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acaba atraindo todo tipo de gente. Isso é uma das mudanças da cidade que
dificulta esse tipo de festa. Cresce a violência e já viu. Nós já tivemos até
assassinato ao redor da festa. Isso é um complicador que não depende
nem da Irmandade, nem dos organizadores, porque é um problema do
Poder Público. Coisas imponderáveis, porque a violência é um fato no
país inteiro e aqui na região tem crescido nos últimos anos. Naturalmente
o aumento da violência acaba por dificultar manter esse tipo de festa. Eu
não sei como resolver isso. Mas uma das medidas que nós tomamos em
2005, foi alterar a programação dos shows, para resgatar mais a presença
das famílias (Amaro Lúcio da Silva. Festeiro em 2002 e membro da
Comissão Financeira. Entrevista em 23/12/2005).
A necessidade de mudanças na programação, também podem ser percebidas nas
palavras do Sr. Frederico Tadeu da Silva:
Eu corroboro com as mudanças em se retirar shows, como a banda
Zawaju’s, e trazer atrações mais locais, mais calmas. Eu acho que isso é
melhor porque tumultua menos a festa. Se você colocar uma banda de
pagode ou rock é uma coisa que tumultua. Porque a praça Getúlio Vargas
fica cercada por morros, ela fica bem no centro. Então é claro, como a
festa tem o caráter popular fica aberta para todo mundo. Então como
descem pessoas boas, descem pessoas ruins. Tanto que em 2003, foi
horrível! Aquele parquinho ficou lotado de gente. Torna-se até questão de
segurança. Em 2004, houve tiroteio na Av Hercílio Luz. O nosso pessoal
do crepe tava saindo e o tiro comendo. É uma coisa que preocupou e nós
organizadores, tomando a precaução de: “Não! Vamos fazer uma festa
mais de dia”. Daí da pra perceber que em 2005 as programações
encerraram antes... Pra voltar aquela coisa de festa da família. Aumentou
a segurança e aumentou a questão da tranqüilidade, porque as pessoas vão
lá, almoçar, ver as crianças se apresentarem, ver os shows culturais, boi
de mamão... Torna-se uma coisa mais atrativa para as famílias. Pra
juventude já não é tão atrativo (Frederico Tadeu da Silva, Ex-secretário e
membro do EMAUS e Irmão da IDES. Entrevista realizada em
23/12/2005).
A partir do fato ocorrido em 2004, a comissão organizadora de 2005 se reuniu com 10
meses de antecedência da data de realização da festa e realizou 14 reuniões gerais, para rever
as ações adotadas e o planejamento da festa. De acordo com o provedor da Irmandade
Atualmente nos tivemos um cuidado, porque começou a ficar muito
perigoso. Hoje qualquer conglomerado desse é perigoso. Vinha a negada
do morro, a nata da vagabundagem, com droga e tudo. Começamos a
mudar e hoje não tem mais isso! A música é toda mais popular, com
crianças, coro, boi de mamão. Voltamos com o folclore! Boi de mamão,
pau de fita... Essas coisas que são da tradição açoriana. Então voltamos a
trazer pessoas. As pessoas de classe social mais alta voltaram a fazer
parte da festa. (Washington do Valle Pereira. Provedor da Irmandade do
Divino Espírito Santo. Entrevista em 06/07/2005).