÚMERO
FLUXOPELOOTIMIZADOSPARCIAISTEMPOS
CICLODETEMPO
(3)
min55
4
min220
CICLODETEMPO
Figura 3.4.12 - Etapas de montagem agrupadas para o balanceamento
Os postos foram divididos fisicamente no setor e também no
cadastro do sistema. Na Figura 3.4.13, os postos são destacados em
vermelho, mostrando a divisão efetuada através do cadastro em
software. Esta divisão foi realizada para que as listas de picking,
descritas anteriormente, possam ser configuradas individualmente.
0
5
10
15
20
25
30
35
TEMPOS DE CICLOS
Página | 112
Figura 3.4.13 - Divisão de etapas através do software
Tabela 3.4.8 - Tempos por posto de trabalho
Posto de
Trabalho
Operação
Tempo de Ciclo
(min)
Tempo Total (min)
5851
Montar mancais no rotor
7
48
Montar mancais no eixo
7
Montar enxadas no rotor
20
Apertar parafusos do carter
10
Adesivar
4
5850
Montar kits na máquina base
6
51
Preparação
35
Diversos
10
5852
Montar proteção
6
42
Embalar kits
18
Embalar máquinas
18
Após a divisão das rotinas em postos de trabalho, os tempos
medidos começaram a tornar-se mais reduzidos, conforme os operadores
se especializavam em suas funções. Este efeito foi estimado no cálculo
que considerou a variação de dez por cento do tempo de ciclo frente ao
Takt time. Tal aprimoramento do processo é parte do objetivo de ganho
de vinte por cento de produtividade.
As medições foram realizadas ciclicamente, com um tempo de
ciclo de uma semana. Após quatro semanas os ganhos estabilizaram a
representação do tempo médio de entrada de máquinas no teste Figura
3.4.14.
Página | 113
Figura 3.4.14 - Redução dos tempos de produção após divisão dos postos de
trabalho
3.4.14. Algumas considerações no balanceamento:
Os três primeiros postos trabalham no mesmo ritmo,
ver distribuição das operações para equalizar os postos nas
Figura 3.4.16,
Figura 3.4.17
Figura 3.4.18.
O quarto posto foi destinado a realizar a embalagem
dos itens. Esta área trabalha em um ciclo ligeiramente menor.
Para o quarto posto, o operador dispõe de tempo para efetuar
seu ciclo e dar suporte aos outros três postos (Figura 3.4.15). O
desenvolvimento do fluxo contínuo nas etapas de montagem foi obtido
com o desenvolvimento de um suporte de movimento circular que
conecta e sincroniza os três postos de montagem. (ver figura
3.4.19 - Sistema giratório de fluxo contínuo).
95
60
55
50
49
TC(min.); 50
0
20
40
60
80
100
1ª medição 2ª medição medição 4ª medição 5ª medição
Página | 114
Figura 3.4.15 - Perfil dos tempos de ciclo na distribuição dos postos de trabalho
Figura 3.4.16- Posto 1
Figura 3.4.17 - Posto 2
Figura 3.4.18 - Posto 3
5851 - Montagem Rotor EL
Montar mancais no
rotor
Montar Mancais no
eixo
Montar enxadas no
rotor
5850 - Montagem EL
Montagem dos kits
na máquina base
Preparação
Diversos
5852 - Montagem dos Kits
Montar proteção
Embalar kits
Embalar máquinas
Página | 115
3.4.19 - Sistema giratório de fluxo contínuo
3.4.15. Definir o processo puxador
No processo de desenvolvimento de células eficientes de
montagem, um dos processos de maior importância é o aprimoramento
das linhas de alimentação de itens a serem utilizados na montagem.
Empresas manufatureiras, como a descrita neste trabalho, têm em sua
linha de produtos a característica de necessitar de um alto nível de
variedade de peças para a criação de um pequeno número de modelos
finais (Figura 3.4.20 e Figura 3.4.21).
Página | 116
A alimentação ocorre de duas formas: (a) a distribuição dos
itens uma vez por dia, via almoxarifado para os postos de trabalho (ver
prateleiras de armazenamento na Figura 3.4.23), somente para itens
pequenos e sem grande valor agregado (por exemplo: parafusos,
arruelas, etc.); (b) os itens de grande valor agregado, ou fabricados, são
entregues via empilhadeira no supermercado e coletados a cada duas
horas com o uso de listas de picking.
Para o supermercado foram desenvolvidos carrinhos específicos
para a coleta das peças, e também foi ativada a opção do software que
gerencia listas de materiais para cada modelo de máquina. Os itens
provenientes da soldagem utilizam o sistema de carros descritos no item
3.4.1.
A distribuição dos itens pré-montados no setor é realizada via
FIFO. O layout proposto considera as montagens intermediárias,
servindo a montagem principal no centro (Figura 3.4.22).
Figura 3.4.20 - Perfil de alimentação atual
Figura 3.4.21 - Perfil de alimentação proposto no estado futuro
Página | 117
Figura 3.4.22 - Alimentação de materiais e divisão dos postos de montagem
Figura 3.4.23 - Prateleiras de entrega de itens do almoxarifado no posto de
trabalho
3.4.16. Como o processo puxador reagirá frente às mudanças
na demanda dos clientes
As variações de demanda serão abordadas de duas formas: uma
através de um atendimento máquina a máquina com as listas de coleta
de matérias, e a outra com uma ligação dos conjuntos soldados através
Página | 118
de um FIFO sincronizado de soldagem. Os tópicos serão descritos
abaixo, e o processo puxador será detalhado no tópico Loop Puxar.
3.4.17. Listas de coleta de itens no supermercado (Picking list)
As picking lists tornam o sistema mais ágil e racional. Os
operadores mais experientes não necessitam ir coletar peças, somente o
operador menos experiente.
Desta forma, garante-se o ritmo de trabalho e a flexibilidade em
montar todos os modelos, todo o tempo. A coleta é realizada com o uso
da lista, liberada via sistema (Figura 3.4.25), e de carrinhos específicos -
Figura 3.4.24.
Figura 3.4.24 - Carros de coleta
Figura 3.4.25 - Listas de picking (primeiro modelo)
Página | 119
3.4.18. Fluxo montagem-soldagem
Para melhor estabilizar o processo como um todo, criou-se uma
célula de soldagem para a fabricação dos itens do EL. Para isto, dividiu-
se essa nova célula em postos de trabalho: (a) célula de soldagem
Kanban; (b) célula de soldagem sincronizada; (c) célula de soldagem
robô. O objetivo deste procedimento é o desenvolvimento de um fluxo
ágil e especialista. Este desenvolvimento paralelo tem como meta
reduzir os tempos totais produtivos, com a conseqüente redução dos
tempos sem agregação de valor.
A célula de soldagem dos EL’s é coordenada pelo mesmo
responsável da montagem. As etapas efetuadas nesta célula são as
seguintes:
Soldagem Kanban: É responsável pela soldagem dos pequenos
itens liberados via kanban;
Soldagem sincronizada: É responsável pela soldagem dos
grandes itens enviados via carrinhos. Este ponto é o centro da
informação dentro do processo transformador (ver mapa do
estado futuro). Ou seja, a informação do Planejamento e
Controle da Produção tem neste local o ponto de nivelamento.
Todo o controlador dos itens a serem montados inicia-se nesta
etapa;
Soldagem Robô: Célula totalmente especialista na soldagem
dos rotores.
3.5. LOOP PUXAR
Não é realista esperar que a demanda do cliente seja
completamente regular, nem que o mix de produtos seja constante. Ao
tentar-se ajustar a produção para responder a toda mudança de demanda,
busca-se satisfazer esta demanda sem exceder os estoques.
A alternativa de produzir em grandes lotes pode contribuir para
reduzir este problema, mas em contrapartida a empresa responderá mais
lentamente às necessidades do cliente, além de manter grandes
inventários de produtos acabados. Ambos os inventários aumentam o
lead time do fluxo de valor. Para aperfeiçoar e manter o fluxo contínuo
em um fluxo de valor enxuto é necessário tornar o fluxo tão ágil e
unitário quanto possível, especialmente quando se refere ao processo
puxador. Porém, sabe-se da dificuldade de transformar-se todo um
Página | 120
processo de manufatura em uma produção peça a peça. Desta forma,
considera-se que é preciso decidir o tamanho do lote mais apropriado,
antes da troca para outro tipo de produto.
Como mencionado anteriormente, no presente trabalho será
utilizado o supermercado de peças, as quais serão puxadas via kanban,
que deverão conferir flexibilidade ao sistema, ao mesmo tempo em que
se permite o gerenciamento do fluxo contínuo na montagem por longos
períodos de tempo.
Por essa razão, ao projetar-se o sistema puxador, foram
definidos alguns cenários de oscilação do mercado, para que o sistema
possa responder a eventuais aumentos e quedas de demanda.
Basicamente, foram adotadas duas opções para responder a eventuais
aumentos na demanda, as quais são:
Absorção de flutuações com supermercados;
Introdução de hora extra e carga excedente.
3.5.1. Plano para cada peça
Todo sistema de gestão de itens no chão de fábrica necessita de
informações claras, visuais e de fácil manutenção, além de ferramentas
de centralização da informação, em um plano único, com diversas
características de cada peça. Além disso, gera-se acessibilidade a toda a
equipe, contribuindo para o processo de implementação do modelo de
produção a ser adotado para cada grupo de peças.
Muitas vezes, peças semelhantes na utilização final são itens
completamente diferentes em sua fabricação. Todos os itens do setor
foram detalhados em seus aspectos de fabricação, consumo e
embalagem. As peças em utilização totalizam um montante de
aproximadamente 400 componentes. Seguem abaixo detalhes de como
foi realizado o levantamento e verificação dos itens.
A explosão da estrutura dos modelos apresentados nas Figura
3.5.1, Figura 3.5.2 e Figura 3.5.3, representam o grupo de peças que
serão usadas para todos os postos de trabalho.
A definição do Plano Para Cada Peça (PPCP) deve ser tão
ampla quanto possível, pois cada peça define um perfil distinto, tanto
em seu fluxo, como em seu roteiro de fabricação.
Página | 121
Figura 3.5.1- Vista explodida da máquina base para o posto de trabalho 5850
Figura 3.5.2- Vista explodida do Carter para o posto de trabalho 5851
Figura 3.5.3- Vista explodida do rotor para o posto de trabalho 5851
Figura 3.5.4- Vista explodida do suporte para o posto de trabalho 5852
Página | 122
Cada posto de trabalho teve as peças separadas em grupos, para
análise e registro. Nesta etapa, definiu-se a embalagem para todas as
peças, e características de utilização na montagem (Figura 3.5.5 e Figura
3.5.6).
Figura 3.5.5- Plano para cada peça (PPCP) - etapa de análise física dos itens
Figura 3.5.6- Plano para cada peça (PPCP) - análise física dos itens de
almoxarifado
Após avaliação dos itens PPCP, as características descritas para
os itens foram registradas em planilha de Excel (ver Tabela 3.5.1-Parte
do plano para cada peçaTabela 3.5.2 - Roteiros de fabricação).
Página | 123
Tabela 3.5.1-Parte do plano para cada peça
CÓDIGO
ITEM
TIPO DE CADASTRO
GRUPO
QUANTIDADE
TIPO DE EMBALAGEM
PRAZO
PESO UNITÁRIO
PESO TOTAL
ENDEREÇO
YD924543
PROTEÇÃO
PC
FKB
230
M
3
1 Kg
276 Kg
G101A2
YD924565
CHAPA LATERAL
PC
FKB
345
G
5
Kg
45 Kg
G101A3
YD932550
GUIA DA MOLA
CJ
SCO
34
P
8
1 Kg
24 Kg
G101A4
Tabela 3.5.2 - Roteiros de fabricação
CÓDIGO
ITEM
FUNDIÇÃO
CORTE A LASER
CORTE SERRA
ESTAMPARIA
USINAGEM
SOLDAGEM
ZINCAGEM
PINTURA
YD924543
PROTEÇÃO
X
X
YD924565
CHAPA LATERAL
X
X
YD932550
GUIA DA MOLA
X
X
X
3.5.2. Software de gerenciamento do sistema kanban
A abordagem utilizada para o sistema kanban foi
definida para que os cartões tenham sua movimentação
registrada no novo software. O ciclo de registro dos cartões
compreende três etapas sendo (Figura 3.5.7):
O setor de montagem libera o cartão após consumir a
última peça da primeira embalagem;
O setor de planejamento e controle da produção (PCP)
coleta o cartão e registra no sistema a passagem deste item no
estoque. Então ele imprime a etiqueta de confirmação de
registro e atualiza os dados, com a nova impressão (Figura
Página | 124
3.5.8). Nesta etapa distribui-se os cartões com a nova etiqueta para o
setor responsável pela fabricação do item solicitado;
O setor de fabricação recebe o cartão, que início ao processo
transformador. As informações descritas no cartão devem ser seguidas.
A entrega dos itens para a próxima etapa é de responsabilidade de quem
fabrica. O cartão sempre acompanha as peças.
O sistema de passagem dos cartões foi adotado para facilitar a
gestão dos estoques, bem como garantir que todos os dados presentes no
cartão estejam sempre atualizados (ver modelo da etiqueta impressa para
os cartões na Figura 3.5.9).
Figura 3.5.7 - Ciclo do Kanban na fábrica
CICLO DE
LIBERAÇÃO
DOS
KANBANS
PCP
MONTAGEM FABRICAÇÃO
Página | 125
Figura 3.5.8 - Detalhes do processo de registro do PCP Fábrica
Figura 3.5.9 - Detalhes cartão Kanban (etiqueta)
Página | 126
3.5.3. Cadastro dos itens no sistema
Todos os itens que anteriormente foram definidos como
kanbans, nesta etapa tiveram suas características registradas no AS400
(Figura 3.5.10). Esta etapa alimenta o sistema de controle de passagem,
além de determinar o modelo de gestão a ser adotado para cada peça.
Uma vez cadastrado, como item de produção puxada, a geração
de ordens de fabricação é automaticamente encerrada.
3.5.4. Tipos de Kanbans
Todos os kanbans foram divididos em três grupos, conforme
seu perfil de consumo:
Tipo 1: Para itens da classe C do gráfico ABCXYZ, ou com um perfil de
consumo de alta frequência. Não é realizada a gestão dos estoques na
passagem do cartão pelo PCP. As quantidades em estoque são uma
representação média de três quartos da quantidade máxima possível.
Tipo 2: Os kanbans descritos como tipo 2 são iguais ao tipo 1,
diferenciando somente no controle de estoque, que é real. O consumo
dos itens gera a baixa do estoque. A passagem dos cartões no PCP
realiza a entrada do item no estoque.
Tipo 4: O tipo 4 é um modelo de kanban adotado para itens cujo volume
varia muito durante um período determinado. Ou seja, são produtos com
grande variação da demanda. Com esse tipo de kanban, o sistema
modifica o volume a ser produzido conforme a necessidade (Error!
Reference source not found.).
Tipos 3 e 5: Esses modelos de gestão dos Kanbans não serão usados
Página | 127
Figura 3.5.10 - Página de cadastro dos Kanbans
Equação 3.5.1 - Cálculo Kanban tipo 4
Siglas usadas na equação:
Qcal = Quantidade calculada
Cmd = Consumo médio diário
Pdesejado = Prazo desejado
Psec =Prazo de segurança
M = Múltiplo
Qmini = Quantidade mínima
Prot = Prazo do roteiro
Cap = Capacidade da embalagem
Q necessária = Quantidade necessária
Página | 128
P = Prazo
3.5.5. Sistema Kanban
Após serem definidos os locais de produção e armazenagem
para todos os itens, tornou-se necessário estabelecer parâmetros para o
fluxo de materiais.
O sucesso da operação de entrega de material é obtido seguindo
alguns parâmetros, dentre os quais tem-se: (a) definição de rotinas de
trabalho; (b) definição da periodicidade das entregas; (c) definição de
embalagens padrão para o armazenamento no local de trabalho; (d)
transportadores para o deslocamento para o almoxarifado; (e) o uso dos
dados aplicados no plano para cada peça descrito anteriormente.
3.5.6. Kanban almoxarifado Fornecedor
O aprimoramento do fluxo de movimentação de materiais exige
agilidade e acima de tudo organização dos estoques e pontos de entrega.
A partir desta análise definiu-se a redução dos estoques no almoxarifado
como aspecto necessário para a redução dos pontos de não agregação de
valor.
Outros fatores associados à redução do volume dos itens em
estoque são: (a) diminuição do valor imobilizado; (b) flexibilização das
alterações de projeto, que não impactam na eliminação de grande
número de itens adquiridos; (c) melhor controle dos itens e consequente
melhora da acuracidade dos estoques; (d) fidelização dos fornecedores
por se definir consumos constantes e seguros; (e) redução total do preço
médio de compra.
Segue abaixo a descrição das situações passada e atual do
sistema de aviso de falta de itens no almoxarifado.
Sistema anterior (Via suprimentos)
O fluxo de informações, gerado entre a falta até a chegada do
pedido, determina um fluxo complexo e com muitos erros (Figura
3.5.11). Toda a geração de pedidos era cem por cento realizadas pelo
PCP, via pedido central. O almoxarifado somente tem a função de
receber os itens e entrega conforme solicitação. Porém, normalmente a
previsão teórica é falha, e para esses casos o fluxo de informação da
falta até a chegada do material é longo e, muitas vezes, ineficiente.
Página | 129
FALTA DE PEÇAS
ALMOXARIFADO
VERFICA
ALMOXARIFADO AVISA
O PCP SOBRE A FALTA
DE PEÇAS
O PCP BUSCA ONDE
ESTA O ERRO DE
ESTOQUE
O SUPRIMENTOS É
INFORMADO DA FALTA
DE PEÇAS
O SUPRIMENTOS
INICIA OS
ORÇAMENTOS
EXECUTA A COMPRA
O PEDIDO CHEGA
Figura 3.5.11 - Fluxo de informação almoxarifado para os suprimentos
Novo sistema (Direto do Almoxarifado)
A simplificação da informação é parte fundamental do sucesso
do sistema lean. Todo esforço para este propósito reflete em estabilidade
e flexibilidade (Figura 3.5.12). Pensando na solução do fluxo de
materiais e de informação, a abordagem adotada foi o treinamento dos
colaboradores do almoxarifado de forma a qualificá-los para atender a
nova função de gerar ordens de compras sem passar pelo setor de
suprimentos. A atribuição definida como prioritária é a liberação da
solicitação, para o fornecedor enviar o novo lote. Toda a negociação é
pré-definida pelo setor de suprimentos, ficando somente o envio da
solicitação a cargo do almoxarifado.
As vantagens em adotar este sistema de aviso é a simplificação
da informação, tendo como conseqüências: (a) ganho em agilidade do
sistema; (b) maior envolvimento dos colaboradores do almoxarifado; (c)
Página | 130
liberação de tempo para as equipes do suprimento trabalhar em
negociações de maior valor; (d) ganhos em organização (endereçamento
das prateleiras, cadastro dos endereços no sistema).
FALTA DE PEÇAS
ALMOXARIFADO
REALIZA A COMPRA E
ATIVA O CONSUMO
IMEDIATO DA
SEGUNDA CAIXA
O PEDIDO CHEGA
Figura 3.5.12 - Fluxo de informações (compras diretas do almoxarifado)
3.5.7. Kanban Almoxarifado Fábrica
Após a etapa de consolidação do sistema puxador com os
fornecedores externos, o sistema foi fortalecido com o desenvolvimento
das entregas diárias de itens via kanban à fábrica. A gestão de itens
adquiridos, através do consumo real e da organização em caixas duplas,
resultou no seguinte: (a) melhora na organização das áreas de
armazenamento; (b) redução na falta de peças nas montagens; (c)
melhora o controle dos itens.
A forma de aviso adotada para o almoxarifado levar os itens
para a montagem é a liberação das caixas vazias em local definido no
setor. A coleta das caixas é realizada duas vezes por dia pelo
almoxarifado (Figura 3.5.13).
Página | 131
Figura 3.5.13 - Esquema do kanban de itens adquiridos
3.5.8. Kanban peças fabricadas
Anteriormente, o fluxo de trabalho era essencialmente
um sistema de planejamento de produção empurrado, com
ordens de fabricação. A adoção da produção puxada reflete um
dos principais pontos das necessidades, para a realização do
plano de implementação do mapa de fluxo de valor futuro.
Sendo assim, o sistema deve atender alguns fatores: (a)
transmitir a informação da produção diretamente do cliente
interno para o fornecedor; (b) nivelar a demanda as
necessidades reais do chão de fábrica; (c) realizar um controle
preciso dos inventários e da produção.
O modelo utilizado é acima de tudo uma ferramenta de gestão
de materiais e de produção. As informações são passadas através da
movimentação dos cartões, e sendo assim o sistema de cartões
movimenta, armazena e acompanha as peças puxadas (Figura 3.5.14).
Para a definição do modelo de kanban adotado na empresa, três
pontos foram levados em consideração: (a) o modelo de kanban deve ser
o mais intuitivo possível; (b) o sistema deve aumentar a flexibilidade do
mix de produtos na montagem; (c) o sistema deve suportar e melhorar o
sistema produtivo atual.
O sistema adotado foi o kanban de dupla caixa, que comporta as
necessidades previamente definidas. Para a análise dos itens, usou-se o
Página | 132
PPCP, que descreve em detalhes as características de todas as peças no
chão de fábrica. O sistema adotado tem a forma de um cartão
plastificado e reutilizável, com a descrição da operação, nome da peça,
matéria-prima, código, prazo, tipo de caixa, quantidade, destino e data
de entrega (Figura 3.5.15).
Os kanbans das peças fabricadas descrevem dois roteiros dentro
do setor: (a) itens para a soldagem; (b) itens para a montagem.
Figura 3.5.14 - Fluxo kanban itens fabricados
Figura 3.5.15 - Componentes do kanban
Página | 133
3.5.9. Kanban matéria-prima
A demanda de itens fabricados via kanban necessita de
estabilidade no fornecimento de matéria-prima. O consumo real dos
itens fabricados via kanban muitas vezes gera uma demanda não
prevista nas necessidades de matéria-prima. Isto invariavelmente causa
falta de peças no início da cadeia interna de produção.
A gestão de itens de matéria-prima é, historicamente, uma
previsão em longo prazo na organização de empresa de médio porte, e
essa característica torna este ponto da cadeia um grande gerador de
problemas. Empresas com consumo pequeno de matéria-prima não
conseguem estabilizar fornecedores confiáveis, para toda a cadeia de
necessidades. Desta forma, abordagens de pedidos just-in-time em
ambientes de aquecimento do mercado brasileiro, historicamente, geram
uma priorização a clientes com grande consumo mensal por parte da
rede de distribuição.
Para minimizar os efeitos em não adotar sistemas mais ágeis e
confiáveis com os fornecedores de matéria-prima, a abordagem foi focar
no controle preciso dos estoques, de forma a se realizar pedidos
baseados na programação e corrigir variações não previstas com
controle de avisos visuais.
O sistema consiste em anotar as quantidades de matéria-prima
em um quadro branco, localizado no setor de utilização da matéria-
prima. Toda chegada e retirada de algum item é anotada no quadro. O
valor que é registrado manualmente deve ser sempre superior ao
informado no cartão acima. Se a quantidade for inferior, o cartão deve
ser retirado para avisar o controle de produção que o item está com seu
estoque muito baixo. Os avisos são distintos e diferenciados pela cor do
cartão. Ou seja, quando a quantidade for menor que a quantidade do
cartão amarelo, o cartão vai para o setor de suprimentos realizar o
pedido, ou verificar os pedidos já existentes (Figura 3.5.16).
Quando a quantidade informada no quadro for menor que a
informada no cartão vermelho, o mesmo funciona como ordem de
compra imediata. O fluxo de retirada dos cartões do quadro está
ilustrada na Figura 3.5.17.
Página | 134
Figura 3.5.16 - Movimentação dos cartões
Figura 3.5.17 - Sistema de movimentação dos cartões no quadro
3.5.10. Kanban fundição Terceiro e fábrica
A fundição é uma fábrica à parte, dentro do contexto da
organização. O sistema usado para as peças fundidas é similar ao
descrito no tópico 3.5.5, somente diferenciado na duplicidade de cartões,
Página | 135
para diferenciar a peça bruta com o cartão cinza e a peça trabalhada com
o cartão azul (ver Figura 3.5.18). Esta diferença é necessária, pois em
alguns casos peças iguais quando brutas são diferentes, depois de
passarem pelo setor de usinagem. Além disso, para alguns casos em
especial adotou-se o envio das peças fundidas para serem processadas
em fornecedores externos, para este caso o funcionamento é o mesmo
(Figura 3.5.19).
Para melhor diferenciar o fluxo de trabalho, as áreas para os
dois tipos de peças fundidas (cartão azul e cinza) foram divididas. Ou
seja, para as peças fundidas brutas, as quantidades são o dobro maior
por embalagem que as destinadas para o cartão das peças usinadas. As
peças de cartão cinza (fundido bruto) são armazenadas em local
especialmente destinado para este fim no setor de usinagem.
As principais características a observar no sistema puxado com
a fundição são: (a) observar o múltiplo de peças utilizadas no molde da
fundição; (b) verificar a composição metálica das peças, itens de
material especiais devem ter lotes maiores; (c) observar se no mesmo
molde não é realizada outra peça parasita; (d) considerar o longo tempo
de processamento da peça bruta ao usinado acabado.
Figura 3.5.18 - Peças fundição
Página | 136
Figura 3.5.19 - Fluxo de envio de peças fundidas para processamento externo
Página | 137
4. CONCLUSÃO
Neste capítulo, descreve se uma análise entre os
resultados obtidos em relação aos objetivos inicialmente
propostos. E de posse dos resultados são apresentadas sugestões
de pesquisas futuras que possam usar o presente trabalho como
ferramenta de auxílio ou base para o descobrimento de outros
conhecimentos relativos ao tema.
4.1. RESULTADOS OPERACIONAIS
O aprendizado em desenvolver um projeto de implementação
baseada nos conceitos da manufatura enxuta, para uma linha de produtos
específica, tornou este trabalho um desafio tanto para a empresa, como
para essa dissertação de mestrado.
Os conceitos implementados foram testados ao longo da
produção de mil máquinas, ver Figura 4.1.1. Os ganhos em estabilidade
e rotinas consolidadas de trabalho são reflexos de melhorias sentidas por
todos que, de alguma forma, participaram deste trabalho.
Figura 4.1.1 - Mil máquinas produzidas
O compromisso de desenvolver um setor modelo de
implementação foi alcançado, e desta etapa em diante tanto a equipe
participante, quanto a cultura do chão de fábrica, compreendem os
ganhos associados à manufatura enxuta, ver Tabela 4.1.1.
Em termos práticos, o setor gerou um aumento de produtividade e
qualidade, e os objetivos da empresa com o presente trabalho foram
cumpridos ou superados. O processo de sensibilização gerou inúmeros
aliados, que terão condições de dar continuidade à implementação de
mudanças futuras. As etapas de melhoria contínua (Kaizen), ou projetos
Página | 138
específicos continuam. Mesmo após o encerramento, desta etapa
modelo.
Tabela 4.1.1- Dados operacionais
DADOS OPERACIONAIS
Antes do projeto
Após o projeto
Resultados
Produtividade
4 máq./dia
8 máq./dia
100%
Percurso montagem Chassis pequeno
1300 m
250 m
-87%
Percurso montagem da Base
580 m
Área Ocupada
270 m2
207 m2
-23%
Capacidade de Produção
84 máq / mês
168 máq / mês
100%
Capacidade de Produção c/ 2 h extras
210 máq / mês
150%
O conhecimento do autor sobre a manufatura enxuta e das suas
vantagens contribuiu significativamente para fundamentar e sensibilizar
os colaboradores quanto à necessidade de mudanças no chão de fábrica.
4.2. RESULTADOS DA PESQUISA
Deve-se iniciar o projeto em uma área piloto de modo a
enxergar o sistema como um todo e de forma controlada, podendo-se
realizar acertos durante a implementação de forma a testar ideias.
O projeto de implementação, baseada nos conceitos da
manufatura enxuta, envolveu conhecimento teórico e muita ação, sendo
que todas as etapas de agilização do fluxo, onde se inclui o combate ao
desperdício, foram efetuadas com bastante cuidado, de forma a
aumentar a capacidade da empresa em satisfazer a demanda.
As ferramentas da produção puxada e fluxo contínuo tiveram
compreensões diferentes. A produção puxada foi logo associada como
um solucionador da situação conflitante dos erros de previsão de
produção, porém as ferramentas de fluxo contínuo foram aceitas
inicialmente, no entanto a associação da vantagem em diminuir os
tempos de espera para não influenciar na cadeia de valor, foi de difícil
convencimento.
Página | 139
A divisão das etapas em Loops foi uma abordagem para
facilitar a compreensão dos objetivos do mapeamento do estado
futuro. A compreensão da pesquisa se no levantamento de
técnicas, da manufatura enxuta aplicadas em um estudo de caso.
Fortemente focado na participação do pesquisador no processo
transformador.
Por fim, a vitória está em desenvolver facilitadores do processo
ao longo do projeto de implementação da manufatura enxuta. Desta
etapa em diante, a empresa encontra-se preparada, tanto no aspecto do
conhecimento de como abordar a manufatura enxuta, como no
convencimento das equipes.
4.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Deve-se, ainda, mencionar que o fortalecimento da estabilidade
no chão de fábrica foi um fator determinante para que os objetivos
propostos neste trabalho fossem alcançados. As etapas de transformação
contaram com o apoio de diversas equipes dentro da organização. Os
conceitos de fortalecimento das bases, em conjunto com a instalação do
novo sistema de software ERP. Tornaram-se o foco da estabilidade. As
ferramentas computacionais do AS400 foram adequadas para a
implementação das técnicas da manufatura enxuta.
Esta dissertação contribuiu para suprir a necessidade do grupo
em melhorar sua gestão de chão de fábrica. Além disso, este estudo teve
o compromisso de adotar soluções que fossem acessíveis e
padronizáveis para uma próxima etapa da transformação, por em quanto
o conhecimento adquirido e as ferramentas testadas são validos em
empresas no ramo de implementos agrícolas.
A sensibilização e a transferência de conhecimento através das
equipes são pontos bastante importantes para o sucesso da manufatura
enxuta e, por isso, adotou-se uma forte etapa de treinamento. O
conhecimento, através do aprendizado com dinâmicas de grupo, provou-
se uma excelente ferramenta de sensibilização. O modelo somente
deixou de ser uma técnica teórica quando a equipe passou a agir sobre
os problemas do processo, visando a sua melhoria.
O mapeamento de fluxo de valor foi tão detalhado quanto
possível, e foi explicado à alta gerência da empresa, a qual decidiu por
disponibilizar os equipamentos necessários para melhorar o processo
produtivo.
Página | 140
Após a etapa inicial conferir uma maior qualidade ao sistema,
buscou-se então melhorar o fluxo da produção.
4.4. LIMITAÇÕES DO TRABALHO
Todo modelo de organização, mesmo se bem fundamentado é
falho em atender todas as possíveis variáveis na adequação do modelo
para o resto da fábrica. O conhecimento do processo pode ser
considerado fundamental para a aplicação bem sucedida da manufatura
enxuta em outros setores da empresa;
As considerações de fluxo contínuo são individuais para o setor
de montagem, ou seja, o ganho obtido na cadeia de valor não
contrabalança eficientemente os tempos sem agregação de valor na
cadeia produtiva como um todo.
Os Kanbans de dupla caixa, adotados no trabalho, ajudam a
flexibilizar a montagem das máquinas. Mas, por outro lado, geram
estoques desnecessários. As rotinas de trabalho e procedimentos formais
não foram abordadas.
Esta é uma pesquisa qualitativa e descritiva de uma situação
específica de uma necessidade real. O que a torna uma descrição de uma
ação. E sua aplicação em outros ambientes necessita de conhecimento
do pesquisador em transcrever esta situação.
4.5. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Com base nos resultados obtidos, pode-se sugerir como
pesquisas futuras:
A implementação das ferramentas de manufatura enxuta em
outras linhas de produtos da empresa: como a presente pesquisa tratou
de uma área piloto, sugere-se partir para um projeto maior observando-
se as várias dificuldades de implementação indicadas e planejando ações
para evitá-las.
Um estudo mais focado na motivação dos colaboradores quanto
à necessidade de se trabalhar em projetos de tranformação da rotina de
trabalho.
Comparar a implementação da produção enxuta entre empresas
do seguimento de implemento agrícola: quais desenvolvem métodos
próprios, quais usam consultorias, quais usam conceitos e métodos
Página | 141
definidos pela matriz (no caso das multinacionais). Realizando-
se uma avaliação dos diferentes tipos de dificuldades e
resultados operacionais.
5. OBRAS CITADAS
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