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SILVIO REINOD COSTA
NÁLISE MORFO–SEMÂNTICA DE ALGUNS PARES
ESUFIXOS ERUDITOS E POPULARES LATINOS NO
PERÍODO ENTRE OS SÉCULOS XII A XVI
Vol. I
Araraquara – SP
2008
ANÁLISE MORFO–SEMÂNTICA DE ALGUNS
PARES DE SUFIXOS ERUDITOS E POPULARES
LATINOS NO PERÍODO ENTRE OS SÉCULOS
XII A XVI
Vol. I
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2
SILVIO REINOD COSTA
ANÁLISE MORFO–SEMÂNTICA DE ALGUNS PARES DE
SUFIXOS ERUDITOS E POPULARES LATINOS NO
PERÍODO ENTRE OS SÉCULOS XII A XVI
Vol. I
Araraquara – SP
2008
Tese apresentada à Faculdade de Ciências e
Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” Campus de Araraquara,
como parte dos requisitos parciais para a
obtenção do título de Doutor em Letras Área
de Concentração: Lingüística e Língua
Portuguesa.
Linha de Pesquisa: Estudos do Léxico
Orientação: Profa. Dra. Clotilde de Almeida
Azevedo Murakawa
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Costa, Silvio Reinod
Análise Morfo-semântica de alguns pares de sufixos eruditos e
populares latinos no período entre os séculos XII a XVI/ Silvio
Reinod Costa. – Araraquara – 2008. 2 vol.
388 (vol. I) + 545 f. (vol. II – CD – ROM) ; 30 cm: il. color.,
figs., tabs.
Tese (Doutorado em Lingüística e Língua Portuguesa) -
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Faculdade de Ciências e Letras. Programa de Pós-graduação
em Lingüística e Língua Portuguesa, 2008.
Orientadora: Prof
a.
Dr
a.
Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa.
1. Lingüística 2. Lexicografia 3. Lexicologia 4. Morfologia
5. Sufixos. I. Título
4
Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Ciências e Letras
Campus de Araraquara - SP
SILVIO REINOD COSTA
ANÁLISE MORFO-SEMÂNTICA DE ALGUNS PARES DE
SUFIXOS ERUDITOS E POPULARES LATINOS NO
PERÍODO ENTRE OS SÉCULOS XII A XVI
Vol . I
Data de Aprovação: 28/08/2008
Membros Componentes da Banca:
___________________________________________________________________
Prof
a.
Dr
a.
Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa
Presidente da Banca e Orientadora
___________________________________________________________________
Prof
a.
Dr
a.
Ana Rosa Gomes Cabello
___________________________________________________________________
Prof. Dr.
Braz José Coelho
___________________________________________________________________
Prof
a.
Dr
a.
Catarina Vaz Rodrigues
___________________________________________________________________
Prof
a.
Dr
a.
Marymarcia Guedes
Local: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Ciências e Letras
UNESP – Campus de Araraquara – SP
5
DEDICATÓRIAS
Dedico à
Rosa Maria Trocoli, minha
esposa, companheira fiel
em todas as horas, pelo
carinho, paciência, dedica-
ção, empenho e doação
ímpares empreendidos
para comigo nesta jornada.
Beatriz Schenkman, cida
do século XXI, minha
“netinha”. Tão linda, tão
meiga, tão inteligente, mas
tão danadinha e desespe-
rada para sua tenra idade.
6
HOMENAGEM ESPECIAL
À
inesquecível
Prof
a.
Dr
a.
Maria Tereza
Camargo Biderman, a minha sincera
gratidão pela mestra amada, pelos
ensinamentos e pela examinadora
perfeita, exemplar. Todos perderam uma
pérola, e a Lingüística ficou de luto
eternamente.
7
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao Cósmico, fonte de Eterna Inspiração e Sabedoria, com sua Luz, Vida e Amor,
por ter me auxiliado e permitido vencer mais uma etapa de minha Vida;
Ao Deus do meu Coração, ao Deus da minha Compreensão, por ter me
inspirado e me revelado, mais uma vez, a “LUZ MAIOR”, conduzindo-me, com
maestria, das Trevas da Ignorância para a Luz da Sabedoria e por ter me
proprocionado viver este momento tão ímpar nesta minha existência;
À Prof
a.
Dr
a.
Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa, pelo desvelo, quase
maternal, pelo carinho, pelas sábias “lições de vida” e pela paciência com que me
conduziu nos labirintos da Lingüística, em especial, nos campos da Morfologia e da
Lexicologia do Português Arcaico, enfim, não tendo palavras para definir a minha
admiração, o meu carinho e o meu respeito; a ela, humildemente, o meu muito
obrigado e a minha gratidão eternos.
8
AGRADECIMENTOS
Às Prof
as.
Dr
as.
Maria Tereza Camargo Biderman e Ana Rosa Gomes Cabello, pelas
valiosas sugestões feitas no Exame de Qualificação;
Ao Prof. Dr. Sebastião Expedito Ignácio, o meu grande iniciador, por ter me
impulsionado para o saber, aquele que fez com que eu chegasse até aqui;
À Prof
a.
Dr
a.
Beatriz Nunes de Oliveira Longo pelas lições recebidas, com o meu
apreço;
Aos Professores do Programa de Pós-graduação em Lingüística e Língua
Portuguesa da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus
de Araraquara pelas lições recebidas, as quais foram inestimáveis para o meu
aprimoramento intelectual;
Às Queridas Prof
as
Dr
as.
Gladis Massini-Cagliari, Marymarcia Guedes e Rosane de
Andrade Berlinck, pelo apoio incondicional e amigo;
À equipe da Secretaria do Programa de Pós-
graduação em Lingüística e Língua Portuguesa
da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”;
9
Às queridas Rita Torres e Diana dos Reis Ribeiro (Pós-graduação), ao James R.
R. da Motta (Secretário do Departamento de Lingüística), à Ana Cristina Jorge
(Bibliotecária Responsável) e ao José Luís de Avelino (Bibliotecário) por todas as
informações solicitadas e pela presteza e carinho no atendimento;
À Prof
a.
Dr
a.
Joemilza de Albuquerque Ruiz e Cruz, por me despertar a paixão pela
Lingüística e por seus sábios ensinamentos;
À Prof
a.
Dr
a.
Clarice Zamonaro Cortez (Universidade Estadual de Maringá),
exemplo de integridade, moral e intelectual, pelos ensinamentos transmitidos, pela
amizade e pelo carinho sinceros que tem para comigo;
À minha madrinha, Prof
a.
Sônia Terezinha Yamamura Tokairim, por ter me
alfabetizado, me ensinado as primeiras letras, me ajudado a dar os primeiros
passos, colaborado para que eu tivesse êxito em minha vida profissional;
Ao Frater Luiz Guilherme Netto, por acreditar em mim;
Aos Fratres e Sorores da Ordem Rosacruz AMORC, aos Irmãos e Irmãs da
Tradicional Ordem Martinista (TOM) e aos
amigos da Pró-Vida Ribeirão Preto SP por
vibrarem tanto por mim;
10
A todos os meus colegas dos cursos de Pós-graduação (Mestrado/Doutorado),
pelo coleguismo e amizade cordiais no decorrer dos mesmos, ao longo destes anos.
Vocês fazem parte da “minha história”.
Ao meu pai, responsável pela minha existência;
Aos meus colegas da Escola Estadual “Prof
a.
Eugênia Vilhena de Morais” pelo
carinho e pela fé que depositam em mim;
Aos meus queridos alunos do ensino médio da Escola Estadual “Prof
a.
Eugênia
Vilhena de Morais”, a quem ensino, respeito e muito admiro e com quem tanto
aprendo;
Ao Centro Universitário “Barão de Mauá” pela confiança sempre depositada em
mim, no decorrer destes 20 anos;
Ao Magnífico Reitor do Centro Universitário “Barão de Mauá”, Prof. João Alberto
de Andrade Veloso, pela confiança e respeito sempre depositados em mim;
Aos colegas do Centro Universitário “Barão de Mauá” pela amizade de sempre;
Às amigas do Centro Universitário “Barão de
Mauá” Prof
as
. Mestras Lílian Rosa e Luciene
Alves Minohara, pelo apoio e compreensão
depositados em mim;
11
Ao Prof. Dr. Mário Eduardo Viaro (Universidade de São Paulo) pelas valiosas
sugestões, quando esta Tese ainda era apenas um sonho e ainda um anteprojeto, e
por sua amizade tão sincera;
À Prof
a.
Dr
a.
Maria do Céu Caetano Mocho (Universidade Nova de Lisboa), pela
contribuição inestimável, pelo carinho, amizade e presteza com que me enviou sua
Tese de Doutoramento;
Às amigas “d´além-mar”, Prof
as.
Dr
as.
Maria Filomena Candeias Gonçalves
(Universidade de Évora) e Margarita Maria Correia Ferreira
(Universidade de Lisboa) pelo afeto e pelos ensinamentos;
À Prof
a.
Dr
a.
Juliana Soledade Barbosa Coelho (UFBA) – em quem tanto me
espelhei – pelo carinho e pelas inestimáveis contribuições;
Aos amigos, Adel Fran Lacerda, Edson Costa Santos, Nazarete de Souza,
Solange Mendes Oliveira e Sônia Abreu por suas valiosas amizades e contribuições
ímpares a esta Tese;
À amiga Sarah Lúcia Alem Barbieri Rodrigues Vieira pela amizade sempre tão
sincera;
À amiga Rosane Malusá Gonçalves Peruchi
pelas inúmeras finezas prestadas ao longo
deste trabalho;
12
Aos Professores Doutores Jenni Silva Turazza
(Pontifícia Universidade Católica São Paulo), Jo
Lemos Monteiro (Universidade Federal do Ceará /
Universidade Estadual Ceará), José Pereira da Silva (Universidade do Estado do Rio
de Janeiro / Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos / Academia
Brasileira de Filologia), Margarida Maria de Paula Basílio (Universidade Federal do
Rio de Janeiro / Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro), Luiz Carlos
Cagliari (Universidade Estadual de Campinas / Universidade Estadual Paulista
Campus Araraquara), Luiz Carlos de Assis Rocha (Universidade Federal de Minas
Gerais), Luiz Carlos da Silva Schwindt (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Luiz Carlos Travaglia (Universidade Federal de Uberlândia), Llüísa Gràcia Sole
(Universidade de Valencia - Espanha), pelas valiosas contribuições, cada um a seu
modo;
Aos Professores Doutores Ana Cláudia Trocoli Torrecilhas e Sérgio Schenckman
pelo carinho, amizade e companheirismo e por acreditarem em mim;
Ao amigo Jurandir Soares Oliveira Filho, pela amizade sincera e por estar sempre
de bem com a vida;
Finalmente, agradeço imensamente toda a colaboração, o apoio, as palavras
amigas e o carinho recebidos das pessoas
envolvidas, direta ou indiretamente, durante a
elaboração desta Tese. Todas as incoerências,
inconsistências, falhas, lapsos e limitações o
de minha inteira responsabilidade. No entanto,
sem o incentivo das pessoas amigas, esta Tese
não teria sido realizada.
13
IN MEMORIAM
À memória de
minha Mãe, que
sonhou comigo
este momento tão
especial, mas não
teve tempo para
ver sua realização.
14
EPÍGRAFES
“as cousas deste mundo... som todas
passadoiras. fugensse com a hydade”
(Tradução portuguesa do Livro de Buen Amor, na
Revista de Filología Española, apud Dicionário
Etimológico da Língua Portuguesa, vol. IV, de
José Pedro Machado, 2003, p. 317, verbete
passadoiro.)
As raízes das árvores som os pensamentos e as
voontades, das quaes procedem as booas obras
e as maas, per as quaes ou somos alevantados
ao ceeo ou amergidos ao inferno. E porém,
segundo diz Ambrósio, faça fructo aquel que
pode per graça e que é teudo e obligado aa
peendença, porque ex aqui o Senhor, que
preguntará por o fructo e dará vida aos que
fezerom e repreenderá os que forom estérilles.
(Ludolfo Cartesiano, O Livro de Vita Christi em
lingoagem portugues, incunábulo de 1495,
Cap. XVII, fl. 57, d, § 662. l. 1 – 10)
15
Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece
como eu mergulhei. Não se
preocupe em entender, viver
ultrapassa qualquer entendimento.
(Clarice
Lispector)
"Renda
-
se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não
conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender,
viver ultrapassa qualquer
entendimento."
(Clarice Lispector)
16
RESUMO
COSTA, Silvio Reinod. Análise Morfo-semântica de alguns pares de sufixos eruditos
e populares latinos no período entre os Séculos XII a XVI. 2008. 388 p. (vol. I
Tese) + 545p. (vol. II Corpus em CD ROM). Tese (Doutorado em Lingüística e
Língua Portuguesa) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
Araraquara (SP). 2008.
Pretendeu-se, neste trabalho, analisar a evolução dos significados de alguns sufixos
latinos (eruditos) utilizados, em Português arcaico, que apresentam uma contraparte
popular. Inicialmente, foram revistos a História, a origem, os períodos e sub-períodos
do Português, assim como os textos principais de sua fase arcaica. Em relação aos
sufixos, objeto específico deste trabalho, faz-se uma revisão geral, em ordem
cronológica ascendente, da literatura existente a esse respeito, tomando-se por base
a opinião de alguns eminentes filólogos e gramáticos da História da Língua (Carolina
Michäelis de Vasconcelos (1946), JoJoaquim Nunes (1989), Manuel de Said Ali
(1931 e 1964), Joseph Hüber (1986 [1933]), Theodoro Maurer Jr. (1951), José Leite
de Vasconcelos (1959), Sousa da Silveira (1960)), gramáticos normativos (Fernão
de Oliveira (1975 [1536]), lio Ribeiro (1913 [1881]), João Ribeiro (1926 [1901]),
Gladstone Chaves de Melo (1978), Cunha e Cintra (1985), Evanildo Bechara (1999)
e lingüistas estruturalistas / gerativistas (Joaquim Mattoso Camara Jr. (1979 e
1980), Margarida Basílio (1980 e 2004), Cacilda de Oliveira Camargo (1986),
Antônio José Sandmann (1991 e 1992), Valter Khedi (2005), Graça Maria de Oliveira
e Silva Rio-Torto (1993 e 2006), Luiz Carlos de Assis Rocha (1998), Alina Villalva
(2000), Margarita Correia (2004), Margarita Correia & Lucia San Payo de Lemos
(2005) e Soledad Varela Ortega (2005)). A partir de um corpus elaborado por nós,
baseado em 20 obras, foram selecionados os seguintes pares de sufixos: –ato x
ado; –ático X –adego; –bil x –vel;–ense x –ês; –ario x –eiro;–(t)orio ~ –(s)orio x
–(d)oiro e –(t)ura ~ –(s)ura ~ –(d)ura x –ura. Há sufixos com grande, média e baixa
produtividades. Muitos deles vão ganhando, ao longo dos séculos, novos
significados; outros, entretanto, mantém aqueles já presentes em Latim.
Palavras-chave: sufixos; sufixos eruditos; sufixos populares; sufixação;
português arcaico; corpus do português arcaico.
17
ABSTRACT
COSTA, Silvio Reinod. Morphologic-Semantic Analysis of Some Latin Suffix Pairs
erudite and popular in the period from 12th to 16th Centuries. 2008. 388 p. (vol. I -
Thesis) + 545 p. (vol. II Corpus in CD ROM). Doctor Thesis (Linguistics and
Portuguese Language) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
Araraquara (SP). 2008.
The aim of this thesis is to analyze the development of the meaning of some erudite
latin suffixes used in Archaic Portuguese which have a popular counterpart. Firstly,
the history, the origin, the periods and subperiods of Brazilian Portuguese have been
revised, as well as the main texts of its archaic period. A general review of the
literature on suffixes, the specific object of this work, has been done in ascendant
chronological order taking as its basis the opinion of some most eminent philologists
and grammarians of the History of Language such as (Carolina Michaëlis de
Vasconcelos (1946), José Joaquim Nunes (1989), Manuel de Said Ali (1931 and
1964), Joseph Hüber (1986 [1933]), Theodoro Maurer Jr. (1951), José Leite de
Vasconcelos (1959), Sousa da Silveira (1960)); normative grammarians such as
(Fernão de Oliveira (1975 [1536]), Júlio Ribeiro (1913 [1881]), João Ribeiro (1926
[1901]), Gladstone Chaves de Melo (1978), Cunha & Cintra (1985), Evanildo
Bechara (1999); and structuralist/gerativist linguists such as (Joaquim Mattoso
Camara Jr. (1979 and 1980), Margarida Basílio (1980 and 2004), Cacilda de Oliveira
Camargo (1986), Antônio José Sandmann (1991 and 1992), Valter Khedi (2005),
Graça Maria de Oliveira e Silva Rio-Torto (1993 and 2006), Luiz Carlos de Assis
Rocha (1998), Alina Villalva (2000), Margarita Correia (2004), Margarita Correia &
Lucia San Payo de Lemos (2005) and Soledad Varela Ortega (2005). The following
suffix pairs which form the corpus have been selected based on 20 books: –ato x
ado; –ático X –adego; –bil x –vel;–ense x –ês; –ario x –eiro;–(t)orio ~ –(s)orio x
–(d)oiro e –(t)ura ~ –(s)ura ~ –(d)ura x –ura. There are suffixes of high, medium
and low productivity. Many of them acquire new meanings through the centuries;
others, however, maintain the meanings used in Latin.
Keywords: suffixes ; erudite suffixes; popular suffixes; suffixation; archaic
portuguese; archaic portuguese corpus.
18
RESUME
COSTA, Silvio Reinod.
Analyse Morphosémantique de quelques paires de
suffixes érudits et populaires latins pendant la période du XII au XVIème
Siècles. 2008. 388 p.(vol. I Thèse) + 545 p. (vol. II Corpus en CD
ROM). Thèse de Doctorat en Linguistique et Langue Portugaise. Université
Publique de São Paulo “Júlio de Mesquita Filho”. Araraquara (SP). 2008.
Dans ce travail, on a eu le dessein d’ analyser l' évolution des signifiés de
quelques suffixes latins (érudits) utilisés en portugais archaïque et qui
présentent une contrepartie populaire. D’abord, on a repassé l'Histoire,
l'origine, les périodes et les sous-périodes de la Langue Portugaise, ainsi que
les textes principaux de la phase archaïque du Portugais. À propos des
suffixes - objet spécifique de ce travail - on a fait une révision générale de la
littérature existante à ce sujet, suivant l’ordre chronologique ascendante et tout
en prenant comme point de départ l'avis de quelques philologues et
grammairiens éminents de L´Histoire de la Langue
(Carolina Michäelis de
Vasconcelos (1946), José Joaquim Nunes (1989), Manuel de Said Ali (1931 e 1964),
Joseph Hüber (1986 [1933]), Theodoro Maurer Jr. (1951), José Leite de Vasconcelos
(1959), Sousa da Silveira (1960)), des grammariens normatifs (Fernão de Oliveira
(1975 [1536]), Júlio Ribeiro (1913 [1881]), João Ribeiro (1926 [1901]), Gladstone
Chaves de Melo (1978), Cunha e Cintra (1985), Evanildo Bechara (1999) et des
linguistes structuralistes / générativistes (Joaquim Mattoso Camara Jr. (1979 et
1980), Margarida Basílio (1980 et 2004), Cacilda de Oliveira Camargo (1986),
Antônio José Sandmann (1991 et 1992), Valter Khedi (2005), Graça Maria de
Oliveira et Silva Rio-Torto (1993 et 2006), Luiz Carlos de Assis Rocha (1998), Alina
Villalva (2000), Margarita Correia (2004), Margarita Correia & Lucia San Payo de
Lemos (2005) et Soledad Varela Ortega (2005)).
À partir d’ un corpus de textes extraits de 20 œuvres, organisé par nous, les
paires de suffixes suivantes ont été sélectionnées:
–ato x –ado; –ático X
adego; –bil x –vel;–ense x –ês; –ario x –eiro;–(t)orio ~ –(s)orio x –(d)oiro e
(t)ura ~ –(s)ura ~ –(d)ura x –ura.
Il y a des suffixes qui présentent haute, moyenne ou basse productivité.
Plusieurs d´entre eux ont gagné, au long des siècles, des nouvelles
significations; d’autres, néanmoins, ont conserdes signifiés déjà existants
en Latin.
Mots-clés: suffixes; suffixes érudits; suffixes populaires; suffixation; Portugais
Archaïque; corpus du Portugais Archaïque.
19
LISTA DE TABELAS
Volume I – Tese Pág.
0.1 Pares de sufixos eruditos x populares selecionados para o estudo
desta tese
42
1.1 Periodização da Língua Portuguesa (ILARI & BASSO, 2006) 59
1.2 Periodizações da Língua Portuguesa (CASTRO, 1998) 62
2.1 Principais Obras do Período Arcaico da Língua Portuguesa 65
3.1
Da Constituição do Corpus desta tese
84
4.1 Principais Sufixos Nominais de Origem Latina Função, Semântica
e Exemplificação
105
4.2. Principais Sufixos Adjetivais de Origem Latina Função, Semântica
e Exemplificação
107
4.3 Outros Sufixos Nominais – Avaliativos e de Origem Não-Latina 108
4.4
O sufixo –aria (~ –eria) em Português
112
4.5
Os sufixos –ez, –eza,ícia, –ice, –ície em Português
112
4.6 Principais Sufixos Acentuados em Língua Portuguesa 115
4.7
O sufixo –al em Português
129
4.8
Os sufixos –ádego, –agem e –ático em Português
129
4.9
O sufixo –ejo em Português
130
4.10 Principais Sufixos que se juntam ao Radical do Substantivo 135
4.11 Sufixos que se juntam ao Radical do Adjetivo 137
4.12 Principais Sufixos utilizados em substantivos e adjetivos em Língua
Portuguesa
139
4.13 Principais Sufixos Nominais – Sintaxe–Semântica e Exemplificação 141
4.14 Os sufixos nominais em Língua Portuguesa: seus principais sentidos
e significação
144
20
4.15 Denominais sufixais sem mudança de classe gramatical – I 166
4.16 Denominais sufixais sem mudança de classe gramatical – II 167
4.17 MATRIZ A.1.a – Sufixo –EIRO 174
4.18 Principais Diferenças entre Sufixos e Prefixos 176
4.19 Tipos de Processos de Formação de Palavras (Produção Lexical
Sufixal)
187
4.20 Estrutura morfológica dos adjetivos denominais I 189
4.21 Estrutura morfológica dos adjetivos denominais II 190
4.22 Sufixos Homófonos – Sentidos e/ou Funções e Exemplificação 194
4.23 Sufixos Fósseis X Sufixos Internacionais 204
4.24 Sufixos atribuíveis aos nomes de qualidade 206
4.25 Produtos isocategoriais construído com o sufixo –eir 207
4.26 Principais Processos de Sufixação em Língua Portuguesa 209
4.27 Classificação dos sufixos de acordo com sua categoria gramatical 216
4.28 Classificação dos sufixos de acordo com a base à qual se reportam 217
5.1
Lexias em que se encontra a forma –ato e suas origens....
224
5.2 Algumas locuções verbais utilizadas no Português Arcaico com seus
principais verbos auxiliares
230
5.3
Algumas locuções verbais com os verbos principais sufixados em
–ado
4
na voz passiva analítica e suas formas correspondentes na
voz passiva sintética
237
5.4
O sufixo –ado em algumas lexias presentes no corpus e as bases a
que se adjungem
261
5.5
Significados do sufixo –ado em Latim e dos séculos XI a XVI
263
5.6
O sufixo –ático em em algumas lexias presentes no corpus e as
bases a que se adjungem
270
5.7
Principais significados do sufixo –ático em latim e dos séculos XI ao
século XVI
270
5.8
Os sufixos –ádego ~ –ádigo em algumas lexias presentes no corpus
273
21
e a bases a que se adjungem
5.9
Significados dos sufixos –ádego ~ ádigo dos séculos XI a XVI e
seu correspondente erudito –aticu em Latim
274
5.10
O sufixo –bil e seus alomorfes e as bases a que se adjungem
280
5.11 Significados presentes no sufixo bil e seus alomorfes em Latim e
do século XI ao XVI
280
5.12
As lexias sufixadas em –bil por Camões em “Os Lusíadas” (1572)
281
5.13
O sufixo –vel e seus alomorfes presentes em algumas lexias do
corpus e as bases a a que se adjungem
285
5.14
Significados presentes no sufixo bil e seus alomorfes em Latim e
do século XI ao século XVI
286
5.15
A produtividade do sufixo –vel presente em algumas lexias do
Português ao longo dos séculos XIII a XX
287
5.16
O sufixo –ense e seus alomorfes e as bases a que se adjungem
292
5.17
Significados presentes no sufixo –ense em Latim e do século X ao
XVI
292
5.18
O sufixo –ês e seus alomorfes presentes em algumas lexias e as
bases a que se adjungem
295
5.19
Significados presentes no sufixo –ês em Latim e so século XI ao
século XVI
296
5.20
O sufixo –ario em algumas lexias do Português Arcaico com a base
a que se adjungem e seus respectivos significados
305
5.21
Significados do sufixo –ario e de seus alomorfes em Latim e do
século XII ao século XVI
307
5.22
Algumas lexias sufixadas em –eiro com seus respectivos
significados e as bases a que se adjungem
318
5.23
O sufixo –eiro e seus principais significados em Latim e do século
XI ao século XVI
322
5.24
As lexias sufixadas em –(t)orio ~ (t)oria e seus respectivos
significados e as bases a que se adjungem
329
5.25
O sufixo –(t)orio ~ (t)oria e seus principais significados em Latim
e do século XI ao século XVI
329
22
5.26
O sufixo –(d)oiro em algumas lexias do Português Arcaico com a
base a que se adjungem e seus respectivos significados
332
5.27
O sufixo –(d)ouro e seus principais significados em Latim e do
século XII ao século XVI
333
5.28
A produtividade dos sufixos (d)oiro ~ (d)ouro em algumas lexias
dos séculos X ao XVI, de acordo com Houaiss (versão eletrônica) e
Cunha (1986)
334
5.29
O sufixo –ura e seus alomorfes em algumas lexias do Português
Arcaico com a base a que se adjungem e seus respectivos
significados
340
5.30
Significados do sufixo ura e de seus alomorfes em Latim e do
século XII ao século XVI
344
23
LISTA DE GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS
Pág.
Volume I – Tese
GRÁFICOS:
1.1 Periodização das Fases Arcaica e Moderna da Língua Portuguesa 64
1.2 Bases a que o sufixo –ura e seus alomorfes se agregam
344
INFOGRÁFICOS:
1.1 Fases do Português Arcaico 60
1.2 Primeiros Textos Medievais (Português Arcaico) 61
24
LISTA DE ESQUEMAS E QUADROS
Pág.
Volume I – Tese
ESQUEMAS:
1.1 Os processos de formação de palavras e suas conexões 350
QUADROS:
1.1 Sistematização das Propriedades dos Diferentes Processos de Sufixação 203
25
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Volume I – Tese
0.1 Dispute entre Louis XI et Marie de Bourgogn (Iluminura) 39
0.2 Grupos de Morfologia no Brasil na Contemporaneidade 41
1.1 As origens remotas do Português 49
1.2 Árvore genealógica das línguas indo-européias 51
2.1 La Nativité (Enluminure) – Bibliothèque Municipale de Lyon 220
Volume II – Corpus
1.1 Iluminura do Livro das Horas (Book of Hours)
13
26
LISTA DE MAPAS
Pág.
Volume I – Tese
MAPAS
1.1 A Localização Atual da Romênia no Continente Europeu 52
1.2 A Romênia 53
1.3 As Línguas Indo-Européias da Europa 56
1.4 Grandes Grupos de Línguas Românicas 56
27
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A
adjetivo f. arc.
forma arcaica
a.C.
antes de Cristo f.ant.
forma antiga
adj. /ADJ
adjetivo f. ant. pop. forma antiga popular
Adv.
advérbio fr.
francês
apud
citação indireta fr. ant.
francês antigo
arc.
arcaico(a) f. divg.
forma divergente
B infrm.
Brasil informal
fig.
figura
cap./Cap.
capítulo G
grau
cf. / CF. confira gr.
grego
cfr. confira ICT
Ictiologia
d.C.
depois de Cristo it.
italiano
dim.
diminutivo l.
linha(s)
ed.
edição lat.
latim
esp. espanhol lat. tar. latim tardio
et al. e outros lat. vulg.
latim vulgar
ETIM étimo m.
masculino
ex. exemplo masc.
masculino
f. folha / fólio m.q.
mesmo que
f. forma mod.
moderno
fem. feminino N
nome (substantivo)
N
o.
número sc. a saber
28
ob./Obs. observação(ões) séc. século
op. cit. obra citada S/F Significação/Função
Org. Organização SIN sinônimo
orig. pop. origem popular sing. singular
p página SP São Paulo
PN pessoa-número subst. substantivo
pej. pejorativo suf. sufixo
pl. plural t. texto
port. português tab. também
port. ant. português antigo TMA tempo-modo-aspecto
prov. provável Trad. tradução
prov. provençal v verso
QUÍM. Química v volume
RAE´s Regras de Análise
Estrutural
V verbo
RCP Regra de Construção de
Palavras
VAR variante
RFP´s Regras de Formação de
Palavras
voc. vocábulo
rom. romeno vol. volume(s)
29
LISTA DE ABREVIATURAS DAS OBRAS UTILIZADAS NA TESE E NO CORPUS
CNB – Coisas Notáveis do Brasil – A. G. CUNHA (Organizador).
MM Manuscrito de Madrid
MC Manuscrito de Coimbra
CDPI Crónica de D. Pedro I – Fernão Lopes / Torquato de Sousa Soares
(Org.)
CDF
Crónica de D. Fernando – Fernão Lopes / Torquato de Sousa
Soares (Org.)
CTC
Crónica da Tomada de Ceuta Gomes Eanes de Zurara (Azurara)
/ Alfredo Pimenta (Org.)
CFG Crónica dos Feitos de Guiné Gomes Eanes de Zurara (Azurara)
/ Álvaro Júlio da Costa Pimpão (Org.)
DELP Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa José Pedro
Machado – 5 vol.
DLPA Dicionário da Língua Portuguesa Arcaica Zenóbia Collares
Moreira
DPNRL
Documentos Portugueses do Noroeste e da Região de Lisboa
Ana Maria Martins (Org.)
EBC
A Escrita no Brasil Colônia: Um Guia para a Leitura de
Documentos Manuscritos, de Vera Lúcia Costa Acioli (Org.)
LA
Livro das Aves – Autor anônimo / Edição preparada por Jacira
Andrade Mota / Rosa Virgínia Matos [e Silva] / Vera Lúcia Sampaio /
Nelson Rossi (Direção
)
LPGPI
Lírica Profana Galego-Portuguesa I Trovadores / Menestréis /
Rei Trovador / Jograis / Segréis / Mercedes Brea (Coord.) - Equipe
de Investigación: Fernando Magán Abelleira Ignacio Rodiño
Caramés María del Carmen Rodríguez Castaño Xosé Xabier Ron
Fernandez •• Equipo de Apoio: Antonio Fernández Guiadanes
María del Carmen Vázquez Pacho
30
LPGPII
Lírica Profana Galego-Portuguesa II Trovadores / Menestréis /
Rei Trovador / Jograis / Segréis / Mercedes Brea (Coord.) - Equipe
de Investigación: Fernando Magán Abelleira Ignacio Rodiño
Caramés María del Carmen Rodríguez Castaño Xosé Xabier Ron
Fernandez •• Equipo de Apoio: Antonio Fernández Guiadanes
María del Carmen Vázquez Pacho
OCGV
Obras Completas de Gil Vicente Gil Vicente / Marques Braga
(Org.)
I – vol I;
II – vol. II;
III – vol. III;
IV – vol IV;
V – vol. V;
VI – vol. VI.
LVC
O Livro de Vita Christi Ludolfo Cartusiano / Augusto Magne, S. J.
(Org.)
LUS
Os Lusíadas Luiz Vaz de Camões / • Edição fac-similada, editada
pela XEROX DO BRASIL S.A. REPRODUÇÕES GRÁFICAS. Rio de
Janeiro: XEROX DO BRASIL, 1972. Utilizou-se também do Índice
Reverso de “Os Lusíadas” , organizado por Telmo Verdelho.
Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1981.
QCDJI
Quadros da Crónica de D. João I Fernão Lopes / Rodrigues
Lapa
TA
Textos Arcaicos Vários autores / Textos em prosa e em verso /
José Leite de Vasconcelos (Coordenação/Anotações/Glossário) –
Serafim da Silva Neto (Anotações)
TAII
Testamento de Afonso II Afonso II / Ivo Castro (IN: CHLP
Curso de História da Língua Portuguesa)
TCP
Um Tratado da Cozinha Portuguesa Autoria incerta / Antonio
31
Gomes Filho (Org.) Reprodução fac-similar do manuscrito I E da
Biblioteca Nacional de Nápoles
VCPVC
Vocabulário da Carta de Pero Vaz de Caminha Pero Vaz de
Caminha / Silvio Batista Pereira (Preparador da edição). / Foi
consultada também a edição preparada por Jaime Cortesão (1967).
Obs.: As referências completas das obras encontram-se nas REFERÊNCIAS.
32
LISTA DE SÍMBOLOS
<
provém de; origina-se de
>
dá origem a
~
alterna com
Ø
zero / morfema zero / singular
língua morta
§
parágrafo
morte
*
nascimento
+
fronteira de morfema
#
fronteira de palavra
+
mais
-–
menos
+
sim
-–
não
[...]
parte suprimida do texto
aposentado / aposentou-se
------
dados não registrados
étimo
33
SUMÁRIO
Pág.
PARTE PRÉ-TEXTUAL
Folha de Aprovação 4
Dedicatórias 5
Homenagem Especial 6
Agradecimentos Especiais 7
Agradecimentos 8
In Memoriam 13
Epígrafes 14
Resumo 16
Abstract 17
Resumé 18
Lista de Tabelas 19
Lista de Gráficos e Infográficos 23
Lista de Esquemas e Quadros 24
Lista de Figuras 25
Lista de Mapas 26
Lista de Abreviaturas e Siglas 27
Lista de Abreviaturas das Obras Utilizadas na Tese e no Corpus 29
Lista de Símbolos 32
Sumário 33
34
VOLUME I – TESE
PARTE I – TEORIA
39
INTRODUÇÃO
40
0.1 Da Justificativa 40
0.2 Da Seleção dos Sufixos 41
0.3 Dos Objetivos 42
0.3.1 Objetivo Geral 43
0.3.2 Objetivos Epecíficos 43
0.3.3 Hipótese 44
0.34 Da Constituição do Corpus
44
0.4 Das Linhas de Estudo 44
0.5 Da strutura doTrabalho 45
1 A Língua Portuguesa História, Origem e
Periodização
46
1.0 Introdução 46
1.1 Breve História da Língua Portuguesa 46
1.2 A Origem da Língua Portuguesa 47
1.3 A “árvore genealógica” do Português 48
1.4 O latim dentro da família indo-européia 49
1.5 A România 51
1.6 As línguas românicas 53
1.7 Periodizações e sub-periodizações do Português 57
1.8 O português arcaico no tempo da língua portuguesa 60
2 O Português Arcaico Marco Divisório e Obras
Representativas
64
2.1 O Português Arcaico – Marco Divisório 64
2.2 Os mais antigos documentos da Língua Portuguesa 65
2.3 Principais Obras do Período Arcaico 65
3 Metodologia e Teoria
76
3.1 Da constituição do Corpus
76
3.2 Das Fontes Utilizadas para a Elaboração do Corpus 77
3.3 Do Corpus
83
3.4 Metodologia Utilizada na Recolha e Análise do Corpus
92
3.5 Teoria 93
35
4 Do Sufixo: Da Filologia e das Gramáticas Históricas
à Lingüística e às Gramáticas Normativas
Contemporâneas – Uma Revisão da Literatura
94
4.1 Introdução 94
4.2 Os Sufixos nos estudos de Filologia e de Gramática Histórica 95
4.2.1 Carolina Michäelis de Vasconcelos 95
4.2.2 José Joaquim Nunes 101
4.2.3 Manuel Said Ali (1931) 108
4.2.4 Manuel Said Ali (1964) 113
4.2.5 Joseph Hüber 114
4.2.6 Theodoro Henrique Maurer Junior 118
4.2.7 José Leite de Vasconcelos 125
4.2.8 Sousa da Silveira 128
4.3 O Sufixo nos Estudos da Gramática Normativa da Língua Portuguesa 130
4.3.1 Fernão de Oliveira 130
4.3.2 Júlio Ribeiro 134
4.3.3 João Ribeiro 138
4.3.4 Gladstone Chaves de Melo 140
4.3.5 Celso Cunha & Luís Felipe Lindley Cintra 143
4.3.6 Evanildo Bechara 145
4.4 O Sufixo nos Estudos Lingüísticos 150
4.4.1 Joaquim Mattoso Câmara Jr. 150
4.4.2 Margarida Maria de Paula Basílio 160
4.4.3 Cacilda de Oliveira Camargo 169
4.4.4 Antônio José Sandmann 175
4.4.5 Valter Khedi 180
4.4.6 Graça Maria de Oliveira e Silva Rio-Torto 182
4.4.7 Luiz Carlos de Assis Rocha 191
4.4.8 Alina Villava 198
4.4.9 Margarita Maria Correia Ferreira 204
4.4.10 Soledad Varela Ortega 211
PARTE II ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS
DADOS
220
5 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS UMA VISÃO
MORFO-SEMÂNTICA DE ALGUNS PARES DE
SUFIXOS ERUDITOS X POPULARES UTILIZADOS
NA LÍNGUA PORTUGUESA
221
5.1 Introdução 221
5.2 Análise e Descrição dos Dados 222
5.2.1 O sufixo –ato
222
36
5.2.2 O sufixo –ado
227
5.2.2.1 Os sufixos –ato X –ado
265
5.2. 3 O sufixo –ático
267
5.2.4 O sufixo –adego
271
5.2.4.1 Os sufixos –atico X –adego
276
5.2.5 O sufixo –bil
277
5.2.6 O sufixo –vel
283
5.2.6.1 Os sufixos –bil x –vel
288
5.2.7 O sufixo –ense
289
5.2.8 O sufixo –ês
293
5.2.8.1 Os sufixos –ense x –ês
297
5.2.9 O sufixo –ario
298
5.2.10 O sufixo –eiro 311
5.2.10.1 Os sufixos –ario x –eiro
325
5.2.11 O sufixo –(t)orio
327
5.2.12 O sufixo –(d)oiro
330
5.2.12.1 Os sufixos –(t)orio x –(d)oiro
335
5.2.13 O sufixo –ura e seus alomorfes
336
5.2.13.1- Os sufixos –(d)ura ~ –(t)ura ~ –(s)ura X –ura: 345
REFERÊNCIAS
356
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
364
DICIONÁRIOS CONSULTADOS
378
CORPUS
382
SITES CONSULTADOS
386
VOLUME II – CORPUS
(em CD-ROM)
0 Considerações sobre a Elaboração do Corpus
7
1 Das Obras Utilizadas para a Elaboração do Corpus
8
CORPUS
12
Fig. 1 – Livro das Horas (Book of Hours) 13
37
–(A)BEL ~ –(A)BIL ~ –(I)BIL ~ –(A)BELLE ~ –(A)BLE ~ –(A)UEL ~ –(A)UIL ~
–(A)VEL ~ –(A)VELL ~ –(A)VIL ~ –(Í)VEL ~ –(I)VIL ~ –(É) UELL
14
–AÇO ~ –AÇA ~ –ACU – AZO 28
–ACHO 30
–ÁDEGO ~ –ÁDIGO ~ –ÁTIGO 31
–(A)DA
1
~–(A)DO
1
(SUBSTANTIVOS) 34
–(A)DA
2
~–(A)DO
2
(ADJETIVOS) 69
–(A)DA
3
~–(A)DO
3
(ADJETIVOS PARTICIPIAIS) 144
–(A)DA
4
~–(A)DO
4
(VERBOS – (PARTICÍPIO PASSADO)) 221
–ALHA ~ –ALHO 231
–AIRA ~ –AIRO 233
–(A)NÇA ~ –(A)NCIA ~ –(A)NÇIA 239
–ANA ~ –ANO 263
–Ã ~ –ÃO 266
–ÁRIA ~ –ARIA ~ –ÁRIO ~ –ARIO ~ –ARIUS 272
–AZ 286
–ATA ~ –ATO 287
–ÇAM ~ –ÇO(M) ~ –ÇÃO ~ –SAM ~ –(S)SOM 288
–(D)OIRA ~ –(D)OURA ~ –(D)OIRO ~ –(D)OURO 324
–EDO 329
–EIRA ~ –EIRO ~ –EIRU ~ EYRA ~ –EYRO ~ –EYRU 331
–ELHA 398
–(E)NÇA ~ –(E)NCIA 398
–ENSE ~ –ENSIS 415
–ÊS ~–ESA 416
–ETA 417
38
–EZ ~ –EZA ~ –EÇA 417
–IÇA ~ –IÇO 437
–ÍCULA ~–ÍCULO 438
–(I)DA
1
~–(I)DO
1
(SUBSTANTIVOS) 438
–(I)DA
2
~–(I)DO
2
(ADJETIVOS) 444
–(I)DA
3
~–(I)DO
3
(ADJETIVOS PARTICIPIAIS) 473
–(I)DA
4
~–(I)DO
4
(VERBOS – (PARTICÍPIO PASSADO)) 492
–ÍGULA ~ –ÍGULO 496
–ILHA ~ –ILHO 496
–(S)ÓRIA ~ –(S)ÓRIO ~ –(T)ÓRIA –(T)ÓRIO 497
–(U)DA
1
~ –(U)DO
1
(SUBSTANTIVOS) 498
–(U)DA
2
~ –(U)DO
2
(ADJETIVOS) 498
–(U)DA
3
~ –(U)DO
3
(ADJETIVOS PARTICIPIAIS) 503
–(U)DA
4
~ –(U)DO
4
(VERBOS – (PARTICÍPIO PASSADO)) 510
–(U)RA ~ –(D)URA
~ –(S)URA
~ –(T)URA
512
CORPUS – REFERÊNCIAS
541
39
Parte I
Parte I Parte I
Parte I
-
--
-
TEORIA
TEORIA TEORIA
TEORIA
Fig.
0.
1
-
Dispute entre Louis XI et Marie de Bourgogn
Tours, 1480
Défense des droits de Louis XI sur la Bourgogne et les
comtés de Mâcon et d'Auxerre. Paris
(Tours, B.m., ms. 1047, f. 001, 1047)
40
INTRODUÇÃO
Após exaustivo levantamento bibliográfico, pudemos verificar que os sufixos
são, quase sempre, mal trabalhados, seja por filólogos, gramáticos, gramáticos ou
lingüistas.
Na maior parte das vezes, em especial nas gramáticas normativas, no
capítulo referente à estrutura e formação de palavras, os sufixos são
classificados em: a) nominais; b) verbais; c) adverbial. Geralmente, os autores
apresentam tabelas e/ou quadros, e citam alguns exemplos, não mostrando ao leitor
seu real funcionamento, uma vez que os mesmos não se encontram em uma
enunciação.
Com os recentes estudos nas Áreas de Lingüística Textual, Análise do
Discurso, Análise Crítica do Discurso, Semiótica, Semiologia, entre outras Áreas que
privilegiam o texto como objeto de análise e interpretação, a MORFOLOGIA tem
ficado relegada a segundo plano.
Pudemos verificar a imensa lacuna, nos dias atuais, em relação aos estudos
lingüísticos nas Áreas que privilegiam a palavra, principalmente em estudos que
tomam por objeto de análise e investigação o sufixo, em especial a Morfologia e a
Lexicologia.
Movido por esta ânsia e apaixonado pelo tema, é que resolvemos elaborar
um Projeto sobre o mesmo. Inicialmente, fizemos a Disciplina Morfologia Lexical,
sob a responsabilidade da Prof
a.
Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa, em 2003,
na UNESP Campus de Araraquara (SP). Do contato com ela, e de acordo com
suas orientações, surgiu o Anteprojeto desta Tese.
Como o assunto é bastante amplo, decidimo-nos verificar a evolução de
alguns pares de sufixos eruditos x populares assim tratados pelas Gramáticas
Históricas.
0.1 Da Justificativa:
Quando se fala em estudos diacrônicos, nos dias atuais, independente da
Área de estudos lingüísticos a que sejam aplicados a coisa fica então mais séria e
complicada, e os trabalhos, cada vez, tornam-se mais escassos, raríssimos.
41
É por essa razão que se pretende o presente estudo a fim de contribuirmos
com o desenvolvimento da Lingüística, em especial nas Áreas de Morfologia
Histórica/Lexicologia, objetivando-se a dar uma contribuição, ainda que parcelar, a
áreas pouco exploradas suficientemente.
Na Contemporaneidade, no Brasil, poucos são os grupos e/ou pessoas
dedicados à Morfologia, em especial na linha diacrônica, dentre os quais,
destacamos:
Obs.: O símbolo “” indica aposentado(a).
Fig. 0.2 – Grupos de Morfologia no Brasil na Cotemporaneidade
Obs.: 1) Na realidade, o PROHPOR (UFBA) tem desenvolvido pesquisas em
várias áreas da Lingüística Histórica e História da Língua Portuguesa, com
excelentes trabalhos;
Prof. Dr. Antônio José Sandmann
(† UFPR
)
Prof. Dr. Mário Eduardo Viaro
(USP/SP Morfologia Histórica
do Português)
Prof
a.
Dr
a.
Margarida Maria de
Paula Basílio († UFRJ / PUC – RJ)
Prof. Dr. José Lemos Monteiro
-
(UNIFOR
/ † UFC / † UECE)
Prof
a.
Dr
a.
Rosa Virgínia Mattos e
Silva (UFBA) –
PROHPOR
42
2) O único grupo em franco desenvolvido relativo a pesquisas morfológicas
diacrônicas, em especial, tem sido o do Prof. Dr. Mário Eduardo Viaro, docente da
USP – SP.
0.2 Da Seleção dos Sufixos:
Dada a complexidade do tema, selecionamos, para este trabalho, os
seguintes pares de sufixos:
SUFIXOS ERUDITOS:
SUFIXOS
POPULARES:
ALÓGRAFOS:
NOTAS:
-(a)bil (lat.) -(a)vel -(a)bel ~ -(-e)vell
~ -(i)bil ~ -(í)vel ~
-(i)vell ~ -(i)velle
~ -(í)vil
Sufixos que apresen-
tam o maior número de
alógrafos.
-ário (lat.) -eiro -arius
Há, ainda a forma
intermediária –airo na
passagem da forma
erudita para a popular.
Apresentam vários
homomórficos, ainda
na fase arcaica do
Português.
-ático (lat.) -ádego ~ ádigo
-(a)to (lat.) -(a)do
-ense (lat.) -ês -ensis
-tório (lat.) -doiro ~ -douro
-(d)ura ~ -(s)ura ~
(t)ura
-ura (lat.)
Tabela 0.1 - Pares de sufixos eruditos x populares selecionados para o estudo
desta tese.
0.3 Dos Objetivos:
43
0.3.1 – Objetivos Gerais:
O objetivos gerais deste trabalho são:
Fazer a revisão da literatura em relação aos sufixos, de acordo com a
posição de filólogos, gramáticos, gramáticos da História da Língua e lingüistas,
levando-se em conta a ordem cronológica ascendente;
Verificar a evolução dos significados de alguns pares de sufixos (eruditos x
populares), do Latim para o Português Arcaico, ou seja, verificar se os significados
presentes nos sufixos eruditos latinos se mantêm nos sufixos populares que lhes
são correspondentes, ao longo dos séculos XII a XVI, ou se alteração em relação
a eles.
0.3.2 – Objetivos Específicos:
O objetivos específicos, em relação aos sufixos selecionados para análise e
interpretação neste trabalho, são:
Fazer o levantamento dos significados dos sufixos em Latim;
Traçar os significados dos sufixos ao longo dos séculos XII a XVI;
Observar os significados dos sufixos em Latim e possíveis mudanças ao
longo dos séculos XII a XVI, verificando-se cada século em particular;
Comparar os resultados, quanto aos significados, em Latim x Séculos XII a
XVI.
Observar a produtividade de cada sufixo em Latim e ao longo dos séculos
XII a XVI.
44
0.3.3 – Hipótese:
Os sufixos mantêm os significados presentes em latim e adquirem novos ao
longo dos séculos.
0.3.4 – Da Constituição do Corpus:
Para a montagem do corpus, foram utilizadas obras em verso e em prosa
(literárias/não-literárias), no total de 20 obras completas.
Preferencialmente, foram utilizados textos de diferentes gêneros e tipos
textuais (poemas, poesias líricas, poesia religiosa, cartas, crônicas, títulos de
venda, tulos de compra, títulos de emprazamento, doações, cantigas
(amor/amigo/escárnio/maldizer), narrativas e relatos de viagem, receitas culinárias,
verbetes de dicionários e de glossários, testamento, lenda, manuscritos, textos
teatrais, etc.) uma vez que, certamente, influenciam nos resultados alcançados.
Pretendeu-se que as abonações transcritas fossem o mais fiel possível em
relação à edição-prínceps. De acordo com as possibilidades, foram utilizadas obras
fac-similadas.
Em momento oportuno, a questão do corpus será aprofundada, assim como
citadas as fontes utilizadas para sua elaboração.
Devido ao grande número de dados, o corpus é apresentado no volume II
desta tese, em CD- ROM.
0.4 – Das Linhas de Estudo:
Este estudo insere-se na Linha Estruturalista, no entanto, lança mão de
outra(s) linhas/teorias (gerativismo/funcionalismo), principalmente em relação a
dados referentes aos sufixos, sempre que necessário for.
Por apresentar o objetivo geral de observar a evolução do(s) significado(s)
dos sufixos selecionados, este estudo insere-se na linha diacrônica e faz parte da
Lingüística Histórica.
Apesar de estar ligado mais diretamente à Morfologia Lexical, este estudo
trabalha também diretamente com a Lexicologia, uma vez que se ocupa de lexias,
45
portanto do vocabulário, pertencentes a uma fase pretérita da língua a arcaica.
Ainda assim, privilegia também a Semântica, uma vez que faz o levantamento dos
significados presentes nos sufixos em latim e dos séculos XII a XVI.
O trabalho insere-se, ainda, na Linha de Pesquisa de Estudos do Léxico, do
Programa de Pós-graduação em Lingüística e Língua Portuguesa da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Araraquara – SP.
0.5 – Da Estrutura do Trabalho:
Esta tese foi elaborada em dois volumes: no volume I, foi elaborada a tese
propriamente dita; no volume II (CR-ROM), tem-se o corpus utilizado para análise e
descrição dos dados.
Este trabalho está estruturado em duas partes bem delimitadas: uma teórica
e outra prática.
A parte teórica apresenta 4 seções, assim delimitadas:
1. A Língua Portuguesa – História, Origem e Periodização;
2. O Português Arcaico – Marco Divisório e Obras Representativas;
3. Metodologia e Teoria;
4. Do Sufixo: da Filologia e das Gramáticas Históricas à Lingüística e às
Gramáticas Normativas Contemporâneas: Conceitos e Característi-
cas – Uma Revisão da Literatura.
A parte prática apresenta apenas uma seção, na qual se faz a análise morfo-
semântica de cada sufixo e observa-se se houve evolução, ou não, quanto ao(s)
significado(s) presente(s) nos sufixos em Latim.
5. Análise e Descrição dos Dados – Uma visão morfo-semântica de
alguns pares de sufixos eruditos x populares utilizados na Língua
Portuguesa Arcaica.
A seguir, são apresentadas as Referências e a Bibliografia Consultada,
como é de praxe.
46
1 A Língua Portuguesa – História, Origem e Periodização
1.0 Introdução:
A Língua Portuguesa, assim como as demais línguas românicas ou neolatinas
(espanhol, italiano, francês, romeno, sardo, catalão etc.), originou-se do Latim
modalidade vulgar.
Em relação à periodização da Língua Portuguesa, não há, como veremos,
consenso em relação a ela entre os especialistas. Bastante diversa é a periodização
e a terminologia apresentadas por Leite de Vasconcelos, Serafim da Silva Neto,
Pilar Vasquez Cuesta, Luís-Felipe Lindley-Cintra e Maria Helena Mira Mateus.
Antes, contudo, de nos atermos à periodização e à terminologia empregadas
por esses autores, traçamos uma breve História da Língua Portuguesa.
1.1 Breve História da Língua Portuguesa:
A Língua Portuguesa teve sua origem na Península Ibérica (parte Ocidental). A
época de sua formação vai do século V ao século VIII da Era Cristã.
No ano de 197a.C., a região peninsular foi romanizada, e o latim foi implantado
como língua oficial, tendo absorvido as diversas línguas faladas por seus primitivos
habitantes – cartagineses, celtas, iberos, fenícios, gregos, lígures.
No século V d.C., os bárbaros invadiram a Península Ibérica. Eram de origem
germânica e compreendiam várias nações, cada uma com o seu dialeto vândalos,
suevos, visigodos ou godos do ocidente. Os suevos fixaram-se no Noroeste da
Península (Galiza) onde deram origem a um reino; os vândalos detiveram-se no Sul
(Andaluzia). Os visigodos chegaram logo após; corajosos e destemidos, dominaram
toda a Península e fundaram uma monarquia cuja capital era Toledo. Embora afeitos
à guerra, os bárbaros não conseguiram ultrapassar a base romana na questão
lingüística, por essa razão admitiram a civilização dos romanos, adotaram a língua
latina vulgar e cristianizaram-se.
No século VIII, os árabes avançaram sobre a Península Ibérica, derrotaram o
exército dos visigodos e dominaram, no prazo de três anos, a Península. Mais tarde,
perderam a batalha e foram derrotados por Carlos Martel ou Carlos Martelo (* 688,
47
Herstal 15/10/741, Quierzy–sur–Oise, filho bastardo de Pepino de Herstal (*
679
– † 714)
e avô de Carlos Magno por linha paterna).
Da convivência doa árabes com os peninsulares surgiram, na Península
Ibérica, os moçárabes – cristãos arabizados pela necessidade de viver juntos
possuíam um “modus loquendi” todo especial: falavam românico e árabe.
Conservaram as tradições cristãs e da língua, que se conservou românica. O árabe
foi adotado, no entanto, o povo não o acatou e continuou a falar o romanço.
Ainda no século VIII, no tempo da conquista árabe, o território dominado
compreendia três partes: a) do Minho ao Douro; b) do Douro ao Tejo; c) uma outra
parte – conquistada totalmente pelos mouros.
Quase no findar do século XI, deu-se a cruzada contra os mouros. Afonso VI
reservou ao príncipe Henrique de Borgonha, seu genro, o condado de Portus Cale
(região entre o Minho e o Douro). Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha,
sucedeu a seu pai no condado, outorgou-se funções de suserano de Castela , deu a
batalha a Ourique e se proclamou rei de Portugal em 1139.
Os celtas, dominadores do noroeste da Península Ibérica, deixaram vestígios
de independência política, e a região, reino dos suevos, foi, por essa razão, diferente
do resto da região. Formou-se, no noroeste da Península, devido a antecedentes
próprios e persistentes, um linguajar bem característico e regional o Galeziano; a
região foi denominada Gallaecia.
É importante ressaltar que
A independência do condado ressaltou mais as diferenças do falar do
Norte e do Sul do Minho. Do Sul do Minho surgiu o português.
Em 1250, D. Afonso II, [sic] conquista o Algarve; o domínio e as
conquistas aumentam e o progresso se faz sentir em tôdas as regiões. A
língua das populações sob o domínio dos mouros (moçárabes) foi
paulatinamente absorvida pelo Português. Do Minho ao Guadiana era então
falado o português.
D. Pedro I (1400) fêz com que fôsse obrigatório o uso do Português
em todos os atos públicos, isto é, escritos na língua vulgar e corrente. Aos
poucos a língua vulgar foi sendo cuidada, polida e mais incentivada,
atingindo o seu apogeu no século XVI. (TERSARIOL, 1966, p. 24 – 25)
1.2 A Origem da Língua Portuguesa:
O português é uma das línguas românicas que derivam do latim modalidade
vulgar que se opõe “ao latim literário e ao latim eclesiástico”, conforme observam
Ilari & Basso (2006, p.16).
48
O latim vulgar foi uma variedade de latim principalmente falada enquanto o
latim literário e, mais tarde, o latim eclesiástico, foram ensinados com o apoio da
escrita.
Ao dizer que o português deriva do latim, estabelecemos, indiretamente, suas
origens lingüísticas mais remotas.
O Império Romano, depois das conquistas militares, passou por culos de
estabilidade, e o latim vulgar foi falado na maioria dos territórios conquistados. Esse
latim, como observam Ilari & Basso (2006, p. 17),“[...] apresentou uma relativa
uniformidade em uma grande área geográfica que correspondia a boa parte da
Europa ocidental.”
Após esse período, devido às grandes invasões “bárbaras”, a unidade política
fragmentou-se.
Ilari & Basso observam ainda que:
Mas à unidade política sucedeu um período de fragmentação
provocado pelas grandes invasões “bárbaras” e à uniformidade lingüística
seguiu um período de diversificação cada vez maior, sob o impulso de
inovações locais que não tinham como circular por todo o território
romanizado. Assim, ao final do século X, o que havia sido um único território
lingüístico (ao qual hoje os estudiosos chamam hoje România), tinha-se
transformado num mosaico de falares locais, de maior ou menor prestígio.
Essa fragmentação do latim vulgar contrasta não com a relativa
uniformidade do próprio latim vulgar durante o período imperial, mas ainda
com a uniformidade do latim literário e do latim eclesiástico, que
continuaram sendo usados para outros fins, ao lado da fala popular.
Posteriormente, alguns dos falares locais derivados do latim vulgar
ganharam prestígio e transformaram-se nas línguas românicas que hoje
conhecemos [...] (ILARI & BASSO, 2006, p. 17)
1.3 A “árvore genealógica” do Português:
O português, como vimos acima, derivou do latim modalidade vulgar –
aquela utilizada principalmente na fala e utilizada pelos soldados e comerciantes
romanos, levada às regiões conquistadas durante a formação do Império Romano, a
qual foi passando de geração em geração sem ser ensinada formalmente.
O latim foi um ramo do itálico, uma das subdivisões do indo-europeu
ocidental, que apresenta outras subdivisões. Existiu, também, o indo-europeu
oriental, de que fazem parte o sânscrito
e o hitita.
49
Vejamos abaixo a “árvore genealógica” do português, a qual permite identificar
as principais relações de parentesco que o português mantém com outras línguas. O
símbolo “†” indica “língua morta”, ou seja, aquela que não é mais falada por falantes
nativos, mas que, geralmente, atestam sua existência por meio de textos e/ou
documentos escritos deixados para suas civilizações:
Fig. 1.1 – As origens remotas do português
(Fonte: ILARI; BASSO, 2006, p. 16)
1.4 O latim dentro da família indo-européia:
O latim pertence ao grupo das línguas que constituem a “família itálica” do
grupo indo-europeu. No indo-europeu, aglutinam-se, também, outras “famílias” de
línguas, sendo, as principais:
a) a albanesa;
b) a armênia;
50
c) a celta;
d) a balto-eslava;
e) a germânica;
f) a helênica;
g) a hitita;
i) a indo-iraniana.
Castro
1
observa que:
Indo-europeu, enquanto adjectivo, designa o conjunto de ´línguas
que, por meio de uma evolução regular, são provenientes de uma
determinada língua, que desapareceu e não está atestada.
Integram-se no conjunto das línguas indo-européias o latim e todas as
línguas românicas, entre elas o português.
Enquanto substantivo, indo-europeu designa a própria língua-não
atestada. Mas designa também o povo que a falava. Recomenda Martinet
que fórmulas como esta sejam entendidas no plural: não é de conceber que
fosse uma língua estável e estruturada, falada por um povo fixado no
terreno. É mais provável que fosse um conjunto de línguas evoluindo de
modo conexo e usadas por povos não necessariamente aparentados.
Martinet situa as suas origens cerca de 5000 anos antes de nossa era,
num povo localizado no sudeste da União Soviética, que deixou
consideráveis vestígios arqueológicos. Este povo iniciou uma deslocação
para ocidente, em três vagas sucessivas que demoraram milénio e meio,
vindo a fixar-se nas planícies do Báltico até ao Danúbio e aos Balcãs
1
(CASTRO, 1991, p. 77 e 79)
Vejamos, na próxima página, a “árvore genealógica” das línguas indo-européias
(fig. 1.2):
_______
1
CASTRO (1991, p. 78) baseia-se em MARTINET (1987, p. 18).
51
A “árvore genealógica” das línguas indo-européias (fig. 1.2):
Fig. 1.2 – Árvore genealógica das línguas indo-européias.
(Fonte: CASTRO, 1991, p. 78, onde aparece como “Quadro III”.)
1.5 A România:
Ivo Castro observa que
România é um nome vivo ainda hoje, no sentido de comunidade de
línguas derivadas do latim. Como as áreas do mundo ocupadas por estas
línguas não coincidem mais com a área do Império Romano do Ocidente,
costuma-se chamar România Nova às regiões que foram colonizadas por
europeus a partir do século XVI e onde o português, o castelhano ou o
francês continuam a ser falados.
52
Do mesmo modo, chama-se România Submersa ao conjunto de
regiões da Europa que, tendo sido romanizadas, não albergam hoje uma
língua românica. [...] (CASTRO, 1991, pp. 69 – 70)
Romênia
Mapa 1.1 – A Localização Atual da Romênia no Continente Europeu
(Fonte:
http://www.guiageo-europa.com/mapas/europa.htm Acessado em
17/07/2007 - 15:45h)
53
Vejamos a posição geográfica da România atual na Europa:
Mapa 1.2 – A Romênia.
(Fonte: http://www.guiageo-europa.com/mapas/romenia.htm Acessado
em17/07/2007 - 15:55)
(Obs.: Verificar no canto superior esquerdo a posição da Romênia (em amarelo) na Europa Oriental)
1.6 As línguas românicas:
Línguas românicas, também chamadas neolatinas ou novilatinas, são as
línguas derivadas do latim. Entre as principais línguas românicas, que conhecemos
na atualidade, temos:
a) o romeno ou valáquio: falado na Romênia, isto é, nos Estados do Danúbio e
numa parte da Macedônia (norte da Grécia, próxima ao Monte Olimpo). Esta
língua é a que mais se afasta do latim;
54
b) o italiano: falado na Itália, nas suas ilhas adjacentes (Córsega, Sicília, etc.) e
nas que lhe pertencem, bem como em suas colônias da Ásia e da África, e
em S. Marinho;
c) o sardo: falado na Sardenha. Embora este idioma inspire discussões quanto
à sua admissibilidade ou não como língua, é o mais conservador idioma
românico ou novilatino;
d) o reto-românico, rético, ladino, romanche ou reto-romanche: falado na
Suíça (Tirol, no Friul e no Cantão dos Grisões) e em algumas regiões do norte
da Itália e fora daí, no Engadino (um dos dialetos réticos). Os italianos
consideram-no como um dialeto italiano do Norte. Isto levou o governo suíço
a adotá-lo oficialmente como a quarta língua oficial da Suíça as outras três
são o francês, o italiano e o alemão;
e) o occitano ou lenga d´òc (= langue d´oc): falada ao sul da França (ao sul do
rio Loire), em alguns vales alpinos na Itália e no Val d´Aran (Espanha);
f) o francês: falado em quase toda a França, exceto no sul e na Bretanha, em
suas colônias da Ásia, da África, da América e Oceania, na Bélgica, no Congo
Belga, na Suíça, em Mônaco, no Canadá, na Luisiânia, na Tunísia, em
Marrocos e no Haiti;
g) o catalão: falado na Catalunha, nos vales de Andorra, na zona oriental de
Aragão, na maior parte de Valência, nas ilhas Baleares e na cidade de Alguer
(costa noroeste da Sardenha);
h) o espanhol: falado na Espanha e em suas colônias, na América do Sul à
exceção do Brasil e das Guianas, na América Central, no México, em
algumas ilhas do arquipélago das Antilhas e nas Filipinas;
i) o provençal: falado no sul da França (Provença);
j) o galego: falado na Galiza, na fronteira com as comunidades autônomas das
Astúrias e Castela-Leão, além das comunidades de galegos emigrantes
(Argentina e Uruguai). Pode ser visto como uma forma evoluída do galego-
português, com algumas influências do castelhano e umas poucas formas
próprias inexistentes em português. Trata-se de uma língua românica que
nasceu na antiga província romana de Galæcia (que abrangia o território da
Galiza atual, o norte de Portugal e territórios limítrofes a leste);
55
l) o português: falado no Brasil, em Portugal e algumas cidades fronteiriças,
pertencentes à Espanha (no concelho de Barrancos, extremo oriental
Alentejo, e em Olivença, ao norte deste concelho (fala-se aí uma variedade do
alentejano); em Almedilha, na província de Salamanca (usa-se o português a
par do espanhol); em Ermisende, na província de Samora (a fala usada
apresenta fenômenos comuns ao trasmontano); em San Martín de Trevejo,
Eljas e Valverde de Fresno, onde alternam o português e o espanhol) além de
suas ilhas bem como suas colônias africanas (Guiné Portuguesa,
Moçambique, Angola, Cabo Verde, Santo Tomé, Príncipe, Madeira, Açores) e
asiáticas (Índia Portuguesa (Goa, Damão, Diu), Macau e Timor Leste.
Além dessas línguas, temos o dalmático: hoje é considerada língua morta.
Outrora era falado na Dalmácia, região a que corresponde hoje a Iugoslávia. Por
ocasião da morte do pedreiro Udina Burbur, o único informante da língua,
desapareceu também esse rebento da latinidade. Isso ocorreu em 1898.
Dentre as línguas românicas, 6 são oficiais: o português, o espanhol, o italiano,
o francês, o romeno e o rético.
Vejamos a localização das línguas românicas na Europa (Mapa 1.3) e os
grandes grupos das línguas românicas (Mapa 1.4), na página seguinte:
56
Mapa 1.3 – As Línguas Indo-Européias da Europa
(Fonte: CHAVES DE MELLO, 1981, p. 60)
(Obs.: Em azul, destacam-se as línguas da Família Românica (italiano, provençal, franco-provençal,
francês, espanhol, português, galego, sardo, romeno, catalão e rético)
Mapa 1.4 –
Grandes grupos de Línguas Românicas
2
57
1.7 Periodizações e Subperiodizações do Português:
Todas as línguas vivas vão mudando durante o tempo. Não existe nenhuma
língua viva que se mantenha estática. As mudanças estruturais são aquelas que
ocorrem na fonética, na morfologia, na sintaxe. As mudanças podem acontecer,
também, em virtude de alguns fatores: a) as funções sociais que a língua foi
assumindo e b) os graus de estandardização pelas quais passou.
Em relação ao primeiro fator, temos a língua com sua capacidade de servir, ou
não, de veículo para novos gêneros literários ou não; em relação ao segundo fator,
pensemos na ortografia e na organização dos textos, com suas tipologias, através
dos tempos.
Para Ilari & Basso (2006, p. 22), “As periodizações ajudam-nos a organizar
nossos conhecimentos de como a língua foi mudando ao longo do tempo e têm um
caráter de síntese”, pois levam em conta as mudanças estruturais e suas funções
sociais, como já frisamos acima.
Muitos autores trataram da questão da periodização da língua portuguesa
apresentando propostas para ela. Entre os principais, podemos citar: Clarinda Maia,
Dieter Messner, Evanildo Bechara, Ivo Castro, Jaime Ferreira da Silva, José Leite de
Vasconcelos, Lindley Cintra, Paul Teyssier, Pilar Vasquez Cuesta e Serafim da Silva
Neto para ficarmos só com alguns nomes. No entanto, podemos afirmar apenas que:
a) entre as propostas não há coincidência perfeita;
b) acordo quanto a reconhecer na história da língua três fases: uma arcaica,
uma clássica, uma moderna ou contemporânea;
c) quase todos os autores seguem os mesmos termos – os quais não são
genuinamente lingüísticos, mas sim literários;
d) quase todos os autores supracitados seguem o mesmo esquema de
periodização lingüística, com exceção de dois deles: Dieter Messner e
Evanildo Bechara;
_______
2
IN:
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> Acessado em 10/12/2006 – 11:15h
58
e) a imitação geralmente prevalece quando de novos estudos em relação ao
tema.
Messner afirma que:
O que estou fazendo desde alguns anos é repensar (e isso não
isoladamente com base numa única língua, a portuguesa, mas sim em
várias nguas) o que os outros diziam e continuam a dizer sobre os
períodos da língua portuguesa. (MESSNER, 2002, p. 101).
O referido autor termina seu texto na esperança de que
[...] pelo menos, um dia não se usem mais as denominações literárias
para caracterizar as épocas. Sei que não podemos pensar em resolver toda
a problemática desencadeada por esse assunto, por exemplo [sic] a pouca
exacta separação que se faz nos estudos do escrito e do oral. Mas estou
convencido de que os muitos trabalhos novos que se fazem sobretudo no
Brasil, e também em Coimbra, e dos quais citei alguns, vão melhorar a
discussão.” (MESSNER, 2002, p. 113)
Bechara traz inovações em sua periodização, segundo Messner (2002, p. 102)
porque leva em conta não apenas as inovações fonéticas, mas, também, aduz a
critérios morfo-sintáticos.
Vejamos, na página seguinte, a periodização apresentada por Ilari & Basso:
59
Leite de
Vasconcelos
Serafim da
Silva Neto
Pilar Vasquez
Cuesta
Luís-Felipe
Lindley-
Cintra
Maria
Helena
Mira-
Mateus
antes
de 900
P. pré-
histórico
(até 882)
P. pré-
histórico
(até 882)
900 – 1000
1000 – 1100
1100 – 1200
P. proto-
histórico
(882 a
1214/1216)
P. proto-
histórico
(1214/1216)
P. pré-literário
(até 1216)
P. pré-
literário
(até 1216)
1200 – 1300
1300 – 1400
P.
trovadoresco
(1216 – 1420)
Galego-
português
(1216 –
1385/1420)
P. antigo
(1216 até
1385/1420)
1400 – 1500
P. antigo
1400 – 1500
P. arcaico
(1216 a 1385
– 1420)
P. comum
(1420 –
1536/1550)
P. pré-
clássico
(1420 até
1536/1550)
P. médio
(1420 até
1536/1550)
1500 – 1600
P. médio
1600 – 1700
1700 – 1800
P. clássico
(1550 até o
séc. XVIII)
P. clássico
(1550 até o
séc. XVIII)
P.
clássico
1800 – 1900
1900 – 2000
P. moderno P. moderno
P. moderno P. moderno P.
moderno
Tab. 1.1 – Periodização da Língua Portuguesa (Fonte: ILARI & BASSO, 2006, p. 21)
60
1.8 O português arcaico no tempo da língua portuguesa
De acordo com Mattos e Silva denomina-se português arcaico
[...] o período da língua portuguesa que se situa entre os séculos XIII e
XV [...] qualquer tentativa de periodização histórica, como qualquer
classificatória ou taxionomia é arbitrária e está necessariamente
condicionada pelos princípios que estão na base da classificação. A
delimitação do português arcaico, no fluxo da história da língua portuguesa,
não poderá fugir a essa fatalidade. (MATTOS E SILVA, 2006, p. 21)
Mattos e Silva (2006, p. 21) observa que historiadores e filólogos que se
dedicam a esse período do português são unânimes em situar o início desse período
da língua nos princípios do século XIII, uma vez que “é nesse momento que a língua
portuguesa aparece documentada pela escrita” e o mesmo pode assim ser
representado:
Infográfico 1.1 - Fases do português arcaico (Fonte: Mattos e Silva (2006))
Século XIII
Período pré-literário Proto-histórico
D
ocumentação
remanescente do latim –
traços indetectáveis da
futura variante românica
que se esboçava no
noroeste da Península
Ibérica
Situado, em geral, a
partir do século IX –
traços da futura variante
românica já podem ser
detectados por
especialistas em
documentos escritos no
tradicionalmente
chamado latim bárbaro
(latim notarial ou
tabeliônico veiculado na
área românica antes das
línguas românicas se
tornarem línguas
oficiais)
Pré-histórico
Século XIV Século XV
PORTUGUÊS ARCAICO
PERÍODO PRÉ
-
LITERÁRIO
61
Mattos e Silva (2006, p. 22), contudo, afirma que “[...] o limite final desse
período é uma questão em aberto, embora se costume considerar o culo XVI
como o ponto de partida de um novo período da língua.” Vejamos a posição da
autora:
Infográfico 1.2 – Primeiros Textos Medievais (Português Arcaico)
(Fonte: MATTOS E SILVA (2006))
Século XIV
In
ício da história escrita da língua
portuguesa:
Textos Iniciais: Testamento de Afonso II
(1214) e Notícia do Torto (1214 – 1216), ambos
escritos na segunda década do século XIII.
Outros textos (na poesia): Cancioneiro
Medieval Português (cantigas de amigo e
cantigas de amor); Cancioneiro da Ajuda (fins
do século XIII); Cantiga da Ribeirinha (de
amigo); Cantiga da Garvaia (de amor)
Século XV Século XII Século XIII
Textos (cantigas)
circulavam
na tradição oral
Século
XVI
Cancionei-
ro da
Biblioteca
Nacional de
Lisboa e
Cancioneiro da
Vaticana,
descendentes
de uma
compilação de
meados do
século XIV
Primeiras
Gramáticas da
Língua
Portuguesa: a
de Fernão de
Oliveira (1536)
e a de João de
Barros (1540)
Novo
período na
história da
língua
portuguesa
PERÍODO PRÉ-LITERÁRIO PORTUGUÊS ARCAICO
62
Vejamos as principais periodizações apresentadas por Mattos e Silva (2006)
em relação às épocas da Língua Portuguesa. A bem da verdade, a autora traz ao
leitor a periodização apresentada por Ivo Castro, em sua obra Curso de História da
Língua Portuguesa (1998).
Época Leite
de Vasconcelos
Silva
Neto
Pilar
V. Cuesta
Lindley
Cintra
até s. IX
(882)
pré-histórico pré-histórico
até +- 1200
(1214 – 1216)
proto-histórico
proto-
histórico
pré-literário
pré-literário
até
1385/1420
trovadoresco galego-
português
português
antigo
até 1536/
1550
português
arcaico
português
comum
português
pré-clássico
português
médio
até s. XVIII
português
clássico
português
clássico
até s. XIX/XX
português
moderno
português
moderno
português
moderno
português
moderno
Tab. 1.2 – Periodizações da Língua Portuguesa.
(Fonte: CASTRO (org. 1998:12), apud MATTOS E SILVA (2006)).
O que nos é incontestável em relação à periodização acima é que ao século
IX temos o primeiro período da Língua Portuguesa, chamado de pré-histórico por
Leite de Vasconcelos e Silva Neto e de período pré-literário por Pilar V. Cuesta e por
Lindley Cintra. Para esses dois últimos autores, esse período prolonga-se até
1214/1216 (século XIII); para aqueles esse primeiro período subdivide-se no período
proto-histórico (de 882 até ± 1214/1216).
Leite de Vasconcelos é o único autor que faz alusão ao português arcaico (de
1385/1420 até 1536/1550) não o subdividindo. A esse mesmo período, até
1385/1420, Leite de Vasconcelos o classifica como trovadoresco; Pilar V. Cuesta,
como galego-português e Lindley Cintra como português antigo. Ao período que se
63
lhe sucede (1536/1550), Silva Neto o classifica como português comum, Pilar V.
Cuesta, português pré-clássico e Lindley Cintra, português médio.
Leite de Vasconcelos e Silva Neto entendem que, a partir do século XVIII
inicia-se o português moderno, prolongando-se até os dias atuais; Pilar V. Cuesta e
Lindley Cintra compreendem que até o século XVIII temos o português clássico e
que, a partir do século XIX em diante, até a contemporaneidade, temos o português
moderno.
Vejamos, na próxima seção, os principais documentos em versos (lírica
medieval) e em prosa (literária/não-literária) do português arcaico.
64
2 O Português Arcaico – Marco Divisório e Obras Representativas
2.1 O Português Arcaico – Marco Divisório:
Pode-se considerar o século XVI o marco divisório das duas mais importantes
fases da língua portuguesa: a arcaica e a moderna:
Gráfico. 1.1 – Periodização das Fases Arcaica e Moderna da Língua Portuguesa
A partir do século XVI, afirma Coutinho (1976, p. 65) “a língua portuguesa
começa a apresentar não poucos traços que a distinguem da que se usou em
Portugal, nos séculos anteriores” e completa Quadros (1966, p. 67): “Nessa época
começam a se fixar as leis gramaticais, o que viria a ser reafirmado com a
publicação da primeira gramática da língua portuguesa, que determinaria as
soluções das dúvidas do período precedente.”
Século XII
Século XIII
Século XIV
Século XV
Século XVI
Século XVII
Século XVIII
Século XIX
Século XX
PORTUGUÊS ARCAICO PORTUGUÊS MODERNO
65
2.2 Os Mais Antigos Documentos da Língua Portuguesa:
Os mais antigos documentos da língua portuguesa datam do século XII:
a) em prosa: um Auto de partilha (1192), um Testamento (1193), uma Notícia de
Torto (1206?);
b) em verso: uma Cantiga de Pai Soares de Taveirós (1189), uma Cantiga del-
rei D. Sancho (1194 – 1199).
2.3 Principais Obras do Período Arcaico:
De acordo com Coutinho (1976, p. 67), “[...] as principais obras do período
arcaico cujos manuscritos existem, em sua maior parte, na Torre do Tombo ou na
Biblioteca de Lisboa, com a menção do século em que se supõe terem sido escritas”
algumas delas estão transcritas e publicadas enquanto outras permanecem
inéditas – estão abaixo relacionadas:
I. SÉCULOS XII a XIV
II. SÉCULO XIV a XV
III. SÉCULO XV a XVI
Cancioneiros Trovadores-
cos (da Ajuda, da
Vaticana, Colocci-
Brancuti), Nobiliários, Orto
do Esposo, Vergéu de
Prazer e Consolação,
Túngalo, Barlaam, Castelo
Perigoso, Santos Mártires,
S. Aleixo, S. Bento, S.
Agostinho, S. Nicolau,
Bíblia, Diálogos de S.
Gregório, Vida de D. Telo,
Flores de Dereito, Livro
d´alveitaria, Livro de
Esopo, Demanda do
Santo Graal e Livro de
Joseph ab Arimathia
Estória Geral, Corte
Imperial, Estória de
Vespasiano, Vita Christi,
Crônica da Fundaçam do
Mesteiro de Sam Vicente,
Crônica da Ordem dos
Frades Menores e
Legenda Áurea
Ho Flos Sanctorum,
Cancioneiro Geral de
Garcia de Resende, Livro
de Montaria de D. João I,
Leal Conselheiro de D.
Duarte, Virtuosa
Benfeitoria do Infante D.
Pedro obras de Fernão
Lopes, Gomes Eanes de
Azurara e de Rui de Pina,
Crônica do Condestabre,
Sacramental, Boosco
deleitoso, Espelho de
Cristina, - obras de Gil
Vicente, de Miranda e
Jorge Ferreira
Tabela 2.1 – Principais Obras do Período Arcaico da Língua Portuguesa
(Fonte: COUTINHO: 1967, p. 67)
66
Somam-se às obras acima a messe de textos que se encontram em obras e
publicações várias, a saber: Dissertações Cronológicas e Críticas de João Ribeiro;
nos Documentos Inéditos de Oliveira Guimarães; nos Documentos Históricos da
Cidade d´Évora de G. Pereira; nos Portugaliae Monumenta Historica; no Arquivo
Histórico Português de Braamcamp Freire; na Revista Lusitana e no Arqueólogo
Português.
É importante ressaltar que para o conhecimento da língua portuguesa em sua
fase arcaica são importantes tanto os textos em versos (lírica medieval) quanto os
textos literários em prosa. Em relação aos textos em versos, cumpre-nos ressaltar:
A documentação lingüística fornecida pelo conjunto da lírica medieval
galego-portuguesa é riquíssima: seus dados são essenciais para o
conhecimento do léxico da época. O fato de serem poemas de estrutura
formal em versos rimados os torna fundamentais, no que concerne a
estudos de história da língua, para o conhecimento de fatos fonéticos desse
período, como sejam, por exemplo, questões referentes aos encontros entre
vogais (hiatos/ditongos), ao timbre vocálico (abertura/fechamento), vogais e
ditongos nasais/orais. A morfologia tanto a nominal como a verbal também
tem nessa documentação uma fonte fundamental. A questão da sintaxe
representada deve ser considerada, tendo sempre presente que o caráter
excepcional e variável é essencial na construção poética. (MATTOS E
SILVA, 1991, p. 32).
Em relação aos textos literários em prosa, é importante destacar:
Para o conhecimento da língua na sua fase arcaica é fundamental a
produção em prosa literária. A documentação poética e a não-literária se
complementam para o conhecimento do léxico do português arcaico. A
prosa literária documenta abundantemente a morfologia nominal e verbal,
as estruturas morfossintáticas dos sintagmas nominal e verbal. Sobretudo é
importante para o estudo das possibilidades sintáticas da língua, porque
não sofre as limitações, já ressaltadas, da documentação poética e jurídica.
Para os estudos fonéticos oferece restrições decorrentes de não s e
poder sistematizar com o mesmo rigor, relativamente possível para a
documentação seriada não-literária, as relações entre som e letra, e por não
oferecer os recursos formais da poesia.
O fato de essa documentação não ser, em muitos casos, localizada,
impede também que por ela se possa chegar a dados sobre a variação
dialetal de então, quando é possível uma aproximação pela documentação
jurídica.
Quanto à cronologia dos fenômenos lingüísticos, embora não seja
possível uma seriação estreita, como o é, para a documentação não-
literária, toda ela datada, é possível, contudo, a partir de um corpus
criteriosamente selecionado se não datado, pelo menos situável em um
determinado momento desse período estabelecer um estudo diacrônico
no âmbito do período arcaico com base nesses textos em prosa literária.
Sem dúvida, é nesse tipo de texto que se podem entrever, com mais
amplitude, os recursos sintáticos e estilísticos disponíveis para o
67
funcionamento efetivo da língua nesse período, já por serem textos
extensos, já pela variedade temática. (MATTOS E SILVA, 1991, p. 38 – 39)
Uma da mais completas relações das obras representativas do português
arcaico, no entanto, foi elaborada por Ivo Castro em sua obra Curso de História da
Língua Portuguesa (1991). Para ele,
A produção regular de documentos em português é conhecida a
partir da segunda metade do século XIII: em 1255 começam a ser escritos
em português alguns dos documentos saídos da chancelaria de D. Afonso
III e em 1279 D. Dinis torna sistemático o uso do português como língua
dos documentos oficiais. Pode assim usar-se o ano de 1255 como divisória.
Antes desse ano, temos a chamada produção não-literária, cujo
mais antigo documento conhecido é a escritura de fundação da igreja de
Lordosa (ano de 882). É constituída por textos latinos em graus diversos de
pureza, desde os muito fiéis aos modelos clássicos até outros que quase
poderíamos classificar de românicos, ainda que revestidos de um leve véu
alatinado. É evidentemente neste últimos que as possibilidades de
encontramos formas e características do português antigo se multiplicam.
(CASTRO, 1991, p. 182)
Castro (1991, pp. 183 - 192), apresenta-nos as seguintes obras pertencentes
à fase arcaica da língua portuguesa:
I. Produção Primitiva Portuguesa:
Constituída por documentos de caráter notarial escritos em português. Sua
importância é excepcional para o estudo da primeira fase da história da língua
portuguesa.
a) Testamento de Afonso II (1214);
b) Notícia de Torto (ca. 1214);
c) dois documentos de Mogadouro
1
.
Aqui citaram-se apenas os documentos hoje conhecidos; a crítica histórica
provou a não autenticidade de outros documentos como Testamento de Elvira
Sanches e Auto de Partilhas, supostamente escritos no século XII, mas, na
68
realidade, um séculos mais modernos. Certamente, outros documentos
referentes a essa época ainda não localizados.
Ivo Castro (1991, p. 185) adverte-nos de que “[...] critérios geográficos e
cronológicos são tidos em conta na classificação dos documentos não-literários
portugueses em quatro grupos, segundo proposta de Lindley Cintra [...]” São eles:
a) diplomas reais;
b) diplomas particulares;
c) leis locais, divididas segundo a sua extensão e alcance político em Forais,
menores, e Foros ou Costumes, maiores;
d) leis gerais.
a) Diplomas reais:
Em relação aos documentos reais ligados ao território galego-português, pode-
se distinguir duas fases cujo limite é fixado em 1096 – posse da infanta Teresa e de
Henrique de Borgonha. Antes dessa data, é “[...] provável encontrar nos diplomas
reais redigidos sempre em latim durante esse período contaminações romances
que dizem respeito mais ao asturiano–leonês do que propriamente ao galego
português” (Castro, 1991, p. 186).
Destacam-se, neste período inicial, os primeiros tomos de Documentos
medievais portugueses, Documentos régios e Documentos de D. Sancho I. Essas
obras é uma compilação de documentos saídos de duas chancelarias, levada a cabo
por Rui Pinto de Azevedo.
2
Esses documentos possuem caráter bastante formal e foram produzidos por
homens conhecedores profundos do latim. Refletem a língua que eles falavam e são
muito importantes quando se trata da formação da língua literária.
_______
1
Mogadouro é uma vila portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragança, Região Norte e subregião
[sic] do Alto Trás-os-Montes, com cerca de 3 600 habitantes. É sede de um município com 757,98
km² de área e 11 235 habitantes (2001), subdividido em 28 freguesias. O município é limitado a norte
pelos municípios de Macedo de Cavaleiros e de Vimioso, a nordeste por Miranda do Douro, a sueste
pela Espanha, a sul por Freixo de Espada à Cinta e por Torre de Moncorvo e a oeste por Alfândega
da Fé. O concelho recebeu foral de D. Afonso III em 27 de Dezembro de 1272. Nesta região, além do
português, fala-se sua própria língua: a língua mirandesa.“
(IN: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mogadouro> Acessado em 20/02/2008 – 17:00h)
2
AZEVEDO, Rui Pinto de, 1940–80: Documentos medievais portugueses. Documentos Particulares,
vol. III – IV (1101/1115/1116/1123). Lisboa, Academia Portuguesa de História.
_______
. 1958–62: Documentos medievais portugueses. Docuementos régios, vol. I (1095–1185).
Lisboa, Academia Portuguesa de História, 2 tomos.
_______
et alii, 1979: Documentos de D. Sancho I. Coimbra, Imprensa da Universidade, vol. I.
69
b) Diplomas particulares:
Representam o “[...] material mais importante para o estudo das diferenças
dialectais durante a Idade Média. “ (Castro, 1991, p. 186).
Agrupam-se em quatro tipos principais:
1. Documentos em latim:
Todos os diplomas particulares eram redigidos em latim até 1250, situação
comum a todos os textos escritos.
Destacam-se: a) Diplomata et Chartae volume da série Portugaliae
Monumenta Historica que “[...] contém todas as cartas privadas conhecidas do
território actual português, redigidas entre o c. IX e 1100.” (Castro, 1991, p. 187);
b) Documentos medievais portugueses. Documentos particulares continuação da
obra anterior, foi compilada por Rui de Azevedo.
3
2. Notícia de Torto:
Considerado uma exceção dentro do grupo de diplomas particulares único
original redigido em português, e anterior a 1250, chegado até nós.
3. Documentos posteriores a 1250:
Destacam-se dois textos de Mogadouro – preparados por Lindley Cintra –
Sobre o Idioma, Estylo e Orthographia dos nossos Documentos e Monumentos
descobertos por João Pedro Ribeiro no primeiro quartel do século XIX. Todos os
textos são posteriores a 1255, data do encontrado no convento de Arnoia. Alguns
documentos originários dos conventos de AMaria do Porto (1262), de Bostelo
(1267), de Roriz (1268), da Pendurada (1272)e de Refoios de Basto (1275).
_______
3
AZEVEDO, Rui Pinto de, 1940–80: Documentos medievais portugueses. Documentos Particulares,
vol. III – IV (1101/1115/1116/1123). Lisboa, Academia Portuguesa de História.
70
4. Livro de D. João de Portel
Cartulário privado favorito do rei D. Afonso III, D. João Peres de Aboim,
conhecido também como D. João de Portel.
Contém cartas redigidas em latim, castelhano e português. Escritas
provavelmente antes de 1285, ano da morte de D. João Peres de Aboim, foram
publicadas na revista Archivo Historico Portuguez, por Pedro de Azevedo, entre
1906 e 1909.
c) Leis Locais:
Documentos não literários, incluem-se neles duas espécies diferentes: os
Foros e os Forais.
1. Foros ou “Costumes”: são “[...] uma transposição para a escrita do direito
consuetudinário tradicional de uma determinada vila, transmitido oralmente
durante séculos e fixado num dado momento histórico por algum letrado,
provavelmente um notário local.” (Cintra, 1963, p. 53, apud Castro, 1991, p.
188).
Os foros mais antigos foram redigidos na segunda metade do século XIII e
destacam-se:
Foros de Galvão (1267);
Foros da Guarda (copiado entre 1273 e 1282);
Costumes de Terena comunicados a Évora (1280);
Costumes de Santarém comunicados a Oriola (1294).
2. Forais: são “´cartas breves´, onde são contidos os direitos locais, direitos
concedidos por um senhor feudal ou uma corporação superior (civil ou militar),
mas frequentemente outorgados pelo próprio rei.” (Castro, 1991, p. 189).
Todos os forais, de 1095 até 1279, foram redigidos em latim; apresentavam
graus diferentes de “contaminação” de formas românicas. Totalizaram-se 261
forais; muitas das vezes foram escritos pelos notários do senhor ou do rei.
71
Os forais dos períodos supracitados foram recolhidos no volume II, Leges et
Consuetudines dos Portugaliae Monumenta Historica.
A circulação d e traduções portuguesas dos forais latinos só começam a
circular no século XIV.
d) Leis Gerais:
Constituem-se de decretos, ou compilações de decretos, saídos das
chancelarias reais. Sua promulgação afetava ou tentava afetar a inteira vida da
nação. Esses textos aparecem editados no Portugaliae Monumenta Historica e
possuem, de acordo com Cintra (1963, p. 55), “[...] um valor linguístico semelhante
aos dos documentos das chancelarias reais. É difícil encontrar neles vestígios de
particularidades linguísticas locais.”
Destacam-se:
a) Livro das Leis e Posturas ou Livro das Leis Antigas: manuscrito de fins do
século XIV; conservado na Torre do Tombo.
b) Ordenações de D. Duarte (de D. Afonso V);
c) Ordenações Afonsinas (de D. Afonso V).
e) Inquirições:
Inquirições ou Inquisitiones são “[...] o resultado dos levantamentos escritos,
em forma de relatórios, das propriedades e direitos da casa real.” (Castro, 1991, p.
189).
Esses textos ofercem um material lingüístico excepcional, principalmente para
o estudo da toponímia e da antroponímia.
Destacam-se:
a) Inquirições Gerais de D. Afonso II: de 1220, foram conservadas numa cópia
ligeiramente posterior a 1289;
b) Inquirições Gerais de D. Afonso III: de 1258, foram conservadas em uma
cópia um pouco posterior.
72
Uma partes desses textos encontra-se recolhida no tomo IV de Inquisitiones da
série Portugaliae Monumenta Historica.
f) Outros:
Castro (1991, p. 190) assim se refere a “uma série de textos inclassifcáveis, ou
que preferimos incluir nesta última secção de documentos não literários, onde se
podem encontrar elementos importantes para o estudo da história do português
antigo.”
Destacam-se:
Traduções de textos jurídicos castelhanos, nomeadamente da chancelaria
do rei Afonso X, do século XIII e XIV;
Obituários da Sé de Coimbra dos séculos XIII e XIV;
Inventários das casas reais, particularmente a de D. Dinis (entre 1278 e
1282);
Inventários dos bens da Ordem de Avis (1364).
Castro (1991, p. 190 – 192) cita ainda os seguintes textos
4
:
Poesia:
1. Cancioneiro da Ajuda (ex do Col. Dos Nobres): Bibl. Da Ajuda, século XIII
5
;
2. Cancioneiro da Vaticana: Bibl. Vaticana, séculos XV – XVI
6
;
3. Cancioneiro da Biblioteca Nacional (ex Colocci-Brancuti): Bibl. Nacional de Lisboa,
séculos XV – XVI;
4. Cantigas de Santa Maria [2 mss.: Madrid (Escorial) e Florença], século XIII;
_______
4
Castro não numera a produção abaixo. Seguimos “ipsis littris” a classificação realizada pelo autor.
5
Serafim da Silva Neto (1952) data-o de 1275.
6
Para Serafim da Silva Neto (1952), fins do século XV.
73
5. Pergaminho Vindel
: folha de pergaminho que contém as cantigas de amigo
do trovador Martim Codax. Acompanhada da respectiva notação musical; data do
século XIII. Pertence à Pierpont Morgan Library (New York);
6. Pergaminho Sharrer: folha de pergaminho que contém cantigas de amor de D.
Dinis. Acompanhada da respectiva notação musical; data do séulo XIII. Foi
descoberto em 1990 por Harvey L. Sharrer. Encontra-se na Torre do Tombo.
Novelística:
1. Livro de José de Arimateia (Torre do Tombo): ca. 1544 (cópia de um ms. de
1314).
2. Merlim (Bibl. Nac. Barcelona), século XIV. Fragmento do elo perdido entre o José
de Arimateia e a Demanda, que com o Merlim formaram a trilogia do Romance do
Graal, traduzida do francês para o português no século XIII.
3. Demanda do Santo Graal (Bibl. Nacional de Viena), séc. XV.
4. Livro de Tristan (Academia de Historia de Madrid), fragmento, meados do culo
XIV.
Nobiliários:
1. Primeiro Livro das Linhagens (ms. perdido, publicado na História Genealógica da
Casa Real de Bragança, século XVIII);
2. Livro Velho das Linhagens, século XIII?;
3. Livro das linhagens do Conde D. Pedro: dois manuscritos: Bib. Ajuda, século XIV
7
;
e uma cópia no A. N. T. T., século XV.
_______
7
Para Serafim da Silva Neto (1952), data de 1357.
74
Obras de Espiritualidade:
1. Regra de São Bento (fragmento, Alc. 14, BNL), início século XIV. vários outros
manuscritos da Regra, produzidos ao longo da Idade Média (p. ex. os Alc. 44 e Alc.
231);
2. Vida de S. Nicolau de Myra (fragmento, capa em pergaminho de um caderno
de despesas ad Ordem de Santiago, ANTT) meados século XIV;
3. Diálogos de S. Gregório: três manuscritos: B. N. de Rio de Janeiro, século XIV;
Alc. 187, B. N. L., século XV ( 1416); Alc. 182 , B.N.L., meados século XIV;
4. Virgéu de consolaçõm, século XV;
8
5. Visão de ndalo: 2 manuscritos: Alc. 211, da B.N.L., e 2274, A.N.T.T.; século
XV;
6. Horto do Esposo: 2 manuscritos: Alc. 198, B.N.L., século XV; Alc. 212, B.N.L., fins
do século XV;
7. Castelo Perigoso: 2 manuscritos: Alc. 199, B.N.L., meados do século XV; Alc. 214,
B.N.L., fins século XV.
8. Vida de Cristo: Alc. 451–3, B.N.L., meados do século XV (1442–3).
Historiografia:
1. Crónicas breves e memórias avulsas de Santa Cruz de Coimbra: Ms. da Biblioteca
Municipal do Porto, século XV;
_______
8
No Brasil: Virgéu de Consolaçom. Edição crítica, introdução, gramática, notas e glossário por Albino
de Bem Veiga. Porto Alegre: Livraria do Globo S.A., 1959. (Cópia de um texto do século XIV ou XV,
tradução do latim).
Fonte:<http://www.estacaodaluz.org.br/wps/portal/!ut/p/kcxml/04_Sj9SPykssy0xPLMnMz0vM0Y
_QjzKLN4h3NQTJgFiOpGoAs6h6CIuPnARX4_83FR9b_0A_YLc0NCIckdFANfaTFY!/delta/base64
xml/L3dJdyEvUUd3QndNQSEvNElVRS82XzBfRE0!?WCM_GLOBAL_CONTEXT=/wps/wcm/conn
ect/FRM/GlossarioEBibliografia/Bibliografia/PorAssunto/03DocumentacaoDaLinguaPortuguesa
> [Site do Museu da Língua Portuguesa]. Acessado em 20/02/2008.
75
2. Crónica Geral de Espanha de 1344: 2 manuscritos: Academia das Ciências de
Lisboa, século XV; B. N. Paris, século XV.
76
3 METODOLOGIA E TEORIA:
Este capítulo divide-se em seções que procuram dar conta de como o trabalho
foi desenvolvido, que métodos foram empregados e que teorias embasaram esses
métodos.
Para efeitos didático-pedagógicos, será feita uma apreciação referente: a) ao
processo de constituição do corpus; b) às fontes utilizadas para a elaboração do
corpus informações gerais pertinentes às obras selecionadas; c) ao corpus
propriamente dito utilizado neste trabalho; d) à descrição da recolha dos dados; e)
ao percurso de análise dos dados, ou seja, à metodologia empregada.
3.1 Da Constituição do Corpus:
Nem sempre conseguimos constituir um corpus de acordo com nossos reais
interesses de investigação quando se trata de estudar um período lingüístico muito
recuado de uma determinada língua. É o que sucede quando objetivamos
aprofundar nossos estudos em relação à língua portuguesa arcaica:
Quando estamos estudando uma sincronia pretérita de uma língua,
não nos é possível constituir um corpus de acordo com os nossos
interesses de investigação; ele já se encontra delimitado e restrito aos
documentos existentes. No caso do período arcaico, essa documentação
já é bastante determinada, por ser o período em que se inicia a produção de
documentos escritos em português.
Em um trabalho que procura descrever o quadro lingüístico de um
momento histórico bastante extenso de uma língua, [...], não poderíamos
almejar abranger toda a documentação remanescente do período arcaico,
mas sim procurar constituir [...] um corpus representativo. (COELHO, 2004,
p. 93 – 94 – grifos nossos)
Dada a impossibilidade de se fazer um trabalho exaustivo, isto é, que esgotasse
toda a produção arcaica, constituímos um corpus a partir de obras em prosa e em
verso; literárias ou não – do referido período.
Uma vez que as obras originais que constituem a primeira edição de um livro –
chamadas “edições prínceps” referentes ao período arcaico da língua portuguesa
são bastante inacessíveis, raras, muitas vezes de difícil acesso e localização, além
de caras, quando encontradas, em sua maioria em sebos, optamos, na medida do
possível, por utilizar uma “edição fac-similar” – aquela edição fiel ao original e
77
reproduzida por processo fotomecânico ou tipográfico, contudo, procurou-se utilizar
de obras de eminentes autores representativas do período abordado, os mais
importantes de cada período literário abordado (Trovadorismo Humanismo
Classicismo Literatura de Informação)
3.2 Das Fontes Utilizadas para a Elaboração do Corpus:
Os textos selecionados, para a coleta dos dados, são em prosa e em verso e
abarcam os diferentes gêneros e tipos textuais (poemas (líricos/ épico/ religiosos/
albas, alvas ou serenas, barcarolas ou marinhas, bailias ou bailadas, romaria,
sonetos, tenções) cantigas (amor/ amigo/ escárnio/maldizer), cartas, receitas
culinárias, doações, testamentos, crônicas, vilancetes, verbetes de dicionários,
recibos de compra, manuscritos, editais, petições, procurações, tratados, denúncias,
glossários, direito consuetudinário, tratado de poética, auto, farsa, comédia etc.),
além de consultas e pesquisas em dicionários e em gramáticas da língua
portuguesa.
Versam as obras sobre temas diversos: amor, flora e fauna brasileiras, o
“descobrimento” do Brasil, ingredientes e modo de fazer de receitas culinárias,
doações e testamentos de bens, denúncias, vidas de reis portugueses, a vida no
Brasil Colônia, coita d´amor, saudades do amigo que não regressa, o ambiente
doméstico onde a moça aguarda o “namorado” (amante), aspectos típicos da vida
dos jograis e/ou da corte, a impossibilidade de realização amorosa, lamento pela
distância do namorado, amor cortês, diálogos com a natureza, narrações de vidas
de santos, críticas diretas ou indiretas a pessoas da sociedade, narrativas de
viagens, descrições de lugares, a instabilidade e a fugacidade da vida e dos bens
materiais, a viagem de Vasco da Gama às Índias, a História de Portugal, narrativas
cavaleirescas, milagres e mistérios de santos, etc.
Muitas vezes, critica-se que muitas formas encontradas na língua ficam apenas
nos grandes inventários das obras lexicográficas, principalmente nos Thesauru e, na
realidade, nunca o utilizadas pelo povo que a fala. Por essa razão, os dados que
compõem o corpus são baseados em documentações históricas e comprovam o uso
por um autor ao retratar a época à qual pertence e de que faz parte e a linguagem
utilizada pelo povo em determinado período histórico-literário;
78
As fontes utilizadas abrangem do século XII ao século XVI e, para a seleção
das mesmas, consideramos as observações de Mattos e Silva (1989) acerca da
constituição de um corpus representativo para o estudo do período arcaico da
língua. Foram utilizadas:
a) documentação poética, ou seja, a lírica galego-portuguesa, reunida nos
Cancioneiros Medievais Portugueses, sendo os mais importantes: 1) o
Cancioneiro da Ajuda: códice depositado no Palácio da Ajuda (Lisboa),
compilado ou copiado provavelmente em fins do século XIII; consiste na mais
antiga coletânea de cantigas da poesia trovadoresca; é o mais reduzido dos
Cancioneiros Medievais e contém 310 cantigas; nela não se encontram
cantigas de amigo, cantigas de escárnio nem de maldizer e todas as cantigas
são anteriores à morte do rei Afonso X, o Sábio; do ponto de vista artístico,
salientam-se o valor das iluminuras –
letras pintadas ou miniaturas que
ornamentam um manuscrito que se encontram na obra; 2) o Cancioneiro
da Vaticana: provavelmente compilado na Itália, em fins do século XV ou
início do século XVI, a partir de originais do culo XIV; contém cantigas
líricas ou lírico-amorosas (cantigas de amor/cantigas de amigo) e cantigas
satíricas (cantigas de escárnio/cantigas de maldizer), perfazendo um total de
1205 cantigas; apresenta cantigas de trovadores anteriores e
contemporâneos de D. Afonso III, de D. Dinis e de seus filhos; muitas delas
incluídas no Cancioneiro da Biblioteca Nacional; atualmente encontra-se
depositado na Biblioteca Apostólica do Vaticano (Roma/Itália), de onde
deriva o nome pelo qual é conhecido; 3) o Cancioneiro da Biblioteca Nacional
ou Cancioneiro Colocci-Brancutti: datado do século XVI, foi compilado de
textos originais possivelmente do século XIV. É o mais completo dos
Cancioneiros; inclui textos de todos os poetas contemporâneos de D. Dinis e
ainda dos filhos do monarca. Contém 1560 cantigas dos gêneros e tipos
cultivados (cantigas de amor/cantigas de amigo/cantigas de
escárnio/cantigas de maldizer), incluindo textos presentes no Cancioneiro da
Ajuda e no Cancioneiro da Vaticana, além de fragmentos de um tratado
incompleto de poética a Arte de Trovar que abre o referido Cancioneiro.
Esses Cancioneiros marcam a primeira produção literária portuguesa, o
Trovadorismo; teve seu apogeu nos séculos XII e XIII, entrando em declínio
79
no século XIV. Seu último grande incentivador foi o rei D. Dinis (* 1261
1325) que prestigiou a produção poética em sua corte, tendo sido ele próprio
um dos mais fecundos e talentosos trovadores medievais. Para este
trabalho, utilizamo-nos de:
Lírica Profana Galego-Portuguesa volumes I e II: corpus completo das
cantigas medievais (amor/amigo/escárnio/maldizer). Ambos os volumes foram
coordenados por Mercedes Brea, com o apoio de uma equipe de investigação e de
apoio dos diversos pesquisadores da Xunta de Galicia e do Centro de Investigacións
Lingüísticas e Literárias Ramón Piñero.
b) documentação em prosa não literária: entendida em seu sentido mais
amplo. Trata-se de documentação de natureza jurídica. Em relação a esses
documentos, utilizamo-nos de:
A Escrita no Brasil Colônia: um Guia para a Leitura de Manuscritos:
organizados por Vera Lúcia Costa Acioli. Contém textos fac-smimilados dos séculos
XVI a XIX, de autores diversos. cartas, manuscritos, editais, procurações,
tratados, etc.
Documentos Portugueses do Noroeste e da Região de Lisboa: organizado
por Ana Maria Martins, apresenta 218 textos dos culos XIII (1243) ao XVI (1ª.
metade 1548), a maior parte deles encontrada em Mosteiros Portugueses (S.
Miguel de Vilarinho/S. Salvador de Moreira/S. Pedro de Cete/S. Pedro de Pedroso/S.
Baptista de Pendorada/S. André de Ansede/Chelas) e na região de Lisboa e ainda
inédita.
Testamento de Afonso II: considerado o mais antigo documento oficial real
datado. Utilizou-se o Testamento presente na obra Curso de História da Língua
Portuguesa, de Ivo Castro, a qual traz duas versões do mesmo.
c) Documentação em prosa literária: entendida em seu sentido amplo, opõe-
se aos textos jurídicos. textos escritos em português assim como muitos
80
textos traduzidos do latim ou de outras línguas. Na realidade, não
apresentam grande valor literário, mas um valor lingüístico inestimável.
Retratam, na sua maior parte, a vida medieval na sociedade portuguesa
(corte principalmente) e descrições das flora e fauna brasileiras, a vida dos
primeiros habitantes encontrados no Brasil etc. Utilizamo-nos de:
Coisas Notáveis do Brasil: sua autoria é incerta e ainda não foi
comprovada, mas estudiosos atribuem-na ao Padre Luís da Fonseca ou ao
Padre Francisco Soares.
Carta de Pero Vaz de Caminha: Considerada a “Certidão de Nascimento
do Brasil”, título atribuído por Capistrano de Abreu. Nela o escrivão da armada de
Cabral narra ao rei de Portugal a viagem iniciada em 26 de abril e concluída no
dia 1º. De maio de 1500. Considerado o mais minucuoso e importante
documento relacionado à viagem da esquadra de Cabral ao Brasil, o documento
só se tornou público em 1790, sendo publicada a primeira vez no Brasil em 1817,
pelo geógrafo Manoel Ayres do Casal, no primeiro volume da Corographia
Brasílica..., de autoria de Manuel Aires do Casal. Contém informações e
pormenores sobre a viagem ao Brasil e a estadia nesse país inexistentes em
outras fontes conhecidas. Utilizamo-nos do “Vocabulário da Carta de Pero Vaz
de Caminha”, edição preparada por Silvio Batista Pereira e publicada pelo
INL/MEC em 1964.
Crônica de D. Pedro I, Crônica de D. Fernando e Quadros da Crônica de
D. João I, todas de Fernão Lopes, integram a Chrónica dos feitos dos Reis de
Portugal e Crônica da Tomada de Ceuta e Crônica dos Feitos de Guiné, de
Gomes Eanes de Zurara ou Azurara. Todas as edições consultadas fazem parte
da Livraria Clássica Editora.
Livro das Aves: de autoria desconhecida, foi preparada por um grupo de
pesquisadores/professores da Universidade Federal da Bahia, sob a direção de
Nelson Rossi. Aprsenta o fac-símile do códice utilizado e um glossário completo dos
vocábulos utilizados na obra.
81
Obras Completas de Gil Vicente: obra em seis volumes, contém toda a
produção dramática vicentina. Gil Vicente é considerado o primeiro grande
dramaturgo português, além de poeta de renome. Escreveu autos (peças teatrais de
assunto religioso ou profano; sério ou cômico) , farsas (peças cômicas de um só ato,
com enredo curto e poucas personagens, extraídas do cotidiano), comédias (peça
cujo propósito é divertir pelo tratamento cômico das situações, dos costumes e dos
personagens), etc. Sua obra reflete a mudança dos tempos e a passagem da Idade
Média para o Renascimento.
O Livro de Vita Christi em Lingoagem Português - Vol. I: da autoria de
Ludolfo Cartusiano. A edição é fac-similar e crítica e foi cotejada com os apógrafos
de 1495 por Augusto Magne. Apresenta Glossário das palavras mais utilizadas na
obra.
Os Lusíadas: obra de Luiz Vaz de Camões, considerado o maior escritor do
Classicismo português e um dos maiores em Língua Portuguesa. Escritos em 1572,
são um poema épico, divididos em dez cantos. O tema central é a viagem de Vasco
da Gama às Índias e a história portuguesa, desde a luta contra os mouros invasores
até a consolidação do Estado luso e as grandes navegações. Utilizamo-nos da
edição fac-similar de 1972, editada pela Xérox do Brasil S.A. Reproduções Gráficas
e do Índice Reverso de “Os Lusíadas”, organizado por Temo Verdelho (1981).
Foram utilizadas ainda as seguintes Obras para a recolha dos dados e a
montagem do corpus:
Textos Arcaicos. Para Uso da Aula de Filologia Portuguesa da Faculdade de
Letras de Lisboa.: A obra é uma compilação de representativos textos arcaicos dos
séculos XII a XVI, além de alguns textos não datados. Foi preparada por José Leite
de Vasconcelos. Contém textos em prosa e em verso, de vários gêneros e tipos
textuais (testamentos/poesias líricas/ crônicas/ testamentos/ doação/ títulos de
venda/ direito consuetudinário etc.). Destaca-se o Testamento de Eluira Sanchez
(1193).
82
Dicionários: Selecionamos o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa,
de José Pedro Machado (5 vol.) e o Dicionário da Língua Portuguesa Arcaica, de
Zenóbia Collares Moreira: ambos elaborados em verbetes por ordem alfabética,
resgatam boa parte do vocabulário presente nos textos arcaicos do português sendo
o de Machado mais completo e de superior valor quer pelo número de entradas
quer pelas abonações utilizadas.
Um Tratado da Cozinha Portuguêsa: obra do tipo descritivo-injuntivo, de
autoria incerta, apresenta receitas culinárias, supostamente atribuídas a Rainha
Dona Maria I de Portugal (* Lisboa, 17/12/1734 Rio de Janeiro, 20/03/1816),
conhecida pelos cognomes de A Piedosa ou A Pia, devido à sua extrema devoção
religiosa e como D. Maria, a Louca, devido à doença mental manifestada com
veemência nos últimos 24 anos de vida, depois da morte de seu filho primogênito,
que ela havia se recusado a vacinar contra a varíola, por motivos religiosos.
Utilizamo-nos da obra publicada pelo INL/MEC, 1963, que traz a reprodução fac-
similar do manuscrito I–E da Biblioteca Nacional de Nápoles; leitura diplomática; a
leitura moderna dos textos e índice de vocábulos utilizados na obra.
Utilizamo-nos, para a coleta de dados, de textos de documentação poética e
de documentação em prosa (literária/não literária).
Outras obras serviram-nos de fonte de consulta e pesquisa, embora não se
tenha utilizado das mesmas para a elaboração do corpus, salvo quando
encontravam-se passagens abonatórias delas nos Dicionários supracitados. São
elas, principalmente:
1) ARROYO, L. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Ensaio de Informação à
Procura de Constantes Válidas de Método. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos;
Brasília: INL, 1976.
2) CAMARGO, C. de O. et al. Textos Medievais Portugueses Cantigas de
João Servando. Araraquara: Faculdade de Ciências e Letras/Centro de Estudos
Portugueses “Jorge de Sena”, 1990.
83
3) CORTESÃO, J. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro, Livros
de Portugal, 1943.
4) FERREIRA, Maria E. T. (Selecção, Introdução e Notas). Poesia e Prosa
Medievais. 3. ed. Lisboa: Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses, 1998.
5) LAPA, M. R. Vocabulário Galego-Português. Extraído da edição crítica
das “Cantigas d´escarnho e de mal dizer”. Editorial Galáxia, 1970.
6) MAGNE, A. A Demanda do Santo Graal Vol. I. Reprodução fac-similar
e transcrição crítica do Códice 2594 da Biblioteca Nacional de Viena. Rio de Janeiro:
INL/MEC, 1955.
7) MALER, B. Orto do Esposo. Vol. I. Texto inédito do fim do século XIV ou
comêço do XV. Edição crítica com introdução, anotações e glossário. Rio de
Janeiro: MEC/INL, 1956.
8) MATTOS E SILVA, R. V. A Carta de Caminha: testemunho lingüístico de
1500. Salvador: Editora da Univerisdade Federal da Bahia, 1996. (Col.
Cinqüentenário).
3.3 Do Corpus:
No item 3.2, apresentamos, em linha geral, as obras selecionadas para a
elaboração do corpus e breves comentários sobre as mesmas.
O corpus final elaborado para a coleta de dados ficou assim constituído:
84
OBRA ABREVI-
ATURA
AUTOR /
ORGANIZADOR /
COORDENADOR
QUALIFICA-
ÇÂO DO
AUTOR/
ORGANIZA-
DOR /
COORDENA
DOR DA
OBRA
ANO/
SÉ-
CU-
LO
(ed.
uti-
liza-
da)
ANO /
SÉCU-
LO
(1ª.
edi-
ção)
EDIÇÃO
UTILIZADA
(EDITORA/ANO)
/OB-
SERVAÇÃO
(ÕES)
1)
A
ESCRITA NO
BRASIL
COLÔNIA:
UM GUIA
PARA
LEITURA DE
DOCUMEN-
TOS
MANUSCRI-
TOS
EBC
Vera Lúcia Costa
Acioli (Org.)
Professora
Universitária/
Divisão de
Pesquisa
Histórica da
Universidade
Federal de
Pernambuco
1994
XX
Obs.:
Os
docu-
mentos
,
todos
em
prosa,
são
dos
séculos
XVI a
XIX
de
autores
diversos
Recife,
FUNDAJ,
Editora
Massangana;
Editora
Universitária,
1994. Série
Descobrimentos
,
4.
• A obra
apresenta fac-
símiles de
documentos
escritos
(cartas,
manuscritos,
recibos de
compras,
editais, mapas,
petições,
procurações,
tratados,
denúncias,
etc.).
2)
COISAS
NOTÁVEIS
DO BRASIL –
VOLUME I
CNB
(MM =
Manuscri-
to de
Madrid)
(MC =
Manuscri-
to de
Coimbra)
A. G. Cunha
(lexicógrafo/lexicó-
logo/organizador e
diretor do
Dicionário da
Língua Portuguesa
– TEXTOS E
VOCABULÁRIOS)
Autoria
incerta, mas
atribuída:
a) ao
Padre Luís
da Fonseca /
ou
b) ao Padre
Francisco
Soares
1966
XX
1590
1591
ou
1594 /
XVI
Obs.: A
data
correta
ainda
não foi
devida-
mente
com-
prova-
da.
• INL / MEC.
• Apresenta
dois manus-
critos: o de
Madrid (MM) e
o de Coimbra
(MC).
• Faz parte do
Dicionário da
Língua
Portuguesa
TEXTOS E
VOCABULÁ-
RIOS – 6.
• Traz a
reprodução fac-
similar da obra.
3)
CRÓNICA DE
D. PEDRO I
CDPI
Fernão Lopes /
Torquato de Sousa
Soares
(Introdução,
seleção e notas,
Doutor em Ciências
Cronista-mor
da Torre do
Tombo/
Historiador
1943
XX
XIV Livraria
Clássica
Editora, Col.
Clássicos
Portvgveses –
Trechos
Escolhidos –
85
Históricas/
Professor da
Universidade de
Coimbra)
Séc. XIII a XV
– PROSA,
1943.
4)
CRÓNICA DE
D. FERNAN-
DO
CDF
Fernão Lopes /
Torquato de Sousa
Soares
(Introdução,
seleção e notas,
Doutor em Ciências
Históricas/
Professor da
Universidade de
Coimbra)
Cronista-mor
da Torre do
Tombo/
Historiador
s.d.
XX
XIV Pertence à
Coleção
Clássicos
Portvgveses –
Trechos
Escolhidos.
Fernão Lopes
II.
• Integra a
Chrónica dos
feitos dos Reis
de Portugal.
• 2ª. ed.
corrigida.
Lisboa, Livraria
Clássica
Editora, s.d.
5)
CRÓNICA DA
TOMADA
DE CEUTA
CTC
Gomes Eanes de
Zurara (Azurara) /
Alfredo Pimenta
(Introdução,
seleção e notas)
Cronista do
Rei e
Cavaleiro da
Casa Real /
Titular
Fundador da
Academia
Portuguesa
da História e
Conservador
do Arquivo
Nacional da
Torre do
Tombo
1942
XX
XV Livraria
Clássica
Editora, Col.
Clássicos
Portvgveses –
Trechos
Escolhidos –
Séc. XIII a XV
– PROSA,
1942
6)
CRÓNICA
DOS FEITOS
DE GUINÉ
CFG
Gomes Eanes de
Zurara (Azurara) /
Álvaro Júlio da
Costa Pimpão
(Introdução,
seleção e notas)
Cronista e
Guardador
da Torre do
Tombo /
Professor da
Faculdade
de Letras da
Universidade
de Coimbra
1942
XX
XV Livraria
Clássica
Editora, Col.
Clássicos
Portvgveses –
Trechos
Escolhidos –
Séc. XIII a XV
– PROSA,
1942
7)
DICIONÁRIO
ETIMOLÓ-
GICO DA
LÍNGUA
PORTUGUE-
SA
DELP
José Pedro
Machado
Lexicógrafo 2003
XXI
1952
XX
• Obra em 5
volumes.
• Utilizada a
8ª. ed. Lisboa,
Livros
Horizonte, Lda,
2003.
8)
DICIONÁRIO
DA LÍNGUA
DLPA
Zenóbia Collares
Moreira
Professora
Titular de
Literatura
Portuguesa e
2005
XXI
2005
XXI
• Elaborada em
verbetes por
ordem
alfabética
86
PORTUGUE-
SA ARCAICA
Literatura
Comparada
no Curso de
Letras e do
Programa de
Pós-
Graduação
em Estudos
da
Linguagem
da
Universidade
Federal do
Rio Grande
do Norte
(A/Z), a obra
pretende “[...]
resgatar da
dispersão o
vocabulário da
nossa língua
em uso no
período his-
toricamente
considerado ar-
caico, ou seja,
o que vai do
século XII até o
XVI.”
(Introdução,pá-
gina 17)
• Cada verbete
apresenta a
classe
gramatical a
que pertence o
lema.
• Nem todos os
verbetes apre-
sentam
abonações.
• Não há
referências ao
étimo das
palavras sele-
cionadas.
9)
DOCUMEN-
TOS PORTU-
GUESES DO
NOROESTE E
DA REGIÃO
DE LISBOA
DPNRL
Ana Maria Martins
(Org.)
Diversos
autores/
Professora
Universitária
2001
XXI
XIII –
XVI
(1ª me-
tade).
Obs.:
Há três
docu-
mentos
não
datados
:
um
perten-
cente
ao
Mostei-
ro de
S.
Salva-
dor de
Moreira
(Maço
8, 33),
um ao
Mostei-
ro de
São
Pedro-
so
• A obra
compõe-se de
218
documentos
editados, na
sua maioria
inéditos: ape-
nas 22 foram
publicados.
• Pertencem
aos Mosteiros
de S. Miguel de
Vilarinho, S.
Salvador de
Moreira, S.
Pedro de Cete,
S. Pedro de
Pedroso, S.
João Baptista
de Pendorada,
S. André de
Ansede e
Chelas (região
noroeste de
Portugal) e a
Lisboa.
• Há documen-
tos de 1243
87
(Maço
4, 38) e
outro
ao
Mostei-
ro de
São
Miguel
de
Vilari-
nho
(Maço
2,41)
(séc. XIII) a
1548 (séc.
XVI).
10)
LIVRO DAS
AVES
LA
Jacira Andrade
Mota/Rosa Virgínia
Matos/Vera Lúcia
Sampaio/ Nelson
Rossi (Direção)
• Diversos
pesquisadores
Professores
da
Universidade
Federal da
Bahia
1965
XX
XIV • A referida
edição foi
preparada, em
edição crítica
copiosamente
anotada,
enriquecida
com a
reprodução
integral em fac-
símile do
valioso códice
e
acompanhada
de um
glossário
completo.
• Pertence à
Coleção
Dicionário da
Língua
Portuguesa –
Textos e
Vocabulários 4.
• Foi publicada
pelo Instituto
Nacional do
Livro/Ministério
da Educação e
Cultura, Rio de
Janeiro, 1965.
11)
LÍRICA
PROFANA
GALEGO-
PORTUGUE-
SA – VOL. I
LPGPI
Mercedes Brea
(Coord.)
Equipe de
Investigación:
• Fernando Magán
Abelleira
• Ignacio Rodiño
Caramés
• María del Carmen
Rodríguez Castaño
• Xosé Xabier Ron
Fernandez
Trovadores /
Menestréis /
Rei Trovador
Jograis /
Segréis
(157 autores;
1071 páginas)
• Obs.: A edi-
ção foi pre-
parada por
Professores
Universitários
- Pesquisa-
dores do
(Sub)
XX XII –
XV
(início)
– apro-
xima-
damen-
te)
Corpus
completo das
cantigas
medievais, com
estudo
biográfico,análise
retórica e
bibliográfica
específica
Santiago de
Compostela,
Xunta de Galicia,
Centro de
Investigacións
Lingüísticas e
Literarias Ramón
Piñero, 1996.
88
12)
LÍRICA
PROFANA
GALEGO-
PORTUGUE-
SA – VOL. II
LPGPII
Equipo de Apoio:
• Antonio
Fernández
Guiadanes
• María del Carmen
Vázquez Pacho
Proxecto
Lírica
Galego-
Portuguesa,
dirigido por
Vicente
Beltrán e
Mercedes
Brea, e
integra o
Proxecto de
Investigación
Arquivo
Galicia
Medieval
13)
OBRAS
COMPLETAS
DE
GIL
VICENTE
OCGV
• Obs.: O
número
em
algarismo
arábico
após a
abreviatu
ra cor-
responde
ao
volume
utilizado:
I – vol. I;
II – vol. II;
III – vol.
III;
IV –
vol.IV;
V – Vol.
V;
VI – vol.
VI
Gil Vicente
• Marques Braga
(Prefácio e Notas)
Principal
autor do
Humanismo
Português /
Primeiro
grande
dramaturgo
português/
poeta/
Mestre da
Casa da
Balança/
Mestre da
retórica do
Rei Dom
Manuel
1944
XX
XVI • Obras
Completas em
seis volumes
• Glossário, no
volume seis, do
vocabulário
vicentino
(palavras e
frases)
• Lisboa,
Livraria Sá da
Costa, 1944.
89
14)
O LIVRO DE
VITA
CHRISTI
EM
LINGOAGEM
PORTUGUÊS
- VOL. I
LVC
Ludolfo Cartusiano
Augusto Magne, S.
J.
Da Ordem
dos Frades
Pregadores /
Do Noviciado
de Cartuxa
de
Estrasburgo/
Do Priorado
de Coblença
Especialista
em Filologia
Clássica
Greco-latina
e na Filologia
Românica /
Professor
Catedrático
de Filologia
Românica na
Faculdade
Nacional de
Filosofia da
Universidade
do Brasil, e
de Língua e
Literatura
Grega na
Faculdade
de Filosofia
da
Universidade
Católica do
Rio de
Janeiro
1957
XX
1495
XV
• Edição fac-
similar e crítica
do incunábulo
de 1495
cotejado com
os apógrafos
por Augusto
Magne.
• Rio de
Janeiro:
MEC/Casa de
Rui Barbosa,
1957.
• A obra
aprsenta ainda:
I– Anotações
Críticas; II–
Glossário; III –
Observações
Várias.
15)
OS
LUSÍADAS
LUS
Luiz Vaz de
Camões
Principal
autor do
Classicismo
Português /
poeta (lírico/
épico) /
dramaturgo
1972
/
1981
XX
1572
XVI
• Edição
fidedigna, fac-
similada,
editada pela
XEROX DO
BRASIL S.A.
REPRODU-
ÇÕES
GRÁFICAS.
Rio de Janeiro:
XEROX DO
BRASIL, 1972.
• Utilizou-se
também do
Índice Reverso
de “Os
Lusíadas,
organizado por
Telmo
Verdelho.
Biblioteca
Geral da
Universidade,
Coimbra, 1981
90
16)
QUADROS
DA CRÓNICA
DE
D. JOÃO I
QCDJI
Fernão Lopes
Rodrigues Lapa
(Seleção, prefácio
e notas)
Cronista-mor
da Torre do
Tombo/
Historiador
Filólogo/
Professor
Catedrático
da
Faculdade
de Letras de
Lisboa
1956
XX
XIV • Considerada
a crônica
medieval
portuguesa
mais importan-
te, tanto pelos
acontecimentos
que relata
como pela
qualidade
literária
• 9ª. ed.,
Lisboa, Livraria
Clássica
Editora, 1956.
17)
TESTAMEN-
TO DE
AFONSO II
TAII,
In: Curso
de
História
da
Língua
Portugue-
sa
(CHLP),
de Ivo
Castro
(1991)
Afonso II
(cognominado O
Gordo, O Crasso
ou O Gafo)
3º. Rei de
Portugal
XX –
In:
Cur-
so de
Histó
ria da
Lín-
gua
Por-
tugue
sa,
de
Ivo
Cas-
tro
(1991)
1214
XIII
• É considera-
do o mais anti-
go documento
oficial (real)
conhecido
escrito e
datado em
português
(27/06/1214).
• Existem dois
exemplares
deste
testamento, a
cópia que foi
enviada ao
arcebispo de
Braga e aquela
que foi enviada
ao arcebispo
de Santiago.
18)
TEXTOS
ARCAICOS.
PARA USO
DA AULA DE
FILOLOGIA
PORTUGUESA
DA
FACULDADE
DE LETRAS
DE LISBOA.
TA
Leite de
Vasconcelos
José Leite de
Vasconcelos
(Coordenação/Ano-
tações e Glossário)
Filólogo s.d.
XX
• Há
textos
não
datados
e
textos
repre-
senta-
tivos
dos
séculos
XII
a
XVI.
• Apre-
senta
docu-
mentos
em
latim
bárbaro,
em
portu-
guês
• Seleta de
textos e/ou
fragmentos
representati-
vos do
Português
Arcaico.
• Há breves
anotações
redigidas pelo
Prof. Serafim
da Silva Neto.
• Há textos em
prosa e em
verso
(doação /
títulos de
venda /
testamentos /
poesias líricas /
tratado de poé-
tica / direito
consuetudiná-
rio / crônicas /
91
arcaico
e em
galego-
portu-
guês.
vilancete / poe-
sia religiosa /
cantigas etc.)
• Traz o
Testamento de
Eluira Sanchez,
texto de 1193.
• Acompanha:
um glossário
com as
principais
palavras
utilizadas nos
textos, Breves
Anotações e
Corrigenda.
• A edição
utilizada foi a
4ª., s.d.,
Lisboa: Livraria
Clássica
Editora.
19)
UM
TRATADO
DA COZINHA
PORTUGUÊSA
TCP
• Autoria incerta
• Antônio Gomes
Filho
Professor
1963
XX
XV • Por falta de
título, pois o
manuscrito não
o possui, foi
denominado
Um Tratado de
Cozinha
Portuguêsa do
Século XV.
Contudo, diz-se
tratar das
famosas
receitas da
Rainha Dona
Maria, de
Portugal.
• Traz a
reprodução fac-
similar do
manuscrito I–E
da Biblioteca
Nacional de
Nápoles; leitura
diplomática;
leitura moderna
e índice de
vocábulos.
• A edição
utilizada faz
parte da
Coleção
Dicionário da
Língua
Portuguesa –
TEXTOS E VO-
CABULÁRIO,
2. INL/MEC,
1963.
92
20)
VOCABULÁ-
RIO DA
CARTA DE
PERO VAZ
DE CAMINHA
VCPVC
Pero Vaz de
Caminha
Escrivão da
armada de
Pedro
Álvares
Cabral/
XX 1500
XV
• Considerada
a “Certidão de
Nascimento do
Brasil”.
• Edição
consultada: a
preparada por
Sílvio Batista
Pereira,
lingüista /
filólogo
• INL/MEC –
Col. Dicionário
da Língua
Portuguesa.
TEXTOS E
VOCABULÁ-
RIOS 3, 1964
Tabela 3.1 – Da Constituição do Corpus desta tese.
3.4 Metodologia Utilizada na Recolha e na Análise dos Dados:
Em relação ao levantamento do corpus utilizado no trabalho, foram seguidos
os passos:
Foram levantadas as passagens onde ocorriam os sufixos delimitados para
esta pesquisa: alguns pares de sufixos nominais (eruditos x populares), arrolados
na Introdução.
A coleta de dados foi feita inicialmente em fichas pautadas “6 x 9” e, a
seguir, os dados foram digitados. Os dados foram coletados em obras dos séculos
XII ao século XVI.
Após a montagem do corpus, procedeu-se à análise e à descrição dos
dados, levando-se em consideração as variantes dos morfemas sufixais e, acima de
tudo, a semântica deles, a fim de se perceber a evolução dos mesmos ao longo dos
séculos que constituem o português arcaico.
O método utilizado na análise dos dados é o dedutivo: parte de aspectos
gerais para os específicos e chega-se a conclusões a respeito do tema em estudo.
93
3.5 TEORIA:
A teoria utilizada neste trabalho segue basicamente a linha estruturalista, mas
lança mão de outras teorias sempre que julgar necessário, e a análise que se
pretende é a descrição morfo-semântica de cada sufixo.
Os sufixos são acompanhados, nos casos encontrados, de sua(s) forma(s)
variante(s) ou alografes na época utilizada; se houver variantes semânticas de cada
sufixo também serão tratadas, sempre de acordo com o levantamento realizado em
nosso corpus.
Vários são os autores tratados nesta tese para o estudo teórico-prático dos
sufixos: gramáticos, gramáticos históricos, lingüistas e filólogos.
Para a criação do modelo utilizado para a análise dos dados do corpus,
utilizamo-nos da teoria apresentada, principalmente, por Alina Villalva (2000) em
relação à categoria morfológica da base a que se junta cada sufixo se ao radical,
ao tema ou à palavra; por Rocha (1998) em relação aos sufixos homófonos e aos
sufixos alomorfêmicos, isto é, à variação apresentada pelos sufixos em função do
contexto; por Sandmann (1991/1992), observamos a função sintático-semântica do
sufixo em relação à base; por Rio-Torto (1993), verificar-se-ão os sufixos quanto à
composição (simples ou compostos), à origem (latina x o-latina) e às relações
categoriais (isocategorial x heterocategorial), isto é, se formam derivados da mesma
categoria da base ou não.
A análise partirá do étimo de cada sufixo e dos dados semânticos
apresentados pelas gramáticas latinas relativamente aos sufixos recortados no
trabalho, uma vez que se faz necessário ter um ponto de partida para verificar se
houve mudanças, ou não, dos sufixos da fase de formação da língua portuguesa e
em relação à sua fase arcaica.
Serão apresentados excertos do contexto onde a palavra sufixada aparece,
acompanhada da abonação (informação bibliográfica), essa seguirá o sistema de
abreviaturas por nós convencionado, demonstrado no item 3.2 Fontes utilizadas
no Corpus e nas Abreviaturas (parte pré-textual deste trabalho). Devido ao excesso
de dados e, muitas vezes, à repetição do conteúdo semântico em palavras que
apresentam o mesmo sufixo, serão demonstradas algumas ocorrências das
mesmas.
94
4 Do Sufixo: da Filologia e das Gramáticas Históricas à Lingüística
e às Gramáticas Normativas Contemporâneas: Conceitos e
Características – uma Revisão da Literatura
Aos que falam português e vivem em contacto constante com o povo,
incumbe tratar, com ampla documentação histórica e dialectal, dos sufixos
que tẽem vitalidade, distinguindo cuidadosamente entre palavras de papel,
registadas nos grandes inventários lexicográficos e os que realmente o
empregados pelo povo, quer em sentido real, quer em figuras e locuções
pitorescas... Os parágrafos curtos, dedicados pelos mestres, nas suas obras
gerais aos sufixos, são naturalmente insuficientes. (VASCONCELOS, 1946,
p. 45)
[...] nas diferentes épocas houve certas mudanças de concepção em
referência à porção do vocábulo sentida como sufixo. (BOURCIEZ, 1930, p.
60)
4.1 Introdução:
O tratamento dispensado aos sufixos por diversos especialistas filólogos,
gramáticos, lingüistas tem se alterado ao longo dos tempos, muito embora, como
afirma Michäelis de Vasconcelos (vide epígrafe acima), aqueles que têm vitalidade,
isto é, que apresentam grande produtividade e são realmente utilizados pelo povo,
devem ser tratados com base em documentação histórica, diferentemente do que
ocorre com aquelas formas encontradas apenas nos grandes inventários das obras
lexicográficas e nunca são utilizadas realmente pelo povo.
O fato é que, em relação a este tema, os grandes mestres do passado à
contemporaneidade ainda não lhe dispensaram o merecido tratamento, e o que
encontramos, nas mais diversas obras que tratam do assunto, são parágrafos
curtos; na maioria das vezes, apresenta-se o conceito de sufixo, o étimo de alguns
deles, principalmente dos gregos e dos latinos, e listas e/ou quadros dos mesmos,
quando muito, devidamente abonados, o que nem sempre ocorre.
95
Sem a pretensão de esgotarmos o assunto, faremos um recorte, a fim de
verificar como especialistas de diferentes áreas do saber, que tomam a língua por
objeto de estudo, procederam em seus estudos e análises sobre o referido tema.
4.2 O Sufixo nos estudos de Filologia e de Gramática Histórica:
Vejamos a posição de alguns filólogos e/ou gramáticos históricos sobre
sufixos e/ou sufixação:
4.2.1 Carolina Michaëlis de Vasconcelos:
Carolina Michaëlis de Vasconcelos, em sua obra Lições de Filologia
Portuguesa. Segundo as Prelecções Feitas ao Curso de 1911/1912, Tomo I, em sua
Lição V [Derivação e Composição. Noções Gerais, Preliminares, Teóricas], lembra-
nos de que a sufixação, prefixação e composição não são privativas das línguas
românicas, mas são processos comuns a toda a família indo-germânica. Em alguns
idiomas, no entanto, prevalecem as derivações e em outras as composições (por
exemplo, no alemão e no grego). Nas formações novilatinas, seus protótipos são
elementos latinos e gregos.
Com muita propriedade, a autora adverte-nos:
A história da sufixação, prefixação e composição portuguesa está por
escrever.
Há, isso sim, em cada gramática portuguesa destinada ao ensino secundário oficial,
um capítulo sôbre derivação e composição, com listas dos sufixos e prefixos que servem
actualmente para a formação de substantivos, adjetivos e verbos, ordenados
alfabèticamente, ora segundo as funções que êles exercem. Mas os fins práticos e restritos
dessas obras não admitem que a matéria seja tratada exaustivamente, nem mesmo com
certa extensão e intensidade.
É justíssimo que nelas não só registem os sufixos mais produtivos, com breve
indicação das suas funções regulares e das classes gramaticais a que se costumam juntar.
Arcaísmos, vulgarismos, formações isoladas e irregulares e sufixos extintos ou
petrificados, não tẽem que fazer em livros escolares. [...]
O que se podia e devia fazer é ensinar algo sôbre o grau de popularidade e
produtividade de cada sufixo. [...]
O que também se podia fazer é mostrar a distinção entre sufixos de forma popular
como –eiro, deiro, doiro e os correspondentes literários –ário, –tário, –tório. Não nos
parece bom confundirem-se vocábulos realmente nacionais, criados em Portugal, com os
herdados que entraram prontos e feitos, no idioma; nem com formações tardias e eruditas.
(VASCONCELOS, 1946, p. 41 – 42, grifos nossos)
96
Carolina Michaëlis de Vasconcelos não traz em sua obra um conceito explícito
de sufixo(s), mas nos coloca em relação a ele(s), as seguintes características:
a) É um dos tipos de afixos elemento que exprime idéias secundárias tanto em
línguas primitivas como nas derivadas; os outros dois afixos são os prefixos e
os infixos;
b) Seguem as raízes, os radicais, os temas ou as palavras primitivas;
c) Soldado às raízes aos radicais, aos temas ou às palavras primitivas:
particularizam-lhes e determinam-lhes a significação em diversos sentidos;
d) São a classe mais numerosa e a mais importante, seguida, respectivamente,
pelos prefixos e pelos infixos – estes originam formações curiosas;
e) Originariamente, nos primeiros estádios das línguas, os sufixos foram também
raízes, assim como os demais afixos. Foram
[...] sílabas curtas e únicas, meros grupos de consoantes, ou mesmo
uma consoante ou uma vogal para simbolizar coisas concretas,
qualidades abstractas, actos e fenómenos naturais que mais profundamente
impressionaram os nossos antecessores o homem primitivo.
(VASCONCELOS, 1946, p. 49)
f) Empregados como complementadores e modificadores da idéia essencial:
pouco a pouco, reduziram-se a elementos de relação, de valor abstrato e
perderam a sua independência, readquirida, momentaneamente, em línguas
modernas;
g) Originários das línguas primitivas e pelo que se vê nas derivadas;
h) Muitos sufixos se fundiram com o tema e, por esta razão, passaram às línguas
românicas sem serem sentidos e percebidos como tais:
97
benignus (benino XV, benygno XV; ETIM lat. benìgnus,a,um 'benigno,
benévolo, bondoso (Houaiss, versão eletrônica; CUNHA, 1986)
malignus (malino XIV; > lat. malignus; ETIM lat. malignus,a,um 'que tem
índole'; f. ant. pop. malino) (Houaiss, versão eletrônica; CUNHA, 1986)
velho é veclo (> vetulus; vet (radical) + -ulus (sufixo); ETIM lat. vetùlus,a,um
'um tanto velho', dim. de vètus,èris 'velho, idoso, antigo', através de uma f.*vetlu
pronunciada /veclu/, que passou de dim. a normal, registra Nascentes
1
)
rolha está por rótula (XVI) (> *rocla > *rogla > *royla > rolha; ETIM lat.
rotªla,ae, dim. de rota,ae 'roda', com prov. evolução rµtla > *rocla > port. rolha;)
(Houaiss, versão eletrônica; CUNHA, 1986)
malha
2
está por mácula (lat. séc. XVI; )
tábua está por tabula (taboa XIII, tauoa XIII, tauoas XIV, tauola XIV, tauua
XV, tabola XVI, tabla XIV;
ETIM
lat.
tabùla,ae)
(Cf. Houaiss, versão eletrônica)
névoa está por nēbǔla (neuoa XIV, nebla XIV; ETIM lat. nebùla,ae 'névoa,
nevoeiro, cerração) (Cf. Houaiss, versão eletrônica)
póvoa está por popula (ETIM orig.contrv.; fem. de povoo, f. arc. de povo;
quem considere regr. de povoar, o que pressuporia maior antiguidade para o
verbo; ´pequena povoação; povoado, vilarejo) (Cf. Houaiss, versão eletrônica)
mágoa está por macula (ETIM lat. macùla,ae 'mancha, malha', f.divg. de
mácula, mancha e mangra) (Cf. Houaiss, versão eletrônica)
______
1
Cf. Houaiss, versão eletrônica.
2
ETIM fr. maille 'laçada, anel, mancha', do lat. mac
ª
la,ae 'mancha na pele, mancha, nódoa; erro,
incorreção; p.ext. malha de tecido ou rede; fig. desonra, infâmia, vergonha' (Cf. Houaiss, versão
eletrônica)
98
i) Serviram e servem para criarem derivações novas;
j) Muitos sufixos literários adicionados em vocábulos não têm significação
própria; têm certo valor humorístico ou burlesco:
[...] o meros adornos morfológicos com que o povo enfeita e
encorpa vocábulos do seu uso, nomes de plantas e animais que êle observa
com particular interêsse e carinho. (VASCONCELOS, 1946, p. 65)
Carolina de Michaëlis (1912, p. 54 – 55) cita também:
l) Sufixos mortos: “eram átonos [não-acentuados] e de pouco corpo, não
servindo por isso mesmo na língua-mãe, sobretudo no latim vulgar, para as
formações novas”. São sufixos petrificados e improdutivos.
Como abonações, Michäelis traz os seguintes exemplos:
1) –ulus, –idus, –agus,uus: já não existem em palavras populares;
2) em formações novas, modernas e irregulares: são invenções de poetas cultos
que se cingiram a modelos literários reintroduzidos pelos eruditos: límpido,
pálido, rígido, frígido;
3) –ula: presentes em alguns vulgarismos vivos:
beterrábulas por beterrabas
ameixulas por ameixas
estátulas por estátuas
trégulas por tréguas
trévolas por trévoas (deturpação de trévas, tenebras)
4) –uus: presente nas palavras carduus, continuus etc.
5) –eus: presente na palavra igneus, etc.
99
Sufixos vivos: “são tónicos [acentuados], sonoros, encorpados, e entraram nas
línguas românicas em numerosos exemplares que pela clareza da sua
construção incitaram a imitá-los. [...].
São fecundos, móveis, produtivos,
activos.” (VASCONCELOS, 1946, p. 54 – 55)
Exemplos:
1) –ção (–ação, –ição) com variantes:
razão, paixão, cachão, questão, divisão, procissão
2) –mento (–amento, –imento)
3) –dor (–ador, –edor, –idor)
4) –dura (–adura, –idura)
5) –doiro (–adoiro, –edoiro, –idoiro)
6) –vel (–ável, –ível)
7) –eiro
8) –ario
9) –adio
10) –adiço
11) –ura.
m) Todos os sufixos estrangeiros passaram pelo latim vulgar antes de serem
romanço moderno: figuram em todas as gramáticas entre os verdadeiramente
latinos sem inconveniente algum;
n) Os sufixos verdadeiramente latinos assim como os gregos (–ia, ismo, –ista,
–izar), germânicos (–aldo, –ardo, –engo, –lengo, isco), ibéricos (–arro, –erro),
célticos (–ego) e arábicos são aplicados a temas de qualquer das línguas que
contribuíram para o vocabulário português;
o) Certos sufixos, quando não podem ser acrescentados diretamente a formas
populares e modernas, recorrem aos modelos latinos ou aos estádios antigos
das formações portuguesas:
móvel
mobil + -izar
mobilizar
100
móvel
mobil + -ário
mobiliário
móvel
mobil + -ar
mobilar
amável
amabil + (-i)dade
amabilidade
sensível
sensibil + (-i)dade
sensibilidade
p) Com relação às camadas lingüísticas de que saíram, são (como os vocábulos
inteiros) em parte populares, em parte cultos. Entraram nas línguas por via oral,
ou pela escrita;
q) alguns sufixos semi-eruditos (p. ex.: ádego > aticum: hospedádego,
eirádega, denominações de contribuições). Outros apresentam dupla forma: uma
que evolucionou, e outra que ficou inalterada ou se modificou pouco:
–eiro x –ário (cf. primeiro e primário; herdeiro e hereditário)
–doiro x –tório (cf. lavadoiro e lavatório)
–elha x –ícula (cf. orelha e aurícula)
–ês x –ense (cf. braguês e bracarense)
–agem x –ático (cf. viagem e viático; selvagem e selvático)
–ença x –ência (cf. influença e influência)
r) Em geral o sufixo popular determina um tema popular; e o de forma culta um
tema literário. Esta regra, contudo, traz muitas exceções:
fadista (> fado (tema popular) + –ista (sufixo))
boticário (> botica (semi-erudito) + –ário (sufixo erudito)
bobático (> bobo + –ático (sufixo erudito e esdrúxulo) adjetivos e
asnático (> asno + –ático (sufixo erudito e esdrúxulo) substantivos
freirático
(> freira + –ático (sufixo erudito e esdrúxulo) vulgares
A autora à sua época podia dizer que o estudo encontra-se por escrever.
Agora muita coisa foi feita; ainda assim, muito por se fazer tanto em relação à
sufixação quanto ao português arcaico.
Em sua terminologia, encontramos sufixos mortos e sufixos vivos, os quais
correspondem, na contemporaneidade, a sufixos improdutivos e a sufixos produtivos
101
assim como a origem (estrangeira/grega/latina) dos principais, apresenta-nos alguns
deles e lembra-nos de suas contribuições para o enriquecimento do xico
português, às vezes, abonando-os, o que nem sempre ocorre; neste particular, não
difere muito dos estudos que encontramos nas gramáticas da língua portuguesa ao
longo dos séculos. Ressalta ainda que alguns saíram de camadas lingüísticas cultas
e outros, das populares, além de alguns poderem ser considerados semi-eruditos;
entraram nas línguas pela via oral ou culta sendo esta representada pela escrita;
alguns apresentam formas duplas: uma que evoluiu (sufixo popular) e outra que
pouco ou nada se alterou (sufixo erudito) e, em geral, o tema (= base) determina o
uso de uma forma ou de outra, embora haja exceções em relação aos usos dos
mesmos.
Cremos, contudo, que ela mesma, neste particular, deixou a desejar em seu
estudo, tendo apenas levantado a problemática que envolve os sufixos e/ou a
sufixação, embora tenha reconhecido a importância do contato com o povo para a
realização de seu estudo e a necessidade de um amplo levantamento histórico e
dialetal, a fim de não se cair em formas e usos não realizados pelo povo (= uso) em
relação a eles, sendo apenas formas registradas e/ou abonadas pelos grandes
inventários lexicográficos, os quais, muitas vezes, abonam formas-fantasma na
língua, a fim de literalmente “inchá-los” como ocorrem com os grandes thesaurus”
em qualquer língua natural. Ainda assim, sua obra até hoje é bastante respeitada e
sua posição é muito pertinente nos assuntos por ela tratados.
4.2.2 José Joaquim Nunes
3
Compreende a obra de Nunes duas partes, fora a Introdução, assim
distribuídas: I Fonética ou estudo dos sons, contemplando seis capítulos; II
Morfologia ou estudo das formas, contemplando cinco capítulos.
Para este estudo, é a II
a.
Parte a que nos interessa mais de perto, sobretudo o
Capítulo V – Formação de palavras.
_______
3
A 1ª. edição do Compêndio de Gramática Histórica. (Fonética e Morfologia), de José Joaquim
Nunes data de 1919. Utilizamo-nos da 9ª. ed., publicada em Lisboa, pela Clássica Editora, 1989.
102
Para o autor,
Como um perfeito organismo vivo, a língua está em contínua
elaboração, expelindo de si elementos que por motivos vários perderam a
vitalidade e substituindo-os por outros que nela entram com toda a força e
pujança de seres novos, para mais tarde desaparecerem também por sua
vez. Esta elaboração, porém, naturalmente atinge o máximo grau de
intensidade durante o período da sua formação; passado este, diminui em
força criadora, sem cessar por completo. (NUNES, 1989, p. 356 – 357)
No Português, Nunes observa que a aquisição de palavras seguiu três
processos: a) formação popular; b) formação literária; c) importação estranha.
Em relação à formação popular, uma das que mais diretamente nos
interessam nesta pesquisa, as palavras da língua portuguesa fizeram, e ainda o
fazem, uso de dois processos morfológicos a derivação e a composição
continuando os processos em uso na sua língua progenitora o latim, assim
como ocorre em suas línguas irmãs.
Através da derivação, a língua portuguesa: a) conserva a palavra herdada,
mas com função diversa da que até então desempenhara; é a derivação imprópria
(cf. exemplos a, b e c, abaixo); b) cria termos, novos pela sua estrutura e
significação, embora, na sua maioria, velhos na idéia sica; é a derivação própria
(cf. os exemplos d e e, abaixo).
Exemplos:
a) dália, hortênsia, camélia, guilhotina , etc. substantivos comuns tirados de
substantivos próprios
b) tartufo, fígaro, anfitrião, merlim, etc. substantivos comuns tirados de perso-
nagens literárias, que passaram a ser
utilizados como símbolos de suas prin-
cipais qualidades
c) cordovão, valenciana, fustão, damasco, pavio, pêssego, ave, maçã, galgo,
sirgo, etc.
adjetivos que designaram os nomes de terra de onde provinham
certos produtos e deixaram de se acompanhar de seus respectivos
103
substantivos (inverno, estio e verão), nos quais se subentendia a palavra
tempus
d) choroso, choradeira, areal, pinhal, atadura, etc. adição de sufixos aos
radicais, modificando-lhes a significação.
Os sufixos entram na derivação própria para criar palavras novas e podem, de
acordo com a posição de Nunes, assim ser definidos:
[...] adicionando aos radicais certos elementos, que podem constar de
uma ou mais silabas, chamados sufixos, os quais vão modificar-lhes a
significação. (NUNES, 1989, p. 361)
Nunes ressalta-nos também, em relação aos sufixos, que
É a ele que a língua deve a sua principal riqueza; por ele foi de certa
maneira compensada a perda de grande número de raízes que ele acusa,
quando a comparamos com o latim; a sua força ostenta-se ainda tão
fecunda, como no período da formação. (NUNES, 1989, p. 361)
Muitos sufixos viviam no latim clássico; a língua popular criou outros. Com o
tempo, muitos morreram e seu lugar foi ocupado por outros. Alguns conservam sua
extrema vitalidade, mas, “[..] para que um sufixo assim possa resistir, torna-se
indispensável que tanto ele como o radical a que se ajunta apresentem ao nosso
espírito ideias claras, bem nítidas e distintas.” (NUNES, 1989, p. 362). É o que
ocorre com os vocábulos gralha, telha, acha, rosto, crivo, texugo, etc. em que se
perdeu a noção de derivação. Em areal, pinhal, atadura, semeadura, carrada,
crueza, frescura, etc., pelo contrário, têm-se idéias perfeitamente definidas, a saber:
a) a dos objetos designados pelos vários radicais; b) a das modificações que lhes
imprimem os respectivos sufixos.
Destaca Nunes também que
Em geral, os sufixos conservam ainda hoje a mesma significação que
tinham em latim; -itia, -tas continuam a juntar-se a adjectivos, para
designarem qualidades, como –tor se une a temas verbais para significar o
104
agente; todavia não é raro que novas ideias venham adicionar-se às que
eles possuíam, embora sejam desenvolvimento da principal, como
batedor, corredor, em que o suf. –dor tomou também o sentido de meio ou
instrumento e lugar. (NUNES, 1989, p. 363)
alguns sufixos acentuados, ou seja, nicos, outros não acentuados, os
sufixos átonos, embora o número desses últimos seja efetivamente restrito, sua
significação imprecisa, subsistam em palavras herdadas, mas o autor adverte-nos
de que “[...] para que este [sufixo] tenha condições de vida, carece, como qualquer
palavra independente, de possuir um acento seu; [...]” (NUNES, 1989, p. 363) Caso
contrário, o sufixo desaparece o que é o caso mais geral como aconteceu com
os sufixos –eus e –idus, ou é substituído por outro, como aconteceu com os
sufixos ĭa e ŭlus, que foram substituídos pelo grego –ia e pelo latino –ellus,
respectivamente, com sentido idêntico, mas acentuados (cf. valent –ia, ufan ia,
louçan ia, fiv –ela, sov –ela, cad –ela e rod ela, entre outros). No atual período
da língua portuguesa, pode-se dizer, sem ressalvas, que o falante perdeu essa
noção da presença dos sufixos nos exemplos supracitados, os quais são
considerados, atualmente, palavras primitivas e capazes de formar, a partir delas,
novas palavras, acrescentando-lhes outros sufixos e obtendo-se novos significados,
conforme podemos verificar na exemplificação, coletada em Houaiss, versão
eletrônica (cf. valent –ice, valentian –ismo, valent –ona, fivel –ame, fivel –eta, sovel –
ada, sovel –ão, sovel –eiro, ufan –ismo, ufan –ista, etc.)
Pode haver também a permuta de alguns sufixos com outros, como ocorre com
os sufixos –ellus e –cellus, respectivamente. Esse fenômeno se dá: a) porque seus
sons se confundem; b) pela influência que alguns sufixos exercem em outros; c)
devido à vontade popular.
Outro fenômeno comum é a subsistência de sufixos com a mesma significação,
chamados sinônimos, como ocorre entre os sufixos –inho, –ino e –im, em geral de
significação diminutiva, entre os sufixos –ame, –ada,–edo e –al (cf. raiz ame, raiz
–ada, raiz –edo, oliv edo, oliv al), entre os sufixos –dade, –eza e –ez (cf. bel
–dade, bel –eza, altiv eza, altiv ez, agud –eza, agud ez), ou ainda entre os
sufixos –or e –ura (cf. amarg –or e amarg –ura).
Não se pode deixar de notar também que, às vezes, pode ocorrer a queda do
sufixo; o atual sufixo –aço apresentava sua primeira forma aceiro, em harmonia
105
som seu étimo latino *aciariu–, derivado de acies, ainda representado em outras
línguas românicas. Em Houaiss, versão eletrônica, encontramos: “[...] o esp. acero
(port. antigo aceiro, mod. aço) provém do lat.tar. aciarìum (sc. ferrum aciarium), em
que o voc. seria primitivamente adj. [...]”
Divisão dos Sufixos:
Quanto à divisão, todos os sufixos podem ser:
a) simples: constituídos por um elemento;
b) compostos: constituídos por mais elementos.
Ambos os tipos, no entanto, podem entrar na formação de nomes
(substantivos e adjetivos) e verbos; daí a sua divisão em simples e compostos,
nominais e verbais.
Origem dos Sufixos:
Prevalecem, em português, os sufixos tomados do latim, embora haja sufixos
de outras origens: gregos, germânicos, ibéricos e de outras línguas. A título de
exemplificação, verifiquem-se as tabelas que seguem, de nossa autoria, baseadas
em Nunes (1989). A primeira apresenta alguns sufixos nominais de origem latina
formadores de substantivos; a seguinte, alguns sufixos adjetivais de origem latina, a
última, alguns sufixos avaliativos e outros de origem não-latina. Devido ao excesso
de sufixos tratados na obra, fizemos um recorte de alguns deles em todas as tabelas
apresentadas:
SUFIXOS:
ORIGEM: FUNÇÃO: SEMÂNTICA: EXEMPLIFICAÇÃO:
–ante
–ente
–inte
–anca
(~ –ância)
–ença
(~ –ência)
sufixo latino
–nt
Formavam em
latim
particípios do
presente
Designam 1)
agente; 2) a
realização da ação
indicada pelo
respectivo radical e
3) qualidade nos
vocábulos cultos, os
quais mantêm as
formas primitivas
em
–ância ou
–ência
1) am –ante, trat –ante,
ped –inte, ouv –inte;
2) mud –ança, folg
–anca, cr –ença (arc. cre
–ença), parec –ença;
3) const
ância, clem
–ência, audi –ência, etc.
106
–ado
–edo
–ido
sufixo latino
–to
Formavam em
latim os
particípios do
pretérito
1) –ado e –ido, na
forma feminina:
designam ação ou
resultado de ação;
2) –ado: na forma
feminina, significa
pancada, golpe,
conteúdo e grande
quantidade;
3) –ado ou –ato:
nos vocábulos
cultos pode exprimir
dignidade ou
emprego;
4) –edo; –ido:
indicam grande
quantidade.
1) entr ada, saí –da,
etc.
2) batel –ada, carr –ada,
prat –ada, asn
ada, nev
–ada, papel –ada, raj
–ada, graniz –ada, etc.
3) cond –ado, marques
–ado, canonic –ato,
baron –ato, vicari –ato,
etc.
4) mosqu –e
do, pulgu
–edo, arvor –edo, vinh
–edo, pen edo, oliv
–edo, bras –ido etc.
–douro
sufixo composto
do latim –to,
combinado com
o sufixo –orio,
ou seja, de
–toriu
Produzia
adjetivos em
latim, que, por
sua vez se
tornaram
substantivos;
nasceu em
português o
sufixo –doiro na
língua moderna
1) –douro : indi-ca
lugar, meio ou
instrumento;
2) –tório: forma
culta de –douro
;
também indica
lugar, meio ou
instrumento.
1) mira –douro, sua
douro, baba –douro,
bebe –douro
, cinge
–douro, lava –douro, etc.
2) ora –tório, lava –tório,
purga –tório, escri –tório,
refei –tório, etc.
–dura
–ura
–dura: sufixo
latino –to + –ro
–ura: idem ao
anterior, com a
perda do t
Formavam o
particípio do
futuro em latim e
alguns
substantivos
nominais; ambos
se juntam a
temas verbais e
adjetivos para
formar
substantivos
1) –dura: ação ou
resultado dela,
meio ou instru-
mento e objetos.
Manteve o t
originário, quando
precedi-do de
consoantes primi-
tivas e em vocábu-
los cultos (–tura) ou
trocado por s
(resultado das con-
soantes dentais –d
e –t em latim),
quase todos da
língua literária
1) quebra dura, coze
–dura, ata –dura, vesti
–dura, cin –tura, pin
tura, ton
sura, clau
–sura, etc.
2) branc –ura, doç ura,
tris –tura, anch –ura,
long –ura, cand –ura,
verd –ura, fin –ura, diabr
–ura, etc.
–alho
–elho
–ilho
–olho
–ulho
latim
–c(u)lu e –olu
Contribuem
para formar
substantivos
Apresentam sig-
nificados idênticos
aos encontrados
em latim.
Aparecem junto às
vogais pertencen-
tes aos temas.
–Alho, principal-
mente: usado na
linguagem popular.
Em alguns nomes
ram –alho, pequen
–alho (pop.), burr alho
(pop.), rapaz –elho, folh
–elho, temper –ilho ou
temper –ilha, trap ilho,
cart –ilha, ferr –olho, bag
–ulho, rapaz
ola, camis
–ola, bandeir –ola, sac
–ola, etc.
107
desapareceu a
noção primitiva de
pequenez:
cangalha, sortelha,
golpelha, vasilha,
empecilho, atilho,
ventrulho, etc.
Em pedregulho:
utilizado hoje com
noção aumentativa.
Tabela 4.1 Principais Sufixos Nominais de Origem Latina Função, Semântica e
Exemplificação. (Fonte: NUNES, 1989, p. 369 – 372.).
SUFIXOS: ORIGEM: FUNÇÃO: SEMÂNTICA: EXEMPLIFICAÇÃO:
1) –ante
–ente
–douro
~
–doiro
2) –iço
–io
–al
–eiro
sufixos
latinos
contribuem para
criar adjetivos
1) –ante, –ente,
douro ou –doiro:
junto a temas
verbais designam
qualidade ou estado;
2) –iço, –io, –al, –il e
–eiro: combinados
com particípios ou
nomes, exprimem
facilidade em tornar
ou produzir o esta-
do indicado pelo
radical origem ou
tendência à prática
de uma ação.
1) brilh –ante, so –ante,
da –ente, pend –ente,
cãs –doiro, teme –douro,
etc.
2) quebra –diço, abafa
–diço, chove –diço, cast
–iço, lavad io, luzid –io,
camp –al, testemunh –al,
febr –il, senhor –il, justic
–eiro, cert –eiro, us
eiro, vez –eiro, brasil –
eiro etc.
–vel
sufixo
latino
–bile
contribuem
para formar
adjetivos
Junta-se a temas
verbais, designando
qualidade simples
ou exigente de
prática de ações
neles indicadas
agradá–vel, lou-vá–vel,
aceitá–vel, aprazí–vel,
temí–vel, crí–vel, dirigí–
vel, solú–vel, volú–vel,
etc.
–ão e
–ês
sufixos latinos
–anu e –ense,
respectivamen-
te
contribuem
para formar
adjetivos
Juntam-se a radicais
nominais;
indicam origem,
proveniência (neste
caso, freqüentes
com nomes de loca-
lidades);
ao lado das formas
popula-res (–ão e
ês), apresentam as
formas literárias (
ano e –ense)
vil –ão, comarc –ão, liv
–ão (arc.), cert –ão
(arc.), beir –ão,
transmont–ano, alentej
–ano, etc.
cort –ês, mont –ês, pedr
ês, portugu
ês, bragu
–ês, franc –ês, lisbon
–ense, setubal –ense,
etc.
Tabela 4.2 Principais Sufixos Adjetivais de Origem Latina Função, Semântica e
Exemplificação.
(Fonte: NUNES, 1989, p. 376 – 378.).
108
Nunes destaca também:
OUTROS SUFIXOS NOMINAIS:
PRINCIPAIS SUFIXOS NOMINAIS
AVALIATIVOS:
PRINCIPAIS SUFIXOS NOMINAIS DE
OUTRAS ORIGENS:
Diminutivos: Aumentativos:
–aria (grego)
–ia (grego)
–alho, elho, –ilho,
olho, –ulho (série)
–aça
–essa ou –esa
(gregos)
–ista (grego)
–ela –aço
–ismo (grego)
–asco, –esco, –usco
(gregos)
–im (talvez de
importação france-sa)
–ão (arc. –om) –engo (germânico)
–ardo (germânico)
–inho –uça –arro, –erro
(ibéricos)
isco (grego)
–ino
Tabela 4.3 – Outros Sufixos Nominais – Avaliativos e de Origem Não-latina.
(Fonte: Nunes, 1989, p. 384 – 387).
Obra de referência clássica para os estudos diacrônicos, Nunes nos apresenta
sua posição sobre a formação das palavras em língua portuguesa.
Em relação aos sufixos, para o autor, os significados deles, salvo raras
exceções, ainda continuam mantendo-se inalterados, como se encontram em latim.
O autor divide-os em simples e compostos e classifica-os, de acordo com as
palavras que formam, em nominais (substantivos/adjetivos) e verbais.
Seu estudo dos principais sufixos encontrados em português, principalmente
em relação aos latinos. Contudo, apresenta-nos também sufixos de outras origens,
principalmente de origem grega, além dos principais sufixos avaliativos encontrados
em palavras de nossa língua, além de ampla exemplificação.
4.2.3 Manuel de Said Ali
A Gramática Histórica da Língua Portuguesa de Said Ali (1931), dividida em
duas partes, vai tratar dos sufixos na 2ª. parte, assim dividida: a) Formação de
Palavras; b) Sintaxe.
109
No capítulo Derivação em Geral, o autor nos traz o seguinte conceito de sufixo:
[...] A derivação, por outra parte, toma palavras existentes e lhes
acrescenta certos elementos formativos com que adquirem sentido vo,
referido contudo ao significado da palavra primitiva. Por êstes elementos no
fim do vocábulo derivante (geralmente com a supressão prévia da
terminação dêste), chamam-se sufixos, e o processo de formação toma o
nome particular de derivação sufixal. (SAID ALI, 1931, p. 229)
Said Ali (1931, p. 229), ao comparar prefixos e sufixos, acrescenta que “[...]
não está bem demarcada a fronteira entre a derivação prefixal e a composição” e
ressalta que os prefixos (ex.: pre-, ob-, dis-, re-, in-) o são usados como palavras
isoladas, mas representam partículas inseparáveis que são ou foram preposições ou
advérbios em latim e nada se sabe sobre sua existência em vocábulos
independentes nem em latim nem em qualquer língua indo-européia.
Em relação aos sufixos, Said Ali (1931, p. 230) ressalta que “[...] a lingüística
admite e por vêzes claramente demonstra, procede também de expressão que a
princípio se usou como palavra independente.”
Em relação à derivação sufixal, declara:
1130. Que mesmo na derivação sufixal nem sempre é fácil determinar
a linha que a separa do processo de composição, vê-se pelo histórico dos
advérbios em -mente. Enquanto em latim se usaram dizeres como fera
mente, bona mente (ou feramente, bonamente, pois se pronunciariam
ligando as palavras), em que se combinava o substantivo com qualificativos
adequados à sua significação, o processo em vigor era, quando muito, a
composição, formavam-se palavras compostas. Desde porém que com igual
facilidade puderam vogar combinações como ràpidamente, recentemente,
a palavra mente tinha perdido a significação e valor de substantivo e, de
têrmo componente, passava a funcionar como sufixo creador de advérbios.
(SAID ALI, 1931, p. 230)
A seguir, no capítulo sobre DERIVAÇÃO SUFIXAL
4
, o autor faz o levantamento
dos principais sufixos que contribuíram para a expansão do léxico do português: sua
origem, produtividade e semântica, assim distribuídos
5
:
110
DERIVAÇÃO SUFIXAL
a) Substantivo e Adjetivo
–aria (–eria): artelharia, artilheria, cavalaria, confraria, correria, feitiçaria,
frontaria, gritaria, montaria, rouparia, sovinaria, tafularia, tapeceria,
zombaria.
–ez, –eza, –ícia, –ice, ície: altivez, altiveza, ardidez, ardideza, beatice,
bebedice, blandeza, calvície, carícia, delícia, dobrez, dobreza, escassez,
escasseza, favoreza, gatunice, igualeza, maleza, milícia.
–ança, –ença, –ância, –ência: benquerença, convença, doença,
esperança, fiança, folgança, herança igualdança, licença, malquerença,
perdoança, significança, tença.
–agem, –ádego, –ádigo, –ático: achadego, aprendizagem, barcagem,
compadradigo, ferragem, follhagem, padroadigo, pastagem, plumagem,
selvagem.
–dor, –tor, –sor, or, –dura, –tura, sura, ura: amador, armadura,
atadura, benzedor, benzedura, censura, clausura, fechadura, ferradura,
fratura, genitura, genitura, grossura, longura, mordedor, mordedura, pintor,
torcedor, torcedura, tristura.
–douro (–doiro em português antigo): ancoradouro, batedouro, cingidouro,
dobadoura, escoradouro, suadouro. Alguns penetraram na língua por via
erudita, mantendo a terminação –tório (~ –ório): auditório, diretório,
divisório, dormitório, escritório, genuflexório, ilusório, laboratório, refeitório,
suasório, transitório.
_______
4
SAID ALI (1931), p. 232 248. Os capítulos na Gramática Histórica de SAID ALI não são
numerados.
5
Dado o elevado número de exemplificações para cada sufixo tratado pelo autor, limitar-nos-emos a
selecionar alguns. A semântica dos mesmos será tratada em momento e capítulo oportunos. SAID
ALI cita em sua exemplificação muitos exemplos do português arcaico.
111
–ado, –ada, ido, –ida, –ato, –ata: arcebispado, arremetida, baronato,
bebida, bordado, caçada, canivetada, carrada, chifrada, comida,
concordata, dentada, facada, finado, garfada, garotada, goiabada, jogada,
jornada, lufada, marmelada, nitrato, nortada, paulada, penada, picada,
pincelada, proterado, ramada, serenata, silicato, sonata, triunvirato,
viscondado.
–ção, –são: audição, comparação, consecução, coroação, declaração,
fusão, invocação, obrigação, persuasão, solução.
–eiro, –ário (–airo): aviário, barreiro, bebedeira, cabeleira, candeeiro,
canseira, castanheira, castanheiro, cegueira, celeiro, chaleira, contrairo,
diário, dinheiro, fadairo, gaioleiro, galinheiro, geladeira, horário, jasmineiro,
ladroeira, lavadeira, mosquiteiro, obreiro, operário, perdigueiro, primeiro,
roseira, saleiro, solitário, solteiro, sudairo, toureiro.
–edo: arvoredo, brinquedo, folguedo, lajedo, olivedo, olmedo, penedo,
rochedo, vinhedo.
–udo: barrigudo, bicudo, bochechudo, cabeçudo, cabeludo, carnudo,
lanudo, orelhudo, peludo, pontudo.
–ável, –ível, –úvel: admissível, apreciável, corrigível, discutível, durável,
solúvel, perecível, punível, violável, volúvel.
–ês, –ense: bracarense, cearense, conimbricense, eborense, francês,
fluminense, genovês, inglês, maranhense, paraense, português
(portugalês), vienense.
–ano: açoriano, alentejano, camoniano, cubano, diluviano, humano,
mundano, napolitano, paraibano, prussiano, shakespeariano, siluriano.
Em sua obra, SAID ALI apresenta um rigoroso levantamento dos sufixos
utilizados em língua portuguesa. Divide-os, para efeitos didático-pedagógicos, de
112
acordo com a classe de palavras dos derivados, em: a) substantivos e adjetivos; b)
verbos. No entanto, não faz menção ao sufixo mente, o único formador de
advérbios em nossa língua.
Seu estudo acerca da sufixação portuguesa faz um levantamento exaustivo,
baseado em informações históricas acerca da língua; na maior parte de sua
exemplificação, mostra o étimo de onde proveio o sufixo. As abonações são ricas,
utilizando-se, muitas vezes, de palavras antigas (arcaicas), empregadas nos
primórdios da formação do português, como podemos observar nas exemplificações
abaixo selecionadas:
Sufixo –ARIA (ERIA)
1137. Ao elemento formativo –aria do português antigo correspondem castelhano
eria, italiano eria, francês –erie. O seu histórico é comum a estas diversas línguas.
[...]
1139. NOs Lusíadas (edição de 1572) ocorrem: infantaria (7,45), especiaria (2,4),
artelharia (7,12), e também artilheria (1,89), tapeçaria (9,60). [...]
1143. A produtividade do sufixo aria manifesta-se sobretudo na formação de nomes
que exprimem:
a) ramos de negócio e indústria e lugares onde êles se acham estabelecidos:
drogaria, luvaria, chapelaria, ourivesaria, alfaiataria, tinturaria, marcenaria,
carvoaria, tanoaria, lavandaria, confeitaria.
b) noção de coletividade: sacaria, pedraria, arcaria, fradaria, frascaria, casaria,
confraria, caixaria, armaria, berraria, fuzilaria, gritaria. Diz-se correria, e não
corraria, por influência do verbo correr.
c) atos próprios de certos indivíduos, ou o resultado dêstes atos: patifaria,
velhacaria, pirataria, sovinaria, judiaria, zombaria, galantaria, tafularia.
Quadro 4.4 – O sufixo –aria (–eria) em Português
(Fonte: SAID ALI (1931, p. 233))
Sufixos –EZ, –EZA, –ÍCIA, –ICE, –ÍCIE
1144. Filiam-se ao latim itia, –itie, sendo de notar que a alteração em –ez, –eza
denuncia serem estas as formas populares mais antigas do idioma. O primeiro
dêstes sufixos –ez
, parece ter sido menos produtivo que o segundo. Vocábulos
de dupla forma: altivez e altiveza, rudeza e rudez, dobreza e dobrez, pequeneza e
113
pequenez, intrepideza e intrepidez, escasseza e escassez.
1145. Alguns têrmos em –eza, por efeito de concorrência de outras formações que
significavam a mesma cousa, tornaram-se menos usados ou desapareceram de
todo. Igualeza (V. Benf. 93, 100, 189, Leal Cons. 281), favoreza (Fernão Lopes, D.
J. 1), maleza (V. Benf. 100), crueleza (ib.), liberaleza (Leal Cons. 96, V. Benf. 188),
blandeza (Leal Cons. 96), foram substituídos por igualdade, favor, maldade,
crueldade, liberalidade, brandura. [...]
1149. A terminação –ície, moldada sôbre o latim, é própria do português moderno:
calvície, canície, superfície (outrora superfícia), imudície, etc.
Quadro 4.5 – Os sufixos –ez, –eza, –ícia, –ice, –ície em Português
(Fonte: SAID ALI (1931, p. 233))
4.2.4 Manuel de Said Ali
Em sua Gramática Secundária da Língua Portuguêsa (1964), SAID ALI
apresenta cinco partes e é na quarta parte que ele apresenta-nos o estudo sobre
Formação de Palavras. Nesta parte, o referido autor nos expõe seu conceito de
sufixo e sua visão sobre o tema, que, segundo ele próprio, está baseada em
modernos lingüistas, como Meyer Lübke, Nyrop e outros:
Os elementos formativos que se colocam antes (sic)
6
da palavra
derivante, (geralmente com a supressão ou alteração prévia da desinência)
chamam-se SUFIXOS, e o processo de formação toma o nome particular de
DERIVAÇÃO SUFIXAL. (SAID ALI, 1964, p. 107, grifo nosso)
Para Said Ali (1964, p. 107), o sufixo divide-se em duas classes:
a) “os que servem ou originariamente serviram para formar nomes aumentativos
ou diminutivos.” Seus derivados são substantivos ou adjetivos;
_______
6
Assim aparece a definição de sufixo na referida obra (op. cit., g. 107). Cremos, contudo, ter sido
uma falha de impressão e/ou um cochilo do autor / revisor, pois, logo abaixo, em relação aos
prefixos, encontramos a seguinte definição: “Os elementos formativos que se colocam antes da
palavra derivante, chamam-se PREFIXOS; é o processo da DERIVAÇÃO PREFIXAL.”
114
b) “os que formam vocábulos novos e denotam outros conceitos diferentes.”
Said Ali termina o referido capítulo tratando da derivação prefixal, dos
principais prefixos, da derivação parassintética e da derivação regressiva.
Diferentemente de sua Gramática Histórica (1931), em sua Gramática
Secundária da Língua Portuguêsa (1964) Said Ali não elenca o étimo dos sufixos
tratados, certamente devido ao público a que se destina. Ainda assim, mantém na
obra a semântica dos sufixos e traz ampla exemplificação. Vale lembrar que “Tem o
presente compêndio por objeto expor as doutrinas e regras gramaticais relativas à
nossa língua, atendendo às necessidades e conveniências do ensino secundário
7
e as palavras do Mestre Evanildo Bechara: “[...] a Gramática Secundária do Prof.
Said Ali que, apesar dos anos, ainda é um compêndio de doutrinas modernas em
cuja leitura e meditação mestres e alunos temos muito que admirar e aprender.”
8
4.2.5 Joseph Hüber
9
A Gramática do Português Antigo, de Joseph Huber, foi publicada em 1933.
Apresenta duas partes: Parte I Fonética (com quatro capítulos); Parte II
Morfologia (com oito capítulos), Parte III Formação de Palavras (com três
capítulos), Parte IV - Sintaxe (com seis capítulos) e Parte V- Textos (com três
capítulos apresenta fragmentos de textos, assim distribuídos: Documentos; Prosa
e Poesia).
É a Parte III Formação de palavras, capítulo I. Formação nominal, a que
nos interessa para este trabalho.
Huber começa nos mostrando que qualquer palavra em língua portuguesa
pode ser substantivada pela anteposição do artigo definido (cf. o frio, as boas, os
bens, o móvil, etc.). É a derivação denominada imprópria, aquele que não se utiliza
de afixos. A seguir, passa a tratar da derivação própria, formada através de afixos
(prefixos e/ou sufixos).
_______
7
Atual ensino médio, corresponde ao antigo ensino colegial ou de 2
o.
grau.
8
IN: SAID ALI, M. Gramática Secundária da Língua Portuguesa. Edição revista e comentada de
acôrdo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira pelo Prof. Evanildo Bechara. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1964, “Advertência Sôbre Esta Edição”, p. 7.
9
Utilizamo-nos de HUBER, J. Gramática do Português Antigo. Trad. de Maria Manuela Gouveia
Delille. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986.
115
Com relação à “derivação por meio de sufixos”, como ele a chama, ressalta
que existem sufixos átonos e sufixos acentuados.
Os sufixos átonos participam na formação de palavras novas; utiliza-se –a para
o feminino e –o para o masculino, contudo, não as exemplifica. Na realidade, trata-
se de vogais temáticas verbais, uma vez que indicam a que conjugação os verbos
pertencem.
Ao tratar dos sufixos acentuados, salienta que “Os sufixos acentuados usam-
se muito especialmente para a formação de palavras novas.” (HUBER, 1986, p. 272)
e passa a tratar dos “[...] mais importantes e em primeiro lugar aqueles que contêm
vogais, e depois, por ordem alfabética, os que contêm consoantes”, registrados em
sua obra nas páginas 272 a 276.
Sem a pretensão de listar todos os sufixos apresentados pelo autor, arrolamos
os mais importantes para o nosso trabalho, os quais podem ser visualizados na
tabela que segue, de nossa autoria:
SUFIXOS: SEMÂNTICA: EXEMPLIFICAÇÃO:
–ão ~ –am < –anu
indica geralmente a pertença
villão (villano);
solorgião = celorgião, derivado de
chirurgia.
–aça, –aço <
–acia
---------------------------------------
ameaça;
pedaço.
–eça
---------------------------------------
cabeça
–ece
forma substantivos abstractos
grandece, ´grandeza´; ledece (lidece),
´alegria´ a par de ledice;
sandece, ´loucura´.
–iça < –itia
forma substantivos abstractos
avariça, ´avareza´;
carniça.
–ada < –ata
---------------------------------------
andada;
bailada;
cuitelada, ´cutelada´.
–edo < –etu
---------------------------------------
avelanedo;
laranjedo (laranja).
–ida < –ita
---------------------------------------
ferida;
sa(h)ida.
–ido < –itu
forma: 1) particípios
substantivados; 2) adjetivos
1) gimido ´gemido´ (gemir);
pedido; 2) entendido; desmentido.
116
–udo < –utu
1) provenientes de particípios
[latinos]; 2) provenientes de
substantivos
1) apercebudo ´apercebido´;
atrevudo ´atrevido´;
2) sanhudo (sanha);
sesudo (sisudo).
–ádego (–ádigo) <
–aticu
1) forma substantivos
abstractos verbais; 2) surge
com maior frequência em
radicais nominais
1) achadego ´alvíssa
ras´(de achar);
2) padruádigo;
portadigo ´direito de portagem´;
taballiadego ´tabeliado´ (de tabelliom
´tabelião´).
–doiro, –a (
douro, –a) <
toriu, –a
1) forma adjetivos; 2) forma
substantivos
1) compridoiro (de comprir);
falecedoiro (de falecer)
2) pousadouro (de pousar);
aradoura (–doira) ´dia de trabalho´<
aratoria ´próprio para arar´;
corredoira (de correr).
–dor < –tore
1) forma Nomina agentis de
radicais verbais; 2) forma
adjetivos
1) comendador;
conhecedor;
mentidor;
2) enganador;
sabedor;
encobridor.
–ança (forma
erudita –ancia
) <
–antia
1) forma substantivos
abstractos a) de radicais
verbais; b) de radicais de
adjectivos; c) de radicais de
substantivos
1a) gaança ´ganho´;
olvidança ´esquecimento´;
semelhança;
1b) alegrança ´alegria´;
1c) aventurança ´ventura´.
–ença (forma
erudita –encia)
---------------------------------------
creença ´crença´;
conhocença ´conheci-mento.
–eiro, –a < –ariu ~
–eriu
1) forma substantivos; 2)
forma adjetivos
1) aceiro ´aço´;
alfeireiro ´guarda do alfeire´;
cavalheiro;
passareiro;
camareira;
fronteira;
aljaveira (de aljava);
2) verdadeiro;
senlheiro ´só, isolado´;
tenreiro ´tenro´;
moensteyro (<lat. –eriu) ´mosteiro´
117
–ura
forma substantivos
abstractos: 1) de adjetivos; 2)
de particípios
1) altura;
amargura;
caentura ´quentura´
cordura;
2) brosladura (gal. ant.), ´bordado´
calçadura ´calçado´
feitura
rugadura ´ruga´.
–es < –e(n)se
forma adjectivos de nomes
de países
portugues
–ez < –itie
---------------------------------------
grãadez = granadez ´fidalguia, maneira de
pensar nobre´ a par de –ece e –eza;
sandez, ´loucura´, a par de sandece.
–eza < –itia
forma substantivos abstractos
a partir de adjetivos
crueza;
escasseza;
escureza ´escuridão´
limpeza;
nobreza.
Tabela 4.6 – Principais Sufixos Acentuados utilizados em Língua Portuguesa.
(Fonte: HÜBER, 1986 [1933], pp. 272 – 276).
Obs.: 1) Foi respeitada a ortografia utilizada na obra; 2) O tracejado “----“ indica dado(s) não pelo
registrado(s) pelo autor.
Hüber classifica os sufixos em átonos e acentuados.
Comparada a gramáticas históricas, sua obra não nos apresenta novidades em
relação aos sufixos: apresenta ao leitor os principais sufixos utilizados em português.
A maior parte dos sufixos é de origem latina, embora o autor não a explicite, dando-
nos apenas o étimo de onde provieram (cf. –ádego (–ádigo) < –aticu, –doiro, –a
(–douro, –a) < –toriu, –a, –ez < –itie, –es < –e(n)se, etc.).
Com certeza, sua obra destaca-se por trabalhar com dados do português
arcaico (“antigo” em sua terminologia). Em “PALAVRAS PRÉVIAS”, de Luís Felipe
Lindley Cintra, ele assim se refere à gramática de Hüber:
É ela, até hoje, o único manual que procura descrever em conjunto a
gramática da língua em que estão escritos os textos da primeira época da
língua do ocidente peninsular, entendendo-se por primeira época o período
que se estende desde o aparecimento dos primeiros documentos não-
literários e literários nela parcialmente ou totalmente redigidos até fins do
séc. XV. (HUBER, 1986 [1933, 1ª. ed.], p. IX).
118
4.2.6 Theodoro Henrique Maurer Junior
Maurer Junior (1951) observa que as línguas românicas, com a necessidade
de ampliar o vocabulário herdado do latim, utilizaram-se de recursos vernáculos
latinos de ampliação lexical: composição e derivação.
Para o referido autor (1951, p. 85), “[...] os grandes empréstimos na fonte latina
são os léxicos”, embora a contribuição mais importante tenha sido a de
“proporcionar-lhes recursos mais variados da derivação, embora não seja o latim,
sobretudo antigo, a única fonte de seu enriquecimento.”
De acordo com sua posição,
[...] estes processos novos o às línguas românicas a grande
facilidade de criação de palavras que as caracteriza hoje, embora não
consigam, neste ponto, emparelhar com as línguas germânicas, sobretudo
na composição, onde aquelas guardam muito da velha flexibilidade indo-
européia. (MAURER JUNIOR, 1951, p. 85).
Maurer Junior, valendo-se de Meyer–Lübke (1923)
10
, adverte-nos de que
Se, na derivação, as línguas românicas revelam uma riqueza e uma
variedade muito superior à do latim, na composição elas têm maior
flexibilidade, quer por desenvolverem os tipos antigos, quer por criarem
outros novos. (MEYER–LÜBKE , 1923, apud MAURER JUNIOR, 1951, p.
85).
Evidencia-se, ainda, que os prefixos e sufixos são comuns às línguas
românicas do Ocidente, mas, notadamente a prefixação não pertencia ao latim
vulgar, como presumem muitos autores; os ricos processos de composição e
derivação desenvolveram-se no baixo latim e no latim medieval, entrando por estes
canais para as línguas românicas ocidentais. As criações lexicais românicas são, por
esta razão, posteriores ao latim vulgar.
_______
10
MAURER Jr. refere-se a MEYER-LÜBKE, W. Grammaire des langues romanes. Trad. francesa.
New York, 1923 (reimpressão).
119
Para Maurer Junior, merece ser salientado também que
[...] um número enorme de derivados pertence ao Ocidente todo,
indicando que as línguas do grupo não têm os mesmos sufixos, prefixos,
etc. à sua disposição, mas empregam abundantìssimamente nos mesmos
casos estes recursos, isto é, formam com eles as mesmas palavras. [...] o
vocabulário neo-latino é fruto de uma elaboração comum, e não trabalho
isolado das diversas línguas” (MAURER JUNIOR, 1951, pp. 87 – 88)
Em relação à sufixação propriamente dita, Maurer Junior (1951) reconhece
seu caráter primitivo, originado no latim vulgar e lista os principais sufixos presentes
nas nguas românicas, tece comentários sobre eles e apresenta abundante
exemplificação
11
:
Deverbais em –Us e –A: formam substantivos de verbos, principalmente em –are.
É um processo que não pertence à língua clássica; destinado a grande
desenvolvimento no romance, começa no latim vulgar, embora não pareça que o
processo se tenha desenvolvido muito aí:
dolus, de dolere: rom. dor, it. duolo, fr. ant. duelo, esp. duelo, port. ;
*tima, de timere: rom. teamă, it. tema, fr. ant. crieme, com a mesma alteração do
verbo cf.: criembre, fr. moderno craindre;
*constus: rom. cust = vida, it. costo, fr. coût, esp. costo, port. custo;
*captia: rom. cată (espécie de casaco), it. caccia, fr. chasse, prov. casa, esp. caza,
port. caça.
–ÍA: sufixo de origem grega; é de importação culta e foi introduzido em época tardia
pelos escritores cristãos dos séculos 4 e 5 provavelmente. No Oriente, aparece des-
_______
11
Faremos um recorte de alguns exemplos, principalmente utilizados em português, dada a
abundância dos mesmos na referida obra. Os exemplos estão em negrito na obra do autor. Sobre os
principais sufixos, comentários e exemplificação sobre eles, consulte-se MAURER Jr., 1951, páginas
88 a 120.
120
de o século 5, tendo sido introduzido em latim em época anterior. Grandgent
(1928)
12
o menciona entre os sufixos do latim vulgar, tomados do grego.
Na Dácia, revela grande vitalidade (cf. domníe = de domm = senhor,
prieteníe, de priéten = amigo, etc.) e existe o sufixo composto –aríe: lemnaríe =
lenharia, brânzarie = queijaria.
Documenta-se nas línguas do Ocidente, em que o processo é vivaz na fase
romance antiga. Em português, podemos citar a exemplificação que segue:
port. alegria; cortesia; companhia; senhoria;
port. ant. gelosia (ciúme, zelo).
–IA: sufixo latino e átono era da língua clássica. Ficou no baixo latim e no latim
medieval, por onde entrou nas línguas românicas, entretanto, com função mais
restrita: formar nomes próprios de países e regiões, derivados de nomes e povos.
Com exceção do francês onde não de distingue de ía, é um processo erudito
de largo uso nas línguas românicas.
É considerado o sufixo geográfico por excelência na România moderna, no
entanto, já existiam freqüentes confusões com –ía, provavelmente de influência
francesa, mas nem sempre. A forma átona é a usual do sufixo que continua com
grande produtividade nas línguas modernas:
port., esp. e it.: Normandia; Lombardia;
port.: Bolívia, Polônia, Prússia, Rússia, Colômbia, Finlândia, Iugo-eslávia,
Sérvia, Lituânia, Estônia, Ucrânia.
Em alguns nomes de países, há hesitações:
port.: Oceânia ou Oceania, Húngria ou Hungria.
–BILIS: sufixo essencialmente literário, Grandgent (1928)
13
o inclui entre os sufixos
do latim vulgar, contudo, observa que ocorre em autores tardios e, particularmente,
em palavras cultas, e Meyer–Lübke
14
observa a grande predileção do baixo latim
para este sufixo e a sua ausência no romeno.
_______
12
e
13
MAURER Jr. refere-se à obra Introducción al Latin Vulgar (tradução espanhola), de
Grandgent. Madrid, 1928.
14
MEYER-LÜBKE, W. Grammaire des langues romanes II, § 408; cf. MAURER Jr., 1951, p. 94.
121
Conservado no baixo latim e no latim medieval (cf. impossibilis,
cognoscibilis, demonstrabilis, probabilis, visibilis, inrevocabilis, inviolabilis,
etc.), cedo adquiriu popularidade nas línguas românicas, muitas vezes, antes da
época literária. O sufixo –bilis faz-se presente nas línguas românicas em muitos
latinismos cultos e em palavras do vernáculo. No português, podem-se citar os
exemplos:
port.: visível;
port. ant.: perduravil, semelhavil, stavil, razoavil, amavil, impossibilies (na Regra
de São Bento);
port.: (latinismos cultos) mutável (cf. mudar), legível, passível, indescritível;
No vernáculo:
port.: cabível, crível, perecível, sofrível, incontável.
–ALIA: sufixo do latim vulgar, contudo, sem grande vitalidade aí, à exceção da Itália
e da Gália, onde parece ter sido bastante vivaz.
No romeno, é raríssimo e ocorre em termos herdados, por exemplo, bătaie
(battualia).
Suas formas nas principais línguas românicas são: aglia (it.), –aille (fr.), –aja
(esp.), vernáculo, e –alla, de importação posterior, –alha (port.):
Exemplos:
port.: antigualha, canalha, limalha, granalha, rocalha, mortalha, medalha;
–ICUS: sufixo latino (cf. dim. -ico (do lat.vulg. -icu-/-iccu-) e frequentemente grego
15
[sic], de acordo com MAURER Jr. (1951, p. 96). É um sufixo genuinamente erudito;
acabou por implantar-se através de numerosos vocábulos introduzidos na România
pelo latim medieval e pela Renascença:
Exemplos:
port.: gálico, itálico, helênico, cívico, diabólico; nos vernáculos: brasílico,
lotérico, pilhérico, químico, rúnico, bombástico, sádico, napoleônico;
_______
15
Parece absurdo um único sufixo ter duas origens distintas, mas MAURER Jr. (cf. 1951, p. 96, sufixo
“–ICUS”) assim o cita. Cremos, no entanto, que o autor, no caso, se expressou mal. Ele queria se
referir à origem latino-vulgar do sufixo e sua utilização, também, em vocábulos do grego.
122
–ALIS: sufixo muito difundido no Ocidente, ao qual se atribui a origem vulgar.
Contribuição do latim literário às línguas românicas.
A hipótese de sua origem culta plenamente se justifica quando examinados
seus derivados.
De largo emprego no baixo latim e no latim eclesiástico, junta-se a temas
latinos e não romances e torna-se relativamente popular nas línguas românicas.
Exemplos:
port.: temporal, divinal, oficial, mensal, vital, legal, anual, manual, clerical,
nacional, liberal;
–ANUS (–ianus): sufixo que forma, em latim, adjetivos de pertença e substantivos
que indicam habitantes de um lugar.
Em português, sua evolução normal pressupõe a queda o n intervocálico; no
francês, a evolução normal do a do sufixo em ai (=depois e). Freqüentemente,
vem precedido de i (-ianos), que após as consoantes m, c, n, r, l, p e b se perderia,
palatizando a consoante, ou sofreria metátese, em termos populares.
Embora pareça de origem popular, o português e o francês não são suficientes
para atestar sua origem verdadeira. Sua origem, entretanto, é bastante remota.
Entwistle (1938)
16
data-a no século 10: resona; temos ainda: padroadigo
(*patronaticu, 1092, séc. XI), partiçoens (partitiones).
Exemplos:
port.: pagão, vilão, hortelão, Romão, ancião; maçã, março, vezo, alçar;
port. arc.: certão [arc. (séc. XIII) mesmo que certo Houaiss, versão eletrônica];
–INUS: sufixo adjetivo que falta em ocorrências com temas latinos, ou, em geral, de
cunho erudito, por isso pode-se concluir que se trata de um sufixo de origem culta
principalmente.
Como não pertencia à tradição popular, quando reaparece por via erudita, seu
emprego limita-se ao uso literário. As línguas românicas parecem apresentar seu
emprego reduzido em adjetivos.
_______
16
MAURER Jr. refere-se a ENTWISTLE, W. J. The Spanish Language. New York, 1938.
123
Tem forma literária no português, onde indica procedência; a forma popular
–inho serve para a formação dos diminutivos em nossa língua e em derivados de
nomes pessoais (antropônimos):
Exemplos:
port.: londrino, platino, sulino, bragantino, maiorquino, marroquino,
alexandrino, nova-iorquino, argelino, manuelino, beneditino, joanino, paulino,
vicentino, ferino, estudantino, bailarino, zebrino.
–NS, –NT (–ANS, –ENS, –IENS): sufixo do particípio presente ativo latino, no
entanto, perdeu, salvo raras exceções, sua função verbal nas línguas românicas,
reduziu-se a formar adjetivos e substantivos verbais de agente ou de instrumento,
os quais, muitas vezes, passam a designar objetos, lugares, nomes abstratos, etc.
A maior parte das palavras formadas por esse sufixo é de formação culta,
latina.
No próprio latim se percebe a tendência a reduzir o particípio presente a
adjetivo ou a substantivo. Suas funções conservaram-se na língua literária até a
Idade Média. Tendo entrado cedo em decadência na língua vulgar, substituiu suas
funções, em parte, pelo ablativo do gerúndio, em parte, como equivalente de uma
oração adjetiva, além de outras funções que se perderam; acabou se cristalizando
como adjetivo e como substantivo, salvo raras exceções. É o processo que se
consumou nas línguas românicas.
Adjetivos:
port.: amante, seguinte, tocante, repugnante, negligente, entrante, maldizente,
humilhante, quente, gritante, falante, corrente, exuberante, obediente;
Substantivos verbais de agente:
port.: comandante, negociante, ajudante, gerente, pedinte, vidente, ouvinte,
lente, oponente, representante, principiante, remetente, despachante, amante;
Outros substantivos verbais:
port.: corrente, crescente, nascente, levante, poente, batente, volante, tirante,
calmamente, estimulante, dormente, corante, vertente, estante;
124
–ANTIA E –ENTIA: sufixo formador de nomes verbais abstratos, a princípio eram
derivados de particípios com a adição de –ia em latim.
Sua existência se documenta no latim vulgar e seu uso parece bastante
antigo, no entanto, sua maior vitalidade documenta-se na língua culta medieval do
que no romance.
Através do latim medieval, é reintroduzido na România, chegando a prevalecer
sobre a forma antiga nos derivados cultos, como ocorre em português e em
espanhol. Também se faz presentes em vocábulos do italiano e do francês, como se
pode verificar nos exemplos abaixo:
Exemplos:
port.: gerência, dependência, traficância, coerência, vigilância, falência,
residência, tolerância, vidência, dormência;
–ARIUS: sufixo do latim vulgar; faz-se presente nas diversas línguas românicas.
Foi bastante vivaz no latim literário da Idade Média, foi reintroduzido em sua
forma culta nas línguas do Ocidente.
Em sua forma erudita serve de compor adjetivos e substantivos numerosos, os
quais, muitas vezes, são simples cópias de seus correspondentes latinos, além de
entrar em criações novas.
Exemplos:
port.: presidiário, partidário, reacionário, temporário, usurário, majoritário,
correligionário, mesário, lendário, expedicionário, fichário, retardatário,
comerciário, industriário, etc.
Um dos mais respeitados filólogos românicos, profundo conhecedor de latim
(em suas vertentes clássica e vulgar), de grego e das línguas neolatinas, Maurer Jr.
traz em sua obra preciosas contribuições acerca dos sufixos e da sufixação,
reconhecendo-a como “[...] um processo de derivação reconhecidamente primitivo,
originado no latim vulgar:” (MAURER Jr., 1951, p. 88).
Ainda relativamente à sufixação, encontramos em sua obra:
[...] Se muitas criações particulares a uma ou duas línguas
[românicas], revelando a vitalidade dêste processo derivativo [sufixação], a
frequencia com que as línguas ocidentais formam as mesmas palavras por
125
êste meio revela que não se trata apenas de uma herança comum no latim
vulgar, mas também de uma unidade linguística moderna. (MAURER Jr.,
1951, p. 91)
Além de trazer o étimo de cada um dos sufixos apresentados, traz uma
excelente e abundante exemplificação da utilização deles nas diversas línguas
românicas (português, francês, espanhol, italiano, romeno, etc.), tanto no que diz
respeito à contemporaneidade quanto às épocas arcaicas dessas línguas neolatinas.
A descrição que Maurer Jr. faz sobre os sufixos presentes na línguas
românicas é bastante detalhada. Por essa razão, podemos dizer que sua obra é
imprescindível a todos os que queiram trabalhar com questões lingüísticas ligadas à
diacronia.
4.2.7 José Leite de Vasconcelos
Na obra de Leite de Vasconcelos, Lições de Filologia Portuguesa (1959) não
um capítulo específico sobre sufixos. Nela encontramos alguns estudos esparsos
bem poucos sobre o tema. De suas idéias principais concernentes ao tema,
destacam-se:
a) sufixos imobilizados ou mortos: aqueles que não são produtivos, isto é,
“[...] não se empregam como tais, existem apenas como restos de usos
passados”; (1959, p. 138)
b) Muitas vezes, há troca de sufixos em relação àqueles esperados:
Arcozêlo (localidades portuguesas, nas províncias de Entre-Douro-e-Minho, e
da Beira); corresponde à galega Arcucélos, na província Orense. Em
documentos dos séculos XI e XIII lê-se Arcozelo, Arcucelo, e Arcuzelo.
Corresponde ao diminutivo ao tipo latino *arcucellus, onde o sufixo cellus se
juntou ao tema, como em navicella, de navi-s, e em mollicellus, de molli-s.
Como diminutivo literário, o esperado seria *arcuculus (cfr. veruculum),
*arculus (cfr. arculum “rodilha”, de formação análoga), ou *arcellus (cfr.
*arcella, de arca).
126
c) Certas palavras terminadas em –ula e –ulus, ou seja, sufixadas substituíram
estas terminações átonas por correspondentes terminações tônicas. Criaram-
se assim novas formas, que umas vezes coexistiram com as primeiras (ainda
que com mudança de significação)
17
:
cátula ránula
catella > cadela ranella > rela
mácula rótula
macella > mazela rotella > rodela
mártulus singulus
martellus > martelo singelus > singelo
spátula singulus
spatella singelus > singelo
d) Há palavras que no masculino têm um sufixo e no feminino outro:
ilhéu (masc.) – ilhoa (fem.) [como se o masculino fosse *ilhão: cfr. insulano]
e) topônimos (em nomes de povoação) que admitem, nos derivados,
pluralidade sufixal:
Bracarense e Braguês; Bragançano, Braganção (antigo) e Brigantino
Lisboa tem Olisiponense (Olisipo)
Lisbonense (Lisboa)
Lisboeta (Lisboa)
Lisboês, Lisbonês e Ulixbonense (em certos textos)
_______
17
Algumas formas cultas permanecem na língua portuguesa contemporânea: mácula, espátula,
espatela, rótula.
127
f) sufixos que são raros, sobretudo na toponímia: -eta (lisboeta); -ato
(maiato); -ôto (minhoto); -engo (or. germ.) (mulherengo; mostrengo); -eno
(madrileno); -éu (romêu (arc.) (romeo) etc.
g) Alguns sufixos são compostos. Confira os topônimos:
Minhoteira (= Minh – ot – eira)
Minderiqueiro (= Minder – iqu – eiro) [sinônimo de Minderico]
h) Certos topônimos derivam de nomes antigos de povoações, ou até de
supostos primitivos (latinizações ou helenizações) de nomes modernos:
Flaviense (Chaves) (> Aquae Flaviae, nome antigo)
Vimaranense (> Vimaranis, nome medieval)
Coliponense (Leiria) (> Collipo, nome antigo)
Albicastrense (Castelo Branco, alatinado em Castrum Album)
Calipolense (Vila Viçosa, helenizado; “bela cidade ou vila”)
i) Podem ocorrer sufixados a outros, isto é, um sufixo se junta a outro sufixo,
podendo ocorrer aglutinação entre eles (cf. –alhão: –alho + –ão; eirão: –eiro +
ão; –açal: –aço, etc.):
fradalhão (> frad –alh –ão)
Poceirão (> Poc –eir –ão)
lamaçal (> lam –ac –al)
pequerrucho (> pequ –err –ucho)
Leite de Vasconcelos, a nosso ver, embora difira bastante dos estudos
realizados pelas gramáticas normativas, não traz importantes contribuições para o
estudo da sufixação em si na língua portuguesa. Sua importância e contribuição
maiores devem-se muito mais aos estudos da toponímia, uma vez que suas
abonações, na maior parte das vezes, apresentam-se ligadas a nomes de lugares
(cidades portuguesas). Se o autor é reconhecido por seus estudos filológicos, tal
fato, com certeza, não se deve ao estudo que realizou sobre a sufixação, a qual
deixou-nos uma pequena contribuição.
128
4.2.8 Sousa da Silveira
Em suas Lições de Português (1960), Sousa da Silveira divide sua obra em
quatro partes:
A. Etimologia; B. Sintaxe; C. Estilística; D. Dialetologia.
Na parte A. Etimologia, no capítulo 11, Etimologia dos prefixos e dos sufixos,
§ 171. afirma:
171. Obs. Muitos dos prefixos e sufixos aqui relacionados não
constituem, em português, elementos vivos de formação de palavras novas,
nem sequer sugerem ao comum das pessoas nenhuma idéia modificada da
significação do radical. Mas como entram na composição de várias palavras
portuguêsas, achamos bom examiná-los para dotar o estudante da
possibilidade de melhor compreender e sentir uma boa parte do vocabulário
da nossa língua. (SOUSA DA SILVEIRA, 1960, p. 90)
A seguir, faz um estudo minucioso dos prefixos e dos sufixos do português,
embora não apresente um conceito relativo aos mesmos, assim distribuídos:
I PREFIXOS
a) Prefixos de origem latina;
b) Prefixos de origem grega.
II SUFIXOS:
a) Sufixos Nominais;
b) Sufixos Verbais;
c) Sufixo Adverbial.
Em relação aos sufixos nominais aqueles que nos interessam nesta tese
indica-lhes a origem, na sua maioria latina, ou outras (ibérica, espanhola,
germânica, grega).
Ao término do capítulo, em OBSERVAÇÕES, lembra-nos de que:
a) palavras que sofreram modificações semânticas. Muitos vocábulos,
diminutivos na forma, deixaram de o ser no sentido e exemplifica:
caneta corpinho (peça de vestuário)
folhinha (calendário) abelha (< dim. apicula)
129
ovelha (< dim. ovicula)
camisola - sentido diminutivo
- sentido aumentativo (blusa de operário ou camisa ampla, como é
a de dormir dos brasileiros em alguns pontos do Brasil.
A obra de Sousa da Silveira (1960), embora ligada diretamente à Filologia
Portuguesa, já no início do referido capítulo, no parágrafo 171., p. 90, adverte o leitor
menos atencioso ou despreparado, em relação aos sufixos e aos prefixos: “[...] Mas
como entram na composição de várias palavras portuguêsas, achamos bom
examiná-los para dotar o estudante da possibilidade de melhor compreender e sentir
boa parte do vocabulário de nossa língua.” Faz um levantamento bastante exaustivo
dos mesmos, principalmente daqueles provenientes de étimos do latim e do grego
sem se esquecer de outras línguas das quais os mesmos provieram mostra a
categoria de palavra que costumam formar e traz sua semântica; além do mais, o
amplamente exemplificados, como podemos observar na seleção abaixo:
Sufixo –al
Quadro 4.7 – O sufixo –al em Português
Fonte: SOUSA DA SILVEIRA (1960, p. 93)
Sufixos –ádego, –agem e –ático
Quadro 4.8 – Os sufixos –ádego, –agem e –ático em Português
Fonte: SOUSA DA SILVEIRA (1960, p. 96)
al <
ale.
Substantivos: lugar plantado ou coberto de alguma coisa, terreno,
coleção, objetos: olival, pinhal ou pinheiral, bananal, bambual, laranjal, taquaral,
rosal, nabal, trigal, arrozal, milhal, milharal ou milheiral, cafèzal ou cafeeiral,
sarçal, azinhal, zorzal, chavascal, areal, lodaçal, lamaçal, colmeal, dedal,
cabeçal, punhal.
Também adjetivos: oval, piramidal, teatral, etc.
ádego
–agem (pelo francês) < –atĭcu. Substantivos: impôsto, renda, fôro, cargo, dig-
–ático nidade, aglomeração, coleção, ação: padroádego, pa-
pádego, cardiálego, messiálego, portagem, viagem,
romagem, raspagem, ferragem, folhagem, plumagem,
viático.
Também adjetivos: selvagem, selvático, errático.
130
Sufixo –ejo
Quadro 4.9 – O sufixo –ejo em Português
Fonte: SOUSA DA SILVEIRA (1960, p. 95)
A obra de Sousa da Silveira também não traz inovações em relação à
sufixação; suas listas de sufixos e prefixos assemelham-se bastante às
apresentadas pelas gramáticas normativas contemporâneas da língua portuguesa.
Bastante diferente de obras correlatas, a inovação de sua obra, cremos, fica
por conta da divisão da mesma em quatro partes, assim distribuídas: A.
ETIMOLOGIA (engloba os estudos de Morfologia), B. SINTAXE, C. ESTILÍSTICA, D.
DIALETOLOGIA, principalmente nos estudos realizados nessas duas últimas partes.
4.3 O Sufixo nos estudos de Gramáticas Normativas da Língua Portuguesa:
Vejamos a posição de alguns especialistas sobre os sufixos e/ou a sufixação
em Gramáticas Normativas da Língua Portuguesa:
4.3.1 Fernão de Oliveira
Fernão de Oliveira é o autor da primeira Gramática da Língua Portuguesa,
publicada em 1536. Em sua obra, faz, como observa BUESCU (1975, p. 20)
18
, “[...]
efectivamente um conjunto de curiosas reflexões, de tipo ensaístico; em suma, uma
miscelânea linguística e cultural.”
O referido autor não traz um capítulo específico sobre a estrutura das palavras,
ou melhor, “dicções”
19
, em sua terminologia, nem sobre os processos de formação
de palavras em língua portuguesa. Contudo, Oliveira trata das “dicções” em dez
Capítulos (do XXX ao XXXIX), num total de vinte páginas.
_______
18
Utilizamo-nos de BUESCU, Maria Leonor Carvalhão. A Gramática da Linguagem Portuguesa.
Introdução, leitura actualizada e notas. Lisboa, INC – CM, 1975.
19
Dicção, vocábulo ou palavra, tudo quer dizer uma coisa. E podemos assim dar sua definição:
palavra é voz que significa coisa ou acto ou modo: coisa, como artigo e nome; acto, como verbo;
modo, como qualquer outra parte da oração, as quais, como significam e que coisas, actos ou modos
ejo.
Parece de origem espanhola. Substantivos diminutivos, quase sempre com
sentido pejorativo: lugarejo, animalejo.
131
Sobre a Gramática da Linguagem Portuguesa, é importante ressaltar:
À extensa parte dedicada à descrição fonética segue-se um breve
estudo da morfologia, ou melhor, de alguns problemas morfológicos, sem
seqüência ou planificação: derivação e composição, flexão dos nomes,
alguns pronomes, plural dos nomes terminados em ão e em consoante,
conjugação dos verbos. Termina com uma página dedicada à construção
(sintaxe). (BUESCU, 1975, p. 21)
Em relação à curiosa nomenclatura utilizada por Fernão de Oliveira, cumpre-
nos salientar:
Por outro lado, um dos aspectos curiosos da obra de Oliveira consiste
na adopção de uma nomenclatura original, muito expressiva e notavelmente
inovadora (palavras apartadas e juntas, mudadas, primeiras, tiradas), a
qual, aliás, não virá a ser utilizada pelos gramáticos posteriores. (BUESCU,
1975, p. 21)
Algumas “dicções” da língua portuguesa nasceram entre nós; outras são
antigas e supõe-se que vieram de outras línguas, são, portanto, importações
estrangeiras, embora não se possa provar com exatidão. Por exemplo:
pelote > pele; capa-pele (no tempo do Rei D. Afonso Henriques)
sisa (no tempo do Rei D. João)
Fernão de Oliveira cita vários exemplos, baseado na analogia, na comparação
ou na etimologia. Vejamos alguns casos:
Aveiro (topônimo) porque nessa terra morava um caçador de aves, ao qual,
de alcunha, chamaram aveiro;
Santarém (topônimo) deve ter se chamado Santereia, de acordo com sua
etimologia;
_______
são estes que significam, di-lo-emos em outra parte onde falaremos das partes da oração.”
(OLIVEIRA, apud BUESCU, 1975, p. 81 – 82).
132
homem assim se chama porque é o meio de todas as coisas; > latim
“homo”;
mulher assim se chama porque é mole; > latim “mulier”;
velho recebe esta denominação porque viu muito;
candeia vem do latim candela; etc.
Fernão de Oliveira em sua obra trata das seguintes “dicções: alheias,
comuns, apartadas, simples ou singelas, inteiras, juntas ou compostas (nome dado
pelo latinos), velhas, novas, usadas (gerais x particulares), próprias, mudadas,
primeiras (primitivas para ao latinos) e tiradas.
Para este trabalho, interessam-nos mais de perto as seguintes:
a) dicções juntas: chamadas compostas pelos latinos. Suas partes significam ou
podem significar, por essa razão são dicções por si, ou podem ser também partes de
outras dicções de que se serviram. Podem se ajuntar diversas dicções ou suas
partes, fazendo uma só dicção:
contrafazer estorvar
refazer arranhar
desfazer aconselhar
abastança revender
abertura desimpedir
Alguns vocábulos supostamente derivados apresentavam o prefixo e/ou o
sufixo em seu étimo, tendo vindo, por esta razão, formados para a língua
portuguesa; outros, ao contrário, incorporaram o prefixo e/ou o sufixo à forma
primitiva. Confira alguns exemplos de acordo com o Houaiss, versão eletrônica:
abastança
ETIM abastar + -ança;
abertura
ETIM lat.tar. apert
ra,ae 'ação de abrir, abertura, orifício';
desfazer
ETIM
des-
+ fazer;
estorvar ETIM lat. exturbo,as,
vi,
tum,
re 'lançar fora, fazer sair à força,
expulsar, banir; esborralhar, deitar abaixo, demolir' fig. 'perturbar, transtornar,
confundir'.
133
b) dicções primeiras: chamadas de primitivas pelos latinos; seu nascimento não
procede de nenhuma outra parte mais que da vontade daquele que primeiro a
nomeou:
manta esteira
candeeiro > candeo, candes (latim) = resplandecer
c) dicções tiradas: chamadas de derivadas pelos latinos; seu nascimento provêm
de outras dicções, de onde são tiradas:
tinteiro > tinta
velhice > velho
honrada > honrar
Neste caso, encontram-se, de acordo com Fernão de Oliveira, as palavras
derivadas por sufixação.
No Capítulo XL Da analogia, Oliveira faz-nos refletir sobre a importância das
“dicções”, assim referindo-se a elas:
Assim como a diferença das dicções faz conhecer as diversas coisas
uma das outras, segundo fica dito, também assim a semelhança das
dicções nos abre caminho para que conheçamos umas coisas por outras,
segundo que têm alguma semelhança ou parecer entre si. E, portanto, os
nomes se conhecem dos verbos e os verbos com os nomes das outras
partes, porque são diferentes uns dos outros, e os nomes se conhecem por
outros nomes, e os verbos por outros verbos, porque são em alguma coisa
e voz semelhantes, cada parte destas, com as outras do seu género.
(OLIVEIRA, 1536, apud BUESCU, 1975, p. 101 – 102).
Embora Fernão de Oliveira o se refira em nenhum momento em sufixo em
sua obra, mas apenas em “dicções” e de seus tipos existentes, ou seja, de suas
classificações e exemplificação, pode-se afirmar que foi um pioneiro em seu tempo,
tendo escrito a nossa primeira gramática.
Apesar de os gramáticos que se lhe seguiram não terem utilizado sua
nomenclatura gramatical, uma “nomenclatura original, muito expressiva e
134
notavelmente inovadora”, como nos afirma Buescu (1975, p. 21), o autor nos deixa
importantes contribuições.
É importante não nos esquecermos, no entanto, da época em que o autor
viveu o século XVI, em pleno Renascimento e de suas contribuições gramaticais
para a época e local em que produziu sua Gramática da Língua Portuguesa, abrindo
caminho para outros gramáticos de sua época e de séculos posteriores.
4.3.2 Júlio Ribeiro
20
A Grammatica Portugueza, de Júlio Ribeiro, foi publicada pela primeira vez
em 1881 e teve inúmeras edições, apesar disso envelheceu superada pelos estudos
de filólogos que o sucederam.
A Grammatica Portugueza é dividida em duas partes: a Primeira Parte trata
da Lexeologia e contém o Livro Primeiro (com três secções) e o Livro Segundo (com
três secções); a Parte Segunda, que trata da Syntaxe Generalidades, no Livro
Primeiro (com duas secções), no Livro Segundo, que contém a Syntaxe logica (três
secções), no Livro Terceiro, têm-se as Regras de syntaxe e da Morfologia (Classes
de Palavras), embora o autor não utilize esse último termo (contém X capítulos); no
Livro Quatro, temos os Additamentos (Pontuação, Emprego de lettras maiúsculas,
Estylo, Vícios, etc.), num total de seis capítulos. Seguem-se a esses Livros: Annexos
(quatro capítulos) e Additamentos (dois capítulos).
É o Livro Segundo da Primeira Parte, Secção terceira, intitulada Etymologia, a
que mais de perto nos interessa para este estudo, sobretudo os 2º. e 3º. Parágrafos,
onde o autor trata de substantivos derivados.
Nos §
s.
276. a 279., Júlio Ribeiro assim define afixo, apresenta sua divisão e
exemplificação:
276. Affixo é a palavra que, ajuntada a uma palavra existente ou
ao seu thema, lhe modifica a significação por meio de uma idéia accessoria
que lhe acrescenta, ex.: de Fórma, refórma (fórma nova); –de guerra,
guerreiro (homem que faz a guerra).
______
20
Utilizamo-nos de RIBEIRO, J. Grammatica Portugueza. Decima Primeira Edição. Bello Horizonte,
Livraria Francisco Alves & C., 1913. A 1ª. edição data de 1881.
135
277. Dividem-se os affixos em prepositivos (que se põem antes do
thema) e pospositivos (que se põem depois do thema).
278. Os affixos prepositivos chamam-se prefixos: os pospositivos
chamam-se suffixos.
Prefixos ha que não alteram a significação do thema; chamam-se
expletivos, ex. Atambor.
279. As palavras formadas de outras por meio de affixos chamam-se
derivadas-compostas.
A seguir, Ribeiro apresenta ao leitor os principais prefixos
s.
280. a 282.) e
suffixos portuguezes
s
283. a 285.).
De acordo com sua posição, os sufixos portugueses são numerosos, sendo
alguns derivados de formas latinas e outros, das formas aumentativas, diminutivas e
pejorativas da própria língua.
sufixos que se juntam ao radical de substantivos, de adjetivos e/ou de
verbos. A seguir, exemplificaremos os dois primeiros tipos, que são os que
interessam a este trabalho. Ambas as tabelas são de nossa autoria e baseiam-se na
obra de Júlio Ribeiro (1913):
PRINCIPAIS SUFIXOS QUE SE JUNTAM AO RADICAL DE SUBSTANTIVO:
SUFIXO /
ORIGEM:
SEMÂNTICA: EXEMPLOS: OBSERVAÇÃO (ÕES) DO
AUTOR:
aço
presente em nomes
que indicam
percussão, golpe
Lançaço
[golpe
dado com a lança;
m. q.
lançada
]
pistolaço
Esta formação é muitíssimo usada no Rio
Grande do Sul, por influencia do Hespanhol
das republicas limitrophes.
ada
presente em nomes
que indicam a idéia de
percussão e acto
Estocada,
facada
pedrada
rapaziada
Muito peculiar da lingua portugueza, no
sentido indicado. Exprime tambem a
idéa de porção e de tempo, ex.:
Alvorada, barrigada, caldeirada,
mesada, noitada, pratada, temporada,
tigellada.
ado
latim
exprime dignidade,
profissão.
Condado
consulado
ducado
-----------------------------------------------------
136
“atus”
episcopado
marquezado
profesorado
al
exprime colleção,
quantidade das
cousas significadas
Areial
colmeal
faval
feijoal
laranjal
olival
tojal [extenso
aglomerado de
tojos (arbustos
de até 2 metros)
em determinada
área]
-----------------------------------------------------
alha
significa
ajuntamento
cordoalha
Aduz por vezes sentido pejorativo á
idéa de ajuntamento, ex.: Canalha,
miuçalha.
aria
exprime sobretudo
estabelecimento e
aglomeração
Hospedaria
ourivesaria
padaria
pastellaria
escadaria
rataria
vozeria
-----------------------------------------------------
ato –
forma
erudita
-------------------------------
Baronato
canonicato
cardinalato
curato
generalato
-----------------------------------------------------
dura
Exprime colleção
completa das cousas
significadas pelos
substantivos a que se
junta
Cercadura
dentadura
pregadura
-----------------------------------------------------
eiro
latim
“arius”
Exprime a idéa de 1)
officio; 2) instrumentos
e receptaculo
Carpinteiro
ferreiro
padeiro
sapateiro
vaqueiro
Significa ainda a pessoa que gosta do
objecto indicado pelo substantivo
radical, ex.: Broeiro (que gosta de
broas, Portugal) crianceiro, janelleiro,
parenteiro (S. Paulo).
137
2) Areeiro
bazeiro
lanceiro
marteiro (ant.)
taboleiro
tinteiro
Tabela 4.10 – Principais Sufixos que se juntam ao Radical do Substantivo.
(Fonte Consultada: RIBEIRO, 1913, p. 172 – 175, § 283.)
Obs.: 1) Foi mantida a ortografia, tal qual se encontra na obra; 2) O tracejado “----“ indica informações
não indicadas pelo autor.
SUFIXO: EXEMPLOS:
aria
Porcaria enfermaria
encia
Assistencia continencia prudencia
eza
Certeza firmeza frieza
justeza redondeza simpleza
idade
Fidelidade fragilidade mortalidade mundanidade
pouquidade sensibilidade simplicidade
ismo
Atavismo culteranismo gallicismo germanismo
latinismo maneirismo pedantismo
mento
Contentamento sacramento
ura
Amargura friura loucura mistura
negrura seccura verdura
Tabela 4.11 – Sufixos que se juntam ao Radical do Adjetivo.
(Fonte: RIBEIRO: 1913, p. 175 – 176, § 283.)
Obs.: Foi mantida a ortografia, tal qual se encontra na obra.
Apesar do tempo que nos separa da época em que a obra de lio Ribeiro foi
publicada, ela se manteve em voga por um período bastante extenso, basta verificar
o número de edições que ela teve, e influenciou diversos gramáticos
contemporâneos seus. Sua obra, pode-se dizer, tornou-se um clássico em relação
às Gramáticas de Língua Portuguesa publicadas no Brasil e ainda é amplamente
utilizada em citada por pesquisadores contemporâneos.
138
Comparativamente às obras atuais, não apresenta, em relação ao estudo dos
sufixos, grandes novidades, permanece como nossas gramáticas contemporâneas
da língua portuguesa, com: a) a definição do sufixo; b) principais sufixos utilizados
em português; c) principais significados atribuídos aos sufixos; d) exemplificação dos
tipos de sufixo. Além do mais, em relação a eles, não uma uniformidade na obra:
o autor cita a origem de alguns poucos sufixos nominais. Em relação aos sufixos
adjetivais, citam-se apenas os sufixos utilizados na formação de adjetivos
portugueses e sua exemplificação; não a origem dos mesmos nem seus
principais significados.
4.3.3 João Ribeiro
21
Divide-se a Grammatica Portuguêsa de João Ribeiro (1926, 89ª. ed.) em
quatro partes, assim distribuídas: I Os sons; II Classificação; III Das Fórmas e
IV – Syntaxe.
É na parte III Das Fórmas (Morphologia) que o autor examina os elementos
ou partes do vocábulo. Para ele, podem notar-se nas palavras duas espécies de
elementos componentes:
1º. Radical ou thema: parte que exprime a idéia principal; constitui muitas vezes por
si só todo o vocábulo: acção, livro, raiva, mesa.
2º. Affixos: partes que exprimem idéias menos importantes ou accesorias; podem
deixar de existir, e aparecem juntas, antes ou depois do radical: in –acção; livr –aria;
raiv –oso.
Nos exemplos supracitados, a idéia principal acção é modificada pelo affixo in,
que exprime negação: inacção o acção, repouso; o radical livro é modificado
pelo affixo aria, que denota augmento, abundancia: livraria colleção, multidão de
livro; o radical raiva é modificado pelo affixo oso, que exprime abundancia: raivoso
cheio de raiva.
_______
21
A 1ª. edição da Grammatica Portuguêsa, de João Ribeiro, data de 1906. Utilizamo-nos de
RIBEIRO, J. Grammatica Portuguêsa. 89ª. ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1926.
139
Os affixos têm duas denominações:
prefixos: quando se colocam antes do radical: in –acção;
suffixos: quando se colocam depois do radical: livr –aria; raiv –oso.
Na Parte III Das Fórmas, no subitem “Dirivação. [sic] Suffixos”, o autor
acrescenta-nos: “As palavras derivadas, em geral, formam-se com os suffixos.”
(Ribeiro, 1926, p. 54, grifo nosso)
João Ribeiro (op. cit.) lista, nas páginas 54 a 56, os “suffixos mais
frequentemente observados”, classificando-os em suffixos de substantivos,
suffixos de adjetivos, suffixos verbaes e suffixo adverbial, além de exemplificá-
los. Na tabela a seguir, de nossa autoria, baseada em Ribeiro (op. cit.), agrupamos
os sufixos apresentados pelo autor, mostramos sua semântica e exemplificação:
SUFFIXOS
Suffixos de Substantivos
–AÇÃO consideração
–IDADE acto............................ claridade
–IDA .................................................................. saída
–URA ...................................................... queimadura
–ADA golpe................................... paulada, estocada
–AL união continua........................... cafezal
–EDO arvoredo
–ARIO seres que produzem.... estatuario
–EIRO pinheiro, pedreiro
–EIRA roseira, carpinteiro
–ÃO augmentativos masculi- carão
–AZ nos............................................. velhacaz
–AÇO bagaço
–IA multidão...................................... penedia
casamento
–MENTO I acto duradouro........ sentimento
140
Suffixos de adjetivos
–AÇÃO consideração
–IDADE acto............................ claridade
–IDA saída
–URA queimadura
–ADA golpe........................................... paulada,
estocada
–AL união continua....................... cafezal
–EDO arvoredo
–IA multidão....................................... penedia
–ARIO seres que produzem estatuario
–EIRO pinheiro, pedreiro
–EIRA roseira, carpinteiro
–MENTO I acto duradouro............ casamento
sentimento
ÃO augmentativos mas- carão
AZ culinos.................... velhacaz
AÇO bagaço
AVEL aptidão.................... louvavel
IVEL comprehensivel
UVEL soluvel
OSO cheio de................ chuvoso
UDO cabelludo, pelludo
Tabela 4.12 – Principais suffixos utilizados em substantivos e em adjetivos em
Língua Portuguesa
(Fonte: Ribeiro, 1926, p. 56 – 57)
Obs.: Foi mantida a ortografia original apresentada na obra.
4.3.4 Gladstone Chaves de Melo
22
Gladstone Chaves de Melo, na SEGUNDA PARTE de sua Gramática
Fundamental da Língua Portuguesa, MORFOLOGIA, assim se posiciona em relação
ao conceito de sufixo:
_______
22
Utilizamo-nos de: CHAVES DE MELO, G. Gramática Fundamental da Língua Portuguesa: de
acordo com a nomenclatura gramatical brasileira. 3. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978.
141
se viu que a uma raiz se juntam elementos diversos. Em primeiro
lugar, certos elementos fônicos traduzem uma idéia acessória, modificadora
da idéia fundamental da raiz. São os afixos. Quando o afixo antecede a raiz,
chama-se prefixo; quando se lhe segue, denomina-se sufixo. (CHAVES DE
MELO, 1978, p. 49).
A seguir, Chaves de Melo passa a explicar e a exemplificar: a) a formação de
palavras em língua portuguesa e b) o estudo sumário de prefixos e sufixos.
O autor apresenta em sua obra um Estudo Sumário de Prefixos e Sufixos.
Com relação aos sufixos, apresenta listas dos principais sufixos utilizados em Língua
Portuguesa, divididos em Sufixos Nominais (pp. 60 63); Sufixos Verbais (p. 63) e
Sufixo Adverbial (p. 63).
Apresentamos na tabela abaixo, organizada por nós, os principais sufixos
nominais apresentados pelo autor. Sem a pretensão de listarmos todos os sufixos
apresentados por Chave de Melo, fizemos um recorte de alguns sufixos que mais
diretamente estão ligados ao nosso trabalho:
SUFIXOS: SINTAXE-SEMÂNTICA E EXEMPLIFICAÇÃO:
–ada
–ado
–ato
–ida
–ido
Sufixo formativo de substantivos. Originariamente é o formador do particípio
passado de verbos, e pode significar:
“golpe, ferimento” : punhalada, pedrada, chifrada, dentada, cabeçada, palmada,
navalhada, pincelada;
“coleção de objetos de uma espécie” : boiada, papelada, meninada, moçada,
ossada, galhada;
doces e bebidas preparados com a substância indicada pela raiz” : cajuada,
marmelada, laranjada;
“medida” : colherada, garfada, batelada;
“espaço de tempo” ou “duração da ação” : jornada, reinado, papado, consulado;
Utilizados na “nomenclatura científica” : silicato, sulfato, clorato, permanganato.
–ádego
–agem
–ático
Pode formar substantivos ou adjetivos, com as idéias de:
“dependência: selvagem, viagem, homenagem;
“coleção” : plumagem, folhagem, roupagem, pastagem;
“imposto, foro: fumagem, portagem, barcagem;
“ação ou estado” : malandragem, abordagem, hospedagem, estiagem.
142
–ança
–ância
–ença
–ência
Sufixo formativo de substantivos. Significa:
“ação” : matança, esperança, confiança, benquerença;
“resultado: parecença, diferença;
“qualidade, estado” : temperança, perseverança, semelhança.
–doiro
–douro
–tório
Forma substantivos com idéia de:
“lugar onde se realiza a ação” : ancoradouro, bebedouro, sorvedouro, mangedoura,
coradouro, lavadouro, lavatório, oratório, escritório.
–edo
Forma substantivos, com idéia de:
“coletivo”, “lugar onde abunda qualquer coisa” : arvoredo, vinhedo, figueiredo,
olivedo;
“objeto isolado de grande porte” : rochedo, penedo.
–eiro
É a forma vernácula de –ariu. Indica:
“indivíduos pela sua profissão: sapateiro, vendeiro, leiteiro, carroceiro.
Forma adjetivos : grosseiro, dianteiro, fronteiro, certeiro, costeiro, pas-sageiro.
–ês
–ense
Forma adjetivos, indicando:
“origem, naturalidade” : português, francês, inglês, fluminense, ateniense,
bracarense.
–ez
–eza
Forma substantivos abstratos, derivados de adjetivo: altivez, palidez, surdez,
avareza, riqueza, tristeza, beleza.
–ura
–dura
–tura
Forma substantivos, com idéia de:
“resultado da ação” : tintura, mordedura, travessura, escritura, semeadura, atadura.
–vel
Forma adjetivos, com a idéia passiva. Indica:
“digno de ser: amável, estimável, louvável, impagável.
Tabela 4.13 – Principais Sufixos Nominais: Sintaxe-Semântica e Exemplificação.
(Fonte: Chaves de Melo, 1978, p. 61 – 63)
Chaves de Melo faz, de seu estudo, um estudo bastante tradicional ao
apresentado por outras gramáticas do Português Contemporâneo: uma lista dos
principais sufixos, com a classe de palavras que formam (sua sintaxe), com os
principais significados dos sufixos (semântica) e com exemplificação de cada caso.
Contudo, o referido autor ressalta que não é raro uma palavra apresentar dois
ou três prefixos (cf. “desincompatibilizar” dois prefixos (des– e a–) sob a
perspectiva sincrônica; três prefixos (des– , a– e com–) sob a perspectiva diacrônica
ou dois ou três sufixos (cf. “portinhola”
dois sufixos –inh e –ola). Admite também:
143
Aqui [refere-se aos principais prefixos e sufixos utilizados em
português] só poderemos fazer um estudo sumaríssimo da matéria,
inclusive porque ela é das mais complexas. Ao longo da história da língua
os prefixos e sufixos foram adquirindo novos significados , foram perdendo
antigos ou foram-se esvaziando de qualquer significação. [...]
Insistindo: é dos mais difíceis e complexos o estudo dos prefixos e
sufixos. Aqui ficaremos só nos rudimentos. [...] (CHAVES DE MELO, 1978,
pp. 56 – 57).
4.3.5 Celso Ferreira da Cunha & Luís Felipe Lindley Cintra
Para Cunha & Cintra (1985, p. 79), os sufixos, assim como os prefixos,
são afixos, ou morfemas derivacionais, “elementos que modificam geralmente
de maneira precisa o sentido do radical a que se agregam.”
Os sufixos são afixos que se pospõem ao radical, enquanto os prefixos
se antepõem a ele.
Assim como as desinências, os sufixos unem–se à parte final do radical
transformando-o substancialmente, enquanto aquelas caracterizam apenas o
gênero, o número ou a pessoa da palavra, sem lhe alterar o sentido lexical
ou a classe morfológica. Essa distinção nem sempre é observada pelos
lingüistas modernos e pertence à análise mórfica tradicional.
Considerem-se os exemplos:
cheirosas: cheir– = radical
–os = sufixo formador de adjetivo – indica “provido ou cheio de”
–a = desinência de gênero (feminino)
–s = desinência de número (plural)
brasileiros: brasil– = radical
–eir = sufixo formador de substantivo/adjetivo – indica “nacionalidade,
origem ou proveniência”
–o = desinência indicativa de gênero (masculino)
–s = desinência de número (plural)
144
gataria: gat– = radical
–ária = sufixo formador de substantivos – indica “noção coletiva”
Ø = desinência de número (singular) (em oposição à forma plural)
Os autores também classificam os sufixos em três grupos, a saber:
a) sufixo nominal – aglutina-se a um radical originando um substantivo ou adjetivo:
pont –eira, pont –inha, pont –udo;
b) sufixo verbal – liga-se a um radical , originando um verbo:
bord –ejar, suav –izar, amanh –ecer;
c) sufixo adverbial – o sufixo –mente, acrescentado à forma feminina de um
adjetivo:
bondosa –mente, fraca –mente, perigosa –mente
A seguir, Cunha & Cintra traz-nos listas com os principais sufixos nominais,
sufixos aumentativos, sufixos diminutivos, sufixos diminutivos eruditos, outros sufixos
nominais (1. formadores de substantivos de outros substantivos; 2. formadores
de substantivos de adjetivos; 3. formadores de substantivos de substantivos e
adjetivos; 4. formadores de substantivos e adjetivos de outros substantivos e
adjetivos; 5. formadores de substantivos de verbos; 6. formadores de adjetivos de
substantivos; 7. formadores de adjetivos de verbos), sufixos verbais, sufixo
adverbial com seus sentidos e exemplificação, das quais, sem a pretensão de as
esgotarmos, colhemos os exemplos abaixo selecionados:
SUFIXOS: SENTIDO: EXEMPLIFICAÇÃO:
–ada
a) multidão, coleção .............................................................
b) porção contida num objeto ...............................................
c) marca feita com um instrumento ......................................
d) ferimento ou golpe ...........................................................
e) produto alimentar, bebida ................................................
f) duração prolongada. .........................................................
g) ato ou movimento enérgico ..............................................
boiada, papelada
bocada, colherada
penada, pincelada
dentada, facada
bananada, laranjada
invernada, temporada
cartada, saraivada
–ário
a) ocupação, ofício, profissão .................................
..............
b) lugar onde se guarda algo .................................
...............
operário, secretário
herbário, vestiário
145
–ção
são
ação ou resultado da ação....................................................
nomeação, traição
agressão, extensão
–douro
tório
lugar ou instrumento da ação ...............................................
bebedouro, suadouro
lavatório, vomitório
–(d)ura
–(t)ura
(s)ura
resultado ou instrumento da ação, noção
coletiva...........................................................
.......................
pintura, atadura
formatura, magistratura
clausura, tonsura
Tabela 4.14 – Os sufixos nominais em Língua Portuguesa: seus principais sentidos e
exemplificação.
(Fonte: Cunha & Cintra, 1985, p. 67 – 72)
A obra de Cunha & Cintra (1985), por se ligar à gramática normativa, é
bastante tradicional.
Partindo do conceito de sufixo, os autores o diferenciam de desinência.
Também fazem a análise mórfica tradicional dos vocábulos cheirosas, brasileiro e
gataria, decompondo-os em seus elementos mórficos, bem à linha estruturalista.
Relativamente aos sufixos, a obra deles apresenta quadros e/ou tabelas dos
principais sufixos utilizados em língua portuguesa, assim como os principais sentidos
e exemplificação com relação a cada sufixo apresentado.
4.3.6 Evanildo Bechara
Para Bechara (1999), sufixo é um elemento mórfico que se junta ao final de
uma base e constitui-se uma forma presa, uma vez que não tem curso independente
na língua para formar novas palavras, emprestando-lhe uma idéia acessória (agente,
estado, instrumento, lugar, qualidade, semelhança etc.) e marcando-lhe a categoria
a que pertence (substantivo, adjetivo, verbo ou advérbio).
Em geral, o sufixo assume uma função morfológica, uma vez que, geralmente,
altera a categoria gramatical do radical (derivante) de que sai o derivado:
Derivante: Derivado:
(Base)
belo (adj.) beleza (subst.)
coroar (verbo) coroação (subst.)
dormir (verbo) dormitório (subst.)
146
lapidar (verbo) lapidário (subst.)
real (adj.) realidade (subst.)
Às vezes, contudo, o sufixo mantém inalterada a categoria da base, como
podemos verificar nos exemplos abaixo:
Derivante: Derivado:
(Base)
árvore (subst.) arvoredo (subst.)
feio (adj.) feioso (adj.)
poeta (subst.) poetastro (subst.)
vidro (subst.) vidraça (subst.)
Os sufixos relacionam a palavra a que se agrega aos nomes aumentativos
(casarão) ou diminutivos (livrinho), aos nomes coletivos (boiada, folhagem, lodaçal),
aos pátrios (brasileiro), aos nomes de agente ou ofício (corredor, secretário,
dentista), aos nomes de ação ou resultado (punição, casamento, formatura,
passeata), aos verbos: indicativos de ação (fertilizar), de ação de pouca intensidade
(chuviscar), de início de ação ou passagem para um novo estado ou qualidade (v.
incoativos) (alvorecer), de repetição de ação (espicaçar, mercadejar, voejar), aos
advérbios de modo (alegremente, suavemente) etc. Por essa razão, os sufixos,
conforme Bechara (1999), distribuem-se em:
a) sufixos nominais – formam substantivos e adjetivos:
anual, aromático, cabeçudo, celeste, escolar, felizardo, laranjal, lavatório,
lisboeta, mercuroso, narrador, ouvinte, parentalha, passeata, pousada,
relicário, viuvez etc.;
b) sufixos verbais formam verbos: apodrecer, bebericar, debilitar, humanizar,
namoricar, saltitar etc.;
c) Sufixo adverbial – forma advérbios. O único em língua portuguesa é –mente,
o qual se prende a adjetivos uniformes, ou quando biformes, à forma
feminina: atualmente, claramente, copiosamente, enormemente,
horrivelmente, sinceramente, sossegadamente etc.
147
O autor ressalta ainda que temos sufixos de várias procedências, os latinos e
os gregos, no entanto, o os mais comuns nas formações eruditas e adverte-nos
de que
Os sufixos dificilmente aparecem com uma aplicação; em regra,
revestem-se de múltiplas acepções e empregá-los com exatidão,
adequando-se às situações variadas, requer e revela completo
conhecimento do idioma. Ao lado dos valores sistêmicos associam-se aos
sufixos valores ilocutórios intimamente ligados aos valores semânticos das
bases a que se agregam das quais não se dissociam.
23
A noção de
aumento corre muitas vezes paralela à de coisa grotesca e aplica-se às
idéias pejorativas: poetastro, mulheraça. Os sufixos que formam nomes
diminutivos traduzem carinho: mãezinha, paizinho, maninho.
24
[...]
(BECHARA, 1999, p. 357).
Bechara lembra-nos ainda de que
a) Alguns sufixos assumem valores especiais: florão não se aplica a flor grande,
mas a uma espécie de ornato em arquitetura.
Outros exemplos:
25
bordão (1. cajado grosso ou vara; 2. palavra, expressão ou frase que um
indivíduo repete viciosamente ao falar ou escrever);
corpete (parte superior da indumentária feminina, ger. Jaqueta ou blusa, de
corte ajustado, com comprimento do colo até a cintura; corpinho, corselete);
portão (espécie de porta de tamanhos e formas variados, que fecha uma
abertura em muro ou grade e que ger. serve para impedir o acesso da via
pública para um local privado e vice-versa, ou entre dois recintos não
cobertos de uma mesma propriedade);
______
23
O autor baseia-se em Rio-Torto, Sistêmica, 203 e ss. Veja a referência completa nas Referências.
24
Os sufixos diminutivos podem também traduzir pejoratividade: mulherzinha, jornaleco, lugarejo,
casebre, ruazinha, etc. fato não ressaltado por Bechara (1999). A bem da verdade, é na enunciação,
situação concreta de comunicação, que teremos o valor exato de uma determinada palavra, em seu
inter-relacionamento com as demais, inclusive das palavras sufixadas.
25
Os significados principais foram coletados em Houaiss, versão eletrônica.
148
vidrilho (cada um dos canudinhos de massa de vidro ou substância análoga
que se enfiam à maneira de contas ou miçangas, us. na fabricação de
bijuterias, ornatos e em bordados).
b) Alguns sufixos perderam o seu significado primitivo. É o que podemos
verificar nos exemplos abaixo:
camisola (Brasil: roupa feminina para dormir, semelhante a uma camisa
comprida ou a um vestido, com ou sem mangas, e de material e comprimento
variáveis);
carreta (1 pequeno carro de duas rodas; 2 veículo tosco puxado por animais,
carroça; 3 carro empurrado à mão, em que se leva o caixão mortuário);
folhinha (calendário)
pastilha (pequena guloseima de açúcar, ao qual se acrescentam corantes
e/ou ingredientes ou essências de vários sabores; bala).
Em relação a esses valores especiais, presentes em a) e b) supracitados,
retomando Cunha & Cintra (1985), os autores lembram-nos de que:
Muitas formas, originariamente aumentativas e diminutivas , adquiriram, com o
correr do tempo, significados especiais, por vezes dissociados do sentido da palavra
derivante. Nestes casos, não se pode mais, a rigor, falar em aumentativo ou
diminutivo. São, na verdade, palavras em sua acepção normal. (CUNHA & CINTRA,
1985, p. 193).
Bechara (1999) considera, em sua gramática, as formas –ífic, –ífer, –duct, e
outros da mesma natureza, elementos sufixais, em formações eruditas greco-
latinas: sudorífico, frutífero, aqueduto etc.
Bechara apresenta ao leitor extensas listas
26
dos principais sufixos utilizados
em língua portuguesa formadores de substantivos, de nomes aumentativos, de no-
_______
26
Cf. BECHARA (1999, p. 358 – 365).
149
mes diminutivos e/ou pejorativos, de adjetivos, de verbos e do sufixo formador do
advérbio, das quais escolhemos alguns casos e exemplos, agrupando-os :
–ura, –dura, –tura: sufixos que formam substantivos indicativos de nomes
de ação ou resultado de ação:
feitura, formatura, mordedura etc.
–douro, –tério, –aria, –bulo sufixos que formam substantivos indicativos
de lugar, meio ou instrumento:
bebedouro, manjedoura, necrotério, dormitório, livraria, tesouraria, sorrate-
ria, turíbulo etc.
–vel, –bil, –ento, –(l)ento, –ano, –ático, –ino, –eo, –timo, –ico, –aico:
sufixos formadores de adjetivos:
aromático, bailarino, corpulento, crível, cruento, flébil, humano, ignóbil,
latino, marítimo, notável, paladino, problemático, público, prosaico, róseo,
solúvel etc.
A obra de Bechara, por se tratar de uma Gramática Normativa é bastante
tradicional, como as demais obras do gênero. No entanto, considerado um dos mais
eminentes gramáticos da atualidade, sua obra mudou bastante se a
compararmos com as primeiras edições da mesma.
O autor tem assimilado em seu trabalho idéias renovadoras, trazidas nos
últimos tempos pelos diversos campos da Lingüística.
Ao conceituar sufixo, Bechara o mostra como uma forma presa (espécie de
morfema aditivo), capaz de modificar a categoria gramatical do radical, fato que
nem sempre ocorre.
De acordo com sua classificação, os sufixos distribuem-se em três classes,
de acordo com os derivados que formam, em: a) sufixos nominais; b) sufixos verbais
e c) sufixo adverbial e, quanto a suas origens, observa que em português
prevalecem os gregos e os latinos, presentes em formações eruditas.
Ainda ligado à tradição gramatical, apresenta “listas de sufixos”, como ocorrem
nas demais gramáticas normativas/prescritivas, entretanto, apresenta os significados
150
principais dos sufixos, geralmente agrupados por finalidades e/ou significado(s) em
comum; sua exemplificação é bastante rica.
Destaques à parte, merecem os sufixos que perderam seu sentido original ou
primitivo, presentes em algumas palavras da língua portuguesa (camisola, bordão,
folhinha etc.).
Sua gramática, pode-se dizer, deve ser lida com bastante proveito e é sempre
um rico material para esclarecimentos de dúvidas e/ou pesquisas em todos os níveis
de ensino.
4.4 O sufixo nos Estudos Lingüísticos
Vejamos como se posicionam alguns lingüistas em relação ao(s) tema(s)
sufixo(s) e/ou sufixação da/na língua portuguesa.
4.4.1 Joaquim Mattoso Camara Jr.
Em sua obra Princípios de Lingüística Geral (1980 [1941, 1 ed.]), no Capítulo
VI Tipos de Morfemas, no § 48. Os afixos, encontramos: em relação à
posição ocupada em referência ao semantema, classificam-se os afixos (morfemas
aditivos) em sufixo, infixo e prefixo, sendo o sufixo a forma recorrente nas
línguas indo-européias.
Mattoso Camara (1980, p. 100) divide os sufixos em dois subgrupos:
a) sufixos lexicais: servem para caracterizar a categoria lexical do “derivado” e
criar novas palavras, ditas DERIVADAS.
Exemplos:
–mento: julgar (verbo) > julgamento (nome)
–oso: forma (nome) > formoso (adjetivo)
b) sufixos flexionais: servem para “flexionar”, isto é, “fletir” ou “dobrar” uma
palavra para uma aplicação particular, estabelecendo um quadro de variações
vocabulares, o PARADIGMA.
151
Uns e outros não são necessariamente formas mínimas, mas se decompõem
em morfemas menores, por exemplo:
–amos: decompõe-se em –a e –mos;
–osa: decompõe-se em –os e –a.
É em História e Estrutura da Língua Portuguesa (1979 [1ª. ed. 1972,
em inglês]), no entanto, que Mattoso desenvolve mais suas idéias acerca dos
sufixos e da sufixação, as quais sintetizamos a seguir.
Mattoso Camara Jr. observa primeiramente que o português, como toda língua
viva, apresenta mecanismos gramaticais para renovar e ampliar o léxico em função
das palavras existentes, tendo herdado do latim a “derivação” e a
“composição”,que são considerados os processos mais fecundos de formação
de palavras em língua portuguesa.
Na “composição”, dá-se uma associação significativa e formal entre duas
palavras, resultando uma nova; na “derivação”, a parte final de uma palavra passa a
ser aplicada a outras, originando novas estruturas léxicas, no entanto, a
significação básica da palavra de que derivam se mantém inalterada.
A derivação, mecanismo discreto em latim clássico, desenvolveu-se
amplamente em latim vulgar.
Em relação aos sufixos propriamente ditos, acrescenta:
Ampliou-se [em latim vulgar] a utilização dos sufixos que já
funcionavam, outros foram remodelados, e novos se introduziram por
combinações, dentro da língua, ou por empréstimo a outra língua, como
especialmente ao grego. (CAMARA Jr., 1979, p. 215)
Com a utilização dos sufixos, houve a tendência de abandonar os segmentos
átonos, preferindo-se nitidamente os marcados pelo acento vocabular.
Câmara Jr. ressalta, do ponto de vista estrutural, duas circunstâncias muito
importantes em relação ao sufixo:
a) A variabilidade do limite entre sufixo e o radical: os sufixos se ampliam ou se
reduzem, no curso da história da língua; às vezes incorporam um fonema do radical
ou destacam de si o que era um seu fonema inicial. Ainda no estágio atual da
152
língua, um dado sufixo pode variar na maneira pela qual entram em palavras
derivadas;
b) A integração no sufixo de uma vogal de tema: acaba por situar a palavra
derivada num tema determinado, independente do tema da palavra primitiva
de que se deriva, e exemplifica:
-ez em palidez
-eza em tristeza
Na palavra derivada, como se pode observar, o sufixo é completado pela sua vogal
de tema e sofrerá a flexão nominal ou verbal.
Em relação à vogal do tema primitivo, quando de sua adjunção à
palavra primitiva, mantém-se condicionada por regras morfofonêmicas, podendo:
a) ser suprimida a vogal átona em contato com outra vogal:
lobinho > lobo
b) reduzir-se e tornar-se incaracterística como “vogal de ligação” entre o radical e a
consoante inicial do sufixo; nesse caso, ocorre quando há aglutinação:
amenidade > ameno + dade (com a redução de –o para –i)
c) se houver aglutinação, o sufixo pode criar uma locução: nesse caso, o
vocábulo fonológico correspondente à palavra primitiva tem a sua flexão ao lado
da flexão no sufixo:
lobazinha
Análise mórfica estrutural:
lob = radical
–a = desinência de gênero (feminino)
–z– = vogal de ligação
–inh = sufixo derivacional
–a = desinência de gênero (feminino)
153
Observa-se que a flexão é duplamente marcada: a palavra primitiva (“lobo) é
marcada quanto ao gênero (“loba”) e também ocorre a marca de flexão de gênero no
sufixo derivacional (“lobazinha).
a possibilidade ainda de divergência formal num sufixo, em virtude de sua
origem popular, erudita ou semi-erudita razão pela qual uma palavra
derivada latina, conservando-se em português, pode ser popular (alterada por leis
fonéticas), ou erudita (sem alteração fonética). Em ambos os casos, o sufixo,
alterado e popular, ou inalterado e erudito, torna-se utilizável em português,
adjungindo-se, indiferentemente, a radicais populares ou eruditos.
A produtividade de um sufixo, como observa o autor,
[...] que lhe individualidade na gramática da língua portuguesa,
decorre do seu destaque de palavras derivadas que vieram tais do
latim ou, por empréstimo, de outra língua. Ou, em termos, dadas
palavras derivadas passam a servir de modelo para a estruturação de
novas palavras, fornecendo no seu elemento final um meio
permanente na língua para novas derivações. Quando tal não acontece,
o sufixo, que pela análise se pode depreender de palavras derivadas
existentes, não é produtivo e não funciona gramaticalmente como
instrumento de criação lexical. (CAMARA Jr., 1979, p. 216)
Camara Jr. observa que certos sufixos, particularmente produtivos, no
português moderno, o capazes de criar adjetivos e substantivos, criação
essa que se dá especialmente em determinadas áreas significativas e funcionais.
Na criação de adjetivos denominais, destacam-se os sufixos:
–os (o, a) > lat. –os (u–): ardiloso < ardil
b) –ud (o, a) > lat. vulg. – ut(u–): pontudo < ponta
Semanticamente, traz a categoria de “excesso”, que lhe uma
conotação pejorativa:
ossudo < osso
bochechudo < bochecha
154
cabeçudo < cabeça
c) di (o, a), pop., –tiv (o, a), erud. > lat. –iu (–u), com a integração da consoante do
sufixo –t (–u–):
escorregadio < escorregar
pensativo < pensar
Os sufixos que criam palavras nominais (essencialmente substantivos) com a
possibilidade de utilizá-los como adjetivos, de acordo com o contexto em que
se inserem, podem designar:
1) Proveniência de uma dada região (nomes gentílicos). Os principais sufixos
utilizados, nesse caso, são:
a) –ês (..., –a) pop., –ens(e), erud. > lat. –ens (e):
burguês < burgo
francês < França
vienense < Viena
Na forma popular, a flexão do feminino se estabeleceu no português moderno,
com exceção de três derivados, utilizados unicamente como adjetivos:
cortês
montês
pedrês
A forma erudita é a mais produtiva no português do Brasil para a criação de
gentílicos:
piauiense < Piauí (nome tupi de um estado brasileiro)
niteroiense < Niterói (nome tupi de uma cidade do Estado do Rio de Janeiro)
catarinense < [Santa] Catarina (estado brasileiro)
155
b) –ão, pop., muito pouco produtivo no português moderno; –an (o, a), erud.,
muito pouco produtivo para adjetivos e gentílicos. Relaciona-se, desde o latim,
às variantes –en (o, a) (com –e– longo em latim), –in (o, a) (com –i– em latim) e
iano (o, a), deduzida de derivados em que uma vogal –i– do radical se integrou no
sufixo. Indica também a qualificação específica quando aplicado a nomes
célebres:
petropolitano < Petrópolis (nome de uma cidade brasileira do Estado do Rio
de Janeiro)
goiano < Goiás (estado brasileiro, nome tupi)
agareno < Agar (para designar os árabes)
italiano < Itália
wagneriano < Wagner
2) Pessoas caracterizadas pela sua atividade social:
a) –ist (a) > lat. –ist (a), que é empréstimo ao grego. Indica nomes relacionados a
uma atividade artística ou científica:
Nomes relacionados a uma atividade artística ou científica:
violinista
cientista
psicologista (ao lado de psicólogo)
Nome gentílico:
campista < Campos
b) –eir (o, a), pop.; ari (o, a), erud. > lat. –ari (u–) que tomou grande extensão em
latim
vulgar (operarius e tabernarius).
Formam adjetivos:
verdadeiro < verdade
diário < dia
156
Caracteriza adjetivamente pessoas em função de dada atividade social ou
são sufixos utilizados na formação de palavras substantivas
27
:
obreiro (orig. pop.) ~ operário (orig. erud.)
No português do Brasil, a forma erudita aplica-se ao assalariado numa dada
profissão:
comerciário (empregado de comércio)
securitário (empregado em companhia de seguros sociais; lat. securitas)
bancário (empregado de banco)
banqueiro (o que possui ou dirige um banco)
O sufixo –eir (o, a) deriva ainda substantivos denominais indicando:
a) a árvore em função do fruto:
pitangueira < pitanga
cajueiro < caju
b) o continente em decorrência do produto:
mantegueira < manteiga
açucareiro < açúcar
c) o conjunto em função do indivíduo:
pedreira < pedra
Às vezes, a forma erudita se faz presente:
fichário (PB) ~ ficheiro (PE) < ficha
mobiliário < mobília
c) –ad (a) > lat. at(a), que é sufixo do particípio perfeito, na 1ª. conjugação
latina. Utilizado em latim para a derivação de substantivos. Expressa
especialmente:
_______
27
Neste caso, o contexto lingüístico delimita a classe gramatical da palavra e sua função sintática.
Exemplos: O operário fez uma boa reforma na casa de vovó. (Morfologia: substantivo/ Sintaxe: sujeito
simples e núcleo do sujeito simples).
O argentino operário fez uma boa pintura em sua velha casa. (Morfologia: adjetivo/Sintaxe:
adjunto adnominal de argentino).
157
a) a ação em função do nome do instrumento:
facada < faca
punhalada < punhal
b) um coletivo:
boiada < boi
c) um coletivo, com conotação pejorativa:
papelada < papel
d) produto obtido de um fruto:
marmelada < marmelo
cajuada < caju
e) –al > lat. –al(e),com grande aplicação em latim vulgar. Capaz de derivar
adjetivos de um substantivo (cf. formal < forma) ou um adjetivo de outro
adjetivo (cf. celestial < celeste).
Expressa o conjunto em função do indivíduo, especialmente em referências a
extensões de solo:
areal < areia
bananal < banana
A variante zal é utilizada com radical que apresenta vogal tônica:
abacaxizal < abacaxi
babaçuzal < babaçu
cafezal < café
umbuzal < umbu
f) agem > fr. e prov. age, cuja forma popular genuinamente portuguesa é
–ádego. A forma francesa é análoga à provençal e se difundiu cedo em
português (–agem) e em espanhol (–aje). O sufixo latino originário é –atic(u–), cuja
forma portuguesa é –átic (o), de estrutura erudita:
viático (termo religioso, doublet de viagem)
158
g) –ari(a) > lat. vulg. ari(a), com /i/ tônico, proveniente da combinação de
ari(u–) com o sufixo grego –ia, (em vez do suf. lat. –ia). Apresenta a variante –eri(a),
também antiga. Parece ter sido criado no latim das Gálias (cf. glanderia, séc.
VI).
Capaz de estabelecer relações semânticas com o substantivo primitivo,
das quais sobressaem:
a) um produto e o lugar onde ele se fabrica ou vende:
papelaria < papel
b) o profissional e o lugar onde ele exerce a profissão:
alfaiataria < alfaiate
Dos substantivos deverbais, destacam-se os sufixos:
a) –dor (..., a) > lat. –tor(e), uma combinação dos sufixos –t(u–) e –or (e) com
grande extensão em latim vulgar. Em português, a derivação conserva a vogal
do tema verbal (–a, –e, –i):
pescador < pescar
varredor < varrer
abridor < abrir
A variante –or (..., a) > lat. –or(e) é improdutiva:
professor < professar (lat. professor, ōris)
b) –dour(o), pop.; –tori(o), erud. > lat. –tori(u–) com a integração da
consoante do sufixo –t(u–) no sufixo –ori(u–). Indica o lugar da ação expressa
pelo verbo:
matadouro < matar
lavatório < lavar
bebedouro < beber
dormitório < dormir
159
Destaque à parte merecem os substantivos abstratos, cujos sufixos mais
relevantes para a derivação deadjetival são os que seguem:
a) –ur(a) > lat. –ur(a):
brancura < branco
b) –ez, –ez(a) > lat. iti(e–), –iti(a–). Apresenta as variantes ici(e–) (erud.),
todas muito produtivas:
palidez < pálido
magreza < magro
tolice < tolo
calvície < calvo
c) –i(a) > lat. vulg. –i(a), por empréstimo ao grego, em substituição do sufixo
átono do lat. cláss. –ia:
valentia < valente
O sufixo átono –ia persiste combinado aos sufixos de particípio presente,
–ante, –ente, nas formas –ânci(a), –ênci(a):
arrogância < arrogante
clemência < clemente
Sufixos principais sobrelevam na derivação de substantivos (abstratos de
ação) deverbais:
a) –ção > lat. –tion(e–) com a integração da consoante do sufixo t(u–).
Apresenta a variante –ão > lat. –on(e–), não produtiva:
consolação < consolar
perdição < perder
fundição < fundir
expressão < expressar
b) –dur(a) > lat. –tur(a), com a combinação da consoante do sufixo –t(u–) com
ur(a):
160
armadura < armar
benzedura < benzer
urdidura < urdir
Como pudemos ver, a posição de Mattoso Camara Jr. é sempre muito lúcida, e
o eminente lingüista foi um homem à frente de seu tempo, tendo
desenvolvido trabalhos em praticamente todas as áreas lingüísticas da língua
portuguesa.
Sua grande contribuição em relação aos sufixos, pode-se afirmar, foi ter
demonstrado que o grau pertence à derivação, uma vez que é a vontade do falante
que opta por utilizá-lo ou não, em determinados contextos, ao contrário do
que ocorre com a flexão, que é imposta pelos mecanismos de concordância,
ou seja, pela estrutura lingüística do português.
Para Camara Jr., a sufixação enquadra-se na derivação, ao contrário da
prefixação que é classificada como composição.
4.4.2 Margarida Maria de Paula Basílio
Basílio (1980) realiza um estudo da morfologia derivacional numa abordagem
gerativa. Nele destacam-se os conceitos de competência e de bloqueio.
A competência diz respeito ao conhecimento que o falante tem de sua língua
enquanto falante nativo o qual inclui: a) o conhecimento de uma lista de entradas
lexicais; b) o conhecimento da estrutura interna dos itens lexicais e das relações
entre os vários itens; c) o conhecimento subjacente à capacidade de formar entradas
lexicais gramaticais novas, assim como, naturalmente, de rejeitar entradas
agramaticais.
O bloqueio é um fator preponderante na teoria gerativa ou gerativa
transformacional, e a autora a ele assim o refere:
[...] altamente relevante para a determinação da classe de palavras
possíveis no léxico de uma língua, na medida em que esta noção prevê o
bloqueio de operações de regras produtivas em bases cujas possíveis
contrapartes não seriam necessárias ao léxico. (BASÍLIO, 1980, p. 37)
161
A autora lembra-nos de que
Na tradição da gramática clássica, não havia lugar para o
desenvolvimento dos estudos de morfologia derivacional. Apenas no
século XIX o termo “morfologia” começou a ser usado em referência tanto à
morfologia derivacional quanto à morfologia flexional. Com o advento do
estruturalismo, o estudo da formação e estrutura interna das palavras vai se
desenvolver como conseqüência direta da conceituação do morfema como
unidade mínima significativa de uma língua. Entretanto, os estudos
derivacionais foram praticamente abandonados no modelo clássico da
teoria gerativa transformacional, sendo retomados apenas como surgimento
da hipótese lexicalista. (BASÍLIO, 1980, p. 23, grifos nossos).
Em sua obra não um estudo específico sobre sufixo(s) e/ou sufixação. No
entanto, em relação à produtividade dos sufixos, Basílio adverte ao leitor:
Não vida de que a produtividade dos sufixos varia dependendo
de fatores sociais. Por outro lado, certos sufixos podem ser produtivos na
fala mas não na escrita. (BASÍLIO, 1989, p. 72)
Como exemplificação, a autora cita os casos do sufixo ice (cf. caduquice,
cafonice, lélézice, etc.), altamente produtivo na fala coloquial, mas improdutivo na
escrita, e do sufixo –udo cuja improdutividade deve-se a um tabu lingüístico; as
formas *testudo, *dedudo, *costudo, *pernudo, *pezudo, etc., segundo Basílio,
teoricamente possíveis, são definitivamente inaceitáveis.
Em relação ao sufixo –udo, Basílio faz ao leitor algumas advertências:
1) a pejoratividade presente em adjetivos em udo, na maior parte dos casos, deve-
se à sua base e a razões de ordem cultural; poucos são os adjetivos que deixam de
ter conotação pejorativa (cf. carnudo > carne; espadaúdo > espádua);
2) um “pequeno grupo de formas Xudo no qual a base é um nome sem a mesma
especificação do campo semântico (cf. classudo > classe; bojudo > bojo; polpudo >
polpa; peitudo > peito (´coragem´);
162
3) Adjetivos Xudo são característicos da fala coloquial, a exceção é o adjetivo
espadaúdo, pertencente à língua escrita formal;
4) Em sua gramática e na de muitos falantes, –udo é improdutivo;
5) Falantes da língua portuguesa analisam a estrutura interna de formações Xudo
através da seguinte regra:
[ [ X]
N
udo ]
Adj
Mas é possível que a regra abaixo exista na cabeça de alguns falantes do
português:
[ X ]
N
[ [ X ]
N
udo ]
Adj
6) Algumas formas adjetivas criadas em Xudo podem ser ouvidas na língua
contemporânea:
bossudo > bossa
bundudo > bunda
cadeirudo > cadeira
7) O sentido de “grande”, em formações com Xudo em referência a partes do corpo,
implica “maior do que o normal” e, por extensão, “maior do que deveria ser” (Basílio,
1980, p. 72, nota 4.).
No Capítulo IV – O Fenômeno da Nominalização em Português (p. 73 a 87),
e que mais diretamente interessa a esta pesquisa, Basílio, em relação à(s)
nominalização(ões), salienta:
a) os traços contextuais da base podem determinar os traços contextuais da
forma nominalizada;
163
b) o significado da forma nominalizada não depende do sufixo que é
responsável por sua forma fonológica.
Para a autora,
[...] o fenômeno da nominalização visto] como uma associação
paradigmática entre verbos e nomes, derivada de um padrão lexical geral,
em vez de considerá-la como um processo de formação de nomes a partir
de verbos ou como uma associação idiossincrática, apresentada por
determinadas entradas lexicais. (BASÍLIO, 1980, p. 74)
Basílio ressalta-nos ainda que nas nominalizações distinguem-se dois níveis de
“significado”: um com o sentido de “significado lexical”, ou, simplesmente,
“significado”, é o “significado extralingüístico”, de acordo com o estruturalismo; o
outro, o segundo nível, é o de “significado sintático”: nomes podem ser interpretados
em sentido nominal ou em sentido verbal*, o que vai determinar esses significados,
também denominados “interpretação”, “leitura” ou “sentido” é o contexto de
ocorrência
28
. Por exemplo:
(1) a. João fugiu.
b. A fuga de João preocupou a todos. sentido verbal: o termo fuga
apresenta uma interpretação verbal
c. Pedro preparava a fuga de João. sentido nominal: o termo fuga
relaciona-se ao verbo correspondente em
termos de significado lexical
Às vezes, “extensões de sentido” em que formas nominalizadas
apresentam um sentido diferente, mas relacionado ao sentido básico do radical (cf. o
significado “coletivo” em administração e em direção extensão generalizada; em
declaração, no sentido de “declaração de amor” extensão idiossincrática).
_______
28
“Neste sentido, toda e qualquer forma nominalizada é semanticamente relacionada ao verbo
correspondente, que nome e verbo partilham, ao menos parcialmente, um significado lexical.”
(Basílio, 1980, p. 74), embora formas nominalizadas possam desenvolver significados posteriores
adições e/ou modificações do significado lexical básico comum ao verbo ou ao nome, ou até mesmo
não ter relação alguma com o significado da forma básica (cf. declaração, no sentido de “documento
oficial escrito em que se declara alguma coisa” e impressão, no sentido de “noção vaga”).
164
Em sua obra mais recente, BASÍLIO (2004, p. 28) mostra-nos que “[...]
fundamentalmente através de processos morfológicos de derivação” mudança da
classe na formação de palavras de uma classe a partir de outra classe. Segundo ela,
isso de deve a dois fatores principais:
a) À necessidade de usar palavras de uma classe em estruturas que exigem
palavras de outra (motivação gramatical);
b) À necessidade de aproveitar conceitos ocorrentes em palavras de uma classe
em palavras de outra classe (motivação semântica).
Exemplos:
Clonaram o macaco. (Clonaram: atividade expressa pelo verbo).
Todos ficaram preocupados com a clonagem do macaco. (Clonagem: o
processo de sufixação foi utilizado para transformar o verbo em substantivo, assim
possibilitando o uso de conteúdo verbal num contexto gramatical que permite
substantivos).
Muitas vezes, a mudança de classe pode envolver ainda um fator expressivo
(motivação expressiva), embora esse fator nunca ocorra isoladamente. Esse é o
caso de formações com os sufixos –ice, –agem, –udo, –ento etc. que acrescentam
uma noção pejorativa, além da mudança semântica ou gramatical, à mudança de
classe, como ocorre nos exemplos abaixo:
carioca / carioquice
político / politicagem
osso / ossudo
gordura / gordurento
resmungar / resmungão
Basílio alerta o leitor:
165
Muitas vezes, também, há situações em que uma motivação é de
caráter textual, isto é, relacionada a questões da construção do texto,
embora se manifeste na estrutura sintática. (BASÍLIO, 2004, p. 31)
e exemplifica:
O presidente da empresa mais poderosa do país declarou que o
pouparia esforços e não descansaria enquanto não conseguisse derrubar o
projeto em tramitação na Câmara sobre a limitação do uso de energia de
caráter poluente. A declaração deixou os ambientalistas enfurecidos.
(BASÍLO, 2004, p. 31, grifos nossos).
Como se pode verificar, a forma nominalizada declaração substitui todo o
período anterior, bastante extenso (de “que não pouparia [...] caráter poluente.”). Na
realidade, pode-se dizer ainda que essa forma se manifesta numa estrutura sintática
nominalizada; a utilização do substantivo obedece a um requisito sintático. Além do
mais, essa forma serve como elemento de coesão referencial por nominalização, de
acordo com a lingüista textual, fato não observado pelas gramáticas normativas da
língua portuguesa.
Embora a motivação sintática ou a motivação semântica sejam as de caráter
imediato mais observáveis quando da criação de novas palavras, não se pode
esquecer da necessidade de utilização das mesmas quando criadas. Além dos
fatores sintáticos e semânticos envolvidos na criação de palavras, outros níveis
devem ser observados, como “[...] o da estrutura textual e fatores retóricos e
expressivos, em diferentes predominâncias e combinações.” (BASÍLO, 2004, p. 31,
grifos nossos).
Destaca-se em sua obra, para os fins a que objetivamos, o capítulo
29
SUFIXAÇÃO SEM MUDANÇA DE CLASSE (BASÍLIO, 2004, p. 67 77). Embora a
autora reconheça a crucial importância da mudança de classe na derivação, observa
que processos de formação de palavras que não estão ligados à mudança de
classe. Relativamente à sufixação propriamente dita, reconhece esse fato na
expressão de grau (função expressiva) de acordo com alguns autores (Rio-Torto,
Correia, etc.), sufixação avaliativa, aquela em que se utilizam sufixos avaliativos (cf.
–inho, –ão, etc.) na formação de nomes de agentes denominais.
_______
29
Os capítulos não são numerados na referida obra.
166
De acordo com a autora,
Nomes de agente [...] são substantivos que representam seres
caracterizados por uma atividade ou ação que exercem. Quando derivados
de verbo, a ação ou atividade é expressa no radical verbal, como em
coordenador, por exemplo. Mas nomes de agente também podem ser
derivados de substantivos, caso em que a atividade ou ação que os
caracteriza é definida por seu objeto, expresso pela base substantiva. [...]
Na formação desses nomes de agente, portanto, não uma mudança de
classe: temos um substantivo como base da formação e um substantivo
como produto da formação. (BASÍLIO, 2004, p. 73, grifos nossos).
É o que se pode verificar na tabela que segue, de nossa autoria, baseada em
Basílio:
SUFIXOS:
SEMÂNTICA: EXEMPLIFICAÇÃO:
–EIRO
1
Nome de agentes denominais
Obs.: Em “a”, temos profissões; em
“b”, não necessariamente
profissões => língua coloquial.
a. sapato > sapateiro; cesto > cesteiro; livro >
livreiro; pedra > pedreiro; peixe > peixeiro;
garrafa > garrafeiro; jornal > jornaleiro;
b. rock > roqueiro; moto > motoqueiro; metal >
metaleiro; funk > funqueiro.
–EIRO
2
“agentes” vegetais plantas,
sobretudo árvores a partir do seu
produto (fruta, flor etc.).
banana > bananeira; pêra > pereira; caju >
cajueiro; abacate > abacateiro; rosa > roseira;
manga > mangueira; amendoim > amendoeira;
laranja > laranjeira; limão > limoeiro
–EIRO
3
“instrumentais” locativos
objetos nomeados por sua função
de conter ou guardar o produto
designado pelo substantivo.
açúcar > ucareiro; camisa > camiseiro; papel
> papeleira; sapato > sapateira; compota >
compoteira; salada > saladeira; palito > paliteiro
–ISTA
Em “a”, temos agentes plenos
caracterizados pela base;
Em “b”, temos agentividade
indireta a base designa
entidades passíveis de estudo ou
especialização;
Em “c”, temos
agentividade
abstrata e mental de adesão
a. conto > contista; flauta > flautista; surfe >
surfista;
b. língua > lingüista; ornitologia > ornitologista;
c. PT > petista; Marx > marxista; estrutural >
estruturalista; continuar > continuista; evolução
> evolucionista
167
designa um ser caracterizado por
sua adesão ao conceito denotado
ou sugerido pela base (sigla/
partido/ nome próprio / substantivo
abstrato, etc.)
–ÁRIO
Nomes de agentes denominais
Obs.: Às vezes, podem ser
formados por bases adjetivas ou
por bases verbais: o relevante é o
conceito; a base não importa.
banco > bancário
Tabela 4.15 – Denominais sufixais sem mudança de classe gramatical I.
(Fonte: Basílio, 2004, pp. 74 – 75, adaptado por nós)
Existem ainda outros processos menores em que não ocorrem a mudança de
classe gramatical, ainda assim de teor significativo, como se pode observar na
tabela abaixo, também de nossa autoria, baseada em Basílio (2004):
SUFIXOS:
SEMÂNTICA: EXEMPLIFICAÇÃO:
–(A)DA
1
Designadores de atos por seu
instrumento
faca > facada; dente > dentada; machado >
machadada; punhal > punhalada; cadeira >
cadeirada; pata > patada; garfo > garfada;
enxada > enxadada; martelo > martelada
–(A)DA
2
Designadores de produtos por seu
ingrediente caracterizador.
Obs.: Os produtos podem ser
sólidos ou líquidos.
feijão > feijoada; limão > limonada; camarão >
camaroada; siri > sirizada; bacalhau >
bacalhoada
–ARIA
(~–ERIA)
Indicam locativos de produção ou
comércio
sapato > sapataria; mármore > marmoraria;
livro > livraria; pão > padaria; tabaco >
tabacaria; sorvete > sorveteria; bilhete >
bilheteria; peixe > peixaria; carpinteiro (sob a f.
rad. carpint- + -aria) > carpintaria; marceneiro
(sob a f. rad. marcen- + -aria) > marcenaria
Obs.:
Esses locativos são freqüentemente
associados a um nome de agente em X–eiro.
–AL
Indicam áreas extensas
areia > areal; lama > lamaçal; lodo > lodaçal;
laranja > laranjal; banana > bananal; roseira >
roseiral; palmito > palmital; cipó > cipoal;
168
jabuticaba > jaboticabal
–(A)DA
3
e
–AGEM
Indicam pejorativos qualifica-
dores de eventos por agentes
carioca > cariocada; baiano > baianada;
paulista > paulistada;
malandro > malandragem; gatuno >
gatunagem; pivete > pivetagem
Tabela 4.16 – Denominais sufixais sem mudança de classe gramatical II
(Fonte: Basílio, 2004, pp. 75 – 76, adaptado por nós)
Pode-se chegar, em relação a essas formações sufixais, incluindo-se os
agentes denominais, à seguinte estrutura geral que prevalece, esquematizada na
fórmula abaixo:
Radical do substantivo + Sufixo (afixo)
fornece a especificidade denota algo geral (ser, local, agente, locativo, etc.)
Basílio é considerada uma representante na Lingüística brasileira
contemporânea, principalmente quando se trata de questões de Morfologia na linha
gerativista, tendo deixado alguns seguidores no Brasil.
Suas obras e textos de referência nos fazem refletir sobre importantes
conceitos morfológicos, tanto na teoria quanto na prática.
Em relação aos sufixos propriamente ditos, faz-nos refletir sobre a
produtividade lexical deles, levando-se em conta fatores sociais, tipo de linguagem
(oral/escrita) e contexto(s) de ocorrência de formas nominalizadas, assim como das
motivações (sintática/semântica), da estrutura textual, além de fatores expressivos
(estilísticos).
Com uma linguagem simples, sua obra é ricamente exemplificada e vale
ressaltar os casos de derivação sufixal sem mudança de classe gramatical, como
atestados acima.
169
4.4.3 Cacilda de Oliveira Camargo
Camargo observa, em sua Tese de Livre-Docência intitulada Morfologia
Derivacional: Sistema de Sufixos em Português (1986), que a maioria das
gramáticas portuguesas trata de maneira desordenada o problema da formação de
palavras.
Em relação à sufixação propriamente dita considera que os gramáticos se
limitam a listar sufixos, a dividi-los em nominais, verbais e adverbial e atribuir-lhes
um sentido. Para ela,
Esse sentido, no entanto, nem sempre corresponde ao sentido básico,
fundamental; é um sentido buscado no uso da palavra e dele decorrente.
Não é o sentido primeiro oriundo da classificação da referência e,
conseqüentemente, ponto de partida para a criação lexical. Tal
procedimento implica mudança no sentido do lexema, unidade da ngua
que não se confunde com palavra, unidade do discurso. (CAMARGO, 1986,
p. 03)
A autora assim conceitua sufixos:
Sufixos são morfemas utilizados na reinserção de bases léxicas. Não
podem ser vistos como formas distintas das bases porque estas não têm
realidade funcional e lingüística senão por meio daqueles. A recíproca é
verdadeira, isto é, os sufixos não têm existência senão através das bases.
Como operadores de inserção lexical os sufixos são utilizados na
transposição homossintagmática de bases em função heterossintagmática.
(CAMARGO, 1986, p. 55)
Exemplificação:
Função heterossintagmática
constante preposição variável
dirigente de casa
fazenda
hotel
copa
banco
170
Transpondo-se para a função homossintagmática, temos, respectivamente:
função homossintagmática:
caseiro
fazendeiro
hoteleiro
copeiro
banqueiro
(CAMARGO, 1986, p. 56)
Como se pode observar, parte-se da variável, fazendo-se a representação da
constante pelo sufixo. Os traços sintático-semânticos da constante predominarão
na unidade derivada, respeitado, é óbvio, o traço semântico da variável.
A autora acrescenta:
O sufixo, transpositor da constante ou do elemento determinado da
função heterossintagmática posiciona-se, na função homossintagmática,
depois da variável ou do elemento determinante invertendo a relação
determinado/determinante existente no heterossintagma para determinante/
determinado no homossintagma. (CAMARGO, 1986, p. 56 – 57).
Com o procedimento da sufixação, é possível a formação de um paradigma
de derivação que pode ser de dois tipos:
30
1) paradigma em série: há acúmulo de marcas sufixais e sempre ocorre
variação da classe funcional obtida a partir da base léxica:
selo selar selagem
(subst.) (verbo) (subst. verbal abstrato)
_______
30
Exemplos transcritos de CAMARGO (1986, p. 57 – 58).
171
Há uma seqüência ordenada de matrizes sintático-semânticas:
selo a. pôr selo selar
b. ato de selar selagem
Outro exemplo:
margem marginal marginalizar marginalização
(subst.) (adj.) (verbo) (subst.)
a. originário de margem marginal (adj.)
b. tornar marginável marginalizar (verbo)
c. ato de marginalizar marginalização (substantivo)
2) paradigma em leque: não acúmulo sucessivo de marcas sufixais; apenas
uma marca sufixal se registra, como se pode ver nos exemplos que seguem:
leite leiteiro sapato sapatilha prato pratinho
leiteira sapatão
31
pratão
leiteria prataço
pratarraz
Neste tipo, não se tem mudança de classe gramatical, mas uma das seguintes
ocorrências:
_______
31
s.m. (1858 cf. MS
6
) 1 sapato grande 2 SP pej. alcunha dos portugueses no período da
Independência 3 PE AL sapato fechado, por oposição à sandália 4 B infrm. ou tab. m.q. lésbica 5 ICT
SP (região do Piracicaba) m.q. cascudo-preto (Rhinelepis aspera)
ETIM aum. de sapato; na acp.
'lésbica' o t. se refere ao estilo de sapatos predileto, na década de 1970, pelas mulheres com essa
opção sexual, cujo comportamento guardava relação com o movimento hippie SIN/VAR ver
sinonímia de galego” (Houaiss, versão eletrônica).
172
1) subcategorização da base léxica: ocorrem mudanças em alguns traços
classemáticos:
granada (substantivo concreto, granadeiro (substantivo
inanimado) concreto humano)
Mudança de traços: inanimado para humano
berro (substantivo concreto de berreiro (substantivo
ação) abstrato de ação,
coletivo)
Mudança de traços: não coletivo para coletivo
2) gradação de base: o traço categorial grau é acrescentado à base léxica:
casa (substantivo concreto, casona (substantivo
inanimado, feminino) concreto, inanimado,
feminino, aumentativo)
prato (substantivo, concreto pratel (substantivo con-
inanimado, masculino) creto, inanimado, mascu-
lino, apreciativo)
magro (adjetivo masculino) magrinho (adjetivo
apreciativo)
3) indicação de diferença específica da base: não mudança nenhuma de
traço sintático-categorial, apenas inclusão na base de traço semântico
diferença específica. A base léxica representa o elemento genérico, o mais
extenso, que sofre especificação através do elemento determinado:
mala (substantivo concreto, maleta (substantivo
inanimado, contável, feminino) concreto, inanimado,
contável, feminino)
173
carta (substantivo concreto, cartão (substantivo
inanimado, contável, feminino) concreto, inanimado,
contável, masculino)
Para Camargo (1986, p. 62), “Em português o número de sufixos é limitado,
cinqüenta ou pouco mais. Dentre eles alguns que são muito produtivos, outros
com produção exígua.”
32
No Capítulo Quinto, Camargo (1986, p. 78 a 200) faz a descrição dos sufixos,
privilegiando os sufixos nominais em detrimento dos verbais. Os sufixos seguintes
são objetos de estudo da autora: sufixos nominais (–ÁCEO, –ACHO, –ADA, –ADO,
–(A)GEM, AL, –ANO, –ÃO, AR, –ARIA, –ÁRIO, ÁTICO, –ATO, –ÁZIO, –ÇÃO,
–DÃO, –DADE, –ECO, –EIRA, –EIRO, –EJO, –ELA, –ENSE, –ENTO, –EO, –ÊS,
ESCO, –ESTRE, –ETA, –ETO, –EZ, –EZA, –IA (átono), –ILHA, –ILHA, IM,
INHA, –INHO, ISMO, –ICE, –ICHA, –ICHO, –ÍCIE, –ÍCIO, ICO, –IÇO, –IL,
INO, –IO, –IVO, –LENTO, –MENTO, –NTE, –ONA, –ÓRIO, –OSO, –OURO, –OR, –
SÃO, –TUDE, UCHA, –UCHO, UME, –UOSO, –URA, –VEL) e dos sufixos
verbais (–AR, –(E)AR, EJAR, –(I)FICAR, –IZAR) presentes em vocábulos
empregados em língua portuguesa.
O sufixo tem derivados heterogêneos
33
, ou seja, de classe gramatical diferente
da base léxica, ao passo que o prefixo tem derivados homogêneos, isto é, da
mesma classe gramatical da base léxica.
_______
32
Concordamos com CAMARGO (1986) quando ela diz que há sufixos produtivos em Língua
Portuguesa, ao contrário de outros que apresentam produção exígua. No entanto, discordamos da
posição da autora quanto ao número de sufixos presentes na Língua Portuguesa. Em levantamento
realizado por nós no Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, de Cunha, 2.
ed., 1986, elencamos 110 (cento e dez) sufixos. Para SANT´ANNA MARTINS (2003), o número de
sufixos em Língua Portuguesa gira em torno de uma centena, embora reconheça que os mesmos
podem sugerir conotações diversas do ponto de vista da Estilística. Se levarmos em conta os
alomorfes sufixais, esse número decai obrigatoriamente. É complicado afirmar com certeza o
número de sufixos utilizados em Língua Portuguesa na contemporaneidade, uma vez que a língua é
um organismo vivo e em constante expansão e/ou evolução.
33
O melhor é dizermos que os sufixos podem ter derivados heterogêneos, ou que predominam os
derivados heterogêneos na derivação sufixal, o que, aliás, não é uma obrigatoriedade (cf.: goiaba >
goiabeira; rato > ratoeira; saltar > saltitar; casa > casebre; banco > bancário; banco > banqueiro;
gema > gemada; palhaço > palhaçada; dente > dentista; tinta > tinteiro; rua > ruela; caixa > caixote;
laranja > laranjada; casa > casarão, etc.) Nesses exemplos, podemos perceber que todos os
derivados mantêm a mesma classe gramatical de seus respectivos derivantes. O que ocorre
realmente é subcategorização, a gradação das bases ou indicação de diferença específica das bases
léxicas, como CAMARGO (1986) bem o demonstrou e exemplificou em sua tese.
174
Camargo (1986), baseada em “metodologia estruturalista” e na leitura de obras
de Hjelmslev (Prolegomena (1963) e Essais de Linguistique vol. XII (1959)),
constrói matrizes sintático-semânticas que subjazem ao procedimento da
sufixação. Para ela, ao operar com conceitos de forma/função, determinação ou
recção, constante/variável e associar o nível gramatical com o lexical, acredita
explicar satisfatoriamente a organização do procedimento utilizado na língua explicar
satisfatoriamente a organização do procedimento utilizado na língua portuguesa. A
título de exemplificação, observe-se esse procedimento aplicado ao sufixo –EIRO
34
:
SUFIXO –EIRO
Forma nomes masculinos.
MATRIZ A.1.a
Função Heterossintagmática:
___________________________________________________________
constante relacionante variável
substantivo concreto inani- preposição substantivo concreto
mado, masculino ou feminino ± animado, singular ou
contável (+espaço físico) plural, masculino ou fe-
minino ± contável + ma-
téria
Função
Homossintagmática
____________________
Criação Lexical
substantivo concreto
inanimado, masculino ou
feminino, contável (+
locativo)
Está em distribuição por intersecção com –EIRA nos seguintes contextos:
a) Transpõe bases léxicas
indicativas de substância
mineral (jazida)
gesseira hulheira nitreira
salitreira marmoreira argileira
pedreira
b) seres animados (cova,
viveiro, armadilha);
coelheira coraleira galinheiro
garoupeira lagarteira
leoneira – ostreira – ratoeira –
sardinheira – tainheira – viveiro
c) objetos, utensílios, produtos
(vasilha, garrafa, caixa, móvel)
açucareiro azeiteira bagageiro
bifeira cafeteira camiseira
carteira – cartucheira – chaleira –
chocolateira chopeira cigarreira
cinzeiro – compoteira cristaleira
– cuscuzeiro
– esmoleira – faqueiro
fosforeira floreira – fruteira
garfeira lancheira lapiseira
leiteira licoreira maleiro
manteueira paliteiro paneleiro
queijeira roupeiro saboneteira
saladeira saleiro sapateira
sopeira – tabaqueira – tinteiro –
Tabela 4.17 – MATRIZ A.1.a – Sufixo –EIRO
(Fonte: CAMARGO, 1986, p. 87 – 89)
175
Num dos mais importantes trabalhos na área de Morfologia, Camargo descreve
com exatidão e minúcia os principais sufixos nominais e os sufixos verbais utilizados
em Língua Portuguesa.
Utilizando-se da “metodologia estruturalista” e apoiada em grandes mestres da
área, sobretudo em Hjelmslev, a autora nos mostra que o sufixo é o transpositor de
uma constante ou de um elemento determinado da função heterossintagmática para
a função homossintagmática, posicionando-se nesta após a variável do elemento
determinante, invertendo a relação determinado-determinante presente na função
heterossintagmática para a relação determinante-determinado na função
homossintagmática.
A autora constrói matrizes sintático-semânticas em seu estudo capaz de
descrever minuciosamente cada sufixo utilizado em português. Ressaltam-se em
sua pesquisa ainda o rigor científico com que descreve seus dados, a ampla
exemplificação utilizada e a amostragem das distribuições complementar ou por
intersecção em relação a cada sufixo tratado, além dos casos de intersecção
complementar, esse último caso não tem sido encontrado em nenhum outro trabalho
similar realizado em Língua Portuguesa, o que o torna um caso ímpar nos estudos
sobre sufixos e/ou sufixação.
4.4.4 Antônio José Sandmann
Não na obra do autor, Morfologia Geral, 1991, 1ª. ed., um estudo específico
sobre sufixos. Há referências a eles no Capítulo 5. SINTAXE DA PALAVRA, no item
sobre Prefixação x Sufixação:
Prefixos e sufixos são considerados afixos, distinguindo-se da base a
que se unem porque são elementos presos, isto é, não têm curso livre na
frase, expressando, além do mais, idéias gerais e prestando-se, como tais,
a formações em série (SANDMANN, 1991, p. 70).
_______
34
Devido ao grande número de matrizes sintático–semânticas criadas por CAMARGO (1986) em
sua tese, escolhemos apenas uma para verificar o modelo e os elementos que constam nelas. Não é
nosso intuito transcrevermos todas elas. Para isso, recorra o leitor à referida obra. Seu modelo,
entretanto, pode ser utilizado com bastante proveito em trabalhos de Morfologia que visem ao(s)
estudo(s) do(s) sufixo(s) da Língua Portuguesa e pode, inclusive, ser adaptado para outros estudos,
como no caso da prefixação, por exemplo.
176
Embora haja uma diferença física ou espacial o prefixo precede a base; o
sufixo sucede-a parece não ser essa a diferença principal, como afirma o referido
autor.
Podemos, de acordo com Sandmann (1991) estabelecer, baseados em alguns
aspectos ou características, diferenças entre sufixos e prefixos, como podemos
visualizar na tabela que segue:
PREFIXOS X SUFIXOS: PRINCIPAIS DIFERENÇAS
Características
PREFIXOS: SUFIXOS:
a) Localização em
relação à base:
Aparecem antes da base:
analfabeto, iliquidável, imaturo,
inegociável, prefixo, etc.
Aparecem depois da base:
absorvente, amável , democratizante,
feijoada, irmandade etc.
b) Do ponto de
vista sintático:
Identificam-se mais com os
adjetivos (superpacote), advérbios
(hiperativo) e preposições
(antianúncio) , etc.
Apresentam, exceto o sufixo de
grau, função claramente adjetiva:
(pacotaço) ou de advérbio (pertinho =
bem perto).
c) Aspecto
estrutural ou
sintático:
onde parece
residir a maior
diferença entre
prefixo e sufixo):
São sempre o determinante (DT),
o adjunto ou elemento subordinado ou
secundário da estrutura vocabular:
oficialnão-oficial
Excetuando-se os sufixos de grau
(que têm, com sua natureza adjetiva
ou adverbial, função secundária), os
sufixos são sempre o núcleo ou
determinado (DM), o elemento
principal ou subordinante:
Exemplos:
marmeleiro”: o sufixo –eiro não
muda a classe da palavra derivante
“marmelo” (subst.), mas faz da fruta
uma árvore, mudando, portanto, a
subclasse da palavra;
“testagem”: o sufixo –agem faz do
verbo “testar um substantivo;
“drasticidade”: o sufixo –idade faz
do adjetivo “drástico” um substantivo
abstrato;
“tensionar”: o sufixo –ar faz do
substantivo “tensão” um verbo.
177
d) Aspecto se-
mântico fator
tão ou mais
importante que o
sintático:
Com a mudança da classe de
palavra da base, os sufixos
acrescentam à base novos semas ou
traços semânticos:
Exemplo:
“policialismo”: “O policialismo
invade insidiosamente as sociedades
(...)” o sufixo –ismo muda a
subclasse da palavra “(o) policial” e
acrescenta-lhe a idéia de pejorativi-
dade.
“intervencionice”: “O desabaste-
cimento (...) resulta da intervencionice
governamental (...)” . O sufixo –ice
altera a subclasse de “intervenção e
lhe acrescenta a idéia de desapreço.
Tabela 4.18 – Principais Diferenças entre Sufixos e Prefixos.
(Fonte: SANDMANN, 1991, p. 70 – 73)
(Obs.: Todos os exemplos foram colhidos na obra do autor).
Em relação ao sufixo de grau, Sandmann nos adverte de que
[...] o sufixo de grau não muda nem a classe nem a subclasse da
base, tem função predominantemente igual à de certos prefixos indicadores
de grau. Senão vejamos: miniconferência - conferenciazinha, superagitado
agitadíssimo, hiperativo ativíssimo, pacotaço superpacote,
ressalvando-se que o sufixo, como em conferenciazinha, vem mais
facilmente acrescido de emocionalidade, negativa ou positiva, dependendo
para tanto, de fatores contextuais ou situacionais [= pragmáticos].
(SANDMANN, 1991, p. 72 – 73)
Em Morfologia Lexical (1992, 1ª. ed.), Sandmann também não trata
especificamente dos sufixos, mas, sim, da sufixação, em dois momentos de sua
obra:
a) Composição x Sufixação:
178
Em certo sentido, excetuando-se os usos estilísticos como em “Leva o
tempo a falar em futurismo, dadaísmo e outros ismos.” (Aurélio, verbete ismo,
apud SANDMANN, 1992, p. 38), é mais fácil distinguir composição de
sufixação do que distingui-la da prefixação.
O sufixo é sempre um elemento preso e sinsemântico, isto é, tem
sentido juntamente com a base. Por exemplo: marmeleiro é “árvore que
marmelo”. Como diz sua etimologia (sub + fixo), aparece sempre em segundo
lugar, depois, abaixo (ex.: desatrelar + mento = desatrelamento), o que não
ocorre com o radical preso (grafologia, datilógrafo, logotecnia, diálogo) ou com a
palavra (professor–show, médico –professor, vídeo–torpedo, cinevídeo).
Quanto à estrutura, as palavras sufixadas (excetuando-se as palavras
com sufixo de grau (cartãozinho, cartãozão), cuja estrutura é DM DT, têm
sempre a estrutura DT DM, ou seja, o sufixo é determinado ou núcleo da
palavra, devido à função sintática de mudar a classe da palavra, quando a
função semântica é preponderante (cf. autarquia + ismo = autarquismo em “Que
seja avesso ao populismo, ao corporativismo exarcebado e ao autoritarismo
econômico.” (Folha de São Paulo, 27/11/90, p. A – 2, apud SANDMANN, 1992, p.
38).
O sufixo, expressão de uma idéia geral, presta-se a formações em série,
embora possa tornar-se, com o tempo, improdutivo.
Exemplos:
–Ez: não tem sido encontrado em formações novas:
estúpido – estupidez
–Ude: não tem sido encontrado em formações novas:
concreto – concretude
–Ismo, –Ista e –Ção: sufixos produtivos no passado e no presente:
petismo – quercismo – thatcerismo – moreirismo
hegemonista – moreirista – redencionista – consumerista
sarneyzação – laicização – miniaturização
179
b) Prefixação X Sufixação:
O prefixo vem antes da base (cf. desatrelar) e o sufixo, depois (cf.
desatrelamento); no entanto, essa diferença é a mais superficial entre eles.
Quanto à função, o prefixo des– tem apenas função semântica: indica
reversão, volta, ou seja, é reversativo; o sufixo –mento tem função sintática:
faz do verbo um substantivo (cf. desatrelar (verbo) desatrelamento
(substantivo)).
O sufixo tem função sintático-semântica; em suburbanice, por exemplo,
o sufixo –ice transforma o adjetivo em substantivo (função sintática) e acrescenta
à base o sentido depreciativo (função semântica) que ela não apresenta (cf.
suburbano); em marmeleiro, o sufixo –eiro muda a subclasse da palavra (fruta =
árvore que dá a fruta).
Nos sufixos de grau, ocorre apenas a função semântica (cf. borrachinha,
“borracha pequena”; livrão, “livro grande ou grosso”) ou semântica e discursiva,
como em discursozinho, empregado no contexto “(...) os que adoram um
discursozinho dos políticos e demais firulas ideológicas (Folha de São Paulo,
7/11/90 p. A 2, apud SANDMANN, 1992, p. 40). Note-se que a
pejoratividade está amarrada aos demais termos do contexto. Discursozinho
pode ter valor valorativo em outro contexto, por exemplo, quando alguém refere-
se a um discurso de formatura que agradou:
Que discursozinho!
Quanto à estrutura, os prefixos e os sufixos de grau são sempre DT
(determinante): supermercado, hipermercado, mercadão, mercadinho; os demais
são DM (determinados), isto é, o núcleo: cabe-lhe a função de mudar a classe
ou a subclasse da base: psicodelismo (subst.) > psicodélico (adj.).
Para terminar, Sandmann acrescenta-nos:
Como diferenças principais entre prefixação e sufixação temos, pois,
que a prefixação tem função primordialmente semântica e a sufixação
principalmente sintática, sendo que o sufixo, por outro lado, excetuando-se
180
o de grau, constitui o núcleo da palavra complexa produzida, e o prefixo, o
adjunto. (SANDMANN, 1992, p. 40).
Embora não haja nas obras de Sandmann (1991; 1992) um estudo específico
sobre sufixos em língua portuguesa, ele, certamente, traz-nos importantes
contribuições sobre eles, assim como em relação aos prefixos, ambos considerados
afixos. Na realidade, não é somente a posição ocupada em relação à base que os
distinguem.
Sufixos e prefixos se distinguem também dos pontos de vista sintático,
estrutural ou sintático e semântico, sendo esse último tão ou mais importante do que
o ponto de vista anterior.
Na estrutura vocabular, os sufixos são sempre o termo determinado em
relação à base, exceto os sufixos de grau; os prefixos o sempre o determinante
(DT), o adjunto ou o elemento subordinado ou secundário dela.
É mais cil, como nos diz Sandmann (1992) distinguir a sufixação da
composição do que da prefixação.
Sandmann ressalta também que os sufixos se prestam a formações em série
(cf. casa > casebre; casario; caseiro; casarão; casar; casaréu; casaria, etc.; terra >
terral; terrado; terrantês; terrádego; terrâneo; terrão; terrário; terreal; terrenho;
terrestre; terréu; terriço; terrinha; terriola, etc exemplos coletados em Houaiss,
versão eletrônica.).
É importante observar também que, ao longo dos culos, contudo, muitos
sufixos perderam sua produtividade enquanto outros a mantiveram.
4.4.5 Valter Khedi
Valter Khedi em sua obra Formação de palavras em Português (2005 [1992,
1ª. ed.]), no capítulo 1, Derivação e Composição, lembra-nos de que o acervo
lexical da língua portuguesa é constituído de uma grande maioria de palavras
herdadas do latim. Em realidade, é o que alguns autores costumam chamar de
“fundo léxico comum.”
35
No entanto, algumas palavras se originaram em outras
línguas, enquanto outras ainda se formaram no próprio idioma.
181
Em relação aos sufixos, o referido autor observa que é um afixo, assim como
os prefixos, e ambos contribuem para formar novas palavras através do processo
denominado derivação, que consiste essencialmente de um processo de
combinação binária, ou seja, entre uma base e um afixo.
Para Khedi, quando se fala em sufixos, naturalmente se associam a eles
prefixos e vice-versa, e a diferença entre eles não é meramente distribucional: os
prefixos colocados à esquerda da base; os sufixos, à direita da mesma. Ele ressalta
também que os sufixos contribuem para a mudança da classe gramatical do radical,
fato que não ocorre com os prefixos e mais: os prefixos se agregam a verbos e a
adjetivos, que são uma espécie de vocábulo associado ao verbo, ao contrário do
que ocorrem com os sufixos.
O referido autor nos adverte de que:
Nos verbos parassintéticos, o prefixo e o sufixo estão em relação de
solidariedade formal e semântica , e constituem, portanto, um exemplo de
C.I.
36
descontínuos, separados pelo radical; não poderemos excluir o
prefixo ou o sufixo, como, via de regra, o sentido do prefixo é dinâmico,
reforçando , dessa forma, o sentido do sufixo: em apedrejar (–a + pedra +
–ejar), o prefixo exprime a idéia de movimento, direção, em reforço da
noção freqüentativa do sufixo. (KHEDI, 2005, p. 16)
Lembra-nos Khedi, a título de exemplificação, que o particípio passado se
flexiona em gênero e número, à semelhança do adjetivo:
construído / construída / construídos / construídas
_______
35
“Esse fundo é composto das palavras mais antigas da língua, que expressam noções que vêm de
há muito tempo, sem mudanças. Pertencem ao fundo léxico comum palavras que definem as partes
do corpo (cabeça, braço); os termos de parentesco básico (pai, mãe, irmão); noções
religiosas ancestrais (alma, deus); nomes de cores; palavras que indicam vícios ou virtudes
(bondade, vaidade, orgulho) etc. [...]”. Texto de Eliane Azevedo, disponível IN:
<http://www2.uol.com.br/debate/1092/cadd/cadernod02.htm> Acessado em 24/10/2007 – 16:00h
36
“Constituintes imediatos (C.I.): são os morfermas constituintes de uma palavra complexa,
articulados sem intermédio de outros; garot– e –a são os C.I. de garota. Nessa perspectiva,
o vocábulo é analisado como uma superposição de camadas binárias, constituídas de um
elemento nuclear (radical) e um periférico (afixo, desinência ou vogal temática). Essa técnica é
também aplicável à frase e não se restringe apenas à morfologia.” (Khedi, 2005, p. 62 63,
verbete Constituintes Imediatos).
182
Khedi ressalta em sua obra que os afixos (sufixos/prefixos), assim como
as desinências e as vogais temáticas são elementos periféricos no vocábulo, ao
passo que o radical é considerado um elemento nuclear nele.
Em relação ao sufixos, Kehdi nos lembra de que, no passado, alguns sufixos
tiveram uso autônomo na língua, assim como ocorre com certos prefixos. E
exemplifica: é o caso da forma latina mente, “espírito”, que aparecia combinada com
adjetivos adequados à sua significação, por isso constituía um caso de composição:
boamente.
A partir do momento em que pôde juntar-se a outros adjetivos é que
adquiriu o caráter de sufixo, portanto de forma presa, como ocorre em
rapidamente, recentemente e em tantos outros exemplos.
Salienta Kehdi o caso curioso do elemento avos, utilizado nos denominadores
superiores a dez nas frações ordinárias superiores a dez: 1/15 (um quinze
avos), sufixo do numeral oitavo (depreendido pela comparação com oito), que
adquire uso autônomo nesse contexto específico.
Valter Kehdi apresenta uma visão bastante esclarecedora em relação
aos sufixos e aos prefixos.
Foi o único autor consultado que mostrou o sufixo com seu uso autônomo, no
passado, tendo formado palavras por composição, antes de adquirir sua autonomia
semântica.
Sua visão a respeito de fatos da língua portuguesa segue as idéias de grandes
Mestres do Estruturalismo (Eugene Nida; Jean Dubois; Francis Mikuš; Joaquim
Mattoso Camara Jr., entre outros).
4.4.6 Graça Maria de Oliveira e Silva Rio-Torto
Rio-Torto também trabalhou com os sufixos em sua tese doutoral, intitulada
Formação de Palavras em Português: Aspectos da construção de avaliativos,
defendida na Universidade de Coimbra, em 1993. Contudo, seu estudo limita-se à
análise de formação de palavras com sufixos avaliativos, aqueles que servem para a
formação de aumentativos e de diminutivos e que manifestam, exclusiva ou
essencialmente, afetividade apreciativa ou diminutiva do falante (papel de
183
manifestação da intersubjetividade). Os sufixos avaliativos diminutivos, ressalta a
autora, são bastante mais numerosos que seus congêneres aumentativos.
Segundo a autora, os sufixos avaliativos
Em relação ao português, remonta às suas primeiras gramáticas a
atenção dedicada a este domínio derivacional, pois em 1536, Fernão de
Oliveira, na sua Gramática da linguagem portuguesa, assinala os sufixos
diminutivos e aumentativos mais significativos do português e, de então
para cá, raras são as gramáticas, os tratados de ortografia e/ou de prosódia,
ou os dicionários que não lhe fazem referência. (RIO-TORTO, 1993, p. 1)
A análise tradicional que se pratica sobre a formação de palavras, no entanto,
mostra-se insuficiente devido a algumas limitações, decorrentes de três fatores: 1)
não se apoiar num modelo explicativo que a fundamente; 2) centrar-se nos
operadores (derivacionais) afixais (sufixos/prefixos), omitindo-se o papel que as
bases e os processos derivacionais desempenham no processo derivativo; 3) as
descrições limitarem-se a classificar, formal e/ou semanticamente, as entidades que
desempenham o papel de operadores afixais, sem levar em conta os paradigmas
derivacionais em que se inscrevem, nem as relações semântico-categoriais
instauradas na/pela construção de novas palavras.
Em relação aos sufixos propriamente ditos, Rio-Torto (1993) adverte-nos de
que
Por outro lado, frequentemente se identifica o conteúdo associado a
um instrumento derivacional com aquele que as palavras com ele
construídas veiculam em situação comunicativa, não se distinguindo,
portanto, dois veis de análise essenciais: o nível inerente ao próprio
sistema derivacional e o nível de utilização comunicativo-pragmática dos
operadores e dos produtos derivacionais. Assim se explica que se atribuam
aos sufixos valores semânticos variáveis e diversos que não representam
mais do que os sentidos discursivos que as palavras com eles construídas
veiculam nos actos de fala em que se integram. (Rio-Torto, 1993, p. 1)
Podemos inferir de sua obra que os sufixos classificam-se, a) quanto à
composição, em: 1) sufixos simples: aqueles que são indivisíveis (cf. aço, –ão,
eiro,–alho, etc.) e 2) sufixos compostos: apresentam uma configuração complexa;
184
trata-se de um sufixo compósito (cf. –alhão, –arrão, –alhaz, arraz, eirão, –ilão,
etc.); b) quanto à proveniência ou origem, em 1) sufixos latinos: aqueles
provenientes do latim (cf. –ico, –inho, –ico, –ucho, etc.); 2) sufixos o-latinos:
aqueles que provenientes de outras línguas, não do latim (cf. –acho, –ico, –isco,
eta, –ete, –ote, etc.); na linguagens técnicas, destacam-se os sufixos eruditos (cf.
ulo, –culo (o de maior vitalidade), –ículo, –olo) embora a autora não utilize
explicitamente essa terminologia.
37
Quanto às relações categoriais envolvidas no uso dos sufixos, duas
vertentes: a) relação categorial de tipo isocategorial – formam derivados da
mesma categoria da base (cf. churrasco > churrasqueira; cerveja > cervejaria;
sorvete > sorveteria; pincel > pincelada, caneta > canetinha etc.); b) relação
categorial de tipo heterocategorial formam derivados de categoria diferente da
base (cf. astro > astral; relâmpago > relampaguear; campo > campestre (adj.); azul >
azular; grito > gritar; dolor (f. ant. de dor) > dolorido, etc). Ambas as relações
categoriais, no entanto, são instauradas por via do afixo daí a classificação deles
em sufixos nominais, sufixos adjetivais e sufixos verbais, conforme formem
nomes (substantivos), adjetivos ou verbos, respectivamente. Quanto ao sufixo
adverbial, em língua portuguesa, existe apenas o sufixo –mente; ele forma
advérbios a partir de adjetivos (uniformes ou biformes); se biformes, a formação se
através da forma feminina do adjetivo (cf. lindo + –mente > lindamente; triste
mente > tristemente; passivo + –mente > passivamente; encantador + –mente >
encantadoramente; brilhante + –mente > brilhantemente, etc.).
Em relação às categorias a partir das quais os afixos operam, no nosso caso
os sufixos, e que caracteriza a base da derivação, classificam-se os sufixos em
denominais, deadjetivais e deverbais, operando sobre bases nominais, bases
adjetivais e bases verbais, respectivamente.
Em relação ao estatutos dos sufixos, a autora assim se pronuncia:
A ausência de parâmetros homogéneos de identificação do valor
funcional de cada afixo repercute-se negativamente na determinação do
seu estatuto morfo-lexical, e manifesta-se pela incapacidade de estabelecer
_______
37
A autora não utiliza explicitamente a terminologia “sufixos simples”, “sufixos compostos, “sufixos
latinos” e “sufixos não-latinos”, mas se refere a eles. Cf. RIO-TORTO (1993, p. 35 – 37).
185
os diferentes conjuntos de operadores isofuncionais que compõem o
sistema de formação de palavras duma língua e as diferentes funções que
uma mesma forma afixal pode desempenhar nesse sistema. (RIO-TORTO,
1993, p. 37).
Rio-Torto observa também:
As significações de cada um dos afixos não se sobrepõem nem são
comutáveis se que ddecorram alterações semânticas distintivas, pelo que
esses afixos desempenham diferentes funções significativas que, em
princípio, corresponderão a categorias semântico-derivacionais relevantes
dentro do sistema da língua: acção (ligação); local de (e/ou) actividade
(papelaria); objecto continente (papeleira), quantidade (papelada); aumento
(papelão).
Mas quando tais condições não se verificam, e isso acontece, por
exemplo, sempre que não alteração categorial entre base e derivado,
são acrescidas as dificuldades na interpretação das formas afixais.
O recurso aos princípios da funcionalidade/oposição distintiva
parcialmente se afigura operatório, uma vez que, por si só, a sua aplicação
não encerra as dimensões necessárias à identificação do estatuto que um
segmento detém no sistema derivacional de que faz parte. À luz destes
princípios, podem ser identificadas como sufixos autónomos entidades de
estatuto completamente diverso daquele que em uma perspectiva
estritamente sincrónica e estruturalista lhes confere: estruturas linearmente
identificadas como afixais podem representar segmentos sem valor de afixo,
ou meras variantes isofuncionais. (RIO-TORTO, 1993, p. 58 – 59).
Os sufixos assim como os prefixos podem ainda estar em variação livre, e
isso ocorre quando eles mantêm entre si os mesmos valores semânticos num
mesmo contexto distribucional. Nesse caso, estamos perante duas variantes livres
de uma mesma entidade sufixal e não ocorre qualquer alteração semântica
relevante. É o que ocorre nos pares abaixo:
–et– , –elh– e –ec–: artigu –ete, artigu –elho e artigu –eco;
–óri– e –uch–: em papel –ório e papel –ucho;
–ção e –mento: afer–i–ção e afer–i–mento; em congel–a–ção e congel–a–mento
186
É importante ressaltar que há algumas objeções a esse postulado:
a) O fato de dois sufixos serem isofuncionais o implica que constituam
escolhas livres. Podem funcionar, nesse caso, em distribuição complementar,
ainda que a mesma o seja obrigatória ou sistemática, como ocorre nos
pares abaixo:
–eza e –ura: alteza x altura; largueza x largura; fineza x finura;
–eir– e –ári–: banqueiro x bancário;
–dade e –ismo: leal–dade x leal–ismo;
–ção e –mento: ligação x ligamento; povoação x povoamento (Cf. *a
povoação da região deu-se lentamente). Embora isofuncionais, ou seja,
produzidos pelo mesmo paradigma (ligar) são intermutáveis (Rio-Torto, 1993, p.
59 e p. 73).
b) Não há uma relação de implicação entre a comutabilidade, num mesmo
contexto distribucional: pode não haver identidade ou equivalência semântica
por parte de duas entidades:
rapazote x rapazito x rapazete x rapagão;
narigudo x narigão;
amorzinho x amoreco;
murão x muralha;
beiçola x beiçudo.
c) Dois segmentos de significação idêntica podem comutar no mesmo contexto,
entretanto, não se pode afirmar que se trata de variantes em distribuição
facultativa duma mesma entidade afixal.
mundano x mundanal;
campestre x campal.
187
COSERIU (1976 [1978] e 1982, apud RIO-TORTO, 1993, p. 81), estabelece
três grandes tipos de produção lexical: a modificação, o desenvolvimento e a
composição e, baseados neles, pode-se esboçar uma tipologia das funções
paragramaticais implícitas nos processos formativos de palavras, assim
representados:
TIPOS DOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
(PRODUÇÃO LEXICAL SUFIXAL)
Coseriu baseia-se em dois critérios: a) o número de bases lexicais implicados no processo de
formação; b) o tipo de função gramatical que caracteriza o novo produto léxico. Pode ser “atual” ou
“inatual” a determinação gramatical à qual corresponde, ou não, uma nova categoria sintática da
palavra construída. Destacam-se na proposta coseriana três vetores fundamentais: a) a visão
estruturada do domínio da formação de palavras, sendo este dotado de uma orgânica interna que
assenta num conjunto de funçõ
es lexemáticas; b) valorização da dimensão semântica do derivado; c)
a identidade de cada paradigma de formação de palavras assentar em parâmetros de natureza
semântica e categorial.
MODIFICAÇÃO: anexação de um monema a uma base, sem alterar-lhe sua categoria; incluem as
derivações sufixais que não implicam na mudança da categoria gramatical , e os paradigmas de
prefixação. Exemplos:
pêra > pereira carro > carroceria terra > terrário
gato > gataria chapéu > chapelaria igreja > igrejário
Apresenta dois subtipos:
1) a mudança de gênero:
abade > abadessa ator > atriz duque > duquesa
galo > galinha herói > heroína poeta > poetisa
rei > rainha
2) a quantificação, assinalada pelas seguintes modalidades:
2.1) diminuição: ilhota, ilhéu, mesita, saquinho, chuviscar, fervilhar, saltitar;
2.2) diminuição com a variante “aproximação” aproximativa: grandinho, magrete, magrito, velhote,
vermelhusco;
2.3.) aumento: barcaça, carrão, casarão, facalhão, portão, rapagão, rapazote, amigalhão,
amigalhote, grandão, grandalhão, toleirão;
2.4) coletivização: papelada, folhagem, pessoal, vasilhame, vizinhança, maquinaria, passaredo,
berreiro, armamento;
188
2.5) intensificação: pazada, invernada
38
, poeirada,
2.6) parcialização: antever, prever;
2.7) repetição: revelho, recozer, saltitar;
2.8) negação: assimetria, desfazer, dissemelhança, invulgar.
DESENVOLVIMENTO: dá-se uma determinação gramatical “atual” que implica uma função
oracional, pelo que o derivado apresenta uma classe gramatical diferente da respectiva base.
Exemplos:
amargo > amargura quente > quentura estrela > estrelar
só > somente arranhar > arranhadura gota > gotejar
Apresenta as subclasses:
1) desenvolvimento predicativo: caracteriza a formação dos “nomina actionis” (acolhimento,
aprendizagem, fundição, melhoramento, picadura, pincelada, sinalização, tropeção, vingança,
zombaria, etc.), e dos “nomina qualitatis” (amargor, amplidão, amplitude, azedume, cegueira, certeza,
espessura, estroinice, experiência, frescura, imundície, largueza, largura, lealdade, mestria, patifaria,
solidez, teimosia, tolerância, vassalagem, etc.);
2) desenvolvimento atributivo: manifesta-se na formação de adjetivos denominais: alcoólico,
comarcão, aromático, artesanal, campestre, carteirista, cervejeiro, cristalino, complementar,
corpulento, ferrenho, forense, montanhês, mulherengo, natalício, nervoso, prosaico, serrano,
solarengo, terreno, térreo, terrestre, terrorista, etc.
3) desenvolvimento de objetos preposicionais: enriquecer (transformar-se em rico), aterrar
(chegar a terra), ensacar (meter em saco), etc.
Tabela 4.19 Tipos de Processos de Formação de Palavras (Produção Lexical
Sufixal)
(Fonte: RIO-TORTO, 1993, pp. 81 – 85, adaptada, modificada e acrescida por nós.)
Obs: Rio-Torto baseia-se em Coseriu (1976 [1978] e 1982)
39
_______
38
No Português do Brasil, a forma invernada merece destaque em relação ao português de Portugal:
1
invernada s.f. (sXIII cf. FichIVPM) 1 tempo borrascoso, de chuvas e ventos, próprio do inverno 2
inverno austero, duro, rigoroso; invernia 3 B período de chuvas prolongadas, contínuas durante a
estação que, no Norte e no Nordeste, é impropriamente chamada de inverno ETIM inverno + -ada;
2
invernada s.f. (1881 cf. CA
1
) B S. pasto de longa extensão, cercado de obstáculos naturais ou
artificiais, que se destina ao descanso, à engorda de animais de criação ou ainda a outros fins
ETIM fem. substv. de invernado part. de invernar; ver invern-. (Houaiss, versão eletrônica)
invernada s. f., duração do tempo invernoso; invernia; Brasil, designação de certas pastagens
fechadas por obstáculos naturais ou introduzidos pelo Homem e que se destinam a guardar gado
durante um certo período. (Língua Portuguesa On–Line – Priberam – Dicionário. Disponível em
<http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx> Acessado em 27/03/2008.)
39
COSERIU, Eugenio. “La formación de palabras desde el punto de vista del contenido. A proposito
del tipo coupe-paier” [1976]. IN: Grammatica, semántica, universales. Estudios de linguística
funcional. Madrid. Editorial Gredos, 1978, pp. 239 – 264.
COSERIU, Eugenio. “Les procédés sémantiques dans la formación des mots”. IN: Cahiers Ferdinand
de Saussure, n
o.
35, 1982, pp. 3 – 16.
189
Rio-Torto (2006) também mostra a utilização de alguns sufixos ao tratar da
morfologia interna dos adjetivos, ressaltando:
[...] tem um peso significativo na sua configuração, desde logo porque
o adjectivo é portador de um radical, como em grande, ou de mais do
que um, o que acontece quando se trata de um adjectivo derivado,
denominal (tentacular) ou deverbal (surpreendente).
A importância da estrutura morfológica avulta pela repercussão que tem na
estrutura semântica e funcional do adjectivo. Os adjectivos derivados são,
por definição, portadores de uma estrutura morfológica mais enriquecida e,
portanto, de uma espessura semântica acrescida e bastante mais
complexa. (RIO-TORTO, 2006, p.109)
Um adjetivo derivado herda as capacidades referenciais e predicativo-atributivas
do nome (argiloso, triangular, arbustivo) ou do verbo (aconselhável, enternecedor,
inebriante) que lhe serve de base.
Assim pode-se representar a estrutura morfológica de adjetivos denominais e
deverbais conformes quadros extraídos de Rio-Torto (2006):
40
Radical nominal/adjectival sufixo
argil– (presente em argila) –os–
triangul– (presente em triângulo) –ar
arbust– (presente em arbusto) iv–
fin– (presente em fino) óri–
Tabela 4.20 – Estrutura morfológica dos adjetivos denominais I
(Fonte: RIO-TORTO, 2006, p. 109)
_______
40
RIO-TORTO (2006) trata das várias classes de adjetivos e de suas propriedades, ou dimensões, a
saber: distribucionais, morfológicas, morfossintáticas, semânticas e argumentais. Entretanto, a
especificidade deste seu artigo foge ao tema deste nosso trabalho e, por essa razão, não será aqui
trabalhado em detalhes. Para maiores informações, recorra o leitor ao texto completo, citada a fonte
nas referências bibliográficas.
190
Radical nominal/adjectival Tema verbal sufixo
conselh– (presente em conselho) aconselha– (presente em aconselhar) –vel
banal– (coincidente com banal) banaliza– (presente em banalizar) –vel
ebri– (presente em ébrio) inebria– (presente em inebriar) –nte
enfastia (presente em enfastiar) fasti– (presente em fastio) –nte
tern– (presente em terno) enternece (presente em enternecer) –dor
rerror (coincidente com terror) aterroriza– (presente em aterrorizar) –dor
Tabela 4.21 – Estrutura morfológica dos adjetivos denominais II
(Fonte: RIO-TORTO, 2006, p. 110)
O que podemos verificar é que os sufixos estão presentes tanto em adjetivos
denominais que apresentam as fórmulas: Radical Nominal/Adjetival + Sufixo ou
Radical Nominal/Adjetival Tema Verbal + Sufixo, ou seja, os sufixos o
acrescidos ao Radical ou ao Tema Verbal nesses casos.
A obra de RIO-TORTO (1993) trata da sufixação em língua portuguesa, em
especial dos sufixos avaliativos.
RIO-TORTO ressalta que a importância da utilização comunicativo-pragmática
(= enunciação) para se atribuir aos sufixos valores semânticos variáveis, sob pena
de se restringir ao nível inerente ao próprio sistema derivacional.
Da obra de Rio-Torto, podemos inferir a seguinte classificação dos sufixos:
a) quanto à composição (simples ou compostos); b) quanto à origem ou
proveniência (latinos x não-latinos e eruditos (sobressaem na linguagem cnica ou
de especialidade); c) quanto à relação categorial dos derivados (sufixos
isocategoriais x sufixos heterocategoriais); d) quanto à categoria da base sobre a
qual operam (sufixos denominais, deadjetivais e deverbais; não referência(s) ao
sufixo adverbial (–mente).
Bastante interessante é o estudo que faz dos tipos de processos de formação
de palavras (Produção Lexical), pautada em COSERIU (1976 [1978] e 1982).
Em seu artigo de 2006, RIO-TORTO mostra que alguns sufixos podem operar
diretamente sobre o Radical Nominal/Adjetival ou sobre Temas Verbais quando se
trata de adjetivos denominais.
191
4.4.7 Luiz Carlos de Assis Rocha
O autor, que segue a linha gerativista, assim define sufixo em sua obra:
Sufixo é uma forma presa recorrente, que se coloca à direita da
base
41
, caracterizando assim uma palavra derivada. (ROCHA, 1998, p. 108)
Para ele, o sufixo se distingue de uma base por não apresentar significação
e/ou função (S/F) própria, autônoma, independente. No entanto essa S/F
será explicitada se o sufixo estiver anexado a uma base, por isso deve-se falar na
S/F do produto e não na S/F do sufixo e exemplifica:
- florista é a pessoa que vende flores, não é o –ista que vende flores;
- jogador é a pessoa que joga, mas não é o –dor que joga;
- ajudante é a pessoa que ajuda, não é o –nte que ajuda;
- boiada é um conjunto de bois, mas não é o –ada que ajuda.
Para se definir se um lexema apresenta sufixo ou não, basta verificar se a
terminação da palavra aparece em outras formações da língua com o mesmo
significado S/F. É o caso da seqüência fônica eiro, um sufixo em padeiro, com o
sentido de agente, forma recorrente com o mesmo significado em leiteiro, lixeiro,
açougueiro, confeiteiro, sacoleiro, muambeiro, roqueiro, micreiro, grafiteiro,
faficheiro
42
, frizeira, carpinteiro, marceneiro etc.
Os sufixos podem ser anexados a bases livres (marinheiro, bíblico,
charmoso, arrozal, etc.) ou a bases presas (carpint– eiro, marcen– eiro, ol– aria,
ol– eiro, serralh– eiro, agr– este, antrop– óide, cív– ico, doc– ente, etc.).
Em relação às bases presas é necessário observar:
________
41
“Base é uma seqüência fônica recorrente, a partir da qual se forma uma nova palavra, ou através
da qual se constata que uma palavra é morfologicamente complexa. A partir da base apelidar é
possível formar apelidador, e em formigueiro, uma palavra institucionalizada, constatamos que
a base é formiga. A base não precisa ser uma palavra da língua . Poderá ser uma forma
presa, como em agrário (agr–) ou escoteiro (escot–)” (Rocha, 1998, p. 100).
42
faficheiro < FAFICH (sigla de Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas). Trata-se de um
neologismo citado por Rocha utilizado pelos estudantes e docentes da UFMG. A palavra não está
atestada nem abonada no Aurélio nem no Houaiss, ambos em versão eletrônica, no entanto,
encontramo-la em algumas páginas do GOOGLE.
192
a) Em alguns casos, correspondem ao que a Gramática Tradicional, chamada
Normativa ou Prescritiva, denomina de radicais gregos e latinos: bio– (vida),
gastr– (intestino), geo– (terra), etc.;
b) Podem apresentar alomorfes: graf– ~grafo; agr– ~ agri– ~agro–; antropo– ~
antrop– etc.;
c) Podem ser anexadas a sufixos: (escot– ismo; gástr– ico; agr– ário; antrop–
óide) , a bases presas (gastr– ônomo; geo– logia; antropo– morfia) ou a
bases livres (agri– cultura; bio– degradável; eco– xiita);
d) Podem aparecer como primeiro elemento da composição (malabar– ismo;
artilh– aria; antropo– logia; geo– grafia etc.) ou como segundo elemento
de composição (aurí– fero; frutí– fero; taqui– grafia; metró– pole; bí–
gamo; fungi– cida etc.)
e) Podem ser produtivas, isto é, capazes de formar novas palavras (agr– este;
agr– ário; agri– cultura; agro–pecuária etc. (formações consagradas);
agro–indústria; agro– dólar; agro–boy (formações novas) ou improdutivas,
isto é, limitar-se às palavras consagradas na língua, não servindo como
ponto de partida para a formação de novos itens lexicais (combust– ível;
lantern– eiro; hospital– idade, docê– ncia; serralh– eria etc.).
Rocha (1998, p. 109) adverte-nos ainda de que “[...] não critérios muito
claros para se fazer a distinção entre sufixo e base presa (como segundo elemento
de composição) [...]” e exemplifica:
cefalalgia – cefaléia – encefalite
Para a Gramática tradicional, –algia é considerado radical; base presa, na
terminologia de Rocha;
–éia e –ite são sufixos para a Gramática Tradicional;
193
–algia, –éia e –ite, como observa o autor, apresentam sentidos
equivalentes (dor ou inflamação).
O mesmo ocorre com
sambódromo – fumódromo – rocódromo (–dromo ou
–ódromo) é base presa ou sufixo?
geologia – antropologia – numerologia (–logia)
é base presa ou sufixo?
No capítulo 7, Processos de Formação de Palavras. A Derivação Prefixal,
no item 7.3 BASE PRESA X PREFIXO, p. 153 a 156, Rocha esclarece-nos que:
a) As bases presas equivalem, semanticamente, a substantivos, adjetivos e
verbos;
b) Os lexemas compostos caracterizam-se por apresentarem mais de uma raiz,
ou seja, base + base;
c) As raízes, por definição, apresentam significação externa.
Exemplos de compostos:
antropologia antropo– base presa substantiva (´homem´)
log(ia)– base presa substantiva (´tratado, ciência´)
sambódromo sambó– alomorfe da base livre substantiva samba
dromo– base presa substantiva (´local em que se realiza algo
destinado a algum evento ´)
anfiteatro anfi– base presa adjetiva (´de forma circular, com arquibancadas
etc.´)
arborícola arbori– alomorfe da base livre substantiva árvore
cola– base presa verbal (´que cultiva ou habita´)
194
Baseando-se na expressão “vocábulos homônimos” , Rocha (1998, p. 109)
assim se refere a “sufixos homônimos”: “Dois ou mais sufixos distintos que
apresentam coincidência sob o ponto de vista fonético [...]”, cuja terminologia
correta deveria ser a seu ver “sufixos homófonos”. Em relação a esses últimos,
assim os define:
Sufixos homófonos são portanto, sufixos que apresentam a mesma
seqüência fonética, mas sentidos e/ou funções diferentes, como –al1 e –al
2, de laranjal e de semanal, por exemplo. (ROCHA, 1998, p. 110).
Outros exemplos de sufixos homófonos:
SUFIXOS: SENTIDO E/OU FUNÇÃO: EXEMPLOS:
–eiro
1
agente verdureiro, doleiro, roqueiro
–eiro
2
árvore ou arbusto abacateiro, tomateiro
–eiro
3
lugar ou recipiente galinheiro, saleiro, doceira
–eiro
4
idéia ou conjunto, coletivo braseiro, letreiro, nevoeiro
–eiro
5
gentílico brasileiro, mineiro, pantaneiro
–eiro
6
formador de adjetivos grosseiro, matreiro, ordeiro
–eiro
7
objeto chuveiro, isqueiro, pandeiro
–ar
1
formador de verbos malufar, telefonar, clientar
–ar
2
formador de adjetivos familiar, circular, escolar
Tabela 4.22 – Sufixos Homófonos – Sentidos e/ou Funções e Exemplificação.
(Fonte: ROCHA, 1998, p. 111 – 112)
Rocha (1998) traz ainda em suas classificações os seguintes tipos de
sufixos:
a) Sufixos concorrentes: aqueles que, distintos sob o ponto de vista fonético,
apresentam o mesmo sentido e/ou função. Além do mais, as bases e os
produtos precisam pertencer à mesma categoria lexical.
Exemplos:
–ista e –eiro: formam substantivos–agentivos a partir de substantivos:
195
florista, frentista, parecerista, palestrista, padeiro, lixeiro, faroleiro, verdureiro,
etc.
–al, ico, –iano, –eiro, –ino, –estre, –aço, –ado, –ar, –ento, –eo etc:
formam adjetivos a partir de substantivos:
carnal, rítmico, machadiano, verdadeiro, natalino, campestre, maníaco,
barbado, familiar, corpulento, róseo etc.
b) Sufixos alomorfêmicos: são aqueles que apresentam variação de morfema
em função do contexto (cf. –al ~ zal; –eiro ~ –eira; –nça ~ –ncia; –aça ~
aço; –aria ~ –eria; –bil ~ –vel; –dor ~ tor ~ –sor ~ –or; –ura ~ –dura ~ –tura
etc.)
Exemplos:
–eiro ~ –eira: árvore ou arbusto:
abacateiro, goiabeira, laranjeira, limoeiro, mangueira, roseira etc.
–dor ~ –tor ~ –sor ~ –or: agentivo:
ascensor, cantor, corredor, delator, genitor, narrador, professor etc.
–ura ~ –dura ~ –tura: substantivos abstratos; ação expressa pelo verbo;
adjetivos; objeto; locativo:
alvura, atadura, brancura, clausura, cintura, dentadura, doçura, feitura,
formatura, magistratura, mordedura, pintura etc.
c) Sufixos categoriais: são os sufixos que mudam a categoria lexical do
produto em relação à base; sufixos não categoriais: são aqueles que não
mudam a categoria lexical do produto, com relação à base. São todos
significativos:
Sufixos Categoriais
V
S
–nte
amar amante
196
S A
–al
teatro teatral
V S
–dor
navegar navegador
Sufixos Não-Categoriais
S S
–eiro
bicho/bicheiro agente
S S
–ada
dente/dentada golpe
A A
–al
branco/brancal adjetivo
Os sufixos categoriais podem ser: a) significativos se se acrescenta ao
significado da base uma significação acessória (cf.: seqüestrar < seqüestrável
possibilidade etc.); b) o–significativos se não se pode apontar nos sufixos
algum componente semântico . São chamados sufixos funcionais (cf.: teatro <
teatral; ritmo < rítmico; preparar < preparação etc.).
Obs.: A língua portuguesa não apresenta sufixos não–categoriais não–
significativos: quando não se pode apontar claramente um componente
semântico, a possibilidade de se falar numa diferença de grau e, às vezes, numa
diferença estilística:
Exemplos:
triste tristonho
feio feioso
cinza cinzento
eterno eternal
angélico angelical
d) Às vezes , têm-se seqüências fônicas terminais que são sufixos, porque são
recorrentes
43
e têm uma função específica: formar substantivos, adjetivos,
verbos ou advérbios. É o que ocorre nos exemplos abaixo, todos adjetivos:
44
_______
43
Na realidade, basta uma seqüência fônica terminal ser recorrente para ser classificada como
sufixo? A seqüência fônica –ebre não é recorrente em língua portuguesa e, a bem da verdade,
forma o derivado casebre, único em língua portuguesa a apresentar esse sufixo. No entanto, não
parece haver vida, se consultarmos um falante nativo da língua, de que ele reconheça essa
seqüência “–ebre“ como sufixo. A questão da produtividade ou não de um sufixo parece ser outra
questão. (Cf. “casebre
s.m. (1789 cf. MS
1
) 1 casa pequena e humilde, sem conforto, velha ou em
ruínas 2 pequena habitação rústica; choupana, tugúrio, cabana ETIM orig.contrv.; prov. do
provç casebre, antigo occ. casibla; AGC deriva o provç. do lat.medv. *cassibula 'casinha'; segun-
197
momentâneo campestre celeste
temporâneo alpestre agreste
cutâneo silvestre
subterrâneo eqüestre
litorâneo rupestre
espontâneo terrestre
consentâneo
simultâneo
(Fonte: ROCHA, 1998, p. 116)
Os sufixos âneo, –estre e –este são, por definição, recorrentes, mas são
improdutivos, melhor dizendo, falta a essas regras e a esses sufixos o caráter de
produtividade, na língua atual, embora o falante nativo possa aplicar-lhes as
RAE´s (Regras de Análise Estrutural) e reconhecer suas estruturas cuja regra
pode ser assim formalizada: [ [X]a Y]b. Observem-se as seguintes RAE´s:
[ [momento]
S
–âneo]
A
[ [campo]
S
–estre]
A
[ [terra]
S
–âneo]
A
[ [cútis]
S
–âneo]
A
[ [céu]
S
–este]
A
Obs.: S = substantivo ; A = adjetivo
O falante saberá que momentâneo, campestre, terrestre, cutâneo e
celeste vêm, respectivamente, de momento, campo, terra, cútis e céu e assim
por diante.
_______
do Corominas em DECLC, o port. casebre poderia constituir uma sobrevivência moç.: lat.
*casipula, dim. de casa, pronunciado kazebrä pelos mouriscos do Ribatejo ao Algarve; ver cas-.
(Houaiss, versão eletrônica)
44
Exemplos recolhidos em ROCHA (1998). O autor não cita exemplos de substantivos, verbos
nem de advérbios, embora os sufixos possam formar palavras de todas essas classes
gramaticais, também denominadas classes lexicais ou plenas.
198
Luiz Carlos de Assis Rocha filia-se, como vimos, à linha da morfologia
gerativista. Suas reflexões são muito pertinentes em relação aos sufixos, à
sufixação e aos demais temas de que trata sua obra, aqui analisada apenas
parte dela.
Muito interessantes e diferentes dos estudos tradicionais (gramaticais /
normativos / prescritivos / estruturalistas) são as idéias do autor em relação aos
sufixos e à sufixação, em virtude da linha de pesquisa à qual se filia, dentre as
quais, podemos ressaltar: a) mostrar os sufixos ligados a bases presas; b) a
diferenciação entre sufixos e bases presas; c) classificação dos sufixos etc.
O autor nos mostra que os sufixos em si não são produtivos ou
improdutivos, como vulgarmente se diz, mas o são as regras que geram novas
palavras e podem ser aplicadas a uma base da língua portuguesa e ser capazes
de gerar, ou não, um novo produto.
É um dos raros autores que apresenta em seus estudos os “sufixos
homófonos” estudo bastante interessante, mas pouco trabalhado pela literatura
especializada. Além do caráter didático-pedagógico, sua obra apresenta
abundância de exemplificação.
4.4.8 Alina Villalva
A obra de Villalva (2000) constituiu sua dissertação de doutoramento em
lingüística, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1994,
orientada pela Profa. Dra. Maria Helena Mira Mateus.
Seu objetivo geral é descrever e analisar as estruturas morfológicas do
Português. Para isso, a referida autora baseou-se nos pressupostos e programa da
Teoria Gerativa, apresentados em Chomsky (1986, p. 3 – 4)
45.
Na Introdução, ao fazer a apresentação de sua obra e dos referidos capítulos,
Villalva, na página 10, já propõe uma distinção entre sufixos, os quais podem ser de
três tipos ou espécies:
_______
45
Villalva refere-se à obra knowledge of Language. Its Nature, Origin and Use, de autoria de Noam
Chomsky, publicada em 1986, em Nova Iorque, pela Praeger.
199
a) sufixos derivacionais: são predicadores transitivos e subcategorizam
obrigatoriamente um complemento (radical, tema ou palavra);
b) sufixos flexionais: são especificadores morfo-sintáticos do tema;
c) sufixos avaliativos: são modificadores.
Para Villalva, baseada na perspectiva de Siegel (1974, 1979)
46
e de Allen
(1978)
47
, os sufixos, de modo geral, contêm a sílaba tônica, situação prevista pela
regra geral da acentuação, ao contrário dos prefixos que são neutros quanto ao
acento:
folha folhagem
barulho barulhento
cil facilidade
Entretanto, Villalva ressalta que o acento pode recair sobre a última vogal da
base:
demônio demoaco
símbolo simlico
ácido acídulo
ou ainda o acento pode recair sobre a mesma sílaba [tônica] da base:
terra rreo
eficaz eficia
ovo óvulo
cone cónico
_______
46
SIEGEL, D. Topics in English Morphology, 1974; Nova Iorque: Garland, 1979.
47
ALLEN, M. Morphological Investigations. Universidade de Connecticut: Dissertação de PhD,
1978.
200
Villalva (2000, p. 47) nota ainda “[...] que os sufixos se associam a radicais,
temas ou palavras.” e fazem parte dos afixos e, para ela, baseada em Siegel (1974,
1979), podemos reconhecer as subclasses dos afixos, assim distribuídos:
a) prefixos I;
b) prefixos II;
c) sufixos I;
d) sufixos II.
Os afixos de nível I são introduzidos por “+” [fronteiras de morfema], e os afixos
de nível II, por “#” [fronteiras de palavra].
Conjugando-se os dois critérios (acentuação e categoria morfológica da base),
Siegel (1974, 1979: 153, apud Villalva, 2000, p. 44 45) “[...] preconiza a
perificidade dos afixos de nível II relativamente aos afixos de nível I” e assim os
esquematiza:
afixos +
palavras não derivadas Afixação
radicais
Regras cíclicas de acentuação
afixos # Afixação #
O modelo de Siegel (1974, 1979), no entanto, traz sérios problemas ao
português, uma vez que “As regras gerais de acentuação em Português (cf. Pardal
1973, 1977 e Mateus 1983)
48
demonstram que as palavras complexas são
acentuadas de modo idêntico ao das palavras simples. [...]” (Villalva, 2000, p. 45).
_______
48
PARDAL, Aspects de la Phonologie (Générative) du Portugais. 1973; Lisboa: INIC CLUL,
1977.;
MATEUS, M. H. M.; BRITO, A. M.; DUARTE, I. e FARIA, I. H. Gramática da Língua Portuguesa.
Lisboa: Caminho, 1983; 1989, 2ª. edição revista e aumentada; 1992, 3ª. edição.
201
É o Capítulo 4. ESTRUTURAS DE SUFIXAÇÃO (p. 177 a 287), contudo, o que
mais de perto nos interessa, ainda assim o que nos diz respeito aos sufixos
derivacionais.
A sufixação, de acordo com a posição da autora, realiza em Português,
estruturas morfológicas de flexão, assim como muitas estruturas não-flexionais,
como ocorre, em geral, nas línguas indo-européias (derivacionais ou outras).
A flexão e a sufixação derivacional são processos distintos, ainda que em
ambas intervenham sufixos, obrigatoriamente, e embora alguns autores não os
considerem processos diferentes. Para a autora,
Defenderei, em particular, que os sufixos de flexão se distinguem dos
sufixos derivacionais porque realizam exclusivamente categorias morfo-
sintácticas determinadas pela categoria sintáctica da base (que não
alteram), e porque, justificando a estrutura básica se associam a temas
adjectivais, nominais ou verbais) para formar palavras (respectivamente,
adjectivos, nomes e verbos). São estas propriedades dos sufixos que
permitem caracterizar a flexão como um processo obrigatório, sistemático e
produtivo. Os sufixos derivacionais, pelo contrário, realizam diversas
categorias morfo-sintácticas e morfo-semânticas e subcategorias
morfológicas, determinam a categoria sintáctica das palavras derivadas, e
associam-se a radicais ou a temas verbais, formando novos radicais.
(VILLALVA, 2000, p. 178).
São as seguintes as principais propriedades dos sufixos derivacionais:
a) associam-se a eles significados idiossincráticos
b) podem alterar a categoria da base, embora não exista essa obrigatoriedade;
c) podem influenciar a estrutura fonológica da base na derivação;
e) são menos periféricos do que os sufixos flexionais (mais periféricos);
f) admitem recursividade e/ou permutabilidade;
g) são o núcleo das construções que os integram;
202
h) realizam um conjunto de categorias (morfo-sintática e morfo-semântica);
i) determinam a especificação categorial dos derivados (adjetivais, nominais e
verbais);
j) geram radicais na sufixação derivacional, o que justifica a sua o-
obrigatoriedade, e possibilita a sua recursividade;
j) dão origem à posição relativa que ocupam relativamente aos sufixos flexionais;
l) realizam uma ou mais categorias (morfo-sintática, morfo-semântica) ou
realizam uma ou mais categorias (morfo-sintática, morfo-semântica) ou
subcategorias, mas nunca exclusivamente categorias morfo-sintáticas,
determinadas pela categoria sintática da base (função obrigatória e exclusiva dos
sufixos flexionais);
m) determinam sempre o valor da categoria sintática da palavra em que ocorrem,
das subcategorias morfológicas; das categorias morfo-sintáticas; e das
categorias morfo-semânticas;
n) não podem realizar diferentes categorias morfo-semânticas (p. ex. os
derivados que integram o sufixo –dor nomes agentivos ou instrumentais);
o) selecionam radicais ou temas, formando radicais.
As propriedades dos diferentes processos de sufixação podem assim ser
sistematizadas de acordo com VILLALVA (2000, p. 211):
203
FLEXÃO SUFIXAÇÃO
DERIVACIONAL
SUFIXAÇÃO
AVALIATIVA
SUFIXAÇÃO
Z-AVALIATI-
VA
BASE tema radical, tema ou
palavra
radical palavra CATEGO-
RIA
MORFO-
LÓGICA
BASE + SUFIXO palavra radical radical palavra
DETERMINADA
PELA BASE
+
+
+
CATEGO-
RIA
SINTÁCTI-
CA
DETERMINADA
PELO SUFIXO
+
G
+
N
E
ADJ
N
o.
+
TMA
+
V
PN
+
CATEGO-
RIAS
MORFO-
SINTÁCTI-
CAS
ADV
CATEGORIAS MORFO-
SEMÁNTICAS
+ + +
Quadro 1.1 Sistematização das Propriedades dos Diferentes Processos de
Sufixação
Legenda:
Adj = adjetivo PN = pessoa-número
G = grau TMA = tempo-modo-aspecto
N = nome (substantivo) + = sim
N
o.
= número = não
(Fonte: Villalva, 2000, p. 211)
204
4.4.9 Margarita Maria Correia Ferreira
A obra de Margarita Correia “[...] constitui uma versão corrigida e organizada
da sua Dissertação de Doutoramento em Linguística Portuguesa, com o título A
Denominação das qualidades: contributo para a compreensão do léxico
português, apresentada à Universidade de Lisboa no final de 1999.” (cf. CORREIA,
2004, Apresentação, p. 15).
A autora foi orientada pela Prof
a.
Dr
a.
Danielle Corbin (Universidade de Lille III)
e pelo Prof. Dr. João Malaca Casteleiro (Universidade de Lisboa), tendo adotado
como modelo para suas análises a morfologia construcional, concebido por
Corbin.
Em relação aos sufixos propriamente ditos, Correia, baseada nos
ensinamentos de Corbin, estabelece para seus estudos a seguinte dicotomia:
sufixos possíveis ou pseudo-sufixos x sufixos internacionais, cada qual, no
entanto, delimita outros subconjuntos de sufixos do Português:
SUFIXOS POSSÍVEIS OU PSEUDO-
SUFIXOS:
(Terminologia proposta por Corbin)
SUFIXOS INTERNACIONAIS
(Terminologia proposta por Correia)
surgem em estruturas analisáveis em
português;
são portadores de significado relacional
característico de sufixos do português;
estabelecem com suas bases uma relação
semântica que é reprodutível noutras
estruturas semelhantes;
são integráveis em paradigmas sufixais
próprios de RCPs do português;
são, portanto, interpretáveis como sufixos
do português;
porém, nenhuma das palavras que os
exibem foi espontaneamente construída em
português, muito embora alguma delas
possam resultar de réplicas deliberadas de
estruturas de outras línguas, por exemplo, do
surgem em estruturas analisáveis em
português;
são portadores de significado relacional
característico de sufixos do português;
estabelecem com suas bases uma relação
semântica que é reprodutível noutras
estruturas semelhantes;
são integráveis em paradigmas sufixais
próprios de RCPs do português;
os seus cognatos portugueses encontram-
se disponíveis para a construção de novas
unidades;
são, portanto, interpretáveis como sufixos
do português;
as estruturas que os exibem podem ou
não ter sido construídas em português.
205
latim ao nível dos discursos científico-
técnicos.
Exemplos:
–ícia, –ície, –or e –tude
–ncia /–ncia (sic), –ia
2
, –idade e –ismo
Tabela 4.23 – Sufixos Fósseis x Sufixos Internacionais.
(Fonte: CORREIA, 2004, p. 106 – 108)
Nota: RCPs = Regra de Construção de Palavras.
Correia refere-se ainda aos sufixos autóctones, “[...] aqueles sufixos que
basicamente permitem a construção de nomes de qualidades em português.”,
tratando os de origem latina, muitos deles apresentam sufixos cognatos nas
restantes línguas românicas.
Exemplos:
–ez e –eza (em português) apresentam formas cognatas em espanhol;
–ura (em português) apresenta formas cognatas em espanhol (–ura) e em
francês (–ure).
Os sufixos cognatos diferem dos sufixos internacionais em virtude das
seguintes razões:
a) são sufixos que não apresentam formas cognatas em inglês;
b) não apresentam comportamento idêntico nas diversas línguas românicas,
como ocorre com –ia
2 49
, –idade e –ismo;
c) alguns sufixos não ocorrem em todas as línguas românicas (cf. ez: surge
apenas em português e em espanhol);
_______
49
Correia usa números sobrescritos para sufixos homófonos, isto é, sufixos que apresentam o
mesmo significante, mas significado(s) diferente(s). (Cf. –ia
1
, –ia
2
)
206
d) alguns ocorrem apenas em português (cf. –idão, –ice e –eira) não
apresentando formas próximas no restante das línguas românicas.
Correia utiliza em sua obra o modelo SILEX (Syntaxe, Interprétation et
LEXique UMR do CNRS), sediado na Universidade de Lille III (França) o qual,
segundo ela, tem sido aplicado com êxito na descrição do léxico construído de
várias línguas românicas, em particular do francês, além de sua aplicação ao grego
moderno e é capaz de dar conta dos “indivíduos lexicais” e de muitos fenômenos em
relação a palavras o-construídas. A autora trata dos substantivos que permitem
denominar as qualidades em português – entidades com ocorrências múltiplas,
parafraseáveis por “qualidade de X / caráter de X / o fato de X” (X corresponde a um
predicado), que podem ser representados pela estrutura “N
o
é / está Y”
50
. Em seu
estudo destacam-se os sufixos seguintes:
–ada, ado, –agem, –ança/–ância, –ato, –dade, dão ou idão ou –(i)dão,
ença /
–ência, –eira, –ez, –eza, –ia, –iça, –ice, –ícia, –ismo, –or, –tude ou –(i)tude, –ugem,
–ura.
Tabela 4.24 – Sufixos atribuíveis aos nomes de qualidades.
(Fonte: CORREIA, 2004, p. 123)
No Capítulo 5, ELEMENTOS CENTRAIS DA CATEGORIA DOS NOMES DE
QUALIDADE: SUBSTANTIVOS DEADJETIVAIS CONSTRUÍDOS POR
SUFIXAÇÃO (p. 243 a 331), Correia descreve o comportamento dos sufixos que
intervêm na construção de nomes de qualidades deadjetivais em português,
levando-se em conta os aspectos formais da instrução semântica desses sufixos,
além dos aspectos referenciais que se traduzem na capacidade denominativa
desses nomes construídos.
A título de exemplificação, tomemos os substantivos em –eira:
a) O estatuto de –eira
51
não é de todo claro e evidente na construção dos nomes
de qualidades deadjetivais;
_______
50
Cf. “Os Lusitanos eram valentes a valentia dos Lusitanos.” (CORREIA, 2004, p. 87).
207
b) Sua produtividade é relativamente reduzida na construção de nomes de
qualidade;
c) Os nomes de qualidade construídos com esse sufixo apresentam marcas de
significado enunciativo
52
, em quase todos os casos, sendo possível a
construção com recurso a outros sufixos.
d) diversos sufixos –eir em português, provenientes do latim ĀRĬU, alguns
isocategoriais, outros homocategoriais (de acordo com Rio-Torto 1993: 699,
apud Correia, 2004, p. 315).
De acordo ainda com Rio-Torto (1993, apud CORREIA, 2004, p. 315), são os
seguintes produtos isocategoriais construídos por meio de –eir:
SUFIXO: SEMÂNTICA: EXEMPLIFICAÇÃO:
–EIR–
Construtor de adjetivos
achaqueira, aguaceiro, moiteira e
zunideira.
–EIR–
Construtor de diminutivos
carvalheira, moiteira, valeira.
–EIR–
Construtor de nomes quantitativos.
Paráfrase: “grande quantidade de Nb”
berreiro, bosteira, formigueiro, poeria,
romanceiro.
–EIR–
Construtor de adjetivos alternativos
miudeiros
–EIR–
Construtor de adjetivos intensifi- cadores
careiro
Tabela 4.25 – Produtos isocategoriais construídos com o sufixo –eir.
(Fonte: Rio-Torto, 1993: 699 – 703, apud Correia, 2004, pp. 315 – 316)
e) A nomes ou adjetivos terminados em –eir associam-se significados de tipo
enunciativo expressa a posição/opinião do enunciador em relação aos
referentes das unidades lexicais que usa;
_______
51
Cf. “Os Lusitanos eram valentes a valentia dos Lusitanos.” (CORREIA, 2004, p. 87).
A autora recenseia os nomes de qualidade em –eira em quatro dicionários da língua portuguesa
contemporânea, chegando-se a 28 exemplos (cf.: amargoseira, asneira, baboseira, besteira,
cegueira, doideira, gagueira, sujeira, tonteira, etc.).
52
“O ´significado enunciativo´, de acordo com o modelo SILEX, pode exprimir os seguintes tipos de
relações entre o enunciador e o(s) referente(s) em causa: a) avaliação das dimensões (tamanho,
intensidade, etc.) do(s) referente(s) em causa em relação a uma norma social pré-estabelecida e par-
208
f) Praticamente todos os nomes em –eira dispõem de formas parcialmente
sinônimas construídas com base no mesmo Adjetivo, como se pode verificar em:
amarg(os)eira / amargor
asneira / asnice, asnidade
baboseira / babosice
magreira / magreza
sujeira / sujice, sujidade
A obra de Margarita Correia é imprescindível a todos aqueles que trabalham
com questões de morfologia derivacional, sobretudo com sufixos e/ou sufixação.
Adotando o modelo da morfologia construcional, de acordo com o qual as
palavras construídas apresentam significado previsível, lingüístico, conferido por sua
estrutura morfológica, Correia preconiza a relação existente entre significado-
referência da unidade lexical.
O modelo SILEX com o qual a autora trabalha é muito interessante devido à
aplicabilidade a palavras que apresentem outros sufixos, não do português como
de outras línguas – sobretudo às línguas românicas.
Correia & San Payo de Lemos (2005) observam que a derivação é o processo
mais disponível para a construção de palavras em português, assim como nas
línguas românicas. Além do mais, ela é o processo mais produtivo e mais regular da
inovação lexical.
O sufixo derivacional entra na construção de palavras derivadas por sufixação
e apresenta, de acordo com Correia & San Payo de Lemos (2005, p. 29), as
seguintes características:
ocorre sempre à direita da base;
determina a categoria do derivado (embora haja sufixos que não alteram a
categoria da base, por exemplo, aqueles que intervêm na construção de avaliativos);
_______
tilhada pelo enunciador; b) avaliação de tipo axiológico, favorável ou desfavorável, positiva ou
negativa, em relação ao(s) referente(s); incluem-se neste item os chamados sentidos ´pejorativo´ e
´valorativo´ atribuído às unidades lexicais; c) proximidade em relação ao(s) referente(s) em causa;
essa proximidade pode ser do tipo factual (locativo) ou apenas de tipo afectivo.” (CORREIA, 2004, p.
314, nota 95).
209
ocorre sempre à direita da base;
determina a categoria do derivado (embora haja sufixos que não alteram a
categoria da base, por exemplo, aqueles que intervêm na construção de avaliativos);
determina a sílaba tônica da palavra;
em comparação com os prefixos, os sufixos apresentam conteúdo mais
gramatical, por isso, menos perceptível. Geralmente, os sufixos alteram a categoria
da base (cf. feliz > felizmente; vender > vendível; correr > corrida, etc.). Essa
transcategorização nem sempre é obrigatória (cf. faca > facada; figo > figueira;
névoa > nevoeiro, etc.) o mesmo ocorrendo com os prefixos:
palavras prefixadas sem alteração da categoria da base:
fazer
V
> refazer
V
constitucional
Adj.
> inconstitucional
Adj.
>
palavras prefixadas com alteração da base: ocorrem sobretudo com os prefixos
anti–, a– e pró–:
moral
N
amoral
Adj.
rugas
N
anti-rugasAdj.
independência
N
pró-independência
Adj.
A sufixação atualiza os seguintes processos em português:
PROCESSOS DE
SUFIXAÇÃO:
TIPOS ou
ESPÉCIES:
EXEMPLIFICAÇÃO:
Verbalização • denominal
-------------------------------
• deadjetival
-------------------------------
óle(o)
N
olear
V
;
hospital
N
hospitalizar
v
;
----------------------------------------------------------
real
A
realizar
V
;
amarelo
A
amarelecer
V
;
----------------------------------------------------------
210
• deverbal
salt(ar)
V
saltitar
V
;
Nominalização • deverbal
-------------------------------
• deadjetival
-------------------------------
• denominal
realiza(r)
V
realização
N
;
empenha(r)
V
empenhamento
N
;
sec(ar)r
V
secagem
N
;
----------------------------------------------------------
alcoólic(o)
A
-- > alcoolicidade
N
;
católic(o)
A
-- > catolicismo
N
;
cru
A
crueza
N
;
----------------------------------------------------------
pastel
N
pastelaria
N
;
rapaz
N
rapazola
N
;
ram(o)
N
ramagem
N
;
príncipe
N
principado
N
;
Adjectivalização • denominal
-------------------------------
• deverbal
-------------------------------
• deadjetival
morfolog(ia)
N
morfológico
A
;
adjectiv(o)
N
adjectival
A
;
Norueg(a)
N
norueguês
A
;
mulher
N
mulherengo
A
;
----------------------------------------------------------
actua(r)
V
actuante
A
;
discuti(r)
V
discutível
A
;
perfura(r)
V
prefurador
A
;
----------------------------------------------------------
pequeno
A
pequenino
A
;
bonit(o)
A
bonitinho
A
;
tol(o)
A
toleirão
A
;
Adverbizalização • deadjetival
feliz
A
felizmente
Adv
.;
calma
A
calmamente
Adv
.
Tabela 4.26 – Principais Processos de Sufixação em Língua Portuguesa.
Legenda: A = Adjetivo; Adv = Advérbio; N = nome (substantivo); V = verbo.
(Fonte: Correia & San Payo de Lemos, 2005, p. 29 – 30, adaptado por nós)
Embora seja uma obra mais básica e com o objetivo geral de se mostrar a
criação de neologismos em português, as autoras demonstram também que alguns
prefixos também podem alterar a categoria da base a que se adjungem, o que não
ocorre somente com os sufixos, quebrando um tabu presente em autores mais
tradicionais e essa é, certamente, a nosso ver, dentre tantas outras, uma das
grandes contribuições da obra das referidas autoras.
211
Não se pode negar que quando falamos em sufixos, nos vem à mente, os
prefixos e vice-versa. É inevitável, uma vez que ambos participam da classe dos
afixos.
4.4.10 Soledad Varela Ortega
De acordo com VARELA ORTEGA (2005), o vocabulário da língua espanhola
constitui-se em sua maior parte de palavras herdadas do latim vulgar, chamadas
“vozes patrimoniais” ou “populares”. Incluem-se entre elas, os “semicultismos”
palavras limitadas ao modelo latino originário que não seguiram seu curso evolutivo
tradicional.
Além do mais, o vocabulário espanhol, ao longo de toda sua história, tem
incorporado em seu léxico, através da escrita, palavras latinas diretamente do
latim ou de outra língua moderna os chamados “cultismos” ou “latinismos” que
serviram para enriquecer o vocabulário culto e também vocábulos de línguas de
especialidade e dos tecnicismos.
Para formar “palavras complexas”, a língua espanhola se vale de
procedimentos morfológicos para a formação de palavras; fundamentalmente,
destacam-se dois tipos de processos: 1) a derivação; 2) a composição.
Na derivação, formam-se palavras mediante a utilização de afixos (prefixos
e/ou sufixos), os quais entram na língua por via culta ou por via popular e podem
adjungir-se à base de forma intercalada inclusive (cf. indescifrable > descifrable >
descifrar; o –in é o sufixo; o –ble, o sufixo). Segundo a autora, em espanhol,
outros tipos de afixos – os infixos e os interfixos.
No Capítulo 3, LA SUFIJATIÓN, (p. 41 a 56), Ortega trata da sufixação e dos
sufixos. Para ela, a sufixação é o procedimento de formação de palavras mais
produtivo e variado em espanhol; é utilizada em diversos níveis de linguagem
(técnico-científico, jurídico, administrativo, literário) e em todos os registros
idiomáticos, quer orais, quer escritos.
Ainda mais:
Los sufijos tienen, por lo general, uma categoría gramatical propia e
incluso, en el caso de algunos sufijos nominales, un nero fijo; así, por
212
ejemplo, el sufijo –ción impone la categoría nombre y el género femenino a
la base a que se agrega. Por sua parte, el sufijo –ble impone a su base la
categoría adjetivo y el sufijo iza(r), la categoría verbo. Consecuentemente,
cuando uno de estos sufijos se adjunta a uma base léxica que no coincide
con su categoría, cambia la categoría de esta. Hablamos entonces de
´derivación heterogénea´, como en demonstra
V
–cion
N
o demonstra
V
–ble
A
,
donde los sufijos correspondientes convierten al verbo demonstrar, base de
su derivación, en nombre y adjetivo, respectivamente. (ORTEGA, 2005. p.
41)
53
Alguns sufixos, no entanto, conservam a categoria gramatical da base e
formam, por essa razão, a “derivação homogênea” (cf. –uzc(o) na derivação blanco
A
> blanc –uzco
A
[port. branco > esbranquiçado, ambos adjetivos]). Outros, sem trocar
a categoria léxica maior (base), modificam seus traços (cf. hotel –ero, pescad –ero:
há troca do traço não-animado das bases para animado nos derivados léxicos
sufixais).
A autora ressalta que os sufixos têm a particularidade de selecionar a base
léxica de acordo com a categoria gramatical desta (cf. –ble é um sufixo adjetivo que
seleciona bases verbais (demostra –ble); –ción é um sufixo nominal que também
escolhe bases verbais (demostra –ción); –iz(ar) é um sufixo verbal que se agrega a
nomes (carbon –izar) ou a adjetivos (agil –izar). Como conseqüência, os sufixos
podem classificar-se: a) pela categoria das palavras derivadas a que se originam; b)
pelas bases léxicas a que se adjungem.
Alguns sufixos são sensíveis a certos traços ´subcategoriais´ da base; alguns
dividem uma determinada categoria gramatical em subclasses. O sufixo adjetival
ble se junta, primordialmente, a verbos transitivos com sujeito agente; o é capaz
de produzir boas formações com verbos intransitivos nem com verbos transitivos que
indicam um estado.
_______
53
Os sufixos têm, em geral, uma categoria gramatical própria e inclusa, no caso de alguns sufixos
nominais, um gênero fixo; assim, por exemplo, o sufixo –ción impõe a categoria número e o gênero
feminino à base a que se agrega. Por sua parte, o sufixo –ble impõe à sua base a categoria adjetivo,
e o sufixo –izar, a categoria verbo. Conseqüentemente, quando um destes sufixos se junta a uma
base léxica que não coincide com sua categoria, troca a categoria desta. Falamos então de
´derivação heterogênea´, como em demonstra
V
–cion
N
ou demonstra
V
–ble
A
, donde os sufixos
correspondentes convertem ao verbo demostrar, base de sua derivação, em nome e adjetivo,
respectivamente. (Tradução nossa)
213
Os sufixos podem também selecionar a base léxica com base em uma
distinção categorial de ordem semântica; por exemplo, o sufixo –idad forma nomes
de qualidades a partir de adjetivos, esses, entretanto, devem ser qualificativos
54
e
não adjetivos de relação
55.
Alguns adjetivos podem ainda ter duas interpretações. É o que ocorre com
familiar em:
{rostro/trato} muy familiar uma significação qualificativa (significado: “muito
conhecido, singelo ou próximo”)
{planificación} familiar interpretação relacional (significado: “pertencente à família
ou relacionado com ela”)
Algumas distinções relevantes para a sufixação ligam-se à diferença
semântica
56
entre evento e entidade. Os nomes deverbais do tipo edificación podem
referir-se a eventos ou a entidades, como podemos verificar nos exemplos que
seguem:
Exemplos:
La edificación del rascacielos se prolongó durante tres años.
[A edificação dos arranha-céus se prolongou durante três anos.] => evento
edificação refere-se à ação de edificar.
_______
54/55
“Recuérdese la diferencia entre estos dos tipos de adjetivos. Los adjetivos calificativos denotan
propriedades o cualidades de los objetos que se predican: actitud maternal, decisión pueril, cruce
peligroso. Los adjetivos de relación clasifican o categorizan al objeto: diccionario médico, medidas
policiales, ganado lanar.” (ORTEGA, 2005, p. 43, nota de rodapé n
o.
1)
“Recorde-se a diferença entre estes dois tipos de adjetivos. Os adjetivos qualificativos denotam
propriedades ou qualidades dos objetos que se predicam: atitude maternal, decisão pueril,
cruzamento perigoso. Os adjetivos de relação classificam ou categorizam ao objeto: dicionário
médico, medidas policiais, gado lanar.” (Tradução nossa).
56
Fatores pragmáticos também podem intervir na definição sufixal, por exemplo, o sufixo –udo de
significado aumentativo (forzudo, corajudo, concienzudo) aplicado a partes do corpo consideradas
excessivas por seu tamanho ou número, adquire valor claramente depreciativo (barrigudo, orejudo,
peludo, velludo)* [(barrigudo, orelhudo, peludo/cabeludo, muito velho)], respectivamente.
214
La ciudad está llena de enormes edificaciones.
[A cidade está cheia de enormes edificações.] => entidade edificaciones
refere-se ao efeito ou resultado da ação verbal.
Traços semânticos podem também motivar alomorfes de uma determinada
base:
1. agrega-se ao alomorfe rot– do verbo romper se o objeto
roto é algo material ou físico:
–ura rotura del cristal [quebra do cristal]
(suf.)
2. agrega-se ao alomorfe rupt– do verbo romper se o objeto
roto é imaterial:
ruptura de relaciones [quebra de relações]
Um mesmo sufixo pode ter funções distintas de acordo com as relações
semânticas estabelecidas com sua base. Trata-se, no caso, de um “sufixo
polifuncional”, ou seja, que apresenta várias funções, como ocorre com o sufixo –dor
em:
1. agente: compradorgobernador [port. compradorgovernador]
–dor 2. instrumento: secador – abridor [port. secador – abridor]
3. lugar (– freqüente): comedorrecibidor [port. refeitório – antesala]
Uma mesma função semântica pode materializar-se em diferentes sufixos
considerados sinônimos:
contrata –ción [contratação]
acos –o [assédio]
Nomes manteni – miento [manutenção]
de llega –da [chegada]
ação morde – dura [mordida]
Todas as formas derivadas supracitadas indicam ação a partir de uma base;
esse conteúdo, contudo, é expresso por sufixos formalmente diferentes: –ción, –o,
–miento, –da e –dura.
215
Ortega refere-se também a “sufixos homófonos”: formalmente iguais quanto
aos significantes –, mas diferentes quanto ao ponto de vista de sua função
(semântica), ou seja, quanto aos seus significados. É o que podemos verificar
abaixo:
Exemplo:
bob –ería, chul –ería, sensibl –ería [port. bobagem/bobeira, papa-
–ería gaiada, sentimentalismo exagerado] => aportam ao significado de
suf. “qualidade de X”.
conserj –ería, sensibl –ería [port. zeladoria]
=> significado “locativo” [lugar onde se X]
Ortega observa também que podem ser construídas novas palavras mediante
a aplicação sucessiva de sufixos, em um processo morfológico recursivo:
Exemplos:
nación
N
> nacion –al
A
> nacional –izar
V
> nacionaliza –ción
N
[port. nação
N
> nacional
A
> nacionalizar
V
> nacionalização
N
transformar
V
> transforma –ción
N
> transformacion –al
A
> transformacional
–izar
V
> transformacionaliza –ción
N
[port. transformar
V
> transforma ção
N
> transformacion –al
A
>
transformacional –izar
V
> transformacionaliza –ção
N
]
Alguns sufixos se agrupam por pares e, por sua vez, não estabelecem uma
relação de derivação morfológica, mas de substituição de um por outro, como se
pode verificar nos exemplos abaixo:
Exemplos:
–ero / –ería: zapat –ero, zapat –ería [port. sapat –eiro / sapat –aria]
–nte / –ncia: obedie –nte, obedie –ncia [port. obedie –nte / obedie –ncia]
–ista / –ismo: marx –ista, marx –ismo [port. marx –ista / marx –ismo]
216
A autora trata também da sufixação apreciativa
(ORTEGA, 2005, p. 47 48),
a qual forma diminutivos, aumentativos e depreciativos ainda que esses
significados, segundo ela, não possam ser atribuídos a um sufixo concreto, mas
dependam da função da base a que se juntam. No entanto, não nos deteremos
nesta questão por não ser objeto específico desta tese.
A seguir, Ortega apresenta a classificação dos sufixos, baseada nos seguintes
critérios: a) sua categoria gramatical; b) o significado que se reporta à base.
Apresentamos, a seguir, essas classificações. Devido ao excesso de exemplos,
fizemos um recorte dos mesmos; as tabelas são de nossa autoria e mostram o
modelo de análise proposto pela autora:
SUFIXOS: TIPO/ESPÉCIE: PRINCIPAIS
SUFIXOS:
EXEMPLIFICAÇÃO /
TRADUÇÃO:
denominais
(N de N)
–ada
–ato
–ario
–era
–ista
yeguada [port. tropilha]
estrellato [port. estrelato]
vocabulario [port. vocabulário]
jardinera [port. jardineira]
desportista [port. desportista]
–dad
–tad
–eza
–ura
maldad [port. maldade] lealtad
[port. lealdade]
nobleza [port. nobreza]
amargura [port. amargura]
–aje
–ario
–or
–mento
–tura
–nza
–or
aterrizaje [port. aterrissagem]
destinatario [port. destinatário]
cantor [port. cantor]
salvamento [port. salvamento]
abreviatura [port. abreviatura]
enseñanza [port. ensino]
clamor [port. clamor]
NOMINAIS
ADJETIVAIS
deadjetivais
(N de A)
deverbais
(N de V)
deadjetivais
(A de A)
–áceo
–ado
–ento
–oide
–izo
–uzco
grisáceo [acinzentado]
azulado [port. azulado]
amarillento [port. amarelado]
locoide [port. semelhante a
louco]
enfermizo [port. enfermiço]
217
blancuzco [port. esbranquiçado]
denominais
(A de N)
–áceo
–ar
–ero
–ano
–udo
–ío
–eo
herbáceo [port. herbáceo]
pulmonar [port. pulmonar]
guerrero [port. guerreiro]
tibetano [port. tibetano]
barbudo [port. barbudo]
sombrío [port. sombrio]
hercúleo [port. hercúleo]
VERBAIS
deverbais
(A de V)
–ble
–bundo
–ín
–nte
–torio
movible [port. móvel]
meditabundo [port.
meditabundo]
cantarín [port. melodioso]
vividor [port. aventureiro]
eliminatorio [port. eliminatório]
Tabela 4.27 – Classificação dos sufixos de acordo com sua categoria gramatical.
(Fonte: Ortega, 2005, p. 49 – 50)
CLASSIFICAÇÃO
DOS
SUFIXOS:
SEMÂNTICA: PRINCIPAIS
SUFIXOS:
EXEMPLIFICAÇÃO /
TRADUÇÃO:
SUFIXOS
NOMINAIS
indicam
qualidade ou
conduta própria
de X
–ada
–edad
–era
–ía
–or
–ura
gansada [port. palhaçada,
gaiatice]
soledad [port. solidão]
flojera [frouxidão; moleza]
alegría [port. alegria]
grosor [port. grossura]
tiesura [port. dureza]
SUFIXOS
NOMINAIS
SUFIXOS
ADJETIVAIS
indicam golpe
indicam
coletivo unido
ao de lugar
formadores de
gentílicos
–ada
–azo
–ón
–al
–ar
–eda
–edo
–era
–ero
–erío
–ario
–ano
–ense
–eno
pedrada [port. pedrada]
guantazo [port. bofetada]
coscorrón [port. pancada;
bordoada]
naranjal [port. laranjal]
melonar [port. meloal]
alameda [port. alameda]
viñedo [port. vinhedo]
chopera [port. choupal]
avispero [port. vespeiro]
caserío [port. casario]
aulario [port. Em um centro
de ensino, edifício destinado
a aulas]
toledano [port. toledano, m.
q. toledense]
almeriense [port. almeriense]
damasceno [port.
damasceno]
angoleño [port. angolano]
aragonés [port. aragonês]
iraquí [port. iraquiano]
alicantino [port. alicantino]
218
–eño
–és
–í
–ino
–ita
vietnamita [port. vietnamita]
SUFIXOS
ADJETIVAIS
indicam
semelhança,
principalmente
em relação a
cores
–áceo
–ado
–ento
–ino
–izo
–oide
–oso
–usco
–uzco
grisáceo [port. acinzentado]
anaranjado [port. alaranjado]
amarillento [port. amarelado,
amarelento]
azulino [port. azulíneo]
cobrizo [port. acobreado;
semelhante à cor de cobre
negroide [port. negróide]
verdoso [port. verdoso;
esverdeado]
verdusco [port. verde-
escuro/negro]
negruzco [port. negrusco;
anegrado]
Tabela 4.28 – Classificação dos Sufixos de acordo com a base à qual se reportam.
(Fonte: ORTEGA, 2005, p. 51 – 52 - adaptado)
De forma bastante didática e com ampla exemplificação, Ortega apresenta-nos
os principais processos de formação de “palavras complexas” no espanhol.
Em relação aos sufixos, suas principais contribuições podem assim ser
sintetizadas:
a) a utilização de sufixos para a formação de palavras novas
independentemente do nível de linguagem utilizado, assim como estão
presentes em diversos registros idiomáticos;
b) pode haver a mudança (alomorfia) ou a manutenção da base quando de sua
adjunção;
c) os sufixos podem formar palavras derivadas heterogêneas ou homogêneas;
d) “sensibilidade” de alguns sufixos a certos traços subcategoriais da base;
219
e) existe a seleção da base léxica por alguns sufixos em virtude de ordem
semântica;
f) fatores pragmáticos podem intervir na definição da palavra complexa (sufixal);
g) certos sufixos são polifuncionais apresentam mais de um significado,
embora seu significante mantenha-se inalterado;
h) uma mesma função semântica pode ser expressa por diferentes sufixos;
neste caso, temos os sufixos sinônimos;
i) existência de “sufixos homófonos”, expressão pouco utilizada e pouco
encontrada em autores que trabalham com a língua portuguesa;
j) pode haver recursividade sufixal um processo morfológico formando-se
paradigmas em série;
l) os sufixos podem ser classificados: 1) de acordo com sua categoria gramatical;
2) de acordo com o significado reportado pela base à qual se adjungem.
Embora a autora trabalhe com a língua espanhola, suas idéias podem ser
aplicadas com bastante proveito à língua portuguesa e, acreditamos, às línguas
românicas, em geral, ou até mesmo a outras línguas (clássicas ou contemporâneas),
salvaguardadas as especificidades das estruturas lingüísticas (morfológicas) de
cada uma.
220
Fig. 2.1 – La Nativité (Enluminure)– Bibliothèque Municipale de Lyon
Parte II
Parte II Parte II
Parte II An
An An
Análise e
lise e lise e
lise e
Descri
DescriDescri
Descrição dos Dados
o dos Dadoso dos Dados
o dos Dados
221
5 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS – UMA VISÃO MORFO-
SEMÂNTICA DE ALGUNS PARES DE SUFIXOS ERUDITOS X
POPULARES – UTILIZADOS NA LÍNGUA PORTUGUESA ARCAICA
5.1 Introdução:
Quase todos os sufixos utilizados em Língua Portuguesa, da fase arcaica à
contemporaneidade, originaram-se no latim, modalidade vulgar, entretanto, muitas
vezes, ao português chegaram por intermédio de outras línguas, através dos
empréstimos (latinos e não latinos).
A análise de alguns sufixos presentes em Língua Portuguesa que objetivamos
fazer pretende levar em conta seus aspectos morfo-semânticos, além de mostrar
seu funcionamento em remotos períodos da língua. Sempre que necessário, serão
equiparados os sufixos do português arcaico com seus correspondentes latinos e
ainda com sua utilização no português contemporâneo.
Serão analisadas as seguintes características de cada sufixo:
1. Sufixo: trata-se do sufixo em estudo;
2. Origem: origem do sufixo (latina; não latina (grega, francesa, italiana etc.);
3. Étimo: origem do sufixo, na forma mais antiga conhecida;
4. Português Contemporâneo: o sufixo utilizado na fase atual da língua;
5. Categoria Morfológica da Base: verificar se o sufixo prende-se à base
substantiva, verbal, adjetival, numeral ou prepositiva;
6. Sufixos Homófonos: verificar se há sufixos idênticos quanto ao significante e
se apresenta o(s) mesmo(s) significado(s) ou significados diferentes;
7. Variantes gráficas/alomorfes: observar se o sufixo apresenta ou não
variação na grafia;
8. Função sintático–semântica: examinar a função morfológica do sufixo, isto
é, se ele é formador de substantivos, adjetivos, advérbios ou de verbos; se
necessário, será observada também sua função sintática;
9. Função gramatical: averiguar que classe(s) gramatical(ais) forma o sufixo;
222
10. Relação Categorial: estabelecer o tipo de categoria gramatical que o sufixo
forma, ou seja, se a categoria do derivado é a mesma da base (isocategorial)
ou se é diferente da categoria da base (heterocategorial);
11. Total de ocorrências: levantar o número de ocorrências em que o sufixo
está presente em nosso corpus;
12. Exemplos: citar alguns exemplos presentes no corpus;
13. Conteúdo semântico e Abonação: fazer o levantamento dos principais
significados do sufixo em análise partindo-se do latim; a abonação será
realizada a partir do corpus;
14. Considerações: exame dos sufixos em análise, a qual sefeita a partir de
nosso corpus.
5.2 Análise e Descrição dos Dados:
Dada a impossibilidade de tratar todos os sufixos presentes em língua
portuguesa, ainda que reportem a uma fase pretérita da mesma a arcaica foram
selecionados alguns sufixos utilizados nessa fase da língua, muitos dos quais
sobreviveram em sua fase contemporânea, conservando os significados
provenientes do latim vulgar ou mesmo extendendo-os ou modificando-os.
Selecionamos para nossa análise e descrição os seguintes sufixos: –ario x
–eiro, –ura x –(d)ura, -(t)ura, –ato x ado, –ense x –ês, –bil x –vel, –atico x –ádego
~ –ádigo e –(d)ouro x (t)ório e seus respectivos alomorfes e homomórficos/
homófonos, quando se necessário fizer.
5.2.1 O sufixo –ato:
1. Sufixo: –ato;
2. Origem: latim;
3. Étimo: ātŭs;
4. Português Contemporâneo: –ato;
5. Categoria Morfológica da Base: o sufixo liga-se ao radical verbal;
6. Sufixos Homófonos: -------------;
7. Variantes gráficas: ---------------;
223
8. Função sintático–semântica: adjetivador deverbal (predominantemente) e
substantivador deverbal;
9. Função gramatical: formador de adjetivos (predominantemente) e de
substantivos a partir de base s verbais da 1ª. conjugação;
10. Relação Categorial: heterocategorial;
11. Total de ocorrências: 6 (excetuando-se a lexia meliorata, flexionada no
feminino singular);
12. Exemplos: cumfirmata; dublata; iudicato; lambiato; meliorata; melioratos;
nominata;
13. Conteúdo semântico: o sufixo indica instituição, titulatura, função, profissão,
encargo (estável, provisório, vitalício ou circunstancial), cargo, dignidade,
investidura ou honraria de X; (QUÍM.) nomes de sais e ésteres de oxiácidos
terminados em –ICO ((ácido) acétito acetato (de metila); animais de
pequeno porte (carrapato; lobato etc.);
14. Considerações e Abonações: O sufixo –ato é um sufixo erudito. Sua
contraparte é o sufixo –ado (suf. popular). Pouco improdutivo no Português
Arcaico, predomina em textos bastante remotos da língua do séculos IX ao
XII principalmente em textos dos gêneros títulos de venda e doações, como
podemos verificar em:
“Ita ut de hodie die illa hereditate de uiri meo sedeat abrasa, et in uestro domínio
sit tradita atque cumfirmata.”
(Título de venda, Ano de 1161, in TA, § 2º., l. 4 – 5, p. 13)
“Et, in aliquis homo uenerit de propinquis uel extraneis ad in rumpendum contra hanc
karta uendicionis et firmitatis, et nos in concilio de uendicare non potuerimus aut
autorgare non quesierit, quomodo pariemus illa hereditate dublata aut quantũ fuerit
meliorata in tale loco, et iudicato.”
(Título de venda, Ano de 1161, in TA, § 3º., l. 7 – 11, p. 13)
“In nomini Domini. Ego Odario Dauis ideo placuit mici, asto animo et bone pacis
uolumtas, ut facere tiui, iermana mea Trudilli, sicut et facio tiui, scriptura domationis
et firmitatis de uilla nostra propria nominata Freiseno, que iace inter ambas
Labrugias, subtus Ciuitas Albarelios et Castro de Boue, territorio bragarense et
portugalense. (...)”
(Doação, Ano de 907, in TA, § 1º., l. 12 – 18, p. 11)
224
Como se pode averiguar, todos os exemplos acima pertencem ao latim –
modalidade vulgar língua na qual –ato ~ –ata ocorriam com o valor de sufixo.
Em nosso corpus, não apareceram formas em –ato ~ –ata pertencentes ao
português arcaico propriamente dito.
Ao verificarmos o Houaiss (versão eletrônica), pudemos verificar que as lexias
sufixadas com –ato não estão presentes dos séculos IX a XII; sua produtividade
começa no século XIII, embora muito pequena, com maior vitalidade a partir do
século XV. Mas é a partir do séculos XVII e XVIII (fase do português moderno) que
assume sua maior produtividade no léxico do português. Apesar disso, uma
pesquisa maior relativa a esses séculos deve ser empreendida a fim de sanar
eventuais dúvidas – a qual não realizaremos aqui, uma vez que foge à baliza
cronológica dos séculos em estudo.
Muita vezes, algumas lexias terminadas em ato estão lexicalizadas no
latim modalidade vulgar, isto é, vêm formadas nesta língua, de um radical latino
+ sufixo erudito latino (ātus); outras vezes, originaram-se de outras línguas e,
finalmente, às vezes, trata-se apenas de uma derivação regressiva, fato comum em
formações de palavras na língua portuguesa. A maior parte das lexias apresenta
origem latina, mas algumas provenientes de outras origens, algumas obscuras e
de difícil solução. Nem sempre os autores assumem a mesma posição quanto às
origens de determinadas palavras, assim como de sua datação. Confiramos:
–ATO
SÉCULOS
LEXIAS:
IX a XII Não estão presentes nas lexias do Português.
XIII
Lexicalizadas em Latim: baleato; contrato.
Origem obscura: çapato (s. XVI sapato). Para Cunha (1986), a
origem é duvidosa, mas ele acredita que seja talvez do turco čabata.
XIV
Lexicalizadas em Latim: mandato; mato; regato.
Origem não-latina: rebato (alteração de rebate; < ár. ribāt).
Derivação Regressiva: arrebato < arrebatar (f. arrebate, séc. XV);
tracto < tractar.
XV
Lexicalizadas em Latim: barbato; grato; imediato; meato; tauto [=
tato].
225
Origem não-latina: garavato (cast. gabarato, sob a forma garavata
Houaiss; para Cunha (1986) originária do grego Krábatos); retrato (it.
ritratto).
Derivação Regressiva: barato (< baratar – origem controversa).
XVI
Lexicalizadas em Latim: abstracto; apparato (< apparatar); beato;
cardinalato; cato; celibato; espalhafato; distrato; esfolagato (1543
esfola-gato); extrato; grabato; hiato; ingrato; lato; ornato;
Origem não-latina: burato (< buratto, it.); dato (etim. datok, ´senhor,
maioral´ - o registrada por Houaiss; ÁS (Malaca) ant. prelado);
generalato (prov. por infl. do fr. généralat); mulato (esp./cast.);
Origem controversa: carrapato.
Derivação Regressiva: desacato (< desacatar); malbarato (<
malbaratar); recato (< recatar).
Tab. 5.1 – Lexias em que se encontra a forma –ato e suas origens: algumas
lexicalizadas no próprio Latim modalidade vulgar; outras provenientes de origens
não-latinas e algumas originadas da derivação regressiva dos séculos IX a XVI,
conforme Cunha (1986) e Houaiss (versão eletrônica).
O sufixo –ato forma-se, segundo CUNHA (1986, p. 81, verbete –ato), da
terminação do particípio passado – tu com a vogal temática dos verbos ou nomes.
Pudemos verificar em nosso corpus que o sufixo –ato (e flexões) predomina
em palavras que classificam-se, morfologicamente, como adjetivos e funcionam,
sintaticamente, como adjuntos adnominais ou predicativos (suj./obj. direto).
Em Latim, serve para formar substantivos verbais e juntam-se também a
radicais de nomes de pessoas; indica as principais magistraturas romanas, as mais
eminentes funções sociais, dignidades públicas ou agremiações:
augurātus > augur [augure, sacerdote que prediz o futuro pelo vôo ou pelo canto
das aves]
consulatus > consul [cônsul]
pontificatus > pontifex [sacerdote; pontífice]
226
Senātus > senex [velho]
tribunatus > tribunus [tribuno; magistrado da tribo]
triumviratus > triumvir [triúmviro, membro de uma comissão de três pessoas]
O sufixo –ato faz-se presente em palavras eruditas. Além do mais, está
presente em larga escala na terminologia religiosa ou histórica, como atestam os
exemplos
1
:
canonicato cardinalato catecumenato
celibato clericato curato
decurianato diaconato mecenato
presbiteriato priorato sevirato
sororato superiorato vicariato
Além do mais, aparece na palavra desbarato (séc. XIV), uma derivação
regressiva do verbo desbaratar (cf. CAETANO, 2003, p. 260).
No Português Contemporâneo, o sufixo –ato indica também:
a) ação, ato, resultado de ação, situação ou conexão: assassinato, barbato,
cognato, comodato, iliterato, mandato, ornato, passeata, peculato, timorato,
ultimato, etc.;
b) coletividade e, neste caso, aparece quantificado: campeonato, colonato,
externato, indigenato, inquilinato, internato, orfanato, patronato, pensionato,
sindicato, etc.;
c) diminutivo: baleato, boiato, cervato, chibato, gaiato, lobato, regato, etc.
d) extensão da função de X (em tecnônimos geológicos): aglomerato, arenato;
_______
1
Em muitas palavras em que o sufixo –ato se faz presente em português são empréstimos,
principalmente do francês (bacharelato, carbonato, sindicato etc.) ou do italiano (concordata,
serenata, sonata, vicariato, etc.).
227
e) em brasileirismos, por simplificação fonética e ortográfica do grupo –ct– de
cultismos latinos de origem: abstrato, ato, contrato, espalhafato, exato,
extrato, jato, putrefato, substrato, etc.;
f) natural, proveniente ou originário de X: mascato [povo da antiga Mauritânia,
na África do norte], maiato [natural de Maia], etc.
5.2.2 O sufixo –ado:
1. Sufixo: –ado;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –ato;
4. Português Contemporâneo: ado;
5. Categoria Morfológica da Base:
–ado
1
( ~ –ada
1
):
liga-se a bases nominais (predominantemente) e a bases
verbais;
–ado
2
( ~ –ada
2
):
liga-se a bases verbais (predominantemente) e a bases
nominais;
–ado
3
( ~ –ada
3
):
liga-se a bases verbais (predominantemente) e a bases
numerais (excepcionalmente – de acordo com alguns autores);
–ado
4
( ~ –ada
4
):
liga-se a bases verbais.
6. Sufixos homófonos: –ado
2
; ado
3
e ado
4
e suas
formas femininas
correspondentes, no caso da flexão de gênero;
7. Variantes gráficas: ----------;
8. Função:
–ado
1
( ~ –ada
1
):
substantivador;
–ado
2
( ~ –ada
2
):
adjetivador;
–ado
3
( ~ –ada
3
): adjetivador participial;
–ado
4
( ~ –ada
4
):
verbalizador participial.
9. Função gramatical:
–ado
1
(~ –ada
1
): formador de substantivos a partir de verbos (cf. (cf.
abrigada; agasalhado; assũada; bofetada (< bufar); casado; cavallgadas; çelladas;
228
cuydado; emtrada(s); estado; ficada; furado, mandado; morada; namorado; pecado;
passadas; pegadas; polegadas; pousada; semeado; sagrado; syllvado(s), etc.) ou a
partir de nomes comuns (almoxarifados; bateladas; bicada; cardeallados; condado;
hirado; infantado; invernada; infantado; latada; leterados; mestrado; ossada; papado;
pedradas; pescoçadas; porrada; priorado; punhada; queijada(s); regnado (~
reinado); seixada; tavolado; telhado; testada; tornada; toucado; trovoada, etc.;
–ado
2
(~ –ada
2
): formador de adjetivos a partir de verbos
(predominantemente) (cf. abafadas; abarregadas; abicados; abjuradas; abrasiado;
abrigadas; adiado; alumeada; ameüdadas; apedrada; arvorado; borrada; chacinado;
brolladas cavado; cerrado; desterrada; desvairadas; esforçado; igualada; loado;
queimado; penada; pendoradas; etc.) ou de nomes (aazado; abadadas; brolladas;
larãjado; etc.);
–ado
3
( ~ –ada
3
): formador de adjetivos participiais a partir de bases verbais
Neste caso, aparecem sempre em locuções verbais (na seguinte estrutura
predominantemente: + verbo auxiliar +- verbo auxiliar + verbo principal (particípio
passado (regular/irregular) +- conjunção coordenativa aditiva +- verbo principal
(particípio passado (regular/irregular) +- conjunção coordenativa aditiva +- (particípio
passado (regular/irregular)) (cf. “seer prêso, legado e abofetado” (Livro de Vita
Christi); “deve ser ornamentada e acompanhada” (Livro de Vita Christi), etc.”) – onde
o “+” indica a presença e o “– a ausência de determinada classe morfológica
funcionando como o verbo principal da locução verbal e caracterizando um nome,
como se pode verificar na abonações transcritas (grifos nossos):
“Non fui eu bem acordado,
poy´lo da porta catey
dentro; porque o chamey
pos-mh-o gram can enrriçado”
(LPGPI – 60,7. – p. 364 – vv. 22 – 25)
“(...) Assi que se fosse vilaão o que tal cousa fezesse, fosse açoutado, e mais
vivesse com seu amo; e o fidallgo tornasse o que lhe dera aquel com que vivia, e
emtom se fosse pera quem quisesse, e nom se podesse partir ataa que o
emtregasse.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 3º., l. 4 – 8, p. 72)
229
“(...) eu aguora tirei hum da capitania de Ilheos, que he a melhor cousa/desta coosta
pera fazenndas e que mais aguora rennde pera Vossa Alteza/por ser cristão novo e
acusado polla Santa Enqueçição (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho de
1588, in EBC, l. 12 – 14, p. 196)
Quando não ocorre em locuções verbais, o primeiro verbo, geralmente
funciona, sintaticamente, como verbo principal e intransitivo na oração e o segundo
funciona como verbo principal da locução verbal, cujo verbo auxiliar da locução
verbal – na maior parte das vezes, os verbos ser/ficar estão subentendidos, como
se pode verificar nas abonações abaixo:
Parteo açernado asi como he conteudo no degredo...”
(Leges, p. 222, apud DLPA, p. 51)
[= Parteo [e estava/ficou] açernado asi como he conteudo no degredo...”]
Vem agravado por isso
e descontente de si;”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 11 – vv. 20 – 21)
[= “Vem [e está/fica] agravado por isso/e descontente de si;”]
“(...) o Egipto é guarnido e alumeado com moradas sem conto de monges. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 46, § 535, l. 13 – 15, p. 189)
“(...) he ho hõrrado padre Sam Bẽeto, vẽedosse anoiado da lecẽça que lhe ta
ameude demãdaua em tãto perigoo da sua alma, disselhe sanha que sse fosse.
(...)”
(Dialigos de S. Grigorio, Cód. Alcobacense da Biblioteca naciona, n
o.
37, mod. 182,
fls. 2v, in TA, § 1º., l. 3 – 6, p. 46)
[= “(...) he ho hõrrado padre Sam Bẽeto, vẽedosse [(que) estava/ficou] anoiado da
lecẽça que lhe ta ameude demãdaua em tãto perigoo da sua alma, disselhe
sanha que sse fosse. (...)”]
“[...] soom
te
sam tres traues atadas jumtas e aly se metiam iiij ou b eses que
queriam [...]”
(VCPVC – fl. 5 – l. 33 – 34)
230
[=“[...] soom
te
sam tres traues [e estão] atadas jumtas e aly se metiam iiij ou b eses
que queriam [...]”
Os verbos auxiliares das locuções verbais aparecem em vários tempos e
modos verbais. Vejamos algumas locuções verbais presentes em nosso corpus e os
verbos auxiliares ou principais mais comuns que nelas estão presentes:
VERBOS AUXILIARES
(PRINCIPAIS):
LOCUÇÕES VERBAIS:
ACHAR achava emtesourado; achasse sercado
ANDAR and´[aqui] ameaçado; anda arrufado; anda (tan) aficado;
anda vistido e onrado; andã/arredados; andar (de noute)
armado; andades coitado; andar penado; andava
enfeltrado; andava namorado; andavam [todos]
enramados; ando [tam] coitada; andou abarregada
CUIDAR cuid´aguisado
ESTAR era (assi) acostumado; erão aleuãtadas; estad[e] (ora)
calada; estais abrigadas; estais (mais) abrigadas; esteve
[um grande espaço] afocinhado; forã (esta noute muy
bem) agasalhados; is aviadas; is (bem) aviadas; (nõ)
ffose oussado; ouv´afaçanhado; ouve muito catado
FAZER feito misto e consoldado; fez mesurada; fez avantajados;
ficou ageolhado; farte [= far-te] agravadas; fez mesurada
FICAR ficava (a terra) afamada; ficaõ asombrados; ficar colpada;
ficasse desembargado; ficou traspassada; fiqu´(end´)
afrontado; ficou (Stevam Affonso) pendurado; fica situada
HAVER avedes chegado
IR hia afrontada; vou abrasiado
JAZER jaz atormentado; jazer (migo muit´) agravada; jaziam
(longe) arvorados; jazer inchados
NAÇER naçera quebrada
PARECER(–SE) parecedes-me apressurado; pareçia aseetado
PARTIR parteo açernado; partiam, (de seu reino) carregados
231
POER (= PÔR) poemdo enlevada; pooem virados
SEMELHAR
semelhava lobado
SER
é nado [arc.] [= nascido]; é soldada (nem) curada; era
[mujto] chorada; era finado; era louvada e exalçada; foi [o
corpo de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; foi
escurentada; foi recebido e louvado; foj apregoado; fora
emthesourado; fôr soldado e apegado; foran acaladas;
forom firmados; fosse abafado, e acarvado; (non) fosse
acaionada; (non) fui eu bem acordado; fosse acusado,
preso ou afamado; fuy [d´amor] aficado; he asirado; he
fundado; he sepultada; he trautado e adorado; seer
prêso, legado e abofetado; seerem abastados; seemdo
coroado; seemdo laurado; seend´albergado; sega (= seja)
autorgado sei´ acabada; seja loado; sejades sospeitada;
sejam perdoados sejam repricadas; sejão apedrados;; ser
acabado; ser (...) acusado; serei cobrada; seria afondada;
seyan (muyto alongados a uos, nen/muyto) achegado;
sodes adeantado; somos alevantados (ao ceeo) (ou)
amergidos (ao inferno); sõo guardada; sseer´amado;
ssõ(o) (tam) alongado; stando assentado; star assentado
SABER sei acordado
SENTIR sent´(aqui) menguad´ (andar)
SOER
(p.us. t.d.int. acontecer com
freqüência, ser hábito ou
costume; costumar
Houaiss)
soía afrontado
TER á mandada; ei alongado; ei conselhado; ey osmado;
tedes [ben] alumeada; ouve soterrado; tenho achado;
tenio apartadas; ten adubada; tever guardada; tiinha
emfeitiçado; tinhaõ (o Rjo de Jan
ro
os frã/cezes) pouoado
TRAZER trag´acompanhado; tragia negada; tragu´inchados; traje-
(las mal) lazeradas; trax coitado e aficad´[amor]
VIR v afastados; v asombrados; vem agravado; vi
(oj´)arrufado; vinha (hũum homem) adargado
232
VER vendosse anojado; vee-(la) invernada ; vejo coitad´
VIVER viv´atormentado; viven coitadus
Tabela 5.2 Algumas locuções verbais utilizadas no Português Arcaico com seus
principais verbos auxiliares.
Observações: 1) Como se pode observar, muitas vezes, em muitas locuções
verbais, mais de um verbo principal no particípio passado (regular/irregular). Este
fato é bastante comum em algumas obras e ocorre abundantemente no “Livro de
Vita Christi” (LVC), como podemos observar nas abonações abaixo:
“... viu tal filho seu seer prêso, legado e abofetado...”
(Vita Christi, fl. 188, apud DLPA, p. 39, verb. Legado)
“(...) o Egipto é guarnido e alumeado com moradas sem conto de monges. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 46, § 535, l. 13 – 15, p. 189)
“(...) a divina sapiência, como já é dito, per ela é ilustrada, ilucidada e alumeada.”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 2, a, § 3, l. 11 – 13, p. 3)
2) Outras vezes, também podemos encontrar mais de um verbo auxiliar formando
uma locução verbal, fato batante comum e encontrado abundantemente na literatura
do período arcaico da língua, como pode-se ver nas abonações abaixo :
“(...) a humildade perfeita deve seer ornamentada e acompanhada specialmente de
três virtudes, scil., de pobreza, fugindo as riquezas por esquivar o fundamento e o
criamento da soberva; e da virtude da paciência, seendo despreçado e soportando o
desprêço com igualeza de coraçom; e de obediência, em obedecer a mandados de
outrem. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, b, § 506, l. 10 – 18, p. 179)
233
“(...) este feito ataa o poer em fim, nom me falleçemdo alguũa daquellas cousas per
que rrazoadamente deua seer estoruado.”
(CTC, Cap. xiiij., § 1º., l. 4 – 6, p. 41)
3) Bastante comum, principalmente nas cantigas medievais, é o verbo principal
(particípio passado (regular/irregular)) anteceder o verbo auxiliar. Cremos,
contudo, tratar-se de uma questão estilística quer devido ao estilo de alguns
trovadores, quer devido à busca de métrica perfeita. É o que se pode observar
nas seguintes abonações:
Atada fica a canasta.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 25 – v. 5)
O verbo atar (verbo principal no particípio passado) antecede o verbo auxiliar
(fica).
“E quando el-rei Dom Fernamdo chegou a terra antre os seus, disse com geesto
ledo comtra elles:
– Quamto eu hanrricado venho!
(CDF, Cap. LXXXIII, § 14º. – 15º., l. 5 - , p. 70)
O verbo hanrricado [= enriquecido] (verbo principal no particípio passado)
antecede o verbo auxiliar (venho).
irado-los-á el-Rei.
(LPGPI – 49,3. – p. 332 – v. 3)
O verbo irado (verbo principal no particípio passado) antecede o verbo auxiliar
(á [=ter]).
Outras abonações:
“Don Fernando, vejo-vos andar ledo
con deantança que vos deu el-Rei;
234
adeantado sodes, eu o sei,
de San Fagundo e d´Esturas d´Ovedo;”
(LPGPI – 16,8. – p. 134 – vv. 1 – 4)
“sem leterad´ ou trobador seer,
non pod´omen departir este ´grave´.”
(LPGPI – 79,34. – p. 539 – vv. 6 – 7)
“bispo, senhor, pois desto al Rei praz,
fio por Deus que privado seredes.”
(LPGPI – 30,6. – p. 248 – vv. 13 – 14)
“Nen de com´ameaçada
fui un dia pola ida”
(LPGPI – 79,7. – p. 527 – vv. 7 – 8)
“pero m´ora desamades
logu´ entom amado serei
de vós, e podedes saber
qual coita é de padecer
aquesta de que me matades.”
(LPGPI – 25,124. – p. 235 – vv. 10 – 14)
Coitada viv´,amigo, por que vós nom vejo,
e vós viverdes coitad´e com gram desejo”
(LPGPI – 25,22. – p. 186 – vv. 7 – 10)
“salvo os traedores, pois ben isopados ficam!”
(LPGPI – 16,1. – p. 131 – v. 26)
“Pero da Pont´á feito gran pecado
de seus cantares, que el foi furtar
a Coton, que, quanto el lazerado
ouve gran tempo, el xos quer lograr,
235
e doutros muitos que non sei contar,
por que oj´anda vistido e onrado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 1 – 6)
4) Com –ado
3
, encontramos uma lexia sufixada cuja base é discutível para
alguns autores. Trata-se de oitauados, cuja única abonação presente em
nosso corpus transcrevemos abaixo:
“tomarão muj
to
bõos marmelos e bicudos/e prjdos e lisos e gramdes barbaros/se
qujser e falosão quartos e apara/losão oitauados / (...)”
(TCP – p. 115 – l. 1191 – 1194)
Para CUNHA (1986, p. 559, verb. oito), trata-se de uma base numeral; o
autor a insere dentro do/no verbete numeral (oito), portanto, para ele, oitavado é
proveniente do numeral “oito”, assim como as lexias oitante, oitava, oitavário, oitavo
e oitenta.
para HOUAISS (versão eletrônica), a base de oitauados é o verbo oitavar
no particípio passado, cf:
adj. (1561 cf. Lendas) 1 GEOM m.q.
çÅíçÖçå~ä
('que tem o formato') 2
dividido em oito partes 3 MÚS à distância de uma oitava s.m. MÚS B 4 uma das
afinações da viola caipira ETIM part. de oitavar; ver oct(a/o)-; f.hist. 1561
oitauada, 1593 outavada
Para AURÉLIO (versão eletrônica), oitavado também origina-se da base
verbal “oitavar”:
oitavado
[Part. de oitavar.] Adjetivo 1.Octogonal (2).
Concordamos com as opiniões de Houaiss e de Aurélio a esse respeito: a
base realmente é o verbo oitavar, como se pode verificar abaixo:
oito > oitavar > oitavado [oitavar + –ado]
236
–ado
4
( ~ –ada
4
): formador de verbos participiais a partir de bases verbais. A
diferença entre –ado
4
eado
3
é que as lexias sufixadas em –ado
4
funcionam como o
verbo principal da locução verbal, no entanto, não expressam uma característica
do(s) nome(s) aos quais se referem, como acontece com –ado
3
(cf. a jurado;
avedes tardado; averei guisado; avia jurado; avia mandado; eram encomendadas;
foi enviado; foi talhad´; fôra criado; fosse pronunçiado; seendo nembrado; seer
(mais) declarado; sseer legado; tinhão pregoado; tenho aventurado; etc.
No caso de –ado
4
(~ –ada
4
), o verbo principal (particípio passado
(regular/irregular) faz parte de uma locução, e a oração encontra-se na voz passiva
analítica e pode-se afirmar que pode ser transposta, neste caso, para a voz passiva
sintética, como podemos observar nas abonações que seguem:
“(...) Esta cidade [Porto] é situada junto com o rio que chamam Doiro, na qual se
fazem muitas e boas naos e outros navios, mais que em outro logar que no reino
aja.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 4 – 7, p. 65)
“Per a levada de Cristo ao tempo som tôdolos templos santificados e em seu nome
assiinados, por a qual cousa é stabelecido que nas egrejas stê o corpo de Deus
presencialmente em hóstia sagrada, e ali se guardam as relíquias dos santos e ali se
fazem as obras angelicaaes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, c, § 496, l. 1 – 7, p. 177)
“Como foi trautado casamento amtre el Rei
de Castella e a Iffamte de Portugal
e com que condiçoões”
(CDF, Cap. CLVIII, título, p. 121)
Acima, temos, respectivamente:
237
FORMAS
VERBAIS
VOZ VERBAL FORMAS VERBAIS
EQUIVALENTES
(TRANSPOSIÇÃO)
VOZ VERBAL:
é situada
voz passiva analítica situa-se vozpassiva sintética
é stabelecido voz passiva analítica ´stabelece-se voz passiva sintética
foi trautado voz passiva analítica tratou-se de (do) voz passiva sintética
Tabela 5.3 – Algumas locuções verbais com os verbos principais sufixados em
–ado
4
na voz passiva analítica e suas formas correspondentes na voz passiva
sintética.
10. Relação Categorial:
–ado
1
(~ –ada
1
): isocategorial (predominantemente) e heterocategorial;
–ado
2
( ~ –ada
2
):
heterocategorial (predominantemente) e isocategorial;
–ado
3
( ~ –ada
3
): isocategorial;
–ado
4
( ~ –ada
4
):
heterocategorial.
11. Total de ocorrências:
–ado
1
(~ –ada
1
): 185
–ado
2
( ~ –ada
2
):
408
–ado
3
( ~ –ada
3
): 487
–ado
4
( ~ –ada
4
): 53
Total geral: 1064
12. Exemplos:
–ado
1
(~ –ada
1
): agasalhado; arruiviscada; batelada; cuidado; criados;
legado; moradas; pecados; perjurado, etc.;
–ado
2
(~ –ada
2
):
adiado; amada; animado; avondadas; cansadas;
desegurado; endurentados; feestrada; folgados; leixados; madeirada; etc.;
–ado
3
(~ –ada
3
): aaguada; abastados; afamado; aguardado; aguysado;
cobrado; esposado; hamrricado; legado; liado; parado; pouoadas;
querelado; etc.
–ado
4
(~ –ada
4
):
alçado; assijnado; chamado; declarado; enviado;
guasalhado; mãdado (~ mandado); nomeado; pecado; privado; roubado;
soldado; untado; etc.
238
13. Conteúdo Semântico: O sufixo –ado e seus homomórficos derivam do
latim ātŭs (fem. ātă).
Em latim, o sufixo ātŭs serve para formar substantivos verbais e junta-
se também a radicais de nomes de pessoas:
pontificatus < pontifex
tribunatus < tribunus
triumviratus < triumvir
De acordo com SOUSA,
Os adjetivos destas desinencias [refere-se às terminações –atus,
itus e –utus] participão sómente do sentido verbal por essas terminações,
pois que ellas juntão-se a radicaes dos substantivos. (SOUSA, 1868, p. 123)
Sousa (1868) nos mostra ainda as semelhanças que existem entre adjetivos
derivados sufixados em ātŭs e os particípios passados em latim. A esse respeito, é
bastante pertinente a passagem abaixo, a qual deve ser lida e analisada com
bastante cautela:
Atus forma uma classe numerosa de adjectivos derivados, que
assimelhão-se a participios passados da primeira conjugação, e que provêm
de substantivos, sem que se passa [sic] achar entre a fórma nominal, e
esses participios passados, verbos donde possão ser tirados, por exemplo,
aurātus, dourado, sem que exista aurare. (SOUSA, 1868, p. 123).
Em Latim, –ātŭs indica:
a) os nomes das principais magistraturas romanas, as mais eminentes funções
sociais:
consulātus [consulado]
episcopātus [episcopado; diocese]
tribun
ātus [tribunado; ant. cargo de tribuno ('magistrado'); (sXVI) tempo
durante o qual o tribuno exercia seu cargo [Houaiss, versão eletrônica])
239
b) aquilo de que uma coisa é provida e, em certos casos, aquilo de que é
abundantemente provida:
aerātus < part. de –aero [aerō, ās, āre [aes] [cobrir de bronze, ornar de
bronze] – coberto de bronze; ornado de bronze;
ansātus < ānsa, –ae [asa] – provido de asa ou cabo;
barbātus < bārba, –ae [ barba] – barbado, que tem barba;
bullātus < bullā, –ae [cabeça de prego ou botão] ornado de pregos
ou botões;
calceātus < calcĕo ou calcĭo,as, āvi, ātum, āre [calçar] – calçado;
clipeātus < clipĕo, clipĕus = clypĕo [escudo redondo e geralmente de
metal] – escudo antigo de metal;
dentātus < dentatu, –a, –um [denteado; dentado] guarnecido de
dentes; dentado; denteado; recortado em dentes;
falcātus < falx, falcis [fouce; foice] que tem uma fouce; armado de
fouce, ou com forma de fouce;
galeātus < galĕa, –ae [capacete; casco de couro] – coberto com
capacete;
occulātus < ocŭlus, –i [olhos] que tem olhos; que vê bem; que
enxerga bem;
togatus < tōga, āe [toga] que traz toga; que se toga ou togou;
vestido de toga; fig. empossado (em alguma função superior).
14. Considerações e Abonações: Em Latim, o sufixo erudito ātus, o
qual originou, em português –ado, sufixo popular que lhe corresponde.
–Atu apresenta em Latim sua origem no particípio passado da 1ª.
conjugação [infinitivo impessoal em āre] (cf. lat. -ātu-, -āta- > -ado, -ada
(padrão amātu-, amāta- > amado, amada)) e apresentava grande
número de homonímias, fato presente no português arcaico e que se
manteve no português contemporâneo.
É importante frisar que dividimos e classificamos o sufixo –ado, e seus
homomórficos, em quatro classes, por entendermos que funcionam
morfologicamente, de modo diferente, a saber:
240
a) as lexias sufixadas com –ado
1
(~ –ada
1
) funcionam, morfologicamente,
como substantivos, ou seja, nomeiam as coisas todas que existem na
realidade biofísica-psíquico-social, isto é, que existem na realidade
lingüística ou extralingüística.
O substantivo (termo determinado), geralmente, vem
acompanhado de termos determinantes [grifados nos textos abaixo], que
com ele concorda em gênero e número e pode ser antecedido, entre
outros, por:
artigo definido:
“Aceitou com agradecimento o agasalhado que se lhe oferecia...”
(Diálogos, v. III, cap. 2, fl. 212d, apud DLPA, p. 77)
artigo indefinido:
“(...) E quamdo o porco assi naçeo, o outro alaão Rabez deu huuma arramcada, e o
Bravor teve-se quedo; e quamdo Rabez vio que se o porco saya, e que o nom
desatreelavom, fez huuma gramde arramcada per huum mesto mato, levamdo após
si o page, e o outro alaão. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 5º., l. 20 – 24, p. 97)
“(...) Seja, ergo, buscado uũ que moria por caridade e nom seja obrigado a morrer, e
assi a morte nom poderá reteer aquêle que lhe nom for obrigado, mas será feito em
ela uũ furado per que poderám scapar [os homeẽs] livres.”
(LVC, Cap. II, fl. 9, c, § 94, l. 16 – 21, p. 41)
artigo definido/adjetivo:
“Vês ti aquela cabra entresilhada, /Que vai após a grande arruiviscada...)
(O Lima, Écloga 16, apud DLPA, p. 123)
adjetivo:
“(...) § Disserõ aynda que ha gram cuyda-/do e conhocimento pera fazer seu ho
[Andorĩha] e pera criar/seus filhotes. (...)”
(LA, XVII, vv. 3 – 5, p. 35)
“ca lava ben e faz boas quejadas
241
e sabe ben moer e amassar
e sabe muyto de bõa leiteyra.”
(LPGPI – 43,4. – p. 291 – vv. 10 – 12)
pronome demonstrativo:
“E o Meestre faze-o assi, e forom-se todos com êl pela Rua Nova; e ficando poucos,
desfeze-se gram parte daquela assũada
(QCDJI, Cap. 4., § 4º., l. 10 – 12, p. 26)
“– Porque, madre? – Ca non é guysado!
Lazerar-mh´-á esse perjurado!”
(LPGPI – 33,4. – p. 269 – vv. 8 – 9)
pronome indefinido:
“(…) mandou [el Rei Dom Pedro I] e pos por lei que qualquer casado que com
barregaã vivesse ou a tevesse dentro em sua casa, se fosse fidallgo ou vassallo que
delle ou d´outrem tevesse maravidiis, que os perdesse; e, segundo os estados das
pessoas, assi hordenou as penas do dinheiro e degredo, ataa mandar que
pubricamente por a terçeira vez elles e ellas por esto fossem açoutados; (…)”
(CDPI, Cap. V, § 1o., l. 7 – 14)
“(...) E, fallamdo os maldizemtes, prasmavom-na [Rainha Dona Lionor], dizendo que
todallas criadas daquella senhora que fimgem sempre muito amaviosas, por tanto
que o manto da caridade que mostram, seja cobertura de seus desonestos feitos.”
(CDF, Cap. LXV, § 5º., l. 15 – 19, p. 56)
“(...) cuja vida [da Virgem Maria], da qual era guarda principal Deus, sabedoria
eternal; cuja vida, outrossi, é comparada aa tôrre de David, que era fornida de mil
escudos que tiinha dependurados, porque mil virtudes e muitas mais havia na
Virgem Maria, das quaaes sua vida era guarnida entanto que todos pecados e
tentações vencia afastando-as nom soomente de si, mas de outros per sua graça
que lhes dava.”
(LVC, Cap. III, fl. 12, d, § 124, l. 12 – 20, p. 53)
“Pois ela trage camisa
de sirgo tan ben lavrada,
e vai a cada pousada
por algo, non é sen guisa”
(LPGPI – 30,26. – p. 259 – vv. 7 – 10)
“E se ella fizer alguma viuvada, perderá a dita fazenda”
(Elucidário, v. II, p. 636)
pronome possessivo:
242
“Suas respostas [do Iffante Dom Henrique] sempre eram brandas, com as quaaes
muito honrava a condiçom de cada hũa persoa, sem apouquentamento de seu
estado.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 22 – 24, p. 32)
“En Santiago, seend´albergado
en mia pousada, chegaron romeus;
preguntei-os e dis[s]eron: `Par Deus,
muito levade-o lo camiñ´ errado
ca se verdade quiserdes achar
outro camiño conven a buscar
ca non saben aqui d´ela mandado.”
(LPGPI – 14,12. – pp. 125 – 126 – vv. 22 – 28)
numeral:
“e mui grandes, per boa fé;
á un palm´e meio no pé
e no cós três polegadas.”
(LPGPI – 24,2. – p. 174 – vv. 12 – 14)
pronome relativo:
“E por quamto el Rei Dom Pedro, cujo regnado se segue, husou da justiça de que a
Deos mais praz, que cousa boa que o Rei possa fazer, segumdo os samtos
escrevem, e alguuns desejam saber que virtude he esta, e pois he neçessaria ao
Rei, se o he assi ao poboo, naquelle stillo que o simprezmente apanhamos, o
podees leer por esta maneira. (...)”
(CDPI, Prólogo, § 2º., l. 14 – 20, p. 59)
b) as lexias sufixadas com –ado
2
(~ –ada
1
) funcionam, morfologicamente, como
adjetivos, ou seja, termos determinantes dos substantivos aos quais se
relacionam e com os quais concordam em gênero e número:
“(...) e assi desacordados [scudeiros], começarom de fogir sem nenhũa ordenança
de resguardo.”
(CFG, Cap. V, § 1º., l. 18 – 19, p. 55)
“Desfalleçeo [ho Iffamte Dom Fernamdo] esto quando começou a guerra, e naçeo
outro mundo novo muito contrairo ao primeiro, passados os folgados anos de
tempo que reinou seu padre; e veherom depois dobradas tristezas com que muitos
chorarom suas desaventuradas mizquimdades.”
243
(CDF, § 6º., l. 11 – 15, p. 18)
“(…) Deus foi reconciliado e o diáboo confuso e os demões que fogiam, a morte
acabada e remiida e o ceeo aberto, a maldiçom alongada e o pecado tirado e o
error empuxado e a verdade tornada e a palavra de piedade em todo lugar
semeada e prêsa, a conversaçom celestial [em a regiom] da terra [plantada] e as
virtudes do ceeo falantes conosco como com filhos, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 9 – 17, p. 23)
c) as lexias sufixadas com –ado
3
(~ ada
3
) indicam adjetivos participiais, ou
seja, morfologicamente, funcionam com dupla função: a) por um lado,
exercem a função de verbo principal no particípio passado da locução verbal
em que estão inseridos; b) por outro lado, caracterizam, no papel de termo
determinante, o substantivo (termo determinado) ao qual se referem e com o
qual concordam em gênero e número [concordância nominal], como se pode
perceber nas abonações que seguem:
“E em uũ stante foi estremado aquêle sangue, em o qual feito misto e consoldado,
foi o corpo [de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; e em aquel stante foi
comprido e perfeito homem em alma e em carne, segundo tôdalas medidas
organizadas do corpo; (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, b, § 206, l. 1 – 7, p. 79)
“Ficou segundo soía afrontado de si mesmo e corrido”
(António Ferreira, Écloga 10, apud DLPA, p. 75, verb. Afrontado)
“(...) a divina sapiência, como já é dito, per ela é ilustrada, ilucidada e alumeada.”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 2, a, § 3, l. 11 – 13, p. 3)
“Onde rezidem os nosos em suas aldeas commum
te
tem missa cantada em canto de
orgaõ os quais saõ mui inclinados a cantar ha nossos”
(CNB – MM – p. 9 – l. 131 – 132)
Observação: Sintaticamente, esses adjetivos participiais funcionam como
predicativos (sujeito / objeto direto).
d) as lexias sufixadas com –ado
4
(~ –ada
4
) funcionam, morfologicamente, como
o verbo principal no particípio passado (regular) da locução verbal em que
se encontram, como se pode averiguar em:
244
“aquel judeu con que ei baratado
e un mouro, que á ´qui de chegar,”
(LPGPI – 64,28. – p. 425 – vv. 13 – 14)
“Hora saibamos como Nuno tristam, huũ cavalleiro mancebo, assaz vallente e
ardido, que fôra criado de moço pequeno na câmara do Iffante [Dom Henrique],
chegou a aquelle lugar onde era Antam Gonçalvez; (...)”
(CFG, Cap. V, § 1º., l. 12 – 16, p. 51)
“E seendo nembrado de homrrar seus ossos, pois lhe mais fazer nom podia,
mandou fazer [D. Pedro I] huum muimento d´alva pedra, todo mui sotillmente
obrado, poemdo enlevada sobre a campaã de çima a imagem della [D. Enês de
Castro] com coroa na cabeça, como se fora Rainha; e este muimento mandou poer
no moesteiro d´Alcobaça, nom aa emtrada hu jazem os Reis, mas demtro na egreja
há maão dereita, açerca da capella moor.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 3º., l. 12 – 20, p. 106)
“(...) morremdo el Rei Dom Fernamdo sem filho; foi noteficado huum dia a todos,
presente el Rei [de Castela], que as comdiçoões do casamento eram per esta
maneira, a saber: (...)”
(CDF, Cap. CLVIII, § 1º., l. 14 – 17, p. 121)
“(...) e posto que ella [a Iffamte de Portugal] fosse de hidade meor de doze anos
compridos, que fosse pronumçiado per quem houvesse poder, que ella era
perteecemte pera acabamento de matrimonio; (...)”
(CDF, Cap. CLVIII, § 2º., l. 2 – 5, p. 122)
Vejamos algumas abonações presentes em nosso corpus e o que indicam:
–ado
1
(~ –ada
1
) indica:
a) ato ou ação praticado com X; golpe ou pancada com X: azcumada;
bofetada(s); cuitellada; pedradas; pescoçadas; porrada; seixada:
“(...) A cidade era bem forte de muro e torres e boa gente, e combato que lhe entom
dessem nom prestava neũa cousa, e afastarom-se afora, tornando pera seu arreal,
seendo alguũs deles feridos de virotões e pedradas viindo altas vozes braadando
(...)”
(QCDJI, Cap. 14., § 1º., l. 4 – 9, p. 84)
“(...) E emtom foi feita a mais fremosa azcumada de seu braço, que ataa li fora vista
nem ouvida amtre monteiros, porque as cuitellas da aczuma emtrarom pellos
polpoões da coxa, e cortarom os ossos e as jumtas, e sahirom as cuitellas com toda
a asta pello conto da aczuma, da outra parte da calluga da espalda.”
(CDF, Cap. XCIX, § 6º., l. 9 – 14, p. 98)
245
Muitas são as lexias sufixadas com –ado
1
que indicam golpe ou pancada,
dentre as quais, registramos, fora os já expostos:
a1)substantivos: pezada; punhada;
a2) verbos: abofetado; acuitellado; esbofeteado.
b) noção de coletivo; multidão, coleção, (a)juntamento ou reunião de X:
mesnada (ant.
contingente de homens que, mediante pagamento, serviam
como soldados; tropa mercenária); ossada:
“O que filhou gran soldada
e nunca fez cavalgada,
é por non ir a Graada
que faroneja?
Se é ric´omen ou á mesnada
Maldito seja!
(LPGPI - - 18, 30. – p. 155 - vv. 13 – 18)
“(...) eu [Zurara] aprendi que no levante desta parte do mar Medio Terrano, que
vallem razoadamente mil dobras a ossada de huũ daquelles [elliffantes].”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 25 – 28, p. 69; l. 1 – 2, p. 70)
c) locativo: abrigada; agasalhado [= hospedagem]; almoxarifados; bicada [de
monte; sua parte superior]; condado; emtrada(s); estradas; estrado;
infantado; latada [abrigo improvisado (ger. com folhas de coqueiro ou
palmeira)]; maladas; mestrado [= administração]; morada(s); pousada;
quebrada; salgada [= o mar; conjunto das salinas de uma dada região; terreno
pouco produtivo, nas proximidades do mar (s. XIX)]; semeado; syllvado;
telhado; testada:
“Val o rendimento das rendas e direitos do/reino, assi dos almoxarifados e outras
rendas dele,/como das alfandegas, leziras, paues, reguengos/jugadas, quartos,
mestrados de Cristo, Santiago e Avis, ilha da Madeira, ilha dos Açores,/Cabo Verde,
Santhome, e mais rendas de/Guine, Brasil, e da India, em cada hum ano, (...)”
246
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
17v, in EBC, l. 3 – 6, p. 210)
“Joan Bolo jouv´en ũa pousada
ben des ogano que da era passou
con medo do meirinho que lh´achou
ũa mua que tragia negada
(LPGPI – 25,42. – p. 196 – vv. 1 – 4)
d) agentivo: criada (o, os); perjurado:
“– Vós todos assi como estaaes jumtos, sooes meus vassallos e criados [do Iffamte
D. Joham, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro], e isso meesmo de meu padre, e
hei de vós gram fiamça, porque deçemdees de boa criaçom e linhaageens, e nom
devo de fazer cousa que vos nom faça/primeiro saber. (...)”
(CDF, Cap. CIII, § 2º., l. 15 – 18, p. 99; l. 1, p. 100)
“Por que mentio o perjurado,
pesa-mi, pois mentio a seu grado,
Ai madre, moiro d´amor!
(LPGPI – 25,50. – p. 200 – vv. 16 – 18)
e) duração prolongada: durada; ficada; regnado (~ reinado):
“(…) o mui virtuoso Rei a boa memoria Dom Joam, cujo regimento e reinado se
segue, ouve com o nobre e poderoso Rei Dom Joam de Castela, poendo parte de
seus boõs feitos for a do louvor que mereciam, (…)”
(QCDJI, Cap. 1., § 1º., l. 8 – 12, p. 3)
“Item, o meo é lugar de ajuntamento, porque os extremos ou cabos ajuntam-se na
meatade. Onde o Apóstolo: ´Aquele é nossa paz que dalas cousas fêz em a´.
Item, o meo é logar de durada, porque o meo do mundo fixo é e nom movediço. (...)”
(LVC, Cap. XIX, fl. 66, c, § 726, l. 1 – 6, p. 261)
f) ato ou ação praticada por X, referente a X: arramcada; casado(s);
cavallgadas; gasalhado; mandado; meijoadas; ocupados; pecado(s);
pegadas; tornada:
“Das cavallgadas e do seu quimto, mandava elRei [Dom Fernamdo] que tomassem
o dizimo, e mais huum dia de solldo de todollos que em algum mester fossem, pera
pagua dos cavallos dos acomthiados, que emmanqueçessem ou morressem.”
247
(CDF, Cap. LXXXVII, § 7º., l. 1 – 4, p. 73)
“(...) E assi os filhos de Israel per quarenta e dous pousos ou meijoadas chegarom
aa terra que lhes era prometida. (...)”
(LVC, Cap. VII, fl. 25, a, § 281, l. 11 – 14, p. 103)
g) medida: polegadas:
“e mui grandes, per boa fé;
á un palm´e meio no pé
e no cós três polegadas.”
(LPGPI – 24,2. – p. 174 – vv. 12 – 14)
h) alimento feito com X: queijadas (~ quejadas):
“ca lava ben e faz boas quejadas
e sabe ben moer e amassar
e sabe muyto de bõa leiteyra.”
(LPGPI – 43,4. – p. 291 – vv. 10 – 12)
“Outrossi lhis ar vejo [i] trager
as mangas mui curtas e esfraldadas,
ben come se adubassen queijadas
ou se quisessen tortas amassar;
ou quiçá o fazen por derivar
sas bestas, se fossen acovadadas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 19 – 24)
i) dignidade de X: cardeallado; papado; priorado:
“O Papa [Urbano], quando vio sua fugida delles e a carta que lhe mandavom, feze-
os çitar per suas leteras, e nenhuum nom foi peramt´elle; por a qual razom os
escomungou da mayor escomunhom, e os privou dos cardeallados, e fez outros
cardeaaes de novo, damdo-os por çismaticos e membros talhados da egreja;
outorgamdo, a todos aquelles que lhe fezessem guerra, aquelles privillegios e
perdoanças, que o dereito outorga a todollos que vaão comtra os emmiigos da fé em
ajuda de tomar a Casa Samta.”
(CDF, Cap. CVIII, § 4º., l. 6 – 14, p. 107)
“Os cardeaaes outrossi privarom el [o Papa Urbano] d´alguum dereito, se no papado
tiinha, e elegerom logo por Papa Dom Roberte, cardeal de Genevra, paremte del Rei
de Framça, e chamaro-no Clemente septimo. (...)”
(CDF, Cap. CVIII, § 5º., l. 15 – 18, p. 107)
248
j) que tem a forma de X; disposto em forma de X: trançado:
“Ponhamos-lhe ora um trançado,
vejamos como lhe vem.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 37 – vv. 14 – 15)
l) instrumento, objeto ou jogo referente a X: çellada (peça da armadura que
cobria e defendia a cabeça; ETIM esp. celada (1460)); tavolado; toucado:
“Nen de lançar o tavolado
pagado
non sõo, se Deus m´ampar,
aqui, nen de bafordar;
e andar de noute armado,
sem grado
o faço, e a roldar;”
(LPGPI – 18,26. – p. 152 – vv. 27 – 33)
“Daí, daí ó demo o toucado,
que não é pera ninguém.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 37 – vv. 16 – 17)
m) relativo ou referente a X; baseado em X: hamrricados [D. Hemrrique];
razoada; soldada:
“E esto dizia elle [el-rei Dom Fernamdo], porque a todollos que tiinham com el Rei
Dom Hemrrique, chamavom hamrricados. (...)”
(CDF, Cap. LXXXIII, § 16º., l. 8 – 9, p. 70)
“A huma por espertar os que ouvirem que emtemdam parte do que falla a estoria, a
outra por seguirmos emteiramente a hordem do nosso razoado no primeiro prollogo
já tangida.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 9 – 13, p. 59)
“Item mandamos que dem em soldada ao mayoral das vacas e ao alfereyro e ao
pousadeiro senhas vacas paridas, e aos outros mancebos senhas iuuencas
prenhes.”
(Direito consuetudinário municipal, Texto do Século XIII, in TA, § 3º., l. 12 14, p.
36)
249
n) versado em X: leterados; licenciado:
“(...) O dia em que el Rei auia dauer/sua rresposta, foi assijnado aaqueles senhores
e leterados, no qual cada huũ disse sua emtemçom, segundo a camtijdade de seu
emtemder e saber, nom porem afastados de huũ proposito.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 30, p. 30 e l. 1 – 5, p. 31)
“O Licenciado sebastião gonçalvez prouisor E vigairo gerall no espritual e temporall
nesta çidade e arcebispado de bragua polos Reverendíssimos senhores dinidades
coneguos e cabido da see da dita çidade a see vagante cetera/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 1, p. 327; maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
o) parte(s) referente(s) a X: talhada:
“(...) e fazem os Robos [da maca de partes lepaldados] q saõ de/dous palmos
cõprido e despois deste Rolo feyto da grosura q saõ necesarios pera os pastes e
cortão/este Rolo talhadas q naõ sejaõ mais largas q /dous dedos taõ poem as
talhadas asy dereytas huã tauoa (...)”
(TCP – p. 33 – l. 330 – 335)
p) estudo ou obra desenvolvida em relação a X (ciência ou arte): tractado:
“Aqui sse segue o tractado da Paaon.”
(LA, XXIX, v. 1, p. 48)
q) doce de X:
“Da carima q´he a rais seca [da mandioca] se faz amdoados/cousas doçes e o
mais e se faz paõ aRoz/mesturado e esta seca botaõ e mesturaõ cõ/a outra q
do
quer se cõserue p
a
longe como/q
do
a traz p
a
portugal os marinheiros (...)”
(CNB – MC – p. 87 – l. 736 -740)
–ado
2
(~ –ada
2
)
indica:
a) característica de X: aazado; abadadas; abafada; abarregada; abastada(o, os);
abicados; aboiada; abrasiado; abrigadas; acaroados; acoruchados;
afiguradas; afremosentada; afumada; agravada; amada; ameüdadas; borrada;
250
brolladas; cansadas; chagado; desnuada; desprezada; desterrada;
desvairadas (os); desviado; enjeitada; escurentadas; loada; lominado;
mamadas; malconizados; maravilhada; maridada; molhada; orpelados;
pendoradas; penteados; pesados; poborada (~ pouoada); podada; preçadas;
quebrados; rasgados; refinado; sacrificado; sagrado; salgada; tapadas; tirado;
torvado; trespassado; trosquiado (s); usado; vingada; etc.:
“(...) E porque sempre [el Rei Dom Fernamdo] tive d´aver disto vimgamça, como
visse tempo aazado, agora que me parece que o melhor posso fazer que em outra
sazom, pois que el he morto, tenho voomtade de o poer em obra.”
(CDF, Cap. CXIV, § 3º., l. 20 – 23, p. 110)
“(...) por aazo da gram despesa da guerra começada assi per mar como per terra,
todo se gastava que nom ficava nenhuuma cousa pera deposito; e mais todo o ouro
e prata que el Rei achava emtesourado.”
(CDF, Cap. LV, § 3º., l. 17 – 20, p. 38)
“(...) § E por-/que quando o paão alça a coa pelo louvor que lhi dizẽ aparece a parte
prestymeyra do /seu corpo desnuada e decoberta, muy lay-/da e muy torpe e muyto
escarnida, assi/o preegador quãdo sse alça per vãã gloria”
(LA, XXXI, vv. 31 – 36, p. 51)
“Hum livro lominado
(Elucidário, v. II, p. 370, apud DLPA, p. 405)
“E Agostinho: ´Nascido é na strabaria e cingido de sua Madre com faxa vil e refece.
Nom tiinha casa madeirada de cedro nem leito de marfim em que parisse o Criador
e onde posesse o Remiidor de tôdalas cousas. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, § 376, l. 1 – 6, p. 129)
b) ação recebida por X [paciente verbal]: penada(o):
“Madre, passou per aqui un filho d´algo
e leixou-m´assi penada, com´eu ando:”
(LPGPI – 47,12. – p. 318 – vv. 15 – 16)
c) tempo referente a X: acabada (o, os); adiado; amdados; começada:
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo confuso
e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a maldiçom
alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e a palavra de
piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
251
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
“(...) por aazo da gram despesa da guerra começada assi per mar como per terra,
todo se gastava que nom ficava nenhuuma cousa pera deposito; e mais todo o ouro
e prata que el Rei achava emtesourado.”
(CDF, Cap. LV, § 3º., l. 17 – 20, p. 38)
d) relativo ou referente a X; em forma de X; protegido por X: latinadas; listradas;
nuveado; pavesados; picado; piquada; raygadas; seelado; (~ séélada);
sirgadas:
“Ond´avẽo en agosto un dia que nuveado/se levantou muit´escuro e com torvon
mesturados”
(Santa Maria, v. II, p. 158, apud DLPA, p. 444)
“(...) E alguũs [aqueles que acompanlhavam el-Rei], pavesados, chegarom ali
contra voontade dos do muro, nom embargando as muitas pedras que lançassem, e
tiraram-no fora e levarom-no daquel logar.”
(QCDJI, Cap. 14., § 1º., l. 12 – 16, p. 83)
“Ai Deus! se me quisess´ alguen dizer
por que tragen estas cintas sirgadas
muit´anchas, come molheres prenhadas:
se cuidan eles per i gaanhar
ben das con que nunca saben falar,
ergo nas terras se son ben lavradas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 7 – 12)
e) guarnecido de X; revestido de X; trabalhado em X: madeirada:
“E Agostinho: ´Nascido é na strabaria e cingido de sua Madre com faxa vil e refece.
Nom tiinha casa madeirada de cedro nem leito de marfim em que parisse o Criador
e onde posesse o Remiidor de tôdalas cousas. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, § 376, l. 1 – 6, p. 129)
f) moído em X; esmagado ou calcado com X: pilada:
“e hũ vi q´era como amêndoa pilada e ja qua em por/tugal a experemtej e a lançou
em pedaços”
(CNB – MC – p. 183 – l. 2012 – 2013)
252
“vi por vezes perto de duas mil pessoas ca/noas ao matar [Tainha] e fazer m
ta
diligçia p
a
/o salgar como era leuar, o sal pizado as facas/pera escalar m
tas
e
afiadas, (...)”
(CNB – MC – p. 195 – l. 2172 – 2175)
g) disposto (s) em X: quartejado:
“[...] e amdauam hy outrros quartejados de cores .s. deles ameetade da sua propia
cor e ameeetade de timtura negra maneira dazulada e outros quartejados
descaques./”
(VCPVC – fl. 4 – l. 21 – 24)
h) em forma de X: rabiforcado:
Rabiforcado, caipira andã [Passaros dagoa] m
tos
dias e/noites s pousar e outros
m
tos
passaros q´com/peixe e de m
tas
cores Gaiuotas, Alcatrazes,/grous calcamar
este adeuinha tpestade”
(CNB – MC – p. 201 – l. 2257 – 2260)
i) ação repetida: rechantada; revessada:
“Se enton de cabo non for rechantada,
nen un proveito non pod´end´aver,”
(LPGPI – 30,14. – p. 252 – vv. 13 – 14)
“(...) Cousa revessada é e fea vaso de lôdo, que é o corpo, fecto de terra, teer os
olhos levantados acima e parar mentes ao ceeo, e a criatura espiritual e celestial,
que é a alma, poer os seus olhos per o contrairo, scil., os sentidos de dentro e os
desejos nas cousas de baixo terreaaes.”
(LVC, Cap. XIX, fl. 63, a, § 720, l. 15 – 21, p. 259)
Observação: Não se pode deixar de observar que o prefixo re–, em ambos os
casos, contribui com o sufixo para se obter o significado de “ação repetida”; no
prefixo, aliás, encontra-se a noção semântica de “repetição”, de “iteração” da ação
expressa pelo radical verbal.
l) locativo: situada (~ sytuada):
6
(...) Estando hy O senhor dom fernãdaluarez/
7
prioll do dicto mosteíjro E pero
martjz E andré fernãdez E
djego vasquez conjgos Re/
8
grantes do dicto mosteijro
prioll e conbento per soo de canpaa tangíjda se/
9
gundo he de huso e custume
Emprazarom e per prazo derom a Joham/
10
perijz laurador e morador na qíntaa de
253
pereijra sytuada na freijgesia/
11
de (sic) mosteíjro e a duas pesoas depos Elle silicet
que Elle nome a segunda {e a}/
12
soa (sic) e a segunda e a terçeijra Em tal jsa que
sejã tres pesoas Em suas vijdas/(...)”
(DPNRL, Documento 93, l. 6 12, p. 280; Maço 13,16, Mosteiro de S. Salvador de
Moreira, 1480)
m) feito de X [material]: barreyrada:
“(...) ajmda pousauam alli Genoeses, e chamauasse a aduana, e ajmda sse agora
chama, as quaaes tijnham huũa porta barreyrada daquella parte dAlmina.”
(CTC, Cap. lxxviij, § 1º., l. 14 – 17, p. 87)
n) cor relativa a X: larãjado:
“Tem [Tangara] o tamanho de pardais e o bico, mas de preto/fino t hũ barrete
larãjado e sobre os olhos/larãjado fino este vlhe alguãs vezes sedte/coral, taõb
aj outras castas mtas”
(CNB – MC – p. 131 – l. 1333 – 1336)
o) que tem ou possui X: tilhados:
“Mandou [el Rei Dom Fernamdo] que se escrepvessem per homeens idoneos e
perteeçentes todollos navios tilhados que em seu reino ouvesse, des çimquoemta
tonees pera çima, assi os que/entom avia, como os outros que depois ouvesse; e
esto em Lixboa, e no Porto, e nos outros logares omde ouvesse. (...)”
(CDF, Cap. XCL, § 2º., l.17 – 19, p. 91; l. 1 – 3, p. 92)
(Cf.: tilhados < ETIM fr. tillac (1382) ant. 'parte superior de um navio', do ant. esc.
thilja 'tábua que forma a parte inferior de uma embarcação'; registra-se a f. sobtilha
no sXV – Houaiss, versão eletrônica; para CUNHA (1986, p. 769, verb. tilha),
tilhado ~ tylhado (séc. XIV) < fr. tille, derivado do escandinavo thilja ´tábua que
forma o solo de um navio´).
–ado
3
(~ –ada
3
) indica:
a) que contém X; diluído em X; misturado com X; VETER animal que sofre de X
[= aguamento]: aaguada:
“… fico ente aaguada…”
(“Cantiga 1336”, in C.B.N., apud DLPA, p. 79, verb. Aguado)
254
Observação: Para LAPA (1970, p. 3, verb. aaguado), aaguado. Diz-se do membro
doente do cavalo, por excesso de comida, resfriamento ou trabalho: ou, per força,
fica ende aaguada 386. 14.
No caso, podemos entender, “animal que sofre de aguamento”; aguamento
s.m. (1679 cf. DA) 1 ato ou efeito de aguar; aguagem; VET inflamação aguda ou
crônica da membrana tegumentar da pata dos cavalos; infusura, podofilite ETIM
aguar + -mento; ver aqüe-“ (Houaiss, versão eletrônica).
No entanto, a abonação acima está muito reduzida para se chegar ao
completo significado da palavra. A palavra aguada pode significar também a “ação
de colocar água no navio quando este chega ao porto para se reabastecer.”
2
A
expressão “[navio] fazer aguada” está em Pero de Magalhães Gandavo.
3
Em http://www.ana.gov.br/aguaecultura/palavra/exp_idioma.htm, da ANA
Agência Nacional de Água, acessado em 28/06/2008, 20:45h, econtramos várias
expressões com a lexia água, dentre as quais destacamos “fazer água”, sinônima de
“tomar água”:
Fazer água.
1. Mar. Ser (uma embarcação) invadida pela água.
2. P. ext. Principiar (uma tarefa) e perder-se, durante sua execução.
Tomar água. Mar.
1. Munir-se de água potável para o abastecimento de um navio; fazer aguada. (grifo
nosso)
Nos Annaes das Sciencias, das Artes, e das Letras; Por Huma Sociedade
de Portuguezes Residentes em Paris, de autor o citado, (Impresso por A. Bobée,
Impressor da Sociedade Real/ Academia das Sciencias de Parîs, Parîs, 1818),
encontramos as seguintes passagens com a expressão idiomática “fazer aguada”:
_______
2
e
3
De acordo com a Profa. Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa, nossa Oreinatdora, em
comunicação pessoal feita a nós.
255
“(...) ou finalmente lavar a roupa em agua doce, evitando com isso as
enfermidades que produz a sua humidade quando// ella he lavada em agua salgada;
não devendo esquecer neste artigo as doenças e mortes que se evitarão, e que
frequentemente resultão da necessidade que tem os individuos da equipagem de se
metterem na agua por tempos mãos para fazer aguada, e de fazerem em lugares
pantanosos e poucos sadios.
4ª. A maior commodidade, e algumas vezes talvez menor despeza que se
fará para obter combustivel, do que para fazer aguada; (...)”
(Annaes das Sciencias, das Artes, e das Letras; Por Huma Sociedade de
Portuguezes Residentes em Paris, ginas 91 92, grifos nossos; disponível em
books.google.com.br/books?id=K2WyuIg9rAQC..., acessado em 28/06/2008,
21:00)
“Finalmente o Autor acaba acaba a sua Memoria reconhecendo a
possibilidade de outro methodo preferivel ao da distilação para obter agua doce da
agua do mar; mas acha que, ainda quando os esforços dos chymicos e o
melhoramento das Sciencias hum dia o apresentem, elle será então muito menos
vantajoso a respeito do methodo de fazer aguada: e examinando as ideias
conheidas da distillação no vacuo, ou por meio da ventilação, conclue que estes dois
processos, estão ainda mui longe de resolver o problema com utilidade da
navegação.”
(Annaes das Sciencias, das Artes, e das Letras; Por Huma Sociedade de
Portuguezes Residentes em Paris, página 93, grifos nossos; disponível em
books.google.com.br/books?id=K2WyuIg9rAQC..., acessado em 28/06/2008,
21:00)
Em Bluteau (Dicionario Portuguez e Latino..., disponível em no site
http://www.ieb.usp.br/online/index.asp, da Universidade de São Paulo,
encontramos a lexia “agoada” e a expressão idiomática “fazer agoada”, em
http://143.107.31.150/dicionario/bluteau/tabBluteauA/175.jpg e em
http://143.107.31.150/dicionario/bluteau/tabBluteauA/176.jpg, respectivamente,
acessado em 28/06/2008 – 21:10h, como pode-se verificar abaixo:
256
(Bluteau, Dicionário Portuguez-Latino, vol. I, p. 175)
(Bluteau, Dicionário Portuguez-Latino, vol. I, p. 176)
b) característica de X: abafado; abarregada; abrasiado; acaionada; acajõnada;
acompanhado; adargado; adorado (~ adoorado); afigurado (s); afiuzado;
afortalecida; agasalhados; aleijado; alumeada; amado; ameaçada; danificada;
deificado; emfeitiçado; empachados; emprazadas; emtesourado; enramadas;
escurentada; esposado; exalçada; ilustrada; lazerado (as); louvada; mizcrado;
namorado; onrada (o); osmado; ousado(s) (~ oussado); pouoada (o, os, as);
profetizado; purgada(s); rogado; santificados; situada; soldada (o); soterrado;
suscitado; temperado (os); tocadas; torvados; trilhada; untado (s); viltada:
“E nom vos obrigamos a povoardes a dita quebrada, porque nom tem formal e
sempre assim andou abarregada...”
(Elucidário, v. I, p. 126, apud DLPA, p. 36, verbete Abarregado)
“(…) u podees vós moor service fazer e que melhor renembrança fique de vós que
na terra que foi gaançada per os nobres Reis d´u vós descendees e donde soes
257
natural, moormente com gentes que tanto de coraçom e de voontade vos oferecem
sua ajuda e serviço?”
(QCDJI, Cap. 6., § 1º., l. 10 – 15, p. 34)
“(...) a divina sapiência, como já é dito, per ela é ilustrada, ilucidada e alumeada.”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 2, a, § 3, l. 11 – 13, p. 3)
c) ação recebida por X [paciente verbal]: abofetado; açoutado (s); acusado;
bautiçado (~ bautizado); castigados; juygada; lobado; sepultada; visitadas:
“... viu tal filho seu seer prêso, legado e abofetado...”
(Vita Christi, fl. 188, apud DLPA, p. 39)
“(...) Assi que se fosse vilaão o que tal cousa fezesse, fosse outado, e mais
vivesse com seu amo; e o fidallgo tornasse o que lhe dera aquel com que vivia, e
emtom se fosse pera quem quisesse, e nom se podesse partir ataa que o
emtregasse.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 3º., l. 4 – 8, p. 72)
“(...) Onde Beda diz que ´como Jesu Cristo foi bautizado e orou, foi o ceo aberto
porque, quando o Senhor per abaixamento do corpo, se meteu de-sob as águas do
Jordam, entom o seu poderio da diviindade nos abriu as portas do ceo, e quando a
carne nom empeecível foi cuberta das águas frias, assi como espada ou lâmpado
quando topa com cousas a si contrairas, feriu fogo´. Estas cousas Beda.”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, c, § 810, l. 23 – 32, p. 293)
Observação: Observe-se que as frases acimas em que se encontram os particípios
passados encontram-se na voz passiva analítica e sempre está presente na maior
parte dos casos o verbo “ser” como verbo auxiliar: “seer prêso, legado e
abofetado”; “fosse açoutado”; “foi bautizado. O agente da passiva, nos exemplos
acima, não aparecem explicitados, mas subentendemo-los [= por alguém; por X].
d) cheio de X: afaçanhado (~ afaçãyado); afamada (o); coitada (o, us):
“… se o culpado morresse ante que fosse acusado, preso ou afamado da dita
maldade…”
(Ord., V, II, § 27, p. 15, apud DELP, v. I, p. 126, verb. Afamado)
“Ai amiga, eu ando tam coitada
que sol nom poss´em mi tomar prazer
cuidand´em como se póde fazer
que nom é ja comigo de tomada;
e par Deus, porque o nom vej´aqui
258
que é morto gram sospeita tom´i;
e se mort´é, mal dia eu fui nada.”
(LPGPI – 25,7. – p. 178 – vv. 15 – 21)
e) que tem ou possui X: afazendado:
“Mas se é afazendado, aqui é o lançar das contas...”
(Aleugrafia, ato II, cena V, apud DLPA, p. 69, verb. Afazendado)
f) posição de X: ageolhado:
“... deu-lhe per cima do capacete um golpe tão pesado, que ficou ageolhado em
terra atordoado”
(Décadas, v. II, cap. 3, p. 2, apud DLPA, p. 77, verb. Ageolhado)
g) relativo ou referente a X: cercadas:
“estas duas villas de São Viçennte e Santos/não estão cercadas, e as casas de
maneira espalhadas que se/não podem çercar senão com muito trabalho e perda
dos moradores,/porque tem casas de pedras e cal e grandes quintais e tudo/ feito
em deshordem, por honde lhe não vejo outro melhor talho/(...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 11 a 14, p. 200)
h) ornado de X: coroado:
“(…) Mas que ora em çima de seus dias, posto atrás seu [do Papa Urbano]
desprezamento do mundo que amte mostrava, açeptara a emliçom que lhe fora feita,
seemdo coroado e sollempnizado por Papa como nom devia, queremdo seguir a
vaãgloria do mumdo, sem curamdo da saude de sua alma. (...)”
(CDF, Cap. CVIII, § 3º., l. 24 – 28, p. 106)
i) tomado como X; feito X : encarnado; poombado:
“(...) Na poomba foi o Spíritu Santo; mas o Spíritu Santo nom foi poomba nem foi ela
unida a el, porque nom foi o Spíritu Santo poombado, assi como dizemos que foi o
verbo encarnado; porque afora a natureza humanal, nunca outra natureza foi unida
a Deus, nem outra creatura; nem foi na poomba per graça, mas per aparecimento e
sinal; (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 72, c, § 818, l. 10 – 18, p. 297)
259
“(...) Na poomba foi o Spíritu Santo; mas o Spíritu Santo nom foi poombado nem foi
ela unida a el, porque nom foi o Spíritu Santo poombado, assi como dizemos que
foi o verbo encarnado; porque afora a natureza humanal, nunca outra natureza foi
unida a Deus, nem outra creatura; nem foi na poomba per graça, mas per
aparecimento e sinal; (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 72, c, § 818, l. 10 – 18, p. 297
j) tempo referente ou relativo a X: finado(s):
“Estas e outras razoões emmiigas da verdade leixamos d´escrepver por nom
alomgar, as quaaes melhor fora nom seerem finados maa fama por sempre.”
(CDF, Cap. XLVII, § 4º., l. 9 – 12, p. 31)
m) versado em X: leterados:
“Ca o mestre entende já,
se decaer, que lh´é cajon
antr´os que leterados son,”
(LPGPI – 30,15. – p. 253 – vv. 15 – 17)
n) relativo a X parte(s): oitauados:
“tomarão muj
to
bõos marmelos e bicudos/e prjdos e lisos e gramdes barbaros/se
qujser e falosão quartos e apara/losão oitauados / (...)”
(TCP – p. 115 – l. 1191 – 1194)
o) em forma de X: ovado:
“O interior desta capela não é ovado como o exterior, tem um repartimento pelo
meio”
(Itinerário, cap. 25, p. 131, apud DLPA, p. 508, verb. Ovado)
p) posição no espaço: rodeado; sercado:
“e depois q´elle trou [Tainha] a emchente da mare/quer tornar a vazte e
achasse sercado/e entretãto daõlhe la emsima o barbasco/q´he m
to
e grãdes
feiches e assi o embebedaõ”
(CNB – MC – p. 195 – l. 2166 – 2169)
260
q) coberto com X: vistido:
“Pero da Pont´á feito gran pecado
de seus cantares, que el foi furtar
a Coton, que, quanto el lazerado
ouve gran tempo, el xos quer lograr,
e doutros muitos que non sei contar,
por que oj´anda vistido e onrado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 1 – 6)
–ado
4
(~ –ada
4
) indica:
a) particípio passado de X [ação expressa pelo radical verbal]: alçado;
apresentado; assijnado; aventurado; cambiado; chamado; criado; declarado;
encomendadas; enviado; guarido; guisado; juntado; jurado; legado; mãdado
(~ mandado); negado; nembrado; nomeado; noteficado; pecado; pregoado;
perguntado; privado; roubado; situada; soldado; talhad´(o); tardado; tirado;
trautado; untado; vestido:
“(...) E semtimdo sua morte muito açerqua, seemdo já memfestado, [Dom Fernamdo]
requerio que/lhe dessem ho sacramento; e quamdo lhe foi apresemtado, e
contarom os artiigoos da fé, como he costume, (...)”
(CDF, Cap. CLXXII, § 2º., l. 16 – 17, p. 135; l. 1 – 2, p. 136)
“De Joan Bol´and´eu maravilhado
u foi sen siso, d´ome tan pastor
e led´e ligeiro cavalgador
que tragia rocin bel´ e loução,
e disse-m´ora aqui un seu vilão
que o avia por mua cambiado.”
(LPGPI – 25,26. – p. 188 – vv. 1 – 6)
“A mesteiraes e muita outra gente eram encomendadas danças e jogos doutras
maneiras, em que andavom velhos e mancebos, todos com ledas voontades. (...)”
(QCDJI, Cap. 11., § 2º., l. 22 – 25, p. 67)
“Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mh a jurado,
ai Deus, e u é?
(LPGPI – 25,2. – p. 176 – vv. 10 – 12)
261
“A ocaziaõ foi pouco ha da gte de Ceri/jipe q´eraõ mais de vinte mil almas
e/tinhaõ ja mãdado dous recados aos nossos/p
es
q´os foss buscar pa nossas
aldeas q´dou/tra man
ra
naõ aujaõ de uir ate q´os p
es
se de (...)”
(CNB – MC – p. 75 – l. 581 – 585)
“(...) morremdo el Rei Dom Fernamdo sem filho; foi noteficado huum dia a todos,
presente el Rei [de Castela], que as comdiçoões do casamento eram per esta
maneira, a saber: (...)”
(CDF, Cap. CLVIII, § 1º., l. 14 – 17, p. 121)
“e vdo q´elles tinhaõ pregoado gerra no/emgenho de Joaõ de bairos huã legoa
da/Cidade os portuguezes foraõ seguindo”
(CNB – MC – p. 67 – l. 473 – 476)
Vejamos algumas lexias sufixadas em ado presentes em nosso corpus e as
bases a que se agregam:
Base:
Lexia: Século
Significado(s) V
Adj.
N
abrigada
XV m.q. abrigo; lugar para se aquecer ao sol; local;
pequena enseada
X
acajõnada
XIII acidentada; desgraçada
X
apedrado
XIII batido; amassado; que se apedrou;
ornado de pedras preciosas; duro como pedra;
empedernido, enrijecido;CONSTR revestido, calçado
com pedras;que tem a cor de uma pedra; ant.
castigado com apedrejamento
X
almoxarifado
(~almuxariffado ~
almoyxarifadigo
~ almoxerifado)
XIV arrecadação, guarda e distribuição de mercadorias,
seja em repartição pública, seja em empresas
particulares; função de almoxarife; área de
jurisdição do almoxarife; depósito em que, num
estabelecimento público ou particular, ficam os
materiais necessários a todos os demais setores
X
alumeada
XIII iluminado; embelezado; ornado; brilhante; claro
bateláda
XVI MAR carga que um batel transporta de uma só vez;
p.ext. quantidade considerável; porção, monte; CUL
MNH (Esposende) bacalhau e sardinhas cozidos
com cebolas, batatas e outras hortaliças
X
brolladas
(~brolada
~broslada)
XIV bordado; guarnecido em redor; desenhada à agulha
cardeallados
XV dignidade de cardeal ou cardinalato
X
coroado
XIII que se coroou; cingido por coroa; ornado de coroa
X
262
cuydado
(~cuidado ~ cuy-
do ~ cujdado
~cudado)
XIII precaução; diligência; desvelo; inquietação de
espírito
X
desvairados
(~desvayrado
~ desuaijado
~ desuayrado)
XIV desnorteado; endoidecido; alucinado; doido; sem
coerência; contraditório; caracterizado pela
diversidade; variado; sortido; de tipo, forma ou
características muito diferentes
X
durada
XIV permanência; continuação de existência
X
enviado
XIII enviado; expedido; remetido; encaminhado; dirigido
X
ficada
XIII que ficou; moradia, habitação, pousada
X
ffinado
(~finado ~ fynado)
XIV
morto; que se finou adj.s.m. que ou aquele que
faleceu; defunto
X
folgada
XIII descansado; aliviado; desapertado; livre de tarefas,
de deveres; que não está ajustado; amplo, largo;
atrevido
X
invernada
1
XIII chuvas de inverno; invernia; tempo de chuva; tempo
borrascoso, de chuvas e ventos, próprio do inverno;
inverno austero, duro, rigoroso; invernia; B período
de chuvas prolongadas, contínuas durante a estação
que, no Norte e no Nordeste, é impropriamente
chamada de inverno
Cp. invernada
2
: pasto para o gado durante o inverno
X
laranjado
(~ larãjado)
XIV cor de laranja
X
leterados
(letrado ~
lleterado)
XIV intérprete de literato
X
namorado
XIII enamorado; amante
X
nembrado
(~nÉbrado ~
lembrado ~
lenbrada (f.)
XIII lembrado; ANT esquecido, olvidado
X
ossada
(~ oçada ~ osada)
XV grande porção de ossos; conjunto de ossos; ossaria;
ossama; acumulação de ossos dessecados; p.met.
conjunto dos ossos de um cadáver (humano ou
animal); p.met. m.q.
ÉëèìÉäÉ íç
('ossos encontrados
em uma cova'); p.ana. infrm. joc. o corpo humano
enfraquecido, magro
X
punhada
(~ punada)
XIII governo de um rei; tempo em que dura esse
governo; dominação; predomínio
X
queijadas
(~queigiada)
XIII pastel de nata;
fig. P infrm. grande quantidade de dinheiro;
fig. P infrm. dinheiro que as mulheres dão aos
rufiões ; P infrm. gratificação dada por banqueiro de
jogo; fig. P infrm. qualquer gorjeta; MIL P infrm.
castigo
X
regnado
(~ reynado ~
reinado)
XIII governo de um rei; tempo em que dura esse
governo; dominação; predomínio
X
263
santificados
(~ santivigada (f.)
~ sanctifycado)
XIII que se santificou; que adquiriu a condição de santo;
tornado santo; declarado santo; consagrado;
abençoado
X
situada
XVI disposto; assentado; colocado em determinado
lugar; construído; edificado; localizado
X
soldada
(~ solldadas (f. pl.)
~ ssoldada (f.sg.)
XIII solidificado; unido; solidado; consolidado; quantia
com que é pago o trabalho de criados, operários
etc.; paga, salário, soldo; soldo de tripulante de
navio mercante; fig. prêmio, recompensa
X
tardado
XIII demora; atraso; detido na sua marcha; que
permanece por um longo tempo; que chega com
atraso; adj. atrasado; demorado; demoroso; tardio;
adj.s.m. tardador
X
Tabela 5.4 O sufixo –ado em algumas lexias presentes em nosso corpus e as
bases a que se adjungem.
Vejamos os principais significados presentes no sufixo –ado e seus
homomórficos dos séculos XI ao XVI:
Significados: LATIM
(–ato)
XI XII XIII XIV XV XVI
ato ou ação pratica-
do com X; golpe ou
pancada com X:
X
ato ou ação pratica-
da por X
X X X X X
coletivo X X
locativo X X X
magistraturas roma-
nas; funções sociais
X
agentivo X
substantivos verbais
(indicam a ão ex-
pressa pelo radical do
verbo)
X
duração prolongada X X
medida X
alimento feito com X X
dignidade de X X
que tem a forma de X X X
264
dignidade de X X
instrumento, objeto
ou jogo referente a X
X X
relativo ou referente
a X; em forma de X;
protegido com X
X
versado em X X X
parte(s) referente(s)
a X
X
característica de X X X
ação recebida por X
[paciente]
X X X
tempo referente ou
relativo a X
X X
moído em X;
esmagado ou calca-
do em X
X
disposto em forma
de X
X
coberto com X X
feito de X [material] X
cor relativa a X X
que tem ou possui X X X
misturado com X X
cheio de X X
posição de X X
doce de X ou que
contém X
X
ornado de/com X X
tomado como X;
feito X
X
posição no espaço X
particípio passado
de X [ação expressa
pelo radical verbal]
X X X X X
provido de X X
guarnecido de X;
revestido de X;
trabalhado em X
X
relativo ou referente
a X parte(s)
X
Tabela 5.5 – Significados dos sufixo –ado em Latim e dos séculos XI a XVI.
265
No Português Contemporâneo, Bechara (1999, p. 358 364) cita os
seguintes valores semânticos para o sufixo –ado (~ –ada):
Derivados de verbos:
a) Para a formação d enomes de ação ou resultado de ação, derivado de verbo:
–ada: estada;
Derivados de substantivos:
a) –ada: laçada, braçada, pousada
b) Para indicar abundância, aglomeração, coleção:
–ada: boiada
c) Para a formação de adjetivos:
–ado: barbado
5.2.2.1 Os sufixos –ATO X –ADO:
Em latim, –ato serve para indicar magistraturas romanas e funções sociais,
além de formar substantivos verbais.
Predomina em textos bastante remotos (séculos IX a XII – fase pré-literária da
língua) e predomina em textos do gênero e tipos textuais títulos de venda e
doações.
Rosa Virgínia Mattos e Silva (2006), observa que na documentação dessa
fase pré-literária remanescente do latim “[...] traços indetectáveis da futura variante
românica que se esboçava no noroeste da Península Ibérica.”
Houaiss (versão eletrônica) não registra lexias em –ato dos séculos IX a XII,
raras são as presentes dos séculos XIII a XV. A produtividade maior do sufixo –ato
começa em português a partir do século XVI.
Como a presença do sufixo –ato é bastante rara e não apareceu em
português arcaico propriamente dito, não é possível verificar a evolução de seus
266
significados ao longo do tempo: a falta de maiores dados impedem-nos de fazê-lo no
momento. Contudo, acreditamos que ele apresente os significados acima
revelados.
Já o sufixo –ado é altamente produtivo em português, desde sua fase arcaica.
Nela encontra vários homomórficos: –ado
1
, ado
2
, –ado
3
e –ado
4
, os quais
funcionam diferentemente, tanto em relação aos aspectos morfológicos quanto aos
aspectos sintáticos.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –ado em Latim e
ao longo dos séculos XI a XVI:
Latim: indica magistraturas romanas e funções sociais, serve também para
formar substantivos verbais;
Século XI: indica ato ou ação praticada por X;
Século XII: indica particípio passado de X, no caso, indica a ação expressa
pelo radical verbal;
Século XIII: assume os novos significados: a) coletivo, b) locativo, c)
duração prolongada, d) medida, e) alimento feito com/de X, f) que tem a forma de X,
g) instrumento, objeto, ou jogo referente a X, h) referente ou relativo a X, em forma
de X, protegido com X, i) versado em X, j) característica de X, l) ação recebida por X
[paciente], m) tempo referente ou relativo a X, n) coberto com X, p) que tem ou
possui X, q) misturado com X, r) cheio de X, s) posição de X, t) ornado de/com X, u)
tomado como X, feito X;
Século XIV: assume os novos significados: a) agentivo, b) parte(s)
referente(s) a X, c) cor relativa a X;
Século XV: assume os novos significados: a) dignidade de X; b) moído em X
ou calcado e esmagado com X; c) feito de X [material], d) guarnecido de X, revestido
de X ou trabalhado em X;
267
Século XVI: assume os novos significados: a) doce de X ou feito de X; b)
relativo ou referente a X parte(s).
5.2.3 O sufixo –atico
1. Sufixo: –atico;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –atĭcum;
4. Português Contemporâneo: ádego ~ –ádigo;
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se a nome e a adjetivo. Como
aparecem muito poucos exemplos, não para se delimitar com precisão
qual o tipo de base que predomina;
6. Sufixos homófonos: ----------;
7. Formas variantes: -------------;
8. Função: substantivador;
9. Função gramatical: formador de substantivo a partir de substantivo ou de
adjetivo;
10. Relação categorial: isocategorial e heterocategorial;
11. Total de ocorrências: 2;
12. Exemplos: çismáticos; freimático (< ETIM lat. medv. phl
¨
gma ou
flegma,
tis 'muco, humor viscoso do corpo', adp. do gr. phlégma,atos
'inflamação, combustão'; m.q.
ÑäÉìã~
sentimento de inquietação; apreensão
3 grande pressa; ansiedade – Houaiss, versão eletrônica)
13. Conteúdo Sermântico: Nenhuma das gramáticas latinas e outras obras
referentes ao tema consultadas
4
tratam do sufixo –ático. Nem mesmo em em
uma obra tão específica como a de SOUSA (1868)
5
nem na Gramática
Superior da Língua Latina, de Ernesto Faria, uma das obras mais completas
sobre o Latim, tivemos acesso ao sufixo –atico. Por essa razão, recorremo-
nos ao Dicionário Etimológico da Nova Fronteira da Língua Portuguesa, que
no verbete –atico assim o define:
_______
4
Foram consultadas:
BREAL & BAILLY (1914); PEREIRA (s.d.); ALMEIDA (1961); VOTSCH (1930
[1926, 1ª. ed.]); NUNES DE FIGUEIREDO & ALMENDRA (1977; 1952, 1ª. ed.); GARCIA (1993;
1997); BERGE et al. (1943); COMBA (1981). As referências bibliográficas completas encontram-se
nas Referências.
268
–ático suf. nom., do latim –atĭcum, que se documenta em vocs.
cultos, com a noção de ´relativo a, pertinente´, ´característico de ´:
aquático, asnático, lunático etc.; como nestes dois últimos exemplos, o suf.
atribui por vezes aos derivados conotações irônicas ou burlescas. Por
evolução normal, o suf. lat. deu origem ao suf. port. –ádego/–ádigo, que se
documenta em inúmeros vocs. hoje arcaizados: achádego, padroádigo etc.
Cp. –AGEM. (CUNHA, 1986, p. 80, verb. ático).
Ao se ler a definição do sufixo –atico, o leitor, por uma referência cruzada,
é remetido ao sufixo –agem e aqui nos interessa o sufixo –agem
2
, homomórfico e
homófono de –agem
1 6*
:
[...] –agem
2
deriva do fr. –age ou do prov. –atge, os quais, por sua
vez, se prendem ao latim –atĭcum (> –ÁTICO); o suf. –agem
2
ocorre em
numerosos vocs. port., alguns deles desde as origens do idioma
(linguagem, linhagem), muitos outros introduzidos nos sécs. XVI (coragem),
XVII (carruagem), XVIII (abordagem) e XIX (arbitragem) e, a atestar a sua
grande vitalidade, em numerosíssimos vocs. de introdução muito recente
na língua (como açudagem, alunissagem, defasagem), alguns dos quais
oriundos da linguagem coloquial, com conotações francamente populares e
até mesmo chulas (granfinagem, molecagem, pilantragem, sacanagem).
(CUNHA, 1986, p. 80, verb. –agem
1
e
–agem
2
)
Como se pode agora inferir, pode-se dizer que o sufixo –ático em Latim,
em relação à sua semântica, indica:
a) relativo a, pertinente a:
_______
5
Referimo-nos a SOUSA, A. J. de. Tratado dos Suffixos da Lingua Latina e Sua Synomymia. Rio de
Janeiro: MA Livraria de Antonio Gonçalves & Comp., 1868.
Aliás, raríssimas são as gramáticas latinas que tratam da sufixação, no capítulo referente à Formação
de Palavras. A grande maioria dos gramáticos, ao tratar da Morfologia, põem-se a descrever as
classes de palavras [as cinco declinações do nome; as classes dos adjetivos, as quatro conjugações
verbais, as irregularidades nominais ou verbais etc.].
6
Cf. :
« –age
–AGE suffixe
Suffixe indiquant d'abord la disposition à : voler, volage ; puis, de là, l'emploi, l'action de : affiner,
affinage ; ombre, ombrage ; assembler, assemblage.
ÉTYMOLOGIE
Le suffixe latin aticus ; provenç. atge ; ital. aggio ; composé lui-même de at, qui est le suffixe du
participe passif, et de icus ; ainsi umbra, ombre, umbratus, qui est ombragé, umbraticus, qui a
beaucoup d'ombre. » (Émile Littré, Dictionnaire de la langue française (1872-1877), Disponível em
/http://www.meusdicionarios.com.br/ Acessado em 1
o.
/07/2008 – 22 :00h)
-age
suffix forming nouns of act, process, function, condition, from O.Fr./Fr. -age, from L.L. -aticum
"belonging to, related to," originally neut. adj. suffix, from L. -atus, pp. suffix of verbs of the first
conjugation.” (Online Etymologie Dictionary. Disponível em <
http://www.etymonline.
com/index.php?search=-age&searchmode=none> Acessado em 1º./07/2008 – 22:15)
269
Como se pode agora inferir, pode-se dizer que o sufixo –ático em Latim,
em relação à sua semântica, indica:
b) relativo a, pertinente a:
aquático < lat. āqua, –ae
asnático < asno (lat.)+ -ático (com suf. -ático não etimológico, por ásnico)
c) característico de X:
lunático < lūna, –ae
umbrático < ūmbra, –ae
14. Considerações e Abonações: Em nosso corpus, o sufixo atico mostrou-se
bastante improdutivo. Aparece em apenas duas lexias, como se pode obervar
nas abonações que seguem, com seus respectivos traços semânticos:
a) relativo a:
“O Papa [Urbano], quando vio sua fugida delles e a carta que lhe mandavom, feze-
os çitar per suas leteras, e nenhuum nom foi peramt´elle; por a qual razom os
escomungou da mayor escomunhom, e os privou dos cardeallados, e fez outros
cardeaaes de novo, damdo-os por çismaticos e membros talhados da egreja;
outorgamdo, a todos aquelles que lhe fezessem guerra, aquelles privillegios e
perdoanças, que o dereito outorga a todollos que vaão comtra os emmiigos da fé em
ajuda de tomar a Casa Samta.”
(CDF, Cap. CVIII, § 4º., l. 6 – 14, p. 107)
b) provido de X:
“... se é pesado com madureza de siso, dizem que é freimático
(Vita Christi, fl. 170c, apud DLPA, p. 340, verb. Freimático)
Vejamos o sufixo –ático presentes nas lexias encontradas em nosso corpus
e a base a que se juntam:
270
Base:
Lexia: Século
Significado(s) V
Adj.
N
çismaticos
XIV originalmente que ou aquele que se separou de uma
igreja; ext. apreensivo, preocupado
< lat. schimaticus, der. do grego schimatikós.
Obs.: Também pode ser usado como nome. Neste
caso, origina-se do lat. < schima, átis, der. do grego
schísma.
X
freimático
XIV impassível; que apresenta segundo a medicina
antiga, um dos quatro humores do organismo
humano.
<PA freima [paixão, angústia; fleuma] < do gr.
phlegmatikós, pelo lat. phlegmatĭcu–, mesmo
sentido, depois pelo fr. xegmatique.
X
Tabela 5.6 O sufixo –ático em algumas lexias presentes em nosso corpus e as
bases a que se adjungem.
Vejamos agora os principais significados presentes no sufixo ático do Latim
ao século XVI:
Significados: LATIM
XI XII XIII XIV XV XVI
relativo a X; perti-
nente a X
X X
característico de X X X
Tabela 5.7 Significados presentes no sufixo –ático em Latim e do século XI ao
século XVI.
A insuficiência de dados em relação às lexias sufixadas com –ático presentes
em nosso corpus nos impedem de fazer abstrações relativamente a esse sufixo.
O que se pode afirmar com certeza é que esse sufixo latino apresenta
baixíssima produtividade. Em princípio, parece ter se fixado no português no século
XIV e ter tido uma vida muito curta, mas a falta de dados nos permite apenas uma
suposição.
271
O sufixo –atico se documenta em vocábulos cultos ou eruditos (cf.
aerostático, hepático, etc.)
Houaiss assim se refere a este sufixo:
suf. como alongamento do suf.
Ó
ico, em lat. -aticus (composto do
el. -at- final do rad. anterior + o suf. -icus, vindo, por vezes, do gr. -atikós/-
ikós), us. inicialmente em port. em palavras como acroático, acrobático,
aerostático, eritemático, geostático, hepático, pneumático, sintomático etc.
(cumpre notar que, em certos casos, não o suf. composto em causa,
mas simplificação ortográfica, endossando a queda do [k] corrente na
língua falada: sintático [sintáctico], prático [práctico], zootático [zootáctico]);
ocorre, raro, fora do padrão: adamático (por adâmico); abismático (por
abismal); esse suf. aparece na língua como -ádego e digo, e tem
conexões com
J~ÖÉã
e
J•Öáç
, [...] (Houaiss, versão eletrônica)
Tanto os vocábulos que apresentam o sufixo –ático (forma erudita) quanto os
sufixos –ádego ~ –ádigo (formas populares) estão hoje arcaizados. As formas
populares, entretanto, documentam um número mais expressivo de vocábulos do
que as formas eruditas.
Na contemporaneidade, Bechara (1999 , p. 333) refere-se ao sufixo –ático
apenas como um dos “principais sufixos produtores de adjetivos”, embora não
explicite sua semântica e apresente um número muito inexpressivo de exemplos,
como se pode verificar abaixo:
-ático: problemático, aromático.
5.2.4 O sufixo –ádego:
1. Sufixo: –ádego;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –atĭcum;
4. Português Contemporâneo:–ádego ~ –ádigo;
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se a bases nominais (predominantes)
e a bases verbais (em número reduzido);
6. Sufixos homófonos: ------------
7. Forma(s) variante(s): –ádigo;
8. Função: substantivador;
272
9. Função gramatical: formador de substantivos a partir de substantivos
(predominante) ou de verbo;
10. Relação categorial: isocategoria (predominante) ou heterocategorial;
11. Total de ocorrências: 8;
12. Exemplos: achadego (~ achádego ~ achádigo ~ achalgo), amádigo,
barcadigas, bragaadiga, chavadigo, infantádego (~ infantadigo ~ jnfantadigo),
jorgadigo, padroadigo (~padruadigos).
13. Conteúdo Semântico: O sufixo –ádego e sua forma variante –ádigo não
ocorrem em Latim, pois trata-se de sufixos populares que evoluíram de sua
forma latina, erudita, –atĭcus.
14. Considerações e Abonações: Em nosso corpus, –ádego (~ ádigo) está
presente em apenas 8 ocorrências, desconsiderando-se as abonações em
que há repetição de algumas lexias.
No português arcaico, –ádego ~ –ático indicam:
a) ação de X:
“… todo o homem, que achar alguuma ave alhea, que a faça logo apregoar no
Concelho, ou Villa; e se vier seu dono, de-lhe por achadego do açor prima huũ
maravidi de quinze soldos e meio...”
(Documento de D. Dinis, conforme a versão de Ord., V, 54-
o
, p. 98, apud DELP, v. I,
p. 71)
b) locativo:
“Chamem o juiz de cada uno jorgadigo e o abade da egrégia”
(Machado, v. III, p. 355, apud DLPA, p. 385, verb. Jorgadigo)
c) preço, unidade, moeda ou imposto relativo a X:
“Aforou el-rei D. Sancho I a sua herdade do Cobou, em Pena guião, com várias
pensões e entre elas uma bragaadiga de carne...”
(Elucidário, v. II, p. 40, apud DLPA, p. 173, verb. Bragaadiga)
d) proveniente ou originário de X [no sentido de tipo/objeto ou
instrumento de que é feito]:
273
“Diziades, que dizimeiros levavam das barcadigas das sardinhas mais ca deviam...”
(Elucidário, v. II, p. 21, apud DLPA, p. 153, verb. Barcadigas)
e) pertencente a X:
“cona meatade do jnfantadigo... cõna outra meatade do jnfantadigo... Medina de
Rio Seco cõ el jnfantadigo”
(Crónica Galega, p. 103 e 111 (Lorenzo), apud DELP, v. III, p. 291, verb.
Jnfantadigo)
f) relativo ou referente a X:
In Christi nomine. Amen.Eu Eluira Sanchiz offeyro o meu corpo áás virtudes de Sam
Saluador do moensteyro de Vayram, e offeyro co´no meu corpo todo o herda-/mento
que eu ey en Centegãus e as tres quartas do padroadigo d´essa eygleyga e todo hu
herdamento de Crexemil, assi us das sestas como todo u herdamento: que eu aia u
moensteyro de Vayram por en saecula saeculorum. Amen.
(Testamento [de Eluira Sanchiz] , Ano de 1193, in TA, l. 1 – 3, p. 14; l. 1 – 5, p. 15)
Vejamos os sufixos –ádego e –atico presentes em algumas lexias
encontradas em nosso corpus e as bases a que se agregam:
Base:
Lexia: Século
Significado(s) V
Adj.
N
achadego
(~ achádego ~
-achádigo
~achalgo)
XIII
p. us. ação de achar alguma coisa; coisa achada;
objeto encontrado
X
amádigo
XIII (?) “He o nome, que se dava antigamente se dava
neste Reino a certo modo de Honras, que os
fidalgos erigiaõ, com privilegios prejudiciaes à
Fazenda Real [...]” (Bluteau); lugar, quinta, casal ou
herdade; honra ou privilégio que se outorgava a
quem criava filhos de reis ou de nobres
X
barcadigas
XIV barca; tipo de embarcação
X
bragaadiga
(~ bragadiga ~
bragadigo)
XIII
ant. m. q. bragal (preço); preço de bragal [unidade
ou moeda, em contratos de compra e venda]
ETIM segundo Leite de Vasconcellos (RevLus
XXVI p.127), viria de *bragaládiga
X
chavadigo
XV Ttipo de imposto; “Luvas de aforamento que se
costumava cobrar de novos aforadores por ocasião
do contrato entre estes e o mosteiro. Tais luvas
consistiam em um carneiro e um pão grande de
trigo.” (Elucidário, v. II, p. 98, apud MOREIRA (2005,
X
274
p. 219, verb. chavadego)
infantádigo
(~ infantádego ~
jnfantadigo ~
janfantalgo ~
infantático)
XIV terras pertencentes ao infante
X
jorgadigo
(~ julgadigo)
XIII
julgado
1
(subst.); território de jurisdição dos juízes
municipais.
Obs.: Nas Inquirições reais, desde Afonso II até D.
Dinis, julgado era sinônimo de Concelho de terras ou
de lugar que tinham juiz com jurisdição mais ou
menos ampla.
Homônimo julgado
2
adj. ´sentenciado´
X
padroadigo
(~ padroado)
XII
patrono; padroeiro; protetor; var. padroado
< lat. patronātĭcu, de patronatu
X
Tabela 5.8 O sufixos –ádego ~ ádigo em algumas lexias presentes no corpus e
as bases a que se adjungem.
Vejamos os principais significados presentes nos sufixos –ádego ~ –ádigo
dos séculos XI ao XVI. Em Latim, não ocorre esses sufixos; os mesmos se
encontram em sua forma erudita (–atĭcu), da qual se originaram:
Significados: LATIM
(–atĭcu)
XI XII XIII XIV XV XVI
ação de X X
locativo X
preço, unidade, moe-
da ou imposto relati-
vo a X
X X
proveniência ou ori-
ginário de X [no
sentido de tipo, ob-
jeto ou instrumento
de que é feito]
X
pertencente a X X
relativo ou referente
a X
X X
característico de X X
Tabela 5.9 Significados dos sufixos –ádego ~ –ádigo dos séculos XI a XVI e seu
correspondente erudito –aticu em Latim.
275
O sufixo –ádego ~ –ádigo apresenta uma produtividade muito baixa no
português arcaico, assim como no português contemporâneo, cujas lexias
remanescentes são todas consideradas arcaicas.
Em relação ao sufixo –atĭcu (forma erudita que originou os sufixos –ádego e
–ádigo), pode-se afirmar que sua semântica é bem mais restrita do que a de suas
contrapartes populares.
Em nosso corpus, não houve registros de lexias sufixadas com ádego ~
–ádigo no século XI.
O sufixo –ádigo se encontra documentado no português arcaico no século
XII (cf. padroadigo ~ padruadigos).
No século XIII, os traços semânticos de ádego ~ –ádigo se expandem
passando a indicar: a) locativo (amádigo; jorgadigo); b) preço, unidade, moeda ou
imposto referente a X (bragaadiga); c) ação de X (achadego).
No século XIV, encontramos os seguintes traços semânticos: a) proveniência
ou originário de X [no sentido de tipo, objeto ou instrumento de que é feito]
(barcadigas); b) pertencente a X (infantádigo).
No Português Contemporâneo, Bechara (1999, p. 363) faz referência apenas
ao sufixo –atico, como um dos sufixos que servem para formar adjetivos e cita
apenas dois exemplos:
–ático: problemático, aromático.
Podemos perceber que na língua portuguesa contemporânea permanece o
traço “referente ao relativo a X” (problemático, aromático); “que tem X” (aromático,
“que tem odor agradável”).
Para Houaiss (versão eletrônica), o sufixo –ádego “[...] subsiste em
achádego, salvádego, vinhádego [...]”. o sufixo –ádigo ocorre em “[...] achádigo,
amádigo, infantádigo, padroádigo, portádigo [...]”, todas palavras do campo da
“arqueologia verbal” expressão que o autor utiliza para referir-se a palavras muito
antigas da língua quando da sua formação.
276
5.2.4.1 – Os sufixos –atico X –adego (~ –adigo) :
O sufixo –atico é um sufixo erudito latino e sua contraparte popular é o sufixo
–adego ~ –adigo. De baixa produtividade no português arcaico, aparece em apenas
duas lexias: çismaticos e freimático.
Em latim, o sufixo –atico indica: a) relativo a X ou pertinente a X; b)
característico de X.
Nas duas lexias encontradas, ambas do século XIV, não houve alteração
quanto aos significados encontrados em latim, contudo a falta de maiores dados não
nos permite maiores explanações a seu respeito.
As lexias em que se encontra o referido sufixo em língua portuguesa são
todas elas, hoje, consideradas arcaicas.
Em relação ao sufixo –adego ~ –adigo, aparece em apenas 8 lexias,
desconsiderando-se as formas repetidas (achadego (~ achádego ~ achádigo ~
achalgo), amádigo, barcadigas, bragaadiga, chavadigo, infantádego (~ infantadigo ~
jnfantadigo), jorgadigo, padroadigo (~ padruadigos), podendo sua produtividade
também ser considerada baixa.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –adego ~ –adigo
em Latim e ao longo dos séculos XI a XVI:
Latim: indica: a) relativo ou referente a X; b) característico de X;
Século XI: não houve lexias sufixadas com –adego ~ –adigo;
Século XII: relativo ou referente a X – traços já presentes em Latim;
Século XIII: assume os significados de: a) ação de X; b) locativo; c)
preço, unidade, moeda ou imposto relativo a X;
Século XIV: assume o sigificado de proveniência ou originário de X
[no sentido de tipo, objeto, ou instrumento de que é feito];
Século XVI: não houve lexias sufixadas com –adego ~ –adigo.
277
5.2.5 O sufixo –bil:
1. Sufixo: –bil;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –bil;
4. Português Contemporâneo: –vel;
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se a bases verbais:
6. Sufixo(s) homófono(s): ----------;
7. Formas variantes: –(a)bel, –(a)belle, –(a)ble;
8. Função: adjetivador;
9. Função gramatical: formador de adjetivos a partir de verbos;
10. Relação categorial: heterocategorial;
11. Total de ocorrências: 5;
12. Exemplos: abominabil; condestable (~ conde estabre ~ condestabre ~
condestável); detestabelle; espantábell; guardable;
13. Conteúdo Semântico: O sufixo –bĭlis em Latim é acrescentado a uma base
verbal e parece ser uma abreviação de –ĭbĭlis (–bĭlis com a letra de ligação ĭ);
torna-se abĭlis ou ebĭlis, conforme adapta-se a radicais verbais da 1ª. ou da
2ª. conjugação. Tanto ĭbĭlis quanto ĭbĭlis apresentam o mesmo sentido e
diferem em muito poucos casos. Exprimem:
a) a possibilidade, a capacidade de ser feito, ou tornar-se o indicado pelo
radical do verbo, por essa razão, denomina-se desinência facultativa
passiva:
amabilis < amāre digno de amor; amável; amoroso; terno
credibilis <
*cred
¨
re
crível; digno de crédito
docilis por docilibis < docere que se aprende facilmente; que se
maneja facilmente
ductĭlis < ducere que se pode guiar, desviar (fal. de água); que se
maneja facilmente
facilis < facere que se deixa fazer
flēbĭlis < fleo digno de ser chorado
fragilis, provavelmente por fragilibis < frag– [radical puro de frangere]
suscetível de ser quebrado
278
habilis < habeo manejável; que se segura bem nas mãos; que está
em bom estado; bem constituído; que assenta bem; que fica bem
mōbĭlis < mob
±
lis, e < mov
¨
re móvel; movediço; que se move
facilmente
novi < nobilis conhecido; célebre; ilustre; famoso; glorioso
utilis < uti, por utibilis útil; bom; vantajoso; aproveitável; que serve;
que está em bom estado
vendibilis < vend
re vendável; fácil de vende; que se vende (fig.)
venerabilis < venerab
±
lis, e < vener
ri venerável; respeitável
Alguns adjetivos apresentam significação ativa:
præstabilis que excede
terribilis que assusta
volatilis que voa
Outros apresentam significação ativa e passiva:
que pode penetrar significação ativa
penetrabilis
que pode ser penetrado sigificação passiva
Um certo número de adjetivos formam-se do supino com significação
comum de possibilidade, ao invés de formarem-se do presente do
indicativo:
fissilis < findere, fissum que pode ser fendido, rachado
versatilis < verso, versatum que se deixa voltar
Às vezes significação de ação passiva, absolutamente como o particípio
passado passivo:
altilis – alimentado; engordado
coctilis – cozido
fictilis – feito de barro
fossilis – tirado da terra
279
Tanto –ilis quanto ibilis podem juntar-se a certos supinos:
comprehensibilis – que pode ser apreendido
flexibilis – que se pode dobrar
plausibilis – que deve ser aplaudido ou aprovado
As terminações –ibilis e –abilis são reproduzidas quase literalmente em
português, respectivamente, por –ível e –ável
7
:
abominável admirável adotável amável
detestável disputável formidável maleável
abolível aborrecível acessível comestível
compreensível divisível plausível sensível
Temos ainda a terminação –ebilis em delével e indelével.
–Bĭlis diferencia-se de osus, conforme podemos observar os dados
organizados na tabela que segue:
No Português Arcaico, bil, e seus alomorfes, é bastante improdutivo. Em
nosso corpus, apareceram apenas 5 lexias:
_______
7
Em Português, a terminação –úvel é mais rara, mas aparece em algumas palavras, tais como:
dextrovolúvel, hidrossolúvel, indissolúvel, insolúvel, irresolúvel, lipossolúvel, resolúvel, revolúvel,
sinistrovolúvel, solúvel. (Houaiss, versão eletrônica)
280
Base:
Lexia: Século
Significado(s) V
Adj.
N
abominabil
(~abominavel, s.
XV)
XVI rejeitável como mau augúrio; que se pode abominar
X
condestable
(~conde estabre ~
condestabre ~
condestável)
XIV
1 no sXIV, posto militar de maior graduação no
exército de Portugal, abaixo apenas da suprema
chefia do rei 2 nos sXVII e XVIII, cabo que apontava
e dirigia a artilharia da milícia, em Portugal e no
Brasil colônia; chefe dos artilheiros nas fortificações
e praças de guerra 3 no sXVII, a partir do reinado de
D. João IV (de 1640 a 1656), título honorífico de
alguns dos maiores senhores da corte (infantes,
duques, marqueses), que conservavam levantado o
estoque ('espada') diante do rei nos juramentos
régios e dos príncipes 4 p.met. dignitário que tinha
tal graduação militar ou que ostentava tal título
ETIM lexicalização no lat.medv. do snt. nominal
comes stab
ª
li 'encarregado da estrebaria' por meio
da seguinte seqüência fonético-evolutiva
*comitemstabuli > *condestáble > condestabre ou
condestável; ver conde e estábulo
X
detestabelle
XV detestável; odioso; que desperta a aversão;
abominável; almadiçoavel; protestável
X
espantábell
XV terrível; espantoso
X
guardable
XV que se pode guardar, aguardar, cuidar
X
Tabela 5.10 – O sufixo –bil e seus alomorfes e as bases a que se adjungem.
Vejamos agora os principais significados do sufixo –bil do Latim ao século
XVI:
Significados: LATIM
XI XII XIII XIV XV XVI
possibilidade; que
pode ser X; suscetí-
vel ou passível de X
X X X X
Tabela 5.11 Significados presentes no sufixo –bil e seus alomorfes em Latim e
do século XI ao século XVI.
14. Considerações e Abonações:
281
O sufixo –bil forma adjetivos em Português, como ocorria em Latim. Sua
semântica, quando ele é comparado a outros sufixos utilizados em língua
portuguesa, revela-se bastante pobre, indicando apenas “possibilidade”, “que pode
ser X”, “suscetivel ou passível de X”.
Ao contrário dos demais sufixos e fora os exemplos encontrado em Latim,
sua ocorrência se faz presente na língua a partir do século XIV, como pudemos
analisar, de acordo com as lexias presentes em nosso corpus.
Ainda assim, Camões ainda utilizou esse sufixo com uma freqüência relativa
em sua obra-prima “Os Lusíadas” (1572), em pleno Renascimento português
(Século XVI) quando se inicia a época moderna de nossa língua. Certamente,
essas lexias, consideradas latinismos, são resquícios da língua portuguesa arcaica
em sua obra, como pode-se observar nos exemplos abaixo, todos coletados em sua
obra e que nela aparecem, num total de 28 ocorrências; desprezando-se as lexias
repetidas (8), totalizam-se 20 lexias :
LEXIAS CANTOS ESTROFE
/
VERSO
VERSO PORTUGUÊS
CONTEMPORÂ-
NEO
abominabil
X 50 – v. 5 - "Medina abominabil teme tanto,
abominável
affabil
II 39 – v. 3 Te achasse brando, affabil, &
[amoroso
afável
II 3 – v. 6 Traras a gente debil, & cansada, débil
debil
II 69 – v. 5 Que como fosse debil & medroso débil
incansabil
III 68 – v. 2 O grão Rei incansabil, ajuntando incansável
imobil
IX 53 – v. 1 Mas firme a fez e imobil, como
[viu
imóvel
IX 86 – v. 4 Por alta influiçaõ do imobil [fado, imóvel
IV 54 – v. 7 Mas Affrica dira ser impossibil, impossível
V 53 – v. 1 - Como fosse impossibil
[alcança-la
impossível
VI 80 – v. 8 Que o impossibil pode, desta
[sorte.
impossível
impossibil
VIII 29 – v. 3 So pode o que impossibil
[parecia,
impossível
implacabil
V 48 – v. 4 Na fervida e implacabil implacável
282
[espessura.
II 50 – v. 1 Vereis a inexpugnabil Dio forte inexpugnável
inexpugnabil
III 101 – v. 2 A força inexpugnabil, grande &
[forte,
inexpugnável
insensibil
I 65 – v. 4 Tudo o sente, & todo o insensibil insensível
instabil
X 91 – v. 4 Mas inda o mar instabil
[exprimentam,
instável
insufribil
I 65 – v. 6 Sofrendo morte injusta, &
[insufribil
insofrível
invencibil
VIII 6 – v. 6 Vencedor iuencibil afamado, invencível
I 65 – v. 2 Obedece o visibil, & inuisibil, invisível
invisibil
VI 11 – v. 6 O inuisibil Ar, que mais asinha invisível
mobile
X 85 – v. 8 Que não se enxerga: é o Mobile
[primeiro.
móvel
possibil
VIII 69 – v. 4 Nenhum caso possibil tem por
[grande.
possível
terribil
I 14 – v. 7 Albuquerque terribil, Castro forte,
terrível
IV 28 – v. 7 E as mãis que o som terribil
[escuitârão,
terrível
IV 54 – v. 8 Poder ninguem vencer o Rei
[terribil
terrível
vendibil
VIII 92 – v. 2 Vendibil, que trazia, para a [terra,
vendível
visibil
I 65 – v. 2
Obedece o visibil, & inuisibil,
visível
volubil
VII 60 – v. 2 O ceu volubil, com perpetua
[roda,
volúvel
Tabela 5. 12 – As lexias sufixadas em –bil utilizadas por Camões em “Os Lusíadas”
(1572).
Em relação ao Português Arcaico, vejamos algumas abonações de palavras
sufixadas em –bil e sua respectiva semântica:
–Bil indica semanticamente:
a) possibilidade de X, que pode ser X, suscetível ou passível de X:
283
“... as ençugentadas cerimonias do abominauel Mofamede”
(Ceuta, cap. 2, p. 11, apud DLPA, vol. I, p. 43, verb. Abominável)
“Por outra parte o condestable com seus bombradeyros...”
(César, p. 3, apud DELP, v. II, p. 203, verb. Condestável)
“... assy como destroivell, maliçioso e descomungavell e detestabelle...”
(Fr. Men., II, p. 91, apud DELP, v. II, p. 327, verb. Detestável)
“... foy chamado amte o acatamento de Deus, o quall me amostrou a cara muy
espamtabell...”
(Fr. Menores, v. II, p. 249, apud DLPA, p. 320, verb. Espantável)
“E o jerall tinha a rega nas mãaos, afirmando e dizemdo seer clara e guardable, que
todos se devia de guardar a letra”
(Fr. Menores, II, p. 7, apud DELP, v. III, p. 187, verb. Guardável)
No Português Contemporâneo, Bechara (1999, p. 363) cita os sufixos –bil ~ –vel
como um dos principais formadores de adjetivos, ao lado de outros sufixos, e
exemplifica:
–vel, –bil: notável, crível, solúvel, flébil, ignóbil
O que se pode afirmar é que o sufixo –bil apresenta baixa produtividade no
português arcaico. Na língua portuguesa conemporânea foi substituído por –vel e
aparece um um número muito reduzido de palavras, a maior parte delas formadas
em latim. Em relação à sua semântica, o sufixo –bil não expandiu seus traços
semânticos: encontramos, na contemporaneidade, na língua portuguesa, os
mesmos traços semânticos já presentes em latim.
5.2.6 – O sufixo –vel:
1. Sufixo: -vel;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –bil (sufixo erudito);
4. Português Contemporâneo: vel;
284
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se a bases verbais (predominantes)
e à base nominal (cf. favorável < lat. favorab
±
lis,e < favor);
6. Sufixos homófonos: ----------;
7. Formas variantes: –(a)uel ~ (a)uil ~ –(a)vell ~ –(a)vil;
8. Função: adjetivador;
9. Função gramatical: formador de adjetivos a partir de verbos e,
excepcionalmente, a partir de substantivo (já formado em Latim);
10. Relação categorial: heterocategorial (predominante) e isocategorial
(excepcionalmente; em formas já formadas em latim);
11. Total de ocorrências: 38 (excluindo-se as lexias repetidas);
12. Exemplos: abominável; comuinhauel; condestavel; defemssavel;
descomungavell; esperauel; estauil; favoravel; guardavel; husuauel;
inefável; incessável; maneaveis; memoraueis; notauell, perdurável
(~perdurauil ~ perduravil); rresoauell; semelhavel (~ semelhavil);
scorregavel; spantavyl, etc.;
13. Conteúdo Semântico: O sufixo –vel é originário do sufixo latino –bil,
abreviação de ĭbĭlis, exprime em latim “a possibilidade de X”, “a
capacidade de ser feito X” e ainda “tornar-se X”, neste último caso,
exprime o conteúdo semântico veiculado pelo radical do verbo;
14. Considerações e Abonações: Em Latim, muitos adjetivos em –bĭlis e
seus alomorfes formam-se do supino, que, assim como o gerúndio, é uma
forma particular dos verbos latinos, que m, como o particípio, a
significação dos verbos e a forma dos nomes:
credibĭlis – crível; digno de crédito
horribĭlis - horrível; que causa horror; terrível
mirabĭlis – maravilhoso; admirável; digno de admiração
miserabĭlis digno de compaixão; que inspira paixão; comovente; triste;
lamentável; deplorável
Vejamos alguns exemplos que ocorre o uso do sufixo –vel, retirados de
nosso corpus:
285
Base:
Lexia: Século
Significado(s) V
Adj.
N
abominavel
(~abominabil, s.
XVI)
XV rejeitável como mau augúrio; que se pode abominar
X
comuinhauel
(~comvinhavel ~
conuenauil ~
convinhável ~
convinhavell ~
cõuenhauíjs (pl.))
XIV conveniente; que é favorável ou oportuno
X
condestavel
(~ conde estabre
~ condestable ~
condestabre ~
condestável)
XV
1 no sXIV, posto militar de maior graduação no
exército de Portugal, abaixo apenas da suprema
chefia do rei 2 nos sXVII e XVIII, cabo que apontava
e dirigia a artilharia da milícia, em Portugal e no
Brasil colônia; chefe dos artilheiros nas fortificações
e praças de guerra 3 no sXVII, a partir do reinado de
D. João IV (de 1640 a 1656), título honorífico de
alguns dos maiores senhores da corte (infantes,
duques, marqueses), que conservavam levantado o
estoque ('espada') diante do rei nos juramentos
régios e dos príncipes 4 p.met. dignitário que tinha
tal graduação militar ou que ostentava tal título
ETIM lexicalização no lat.medv. do snt. nominal
comes stab
ª
li 'encarregado da estrebaria' por meio
da seguinte seqüência fonético-evolutiva
*comitemstabuli > *condestáble > condestabre ou
condestável; ver conde e estábulo
X
deffemssavel
XV defensável; de defesa
ETIM lat. defensab
±
lis,e < lat. dēfēnsĭo, ōnis,
defesa
X
descomun-
gavell
XV
m.q.
ÉñÅçãìåÖ•îÉä
X
esperauel
XVI que se pode esperar
X
estauil
(~estaujl ~ estavil)
XIII próprio para a posição a prumo; que se pode manter
em pé; que está firme
X
favoravel
XV que extrai o favor; bem vindo/amado; popular
X
guardavel
(~guardable)
XV que se pode guardar
X
husuauel
XIII que serve para o nosso uso; usual (fal. da
linguagem); habitual; ordinário; comum
X
incessável
XIV que não pode cessar; que não pode terminar
X
inefável
(~inefabel)
XVI
que não se pode exprimir; 1 que não se pode
nomear ou descrever em razão de sua natureza,
força, beleza; indizível, indescritível 2 p.ext. que
causa imenso prazer; inebriante, delicioso,
encantado
< lat. innefabĭle; por via culta
X
maneaveis
XVI que se maneja com facilidade
X
memoraueis
XVI digno de memória; célebre; notável; que se pode
X
286
contar; verossímil; digno de ser contado; que faz
lembrar; que adverte de; que pensa em; que
recorda; que traz à memória (fal. de coisas)
notauell
XV notável; digno de nota (fal. de coisas); que se pode
distinguir
X
perdurável
(~ perdurauil ~
perduravil ~
perduravyl)
XIII que dura muito; que dura sempre; que se torna
eterno
X
rresoauell
(~razoavel ~
razoauel, ~
razõavis (pl.) ~
razoavees (pl.) ~
rasoauel ~
rrazoauel ~
razonavel)
XIV razoável; dotado de razão; conforme a razão
X
semelhavel
(semellauéés (pl.),
~ semellavel ~
semellavil ~
semelhavel ~
semelhavil ~
ssemelhavel)
XIII semelhante; comparável
X
scorregavel
XVI que pode escorregar
X
spantavyl
XIV terrível; espantoso; de espantar
X
Tabela 5.13 O sufixo –vel e seus alomorfes presentes em algumas lexias e as
bases a que se adjungem.
Vejamos agora os principais significados do sufixo –veldo Latim ao século
XVI:
Significado(s): LATIM
XI XII XIII XIV XV XVI
possibilidade; que
pode ser X; suscetí-
vel ou passível de X
X X X X X
Tabela 5.14 Significados presentes no sufixo –bil e seus alomorfes em Latim e
do século XI ao século XVI.
Como se pode observar, o sufixo –vel se encontra presente no Português
Arcaico desde o século XII. No entanto, como ocorria em Latim, seus significados
não se alteraram ao longo do tempo em português quer na sua fase arcaica, quer
na sua fase contemporânea.
287
No Português Contemporâneo, Bechara (1999, p. 363) cita os sufixos –bil ~
–vel como um dos principais formadores de adjetivos, ao lado de outros sufixos, e
exemplifica:
–vel, –bil: notável, crível, solúvel, flébil, ignóbil
Ainda que o sufixo –vel o tenha adquirido novos traços semânticos, sua
produtividade é inegável ao longo dos culos. Ele se faz presente em português
desde o século XIII. Uma rápida olhada em Houaiis (versão eletrônica) nos permite o
levantamento de sua presença na história de nossa língua, como podemos verificar
na tabela abaixo:
–VEL
XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX
perdurá
-vel
franqueá
-vel
abominável
comunicá-
vel
crível
abandoná-
vel
abençoá-
vel
amoldá-
vel
impassí-
vel
acompanhá
-vel
desaventu-
rável
flexível
abarcável abdicável abjurável
concordável
doutriná-
vel
imprová-
vel
abrangível apresentá
-vel
abolível
concupscí-
vel
evaporável inculpável
calcinável fundível abonável
conversível incompará
-vel
Indeclará-
vel
impreterí-
vel
fusível
cabível
incurável
incorrigível
indubitável
inatendí-
vel
inexprimí-
vel
caluniável
invisível
irreparável
inesgotá-
vel
inauferível
insolvável
cancelá-
vel
passível
incorrigível
irreconciliá
-vel
incriticável
intraduzí-
vel
comível
288
penetrável
instável
participável
inexigível
manejável
imexível
vituperável
receptível
inservível
visível
imparago
-nável
transpirá-
vel
insustentá
-vel
impassá-
vel
irritável
imprevisí-
vel
manutení-
vel
impregná
-vel
negociá-
vel
indestrutí-
vel
pagável
Tabela 5.15 A produtividade do sufixo –vel presente em algumas lexias do
Português ao longo dos séculos XIII a XX.
(Fonte: Houaiss, versão eletrônica)
5.2.6.1 Os sufixos –bil X –vel:
O sufixo –bil é um sufixo erudito latino, e sua contraparte popular é o sufixo
–vel. Apresenta as seguintes formas variantes gráficas: –(a)bel, (a)belle, –(a)ble.
De baixa produtividade, está presente em apenas 5 lexias do corpus, desprezando-
se as formas repetidas: abominabil; condestable (~ conde estabre ~ condestabre ~
condestável); detestabelle; espantábell; guardable.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –bil em Latim e
ao longo dos séculos XI a XVI:
Latim: indica possibilidade; que pode ser X; suscetível ou passível de X;
Séculos XI a XIII: não apareceram lexias sufixadas com –bil;
289
Século XIV a XVI: as lexias sufixadas com –bil apresentam os mesmos
significados presentes em Latim, portanto, não uma evolução dos significados
desse sufixo ao longo dos séculos.
Ainda assim, Camões, em “Os Lusíadas”, utiliza 28 lexias sufixadas em –bil,
20, se descontarmos as lexias repetidas, o que marca um traço de latinismo e de
vestígios do português arcaico em sua obra-prima.
O sufixo –vel apresenta as seguintes variantes gráficas: (a)uel ~ (a)uil ~
–(a)vell ~ –(a)vil e está presente em 38 lexias do corpus, dentre as quais, citamos:
abominável; comuinhauel; condestavel; defemssavel; descomungavell; esperauel;
estauil; favoravel; guardavel; husuauel; inefável; incessável; maneaveis;
memoraueis; notauell, perdurável (~perdurauil ~ perduravil); rresoauell; semelhavel
(~ semelhavil); scorregavel; spantavyl, etc.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –vel em Latim e
dos séculos XI a XVI:
Latim: possibilidade; que pode ser X; suscetível ou passível de X;
Séculos XI e XII: não apareceram lexias sufixadas com –vel;
Séculos XIII, XIV, XV e XVI: os significados presentes no sufixo –vel não
se modificaram: são os mesmos já presentes em Latim.
5.2.7 O sufixo –ense
1. Sufixo: –ense;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –ense;
4. Português Contemporâneo: ense;
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se a bases substantivas
toponímicas;
6. Sufixos homófonos: ----------;
7. Variante gráfica: –ensis;
290
8. Função gramatical: adjetivador;
9. Função gramatical: formador de adjetivos a partir de bases substantivas
(toponímicas);
10. Relação categorial: heterocategorial;
11. Total de ocorrências: 3; (2 excetuando-se bragalensis ~ bragarense);
12. Exemplos: bragarense; bragalensis; portugalense;
13. Conteúdo Semântico: O sufixo –ense indica, na sua grande maioria,
gentílicos (origem, naturalidade);
14. Considerações e Abonações: Em Latim, o sufixo –ense indica lugar, o
que se faz em tal lugar de acordo com o radical do adjetivo ou o que
se costuma fazer em determinado lugar e adapta-se especialmente a
nomes de cidades ou de países:
pugna cannensis (canis,is) luta de cães
forensis < f
rum, i coisas que se fazem no fórum
castrensis < castra,ae (ou neutro pl. castra,
µ
rum) do campo; relativo ao
campo
circensis < circus,i do circo; relativo ao circo
Junta-se o sufixo –ense ~ –ensis a nomes de cidades em o, às vezes, em a,
œ, um:
Ariminensis > Ariminum
Bononiensis > Bononia
Cannensis > Cannæ
Carthaginiensis > Carthago
Crotoniensis > Croton
Sulmonensis > Sulmon
Tarraconensis > Tarracon
Outras vezes, liga-se o sufixo –ense a nomes de cidades gregas, cujos
habitantes têm nome acabado ao equivalente latino –ensis:
Atheniensis Chalcidensis
Laodicensis Nicomedensis
291
Patrensis Thespiensis
No Português Arcaico, o sufixo –ense é bastante improdudito. Em nosso
corpus, encontramos apenas 3 abonações, sendo elas pertencentes a fases
bastante remotas da língua, a saber, em textos de doação (século X) e de título de
venda (século XII). A bem da verdade, esses textos encontram-se escritos ainda em
latim – modalidade vulgar, como podemos verificar abaixo:
“In nomini Domini. Ego Odario Dauis ideo placuit mici, asto animo et bone pacis
uolumtas, ut facere tiui, iermana mTrudilli, sicut et facio tiui, scriptura domationis
et firmitatis de uilla nostra propria nominata Freiseno, que iace inter ambas
Labrugias, subtus Ciuitas Albarelios et Castro de Boue, territorio bragarense et
portugalense. (...)”
(Doação, Ano de 907, in TA, § 1º., l. 12 – 18, p. 11)
“In Dei nomine. Ego Fernando Suariz in Domino Deo eterno salutem amen. Ideo
placuit mi, per lona pacis et uoluntas, ut facio a uobis Petro Suaris et uxor uestra
Guluira Nunis karta uendicionis et firmatatis de hereditate mea propria que abeo de
parentorum meorum in uilla quos uocitant Culameia, subtus mons O Castro,
discurrente rriuolo Cadauo, territorio bragalensis. (...)”
(Título de venda, Ano de 1161, in TA, § 1º., l. 20 – 26, p. 12)
“In nomini Domini. Ego Odario Dauis ideo placuit mici, asto animo et bone pacis
uolumtas, ut facere tiui, iermana mTrudilli, sicut et facio tiui, scriptura domationis
et firmitatis de uilla nostra propria nominata Freiseno, que iace inter ambas
Labrugias, subtus Ciuitas Albarelios et Castro de Boue, territorio bragarense et
portugalense. (...)”
(Doação, Ano de 907, in TA, § 1º., l. 12 – 18, p. 11)
Vejamos os exemplos que ocorre o uso do sufixo –ense ~-ensis, retirados
de nosso corpus:
292
Base:
Lexia: Século
Significado(s) V
Adj.
N
bragrarense
(~ bragalensis)
X natural ou originário de Braga, cidade de Portugal;
relativo a Braga
X
bragalensis
(~bragrarense)
XII natural ou originário de Braga, cidade de Portugal;
relativo a Braga
X
portugalense
X natural ou originário de Portugal; relativo a Portugal
X
Tabela 5.16 – O sufixo –ense e seus alomorfes e as bases a que se adjungem.
Vejamos agora os principais significados presentes no sufixo ense ~ –ensis
do Latim ao século XVI:
Significados: LATIM
X XI XII XIII XIV XV XVI
natural, proveni-
ente ou originário
de X; pertencente a
X
X X
relativo ou referen-
te a X
X X X
Tabela 5.17 Significados presentes no sufixo –ense em Latim e do século X ao
século XVI.
O que se pode afirmar é que o sufixo –ense ~ –ensis apresenta
produtividade muito baixa no português arcaico.
No português contemporâneo, está presente em palavras de cunho erudito, e
em topônimos, indicando origem, proveniência ou nacionalidade, como se pode
verificar em:
cartaginense estadunidense eborense helenense
ilheense itabunense lisbonense madagascarense
madeirense maranhense mato-grossense olisiponense
293
Em relação à sua semântica, o sufixo –ense ~ –ensis não expandiu seus
traços semânticos: encontramos, na contemporaneidade, na língua portuguesa, os
mesmos traços semânticos já presentes em latim: a) origem, proveniência ou natural
de X; b) relativo ou referente a X.
Houaiss indica os seguintes traços semânticos referentes ao sufixo–ense:
suf. formador de adj. (e subst.) gentílicos, dos 2g., do lat. -ensis
(sing.) ou -enses (pl., do qual, em geral, é feita a sua dicionarização em lat.,
aqui não respeitada); esse suf. é, por certo, o mais us. em lat. para fins
gentílicos, sofrendo a concorrência, dentre outros, de -
nus e, mais
tardiamente, -
ta ou -
tes (de orig. gr.); na sua f. vulg., -ense- origina o port. -
ês, esp. -és, fr. -ois e -ais; desde o lat., seu uso não é exclusivamente
gentílico, como em circensis, castrensis e em uns quantos exemplos mais; é
mister ter presente que, nos geônimos sem tradição própria dentro da língua
e quando seus gentílicos não são introduzidos pré-formados, a tendência
predominante é recorrer a -ense, raro a -ês, ou -ano, ou -ita (queniense,
paquistanês e paquistanense, cambojano, vietnamita); (Houaiss, versão
eletrônica)
Bechara (1999, p. 360) cita o sufixo –ense ao lado de –ês na formação de
substantivos que indicam nomes de naturalidade:
–ense, –ês: cearense, português
5.2.8 O sufixo –ês:
1. Sufixo: –ês;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –ense;
4. Português Contemporâneo:ês;
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se somente a bases substantivas,
na sua grande maioria toponímicas;
6. Sufixo homônimo: ----------;
7. Variante gráfica: –ez;
8. Função: adjetivador;
9. Função gramatical: formador de adjetivos a partir de substantivos;
10. Relação Categorial: heterocategorial;
294
11. Total de ocorrências: 6;
12. Exemplos: cordoues; cordoueses; genoeses; millaneses; monteses;
portugueses;
13. Conteúdo Semântico: O sufixo –ês indica gentílicos (origem,
naturalidade, proveniência).
Por ser um sufixo popular, ês não ocorre em Latim.
14. Considerações e Abonações: O sufixo ês é a forma popular de seu
originário erudito, o sufixo –ense.
No Português Arcaico, é bastante improdutivo, embora ocorra em maior
número que sua contraparte – o sufixo –ense.
Em nosso corpus, ocorre em um total de 6 abonações, considerando-se
que cordoues ocorre duas vezes, sendo uma delas no plural. Nas lexias
analisadas, indica: a) gentílico (cordoues, cordoueses, genoeses,
millaneses, portugueses); b) relativo ou referente a X (monteses).
Vejamos as abonações presentes em nosso corpus e sua semântica:
a) indicando gentílicos:
“De ereditate de cordoues quas fui de suo filio...”
(Em 1013 (?), Dipl., p. 136; apud DELP, v. II, p. 229, verb. Cordovês)
“... et uno acouue grecisco pretiato im Cm solidos et IIos tiraces bonos cordoueses
(Em 1090, Dipl., p. 443; apud DELP, v. II, p. 229, verb. Cordovês)
“Avia outro si mais em Lixboa estantes de muitas terras, nom em huuma soo casa,
mas muitas casas de huma naçom , assi como Genoeses, e Prazentiins, e
Lombardos, e Castelaães d´Aragom, e de Maiorgua, e de Millam, que se chamavom
Millaneses, e Corciins e Bizcainhos, e assi doutras naçoões, a que os Reis davom
privillegios e liberdades, sentimdo-o por seu serviço e proveito (...)”
(CDF, Prólogo, § 16º., l. 11 – 17, p. 21)
“Avia outro si mais em Lixboa estantes de muitas terras, nom em huuma soo casa,
mas muitas casas de huma naçom , assi como Genoeses, e Prazentiins, e
Lombardos, e Castelaães d´Aragom, e de Maiorgua, e de Millam, que se chamavom
Millaneses, e Corciins e Bizcainhos, e assi doutras naçoões, a que os Reis davom
privillegios e liberdades, sentimdo-o por seu serviço e proveito (...)”
(CDF, Prólogo, § 16º., l. 11 – 17, p. 21)
295
“(...) e assi faróm todolos outros do reino que verdadeiros portugueeses forem; e
nom curem de mais enviar recado aa Rainha; (...)”
(QCDJI, Cap. 7., § 1º., l. 2 – 5, p. 36)
b) indicando relativo ou referente a X:
“(...) Pera coelhos, raposas, e lebres e outras semelhantes selvajeens monteses,
levava el Rei [Dom Fernamdo] tantos caães de seguir suas peegadas e cheiro, que
nenhuuma arte nem multidom de covas lhe prestar podia, que logo nom fossem
tomadas.”
(CDF, § 11º., l. 33 – 37, p. 20)
Vejamos as lexias sufixadas em –ês em nosso corpus e as bases a que se
adjungem:
Base:
Lexia: Século
Significado(s) V
Adj.
N
cordoues
XI natural ou originário de Córdoba; cidade da
Argentina; relativo a Córdoba ou que é seu
habitante
X
cordoueses
XI natural ou originário de Córdoba; cidade da
Argentina; relativo a Córdoba ou que é seu
habitante
X
genoeses
XIII de Génoa, top., antigo nome de Gênova, cidade da
Itália; relativo a Gênova ou que é seu habitante
X
Millaneses
XV de Milão; relativo a Milão ou que é seu habitante
X
monteses
XII montesino; relativo a, pertencente a, ou próprio de
monte; que denota rudeza; selvagem, rústico
X
portugueses
XIII natural de Portugal; relativo a, pertencente a, ou
próprio de Portugal
X
Tabela 5.18 O sufixo –ês e seus alomorfes presentes em algumas lexias e as
bases a que se adjungem.
Vejamos agora os principais traços semânticos presentes no sufixo –ense ~
-ensis do Latim ao século XVI:
296
Significados: LATIM
XI XII XIII XIV XV XVI
natural, proveni-
ente ou originário
de X; pertencente a
X
X X X X
relativo ou referen-
te a X
X
Tabela 5.19 Significados presentes no sufixo ês em Latim e do século XI ao
século XVI.
Como se pode verificar, o sufixo –ês já se encontra presente em textos
bastante antigos da língua portuguesa e até mesmo em Latim modalidade vulgar
(século XI). Seu significado, do português arcaico à época contemporânea,
manteve-se inalterado.
Houaiss indica os seguintes traços semânticos referentes ao sufixo–ês:
suf. formador de gentílicos (adj. e subst.) oriundos do lat.vulg. -ense (ver
J
ÉåëÉ
), que, provindos de formas que serviam ao masc. e ao fem., foram tb.
uniformes no port.ant. (até os inícios do sXVI), do que resta a form. de
advérbios em -mente (portuguesmente, inglesmente, francesmente) e
alguns adj. afins (pedrês, montês, cortês, descortês); concorre com -ense
na form. de novos gentílicos, embora a fecundidade maior esteja com -ense,
eruditismo, pois as neologias gentílicas em geral são tb. eruditismos; ver
Ó
Éë~
=(Houaiss, versão eletrônica)
Houaiss relembra-nos de que, até princípios do século XVI, que os adjetivos
em –ês eram uniformes, como podemos verificar em:
“[...] nëhûa pera partiçipar com todalas criaturas, asy corporaaes come sprituaaes, por a
quall cousa a uniom e o ajuntamento da criatura a Deus se prova e mostra mais nobre e
mais perfeito". Diz da sabedoria de Deus e da natura humanall Quando a catolica reinha fez
esta rezom, levantou.se logo hûu philosofo gintill e dise asy: "Raynha sages e mui cortês,
praza.vos de me ouvir. Vós dizedes quy a sabedoria de Deus sabe aquel mayor amor quy
Deus pode aver aa natura humanall e quy convem quy a vontade de Deus quy ame e queira
aquele mayor amor. ¶ E quy convem quy Deus o ponha em obra e quy porem convem [...]”
(Corte Enperial, edição de Adelino Calado, In: Davies, Mark and Michael Ferreira. (2006-) Corpus do
Português (45 milhões de palavras, sécs. XIV-XX). Disponível em
<
http://www.corpusdoportugues.org.> Acessado em 17/06/2008 – 02:10h)
297
“[...] latina nõ emtëdë nõ sejã priua-dos? Seguese de tam exçellente & marauilhosa doutrina.
a qual foy a de Christo nosso redemptor escripta nos euangelhos. E por que cada huum
estando em sua casa despenda ho tempo antes em leer tam altos misterios: que em outros
liuros de pouco fruyto. E foy a suso dicta obra emprimida & trelladada em lingoajen
portugues. ë ha muy nobre & sempre leal çidade do porto per Rodrigaluarez. Anno do
senhor. Mil. cccc. lxxxxvij. xxv. dias do mes de octubro. Quoniam i hijs que tangût aliquo
modo fidem debet quis cõsulere peritiores eos priserti qui sunt sacre theologie Magistri &
professores: & [...]
(Euangelhos e epistolas con suas exposições en romãce, (1497), de Gonçalo Garcia
de Santa Maria. (Corte Enperial, edição de Adelino Calado, In: Davies, Mark and
Michael Ferreira. (2006-) Corpus do Português (45 milhões de palavras, sécs. XIV-
XX). Disponível em <http://www.corpusdoportugues.org.> Acessado em
17/06/2008 – 02:18h)
De acordo com Bechara (1999, p. 360), ês é um dos sufixos ao lado de
–ense – que servem para formar substantivos que indicam naturalidade:
–ense, –ês: cearense, português
5.2.8.1 – Os sufixos –ense X –ês:
O sufixo –ense é um sufixo erudito latino que se alterna com –ensis. De
produtividade muito baixa, aparece no corpus em apenas 3 lexias: bragarense,
bragalensis e portugalense. Ainda assim, podemos considerar sua presença em
apenas 2 lexias se levarmos em conta a alternância entre bragarense ~ bragalensis.
O sufixo –ense encontra-se presente em fases muito antigas da língua, desde
o século X já há registros com sua utilização.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –ense em Latim e
dos séculos X a XVI:
Latim: indica: a) natural, proveniente ou originário de X; b) relativo ou
referente a X;
Século X: mantém os mesmos significados já encontrados em Latim;
Séculos XI, XIII, XIV, XV e XVI : não apareceram lexias sufixadas com
–ense ~ –ensis;
298
Século XII: apresenta somente o significado relativo ou referente a X,
presente em Latim.
Como se pode perceber, não houve mudanças nos significados de –ense ~
–ensis ao longo dos séculos. Seus significados são os mesmos presentes em
Latim.
Em relação ao sufixo –ês, sua produtividade, assim como a dos sufixos –ense
~ –ensis também é muito baixa. Aparece em apenas 6 lexias: cordoues; cordoueses;
genoeses; millaneses; monteses; portugueses; na realidade, 5, se considerarmos
que a lexia cordoueses é apenas a flexão em número (plural) da lexia cordoues.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –ense em Latim e
dos séculos XI a XVI:
Latim: indica: a) natural, proveniente ou originário de X; pertencente a X; b)
relativo ou referente a X;
Séculos XI, XIII e XV: indica: natural, proveniente ou originário de X,
significados já presentes em Latim;
Séculos XII, XIV e XVI: não apareceram lexias sufixadas com –ês.
5.2.9 O sufixo –ario:
1. Sufixo: –ario ~ –aria ;
2. Origem: latim;
3. Étimo: ārius;
4. Português Contemporâneo: –ário
5. Categoria Morfológica da Base: o sufixo liga-se à base substantiva
(predominantemente), à base adjetiva, verbal, numeral ou preposicional.
6. Sufixos Homófonos: –ario
2
, –ario
3
, –ario
4
, –ario
5
, –ario
6
, –ario
7
;
7. Variantes gráficas/alomorfes: –ayro ~ –arius ~ –airo ~ –arja ~ –arya;
8. Função sintático–semântica:
–ario
1
~
–arius ~ –ayro: substantivador;
299
–ario
2
~
–arius ~ –ayro: substantivador;
–ario
3
: substantivador;
–ario
4
: adjetivador;
–ario
5
: substantivador;
–ario
6
: substantivador e adjetivador;
–ario
7
: substantivador.
9. Função gramatical:
–ario
1
~
–arius
1
~ –ayro
1
: formador de substantivos a partir de substantivos e
adjetivos;
–ario
2
~ –ayro
2
: formador de substantivos e adjetivos a partir de substantivos
e adjetivos;
–ario
3
~
–airo
3
: formador de adjetivo a partir de preposicão;
–ario
4
: formador de substantivos a partir de numeral (predominante) ou de
adjetivo;
–ario
5
: formador de substantivo a partir de substantivo;
–ario
6
: formador de substantivos a partir de substantivos (predominante) ou
de adjetivo;
–ario
7
: formador de substantivos a partir de bases verbais.
10. Relação Categorial:
–ario
1
~
–arius
1
~ –ayro
1
: isocategorial (predominante) e heterocategorial;
–ario
2
~
–arius ~ –ayro
2
: isocategorial (predominante) e heterocategorial;
–ario
3
~
–airo
3
: heterocategorial;
–ario
4
: heterocategorial;
–ario
5
: isocategorial;
–ario
6
: isocategorial e heterocategorial;
–ario
7
: heterocategorial.
11. Total de ocorrências: 114;
12. Exemplos: –ario ~ –aria: aduersario, briviario, casario, cavalaria,
chancelaria, frontaria, judaria, mendigaria, mouraria, oytavário, pedraria,
pregárias, rogaria(s), romaria, sacratária, santanária, sextário, sibilária,
solitário, strabaria, tafularia, ucharia, vagaria, vozaria, etc.
300
13. Conteúdo semântico:
O sufixo –ario
1
~
–arius ~ –ayro
1
indica: a) agentivo indivíduo que pratica
uma ação X, que está incumbido de uma ação X ou exerce essa atividade, que
se beneficia de uma atividade X: auersairos, thesaurarius, vigairo, etc.; b) que ou
aquele que possui uma qualidade ou característica X; que possui relação com X:
galãtarias, mendigaria, mundaira, ordjnhajra, ouriujzaria, sajarias, sibilária,
solitário, etc.
O sufixo –ario
2
~ –airo
2
indica locativo (lugar onde se guarda X, onde existe
X, onde se faz X ou onde se criam determinados animais): alcaçarias, alcaria,
abegoaria, amotaçaria, argtarja, artelharja, cavalaria, chamcellaria (~
chancelaria), cordoaria, frascarias, frontaria, mouraria, frontaria (frõtaria),
mouraria, strabaria, tafularia, ucharia, etc.
o sufixo ario
3
~
–airo
3
indica oposição, posição contrária a X: comtraryos (~
cõtrairo, contrairo);
O sufixo –ario
4
~
–airo
4
indica: a) período de tempo
8
: oytavário, postumaria (~
pustumaria); b) medida de capacidade relativa a X: sextários;
O sufixo –ario
5
indica: instrumento ou peça relativo a X: tapeçaria;
O sufixo –ario
6
indica: coleção, conjunto, reunião ou fileira de X; aglomeração
de X: beestaria, breuiairos, especiaria (~ especiarya), jograria, judaria, parçaria,
pedraria, rosairo ( ~ rrosairo), vozaria;
O sufixo –ario
7
indica ato ou ação de X: pregárias, rogaria(s).
14. Considerações e Abonações: Em latim, os sufixos –ario e –arium são pró-
pria e respetivamente o masculino e o neutro da terminação adjetiva –arius, a, um.
–Arius indica semanticamente em latim:
a) homem que exerce uma profissão, que se dá à ocupação, da qual faz seu
ofício:
Latim: Português: Latim: Poruguês:
argentarius banqueiro caprarius cabreiro
salinarius salineiro statutarius estatutário
sicarius sicário, assassino
_______
8
Nesta acepção, CAETANO (2003) cita ainda as lexias onzenário (> onzena) e trintairo (> trinta).
ainda terçanairo (> terça); neste caso, acreditamos, uma sobreposição de funções semânticas:
indica agentivo que se beneficia de X, além de indicar um período de tempo, ainda que não
determinado.
301
b) designa profissões menos nobres, quando comparado a –orius, quer para
comparar as pessoas que as exercem:
Latim: Português: Latim: Português:
ararius lavrador carbonarius carbonário
classiarius centurião da armada/ coriarius curtidor de peles
capitão de navio
consiliarius conselheiro gregarius gregário/soldado raso
legionarius legionário/militar librarius copista/livreiro
ostiarius porteiro
c) instrumentos, materiais ou produtos de que se serve aquele que executa
determinado serviço; o que concerne a uma cousa de certa espécie:
Latim: Português: Latim: Português:
agrarius agrário numerarius calculista/guarda-livros
ordinarius centurião da 1ª. corte pecuarius criador de gado
tumultuarius desordeiro vestiarius alfaiate
Em relação ao Português Arcaico, vejamos algumas abonações e sua
respectiva semântica:
–ario
1
~
–arius ~ –ayro
1
a) agentivo:
“... em huũ trauto ora com nossos aversairos de França e de Castella fezemos em
Calles...”
(F. L., J., I, cap. 47, p. 97, apud DELP, v. I, p. 121, verb. Aversairo)
“O Licenciado sebastião gonçalvez prouisor E vigairo gerall no espritual e temporall
nesta çidade e arcebispado de bragua polos Reverendíssimos senhores dinidades
coneguos e cabido da see da dita çidade a see vagante cetera/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 1, p. 327; maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
302
“(...) /
20
ho Confirmo e Mando que sse conpra como em elle faz mencom; date em
braaga noue dias dabril Martim de gujmarães a fez escrepuer eaquj soescrepuj
anno de/
21
Mjl iiiij
c
lR noue annos/
22
THesaurarius/
23
Decretorum doctor
(DPNRL, Documento 98, l. 20 23, p. 293; Maço 6,21, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1499)
b) qualidade ou característica de X:
“E, per o contrairo, a torpe geeraçom nom empeecerá aaquêles que a claridade das
suas virtudes os afremosenta. Onde Jerónimo diz que: ´Jeffoi nomeado per o
Apóstolo antre os santos homeẽs, e era filho de ũa mundaira; Esaú, filho de Rebeca
e de Isac, veloso foi assi na voontade como no corpo. (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 57, b, § 656, l. 1 – 8, p. 235)
“(...) Porque, se forteleza é esforçado desejo de percalçar grandes cousas, com
soportamento de proveitoso trabalho, este, nom receando noites asperas nem
esquivos dias, nom temia de se poer a quaesquer aventuiras por aver vitoria dos
migos; nom por desprezar com soberva afouteza a multidom deles, mas porque
neuũ avisamento antigo podia estonce seer igual aas sajarias daqueste novo
guerreiro, seendo sempre muito sem oufana e levantamento em seus aventuirados
vencimentos.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 5 – 15, p. 59)
–ario
2
~ –airo
2
:
a) locativo
“... e mostraram suas grandes abegoarias e os seus vales todos cheio de açucar”
(Guiné, p. 14, apud DLPA, p. 37, verb. Abegoaria)
“Pois fordes na alcaria e virdes os põõbares
e virdes as azeitonas jazer per esses lagares,
trilhá-las-edes ena pia, con esses ca[l]canhares,”
(LPGPI – 18,43. – p. 161 – vv. 11 – 13)
“E outorgou que todos aquelles que tiinham navios e emtrassem neesta companhia,
e os que dalli adeamte/ouvessem e emtrassem em ella, que ouvessem todos os
privillegios e graças que outrogadas tiinha aos que comprassem navios ou fezessem
de novo, como ja teemdes ouvido; e quitava a chamcellaria aos que tiravam a carta
de tal hordenamça.”
(CDF, Cap. XCI, § 7o., l. 29 – 30, p. 93; l. 1 – 5, p. 94)
–ario
3
~ –airo
3
:
a) oposição, posição contrária a X:
303
“Os Iffamtes forom alguũ pouco descomtemtes no mouimemto daquelle feito,
pemssamdo que em ambas aquellas pessoas teeriam muy gramdes dous
comtrayros, e esto comsijrauam per esta guisa.”
(CTC, Cap. xix., § 1º., l. 27 – 31, p. 42)
“(...) e assi ha/de matar outros lhe botaõ hũ colar de cotas/brancas ao pescoço de
ossos de onças p
a
/q´corra a matar o cõtrairo ou fugir q
do
cõu/como onça”
(CNB – MC – p. 93 – l. 804 – 811)
“Outras planetas de boa ventura
achou per vezes em seu calandairo;
mais das outras que lh´andam em contrairo;”
(LPGPI – 30,22. – p. 257 – vv. 8 – 10)
–ario
4
~
–airo
4
indica:
a) período de tempo:
“... e acordarom que fezessem em cada huum ano o oytavário de samto Amtonio
jeralmente e homrradamente...”
(Fr. Menores, v. I, p. 292, apud DLPA, p. 453, verb. Oitavário)
“(...) Em a pustumaria de sua vida pode homem pero fazer peendença, porque
atees entom pode pecar e per divinal graça pode receber perdom, porque a
misericórdia de Deus vence a malícia. (...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 65, d, § 747, l. 17 – 21, p. 269)
b) medida de capacidade relativa a X:
“(...) E cada ũa daquelas pias levava duas ou três metretas,que som ũas medidas
que cada ũa lecva (sic) sex sextários, segundo IsidoIro, o qual esso meesmo diz
que o sextário leva duas livras, e dous sextários é ũa mensura a que chamam
bilíbris. (...)”
(LVC, Cap. XXV, fl. 84, c – d, § 942, l. 10 – 16, p. 345)
–ario
5
indica instrumento ou peça relativo a X: tapeçaria;
“D. Jorge Henriques chegando de Malaca a Borneo, com outros Cavalheyros
Portuguezes, para aSSentar commercio com el-Rey de Borneo, lhe preSenteou entre
outras peças, que levava de preSsente, hũa Tapeçaria, ou panno de Raz, de figuras
grandes que repreSentavão o caSamento del-Rey Henrique VIII a Rainha Dona
Catharina; mas vendo el-Rey hum tão novo eSpetctaculo, & SuSpeitando que aquellas
figuras erão encantadas, (...)”
(VPL - Vocabulário Portuguez e Latino, de Bluteau, disponível em
<
http://www.ieb.usp.br/online/index.asp.> Acessado em 05/06/2008.
304
–ario
6
indica: coleção, conjunto, reunião ou fileira de X; aglomeração de X:
“[...] Vio hu ũ deles hu ũas contas de rrosairo brancas. açenou que lhas desem e
folgou muito com elas [...]
(VCPVC – fl. 3 – l. 23 – 25)
“De vossos dinheiros de mui bon grado;
e tornad´aqui ao meio dia,
e entanto verrá da Judaria
(LPGPI – 64,28. – p. 425 – vv. 8 – 9)
“Outra vez lhe [a el Rei Dom Fernamdo] aqueeçeo que aprazou huum porco mui
gramde, o qual achou com gram trabalho, fazemdo-o amdar lomga terra amtre dia e
noite, de que ficou mui canssado; e depois que o ouve cercado, mandou huum seu
page, que lhe levava a azcuma, que fosse à pressa chamar os de cavallo, e os de
cavallo, e os monteiros toda a vozaria e que lhe trouvessem dous alaãos, os quaaes
amava tanto, que os lamçava de noite comsigo na cama, e el em meo delles. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 2º., l. 9 – 16, p. 96)
–ario
7
indica ato ou ação de X:
“(...) quando creemos que fora do mundo poderemos seer louvados per boõs
irmitaães, e quando, per pecados de descairadas paixoões, teemos o mundo
ençarrado em nós de tal guisa que nós, que pensávamos acorrer ao mundo com
nossas pregarias e oraçoões, hajamos mais mester e nos sejam acêrca necessários
os oradores do mundo?´.”
(LVC, Cap. XIV, fl. 48, a, § 547, l. 9 – 17, p. 195)
“(...) eu te rogo [Joam Bautista] que guances, com tuas justas rogarias, que o
senhor a mim abstinência complidoira de comer e bever, cuidar e falar e obrar, e
me guarde de tôda çugidade da voontade e do corpo e, enquanto som em esta vida
temporal, outorgue-me seer alongado dos pecados e fazer a el cavalarias, (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 59, b, § 677, l. 8 – 14, p. 243)
Vejamos, na tabela abaixo, a semântica/o significado das lexias
sufixadas em –ario e seus alomorfes, exemplificadas acima, e a base a que se
adjungem:
305
LEXIA:
Sécu
lo
SIGNIFICADO(S) BASE
N
Adj
V Num Prep
abegoarias
( ~ abegairya)
SIN/VAR abe-
garia, abegoura
XVI
o trabalho rústico; o gado que se cria;
casa em que se recolhem os
instrumentos agrários e os animais de
trabalho; sementeira, lavoura
X
alcaria
XIII casa campestre para guardar
instrumentos de lavoura
X
aversairos
(aduersaryo ~
auerssayro)
XVI que ou o que combate em (luta,
competição etc.);
X
chamcellaria
(~ chancelaria)
XIV ofício e dignidade de chanceler; a casa
em que se despacham os papéis da
chancelaria
X
comtrairos
(~ cõtrairo ~
contrairos)
XIII que tem direção ou sentido oposto;
avesso, reverso; em que há desacordo;
oposto, diverso
X
judaria
XIII conjunto de judeus; judiaria
X
mundaira
SIN/VAR
mundana, mun-
danal
XV prostituta; pessoa apegada a bens
materiais
X
oytavário
(~ outavairo
~
octavario)
XV
LITUR m.q.
çáí~î~
('período'); livro que
contém os cânticos e as rezas de alguma
oitava
X
pregarias
SIN/VAR
pregação
XIV ato de pregar ('fazer sermão'); discurso
religioso; sermão; m.q.
éêÉÖ~´©ç
X
pustumaria
(~ postumaria) ~
prestumaria, ~
posthumaria ~
postumaria ~
pustromaria)
XV período de tempo subseqüente à morte
de alguém; eternidade, fim
rogarias
XV rogo, súplica, pedido; ato de pregar
X
rrosairo
(~ rosairo ~ rosario
~ rosário)
XV LITUR.CAT fileira de 165 pequenas
contas dispostas de maneira sucessiva,
representando cada uma delas uma
oração; LITUR.CAT oração em honra de
Nossa Senhora em que se intercalam
ave-marias com a meditação dos
mistérios, iniciados pela oração do padre-
nosso e encerrados pelo glória [Divide-se
em três partes, das quais cada uma é
X
306
composta de cinco dezenas de ave-
marias e de cinco padre-nossos.]
sajarias
XV
ant. qualidade ou virtude do que é sage;
sabedoria, sageza; prudência ETIM fr.
sage + -aria;
X
sextário
cp. a f. divg.
sesteiro, por via
popular; ver sex-
XV
METR ant. medida de capacidade para
líquidos equivalente a duas heminas ou
duas cótilas; sexta parte (de um todo)
X
tapeçaria
ETIM fr. tapisserie
(sXIV) < tapis
'tapete' + -erie
'-aria'
XV DECOR tecido encorpado, freq. bordado,
próprio para adornar e/ou forrar móveis,
assoalhos, paredes ou janelas; alcatifa,
estofo, tapete; p.met. B estabelecimento
onde se fabricam ou se vendem tapetes;
p.met. arte de tapeceiro; p.ana. extensão
de terreno com gramado muito verde;
p.met. a grama que cobre esse terreno
X
thesaurarius
(~ tessoureyros, ~
thesoureyro ~
tesorero )
SIN/ VAR
tesoireiro
XIII aquele que guarda o tesouro ou o cofre
de alguém ou de alguma instituição;
aquele que está encarregado de efetuar
as operações monetárias de um banco,
uma companhia, uma associação etc.;
empregado superior da administração do
tesouro público; numa igreja, indivíduo
encarregado de guardar os vasos
sagrados e demais utensílios
eclesiásticos
X
vigairo
(~vigario, ~ uigay-
ro)
XIII aquele que substitui outro; religioso que,
investido dos poderes de outro, exerce
em seu nome suas funções; padre que
faz as vezes de prelado ; padre que
substitui o pároco de uma paróquia; irmão
que, nas confrarias, faz as vezes de
chefe ou juiz; infrm. m.q.
é•êçÅç=
X
vozaria
XII
p.us. ato ou efeito de falar alto, gritar,
fazer repercutir a sua voz sozinha ou com
outras, alheias; gritaria; clamor ou
ressonância de múltiplas vozes; assuada;
ant. conjunto de monteiros a pé, para
bradarem à caça grossa
X
Tabela 5.20 – O sufixo –ario em algumas lexias do Português Arcaico com a base a
que se adjungem e seus respectivos significados.
Vejamos, na tabela abaixo, as principais significados e mudanças do sufixo
–ario e seus alomorfes em Latim e ao longo de alguns séculos:
307
Significados: LATIM XII XIII XIV XV XVI
agentivo X X X
profissão de X X X
instrumento ou mate-
rial de que se serve
aquele que executa
determinado serviço
X
característica, qualida-
de ou relativo a X
X
locativo X X X
oposição, posição
contrária
X
período de tempo X
medida de capacidade
relativa a X
X
coletivo, conjunto ou
reunião de X
X X X
ação de X X X
Tabela 5.21 Significados do sufixo –ario e de seus alomorfes em Latim e do
século XII ao século XVI.
Em relação ao Português Contemporâneo, de acordo com Bechara (1999, p.
358 – 364), o sufixo –ário ~ –ária forma substantivos e adjetivos.
Nos substantivos, indica:
a) agente: bibliotecária, secretário;
b) locativo: lapidário, livraria, tesouraria;
c) abundância, aglomeração ou coleção: cavalaria, infantaria (ou infanteria),
casario;
d) causa produtora, lugar onde se encontra ou se faz a coisa denotada pela
palavra primitiva:
–ário: relicário, herbanário;
–ária: mercearia.
Nos adjetivos
9
:
308
–ário: diário, ordinário.
No Português Contemporâneo, em relação ao Latim e ao Português Arcaico,
o sufixo –ário, e suas formas variantes, não expandiu os traços semânticos.
O sufixo –ario descende diretamente do sufixo latino –arius. Sua evolução
para o português processou-se da seguinte forma:
–ario (lat./port. arcaico) > –airo (port. arcaico) > –eiro (port. contemporâneo)
As formas em –airo aparecem em menor número em relação ao sufixo ario.
Ainda assim, seu sufixo concorrente eiro apresenta maior produtividade em relação
a ele e a –ario.
As palavras sufixadas em –ario são eruditas e apresentam, em sua grande
maioria, étimo latino.
–Ario
3
é o mais improdutivo de todos. Foi encontrado apenas uma lexia
comtrayros e em suas variantes gráficas (cõtrairo, contrairo). Coelho (2001, p. 134)
também encontrou ario
3
apenas no item lexical contrario num total de 5 ocorrências
e, por essa razão, afirma que”[...] –ario
3
pode não representar um componente
morfolexical sistemático, uma vez que esse processo se revela em apenas um item
lexical [...]”. Estamos, neste ponto, plenamente de acordo com as idéias enunciadas
por ela.
Nosso corpus, por ser mais extenso que o de Coelho (2001)
10
e abranger um
período mais longo ao culo XVI –, encontrou ainda os sufixos homófonos
–ario
4
, –ario
5
, –ario
6
e –ario
7
, o que mostra em relação a eles uma expansão em
relação às bases lexicais a que se adjungem e em relação também aos traços
semânticos que se incorporam em períodos posteriores aos séculos XIII e XIV no
português.
Vale a pena aqui ressaltar que, de acordo com nossas pesquisas, análises e
obervações, o sufixo –ario liga-se, com o sufixo homófonos –ario
4
, a bases numerais
(cf. oytavário > oitavo; sextários > sexta) e, com o –ario
7
, a bases verbais (cf. prega-
______
9
Bechara (1999) diz-nos apenas que servem para formar adjetivos, no entanto, não delimita os seus
significados.
10
Seu trabalho abrange a sufixação nos séculos XIII e XIV. Veja a referência completa nas
Referências.
309
rias > pregar
11
; rogaria(s) > rogar
12
). Essas bases, embora se liguem aos sufixos em
questão, aparecem em número reduzidíssimo, assim como apresentam baixíssima
produtividade.
Na contemporaneidade, o sufixo –ario apresenta maior produtividade do que
no Português Arcaico.
Em consulta ao verbete –ário, nos Dicionários Aurélio e Houaiss, versões
eletrônicas, o Aurélio cita os seguintes traços semânticos em relação ao sufixo
ário: “´que exerce certa atividade, profissão ou certo ofício´, ´lugar onde se guardam
coisas´, ´coleção´, ´relação´, ´posse´, ´origem´, ´árvore´, ´arbusto´, ´intensidade´,
objeto de uso´; em Zool. designa espécime de (fam. de animais)” e cita os seguintes
exemplos: escriturário, mercenário, orquidário, berçário; anedotário; lactucário,
anisomiário; antozoário, coraliário, zoantário. o Houaiss, estabelece para o sufixo
–ário os seguintes traços semânticos, para ele “matizes semânticos”, aqui
resumidos: 1) em palavras predominantemente adjetivas em que o sufixo estabelece
relação semântica adjetiva para com o substantivo presente no radical da palavra:
abecedário, adversário, antiquário, apiário, aquário, cartorário, celibatário, falsário,
fazendário, sagitário, salário, sangüinário, visionário, vulvário, zebrário etc. ; 2) em
palavras conexas com as ciências naturais e as biociências: actinozoário,
amastozoário, antozoário, embrionário, enterozoário, entomozoário, fitozoário,
gastrozoário, hematozoário, mastozoário, mesozoário, metazoário, placentário,
tubário, zebrário, zoofitário, etc; 3) em palavras conexas com coletividades,
registros, publicações, livros, fórmulas: adagiário, anedotário, anuário, bestiário,
breviário, bulário, calendário, dicionário, documentário, elucidário, ementário,
epistolário, exemplário, etc.; 4) em palavras que, conexas com as da série anterior,
são tipicamente ligadas à noção de coleção, ajuntamento, grupamento: enxertário,
fadário, ideário, igrejário, mostruário, nobiliário, oviário, ranário, serpentário, velário,
vizindário; 5) em palavras ligadas a profissionais, mesteirais, dignitários, encarrega-
dos de algum dever, titulares de direito, agentes: aeroportuário, agropecuário,
antiquário, bancário, bibliotecário, boticário, comerciário, empresário, escriturário,
ferroviário, industriário, lapidário, latifundiário, etc.; 6) em palavras que se referem à
noção de local de cultivo, recipiente, depósito e afins: apiário, aquário, aviário,
_______
11
Cf. pregar
2
(CUNHA, 1986, p. 630, verb. Pregar2), vb. ´pronunciar sermões a,, apregoar,
apostolar´.”
12
Cf. CUNHA (1886, p. 689, verb. rogar).
310
balneário, campanário, columbário, confessionário, educandário, incensário,
orquidário, ossário, ossuário, ranário, relicário, rosário, sacramentário, sacrário,
santuário, etc.; 7) do ponto de vista morfológico, em palavras formadas com este
sufixo sobre radicais verbais do supino (e part. pas.) em que as noções de
responsabilidade, competência, injunção, dever são prevalentes: arrendatário,
caudatário, comendatário, comodatário, contributário, depositário, destinatário,
dispensatário, donatário, emissário, endossatário, feudatário, indicatário, indultário,
legatário, liquidatário, locatário, mandatário, reservatário, sindicatário; 8) ainda do
ponto de vista morfológico, relacionam-se pal. conexas com o suf. -ção (e variantes
como -são, -ssão, -xão etc., vê-las) [em que se pode vislumbrar caracteres
semânticos muito variados]: acionário, ascensionário, censionário, concessionário,
discricionário, expedicionário, faccionário, funcionário, inflacionário, legionário,
missionário, permissionário, peticionário, etc.; 9) ainda do ponto de vista morfológico
seguido em (8) e (7) supra, relacionam-se palavras conexas com o sufixo -dade:
autoritário, dignitário, igualitário, libertário, maioritário, majoritário, etc.; 10)
relacionam-se umas poucas palavras em que -ário é mera terminação (havendo,
assim, nelas, mera convergência fonética com o sufixo aqui considerado): calvário,
canário, cário, dromedário, erário, escapulário, espedário, estradivário, estuário,
etário, lacário, laqueário, pessário, salafrário, samário, sicário, tocário, vário.
Julgamos importante o que nos ressalta Houaiss relativamente ao sufixo
–ário:
[...] a fecundidade de -ário e de seu fem. se estendeu
progressivamente, servindo cedo para a form. de subst. conexos com os
adj. de orig., subst. esses que raramente perderam sua adjetividade (sendo,
assim, normalmente um adjetivo e freq. um adjetivo e substantivo), o suf.
em causa, sobretudo nas f. adj., alterna com os suf. formadores de adjetivos
-al, -ar (como documentário/ documental /documentar, elemental
/elementário/ elementar, fontanar / fontanal /fontanário, exemplário
/exemplar, larvário / larval /larvar etc. (Houaiss, versão eletrônica)
O sufixo –ario ~ –ariu é bastante importante e produtivo na fase arcaica da
língua portuguesa. Além de apresentar alta produtividade, assume suas autonomias
fônico-funcionais, como observou Coelho (2001, p. 163), embora esse sufixo,
descendente direto do latim, não tenha conseguido superar a produtividade do
sufixo –eiro.
311
5.2.10 O sufixo –eiro:
1. Sufixo: –eiro ;
2. Origem: latim;
3. Étimo: ārius;
4. Português Contemporâneo: –eiro ~ –eira;
5. Categoria Morfológica da Base: o sufixo liga-se a bases substantivas
(predominante) e adjetivas;
6. Sufixos Homófonos: –eiro
2
, –eiro
3
, –eiro
4,
–eiro
5
:, –eiro
6
;
7. Variantes gráficas/alomorfes: –eyro ~ –eyra ~ –(d)eiro ~ –(d)eira;
8. Função sintático–semântica:
–eiro
1
: substantivador;
–ario
2
: substantivador e adjetivador;
–ario
3
: substantivador e adjetivador;
–eiro
4
: substantivador e adjetivador;
–eiro
5
: substantivador e adjetivador;
–eiro
6
: substantivador;
9. Função gramatical:
–eiro
1
: formador de substantivos a partir de substantivos;
–eiro
2
: formador de adjetivos e substantivos a partir de substantivos;
–eiro
3
: formador de adjetivos a partir de substantivos e adjetivos;
–eiro
4
: formador de substantivos e adjetivos a partir de substantivos;
–eiro
5
: formador de adjetivos e substantivos a partir de substantivos;
–eiro
6
: formador de substantivo a partir de numeral.
10. Relação Categorial:
–eiro
1
: isocategorial (predominante) e heterocategorial;
–eiro
2
: isocategorial (predominante) e heterocategorial;
–eiro
3
: isocategorial (predominante) e heterocategorial;
–eiro
4
: isocategorial;
–eiro
5
: isocategorial.
–eiro
6
: heterocategorial.
11. Total de ocorrências:356;
12. Exemplo(s): aceiro, albergueyro, armeiro, arteiro, beesteiros, bolseiro,
cabeleira, captiueiro, caminheiro, cegeira, celeiro, cereigeira, falcoeiros,
312
feiticeiros, ffelgeiras, figeiras, fromigeiros, fruteiras, galinheiros, goteiras,
huueiras, justiceiro, milheiro, neuoeiros, nogueira, pilliteiro, quarteiros, remeiros,
[e]scudeiros, vinhateiro, etc.
13. Conteúdo semântico: O sufixo –eiro
1
~ eyra
1
indica agentivo aquele
que faz uma ação X: albergueiro, alfereyro, armeiro, adergueiro, balhadeyras,
barbeiro, beesteiro, bolseiro, bombardeiros, camareira, carnyçeiro, carpinteiros,
casteieyros, caualeiro, cazeiro, chaueiro, conselheiros, despenseiros, escudeiro,
falcoeiros, ferreiro(s), frecheiros, gayteiro, gerreiro, mandadeiro, marinheiro(s),
messegeiro, monteiro, obreiros, pilliteiros, ponteiro, porteiro, rrefeitoreiro,
sapateiro, tençoeiro, tpleiros (~ tempreiros), tesoureiro (~ thesoureiro),
torneiros, trombeiros, troteiros, vinhateiro, etc.
O sufixo –eiro
2
~ –eira
2
~ –eyra
2
indica locativo (lugar onde se localiza ou
existe X): celeiro, catiueyro, fronteira, galinheiros, peiteira, pombeiro, pousadeiro,
outeiro(s), palheiro, quinteiro, ulueyra (~uueyras), etc.
O –eiro
3
~ –eyra
3
indica qualidade ou característica relativa a X, privação de X
ou que serve a uma determinada função ou finalidade: aceiro, agadeira, bicheiro,
braceiro, bregeiros, caminheira(o), cegeira, faceiro, fogueira, guerreira, justiceiro,
medianeiro, postumeiro(s), prestumeyra, tardinheiro, tenreiro, valedeyro, etc.
O –eiro
4
~ –eyra
4
indica: a) coletivo (reunião, coleção, conjunto ou
ajuntamento de X); b) fruto de X: cabeleira, cereigeira, cidreira, coqueiros, ffelgeiras,
figeira(s), fromigeiros, goteiras, huueiras, laramjeira (~ laramgeiras), mãgabeiras,
palmeiras, pereiras, pessegeiro, pinheiros, sementeyras, ulueyra (~uueyras), etc.
O –eiro
5
indica instrumento: sombreiro.
O –eiro
6
~ –eyra
6
indica parte relativa a X: quarteiros.
14. Considerações e Abonações: O sufixo –eiro e seus homófonos provêm do
latim –arius e –arium, respectivamente, o masculino e o neutro da terminação
adjetiva –arius, –a, –um. Na maior parte das vezes, as palavras que apresentam
esse sufixo o tomadas substantivamente. De acordo com SOUSA (1868, p. 53
54)
1
, “[...] não há [em Latim] adjectivos correspondentes quanto a certas palavras
em –arius, e –arium.”
Em Latim, os nomes em –arius indicam, semanticamente:
a) agentivo, isto é, um homem que exerce uma profissão, que se dá à ocupação
da qual faz seu ofício:
313
Latim Português
argentarius banqueiro
caprarius cabreiro
salinarius salineiro
sicarius sicário, assassino
statutarius estatutário
As profissões cujos substantivos apresentam esse sufixo designam profissões
comuns, vulgares. A elas os latinos denominaram “illiberalis ou sordidus quœstus”
(Cic. Off.1,42)
13
As profissões mais distintas eram expressas, em Latim, por palavras em a, e,
or, ou sem terminação significativa: arator, agricola, poeta, imperator, etc.
b) locativo: lugar onde se ajunta ou guarda alguma coisa:
armamentarium lugar onde se guarda os armamenta, isto é, os aparelhos, o
que serve para equipar um navio, um arsenal, ordinariamente d e marinha;
armarium lugar onde se guarda as arma, isto é, iguarias, roupa, quaisquer
utensílios, um armário;
columbarium pombal; no Império Romano, espécie de construção sepulcral,
geralmente feita de tijolos, dotada de pequenos nichos que se destinavam a
guardar urnas cinerárias;
erarium ~ œrarium fazenda (Econ.); tesouro público; "reserva de moedas", é
um termo que indica genericamente as finanças do Estado e de esferas
subestatais (governos subnacionais e municípios);
granarium – usado somente no plural, granaria: celeiro, lugar onde se guarda o
grão;
herbarium – herbário; ervário, fitoteca; lugar onde se abriga coleção de ervas;
seminarium – viveiro de plantas;
valetudinarium – casa de saúde, enfermaria, hospital.
_______
13
Cf. SOUSA (1868, p. 54).
314
Na fase arcaica da língua portuguesa, –eiro
1
[+ agentivo] aparece com maior
vitalidade, como atestam os exemplos acima, e, ao que parece, mantém essa
característica no português contemporâneo. Via de regra, esse sufixo adjunge-se a
substantivos concretos; poucas são as bases abstratas a que se junta.
14
O sufixo –eiro
2
, expressando locativo, também apresenta baixa produtividade,
principalmente se comparado a –eiro
1
. Em nosso corpus, com esse valor, o
encontramos nas seguintes lexias: celeiro, catiueyro, fronteira, galinheiros, peiteira,
pombeiro, pousadeiro, outeiro(s), palheiro e quinteiro.
O sufixo –eiro
3
expressa qualidade ou característica relativa a X, privação de
X ou que serve a uma determinada função ou finalidade. É o homomórfico que
apresenta maior produtividade depois de –eiro
1
. Em nosso corpus, encontra-se
presente nas seguintes lexias: aceiro, agadeira, bicheiro, braceiro, bregeiros,
caminheira(o), cegeira, faceiro, fogueira, guerreira, justiceiro, medianeiro,
postumeiro(s), prestumeyra, tardinheiro, tenreiro, valedeyro, etc.
O sufixo –eiro
4
expressa a noção a) de coletivo; b) fruto de X. Predominam
nas lexias relativas a árvores, dentre as quais, citamos: cereigeira, cidreira,
coqueiros, fflegeiras, huueiras, laramjeiras (~ laramjeira), mãgabeiras, pereiras, etc.
Exceções: cabeleira, fromigeiros, fruteiras, goteiras.
O sufixo –eiro
5
expressa a noção de instrumento. Com essa noção, é bastante
improdutivo. Em nosso corpus, encontramos apenas uma lexia: sombreiro
15
.
O sufixo –eiro
6
pode ser considerado o mais improdutivo de todos. Foi
encontrado, em nosso corpus, em apenas duas lexias: quarteiros (“1 METR a
quarta parte de um moio, equivalente a 15 alqueires 2 ant. imposto correspondente
a essa medida´ [...]) e em masseyra, 1 tabuleiro grande para conduzir o pão ao
forno 2 calha que conduz a água proveniente dos alcatruzes [...]”, (Houaiss, versão
eletrônica).
_______
14
Cf. COELHO (2001, p. 163). A autora encontrou apenas a forma ´mentireiro´, formada a partir do
substantivo abstrato ´mentira´. Na fase contemporânea, lembramo-nos de ´Milagreiro´, título de CD
lançado por Djavan em 2001 e carro-chefe do CD homônimo, letra de sua autoria. A lexia ´milagreiro´
está dicionarizada em Aurélio e em Houaiss. De acordo com este último, a referida lexia data do
século XVII e esna obra Luz e Calor, do Padre Manuel Bernardes, ´obra espiritual para os que
tratam do exercício das virtudes e caminho da perfeição.´ Lisboa, 1696.´ (Houaiss, versão
eletrônica).
15
Coelho (2001, p. 163) também adverte-nos de que o sufixo –eiro com esse significado é bastante
improdutivo, tendo encontrado a presença em seu corpus de apenas 4 lexias: bandeira, caldeira,
candeeiro e tavleiro.
315
Em relação ao Português Arcaico, vejamos algumas abonações com o sufixo
–eiro e seus homônimos presentes em nosso corpus e sua respectiva semântica:
–eiro
1
~ –eyra
1
indica agentivo:
“o albergueyro, mays d´escamentar –
– lo avedes! E diry-vos eu como:”
(LPGPI – 64,24. – p. 422 – vv. 3 – 4)
“Item mandamos que dem em soldada ao mayoral das vacas e ao alfereyro e ao
pousadeiro senhas vacas paridas, e aos outros mancebos senhas iuuencas
prenhes.”
(Direito consuetudinário municipal, Texto do Século XIII, in TA, § 3º., l. 12 14, p.
36)
“(...) Nun´Alvarez e os seus, como os virom, esguardarom bem homde sahiam, e hu
aviam de recudir aa tornada; e cavallgarom logo os de/cavallo, e os beesteiros e
homeens de pee com elles, e forom-se aaquel logar per homde elles sobiam, que
era huum parramco gramde comtra as vinhas; (...)”
CDF, Cap. CXXXVII, § 4º., l. 23 – 25, p. 114; l. 1 – 3, p. 115)
“Chamão lhe balhadeyras por que balhão, cantão, tangem, volteão, muito bem ao
seu modo”
(Primor e Honra, fl. 9, apud Machado, v. I, p. 373, apud DLPA, p. 148)
–eiro
2
~ –eira
2
~ –eyra
2
indica locativo (lugar onde se localiza ou existe X):
“Por todo aquele caminho não havia buraco, agulheiro, nem outra coisa que
pudesse dar claridade”
(Dec., VII, 3, cap. 10, apud DELP, v. I, p. 158, verb. Agulheiro)
“e indo da cas[a] ao celeiro,
ouv´ũu corvo viaraz e faceiro,
de que don Pero non foi ren pagado.”
(LPGPI – 63,38. – p. 389 – vv. 5 – 7)
“(...) e aos galinheiros e pessoas viis açoutados pello logar hu as tomassem e
deitados fora de sua merçee.”
(CDPI, Cap. V, § 1º., l. 12 – 14, p. 74)
“esto perdito; chegou Pero Ferreira,
cavalo branco, vermelho na peiteira,
escud´a colo que foy d´unha masseyra,
316
sa lança torta d´un ramo de cerdeyra,
capelo de ferro, o arrassal na trincheyra
e furad´en cima da moleyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 42 – 47)
“esto perdito; chegou Pero Ferreira,
cavalo branco, vermelho na peiteira,
escud´a colo que foy d´unha masseyra,
sa lança torta d´un ramo de cerdeyra,
capelo de ferro, o arrassal na trincheyra
e furad´en cima da moleyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 42 – 47)
“esto perdito; chegou Pero Ferreira,
cavalo branco, vermelho na peiteira,
escud´a colo que foy d´unha masseyra,
sa lança torta d´un ramo de cerdeyra,
capelo de ferro, o arrassal na trincheyra
e furad´en cima da moleyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 42 – 47)
“(...) /
28
do marquo per baixo e de contra o naçente parte com a dita quebrada tem
seis ou sete carualhos deles con vide leuara de semeadura hũ quarto, item o canpo
do espinheiro que todo esta çerado sobre sy tem em/
29
comprido setemta e hũa
varas e em traues comtra ho sull quoremta e noue varas e mea sameadura quatro
alqueires parte comtra ho poemte com ho caminho e comtra ho sull com
pombeiro/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 28 29, p. 329; Maço 7,29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
–eiro
3
~ –eyra
3
indica qualidade ou característica relativa a X, privação de X
ou que serve a uma determinada função ou finalidade:
“Com todos seos montados, bregeiros, e passigos”
(Elucidário, v. II, p. 40, apud DLPA, p. 174)
“he gente mui apta p
a
sua saluacaõ/pois ntem [indios] odios vsuras nem outros
tratos e pouco cazos bastaõ p
a
estes m
tos
/destes e despois de saberem e tenderem
as cousas de d´s choram tanto a ce/geira q´andauaõ q´nos cõfundem.”
(CNB – MC – p. 15 – l. 290 – 293)
“Se mi Justiça non val
ante Rei tan justiceiro
317
ir-m´ei ao de Portugal.”
(LPGPI – 63,38. – p. 389 – vv. 22 – 24)
“... fazo testamento valedeyro por sempre...”
(Devanceiros, p. 28, apud Machado, v. V, p. 373, apud DLPA, p. 558, verb.
Valedeyro)
O –eiro
4
~ –eyra
4
indica coletivo (reunião, coleção, conjunto ou ajuntamento
de X):
“(...) e huũ deles trazia per baixo da solapa de fronte a fronte pera detras huũa
maneira de cabeleira de penas daue amarela (...)”
(VCPVC – fl. 2v. – l . 21 – 24)
“He aruore grãde [Camujz] pareçe cereigeira de por/tugal e assi t seu fruito
vermelho e no Rari/preto e major.”
(CNB – MC – p. 171 – l. 1853 – 1855)
Pinheiros em s. vicente, Murta m
ta
de m
tas
castas,/Pimta de m
tas
castas,
Aristoloquia de todas as castas, (...)”
(CNB – MC – p. 157 – l. 1660 – 1661)
“assi espera [o tamandua] s temer nada e t grãde força t/huãs manchas de preto
e brãco o seu comer he/fromigas caua as maõs e algũs fromigeiros/e sa as
fromigas elle bota a lingoa fora”
(CNB – MC – p. 111 – l. 1047 – 1050)
“(...) /
21
outros vynte allmudes item Junto desta vinha no rribeiro sta moinho e tem
darredor dez pes de fruteiras item hũ campo que se chama o lameiro do moynho
que/(...)”
(DPNRL, Documento 104, l. 21, p. 309; Maço 7, Mosteiro de S. Miguel de Vilarinho,
1528)
–eiro
5
indica instrumento:
“[...] soomente deulhes hu ũ barete vermelho e huũa carapuça de linho que leuaua
na cabeça e huũ sombreiro preto. [...]”
(VCPVC – fl. 1v. – l. 34 – 36)
–eiro
6
~ –eyra
6
indica parte relativa a X:
318
“(...)/
7
Jtem. Petro pelaj. Iij. morabitinos. e j
o.
quarteiro de pane. Jtem ad ulueyra. ij.
morabitinos. Jtem ad/
8
sanctj iohanis de Lauri. j. calicem de plata. e vij. quarteiros
de pã. Jtem. ffernandus/(...)”
(DPNRL, Documento 5, l. 7 8, p. 105; Maço 6,31, Mosteiro de S. Pedro Pedroso,
1252.)
Vejamos, na tabela abaixo, o(s) significado(s) de algumas lexias sufixadas em
–eiro e a base a que se adjungem:
Lexia: Século
Significado(s)
BASE
N
Adj
V
Adv.
agadeira
XIII veste para proteger o corpo contra a água;
espécie de capa
X
agulheiro
(~ agujeiro)
XVI buraco na parede para suster barrotes; fresta
pequena; pl. aberturas por onde se escoam as
águas dos tanques e chafarizes
X
albergueiro
(~ albergueyro ~
albergeyro)
XIII o que dá albergue; hospedeiro
X
alfereyro
XIII Oficial do exército português, imediatamente
inferior ao tenente. Peixe dos Açores. Ant. Porta-
bandeira. Fazer pé-de-alferes, fazer corte,
galantear, namorar. (Pl. ant. Alférezes). (Do ar.
alferis). (Cândido de Oliveira, Dicionário da
Língua Portuguesa – Vol. I, p. 119, verb.
“alferes”).
X
avelaneiras
(~ avelaneyras ~
aveleiras)
XIII
(Corylus avelana)
X=
fruto da avelaneira; m.q.
~îÉäÉáê~
ANGIOS árvore de até 6 m (Corylus
avelana), da fam. das betuláceas, com flores em
amentos, as femininas em inflorescências
bulbosas e vermelhas, frutos nuciformes
subglobosos, e raízes com propriedades
medicinais; avelã, avelaneira, avelãzeira [Nativa
da Europa e da Ásia, é cultivada como
ornamental, e pelas sementes comestíveis esp.;
tb. muito us. em doces, chocolates e licores.]
X
balhadeyras
(~ bailhadeyras ~
bayladeiras)
XIV mulher que baila (por gosto ou profissão);
bailarina, dançarina
X
beesteiros
(~ baesteiro ~
baesteiro)
XIV
MIL ant. soldado cuja arma era a besta; ant.
fabricante ou comerciante de bestas ('arma')
X
bregeiro
XV
s.m. brejo; adj. canalha, malandro,
indecente
X
cabeleira
(~cabelleira)
XV o conjunto dos cabelos da cabeça, quando
longos e bastos; p.ana. cabelos postiços
naturais ou artificiais, agrupados e arranjados
numa peça única com que se cobre a cabeça,
seja como adorno, como complemento de
vestuário ou para imitar cabeleira ('cabelo')
natural; acrescente, chinó, peruca; p.ana.
conjunto de fios, filamentos ou ramificações que
X
319
lembram ou se assemelham aos cabelos que
crescem na cabeça
captiueiro
(~ cativeiro ~
captiveiro ~
catiueyro)
XIV privação de liberdade; estado de pessoa cativa
X
canelleiras
(~ caneleyra)
XIV parte de armadura que revestia as armas
X
carniceiros
(carniçeyro
~
carneceiro ~
carnjçeyro)
XII que faz grande matança, que ataca para matar;
próprio de feras ou de homem saguinário; ant.
açougueiro
X
carvalheiras
XV designação comum a várias plantas ornamentais
da família das fagáceas
X
cegeira
(~ cigueira)
XV privação do sentido da visão em um ou ambos
os olhos; fig. falta de lucidez ou de sensatez;
desvairamento, perturbação; fig. extrema afeição
por; paixão; fig. deslumbramento, fanatismo,
obcecação
X
celeiro
(~celleiro ~ çeley-
ro ~ cilleyro)
HOM
seleiro(adj.s.m)
XI construção rural onde se juntam e armazenam
cereais, forragem ou palha; paiol, tulha;
depósito de provisões, mantimentos; tulha;
p.ext. região ou país grande produtor de cereais;
p.metf. fonte abundante de (qualquer coisa)
X
cereigeira
(çerygeyra ~ cere-
geyra)
XVI
ANGIOS árvore (Prunus avium), da fam. das
rosáceas, nativa da Ásia Menor e do Irã, com
cerca de 20 m, casca lisa e cinzenta, madeira
compacta, folhas fasciculadas na extremidade
dos ramos, flores brancas e drupas comestíveis
vermelhas ou pretas, com propriedades
calmantes e laxativas; cereja-dos-passarinhos,
cereja-galega, cerejeira-da-europa; ANGIOS
arbusto melífero (Myrcia laevigata), da fam. das
mirtáceas, nativo do Brasil (SP ao RS), com
madeira us. para cabos de ferramentas, flores
em panículas axilares e bagas comestíveis
vermelho-escuras; ANGIOS m.q.
~ãÄìê~å~
(Amburana cearensis); ANGIOS m.q.
ÖáåàÉáê~
(Prunus cerasus); ANGIOS m.q.
Ö~ãÉäÉáê~J
Äê~åÅ~
(Ficus doliaria); p.met. a madeira
dessas árvores, esp. a de Prunus avium, na
Europa, e a de Amburana cearensis, no Brasil
X
chuuaçeiros
XV chuvadas; chuvaradas
X
collmeiro
XV molho de colmo (trigal)
X
dezimeiro
(~dizimeyro ~
dizimeiro)
XIV
s.m. cobrador de dízimos ou de dízima; adj.
dizimador; que ou quele que dizima
X
galinheiros
XV
galinheiro
1
cercado onde são guardadas as
galinhas; galinheiro
2
indivíduo que cria e/ou
vende galinhas
X
deanteyra
XIII a parte anterior; frente; vanguarda
X
fogueira
(fugueyra~)
XIII montão de lenha ou de outro combustível
X
320
fronteira
XIII limite que separa dois países; baliza
X
fruteiras
XVI recipiente próprio para dispor frutas, freq. sobre
mesa ou aparador, ger. em forma de prato ou
cesto e feito de vidro ou porcelana, metal,
madeira ou outros materiais; fruteiro; ANGIOS
árvore ou planta frutífera; ANGIOS arbusto
(Coussapoa schottii) da fam. das cecropiáceas,
nativo do Brasil, de folhas coriáceas e flores
avermelhadas ou ferrugíneas, em pequenos
capítulos; mata-pau
X
goteiras
XIII gotas; pingos; pequenoas porções de líquido
X
justiceiro
(~ josticeiro ~
iusticeyro)
XIII
s.m. que ou aquele que faz justiça, ou que é
partidário de uma justiça rigorosa 2 que ou quem
luta pela justiça, tomando a si a causa dos
inocentes e desvalidos da sorte 3 que ou aquele
que se arroga o direito de fazer justiça pelas
próprias mãos adj. 4 que revela caráter de
justiceiro
X
lauãdeyra
XIII planta aromática; água de lavanda [Morais 1
a.
ed.];
X
leiteyra
XIII coisas feitas de leite
mãgabeiras
(~ mangaueira ~
mangaveiras)
XVI
ANGIOS árvore de até 7 m (Hancornia
speciosa), da fam. das apocináceas, com látex
de que se faz borracha rosada, madeira
vermelha, rija, folhas ger. elípticas e flores
grandes, brancas, tubulosas [Nativa do Peru,
Brasil (da Amazônia ao Nordeste, Espírito Santo,
Minas Gerais e Centro-Oeste) e Paraguai, tem
algumas variedades, todas com frutos
conhecidos como mangaba.]; variedade dessa
árvore, de porte menor, muito pubescente e de
folhas maiores
X
moleyra
(~molleyra)
XIII
ANAT m.q.
Ñçåí~åÉä~
=çì=
cçåí∞ Åìäç
; p.ext. a
abóbada do crânio
X
outeiro
(~ outeyros ~
outeiiro)
XIII pequeno monte
ETIM lat. altar
±
um,
±
i 'altar; a parte mais alta do
altar';
X
peideira
XIII ordinária; reles; porca; fraca, mais para morrer
do que para viver
X
peiteira
(~
peiteyras)
XIV
HIP m.q.
1
éÉáíçê~ä
X=relativo a ou próprio de peito
2 ANAT diz-se de cada um dos músculos
localizados na caixa torácica anterior
X
pinheiros
(pingnero, ~ pina-
rio ~ pinneiro ~
pineiro)
XI
GIMN design. comum às árvores do gên. Pinus,
da fam. das pináceas cf. pínus; GIMN árvore
(Pinus elliottii) nativa de Cuba e do Sudeste dos
E.U.A., de folhas rígidas, cones escamosos,
sementes triangulares e madeira resinosa, de
ótima qualidade; é bastante us. em
reflorestamento devido à sua rusticidade e
rápido crescimento; GIMN design. comum a
outras árvores da classe das pinópsidas, esp.
das fam. das pináceas, abundantes nas florestas
temperadas do hemisfério norte e esp.
importantes como fonte de madeira e celulose
X
321
pombeiro
XVI
m.q.
éçãÄ~ä
; casa ou lugar em que se criam ou
se recolhem pombos; p.ext. lugar em que
avoantes fazem a postura ou procuram
alimentação e bebida
X
prestumeiros
XIII últimos; derradeiros; postremos
X
quarteiro
( ~ carteiro ~
quarteiiros ~
quarteyro ~
quartario )
XIII METR a quarta parte de um moio, equivalente a
15 alqueires; ant. imposto correspondente a
essa medida; p.met. ant. colono que pagava
esse imposto; ant. pensão paga de três em três
meses
X
seleiro
(~sselheiros)
HOM celeiro
(s.m.)
XVI lugar onde se fabrica selas
X
sombreiro
(~ sonbreyro ~
soombreiro ~
soonbreyros)
XIII
s.m. chapéu de abas largas; adj. que dá ou
faz sombras
X
tpleiros
(~ tempreiros ~
templeiro ~ ten-
preyros ~ templá-
rios ~ templaros ~
templeyro)
XIII templários; cavaleiros do templo
X
tenreiro
XI tenro; muito novo; novilho
X
trincheira
(~trincheyras ~
trincheira ~
trinchea)
XIII MIL fosso ou escavação feita no solo cuja
profundidade e parapeito servem como abrigo
aos combatentes; qualquer tipo de vedação, de
obstáculo, ger. us. como proteção ou abrigo;
p.ext. local em que se trava uma batalha, em
que se luta
ETIM fr. tranchée (c1210, trenchiee) 'cortada,
separada', part.pas. de trancher 'cortar
separando', de orig.obsc
X
valedeyro
XIII
adj. válido, legítimo, legal, que tem valor, valioso,
firme e sem cometer atos que levantassem
dúvidas; m.q. valedor
X
vinhateiro
XI
s.m. ENOL 1 cultivador de vinhas; viticultor 2
fabricante de vinho adj. 3 relativo ou
pertencente à viticultura 4 que cultiva vinhas,
viticultor 5 onde há vinhas
ETIM vinhat- (< lat. vineat
±
cus,a,um 'de vinha,
de vinhedo') + -eiro; ver vin-
X
Tabela 5.22 Algumas lexias sufixadas em –eiro com seus respectivos significados
e as bases a que se adjungem.
Vejamos, na tabela abaixo, as principais mudanças do sufixo –eiro e seus
alomorfes e homófonos em Latim e do século XI ao XVI:
322
Significados: LATIM
XI XII XIII XIV XV XVI
agentivo X X X X X X
fruto de X X
lugar onde se fabrica
X
X
coletivo; conjunto
reunião ou ajunta-
mento de X
X X X
parte ou porção de
X; numeral relativo a
X
X X
planta ornamental ou
frutífera de X
X
intensidade X
pertencente a X
ordem militar e
religiosa
X
essência de X X
locativo X X X X X
coisa(s) feita(s) de X X
característica ou
estado de X
X X X X
pequenez ou dimi-
nuição de X
X
pejoratividade de X X
árvore de X X X X
instrumento que ser-
ve para X ou que
apresenta determina-
da função
X
Tabela 5.23 – O sufixo –eiro e seus principais significados – em Latim e do século XI
ao século XVI.
Como se pode verificar, em relação às bases que derivam as lexias sufixadas
em –eiro, predominam, na maior parte, as bases substantivas, seguidas pelas bases
adjetivas. Raras são as bases verbais que originaram palavras com esse sufixo, no
entanto, ocorre, por exemplo, entre outras, nas lexias agadeira < PA aaguar < PA
água < lat. ăqua, ae; albergueyro < PA albergar < ant. prov. albergar, derivado do
gótico *haribergôn. Encontramos também uma base adverbial; esta, por sua vez, é
ainda mais rara que as bases verbais. Veja-se o exemplo, seguido de sua abonação:
323
deanteira < PA diante, prep. em frente de, em presença de < lat. de + ĭnante,
através das variantes arcaicas denante (séc. XI), * dēante, deante;
“e diz: ´Aqui estadesĐ ay velho de matreyra!
Venha Pachaco e don Roi Cabreyra
para dar a min a deanteyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 51 – 53)
Às vezes, o verbo latino no gerundivo
16
, isto é, modalidade de gerúndio latino,
com função de particípio passivo futuro
,
exprime ação que está por se realizar ou
que serealizada, origem a um substantivo em português que, por sua vez,
depois de formado recebe o sufixo, como se pode ver em lavamdeira < PA lavanda
< lat. lavanda [de lavar], gerundivo de lavāre [lavar].
No século XI, encontramos os seguintes traços semânticos relativos ao sufixo
–eiro: a) característica de X (tenreiro); b) agentivo – cultivador de X (vinhateiro); c)
locativo (celeiro); d) árvore de X (pinheiros).
No século XII, sobressae o traço semântico agentivo (carniceiro).
Em relação à semântica do sufixo –eiro, a maior parte de seus traços eram
encontrados no século XIII: a) agentivo (albergueiro, alfereyro); b) fruto de X
(avelaneiras); c) característica ou estado de X (justiceiro; peideira; prestumeiros;
valedeyro); d) planta aromática de X (lauãdeyra); e) numeral, parte ou porção
relativa a X (quarteiro); f) indivíduo pertencente à determinada ordem militar ou
religiosa (tpleiros); g) locativo (deanteyra, fronteira; moleyra; outeiro; trincheira); h)
coisa(s) feita(s) de X (leiteyra); i) pequenez ou diminuição de X (goteiras, outeiro); j)
pejoratividade (peideira); l) instrumento que serve para X (sombreiro); m) que serve
para X ou que tem determinada função (agadeiras); n) coletivo, reunião, conjunto ou
ajuntamento de X (fogueira).
No século XIV, encontramos em nosso corpus lexias sufixadas com –eiro
indicando os seguintes traços semânticos: a) agentivo (balhadeyras; beesteiros;
dezimeiro); b) planta ornamental de uma determinada família (carvalheiras); c) inten-
_______
16
Houaiss lembra-nos de que “Em português, há adjetivos e substantivos derivados de gerundivos
latinos, como venerando, memorando, adendo, e do pl. neutro, como agenda, corrigenda, fazenda;
vários neologismos formados por esse modelo, como formando, diplomando, doutorando etc.]
GRAM em latim, designação da forma verbal terminada em -ndus e que exprime uma ação do verbo
como devendo ser realizada
ETIM lat. gerund
vus (sc. modus), der. pelos gramáticos de gerundus,
part. futuro passivo do v. gerre 'fazer, produzir, executar' ver gest-“ (Houaiss, versão eletrônica)
324
sidade (chuuaçeiros); d) característica ou estado de X (captuiveiro); e) parte ou
porção de X (canelleiras); e) locativo (peiteira; seleiro).
No séulo XV, encontramos em nosso corpus lexias sufixadas com eiro
indicando os seguintes traços semânticos: a) agentivo (galinheiros); b) característica
de X (bregeiro; cegeira); c) coletivo, reunião, conjunto ou ajuntamento de X
(cabeleira; collmeiro; fruteiras); d) planta ornamental de X (carvalheiras); e)
intensidade (chuuaçeiros); e) árvore de X (gabeiras).
No século XVI, registramos em nosso corpus lexias sufixadas em –eiro
indicando os seguintes traços semânticos: a) locativo (agulheiro; seleiro; pombeiro);
b) árvore de X (cereigeira). Esses traços semânticos, no entanto, se encontram
presentes em muitas lexias do século XIII, certamente o século mais fecundo de
todos eles quando se trata do estudo do sufixo –eiro e de sua produtividade.
No Português Contemporâneo, Bechara (1999, p. 358 364), em relação ao
sufixo –eiro e suas flexões, cita os seguintes traços semânticos, e assim os
exemplifica:
a) agentivo: lavadeira, padeiro, vendeiro;
b) locativo: derradeiro;
c) abundância, aglomeração, coleção: doenceira, desgraceira;
d) lugar onde se encontra ou se faz a ação denotada pela palavra primitiva:
açucareiro, chocolateira;
e) naturalidade: brasileiro.
Comparando-se o Português Contemporâneo com o Português Arcaico,
pode-se perceber que os traços agentivo, locativo e abundância, aglomeração,
coleção, citados por Bechara (1999), se encontram presentes nas fases pretéritas
da língua. Entretanto, em relação ao traço locativo, Bechara cita exemplos mais
especializados: açucareiro é 2 recipiente que serve para guardar e/ou servir açúcar”
e chocolateira é 1 jarro em que se prepara ou serve chocolate ('bebida') 2 recipiente
próprio onde se guardam ou servem chocolates e bombons”, de acordo com
Houaiss (versão eletrônica). Nesses exemplos, como se pode facilmente verificar,
predominam os traços “recipiente ou jarro que serve para X”, realçando sua função,
diferentemente dos locativos encontrados na fase arcaica que indicam “lugar”
propriamente dito (agulheiro; celeiro; deanteyra, fronteira; moleyra; outeiro;
pombeiro; seleiro e trincheira), ou seja, com a noção concreta de área de limites
325
definidos ou indefinidos. Não se quer dizer, todavia, que os locativos com esse traço
especificamente não ocorram no português contemporâneo, como atestam os
exemplos: borralheira, capoeira, carvoeira, cascalheira, clareira, coelheira, corujeira,
espingardeira, formigueiro, galinheiro, lagarteira, puteiro, terreiro, etc., ainda que
muitos deles já fossem utilizados na fase arcaica da língua. Cumpre-se ressaltar que
o sufixo eiro, assim como muitos outros sufixos, pode reunir mais de um traço
semântico:
a) a idéia de lugar pode-se associar à grande quantidade de X (cascalheira;
corujeira; espingardeira; puteiro, etc.);
b) a idéia de lugar pode–se, restritivamente, em designativos de habitat ou de
criação de animais, associar-se à noção de conjunto, reunião, ajuntamento
ou coletivo de X (capoeira, coelheira, cupineiro ~ cupinzeiro, formigueiro,
lagarteira, passareira, termiteiro, etc.
5.2.10.1 Os sufixos –ario X –eiro:
O sufixo –ario é um sufixo erudito latino, e sua contraparte popular é o sufixo
–eiro. Entretanto, da evolução de –ario para –eiro, encontramos a forma
intermediária –airo ~ –ayro.
Sua produtividade é muito alta, desde o português arcaico, assim como
apresenta o maior número de homomórficos encontrados: –ario
1
, –ario
2
, –ario
3
,
–ario
4
, –ario
5
, –ario
6
e –ario
7
.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –ario e seus
homomórficos em Latim e dos séculos XII a XVI:
Latim: indica: a) agentivo; b) profissão de X; instrumento ou material de que
se serve aquele que executa determinado serviço;
Século XI: os
Século XII: assume o novo significado coletivo, conjunto ou reunião de X;
326
Século XIII: assume os novos significados: a) locativo; b) oposição ou
posição contrária a/de X;
Século XIV: assume o novo significado ação de X;
Século XV: aparecem os novos significados: a) característica, qualidade ou
relativo a X; b) período de tempo; c) medida de capacidade relativa a X.
Século XVI: não aparecem novos significados: os significados a) agentivo e
b) locativoapareceram em séculos anteriores, este nos séculos XIII e XIV, aquele,
em Latim.
Em relação ao sufixo –eiro, sua produtividade também é bastante alta, assim
como o número de seus homomórficos: –eiro
1
, –eiro
2
, –eiro
3
, –eiro
4
, –eiro
5
e –eiro
6
.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –ario e seus
homomórficos em Latim e dos séculos XII a XVI:
Latim: indica: a) agentivo; b) locativo;
Século XI: além dos significados presentes em Latim, assume os novos
significados: a) característica ou estado de X; b) árvore de X;
Século XII: não há a incorporação de novos significados;
Século XIII: assume os novos significados: a) fruto de X; b) coletivo, reunião
ou ajuntamento de X; c) parte ou porção de X; numeral relativo a X; d) planta
ornamental ou frutífera de X; e) pertencente a X ordem militar ou religiosa; f)
essência de X; g) coisa(s) feita(s) de X; h) pequenez ou diminuição de X; i)
pejoratividade de X;
Século XIV: assume o novo significado intensidade;
Século XV: não há a incorporação de novos significados;
327
Século XVI: assume o novo significado lugar onde se fabrica X.
5.2.11 O sufixo –(t)ório:
1. Sufixo: –(t)ório;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –(t)ōrium;
4. Português Contemporâneo: (d)ouro;
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se a bases verbais;
6. Sufixos Homófonos: ----------;
7. Variantes gráficas: –(s)ório;
8. Função: substantivador;
9. Função Gramatical: formador de substantivos (predominantemente) ou de
adjetivos a partir de verbos;
10. Relação Categorial: heterocategorial;
11. Total de Ocorrências: 5 (excetuando-se as lexias repetidas);
12. Exemplos: adjutorio (~ aiotorio); consolatoria; diversorio; lavatorio;
purgatorio;
13. Conteúdo Semântico: Em Latim, de acordo com a Gramática Superior da
Língua Latina, temos:
–torĭum ou –sorĭum indicam o lugar em que se a ão. Exs.:
auditorĭum “auditório”, de audio “ouvir”; deversorĭum “retiro”, de deuerto
“desviar” (FARIA, 1958, p. 280 – grifo nosso).
14. Consideraçãoes e Abonações: O sufixo –(t)ório documenta-se em
substantivos portugueses de cunho erudito e/ou semi-erudito. Indica as
noções de:
a) lugar onde se pratica ou pode ser praticada uma ação: ambulatório;
confessório; consultório; conservatório; crematório; dispensatório;
escritório; laboratório; lavatório, mictório; natatório; oratório; purgatório;
refeitório; reformatório; reservatório; sanatório; sudatório, etc.
328
b) meio ou instrumento: reclinatório; repositório; ruptório; supositório;
vomitório., etc.
Em relação ao Português Arcaico, vejamos algumas abonações com o
sufixo –(t)orio e sua respectiva semântica:
a) Indica local onde se processa X:
“(...) quam grande prazer os servos devam de correr, pera o bautismo do Senhor,
pois que o Senhor teve por bem de receber o bautismo do servo; e que se nom
afaste alguũ do lavatório da graça, pois se el nom afastou do lavatório da
peendença.”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, b, § 808, l. 22 – 27, p. 291)
Teu irmãao jaz em na pena e na ardura do purgatorio
(Graal, v. I, p. 244, apud DLPA, p. 119, verb. Ardura)
“E, segundo Beda, diversório é spaço de chaão que toma duas ruas e é çarrado de
cada parte, mas tem duas portas, cada ũa em sua rua, porque possa haver saída e
ambas e, de-cima, é cuberto de alpênder, por seer guardado da calma e do frio, por
tal que nos dias das festas possam os homeẽs viir ali a folgar. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, b, § 343, l. 1 – 8, p. 119)
“(...) E aquêles que viinham aaquela cidade de Belem por alguãs cousas arrecadar,
acostumavam de poer ali as bêstas; e portanto se chamava diversório, porque
muitos descairados homeẽs se ajuntavam a êle [Beda], e entom muitas beestas
stariam ali, segundo é entender.”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, b, § 343, l. 9 – 18, p. 119)
b) Indica característica de X; que serve para X:
“(...) Esta [vida] é consolatória ao soo, e mui boõ companheiro, pera haver prazer
cada dia, e confôrto de grande solaz e tôrre de forteleza contra a face do imiigo e
contra a tribulaçom e tentaçom do pecador. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, a, § 20, l. 13 - 18, p. 11)
329
Vejamos, na tabela abaixo, a semântica das lexias sufixadas em –(t)ório ~
–(t)ória presentes em nosso corpus e a base a que se adjungem:
Lexia: Século
Significado(s)
N Adj
V
adjutorio
(~ ajotorio)
XV auxílio; ajuda; socorro
X
consolatoria
XV consolador; consolativo;que serve para consolar; próprio
para consolar
X
diversorio
hospedagem; hospedaria; albergaria
X
lavatorio
ação de lavar; móvel de quarto; móvel onde se lava a
cara e as mãos; móvel com bacia e jarro de água para
lavar o rosto e as mãos; recipiente de louça ou ferro
esmaltado, us. com essa finalidade; B pia com água
corrente e escoamento, para o mesmo fim; p.ext. B
banheiro provido de lavatório ('pia'); lavabo; ato de
lavar(-se); lavagem; LITUR.CAT água bebida após a
comunhão; fig. ato de purificação; limpeza; AMAZ poça
onde se banham animais; HIST.REL nos antigos
mosteiros, fonte perto da porta do refeitório que servia
aos monges em suas abluções, antes das refeições
[Quando não tinham lavabo no dormitório, aí também se
lavavam pela manhã e era na pia de pedra ou bacia
dessa fonte que banhavam seus mortos, antes de
enterrá-los.]
X
purgatorio
purgatório; lugar de purificação onde as almas se
preparam para subir ao Céu; TEOL lugar onde as almas
dos que cometeram pecados leves acabam de purgar
suas faltas, antes de ir para o paraíso; fig. qualquer
lugar onde se sofre; p.ext. sofrimento para purificação
de crimes ou faltas cometidas; expiação
X
Tabela 5.24 – As lexias sufixadas em –(t)orio ~ –(t)oria com seus respectivos
significados e as bases a que se adjungem.
A tabela abaixo apresenta as principais mudanças do sufixo –(t)orio do Latim
ao século XVI:
Significados: LATIM
XI XII XIII XIV XV XVI
locativo X X X
meio ou instrumento X
característica de X;
que serve para X
X
Tabela 5.25 O sufixo –(t)orio ~–(t)oria e seus principais significados em Latim e
do século XI ao século XVI.
330
No Português Contemporâneo, Bechara (1999, p. 359 e 364) aponta o sufixo
–(t)ório com os seguintes valores semânticos:
Formador de Substantivos:
a) para indicar lugar:
–(t)ório: dormitório
Formador de Adjetivos:
a) –(t)ório: expiatório, satisfatório
5.2.12 O sufixo –(d)oiro:
1. Sufixo: –(d)oiro;
2. Origem: latim;
3. Étimo: –(t)ōrium;
4. Português Contemporâneo: (d)ouro;
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se a bases verbais;
6. Sufixos Homófonos: –(d)oyro;
7. Variantes Gráficas: ----------;
8. Função: substantivador;
9. Função Gramatical: formador de substantivos e de adjetivos
(predominantemente) a partir de verbos;
10. Relação Categorial: heterocategorial;
11. Total de ocorrências: 16 (excetuando-se as lexias repetidas e/ou que
encontram variação gráfica);
12. Exemplos: aaguadoiros; aiudoiro (~ ajudoiro ~ ajudouro ~ ajudoyro);
amadoiro; avorrecedoira; bebedoiro (~bevedoiro); complicadoira (~
compridoiras); coredoiras (~ corredoria); dizedoiras; duradoira;
fazedoiras; lavadoiras; manjadoiras; passadoiras; sumidouro; valedoyro
(~ valedoiro) e viindoira;
331
13. Conteúdo Sermântico: De acordo com o Dicionário Etimológico Nova
Fronteira da Língua Portuguesa (1986),
–(d)ouro suf. nom., der. do lat. –(t)ōrium, que se documenta em
substantivos portugueses de cunho erudito e/ou semi-erudito, com as
noções de: (i) lugar onde uma ação de pratica ou pode praticar:
ancoradouro, matadouro, etc; (ii) meio ou instrumento: dobadoura, suadouro
etc. O sufixo –douro ocorre nos derivados portugueses com as formas
–adouro, –edouro e –idouro, correspondentes às terminações –ar, –er e –ir
dos verbos da 1ª., 2ª. e 3ª. conjugações, respectivamente:
escoadouro/escoar, batedouro/bater, sumidouro/sumir. No port. med. Era
mais freqüente a forma –(d)oiro (debáádoyra XIV, desejadoiro XV etc.).
(CUNHA, 1986, p. 277, verb. –(d)ouro).
14. Considerações e Abonações: O sufixo –douro, que em port. ant. se
dizia –doiro, de acordo com MACHADO (DELP, vol. I, 2003, p. 354,
verb. –doiro, –douro), “[...] procede do lat. –toriu; em alguns casos
filia-se ao part. pass. do futuro em –turu (vindouro de venturu–;
morredouro de morituru, etc.) [...]” e indica ou exprime:
a) lugar onde uma ação se pratica ou pode praticar:
lat. saginaturus > port. cevadouro
lat. sanguiturus > port. sangradouro
lat. surgĕturus > port. surgidouro
b) meio ou instrumento:
lat. dobatura > port. dobadoura [enrolado, formando novelo;
enovelado]
lat. cingitura > port. cingidouro
lat. suatura > port. suadouro.
Os instrumentos geralmente são formados com as formas femininas do
sufixo:
1. A forma feminina –(d)oira, –(d)oira, serve em português... quase
exclusivamente para formar nomes de instrumentos, encontrando, como
é natural, principalmente na terminologia rústica (sic). São raros em latim,
332
vocábulos em –oria. Têm a sua origem provàvelmente no neutro do plural,
como sucede com tonsoria > tesoira, ou em substamtivações do tipo falx
messoria “fouce destinada a ceifar” (de mĕtĕre messus)...” (J. Piel, no
B.F., VII, p. 41, apud MACHADO, DELP, vol. II, 2003, p. 354, grifos
nossos).
Em relação ao Português Arcaico, vejamos algumas abonações
com o sufixo –(d)oiro e seus alomorfes e sua respectiva semântica:
Vejamos, na tabela abaixo, o(s) significado(s) das lexias sufixadas em
–(doiro) e seus alomorfes e a base a que se adjungem:
Lexia: Século
Significado(s) N
Adj.
V
aaguadoiros
XIV molho de linho em rama; cova; fosso, tanque com
água onde se faz o curtimento do couro; TÊXT lugar
em que o linho é colocado para que seja curtido por
maceração em água
X
ajudoiro
(ajudouro ~
ajudoyro ~
aiudoyro)
XIII auxílio, ajuda, socorro
X
amadoiro
(~ amadoyro ~
amadouro)
XIV de amor; que diz respeito ao amor
X
avorrecedoira
(~ aborrecedor)
XIV aborrecedoura; que aborrece
X
bebedoiro
(~ bevedoiro ~
bebedouro)
XVI recipiente onde os animais matam a sede; bebedor;
B aparelho, elétrico ou não, ligado à tubulação de
água, freq. munido de torneira que jorra para cima,
da qual o usuário aproxima a boca para beber, e
eventualmente tb. para baixo, o que permite encher
um copo ou similar; bebedor
X
complicadoria
(~ compridoiras ~
conpridor ~
conplidor ~
cumpridor)
XIV cumpridoura; que se deve cumprir; satisfatória;
completa; necessária
X
coredoiras
(~ corredoria)
XII corredores; córregos; via, rua larga que se destina
às corridas; corredoura; corrida prolongada; ação
contínua de correr
X
dizedoiras
XIII que há de ser dito/proferido/enunciado/exposto em
palavras;
X
333
duradoira
(~ duradouro)
XV duradouro; que há de durar; que pode ter ou tem
muita duração; duradeiro, durador, durável
X
fazedoiras
XV fazedouro; que se deve fazer
X
lavadoiras
XV
lavadoiro; lavadouro; local onde se lava; s.m. local
ou tanque us. para lavar roupa; pedra sobre a qual
se ensaboa roupa; GRÁF tanque onde se lavam as
formas (ô), depois de saídas da impressão; MARN
cova aberta junto ao tabuleiro do sal para onde
varriam o produto da marinha para tirar-lhe as
impurezas adj. TRM que se presta à lavagem de
roupa(s)
X
manjadoira
(~ manjedoura ~
mangedoura ~
manjadoura ~
manjedoira)
XV manjedoura; tabuleiro fixo onde se deita comida aos
animais nas estrebarias
ETIM prov. do it. mangiatoia (d1292) 'id.'; há quem
derive do v. port. manjar (Houaiss)
X
passadoiras
(~
passadòuro,
s. XVIII)
XIV passadouro; passadoiro; que há de passar
X
sumidouro
(~ ssomjdoyro)
XV orifício, fenda ou similar, por onde algo desaparece;
abertura por onde a água se escoa; escoadouro; rio
que desaparece para dentro da terra, ressurgindo
em outros locais mais baixos; escoadouro; curso
subterrâneo de rio ou arroio, através de rochas
calcárias; itararé, grunado; p.ext. valeta, sarjeta,
bueiro, esgoto; fig. lugar onde se perdem objetos
continuamente; fig. lugar onde pessoas
desaparecem
X
uuiduyra
(~ viindoria)
XIV que há de vir ou acontecer
X
valedoiro
XV
adj.s.m. m.q.
î~äÉÇçê
X= adj. m.q.
î~äáçëç=
; que ou
o que vale, ajuda, ampara, presta auxílio (a alguém);
defensor, protetor, valedouro
X
Tabela 5.26 O sufixo –(d)oiro em algumas lexias do Português Arcaico com a
base a que se adjungem e seus respectivos significados.
Vejamos, na tabela abaixo, as principais mudanças do sufixo –(d)oiro e seus
alomorfes em Latim e do século XII ao século XVI:
Significados: LATIM
-(t)ōrium
XII XIII XIV XV XVI
locativo X
meio ou instrumento X
característica de X;
que se refere a X; que
X X X X
334
serve para X
Tabela 5.27 O sufixo –(d)ouro e seus principais significados em Latim e do
século XII ao século XVI.
Pode-se notar, em relação ao Português Arcaico, que o sufixo –(d)oiro, e
seus alomorfes, não é muito produtivo nesta fase da língua, embora produza
algumas formas próprias a ela. Sua vitalidade, entretanto, ainda se mantém no
Português Contemporâneo, gerando novas lexias sufixadas no léxico português.
As lexias sufixadas com –(d)oiro são mais antigas que as sufixadas em
–(d)ouro; estas só se fazem presentes em português do século XIV em diante
enquanto aquelas já se fazem presentes desde o século X, embora apareça em uma
única lexia (criadoiro). No século XI, não encontramos lexias sufixadas em –(d)oiro;
sua produtividade ocorre com mais freqüência a partir do século XIII; no século XII,
foram encontradas apenas as lexias aradoiro e bebedoiro sufixadas com o referido
sufixo.
Ao darmos uma pida olhada na produtividade do sufixo –(d)oiro ~ –(d)ouro
na fase arcaica da Língua Portuguesa, em Houaiss (versão eletrônica)
17
e em Cunha
(1986), pudemos fazer o levantamento que segue:
–(D)OIRO
Século X criadoiro
Século XI
ø
Século XII aradoiro – bebedoiro – beuedoiro
Século XIII dormidoiro embarcadoiro vessadoiro (subst.) [
diz-se de ou certo
arado com que se lavra a terra para semear o milho grosso”]
Século XIV ajudoiro ajudoyro ajuntadoiro casadoiro duradoiro
pagadoiro passadoiro peadoiro recebedoiro refreadoiro
rendedoiro – suadoiro – sumidoiro – valedoiro – vendedoiro – vindoiro
Século XV ajudadoiro amadoiro cevadoiro duradoiro excomungadoiro
fazedoiro – lavadoiro – miradoiro – valedoiro – vendedoiro – vindoiro
Século XVI bevedoiro – desembarcadoiro
335
–(D)OURO
Século XIV acusadouro – adjudouro – ajudouro – amadouro comedouro –
suadouro – vĩjdoura (fem.)
Século XV ssomjdouro – sumidouro –
Século XVI batedouro – bebedouro – calcadouro – casadouro – cingidouro
degoladouro desemborcadouro duradouro embarcadouro
escondedouro estendedouro – lavadouro – miradouro – quaradouro
(s. XVI s. XVII) resvaladouro sangradouro seladouro
varadouro – vindouro
Tab. 5.28 A produtividade dos sufixos –(d)oiro ~ –(d)ouro em algumas lexias dos
séculos X ao XVI, de acordo com Houaiss (versão eletrônica) e Cunha (1986).
Em relação ao Português Contemporâneo, Bechara (1999, p. 359) menciona
os seguintes valores do sufixo –(d)ouro:
Para formar substantivos:
indicativos de lugar, meio, instrumento:
–douro, –doura: bebedouro, manjedoura
Para formar adjetivos:
–douro: vindouro, imorredouro
5.2.12.1 Os sufixos –(t)orio X –(d)oiro:
O sufixo –(t)orio ~ –(s)orio é um sufixo erudito latino. Sua produtividade pode
ser considerada baixa, uma vez que aparece em apenas 5 lexias
desconsiderando-se as repetidas : adjutorio (~ aiotorio); consolatoria; diversorio;
lavatorio; purgatorio.
_______
17
Infelizmente, muitas lexias sufixadas em –(d)oiro ~ –(d)ouro (e flexões) registradas por Houaiss
não receberam a datação; grande parte delas, acreditamos, foram copiadas de outros dicionários.
336
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –(t)orio ~ –(s)orio
em Latim e dos séculos XII a XVI:
Latim: indica: a) locativo; b) meio ou instrumento;
Séculos XI, XII, XIII e XVI: não aparecem lexias sufixadas com (t)orio ~
–(s)orio;
Século XV: aparecem os novos significados característica de X; que serve
para X.
Em relação ao sufixo –(d)oiro ~ (d)oyro, encontramos 16 lexias com ele
sufixadas, excetuando-se as lexias repetidas. São elas: aaguadoiros; aiudoiro (~
ajudoiro ~ ajudouro ~ ajudoyro); amadoiro; avorrecedoira; bebedoiro (~bevedoiro);
complicadoira (~ compridoiras); coredoiras (~ corredoria); dizedoiras; duradoira;
fazedoiras; lavadoiras; manjadoiras; passadoiras; sumidouro; valedoyro (~ valedoiro)
e viindoira.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de (d)oiro e seus
alomorfes em Latim e dos séculos XII a XVI:
Latim: indica: a) locativo; b) característica de X; que se refere a X ou que
serve para X;
Séculos XII e XVI: não aparecem lexias sufixadas com –(d)oiro ~ –(d)oyro;
Século XIII e XIV: o sufixo o apresenta novos significados;
Século XV: o sufixo assume o novo significado meio ou instrumento.
5.2.13 O sufixo –ura e seus alomorfes:
1. Sufixo: –ura;
337
2. Origem: latim;
3. Étimo: ūra;
4. Português Contemporâneo: –ura;
5. Categoria Morfológica da Base: liga-se a bases substantivas, adjetivas e
verbais;
6. Sufixos Homófonos: -------------;
7. Variantes gráficas: –(d)ura ~(s)ura ~ –(t)ura;
8. Composição: simples;
9. Função sintático–semântica: substantivador;
10. Função gramatical: formador de substantivos;
11. Relação Categorial: heterocategorial
12. Total de ocorrências: 168;
13. Exemplos: altura, amargura, amgustura, angustura, ardura, baixura,
caentura, creatura, dulçura, esculptura, esfoladura, espessura, fendedura,
ferradura, fervura, folgura, fremosura, inchadura, rancuras, rosura, sopoltura,
etc. ;
14. Conteúdo semântico: o sufixo –ura indica qualidade, propriedade ou
maneira de ser de X (cf. alvura, doçura).
Os sufixos –(d)ura e –(t)ura documentam-se em substantivos portugueses
de cunho erudito ou semi-erudito, com a noção de resultado ou instrumento
de ação (cf. mordedura, escritura), noção coletiva (armadura, magistratura).
O sufixo –(s)ura documenta-se em substantivos portugueses de cunho
erudito ou semi-erudito, com a noção de resultado ou instrumento de ação (cf.
censura, clausura).
O sufixo –dura apresenta-se ainda com as formas –adura, –edura e –idura,
correspondentes às terminações dos verbos da 1ª., 2ª. e 3ª. conjugações,
respectivamente (cf. atadura < atar; roedura < roer; brunidura < brunir).
15. Considerações e Abonações: Em Latim, –ura junta-se ao radical de
supinos (cf. captura, conjectura, cultura, jactura, mercatura, pictura, sepultura,
etc.) e indica resultado de ação ou ação propriamente dita (– freqüente)
sendo denominado, por essa razão, resultativos. Indica ainda:
a) um complexo , um todo formado da reunião de muitas coisas do
mesmo gênero (cf. scriptura [complexo de cousas escritas], armatura
338
[complexo d´armas, homens armados formando um todo, um corpo de
tropas], figura [feição, figura, complexo e resultado dos traços do
rosto], etc.
b) complexo de ações ou operações que constituem uma arte ou ofício
designando a arte mesma (cf. agricultura, mercatura, etc.) ou a sua
produção (pictura, sculptura, textura, etc).
No Português Arcaico, encontramos o sufixo –ura indicando:
a) resultado de ação ou ação propriamente dita:
“(...) E bem emtemdiam que elles e os do termo era per força de se colherem a ella
[çidade], e que nom poderiam caber demtro com todas suas cousas, sem gramde
pressa e amgustura.”
(CDF, Cap. LXXIII, § 2º., l. 14 – 17, p. 58)
b) locativo:
“´Onde, antre tantos ramos de mirra bem cheirante, nom leixei a mirra que em a cruz
beveu, nem aquela com que foi ungido na sepultura, das quaaes na primeira ajuntei
a amargura dos meus pecados e na segunda a corruçom do meu corpo viindoira.
(...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, d, § 28, l. 1 – 6, p. 13)
c) conjunto de X; noção coletiva:
“(...) E assi que, tornando a meu propósito, digo que êste nobre príncipe [Iffante Dom
Henrique] ouve a estatura do corpo em boa grandeza, e foe homem de carnadura
grossa, e de largos e fortes membros; a cabelladura avia algum tanto alevantada; a
côr de natureza branca, mais, polla continuaçom do trabalho, per tempo tornou
doutra forma.”
(CFG, Cap. II, § 10., l. 2 – 9, p,. 29)
d) qualidade ou característica do que é ou está X:
“... querendo provar per exemplo e per experiencia a dereitura e a justiça nom
afrouxada do barom de Deus”
(Fr. Menores, v. I, p. 270, apud DLPA, p. 265, verb Dereitura)
339
“(...) e muitas [aves] hi há que por razom da friura do inverno se partem desta [a
terra de Zaara] terra, e se vaão buscar aquella [terra de Guinee] por causa de sua
queentura, (...)”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 17 – 20, p. 68)
e) objeto ou peça de X:
“(...) açertou o canello da ferradura da maão ho teçido dhuuma fivella das solhas de/
Nun´Allvarez, de guisa que el nom se podia desapremder do cavallo, e alli cuidou de
seer logo morto.”
(CDF, Cap. CXXXVIII, § 5º., l. 27 – 28, p. 119; l. 1 – 2, p. 120)
f) ato ou efeito de X; produção ou ofício de uma arte ou técnica X:
“[...] e aqueles [ouriços] herã cheos dhuũs graãos vermelhos pequenos, que
esmagandoos antre os dedos fazia timtura muito vermelha [...]”
(VCPVC – fl. 8v – l. 27 – 29)
g) sentimento de X:
“e agora, ei coitad´a viver
e nen son poucas par Deus, mias rancuras,”
(LPGPI – 4,1. – p. 85 – vv. 10 – 11)
h) grande extensão de X:
“(...) Maravilhosa conversaçom de cousas, que o homem, que ainda escassamente
entrara no mundo, fugisse da glória do mundo/e nom solamente se esquecesse de
cobiiças do mundo, mas ainda nom as quisesse saber e fezesse perpétua
companhia com Deus. As saídas ou acabamentos dos montes e a espessura do
mato, e a [vastura] dos vales ou baixura dêles eram as casas e moradas do moço
patriarca, quando [a noite] o constrangeu. (...)”
(LVC, Cap. XIv, fl. 47, c – d, § 543, l. 12 – 13, p. 193)
i) a cor de X:
“Partidas assi aquellas seis caravellas, levarom seu caminho ao longo da costa, e
andarom assi tanto que passarom aa terra de Zaara, dos Mouros que som
chamados Azanegues, a qual terra he assaz boa d´estremar da outra, por razom das
muitas areas que hi há, e des i verdura, que em ella nom parece, e esto é pollo
fallecimento das auguas, que geera em ella grande secura.”
340
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 4 – 12, p. 68)
j) tudo o que serve para X:
“... huã virgem com cabelos longos... e as suas vistiduras velhas...”
(Corte Imperial, p. 149, apud DLPA, p. 564, verb. vistidura)
Vejamos, na tabela abaixo, a semântica de algumas lexias sufixadas em –ura
e a base a que se adjungem:
Base:
Lexia: Século
Significado(s) V
Adj.
N
altura
XIII qualidade do que é alto; alteza; taa]manho de
alguém ou algo; dimensão de um corpo considerado
verticalmente, da base ao cimo
X
amargura
XIII propriedade ou característica de x
X
angustura
m. q. angústia
XIII angústia ('inquietude'); passagem estreita, entre
ribanceiras; desfiladeiro, garganta;
estado de x
X
apostura
m. q. postura
XIII boa presença; elegância, aprumo;
posição de x
X
ardura
ant. m. q. ardor
XIV inflamação; fogagem
X
baixura
m. q. baixeza
XV característica de x;
o estado de um objeto colocado em lugar x
X
bravura
ant. m. q. braveza
XIV coragem, bravor;
ato de destemor
qualidade do que é bravo
X
carnadura
XV aparência ou qualidade externa do corpo;
constituição física; compleição
qualidade de x
X
cavadura
m. q. cavadelo
XV ação ou ato de x
X
cobertura
XIII aquilo que serve para cobrir ou envolver;
ato ou efeito de x
X
comedura
m. q. comedorias
XV sustento; alimentos
X
cordura
XIII juízo;
prudência
X
341
cozedura
XII preparar pela ação do lume (falando dos alimentos)
X
criatura
XIII todo o ser criado; pessoa ou coisa, resultante de
uma criação
X
defumadura
m. q. defumação
XIV queima, esp. sobre brasas, de ervas, resinas e
raízes aromáticas (alecrim, benjoim, alfazema etc.)
para perfumar ambientes
ato ou efeito de x
X
dilicaduras
XV que é delicado; m. q. delicadeza
X
doçura
XV qualidade ou gosto de doce (iguaria´)
X
enverregadura
XV cheio de verrugas; abundante em verrugas
X
escritura
XIII (ant.) o escrito; documento autêntico de um contrato,
feito perante tabelião público de notas ou ante a
chancelaria consular; escritura; escrita; o escrever
X
escultura
XVI obra de escultor;
escultura
X
esfoladura
XIII ato ou efeito de esfolar-se
X
espessura
XIV qualidade ou característica de x; alto grau de
densidade, consistência
X
estatura
XV altura de x; importância, magnitude
X
falssura
(~ falsura)
(p. us.)
XVI falsidade; impostura; mentira
X
fazedura
XVI ato de x; feitura, fazimento; o que se faz de uma vez
X
feitura
XIII ato, efeito ou processo de fazer(-se);
elaboração
X
fendedura
abertura que se manifesta em uma coisa fendida,
rachada
X
fermosura
XIII característica do que é x
X
ferradura
XII Chapa de ferro à feição do casco das bestas e com
a qual são ferradas
X
fervura
XIV estado de ebulição, o movimento de qualquer líquido
quando ferve
X
folgura
(ant.) m. q.
folgança
XV espaço de tempo durante o qual se interrompe uma
atividade ou trabalho; descanso
X
fresura
XV ato, efeito ou processo de fresar (?)
X
friúra
XIII frio; frialdade; frieza
X
fundura
XV extensão medida da superfície de algo (lago, poço
etc.) até o fundo; profundidade
X
342
grandura
(pop.)
XV grandeza;
tamanho
X
grossura
XIII qualidade de grosso; característica do que tem
espessura, do que tem proporções volumosas;
corpulência
X
inchadura
(p. us.)
XV ato ou efeito de inchar(-se)
X
jactura
XVI Fato de ter ou possuir algo; perda; prejuízo, dano
X
letradura
(p. us. m. q.
literatura)
XIV (literatura)
X
longura
XIV característica do que é longo, do que se apresenta
grande extensão de espaço; comprimento; a
extensão de algo
X
loucura
XIII loucura; caráter ou qualidade do que é louco
X
machucadura
XVI contusão; pisadura
X
mesura
XIII cumprimento cerimonioso; reverência; cortesia
X
molura
(ant.) m.q. molú-
ria; moleza
XVI orvalho abundante, que amolece a terra;
molúria.
X
mortura
XV (?) m. q. morte(?)
Em Caldas Aulete, encontramos somente a forma
pluralizada:
(ant.) morturas – “O mesmo que mortulhas – impôsto
pago à Igreja, dos bens do defunto”
X
negregura
(m.q. negrura)
XV cor negra; qualidade do que é negro, a negridão;
escuridade
perfumadura
XVI o ato de perfumar
X
pintura
XII arte de pintar
X
postura
XIII colocação; disposição do corpo; maneira; modo de
ter o corpo, a cabeça
X
pregadura
XV Série ou conjunto de pregos que seguram ou servem
de adorno; pregaria
X
quentura
XIII calor; calmaria; calma; alto grau de temperatura
X
queixadura
XIII ato ou ação de queixar-se
X
rancura
(m.q. rancor)
XVI rancor;
pena;
queixume
X
rosura
XVI
cor de rosa, cor rosada, róseo
Obs.: Não foi encontrado o século desta lexia. Nem
mesmo Bluteau a registra em seu Dicionário Latino
e Portuguez. A abonação encontra-se na obra Da
Pintura Antiga, de Francisco de Holanda. Edição de
Joaquim Vasconcelos [s.d.]. Transcrevemo-la do
X
343
Dicionário da Língua Portuguesa Arcaica, de
Zenóbia Collares Moreira, p. 514, verb. Rosura.
Entretanto, cremos ser uma lexia utilizada no século
XVI, uma vez que Francisco de Holanda, mais
corretamente Franscisco Olanda, nasceu em
Lisboa em 1517 e morreu em 1585, tendo sido
humanista, ensaísta, arquiteto e historiador e
considerado um dos maiores renascentistas
portugueses. Da Pintura Antiga foi escrita em 1548
(cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_ de_
Holanda Acessado em 19/06/2008 – 19:51h).
secura
XIV qualidade, estado ou condição de seco; falta de
água; estiagem
X
sepultura
XIII sepultura; enterro; ação de prestar ou receber as
honras fúnebres
X
singradura
XV ão ou efeito de singrar
X
spartedura
XVI ação de espartir
X
tintura
XIV ato ou efeito de tingir; tingidura
X
tristura
(m.q. tristeza)
XIII estado do que se acha triste; tristeza
X
untura
XIV ação ou efeito de untar, untadura, untela;
medicamento próprio para untar
X
verdura
XIV originalmente, a cor verde dos vegetais;
verdor
X
vestidura
XIII tudo o que serve para vestir; vestimenta; roupa;
vestuário; fato
X
Tabela 5.29 O sufixo –ura e seus alomorfes em algumas lexias do Português
Arcaico com a base a que se adjungem e seus respectivos significados.
Do total de 63 lexias analisadas acima, podemos perceber que 32 juntam-se a
bases verbais (32); 20 a bases adjetivais, e apenas 8 a bases nominais; 3 não foram
encontradas, sendo suas bases desconhecidas, apenas podemos fazer uma
“suposição” sobre elas. São elas: delicadura (> delicado + ura); enverregadura (>
enverrugar (?) + ura )e mortura (> morte + –ura). Visualizando-se o gráfico abaixo
para termos uma melhor visão das bases a que se liga o sufixo –ura e seus
alomorfes, inclusive de sua porcentagem, temos:
344
BASES A QUE O SUFIXO -URA E
SEUS ALOMORFES SE AGREGAM
base
desconhe
cida; 3;
5%
base
verbal;
32; 50%
base
nominal;
8; 13%
base
adjetival;
20; 32%
base verbal base nominal
base adjetival base desconhecida
Gráfico 1.2 – Bases a que o sufixo –ura e seus alomorfes se agregam
Vejamos, na tabela abaixo, as principais mudanças do sufixo –ura e seus
alomorfes em Latim e do século XII ao XVI:
Significados: LATIM XII XIII XIV XV XVI
qualidade,propriedade,
característica ou
caráter de x
X X X X
estado ou condição de
x
X X X X
instrumento/objeto
feito de x
X X
ato, ação resultado da
ação ou efeito dela
X X X X X X
posição de x X
locativo X
cheio de x / abundante
em/de x
X
que serve para x X
arte ou ciência de x X
cor de x X
345
espaço de x X
extensão de x X
obra de x
X
Tabela 5.2.30 Significados do sufixo ura e de seus alomorfes em Latim e do
século XII ao século XVI.
5.2.13.1- Os sufixos –(d)ura ~ –(t)ura ~ –(s)ura X –ura:
O sufixo –ura é um formador de substantivos abstratos, conexo com as
terminações latinas –tūra e –sūra, formas eruditas, provindas de uma relação de
adjetivos latinos.
Em relação à forma –(d)ura, temos:
[...] importa ter presente a f. seg., tornada característica na f. em -ura,
já que, de verbos, não se baseia em seu supn. ou part.pas.; é que são todos
de v. latinos em -ère tornados, da conj. lat., todos da conj. port.; é
evidente que a term. em -dura, após a nova vogal temática -e- provinda de -
è- (2ª < 3ª), é analógica da imensa maioria das que são comparáveis:
arremetedura (lat. mittère > port. meter), benzedura (lat. benedicère > port.
bendizer), corredura (lat. currère > port. correr), cosedura (lat. consuère >
port. coser), destecedura (lat. texère > port. tecer), entretecedura (id.),
escondedura (lat. abscondère > port. esconder), escrevedura (lat. scribère >
port. escrever), espremedura (lat. exprimère > port. espremer), lambedura
(lat. lambère > port. lamber), mordedura (lat. mordère > port. morder),
recozedura (lat. coquère > port. cozer), sorvedura (lat. sorbère > port.
sorver), tecedura (ver destecedura), tenedura (lat. tenère > tener, A.
Nascentes acha duvidoso o étimo de tenedura), varredura (lat. verrère >
port. varrer) (Houaiss, versão eletrônica, verbete –ura).
Sua produtividade é alta, já no português arcaico.
Podemos perceber a seguinte evolução dos significados de –ura ~ –(d)ura ~
–(t)ura ~ –(s)ura em Latim e dos séculos XII a XVI:
Latim: indica: a) qualidade, propriedade, característica ou caráter de X; b)
estado ou condição de X; c) instrumento/objeto feito de X; d) ato, ação, resultado da
ação ou efeito dela;
346
Século XII: o único significado presente qualidade, propriedade,
característica ou caráter de X já aparece em Latim;
Século XIII: além dos significados presentes em Latim, aparecem novos
significados: a) posição de X; b) cheio de; abundante em/de X; c) que serve para X;
Século XIV: além dos significados presentes em Latim, aparecem novos
significados: a) arte ou ciência de X; b) cor de X;
Século XV: o sufixo –ura e seus alomorfes assumem novos significados:
a) espaço de X; b) extensão de X;
culo XVI: o único significado novo que passa a ser indicado por –ura é
obra de X; os demais já estão todos presentes em Latim.
347
6 CONCLUSÃO
Esta Tese apresenta duas partes bem delimitadas: uma teórica e outra
prática.
Na parte teórica, tratamos de algumas questões de capital importância a
este trabalho: origem, fases, períodos e sub-períodos da Língua Portuguesa, sem a
pretensão de esgotarmos o assunto ou de aprofundá-lo, assim como do objeto
específico deste estudo, o sufixo.
Em relação à Língua Portuguesa, é inegável sua origem e/ou evolução do
Latim, assim como acontece com as demais línguas românicas: o catalão, o
dalmático, o espanhol, o francês, o italiano, o occitano, o galego (galego-português),
o português, provençal, o rético, o romeno e o sardo.
Não um consenso em relação às fases da Língua Portuguesa. As balizas,
em relação à sua periodização e sub-periodizações não são bem demarcadas,
assim como a terminologia empregada por estudiosos (gramáticos, gramáticos
históricos, filólogos, lingüistas), entretanto, esses estudiosos (Leite de Vasconcelos,
Serafim da Silva Neto, Pilar Vasquez Cuesta, Luis Felipe Lindley Cintra, Maria
Helena Mira Mateus), para citarmos apenas alguns, utilizam-se de termos literários e
não genuinamente lingüísticos quando tratam dessa questão. Exceções à parte,
constituem as visões de Evanildo Bechara e de Dieter Messner a esse respeito.
Bechara inova em sua periodização porque, além de levar em conta inovações
fonéticas, não deixa de referir-se também a critérios morfológicos e sintáticos, e
Messner chega a afirmar:
O que estou fazendo desde alguns anos é repensar (e isso não
isoladamente com base numa única língua, a portuguesa, mas sim em
várias nguas) o que os outros diziam e continuam a dizer sobre os
períodos da língua portuguesa. (MESSNER, 2002, p. 101).
Esse assunto muito polêmico foi bastante trabalhado também por
outros autores: Ivo Castro, Paul Teyssier, entre outros, cremos, contudo, que essa
questão está ainda bastante distante de ser resolvida e não é tão simples chegar-se
a um denominador comum que agrade a todos, fazendo com que seja aceita uma
única posição.
348
Em relação à História da Língua Portuguesa, especialistas são unânimes em
reconhecer três fases: a) a arcaica; b) a clássica; c) a moderna ou contemporânea.
Contudo, pode-se e deve-se – reconhecer ainda a posição de Rosa Virgínia
Mattos e Silva, uma das maiores autoridades em Lingüística Histórica e História da
Língua Portuguesa no Brasil, que chega a afirmar categoricamente em relação ao
português arcaico propriamente dito:
[...] o período da língua portuguesa que se situa entre os séculos XIII
e XV [...] qualquer tentativa de periodização histórica, como qualquer
classificatória ou taxionomia é arbitrária e está necessariamente
condicionada pelos princípios que estão na base da classificação. A
delimitação do português arcaico, no fluxo da história da língua portuguesa,
não poderá fugir a essa fatalidade. (MATTOS E SILVA, 2006, p. 21 grifo
nosso)
É importante frisar–se também que o século XVI é considerado um divisor de
águas entre as fases arcaica e moderna da Língua Portuguesa, de modo que
Coutinho (1976) chega a afirmar que muitos traços a partir deste século começam a
distinguir a língua portuguesa da utilizada em Portugal em séculos anteriores. Além
do mais, as leis gramaticais começam a ser fixadas, como bem observou Quadros
(1966), e ocorrem ainda as publicações das primeiras gramáticas portuguesas: a) a
Grammatica da lingoagem portugesa, de Fernão de Oliveira (1536); b) a Grammatica
da lingua portuguesa, de João de Barros (1540).
Em relação às obras que perfazem a fase do português arcaico propriamente
dito, julgamos importante citá-las, a fim de que aqueles que se interessarem por
essa fase da língua possam mais facilmente encontrá-las para seus estudos. Para
isso, baseamo-nos em Castro (1991), um dos maiores especialistas portugueses na
História da Língua Portuguesa e que traz ao público leitor uma das relações mais
completas e esmiuçadas a que tivemos acesso.
O corpus montado por nós, em relação ao português arcaico, baseou-se em
obras em verso e em obras em prosa (literária/não-literária), num total de 20 obras
completas. A esse respeito, o leitor encontrará maiores detalhes no volume II desta
Tese (p. 4 a 8) – em CD – ROM – quando a ele nos referimos.
Em relação ao sufixos propriamente ditos objeto específico de nosso
trabalho a atenção dispensada a eles por especialistas (gramáticos, gramáticos
históricos, lingüistas e filólogos) tem se modificado ao longo dos tempos, embora
Carolina Michäelis de Vasconcelos (1946) advirta ao leitores que o estudo da
349
sufixação, da prefixação e da composição portuguesas ainda está por escrever e
deva ser baseada em documentos históricos e dialetais daqueles que possuem
vitalidade, ou seja, produtividade, muitas vezes, baseados em exemplificação
registradas nas obras lexicográficas - grandes dicionários e thesaurus, como
podemos subentender.
Hoje, passado algum tempo, muita coisa foi realizada tanto em relação à
sufixação, quanto à prefixação e à composição, em várias linhas de estudo
diferentes: estruturalismo, gerativismo, funcionalismo e, mais modernamente, pela
Teoria da Otimalidade. Ainda assim, quando se trata do português arcaico, muito
poucas coisas foram realizadas no âmbito da formação de palavras, em especial
sobre sufixos e sufixação em Língua Portuguesa.
Em relação aos sufixos, nosso estudo fez uma revisão geral da literatura,
tomando-se por base a opinião de alguns eminentes filólogos e gramáticos históricos
(Carolina Michaelis de Vasconcelos (1946), José Joaquim Nunes (1989), Manuel de
Said Ali (1931 e 1964), Joseph Hüber (1986 [1933]), Theodoro Maurer Jr. (1951),
José Leite de Vasconcelos (1959), Sousa da Silveira (1960)), gramáticos normativos
(Fernão de Oliveira (1975 [1536]), Júlio Ribeiro (1913 [1881]), João Ribeiro (1926
[1901]), Gladstone Chaves de Melo (1978), Cunha e Cintra (1985), Evanildo Bechara
(1999) e lingüistas estruturalistas / gerativistas (Joaquim Mattoso Camara Jr.
(1979 e 1980), Margarida Basílio (1980 e 2004), Cacilda de Oliveira Camargo
(1986), Antônio José Sandmann (1991 e 1992), Valter Khedi (2005), Graça Maria de
Oliveira e Silva Rio-Torto (1993 e 2006), Luiz Carlos de Assis Rocha (1998), Alina
Villalva (2000), Margarita Correia (2004), Margarita Correia & Lucia San Payo de
Lemos (2005) e Soledad Varela Ortega (2005)).
Embora cada autor apresente um estudo sui generis, gostaríamos de
destacar, a nosso ver, alguns aspectos pontuais sobre sufixos e a formação de
palavras em Língua Portuguesa:
As gramáticas históricas e as normativas, via de regra, limitam-se a listar em
tabelas os sufixos utilizados em Língua Portuguesa, preferencialmente em ordem
alfabética. Dividem-nos quanto à origem (latinos e gregos predominantemente) e
quanto à classificação em: a) sufixos nominais (formam substantivos e adjetivos);
b) sufixos verbais; c) sufixo adverbial (–mente).
350
As gramáticas normativas esquecem-se de que a formação de palavras está em
íntima conexão com outras áreas da língua, conforme nos advertiu Rio-Torto
(1998):
lexicologia: responsável por armazenar as unidades léxicas da língua;
morfologia: utiliza as estruturas lexicais possíveis na língua para produzir
novas unidades léxicas;
sintaxe: uma vez que as unidades lexicais devem obedecer à combinatória de
elementos e marcam as categorias sintáticas;
semântica: as unidades lexicais são marcadas por categorias semânticas;
fonologia: uma vez que a formação de novas palavras na língua deve ater-se
às potencialidades combinatórias possíveis e permitidas na língua;
pragmática: as unidades lexicais novas estão a serviço das estratégias
interativas e é na enunciação que elas efetivamente se concretizam.
Basenado-se em Rio-Torto (1998), assim podemos conceber e esquematizar
a formação de palavras:
Esquema 1.1 – Os processos de formação de palavras e suas conexões.
PROCESSOS
DE
FORMAÇAO
DE
PALAVRAS
LEXICOLOGIA
MORFOLOGIA
SINTAXE
SEMÂNTICA
PRAGMÁTICA
FONOLOGIA
351
Fernão de Oliveira (1536) não trata em capítulo específico sobre a formação de
palavras, aliás, “dicções” como ele as denomina. Sua terminologia utilizada é
bastante singular e exótica; apesar de tudo, pode ser considerado um pioneiro na
época em que viveu e produziu sua obra.
Destaque à parte merece a obra de Maurer Jr. (1951), uma vez que o autor trata
da sufixação em várias nguas românicas, em estudo bastante profundo e
exaustivo. Para nosso estudo, entretanto, ativemo-nos aos sufixos utilizados em
Língua Portuguesa.
Cacilda de Oliveira Camargo (1986) lembra-nos de que com o procedimento da
sufixação é possível um paradigma de derivação, o qual pode ser: a) paradigma
em série (selo selar selagem); b) paradigma em leque: prato pratinho
pratão
prataço
pratarraz
Margarida Basílio (2004) mostra a utilização dos sufixos em formas nominalizadas
funcionando como elemento de coesão textual, podendo, inclusive, substituir um
período anterior, de extensão bastante amplo. Esse fato não é observado pelas
gramáticas normativas, mesmo nas mais contemporâneas.
Raros o os estudos que mostram os sufixos com seus homomórficos, contudo
há exemplos em Basílio (2004) e em Luiz Carlos Assis Rocha (1998).
Nas palavras derivadas substantivas que indicam agentivos , de acordo com
Basílio (2004), temos a seguinte estrutura: Radical do substantivo + Sufixo. O
Radical fornece-nos a especificidade, ao passo que o sufixo denota algo geral.
Valter Khedi (2005) é o único autor a lembrar-nos de que os sufixos tiveram, no
passado, uso autônomo na língua portuguesa, assim como ocorre com os prefixos;
352
Margarita Correia & Lucia San Payo Góis (2005) quebram uma tradição lingüística
ao demonstrar que os prefixos também podem mudar a classe de palavras (=
transcategorização), ao contrário do que afirmam categoricamente gramáticos e
lingüistas, embora apresentem poucos exemplos:
moral
N
amoral
Adj
;
rugas
N
anti-rugas
A
;
independência
N
pró-independência
Adj
.
Contudo, não se pode mais afirmar que apenas os sufixos são capazes de
mudar a classe gramatical da palavra.
O estudo de Soledad Varela Ortega (2005) sobre a sufixação, embora trate de
dados do espanhol, pode ser aplicado com bastante proveito a outras línguas
românicas ou não respeitadas as especificidades estruturais de cada língua em
particular.
Embora alguns estudos gramaticais e lingüísticos, de maneira geral, citem o fator
recursividade em relação aos afixos, pudemos observar que ela ocorre de maneira
mais regular e sistemática com os sufixos; nos prefixos, de maneira mais esporádica
e aceitável em menor número, isto é, uma palavra prefixada geralmente aceita
apenas mais um prefixo. Com relação aos sufixos, esse número varia. Contudo,
fatores pragmáticos, estilísticos e/ou retóricos interferem na formação dos produtos.
Exemplos:
feliz infeliz desinfeliz (na prefixação)
constituição constitucional insconstitucional inconstitucionalissima
inconstitucionalissimamente (na sufixação)
mar marinha marinheiro marinheiresco marinheirescamente (na
sufixação)
Em relação às análises dos sufixos nominais recortados e tomando-se o
corpus elaborado para esta Tese, pode-se observar:
353
a) quanto à produtividade:
baixa: –ato, –atico, –adego ~ –adigo, –bil, –vel, –ense e –ês;
média: –(d)oiro;
alta: –ado, ario e –eiro, além de grande número de homomórficos,
presentes já na fase arcaica da Língua Portuguesa.
b) Quanto aos significados e utilização no Português Arcaico
(predominantemente):
O sufixo –ato não ocorre em português arcaico; seu aparecimento ocorre em
textos bastante remotos dos séculos IX a XII - na fase considerada pré-
literária da língua portuguesa; as lexias que apresentam esse sufixo são
consideradas remanescentes do Latim;
O sufixo ado não mantém os significados presentes em Latim; todos os
seus significados são novos e adquiridos a partir do século XI, mas,
principalmente, no século XVI;
Os sufixos –aticu, –adego ~ –aticu assumem poucos significados novos ao
longos dos séculos. Sua produtividade é muito baixa e, atualmente, estão
presentes em lexias consideradas arcaicas na língua portuguesa;
O sufixo –bil apresenta aparece em português a partir do século XIV em
diante, enquanto o sufixo –vel aparece a partir do século XIII, no entanto,
todos os significados deles já estão presentes em Latim;
O sufixo –ense apresenta não apareceu em lexias sufixadas com ele nos
séculos XI, XIII, XIV, XV e XVI; nos culos X e XII apresenta significados
presentes em Latim; quanto ao sufixo –ês, contraparte popular de –ense,
aparece em lexias dos séculos XI, XIII e XV, ainda assim com todos os
significados presente já em Latim;
354
O sufixo –ario apresenta alta produtividade, assim como o sufixo –eiro. –Ario
está presente em lexias sufixadas com ele dos séculos XII a XVI; sempre
assumindo novos significados, com exceção do século XVI, cujos
significados se encontram em Latim. –eiro encontra-se em lexias dos
séculos XI a XVI: nos séculos XII e XV não incorpora novos significados; nos
século XI, há a incorporação de novos significados; nos XIII, XIV e XVI, a
incorporação de novos significados, além de significados presentes em Latim;
O sufixo –(t)orio ~ –(s)orio apresenta baixa produtividade. Aparece em lexias
sufixadas com ele apenas no século XV, embora seus significados estejam
presentes em Latim. o sufixo –(d)oiro ~ –(d)oyro também apresenta uma
produtividade muito baixa. o aparece nos culos XI, XII, XIII e XVI; no
século XV, apresenta novos significados, além os presentes em Latim;
O sufixo –ura, e seu alomorfes, apresenta uma alta produtividade: no século
XII mantém os significados presentes em Latim; dos séculos XIII a XVI
assume vários significados novos.
Esta Tese não apresenta a intenção de esgotar o assunto, muito amplo,
sobre sufixos (eruditos x populares). Contudo, cremos que o objetivo principal a que
nos propusemos foi plenamente alcançado: verificar a evolução dos significados de
alguns pares de sufixos eruditos x populares preferencialmente ao longo do
período arcaico da Língua Portuguesa.
Devido ao grande número de sufixos e de abonações, foi realizada, ainda no
corpus, uma seleção de alguns pares representativos.
A hipótese que este trabalho coloca confirma-se: muitos sufixos mantêm
seus significados inalterados, isto é, apresentam aqueles significados presentes
em Latim; outros, no entanto, vão adquirindo novos significados ao longo dos
séculos XII a XVI, como pode-se verificar nas análises realizadas na Seção 5.
Muito ainda para se fazer, quando o assunto é não sufixos e/ou
sufixação, de forma geral, mas, sobretudo, em relação à formação de palavras no
português arcaico.
Na contemporaneidade, têm surgido alguns grupos de estudo e trabalhos
sobre a sufixação e/ou sufixos na fase arcaica do português, e este é mais um e
355
uma tentativa de se aprofundar mais esse tema, além de deixarmos uma
contribuição, ainda que parcelar, aos estudos lingüísticos, em especial à Morfologia
Histórica da Língua Portuguesa.
356
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CAMARA JR., J. M. Dicionário de Lingüística e Gramática. Petrópolis: Vozes,
1977.
CARVALHO, J.; PEIXOTO, V. Dicionário da Língua Portuguesa. 19. ed.,
inteiramente revista e remodelada, segundo a NOMENCLATURA GRAMATICAL
BRASILEIRA E O ACORDO INTERACADÊMICO DE 22 DE ABRIL DE 1971 por
Ubiratan Rosa. Revisto e ampliado por F. J. da Silva Ramos, Prof. Octavio Augusto
Pereira de Queiroz, Edith Cardoso e Ubiratan Rosa. Ilustrado por Jean Carlo e
Rubens Azevedo. Rio-Guanabara: Souza Costa Ltda, 1972.
COROMINAS, J. Breve Diccionario Etimologivo de la Lengua Castellana.
Madrid: Gredos, 1994, 2 vol.
CRETELLA JÚNIOR, J. ; CUNHA, G. de V. Dicionário Latino-Português. Obra
documentada com milhares de exemplos extraídos de autores de da a latinidade,
com cêrca de 80.000 vocábulos, inclusive formas arcaicas e formas encontradas em
inscrições. 7 ed. ver. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956.
CUNHA, A. G. da. Dicionário Etimológico Nova Fronateira da Língua
Portuguesa. 2. ed. revista e acrescida de um SUPLEMENTO. Assistentes : Cláudio
Mello Sobrinho, Diva de Oliveira Salles, Gilda da Costa Pinto, Júlio César Castañon
Guimarães & Sueli Guimarães Gomes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
DAUZAT, A. Dictionnaire Étymologique de La Langue Française. Avec un
Supplément Lexicologique et un Supplément Chronologique. Paris: Librarie
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edição de Marina Baird Ferreira e Margarida dos Anjos. 3 ed. ver. e atual. Curitiba:
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Positivo, 2004. [Inclui CD-ROM Novo Dicionário Aurélio Dic. Eletrônico
Versão 5.0. ed. rev. e atual. Curitiba: Positivo Informática].
FIGUEIREDO, C. Novo Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de
Figueiredo. 2 vol. 13. ed. Actualizada segundos as regras do ACORDO
ORTOGRÁFICO LUSO-BRASILEIRO DE 1945 e em perfeita harmonia com o
VOCABULÁRIO RESUMIDO DE 1947 da Academia das Ciências de Lisboa e da
Academia Brasileira de Letras. Lisboa: Livraria Bertrand/Rio de Janeiro: W. M.
JACKSON INC., 1949. [Vol. I – A – G; Vol. II: H – Z].
HECKLER, E.; BACK, S.; MASSING, E. Dicionário morfológico da Língua
Portuguesa. São Leopoldo: Unisinos, 1984. 5v.
HOUAISS, A. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001. CD-ROM.
JOTA, Z. dos S. Dicionário de Lingüística. Rio de Janeiro: Presença, 1976.
MACHADO, J. P. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Com a mais
antiga documentação escrita e conhecida de muitos dos vocábulos estudados. 8. ed.
Lisboa: Livros Horizonte, 2003, 5 vol.
_______. Dicionário Dom Quixote da Língua Portuguesa. Revisto e actualizado.
45.000 verbetes. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2000.
MOREIRA, Z. C. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio Grande do Norte,
EDUFRN, 2005.
NASCENTES, A. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Com prefácio de
W. Meyer Lübke, Professor jubilado da Universidade de Bonn. Segunda tiragem da
primeira edição. Rio de Janeiro: Depositários: Livraria Acadêmica; Livraria Francisco
Alves; Livraria São José, Livros de Portugal, 1955.
381
S. J., Pe. H. Koehler. Pequeno Dicionário Latino-Português. 14. ed. Rio de
Janeiro/Pôrto Alegre/São Paulo: Globo, 1960.
SCARTEZZI, C; PESTANA, M. J. M. Dicionário Francês-Português-Francês.
Supervisão Luzia Mendonça. São Paulo: Hemus, s.d.
TORRINHA, F. Dicionário Latim-Português. 2. ed. Subsidiado pela Junta Nacional
de Educação. Porto: Porto Editora, Lda; Emp. Lit. Fluminense, Lda; Livraria Arnado,
Lda., 1942.
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editor/Livraria Simões Lopes, 1939.
VITERBO, Fr. J. de S. R. de. Elucidário das Palavras, Termos e Frases que em
Portugal antigamente se usaram... 2. ed., 1865.
382
CORPUS
Para a montagem e elaboração do Corpus, foram utilizadas as seguintes Obras:
ACIOLI, V. L. C. A Escrita no Brasil Colônia: um guia para leitura de documentos
manuscritos. Apresentação de Leonardo Dantas Silva. Prefácio de José Antônio
Gonsalves de Mello. Recife: Universidade Federal de Pernambuco/Editora
Universitária/Fundação Joaquim Nabuco/Massangana, 1994. (Série
Descobrimentos).
BREA, M. (Coord.). Lírica Profana Galego-Portuguesa Vol. I. Corpus completo
das cantigas medievais, con estudio biográfico, análise retórica e bibliografía
específica. Santiago de Compostela, Centro de Investigacións Linguísticas e
Literarias Ramón Piñeiro, 1966.
CAMINHA, P. V. de. Carta de Pero Vaz de CUNHA, In: PEREIRA, S. B. Vocabulário
da CARTA de Pero Vaz de Caminha. Apresentação do Vocabulário da CARTA de
Pero Vaz de Caminha, de Antônio Geraldo da Cunha. Rio de Janeiro: Instituto
Nacional do Livro/Ministério da educação e Cultura, 1964. (Col. TEXTOS E
VOCABULÁRIOS, 3. Seguido da reprodução fac-similar e da leitura diplomática do
manuscrito autógrafo. Preparado pelo Professor Silvio Batista Pereira).
383
CAMÕES, L. V. de. Os Lusíadas. Edição fidedigna, fac-similada, editada pela
XEROX DO BRASIL S.A. REPRODUÇÕES GRÁFICAS. Rio de Janeiro: XEROX DO
BRASIL, 1972.
CARTUSIANO, L. O Livro de Vita Christi. Em Lingoagem Português. Vol. I. Edição
fac-similar e crítica do incunábulo de 1495 cotejado com os apócrifos por Augusto
Magne, S. J. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura/Casa de Rui Barbosa,
1957.
CUNHA, A. G. (Org. e Dir.) Coisas Notáveis do Brasil. Vol. I. Reprodução fac-
similar e transcrição dos manuscritos quinhentistas da Biblioteca da Real Academia
de la Historia, de Madrid, e da Biblioteca da Universidade de Coimbra. Edição
preparada por A. G. Cunha. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro/Ministério da
Educação e Cultura, 1966.
_____. Livro das Aves. Reprodução fac-similar do manuscrito do séc. XIV;
introdução; leitura crítica; notas e glossário. Edição preparada por Jacira Andrade
Mota, Rosa Virgínia Matos, Vera Lúcia Sampaio e N. Rossi, sob orientação e direção
dêste. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro/Ministério da Educação e Cultura,
1965.
_______. Um Tratado da Cozinha Portuguêsa do Século XV. Reprodução fac-
similar do ms. I-E-33 da Biblioteca Nacional de Nápoles; leitura diplomática; leitura
moderna e índice de vocábulos. Edição preparada pelo Professor Antônio Gomes
Filho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro/Ministério da Educação e Cultura,
1963.
F. T. D. Os Lvsiadas de Lvis de Camões. Nova edição escolar F. T. D. para uso
dos estudantes do Curso Gymnasial. Rio de Janeiro/São Paulo/Belo Horizonte:
Paulo Azevedo & C., s.d.
LOPES, F. Crónica de D. Fernando. In: SOARES, T. de S. (Introdução, selecção e
notas). Crónica de D. Fernando. 2ª. ed. corrigida. Lisboa: Livraria Clássica Editora,
s.d. (Clássicos Portvgveses – Trechos escolhidos – Fernão Lopes II)
384
LOPES, F. Crónica de D. Pedro I. In: SOARES, T. de S. (Introdução, selecção e
notas). Crónica de D. Pedro I. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1943. (Clássicos
Portvgveses – Trechos escolhidos – Séculos XIII a XV – Prosa – Fernão Lopes I).
_______. Quadros da Crónica de D. João I. In: LAPA, R. (Selecção, prefácio e
notas). Quadros da Crónica de D. João I. 9ª. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora,
1956. (Textos Literários).
MACHADO, J. P. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa 5 vol. Com a
mais antiga documentação escrita e conhecida de muitos vocábulos estudados. 8.
ed. Lisboa: Livros Horizontes, 2003. [Vol. I: A B; Vol. II: C – E; Vol. III: F L; Vol.
IV: M – P; Vol. V – Q – Z].
MARTINS, A. M. (Org.). Documentos Portugueses do Noroeste e da Região de
Lisboa. Da Produção Primitiva ao Século XVI. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da
Moeda, 2001.
MOREIRA, Z. C. Dicionário da Língua Portuguesa Arcaica. Natal: EDUFRN,
2005.
VASCONCELLOS, J. L. de. Textos Arcaicos. Para Uso da Aula de Filologia
Portuguesa de Letras da Universidade de Lisboa. Coordenados, Anotados e
Providos de um Glossário pelo D.
or
J. Leite de Vasconcellos. Com breves anotações
pelo Prof. Serafim da Silva Neto. 4. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, s.d.
VERDELHO, T. Índice Reverso de “Os Lusíadas”. Coimbra: Biblioteca Geral da
Universidade, 1981. [Publicação subsidiada pelo Instituto Português do Património
Cultural.]
ZURARA, G. E. de. Crónica dos Feitos de Guiné. In: PIMPÃO, Á. J. da C. (Prefácio,
selecção e notas). Crónica dos Feitos de Guiné. Lisboa: Livraria Clássica Editora,
1942. (Col. Clássicos Portvgveses – Trechos Escolhidos.)
385
ZURARA, G. E. de. Crónica da Tomada de Ceuta. In: PIMENTA, A. (Introdução,
selecção e notas). Crónica da Tomada de Ceuta. Lisboa: Livraria Clássica Editora,
1942. (Col. Clássicos Portvgveses – Trechos Escolhidos Séculos XIII a XIV -
Prosa.)
VICENTE, G. Gil Vicente – Obras Completas. 6. vol. Com prefácio e notas do Prof.
Marques Braga. Lisboa: Livraria da Costa, 1944. [O vol. VI acompanha o
Glossário, os Autores Citados e a Bibliografia.]
AFONSO II. Testamento de Afonso II. In: CASTRO, I. Curso de História da Língua
Portuguesa. Colaboração de Rita Marquilhas e J. Léon Acosta. Lisboa:
Universidade Aberta, 1991. (Texto de Base – 39 (Cursos Formais)).
PEREIRA, S. B. Vocabulário da CARTA de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro:
Instituto Nacional do Livro/Ministério da educação e Cultura, 1964. (Col. TEXTOS E
VOCABULÁRIOS, 3. Seguido da reprodução fac-similar e da leitura diplomática do
manuscrito autógrafo. Preparado pelo Professor Silvio Batista Pereira).
386
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velho problema. Disponível em < http://www.iltec.pt/pdf/wpapers/2003-earim-
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%3D1&h=258&w=427&sz=19&hl=ptBR&start=3&tbnid=9Ebj6DvDQXtuFM:&tbnh
=76&tbnw=126&prev=/images%3Fq%3DL%25C3%25ADnguas%2Brom%25C3%
25A2nicas%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-BR%26lr%3D%26sa%3DN. Acessado
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Sufixo –age. Disponível em:<http://www.etymonline.com/index.php?search=-
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dFANfaTFY!/delta/base64xml/L3dJdyEvUUd3QndNQSEvNElVRS82XzBfRE0!?W
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23:00
389
SILVIO REINOD COSTA
NÁLISE MORFO–SEMÂNTICA DE ALGUNS PARES ENTRE
OS SÉCULOS XII A XVI
Vol. I
Araraquara – SP
2008
ANÁLISE MORFO–SEMÂNTICA DE ALGUNS
PARES DE SUFIXOS ERUDITOS E POPULARES
LATINOS NO PERÍODO ENTRE OS SÉCULOS
XII A XVI
Vol. I I - CORPUS
2
SILVIO REINOD COSTA
ALISE MORFO–SEMÂNTICA DE ALGUNS PARES DE
SUFIXOS ERUDITOS E POPULARES LATINOS NO PERÍODO
ENTRE OS SÉCULOS XII A XVI
Volume II – CORPUS
Araraquara – SP
2008
Tese apresentada à Faculdade de Ciências e
Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” Campus de Araraquara,
como parte dos requisitos parciais para a
obtenção do título de Doutor em Letras Área
de Concentração: Lingüística e Língua
Portuguesa.
Linha de Pesquisa: Estudos do Léxico
Orientação: Profa. Dra. Clotilde de Almeida
Azevedo Murakawa
3
Costa, Silvio Reinod
Análise Morfo-semântica de alguns pares de sufixos – eruditos e
populares latinos no período entre os séculos XII a XVI/ Silvio
Reinod Costa. – Araraquara – 2008. 2 vol.
388 f. (vol. I) + 545 (vol. II – CR-ROM) ; 30 cm: il. color., figs.,
tabs.
Tese (Doutorado em Lingüística e Língua Portuguesa) -
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Faculdade de Ciências e Letras. Programa de Pós-graduação
em Lingüística e Língua Portuguesa, 2008.
Orientadora: Prof
a.
Dr
a.
Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa.
1. Lingüística 2. Lexicografia 3. Lexicologia 4. Morfologia.
5. Sufixos. I. Título
4
SUMÁRIO
VOLUME II – CORPUS
(em CD-ROM)
0 Considerações sobre a Elaboração do Corpus
7
1 Das Obras Utilizadas para a Elaboração do Corpus
8
CORPUS
12
Fig. 1 – Livro das Horas (Book of Hours)
13
–(A)BEL ~ –(A)BIL ~ –(I)BIL ~ –(A)BELLE ~ –(A)BLE ~ –(A)UEL ~ –(A)UIL ~
–(A)VEL ~ –(A)VELL ~ –(A)VIL ~ –(Í)VEL ~ –(I)VIL ~ –(É) UELL
14
–AÇO ~ –AÇA ~ –ACU – AZO 28
–ACHO 30
–ÁDEGO ~ –ÁDIGO ~ –ÁTIGO 31
–(A)DA
1
~–(A)DO
1
(SUBSTANTIVOS) 34
–(A)DA
2
~–(A)DO
2
(ADJETIVOS) 69
–(A)DA
3
~–(A)DO
3
(ADJETIVOS PARTICIPIAIS) 144
–(A)DA
4
~–(A)DO
4
(VERBOS – (PARTICÍPIO PASSADO)) 221
–ALHA ~ –ALHO 231
–AIRA ~ –AIRO 233
–(A)NÇA ~ –(A)NCIA ~ –(A)NÇIA 239
–ANA ~ –ANO 263
–Ã ~ –ÃO 266
–ÁRIA ~ –ARIA ~ –ÁRIO ~ –ARIO ~ –ARIUS 272
5
–AZ 286
–ATA ~ –ATO 287
–ÇAM ~ –ÇO(M) ~ –ÇÃO ~ –SAM ~ –(S)SOM 288
–(D)OIRA ~ –(D)OURA ~ –(D)OIRO ~ –(D)OURO 324
–EDO 329
–EIRA ~ –EIRO ~ –EIRU ~ EYRA ~ –EYRO ~ –EYRU 331
–ELHA 398
–(E)NÇA ~ –(E)NCIA 398
–ENSE ~ –ENSIS 415
–ÊS ~–ESA 416
–ETA 417
–EZ ~ –EZA ~ –EÇA 417
–IÇA ~ –IÇO 437
–ÍCULA ~ –ÍCULO 438
–(I)DA
1
~ –(I)DO
1
(SUBSTANTIVOS) 438
–(I)DA
2
~ –(I)DO
2
(ADJETIVOS) 444
–(I)DA
3
~–(I)DO
3
(ADJETIVOS PARTICIPIAIS) 473
–(I)DA
4
~ –(I)DO
4
(VERBOS – (PARTICÍPIO PASSADO)) 492
–ÍGULA ~ –ÍGULO 496
–ILHA ~ –ILHO 496
–(S)ÓRIA ~ –(S)ÓRIO ~ –(T)ÓRIA –(T)ÓRIO 497
–(U)DA
1
~ –(U)DO
1
(SUBSTANTIVOS) 498
–(U)DA
2
~ –(U)DO
2
(ADJETIVOS) 498
–(U)DA
3
~ –(U)DO
3
(ADJETIVOS PARTICIPIAIS) 503
6
–(U)DA
4
~ –(U)DO
4
(VERBOS – (PARTICÍPIO PASSADO)) 510
–(U)RA ~ –(D)URA
~ –(S)URA
~ –(T)URA
512
CORPUS – REFERÊNCIAS
541
7
0. CONSIDERAÇÕES SOBRE A ELABORAÇÃO DO CORPUS
O corpus abaixo foi elaborado, ao longo de um ano, a partir da seleção de textos
antigos, que remetem à fase do Português Arcaico, também denominado Português
Antigo por alguns autores (cf. HÜBERMAN, 1933 [1986], Mira Mateus, Luís Felipe
Lindley-Cintra etc.).
Abrange textos escritos desde a época do galego-português até o português
arcaico propriamente dito; exceções constituem duas obras: “Os Lusíadas”, de Camões
e “Um Tratado da Cozinha Portuguesa”, de autoria incerta, que já marcam a fase
moderna da Língua Portuguesa. Camões, no entanto, em sua obra-prima, ainda se
utiliza de algumas lexias que apresentam sufixos eruditos, provenientes do latim,
utilizados na fase arcaica da língua. Por isso, dados de sua obra aqui se encontram e
são utilizados em algumas análises para efeito de comparação com o português arcaico
propriamente dito. Quanto a “Um Tratado de Cozinha Portuguêsa do Século XV, o
manuscrito foi assim denominado, uma vez que não apresenta título. Contudo, diz-se
tratar das famosas receitas da Rainha Dona Maria, de Portugal. A edição por nós
utilizada traz a reprodução fac-similar do Manuscrito I E da Biblioteca Nacional de
Nápoles, leitura diplomática, leitura moderna, além do índice de vocábulos e faz parte
da Coleção Dicionário da Língua Portuguesa TEXTOS E VOCABULÁRIO, 2.
INL/MEC, 1963.
Na medida do possível, recorremos a fontes primárias para a elaboração do
corpus. No entanto, nem sempre é possível o acesso a essas fontes, em virtude da
dificuldade de se encontrar obras que remetem às fases pretéritas da língua, de sua
difícil localização e do preço inacessível de tais obras, quando encontradas em sebos.
Neste caso, foram utilizadas obras as mais fidedignas possíveis, preferencialmente fac-
similadas.
É importante ressaltar que, devido ao grande número de dados, 2844 lexias,
desconsiderando-se algumas repetidas e as variações gráficas encontradas, embora o
corpus estivesse pronto, foram selecionados alguns pares de sufixos – eruditos x
8
populares conforme orientação da Prof
a.
Dr
a.
Maria Tereza Camargo Biderman
quando do Exame de Qualificação.
Este material serve de base para todas as análises e interpretações realizadas
nesta Tese. Ainda assim, sempre que julgamos conveniente, dados de outras épocas
da Língua Portuguesa foram utilizados, principalmente do Português Contemporâneo, a
fim de verificarmos mudanças em relação ao significado de alguns sufixos no decorrer
do tempo.
Nas abonações coletadas, as lexias sufixadas foram transcritas em negrito, a
fim de se destacá-las nas transcrições realizadas e de preferência em sua forma
canônica, no masculino singular. Entretanto, muitas vezes, certas lexias foram
encontradas no masculino plural, outras no feminino singular e outras ainda no feminino
plural. Empregamos, nos textos transcritos, alguns símbolos e abreviaturas,
convencionados, a saber:
apud – junto de, em [utilizada em citações indiretas]
Cap. – Capítulo
fl. – folha / fólio
in – em
l – linha
p. – página
v. – verso
vol. – volume
vv. – versos
§ – parágrafo
1. DAS OBRAS UTILIZADAS PARA A ELABORAÇÃO DO CORPUS
Para a elaboração do Corpus, servimo-nos de obras em versos e de obras em
prosa (literária/ não-literária). No total, foram utilizadas 20 obras completas.
9
Nas abonações coletadas para a elaboração deste Corpus, utilizamo-nos de
Abreviaturas das mesmas. Essas foram por nós convencionadas. São elas:
CNB Coisas Notáveis do Brasil – A. G. CUNHA (Organizador).
MM – Manuscrito de Madrid
MC – Manuscrito de Coimbra
CDPI Crónica de D. Pedro I – Fernão Lopes / Torquato de Sousa Soares (Org.)
CDFCrónica de D. Fernando – Fernão Lopes / Torquato de Sousa Soares (Org.)
CTC Crónica da Tomada de Ceuta Gomes Eanes de Zurara (Azurara) / Alfredo
Pimenta (Org.)
CFG Crónica dos Feitos de Guiné Gomes Eanes de Zurara (Azurara) / Álvaro
Júlio da Costa Pimpão (Org.)
DELP Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa José Pedro Machado 5
vol.
DLPADicionário da Língua Portuguesa Arcaica – Zenóbia Collares Moreira
DPNRL Documentos Portugueses do Noroeste e da Região de Lisboa Ana
Maria Martins (Org.)
EBC A Escrita no Brasil Colônia: Um Guia para a Leitura de Documentos
Manuscritos, de Vera Lúcia Costa Acioli (Org.)
LA Livro das Aves Autor anônimo / Edição preparada por Jacira Andrade Mota /
Rosa Virgínia Matos [e Silva] / Vera Lúcia Sampaio / Nelson Rossi (Direção
)
10
LPGPI Lírica Profana Galego-Portuguesa I – Trovadores / Menestréis / Rei
Trovador / Jograis / Segréis / Mercedes Brea (Coord.) - Equipe de Investigación:
Fernando Magán Abelleira Ignacio Rodiño Caramés María del Carmen Rodríguez
Castaño Xosé Xabier Ron Fernandez •• Equipo de Apoio: Antonio Fernández
Guiadanes • María del Carmen Vázquez Pacho
LPGPII Lírica Profana Galego-Portuguesa II Trovadores / Menestréis / Rei
Trovador / Jograis / Segréis / Mercedes Brea (Coord.) - Equipe de Investigación:
Fernando Magán Abelleira Ignacio Rodiño Caramés María del Carmen Rodríguez
Castaño Xosé Xabier Ron Fernandez •• Equipo de Apoio: Antonio Fernández
Guiadanes • María del Carmen Vázquez Pacho
OCGV Obras Completas de Gil VicenteGil Vicente / Marques Braga (Org.)
I – vol I;
II – vol. II;
III – vol. III;
IV – vol IV;
V – vol. V;
VI – vol. VI.
LVCO Livro de Vita Christi – Ludolfo Cartusiano / Augusto Magne, S. J. (Org.)
LUS - Os Lusíadas Luiz Vaz de Camões / Edição fac-similada, editada pela
XEROX DO BRASIL S.A. REPRODUÇÕES GRÁFICAS. Rio de Janeiro: XEROX DO
BRASIL, 1972. Utilizou-se também do Índice Reverso de Os Lusíadas” , organizado
por Telmo Verdelho. Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1981.
QCDJI - Quadros da Crónica de D. João I – Fernão Lopes / Rodrigues Lapa
TA - Textos ArcaicosVários autores / Textos em prosa e em verso / José Leite de
Vasconcelos (Coordenação/Anotações/Glossário) – Serafim da Silva Neto (Anotações)
11
TAII - Testamento de Afonso II Afonso II / Ivo Castro (IN: CHLP Curso de
História da Língua Portuguesa)
TCP - Um Tratado da Cozinha Portuguesa Autoria incerta / Antonio Gomes Filho
(Org.) – Reprodução fac-similar do manuscrito I – E da Biblioteca Nacional de Nápoles
VCPVC - Vocabulário da Carta de Pero Vaz de Caminha Pero Vaz de Caminha /
Silvio Batista Pereira (Preparador da edição). / Foi consultada também a edição
preparada por Jaime Cortesão (1967).
As Referências completas das obras encontram-se ao final deste Corpus, assim
como no volume I desta Tese.
12
CORPUS
13
Fig. 1.1 – Iluminura do Livro das Horas (Book of Hours)
Fonte: http://www.library.usyd.edu.au/about/friends/hours11.jpg -
Acessado em 06/11/2006 – 23:00h
14
Abona-
ção
número:
(-A)BEL ~ (-A)BIL ~ (-I)BIL ~ (-
A)BELLE
~ (-A)BLE ~ (-A)UEL ~ -(A)UIL ~(A)VEL
~ (-A)VELL ~ (-A)VIL ~ (-
Í)VEL ~ (Í)VIL
~ (-É)UELL
01
Abominabil ~ Abominauel– adj. 2 gên. sg. (<Abominável>)
“... as ençugentadas cerimonias do abominauel Mofamede”
(Ceuta, cap. 2, p. 11, apud DLPA, vol. I, p. 43, verb. Abominável)
Obs.: José Pedro Machado (2003, p. 43, verb. Abominável) ressalta que “No
século XVI aparece o latinismo abominábil, que teve pouca vida.” Ele aparece em
Os Lusíadas, de Camões:
“Mas proSeguindo a Nimpha o longo canto,
De Soarez cantaua, que as bandeiras
Daria tremolar, E por eSpanto
Pellas roxas Arabicas ribeiras:
Medina aboninabil teme tanto”
(LUS. Canto X, estrofe 50, vv. 1 – 5, p. 169)
02
Abominauel– adj. 2 gên. sg. (<Abominável>)
“... as ençugentadas cerimonias do abominauel Mofamedes”
(CTC, cap. 2, p. 11, apud DELP, v. I, p. 43, verb. Abominável)
15
03
Aborrecível – adj. 2 gên. sig.
“deter-se muito em cada palavra, é vício que fará ser aborrecível a todo o mundo
a quem o tem...
(Corte na Aldeia, apud DLPA, p. 41, verb. Aborrecível)
04
Aborrecíveis – adj. 2 gên. pl.
“Já comiam cousas nojentas e aborrecíveis...”
(Décadas, apud DLPA, p. 41, verb. Aborrecível)
05
Agradecível – adj. 2 gên. sig.
“... muito agradecível é a Deus...”
(Vita Christi, fl. 51b, apud DLPA, p. 78, verb. Agradecível)
06
Comuinhauel –adj. 2 gên. sg. (<Convenhável>)
“(...) a estes [filhos dos çidadãos e dos mercadores] he cousa comuinhavel de se
fazerem festas e jogos. porque toda a força de sua honrra esta na fama de sua
despesa. (...)”
(CTC, Capítullo viij, § 1º, l. 17 – 19, p. 20)
07
Comvenhavees –adj. 2 gên. pl. (<Convenháveis>)
“(...) as terras [d´el Rei Dom Fernamdo] que som comvenhavees pera dar fruitos,
som lamçadas em ressios bravos e montes maninhos; porem el, comsiirando que,
seemdo a esto remedio, a terra tomaria a seu gramde avomdamento.”
(CDF, Cap. LXXXIX, § 3º., l. 22 – 25, p. 80)
08
Comvinhavel –adj. 2 gên. sg. (<Convenhável>)
“(...) E posto que lhe [ao Rei Dom Fernamdo] tal cousa [como e per que maneira
tal mingua de mantiimentos podia ser recobrada], parecesse muito comvinhavel,
e de todo em todo determinasse de a poer em obra pero per que maneira esto
poderia viinr a boa fim, emtemdeo que lhe compria tomar comselho; e porque era
cousa que perteeçia a todo reino, fez chamar comdes, e prelados, e meestres, e
outros fidallgos, e çidadaoons de sua terra.”
(CDF, Cap. LXXXIX, § 1º. L. 11 – 17, p. 79)
16
09
Concupicível – adj. 2 gên. sg.
“(...) E porque, por o pecado dos primeiros parentes, a nossa virtude iracível foi
feita fraca e a virtude racional foi escurentada, e a virtude concupicível perdeu a
pronteza que ante havia, outorga-me, Senhor, o Spíritu Santo defendedor contra
as perseguiçoões e alumeador contra os errores e acendedor contra a cobiiça, por
tal que em tôdas cousas eu possa fazer-te a voontade e guardar-me de ofender-te
ou anojar. Amém.”
(LVC, Cap. XXVII, fl. 89, c, § 1.000, l. 8 – 18, p. 365)
10
Conde estabre – s. 2 gên. sg.
“... e pera o conde estabre...”
(Em Desc. I; p. 238, apud DELP, v. II, pp. 202 - 203, verb. Condestável)
11
Condestable – s. 2 gên. sg.
“Por outra parte o condestable com seus bombradeyros...”
(César, p. 3, apud DELP, v. II, p. 203, verb. Condestável)
12
Condestabre – s. 2 gên. sg.
“... que per nuno aluarez pireira nosso condestabre nos foe mostrado o
privjllegio...”
(Em Desc. I; p. 210, apud DELP, v. II, pp. 202 - 203, verb. Condestável)
13
Condestável – s. 2 gên. sg.
“O condestável Nun´Alvares”
(QCDJI, Cap. 10., título, p. 58)
14
Conuenauil– adj. 2 gên. sg. (<Convenhável>)
“E, se ella casar cõ algũ que nõ seya conuenauil a ella, nã per seu liñagẽ...”
(Trad. port. do Fuero Real, em Crest.2, p. 12; apud DELP, v. II, p. 222, verb.
Convenhável)
15
Conuenauil – adj. 2 gên. sg. (<Convenhávil>)
17
“E, se ella casar cõ algun que nõ seya conuenauil a ella, nã per seu liñagen...”
(Fuero, v. III, p. 198, apud DLPA, p. 237, verb. Conuenauil)
16
Convinhavel – adj. 2 gên. sg. (<Convenhável>)
“... por boom desejo se moveu aquele feito non convinhavel
(Corte imperial, p. 201, apud DLPA, p. 238, verb. Convenhável)
17
Convinhavell – adj. 2 gên. sg. (<Convenhável>)
“(...) tem casas de pedras e cal grandes quintais e tu/do feito em deshordem, por
honde lhe não vejo outro melhor talho/que em cada huma dellas que fazer se no
melhor sitio que poder/e mais convinhavell pera sua defenção cada huma seu
castello, e desta maneira ficarão bem, segundo a callidade da terra.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a E
l Rei D. João III, 1 de junho
de 1553, in EBC, l. 13 – 16, p. 200)
18
Corrotivel – adj. 2 gên. sg. (<Corruptível>)
“Se tu pera este corpo vil corrotivel dás tam e tam muytos benefícios de ceeo”
(Solilóquio, p. 47, apud DLPA, p. 241, verb. Corrotivel)
19
Cõuenhauíjs – adj. 2 gên. pl. (<Convenháveis>)
11
perdante outro ou outros Juyz ou Juyzes que o preyto de dereyto deuã a julgar
assy ecclesiasticos como segraes cõuenhauíjs/”
(DPNRL, Documento 48, l. 11, p.185, Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
20
Defemssavel – adj. 2 gên. sg. (<Defensável>)
“E veemdo el Rei [Dom Fernamdo] como esta soo çidade [Lixboa] era a melhor e
mais poderosa de sua terra, e que em ella principallmente estava a perda e
defenssom de seu reino, des i como fora danificada dos emmiigos per fogo e
outros malles que avia reçebidos, de que el tiinha gramde semtido, determinou em
sua voomtade de a çercar toda arredor, de boa e defemssavel çerca de guisa que
nehuum Rei lhe/podesse empreecer, salvo com gramde multidom de gente, e
fortes arteficios de guerra. (...)”
(CDF, Cap. LXXXVIII, § 2º., l. 14 – 20, p. 75; l. 1 – 2, p. 76)
18
21
Descomungavell – adj. 2 gên. sg. (<Descomungável>)
“... assy como destroivell, maliçioso e descomungavell e detestabelle...”
(Fr. Men., II, p. 91, apud DELP, v. II, p. 327, verb. Descomungável)
22
Destroivell – adj. 2 gên. sg. (<Destruível>)
“... assy como destroivell, maliçioso e descomungavell e detestabelle...”
(Fr. Men., II, p. 91, apud DELP, v. II, p. 327, verb. Destroivell)
23
Detestabelle – adj. 2 gên. sg. (<Detestável>)
“... assy como destroivell, maliçioso e descomungavell e detestabelle...”
(Fr. Men., II, p. 91, apud DELP, v. II, p. 327, verb. Detestável)
24
Displazívees – adj. 2 gên. pl.
“´Quem é êste, que prega? Per ventura nom sabemos que é filho de
carpenteiro?´, e outras cousas que lhe diziam displazívees. (...)”
(LVC, Cap. XVI, fl. 53, a, § 602, l. 14 – 17, p. 215)
25
Empeecível – adj. 2 gên. sg. (<Empecível>)
“(...) Onde Beda diz que ´como Jesu Cristo foi bautizado e orou, foi o ceo aberto
porque, quando o Senhor per abaixamento do corpo, se meteu de-sob as águas
do Jordam, entom o seu poderio da diviindade nos abriu as portas do ceo, e
quando a carne nom empeecível foi cuberta das águas frias, assi como espada
ou lâmpado quando topa com cousas a si contrairas, feriu fogo´. Estas cousas
Beda.”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, c, § 810, l. 23 – 32, p. 293)
26
Empeecivelle – adj. f. sg. (<Empecível>)
“... que nos encomenda que nos guardemos como d´obra empeecivelle sem
proveito”
(Leal Conselheiro, p. 43, apud DLPA, p. 303, verb. Empeecivel)
27
Espamtabell – adj. 2 gên. sg. (<Espantável>)
“... foy chamado amte o acatamento de Deus, o quall me amostrou a cara muy
19
espamtabell...”
(Fr. Menores, v. II, p. 249, apud DLPA, p. 320, verb. Espantável)
28
Espantable – adj. 2 gên. sg. (<Espantável>)
“... aquelle monge apareçeo aaquelle outro monge vivo, todo negro e
espantable…”
(Fr. Menores, v. II, p. 178, apud DLPA, p. 320, verb. Espantável)
29
Esperauel – adj. 2 gên. sg. (<Esperável>)
“(...) mandou naquelle jlheeo armar huũ esperauel e dentro neele aleuantar altar
muy bem coregido (...)”
(VCPVC – fl. 5 – l. 5 – 7)
30
Estauil – adj. 2 gên. sg. (<Estável>)
“(...)/
32
Moesteiru de Pedroso auer firme é estauil que quer/
33
que feitu fur nas
cousas de susu nomeadas per esse/(...)”
(DPNRL, Documento 9, l. 32 33, p. 119; Maço 6,38, texto 13º, Mosteiro de S.
Pedro de Pedroso, 1273.)
31
Estaujl – adj. 2 gên. sg. (<Estável>)
“(...)
8
e uos domjgos bertolameu deuedes a dar a hordy cada ano XX/
9
e v libras e
estas ujhas deuedes bẽ adubar todas sa bẽ/
10
feytorias (sic) por seer estaujl
poemos os nosso seelho (sic) do cõueto e da/
11
pryoresa cabydoo”
(DPNRL, Documento 144, l. 8 – 11, p. 393; Maço 4,62; Mosteiro de Chelas, 1299)
32
Estavil - adj. 2 gên. sg. (<Estável>)
“(...) Se o eu fezer seerey tal come/o passaro que he cousa leve e nõ he estavil.”
(LA, XXII, vv. 27 – 28, p. 41)
33
Estavil - adj. 2 gên. sg. (<Estável>)
“Pelo nome deste passaro que he en si cousa/ leve e estavil entendemos [a
lin]haldade/.................................................................................... [hũũ] homeẽ. (...)”
(LA, XXII, vv. 29 – 30, p. 41)
20
34
Estavis – adj. 2 gên. pl. (<Estáveis>)
“(...) Per estes pardaes entendo os ho-/mẽs que son estavis e andã
vaguejando/polo mũdo. (...)”
(LA, XXVI, vv. 19 – 21, p. 45)
35
Factível – adj. 2 gên. sg.
“(...) E, segundo Bernardo, diz ´todo verbo´e nom ´toda cousa factível´, porque
quam ligeiramente podem os homeẽs falar o que querem, assi sem comparaçom e
mais ligeiramente pode Deus [fazer] qualquer cousa que a êles podem expremer
per palavra.”
(LVC, Cap. V, fl. 18, b, § 194, l. 32 – 38, p. 75)
36
Favorávees – adj. 2 gên. pl. (<Favoráveis>)
“Grande licença deu a afeiçom a muitos que teverom carrego d´ordenar estorias,
moormente dos senhores em cuja mercee e terra viviam e u forom nados seus
antigos avoos, seendo-lhe muito favorávees no recontamento de seus feitos; e tal
favoreza como esta nace de mundanal afeiçom, a qual nom é salvo conformidade
dalguã cousa ao entendimento do homem.”
(QCDJI, Cap. 1º., § 1º., l. 1 – 8, p. 1)
37
Favoravel – adj. 2 gên. sg. (<Favorável>)
“(...) porque a mesma terra/he favoravel tem natural e aos estraños/que a todos
agazalha e convida com re-/médio, por pobres e desemparados que/sejão.”
(Tratado da Província do Brasil de Pero Magalhães Gandavo, 1572, in EBC,
Coluna II, fl. 2v, l. 5 – 6, p. 206)
38
Guardable – adj. 2 gên. sg. (<Guardável>)
“E o jerall tinha a rega nas mãaos, afirmando e dizemdo seer clara e guardable,
que todos se devia de guardar a letra”
(Fr. Menores, II, p. 7, apud DELP, v. III, p. 187, verb. Guardável)
39
Guardavel – adj. 2 gên. sg. (<Guardável>)
“E o ijeroll tinha a rega em nas mãos, afirmando e dizendo seer clave e
guardavel, que de todos se devia de guardar aa letra”
21
(Fr. Menores, v. II, p. 7, apud DLPA, p. 358, verb. Guardável)
40
Husuauel – adj. 2 gên. sg. (<Usuável>)
“(...)/
7
E quẽ cõtra isto uéer este prazo queira britar possa. e quanto dedar
tãto en dobro cõponha/8 e demais a quẽ as uoz der. peyte. d. soldos da moeda
husuauel e o prazo ualer. Isto fezemos a uos/(...)”
(DPNRL, Documento 16, l. 7 8, p. 136; Maço 2,21, Mosteiro de S. Pedro de
Cete, 1279.)
41
Impossível – adj. 2 gên. sg.
“Hora aqui he de saber que, pôsto que os alheos louvores sejam ouvidos com
iguaaes orelhas, muito he grave comssemtir o que impossível pareçe de seer;
(...)”
(CDF, Cap. CXXXVIII, § 4º., l. 24 – 26, p. 118)
42
Inefável – adj. 2 gên. sg.
“Em esta palavra ´Dominus tecum´ que quer dizer ´o Senhor é contigo´, se
demostra aquela inefável uniom e obra que tôda a Trindade acabou em ela
quando lhe prougue tomar a substância da sua carne em a pessoa da natureza
divinal, assi que Deus fôsse feito homem e o homem deus. (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 16, b, § 169, l. 1 – 7, p. 67)
43
Incessável – adj. 2 gên. sg.
“(...) seguro repouso e deletaçom suma, o que em soo êle, Jesu Cristo, e nom em
outro se acha; onde, com incessável voz, como de sua casa bem-aventurados
domésticos e de sua cidade celeste cidadãos gloriosos, com os spíritos angélicos
Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaot pera sempre dizendo, a êle louvemos.
Amém. (...)”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 3, b, § 12, l. 6 – 13, p. 7)
44
Infalível – adj. 2 gên. sg.
“´E finalmente, veendo el a sua entençom tam santa, o seu tam casto propósito, a
sua sperança tam firme e a sua caridade infalível, com a vista da sua misericórdia
obrou acêrca dela que a santidade as sua teençom nom houvesse falha, nem
fôsse britada a castidade do seu propósito, (...)”
(LVC, Cap. III, fl. 12, b, § 119, l. 1 – 7, p. 51)
22
45
Iracível – adj. 2 gên. sg.
“(...) E porque, por o pecado dos primeiros parentes, a nossa virtude iracível foi
feita fraca e a virtude racional foi escurentada, e a virtude concupicível perdeu a
pronteza que ante havia, outorga-me, Senhor, o Spíritu Santo defendedor contra
as perseguiçoões e alumeador contra os errores e acendedor contra a cobiiça, por
tal que em tôdas cousas eu possa fazer-te a voontade e guardar-me de ofender-te
ou anojar. Amém.”
(LVC, Cap. XXVII, fl. 89, c, § 1.000, l. 8 – 18, p. 365)
46
Julgavil – adj. 2 gên. sg.
“... Tinha sempre na dita cidade logo julgavil por elrey...”
(Scriptores, p. 407b, apud DLPA, p. 385, verb. Julgavil)
47
Maneaveis – adj. 2 gên. pl. (<Maneáveis>)
“... & as portas feytas inteyriças de cada sua pedra, lavradas muytas molduras,
lavores, & entalhos, & tão maneaveis para se serrarem, & abrirem, como se forão
de madeyra”
(Itinerário, cap. 75, p. 407, apud DLPA, p. 417, verb. Maneável)
48
Memoraueis – adj. 2 gên. pl. (<Memoráveis>)
“Porque elles com virtude Sobre humana,
Os deitarãos dos campos abundoSos
Do rico Tejo, &freSca Goadiana,
Com feitos memoraueis, & famoSos:”
(LUS., Canto VII, estrofe 70, vv. 1 – 4, p. 125)
49
Mouil – adj. 2 gên. sg. (<Móvil>)
“(...) E mãdo [D. Afonso II] da dezima/dos morauidiis e dos dieiros q(eu)
mi/remaserũ de parte de meu padre q(ue) sũ/en Alcobaza e de outr´auer mouil
q(ue) i/posermos pora esta dezima q(ue) segia/partido pelas manus/do arcebispo
de Bragaa e do arce-/bispo de Santiago e do bispo do Portu e de Lixbona e de
Coĩbria e de Uiseu e de/Lamego e da Idania e d´Euora e de Tui e/do tesoureiro de
Bragaa. (...)”
(TAII, in CHLP, § [5], l. 3 a 8, p. 198 e § [6], l. 1 a 5, p. 198)
23
50
Mouil – adj. 2 gên. sg. (<Móvil>)
“Et/mãdo q(ue) si a raina morrer en mia/uida q(ue) de todo meu auer mouil
agia/ende a meiadade. (...)”
(TAII, in CHLP, § [8], l. 4 a 6, p. 198 e § [8], l. 1, p. 199)
51
Mouils – adj. 2 gên. pl. (<Móveis>)
“(...) E mãdo q(ue) a raina/dona Orraca agia a meiadade de todas/aq(ue)lias
cousas mouils q(ue) eu ouuer/a mia morte, exetes aq(ue)stas dezi-/mas q(ue)
mãdo dar por mia alma e as/ou(tras) q(ue) tenio en uoontade por dar/por mia alma
e non´as uiier a dar. (...)”
(TAII, in CHLP, § [7], l. 6 a 8, p. 198 e § [8], l. 1 a 4, p. 198)
52
Móvil – s.m.sg.
“mais sabudo e certo, apregoado
quant´ ei na terra, móvil e raiz.”
(LPGPI – 30,35. – p. 264 – vv. 34 – 35)
53
Nadível – adj. 2 gên. sg.
“(...) o Spíritu Santo, que é mais doce que mel, será feito em ti fonte de áugua
nadível e corrente pera sempre na vida eternal. (...)”
(LVC, Cap. XXV, fl. 86, b, § 961, l. 23 – 25, p. 351)
54
Notauell – adj. 2 gên. sg. (<Notável>)
“(...) que nom fique no rregno nehuũa pessoa notauell sem uosso gramde
costramgimento.”
(CTC, Capitullo, xx., § 1º, l. 22 – 24, p. 51)
55
Notaueis – adj. 2 gên. pl. (<Notáveis>)
“De alguãs Cousas mais/notaueis do brazil e de/alguñs costumes dos/Indios”
(CNB – MM – p. 3 – l. 1 – 4)
56
Notaueis – adj. 2 gên. pl. (<Notáveis>)
“IESV/De alguãs Cousas mais notaueis/do Brazil”
24
(CNB – MC – p. 31 – l. 1 – 3)
57
Notávees – adj. 2 gên. pl. (<Notáveis>)
“E em Pombal, e em Soure, [o Iffante Dom Henrique] mandou fazer duas igrejas
mui notávees.”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 10 – 11, p. 40)
58
Notávees – adj. 2 gên. pl. (<Notáveis>)
“Nos grandes e notavees conselhos el [D. João I] era sempre o principal, e neũa
pesada cousa se fazia sem seu acordo. (...)”
(QCDJI, Cap. 10., § 2º., l. 1 – 3, p. 58)
59
Notável – adj. 2 gên. sg. (<Notável>)
“Seendo no poboo cuidado notavel por sua segurança e defensom, da terra, da
guisa que teendes ouvido, nom embargando que se o Meestre escusasse per
suas razões a nom poder ficar em no reino, as gentes porém nom leixavom de o
seguir, pedindo-lhe cada dia por mercee que os nom quisesse desemparar.”
(QCDJI, Cap. 6., § 1º., l. 1 – 7, p. 32)
60
Notavel – adj. 2 gên. sg. (<Notável>)
“Assi que, vista sua prudente e notavel discreçom, bem se podia deizer delle que,
posto que cega fortuna em esta presente vida leixe nuus de galardom alguũs que
o bem merecem, (...)”
(QCDJI, Cap. 10., § 2º., l. 11 – 14, p. 58)
61
Perduravel – adj. 2 gên. sg. (<Perdurável>)
“(...) refreou os males, regendo bem seu Reino, ainda que outras mingoas per el
[D. Pedro I] passassem de que pendença podia fazer, de cuidar he que ouve ho
galardom da justiça, cuja folha e fruito he: honrada fama neeste mundo e
perduravel folgança no outor.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 6 – 11, p. 62)
62
Perdurauil – adj. 2 gên. sg. (<Perdurável>)
1
In nomine dominj amen. (...)/ [Eu maria martĩz] faczo Carta de uẽdiçõ e de
25
perdu/
2
rauil firmidoe. A uos. Domĩgas martĩz do Ribeyro molher que foy de
Domĩgos migééz/3 de todo o herdamẽto que eu ey no Ribeyro da parte do dito
meu padre. cõ todos seus/4 dereytos e pertẽẽczas de mote en fonte. na ffreguesia
de san mamede por preczo que de uos re/5 czebi cõuẽ a ssaber czincõeẽta soldos
de portugaeses cõ as Reuora Tanto a my e a uos prougue e do preço/(...)”
(DPNRL, Documento 47, l. 1 5, p. 184; Maço 3,22, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1318)
63
Perduravil – adj. 2 gên. sg. (<Perdurável>)
“(...) e cuydando [aquele que ouver] os bẽẽs que lhi deus faze e os maos/de que o
guardou e a lediça perduravil que lhi dara, en que regnará pera todo sempre
jamais.”
(LA, III, vv. 1 – 3, p. 21)
64
Perduravil – adj. 2 gên. sg. (<Perdurável>)
“(...) Enton-/ce o queyma no fogo perduravil do inferno.”
(LA, XXII, vv. 15 – 16, p. 41)
65
Perduravil – adj. 2 gên. sg. (<Perdurável>)
“Onde entõ son vendudos os passaros polo/dipondio e pola mealha, quando os
pecadores/se vẽdẽ e se sojugam ao diaboo pera seerem/atormentados no fogo do
inferno perduravil por/estas cousas tẽporaes que sse passã e que sse/vã agĩha e
que son de pequeno valor. (...)”
(LA, XXVI, vv. 23 – 28, p. 46)
66
Perduravis – adj. 2 gên. pl. (<Perduráveis>)
“(...) Se animalhas que son de pequeno/valor vẽẽ a terra que o Deus nõ
sabha,/vos que sodes perduravis devedes temer/nẽ dovidar que ajades de
viver sen a provison e/sen a mercee de Deus. (...)”
(LA, XXVII, vv. 12 – 16, p. 46)
67
Perduravyl – adj. 2 gên. sg. (<Perdurávil>)
“... prometera naravylhosos proveitos da vida perduravyl
(Corte Imperial, p. 212, apud DLPA, p. 468, verb. Perduravyl)
26
68
Perduravyll – adj. 2 gên. sg. (<Perdurávil>)
“... mais todo he asirado e eternal e perduravyll...”
(Corte Imperial, p. 103, apud DLPA, p. 126, verb. Asirado)
Plazível – adj. 2 gên. sg. (<Prazível>)
“(...) assi como depois da grande chuiva a claridade é mais graciosa, e depois a
longa enfirmidade é mais acepta a saúde, assi depois das pelejas e encontros se
faz mais plazível e desejosa folgança da paz, e assi depois da perlongada
tribulaçom se faz mais alegre a fulgura e assessêgo. (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 79, b, § 886, l. 4 – 10, p. 323)
69
Plazíveis– adj. 2 gên. pl. (<Prazíveis>)
“(...) A qual festa e recebimento, desta guisa feita, demovia muitas delas a regar
suas fermosas caras com doces e prazíveis lágrimas.
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 6 – 8, p. 70)
70
Razoãvis – adj. 2 gên. pl.
“(...) se nõ outras cousas razoãvis permaesçã”
(Regra de São Bento, apud DELP, vol. IV, p. 44, verb. Razoável)
71
Rresoauell – adj. 2 gên. sg. (<Razoável>)
“Ca naturallmente toda criatura rresoauell deseia duraçam, por cuja rrezam os
primeiros philosophos, semtimdo este naturall deseio, pemssamdo que a morte
nom uijnha aos homeẽs per ley determinada, soomente por corrompimento dos
humores, (...)”
(CTC, Capitullo, xxxviij, § 1º., l. 16 – 22, p. 59)
72
Semelhavel – adj. 2 gên. sg. (<Semelhável>)
“... logo a criatura primeyra he semelhavel aquela que he feita de novo”
(Corte Imperial, p. 208, apud DLPG, p. 525)
73
Semelhavel – adj. 2 gên. sg. (<Semelhável>)
“(...) era a ella [Rainha Dona Lionor] semelhavel em bem pareçer, e dulcidom de
27
falla, sofremdo-nos porem de a prasmar d´alguumas cousas em que nom onesto e
muy soltamente.”
(CDF, Cap. LXV, § 1º., l. 8 – 11, p. 55)
74
Semelhável – adj. 2 gên. sg.
“E quando se houve humildosamente antre homeẽs, quanto benignamente antre
os discípulos, quanto misericordioso foi aos pobres, aos quaaes se fêz em todo
semelhável e que da família deles parecia [special]; (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 6, d, § 49, l. 1 – 6, p. 21)
75
Semelhavil – adj. 2 gên. sg. (<Semelhável>)
“Este Jhesu Christo he chamado o alto cedro do/Libano, semelhavil ao ysope en
que os pas-/saros, os seus fiees, fazẽ os seus hos.”
(LA, XXIV, vv. 16 – 18, p. 43)
76
Semelhavil – adj. 2 gên. sg. (<Semelhável>)
“Diz o outor deste livro [Livro das Aves] que he a alma nossa/semelhavil aa
passara quando nas obras/ que ela quer usar d´eyxemplo d´arteyrice.”
(LA, XXV, vv. 8 – 10, p. 44)
77
Semellavis – adj. 2 gên. sg. (<Semelháveis>)
“duas cartas semellavis
(Porte, p. 71, apud DELP, v. V, p. 175, verb. Semelhável)
78
Scorregavel – adj. 2 gên. sg. (<Escorregável>)
“Nem dos bẽes serenos levantados hũa e o outro, assy como cousa scorregavel
e que asynha passa”
(Leal Conselheiro, p. 67, apud DLPA, p. 524, verb. Escorregável)
79
Spantauil– adj. 2 gên. sg. (<Espantável>)
“… e tynha huun rabo assy grande que era cousa muito spantauil…”
(Visão de Tundalo, na rev. Lus., apud DLPA, vol. II, p. 460, verb. Espantável)
Spantavyl
– adj. 2 gên. sg. (<Espantável>)
28
80
“Fazes grandes em sanctidade, spantavyl
(Solilóquio, p. 75, apud DLPA, p. 536, verb. Espantável)
81
Terribil – adj. 2 gên. sg. (<Terrível>)
“he hũm animal mais terribel [Porcos espinhos de Africa] q´se uio he m
to
pequeno
como gato e fer/moso este se algũ cam arremete a elle ou se ue aperto larga
huã certa/ventosidade q´m
tas
vezes de taõ roim cheiro morr os cas (...)
(CNB – MM – p. 19 – l. 370 – 372)
82
Visíbel – adj. 2 gên. sg. (<Visível>)
“(...) e aquêlo que se nom pode veer, scil., a alma, per mistério nom visíbel. (...)”
(LVC, Cap. XIX, fl. 63, b, § 723, l. 8 – 9, p. 259)
83
Visívees – adj. 2 gên. pl. (<Visíveis>)
“(…) Nós nos partimos do nosso regno per soberva e desobediência, seguindo as
cousas visívees e gostando o manjar defeso; e porém necessário é que tornemos
per chôro e per despreçamento das cousas visívees e refreando o apetito da
carne. (...)”
(LVC, Cap. XI, fl. 39, d, § 459, p. 161)
-AÇO ~ - AÇA~ - ACU~ - AZO
84
Chimaço – s. m. sg.
“Sinco chimaços acedrenchados…”
(Elucid., s. v. alfanbar, apud DELP, vol. II, p. 144, verb. Chumaço)
85
Chumaço – s. m. sg.
“... et meum lectum cum una cocedra, et duos chumaços
(DELP, vol. II, p. 144, verb. Chumaço)
29
86
Espinhaço – s. m. sg.
“(...) naõ bolia [o braço do indio] cõ os ossos quebrados e toda a coxa/ esfolada de
huã a qual elle hũa fouce q´tinha deu muitas pã/cadas no espinhaço hũa
mão q´lhe ficou por cimgir e assim/atrauesado o queria gulir acodio aos brados
hũ seu irmaõ”
(CNB – MM – p. 21 – l. 405 – 408)
87
Espinhaço – s. m. sg.
“Mas vós, Padre, sois do Paço,
e São Jerônimo do ermo,
e não dobrais vosso braço
açoutando o espinhaço,
nem trazeis o peito enfermo.”
(RA, in OCGV – vol. V, p. 32 – vv. 16 – 20)
88
Espinhaço – s. m. sg.
“(...) fiqua q´naõ pode andar [Cobra dagoa doçe]/ao longo dagoa ou onde ha lama
e mete a/cabeça e o Rabo debaixo e a mais carne fica ao sol e apodreçe e v os
coruos/e a deixaõ no espinhaço e gastada (...)”
(CNB – MC – pp. 205 e 207 – l. 2315 – 2319)
89
Inchaços – s. m. pl.
“(...) Seis mezes se/meteo huã muela de galinha e esteue ao sol/e sereno e se
tirou no cabo como se a em/taõ meteraõ. p
a
camaras he bebendo/alguãs oito
gotas em v
o
he bõ pa inchaços/e outras emfermidades. (...)
(CNB – MC – p. 167 – l. 1794 – 1799)
90
Inchaços – s. m. pl.
“(...) a aruore [figeira braua Amaiba] he occa as folhas far/padas grandes e
Redondas t m
ta
v´tude e/qutes seru pa inchaços. (...)”
(CNB – MC – p. 167 – l. 1806 – 1808)
91
Inchaços – s. m. pl.
“as folhas [figeira braua Amaiba] qutes seru para inchaços e corrimentos”
30
(CNB – MC – p. 169 – l. 1812)
92
Linhaça – s. f. sg.
“(...) /
22
leuara de linhaça trres allqueires e tem darredor e demtro trinta e sete pes
duueiras antre mas e bõas que darã de vinho vynte allmudes item o outeiro do
bufo que sta todo /
23
deuesa item Junto desta deuesa sta talho que lleuara de
semeadura de çenteo allqueire item o talho do lameiro do moinho que leuara
allqueire de çenteo item a leirinha/(...)”
(DPNRL, Documento 104, l. 22 23, p. 309; Maço 7, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1528)
93
Plumaço – s. m. sg.
“(...)/
3
de Petroso. [Monasterium] meo e a. coçudra. e. j. almucela. e j.
plumaço/(...)”
(DPNRL, Documento 5, l. 3, p. 105, Maço 6,31, Mosteiro de S. Pedro de Pedroso,
1252.)
94
Plumazo – s. m. sg.
“... uma manta e um plumazo
(Diplomata et Chartae, p. 551, apud DLPA, p. 474, verb. Plumazo)
95
Pulmaco – s. m. sg.
“.Duodecim ganapes, líneas c
m
. Pulmacos similiter c
m
(apud DELP, p. 144, verb. Chumaço)
96
Spinacum – s. m. sg.
“Uadit ad capud de ieroo et reveritur per spinacum de cam”
(Leges p. 561, apud DELP, vol. I, p. 466, verb. Espinhaço)
-ACHO
97
Penachos
– s. m. pl.
31
“(...) Saõ/fermosas as penas [das Emas] saõ pera penachos corr m
to
e pareçe
q´voaõ e as penas ajudaõ a isso/posto q´moles mas naõ há caõ q´as tome”
(CNB – MM – p. 141 – l. 1446 – 1448)
-ÁDEGO ~ -ÁDIGO ~ -ÁTICO
98
Achadego – s. m. sg. (<Achádego>)
“… todo o homem, que achar alguuma ave alhea, que a faça logo apregoar no
Concelho, ou Villa; e se vier seu dono, de-lhe por achadego do açor prima huũ
maravidi de quinze soldos e meio...”
(Documento de D. Dinis, conforme a versão de Ord., V, 54-
o
, p. 98, apud DELP, v.
I, p. 71)
99
Achádego – s. m. sg.
“(...) E diz Gregório que ´os Magos nos acharom grande achádego em aquêlo que
per outro caminho se tornarom. (...)”
(LVC, Cap. XI, fl. 39, d, § 459, l. 5 – 8, p. 161)
100
Achadigo – s. m. sg. (<Achádego>)
“… e aquel que o achou aya. j. maruedi do senhor por achadigo...”
(Fuero, p. 151, apud DELP, v. I, p. 71, verb. Achádego)
101
Achalgo s. m. sg. (<achádego> ~ <achádigo>)
“den le en achalgo quarta de morabitino”
(Leges, I, p. 930, apud DELP, v. I, p. 71, verb. Achalgo)
102
Amádigo – s. m. sg.
“(...) Assi como [Cristo] se dissesse: ´Nom vos devêrees de maravilhar; porque
mais devo de esguardar Aquel cujo eternal Filho som segundo [a] natureza divinal,
mais que a vós, Madre, cujo Filho som segundo a natureza humanal, e a de
Joseph, de que som/solamente criado ou Filho per amádigo e criaçom.´
32
(LVC, Cap. XV, fl. 51, a, § 577, l. 24 – 31, p. 205)
103
Amadigos – s. m. pl. (<Amádigos>)
“Excusanse per estes davanditos amadigos et comparas”
(Inq., p. 353. Cf. Ver. Port., VIII, p. 72, apud DELP, v. I, p. 221, verb. Amadigos)
104
Barcadegas – s. f. pl. (<Barcádigas>)
“e tres barcadegas de toorgãa”
(Documentos das Chancelarias Reais, I, p. 167 (Alex), apud DELP v. I, p. 392,
verb. Barcádiga)
105
Barcadigas – s. f. pl. (<Barcádigas>)
“Diziades, que dizimeiros levavam das barcadigas das sardinhas mais ca
deviam...”
(Elucidário, v. II, p. 21, apud DLPA, p. 153, verb. Barcadigas)
106
Bragaadiga – s. f. sg. (<Bragádiga>)
“Aforou el-rei D. Sancho I a sua herdade do Cobou, em Pena guião, com várias
pensões e entre elas uma bragaadiga de carne...”
(Elucidário, v. II, p. 40, apud DLPA, p. 173, verb. Bragaadiga)
107
Çismatico – adj. m. sg. (<Cismático>)
“E tãto era com elles (castelaõs) emborilhado que lhe chamauã çismatico: como
naquelle chamauã aos mãos (sic.) portugueses”
(Condest., apud DELP v. II, pp. 159 – 160, verb. Cismático)
108
Çismaticos – adj. m. pl. (<Cismáticos>)
“O Papa [Urbano], quando vio sua fugida delles e a carta que lhe mandavom, feze-
os çitar per suas leteras, e nenhuum nom foi peramt´elle; por a qual razom os
escomungou da mayor escomunhom, e os privou dos cardeallados, e fez outros
cardeaaes de novo, damdo-os por çismaticos e membros talhados da egreja;
outorgamdo, a todos aquelles que lhe fezessem guerra, aquelles privillegios e
perdoanças, que o dereito outorga a todollos que vaão comtra os emmiigos da fé
33
em ajuda de tomar a Casa Samta.”
(CDF, Cap. CVIII, § 4º., l. 6 – 14, p. 107)
109
Chavadigo – s. m. sg. (<Chavádigo>)
“Deu d´entrada 1 marco de prata: por revora 1 maravidi: e Chavadigo 1 carneiro e
huma fogaça...”
(Eluc., s. v. chavadego, apud DELP, v. II, p. 134, verb. Chavadigo)
110
Freimático – adj. m. sg.
“... se é pesado com madureza de siso, dizem que é freimático
(Vita Christi, fl. 170c, apud DLPA, p. 340, verb. Freimático)
111
Infantádego – s. m. sg.
“Lhe deixou o herdamento que tinha das terras do Infantádego
(Duarte Nunes de Leão, Primeira Parte das Chronicas dos Reis de Portugal, fl. 73,
1ª. ed., apud DELP, v. III, p. 291, verb. Infantádego)
112
Infantadigo – s. m. sg.
“... cõna outra metade do infantadigo [...] medina de Rio Seco cõ el infantalgo”
(Crón. Galega, p. 103 e 111, apud DLPA, p. 374, verb. Infantadigo)
113
Jnfantadigo – s. m. sg. (<Infantádigo>)
“cona meatade do jnfantadigo... cõna outra meatade do jnfantadigo... Medina de
Rio Seco cõ el jnfantadigo”
(Crónica Galega, pp. 103 e 111 (Lorenzo), apud DELP, v. III, p. 291, verb.
Jnfantadigo)
114
Jorgadigo – s. m. sg. (<Jorgádigo>)
“Chamem o juiz de cada uno jorgadigo e o abade da egrégia”
(Machado, v. III, p. 355, apud DLPA, p. 385, verb. Jorgadigo)
Padroadigo
– s. m. sg. (<Padroádigo>)
34
115
In Christi nomine. Amen.Eu Eluira Sanchiz offeyro o meu corpo áás virtudes de
Sam Saluador do moensteyro de Vayram, e offeyro co´no meu corpo todo o herda-
/mento que eu ey en Centegãus e as tres quartas do padroadigo d´essa eygleyga
e todo hu herdamento de Crexemil, assi us das sestas como todo u herdamento:
que eu aia u moensteyro de Vayram por en saecula saeculorum. Amen.
(Testamento [de Eluira Sanchiz] , Ano de 1193, in TA, l. 1 – 3, p. 14; l. 1 – 5, p. 15)
116
Padruadigos – s. m. pl. (<Padroádigos>)
“... de partiçon et de deuison que fazemus antre nos dos herdamentos e dos
cout[os] e das onrras/e dous padruadigos das eygreygas...”
(Auto de Partilhas (vj.: R. Port., XX, p. 329), apud DELP, v. IV, p. 278, verb.
Padruadigo)
(-A)DA
1
~(-A)DO
1
(SUBSTANTIVOS)
117
Abastados – s. m. pl.
“Romagem dos Agravados,
Inda que se agravam d´abastados..”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 4 – vv. 7 – 9)
118
Abrigada – s. f. sg.
“[...] e fomos de lomgo da costa com os batees e esquifes amarados per popa
comtra onorte pera veer se achauamos alguũa abrigada e boo pouso omde
jouuesemos pera tomar agoa e lenha, [...]”
(VCPVC – fl. 2 – l. 13 – 17)
119
Acomthiados – s. m. pl. (<Acontiados>)
“Das cavallgadas e do seu quimto, mandava elRei [Dom Fernamdo] que
tomassem o dizimo, e mais huum dia de solldo de todollos que em algum mester
fossem, pera pagua dos cavallos dos acomthiados, que emmanqueçessem ou
morressem.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 7º., l. 1 – 4, p. 73)
35
120
Acuitellados – s.m. pl. (<Acuitelados>)
“... por mais fiel fiel tinha hũu barbaro ou cada hũu dos acuitellados que com elle
andavam...”
(Livro dos Ofícios, p. 108, apud DLPA, p. 62)
121
Admirada – subst. f. sg.
“EStà a gente marítima de LuSo,
Subida pela exarcia, de admirada,
Notando o estrangeiro modo, & vSo,
E a lingoagem tam bárbara & enleada.”
(LUS., Canto I, estrofe 62, vv. 1 – 4, p. 11)
122
Agasalhado – s. m. sg.
“Aceitou com agradecimento o agasalhado que se lhe oferecia...”
(Diálogos, v. III, cap. 2, fl. 212d, apud DLPA, p. 77)
123
Agravados – s. m. pl.
“Romagem dos Agravados,
Inda que se agravam d´abastados..”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 4 – vv. 7 – 9)
124
Almoxarifados – s. m. pl.
“Val o rendimento das rendas e direitos do/reino, assi dos almoxarifados e
outras rendas dele,/como das alfandegas, leziras, paues, reguengos/jugadas,
quartos, mestrados de Cristo, Santiago e Avis, ilha da Madeira, ilha dos
Açores,/Cabo Verde, Santhome, e mais rendas de/Guine, Brasil, e da India, em
cada hum ano, (...)”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
17v, in EBC, l. 3 – 6, p. 210)
125
Amẽdoados – subst. m. pl. (<Amendoados>)
“Da carima q´he a rais seca [da mandioca] se faz amdoados/cousas doçes e o
mais e se faz paõ cõ aRoz/mesturado e esta seca botaõ e mesturaõ cõ/a outra q
do
36
quer se cõserue p
a
longe como/q
do
a traz p
a
portugal os marinheiros (...)”
(CNB – MC – p. 87 – l. 736 -740)
126
Arramcada – s. f. sg. (<Arrancada>)
“(...) E quamdo o porco assi naçeo, o outro alaão Rabez deu huuma arramcada, e
o Bravor teve-se quedo; e quamdo Rabez vio que se o porco saya, e que o nom
desatreelavom, fez huuma gramde arramcada per huum mesto mato, levamdo
após si o page, e o outro alaão. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 5º., l. 20 – 24, p. 97)
127
Arramcada – s. f. sg. (<Arrancada>)
“(...) E quamdo o porco assi naçeo, o outro alaão Rabez deu huuma arramcada, e
o Bravor teve-se quedo; e quamdo Rabez vio que se o porco saya, e que o nom
desatreelavom, fez huuma gramde arramcada per huum mesto mato, levamdo
após si o page, e o outro alaão. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 5º., l. 20 – 24, p. 97)
128
Arruiviscada – s. f. sg.
“Vês ti aquela cabra entresilhada, /Que vai após a grande arruiviscada...)
(O Lima, Écloga 16, apud DLPA, p. 123)
129
Assũada – s. f. sg. (<Assuada>)
“E o Meestre faze-o assi, e forom-se todos com êl pela Rua Nova; e ficando
poucos, desfeze-se gram parte daquela assũada
(QCDJI, Cap. 4., § 4º., l. 10 – 12, p. 26)
130
Assunados – subst. m. pl. (m. q. <Assassinados>)
“E porem diziam alguuns, que era bem de se juntarem todos, e hir pellejar com el
Rei de Castella aa pomte de Loires, e ali morrerem ante assunados, que
esperarem de sofrer tamanho nal, como esperavom reçeber por sua viinda.”
(CDF, Cap. LXXIII, §, l. 18 – 22, p. 58)
131
Azcumada – s. f. sg.
“(...) E emtom foi feita a mais fremosa azcumada de seu braço, que ataa li fora
37
vista nem ouvida amtre monteiros, porque as cuitellas da aczuma emtrarom pellos
polpoões da coxa, e cortarom os ossos e as jumtas, e sahirom as cuitellas com
toda a asta pello conto da aczuma, da outra parte da calluga da espalda.”
(CDF, Cap. XCIX, § 6º., l. 9 – 14, p. 98)
132
Bateláda – s. f. sg. (<Batelada>)
“tomariã cinquoẽta almas, que custárã huma bateláda de sete homeẽs dos
nóssos”
(Dédc., I, cap. 11, p. 40, apud DELP, v. I, p. 403)
133
Benefiçiado – s. m. sg. (<Beneficiado>)
“Esta torre [torre albaraã, também chamada Tôrre do Tesouro ou do Haver e, mais
tarde, Tôrre do Tombo] era mui forte e nom foi porem acabada; estava em cima da
porta do castello, e alli poinham ho mais do tesouro que os Reis juntavom em ouro
e prata e moedas, e tiinham as chaves della huum gardiam de Sam Francisco, e
outra o priol de Sam Domingos, e a terceira huum benefiçiado da See desta
çidade.”
(CDPI, Cap. XII, § 1º., l. 3 – 9, p. 84)
134
Bicada – s. f. sg.
“(...) Em este comeos sobreveo o gram porco seguro e desacompanhado de
sabujos d´alaãos, exudrado por a gram calma que fazia, e veo naçer per a bicada
de huum monte, jumto com a armada hu jazia o Iffamte [Dom Fernamdo] e seu
page dormiindo. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 4º., l. 9 – 13, p. 97)
135
Bofetadas – s. f. pl.
“(...) e finalmente dos perigos dos falsos irmaãos e dos escarnhos, dos cospinhos
e doestos, das bofetadas e dos despreços, e dos clavos e das outras cousas
semelhantes, as quaaes compridamente declaram os evangelistas.´”
(LVC, Prólogo, fl. 4, d, § 27, l. 27 – 32, p. 13)
136
Cardeallados – s. m. pl. (<Cardealados>)
“O Papa [Urbano], quando vio sua fugida delles e a carta que lhe mandavom, feze-
os çitar per suas leteras, e nenhuum nom foi peramt´elle; por a qual razom os
escomungou da mayor escomunhom, e os privou dos cardeallados, e fez outros
38
cardeaaes de novo, damdo-os por çismaticos e membros talhados da egreja;
outorgamdo, a todos aquelles que lhe fezessem guerra, aquelles privillegios e
perdoanças, que o dereito outorga a todollos que vaão comtra os emmiigos da fé
em ajuda de tomar a Casa Samta.”
(CDF, Cap. CVIII, § 4º., l. 6 – 14, p. 107)
137
Casado – s. m. sg.
“(…) mandou [el Rei Dom Pedro I] e pos por lei que qualquer casado que com
barregaã vivesse ou a tevesse dentro em sua casa, se fosse fidallgo ou vassallo
que delle ou d´outrem tevesse maravidiis, que os perdesse; e, segundo os estados
das pessoas, assi hordenou as penas do dinheiro e degredo, ataa mandar que
pubricamente por a terçeira vez elles e ellas por esto fossem açoutados; (…)”
(CDPI, Cap. V, § 1o., l. 7 – 14)
138
Casados – s. m. pl.
“(...) Pela vida muyto es-/[treyta anda] os bõõs e os religiosos. Pela/[mẽos estreita]
andã os casados. Pela muy descar-/reyrada an[dã] os fornigadores. (...)”
(LA, XXV, vv. 26 – 29, p. 44)
139
Cavallgadas – s. f. pl. (<Cavalgadas>)
“Das cavallgadas e do seu quimto, mandava elRei [Dom Fernamdo] que
tomassem o dizimo, e mais huum dia de solldo de todollos que em algum mester
fossem, pera pagua dos cavallos dos acomthiados, que emmanqueçessem ou
morressem.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 7º., l. 1 – 4, p. 73)
140
Çellada – s. f. sg. (Celada>)
“Quamto os Castellãos isto soberom, hordenarom de os atemder, e lamçarom
huuma grossa çelada de muita gente em huum logar escuso, de que os
Portugueses nom souberom parte; e começada a pelleja, levavom os de Portugal
a melhor de seus emmiigos.”
(CDF, Cap. LXXVIII, § 2º., l. 11 – 15, p. 61)
141
Condado – s. m. sg.
“(...) estas terras e outras forom dadas ao Condestabre, quando el-Rei [D. João I],
depois da Batlaha, lhe deu o condado d´Ourem e de Barcelos, como depois
39
ouvirees.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 23 – 26, p. 70)
142
Condado – s. m. sg.
“(...) passados quatro meses e mais que com el estavom, leixarono treze
cardeaaes, cujos nomes e dinidades nom curamos de dizer, e forom-se pera huum
logar que chamam Anania, do condado de Fumdis, e dalli lhe escrepverom
huuma carta, cuja conclusom era esta: (...)”
(CDF, Cap. CVIII, § 2º., l. 9 – 13, p. 106)
143
Criadas – s. f. pl.
“(...) E, fallamdo os maldizemtes, prasmavom-na [Rainha Dona Lionor], dizendo
que todallas criadas daquella senhora que fimgem sempre muito amaviosas, por
tanto que o manto da caridade que mostram, seja cobertura de seus desonestos
feitos.”
(CDF, Cap. LXV, § 5º., l. 15 – 19, p. 56)
144
Criado – s. m. sg.
“(...)
10
frade váásco çaluit criado das donas. Ffiz çaluit. testemunhas
testemunhas (sic) Era M
a.
/
11
CCC
a.
xj
a.
fferia iija v. dias por andar de Dezenbro. e
por seer mays firme/12 mãdou o Couẽto poer y seu segelo.”
(DPNRL, Documento 115, l. 10 12, p. 351; Maço 46, 906B, Mosteiro de Chelas,
1273)
145
Criado – subst. m. sg.
“(...) Assi como [Cristo] se dissesse: ´Nom vos devêrees de maravilhar; porque
mais devo de esguardar Aquel cujo eternal Filho som segundo [a] natureza divinal,
mais que a vós, Madre, cujo Filho som segundo a natureza humanal, e a de
Joseph, de que som/solamente criado ou Filho per amádigo e criaçom.´
(LVC, Cap. XV, fl. 51, a, § 577, l. 24 – 31, p. 205)
146
Criados – s. m. pl.
“– Vós todos assi como estaaes jumtos, sooes meus vassallos e criados [do
Iffamte D. Joham, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro], e isso meesmo de meu
padre, e hei de vós gram fiamça, porque deçemdees de boa criaçom e
linhaageens, e nom devo de fazer cousa que vos nom faça/primeiro saber. (...)”
40
(CDF, Cap. CIII, § 2º., l. 15 – 18, p. 99; l. 1, p. 100)
147
Cuidado – s. m. sg.
“Ó! Com quanto cuidado e deligencia vimos grandes volumes de livros, de
desvairadas linguageẽs e terras!”
(QCDJI, Cap. 1., § 1º., l. 14 – 16, p. 4)
148
Cuitellada – s. f. sg. (<Cutelada>)
“E foi assi feito, e troverom-lho [o homeẽ] a Avrantes e alli o mandou [el Rei Dom
Pedro I] degollar, e disse:´Des que me este homem deu huuma punhada e me
depenou a barva, sempre me temi delle que me desse huuma cuitellada, mas ja
agora som seguro que nunca ma dará.”
(CDPI, Cap. IX, § 1º., l. 13 – 17, p. 82)
149
Cuydado – s. m. sg. (<Cuidado>)
“(...) § Disserõ aynda que ha gram cuyda-/do e conhocimento pera fazer seu ho
[Andorĩha] e pera criar/seus filhotes. (...)”
(LA, XVII, vv. 3 – 5, p. 35)
150
Durada – s. f. sg.
“Item, o meo é lugar de ajuntamento, porque os extremos ou cabos ajuntam-se na
meatade. Onde o Apóstolo: ´Aquele é nossa paz que tôdalas cousas fêz em a´.
Item, o meo é logar de durada, porque o meo do mundo fixo é e nom movediço.
(...)”
(LVC, Cap. XIX, fl. 66, c, § 726, l. 1 – 6, p. 261)
151
Emtrada – s. f. sg. (<Entrada>)
“E seendo nembrado de homrrar seus ossos, pois lhe já mais fazer nom podia,
mandou fazer [D. Pedro I] huum muimento d´alva pedra, todo mui sotillmente
obrado, poemdo enlevada sobre a campaã de çima a imagem della [D. Enês de
Castro] com coroa na cabeça, como se fora Rainha; e este muimento mandou
poer no moesteiro d´Alcobaça, nom aa emtrada hu jazem os Reis, mas demtro na
egreja há maão dereita, açerca da capella moor.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 3º., l. 12 – 20, p. 106)
41
152
Emtradas – s. f. pl. (<Entradas>)
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
153
Escolhidos – s. f. sg.
“(...) Hoje nascido é Jesu Cristo, e assi verdadeiramente é dia de natal e nascença
do Rei eternal, Filho de Deus vivo. I Hoje moço é nado a nós, hoje é dado a nós.
Hoje reluziu o sol da justiça claramente, o qual stava primeiro na nuvem. Hoje o
espôso da Igreja e a cabeça dos escolhidos saíu do taambo. Hoje o mais
fremoso em fectura que tôdolos homeẽs demostrou a sua desejada face. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 33, c, § 396, l. 3 – 12, p. 137)
154
Estado – s. m. sg.
“Suas respostas [do Iffante Dom Henrique] sempre eram brandas, com as quaaes
muito honrava a condiçom de cada hũa persoa, sem apouquentamento de seu
estado.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 22 – 24, p. 32)
155
Estado – s. m. sg.
“Elle [el Rei Dom Pedro I] defendeo e mandou em Lixboa que nenhuma molher de
qualquer estado nom entrasse dentro no arravalde dos Mouros de dia nem de
noite, so pena de seer enforcada. (...)”
(CDPI, Cap. V, § 2º., l. 20 – 23, p. 73)
42
156
Estados – s. m. pl.
“(...) ca acusã os pecados daqueles por/cujas almas devẽ dar razõ a Nostro
Senhor, n se trabalhã de saber seus estados e as vi-/das que fazẽ e se sse
maẽfestã e se sse comum-/gã se al vez no ano assi como mã-/da o direito.
(...)”
(LA, XI, vv. 6 – 11, p. 29)
157
Estados – s. m. pl.
“(...) Ca o rreligioso/que dondo e obediẽte he a ssa or[], quando [ha] bõa
letradura e bõa fama que sõ dous [cascavees] que [tinẽ] e soa muy longe, ca
per/........................................................................................... [co]nhoçudo de bõõs
e/......................................................... [pela sa] bença [que] ha e pela/.....................
............................................................ [eges] e os cristãos//maaos tira-os e tira-os
dos estados maaos”
(LA, VI, vv. 17 – 23, p. 24; VII, v. 1, p. 24)
158
Estados – s. m. pl.
“(…) mandou [el Rei Dom Pedro I] e pos por lei que qualquer casado que com
barregaã vivesse ou a tevesse dentro em sua casa, se fosse fidallgo ou vassallo
que delle ou d´outrem tevesse maravidiis, que os perdesse; e, segundo os
estados das pessoas, assi hordenou as penas do dinheiro e degredo, ataa
mandar que pubricamente por a terçeira vez elles e ellas por esto fossem
açoutados; (…)”
(CDPI, Cap. V, § 1o., l. 7 – 14)
159
Estradas – s. f. pl.
“(...) As ruas per u el [el-Rei] avia d´ir ataa os paaços u avia de pousar erom
estradas de ramos e flores e ervas de boons cheiros, de guisa que do chão nom
parecia neũa cousa.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 15 – 18, p. 66)
160
Estrado – s. m. sg.
“(...) E de mim vos digo que estamdo huuma vez na çidade d´Evora, que el [Dom
Fernamdo] mandou huum dia trimta cavallos, e trimta mullas, e trimta arneses, e
trimta mil livras em dinheiros que eram mil e çento e tantos marcos de prata, e
quatro azemellas, as duas dellas com duas camas, e as outras duas com roupa
estrado, e mais me deu de jur e d´erdade huuma sua villa que chamam Torres
43
Vedras.”
(CDF, Cap. XXVII, § 5º., l. 14 – 20, p. 27)
161
trada – s. f. sg. (<Entrada>)
“(...)/
29
Esta mjdida noua E de foro hũ par de boaas galjnhas e de luytosa cada/
30
hũa pesoa outro tanto como ha Renda de hũ ãno e de trada ao dicto/
31
Senhor
prioll çem rreaes desta moeda corente de çínqo çeptijs o Reall e <de> Reuora/(...)”
(DPNRL, Documento 93, l. 29 31, p. 283; Maço 13,16, Mosteiro de S. Salvador
de Moreira, 1480)
162
Ficada – s. f. sg.
“(...) o senhor rei, como homem de grandíssima descripçom, consiirando nas
grandes cousas que no regno eram por fazer,/hordenou sua ficada [do Iffante
Dom Henrique], porque no escoldrinhamento dos remédios lhe leixasse a principal
voz, assi como a tio, e special amigo e servidor.”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 12 – 14, p. 42; l. 1 – 3, p. 43)
163
Furado – s. m. sg.
“(...) Seja, ergo, buscado uũ que moria por caridade e nom seja obrigado a morrer,
e assi a morte nom poderá reteer aquêle que lhe nom for obrigado, mas será feito
em ela uũ furado per que poderám scapar [os homeẽs] livres.”
(LVC, Cap. II, fl. 9, c, § 94, l. 16 – 21, p. 41)
164
Furados – s. m. pl.
“Onde Brenardo: ´Portanto ouve a minha poomba em os furados da pedra,
porque nas chagas de Cristo se resolve com tôda devaçom e detém-se em êlas
pensando-as cada dia. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 5, b, § 33, l. 1 – 5, p. 15)
165
Gasalhado – s. m. sg.
“(...) El-Rei a [a molher do Condestabre] recebeo mui bem e lhe fez muito grande
gasalhado e honra e som alguũs que dizem que, ante que se del partisse, lhe fez
el-Rei mercee pera ela e pera seu marido de Bouças e de terra de Basto, e de
terra de Pena, e de Barroso e mais de Barcelos e de Penafiel de Bastos; e que de
todo lhe mandou logo fazer cartas e privilégios, quaes pera esta compriam.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 14 – 22, p. 70)
44
166
Hamrricados – s. m. pl.
“E esto dizia elle [el-rei Dom Fernamdo], porque a todollos que tiinham com el Rei
Dom Hemrrique, chamavom hamrricados. (...)”
(CDF, Cap. LXXXIII, § 16º., l. 8 – 9, p. 70)
167
Hirado – s. m. sg. (<Irado>)
“ca ey mui gram medo do hirado.”
(LPGPI – 25,102. – p. 224 – v. 4)
168
Infantado – s. m. sg.
“... cõ todos os seus termhos e com a outra metade do infantado
(Crón. Geral de Espanha de 1344, p. 334, apud DLPA, p. 374)
169
Inparedeadas – s. f. pl. (<Emparedeadas>, m. q. <Emparedadas>)
“Conucuda cousa sega a cantos esta carta virẽ e léérem que e (sic) Dona
Esteuaya/2 Domĩguit priuresa do mostero da chellas ĩsenbra como convento (?)
dese logo damus./3 A uicente criado das inparedeadas de scam vicẽte ho tal
nosu canpu con seu ho/4 liuar qui auemos ĩ malapadus. assi comu parte scam
vicente. ho mostero de/5 fora. (...)”
(DPNRL, Documento 132, l. 1 5, p. 375; Maço 46, 906C, Mosteiro de Chelas,
1296)
170
Invernada – s. f. sg.
“Vede vós? Eu, Padre, digo
que tempere a invernada,
e leixe criar o trigo.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 7 – vv. 8 – 10)
171
Latada – s. f. sg.
“(...)
15
e Johão da quintã lauradores e homẽs boos aos quaes demos
Juramento{s} dos santos evangelhos e Juntamente com elles Juramos em
prezença do prioll do dito mosteiro e as cousas que achamos que pertence ao/
16
dito casall sam as seguintes, item a cozinha e to della seleiro e loguo
45
contra o naçente palheiro e da banda do poente tudo Junto num eido e tres
cortes e contra o naçente na armação da cozinha da quebrada de/
17
são s esta
allpendre que he deste casall, item antre as portas da cozinha e quinteiro tem
a latada que em comprido vinte e duas varas em traues contra o poente tem da
cozinha da quebrada de são s/
18
ate a cozinha deste casall de parede a parede
noue varas e de contra o nacente em traues tem dezaseis varas e tem duas
huueiras e dous pereiros e cinquo carualhos na saida da dita latada/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 15 18, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
172
Latada – s. f. sg.
“(...)
15
e Johão da quintã lauradores e homẽs boos aos quaes demos
Juramento{s} dos santos evangelhos e Juntamente com elles Juramos em
prezença do prioll do dito mosteiro e as cousas que achamos que pertence ao/
16
dito casall sam as seguintes, item a cozinha e to della seleiro e loguo
contra o naçente palheiro e da banda do poente tudo Junto num eido e tres
cortes e contra o naçente na armação da cozinha da quebrada de/
17
são s esta
allpendre que he deste casall, item antre as portas da cozinha e quinteiro tem
a latada que em comprido vinte e duas varas em traues contra o poente tem da
cozinha da quebrada de são s/
18
ate a cozinha deste casall de parede a parede
noue varas e de contra o nacente em traues tem dezaseis varas e tem duas
huueiras e dous pereiros e cinquo carualhos na saida da dita latada/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 15 18, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
173
Legado – s. m. sg.
“O que ofereceu Sintra fez come bon cavaleiro
e disso-lh´i o legado log´un verso do Salteiro:
Saggite potentis acute – e foi bem acordado:
melhor é de seer traedor ca morrer escomungado.”
(LPGPI – 16,1. – p. 131 – vv. 27 – 30)
174
Legados – s. m. pl.
“E leixou el Rei Dom Pedro em seu testamento çertos legados, a saber: aa Iffamte
Dona Beatriz, sua filham pera casamento, cem mil livras; e o Iffamte Dom Joham,
seu filho, viimte mil livras; e ao Iffamte Dom Denis outras viinte mil; e assi a outras
pessoas.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 4º., l. 31 – 33, p. 107; l. 1 – 2, p. 108)
46
175
Leterados – s. m. pl. (<Letrados>)
“(...) O dia em que el Rei auia dauer/sua rresposta, foi assijnado aaqueles
senhores e leterados, no qual cada huũ disse sua emtemçom, segundo a
camtijdade de seu emtemder e saber, nom porem afastados de huũ proposito.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 30, p. 30 e l. 1 – 5, p. 31)
176
Levada – s. f. sg.
“Per a levada de Cristo ao tempo som tôdolos templos santificados e em seu
nome assiinados, por a qual cousa é stabelecido que nas egrejas stê o corpo de
Deus presencialmente em hóstia sagrada, e ali se guardam as relíquias dos
santos e ali se fazem as obras angelicaaes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, c, § 496, l. 1 – 7, p. 177)
177
Licenciado – s. m. sg.
“O Licenciado sebastião gonçalvez prouisor E vigairo gerall no espritual e
temporall nesta çidade e arcebispado de bragua polos Reverendíssimos senhores
dinidades coneguos e cabido da see da dita çidade a see vagante cetera/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 1, p. 327; maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
178
Magoados – s. m. pl.
“sou templo do Deus d´amor,
Inferno de magoados
(RA, in OCGV – vol. V, p. 3 – vv. 16– 17)
179
Maladas – s. f. pl.
“ca nunca eu donas mandei tecer
nen lhis trobei nunca polas maladas.”
(LPGPI – 70,38. – p. 457 – v. 15)
180
Mandad´ - s. m. sg. (<Mandado>)
“Ca novas mi disseron que vem o meu amigo,
e and´end´eu muy leda poys tal mandad´ey migo,
poys tal mandad´ey migo,
ca [vem o meu amigo].”
47
(LPGPI – 22,9. – p. 167 – vv. 9 – 12)
181
Mandad´ - s. m. sg. (<Mandado>)
“Ca novas mi disseron que vem o meu amigo,
e and´end´eu muy leda poys tal mandad´ey migo,
poys tal mandad´ey migo,
ca [vem o meu amigo].”
(LPGPI – 22,9. – p. 167 – vv. 9 – 12)
182
Mandad´ - s. m. sg. (<Mandado>)
“Bom dia vi, amigo,
pois seu mandad´ei amigo
louçana.
(LPGPI – 25,19. – p. 184 – vv. 1 – 3)
183
Mandado – s. m. sg.
“Cap 13 Como vieraõ os p
es
da Cõp
a
/por mandado delRey Dom Joaõ 3º.”
(CNB – MC – p. 53 – l. 305 – 306)
184
Mandado – s. m. sg.
“Por causa do m
to
pao e pimta gemgibre e algo/daõ veo Monsior de villa galhaõ
graõ capitaõ/per mandado segũdo diz do Rej secretam
te
fez/”
(CNB – MC – p. 59 – l. 359 – 361)
185
Mandado – s. m. sg.
“Poys m´aqui seu mandado non chegou,
muyto vin-eu mays leda ca me vou
de Bonaval.
(LPGPI – 22,7. – p. 166 – vv. 10 – 12)
186
Mandado – s. m. sg.
“Bom dia, vi, amado,
pois migu´ei seu mandado,
louçana.
(LPGPI – 25,19. – p. 184 – vv. 4 – 6)
48
187
Mandado – s. m. sg.
“(...) Mais quando tornar [o rreligioso]/metẽ-lh´o vessadre que ante tragia, ca
torna/a ssa voontade so mãão de sey mayor assi/como ante pera fazer nẽ hũa
cousa de ssa/voontade sen mandado de seu mayor.”
(LA, VI, vv. 9 – 13, p. 24)
188
Mandados – s. m. pl.
“(...) a humildade perfeita deve seer ornamentada e acompanhada specialmente
de três virtudes, scil., de pobreza, fugindo as riquezas por esquivar o fundamento
e o criamento da soberva; e da virtude da paciência, seendo despreçado e
soportando o desprêço com igualeza de coraçom; e de obediência, em obedecer a
mandados de outrem. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, b, § 506, l. 10 – 18, p. 179)
189
Meestrado – s. m. sg. (<Mestrado>)
“(...) O Meestre de Christus, como isto soube [o finar do meestre d´Avis, Dom
Martim do Avelal] foi-se logo a el Rei Dom Pedro [I], que estomce pousava na
Chamusca, e pedio-lhe aquel meestrado pera o dito seu filho [Dom Joham] que
levava em sua companha; e el Rei foi mui ledo do requerimento, e muito mais ledo
de lho outorgar.”
(CDPI, Cap. XLIII, § 2º., l. 10 – 15, p. 101)
190
Meestrado – s. m. sg. (<Mestrado>)
“(...) E porém devem haver temor os prelados e os meestres e preegadores, que
nom sejam per ventura levados per o maligno spíritu aa alteza da preladia e aa
cadeira do meestrado.”
(LVC, Cap. XXII, fl. 77, a, § 863, l. 7 – 11, p. 315)
191
Meijoadas – s. f. pl.
“(...) E assi os filhos de Israel per quarenta e dous pousos ou meijoadas
chegarom aa terra que lhes era prometida. (...)”
(LVC, Cap. VII, fl. 25, a, § 281, l. 11 – 14, p. 103)
192
Mesnada – s. f. sg.
49
“O que filhou gran soldada
e nunca fez cavalgada,
é por non ir a Graada
que faroneja?
Se é ric´omen ou á mesnada
Maldito seja!
(LPGPI - - 18, 30. – p. 155 - vv. 13 – 18)
193
Mestrado – s. m. sg.
Mestrado de Santiago”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
22v, in EBC, l.7, p. 220)
194
Mestrado – s. m. sg.
Mestrado de Avis”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
22v, in EBC, l.11, p. 220)
195
Mestrado – s. m. sg.
“Receita dos mestrados/Mestrado de Cristo”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
22v, in EBC, l.1, p. 220)
196
Mestrados – s. m. pl.
“Receita dos mestrados/Mestrado de Cristo”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
22v, in EBC, l.1, p. 220)
197
Mestrados – s. m. pl.
“Val o rendimento das rendas e direitos do/reino, assi dos almoxarifados e outras
rendas dele,/como das alfandegas, leziras, paues, reguengos/jugadas, quartos,
mestrados de Cristo, Santiago e Avis, ilha da Madeira, ilha dos Açores,/Cabo
Verde, Santhome, e mais rendas de/Guine, Brasil, e da India, em cada hum ano,
(...)”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
50
17v, in EBC, l. 3 – 6, p. 210)
198
Minguado – s. m. sg.
“e se vos [aqu]estes dous end´ũu fal,
que por minguado que vos en terredes!”
(LPGPI – 18,17. – p. 148 – vv. 13 – 14)
199
Morada – s. f. sg.
“E diz em outro lugar: ´Donde vos veo a vós, strangeiros, que adorees a Cristo?
Em Israel nom foi achada tanta fé. Nom vos avorreceu a morada vil da strabaria,
nem os proves berços do presepe, nem a vista da Madre prove, que presente
stava. (...)”
(LVC, Cap. XI, fl. 38, b, § 445, l. 1 – 6, p. 155)
200
Morada – s. f. sg.
“(...)/
68
quoremta e çimquo anos em a casa da morada do senhor Licenciado
sebastião gonçalvez prouisor e vigairo neste arcebispado de bragua polos
senhores do cabido a see vagamte cetera peramte ele/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 68, p. 331; Maço 7,29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
201
Moradas – s. f. pl.
“(...) Maravilhosa conversaçom de cousas, que o homem, que ainda
escassamente entrara no mundo, fugisse da glória do mundo/e nom solamente se
esquecesse de cobiiças do mundo, mas ainda nom as quisesse saber e fezesse
perpétua companhia com Deus. As saídas ou acabamentos dos montes e a
espessura do mato, e a [vastura] dos vales ou baixura dêles eram as casas e
moradas do moço patriarca, quando [a noite] o constrangeu. (...)”
(LVC, Cap. XIv, fl. 47, c – d, § 543, l. 12 – 13, p. 193)
202
Moradas – s. f. pl.
“(...) o Egipto é guarnido e alumeado com moradas sem conto de monges. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 46, § 535, l. 13 – 15, p. 189)
203
Moradas – s. f. pl.
51
“(...) E porẽ diz o filho de Deus no/evangelho assy: Na casa do meu padre muy-
/tas moradas ha. (...)”
(LA, XXIII, vv. 28 – 30, p. 42)
204
Moorgado – subst. m. sg. (m. q. <Morgado>)
“Outros [homeẽs] fezeram ajumtamento de seus bẽes auemdo autoridade delrrey,
per que o fezessem moorgado pera ficar ao filho mayor, de guisa que todollos
que daquella linhagem deçemdessem ouuessem rrezam de sse lembrarem
sempre daquelle que o primeiramente fezera.”
(CTC, Cap. xxxviij., § 1º., l. 16– 22, p. 60)
205
Namorado – s. m. sg.
“de fiar per namorado
nunca molher namorada,
pois que mh o meu a errado”
(LPGPI – 25,128. – p. 237 – vv. 6 – 8)
206
Namorados – s. m. pl.
“Os namorados que trobam d´amor
todos deviam gram doo fazer”
(LPGPI – 62,2. – p. 371 – vv. 1 – 2)
207
Ocupados – s. m. pl.
“(...) alguãs [legoas] q´naõ s pouoadas saõ por/auer pouca gente de
portuguezes e ocupados cõ gentios cõ os quais tem guerras
(CNB – MM – p. 3 – l. 20-21)
208
Ossada – s. f. sg.
“(...) eu [Zurara] aprendi que no levante desta parte do mar Medio Terrano, que
vallem razoadamente mil dobras a ossada de huũ daquelles [elliffantes].”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 25 – 28, p. 69; l. 1 – 2, p. 70)
209
Papado – s. m. sg.
52
“Os cardeaaes outrossi privarom el [o Papa Urbano] d´alguum dereito, se no
papado tiinha, e elegerom logo por Papa Dom Roberte, cardeal de Genevra,
paremte del Rei de Framça, e chamaro-no Clemente septimo. (...)”
(CDF, Cap. CVIII, § 5º., l. 15 – 18, p. 107)
210
Passadas – s. f. pl.
“E dai assi as passadas: –
Entendeis este latim?”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 39 – vv. 14 – 15)
211
Pecado – s. m. sg.
“(...) E porque, por o pecado dos primeiros parentes, a nossa virtude iracível foi
feita fraca e a virtude racional foi escurentada, e a virtude concupicível perdeu a
pronteza que ante havia, outorga-me, Senhor, o Spíritu Santo defendedor contra
as perseguiçoões e alumeador contra os errores e acendedor contra a cobiiça, por
tal que em tôdas cousas eu possa fazer-te a voontade e guardar-me de ofender-te
ou anojar. Amém.”
(LVC, Cap. XXVII, fl. 89, c, § 1.000, l. 8 – 18, p. 365)
212
Pecado – s. m. sg.
“Non s´enfadou e tolheu-mi o testado,
de que me servian por San Joan;
e non dal del[e] valia dun pan
nen mercê nen soldada, mal pecado;”
(LPGPI – 4,1. – p. 85 – vv. 15 – 18)
213
Pecados – s. m. pl.
“O que vendeu Faria por remiir seus pecados
se mais tevesse, mais daria; e disseron dous prelados
– Tu autem, Domine, dimitte aquel que se confonde;
ben esmolou en sa vida quen deu Santaren ao Conde.”
(LPGPI – 16,1. – p. 130 – vv. 15 – 18)
214
Pecados – s. m. pl.
“que pecados forom os meus”
(LPGPI – 25,85. – p. 216 – v 4)
53
215
Pecados – s. m. pl.
“Tantos som os pecados seus,
e tam muito é de mal talam”
(LPGPI – 25,127. – p. 236 – vv. 8 – 9)
216
Pecados – s. m. pl.
“Per meus negros pecados, tive un castelo forte
e dei-o seu don[o], e ei medo da morte.”
(LPGPI – 28,1. – p. 244 – vv. 13 – 14)
217
Pecados – s. m. pl.
“(...) Ca a alma fiel/e simplez que se estende pela poonba ge-/me e faz chanto
polos pecados que lhe fez de seu grado e de seu prazer. (...)”
(LA, I, vv. 29 – 32, p. 20)
218
Pecados – s. m. pl.
“(...) cuja vida [da Virgem Maria], da qual era guarda principal Deus, sabedoria
eternal; cuja vida, outrossi, é comparada aa tôrre de David, que era fornida de mil
escudos que tiinha dependurados, porque mil virtudes e muitas mais havia na
Virgem Maria, das quaaes sua vida era guarnida entanto que todos pecados e
tentações vencia afastando-as nom soomente de si, mas de outros per sua graça
que lhes dava.”
(LVC, Cap. III, fl. 12, d, § 124, l. 12 – 20, p. 53)
219
Pedradas – s. f. pl.
“(...) A cidade era bem forte de muro e torres e boa gente, e combato que lhe
entom dessem nom prestava neũa cousa, e afastarom-se afora, tornando pera seu
arreal, seendo alguũs deles feridos de virotões e pedradas viindo altas vozes
braadando (...)”
(QCDJI, Cap. 14., § 1º., l. 4 – 9, p. 84)
220
Pedradas – s. f. pl.
“Da eSpeSSa nuuem Sêtas &pedradas
54
Chouem Sobre nos outros Sem medida,”
(LUS., Canto V, estrofe 33, vv. 1 – 2, p. 85)
221
Peegadas – s. f. pl. (<Pegadas>)
“(...) Pera coelhos, raposas, e lebres e outras semelhantes selvajeens monteses,
levava el Rei [Dom Fernamdo] tantos caães de seguir suas peegadas e cheiro,
que nenhuuma arte nem multidom de covas lhe prestar podia, que logo nom
fossem tomadas.”
(CDF, § 11º., l. 33 – 37, p. 20)
222
Pegadas – s. f. pl.
“(...) de noite me chegou ate a rede eu/[...] cuidando ser algũ caõ senaõ quando
posta menhãm vimos o rastro/e pegadas mas o sñor me liurou como o fes de
outra m
tas
estas omcas”
(CNB – MM – p. 17 – l. 336 – 338)
223
Perjurado – s. m. sg.
“E oj´est o prazo passado
por que mentio o perjurado.
Ai madre, moiro d´amor!”
(LPGPI – 25,50. – p. 200 – vv. 10 – 12)
224
Perjurado – s. m. sg.
“Por que mentio o perjurado,
pesa-mi, pois mentio a seu grado,
Ai madre, moiro d´amor!
(LPGPI – 25,50. – p. 200 – vv. 16 – 18)
225
Perjurado – s. m. sg.
“Jurastes-m´enton muit´aficado
que logo logo, sem outro tardar,
vós queriades para mi tornar;
e des oi mais, ai meu perjurado,”
(LPGPI – 25,81. – p. 214 – vv. 13 – 16)
55
226
Perjurado – s. m. sg.
“– Porque, madre? – Ca non é guysado!
Lazerar-mh´-á esse perjurado!”
(LPGPI – 33,4. – p. 269 – vv. 8 – 9)
227
Pescada – s. f. sg.
“Hũ peixe q´pareçe no sabor pescada e por/isso lho chamaõ no brazil t
hũ
focinho/q´fere e aRemete elle t hũ dente m
to
/cõprido passa p´lo focinho fora
(...)”
(CNB – MC – p. 193 – l. 2128 – 2131)
228
Pescada – s. f. sg.
“(...) e a panela [de Perynhas] este/mujto abafada e ao outr
o
dia laçarão/a cõserua
hũu tacho e darlheão huũa/feruura q se posa cozer hũa pesca/da fresqua e
tornarão a frjar a cõ/serua q fique mais de morna (...)”
(TCP – p. 97 – l. 951 – 956)
229
Pescadas – s. f. pl.
“(...) Sargos [peixes] m
tos
em s. V
te
e Rjo de Janeiro/gorazes muitos t huãs barbas
nos beiços da/qui diz vieraõ os Jndios a por suas pedras/nos beiços, algũs lhes
chamaõ pescadas e t/duas pedras na cabeça como nozes Sardi/nhás ha m
tas
mas t mais espinhas (...)”
(CNB – MC – p. 193 – l. 2144 – 2149)
230
Pescado – s. m. sg.
“[...] deranlhes aly de comer pam e pescado cozido. confejtos fartees mel e figos
pasados. [...]”
(VCPVC – fl. 3 – l. 14 – 16)
231
Pescado – s. m. sg.
“regateiras do pescado;
escutemo-las de cá.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 20 – vv. 5 – 6)
56
232
Pescado – s. m. sg.
“a casa das carnes, pescado e sal, sisa e imposições/ dos vinhos, fruita e
chancelaria do civil, em que entra/o hum por cemto e dous por milheiro.”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto 1588, fl. 19v,
in EBC, l. 3 – 4, p. 216)
232
Pescado – s. m. sg.
“como que ouvi a enviar
aa rua por pescado;”
(LPGPI – 79,32. – p. 538 – vv. 3 – 4)
233
Pescado – s. m. sg.
“E ha hi [na terra de Guinee] outro pescado, que he pequeno assi como mugeẽs,
os quaaes teem nas cabeças huãs coroas perque desfollegam, que som assi
como guelras, e se/os pooem virados co as coroas pera baixo em alguũ bacio,
(...)”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 25 – 28, p. 69; l. 1 – 2, p. 70)
234
Pescados – s. m. pl.
“Direi-vos como foron i apartados:
deron-lhis das fanegas e dos pescados
atanto, per que foron mui lazerados,
que, des quanto foi nado, nunca chus vi.”
(LPGPI – 77,5. – p. 500 – vv. 7 – 10)
235
Pescoçadas – s. f. pl.
“(...) Onde o Apóstolo: ´Por me nom alevantar em soberva a alteza das
revelaçoões, é-me dado stímulo da carne, messegeiro de Satanás, que me
pescoçadas.”
(LVC, Cap. VIII, fl. 27, d, § 321, l. 11 – 14, p. 113)
57
236
Pizado – s. m. sg.
“(...) mastigãdo se [Bethele da Jndia Jaburãdi] logo este pizado/se o botar huãs
goteiras nas costas de hũ sapo/per peconhto q´seja lhe faz nas costas huas
pe/dras como de aljofar e da logo m
tas
bosejaduras e morre logo/e se algũ viue
fiqua como q´vejo doutro mũdo.”
(CNB – MC – p. 175 – l. 1915 – 1919)
237
Polegadas – s. f. pl.
“e mui grandes, per boa fé;
á un palm´e meio no pé
e no cós três polegadas.”
(LPGPI – 24,2. – p. 174 – vv. 12 – 14)
238
Porrada – s. f. sg.
“e da porrada huum ssoldo”
(Leges, p. 375, apud DELP, v. IV, p. 404, verb. Porrada)
239
Pousada – s. f. sg.
“En Santiago, seend´albergado
en mia pousada, chegaron romeus;
preguntei-os e dis[s]eron: `Par Deus,
muito levade-o lo camiñ´ errado
ca se verdade quiserdes achar
outro camiño conven a buscar
ca non saben aqui d´ela mandado.”
(LPGPI – 14,12. – pp. 125 – 126 – vv. 22 – 28)
240
Pousada – s. f. sg.
“Ca [me] rogades cousa desguisada,
e non sei eu quen vo-lo outorgasse:
de perdoar qu-no mal destoasse,
com´el fez a min, estando en sa pousada.”
(LPGPI – 18,23. – p. 150 – vv. 17 – 18)
Pousada
– s. f. sg.
58
241
“Joan Bolo jouv´en ũa pousada
ben des ogano que da era passou
con medo do meirinho que lh´achou
ũa mua que tragia negada”
(LPGPI – 25,42. – p. 196 – vv. 1 – 4)
242
Pousada – s. f. sg.
“Pois ela trage camisa
de sirgo tan ben lavrada,
e vai a cada pousada
por algo, non é sen guisa”
(LPGPI – 30,26. – p. 259 – vv. 7 – 10)
243
Pousada – s. f. sg.
“E que hy nõ ouuese majs ca ter aquy esta pousada pera esta
nauegaçom de calecut./”
(VCPVC – fl. 3v. – l. 25 – 27)
244
Pousada – s. f. sg.
“buscai quem o vá citar
que lhe acerte co´a pousada.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 6 – vv. 14 – 15)
245
Pousadas – s. f. pl.
“Saibam quantos este estormento de/
2
distracto e quitaçam virem que no/
3
anno
Do nacimento de nosso senhor Jesu chris/
4
to de miL quinhentos quarenta e oito;
aos/
5
quatro dias do mes de dezembro; na cidade/
6
de Lixboa extra muros aa
mouraria na rua/
7
dos caualeiros nas pousadas de fernã viles/
8
fidalgo da casa del
Rey nosso Senhor; (...)”
(DPNRL, Documento 218, l. 1 8, p. 565; Maço 77, 1538, Mosteiro de Chelas,
1548)
246
Prelado – s. m. sg.
“(...) E pois que o pescador é pôsto por prelado na Egreja, muito deve temer o
pastor de nom seguir o Senhor perfectamente, negando si meesmo e trazendo a
59
sua cruz. (...)”
(LVC, Cap. XXIX, fl. 91, c, § 1.024, l. 5 – 9, p. 373)
247
Prelado – s. m. sg.
“(...) Mais polo//açor manso entẽdemos o prelado bõõ e de/bõa alma, ca assi
como o açor mãso toma/aves bravas e mata-as, [assi o homen bõõ] per
seu/exemplo ou per as preegaçõ tira os segraes pera serviço de Deus e depois
mata-os, ca os faz/morrer aos deleytos e aos sabores da carne per/muytos
tormentos que dã a ssa carne. (...)”
LA, III, v. 21, p. 21 e vv. 22 – 24, p. 22; IV, vv. 1 – 4, p. 22)
248
Prelado – s. m. sg.
“(...) Ca o prelado quanto faz melhor e/mais alta vida tãto melhor pode veer/e
melhor correger a vida dos seus sojeyto[s].”
(LA, XIII, vv. 3 – 5, p. 31)
249
Prenhadas – s. f. pl.
“ten ca lhe pariron tres en hũu dia
e outras muytas prenhadas que ten;”
(LPGPI – 38,2. – p. 276 – vv. 11 – 12)
250
Privad´ - s. m. sg. (<Privado>)
“pois que vos el por privad´assi quer;
e pois que vós altos feitos sabedes”
(LPGPI – 30,6. – p. 248 – vv. 10 – 11)
251
Privada – s. f. sg.
“Que con ela sol ben estar
e meu mal lhi diria
ca esta é ssa privada,”
(LPGPI – 12,2. – p. 116 – vv. 33 – 35)
252
Punhada – s. f. sg.
“(...) e/foi a sua casa [de Joham Lourenço Bubal] per mandado do Juiz huum
60
porteiro pera o penhorar; e el, por comprir voontade, depenou-lhe a barva e deu-
lhe huuma punhada.”
(CDPI, Cap. IX, § 1º., l. 16, p. 81; l. 1 – 3, p. 82)
253
Punhada – s. f. sg.
“O porteiro veo-se a Avrantes, honde el Rei [D. Pedro I] estava e contou-lhe todo
como lhe avehera; el Rei, que o adeparte ouvia, como acabou de fallar, começou
de dizer contra o corregedor que lhi estava: ´Acorre-me aqui Lourenço Gonçallvez,
ca huum homem me deu huuma punhada no rostro e me depenou a barva.”
(CDPI, Cap. IX, § 1º., l. 3 – 9, p. 82)
254
Punhada – s. f. sg.
“E foi assi feito, e troverom-lho [o homeẽ] a Avrantes e alli o mandou [el Rei Dom
Pedro I] degollar, e disse:´Des que me este homem deu huuma punhada e me
depenou a barva, sempre me temi delle que me desse huuma cuitellada, mas ja
agora som seguro que nunca ma dará.”
(CDPI, Cap. IX, § 1º., l. 13 – 17, p. 82)
255
Punhadas – s. f. pl.
“Antes q´chegue a aldea lhe faz hcabana/ e v alli as molheres todas a tomar
nome delle/porq´daõ pancadas e punhadas e depois o ting cõ huã tinta m
to
preta
de ginipapo”
(CNB – MC – p. 93 – l. 816 – 819)
256
Quebrada – s. f. sg.
“(...)
15
e Johão da quintã lauradores e homẽs boos aos quaes demos
Juramento{s} dos santos evangelhos e Juntamente com elles Juramos em
prezença do prioll do dito mosteiro e as cousas que achamos que pertence ao/
16
dito casall sam as seguintes, item a cozinha e to della seleiro e loguo
contra o naçente palheiro e da banda do poente tudo Junto num eido e tres
cortes e contra o naçente na armação da cozinha da quebrada de/
17
são fĩs esta
allpendre que he deste casall, item antre as portas da cozinha e quinteiro tem
a latada que em comprido vinte e duas varas em traues contra o poente tem da
cozinha da quebrada de são s/
18
ate a cozinha deste casall de parede a parede
noue varas e de contra o nacente em traues tem dezaseis varas e tem duas
huueiras e dous pereiros e cinquo carualhos na saida da dita latada/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 15 18, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
61
257
Quebrada – s. f. sg.
“(...) /
20
vinte e noue varas e me tem doze carualhos e huto castinheiros e no
outam das casas da quebrada de sam s tem hũ carualho e vai contra o norte
com hũa testada ao longuo da sua eira, item no canpo/ (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 20, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
258
Queijadas – s. f. pl.
“Outrossi lhis ar vejo [i] trager
as mangas mui curtas e esfraldadas,
ben come se adubassen queijadas
ou se quisessen tortas amassar;
ou quiçá o fazen por derivar
sas bestas, se fossen acovadadas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 19 – 24)
259
Quejadas – s. f. pl.
“ca lava ben e faz boas quejadas
e sabe ben moer e amassar
e sabe muyto de bõa leiteyra.”
(LPGPI – 43,4. – p. 291 – vv. 10 – 12)
260
Razoado – s. m. sg.
“A huma por espertar os que ouvirem que emtemdam parte do que falla a estoria,
a outra por seguirmos emteiramente a hordem do nosso razoado no primeiro
prollogo já tangida.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 9 – 13, p. 59)
261
Recôvado – s. m. sg. (<Recovado>)
“(...) e portanto nas Scripturas se diz que os que haviam de comer se encostavam
ou lançavam de recôvado, a qual cousa é comer stando lançado.”
(LVC, Cap. XXV, fl. 84, d, § 943, l. 13 – 16, p. 345)
262
Regnado – s. m. sg. (<Reinado>)
62
“E por quamto el Rei Dom Pedro, cujo regnado se segue, husou da justiça de que
a Deos mais praz, que cousa boa que o Rei possa fazer, segumdo os samtos
escrevem, e alguuns desejam saber que virtude he esta, e pois he neçessaria ao
Rei, se o he assi ao poboo, naquelle stillo que o simprezmente apanhamos, o
podees leer por esta maneira. (...)”
(CDPI, Prólogo, § 2º., l. 14 – 20, p. 59)
263
Reinado – s. m. sg.
“e outra cousa lhe vejo fazer,
que fazen outros poucos no reinado:”
(LPGPI – 48,3. – p. 329 – vv. 3 – 4)
264
Reinado – s. m. sg.
“(…) o mui virtuoso Rei a boa memoria Dom Joam, cujo regimento e reinado se
segue, ouve com o nobre e poderoso Rei Dom Joam de Castela, poendo parte de
seus boõs feitos for a do louvor que mereciam, (…)”
(QCDJI, Cap. 1., § 1º., l. 8 – 12, p. 3)
265
Salgada – s. f. sg.
“Outro [rjo] 19 graos beb agoa tres legoas/delle na salgada no mar e leua hũ
muro/deuidido de meã legoa”
(CNB – MC – p. 81 – l. 650 -652)
266
Sagrado – s. m. sg.
“o arcebispo, voss´amigu´e meu,
a quen o feito do sagrado jaz,”
(LPGPI – 18,37. – p. 159 – vv. 25 – 26)
267
Seixada – s. f. sg.
“mas praza à paixão sagrada
que lhes dêem tanta seixada,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 36 – vv. 15 – 16)
268
Sercado – s. m. sg. (<Cercado>)
63
“este peixe [Tainha] vi em cap
ta
do sp´u sto, Rjo de/Jan
ro
e s. V
te
, emtraõ p´los
Rjos e qua em/baixo do Ryo lhe faz hũ sercado grãde de/mad
ra
tapando
Rama e esteiras de canas”
(CNB – MC – p. 195 – l. 2162 – 2165)
Semeado – s. m. sg.
“Ora alaga o semeado,
ora seca quanto i há,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 6 – vv. 6 – 7)
269
Soldada – s. f. sg.
“(...) Porém, tal quejando he, o envio a vossa mercee, do qual sabendo que vos
praz avê-lo por grande soldada daqueste trabalho.”
(CFG, Cap. I, § 1º., l. 26 – 29, p. 25)
270
Soldada – s. f. sg.
“Item mandamos que dem em soldada ao mayoral das vacas e ao alfereyro e ao
pousadeiro senhas vacas paridas, e aos outros mancebos senhas iuuencas
prenhes.”
(Direito consuetudinário municipal, Texto do Século XIII, in TA, § 3º., l. 12 14, p.
36)
271
Sylluado – s. m. sg. (<Silvado>)
“(...)/
36
o da senão milho iij alqueires e meo, item no canpo da syllua esta a
leira per marques que tem em traues da parte do sull do marquo ate o sylluado
nove uaras e pallmo e em conprido do sull hão norte/3 tem secenta e quatro
varas e contra o norte noue e (?) em tarues tem dezouto varas parte do poente
ho caminho E leira da erdade de paredes tem sete carualhos leuara de semeadura
alqueire/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 36 37, p. 329; Mosteiro de S. Miguel de Vilarinho,
1545)
272
Talhada – s. f. sg.
“Dizia la ben talhada:”
´ai, Deus val !
(LPGPI – 9,4. – p. 102 – vv. 6 – 7)
64
273
Talhadas – s. f. pl.
“(...) e fazem os Robos [da maca de partes lepaldados] q saõ de/dous palmos
cõprido e despois deste Rolo feyto da grosura q saõ necesarios pera os pastes e
cortão/este Rolo talhadas q naõ sejaõ mais largas q /dous dedos taõ poem as
talhadas asy dereytas huã tauoa (...)”
(TCP – p. 33 – l. 330 – 335)
274
Talhadas – s. f. pl.
“(...) e fazem os Robos [da maca de partes lepaldados] q saõ de/dous palmos
cõprido e despois deste Rolo feyto da grosura q saõ necesarios pera os pastes e
cortão/este Rolo talhadas q naõ sejaõ mais largas q /dous dedos taõ poem as
talhadas asy dereytas huã tauoa (...)”
(TCP – p. 33 – l. 330 – 335)
275
Tardada – s. f. sg.
“Amiga, faço-me maravilhada
como póde meu amigo viver
u os meus olhos non [o] pódem veer,
ou como pód´alá fazer tardada;
ca nunca tam gram maravilha vi,
poder meu amigo viver sem mi,
e par Deus, é cousa mui desguisada.”
(LPGPI – 25,7. – p. 178 – vv. 1 – 7)
276
Tavolado – s. m. sg.
“Nen de lançar o tavolado
pagado
non sõo, se Deus m´ampar,
aqui, nen de bafordar;
e andar de noute armado,
sem grado
o faço, e a roldar;”
(LPGPI – 18,26. – p. 152 – vv. 27 – 33)
277
Telhado – s. m. sg.
65
“(...) E assi que se acolheu a spital ou stalagem, que stava na carreira pública
fora da cidade, junto com ũa das portas, o qual non tiinha telhado, mas stava de-
sob penedo cavado.”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, a, § 342, l. 14 – 18, p. 119)
278
Telhado – s. m. sg.
“E Sendo da oucioSa mão mouido
Pela caSa do moço curioSo,
Anda pelas paredes, & telhado,
Tremulo, aqui &ali, &deSSoSSegado.”
(LUS. Canto VIII, estrofe 87, vv. 5 – 8, p. 143)
279
Telhados – s. m. pl.
“não saberás se olha a ti,
se olha pera os telhados.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 49 – vv. 24 – 25)
280
Testada – s. f. sg.
“(...) /
20
vinte e noue varas e me tem doze carualhos e huto castinheiros e no
outam das casas da quebrada de sam s tem hũ carualho e vai contra o norte com
hũa testada ao longuo da sua eira, item no canpo/ (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 20, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
281
Testado – s. m. sg.
“Non s´enfadou e tolheu-mi o testado,
de que me servian por San Joan;
e non dan del[e] valia dun pan”
(LPGPI – 4,1. – p. 85 – vv. 16 – 17)
282
Tornada – s. f. sg.
“Estuda de trazeres aa memória a pobreza de Maria na sua tornada: viinha-se
pera casa na qual nom havia de achar pam nem vinho nem outras cousas pera
comer. (...)”
(LVC, Cap. VI, fl. 24, b, § 272, l. 1 – 4, p. 99)
66
283
Tornada – s. f. sg.
“(...) E per a manhaã bem cedo saírom-se da casa e andavam-no buscando per os
lugares dali derredor, porque aa tornada de Jerusalém faziam-se muitos
caminhos, e tornavom-no a buscar muitas vêzes e maiormente antre os parentes e
conhocentes e amigos que havia em ũa e em outra daquelas companhias.”
(LVC, Cap. XV, fl. 49, d, § 567, l. 6 – 13, p. 201)
284
Tornada – s. f. sg.
“(...) Nun´Alvarez e os seus, como os virom, esguardarom bem homde sahiam, e
hu aviam de recudir aa tornada; e cavallgarom logo os de/cavallo, e os beesteiros
e homeens de pee com elles, e forom-se aaquel logar per homde elles sobiam,
que era huum parramco gramde comtra as vinhas; (...)”
(CDF, Cap. CXXXVII, § 4º., l. 23 – 25, p. 114; l. 1 – 3, p. 115)
285
Toucado – s. m. sg.
“Daí, daí ó demo o toucado,
que não é pera ninguém.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 37 – vv. 16 – 17)
286
Tralado – s. m. sg.
“e o mouro log´a carta notou
sobr´ela e sobre quanto lh´achou;
e pagou-a e leixou-lh´o tralado
(LPGPI – 64,28. – p. 425 – vv. 22 – 24)
287
Tralado – s. m. sg.
“(...) Em tôdas virtudes e bõos costumes, sempre prepõe a ti aquel mui claro
spelho e tralado de tôda santidade, scil., a vida e costumes do Filho de Deus,
Nosso Senhor Jesu Cristo, que por êsto foi enviado a nós do ceeo, porque nos
guiasse no caminho das virtudes e nos desse a lei da sua vida e disciplina per seu
exemplo e ensinasse a nós assi como a si mesmo; (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 6, a, l. 11 – 20, § 41, l. 11 – 20, p. 19)
288
Trançado – s. m. sg.
67
“Ponhamos-lhe ora um trançado,
vejamos como lhe vem.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 37 – vv. 14 – 15)
289
Tractado – s. m. sg. (<Tratado>)
“Aqui sse segue o tractado da Ema.”
(LA, XI, v. 14, p. 29)
290
Tractado – s. m. sg. (<Tratado>)
“Aqui sse segue o tractado da Andorĩha”
(LA, XVII, v. 1, p. 34)
291
Tractado – s. m. sg. (<Tratado>)
“Aqui sse segue o tractado da Cegonha.”
(LA, XX, v. 1, p. 37)
292
Tractado – s. m. sg. (<Tratado>)
“Aqui sse segue o tractado da Paaon.”
(LA, XXIX, v. 1, p. 48)
293
Trelado – s. m. sg.
“Acharom-no no templo, nom andando de cá pera acolá, como fazem os moços,
mas em meo dos doctores, como fonte de sabedoria, porque podesse melhor
ouvir a todos e conferir e falar com êles stando assentado honestamente; e assi
como exemplo ou trelado de humildade, primeiramente os ouvia el e os pregunta-
/va, que os ensinasse, (...)”
(LVC, Cap. XV, fl. 50, a, § 571, l. 1 – 8, p. 203)
294
Trovoada – s. f. sg.
“Eu que o queria demandar
por corisco, e trovoada,
por pedrisco e por geada,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 6 – vv. 11 – 13)
68
295
Vegada – s. f. sg.
“Porquanto m´outra vegada, sen seu grado, con el vi,
guarda-me d´el à perfia; e oymays, enquant´assy
for, non veerey meu amigo.”
(LPGPI – 11,13. – p. 114 – vv. 7 – 9)
296
Vegada – s. f. sg.
“´Bailarei eu, madre, d´aquesta vegada,
mai[s pero] entendo de vós ũa ren:
de viver al, pouco sodes mui pagada,
pois [me vós mandades que baile ant´el ben]´.
(LPGPI – 14,4. – p. 121 – vv. 15 – 18)
297
Vegada – s. f. sg.
“Pois non desejei al nada
se non vós d´esta vegada,”
(LPGPI – 35,1. – p. 272 – vv. 16 – 17)
298
Vegadas – s. f. pl.
“E queixa-se-m´ele muitas vegadas
dos escrivães e dos despenseiros
[ca sempre lhe tolheron seus dinheiros];
mais, pois veen a contas aficadas,
logo li mostran ben do que quit´é;
e pero digo-lh´eu que [o] mal é
de quen non el quitou muitas vegadas.”
(LPGPI – 18,6. – p. 142 – vv. 8 – 14)
299
Vegadas – s. f. pl.
“Namorado queria ora saber
destes que tragen saias encordadas,
en que s´apertam mui poucas vegadas:
se o fazen pólos ventres mostrar,
por que se devan deles a pagar
sas senhores, que non te pagadas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 1 – 6)
69
300
Vegadas – s. f. pl.
“Andam ant´el chorando mil vegadas
por muito tempo que am com el levado,
[e] el come ome desmesurado
contra elas que andam mui coitadas,
nom cata rem do que catar devia;
e poi-las [el] tem sigo noit´e dia;
seu mal é traje-las mal lazeradas.”
(LPGPI – 25,66. – p. 208 – vv. 8 – 14)
301
Viuvada – s. f. sg.
“E se ella fizer alguma viuvada, perderá a dita fazenda”
(Elucidário, v. II, p. 636)
(-A)DA
2
~(-A)DO
2
– (ADJETIVOS)
302
Aazado – adj. m. sg.
“(...) mas entendia [Álvoro Paáez], como era certo, que a nom boa voontade que
as gentes tiinham aa Rainha e ao Conde os faria todos demover contra eles, como
vissem logar e tempo aazado.”
(QCDJI, Cap. 2., § 1º., l. 10 – 14, p. 7)
303
Aazado – adj. m. sg.
“(...) E porque sempre [el Rei Dom Fernamdo] tive d´aver disto vimgamça, como
visse tempo aazado, agora que me parece que o melhor posso fazer que em outra
sazom, pois que el he morto, tenho voomtade de o poer em obra.”
(CDF, Cap. CXIV, § 3º., l. 20 – 23, p. 110)
304
Abadadas – adj. f. pl.
“... mil e quatrocentas igrejas abadadas...”
70
(Morais, v. I, p. 52, apud DLPA, p. 34)
305
Abafada – adj. f. sg.
“(...) e a panela [de Perynhas] esta/mujto abafada e ao outr
o
dia laçarão/a cõserua
hũu tacho e darlheão huũa/feruura q se posa cozer hũa pesca/da fresqua e
tornarão a frjar a cõ/serua q fique mais de morna (...)”
(TCP – p. 97 – l. 951 –956)
306
Abarregada – adj. f. sg.
“E nom vos obrigamos a povoardes a dita quebrada, porque nom tem formal e
sempre assim andou abarregada...”
(Elucidário, v. I, p. 126, apud DLPa, p. 36)
307
Abastada – adj. f. sg.
“Ho Esprito Sancto he a melhor capitania e mais abastada que ha/nesta costa,
mas esta tam perdida como o capitão della, que he vasco/Fernandez Coutinho.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 26 – 27, p. 196)
308
Abastado – adj. m. sg.
“e provi de capitão hum homem honrrado e a-/bastado he de boa casta que vive
na dita capitania, e que sirva em-/quoanto Vossa Alteza nom prover ou o capitão
da terra; he chama se Johão/Gonçalvez Dormundo, (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 16 – 18, p. 196)
309
Abastado – adj. m. sg.
“A esta çidade do Sallvador deve Vossa Alteza de prover de hum capitão hon-
/rrado he abastado, por que a callidade della o demanda asi.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 20 – 21, p. 196)
310
Abastados – adj. m. pl.
“Romagem dos Agravados,
71
Inda que se agravam d´abastados..”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 4 – vv. 7 – 9)
311
Abicados – adj. m. pl.
“... por estarem os navios abicados em terra...
(Décadas, v. IV, cap. 5, p. 5, apud DLPA, p. 153)
312
Abintestado – adj. m. sg.
“E quoaes quer estranhos per testamento ou ab intestado
(F. L., J., II, cap. 125, p. 281, apud DELP, v. I, p. 38)
313
Abitalhadas – adj. f. pl.
“E sendo a certa, a rainha como se o mestre trigava pera partir em naus, que
binha bem abitalhadas...”
(Crón. de D. Fernando, v. I, p. 38, apud Magne, v. I, p. 190, apud DLPA, p. 38)
314
Abjuradas – adj. f. pl.
“... abjuradas as suas proporções blasfemas,”
(Floresta, II, pp. 290 – 291, paud DELP, v. I, p. 40)
315
Abofetado – adj. m. sg.
“... viu tal filho seu seer prêso, legado e abofetado...”
(Vita Christi, fl. 188, apud DLPA, p. 39, verb. Abofetado)
316
Aboiada – adj. f. sg.
“... lançaram ao mar toda a artilharia aboiada com as amarras aos bordos das
frestas”
(Magne, v. I, p. 205 – 206, apud DLPA, p. 39, verb. Aboiada)
317
Abrasiado – adj. m. sg.
“Oh vergonha de mi, / como vou abrasiado, / amare, corrida e torvada...” (Gil
Vic. Auto das Fadas, v. 13 – 15, apud DLPA, p. 42, verb. Abrasiado)
72
318
Abrigadas – adj. f. pl.
“Pois eu, senhoras, me fundo
que quanto mais encerradas,
tanto estais mais abrigadas
das tempestades do mundo.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 45 – vv. 12 – 15)
319
Acabada – adj. f. sg.
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo
confuso e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a
maldiçom alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e a
palavra de piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
320
Acabado – adj. m. sg.
“E pois tod´esto vos ei conselhado,
conselho-vos que tragades molher
destas daqui, se peior non veer,
a que achardes i mais de mercado;
e se tal molher poderdes trager,
será mui ben, e punhad´em poder,
car per i é vosso preit´acabado.”
(LPGPI – 16,8. – pp. 131 – 132 – vv. 22 – 28)
321
Acabado – adj. m. sg.
“[E] des entom, amigos, entendi
que este vervo, que eu senpr´ouvi,
he com verdad´em [meu] dan´acabado.”
(LPGPI – 33,7. – p. 270 – vv. 23 – 25)
322
Acabados – adj. m. pl.
“cadadia lheão de feruer esta comserua [de diacidrão]/e cada vez mayor feruura. E
amdara/asy quimze dias. e acabados fiqua/feito e se quiser mujto fermoso
ty/rlhe esta cõserua. E deitemlhe out
a
.”
(TCP – p. 83 – l. 773 – 777)
73
323
Acaroados – adj. m. pl.
“vós hy assy o mais acaroados com a terra...”
(P. Men. cap. 41, p. 345, apud DELP, v. I, p. 62)
324
Acautelados – adj. m. pl.
“Obra de mil homens acautelados por cinco de cavalo...”
(Crón. de D. Manuel, v. III, cap. 20, p. 178, apud DLPA, p. 49, verb. Acautelado)
325
Acendredada – adj. f. sg.
“Hũa cocedra acendredada, da terra nova...”
(Elucidário, v. I, p. 168, apud DLPA, p. 49, verb. Acendrado)
326
Açernado – adj. f. sg. (<Acernado>)
“Parteo açernado asi como he conteudo no degredo...”
(Leges, p. 222, apud DLPA, p. 51, verb. Açernado)
327
Acertado – adj. m. sg.
“por quanto mal end´a mim vem d´ali
está o verv´em meu dan´acertado.”
(LPGPI – 33,7. - p. 270 – vv. 13 – 14)
328
Achadas – adj. f. p.
“Leixados os modos e diffiniçoões da justiça, que per desvairadas guisas muitos
em seus livros escrevem, soomente daquella pera que o real poderio foi
estabelleçido, que he por seerem os maos castigados e os boons viverem em
paz, he nossa emtençon neeste prollogo muito curtamente fallar, nom como
buscador de novas razoões, per propria invençom achadas, mas come ajuntador,
em huum breve moolho, dos ditos dalguuns que nos prouguerom. (...)”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l, 1 – 9, p. 59)
329
Acompanhadas – adj. f. pl.
74
“É melhor que vamos sós,
que não mal acompanhadas.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 44 – vv. 4 – 5)
330
Acordado – adj. m. sg.
“(...) e como a Madre [de Jesu] acordaria o Menino Jesu, que dormia, e como
estorvinhado e acordado de sobreventa choraria; e have compaixom dêles, se em
ti há coraçom de piedade. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, a, § 507, l. 8 – 12, p. 179)
331
Acoruchados – adj. m. pl.
“… telhados acoruchados
(Décadas, v. III, cap. 33, apud DLPA, p. 59, verb. Acoruchado)
332
Acoutados – adj. m. pl.
“(...) os Reis erravom mui muito himdo comtra suas verdades, pois que estes
cavalleiros estavom sobre seguramça acoutados em seus reinos.”
(CDPI, Cap. XXXI, § 1º., l. 4 – 7, p. 99)
333
Açoutados – adj. m. pl.
“(…) e aos galinheiros e pessoas viis açoutados pello logar hu as tomassem e
deitados fora de sua merçee.”
(CDPI, Cap. V, § 1
o
., l. 12 – 14, p. 74)
334
Acostumados – adj. m. sg.
“E ordenou [el Rei Dom Pedro I] logo como se posesse cada ano, em ouro e prata
e moedas, todo o que sobejasse de suas remdas nos logares acostumados onde
os Reis poinham seu aver.”
(CDPI, Cap. XII, § 1º., l. l. 4 – 7, p. 86)
335
Acustumados – adj. m. pl. (<Acostumados>)
“e dahi a quatro meses decerem mas os estrouos acustumados de/q´v.r. ja tem
noticia os estrouaraõ bem nosa magoa/e sua delles mararaõ 20 portuguezes
q´os iaõ buscar e assim/se fechou a porta e neste tempo q´a gente do rio de
75
Janro/era no sertaõ vieraõ tres naos, e tres lanchas, e tres chalupas”
(CNB – MM – p. 5 – l. 100 – 103)
336
Acustumados – adj. m. pl. (<Acostumados>)
“(...)/
7
Moesteiro. que em ell concordarom. Confirmamos E Instituímos verdadeiro
prior E Regedor do dicto Moesteiro o dicto vasco martjz. E lhe cometemos delle a
cura e Regimento No spiritua/
8
all e temporall. E o Iuestímos delle com todos seus
dereítos E peertenças. per Nosso barrete que lhe possemos sua cabeça; O quall
Jurou aos Sanctos Euãgelhos per/
9
ell corporalmente tangidos. Os Juramentos
acustumados. que os outros priores da dicta hordẽ de sancto agostinho fazẽ E
custumã fazer. em esta guisa que se segue; Eu /
10
vaasco martjz prior que ota sóó
confirmado do dicto moesteiro de lillarínho. Juro aos Sanctos Euãgelhos per
mjnhas mááos proprias corporalmente tangidos que a vos arçe/
11
bispo meu
Senhor. (...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 7 10, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
337
Adeantado – adj. m. sg.
“Ca fostes sempre desaventurado;
mais, pois vos ora Deus tanto ben deu,
Don Fernando, conselhar-vos quer´eu
non vos ar lev´atrás vosso pecado,
pois vos el-Rei meteu en tal poder;
sinher, querede-mi desto creer:
adeant´ide, come adeantado.”
(LPGPI – 16, 8. – p. 134 – vv. 8 – 14)
338
Adiado – adj. m. sg.
“… prometia que êle tornaria à corte em certo dia adiado...”
(Magne, v. I, p. 443, apud DLPA, p. 65, verb. Adiado)
339
Afastados – adj. m. pl.
“(...) O dia em que el Rei auia dauer/sua rresposta, foi assijnado aaqueles
senhores e leterados, no qual cada huũ disse sua emtemçom, segundo a
camtijdade de seu emtemder e saber, nom porem afastados de huũ proposito.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 30, p. 30 e l. 1 – 5, p. 31)
76
340
Afegurados – adj. m. sg. (<Afigurados>)
“... toma os ferros afegurados no capitolo da aguoa vidrada e meteos no fogo...”
(P. M., p. 43, apud DELP, v. I, p. 130, verb. Afigurado)
341
Afeiçonado – adj. m. sg. (m. q. <Afeiçoado>)
“Afremosentado de todas pedras priçiosas, e afeiçonado
com suavidade
despeçiaas”
(Fr. Menores, v. I, p. 114, apud DLPA, p. 69, verb. Afeiçonado)
342
Afeitados – adj. m. pl.
“(...) Mas nós, nom curando de seu juízo, leixados os compostos e afeitados
razoamentos, que muito deleitom aqueles que ouvem, ante poemas a símprez
verdade que a afremosentada falsidade.”
(QCDJI, Cap. 1., § 1º., l. 3 – 7, p. 5)
343
Afiadas – adj. f. pl.
“vi por vezes perto de duas mil pessoas ca/noas ao matar [Tainha] e fazer m
ta
diligçia p
a
/o salgar como era leuar, o sal pizado as facas/pera escalar m
tas
e
afiadas, (...)”
(CNB – MC – p. 195 – l. 2172 – 2175)
344
Aficado – adj. m. sg.
“que coita que Deus fezesse
nem outro mal aficado
nom fez tal, nem é pensado
d´omem que lhi par pozesse.”
(LPGPI – 25,17. – p. 210 – vv. 18 – 21)
345
Aficado – adj. m. sg.
“Roga-m´oje, filha, o voss´amigo
muit´ aficado que vos rogasse
que de vos amar nom vos pesasse;”
(LPGPI – 25,104. – p. 225 – vv. 6 – 7)
77
346
Aficado – adj. m. sg.
“Seemdo el Rei Dom Fernamdo mais aficado cada vez de sua door, mandou que
o trouvessem d´aquella villa d´Almadaã, homde estava, pera a çidade de Lixboa, e
fosse de noite por nom seer visto. (...)”
(CDF, Cap. CLXXII, § 1º., l. 4 – 7, p. 135)
347
Aficados – adj. m. pl.
“Vi coteifes orpelados
estar mui mal espantados,
e genetes trosquiados
corriam-nos arredor;
tiinhan-nos mal aficados,
[ca] perdian-na color.”
(LPGPI – 18,28. – p. 153 – vv. 7 – 12)
348
Afiguradas – adj. f. pl.
“Estas cousas foram afiguradas per a virgem Sara, filha de Raqüel, espôsa de
Tobias, a qual guardou sua alma de tôda cobiiça do mundo, (...)”
(LVC, Cap. III, fl. 12, d, § 124, l. 1 – 4, p. 53)
349
Afiladas – adj. f. pl.
“Toas as mais feyções de rosto tam afiladas que pareciam feytas de marfim per
algum estremado artpifice”
(Memorial, cap. 28, p. 182, apud DELP, v. I, p. 130, verb. Afilado)
350
Afilados – adj. m. pl.
“... sem respeitos nenhũs mundanos, perturbadores do fiel da balança, cujos
pesos o mesmo Deos tinha afilados na inteyreza da sua divina justiça”
(Pereg., cap. 101, v. III, p. 134, apud DELP, v. I, p. 130, verb. Afilado)
351
Afiuzada – adj. f. sg.
“... vede como a virtude afiuzada em Deus pera desassombrada os trabalhos do
mundo ...”
(Crón. de D. Manuel, v. IV, cap. 50, apud DLPA, p. 72, verb. Afiuzada)
78
352
Afocinhado – adj. m. sg.
“… e não bastando isto, o despiram, e esteve um grande espaço
afocinhado dos porcos”
(Décadas, v. VIII, cap. 26, apud DLPA, p. 72, verb. Afocinhado)
353
Aforrado – adj. m. sg.
“(...) e assy aforrado [o Iffamte Duarte] partio de Samtarem, e trigou tamto seu
amdar que posto os dias fossem pequenos e os caminhos maaos, chegou a Viseu
a taaes horas que ouuio ajmda ho offiçio de uespera dos rrex com seus jrmaãos.”
(CTC, Cap. xxiij., § 1º., l. 18 – 22, p. 56)
354
Afremosentada – adj. f. sg. (m. q. <Aformosentada>)
“(...) Mas nós, nom curando de seu juízo, leixados os compostos e afeitados
razoamentos, que muito deleitom aqueles que ouvem, ante poemas a símprez
verdade que a afremosentada falsidade.”
(QCDJI, Cap. 1., § 1º., l. 3 – 7, p. 5)
355
Afrontado – adj. m. sg.
“Combate mui rijo e afrontado...”
(Crón. de D. Afonso V, apud Morais, v. I, p. 440, apud DLPA, p. 75)
356
Afrontado – adj. m. sg.
“O belo rosto afrontado com o calor do dia...”
(Memorial das Proesas, p. 60, apud DLPA, p. 75)
357
Afruitada – adj. f. sg.
“Este bem;mas os filhos como os repartem? [...] não é gente muito afruitada...”
(Vilhapandos, ato I, cena III, , apud DLPA, p. 75)
358
Afumada – adj. f. sg.
“... e elle nom vem a nós porque tem jaa a terra afumada...”
79
(P. Men., cap. 37, p. 612, apud DELP, v. I, p. 137)
359
Agravada – adj. f. sg.
“Un cavaleiro me diss´en baldon
que me queria põer eiceiçon,
mui agravada, come ome cruu.”
(LPGPI – 30,34. – p. 263 – vv. 1 – 3)
360
Agravada – adj. f. sg.
“Porque a pessoa agravada
não rege a devação.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 5 – vv. 11 – 12)
361
Agravadas – adj. f. pl.
“Porque somos agravadas
nos imos desagravar,
bem tristes e bem cansadas.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 49 – vv. 6 – 8) adj.
362
Ajuramentados – adj. m. pl.
27
(...) carta de pero gonçalvez bachareL em/
28
degredos e desenbargador em esta
corte de braaga estonces prouisor em absencía do Reverendíssimo dom aluaro de
freitas outrosi prouisor pollo dicto Sennhor Cardeal em este arcebispado
testemunhas (?)/29 Com pero goncaluez de sob paaço morador na freiguesia de
sam frausto com pere ãnes das bouças morador na dicta freiguesia tomados por
homẽes boos aJuramentados aos sanctos/(...)”
(DPNRL, Documento 99, l. 27 29, p. 296; Maço 6,24, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1505)
363
Alastrada – adj. f. sg.
“todas estas [eruas boas] vsaõ todos ja e he vnico remedio há de 3/ man
ras
huã de
hũ palmo de Rais outra alas/trada o chaõ t as folhas pera sima redondas/em
cruz (...)”
(CNB – MC – p. 147 – l. 1521 – 1524)
80
364
Aado – adj. m. sg.
“(...) Confio em Deus que he mõte alçado sobre/todolos outros mõtes. (...)”
(LA, XXII, vv. 24 – 25, p. 41)
365
Alevantada – adj. f. sg.
“(...) E assi que, tornando a meu propósito, digo que êste nobre príncipe [Iffante
Dom Henrique] ouve a estatura do corpo em boa grandeza, e foe homem de
carnadura grossa, e de largos e fortes membros; a cabelladura avia algum tanto
alevantada; a côr de natureza branca, mais, polla continuaçom do trabalho, per
tempo tornou doutra forma.”
(CFG, Cap. II, § 10., l. 2 – 9, p,. 29)
366
Alongada – adj. f. sg.
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo
confuso e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a
maldiçom alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e
a palavra de piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
367
Alumeada – adj. f. sg.
“(...) E, segundo Crisóstomo, assi como nos raios do sol, parecem muitos átomos
meúdos ou poozinhos no aar, os quaaes nom parecem fora dos raios, assi aa
voontade alumeada do raio do seu prórpio esguardamento se mostram e se
enxergam os seus falimentos, os quaaes se escondem ou encobrem das outras
voontades vagarosas e escurentadas. (...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 66, c, § 753, l. 4 – 12, p. 273)
368
Amada – adj. f. sg.
“– Amiga, estad[e] ora calada
um pouco, e leixad´a min dizer
per quant´eu sei cert´e poss´entender.
Nunca no mundo foi molher amada
come vós de voss´amigu; e assi,
se el tarda, sol nom é culpad´i,
se nom, eu quer´em ficar por culpada.”
(LPGPI – 25,7. – p. 178 – vv. 8 – 14)
81
369
Amada – adj. f. sg.
“sei, pois fui nado, nunca dona vi
tan fremosa come vós, nen de mi
tan amada com´eu vus sei amar.”
(LPGPI – 72,9. – p. 473 – vv. 4 – 6)
370
Amada – adj. f. sg.
“Eu Sou bem informado, que a embaxada
Que de teu Rei me deste, que he fingida:
Porque nem tu tẽs Rei, nem patria amada,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 61, vv. 1 – 3, p. 138)
371
Amarados – adj. m. pl. (<Amarrados>)
“[...] e fomos de lomgo da costa com os batees e esquifes amarados per popa
comtra onorte pera veer se achauamos alguũa abrigada e boo pouso omde
jouuesemos pera tomar agoa e lenha, [...]”
(VCPVC – fl. 2 – l. 13 – 17)
372
Amdados – adj. m. pl. (<Andados>)
“(...)/
12
feito ho prazo. viij. dias amdados de maio. Era M
a.
CCC
a.
X
a.
Quaes
presemtes/(...)”
(DPNRL, Documento 8, l. 12, p. 117; Maço 20, 1 – 10, Mosteiro de S. João
Baptista de Pendorada, 1272.)
373
Amedorentados – adj. m. pl. (m. q. <Amedrontados>)
“... estavam ainda e ficam, mas amedorentados doutros damnos mayores”
(Livro dos Ofícios, p. 111, apud, DLPA, p. 102, verb. Amedorentado)
374
Ameüdadas – adj. f. sg. (<Ameudadas>)
“(...) Ferva sempre o amor doblez de Deus e do próximo, e com rogarias
ameüdadas, empero justas ora. (...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 69, d, § 785, l. 14 – 17, p. 283)
82
375
Amoestado – adj. m. sg. (m. q. <Admoestado>)
“(...) e amoestado [Joseph] em sonhos per o ângeo, foi-se a Galilea, onde era
senhor outro filho de Herodes, que havia nome outrossi Herodes Ântipas, ao qual,
ainda que o deserdasse o padre, derom os Romaãos aquela parte do regno; e
viindo ali, Joseph morou em a cidade chamada Nazaret, onde podia morar
seguramente (...)”
(LVC, Cap. XIV, fl. 48, c, § 550, l. 15 – 23, p. 297)
376
Amolentados – adj. m. pl.
“(...) e os corações endurentados contra Cristo seram amolentados. (...)”
(LVC, Cap. XIX. Fl. 63, a, § 721, l. 17 – 19)
377
Amontado – adj. m. sg.
“... lugar amontado como serra”
(Crón. de D. João I, v. I, p. 184, apud DLPA, p. 103)
378
Andados – adj. m. pl.
“(...) /
8
ffeito ffoy isto en mudelos xx. ij. dias andados de março Era M
a.
/
9
CCC
a.
L
a.
Anos Testemunhas ffernã Dominguyz Pedro martinz scudeyros Johã
dominguyz/10 de rreygada. (...)”
(DPNRL, Documento 42, l. 8 10, p. 179; Maço 3,12, Mosteiro de S. Migule de
Vilarinho, 1312)
379
Animado – adj. m. sg.
“A razom por que esta virtude, he necessaria nos sobditos, he por comprirem as
leis do principe que sempre devem de seer ordenadas pera todo bem e quem
taaes leis comprir sempre bem obrará, ca as leis som regra do que os sogeitos am
de fazer, e som chamadas prinçipe nom animado, e o Rei he prinçipe animado,
por que ellas representam com vozes mortas, o que o Rei diz per sua voz viva; e
porem a justiça he muito necessária, assi no poboo como no Rei, por que sem ella
nenhuma çidade nem Reino pode estar em assessego.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 15 – 25, p. 61)
380
Animado – adj. m. sg.
83
“A razom por que esta virtude, he necessaria nos sobditos, he por comprirem as
leis do principe que sempre devem de seer ordenadas pera todo bem e quem
taaes leis comprir sempre bem obrará, ca as leis som regra do que os sogeitos am
de fazer, e som chamadas prinçipe nom animado, e o Rei he prinçipe animado,
por que ellas representam com vozes mortas, o que o Rei diz per sua voz viva; e
porem a justiça he muito necessária, assi no poboo como no Rei, por que sem ella
nenhuma çidade nem Reino pode estar em assessego.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 15 – 25, p. 61)
381
Aosadas – adj. f. pl. > função adverbial
“mas abasta-lhe ser frade,
e bem Narciso aosadas
(RA, in OCGV – vol. V – p. 44 – vv. 1 – 2)
382
Aosadas – adj. f. pl. > função adverbial
“... aosadas se disse eu!”
(Santa Maria, v. I, “Cantiga 263”, apud DLPA, p. 110)
383
Aparadas – adj. f. pl.
“[...] e os feroz delas de canas aparadas seg
o
vosa alteza vera [...]”
(VCPVC – fl. 10 – l. 15 – 16)
384
Aparelhada – adj. f. sg.
“ISto bem reuoluido, determina
De terlhe aparelhada la no meio
Das agoas, algũa inSula diuina,
Ornada deSmaltado &verde arreio:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 21, vv. 1 – 4, p. 148)
385
Apartado – adj. m. sg.
“Eu con os apartados fui enton i
apartado da vi[na]da, e non comi.
(LPGPI – 77,5. – p. 500 – vv. 5 – 6)
386
Apartados
– adj. m. pl.
84
“Comeron os infanções, en outro dia,
apartados na feira de Santa Maria,
e deron-lhi linguagos por melhoria,”
(LPGPI – 77,5. – p. 500 – vv. 1 – 3)
387
Apartados – adj. m. pl.
“Natura da tôrtor he que se paga d´ãdar/per logares soos e apartados. (...)”
(LA, VII, vv. 6 – 7, p. 24)
388
Apedrada – adj. f. sg.
“... vestia huma cabaia de cetim carmezim apedrada de ouro...”
(Décadas, v. III, cap. 3, p. 9, apud DLPA, p. 111)
389
Apedrado – adj. m. sg.
“O pegriçoso cõ terrõoes apedrado...”
(Elucidário, v. I, p. 511, apud DLPA, p. 111)
390
Apendoado – adj. m. sg.
“(...) outras gentes quantas caber poderom naquel e nos outros batées,
começarom todos a vogar ao longo do rio; o del-Rei diante, muito apendoado, e
outros todos detrás, que era gram prazer de veer.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 1 – 5, p. 69)
391
Apertada – adj. f. sg.
“(...) e el Rei Dom Pedro era em dar mui ledo, em tanto que muitas vezes dizia que
lh´afroxassem a çinta, que estonce husavam nom mui apertada, por que se
alargasse o corpo, por mais espaçosamente poder dar, dizendo que o dia que o
Rei nom dava, nom devia seer avudo por Rey.”
(CDPI, Cap. I, § 2º., l. 14 – 19, p. 64)
392
Apousentado – adj. m. sg.
“E, estando el-Rei assi apousentado, gentes do arreal foram aa forragem, com
entençam de chegar a logar que chamam Ervas, que eram treze legoas,
85
porquanto deziam que avia i muitos vinhos, de que o arreal era muito minguado;
(...)”
(QCDJI, Cap. 13., § 2º., l. 12 – 16, p. 81)
393
Apostado – adj. m. sg.
“por qual doaire, – quam bem apostado! –
na sa fremosa conhoci”
(LPGPI – 33,7. – p. 270 – vv. 18 – 19)
394
Apostados – adj. m. pl.
“estando eu na baya foi hũ irmaõ q´estaua nas aldeas a uer huã [cobra]/q´os
indios iaõ matar hũa alagoa q´lhes comia os cas porcos/ate que foraão alguñs
cem indios apostados e saltaram huns poucos/de mergulho ate q´hũ disse aqui
esta aremeteraõ todos iuntos taõ/ forcosamte q´a tiraraõ fora e a mataraõ tinha
perto de 40 palmos de/comprido a pelle (...)”
(CNB – MM – p. 21 – l. 399 – 404)
395
Aprestamado – adj. m. sg.
“Vogado e aprestamado da Abbadessa...”
(Elucidário, v. I, p. 536, apud DLPA, p. 116)
396
Approvado – adj. m. sg. (<Aprovado>)
“Visto e approvado pellos deputados/da Sancta Inquisição.”
(Tratado da Província do Brasil de Pero de Magalhães Gândavo, fl. 1, in EBC,
Coluna I, l. 6, p. 206)
397
Aprouado – adj. m. sg. (<Aprovado>)
“O corpo morto manda Ser trazido
Que reSucite, &Seja perguntado,
Quem foy Seu matador, Serâ crido
Por teStemunho o Seu mais aprouado:”
(LUS., Canto X, estrofe 115, vv. 1 – 4, p. 180)
398
Arcadas – adj. f. pl.
86
“MuSica traz na proa, eStranha leda,
De aSpero Som, horriSsimo ao ouuido:
De trombetas arcadas em redondo,
Que Sem concerto fazem rudo estrondo.”
(LUS., Canto II, estrofe 96, vv. 5 – 8, p. 35)
399
Armada – adj. f. sg.
“a Guerra foi em pernaõbuco gte ar/mada e duarte Coelho a defendeo
lhe/matar muita gente”
(CNB – MC – p. 59 – l. 370 – 372)
400
Armada – adj. f. sg.
“(...) Vossa Alteza deve ter em-/formação, e escusar se hia com esta povoação
armada nesta costa./”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 7 – 8, p. 198)
401
Armadas – adj. f. pl.
“a [Guerra] foi neste mesmo Rjo e foi q´hũs Tamojos/principais foraõ a frança
pedir socorro/a elRej mas elRej lho naõ deu e hũ s´õr lhes/deu 4 naos muj b
armadas cõ gte e assi/vieraõ ao Ryo cõ m
tos
tamojos
por mar (...)”
(CNB – MC – p. 61 – l. 393 – 397)
402
Armado – adj. m. sg.
“(...) se esta hũm/homem armado m
tas
vezes se descobrem o olho dão nelle com
as/ frechas mataõ onças, cobras, caça, paçaros, peixe, e tudo o mais, peixe/perto
de hũa braça de fundo dagoa (...)”
(CNB – MM – p. 5 – l. 54-57)
403
Armados – adj. m. pl.
“E despois que a dicta cidade [Cepta] foe tomada, continuadamente trouxe navios
armados no mar contra os infiees, os quaaes fezerom mui grande destroïçam na
costa d´aalém e d´aaquém, (...)”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 15 – 18, p. 38)
87
404
Arrecadados – adj. m. pl.
“Quando el Rei de Castella soube que Diogo Lopez nom fora tornado, ouve gram
queixume, e nom pôde mais fazer; entom emviou Álvoro Gomçallvez e Pero
Coelho, bem presos e arrecadados, a el Rei de Purtugal, seu tio, segumdo era
hordenado antr´elles; (...)”
(CDPI, Cap. XXXI, § 3º., l. 28 – 32, p. 97; l. 1, p. 98)
405
Arreitado – adj. m. sg. (<Arretado>)
“A hũu frade dizen escaralhado
e faz pecado quen lh´o vay dizer
ca, pois el ssab´arreytar de foder,
cuyd´eu que gaj´é de piss´arreitado,”
(LPGPI – 38,2. – p. 276 – vv. 1 – 4)
406
Arrevatado – adj. m. pl. (m. q. <Arrebatado>)
“Sua presença [do Iffante Dom Henrique], do primeiro esguardo, aos [homeẽs]
nom usados era temerosa; arrevatado [Dom Henrique] em sanha, empero poucas
vezes, com a qual avia mui esquivo sembrante.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 9 – 13, p. 29)
407
Arrezoado – adj. m. sg. (m. q. <Arrazoado>)
“E tudo isto padeci
por haver algun bispado,
quase assi arrezoado.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 30 – vv. 10 – 12)
408
Arvorado – adj. m. sg.
“... que nunca sayo de um val, /fremoso, bem arvorado...”
(Crest. Arc. p. 338, apud DLPA, p. 124, verb. Arvoado)
409
Asesegados – adj. m. pl. (m. q. <Assossegados>)
“[...] eles se poserã todos asy coma nos estauamos as maãos leuantadas. e
em tal maneira asesegados que certefico a vosa alteza que nos fez mujta
88
deuaçom./
(VCPVC – fl. 12 – l. 25 – 28)
410
Asiinadas – adj. f. pl. (m. q. <Assinadas>)
“(...) E todo esto trouxe Martim Vaasquez por escripto e asiinado per mãaos de
notairos das terras, e trouxe cartas dos
.
rreys e dos primçipes e dos altos
homeens sobre esto, asiinadas por elles.”
(Nobiliario (ou Livro das Linhagens do Conde D. Pedro), do século XIII ou XIV, in
TA, Cap. 2, § 4º., l. 13 – 16, p. 43)
411
Asiinado – adj. m. pl. (m. q. <Assinado>)
“(...) E todo esto trouxe Martim Vaasquez por escripto e asiinado per mãaos de
notairos das terras, e trouxe cartas dos
.
rreys e dos primçipes e dos altos
homeens sobre esto, asiinadas por elles.”
(Nobiliario (ou Livro das Linhagens do Conde D. Pedro), do século XIII ou XIV, in
TA, Cap. 2, § 4º., l. 13 – 16, p. 43)
412
Assado – adj. m. sg.
“(...) senom que os levasse pera comer e fariam deles três iguarias: cozido e
assado e chacinado.”
(QCDJI, Cap. 13., § 1º., l. 9 – 10, p. 80)
413
Assentadas – adj. f. pl.
“A Rainha estava em sua câmara e donas algũas assentadas no estrado; e o
conde de Barcelos, seu irmão, e o conde D. Álvoro Pérez e Fernand´Afonso de
Çamora, e Vaasco Pérez de Caamões e outros estavam em uũ banco; (...)”
(QCDJI, Cap. 2., § 1º., l. 5 – 9, p. 8)
414
Assessegada – adj. f. sg. (m. q. <Assossegada>)
“per que sse entẽdẽ as tẽptações e as................................./nacẽ: pelos homẽs do
mundo................................................................................. [sa]/consciencia folgada
e assessegada [en que]/vive cõ amor de Deus (...)”
(LA, XIX, vv. 15 – 18, p. 36)
89
415
Assessegadas – adj. f. pl. (m. q. <Assossegadas>)
“(...) [e te]erẽ [os religiosos] sas almas mais assessega-/das e mais firmes [no
amor] de Deus. (...)”
(LA, VII, vv. 18 – 19, p. 25)
416
Assignáada – adj. f. sg. (<Assinada>)
“Sabham todos que en presença de mj Thomé affonso tabeliõ de Guimarães e das
testemunhas que adeãte son escritas Domjgos/
2
martjnz morador luymir termho
de Castel mẽẽdo mostrou e léér fez per mj tabeliõ a procuraçon feyta per mão
de Gil/
3
eanes tabeliõ de Castel mẽẽdo e de seu signal assignáada segũdo a mj
parecia. da qual o theor da ueruo a ueruo atal e/(...)”
(DPNRL, Documento 48, l. 1 3, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
417
Atavollado – adj. m. sg. (<Atavolado>)
“Era [o Iffamte Dom Fernamdo] cavallgante, e torneador, grande justador, e
lamçador atavollado.”
CDF, Prólogo, § 3º., l. 15 – 16, p. 17)
418
Austinado – adj. m. sg. (m. q. <Obstinado>)
“Dovidoso seria de contar quantos pares de noutes seus olhos [do Iffante Dom
Henrique] nom conhecerom sono, e o corpo assi austinado que cási parecia que
reformava outra natureza.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 11 – 14, p. 30)
419
Aventuirada – adj. f. sg. (<Aventurada>)
“Quando o Meestre outorgou desta guisa de teer cuidado e regimento do reino,
toda tristeza foi fora das gentes, e seus corações nom derom logar a neuũ
trespassado temor; mas todos ledos sob a boa esperança, fundada em bem
aventuirada fim, se esforçarom de levar seu feito adeante, teendo grande em
Deos que os avia d´ajudar.”
(QCDJI, Cap. 7., § 2º., l. 16 – 22, p. 37)
420
Aventuirados – adj. m. sg. (<Aventurados>)
“(...) mas porque neuũ avisamento antigo podia estonce seer igual aas sajarias
90
daqueste novo guerreiro, seendo sempre muito sem oufana e levantamento em
seus aventuirados vencimentos.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 11 – 15, p. 59)
421
Aventurado – adj. m. sg.
“E se dizem que aquel he bem aventurado Rei [Dom Pedro I] que per si
escodrinha os malles e forças que fazem aos pobres, e bem he este do conto de
taaes, ca el [el Rei Dom Pedro I] era ledo de os ouvir e folgava em lhes fazer
direito, (...)”
(CDPI, Cap. VI, § 1º., l. 5 – 8, p. 77)
422
Assunados – adj. m. pl. (m. q. <Assassinados>)
“E porem diziam alguuns, que era bem de se juntarem todos, e hir pellejar com el
Rei de Castella aa pomte de Loires, e ali morrerem ante assunados, que
esperarem de sofrer tamanho nal, como esperavom reçeber por sua viinda.”
(CDF, Cap. LXXIII, §, l. 18 – 22, p. 58)
423
Avisado - adj. m. sg.
“(...) E porém o Apóstolo encomenda e louva a circuncisom escondida no coraçom
arteiro ou avisado, ao qual o louvor e a glória, de Deus é, nom dos homes.´Estas
cousas disse Beda.”
(LVC, Cap. X, fl. 35, d, § 417, l. 31 – 35, p. 145)
424
Avisado - adj. m. sg.
“Foe homem [o Iffante Dom Henrique] de grande conselho e autoridade, avisado
e de boa memória, (...)”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 26 – 27, p. 30)
425
Avomdadas – adj. f. pl. (<Avondadas>, m. q. <Abundadas>, <Abundantes>)
“(...) e toda a outra çidade era devassa, na qual moravam muitas gentes
avomdadas de gramdes riquezas e beens. (...)”
(CDF, Cap. LXXIII, § 2º., l. 12 – 14, p. 58)
426
Barreyrada – adj. f. sg. (<Barreirada>)
91
“(...) ajmda pousauam alli Genoeses, e chamauasse a aduana, e ajmda sse agora
chama, as quaaes tijnham huũa porta barreyrada daquella parte dAlmina.”
(CTC, Cap. lxxviij, § 1º., l. 14 – 17, p. 87)
427
Borrada – adj. f. sg.
“(...) /
21
Tabaliõ de Alafoes que fezesse ende dous prazos partidos. per. A. b. c.
dos quaes Martim menendj tẽ huu e/
22
o Moesteyro o outro. é Eu Tabaliõ de suso
dito per mãdado do dito Steuã perez e per a procuraço de suso/
23
dita a qual eu uj
seelada do seelo de suso dito nẽ conpuda nẽ borrada no Seelo nẽ/
24
na letera
estes estromentos fiz e puxi eeles meu sinal em testemoyo. testemunhas Mẽẽ/
25
ffernãdiz da várzea. Pedro afonso Juiz de Alafoes ffernã martiiz. e Jhoã perez/(...)”
(DPNRL, Documento 14, l. 21 25, p. 133; Maço 22,4, Mosteiro de São João
Baptista de Pendorada, 1278)
428
Britado – adj. m. sg.
“E portãto diz que o laço era duro come o ffer-/ro britado he, diz roto he
como a estopa/[que] quebra. (...)”
(LA, XXVI, vv. 9 – 11, p. 45)
429
Brolladas – adj. f. pl. (<Broladas>)
“Os galliotes eram vestidos todos de huma maneira, e hiam em ella quareenta
beesteiros, assaz de maçebos e homeens de prol, todos vestidos d´outra livree, e
cintos cubertos de velludo preto com as armas del Rei brolladas.”
(CDF, Cap. XLIX, § 2º., l. 3 – 7, p. 34)
430
Cansadas – adj. f. pl.
“Porque somos agravadas
nos imos desagravar,
bem tristes e bem cansadas.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 49 – vv. 6 – 8) adj.
431
Çarado – adj. m. sg. (m. q. <Cerrado>)
“(...) /
14
u lagar e tem u [alpendre] çarado sobre sy Item tem hũũa orta e hũũa
laramJeira com quatro figeiras/
15
e tem dez vueiras pequenas e hũũa nogueira e
hũũa cerdeira e semdo laurado levara u quarto/
16
de çemteo de semeadura Item
na agra de telo hũũa leira e core de cabo a cabo comtra o monte per/
17
valo e do
92
naçemte parte com tera de talgide e comtra o sull faz hũũa çhave pera baixo e
tem quatro/
18
pees duveiras na Riba comtra o norte e levara de semeadura dous
alqueires de çemteo nam tem/
19
augoa Item o campo que se chama sobbelho
sobre si e tem hũũa vueira e de fora u castinheiro nam/
20
tem augoa he maa
tera levara meo alqueire de çemteo de semeadura(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 14 20, p. 312; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
432
Çarrado – adj. m. sg. (m. q. <Çarado>, <Cerrado>)
“Se alguuns conçelhos aviam de recadar com elle [D. Pedro I], mandava-lhe que
emviassem em scripto çarrado e seelado, per hum porteiro, todo o que mester
aviam, e logo lhe el Rei taxava que ouvesse por dia quatro soldos e mais nom, e el
Rei, visto o que lhe pediam,/livrava-o logo sem outra deteença como achava que
era dereito.”
(CDPI, § 2º., l. 21 – 26, p. 69; l. 1 – 2, p. 70)
433
Casado – adj. m. sg.
“Este verdadeiro amor ouve el Rei Dom Pedro [I] a Dona Enês como se della
namorou seemdo casado e ainda Iffamte, de guisa que pero della no começo
perdesse vista e falla, seemdo alomgado como ouvistes, que le o prinçipal aazo de
se perder o amor, numca çessava de lhe emviar recados, como em seu logar
temdes ouvido.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 1º., l. 1 – 7, p. 106)
434
Castigados – adj. m. pl.
“Leixados os modos e diffiniçoões da justiça, que per desvairadas guisas muitos
em seus livros escrevem, soomente daquella pera que o real poderio foi
estabelleçido, que he por seerem os maos castigados e os boons viverem em
paz, he nossa emtençon neeste prollogo muito curtamente fallar, nom como
buscador de novas razoões, per propria invençom achadas, mas come ajuntador,
em huum breve moolho, dos ditos dalguuns que nos prouguerom. (...)”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l, 1 – 9, p. 59)
435
Cavado – adj. m. sg.
“(...) E assi que se acolheu a spital ou stalagem, que stava na carreira pública
fora da cidade, junto com ũa das portas, o qual non tiinha telhado, mas stava de-
sob penedo cavado.”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, a, § 342, l. 14 – 18, p. 119)
93
436
Çerrada – adj. f. sg. (<Cerrada>)
“(...) e o Iffamte [Dom Joham, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro] pregumtou por
Dona Maria, a qual jazia em sua camara çerrada, segumdo lhe mostrarom as que
dormiam de fora, e em outra camara tras aquella, jazia huuma ama e camareiras,
com huum seu filho.”
(CDF, Cap. CIII, § 9º., l. 16 – 20, p. 101)
437
Cerrado – adj. m. sg.
“(...) /
17
item ho campo da chousa cerrado sobre sy tem em comprydo cinquoenta
e seys varas e ao traves trinta e seys e o que laura levara de semeadura meo
allqueyre, e o mays serue de pumar de bõa terra tem augua de Regar e limar e/
18
tem ao Redor seys uueyras; item da porta do quynteyro athee a bica estam seys
uueyras, e quatro castinheyros item ho campo do carualho todo cerrado sobre sy
que do uendaual e norte parte com terras que traz pero neto que sam do
marques/(...)”
(DPNRL, Documento 107, l. 17 18; Maço 7,25, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinhos, 1540)
438
Chacinado – adj. m. sg.
“(...) senom que os levasse pera comer e fariam deles três iguarias: cozido e
assado e chacinado.”
(QCDJI, Cap. 13., § 1º., l. 9 – 10, p. 80)
439
Chagado – adj. m. sg.
“(...) Ca o que bõõ he faz [poonba] as folgãça,/e pon sa asperança nas chagas de
Nosso Senhor/Jhesu Cristo, ca pela pedra feestrada entẽdemos/Jhesu cristo
chagado assi como diz a Escritura.”
(LA, II, vv. 19 – 22, p. 20)
440
Cingido – adj. m. sg.
“E Agostinho: ´Nascido é na strabaria e cingido de sua Madre com faxa vil e
refece. Nom tiinha casa madeirada de cedro nem leito de marfim em que parisse o
Criador e onde posesse o Remiidor de tôdalas cousas. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, § 376, l. 1 – 6, p. 129)
94
441
Começada – adj. f. sg.
“(...) por aazo da gram despesa da guerra começada assi per mar como per terra,
todo se gastava que nom ficava nenhuuma cousa pera deposito; e mais todo o
ouro e prata que el Rei achava emtesourado.”
(CDF, Cap. LV, § 3º., l. 17 – 20, p. 38)
442
Confirmado – adj. m. sg.
“(...)/
7
Moesteiro. que em ell concordarom. Confirmamos E Instituímos verdadeiro
prior E Regedor do dicto Moesteiro o dicto vasco martjz. E lhe cometemos delle a
cura e Regimento No spiritua/
8
all e temporall. E o Iuestímos delle com todos seus
dereítos E peertenças. per Nosso barrete que lhe possemos sua cabeça; O quall
Jurou aos Sanctos Euãgelhos per/
9
ell corporalmente tangidos. Os Juramentos
acustumados. que os outros priores da dicta hordẽde sancto agostinho fazẽ E
custumã fazer. em esta guisa que se segue; Eu /
10
vaasco martjz prior que ora sóó
confirmado do dicto moesteiro de villarínho. Juro aos Sanctos Euãgelhos per
mjnhas mááos proprias corporalmente tangidos que a vos arçe/
11
bispo meu
Senhor. (...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 7 10, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
443
Dado – adj. m. sg.
“§ A Saã Marcos per semelhança de leon,/porque entẽdeu polo Spiritu Sancto que
avia de/falar da ressurreyçõ per que el appareceu e da/terra, assi como el disse
que resurgio, dado e outorgado me o poder nos ceos e na terra.”
(LA, XXXV, vv. 7 – 11, p. 53)
444
Degradado – adj. m. sg.
Agora com pobreza auorrecida,
Por hoSpicios alheios degradado,
Agora da eSperança ja adquirida,
De nouo mais que nunca derribado:”
(LUS., Canto VII, estrofe 80, vv. 1 – 4, p. 127)
445
Deitados – adj. m. pl.
“(…) e aos galinheiros e pessoas viis açoutados pello logar hu as tomassem e
deitados fora de sua merçee.”
95
(CDPI, Cap. V, § 1
o
., l. 12 – 14, p. 74)
446
DemaS
SS
Siado – adj. m. sg. (<Demasiado>)
“Que Se aqui a razão Se não mostraSSe
Vencida do temor demaS
SS
Siado,
Bem fora que aqui Baco os SoStentaSSe,
Pois que de LuSo vem, Seu tam privado:”
(LUS., Canto I, estrofe 39, vv. 1 – 4, p. 8)
447
Dependurado – adj. m. sg.
“(...) cuja vida [da Virgem Maria], da qual era guarda principal Deus, sabedoria
eternal; cuja vida, outrossi, é comparada aa tôrre de David, que era fornida de mil
escudos que tiinha dependurados, porque mil virudes e muitas mais havia na
Virgem Maria, das quaaes sua vida era guarnida entanto que todos pecados e
tentações vencia afastando-as nom soomente de si, mas de outros per sua graça
que lhes dava.”
(LVC, Cap. III, fl. 12, d, § 124, l. 12 – 20, p. 53)
448
Derribado – adj. m. sg.
Agora com pobreza auorrecida,
Por hoSpicios alheios degradado,
Agora da eSperança ja adquirida,
De nouo mais que nunca derribado:”
(LUS., Canto VII, estrofe 80, vv. 1 – 4, p. 127)
449
Desacompanhado – adj. m. sg.
“(...) Em este comeos sobreveo o gram porco seguro e desacompanhado de
sabujos d´alaãos, exudrado por a gram calma que fazia, e veo naçer per a bicada
de huum monte, jumto com a armada hu jazia o Iffamte [Dom Fernamdo] e seu
page dormiindo. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 4º., l. 9 – 13, p. 97)
450
Desacostumada– adj. f. sg.
“E logo, assi como emtrou o Iffamte [Dom Joham], ella [Dona Maria] o conheçeo
no rostro e falla; e quamdo o vio, cobrou já quamto desforço e ousamça, e disse:
96
– Os (sic) senhor, que viinda he esta tam desacostumada?”
(CDF, Cap. CIII, § 11º., l. 11 – 13, p. 102; § 12º., l. 14, p. 102)
451
Desacordados – adj. m. pl.
“(...) e assi desacordados [scudeiros], começarom de fogir sem nenhũa
ordenança de resguardo.”
(CFG, Cap. V, § 1º., l. 18 – 19, p. 55)
452
Descarreyrada – adj. f. sg. (<Descarreirada>)
“(...) Pela vida muyto es-/[treyta andã] os bõõs e os religiosos. Pela/[mẽos estreita]
andã os casados. Pela muy descar-/reyrada an[dã] os fornigadores. (...)”
(LA, XXV, vv. 26 – 29, p. 44)
453
Deseguradas – adj. f. pl.
“(...) pellas villas e logares per hu el Rei Dom Henrrique viinha, assi estavom as
gentes deseguradas por esta rasom, que nenhuuns se percebiam de se guardar,
nem poer o seu em salvo; de guisa que achavom os homeens folgando e çeando,
(...)”
CDF, Cap. LXXIII, § 1º., l. 15 – 19, p. 57)
454
Desegurado – adj. m. sg.
“(...) Diego Lopez viinria, e achou-ho ja viir com seus escudeiros mui desegurado
das novas que lhe el levava; (...)”
(CDPI, Cap. XXXI, § 1º., l. 4 – 6, p. 96)
455
Desembargado – adj. m. sg.
“(...)/
99
e a pena leuada ou não que este emprazamento valha e se cumpra como
se nelle comtem e que fimdas as ditas tres vidas estes emprazamento fique liúre e
desembargado ao dito prioll e/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 99, p. 334; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
456
DeS
SS
Smaltado – adj. m. sg. (<De- [prep.]+ eS
SS
Smaltado [part. pass. de eS
SS
Smaltar]>)
“ISto bem reuoluido, determina
97
De terlhe aparelhada la no meio
Das agoas, algũa inSula diuina,
Ornada deS
SS
Smaltado &verde arreio:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 21, vv. 1 – 4, p. 148)
457
Desnuada – adj. f. sg.
“(...) § E por-/que quando o paão alça a coa pelo louvor que lhi dizẽ aparece a
parte prestymeyra do /seu corpo desnuada e decoberta, muy lay-/da e muy torpe
e muyto escarnida, assi/o preegador quãdo sse alça per vãã gloria”
(LA, XXXI, vv. 31 – 36, p. 51)
458
Desprezada – adj. f. sg.
“(...) E tu, Senhor de tôdalas cousas, que nom mester nem míngua de algua,
antre os começos da tua nascença nom avorreceste de gostar os dampnos e
sensaborias da proveza desprezada e enjeitada, segundo conta a Scriptura. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, c, § 347, l. 11 – 16, p. 121)
459
Desprezada – adj. f. sg.
“(...) E porém os Magos, per espiraçom de Deus, entendiam que aquel que em ela
[strela] tiinha trilhada tôda a soberva, antiiga do mundo com sua humildade mui
baixa, que é cousa mui desprezada e pequena.”
(LVC, Cap. XI, fl. 36, d, § 428, fl. 12 – 17, p. 149)
460
DeS
SS
SS
SS
SoS
SS
SS
SS
Segado – adj. m. sg. (<Dessossegado>)
“E Sendo da oucioSa mão mouido
Pela caSa do moço curioSo,
Anda pelas paredes, & telhado,
Tremulo, aqui &ali, &deS
SS
SS
SS
SoS
SS
SS
SS
Segado.”
(LUS. Canto VIII, estrofe 87, vv. 5 – 8, p. 143)
461
Destemperadas – adj. f. pl.
“Entom, lançando o feito a riso daquesto e doutras cousas, leixarom tal razoado e
falarom nas destemperadas calmas que naquel logar fazia.”
(QCDJI, Cap. 14., § 3º., l. 18 – 20, p. 85)
98
462
Desterrada – adj. f. sg.
“(...) E porém, assi como desterrada e caminheira [Madre de Cristo] peregrina em
sua casa alhea, pariu o Salvador e Senhor do mundo, e assi como pobre molher o
envorilhou, nom em panos de sirgo, mas em trapos de pouco valor, e o encostou
na manjadoira. Oo strabaria bem-aventurada! Oo presepe! Oo manjadoira de boa-
andança, em os quaaes nasceu e foi lançado Cristo, deus de todos! Ali as
parteiras foram as potestades dos ângeos, e ali foi o solaz dos ângeos (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, c, § 376, l. 6 – 16, p. 129)
463
Desvairadas – adj. f. pl.
“E a esta terra [Guinee] passam geralmente tôdalas andorinhas, e assi tôdalas
aves que per certos tempos parecem em êste nosso regno, silicet, cegonhas,
codornizes, rôllas, torcicollos, roussinooes, e follosas, e assi outras aves
desvairadas; (...)”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 12 – 17, p. 68)
464
Desvairadas – adj. f. pl.
“Leixados os modos e diffiniçoões da justiça, que per desvairadas guisas muitos
em seus livros escrevem, soomente daquella pera que o real poderio foi
estabelleçido, que he por seerem os maos castigados e os boons viverem em
paz, he nossa emtençon neeste prollogo muito curtamente fallar, nom como
buscador de novas razoões, per propria invençom achadas, mas come ajuntador,
em huum breve moolho, dos ditos dalguuns que nos prouguerom. (...)”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l, 1 – 9, p. 59)
465
Desvairados – adj. m. pl.
“(...) dês Abeel justo atees Sam Joam Bautista, por tal que, per muitos milhares de
tempos e de anos, e per grandes e desvairados e multipricados ditos e
demostranças, alevantasse nossos entendimentos. (...)”
(LVC, Cap. II, fl. 8, d, § 87, l. 7 – 12, p. 37)
466
Desviado – adj. m. sg.
“(...) El [Nuno Alvarez Pereira], em sua nova mancebia, desviado do humanal uso,
começou d´aseentar em si todalas boas condições que em uũ louvado barom
nomeadas podem seer, como se o tesouro de toda ensinança fosse em el
99
encuberto; assi que cuidar em virtuosas cousas e poê-las logo em obra ocupava
tanto tempo, muito mais daquelo que sua tenra idade requeria.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 5 – 12, p. 61)
467
Desviados – adj. m. pl.
“(...) E se certo e curto fallarom [alguuns autores], desviados muito da verdade,
melhor fora nom dizer taes cousas, moormente quamdo per seu escrepver fica
maa fama d´alguumas pessoas, que muito he d´esquivar em taaes fallamentos.”
(CDF, Cap. XLVII, § 1º., l. 9 – 13, p. 29)
468
Doado – adj. m. sg.
“– Agora se vemde Portugal doado, que tamtas cabeças e samgue custou a
gaanhar quamdo foi filhado aos Mouros.”
(CDF, Cap. CLXXV, § 6º., l. 25 – 27, p. 140)
469
Dobrada – adj. f. sg.
“(...) assi como foi Antíoco e Herodes e alguũs outros, que forom, e muitos que
ainda ao presente padecem aos quaaes convém aquêlo do profeta: ´Com
dobrada pena os atormenta´.”
(LVC, Cap. VIII, fl. 28, b, § 327, l. 6 – 10, p. 115)
470
Dobradas – adj. f. pl.
“Desfalleçeo [ho Iffamte Dom Fernamdo] esto quando começou a guerra, e naçeo
outro mundo novo muito contrairo ao primeiro, passados os folgados anos de
tempo que reinou seu padre; e veherom depois dobradas tristezas com que
muitos chorarom suas desaventuradas mizquimdades.”
(CDF, § 6º., l. 11 – 15, p. 18)
471
Dublados – adj. m. sg. (<Dobrados>)
“Siquis tamen, quod fierit non credimus, aliquis homo uenerit, uel uenerimus, ad
inrumpendum contra hanc kartula uenditionis, que nos as iudicio deuendicare non
potuerimus, que pariemus ad uobis illos uillares dublados uel quantum ad uobis
fuerit melioratos. (...)”
(Título de venda, Ano de 833, in TA, § 3º., l. 1 – 5, p. 11)
100
472
Emcastoados – adj. m. pl. (<Encastoados>)
“(...) e [el Rei Dom Fernamdo] mandou poer por nobreza, muitos e gramdes
dentes de porcos mon-/teses, emcastoados ao lomgo da coxia d´amballas partes
da galle, e todollos remos pimtados, e outros logares por fremosura. (...)’
(CDF, Cap. XLIX, § 2º., l. 19, p. 34; l. 1 – 3, p. 34)
473
Emprentados – adj. m. pl.
“(...) Mas o bautismo e a confirmaçom e a ordem, estes sacramentos emprimem
caracteres per os quaaes, apegados e emprentados de maneira que se nom
podem tirar, som conhoçudos ou estremados dos outros aquêles que os recebem.
(...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 73, c, § 828, l. 17 – 23, p. 301)
474
Empuxado – adj. m. sg.
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo
confuso e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a
maldiçom alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e
a palavra de piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
475
Empuxado – adj. m. sg.
“(…) Deus foi reconciliado e o diáboo confuso e os demões que fogiam, a morte
acabada e remiida e o ceeo aberto, a maldiçom alongada e o pecado tirado e o
error empuxado e a verdade tornada e a palavra de piedade em todo lugar
semeada e prêsa, a conversaçom celestial [em a regiom] da terra [plantada] e as
virtudes do ceeo falantes conosco como com filhos, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 9 – 17, p. 23)
476
Endurentados – adj. m. pl.
“(...) e os corações endurentados contra Cristo seram amolentados. (...)”
(LVC, Cap. XIX. Fl. 63, a, § 721, l. 17 – 19)
477
Enjeitada – adj. f. sg.
“(...) E tu, Senhor de tôdalas cousas, que nom mester nem míngua de algua,
101
antre os começos da tua nascença nom avorreceste de gostar os dampnos e
sensaborias da proveza desprezada e enjeitada, segundo conta a Scriptura. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, c, § 347, l. 11 – 16, p. 121)
478
Enleada – adj. f. sg.
“EStà a gente marítima de LuSo,
Subida pela exarcia, de admirada,
Notando o estrangeiro modo, & vSo,
E a lingoagem tam bárbara & enleada.”
(LUS., Canto I, estrofe 62, vv. 1 – 4, p. 11)
479
Enleuado – adj. m. sg. (<Enlevado>)
“E caSarSe co ella de enleuado,
Num falSo parecer mal entendido:”
(LUS., Canto III, estrofe 139, vv. 3 – 4, p. 61)
480
Ensanhada – adj. f. sg.
“Dũa donzela ensanhada
soo eu maravilhado
de como foi razoada”
(LPGPI – 47,9. – p. 317 – vv. 6 – 7)
481
Entejados – adj. m. pl.
“´Cavidemos, ergo, de dizer de nós alguãs cousas de louvaminhas e glória, porque
está é cousa que nos faz seer avorrecidos dos homeẽs e entejados de Deus. (...)”
(LVC, Cap. VII, fl. 26, a, § 298, l. 1 – 4, p. 107)
482
Escurentadas – adj. f. pl.
“(...) E, segundo Crisóstomo, assi como nos raios do sol, parecem muitos átomos
meúdos ou poozinhos no aar, os quaaes nom parecem fora dos raios, assi aa
voontade alumeada do raio do seu prórpio esguardamento se mostram e se
enxergam os seus falimentos, os quaaes se escondem ou encobrem das outras
voontades vagarosas e escurentadas. (...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 66, c, § 753, l. 4 – 12, p. 273)
102
483
Escusada – adj. f. sg.
“(...) e assy senhor me pareçe uossa hida escusada se uossa merçee for.”
(CTC, Cap. xx., § 1º., l. 10 – 11, p. 50)
484
Esfargalhadas – adj. f. pl.
“(...) E êsto sofreu o fariseu, scil., que fôssem esfargalhadas as virtudes e
louvores, em as trazer em sua língua, e porém lhas furtou e arrevatou o demo.”
(LVC, Cap. VII, fl. 26, a, § 297, l. 19 – 22, p. 107)
485
Esforçado – adj. m. sg.
“Ca assi dizẽ do leõ que he rey e senhor das outras/animalhas porque he mais
esforçado e ma-/is valẽte ca nẽ hũa das outras.”
(LA, XXXV, vv. 12 – 14, p. 53)
486
ES
SS
Spalhado – adj. m. sg. (<Espalhado>)
“ESte que ves olhar com geSto yrado,
Pera o rompido Alumno mal Sofrido,
Dizendo lhe que o exercito eS
SS
Spalhado,
Recolha, torne ao campo defendido:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 13, vv. 1 – 4, p. 130)
487
Espamtada – adj. f. sg. (<Espantada>)
“(...) Ella [Dona Maria] acordamdo sopi/tamente quando se vio emtrar per aquella
maneira [Dom Joham, filho de D. Pedro, e D. Inês de Castro] alçou-se do leito tam
espamtada e temerosa, que aadur se podia teerm em si; (...)”
(CDF, Cap. CIII, § 10º., l. 26, p. 101; l. 1 – 3, p. 102)
488
Espedaçada – adj. f. sg.
“(...) Cris´sotomo: ´Portanto nom preegou Cristo ante que Joane fôsse metido no
cárcer, porque por esta preegaçom nom fôsse grande multidom de pôboo
espedaçada. (...)”
(LVC, Cap. XXVIII, fl. 90, a, § 1.004, l. 20 – 24, p. 367)
103
489
ES
SS
Spedaçado – adj. m. sg. (<Espedaçado>)
“Outro Sceua verão, que eS
SS
Spedaçado
Não Sabe Ser rendido, nem domado.”
(LUS., Canto X, estrofe 30, vv. 7 – 8, p. 166)
490
Estorvinhado – adj. m. sg.
“(...) e como a Madre [de Jesu] acordaria o Menino Jesu, que dormia, e como
estorvinhado e acordado de sobreventa choraria; e have compaixom dêles, se
em ti há coraçom de piedade. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, a, § 507, l. 8 – 12, p. 179)
491
Estremados – adj. m. pl.
“(...) Mas o bautismo e a confirmaçom e a ordem, estes sacramentos emprimem
caracteres per os quaaes, apegados e emprentados de maneira que se nom
podem tirar, som conhoçudos ou estremados dos outros aquêles que os
recebem. (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 73, c, § 828, l. 17 – 23, p. 301)
492
Estroidas – adj. f. pl. (<Estroídas>, m. q. <Instruídas>)
“Buçetas de comseruas e jarras de mell e mamteiga e arrobe e azeite eram alli
tamtas estroidas, que nom faziam menos emxurro polla rrua, que sse fossem
alguũs canos dagua quamdo choue. a quall perda era mujto chorada dalguũs
daquelles de uill geeraçam.”
(CTC, Cap. lxxxvij., § 1º., l. 3 – 9, p. 99)
493
Exudrado – adj. m. sg.
“(...) Em este comeos sobreveo o gram porco seguro e desacompanhado de
sabujos d´alaãos, exudrado por a gram calma que fazia, e veo naçer per a bicada
de huum monte, jumto com a armada hu jazia o Iffamte [Dom Fernamdo] e seu
page dormiindo. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 4º., l. 9 – 13, p. 97)
494
Feestrada – adj. f. sg.
104
“(...) § A/oytava propriedade [natureza da poonba] he ca faz seu ho na pe-/dra
feestrada. (...)”
(LA, II, vv. 17 – 19, p. 20)
495
Feestrada – adj. f. sg.
“(...) Ca o que bõõ he faz [poonba] as folgãça,/e pon sa asperança nas chagas de
Nosso Senhor/Jhesu Cristo, ca pela pedra feestrada entẽdemos/Jhesu cristo
chagado assi como diz a Escritura.”
(LA, II, vv. 19 – 22, p. 20)
496
Ffinado – adj. m. sg. (<Finado>)
“(...) /
4
herdade que Estam A par de o adro da Eigreia de Sam paayo da dicta villa
que partem da hua parte com outras cassas do dicto Almuxriffj/
5
e da outra parte
com outras cassas Em que ora mora Martym anes çaffoeiro e de deante
Emtestam na rrua publiça que vay das/
6
fferrarias velhas pera a dicta Eigreia de
Sam paayo e de tras Emtesta o Eixido que perteeçe aas dictas cassas com A rrua
de/
7
ffelgeiras as quaaes cassa dezia o dicto vaasco gonçalvez Autor que trazia de
ssua Maao Joham gonçalvez Priol que ffoy do Momsteiro/
8
de villarinho ffinado
o qual dezia que na ssua vida poussaua nas dictas ssuas casas e lhj pagaua
dellas cada/
9
hũu Ano hua pemssom (...)”
(DPNRL, Documento 77, l. 4 9, p. 237; Maço 4,52, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1397)
497
Firmadas – adj. f. pl.
Firmadas as pazes, como avees ouvido, foi hordenado que os Reis [D.
Hemrrique de Castella e Dom Frenamdo de Portugal] se vissem no rio do Tejo em
batees, por fallarem alguumas cousas, e firmarem outra vez suas aveemças,
segumdo já per elles eram outorgadas.”
(CDF, Cap. LXXXIII, § 1º., l. 4 – 7, p. 68)
498
Folgada – adj. f. sg.
“per que sse entẽdẽ as tẽptações e as................................./nacẽ: pelos homẽs do
mundo........................................................................... [sa]/consciencia folgada e
assessegada [en que]/vive cõ amor de Deus (...)”
(LA, XIX, vv. 15 – 18, p. 36)
499
Folgados – adj. m. pl.
105
“Desfalleçeo [ho Iffamte Dom Fernamdo] esto quando começou a guerra, e naçeo
outro mundo novo muito contrairo ao primeiro, passados os folgados anos de
tempo que reinou seu padre; e veherom depois dobradas tristezas com que muitos
chorarom suas desaventuradas mizquimdades.”
(CDF, § 6º., l. 11 – 15, p. 18)
500
Forcada – adj. f. sg.
“(...) A barra [de Jesu Cristo] era grossa ou farta de cabelos, nom longa, mas na
fim forcada. (...)”
(LVC, Prólogo, § 53, l. 17 – 18, p. 21)
501
Geerados – adj. m. pl. (<Gerados>)
“Outra coisa geera ainda esta conformidade e natural inclinaçom, segundo
sentença dalguũs, dizendo que o pregoeiro da vida, que é a fame, recebendo
refeiçom pera o corpo, o sangue e espritos geerados de taes viandas tem ũa tal
semelhança antre si que causa esta conformidade.”
(QCDJI, Cap. 1., § 1º., l. 9 – 15, p. 2)
502
Guardada – adj. f. sg.
“(...) e viviam em Purtugal na merçee del Rei Dom Pedro [I], creemdo nom reçeber
dano, tambem os Purtuguezes como os Castelaãos, porque razoada lhes dera
ousado acoutamento nas fraldas da segurança; a qual, nom bem guardada pellos
Reis, fezerom calladamente huuma tal aveemça que el Rei de Purtugal
emtregasse presos a el Rei de Castella os fidallgos que em seu Reino viviam, (...)’
(CDPI, Cap. XXX, § 1º., l. 12 – 20, p. 93)
503
Guerreados – adj. m. pl.
“(...) deu lecença ao profeta Neemias que refezesse os muros de Jerusalem – que,
guerreados, pelos vezinhos d´arredor que os nom alçassem, com ũa mão
poínham a pedra, e na outra tiinham a espada pera se defender; (...)”
(QCDJI, Cap. 8., § 1º., l. 17 – 22, p. 47)
504
Honrrada – adj. f. sg. (<Honrada>)
“A 3ª Cap
ta
foi o sp´u s
to
por vasco frz Coutinho e m
ta
/gente honrrada aqui morreo
aq´le grãde Capitaõ”
106
(CNB – MC – p. 31 – l. 25 – 26)
505
Honrrada – adj. f. sg. (<Honrada>)
“Pareçe me qe Vossa Alteza deve/mandar fazer alli huma povoação honrrada e
boa por que ja/nesta coosta nom ha rio em que entrem franceses senão neste
e/tirão delle muita pimenta; (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 4 – 6, p. 198)
506
Honrrado – adj. m. sg. (<Honrado>)
“(...) e assi pode este/Jndio ja emtrar em cõselho e q
to
major buraco tãto mais
valte e assi fica mais honrrado
(CNB – MC – p. 91 – l. 787 – 788)
507
Honrrado – adj. m. sg. (<Honrado>)
“e provi de capitão hum homem honrrado e a-/bastado he de boa casta que vive
na dita capitania, e que sirva em-/quoanto Vossa Alteza nom prover ou o capitão
da terra; he chama se Johão/Gonçalvez Dormundo, (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, in EBC, l. 16
– 18, p. 196)
508
Honrrados – adj. m. pl. (<Honrados>)
“(...) e os q´jsto faz zombaõ e se t por/honrrados e tato q´acõteceo naõ querer
vir indios porq´sab ja seus emganos se (...)”
(CNB – MC – p. 63 – l. 410 – 412)
509
Hordenado – adj. m. sg. (<Ordenado>)
“He a não quoando vier far se a o que Vossa Alteza mandar e/parecer bem ao
tempo que cheguar, e nesta parte me pareçe que esta/tudo asi beem hordenado.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 13 – 14, p. 194)
510
Hordenado – adj. m. sg. (<Ordenado>)
107
“Esto assi hordenado, soube el Rei a cabo de pouco que huum seu
desembargador, de que el muito fiava, chamado per nome meestre Gonçallo das
degrataaes, levara peita d´huma das partes que perante el andavom a feito, por a
qual julgou e deu sentença; (...)”
(CDPI, Cap. V, § 1º., l. 1 – 5, p. 72)
511
Hõrrado – adj. m. sg. (<Honrado>)
“(...) he ho hõrrado padre Sam Bẽeto, vẽedosse anoiado da lecẽça que lhe ta
ameude demãdaua em tãto perigoo da sua alma, disselhe sanha que sse
fosse. (...)”
(Dialigos de S. Grigorio, Cód. Alcobacense da Biblioteca Nacional, n
o.
ant. 37,
mod. 182, fls. 2v, in TA, § 1º., l. 3 – 6, p. 46)
512
Horrida – adj. f. sg. (<Hórrida>)
“O grande estrondo, a moura gente espanta, / como se vissem horrida batalha”
(Os Lusíadas, II, 25, apud DLPA, p. 367)
513
Igualada – adj. f. sg.
“(...) E êsto nom faz el senom per si meesmo e estando em cada ũa cousa e logar
presente, assi como dizemos que el-rei es na sua cadeira ou seeda,
proporcionada e igualada ao seu corpo, e nom mais nem menos.”
(LVC, Cap. XVIII, fl. 59, d, § 682, l. 14 – 18, p. 245)
514
Inchado – adj. m. sg.
“quero eu, come namorado:
rostr´ agudo come foron,
barva no queix´e no granhon,
o ventre grand´e inchado.”
(LPGPI – 24,2. – p. 174 – vv. 4 – 7)
515
Inclinados – adj. m. pl.
“he gente m
to
amiga de fazer bem e bem inclinados. [os indios] /achei nos carios
iunto do rio da prata muitos indios xaõs q´/dizem sera alguns 28 annos q´pasaraõ
por ali huns frades/e os bautizaõ estes em quanto ahi estiue q´foraõ algũs 6.
meses//”
(CNB – MM – p. 5 – l. 83-86)
108
516
Indinado – adj. m. sg. (<Indignado>)
“Tal diante do Principe indinado,
Egas eStaua a tudo offerecido:
Mas o Rei vendo a eStranha lealdade,
Mais pode em fim que a Ira a piedade.”
(LUS., Canto III, estrofe 40, vv. 5 – 8, p. 45)
517
Irado – adj. m. sg.
“Ca mui gram temp´a que ando coitado
se eu podesse pola ir veer,
ca depois nom me pod´escaecer
qual eu [a] vi, u ouvi Deus irado;
ca verdadeira mente des entom
nom trago mig´aqueste coraçom,
nem er sei de mim parte nem mandado.”
(LPGPI – 25,56. – p. 203 – vv. 8 – 14)
518
Jurado – adj. m. sg.
“E porend´é gran traedor provado,
de que se já nunca pode salvar,
come quen a seu amigo jurado,
bevendo con ele, o foi matar:
todos pólos cantares del levar,
con os quaes oj´anda arrufado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 19 – 24)
519
Lançad´ - adj. m. sg. (<Lançado>)
“pois mh-assy faz o voss´amor ir ja
como vay cervo lançad´a fugir.”
(LPGPI – 73,3. – p. 479 – vv. 20 – 21)
520
Larãjado – adj. m. sg. (<Laranjado>)
“Tem [Tangara] o tamanho de pardais e o bico, mas de preto/fino t hũ barrete
larãjado e sobre os olhos/larãjado fino este vlhe alguãs vezes sedte/coral,
taõb aj outras castas mtas”
109
(CNB – MC – p. 131 – l. 1333 – 1336)
521
Larãjado – adj. m. sg. (<Laranjado>)
“Tem [Tangara] o tamanho de pardais e o bico, mas de preto/fino t hũ barrete
larãjado e sobre os olhos/larãjado fino este vlhe alguãs vezes sedte/coral,
taõb aj outras castas m
tas
(CNB – MC – p. 131 – l. 1333 – 1336)
522
Latinadas – adj. f. pl.
“... que nom ponha pallavras latinadas, nem doutra lynguagem scripto...”
(Leal Conselheiro, cap. 99, apud DLPA, p. 396)
523
Lavada – adj. f. sg.
“(...) he esta terra do/brazil m
to
sadia. e lavada os vtos nord/estes lestes e
suestes q´saõ os comũs trã/as dez horas e cessaõ a meja noite p´causa/dos m
tos
aruoredos montes e vales q´causaõ/hũs neuoeiros p´las
menhãs q´comum
te
v chuva”
(CNB – MC – p. 79 – l. 634 – 639)
524
Lavrada – adj. f. sg.
“Pois ela trage camisa
de sirgo tan ben lavrada,
e vai a cada pousada
por algo, non é sen guisa”
(LPGPI – 30,26. – p. 259 – vv. 7 – 10)
525
Leixados – adj. m. pl. (m. q. <Deixados>)
“(...) Mas nós, nom curando de seu juízo, leixados os compostos e afeitados
razoamentos, que muito deleitom aqueles que ouvem, ante poemas a símprez
verdade que a afremosentada falsidade.”
(QCDJI, Cap. 1., § 1º., l. 3 – 7, p. 5)
526
Leixados – adj. m. pl. (m. q. <Deixados>)
110
Leixados os modos e diffiniçoões da justiça, que per desvairadas guisas muitos
em seus livros escrevem, soomente daquella pera que o real poderio foi
estabelleçido, que he por seerem os maos castigados e os boons viverem em
paz, he nossa emtençon neeste prollogo muito curtamente fallar, nom como
buscador de novas razoões, per propria invençom achadas, mas come ajuntador,
em huum breve moolho, dos ditos dalguuns que nos prouguerom. (...)”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l, 1 – 9, p. 59)
527
Leuantadas – adj. f. pl. (Levantadas>)
“[...] e quãdo veo ao avanjelho que nos erguemos todos pee as maãos
leuantadas. eles se leuantaram cõ nosco [...]”
(VCPVC – fl. 12 – l. 19 – 22)
528
Leuantadas – adj. f. pl. (Levantadas>)
“[...] eles se poserã todos asy coma nos estauamos as maãos leuantadas. e
em tal maneira asesegados que certefico a vosa alteza que nos fez mujta
deuaçom./”
(VCPVC – fl. 12 – l. 25 – 28)
529
Levantado – adj. m. sg.
“Joan Fernández, o mund´é torvado
e, de pran, cuidamos que quer fiir:
veemo-lo Emperador levantado
(LPGPI – 79,26. – p. 536 – vv. 1 – 3)
530
Licenciado – adj. m. sg.
“(...)/
68
quoremta e çimquo anos em a casa da morada do senhor Licenciado
sebastião gonçalvez prouisor e vigairo neste arcebispado de bragua polos
senhores do cabido a see vagamte cetera peramte ele/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 68, p. 331; Maço 7,29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
531
Listradas – adj. f. pl.
“Onças ou tigres//Ha m
tas
a onça e o tigre t 4 cores. s. preto brãco Amarello e
111
pardo t Rabo cõprido e a/barriga toda brãca as cores m
to
listradas a/cabeça
mais de gato q´de outro animal com/caça e mataõ homs de tudo o q´mataõ se
fartaõ (...)”
(CNB – MC – p. 105 – 967 – 974)
532
Loada – adj. f. sg. (<Louvada>)
“Mha madre loada
Vou-m´a la bailada
do amor.”
(LPGPI – 25,44. – p. 197 – vv. 4 – 6)
533
Loado – adj. m. sg.
“[D]a sa bondade e seu prez muy loado
e sa mesura, nem do seu bom sem”
(LPGPI – 33,7. – p. 270 – vv. 8 – 9)
534
Lominado – adj. m. sg. (m. q. <Iluminado>)
“Hum livro lominado
(Elucidário, v. II, p. 370, apud DLPA, p. 405)
535
Louvado – adj. m. sg.
“Fremosas, a Deus louvado con tan muito ben como oj´ei,”
(LPGPI – 79,24. – p. 536 – v. 1)
536
Louvado – adj. m. sg.
Deo gratias, se atentais nisto,
nem louvado Jesu Cristo”
(RA, in OCGV – vol. V, p. 2 – vv. 12– 13)
537
Madeirada – adj. f. sg.
“E Agostinho: ´Nascido é na strabaria e cingido de sua Madre com faxa vil e
refece. Nom tiinha casa madeirada de cedro nem leito de marfim em que parisse
o Criador e onde posesse o Remiidor de tôdalas cousas. (...)”
112
(LVC, Cap. IX, fl. 31, § 376, l. 1 – 6, p. 129)
538
Magoado – adj. m. sg.
“A Purtugal forom tragidos Álvoro Gomçallvez e Pero Coelho, e chegarom a
Samtarem onde el Rei Dom Pedro [I] era; e el Rei, com prazer da sua viimda,
porem mal magoado porque Diego Lopez fugira, os sahiu fora a reçeber, e sanha
cruel sem piedade lhos fez per sua maão meter a tromento, (...)”
(CDPI, Cap. XXXI, § 1º., l. 9 – 14, p. 98)
539
Mamadas – adj. f. pl.
“Lourenço, di-lhe que sempre trobei
por boas donas e sempr´estranhei
os que trobavan por amas mamadas.”
(LPGPI – 70,38. – p. 457 – vv. 22 – 24)
540
Malẽconizados – adj. f. pl. (<Malenconizados>)
“As fêmeas [bogios] t duas tetas e naõ par mais q´/hũ e trazno as costas Os
beriquis saõ/taõb grandes e fremosos t os mesmos que os de sima saõ
malconizados Aquiri/pitanga t o mesmo ha outros mais piquenos/q´andaõ de
noite”
(CNB – MC – p. 115 – l. 1113 – 1118)
541
Manhada – adj. f. sg.
“Mais non foi esto senon seu pecado”.
que el mereceu a Nostro Senhor
ir seu rocin, de que el gran sabor
avia, dar por mua mal manhada
que non queria, pero mi a doada
dessen, nen andar dela embargado.”
(LPGPI – 25,26. – p. 188 – vv. 13 – 18)
542
Maravilhada – adj. f. sg.
“Amiga, faço-me maravilhada
como póde meu amigo viver
u os meus olhos non [o] pódem veer,
ou como pód´alá fazer tardada;
113
ca nunca tam gram maravilha vi,
poder meu amigo viver sem mi,
e par Deus, é cousa mui desguisada.”
(LPGPI – 25,7. – p. 178 – vv. 1 – 7)
543
Marcada – adj. f. sg.
“(...) /18 hũu (sic) alqueire de çemteo e he marcada e tem tres ou quatro
castynheiros <velhos> Item em syluares hũũa leira que leuara de ssemente meo
alqueire e parte de cyma sam vicente e de baixo/
19
per vallo e tem auguoa
Item alem desta estaa outra leira marcada que leuara de ssemeadura quatro
alqueires de çemteo e parte de todallas partes terra de ssam vicente Item/
20
outra leira que esta per marcos e leua de ssemeadura dous alqueires e parte de
todallas partes terra de ssam vicente e tem auguoa de rregar Item abaixo
destas leiras no Rechão/(...)”
(DPNRL, Documento 100, l. 18 20, p. 298; Maço 6, 30, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1509)
544
Marchetadas – adj. f. pl. (<Marquetadas)
“As portas douro fino, &marchetadas
Do rico aljofar que nas conchas nace,
De esculptura fermoSa estão lauradas,”
(LUS., Canto VI, estrofe 10, vv. 1 – 3, p. 98)
545
Maridada – adj. f. sg.
“... mulher maridada non uada ad fiel neque ullus. Mulher maridada”
(Leges, p. 791, apud DLPA, p. 420, verb. Maridada)
546
Menguado – adj. m. sg. (<Minguado>)
“El entende que a ten adubada,
pois lha podaron, e ten sem razon:
ca tan menguado ficou o torçom
que a cepa non pode ben deitar,”
(LPGPI – 30,14. – p. 252 – vv. 7 – 10)
547
Mesturadas – adj. f. pl. (<Misturadas>)
“Sobrancelhas mesturadas,
114
grandes e mui cabeludas,
sobre-los olhos merjudas;
e as tetas pendoradas”
(LPGPI – 24,2. – p. 174 – vv. 12 – 14)
548
Mesturado – adj. m. sg. (<Misturado>)
“Da carima q´he a rais seca [da mandioca] se faz amdoados/cousas doçes e o
mais e se faz paõ aRoz/mesturado e esta seca botaõ e mesturcõ/a outra
q
do
quer se cõserue pa longe como/q
do
a traz pa portugal os marinheiros (...)”
(CNB – MC – p. 87 – l. 736 -740)
549
Mesurada – adj. f. sg.
“mais; e por Santa Maria,
que vos fex tam mesurada,
doede-vos algum dia
de mi, senhor bem talhada.”
(LPGPI – 25,111. – pp. 228 – 229 – vv. 3 – 6)
550
Mesurada – adj. f. sg.
“– Amiga fremosa e mesurada,
nom vos digu´eu que nom póde seer
voss´amigo, pois om´é de morrer;
mais par Deus, nom sejades sospeitada
d´outro mal d´el, ca des quand´eu naci,
nunca doutr´ome tam leal oi
falar, e quem end´al diz, nom diz nada.”
(LPGPI – 25,7. – p. 179 – vv. 22 – 28)
551
Mesurado – adj. m. sg.
“E pois en al és mans´e mesurado,
non entences: se quer serás loado
non en que tu és partido de bravura.”
(LPGPI – 30,28. – p. 260 – vv. 22 – 24)
552
Minguadas – adj. f. pl.
115
“chorosas e minguadas de conselho;
ca demo lev´a prol que xi lh´em ata.”
(LPGPI – 25,66. – p. 208 – vv. 20 – 21)
553
Minguado – adj. m. sg.
“E, estando el-Rei assi apousentado, gentes do arreal foram aa forragem, com
entençam de chegar a logar que chamam Ervas, que eram treze legoas,
porquanto deziam que avia i muitos vinhos, de que o arreal era muito minguado;
(...)”
(QCDJI, Cap. 13., § 2º., l. 12 – 16, p. 81)
554
Molhada – adj. f. sg.
“E quen vos pois vir la saia molhada,
ben lheu terrá que é con escasseza,
e em vós ouve sempre gran largueza;
e pois aqui vee-la invernada,”
(LPGPI – 64,10. – p. 415 – vv. 8 – 11)
555
Moida – adj. f. sg. (<Moída>)
“o q´lhe met dentro [Jaracataia] t hũa fruita boa taõb/pa camaras de sangue e
taõb a Rais moida/faz alguãs canoas pa Rjos mas logo apodrece”
(CNB – MC – p. 161 – l. 1730 – 1732)
556
Moida – adj. f. sg. (<Moída>)
“(...) t [peixe boi] o embigo como/de porco por onde gera seu comer he erua/
q´naçe nos Rijos doces t duas pedras nas/frontes da cabeça esta moida pera dor
(...)”
(CNB – MC – p. 181 – l. 2007 – 2010)
557
Mudados – adj. m. pl.
“Prometem-me uns vãos cuidados
mil mundos favorecidos,
com que serão descansados;
e eu acho-os todos mudados
em outros mundos perdidos.”
116
(RA, in OCGV – vol. V – p. 13 – vv. 2 – 6)
558
Multipricados – adj. m. pl. (<Multiplicados>)
“(...) dês Abeel justo atees Sam Joam Bautista, por tal que, per muitos milhares de
tempos e de anos, e per grandes e desvairados e multipricados ditos e
demostranças, alevantasse nossos entendimentos. (...)”
(LVC, Cap. II, fl. 8, d, § 87, l. 7 – 12, p. 37)
559
Namorada – adj. f. sg.
“de fiar per namorado
nunca molher namorada,
pois que mh o meu a errado”
(LPGPI – 25,128. – p. 237 – vv. 6 – 8)
560
Namorado – adj. m. sg.
“Que muito m´eu pago d´este verão
por estes ramos e por estas flores,
e polas aves que cantan d´amores
por que ando i led´e sen cuidado;
e assi faz tod´ omen namorado:
sempre i anda led´e mui loução.”
(LPGPI – 14,14. – p. 126 – vv. 7 – 10)
561
Namorado – adj. m. sg.
“Dizen pela terra, senhor, ca vos amei
e de toda-las coitas a vossa maior ei!
e sempr´eu, namorado,
ei a viver coitado!
(LPGPI – 15,1. – p. 128 – vv. 1 – 4; 5 - 8)
562
Namorados – adj. m. pl.
“Cand´eu passo per algũas ribeiras,
so boas arvores, per bõos prados
se cantan i passaros namorados
log´eu con amores i vou cantando,”
117
(LPGPI – 14,14. – pp. 126 – 127 – vv. 7 – 10)
563
Nembrada – adj. f. sg. (m. q. <Lembrada>)
“poi-la mia senhor nembrada
non quer aver outorgado”
(LPGPI – 47,15. – p. 321 – vv. 26 – 27)
564
Nomeadas – adj. f. pl.
“(...) E mãdo ainda q(ue) se/s´asunar todos nõ poderem ou nõ q(ui)-/serẽ ou
descordia for ent(r´a)q(ue)stes a/q(ue) eu mãdo departir aq(ue)stas dezimas/suso
nomeadas ualia a(ui)lo q(ue)/mãdarẽ os chus muitos p(er) nõbro.”
(TAII, in CHLP, § [18], l. 5 – 9, p. 201 e § [19] l. 1 – 2, p. 201)
565
Nomeadas – adj. f. pl.
“Out(ro)ssi mãdo daq(ue)les q(ue) mia/mãda an a departir ou todas
aq(ue)lias/cousas q(ue) suso sũ nomeadas q(ue) si/todos se poderẽ assumar
ou q(ui)-/serem ou descordia for ent(r´elles) ualia/aq(ui)lo q(uue) darẽ os
chus muitos/p(er)/nõbro. (...)”
(TAII, in CHLP, § [19], l. 3 – 9, p. 201 e § [20] l. 1, p. 201)
566
Nomeadas – adj. f. pl.
“(…) Mãdo ainda q(ue) a raina [D. Orraca] e/meu filio ou mia filia [de D. Afonso II]
q(ue) no meu logar/ouuer a reinar se a mia morte ouuer/reuora e meus uassalos e
o abade d´Al-/cobaza sen demorancia e sen (con)t(ra)-/dita lis den toda mia
meiadade e todas as out(ras) cousas suso/nomeadas e eles as departiã como
suso e/nomeado. (...)”
(TAII, in CHLP, § [20], l. 1 – 8, p. 201 e § [21] l. 1 – 2, p. 201)
567
Nomeadas – adj. f. pl.
“(...)/
32
Moesteiru de Pedroso auer firme é estauil que quer/
33
que feitu fur nas
cousas de susu nomeadas per esse/(...)”
(DPNRL, Documento 9, l. 32 33, p. 119; Maço 6,38, texto 13º, Mosteiro de S.
Pedro de Pedroso, 1273.)
118
568
Nomeadas – adj. f. pl.
“(...)/
33
que feitu fur nas cousas de susu nomeadas per esse/
34
nossu procuradúr
ou per aquele ou aqueles a qual ou quaaes/
35
procuradúr ou procuradures fezer
em seu logar. En testemoi/
36
iu (sic) da qual cousa demos a ele esta carta séélada
de no/
37
ssus seelus. Dada nu Mosteiru de Pedroso tres dias pur/
38
andar de
Janeiru. Na. Era de. mille e treztos e dezeúú anos.”
(DPNRL, Documento 9, l. 33 37, p.119; Maço 6,38, texto 13º., Mosteiro de S.
Pedro de Pedroso, 1273.)
569
Nomeado – adj. m. sg.
“(...) q(ue) orem por mi [D. Afonso II] co-/me por uiuo ata mia morte e depos mia
morte fazam estes iu(er)sa-/rios e estas comemorazones assi como/suso e
nomeado, assim como fazem en´/os out(ro)s logares u ia dei meus/iu(er)sarios.
(...)”
(TAII, in CHLP, § [6], l. 5 – 8, p. 198 e § [7] l. 1 – 6, p. 198)
570
Notados – adj. m. pl.
“Ha outros [Rjos] m
tos
grades mas nquero em/fadar posto q´estes saõ os mais
notados
(CNB – MC – p. 83 – l. 671 – 672)
571
Nuveado – adj. m. sg.
“Ond´avẽo en agosto un dia que nuveado/se levantou muit´escuro e com torvon
mesturados”
(Santa Maria, v. II, p. 158, apud DLPA, p. 444)
572
Obligado – adj. m. sg. (<Obrigado>)
“As raízes das árvores som os pensamentos e as voontades, das quaaes
procedem as booas obras e maas, per as quaaes ou somos alevantados ao ceeo
ou amergidos ao inferno. E porém, segundo diz Ambrósio, faça fructo aquel que
pode per graça e que é teudo e obligado aa peendença, porque ex aqui o Senhor,
que preguntará por o fructo e dará vida aos que fezerom e repreenderá os que
forom estériles.”
(LVC, Cap. XVII, fl. 57, d, § 662, l. 1 – 10, p. 237)
119
573
Obrada – adj. f. sg.
“E bem pareçe de razom que o comde ouvera logo de trager a Iffamte, ca el Rei
[Dom Fernamdo] mandou tirar d´aquella torre do aver, que estava no castello da
çidade, huuma coroa d´ouro feita de macha-femeas, obrada com pedras de
gramde vallor, e grossos graãos d´aljofar arredor, e religairos, e anees d´ouro, e
camafeus, e outras joyas de gram preço, afora sayas e cotas, e çipres de dona, e
outras cousas que perteençiam a guarnimentos de molher, as quaaes levava o
comde em esta galee em que avia d´hir.”
(CDF, Cap. XLIX, § 3º., l. 8 – 17, p. 34)
574
Obrado – adj. m. sg.
“E seendo nembrado de homrrar seus ossos, pois lhe já mais fazer nom podia,
mandou fazer [D. Pedro I] huum muimento d´alva pedra, todo mui sotillmente
obrado, poemdo enlevada sobre a campaã de çima a imagem della [D. Enês de
Castro] com coroa na cabeça, como se fora Rainha; e este muimento mandou
poer no moesteiro d´Alcobaça, nom aa emtrada hu jazem os Reis, mas demtro na
egreja há maão dereita, açerca da capella moor.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 3º., l. 12 – 20, p. 106)
575
Ocupado – adj. m. sg.
“Por isso peço eu bispado,
que possa ter dez rascões,
e um escravo ocupado,
que sempre tenha cuidado
dos cavalos e falcões.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 32 – vv. 7 – 11)
576
Oficiada – adj. f. sg.
“E mandou el Rei [Dom Pedro I] em seu testamento que lhe tevessem em cada
huum ano pera sempre no dito mosteiro seis capellaaens que cantassem por el e
lhe dissessem cada dia huuma missa oficiada, e sahirem sobrel com cruz e
augua beemta; (...)”
(CDPI, Cap. XLIV, § 3º., l. 21 – 25, p. 107)
577
Onradas – adj. f. pl. (<Honradas>)
“mais pero nunca con donas teci
120
nen trobei nunca por amas onradas;”
(LPGPI – 70,38. – p. 457 – vv. 17 – 18)
578
Onrado – adj. m. sg. (<Honrado>)
“Pois sodes tan ben casado,
non devedes i al dizer,
mais a Deus muito gradecer
casamento tan onrado;”
(LPGPI – 30,33. – pp. 262 – 263 – vv. 17 – 20)
579
Orçados – adj. m. pl.
“4/ Os iii qontos clxxx, que valem as novidades/dos acucares da dita ilha/ e da
ilha do Príncipe, orçados em bi arrobas/a b
c
xxx reis arroba, como Jão Bautista
Revelas-/co tem comprado a do anno passado de/xxxbii”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
24, in EBC, l. 3 – 5, p. 222)
580
Ordenado – adj. m. sg.
“Diserom despois alguũs daquelles que alli eram, que bem mostrava o cheiro, que
viinha da terra [Guinee], a bondade do seu fruito, ca tam deleitoso era, que alli
onde chegava estando êlles no mar, lhes parecia que estavam em algũũ gracioso
pomar, ordenado a fim de sua deleitaçom.”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 10 – 16, p. 71)
581
Organizadas – adj. f. pl.
“E em uũ stante foi estremado aquêle sangue, em o qual feito misto e consoldado,
foi o corpo [de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; e em aquel stante foi
comprido e perfeito homem em alma e em carne, segundo tôdalas medidas
organizadas do corpo; (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, b, § 206, l. 1 – 7, p. 79)
582
Ornada – adj. f. sg.
“ISto bem reuoluido, determina
De terlhe aparelhada la no meio
Das agoas, algũa inSula diuina,
Ornada deSmaltado &verde arreio:”
121
(LUS., Canto VIII, estrofe 21, vv. 1 – 4, p. 148)
583
Orpelados – adj. m. pl
“Vi coteifes orpelados
estar mui mal espantados,
e genetes trosquiados
corriam-nos arredor;
tiinhan-nos mal aficados,
[ca] perdian-na color.”
(LPGPI – 18,28. – p. 153 – vv. 7 – 12)
584
Ousado – adj. m. sg.
“(...) e viviam em Purtugal na merçee del Rei Dom Pedro [I], creemdo nom reçeber
dano, tambem os Purtuguezes como os Castelaãos, porque razoada lhes dera
ousado acoutamento nas fraldas da segurança; a qual, nom bem guardada pellos
Reis, fezerom calladamente huuma tal aveemça que el Rei de Purtugal
emtregasse presos a el Rei de Castella os fidallgos que em seu Reino viviam, (...)’
(CDPI, Cap. XXX, § 1º., l. 12 – 20, p. 93)
585
Outorgado – adj. m. sg.
“§ A Saã Marcos per semelhança de leon,/porque entẽdeu polo Spiritu Sancto que
avia de/falar da ressurreyçõ per que el appareceu e da/terra, assi como el disse
que resurgio, dado e outorgado me o poder nos ceos e na terra.”
(LA, XXXV, vv. 7 – 11, p. 53)
586
Pasado – adj. m. sg. (<Passado>)
“(...) e este anno pasado de 89. 9. meses tomaraõ assim a ida como a vin/da de
73 Nauios carregados e o q´me tomaraõ o mesmo anno de 89 valia de
assuque/re”
(CNB – MM – p. 11 – l. 180 – 182)
587
Pasados – adj. m. pl. (<Passados>)
“[...] deranlhes aly de comer pam e pescado cozido. confejtos fartees mel e figos
pasados. [...]”
(VCPVC – fl. 3 – l. 14 – 16)
122
588
Pasmada – adj. f. sg.
“(...) e a m
ta
agoa e onda/ q´leuou os botou em terra era jũto de/praja e ella
[Balea] ficou nagoa como pasmada
(CNB – MC – p. 187 – l. 2057 – 2059)
589
Passado – adj. m. sg.
“E eu ben vos digo que é viv´e sano,
e será vosc´ant´o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
(LPGPI – 25,4. – p. 177 – vv. 21 – 24)
590
Passado – adj. m. sg.
“Nom chegou, madr´, o meu amado,
e oj´est o prazo passado.
Ai madre, moiro d´amor!
(LPGPI – 25,50. – p. 200 – vv. 3 – 6)
591
Passado – adj. m. sg.
“E oj´est o prazo passado
por que mentio o perjurado.
Ai madre, moiro d´amor!”
(LPGPI – 25,50. – p. 200 – vv. 10 – 12)
592
Passado – adj. m. sg.
“4/ Os iii qontos clxxx, que valem as novidades/dos acucares da dita ilha/e da
ilha do Príncipe, orçados em bi arrobas/a b
c
xxx reis arroba, como Jão Bautista
Revelas-/co tem comprado a do anno passado de/xxxbii
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
24, in EBC, l. 3 – 5, p. 222)
593
Passados – adj. m. pl.
“Saõ aruores altas e direitas [figeira braua Amaiba] t algũs figos/defertes mas no
sabor como passados mas/o doçe mais suaue cõpridos de mejo palmo saõ
gostosos (...)”
123
(CNB – MC – p. 167 – l. 1803 – 1806)
594
Passados – adj. m. pl.
“Desfalleçeo [ho Iffamte Dom Fernamdo] esto quando começou a guerra, e naçeo
outro mundo novo muito contrairo ao primeiro, passados os folgados anos de
tempo que reinou seu padre; e veherom depois dobradas tristezas com que muitos
chorarom suas desaventuradas mizquimdades.”
(CDF, § 6º., l. 11 – 15, p. 18)
595
Pavesados – adj. m. sg. (m. q. <Empavesados>)
“(...) E alguũs [aqueles que acompanlhavam el-Rei], pavesados, chegarom ali
contra voontade dos do muro, nom embargando as muitas pedras que lançassem,
e tiraram-no fora e levarom-no daquel logar.”
(QCDJI, Cap. 14., § 1º., l. 12 – 16, p. 83)
596
Pegadas – adj. f. pl.
“[...] este que o agasalhou [...] e amdaua todo por louçaynha cheo de penas
pegadas pelo corpo que pareçia aseetado coma sam sabastiam. [...]”
(VCPVC – fl. 4v – l. 10 – 13)
597
Pegados – adj. m. pl.
“e apanhaõno em t´po de estio por se naõ mes/turar cõ agoa, cheira logo de lõge e
onde os/há m
ta
caça e a caça ferida se vaj roçar/cõ a ferida na aruore e assi se
achaõ m
tos
/cabelos pegados nesta aruore q´a natureza/lhe sinou faz os
portuguezes cõta de chej/ro desta casca e
mesturaõ cõ o oleo (...)”
(CNB – MC – p. 165 – l. 1760 – 1766)
598
Pegados – adj. m. pl.
“(...) o corpo cheo de cabelos Ruiuos [peixe boi] /mas m
to
piquenos t seus bracos
de comprimento/de couado como pas as maõs saõ como humanas/mas os dedos
todos pegados como de patos (...)”
(CNB – MC – p. 181 – l. 1996 – 1999)
599
Pejado – adj. m. sg.
124
“(...) E lançou-o [o Filho/Jesu Cristo] nom em berço de ouro, mas na manjadoira,
antre duas bêstas, porque tam pejado stava aquel diversório, que nom havia i
outro lugar onde o podesse lançar.”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, c, § 345, l. 10 – 14, p. 121)
600
Penada – adj. f. sg.
“Madre, passou per aqui un filho d´algo
e leixou-m´assi penada, com´eu ando:”
(LPGPI – 47,12. – p. 318 – vv. 15 – 16)
601
Penado – adj. m. sg.
“Mayor guarda vos derom ca soyam senhor,
e vyv´ eu mays penado por vós e ey mayor
coyta que non cuyd´a guarir;
senhor, se vos guardaren e vos eu non vir,
non cuyd´un dia mays a guarir.”
(LPGPI – 15,2. – p. 128 – vv. 1 – 3)
602
Penado – adj. m. sg.
“Par Deus, senhor,
enquant´eu ffor
de vós tam alongado,
nunc(a) en mayor
coyta d´amor,
nen atam coytado
foy eno mundo
por as senhor
homem que fosse nado,
penado, penado.”
(LPGPI – 18,31. – p. 156 – vv. 11 – 20)
603
Pendoradas – adj. f. pl. (<Penduradas>)
“Sobrancelhas mesturadas,
grandes e mui cabeludas,
sobre-los olhos merjudas;
e as tetas pendoradas
(LPGPI – 24,2. – p. 1“74 – vv. 12 – 14)
125
604
Penteados – adj. m. pl.
“os cabelos carcomidos
louros sovereiros,
penteados d´ano em ano,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 49 – vv. 15 – 18)
605
Perfiado – adj. m. sg.
“E, pois lo vis nos panos perfiado,
enton puinhei mais en lhos pedir;”
(LPGPI – 77,6. – p. 500 – vv. 7 – 8)
606
Perficada – adj. f. sg.
“Entom, ouvida a fama de Joane, saía a el todo Jerusalém, scil., sam a el´muitos
de quantos havia em Jerusalém. Esta maneira de falar é chamada hiperbólica, que
quer dizer muito perficada. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 56, c, § 649, l. 1 – 6, p. 233)
607
´Pertada – adj. f. sg. (<Apertada>)
“Ant´a as pousada,
en saia ´pertada:”
(LPGPI – 66,7. – p. 431 – vv. 4 – 5)
608
Pesada – adj. f. sg.
“Nos grandes e notavees conselhos el [D. João I] era sempre o principal, e neũa
pesada cousa se fazia sem seu acordo. (...)”
(QCDJI, Cap. 10., § 2º., l. 1 – 3, p. 58)
609
Pesado – adj. m. sg.
“... deu-lhe per cima do capacete um golpe tão pesado, que ficou ageolhado em
terra atordoado”
(Décadas, v. II, cap. 3, p. 2, apud DLPA, p. 77)
126
610
Pesados – adj. m. pl.
“(...) outras, aves, e peixes, que achei que em aquella terra [Guinee], das quais
som primeiramente huãs aves que se chamam framengos, que som de grandeza
das garças, iguais na longura dos pescoços, empero de pouca pena, e as cabeças
razoadas em comparaçom dos corpos, mas os bicos som grossos, empero curtos,
e tam pesados que o pescoço o nom pode bem soportar, de guisa que por sua
ajuda sempre o bico teem pegado a as pernas, ou a as penas os demais do
tempo.”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 3 – 13, p. 69)
611
Pezadas – adj. f. pl. (<Pesadas>)
“He aruore grãde [Çapucaj] serue p
a
Gangorras t co/mũmente setta palmos de
Roda saõ altas/direitas e pezadas a casca serue de estopa/p
a
os naujos (...)”
(CNB – MC – p. 169 – l. 1817 – 1820)
612
Picados – adj. m. pl.
“(...) e soualaão [a masa] muyto/b souada e farão bolos camanhos e da grosura q
qujser e picalosão/muyto picados/cõ hũu Fuso e co/zelosão de manejra q Fiqu
biscoutados q Se posão moer e juejra/losão por hũa pineyra Rala muyto/ou muyto
basta (...)”
(TCP – pp. 125 e 127 – l. 1305 – 1336)
613
Piquada – adj. f. sg. (<Picada>)
“R. hũua aroba de carne de porq
o
dos/lombos e das pernas piquada como/p
pastel muyto meudo/e tam/atado hũua/toalha muyto grosa e metida hũu
Sesto e estee py/durada cõ hũu peso cima/e estee/asy tres oras/e tão
tomaram (...)”
(TCP – p. 17 – l. 148 – 154)
614
Pilada – adj. f. sg.
“e hũ vi q´era como amêndoa pilada e ja qua em por/tugal a experemtej e a
lançou em pedaços”
(CNB – MC – p. 183 – l. 2012 – 2013)
615
Pimtados – adj. m. pl. (<Pintados>)
127
“[...] sly verjees galantes pimtados de preto e vermelho [...]” - nome
(VCPVC – fl. 7 – l. 1 – 2)
616
Pintada – adj.f. sg.
“He major [Manima cobra dagoa doçe] mas naõ faz mal aos homs he
muito/pintada spre esta nagoa”
(CNB – MC – p. 207 – l. 2330 – 2331)
617
Pintadas – adj. f. pl.
“[Cobras da terra. Giboias] Saõ das majores emgol hũ veado intr
o
saõ/pintadas
cõ manchas pretas e pardas huã vi de/vinte pes de cõprido (...)”
(CNB – MC – p. 121 – l. 1186 – 1188
618
tados – adj. m. pl. (<Pintados>)
“algũs Jndios os t [homs q´morr] nos caminhos pĩtados/e diz se lhes naõ
offeress alguã cousa q´/an de morrer e as uezes cuidaõ nisto e morr
(CNB – MC – pp. 83 4 85 – l. 684 – 688)
619
Pizadas – adj. f. pl.
“(...) Ha outro mais piqueno as raizes/pizadas dadas a beber saõ boas p
a
camaras/de sangue, a Rais delgada he boa p
a
dor de dentes (...)”
(CNB – MC – p. 175 – l. 1912 – 1915)
620
Pizado – adj. m. sg. (<Pisado>)
“vi por vezes perto de duas mil pessoas ca/noas ao matar [Tainha] e fazer m
ta
diligçia p
a
/o salgar como era leuar, o sal pizado as facas/pera escalar m
tas
e
afiadas, (...)”
(CNB – MC – p. 195 – l. 2172 – 2175)
621
Pizados – adj. m. pl. (<Pisados>)
“(...) Os olhos pizados/postos na ferida fresca sara logo m
to
depreça/e se for
chagua velha lauãodoa [figeira braua Amaiba] m
to
b limaõ/q´naõ fique nada
em sangue saraõ taõb
(CNB – MC – p. 167 – l. 1808 – 1811)
128
622
Poborada – adj. f. sg. (<Povoada>)
“E por que aquella terra he muito poborada, nom podiam todos caber no castello,
e colhiam-se delles entre o muro e a barvacaã em choças cubertas de colmo, que
alli fezerom. (...)”
(CDF, Cap. LXXXIX, § 6º., l. 21 – 24, p. 64)
623
Podada – adj. f. sg.
“e a mais dela jaz por adubar,
pero que ten a mourisca podada.”
(LPGPI – 30,14. – p. 252 – vv. 5 – 6)
624
Pouoada – adj. f. sg. (<Povoada>)
“(...) foi pouoada por Estaçio de Saa e to tra/balho e morreo depois de tomada
e pouoada/em guerra q´depois teue cõ os tamojos foi pouoada esta cidade era de
1564.”
(CNB – MC – p. 47 – l. 212 – 215)
625
Pouoadas – adj. f. pl. (<Povoadas>)
“Depois de pouoadas as cap
tas
assima se pouou/pernaõbuco por duarte coelho
Molher e f
os
(CNB – MC – p. 45 – l. 188 – 189)
626
Pouoadas – adj. f. pl. (<Povoadas>)
“ir elles e q´ja sabiaõ seus emganos os/quais estauaõ e cap
tas
pouoa/das
mas elles naõ aujaõ de ir senaõ com/os p
es
da Comp
a
e hũ lhes disse q´ali hiaõ”
(CNB – MC – p. 77 – l. 606 – 609)
627
Preçadas – adj. f. pl.
“Ant´é oje das molheres preçadas
que nos sabemos en nosso logar,”
(LPGPI – 43,4. – p. 291 – vv. 8 – 9)
129
628
Preitejado – adj. m. sg.
“Assi cho dei, preitejado,
que m´ouvess´a escusar”
(LPGPI – 79,32. – p. 538 – vv. 7 – 8)
629
Prenhadas – adj. part. f. pl.
“Ai Deus! se me quisess´ alguen dizer
por que tragen estas cintas sirgadas
muit´anchas, come molheres prenhadas:
se cuidan eles per i gaanhar
ben das con que nunca saben falar,
ergo nas terras se son ben lavradas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 7 – 12)
630
Presada – adj. f. sg. (m. q. <Prezada>)
“Amigo, a Dama presada
há-de ser rica e fermosa,
muito sentida, assossegada,
cortês, mansa, graciosa.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 37 – vv. 9 – 12)
631
Privado – adj. m. sg.
“Que Se aqui a razão Se não mostraSSe
Vencida do temor demaSiado,
Bem fora que aqui Baco os SoStentaSSe,
Pois que de LuSo vem, Seu tam privado:”
(LUS., Canto I, estrofe 39, vv. 1 – 4, p. 8)
632
Prolongada – adj. f. sg.
“(...) Nom per novo conselho proveeu Deus aas cousas humanaaes ou per mercee
prolongada e tardinheira, mas do criamento do mundo stabeleceu ũua mesma
causa da saúde. (...)”
(LVC, Cap. II, fl. 9, a, § 88, l. 23 – 27, p. 39)
130
633
Proporcionada – adj. f. sg.
“(...) E êsto nom faz el senom per si meesmo e estando em cada ũa cousa e logar
presente, assi como dizemos que el-rei es na sua cadeira ou seeda,
proporcionada e igualada ao seu corpo, e nom mais nem menos.”
(LVC, Cap. XVIII, fl. 59, d, § 682, l. 14 – 18, p. 245)
634
Provada – adj. f. sg.
“De que te queixas, vilão?
De Deus, que é cousa provada
que me tem grande tenção.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 5 – vv. 13 – 15)
635
Pỹdurada – adj. f. sg. (<Pindurada>)
“R. hũua aroba de carne de porq
o
dos/lombos e das pernas piquada como/pa
pastel muyto meudo/e tam/atado hũua/toalha muyto grosa e metida hũu
Sesto e estee pỹ/durada cõ hũu peso cima/e estee/asy tres
oras/e tão tomaram (...)”
(TCP – p. 17 – l. 148 – 154)
636
Quartejados – adj. m. pl. (m. q. <Quarteados>, <Esquartejados>)
“[...] e amdauam hy outrros quartejados de cores .s. deles ameetade da sua
propia cor e ameeetade de timtura negra maneira dazulada e outros quartejados
descaques./”
(VCPVC – fl. 4 – l. 21 – 24)
637
Quartejados – adj. m. pl. (m. q. <Quarteados>, <Esquartejados>)
“[...] e amdauam hy outrros quartejados de cores .s. deles ameetade da sua propia
cor e ameeetade de timtura negra maneira dazulada e outros quartejados
descaques./”
(VCPVC – fl. 4 – l. 21 – 24)
638
Quebrado – adj. m. sg.
“quatro [indios] se reuesaõ e andaõ sete oito legoas e o corpo mui quieto resando
ali/ou lendo ha aqui poucas emfermidades naõ ha hũ quebrado entre elles/e de
marauilha tem dor de pedra q´a fruta das nanazes a quebra.
131
(CNB – MM – p. 9 – l. 128 – 130)
639
Quebrado – adj. m. sg.
“Gaspar Nunes tinha hũ f
o
quebrado antes de 9 dias/cõ esta agoa [da fonte] foi
saõ.”
(CNB – MC – p. 35 – l. 75 – 76)
640
Quebrado – adj. m. sg.
“Isabel pi´z tinha hũ f
o
quebrado cõ agoa [da fonte] sarou”
(CNB – MC – p. 37 – l. 102)
641
Quebrado – adj. m. sg.
“Hũ dos Gemeos de S.† tinha hũ f
o
quebrado/ cõ agoa de N. S
a.
sarou”
(CNB – MC – p. 39 – l. 107 – 108)
642
Quebrado – adj. m. sg.
“Hũ escrauo de Ant
o
dias Cação quebrado sarou.”
(CNB – MC – p. 39 – l. 113)
643
Quebrados – adj. m. pl.
“(...) veo a S. Antaõ de lix
a
hũ indio vi no certaõ q´/tinha hũ braço q´naõ bolia cõ os
ossos quebrados e toda a coxa/ esfolada (...)”
(CNB – MM – p. 21 – l. 404 – 406)
644
Quebrados – adj. m. pl.
“(...) isto/cõteceo era de 1512 este mesmo anno foi/morto hũ escrauo e lhe
acharaõ os ossos que/brados do aperta
mto
(CNB – MC – p. 199 – l. 2221 – 2224)
645
Quebrantad´ - adj. m. sg. (<Quebrantado>)
“fic´o seu cuu quebrantad´, assy
que ja senpre aja d´Espanhoes medo.”
132
(LPGPI – 64,24. – p. 423 – vv. 27 – 28)
646
Quedado – adj. m. sg.
“Quando falo, estou calado;
quando estou, entonces ando;
quando ando, estou quedado;
quando durmo, estou acordado;
(RA, in OCGV – vol. V – p. 12 – vv. 14 – 17)
647
Queimado – adj. m. sg.
“aj outros [çarigues espécie de paçaro] ruiuos e o rosto queimado os
olhos/quaize todos fora da cabeça fiquaõ todos de/pendurados mto grandes t 6
ou 7 tetas como/vaquas a seu modo por esta manra [desenho] e nacdo/cada
hũ toma a sua teta (...)”
(CNB – MC – p. 109 – l. 1029 – 1033)
648
Quejmado – adj. m. sg. (<Queimado>)
“Vrubutĩga brãco t o caperaõ como vermelho quej/mado os olhos azuis t por
vtas dous buracos/rasgados pera sima (...)”
(CNB – MC – p. 143 – l. 1478 – 1480)
649
Rabiforcado – adj. m. sg.
Rabiforcado, caipira andã [Passaros dagoa] m
tos
dias e/noites s pousar e outros
m
tos
passaros q´com/peixe e de m
tas
cores Gaiuotas, Alcatrazes,/grous calcamar
este adeuinha tpestade”
(CNB – MC – p. 201 – l. 2257 – 2260)
650
Rasgados – adj. m. pl.
“Vrubutĩga brãco t o caperaõ como vermelho quej/mado os olhos azuis t por
vtas dous buracos/rasgados pera sima (...)”
(CNB – MC – p. 143 – l. 1478 – 1480)
651
Raygadas – adj. f. sg.
“(...) bẽ assi aqueles que bõos/son e fazẽ obras firmes e raygadas en Deus/e
133
por Deus nõ nas pode passar o vẽto da vãã/gloria que entẽdemos pelo aar. (...)”
(LA, XII, vv. 13 – 16, p. 30)
652
Razoada – adj. f. sg.
“(...) e viviam em Purtugal na merçee del Rei Dom Pedro [I], creemdo nom reçeber
dano, tambem os Purtuguezes como os Castelaãos, porque razoada fé lhes dera
ousado acoutamento nas fraldas da segurança; a qual, nom bem guardada pellos
Reis, fezerom calladamente huuma tal aveemça que el Rei de Purtugal
emtregasse presos a el Rei de Castella os fidallgos que em seu Reino viviam, (...)’
(CDPI, Cap. XXX, § 1º., l. 12 – 20, p. 93)
653
Razoada – adj. f. sg.
Razoada cousa foi que ante da sua nacença enviasse paz por messegeira, a
qual el [Jesu Cristo] vivendo no mundo depois ensinou, e quando saíu do mundo
leixou-a aos discípulos, por a dar a entender que o Verbo eterno nom nasce
senom no coraçom/pacífico. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, c – d, § 374, l. 1 – 7, p. 129)
654
Razoadas – adj. f. pl.
“(...) outras, aves, e peixes, que achei que em aquella terra [Guinee], das quais
som primeiramente huãs aves que se chamam framengos, que som de grandeza
das garças, iguais na longura dos pescoços, empero de pouca pena, e as cabeças
razoadas em comparaçom dos corpos, mas os bicos som grossos, empero curtos,
e tam pesados que o pescoço o nom pode bem soportar, de guisa que por sua
ajuda sempre o bico teem pegado a as pernas, ou a as penas os demais do
tempo.”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 3 – 13, p. 69)
655
Recabelada – adj. f. sg.
“Mando que cada molher, que era recabelada, ou filha sua”
(Elucidário, v. II, p. 522, apud DLPA, p. 500, verb. Recabelado)
656
Rechantada – adj. f. sg. (<Recantada>)
“Se enton de cabo non for rechantada,
nen un proveito non pod´end´aver,”
(LPGPI – 30,14. – p. 252 – vv. 13 – 14)
134
657
Refinada – adj. f. sg.
“tinha [Jareraca] na barriga sesenta e quatro f
os
com/rãs e bichos diz q´a sua
peconha tomaõ/pela menhã do orualho e por isso a tarde/esta trefinada saõ
todas pardas (...)”
(CNB – MC – p. 123 – l. 1223 – 1226)
658
Regrados – adj. m. pl.
“Nos moesteiros dos frades regrados
a demandei, e dis[s]eron-m´assim:
´Non busquedes vós a verdad´aqui
ca muitos anos avemos passados
que non morou nosco, per bõa fé,
...................................
e d´al avemos maiores coitados´.”
(LPGPI – 14,12. – p. 125 – vv. 8 – 14)
659
Remiida – adj. f. sg. (<Remida>)
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo
confuso e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a
maldiçom alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e a
palavra de piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
660
Rendidos – adj. m. pl.
“(...) lhe deu elrei dom Sebatiaõ o habito de xo renda, os/ nosos leuaõ tiros de
berços mas permitio d´s q´se posese fogo as camaras/ carregadas, poluora e
tudo ardeo p
a
ser mais claro o milagre, peleijando de parte a parte como os imigos
eraõ m
tos
os nosos já rendidos, e (...)”
(CNB – MM – p. 3 – l. 30-33)
661
Reputada – adj. f. sg.
“Beatriz era a filha, que caSada
Co castelhano eStà, que o Reino pede,
Por filha de Fernando reputada,
135
Se a corrompida fama lho concede.”
(LUS., Canto IV, estrofe 7, vv. 1 – 4, p. 63)
662
Revessada – adj. f. sg. (m. q. <Arrevessada>)
“(...) Cousa revessada é e fea vaso de lôdo, que é o corpo, fecto de terra, teer
os olhos levantados acima e parar mentes ao ceeo, e a criatura espiritual e
celestial, que é a alma, poer os seus olhos per o contrairo, scil., os sentidos de
dentro e os desejos nas cousas de baixo terreaaes.”
(LVC, Cap. XIX, fl. 63, a, § 720, l. 15 – 21, p. 259)
663
Rogad´ - adj. m. sg. (<Rogado>)
“ela non avia que mi rogar,
ca eu rogad´ era de o fazer;”
(LPGPI – 63,9. – p. 376 – vv. 10 – 11)
664
Rrazoada – adj. f. sg. (<Razoada>)
“[...] e herã [as casas] de madeira e das jlhargas de tauoas e cubertas de palha de
rrazoada altura [...]”
(VCPVC – fl. 9 – l. 11 – 13)
665
Sacrificado – adj. m. sg.
“O outro passaro avia-o de ger do sanguy/do passaro sacrificado e deyta-lo a
voar livre-/mẽte. Estes dous passaros son o corpo e a alma do homẽ. (...)”
(LA, XXVII, vv. 25 – 28, p. 47)
666
Sagrada – adj. f. sg.
“3 os q´se fazem christaõs numqua perdem missa e isto tudo digo na nosas
aldeas/e os mais todos os dias de fazer pedem cõ m
ta
instantia a sagrada
comunham”
(CNB – MM – p. 13 – l. 236 – 237)
667
Sagrada – adj. f. sg.
“mas praza à paixão sagrada
que lhes dêem tanta seixada,”
136
(RA, in OCGV – vol. V – p. 36 – vv. 15 – 16)
668
Salgada – adj. f. sg.
“O paraguaçu he hũ rjo grande esta dtro na/baya e bota na boca agoa salgada
por em/trar a mare alguãs 12 legoas por elle v dal/guãs 300 legoas este Rjo e ao
longo delle se/achaõ m
tas
pedras verdes vermelhas e m
to
cristal e minas jũto
delle como de´s quer/do se vera este anno de 91.”
(CNB – MC – p. 31 – l. 7 – 13)
669
Salgada – adj. f. sg.
“Tem esta Cap
ta
[a 3ª - a do sp´u s
to
] hũ rjo doçe grande bota tres le/goas ao mar e
assi bota a agoa salgada de ssi e a/parta cõ q´lq´r t´po se bebe E por elle
assima/ha m
tas
pedras [...] (...)”
(CNB – MC – p. 33 – l. 32 – 35)
670
Salgada – adj. f. sg.
“Ha muitos camarões de tres castas algũs como/lagostis isto em agoa doçe e
salgada
(CNB – MC – p. 205 – l. 2301 – 2302)
671
Salgado – adj. m. sg.
“(...) se se coze coiues pareçe vaqua/se de vinha dalhos pareçe lombo de
porco se lombo se assafr&c. pareçe carn
ro
/salgado e de toda man
ra
he
m
to
bõ t a feuara/como de vaqua (...)”
(CNB – MC – p. 181 – l. 1988 – 1992)
672
Sangradas – adj. f. pl.
”ca teendo-as sãas e vivas
e bem sangradas com sazom,
moirerom-li todas com olivas.”
(LPGPI – 25,32. – p. 191 – vv. 5 – 6)
673
Seelado – adj. m. sg. (<Selado>)
“Se alguuns conçelhos aviam de recadar com elle [D. Pedro I], mandava-lhe que
137
emviassem em scripto çarrado e seelado, per hum porteiro, todo o que mester
aviam, e logo lhe el Rei taxava que ouvesse por dia quatro soldos e mais nom, e el
Rei, visto o que lhe pediam,/livrava-o logo sem outra deteença como achava que
era dereito.”
(CDPI, § 2º., l. 21 – 26, p. 69; l. 1 – 2, p. 70)
674
Segurado – adj. m. sg.
“querrei os panos ante vós cobrir,
que sejades deles ben segurado.”
(LPGPI – 77,6. – p. 500 – vv. 11 – 12)
675
Séélada – adj. f. sg. (<Selada>)
“(...)/
33
que feitu fur nas cousas de susu nomeadas per esse/
34
nossu procuradúr
ou per aquele ou aqueles a qual ou quaaes/
35
procuradúr ou procuradures fezer
em seu logar. En testemoi/
36
iu (sic) da qual cousa demos a ele esta carta séélada
de no/
37
ssus seelus. Dada nu Mosteiru de Pedroso tres dias pur/
38
andar de
Janeiru. Na. Era de. mille e treztos e dezeúú anos.”
(DPNRL, Documento 9, l. 33 37, p.119; Maço 6,38, texto 13º., Mosteiro de S.
Pedro de Pedroso, 1273.)
676
Selad´ - adj. m. sg. (<Selado>)
Selad´o bel cavalo,
valha Deus!
treide-vos, ai amado,
e guisade d´andar.”
(LPGPI – 25,4. – p. 177 – vv. 21 – 24)
677
Semeada – adj. f. sg.
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo
confuso e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a
maldiçom alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e a
palavra de piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
678
Sirgadas – adj. f. pl.
“Ai Deus! se me quisess´ alguen dizer
138
por que tragen estas cintas sirgadas
muit´anchas, come molheres prenhadas:
se cuidan eles per i gaanhar
ben das con que nunca saben falar,
ergo nas terras se son ben lavradas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 7 – 12)
679
Situada – adj. f. sg.
“esta a villa de São Vicente/situada em huma ilha de tres lleguoas de conprido e
huma de llarguo, na/quoal ilha se fez outra vila que se chama de Sanctos (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 16 – 17, p. 198)
680
Sytuada – adj. f. sg. (<Situada>)
6
(...) Estando hy O senhor dom fernãdaluarez/
7
prioll do dicto mosteíjro E pero
martjz E andré fernãdez E djego vasquez conjgos Re/
8
grantes do dicto mosteijro
prioll e conbento per soo de canpaa tangíjda se/
9
gundo he de huso e custume
Emprazarom e per prazo derom a Joham/
10
perijz laurador e morador na qíntaa de
pereijra sytuada na freijgesia/
11
de (sic) mosteíjro e a duas pesoas depos Elle
silicet que Elle nome a segunda {e a}/
12
soa (sic) e a segunda e a terçeijra Em tal
jsa que sejã tres pesoas Em suas vijdas/(...)”
(DPNRL, Documento 93, l. 6 – 12, p. 280; Maço 13,16, Mosteiro de S. Salvador de
Moreira, 1480)
681
Talhada – adj. f. sg.
“Achei Sancha Anes encavalgada,
e dix´eu por ela cousa guisada,
ca nunca vi dona peior talhada,
e quize jurar que era mostea;
e vi-a cavalgar per ua aldeia
e quize jurar que era moestea.”
(LPGPI – 18,1. – p. 139 – vv. 1 – 2)
682
Talhado – adj. m. sg.
“Pera veer meu amado
que mig´á preito talhado,
alá vou, madre.
(LPGPI – 25,70. – p. 210 – vv. 10 – 12)
139
683
Talhados – adj. m. pl.
“O Papa [Urbano], quando vio sua fugida delles e a carta que lhe mandavom, feze-
os çitar per suas leteras, e nenhuum nom foi peramt´elle; por a qual razom os
escomungou da mayor escomunhom, e os privou dos cardeallados, e fez outros
cardeaes de novo, damdo-os por çismaticos e membros talhados da egreja;
outorgamdo, a todos aquelles que lhe fezessem guerra, aquelles privillegios e
perdoanças, que o dereito outorga a todollos que vaão comtra os emmiigos da fé
em ajuda de tomar a Casa Samta.”
(CDF, Cap. CVIII, § 4º., l. 6 – 14, p. 107)
684
Tapadas – adj. f. pl.
“E se formos visitadas
de mãe, ou tias, ou dona,
porque males ou erradas
lhes falaremos, tapadas
como bestas d´atafona?”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 45 – vv. 22 – 26)
685
Tẽperada – adj. f. sg. (<Temperada>)
“Sitio do Brazil//Esta da p
te
do sul dous graos do equinocial e/vaj se estdendo p
a
o sudueste até 55 graos/q´he o estreito de Magalhas de modo q´parte/fica
situada debaixo da zona torrida e p
te
/debaixo da tperada cuja costa corre
do/ocidente pera o oriente olhãdo spre p
a
/o Norte e linha equinocial (...)”
(CNB – MC – 79 – l. 616 -623)
686
Tenperados – adj. m. pl. (<Temperados>)
“[...] pero a trra em sy he de mujto boos ares asy frios e e [sic] tenperados coma
os dantre doiro e mjnho [...]”
(VCPVC – fl. 13v. – l. 15 – 17)
687
Tilhados – adj. m. pl.
“Mandou [el Rei Dom Fernamdo] que se escrepvessem per homeens idoneos e
perteeçentes todollos navios tilhados que em seu reino ouvesse, des çimquoemta
tonees pera çima, assi os que/entom avia, como os outros que depois ouvesse; e
140
esto em Lixboa, e no Porto, e nos outros logares omde ouvesse. (...)
(CDF, Cap. XCL, § 2º., l.17 – 19, p. 91; l. 1 – 3, p. 92)
688
Tirada – adj. f. sg.
Tirada a pelle deste [Peixe q´comdoo more hom] se come o peixe e a pelle
he/p
a
matar Ratos mas se se com tudo jũto morre/a pessoa ou animal. (...)”
(CNB – MC – p. 197 - l. 2185 – 2187)
689
Tirado – adj. m. sg.
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo
confuso e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a
maldiçom alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e
a palavra de piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
690
Toldado – adj. m. sg.
“(...) e os batées que andavam saleando pelo rio forom logo ali muito prestes com
grandes apupos e tanger de trombetas, mostrando grande lidice, antre os quaes
era fermoso e grande batel ricamente corregido e toldado, em que el-Rei avia
de passar.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 19 – 25, p. 68)
691
Tomada – adj. f. sg.
“(...) foi pouoada por Estaçio de Saa e to tra/balho e morreo depois de tomada
e pouoada/em guerra q´depois teue cõ os tamojos foi pouoada esta cidade era de
1564.”
(CNB – MC – p. 47 – l. 212 – 215)
692
Tomados – adj. m. pl.
27
(...) carta de pero gonçalvez bachareL em/
28
degredos e desenbargador em esta
corte de braaga estonces prouisor em absencía do Reverendíssimo dom aluaro de
freitas outrosi prouisor pollo dicto Sennhor Cardeal em este arcebispado
testemunhas (?)/29 Com pero goncaluez de sob paaço morador na freiguesia de
sam frausto com pere ãnes das bouças morador na dicta freiguesia tomados por
homẽes boos aJuramentados aos sanctos/(...)”
(DPNRL, Documento 99, l. 27 29, p. 296; Maço 6,24, Mosteiro de S. Miguel de
141
Vilarinho, 1505)
693
Tornada – adj. f. sg.
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo
confuso e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a
maldiçom alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e
a palavra de piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
694
Torvada – adj. f. sg.
“E logo se alevantou hum homem muy feo de maa catadura e torvada
(Corte Imperial, p. 11, apud DLPA, p. 548)
695
Tostado – adj. m. sg.
“Estas frechas ainda q´naõ tenhaõ nada na ponta mais q/o pao tostado pasaõ hũa
porta e hũa rodela e o braso, e pregalhe/iunto tudo no peito q´taõ furiosos saõ.
(...)”
(CNB – MM – p. 5 – l. 64-66)
696
Traslado – adj. m. sg.
“(...) E portã-/to eu que este livro traslado de latĩ en len-/guagẽ curo poer ele
os desvayrados/sisos e desvayrados entẽdimentos (...)”
(LA, I, vv. 9 – 12, p. 19)
697
Traspassados – adj. m. pl.
“Nen outrossi dos filhos barvados
non vos acho i por [gran] pecador,
se non dos tempos grandes traspassados,
que acordades, e sodes pastor.”
(LPGPI – 5,1. – p. 86 – vv. 8 – 11)
698
Trastornadas – adj. f. pl.
“Encobrir non vo-lhas vejo fazer,
142
cõnas pontas dos mantos trastornadas,
en que semelhan os bois das ferradas,
quando as moscas los ve coitar;
nen se cuidan per i d´enganar
que sejan deles poren namoradas”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 13 – 18)
699
Tratada – adj. f. sg.
“(...) e dahi olha quase/te os 55 pa o Lessueste ate emtestar/cõ o estreito de
Magalhas e da bãda do sul/cõfina os espanhoes e m
ta
gente que/no meo
fica naõ tratada n conhecida. O/Mar oceano he o q´deuide Angola e cõguo/e
cabo da boa esperãça (...)”
(CNB – MC – p. 79 – l. 626 – 632)
700
Trespassadas – adj. f. pl.
“(...) assi cavaleiros come escudeiros, todos bem armados, como aqueles que das
batalhas trespassadas aviam cobradas muitas boas armas de seus migos; mas
nom eram todos bem encavalgados, porque mais armas cobrarom que bestas, e
eram i tambem muitos homeẽs de pee, e muita beestaria.”
(QCDJI, Cap. 12., § 1º., l. 3 – 9, p. 72)
701
Trespassado – adj. m. sg.
“Quando o Meestre outorgou desta guisa de teer cuidado e regimento do reino,
toda tristeza foi fora das gentes, e seus corações nom derom logar a neuũ
trespassado temor; mas todos ledos sob a boa esperança, fundada em bem
aventuirada fim, se esforçarom de levar seu feito adeante, teendo grande em
Deos que os avia d´ajudar.”
(QCDJI, Cap. 7., § 2º., l. 16 – 22, p. 37)
702
Trosquiado – adj. m. sg.
“hũs [Dos passaros q´andaõ de noite] no Rjo de Janro q´chupaõ o sangue muj
sotil/mte alguãs vezes inda q´poucas e so vi hũ hom que/tinha o cabello
trosquiado delles q´parecia a nabalha/e nũqua lhe mais naceo diz q´nace
mais/tem grades vnhas e come carne”
(CNB – MC – p. 143 – l. 1471 – 1477)
703
Trosquiados – adj. m. pl.
143
“Vi coteifes orpelados
estar mui mal espantados,
e genetes trosquiados
corriam-nos arredor;
tiinhan-nos mal aficados,
[ca] perdian-na color.”
(LPGPI – 18,28. – p. 153 – vv. 7 – 12)
704
Usado – adj. m. sg.
“e vós, Marinha, co dedo
avede-lo con´usado,”
(LPGPI – 77,10. – p. 502 – vv. 19 – 20)
705
Usados – adj. m. pl.
“Sua presença [do Iffante Dom Henrique], do primeiro esguardo, aos [homeẽs]
nom usados era temerosa; arrevatado em sanha, empero poucas vezes, com a
qual avia mui esquivo sembrante.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 9 – 13, p. 29)
706
Venerado – adj. m. sg.
“E deSpois que do martyre Vicente,
O SanctiSsimo corpo venerado.
Do Sacro promontorio conhecido,
AA cidade VliSSea foy trazido.”
(LUS., Canto III, estrofe 74, vv. 5 – 8, p. 50)
707
Vingada – adj. f. sg.
“Non dades agora nada
por mi e, pois vos partides
d´aqui, mais mui bem vingada
(LPGPI – 40,3. – p. 282 – vv. 7 – 9)
708
Yrada – adj. f. sg. (<Irada>)
“A Cidade: mas Sendo ja rendida,
144
Em toda a couSa viua, a gente yrada,
Prouando os fios vay da dura eSpada.”
(LUS., Canto III, estrofe 64, vv. 6 – 8, p. 49)
709
Yrado – adj. m. sg. (<Irado>)
“ESte que ves olhar com geSto yrado,
Pera o rompido Alumno mal Sofrido,
Dizendo lhe que o exercito eSpalhado,
Recolha, torne ao campo defendido:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 13, vv. 1 – 4, p. 130)
(-A)DA
3
~ (-A)DO
3
(ADJETIVOS
PARTICIPIAIS)
710
Aaguada – adj. part. f. sg. (<Aguada>)
“… fico ente aaguada…”
(“Cantiga 1336”, in C.B.N., apud DLPA, p. 79, verb. Aguado)
711
Abafado – adj. part. m. sg.
“Estevam, que como fosse abafado, e acarv
ado com as pedras dos judeus,
esguardando em o céu disse...”
(Elucidário, v. I, p. 165)
712
Abarregada – adj. part. f. sg.
“E nom vos obrigamos a povoardes a dita quebrada, porque nom tem formal e
sempre assim andou abarregada...”
(Elucidário, v. I, p. 126, apud DLPA, p. 36, verbete Abarregado)
713
Abastados – adj. part. m. sg.
145
“Ja vós ouvistes bem quanto os Reis antiigos fezerom por emcurtar nas despesas
suas e do Reino, poendo hordenações em si e nos seus por teerem tesouros e
seerem abastados.”
(CDPI, Cap. XII, § 1º., l. 1 – 4, p. 83)
714
Abofetado – adj. part. m. sg.
“... viu tal filho seu seer prêso, legado e abofetado...”
(Vita Christi, fl. 188, apud DLPA, p. 39)
715
Abrasiado – adj. part. m. sg.
“Oh vergonha de mi, / como vou abrasiado
, / amare, corrida e torvada...”
(Gil Vic. Auto das Fadas, v. 13 – 15, apud DLPA, p. 42, verb. Abrasiado)
716
Abrigadas – adj. part. f. pl.
“Pois eu, senhoras, me fundo
que quanto mais encerradas,
tanto estais mais abrigadas
das tempestades do mundo.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 45 – vv. 12 – 15)
717
Acabada – adj. part. f. sg.
“E queira El, senhor, que a mha vida,
poys per vos he, cedo sei´ acabada,
ca pela morte me será partida
gram soidad´e vida mui coitada;
de razon he d´aver eu deseiada”
(LPGPI – 30,23. – p. 257 – vv. 25 – 29)
718
Acabado – adj. part. m. sg.
“O gentio do brazil antes q´caze p
ro
ha de Matar/em gerra e a molher depois de lhe
vir seu costume/dahi a tres annos caza o matador e faz/grandes festas de v
o
cantar e bailar acabado/o v
o
o pay da moça amarra hũa rede grãde /q´pod
dormir duas pessoas a sua võtade no lomiar da casa (,,,)”
(CNB – MC – p. 91 – l. 768 – 774)
146
719
Acabado – adj. part. m. sg.
“Grande bem, se não m´enlheio,
é lembrar o mal passado
depois de ser acabado;
porém eu que estou no meio,
vivo mais desesperado.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 34 – vv. 21 – 25)
720
Acaionada – adj. part. f. sg.
“... que ela que guardasse que non fosse acaionada...”
(Santa Maria, v. I, “Cantiga 184”, apud DLPA, p. 46)
721
Acajada – adj. part. f. sg.
“... que non fosse acajada...”
(Santa Maria, v. II, “Cantiga 184”, apud DLPA, p. 46, verb. Acajado)
722
Acajõnada – adj. part. f. sg. (<Acajonada>)
“... encomendou aa Virgem que ela a guardasse que non foss´ acajõnada...”
(Santa Maria, “Cantiga 184”, v. II, p. 209, apud DLPA, p. 46, verb. Acajõnado)
723
Acaladas – adj. part. f. pl.
“Lourenço, gran verdade ti direi,
toda-las novas foran acaladas;”
(LPGPI – 70,38. – p. 457 – vv. 10 – 11)
724
Acarvado – adj. part. m. sg.
“Estevam, que como fosse abafado, e acarvado
com as pedras dos judeus,
esguardando em o céu disse...”
(Elucidário, v. I, p. 165; apud DLPA, p. 48, verbete Acarvado)
725
Açernado – adj. part. m. sg. (<Acernado>)
“Parteo açernado asi como he conteudo no degredo...”
(Leges, p. 222, apud DLPA, p. 51)
147
726
Achado – adj. part. m. sg.
“Tal rrapaz que lh´á meter d´esta besta
eu cuydo ben que lh´o tenho achado:
que, prol nen coyta, non peça recado,”
(LPGPI – 38,3bis. – p. 278 – vv. 22 – 24)
727
Achado – adj. part. m. sg.
“(...) E mandou [el Rei Dom Pedro I] que quallquer Judeu ou Mouro que depois de
sol posto fosse achado pela çidade, que com pregom pubricamente fosse
açoutado per ella.”
(CDPI, Cap. V, § 2º., l. 23 – 26, p. 73)
728
Achegado – adj. part. m. sg.
“(...) Outro ssi uos conuen que seiades de bóó receber e de bóóa paraura, e non
seiades graue de uéér aos oméés que uos uééren demandar dereyto; pero fazede
o de guysa que seyan muyto alongados a uos, nen/muyto achegado, que de
grande achegança nasce desprezamento da dignidade. (...)”
(Das Flores de Dereyto, texto do último quartel do século XIII, versão portuguesa
das “Flores de las leyes” de Jácome Ruiz, in TA, §1º., l. 9 12, p. 38; l. 1 2, p.
39)
729
Acompanhada – adj. part. f. sg.
“(...) a humildade perfeita deve seer ornamentada e acompanhada specialmente
de três virtudes, scil., de pobreza, fugindo as riquezas por esquivar o fundamento
e o criamento da soberva; e da virtude da paciência, seendo despreçado e
soportando o desprêço com igualeza de coraçom; e de obediência, em obedecer a
mandados de outrem. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, b, § 506, l. 10 – 18, p. 179)
730
Acompanhado – adj. part. m. sg.
“nunca de vós devedes a partir
un ome que vos trag´acompanhado.”
(LPGPI – 79,18. – p. 533 – vv. 20 – 21)
148
731
Acordado – adj. part. m. sg.
“Senhor Jesu Cristo, nossa sperança e fiúza, nembra-te das cousas que recebeste
por nosso remiimento: recebeste a natureza humanal. Sei acordado que, sendo tu
Criador de tôdalas cousas, quiseste seer sabedor ou participador da nossa
fraqueIIza per to-/mada de nossa natureza. (...)”
(LVC, Cap. VII, fl. 26, b – c, § 302, l. 1 – 7, p. 109)
732
Acordado – adj. part. m. sg.
“poren non queiras seer enganado
en tal razon, mais sei sempr´acordado
de seeres parado de loucura.”
(LPGPI – 30,28. – p. 260 – vv. 22 – 24)
733
Acordado – adj. part. m. sg.
“Non fui eu bem acordado,
poy´lo da porta catey
dentro; porque o chamey
pos-mh-o gram can enrriçado”
(LPGPI – 60,7. – p. 364 – vv. 22 – 25)
734
Acordado – adj. part. m. sg.
“Quando falo, estou calado;
quando estou, entonces ando;
quando ando, estou quedado;
quando durmo, estou acordado;
(RA, in OCGV – vol. V – p. 12 – vv. 14 – 17)
735
Acostumado – adj. part. m. sg.
“Hora devees de saber que aquel boom alaão de Bravor, comprido d´ardimento e
boomdades, segumdo sua natureza, era assi acostumado, que, sem treella,
aguardava com o rostro na estribeira, quamto o cavallo podesse amdar; e porco,
nem husso, nem outra animália com que se emcomtrasse nom avia de travar em
ella, a menos de lho mandarem fazer. (...)”
CDF, Cap. XCIX, § 5º., l. 14 – 20, p. 97)
736
Acovadadas – adj. part. f. pl.
149
“Outrossi lhis ar vejo [i] trager
as mangas mui curtas e esfraldadas,
ben come se adubassen queijadas
ou se quisessen tortas amassar;
ou quiçá o fazen por derivar
sas bestas, se fossen acovadadas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 19 – 24)
737
Açoutado – adj. part. m. sg. (m. q. <Açoitado>)
“(...) E mandou [el Rei Dom Pedro I] que quallquer Judeu ou Mouro que depois de
sol posto fosse achado pela çidade, que com pregom pubricamente fosse
açoutado per ella.”
(CDPI, Cap. V, § 2º., l. 23 – 26, p. 73)
738
Açoutado – adj. part. m. sg. (m. q. <Açoitado>)
“(...) Assi que se fosse vilaão o que tal cousa fezesse, fosse açoutado, e mais
vivesse com seu amo; e o fidallgo tornasse o que lhe dera aquel com que vivia, e
emtom se fosse pera quem quisesse, e nom se podesse partir ataa que o
emtregasse.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 3º., l. 4 – 8, p. 72)
739
Açoutados – adj. part. m. pl. (m. q. <Açoitados>)
“(…) mandou [el Rei Dom Pedro I] e pos por lei que qualquer casado que com
barregaã vivesse ou a tevesse dentro em sua casa, se fosse fidallgo ou vassallo
que delle ou d´outrem tevesse maravidiis, que os perdesse; e, segundo os estados
das pessoas, assi hordenou as penas do dinheiro e degredo, ataa mandar que
pubricamente por a terçeira vez elles e ellas por esto fossem açoutados; (…)”
(CDPI, Cap. V, § 1o., l. 7 – 14)
740
Acusado – adj. part. m. sg.
“(...) eu aguora tirei hum da capitania de Ilheos, que he a melhor cousa/desta
coosta pera fazenndas e que mais aguora rennde pera Vossa Alteza/por ser
cristão novo e acusado polla Santa Enqueçição (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1588, in EBC, l. 12 – 14, p. 196)
150
741
“… se o culpado morresse ante que fosse acusado, preso ou afamado da dita
maldade…”
(Ord., V, II, § 27, p. 15, apud DELP, v. I, p. 126)
742
Acustumado – adj. part. m. sg. (<Acostumado>)
“Don Martin Galo est´acustumado
de lhi daren algo todos de grado;
e dizen que é ben empregado,
sol que podessen acalantá-lo.”
(LPGPI – 16,9. – p. 134 – vv. 1 – 4)
743
Adargado – adj. part. m. sg.
“Sairom os moradores della come homees que mostravam que queryam defender
suas casas, entre os quaaes vinha hũu bem adargado com hũa azaya em sua
mãao”
(Guiné, p. 870, apud DLPA, p. 63, verbete Adargado)
744
Adargados – adj. part. m. pl.
“Quatro mil homens, de que os mais eram frecheiros e os outros adargados...”
(Castanheda, v. II, cap.. 14, p. 44, apud DLPA, p. 62)
745
Adeantado – adj. part. m. sg.
“Correola, sodes adeantado
en cas´ del-Rei do mal que s´i fezer;
e caeredes em estes mester,
se me crevedes, que est´aguisado:
se algun ome virdes mal fazer,
non lho leixedes, a vosso poder,
ante o vós fazed´a vosso grado.”
(LPGPI – 16,2. – p. 131 – vv. 1 – 7)
746
Adeantado – adj. part. m. sg.
“Don Fernando, vejo-vos andar ledo
con deantança que vos deu el-Rei;
adeantado sodes, eu o sei,
de San Fagundo e d´Esturas d´Ovedo;”
(LPGPI – 16,8. – p. 134 – vv. 1 – 4)
151
747
Adorado – adj. part. m. sg.
“(...) homde foram per elle [el Rey] começadas mujtas e gramdes jgreias e
moesteiros, e acabadas per os outros fiees e catholicos christaãos, em que o
offiçio deuino com tamta sollempnidade cada huũ dia he trautado e adorado.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 9 – 14, p. 34)
748
Adoorado – adj. part. m. sg. (<Adorado>)
“Dizendo que el-rei por seer adoorado, avija tempos que non dormia...”
(Inéd. da Hist. de Port., p. 452, apud Cortesão, Subsídios, p. 4, apud DLPA, p. 66)
749
Adubad´ – adj. part. m. sg (<Adubado>)
“E ja m´eu conselho non sey,
ca ja o meu adubad´ é,
e sey muy bem, per bõa fe,”
(LPGPI – 70,10. – p. 442 – vv. 8 – 10)
750
Adubada – adj. part. f. sg.
“El entende que a ten adubada,
pois lha podaron, e ten sem razon:
ca tan menguado ficou o torçom
que a cepa non pode ben deitar,”
(LPGPI – 30,14. – p. 252 – vv. 7 – 10)
751
Afaçanhado – adj. part. m. sg.
“com gram beldade, amigos, e assy
e meu dan´é o verv´afaçanhado.”
(LPGPI – 33,7. – p. 270 – vv. 21 – 22)
752
Afaçanhado – adj. part. m. sg.
“ca muitas vezes l´ouv´afaçanhado,”
(LPGPI – 63,28. – p. 385 – v. 8)
152
753
Afaçãyado – adj. part. m. sg. (<Afaçanhado>)
“Por qual doaire, quan ben apostado / Na ssa face fremosa conhoçi / con gram
soldade, amigos assy / En meu dan he o euru afaçãyado...”
(Cantiga 581, in C.B.N. , apud DLPA, p. 68)
754
Afamada – adj. part. f. sg.
“E ficava a terra afamada
(Dissert., V, p. 389, apud DELP, v. V, p. 126, verb. Afamado)
755
Afamado – adj. part. m. sg.
“… se o culpado morresse ante que fosse acusado, preso ou afamado da dita
maldade…”
(Ord., V, II, § 27, p. 15, apud DELP, v. I, p. 126, verb. Afamado)
756
Afastada – adj. part. f. sg.
“Quando quer passar [os bogios] de huã aruore pera/outra se esta muito
afastada ou passar algũ/rio q´t aruores dambas as partes se ajũtaõ”
(CNB – MC – p. 113 – l. 1098 – 1100)
757
Afastada – adj. part. f. sg.
“Estâ esta aruore [Da aruore q´t agoa] no meo do sertaõ e afastada/do outro
mato e aruoredo he esta soô cõ grãde/copa he fermosa faz huã coua como de
hũ/braço (...)”
(CNB – MC – p. 179 – l. 1964 – 1967)
758
Afastados – adj. part. m. pl.
“(...) O dia em que el Rei auia dauer/sua rresposta, foi assijnado aaqueles
senhores e leterados, no qual cada huũ disse sua emtemçom, segundo a
camtijdade de seu emtemder e saber, nom porem afastados de huũ proposito.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 30, p. 30 e l. 1 – 5, p. 31)
759
153
Afastados – adj. part. m. pl.
“Outros diz q´depois de morrer vão/suas alma a hũs campos m
to
fermosos
cheos/de aruores e figeiras e se ajutaõ outros/doutra naçaõ mas os v
afastados e q´la naõ/aj tristeza se naõ cantar e bailar jũto do Rjo”
(CNB – MC – pp. 83 e 85 – l. 684 – 688)
760
Afazendado – adj. part. m. sg.
“Mas se é afazendado, aqui é o lançar das contas...”
(Aleugrafia, ato II, cena V, apud DLPA, p. 69, verb. Afazendado)
761
Afeitados – adj. part. m. pl.
“Vós outros sodes afeitados com aas e esforçados com vertude...”
(Florilégio, p. 95, apud DLPA, p. 69, verb. Afeitado)
762
Aficad´– adj. part. m. sg. (<Aficado>)
“Assi me trax coitado
e aficad´amor,
e tam atormentado,”
(LPGPI – 25,16. – p. 183 – vv. 1 – 3)
763
Aficadas – adj. part. f. pl.
“E queixa-se-m´ele muitas vegadas
dos escrivães e dos despenseiros
[ca sempre lhe tolheron seus dinheiros];
mais, pois veen as contas aficadas,
logo li mostran ben do que quit´é;
e pero digo-lh´eu que [o] mal é
de quen non el quitou muitas vegadas.”
(LPGPI – 18,6. – p. 142 – vv. 8 – 14)
764
Afficado – adj. part. m. sg. (<Aficado>)
“Ca, log´aly
hu vos eu vy,
fuy d´amor afficado
tam muyt´em mi
154
que non dormi,
nen ouve gasalhado
e, sse m´este mal
durar assy,
eu nunca fosse nado,
penado, penado.
(LPGPI – 18,31. – p. 156 – vv. 21 – 30)
765
Aficado – adj. part. m. sg.
“Ca viv´em tal cuidado
come quem sofredor
é de mal aficado
(LPGPI – 25,16. – p. 183 – vv. 8 – 10)
766
“Pois anda tan aficado
por teu preito aver juntado,
di, doutro, cab´o casado,
que prol ten i ou quegenda
o que toma tal cuidado
com´apost´a ta fazenda?
(LPGPI – 30,29. – pp. 260 – 261 – vv. 13 – 18)
767
Aficados – adj. part. m. pl.
“Vi coteifes orpelados
estar mui mal espantados,
e genetes trosquiados
corriam-nos arredor;
tiinhan-nos mal aficados,
[ca] perdian-na color.”
(LPGPI – 18,28. – p. 153 – vv. 7 – 12)
768
Afigurado – adj. part. m. sg.
“E em uũ stante foi estremado aquêle sangue, em o qual feito misto e consoldado,
foi o corpo [de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; e em aquel stante foi
comprido e perfeito homem em alma e em carne, segundo tôdalas medidas
organizadas do corpo; (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, b, § 206, l. 1 – 7, p. 79)
769
Afigurados – adj. part. m. pl.
155
“Esta dor curarás por esta guiza: filha os ferros que são afigurados no capitolo da
aguoa vidrada...”
(P. M., p. 30, apud DELP, v. I, p. 130, verb. Afigurado)
770
Afiuzado – adj. part. m. sg.
“O criado, ou pagem, depois que foi afiuzado com seu amo...”
(Ord. Afons., v. I, p. 304, apud DLPA, p. 72, verb. Afiuzado)
771
Afocinhado – adj. part. m. sg.
“… e não bastando isto, o despiram, e esteve um grande espaço afocinhado dos
porcos”
(Décadas, v. VIII, cap. 26, apud DLPA, p. 72, verb. Afocinhado)
772
Afondada – adj. part. f. sg. (<Afundada>)
“et entõ levãtasse a hũ ta grãde tẽpestade, que por pouquo a nave seria
afondada, et os cãpaneiros et os outros que y forem, cõ medo de morte”
(Miragres, p. 64, apud DLPA, p. 73, verb. Afondado)
773
Aforrados – adj. part. m. pl.
“Nom querem ir com carrega de muitas cousas, mas aforrados
(Fr. Menores, v. II, p. 371, apud DLPA, p. 73, verb. Aforrado)
774
Afortalecida – adj. part. f. sg.
“E en tamto foy afortalecida a batalha por parte dos ezcotes”
(Fr. Menores, v. II, p. 371, apud DLPA, p. 73, verb. Afortalecido)
775
Afrontada – adj. part. f. sg.
“E como hia afrontada do caminho,
Tão fermoSa no geSto Se moStraua
Queas EStrellas, & o Ceo, &o Ar vizinho,
E tudo quanto a via namoraua”
(Lus., Canto II, estrofe 34, vv. 1 – 4, p. 25)
156
776
Afrontado – adj. part. m. sg.
“Ficou segundo soía afrontado de si mesmo e corrido”
(António Ferreira, Écloga 10, apud DLPA, p. 75, verb. Afrontado)
777
Afrontado – adj. part. m. sg.
“comigo, que non fodo mais nemigalha
ũa vez; e, pois fodo, se Deus mi valha,
fiqu´end´afrontado ben por tercer dia.”
(LPGPI – 79,33. – p. 538 – vv. 2 – 4)
778
Afrontado – adj. part. m. sg.
“Ficou segundo soía afrontado de si mesmo e corrido”
(António Ferreira, Écloga 10, apud DLPA, p. 75, verb. Afrontado)
779
Agasalhados – adj. part. m. pl.
“[...] os quaaes forã esta noute muy bem agasalhados asy de vianda como de
cama de colchoões e lençooes pólos mais amansar./”
(VCPVC – fl. 11v. – l. 28 – 30)
780
Ageolhado – adj. part. m. sg. (<Ajoelhado>)
“... deu-lhe per cima do capacete um golpe tão pesado, que ficou ageolhado em
terra atordoado”
(Décadas, v. II, cap. 3, p. 2, apud DLPA, p. 77, verb. Ageolhado)
781
Agravada – adj. part. f. sg.
“Vejo-vos jazer migo muit´agravada,
Luzia Sánchez, por que non fodo nada;
mais, se eu vos per i ouvesse pagada,
pois eu foder non posso, peer-vos-ia.”
(LPGPI – 79,33. – p. 538 – vv. 7 – 10)
782
Agravadas – adj. part. f. pl.
“A fortuna todavia
157
nos tem que farte agravadas;
andemos nossas jornadas,
cheguemos à romaria,
e seremos descansadas.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 47 – vv. 13 – 17)
783
Agravado – adj. part. m. sg.
“Vem agravado por isso
e descontente de si;”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 11 – vv. 20 – 21)
784
Agravados – adj. part. m. pl.
“Romagem dos Agravados,
Inda que se agravam d´abastados..”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 4 – vv. 7 – 9)
785
Aguardada – adj. part. f. sg.
“(...) E rogo [D. Afonso II] e/prego meu senior o apostoligo e beigio a/t(er)ra ante
seus pees q(ue) pela as santa/piadade faza aq(ue)sta mia mãda seer/(conp(ri)da e
aguardada, q(ue) nenguu/nõ agia poder de vinir (con)t(ra) ela. (...)”
(TAII, in CHLP, § [23], l. 1 – 6, p. 201)
786
Aguardado – adj. part. m. sg.
“Fostes mui ben aguardado
de min sempre u vós andastes,
e nunca foi escusado”
(LPGPI – 56,3. – p. 347 – vv. 15 – 17)
787
Aguisado – adj. part. m. sg.
“Correola, sodes adeantado
en cas´ del-Rei do mal que s´i fezer;
e caredes em estes mester,
se me crevedes, que est´aguisado:
se algun ome virdes mal fazer,
non lho leixedes, a vosso poder,
ante o vós fazed´a vosso grado.”
(LPGPI – 16,2. – p. 131 – vv. 1 – 7)
158
788
Aguisado – adj. part. m. sg.
“e and´eu leda porem,
E faço muit´aguisado.”
(LPGPI – 25,20. – p. 185 – vv. 5 – 6)
789
Aguisado – adj. part. m. sg.
“Joan Bol´anda mal desbaratado
e anda trist´e faz muit´aguisado
ca perdeu quant´avia guaanhado
e o que leixou a madre sua:
um rapaz que era seu criado
levou-lh´ o rocin e leixou-lh´a mua.
(LPGPI – 25,41. – p. 195 – vv. 1 – 6)
790
Aguisado – adj. part. m. sg.
“que digu´eu muit´aguisado;
ca outr´omem nom é nado
que esto creer podesse.”
(LPGPI – 25,71. – p. 210 – vv. 12 – 14)
791
Aguisado – adj. part. m. sg.
“fazer, amiga, se Deus mi perdon,
per com´eu cuid´aguisado.”
(LPGPI – 36,4. – p. 275 – vv. 9 – 10)
792
Aguysado – adj. part. m. sg. (m. q. <Aguisado>)
“Ora, senhor, tenho muyt´aguysado
de sofrer coita grand´e gran desejo,
poys, du vos fordes, eu for alongado
e vos non vir, como vos ora veio;”
(LPGPI – 30,23. – p. 257 – vv. 1 – 4)
793
Ajudada – adj. part. f. sg.
“e, sse me quisess´ajudar,
159
Elvyra ben faria
E de Deus foss´ajudada.”
(LPGPI – 12,2. – p. 116 – vv. 36 – 38)
794
Ajudado – adj. part. m. sg.
“A [Gerra] taõb foi na baya deua Men de Saa em/paraguaçu por nos matar
tres homs dos/nossos depois de nos ter ajudado em alguãs/gerras e assi
desbaratou alguãs 70 aldeas”
(CNB – MC – p. 67 – l. 473 – 476)
795
Ajudado – adj. part. m. sg.
“Como Pero da Arruda
foi da molher ajudado,
non é mui desaguisado,
pois lh´esta faz tal ajuda,”
(LPGPI – 30,26. – p. 259 – vv. 13 – 16)
796
Albergado – adj. part. m. sg.
“En Santiago, seend´albergado
en mia pousada, chegaron romeus;
preguntei-os e dis[s]eron: `Par Deus,
muito levade-o lo camiñ´ errado
ca se verdade quiserdes achar
outro camiño conven a buscar
ca non saben aqui d´ela mandado.”
(LPGPI – 14,12. – pp. 125 – 126 – vv. 22 – 28)
797
Aleijado – adj. part. m. sg.
“cõ huã fouce quauada q´tinha [o indio] a matou [a cobra] e ficou assim
aleijado,/”
(CNB – MM – p. 21 – l. 409)
798
Aleuãtados – adj. part. m. pl. (<Alevantados>)
“(...) a frança respondeo/elRej q´eraõ aleuãtados q´os botasse e os/matasse e
assi foi tomada por Mendesaa”
(CNB – MC – p. 59 – l. 365 – 367)
160
799
Alevantados – adj. part. m. pl.
“As raízes das árvores som os pensamentos e as voontades, das quaaes
procedem as booas obras e maas, per as quaaes ou somos alevantados ao ceeo
ou amergidos ao inferno. E porém, segundo diz Ambrósio, faça fructo aquel que
pode per graça e que é teudo e obligado aa peendença, porque ex aqui o Senhor,
que preguntará por o fructo e dará vida aos que fezerom e repreenderá os que
forom estériles.”
(LVC, Cap. XVII, fl. 57, d, § 662, l. 1 – 10, p. 237)
800
Alongada – adj. part. f. sg.
“E por aquest´alongada querria, per bõa fé,
seer d´u está mha madre: ca, mentr´eu hu ela é
for, non veerey meu amigo.”
(LPGPI – 11,13. – p. 114 – vv. 4 – 6)
801
Alongado – adj. part. m. sg.
“Ai eu coitada! Como vivo en gram cuidado
por meu amigo que ei alongado!”
(LPGPI – 18,2. – p. 139 – vv. 1 – 2)
802
Alongado – adj. part. m. sg.
“E, poys que o Deus assy quis,
que eu ssõ(o) tam alongado
de vós, muy bem seede ffis
que nunca eu ssen cuydado
eu viverey, ca ja Paris
d´amor non foy tam coitado
[e] nen Tristam;
nunca soffreron tal affam,
nen am quantos som, nen se(e)ram.”
(LPGPI – 18,5. – pp. 141 – 142 – vv. – 10 – 18)
803
Alongados – adj. part. m. pl.
“(...) Outro ssi uos conuen que seiades de bóó receber e de bóóa paraura, e non
seiades graue de uéér aos oméés que uos uééren demandar dereyto; pero fazede
161
o de guysa que nõ seyan muyto alongados a uos, nen/muyto achegado, que de
grande achegança nasce desprezamento da dignidade. (...)”
(Das Flores de Dereyto, texto do último quartel do século XIII, versão portuguesa
das “Flores de las leyes” de Jácome Ruiz, in TA, §1º., l. 9 12, p. 38; l. 1 2, p.
39)
804
Alumeada – adj. f. sg.
“E pois que vossa fazenda teedes ben alumeada
e queredes ben amiga fremosa e ben talhada,
e non façades dela capa, ca non é cousa guisada.”
(LPGPI – 18,14. – p. 146 – vv. 19 – 21)
805
Alumeada – adj. f. sg.
“(...) a divina sapiência, como já é dito, per ela é ilustrada, ilucidada e alumeada.”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 2, a, § 3, l. 11 – 13, p. 3)
806
Alumeado – adj. part. m. sg.
“(...) o Egipto é guarnido e alumeado com moradas sem conto de monges. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 46, § 535, l. 13 – 15, p. 189)
807
Alumeado – adj. part. m. sg.
“Aquel que segue a Cristo nem pode errar nem seer enganado. E pera seguir e
guaançar as suas virtudes se acende e esforça o coraçom per meditaçom, del
ameúde usada, e é alumeado per virtude divinal, entanto que muitos forom sem
lêteras e símplezes, que conhocerom grandes e profundas II cousas de Deus,
porque/ali é achada untura que, purificando a alma pouco e pouco e alevantando-
a ensina-a de tôdalas cousas. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 5, d; 6, a, l. 1 – 11, p. 18 – 19)
808
Amado – adj. part. m. sg.
“[e] al me fez peyor, ca me ffez quen
servo servir e non sseer´amado
(LPGPI – 9,7. – p. 104 – vv. 15 – 17)
809
Amado – adj. part. m. sg.
162
“pero m´ora desamades
logu´ entom amado serei
de vós, e podedes saber
qual coita é de padecer
aquesta de que me matades.”
(LPGPI – 25,124. – p. 235 – vv. 10 – 14)
810
Ameaçada – adj. part. f. sg.
“Nen de com´ameaçada
fui un dia pola ida”
(LPGPI – 79,7. – p. 527 – vv. 7 – 8)
811
Ameaçado – adj. part. m. sg.
“Fernan Gil and´aqui ameaçado
dun seu rapaz e doestado mal;
e Fernan Gil ten-se por desonrado,
ca o rapaz é mui seu natural:
é filho dun vilão de seu padre
e demais foi criado de sa madre.”
(LPGPI – 2,11. – p. 77 – vv. 1 – 6)
812
Amergidos – adj. part. m. pl.
“As raízes das árvores som os pensamentos e as voontades, das quaaes
procedem as booas obras e maas, per as quaaes ou somos alevantados ao ceeo
ou amergidos ao inferno. E porém, segundo diz Ambrósio, faça fructo aquel que
pode per graça e que é teudo e obligado aa peendença, porque ex aqui o Senhor,
que preguntará por o fructo e dará vida aos que fezerom e repreenderá os que
forom estériles.”
(LVC, Cap. XVII, fl. 57, d, § 662, l. 1 – 10, p. 237)
813
Amparadas – adj. part. f. pl.
“mias tenções quiseran desfazer
e que ar fossen per ti amparadas.”
(LPGPI – 70,38. – p. 456 – vv. 3 – 4)
814
Ancoradas – verb. part. pas.
163
“1/ de xxii qontos biii
c
xxxiii iii
c
xxxiii reis, 2/3 cada huma, depois de serem
ancoradas no porto/desta cidade de Lixboa, fazendo fundamento/ que virão
todas.”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
25, in EBC, l. 14 – 15, p. 224)
815
Animado – adj. part. m. sg.
“E em uũ stante foi estremado aquêle sangue, em o qual feito misto e consoldado,
foi o corpo [de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; e em aquel stante foi
comprido e perfeito homem em alma e em carne, segundo tôdalas medidas
organizadas do corpo; (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, b, § 206, l. 1 – 7, p. 79)
816
Anoiado – adj. part. m. sg. (<Anojado>)
“(...) he ho rrado padre Sam Bẽeto, vẽedosse anoiado da lecẽça que lhe ta
ameude demãdaua em tãto perigoo da sua alma, disselhe sanha que sse
fosse. (...)”
(Dialigos de S. Grigorio, Cód. Alcobacense da Biblioteca naciona, n
o.
37, mod.
182, fls. 2v, in TA, § 1º., l. 3 – 6, p. 46)
817
Anojado – adj. part. m. sg.
“Por el Rei nom seer anojado de veer duas vezes as merçees que fazia, huma per
ementa e outra per cartas, e por aquelles que o requeriam averem mais toste seu
desembargo, fazia-se desta guisa: (...)”
(CDPI, Cap. IV, § 2º., l. 24 – 27, p. 68)
818
Aparelhada – adj. part. f. sg.
“... alguma hora havia de viver sem ouvir a vossa alteza ou, ao menos, esta
vontade estar a isso aparelhada...”
(Clarimundo, v. I, p. 123, apud DLPA, p. 111)
819
Aparelhada – adj. part. f. sg.
“(...) E pero diz/no avãgelho que hũũ destes passaros escaes-/ce a Deus, ca
verdadeyramẽte a misericordia daquel/que nos remiio sempre está aparelhada
pera re-/ceber os pecadores pera peendença. (...)”
164
(LA, XXVI, vv. 28 – 32, p. 46)
820
Apartadas – adj. part. f. pl.
“E ou(tro) ssi/mãdo das dezimas das luctosas e das/armas e dout(ras) dezimas
q(ue) eu tenio apartadas em te-/souros per meu reino, q(ue) eles as/departiã assi
como uirẽ per derecto. E/mãdo q(ue) o abade d´Alcobaza lis de/aq(ue)sta dezima
q(ue) el ten ou teiuer e/eles as departiã segũdo De(us) como/uirẽ por derecto.(...)”
(TAII, in CHLP, § [6], l. 5 – 8, p. 198 e § [7] l. 1 – 6, p. 198)
821
Apartado – adj. part. m. sg.
“(...) E esta emteemçom tiinham muitos, dizemdo huuns aos outros que o Iffamte
Dom Joham queriam aver por seu Rei e senhor, porque o Regno de Portugal
sempre fosse Regno sobre si apartado; o que era per força de se ajumtar com o
Regno de Castella, e seer todo huum, se o a rainha Dona Beatriz herdasse, e isso
meesmo seu marido.”
(CDF, Cap. CLXXV, § 14º., l. 24 – 30, p. 141)
822
Apartados – adj. part. m. pl.
“Direi-vos como foron i apartados:
deron-lhis das fanegas e dos pescados
atanto, per que foron mui lazerados,
que, des quanto foi nado, nunca chus vi.”
(LPGPI – 77,5. – p. 500 – vv. 7 – 10)
823
Apaulada – adj. part. f. sg.
“[...] por que toda aquela rrib
a
do mar he apaulada per cjma [...]”
(VCPVC – fl. 7 – l. 26 – 27)
824
Apedrados – adj. part. m. pl.
“tomarão As peras ou codornos q sejão/muyto maduros se pouq
o
sobre
ho/verde s nehuã comedura de bicho/n sejão apedrados n macados se
nã/mujto lisos e muyto sãos porq fiqu/Fermosos (...)”
(TCP – p. 93 – l. 895 – 900)
825
Apegado – adj. part. m. sg.
165
“E diz em outro lugar que ´compre aquel que se trabalha de chegar aas cousas
mais altas, melhorando em si, que se haja humildosamente, por tal que, querendo-
se levantar sôbre si, nom caia abaixo de si, se per ventura nom fôr soldado e
apegado per verdadeira humildade. (...)”
(LVC, Cap. XVI, fl. 53, b, § 606, l. 1 – 7, p. 215)
826
Apendoadas – adj. part. f. pl.
“(...) Todalas naos/que erom no rio mui cedo pela menhãa forom apendoadas de
bandeiras e estandartes, e postos muitos ramos em certos logares, onde cada
entendia que melhor podia parecer.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 16, p. 65; l. 1 – 4, p. 66)
827
Apostada – adj. part. f. sg.
“e de com´é mia fazend´apostada
vós, Don Estêvan, sodes en ben fiz
que nunca foi de mia talha negado,
mais sabudo e certo, apregoado
quant´ei na terra, móvil e raiz.”
(LPGPI – 30,35. – p. 264 – vv. 32 – 36)
828
Apreçado – adj. part. m. sg.
“– Don Josep, já eu [son] certo e fiz
que do vosso non é cousa negado,
mais é [a]tan certo e apreçado
com´é o vinho forte em Alhariz;”
(LPGPI – 30,35. – p. 264 – vv. 37 – 40)
829
Apregoado – adj. part. m. sg.
“/
20
(...) o dito priol pedia Mãdou/
21
Apregoar <o> dito francisco martjnz e foj
Apregoado e Atendido Ata Çyma da Audiençia como de custume E/
22
parezu
(sic) o dito francisco martjnz nẽ seu procurador saluo que parezu (sic) A sua
Molher e dizia ao dito Jiz que o dito/ (...)”
(DPNRL, Documento 67, l. 20 22, p. 224; Maço 4, 23, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1370)
830
Apressurado – adj. part. m. sg.
166
“Inda que não sei a queixura / que voz faz andar penado, / parecedes-me
apressurado...”
(Crest. Arc., p. 339, apud DLPA, p. 116)
831
Aproveitadas – adj. part. f. pl.
Como el Rei Dom Fernamdo hordenou
que as terras de seu reino fossem
todas lavradas e aproveitadas
(CDF, Cap. LXXXIX, título, p. 79)
832
Aredadas – adj. part. f. pl.
“Todas as villas e povoações de engenhos desta coosta fiz çerquar/de taipa com
seus balluartes he as que estavão aredadas do mar/ (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 1 – 2, p. 196)
833
Armado – adj. part. m. sg.
“Nen de lançar a tavolado
pagado
non sõo, se Deus m´ampar,
aqui, nen de bafordar;
e andar de noute armado,
sem grado
o faço, e a roldar;”
(LPGPI – 18,26. – p. 152 – vv. 27 – 33)
834
Armados – adj. part. m. pl.
“[...] fomos todos nos batees em tera armados e a bandeira cõ nosco./”
(VCPVC – fl. 6v. – l. 3 – 4)
835
Armados – adj. part. m. pl.
“(...) nascem cõ a perna esquerda/cortada pelo giolho e assim nascem todos
cõmũm
te
ate pedras/ com e tudo quanto achaõ saõ armados cõ hũas com//chas
q´nada os passa.”
(CNB – MM – pp. 25 e 27 – l. 510 – 513)
167
836
Arredados – adj. part. m. pl.
“(...) os pecadores e os maaos que de Deus andã/arredados e en cuja fazenda
travã e rroẽ/e posfaçã, [todos] aqueles que os conhecẽ vẽẽ/a fazer peend[enç]a de
seus pecados e so...”
(LA, IV, vv. 32 – 35, p. 23)
837
Arrendadas – adj. part. f. pl.
“5/ biii qontos iii
c
lRi iii
c
lx reis, perque estão arrendadas/as rendas do Mar de
Setuval, Sezimbra, sem as da ordem.”
(Denúncias de João Nunes, cristão-novo, ao Santo Ofício da Inquisição, Salvador,
12 de fevereiro de 1592, in EBC, l. 5 – 7, p. 208)
838
Arrendado – adj. part. m. sg.
“15/ – xi qontos de reis, perque estaa contratado, digo,/arrendado o contrato
d´Angola.”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
24, in EBC, l. 9, p. 222)
839
Arriçado – adj. part. m. sg.
“estornudou tres peidos e guariu
ja quanto mays, e é mays arriçado.”
(LPGPI – 43,6. – p. 292 – vv. 8 – 10)
840
Arrufado – adj. part. m. sg.
“E porend´é gran traedor provado,
de que se já nunca pode salvar,
come quen a seu amigo jurado,
bevendo con ele, o foi matar:
todos pólos cantares del levar,
con os quaes oj´anda arrufado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 19 – 24)
841
Arrufado – adj. part. m. sg.
168
“Un escudeiro vi oj´arrufado
por tomar penhor a Maior Garcia,”
(LPGPI – 64,28. – p. 425 – vv. 1 – 2)
842
Artelhadas – adj. part. f. pl.
“(...) vieraõ 3 naos do Cabo frio cheas de/tamojos e framcezes muj
embandeiradas/e artelhadas e atiraraõ lhe da cidade e/foraõ causa q´hũa naõ deu
a costa (...)”
(CNB – MC – p. 61 – l. 383 – 386)
843
Arvorados – adj. part. m. pl.
“... viram os mastos das galles de Castella, que jaziam longe arvorados
(Crón. D. Fernando, cap. 124, p. 92, apud DLPA, p. 124)
844
Asados – adj. part. m. pl.
“saõ m
tos
[Anaja guaçu] esta palma cobr as casas e he/boa e fresca os cocos
comnos crus e/asados e necessidade faz farinha delles”
(CNB – MC – p. 163 – l. 1744 – 1746)
845
Aseetado – adj. part. m. sg.
“[...] este que o agasalhou [...] e amdaua todo por louçaynha cheo de penas
pegadas pelo corpo que pareçia aseetado coma sam sabastiam. [...]”
(VCPVC – fl. 4v – l. 10 – 13)
846
Asiinado – adj. part. m. sg. (<Assinado>)
“(...) E todo esto trouxe Martim Vaasquez por escripto e asiinado per mãaos de
notairos das terras, e trouxe cartas dos
.
rreys e dos primçipes e dos altos
homeens sobre esto, asiinadas por elles.”
(Nobiliario (ou Livro das Linhagens do Conde D. Pedro), do século XIII ou XIV, in
TA, Cap. 2, § 4º., l. 13 – 16, p. 43)
847
Asiinadas – adj. part. f. pl. (<Assinadas>)
“(...) E todo esto trouxe Martim Vaasquez por escripto e asiinado per mãaos de
notairos das terras, e trouxe cartas dos
.
rreys e dos primçipes e dos altos
homeens sobre esto, asiinadas por elles.”
169
(Nobiliario (ou Livro das Linhagens do Conde D. Pedro), do século XIII ou XIV, in
TA, Cap. 2, § 4º., l. 13 – 16, p. 43)
848
Asiinado – adj. part. m. sg.
“(...) E todo esto trouxe Martim Vaasquez por escripto e asiinado per mãaos de
notairos das terras, e trouxe cartas dos
.
rreys e dos primçipes e dos altos
homeens sobre esto, asiinadas por elles.”
(Nobiliario (ou Livro das Linhagens do Conde D. Pedro), do século XIII ou XIV, in
TA, Cap. 2, § 4º., l. 13 – 16, p. 43)
849
Asinados – adj. part. m. pl. (<Assinados>)
“(...)/
54
nam que esta carta demprazamento valha e sse cumpra em todo como
nella faz mençam, Pidindome as dictas partes que lhe mandasse desto pasar/
55
mynha carta demprazamento com mynha autoridade o que visto per mỹ; ssendo
primeiro Certeficado per ffees e asinados dos ssobredictos veedores/
56
e homes
bõos que ho dicto casall apeegarã, que o dicto casall hera emprazado bem e a
proueito do dicto moesteiro de vylarynho pagamdose/(...)”
(DPNRL, Documento 100, l. 54 56, p. 300; Maço 6,30, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1509)
850
Asirado – adj. part. m. sg.
“... mais todo he asirado e eternal e perduravyll...”
(Corte Imperial, p. 103, apud DLPA, p. 126)
851
Asombrados – adj. part. m. pl. (<Assombrados>)
“homeñs marinhos alguns se achaõ naõ vi nenhum mas/estando eu na baya
pouco tempo mataraõ alguas 6. pessoas na era/de 82 mataraõ hũ portuges dentro
de huã canoa os indios os te/m m
to
e quando os vem ficaõ asombrados logo
adoessem da ima/ginacaõ (...)”
(CNB – MM – p. 25 – l. 496 – 500)
852
Asombrados – adj. part. m. pl. (<Assombrados>)
“Ha de m
tas
man
ras
e se os naturais diz q´os v [Homs marinhos]/v
asombrados e m
tos
morr de pasmo Jgpupiara”
(CNB – MC – pp. 197 e 199 – l. 2213 – 2214)
170
853
Assanhada – adj. part. f. sg.
“[Maria Pérez vi muit´assanhada,]
por que lhi rogava que perdoasse
Pero d´Ambroa, que o non matasse,
nen fosse contra el´desmesurada.”
(LPGPI – 18,23. – p. 150 – vv. 9 – 12)
854
Assentado – adj. part. m. sg.
“Acharom-no no templo, nom andando de cá pera acolá, como fazem os moços,
mas em meo dos doctores, como fonte de sabedoria, porque podesse melhor
ouvir a todos e conferir e falar com êles stando assentado honestamente; e assi
como exemplo ou trelado de humildade, primeiramente os ouvia el e os pregunta-
/va, que os ensinasse, (...)”
(LVC, Cap. XV, fl. 50, a, § 571, l. 1 – 8, p. 203)
855
Assentado – adj. part. m. sg.
“Quero ver sua paixão
assentado nesta cadeira”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 4 – vv. 23 – 24)
856
Assentado – adj. part. m. sg.
“(...) e viu [Jesu Cristo] ali [no mar de Galilea] homem, scil., Mateu, filho do
Alfeu, que havia nome Levi, star assentado na casa da alfândega II pera receber
aquêles dereitos.”
(LVC, Cap. XXXI, fl. 93, d, § 1.046, l. 4 – 7, p. 381)
857
Assessegado – adj. part. m. sg. (m. q. <Assossegado>)
“Contou ajnda Sam Grigorio que huũ seu mõge non podia assessegar seu
moesteiro, e sseu padre e seu abade Sam Bẽeto ho amoestou muytas uegadas
que andasse uagueiando pelo mũdo, mais que estevesse assessegado em
sua cella e en sua oraçõ. (...)”
(Dialigos de S. Grigorio, Col. Alcobacense da Biblioteca Nacional, n
o.
37, mod. 182
fls. 2v., in TA, § 1º., l. 16 – 20, p. 45)
858
Assiinados – adj. part. m. pl.
171
“E nom soomente os que eram assiinados em cada logar pera defensom, mas
ainda as outras gentes da cidade, ouvindo repicar na See e nas outras torres,
avivavom-se os corações deles; (…)”
(QCDJI, Cap. 8., § 2º., l. 22 – 25, p. 47)
859
Assiinados – adj. part. m. pl. (<Assinados>)
“Per a levada de Cristo ao tempo som tôdolos templos santificados e em seu
nome assiinados, por a qual cousa é stabelecido que nas egrejas stê o corpo de
Deus presencialmente em hóstia sagrada, e ali se guardam as relíquias dos
santos e ali se fazem as obras angelicaaes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, c, § 496, l. 1 – 7, p. 177)
860
Assinados – adj. part. m. pl.
“e non soomente os que eram assinados
en cada logar pera defensom,
mas...”
(Crón. De D. João I, apud DLPA, p. 33, verb. Assinado)
861
Assũada – adj. part. f. sg. (<Assuada>)
“cuidades vós que jamais eu possa ver a conpanha de mesa Redonda assi
assũada?”
(Graal, Glossário, p. 88, apud DLPA, p. 128, verb. Assũada)
862
Atada – adj. part. f. sg.
Atada fica a canasta.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 25 – v. 5)
863
Atadas – adj. part. f. pl.
“[...] soom
te
sam tres traues atadas jumtas e aly se metiam iiij ou b eses que
queriam [...]”
(VCPVC – fl. 5 – l. 33 – 34)
864
Atado – adj. part. m. sg.
“R. hũua aroba de carne de porq
o
dos/lombos e das pernas piquada como/p pastel
muyto meudo/e tam/atado hũua/toalha muyto grosa e metida hũu Sesto e
172
estee pỹ/durada cõ hũu peso cima/e estee/asy tres oras/e tão tomaram (...)”
(TCP – p. 17 – l. 148 – 154)
865
Atordoado – adj. part. m. sg.
“... deu-lhe per cima do capacete um golpe tão pesado, que ficou ageolhado em
terra atordoado
(Décadas, v. II, cap. 3, p. 2, apud DLPA, p. 77)
866
Atormentado – adj. part. m. sg.
“Se[n] nulha ren
sen vosso ben,
que tant´ey desejado,
que já o ssem
perdi por em,
e viv´atormentado,
ssem vosso bem,
de morrer en
ced´é muy guisado,
penado, penado.
(LPGPI – 18,31. – p. 156 – vv. 11 – 20)
867
Atormentado – adj. part. m. sg.
“Assi me trax coitado
e aficad´amor,
e tam atormentado,”
(LPGPI – 25,16. – p. 183 – vv. 1 – 3)
868
Atormentado – adj. part. m. sg.
“O que seu mal
foi, é desbaratado,
e anda em guisado
quem sempr´o seu guardou.
E jaz atormentado
[o] que o guanhoou.
(LPGPI – 25,49. – p. 200 – vv. 13 – 18)
869
Atormentados – adj. part. m. pl.
173
“Onde entõ son vendudos os passaros polo/dipondio e pola mealha, quando os
pecadores/se vẽdẽ e se sojugam ao diaboo pera seerem/atormentados no fogo
do inferno perduravil por/estas cousas tẽporaes que sse passã e que sse/vã agĩha
e que son de pequeno valor. (...)”
(LA, XXVI, vv. 23 – 28, p. 46)
870
Auiados – adj. part. m. pl. (<Aviados>)
“tinha esperãças de ir ajudar a buscalos eis/q´auiados os p
es
partir se lhes
atraue/ssaraõ a lhes tomar a dianteira cento e vĩte e tatos portuguezes (...)”
(CNB – MC – p. 77 – l. 606 – 609)
871
Autorgado – adj. part. m. sg. (<Outorgado>)
“(...)/
7
contra este meu feyto que lhy nõ sega autorgado may quanto demãdar
tanto a uos em dublo componhã e a que/
8
uossa uoz derdes peytilhy quinhẽtos
soldos e este meu feyto senpre sega valedoyro (?) feyto fuy en Gimarães/(...)”
(DPNRL, Documento 26, l. 7 8, p. 151; Maço 2, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1290.)
872
Avantajados – adj. part. m. pl.
“(...) [o Iffante Dom Henrique] nom soomente os reconciliou a si, mas ainda lhes [a
seus criados] fez avantajados acrecentamentos (...)”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 25 – 26, p. 31)
873
Avantejada – adj. part. f. sg.
“(...) e o Guineu, veendo-se solto da cabeça, sacudiu os outros dos braços,
lançando-os cada huũ a sua parte, e começou de fogir, cuja seguida aos outros
empós êlle pouco aproveitou, porque a sua ligeirice era mui avantejada ante o
correr dos outros homeẽs; (...)”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 24 – 29, p. 77)
874
Aventurado – adj. part. m. sg.
“Sen esto, fostes cousido sempre e muit´e mesurado,
de todas cousas comprido e apost´e ben talhado,
e [e]nos feitos ardido e mui aventurado.”
(LPGPI – 18,14. – p. 146 – vv. 16 – 18)
174
875
Aventurado – adj. part. m. sg.
“mais se el fica, per quant´eu entendo,
seu cajon dela, est´aventurado.”
(LPGPI – 25,26. – p. 188 – vv. 23 – 24)
876
Aviadas – adj. part. f. pl.
“Cuidais que is bem aviadas?
(RA, in OCGV – vol. V – p. 45 – v. 11)
877
Aviadas – adj. part. f. pl.
“Deixemos ora estes motes:
pois que vos querem casar,
pera onde is aviadas?”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 49 – vv. 3 -5)
878
Avisado – adj. part. m. sg.
“(...) E ordenou el-Rei [D. Fernando] que o fosse o seu mui leal e fiel servidor Nuno
Alvarez Pereira, avendo aaquel tempo viinte e quatro anos e nove meses e doze
dias, conhecendo dêl que era d´honestos costumes e mui avisado nos autos da
cavalaria.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 5 – 10, p. 58)
879
Bautiçado – adj. part. m. sg. (<Batizado>)
“nen ar iria a Ierusalen
Joan Fernández, [se] non bautiçado.”
(LPGPI – 79,26. – p. 536 – vv. 17 – 18)
880
Bautizado – adj. part. m. sg. (<Batizado>)
“(...) Onde Beda diz que ´como Jesu Cristo foi bautizado e orou, foi o ceo aberto
porque, quando o Senhor per abaixamento do corpo, se meteu de-sob as águas
do Jordam, entom o seu poderio da diviindade nos abriu as portas do ceo, e
quando a carne nom empeecível foi cuberta das águas frias, assi como espada ou
lâmpado quando topa com cousas a si contrairas, feriu fogo´. Estas cousas Beda.”
175
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, c, § 810, l. 23 – 32, p. 293)
881
Britada – adj. part. f. sg.
“´E finalmente, veendo el a sua entençom tam santa, o seu tam casto propósito, a
sua sperança tam firme e a sua caridade infalível, com a vista da sua misericórdia
obrou acêrca dela que a santidade as sua teençom nom houvesse falha, nem
fôsse britada a castidade do seu propósito, (...)
(LVC, Cap. III, fl. 12, b, § 119, l. 1 – 7, p. 51)
882
Calada – adj. part. f. sg.
“– Amiga, estad[e] ora calada
um pouco, e leixad´a min dizer
per quant´eu sei cert´e poss´entender.
Nunca no mundo foi molher amada
come vós de voss´amigu; e assi,
se el tarda, sol nom é culpad´i,
se nom, eu quer´em ficar por culpada.”
(LPGPI – 25,7. – p. 178 – vv. 8 – 14)
883
Calado – adj. part. m. sg.
“Quando falo, estou calado;
quando estou, entonces ando;
quando ando, estou quedado;
quando durmo, estou acordado;
(RA, in OCGV – vol. V – p. 12 – vv. 14 – 17)
884
Calçado – adj. part. m. sg.
“ca non ei por que foda endoado;
e vós, se asi queredes foder,
sabedes como : ide-o fazer
con quen teverdes vistid´e calçado.”
(LPGPI – 2,8. – p. 76 – vv. 11 – 14)
885
Çarrada – adj. part. f. sg. (m. q. <Cerrada>)
“E deu-lhi poren tal colpe de suso,
que já a chaga nunca foi çarrada.”
176
(LPGPI – 18,11. – p. 144 – vv. 20 – 21)
886
Carregados – adj. part. m. pl.
“Outrossi dava [el Rei Dom Fernamdo] aos senhores dos ditos navios, da primeira
viagem que partiam, de seu reino carregados, todollos dereitos das mercadorias
que levavom, assi de sal come de quaaesquer outras cousas, tambem de
portagem, como de sisa, come d´outras emposiçoões, assi das mercadarias que
seus donos das naaos carregassem, come dos outros mercadores. (...)”
(CDF, Cap. XC, § 2º., l. 7 – 13, p. 88)
887
Casada – adj. part. f. sg.
“Lopo Glz m
or
em pernaõbuco naõ tinha f
os
le/uou desta agoa [da fonte] a sua
molher q´se lauaçe e be/beçe q´teriaõ f
os
fello a molher cõ boa fee e/cõçebeo hũa
filha e he ja casada tas o p
e
Joaõ/de Mello e Jr´M
el
tristaõ e Aluoro pi´z”
(CNB – MC – p. 37 – l. 77 – 81)
888
Casada – adj. part. f. sg.
“Vedes camanha perfia
e cousa tan desguisada:
des que ora foi casada
chaman-lhe Dona Maria.”
(LPGPI – 9,2. – p. 101 – vv. 4 – 7)
889
CaS
SS
Sada – adj. part. f. sg.
“Beatriz era a filha, que caS
SS
Sada
Co castelhano eStà, que o Reino pede,
Por filha de Fernando reputada,
Se a corrompida fama lho concede.”
(LUS., Canto IV, estrofe 7, vv. 1 – 4, p. 63)
890
Casado – adj. part. m. sg.
“Oí d´Alvelo que era casado
mais nono creo, se Deus mi perdon;
e quero-vos logo mostrar razon,
que entendades que digo recado:”
(LPGPI – 6,7. – p. 89 – vv. 1 – 4)
177
891
Castigados – adj. part. m. pl.
“ja e assi por m
tos
annos tiueraõ guerra os nossos/cõ os tamojos ate q´se pouou o
Ryo de Jan
ro
mas/aos de Sa V
te
lhes custou m
to
e assi foraõ b casti/gados p´esta
jnjust
a.
(...)”
(CNB – MC – p. 65 – l. 455 – 458)
892
Catado – adj. part. m. sg.
“E pois lo el ouve muito catado
(LPGPI – 63,28. – p. 385 – v. 11)
893
Çerado – adj. part. m. sg. (<Cerrado>)
“(...) /
28
do marquo per baixo e de contra o naçente parte com a dita quebrada tem
seis ou sete carualhos deles con vide leuara de semeadura hũ quarto, item o
canpo do espinheiro que todo esta çerado sobre sy tem em/
29
comprido setemta e
hũa varas e em traues comtra ho sull quoremta e noue varas e mea sameadura
quatro alqueires parte comtra ho poemte com ho caminho e comtra ho sull com
pombeiro/ (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 28 29, p. 329; Maço 7,29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
894
Cercadas – adj. part. f. pl.
“estas duas villas de São Viçennte e Santos/não estão cercadas, e as casas de
maneira espalhadas que se/não podem çercar senão com muito trabalho e perda
dos moradores,/porque tem casas de pedras e cal e grandes quintais e tudo/ feito
em deshordem, por honde lhe não vejo outro melhor talho/(...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 11 a 14, p. 200)
895
Cercados – adj. part. m. pl
“(...) as canoas a tomar lhes/as naos mas naõ podiaõ q´estauaõ p´terra/cercados
de jnfenitos tamojos e a nossa/era pouca gente (...)”
(CNB – MC – p. 61 – l. 388 – 391)
896
Cerceado – adj. part. m sg.
178
“Corpo de mi c´o vilão,
como fala cerceado!”
(RA, in OCGGV – vol. V – p. 35 – vv. 6 – 7)
897
Certeficado – adj. part. m. sg. (<Certificado>)
“(...)/
54
nam que esta carta demprazamento valha e sse cumpra em todo como
nella faz mençam, Pidindome as dictas partes que lhe mandasse desto pasar/
55
mynha carta demprazamento com mynha autoridade o que visto per mỹ; ssendo
primeiro Certeficado per ffees e asinados dos ssobredictos veedores/
56
e homes
bõos que ho dicto casall apeegarã, que o dicto casall hera emprazado bem e a
proueito do dicto moesteiro de vylarynho pagamdose/(...)”
(DPNRL, Documento 100, l. 54 56, p. 300; Maço 6,30, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1509)
898
Chagad´ – adj. part. m sg. (<Chagado>)
“Ora é já Martin Vaásquez certo
das planetas que tragia erradas,
Mars e Saturno, mal aventuradas,
cujo poder trax em si encoberto:
ca per Mars foi mal chagad´em peleja,”
(LPGPI – 30,22. – p. 256 – vv. 1 – 5)
899
Chagado – adj. part. m sg.
“mais das outras que lh´andam em contrairo,
cujo poder ainda sobr´el dura,
per ũa delas foi mal chagado
e pela outra cobrou priorado,
u ten lazeira em logar de cura.”
(LPGPI – 30,22. – p. 257 – vv. 10 – 14)
900
Chamadas – adj. part. f. sg.
“A razom por que esta virtude, he necessaria nos sobditos, he por comprirem as
leis do principe que sempre devem de seer ordenadas pera todo bem e quem
taaes leis comprir sempre bem obrará, ca as leis som regra do que os sogeitos am
de fazer, e som chamadas prinçipe nom animado, e o Rei he prinçipe animado,
por que ellas representam com vozes mortas, o que o Rei diz per sua voz viva; e
porem a justiça he muito necessária, assi no poboo como no Rei, por que sem ella
nenhuma çidade nem Reino pode estar em assessego.”
179
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 15 – 25, p. 61)
901
Chegado – adj. part. m. sg.
“E pois mentes nom metedes
no meu mal, nem corregedes
o estad[o]
a que m´avedes chegado,
(LPGPI – 25,120. – p. 233 – vv. 17 – 20)
902
Chegado – adj. part. m. sg.
“d´este corvo, que vejo tan chegado
(LPGPI – 63,28. – p. 385 – v. 18)
903
Chegado – adj. part. m. sg.
“Por aquel namorado
que fosse ja chegado,
louçana.
(LPGPI – 25,19. – p. 185 – vv. 22 – 24)
904
Chorada – adj. part. f. sg.
“Buçetas de comseruas e jarras de mell e mamteiga e arrobe e azeite eram alli
tamtas estroidas, que nom faziam menos emxurro polla rrua, que sse fossem
alguũs canos dagua quamdo choue. a quall perda era mujto chorada dalguũs
daquelles de uill geeraçam.”
(CTC, Cap. lxxxvij., § 1º., l. 3 – 9, p. 99)
905
Cobrada – adj. part. f. sg.
“Se o vir, madre, serei cobrada
e por que me teendes guardada,”
(LPGPI – 77,3. – p. 499 – vv. 5 – 6)
906
Cobrado – adj. part. m. sg.
“e logu´el será, bem sei,
do mal guarid´e cobrado.”
180
(LPGPI – 25,20. – p. 185 – vv. 17 – 18)
907
Coitad´ – adj. part. f. sg. (<Coitada>)
“Tam muito mal mi fazedes, senhor,
e tanta coita e afam levar
e tanto me vejo coitad´ andar,
que nunca mi valha nostro senhor”
(LPGPI – 25,126. – p. 236 – vv. 1 – 4)
908
Coitada – adj. part. f. sg
“Ai amiga, eu ando tam coitada
que sol nom poss´em mi tomar prazer
cuidand´em como se póde fazer
que nom é ja comigo de tomada;
e par Deus, porque o nom vej´aqui
que é morto gram sospeita tom´i;
e se mort´é, mal dia eu fui nada.”
(LPGPI – 25,7. – p. 178 – vv. 15 – 21)
909
Coitada – adj. part. f. sg
Coitada viv´, amigo, por que vós nom vejo,
e vós viverdes coitad´e com gram desejo”
(LPGPI – 25,22. – p. 186 – vv. 7 – 10)
910
Coitado – adj. part. m. sg.
“Pois eu non sei com´entenda
porque andades coitado;”
(LPGPI – 2,21. – p. 81 – vv. 7 – 8)
911
Coitados – adj. part. m. pl.
“Nos moesteiros dos frades regrados
a demandei, e dis[s]eron-m´assim:
´Non busquedes vós a verdad´aqui
ca muitos anos avemos passados
que non morou nosco, per bõa fé,
...................................
181
e d´al avemos maiores coitados´.”
(LPGPI – 14,12. – p. 125 – vv. 8 – 14)
912
Coitadus – adj. part. m. pl. (<Coitados>)
“Ca muytus vej´a que ouço dizer
que d´Amor viven coitadus, nen d´al,
e a min d´el e de vós me vem mal.”
(LPGPI – 64,27. – p. 424 – vv. 7 – 9)
913
Colpada – adj. part. f. sg.
“Domingas Eanes ouve sa baralha
con ũu genet´, e foi mal ferida;
empero foi ela i tan ardida ,
que ouve depois a vencer, sen falha,
e, de pran, venceu bõo cavaleiro;
mais empero é – x´ el tan braceiro,
que ouv´end´ela de ficar colpada.”
(LPGPI – 18,11. – p. 144 – vv. 1 – 7)
914
Comparada – adj. part. f. sg.
“(...) cuja vida [da Virgem Maria], da qual era guarda principal Deus, sabedoria
eternal; cuja vida, outrossi, é comparada aa tôrre de David, que era fornida de mil
escudos que tiinha dependurados, porque mil virtudes e muitas mais havia na
Virgem Maria, das quaaes sua vida era guarnida entanto que todos pecados e
tentações vencia afastando-as nom soomente de si, mas de outros per sua graça
que lhes dava.”
(LVC, Cap. III, fl. 12, d, § 124, l. 12 – 20, p. 53)
915
Compassados – adj. part. m. pl.
“Porque nos tempos passados
todos eram compassados,
e ninguém se desmedia”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 43 – vv. 3 – 5)
916
Comunicados – adj. part. m. pl.
“(...) todollos outros homeẽs teem exçelemçia, mas ajmda a quallquer outro do
182
pouoo sse chegam de boomente no dia de sua ledice como ueemos gerallmente
quamdo sse fazem uodas, que aalem dos que pera ello sam comunicados sse
chegam outros mujtos.”
(CTC, Cap. lxxxv., § 1º., l. 14 – 19, p. 93)
917
Confiada – adj. part. f. sg.
“Nos braços tendo o filho, confiada
Lhe diz, amado filho; em cuja mão
Toda minha potencia etSà fundada:”
(LUS., Canto IX, estrofe 37, vv. 2 – 4, p. 151)
918
Conselhado – adj. part. m. sg.
“E pois tod´esto vos ei conselhado,
conselho-vos que tragades molher
destas daqui, se peior non veer,
a que achardes i mais de mercado;
e se tal molher poderdes trager,
será mui ben, e punhad´em poder,
car per i é vosso preit´acabado.”
(LPGPI – 16,8. – pp. 131 – 132 – vv. 22 – 28)
919
Conselhado – adj. part. m. sg.
ca sodes mal conselhado
de mi sair de mandado.
(LPGPI – 40,3. – p. 282 – vv. 5 – 6; 11 – 12; 17 – 18)
920
Conselhado – adj. part. m. sg.
“– Isto foi por vossa culpa, e por vós averdes voomtade de o fazer, mas nom por
vós seerdes conselhado per muitos, que o não fezesses.”
(CDF, Cap. LXIV, § 4º., l. 5 – 7, p. 52)
921
Consoldado – adj. part. m. sg. (<Consolidado>)
“E em uũ stante foi estremado aquêle sangue, em o qual feito misto e
consoldado, foi o corpo [de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; e em
aquel stante foi comprido e perfeito homem em alma e em carne, segundo tôdalas
medidas organizadas do corpo; (...)”
183
(LVC, Cap. V, fl. 19, b, § 206, l. 1 – 7, p. 79)
922
Coroado – adj. part. m. sg.
“(…) Mas que ora em çima de seus dias, posto atrás seu [do Papa Urbano]
desprezamento do mundo que amte mostrava, açeptara a emliçom que lhe fora
feita, seemdo coroado e sollempnizado por Papa como nom devia, queremdo
seguir a vaãgloria do mumdo, sem curamdo da saude de sua alma. (...)”
(CDF, Cap. CVIII, § 3º., l. 24 – 28, p. 106)
923
Culpados – adj. part. m. pl.
“Omde assi aveo, segumdo dissemos, que na morte de Dona Enês, que el Rei
Dom Affonso, padre del Rei Dom Pedro [I] de Purtugal seemdo entom Iffamte,
mandou matar em Coimbra, forom mui culpados pello Iffamte Diego Lopez
Pacheco e Pero Coelho e Alvoro Gomçalvez, seu meirinho moor, e outros muitos
que el culpou; mas assiinadamente contra estes tres teve o Iffamte mui grande
rancura; (...)”
(CDPI, Cap. XXX, § 2º., l. 12 – 19, p. 91)
924
Curada – adj. part. f. sg.
“(...) nom vivamos ouciosamente, por tal que o paaço do ceeo nos seja aberto,
mas que usemos de jejuũs e de oraçoões e esmolas, porque, ainda que no
bautismo sejam perdoados todos os pecados, empero a fraqueza da carne nom é
soldada nem curada.”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, c, § 811, l. 7 – 13, p. 293)
925
Curado – adj. part. m. sg.
“(...) E por ti fazeres verdadeira peendença e guaançares perfecta graça de
perdom, grande avisamento se deve poer porque sejas derrador côrto e limpo, per
confissom, deo pecado, e que atuares, segundo o mandamento de Josué, em o
logar das tendas atees que sejas perfeitamente curado; a qual cousa se fará, se
tu comeres o pam de door e de peendença caladamente, arredado da companha,
tirando-te dos louvores e apareenças do mundo e das outras companhas e de
todo aazo de pecar.”
(LVC, Cap. XX, fl. 69, a, § 780, l. 3 – 15, p. 283)
926
Danificada – adj. part. f. sg.
184
“E veemdo el Rei [Dom Fernamdo] como esta soo çidade [Lixboa] era a melhor e
mais poderosa de sua terra, e que em ella principallmente estava a perda e
defenssom de seu reino, des i como fora danificada dos emmiigos per fogo e
outros malles que avia reçebidos, de que el tiinha gramde semtido, determinou em
sua voomtade de a çercar toda arredor, de boa e defemssavel çerca de guisa que
nehuum Rei lhe/podesse empreecer, salvo com gramde multidom de gente, e
fortes arteficios de guerra. (...)”
(CDF, Cap. LXXXVIII, § 2º., l. 14 – 20, p. 75; l. 1 – 2, p. 76)
927
Deificado – adj. part. m. sg.
“E em uũ stante foi estremado aquêle sangue, em o qual feito misto e consoldado,
foi o corpo [de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; e em aquel stante foi
comprido e perfeito homem em alma e em carne, segundo tôdalas medidas
organizadas do corpo; (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, b, § 206, l. 1 – 7, p. 79)
928
Demandados – adj. part. m. pl.
“Açerca do logar onde lavrarom [os homeens d´el Rei Dom Fernamdo], avia
praças de pam e vinho e d´outros mantiimentos, e alli faziam audiençia a todollos
que amdavom servimdo, que demandados/eram por quasequer cousas, por nom
seerem torvados da serventia. (...)”
(CDF, Cap. LXXXVIII, § 7º., l. 24 – 26, p. 77; l. 1 – 2, p. 78)
929
Denegada – adj. part. f. sg.
“(...)/
6
receberõ Eluira simoys por seror e esse dauãdito Moesteiro. E que esta do/
7
azõ deste herdamẽto que eu Simõ gunsaluiz dej e entregej a esse dauãdito Mo/
8
esteiro en todo tenpo firmiduuĩ haga e a duuida uena nẽ denegada/
9
nõ sega
rogej Johane menendiz publico Tabelliõ de sintra que fezesse esta/
10
carta desta
doazõ de suso dita Eu Johane menendiz publico Tabellper rogo/
11
das partes
esta carta per mha maóó fiz e meu sinal ela pusy que tal e/(...)”
(DPNRL, Documento 113, l. 6 11, p. 349; Maço 12, 224, Mosteiro de Chelas,
1272)
930
Desacompanhadas – adj. part. f. pl.
“Ca em treze dias que el Rey alli [em Cepta] depois esteue, numca as rruas eram
desacompanhadas daquellas gemtes de pouco/uallor, emtamto que nom podiam
os homeẽs passar liuremente que nom fossem empachados daquella multidam.
(...)”
185
(CTC, Cap. lxxxvij., § 1º., l. 32, p. 98 e l. 1 – 3, p. 99)
931
Desembargado – adj. part. m. sg.
“(...) E morrendo el Rei Dom Fernamdo sem leixamdo filho em esta maneira, ou se
o leixasse, faleçesse sem lidemos filhos ou netos descendentes, assi que a dereita
linha da erança fosse de todo destimta; que estomçe o Regno ficasse
desembargado da Iffamte Dona Beatriz, e que os naturaaes do Regno fezessem
todos menagem, que em tal caso ouvessem ella por sua Rainha e senhora. (...)”
(CDF, Cap. CLVIII, § 3º., l. 25 – 32, p. 122)
932
Despreçado – adj. part. m. sg.
“(...) a humildade perfeita deve seer ornamentada e acompanhada specialmente
de três virtudes, scil., de pobreza, fugindo as riquezas por esquivar o fundamento
e o criamento da soberva; e da virtude da paciência, seendo despreçado e
soportando o desprêço com igualeza de coraçom; e de obediência, em obedecer a
mandados de outrem. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, b, § 506, l. 10 – 18, p. 179)
933
Domado – adj. part, m. sg.
“Outro Sceua verão, que eSpedaçado
Não Sabe Ser rendido, nem domado.”
(LUS., Canto X, estrofe 30, vv. 7 – 8, p. 166)
934
Emfeitiçado – adj. part. m. sg. (<Enfeitiçado>)
“(...) Nem el [Fernam Vaasquez] nom avia por que lhe teer esto a mal, ca nom
quiriam perder tam boom Rei [Dom Fernamdo] como elle, por huuma maa molher
que o tiinha emfeitiçado.”
(CDF, Cap. LX, § 6º., l. 23 – 6, p. 45)
935
Empachados – adj. part. m. pl.
“Ca em treze dias que el Rey alli [em Cepta] depois esteue, numca as rruas eram
desacompanhadas daquellas gemtes de pouco/uallor, emtamto que nom podiam
os homeẽs passar liuremente que nom fossem empachados daquella multidam.
(...)”
(CTC, Cap. lxxxvij., § 1º., l. 32, p. 98 e l. 1 – 3, p. 99)
186
936
Emprazadas – adj. part. f. pl.
“Mandou [el Rei Dom Fernamdo] que todollos que tevessem herdades suas
proprias [terras] e emprazadas, ou per outro qualquer titulo, que fossem
constrangidos para as lavrar, e semear. (...)”
(CDF, Cap. LXXXIX, § 5º., l. 7 – 9, p. 81)
937
Emtesourado – adj. part. m. sg. (<Entesourado>)
“Dous gramdes malles reçebeo o reino por esta guerra que el Rei Dom Fernamdo
com el Rei Dom Henrrique começou, de que os poboos depois teverom gramde
sentido: o primeiro, gastamento em gramde cantidade d´ouro e prata que
antiigamente pellos Reis fora emtesourado, do qual por aazo della foi a Aragom
levada mui gram soma d´ouro, como já teemdes ouvido; (...)”
(CDF, Cap. LV, § 1º., l. 4 – 10, p. 37)
938
Emtesourado – adj. part. m. sg. (<Entesourado>)
“(...) por aazo da gram despesa da guerra começada assi per mar como per terra,
todo se gastava que nom ficava nenhuuma cousa pera deposito; e mais todo o
ouro e prata que el Rei achava emtesourado.”
(CDF, Cap. LV, § 3º., l. 17 – 20, p. 38)
939
Encarnado – adj. part. m. sg.
“(...) Na poomba foi o Spíritu Santo; mas o Spíritu Santo nom foi poomba nem foi
ela unida a el, porque nom foi o Spíritu Santo poombado, assi como dizemos que
foi o verbo encarnado; porque afora a natureza humanal, nunca outra natureza foi
unida a Deus, nem outra creatura; nem foi na poomba per graça, mas per
aparecimento e sinal; (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 72, c, § 818, l. 10 – 18, p. 297)
940
Encavalgados – adj. part. m. pl.
“(...) assi cavaleiros come escudeiros, todos bem armados, como aqueles que das
batalhas trespassadas aviam cobradas muitas boas armas de seus migos; mas
nom eram todos bem encavalgados, porque mais armas cobrarom que bestas, e
eram i tambem muitos homeẽs de pee, e muita beestaria.”
QCDJI, Cap. 12., § 1º., l. 3 – 9, p. 72)
187
941
Enfadada – adj. part. f. sg.
“Non sejades d´est[o] enfadada
se veer o que mi-á namorada,”
(LPGPI – 55,2. – p. 345 – vv. 21 – 22)
942
Enfeltrado – adj. part. m. sg. (<Infiltrado>)
“(...) mas pero muito trabalhasse, nunca se delle [Guineu] pôde desempachar; com
tal fôrça andava enfeltrado em seus cabellos, que nom parecia o trabalho
daquestes dous senom atrevimento de galgo ardido, pôsto na orelha dalguũ
poderoso touro.”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 7 – 12, p. 77)
943
Enforcada – adj. part. f. sg.
“Elle [el Rei Dom Pedro I] defendeo e mandou em Lixboa que nenhuma molher de
qualquer estado nom entrasse dentro no arravalde dos Mouros de dia nem de
noite, so pena de seer enforcada. (...)”
(CDPI, Cap. V, § 2º., l. 20 – 23, p. 73)
944
Enganado – adj. part. m. sg.
“Aquel que segue a Cristo nem pode errar nem seer enganado. E pera seguir e
guaançar as suas virtudes se acende e esforça o coraçom per meditaçom, del
ameúde usada, e é alumeado per virtude divinal, entanto que muitos forom sem
lêteras e símplezes, que conhocerom grandes e profundas II cousas de Deus,
porque/ali é achada untura que, purificando a alma pouco e pouco e alevantando-
a ensina-a de tôdalas cousas. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 5, d; 6, a, l. 1 – 11, p. 18 – 19)
945
Enlevada – adj. part. f. sg.
“E seendo nembrado de homrrar seus ossos, pois lhe já mais fazer nom podia,
mandou fazer [D. Pedro I] huum muimento d´alva pedra, todo mui sotillmente
obrado, poemdo enlevada sobre a campaã de çima a imagem della [D. Enês de
Castro] com coroa na cabeça, como se fora Rainha; e este muimento mandou
poer no moesteiro d´Alcobaça, nom aa emtrada hu jazem os Reis, mas demtro na
egreja há maão dereita, açerca da capella moor.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 3º., l. 12 – 20, p. 106)
946
Enramadas – adj. part. f. sg.
188
“(...) As portas das casas abertas ruas [da cidade do Porto] eram todas abertas e
enramadas de louros e outros frescos: deles que pendiam u compria, outros
tecidos tam espessamente que nom leixavom logar que todo nom/fôsse coberto.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 18 – 22, p. 66; l. 1, p. 67)
947
Enramados – adj. part. m. pl.
“(...) Os batées delas [naos] andavom todos enramados, com trombetas e
pendões d´avante e de ree, fornidos de homeẽs que os bem remavom, deles em
camisas com sombreiros de rosas, outros de livrees de ramos e flores, segundo se
cada s melhor correger podiam.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 4 – 10, p. 66)
948
Escurentada – adj. part. f. sg.
“(...) E porque, por o pecado dos primeiros parentes, a nossa virtude iracível foi
feita fraca e a virtude racional foi escurentada, e a virtude concupicível perdeu a
pronteza que ante havia, outorga-me, Senhor, o Spíritu Santo defendedor contra
as perseguiçoões e alumeador contra os errores e acendedor contra a cobiiça, por
tal que em tôdas cousas eu possa fazer-te a voontade e guardar-me de ofender-te
ou anojar. Amém.”
(LVC, Cap. XXVII, fl. 89, c, § 1.000, l. 8 – 18, p. 365)
949
Esposado – adj. part. m. sg.
“Outro gramde estoriador, que mais largo razohou que este [Fernão Lopes], diz
em huum livro que el Rei Dom Fernamdo, depois que foi esposado com esta
Iffamte d´Aragom [Dona Lionor d´Aragom], mandou ella duas galees, huma dellas
muito bem corregida, em que ela avia de viinr, com outras naaos e galles que el
Rei seu padre avia de mandar em sua companha, (...)”
(CDF, Cap. XLVII, § 3o., l. 8 – 13, p. 30)
950
Esposado – adj. part. m. sg
“(…) seu filho [D. Duarte], que fora esposado com a Iffamte [D. Beatriz, filha de D.
Fernamdo] quamdo o padre vehera a Portugal, pelo que nome era de hidade mais
que ataa sete anos.”
(CDF, Cap. CLXII, § 6º., l. 1 – 4, p. 129)
951
Estoruado – adj. part. m. sg. (<Estorvado>)
“(...) este feito ataa o poer em fim, nom me falleçemdo alguũa daquellas cousas
189
per que rrazoadamente deua seer estoruado.”
(CTC, Cap. xiiij., § 1º., l. 4 – 6, p. 41)
952
Estremado – adj. part. m. sg.
“E em uũ stante foi estremado aquêle sangue, em o qual feito misto e
consoldado, foi o corpo [de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; e em
aquel stante foi comprido e perfeito homem em alma e em carne, segundo tôdalas
medidas organizadas do corpo; (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, b, § 206, l. 1 – 7, p. 79)
953
Exalçada – adj. part. f. sg.
“Mas a bem-aventurada Virgem Maria além de dolos homeẽs ou molheres era
louvada e exalçada per a messajaria do ângeo. (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, a, § 202, l. 1 – 4, p. 79)
954
Filhada – adj. part. f. sg.
“(...) e estamdo em esta duuida quis Deos que sobrechegou hi Joaham Affomso
ueedor da fazemda, e fallaunos em huũa çidade que he em Africa que chamam
Cepta mostram – donos como era mui aazada pera seer filhada.”
(CTC, Cap. xix., § 1º., 1 – 5, p. 45)
955
Filhados – adj. part. m. pl.
“El Rei [D. Pedro I], como os vio,/tomou gram prazer por serem filhados, e
começou-hos de preguntar como fora aquello; (...)”
(CDPI, Cap. VI, § 3º., l. 30, p. 78; l. 1 – 2, p. 79)
956
Finado – adj. part. m. sg.
“(...) o meestre d´Avis Dom Martim do Avellal era finado, e que elles nom tiinham
meestre que os ouvesse de reger como compria a serviço de Deos, (...)”
(CDPI, Cap. XLIII, § 1º., l. 7 – 9, p. 103)
957
Finados – adj. part. m. pl.
“Estas e outras razoões emmiigas da verdade leixamos d´escrepver por nom
alomgar, as quaaes melhor fora nom seerem finados maa fama por sempre.”
190
(CDF, Cap. XLVII, § 4º., l. 9 – 12, p. 31)
958
Firmados – adj. part. m. pl.
“Estes e outros capitollos que dizer nom curamos, forom firmados neste
casamento, quamdo se trautou amtre el Rei de Castella e a Iffamte Dona Beatriz,
segumdo emtom largamente forom publicados.”
(CDF, Cap. CLVIII, § 10º., l. 16 – 19, p. 125)
959
Fundada – adj. part. f. sg.
“Nos braços tendo o filho, confiada
Lhe diz, amado filho; em cuja mão
Toda minha potencia etSà fundada:”
(LUS., Canto IX, estrofe 37, vv. 2 – 4, p. 151)
960
Fundado – adj. part. m. sg.
“Este passaro esperitualmente demostra a rrazõ/e o bõõ entẽdimento do homẽ
que he fundado/en vertudes e de fe e d´asperãça e de caridade. (...)”
(LA, XXIII, vv. 23 – 215, p. 42)
961
Gaançada – adj. part. f. sg.
“(…) u podees vós moor service fazer e que melhor renembrança fique de vós que
na terra que foi gaançada per os nobres Reis d´u vós descendees e donde soes
natural, moormente com gentes que tanto de coraçom e de voontade vos
oferecem sua ajuda e serviço?”
(QCDJI, Cap. 6., § 1º., l. 10 – 15, p. 34)
962
Gouernado – adj. part. m. sg. (<Governado>)
“(...)/
4
E avendo per çerta formaçom per suficiente Inquisicom que sobrello
mandamos filhar. da pessoa de vaasco martjz cõigo Reglante da dicta ordem de
sancto/
5
agostinho. E professo ella. A quall profissom fez Nossas maaos.
segundo de dereíto deuja. E como ell he mujto prouído e dilligente. asy que o/
6
dicto Moesteiro sera per ell bem Regído e gouernado No spirituall E temporall.
(...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 4 6, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
191
963
Guardada – adj. part. f. sg.
“Tragen-me mal e sõo guardada,
e pouc[o] á que foy mal julgada
por vós, amigo.
(LPGPI – 11,8. – p. 112 – vv. 7 – 9)
964
Guardada – adj. part. f. sg.
“mays dig´a sseu marido
que a non guarde de min já,
ca será hi falido,
se mh-a tever guardada.”
(LPGPI – 12,2. – p. 115 – vv. 21 – 24)
965
Guardado – adj. part. m. sg.
“(...) e a cortaõ quaõ cõprida/a aruore [Jaracataia] quer e assi serue de caixa
dos/naturais p
a
ter ali as frechas e o mais/tapaõ nas pollas bocas e assi esta
guardado
(CNB – MC – p. 161 – l. 1726 – 1729)
966
Hanrricado – adj. part. m. sg.
“E quando el-rei Dom Fernamdo chegou a terra antre os seus, disse com geesto
ledo comtra elles:
– Quamto eu hanrricado venho!”
(CDF, Cap. LXXXIII, § 14º. – 15º., l. 5 - , p. 70)
967
Ilucidada – adj. part. f. sg.
“(...) a divina sapiência, como já é dito, per ela é ilustrada, ilucidada e alumeada.”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 2, a, § 3, l. 11 – 13, p. 3)
968
Ilustrada – adj. part. f. sg.
“(...) a divina sapiência, como já é dito, per ela é ilustrada, ilucidada e alumeada.”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 2, a, § 3, l. 11 – 13, p. 3)
969
Inchado – adj. part. m. sg.
192
“Nona perderá se ouver bom vogado
pois el pode per enquisas por
como lha viron criar e trager
en cas as madr´u foi el criado;
e provará per maestre Reinel
que lha guardou ben dez meses d´aquel
cerro, ou ben doze, que trag´ inchado.”
(LPGPI – 25,42. – p. 196 – vv. 15 – 21)
970
Inchados – adj. part. m. pl.
Inchados – adj. part. m. pl.
“Deitaron-vos comigo os meus pecados;
cuidades de mi preitos tan desguisados,
cuidades dos colhões, que tragu´inchados,
ca o son con foder e con maloutia.”
(LPGPI – 79,33. – p. 539 – vv. 19 – 22)
971
“(...) outros [homes] se fartavom d´ervas e beviam tanta agua, que achavom
mortos homeẽs e cachopos jazer inchados nas praças e em outros logares.”
(QCDJI, Cap. 9., § 1º., l. 20 – 23, p. 52)
972
Inclinados – adj.m. pl.
“Onde rezidem os nosos em suas aldeas commum
te
tem missa cantada em canto
de orgaõ os quais saõ mui inclinados a cantar ha nossos”
(CNB – MM – p. 9 – l. 131 – 132)
973
Inclinados – adj.m. pl.
“5 Saõ inclinados a guerrear cõ seus cõtrarios donde vem q´quando mataõ
algũ/os velhos e uelhas per modo de vingança se aiuntaõ como 1200. a comer/hũ
por festa e m
tos
ha q´numqua comeraõ carne humana se algũ tocou/foi tam pouca
q´se pode ter por nada (...)”
(CNB – MM – p. 13 – l. 247 – 250)
974
Informado – adj. part. m. sg.
“Eu Sou bem informado, que a embaxada
193
Que de teu Rei me deste, que he fingida:
Porque nem tu tẽs Rei, nem patria amada,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 61, vv. 1 – 3, p. 138)
975
Invernada – adj. part. f. sg.
“E quen vos pois vir la saia molhada,
ben lheu terrá que é con escasseza,
e em vós ouve sempre gran largueza;
e pois aqui vee-la invernada,”
(LPGPI – 64,10. – p. 415 – vv. 8 – 11)
976
Irado – adj. part. m. sg.
irado-los-á el-Rei.
(LPGPI – 49,3. – p. 332 – v. 3)
977
Isopados – adj. part. m. pl.
“salvo os traedores, pois ben isopados ficam!”
(LPGPI – 16,1. – p. 131 – v. 26)
978
Julgada – adj. part. f. sg.
“Tragen-me mal e sõo guardada,
e pouc[o] á que foy mal julgada
por vós, amigo.
(LPGPI – 11,8. – p. 112 – vv. 7 – 9)
979
Jullgadas – adj. part. f. pl. (<Julgadas>)
“E mandou el Rei [Dom Fernamdo] que as suas naaos, que eram doze, entrassem
em esta companhia, e que nom fossem de mayor comdiçom que os outros navios
de seu senhorio; mas, que nos fretamentos e mareamtes, e nos aparelhos, e em
todallas outras cousas, fossem jullgadas come se todas fossem de pessoa
dhuuma comdiçom. (...)”
(CDF, Cap. XCI, § 6º., l. 20 – 25, p. 93)
980
Justificada – adj. part. f. sg.
“(...) A graça de Deus, pera a qual tôda a universidade dos santos foi justificada,
194
é feita per a nacença de Cristo, mas nom começada. (...)”
(LVC, Cap. II, fl. 9, a, § 88, l. 27 – 30, p. 39)
981
Juygada – adj. part. f. sg. (<Julgada>)
“(...)/
16
ouue de seer feyto atees a festa de Paschua primeyra uííduyra. é éu J
iohanes Juyz daGiar/
17
a prazer das partes dey ista auẽẽça pur Juygada. Isto foy
feyto en mouriz na eyra de Martĩ/(...)”
(DPNRL, Documento 10, l. 16 17, p. 120; Maço 2, 11, Mosteiro de S. Pedro De
Cete, 1273.)
982
Lauradas – adj. part. f. pl. (<Lavradas>)
“As portas douro fino, &marchetadas
Do rico aljofar que nas conchas nace,
De esculptura fermoSa estão lauradas,”
(LUS., Canto VI, estrofe 10, vv. 1 – 3, p. 98)
983
Laurado – adj. part. m. sg. (<Lavrado>)
“(...) /
14
u lagar e tem u [alpendre] çarado sobre sy Item tem hũũa orta e hũũa
laramJeira com quatro figeiras/
15
e tem dez vueiras pequenas e hũũa nogueira e
hũũa cerdeira e semdo laurado levara u quarto/
16
de çemteo de semeadura
Item na agra de telo hũũa leira e core de cabo a cabo comtra o monte per/
17
valo e
do naçemte parte com tera de talgide e comtra o sull faz hũũa çhave pera baixo e
tem quatro/
18
pees duveiras na Riba comtra o norte e levara de semeadura dous
alqueires de çemteo nam tem/
19
augoa Item o campo que se chama sobbelho
sobre si e tem hũũa vueira e de fora u castinheiro nam/
20
tem augoa he maa
tera levara meo alqueire de çemteo de semeadura(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 14 20, p. 312; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
984
Lavadas – adj. part. f. pl.
“(...) Onde Bernardo: ´Consentiu Joane e obedeceu; bautizou o Cordeiro de Deus
e lavou-o nas águas. Nós fomos lavados, e nom êle, porque pera nós, que éramos
lavadoiros, foram lavadas as águas. (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, b, § 808, l. 10 – 14, p. 291)
985
Lavados – adj. part. m. pl.
195
“(...) Onde Bernardo: ´Consentiu Joane e obedeceu; bautizou o Cordeiro de Deus
e lavou-o nas águas. Nós fomos lavados, e nom êle, porque pera nós, que
éramos lavadoiros, foram lavadas as águas. (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, b, § 808, l. 10 – 14, p. 291)
986
Lavradas – adj. part. f. pl.
“Ai Deus! se me quisess´ alguen dizer
por que tragen estas cintas sirgadas
muit´anchas, come molheres prenhadas:
se cuidan eles per i gaanhar
ben das con que nunca saben falar,
ergo nas terras se son ben lavradas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 7 – 12)
987
Lavradas – adj. part. f. pl.
Como el Rei Dom Fernamdo hordenou
que as terras de seu reino fossem
todas lavradas e aproveitadas”
(CDF, Cap. LXXXIX, título, p. 79)
988
Lazeradas – adj. part. f. pl.
“Andam ant´el chorando mil vegadas
por muito mal que am com el levado,
[e] el come ome desmesurado
contra elas que andam mui coitadas,
nom cata rem do que catar devia;
e poi-las [el] tem sigo noit´e dia,
seu mal é traje-las mal lazeradas.”
(LPGPI – 25,66. – p. 208 – vv. 8 – 14)
989
Lazerado – adj. part. m. sg.
“Pero da Pont´á feito gran pecado
de seus cantares, que el foi furtar
a Coton, que, quanto el lazerado
ouve gran tempo, el xos quer lograr,
e doutros muitos que non sei contar,
por que oj´anda vistido e onrado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 1 – 6)
196
990
Legado – adj. part. m. sg.
“... viu tal filho seu seer prêso, legado e abofetado...”
(Vita Christi, fl. 188, apud DLPA, p. 39, verb. Legado)
991
Leixados – adj. part. m. pl. (m. q. <Deixados>)
“Os d´Aragon, que soen donear,
e Catalães con eles a perfia,
leixados son por donas a lidar,”
(LPGPI – 24,1. – p. 174 – vv. 1 – 3)
992
Leterad´ – adj. part. m. sg. (<Leterado> <Letrado>)
“sem leterad´ ou trobador seer,
non pod´omen departir este ´grave´.”
(LPGPI – 79,34. – p. 539 – vv. 6 – 7)
993
Leterado – adj. part. m. sg.
“Joan Fernández, creed´est´a mi[n],
que soo ome [mui] ben leterado.”
(LPGPI – 79,26. – p. 536 – vv. 11 – 12)
994
Leterados – adj. part. m. pl. (<m. q. letrados)
“Ca o mestre entende já,
se decaer, que lh´é cajon
antr´os que leterados son,”
(LPGPI – 30,15. – p. 253 – vv. 15 – 17)
995
Leterados – adj. part. m. pl. (<m. q. letrados)
“... nom haviam fremosura de falar e neom eram ensinados nem leterados...”
(Vita Christi, fl. 150c, apud DLPA, p. 400, verb. Leterado)
996
Letrados – adj. part. m. pl.
197
“(...) Em aqueste livro mais me trabalho eu/de prezer aos rudes ca de/dar e
d´acrecentar sabença aaqueles que letra-/dos e doctores son e de deytar de
aguas de/sabença e de grandes entẽdimentos. (...)”
(LA, I, VV. 2 – 6, p. 19)
997
Levada – adj. part. f. sg.
“E por levá-la quitaçon dobrada
se [me] queixou; e catei u jazia
no padron, e achei que avia
de todo ben sa quitaçon levada;
poren fazl mal, que non pode peor;
mais tant´ á el de quitaçon sabor,
que a nega, pero xá leva dobrada.”
(LPGPI – 18,6. – p. 142 – vv. 15 – 21)
998
Levado – adj. part. m. sg.
“Que ouvi, d´ela, poi-la vi, levado,
per que viv´eu, amigos, na mayor
coita do mundo, ca, mao pecado,”
(LPGPI – 9,7. – p. 104 – vv. 8 – 10)
999
Levado – adj. part. m. sg.
“Por quanto, mal a levado,
amiga, razom farei
de lhi dar end´algum grado;”
(LPGPI – 25,20. – p. 185 – vv. 13 – 15)
1000
Levantados – adj. part. m. pl.
“(...) Cousa revessada é e fea vaso de lôdo, que é o corpo, fecto de terra, teer
os olhos levantados acima e parar mentes ao ceeo, e a criatura espiritual e
celestial, que é a alma, poer os seus olhos per o contrairo, scil., os sentidos de
dentro e os desejos nas cousas de baixo terreaaes.”
LVC, Cap. XIX, fl. 63, a, § 720, l. 15 – 21, p. 259)
1001
Liado – adj. part. m. sg. (<Ligado>)
198
“... por razom do pecado mortal com que é liado o venial”
(Vita Christi, fl. 104c, apud DLPA, p. 402, verb. Liado)
1002
Loado – adj. part. m. sg. (<Louvado>)
“Paai Rangel e outros dous romeus
de gran ventura, non vistes maior,
guarecerán ora; loado a Deus,”
(LPGPI – 2,17. – p. 79 – vv. 1 – 3)
1003
Loado – adj. part. m. sg. (<Louvado>)
“Senhor, pois me nom queredes
fazer bem, nem o teedes
por guisado,
Deus seja loado;”
(LPGPI – 25,120. – p. 233 – vv. 1 – 4)
1004
Loado – adj. part. m. sg. (<Louvado>)
“E pois en al és mans´e mesurado,
non entences: se quer serás loado
non en que tu és partido de bravura.”
(LPGPI – 30,28. – p. 260 – vv. 22 – 24)
1005
Lobado – adj. part. m. sg.
“e fez-mi tal [n]o rocin
que semelhava lobado.”
(LPGPI – 60,7. – p. 364 – vv. 20 – 21)
1006
Louvada – adj. part. f. sg.
“Mas a bem-aventurada Virgem Maria além de dolos homes ou molheres era
louvada e exalçada per a messajaria do ângeo. (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, a, § 202, l. 1 – 4, p. 79)
1007
Louvado – adj. part. m. sg.
“(...) e foi recebido e louvado do velho Simeom por demostrar que se pagava da
199
graveza da vida e da madureza dos costumes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, § 491, l. 6 – 9, p. 175)
1008
Macados – adj. part. m. pl.
“tomarão As peras ou codornos q sejão/muyto maduros se pouq
o
sobre
ho/verde s nehuã comedura de bicho/n sejão apedrados n macados se
nã/mujto lisos e muyto sãos porq fiqu/Fermosos (...)”
(TCP – p. 93 – l. 895 – 900)
1009
Mandada – adj. part. f. sg.
“Atal besta como m´el á mandada
non foy home que lhe vis[s]se as semelhas:
nen ten rostro, nen olhos, nen orelhas,
nen he gorda, nen magra, nen delgada,
nen he ferrada, nen é por ferrar,”
(LPGPI – 38,3
bis.
– p. 277 – vv. 8 – 12)
1010
Mandada – adj. part. f. sg.
“Atal besta mh-á mandada este infante!”
(LPGPI – 38,3
bis.
– p. 277 – v. 15)
1011
Mandados – adj. part. m. pl.
“(...) e algũs/destes principais foraõ mandados a este Rejno/e elRej lhes fez me e
os fauoreçeo e fogou de os [ver”
(CNB – MC – p. 63 – l. 429 – 431)
1012
Maravilhada – adj. part. f. sg.
“por vos veer, amigo, vivo tam coitada,
e vós por mi veer, que oi mais nom é nada
a vida que fazemos; e maravilhada
sõo de como vivo”
(LPGPI – 25,22. – p. 186 – vv. 7 – 10)
1013
Maravilhado – adj. part. m. sg.
200
“De Joan Bol´and´eu maravilhado
u foi sen siso, d´ome tan pastor
e led´e ligeiro cavalgador
que tragia rocin bel´ e loução,
e disse-m´ora aqui un seu vilão
que o avia por mua cambiado.”
(LPGPI – 25,26. – p. 188 – vv. 1 – 6)
1014
Maravilhado – adj. part. m. sg.
“Dũa donzela ensanhada
soo eu maravilhado
de como foi razoada”
(LPGPI – 47,9. – p. 317 – vv. 6 – 7)
1015
Memfestado – adj. part. m. sg. (<Manifestado>)
“(...) E semtimdo sua morte muito açerqua, seemdo já memfestado, [Dom
Fernamdo] requerio que/lhe dessem ho sacramento; e quamdo lhe foi
apresemtado, e contarom os artiigoos da fé, como he costume, (...)”
(CDF, Cap. CLXXII, § 2º., l. 16 – 17, p. 135; l. 1 – 2, p. 136)
1016
Menguad´ – adj. part. m. sg. (<Menguado>)
“Álvar [Rodríguiz] vej´eu agravar
por que se sent´aqui menguad´ andar”
(LPGPI – 30,2. – p. 247 – vv. 1 – 2)
1017
Mesurada – adj. part. f. sg.
“Preguntar-vos quero por Deus,
senhor fremosa, que vos fez
mesurada e de bom prez,”
(LPGPI – 25,85. – p. 216 – vv. 1 – 3)
1018
Mesurado – adj. part. m. sg.
“Sen esto, fostes cousido sempre e muit´e mesurado,
de todas cousas comprido e apost´e ben talhado,
e [e]nos feitos ardido e mui aventurado.”
(LPGPI – 18,14. – p. 146 – vv. 16 – 18)
201
1019
Mesurado – adj. part. m. sg.
“El Rei Dom Hemrrique era muito mesurado, e de boa condiçom, e preguntou aos
do consselho se por el fallar primeiro a el Rei de Portugal, se per hi perdia sua
homrra, se a tinha; e elles disserom que a nom perdia, mas que o nom devia fazer,
por o que dito era.”
(CDF, Cap. LXXXIII, § 4º., l. 16 – 20, p. 68)
1020
Minguado – adj. part. m. sg.
“em vós, amiga, quand´ante vós vem,
se xi nom fôr mui minguado de sem,
entender póde mui bem d´el que nom”
(LPGPI – 25,69. – p. 209 – vv. 8 – 10)
1021
Mizcrado – adj. part. m. sg.
“seer o mundo assi como é mizcrado
e ar torna-ss´o mouro pelegrin.”
(LPGPI – 79,26. – p. 536 – vv. 9 – 10)
1022
Namorada – adj. part. f. sg. (m.q. <Enamorada)
“é já a lei namorada;
e porque tudo s´enfria,”
(RA, in OCGV – vol. V, p. 3 – vv. 18– 19)
1023
Namoradas – adj. part. f. pl. (m.q. <Enamoradas
“Encobrir non vo-lhas vejo fazer,
cõnas pontas dos mantos trastornadas,
en que semelhan os bois das ferradas,
quando as moscas los ve coitar;
nen se cuidan per i d´enganar
que sejan deles poren namoradas
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 13 – 18)
1024
Namorado – adj. part. m. sg. (m.q. <Enamorado>)
202
“O que vistes que dizia
que andava namorado,
pois que non veo o dia
que lh´eu avia mandado,
nunca mi por el roguedes,
ai donas, fé que devedes.”
(LPGPI – 2,20. – p. 81 – vv. 13 – 18)
1025
Namorado – adj. part. m. sg. (m.q. <Enamorado>)
“– Que adoubastes, amigo, lá u avedes tardado
ou qual é essa fremosa de que sodes namorado?
– Direi-vo-lo eu, senhora, poys me avedes preguntado:
o amor que eu levei de [Santiago a Lugo,
esse me aduss´e esse mh-adugo].”
(LPGPI – 38,6. – p. 279 – vv. 11 – 14)
1026
Negada – adj. part. f. sg.
“Joan Bolo jouv´en ũa pousada
ben des ogano que da era passou
con medo do meirinho que lh´achou
ũa mua que tragia negada
(LPGPI – 25,42. – p. 196 – vv. 1 – 4)
1027
Negado – adj. part. m. sg.
“e de com´é mia fazend´apostada
vós, Don Estêvan, sodes en ben fiz
que nunca foi de mia talha negado,
mais sabudo e certo, apregoado
quant´ei na terra, móvil e raiz.”
(LPGPI – 30,35. – p. 264 – vv. 32 – 36)
1028
Oitauados – adj. part. m. pl. (<Oitavados>)
“tomarão muj
to
bõos marmelos e bicudos/e cõprjdos e lisos e gramdes barbaros/se
qujser e falosão quartos e apara/losão oitauados / (...)”
(TCP – p. 115 – l. 1191 – 1194)
203
1029
Onrada – adj. part. f. sg. (<Honrada>)
“Se vus prouguer, devedes
oj´ a mia barba a onrar,
que sempr´onrada sol andar.”
(LPGPI – 13,1. – p. 117 – vv. 6 – 8)
1030
Onrado – adj. part. m. sg. (<Honrado>)
“Pero da Pont´á feito gran pecado
de seus cantares, que el foi furtar
a Coton, que, quanto el lazerado
ouve gran tempo, el xos quer lograr,
e doutros muitos que non sei contar,
por que oj´anda vistido e onrado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 1 – 6)
1031
Ordenadas – adj. part. f. sg.
“A razom por que esta virtude, he necessaria nos sobditos, he por comprirem as
leis do principe que sempre devem de seer ordenadas pera todo bem e quem
taaes leis comprir sempre bem obrará, ca as leis som regra do que os sogeitos am
de fazer, e som chamadas prinçipe nom animado, e o Rei he prinçipe animado,
por que ellas representam com vozes mortas, o que o Rei diz per sua voz viva; e
porem a justiça he muito necessária, assi no poboo como no Rei, por que sem ella
nenhuma çidade nem Reino pode estar em assessego.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 15 – 25, p. 61)
1032
Ordinhado – adj. part. m. sg.
“E por [que] esto, per que ant´el vivia,
lh´é defeso, des que foi ordinhado,
ôi-mais se ten el por desasperado”
(LPGPI – 30,18. – p. 254 – vv. 8 – 10)
1033
Ornamentada – adj. part. f. sg.
“(...) a humildade perfeita deve seer ornamentada e acompanhada specialmente
de três virtudes, scil., de pobreza, fugindo as riquezas por esquivar o fundamento
e o criamento da soberva; e da virtude da paciência, seendo despreçado e
soportando o desprêço com igualeza de coraçom; e de obediência, em obedecer a
mandados de outrem. (...)”
204
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, b, § 506, l. 10 – 18, p. 179)
1034
Osmado – adj. part. m. sg.
“O ouç´eu dizer hũu verv´aguys[a]do:
que bem e mal sempre na face [v]em;
e verdad´é, per com´end´a my avem
d´hũa dona, hu tod´est´ey osmado,”
(LPGPI - 33,7. – pp. 269 – 270 – vv. 1 – 4)
1035
Ousado – adj. part. m. sg.
“fora da vila, pero o provasse,
se x´el non for será tan ousado.”
(LPGPI – 25,26. – p. 188 – vv. 11 – 12)
1036
Ousados – adj. part. m. pl.
“nas casas criam e ousados cõtra nẽ-/gua outra ave que mansa seja.
(...)”
(LA, XVI, vv. 1 – 2, p. 32)
1037
Oussado – adj. part. m. sg. (<Ousado>)
“(...) /
8
sentẽça que dera ãtre o dito Alcayde e essas donas. e o dito. porteyro/
9
pos
couto. del Rey éesse erdamẽto. que nenhúú nõ ffose oussado/(...)”
(DPNRL, Documento 139, l. 8 9, p. 386; Maço 14, 266, Mosteiro de Chelas,
1298)
1038
Outorgadas – adj. f. pl.
“Firmadas as pazes, como avees ouvido, foi hordenado que os Reis [D. Hemrrique
de Castella e Dom Frenamdo de Portugal] se vissem no rio do Tejo em batees, por
fallarem alguumas cousas, e firmarem outra vez suas aveemças, segumdo per
elles eram outorgadas.”
(CDF, Cap. LXXXIII, § 1º., l. 4 – 7, p. 68)
1039
Outorgad´ – adj. part. m. sg. (<Outorgado>)
outorgad´ ora, senhor, que vos praz:
205
se mal dizer no vosso cantar jaz,”
(LPGPI – 30,31. – pp. 261 – 262 – vv. 19 – 20)
1040
Ovado – adj. part. m. sg.
“O interior desta capela não é ovado
como o exterior, tem um repartimento
pelo meio”
(Itinerário, cap. 25, p. 131, apud DLPA, p. 508, verb. Ovado)
1041
Pagada – adj. part. f. sg.
“´Bailarei eu, madre, d´aquesta vegada,
mai[s pero] entendo de vós ũa ren:
de viver al, pouco sodes mui pagada,
pois [me vós mandades que baile ant´el ben]´.
(LPGPI – 14,4. – p. 121 – vv. 15 – 18)
1042
Pagadas – adj. part. f. pl.
“De grado queria ora saber
destes que tragen saias encordadas,
en que s´apertam mui poucas vegadas:
se o fazen pólos ventres mostrar,
por que se devan deles a pagar
sas senhores, que non te pagadas.”
(LPGPI – 18,8. – p. 143 – vv. 1 – 6)
1043
Pagado – adj. part. m. sg.
“Nen de lançar a tavolado
pagado
non sõo, se Deus m´ampar,
aqui, nen de bafordar;
e andar de noute armado,
sem grado
o faço, e a roldar;”
(LPGPI – 18,26. – p. 152 – vv. 27 – 33)
1044
Parada – adj. part. f. sg.
“e mais valria já pera queimar
206
que de jazer, como jaz, mal parada.”
(LPGPI – 30,14. – p. 253 – vv. 17 – 18)
1045
Parada – adj. part. f. sg.
“[mu]yto alti ameudi derredo[r das/cozinhas e] dos açougues pera prear algũ..../.....
rua se a lançarẽ f[or]a ou se a/...... [mal parada ..... emos]”
(LA, XVI, vv. 20 – 23, p. 33)
1046
Parado – adj. part. m. sg.
“poren non queiras seer enganado
en tal razon, mais sei sempr´acordado
de seeres parado de loucura.”
(LPGPI – 30,28. – p. 260 – vv. 22 – 24)
1047
PaS
SS
SS
SS
Sada – adj. part. f. sg. (<Passada>)
“PaSSado ja algum tempo, que paS
SS
SS
SS
Sada
Era esta grão victoria, o Rei Subido
A tomar vay Leiria, que tomada
Fora muy pouco auia, do vencido:”
(LUS., Canto III, estrofe 55, vv. 1 – 4, p. 47)
1048
Pegado – adj. part. m. sg.
“(...) outras aves, e peixes, que achei que em aquella terra [Guinee], das quais
som primeiramente hũas aves que se chamam framengos, que som da grandeza
das garças, iguais na longura dos pescoços, empero de pouca pena, e as cabeças
razoadas em comparaçom dos corpos, mas os bicos som grossos, empero curtos,
e tam pesados que o pescoço o nom pode bem soportar, de guisa que por sua
ajuda sempre o bico teem pegado a as pernas, ou a as penas os demais do
tempo.”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 3 – 13, p. 69)
1049
Pendurado – adj. part. m. sg.
“E digo de salto, porque o Stevam Affonso era de pequeno corpo, e delgado; o
que o Guineu era muito pello contrairo; e assi lhe/travou rijo pellos cabellos, que
quando se o Guineu quis endereitar, ficou Stevam Affonso pendurado com os
pees de fora do chaão.”
207
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 26 – 28, p. 76; l. 1 – 3, p. 77)
1050
Pensado – adj. part. m. sg.
“que coita que Deus fezesse
nem outro mal aficado
nom fez tal, nem é pensado
d´omem que lhi par pozesse.”
(LPGPI – 25,17. – p. 210 – vv. 18 – 21)
1051
Pensado – adj. part. m. sg.
“Fiiz non se quer guardar
[e] nen sol non é pensado;”
(LPGPI – 61,1. – p. 370 – vv. 8 – 9)
1052
Pensado – adj. part. m. sg.
“mais diss´o mouro: – Sol non é pensado
que vós paguedes ren do meu aver,”
(LPGPI – 64,28. – p. 425 – vv. 18 – 19)
1053
Perdoados – adj. part. m. pl.
“(...) nom vivamos ouciosamente, por tal que o paaço do ceeo nos seja aberto,
mas que usemos de jejuũs e de oraçoões e esmolas, porque, ainda que no
bautismo sejam perdoados todos os pecados, empero a fraqueza da carne nom é
soldada nem curada.”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, c, § 811, l. 7 – 13, p. 293)
1054
Perguntado – adj. part. m. sg.
“O corpo morto manda Ser trazido
Que reSucite, &Seja perguntado,
Quem foy Seu matador, Serâ crido
Por teStemunho o Seu mais aprouado:”
(LUS., Canto X, estrofe 115, vv. 1 – 4, p. 180)
1055
Pizada – adj. part. f. sg.
208
“Moese esta Rais [Sipo ou piguaja] como pimta e pona /hũ copo pona ao
sereno onde lhe naõ de/orualho n agoa e polla menhã como purga/ se da algũs
tomaõ na logo a q´lq´r hora botaõ/na pizada em hũ pucaro nouo a coaõ e
esprem/daq´le bagaço a q´l rais ter mejo real de prata de pezo, (...)”
(CNB – MC – p. 145 – l. 1507 – 1513)
1056
Poombado – adj. part. m. sg. (<Pombado>)
“(...) Na poomba foi o Spíritu Santo; mas o Spíritu Santo nom foi poombado nem
foi ela unida a el, porque nom foi o Spíritu Santo poombado, assi como dizemos
que foi o verbo encarnado; porque afora a natureza humanal, nunca outra
natureza foi unida a Deus, nem outra creatura; nem foi na poomba per graça, mas
per aparecimento e sinal; (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 72, c, § 818, l. 10 – 18, p. 297
1057
Pouoada – adj. part. f. sg. (<Povoada>)
“(...) tem o brasil de costa q´seia pouoada alguas 380 legoas com/ m
tos
Rios
barras e bajas mui fermosas e alguãs q´naõ saõ pouoadas saõ por auer pouca
gente de portuguezes e ocupados cõ gentios cõ os quais tem guerras”
(CNB – p. 3 – l. 19-21)
1058
Pouoada – adj. part. f. sg. (<Povoada>)
“b
a
porto seguro/foi pouoada por P
o
do Campo tourinho de vila/de conde (...)”
(CNB – MC – p. 33 – l. 40 – 42)
1059
Pouoadas – adj. part. f. pl. (<Povoadas>)
“(...) tem o brasil de costa q´seia pouoada alguas 380 legoas com/ m
tos
Rios barras
e bajas mui fermosas e alguãs q´naõ saõ pouoadas saõ por auer pouca gente de
portuguezes e ocupados cõ gentios cõ os quais tem guerras”
(CNB – p. 3 – l. 19-21)
1060
Pouoado – adj. part. m. sg. (<Povoado>)
“Foi o brasil descuberto o anno de 1500. per Pero Cabral portuguezes e pouoado
per Martim A
o
de sousa o anno de 1540.”
(CNB – MM – p.3 – l. 16-17)
209
1061
Pouoado – adj. part. m. sg. (<Povoado>)
“(...) tinhaõ o Rjo de Jan
ro
os frã/cezes pouoado e diz q´esperauaõ depois de isto
b forte como ja tinhaõ ir esperar as/Naos da Jndia (...)”
(CNB – MC – p. 47 – l. 208 – 211)
1062
Pouoados – adj. part. m. pl. (Povoados>)
“Ha m
tas
bajas e portos q´naõ estão inda po/uoados e t m
to
peixe e cobras e
lagartos”
(CNB – MC – p. 83 – l. 673 – 674)
1063
Prasmado – adj. part. m. sg. (m. q.<Plasmado>)
“(...) aimda aos estramgeiros, a estes assiinadamente mostrava el Rei [Dom
Fernamdo] gramdes gasalhados, e partia com elles muito graadamente, em tanto
que era prasmado dos de sua terra, e lho diziam per vezes no consselho; (...)”
(CDF, Cap. XXVII, § 1º., l. 12 – 16, p. 25)
1064
Priuada – adj. part. f. sg. (<Privada>)
“Ao duro golpe eStà, de Maura eSpada,
E Se não for contigo Socorrido,
Verme as delle do Reino Ser priuada.”
(LUS., Canto III, estrofe 104, vv. 4 – 6, p. 55)
1065
Privado – adj. part. m. sg.
“bispo, senhor, pois desto al Rei praz,
fio por Deus que privado seredes.”
(LPGPI – 30,6. – p. 248 – vv. 13 – 14)
1066
Profetizado – adj. part. m. sg.
“E sempre esto foi profetizado
par dez e cinque sinaes da fin:”
(LPGPI – 79,26. – p. 536 – vv. 7 – 8)
210
1067
Provado – adj. part. m. sg.
“E porend´é gran traedor provado,
de que se já nunca pode salvar,
come quen a seu amigo jurado,
bevendo con ele, o foi matar:
todos pólos cantares del levar,
con os quaes oj´anda arrufado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 19 – 24)
1068
Provado – adj. part. m. sg.
“vem end, amigos, tanto mal a mim,
per que o verv´em meu dan´é provado.”
(LPGPI – 33,7. – p. 270 – vv. 6 – 7)
1069
Provado – adj. part. m. sg.
“segund´eu ei o agoiro provado
(LPGPI – 63,28. – p. 385 – v. 14)
1070
Publicados – adj. part. m. pl.
“Estes e outros capitollos que dizer nom curamos, forom firmados neste
casamento, quamdo se trautou amtre el Rei de Castella e a Iffamte Dona Beatriz,
segumdo emtom largamente forom publicados.”
(CDF, Cap. CLVIII, § 10º., l. 16 – 19, p. 125)
1071
Purgada – adj. part. f. sg.
“E porque Lixboa he grande çidade de muitas e desvairadas gentes, e seer
purgada de furtos e roubos,/e d´outros malefícios que neela faziam, os quaaes
presumiam que eram feitos per homeens que nom viviam com senhores, nem ham
beens nem remdas, nem outros mesteres, e jogam e gastom em grande
avomdança; (...)’
(CDF, Prólogo, § 19º., l. 31 – 32, p. 22; l. 1 – 4, p. 23)
1072
Purgadas– adj. part. f. pl.
211
“(...) E desta peendença tal ou arrependimento som escusados solamente os
meninos párvoos e nom outras pessoas, porque estes nom podem ainda usar do
livre alvidro, aos quaes empero aproveita pera sua consegraçom e remissom do
pecado original a fé daqueles que os apresentam, de maneira que quaaesquer
mágoas de pecados que êles trouverom daquelles de que nascerom som
purgadas e limpas per a responsom e pregunta dos outros; scil., dos padrinhos.
(...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 64, d, § 739, l. 12 – 22, p. 265)
1073
Quebrada – adj. part. f. sg.
“Aluoro pi´z Galego jurou q´parĩdo huã sua co/madre Lianor Nunez m
or
S. Cruz
duas crianças dũ vtre naçera quebrada e/lauãdoa aqui nesta fonte ficou
traspassada/mas logo sã 1558.”
(CNB – MC – p. 33 – l. 64 – 68)
1074
Quebrada – adj. part. f. sg.
“Prometido lhe eStà do fado eterno,
Cuja alta ley nam pode Ser quebrada,”
(LUS., Canto I, estrofe 28, vv. 1 – 2, p. 6)
1075
Quebrantada – adj. part. f. sg.
“E saindo daquelles penacaaes, he a fôrça das auguas quebrantada, e o rio
[Nillo] fica assi como cansado, pello qual vai a augua mui mansa.”
(CFG, Cap. IX, § 1º., l. 9 – 12, p. 85)
1076
Querelado – adj. part. m. sg.
“¶. Affonsso domĩguez Corregedor por El Rej antre Doiro e nho. A uos Priol do
Monsteiro de velarinho ssaude bem ssabedes en como El Rej por prol/
2
dos
Momsteiros. e Igreias do sseu Senhorio porque lhj ffoy dito e querelado que em
outra guysa podiã sséér mãtehudos ffez Ordinhaço em que mãdou e
deffendeu/(...)”
(DPNRL, Documento 57, l. 1 2, p. 201; Maço 4,2, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1342)
212
1077
Razoada – adj. part. f. sg.
“Dũa donzela ensanhada
soo eu maravilhado
de como foi razoada
(LPGPI – 47,9. – p. 317 – vv. 6 – 7)
1078
Recadados – adj. part. m. pl.
“Outrossi mandava [el Rei Dom Fernamdo], que quaaesquer que achassem amdar
vaadios, chamando-se escudeiros e moços del Rei, ou da Rainha, e dos Iffamtes,
e de quaaesquer outros senhores, e nom fossem notoriamente conheçidos por
seus, ou mostrassem çertidom como andavom por serviço daquelles cujos se
chamavom, que fossem loguo presos e recadados pellas justiças dos logares hu
andassem, e costrangidos pera servir na lavoira, ou em outra cousa.”
(CDF, Cap. LXXXIX, § 8º., l. 6 – 13, p. 83)
1079
Reconciliado – adj. part. m. sg.
“(...) com os ângeos e com as outras celestiaaes virtudes, e de veer era a batalha
antiga, como tam asinha se desfez, e como Deus foi reconciliado e o diáboo
confuso e os demões que fogiam, a morte acabada e remiida e o ceo aberto, a
maldiçom alongada e o pecado tirado e o error empuxado e a verdade tornada e a
palavra de piedade em todo lugar semeada e presa, (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 7, b, § 58, l. 4 – 14, p. 23)
1080
Repairado – adj. part. m. sg. (<Reparado>)
“(...) E porém, qualquer que deseja scapar da queeda de seus defectos e seer
repairado em seu spíritu, é-lhe necessário que se nom afaste do dito fundamento,
porque em el achará todos remédios compridoiros aas suas necessidades.”
(LVC, Prólogo, fl. 3, c, § 13, l. 8 – 13, p. 9)
1081
Repricadas – adj. part. f. pl. (m. q. <Replicadas>)
“(...) Abraão gerou Isaac*, etc., descendendo atees Joseph; e chama-lhe livro de
geeraçom, no singular, porque, ainda que sejam repricadas muitas geeraçoões
per ordem, por ũa soo se faz a pregunta, scil., por a de Jesu Cristo, por razom da
qual tôdalas outras se contam. (...)”
(LVC, Cap. VII, fl. 24, c, § 276, l. 14 – 20, p. 101)
*
Obs.: Os negritos estão no texto original.
213
1082
Resuscitados – adj. part. m. pl. (<Ressuscitados>)
“.... gostã que an de seer todos resuscitados/[de morte a vida]. (...)”
(LA, XXI, vv. 33 – 34, p. 40)
1083
Rodeado – adj. part. m. sg.
“Do mar temos corrido, & nauegado
Toda a parte do Antartico, &CaliSto,
Toda a coSta Affricana rodeado,
DiuerSos Ceos, Terras temos viSto.”
(LUS., Canto I, estrofe 51, vv. 1 – 4, p. 7)
1084
Rogado – adj. part. m. sg.
“(...) presen/
22
tes; ffernan rodriguiz carpẽteyro. Martin iohanes. Martin mẽẽdiz.
Mar/
23
tin lourẽço leygos de Rial. e outros muytos. E eu Tabellion sobre/
24
dito
rogado das ditas partes. da dita entrega este strumento cõ mha mãão/
25
escreuj .
e meu sinal en ele pugí. en testemõyo de uerdade.”
(DPNRL, Documento 20, l. 22 – 25, p. 143; Maço 9,31, Mosteiro de S. Salvador de
Moreira, 1282.)
1085
Rogado – adj. part. m. sg.
“(...) presen/
22
tes; ffernan rodriguiz carpẽteyro. Martin iohanes. Martin mẽẽdiz.
Mar/23 tin lourẽço leygos de Rial. e outros muytos. E eu Tabellion sobre/24 dito
rogado das ditas partes. da dita entrega este strumento mha mãão/25 escreuj.
e meu sinal en elle pugí. en testemõyo de uerdade.”
(DPNRL, Documento 20, l. 22 – 25, p. 143; Maço 9,31, Mosteiro de S. Salvador de
Moreira, 1282)
1086
Rogado – adj. part. m. sg.
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
214
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saídas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1087
Rrezoadas – adj. part. f. pl. (<Razoadas>)
“(...) Bem ouui rrespondeo el Rey o que ata ora me dissestes. e posto que vossas
rrezões sejam justas e rrezoadas eu tenho ajnda outros contrairos pera vos
rresponder quando quer que sobre ello falarmos açerqua da detreminaçam. (...)
(CTC, Cap. x., § 1º., l. 16 – 21, p. 22)
1088
Santificados – adj. part. m. pl.
“Per a levada de Cristo ao tempo som tôdolos templos santificados e em seu
nome assiinados, por a qual cousa é stabelecido que nas egrejas stê o corpo de
Deus presencialmente em hóstia sagrada, e ali se guardam as relíquias dos
santos e ali se fazem as obras angelicaaes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, c, § 496, l. 1 – 7, p. 177)
1089
Segurado – adj. part. m. sg.
“D´al and´ora mais nojado,
se Deus me de mal defenda:
estand´ ora segurado
un, que maa morte prenda”
(LPGPI – 9,2. – p. 101 – vv. 4 – 7)
1090
Sepultada – adj. part. f. sg.
“(...) agora serue e adora o nome de Mafamede, cuja alma por seus justos
meriçimentos he sepultada nas fumduras do jmferno, (...)”
(CTC, Cap. xx., § 1º., l. 29 – 31, p. 52)
1091
Sentẽçeado – adj. part. m. sg. (<Sentenceado>)
“(...) el Rej stio m
to
ser este/hom [Jorge menezes] sentçeado a morte p´se
215
criar elle/e disse ouuereis de ttar q´seruiços me tem/feito mas naõ morra aqui
mandajo ao bra/zil q´la morra e morreu dom Joaõ de Castelo branco (...)”
(CNB – MC – p. 65 – l. 434 – 439)
1092
Sẽtido – adj. part. m. sg. (<Sentido>)
“e assi faz [o p
e
] huã coua pa as necessidades/naturais e cobre logo m
to
b p´naõ
ser/stido.”
(CNB – MC – p. 119 – l. 1177 – 1179)
1093
Sercado – adj. part. m. sg. (<Cercado>)
“e depois q´elle trou [Tainha] a emchente da mare/quer tornar a vazte e
achasse sercado/e entretãto daõlhe la emsima o barbasco/q´he m
to
e grãdes
feiches e assi o embebedaõ”
(CNB – MC – p. 195 – l. 2166 – 2169)
1094
Situada – adj. part. f. sg.
“Sitio do Brazil//Esta da p
te
do sul dous graos do equinocial e/vaj se estdendo p
a
o sudueste até 55 graos/q´he o estreito de Magalhas de modo q´parte/fica
situada debaixo da zona torrida e p
te
/debaixo da tperada cuja costa corre
do/ocidente pera o oriente olhãdo spre p
a
/o Norte e linha equinocial (...)”
(CNB – MC – 79 – l. 616 -623)
1095
Sobrearrogado – adj. part. m. sg.
“(...) O quarto [bautismo] é sobrearrogado ou sobredado, e assi foi o sangue per
martírio, e êste é mais honrado, e ainda que se dobrem os ençujamentos dos
marteiros, êle nom se ençuja. (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 55, b, § 636, l. 8 – 12, p. 227)
1096
Sobredado – adj. part. m. sg.
“(...) O quarto [bautismo] é sobrearrogado ou sobredado, e assi foi o sangue per
martírio, e êste é mais honrado, e ainda que se dobrem os ençujamentos dos
marteiros, êle nom se ençuja. (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 55, b, § 636, l. 8 – 12, p. 227)
1097
S
SS
S
ojugada – adj. part. f. sg. (<Subjugada>)
216
“Com eSta a forte Arronches S
SS
Sojugada
Foy juntamente: &o Sempre ennobrecido
ScabelicaStro, cujo campo ameno,
Tu claro Tejo regas tam Sereno.”
(LUS., Canto III, estrofe 55, vv. 5 – 8, p. 56)
1098
Soldada – adj. part. f. sg.
“(...) nom vivamos ouciosamente, por tal que o paaço do ceeo nos seja aberto,
mas que usemos de jejuũs e de oraçoões e esmolas, porque, ainda que no
bautismo sejam perdoados todos os pecados, empero a fraqueza da carne nom é
soldada nem curada.”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, c, § 811, l. 7 – 13, p. 293)
1099
Soldado – adj. part. m. sg.
“E diz em outro lugar que ´compre aquel que se trabalha de chegar aas cousas
mais altas, melhorando em si, que se haja humildosamente, por tal que, querendo-
se levantar sôbre si, nom caia abaixo de si, se per ventura nom fôr soldado e
apegado per verdadeira humildade. (...)”
(LVC, Cap. XVI, fl. 53, b, § 606, l. 1 – 7, p. 215)
1100
Sollempnizado – adj. part. m. sg. (<Solenizado>)
“(…) Mas que ora em çima de seus dias, posto atrás seu [do Papa Urbano]
desprezamento do mundo que amte mostrava, açeptara a emliçom que lhe fora
feita, seemdo coroado e sollempnizado por Papa como nom devia, queremdo
seguir a vaãgloria do mumdo, sem curamdo da saude de sua alma. (...)”
(CDF, Cap. CVIII, § 3º., l. 24 – 28, p. 106)
1101
Sospeitada – adj. part. f. sg. (<Suspeitado>)
“– Amiga fremosa e mesurada,
nom vos digu´eu que nom póde seer
voss´amigo, pois om´é de morrer;
mais par Deus, nom sejades sospeitada
d´outro mal d´el, ca des quand´eu naci,
nunca doutr´ome tam leal oi
falar, e quem end´al diz, nom diz nada.”
(LPGPI – 25,7. – p. 179 – vv. 22 – 28)
217
1102
Soterrada – adj. part. f. sg.
“E com dereito seer enforcado
deve Don Pedro, por que foi filhar
a Coton, pois-lo ouve soterrado
seus cantares, e non quis em[de]dar
ũũ soldo pera as alma quitar
sequer do que lhi avia emprestado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 13 – 18)
1103
Suscitado – adj. part. m. sg.
“... gravemente e com trabalho é suscitado
(Vita Christi, fl. 137c, apud DLPA, p. 537)
1104
Talhado – adj. part. m. sg.
“(...) se o cedro que Deus chantou for talha-/do seerá de gram proveyto per
que entẽdemos o pecad-/dor que nõ fazia nẽ hũũ bõõ fruyto no mũdo.”
(LA, XXII, vv. 8 – 10, 40)
1105
Temperada – adj. part. f. sg.
“O brasil he terra mui temperada ha poucas doenças o veraõ e inverno/se
enxerga pouco e o dia cõmũm
te
he igual a noite la vi hum homem de 130. e de
136. annos e inda dizia faria qualquer cousa hfrecha todo o brasil pa/rece
hũ jardim fresco (...)”
(CNB – MM – p. 9 – l. 159 – 162)
1106
Temperados – adj. part. m. pl.
“................................................................................................................................../
Gos seede temperados e vigiade, ca o dyaboo/vosso enmiigo cerca-vos como o
leon cer-/ca a mata pera catar que comha, se poderá comer/as vossas almas. (...)”
(LA, XXIV, l. 35, p. 43; XXV, l. 1 – 4, p. 44)
1107
Tocadas – adj. part. f. pl.
“E portanto começa da eternidade do Verbo, demostrando a natura divinal de
Cristo, em a qual eternalmente foi ante que Santa Maria. E põe cinco cousas das
pessoas divinaaes, que som per ordem tocadas em as cousas afundo dizedoiras.
218
(...)”
(LVC, Cap. I, fl. 7, a, § 66, l. 1 – 6, p. 31)
1108
Tomada – adj. part. f. sg.
“(...) a frança respondeo/elRej q´eraõ aleuãtados q´os botasse e os/matasse e assi
foi tomada por Mendesaa”
(CNB – MC – p. 59 – l. 365 – 367)
1109
Tomada – adj. part. f. sg.
“E despois que a dicta cidade [Cepta] foe tomada, continuadamente trouxe navios
armados no mar contra os infiees, os quaaes fezerom mui grande destroïçam na
costa d´aalém e d´aaquém, (...)”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 15 – 18, p. 38)
1110
Tornad´- adj. part. m. sg. (<Tornado>)
“O meu amigo, que por min o sen
perdeu, ay madre, tornad´ é sandeu,
e poys Deus quis que ynda non morreu”
(LPGPI – 33,6. – p. 269 – vv. 1 – 3)
1111
Torvados – adj. part. m. pl.
“Açerca do logar onde lavrarom [os homeens d´el Rei Dom Fernamdo], avia
praças de pam e vinho e d´outros mantiimentos, e alli faziam audiençia a todollos
que amdavom servimdo, que demandados/eram por quasequer cousas, por nom
seerem torvados da serventia. (...)”
(CDF, Cap. LXXXVIII, § 7º., l. 24 – 26, p. 77; l. 1 – 2, p. 78)
1112
Trabalhada – adj. part. f. sg.
“Nas agoas tem paSSado o duro Inuerno,
A gente vem perdida &trabalhada.”
(LUS., Canto I, estrofe 28, vv. 5 – 6, p. 6)
1113
Trasfumado – adj. part. m. sg.
“e diz: – De noute seras trasfumado´”
219
(LPGPI – 63,28. – p. 385 – v. 21)
1114
Traspassada – adj. f. sg.
“Aluoro pi´z Galego jurou q´parĩdo huã sua co/madre Lianor Nunez m
or
S. Cruz
duas crianças dũ vtre naçera quebrada e/lauãdoa aqui nesta fonte ficou
traspassada/mas logo sã 1558.”
(CNB – MC – p. 33 – l. 64 – 68)
1115
Trastempados – adj. part. m. pl.
“Ca passou temp´e trastempados son,
ouve an´e dia e quero-m´en partir.”
(LPGPI – 56,11. – p. 351 – vv. 16 – 17)
1116
Trautado – adj. part. m. sg. (<Tratado>)
“(...) homde foram per elle [el Rey] começadas mujtas e gramdes jgreias e
moesteiros, e acabadas per os outros fiees e catholicos christaãos, em que o
offiçio deuino com tamta sollempnidade cada huũ dia he trautado e adorado.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 9 – 14, p. 34)
1117
Trilhada – adj. part. f. sg.
“(...) E porém os Magos, per espiraçom de Deus, entendiam que aquel que em ela
[strela] tiinha trilhada tôda a soberva, antiiga do mundo com sua humildade mui
baixa, que é cousa mui desprezada e pequena.”
(LVC, Cap. XI, fl. 36, d, § 428, fl. 12 – 17, p. 149)
1118
Unida – adj. part. f. sg.
“(...) Na poomba foi o Spíritu Santo; mas o Spíritu Santo nom foi poombado nem
foi ela unida a el, porque nom foi o Spíritu Santo poombado, assi como dizemos
que foi o verbo encarnado; porque afora a natureza humanal, nunca outra
natureza foi unida a Deus, nem outra creatura; nem foi na poomba per graça, mas
per aparecimento e sinal; (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 72, c, § 818, l. 10 – 18, p. 297)
1119
Untad´- adj. part. m. sg. (<Untado>)
220
“Ficaredes por estroso,
por untad´ e por lixoso.”
(LPGPI – 18,43. – p. 161 – vv. 4 – 5; 9 – 10; 14 – 15)
1120
Untados – adj. part. m. pl.
“(...) Messias em hebraico quer dizer Cristo e em latim quer dizer untado, porque
el singularmente foi untado com óleo invisível do Spíritu Santo mais que seus
companheiros. Seus companheiros som os santos todos, porque dêste meesmo
óleo som aquêles untados, mas Cristo foi, apartadamente e singularmente,
ungido e santo.”
(LVC, Cap. XXIV, fl. 82, c, § 924, l. 11 – 19, p. 337)
1121
Vingada – adj. part. f. sg.
“Nunca me via madre veja, se d´ela non for vingada,
por que oj´a San Servando non vou e me ten guardada,”
(LPGPI – 77,19. – p. 507 – vv. 10 – 11)
1122
Vingada – adj. part. f. sg.
“Porem vencido de Ira o entendimento,
A mãy em ferros aSperos ataua:
Mas de Deos foi vingada em tempo breue,
Tanta veneração aos pais Se deue.”
(LUS., Canto III, estrofe 33, vv. 5 – 8, p. 44)
1123
Viltada – adj. part. f. sg. (m. q. <Aviltada>)
“E, se m´eu quisesse seer viltada,
ben acharia quen xe me viltasse;”
(LPGPI – 18,23. – p. 150 – vv. 17 -18)
1124
Virados – adj. part. m. pl.
“E ha hi [na terra de Guinee] outro pescado, que he pequeno assi como mugeẽs,
os quaaes teem nas cabeças huãs coroas perque desfollegam, que som assi
como guelras, e se/os pooem virados co as coroas pera baixo em alguũ bacio,
(...)”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 25 – 28, p. 69; l. 1 – 2, p. 70)
221
1125
Visitadas – adj. part. f. pl.
“E se formos visitadas
de mãe, ou tias, ou dona,
porque males ou erradas
lhes falaremos, tapadas
como bestas d´atafona?”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 45 – vv. 22 – 26)
1126
Vistid´– adj. part. m. sg. (<Vistido>, m. q. <Vestido>)
“ca non ei por que foda endoado;
e vós, se asi queredes foder,
sabedes como : ide-o fazer
con quen teverdes vistid´e calçado.”
(LPGPI – 2,8. – p. 76 – vv. 11 – 14)
1127
Vistido – adj. part. m. sg. (<Vestido>)
“Pero da Pont´á feito gran pecado
de seus cantares, que el foi furtar
a Coton, que, quanto el lazerado
ouve gran tempo, el xos quer lograr,
e doutros muitos que non sei contar,
por que oj´anda vistido e onrado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 1 – 6)
(-A)DA
4
~ (-A)DO
4
(VERBOS – (PARTICÍPIO
PASSADO))
1128
Achada – verbo part. pas.
“E diz em outro lugar: ´Donde vos veo a vós, strangeiros, que adorees a Cristo?
Em Israel nom foi achada tanta fé. Nom vos avorreceu a morada vil da strabaria,
nem os proves berços do presepe, nem a vista da Madre prove, que presente
stava. (...)”
(LVC, Cap. XI, fl. 38, b, § 445, l. 1 – 6, p. 155)
222
1129
Alçado – v. part. pass.
“Como foi alçado pendom em Lixboa
por a Rainha de Castella, e do
que a sobr´ello aveho”
(CDF, Cap. CLXXV, título, p. 139)
1130
Alomgado – v. part. pas. (<Alongado>)
“Este verdadeiro amor ouve el Rei Dom Pedro [I] a Dona Enês como se della
namorou seemdo casado e ainda Iffamte, de guisa que pero della no começo
perdesse vista e falla, seemdo alomgado como ouvistes, que le o prinçipal aazo
de se perder o amor, numca çessava de lhe emviar recados, como em seu logar
temdes ouvido.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 1º., l. 1 – 7, p. 106)
1131
Apresemtado – v. part. pass. (<Apresentado>)
“(...) E semtimdo sua morte muito açerqua, seemdo memfestado, [Dom
Fernamdo] requerio que/lhe dessem ho sacramento; e quamdo lhe foi
apresemtado, e contarom os artiigoos da fé, como he costume, (...)”
(CDF, Cap. CLXXII, § 2º., l. 16 – 17, p. 135; l. 1 – 2, p. 136)
1132
Assijnado – v. part. pass. (<Assinado>)
“(...) O dia em que el Rei auia dauer/sua rresposta, foi assijnado aaqueles
senhores e leterados, no qual cada huũ disse sua emtemçom, segundo a
camtijdade de seu emtemder e saber, nom porem afastados de huũ proposito.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 30, p. 30 e l. 1 – 5, p. 31)
1133
Aventurado – v. part. pass.
“(...) Ou dizee que nom queredes, ca eu em esta cousa nom tenho mais
aventurado que esta garganta; e quem isto nom quiser outorgar, logo mester
que o pague pela sua, ante que daqui saia!”
(QCDJI, Cap. 7., § 2º., l. 5 – 9, p. 40)
1134
Baratado – verbo part. pas.
223
“aquel judeu con que ei baratado
e un mouro, que á ´qui de chegar,”
(LPGPI – 64,28. – p. 425 – vv. 13 – 14)
1135
Cambiado – v. part. pass.
“De Joan Bol´and´eu maravilhado
u foi sen siso, d´ome tan pastor
e led´e ligeiro cavalgador
que tragia rocin bel´ e loução,
e disse-m´ora aqui un seu vilão
que o avia por mua cambiado.”
(LPGPI – 25,26. – p. 188 – vv. 1 – 6)
1136
Chamado – v. part. pass.
“Esto assi hordenado, soube el Rei a cabo de pouco que huum seu
desembargador, de que el muito fiava, chamado per nome meestre Gonçallo das
degrataaes, levara peita d´huma das partes que perante el andavom a feito, por a
qual julgou e deu sentença; (...)”
(CDPI, Cap. V, § 1º., l. 1 – 5, p. 72)
1137
Criado – v. part. pass.
“Hora saibamos como Nuno tristam, huũ cavalleiro mancebo, assaz vallente e
ardido, que fôra criado de moço pequeno na câmara do Iffante [Dom Henrique],
chegou a aquelle lugar onde era Antam Gonçalvez; (...)”
(CFG, Cap. V, § 1º., l. 12 – 16, p. 51)
1138
Declarado – v. part. pass.
“– Amigos irmaãos, bem sabees a teençom com que sahistes da çidade, que nom
compre de vos seer mais/declarado. (...)”
(CDF, Cap. CXXXVIII, § 2º., l. 18 – 19, p. 117; l. 1, p. 118)
1139
Encomendadas – v. part. pass.
“A mesteiraes e muita outra gente eram encomendadas danças e jogos doutras
maneiras, em que andavom velhos e mancebos, todos com ledas voontades. (...)”
(QCDJI, Cap. 11., § 2º., l. 22 – 25, p. 67)
224
1140
Enviado – v. part. pass.
“(...) Em tôdas virtudes e bõos costumes, sempre prepõe a ti aquel mui claro
spelho e tralado de tôda santidade, scil., a vida e costumes do Filho de Deus,
Nosso Senhor Jesu Cristo, que por êsto foi enviado a nós do ceeo, porque nos
guiasse no caminho das virtudes e nos desse a lei da sua vida e disciplina per seu
exemplo e ensinasse a nós assi como a si mesmo; (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 6, a, l. 11 – 20, § 41, l. 11 – 20, p. 19)
1141
Guarid´- v. part. pass. (<Guarido>)
“e logu´el será, bem sei,
do mal guarid´e cobrado.”
(LPGPI – 25,20. – p. 185 – vv. 17 – 18)
1142
Guasalhado – v. part. pass. (m. q. <Agasalhado>)
“(...) era gennte que se pareçia connosquo, e dizerem lhe elles que/erão irmãos
nosos, não lhes fizerão mall algum, antes muito/guasalhado.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 24 – 25, p. 200)
1143
Guisado – v. part. pass.
“Ora entend´eu quanto me dizia
a mha ssenhor ca era guisado
ca inda lh´eu muyto graçeria”
(LPGPI – 8,4. – p. 100 – vv. 1 – 3)
1144
Guisado – v. part. pass.
“Nostro Senhor, se averei guisado
de mha senhor mui fremosa veer,
que mi nunca fez[o] nenhum prazer
e de que nunca cuid´aver bom grado,
pero filhar-lh´ia por galardom
de a veer, se soubesse que nom
lh´era tam grave, Deus foss´em loado.”
(LPGPI – 25,56. – p. 203 – vv. 1 – 7)
225
1144
Guysado – v. part. pass. (<Guisado>)
“... como eu tevera guysado / de fazer quant´el quisesse”
(“Cantiga 521”, in C.V., apud DLPA, p. 361, verb. Guysado)
1145
Ido – v. part. pass.
“E pois eu ido fosse, el chegasse
u de chegar eu ei mui gran sabor”
(LPGPI – 44,6. – p. 305 – vv. 11 – 12)
1146
Juntado – v. part. pass.
“De me coitardes fazedes mal sen,
ca non podedes já, per nulha ren,
que per mi seja o preito juntado.”
(LPGPI – 6,7. – p. 90 – vv. 22 – 24)
1147
Juntado – v. part. pass.
“Pois anda tan aficado
por teu preito aver juntado,
di, doutro, cab´o casado,
que prol ten i ou quegenda
o que toma tal cuidado
com´apost´a ta fazenda?
(LPGPI – 30,29. – pp. 260 – 261 – vv. 13 – 18)
1148
Jurado – v. part. pass.
“per quanto el a mi avia jurado
que, mentr´atan pastor fosse com´é
que non casaria, per boa fé;
mais esposou-s´e anda esposado.”
(LPGPI – 6,7. – p. 90 – vv. 11 – 14)
1149
Jurado – v. part. pass.
“ca mi mostrou el ben seu coraçon,
per quanto el a mi avia jurado
(LPGPI – 6,7. – p. 90 – vv. 10 – 11)
226
1150
Jurado – v. part. pass.
“Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mh a jurado,
ai Deus, e u é?
(LPGPI – 25,2. – p. 176 – vv. 10 – 12)
1151
Jurado – v. part. pass.
“Muito mi tarda, sem falha,
que nom vejo seu mandado;
pero ouve m´el jurado
bem aqui, se Deus mi valha,”
(LPGPI – 25,95. – p. 221 – vv. 7 – 10)
1152
Legado – v. part. pass.
“[do] deleyto da carne.... [a sseer legado/e da hũũ bõõ religioso.... regra
d´algũũ/pela].............................................................................................................”
(LA, V, vv. 21 – 23, p. 23)
1153
Mãdado – v. part. pass. (<Mandado>)
“A ocaziaõ foi pouco ha da gte de Ceri/jipe eraõ mais de vinte mil almas
e/tinhaõ ja mãdado dous recados aos nossos/p
es
q´os foss buscar pa nossas
aldeas q´dou/tra man
ra
naõ aujaõ de uir ate q´os p
es
se de (...)”
(CNB – MC – p. 75 – l. 581 – 585)
1154
Mandado – v. part. pass.
“O que vistes que dizia
que andava namorado,
pois que non veo o dia
que lh´eu avia mandado,
nunca mi por el roguedes,
ai donas, fé que devedes.”
(LPGPI – 2,20. – p. 81 – vv. 13 – 18)
1155
Mandado – v. part. pass.
227
“/a Bretiogua, que me Vossa Alteza mandou fazer, que esta çinquo lleguoas
de/São Viçennte, na boca do rio, por honde os indios lhe fazião muito mall, eu a
tinha ja mandado fazer da maneira que tinha escrito/a Vossa Alteza sem custar
nada senão o trabalho dos moradores; (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 26 a 29, p. 198)
1156
Nauegado – verbo part. pas.
“Do mar temos corrido, & nauegado
Toda a parte do Antartico, &CaliSto,
Toda a coSta Affricana rodeado,
DiuerSos Ceos, Terras temos viSto.”
(LUS., Canto I, estrofe 51, vv. 1 – 4, p. 7)
1157
Negado – v. part. pass.
“– Don Josep, já eu [son] certo e fiz
que do vosso non é cousa negado,
mais é [a]tan certo e apreçado
com´é o vinho forte em Alhariz;”
(LPGPI – 30,35. – p. 264 – vv. 37 – 40)
1158
Nembrado – v. part. pass. (m. q. <Lembrado>)
“E seendo nembrado de homrrar seus ossos, pois lhe mais fazer nom podia,
mandou fazer [D. Pedro I] huum muimento d´alva pedra, todo mui sotillmente
obrado, poemdo enlevada sobre a campaã de çima a imagem della [D. Enês de
Castro] com coroa na cabeça, como se fora Rainha; e este muimento mandou
poer no moesteiro d´Alcobaça, nom aa emtrada hu jazem os Reis, mas demtro na
egreja há maão dereita, açerca da capella moor.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 3º., l. 12 – 20, p. 106)
1159
Nomeado – v. part. pass.
“(…) E mãdo q(ue) q(ue)n q(ue)r que/tenia meu tesouro ou me(us) tesou-/ros a dia
de mia morte q(ue) os de a/departir aq(ue)stes dous arcebispos E aq(ue)stes
cinq(ue) bispos, assi como suso e nomeado. (...)”
(TAII, in CHLP, § [17], l. 8, p. 200 e § [18] l. 1 – 5, p. 200)
228
1160
Nomeado – v. part. pass.
“(…) Mãdo ainda q(ue) a raina [D. Orraca] e/meu filio ou mia filia [de D. Afonso II]
q(ue) no meu logar/ouuer a reinar se a mia morte ouuer/reuora e meus uassalos e
o abade d´Al-/cobaza sen demorancia e sen (con)t(r)a/dita lis den toda mia
meiadade e todas as out(ras) cousas suso/nomeadas e eles as departiã como
suso e/nomeado. (...)”
(TAII, in CHLP, § [20], l. 1 – 8, p. 201 e § [21] l. 1 – 2, p. 201)
1161
Noteficado – v. part. pass. (<Notificado>)
“(...) morremdo el Rei Dom Fernamdo sem filho; foi noteficado huum dia a todos,
presente el Rei [de Castela], que as comdiçoões do casamento eram per esta
maneira, a saber: (...)”
(CDF, Cap. CLVIII, § 1º., l. 14 – 17, p. 121)
1162
Pecado – v. part. pass.
“Martin Moxa, a mia alma se perca
polo foder, se vós pecado avedes,
nen por bõos filhos que fazedes;”
(LPGPI – 5,1. – p. 86 – vv. 1 – 3)
1163
Pecado – v. part. pass.
“mais avedes pecado polo erva
que comestes, que vos faz viver
tan gran tempo, que podedes saber
mui ben quando naceu Adan e Eva.”
(LPGPI – 5,1. – p. 86 – vv. 4 – 7)
1164
Pregoado – v. part. pass. (m. q. <Apregoado>)
“e vdo q´elles tinhaõ pregoado gerra no/emgenho de Joaõ de bairos huã legoa
da/Cidade os portuguezes foraõ seguindo”
(CNB – MC – p. 67 – l. 473 – 476)
1165
Preguntado – v. part. pass. (<Perguntado>)
“E perguntado se conheçe/Belchior Mendez d´Azevedo, e Cristóvão/Pais
229
d´Altero, e Jorge d´Almeida, se não/pessoas de verdade e de sam conci-/encia, e
em que conta tem também/a Beatriz Nunez, molher parda, sua es-/crava, (...)”
(Denúncias de João Nunes, cristão-novo, ao Santo Ofício da Inquisição, Salvador,
12 de fevereiro de 1592, in EBC, l. 5 – 7, p. 208)
1166
Preguntado – v. part. pass. (<Perguntado>)
“– Que adoubastes, amigo, lá u avedes tardado
ou qual é essa fremosa de que sodes namorado?
– Direi-vo-lo eu, senhora, poys me avedes preguntado:
o amor que eu levei de [Santiago a Lugo,
esse me aduss´e esse mh-adugo].”
(LPGPI – 38,6. – p. 279 – vv. 11 – 14)
1167
Privado – v. part. pass.
“Muito pequena parte de sua vida [o Iffante Dom Henrique] bebeo vinho, e esto foe
logo no comêço de sua criaçom, mas despois em tôda sua vida foe delle privado.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 8 – 11, p. 32)
1168
Pronumçiado – v. part. pass. (<Pronunciado>)
“(...) e posto que ella [a Iffamte de Portugal] fosse de hidade meor de doze anos
compridos, que fosse pronumçiado per quem houvesse poder, que ella era
perteecemte pera acabamento de matrimonio; (...)”
(CDF, Cap. CLVIII, § 2º., l. 2 – 5, p. 122)
1169
Retado – v. part. pass.
“E pois non á quen no poren retar
queira, seerá ôi-mais por min retado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 25 – 26)
1170
Roubado – v. part. pass.
“E por nom cuidardes que dizemos esto por nosso louvor e sua mingua delles [de
alguuns autores], vejamos primeiro seu desvairado modo d´escrepver, o qual bem
roubado seeria do siso quem ho creesse e lhe desse fé. (...)”
(CDF, Cap. XLVII, § 2o., l. 14 – 17, p. 29)
1171
Situada – v. part. pass.
230
“(...) Esta cidade [Porto] é situada junto com o rio que chamam Doiro, na qual se
fazem muitas e boas naos e outros navios, mais que em outro logar que no reino
aja.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 4 – 7, p. 65)
1172
Soldado – v. part. pass.
“E diz em outro lugar que ´compre aquel que se trabalha de chegar aas cousas
mais altas, melhorando em si, que se haja humildosamente, por tal que, querendo-
se levantar sôbre si, nom caia abaixo de si, se per ventura nom for soldado e
apegado per verdadeira humildade. (...)”
(LVC, Cap. XVI, fl. 53, b, § 606, l. 1 – 7, p. 215)
1173
Stabelecido – v. part. pass. (<Estabelecido>)
“Per a levada de Cristo ao tempo som tôdolos templos santificados e em seu
nome assiinados, por a qual cousa é stabelecido que nas egrejas stê o corpo de
Deus presencialmente em hóstia sagrada, e ali se guardam as relíquias dos
santos e ali se fazem as obras angelicaaes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, c, § 496, l. 1 – 7, p. 177)
1174
Talhad´ - v. part. pass. (<Talhado>)
“que do seu den quanto lhi foi talhad´ e
que, pois senhores an já defenson”
(LPGPI – 30, 35. – p. 264 – vv. 17 – 18)
1175
Tardado – v. part. pass.
“– Que adoubastes, amigo, lá u avedes tardado
ou qual é essa fremosa de que sodes namorado?
– Direi-vo-lo eu, senhora, poys me avedes preguntado:
o amor que eu levei de [Santiago a Lugo,
esse me aduss´e esse mh-adugo].”
(LPGPI – 38,6. – p. 279 – vv. 11 – 14)
1176
Tirado – v. part. pass.
“Tudo jsto foi tirado por tas de fee q´tirou o ad/menistrador”
(CNB – MC – p. 39 – l. 129 – 130)
231
1177
Trautado – v. part. pass.
“Como foi trautado casamento amtre el Rei
de Castella e a Iffamte de Portugal
e com que condiçoões”
(CDF, Cap. CLVIII, título, p. 121)
1178
Trobado – v. part. pass. (<Trovado>)
“E poren foi Coton mal dia nado,
pois Pero da ponte erda seu trobar
e mui mais lhi valera que trobado
nunca ouvess´ el, assi deus m´ampar´
pois que se de quant´el foi lazerar
serve Don Pedro e non lhi dá em grado.”
(LPGPI – 18,33. – p. 157 – vv. 7 – 12)
1179
Untado – v. part. pass.
“(...) Messias em hebraico quer dizer Cristo e em latim quer dizer untado, porque
el singularmente foi untado com óleo invisível do Spíritu Santo mais que seus
companheiros. Seus companheiros som os santos todos, porque dêste meesmo
óleo som aquêles untados, mas Cristo foi, apartadamente e singularmente, ungido
e santo.”
(LVC, Cap. XXIV, fl. 82, c, § 924, l. 11 – 19, p. 337)
1180
Vestido – v. part. pass.
“Aguari [peixe das agoas doçes] he vestido como hũ hom hũ gauaõ/a boca
piquena os beicos grocos as barbe/tanas cõpridas as escamas saõ huãs la/minas
como armas naõ mais q´de hũ palmo comũm
te
/tamoata he aserca como este.”
(CNB – MC – pp. 203 e 205 – l. 2288 – 2292)
-ALHA ~ -ALHO
1181
Animalha – s. f. sg.
232
“(...) E porque este/vessadre he a correya que fazẽ de coyro/ de animalha
[morta] entẽdemos per el o/morteficamento ................................................. ymento
dos..........................”
(LA, V, vv. 17 – 20, p. 23)
1182
Animalha – s. f. sg.
“(...) Dos paãos disseron os sabe-/dores que an as carnes ta duras que nõ po-/dẽ
apodrecer ta agĩha come as carnes das/outras animalhas que as an moles e
adur/as pode cozer fogo nẽ caentura d´estamago/de nhũa animalha por grande
que seja.”
(LA, XXIX, vv. 20 – 24, p. 49; XXX, v. 1, p. 49)
1183
Animalhas – s. f. pl.
“(...) e podẽ [aaqueles que querẽ seer leterados em Theolegia] mais fazer nojo ca
prazer, mais/solamente porremos, como dicto he, as proprieda-/des que as aves e
algumas outras anima-/lhas am. (...)”
(LA, I, vv. 16 – 19, p. 19)
1184
Animalhas – s. f. pl.
“(...) § A sseptima propriedade [natureza da poonba] he ca/nõ come os corpos das
animalhas mortas/ que chamã caaviĩlhas. (...)”
(LA, II, vv. 14 – 16, p. 20)
1185
Cordoalha – s. f. sg.
“Todo o mais he tam estopento, que se fia todo melhor, que esparto da qual
Cordoalha se serve toda a Índia”
(Décadas, v. III, p. 8, apud DLPA, p. 239; DELP, v. II, p. 229)
1186
Governalho – s. m. sg.
“... duas fateixas de ffero e hũu governalhoa paa...
(Desc., v. I, p. 135, apud DELP, v. III, p. 167, verbete Governalho)
1187
Governalho – s. m. sg.
“(...) E, segundo disse Crisóstomo, teemos por nave a Egreja e por governalho a
233
cruz e por governador Cristo e por pilôto ou marinheiro da avantagem o Padre e
por vento o Spíritu Santo e por treu a sua graça, por marinheiros os Apóstolos e
por grometes os profetas, por batel o Velho e o Novo Testamento. (...)”
(LVC, Cap. XXIX, fl. 91, a, § 1.018, l. 7 – 15, p. 371)
1188
Louçaylha – s. f. sg. (m. q. <Louçainha>)
“(...) § Disserõ aynda que o paão/anda simplezmẽte, ca nõ mostra nem/hũa
louçaylha en seu andar. (...)”
(LA, XXX, vv. 12 – 14, p. 49)
-AIRA ~ -AIRO
1189
Aversairos – adj. m. sg. (<Adversários>)
“... em huũ trauto ora com nossos aversairos de França e de Castella fezemos
em Calles...”
(F. L., J., I, cap. 47, p. 97, apud DELP, v. I, p. 121, verb. Aversairo)
1190
Breuiairos – s. m. pl. (<Breviários>)
“De frades de s. fr
co
vieraõ a porto seg
ro
/q
do
vieraõ os marcos e ahi pregaraõ mas
foraõ mortos e os Jndios depois vestiaõ seus/vestidos e passeauaõ p´la praia
os breui/airos como q´rezauaõ q
do
vinhaõ as Naos”
(CNB – MC – p. 69 – l. 505 – 509)
1191
Cabalairo – s. m. sg. (m. q. <Cavaleiro>)
“... e havia cavalleiros e escudeiros villãos e sem nobreza, que se diziam
cabalairo ou milites villani”
(Elucidário, v. II, p. 54 , apud DLPA, p. 179, verb. Cabalairo)
1192
Calandairo – s. m. sg. (m. q. <Calendário>)
“Outras planetas de boa ventura
achou per vezes em seu calandairo;
mais das outras que lh´andam en contrairo;”
234
(LPGPI – 30, 22. – p. 257 – vv. 8 – 10)
1193
Comtrayros – subst. m. pl. (<Contrários>)
“Os Iffamtes forom alguũ pouco descomtemtes no mouimemto daquelle feito,
pemssamdo que em ambas aquellas pessoas teeriam muy gramdes dous
comtrayros, e esto comsijrauam per esta guisa.”
(CTC, Cap. xix., § 1º., l. 27 – 31, p. 42)
1194
Cõtraira – adj. f. sg. (<Contrária>)
“Cap. 26 dos Agoiros//Q
do
hũ esta doente ou frechado o q´o dote come/com os
partes e se os partes com cousa/cõtraira diz o doente q´lhe faz mal”
(CNB – MC – p. 99 – l. 894 – 896)
1195
Cõtrairo – adj. m. sg. (<Contrário>)
“(...) e assi ha/de matar outros lhe botaõ hũ colar de cotas/brancas ao pescoço de
ossos de onças p
a
/q´corra a matar o cõtrairo ou fugir q
do
cõu/como onça”
(CNB – MC – p. 93 – l. 804 – 811)
1196
Contrairo – adj. m. sg. > função de advérbio
“Outras planetas de boa ventura
achou per vezes em seu calandairo;
mais das outras que lh´andam em contrairo;”
(LPGPI – 30,22. – p. 257 – vv. 8 – 10)
1197
Cossairo – s. m. sg. (m. q. <Corsário>)
“(...) os cardeaaes, com aquel Papa que emlegido tiinham [Clemente septimo]
partirom-se pera a çidade de Neapolli, avemdo primeiro salvo comducto de Dona
Johana [I], Rainha [que sucedeu a Roberto de Anjou em 1343] entom daquella
provemçia; na qual, estando per pouco tempo, Pero Bernalldez, cossairo
d´Aragom, chegou hi, com gallees armadas, e/foi-lhe dada certa comthia, que os
trouvesse aa çidade d´Avinhom, homde forom tragidos sem torva de nenhuum, e
esteverom per tempo.”
(CDF, Cap. CVIII, § 6º., l. 23 – 29, p. 107; l. 1 – 3, p. 108)
1198
Cõtrairos – s. m. pl. (<Contrários>)
235
“outra parte e os fez matar e comer outros/seus cõtrairos pa isto ter escrauos
e paz/cõ outros per onde agora fog de jũto o mar”
(CNB – MC – p. 63 – l. 420 – 422)
1199
Cõtrairos – s. m. pl. (<Contrários>)
“q
do
quer fazer Roças faz v
o
e assi beb e trabalhaõ/escudeirar a molher he q
do
vaj a Roça vai elle/diante e v detras p´amor dos cõtrairos
(CNB – MC – p. 101 – l. 924 – 926)
1200
Contr
os
– s. m. pl. (<Contrairos> , m. q. <Contrários>)
“O caual
ro
he q
do
an de matar em terreiro os/contr
os
q´elle toma ou o pay da ao
fo que/mate e tome o nome a estas festas v m
tos
de lõge”
(CNB – MC – p. 93 – l. 809 – 811)
1201
Doairo – s. m. sg.
“Ca sei eu outra non de tal doairo
nen de tal logar come de vós, de pran,”
(LPGPI – 30, 11. – p. 251 – vv. 15 – 16)
1202
Doairo – s. m. sg.
“Deus ti fizera fremoso e de melhor doairo que outro cavaleiro, e tua beldade e teu
doairo sam perdudos, ca te meteste todo em serviço do demo”
(Graal, apud Magne, Glossário, p. 171, apud DLPA, p. 290)
1203
Doairo – s. m. sg.
“Deus ti fizera fremoso e de melhor doairo que outro cavaleiro, e tua beldade e teu
doairo sam perdudos, ca te meteste todo em serviço do demo”
(Graal, apud Magne, Glossário, p. 171, apud DLPA, p. 290)
1204
Encençairo – s. m. sg. (<Incensário>)
”(...) duas maneiras de compuçom, scil., de temor e de amor, por o pecado e
que nossas malícias e por as dos outros germanos, e o outro em holocausto e
encençairo, enflamando-nos e encendendo no amor das cousas celestriaaes.”
236
(LVC, Cap. XII, fl. 44, a, § 502, l. 32 – 37, p. 179)
1205
Fadairo – s. m. sg. (<Fadário>)
“Vejo-me antr´elles qual se veria Phineo antre os Arpios do seu fadairo
(Eufrosina, ato I, cena I, apud DLPA, p. 326, verb. Fadairo)
1206
Hordenairos – adj. m. pl. (m. q. <Ordinários>)
“os juizes hordenairos
(Desc., I, p. 573, apud DELP, v. IV, p. 260, verb. Hordenairo)
1207
Leitoayros – s. m. pl. (<Leituários>)
“(...) e assy [os primeiros philosophos] buscaram leitoayros e meezinhas, per que
arredassem as emfirmidades do corpo. mas depois que conheçeram que em
aquello nom auia nehuũ proueito, disseram que por quamto o homem era feito de
mujtos com-/trairos, que per necessidade auia de falleçer.”
(CTC, Cap. xxxviij., § 1º., l. 26 – 30, p. 59; l. 1, p. 60)
1208
Leituairo – s. m. sg. (<Leituário>)
“E deve-se saber que Cristo, pera nos curar, tomou em si muitas meezinhas;
curou el per dieta, quando jejũou por nós; e curou per leituairo quando, na sua
ceea, deu o seu corpo aos discípulos; e curou per suor, quando correu del suor
como gotas de sangue; (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 74, b, § 835, l. 1 – 7, p. 303)
1209
Mundaira – s. f. sg.
“E, per o contrairo, a torpe geeraçom nom empeecerá aaquêles que a claridade
das suas virtudes os afremosenta. Onde Jerónimo diz que: ´Jeffoi nomeado per
o Apóstolo antre os santos homeẽs, e era filho de ũa mundaira; Esaú, filho de
Rebeca e de Isac, veloso foi assi na voontade como no corpo. (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 57, b, § 656, l. 1 – 8, p. 235)
1210
Mundaira – adj. f. sg.
“(...) pensando que ainda alguũs beẽs,I se os fazes, que nom som compridamente
cozidos nem feitos com aquel fervor que deveriam, mas que som lixosos de
237
muitas negligências, e que com razom som semelhávees aos pano da mulher
mundaira.”
(LVC, Cap. XVI, fl. 54, c, d, § 620, l. 8 – 13, p. 221)
1211
Notairo – s. m. sg. (<Notário>)
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saídas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1212
Notairos – s. m. pl. (<Notários>)
“E o/Cardeal [Dom Guido, cardeal de Bolonha, bispo do Porto, e dellegado da see
apostolica] fez fazer prestes tres barcas pequenas: duas em que fossem os Reis,
com certos que comsigo aviam de levar, sem nenhuumas armas, e outra em que
el fosse, que avia de seer fiel antr´elles, [oste do Rei Dom Henrrique II] e os
notairos pera darem fé de todo o que alli [em Espanha] passasse.”
(CDF, Cap. LXXXIII, § 2º., l. 14, p. 67; l. 1 – 5, p. 68)
1213
Notairos – s. m. pl. (<Notários>)
“(...) E todo esto trouxe Martim Vaasquez por escripto e asiinado per mãaos de
notairos das terras, e trouxe cartas dos
.
rreys e dos primçipes e dos altos
homeens sobre esto, asiinadas por elles.”
(Nobiliario (ou Livro das Linhagens do Conde D. Pedro), do século XIII ou XIV, in
TA, Cap. 2, § 4º., l. 13 – 16, p. 43)
1214
Ordjnhajra – adj. f. sg. (<Ordinária>)
238
“per sa auturjdade ordjnhajra...”
(Desc., I. S., p. 36, apud DELP, v. IV, p. 260)
1215
Religairos – s. pl. (m. q. <Religários>)
“E bem pareçe de razom que o comde ouvera logo de trager a Iffamte, ca el Rei
[Dom Fernamdo] mandou tirar d´aquella torre do aver, que estava no castello da
çidade, huuma coroa d´ouro feita de macha-femeas, obrada com pedras de
gramde vallor, e grossos graãos d´aljofar arredor, e religairos, e anees d´ouro, e
camafeus, e outras joyas de gram preço, afora sayas e cotas, e çipres de dona, e
outras cousas que perteençiam a guarnimentos de molher, as quaaes levava o
comde em esta galee em que avia d´hir.”
(CDF, Cap. XLIX, § 3º., l. 8 – 17, p. 34)
1216
Rosairo – s. m. sg. (m. q. <Rosário>)
“Bofá não do meu rosairo;/é esse?”
(António Prestes, Autos, apud DELP, p. 259 (cit. de D. V.), apud DELP, v. V, p.
117)
1217
Rrosairo – s. m. sg. (m. q. <Rosário>)
“[...] Vio hu ũ deles hu ũas contas de rrosairo brancas. enou que lhas desem e
folgou muito com elas [...]
(VCPVC – fl. 3 – l. 23 – 25)
1218
Vigaíro – s. m. sg. (m. q. <Vigário>)
“Sebastiam lopez doutor em degredos thesoureiro e coonego de braaga
Arcediaago de lamego proujsor e vigaíro geeral pollo Reverendíssimo Im cristo
padre Sennhor dom george da/
2
costa per mercee de deus E da ssanta egreia de
rroma arcebispo e sennhor de braaga e primas das espanhas; a quantos esta
carta de prazo virem ffaco saber/(...)”
(DPNRL, Documento 98, l. 1 2, p. 292; Maço 6, 21, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1499)
1219
Vigairo – s. m. sg. (m. q. <Vigário>)
“O Licenciado sebastião gonçalvez prouisor E vigairo gerall no espritual e
temporall nesta çidade e arcebispado de bragua polos Reverendíssimos senhores
dinidades coneguos e cabido da see da dita çidade a see vagante cetera/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 1, p. 327; maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
239
Vilarinho, 1545)
(-A)NÇA ~ (-A)NCIA ~ (-A)NÇIA
1220
Abastança – s. f. sg.
“Pondera, das palavras ha abastança
Iulga na autoridade grão valia.”
(LUS., Canto VIII, estrofe 76, vv. 5 – 6, p. 141)
1221
Abastança – s. f. sg.
“(...) El [Rei Dom Pedro I] muito viandeiro sem seer comedor mais que outro
homem, que suas salas eram de praça em todos logares per onde andava, fartas
de vianda em grande abastança.”
(CDPI, Cap. I, § 2º., l. 14 – 16, p. 63; l. 1 – 2, p. 64)
1222
Abundanças – s. f. pl. (<Abundâncias>)
abundanças da terra sua e tua...”
(Os Lusíadas, VII, 52, apud DLPA, p. 44, verb. Abundança)
1223
Abundançia – s. f. sg. (<Abundância>)
“Minha tenção não foi outra, (discreto e/corioso lector), senão denunçiar\neste
sumario/em breves pa-/lavras, a fertilidade e abundançia da terra do Brasil, (...)”
(Tratado da Província do Brasil de Pero de Magalhães Gandavo, Coluna II, fl. 2v,
in EBC, l. 2 – 3, p. 206)
1224
Achegança – s. f. sg.
“(...) Outro ssi uos conuen que seiades de bóó receber e de bóóa paraura, e non
seiades graue de uéér aos oméés que uos uééren demandar dereyto; pero fazede
o de guysa que seyan muyto alongados a uos, nen/muyto achegado, que de
grande achegança nasce desprezamento da dignidade. (...)”
(Das Flores de Dereyto, texto do último quartel do século XIII, versão portuguesa
das “Flores de las leyes” de Jácome Ruiz, in TA, §1º., l. 9 12, p. 38; l. 1 2, p.
39)
240
1225
Acolhenças – s. f. pl.
“... recebendo-o com umas acolhenças, como que não o vira tempos havia...”
(Menina e Moça, vol. I, p. 153, apud DLPA, p. 56, verb. Acolhença)
1226
Alabamças – s. f. pl. (<Alabâncias>)
“... huũa pedra, a qual elle omrrava com alabamças com grande alegria”
(F. Men., I, p. 118, apud DELP, v. I, p. 166, verb. Alabamça)
1227
Alabanças – s. f. pl. (<Alabância>)
“... louvando com muitas alabanças a ele e a S. Francisco.”
(Fr. Menores, v.II, p. 90, apud DLPA, p. 84, verb. Alabança)
1228
Amizanças – s. f. pl.
“... antre as quaes amizanças e contrautos foi ordenado...”
(Fr. Menores, v. II, p. 257, apud DLPA, p. 103, verb. Amizança)
1229
Amdamça – s. f. sg. (<Andança>)
“(...) porque toda boa amdamça dos homees comuũmente se julga polla fim, ca
em nehuũa daquellas cousas que os homeẽs esperam em este mundo nom
rrespomde menos a sorte e a fortuna que os feitos das pelleias.”
(CTC, Cap. xx., § 1º., l. 7 – 12, p. 51)
1230
Andanças – s. f. pl.
“Rona, disse el assi como os outros cavaleiros andantes, aas vezes bem aas
vezes mal, assi como as aventuiras e andanças nos veem”
(Graal, v. I, p. 292, apud DLPA, p. 106, verb. Andança)
1231
Antolhança – s. f. sg.
“Ora retrayamos quon grand arteria fez per antolhança
(Santa Maria, v. I, “Cantiga 9”, apud DLPA, p. 109, verb. Antolhança)
241
1232
Asperança – s. f. sg. (<Esperança>)
“(...) Ca o que bõõ he faz [poonba] sa folgãça,/e pon sa asperança nas chagas de
Nosso Senhor/Jhesu Cristo, ca pela pedra feestrada entẽdemos/Jhesu Cristo
chagado assi como diz a Escritura.”
(LA, II, vv. 19 – 22, p. 20)
1233
Asperança – s. f. sg. (<Esperança>)
“Onde todo aquel que pon todo seu coraçõ/e sa asperança nas chagas e na
payxõ do/filho de Deus, este faz o seu ho nos fu-/racos da pedra, ca esta pedra
he Jhesu Cristo.”
(LA, XXIV, vv. 12 – 15, p. 43)
1234
Audiançia – s. f. sg. (<Audiência>)
“(...)/
20
com vaasco affomso Emlleito do dicto Momsteiro de vilarinho E o
Apressentou por autor Aa dicta demanda das dictas cassas perante o dicto/
21
juyz
que Em audiançia ssya ouuyndo os ffectos E o dicto Juiz lhj pergunta Ao dicto
Emlleito sse sse queria Ell parar por/
22
Autor da dicta demanda das dictas cassas
(...)”
(DPNRL, Documento 77, l. 20 22, p. 238; Maço 4, 52, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1397)
1235
Auondança – s. f. sg. (<Abundância>)
“(...) Amigos. Fizuos aqui ajuntar conhecendo de vos que assi per natural entender
como per auondança da çiênçia de que vos Deos guarneçeo antre todollos outros
do meu rreino (...)”
(CTC, Cap. x., § 1º., l. 28 – 31, p. 23)
1236
Aveemça – s. f. sg.
“(...) e viviam em Purtugal na merçee del Rei Dom Pedro [I], creemdo nom reçeber
dano, tambem os Purtuguezes como os Castelaãos, porque razoada lhes dera
ousado acoutamento nas fraldas da seguramça; a qual, nom bem guardada pellos
Reis, fezerom calladamente huuma tal aveemça que el Rei de Purtugal
entregasse presos a el Rei de Castella os fidallgos que em sue Reino viviam, (...)”
(CDPI, Cap. XXX, § 1º., l. 12 – 20, p. 93)
242
1237
Avomdamça – s. f. sg. (<Abundância>)
“(...) E porque o çertificarom [el Rei Dom Fernamdo] que em terra da Beira e per
Riba de Coa avia boons montes d´hussos e porcos em gramde avomdamça, fez-
se prestes com toda sua casa e da Rainha, e muitos monteiros com sabujos e
alaãos, e levou caminho daquella comarca. E fazemdo em elles gramde matamça,
acomteçeo huum dia que o Iffamte [D. João, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro]
se encomtrou com huum mui gramde husso, e jumtou-se tamto a elle pollo ferir a
mam tenente, que o husso firmou bem seus pees e levamtou os braços por o
arrevatar da sella; (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 1º., l. 7 – 15, p. 95)
1238
Avondança – s. f. sg. (<Abundância>)
“(...) o Meestre ordenava nom minguava avondança de trigosos executores.”
(QCDJI, Cap. 8., § 1º., l. 5 – 6, p. 45)
1239
Boança – s. f. sg. (<Bonança>)
“ben como mao nen como boança,
nen dades ren por tormenta do mar,”
(LPGPI – 60,11. – p. 366 – vv. 6 – 7)
1240
Bôa-amdança – s. f. sg.
“Muitos na bôa-andança louvam a Deus”
(Vita Christi, fl. 127r, apud DLPA, p. 167)
1241
Cobrança – s. f. sg.
“9/ - Os b
c
i l ta. Reis, perque esta arrendada a cobrança/da casa do Porto”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
19v, in EBC, l. 6, p. 214)
1242
Concordança – s. f. sg. (<Concordância>)
“E tal comparaçom e concordança bem pode seer antre a cousa fynda...”
(Corte Imperial, p. 82, apud DLPA, p. 231)
1243
Concordança – s. f. sg.
243
“ Que era enganada a nossa confiança
Mais por saber humano, nem prudência”
(LUS., Canto II, estrofe 31, vv. 4 – 5, p. 24)
1244
Confiança – s. f. sg.
“Concebe delle certa confiança,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 76, v. 3)
1245
Confiança – s. f. sg.
“Bem claro temos visto na aparencia,
Que era enganada a noSSa confiança
(LUS., Canto II, estrofe 31, vv. 3 – 4, p. 24)
1246
Consonancia – s. f. sg. (<Consonância>)
“Em consonancia ygoal, os instromentos
Suaves vem a hum tempo conformando:”
(LUS., Canto X, estrofe 6, vv. 3 – 4, p. 162)
1247
Demandança – s. f. sg.
“Por toda demandança dê I morabitino arriba de manquadra”
(Leges, p. 850, apud DLPA, p. 262)
1248
Demorãcia – s. f. sg. (<Demorância>)
“(...) E a raina [Dona Orraca] e me(us) uassalos/e o abade sen demorãcia e sen
(con)t(ra)-/dita lis den toda mia meiadade e todas/as dezimas e as out(rãs) cousas
q(uue)/teiuerẽ, assi como suso e dito. (...)”
(TAII, in CHLP, § [22], l. 1 – 5, p. 201)
1249
Demorancia – s. f. sg.
“(…) Mãdo ainda q(ue) a raina [D. Orraca] e/meu filio ou mia filia [de D. Afonso II]
q(ue) no meu logar/ouuer a reinar se a mia morte ouuer/reuora e meus uassalos e
o abade d´Al-/cobaza sen demorancia e sen (con)t(ra)-/dita lis den toda mia
meiadade e todas as out(ras) cousas suso/nomeadas e eles as departiã como
244
suso e/nomeado. (...)”
(TAII, in CHLP, § [20], l. 1 – 8, p. 201 e § [21] l. 1 – 2, p. 201)
1250
Demostranças – s. f. pl. (<Demonstranças>)
“(...) dês Abeel justo atees Sam Joam Bautista, por tal que, per muitos milhares de
tempos e de anos, e per grandes e devairados e multipricados ditos e
demostranças, alevantasse nossos entendimentos. (...)’
(LVC, Cap. II, fl. 8, d, § 87, l. 7 – 12, p. 37)
1251
Desaconcordança – s. f. sg.
“… averia em deus contrariedade e desaconcordança a qual cousa nom pode
seer em deus”
(Corte Imperial, p. 115, apud DLPA, pp. 272 – 273)
1252
Desandança – s. f. sg.
“... dampnificado per alguã desandança.”
(Vita Christi, fl. 127b, apud DLPA, p. 268, verb. Desandança)
1253
Desconfiança – s. f. sg.
“A vil desconfiança inerte & lenta
Do pouo, & faz que tome o doçe freyo,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 28, vv. 6 – 7, p. 133)
1254
Desordenanças – s. f. pl.
“(...) [ o diáboo] traz o peor [o homem], scil., a muitas e desvairadas
desordenanças nos pecados. (...)”
(LVC, Cap. XIV, fl. 85, d, § 955, l. 10 – 12, p. 349)
1255
Destemperança – s. f. sg.
“(...) quanto foi temperado em seu comer e bever; quam vergonhoso na vista;
quanto/studoso aa oraçom, quanto foi sem destemperança aas I vigílias; (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 6, c – d, § 50, l. 15 – 18, p. 21)
245
1256
Destemperança – s. f. sg.
“(...) nom mui contente [o Iffante Dom Henrique] porém da vitória, porque se lhe
nom ofereceo o aazo para filhar a villa de Gibaltar, como tiinha pôsto em
hordenança; e a principal causa de seu estôrvo foe a destemperança do inverno,
em cujo comêço entam estavam, ca como quer que o mar comunalmente per
tôdas suas partes, em aquelles tempos, seja periigoso, (...)”
(CCFG, Cap. III, § 10., l. 14 – 22, p. 37)
1257
Dultança – s. f. sg.
“non ajades dultança de me eu partir jamais do serviço de Jesus Cristo”
(Graal, apud Magne, Glossário, p. 175, apud DLPA, p. 295, verb. Dultança)
1258
Ensinança – s. f. sg.
“E foi-se com trigança, por demostrar que a Virgem nom deve morar ou deter-se
em lugar público, nem estar ali em razoões com alguém e, por outrossi, nós
havermos ensinança de nos trigarmos aas boas obras e todo aquêlo que de bem
podermos, que nos afiquemos obrá-lo; (...)”
(LVC, Cap. VI, fl. 21, c, § 236, l. 1 – 7, p. 89)
1259
Ensinança – s. f. sg.
“(...) El [Nuno Alvarez Pereira], em sua nova mancebia, desviado do humanal uso,
começou d´aseentar em si todalas boas condições que em uũ louvado barom
nomeadas podem seer, como se o tesouro de toda ensinança fosse em el
encuberto; assi que cuidar em virtuosas cousas e poê-las logo em obra ocupava
tanto tempo, muito mais daquelo que sua tenra idade requeria.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 5 – 12, p. 61)
1260
Erãças – s. f. pl. (<Heranças>)
4
(...) eu Marinha martjnz morador em luymir termo de Castel mẽẽdo. faço e
estabelesco e ordinho/
5
por meu çerto procurador jdimho e auõdosso o mays
firme e o mays estauil que ele pode seer e mays compridamẽte ualer/
6
a Domjgos
martjnz meu marido o portador desta/presente procuraçom. sobre todolos bẽés e
erãças assy mouis como/(...)”
(DPNRL, Documento 48, l. 4 6, p. 185; Maço 3,26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321)
1261
Erança – s. f. sg. (<Herança>)
246
“Memoraueis, de erança nos deixarão,
Que os muitos por ser poucos nam temamos”
(LUS., Canto VIII, estrofe 36, vv. 6 – 7, p. 134)
1262
Esperãça – s. f. sg. (<Esperança>)
“(...) ca devemos poer no livro da cruz toda/a esperãça da nossa saude e da
nossa salvaçõ.”
(LA, VIII, vv. 25 – 26, p. 26)
1263
Esperança – s. f. sg.
“E vos ò bem nascida segurança
Da Lusitana antigua liberdade,
E não menos certissima esperança,”
(LUS., Canto I, estrofe 6, vv. 1 – 3, p. 2)
1264
Esperança – s. f. sg.
“ele é dos do livro em branco,
e da esperança perdida.”
(RA, in OCGV – vol. V, p. 22 – vv. 12 – 13)
1265
Esperança – s. f. sg.
“(...) Em esto [Jhesu Cristo] deu esperança a todolos que...”
(LA, XXI, v. 32, p. 40)
1266
Esperança – s. f. sg.
“Quando o Meestre outorgou desta guisa de teer cuidado e regimento do reino,
toda tristeza foi fora das gentes, e seus corações nom derom logar a neuũ
trespassado temor; mas todos ledos sob a boa esperança, fundada em bem
aventuirada fim, se esforçarom de levar seu feito adeante, teendo grande em
Deos que os avia d´ajudar.”
(QCDJI, Cap. 7., § 2º., l. 16 – 22, p. 37)
1267
Estremança – s. f. sg.
247
“Tenha ello firmeza, por que aquesto he o que lhe principalmente pertence, salvo a
elle entender que errou na estremança
(Condestable, p. 249, apud DLPA, p. 323, verb. Estremança)
1268
Estremança – s. f. sg.
“Dos beẽs que assi recebemos devemos fazer estremança
(Livro dos Ofícios, p. 33, apud DLPA, p. 324, verb. Estremança)
1269
Ffestinança – s. f. sg. (<Festinança>)
“Verffeytas obras do discípolo in ffestinança do temor de Deus...”
(Inéd. de Alc., v. I, p. 261, apud DLPA, p. 332, verb. Ffestinança)
1270
Fiamça – s. f. sg. (<Fiança>)
“– Vós todos assi como estaaes jumtos, sooes meus vassallos e criados [do
Iffamte D. Joham, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro], e isso meesmo de meu
padre, e hei de vós gram fiamça, porque deçemdees de boa criaçom e
linhaageens, e nom devo de fazer cousa que vos nom faça/primeiro saber. (...)”
(CDF, Cap. CIII, § 2º., l. 15 – 18, p. 99; l. 1, p. 100)
1271
Fiança – s. f. sg.
“(...) com quanta reverência e temor o pensava ou tractava, porque sabia que era
Filho seu e Filho de Deus [Jesu Cristo]! Oo! Como lhe dava o leite de voontade, e
com que prazer e fiança e autoridade, porque sabia que a êle prouvera ela seer
Madre [a Senhora Virgem, Maria] sua. Oo! Como o abraçava e apertava nos
braços docemente e amorosa e o beijava! (...)”
(LVC, Cap. XI, fl. 40, a, § 460, l. 9 – 16, p. 163)
1272
Fiança – s. f. sg.
“E com Seus filhos &molher Se parte,
A aleuantar co elles a fiança,
DeScalços, &deSpidos, de tal arte,
Que mais moue a piedade que a vingança.”
(LUS., Canto III, estrofe 38, vv. 1 – 4, p. 44)
1273
Firmança
– s. f. sg.
248
“... faço firmança per esta guissa”
(Descobrimentos, v. I, p. 406, apud DLPA, p. 334, verb. Firmança)
1274
Folgãça – s. f. sg. (<Folgança>)
“(...) Ca o que bõõ he faz [poonba] sa folgãça,/e pon sa asperança nas chagas de
Nosso Senhor/Jhesu Cristo, ca pela pedra feestrada entẽdemos/Jhesu cristo
chagado assi como diz a Escritura.”
(LA, II, vv. 19 – 22, p. 20)
1275
Folgãça – s. f. sg. (<Folgança>)
“de-/pos mia morte [D. Afonso II] mia molier e me(us)/filios e meu reino e me(us)
uassalos e/todas aq(ue)lãs cousas q(uue) De(us) mi/deu en poder sten en paz e
en folgãcia.”
(TAII, in CHLP, § [1], l. 8, p. 197 e § [2] l. 1 – 4, p. 197)
1276
Folgança – s. f. sg.
“(...) assi como depois da grande chuiva a claridade é mais graciosa, e depois a
longa enfirmidade é mais acepta a saúde, assi depois das pelejas e encontros se
faz mais plazível e desejosa folgança da paz, e assi depois da perlongada
tribulaçom se faz mais alegre a fulgura e assessêgo. (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 79, b, § 886, l. 4 – 10, p. 323)
1277
Folgança – s. f. sg.
“(…) Cada dava folgança a seu oficio, e tôda sua ocupaçom era juntar-se em
magotes a falar na morte do conde e cousas que aviam acontecido.
(QCDJI, Cap. 4º., § 1o., l. 7 – 10, p. 23)
1278
Folgança – s. f. sg.
“(…) refreou os males, regendo bem seu Reino, ainda que outras mingoas per el
passassem de que peendença podia fazer, de coidar he que ouve ho galardom da
justice, cuja folha e fruito he: honrada fama neeste mundo e perduravel folgança
no outro.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 6 – 11, p. 62)
249
1279
Gabança – s. f. sg.
“...por que sabíamos / como nom querria / do mundo gabança
(Santa Maria, v. I, p. 28, apud DLPA, p. 347, verb. Gabança)
1280
Governamça – s. f. sg. (<Governança>)
“(...) E falleçemdo em tamto a Rainha, que estomçe a governamça ficasse, todo
aaquel tempo, aaquelles que el Rei D. Fernamdo ou a Rainha Dona Lionor
hordenassem em seus testamentos. (...)”
(CDF, Cap. CLVIII, § 4º., l. 11 – 13, p. 136)
1281
Governança – s. f. sg.
“... e passado o dito tempo, deve seer a governança da camera do nosso
camareiro moor”
(Ord. Afons., v. I, tít. 58, p. 338, apud DLPA, p. 354, verb. Governança)
1282
Governança – s. f. sg.
“Pois deste Rei [D. Pedro I] achamos escripto que era muito amado de seu poboo,
por os manteer em dereito e justiça, desi boa governança que em seu Reino
tiinha, bem he que digamos de cada cousa huum pouco por veerdes parte dos
modos antiigos.”
(CPDI, Cap. IV, § 1º., l. 1 – 5, p. 67)
1283
Habituanças – s. f. pl.
“… por nos tirar habituanças e ejitos e inclinações”
(Vita Christi, fl. 176 c, apud DLPA, p. 363, verb. Habituança)
1284
Herança – s. f. sg.
“(...) porque, segundo diz o Apóstolo: ´Se sooes filhos, sooes herdeiros, digo,
herdeiros de Deus e parceiros na herança com Cristo´(...)”
(LVC, Cap. XVIII, fl. 60, a, § 689, l. 4 – 7, p. 247)
1285
Herança – s. f. sg.
“Fillo que morrer, herde seu padre, ou as madre; e depoys que morrer o padre, ou
250
a madre, tornasse a herança a herança, e quanto gaanou fique a seus parentes”
(Foro da Guarda, nos Inéd. Hist., v. V, p. 412, apud DELP, v. III, p. 213, verb.
Herdança)
1286
Herança – s. f. sg.
“Por herança de parentes non se parem tras ano…”
(Foro da Guarda, nos Inéd. Hist., v. V, p. 408, apud DELP, v. III, p. 213, verb.
Herdança)
1287
Herança – s. f. sg.
“(…) /
27
razam da fazenda que ficou per falecimento/
28
da dita dona ysabel de
sousa molher do dito/
29
christouam de brito por falecer da vida/
30
deste mundo
sem herdeiros algũus ascen/
31
dentes nem descendentes a que a herança/
32
e
sucessam de seus bẽs por dereito per/
33
tencesse saluo ho dito mosteiro e as/
34
outras pessoas que a dita demanda mouiã/(...)”
(DPNRL, Documento 218, l. 27 34, p. 565; Maço 77, 1538, Mosteiro de Chelas,
1548)
1288
Herdança – s. f. sg. (m. q. <Herança>)
“Se algum, ou alguma quizer demandar herdança en entrambos-Rios: que le den
una axada...”
(Eluc., apud DELP, v. III, p. 213, verb. Herdança)
1289
Hordenança – s. f. sg. (<Ordenança>)
“(...) nom mui contente [o Iffante Dom Henrique] porém da vitória, porque se lhe
nom ofereceo o aazo para filhar a villa de Gibaltar, como tiinha pôsto em
hordenança; e a principal causa de seu estôrvo foe a destemperança do inverno,
em cujo comêço entam estavam, ca como quer que o mar comunalmente per
tôdas suas partes, em aquelles tempos, seja periigoso, (...)”
(CCFG, Cap. III, § 10., l. 14 – 22, p. 37)
1290
Hordenança – s. f. sg. (<Ordenança>)
“Era ainda boom desembargo aos que lhe requeriam bem e merçee, e tal
hordenança tiinha/em esto, que nehuum era deteudo em sua casa por cousa que
lhe requeresse.”
(CDPI, Cap. I, § 3º., l. 20 – 21, p. 64; l. 1 – 2, p. 65)
251
1291
Hordenança – s. f. sg. (<Ordenança>)
“Na hordenança de todollos desembargos tiinha el Rei [D. Pedro I] esta maneira:
Quantas pitiçoões che a elle davom hiam a mãao de Gpnçallo Vaasquez de
Gooes, scripvam da puridade, (...)”
(CDPI, Cap. IV, § 2º., l. 6 – 9, p. 67)
1292
Husança – s. f. sg. (<Usança>)
“(...) senom filho e neto ou bisneto de fidalgo de linhagem; e por husança aviam
estonçe a contia que ora chamam maravidiis dar-se no berço, logo que o filho do
fidallgo naçia, e a outro nenhuum nom.”
(CDPI, Cap. I, § 1º., l. 3 – 6, p. 64)
1293
Ignorância – s. f. sg.
“E de mal aconselhadas,
e tocadas da ignorância,
vão queixosas e agravadas,
e tocadas da ignorância,
vão queixosas e agravadas,
porque as fazem encerradas,”
e viver em observância
(RA, in OCGV – vol. V, p. 42 – vv. 15 – 21)
1294
Ignorância – s. f. sg.
“E nós, enganando per ignorancia de velhas escrituras e desvairados autores,
bem podiamos ditando errar; porque, escrevendo homem do que nom é certo, ou
contará mais curto do que foi, ou falará ,ais largo do que deve; mas mentira em
este volume é muito afastada da nossa voontade.”
(QCDJI, Cap. 1., §, l. 8 – 14, p. 4)
1295
Igualdança – s. f. sg.
“E de todallas cousas que som fremosas nom ha hi outra que o mais seja que hũa
igualdança de toda a vyda”
(Leal Conselheiro, p. 248, apud DLPA, p. 370, verb. Igualdança)
252
1296
Iguallança – s. f. sg. (<Igualança>)
“… e aquesto se faz trazendoas em boa iguallança de longura”
(Machado, v. III, p. 261, apud DLPA, p. 370, verb. Iguallança)
1297
Importância – s. f. sg.
“Tamanha é a importância,
que assi vos desterrais?
(RA, in OCGV – vol. V, p. 45 – vv. 1 – 2)
1298
Inirançia – s. f. sg. (<Ignorância>)
“… e o que nos pareçer digno de repreensom ou de coregimento seia posto a
minha inirançia e simpreza e non a outro maleçioso engano”
(Vida do Infante D. Fernando, apud Morais, v. V, p. 955, in DLPA, p. 377, verb.
Inirançia)
1299
Jnoramçia – s. f. sg. (<Ignorância>)
“[…] pero tome vossa alteza minha jnoramçia por boa vontade. [...]”
(VCPVC – fl. 1 – l. 8 – 9)
1300
Jnsinança – s. f. sg. (<Ensinança>)
“(...) os conselheiros dos grandes senhores antre outras muitas que bem sabees
que sam detreminadas em todollos liuros que os antigos escreueram pera
jnsinança dos prinçipes. ss. a primeira que ajam amor aaquelle prinçipe ou
senhor que ouuerem de aconselhar. (...)”
(CTC, Cap. x., § 1º., l. 5 – 10, p. 24)
1301
Juntança – s. f. sg.
“Tan grand´amor aa virgem con Deus, seu fill´, e juntança
(Santa Maria, v. II, p. 144, apud DLPA, p. 386)
1302
Lavrança – s. f. sg.
“A terra é muito aproveitada, rica; é grossa de muita lavrança e criação de gados”
253
(Barbosa, p. 87, apud Machado, v. III, p. 396, apud DLPA, p. 398, verb. Lavança)
1303
Llenbranças – s. f. pl. (<Lembranças>)
“Como dise a Vossa Alteza não farei senão as llenbranças muito neçesarias,/sem
as quoais esta terra se não podera sostentar, senão se hum homem/poder viver
sem cabeça”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho
de 1553, in EBC, l. 8 – 9, p. 196)
1304
Maridança – s. f. sg.
“... vivendo ambos de consuum e fazendosse maridança qual deviam”
(Crón. de D. Pedro, cap. 27, p. 83, apud DLPA, p. 420, verb. Maridança)
1305
Matamça – s. f. sg.
“(...) E porque o çertificarom [el Rei Dom Fernamdo] que em terra da Beira e per
Riba de Coa avia boons montes d´hussos e porcos em gramde avomdamça, fez-
se prestes com toda sua casa e da Rainha, e muitos monteiros com sabujos e
alaãos, e levou caminho daquella comarca. E fazemdo em elles gramde
matamça, acomteçeo huum dia que o Iffamte [D. João, filho de D. Pedro e D. Inês
de Castro] se encomtrou com huum mui gramde husso, e jumtou-se tamto a elle
pollo ferir a mam tenente, que o husso firmou bem seus pees e levamtou os
braços por o arrevatar da sella; (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 1º., l. 7 – 15, p. 95)
1306
Mestrança – s. f. sg.
“Vista assy aquella mestramça que o prioll fez, el Rey comsijrou sobre todo per
alguũ/pequeno espaço de dias, e depois que teue bem consijrado, fallou com seus
filhos em esta guisa. (...)”
(CTC, Cap. xix., § 1º., l. 28 – 29, p. 41 e l. 1 – 3, p. 42)
1307
Mostrança – s. f. sg.
“(...) ´Eu, em meo de vós outros, som assi como o que menistra ou serve´; como
se apartou de todos gabos e de tôda mostrança de singularidade; como se
cavidou de todo escândalo; (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 6, c, § 50, l. 11 – 15, p. 21)
254
1308
Mostranças – s. f. pl.
“... sinaes e mostranças de fora”
(Vita Christi, fl. 104 c, apud DLPA, p. 436, verb. Mostrança)
1309
Mostranças – s. f. pl.
“Nem aa verdade que posto que el Rey fezesse aquellas mostranças de nom
querer consentir no rrequerimento de seus filhos que/a sua vontade nam era
porem menos que aquella que cada hum delles tinha. mas quanto elle mais
retardava o feito tanto fazia mayor desejo aos Iffantes. (...)”
(CTC, Cap. x., § 1º., l. 24 – 26, p. 21 e l. 1 – 4, p. 22)
1310
Moderancia – s. f. sg. (<Moderância>, m. q. <Moderação>)
“Nós tratamos da moderancia e temperança e outras virtudes”
(Condestable, p. 84, apud DLPA, p. 432, verb. Moderancia)
1311
Mudança – s. f. sg.
“Porém não perdesse a esperança
De inda poder seu fado ter mudança
(LUS., Canto IX, estrofe 75, vv. 7 – 8, p. 102)
1312
Nembrança – s. f. sg. (m. q. <Lembrança>)
“... nom haveria nembrança daquelo que pediu”
(Vita Christi, fl. 117b, apud DLPA, p. 441, verb. Nembrança)
1313
Observância – s. f. sg.
“E de mal aconselhadas,
e tocadas da ignorância,
vão queixosas e agravadas,
e tocadas da ignorância,
vão queixosas e agravadas,
porque as fazem encerradas,”
e viver em observância
(RA, in OCGV – vol. V, p. 42 – vv. 15 – 21)
255
1314
Observância – s. f. sg.
“Padre, éramos claustrais,
e fazem-nos d´observância
e pera sempre jamais.”
(RA, in OCGV – vol. V, p. 45 – vv. 3 – 4)
1315
Olvidança – s. f. sg.
“… as cousas e a olvidança en que as deitam”
(Crón. Geral de Espanha de 1344, v. II, p. 4, apud DLPA, p. 448, verb. Olvidança)
1316
Omildança – s. f. sg. (<Humildança>, m. q. <Humildade>)
“... non con felonia,/mas con olmildança
(St. Maria, No. 09, apud DELP, v. III, p. 248, verb. Humildança)
1317
Ordenãça – s. f. sg. (<Ordenança>)
“de Deus vem toda ordenãça
(Gen. História, p. 27, apud Machado, v. IV, p. 260, apud DLPA, p. 451, verb.
ordenãça; DELP, v. IV, p. 260, verb. Ordenança)
1318
Osmança – s. f. sg.
“e quen poderia a esta osmança/põer?”
(St. Maria, N
o.
9, vol. I, p. 30, apud DELP, v. IV, p. 266, verb. Osmança)
1319
Ousamça – s. f. sg. (m. q. <Ousadia>)
“E logo, assi como emtrou o Iffamte [Dom Joham], ella [Dona Maria] o conheçeo
no rostro e falla; e quamdo o vio, cobrou já quamto desforço e ousamça, e disse:
– Os (sic) senhor, que viinda he esta tam desacostumada?”
(CDF, Cap. CIII, § 11º., l. 11 – 13, p. 102; § 12º., l. 14, p. 102)
1320
Ousança – s. f. sg. (m. q. <Ousadia>)
“(...) Terceiramente [Quise o Senhor seer tentado], segundo Leo, porque,
vencendo el o demônio, lhe tolhesse a virtude ou fôrça e a ousança. (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 77, c, § 870, l. 8 11, p. 317)
256
1321
Perdoança – s. f. sg.
“haverám perdoança de seus pecados”
(Vita Christi, fl. 99b, apud DLPA, p. 467, verb. Perdoança)
1322
Perdoanças – s. f. pl.
“O Papa [Urbano], quando vio sua fugida delles e a carta que lhe mandavom, feze-
os çitar per suas leteras, e nenhuum nom foi peramt´elle; por a qual razom os
escomungou da mayor escomunhom, e os privou dos cardeallados, e fez outros
cardeaaes de novo, damdo-os por çismaticos e membros talhados da egreja;
outorgamdo, a todos aquelles que lhe fezessem guerra, aquelles privillegios e
perdoanças, que o dereito outorga a todollos que vaão comtra os emmiigos da fé
em ajuda de tomar a Casa Samta.”
(CDF, Cap. CVIII, § 4º., l. 6 – 14, p. 107)
1323
Perfeitanças –s.f.pl.
“As perfeitanças que os cavaleiros fezerom”
(Graal, fl. 21 a, ed. Magne, p. 162, apud DLPA, p. 468, verb. Perfeitança)
1324
Perseverança – s. f. sg.
“A grandeza que havia de haver o moço acêrca do Senhor em virtude e santidade
e dignidade, o ângeo denunciou; a grandeza do qual está em quatro cousas.
segundo as quatro dimensoões, scil., em alteza de conversaçom, em profundeza
de humildade, em largueza de caridade, em longueza de perseverança atees a
fim, segundo aquêlo do Apóstolo: ´Que possaaes compreender com tôdolos
santos, etc.´(...)”
(LVC, Cap. IV, fl. 13, c, § 135, l. 1 – 11, p. 57)
1325
Pobrança – s. f. sg.
“cassar njm pobranças
(em Andrés Martinez, Documentos Gallegos de los siglos XIII a XVI, p. 83
(Lorenzo), apud DELP, v. IV, p. 386, verb. Pobrança)
1326
Possança – s. f. sg.
257
“Os Delijs, os Patames, que em possança
De terra, &gente, sam mais abundantes,”
(LUS., Canto VII, estrofe 20, vv. 3 – 4, p. 117)
1327
Possanças – s. f. pl.
“Onde vos foi feito todo aquele serviço, que em nossas possanças pode caber”
(Guiné, p. 214, apud DLPA, p. 478, verb. Possança)
1328
Prestamça – s. f. sg.
“Ouve gramde e vivo emtemdimento por afortellezar seu estado [da Rainha Dona
Lionor], tragemdo a seu amor e bemqueremça assi as gramdes pessoas como as
pequenas, mostramdo a todos leda conversaçom, com graada prestamça e
muitas bemfeiturias.”
(CDF, Cap. LXV, §1º., l. 8 – 12, p. 55)
1329
Privança – s. f. sg.
“... destas priuados queria saber/se lhe há a privança muyto durar”
(“Cantiga 828”, in C.B.N., apud DLPA, p. 486 – 487, verb. Privança)
1330
Proffeytança – s. f. sg. (m. q. <Proveito>)
“...a culpa do pastor que auer que o padre familias nas ovelhas meos
poder achar de proffeytança
(Ver. Bras. De Filologia, v. V, p. 23, apud DLPA, p. 487, verb. Proffeytança)
1331
Pronanzas – s. f. pl.
“... sobre todaquesto deu o abbade prouanzia... pola pronanzas que eu ui”
(Doc. Galegos, p. 13, apud Machado, v. IV, p. 449, apud DLPA, p. 488, verb.
Provança)
1332
Prouanzia – s. f. sg. (<Provância>)
“... sobre todaquesto deu o abbade prouanzia... pola pronanzas que eu ui”
(Doc. Galegos, p. 13, apud Machado, v. IV, p. 449, apud DLPA, p. 488, verb.
Prouanzia)
258
1333
Renembrança – s. f. sg. (m. q. <Relembrança>)
“(...) Porém, apegando-nos a ela firme, os claros feitos, dignos de grande
renembrança, do mui formoso Rei Dom Joam, seendo Meestre, de que guisa
matou o conde Joam Fernández, e como o poboo de Lisboa o tomou primeiro por
seu regedor e defensor, (...)”
(QCDJI, Cap. 1., § 8º., l. 15 – 20, p. 5)
1334
Rrenẽbrança – s. f. sg. (m. q. <Relembrança>)
“(...) Ca aquele que obediẽte e dondo he aa/Eigreja deve deytar de seu coraçõ os
peca-/dos que fez per nẽbrar deles per ra-/zon d´algũũ deleyto ou de prazer
que eles/queira aver, ca a rrenẽbrança do pecado con/aquel deleyto que homẽ
hi recebe faz fe-/der e avorrecer a alma aaquel que a no cor-/po meteu. (...)”
(LA, VIII, vv. 21 – 28, p. 22)
1335
Seguramça – s. f. sg. (<Segurança>)
“(...) e viviam em Purtugal na merçee del Rei Dom Pedro [I], creemdo nom reçeber
dano, tambem os Purtuguezes como os Castelaãos, porque razoada lhes dera
ousado acoutamento nas fraldas da seguramça; a qual, nom bem guardada
pellos Reis, fezerom calladamente huuma tal aveemça que el Rei de Purtugal
entregasse presos a el Rei de Castella os fidallgos que em sue Reino viviam, (...)”
(CDPI, Cap. XXX, § 1º., l. 12 – 20, p. 93)
1336
Seguramça – s. f. sg. (<Segurança>)
“(...) os Reis erravom mui muito himdo contra suas veraddes, pois que estes
cavalleiros estavom sobre seguramça acoutados em seus reinos.”
(CDPI, Cap. XXXI, § 1º., l. 4 – 7, p. 99)
1337
Seguramça – s. f. sg. (<Segurança>)
“(...) os Reis erravom mui muito himdo comtra seuas verdades, pois que estes
cavalleiros estavom sonre seguramça acoutados em seus reinos.
CDPI, Cap. XXXI, § 1º., l. 4 – 7, p. 99)
1338
Segurança – s. f. sg.
259
“E vos ò bem nascida segurança
Da Lusitana antigua liberdade,
E não menos certissima esperança,”
(LUS., Canto I, estrofe 6, vv. 1 – 3, p. 2)
1339
Segurança – s. f. sg.
“E vos ò bem naScida S
SS
Segurança
Da LuSitana antigua liberdade,
E não menos certiSsima eSperança,
De aumento da pequena ChriStandade:”
(LUS., Canto I, estrofe 6, vv. 1 – 4, p. 2)
1340
Semelhãça – s. f. sg. (<Semelhança>)
“(...) Ben assy/segũdo semelhãça o cedro de Deus chantou/na sa fe quando o do
mũdo tira leva-o pera os/ceos hu todos an gram proveyto. (...)”
(LA, XXII, vv. 4 – 7, p. 40)
1341
Semelhança – s. f. sg.
“Tamanho, que elle so se entende & alacança,
De quem não ha no mundo semelhança.”
(LUS., Canto X, estrofe 81, vv. 7 – 8, p. 174)
1342
Semelhança – s. f. sg.
“Outra coisa geera ainda esta conformidade e natural inclinaçom, segundo
sentença dalguũs, dizendo que o pregoeiro da vida, que é a fame, recebendo
refeiçom pera o corpo, o sangue e espritos geerados de taes viandas tem ũa tal
semelhança antre si que causa esta conformidade.”
(QCDJI, Cap. 1º., § 1º., l. 9 – 15, p. 2)
1343
Senbrança – s. f. sg.
“... a que amamos / monja non avia / da Virgem senbrança
(Santa Maria, “Cantiga 9”, v. I, p. 29, apud DLPA, p. 526, verb. Senbrança)
1344
Substãça – s. f. sg. (<Substância>)
260
“(...) ca entẽdeu polo Spíritu Santo que no/evãgelho de Jhesu Christo en que avia
de falar/de tres pessoas e ũa substãça e de como a pes-/soa do filho avia de
receber carne e fazer-se ho-/mẽ e aparecer antr´os homẽs e mostrar/pelas obras
que fazia que era Deus verdadeyro.”
(LA, XXXV, vv. 25 – 29, p. 54)
1345
Tardança – s. f. sg.
“Logo segue a victoria sem tardança
O grão Rei incansabil, ajuntando
Gentes de todo o Reino, cuja usança
Era andar sempre terras conquistando,”
(LUS., Canto III, estrofe 68, vv. 1 – 4, p. 49)
1346
Tardança – s. f. sg.
“– Que teemos de fazer com enviar recado aa Rainha, nem poer em isto mais
longa tardança? (...)”
(QCDJI, Cap. 7., § 2º., l. 6 – 8, p. 35)
1347
Tardança – s. f. sg.
“(...) a el Rei [D. Pedro I] tragiam alguum malfeitor, e el dizia chamem-me foaão
que traga o açoute, logo que elle era prestes sem outra tardança.”
(CDPI, Cap. VI, § 2º., l. 15 – 17, p. 78)
1348
Tardannça – s. f. sg. (<Tardança>)
“(...) pareçeo que neste tennpo he tardannça viese a nao de que Vossa Alteza
me es-/creve que me faz mercê de me mandar ir nella.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 8 – 9, p. 194)
1349
Temperamça – s. f. sg. (<Temperança>)
“(...) toda virtude, assi que quallquer que he justo este compre toda virtude, porque
a justiça assi como lei de Deos defende que nom fornigues nem sejas gargamtom,
e isto guardando se compre a virtude da castidade e da temperemça; e assi
podees emtender dos outros vícios e virtudes. (...)”
(CDPI, Prólogo, § 2º., l. 22, p. 59; l. 1 – 4, p. 60)
261
1350
Trigança – s. f. sg.
“E foi-se com trigança, por demostrar que a Virgem nom deve morar ou deter-se
em lugar público, nem estar ali em razoões com alguém e, por outrossi, nós
havermos ensinança de nos trigarmos aas boas obras e todo aquêlo que de bem
podermos, que nos afiquemos obrá-lo; (...)”
(LVC, Cap. VI, fl. 21, c, § 236, l. 1 – 7, p. 89)
1351
Trigança – s. f. sg.
“(...) outros [cristaãos come judeus] como chegavom aas portas, lançavom dentro
os carregos que levavom, e leixavom-n0 [el Rei Dom Henrrique] sem nenhuuma
guarda, com trigança de tornar por outros.”
(CDF, Cap. LXXIII, § 6º., l. 2 – 4, p. 60)
1352
Usança – s. f. sg.
“Logo segue a victoria sem tardança
O grão Rei incansabil, ajuntando
Gentes de todo o Reino, cuja usança
Era andar sempre terras conquistando,”
(LUS., Canto III, estrofe 68, vv. 1 – 4, p. 49)
1353
Usança – s. f. sg.
“Que posto que he de amor usança boa
Aquem se aparta ou fica, mais magoa.”
(LUS., Canto IV, estrofe 76, vv. 5 – 6)
1354
Usança – s. f. sg.
“(...) Álvoro Paáez, que estava prestes e armado com ũa coifa na ca-/beça,
segundo usança daquel tempo, cavalgou logo a pressa em cima duũ cavalo que
anos havia que nom cavalgara, (...)”
(QCDJI, Cap. 3º., § 4º., l. 15 – 16, p. 17; l. 1 – 3, p. 18)
1355
Vengança – s. f. sg. (<Vingança>)
“ E na vengança que d´eles prendi,
gran mal per fiz a eles e a mi.”
(LPGPI – 79,38. – p. 542 – vv. 19 – 20)
262
1356
Vezinhança – s. f. sg. (<Vizinhança>)
“La onde fora Anteo obedecido:
Ou pela vezinhança ja teria
O Reino Lusitano conhecido,”
(LUS., Canto III, estrofe 24, vv. 4 – 6, p. 117)
1357
Vimgamça – s. f. sg. (<Vingança>)
“(...) E porque sempre [el Rei Dom Fernamdo] tive d´aver disto vimgamça, como
visse tempo aazado, agora que me parece que o melhor posso fazer que em outra
sazom, pois que el he morto, tenho voomtade de o poer em obra.”
(CDF, Cap. CXIV, § 3º., l. 20 – 23, p. 110)
1358
Vingãça – s. f. sg. (<Vingança>)
“(...) Er britará os outros vingãça,/quando dara sentẽça de morte sobr´eles per
que/vaan ao fogo do inferno. (...)”
(LA, XXI, vv. 13 – 15, p. 39)
1359
Vingança – s. f. sg.
“Vos a quem mais compete esta vingança,
Que esperais, porque a pondes em tardança?”
(LUS., Canto VI, estrofe 31, vv. 7 – 8, p. 174)
1360
Vingança – s. f. sg.
“E com Seus filhos &molher Se parte,
A aleuantar co elles a fiança,
DeScalços, &deSpidos, de tal arte,
Que mais moue a piedade que a vingança.”
(LUS., Canto III, estrofe 38, vv. 1 – 4, p. 44)
1361
Vingança – s. f. sg.
“Os padres e madres viiam estalar de fame os filhos que muito amavom, rompiam
as faces e peitos sobr´eles, nom teendo com que lhe acorrer senom planto e
espargimento de lagrimas; e, sobre todo isto, medo grande da cruel vingança,
263
que entendiam que el-Rei de Castela deles avia de tomar.”
(QCDJI, Cap. 9., § 1º., l. 1 – 7, p. 56)
1362
Ygnorançia – s. f. sg. (<Ignorância>)
“Ueede uós como iaço no ualle da ygnorançia, desejando de sobir aa serra muito
alta do conhocimento uerdadeyro”
(Crest. Arc., p. 119, apud DLPA, p. 233, verb. Ignorância)
-ANA ~ -ANO
1363
Affricana – adj. f. sg. (<Africana)
“Do mar temos corrido, & nauegado
Toda a parte do Antartico, &CaliSto,
Toda a coSta Affricana rodeado,
DiuerSos Ceos, Terras temos viSto.”
(LUS., Canto I, estrofe 51, vv. 1 – 4, p. 7)
1364
Africano – adj. m. sg.
“E scipiom africano per a stremada obra...”
(Virt., p. 57, apud DELP, v. I, p. 135, verb. Africano)
1365
Castelhanos – s. m. pl.
“Pollo rio da Prata ariba, trezentas lleguoas da boca ao/norte e nordeste, esta
huma/povoação grande de castelhanos,/da gennte que alli llevou Dom Pedro de
Mendonça, a graos e tres quoartos. Foi se aguora descobrindo pouquo/e pouquo
que esta povoação que se chama a çidade d´Açunção, esta/muito perto de São
Viçennte (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho
de 1553, in EBC, l. 6 – 9, p. 202)
1366
Castelhanos – s. m. pl.
264
“(...) responda Vossa Alteza/a este capitollo, que em cousas tão novas não sei
detreminar/por que a tenção dos castelhanos era irem se per terra pera/a sua
povoação.”
(Cart
a de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho
de 1553, in EBC, l. 23 – 24, p. 202)
1367
Castilhanos – s. m. pl. (<Castelhanos>)
“(...) No Rjo de Jan
ro
/quizerão os castilhanos q´hiaõ D
o
flores/ao estreito matar
huã [Balea] e a feriaõ mas ella/aRemeteo ao barco e o botou pa o ar e fez/em
pedaços e os homs se saluaraõ (...)”
(CNB – MC – p. 187 – l. 2065 – 2069)
1368
Christianos – s. m. pl. (<Cristãos>)
“Os Rex, mouros, Christianos,
Mentre viver lh´aian medo,
Que el a muy bem as maanos.”
(LPGPI – 62,1. – p. 370 – vv. 9 – 11)
1369
Louçano – adj. m. sg.
“De que morredes, filha, a do corpo louçano?
Madre, moiro d´amores que me deu meu amado,
Alva e vai lieiro.”
(LPGPI – 25, 31. – p. 191 – vv. 4 – 6)
1370
LuS
SS
Sitana – adj. f. sg. (<Lusitana>)
“Pella Cortiça calida, cheiroSa,
Della darâ tributo aa LuS
SS
Sitana
Bandeira, quando excelSa, & glorioSa
Vencendo Se erguerâ na torre erguida,
Em Columbo, dos proprios tam temida.”
(LUS., Canto X, estrofe 51, vv. 4 – 8, p. 169)
1371
LuS
SS
Sitano – adj. m. sg. (<Lusitano>)
“Não menos guarnecido o LuS
SS
Sitano,
Nos Seus bateis da frota Se partia,
265
A receber no mar o Melindano,
Com luStrosa &honrada companhia:”
(LUS., Canto II, estrofe 97, vv. 1 – 4, p. 35)
1372
LuS
SS
Sitano – adj. m. sg. (<Lusitano>)
“De claro aSSento Etereo, o grão Tebano,
Que da paternal coxa foy naScido
Olhando o ajuntamento LuS
SS
Sitano,
Ao Mouro Ser modesto, &auorrecido:”
(LUS., Canto I, estrofe 94, vv. 1 – 3, p. 17)
1373
LuS
SS
Sitanos – s. m. pl. (<Lusitanos>)
“Pazes cometer manda arrependido,
O Regedor daquella inica terra,
Sem Ser dos LuS
SS
Sitanos entendido,”
(LUS., Canto I, estrofe 94, vv. 1 – 3, p. 17)
1374
Melindano – adj. m. sg.
“Não menos guarnecido o LuSitano,
Nos Seus bateis da frota Se partia,
A receber no mar o Melindano,
Com luStrosa &honrada companhia:”
(LUS., Canto II, estrofe 97, vv. 1 – 4, p. 35)
1375
S
SS
S
oberana – adj. f. sg. (<Soberana>)
“Nas ilhas de Maldiua nace a pranta
No profundo das agoas S
SS
Soberana,
Cujo pomo contra o veneno vrgente
He tido por Antidoto excelente.”
(LUS., Canto X, estrofe 136, vv. 5 – 8, p. 183)
1376
Supitana – adj. f. sg.
“o capitão q´jũto de sua casa moreo de/morte supitana e naõ bastou dizer
que/os g
dores
lhes punhaõ grandes penas a qu/os estrouasse e q´leuauaõ
266
excomunhos”
(CNB – MC – p. 187 – l. 2065 – 2069)
1377
Tebano – adj. m. sg.
“De claro aSSento Etereo, o grão Tebano,
Que da paternal coxa foy naScido
Olhando o ajuntamento LuSitano,
Ao Mouro Ser modesto, &auorrecido:”
(LUS., Canto I, estrofe 94, vv. 1 – 3, p. 17)
-Ã ~ -ÃO
1378
Aldeão – adj. m. sg.
“Estando a cidade assi cercada na maneira que já ouvistes, gastavom-se os
matiimentos cada vez mais, por as muitas gentes que em ela avia, assi dos que se
acolherom dentro, de homeẽs aldeãos com molheres e filhos, come dos que
veerom na frota do porto; (...)”
(QCDJI, Cap. 9, § 1º., l. 1 – 6, p. 49)
1379
Balandrão – s. m. sg.
“De pelote, de gybam,/me manday çerto preçepto,/se capuz, se balandrão,/pera
cheguar cortesãao/na contenença, no jeito...”
(Canc. Geral, vol. II, p. 291 – 292, apud DLPA, pág. 146)
1380
Cabeção – s. m. sg.
“O cabeção da camisa”
(Gil Vic., Obras, vol. II, p. 171, apud DLPA, pág. 180)
1381
Capelão – s. m. sg.
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
267
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saídas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1382
Capitãis – s. m. pl. (<Capitães>) > Capitam – s. m. sg.
“(...) ponhão pesoas de que Vossa Alteza seja contente, por que os/que aguora
servem de capitãis não os conheçe a mãi que os pario; e/ (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 11 – 12, p. 196)
1383
Castelãos – s. m. pl.
“E vinham com El-Rei D. Pedro dos seus atá oitocentos homens d´armas de
castelãos e ginetes...”
(Crón. de D. Fernando, cap. 6, apud Morais, vol. III, p. 1.003, apud DLPA, pág.
208)
1384
Castelãs – adj. f. sg.
“E dobras castelãs e mouriscas e outras moedas francesas...
(Crón. de D. Fernando, cap. 48, apud Morais, vol. II, p. 1.003, apud DLPA, pág.
208)
1385
Christaõs – adj. m. pl. (<Cristãos>)
“(...) e praza a deosbaste isto p
a
q´os tenhaõ na opinião do q´saõ; e naõ
taõ/baixos pois ate gora tem mui poucos tornado atras de ser christaõs e se
fog/he de roim tratamto q´lhe daõ seus sñores”
(CNB – MM – p. 13 – l. 230 – 232)
268
1386
Christaõs – subst. m. pl. (<Cristãos>)
“1º Mandam
to
Naõ tem deos a quem ador salgũ tanto sogeitos a agouros/mas
naõ os christaõs
(CNB – MM – p. 13 – l. 233 – 234)
1387
Christaõs – subst. m. pl. (<Cristãos>)
3* os q´se fazem christaõs nunqua perdem missa e isto tudo digo nas nosas
aldeas/e os mais todos os dias de fazer pedem m
ta
instantia a sagrada
comunham”
(CNB – MM – p. 13 – l. 236 – 237)
Obs.: * O negrito está no texto do próprio autor.
1388
Cristão – s. m. sg.
“E por end´anda vestid´e loução
e diz que morre por outra molher;
mais este casamento que el quer,
d´ome o sei eu que lho non daran;
e por este casamento [d]el, de pran,
d´ome atal coita nunca viu cristão.”
(LPGPI – 16,10. – p. 135 – vv. 7 – 12)
1389
Cristão – s. m. sg.
“(...) eu aguora tirei hum da capitania de Ilheos, que he a melhor cousa/desta
coosta pera fazenndas e que mais aguora rennde pera Vosa Alteza/por ser
cristão novo e acusado polla Santa Enqueçição (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1588, in EBC, l. 12 – 14, p. 196)
1390
Cristãos – s. m. pl.
“(...) naõ ha inimizades tem tanta cha/ridade q´hũ peixe ou porco se toman de
repartir todos e o sñor fica/as vezes o pior isto tem m
to
mais despois de
serem cristaõs.”
(CNB – MC – p. 61 – l. 397 – 400)
269
1391
Cristchão – s. m. sg. (<Cristão>)
Nenhũu cristchão nõ seya ousado de tornarsse iudeu”
(Fuero, vol. IV, p. 262, apud DLPA, p. 247, verb. Cristchão)
1392
Egipciaãos – s. m. pl. (<Egípcios>)
“(...) Dês o tempo que o Senhor matou os primogénitos dos egipciaãos e livrou os
filhos de Israel, mandou que lhe fôssem oferecidos todos os primogénitos que
fôssem dos filhos de Israel.”
(LVC, Cap. XII, fl. 40, d, § 467, l. 3 – 7, p. 165)
1393
Egipciaãos – s. m. pl. (<Egípcios>)
(...) Jeremias foi levado ao Egipto, profetizou-lhes [ao pôboo de Israel] que, no
tempo que viiria, havia de parir ũa Virgem, e entom tôdolos deuses e tôdolos
ídolos do Egipto cairiam; e porém os egipciaãos debuxavam ũa imagem da
Virgem com Filho e faziam-lhe grandes honras e reverências. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 46, c, § 532, l. 13 – 19, p. 189)
1394
Firmidõoes – s. f. pl. (<Firmidões>)
“Faço carta de fidelidade, e firmidõoes a vós Mouros...”
(Leges, p. 396, apud DLPA, p. 334, verb. Firmidõoes)
1395
Indiaãos – s. m. pl. (<Indianos>)
“… antre as imageens dos signaaes do çeeo escrepverom os Indiaãos...”
(Corte Imperial, p. 243, apud DLPA, pp. 373 – 374, verb. Indiãao)
1396
Lipidõe – s. f. pl. (<Limpidões>)
“... que mais ama lipidõe que avarento requezas”
(Santa Maria, v. III, p. 151, apud DLPA, p. 403, verb. Lipidõe)
1397
Loução – adj. m. sg.
“e por end´anda vestid´e loução
e diz que morre por outra molher;
mais este casamento que el quer,
270
d´ome o sei eu que lho non daran;
e por este casamneto [d]el, de pran,
d´ome atal coita nunca viu cristão.”
(LPGPI – 16,10. – p. 135 – vv. 7 – 12)
1398
Loução – adj. m. sg.
“ca entrava o verão;
e diss´: ´Amigo loução,
que faria per amores,
pois m´errastes tam em vão?´”
(LPGPI – 25,128. – p. 237 – vv. 12 – 16)
1399
Louçãos – adj. m. pl.
“e non ch´é mester
panos louçãos;”
(LPGPI – 79,35. – p. 540 – vv. 31 – 32)
1400
Romaão – adj. m. sg. (<Romão>)
“Segundo que diz Alberto grande, a paz temporal que entom foi bem doze anos
acêrca do tempo da nacença de Cristo, tam grande que o império romaão era em
tanto assessêgo que as portas das cidades nunca se çarravam (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, c, § 373, l. 1 – 6, p. 129)
1401
Romaãos – subst. m. pl. (<Romãos>)
“(...) e sabes como no tempo dos Romaãos que bem proueitosamente rregiam a
grandeza daquelle jmperio.”
(CTC, Cap. x., § 1º., l. 14 – 16, p. 25)
1402
Romaãos – subst. m. pl.
“(...) e amoestado [Joseph] em sonhos per o ângeo, foi-se a Galilea, onde era
senhor outro filho de Herodes, que havia nome outrossi Herodes Ântipas, ao qual,
ainda que o deserdasse o padre, derom os Romaãos aquela parte do regno; e
viindo ali, Joseph morou em a cidade chamada Nazaret, onde podia morar
seguramente (...)”
(LVC, Cap. XIV, fl. 48, c, § 550, l. 15 – 23, p. 297)
271
1403
Romãos – s. m. pl.
“(...) E se contam em louvor dos romãos, seendo gentiis, que nom era a eles
segura cousa, leixadas as cerimonias que ao deos das batalhas deviam fazer,
entrar em peleja nem mover guerra, (...)”
(QCDJI, Cap. 10, § 2º., l. 20 – 23, p. 63)
1404
Soaão – adj. m. sg. (<Suão>)
“(...) E vemtando estomçe huum/vemto soaão, tomou huum daquelles que
estavom fora, huum collmeiro açeso posto em huuma lamça, e deitou-ho demtro
em çima das choças, e começarom d´arder.”
(CDF, Cap. LXXIX, § 6º., l. 24, p. 64; l. 1 – 3, p. 65)
1405
Vilaão – s. m. sg. (<Vilão>)
“(...) Assi que se fosse vilaão o que tal cousa fezesse, fosse açoutado, e mais
vivesse com seu amo; e o fidallgo tornasse o que lhe dera aquel com que vivia, e
emtom se fosse pera quem quisesse, e nom se podesse partir ataa que o
emtregasse.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 3º., l. 4 – 8, p. 72)
1406
Xãos – s. m. pl. (<Cristãos>)
“(...) m
tos
vieraõ conosco pola terra/dentro de Saõ V
te
ha huñs q´chamaõ topinachĩs
estes nos a/gazalharaõ bem e nunca tiueraõ gerra os portuguezes mas
naõ/querem viuer iunto delles diziaõnos q´la os fizesemos xaõs estes/tem gerra cõ
os Carios.”
(CNB – MM – p. 7 – l. 91 – 95)
1407
Xãos – s. m. pl. (<Cristãos>)
“As molheres dos portuguezes vestidas como homeñs e armas/cõ sua bandeira e
atambor e capitoa fizeraõ corpo e gesto/q´visem os framcezes aquela gente pola
praia, e assim eu/andaua cõ os indios xaõs vigiando sobre auizo porq´neste
tempo se leuãotaõ os escravos inda q´cõ medo destes indios”
(CNB – MM – p. 7 – l. 108 – 112)
1408
Xrtão – adj. m. sg. (<Cristão>)
272
“vieraõ [no Rio de Jan
ro
] 80 e tantas Naos e dos nosos naõ auia inda mais 7.
com/a de Martim a
o
q´he hum indio xrtaõ mui esforcado e per sua val/tia e
cristandade (...)”
(CNB – MM – p. 3 – l. 28 – 30)
-ÁRIA ~ ARIA ~ -ÁRIO ~ -ARIO ~
- ARIUS
1409
Abegoarias – s. f. pl.
“... e mostraram suas grandes abegoarias e os seus vales todos cheio de açucar”
(Guiné, p. 14, apud DLPA, p. 37, verb. Abegoaria)
1410
Aduersario – s. m. sg. (<Adversário>)
“Quando as agoas co Sangue do aduersario,
Fez beber ao exercito Sedento,
Nem o Peno aSperiSmo contrario,”
(LUS., Canto III, estrofe 116, vv. 3 – 5, p. 57)
1411
Aguyraria – s. f. sg. (<Aguiraria>)
“... veo me perguntar/se sabia i aquo d´aguyraria...”
(“Cantiga 1567”, in C.B.N., apud DLPA, p. 81, verb. Aguyraria)
1412
Alcaçarias – s. f. pl.
“... meu pai arrendou hũas alcaçarias ...”
(Gil Vic., Diálogo sobre a Ressurreição, v. 224, apud DLPA, p. 87, verb. Alcaçaria)
1413
Alcaria – s. f. sg.
“Tanto sei de vós, ricomen: pois fordes na alcaria
273
e virde-la azeitona, ledo seeredes esse dia:
pisaredes as olivas conos pees ena pia.”
(LPGPI – 18,43. – p. 161 – vv. 1 – 3)
1414
Alcaria – s. f. sg.
“Pois fordes na alcaria e virdes os põõbares
e virdes as azeitonas jazer per esses lagares,
trilhá-las-edes ena pia, con esses ca[l]canhares,”
(LPGPI – 18,43. – p. 161 – vv. 11 – 13)
1415
Alimaria – s. f. sg. (<Alimária>)
“Qual roxa SangueS uga S e veria
Nos beiços da alimaria (que imprudente,
Bebendo a recolheo na fonte fria)
Fartar co Sangue alheyo a Sede ardente:”
(LUS., Canto V, estrofe 21, vv. 1 – 4, p. 83)
1416
Almotaçaria – s. f. sg.
“Como el Rei Dom Fernamdo mudou os preços
a algumas moedas, e pos almotaçaria
em todallas cousas”
(CDF, Cap. LVI, título, l. 1 – 3, p. 39)
1417
“(...) [el Rei Dom Fernamdo] oolhando mais taaes pessoas a propria prol, que o
bem comunal que todos devem desejar e querer, e que tarde ou numca
abaixariam delles, hordenou almotaçaria em todas as cousas.”
(CDF, Cap. LVI, § 3º., l. 13 – 17, p. 40)
1418
AluerS
SS
Sario – s. m. sg. (<Adversário>)
“CaSo do que cuydaua muy contrario:
Por iSto, & porque Sabe quanto erra,
Quem Se crê de Seu pérfido aluerS
SS
Sario,”
(LUS., Canto I, estrofe 85, vv. 4 – 6, p. 15)
1419
Argtarja – s. f. sg. (<Argentaria>)
274
“(...) sinco astes piquenas nas põtas/das astes t .5. couas de argtarja andaõ
a/Roda e naõ quebraõ em sima se cria o pomo /lhe como Redondo e como huã
larãja piquena”
(CNB – MC – pp. 149 e 151 – l. 1572 – 1575)
1420
Artelharia – s. f. sg. (m. q. <Artilharia>)
“Aquellas inuenções feras & nouas,
De instrumentos mortais da artelharia,
Já deuem de fazer as duras prouas,
Nos muros de Bizancio, & de Turquia:”
(LUS., Canto VII, estrofe 12, vv. 1 – 4, p. 115)
1421
Artelharja – s. f. sg. (Artelharia> m. q. <Artilharia>)
“Tem m
ta
artelharja e boa q´te p
te
tomaraõ aos/frãcezes parte leuaraõ de portugal
(...)”
(CNB – MC – p. 47 – l. 216 – 217)
1422
Artilharia – s. f. sg.
“(...) [os captiuos] sabendo q´estaua ali huã Nao/framceza e posto q´foraõ sentidos
e estauaõ modo de guerra lhe tomaraõ a/ Não com trinta e seis pessas de
artilharia e 40. homeñs os quais poucos escaparão da peleija.//”
(CNB – MC – p. 3 – l. 40 – 43)
1423
“(...) q´outro nosso cõpanheiro q´tamb toma/raõ portaua quarenta e seis mil
crusados afora o Nauio e artilharia e/ por aqui se pode iulgar os mais e tudo
saõ inda ricos posto q´de tudo v. r./terá mais larga formaçaõ (...)”
(CNB – MC – p. 11 - l. 182 – 185)
1424
Becucharias – s. f. pl.
“... compram o que ham mister, e querem por sal, por incenso, por pimenta , por
missa, e outras bechucarias ...”
(Elucidário, v. II, p. 26, paud DLPA, pp. 159 – 160)
1425
Beestaria – s. f. sg. (<Bestaria>)
275
“(...) assi cavaleiros come escudeiros, todos bem armados, como aqueles que das
batalhas trespassadas aviam cobradas muitas boas armas de seus migos; mas
nom eram todos bem encavalgados, porque mais armas cobrarom que bestas, e
eram i tambem muitos homeẽs de pee, e muita beestaria.”
QCDJI, Cap. 12., § 1º., l. 3 – 9, p. 72)
1426
Briviario – s. m. sg. (<Breviário>)
“E levandolhe elle pelos caminhos, e subida as serras o alforge da sobrepeliz, e
briviario, que era toda a sua recamara...”
(Machado, v. I, p. 463, apud DLPA, p. 175)
1427
Casario – s. m. sg.
“Estivemos até a madrugada metidos em hum casario grande, que em tempo de
Christãos fora Igreja dedicada em louvor da virgem...”
(Machado, v. II, p. 89, apud DLPA, p. 207, verb. Casario)
1428
Cavalaria – s. f. sg.
“(...) e depois o deu que o criasse a Dom Nuno Freire d´Andrade, meestre da
cavalaria da hordem de Christus.”
(CDPI, Cap. I, § 1º., l. 7 – 9, p. 66)
1429
Chamcellaria – s. f. sg. (<Chancelaria>)
“E outorgou que todos aquelles que tiinham navios e emtrassem neesta
companhia, e os que dalli adeamte/ouvessem e emtrassem em ella, que
ouvessem todos os privillegios e graças que outrogadas tiinha aos que
comprassem navios ou fezessem de novo, como ja teemdes ouvido; e quitava a
chamcellaria aos que tiravam a carta de tal hordenamça.”
(CDF, Cap. XCI, § 7o., l. 29 – 30, p. 93; l. 1 – 5, p. 94)
1430
Chancelaria – s. f. sg.
“a casa das carnes, pescado e sal, sisa e imposições/ dos vinhos, fruita e
chancelaria do civil, em que entra/o hum por cemto e dous por milheiro.”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
19v, in EBC, l. 3 – 4, p. 216)
276
1431
Chancelaria – s. f. sg.
Chancelaria da cortte”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
19v, in EBC, l.14, p. 216)
1432
Chancelaria – s. f. sg.
“24/ bi qontos iii
c
lxxxl b
c
i lxxxbi reis que, per/orçamento, vai levado o
rendimento da chancelaria da cortte.”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
19v, in EBC, l. 3 – 4, p. 216)
1433
Contrario – adj. m. sg. (<Contrário>)
“CaSo do que cuydaua muy contrario:
Por iSto, & porque Sabe quanto erra,
Quem Se crê de Seu pérfido aluerSario,”
(LUS., Canto I, estrofe 85, vv. 4 – 6, p. 15)
1434
Contrario – adj. m. sg. (<Contrário>)
“Quando as agoas co Sangue do aduersario,
Fez beber ao exercito Sedento,
Nem o Peno aSperiSmo contrario,”
(LUS., Canto III, estrofe 116, vv. 3 – 5, p. 57)
1435
Cõtrarios – s. m. p. (<Contrários>)
“5 Saõ inclinados a guerrear cõ seus cõtrarios donde vem q´quando mataõ
algũ/os velhos e as uelhas per modo de vingança se aiunt como 1200.a
comer/hũ por festa e m
tos
numqua comeraõ carne humana se algũ tocou/foi
tam pouca q´se pode ter por nada (...)”
(CNB – MM – p. 13 – l. 247 – 250)
1436
Cordoarias – s. f. pl.
“Saon deuudos muytos dinheiros asy d arneses como de llanças ferro madeiras
pam vjnho carnes/Jornaes cordoarias que foram filhados pera armada de cepta”
277
(Descobrimentos, v. I, p. 396, apud DLPA, p. 239, verb. Cordoaria)
1437
Especiaria – s. f. sg.
“os peixes bois saõ grandes 30 e 40 arrobas de peso tem carne como/de uaca se
cõ couues se a cozemespeciaria como can
ro
se de v
o
e de/alhos como porco e
andaõ no mar vão comer aos nos das eruas q´nelles/nascem nunqua saem fora
dagoa eu comprei pouco há hum por 20/cruzados era f
o
tinha alguñs 28 arrobas vi
algũs viuos mergulhaõ m
to
(CNB – MC – p. 23 – l. 453 – 457)
1438
Especiarya – s. f. sg. (<Especiaria>)
“(...) mas no dejtarão [o crauo]/senã despois da especiarya ja estar /cozida no
mesmo tacho tão o re/voluerão muyto b de manejra que/nã va tudo nũa parte/
(...)”
(TCP – p. 1237 – 1331)
1439
Especiarya – s. f. sg. (<Especiaria>)
“E Se buScando as mercadorias,
Que produze o aurífero Leuante,
Canella, Crauo, ardente eS
SS
Sp
pp
peciaria
Ou Droga Salutifera, & preStante”
(LUS., Canto II, estrofe 4, vv. 1 – 4, p. 20)
1440
Frascarias – s. f. pl.
“... que podias tu esperar de um doudo, criado sem pai, em tavernas, e em
frascarias...”
(Comédia do Cioso, ato I, cena I, apud DLPA, vol. III, p. 87, verbete Frascaria)
1441
Frontaria – s. f. sg.
“(...) E porque aquela frontaria é grossa de gentes e grandes senhores, assi como
do Meestre de Santiago e do Meestre d´Alcantara e doutros boõs fidalgos, e
aqueles que vós assinastes pera a guardarem comigo me parecem poucos, (...)”
(QCDJI, Cap. 2º., § 4
o
., l. 18 – 23, p. 9)
278
1442
Galãtarias – s. f. pl. (<Galantarias>)
“(...) e o paçaro estas galãtarias pareçe/m
to
b e t m
tas
cores nas penas de
lõge cheiraõ a carniça”
(CNB – MC – p. 143 – l. 1482 – 1483)
1443
Galãtarja – s. f. sg. (<Galantaria>)
“jejua hũ mês mĩgaos q´saõ caldos de f
as
/e farinha som
te
isto come e naõ sae
de casa se/naõ pera cousas necessarjas e assi faz outros/v
os
e se trosquiaõ e
sarrafação p´galãtarja//”
(CNB – MC – p. 97 – l. 865 – 868)
1444
Frõtaria – s. f. sg. (<Frontaria>)
“... Sobrinho del rey de Cambaya, que estava na frõtaria de Damião eõtra ho
Nizamaluco”
(Castanheda, apud Machado, v. III, p. 84, apud DLPA, p. 342, verb. Frontaria)
1445
Jograria – s. f. sg.
“Orraca López vi doente um dia e
preguntei-a se guareceria.
E disse-m´ela, tod´em jograria:
- Sõo velha e cuid´a guarecer.”
(LPGPI – 2,16. – p. 79 – vv. 1 – 4)
1446
Jograria – s. f. sg.
“ca esta morte non é jograria
(LPGPI – 70,13. – p. 444 – v. 14)
1447
Judaria – s. f. sg.
“De vossos dinheiros de mui bon grado;
e tornad´aqui ao meio dia,
e entanto verrá da Judaria
(LPGPI – 64,28. – p. 425 – vv. 8 – 9)
1448
Mendigaria – s. f. sg.
279
“... foi o demo encher a terra de bacharéis que são a mesma mendigaria
(Eufrosina, ato I, cena II, apud DLPA, p. 425, verb. Mendigaria)
1449
Messejaria – s. f. sg. (<Mensageira>)
“Mas a bem-aventurada Virgem Maria além de dolos homeẽs ou molheres era
louvada e exalçada per a messajaria do ângeo. (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, a, § 202, l. 1 – 4, p. 79)
1450
Mouraria – s. f. sg.
“Saibam quantos este estormento de/
2
distracto e quitaçam virem que no/
3
anno
Do nacimento de nosso senhor Jesu chris/
4
to de miL quinhentos quarenta e oito;
aos/
5
quatro dias do mes de dezembro; na cidade/
6
de Lixboa extra muros aa
mouraria na rua/
7
dos caualeiros nas pousadas de fernã viles/
8
fidalgo da casa del
Rey nosso Senhor; (...)” (DPNRL, Documento 218, l. 1 – 8, p. 565; Maço 77, 1538,
Mosteiro de Chelas, 1548)
1451
Necesarios – adj. m. pl. (<Necessários>)
“(...) e fazem os Robos [da maca de partes lepaldados] q sde/dous palmos
cõprido e despois deste Rolo feyto da grosura q saõ necesarios pera os pastes e
cortão/este Rolo talhadas q naõ sejaõ mais largas q /dous dedos taõ poem as
talhadas asy dereytas huã tauoa (...)”
(TCP – p. 33 – l. 330 – 335)
1452
Necessario – adj. m. sg. (<Necessário>)
“Pera auer de dar noticia e emformacaõ de alguma cousa he necessario/ter
noticia da mes/ma cousa e por quanto uariaraõ pesoas a cerca das coisas do
Brasil (...)”
(CNB – MM – p. 3 – l. 5 – 6)
1453
Necessaryo – adj. m. sg. (<Necessário>)
“(...) lhe deitarão [no mel] huã maão/chea de bolo/ e outra de erua doçe A/te q se
acabe a erua doce e depojz/lhe deitarão o bolo q For necessaryo (...)” (TCP – pp.
127 e 129 – l. 1335 – 1338)
280
1454
Ouriujzaria – s. f. sg. (<Ourivesaria>)
“... canbhos da cidade de Lixboa na Rua de ouriujzaria...”
(Descobrimentos, v. I, p. 429, apud DLPA, p. 452, verb. Ourivesaria)
1455
Oytavário – s. m. sg. (<Oitavário>)
“... e acordarom que fezessem em cada huum ano o oytavário de samto Amtonio
jeralmente e homrradamente...”
(Fr. Menores, v. I, p. 292, apud DLPA, p. 453, verb. Oitavário)
1456
Parçaria – s. f. sg. (<Parceria>)
“(...) aquel que perfeitamente quiser vencer os seus laços e suas temptações, que
deve fugir nom soomente da companhia dos demoões, mas ainda da parçaria dos
maãos homeẽs, afastando-se dêles algũas vêzes corporalmente e sempre na
voontade: (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 73, d, § 830, l. 10 – 16, p. 301)
1457
Pedraria – s. f. sg.
“ha muitos escrauos de guine e da terra t grãde/sertaõ onde diz ha grandes
minas assi/de metal como dalabasto m
to
salitre cristal/e outra pedraria
esmeraldas e tudo se cria/nesta terra (...)”
(CNB – MC – p. 43 – l. 159 – 163)
1458
Pedraria – s. f. sg.
“Ou Se queres luzente pedraria
O Rubi fino, o rígido Diamante:”
(LUS., Canto II, estrofe 4, vv. 5 – 6, p. 20)
1459
Pedraria – s. f. sg.
“Faz repreSaria nũs, que aas naos vieraõ,
A vender pedraria que trouxerão”
(LUS., Canto IX, estrofe 9, vv. 7 – 8, p. 146)
1460
Postumaria – s. f. sg.
281
“... aa postumaria do prazer vem choro”
(Vita Christi, fl. 102a, apud DLPA, p. 479)
1461
Pousemtadaria – s. f. sg. (m. q. <Aposentadoria>)
“(...) E pera se esto melhor fazer, mandou qu todollos bispos e meestres e
comendadores, e quaaesquer outras pessoas a que ouvessem de dar pousadas
de pousemtadaria, que tevessem casas nas villas e logares de seu senhorio, que
as corregessem todas ataa çerto tempo, de guisa que podessem em ellas pousar;
e que fossem logo requeridos seus donos dellas, e seus procuradores que as
corregessem. (...)”
(CDF, Prólogo, § 21º., l. 2 – 9, p. 24)
1462
Pregárias – s. f. pl.
“(...) quando creemos que fora do mundo poderemos seer louvados per boõs
irmitaães, e quando, per pecados de descairadas paixoões, teemos o mundo
ençarrado em nós de tal guisa que nós, que pensávamos acorrer ao mundo com
nossas pregárias e oraçoões, hajamos mais mester e nos sejam acêrca
necessários os oradores do mundo?´.”
(LVC, Cap. XIV, fl. 48, a, § 547, l. 9 – 17, p. 195)
1463
Pustumaria – s. f. sg. (<Postumaria>)
“(...) Em a pustumaria de sua vida pode homem pero fazer peendença, porque
atees entom pode pecar e per divinal graça pode receber perdom, porque a
misericórdia de Deus vence a malícia. (...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 65, d, § 747, l. 17 – 21, p. 269)
1464
RepreS
SS
Saria - s. f. sg. (<RepreS
SS
Sária>)
“Faz repreS
SS
Saria nũs, que aas naos vieraõ,
A vender pedraria que trouxerão”
(LUS., Canto IX, estrofe 9, vv. 7 – 8, p. 146)
1465
Rogaria – s. f. sg.
“... sosteendo eles com seus méritos esta petiçom e rogaria a Egreja”
(Vita Christi, fl. 97c, apud DLPA, p. 514)
282
1466
Rogarias – s. f. pl.
“(...) eu te rogo [Joam Bautista] que guances, com tuas justas rogarias, que o
senhor a mim abstinência complidoira de comer e bever, cuidar e falar e obrar,
e me guarde de tôda çugidade da voontade e do corpo e, enquanto som em esta
vida temporal, outorgue-me seer alongado dos pecados e fazer a el cavalarias,
(...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 59, b, § 677, l. 8 – 14, p. 243)
1467
Rogarias – s. f. pl.
“(...) Ferva sempre o amor doblez de Deus e do próximo, e com rogarias
ameüdadas, empero justas ora. (...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 69, d, § 785, l. 14 – 17, p. 283)
1468
Romaria – s. f. sg.
“A Santiagu´en romaria vem
el-rei, madr´, e praz-me de coraçon
por duas cousas, se Deus gran ben:”
(LPGPI – 14,3. – p. 121 – vv. 1 – 4)
1469
Romaria – s. f. sg.
“Por fazer romaria, pug´en meu coraçon
a Santiag´,un dia, por fazer oraçon
e por veer meu amigo logu´i.”
(LPGPI – 11,10. – p. 113 – vv. 1 – 3)
1470
Rromaria – subst. f. sg. (<Romaria>)
“E ajmda me pareçe que segumdo este feito perfaço todas estas cousas, porque
assaz, desmolha sera buscar dinheiros e mantijmento para gouernar tamtas
gentes como eu com a graça de Deos espero de leuar a esta samta rromaria.”
(CTC, Cap. xx., § 1º., l. 21 – 26, p. 52)
1471
Sacratária – adj. f. sg.
“(...) mas sìmprezmente e perfeitamente contempla que daquela luz sem medida,
sem nehũa composiçom e mui sprandecente e mui sacratária, o/sprendor
coeternal e IIconsustancial juntamente é nacido. (...)”
283
(LVC, Cap. I, fl. 8, b – c, § 83, l. 7 – 12, p. 37)
1472
Sajarias – s. f. pl.
“(...) mas porque neuũ avisamento antigo podia estonce seer igual aas sajarias
daqueste novo guerreiro, seendo sempre muito sem oufana e levantamento em
seus aventuirados vencimentos.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 11 – 15, p. 59)
1473
Sajarias – s. f. pl.
“(...) Porque, se forteleza é esforçado desejo de percalçar grandes cousas, com
soportamento de proveitoso trabalho, este, nom receando noites asperas nem
esquivos dias, nom temia de se poer a quaesquer aventuiras por aver vitoria dos
migos; nom por desprezar com soberva afouteza a multidom deles, mas porque
neuũ avisamento antigo podia estonce seer igual aas sajarias daqueste novo
guerreiro, seendo sempre muito sem oufana e levantamento em seus
aventuirados vencimentos.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 5 – 15, p. 59)
1474
Santanária – s. f. sg.
“... & foy de sorte, que por seus conselhos (cousa de que estava bem longe) dey
na vida santanária, com que me achey melhor, que tudo”
(Apólogos, p. 97-98, apud Machado, v. V, p. 155, apud DLPA, p. 522, verb.
Santanária)
1475
Sextário – s. m. sg.
“(...) E cada ũa daquelas pias levava duas ou três metretas,que som ũas medidas
que cada ũa leva sex sextários, segundo IsidoIro, o qual esso meesmo diz que o
sextário leva duas livras, e dous sextários é ũa mensura a que chamam bilíbris.
(...)”
(LVC, Cap. XXV, fl. 84, c – d, § 942, l. 10 – 16, p. 345)
1476
Sextários – s. m. pl.
“(...) E cada ũa daquelas pias levava duas ou três metretas,que som ũas medidas
que cada ũa lecva (sic) sex sextários, segundo IsidoIro, o qual esso meesmo diz
que o sextário leva duas livras, e dous sextários é ũa mensura a que chamam
bilíbris. (...)”
284
(LVC, Cap. XXV, fl. 84, c – d, § 942, l. 10 – 16, p. 345)
1477
Sextários – s. m. pl.
“(...) E cada ũa daquelas pias levava duas ou três metretas,que som ũas medidas
que cada ũa lecva (sic) sex sextários, segundo IsidoIro, o qual esso meesmo diz
que o sextário leva duas livras, e dous sextários é ũa mensura a que chamam
bilíbris. (...)”
(LVC, Cap. XXV, fl. 84, c – d, § 942, l. 10 – 16, p. 345)
1478
Sibilária – adj. f. sg.
“linda escola sibilária,
onde se aprendem grandezas.”
(RA, in OCGV – vol. V, p. 42 – vv. 15 – 21)
1479
Solitario – adj. m. sg. (<Solitário>)
“(...) E chamã-lhi [o homẽ sabedor] solitario o hũũ per/razõ da vertude da
caridade que ha, que faz de muytas cousas hũa. (...)”
(LA, XXIV, vv. 25 – 27, p. 43)
1480
Speçearia – s. f. sg. (<Especiaria>)
“Assi aveo que, pousando el nos paaços de Belllas que el [el Rei Dom Pedro I]
fezera, dous seus escudeiros que gram tempo avia que com el viviam, seendo
ambos parçeiros ouverom comselho que lhe fossem roubar huum Judeu que pelos
montes andava vendendo speçearia e outras coisas, (...)”
(CDPI, Cap. VI, § 3º., l. 21 – 26, p. 78)
1481
Strabaria – s. f. sg. (<Estrabaria>; m. q. <Estrebaria>)
“E Agostinho: ´Nascido é na strabaria e cingido de sua Madre com faxa vil e
refece. Nom tiinha casa madeirada de cedro nem leito de marfim em que parisse o
Criador e onde posesse o Remiidor de tôdalas cousas. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 61, § 376, l. 1 – 6, p. 129)
1482
Strabaria – s. f. sg. (<Estrabaria>; m. q. <Estrebaria>)
“E diz em outro lugar: ´Donde vos veo a vós, strangeiros, que adorees a Cristo?
Em Israel nom foi achada tanta fé. Nom vos avorreceu a morada vil da strabaria,
285
nem os proves berços do presepe, nem a vista da Madre prove, que presente
stava. (...)”
(LVC, Cap. XI, fl. 38, b, § 445, l. 1 – 6, p. 155)
1483
Strabaria – s. f. sg. (<Estrabaria>; m. q. <Estrebaria>)
“(...) Dês i, veerom os Magos e honrarom-no muito. El pero stava na strabaria
antre as bêstas, e assi chorava como filho de mui pequeno homem. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, c, § 510, l. 8 – 11, p. 181)
1484
Tafularia – s. f. sg.
“nen por entrades na tafularia,
nen por beverdes nen por pelejardes:”
(LPGPI – 79,52. – p. 548 – vv. 17 – 18)
1485
Tapeçaria – s. f. sg.
“D. Jorge Henriques chegando de Malaca a Borneo, com outros Cavalheyros
Portuguezes, para aSSentar commercio com el-Rey de Borneo, lhe preSenteou
entre outras peças, que levava de preSsente, hũa Tapeçaria, ou panno de Raz, de
figuras grandes que repreSentavão o caSamento del-Rey Henrique VIII cõ a Rainha
Dona Catharina; mas vendo el-Rey hum tão novo eSpetctaculo, & SuSpeitando que
aquellas figuras erão encantadas, (...)”
(VPL - Vocabulário Portuguez e Latino, de Bluteau, disponível em
<http://www.ieb.usp.br/online/index.asp.> Acessado em 05/06/2008.
1486
Temeraria – adj. f. sg. (<Temerária>)
“De minha temeraria confiança,
Dizia, eis aqui venho offerecido,”
(LUS., Canto III, estrofe 38, vv. 6 – 7, p. 44)
1487
Temeraria – adj. f. sg. (<Temerária>)
“A DeoSa Gigantea temeraria,
Jactante, mintirosa, & verdadeyra”
(LUS., Canto IX, estrofe 44, vv. 5 – 6, p. 152)
1488
Temerário – adj. m. sg.
286
“Hum ramo na mão tinha: mas o cego
Eu que cometo inSano, & temerario
(LUS., Canto VII, estrofe 78, vv. 1 – 2, p. 126)
1489
Thesaurarius – s. m. sg. (m. q. <Tesoureiro>)
“(...) /
20
ho Confirmo e Mando que sse conpra como em elle faz mencom; date em
braaga noue dias dabril Martim de gujmarães a fez escrepuer eaquj soescrepuj
anno de/
21
Mjl iiiij
c
lR noue annos/
22
THesaurarius/
23
Decretorum doctor
(DPNRL, Documento 98, l. 20 23, p. 293; Maço 6,21, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1499)
1490
Ucharia – s. f. sg.
“... e porque el Rey tinha mandado que sempre em sua ucharia ouesse em muyta
abundança todolos pescados bens, e chacinas...”
(Crónica de D. João II, cap. 185, p. 258, ed. de 1798, apud DLPA, p. 553, verb.
Ucharia)
1491
Vagaria – s. f. sg.
“... pareçe que el-Rey quer meter este feyto em vagaria
(Crón. dos cinco reis, v. II, p. 92, apud DLPA, p. 558, verb. Vagaria)
1492
Vozaria – s. f. sg.
“Outra vez lhe [a el Rei Dom Fernamdo] aqueeçeo que aprazou huum porco mui
gramde, o qual achou com gram trabalho, fazemdo-o amdar lomga terra amtre dia
e noite, de que ficou mui canssado; e depois que o ouve cercado, mandou huum
seu page, que lhe levava a azcuma, que fosse à pressa chamar os de cavallo, e
os de cavallo, e os monteiros toda a vozaria e que lhe trouvessem dous alaãos,
os quaaes amava tanto, que os lamçava de noite comsigo na cama, e el em meo
delles. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 2º., l. 9 – 16, p. 96)
-AZ
287
1492
Beleguinaz – s. m. sg.
“Olhei mais e vejo-lhe um beleguinaz ao lado...”
(Miranda, Obras, v. II, p. 101, apud DLPA, p. 161, verb. Beleguinaz)
-ATA ~ -ATO
1493
Cumfirmata – adj. part. f. sg.
“Ita ut de hodie die illa hereditate de uiri meo sedeat abrasa, et in uestro dominio
sit tradita atque cumfirmata.”
(Título de venda, Ano de 1161, in TA, § 2º., l. 4 – 5, p. 13)
1494
Dublata – adj. f. sg.
“Et, in aliquis homo uenerit de propinquis uel extraneis ad in rumpendum contra
hanc karta uendicionis et firmitatis, et nos in concilio de uendicare non potuerimus
aut autorgare non quesierit, quomodo pariemus illa hereditate dublata aut quantũ
fuerit meliorata in tale loco, et iudicato.”
(Título de venda, Ano de 1161, in TA, § 3º., l. 7 – 11, p. 13)
1495
Iudicato – adj. part. m. sg.
“Et, in aliquis homo uenerit de propinquis uel extraneis ad in rumpendum contra
hanc karta uendicionis et firmitatis, et nos in concilio de uendicare non potuerimus
aut autorgare non quesierit, quomodo pariemus illa hereditate dublata aut quantũ
fuerit meliorata in tale loco, et iudicato.”
(Título de venda, Ano de 1161, in TA, § 3º., l. 7 – 11, p. 13)
1496
Lambiato – adj. m. sg.
“... te o carneiro tamanho / se atrás fica, é lambiato
(Miranda, Poesias, p. 104, apud DLPA, p. 393)
288
1497
Meliorata – adj. part. f. sg.
“Et, in aliquis homo uenerit de propinquis uel extraneis ad in rumpendum contra
hanc karta uendicionis et firmitatis, et nos in concilio de uendicare non potuerimus
aut autorgare non quesierit, quomodo pariemus illa hereditate dublata aut quantũ
fuerit meliorata in tale loco, et iudicato.”
(Título de venda, Ano de 1161, in TA, § 3º., l. 7 – 11, p. 13)
1498
Melioratos – adj. part. m. pl.
“Siquis tamen, quod fierit non credimus, aliquis homo uenerit, uel uenerimus, ad
inrumpendum contra hanc kartula uenditionis, que nos as iudicio deuendicare non
potuerimus, que pariemus ad uobis illos uillares dublados uel quantum ad uobis
fuerit melioratos. (...)”
(Título de venda, Ano de 833, in TA, § 3º., l. 1 – 5, p. 11)
1499
Nominata – s. f. pl.
“In nomini Domini. Ego Odario Dauis ideo placuit mici, asto animo et bone pacis
uolumtas, ut facere tiui, iermana mea Trudilli, sicut et facio tiui, scriptura
domationis et firmitatis de uilla nostra propria nominata Freiseno, que iace inter
ambas Labrugias, subtus Ciuitas Albarelios et Castro de Boue, território
bragarense et portugalense. (...)”
(Doação, Ano de 907, in TA, § 1º., l. 12 – 18, p. 11)
-ÇAM ~ -ÇO(M) ~ -ÇÃO ~ -SAM ~
-(S)SOM
1500
Absolução – s. f. sg. (m. q. <Absolvição>)
“... pede absolução da instância”
(Ord. Manuelinas, 3, p. 13, apud Morais, v. I, p. 151, apud DLPA, p. 43, verb.
Absolução)
1501
Absoluçom – s. f. sg. (<Absolução>)
“Recebida absoluçom plenária articolo mortis...”
289
(Inf. Santo, apud Florilégio, apud DLPA, p. 43, verb. Absoluçom)
1502
Açetação – s. f. sg. (<Aceitação>)
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1503
Adoraçom – s. f. sg. (<Adoração>)
“[...] per onde pareçeo a todos que nhuũa jdolatria nẽ adoraçom teem./”
(VCPVC – fl. 13 – l. 6 – 7)
1504
Afeição – s. f. sg.
“Casai earamá com siso,
E dai ó demo a afeição,
(RA, in OCGV – vol. V – p. 50 – vv. 5 – 7)
1505
Afeiçom – s. f. sg. (<Afeição>)
“… grande licença q deu a afeiçom a muitos que teverõ arrego dordenar estorias”
(Crón. de D. João I, p. 39, apud DLPA, p. 69, verb. Afeiçom)
1506
Amoestaçoões – s. f. pl. (<Admoestações>)
“O Iffante [Dom Henrique] era homem de mui grande autori-/dade, polla qual suas
amoestaçoões, por brandas que fôssem, eram pera os sesudos de mui grande
290
encárrego, como se mostrou per obra em aqueste, que despois destas pallavras,
determinou em sua voontade nom tornar mais ante a presença de seu senhor,
sem certo recado daquello por que o enviava; (...)”
(CFG, Cap. IV, § 1º., l. 29, p. 47; l. 1 – 8, p. 48)
1507
Apegação – s. f. sg.
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1508
Apegação – s. f. sg.
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
291
1509
Apelaçõ – s. f. sg. (<Apelação>)
“/
13
e defender e respõder pidír negar conhocer ajr compoer contradizer Eyseicõ
ou eyseicões poer E pera ouuir sẽtẽça/
14
ou sẽtẽças assy definitiuas como
antrelecutorias E apelar e sopricar E apelaçõ ou apelações suplicação ou
soplicações/(...)”
(DNPRL, Documento 48, l. 13 14, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
1510
Apelações – s. f. pl.
“/
13
e defender e respõder pidír negar conhocer ajr compoer contradizer Eyseicõ
ou eyseicões poer E pera ouuir sẽtẽça/
14
ou sẽtẽças assy definitiuas como
antrelecutorias E apelar e sopricar E apelaçõ ou apelações suplicação ou
soplicações/(...)”
(DNPRL, Documento 48, l. 13 14, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
1511
Apuraçooens – s. f. pl. (<Apurações>)
“(...) estamdo el [el Rei Dom Fernamdo] em na çidade d´Evora, mandou por todo
seu reino fazer novas apuraçooens de todollos moradores em elle, e mudar as
armas que dante tiinham per outra nova maneira, que se entom começou de
costumar.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 1º., l. 10 – 14, p. 71)
1512
Assumpçom – s. f. sg. (<Assunção>)
“(...) E demostra que todos obrarom esta bem-aventurada encarnaçom, atribuindo
ao Padre autoridade; ao Filho, a assumpçom da carne; ao Spíritu Santo, a obra
(...)”
(LVC, Cap. V, fl. 17, d, § 190, l. 21 – 24, p. 73)
1513
ARibaçaõ – s. f. sg. (<Arribação>)
“(...) Aqui esteue D
o
flores/Baldes 6. ou 7. mezes e nũqua se stio falta/cõ estar
algũs 4000 soldados q´hiaõ pera o/estreito t peixe de aRibaçaõ q´saõ
como/grãdes tainhas de pezo de 4 arrats”
(CNB – MC – pp. 47 e 49 – l. 231 – 235)
1514
Calculações – s. f. pl.
292
“Até que elles [os astrólogos] em seus segnaes, e calculações, acharão bom dia”
(Décadas, v. X, p. 34, apud DLPA, p. 191, verb. Calculaçom)
1515
Carregaçoões – s. f. pl.
“Trabalhamdo-se muito de fazerem naaos, e outros de as comprarem, per aazo de
taaes privillegios; e vemdo el Rei [D. Fernamdo] como por esta cousa de sua terra
era melhor mantheuda e mais honrrada, e os naturaes della mais ricos e
abastados, per aazo das muitas carregaçoões que se faziam; (...)”
(CDF, Cap. XCI, § 1º., l. 4 – 8, p. 91)
1516
Colaçom – s. f. sg. (<Colação>)
“(...) Esta colaçom ou repetiçom era a delectosa muito e proveitosa aa Igreja,
porque ela as ensinou e contou tôdas II depois, e forom scriptas e preegadas per
todo o mundo.”
(LVC, Cap. IX, fl. 32, b, § 381, l. 12 – 16, p. 131)
1517
Colaçoões – s. f. pl.
“(...) E portanto nas colaçoões dos padres se diz que todo o trabalho e exercício
do monge deve seer por haver pureza do coraçom; e per esta é homem
merecedor de veer a Deus, (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 74, c, § 837, l. 10 – 14, p. 305)
1518
Comçeção – s. f. sg. (<Concessão>)
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
293
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1519
Comonicação – s. f. sg. (<Comunicação>)
“(...) res-/pondeo que todas as ditas pessoas elle/conheçe muito bem e tem dellas
bas-/tante conhecimento e comonicação/e as tem por pessoas de sam concien-
/cia de verdade e que não jurarão/falso”
(Denúncias de João Nunes, cristão-novo, ao Santo Ofício da Inquisição, Salvador,
12 de fevereiro de 1592, in EBC, l. 8 – 10, p. 208)
1520
Compensaçom – s. f. sg. (<Compensação>)
“(...) Per delectos e dilicaduras andavas tu fazendo boõa vida: agora jejũa e,
bevendo água, faze compensaçom e emenda de ũa cousa e de outra, de guisa
que venças pero e tires a fame. (...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 68, a, § 770, l. 23 – 27, p. 279)
1521
Concrusam – s. f. sg. (<Conclusão>)
“[...] e tamto q a concrusam foy tomada. pregumtou mais se seria boo tomar aquy
per força huũ par destes homẽs [...]”
(VCPVC – fl. 6 – l. 15 – 18)
1522
Confirmaçom – s. f. sg. (<Confirmação>)
“Dom ffernando per merçee de deus E da Sancta Egreia de Roma Arcebispo de
Bragáá E primas A quantos esta carta de confirmaçom E de posse/
2
virem.
ffazemos Saber. que Seendo vago o Moesteíro de Sam mjgell de vilarínho da
hordem Reglante de Sancto agostinho. o quall/
3
Jaz em terra de Negrelos do
nosso arçebispado. per sinplez Renũçiaçom que dell fez Nossas mááos vasco
martjz que ora dell foy vltimo prior; E consijrando Nos/(...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 1 3, p. 259; Maço 5,34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
1523
Confisson – s. f. sg. (<Confissão>)
“(...) E por ti fazeres verdadeira peendença e guaançares perfecta graça de
perdom, grande avisamento se deve poer porque sejas derrador côrto e limpo, per
confissom, deo pecado, e que atuares, segundo o mandamento de Josué, em o
logar das tendas atees que sejas perfeitamente curado; a qual cousa se fará, se tu
comeres o pam de door e de peendença caladamente, arredado da companha,
294
tirando-te dos louvores e apareenças do mundo e das outras companhas e de
todo aazo de pecar.”
(LVC, Cap. XX, fl. 69, a, § 780, l. 3 – 15, p. 283)
1524
Cõfrontaçãos – s. f. pl. (<Confrontação>)
“(...)/
6
homẽs bos o vam ver e apeguar no que Reçeberíamos Justiça e merçe a
quall petição vista per mjm mãdei vasar carta de vedoria em forma pera os ditos
francisquo fernandez e pero mendez pera que dous homẽs bos lauradores
vizi/
7
nhos do dito casall Juntamente em pesoa o fossem ver e apeguar con todas
suas pertenças canpos vinhas casas auguoas seruentias pera que tudo
espreuesem declaracão das cõfrontações que partisem poemdo/
8
declaradamente as feições das casas e numero delas E nomes particulares de
qua (sic) propriedade e cõfrontaçãos e as erdades quantos allqueires de
semeadura leuarião (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 6 8, p. 327; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1525
Cõfrontações – s. f. pl. (<Confrontações>)
“(...)/
6
homẽs bos o vam ver e apeguar no que Reçeberíamos Justiça e merçe a
quall petição vista per mjm mãdei vasar carta de vedoria em forma pera os ditos
francisquo fernandez e pero mendez pera que dous homẽs bos lauradores
vizi/
7
nhos do dito casall Juntamente em pesoa o fossem ver e apeguar con todas
suas pertenças canpos vinhas casas auguoas seruentias pera que tudo
espreuesem declaracão das cõfrontações que partisem poemdo/
8
declaradamente as feições das casas e numero delas E nomes particulares de
qua (sic) propriedade e cõfrontaçãos e as erdades quantos allqueires de
semeadura leuarião (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 6 8, p. 327; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1526
Consagraçom – s. f. sg. (Consagração>)
“(...) E em esta cidade [Cepta] foe o iffante [Dom Henrique] feito cavalleiro, mui
honradamente, per maão de seu padre, no dia da consagraçom da igreja
cathedral, em companhia de seus irmaãos.”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 14 – 18, p. 36)
1527
Consegraçom – s. f. sg. (<Consagração>)
“(...) E desta peendença tal ou arrependimento som escusados solamente os
295
meninos párvoos e nom outras pessoas, porque estes nom podem ainda usar do
livre alvidro, aos quaes empero aproveita pera sua consegraçom e remissom do
pecado original a fé daqueles que os apresentam, de maneira que quaaesquer
mágoas de pecados que êles trouverom daquelles de que nascerom som
purgadas e limpas per a responsom e pregunta dos outros; scil., dos padrinhos.
(...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 64, d, § 739, l. 12 – 22, p. 265)
1528
Consolaçom – s. f. sg. (<Consolação>)
“A segunda consolaçom stá em spiraçom e enviamento de segredos e cousas
diviinaes, a qual acontece em haver tôda avondança de graça e de plazeres
spirituaaes dos quaaes tanto menos dignamente falamos, quanto os menos
conhecemos. (...)”
(LVC , Cap. XXII, fl., 79, b, § 888, l. 1 – 7, p. 323)
1529
Contemplaçom – s. f. sg. (Contemplação>)
“(...) Aque-/lo que diz que o outro passaro leyxã ir livre-/mẽte demostra que depois
que nós vẽcermos/as cobiiças maas carnaes entõ a alma/nossa voará aos ceos cõ
penas de bõa cõ-/templaçom.”
(LA, XXVIII, vv. 5 – 10, p. 47)
1530
Contempraçom – s. f. sg. (Contemplação>)
“E esta representaçom seja com tam grande grandeza e duraçom e poderio e fi
m
quanto a ti aprouguer poer de virtude de contempraçom...”
(Corte Imperial, p. 4, apud DLPA, p. 235, verb. Contempraçom)
1531
Continuaçom – s. f. sg. (<Continuação>)
“(...) E assi que, tornando a meu propósito, digo que êste nobre príncipe [Iffante
Dom Henrique] ouve a estatura do corpo em boa grandeza, e foe homem de
carnadura grossa, e de largos e fortes membros; a cabelladura avia algum tanto
alevantada; a côr de natureza branca, mais, polla continuaçom do trabalho, per
tempo tornou doutra forma.”
(CFG, Cap. II, § 10., l. 2 – 9, p,. 29)
1532
Contriçom – s. f. sg. (<Contrição>)
296
“(…) E a igualeza ou dignidade dos fructos nom se compensa nem por longura do
tempo, como por a contriçom do coraçom, porque acêrca de Deus nom val tanto
a medida do tempo nem do trabalho nem a abstinência e jej dos II dos
manjares, quanto val/o mortificamento dos pecados; (…)”
(LVC , Cap. XX, fl. 69, a – b – c, § 772, l. 9 – 16, p. 279 – 280)
1533
Conversação – s. f. sg
“Ca sempre os sábios disseram,
pois do falar vêm os p´rigos
conversação afastá-la.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 45 – vv. 16 – 18)
1534
Conversaçom – s. f. sg. (<Conversação>)
“Ouve gramde e vivo emtemdimento por afortellezar seu estado [da Rainha Dona
Lionor], tragemdo a seu amor e bemqueremça assi as gramdes pessoas como as
pequenas, mostramdo a todos leda conversaçom, com graada prestamça e
muitas bemfeiturias.”
(CDF, Cap. LXXIII, § 6º., l. 2 – 4, p. 60)
1535
Corruçom – s. f. sg. (<Corrupção>)
“´Onde, antre tantos ramos de mirra bem cheirante, nom leixei a mirra que em a
cruz beveu, nem aquela com que foi ungido na sepultura, das quaaes na primeira
ajuntei a amargura dos meus pecados e na segunda a corruçom do meu corpo
viindoira. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, d, § 28, l. 1 – 6, p. 13)
1536
Cõpusição – s. f. sg. (<Composição>)
“He a sua lingoa m
to
copiosa e naõ ha cousa a q´/naõ tenhaõ posto nome como
deruas aruores &c./Sua cõpusição discrepa pouco da latina e regras”
(CNB – MC – p. 99 – l. 885 – 887)
1537
Criaçom – s. f. sg. (<Criação>)
“(...) Assi como [Cristo] se dissesse: ´Nom vos devêrees de maravilhar; porque
mais devo de esguardar Aquel cujo eternal Filho som segundo [a] natureza divinal,
mais que a vós, Madre, cujo Filho som segundo a natureza humanal, e a de
Joseph, de que som/solamente criado ou Filho per amádigo e criaçom
297
(LVC, Cap. XV, fl. 51, a, § 577, l. 24 – 31, p. 205)
1538
Danaçom – s. f. sg. (<Danação>)
“(...) E dizem que êste foi o ladrom que, stando na cruz aa destra de Deus,
repreendeu o outro, que blasfemava, dizendo-lhe: Tu, que estás em êste
tormento e danaçom, ainda nom temes Deus? (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 45, c, § 520, l. 16 – 21, p. 185)
1539
Declaração – s. f. sg.
“E pera declaração
desta obra santa Ecetra,
quisera dizer quem são”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 4 – vv. 10 – 12)
1540
Declaracão – s. f. sg.
“(...)/
6
homẽs bos o vam ver e apeguar no que Reçeberíamos Justiça e merçe a
quall petição vista per mjm mãdei vasar carta de vedoria em forma pera os ditos
francisquo fernandez e pero mendez pera que dous homẽs bos lauradores
vizi/
7
nhos do dito casall Juntamente em pesoa o fossem ver e apeguar con todas
suas pertenças canpos vinhas casas auguoas seruentias pera que tudo
espreuesem declaracão das cõfrontações que partisem poemdo/
8
declaradamente as feições das casas e numero delas E nomes particulares de
qua (sic) propriedade e cõfrontaçãos e as erdades quantos allqueires de
semeadura leuarião (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 6 8, p. 327; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1541
Deleitaçom – s. f. sg. (<Deleitação>)
“Diserom despois alguũs daquelles que alli eram, que bem mostrava o cheiro, que
viinha da terra [Guinee], a bondade do seu fruito, ca tam deleitoso era, que alli
onde chegava estando êlles no mar, lhes parecia que estavam em algũũ gracioso
pomar, ordenado a fim de sua deleitaçom.”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 10 – 16, p. 71)
1542
Deletaçom – s. f. sg. (<Deleitação>)
“(...) seguro repouso e deletaçom suma, o que em soo êle, Jesu Cristo, e nom em
298
outro se acha; onde, com incessável voz, como de sua casa bem-aventurados
domésticos e de sua cidade celeste cidadãos gloriosos, com os spíritos angélicos
Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaot pera sempre dizendo, a êle louvemos.
Amém. (...)”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 3, b, § 12, l. 6 – 13, p. 7)
1543
Defenção – s. f. sg.
“(...) tem casas de pedras e cal e grandes quintais e tu/do feito em deshordem, por
honde não vejo outro melhor sitio que poder/e mais convinhavell pera sua
defenção cada huma seu castello, e/desta maneira ficarão bem, segundo a
callidade da terra.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 13 – 16, p. 200)
1544
Deleitaçam – s. f. pl. (<Deleitação>)
(...) assi aquelles senhores polla gramde deleitaçam com que tomauam aquelles
cuidados, a mayor parte da noite depois de jazerem em suas camas, nam podiam
seer livres da semelhança daquellas cousas.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 8 – 12, p. 30)
1545
Demarcação – s. f. sg.
“Pereçe nos/ca a todos que esta povoação esta na demarcação de Vossa Alteza,
e/se Castella isto neguar, a mall pode provar que he Malluco seu.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 11 – 13, p. 202)
1546
Demonstraçom – s. f. sg. (<Demonstração>)
“(...) A sexta razon, por tal que fezesse [Jesu Cristo] figuraçom e demonstraçom
de como havia de passar o Verbo de Deus dos Judeus aos gentios; e pera os
discípulos seerem per el ensinados daquelo que alas vêzes haveriam de fazer.”
(LVC, Cap. XXVIII, fl. 89, d, § 1.002, l. 11 – 16, p. 365)
1547
Denxucuçom – subst. f. pl. (<Desexecução>)
(...) E quamdo de todo em todo em elles faleçesse tall conheçimento, ajmda sua
maa uoomtade nom tijnha pera ello perfeito comprimento denxucuçom.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 8 – 12, p. 30)
299
1548
Descrição – s. f. sg.
“e quem casa sem aviso
acha em casa a descrição.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 50 – vv. 8 – 9)
1549
Desesperaçom – s. f. sg. (<Deseperação>)
“... tolhe lhe a fala per desesperaçom...”
(Vita Christi, fl. 145 c, apud DLPA, p. 279, verb. Desesperaçom)
1550
Despensaçom – s. f. sg. (<Despensação>)
“O Senhor prova o serviço fiel que lhe fazia seu servo Joam, mas declarou o
mistério da sua despensaçom, (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 70, c, § 801, l. 1 – 3, p. 289)
1551
Desistição – s. f. sg.
“Sabhão quantos este estromento de desistição de terceira vida de prazo virem...”
(Elucidário, vol. II, p. 189, apud DLPA, p. 277, verb. Desistição)
1552
Destribuiçã – adj. f. sg. (<Distribuição>)
111
(...) E eu anrique nunez/
112
Pubrico tabaliã por el Rey nosso senhor/
113
na dita
cidade de Lixboa e seus termos/
114
que este estormento escripuy e de meu/
115
pubrico signaL ho assigney que taL he;/
116
com a antrelinha que diz da corte sem
(?) que nõ/
117
aJa duuida/
118
pagou deste/
119
estormento com nota des/
120
tribuiçã e duas ydas cento/
121
e trinta reaes
(DPNRL, Documento 218, l. 111 – 121, p. 567; Maço 77,1538, 1548)
1553
Deuaçam – s. f. sg. (<Devoção>)
“[...] e aly nos preegou do auanjelho e dos apostolos cujo dia oje he trautando fim
da preegaçom/ deste voso proseguimẽto ta santo e vertuoso que nos causou majs
deuaçam./”
(VCPVC – fl. 12v. – l. 11 – 15)
1554
Deuaçom – s. f. sg. (<Devoção>)
300
“[...] a qual misa sego meu parecer foy ouujda per todos cõ mujto prazer e
deuaçom./”
(VCPVC – fl. 5 – l . 10 – 12)
1555
Deuacão – s. f. sg. (<Devoção>)
“O 6º [G
dor
] foi [...] m
to
amigo da Cristãdade/e b quisto nse fartaua de dizer a
deua/cão q´lhe causara o ver comũgar a gente das/aldeas q´temos a cargo”
(CNB – MC – p. 51 – l. 280 – 283)
1556
Devação – s. f. sg. (<Devoção>)
“Esta é forte canseira,
que me tira a devação
de rezar inda que queira”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 5 – vv. 3 – 5)
1557
Devação – s. f. sg. (<Devoção>)
“este meu rapaz d´Igreja;
não com devação sobeja,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 9 – vv. 10 – 11)
1558
Devaçom – s. f. sg. (<Devoção>)
“(...) Per ventura poderá desemparar a ti com seu Filho que trazes, quando vir que
per tal maneira e diligência acompanhas o seu Filho em todo, oferecendo-lhe
serviço de piedade e devaçom? (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, b, § 21, l. 12 – 16, p. 11)
1559
Discreçom – s. f. sg. (<Discrição>)
“Assi que, vista sua prudente e notavel discreçom, bem se podia deizer delle que,
posto que cega fortuna em esta presente vida leixe nuus de galardom alguũs que
o bem merecem, (...)”
(QCDJI, Cap. 10., § 2º., l. 11 – 14, p. 58)
1560
Discriçom – s. f. sg. (<Discrição>)
“Este comde Dom Joahm Affomsso que dissemos, era estomçe o moor privado del
301
Rei Dom Fernamdo e de que moores cousas fiava por sua discriçom e sajeza, e
seeria de sassemta anos.”
(CDF, Cap. XLIX, § 1º., l. 4 – 7, p. 33)
1561
Doaçam – s. f. sg. (<Doação>)
Doaçam das cousas que entrarem pollo porto de selir...”
(Castanheda, p. 20, apud DLPA, p. 290, verb. Doaçam)
1562
Doaçaõ – s. f. sg. (<Doação>)
“(...) [...] de preço segundo hũ estrologo/disse he a mais rica Cap
ta
e por isso v
co
frz a/pouoou a doaçaõ dos s´ores he ate emtestar cõ/os castelhanos do sul esta
20 graos da banda/do sul”
(CNB – MC – p. 33 – l. 35 – 39)
1563
Duraçam – subst. f. pl. (<Duração>)
“(...) Ca naturallmemte toda criatura rresoauel deseia duraçam, por cuja rrezam os
primeiros philosophos, semtimdo este naturall deseio, pemssamdo que a morte
nom uijnha aos homeẽs per ley determinada, soomente por corrompimento dos
humores(…)”
(CTC, Cap. xxxviij., § 1º., l. 16 – 20, p. 59)
1564
Duraçom – s. f. sg. (<Duração>)
“E esta representaçom seja com tam grande grandeza e duraçom e poderio e fim
quanto a ti aprouguer poer de virtude de contempraçom...”
(Corte Imperial, p. 4, apud DLPA, p. 235, verb. Contempraçom)
1565
formaçom – s. f. sg. (<Informação>)
“(...)/
4
E avendo per çerta formaçom per suficiente Inquisicom que sobrello
mandamos filhar. da pessoa de vaasco martjz cõigo Reglante da dicta ordem de
sancto/
5
agostinho. E professo ella. A quall profissom fez Nossas maaos.
segundo de dereíto deuja. E como ell he mujto prouído e dilligente. asy que o/
6
dicto Moesteiro sera per ell bem Regído e gouernado No spirituall E temporall.
(...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 4 6, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
302
1566
Embarcação – s. f. sg.
“e foi q´jndo ahi grezes a baya nossa/embarcação aRemeteo a huã sua lancha/e
a meteo no fũdo e matou seis ou sete dos/Jngrezes e 4 ficaraõ viuos e dalgũ
daq´les/foi a perna q´se achou na barriga do tubaraõ”
(CNB – MC – p. 189 – l. 2093 – 2097)
1567
Emformacaõ – s. f. sg. (<Informação>)
“Pera auer de dar noticia e emformacaõ de alguã he necessario ter noticia da
mes/ma cousa e por quanto uariarpesoas a cerca das cousas do brasil pare/ce
q´emformados de quem tinha pouca noticia dellas q´muitos ha na baja”
(CNB – MM – p. 3 - l. 5 – 7)
1568
Emformação – s. f. sg. (<Informação>)
“(...) Vossa Alteza deve ter em-/formação, e escusar se hia com esta povoação
armada nesta costa./”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1º. de junho
de 1553, in EBC, l. 7 – 8, p. 198)
1569
Emposiçoões – s. f. pl. (<Imposições>)
“Outrossi dava [el Rei Dom Fernamdo] aos senhores dos ditos navios, da primeira
viagem que partiam, de seu reino carregados, todollos dereitos das mercadorias
que levavom, assi de sal come de quaaesquer outras cousas, tambem de
portagem, como de sisa, come d´outras emposiçoões, assi das mercadarias que
seus donos das naaos carregassem, come dos outros mercadores. (...)”
(CDF, Cap. XC, § 2º., l. 7 – 13, p. 88)
1570
Encarnaçom – s. f. sg. (<Encarnação>)
“(...) E demostra que todos obrarom esta bem-aventurada encarnaçom, atribuindo
ao Padre autoridade; ao Filho, a assumpçom da carne; ao Spíritu Santo, a obra
(...)”
(LVC, Cap. V, fl. 17, d, § 190, l. 21 – 24, p. 73)
1571
Encarnaçom – s. f. sg. (<Encarnação>)
“(...) quando o erege nega a omildosa//encarnaçom do filho de Deus e nega que
Jhesu Cristo/nõ he Deus e homẽ. (...)”
303
(LA, XXIII, v. 12, p. 41; vv. 13 – 14, p. 42)
1572
Enformaçom – s. f. sg. (<Informação>)
“[...] e que mjlhor e mujto mjlhor enformaçom da trra dariam dous homeẽs destes
degradados que aquy leixasem. [...]”
(VCPVC – fl. 6 – l. 24 – 26)
1573
Ennformação – s. f. sg. (<Informação>)
“E açerqua/deste caso he de outra bahia que se chama Angra dos Reis/dara a
Vossa Alteza llargua ennformação Pero de Gouis”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 13 – 14, p. 198)
1574
Envocaçom – s. f. sg. (<Invocação>)
“E porque era [o Iffante Dom Henrique] mui devoto da Virgem Maria, mandou fazer
aa sua honra hũa mui devota casa de oraçom, hũa légoa de Lixboa, acerca do
mar, onde se chama Restello, cuja envocaçom se diz Sancta Maria de Belleem.”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 5 – 9, p. 40)
1575
Enxucuçom – s. f. sg. (<Execução>)
“Antre os poboos livres e na enxucuçom de igualdança do dereito dévesse de
guardar hũu desempachamento e alteza de coraçom”
(Livro dos Ofícios, p. 53, apud DLPA, p. 314, verb. Enxucuçom)
1576
Enqueçição – s. f. sg. (<Inquisição>)
“(...) eu aguora tirei hum da capitania de Ilheos, que he a melhor cousa/desta
coosta pera fazenndas e que mais aguora rennde pera Vossa Alteza/por ser
cristão novo e acusado polla Santa Enqueçição (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1588, in EBC, l. 12 – 14, p. 196)
1577
Espiraçom – s. f. sg. (<Inspiração>)
“(...) E porém os Magos, per espiraçom de Deus, entendiam que aquel que em
ela [strela] tiinha trilhada tôda a soberva, antiiga do mundo com sua humildade mui
304
baixa, que é cousa mui desprezada e pequena.”
(LVC, Cap. XI, fl. 36, d, § 428, fl. 12 – 17, p. 149)
1578
Estimaçoões – s. f. pl. (<Estimações>)
“(...) e de todo quamto esses navios percalçassem de hidas e viindas, assi de
fretes come de quaaesquer outras cousas, pagassem pera a borssa dessa
companhia duas coroas por çento; e que fossem duas borssas, uma em Lixboa, e
outra no Porto, e teerem cárrego de teer estas duas borssas aquelles a que el Rei
dava cárrego de taaes estimaçoões e avalliamento, pera do dinheiro dellas se
comprassem outros navios em logar daquelles que se perdessem, e pera outros
quaaesquer encárregos que comprissem pera prol de todos.”
(CDF, Cap. XCI, § 2º., l. 7 – 16, p. 92)
1579
Execuçom – s. f. sg. (<Execução>)
“(...) quanto a cousa com alma tem melhoria sobre outra sem alma tanto o Rei
deve teer exçellençia sobre as leis, ca o Rei deve ser de tamta justiça e dereito
que compridamente dê às leis a execuçom, (...)”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 6 – 11, p. 61)
1580
Exultaçom – s. f. sg. (<Exultação>)
“(...) Ao padre ainda mostrou [Beda] prazer de dentro, e alegria, scil., de fora,
porque exultaçom que quer dizer saltaçom. Êsto é pròpriamente quando o prazer
de dentro é tanto que se nom pode teer que se nom mostre de fora. (...)”
(LVC, Cap. IV, fl. 13, c, § 133, l. 9 – 14, p. 157)
1581
Eyseicõ – s. f. sg. (<Exceção>)
“(...)/
13
e defender e respõder pidír negar conhocer auíj compoer contradizer
Eyseicõ ou eyseicões poer E pera ouuir sẽtẽça/
14
ou sẽtẽças assy definitiuas
como antrelocutorias E apelar e sopricar E apelaçõ ou apelações suplicaçõ ou
soplicações/(...)”
(DPNRL, Documento 48, l. 13 14, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321)
1582
Eyseicões – s. f. pl. (<Exceções>)
“(...)/
13
e defender e respõder pidír negar conhocer auíj compoer contradizer
Eyseicõ ou eyseicões poer E pera ouuir sẽtẽça/
14
ou sẽtẽças assy definitiuas
305
como antrelocutorias E apelar e sopricar E apelaçõ ou apelações suplicaçõ ou
soplicações/(...)”
(DPNRL, Documento 48, l. 13 14, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321)
1583
Figuraçom – s. f. sg. (<Figuração>)
“(...) A sexta razon, por tal que fezesse [Jesu Cristo] figuraçom e demonstraçom
de como havia de passar o Verbo de Deus dos Judeus aos gentios; e pera os
discípulos seerem per el ensinados daquelo que alas vêzes haveriam de fazer.”
(LVC, Cap. XXVIII, fl. 89, d, § 1.002, l. 11 – 16, p. 365)
1584
Geeraçom – s. f. sg. (<Geração>)
“Ora se segue que a geeraçom spiritual que Cristo faz na alma, depois que o
penitente vai aproveitando no pro[s]eguimento da peendença, a qual contém em si
quatro geeraçoões, segundo que som quatro cousas compridoiras a pro[s]egui-la.
(...)”
(LVC, Cap. VII, fl. 25, a, § 285, l. 1 – 6, p. 103)
1585
Geeraçom – s. f. sg. (<Geração>)
“Em esto gastou-se a cidade assi apertadamente, que as púbricas esmolas
começarom desfalecer, e neũa geeraçom de pobres achava quem lhe dar pam;
(...)”
(QCDJI, § Cap. 9., 2º., l. 21 – 24, p. 50)
1586
Geeraçoões – s. f. pl. (<Gerações>)
“Ora se segue que a geeraçom spiritual que Cristo faz na alma, depois que o
penitente vai aproveitando no pro[s]eguimento da peendença, a qual contém em si
quatro geeraçoões, segundo que som quatro cousas compridoiras a pro[s]egui-la.
(...)”
(LVC, Cap. VII, fl. 25, a, § 285, l. 1 – 6, p. 103)
1587
Hordenaçom – s. f. sg. (<Ordenação>)
“(...) e tragia el Rei [D. Pedro I] emculcas que lhe soubessem parte de taaes
homeens, por se comprir com elles sua hordenaçom.”
(CDPI, Cap. IV, § 1º., l. 21 – 23, p. 68)
306
1588
Hordenaçoões – s. f. pl. (<Ordenações>)
“Ja vos ouvistes bem quanto os Reis antiigos fezerom por emcurtar nas despesas
suas e do Reino, poemdo hordenaçoões em si e nos seus por terem tesouros e
serem abastados.”
(CDPI, Cp. XII, § 1º., l. 1 – 4, p. 83)
1589
Hordinhaçõ – s. f. sg. (<Ordenação>)
“(...)
10
mãdado e costrengimento. dos vygairos de Bragáá o que eu tenho por
muyto stranho sse assy he Por que uos mãdo e deffendo da parte dEl Rej/
11
que
nõ dedes nẽhũus prestamos. a nẽhũas pessoas. do dito Monsteiro contra A
hordinhaçõ e mãdado del Rej E deffendo da parte dEl Rej aos/
12
que esses
prestamos do dito Monsteiro tẽẽ. que os leuẽ nẽ filhẽ ende nẽ penhorẽ. nẽ
costrenga. nẽ demãdem por eles. vos nẽ o dito Monsteiro./ (...)”
(DPNRL, Documento 57, l. 10 12, p. 201; Maço 4,2, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1342)
1590
Humildação – s. f. sg.
“... recebemos letras de nosa saneta devoçam esto he da saneta alma da vosa
humildação.”
(Crón. Galega, v. III, p. 247; apud DLPA, p. 368, verb. Humildação)
1591
Imaginacaõ – s. f. sg. (<Imaginação>)
“(...) os indios os te/m [homens marinhos] m
to
e quando os vem ficaõ asombrados
logo adoessem da ima/ginacaõ dizem q´as molheres tem gabellos faridos da
iunta pera riba”
(CNB – MM – p. 25 – l. 498 – 500)
1592
Imaginaçaõ – s. f. sg. (<Imaginação>)
“Cõmunm
te
se naõ achara nestes indios senaõ alguã cousa de agouros
inda/q´poucos os quais casos porei aqui o que se podem achar e cõfissam
he/dizem lhe alguñs feiticeiros q
do
estaõ doentes q´tem a infermidade como/no
braço barriga etc. taõ poense a chupar hũm pouco e mete na/boca hũ fio de rede
ou qualquer cousa e dis q´aquilo o mataua e assim alguñs saraõ logo e tanto pode
a imaginaçaõ.”
(CNB – MM – p. 15 – l. 273 – 278)
307
1593
Imitaçam – s. f. sg. (<Imitação>)
“E, nom degenerando Vossa Sacra Majestade, Ilustríssimo Príncipe, Rei e Senhor,
da divina imitaçam e conhecimento divino, nem menos/a Sereníssima Princesa e
Senhora Rainha, (…)”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 2, a, § 4, l. 1 – 5, p. 3)
1594
Inclinaçom – s. f. sg. (<Inclinação>)
“Outra coisa geera ainda esta conformidade e natural inclinaçom, segundo
sentença dalguũs, dizendo que o pregoeiro da vida, que é a fame, recebendo
refeiçom pera o corpo, o sangue e espritos geerados de taes viandas tem ũa tal
semelhança antre si que causa esta conformidade.”
(QCDJI, Cap. 1º., § 1º., l. 9 – 15, p. 2)
1595
Inquisicom – s. f. sg. (<Inquisição>)
“(...)/
4
E avendo per çerta formaçom per suficiente Inquisicom que sobrello
mandamos filhar. da pessoa de vaasco martjz cõigo Reglante da dicta ordem de
sancto/
5
agostinho. E professo ella. A quall profissom fez Nossas maaos.
segundo de dereíto deuja. E como ell he mujto prouído e dilligente. asy que o/
6
dicto Moesteiro sera per ell bem Regído e gouernado No spirituall E temporall.
(...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 4 6, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
1596
Interposição – s. f. sg.
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
308
Vilarinho, 1545)
1597
Meditaçom – s. f. sg. (<Meditação>)
“Aquel que segue a Cristo nem pode errar nem seer enganado. E pera seguir e
guaançar as suas virtudes se acende e esforça o coraçom per meditaçom, del
ameúde usada, e é alumeado per virtude divinal, entanto que muitos forom sem
lêteras e símplezes, que conhocerom grandes e profundas II cousas de Deus,
porque/ali é achada untura que, purificando a alma pouco e pouco e alevantando-
a ensina-a de tôdalas cousas. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 5, d; 6, a, l. 1 – 11, p. 18 – 19)
1598
Miserações – s. f. pl.
“Isto é o que Isaías alegava ante Deus, quando dizia, que da multidão das
piasentranhas, e miserações vossas...”
(Diálogos, vol. IV, cap. 29, p. 312, apud DLPA, p. 431, verb. Miseraçom)
1599
Modoraçom – s. f. sg. (<Moderação>)
“... está no confortamento e modoraçom da continencia e temperança”
(Condestable, p. 195, apud DLPA, p. 432)
1600
Mudaçam – s. f. sg. (<Mudação>)
“... que deu si meesmo por nós em obraçom e oferta a Deos”
(Inéd. de Alc., v. I, p. 149)
1601
Mudaçom – s. f. sg. (<Mudação>)
“(...) portanto enviou alá o Senhor seu Filho, dando-lhes sinal de reconciliamento e
penhor de amizade perpétua e por saar as dez plagas do Egipto com ũa meezinha
soo; e ó mudaçom da desstra do Mui Alto, o pôboo que dantes fora perseguidor
do pôboo primogénito, scil., do pôboo judaico, fêz que agora fosse guarda do Filho
Unigénito.”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, c, § 508, l. 15 – 23, p. 181)
1602
Nauegaçam – s. f. sg. (<Navegação>)
“[...] e asy os outros capitaães screpuam a vossa alteza a noua do achamento
309
desta vossa terra que se ora neesta nauegaçam achou. [...]
(VCPVC – fl. 1 – l. 2 – 5)
1603
Nauegaçom – s. f. sg. (<Navegação>)
“E que hy ouuese majs ca teẽr aquy esta pousada pera esta nauegaçom de
calecut./”
(VCPVC – fl. 3v. – l. 25 – 27)
1604
Obrigaçam – s. f. sg. (<Obrigação>)
“(...)/
14
tal ffeito E posto que o dito stormento de obrigaçam pareça queualha e
este ualha/
15
per se[n]pre em testemunho de uerdade o dito gyl uaasquez mãdou
ser ffeito este stormento/
16
de quitaçam e de dar (?) ao dito uasco martjz que ffoy
ffeito na dita ujlla de penella dja e mes e/
17
Era sobredita testemunhas djego
affomso prior de podẽtes e gyl gonçallvez moradores na dita ujlla/(...)”
(DPNRL, Documento 84, l. 14 17, p. 258; Maço 5,32, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1425)
1605
Obrigação – s. f. sg.
“/assi por mostrar a obediençia e obrigação/de humil vassallo, como tambem por
dar/novas particullares destas partes a Vossa Alteza/”
(Tratado da Província do Brasil de Pero Magalhães Gandavo, 1572, in EBC, fl. 1v,
l. 4 – 5, p. 206)
1606
Ocupaçom – s. f. sg. (<Ocupação>)
“(...) Cada dava folgança a seu oficio, e toda sua ocupaçom era juntar-se em
magotes a falar na morte do conde e cousas que aviam acontecido.
(QCDJI, Cap. 4., § 1º., l. 7 – 10, p. 23)
1607
Oraçom – s. f. sg. (<Oração>)
“E porque era [o Iffante Dom Henrique] mui devoto da Virgem Maria, mandou fazer
aa sua honra hũa mui devota casa de oraçom, hũa légoa de Lixboa, acerca do
mar, onde se chama Restello, cuja envocaçom se diz Sancta Maria de Belleem.”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 5 – 9, p. 40)
1608
Oraçom – s. f. sg. (<Oração>)
310
“(…) e que primeiramente [os romãos] faziam oraçom aos deuses das terras que
cada tiinha em sua guarda, grande louvor devem dar a este [Nuno Alvarez
Pereira]; (...)”
(QCDJI, Cap. 10., § 2o., l. 24, p. 63; l. 1 – 2, p. 64)
1609
Oraçoões – s. f. pl. (<Orações>)
“(...) Entõ prometeo o mõge que nũca sse partisse do moesteiro em tẽpo de ssua
vida. E como o prometeo, assi o cõprio: ca depois que vio polas oraçoões do
sãcto homẽ co os olhos do corpo ho enmijgo que o perseguia é semelhança de
drago, mais o temeo que ante, quando via como quer que o perseguisse e o
quisesse trazer a maao estado.”
(Dialigos de S. Grigorio, Cód. Alcobacense da Biblioteca Nacional, n
o.
ant. 37,
mod. 182, fls. 2v., in TA, § 1º., l. 13 – 19, p. 46)
1610
Ordenaçom – s. f. sg. (<Ordenação>)
“... e nom fique nenhum feito crime, em que a Justiça segundo direito e
ordenaçom do Reyno aja lugar...”
(Ord. Afons., v. I, tít. 81, § 30, apud DLPA, p. 450, verb. Ordenaçom)
1611
Perdiçom – s. f. sg. (<Perdição>)
“(...) A quinta [razon], que assi como per Eva virgem foi feita a perdiçom do
linhagem humanal, assi per Maria Virgem fôsse feita a repairaçom.”
(LVC, Cap. V, fl. 17, d, § 149, l. 21 – 24, p. 61)
1612
Perdiçom – s. f. sg. (<Perdição>)
“(...) per aazo das muitas carregaçoões que se faziam; e queremdo prouuer com
alguum remedio de cada vez seer mais acreçemtado o conto de taaes navios, e os
desvairados cajoões do mar nom deitarem em perdiçom aquelles que suas naaos
de tal guisa perdessem, hordenou [el Rei D. Fernamdo] com consselho de huuma
companhia de todas, pela qual se remediasse todo comtrairo, (...)”
(CDF, Cap. XCI, § 1º., l. 8 – 14, p. 91)
1613
Perseguçom – s. f. sg. (<Persecução>)
“E non fui mui vagarosa/en ir pera livrar-te daquesta perseguçom
311
(Santa Maria, vol. II, p. 34, apud DLPA, p. 470, verb. Perseguçom)
1614
Petição – s. f. sg.
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1615
Petição – s. f. sg.
“(...)/
6
homẽs bos o vam ver e apeguar no que Reçeberíamos Justiça e merçe a
quall petição vista per mjm mãdei vasar carta de vedoria em forma pera os ditos
francisquo fernandez e pero mendez pera que dous homẽs bos lauradores
vizi/
7
nhos do dito casall Juntamente em pesoa o fossem ver e apeguar con todas
suas pertenças canpos vinhas casas auguoas seruentias pera que tudo
espreuesem declaracão das cõfrontações que partisem poemdo/
8
declaradamente as feições das casas e numero delas E nomes particulares de
qua (sic) propriedade e cõfrontaçãos e as erdades quantos allqueires de
semeadura leuarião (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 6 8, p. 327; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1616
Petyção – s. f. sg. (<Petição>)
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
312
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1617
Pitição – s. f. sg. (<Petição>)
“(...)/
2
a quamtos esta minha carta de emprazamento em tres vidas virem faço
saber que luis dallmeida dom prioll do mosteiro de uillarinho e francisco fernandez
prioll çrasteiro e manoell Jorge e goncaleãnes coniguos do dito mosteiro me em/
3
viaram dizer per sua pitição o seguinte senhor luis dalmeida dom prioll do
mosteiro de uillarinho e francisco fernandez prioll mosteiro çrasteiro e manoell
Jorge e gonçalo ãnes coniguos do dito mosteiro fazemos saber a vossa mercê
como este mosteiro tem na freiguesiya de são Johão/
4
dos codeços casall que
se chama de guodim que ao presente traz Joam gonçalvez e sua molher apelonia
fernãdez e por nos pareçer seruiço de deus e proueito do dito mosteiro o
queriamos emprazar ao dito Johã gonçalvez que fose a primeira pessoa/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 2 4, p. 327; maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1618
Pouoaçaõ – s. f. sg. (<Povoação>)
“Cap. 8 Pernaõbuco 7. pouoaçaõ
(CNB – MC – p. 45 – l. 187)
1619
Pouoaçoẽs – s. f. pl. (<Povoações>)
“(...) ha nesta baya perto de/50 emgenhos dasucre em huã Mare/sa as vezes 18
naos cheas dasucre ha/duas villas afora a Cidade .s. a villa velha/e paripe afora
m
tas
freigezias e pouoaços grandes. 9...)”
(CNB – MC – p. 41 – l. 150 – 155)
1620
Pouoaçoẽs – s. f. pl. (<Povoações>)
“(...) ha nesta baya perto de/50 emgenhos dasucre em huã Mare/sa as vezes 18
naos cheas dasucre ha/duas villas afora a Cidade .s. a villa velha/e paripe afora
313
mtas freigezias e pouoaços grandes. 9...)”
(CNB – MC – p. 41 – l. 150 – 155)
1621
Pouoaçom – s. f. sg. (<Povoação>)
“Foramse la todos e andaram antreles e seg
o
eles deziam foram bem huũa legoa e
meia a huũa pouoaçom de casas em que averja ix ou x casas [...]”
(VCPVC – fl. 9 – l. 6 – 9)
1622
Pouoraçom – s. f. sg. (<Povoação>)
“(...)/
20
aRonper e per honde os Elle Joham perijz e pesoas depos Elle mjlhor po/
21
derem aver e achar e que nos dictos dous casaas e meo e deuesa e com ho/
22
casal e meo de leça farã a pouoraçom tantas quantas casas fezer nos/
23
de leça
que outras tantas façon Estes casaaes e os pouoẽ todos Em a/
24
pouoraçom
e a fogo e logo com boys e gaado e con todo seu domjçilho per sy/(...)”
(DPNRL, Documento 93, l. 20 24, p. 280; Maço 13, 16, Mosteiro de S. Salvador
de Moreira, 1480)
1623
Povoação – s. f. sg.
“Pareçe me qe Vossa Alteza deve/mandar fazer alli huma povoação
honrrada e
boa por que ja/nesta coosta nom ha rio em que entrem franceses senão neste
e/tirão delle muita pimenta; (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 4 – 6, p. 198)
1624
Povoação – s. f. sg.
“(...) Vossa Alteza deve ter em-/formação, e escusar se hia com esta povoação
armada nesta costa./”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 7 – 8, p. 198)
1625
Povoações – s. f. pl.
Todas as villas e povoações de engenhos desta coosta fiz çerquar/de taipacom
seus balluartes he as que estavão aredadas do mar/ (...)”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 1 – 2, p. 196)
314
1626
Preegaçam – s. f. sg. (<Pregação>)
“[...] ao domjngo de pascoela pola manhaã detremjnou o capitam dhir ouuir misa e
preegaçam naquele jlheeo [...]”
(VCPVC – fl. 5 – l. 1 – 3)
1627
Pregaçaõ – s. f. sg. (<Pregação>)
“(...) A sertas horas do dia se ajũtaõ todos [bogios]/ e hũ mais velho no meo
começa hũ modo de/fala taõ braua q´pareçe pregaçaõ e bota/muita escuma polla
boca e pera isso estaõ/dous mais piquenos q´lha alimpaõ e todos (...)”
(CNB – MC – p. 113 – l. 1091 – 1095)
1628
Preegaçõ – s. f. sg. (<Pregação>)
“(...) Mais polo//açor manso entẽdemos o prelado bõõ e de/bõa alma, ca assi como
o açor mãso toma/aves bravas e mata-as, [assi o homẽbõõ] per seu/exemplo ou
per sa preegaçõ tira os segraes pera serviço de Deus e depois mata-os, ca os
faz/morrer aos deleytos e aos sabores da carne per muytos tormentos que dã s
ssa carne. (...)”
(LA, III, v. 21, p. 21; vv. 22 – 24, p. 22; IV; vv. 1 – 4, p. 22)
1629
Preegaçom – s. f. sg. (<Pregação>)
“Nas festas principaes do ano, em que a Egreja costuma que se faça procissom,
ordenava el de a fazer pelo arreal, com candeas nas mãos, segundo o dia em que
era, ouvindo sua preegaçom e oficio o mais honesta e devotamente que se em
tais lugares fazer podia.”
(QCDJI, Cap. 10., § 2º., l. 14 – 20, p. 63)
1630
Prescriçon – s. f. sg. (<Prescrição>)
“(...)/
8
hũo Anó e dos e dez e vinte E trintá e quarrentá E Centó Anós E Moyto
Mays/
9
per tamanho tempo que faz prEscriçon dauer de cada u Ano u feyxe
de palha/
10
Malhadíça quando Malhanó as Meses e as trigas das hrdades (sic) en
que ora Mora o dito/
11
francisco martjnz que son paradella E como Eu dito priol
lhe pedise e Mãdase pedir A dita/
12
palha e hũ fejxe (...)”
(DPNRL, Documento 67, l. 8 11, p. 223; Maço 4,23, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1370)
315
1631
Presunção – s. f. sg.
“Mas a presunção isenta,
que creceu em demasia,
criou tanta fantasia,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 43 – vv. 6 – 8)
1632
Procuraçõ – s. f. sg. (<Procuração>)
“(...) /
21
Tabaliõ de Alafoes que fezesse ende dous prazos partidos. per. A. b. c.
dos quaes Martim menendj tẽ huu e/
22
o Moesteyro o outro. é Eu Tabaliõ de suso
dito per mãdado do dito Steuã perez e per a procuraçõ de suso/
23
dita a qual eu
uj seelada do seelo de suso dito nẽ conpuda nẽ borrada no Seelo nẽ/
24
na letera
estes estromentos fiz e puxi eeles meu sinal em testemoyo. testemunhas Mẽẽ/
25
ffernãdiz da várzea. Pedro afonso Juiz de Alafoes ffernã martiiz. e Jhoã perez/(...)”
(DPNRL, Documento 14, l. 21 25, p. 133; Maço 22,4, Mosteiro de São João
Baptista de Pendorada, 1278)
1633
Procuraçom – s. f. sg. (<Procuração>)
4
(...) eu Marinha martjnz morador em luymir termo de Castel mẽẽdo. faço e
estabelesco e ordinho/
5
por meu çerto procurador jdimho e auõdosso o mays
firme e o mays estauil que ele pode seer e mays e maus compridamẽte ualer/
6
a
Domjgos martjnz meu marido o portador desta presente procuraçom. sobre
todolos bẽés e erãças assy mouis como/(...)”
(DPNRL, Documento 48, l. 4 6, p. 185; Maço 3,26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
1634
Procuraçon – s. f. sg. (<Procuração>)
“Sabham todos que en presença de mj Thomé affonso tabeliõ de Guimarães e das
testemunhas que adeãte son escritas Domjgos/
2
martjnz morador luymir termho
de Castel mẽẽdo mostrou e léér fez per mj tabeliõ a procuraçon feyta per mão
de Gil/
3
eanes tabeliõ de Castel mẽẽdo e de seu signal assignáada segũdo a mj
parecia. da qual o theor da ueruo a ueruo atal e/(...)”
(DPNRL, Documento 48, l. 1 3, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
1635
Profissom – s. f. sg. (<Profissão>)
“(...)/
4
E avendo per çerta formaçom per suficiente Inquisicom que sobrello
mandamos filhar. da pessoa de vaasco martjz cõigo Reglante da dicta ordem de
316
sancto/
5
agostinho. E professo ella. A quall profissom fez Nossas maaos.
segundo de dereíto deuja. E como ell he mujto prouído e dilligente. asy que o/
6
dicto Moesteiro sera per ell bem Regído e gouernado No spirituall E temporall.
(...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 4 6, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
1636
Quitaçam – s. f. sg. (<Quitação>)
“(...) /
14
tal ffeito E posto que o dito stormento de obrigaçam pareça que ualha e
este ualha/
15
per se[n]pre em testemunho de uerdade o dito gyl uaasquez mãdou
ser ffeito este stormento/
16
de quitaçam e de dar (?) ao dito uasco martjz que ffoy
ffeito na dita ujlla de penella dja e mes e/
17
Era sobredita testemunhas djego
affomso prior de podẽtes e gyl gonçallvez moradores na dita ujlla/(...)”
(DPNRL, Documento 84, l. 14 17, p. 258; Maço 5,32, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1425)
1637
Quitaçam – s. f. sg. (<Quitação>)
“Saibam quantos este estormento de/
2
distracto e quitaçam virem que no/
3
anno
Do nacimento de nosso senhor Jesu chris/
4
to de miL quinhentos quarenta e oito;
aos/
5
quatro dias do mes de dezembro; na cidade/
6
de Lixboa extra muros aa
mouraria na rua/
7
dos caualeiros nas pousadas de fernã viles/
8
fidalgo da casa del
Rey nosso Senhor; (...)”
(DPNRL, Documento 218, l. 1 8, p. 565; Maço 77, 1538, Mosteiro de Chelas,
1548)
1638
Recriaçom – s. f. sg. (<Recriação>)
“De três maneiras deve seer havida memória de Deus, scil., do poderio, quanto aa
obra da criaçom; da sabedoria, quanto aa obra da recriaçom; da bondade, quanto
aa obra do amerceamento e galardom. A primeira perteence ao Padre, a segunda
ao Filho, a terceira ao Spíritu Santo.”
(LVC, Cap. IV, fl. 13,b, § 131, l. 1 – 8, p. 155)
1639
Remissom – s. f. sg. (<Remissão>)
“(...) E desta peendença tal ou arrependimento som escusados solamente os
meninos párvoos e nom outras pessoas, porque estes nom podem ainda usar do
livre alvidro, aos quaes empero aproveita pera sua consegraçom e remissom do
pecado original a fé daqueles que os apresentam, de maneira que quaaesquer
mágoas de pecados que êles trouverom daquelles de que nascerom som
317
purgadas e limpas per a responsom e pregunta dos outros; scil., dos padrinhos.
(...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 64, d, § 739, l. 12 – 22, p. 265)
1640
Rendiçom – s. f. sg. (<Rendição>)
“(...) allém da sabedoria, que o senhor Ifante [Dom Henrique] per eles averá,
seguir-se-lhe-á proveito de sua serventia ou rendiçom [de Antam Gonçalvez].”
(CFG, Cap. V, § 1º., l. 20 – 22, p. 53)
1641
Renunciaçom – s. f. sg. (<Renunciação>)
“Dom ffernando per merçee de deus E da Sancta Egreia de Roma Arcebispo de
Bragáá E primas A quantos esta carta de confirmaçom E de posse/
2
virem.
ffazemos Saber. que Seendo vago o Moesteíro de Sam mjgell de vilarínho da
hordem Reglante de Sancto agostinho. o quall/
3
Jaz em terra de Negrelos do
nosso arçebispado. per sinplez Renũçiaçom que dell fez Nossas mááos vasco
martjz que ora dell foy vltimo prior; E consijrando Nos/(...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 1 3, p. 259; Maço 5,34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
1642
Renunciaçom – s. f. sg. (<Renunciação>)
“... a renunciaçom deve seer inteira”
(Vita Christi, fl. 162a, apud DLPA, p. 507, verb. Renunciaçom)
1643
Repairaçom – s. f. sg. (<Reparação>)
“(...) A quinta [razon], que assi como per Eva virgem foi feita a perdiçom do
linhagem humanal, assi per Maria Virgem fôsse feita a repairaçom.”
(LVC, Cap. V, fl. 17, d, § 149, l. 21 – 24, p. 61)
1644
Repairaçom – s. f. sg. (<Reparação>)
“(...) por tal que per aquela sabedoria per que Deus o mundo formara fôsse feita a
repairaçom, e aquel que era Filho de Deus em II a diviindade fôsse filho/do
homem em a humanidade, porque o nome do Filho nom se mudasse em outro que
nom fôsse filho per eternal nacença.”
(LVC, Cap. V, fl. 17, d; 18, a, § 190, l. 13 – 19, p. 75)
318
1645
Repartição – s. f. sg.
“... na repartição que Josué fez aos filhos de Israel, dividindo-lhe por sortes a
Terra da Promissão”
(Itinerário, cap. 73, p. 395, ed. de 1721, apud DLPA, p. 508)
1646
Repetiçom – s. f. sg. (<Repetição>)
“(...) Esta colaçom ou repetiçom era a delectosa muito e proveitosa aa Igreja,
porque ela as ensinou e contou tôdas II depois, e forom scriptas e preegadas per
todo o mundo.”
(LVC, Cap. IX, fl. 32, b, § 381, l. 12 – 16, p. 131)
1647
Representaçom – s. f. sg. (<Representação>)
“E esta representaçom seja com tam grande grandeza e duraçom e poderio e
fim quanto a ti aprouguer poer de virtude de contempraçom...”
(Corte Imperial, p. 4, apud DLPA, p. 235, verb. Contempraçom)
1648
Ressaüdaçom – s. f. sg. (<Ressaudação>)
“(...) e porém se deve saudar por sperança do guaanho que haveremos da sua
resposta e ressaüdaçom.”
(LVC, Cap. VI, fl. 22, c, § 249, l. 10 – 12, p. 93)
1649
Ressurreyçõ – s. f. sg. (<Ressurreição>)
“§ A Saã Marcos per semelhança de leon,/porque entẽdeu polo Spiritu Sancto que
avia de/falar da ressurreyçõ per que el appareceu e da/terra, assi como el disse
que resurgio, dado e outorgado me o poder nos ceos e na terra.”
(LA, XXXV, vv. 7 – 11, p. 53)
1650
Ressuscitaçom – s. f. sg. (Ressuscitação>)
“(...) e êsto por a cura que fezera aos enfemos e a ressuscitaçom dos mortos e
outras cousas infiindas que lhe virom aalém da virtude dos homeẽs. (...)”
(LVC, Cap. XVIII, fl. 60, d, § 697, l. 11 – 15, p. 249)
1651
Retribuçom – s.f. sg. (<Retribuição>)
319
“(...) e porém com razom nom se tolherá ao que a possue e preça agora per graça
de Deus, porque esta é a retribuçom e mercee promitida ao servo prudente e fiel,
a qual se começa aqui e será perfecta na eternidade.”
(LVC, Prólogo, fl. 4, b, § 22, l. 11- 15, p. 11)
1652
Revelaçom – s. f. sg. (<Revelação>)
“(...) Consiira, ergo, de quam grande virtude é a saüdaçom da Virgem Maria, a
qual prazer e o Spíritu Santo e revelaçom dos segredos de Deus e acto de
profeta; (...)”
(LVC, Cap. VI, fl. 22, c, § 249, l. 6 – 10, p. 93)
1653
Saltaçom – s. f. sg. (<Saltação>)
“(...) Ao padre ainda mostrou [Beda] prazer de dentro, e alegria, scil., de fora,
porque exultaçom que quer dizer saltaçom. Êsto é pròpriamente quando o prazer
de dentro é tanto que se nom pode teer que se nom mostre de fora. (...)”
(LVC, Cap. IV, fl. 13, c, § 133, l. 9 – 14, p. 157)
1654
Saluaçam – s. f. sg. (<Salvação>)
“[...] por tanto Vosa alteza pois tamto deseja acreçentar na santa fe católica, deue
emtemder em sua saluaçam e prazerá a ds que com pouco trabalho sera asy [...]
(VCPVC – fl. 11v. – p. 4 – 6)
1655
Saluaçaõ – s. f. sg. (<Salvação>)
“e asim morreraõ estes todos por amor de nos q´tal he o R
to
/q´nos tem por toda
esta costa há emfinidade de gentios os/quais nos mandaõ pedir q´os vamos trazer
como fizeraõ os de Valpeba/e Rari mas sempre o imigo se atrauesa pa lhe
estrouar sua/saluaçaõ saõ os brasis bem despostos das mesmas feicons
estatura/dos portuguezes mas baços (...)”
(CNB – MC – p. 7 - l. 116 – 121)
1656
Saluaçaõ – s. f. sg. (<Salvação>)
“(...) os se criaõ cõnosco se rim destas paruoices de/ieiuñs e outras ignorancias
e certo q´he gente mui apta p
a
sua saluaçaõ
(CNB – MM – p. 15 – l. 289 – 290)
320
1657
Saluaçaõ – s. f. sg. (<Salvação>)
“m
tas
vezes se abr portas grandes e vem/buscar os Jndios sua saluaçaõ e o
demonjo/por mejo de jntereçe e oatalha e sos tres bõs/lanços apontarej q´em meu
t´po se perderã”
(CNB – MC – p. 73 – l. 554 – 557)
1658
Salvaçõ – s. f. sg. (<Salvação>)
“(...) ca devemos poer no livro da cruz toda/a esperãça da nossa saude e da nossa
salvaçõ.”
(LA, VIII, vv. 25 – 26, p. 26)
1659
Salvaçõ – s. f. sg. (<Salvação>)
“(...) Polo ho entẽdemos a ssahude e/a salvaçõ das nossas almas. (...)”
(LA, VIII, vv. 15 – 16, p. 25)
1660
Salvaçõ – s. f. sg. (<Salvação>)
“(...) E pelos filhos que dos ovos saẽ/entẽdemos o amor do nosso Deus e de
nosso pro-//ximo que devẽ a aver todos aqueles que entẽdẽ salvaçõ das almas
pela morte do filho de Deus/que na cruz recebeu. (...)”
LA, VIII, v. 18 – 19, p. 25; vv. 20 – 22, p. 26)
1661
Salvaçom – s. f. sg. (<Salvação>)
“(...) E outro evangelista diz assi: ´Tu és meu amado Filho; em ti me prougue de ti´,
scil.: ´Eu ordenei em ti e per ti aquêlo que me aprougue e aquelas cousas que
eram fazedoiras´, scil., [a] salvaçom e reemiimento do linhagem humanal; ou ´a
mim aprougue´, scil., perfeitamente prougue e de todo em todo. (...)
(LVC, Cap. XXI, fl. 72, a, § 815, l. 13 – 20, p. 295)
1662
Saüdaçom – s. f. sg. (<Saudação>)
“(...) Consiira, ergo, de quam grande virtude é a saüdaçom da Virgem Maria, a
qual prazer e o Spíritu Santo e revelaçom dos segredos de Deus e acto de
profeta; (...)”
(LVC, Cap. VI, fl. 22, c, § 249, l. 6 – 10, p. 93)
321
1663
Simolaçom – s. f. sg. (<Simulação>)
“... a primeira que he thamar so simolaçom de mulher torpe e luxuriosos”
(Corte imperial, p. 200, apud DLPA, p. 528)
1664
Spiraçom – s. f. sg. (<Inspiração>)
“A segunda consolaçom sem spiraçom e enviamento de segredos e cousas
diviinaes, a qual acontece em haver tôda avondança de graça e de plazeres
spirituaaes dos quaaes tanto menos dignamente falamos, quanto os menos
conhecemos. (...)”
(LVC , Cap. XXII, fl., 79, b, § 888, l. 1 – 7, p. 323)
1665
Suplicação – s. f. pl.
“(...) /
13
e defender e respõder pidír negar conhocer auíjr compoer contradizer
Eyseicõ ou eyseicões poer E pera ouuir sẽtẽça/
14
ou sẽtẽças assy definitiuas como
antrelecutorias E apelar e sopricar E apelaçõ ou apelações suplicação ou
soplicações/(...)”
(DNPRL, Documento 48, l. 13 14, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
1666
Suplicação – s. f. sg.
“/
13
e defender e respõder pidír negar conhocer ajr compoer contradizer Eyseicõ
ou eyseicões poer E pera ouuir sẽtẽça/
14
ou sẽtẽças assy definitiuas como
antrelecutorias E apelar e sopricar E apelaçõ ou apelações suplicação ou
soplicações/(...)”
(DNPRL, Documento 48, l. 13 14, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
1667
Tentaçom – s. f. sg. (<Tentação>)
“(...) Esta [vida] é consolatória ao sso, e mui boõ companheiro, pera haver prazer
cada dia, e confôrto de grande solaz e tôrre de forteleza contra a face do imiigo e
contra a tribulaçom e tentaçom do pecador. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, a, § 20, l. 13 – 18, p. 11)
1668
Tẽptações – s. f. pl. (<Tentações>)
“E per tal ssabença que o rreligioso acha e apren-/de nos livros dos doctores
322
recebe conforto/e vida, ca aprende en como passe as tribu-/la(c)ções e as
tẽptações quando lhi veerẽ e/en como sabha amara seu Deus e seu proximo.”
(LA, VIII, vv. 4 – 8, p. 25)
1669
Torvaçam – s. f. sg. (<Torvação>)
“E taanta era a torvaçam deles, e assi tiinham já em creença que o Meestre era
morto, que taes avia i que aperfiavom que nom era aquele.”
(QCDJI, Cap. 3., § 5o., l. 19 – 21, p. 20)
1670
Torvaçom – s. f. sg. (<Torvação>)
“Começarom tôdalas gentes de rrogar antre sy os christãaos com prezer e os
outros com torvaçõm de sy meesmo”
(Corte Imperial, p. 11, apud DLPA, p. 548, verb. Torvaçom)
1671
Torvaçom – s. f. sg. (<Torvação>)
“(…) O soom dos gritos era ouvido per tôda a çidade, e foi gram torvaçom em
muitos, que nom sabiam que cousa era.”
(CDF, Cap. CIII, § 24º., l. 6 – 8, p. 104)
1672
Traiçom – s. f. sg. (<Traição>)
“(...) Oolhae e veede que maldade tam grande: mandarom-no chamar onde ia
de seu caminho pera o matarem aqui per traiçom!”
(QCDJI, Cap. 3., § 6o., l. 27 – 29, p. 20)
1673
Traiçom – s. f. sg. (<Traição>)
“– Mantenha-vos Deos, Senhor! Beento seja Deos que vos guardou de tamanha
traiçom, qual vos tiinham bastecida.”
(QCDJI, Cap. 3., § 1º., l. 3 – 5, p. 22)
1674
Transmigraçom – s. f. sg. (Transmigração>)
“(...) E a primeira vez XIV é dês Abraão atees David, contando pero o dito David; e
dês ali, atees a transmigraçom de Babilónia; e a terceira, atess Cristo.”
(LVC, Cap. VII, fl. 25, a, § 281, fl. 11 – 14, p. 103)
323
1675
Trayçom – s. f. sg. (<Traição>)
“(...) E eles, que se guardauã da trayçom, entrarõ. E el tyrou a sy a porta e
çarrou-a, e depois dise-lhis: (...)”
(“Episódio cavaleiresco”, da Demanda do Santo Graall, manuscrito do século XIV
ou XV, in TA, § 8º., l. 16 – 17, p. 44)
1676
Tribula(c)ções – s. f. pl. (<Tribulações>)
“E per tal ssabença que o rreligioso acha e apren-/de nos livros dos doctores
recebe conforto/e vida, ca aprende en como passe as tribu-/la(c)ções e as
tẽptações quando lhi veerẽ e/en como sabha amara seu Deus e seu proximo.”
(LA, VIII, vv. 4 – 8, p. 25)
1677
Tribulaçom – s. f. sg. (<Tribulação>)
“(...) Esta [vida] é consolatória ao sso, e mui boõ companheiro, pera haver prazer
cada dia, e confôrto de grande solaz e tôrre de forteleza contra a face do imiigo e
contra a tribulaçom e tentaçom do pecador. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, a, § 20, l. 13 – 18, p. 11)
1678
Uẽdiço – s. f. sg. (<Vendição>)
“In nomine dominj amen. Eu Maria marz filha que foy de Martin periz fazco Carta
de uẽdiço e de perdu/
2
rauil firmidoe. A uos. (...)”
(DPNRL, Documento 47, l. 1 2, p. 184; Maço 3,22, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1318)
1679
Unçom – s. f. sg. (<Unção>)
“... e faziam delo ingoento, que era chamado oleo santo da unçom, ou santo
unguento”
(Inéd. de Alcob., v.II, p. 132, apud DLPA p. 554, verb. Unçom)
1680
Undação – s. f. sg. (<Inundação>)
“... as praias daquele mar são estéreis sem undação de rios que tragam cevo
pera mantenança do pecado...”
(Décadas, vol. II, cap. 1, p. 361)
324
1681
Vacações – s. f. pl.
“... fomonos à terra das vacações, hia doente...”
(Aulegrafia, fls. 12, apud Machado, v. V, p. 371, apud DLPA, p. 557, verb.
Vacação)
1682
Ymaginaçõ – s. f. sg. (<Imaginação>)
“(...) E assy per sa y-/maginaçõ fica todo to daquel sanguy que/do seu corpo
sayo per que salvou o mundo.”
(LA, XXX, vv. 34 – 36, p. 50)
-(D)OIRA ~ -(D)OURA ~ (D)OIRO ~
-(D)OURO
1683
Aaguadoiros – s. m. pl.
“De nove feixes, ou aaguadoiros, de linho, hum no tendal”
(Eluc., s. v. aaguadoiro, apud DELP, v. I, p. 154, verb. Aaguadoiro)
1684
Adjutorio – s. m. sg.
“esquecendouos o adjutorio de Nosso Senhor”
(Reis, p. 162, apud DELP, v. I, p. 110, verb. Adjutorio)
1685
Aiotorio – s. m. sg. (<Adjutório>)
“Como aiotorio de nuestro dono, dueno Christo...”
(Glosas Emilianenses (que reproduz falar de Rioja, dos meados do século X),
apud DELP, v. I, p. 110, verb. Aiotorio)
325
1686
Aiudorio – s. m. sg. (<Adjutório>)
“cum dei aiudorio
(Dipl., doc. N
o.
182, de 999, p. 112, apud DELP, v. I, p. 110, verb. Aiudorio)
1687
Ajudoiro – s. m. sg. (m. q. <Ajudouro>)
“(...) Outros dizem que, como os Magos entrarom em Jerusalém e começarom
preguntar polo Menino [Jesus], logo perderom a strela que os guiava, porque
aquêles que buscavam e demandavam encaminhamento aos homens, foi justa
cousa que perdessem o guiamento de Deus, ca razom é que sejam
desemparados do ajudoiro de Deus aquêles que primeiramente o requerem dos
homeẽs que de Deus.”
(LVC, Cap. XI, fl. 37, a, § 433, l. 10 – 19, p. 151)
1688
Ajudouro – s. m. sg.
Ajudouro sperey de ti, Senhor...”
(Ined. Alc., I, p. 201, apud DELP, v. I, p. 164, verb. Ajudouro)
1689
Ajudoyro – s. m. sg. (<Ajudoiro>, m. q. <Ajudouro>)
“... eu acabey lidando fortemente come barom, nem per minha virtude, mais pello
ajudoyro daquel que me guardou das enssejas...”
(Vida de Eufrósina, ed. de Cornu, p. 8, da sep., apud DELP, v. I, p. 164, verb.
Ajudoyro)
1690
Amadoiro – s. m. sg.
“(...) Oo amadoiro e maravilhoso contentamento! (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, c, § 347, l. 4 – 5, p. 121)
1691
Avorrecedoira – adj. f. sg. (<Aborrecedoira>)
“(...) Cousa avorrecedoira é de todo em todo, se o vermem pequenino e que há-
de seer manjar dos vermeens se exalça e ensorbevece, pois o Senhor da
majestade se humildou e abaixou. (...)”
(LVC, Cap. XVI, fl. 52, d, § 601, l. 7 – 11, p. 213)
1692
Complidoira – adj. f. sg. (<Cumpridoira> m. q. <Cumpridoura>)
326
“(...) eu te rogo [Joam Bautista] que guances, com tuas justas rogarias, que o
Senhor a mim abstinência complidoira de comer e bever, cuidar e falar e
obrar, e me guarde de tôda çugidade da voontade e do corpo e, enquanto som em
esta vida temporal, outorgue-me seer alongado dos pecados e fazer a el
cavalarias, (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 59, b, § 677, l. 8 – 14, p. 243)
1693
Complidoiro – adj. m. sg. (<Cumpridoiro>, m. q. <Cumpridouro>)
“(...) [Crisóstomo] diz: ´Guarda-te do mal ou parte-te del e faze bem´; assi como
nom abasta pera curar a chaga tirar a seeta solamente, mais é complidoiro de
poer meezinha na chaga. E nom diz que façam fructo, mas fructos, dando a
entender a avondança´. (...) “
(LVC, Cap. XVII, fl. 56, d, § 652, l. 4 – 10, p. 243)
1694
Compridoiras – adj. f. pl. (<Cumpridoiras>, m. q. <Cumpridouras>)
“Ora se segue que a geeraçom spiritual que Cristo faz na alma, depois que o
penitente vai aproveitando no pro[s]eguimento da peendença, a qual contém em si
quatro geeraçoões, segundo que som quatro cousas compridoiras a pro[s]egui-
la. (...)”
(LVC, Cap. VII, fl. 25, a, § 285, l. 1 – 6, p. 103)
1695
Compridoiro – adj. m. sg. (<Cumpridoiro>, m. q. <Cumpridouro>)
“(...) Compridoiro é, quando houvermos padecer alguũ a cousa que nos
desplaza, que nom cuidemos nos trabalhos, mas nas coroas. (...)”
(LVC, Cap. XXVII, fl. 89, c, § 999, l. 4 – 7, p. 365)
1696
Coredoiras – s. f. pl. (<Corredoiras>, m. q. <Corredouras>)
“(...)/
32
u alqueire e daram as vueiras çimquo ou seis allmudes de vinho us
anos polos outros Item hũũa/
33
leira nas coredoiras e parte da bamda do poemte
com tera de mestre JorJe que he o casall de torçe/
34
e das outras bamdas estar
per valo tem augoa de Regar e levara de semeadura de çemteo u alqueire/
35
e
meo Item hũũa leira abaixo das casas pequena (sic) levara de semeadura u
quarto de çemteo tem augoa/
36
de Regar e tem duas vueiras e u castinheiro
Item hũũ castinheiro Item hũũa leira lavamdeira parte da bamda do norte/(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 32 36, p. 313; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho)
327
1697
Dizedoiras – adj. f. sg.
“E portanto começa da eternidade do Verbo, demostrando a natura divinal de
Cristo, em a qual eternalmente foi ante que Santa Maria. E põe cinco cousas das
pessoas divinaaes, que som per ordem tocadas em as cousas afundo dizedoiras.
(...)”
(LVC, Cap. I, fl. 7, a, § 66, l. 1 – 6, p. 31)
1698
Duradoira – adj. f. sg. (m. q. <Duradoura>)
“Onde diz Gregório: ´Que é êsto, que a êsposa nom chama seu amado mirra, mas
moolho de mirra? Nom é outra cousa, salvo que, quando a santa voontade
consiira de tôda parte a vida de Cristo, apanha contra tôdolos vícios virtudes
repugnantes a êles, das quaaes aparta pera si ũa manada, com a qual alimpe e
varra da sua carne a podridom pera sempre duradoira.´”
(LVC, Prólogo, fl. 5, c, § 37, l. 1 – 9, p. 17)
1699
Duradoira – adj. f. sg. (m. q. <Duradoura>)
“(...) per Salamão, rei gloriosíssimo e dos eclesiásticos mistérios profeta mirífico,
diz: ´Aquêles que me aluzem e, lùcidamente louvando, magnificam, receberam a
eterna vida pera sempre duradoira(...)”
(LVC, Proemial Epístola, fl. 2, a, § 2 l. 4 – 9, p. 3)
1700
Fazedoiras – adj. f. pl.
“(...) E outro evangelista diz assi: ´Tu és meu amado Filho; em ti me prougue de ti´,
scil.: ´Eu ordenei em ti e per ti aquêlo que me aprougue e aquelas cousas que
eram fazedoiras´, scil., [a] salvaçom e reemiimento do linhagem humanal; ou ´a
mim aprougue´, scil., perfeitamente prougue e de todo em todo. (...)
(LVC, Cap. XXI, fl. 72, a, § 815, l. 13 – 20, p. 295)
1701
Lavadoiros – adj. m. pl.
“(...) Onde Bernardo: ´Consentiu Joane e obedeceu; bautizou o Cordeiro de Deus
e lavou-o nas águas. Nós fomos lavados, e nom êle, porque pera nós, que éramos
lavadoiros, foram lavadas as águas. (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, b, § 808, l. 10 – 14, p. 291)
1702
Manjadoira – s. f. sg. (m. q. <Manjedoura>)
328
“(...) Tu que çarras e envolves tôda a terra no teu punho, fôste envolvido em
traposzinhos e lançado na manjadoira, a qual tua madre houve emprestada das
bêstas. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, c, § 347, l. 19 – 23, p. 121)
1703
Manjadoira – s. f. sg. (m. q. <Manjedoura>)
“(...) E porém, assi como desterrada e caminheira [Madre de Cristo] peregrina em
sua casa alhea, pariu o Salvador e Senhor do mundo, e assi como pobre molher o
envorilhou, nom em panos de sirgo, mas em trapos de pouco valor, e o encostou
na manjadoira. Oo strabaria bem-aventurada! Oo presepe! Oo manjadoira de
boa-andança, em os quaaes nasceu e foi lançado Cristo, deus de todos! Ali as
parteiras foram as potestades dos ângeos, e ali foi o solaz dos ângeos (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, c, § 376, l. 6 – 16, p. 129)
1704
Passadoiras – adj. f. pl.
“(...) as coisas passadoiras nom despreçamos e pensamos por ũas cousas
outras, e teemos as vaãs por verdadeiras e as duvidosas por certas e com todo
nosso pensamento recebemos as cousas temporaaes por as eternaaes.”
(LVC, Cap. XXI, fl. 70, a, § 793, l. 8 – 13, p. 287)
1705
Purgatorio – s. m. sg. (<Purgatório>)
“.......................................................... e do purgatorio/............................................/
disserõ ......................................................................................................................”
(LA, XVII, vv. 20 – 21, p. 34)
1706
Purgatorio – s. m. sg. (<Purgatório>)
“(…) § Disserõ da/que o paão ha o braado muyto espãtoso, ca/muyto sse espãtã
os pecado[res] quando o pree-/gador os ameaça cõ as pẽas do ĩferno/e do
purgatorio ou con a justiça de Deus/que verrá sobr´eles en este do ou no
outro/pelas maldades en que vivẽ e de que sse nõ que-/rẽ partir. (...)”
(LA, XXX, vv. 5 – 12, p. 49)
1707
Uiiduyra – adj. f. sg. (<Vindoira>)
“(...)/
16
ouue de seer feyto atees a festa de Paschua primeyra uííduyra. é éu Joã
iohanes Juyz daGiar/
17
a prazer das partes dey ista auẽẽça pur Juygada. Isto foy
feyto en mouriz na eyra de Martĩ/(...)”
329
(DPNRL, Documento 10, l. 16 17, p. 120; Maço 2, 11, Mosteiro de S. Pedro De
Cete, 1273.)
1708
Valedoiro – adj. m. sg.
“(...) testemunho mais forte e mais valedoiro.”
(Vita Christi, fl. 56, apud DPLA, p. 558, verb. Valedoiro)
1709
Valedoyro – adj. m. sg.
“(...)/
7
contra este meu feyto que lhy nõ sega autorgado may quanto demãdar tanto
a uos em dublo componhã e a que/
8
uossa uoz derdes peytilhy quinhẽtos soldos e
este meu feyto senpre sega valedoyro (?) feyto fuy en Gimarães/(...)”
(DPNRL, Documento 26, l. 7 8, p. 151; Maço 2, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1290.)
1710
Viindoira – adj. f. sg. (<Vindoira>, m. q. <Vindoura>)
“´Onde, antre tantos ramos de mirra bem cheirante, nom leixei a mirra que em a
cruz beveu, nem aquela com que foi ungido na sepultura, das quaaes na primeira
ajuntei a amargura dos meus pecados e na segunda a corruçom do meu corpo
viindoira. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, d, § 28, l. 1 – 6, p. 13)
-EDO
1711
Aruoredo – s. m. sg.
“(...) todo o brazil pa/rece hũ jardim fresco porq´iraõ 400 legoas polla terra dentro
he cheo/de aruoredo e de diversas cores e a folha nunca lhe caie e sempre esta
verde”
(CNB – MM – p. 9 – l. 161 – 163)
1712
Aruoredo
– s. m. sg.
330
“(...) as outras [eruas boas] se alastraõ mas t as folhas/como de limaõ piqueno
mas pontas agudas naçe/debaixo do aruoredo grande he de palmo de/cõprido e
grossa menos de dedo (...)”
(CNB – MC – p. 147 – l. 1524 – 1527)
1713
Aruoredo – s. m. sg.
“Estâ esta aruore [Da aruore q´t agoa] no meo do sertaõ e afastada/do outro
mato e aruoredo he esta soô cõ grãde/copa he fermosa faz huã coua como de hũ/
braço (...)”
(CNB – MC – p. 179 – l. 1964 – 1967)
1714
Arvoredo – s. m. sg.
“(...) Os alaãos, com as treelas cortas, forom filhar o porco em huum espesso
arvoredo, e chegando o Iffamte [Dom Joham] a elle, o porco se queria espedir
dos alaãos, que eram empeçados em huumas curtas carvalheiras; e em saimdo-
se o porco, nom queremdo aguardar de justa, o Iffamte o remessou. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 6º., l. 3 – 8, p. 98)
1715
Aruoredos – s. m. pl.
“(...) he esta terra do/brazil m
to
sadia. e lavada os vtos nord/estes lestes e
suestes q´saõ os comũs trã/as dez horas e cessaõ a meja noite p ´causa/dos
muitos aruoredos montes e vales q´causaõ/ hũs neuoeiros p´las menhãs
q´comumte v chuva”
(CNB – MC – p. 79 – l. 634 – 639)
1716
Avelanedo – s. m. sg.
“e dizia este cantar mui bem:
´Đ Ai estorniño do avelanedo,
cantades vós, e moir´eu e pen´
e d´amores ei mal!´”
(LPGPI – 14, 9. – p. 124 – vv. 13 – 16)
1717
Azedo – adj. m. sg.
“os Jndios faz v
o
de Araça, Saõ algũ tãto/azedo e m
to
boa fruita p
a
fastio”
(CNB – MC – p. 161 – l. 1775 – 1716)
331
1718
Azedo – adj. m. sg.
“Saõ grandes aruores [Jbacamuçu] e daõ fruito como Romã/dentro t como sorua
senaõ as peuides o gosto/azedo saõ boas pa camaras em s. Vte ha muitas”
(CNB – MC – p. 175 – l. 1906 – 1908)
1719
Jazeda – s. f. sg.
“(...) A sua jazeda [de Joam] era a terra natal, e as covas eram a sua casa, e o
cabelo era a vestidura, e o coiro cinta e, a água era seu bever e a locusta dita
seu manjar. E assi nom soo ensinou desprezar o mundo, mas chorar os pecados
de tôda a geeraçom humanal.”
(LVC, Cap. XVII, fl. 56, a, b, § 646, l. 8 – 14, p. 231)
-EIRA ~ -EIRO ~ -EIRU ~ -EYRA ~
-EYRO ~ -EYRU
1720
Aceiro – s. m. sg.
“... com fortes pregos de aceiro ...”
(Gil Vic., Obras, fl. 72, apud Morais, v. I, p. 213, apud DLPA, p. 49, verb. Aceiro)
1721
Acerteiros – s. m. pl.
“bogios saõ m
tos
e de m
tas
m
ras
ha huñs de barba tamanhos como moços de
8/annos este se os frecham dizem os Indios q´logo se afastaõ dali porq´tiraõ/a
frecha e tornam atirar cõ ella e saõ mui acerteiros estes certa hora/do dia dis q´se
aiuntaõ e hũ algarauia (e os outros calam) com/tanto feruor estaõ dous
pequeninos alimpandolhe a barba de escuma/e despois se uaõ buscar de comer
(...)”
(CNB – MM – p. 19 – l. 353 – 358)
1722
Adergueiro – s. m. sg.
“... ssy como he celareiro ou rrefeitoreiro ou adergueiro
ou grangeiro...”
332
(C.B.N., Glossário, p. 200, apud DLPA, p. 64, verb. Adergueiro)
1723
Agadeira – s. f. sg.
“Don Bernaldo, pesa-me que tragides /mal agadeira e esse balandrao, / E aqui
dura muit o tempo mao...”
(“Cantiga 1371, in C.B.N., apud DLPA, p. 76, verb. Agadeira)
1724
Aguadeiros – s. m. pl.
“Era muito para vêr, quantos, por se desprezar, serviam de carreiros e aguadeiros”
(P. Baltasar Teles, Crónica da Companhia, I, livro 2, cap. 22, No. 8, apud DELP, v.
I, p. 154, verb. Aguadeiro)
1725
Agulheiro – s. m. sg.
“Por todo aquele caminho não havia buraco, agulheiro, nem outra coisa que
pudesse dar claridade”
(Dec., VII, 3, cap. 10, apud DELP, v. I, p. 158, verb. Agulheiro)
1726
Aguyreyros – s. m. pl. (<Agureiros>)
“Ca dizem os aguyreyros / Que será perdimento da teira ...”
(“Cantiga 1430”, in C. B. N., apud DLPA, p. 81, verb. Aguyreyro)
1727
Albergueyro – s. m. sg. (<Albergueiro>)
“o albergueyro, mays d´escamentar –
– lo avedes! E diry-vos eu como:”
(LPGPI – 64,24. – p. 422 – vv. 3 – 4)
1728
Alfereyro – s. m. sg. (<Alfereiro>)
“Item mandamos que dem em soldada ao mayoral das vacas e ao alfereyro e ao
pousadeiro senhas vacas paridas, e aos outros mancebos senhas iuuencas
prenhes.”
(Direito consuetudinário municipal, Texto do Século XIII, in TA, § 3º., l. 12 14, p.
36)
333
1729
Aljaueira – s. f. sg.
“[...] e outro lhe deu huũ rramal grande de comtinhas brancas meudas que querem
parecer daljaueira [...]”
(VCPVC – fl. 2 – l. 3 – 5)
1730
Ardeiros – adj. m. sg.
“Non casará con ele nen pólos seus dinheiros;
e esto saben donas e saben cavaleiros,
ca dos escarmentados se fazen mais ardeiros.”
(LPGPI – 10,1. – p. 108 – vv. 3 – 5)
1731
Argueyro – s. m. sg. (<Argureiro>)
“Tod´esto faz, e cata ben argueyro
e escanta ben per olh´e per calheyro
e ssabe muyta bõa escantaçon.”
(LPGPI – 43,4. – p. 291 – vv. 19 – 21)
1732
Armeiro – s. m. sg.
“Quen nunca trouxe ´scudeiro
nen comprou armas d´armeiro,
quitan come cavaleiro”
(LPGPI – 56,14. – p. 353 – vv. 13 – 15)
1733
Armeiro – s. m. sg.
“Quen nunca trox escudeyro / Nem comprou armas d´armeiro...”
(“Cantiga 1432, in C. B. N., apud DLPA, p. 120, verb. Armeiro)
1734
Arteiras – adj. f. pl.
“– Pero nós ambas somos muit´arteiras,
milhor conhosqu´eu vós ca vós [a] min.”
(LPGPI – 64,11. – p . 416 – vv. 17 – 18)
1735
Arteiro – adj. m. sg.
334
“de prez que ouve mais, se Deus me valha,
venceu ela; mais [log´] o cavaleiro
per sas armas o fez: com´er´arteiro,
já sempr´end´ela seerá esmalhada.”
(LPGPI – 18,11. – p. 144 – vv. 11 – 14)
1736
Arteiro – adj. m. sg.
“(...) E porém o Apóstolo encomenda e louva a circuncisom escondida no coraçom
arteiro ou avisado, ao qual o louvor e a glória, de Deus é, nom dos homes.´Estas
cousas disse Beda.”
(LVC, Cap. X, fl. 35, d, § 417, l. 31 – 35, p. 145)
1737
Arteyro – adj. m. sg. (<Arteiro>)
“(...) Diz aqui a glosa sobr´este/vesso que o passaro arteyro voa de ra-/mo a
ramos em alto, por tal que nõ caya no/laço. (...)”
(LA, XXIV, vv. 20 – 23, p. 43)
1738
Augadeira – adj. f. sg.
“Já un s´achou con corpes na carreira,
ca o vej´andar con capa augadeira;
e, se non dou mao demo por vassalo,
já um s´achou con corpes, Martin Galo,
(LPGPI – 16,11. – p. 135 – vv. 6 – 10)
1739
Avelaneiras – s. f. pl.
“Bailemos nós ja todas tres, ai amigas,
so aquestas avelaneiras frolidas,”
(LPGPI – 14,5. – p. 122 – vv. 1 – 2)
1740
Avelaneiras – s. f. pl.
“So aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.
(LPGPI – 14,5. – p. 122 – vv. 1 – 2)
1741
Balhadeyras – s. f. pl. (<Bailadeiras>)
335
“Chamão lhe balhadeyras por que balhão, cantão, tangem, volteão, muito bem ao
seu modo”
(Primor e Honra, fl. 9, apud Machado, v. I, p. 373, apud DLPA, p. 148)
1742
Beesteiro – s. m sg.
“Tam tostemente passou per aquel fogo como seeta que lança o beesteiro polo
aar”
(Boosco, p. 340, apud DLPA, p. 160, verb. Beesteiro)
1743
Beesteiro – s. m sg.
“(...) ca assy como no beesteiro nom pode seer conheçida auamtagem, se amte
que faça seu tiro nom teem çerto sinall.”
(CTC, Cap. xxxviij., § 1º., l. 1 – 3, p. 59)
1744
Beesteiros – s. m. pl.
“(...) Nun´Alvarez e os seus, como os virom, esguardarom bem homde sahiam, e
hu aviam de recudir aa tornada; e cavallgarom logo os de/cavallo, e os beesteiros
e homeens de pee com elles, e forom-se aaquel logar per homde elles sobiam,
que era huum parramco gramde comtra as vinhas; (...)”
CDF, Cap. CXXXVII, § 4º., l. 23 – 25, p. 114; l. 1 – 3, p. 115)
1745
Bicheiro – s. m. sg.
“E parece que êlle [o Guineu], pensando que saía a passear pela praia, como
tiinha em costume na villa de Lagos, nom curou doutras armas soomente de huũ
bicheiro.”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 15 – 18, p. 78)
1746
Bolseiro – s. m. sg.
“Pedro Botelho, bolseiro de Viseu...”
(Elucidário, v. II, p. 35, apud DLPA, p. 169, verb. Bolseiro)
1747
Bombardeiros – s. m. pl.
“Casam muitos homens de bem e muitos oficiais ferreiros e carpinteiros,
336
torneiros e bombardeiros
(Morais, v. II, p. 557, apud DLPA, p. 169, verb. Bombardeiro)
1748
Braceiro – adj. m. sg.
“Domingas Eanes ouve sa baralha
con ũu genet´, e foi mal ferida;
empero foi ela i tan ardida,
que ouve depois a vencer, sen falha,
e, de pran, venceu bõo cavaleiro;
mais empero é-x´el tan braceiro,
que ouv´end´ela de ficar colpada.”
(LPGPI – 18,11. – p. 144 – vv. 1 – 7)
1749
Braceiro – adj. m. sg.
“[Ho Iffamte Dom Fernamdo] Era muito braceiro, que nom/achava homem que o
mais fosse; cortava muito com huuma espada, e remessava bem a cavallo.”
(CDF, Prólogo, § 3º., l. 16, p. 17; l. 18 – 19, p. 18)
1750
Bregeiros – s. m. pl. (<Brejeiros>)
“Com todos seos montados, bregeiros, e passigos”
(Elucidário, v. II, p. 40, apud DLPA, p. 174)
1751
Caaveiras – s. f. pl. (<Caveiras>)
“a min tan ben, por que non entendedes
como son covas essas caaveiras?”
(LPGPI – 64,11. – p. 416 – vv. 17 – 18)
1752
Cabeceira – s. f. sg.
“Se aSSentão, dous &dous, amante &dama,
Noutras aa cabeceira douro finas,
EStâ coa bella DeoSa o claro Gama:”
(LUS., Canto X, estrofe 3, vv. 2 – 4, p. 161)
1753
Cabeleira – s. f. sg.
337
“(...) e huũ deles trazia per baixo da solapa de fronte a fronte pera detras huũa
maneira de cabeleira de penas daue amarela (...)”
(VCPVC – fl. 2v. – l . 21 – 24)
1754
Cabeleira – s. f. sg.
“(...) de maneira que amdaua a cabeleira muy rredomda e muy basta e muy igual
(...)”
(VCPVC – fl. 2v. – l. 28 – 29)
1755
Cacheiro – adj. m. sg.
“(...) ha outros [Canduguaçu - porco espinho de africa] mais piquenos da/mesma
manra candumerj he como ourico/cacheiro t penas mas naõ as despede”
(CNB – MC – p . 113 – l. 1077 – 1079)
1756
Cafarreiro - s. m. sg.
“... mas davam-lhe cada ano um tanto de cafarro, havendo muitos que o tinham
por cafarreiro
(Itinerário, cap. 60, apud Morais, vol. II, p. 723, apud DLPA, p. 187, verb.
Cafarreiro)
1757
Çaffoeiro – s. m. sg. (<Sanfoneiro>)
“(...) /
4
herdade que Estam A par de o adro da Eigreia de Sam paayo da dicta villa
que partem da hua parte com outras cassas do dicto Almuxriffj/
5
e da outra parte
com outras cassas Em que ora mora Martym anes çaffoeiro e de deante
Emtestam na rrua publiça que vay das/
6
fferrarias velhas pera a dicta Eigreia de
Sam paayo e de tras Emtesta o Eixido que perteeçe aas dictas cassas com A rrua
de/
7
ffelgeiras as quaaes cassa dezia o dicto vaasco gonçalvez Autor que trazia de
ssua Maao Joham gonçalvez Priol que ffoy do Momsteiro/
8
de villarinho ffinado
o qual dezia que na ssua vida poussaua nas dictas ssuas casas e lhj pagaua
dellas cada/
9
hũu Ano hua pemssom (...)”
(DPNRL, Documento 77, l. 4 9, p. 237; Maço 4,52, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1397)
1758
Caldeira – s. f. sg.
“O que, con medo, fugiu da fronteira,
pero tragia pendon sen caldeira,
338
non ven al maio.
(LPGPI – 18,29. – p. 155 – vv. 28 – 30)
1759
Calheyro – s. m. sg. (<Calheiro>)
“e escanta ben per olh´e per calheyro
e ssabe muyta bõa escantaçon.”
(LPGPI – 43,4. – p. 291 – vv. 19 – 21)
1760
Captiueiro – s. m. sg. (<Cativeiro>)
“Mas o Mouro inStruido nos enganos,
Que o maléuolo Baco lhe enSinara
De morte, ou captiueiro nouos danos,
Antes que aa India chegue lhe prepara,”
(LUS., Canto I, estrofe 97, vv. 1 – 4, p. 17)
1761
Camareiras – s. f. pl.
“(...) e o Iffamte [Dom Joham, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro] pregumtou por
Dona Maria, a qual jazia em sua camara çerrada, segumdo lhe mostrarom as que
dormiam de fora, e em outra camara tras aquella, jazia huuma ama e camareiras,
com huum seu filho.”
(CDF, Cap. CIII, § 9º., l. 16 – 20, p. 101)
1762
Camareiro – s. m. sg.
“... e passado o dito tempo, deve seer a governança da camera do nosso
camareiro moor”
(CNB – MC – p . 101 – l. 916 – 917)
1763
Caminheira – adj. f. sg.
“(...) E porém, assi como desterrada e caminheira [Madre de Cristo] peregrina em
sua casa alhea, pariu o Salvador e Senhor do mundo, e assi como pobre molher o
envorilhou, nom em panos de sirgo, mas em trapos de pouco valor, e o encostou
na manjadoira. Oo strabaria bem-aventurada! Oo presepe! Oo manjadoira de boa-
andança, em os quaaes nasceu e foi lançado Cristo, deus de todos! Ali as
parteiras foram as potestades dos ângeos, e ali foi o solaz dos ângeos (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, c, § 376, l. 6 – 16, p. 129)
339
1764
Caminheiro – s. m. sg.
Caminheiro da vontade de Deus...”
(Fr. Menores, v. II, p. 181, apud DLPA, p. 181, verb. Caminheiro)
1765
Canelleiras – s. f. pl. (<Caneleiras>)
“As armas mandou el Rei [Dom Fernamdo] mudar a esta guisa: do cambais
mandou que fezessem jaque; e da loriga, cota; e da capelina barvuda com
camalhom; e os que eram bem amados, aviam de teer barvuda com seu camalho;
e coxotes, e canelleiras franceses, e luvas, e estoque, e grave.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 4º., l. 9 – 14, p. 72)
1766
Canseira – s. f. sg.
“esta é forte canseira,
que me tira a devação
de rezar inda que queira”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 5 – vv. 3 – 5)
1767
Canseiras – s. f. pl.
“naceram pera ser freiras,
e vós pera regateiras,
outras pera ser viçosas,
e outras pera canseiras.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 25 – vv. 8 – 11)
1768
Çapateira – adj. f. sg. (<Sapateira>)
1
(...) As. No/
2
ssas meyas casas que nos Auemos em Rua çapateira ás outras
meyas ssom de Stevam giraldez; Como stam partidas. As quaes ssom na dicta
vila. em Rua capateira. em que ora moraua ffernã galé/
3
go. Capateiro pela guisa
que as el de nós tragia e partem da a parte ás dictas meyas casas de
Stevam giraldez as quaes. elas forã partidas. e da outra casas do Monsteiro
de mãcellos e de ffernã ga/4 gelo (sic) (...)”
(DPNRL, Documento 60, l. 1 4, p. 207; Maço 4,8, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1353.)
1769
Çapateira – adj. f. sg. (<Sapateira>)
340
1
(...) As. No/
2
ssas meyas casas que nos Auemos em Rua çapateira cá ás outras
meyas ssom de Stevam giraldez; Como stam partidas. As quaes ssom na dicta
vila. em Rua çapateira. em que ora moraua ffernã galé/
3
go. Capateiro pela guisa
que as el de nós tragia e partem da a parte ás dictas meyas casas de
Stevam giraldez as quaes. elas forã partidas. e da outra casas do Monsteiro
de mãcellos e de ffernã ga/4 gelo (sic) (...)”
(DPNRL, Documento 60, l. 1 4, p. 207; Maço 4,8, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1353.)
1770
Çapateiro – s. m. sg. (<Sapateiro>)
1
(...) As. No/
2
ssas meyas casas que nos Auemos em Rua çapateira cá ás outras
meyas ssom de Stevam giraldez; Como stam partidas. As quaes ssom na dicta
vila. em Rua capateira. em que ora moraua ffernã galé/
3
go. Çapateiro pela guisa
que as el de nós tragia e partem da a parte ás dictas meyas casas de
Stevam giraldez as quaes. elas forã partidas. e da outra casas do Monsteiro
de mãcellos e de ffernã ga/4 gelo (sic) (...)”
(DPNRL, Documento 60, l. 1 4, p. 207; Maço 4,8, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1353.)
1771
Careiros – s. m. pl.
“(...)/
41
parte do nacente e aguião con terás de são z do norte erdades de
paredes, item na dita agra hũa leira per nome dos careiros de baixo que esta da
parte do sull per marquos e do norte per valo e tem/
42
em comprido do caminho
que vay pella agra çorenta varas e ao traues da parte do poente tem catorze varas
parte da parte do norte cõ ho caminho da agra e do sull cõ terás da erdade/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 41 42, p. 330; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1772
Careiros – s. m. pl.
“(...)/
46
dura hũ quarto, - j quarto, item, o canpo dos careiros se syma tem em
cõprido trinta e tres varas do norte pera o sull e em traues hũa devezinha no
quabo tem trinta e seis varas e duma/
47
parte e da outra con teras de são tiaguo e
da parte do sull com terás de são Johão leuara de semeadura meo allqueire, item
hũa deuezinha no cabo contra o poente no canpo da lebre de baixo/ (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 46 47, p. 330; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
341
1773
Carniceiros – adj. m. pl.
“Contra uma dama, ó peitos carniceiros, / Feros vos mostrais e cavaleiros?”
(Os Lusíadas, III, 130, apud DLPA, p. 202, verb. Carniceiro)
1774
Carnyçeiro – s. m. sg. (<Carniceiro>)
“(...) /
31
sobredito día e Era Testemunhas Domyngue Ãnes carnyçeíro de Monco
Johã Lourenço do paaço Gonçallo peres/
32
do carualhal e outros e Eu Gonçalo
Lourenço tabalion. sobredito que A todo esto presente ffoj e A rrogo e per
/33
outorgamẽto do dito Aparíço domiingujs este strumẽto screuj e meu sygnal hj pogí
que tal/
34
este
(DPNRL, Documento 59, l. 31 34, p. 206; Maço 4,7, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1350)
1775
Carpenteiro – s. m. sg. (<Carpinteiro>)
“´Quem é êste, que prega? Per ventura nom sabemos que é filho de
carpenteiro?´, e outras cousas que lhe diziam displazívees. (...)”
(LVC, Cap. XVI, fl. 53, a, § 602, l. 14 – 17, p. 215)
1776
Carpenteiros – s. m. pl. (<Carpinteiros>)
“[...] muijtos deles vijnham aly estar cõ os carpenteiros [...]”
(VCPVC – fl. 9v. – l. 14 – 15)
1777
Carpẽteyro – s. m. sg. (Carpinteiro>)
“(...) presen/
22
tes; ffernan rodriguiz carpẽteyro. Martin iohanes. Martin mẽẽdiz.
Mar/
23
tin lourẽço leygos de Rial. e outros muytos. E eu Tabellion sobre/
24
dito
rogado das ditas partes. da dita entrega este strumento cõ mha mãão/
25
escreuj . e
meu sinal en ele pugí. en testemõyo de uerdade.”
(DPNRL, Documento 20, l. 22 – 25, p. 143; Maço 9,31, Mosteiro de S. Salvador de
Moreira, 1282.)
1778
Carpinteiros – s. m. pl.
“E em quanto faziamos a lenha. Faziam dous carpenteiros huũa grande cruz
dhuũ paao que se omtem pera ysso cortou./”
(VCPVC – fl. 9v. – l. 11 – 14)
342
1779
Carpinteiros – s. m. pl.
“Casam muitos homens de bem e muitos oficiais ferreiros e carpinteiros, torneiros
e bombardeiros”
(Morais, v. II, p. 557, apud DLPA, p. 169, verb. Carpinteiro)
1780
Carreira – s. f. sg.
“Já un s´achou con corpes na carreira,
ca o vej´andar con capa augadeira;
e, se non dou mao demo por vassalo,
já um s´achou con corpes, Martin Galo,
(LPGPI – 16,11. – p. 135 – vv. 6 – 10)
1781
Carreira – s. f. sg.
“todos iremos per ũa carreira;
ca, por que deixe dũa velha mal,”
(LPGPI – 64,21. – p. 421 – vv. 16 – 17)
1782
Carreira – s. f. sg.
“(...) E assi que se acolheu a spital ou stalagem, que stava na carreira pública
fora da cidade, junto com ũa das portas, o qual non tiinha telhado, mas stava de-
sob penedo cavado.”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, a, § 342, l. 14 – 18, p. 119)
1783
Carreiras – s. f. pl.
“Pôs conta el-Rei en todas fronteiras
que nen en vilas nen en carreiras
que non cômian galinhas na guerras;
(LPGPI – 56,12. – p. 351 – vv. 1 – 3)
1784
Carreiras – s. f. pl.
“Fazimento de pontes e de fontes, carreiras e rossios”
(Ord. Afons., v. II, p. 51, apud DLPA, p. 51, verb. Carreira)
343
1785
Carreiras – s. f. pl.
“Senhas carreiras com dois bois, e com os corpos à Abbadia, para
carregar os arcos”
(Elucidário, v. II, p. 73, apud DLPA, p. 205, verb. Carreira)
1786
Carreiros – s. m. pl
“Aos carreiros secos da virtude...”
(Diálogos, v. VII, cap. 6, apud Morais, v. II, p. 962, apud DLPA, p. 205, verb.
Carreiro)
1787
Carreiros – s. m. pl
“Era muito para vêr, quantos, por se desprezar, serviam de carreiros e
aguadeiros”
(P. Baltasar Teles, Crónica da Companhia, I, livro 2, cap. 22, No. 8, apud DELP, v.
I, p. 154)
1788
Carreyra – s. f. sg. (Carreira>)
“(...) E el [mõge], depois que foy fora do moesteiro, achou huũ drago na carreyra
sua boca aberta; e quẽredoo comer, deu el muys grãdes braados, e disse
´acorrede, acorrede´, ca este drago me quer matar e comer!´.”
(Dialigos de S. Grigorio, Cód. Alcobacense da Biblioteca Nacional, n
o
ant. 37, mod.
182, fls. 2v., in TA, § 1º., l. 6 – 9, p. 46)
1789
Carvalheiras – s. f. pl.
“(...) Os alaãos, com as treelas cortas, forom filhar o porco em huum espesso
arvoredo, e chegando o Iffamte [Dom Joham] a elle, o porco se queria espedir dos
alaãos, que eram empeçados em huumas curtas carvalheiras; e em saimdo-se o
porco, nom queremdo aguardar de justa, o Iffamte o remessou. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 6º., l. 3 – 8, p. 98)
1790
Casteieyros – s. m. pl. (<Castanheiros>)
“/
4
(...) Jtem A sanctj mametis u cãpo da uinea de lagea da ldu riu. Jtem u
cãpo de súú dalauãdeyra. Jtem Mãdo a Martinus subrino a casa é que el Mora
344
com sua cousa e uno cãpo/
5
que ille tinia com duos casteieyros uno da porta e
alium que sta hẽ cabo du cãpo. Jtem A Johanes subieríj. v mãto e a garnaca. A
Jhoã iohanes. a saya. A pelagíj Martinit u guardaquos/”
(DPNRL, Documento 3, l. 4 5, p. 96; Maço 2,41, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, sem data [Provavelmente do século XIII].)
1791
Castinheiro – s. m. sg. (<Castanheiro>)
“(...) /
14
u lagar e tem u [alpendre] çarado sobre sy Item tem hũũa orta e hũũa
laramJeira com quatro figeiras/
15
e tem dez vueiras pequenas e hũũa nogueira e
hũũa cerdeira e semdo laurado levarau quarto/
16
de çemteo de semeadura Item
na agra de telo hũũa leira e core de cabo a cabo comtra o monte per/
17
valo e do
naçemte parte com tera de talgide e comtra o sull faz hũũa çhave pera baixo e
tem quatro/
18
pees duveiras na Riba comtra o norte e levara de semeadura dous
alqueires de çemteo nam tem/
19
augoa Item o campo que se chama sobbelho
sobre si e tem hũũa vueira e de fora u castinheiro nam/
20
tem augoa he maa
tera levara meo alqueire de çemteo de semeadura(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 14 20, p. 312; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
1792
Castinheiros – s. m. sg. (<Castanheiros>)
“[...] traziã alguũs deles huũs ourjços verdes daruores que na cor querjam parecer
de castinheiros [...]”
(VCPVC – fl. 8v. – l. 24 – 26)
1793
Castinheiros – s. m. sg. (<Castanheiros>)
“(...) /
20
vinte e noue varas e meã e tem doze carualhos e huto castinheiros e no
outam das casas da quebrada de sam s tem hũ carualho e vai contra o norte com
hũa testada ao longuo da sua eira, item no canpo/ (...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 20, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1794
Castynheiros – s. m. pl. (<Castanheiros>)
“(...) /18 hũu (sic) alqueire de çemteo e he marcada e tem tres ou quatro
castynheiros <velhos> Item em syluares hũũa leira que leuara de ssemente meo
alqueire e parte de cyma sam vicente e de baixo/
19
per vallo e tem auguoa
Item alem desta estaa outra leira marcada que leuara de ssemeadura quatro
alqueires de çemteo e parte de todallas partes terra de ssam vicente Item/
20
outra leira que esta per marcos e leua de ssemeadura dous alqueires e parte de
345
todallas partes terra de ssam vicente e tem auguoa de rregar Item abaixo
destas leiras no Rechão/(...)”
(DPNRL, Documento 100, l. 18 20, p. 298; Maço 6, 30, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1509)
1795
Castynheiros – s. m. pl. (<Castanheiros>)
“(...) /
17
item ho campo da chousa cerrado sobre sy tem em comprydo cinquoenta
e seys varas e ao traves trinta e seys e o que laura levara de semeadura meo
allqueyre, e o mays serue de pumar de bõa terra tem augua de Regar e limar e/
18
tem ao Redor seys uueyras; item da porta do quynteyro athee a bica estam seys
uueyras, e quatro castinheyros item ho campo do carualho todo cerrado sobre sy
que do uendaual e norte parte com terras que traz pero neto que sam do
marques/(...)”
(DPNRL, Documento 107, l. 17 18; Maço 7,25, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinhos, 1540)
1796
Cativeiro – s. m. sg.
“que o daí vós ó diabo,
e temo seu cativeiro.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 44 – vv. 16 – 17)
1797
Caualeiro – s. m. sg. (<Cavaleiro>)
“O caual
ro
he q
do
an de matar em terreiro os/contr
os
q´elle toma ou o pay da ao
f
o
que/mate e tome o nome a estas festas v m
tos
de lõge
(CNB – MC – p. 93 – l. 809 – 811)
1798
Caualeiros – s. m. pl. (<Cavaleiros>)
“a molher aq´la noite danlhe m
tas
fruitas pa/tirar e t mais pena v m
tos
caual
ros
(CNB – MC – p. 95 – l. 856 – 849)
1799
Caualeiros – s. m. pl. (<Cavaleiros>)
“(…) E/ssi a dia de mia morte [de D. Afonso II] meu filio ou mia/filia q(ue) no/meu
logar ouuer a reinar nõ ouuer/reuora, mãdo aq(ue)les caualeiros q(ue)/os castelos
teen de mi en´as t(er)ras/q(ue) de mi teem os me(us) riquos omees/q(ue) os den a
esses meus riq(uos) omees/q(ue) essas t(er)ras teiuerẽ. (...)”
(TAII, in CHLP, § [23], l. 6 – 8, p. 201 e § [24] l. 1 – 6, p. 202)
346
1800
Cavaleiro – s. m. sg.
“Vi-a cavalgar con un seu scudeiro
e non ia milhor un cavaleiro.
Santiaguei-m´e disse: – Gran foi o palheiro
Onde carregaron tan gran mostea;
vi-a cavalgar per ũa aldeia
e quige jurar que era mostea.
(LPGPI – 18,1. – p. 139 – vv. 7 – 12)
1801
Cavaleiros – s. m. pl.
“Foi Don Fagundo un dia convidar
dous cavaleiros pera seu jantar,
(LPGPI – 2,12. – p. 78 - vv. 1 – 2)
1802
Cavaleiros – s. m. pl.
“O que levou os dinheiros
e non troux´ os cavaleiros
é por non ir nos primeiros
que faroneja?
Pois que ven conos prestumeiros,
maldito seja!
(LPGPI – 18,30. – p. 155 – vv. 7 – 12)
1803
Cavaleyro – s. m. sg. (<Cavaleiro>)
“Non levava nen dinheyro
ogano hu o[u]vi passar
per Campus, e quix pousar
en casa d´un cavaleyro
(LPGPI – 60,7. – p. 363 – vv. 1 – 4)
1804
Cavaleyro – s. m. sg. (<Cavaleiro>)
“Ja x´ora el das chagas morreria,
se non foss´o grand´amor verdadeyro.
Preçade sempr´amor de cavaleyro;”
(LPGPI – 70,48. – p. 462 – vv. 7 – 9)
347
1805
Cavalleiro – s. m. sg. (<Cavaleiro>)
“(...) E em esta cidade [Cepta] foe o iffante [Dom Henrique] feito cavalleiro, mui
honradamente, per maão de seu padre, no dia da consagraçom da igreja
cathedral, em companhia de seus irmaãos.”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 14 – 18, p. 36)
1806
Cavalleiro – s. m. sg. (<Cavaleiro>)
“Hora saibamos como Nuno tristam, huũ cavalleiro mancebo, assaz vallente e
ardido, que fôra criado de moço pequeno na câmara do Iffante [Dom Henrique],
chegou a aquelle lugar onde era Antam Gonçalvez; (...)”
(CFG, Cap. V, § 1º., l. 12 – 16, p. 51)
1807
Cazeiro – adj. m. sg. (<Caseiro>)
“os machos arigues espécie de paçaro] naõ t este antepeito t hũ
cheiro/grãde de rapozinhos saõ tamanhos como hũ/gato cazeiro hũs pretos outros
pardos e por a barrigua amarelos t as vnhas como caes”
(CNB – MC – p. 109 – l . 1025 – 1028)
1808
Cazeiro – adj. m. sg. (<Caseiro>)
“He [Maratacaca] do tamanho de hũ gato cazeiro t a feição/de furaõ o focinho
agudo e o corpo esguio tem”
(CNB – MC - p. 119 – l. 1158 – 1159)
1809
Cegeira – s. f. sg. (<Cegueira>)
“he gente mui apta p
a
sua saluacaõ/pois naõ tem [indios] odios vsuras nem outros
tratos e pouco cazos bastaõ p
a
estes m
tos
/destes e despois de saberem e
tenderem as cousas de d´s choram tanto a ce/geira q´andauaõ q´nos
cõfundem.”
(CNB – MC – p. 15 – l. 290 – 293)
1810
Celareiro – s. m. sg.
“... ssy como he celareiro ou rrefeitoreiro ou adergueiro ou grangeiro...”
(C.B.N., Glossário, p. 200, apud DLPA, p. 64, verb. Celareiro)
348
1811
Celeiro – s. m. sg.
“e indo da cas[a] ao celeiro,
ouv´ũu corvo viaraz e faceiro,
de que don Pero non foi ren pagado.”
(LPGPI – 63,38. – p. 389 – vv. 5 – 7)
1812
Cenreira – s. f. sg.
“digo que me tem cenreira:
e não cureis vós de mais,
que craro se vê na eira.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 7 – vv. 3 – 5)
1813
Cerdeira – s. f. sg.
“(...) /
14
u lagar e tem u [alpendre] çarado sobre sy Item tem hũũa orta e hũũa
laramJeira com quatro figeiras/
15
e tem dez vueiras pequenas e hũũa nogueira e
hũũa cerdeira e semdo laurado levara u quarto/
16
de çemteo de semeadura
Item na agra de telo hũũa leira e core de cabo a cabo comtra o monte per/
17
valo e
do naçemte parte com tera de talgide e comtra o sull faz hũũa çhave pera baixo e
tem quatro/
18
pees duveiras na Riba comtra o norte e levara de semeadura dous
alqueires de çemteo nam tem/
19
augoa Item o campo que se chama sobbelho
sobre si e tem hũũa vueira e de fora u castinheiro nam/
20
tem augoa he maa
tera levara meo alqueire de çemteo de semeadura(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 14 20, p. 312; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
1814
Cerdeyra – s. f. sg. (<Cerdeira>)
“esto perdito; chegou Pero Ferreira,
cavalo branco, vermelho na peiteira,
escud´a colo que foy d´unha masseyra,
sa lança torta d´un ramo de cerdeyra,
capelo de ferro, o arrassal na trincheyra
e furad´en cima da moleyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 42 – 47)
1815
Cereigeira – s. f. sg. (<Cerejeira>)
349
“He aruore grãde [Camujz] pareçe cõ cereigeira de por/tugal e assi t seu fruito
vermelho e no Rari/preto e major.”
(CNB – MC – p. 171 – l. 1853 – 1855)
1816
Certeira – adj. f. sg.
“E disse: – Esta é a madeira certeira,
e, de mais, nona dei eu a vós sinlheira;
e, pois que s´en compasso á de meter,
atan longa deve toda [de] seer,
[que vaa] per antr´as pernas de ´scaleira.”
(LPGPI – 18,21. – p. 149 – vv. 6 – 10)
1817
Cevadeiras – s. f. pl.
“e diss´a outr´: – E vós mal ascondedes
as tetas, que semelhan cevadeiras.”
(LPGPI – 64,11. – p . 420 – vv. 3 – 4)
1818
Cidreira – s. f. sg.
“EncoStaSe no chão, que eStà caindo
A Cidreira cos peSos amarellos”
(LUS., Canto IX, estrofe 56, vv. 5 – 6, p. 149)
1819
Chaueyro – s. m. sg. (<Chaveiro>)
“(...)/
12
Sabham todos que eu. domjgos do Monte e E (sic) Eu Tareyía gonçalviz sa
molher moradores em Guimarãães Conhoscemós e cõffessamós que Recebemos
de Giral dominguiz Chaueyro do Monsteiro de souto Cem libras de/
13
dinheiros
portugaeses polos quaes lhj nõs vendemos As meyas Casas que nos Auemos na
dicta vila em Rua capateira em que moraua. ffergalego. como he conteudo em
as carta de venda dós quaes dinheiros/(...)”
(DPNRL, Documento 60, l. 12 13, p. 208; Maço 4,8, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1353.)
1820
Chuuaçeiros – s. m. pl. (<Chuvaceiros>)
“[...] a noute segujmte ventou tamto sueste chuuaçeiros que fez caçar as
naaos e especialmente a capitana. [...]”
(VCPVC – fl. 2 – l. 9 – 11)
350
1821
Claueiro – s. m. sg. (Chaveiro>)
“E ouuimos [nós, Gomes Eanes de Zurara] depois a Luis de Sousa, claueiro
dordem de Christo, seu camareiro moor [do Iffamte Dom Hamrrique], e filho de
Gomçalo Roiz de Sousa, que quamdo sse o dito Iffamte finou, que lhe tirara o dito
lenhoa da cruz, e o dera a el Rey em Euora com o sinete e o seu liuro de rrezar”
(CTC, Cap. rj., § 1º., l. 21 – 27, p. 68)
1822
Collmeiro – s. m. sg. (<Colmeiro>)
“(...) E vemtando estomçe huum/vemto soaão, tomou huum daquelles que
estavom fora, huum collmeiro açeso posto em huuma lamça, e deitou-ho demtro
em çima das choças, e começarom d´arder.”
(CDF, Cap. LXXIX, § 6º., l. 24, p. 64; l. 1 – 3, p. 65)
1823
Companheira – s. f. sg.
“e viu a ũa delas as olheiras
de sa companheira, e siss´assi:”
(LPGPI – 64,11. – p. 416 – vv. 3 – 4)
1824
Companheiras – s. f. pl.
“E ambas elas eran companheiras,”
(LPGPI – 64,11. – p . 416 – v. 15)
1825
Companheiros – s. m. pl.
“7º foi o p
e
Inatio tholosa proucial seus/companheiros .s. G
lo
Leite Martĩ da
Rocha/o p
e
Cordeiro e algũs nouicios”
(CNB – MC – p. 57 – l. 338 – 340)
1826
Companheiros – s. m. pl.
“elle lhe furtou o corpo e pegoulhe pello/pescoço ate q´vieraõ os companhr
os
caçado/res e a leuaraõ e mataraõ em terreiro”
(CNB – MC – p . 107 – l. 995 – 997)
351
1827
Companheyro – s. m. sg. (<Companheiro>)
“(...) § Disserõ/... [os] sabed[ores que a tôrt]o depois que perde/[o companheyro
nunca mais pou]as en ramo verde/[mais.... a arvor en que ... seu ninho/...
semelha]....................................................................................................................”
(LA, VIII, vv. 31 – 35, p. 26)
1828
Conselheiros – s. m. pl.
“E porem diz Salamam que dos conselheiros se auia de fazer hum antre mil. (...)”
(CTC, Cap. x., § 1º., l. 2 – 4, p. 25)
1829
Conselheiros – s. m. pl.
“(...) e era [el Rei Dom Pedro I] ainda tam zeloso de fazer justiça, espeçiallmente
dos que travessos eram, que perante si os mandava meter a tormento; e, se
confessar nom queriam, el se desvestia de seus reaes panos e per sua maão
açoutava os malfeitores; e pero que dello muito prasmavom seus conselheiros e
outros alguuns, anojava-se de os ouvir, e nom o podiam quitar dello per nenhuuma
guisa.”
(CDPI, Cap. VI, § 1º., l. 9 – 16, p. 77)
1830
Copeiro – s. m. sg.
“(...) e os três Magos veerom a Betleem pola áugua da graça eternal, a qual
receberom do copeiro celestial. (...)”
(LVC, Cap. XI, fl. 39, b, § 454, l. 20 – 22, p. 159)
1831
Copeiro – s. m. sg.
“(...) E acabado assi o recontamento de sua viagem, fez o iffante [Dom Henrique]
armar huũ barinel, no qual mandou Affonso Baldaia, que era seu copeiro, e assi
Gil Eannes com sua barcha, mandando que tornassem [no cabo do Bojador]
outra vez, como de feito fezerom, e passaram e allém do cabo cinquoenta legoas,
onde acharom terra sem casas, e rastro de homeẽs e de camellos.”
(CFG, Cap. IV, § 1º., l. 4 – 11, p. 49)
1832
Coqueiros – s. m. pl.
“Ha bananas coqueiros palmeiras de v
o
e daz
te
/ha m
ta
cana dasuquar”
(CNB – MC – p. 89 – l. 765 – 766)
352
1833
Covilheira – s. f. sg.
Covilheira velha, se vos fezesse
grand´ escarnho, dereito [i] faria,
ca me buscades vós mal cada dia;”
(LPGPI – 2,9. – p. 77 – vv. 1 – 3)
1834
Covilheira – s. f. sg.
“E pero, lança de morte me feira,
covilheira velha, se vós fazedes
nen un torto se me gran mal queredes;”
(LPGPI – 2,9. – p. 77 – vv. 13 – 15)
1835
Covilheira – s. f. sg.
“E se me gran mal queredes, covilheira
velha, digu´eu que fazedes razon,”
(LPGPI – 2,9. – p. 77 – vv. 19 – 20)
1836
Covilheira – s. f. sg.
“ca vos quer´eu gran mal de coraçon,
covilheira velha; e sabed´or [al]:”
(LPGPI – 2,9. – p. 77 – vv. 21 – 22)
1837
Çrasteiro – adj. m. sg. (<Çarrasteiro>)
“(...)/
2
a quamtos esta minha carta de emprazamento em tres vidas virem faço
saber que luis dallmeida dom prioll do mosteiro de uillarinho e francisco fernandez
prioll çrasteiro e manoell Jorge e goncaleãnes coniguos do dito mosteiro me em/
3
viaram dizer per sua pitição o seguinte senhor luis dalmeida dom prioll do mosteiro
de uillarinho e francisco fernandez prioll mosteiro çrasteiro e manoell Jorge e
gonçalo ãnes coniguos do dito mosteiro fazemos saber a vossa mercê como este
mosteiro tem na freiguesiya de são Johão/
4
dos codeços casall que se chama
de guodim que ao presente traz Joam gonçalvez e sua molher apelonia fernãdez e
por nos pareçer seruiço de deus e proueito do dito mosteiro o queriamos emprazar
ao dito Johã gonçalvez que fose a primeira pessoa/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 2 4, p. 327; maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
353
1838
Çrasteiro – adj. m. sg. (<Çarrasteiro>)
“(...)/
2
a quamtos esta minha carta de emprazamento em tres vidas virem faço
saber que luis dallmeida dom prioll do mosteiro de uillarinho e francisco fernandez
prioll çrasteiro e manoell Jorge e goncaleãnes coniguos do dito mosteiro me em/
3
viaram dizer per sua pitição o seguinte senhor luis dalmeida dom prioll do mosteiro
de uillarinho e francisco fernandez prioll mosteiro çrasteiro e manoell Jorge e
gonçalo ãnes coniguos do dito mosteiro fazemos saber a vossa mercê como este
mosteiro tem na freiguesiya de são Johão/
4
dos codeços casall que se chama
de guodim que ao presente traz Joam gonçalvez e sua molher apelonia fernãdez e
por nos pareçer seruiço de deus e proueito do dito mosteiro o queriamos emprazar
ao dito Johã gonçalvez que fose a primeira pessoa/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 2 4, p. 327; maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1839
Dalauãdeyra – s. f. sg. (Da [contr. prep. de + art. def. f. sg. + lauãdeyra [s. f.
sg.])
“(...)/
4
Jtem A sanctj Mametis u cãpo da uinea de lagea da ááldu riu. Jtem u cãpo
de súú dalauãdeyra. Jtem Mãdo a Martinus subrino a casa é que el Mora com sua
cousa e uno cãpo/
5
que ille timia com duos casteieyros uno da porta e alium que
sta hẽ cabo du cãpo. Jtem A Johanes subieríj. v mãto e a garnaca. A Jhoã
iohanes. a saya. A pelagíj Martinit u guardaquos/(...)”
(DPNRL, Documento 3, l. 4 5, p. 96; Maço 2, 41, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, sem data [Provavelmente de meados do século 13])
1840
Deanteyra – s. f. sg.
“e diz: ´Aqui estadesĐ ay velho de matreyra!
Venha Pachaco e don Roi Cabreyra
para dar a min a deanteyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 51 – 53)
1841
Despenseiros – s. m. pl.
“E queixa-se-m´ele muitas vegadas
dos escrivães e dos despenseiros
[ca sempre lhe tolheran seus dinheiros];
mais, pois veen a contas aficadas,
logo lhi mostran ben do que quit é;
354
e pero digo-lh´eu que [o] mal é
de quen no el quitou muitas vegadas.”
(LPGPI – 18,6. – p. 142 – vv. 8 – 14)
1842
Dezimeiro – s. m. sg.
“Ant
o
frz dezimeiro estando m
to
mal de huã certa/emfermidade lauãdosse sarou e
de hũ lobinho/na maõ esquerda e huã bexiga jũto do olho t
as
/sua molher e toda
sua casa”
(CNB – MC – p. 37 – l. 82 – 85)
1843
Erdeiros – s. m. pl.
“u jaz seu padr´e sa madr´outro tal,
e jará el e todos seus erdeiros.”
(LPGPI – 18,3. – p. 140 – vv. 13 – 14)
1844
Escudeiro – s. m. sg.
“– Pero da Pont, en un vosso cantar
que vós ogano fezestes d´amor,
foste-vos i escudeiro chamar.”
(LPGPI – 2,18. – p. 80 – vv. 1 – 3)
1845
Escudeiro – s. m. sg.
“en nossa terra, se Deus me perdon,
a todo escudeiro que pede don
as mais das gentes lhe chaman segrel.
(LPGPI – 2,18. – p. 80 – vv. 19 – 21)
1846
Escudeiros – s. m. pl.
“Ansur Moniz, muit´ouve gran pesar,
quando vos vi deitar aos porteiros
vilanamente d´antre os escudeiros;”
(LPGPI – 18,3. – p. 140 – vv. 13 – 14)
1847
Escudeiros – s. m. pl.
355
“Assi aveo que, pousando el nos paaços de Bellas que el [el Rei Dom Pedro I]
fezera, dous seus escudeiros que gram tempo avia que com el viviam, seendo
ambos parçeiros ouverom conselho que fossem roubar huum Judeu que pelos
montes andava vendendo speçearia e outras coisas, (...)”
(CDPI, Cap. VI, § 3º., l. 21 – 26, p. 78)
1848
Esmoleira – s. f. sg.
“ren na mia esmoleira.”
(LPGPI – 81,2. – p. 551 – v. 3; 6)
1849
Espitaleiros – s. m. pl.
“antr´estes freires tempreiros,
ca já os espitaleiros
por Amor non preguntarei.”
(LPGPI – 56,9. – p. 350 – vv. 19 – 21)
1850
Espitaleiros – s. m. pl.
“(...) A out(ra) [parte do testamento]/ao moesteiro de Santa Cruz, a t(er)ceira/aos
Tẽpleiros, a q(ua)rta aos Espitalei-/ros, a q(ui)nta den por mia alma o arce-/bispo
de Bragaa e o arcebispo de San-/tiago e os cinque bispos q(ue) suso/nomeamos
segũdo Deus. (...)”
(TAII, in CHLP, § [15], l. 1 – 7, p. 200)
1851
Espinheiro – s. m. sg.
“(...) /
28
do marquo per baixo e de contra o naçente parte com a dita quebrada tem
seis ou sete carualhos deles con vide leuara de semeadura hũ quarto, item o
canpo do espinheiro que todo esta çerado sobre sy tem em/
29
comprido setemta
e hũa varas e em traues comtra ho sull quoremta e noue varas e mea sameadura
quatro alqueires parte comtra ho poemte com ho caminho e comtra ho sull com
pombeiro/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 28 29, p. 329; Maço 7,29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1852
Estrabeiros – s. m. pl.
“Mandou mais aos estrabeiros seus e de seus filhos e a todollos de sua terra que
nom mandassem a nenhuum logar por palha doada, salvo se a ouvesse d´aver de
356
foro, (...)”
(CDPI, Cap. V, § 1º., l. 14 – 17, p. 74)
1853
Estribeira – s. f. sg.
“Hora devees de saber que aquel boom alaão de Bravor, comprido d´ardimento e
boomdades, segumdo sua natureza, era assi acostumado, que, sem treela,
aguardava com o rostro na estribeira, quamto o cavallo podesse amdar; e porco,
nem husso, nem outra animalia com que se emcomtrasse nom avia de travar em
ella, a menos de lho mandarem fazer. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 5º., l. 14 – 20, p. 97)
1854
Faceiro – adj. m. sg.
“e indo da cas[a] ao celeiro,
ouv´ũu corvo viaraz e faceiro,
de que don Pero non foi ren pagado.”
(LPGPI – 63,38. – p. 389 – vv. 5 – 7)
1855
Falcoeiros – s. m. pl.
“Elle [ho Iffamte Dom Fernamdo] trazia quaremta e cimquo falcoeiros de besta,
afora outros de pee, e moços de caça; e dizia que nom avia de follguar ataa que
poboasse em Santarem huuma rua, em que ouvesse çem falcoeiros.”
(CDF, Prólogo, § 9º., l. 3 – 6, p. 19)
1856
Falcoeiros – s. m. pl.
“Elle [ho Iffamte Dom Fernamdo] trazia quaremta e cimquo falcoeiros de besta,
afora outros de pee, e moços de caça; e dizia que nom avia de follguar ataa que
poboasse em Santarem huuma rua, em que ouvesse çem falcoeiros.”
(CDF, Prólogo, § 9º., l. 3 – 6, p. 19)
1857
Fareleyro – s. m. sg.
Đ que non chegass´a logar
hu [á] atal fareleyro!,”
(LPGPI – 60,7. – p. 364 – vv. 10 – 11)
1858
Feiticeiro – s. m. sg.
357
“Rjo de Jan
ro
//Estacio de Saa deu alguãs gerras pr
a
m
te
em/huã aldea q´tinha
quinhtos homs de guerra e/matou a todos e ao feiticeiro q´estaua cõfessãdo e
foi [...] (...)”
(CNB – MC – p. 67 – l. 480 – 483)
1859
Feiticeiros – s. m. pl.
“Cõmunm
te
se naõ achara nestes indios senaõ alguã cousa de agouros
inda/q´poucos os quais casos porei aqui o que se podem achar e a cõfissam
he/dizem lhe alguñs feiticeiros q
do
est doente q´tem a infermidade como/no
braço barriga etc. taõ poense a chupar hũm pouco e mete na/boca hũ fio de rede
ou qualquer cousa e dis q´aquilo o mataua e assim/alguñs saraõ logo e tanto pode
a imaginacaõ.”
(CNB – MM – p. 15 – l. 273 – 278)
1860
Ferreiro – s. m. sg.
“(...) os olhos/m
to
piquenos e pesteneja o focinho como de/boi as uentas t dous
coirinhos cõ q´as fe/cha como foles de ferreiro t a cabeça pi/quena e quaize
jgoal cõ o corpo Roliça s/pre u surgir assima (...)”
(CNB – MC – p. 183 – l. 1999 – 2003)
1861
Ferreiros – adj. m. pl.
“Casam muitos homens de bem e muitos oficiais ferreiros e carpinteiros, torneiros
e bombardeiros”
(Morais, v. II, p. 557, apud DLPA, p. 169, verb. Ferreiro)
1862
Ferreyro – adj. m. sg.
“(...) e todos [rreys e primçepes] lhe disserom [ao caualleyro] que emtrasse no
castello, e que metesse huum gallo e a galinha, e o gato e cam e sal e vinagre e
azeite e pam e farinha e vinho e agua e carne e pescado e ferradura e crauos e
beesta e seetas e ferro e baraço e lenha e moos alhos e çebollas e escudo e
lamça e cuytello ou espada e capello ou capellina e carrom e folles de ferreyro e
fozil e isca e pederneira e pedras, per çima do muro, (...)”
(Nobiliario (ou Livro das linhagens) do Conde D. Pedro, do século XIII ou XIV, in
TA, § 3º., l. 10 – 18, p. 42)
1863
Ffelgeiras – s. f. pl. (<Figueiras>)
358
“(...) /
4
herdade que Estam A par de o adro da Eigreia de Sam paayo da dicta villa
que partem da hua parte com outras cassas do dicto Almuxriffj/
5
e da outra parte
com outras cassas Em que ora mora Martym anes çaffoeiro e de deante
Emtestam na rrua publiça que vay das/
6
fferrarias velhas pera a dicta Eigreia de
Sam paayo e de tras Emtesta o Eixido que perteeçe aas dictas cassas com A rrua
de/
7
ffelgeiras as quaaes cassa dezia o dicto vaasco gonçalvez Autor que trazia
de ssua Maao Joham gonçalvez Priol que ffoy do Momsteiro/
8
de villarinho
ffinado o qual dezia que na ssua vida poussaua nas dictas ssuas casas e lhj
pagaua dellas cada/
9
hũu Ano hua pemssom (...)”
(DPNRL, Documento 77, l. 4 9, p. 237; Maço 4,52, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1397)
1864
Figeira – s. f. sg. (<Figueira>)
figeira braua Amaiba”
(CNB – MC – p. 167 – l. 1802)
1865
Figeiras – s. f. pl. (<Figueiras>)
“Outros diz q´depois de morrer vaõ/suas almas a hũs campos m
to
fermosos
cheos/de aruores e figeiras e se ajũtaõ cõ outros/doutra naçaõ (...)”
(CNB – MC – pp. 83 e 85 – l. 684 – 687)
1866
Figeiras – s. f. pl. (<Figueiras>)
“(...) /
14
u lagar e tem u [alpendre] çarado sobre sy Item tem hũũa orta e hũũa
laramJeira com quatro figeiras/
15
e tem dez vueiras pequenas e hũũa nogueira e
hũũa cerdeira e semdo laurado levara u quarto/
16
de çemteo de semeadura Item
na agra de telo hũũa leira e core de cabo a cabo comtra o monte per/
17
valo e do
naçemte parte com tera de talgide e comtra o sull faz hũũa çhave pera baixo e
tem quatro/
18
pees duveiras na Riba comtra o norte e levara de semeadura dous
alqueires de çemteo nam tem/
19
augoa Item o campo que se chama sobbelho
sobre si e tem hũũa vueira e de fora u castinheiro nam/
20
tem augoa he maa
tera levara meo alqueire de çemteo de semeadura(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 14 20, p. 312; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
1867
Fogueira – s. f. sg.
359
“(...) eu [el Rei D. Pedro I] sonhava huuma noite o mais estranho sonhos que vos
vistes: a mim pareçia em dormimdo que eu viia todo Portugal arder em fogo, de
guisa que todo o reino pareçia huuma fogueira; e estamdo assi espamtado
veemdo tal cousa, viimha este meu filho Johanne com huuma vara na maão, e
com ella apagava aquelle fogo todo. (...)”
(CDPI, Cap. XLIII, § 1º., l. 15 – 21, p. 102)
1868
Formigeiros – s. m. pl.
“tamandua he como hũ galgo naõ corre mas aonde lansa maõ he como omça
tem/hũ rabo q´ lhe cobre todo o corpo sem aparecer mais q´huã cabana se
sedas/deita a lingoa tres palmos grandes fora e vem formigas e chna e assi/as
comem e disto se sostentaõ os formigeiros
(CNB – MM – p. 19 – l. 345 – 348)
1869
Frecheiros – s. m. pl.
“Saõ os indios commumm
te
bons frecheiros tanto q´se esta hũm/homem armado
m
tas
vezes se descobrem o olho lhe daõ nelle com as/ frechas mataõ onças,
cobras, caça, paçaros, peixe, e tudo o mais, (...)”
(CNB – MC – p. 5 – l. 54 – 56)
1870
Frecheiros – s. m. pl.
“q´auiados os p
es
p
a
partir se lhes atraue/ssaraõ a lhes tomar a dianteira cento e
vĩte/e tãtos portuguezes cõ algũs treztos e tãtos/escrauos seus frecheiros n
bastou penas/de Governador n nada (...)”
(CNB – MC – p. 77 – l . 596 – 600)
1871
Frecheiros – s. m. pl.
“pare huã molher po lhe o dedo pollegar/na boca p
a
os fos ser bõs frecheiros
q
do
/vão a caça met hũs paçarinhos debaixo/do esterco p
a
q´a caça naõ fuja e assi
a mat
(CNB – MC – p. 99 – l. 900 – 903)
1872
Fronteira – s. f. sg.
“– Em fronteira de Leon –
– diz – con quen no terria?”
(LPGPI – 7,6. – p. 95 – vv. 15 – 16)
360
1873
Fronteiras – s. f. pl.
“Pôs conta el-Rei en todas fronteiras
que nen en vilas nen en carreiras
que non cômian galinhas na guerras;
(LPGPI – 56,12. – p. 351 – vv. 1 – 3)
1874
Frõteiros – adj. m. pl. (<Fronteiros>)
“(...) Neste t´po fez o p
e
Nóbrega e o Jr´Joseph pazes cõ os tamojos//frõteiros
(CNB – MC – p. 65 – l. 458 – 459)
1875
Fronteyra – s. f. sg. (<Fronteira>)
“Dis[s]e hum infante ante as companha
que me daria besta na fronteyra:”
(LPGPI – 38,3
bis
. – p. 277 – vv. 1 – 2)
1876
Fromigeiros – s. m. pl. (<Formigueiro>)
“assi espera [o tamandua] s temer nada e t grãde força t/huãs manchas de
preto e brãco o seu comer he/fromigas caua cõ as maõs e algũs fromigeiros/e
sa as fromigas elle bota a lingoa fora”
(CNB – MC – p. 111 – l. 1047 – 1050)
1877
Fruteiras – s. f. pl.
“(...) /
21
outros vynte allmudes item Junto desta vinha no rribeiro sta moinho e
tem darredor dez pes de fruteiras item hũ campo que se chama o lameiro do
moynho que/(...)”
(DPNRL, Documento 104, l. 21, p. 309; Maço 7, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1528)
1878
Galinheiros – s. m. pl.
“(...) e aos galinheiros e pessoas viis açoutados pello logar hu as tomassem e
deitados fora de sua merçee.”
(CDPI, Cap. V, § 1º., l. 12 – 14, p. 74)
361
1879
Gayteiro – s. m. sg. (<Gaiteiro>)
“[...] e levou comsigo huũ gayteiro nosso cõ sua gaita [...]
(VCPVC – fl. 7v. – l. 12 – 13)
1880
Geolheira – s. f. sg. (<Joelheira>)
“tragu´ũa osa e hũa geolheira,
estrebeyrando vai de mui gran maneyra,
e achou Velpelho estand´em hũa eyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 48 – 50)
1881
Gerreiro – adj. m. sg. (<Guerreiro>)
“no Rio de Janeiro vieraõ per vezes m
tas
Naos e framcezes tamajos q´he/hũ
gentio mui gerreiro mas sempre os nosos tiueraõ victorias de huã vês”
(CNB – MM – p. 3 – l. 26 – 27)
1882
Goteiras – s. f. pl.
“(...) mastigãdose [Bethele da Jndia Jaburãdi] vaj logo este pizado/se o botar
huãs goteiras nas costas de hũ sapo/per peconhto q´seja lhe faz nas costas
huas pe/dras como de aljofar e da logo m
tas
bosejaduras e morre logo/e se algũ
viue fiqua como q´vejo doutro mũdo.”
(CNB – MC – p. 175 – l. 1915 – 1919)
1883
Guerreira – adj. f. sg.
“(...) he esta/gte daqui muj guerreira e t feito grãdes/cousas em q´se mostraraõ
muj esforçados cõ/tra frãcezes e gtios tamojos t m
to
emfindo/brazil (...)”
(CNB – MC – p. 47 – l. 217 – 221)
1884
Guerreira – adj. f. sg.
“ES perão que a guerreira gente Saya,
Outros muytos já poStos em cillada.”
(LUS., Canto I, estrofe 86, vv. 5 – 6, p. 15)
Herdeira
– adj. f. sg.
362
“Faz contra LuSitania vir CaStella,
Dizendo Ser Sua filha herdeira della.”
(LUS., Canto IV, estrofe 6, vv. 7 – 8, p. 63)
1885
Herdeiros – s. m. pl.
“E se estas pallavras pareçem a Vossa Alteza de mao esperiquo e pior cos-
/mogrofo tera Vossa Alteza muita rezão, que eu não sei nada disto, se/não desejar
que todo o mundo fose de Vosa Alteza e de vossos herdeiros.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 13 a 15, p. 202)
1886
Herdeiros – s. m. pl.
“(…) /
27
razam da fazenda que ficou per falecimento/
28
da dita dona ysabel de
sousa molher do dito/
29
christouam de brito por falecer da vida/
30
deste mundo
sem herdeiros algũus ascen/
31
dentes nem descendentes a que a herança/
32
e
sucessam de seus bẽs por dereito per/
33
tencesse saluo ho dito mosteiro e as/
34
outras pessoas que a dita demanda mouiã/(...)”
(DPNRL, Documento 218, l. 27 34, p. 565; Maço 77, 1538, Mosteiro de Chelas,
1548)
1887
Herdeiros – s. m. pl.
“(...) porque, segundo diz o Apóstolo: ´Se sooes filhos, sooes herdeiros, digo,
herdeiros de Deus e parceiros na herança com Cristo´(...)”
(LVC, Cap. XVIII, fl. 60, a, § 689, l. 4 – 7, p. 247)
1888
Herdeyros – s. m. pl. (<Herdeiros>)
“A todolhos que se chamã herdeyros da Eygreia de sãffííz de terra de santa
Maria/(...)”
(DPNRL, Documento 28, l. 1, p. 153; Maço 9,48, Mosteiro de S. Salvador de
Moreira, 1293)
1889
Huueiras – s. f. pl. (<Uveiras>)
“(...)
15
e Johão da quintã lauradores e homẽs boos aos quaes demos
Juramento{s} dos santos evangelhos e Juntamente com elles Juramos em
prezença do prioll do dito mosteiro e as cousas que achamos que pertence ao/
16
363
dito casall sam as seguintes, item a cozinha e to della seleiro e loguo
contra o naçente palheiro e da banda do poente tudo Junto num eido e tres
cortes e contra o naçente na armação da cozinha da quebrada de/
17
são s esta
allpendre que he deste casall, item antre as portas da cozinha e quinteiro tem
a latada que em comprido vinte e duas varas em traues contra o poente tem da
cozinha da quebrada de são s/
18
ate a cozinha deste casall de parede a parede
noue varas e de contra o nacente em traues tem dezaseis varas e tem duas
huueiras e dous pereiros e cinquo carualhos na saida da dita latada/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 15 18, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1890
Huveiras – s. f. pl. (<Uveiras>)
“(...) /
9
de medir som em ancho e longuo e as vinhas que homes de quaua levão e
quantos almudes de vinho darão em cada ano e asy as huveiras e tudo asy
espriuesem e autuase no pe do quall auto asetasẽ/”
(DPNRL, Documento 108, l. 9, p. 327 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vialrinho, 1545)
1891
Justiceiro – adj. m. sg.
“Se mi Justiça non val
ante Rei tan justiceiro
ir-m´ei ao de Portugal.”
(LPGPI – 63,38. – p. 389 – vv. 22 – 24)
1892
Lameiro – s. m. sg.
“Nós somos d´outro lameiro,
e de casta mais sisuda.”
(RA, in OCGV – vpl. V – p. 48 – vv. 7 – 8)
1893
Lameiro – s. m. sg.
“(...) /
21
outros vynte allmudes item Junto desta vinha no rribeiro sta moinho e
tem darredor dez pes de fruteiras item hũ campo que se chama o lameiro do
moynho que/(...)”
(DPNRL, Documento 104, l. 21, p. 309; Maço 7, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1528)
1894
Lameiro – s. m. sg.
364
“(...) /
22
leuara de linhaça trres allqueires e tem darredor e demtro trinta e sete pes
duueiras antre mas e bõas que darã de vinho vynte allmudes item o outeiro do
bufo que sta todo /
23
deuesa item Junto desta deuesa sta talho que lleuara de
semeadura de çenteo allqueire item o talho do lameiro do moinho que leuara
allqueire de çenteo item a leirinha/(...)”
(DPNRL, Documento 104, l. 22 23, p. 309; Maço 7, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1528)
1895
Laramgeiras – s. f. pl. (<Laranjeiras>)
“(...) os [homeens] do Iffamte [Dom Joham, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro]
sobrirom acima a huuma salla, onde jaziam alguumas molheres dormindo; e a soo
a emtrada da salla, hu se fazia huum virgeu de laramgeiras e outras arvores,
apartarom o Iffamte, Diego Affonso e Garcia Affomsso, (...)’
(CDF, Cap. CIII, § 9º., l. 10 – 14, p. 101)
1896
Laramjeira – s. f. sg. (<Laranjeira>)
“(...) /
14
u lagar e tem u [alpendre] çarado sobre sy Item tem hũũa orta e hũũa
laramJeira com quatro figeiras/
15
e tem dez vueiras pequenas e hũũa nogueira e
hũũa cerdeira e semdo laurado levara u quarto/
16
de çemteo de semeadura Item
na agra de telo hũũa leira e core de cabo a cabo comtra o monte per/
17
valo e do
naçemte parte com tera de talgide e comtra o sull faz hũũa çhave pera baixo e
tem quatro/
18
pees duveiras na Riba comtra o norte e levara de semeadura dous
alqueires de çemteo nam tem/
19
augoa Item o campo que se chama sobbelho
sobre si e tem hũũa vueira e de fora u castinheiro nam/
20
tem augoa he maa
tera levara meo alqueire de çemteo de semeadura(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 14 20, p. 312; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
1897
Lavamdeira – adj. f. sg. [de lavanda]
“(...)/
32
u alqueire e daram as vueiras çimquo ou seis allmudes de vinho us
anos polos outros Item hũũa/
33
leira nas coredoiras e parte da bamda do poemte
com tera de mestre JorJe que he o casall de torçe/
34
e das outras bamdas estar
per valo tem augoa de Regar e levara de semeadura de çemteo u alqueire/
35
e
meo Item hũũa leira abaixo das casas pequena (sic) levara de semeadura u
quarto de çemteo tem augoa/
36
de Regar e tem duas vueiras e u castinheiro
Item hũũ castinheiro Item hũũa leira lavamdeira parte da bamda do norte/(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 32 36, p. 313; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
365
1898
Leiteyra – s. f. sg. (<Leiteira>)
“ca lava ben e faz boas queijadas
e sabe ben moer e amassar
e sabe muyto de bõa leiteyra.”
(LPGPI – 43,4. – p. 291 – vv. 10 – 12)
1899
Ligeiras – adj. f. pl.
“Saõ estas canoas mui ligeiras nem gale, nem barcacaõ lhe pode correr/”
(CNB – MM – p. 3 – l. 44)
1900
Ligeiras – adj. f. pl.
“(...) estaua huã [Balea] dormindo e acordou e aRemeteo a canoa e posto q´as
canoas saõ/muj ligeiras se vjo em aperto p´q´foi/p
a
a canoa rija e m
ta
agoa e
onda”
(CNB – MC – p. 187 – l. 2054 – 2057)
1901
Ligeiros – adj. m. pl.
“despedem [os indios] cimquo que taõ ligeiros saõ. Estas frechas saõ de m
tas
maneiras a alguãs/q´lhe poem canas nas pontas do pao, a outras dentes de
tubaraõ e a outras/nada.”
(CNB – MC – p. 5 - l. 61 – 63)
1902
Ligeiros – adj. m. pl.
“(...) Estes indios quando t/guerra e as vezes seus folgares estaõ iunto e perto
hũm/de outro sem se poderem frechar q´saõ assim ligeiros e se saber guardar,
das frechas o q´naõ fazem os grezes”
(CNB – MM – p. 5 – l. 66 – 69)
1903
Louvaminheiro – adj. m. sg.
“(...) como nom despreçou nem avorreceu alguém, ainda que gafo fôsse; como
nom foi louvaminheiro aos ricos, como foi livre dos cuidados do mundo nem
pensoso por as necessidades do corpo; (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 6, c, § 49, l. 6 – 10, p. 21)
366
1904
Madureiro – s. m. sg.
“Diz he [Mocuje] a melhor fruita q´ha no brazil no/seu aspeito pareçe perinhos
de altejo/do mato saõ redondos e pardos po nos em/madureiro mas o gosto he
bõ algũ tanto doçe”
(CNB – MC – p. 159 – l. 1703 – 1706)
1905
Madureiro – s. m. sg.
“(...) e por m
tas
[Mangabas] q´comaõ naõ empachaõ n/emfastiaõ de madurejro
saõ boas e a flor/cheira b, naõ t casca tudo se come e as peuides/taõb q´saõ
piquenas perde a folha a cada anno”
(CNB – MC – p. 159 – l. 1691 – 1694)
1906
Mãgabeiras – s. f. pl. (<Mangabeiras>)
“Ha na paraiba [Moxiricuiiba] s como mãgabeiras a fruita/como larãjas das
peuides faz o azeite e a casca/serue pa barbasco”
(CNB – MC – p. 173 – l. 1885 – 1887)
1907
Mandadeir´ - s. m. sg. (<Mandadeiro>)
“E sempr´catan estes olhos meus
per u eu cuido que á de viir
o mandadeir´, e moiro por oir”
(LPGP – 63,7. – p. 375 – vv. 13 – 15)
1908
Mandadeiro – s. m. sg.
“Ca do mandadeiro sei eu mui ben
que, depois que lh´o mandado disser,
que se verrá mais cedo que poder;”
(LPGPI – 63,7. – p. 375 – vv. 7 – 9)
1909
Mandadeiro – s. m. sg.
“ca mi diss´o mandadeiro que é por mi mui coitado,”
(LPGPI – 67,3. – p. 433 – v. 7)
1910
Manteyro – adj. m. sg. (<Manteiro>)
367
“... Resposteiro mor Fernão Lopez d Abreu, e asy manteyro e uchaõ ...”
(Crón. de D. João I, cap. 26, p. 225, apud DLPA, p. 419, verb. Manteyro)
1911
Marinheiro – s. m. sg.
“(...) E, segundo disse Crisóstomo, teemos por nave a Egreja e por governalho a
cruz e por governador Cristo e por pilôto ou marinheiro da avantagem o Padre e
por vento o Spíritu Santo e por treu a sua graça, por marinheiros os Apóstolos e
por grometes os profetas, por batel o Velho e o Novo Testamento. (...)”
(LVC, Cap. XXIX, fl. 91, a, § 1.018, l. 7 – 15, p. 371)
1912
Marinheiro – s. m. sg.
“ca mais me pago do mar
que de seer cavaleiro;
ca eu foi já marinheiro
e quero-m´ ôi-mais guardar
do alacran, e tornar
ao que me foi primeiro.”
(LPGPI – 18,26. – p. 152 – vv. 34 – 39)
1913
Marinheiros – s. m. pl.
“(...) E, segundo disse Crisóstomo, teemos por nave a Egreja e por governalho a
cruz e por governador Cristo e por pilôto ou marinheiro da avantagem o Padre e
por vento o Spíritu Santo e por treu a sua graça, por marinheiros os Apóstolos e
por grometes os profetas, por batel o Velho e o Novo Testamento. (...)”
(LVC, Cap. XXIX, fl. 91, a, § 1.018, l. 7 – 15, p. 371)
1914
Marinheiros – s. m. pl.
“[...] aly folgou ele e todos nos outros bem hũa ora e m
a
e pescaram hy amdando
marinheiros cõ huũ chimchorro [...]”
(VCPVC – fl. 4v. – l. 32 – 34)
1915
Marinheiros – s. m. pl.
“Da carima q´he a rais seca [da mandioca] se faz amdoados/cousas doçes e o
mais e se faz paõ cõ o aRoz/mesturado e esta seca botaõ e mesturaõ cõ/a outra
q
do
quer q´se cõserue p
a
longe como/q
do
a traz p
a
portugal os marinheiros (...)”
(CNB – MC – p. 87 – l. 736 – 740)
368
1916
Marteiro – s. m. sg.
“beeito seja tu, que sofredor
me fazes deste marteiro por ti!”
(LPGPI – 18,20. – p. 149 – vv. 13 – 14)
1917
Marteiro – s. m. sg.
“Madre, passou per aqui un cavaleiro
e leixou-m´namorad´e com marteiro:”
(LPGPI – 47,12. – p. 318 – vv. 1 – 2)
1918
Masseiras – adj. f. pl.
“E, depois, tomaram senhas masseiras
e banharon-se e loavan-s´a si;”
(LPGPI – 64,11. – p. 416 – vv. 22 – 23)
1919
Masseyra – s. f. sg. (<Masseira>)
“esto perdito; chegou Pero Ferreira,
cavalo branco, vermelho na peiteira,
escud´a colo que foy d´unha masseyra,
sa lança torta d´un ramo de cerdeyra,
capelo de ferro, o arrassal na trincheyra
e furad´en cima da moleyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 42 – 47)
1920
Medianeiro – adj. m. sg.
“(...) Segundàriamente, segundo Agustinho, por nos dar exemplo de pugnar, e que
per aquesto, que el fêz, nos ensinasse e que fôsse el medianeiro nom soo per
ajuda, mas per exemplo. (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 77, c, § 870, l. 4 – 8, p. 317)
1921
Meixieira – s. f. sg.
“He das milhores fruitas do brazil he grãde a aruo/re a fruita como de meixieira
Em S. V
te
as vi bo/as saõ como limos piquenos t a flor como de murta (...)”
(CNB – MC – p. 173 – l. 1866 – 1869)
369
1922
Mensageira – s. f. sg.
“Tal reSpoSta me torna a mensageira:
Eu que cair não pude neSte engano”
(LUS., Canto V, estrofe 54, vv. 4 – 5, p. 89)
1923
MenS
SS
Sageira – adj. f. pl. (<Mensageira>)
“Respondem as trombetas menS
SS
Sageiras,
Pifaros Sibilantes, &atambores,”
(LUS., Canto IV, estrofe 27, vv. 1 – 2, p. 67)
1924
Mercadeiro – s. m. sg.
“ante quer´andar sinlheiro
e ir como mercadeiro
algua terra buscar,
u me non possan culpar
alacran negro nen veiro.”
(LPGPI – 18,26. – p. 152 – vv. 48 – 52)
1925
Messegeira – s. f. sg. (<Mensageira>)
“(...) a lei por Moisés foi dada, a qual lei é demonstraçom e messegeira da
salvaçom; (...)”
(LVC, Cap. XVIII, fl. 61, c, § 704, l. 10 – 12, p. 253)
1926
Messegeiro – s. m. sg. (<Mensageiro>)
“A virgem Maria, logo concebido o Verbo eterno, foi visitar Elísabet. E, segundo
Ambrósio, esto fêz nom como creente ao dito ângeo nem como certa do
messegeiro que lhe fora enviado, (...)”
(LVC, Cap. VI, fl. 21, c, § 237, l. 1 – 5, p. 89)
1927
Messegeiro – s. m. sg. (<Mensageiro>)
“Com razom, pois, há-de seer chamado Joam precursor e messegeiro do Senhor,
porque em nascendo, bautizando e preegando e morrendo, sempre veo ante de
Cristo como troteiro, segundo o apelido do seu nome. (...)”
370
(LVC, Cap. XIX, fl. 62, d, § 719, l. 1 – 5, p. 257)
1928
Messegeiro – s. m. sg. (<Mensageiro>)
“(...) E pois uos Deos aqui trouxe em ora que eu [el Rey] esto assy ouuesse de
determinar, prazme que uos seiaaes o messegeiro que leuues as novas a uossos
jrmaãos, e lhe declarees toda minha emtemçom por a guisa que uollo ja tenho
dito.”
(CTC, Cap. xiiij., § 1º., l. 6 – 12, p. 41)
1929
Milheiro – s. m. sg.
“a casa das carnes, pescado e sal, sisa e imposições/ dos vinhos, fruita e
chancelaria do civil, em que entra/o hum por cemto e dous por milheiro.”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto 1588, fl. 19v,
in EBC, l. 3 – 4, p. 216)
1930
Moleira – s. f. sg.
“É mais agudo câ espada,
não há i cabra na manada
que não tenha na moleira.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 10 – vv. 9 – 11)
1931
Moleyra – s. f. sg. (<Moleira>)
“esto perdito; chegou Pero Ferreira,
cavalo branco, vermelho na peiteira,
escud´a colo que foy d´unha masseyra,
sa lança torta d´un ramo de cerdeyra,
capelo de ferro, o arrassal na trincheyra
e furad´en cima da moleyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 42 – 47)
1932
Monteiro – s. m. sg.
“Este Rei Dom Pedro [I] era muito gago; e foi sempre grande caçador e monteiro
em seendo Iffante e depois que foi Rei, tragendo gram casa de caçadores e
moços de monte e d´aves, e caaens de todas maneiras que pera taaes jogos eram
perteeçentes. (...)”
(CDPI, Cap. I, § 2º., l. 10 – 14, p. 63)
371
1932
Monteiro – s. m. sg.
“Era aimda el Rei Dom Fernamdo muito caçador e monteiro, em guisa que
nenhuum tempo aazado pera ello deixava que o nom husasse.”
(CDF, Prólogo, § 8º., l. 21 – 23, p. 18)
1933
Monteiros – s. m. pl.
“(...) E porque o çertificarom [el Rei Dom Fernamdo] que em terra da Beira e per
Riba de Coa avia boons montes d´hussos e porcos em gramde avomdamça, fez-
se prestes com toda sua casa e da Rainha, e muitos monteiros com sabujos e
alaãos, e levou caminho daquella comarca. E fazemdo em elles gramde matamça,
acomteçeo huum dia que o Iffamte [D. João, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro]
se encomtrou com huum mui gramde husso, e jumtou-se tamto a elle pollo ferir a
mam temente, que o husso firmou bem seus pees e levamtou os braços por o
arrevatar da sella; (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 1º., l. 7 – 15, p. 95)
1934
Neuoeiros – s. m. pl. (<Nevoeiros>)
“(...) he esta terra do/brazil m
to
sadia. e lavada os vtos nord/estes lestes e
suestes q´saõ os comũs trã/as dez horas e cessaõ a meja noite p´causa/dos m
tos
aruoredos montes e vales q´causaõ/hũs neuoeiros p´las menhãs q´comum
te
v
chuva”
(CNB – MC – p. 79 – l. 634 – 639)
1935
Nogueira – s. f. sg.
“(...) /
14
u lagar e tem u [alpendre] çarado sobre sy Item tem hũũa orta e hũũa
laramJeira com quatro figeiras/
15
e tem dez vueiras pequenas e hũũa nogueira e
hũũa cerdeira e semdo laurado levara u quarto/
16
de çemteo de semeadura Item
na agra de telo hũũa leira e core de cabo a cabo comtra o monte per/
17
valo e do
naçemte parte com tera de talgide e comtra o sull faz hũũa çhave pera baixo e
tem quatro/
18
pees duveiras na Riba comtra o norte e levara de semeadura dous
alqueires de çemteo nam tem/
19
augoa Item o campo que se chama sobbelho
sobre si e tem hũũa vueira e de fora u castinheiro nam/
20
tem augoa he maa
tera levara meo alqueire de çemteo de semeadura(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 14 20, p. 312; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
372
1936
Nugeira – s. f. sg. (<Nogueira>)
“He aruore grande [as fruitas Acajú] a modo de nugeira t muita/goma p
a
tĩta e
pĩtar t huã fruita como huã/maçã grãde e huã castanha no peê q´serue em lugar
damdoas p
a
doçe (...)”
(CNB – MC – p. 159 – l. 1680 – 1683)
1937
Nugeira – s. f. sg. (<Nogueira>)
“Tem grandes folhas [pareçe como de nugeira/he grãde e a fruita verde serue de
tĩta cõ que]/redondas como tartaros (...)”
(CNB – MC – p. 177 – l. 1921 – 1923)
1938
Obreiros – s. m. pl.
“´Assi como os obreiros dam cada dia o mantiimento e govêrno na obra, e o jornal
lhe guardam pera a fim, assi dará o Senhor na fim a vida eternal, e entretanto
promete e dá cento por . (...)”
(LVC, Cap. XXV, fl. 86, a, § 960, l. 1 – 5, p. 351)
1939
Olheiras – s. f. pl.
“e, se queren dizer ´ai´,
atá lhis faz as olheiras
(LPGPI – 49,4. – p. 332 – vv. 18 – 19)
1940
Olheiras – s. f. pl.
“e viu a ũa delas as olheiras
de sa companheira, e siss´assi:”
(LPGPI – 64,11. – p. 416 – vv. 3 – 4)
1941
Olheiras – s. f. pl.
“– Que enrugadas olheiras tẽedes!”
(LPGPI – 64,11. – p. 416 – v. 5)
1942
Onzeneiro – adj. m. sg.
373
“... e crer, que esse contrauto foi, e he onzeneiro, e ouve em elle onzena”
(Ord. Afons., v. II, p. 439, apud Machado, v. IV, p. 254, apud DLPA, p. 450, verb.
Onzeneiro)
1943
Outeiro – s. m. sg.
“Eu nom creo, disse Antam Gonçalvez, que nossa ida seja certa quanto em busca
daquelles que nós achamos, ca o lugar he huũ outeiro raso, em que nom avia
casa nem choça em que homem cuidasse que êlles se podiam lojar, (...)”
(CFG, Cap. V, § 1º., l. 7 – 11, p. 54)
1944
Outeiros – s. m. pl.
“O Iffamte Dom Hamrrique disse/que lhe pareçia muy bem. e em esto começarom
de seguir os mouros, em tamto que os fezeram tirar damtre as çisternas e huũ
chafariz que alli esta, em que sse coaua agua quamdo uijnha de çima daqueles
outeiros.”
(CTC, Cap. lxxij., § 1º., l. 34, p. 80 e l. 1 – 5, p. 81)
1945
Outeiros – s. m. pl.
“As cabeças como outeiros,
os cabelos carcomidos,
louros como sovereiros,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 49 – vv. 14 – 16)
1946
Paaçeira – s. f. sg.
“E com estes indicadores ou dedideiros que assy e Conselho meter, meta hy o
paaçeiro ou a paaçeira que hy steuer...”
(Machado, v. IV, p. 275, apud DLPA, p. 455, verb. Paaçeiro)
1947
Paaçeiro – s. f. sg.
“E com estes indicadores ou dedideiros que assy e Conselho meter, meta hy o
paaçeiro ou a paaçeira que hy steuer...”
(Machado, v. IV, p. 275, apud DLPA, p. 455, verb. Paaçeiro)
1948
Palheiro – s. m. sg.
374
“Vi-a cavalgar con un seu scudeiro
e non ia milhor un cavaleiro.
Santiaguei-m´e disse: – Gran foi o palheiro
Onde carregaron tan gran mostea;
vi-a cavalgar per ũa aldeia
e quige jurar que era mostea.
(LPGPI – 18,1. – p. 139 – vv. 7 – 12)
1949
Palheiro – s. m. sg.
“(...)
15
e Johão da quintã lauradores e homẽs boos aos quaes demos
Juramento{s} dos santos evangelhos e Juntamente com elles Juramos em
prezença do prioll do dito mosteiro e as cousas que achamos que pertence ao/
16
dito casall sam as seguintes, item a cozinha e to della seleiro e loguo
contra o naçente palheiro e da banda do poente tudo Junto num eido e tres
cortes e contra o naçente na armação da cozinha da quebrada de/
17
são s esta
allpendre que he deste casall, item antre as portas da cozinha e quinteiro tem
a latada que em comprido vinte e duas varas em traues contra o poente tem da
cozinha da quebrada de são s/
18
ate a cozinha deste casall de parede a parede
noue varas e de contra o nacente em traues tem dezaseis varas e tem duas
huueiras e dous pereiros e cinquo carualhos na saida da dita latada/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 15 18, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1950
Palheyro – s. m. sg.
21
uelho que os ditos pardeeyros do dito Casal que iaziã a par do paaço/21 uelho
que era do dito Monsteiro saluo hũu pardeeyro que logo hy staua que diziã que/
22
ffora palheyro de sseu padre E a dita mostra ffeita e apeegamto tabẽ nas
herdades como no Paaço deffiudo (sic) [ de ffundo]/ (...)”
(DPNRL, Documento 55, l. 21 22, p. 198; Maço 3, 42, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1339)
1951
Palmeiras – s. f. pl.
“Ha bananas coqueiros palmeiras de v
o
e daz
te
/ha m
ta
cana dasuquar”
(CNB – MC – p. 89 – l. 765 – 766)
1952
Palmeiras – s. f. pl.
“Teendo passada estas caravellas a terra de Zaara, como he dicto, viram as
duas palmeiras com que ante topara Diniz Diaz, pellas quaaes conhecerom que
375
alli se começava a terra dos Negros [Guinee], com cuja vista folgarom assaz; (...)”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 3 – 8, p. 71)
1953
Parceiros – s. m. pl.
“(...) porque, segundo diz o Apóstolo: ´Se sooes filhos, sooes herdeiros, digo,
herdeiros de Deus e parceiros na herança com Cristo´(...)”
(LVC, Cap. XVIII, fl. 60, a, § 689, l. 4 – 7, p. 247)
1954
Parçeiros – s. m. pl. (<Parceiros>)
“Assi aveo que, pousando el nos paaços de Bellas que el [el Rei Dom Pedro I]
fezera, dous seus escudeiros que gram tempo avia que com el viviam, seendo
ambos parçeiros ouverom conselho que fossem roubar huum Judeu que pelos
montes andava vendendo speçearia e outras coisa, (...)”
(CDPI, Cap. VI, § 3º., l. 21 – 26, p. 78)
1955
Pardeeyro – s. m. sg. (<Pardeeiro>)
20
uelho que os ditos pardeeyros do dito Casal que iaziã a par do paaço/
21
uelho
que era do dito Monsteiro saluo hũu pardeeyro que logo hy staua que diziã que/
22
ffora palheyro de sseu padre E a dita mostra ffeita e apeegamẽto tab nas
herdades como no Paaço deffiudo (sic) [ de ffundo]/ (...)”
(DPNRL, Documento 55, l. 21 22, p. 198; Maço 3, 42, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1339)
1956
Paredeeyros – s. – s. m. sg.
“Noytivoo he a ave que se paga/das treevas e da escuridade da noyte. Aquesta
mora nos paredeeyros e nas ca-/sas que nõ son cubertas. (...)”
(LA, XXVIIII, vv. 12 – 14, p. 47; v. 15, p. 48)
1957
Pareiras – s. f. pl. (<Parreiras>)
“V
o
fazem de m
tas
m
ras
he da propria rais de mandioca cozida vinhas ha pou/cas vi
colher alguãs pipas de v
o
S V
te
mas he verdete q
to
he mas ha/m
tas
pareiras e
daõ comumente tres uezes no anno saõ boas e gosto/zas e inda bem naõ acabaõ
de dar se as logo podaõ torna lançar e s/pre carregaõ bem de fruto so na
baya ha m
tas
formigas e cercam os pes das parras huũs testos de agoa estas
formigas saõ grandes e os indios as comem.”
(CNB – MM - p. 17 – l. 306 – 311)
376
1958
Parreira – s. f. sg.
“Muita aruore despinho de toda sorte em/todo o brazil e m
to
boa milhor q´em
portugal/Marmelos, figos vuas as vuuas vi dar em/todo o brazil em treze mezes
dar tres/nouidades huã parreira e assi como colh/as vuas logo as podaõ e logo
tornaõ a dar”
(CNB – MC – p. 157 – l. 1669 – 1764)
1959
Parteiras – s. f. pl.
“E mandei em todas as villas casas de audiência/ e de prissão he endereitar
allgumas ruas, o que tudo se fez sem opressão do povo he com follguarem muito
de o fazer, que disto são/grandes parteiras.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 5 – 7, p. 196)
1960
Parteiras – s. f. pl.
“(...) E porém, assi como desterrada e caminheira [Madre de Cristo] peregrina em
sua casa alhea, pariu o Salvador e Senhor do mundo, e assi como pobre molher o
envorilhou, nom em panos de sirgo, mas em trapos de pouco valor, e o encostou
na manjadoira. Oo strabaria bem-aventurada! Oo presepe! Oo manjadoira de boa-
andança, em os quaaes nasceu e foi lançado Cristo, deus de todos! Ali as
parteiras foram as potestades dos ângeos, e ali foi o solaz dos ângeos (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, c, § 376, l. 6 – 16, p. 129)
1961
Peçegeiro – s. . sg. (<Pessegueiro>)
“T a folha como de peçegeiro m
tas
e de muitas/castas cheiraõ m
to
b seru p
a
forros de casas/e caixas faz canoas e dura m
to
hũ pao destes”
(CNB – MC – p. 169 – l. 1827 – 1829)
1962
Pederneira – s. f. sg.
“(...) e todos [rreys e primçepes] lhe disserom [ao caualleyro] que emtrasse no
castello, e que metesse huum gallo e a galinha, e o gato e cam e sal e vinagre e
azeite e pam e farinha e vinho e agua e carne e pescado e ferradura e crauos e
beesta e seetas e ferro e baraço e lenha e moos alhos e çebollas e escudo e
lamça e cuytello ou espada e capello ou capellina e carrom e folles de ferreyro e
fozil e isca e pederneira e pedras, per çima do muro, (...)”
377
(Nobiliario (ou Livro das linhagens) do Conde D. Pedro, do século XIII ou XIV, in
TA, § 3º., l. 10 – 18, p. 42)
1963
Pedreiros – s. m. pl.
“ca ei pedreiros e pedra e cal;
e desta casa non mi míngua al
se non madeira nova, que queria.”
(LPGPI – 6,3. – p. 88 – vv. 5 – 7)
1964
Pegureiros – s. m. pl.
“Eles, nunca, pois naceron, foron pegureiros;
mas, por un ome d´Estorga, que perdeu carneiros,
irado-los-á el-Rei.
(LPGPI – 49,3. – p. 332 – vv. 4 – 6)
1965
Peideira – adj. f. sg.
“des que fui nado, quig´eu sempre mal
a velha fududancua peideira
(LPGPI – 2,9. – p. 77 – vv. 23 – 24)
1966
Peideira – s. f. sg.
“e punhade sempr´en[a] guarecer,
ca en talho sodes de peideira.”
(LPGPI – 70,16. – p. 445 – vv. 13 – 14)
1967
Peideyra – s. f. sg. (<Peideira>)
“ca ja vos tarda essa gente da Beyra,
o moordom´ e o sobrinho de Cheyra
e Meen Sapo e Don Vintin de Meyra
e Lopo Gato, esse filho da freyra,
que non á antre nós melhor lança per peideyra!
EOY!”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 54 – 59)
1968
Peiteira – s. f. sg.
378
“esto perdito; chegou Pero Ferreira,
cavalo branco, vermelho na peiteira,
escud´a colo que foy d´unha masseyra,
sa lança torta d´un ramo de cerdeyra,
capelo de ferro, o arrassal na trincheyra
e furad´en cima da moleyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 42 – 47)
1969
Peliteiro – s. m. sg.
“O caparon do marvi,
que vos a testa ben cobre,
con pena veira tan nobre –
alfaiate ou peliteiro,
dized´ora, cavaleiro:
qual vo-l´apostou assi?”
(LPGPI – 30,21. – p. 256 – vv. 1 – 6)
1970
Pereira – s. f. sg.
“Ha m
tos
[Araçazes] grandes e piquenos t a aruores e folha/como pereira e elles
algũs saõ tamanhos/como peras a flor e a folha cheira m
to
b taõb
(CNB – MC – p. 161 – l. 1712- 1714)
1971
Pereiros – s. m. pl.
“(...)
15
e Johão da quintã lauradores e homẽs boos aos quaes demos
Juramento{s} dos santos evangelhos e Juntamente com elles Juramos em
prezença do prioll do dito mosteiro e as cousas que achamos que pertence ao/
16
dito casall sam as seguintes, item a cozinha e to della seleiro e loguo
contra o naçente palheiro e da banda do poente tudo Junto num eido e tres
cortes e contra o naçente na armação da cozinha da quebrada de/
17
são s esta
allpendre que he deste casall, item antre as portas da cozinha e quinteiro tem
a latada que em comprido vinte e duas varas em traues contra o poente tem da
cozinha da quebrada de são s/
18
ate a cozinha deste casall de parede a parede
noue varas e de contra o nacente em traues tem dezaseis varas e tem duas
huueiras e dous pereiros e cinquo carualhos na saida da dita latada/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 15 18, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1972
Pertigueir´ – s. m. sg. (<Pertigueiro>)
379
“Med´ei do pertigueir´ e ando soo,
que semelha Pedro Gil no feijoo,
e non via mia senhor, ond´ei gran doo,”
(LPGPI – 18,24. – p. 151 – vv. 7 – 9)
1973
Pertigueiro – s. m. sg.
“Med´ao pertigueiro que ten Deça:
semelha Pedro Gil na calvareça,
e non vi mia senhor [á] mui gran peça,
Mília Sancha Fernándiz, que muit´amo.
(LPGPI – 18,24. – p. 150 – vv. 1 – 4)
1974
Pertigueiro – s. m. sg.
“Antolha-xe-me riso, pertigueiro: chamo
Mília Sancha Fernándiz, que muit´amo.
(LPGPI – 18,24. – p. 151 – vv. 5 – 6; 11 – 12; 17 - 18)
1975
Pertigueiro – s. m. sg.
“Med´ei do pertigueiro tal me mejo,
que semelha Pero Gil no vedejo,
e non vi mia senhor, ond´ei desejo,”
(LPGPI – 18,24. – p. 151 – vv. 13 – 15)
1976
Pessegeiro – s. m. sg.
“Saõ aruores altas e grosças [Copajbas] he pao naõ/m
to
duro faz caixos p
a
asuq´r t a folha/como pessegeiro cortaõ esta aruores ate/o meo (...)”
(CNB – MC – p. 165 – l. 1772 – 1775)
1977
Pilliteiro – s. m. sg.
“Estomçe huum pilliteiro, que avia nome Domingues Anes, homem refeçe e de
pequena comta, disse comtra os outros:
– Que estamos fazemdo, ou que pregom he este?”
(CDF, Cap. CLXXVI, § 13º., l. 22 – 24; § 14º., l. 25, p. 145)
380
1978
Pinheiros – s. m. pl.
Pinheiros em s. vicente, Murta m
ta
de m
tas
castas,/Pimta de m
tas
castas,
Aristoloquia de todas as castas, (...)”
(CNB – MC – p. 157 – l. 1660 – 1661)
1979
Podadeiras – adj. f. pl.
“Nom seguio el Rei Dom Fernamdo, depois que teve esta paz firmada por sempre,
o dito do profeta Isayas naquel logar homde disse que fariam das espadas fachos,
e das lamças podadeiras, e que nom alçaria gente contra mais espada, nem
husariam de lidar (...)”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 1º., l. 4 – 8, p. 71)
1980
Pombeiro – s. m. sg.
“(...) /
28
do marquo per baixo e de contra o naçente parte com a dita quebrada tem
seis ou sete carualhos deles con vide leuara de semeadura hũ quarto, item o
canpo do espinheiro que todo esta çerado sobre sy tem em/
29
comprido setemta e
hũa varas e em traues comtra ho sull quoremta e noue varas e mea sameadura
quatro alqueires parte comtra ho poemte com ho caminho e comtra ho sull com
pombeiro/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 28 29, p. 329; Maço 7,29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
1981
Ponteiro – s. m. sg.
“E pois que sodes aposto e fremoso cavaleiro
g[u]ardade-vos de seerdes escatimoso ponteiro,
ca dizen que baralhastes con [Don] Joan Coelheiro.”
(LPGPI – 18,14. – p. 146 – vv. 22 – 24)
1982
Porteir´ – s. m. sg. (<Porteiro>)
“Un porteir´ á en cas´del-Rei,
que me conhoc´e, onde quer
que me veja, logo me fer”
(LPGPI – 56,18. – p. 354 – vv. 1 – 3)
381
1983
Porteiro – s. m. sg.
“(...) E em lhe seendo assi falando, baterom aa porta. E o porteiro, como entrou o
Meestre, quis çarrar a porta por nom entrar neuũ dos seus, e disse que o
preguntaria aa Rainha, nom por deles aver neũa sospeita, mas porque a Rainha
estava com doo, (...)”
(QCDJI, Cap. 2., § 1º., l. 12 – 17, p. 9)
1984
Porteiro – s. m. sg.
“Se alguuns conçelhos aviam de recadar com elle [D. Pedro I], mandava-lhe que
enviassem em scripto çarrado e seelado, per hum porteiro, todo o que mester
aviam, e logo lhe el Rei taxava que ouvesse por dia quatro soldos e mais nom, e el
Rei, visto o que lhe pediam,/livrava-o sem outra deteença como achava que era
dereito.”
(CDPI, Cap. IV, § 2º., l. 21 – 26, p. 69; l. 1 – 2, p. 70)
1985
Porteiro – s. m. sg.
“(...) e/foi a sua casa [de Joham Lourenço Bubal] per mandado do Juiz huum
porteiro pera o penhorar; e el, por comprir voontade, depenou-lhe a barva e deu-
lhe huuma punhada.”
(CDPI, Cap. IX, § 1º., l. 16, p. 81; l. 1 – 3, p. 82)
1986
Porteiros – s. m. pl.
“Ansur Moniz, muit´ouve gran pesar,
quando vos vi deitar aos porteiros
vilanamente d´antre os escudeiros;”
(LPGPI – 18,3. – p. 140 – vv. 13 – 14)
1987
Porteiros – s. m. pl.
“os porteiros do Gaston de Bear,
bevan a peagen que lhis el dará.”
(LPGPI – 60,12. – p. 371 – vv. 15 – 17)
1988
Porteyro – s. m. sg. (<Porteiro>)
“(...) /
8
sentẽça que dera ãtre o dito Alcayde e essas donas. e o dito. porteyro/
9
382
pos couto. del Rey éesse erdamẽto. que nenhúú nõ ffose oussado/(...)”
(DPNRL, Documento 139, l. 8 9, p. 386; Maço 14, 266, Mosteiro de Chelas,
1298)
1989
Postumeira – adj. f. sg.
“E, estando el [D. Pedro I] em Estremoz, adoeçeo de sua postumeira door e,
jazemdo doemte, nembrou-se como depois da morte d´Alvoro Gonçallvez e Pero
Coelho el fora çerto que Diego Lopes Pachequo nom fora em culpa da morte de
Dona Enês, e perdohou-lhe todo queixume que del avia, e mandou que lhe
emtregassem todos os seus bens; e assi o fez depois el Rei Dom Fernamdo seu
filho, que lhos mandou emtregar todos e lhe alçou a semtemça que el Rei seu
padre comtra ellle passara, quamto com dereito pôde.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 2º., l. 11 – 20, p. 107)
1990
Postumeira – adj. f. sg.
“– Jesu, filho da Virgem, acuure-me.
E esta foi sua postumeira pallavra [de Dona Maria], damdo o sprito, e bofamdo
muito samgue della.”
(CDF, Cap. CIII, § 21º., l. 24; § 22º., l. 25 – 26, p. 103)
1991
Postumeiro – s. m. sg.
“IIDepois que forom acabados os octo/dias, scil., dês o dia de nacença do senhor,
contando os dias ambos em êste conto de octo, scil., o primeiro e o postumeiro,
pera se haver de circundar o Menino*, segundo mandava a lei, porque êste
tempo de octo dias era stabelecido pera a circuncisom, foi chamado e declarado
o seu nome Jesu**, que quer dizer Salvador, porque na circuncisom se
acostumava poer o nome; o qual nome já dante era pôsto per Deus e foi chamado
ou dado por novas do ângeo ante que o ventre da virgem fôsse concebido. (...)”
(LVC, Cap. X, fl. 33, d, § 399, l. 1 – 14, p. 139)
Obs.: * e **: Os negritos estão no próprio texto.
1992
Postumeiro – adj. m. sg.
“(...) Contavom huuns aos outros, depois do recolhimento, como lhe avehera em
poemdo o seu em salvo, e como o postumeiro temor lhe fazia desemparar e
esqueeçer muitas cousas.”
(CDF, Cap. LXXIII, § 7º., l. 9 – 12, p. 60)
383
1993
Postumeiros – s. m. pl.
“(...) Os primeiros som culpados, e os segundos sem pecado, e os postumeiros
som justos. (...)”
(LVC, Cap. XVI, fl. 53, c, § 608, l. 18 – 20, p. 217)
1994
Pousadeiro – s. m. sg.
“... ue soubesse certo pera ele tinha feito um calvete em que havia de mandar
espetar pelo pousadeiro, que portanto fugisse ...”
(Lendas da Índia, v. I, p. 484, apud DLPA, p. 479, verb. Pousadeiro)
1995
Pousadeiro – s. m. sg.
“Item mandamos que dem em soldada ao mayoral das vacas e ao alfereyro e ao
pousadeiro senhas vacas paridas, e aos outros mancebos senhas iuuencas
prenhes.”
(Direito consuetudinário municipal, Texto do Século XIII, in TA, § 3º., l. 12 14, p.
36)
1996
Pregoeiro – s. m. sg.
“Outra coisa geera ainda esta conformidade e natural inclinaçom, segundo
sentença dalguũs, dizendo que o pregoeiro da vida, que é a fame, recebendo
refeiçom pera o corpo, o sangue e os espritos geerados de taes viandas tem ũa tal
semelhança antre si que causa esta conformidade.”
(QCDJI, Cap. 1º., l. 9 – 15, p. 2)
1997
Pregoeiros – s. m. pl.
“(...) ca, posto que trabalhasse por encobrir sua mui louvada fama, seus virtuosos
feitos eram pregoeiros dela.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 19 – 21, p. 61)
1998
Prestumeiros – s. m. pl.
“O que levou os dinheiros
e non troux´ os cavaleiros
é por non ir nos primeiros
que faroneja?
384
Pois que ven conos prestumeiros,
maldito seja!
(LPGPI – 18,30. – p. 155 – vv. 7 – 12)
1999
Prestumeyra – adj. f. sg. (<Prestumeira>)
“(...) E pe-las coores muytas que na coa do paão a-/parecẽ, entẽdemos muytas e
desvayradas/vertudes que os preegadores averã naquela//vida prestumeyra da
gloria do parayso en que/viverã pera todo sempre. (...)”
(LA, XXXI, v. 9 – 12, p. 50; vv. 1 – 2, p. 51)
2000
Prestumeyra – adj. f. sg. (<Prestumeira>)
“(...) § E por-/que quando o paão alça a coa pelo louvor que lhi dizẽ aparece a
parte prestymeyra do /seu corpo desnuada e decoberta, muy lay-/da e muy torpe
e muyto escarnida, assi/o preegador quãdo sse alça per vãã gloria”
(LA, XXXI, vv. 31 – 36, p. 51)
2001
Quarteiro – s. m. sg.
“(...)/
7
Jtem. Petro pelaj. Iij. morabitinos. e j
o.
quarteiro de pane. Jtem ad ulueyra.
ij. morabitinos. Jtem ad/
8
sanctj iohanis de Lauri. j. calicem de plata. e vij.
quarteiros de pã. Jtem. ffernandus/(...)”
(DPNRL, Documento 5, l. 7 – 8, p. 105; Maço 6,31, Mosteiro de S. Pedro
Pedroso, 1252.)
2002
Quarteiros – s. m. pl.
“(...)/
7
Jtem. Petro pelaj. Iij. morabitinos. e j
o.
quarteiro de pane. Jtem ad ulueyra.
ij. morabitinos. Jtem ad/
8
sanctj iohanis de Lauri. j. calicem de plata. e vij.
quarteiros de pã. Jtem. ffernandus/(...)”
(DPNRL, Documento 5, l. 7 – 8, p. 105; Maço 6,31, Mosteiro de S. Pedro
Pedroso, 1252.)
2003
Quinhoeiro – s. m. sg.
“(...) O geeraçom que depois veo, poboo bem aventuirado, que nom soube parte
de tantos males nem foi quinhoeiro de taes padecimentos! – os quaes a Deos por
sua mercee prougue de cedo abreviar doutra guisa, como acerca ouvirees.”
(QCDJI, Cap. 9., § 1º., l. 9 – 14, p. 57)
385
2004
Quinteiro – s. m. sg.
“(...)
15
e Johão da quintã lauradores e homẽs boos aos quaes demos
Juramento{s} dos santos evangelhos e Juntamente com elles Juramos em
prezença do prioll do dito mosteiro e as cousas que achamos que pertence ao/
16
dito casall sam as seguintes, item a cozinha e to della seleiro e loguo
contra o naçente palheiro e da banda do poente tudo Junto num eido e tres
cortes e contra o naçente na armação da cozinha da quebrada de/
17
são s esta
allpendre que he deste casall, item antre as portas da cozinha e quinteiro tem
a latada que em comprido vinte e duas varas em traues contra o poente tem da
cozinha da quebrada de são s/
18
ate a cozinha deste casall de parede a parede
noue varas e de contra o nacente em traues tem dezaseis varas e tem duas
huueiras e dous pereiros e cinquo carualhos na saida da dita latada/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 15 18, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
2005
Quynteyro – s. m. sg. (<Quinteiro>)
“(...) /
17
item ho campo da chousa cerrado sobre sy tem em comprydo cinquoenta
e seys varas e ao traves trinta e seys e o que laura levara de semeadura meo
allqueyre, e o mays serue de pumar de bõa terra tem augua de Regar e limar e/
18
tem ao Redor seys uueyras; item da porta do quynteyro athee a bica estam seys
uueyras, e quatro castinheyros item ho campo do carualho todo cerrado sobre sy
que do uendaual e norte parte com terras que traz pero neto que sam do
marques/(...)”
(DPNRL, Documento 107, l. 17 18; Maço 7,25, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinhos, 1540)
2006
Rrefeitoreiro – s. m. sg. (<Refeiteiro>)
“... ssy como he celareiro ou rrefeitoreiro ou adergueiro ou grangeiro...”
(C.B.N., Glossário, p. 200, apud DLPA, p. 64, verb. Adergueiro)
2007
Regateiras – s. f. pl.
“naceram pera ser freiras,
e vós pera regateiras,
outras pera ser viçosas,
e outras pera canseiras.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 25 – vv. 8 – 11)
386
2008
Regateiras – s. f. pl.
regateiras do pescado;
escutemo-las de cá.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 20 – v. 5)
2009
Remeiros – s. m. pl.
“saõ de hũ pao todas [canoas] e comũm
te
as q´vi leuaõ ate 80.60 remeiros afora”
(CNB – MC – p. 5 – l. 45)
2010
Remeiros – s. m. pl.
“alguns doze [remeiros] q´vaõ na proa pa pelejar posto q´os remeiros/todos
peleijaõ e remaõ pe cõ huã so pas tem na mesquerda/o remo e o arco na
dereita as frechas iunto des. cada remadura”
(CNB – MM – p. 5 – l . 46 – 47)
2011
Rendeiros – s. m. pl.
“Toma lá conta e vede
porque matou minha tia
que mil esmolas fazia,
e leixa os rendeiros do verde
que me citam cada dia”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 8 – vv. 14 – 18)
2012
Rribeiro – s. m. sg. (<Ribeiro>)
“(...) /
21
outros vynte allmudes item Junto desta vinha no rribeiro sta moinho e
tem darredor dez pes de fruteiras item hũ campo que se chama o lameiro do
moynho que/(...)”
(DPNRL, Documento 104, l. 21, p. 309; Maço 7, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1528)
2013
Sapateiro – s. m. sg.
“He [Caraguata] pera amarras he como linho e de m
tas
castas/pera Redes
de pescar p
a
sapateiro &c. (...)”
(CNB – MC – p. 153 – l. 1602 – 1603)
387
2014
Scudeiro – s. m. sg. (<Escudeiro>)
“Vi-a cavalgar con un seu scudeiro
e non ia milhor un cavaleiro.
Santiaguei-m´e disse: – Gran foi o palheiro
Onde carregaron tan gran mostea;
vi-a cavalgar per ũa aldeia
e quige jurar que era mostea.
(LPGPI – 18,1. – p. 139 – vv. 7 – 12)
2015
Scudeiro – s. m. sg. (<Escudeiro>)
“Quen nunca trouxe ´scudeiro
nen comprou armas d´armeiro,
quitan come cavaleiro”
(LPGPI – 56,14. – p. 353 – vv. 13 – 15)
2016
Scudeiros – s. m. pl. (<Escudeiros>)
“Os cavaleiros e cidadãos
que d´este rei aviam dinheiros
e outrossi donas e scudeiros
(LPGPI – 62,2. – p. 371 – vv. 15 – 17)
2017
Scudeirus – s. m. pl. (<Escudeiros>)
Đ a mães scudeirus gage o Churruchão,
a taes sergen[t]os, ca non gente befua!”
(LPGPI – 14,10. – p. 124 – vv. 11 – 12)
2018
Scudeyros – s. m. pl. (<Escudeiros>)
“(...) /
8
ffeito ffoy isto en mudelos xx. ij. dias andados de março Era M
a.
/
9
CCC
a.
L
a.
Anos Testemunhas ffernã Dominguyz Pedro martinz scudeyros Johã
dominguyz/10 de rreygada. (...)”
(DPNRL, Documento 42, l. 8 10, p. 179; Maço 3,12, Mosteiro de S. Migule de
Vilarinho, 1312)
2019
Seendeyro – s. m. sg. (<Seendeiro>)
388
“ e soltou-mh-un can enton
e mordeu-mh-o seendeyro.”
(LPGPI – 60,7. – p. 364 – vv. 8 – 9)
2020
Seendeyro – s. m. sg. (<Seendeiro>)
“non fora ao vergalhon
roxo do meu seendeyro.”
(LPGPI – 60,7. – p. 364 – vv. 13 – 14)
2021
Seleiro – s. m. sg.
“(...)
15
e Johão da quintã lauradores e homẽs boos aos quaes demos
Juramento{s} dos santos evangelhos e Juntamente com elles Juramos em
prezença do prioll do dito mosteiro e as cousas que achamos que pertence ao/
16
dito casall sam as seguintes, item a cozinha e to della seleiro e loguo
contra o naçente palheiro e da banda do poente tudo Junto num eido e tres
cortes e contra o naçente na armação da cozinha da quebrada de/
17
são s esta
allpendre que he deste casall, item antre as portas da cozinha e quinteiro tem
a latada que em comprido vinte e duas varas em traues contra o poente tem da
cozinha da quebrada de são s/
18
ate a cozinha deste casall de parede a parede
noue varas e de contra o nacente em traues tem dezaseis varas e tem duas
huueiras e dous pereiros e cinquo carualhos na saida da dita latada/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 15 18, p. 328; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
2022
Seleiro – s. m. sg.
“(...) a Aruore da mãdioca he talta/como hũ hom t a folha como dedos e m
e em/neçessidade se come cozida Dura em s. V
te
m
to
na/terra p´q´he fria e no Rjo
de Jan
ro
eu ja ui/de dez annos m
to
boa e assi se come aos 6/mezes e se t
debaixo da terra q´he o seleiro/”
(CNB – MC – p. 89 – l. 744 – 749)
2023
Seleiros – s. m. pl.
10
/ – ii qontos iii
c
lxi b
c
i lxbi reis em dinheiro/e lRbi moios de triguo que se
pagão/de ordinarias as freiras d´estremos, e ii arrobas/de cera – o rendimento dos
seleiros de Serpa/e Moura por orçamento.”
(Folhas de rendas de Portugal no ano de 1588, Lisboa, 31 de agosto de 1588, fl.
389
22v, in EBC, l. 5 – 6, p. 218)
2024
Sementeyras – s. f. pl. (<Sementeiras>)
“(...) os lauradores poem nos matos, os/quaaes pemsamdo queymar huũa muy
pequena mouta, queymam suas sementeyras.”
(CTC, Cap. xxxviij., § 1º., l. 33, p. 50 e l. 1 – 2, p. 51)
2025
Senlheira – adj. f. sg.
“(...) Tal foi Maria. Que a sua senlheira vida seja deciprina de todos. Pois ao feitor
nom desapraz, louvemos a obra que fêz, por tal que quem quer que desejar o
galardam siga o exemplo dela. Êsto Ambrósio.”
(LVC, Cap. II, fl. 11, b, § 109, l. 30 – 35, p. 47)
2026
Senlheira – adj. f. sg.
“ei mui gran medo de xi vos colher
algur senlheira; e, se vos foder,”
(LPGPI – 70,19. – p. 447 – vv. 5 – 6)
2027
Senlleira – adj. f. sg. (<Senlheira>)
“Oí og´eu ũa pastor cantar
du cavalgaba per ũa ribeira,
e a pastor estava senlleira;”
(LPGPI – 14,9. – p. 123 – vv. 1 – 3)
2028
Senlheyro – adj. m. sg. (<Senlheiro>)
“Por meu mal enton, senlheyro,
ouv´aly a chegar,”
(LPGPI – 60,7. – p. 364 – vv. 8 – 9)
2029
Sinlheira – adj. f. sg. (<Senlheira>)
“E disse: – Esta é a madeira certeira,
e, de mais, nona dei eu a vós sinlheira;
e, pois que s´en compasso á de meter,
atan longa deve toda [de] seer,
390
[que vaa] per antr´as pernas de ´scaleira.”
(LPGPI – 18,21. – p. 149 – vv. 6 – 10)
2030
Sinlheiro – adj. m. sg. (<Senlheiro>) > função de advérbio
“ante quer´andar sinlheiro
e ir como mercadeiro
algua terra buscar,
u me non possan culpar
alacran negro nen veiro.”
(LPGPI – 18,26. – p. 152 – vv. 48 – 52)
2031
Soldadeira – s. f. sg.
“Fui eu poer a mão noutro di-
-a a ũa soldadeira no conon,
e diss-m´ela: – Tolhede-a, ladron,
ca non é est´a [sazon de vós mi
viltardes, u prende] Nostro Senhor”
(LPGPI – 18,20. – p. 148 – vv. 1 – 5)
2032
Soldadeira – adj. f. sg.
“ca, pela besta, sodes soldadeira
e, par Deus, grave vos foi d´aver;”
(LPGPI – 70,16. – p. 445 – vv. 11 – 12)
2033
Soldadeiras – s. f. pl.
“Estavan oje duas soldadeiras
dizendo ben, a gran pressa, de si;”
(LPGPI – 64,11. – p. 416 – vv. 1 – 2)
2034
Solteira – adj. f. sg.
“E a dona que m´assi faz andar
casad´é, ou viuv´ou solteira,
ou touquinegra, ou monja ou freira;”
(LPGPI – 2,6. – p. 76 – vv. 8 – 10)
2035
Solteiras – s. f. sg.
391
“Se el algur acha freiras,
ou casadas ou solteiras,
filha-xas pelas carreiras;”
(LPGPI – 49,4. – p. 332 – vv. 18 – 19)
2036
Sombreiro – s. m. sg.
“[...] soomente deulhes hu ũ barete vermelho e huũa carapuça de linho que leuaua
na cabeça e huũ sombreiro preto. [...]”
(VCPVC – fl. 1v. – l. 34 – 36)
2037
Sovereiro – adj. m. sg.
“porque eu me vá enforcar
no mais alto sovereiro
qu´eu mesmo per mi buscar.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 16 – vv. 13 – 15)
2038
Sovereiros – s. m. pl.
“As cabeças como outeiros,
os cabelos carcomidos,
louros como sovereiros,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 49 – vv. 14 – 16)
2039
Tardinheira – adj. f. sg.
“(...) Nom per novo conselho proveeu Deus aas cousas humanaaes ou per mercee
prolongada e tardinheira, mas do criamento do mundo stabeleceu ũua mesma
causa da saúde. (...)”
(LVC, Cap. II, fl. 9, a, § 88, l. 23 – 27, p. 39)
2040
Tẽpleiros – s. m. pl. (<Templeiros>)
“(...) A out(ra) [parte do testamento]/ao moesteiro de Santa Cruz, a t(er)ceira/aos
Tẽpleiros, a q(ua)rta aos Espitalei-/ros, a q(ui)nta den por mia alma o arce-/bispo
de Bragaa e o arcebispo de San-/tiago e os cinque bispos q(ue) suso/nomeamos
segũdo Deus. (...)”
(TAII, in CHLP, § [15], l. 1 – 7, p. 200)
392
2041
Tempreiros – s. m. pl. (<Templeiros>)
“antr´estes freires tempreiros,
ca já os espitaleiros
por Amor non preguntarei.”
(LPGPI – 56,9. – p. 350 – vv. 19 – 21)
2042
Tençoeiro – s. m. sg.
“Mas elle de tençoeiro,
sem ganhar nisso ceitil,
vai dar chuvas em Janeiro,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 7 – vv. 11 – 13)
2043
Tendeira – s. f. sg.
“Bon casament´é, pera Don Gramilho,
ena porta de ferr´ũa tendeira;”
(LPGPI – 79,10. – p. 528 – vv. 1 – 2)
2044
Tendeira – s. f. sg.
“Sei onde mora a tendeira.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 10 – v. 8)
2045
Tenreiro – adj. m. sg.
“Don Foão, que eu sei que á preço de ligeiro,
vedes que fez ena guerra – daquesto son verdadeiro:
sol que viu os genetes, come bezerro tenreiro,”
(LPGPI – 7,4. – p. 94 - vv. 6 – 8)
2046
Tereyro – s. m. sg. (<Terreiro>)
“(...) vão apelidando gte p
a
a/festa n lhe daõ tristeza nhuã q
do
saem/a tereyro p
a
o matar elle v fazdo o/moitĩ e atirãdo cõ fruita muj feros e assi/durão as vezes
4 e 5 dias as festas comũ/m
te
(CNB – MC – p. 95 – l. 835 – 837)
2047
Terreiro – s. m. sg.
393
“O caual
ro
he q
do
an de matar em terreiro os/contr
os
q´elle toma ou o pay da ao
fo que/mate e tome o nome a estas festas v m
tos
de lõge”
(CNB – MC – p. 93 – l. 809 – 811)
2048
Terreiro – s. m. sg.
“m
te
faz casas nouas grãde terreiro e lhe/por guarda huã molher q´naõ ha de
conhe/cer p
a
q´assi se naõ aparte della e fuja”
(CNB – MC – p. 95 – l. 835 – 837)
2049
Terreiro – s. m. sg.
“elle lhe furtou o corpo e pegoulhe pello/pescoço ate q´vieraõ os companhr
os
caçado/res e a leuaraõ e mataraõ em terreiro
(CNB – MC – p. 107 – l. 995 – 997)
2050
Tesoureiro – s. m. sg.
“(...) E mãdo [D. Afonso II] da dezima/dos morauidiis e dos dieiros q(ue)
mi/remaserũ de parte de meu padre (que) sũ/en Alcobaza e de outr´auer mouil
q(ue) i/posermos porá esta dezima q(ue) segia/partido pelas manus/do arcebispo
de Bragaa e do arce-/bispo de Santiago e do bispo do Portu e de Lixbona e de
Coĩbria e de Uiseu e de/Lamego e da Idania e d´Euora e de Tui e/do tesoureiro
de Bragaa. (...)”
(TAII, in CHLP, § [5], l. 3 – 8 , p. 198 e § [6], l. 1 – 5, p. 198 )
2051
Thesoureiro – s. m. sg. (<Tesoureiro>)
“E porque huum seu escripvam [d´el Rei D. Pedro I] do thezouro reçebeo onze
livras e mea sem o thesoureiro, mandou-ho enforcar, que lhe nom pode valer o
Conde, nem Betriz Diaz, manceba del Rei, nem outro nenhuum.”
(CDPI, Cap. IX, § 1º., l. 7 – 10, p. 81)
2052
Thesoureiro – s. m. sg. (<Tesoureiro>)
“Sebastiam lopez doutor em degredos thesoureiro e coonego de braaga
Arcediaago de lamego proujsor e vigaíro geeral pollo Reverendíssimo Im cristo
padre Sennhor dom george da/
2
costa per mercee de deus E da ssanta egreia de
394
rroma arcebispo e sennhor de braaga e primas das espanhas; a quantos esta
carta de prazo virem ffaco saber/(...)”
(DPNRL, Documento 98, l. 1 2, p. 292; Maço 6, 21, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1499)
2053
Torneiros – s. m. pl.
“Casam muitos homens de bem e muitos oficiais ferreiros e carpinteiros, torneiros
e bombardeiros”
(Morais, v. II, p. 557, apud DLPA, p. 169, verb. Bombardeiro)
2054
Tranqueiras – s. f. pl.
Tranqueiras, Baluartes, Lanças, Setas,
Tudo fico que rompas & Sometas.”
(LUS., Canto X, estrofe 57, vv. 9 – 10, p. 170)
2055
Trincheiras – s. f. pl.
“E diss´a outra: – Vós com´as veedes
desses ca[belos sobr´essas trincheiras]?”
(LPGPI – 64,11. – p. 416 – vv. 6 – 7)
2056
Trincheyra – s. f. sg. (<Trincheira>)
“esto perdito; chegou Pero Ferreira,
cavalo branco, vermelho na peiteira,
escud´a colo que foy d´unha masseyra,
sa lança torta d´un ramo de cerdeyra,
capelo de ferro, o arrassal na trincheyra
e furad´en cima da moleyra,”
(LPGPI – 6,9. – p. 91 – vv. 42 – 47)
2057
Trombeiros – s. m. pl.
“(...) e se alguma vez lho [a el Rei D. Pedro I] queriam tanger, logo se enfadava
delle e dizia que o dessem oo demo e que lhe chamassem os trombeiros.”
(CDPI, Cap. XIV, § 1º., l. 10 – 12, p. 87)
2058
Troteiro – s. m. sg.
395
“Com razom, pois, há-de seer chamado Joam precursor e messegeiro do Senhor,
porque em nascendo, bautizando e preegando e morrendo, sempre veo ante de
Cristo como troteiro, segundo o apelido do seu nome. (...)”
(LVC, Cap. XIX, fl. 62, d, § 719, l. 1 – 5, p. 257)
2059
Troteiro – s. m. sg.
“E segue-se mais que diz Joane de Cristo: ´Êle é o que depois de mim vem, o qual
eu, seu troteiro, ante que venha denuncio´. (...)”
(LVC, Cap. XIX, fl. 66, c, § 727, l. 1 – 4, p. 261)
2060
Ulueira – s. f. sg. (<Ulveira>)
“(...)/
7
Jtem. Petro pelaj. iij. morabitinos. e jo. quarteiro. de pane. Jtem ad
ulueyra. ij. morabitinos. Jtem ad/
8
sanctj iohanis de Lauri. j. calicem de plata. e vij.
quarteiros de pã. Jtem. ffernandus/(...)”
(DPNRL, Documento 5, l. 7 – 8, p. 105; Maço 6, 31, Mosteiro de S. Pedro
Pedroso, 1252)
2061
Uueyras – s. f. pl. (<Uveiras>)
“(...) /
17
item ho campo da chousa cerrado sobre sy tem em comprydo cinquoenta
e seys varas e ao traves trinta e seys e o que laura levara de semeadura meo
allqueyre, e o mays serue de pumar de bõa terra tem augua de Regar e limar e/
18
tem ao Redor seys uueyras; item da porta do quynteyro athee a bica estam seys
uueyras, e quatro castinheyros item ho campo do carualho todo cerrado sobre sy
que do uendaual e norte parte com terras que traz pero neto que sam do
marques/(...)”
(DPNRL, Documento 107, l. 17 18; Maço 7,25, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinhos, 1540)
2062
Valedeyro – adj. m. sg. (<Valedeiro>)
“... fazo testamento valedeyro por sempre...”
(Devanceiros, p. 28, apud Machado, v. V, p. 373, apud DLPA, p. 558, verb.
Valedeyro)
2063
V´dadr
o
– adj. m. sg. (<Verdadeiro>)
“ha muj poucos t esta p´ua [Arauna] mtos s./Anacam ajurucurao he v´dadr
o
,
396
Aiuruj, Corica,/Maracanaguaçu, Maracanamerj. (...)”
(CNB – MC – p. 127 – l. 1285 – 1287)
2064
V´dadr
o
– adj. m. sg. (<Verdadeiro>)
“(...) e faz [Sipo ou piguaia] q´naõ aRebeçe cobr/o enfermo e q´sue e logo se
uaõ as camaras ha/de tres castas taõb tenho m
tas
vezes isto espe/remtado e he
v´dadr
o
remedio”
(CNB – MC – p. 145 – l. 1513 – 1516)
2065
Verdadeiro – adj. m. sg.
“(...)/
7
Moesteiro. que em ell concordarom. Confirmamos E Instituímos
verdadeiro prior E Regedor do dicto Moesteiro o dicto vasco martjz. E lhe
cometemos delle a cura e Regimento No spiritua/
8
all e temporall. E o Iuestímos
delle com todos seus dereítos E peertenças. per Nosso barrete que lhe possemos
sua cabeça; O quall Jurou aos Sanctos Euãgelhos per/
9
ell corporalmente
tangidos. Os Juramentos acustumados. que os outros priores da dicta hordẽde
sancto agostinho fazẽ E custumã fazer. em esta guisa que se segue; Eu /
10
vaasco
martjz prior que ota sóó confirmado do dicto moesteiro de lillarínho. Juro aos
Sanctos Euãgelhos per mjnhas mááos proprias corporalmente tangidos que a vos
arçe/
11
bispo meu Senhor. (...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 7 10, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
2066
Verdadeyra – adj. f. sg. (<Verdadeira>)
“(...) Mais/deve-lhis a dizer cousas saborosas e deleytosas/dos bẽẽs e da gloria
que atendẽ e esto deve a fa-/zer ameudi quanto entẽder que se mais/achega
aaquel que he luz verdadeyra que alume/todolos homẽs que no mũdo sõ. (...)”
(LA, X, vv. 3 – 8, p. 28)
2067
Verdadeyro – adj. m. sg. (<Verdadeiro>)
“Ja x´ora el das chagas morreria,
se non foss´o grand´amor verdadeyro.
Preçade sempr´amor de cavaleyro;”
(LPGPI – 70,48. – p. 462 – vv. 7 – 9)
2068
Verdadeyro – adj. m. sg. (<Verdadeiro>)
397
“(...) ca entẽdeu polo Spíritu Santo que no/evãgelho de Jhesu Christo em que avia
de falar/de tres pessoas e ũa substãça e de como a és-/soa do filho avia de
receber carne e fazer-se ho-/mẽ e aparecer antr´os homẽs e mostrar/pelas obras
que fazia que era Deus verdadeyro.”
(LA, XXXV, vv. 25 – 29, p. 54)
2069
Veedeiras – s. f. pl.
“ca diz que dizen as veedeiras
que será perdimento da terra.
(LPGPI – 56,12. – p. 352 – vv. 4 – 5; 14 - 15)
2070
Viandeiro – adj. m. sg.
“(...) El [Rei D. Pedro I] era muito viandeiro sem seer comedor mais que outro
homem, que suas salas eram de praça em todos logares per onde andava, fartas
de vianda em grande abastança.”
CDPI, Cap. I, § 2º., l. 14 – 16, p. 63; l. 1 – 2, p. 64)
2071
Vidreira – s. f. sg.
“Sairom-se per ũa vidreira que estava na oussia da capela, assi que a vidreira
nom quebrou”
(Graal, fl. 144c, apud DLPA, p. 562, verb. Vidreira).
2072
Viimteneiros – s. m. pl. (<Vinteneiros>)
“(...) Assi que quamtos na terra avia, e os que vehessem de fora do reino, todos
aviam de/seer sabudos pellos viimteneiros que homeens eram, e que jeito
tiinham de viver, e dito logo aas justiças, e postos todos em escripto. (...)”
(CDF, Cap. LXXXIX, § 10º., l. 30 – 31, p. 83; l. 1 – 3, p. 84)
2073
Vinhateiro – s. m. sg.
“(...)/
8
vynte e noúe dias de mayo Era de Mil e trezentos e Noueẽta e u Anos
testemunhas Afomso dominguiz e domingos dominguiz capateiros e
Stevam/Afomso vinhateiro do Castelo; Jurarõ As dictas partes que cõ/
9
prauã
nẽ vendia As dictas meyas Casas pera Monsteiro nẽ pera Eigreia nẽ pera homem
dord. Eu Johãe anes tabelyõ de guimarãães A esto fuy presente e esto screuy su
meu sinal/
10
que tal hE,/
11
pagou quatro soldos.”
(DPNRL, Documento 60, l. 8 11, p. 207 208; Maço 4,8, Mosteiro de S. Miguel
de Vilarinho, 1353.)
398
2074
Vueiras – s. f. pl. (<Uveiras>)
“(...) /
14
u lagar e tem u [alpendre] çarado sobre sy Item tem hũũa orta e hũũa
laramJeira com quatro figeiras/
15
e tem dez vueiras pequenas e hũũa nogueira e
hũũa cerdeira e semdo laurado levara u quarto/
16
de çemteo de semeadura Item
na agra de telo hũũa leira e core de cabo a cabo comtra o monte per/
17
valo e do
naçemte parte com tera de talgide e comtra o sull faz hũũa çhave pera baixo e
tem quatro/
18
pees duveiras na Riba comtra o norte e levara de semeadura dous
alqueires de çemteo nam tem/
19
augoa Item o campo que se chama sobbelho
sobre si e tem hũũa vueira e de fora u castinheiro nam/
20
tem augoa he maa
tera levara meo alqueire de çemteo de semeadura(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 14 20, p. 312; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
2075
Vueiras – s. f. pl. (<Uveiras>)
“(...)/
32
u alqueire e daram as vueiras çimquo ou seis allmudes de vinho hũus
anos polos outros Item hũũa/
33
leira nas coredoiras e parte da bamda do poemte
com tera de mestre JorJe que he o casall de torçe/
34
e das outras bamdas estar
per valo tem augoa de Regar e levara de semeadura de çemteo u alqueire/
35
e
meo Item hũũa leira abaixo das casas pequena (sic) levara de semeadura u
quarto de çemteo tem augoa/
36
de Regar e tem duas vueiras e u castinheiro
Item hũũ castinheiro Item hũũa leira lavamdeira parte da bamda do norte/(...)”
(DPNRL, Documento 105, l. 32 36, p. 313; Maço 7,18, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1534)
-ELHA
Não foram encontradas, em nosso corpus, lexias com o sufixo –elha no
Português Arcaico.
-(E)NÇA ~ -(Ê)NCIA
399
2076
Absência – s. f. sg. (<Ausência>)
“(...) Ou pode-se dizer que esto nom foi repreendimento ou castigo, mas
piedoso queixume que houvera da sua absência.”
(LVC, Cap. XV, fl. 50, c, § 576, l. 13 – 16, p. 205)
2077
Abstinência – s. f. sg.
“(...) eu te rogo [Joam Bautista] que guances, com tuas justas rogarias, que o
senhor dê a mim abstinência complidoira de comer e bever, cuidar e falar e obrar,
e me guarde de tôda çugidade da voontade e do corpo e, enquanto som em esta
vida temporal, outorgue-me seer alongado dos pecados e fazer a el cavalarias,
(...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 59, b, § 677, l. 8 – 14, p. 243)
2078
AbS
SS
Stinência – s. f. sg.
“Das carnes tem grandiSsima abS
SS
Stinencia,
Somente no venereo ajuntamento”
(LUS., Canto VII, estrofe 40, vv. 6 – 7, p. 120)
2079
Abstinência – s. f. sg.
“(…) E a igualeza ou dignidade dos fructos nom se compensa nem por longura do
tempo, como por a contriçom do coraçom, porque acêrca de Deus nom val tanto a
medida do tempo nem do trabalho nem a abstinência e jejuũ dos II dos manjares,
quanto val/o mortificamento dos pecados; (…)”
(LVC , Cap. XX, fl. 69, a – b – c, § 772, l. 9 – 16, p. 279 – 280)
2080
Abstilencia – s. f. sg.
“... e seu padre seendo muy triste e desconsollado, fazia mui grande
abstilencia...”
(Fr. Menores, v. I, p. 396, apud DLPA, p. 44, verb. Abstilencia)
2081
Apareenças – s. f. pl. (<Aparências>)
400
“(...) E por ti fazeres verdadeira peendença e guaançares perfecta graça de
perdom, grande avisamento se deve poer porque sejas derrador côrto e limpo, per
confissom, deo pecado, e que atuares, segundo o mandamento de Josué, em o
logar das tendas atees que sejas perfeitamente curado; a qual cousa se fará, se tu
comeres o pam de door e de peendença caladamente, arredado da companha,
tirando-te dos louvores e apareenças do mundo e das outras companhas e de
todo aazo de pecar.”
(LVC, Cap. XX, fl. 69, a, § 780, l. 3 – 15, p. 283)
2082
Aparencia – s. f. sg. (<Aparência>)
“Bem claro temos visto na aparencia,
Que era enganada a noSSa confiança”
(LUS., Canto II, estrofe 31, vv. 3 – 4, p. 24)
2083
Audiência – s. f. sg.
“E mandei em todas as villas casas de audiência/ e de prissão he
endereitarallgumas ruas, o que tudo se fez sem opressão do povo he com
follguarem muito de o fazer, que disto são/grande parteira.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 5 – 7, p. 196)
2084
Audiençia – s. f. sg.
“Açerca do logar onde lavrarom [os homeens d´el Rei Dom Fernamdo], avia
praças de pam e vinho e d´outros mantiimentos, e alli faziam audiençia a todollos
que amdavom servimdo, que demandados/eram por quasequer cousas, por nom
seerem torvados da serventia. (...)”
(CDF, Cap. LXXXVIII, § 7º., l. 24 – 26, p. 77; l. 1 – 2, p. 78)
2085
Audiençia – s. f. sg.
“/
20
(...) o dito priol pedia Mãdou/
21
Apregoar <o> dito francisco martjnz e foj
Apregoado e Atendido Ata Çyma da Audiençia como de custume E/
22
parezu
(sic) o dito francisco martjnz nẽ seu procurador saluo que parezu (sic) A sua
Molher e dizia ao dito Jiz que o dito/ (...)”
(DPNRL, Documento 67, l. 20 22, p. 224; Maço 4, 23, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1370)
401
2086
Austinencia – s. f. sg. (<Abstinência>)
“... e ali castigava eu a voontade da minha carne e somergia-a per austinencia...”
(Florilégio, p. 71, apud DLPA, p. 133, verb. Austinencia)
2087
AuS
SS
Sencia – s. f. sg. (<Ausência>)
“Mas não ves quaSi desbaratado
O poder LuSitano, pela auS
SS
Sencia
(LUS., Canto VIII, estrofe 30, vv. 1 – 2, p. 133)
2088
Aveemça – s. f. sg. (<Avença>)
“(...) e viviam em Purtugal na merçee del Rei Dom Pedro, creemdo nom reçeber
dano, tambem os Purtuguezes como os Castelaãos, porque razoada lhes dera
ousado acoutamento nas fraldas da seguramça; a qual, nom bem guardada pellos
Reis, fezerom calladamente huuma tal aveemça que el Rei de Purtugal
entregasse presos a el Rei de Castella os fidallgos que em seu Reino viviam., (...)”
CDPI, Cap. XXX, § 1º., l. 12 – 20, p. 93)
2089
Bemqueremça – s. f. sg. (<Bem-querença>)
“Ouve gramde e vivo emtemdimento por afortellezar seu estado [da Rainha Dona
Lionor], tragemdo a seu amor e bemqueremça assi as gramdes pessoas como as
pequenas, mostramdo a todos leda conversaçom, com graada prestamça e muitas
bemfeiturias.”
(CDF, Cap. LXXIII, § 6º., l. 2 – 4, p. 60)
2090
Ciencia – s. f. sg. (<Ciência>)
“Veres, o que não pode a vã ciencia
Dos errados &miseros mortais:”
(LUS., Canto X, estrofe 76, vv. 3 – 4, p. 173)
2091
Clemencia – s. f. sg. (Clemência>)
“A morte sabes dar com fogo & ferro,
Sabe tambem dar vida com clemência,
A quem pera perdela não fez erro”
(LUS., Canto III, estrofe 128, vv. 2 – 4, p. 59)
402
2092
Clemencia – s. f. sg. (Clemência>)
“O ditoso Affricano, que a clemencia
Divina assi tirou descura treua,”
(LUS., Canto IX, estrofe 15, vv. 5 – 6, p. 147)
2093
Competencia – s. f. sg. (Competência>)
“Com quem teria o filho competencia,
Amor nefando, bruta incontinencia.”
(LUS., Canto VII, estrofe 53, vv. 7 – 8, p. 122)
2094
Comtenença – s. f. sg. (<Contença>)
“Ajmda nos fiqua por dizer da terçeira espada, que foi dada ao Iffamte Dom
Hamrrique, o qual a Rainha chamou dizemdo. Meu filhos, chegaiuos pera ca,
uistindo ella sua comtenença de noua ledice, e emchemdo sua boca de rriso muy
honestamente, e disse. Bem uistes a rrepartiçom, que fiz das outras espadas que
dey a uossos jrmaãos. (...)”
(CTC, Cap. rj., § 1º., l. 17 – 25, p. 71)
2095
Conciencia – s. f. sg. (<Consciência>)
“E perguntado se conheçe/Belchior Mendez d´Azevedo, e Cristóvão/Pais d´Altero,
e Jorge d´Almeida, se não/pessoas de verdade e de sam conci-/encia, e em que
conta tem também/a Beatriz Nunez, molher parda, sua es-/crava, (...)”
(Denúncias de João Nunes, cristão-novo, ao Santo Ofício da Inquisição, Salvador,
12 de fevereiro de 1592, in EBC, l. 5 – 7, p. 208)
2096
Conciencia – s. f. sg. (<Consciência>)
“(...) res-/pondeo que todas as ditas pessoas elle/conheçe muito bem e tem dellas
bas-/tante conhecimento e comonicação/e as tem por pessoas de sam concien-
/cia de verdade e que não jurarão/falso”
(Denúncias de João Nunes, cristão-novo, ao Santo Ofício da Inquisição, Salvador,
12 de fevereiro de 1592, in EBC, l. 8 – 10, p. 208)
2097
Conhocença – s. f. sg. (<Conhecença>)
“Se ali cousimento val,
403
ou i conhocença non fal,
¿ que á i pedir que fazer?”
(LPGPI – 47,24. – p. 325 – vv. 26 – 28)
2098
Conhocença – s. f. sg. (<Conhecença>)
“Des i er fala sempr´em conhocença
que sabe bem seu conhocer mostrar;”
(LPGPI – 71,6. – p. 467 – vv. 15 – 16)
2099
Conhocença – s. f. sg. (<Conhecença>)
“e pero sodes de foder mui grave;
e quer´, em gran conhocença, dizer:”
(LPGPI – 79,34. – p. 539 – vv. 4 – 5)
2100
Consciencia – s. f. sg. (Consciência>)
“per que sse entẽdẽ as tẽptações e as................................./nacẽ: pelos homẽs do
mundo........................................................................... [sa]/consciencia folgada e
assessegada [en que]/vive cõ amor de Deus (...)”
(LA, XIX, vv. 15 – 18, p. 36)
2101
Conteença – s. f. sg. (<Contença>)
“... fezerom-se afora aa melhor conteença que poderom...
(Graal, apud Magne, Glossário, p. 141, apud DLPA, p. 236)
2102
Conteenças – s. m. pl. (<Contenças>)
“... todo u lio, e laá, e o fiado, e ferramentas, e escudelas, e todalas outras cousas
meudas, que som conteenças de casa”
(Elucidário, v. II, p. 120, apud DLPA, p. 236, verb. Conteença)
2103
Conveença – s. f. sg. (<Convença>, m. q. <Convencimento>)
“Pois leixade-me, e eu fazer quero o que me rogades pola conveença que
havedes feita”
(Graal, p. 254, apud Magne, Glossário, p. 144)
404
2104
Corrença – s. f. sg.
“... caganeira que te venha,/má corrença que te acuda...”
(Gil Vic., Barca do Inferno, v. 591 – 592, apud DLPA, p. 241, verb. Corrença)
2105
Creemça – s. f. sg. (<Crença>)
“[...] pareçeme jemte de tal jnoçencia que se os hom emtendese e eles a nos.
que seriam logo xpaãos por que eles teem nem emtendem em nhuũa creemça
sego pareçe. [...]”
(VCPVC – fl. 11 – l. 22 – 26)
2106
Cremça – s. f. sg. (<Crença>)
“Ou em que lugar allojaremos suas almas segumdo nossa piedosa cremça,
senom na companhia dos bem auemturados martires.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 6 – 8, p. 33)
2107
Cremência – s. f. sg. (<Clemência>)
“... e que o Rei devia usar de cremência e equidade, e benignidade, para e
evitarem desacordos”
(Elucidário, v. II, p. 144, apud DLPA, p. 246, verb. Cremência)
2108
Deferença – s. f. sg. (<Diferença>)
“E deferença dev´end´a filhar
tod´ome, que dona fremosa vir´,”
(LPGPI – 72,2. – p. 469 – vv. 22 – 23)
2109
Deferennças – s. f. sg. (<Diferenças>)
“(...) por que não queria eu ter com homens tão vertuosos e tanto/meus amiguos,
deferennças de pareçeres, por que senpre tenho ho/meu por pior.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. João III, 1 de junho de
1553, in EBC, l. 6 – 8, p. 204)
2110
Deligencia – s. f. sg. (<Diligência>)
405
“Isto tudo lhe ouuera a deligencia
De Monçaide fiel, que tambem leua,
Que inspirado de Angelica influencia,
Quer no liuro de Christo que se escreua,”
(LUS., Canto IX, estrofe 15, vv. 1 – 4, p. 147)
2111
Desobediência – s. f. sg.
“Ms ó tu geração daquelle insano
Cujo peccado & desobediência,”
(LUS., Canto IV, estrofe 98, vv. 1 – 2, p. 78)
2112
Deteença – s. f. sg. (<Detença>, m. q. <Detenção>)
“Se alguuns conçelhos aviam de recadar com elle [D. Pedro I], mandava-lhe que
enviassem em scripto çarrado e seelado, per hum porteiro, todo o que mester
aviam, e logo lhe el Rei taxava que ouvesse por dia quatro soldos e mais nom, e el
Rei, visto o que lhe pediam,/livrava-o sem outra deteença como achava que era
dereito.”
(CDPI, Cap. IV, § 2º., l. 21 – 26, p. 69; l. 1 – 2, p. 70)
2113
Deteemça – s. f. sg. (<Detença>, m. q. <Detenção>)
“(...) Foi a deteemça em esto tam gramde que se fazia ja muito tarde; e veemdo
como o achar nom podiam, levarom a besta e forom-se ao logar, nom sabemdo
que cuidassem em tal feito; (...)”
(CDPI, Cap. XXXI, § 1º., l. 9 – 12, p. 97)
2114
Diligência – s. f. sg.
“(...) Per ventura poderá desemparar a ti com seu Filho que trazes, quando vir que
per tal maneira e diligência acompanhas o seu Filho em todo, oferecendo-lhe
serviço de piedade e devaçom? (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, b, § 21, l. 12 – 16, p. 11)
2115
Diligência – s. f. sg.
“Ó! Com quanto cuidado e diligencia vimos grandes volumes de livros, de
desvairadas linguageẽs e terras!”
(QCDJI, Cap. 1., § 1º., l. 14 – 16, p. 4)
406
2116
Diligências – s. f. pl.
“[...] fez o capitam suas diligençias pera o achar a huũas e a outras partes e nom
pareçeo majs [...]”
(VCPVC – fl. 1 – l. 27 – 28)
2117
Doença – s. f. sg.
“e diz que nen um prez nada von val;
mais Deus, que o fez tan descomunal,
lhi queria dar por saúde, doença.”
(LPGPI – 71,6. – p. 468 – vv. 26 -28)
2118
Eccelencia – s. f. sg. (<Excelência>)
“Daquela Portuguesa alta eccelencia
De lealdade firme, &obediencia.”
(LUS., Canto V, estrofe 72, vv. 7 – 8, p. 92)
2119
Eloquencia – s. f. sg. (<Eloqüência>)
“Iguoalaua de Cicero a eloquencia:
O que de Scipião Se Sabe & alcança”
(LUS., Canto V, estrofe 96, vv. 4 – 5, p. 96)
2120
“Mercurio de eloquencia Soberana,
Com tres roStos debaxo vay Diana.”
(LUS., Canto X, estrofe 89, vv, 7 – 8, p. 176)
2121
Entenças – s. f. pl.
“– Vê[e]s, Lourenç´, ora m´assanharei
pois mal i entenças, e t´ende farei
o citolon na cabeça quebrar.”
(LPGPI – 70,24. – p. 452 – vv. 29 – 31)
2122
Entendença – s. f. sg.
407
“Un cavaleiro á ´qui tal entendença
qual vos eu agora quero contar:”
(LPGPI – 71,6. – p. 467 – vv. 1 – 2)
2123
Escolhença – s. f. sg.
“(...) A primeira cousa é escolhença do bem e apartamento do mal, a qual é
significada per Aaram, que é chamado scolhido. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 25, a, § 285, l. 6 – 9, p. 103)
2124
ES
SS
SS
SS
Sencia – s. f. sg. (Essência>)
“Mas nem cobiça, ou pouca obediencia
Da Madre, que nos çeos eStâ em eS
SS
SS
SS
Sencia.”
(LUS., canto VII, estrofe e, vv. 7 – 8, p. 114)
2125
Excelencia – s. f. sg. (<Excelência>)
“Hũa suaue &Angelica excelencia,
Que em si estâ sempre as almas trãformãdo”
(LUS., Canto III, estrofe 143, vv. 2 – 3, p. 62)
2126
Exçellençia – s. f. sg. (<Excelência>)
“(...) quanto a cousa com alma tem melhoria sobre outra sem alma tanto o Rei
deve teer exçellençia sobre as leis, ca o Rei deve ser de tamta justiça e dereito
que compridamente dê às leis a execuçom, (...)”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 6 – 11, p. 61)
2127
Experiencia – s. f. sg. (<Experiência>)
“DeSculpado por certo estâ Fernando,
Pera quem tem de amor experiencia:”
(LUS., Canto III, estrofe 143, vv. 5 – 6, p. 62)
2128
Femença – s. f. sg.
“e dorme, quando se dev´espertar
e meos sab´, u mete mais femença;”
(LPGPI – 71,6. – p. 467 – vv. 17 – 18)
408
2129
Femença – s. f. sg.
“... se a geraçom dos homeens he feita por deus com preposito e com femença
convem a saber pera gloria perduravil...”
(Corte imperial, p. 225, apud DLPA, p. 330, verb. Femença)
2130
Incontinencia – s. f. sg. (<Incontinência>)
Incontinencia ma, cubiça fea,
São as causas deste erro principais.”
(LUS., Canto III, estrofe 32, vv. 5 – 6, p. 43)
2131
Incontinencia – s. f. sg. (<Incontinência>)
“Ali tem junto ao lado nunca frio,
ESculpido o feroz ginete ardente
Com quem teria o filho competencia,
Amor nefando, bruta incontinência.”
(LUS., Canto VII, estrofre 53, vv. 5 – 8, p. 122)
2132
Influencia – s. f. sg. (<Influência>)
“Isto tudo lhe ouuera a deligencia
De Monçaide fiel, que tambem leua,
Que inspirado de Angelica influencia,
Quer no liuro de Christo que se escreua,”
(LUS., Canto IX, estrofe 15, vv. 1 – 4, p. 147)
2133
Innocencia – s. f. sg. (<Inocência)
“Mais inda doutro estado mais que humano
Da quieta & da simpres innocencia,”
(LUS., Canto IV, estrofe 98, vv. 5 – 6, p. 78)
2134
Inocencia – s. f. sg. (<Inocência)
“A quem pera perdela não faz erro:
Mas se to assi merece esta inocencia,”
(LUS., Canto III, estrofe 128, vv. 2 – 3, p. 59)
409
2135
Insolencias – s. f. pl. (<Insolências>)
“Vistes, &ainda vemos cada dia,
Soberbas &insolencias tais, que temo,
Que do mar &do Ceo em poucos anos,
Venhão Deoses a Ser, &nós humanos.”
(LUS., Canto VI, estrofe 29, vv. 5 – 8, p. 101)
2136
Jnocemcia – s. f. sg. (<Inocência)
“[...] e estam açerqua disso com tamta jnocemçia como teem em mostrar o
rrostro./”
(VCPVC – fl. 2v. – l. 8 – 10)
2137
Jnoçencia – s. f. sg. (<Inocência)
“[...] pareçeme jemte de tal jnoçencia que se os homẽ emtendese e eles a nos.
que seriam logo xpaãos por que eles teem nem emtendem em nhuũa creemça
sego pareçe. [...]”
(VCPVC – fl. 11 – l. 22 – 26)
2138
Magnificência – s. f. sg.
Magnificência grande, & humanidade,
Com partes de grandissimo respeito.”
(LUS., Canto II, estrofe 71, vv. 3 – 4, p. 31)
2139
Malquerença – s. f. sg. (<Mal-querença>)
“(...) E porque, Senhor, assi como Sam/Jerónimo screpvia em a epístolla, que
aquelle que screpve, muitos toma por juízes, ca antre muitos desvairamento
assi d´entender como de voontades, e som alguũs que cuidam que os maaos
factos se screpvem por enveja ou malquerença (...)”
(CFG, Cap. I, § 3º., l. 29, p. 25; l. 1 – 6, p. 26)
2140
Nacença – s. f. sg.
“Segundo que diz Alberto grande, a paz temporal que entom foi bem doze anos
acêrca do tempo da nacença de Cristo, tam grande que o império romaão era em
410
tanto assessêgo que as portas das cidades nunca se çarravam (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 31, c, § 373, l. 1 – 6, p. 129)
2141
Nacença – s. f. sg. (<Nascença>)
“... ante da nacença de tito que pos ho poboo dos Judeus em servidom”
(Corte Imperial, p. 244, apud DLPA, p. 439, verb. Nacença)
2142
Nascença – s. f. sg
“(...) Hoje nascido é Jesu Cristo, e assi verdadeiramente é dia de natal e
nascença do rei eternal, Filho de Deus vivo (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 33, c, § 396, l. 3 – 5, p. 137)
2143
Negligencia – s. f. sg. (<Negligência>)
“(...) metais, os quais ate gora se não descobrem/ou por não aver gente na terra
pera come-/ter esta impresa, ou tambem por negligen-/cia dos moradores que se
não querem despor/a esse trabalho.”
(Tartado da Província do Brasil de Pero Magalhães Gandavo, 1572, in EBC, fl. 3, l.
4 – 6, p. 206)
2144
Negligencias – s. f. pl. (<Negligências>)
“(...) pensando que ainda alguũs bes,I se os fazes, que nom som compridamente
cozidos nem feitos com aquel fervor que deveriam, mas que som lixosos de
muitas negligências, e que com razom som semelhávees aos pano da mulher
mundaira.”
(LVC, Cap. XVI, fl. 54, c, d, § 620, l. 8 – 13, p. 221)
2145
Obediençia – s. f. sg. (<Obeiência>)
“[...] cõformandose cõ o sinal da cruz so cuja obediençiajmos [...]”
(VCPVC – fl. 5 – l. 19 – 21)
2146
Obediençia – s. f. sg. (<Obeiência>)
“Se vay ao Castelhano, prometendo,
Que elle faria darlhe obediencia.”
411
(LUS., Canto III, estrofe 36, vv. 3 – 4, p. 44)
2147
Obediençia – s. f. sg. (<Obeiência>)
“Daquela Portuguesa alta eccelencia
De lealdade firme, &obediencia.”
(LUS., Canto V, estrofe 72, vv. 7 – 8, p. 92)
2148
Peemdemça – s. f. sg. (<Pendência>)
“(...) que nom posso [ el Rey] dello fazer comprida peemdemça, saluo se os muy
bem lauasse no samgue dos jmfiees.”
(CTC, Cap. xx., § 1º, l. 1 – 3, p. 52)
2149
Peemdemça – s. f. sg. (<Pendência>)
“Pois que peemdemça posso eu fazer de quamtos homees per mym e per meu
aazo forom mortos, soomente matar outros tamtos jmfiees ou mujto mais se poder
por seruiço de Deos e eixalçamento da samta fe catholica.”
(CTC, Cap. xx., § 1º., l. 6 – 11, p. 52)
2150
Peendença – s. f. sg. (<Pendência>)
“(...) E por ti fazeres verdadeira peendença e guaançares perfecta graça de
perdom, grande avisamento se deve poer porque sejas derrador côrto e limpo, per
confissom, deo pecado, e que atuares, segundo o mandamento de Josué, em o
logar das tendas atees que sejas perfeitamente curado; a qual cousa se fará, se tu
comeres o pam de door e de peendença caladamente, arredado da companha,
tirando-te dos louvores e apareenças do mundo e das outras companhas e de
todo aazo de pecar.”
(LVC, Cap. XX, fl. 69, a, § 780, l. 3 – 15, p. 283)
2151
Pertẽẽczas – s. f. pl. (<Pertenças>)
1
(...)/ [Eu maria martĩz] faczo Carta de uẽdiçõ e de perdu/
2
rauil firmidoe. A uos.
Domĩgas martĩz do Ribeyro molher que foy de Domĩgos migééz/
3
de todo o
herdamẽto que eu ey no Ribeyro da parte do dito meu padre. todos seus/
4
dereytos e pertẽẽczas de mote en fonte. na ffreguesia de san mamede por preczo
que de uos re/
5
czebi uẽ a ssaber czincõeẽta soldos de portugaeses as
Reuora Tanto a my e a uos prougue e do preço/(...)”
(DPNRL, Documento 47, l. 1 5, p. 184; Maço 3,22, Mosteiro de S. Miguel de
412
Vilarinho, 1318)
2152
Potencia – s. f. sg. (<Potência>)
“Nos braços tendo o filho, confiada
Lhe diz, amado filho; em cuja mão
Toda minha potencia etSà fundada:”
(LUS., Canto IX, estrofe 37, vv. 2 – 4, p. 151)
2153
Preminencia – s. f. sg. (<Preminência>)
“Nome antigo, &de grande preminencia,
ObServão os preceitos tam famoSos
Dhum, que primeiro pos nome aa ciencia:”
(LUS., Canto VII, estrofe 40, vv. 3 – 4, p. 120)
2154
Preminencias – s. f. pl. (<Preminências>)
“Aquellas preminencias glorioSas,
Os triumphos, a fornte coroada”
(LUS., Canto IX, estrofe 89, vv. 5 – 6, p. 24)
2155
Presença – s. f. sg.
“Sabham todos que en presença de mj Thomé affonso tabeliõ de Guimarães e
das testemunhas que adeãte son escritas Domjgos/
2
martjnz morador luymir
termho de Castel mẽẽdo mostrou e léér fez per mj tabeliõ a procuraçon feyta
per mão de Gil/
3
eanes tabeliõ de Castel mẽẽdo e de seu signal assignáada
segũdo a mj parecia. da qual o theor da ueruo a ueruo atal e/(...)”
(DPNRL, Documento 48, l. 1 3, p. 185; Maço 3, 26, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1321.)
2156
Prouidencia – s. f. sg. (<Providência>)
“Mas de Deos a escondida prouidencia,
Que ella so sabe o bem que se serue”
(LUS., Canto X, estrofe 29, vv. 1 – 2, p. 166)
2157
Prudencia – s. f. sg. (<Prudência>)
413
“O porâ onde esforço, nem prudencia
Poderâ auer, que a vida lhe reserue:”
(LUS., Canto X, estrofe 29, vv. 3 – 4, p. 166)
2158
Querença – s. f. sg.
“E por mal querença ou por cúbica de lhy tolher o seu”
(Fuero, p. 82, apud DLPA, p. 494, verb. Querença)
2159
Reluzença – s. f. sg.
“(...) Nom pôs deus na alma forma de cousa algũa criada, mas a sua meesma,
assi que a forma da alma racional nom é outra cousa senom ũa reluzenIça ou
spelho da Beatíssima Triindade. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, c – d, § 499, l. 8 – 12, p. 177)
2160
Resistencia – s. f. sg. (<Resitência>)
“E se vencendo a Maura resistencia,´”
(LUS., Canto III, estrofe 128, v. 1)
2161
Resistencia – s. f. sg. (<Resitência>)
“Mas o leal vassallo conhecendo,
Que seu senhor não tinha resistencia,”
(LUS., Canto III, estrofe 36, vv. 1 – 2, p. 44)
2162
Resistencia – s. f. sg. (<Resitência>)
“Não teue reS
SS
SiS
SS
Stencia, e Se a tivera,
Mais dãno reSitSindo recebêra.”
(LUS., Canto II, estrofe 69, vv. 7 – 8, p. 31)
2163
ReS
SS
Sistencia – s. f. sg. (<Resitência>)
“Em Chaud, onde em Sangue & reS
SS
Sistencia
O mar todo com fogo &ferro ferue,
Lhe farão, que com vida Se não Saya
As armadas de Egipto &de Cambaya.”
414
(LUS., Canto X, estrofe 29, vv. 5 – 8, p. 166)
2164
Reveremça – s. f. sg. (<Reverência>)
“(...) E assi, com gram reveremça e devaçom [el Rei Dom Fernamdo] recebeo o
samto sacramento, jazemdo vestido no avito de Sam Framçisco. (...)”
(CDF, Cap. CLXXII, § 4º., l. 11 – 13, p. 136)
2165
Rreueremça – s. f. sg. (<Reverência>)
“(...) E assi per rreueremça da santa jgreia, como pollo primçipall emcarrego seer
daquelles, fallaram primeiro os leterados e disseram assi.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 5 – 8, p. 31)
2166
Sabẽça – s. f. sg. (<Sabença>)
“per que entẽdemos os livros en que aquela sabẽça/jaz scrita, assi como os grãos
das sementes jazẽ esparjudos pelos ortos e pelos agros.”
(LA, VIII, vv. 1 – 3, p. 25)
2167
Sabença – s. f. sg.
“e o seu bem fazer é fazer mal;
e todo seu saber é sem sabença.”
(LPGPI – 71,6. – p. 467 – vv. 6 – 7)
2168
Sabença – s. f. sg.
“... ca a ssa mui gran vertude passa per toda sabença
(Santa Maria, “Cantiga 167”, v. II, p. 171, apud DLPA, p. 51, verb. Sabença)
2169
Sapiencia – s. f. sg. (<Sapiência>)
“Faz te mercê barão a Sapiencia
Suprema, de cos olhos corporais”
(LUS., Canto X, estrofe 76, vv. 1 – 2, p. 173)
2170
Sciencia – s. f. sg. (<Ciência>)
415
“Vay Cesar sojugando toda França
E as armas não lhe empedem a sciencia,”
(LUS., Canto V, estrofe 96, vv. 1 – 2, p. 96)
2171
Sobrevença – s. f. sg. (<Sobrevivência>)
“... quando lhe saltam com grande poder de inimigos de sobrevença
(Ord. Alfons., vol. I, tít. 65, p. 389, apud DLPA, p. 530, verb. Sobrevença)
2172
Sofrença – s. f. sg.
“pero é mans´, u dev´a fazer al
e u deve sofrer, é sem sofrença.”
(LPGPI – 71,6. – p. 467 – vv. 13 – 1)
2173
Sofrença – s. f. sg.
“Pelo prado que era verde, devemos a entender a humildade e a sofrença
(Graal, v. I, cap. 21, p. 208, apud DLPA, p. 531, verb. Sofrença)
-ENSE ~ -ENSIS
2174
Bragalense – adj. 2 gên. sg.
“In nomini Domini. Ego Odario Dauis ideo placuit mici, asto animo et bone pacis
uolumtas, ut facere tiui, iermana meã Trudilli, sicut et facio tiui, scriptura
domationis et firmitatis de uilla nostra propria nominata Freiseno, que iace inter
ambas Labrugias, subtus Ciuitas Albarelios et Castro de Boue, territorio
bragarense et portugalense. (...)”
(Doação, Ano de 907, in TA, § 1º., l. 12 – 18, p. 11)
2175
Bragalensis – adj. 2 gên. sg. (<Bragalense>)
“In Dei nomine. Ego Fernando Suariz in Domino Deo eterno salutem amen. Ideo
placuit mi, per lona pacis et uoluntas, ut facio a uobis Petro Suaris et uxor uestra
Guluira Nunis karta uendicionis et firmatatis de hereditate mea propria que abeo
de parentorum meorum in uilla quos uocitant Culameia, subtus mons O Castro,
416
discurrente rriuolo Cadauo, territorio bragalensis. (...)”
(Titulo de venda, Ano de 1161, in TA, § 1º., l. 20 – 26, p. 12)
2176
Portugalense – adj. 2 gên. sg.
“In nomini Domini. Ego Odario Dauis ideo placuit mici, asto animo et bone pacis
uolumtas, ut facere tiui, iermana meã Trudilli, sicut et facio tiui, scriptura
domationis et firmitatis de uilla nostra propria nominata Freiseno, que iace inter
ambas Labrugias, subtus Ciuitas Albarelios et Castro de Boue, territorio
bragarense et portugalense. (...)”
(Doação, Ano de 907, in TA, § 1º., l. 12 – 18, p. 11)
-ÊS ~ -ESA
2177
Cordoues – s. 2 gên. sg. (<Cordovês>)
“De ereditate de cordoues quas fui de suo filio...”
(Em 1013 (?), Dipl., p. 136; apud DELP, v. II, p. 229, verb. Cordovês)
2178
Cordoueses – s. m. pl. (<Cordoveses>)
“... et uno acouue grecisco pretiato im Cm solidos et IIos tiraces bonos
cordoueses
(Em 1090, Dipl., p. 443; apud DELP, v. II, p. 229, verb. Cordovês)
2179
Genoeses – s. m. pl. (<Genoveses>)
“Avia outro si mais em Lixboa estantes de muitas terras, nom em huuma soo casa,
mas muitas casas de huma naçom , assi como Genoeses, e Prazentiins, e
Lombardos, e Castelaães d´Aragom, e de Maiorgua, e de Millam, que se
chamavom Millaneses, e Corciins e Bizcainhos, e assi doutras naçoões, a que os
Reis davom privillegios e liberdades, sentimdo-o por seu serviço e proveito (...)”
(CDF, Prólogo, § 16º., l. 11 – 17, p. 21)
2180
Millaneses – s. m. pl. (<Milaneses>)
“Avia outro si mais em Lixboa estantes de muitas terras, nom em huuma soo casa,
417
mas muitas casas de huma naçom , assi como Genoeses, e Prazentiins, e
Lombardos, e Castelaães d´Aragom, e de Maiorgua, e de Millam, que se
chamavom Millaneses, e Corciins e Bizcainhos, e assi doutras naçoões, a que os
Reis davom privillegios e liberdades, sentimdo-o por seu serviço e proveito (...)”
(CDF, Prólogo, § 16º., l. 11 – 17, p. 21)
2181
Monteses – s. 2 gên. pl.
“(...) Pera coelhos, raposas, e lebres e outras semelhantes selvajeens monteses,
levava el Rei [Dom Fernamdo] tantos caães de seguir suas peegadas e cheiro,
que nenhuuma arte nem multidom de covas lhe prestar podia, que logo nom
fossem tomadas.”
(CDF, § 11º., l. 33 – 37, p. 20)
2182
Portugueeses – s. m. pl.
“(...) e assi faróm todolos outros do reino que verdadeiros portugueeses forem; e
nom curem de mais enviar recado aa Rainha; (...)”
(QCDJI, Cap. 7., § 1º., l. 2 – 5, p. 36)
-ETA
2183
Joietas – s. f. pl.
“Os sacerdotes que, por cobiiça, per invençoões desvairadas roubaram o pôboo,
stabelecerom que houvesse i aquêles homeẽs que vendessem taaes cousas, por
tal que aquêles que viinham de longe nom tevessem escusa de nom darem
ofertas. E alguũs daqueles que viinham nom tragiam o dinheiro; e porém
ordenarom que stevessem ali cambadores, os quaaes emprestavam sôbre
penhores ou segurança, e ainda levavam mais algũa cousa de lôgro, nom em
dinheiro, mas algũas joietas ou presentes, e êsto por nom serem repreendidos
que manifestamente faziam contra a lei, dando/dinheiros a usura.”
(LVC, Cap. XXVI, fl. 86, c – d, § 966, l. 1 – 15, p. 353)
-EZ ~ -EZA ~ -EÇA
418
2184
Aboleza – s. f. sg.
“Eu ben me cuydava quer er´aboleza do cavaleyro, mancebo seer escravo...”
(“Cantiga 1534”, in C.B.N., apud DLPA, pp. 39 – 40, verb. Aboleza)
2185
Afouteza – s. f. sg.
“(...) Porque, se forteleza é esforçado desejo de percalçar grandes cousas, com
soportamento de proveitoso trabalho, este, nom receando noites asperas nem
esquivos dias, nom temia de se poer a quaesquer aventuiras por aver vitoria dos
migos; nom por desprezar com soberva afouteza a multidom deles, mas porque
neuũ avisamento antigo podia estonce seer igual aas sajarias daqueste novo
guerreiro, seendo sempre muito sem oufana e levantamento em seus
aventuirados vencimentos.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 5 – 15, p. 59)
2186
Agudeza – s. f. sg.
“Se agudeza dos olhos o conquitSta,
Tam cega fica, quanto ficareis
Se raizes criar lhe nam tolheis”
(LUS., Canto VIII, estrofe 50, vv. 6 – 8, p. 185)
2187
Agudeza – s. f. sg.
“Fortelleza de coraçom, e agudeza d´engenho, forom em êlle [Iffante Dom
Henrique] em mui excellente grado.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 13 – 15, p. 29)
2188
Alteza – s. f. sg.
“Empero os Iffamtes lembrandosse quem eram/e a alteza do sangue que tinham.
posto que esto feito a outros alguũs parecesse grande a elles pareçeo muy
pequeno. (...)”
(CTC, Cap. viij., § 1º., l. 33, p. 18 e l. 1 – 3, p. 19)
2189
Alteza – s. f. sg.
419
“(…) A alteza da cadeira era redonda, porque Maria era sem ângulo ou canto de
nhũa mágoa de çugidade e tôda limpa. (…)”
(LVC, Cap. XI, fl. 39, c, § 456, l. 11 – 14, p. 161)
2190
Alteza – s. f. sg.
“… segundo a alteza do céo aa terra, afortelegou a sua misericórdia sobre
aqueles que o temem”
(Graal, Glossário, p. 65, apud DLPA, p. 98)
2191
Alteza – s. f. sg.
“(...) Pelo mõ-/te que he alto entẽdemos a alteza do enten-/dimento do erege
sobervhoso. (...)”
(LA, XXXIII, vv. 7 – 9, p. 41)
2192
Altezas – s. f. pl.
“(...) os puetas fingerom que Átallas, o gigante, sostiinha os ceeos com os ombros,
pella grande sabedoria, que em êlle avia a cerca dos movimentos dos corpos
celestriaaes, assi as gentes do nosso regno traziam em vocábulo que os grandes
trabalhos deste príncipe [o Iffante Dom Henrique] quebrantavam as altezas dos
montes.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 16 – 23, p. 30)
2193
Anchezas – s. f. pl.
“Pera saber as altas cousas do ceeo e as anchezas da terra”
(Orto do Esposo, fl. 46, apud DLPA, p. 106, verb. Ancheza)
2194
Ardideza – s. f. sg.
“(...) porque elles [os jnfiees] conheçerom polla gramdeza deste feito a ardideza e
boa desposiçom de uossos naturaaes, e jsso meesmo a marauilosa fortalleza com
que obrastes tamanho feito.”
(CTC, Cap. xiiij., § 1º., l. 11 – 14, p. 39)
2195
Ardideza – s. f. sg.
420
“... digo que mynguado dentender sua ardideza nom faz virtuosamente”
(Ensinança, p. 48, apud DLPA, p. 119, verb. Ardideza)
2196
Ardileza – s. f. sg.
“(...) Da ardileza e boom regimento, em que está a principal cousa da guerra, era
ele [Nuno Álvarez Pereira] assi condido, que quem semelhante a el antre os
mortaes quisesse buscar, assaz lhe seria de trabalho.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 19 – 22, p. 59)
2197
AS
SS
Spereza – s. f. sg
“Da fea tyrania &de aS
SS
Spereza
Fazem direito, &vaã Severidade”
(LUS., Canto IX, estrofe 28, vv. 5 – 6, p. 149)
2198
AS
SS
Spereza – s. f. sg
“(...) Moralmente, o demo ameúde nos convida que a pedra, scil., a dureza da
peendença tornemos em pam, scil., em dilicamentos e moluras, dizendo: ´Já filho
de Deus és; nom hás mester tanta aspereza nem peendença. (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 75, § 849, l. 8 – 13, p. 309)
2199
Astragueza – s. f. sg.
“... tal astragueza pres...”
(Santa Maria, v. I, “Cantiga 153”, apud DLPA, p. 129, verb. Astragueza)
2200
Avareza – s. f. sg.
“Luxúria nem avareza nunca em seu peito [do Iffante Dom Henrique] ouverom
repouso, porque assi foe temperado no primeiro auto, que tôda sua vida passou
em limpa castidade, e assi que virgem o recebeu a terra.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 16 – 21, p. 29)
2201
Avoleza – s. f. sg.
“Veio avoleza/Maleza,/per ssa solteleza/ o mundo tornar...”
(“Cantiga 837”, in C.B.N., apud DLPA, p. 136, verb. Avoleza)
421
2202
Baxeza – s. f. sg. (<Baixeza>)
“(...) Deos tam virtuoso e de tamanha grandeza de coraçam que em todallas
cousas de honrra escondia a baxeza do sangue da madre. e com jsto auia elle [O
Conde de Barçellos] muy grande siso. pollo qual auia no rreyno grande lugar pera
conselho. (...)”
(CTC, Cap. viij., § 1º., l. 23 – 27, p. 20)
2203
Belleza – s. f. sg. (<Beleza>)
“Quis aqui Sua ventura, que corria
Apos Efire, exemplo de belleza
(LUS., Canto IX, estrofe 76, vv. 1 – 2, p. 157)
2204
Blandeza – s. f. sg. (m. q. <Brandeza>)
“... enganom os omees em esta vida, fazendo-os creer que am em si blandeza e
dulçura”
(Florilégio, p. 53, apud DLPA, p. 167, verb. Blandeza)
2205
Brandeza – s. f. sg.
“... há em sy todo deleitamento e brandeza de todo sabor...”
(Corte Imperial, p. 233, apud DLPA, p. 174, verb. Brandeza) “
2206
Braueza – s. f. sg. (<Braveza>)
“Com impito & braueza deSmedida.”
(LUS., Canto I, estrofe 35, v. 4, p. 7)
2207
Braueza – s. f. sg. (<Braveza>)
“Entende o que ordenaua a bruta gente,
E vendo Sem contraSte, &Sem braueza
Dos ventos, ou das agoas Sem corrente,
Que a Nao paSSar auante não podia,
Auendo o por milagre aSi dezia”
(Lus., Canto II, estrofe 29, vv. 4 – 8, p. 24)
422
2208
Braueza – s. f. sg. (<Braveza>)
“Deves saber que ha mester, pera o caualo seer mais asinha mansso, destar
presso de dous ramaaes em no preséuell,em tal guíssa, que por sa braueza nom
se possa tirar a a parte nem aa outra. E outro caualo ou outra besta este
sempre a par dell por se afazer com eel, e por tal que mais seguramente se possa
homem a ell chegar.”
(“Livro da Alveitaria, in TA, Cap. IX, § 1º., l. 1 – 6, p. 45)
2209
Breveza – s. f. sg.
“(…) E porque encima diz que lhas mostrou em momento momento é a
quarta parte de ponto, e dez pontos fazem ũa hora, e assi é, a quarentena
parte de ũa hora per êsto se a entender a breveza e trespassamento dos
bẽes temporaaes dêste mundo. (…)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 77, a, § 865, l. 20 – 27, p. 315)
2210
Bruteza – adj. f. sg.
“Ves Africa dos bens do mundo auara,
Inculta, &toda chea de bruteza;”
(LUS., Canto III, estrofe 80, vv. 7 – 8, p. 231)
2211
Careza – s. f. sg.
“E gran careza fezestes de pran,
mays hus trobadores travar-vos-na
ja que nos tempus, que ben non guardastes.”
(LPGPI – 60, 5. – p. 363– vv. 24 – 26)
2212
Certeza – s. f. sg.
“Mas o velho rumor Sey Se errado,
Que em tanta antiguidade não ha certeza,”
(LUS., Canto III, estrofe 29, vv. 1 – 2, p. 43)
2213
Crueza – s. f. sg.
“Ia julgar por mao zelo, & por crueza
DeSejar mal a tanta fortaleza”
423
(LUS., Canto IX, estrofe 46, vv. 7 – 8, p. 169)
2214
Crueza – s. f. sg.
“Ou de VSado a crueza fera &dura,
Co Seus hũa ira inSana não refrea
Põe na fama alua noda &negra fea.”
(LUS. Canto X, estrofe 47, vv. 6 – 8, p. 169)
2215
Crueza – s. f. sg.
“(...) dizendo [el Rei D. Pedro I] que por huum Judeu astroso nom era bem
morrerem taaes homeens, e que era bem de os castigar per degredo ou outra
alguuma pena, mas nom mostrar contra aquelles que criara, pello primeiro erro,
tam gram crueza.”
(CDPI, Cap. VI, § 1º., l. 25 – 29, p. 79)
2216
Delicadeza – s. f. sg.
“Que o trabalho do mar, que tanto cutSa,
Não Soffre amores, nem delicadeza
Antes de guerra feruida e roSbuta
A noSSa historia Seja, pois dureza”
(LUS., Canto V, estrofe 41, vv. 3 – 6, p. 103)
2217
Descumunalleza – s. f. sg. (<Descomunaleza>)
“E esto por aazo de se a gente nom espalhar em descumunalleza
(Ord. Alfons., v. I, tít. 51, § 36, apud DLPA, p. 274, verb. Descumunaleza)
2218
Desigualeza – s. f. sg.
“... traz consigo a caridade e lança alonge ou lança fora de todo a desigualeza
das cousas...”
(Vita Christi, fl. 114c, apud DLPA, p. 276, verb. Desigualeza)
2219
DeS
SS
Streza – s. f. sg. (<Destreza>)
“Co ella o Castelhano, &com deS
SS
Streza
De Marrocos o rei comete & offende.”
424
(LUS., Canto III, estrofe 112, vv. 5 – 6, p. 57)
2220
Direiteza – s. f. sg.
“… assy é que os de seu senhorio vivam em direiteza e boa fama…”
(Ord. Alfons., v. V, tít. 31, § 1, apud DLPA, p. 288, verb. Direiteza)
2221
Dureza – s. f. sg.
“Que o trabalho do mar, que tanto cutSa,
Não Soffre amores, nem delicadeza
Antes de guerra feruida e roSbuta
A noSSa historia Seja, pois dureza
(LUS., Canto V, estrofe 41, vv. 3 – 6, p. 103)
2222
Dureza – s. f. sg.
“A noSSa historia Seja, pois dureza
NoSSa vida ha de Ser, Segundo entendo
Que o trabalho por vir mo eSta dizendo.”
(LUS., Canto VI, estrofe 41, vv. 6 – 8, p. 103)
2223
Dureza – s. f. sg.
“(...) Moralmente, o demo ameúde nos convida que a pedra, scil., a dureza da
peendença tornemos em pam, scil., em dilicamentos e moluras, dizendo: ´Já filho
de Deus és; nom hás mester tanta aspereza nem peendença. (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 75, § 849, l. 8 – 13, p. 309)
2224
Escureza – s. f. sg.
“(...) e esto he por nom seer cousa noua nem sob tall escureza posta na
escriptura per que o seu emtempto nos posesse em taes duuidas, pera cuja
declaraçam nosso emtemdimento soomente podesse abastar.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 11 – 15, p. 31)
2225
Esqujueza – s. f. sg. (<Esquiveza>)
“[...] tomauam logo huũa esqujueza como monteses e foranse pera cjma. [...]”
(VCPVC – fl. 7v. – l. 20 – 22)
425
2226
ES
SS
Stranheza – s. f. sg. (<Estranheza>)
“Vendo o Gama, atentado a eS
SS
Stranheza
Dos Mouros não cuidada, & juntamente
O Piloto fugir lhe com preSteza”
(LUS., Canto II, estrofe 29, vv. 1 – 3, p. 24)
2227
Estranhezas – s. f. pl. (<Estranhezas>)
“/aqui se contam, como também da condi-/ção e bestiaes custumes do indios
da/terra, e d´outras estranhezas de bichos/que ha nestas partes.
(Tratado da Província do Brasil de Pero Magalhães Gandavo, 1572, in EBC,
Coluna I, fl. 1, l. 3 – 4, p. 206)
2228
Favoreza – s. f. sg.
“Grande licença deu a afeiçom a muitos que teverom carrego d´ordenar estorias,
moormente dos senhores em cuja mercee e terra viviam e u forom nados seus
antigos avoos, seendo-lhe muito favorávees no recontamento de seus feitos; e tal
favoreza como esta nace de mundanal afeiçom, a qual nom é salvo conformidade
dalguã cousa ao entendimento do homem.”
(QCDJI, Cap. 1º., § 1º., l. 1 – 8, p. 1)
2229
Firmeza – s. f. sg.
“Nacemos, o peSar terâ firmeza,
Mas o bem logo muda a natureza.”
(LUS., Canto V, estrofe 80, vv. 7 – 8, p. 93)
2230
Firmeza – s. f. sg.
“Sinal de provamento & firmeza
(Fr. Menores, v. II, p. 254, apud DLPA, p. 488, verb. Provamento)
2231
Firmeza – s. f. sg.
“Porque o fruito prinçipal da alma he a verdade pela qual todallas cousas estam
em sua firmeza, e ella ha-de seer clara e nom fingida, moormente nos Reis e
senhores em que mais resplandeçe qualquer virtude ou he feo o seu comtrairo,
426
(...)”
(CDPI, Cap. XXX, § 1º., l. 1 – 5, p. 91)
2232
Fforteleza – s. f. sg. (<Fortaleza>)
“(...) Aqui sse mostra a fforteleza do bõõ e da bõa.”
(LA, XXVI, vv. 11 – 12, p. 45)
2233
Fortaleza – s. f. sg.
“(...) por que semelhantes pessoas nos grandes feitos de fortaleza com grandes
trabalhos e perigos vendo o sangue dos seus jmigos espargido ante seus pees
soo he de rreçeber o grado de sua caualaria.”
(CTC, Cap. viij., § 1º., l. 9 – 13, p. 20)
2234
Fortalleza – s. f. sg. (<Fortaleza>)
“(...) porque elles [os jnfiees] conheçerom polla gramdeza deste feito a ardideza e
boa desposiçom de uossos naturaaes, e jsso meesmo a marauilosa fortalleza
com que obrastes tamanho feito.”
(CTC, Cap. xiiij., § 1º., l. 11 – 14, p. 39)
2235
Forteleza – s. f. sg. (<Fortaleza>)
“Enviado, ergo, é o ângeo gabriel, que é chamado forteleza de Deus, por tal que
êste denunciasse a virtude e sabedoria de Deus haver de tomar carne, em a qual,
parecendo baixo, houvesse conquistar os poderios dos aares; e porém com razom
da ordem dos arcângeos houve de seer, porque grandes cousas e novas
denunciou. (…)”
(LVC, Cap. V, fl. 14, c, § 146, l. 1 – 8, p. 61)
2236
Fortelleza – s. f. sg. (<Fortaleza>)
“(...) amte com muy gramde fortelleza, armados [caualleiros fiees e catholicos d´el
Rey] de samta ffe, cometiam ardidamente os jmmijgos em tall guisa qye rrijmdo
esperaram a sua derradeira ora em meyo daquelles trabalhos.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 13 – 17, p. 33)
2237
Fortelleza – s. f. sg. (<Fortaleza>)
427
Fortelleza de coraçom, e agudeza engenho, forom em êlle [Iffante Dom
Henrique] em mui excellente grado.”
(CFG, Cap. II, § 1º., l. 13 – 15, p. 29)
2238
Fouteza – s. f. sg.
“... e com esta fouteza partio estomeçe de Samtarem...”
(Crón. de D. João I, apud Machado, v. III, p. 82, DLPA, p. 339, verb. Fouteza)
2239
Fouteza – s. f. sg.
“(…) e as gentes que dentro eram, por nom receber dano de seus migos; e o
esforço e fouteza que contra eles mostravom, em quanto assi esteve cercada.”
(QCDJI, Cap. 8., § 1º., l. 5 – 8, p. 41)
2240
Fraqueza – s. f. sg.
“Onde Ambrósio: ´Bem convinhàvelmente forom mostradas em momento de
tempo as cousas dêste mundo e terreaaes, porque nom se mostra tam aginha a
vista delas comoIse pode declarar a fraqueza de poderem falecer; e tôdas
aquelas cousas passam em momento. E muitas vezes acontece que ante se
vai a honra do mundo, ante que inteiramente venha.´Esta cousas Ambrósio.”
(LVC, Cap. XXII, fl. 77, a – b, § 865, l. 27 – 36, p. 315)
2241
Fraqueza – s. f. sg.
“E tu padre de grande fortaleza,
Da determinaçam que tẽs tomada,
Nam tornes por detras pois he fraqueza
(LUS., Canto I, estrofe 40, vv. 1 – 3, p. 40)
2242
Frãcezes – s. m. pl. (<Franceses>)
“Tem m
ta
artelharja e boa q´te p
te
tomaraõ aos/frãcezes parte leuaraõ de portugal
(...)”
(CNB – MC – p. 47 – l. 216 – 217)
2243
Framceza – adj. f. sg. (<Francesa>)
“(...) [os captiuos] sabendo q´estaua ali huã Nao/framceza e posto q´foraõ
sentidos e estauaõ modo de guerra lhe tomaraõ a/ Não com trinta e seis pessas
428
de artilharia e 40. homeñs os quais poucos escaparão da peleija.//
(CNB – MC – p. 3 – l. 40 – 43)
2244
Franqueza – adj. f. sg.
“(...) auemos grande sperança em ella que quantos a gardamos e manteemos en
sas franquezas
(Fuero, p. 33; apud DLPA, p. 340, verb. Franqueza)
2245
Graadezas – s. f. pl. (<Grandeza>)
“(...) [Joham Affomso da Moxica] com outros fidallgos/estava hi açerca departimdo
em outras cousas, e contarom-lhe todo seu razoar, e a duvida em que eram sobre
aas graadezas dos Reis que na Espanha forom, e que, porque alguuns tomavom
bamdo por el Rei Dom Fernamdo, dizemdo que elle o fora o mais de todos, (...)”
(CDF, Cap.XXVII, § 4º., l. 30, p. 26; l. 1 – 5, p. 27)
2246
Grãdeza – adj. f. sg. (<Grandeza>)
“Dizem, que por nos, que em grãdeza ygoalão
AS noSSas, o &Seu mar Se corta &fende.”
(LUS., Canto V, estrofe 77, vv. 3 – 4, p. 92)
2247
Grandezas – s. f. pl.
“linda escola sibilária,
onde se aprendem grandezas.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 17 – vv. 6 – 7)
2248
Graveza – s. f. sg.
“(...) e foi recebido e louvado do velho Simeom por demostrar que se pagava da
graveza da vida e da madureza dos costumes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, a, § 491, l. 6 – 9, p. 175)
2249
Igualdeza – s. f. sg.
“… que seya antre parentes e parentes de igualdeza..”
(Fuero, p. 64, apud DLPA, p. 370, verb. Igualdeza)
429
2250
Igualeza – s. f. sg.
“(...) a humildade perfeita deve seer ornamentada e acompanhada specialmente
de três virtudes, scil., de pobreza, fugindo as riquezas por esquivar o fundamento
e o criamento da soberva; e da virtude da paciência, seendo despreçado e
soportando o desprêço com igualeza de coraçom; e de obediência, em obedecer
a mandados de outrem. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, b, § 506, l. 10 – 18, p. 179)
2251
Igualeza – s. f. sg.
“(…) E a igualeza ou dignidade dos fructos nom se compensa nem por longura do
tempo, como por a contriçom do coraçom, porque acêrca de Deus nom val tanto a
medida do tempo nem do trabalho nem a abstinência e jejuũ dos II dos manjares,
quanto val/o mortificamento dos pecados; (…)”
(LVC , Cap. XX, fl. 69, a – b – c, § 772, l. 9 – 16, p. 279 – 280)
2252
Infindeza – s. f. sg.
“nom seria infindade ou infindeza pois quy asy averia termo e medida”
(Corte Imperial, p. 122, apud DLPA, p. 375)
2253
Infindeza – s. f. sg.
“... pera seer infindeza convem quy aja em sy infyndos que he fazedor de infynda
cousa...”
(Corte Imperial, p. 122, apud DLPA, p. 376, verb. Infindeza)
2254
Ladeza – s. f. sg.
“... partindo as auguas em tal maneira que as de cima crecerom por alto, nom se
estendendo e, sua ladeza...”
(Guiné, cap. 1, apud DLPA, p. 392, verb. Ladeza)
2255
Largueza – s. f. sg.
“A grandeza que havia de haver o moço acêrca do Senhor em virtude e santidade
e dignidade, o ângeo denunciou; a grandeza do qual está em quatro cousas.
segundo as quatro dimensoões, scil., em alteza de conversaçom, em profundeza
de humildade, em largueza de caridade, em longueza de perseverança atees a
fim, segundo aquêlo do Apóstolo: ´Que possaaes compreender com tôdolos
430
santos, etc.´(...)”
(LVC, Cap. IV, fl. 13, c, § 135, l. 1 – 11, p. 57)
2256
Largueza – s. f. sg.
“... e en nos ouvve sempre gram largueza
(“Cantiga 1471”, in C.B.N., apud DLPA, p. 395, verb. Largueza)
2257
Leveza – s. f. sg.
“… o terceiro impedimento da perfecçõm é a leveza da vontade”
(Vita Christi, fl. 161 b, apud DLPA, pp. 401 – 402, verb. Leveza)
2258
Liberaleza – s. f. sg.
“... nembrando-lhe com quanta liberaleza lha dera o mais honrrado Rey dos
Cristhãos...”
(Inéd. Hist., v. III, p. 298, apud DLPA, p. 402, verb. Liberaleza)
2259
Ligeireza – s. f. sg.
“Mercurio pois excede em ligeireza
Ao vento leue, &aa Seta bem talhada”
(LUS., Canto III, estrofe 112, vv. 5 – 6, p. 157)
2260
Limpeza – s. f. sg.
“Na limpeza da sua verdade [de Nuno Alvarez Pereira] neũa cousa encuberta
nem fingida avia; e sua palavra nom era menos certa que se a firmasse com
juramento.”
(QCDJI, Cap. 10., § 3º., l. 17 – 19, p. 62)
2261
Longueza – s. f. sg.
“A grandeza que havia de haver o moço acêrca do Senhor em virtude e santidade
e dignidade, o ângeo denunciou; a grandeza do qual está em quatro cousas.
segundo as quatro dimensoões, scil., em alteza de conversaçom, em profundeza
de humildade, em largueza de caridade, em longueza de perseverança atees a
fim, segundo aquêlo do Apóstolo: ´Que possaaes compreender com tôdolos
santos, etc.´(...)”
431
(LVC, Cap. IV, fl. 13, c, § 135, l. 1 – 11, p. 57)
2262
Madureza – s. f. sg.
“(...) e foi recebido e louvado do velho Simeom por demostrar que se pagava da
graveza da vida e da madureza dos costumes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, a, § 491, l. 6 – 9, p. 175)
2263
Madureza – s. f. sg.
“… na pausa e madureza do passo mostrava o ser de pessoal real”
(Mártires, v. II, p. 336, apud DLPA, p. 410, ver. Madureza)
2264
Nobreza – s. f. sg.
“Pelos portais da cerca a Sutileza
Se enxerga da decadea faculdade
Em figuras moStrando por nobreza
(LUS., Canto VII, estrofe 51, vv. 1 – 3, p. 121)
2265
Nobrezas – s. f. pl.
“Uma grande sumária
de virtudes e nobrezas,
floresta mui necessária,”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 17 – vv. 3 – 5)
2266
Nueza – s. f. sg.
“... encontrou um po
bre moço no estado que se representava a pintura e
lastimado de sua miséria e nueza...”
(Machado, vol. IV, p. 226, apud DLPA, p. 444, verb. Nuez)
2267
Perfundeza – s. f. sg. (<Profundeza>)
“... tal tristeza he derrybado ho esprito do homem em perfundeza
e
deseperaçom”
(Boosco, v. I, p. 6, apud DLPA, p. 469, verb. Perfundeza)
432
2268
Pobreza – s. f. sg.
“(...) A humildade perfeita deve seer ornamentada e acompanhada specialmente
de três virtudes, scil., de pobreza, fugindo as riquezas por esquivar o fundamento
e o criamento da soberva; e da virtude da paciência, seendo despreçado e
soportando o desprêço com igulaleza de coraçom; e de obediência, em obedecer
a mandados de outrem. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, b, § 506, l. 10 – 18, p. 179)
2269
Pobreza – s. f. sg.
“(…) muytas pesoas que nestes reinos/vivem com pobreza, e não duvidem
escolhela/pera seu remédio, (...)”
(Tratado da Província do Brasil de Pero de Magalhães Gandavo, 1572, in EBC, fl.
2v, l. 4 – 5, p. 206)
2270
Pobreza – s. f. sg.
“(…) e os homens que farão cada hum sua roça/e parti com elles de pobreza
minha que llevava, e nom foi/tam pouquo quen am fose mais do que eu tinha de
meu de trinnta e çinquo annos.”
(Carta de Tomé de Sousa, governador do Brasil, a El Rei D. joão III, 1 de junho de
1533, in EBC, l. 4 – 5, p. 202)
2271
Presteza – s. f. sg.
“... graça de boca, pronteza de ouvidos, presteza de mãos”
(Da Pintura Antiga, p. 30, apud DLPA, p. 488, verb. Pronteza)
2272
PreS
SS
Steza – s. f. sg.
“Se parte diligente da Cidade;
Que não perde a preS
SS
Steza co a idade...
(LUS., Canto III, estrofe 80, vv. 7 – 8, p. 231)
2273
PreS
SS
Steza – s. f. sg.
“Vendo o Gama, atentado a eStranheza
Dos Mouros não cuidada, & juntamente
O Piloto fugir lhe com preS
SS
Steza
433
(LUS., Canto II, estrofe 29, vv. 1 – 3, p. 24)
2274
Profundeza – s. f. sg.
“A grandeza que havia de haver o moço acêrca do Senhor em virtude e santidade
e dignidade, o ângeo denunciou; a grandeza do qual está em quatro cousas.
segundo as quatro dimensoões, scil., em alteza de conversaçom, em profundeza
de humildade, em largueza de caridade, em longueza de perseverança atees a
fim, segundo aquêlo do Apóstolo: ´Que possaaes compreender com tôdolos
santos, etc.´(...)”
(LVC, Cap. IV, fl. 13, c, § 135, l. 1 – 11, p. 57)
2275
Pronteza – s. f. sg.
“(...) E porque, por o pecado dos primeiros parentes, a nossa virtude iracível foi
feita fraca e a virtude racional foi escurentada, e a virtude concupicível perdeu a
pronteza que ante havia, outorga-me, Senhor, o Spíritu Santo defendedor contra
as perseguiçoões e alumeador contra os errores e acendedor contra a cobiiça, por
tal que em tôdas cousas eu possa fazer-te a voontade e guardar-me de ofender-te
ou anojar. Amém.”
(LVC, Cap. XXVII, fl. 89, c, § 1.000, l. 8 – 18, p. 365)
2276
Pronteza – s. f. sg.
“... graça de boca, pronteza de ouvidos, presteza de mãos”
(Da Pintura Antiga, p. 30, apud DLPA, p. 488, verb. Pronteza)
2277
Proveza – s. f. sg.
“(...) E iindo pouco mais, viu Santiago e San Joam em barca star com o
Zebedu seu padre, remendando ou repairando sus rêdes, a qual cousa era sinal
de grande proveza.”
(LVC, Cap. XXIX, fl. 91, c, § 1.024, l. 12 – 16, p. 373)
2278
Proveza – s. f. sg.
“(...) E tu, Senhor de tôdalas cousas, que nom mester nem míngua de algua,
antre os começos da tua nascença nom avorreceste de gostar os dampnos e
sensaborias da proveza desprezada e enjeitada, segundo conta a Scriptura. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, c, § 347, l. 11 – 16, p. 121)
434
2279
Pureza – s. f. sg.
“(...) E portanto nas colaçoões dos padres se diz que todo o trabalho e exercício
do monge deve seer por haver pureza do coraçom; e per esta é homem
merecedor de veer a Deus, (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 74, c, § 837, l. 10 – 14, p. 305)
2280
Rrealeza – s. f. sg. (<Realeza>)
“(...) o Iffamte Dom Hamrrique foy huũ homem cujos feitos e estado amtre todos
seus jrmaãos teue mayor auamtagem de rrealeza, leixamdo o Iffamte Duarte a
que per dereita soçessom comuijnha de o fazer.”
(CTC, Cap. xxiij., § 1º., l. 2 – 7, p. 56)
2281
Redondeza – s. f. sg.
“Das terras, & do mar a redondeza,
Que elle não era mais que hum diligente
DeScobridor das terras do Oriente.”
(LUS., Canto VIII, estrofe 50, vv. 6 – 8, p. 138)
2282
Riqueza – s. f. sg.
“Mouamos ja Sequer riqueza tanta,
Pois mouer vos não pode a caSa Sancta!”
(LUS., Canto VII, estrofe 11, vv. 7 – 8, p. 115)
2283
Riqueza – s. f. sg.
“Amão Somente mandos, & riqueza,
Simulãdo juStiça, & integridade:
(LUS., Canto IX, estrofe 28, vv. 3 – 4, p. 149)
2284
Riquezas – s. f. pl.
“(...) A humildade perfeita deve seer ornamentada e acompanhada specialmente
de três virtudes, scil., de pobreza, fugindo as riquezas por esquivar o fundamento
e o criamento da soberva; e da virtude da paciência, seendo despreçado e
soportando o desprêço com igulaleza de coraçom; e de obediência, em obedecer
435
a mandados de outrem. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 44, b, § 506, l. 10 – 18, p. 179)
2285
Rudeza – s. f. sg.
“O fauor com que mais Se acende o engenho,
Não no dâ a patria não, que esta metida,
No goSto da cubica, & na rudeza
Dhũa auStèra, apagada, & vil tristeza:”
(LUS., Canto X, estrofe 145, vv. 5 – 8, p. 185)
2286
Sageza – s. f. sg.
“Tenha mentes em ti mais que em minha sageza e avisamento”
(Vita Christi, fl. 163 a, apud DLPA, p. 519, verb. Sageza)
2287
Sajeza – s. f. sg. (<Sageza>)
“Este comde Dom Joahm Affomsso que dissemos, era estomçe o moor privado del
Rei Dom Fernamdo e de que moores cousas fiava por sua discriçom e sajeza, e
seeria de sassemta anos.”
(CDF, Cap. XLIX, § 1º., l. 4 – 7, p. 33)
2288
Simpleza – s. f. sg. (m. q. <Simplicidade>)
“... contradizendo aa simpleza da fé”
(Vita Christi, fl. 125b, apud DLPA, p. 528, verb. Simpleza)
2289
Simpreza – s. f. sg. (<Simpleza>, m. q. <Simplicidade>)
“(...) E se per ventura quiser ensinar e preegar, ouça o conselho de Hugo, que diz
que ´a vileza do háveto seu e a simpreza da casa e a conversaçom da santidade,
estas cousas devem ensinar os homeẽs. Melhor ensinarás tu, monge, fugindo o
mundo que seguindo-o.´”
(LVC, Cap. XIV, fl. 48, a, § 545, l. 18 – 24, p. 195)
2290
Sotileza – s. f. sg. (<Sutileza>)
“... não era a obra lavrada com tanta curiosidade e sotileza com esta”
(Itinerário, cap. 75, p. 408, apud DLPA, p. 535)
436
2291
S
SS
Sutileza – s. f. sg. (<Sutileza>)
“Pelos portais da cerca a Sutileza
Se enxerga da decadea faculdade
Em figuras moStrando por nobreza”
(LUS., Canto VII, estrofe 51, vv. 1 – 3, p. 121)
2292
Tristeça – s. f. sg. (<Tristeza>)
“da ssa tristeça ouv´eu tal pesar
que foy a el e preguntey assy
en que coidava, mays non aprendi”
(LPGPI – 38, 5.– p. 278 – vv. 15 – 17)
2293
Tristeza – s. f. sg.
“... tal tristeza
he derrybado ho esprito do homem em perfundeza e
deseperaçom”
(Boosco, v. I, p. 6, apud DLPA, p. 469, verb. Perfundeza)
2294
TriS
SS
Steza – s. f. sg.
“O fauor com que mais Se acende o engenho,
Não no dâ a patria não, que esta metida,
No gosto da cubiça, & na rudeza
Dhũa auStera, apagada, & vil triS
SS
Steza.”
(LUS., Canto X, estrofe 145, vv. 5 – 8, p. 185)
2295
Vileza – s. f. sg.
“(...) E se per ventura quiser ensinar e preegar, ouça o conselho de Hugo, que diz
que ´a vileza do háveto seu e a simpreza da casa e a conversaçom da santidade,
estas cousas devem ensinar os homeẽs. Melhor ensinarás tu, monge, fugindo o
mundo que seguindo-o.´”
(LVC, Cap. XIV, fl. 48, a, § 545, l. 18 – 24, p. 195)
2296
Viueza – s. f. sg.
“Affiguradas vão com tal viueza
437
As historias daquella antiga idade,”
(LUS., Canto VII, estrofe 51, vv. 5 – 6, p. 122)
2297
Ygualdeza – s. f. sg. (<Igualdeza>, m. q. <Igualdade>)
“Soportando o desprezo com ygualdeza de coraçom...”
(Vita Christi, fl. 178, apud DLPA, p. 371, verb. Ygualdeza)
-IÇO ~ -IÇA
2298
Afogadiças – adj. f. sg.
“son aves apessoadas e muy afogadiças e muy queixozas”
(P. M., p. 51, 12, apud DELP, v. I, p. 133, verb. Afogadiço)
2299
Malhadiça – adj. f. sg.
“(...)/
8
hũo Anó e dos e dez e vinte E trintá e quarrentá E Centó Anós E Moyto
Mays/
9
per tamanho tempo que faz prEscriçon dauer de cada u Ano u feyxe
de palha/
10
Malhadíça quando Malhanó as Meses e as trigas das hrdades (sic) en
que ora Mora o dito/
11
francisco martjnz que son paradella E como Eu dito priol
lhe pedise e Mãdase pedir A dita/
12
palha e hũ fejxe (...)”
(DPNRL, Documento 67, l. 8 11, p. 223; Maço 4,23, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1370)
2300
Movediço – adj. m. sg.
“(…) Entom/acha o passaro logar pera ficar na casa de Deus e da sa ffe, quando
aquel que primeyramẽte era/[movediço] e [estavil] na fe de Deus queda/de
vigi[r como ou como] nõ [caae o açor]/tãto [quer dizer e demostrar] que cada h[ũũ]
...................................................................”
(LA, XXIV, vv. 28 – 33, p. 43)
2301
Movediço – adj. m. sg.
“Item, o meo é lugar de ajuntamento, porque os extremos ou cabos ajuntam-se na
meatade. Onde o Apóstolo: ´Aquele é nossa paz que tôdalas cousas fêz em a´.
Item, o meo é logar de durada, porque o meo do mundo fixo é e nom movediço.
(...)”
438
(LVC, Cap. XIX, fl. 66, c, § 726, l. 1 – 6, p. 261)
-ÍCULA ~ -ÍCULO
2302
Conventiculos – s. m. pl. (<Conventículos>)
“... fazião aquellas minas subterraneas para se apartarem com os Demonios, &
terem com elles seus conventiculos...”
(Itinerário, cap. 8, p. 41, apud DLPA, p.238)
(-I)DA
1
~ (-I)DO
1
(SUBSTANTIVOS)
2303
Arroido – s. m. sg. (<Arruído>)
“Soarom as vozes do arroido pela cidade, ouvindo todos braadar que matavom o
Meestre; e, assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo
de marido, se moverom todos com a mão armada, correndo a pressa pera u
deziam que se esto fazia, por lhe darem vida e escusar morte.”
(QCDJI, Cap. 3., § 2º., l. 8 – 14, p. 18)
2304
Arroido – s. m. sg. (<Arruído>)
Hum dia que pregando ao pouo eStaua,
Fingirão entre a gente hum arroido,
Ia Christo neSte tempo lhe ordenaua,
Que padecendo foSSe ao Ceo Subido:”
(LUS., Canto X, estrofe 117, vv. 1 – 4, p. 180)
2305
Bramido – s. m. sg.
“ASSi contava; e, cum medonho choro
Subito dante os olhos Se apartou,
DesfezSe a nuuem negra, &cum Sonoro
439
Bramido, muito longe o mar Soou:”
(LUS., Canto V, estrofe 60, vv. 1 – 4, p. 90)
2306
ES
SS
Scondido – s. m. sg. (<Escondido>)
“Ia foge o eS
SS
Scondido e medroSo,
E morre o deScuberto auenturoSo.”
(LUS., Canto I, estrofe 89, vv. 7 – 8, p. 16)
2307
Ferida – s. f. sg.
“O Meestre, que mais voontade tiinha de o matar que d´estar com ele em razões,
tirou logo uũ cuitelo comprido e enviou-lhe golpe aa cabeça; porém nom foi a
ferida tamanha que dela morrera, se mais nom ouvera.”
(QCDJI, Cap. 2., § 3º., l. 13 – 17, p. 13)
2308
Fugida – s. f. sg.
“O Papa [Urbano], quando vio sua fugida delles e a carta que lhe mandavom,
feze-os çitar per suas leteras, e nenhuum nom foi peramt´elle; por a qual razom os
escomungou da mayor escomunhom, e os privou dos cardeallados, e fez outros
cardeaaes de novo, damdo-os por çismaticos e membros talhados da egreja;
outorgamdo, a todos aquelles que lhe fezessem guerra, aquelles privillegios e
perdoanças, que o dereito outorga a todollos que vaão comtra os emmiigos da fé
em ajuda de tomar a Casa Samta.”
(CDF, Cap. CVIII, § 4º., l. 6 – 14, p. 107)
2309
Fugida – s. f. sg.
“Logo todo o reStante Se partio
De LuSitania, poStos em fugida,
O Miralmomini So não fogio,
Por que antes de fogir lhe foge a vida, “
(LUS., Canto III, estrofe 82, vv. 1 – 4, p. 52)
2310
Fugida – s. f. sg.
“DeStroirâ a cidade Repelim,
Pondo o Seu Rey com muitos em fugida:
440
E deSpois junto ao Cabo Comorim
Hũa façanha faz eSclarecida”
(LUS., Canto X, estrofe 65, vv. 1 – 4, p. 172)
2311
Ladridos – s. m. pl.
“O page seu, que tiinha os alaãos, semelhavelmente forçando-o [el Rei Dom
Fernamdo] o sono, teve-lhe companha e adormeçeo; e ante que adormecesse,
porquamto nom semtia vozes de montefros, nem ladridos de caaens no monte,
cuidou de dormir de seu vagar, e atou as treelas dos alaãos huuma na perna, e
outra d´arredor de si pella çimtura. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 4º., l. 4 – 9, p. 97)
2312
Medida – s. f. sg.
“Dão louuores &graças Sem medida:
Que em caSos tão eStranhos claramente,
Mais peleja o fauor de Deos que a gente.”
(LUS., Canto III, estrofe 82, vv. 6 – 8, p. 52)
2313
Medida – s. f. sg.
“Da eSpeSSa nuuem Sêtas &pedradas
Chouem Sobre nos outros Sem medida,”
(LUS., Canto V, estrofe 33, vv. 1 – 2, p. 85)
2314
Mjdida – s. f. sg. (<Medida>)
“(...)/
29
Esta mjdida noua E de foro hũ par de boaas galjnhas e de luytosa cada/
30
hũa pesoa outro tanto como ha Renda de hũ ãno e de trada ao dicto/
31
Senhor
prioll çem rreaes desta moeda corente de çínqo çeptijs o Reall e <de> Reuora/(...)”
(DPNRL, Documento 93, l. 29 31, p. 283; Maço 13,16, Mosteiro de S. Salvador
de Moreira, 1480)
2315
Ouuido – s. m. sg. (<Ouvido>)
“MuSica traz na proa, eStranha leda,
De aSpero Som, horriSsimo ao ouuido:
De trombetas arcadas em redondo,
441
Que Sem concerto fazem rudo estrondo.”
(LUS., Canto II, estrofe 96, vv. 5 – 8, p. 35)
2316
Partida – s. f. sg.
“– Que razom vos move – disse el – pera fazerdes tal partida?
(QCDJI, Cap. 6., § 4º., l. 7 – 8, p. 33)
2317
Partida – s. f. sg.
“Ouuiolhe eStas palauras piadoSas,
A fermoSa Dione, &comouida,
Dantre as Nimphas Se vay, que SaudoSas
Ficarão deSta Subita partida:”
(LUS., Canto II, estrofe 33, vv. 1 – 4, p. 25)
2318
Partida – s. f. sg.
“La bem longe lhe diz, que lhe daria
Embracaçam bastante, em que partiSSe,
Ou que pera a luz craStina do dia
Futuro, Sua partida diffiriSSe:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 80, vv. 1 – 4, p. 141)
2319
Partido – s. m. sg.
“Cos olhos que de tudo Sam Senhores
Qualquer parecera que o Sol venceSSe,
Ambas vem pella mão, ygoal partido
Pois ambas Sam eSpoSas dhum marido.”
(LUS., Canto VI, estrofe 22, vv. 5 – 8, p. 100)
2320
Partido – s. m. sg.
“Comete lhe o Gentio outro partido,
Temendo de Seu Rei castigo, ou pena,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 91, vv. 5 – 6, p. 143)
2321
Prometido – s. m. sg.
442
“Se pretendes Rei alto de vingarte,
De minha temeraria confiança,
Dizia, eis aqui venho offerecido,
A te pagar co a vida o prometido.”
(LUS., Canto III, estrofe 38, vv. 5 – 8, p. 44)
2322
Saidas – s. f. pl. (< Saídas>)
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
2323
Semtido – s. m. sg. (<Sentido>)
“E veemdo el Rei [Dom Fernamdo] como esta soo çidade [Lixboa] era a melhor e
mais poderosa de sua terra, e que em ella principallmente estava a perda e
defenssom de seu reino, des i como fora danificada dos emmiigos per fogo e
outros malles que avia reçebidos, de que el tiinha gramde semtido, determinou
em sua voomtade de a çercar toda arredor, de boa e defemssavel çerca de guisa
que nehuum Rei lhe/podesse empreecer, salvo com gramde multidom de gente, e
fortes arteficios de guerra. (...)”
(CDF, Cap. LXXXVIII, § 2º., l. 14 – 20, p. 75; l. 1 – 2, p. 76)
2324
S
SS
S
entido – s. m. sg. (<Sentido>)
“Cabeças pelo campo vão Saltando,
Braços, pernas, Sem o dono & Sem S
SS
Sentido,
E doutros as entranhas palpitando,
443
Palida a cor, o geSto amortecido:”
(LUS., Canto III, estrofe 52, vv. 1 – 4, p. 47)
2325
Sentidos – s. m. pl.
“(...) § Disserõ da/que o paão cabeça de serpẽte, ca o pree-/gador deve
guardar todolos sentidos/que Deus pos en seu corpo e o entẽdimento/e a
voontade pera nũca consentir nem/fazer nẽ hũa cousa que seja cõtra Deus/e cõtra
sa alma nẽ en dano de ngũũ,/e entõ guardará sempre o sseu estado a-/ssi como
a serpẽte guarda sempre a ssa cabeça. (...)”
(LA, XXX, vv. 17 – 26, p. 50)
2326
S
SS
S
ubido – s. m. sg. (<Subido>)
“Nem por liSonja louue algum S
SS
Subido,
Sob pena de não Ser agradecido.”
(LUS., Canto VII, estrofe 83, vv. 7 – 8, p. 127)
2327
S
SS
S
uccedido – s. m. sg. (<Sucedido>)
“Socederlhe ha ali Castro, que o estandarte
Portugues terâ Sempre leuantado,
Conforme SuceSSor ao S
SS
Sucedido
Que hum ergue Dio, outro o defende erguido.”
(LUS., Canto X, estrofe 67, vv. 5 – 8, p. 172)
2328
Vencido – s. m. sg.
“A tomar vay Leiria, que tomada
Fora muy pouco auia, do vencido:”
(LUS., Canto III, estrofe 55, vv. 3 – 4, p. 47)
2329
Vencido – s. m. sg.
“Nas armas, na paz, da gente eStranha
Sera tal, que Sera no mundo ouuido
O vencedor, por gloria do vencido
(LUS., Canto VII, estrofe 56, vv. 6 – 8, p. 123)
444
2330
Vestidos – s. f. pl.
“(...) e logo o dito Dom Joham foi chamado e forom-lhe tirados os vestidos
sagraaes, e lançado o avito da ordem d´Avis; e, como lhe foi vestido, o
comendador moor e os/outros lhe beijarom a maão por seu meestre e senhor.”
(CDPI, Cap. XLIII, § 3º., l. 28 – 31, p. 103; l. 1, p. 104)
2331
Zonido – s. m. sg. (<Zunido>)
“Respondem lhe da terra juntamente,
Co rayo volteando, com zonido,
Anda em giros no ar a roda ardente,
EStoura o po Sulfureo eScondido:”
(LUS., Canto II, estrofe 91, vv. 1 – 4, p. 34)
2332
Zonido – s. m. sg. (<Zunido>)
“Virâ ali o Samorim, porque em peSSoa
Veja a batalha, & e os Seus esforce, & anime,
Mas hum tiro, que com zonido voa
De Sangue o tingirâ no andor Sublime:”
(LUS., Canto X, estrofe 17, vv. 1 – 4, p. 164)
-(I)DA
2
~ (-I)DO
2
(ADJETIVOS)
2333
Abastecida – adj. f. sg.
“Qual AuStro fero, ou Boreas na eSpeSSura,
De SilveSter aruoredo abastecida,
Rompendo os ramos vão da eScura,
Com impio &braueza deSmedida.”
(LUS., Canto I, estrofe 35, vv. 1 – 4, p. 7)
2334
Acendido – adj. m. sg.
“Ia o rayo Apolineo viSitaua,
445
Os Montes Nabatheos acendido,
Quando Gama co Seus determinaua,
De vir por agoa a terra apercebido:”
(LUS., Canto I, estrofe 84, vv. 1 – 4, p. 15)
2335
Acendido – adj. m. sg.
“As lagrimas lhe alimpa, &acendido
Na façe a beija, &abraça o colo puro.
De modo que dali, Se So Se achara,
Outro nouo Cupido Se geràra.”
(LUS., Canto II, estrofe 42, vv. 5 – 8, p. 26)
2336
Agardecido – adj. f. sg.
“Mas neste paSSo a Nimpha o Som canoro
Abaxando, fez ronco, &entriStecido,
Cantando em baxa voz enuolta em choro
O grande esforço mal agardecido:”
(LUS., Canto X, estrofe 22, vv. 1 – 4, p. 164)
2337
Amortecido – adj. m. sg.
“Cabeças pelo campo vão Saltando,
Braços, pernas, Sem o dono & Sem Sentido,
E doutros as entranhas palpitando,
Palida a cor, o geSto amortecido:”
(LUS., Canto III, estrofe 52, vv. 1 – 4, p. 47)
2338
Apercebida – adj. f. sg.
“No mar tanta tormenta, &tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida,
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta neceSsidade auorrecida:”
(LUS., Canto I, estrofe 106, vv. 1 – 4, p. 19)
2339
Apercebida – adj. f. sg.
“Foy das valentes gentes ajudado,
446
Da Germanica armada, que paSSaua:
De armas fortes &gente apercebida,
A recobrar Iudea ja perdida.”
(LUS., Canto III, estrofe 86, vv. 5 – 8, p. 52)
2340
Apercebido – adj. m. sg.
“Ia o rayo Apolineo viSitaua,
Os Montes Nabatheos acendido,
Quando Gama co Seus determinaua,
De vir por agoa a terra apercebido:”
(LUS., Canto I, estrofe 84, vv. 1 – 4, p. 15)
2341
Apercebido – adj. m. sg.
“Diz lhe que vem de gente carregadas,
E dos trouões horrendos de Vulcano,
E que pode Ser dellas opremido,
Segundo eStaua mal apercebido.”
(LUS., Canto IX, estrofe 7, vv. 5 – 8, p. 146)
2342
Apercebido – adj. m. sg.
“Qual o membrudo e barbaro Gigante,
Do Rei Saul, com cauSa tam temido,
Vendo o PaStor inerme eStar diante,
So de pedras & esforço apercebido,”
(LUS., Canto III, estrofe 111, vv. 1 – 4, p. 57)
2343
Ardida – adj. part. f. sg.
“Domingas Eanes ouve sa baralha
con ũu genet´, e foi mal ferida;
empero foi ela i tan ardida ,
que ouve depois a vencer, sen falha,
e, de pran, venceu bõo cavaleiro;
mais empero é – x´ el tan braceiro,
que ouv´end´ela de ficar colpada.”
(LPGPI – 18,11. – p. 144 – vv. 1 – 7)
447
2344
Ardido – adj. m. sg.
“Qual cão de caçador Sagaz, &ardido,
Vsado a tomar na agoa a aue ferida
Vendo roSto o ferreo cano erguido,
Pera a Garcenha, ou Pata conhecida,”
(LUS., Canto IX, estrofe 74, vv. 1 – 4, p. 157)
2345
Atreuido – adj. m. sg. (<Atrevido>)
“(...) he o mais atreuido peixe [Peixe q´comdoo more hom]/q´ha aRemete ao
anzolo m
to
e inda q´veja gte/naõ se lhe da m
to
trĩca o anzol facelm
te
e q
do
/o tiraõ a
terra Ronca como cousa grãde”
(CNB – MC – p. 197 – l. 2187 – 2190)
2346
Auorrecida – adj. f. sg. (<Aborrecida>)
“No mar tanta tormenta, &tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida,
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta neceSsidade auorrecida:”
(LUS., Canto I, estrofe 106, vv. 1 – 4, p. 19)
2347
Auorrecida – adj. f. sg. (<Aborrecida>)
“Agora com pobreza auorrecida,
Por hoSpicios alheios degradado,
Agora da eSperança ja adquirida,
De nouo mais que nunca derribado:”
(LUS., Canto VII, estrofe 80, vv. 1 – 4, p. 127)
2348
Auorrecido – adj. m. sg. (<Aborrecido>)
“Ou como banhar poSSa o ferro bruto
No Sangue auorrecido, eStaua vendo,
Ou como as naos em fogo lhe abraSaSSe,
Porque nenhũa aa patria mais tornaSSe.”
(LUS., Canto VIII, estrofe 83, vv. 5 – 8, p. 142)
2349
Avidos
– adj. m. pl.
448
“(...)
49
nome e da dicta sua molher e da pesoa depos elles rreçebeo em ssiy o
dicto emprazamento e sse obrigou de o comprir e guardar E todallas cõdições/
50
e
clausollas em elle contidas, obrigando pera ello ssy e todos sseus bẽes moueys e
de rraiz avidos e por auer e os da pesoa depos elles E o dicto pryor/(...)”
(DPNRL, Documento 100, l. 49 50, p. 300; Maço 6,30, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1509)
2350
Cozido – adj. m. sg.
“[...] deranlhes aly de comer pam e pescado cozido. confejtos fartees mel e figos
pasados. [...]”
(VCPVC – fl. 3 – l. 14 – 16)
2351
Comouida – adj. f. sg.
“Ouuiolhe eStas palauras piadoSas,
A fermoSa Dione, &comouida,
Dantre as Nimphas Se vay, que SaudoSas
Ficarão deSta Subita partida:”
(LUS., Canto II, estrofe 33, vv. 1 – 4, p. 25)
2352
Comouido – adj. m. sg. (<Comovido>)
“Vniforme, perfeito, em Si SoStido,
Qual em fim o Archetipo, que o criou:
Vendo o Gama este globo, comouido
De eSpanto &de deSejo ali ficou,
Dizlhe a DeoSa, O traSunto reduzido
Em pequeno volume aqui te dou,”
(LUS., Canto X, estrofe 79, vv. 1 – 6, p. 174)
2353
Compellidos – adj. m. sg. (<Compelidos>)
“E do eSperar comprido tão canSados
Quanto a deSesperar ja compellidos,
Por ceos não naturais, de qualidade
Inimiga de noSSa humanidade.”
(LUS., Canto V, estrofe 70, vv. 5 – 8, p. 91)
449
2354
Comprida – adj. f. sg.
“Vendo Egas, que ficaua fementido,
O que delle CaStella não cuydava,
Determina de dar a doçe vida,
A troco da palaura mal comprida.”
(LUS., Canto III, estrofe 37, vv. 5 – 8, p. 44)
2355
Comprido – adj. m. sg. (<Cumprido>)
“Que auendo tanto ja que as partes vendo,
Onde o dia he comprido, & onde breue,
Inclinão Seu propoSito, & perfia
A ver os braços, onde naSce o dia”
(LUS., Canto I, estrofe 27, vv. 5 – 8, p. 6)
2356
Comprido – adj. m. sg. (<Cumprido>)
“Olha Tauay cidade, onde começa
De Sião largo o imperio tão comprido,
TenaSSarî, Queda, que he So cabeça
Das que Pimenta ali tem produzido:”
(LUS., Canto X, estrofe 123, vv. 1 – 4, p. 181)
2357
Comprido – adj.m. sg. (<Cumprido>)
“E em uũ stante foi estremado aquêle sangue, em o qual feito misto e consoldado,
foi o corpo [de Jesu Cristo] afigurado e animado e deificado; e em aquel stante foi
comprido e perfeito homem em alma e em carne, segundo tôdalas medidas
organizadas do corpo; (...)”
(LVC, Cap. V, fl. 19, b, § 206, l. 1 – 7, p. 79)
2358
Comprido – adj.m. sg. (<Cumprido>)
“Em cada hum dos cinco, cinco pinta,
Porque aSsi fica o numero comprido:
Contando duas vezes o do meio,
Dos cinco azues que em Cruz pintando veio.”
(LUS., Canto III, estrofe 54, vv. 5 – 8, p. 47)
450
2359
Comprido – adj.m. sg. (<Cumprido>)
“E do eSperar comprido tão canSados
Quanto a deSesperar ja compellidos,
Por ceos não naturais, de qualidade
Inimiga de noSSa humanidade.”
(LUS., Canto V, estrofe 70, vv. 5 – 8, p. 91)
2360
Concedida – adj. f. sg.
“Apolo, &as MuSas que me acompanharão,
Me dobraram a furia concedida
(LUS., Canto VII, estrofe 87, vv. 5 – 6, p. 128)
2361
Condido – adj. m. sg.
“(...) Da ardileza e boom regimento, em que está a principal cousa da guerra, era
ele [Nuno Álvarez Pereira] assi condido, que quem semelhante a el antre os
mortaes quisesse buscar, assaz lhe seria de trabalho.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 19 – 22, p. 59)
2362
Conhecida – adj. f. sg.
“Porque em poder & forças muito excede
Aa Moçambique, e eSta Ilha que Se chama
Quîloa, muy conhecida pola fama.”
(LUS., Canto I, estrofe 99, vv. 6 – 8, p. 18)
2363
Conhecida – adj. f. sg.
“Dura inquietação dalma &da vida
Fonte de deSemparos &adultérios,
Sagaz conSumidora conhecida
De fazendas, de reinos, &de impérios:
Chamante illustre, chamante Subida,”
(LUS., Canto IV, estrofe 96, vv. 1 – 5, p. 78)
2364
Conhecida – adj. f. sg.
451
“Qual cão de caçador Sagaz, &ardido,
Vsado a tomar na agoa a aue ferida
Vendo roSto o ferreo cano erguido,
Pera a Garcenha, ou Pata conhecida,”
(LUS., Canto IX, estrofe 74, vv. 1 – 4, p. 157)
2365
Conhecido – adj. m. sg.
“E deSpois que do martyre Vicente,
O SanctiSsimo corpo venerado.
Do Sacro promontorio conhecido,
AA cidade VliSSea foy trazido.”
(LUS., Canto III, estrofe 74, vv. 5 – 8, p. 50)
2366
Contidas – adj. f. pl.
“(...)
49
nome e da dicta sua molher e da pesoa depos elles rreçebeo em ssiy o
dicto emprazamento e sse obrigou de o comprir e guardar E todallas cõdições/
50
e
clausollas em elle contidas, obrigando pera ello ssy e todos sseus bẽes moueys e
de rraiz avidos e por auer e os da pesoa depos elles E o dicto pryor/(...)”
(DPNRL, Documento 100, l. 49 50, p. 300; Maço 6,30, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1509)
2367
Corregida – adj. f. sg. (<Corrigida>)
“Outro
gramde estoriador, que mais largo razohou que este [Fernão Lopes], diz
em huum livro que el Rei Dom Fernamdo, depois que foi esposado com esta
Iffamte d´Aragom [Dona Lionor d´Aragom], mandou ella duas galees, huma dellas
muito bem corregida, em que ela avia de viinr, com outras naaos e galles que el
Rei seu padre avia de mandar em sua companha, (...)”
(CDF, Cap. XLVII, § 3o., l. 8 – 13, p. 30)
2368
Corrompida – adj. f. sg.
“Beatriz era a filha, que caSada
Co castelhano eStà, que o Reino pede,
Por filha de Fernando reputada,
Se a corrompida fama lho concede.”
(LUS., Canto IV, estrofe 7, vv. 1 – 4, p. 63)
452
2369
Corrompido – adj. m. sg.
“Nas naos estar Se deyxa vagaroSo,
Atê ver o que o tempo lhe deScobre,
Que não Se fia ja do cobiçoSo
Regedor corrompido, & pouco nobre.”
(LUS., Canto VIII, estrofe 96, vv. 1 – 4, p. 144)
2370
Denegrida – adj. f. sg.
“das pontas dos cabellos lhe Saião
Gotas, que o corpo todo vão banhando,
A cor da pelle baça &denegrida
A barba hirSuta, intonSa, mas corrompida.”
(LUS., Canto IV, estrofe 71, vv. 5 – 8, p. 74)
2371
Derribado – adj. m. sg.
Agora com pobreza auorrecida,
Por hoSpicios alheios degradado,
Agora da eSperança ja adquirida,
De nouo mais que nunca derribado:”
(LUS., Canto VII, estrofe 80, vv. 1 – 4, p. 127)
2372
DeS
SS
Smedida – adj. f. sg. (<Desmedida>)
“Qual AuStro fero, ou Boreas na eSpeSSura,
De SilveSter aruoredo abastecida,
Rompendo os ramos vão da eScura,
Com impio &braueza deS
SS
Smedida.”
(LUS., Canto I, estrofe 35, vv. 1 – 4, p. 7)
2373
DeS
SS
Smedida – adj. f. sg. (<Desmedida>)
“Que quem da HiSperia vltima alongada
Rei, ou Senhor de inSania deS
SS
Smedida,
Ha de vir cometer com naos, &frutas
Tam incertas viagẽs, &remotas?”
(LUS., Canto VIII, estrofe 61, vv. 5 – 8, p. 138)
453
2374
DeS
SS
Sparzidas – adj. f. pl. (<Desparzidas>)
“A clara forma ali estava eSculpida
Das agoas entre a terra deS
SS
Sparzidas,
De peScados criando varios modos,
Com Seu humor mantendo os corpos todos.”
(LUS., Canto VI, estrofe 12, vv. 5 – 8, p. 99)
2375
DeS
SS
Sparzido – adj. m. sg. (<Desparzido>)
“Ia perde o campo o exercito nefando,
Correm rios de Sangue deS
SS
Sparzido
Com que tambem do campo a cor Se perde
Tornado CarmeSi de branco & verde.”
(LUS., Canto III, estrofe 52, vv. 5 – 8, p. 47)
2376
DeS
SS
Spedida – adj. f. sg. (<Despedida>)
“Desta arte deS
SS
Spedida a forte armada,
As ondas de Anfitrite diuidia
Das filhas de Nerêo acompanhada,
Fiel, alegre, &doce companhia.
(LUS., Canto I, estrofe 96, vv. 1 – 4, p. 7)
2377
Despedido – adj. m. sg.
“PartioSe nisto em fim co a companhia,
Das naos o falSo Mouro despedido,
Com enganoSa &grande corteSia,
Com geSto ledo a todos, &fingido:”
(LUS., Canto I, estrofe 72, vv. 1 – 4, p. 15)
2378
DeS
SS
Spendida – adj. f. sg. (<Despendida>)
“Encobrem no profundo peito a dor
Da morte, da fazenda deS
SS
Spendida,
Da magoa, da deSonra, & triste nojo
De ver triumphar de Seu deSpojo.”
454
(LUS., Canto IV, estrofe 43, vv. 5 – 8, p. 72)
2379
DeS
SS
Spidos – adj. m. pl. (<Despidos>)
“E com Seus filhos &molher Se parte,
A aleuantar co elles a fiança,
DeScalços, &deS
SS
Spidos, de tal arte,
Que mais moue a piedade que a vingança.”
(LUS., Canto III, estrofe 38, vv. 1 – 4, p. 44)
2380
DeS
SS
Struida – adj. f. sg. (<Destruída>)
“Ia na cidade de Beja vay tomar
Vingança de TrancoSo deS
SS
Struida,
Affonso que não Sabe SoSegar,”
(LUS., Canto III, estrofe 64, vv. 1 – 3, p. 49)
2381
DeS
SS
Struida – adj. f. sg. (<Destruída>)
“Comigo de Seus danos a ameaça
A deS
SS
Struida Quiloa com Mombaça”
(LUS., Canto V, estrofe 45, vv. 7 – 8, p. 87)
2382
Devestido – adj. m. sg.
“Avise-me pero sagesmente o fiel pecador que nunca, em qualquer stado que
seja, haja fiúza em seus merecimentos; mas, assi come prove mendigo e
desvestido de todo, chegue-se a demandar sempre a esmola de Deus como
minguado. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, d, § 26, l. 1 – 6, p. 13)
2383
Dooridas – adj. f. pl. (<Doloridas>)
“(...) e ella [Dona Maria] deu humas altas vozes mui dooridas, dizemdo: (...)”
(CDF, Cap. CIII, § 21º., l. 18 – 19, p. 103)
2384
Doorido – adj. m. sg. (<Dolorido>)
“Foi [D. Joham, filho de D. Pedro e D. Inês de Castro] a casa [d´Alvoro Fernamdez
455
de Carvalho hu pousava D. Maria] loguo chea de braados e choros d´homeens e
de molheres, depenamdo-se sobr´ela, fazemdo gramde e doorido planto. (...)”
(CDF, Cap. CIII, § 24º., l. 4 – 6, p. 104)
2385
adidas – adj. f. sg.
“(...) Aparelhada*, scil. Teende prestes a carreira do senhor, quanto perteence per
complimento dos mandamentos, e de dereitas fazede as carreiras** êsto é,
quanto perteence a complir as cousas que som de conselho e adidas aos
mandamentos por tal que aquêle que nom sabe andar nos homeẽs nem entrar,
senom per dereitos caminhos, se contente ou tenha por bem de viinr a vós e
morar em vós. (...)”
(LVC, Cap. XIX, fl. 62, d, § 719, l. 8 – 17, p. 257)
Obs.: * e ** estão em negrito no texto do próprio autor
2386
Endurecida – adj. f. sg.
“No mais, MuSa, no mais, que a Lira tenho
DeStemperada, &a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente Surda, &endurecida:”
(LUS., Canto X, estrofe 145, vv. 1 – 4, p. 185)
2387
Enfraquecido – adj. m. sg.
“A palida doença lhe tocaua,
Com fria mão o corpo enfraquecido:”
(LUS., Canto III, estrofe 83, vv. 5 – 6, p. 52)
2388
Engrandecido – adj. m. sg.
“Ouui vereis o nome engrandecido
Daquelles de quem Sois Senhor Superno.
E julgareis qual he mais excelente,
Se Ser do mundo Rei, Se de tal gente:”
(LUS., Canto I, estrofe 10, vv. 5 – 8, p. 3)
2389
Enlegido – adj. m. sg. (m. q. <Eleito>)
Enlegido o Meestre e alçado assi por Rei, falou-se logo que fezessem
456
condestabre pera a guerra em que eram postos, segundo novamente fezera el-Rei
D. Fernando, quando em seu tempo os Ingreses veerom.”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 1 – 5, p. 58)
2390
Ennobrecido – adj. m. sg. (<Enobrecido>)
“Com eSta a forte Arronches Sojugada
Foy juntamente: &o Sempre ennobrecido
ScabelicaStro, cujo campo ameno,
Tu claro Tejo regas tam Sereno.”
(LUS., Canto III, estrofe 55, vv. 5 – 8, p. 56)
2391
Ennobrecido – adj. m. sg. (<Enobrecido>)
“Mais auante fareis que Se conheça
Malaca, por Emperio ennobrecido,
Onde toda a prouincia do mar grande,
Suas mercadorias ricas mande.”
(LUS., Canto X, estrofe 123, vv. 5 – 8, p. 181)
2392
Enrouquecida – adj. f. sg.
“No mais, MuSa, no mais, que a Lira tenho
DeStemperada, &a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente Surda, &endurecida:”
(LUS., Canto X, estrofe 145, vv. 1 – 4, p. 185)
2393
Entendido – adj. m. sg.
“E caSarSe co ella de enleuado,
Num falSo parecer mal entendido:”
(LUS., Canto III, estrofe 139, vv. 3 – 4, p. 61)
2394
EntriS
SS
Stecido – adj. f. sg. (<Entristecido>)
“Mas neste paSSo a Nimpha o Som canoro
Abaxando, fez ronco, &entriS
SS
Stecido,
Cantando em baxa voz enuolta em choro
457
O grande esforço mal agardecido:”
(LUS., Canto X, estrofe 22, vv. 1 – 4, p. 164)
2395
Erguida – adj. f. sg.
“Brama toda montanha, o som murmura,
RompenSe as folhas ferue a Serra erguida.”
(LUS., Canto I, estrofe 35, vv. 5 – 6, p. 7)
2396
Erguida – adj. f. sg.
“Pella Cortiça calida, cheiroSa,
Della darâ tributo aa LuSitana
Bandeira, quando excelSa, & glorioSa
Vencendo Se erguerâ na torre erguida,
Em Columbo, dos proprios tam temida.”
(LUS., Canto X, estrofe 51, vv. 4 – 8, p. 169)
2397
Erguido – adj. m. sg.
“E posto em fim que deSdo mar de Atlante,
Ate o Scitco Tauro, monte erguido
Ia vencedor te viSSem, não te eSpante
Se o campo Emathio So te vio vencido,”
(LUS., Canto III, estrofe 73, vv. 1 – 4, p. 50)
2398
Escarnida – adj. f. sg.
“(...) § E por-/que quando o paão alça a coa pelo louvor que lhi dizẽ aparece a
parte prestymeyra do /seu corpo desnuada e decoberta, muy lay-/da e muy torpe e
muyto escarnida, assi/o preegador quãdo sse alça per vãã gloria”
(LA, XXXI, vv. 31 – 36, p. 51)
2399
Escarnidos – adj. m. pl.
“Elles [emmigos de Nuno Gonçallves de Faria] teemdo-se por escarnidos, com
queixume desto, em presença do filho o [Nuno Gonçallves de Faria] matarom em
essa ora, de cruees feridas, e nom cobrarom porem o castello.”
(CDF, Cap. LXXVIII, § 5º., l. 18 – 20, p. 64)
458
2400
Esclarecido – adj. m. sg.
“Eu vos tenho entre todos eScolhido
Para hũa empreSa qual a vos Se deue,
Trabalho illuSter, duro e eS
SS
Sclarecido,
O que eu Sey que por mi vos Sera leue:”
(LUS., Canto IV, estrofe 79, vv. 1 – 4, p. 75)
2401
ES
SS
Sclarecido – adj. m. sg. (<Esclarecido>)
“E não cuydes, ô Rei, que não SaiSSe,
O noSSo Capitão eS
SS
Sclarecido
A verte, ou a Seruirte, porque viSSe
Ou SoSpeitaSSe em ti peito fingido:”
(LUS., Canto II, estrofe 83, vv. 1 – 4, p. 33)
2402
ES
SS
Scondida – adj. f. sg.
“Que Se tornem aas naos: &porque a fama
DeSta Subita vinda os não impida,
Lhe manda que a fizeSSem eS
SS
Scondida.”
(LUS., Canto IX, estrofe 8, vv. 6 – 8, p. 146)
2403
ES
SS
Scondida – adj. f. sg.
“Mas de Deos a escondida prouidencia,
Que ella so sabe o bem que se serue”
(LUS., Canto X, estrofe 29, vv. 1 – 2, p. 166)
2404
ES
SS
Scondido – s. m. sg.
“Respondem lhe da terra juntamente,
Co rayo volteando, com zonido,
Anda em giros no ar a roda ardente,
EStoura o po Sulfureo eS
SS
Scondido:”
(LUS., Canto II, estrofe 91, vv. 1 – 4, p. 34)
459
2405
Esmuído – adj. m. sg.
“(...) e assim como a splandor pequeno e, partindo-se pouco e pouco a névoa dos
pecados e esmuído o humor da infidelidade, quando Cristo veese podessem
haver lidice com aquel lume celestrial, mais que torcerem os olhos com el e nom o
poderem veer.´Esta palavras Agustinho.”
(LVC, Cap. XXVIII, fl. 90, a, § 1.005, l. 14 – 20, p. 367)
2406
ES
SS
Squalida – adj. f. sg. (<Esquálida>)
“Não acabaua, quando a fugura
Se nos mostra no ar, robuSta & valida,
De disforme & grandiSsima eStatura,
O roSto carregado, a barba eS
SS
Squalida:”
(LUS., Canto V, estrofe 39, vv. 1 – 4, p. 86)
2407
Falecida – adj. f. sg.
“Nom pode alguém poer outro fundamento, segundo diz o Apóstolo, aalém daquel
que é pôsto, o qual é Jesu Cristo, em- -como diga Agustinho que Deus é cousa
muito suficiente e perfeita e o homem cousa mui defectuosa e falecida, e que
Deus é tal bem, que nom pode haver outro aquel que êste leixa. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 3, c, § 13, l. 1 – 8, p. 9)
2408
Ferida – adj. f. sg.
“Qual cão de caçador Sagaz, &ardido,
Vsado a tomar na agoa a aue ferida
Vendo roSto o ferreo cano erguido,
Pera a Garcenha, ou Pata conhecida,”
(LUS., Canto IX, estrofe 74, vv. 1 – 4, p. 157)
2409
Ferido – adj. m. sg.
“Tomão vellas, amainaSe a verga alta,
Da ancora o mar ferido, encima Salta.”
(LUS., Canto I, estrofe 48, vv. 7 – 8, p. 9)
2410
Fingida – adj. f. sg.
460
“Na limpeza da sua verdade [de Nuno Alvarez Pereira] neũa cousa encuberta nem
fingida avia; e sua palavra nom era menos certa que se a firmasse com
juramento.”
(QCDJI, Cap. 10., § 3º., l. 17 – 19, p. 62)
2411
Fingido – adj. m. sg.
“PartioSe nisto em fim co a companhia,
Das naos o falSo Mouro despedido,
Com enganoSa &grande corteSia,
Com geSto ledo a todos, &fingido:”
(LUS., Canto I, estrofe 72, vv. 1 – 4, p. 15)
2412
“E não cuydes, ô Rei, que não SaiSSe,
O noSSo Capitão eSclarecido
A verte, ou a Seruirte, porque viSSe
Ou SoSpeitaSSe em ti peito fingido:”
(LUS., Canto II, estrofe 83, vv. 1 – 4, p. 33)
2413
Floridas – adj. f. pl.
“EStaua a terra em montes reuestida
De verdes eruas &aruores floridas,
Dando pasto diuerSo &dando vida
Aas alimárias nella produzidas:”
(LUS., Canto VI, estrofe 12, vv. 1 – 4, p. 99)
2414
Fornidos – adj. m. pl.
“(...) Os batées delas [naos] andavom todos enramados, com trombetas e
pendões avante e de ree, fornidos de homeẽs que os bem remavom, deles em
camisas com sombreiros de rosas, outros de livrees de ramos e flores, segundo se
cada s melhor correger podiam.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 4 – 10, p. 66)
2415
Fundido – adj. m. sg.
“Vay verlhe a frota, as armas, & a maneira
Do fundido metal, que tudo rende,
E folgaras de veres a policia
461
PortugueSa na paz, & na milícia.”
(LUS., Canto VII, estrofe 72, vv. 5 – 8, p. 125)
2416
Guarnecida – adj. f. sg.
“Na cabeça hũa fota guarnecida,
De ouro, &de Seda, &de algodão tecida.”
(LUS., Canto II, estrofe 94, vv. 7 – 8, p. 35)
2417
Guarnecido – adj. m. sg.
“Ia lhe foy (bem o vistes) concedido
Cum poder tam Singelo &tam pequeno
Tomar ao Mouro forte &guarnecido,
Toda a terra que rega o Tejo ameno:”
(LUS., Canto I, estrofe 25, vv. 1 – 4, p. 5)
2418
Guarnecido – adj. m. sg.
“Não menos guarnecido o LuSitano,
Nos Seus bateis da frota Se partia,
A receber no mar o Melindano,
Com luStrosa &honrada companhia:”
(LUS., Canto II, estrofe 97, vv. 1 – 4, p. 35)
2419
Horrida – adj. f. sg. (<Hórrida>)
“O grande eStrondo, a Maura gente eSpanta,
Como Se viSSem horrida batalha:”
(LUS., Canto II, estrofe 25, vv. 3 – 4, p. 23)
2420
Horridos – adj. m. pl. (<Hórridos>)
“Em ti, dos ventos horridos de Eolo,
Refugio achamos bom, fido, &jocundo:”
(LUS., Canto II, estrofe 105, vv. 3 – 4, p. 37)
2421
Instituido – adj. m. sg. (<Instituído>)
462
“E quando caSo for, que eu impedido
Por quem das couSas he vltima linha,
Não for com voSco ao prazo instituido
Pouca falta vos faz a falta minha:”
(LUS., Canto VI, estrofe 55, vv. 1 – 4, p. 106)
2422
InS
SS
Struido – adj. m. sg. (<Instruído>)
“Mas o Mouro inS
SS
Struido nos enganos,
Que o maléuolo Baco lhe enSinara
De morte, ou captiueiro nouos danos,
Antes que aa India chegue lhe prepara,”
(LUS., Canto I, estrofe 97, vv. 1 – 4, p. 17)
2423
Merecida – adj. f. sg.
“Aquelles Sos direy que auenturârão
Por Seu deos, por Seu Rei, a amada vida
Onde perdendoa, em fama a dilatârão,
Tambem de Suas obras merecida.”
(LUS., Canto VII, estrofe 87, vv. 1 – 4, p. 128)
2424
Merecido – adj. m. sg.
“Porque dos feitos grandes, da ouSadia
Forte &famoSa, o mundo estâ guardando
O premio la no fim bem merecido,
Com fama grande, &nome alto &Subido.”
(LUS., Canto IX, estrofe 88, vv. 5 – 8, p. 159)
2425
Mouido – adj. m. sg. (<Movido>)
“Vereis amor da patria, tão mouido
De premio vil, mas alto, & quaSi eterno
Que nam he premio vil, Ser conhecido
Por hum pregão do ninho meu paterno.”
(LUS., Canto I, estrofe 10, vv. 1 – 4, p. 3)
2426
NaS
SS
Scida
– adj. f. sg. (<Nascida>)
463
“Vos tenrro, & nouo ramo florecente,
De hũa aruore de Christo mais amada
Que nehũa naS
SS
Scida no Ocidente,
CeSarea, ou ChristianiSsima chamada:”
(LUS., Canto I, estrofe 7, vv. 1 – 4, p. 2)
2427
NaS
SS
Scida – adj. f. sg. (<Nascida>)
“E vos ò bem naS
SS
Scida Segurança
Da LuSitana antigua liberdade,
E não menos certiSsima eSperança,
De aumento da pequena ChriStandade:”
(LUS., Canto I, estrofe 6, vv. 1 – 4, p. 2)
2428
NaS
SS
Scido – adj. m. sg. (<Nascido>)
“DeSpois de ter hum pouco reuoluido
Na mente, o largo mar que nauegârão,
Os trabalhos, que pelo Deos naS
SS
Scido,
Nas Amphioneas Thebas, Se causarão,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 19, vv. 1 – 4, p. 148)
2429
Obedecido – adj. m. sg.
“Mas Saberas que o fez porque compriSSe,
O regimento em tudo obedecido,
De Seu Rei, que lhe manda que nam Saia,
Deixando a frota, em nenhũ porto, ou praia.”
(LUS., Canto II, estrofe 83, vv. 5 – 8, p. 33)
2430
Obedecido – adj. m. sg.
“Entre a gente que a vello concorria,
Se chega hum Mahometa, que naScido
Fora na região da Berberia,
La onde fora Anteo obedecido:”
(LUS., Canto VII, estrofe 24, vv. 1 – 4, p. 117)
464
2431
Ouuido – adj. m. sg. (<Ouvido>)
“Tomay as redeas vos do Reino voSSo,
Dareis materia a nunca ouuido canto:”
(LUS., Canto I, estrofe 15, vv. 3 – 4, p. 4)
2432
Parida – adj. f. sg.
“Qual parida Lioa fera &braua
Que os filhos que no ninho Sôs eStão
Sentio, que em quanto pasto lhe buScara,
O paStor de MaSsilia lhos furtara.”
(LUS., Canto IV, estrofe 36, vv. 5 – 8, p. 68)
2433
Paridas – adj. f. pl.
“Item mandamos que dem em soldada ao mayoral das vacas e ao alfereyro e ao
pousadeiro senhas vacas paridas, e aos outros mancebos senhas iuuencas
prenhes.”
(Direito consuetudinário municipal, Texto do Século XIII, in TA, § 3º., l. 12 14, p.
36)
2434
Partida – adj. f. sg.
“Peristera, as boninas apanhando:
Em derredor da DeoSa ja partida,”
(LUS., Canto IX, estrofe 24, vv. 4 – 5, p. 149)
2435
Partido – adj. m. sg.
Partido aSsi o embaixador preStante,
Como na terra ao Rei Se apreSentaSSe:
Com eStillo que Palas lhe enSinaua,
Estas palauras tais fallando oraua.”
(LUS., Canto II, estrofe 78, vv. 5 – 8, p. 32)
2436
Perdida – adj. f. sg.
“Foy das valentes gentes ajudado,
Da Germanica armada, que paSSaua:
465
De armas fortes &gente apercebida,
A recobrar Iudea ja perdida.”
(LUS., Canto III, estrofe 86, vv. 5 – 8, p. 52)
2437
Polido – adj. m. sg.
“Qual o reflexo lume do polido
ESpelho de aço, ou de cristal fermoSo,
Que do rayo Solar Sendo ferido,
Vai ferir noutra parte luminoSo,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 87, vv. 1 – 4, p. 143)
2438
PoS
SS
SS
SS
Suida – adj. f. sg. (<Possuída>)
“Nam vedes a diuina Sepultura
PoS
SS
SS
SS
Suida de cães, que Sempre vnidos
Vos vem tomar a voSSa antiga terra,
Fazendo Se famoSa pela guerra?”
(LUS., Canto VII, estrofe 9, vv. 5 – 8, p. 115)
2439
Produzidas – adj. f. pl.
“EStaua a terra em montes reuestida
De verdes eruas &aruores floridas,
Dando pasto diuerSo &dando vida
Aas alimárias nella produzidas:”
(LUS., Canto VI, estrofe 12, vv. 1 – 4, p. 99)
2440
Prometida – adj. f. sg.
“Ia neScio já da guerra deSiStindo
a noite de Doris prometida
Me aparece de longe o geSto lindo
Da branca Thetis vnica deSpida:”
(LUS., Canto V, estrofe 55, vv. 1 – 4, p. 89)
2441
Prometido – adj. m. sg.
“Chegado o prazo prometido,
466
Em que o Rei Castelhano ja agoardaua,
Que o Principe a Seu mando Sometido,
Lhe deSSe a obediencia que esperaua.”
(LUS., Canto III, estrofe 37, vv. 1 – 4, p. 44)
2442
Querida – adj. f. sg.
“EStão os Traces de robuSto peito,
Do fero Marte, patria tam querida,
Onde co Hemo, o Rodope Sugeito
Ao Otomano eStà, que Sometida,
Bizancio tem a Seu Seruiço indino
Boa injuria do grande CoStantino.”
(LUS., Canto III, estrofe 12, vv. 3 – 8, p. 40)
2443
Querido – adj. m. sg.
“Dum Rei potente Somos, tam amado,
Tam querido de todos, & bem quisto:”
(LUS., Canto I, estrofe 51, vv. 5 – 6, p. 10)
2444
Querido – adj. m. sg.
“Deixa as flores de Pindo, que ja vejo
Banharme Apolo na agoa Soberana.
Senão direy, que tẽs algum receio,
Que Se eScureça o teu querido Orpheio.”
(LUS., Canto III, estrofe 2, vv. 5 – 8, p. 38)
2445
Querido – adj. m. sg.
“Da terra dos Algarues, que lhe fora
Em caSamento dada, grande parte,
Recupera co braço, & deita fora
O Mouro mal querido ja de Marte:”
(LUS., Canto III, estrofe 95, vv. 1 – 4, p. 54)
2446
Recebida – adj. f. sg.
467
“Ia penetra as EStrellas luminoSas,
Ia na terceyra ESphera recebida
Auante paSSa, &la no Sexto Ceo
Pera onde eStaua o Padre Se moueo.”
(LUS., Canto II, estrofe 33, vv. 5 – 8, p. 25)
2447
Recebido – adj. m. sg.
“Cortarão os bateis a curta via
Das agoas de Neptuno, &recebido
Na terra do obSequente ajuntamento,
Se foy o Mouro ao cognito apouSento.”
(LUS., Canto I, estrofe 72, vv. 5 – 8, p. 15)
2448
Reduzido – adj. m. sg.
“Vniforme, perfeito, em Si SoStido,
Qual em fim o Archetipo, que o criou:
Vendo o Gama este globo, comouido
De eSpanto &de deSejo ali ficou,
Dizlhe a DeoSa, O traSunto reduzido
Em pequeno volume aqui te dou,”
(LUS., Canto X, estrofe 79, vv. 1 – 6, p. 174)
2449
Regida – adj. f. sg.
“Exercitos conformes aa peleja,
Que eSpera ter coa mal regida gente,
Que lhe não for agora obediente.”
(LUS., Canto IX, estrofe 29, vv. 6 – 8, p. 150)
2450
Retorcida – adj. f. sg.
“Na mão a Concha retorcida
Que trazia, com força ja tocaua,
A voz grande canora foy ouuida
Por todo o mar, que longe retumbaua.”
(LUS., Canto VI, etsrofe 19, vv. 1 – 4, p. 100)
468
2451
ReueS
SS
Stido – adj. m. sg. (<Revestido>)
“Da Lũa os claros rayos rutilauão,
Polas argenteas ondas Neptuninas,
As Estrellas os Ceos acompanhauão.
Qual campo reueS
SS
Stido de boninas,
Os furioSos ventos repousauão,”
(LUS., Canto I, estrofe 58, vv. 1 – 5, p. 11)
2452
Reuoluido – adj. m. sg. (<Revolvido>)
“ISto bem reuoluido, determina
De terlhe aparelhada la no meio
Das agoas, algũa inSula diuina,
Ornada deSmaltado &verde arreio:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 21, vv. 1 – 4, p. 148)
2453
Rompido – adj. m. sg.
“ESte que ves olhar com geSto yrado,
Pera o rompido Alumno mal Sofrido,
Dizendo lhe que o exercito eSpalhado,
Recolha, torne ao campo defendido:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 13, vv. 1 – 4, p. 130)
2454
S
abida – adj. f. sg. (<Sabida>)
“Pela Aurora, S
SS
Sabida ja deixaua,
Com eStas nouas torna aa patria cara,
Certos Sinais leuando do que achara.”
(LUS., Canto IX, estrofe 13, vv. 6 – 8, p. 147)
2455
S
abido – adj. m. sg. (<Sabido>)
“Com Tingitania enteSta, &ali parece
Que quer fechar o Mar Mediterrano,
Onde o S
SS
Sabido eStreito Se enobrece,
Co extremo trabalho do Thebano:”
(LUS., Canto III, estrofe 18, vv. 1 – 4, p. 40)
469
2456
S
SS
S
obido – adj. m. sg. (<Subido>)
“Que voSSo preço, &obras Sam de jeito,
Pera vos ter o mundo em muyta eStima.
E quem vos fez molesto tratamento,
Não pode ter S
SS
Sobido penSamento.”
(LUS., Canto II, estrofe 86, vv. 5 – 8, p. 33)
2457
S
SS
S
ofrido – adj. m. sg. (<Sofrido>)
“ESte que ves olhar com geSto yrado,
Pera o rompido Alumno mal S
SS
Sofrido,
Dizendo lhe que o exercito eSpalhado,
Recolha, torne ao campo defendido:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 13, vv. 1 – 4, p. 130)
2458
S
SS
S
ofrido – adj. m. sg. (<Sofrido>)
“Antes que Soe o eStouro, mal S
SS
Sofrido
Salta nagoa, & da preSa nam duuîda,
Nadando vay, & latindo, aSsi o mancebo
Remete ha que nam era yrmãa de Phebo.”
(LUS., Canto IX, estrofe 74, vv. 5 – 8, p. 157)
2459
S
SS
S
ometido – adj. m. sg. (<Submetido>)
“Chegado tinha o prazo prometido,
Em que o Rei Castelhano ja agoardaua,
Que o Principe a Seu mando S
SS
Sometido,
Lhe deSSe a obediencia que esperaua.”
(LUS., Canto III, estrofe 37, vv. 1 – 4, p. 44)
2460
S
SS
S
oS
SS
Stido – adj. m. sg. (<Sustido>)
“Vniforme, perfeito, em Si S
SS
SoS
SS
Stido,
Qual em fim o Archetipo, que o criou:
470
Vendo o Gama este globo, comouido
De eSpanto &de deSejo ali ficou,
Dizlhe a DeoSa, O traSunto reduzido
Em pequeno volume aqui te dou,”
(LUS., Canto X, estrofe 79, vv. 1 – 6, p. 174)
2461
Subida – adj. f. sg.
“Dura inquietação dalma &da vida
Fonte de deSemparos &adultérios,
Sagaz conSumidora conhecida
De fazendas, de reinos, &de impérios:
Chamante illustre, chamante S
SS
Subida,”
(LUS., Canto IV, estrofe 96, vv. 1 – 5, p. 78)
2462
S
SS
S
ubido – adj. m. sg. (<Subido>)
“Co vulto alegre, qual do Ceo S
SS
Subido,
Torna Sereno & claro o ar eScuro.”
(LUS., Canto II, estrofe 42, vv. 3 – 4, p. 26)
2463
S
SS
S
ubido – adj. m. sg. (<Subido>)
“PaSSado ja algum tempo, que paSSada
Era esta grão victoria, o Rei S
SS
Subido
A tomar vay Leiria, que tomada
Fora muy pouco auia, do vencido:”
(LUS., Canto III, estrofe 55, vv. 1 – 4, p. 47)
2464
Tangida – adj. f. sg.
“A huma por espertar os que ouvirem que emtemdam parte do que falla a estoria,
a outra por seguirmos emteiramente a hordem do nosso razoado no primeiro
prollogo já tangida.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 9 – 13, p. 59)
2465
Tangíjda – adj. f. sg. (<Tangida>)
6
(...) Estando hy O senhor dom fernãdaluarez/
7
prioll do dicto mosteíjro E pero
471
martjz E andré fernãdez E djego vasquez conjgos Re/
8
grantes do dicto mosteijro
prioll e conbento per soo de canpaa tangíjda se/
9
gundo he de huso e custume
Emprazarom e per prazo derom a Joham/
10
perijz laurador e morador na qíntaa de
pereijra sytuada na freijgesia/
11
de (sic) mosteíjro e a duas pesoas depos Elle
silicet que Elle nome a segunda {e a}/
12
soa (sic) e a segunda e a terçeijra Em tal
jsa que sejã tres pesoas Em suas vijdas/(...)”
(DPNRL, Documento 93, l. 6 – 12, p. 280; Maço 13,16, Mosteiro de S. Salvador de
Moreira, 1480)
2466
Tecida – adj. f. sg.
“Luzem da fina purpura as cabaias,
Lustrão os panos da tecida Seda:”
(LUS., Canto II, estrofe 93, vv. 3 – 4, p. 35)
2467
Tecida – adj. f. sg.
“Na cabeça hũa fota guarnecida,
De ouro, &de Seda, &de algodão tecida.”
(LUS., Canto II, estrofe 94, vv. 7 – 8, p. 35)
2468
Temida – adj. f. sg.
“Pella Cortiça calida, cheiroSa,
Della darâ tributo aa LuSitana
Bandeira, quando excelSa, & glorioSa
Vencendo Se erguerâ na torre erguida,
Em Columbo, dos proprios tam temida.”
(LUS., Canto X, estrofe 51, vv. 4 – 8, p. 169)
2469
Temido – adj. m. sg.
“Qual diante do algoz o condenado,
Que ja na vida a morte tem bebido,
Poem no çepo a garganta: &ja entregado,
ESpera pelo golpe tam temido:”
(LUS., Canto III, estrofe 40, vv. 1 – 4, p. 45)
2470
Temido – adj. m. sg.
472
“Qual o membrudo e barbaro Gigante,
Do Rei Saul, com cauSa tam temido,
Vendo o PaStor inerme eStar diante,
So de pedras & esforço apercebido,”
(LUS., Canto III, estrofe 111, vv. 1 – 4, p. 57)
2471
Tendidas – adj. f. pl. (<Estendidas>)
“E despois, regnando el-Rei dom Eduarte, per seu mandado passou a terceira vez
em/África, na qual cercou a cidade de Tânger, indo xix legoas com suas bandeiras
tendidas per terra de seus imiigos, teendo-lhe o cerco xxij dias (...)”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 27 – 28, p. 37; l. 1 – 4, p. 38)
2472
Trazido – adj. m. sg.
“Eu o vi certamente (&não preSumo
Que a viSta me enganaua) leuantarSe,
No ar hum vaporzinho &Sutil fumo
E do vento trazido, rodearSe:”
(LUS., Canto V, estrofe 19, vv. 1 – 4, p. 83)
2473
Urdido – adj. m. sg.
“E trazem ja de longe engano urdido,
Contra nos, &que todos Seus intentos
Sam pera nos matarem, & roubarem,
E molheres &filhos captiuarem.”
(LUS., Canto I, estrofe 79, vv. 5 – 8, p. 14)
2474
Valida – adj. f. sg. (<Válida>)
“Não acabaua, quando a fugura
Se nos mostra no ar, robuSta & valida,
De disforme & grandiSsima eStatura,
O roSto carregado, a barba eSqualida:”
(LUS., Canto V, estrofe 39, vv. 1 – 4, p. 86)
2475
Valido – adj. m. sg. (<Válido>)
473
“No geSto natural Se conuerteo,
Dum Mouro, em Moçambique conhecido,
Velho, Sabio, & co Xeque muy valido.”
(LUS., Canto I, estrofe 77, vv. 6 – 8, p. 14)
2476
VetiS
SS
Sdo – adj. m. sg. (<Vestido>)
“Despreza o fraco moço mal veS
SS
Stido:
Que rodeando a funda o deSengana,
Quanto mais pode a Fê que a força humana.
(LUS., Canto III, estrofe 111, vv. 6 – 8, p. 57)
(-I)DA
3
~ (-I)DO
3
(ADJETIVOS
PARTICIPIAIS)
2477
Abatido – asj. Part. m. sg.
“O BeliSario, diSSe, que no coro
Das MuSas Seras Sempre engrandecido,
Se em ti viSte abatido o brauo Marte,
Aqui tens com quem podes conSolarte.”
(LUS., Canto X, estrofe 22, vv. 5 – 8, p. 164)
2478
Agradecido – adj. part. m. sg.
“Nem por liSonja louue algum Subido,
Sob pena de não Ser agradecido.”
(LUS., Canto VII, estrofe 83, vv. 7 – 8, p. 127)
2479
Aperçebido – adj. part. m. sg. (<Apercebido>)
“Mas com Se offerecer aa dura morte,
O fiel Egas amo, foy liurado.
Que de outra arte poderâ Ser perdido,
474
Segundo eStaua mal aperçebido.”
(LUS., Canto III, estrofe 35, vv. 5 – 8, p. 44)
2480
Aprendido – adj. part. m. sg.
“Agora, pois que tendes aprendido
Trabalhos, que vos facão Ser aceitos,
Aas eternas eSposas, &fermoSas,
Que coroas vos tecem glorioSas.”
(LUS., Canto X, estrofe 142, vv. 5 – 8, p. 184)
2481
Arrependido – adj. part. m. sg.
“Pazes cometer manda arrependido,
O Regedor daquella inica terra,
Sem Ser dos LuSitanos entendido,”
(LUS., Canto I, estrofe 94, vv. 1 – 3, p. 17)
2482
Atendido – adj. part. m. sg.
“/
20
(...) o dito priol pedia Mãdou/
21
Apregoar <o> dito francisco martjnz e foj
Apregoado e Atendido Ata Çyma da Audiençia como de custume E/
22
parezu
(sic) o dito francisco martjnz nẽ seu procurador saluo que parezu (sic) A sua
Molher e dizia ao dito Jiz que o dito/ (...)”
(DPNRL, Documento 67, l. 20 22, p. 224; Maço 4, 23, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1370)
2483
Bastecida – adj. part. f. sg. (<Abastecida>)
“– Mantenha-vos Deos, Senhor! Beento seja Deos que vos guardou de tamanha
traiçom, qual vos tiinham bastecida.”
(QCDJI, Cap. 3., § 1º., l. 3 – 5, p. 22)
2484
Comido – adj. part. m. sg.
“MoStra lhe a fermosura de Diana,
E guarde Se nam Seja inda comido
DeSSes cães que agora ama, &conSumido.”
(LUS., Canto IX, estrofe 26, vv. 6 – 8, p. 149)
475
2485
Comprido – adj. part. m. sg. (<Cumprido>)
“Se as armas queres ver, como tẽs dito,
Comprido eSSe deSejo te Seria:
Como amigo as veras, porque eu me obrigo,
Que nunca as queiras ver como inimigo.”
(LUS., Canto I, estrofe 66, vv. 5 – 8, p. 12)
2486
Concebido – adj. part. m. sg.
“II Depois que forom acabados os octo/dias, scil., dês o dia de nacença do senhor,
contando os dias ambos em êste conto de octo, scil., o primeiro e o postumeiro,
pera se haver de circundar o Menino*, segundo mandava a lei, porque êste
tempo de octo dias era stabelecido pera a circuncisom, foi chamado e declarado
o seu nome Jesu**, que quer dizer Salvador, porque na circuncisom se
acostumava poer o nome; o qual nome já dante era pôsto per Deus e foi chamado
ou dado por novas do ângeo ante que o ventre da virgem fôsse concebido. (...)”
(LVC, Cap. X, fl. 33, d, § 399, l. 1 – 14, p. 139)
Obs.:
*
e
**
:Os negritos estão presentes no próprio texto do autor.
2487
Conhecido – adj. part. m. sg.
“Avia [ho Iffamte Dom Fernamdo] bem composto corpo e de razoada altura,
fremoso em parecer e muito vistoso; tal que estando açerca de muitos homeens,
posto que conhecido nom fosse, logo o julgariam por Rei dos outros.”
CDF, Prólogo, § 1º., l. 5 – 8, p. 17)
2488
Conhecido – adj. part. m. sg.
“Vereis amor da patria, tão mouido
De premio vil, mas alto, & quaSi eterno
Que nam he premio vil, Ser conhecido
Por hum pregão do ninho meu paterno.”
(LUS., Canto I, estrofe 10, vv. 1 – 4, p. 3)
2489
Constrangidos – adj. part. m. pl.
“Mandou [el Rei Dom Fernamdo] que todollos que tevessem herdades suas
proprias [terras] e emprazadas, ou per outro qualquer titulo, que fossem
constrangidos para as lavrar, e semear. (...)”
476
(CDF, Cap. LXXXIX, § 5º., l. 7 – 9, p. 81)
2490
ConS
SS
Sumido – adj. part. m. sg. (<Consumido>)
“MoStra lhe a fermosura de Diana,
E guarde Se nam Seja inda comido
DeSSes cães que agora ama, &conS
SS
Sumido.”
(LUS., Canto IX, estrofe 26, vv. 6 – 8, p. 149)
2491
Conuertida – adj. f. sg. (<Convertida>)
“No carro ajunta as aues, que na vida
Vão da morte as exequias celebrando,
E aquellas em que ja foi conuertida
Peristera, as boninas apanhando:”
(LUS., Canto IX, estrofe 24, vv. 1 – 4, p. 149)
2492
Conuertido – adj. part. m. sg. (<Convertido>)
“Ali muy grande reyno eStâ de Congo
Por nos ja conuertido â fee de Christo,
Por onde o Zaire paSSa claro &longo
Rios pellos antigos nuca viSto:”
(LUS., Canto V, estrofe 13, vv. 1 – 4, p. 82)
2493
Conuertido – adj. part. m. sg. (<Convertido>)
“E o Deos que foy num tempo corpo humano,
E por virtude da erua poderoSa
Foy conuertido em pexe, & deSte dano
Lhe resultou deidade glorioSa,”
(LUS., Canto VI, estrofe 24, vv. 1 – 4, p. 101)
2494
Corregidas – adj. part. f. pl. (<Corrigidas>)
“(...) E fez trazer o seu corpo [de Dona Enês de Castro] do moesteiro de Samta
Clara de Coimbra, hu jazia, ho mais homrradamente que se fazer pode, ca ella
viinha em huumas andes muito bem corregidas pera tal tempo, as quaaes
tragiam grandes cavalleiros, acompanhadas de grandes fidalgos e muita outra
477
gente, e donas e domzellas, e muita creelezia.”
(CDPI, Cap. XLIV, § 3º., l. 20 – 26, p. 106)
2495
Crido – adj. part. m. sg.
“O corpo morto manda Ser trazido
Que reSucite, &Seja perguntado,
Quem foy Seu matador, Serâ crido
Por teStemunho o Seu mais aprouado:”
(LUS., Canto X, estrofe 115, vv. 1 – 4, p. 180)
2496
Defendido – adj. part. m. sg.
“ESte que ves olhar com geSto yrado,
Pera o rompido Alumno mal Sofrido,
Dizendo lhe que o exercito eSpalhado,
Recolha, torne ao campo defendido:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 13, vv. 1 – 4, p. 130)
2497
Desacorridos – adj. part. f. pl.
“(...) e el [el Rei Dom Fernamdo] respomdia aos fidallgos que lhe em isto fallavom,
que os seus aviam casas e terras em que abasta-/damente podeseem viver, e os
que viinham desacorridos, aviiam mester bem apousemtados e fazer-lhes muitas
merçees (...)”
(CDF, Cap. XXVII, § 2º., l. 24 – 25, p. 25; l. 1 – 3, p. 26)
2498
Destruido – adj. part. m. sg. (<Destruído>)
“E Sabe mais, lhe diz, como entendido
Tenho destes Christãos Sanguinolentos,
Que quaSi todo o mar tem destruido,
Com roubos, com incendios violentos:”
(LUS., Canto I, estrofe 79, vv. 1 – 4, p. 14)
2499
Detido – adj. part. m. sg.
“Aquella noite eSteue ali detido,
E parte do outro dia, quando ordena
478
De Se tornar ao Rei. mas impedido
Foi da guarda que tinha não pequena:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 91, vv. 1 – 4, p. 143)
2500
Emlegido – adj. part. m. sg. (<Elegido>, m. q. <Eleito>)
“Estamdo o papa Urbano em Roma, d´assessego com seus cardeaaes, escrepveo
aos Reis e Príncipes cristaãos, e emviou seus embaixadores e alguuns, fazemdo-
lhe saber como depois da morte do Papa Gregorio el fora emlegido por pastor da
egreja, e que lho noteficava como era de razom. (...)”
(CDF, Cap. § 1º., l. 4 – 9, p. 105)
2501
Enfingido – adj. part. m. sg. (m. q. <Fingido>)
“(...) e se alguũ fructo parece em ela [a minha vida] ou é enfingido ou nom
acabado ou corrupto de alguũa maneira. (...)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 69, c, § 788, l. 4 – 6, p. 285)
2502
Enfraquecida – adj. part. f. sg.
“(…) e que a forteleza da fé nom fôsse enfraquecida nem a firmeza da esperança
movida, nem falecesse em ela o comprimento da [caridade]; (...)”
(LVC, Cap. III, fl. 12, b, § 119, l. 7 – 10, p. 51)
2503
Engrandecido – adj. part. m. sg.
“O BeliSario, diSSe, que no coro
Das MuSas Seras Sempre engrandecido,
Se em ti viSte abatido o brauo Marte,
Aqui tens com quem podes conSolarte.”
(LUS., Canto X, estrofe 22, vv. 5 – 8, p. 164)
2504
Entendido – adj. part. m. sg.
“E Sabe mais, lhe diz, como entendido
Tenho destes Christãos Sanguinolentos,
Que quaSi todo o mar tem destruido,
Com roubos, com incendios violentos:”
(LUS., Canto I, estrofe 79, vv. 1 – 4, p. 14)
479
2505 “Pazes cometer manda arrependido,
O Regedor daquella inica terra,
Sem Ser dos LuSitanos entendido,”
(LUS., Canto I, estrofe 94, vv. 1 – 3, p. 17)
2506
ES
SS
Sclarecido – adj. part. m. sg. (<Esclarecido>)
“Eu vos tenho entre todos eScolhido
Para hũa empreSa qual a vos Se deue,
Trabalho illuSter, duro eS
SS
Sclarecido,”
(LUS., Canto IV, estrofe 79, vv. 1 – 3, p. 75)
2507
Escorrida – adj. part. f. sg.
“(...) E bem diz [o Profeta Cris´sotomo] que a [paz] prossigamos, porque de todo
logar é escorrida e fora lançada de todo, entanto que leixou a terra e foi-se ao
ceeo; mas ainda pero a podemos tornar, se quisermos, lançando fora de nós a
sanha e soberva e gabamento e tôdolos outros empachos e inmiigos da paz, e
sigamos esta vida pura e temperada. ´(...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 68, b, § 770, l. 35 – 42, p. 279)
2508
ES
SS
Sculpida – adj. part. f. sg. (<Esculpida>)
“A clara forma ali estava eS
SS
Sculpida
Das agoas entre a terra deSparzidas,
De peScados criando varios modos,
Com Seu humor mantendo os corpos todos.”
(LUS., Canto VI, estrofe 12, vv. 5 – 8, p. 99)
2509
ES
SS
Sculpida – adj. part. f. sg. (<Esculpida>)
“Noutra parte eS
SS
Sculpida eStava a guerra:
Que tiuerão os DeoSes Gigantes,
Està Tifeo debaixo da alta Serra
De Etna, que as flamas lança crepitantes:”
(LUS., Canto VI, estrofe 13, vv. 1 – 4, p. 99)
2510
ES
SS
Sculpido – adj. part. m. sg. (<Esculpido>)
480
“Ali tem junto ao lado nunca frio,
ES
SS
Sculpido o feroz ginete ardente
Com quem teria o filho competencia,
Amor nefando, bruta incontinência.”
(LUS., Canto VII, estrofre 53, vv. 5 – 8, p. 122)
2511
Fementido – adj. part. m. sg.
“Vendo Egas, que ficaua fementido,
O que delle CaStella não cuydava,
Determina de dar a doçe vida,
A troco da palaura mal comprida.”
(LUS., Canto III, estrofe 37, vv. 5 – 8, p. 44)
2512
Ferida – adj. part. f. sg.
“ISto Mercurio diSSe, & o Sono leua
Ao Capitão, que com muy grande eSpanto
Acorda, & ve ferida a eScura treua,
De a Subita luz, &rayo Sancto:”
(LUS., Canto II, estrofe 64, vv. 1 – 4, p. 30)
2513
Ferido – adj. part. m. sg.
“Qual o reflexo lume do polido
ESpelho de aço, ou de cristal fermoSo,
Que do rayo Solar Sendo ferido,
Vai ferir noutra parte luminoSo,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 87, vv. 1 – 4, p. 143)
2514
Fingida – adj. part. f. sg.
“Eu Sou bem informado, que a embaxada
Que de teu Rei me deste, que he fingida:
Porque nem tu tẽs Rei, nem patria amada,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 61, vv. 1 – 3, p. 138)
2515
Fornida – adj. part. f. sg.
481
“(...) cuja vida [da Virgem Maria], da qual era guarda principal Deus, sabedoria
eternal; cuja vida, outrossi, é comparada aa tôrre de David, que era fornida de mil
escudos que tiinha dependurados, porque mil virtudes e muitas mais havia na
Virgem Maria, das quaaes sua vida era guarnida entanto que todos pecados e
tentações vencia afastando-as nom soomente de si, mas de outros per sua graça
que lhes dava.”
(LVC, Cap. III, fl. 12, d, § 124, l. 12 – 20, p. 53)
2516
Fundido – adj. part. m. sg.
“Olha da grande PerSia o imperio nobre
Sempre posto no campo, & nos caualos,
Que Se injuria de vsar fundido cobre,
E de não ter das armas Sempre os calos:”
(LUS., Canto X, estrofe 103, vv. 1 – 4, p. 178)
2517
Guarnida – adj. part. f. sg.
“(...) cuja vida [da Virgem Maria], da qual era guarda principal Deus, sabedoria
eternal; cuja vida, outrossi, é comparada aa tôrre de David, que era fornida de mil
escudos que tiinha dependurados, porque mil virtudes e muitas mais havia na
Virgem Maria, das quaaes sua vida era guarnida entanto que todos pecados e
tentações vencia afastando-as nom soomente de si, mas de outros per sua graça
que lhes dava.”
(LVC, Cap. III, fl. 12, d, § 124, l. 12 – 20, p. 53)
2518
Guarnido – adj. part. m. sg.
“(...) o Egipto é guarnido e alumeado com moradas sem conto de monges. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 46, d, § 535, l. 13 – 15, p. 189)
2519
Impedido – adj. part. m. sg.
“Aquella noite eSteue ali detido,
E parte do outro dia, quando ordena
De Se tornar ao Rei. mas impedido
Foi da guarda que tinha não pequena:”
(LUS., Canto VIII, estrofe 91, vv. 1 – 4, p. 143)
2520
Metida – adj. part. f. sg.
482
“vi alguãs [onças] viuas e mortas e handaua/metida nagoa p´lo giolho dando
bofeta/das no peixe q´auja alim
to
E no Rjo de/Jan
ro
conteçeo ir huã a nado
aRemeteo/a huã canoa onde hiaõ tres moços Jndios dous/piquenos e hũ de 14
annos (...)”
(CNB – MC – p. 107 – l. 1007 – 1012)
2521
Metida – adj. part. f. sg.
“O fauor com que mais Se acende o engenho,
Não no dâ a patria não, que esta metida,
No gosto da cubiça, & na rudeza
Dhũa auStera, apagada, & vil triSteza.”
(LUS., Canto X, estrofe 145, vv. 5 – 8, p. 185)
2522
Mouido – adj. part. m. sg. (<Movido>)
“E Sendo da oucioSa mão mouido
Pela caSa do moço curioSo,
Anda pelas paredes, & telhado,
Tremulo, aqui &ali, &deSSoSSegado.”
(LUS. Canto VIII, estrofe 87, vv. 5 – 8, p. 143)
2523
Movida – adj. part. f. sg.
“(…) e que a forteleza da fé nom fôsse enfraquecida nem a firmeza da esperança
[fôsse] movida, nem falecesse em ela o comprimento da [caridade]; (...)”
(LVC, Cap. III, fl. 12, b, § 119, l. 7 – 10, p. 51)
2524
NaS
SS
Scido – adj. part. m. sg. (<Nascido>)
“Entre a gente que a vello concorria,
Se chega hum Mahometa, que naS
SS
Scido
Fora na região da Berberia,
La onde fora Anteo obedecido:”
(LUS., Canto VII, estrofe 24, vv. 1 – 4, p. 117)
2525
NaS
SS
Scido – adj. part. m. sg. (<Nascido>)
“De claro aSSento Etereo, o grão Tebano,
483
Que da paternal coxa foy naS
SS
Scido
Olhando o ajuntamento LuSitano,
Ao Mouro Ser modesto, &auorrecido:”
(LUS., Canto I, estrofe 73, vv. 1 – 4, p. 57)
2526
Offerecido – adj. part. m. sg. (<Oferecido>)
“Se pretendes Rei alto de vingarte,
De minha temeraria confiança,
Dizia, eis aqui venho offerecido,
A te pagar co a vida o prometido.”
(LUS., Canto III, estrofe 38, vv. 5 – 8, p. 44)
2527
Offerecido – adj. part. m. sg. (<Oferecido>)
“Tal diante do Principe indinado,
Egas eStaua a tudo offerecido:
Mas o Rei vendo a eStranha lealdade,
Mais pode em fim que a Ira a piedade.”
(LUS., Canto III, estrofe 40, vv. 5 – 8, p. 45)
2528
Offerecido – adj. part. m. sg. (<Oferecido>)
“A multidão das pedras, que voaua,
No Santo dâ ja a tudo offerecido,
Hum dos maos por fartarSe mais de preSSa,
Com crua lança o peito lhe atraueSSa.”
(LUS., Canto X, estrofe 117, vv. 5 – 8, p. 180)
2529
Opremido – adj. part. m. sg. (<Oprimido>)
“Diz lhe que vem de gente carregadas,
E dos trouões horrendos de Vulcano,
E que pode Ser dellas opremido,
Segundo eStaua mal apercebido.”
(LUS., Canto IX, estrofe 7, vv. 5 – 8, p. 146)
2530
Ouuida – adj. part. f. sg. (<Ouvida>)
“Na mão a Concha retorcida
484
Que trazia, com força ja tocaua,
A voz grande canora foy ouuida
Por todo o mar, que longe retumbaua.”
(LUS., Canto VI, etsrofe 19, vv. 1 – 4, p. 100)
2531
Partida – adj. part. f. sg.
“E queira El, senhor, que a mha vida,
poys per vos he, cedo sei´ acabada,
ca pela morte me será partida
gram soidad´e vida mui coitada;
de razon he d´aver eu deseiada”
(LPGPI – 30,23. – p. 257 – vv. 25 – 29)
2532
Partida – adj. part. f. sg.
“e torciam-lhi a cabeça cõtra as penas e vertiam/o sanguy, pero que a cabeça
era partida do/pescoço demostra-nos que assi devemos nós/britar carne nossa
per peendença e per astẽẽ-/ça, que todavia no lhi tolhamos a vida. (...)”
(LA, XXVIII, vv. 1 – 5, p. 47)
2533
Partidas – adj. part. f. pl.
1
(...) As. No/
2
ssas meyas casas que nos Auemos em Rua çapateira cá ás outras
meyas ssom de Stevam giraldez; Como stam partidas. As quaes ssom na dicta
vila. em Rua capateira. em que ora moraua ffernã galé/
3
go. Capateiro pela guisa
que as el de nós tragia e partem da a parte ás dictas meyas casas de
Stevam giraldez cõ as quaes. elas forã partidas. e da outra cõ casas do Monsteiro
de mãcellos e de ffernã ga/4 gelo (sic) (...)”
(DPNRL, Documento 60, l. 1 4, p. 207; Maço 4,8, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1353.)
2534
Perdida – adj. part. f. sg.
“Nas agoas tem paSSado o duro Inuerno,
A gente vem perdida &trabalhada.”
(LUS., Canto I, estrofe 28, vv. 5 – 6, p. 6)
2535
Perdido – adj. part. m. sg.
“Mas com Se offerecer aa dura morte,
485
O fiel Egas amo, foy liurado.
Que de outra arte poderâ Ser perdido,
Segundo eStaua mal aperçebido.”
(LUS., Canto III, estrofe 35, vv. 5 – 8, p. 44)
2536
Polido – adj. part. m. sg.
“Qual o reflexo lume do polido
ESpelho de aço, ou de cristal fermoSo,
Que do rayo Solar Sendo ferido,
Vai ferir noutra parte luminoSo,”
(LUS., Canto VIII, estrofe 87, vv. 1 – 4, p. 143)
2537
PoS
SS
SS
SS
Suida – adj. part. f. sg. (<Possuída>)
“Ho mesmo o falSo Mouro determina,
Que o Seguro ChriStão lhe manda & pede,
Que a Ilha he poS
SS
SS
SS
Suida da malina
Gente, que Segue o torpe Mahamede:”
(LUS., Canto I, estrofe 99, vv. 1 – 4, p. 18)
2538
Produzido – adj. part. m. sg.
“Olha Taunay cidade, onde começa
De Sião largo o imperio tão comprido,
TenaSSarî, Quedâ, que he So cabeça
Das que Pimenta ali tem produzido:”
(LUS., Canto X, estrofe 123, vv. 1 – 4, p. 181)
2539
Prometido – adj. part. m. sg.
Prometido lhe eStà do fado eterno,
Cuja alta ley nam pode Ser quebrada,”
(LUS., Canto I, estrofe 28, vv. 1 – 2, p. 6)
2540
Prouído – adj. part. m. sg. (<Provido>)
“(...)/
4
E avendo per çerta formaçom per suficiente Inquisicom que sobrello
mandamos filhar. da pessoa de vaasco martjz cõigo Reglante da dicta ordem de
486
sancto/
5
agostinho. E professo ella. A quall profissom fez Nossas maaos.
segundo de dereíto deuja. E como ell he mujto prouído e dilligente. asy que o/
6
dicto Moesteiro sera per ell bem Regído e gouernado No spirituall E temporall.
(...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 4 6, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
2541
Reçebidos – adj. part. m. pl. (<Recebidos>)
“E veemdo el Rei [Dom Fernamdo] como esta soo çidade [Lixboa] era a melhor e
mais poderosa de sua terra, e que em ella principallmente estava a perda e
defenssom de seu reino, des i como fora danificada dos emmiigos per fogo e
outros malles que avia reçebidos, de que el tiinha gramde semtido, determinou
em sua voomtade de a çercar toda arredor, de boa e defemssavel çerca de guisa
que nehuum Rei lhe/podesse empreecer, salvo com gramde multidom de gente, e
fortes arteficios de guerra. (...)”
(CDF, Cap. LXXXVIII, § 2º., l. 14 – 20, p. 75; l. 1 – 2, p. 76)
2542
Regida – adj. part. f. sg.
“Como por fora, ao longe deScobria,
Regida por hum Rei de antigua idade,
Mombaça he o nome da Ilha, &da Cidade.”
(LUS., canto I, estrofe 103, vv. 6 – 8, p. 18)
2543
Regído – adj. part. m. sg.
“(...)/
4
E avendo per çerta formaçom per suficiente Inquisicom que sobrello
mandamos filhar. da pessoa de vaasco martjz cõigo Reglante da dicta ordem de
sancto/
5
agostinho. E professo ella. A quall profissom fez Nossas maaos.
segundo de dereíto deuja. E como ell he mujto prouído e dilligente. asy que o/
6
dicto Moesteiro sera per ell bem Regído e gouernado No spirituall E temporall.
(...)”
(DPNRL, Documento 85, l. 4 6, p. 259; Maço 5, 34, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1434)
2544
Rendida – adj. part. f. sg.
“A Cidade: mas Sendo ja rendida,
Em toda a couSa viua, a gente yrada,
Prouando os fios vay da dura eSpada.”
(LUS., Canto III, estrofe 64, vv. 6 – 8, p. 49)
487
2545
Rendido – adj. part. m. sg.
“Porque AffonSo veras Soberbo &ouante,
Tudo render, & Ser deSpois rendido.”
(LUS., Canto III, estrofe 73, vv. 5 – 6, p. 50)
2546
Rendido – adj. part. m. sg.
“Outro Sceua verão, que eSpedaçado
Não Sabe Ser rendido, nem domado.”
(LUS., Canto X, estrofe 30, vv. 7 – 8, p. 166)
2547
Requerido – adj. part. m. sg.
“(...)/
87
que a ello forão presentes pero mendez cleriguo de misa capelão da egreja
de sylluares e gonçalo Rodriguiz criado dele do prioll e de outros e eu Jorge
pereira clerigus Im minoribus notairo publico ante apostoliqa/
88
que a todo
presente fui e o vi e ouuj asy dizer e fazer esto espriui em minha nota donde tirei
este per mj esprito fiellmente pera o dito procurador e esto espriui e asynei de meu
publico synall que tall he he Roga/
89
do e Requerido e nõ faca duuida nãtrelinha
que diz ãnes que se fez verdade ho que tudo asi visto per mim pus nas custas
dela ho despacho segimte vista a petição do prioll e seu comuemto e asi a carta/
90
vedoria que se per ela pasou com apegação dos vedores e pemsão que se por
ela pos e comçeção e açetação das partes e mais que destes autos costa Julguo
per çemtemça que se pase prazo em forma como na dita/
91
petyção e apegação
se comtem ao quaL dou linha autoridade ordinaria com interposição de decreto
ho quaL casall de guodim e erdades acima esprito com todas suas pertemças
emtradas e saidas/(...)”
(DPNRL, Documento 108, l. 87 91, p. 333; Maço 7, 29, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho, 1545)
2548
ReS
SS
Spondido – adj. part. m. sg. (<Respondido>)
“E mais tambem mandado tinha a terra,
De antes pelo Piloto neceSSario:
E foilhe reS
SS
Spondido em Som de guerra,
CaSo do que cuydaua muy contrario:”
(LUS., Canto I, estrofe 85, vv. 1 – 4, p. 15)
488
2549
Retido – adj. part. m. sg.
“Elle vendo que ja lhe nam conuinha
Tornar a terra, porque nam podeSSe
Ser mais retido, Sendo aas naos chegado
Nellas eStar Se deixa deScanSado.”
(LUS., Canto VIII, estrofe 95, vv. 5 – 8, p. 144)
2550
Scondidos – adj. part. m. pl. (<Escondidos>)
“E indo [Stevam Affonso, e cinquo com êlle] assi scondidos atee cerca da choça,
viram sair della huũ moço Negro, todo nuu, com hũa azagaia na maão, o qual logo
foe filhado; e, chegando aa choça, acharom hũa moça sua irmaã daqueste, que
seria de idade de viij annos.”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 13 – 18, p. 74)
2551
Sentido – adj. part. m. sg.
“Eram eStes antigos mercadores
Ricos em Calecu, &conhecidos
Da falta delles, logo entre os milhores
Sentido foi, que eStão no mar retidos:”
(LUS., Canto X, estrofe 49, vv. 1 – 4, p. 169)
2552
S
SS
S
eruido – adj. part. m. sg. (<Servido>)
“Mas vendo o IlluSter PerSa, que vencido
Fora de amor, que em fim não tem defenSa,
Levemente o perdoa &foy S
SS
Seruido
Delle num caSo grande em recompenSa:”
(LUS., Canto X, estrofe 49, vv. 1 – 4, p. 169)
2553
S
SS
S
ocorrido – adj. part. m. sg. (<Socorrido>)
“Ao duro golpe eStà, de Maura eSpada,
E Se não for contigo S
SS
Socorrido,
Verme as delle do Reino Ser priuada.”
(LUS., Canto III, estrofe 104, vv. 4 – 6, p. 55)
489
2554
S
SS
S
ometida – adj. part. f. sg. (<Submetida>)
“EStão os Traces de robuSto peito,
Do fero Marte, patria tam querida,
Onde co Hemo, o Rodope Sugeito
Ao Otomano eStà, que S
SS
Sometida,
Bizancio tem a Seu Seruiço indino
Boa injuria do grande CoStantino.”
(LUS., Canto III, estrofe 12, vv. 3 – 8, p. 40)
2555
Spargida – adj. part. f. sg. (<Espargida>)
“(…) Certamente de veer é como em todo aquel reino é spargida ou stendida a
hoste de Cristo, e como o maravilhoso rei das virtudes ali stá, e como reluze e
splandece ali em em terra a conversaçom e usança das virtudes celestriaaes. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 46, d, § 535, l. 6 – 11, p. 189)
2556
Spargidos – adj. part. m. pl. (<Espargidos>)
“(…) elle [o Iffante Dom Henrique], com quarto [homes] que o acompanharom (ca
os outros que o aviam de seguir, huũs eram spargidos pella grandeza da cidade,
outros nom podiam alli chegar por razom de hũa porta, perque o Iffante com
aquelles quatro passara de volta com os Mouros, a qual porta era/guardada
doutros Mouros que estavam em ciima dos muros) (...)”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 24 – 29, p. 35; l. 1 – 2, p. 36)
2557
Stendida – adj. part. f. sg. (<Estendida>)
“(…) Certamente de veer é como em todo aquel reino é spargida ou stendida a
hoste de Cristo, e como o maravilhoso rei das virtudes ali stá, e como reluze e
splandece ali em em terra a conversaçom e usança das virtudes celestriaaes. (...)”
(LVC, Cap. XIII, fl. 46, d, § 535, l. 6 – 11, p. 189)
2558
Subida – adj. part. f. sg.
“EStà a gente marítima de LuSo,
Subida pela exarcia, de admirada,
Notando o estrangeiro modo, & vSo,
E a lingoagem tam bárbara & enleada.”
(LUS., Canto I, estrofe 62, vv. 1 – 4, p. 11)
490
2559
Tendidos – adj. part. m. pl. (<Estendidos>)
“Mas, se o seu trabalho [do Iffante Dom Henrique] fôra oucioso, ou nom, bem se
podia conhecer pellas queedas dos mortos, que jaziam tendidos ao longo
daquelle chaão.”
(CFG, Cap. III, § 1º., l. 11 – 14, p. 36)
2560
Tido – adj. part. m. sg.
“Nas ilhas de Maldiua nace a pranta
No profundo das agoas Soberana,
Cujo pomo contra o veneno vrgente
He tido por Antidoto excelente.”
(LUS., Canto X, estrofe 136, vv. 5 – 8, p. 183)
2561
Trazido – adj. part. m. sg.
“E deSpois que do martyre Vicente,
O SanctiSsimo corpo venerado.
Do Sacro promontorio conhecido,
AA cidade VliSSea foy trazido.”
(LUS., Canto III, estrofe 74, vv. 5 – 8, p. 50)
2562
Trazido – adj. part. m. sg.
“O corpo morto manda Ser trazido
Que reSucite, &Seja perguntado,
Quem foy Seu matador, Serâ crido
Por teStemunho o Seu mais aprouado:”
(LUS., Canto X, estrofe 115, vv. 1 – 4, p. 180)
2563
Ungido – adj. part. m. sg.
“(...) Messias em hebraico quer dizer em grego Cristo e em latim quer dizer
untado, porque el singularmente foi untado com óleo invisível do Spíritu Santo
mais que seus companheiros. Seus companheiros som os santos todos, porque
dêste meesmo óleo som aquêles untados, mas Cristo foi, apartadamente e
singularmente, ungido e santo.”
(LVC, Cap. XXIX, fl. 82, c, § 924, l. 11 – 19, p. 337)
491
2564
Ungido – adj. part. m. sg.
“´Onde, antre tantos ramos de mirra bem cheirante, nom leixei a mirra que em a
cruz beveu, nem aquela com que foi ungido [Cristo] na sepultura, das quaaes na
primeira ajuntei a amargura dos meus pecados e na segunda a corruçom do meu
corpo viindoira. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, d, § 28, l. 1 – 6, p. 13)
2565
Vencida – adj. part. f. sg.
“Que Se aqui a razão Se não mostraSSe
Vencida do temor demaSiado,
Bem fora que aqui Baco os SoStentaSSe,
Pois que de LuSo vem, Seu tam privado:”
(LUS., Canto I, estrofe 39, vv. 1 – 4, p. 8)
2566
Vencido – v. part. pass.
“Porem vencido de Ira o entendimento,
A mãy em ferros aSperos ataua:
Mas de Deos foi vingada em tempo breue,
Tanta veneração aos pais Se deue.”
(LUS., Canto III, estrofe 33, vv. 5 – 8, p. 44)
2567
Vestido – adj. part. m. sg.
“(...) E assi, com gram reveremça e devaçom [el Rei Dom Fernamdo] recebeo o
samto sacramento, jazemdo vestido no avito de Sam Framçisco. (...)”
(CDF, Cap. CLXXII, § 4º., l. 11 – 13, p. 136)
2568
Vestido – adj. part. m. sg.
Vestido o Gama vem ao modo Hispano:
Mas FranceSa era a roupa que veStia,
De cetim da Adriatica Veneza,
CarmeSi, cor que a gente tanto preza.”
(LUS., Canto II, estrofe 97, vv. 5 – 8, p. 35)
492
2569
Vnido – adj. part. m. sg. (<Unido>)
“Noutro tempo, Segundo a antiga fama,
Saramâ Perimal foy derradeiro
Rei, que este Reino teue vnido &inteiro:”
(LUS., Canto VII, estrofe 32, vv. 6 – 8, p. 119)
(-I)DA
4
~ (-I)DO
4
(VERBOS – (PARTICÍPIO
PASSADO))
2570
Acomtecido – v. part. pass. (<Acontecido>)
“(...) Cada uũ dava folgança a seu oficio, e toda sua ocupaçom era juntar-se em
magotes a falar na morte do conde e cousas que aviam acomtecido.”
(QCDJI, Cap. 4., § 1º., l. 7 – 10, p. 23)
2571
Aprendido – v. part. pass.
“Agora, pois que tendes aprendido
Trabalhos, que vos facão Ser aceitos,
Aas eternas eSposas, &fermoSas,
Que coroas vos tecem glorioSas.”
(LUS., Canto X, estrofe 142, vv. 5 – 8, p. 184)
2572
Bebido – v. part. pass.
“Qual diante do algoz o condenado,
Que ja na vida a morte tem bebido,
Poem no çepo a garganta: &ja entregado,
ESpera pelo golpe tam temido:”
(LUS., Canto III, estrofe 40, vv. 1 – 4, p. 45)
2573
Caido – v. part. pass. (<Caído>)
“Que ellas So doze Sam: & deScuberto
493
Qual a qual tem caido das conSortes,
Cadahũa eScreue ao Seu por varios modos,
E todas a Seu Rei, & o Duque a todos.”
(LUS., Canto VI, estrofe 50, vv. 5 – 8, p. 105)
2574
Concedido – verbo part. pass.
“Ia lhe foy (bem o vistes) concedido
Cum poder tam Singelo &tam pequeno
Tomar ao Mouro forte &guarnecido,
Toda a terra que rega o Tejo ameno:”
(LUS., Canto I, estrofe 25, vv. 1 – 4, p. 5)
2575
Concedido – verbo part. pass.
“Sublime Rei, a quem do Olimpo puro,
Foy da Suma Iustiça concedido,
Refrear o Soberbo pouo duro,”
(LUS., Canto II, estrofe 79, vv. 1 – 3, p. 32)
2576
Consentido – v. part. pass.
“Trazer molheres nem jogo de dados a neuũ era consentido; e muito se
trabalhava, quando tal desvairo antre alguũs nacia; per que começavom de se
falar, de concordar logo e fazer amigos; (...)”
(QCDJI, Cap. 10., § 2º., l. 17 – 21, p. 60)
2577
Corrido – adj. part. m. sg.
“Comendo alegremente perguntauão,
Pela Arabica linguoa, donde vinhão,
Quem erão, de que terra, que buScauão,
Ou que partes do mar corrido tinhão?”
(LUS., Canto I, estrofe 50, vv. 1 – 4, p. 9)
2578
Corrido – adj. part. m. sg.
“Do mar temos corrido, & nauegado
Toda a parte do Antartico, &CaliSto,
Toda a coSta Affricana rodeado,
494
DiuerSos Ceos, Terras temos viSto.”
(LUS., Canto I, estrofe 51, vv. 1 – 4, p. 7)
2579
Emlegido – v. part. pass. (<Elegido>, m. q. <Eleito>)
“(...) os cardeaaes, com aquel Papa que emlegido tiinham [Clemente septimo]
partirom-se pera a çidade de Neapolli, avemdo primeiro salvo comducto de Dona
Johana [I], Rainha [que sucedeu a Roberto de Anjou em 1343] entom daquella
provemçia; na qual, estando per pouco tempo, Pero Bernalldez, cossairo
d´Aragom, chegou hi, com gallees armadas, e/foi-lhe dada certa comthia, que os
trouvesse aa çidade d´Avinhom, homde forom tragidos sem torva de nenhuum, e
esteverom per tempo.”
(CDF, Cap. CVIII, § 6º., l. 23 – 29, p. 107; l. 1 – 3, p. 108)
2580
ES
SS
Scolhido – v. part. pass. (<Escolhido>)
“Eu vos tenho entre todos eS
SS
Scolhido
Para hũa empreSa qual a vos Se deue,
Trabalho illuSter, duro e eSclarecido,
O que eu Sey que por mi vos Sera leue:”
(LUS., Canto IV, estrofe 79, vv. 1 – 4, p. 75)
2581
Impedido – v. part. pass.
“E quando caSo for, que eu impedido
Por quem das couSas he vltima linha,
Não for com voSco ao prazo instituido
Pouca falta vos faz a falta minha:”
(LUS., Canto VI, estrofe 55, vv. 1 – 4, p. 106)
2582
Ouuido – v. part. pass. (<Ouvido>)
“Nas armas, na paz, da gente eStranha
Sera tal, que Sera no mundo ouuido
O vencedor, por gloria do vencido”
(LUS., Canto VII, estrofe 56, vv. 6 – 8, p. 123)
2583
Ouvido – v. part. pass.
495
“Morto el Rei Dom Affonso como avees ouvido, reinou seu filho ho Iffante Dom
Pedro avendo estonce de sua hidade trinta e sete anos e huum mes e dezoito
dias; e por que dos filhos que ouve e de quem per que guisa compridamente
avemos fallado, nom compre aqui razoar outra vez; mas das manhas e
comdiçoões e estados de cada huum, diremos adiante muito brevemente onde
conveer fallar de seus feitos.”
(CDPI, Cap. I, § 1º., l. 1 – 9, p. 62)
2584
Percebido – v. part. pass.
“O page do Meestre, que estava aa porta, como lhe disserom que fosse pela vila,
segundo já era percebido, começou d´ir rijamente a galope em cima do cavalo em
que estava, dizendo altas vozes, braadando pela rua: (...)”
(QCDJI, Cap. 3., § 1º., l. 1 – 5, p. 17)
2585
Produzido – v. part. pass.
“Olha Tauay cidade, onde começa
De Sião largo o imperio tão comprido,
TenaSSarî, Queda, que he So cabeça
Das que Pimenta ali tem produzido:”
(LUS., Canto X, estrofe 123, vv. 1 – 4, p. 181)
2586
Recebido – verbo part. pas.
“(...) e foi recebido e louvado do velho Simeom por demostrar que se pagava da
graveza da vida e da madureza dos costumes. (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 43, § 491, l. 6 – 9, p. 175)
2587
S
SS
S
abido – adj. part. m. sg. (<Sabido>)
“Deueis ter S
SS
Sabido claramente
Como he dos fados grandes certo intento:
Que por ella SeSqueção os humanos,
De ASsírio, PerSas, Gregos & Romanos.”
(LUS., Canto I, estrofe 24, vv. 5 – 8, p. 5)
2588
Ungido – v. part. pass.
“(...) Messias em hebraico quer dizer Cristo e em latim quer dizer untado, porque
496
el singularmente foi untado com óleo invisível do Spíritu Santo mais que seus
companheiros. Seus companheiros som os santos todos, porque dêste meesmo
óleo som aquêles untados, mas Cristo foi, apartadamente e singularmente,
ungido e santo.”
(LVC, Cap. XXIV, fl. 82, c, § 924, l. 11 – 19, p. 337)
2589
Vestido – v. part. pass.
“(...) e logo o dito Dom Joham foi chamado e forom-lhe tirados os vestidos
sagraaes, e lançado o avito da ordem d´Avis; e, como lhe foi vestido, o
comendador moor e os/outros lhe beijarom a maão por seu meestre e senhor.”
(CDPI, Cap. XLIII, § 3º., l. 28 – 31, p. 103; l. 1, p. 104)
-IGULA ~ -IGULO
2590
Artigulo – s. m. sg.
“In Dei nomine. Ego Balteiro et uxor sua nomie Ogenia uobis Kartemiro et uxor sua
Astrilli, Viliado et uxor sua nomine Teodoriga, Bonoso et uxor sua Eilo, Ermigio et
uxor sua Froili: placuit nobis atque conuenit, nullis quoque gentis imperio nec
suadentis artigulo, sed propria nobis accessit uoluntas, sano animo atque integro
consilio, (...)”
(Título de venda, Ano de 883, in TA, § 1º., l. 1 – 7, p. 10)
-ILHA ~ -ILHO
2591
“(...) Esguarda, pois, agora, bem aquêle Senhor; deveste-se o Senhor da
majestade assi como qualquer outro homẽzilho, e o Criador dos elementos
someteu-se ao elemento e, por amor nosso, em tempo de grande frio, amergulhou
sob as águas frias; fêz nossa saúde e salvaçom, ensinando com quam grande
prazer os servos devam de correr pera o bautismo do Senhor, (....)”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, b, § 808, l. 15 – 23, p. 291)
497
-(S)ÓRIA ~ -(S)ÓRIO ~ (-T)ÓRIA ~
(-T)ÓRIO
2592
Consolatória – adj. f. sg.
“(...) Esta [vida] é consolatória ao soo, e mui boõ companheiro, pera haver prazer
cada dia, e confôrto de grande solaz e tôrre de forteleza contra a face do imiigo e
contra a tribulaçom e tentaçom do pecador. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, a, § 20, l. 13 - 18, p. 11)
2593
Diversório – s. m. sg.
“E, segundo Beda, diversório é spaço de chaão que toma duas ruas e é çarrado
de cada parte, mas tem duas portas, cada ũa em sua rua, porque possa haver
saída e ambas e, de-cima, é cuberto de alpênder, por seer guardado da calma e
do frio, por tal que nos dias das festas possam os homeẽs viir ali a folgar. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, b, § 343, l. 1 – 8, p. 119)
2594
Diversório – s. m. sg.
“(...) E aquêles que viinham aaquela cidade de Belem por alguãs cousas
arrecadar, acostumavam de poer ali as bêstas; e portanto se chamava diversório,
porque muitos descairados homeẽs se ajuntavam a êle [Beda], e entom muitas
beestas stariam ali, segundo é entender.”
(LVC, Cap. IX, fl. 29, b, § 343, l. 9 – 18, p. 119)
2595
Lavatório – s. m. sg.
“(...) quam grande prazer os servos devam de correr, pera o bautismo do Senhor,
pois que o Senhor teve por bem de receber o bautismo do servo; e que se nom
afaste alguũ do lavatório da graça, pois se el nom afastou do lavatório da
peendença.”
(LVC, Cap. XXI, fl. 71, b, § 808, l. 22 – 27, p. 291)
2596
Purgatório – s. m. sg.
Teu irmãao jaz em na pena e na ardura do purgatorio
498
(Graal, v. I, p. 244, apud DLPA, p. 119, verb. Ardura)
-(U)DA
1
~ -(U)DO
1
(SUBSTANTIVOS)
2597
Barvuda – subst. f. sg. (<Barbuda>)
“As armas mandou el Rei [Dom Fernamdo] mudar esta guisa: do cambais mandou
que fezessem jaque; e da loriga, cota; e da capelina barvuda com camalhom; e os
que eram bem amados, aviam de teer barvuda com seu camalho; e coxotes, e
canelleiras franceses, e luvas, e estoque, e grave.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 4º., l. 9 – 14, p. 72)
2598
Sesudos – s. m. pl.
“O Iffante [Dom Henrique] era homem de mui grande autori-/dade, polla qual suas
amoestaçoões, por brandas que fôssem, eram pera os sesudos de mui grande
encárrego, como se mostrou per obra em aqueste, que despois destas pallavras,
determinou em sua voontade nom tornar mais ante a presença de seu senhor,
sem certo recado daquello por que o enviava; (...)”
(CFG, Cap. IV, § 1º., l. 29, p. 47; l. 1 – 8, p. 48)
-(U)DA
2
~ -(U)DO
2
(ADJETIVOS)
2599
Ascondudo – adj. m. sg. (<Escondido>)
“... eu mal ascondudo...”
(Cantigas de amigo, v. II, Cant. 36, v. 12, apud DLPA, p. 124, verb. Ascondudo)
2600
Ascondudo – adj. m. sg. (<Escondido>)
“Gran pesar ey, amigo, sofrudo,
499
per vus dizer meu mal ascondudo
(LPGPI – 25,102. – p. 234 – vv. 11 – 12)
2601
Ascondudos – adj. m. pl. (<Escondidos>)
“(...) § Hũa pey-/oo he o temor do juyzo que avera quando apa-/recerẽ todolos
seus fectos publicos e ascondu-/dos. (...)”
(LA, V, vv. 9 – 12, p. 23)
2602
Avorreçudo – adj. m. sg. (<Aborrecido>)
“... logar muyto avorreçudo ...”
(Rev. Lusit., XXVII, p. 15, apud DLPA, p. 138, verb. Avorreçudo)
2603
Barvuda – adj. f. sg. (<Barbuda>)
“As armas mandou el Rei [Dom Fernamdo] mudar esta guisa: do cambais mandou
que fezessem jaque; e da loriga, cota; e da capelina barvuda com camalhom; e os
que eram bem amados, aviam de teer barvuda com seu camalho; e coxotes, e
canelleiras franceses, e luvas, e estoque, e grave.”
(CDF, Cap. LXXXVII, § 4º., l. 9 – 14, p. 72)
2604
Bicudos – adj. m. pl.
“tomarão muj
to
bõos marmelos e bicudos/e cõprjdos e lisos e
gramdes
barbaros/se qujser e falosão quartos e apara/losão oitauados / (...)”
(TCP – p. 115 – l. 1191 – 1194)
2605
Cabeçudo – adj. m. sg.
“... tratar somente com a lei escrita, he tratar com um homem cabeçudo
(Diálogos, v. V, p. 4, apud DLPA, p. 181, verb. Cabeçudo)
2606
Cabeludas – adj. f. pl.
“Sobrancelhas mesturadas,
grandes e mui cabeludas,
Sobre-los olhos merjudas;
E as tetas pendoradas”
(LPGPI – 24,2. – p. 174 – vv. 8 – 11)
500
2607
Conhoçuda – adj. f. sg. (<Conhecida>)
“Moises mostrou-nos carreyra mais conhoçuda, per que nos podessemos saluar”
(Fuero, fl. 71r, apud DLPA, p. 233, verb. Conhoçudo)
2608
Conhoçudo – adj. m. sg. (<Conhecido>)
“´Amiga, perdud´ é migo,
e, pero migu´ é perdudo,
e traedor conhoçudo´”
(LPGPI – 70,25. – p. 450 – vv – 3 – 5)
2609
Conhoçudo – adj. m. sg. (<Conhecido>)
“Cabeça de can perdudo
é, poys non á lealdad´ e
con outra fala en Guilhade,
e traedor conhoçudo;”
(LPGPI – 70,51. – p. 463 – vv. 8 – 11)
2610
Conuçuda – adj. f. sg. (<Conhecida>)
Conuçuda cousa sega a cantos esta carta virẽ e léérem que e (sic) Dona
Esteuaya/2 Domĩguit priuresa do mostero da chellas ĩsenbra como convento (?)
dese logo damus./3 A uicente criado das inparedeadas de scam vicẽte ho tal nosu
canpu con seu ho/4 liuar qui auemos ĩ malapadus. assi comu parte scam
vicente. ho mostero de/5 fora. (...)”
(DPNRL, Documento 132, l. 1 – 5, p. 375; Maço 46, 906C, Mosteiro de Chelas,
1296)
2611
Cunuçuda – adj. f. sg. (<Conhecida>)
Cunuçuda cousa seya a tudulus que este escrito uirẽ que perante my Joam
iohanes Juyz/
2
da Giar de sousa fez o Abbade de Cety e o cõuentu demanda de
dous casáes á Móór ea/
3
nes molher que foy de Ayras rodrigíz do rróó. eno coutu
do rróó cõuem a saber o casal (...)”
(DPNRL, Documento 10, l. 1 3, p. 120; Maço 2,11, Mosteiro de S. Pedro de
Cete, 1273)
501
2612
Conrũpuda – adj. f. sg. (<Corrompida>)
“(...) /
21
Tabaliõ de Alafoes que fezesse ende dous prazos partidos. per. A. b. c.
dos quaes Martim menendj tẽ huu e/
22
o Moesteyro o outro. é Eu Tabaliõ de suso
dito per mãdado do dito Steuã perez e per a procuraço de suso/
23
dita a qual eu uj
seelada do seelo de suso dito nẽ conpuda nẽ borrada no Seelo nẽ/
24
na letera
estes estromentos fiz e puxi eeles meu sinal em testemoyo. testemunhas Mẽẽ/
25
ffernãdiz da várzea. Pedro afonso Juiz de Alafoes ffernã martiiz. e Jhoã perez/(...)”
(DPNRL, Documento 14, l. 21 25, p. 133; Maço 22,4, Mosteiro de São João
Baptista de Pendorada, 1278)
2613
Descreudos – adj. m. pl. (<Descridos>), m. q. <Descrentes>)
“Eram tôdolos homẽs descreudos
(Fr. Menores, v. II, p. 37, apud DLPA, p. 274, verb. Descreudos)
2614
Descreudos – adj. m. pl. (<Descridos>), m. q. <Descrentes>)
“(...) fezerom saber pola terra que os descreúdos de Castel Felom eram todos
mortos”
(Graal, fl. 165c, apud DLPA, p. 274, verb. Descreudo)
2615
Desfaleçuda – adj. f. sg. (<Desfazida>)
“Terra desfaleçuda
(Elucidário, v. II, p. 188, apud DLPA, p. 276)
2616
Devuda – adj. f. sg. (<Devida>)
“(...) mais justa cousa he castigar o pedimte sem neçessidade, que lhe dar
esmolla, que he devuda a emvergonhados e pobres que nom podem fazer
serviço; porem mandou el Rei, que quaaesquer homeens ou molheres que
andassem alrrotamdo e pedimdo, e nom husassem de mester, que taaes como
estes fossem vistos e catados pellas justiças de cada huum logar; (...)”
(CDF, Cap. LXXXIX, § 6º., l. 20 – 26, p. 82)
2617
Mãteudo – adj. m. sg. (<Manteúdo>, m. q. <Mantido>)
“(...)/
13
e que uos abrã deles mãão. e que uenhã esses prestamos ao dito
Monsteiro; pera seer esse Monsteiro mãteudo no spiritual e tenporal. e pera os
ffifalgos./”
(DPNRL, Documento 57, l. 13, p. 201; Maço 4,2, Mosteiro de S. Miguel de
502
Vilarinho, 1342)
2618
Membrudo – adj. m. sg.
“Qual o membrudo e barbaro Gigante,
Do Rei Saul, com cauSa tam temido,
Vendo o PaStor inerme eStar diante,
So de pedras & esforço apercebido,”
(LUS., Canto III, estrofe 111, vv. 1 – 4, p. 57)
2619
Merjudas – adj. f. pl.
“Sobrancelhas mesturadas,
Grandes e mui cabeludas,
Sobre-los olhos merjudas;
E as tetas pendoradas”
(LPGPI – 24,2. – p. 174 – vv. 8 – 11)
2620
Perdud´ – adj. m. sg. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“e perdud´ ei gasalhad´ e sabor
de quanto á no mundo, sem amar.”
(LPGPI – 41,1. – p. 286 – vv. 15 – 16)
2621
Perdudo – adj. m. sg. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“Cabeça de can perdudo
é, poys non á lealdad´ e
con outra fala en Guilhade,
e traedor conhoçudo;”
(LPGPI – 70,51. – p. 463 – vv. 8 – 11)
2622
Perdu[o] – adj. m. sg. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“pero dormir tempo perdu[o] é
mais, per meu grad´, aqui non dormirá,”
(LPGPI – 63,45. – p. 393 – vv. 15 – 16)
2623
Retraúdo – adj. m. sg. (<Retraído>)
“O que da guerra foi por retraúdo
503
macar en Burgos fez pintar escudo,
nen ven al maio.”
(LPGPI – 18,29. – p. 155 – vv. 43 – 45)
2624
Sabudo – adj. m. sg. (<Sabido>)
“que nunca foi de mia talha negado,
mais sabudo e de certo, apregoado
quant´ ei na terra, móvil e raiz.”
(LPGPI – 30, 35. – p. 264 – vv. 34 – 36)
2625
Sesudo – adj. m. sg.
“(…) A quarta [cousa compridoira] é sentimento de alegria em lhe prazendo dela, a
qual é significada per Salmom, que quer dizer homem sensível ou sesudo.”
(LVC, Cap. VII, fl. 25, b, § 285, l. 15 – 18, p. 103)
2626
Sesudo – adj. m. sg.
“o sabedor e sesudo, quando o louvam em no rostro, ferem-no no coraçom”
(Vita Christi, fl. 166b, apud DLPA, p. 527, verb. Sesudo)
2627
Sesuda – adj. f. sg.
“Nós somos d´outro lameiro,
e de casta mais sisuda.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 48 – vv. 7 – 8)
-(U)DO
3
~ -(U)DA
3
(ADJETIVOS PARTICIPIAIS)
2628
Abatuda – adj. part. f. sg. (<Abatida>)
“Desesperança he quando a alma he abatuda
(Inéd. de Alc., v. I, p. 149, apud DLPA, p. 37, verb. Abatudo)
2629
Acenduda
– adj. part. f. sg. (<Acendida>)
504
“A casa foi per duas vogadas acenduda ...”
(Santa Maria, vol. II, “Cantiga 255”, apud DLPA, p. 50, verb. Acendudo)
2630
Acorruda – adj. part. f. sg. (<Acorrida>)
“... porque dos Santos foss´acorruda ...”
(Santa Maria, v. I, “Cantiga 68”, apud DLPA, p. 59, verb. Acorrudo)
2631
Amerguda – adj. part. f. sg. (<Emergida>)
“(...) E por-/ende faz mester ao paão que traga a coa a-/merguda pera cobrir con
ela a prestumeyra par-/te de seu corpo que he tã layda e tã torpe.”
(LA, XXXII, vv. 6 – 9, p. 52)
2632
Carrancudo – adj. part. m. sg.
“E sofre-se comigo serdes mudo? / Ah! Não, falai-me já, porque algum
dia / Não me vejais convosco carrancudo ...”
(O Lima, carta 33, apud DLPA, p. 203, verb. Carrancudo)
2633
Creudo – adj. part. m. sg. (m.q. <Crido>)
“... e porque esto seya mais creudo, e nunca possa vir em dovida”
(Elucidário, v. II, p. 144, apud DLPA, p. 246, verb. Creudo)
2634
Deteudo – adj. part. m. sg. (<Detido>)
“Era [D. Pedro I] ainda de boom desembargo aos que lhe requeriam bem e
merçee, e tal hordenança tiinha/em esto, que nehuum era deteudo em sua casa
por cousa que lhe requeresse.”
(CDPI, Cap. I, § 3º., l. 20 – 21, p. 64; l. 1 – 2, p. 65)
2635
Detheudos – adj. part. m. pl. (<Detidos>)
“Se el Rei hia a monte ou a caça em que durasse mais de quatro dias, por
nenhuuns seerem detheudos por elle, juntavom-se os que tiinham as petiçoões
das graças e viiam aquelo que cada huum pedia, e se lhe pareçia que nom era
bem de lho el Rei fazer, screpvia-lhe pello mehudo por qual razom, e as que viam
que devia outorgar poiam-lhe isso meesmo (...)”
505
(CDPI, Cap. IV, § 1º., l. 9 – 15, p. 69)
2636
Entendud´ – adj. part. m. sg. (<Entendudo>, m. q. <Entendido>)
“Pois sodes entendud´ e [avedes] vista,
sabede agora catar razon,”
(LPGPI – 30,31. – p. 261 – vv. 15 – 16)
2637
Esparjudos – adj. part. m. pl. (<Espargidos>)
“per que entẽdemos os livros en que aquela sabẽça/jaz scrita, assi como os grãos
das sementes jazẽ esparjudos pelos ortos e pelos agros.”
(LA, VIII, vv. 1 – 3, p. 25)
2638
Foduda – adj. part. f. sg. (<Fodida>)
“Sempr´ eu pequei [i], des que fui foduda;
pero direi-vos per que [son] perduda:
Sõo velh´, ai, capelan!
(LPGPI – 81,10. – p. 555 – vv. 7 – 9)
2639
Havuda – adj. part. f. sg. (<Havida>)
“Marco diz que stava em passamento e tam chegada a morte, que era havuda por
morta”
(Vita Christi, fl. 146a, apud DLPA, p. 461, verb. Havudo)
2640
Mamtehudo – adj. part. m. sg. (<Manteúdo>, m. q. <Mantido>)
“Este he governado e mantehudo de apascoamento ou prado verde”
(Vita Christi, v. II, fl. 73)
2641
Mamteudos – adj. part. m. pl. (<Manteúdos>, m. q. <Mantidos>)
“(...) porem aueram mester uossa ajuda pera seerem mamteudos em direito, e lhe
seerem feitas aquellas merçees que esteuer em rrezom.”
(CTC, Cap. rj., § 1º., l. 2 – 5, p. 72)
2642
Mantheuda – adj. f. sg. (<Manteúda>, m. q. <Mantida>)
506
“Trabalhando-se muito de fazerem naaos, e outros de as comprarem, per aazo de
taaes privillegios; e vemdo el Rei [Dom Fernamdo] como por esta cousa sua terra
era melhor mantheuda e mais honrrada, e os naturaaes della mais ricos e
abastados, per aazo das muitas carregaçoões que se faziam; (...)”
(CDF, Cap. XCI, § 1º., l. 4 – 8, p. 91)
2643
Manteúdos – adj. m. pl. (m. q. <Mantidos>)
“... som abastados e manteúdos os ângeos”
(Vita Christi, fl. 94a, apud DLPA, p. 419, verb. Manteúdo)
2644
Metudo – adj. part. m. sg. (<Metido>)
“(...) entẽdemos o hom que era metudo nos/cuydados do do, hora anda ja
conprido e/coberto de penas de vertudes e dos preceptos de Deus. (...)”
(LA, XXIX, vv. 2 – 5, p. 42)
2645
Percebudos – adj. part. m. pl. (<Percebidos>)
“Ca paão lhi dizẽ porque faz pavor e espan-/to aaqueles que o ouvẽ quando
estã percebudos/e previstos dele. (...)”
(LA, XXIX, vv. 4 – 6, p. 49)
2646
Perdud´ – adj. part. m. sg. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“ca mui bem perdud´ando e sandeu
Por vós, senhor; e dized´ora ja”
(LPGPI – 31,1. – p. 265 – vv. 15 -16)
2647
Perdud´ – adj. part. m. sg. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“E, se o por em perdud´ ei,
nunca maior dereito vi,
ca vo chorar ante mi”
(LPGPI – 36,1. – p. 273 – vv. 19 – 21)
2648
Perduda – adj. f. sg. (m. q. <Perdida>)
“por meu amigu´ e meu lum´ e meu ben,
que ei perdud´ e el mi [á] perduda,”
507
(LPGPI – 79,44. – p. 544 – vv. 3 – 4)
2649
Perduda – adj. f. sg. (m. q. <Perdida>)
“Sempr´ eu pequei [i], des que fui foduda;
pero direi-vos per que [son] perduda:
sõo velh´, ai, capelan!
(LPGPI – 81,10. – p. 555 – vv. 7 – 9)
2650
Perdudas – adj. part. f. pl. (m. q. <Perdidas>)
“Des aquel dia em que naci
nunca bestas assi perdudas vi,
ca as fez ant´ el sangrar ante si;”
(LPGPI – 25,32. – p. 191 – v. 7 – 9)
2651
Reteudos – adj. part. m. pl. (m. q. <Retidos>)
“(...) as leis e a justiça eram taaes como a tea da aranha, na qual os mosquitos
pequenos caindo som reteudos e morrem em ella, e as moscas grandes e que
som mais rijas, jazendo em ella, rompem-na e vaan-se; (...)”
(CDPI, Cap. IX. § 2º., l. 21 – 25, p. 82)
2652
Sabud´ – adj. part. m. sg. (<Sabudo>, m. q. <Sabidos>)
“logu´ é sabud´, e non sei eu per quen.
(LPGPI – 63,80. – p. 409 – v. 6; 12; 18)
2653
Sabudos – adj. part. m. pl. (<Sabidos>)
“(...) Assi que quamtos na terra avia, e os que vehessem de fora do reino, todos
aviam de/seer sabudos pellos viimteneiros que homeens eram, e que jeito tiinham
de viver, e dito logo aas justiças, e postos todos em escripto. (...)”
(CDF, Cap. LXXXIX, § 10º., l. 30 – 31, p. 83; l. 1 – 3, p. 84)
2654
Sanhud´ – adj. part. m. sg. (<Sanhudo>)
Sanhud´aja Deus quem me lhi foy dar!
(LPGPI – 25,102. – p. 224 – v. 15)
508
2655
Sanhuda – adj. part. f. sg.
“Tornou sanhuda entom,
Quando m´est oiu dizer,”
(LPGPI – 25,135. – p. 240 – vv. 8 – 9)
2656
Sanhuda – adj. part. f. sg.
“quando m´el sanhuda vir,
non s´ousará d´aquend´ir.
(LPGPI – 77,15. – p. 505 – vv. 5 – 6; 11 – 12; 17 – 18)
2657
Sanhuda – adj. part. f. sg.
“Per boa fé, mui fremosa, sanhuda
sej´ eu e trist´e coitada por en,”
(LPGPI – 79,44. – p. 544 – vv. 1 – 2)
2658
Sanhudo – adj. part. m. sg.
“E, Don Estevão, pois sodes tan
sanhudo que non catades por quen
vos faz serviço, pois vos sanha vem,
os que vos serven non vos servir an;
ca, se vos sanha, como sol, preser,
non cataredes ome nen molher
que queirades trager come can.”
(LPGPI – 16,7. – p. 134 – vv. 15 – 21)
2659
Sañuda – adj. part. f. sg. (<Sanhuda>)
“Foi sañuda e nunc´a tanto vi:
e foi-sse e sol non quis catar por mi,
e nunca mais pois com ela falei.”
(LPGPI – 14,7. – p. 123 – vv. 5 – 7)
2660
Sañuda – adj. part. f. sg. (<Sanhuda>)
“foi sañuda e catou-me em desden;
e des ali non ll´ousei dizer ren
509
nen ar quis pois mi catar.”
(LPGPI – 14,7. – p. 123 – vv. 12 – 14)
2661
Teúdas – adj. part. f. pl. (m. q. <Tidas>)
“E porque semelhantes bondades nom eram usadas antre os outros homeẽs era
em el [D. João I] teúdas em mui grande conta; (...)”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 13 – 15, p. 61)
2662
Teúdo – adj. part. m. sg. (m. q. <Tido>)
“... aalém daquela a que he teúdo
(Vita Christi, fl. 177d, apud DLPA, p. 545, verb. Teúdo)
2663
Teçuda – adj. part. f. sg. (m. q. <Tecida>)
“... a terceira vestidura era chamada racional [...] e andava deant enos peitos era
teçuda com ouro ...”
(Inéd. de Alc., v. II, p. 131, apud DLPA, p. 543, verb. Teçudo)
2664
Theudo – adj. part. m. sg. (<Teúdo>, m. q. <Tido>)
“O meestre [Dom Joham] respondeo que diziam mui bem come boons cavalleiros
e bem sisudos, e porque elle era theudo de fazer e requerer toda cousa que fosse
serviço de Deos e prol de sua hordem, (...)”
(CDPI, Cap. XLIII, § 2º., l. 16 – 19, p. 103)
2665
Temuda – adj. part. f. sg. (m. q. <Temida>)
“E por esto é grande a mia nomeada,
ca non foi tal que, se migo falhasse,
que em eu mui bem [o] non castigasse,
ca sempre fui temuda e dultada;”
(LPGPI – 18,23. – p. 150 – vv. 25 – 28)
2666
Traúdo – adj. part. m. sg. (m. q. <Traída>)
“... quis seer traúdo e que o seu discípulo o houvesse de vender
(Vita Christi, fl. 97d, apud DLPA, p. 549, verb. Traúdo)
510
2667
Uẽçudos – adj. part. m. pl. (m. q. <Vencidos>)
“... os mouros uirõ e como os da as ley erã uẽçudos por os portugueses ...”
(Crest. Arc., p. 37, apud DLPA, p. 560, ver. Uẽçudos)
2668
Vençudas – adj. part. f. sg. (m. q. <Vencidas>)
“De parecer todas vençudas (?) son;
mays, poy-la moça alí pareceu,”
(LPGPI – 70,53. – p. 464 – vv. 15 – 16)
2669
Vençudos – adj. part. m. pl. (m. q. <Vencidos>)
“e fígi-os eu vençudos ficar;”
(LPGPI – 75,10. – p. 491 – v. 13)
2670
Vendudo – adj. part. m. sg. (m. q. <Vendidos>)
“(...)/
6
e doze soldos som doyto Moyos de vinho que foy ven/
7
dudo a quareẽta e
dous soldos o Almude o qual vi/
8
nho foy da quintãa de pinheíro <da nossa
Capella>, Item vendeo da/
9
Egreia de sam Saluador que El per noso Mãdado
pro/
10
cura a dita quintãa trinta e dous Almudes/
11
por trinta e duas uras, Item
oito Almudes de terço/(...)”
(DPNRL, Documento 76, l. 6 11, p. 236; Maço, 4, 48, Mosteiro de S. Miguel de
Vilarinho)
2671
Vendudos – adj. part. m. pl. (m. q. <Vendidos>)
“Onde entõ son vendudos os passaros polo/dipondio e pola mealha, quando os
pecadores/se vẽdẽ e se sojugam ao diaboo pera seerem/atormentados no fogo do
inferno perduravil por/estas cousas tẽporaes que sse passã e que sse/vã agĩha e
que son de pequeno valor. (...)”
(LA, XXVI, vv. 23 – 28, p. 46)
-(U)DA
4
~ -(U)DO
4
(VERBOS (PARTICÍPIO
PASSADO))
511
2672
Avudo – v. part. pass. (<Avido>)
“(...) de guisa que u tantas virtudes aviam morada aadur podia neuũ cuidar que
vicio alguũ podesse seer hospede; nem podia alguem em el [D. João I] poer
prasmo, que nom fosse avudo por malicioso; (...)”
(QCDJI, Cap. 10., § 1º., l. 15 – 19, p. 61)
2673
Avudo – v. part. pass. (<Avido>)
“(...) e el Rei Dom Pedro era em dar mui ledo, em tanto que muitas vezes dizia que
lh´afroxassem a çinta, que estonce husavam nom mui apertada, por que se
alargasse o corpo, por mais espaçosamente poder dar, dizendo que o dia que o
Rei nom dava, nom devia seer avudo por Rey.”
(CDPI, Cap. I, § 2º., l. 14 – 19, p. 64)
2674
Creud´ – v. part. pass. (<Creudo>, m. q. <Crido>)
“E os que esto creud´an,
Đ Deus! e que queren mais viver,”
(LPGPI – 78,12. – p. 516 – vv. 8 – 9)
2675
Perdud´ – v. part. pass. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“El andava trist´ e mui sem sabor,
come quem é tam coitado d´amor,
e perdud´a som sem e a color;”
(LPGPI – 25,68. – p. 209 – vv. 7 – 9)
2676
Perdud´ – v. part. pass. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“E perdud´ ei o dormir e o sem
perderei ced´, aquant´é meu coidar,
que non sei y consello que filhar,”
(LPGPI – 43,7. – p. 293 – vv. 7 – 9)
2677
Perdud´ – v. part. pass. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
Perdud´ei, madre, cuid´eu, meu amigo;
macar m´el viu, sol non quis falar migo,”
(LPGPI – 47,23. – p. 324 – vv. 1 – 2)
512
2678
Perdudo – v. part. pass. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“E el á perdudo o sem por mim,
que lhi esta coyta dey, madr´e senhor,
e guarria, ca mh á muy grand´ amor.”
(LPGPI – 33,6. – p. 269 – vv. 13 – 15)
2679
Perdudo – v. part. pass. (<Perdudo>, m. q. <Perdido>)
“de ssa mort´ e sse bem maenffestar,
que non podia perdudo seer;”
(LPGPI – 64,15. – p. 417 – vv. 3 – 4)
2680
Sabud´ – v. part. pass. (<Sabudo>, m. q. <Sabido>)
“E os que ja desemparados son
de vos servir, sabud´ é quaes son:
leyxe-os Deus maa mort[e] prender!”
(LPGPI – 70,4. – p. 440 – vv. 22 – 24)
2681
Sabudo – v. part. pass. (<Sabido>)
“Ca nom tiro eu nem vós prez nem loor
d´aqueste preito, se sabudo for.”
(LPGPI – 25,83. – p. 215 – vv. 19 – 20)
2682
Sofrudo – v. part. pass. (<Sofrido>)
“Gran pesar ey, amigo, sofrudo,
per vus dizer meu mal ascondudo”
(LPGPI – 25,102. – p. 234 – vv. 11 – 12)
-URA ~ -(D)URA ~ -(S)URA ~ ~ (-T)URA
2683
Altura – s. f. sg.
513
“(...) a çidade d´Açunção, esta/muito perto de São Viçennte e não devem depasar
de çem lle-/goas, por que polla altura se vê lloguo claramente.”
(Cart
a de Tomé de Sousa, governador do Brasil,a El Rei D. João III, in EBC, l. 10
– 11, p. 202)
2684
Altura – s. f. sg.
“[...] e cubertas de palha de rrazoada altura e todas em huũa soo casa [...]”
(VCPVC – fl. 9 – l. 12 – 13)
2685
Altura – s. f. sg.
“Avia [ho Iffamte Dom Fernamdo] bem composto corpo e de razoada altura,
fremoso em parecer e muito vistoso; tal que estando açerca de muitos homeens,
posto que conheçido nom fosse, logo o julgariam por Rei dos outros.”
CDF, Prólogo, § 1º., l. 5 – 8, p. 17)
2686
Altura – s. f. sg.
“Me detenho, em tomar do sol a altura
E compaSSar a vniverSal pintura”
(LUS., Canto V, estrofe 26, vv. 7 – 8, p. 84)
2687
Amargura – s. f. sg.
“´Onde, antre tantos ramos de mirra bem cheirante, nom leixei a mirra que em a
cruz beveu, nem aquela com que foi ungido na sepultura, das quaaes na primeira
ajuntei a amargura dos meus pecados e na segunda a corruçom do meu corpo
viindoira. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, d, § 28, l. 1 – 6, p. 13)
2688
Amargura – s. f. sg.
“(...) § A segunda proprieda-/de de [natureza da poonba] he ca nõ ha fel. Ca o que
bõõ e fiel he nõ/toma amargura nẽ sanha nẽ queyxume sẽ/... cõtra nẽ hũũ homẽ.
(...)”
LA, I. vv. 32 – 35, p. 20)
2689
Amarguras – s. f. pl.
514
“(...) E per esto en-/tẽdemos que o que está en verdadeyra peendẽça/que sse
entẽde pela andorĩha que passa o mar,/ca deseja a ssayr e a ffogir aas
amarguras/e aas torvas daqueste mundo e vay deman-/dar logares en que viva
en amor de Deus e de/seu proximo (...)”
(LA, XIX, vv. 6 – 12, p. 36)
2690
Amgustura – s. f. sg. (<Angustura>, m. q. <Angústia>)
“(...) E bem emtemdiam que elles e os do termo era per força de se colherem a
ella [çidade], e que nom poderiam caber demtro com todas suas cousas, sem
gramde pressa e amgustura.”
(CDF, Cap. LXXIII, § 2º., l. 14 – 17, p. 58)
2691
Angustura – s. f. sg. (m. q. <Angústia>)
“Ca este nome pesoa foy achado per grande angustura concordada pera sinificar
a trindade”
(Corte Imperial, p. 60, apud DLPA, p. 107, verb. Angustura)
2692
Apostura – s. f. sg.
“(...) como per qual maneira poderia [el rey] mais honrradamente daar estado
caualeiroso aaquelles filhos que lhe Deos por sua merçe quisera dar com tanta
apostura de todallas cousas que a nobres prinçipes conuinha.”
(CTC, Cap. viij., § 1º., l. 2 – 6, p. 18)
2693
Ardura – s. f. sg.
“Ca el ven quebrando con grand´ardura
con este mandado que ouy ja,
e ferv-lh´o sangui e fará loucura”
(LPGPI – 60,12. – p. 366 – vv. 15 – 17)
2694
Ardura – s. f. sg.
“Teu irmãao jaz em na pena e na ardura do purgatorio”
(Graal, v. I, p. 244, apud DLPA, p. 119)
2695
Armadura – s. f. sg.
515
“[...] deu huũ gromete a huũ deles huũa armadura
grande de porco montes bem
rreuolta [...]”
(VCPVC – fl. 10v – l. 17 – 19)
2696
Armaduras – s. f. pl.
“E quando lhi deitan as armaduras,
logu´ el faz contenente de foron;”
(LPGPI – 49,2. –p. 331 – vv. 15 – 16)
2697
Assaduras – s. f. pl.
“ – Treides migu´, e comeredes muitas boas assaduras.”
(LPGPI – 66,3. – p. 430 – v. 16)
2698
Baixura – s. f. sg.
“(...) Maravilhosa conversaçom de cousas, que o homem, que ainda
escassamente entrara no mundo, fugisse da glória do mundo/e nom solamente se
esquecesse de cobiiças do mundo, mas ainda nom as quisesse saber e fezesse
perpétua companhia com Deus. As saídas ou acabamentos dos montes e a
espessura do mato, e a [vastura] dos vales ou baixura dêles eram as casas e
moradas do moço patriarca, quando [a noite] o constrangeu. (...)”
(LVC, Cap. XIv, fl. 47, c – d, § 543, l. 12 – 13, p. 193)
2699
Blandura – s. f. sg. (m. q. <Brandura>)
“Onde Bernardo: ´Ora caia a árvor ao ávrego ou ao aguiam, ali jará. A caentura e
a blandura do ávrego na Santa Escriptura sooem de haver boa significaçom. Mas
do aguiam se descobre todo mal. (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 57, c, § 659, l. 1 – 5, p. 237)
2700
Blandura – s. f. sg. (<Brandura>)
“Onde Bernardo: ´Ora caia a árvor ao ávrego ou ao aguiam, ali jará. A caentura e
a blandura do ávrego na Santa Escriptura sooem de haver boa significaçom. Mas
do aguiam se descobre todo mal. (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 57, c, § 659, l. 1 – 5, p. 237)
2701
Brandura – s. f. sg.
516
“Ate que aqui no teu Seguro porto,
Cuja brandura &doce tratamento
Dará Saude a um vivo e vida a um morto,
Nos trouxe a piedade dp alto aSSento”
(LUS., Canto V, estrofe 85, vv. 1 – 4, p. 94)
2702
Bravura – s. f. sg.
“E pois em al és mans´e mesurado
non entences: se quer serás loado
non em que tu és partido de bravura.”
(LPGPI – 30, 28. – p. 260 – vv. 22 – 24)
2703
Cabelladura – s. f. sg. (<Cabeladura>, m. q. <Cabeleira>)
“(...) E assi que, tornando a meu propósito, digo que êste nobre príncipe [Iffante
Dom Henrique] ouve a estatura do corpo em boa grandeza, e foe homem de
carnadura grossa, e de largos e fortes membros; a cabelladura avia algum tanto
alevantada; a côr de natureza branca, mais, polla continuaçom do trabalho, per
tempo tornou doutra forma.”
(CFG, Cap. II, § 10., l. 2 – 9, p,. 29)
2704
Caentura – s. f. sg. (<Quentura>)
“Onde Bernardo: ´Ora caia a árvor ao ávrego ou ao aguiam, ali jará. A caentura e
a blandura do ávrego na Santa Escriptura sooem de haver boa significaçom. Mas
do aguiam se descobre todo mal. (...)”
(LVC, Cap. XVII, fl. 57, c, § 659, l. 1 – 5, p. 237)
2705
Caentura – s. f. sg. (<Quentura>)
“(...) § Disseron ...................................................................../leixa-os ovos [que por]
............................................................................/que fiquẽ frios e s[en] caentura.....
...................................................................................................................................”
(LA, XII, vv. 28 – 30, p. 31)
2706
Caentura – s. f. sg. (<Quentura>)
“(...) Dos paãos disseron os sabe-/dores que an as carnes ta duras que nõ po-/dẽ
apodrecer ta agĩha come as carnes das/outras animalhas que as an moles e
adur/as pode cozer fogo nẽ caentura d´estamago/de nẽ hũa animalha por grande
517
que seja.”
(LA, XXIX, vv. 20 – 24, p. 49; XXX, v. 1, p. 49)
2707
Caentura – s. f. sg. (<Quentura>)
“Ca as mtes e as voontades dos bõõs pree-/gadores que a verdade de da fe
obram e pree-/gã, nõ nas pode queymar fogo de cobiiça/nẽ caentura de luxuria.
(...)”
(LA, XXX, vv. 2 – 5, p. 49)
2708
Canterladuras – s. f. pl.
“non corre senon pelas mataduras,
nen traz caal, se enas unhas non,
u trage mais de cen canterladuras;”
(LPGPI – 49,2. – p. 331 – vv. 10 – 12)
2709
Carnadura – s. f. sg.
“(...) E assi que, tornando a meu propósito, digo que êste nobre príncipe [Iffante
Dom Henrique] ouve a estatura do corpo em boa grandeza, e foe homem de
carnadura grossa, e de largos e fortes membros; a cabelladura avia algum tanto
alevantada; a côr de natureza branca, mais, polla continuaçom do trabalho, per
tempo tornou doutra forma.”
(CFG, Cap. II, § 10., l. 2 – 9, p,. 29)
2710
Catadura – s. f. sg.
“´campo verde u inquant´o can´ (?),
eno escud´ataes lh´acharam;
ceram´ e cint´e calças de Roan,
sa catadura semelh´ á d´un jayan;”
LPGPI – 6.9. – p. 91 – vv. 29 – 32)
2711
Catadura – s. f. sg.
“aquella magestade bem podia logo na primeira catadura tirar pera si aquele que
viia...”
(Vita Christi, fl. 94a, apud DLPA, p. 209, verb. Catadura)
518
2712
Cavadura – s. f. sg.
“Vinha que seja cavadura de dés homeens”
(Machado, vol. II, p. 103, apud DLPA, p. 211, verb. Cavadura)
2713
Cavaduras – s. f. pl.
“Ajuntamentos das pedras e cavaduras dos montes”
(Morais, v. II, p. 1.042, apud DLPA, p. 211, verb. Cavadura)
2714
Cavallgaduras – s. f. pl.
“Esteve elRei em Lixboa em dar cavallgaduras aos Imgreses.”
(F.L.,F. cap. 134 2º. Vol., p. 112, apud DLPA, vol. II, p. 103, verb. Cavalgadura)
2715
Çimtura – s. f. sg. (<Cintura>)
“O page seu, que tiinha os alaãos, semelhavelmente forçando-o [el Rei Dom
Fernamdo] o sono, teve-lhe companha e adormeçeo; e ante que adormecesse,
porquamto nom semtia vozes de montefros, nem ladridos de caaens no monte,
cuidou de dormir de seu vagar, e atou as treelas dos alaãos huuma na perna, e
outra d´arredor de si pella çimtura. (...)”
(CDF, Cap. XCIX, § 4º., l. 4 – 9, p. 97)
2716
Cobertura – s. f. sg.
“(...) E, fallamdo os maldizemtes, prasmavom-na [Rainha Dona Lionor], dizendo
que todallas criadas daquella senhora que fimgem sempre muito amaviosas, por
tanto que o manto da caridade que mostram, seja cobertura de seus desonestos
feitos.”
(CDF, Cap. LXV, § 5º., l. 15 – 19, p. 56)
2717
Comedura – s. f. sg.
“tomarão As peras ou codornos q sejão/muyto maduros se pouq
o
sobre
ho/verde s nehuã comedura de bicho/n sejão apedrados n macados se
nã/mujto lisos e muyto sãos porq fiqu/Fermosos (...)”
(TCP – p. 93 – l. 895 – 900)
2718
Cordura – s. f. sg.
519
“Pois sempre em vós mesura
e todo bem a cordura,
que Deus fez em vós feitura
qual nom fez em molher nada,
doede-vos por mesura
de mim, senhor bem talhada.
(LPGPI – 25, 111. – p. 229 – vv. 7 – 12)
2719
Cordura – s. f. sg.
“e o cordo dirá sempre cordura,
des i eu passarei per mia ventura;
mais mia senhor non saberan per ren.”
(LPGPI – 44,5. – p. 304 – vv. 12 – 14)
2720
Cordura – s. f. sg.
“Ja eu faley en folia
con vosqu´[e] en gran cordura,
e sen e en loucura,”
(LPGPI – 70,39. – p. 457 – vv. 13 – 15)
2721
Cozedura – s. f. sg.
“as casquinhas se faz da propia tpara/do diacidrão se nã quamto a cozedura
lhe/deitã huũa mãao chea de sal. (...)”
(TCP – p. 85 – l. 803 – 805)
2722
Creatura – s. f. sg.
“(...) as obras que o galo faz, por que son cer-/tas que nũca se erra, assi come
se fossẽ feytas/d´alguã creatura que entẽdimento ouvesse? (...)”
(LA, IX, vv. 5 – 7, p. 27)
2723
Criatura – s. f. sg.
“Ca naturallmente toda criatura rresoauell deseia duraçam, por cuja rrezam os
primeiros philosophos, semtimdo este naturall deseio, pemssamdo que a morte
nom uijnha aos homeẽs per ley determinada, soomente por corrompimento dos
humores, (...)’
520
(CTC, Cap. xxxviij., § 10., l. 16 – 22, p. 59)
2724
Cubertura – s. f. sg. (<Cobertura>)
“[...] amdam nuus sem nhuũa cubertura. [...]”
(VCPVC – fl. 2v – l. 6 – 7)
2725
Cubertura – s. f. sg. (<Cobertura>)
“(...) E p[orque a]ynda Nosso Senhor/Jhesu Cristo morou a[nt]r´os justos que
entá[emos]/pelas paredes [sen] cubertura ca ......................... nẽ receberẽ ...........
......................cubertura..................................................................................... /mẽto
e ................................................................................................................................”
(LA, XXVIII, vv. 20 – 24, p. 48)
2726
Cubertura – s. f. sg. (<Cobertura>)
“(...) E p[orque a]ynda Nosso Senhor/Jhesu Cristo morou a[nt]r´os justos que
entá[emos]/pelas paredes [sen] cubertura ca............................. nẽ receberẽ ...........
.................... cubertura ................................................................................... /mẽto
e ................................................................................................................................”
(LA, XXVIII, vv. 20 – 24, p. 48)
2726
Defumaduras – s. f. pl.
“(...) E esto podiam bem fazer naquel tempo ca era no mês de maio; e esforçava-
se cada de vencer seu vezinho per corregimento de portal e sobrado, poendo
aas portas defumaduras de tantos novos cheiros, que bem podiam afugentar
qualquer mao ar que fosse corrupto.”
(QCDJI, Cap. 11., § 1º., l. 1 – 6, p. 67)
2727
Dereitura – s. f. sg. (<Direitura>)
“...usa a justiça e a dereitura
(Vita Christi, fl. 170c, apud DLPA, p. 265, verb. Dereitura)
2728
Dereitura – s. f. sg. (<Direitura>)
“... querendo provar per exemplo e per experiencia a dereitura e a justiça nom
521
afrouxada do barom de Deus”
(Fr. Menores, v. I, p. 270, apud DLPA, p. 265, verb Dereitura)
2729
Dereitura – s. f. sg. (<Direitura>)
“(...) se o Rei [D. Pedro I] ha-de seer justiçoso nom he outra cousa senam duvidar
se a regra ha-de seer dereita; a qual, se em dereitura desfaleçe, nenhuuma cousa
dereita se pode per ella fazer.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 15 – 18, p. 61)
2730
Desmesura – s. f. sg.
“ca desmesura pedes:
u fores, recear-t´-an,
pois tu per saco medes.”
(LPGPI – 46,3. – p. 311 – vv. 10 – 12)
2731
Desmesura – s. f. sg.
“ca desmesura des ahi
me faz ca[da] dia peior:”
(LPGPI – 59,1. – p. 359 – vv. 3 – 4)
2732
Desmesúra – s. f. sg. (<Desmesura>)
“(E) eu morrerey çedo, se Deus quiser,
e, amiga, quand´ el aqui veer,
desmesúra fará quen lhi disser”
(LPGPI – 63,78. – p. 408 – vv. 13 – 15)
2733
Dilicaduras – s. f. pl. (<Delicaduras>)
“(...) Per delectos e dilicaduras andavas tu fazendo boõa vida: agora jejũa e,
bevendo água, faze compensaçom e emenda de ũa cousa e de outra, de guisa
que venças pero e tires a fame. (...)”
(LVC, Cap. XX, fl. 68, a, § 770, l. 23 – 27, p. 279)
2734
Doçura – s. f. sg.
“Olhai-me aquela doçura
522
pera a doçura de cá!”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 39 – vv. 9 – 10)
2735
Duçura – s. f. sg. (<Doçura>)
“(...) Onde diz Jerónimo: ´Aquel faz peendença que se quer chegar ao bem
eternal, scil., ao regno de Deus, [como] aquel que deseja o meolo, brita a noz, e o
amargor da raiz se compensa com a duçura do meolo. (...)”
(LVC, Cap. XXVIII, fl. 89, d, § 1.004, l. 11 – 16, p. 365)
2736
Dulçura – s. f. sg. (<Doçura>)
“em contempraçom spiritual… e em dulçura mui grande…”
(Corte Imperial, p. 62, apud DLPA, p. 294)
2737
Enverrugadura – s. f. sg.
“(...) [Jesu Cristo] a testa chaã e mui clara e a face sem enverrugadura nem
mágoa, a qual afremosava a vermelhidom temperada.”
(LVC, Prólogo, fl. 6, d, § 53, l. 13 – 15, p. 21)
2738
Escretura – s. f. sg. (<Escritura>)
“(...) E porem foramse [os confessores d´el Rey] pera seus mosteiros e com
grande cuidado proueram seus estudos per tal guisa que lhe nam ficou nenhuũa
cousa por veer daquelles textos e glosas da sagrada escretura em que os santos
doutores determinaram taaes conclusoões.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 11 – 15, p. 31)
2739
Escriptura – s. f. sg. (<Escritura>)
“(...) e esto he por nom seer cousa noua nem sob tall escureza posta na
escriptura per que o seu emtempto nos posesse em taes duuidas, pera cuja
declaraçam nosso emtemdimento soomente podesse abastar.”
(CTC, Cap. xj., § 1º., l. 11 – 15, p. 31)
2740
Escriptura – s. f. sg. (<Escritura>)
“(...) e se a escriptura afirma que por o Rei nom fazer justiça vem as tempestades
523
e tribulaçoões sobre o poboo, nom se pode assi dizer deste, ca nom achamos
emquanto reinou que a nenhumm perdoasse morte d´alguuma pessoa, nem que a
mereçesse per outra guisa, nem lha mudasse em tal pena per que podesse
escapar a vida.”
(CDPI, Cap. I, § 1º., l. 11 – 17, p. 65)
2745
ES
SS
Scriptura – s. f. sg. (<Escritura>)
“Vejão agora os Sabios na eS
SS
Scriptura
Que Segredos Sam estes de Natura.”
(LUS., Canto V, estrofe 22, vv. 7 – 8, p. 83)
2746
ES
SS
Scriptura – s. f. sg. (<Escritura>)
“A verdade que eu conto nua e pura,
Vence toda grandiloca eS
SS
Scriptura
(LUS., Canto V, estrofe 89, vv. 7 – 8, p. 94)
2747
Escritura – s. f. sg.
“Digo ora eu pola ventura,
que não sois à sua vontade.
Obrigá-las-eis por escritura.”
(RA, in OCGV – vol. V – p. 19 – vv. 11 – 13)
2748
Escritura – s. f. sg.
“(...) diz a Escritura que aquele que ensi-/na o ssabedor per sas paravoas deyta
se sy/aguas come de vaso que está cheo. (...)”
(LA, I. vv. 7 – 9, p. 19)
2749
Esculptura – s. f. sg. (<Escultura>)
“As portas douro fino, &marchetadas
Do rico aljofar que nas conchas nace,
De esculptura fermoSa estão lauradas,”
(LUS., Canto VI, estrofe 10, vv. 1 – 3, p. 98)
2750
Esfoladuras – s. f. pl.
524
“Á muit espessas as augaduras,
e usa mal, se nos geolhos non,
en que trage grandes esfoladuras.”
(LPGPI – 49,2. – p. 331 – vv. 19 – 21)
2751
Espessura – s. f. sg.
“(...) Maravilhosa conversaçom de cousas, que o homem, que ainda
escassamente entrara no mundo, fugisse da glória do mundo/e nom solamente se
esquecesse de cobiiças do mundo, mas ainda nom as quisesse saber e fezesse
perpétua companhia com Deus. As saídas ou acabamentos dos montes e a
espessura do mato, e a [vastura] dos vales ou baixura dêles eram as casas e
moradas do moço patriarca, quando [a noite] o constrangeu. (...)”
(LVC, Cap. XIv, fl. 47, c – d, § 543, l. 12 – 13, p. 193)
2752
ES
SS
SpeS
SS
SS
SS
Sura – s. f. sg.
“Com torua viSta os vê, mas a altura
Ferina, &a yra não lhe compadecem
Que as coStas dê, mas antes eS
SS
SpeS
SS
SS
SS
Sura
(LUS., Canto IV, estrofe 35, vv. 1 – 3, p. 68)
2753
ES
SS
SpeS
SS
SS
SS
Sura – s. f. sg.
“Qual AuStro fero, ou Boreas na eS
SS
SS
SS
SpeS
SS
SS
SS
Sura,
De Silvestre aruoredo abaStecida
Rompendo os ramos vão da mata eScura
Com impito e braueza deSmedida”
(LUS., Canto I, estrofe 35, vv. 1 – 4, p. 7)
2754
ES
SS
Statura – s. f. sg. (<Estatura>)
“Não acabaua, quando hũa figura
Se nos mostra no ar, robuSta &valida,
De disforme &grandiSsima eS
SS
Statura,
O roSto carregado, a barba eSqualida:”
(LUS., Canto V, estrofe 39, vv. 1 – 4, p. 86)
525
2755
Falssura – s. f. sg.
“... sabia em certo que aquell Fernamd Afomso amdava com esta falsura
(Crón. de D. João I, apud Machado, v. III, p. 16; DLPA, p. 328, verb. Falssura)
2756
Fazedura – s. f. sg.
“It huma scudela de leite scurrudo, e huma fazedura de manteiga”
(Elucidário, v. II, p. 252, apud DLPA, p. 329, verb. Fazedura)
2757
Fectura – s. f. sg. (<Feitura>)
“(...) Hoje nascido é Jesu Cristo, e assi verdadeiramente é dia de natal e nascença
do Rei eternal, Filho de Deus vivo. I Hoje moço é nado a nós, hoje é dado a nós.
Hoje reluziu o sol da justiça claramente, o qual stava primeiro na nuvem. Hoje o
espôso da Igreja e a cabeça dos escolhidos saíu do taambo. Hoje o mais fremoso
em fectura que tôdolos homeẽs demostrou a sua desejada face. (...)”
(LVC, Cap. IX, fl. 33, c, § 396, l. 3 – 12, p. 137)
2758
Feitura – s. f. sg.
“Pois sempre em vós mesura
e todo bem a cordura,
que Deus fez em vós feitura
qual nom fez em molher nada,
doede-vos por mesura
de mim, senhor bem talhada.
(LPGPI – 25,111. – p. 229 – vv. 7 – 12)
2759
Feituras – s. f. pl.
“Contar-vos-ei costumes e feituras
dun cavalo que traj´un infançon:”
(LPGPI – 49,2. – p. 331 – vv. 1 – 2)
2760
Feituras – s. f. pl.
“Non vos contarei mais eu sas feituras;
mais, com´eu creo no meu coraçon,
quen x´en gran guerra andass´a loucuras,”
526
(LPGPI – 49,2. – p. 332 – vv. 22 – 24)
2761
Feituras – s. f. pl.
Ũa donzela coitada
d´amor por si me faz andar
e en sas feituras fallar”
(LPGPI – 24,2. – p. 174 – vv. 1 – 3)
2762
Fendedura – s. f. sg.
“Vedes que gran desventura:
beijou pela fendedura
a mia senhor
(LPGPI – 63,27. – p. 384 – vv. 7 – 9)
2763
Fermosura – s. f. sg. (<Formosura>)
“MoStra lhe a fermosura de Diana,
E guarde Se nam Seja inda comido
DeSSes cães que agora ama, &conSumido.”
(LUS., Canto IX, estrofe 26, vv. 6 – 8, p. 149)
2764
Ferradura – s. f. sg.
“(...) açertou o canello da ferradura da maão ho teçido dhuuma fivella das solhas
de/ Nun´Allvarez, de guisa que el nom se podia desapremder do cavallo, e alli
cuidou de seer logo morto.”
(CDF, Cap. CXXXVIII, § 5º., l. 27 – 28, p. 119; l. 1 – 2, p. 120)
2765
Ferradura – s. f. sg.
“(...) e todos [rreys e primçepes] lhe disserom [ao caualleyro] que emtrasse no
castello, e que metesse huum gallo e a galinha, e o gato e cam e sal e vinagre e
azeite e pam e farinha e vinho e agua e carne e pescado e ferradura e crauos e
beesta e seetas e ferro e baraço e lenha e moos alhos e çebollas e escudo e
lamça e cuytello ou espada e capello ou capellina e carrom e folles de ferreyro e
fozil e isca e pederneira e pedras, per çima do muro, (...)”
(Nobiliario (ou Livro das linhagens) do Conde D. Pedro, do século XIII ou XIV, in
TA, § 3º., l. 10 – 18, p. 42)
527
2766
Ferraduras – s. f. pl.
“e tem´o freo e esporas non;
é velh´e sesgo nas arquilhaduras;
e non encalçaria um leiton,
e encalçaria mil ferraduras.”
(LPGPI – 49,2. – p. 331 – vv. 4 – 7)
2767
Feruura – s. f. sg. (<Fervura>)
tam tomarão hos tutanos q estarã/pasados por huũa feruura e corta/losão
muyto meudynhos e asy (...)”
(TCP – l. 86 – 88, p. 11)
2768
Feruura – s. f. sg. (<Fervura>)
“E sempre se deit nestas casquinhas/a cõserua feruemdo. e pera milhores dês/q
for cortadas e deitadas na agoa frja/darlheã huã feruura pequena e toma/lasão a
deitar na aguoa frja e amdarã tres dias. (...)”
(TCP – l. 809 – 814, p. 85)
2769
Feruura – s. f. sg. (<Fervura>)
“(...) e a panela [de Perynhas] este/mujto abafada e ao outr
o
dia laçarão/a cõserua
hũu tacho e darlheão huũa/feruura q se posa cozer hũa pesca/da fresqua e
tornarão a frjar a cõ/serua q fique mais de morna (...)”
(TCP – l. 951 – 956 – p. 97)
2770
Feruuras – s. f. pl.
“(...) e darlhe/am [nas Perynhas] estas feruuras cada vez mayor. oi/to dias/e os
outros dias feruãnas hũu/dia e outro não e se aos qijze dias nã/for feitas
feruãnas hũu par de/dias mais. (...)”
(TCP – l. 956 – 961, p. 97)
2771
Fervura – s. f. sg.
“Destes quimze dias darlheão huã fer/vura aos limões na cõserua e
lamcarlhe/lhão huã pouqua daguoa de frol/.
(TCP – p. 93 – l. 891 – 893)
528
2772
Fervura – s. f. sg.
“(...) e estes tres dias/deradejros cada dia lhe darã huã fer/vura boa na agoa
abobara demtro”
(TCP –l. 999 – 1001, p. 101)
2773
Folgura – s. f. sg.
“(…) e começou falar de si a el dizendo: ´Agora leixas, Senhor, ou leixarás
falando per maneira de desejar, scil., ora leixasses – o teu servo, que se vaa desta
vida em paz e em folgura do coraçom,que vaa haver réquie e repousamento no
seo de Abraam. (…)”
(LVC, Cap. XII, fl. 41, d, § 477, l. 6 – 10, p. 169)
2774
Fremosura – s. f. sg. (<Formosura>)
“Disse m´el : Senhor, creede
que a vossa fremosura
mi faz gram mal sem mesura,
porem de mi vos doede;”
(LPGPI – 25,38. – p. 194 – vv. 15 – 18)
2775
Fremosura – s. f. sg. (<Formosura>)
“(...) os Reis de virtude corporal, mas ainda spiritual, pois, quanto a fremusura do
spritu tem avantagem da do corpo, tanta a justiça em no Rei he mais neçessaria
que outra fremosura.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 15 – 18, p. 61)
2776
Fremusura – adj. f. sg. (<Formosura>)
“(...) os Reis de virtude corporal, mas ainda spiritual, pois, quanto a fremusura do
spritu tem avantagem da do corpo, tanta a justiça em no Rei he mais neçessaria
que outra fremosura.”
(CDPI, Prólogo, § 1º., l. 15 – 18, p. 61)
2777
Fresura – s. f. sg.
“E neste espaço meteron as tripas e a fresura como o coraçom, todo o tijinham
529
guardado”
(Innfannte Santo, cap. 39, p. 112, apud DLPA, p. 341, verb. Fresura)
2778
Friura – s. f. sg.
“(...) e muitas [aves] hi que por razom da friura do inverno se partem desta [a
terra de Zaara] terra, e se vaão buscar aquella [terra de Guinee] por causa de sua
queentura, (...)”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 17 – 20, p. 68)
2779
Fumduras – s. f. pl. (<Funduras>)
“(...) Pois quamto aas oraçoões pareçeme que a assaz sera Deos seruido per
semelhamte modo, quamdo per sua graça aquellas casas em que sse agora serue
e adora o nome de Mafamede, cuja alma por seus justos meriçimentos he
sepultada nas fumduras do jmferno,/forem acompanhadas de clerigos e
rreligiosos, homde de noite e de dia se sirua e adore o seu samto nome.”
(CTC, Cap. xx., § 1º., l. 26 – 31, p. 52 e l. 1 – 3, p. 53)
2780
Gramdura – s. f. sg. (Grandura>)
“[...] de boa gramdura e rrapados [os cabelos] ataa per cjma das orelhas. [...]”
(VCPVC – fl. 2v – l. 20 – 21)
2781
Ganhadura – s. f. sg.
“... quantaque aueo de auolenga et de meã parentela quam etiam et de meã
ganhadura...”
(Machado, v. III, p. 122, apud DLPA, p. 349, verb. Granhadura)
2782
Grandura – s. f. sg.
“... nam oulhando o tempo e a disposição en que estão, nem a grandura dos
prumadas”
(Falcoaria, p. 20, apud DLPA, p. 356, verb Grandura)
2783
Grandura – s. f. sg.
“A pequena grandura dhum batel,
MoStra a poSSante não, que moue eSpanto
530
Vendo que Se SoStem nas ondas tanto.”
(LUS., Canto VI, estrofe 35, vv. 1 – 2, p. 68)
2784
Grosura – s. f. sg. (<Grossura>)
“(...) e fazem os Robos [da maca de partes lepaldados] q saõ de/dous palmos
cõprido e despois deste Rolo feyto da grosura q saõ necesarios pera os pastes e
cortão/este Rolo talhadas q naõ sejaõ mais largas q /dous dedos taõ poem as
talhadas asy dereytas huã tauoa (...)”
(TCP – p. 33 – l. 330 – 335)
2785
Grosura – s. f. sg. (<Grossura>)
“e nesta [feruura] dietarão aguoa de frol e amis/quer. ade fiquar quãdo se acabar
de fa/zer a cõserua/ da grosura de mel. e ha/de amdar Spre cuberto/por q
azede. (...)”
(TCP – p. 83 – l. 778 – 782)
2786
Grosura – s. f. sg. (<Grossura>)
“(...) e soualaão [a masa] muyto/b souada e farão bolos camanhos e da grosura
q qujser e picalosão/muyto picados/cõ hũu Fuso e co/zelosão de manejra q Fiqu
biscoutados q Se posão moer e juejra/losão por hũa pineyra Rala muyto/ou muyto
basta (...)”
(TCP – pp. 125 e 127 – l. 1305 – 1336)
2787
Grosuras – s. f. pl. (<Grossuras>)
“e as sas res sempre magra[s] son;
mais nas queixadas á fortes grossuras.”
(LPGPI – 49,2. – p. 331 – vv. 15 – 16)
2788
Inchadura – s. f. sg.
“... partia-lhe aquella inchadura em quatro partes muy mansamente...”
(Fr. Menores, v. I, p. 288, apud DLPA, p. 373, verb. Inchadura)
2789
Jactura – s. f. sg.
“Fácil é a perda aqui da sepultura;/Diógenes prudente e Teodoro/pouco sentem do
531
corpo essa jactura
(Camões, “Elegia II”, in Obras Completas, apud DLPA, p. 381, verb. Jactura)
2790
Letradura – s. f. sg.
“(...) Ca o rreligioso/que dondo e obediẽte he a ssa or[], quando [ha] bõa
letradura e bõa fama que dous [cascavees] que [tinẽ] e soa muy longe, ca
per/........................................................................................... [co]nhoçudo de õs
e/......................................................... [pela sa] bença [que] ha e pela/.....................
............................................................ [eges] e os cristãos//maaos tira-os e tira-os
dos estados maaos”
(LA, VI, vv. 17 – 23, p. 24; VII, v. 1, p. 24)
2791
Longura – s. f. sg.
“(…) E a igualeza ou dignidade dos fructos nom se compensa nem por longura do
tempo, como por a contriçom do coraçom, porque acêrca de Deus nom val tanto a
medida do tempo nem do trabalho nem a abstinência e jejuũ dos II dos manjares,
quanto val/o mortificamento dos pecados; (…)”
(LVC , Cap. XX, fl. 69, a – b – c, § 772, l. 9 – 16, p. 279 – 280)
2792
Longura – s. f. sg.
“(...) outras, aves, e peixes, que achei que em aquella terra [Guinee], das quais
som primeiramente huãs aves que se chamam framengos, que som de grandeza
das garças, iguais na longura dos pescoços, empero de pouca pena, e as
cabeças razoadas em comparaçom dos corpos, mas os bicos som grossos,
emepero curtos, e tam pesados que o pescoço o nom pode bem soportar, de
guisa que por sua ajuda sempre o bico teem pegado a as pernas, ou a as penas
os demais do tempo.”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 3 – 13, p. 69)
2793
Longura – s. f. sg.
“Ves Pam, Patane, reinos, &a longura
De Syão que eStes &outros mais Sujeita”
(LUS., Canto X, estrofe 125, vv. 5 – 6, p. 182)
2794
Loucura – s. f. sg.
“en tal razon, mais sei sempr´acordado
532
de seeres parado de loucura.”
(LPGPI – 30,28. – p. 260 – vv. 20 -21)
2795
Loucura – s. f. sg.
“Ca el ven quebrando con grand´ardura
con este mandado que ouy ja,
e ferv-lh´o sangui e fará loucura
(LPGPI – 60,12. – p. 366 – vv. 15 – 17)
2796
Loucura – s. f. sg.
“Ja eu faley en folia
con vosqu´[e] en gran cordura,
e sen e en loucura,”
(LPGPI – 70,39. – p. 457 – vv. 13 – 15)
2797
Loucuras – s. f. pl.
“Non vos contarei mais eu sas feituras;
mais, com´eu creo no meu coraçon,
quen x´en gran guerra andass´a loucuras,”
(LPGPI – 49,2. – p. 332 – vv. 22 – 24)
2798
Machocaduras – s. f. pl. (<Machucaduras>)
“(...) e tomarejs/a galinha e darlheis tres machoca/duras huũ gral e deitalaeis
no/leite q ja estara no tacho deitar/lheis a farjnha do aRoz/e deitar/
lheis sal
q se tempere muyto”
(TCP – p. 61 – l. 572 – 577)
2799
Mataduras – s. f. pl.
“non corre senon pelas mataduras,
nen traz caal, se enas unhas non,
u trage mais de cen canterladuras;”
(LPGPI – 49,2. – p. 331 – vv. 10 – 12)
2800
Mesura – s. f. sg.
533
“Pois sempre em vós mesura
e todo bem a cordura,
que Deus fez em vós feitura
qual nom fez em molher nada,
doede-vos por mesura
de mim, senhor bem talhada.
(LPGPI – 25, 111. – p. 229 – vv. 7 – 12)
2801
Mesura – s. f. sg.
“May´ - la mesura que tanto valer,
Señor, sol senpr´a quen – na Deus quer dar,”
(LPGPI – 43,17. – p. 297 – vv. 14 – 15)
2802
Mesura – s. f. sg.
“Perç´eu corp´; e vos perderdes i
vossa mesur(a) e quant´eu valh´em mi.”
(LPGPI – 44,3. – p. 303 – vv. 5 – 6; 11- 12; 17 - 18)
2803
Moluras – s. f. pl.
“(...) Moralmente, o demo ameúde nos convida que a pedra, scil., a dureza da
peendença tornemos em pam, scil., em dilicamentos e moluras, dizendo: ´Já filho
de Deus és; nom hás mester tanta aspereza nem peendença. (...)”
(LVC, Cap. XXII, fl. 75, § 849, l. 8 – 13, p. 309)
2803
Mortura – s. f. sg.
“... tanta mortura de homẽes bõos”
(Graal, apud Magne, Glossário, p. 268, apud DLPA, p. 436, verb. Mortura)
2804
Negregura – s. f. sg.
“todo o seu corpo era tornado em negregura
(Fr. Menores, v. I, p. 313, apud DLPA, p. 440)
2805
Perfumaduras – s. f. pl.
534
“Eu vendo perfumaduras/que ponho as no embigo/se saluam as crianças”
(Gil Vic., Auto da Feira, apud Machado, v. IV, p. 343, apud DLPA, p. 469, verb.
Perfumadura)
2806
Pintura – s. f. sg.
“Me detenho, em tomar do sol a altura
E compaSSar a vniverSal pintura
(LUS., Canto V, estrofe 26, vv. 7 – 8, p. 84)
2807
Pintura – s. f. sg.
“Ali tinha em retrato affigurada
Do alto &Sancto Spirito a pintura,
A cândida Pombinha debuxada,”
(LUS., Canto II, estrofe 11, vv. 1 – 3, p. 21)
2808
Postura – s. f. sg.
“Pero em tod´ome cabe,
en que á sem e cordura
que se agarde tal postura,”
(LPGPI – 30,25. – p. 259 – vv. 13 – 15)
2809
PoS
SS
Stura – s. f. sg.
“Os olhos encouados, &a poS
SS
Stura
Medonha &mia, &a cor terrena &palida,”
(LUS., canto V, estrofe 39, vv. 5 – 6, p. 86)
2810
Pregadura – s. f. sg.
“É sa sela muito dura
e dana sa pregadura,
mais non a for de Castela.”
(LPGPI – 77,11. – p. 503 – vv. 1 – 3)
2811
Queentura – s. f. sg. (<Quentura>)
“... as cousas que a queentura do sol queimou de dia ou muschou, de nocte
refrescam”
535
(Vita Christi, fl. 107c, apud DLPA, p. 493, verb. Queentura)
2812
Queentura – s. f. sg. (<Quentura>)
“(...) E os nossos [homeẽs] assy como amdauam muy camssados por razzam do
trabalho, e assy por força da queentura que passaram, começaram de sse
apousemtar aquelles que ajmda nom eram apousemtados.”
(CTC, Cap. lxxxvij., § 1º., l. 7 – 11, p. 97)
2813
Queentura – s. f. sg. (<Quentura>)
“(...) e muitas [aves] hi que por razom da friura do inverno se partem desta [a
terra de Zaara] terra, e se vaão buscar aquella [terra de Guinee] por causa de sua
queentura, (...)”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 17 – 20, p. 68)
2814
Quentura – s. f. sg.
“Hum miniStro aa Solar quentura veda,
Que não offenda & queime o Rei Subido:”
(LUS., Canto II, estrofe 96, vv. 3 – 4, p. 35)
2815
Queixaduras – s. f. pl.
“en feúza daqueste cavalon,
falecer-lh´-ia el nas queixaduras;”
(LPGPI – 49,2. – p. 332 – vv. 25 – 26)
2816
Rancura – s. f. sg.
“Omde assi aveo, segumdo dissemos, que na morte de Dona Enês, que el Rei
Dom Affonso, padre del Rei Dom Pedro [I] de Purtugal seemdo entom Iffamte,
mandou matar em Coimbra, forom mui culpados pello Iffamte Diego Lopez
Pacheco e Pero Coelho e Alvoro Gomçalvez, seu meirinho moor, e outros muitos
que el culpou; mas assiinadamente contra estes tres teve o Iffamte mui grande
rancura; (...)”
(CDPI, Cap. XXX, § 2º., l. 12 – 19, p. 91)
2817
Rancuras – s. f. pl.
536
“e agora, ei coitad´a viver
e nen son poucas par Deus, mias rancuras,”
(LPGPI – 4,1. – p. 85 – vv. 10 – 11)
2818
Rascadura – s. f. sg.
“Entom lhe fazia mostrar braço ou perna contra as voontade, e de ũa
rascadura pequena contava tal golpe, e como o sofrera, que parecia façanha
d´ouvir, e dezia logo: (...)”
(QCDJI, Cap. 12., § 4º., l. 14 – 17, p. 76)
2819
Rosura – s. f. sg.
“... o alvo cor de carne e a rosura igualmente se dá aos vergonhosos”
(Da pintura antiga, v. I, cap. 13, p. 113, apud DLPA, p. 514, verb. Rosura)
2820
Scritura – s. f. sg. (<Escritura>)
“... ocupamos nossa scritura no recontamento da venda dos mouros”
(Guiné, v. II, p. 47, apud DLPA, p. 501, verb. Recontamento)
2821
Scriptura – s. f. sg.
“In nomini Domini. Ego Odario Dauis ideo placuit mici, asto animo et bone pacis
uolumtas, ut facere tiui, iermana meã Trudilli, sicut et facio tiui, scriptura
domationis et firmitatis de uilla nostra propria nominata Freiseno, que iace inter
ambas Labrugias, subtus Ciuitas Albarelios et Castro de Boue, território
bragarense et portugalense. (...)”
(Doação, Ano de 907, in TA, § 1º., l. 12 – 18, p. 11)
2822
Secura – s. f. sg.
“Partidas assi aquellas seis caravellas, levarom seu caminho ao longo da costa, e
andarom assi tanto que passarom aa terra de Zaara, dos Mouros que som
chamados Azanegues, a qual terra he assaz boa d´estremar da outra, por razom
das muitas areas que hi há, e des i verdura, que em ella nom parece, e esto é
pollo fallecimento das auguas, que geera em ella grande secura.”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 4 – 12, p. 68)
2823
Sepultura – s. f. sg.
537
“Fácil é a perda aqui da sepultura;/Diógenes prudente e Teodoro/pouco sentem
do corpo essa jactura”
(Camões, “Elegia II”, in Obras Completas, apud DLPA, p. 381, verb. Sepultura)
2824
Sepultura – s. f. sg.
“´Onde, antre tantos ramos de mirra bem cheirante, nom leixei a mirra que em a
cruz beveu, nem aquela com que foi ungido na sepultura, das quaaes na primeira
ajuntei a amargura dos meus pecados e na segunda a corruçom do meu corpo
viindoira. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 4, d, § 28, l. 1 – 6, p. 13)
2825
S
SS
Sepultura – s. f. sg.
“Serey eterna &noua S
SS
Sepultura
Por juizos incógnitos de Deos:”
(LUS., Canto V, estrofe 83, vv. 3 – 4, p. 87)
2826
S
SS
Sepultura – s. f. sg.
“Quam facil he ao corpo a S
SS
Sepultura
(LUS., Canto V, estrofe 83, v. 5, p. 93)
2827
S
SS
Sepultura – s. f. sg.
“Nam vedes a diuina S
SS
Sepultura
PoSSuida de cães, que Sempre vnidos
Vos vem tomar a voSSa antiga terra,
Fazendo Se famoSa pela guerra?”
(LUS., Canto VII, estrofe 9, vv. 5 – 8, p. 115)
2828
Simgraduras – s. f. sg. (<Singraduras>)
“[...] da marinhajem e simgraduras do caminho nõ darey aquy cõta a vossa alteza
[...]”
(VCPVC – fl. 1 – l. 11 – 13)
2829
Sopoltura
– s. f. sg. (<Sepultura>)
538
“(...) E forom suas exéquias [d´el Rei Dom Fernamdo] e sopoltura muito
simprezmente feitas, segumdo perteemçia a estado de Rei.”
(CDF, Cap. CLXXII, § 5º., l. 4 – 6, p. 137)
2830
Spartedura – s. f. sg. (<Espartedura>)
“(...) e no meo da cabeça tiinha [Jesu Cristo] ũa spartedura, segundo costume
dos Nazareus; (...)”
(LVC, Prólogo, § 53, l. 11 – 12, p. 21)
2831
Spessura – s. f. sg. (<Espessura>)
“(...) e, assi [o Guineu ] indo, se colheo a huũ boosco, acompanhado de muita
spessura de/,mato, onde os outros [homeẽs], cuidando que o tiinham,
trabalhando-se de o buscar, êlle era já em sua choça, com entençom de segurar
seus filhos, e filhar sua arma que com êlles deixara.”
(CFG, Cap. VIII, § 1º., l. 29 – 30, p. 77; l. 1 – 4, p. 78)
2832
Timtura – s. f. sg. (<Tintura>)
“[...] e amdauam hy outrros quartejados de cores .s. deles a meetade da sua
propria cor e a meetade de timtura negra maneira dazulada e outros quartejados
descaques./”
(VCPVC – fl. 4 – l. 21 – 24)
2833
Timtura – s. f. sg. (<Tintura>)
“[...] e aqueles [ouriços] herã cheos dhuũs graãos vermelhos pequenos, que
esmagandoos antre os dedos fazia timtura muito vermelha [...]”
(VCPVC – fl. 8v – l. 27 – 29)
2834
Tristura – s. f. sg.
“ca de viver eu tan gran tristura
Deus, senhor, non-o mande!”
(LPGPI – 30,23. – p. 258 – vv. 21 – 24)
2835
Untura – s. f. sg.
539
“Aquel que segue a Cristo nem pode errar nem seer enganado. E pera seguir e
guaançar as suas virtudes se acende e esforça o coraçom per meditaçom, del
ameúde usada, e é alumeado per virtude divinal, entanto que muitos forom sem
lêteras e símplezes, que conhocerom grandes e profundas II cousas de Deus,
porque/ali é achada untura que, purificando a alma pouco e pouco e alevantando-
a ensina-a de tôdalas cousas. (...)”
(LVC, Prólogo, fl. 5, d; 6, a, l. 1 – 11, p. 18 – 19)
2836
Vastura – s. f. sg.
“(...) Maravilhosa conversaçom de cousas, que o homem, que ainda
escassamente entrara no mundo, fugisse da glória do mundo/e nom solamente se
esquecesse de cobiiças do mundo, mas ainda nom as quisesse saber e fezesse
perpétua companhia com Deus. As saídas ou acabamentos dos montes e a
espessura do mato, e a [vastura] dos vales ou baixura dêles eram as casas e
moradas do moço patriarca, quando [a noite] o constrangeu. (...)”
(LVC, Cap. XIv, fl. 47, c – d, § 543, l. 12 – 13, p. 193)
2837
Verdura – s. f. sg.
“Partidas assi aquellas seis caravellas, levarom seu caminho ao longo da costa, e
andarom assi tanto que passarom aa terra de Zaara, dos Mouros que som
chamados Azanegues, a qual terra he assaz boa d´estremar da outra, por razom
das muitas areas que hi há, e des i verdura, que em ella nom parece, e esto é
pollo fallecimento das auguas, que geera em ella grande secura.”
(CFG, Cap. VII, § 1º., l. 4 – 12, p. 68)
2838
Verdura – s. f. sg.
“Tal eStà o caualeiro que a verdura
Tinge co Sangue alheyo, ali perecem”
(LUS., Canto IV, estrofe 35, vv. 5 – 6, p. 68)
2839
Verdura – s. f. sg.
“Claras fontes &limpidas manauão
Do cume, que a verdura tem viçoSa,
Por entre pedras aluas Se diriua,
A Sonorosa Limpha fugitiva.”
(LUS., Canto IX, estrofe 54, vv. 5 – 8, p. 154)
540
2840
Verduras – s. f. pl.
“(...) De esguardar é a tôrtore quando é viúva, em como fortemente comple e
nunca se enfada de fazer a santa obra da viüvidade: vee-la-ás, onde quer que
seja, soo e sempre a [tôrtore] ouvirás gemer e nunca a veerás pousar em ramo
verde, por tal que tu aprendas dela afastar-se peçonhentas verduras dos
delectos; (...)”
(LVC, Cap. XII, fl. 41, b, § 470, l. 17 – 24, p. 167)
2841
Vestidura – s. f. sg.
“(...) A sua jazeda [de Joam] era a terra natal, e as covas eram a sua casa, e o
cabelo era a vestidura, e o coiro cinta e, a água era seu bever e a locusta já dita
seu manjar. E assi nom soo ensinou desprezar o mundo, mas chorar os pecados
de tôda a geeraçom humanal.”
(LVC, Cap. XVII, fl. 56, a, b, § 646, l. 8 – 14, p. 231)
2842
Vestidura – s. f. sg.
“E, seguindo-o as gentes com grande prazer, s lhe tratavam a rédea da besta,
outros das faldras da vestidura; e braadando todos, deziam altas vozes que os
nom quisesse desemparar, (...)”
(QCDJI, Cap. 5., § 2º., l. 19 – 22, p. 31)
2844
Vistiduras – s. f. pl. (m. q. <Vestiduras>)
“... huã virgem com cabelos longos... e as suas vistiduras velhas...”
(Corte Imperial, p. 149, apud DLPA, p. 564, verb. Vistidura)
541
CORPUS – REFERÊNCIAS
Para a montagem e elaboração do Corpus, foram utilizadas as seguintes Obras:
ACIOLI, V. L. C. A Escrita no Brasil Colônia: um guia para leitura de documentos
manuscritos. Apresentação de Leonardo Dantas Silva. Prefácio de José Antônio
Gonsalves de Mello. Recife: Universidade Federal de Pernambuco/Editora
Universitária/Fundação Joaquim Nabuco/Massangana, 1994. (Série Descobrimentos).
BREA, M. (Coord.). Lírica Profana Galego-Portuguesa Vol. I. Corpus completo das
cantigas medievais, con estudio biográfico, análise retórica e bibliografía específica.
Santiago de Compostela, Centro de Investigacións Linguísticas e Literarias Ramón
Piñeiro, 1966.
CAMINHA, P. V. de. Carta de Pero Vaz de CUNHA, In: PEREIRA, S. B. Vocabulário
da CARTA de Pero Vaz de Caminha. Apresentação do Vocabulário da CARTA de
Pero Vaz de Caminha, de Antônio Geraldo da Cunha. Rio de Janeiro: Instituto Nacional
542
do Livro/Ministério da educação e Cultura, 1964. (Col. TEXTOS E VOCABULÁRIOS, 3.
Seguido da reprodução fac-similar e da leitura diplomática do manuscrito autógrafo.
Preparado pelo Professor Silvio Batista Pereira).
CAMÕES, L. V. de. Os Lusíadas. Edição fidedigna, fac-similada, editada pela XEROX
DO BRASIL S.A. REPRODUÇÕES GRÁFICAS. Rio de Janeiro: XEROX DO BRASIL,
1972.
CARTUSIANO, L. O Livro de Vita Christi. Em Lingoagem Português. Vol. I. Edição
fac-similar e crítica do incunábulo de 1495 cotejado com os apócrifos por Augusto
Magne, S. J. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura/Casa de Rui Barbosa,
1957.
CUNHA, A. G. (Org. e Dir.) Coisas Notáveis do Brasil. Vol. I. Reprodução fac-similar e
transcrição dos manuscritos quinhentistas da Biblioteca da Real Academia de la
Historia, de Madrid, e da Biblioteca da Universidade de Coimbra. Edição preparada por
A. G. Cunha. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro/Ministério da Educação e
Cultura, 1966.
_____. Livro das Aves. Reprodução fac-similar do manuscrito do séc. XIV; introdução;
leitura crítica; notas e glossário. Edição preparada por Jacira Andrade Mota, Rosa
Virgínia Matos, Vera Lúcia Sampaio e N. Rossi, sob orientação e direção dêste. Rio de
Janeiro: Instituto Nacional do Livro/Ministério da Educação e Cultura, 1965.
_______. Um Tratado da Cozinha Portuguêsa do Século XV. Reprodução fac-similar
do ms. I-E-33 da Biblioteca Nacional de Nápoles; leitura diplomática; leitura moderna e
índice de vocábulos. Edição preparada pelo Professor Antônio Gomes Filho. Rio de
Janeiro: Instituto Nacional do Livro/Ministério da Educação e Cultura, 1963.
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estudantes do Curso Gymnasial. Rio de Janeiro/São Paulo/Belo Horizonte: Paulo
Azevedo & C., s.d.
LOPES, F. Crónica de D. Fernando. In: SOARES, T. de S. (Introdução, selecção e
notas). Crónica de D. Fernando. 2ª. ed. corrigida. Lisboa: Livraria Clássica Editora, s.d.
(Clássicos Portvgveses – Trechos escolhidos – Fernão Lopes II)
_______. Crónica de D. Pedro I. In: SOARES, T. de S. (Introdução, selecção e notas).
Crónica de D. Pedro I. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1943. (Clássicos Portvgveses
– Trechos escolhidos – Séculos XIII a XV – Prosa – Fernão Lopes I).
_______. Quadros da Crónica de D. João I. In: LAPA, R. (Selecção, prefácio e notas).
Quadros da Crónica de D. João I. 9ª. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1956.
(Textos Literários).
MACHADO, J. P. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa – 5 vol. Com a mais
antiga documentação escrita e conhecida de muitos vocábulos estudados. 8. ed.
Lisboa: Livros Horizontes, 2003. [Vol. I: – A – B; Vol. II: C – E; Vol. III: F – L; Vol. IV: M –
P; Vol. V – Q – Z].
MARTINS, A. M. (Org.). Documentos Portugueses do Noroeste e da Região de
Lisboa. Da Produção Primitiva ao Século XVI. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da
Moeda, 2001.
MOREIRA, Z. C. Dicionário da Língua Portuguesa Arcaica. Natal: EDUFRN, 2005.
VASCONCELLOS, J. L. de. Textos Arcaicos. Para Uso da Aula de Filologia
Portuguesa de Letras da Universidade de Lisboa. Coordenados, Anotados e Providos
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de um Glossário pelo D.
or
J. Leite de Vasconcellos. Com breves anotações pelo Prof.
Serafim da Silva Neto. 4. ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, s.d.
VERDELHO, T. Índice Reverso de “Os Lusíadas”. Coimbra: Biblioteca Geral da
Universidade, 1981. [Publicação subsidiada pelo Instituto Português do Património
Cultural.]
ZURARA, G. E. de. Crónica dos Feitos de Guiné. In: PIMPÃO, Á. J. da C. (Prefácio,
selecção e notas). Crónica dos Feitos de Guiné. Lisboa: Livraria Clássica Editora,
1942. (Col. Clássicos Portvgveses – Trechos Escolhidos.)
_______. de. Crónica da Tomada de Ceuta. In: PIMENTA, A. (Introdução, selecção e
notas). Crónica da Tomada de Ceuta. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1942. (Col.
Clássicos Portvgveses – Trechos Escolhidos – Séculos XIII a XIV - Prosa.)
VICENTE, G. Gil Vicente Obras Completas. 6. vol. Com prefácio e notas do Prof.
Marques Braga. Lisboa: Livraria da Costa, 1944. [O vol. VI acompanha o Glossário,
os Autores Citados e a Bibliografia.]
AFONSO II. Testamento de Afonso II. In: CASTRO, I. Curso de História da Língua
Portuguesa. Colaboração de Rita Marquilhas e J. Léon Acosta. Lisboa: Universidade
Aberta, 1991. (Texto de Base – 39 (Cursos Formais)).
PEREIRA, S. B. Vocabulário da CARTA de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro:
Instituto Nacional do Livro/Ministério da educação e Cultura, 1964. (Col. TEXTOS E
VOCABULÁRIOS, 3. Seguido da reprodução fac-similar e da leitura diplomática do
manuscrito autógrafo. Preparado pelo Professor Silvio Batista Pereira).
545
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