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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica e de Minas
Dissertação de Mestrado
“A influência de floculantes poliméricos
na formação de pastas minerais”
Autor: André Falcucci
Orientador: Armando Corrêa de Araujo
Abril/2007
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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA METALÚRGICA E DE
MINAS
André Falcucci
“A INFLUÊNCIA DE FLOCULANTES POLIMÉRICOS NA FORMAÇÃO DE
PASTAS MINERAIS”
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Engenharia Metalúrgica e de Minas da Universidade Federal de Minas Gerais
Área de concentração: Tecnologia Mineral
Orientador: Professor Armando Corrêa de Araujo
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2007
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ii
ESPAÇO RESERVADO PARA A FOLHA DE APROVAÇÃO CPGEM
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais,
Francisco e Ione.
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos ao meu orientador,
professor Armando Corrêa de Araujo, pois sem sua orientação esta dissertação
jamais se completaria.
Gostaria também de agradecer aos meus amigos Christian Anthony Hernandez
Osório e Gustavo Queiroz pela inestimável ajuda.
À Companhia Brasileira de Alumínio, na pessoa do engenheiro Christian
Fonseca de Andrade, pela cessão das amostras e suporte oferecido ao longo
do desenvolvimento dos trabalhos.
À Companhia Vale do Rio Doce, na pessoa do Dr. Eliomar Evaristo Ferreira,
pelos ensaios de caracterização reológica.
Considero-me uma pessoa de sorte por ter tido a chance de discutir assuntos
com pesquisadores com tanta experiência como meus professores, George
Eduardo Sales Valadão, Paulo Roberto de Magalhães Viana, Roberto Galéry,
Paulo Roberto Gomes Brandão e Antônio Eduardo Clark Peres, obrigado a
todos vocês.
Também, gostaria de agradecer a Renata Teixeira Forte pela imensa
dedicação, apoio e paciência em todos os momentos.
Finalmente gostaria de agradecer à minha família pelo apoio incondicional, pois
sem vocês eu jamais teria chegado até aqui. Obrigado pai e mãe por
acreditarem em mim durante toda a minha vida.
v
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................. 1
2. OBJETIVOS..................................................................................... 5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................. 6
3.1 Circuitos típicos de beneficiamento de bauxita.............................. 6
3.2 Pastas minerais................................................................................ 9
3.3 Floculação........................................................................................ 15
3.4 Reologia........................................................................................... 29
3.5 Manuseio......................................................................................... 34
4. METODOLOGIA.............................................................................. 40
4.1 Composição e preparação das amostras........................................ 41
4.2 Caracterização................................................................................. 42
4.3 Ensaios de sedimentação................................................................ 42
4.4 Reagentes........................................................................................ 43
4.5 Tensão de escoamento e viscosidade............................................. 43
4.6 Planejamento fatorial........................................................................ 43
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................... 45
5.1 Caracterização................................................................................. 46
5.2 Ensaios de sedimentação................................................................ 50
5.3 Reologia........................................................................................... 61
6. CONCLUSÕES................................................................................ 68
6.1 Caracterização................................................................................. 68
6.2 Sedimentação.................................................................................. 68
6.3 Reologia........................................................................................... 69
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................... 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................. 72
APÊNDICE I..................................................................................... 79
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Exemplo de um espessador convencional. (Slotee, 2001)
Figura 1.2 Exemplo de um espessador de pastas. (Fogwill, 2005)
Figura 1.3 Evolução do desenho básico dos espessadores. (Fogwill, 2005)
Figura 3.1 Fluxograma de processo da Mineração Rio do Norte – MRN.
Figura 3.2 Fluxograma de processo de Juruti – Alcoa.
Figura 3.3 Fluxograma de processo de Miraí – CBA.
Figura 3.4 Exemplo de uma pasta mineral. (Slotee, 2005)
Figura 3.5 Comparativo entre disposição como polpas de alta densidade e
pastas minerais. (Hernandez et al., 2005)
Figura 3.6 Transição entre polpas diluídas e pastas minerais. (Fogwill, 2005)
Figura 3.7 Sistema de disposição com torre central. (Theriault et al., 2003)
Figura 3.8 Esquema típico de transporte e manuseio de pastas. (Dorr-Oliver
Eimco Catalog, 2003)
Figura 3.9 Estrutura química dos polímeros floculantes. (Valadão, 2004)
Figura 3.10 Conformação de um polímero sobre a superfície da partícula.
(Hogg, 2004)
vii
Figura 3.11 Velocidade de sedimentação de caulim com diferentes dosagens
de floculantes. (Besra et al., 2005)
Figura 3.12 Turbidez do líquido sobrenadante para uma amostra de travertino.
(Ersoy, 2005)
Figura 3.13 Estrutura atômica da Caulinita. (Dana, 1960)
Figura 3.14 Energia de interação entre partículas de calcopirita e pirita.
(Mitchell et al., 2005)
Figura 3.15 Representação esquemática da Dupla Camada Elétrica (DCE) e
do potencial na interface sólido-líquido. (Fuesternau et al., 2005)
Figura 3.16 Potencial Zeta de uma amostra de Caulinita.
(Araujo e Galery, 1987).
Figura 3.17 Planejamento fatorial 2
3
. (Sheridan et al., 2002)
Figura 3.18 Planejamento fatorial 2
2
Figura 3.19 Classificação do comportamento reológico de diferentes tipos de
suspensões. (Ferreira et al., 2005)
Figura 3.20 Tensão de escoamento de uma amostra de alumina em função do
pH para diferentes porcentagens de lidos. (Johnson et al.,
2000)
Figura 3.21 Distribuição da velocidade de um fluído de Bingham em um fluxo
laminar. (Roudev et al., 2002)
viii
Figura 3.22 Otimização do bombeamento em função da modificação da
reologia da polpa. (Nguyen et al., 1998)
Figura 4.1 Fluxograma do planejamento dos ensaios.
Figura 4.2 Fluxograma esquemático da preparação inicial das amostras.
Figura 5.1 Ponto de carga zero da amostra.
Figura 5.2 Distribuição granulométrica da amostra.
Figura 5.3 Superfície de resposta para a velocidade de sedimentação com o
uso do floculante catiônico.
Figura 5.4 Superfície de resposta para a porcentagem final de sólidos com o
uso do floculante catiônico.
Figura 5.5 Superfície de resposta para a velocidade de sedimentação com o
uso do floculante aniônico.
Figura 5.6 Superfície de resposta para a porcentagem final de sólidos com o
uso do floculante aniônico.
Figura 5.7 Superfície de resposta para a velocidade de sedimentação com o
uso do floculante aniônico.
Figura 5.8 Superfície de resposta para a porcentagem final de sólidos com o
uso do floculante aniônico.
Figura 5.9 Tensão de escoamento em função de porcentagem de sólidos
segundo modelo de Bingham.
ix
Figura 5.10 Consumo energético específico para um diâmetro de tubulação
variado.
Figura 5.11 Consumo energético específico para um volume de sólidos
variado.
x
LISTA DE TABELAS
Tabela III.1 Incidentes e impactos ambientais relacionados com mineração no
ano 2000. (van Deventer et al., 2003)
Tabela III.2 Seqüência de eventos no processo de floculação. (Farinato et al.,
2003)
Tabela III.3 Matriz do planejamento fatorial.
Tabela IV.1 Procedimentos utilizados para caracterização das amostras.
Tabela IV.2 Detalhamento dos ensaios de sedimentação.
Tabela IV.3 Fatores e níveis nos ensaios de sedimentação com o uso de
floculante catiônico.
Tabela IV.4 Fatores e níveis nos ensaios de sedimentação com o uso de
floculante aniônico.
Tabela IV.5 Fatores e níveis nos ensaios de sedimentação com o uso de
floculante não iônico.
Tabela V.1 Peso específico das amostras.
Tabela V.2 Composição química tecnológica das amostras
Tabela V.3 Resultados experimentais para os ensaios de sedimentação com
o uso do floculante catiônico.
Tabela V.4 Ajuste polinomial para o floculante catiônico.
xi
Tabela V.5 Constantes para a velocidade de sedimentação com o uso do
floculante catiônico.
Tabela V.6 Constantes para a porcentagem final de sólidos com o uso do
floculante catiônico.
Tabela V.7 Resultados experimentais para os ensaios de sedimentação com
o uso do floculante aniônico.
Tabela V.8 Ajuste polinomial para o floculante aniônico.
Tabela V.9 Constantes para a velocidade de sedimentação com o uso do
floculante aniônico.
Tabela V.10 Constantes para a porcentagem final de sólidos com o uso do
floculante aniônico.
Tabela V.11 Resultados experimentais para os ensaios de sedimentação com
o uso do floculante não iônico.
Tabela V.12 Ajuste polinomial para o floculante não iônico.
Tabela V.13 Constantes para a velocidade de sedimentação com o uso do
floculante não iônico.
Tabela V.14 Constantes para a porcentagem final de sólidos com o uso do
floculante não iônico.
Tabela V.15 Tensão de escoamento segundo o modelo de Bingham.
xii
LISTA DE NOTAÇÕES
A Área;
α, β, k, m Constantes;
b
0
, b
1
, b
2,
b
3
Constantes;
A
H
Constante de Hamaker;
d Diâmetro;
h Distância;
E Energia;
f Fator de Fanning;
fL Fator de fluxo laminar;
fT Fator de fluxo turbulento;
F Força;
F
vdW
Força de van der Waals;
M Massa;
He mero de Hedstrom;
Re mero de Reynolds;
ρ Peso específico;
C
w
Porcentagem de sólidos;
P Potência;
p Pressão;
r Raio;
γ Taxa de cisalhamento;
t Tempo;
τ Tensão de cisalhamento;
τ
0
Tensão de escoamento;
v Velocidade;
v
s
Velocidade de sedimentação;
µ Viscosidade;
xiii
RESUMO
Nos últimos anos, a disposição de rejeitos em forma de pastas minerais e/ou
polpas de alta densidade tem ganhado importância por apresentar significativas
vantagens quando comparado a forma tradicional de disposição. O
conhecimento das características físico-químicas do material, assim como as
interações resultantes devido ao uso de floculantes nas operações de
separação sólido-líquido, pode levar a formação de pastas e/ou polpas dentro
das condições desejadas para manuseio e disposição final.
Com o auxílio da ferramenta do planejamento fatorial 2², com o pH e a
dosagem de floculante como variáveis independentes, foi avaliada a influência
de três diferentes tipos de floculantes na velocidade de sedimentação e na
porcentagem de sólidos final do material floculado rejeito de bauxita, assim
como a reologia da polpa para a operação subseqüente de manuseio.
No que diz respeito à velocidade de sedimentação e a porcentagem final de
sólidos do material floculado, o floculante catiônico apresentou melhores
resultados dentre os ensaios, com uma dosagem de 130g/t e pH 5,
apresentando uma velocidade de sedimentação de 105,2mm/min e uma
porcentagem final de sólidos de 31,2%. No que diz respeito à reologia da
polpa, utilizando-se do modelo de Bingham e o modelo de Darby, as melhores
condições de manuseio foram para uma polpa com aproximadamente 32% de
sólidos.
Palavras chave: pastas minerais, bauxita, floculação.
xiv
ABSTRACT
In the last years, the disposal of tailings in the form of pastes or high-density
slurries has gained importance as it may present significant advantages in
comparison to more traditional disposal techniques. The knowledge of physical
chemical characteristics of the material to be disposed, as well as the
interactions that result from the use of polymeric flocculants on solid/liquid
separation can lead to the formation of pastes and/or high-density slurries with
adequate conditions for handling and final disposal.
With the help of factorial design tool (2
2
) and with pH and flocculant dosage as
independent variables, the influence of three different flocculants was evaluated
on the settling rate and final percent solids of a bauxite tailings flocculated
material. Rheological aspects of the slurry were also investigated as they are of
paramount importance for the subsequent handling of the paste and/or slurry
produced.
Regarding settling rate and final % solids of the flocculated material, a cationic
polymer presented the best results among the three reagents tested. With a
dosage of 130 g/t and pH 5, a settling rate of 105.2 mm/minute was reached
and the final % solid (by wt.) was 31.2%. In relation to the slurry rheology,
employing Bingham and Darby models, optimized handling conditions would
take place at 32% solids.
Key Words: pasting, bauxite, flocculation.
1
1. INTRODUÇÃO
A mineração em larga escala e o processamento mineral em todo mundo gera,
inevitavelmente, enormes quantidades de rejeitos que necessitam ser
dispostos de maneira econômica e ambientalmente aceitáveis. Geralmente os
rejeitos gerados encontram-se na forma de polpas diluídas e necessitam de
operações de separação sólido-líquido, onde a fase líquida é reciclada e
recirculada novamente ao processo. Usualmente estas operações são
executadas em espessadores de grande diâmetro, com aplicação de altas
dosagens de floculantes, a fim de acelerar o processo de desaguamento e
melhorar a qualidade final da água recuperada. Após esta etapa, o rejeito,
oriundo do underflow dos espessadores é bombeado na forma de polpa
relativamente diluída para bacias de rejeito, onde a fração sólida será
consolidada ao longo do tempo. Este método tradicional apresenta alguns
problemas inerentes além de um alto custo financeiro, social e ambiental. A
granulometria fina do rejeito geralmente requer o uso de floculantes para que
as partículas floculadas sedimentem mais rapidamente. Em contra partida, os
flocos formados apresentam uma estrutura mais aberta fazendo com que estes
apresentem uma quantidade maior de água presa em sua estrutura. Como
resultado, quando disposto nas barragens de rejeito, este material floculado
apresenta um nível de compactação mais baixo, levando ao preenchimento
mais rápido do volume disponível nas barragens de rejeitos além de uma
reabilitação mais lenta da área. Por estes e outros motivos nos últimos anos
tem crescido o interesse na disposição de rejeitos na forma de polpas de alta
densidade e pastas minerais, pois nesta forma de disposição os sedimentos se
consolidam mais rapidamente levando a um melhor aproveitamento do solo e
em longo prazo, uma diminuição dos custos. (Boger et al., 1998)
A implementação desta nova forma de disposição deve considerar dois fatores
independentes. Primeiro, é essencial que a polpa seja manuseada e
transportada por tubulações, para disposição como polpas de alta porcentagem
de sólidos e em grandes quantidades com o mínimo de energia possível. O
2
método de descarga também deve ser projetado de forma a permitir o
espalhamento da polpa sobre toda a superfície da área. Estas suspensões
muito concentradas normalmente apresentam as características de um fluido
não-newtoniano. Um bom conhecimento das características destas polpas
concentradas é um importante fator para o estabelecimento de condições
ótimas de manuseio e transporte. O segundo fator a ser considerado é a
capacidade física e econômica de se produzir polpas muito concentradas. Isso
requer um bom conhecimento do comportamento das partículas nas operações
de separação sólido-líquido e o desenvolvimento de tecnologias viáveis para
sua produção. (Boger et al., 1998)
A busca por operações mais eficientes e econômicas de processamento
mineral tem levado ao avanço de diversas áreas da tecnologia mineral e isto
reflete nas operações de separação lido-líquido. Nas últimas décadas o
principal avanço nestas operações se deu na área de floculação, que
possibilitou o aumento das taxas de sedimentação, diminuição das áreas
necessárias dos espessadores e uma melhoria na qualidade da água
recuperada. A floculação também permitiu grandes avanços no desenho básico
dos espessadores (Figuras 1.1, 1.2 e 1.3).
Figura 1.1: Exemplo de um espessador convencional. (Slotee, 2001)
3
Figura 1.2: Exemplo de um espessador de pastas. (Fogwill, 2005)
As principais formas de preparação de pastas minerais se baseiam em
operações de filtragem ou espessamento, onde a água é eliminada até o nível
de consistência desejado.
Sem floculantes:
Sedimentação lenta, grandes áreas.
Início do uso dos floculantes:
Melhor sedimentação, diminuição das áreas.
Floculantes:
Espessadores mais eficientes, diminuição das áreas.
Floculantes de alta eficiência:
Espessadores de alta eficiência, diminuição das
áreas.
Figura 1.3: Evolução do desenho básico dos espessadores. (Fogwill, 2005)
Recentemente tem aumentado o interesse de empresas, governos e outras
entidades no uso de pastas minerais como forma final de disposição de
rejeitos, por ser ambientalmente mais segura e socialmente mais aceitável. A
disposição de rejeitos na forma tradicional apresenta riscos ambientais e
sociais maiores, além de um pior aproveitamento do solo e dos recursos
hídricos.
4
Slotee (2005) apresenta diversos benefícios do uso de pastas minerais:
A alta concentração de sólidos das pastas minerais resulta numa
maior recuperação de água quando comparado com métodos
convencionais de desaguamento;
Redução das áreas necessárias para disposição, pois
apresentam ângulos de repouso maiores;
Redução no risco de rompimento das barragens;
Diminuição do tempo e do custo de recuperação das áreas de
disposição de rejeitos;
Archibald (2005) apresenta também, os benefícios do uso de pastas minerais
como “backfill” em minas subterrâneas. Entre eles pode-se citar:
Maior recuperação do minério;
Menor tempo de secagem;
Redução nos custos de manuseio;
Atualmente a principal operação de beneficiamento de bauxita do Brasil
concentra-se na região norte do país, onde fatores ambientais, de uso do solo
e da água, além de fatores sociais, devem ser fortemente considerados. Esta
operação produz cerca de 17,0 milhões de toneladas por ano de bauxita
beneficiada e aproximadamente 7,3 milhões de toneladas por ano de rejeitos
sólidos, sendo o rejeito, com 10% de sólidos, transferido para uma lagoa de
espessamento intermediária para adensar a aproximadamente 34% de sólidos.
Após esta etapa o rejeito é dragado e bombeado para a área lavrada da mina
para disposição final.
Tendo em vista os atuais problemas enfrentados pela indústria mineral no que
diz respeito à disposição final de rejeitos oriundos do beneficiamento de
bauxita, este trabalho tem como finalidade estudar a influência de reagentes
poliméricos sintéticos na formação e manuseio de polpas de alta densidade
e/ou pastas minerais. Pretende assim contribuir para um melhor entendimento
das propriedades resultantes, adquiridas com a adição destes.
5
2. OBJETIVOS
Com o auxílio da ferramenta do planejamento fatorial, pretende-se estudar o
impacto das variáveis pH e dosagem de três diferentes tipos de floculantes, na
velocidade de sedimentação e porcentagem de sólidos final do material
floculado.
Outros objetivos específicos são descritos a seguir:
Gerar e validar um polinômio para a predição da velocidade de sedimentação e
porcentagem final de sólidos para cada um dos floculantes utilizados.
Caracterizar a amostra quanto as suas propriedades físico-químicas.
Caracterizar a reologia da polpa.
Avaliar o impacto da dosagem de floculante e do pH na reologia da polpa.
Identificar as condições ótimas de manuseio da polpa.
6
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Circuitos típicos de beneficiamento de bauxita
As reservas de bauxita no Brasil são tipicamente de origem supergênica onde a
Gibbsita, rica em alumina aproveitável, aparece na forma de nódulos envoltos
por uma matriz argilosa. As usinas de beneficiamento usualmente produzem
um produto, onde a fração mais grossa do minério é aproveitada e a fração
fina é descartada como rejeito.
As principais operações de beneficiamento de bauxita no Brasil seguem
basicamente a mesma rota de processo onde o minério é cominuido em
britadores de rolos dentados, desagregado em lavadores rotativos, classificado
em peneiras e ciclones, sendo a fração mais fina filtrada. A Figura 3.1
apresenta a rota de processo da principal operação de beneficiamento de
bauxita no país, realizado pela Mineração Rio do Norte, localizada no estado
do Pará.
O minério proveniente da mina (ROM) passa por etapas de britagem primária e
secundária, em britadores de rolos dentados, adequando o tamanho para as
operações subseqüentes. Após esta etapa, o minério é conduzido para o
lavador rotativo que tem a função de desagregar o material. A operação
subseqüente é a classificação por meio de peneiras vibratórias, que em uma
primeira etapa separa as frações mais grosseiras, esta fração retida na peneira
irá compor o produto final e a passante segue para uma nova etapa de
classificação, novamente com o uso de peneiras vibratórias, dando
continuidade ao processo de classificação. A fração retida nesta segunda
operação irá compor o produto final, juntamente com a fração retida na primeira
etapa de peneiramento, a passante seguirá para as etapas de ciclonagem
onde segue-se o processo de classificação por tamanho.
A ciclonagem geralmente é composta por estágios duplos de classificação
devido às ineficiências de classificação dos ciclones. O overflow do primeiro
7
estágio de ciclonagem segue para a etapa de classificação de superfinos e o
underflow segue para um novo estágio de classificação de finos. O underflow
do segundo estágio de classificação de finos segue para a filtragem e o
overflow será somado ao overflow do primeiro estágio onde seguem para os
estágios de classificação de superfinos. A separação de superfinos segue
basicamente o mesmo princípio da classificação de finos, sendo feito
novamente em etapas consecutivas devido a ineficiências da classificação. O
produto das ciclonagens é filtrado em filtros horizontais de correia e somado as
frações retidas nas peneiras, compondo assim o produto final. O overflow das
etapas de ciclonagem de superfinos irá compor o rejeito final e são descartados
na forma de polpa diluída com aproximadamente 10% de sólidos.
Figura 3.1: Fluxograma de processo da Mineração Rio do Norte - MRN
Conforme apresentado anteriormente, os circuitos de beneficiamento de
bauxita no Brasil seguem basicamente a mesma rota de processo. As Figuras
3.2 e 3.3 apresentam o fluxograma de processo de duas outras operações com
bauxita no país, a Figura 3.2 refere-se ao circuito de beneficiamento da Mina
de Juruti, de propriedade da Alcoa, em fase de implantação na região oeste do
estado do Pará. a Figura 3.3 refere-se ao circuito de beneficiamento da
8
Companhia Brasileira de Alumínio - CBA, em fase de implantação no município
de Miraí, estado de Minas Gerais.
Figura 3.2: Fluxograma de processo de Juruti – Alcoa.
Figura 3.3: Fluxograma de processo de Miraí – CBA.
REJEITO
ROM
CBA - MIRAÍ
CIRCUITO DE FINOS
EM FASE DE
DESENVOLVIMENTO
9
Deve-se ressaltar que as rotas de processo das operações ilustradas
anteriormente diferenciam-se entre si em função das características intrínsecas
do minério em cada localidade.
3.2 Pastas minerais
Segundo os trabalhos de Jewell (2002) e de Araujo, Amarante e Souza (2003),
uma pasta mineral pode ser conceituada como um sistema coloidal e que se
apresenta como um fluído homogêneo, no qual não ocorre a segregação
granulométrica das partículas, e que, se disposto de forma suave em
superfícies estáveis, o apresenta drenagem significativa de água. Pastas
minerais geralmente apresentam comportamento de fluido não-newtoniano e
normalmente são classificadas como fluidos plásticos de Bingham.
Segundo Archibald (2005) pastas minerais podem ser definidas como um
material adensado e homogêneo, com alta viscosidade, distribuição de
tamanhos e mineralogia característica, com baixos ou nenhum nível de água
livre e no qual não ocorre segregação granulométrica das partículas (Figura
3.4) Normalmente seu transporte se por bombas de deslocamento positivo,
com velocidades relativamente baixas.
Figura 3.4 – Exemplo de uma pasta mineral. (Slotee, 2005)
10
Os fluidos denominados plásticos de Bingham e pseudoplástico com tensão de
escoamento distinguem-se dos outros fluidos por requererem uma tensão
inicial, denominada tensão de escoamento, para que o fluido comece a escoar.
A disposição de rejeitos em forma de pastas minerais apresenta inúmeras
vantagens em relação à forma tradicional de disposição em forma de polpas
diluídas, a Figura 3.5 apresenta de forma qualitativa o ganho de capacidade
das áreas de disposição com a utilização de pastas. Deve-se ressaltar que os
aspectos geotécnicos da área escolhida para disposição são de extrema
importância e não devem ser negligenciados. (Hernandez et al., 2005)
Daly et al. (1995) estudaram os aspectos geotécnicos de uma área de
disposição de rejeitos em forma de pastas minerais. As diversas forças
envolvidas foram analisadas, principalmente no contato entre a superfície do
dique e a pasta mineral, mostrando os limites de empilhamento a partir do qual
a força aplicada devido ao peso do material ultrapassa as forças de coesão
entre as duas superfícies chegando ao limite de escoamento.
Figura 3.5: Comparativo entre disposição como polpas
de alta densidade e pastas minerais (Hernandez et al., 2005).
Polpa de alta densidade
Pasta Mineral
Em terreno plano sem barragens de contenção
Em terreno levemente inclina
do com barragens de contenção
Em um vale
Encosta de vales e montanhas
11
A porcentagem de sólido necessária para formação de pastas minerais é uma
característica intrínseca do material e o pode ser definida por um valor fixo.
Uma pasta mineral deve conter uma quantidade de partículas finas suficiente
para a retenção de água, principalmente quando submetida a diferença de
pressão, como nas operações de bombeamento.
Johnson et al. (2005) consideram que pastas geralmente podem ser
produzidas a partir de uma ampla faixa de tamanho de partículas, ainda que
usualmente tenha um mínimo de 15% em massa de material de tamanho
inferior a 20µm.
Outro aspecto importante é a área superficial específica, parâmetro que pode
afetar as propriedades da pasta mineral assim como a proporção necessária de
partículas finas. Quando esta proporção cresce, a necessidade de água
também aumenta para que ocorra a cobertura da área superficial disponível.
Através da caracterização reológica é possível estabelecer a faixa de transição
entre polpas e pastas minerais. A Figura 3.6 apresenta de forma qualitativa
esta faixa de transição.
Figura 3.6: Transição entre polpas diluídas e pastas minerais. (Fogwill, 2005)
Porcentagem de sólidos
Polpa
Polpa de alta
densidade
Pasta
Torta
Tensão de Escoamento (Pa)
12
A otimização da disposição de rejeitos na forma de pastas minerais requer o
entendimento das características reológicas e dos parâmetros operacionais, de
forma que estes possam ser alterados, atingindo os objetivos técnicos e
econômicos desejados.
Devido às características apresentadas pelas pastas minerais a forma de
disposição deve ser pensada visando sua melhor distribuição. Usualmente a
disposição é feita por um sistema de torre central a partir do qual a pasta se
distribui uniformemente ao longo da área, (Figuras 3.7 e 3.8) facilitando desta
forma a secagem e o adensamento natural. Silva (2003) apresenta um estudo
do ressecamento de rejeitos de ferro exposto às condições climáticas e de que
forma tais condições podem influenciar nas características finais do material
disposto.
Figura 3.7: Sistema de disposição com torre central. (Theriault et al., 2003)
13
Figura 3.8: Esquema típico de transporte e manuseio de pastas minerais.
(Dorr-Oliver Eimco Catalog, 2003)
Newman et al. (2003) destacam, de forma qualitativa, diversos aspectos sobre
o desenvolvimento e uso da tecnologia de formação, manuseio e disposição de
rejeitos na forma de pastas minerais e comparam os custos envolvidos com a
disposição na forma de polpas diluídas, mostrando que a disposição na forma
de pastas minerais, apesar de inicialmente apresentar um custo de capital
maior, a longo prazo pode representar ganhos devido ao menor tempo de
recuperação das áreas. Além disso, a disposição na forma de pastas requer
uma menor infra-estrutura, pois as áreas de disposição podem ser diminuídas
assim como a necessidade de água nova para o processo.
3.2.1 Aspectos ambientais
A disposição de rejeitos no meio ambiente é um potencial fonte poluição que
pode criar perigos a saúde pública e ao meio ambiente.
DISPOSIÇÃO
SUPERFICIAL
DISPOSIÇÃO
SUBTERRÂNEA
Espessador
Deep Cone
14
O perigo que significa a existência das barragens de rejeitos na atualidade é
sempre uma preocupação constante. O rompimento de uma barragem de
rejeitos pode significar entre outros efeitos: perda de vidas humanas, dano
ambiental severo, impacto direito nos custos de produção, imagem negativa da
empresa e responsabilidade legal. (Davies, 2000)
Van Deventer et al. (2003) apresentam algumas das catástrofes ambientais na
mineração mundial acontecidas no ano 2000 (Tabela III.1). Também mostra
que desde 1975 os incidentes ambientais reportados na mineração são
causados em 76% dos casos por acidentes em barragens de rejeitos, 18%
devido às falhas na tubulação de transporte e 6% por acidentes de transporte.
No Brasil podem-se citar dois acidentes, ocorridos recentemente, envolvendo
barragens de rejeitos, onde milhões de toneladas de lamas resultantes do
beneficiamento de bauxita foram derramados causando danos a diversas
cidades dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Assim, a disposição de rejeitos na forma de pastas minerais ou polpas de alta
densidade apresenta-se como uma importante alternativa como forma de
disposição final.
15
Tabela III.1: Incidentes e impactos ambientais relacionados com mineração no
ano 2000. (van Deventer et al., 2003)
DATA LOCAL FALHA PRODUÇÃO MORTES
Jan-2000
Baia Mare,
Romênia
Rompimento
da barragem
Cianeto Não
Mar-2000
Borsa,
Romênia
Rompimento
da barragem
Metais
pesados
Não
Mar-2000
Papua – Nova
Guiné
Acidente no
transporte
Cianeto Não
Jul-2000 Romênia
Falha na linha
de pipping
Chumbo e
Zinco
Não
Set-2000
Galivare,
Suécia
Falha da
barragem pela
drenagem no
filtro
Cobre Não
Set-2000 Shanxi, China
Derrame de
5,2t de NaCN
no rio
Shuangjiang
Cianeto Não
Out-2000 Inez, EUA.
Falha da
barragem
dentro da mina
subterrânea
Polpa de
descarte de
carvão
Não
Out-2000
Nandan
County, China
Colapso da
barragem
Cobre
29 mortos, 100
desaparecidos
3.3 Floculação
A floculação é a agregação obtida por intermédio de polímeros orgânicos que
possuem normalmente elevado peso molecular, realizando ligações entre
16
partículas, servindo como pontes e originando agregados denominados flóculos
ou flocos.
Suspensões formadas com partículas muito finas geralmente apresentam
resistência à floculação devido às forças resultantes das interações entre as
partículas em suspensão, o primeiro passo no processo de floculação é a
desestabilização destas partículas com a eliminação destas forças.
A maioria dos polímeros sintéticos utilizados no processamento mineral e
hidrometalurgia são baseados na química do acrílico. Floculantes baseados em
poliacrilamidas representam a maior classe de reagentes orgânicos, tendo sido
introduzido na década de 60. A substituição do grupo funcional na cadeia
carbônica por grupos catiônicos, aniônicos ou não iônicos e também a variação
do peso molecular da poliacrilamida permite sua utilização em praticamente
todos os tipos de polpa e equipamentos de separação sólido-líquido, tais como:
clarificadores, espessadores e filtros. (Pearse, 2005)
O peso molecular apresenta-se um fator importante se for considerado que em
baixos valores a floculação pode ficar prejudicada pela falta de capacidade do
polímero em formar ligações. Caso contrário, se o peso for alto pode significar
problemas na solubilidade.
A Figura 3.9 apresenta as entidades básicas dos tipos de reagentes mais
utilizados. A acrilamida polimerizada com a adição de vinil forma o floculante
não nico. Acrilato de sódio polimerizado conjuntamente com a acrilamida
forma o floculante aniônico e o dimetilamonioetil acrilato é utilizado
conjuntamente com a acrilamida para formar o floculante catiônico.
Inúmeros fatores físico-químicos podem influenciar a floculação e o
desaguamento de suspensões com partículas finas, dentre eles podem ser
citados o tamanho de partículas e sua distribuição granulométrica,
porcentagem de sólidos da polpa, pH, íons em suspensão, peso molecular,
densidade de carga do floculante, intensidade de adsorção e conformação dos
flocos. (Valadão, 2004)
17
Catiônico Aniônico Não iônico
H
2
C = CH
|
C = O
|
O
|
C
2
H
5
|
N
+
Cl
-
CH
3
CH
3
CH
3
H
2
C = CH
|
C = O
|
O
-
Na
+
H
2
C = CH
|
C = O
|
NH
2
Figura 3.9: Estrutura química dos polímeros floculantes. (Valadão, 2004)
Uma floculação eficiente não depende da cobertura total da partícula, mas de
como os segmentos do polímero estão distribuídos sobre a superfície da
partícula, lateralmente ou radialmente, de forma que as partículas ao
aproximar-se uma das outras estejam susceptíveis a formação de pontes de
interligação (Figura 3.10).
Segundo Fariato et al. (2003) o desenvolvimento e uso de polímeros para a
indústria mineral devem considerar os seguintes aspectos:
i. tipo de adsorção;
ii. distribuição dos segmentos do polímero na região da interface;
iii. carga resultante na superfície da partícula;
iv. características do meio (temperatura, pH, presença de outros
íons);
v. aspectos dinâmicos (agitação e grau de dispersão do reagente);
vi. capacidade química e física de sobrevivência do polímero;
vii. capacidade química e física de sobrevivência do floco;
18
Figura 3.10: Conformação de um polímero sobre a superfície da partícula.
(Hogg, 2004)
A Tabela III.2 ilustra a seqüência de eventos após a adição do polímero. É
importante ressaltar que estes eventos ocorrem simultaneamente, mostrando o
caráter dinâmico do processo.
Hogg (2004) acredita que os mecanismos de adsorção entre as moléculas do
polímero e superfície das partículas envolvem a formação de pontes de
hidrogênio entre os segmentos amina e carboxila, presentes no polímero, com
os grupos hidroxila presente na superfície das partículas. Atrações
eletrostáticas entre o polímero e a superfície carregada da partícula também
contribuem com o processo. A adsorção de um único segmento do polímero
sobre a superfície da partícula pode ser descrita como um fenômeno reversível,
porém, no processo de adsorção, inúmeros segmentos adsorvem
simultaneamente sobre a superfície tornando a dessorção de todos estes
segmentos um processo irreversível.
A dosagem de floculantes deve estar de acordo com a necessidade do
sistema. Reconhece-se que para obter uma boa floculação é necessário
apenas recobrimento parcial da superfície da partícula. Uma dosagem
excessiva, além de significar custo desnecessário, pode levar a um
recobrimento superficial muito grande das partículas, propiciando a re-
estabilização do sistema.
Solução
Cauda
Superfície da Partícula
Segmento
Anel
19
Tabela III.2: Seqüência de eventos no processo de floculação.
(Farinato et al., 2003)
Dispersão e transporte
Colisão polímero-partícula
Adsorção
Reconformação
Colisão partícula-partícula
Desestabilização da partícula
Agregação partícula-partícula
Estrutura agregada e crescimento
do floco
Sedimentação / Espessamento
Desaguamento
Floculação
Besra et al. (2005) em seus estudos mostraram a importância da correta
dosagem de floculantes na floculação de uma amostra de caulim, a Figura 3.11
mostra como a velocidade de sedimentação varia em função da dosagem. A
partir de determinados níveis a velocidade de sedimentação estabiliza-se, não
sendo possível o aumento desta com o simples aumento da dosagem.
Figura 3.11: Velocidade de sedimentação de caulim com diferentes tipos e
dosagens de floculantes. (Besra et al., 2005)
Concentração, mg/g
Velocidade de sedimentação,
cm/sec
20
Ersoy (2005) também ressalta a importância da correta dosagem de floculantes
e mostra que o excesso destes pode proporcionar a re-estabilização do
sistema, a Figura 3.12 ilustra que a partir de certos níveis de dosagem a
turbidez do material sobrenadante torna a elevar-se, mostrando uma tendência
a re-estabilização. Ersoy acredita que este aumento da turbidez se deve às
repulsões estéricas causadas pelo excesso de floculantes.
Figura 3.12: Turbidez do líquido sobrenadante para uma amostra de travertino.
(Ersoy, 2005)
3.3.1 Estrutura da Caulinita
A palavra argila é empregada em referência a um material terroso, de
granulometria fina e que se apresenta plástico ao ser misturado a pequenas
proporções de água. Uma argila pode ser formada por um único mineral, mas
de maneira geral encontra-se misturado a outros minerais como feldspatos,
quartzos e micas. As argilas são predominantemente formadas por substâncias
cristalinas que em sua essência constituem-se silicatos de alumínio hidratados.
Em alguns casos o alumínio pode ser parcialmente substituído por magnésio
ou ferro e os grupos alcalinos e alcalinos terrosos podem estar presentes como
constituintes essenciais. (Dana, 1960)
Turbidez (NTU)
Dosagem (g/t)
21
A Caulinita, principal constituinte da amostra, é um mineral de origem
supergênica, basicamente originado da meteorização prolongada de rochas
alumínicas, principalmente feldspatos, em condições tropicais ou subtropicais e
aparecem como um dos produtos comuns da decomposição das rochas.
Integra a classe dos filossilicatos possuindo hábito lamelar ou escamoso com
uma direção de esfoliação dominante. Em geral apresentam baixo peso
específico e dureza, suas lâminas podem ser flexíveis e às vezes elásticas.
Todas estas características peculiares derivam do predomínio da folha de
silício-oxigênio. A maior parte dos minerais desta classe contém hidroxilas e as
peculiaridades estruturais características deste íon exercem grande influência
sobre suas propriedades. (Dana, 1960)
A Caulinita é constituída por folhas de hidroxilas coordenadas por íons de
alumínio na estrutura da Gibbsita. As hidroxilas formam folhas duplas com
empacotamento hexagonal muito compacto, onde nem todos os interstícios
encontram-se ocupados e os íons de alumínio formam um anel hexagonal, no
qual o centro do anel encontra-se desocupado. Isto conduz a uma proporção
de dois íons de alumínio para cada octaedro, configuração chamada de folha
dioctaédrica (Figura 3.13). Estas folhas são eletricamente neutras e estão
ligadas por ligações de van der Waals. (Dana, 1960)
Gibbsita Siloxana Caulinita
Al
4
(OH)
6
– (OH)
2
+ 2Si
2
O
5
(Si
4
O
10
)Al
4
(OH)
8
22
Figura 3.13: Estrutura atômica da Caulinita (Dana, 1960).
3.3.2 Interações partícula-partícula e partícula-polímero
O entendimento das forças envolvidas na agregação é fundamental para o
desenvolvimento e otimização das condições de processo.
A energia total envolvida nas interações entre as partículas e o polímero pode
ser abordada pela teoria conhecida como DLVO, desenvolvida por Deryaguin e
Landau (1941) na antiga URSS e por Verwey e Overbeek (1948) na Holanda.
A DLVO aborda basicamente o equilíbrio entre as forças presentes no sistema,
que podem ser de caráter repulsivo, resultante da dupla camada elétrica
(DCE), ou de caráter atrativo, resultantes das forças de van der Waals e
fornecem uma boa previsão da energia total envolvida no processo de
floculação (equação 3.1).
E
Total
= E
Repulsiva
(h) + E
Atrativa
(h) (3.1)
Onde h representa a distância entre partículas.
A partir desta equação aparentemente simples é possível prever o estado de
agregação e/ou dispersão do sistema (Figura 3.14). O texto referente à Dupla
Oxigênio
Hidroxila
Silício
Alumínio
Folha
Tetraédrica
Folha
Octaédrica
23
Camada Elétrica e as Forças de van der Waals apresentam de forma geral
como é possível prever o estado de agregação e/ou dispersão do sistema.
Do ponto de vista prático, a magnitude e a natureza destas forças podem ser
controladas pela manipulação de uma ampla gama de parâmetros
experimentais, entre eles podemos citar o tamanho das partículas, pH,
natureza e concentração de eletrólitos ou pela adição de espécies ativas na
superfície da partícula, isto inclui surfatantes, polímeros e polieletrólitos.
Figura 3.14: Energia de interação entre partículas de calcopirita e pirita.
(Mitchell et al., 2005)
Dupla Camada Elétrica (DCE)
A imersão de um sólido em uma solução aquosa produz uma região não
homogênea na interface sólido-líquido. O excesso de carga positiva ou
negativa, originada da superfície do mineral é balanceado por contra íons
formando uma região difusa com mesma intensidade de carga, porém de sinal
oposto (Figura 3.15). (Fuesternau et al., 2005)
Distância (nm)
Energia de interação (E/keT)
24
Quando duas partículas se aproximam elas estão sujeitas as forças de caráter
eletrostático que podem ser atrativas ou repulsivas dependendo do sinal das
cargas superficiais. O modelo utilizado para descrever a energia de interação é
baseado na equação de Poisson-Boltzmann, que descreve o potencial
eletrostático de uma solução iônica em função da distância entre partículas
e/ou reagentes. (Mitchell et al., 2005)
Figura 3.15: Representação esquemática da Dupla Camada Elétrica (DCE) e
do potencial na interface sólido-líquido. (Fuesternau et al., 2005)
O parâmetro mais importante para descrever a DCE de um mineral em solução
aquosa é o Ponto de Carga Zero (PCZ). O PCZ expressa o pH no qual a carga
superficial, no plano de cisalhamento é zero. Marcando, desta forma, o sinal e
a intensidade da carga em função do pH.
Nos óxidos minerais o sinal e a intensidade da carga superficial são
determinados pelos íons H
+
ou pela hidroxila OH
-
. Estes íons são denominados
íons determinadores de potencial (IDP) e são influenciados diretamente pelo
Contraíons
Carga
Superficial
Distância
Potencial
Sólido
25
pH da solução. A adsorção/dissociação de íons H
+
na superfície da hidroxila irá
determinar a carga superficial da partícula. A Figura 3.16 apresenta a curva do
potencial zeta de uma amostra de Caulinita. (Araujo e Galery, 1987)
MOH
(Mineral)
= MOH
-
(Mineral)
+ H
+
(Solução)
MOH
(Mineral)
+ H
+
(Solução)
= MOH
2
+
(Mineral)
Figura 3.16: Potencial Zeta de uma amostra de Caulinita
(Araujo e Galery, 1987).
Forças de van der Waals
As forças de van der Waals, em uma escala microscópica, são geradas pela
formação de dipolos instantâneos nos átomos. Cada átomo independente é
não polar por natureza e a formação do dipolo instantâneo é possível devido à
flutuação do centro de massa da nuvem de elétrons em relação ao núcleo
positivo. O campo eletromagnético gerado por cada dipolo interage com os
átomos vizinhos gerando um dipolo induzido. Os dipolos induzidos tendem a
tomar uma orientação de forma que a energia de interação seja minimizada. As
interações entre dipolos são atrativas e sua magnitude cresce com o inverso da
distância, este fenômeno atômico, em escala macroscópica, resulta, na maioria
dos casos, em uma força atrativa entre partículas. (Johnson et al., 2000)
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
pH
Potencial Zeta mV
"airfloated kaolin"
26
Para a interação de duas partículas esféricas idênticas de raio r, separadas por
uma distância h, sendo r >> h, as forças de van der Waals podem ser escritas
pela equação 3.2.
F
vdw
= - rA
H
/ 12 h
2
(3.2)
Onde, A
H
é uma propriedade intrínseca da partícula denominada constante de
Hamaker.
Existem diversos métodos para o cálculo da constante de Hamaker, sendo o
desenvolvido por Lifshitz o que produz a melhor aproximação.
3.3.3 Planejamento fatorial
Levando-se em conta os diversos fatores apresentados anteriormente, a
otimização das condições de sedimentação apresenta-se de maneira
complexa, devido ao grande número de variáveis independentes que podem
afetar este processo. Estudos de otimização que utilizam a aproximação de
“uma variável por vez” podem ser muito ineficientes e algumas vezes
duvidosos, pois as diversas variáveis envolvidas podem ser interdependentes.
É comum que ocorram interações múltiplas entre as variáveis e a identificação
destas interações contribui para o entendimento e otimização das operações.
Desta forma, o planejamento fatorial apresenta-se como uma eficiente
ferramenta para a otimização de operações que envolvam sistemas
multivariáveis. (Sheridan et al., 2002)
O planejamento fatorial possibilita a observação das respostas às diferentes
variáveis de maneira espacial permitindo o modelamento tridimensional dos
resultados, facilitando a identificação de pontos ótimos e uma melhor avaliação
de como as diferentes variáveis se relacionam. A Figura 3.17 apresenta de
maneira esquemática a distribuição espacial para este tipo de ensaio, com três
variáveis independentes.
27
O planejamento com duas variáveis irá formar um plano, gerando uma
superfície de resposta.
Figura 3.17: Planejamento fatorial 2³ (Sheridan et al., 2002)
A matriz do planejamento é apresentada na Tabela III.3, sendo o nível mais
elevado representado pelo sinal “+”, o nível mais baixo pelo sinal “-“ e o nível
base pelo sinal “0”.
Figura 3.18: Planejamento fatorial 2
2
28
Tabela III.3: Matriz do planejamento fatorial
Observação pH Dosagem
1 0 0
2 0 0
3 - -
4 + -
5 - +
6 + +
Os resultados obtidos serão modelados seguindo o polinômio descrito pela
equação (3.3) onde foram avaliados os coeficientes de interação e as
respostas relativas da velocidade de sedimentação e da porcentagem de
sólidos final do material floculado. (Naik et al., 2005)
Y = b
0
+ b
1
X
1
+ b
2
X
2
+ b
3
X
1
X
2
(3.3)
Onde,
Y = Variável dependente (Velocidade de sedimentação ou porcentagem
de sólidos final do material floculado)
X
1
= (Dosagem – índice “0”) / (índice “+” – índice “– “)
X
2
= (pH – índice “0”) / (índice “+” – índice “– “)
b
0
, b
1
, b
2
e b
3
= coeficientes da regressão
Na equação (3.3) b
0
representa o valor médio e as constantes b
1
, b
2
e b
3
o
peso de cada variável no processo em questão, no caso a velocidade de
sedimentação ou a porcentagem de lidos final do material floculado. Sendo
que b
1
representa a influência da dosagem, b
2
a influência do pH e b
3
a
influência da relação entre a dosagem e o pH.
Box et al. (1978) apresentam uma excelente discussão da teoria do
planejamento fatorial e Sworska et al. (2000) apresentam um estudo do uso do
planejamento fatorial para a floculação de rejeitos oriundos do beneficiamento
de areia betuminosa.
29
3.4 Reologia
A reologia de suspensões compreende o estudo do comportamento de fluxo de
suspensões de sólidos, utilizando principalmente, a determinação da
viscosidade aparente e a tensão de escoamento. Segundo Barnes et al. (1989)
o estudo da deformação e fluxo da matéria, os quais envolvem fenômenos de
elasticidade, plasticidade e viscosidade, constitui-se no principal objetivo da
reologia. (Ferreira et al., 2005)
Isaac Newton realizou um dos primeiros estudos de fluxo de um fluido. Ele
considerou um modelo constituído por duas lâminas paralelas de mesma área,
(A), próximas uma da outra a uma distância (y) entre as quais existe um fluido.
Ao se aplicar uma força tangencial F sobre a lâmina superior, mantendo fixa a
inferior, cada partícula do fluido percorre uma trajetória paralela às lâminas com
velocidade constante (v). No entanto, a velocidade das diversas partículas varia
de v, junto à lâmina superior, a zero, junto à lâmina inferior. Newton postulou
que a força tangencial F é diretamente proporcional à área A da lâmina e ao
gradiente de velocidade ou taxa de cisalhamento dv/dy, equação (3.4). A
relação F/A é denominada tensão de cisalhamento e a relação tensão de
cisalhamento (τ) por taxa de cisalhamento (γ) é denominada viscosidade
absoluta ou dinâmica (µ) . (Possa et al., 2000)
Assim,
(3.4)
Onde:
τ = tensão de cisalhamento (Pa);
γ = taxa de cisalhamento (1/s).
Uma das formas de caracterização do comportamento reológico de
suspensões consiste na realização de ensaios de medidas da tensão de
cisalhamento, reportados como curvas de fluxo (Figura 3.10).
30
3.4.1 Classificação reológica dos fluidos
Segundo Ferreira et al., (2005) os fluidos podem receber diversas
classificações, sendo as principais descritas abaixo e ilustradas na Figura 3.19.
Fluidos newtonianos
Fluidos newtonianos apresentam uma relação linear entre a taxa de
cisalhamento e a tensão de cisalhamento, como mostra a equação de Newton
(equação 3.4), ou seja, a viscosidade mantém-se constante com a variação na
taxa de cisalhamento (Figura 3.19).
Fluidos não-newtonianos
Ao contrário dos fluidos newtonianos, os fluidos não-newtonianos não
apresentam uma relação linear entre a tensão de cisalhamento e a taxa de
cisalhamento, isto é, os valores da viscosidade mudarão com a variação nos
valores da taxa de cisalhamento. Esses valores de viscosidade são
considerados como viscosidade aparente, podendo aumentar ou diminuir, de
acordo com as características de cada fluido.
Para alguns fluidos, os valores de viscosidade diminuem com o aumento da
taxa de cisalhamento. Neste caso, diz-se que o material possui comportamento
pseudoplástico.
Quando o contrário acontece, ou seja, a viscosidade aumenta com o aumento
da taxa de cisalhamento, diz-se que o material possui comportamento dilatante.
31
Figura 3.19: Classificação do comportamento reológico de diferentes tipos de
suspensões. (Ferreira et al., 2005)
Outros tipos de fluidos não-newtonianos são fluidos plásticos. Estes fluidos
necessitam de uma tensão finita, conhecida como tensão de escoamento, para
que ocorra o movimento das partículas. Esse comportamento é característico
de suspensões pseudo-homogêneas de partículas finas ou ultrafinas. Segundo
Nguyen e Boger (1992), o valor da tensão de escoamento denota a transição
entre o comportamento de um sólido e um líquido. Uma das principais
aplicações desse parâmetro tem sido no projeto e monitoramento do transporte
de suspensões através de bombeamento, onde se deseja um valor da tensão
de escoamento que possibilite o transporte de suspensões sem a ocorrência de
sedimentação de partículas.
Coussot (1997) afirma que as propriedades reológicas em termos
macroscópicos serão influenciadas pelas interações em nível microscópico,
devido a transferências de energia nessas interações. Ele também cita cinco
tipos de efeitos, que são: Browniano, hidrodinâmicos, de empacotamento,
coloidal e efeito de inércia.
32
Na caracterização microscópica da reologia de uma polpa Pawlik e Laskowski
(1999) consideram importante o balanço de três forças agindo no sistema
água-partícula: difusão Browniana, interação hidrodinâmica e forças entre
partículas. A contribuição específica de cada uma dessas forças depende do
tamanho e da forma das partículas, da percentagem de sólidos e das
condições físico-químicas da polpa.
A polpa, formada principalmente por Caulinita, pode ser descrita como um
sistema no qual a fase sólida encontra-se dispersa na fase líquida. Devido a
carga superficial apresentada pelas partículas, forças atrativas de van der
Waals e forças repulsivas de caráter eletrostático dominam as interações entre
partículas. A soma destas interações irá determinar a natureza da reologia da
polpa.
A interação entre partículas pode ser fortemente repulsiva, mantendo as
partículas dispersas, induzindo o fluido a exibir a característica de um fluido
newtoniano. Por outro lado, tais interações podem ser fortemente atrativas
formando estruturas que podem interagir entre si, levando a polpa a exibir uma
característica não-newtoniana. Estas estruturas podem, também, resistir a
forças de cisalhamento, fazendo com que esta apresente uma resistência ao
fluxo ou tensão de escoamento.
O principal modelo que utiliza a tensão de escoamento (τ
0
) é o modelo de
Bingham apresentado na equação (3.5), abaixo.
τ = µ γ + τ
0
(3.5)
As características reológicas da polpa podem ser manipuladas pela alteração
da porcentagem de sólidos ou pelo controle das forças de interação entre
partículas. As forças repulsivas de caráter eletrostático podem ser aumentadas
ou diminuídas através da manipulação do pH ou dos íons presentes no meio. O
33
aumento das forças repulsivas com a adição de reagentes dispersantes pode
diminuir ou quebrar as estruturas formadas eliminando o caráter não-
newtoniano da polpa. O caminho contrário também pode ser seguido,
aumentando as forças atrativas presentes e conseqüentemente aumentado o
caráter não-newtoniano. (Litzenberger, 2003)
Johnson et al. (2000) realizaram estudos em que foram analisadas a influência
das propriedades superficiais das partículas sobre a reologia das polpas. Seus
estudos tiveram como foco a interação das forças entre partículas presentes.
O Ponto de Carga Zero (PCZ) de amostras de alumina e zircônia foram
determinados e a tensão de cisalhamento medida variando-se o pH para
diferentes porcentagens de sólidos. Os resultados obtidos (Figura 3.20)
mostram que a tensão de cisalhamento sofre a influência das forças de
interação entre partículas, aumentando quando estas encontram-se próximas
do ponto de carga zero (pH 9). Os autores acreditam que este fato se deve ao
menor grau de repulsão entre as partículas presentes, permitindo uma maior
aproximação favorecendo a agregação e conseqüentemente aumento da
tensão de escoamento.
Figura 3.20: Tensão de escoamento de uma amostra de alumina em função do
pH para diferentes porcentagens de sólidos. (Johnson et al., 2000)
pH
Tensão de escoamento (Pa)
34
3.5 Manuseio
Do ponto de vista do manuseio, uma mistura sólido-líquido pode ser
classificada como as que não sedimentam e as que sedimentam. Polpas que
sedimentam contém partículas que podem apresentar velocidades de
sedimentação elevadas. Quando bombeadas a baixas velocidades formarão
um leito no fundo da tubulação sendo necessário seu manuseio através de um
fluxo turbulento. Polpas que não sedimentam são compostas por partículas
finas, que quando manuseadas apresentam uma distribuição uniforme na
tubulação e apresentam uma distribuição uniforme da velocidade, favorecendo
um fluxo laminar. De fato essa simplificação não se apresenta muito adequada,
pois muitas das polpas manuseadas em operações de bombeamento de
minérios apresentam as duas características. (Litzenberger, 2003)
O conhecimento da reologia do material está diretamente relacionado com o
manuseio por meio de operações de bombeamento, permitindo a identificação
das condições ótimas para o transporte hidráulico. Tal conhecimento possibilita
o sucesso técnico e econômico do transporte de grandes volumes de polpas
por tubulações, com alta porcentagem de sólidos e com o mínimo consumo
energético.
O bombeamento de líquidos e polpas por tubulações implica em uma perda de
energia devido a fricção entre a polpa e a parede interna do tubo. Portanto ao
projetar uma tubulação, é necessário conhecer a magnitude destas perdas e
prover a energia necessária de forma que a vazão requerida seja atendida. A
Figura 3.21 ilustra o comportamento de um fluido de Bingham transportado por
meio de um fluxo laminar em uma tubulação. A tensão de cisalhamento varia
de τ
w
na parede do tubo até zero no centro do tubo.
35
Figura 3.21: Distribuição da velocidade de um fluído de
Bingham em um fluxo laminar. (Roudev et al., 2002)
Segundo Roudev et al. (2002) o custo de bombeamento é diretamente
proporcional ao tipo de fluxo na tubulação, quando submetido a velocidades
mais altas torna-se turbulento e o custo de bombeamento varia
parabolicamente, proporcional ao quadrado do fluxo.
Ralston et al. (2000), em seu trabalho descreve o método desenvolvido por
Darby et al. (1992) que permite quantificar a energia necessária ao
bombeamento para um regime laminar, utilizando parâmetros reológicos
retirados do modelo de Bingham, o modelo pode ser definido conforme as
equações descritas abaixo. Deve-se ressaltar que polpas com altas
porcentagens de sólidos geralmente favorecem o fluxo laminar.
Os números de Reynolds (Re) e de Hedstrom (He) podem ser calculados
utilizando-se dos parâmetros tensão de escoamento (τ
0
) e viscosidade (µ),
conforme as equações (3.9) e (3.10).
Re = d v ρ / µ (3.9)
Tensão de
cisalhamento
Distribuição da
velocidade
36
He = d
2
ρ τ
0
/ µ
2
(3.10)
Onde, d é o diâmetro da tubulação, v é a velocidade de transporte e ρ a
densidade da polpa.
As equações (3.11) e (3.12) apresentam a análise dimensional e definem os
números de Reynolds e Hedstrom.
Dimensionalmente, o número de Reynolds (Re) pode ser definido como:
Re = d ρ
A
v
B
µ
C
(3.11)
M
0
L
0
t
0
= L [M/L
3
]
A
[L/t]
B
[M/Lt]
C
M: 0 = A + C
L: 0 = 1- 3A + B + C
T: 0 = -B – C
Resolvendo as equações temos
A = 1, B = 1 e C = -1
Assim,
Re = ρ v d / µ
Dimensionalmente, o número de Hedstrom (He) pode ser definido conforme as
equações abaixo:
He = τ
0
ρ
A
µ
B
d
C
(3.12)
M
0
L
0
t
0
= [M/Lt
2
][M/L
3
]
A
[M/Lt]
B
L
C
M: 0 = 1 + A + B
L: 0 = -1 –3A – B + C
T: 0 = -2 - B
Resolvendo as equações temos
37
A = 1, B = -2 e C = 2
Assim,
He = ρ τ
0
d
2
/ µ
2
Assim, os fatores de fluxo turbulento e laminar podem ser calculados conforme
as equações (3.13) e (3.14).
fT = 10
α
Re
-0,193
(3.13)
fL = [16 / Re] [ (1+(He / 6 Re) – (He
4
/ 3 f
3
Re
7
) ] (3.14)
Onde f é o fator de Fanning dado pela equação (3.15)
f = ( fL
β
+ fT
β
)
1/β
(3.15)
Os fatores α e β são obtidos pelas equações (3.16) e (3.17)
α = -1,47 [ 1 + 0,146 exp(-2,9 10
-5
He) ] (3.16)
β = 1,7 + ( 4 10
4
/ Re ) (3.17)
O fator de Fanning será utilizado na equação (3.18) para a determinação da
pressão necessária (p), onde h corresponde ao comprimento da tubulação.
-p = 2 h ρ v
2
f / d (3.18)
A potência necessária para o bombeamento da polpa pode ser obtida pela
equação (3.19), onde M é a massa de polpa a ser bombeada.
P = -p M / ρ (3.19)
38
Finalmente a energia necessária para o bombeamento da polpa pode ser
obtida pela equação (3.20), onde t corresponde ao tempo de bombeamento.
E = P t (3.20)
Pela definição apresentada acima, Ralston et al. (2000) mostraram que com a
alteração da tensão de escoamento e viscosidade, é possível a manipulação e
otimização do fluxo transportado, resultando em um aumento na porcentagem
de sólidos da polpa e conseqüentemente o aumento do fluxo de material. A
Figura 3.22 mostra o ganho apresentado pela manipulação da reologia de uma
polpa de calcopirita com a adição de diferentes tipos de reagentes.
Shou (2003) apresenta as alternativas possíveis para o transporte de rejeitos
através de operações de bombeamento. Bombas centrífugas cobrem uma faixa
de aplicação maior que as bombas de deslocamento positivo, porém, para
porcentagens de sólidos mais elevadas, normalmente são utilizadas bombas
de deslocamento positivo capazes de atingir maiores pressões.
39
Figura 3.22: Otimização do bombeamento em função da modificação da
reologia da polpa. (Nguyen et al., 1998)
Porcentagem de sólidos
Vazão de sólidos (t/h)
Diâmetro = 0,2m
Energia de bombeamento (kWh/t/km)
40
4. METODOLOGIA
Neste capítulo são apresentados os métodos e materiais utilizados no
desenvolvimento da parte experimental do presente trabalho.
As amostras utilizadas foram submetidas à caracterização mineralógica,
granulométrica, química, peso específico, área superficial e ponto de carga
zero.
Ensaios de sedimentação foram realizados com floculantes de diferentes
princípios ativos, onde serão variados a dosagem e o pH. Os ensaios de
sedimentação foram planejados pelo método fatorial 2
2
de forma que seja
possível determinar a interdependência entre as duas variáveis avaliadas.
Figura 4.1: Fluxograma do planejamento dos ensaios.
ANÁLISE
GRANULOMÉTRICA
ENSAIOS DE
SEDIMENTAÇÃO
POLÍMERO
CATIÔNICO
ANÁLISE
QUÍMICA
POLÍMERO
ANIÔNICO
ANÁLISE
MINERALÓGICA
POLÍMERO
NÃO-IÔNICO
ÁREA SUPERFICIAL
ESPECÍFICA
CARACTERIZAÇÃO
REOLÓGICA
PESO
ESPECÍFICO
TENSÃO DE
ESCOAMENTO
PONTO DE CARGA
ZERO
VISCOSIDADE
AMOSTRA
INICIAL
CARACTERIZAÇÃO
41
Para os ensaios de sedimentação que apresentarem os melhores resultados
dentro do planejamento fatorial foram realizados ensaios para a caracterização
reológica do material floculado. Nesta etapa foram determinadas a viscosidade
e a tensão de escoamento. A Figura 4.1 apresenta um diagrama esquemático
dos ensaios propostos.
4.1 Composição e preparação das amostras
As amostras minerais utilizadas no desenvolvimento dos trabalhos representam
o rejeito proveniente do beneficiamento de bauxita estando originalmente na
forma de polpa diluída, com baixa porcentagem de sólidos e granulometria
abaixo de 212µm (65#), sendo formado principalmente por argilas.
As amostras originais foram obtidas de furos de sondagem tendo sido tratadas
em laboratório, onde o processo de beneficiamento foi simulado (Figura 4.2.)
Figura 4.2: Fluxograma esquemático da preparação inicial das amostras.
AMOSTRA INICIAL
3.000kg
LAVADOR ROTATIVO
% SÓLIDOS: 54,5% P/P
TEMPO: 10 min.
ÁGUA
PENEIRAMENTO
6,3mm
OVERSIZE
DESCARTADO
UNDERSIZE
ÁGUA
PENEIRAMENTO
0,212mm
OVERSIZE
DESCARTADO
UNDERSIZE
ÁGUA DECANTAÇÃO
AMOSTRA FINAL
42
A amostra final foi encaminhada em três tambores de 200 litros sendo
denominados T1, T2 e T3. A partir destes tambores, após homogeneização
alíquotas menores foram retiradas, compondo a amostra final utilizada nos
ensaios.
4.2 Caracterização
As amostras fornecidas foram caracterizadas conforme apresentado na Tabela
IV.1 abaixo:
Tabela IV.1: Procedimentos utilizados para caracterização das amostras.
Propriedade Técnica
Distribuição
granulométrica
Peneiramento e difração laser
Peso específico Picnometria a Hélio
Área Superficial
Específica (ASE)
Adsorção de Nitrogênio
Composição química Métodos via úmida
Composição
mineralógica
Difração de RX
Ponto de Carga Zero
(PCZ)
Mular e Roberts
4.3 Ensaios de sedimentação
Os ensaios de sedimentação foram realizados em provetas de 1.000 mL e
seguiram a metodologia clássica (FITCH, 1966, onde foram traçadas curvas de
sedimentação da altura da interface versus tempo.
43
4.4 Reagentes
Foram utilizados três diferentes tipos de reagentes poliméricos (floculantes) de
alto peso molecular, estes possuíam caráter catiônico, não iônico e aniônico.
Os floculantes utilizados foram C-494 para o catiônico, N-100 para o não iônico
e A-130 para o aniônico, todos da linha Superfloc, fabricados pela Cytec e
foram denominados:
PAM – C: Floculante Catiônico (C-494);
PAM – N: Floculante Não-iônico (N-100);
PAM – A: Floculante Aniônico (A-130).
As amostras foram submetidas aos ensaios fatoriais com os floculantes
citados.
4.5 Tensão de escoamento e viscosidade
A tensão de escoamento e a viscosidade foram determinadas com o auxílio de
um reômetro equipado com conjunto de aletas (vane), pertencente ao Centro
de Desenvolvimento Mineral da Companhia Vale do Rio Doce e foram
modeladas segundo um fluido de Bingham.
4.6 Planejamento fatorial
Para o presente estudo as duas variáveis independentes consideradas no
planejamento foram o pH (x
2
) e a dosagem (x
1
) de três diferentes tipos de
floculantes (catiônico, aniônico e não iônico) sendo utilizado um tipo de
floculante por ensaio e gerada uma superfície de resposta para cada um
(Figura 3.18). As respostas foram analisadas em função da porcentagem de
sólidos final do material floculado e da velocidade de sedimentação.
44
Utilizando-se desta ferramenta o número de ensaios foi reduzido a cinco,
porém, de acordo com o princípio básico deste tipo de planejamento foram
executados dois experimentos para o nível base para estimar o erro e o desvio
padrão (Tabela III.3). Assim, para cada tipo de floculante utilizado foram
realizados seis experimentos.
As Tabelas IV.2, IV.3, IV.4 e IV.5 apresentam o planejamento para os três
diferentes tipos de floculantes empregados (aniônico, catiônico e não iônico).
Tabela IV.2: Detalhamento dos ensaios de sedimentação.
N
o
do Experimento
Dosagem de
floculante (x
1
)
pH (x
2
)
1 0 0
2 0 0
3 - -
4 + -
5 - +
6 + +
Tabela IV.3: Fatores e níveis nos ensaios de sedimentação com o uso de
floculante catiônico.
TIPO DE FLOCULANTE CATIÔNICO
Fatores/Níveis - 0 +
pH 5 6 7
Dosagem (g/t) 90 110 130
Tabela IV.4: Fatores e níveis nos ensaios de sedimentação com o uso de
floculante aniônico.
TIPO DE FLOCULANTE ANIÔNICO
Fatores/Níveis - 0 +
pH 5 6 7
Dosagem (g/t) 70 90 110
45
Tabela IV.5: Fatores e níveis nos ensaios de sedimentação com o uso de
floculante não iônico.
TIPO DE FLOCULANTE NÃO IÔNICO
Fatores/Níveis - 0 +
pH 5 6 7
Dosagem (g/t) 60 90 120
Utilizando-se do planejamento descrito, foram avaliadas as
interdependências entre as variáveis pH e dosagem de floculante, em função
da velocidade de sedimentação e da porcentagem de sólidos final do material
floculado, após o tempo de uma hora.
46
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização
5.1.1 Peso Específico
Três diferentes amostras foram encaminhadas para a determinação do peso
específico utilizando-se de técnicas de picnometria a gás. A Tabela V.1
apresenta os resultados obtidos.
Tabela V.1: Peso específico das amostras
Amostra
Densidade
(g/cm³)
APG01 2,39
APG02 2,36
APG03 2,20
Dois dos valores encontrados para o peso específico da amostra estão
próximos de valores normalmente encontrados na literatura, porém para a
terceira determinação o valor encontrado é significativamente mais baixo
(2,20g/cm³). Este fato pode ser devido à presença de poros fechados no
interior das partículas.
5.1.2 Área Superficial Específica
A Área Superficial Específica (ASE) da amostra, determinada pelo método de
adsorção de Nitrogênio BET, foi de 28,98 m²/g.
Esta área superficial apresentou-se um pouco discrepante quando comparada
a distribuição granulométrica das partículas. Para a ASE encontrada esperava-
se uma distribuição granulométrica um pouco mais fina, com um d
50
estimado
em aproximadamente 5µm. A diferença encontrada pode ser devido a pouca
dispersão entre as partículas, estando estas agregadas durante a análise
granulométrica no granulômetro a laser, sendo medido o tamanho das
partículas agregadas e não seu tamanho efetivo. Outra possível justificativa
47
para a diferença encontrada pode ser devido a presença de poros, que podem
contribuir de maneira significativa para o aumento da ASE.
Para o presente estudo medidas de ASE pelo método de Blaine poderiam
apresentar a área superficial mais coerente com a distribuição granulométrica,
pois não seriam medidos poros muito estreitos ou com aberturas muito
fechadas como no caso da adsorção de Nitrogênio.
5.1.3 Composição Mineralógica (ver difratograma e análise no Apêndice 1)
Os procedimentos de caracterização possibilitaram a obtenção da estimativa
da composição mineralógica das amostras, conforme exposto na Tabela IV.1.
A identificação das fases, abaixo discriminadas, foi obtida por comparação do
difratograma da amostra com banco de dados do ICDD - International Centre
for Diffraction Data. Na composição mineralógica obtida foram individualizadas
as espécies minerais principais constituintes da amostra.
A caracterização das amostras mostrou que as lamas investigadas constituem-
se principalmente de minerais Gibbsita, Caulinita, Quartzo e em quantidades
pequenas os minerais Goethita, Anatásio e Hematita. A técnica empregada
mostra que também podem estar presentes os minerais Boehmita, Dickita e
Nacrita (estes dois últimos de composição química idêntica à da Caulinita).
5.1.4 Composição Química Tecnológica
As amostras submetidas à análise química, por métodos tradicionais do
beneficiamento de bauxita determinaram os teores de SiO
2
Total
, Fe
2
O
3
e
Al
2
O
3 Aproveitável
das amostras.
48
Tabela V.2: Composição química tecnológica das amostras.
TEOR
Al
2
O
3
Aproveitável
SiO
2
Total
Fe
2
O
3
24,5 19,0 16,5
5.1.5 Ponto de Carga Zero (PCZ)
O PCZ determinado pelo método de Mular e Roberts (Mular et al. 1966)
encontra-se no pH 6,2, tendo sido coberta a faixa de pH de 4 a 11, conforme
mostrado na Figura 5.1.
Ponto de Carga Zero - PCZ
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
pH
Densidade de Carga
Sem KCl 0,25 mol/L KCl
+
-
Figura 5.1: Ponto de Carga Zero da amostra.
O Ponto de Carga Zero (PCZ) da amostra encontra-se no pH 6,2, para valores
inferiores a este pH a carga superficial encontra-se carregada positivamente,
sendo os íons OH
-
dessorvidos e substituídos pelo ânion Cl
-
quando da adição
49
do eletrólito. Para valores superiores ao pH 6,2 a carga superficial das
partículas encontra-se negativa. Embora a Caulinita seja a principal fase, as
demais fases minerais presentes na amostra possuem comportamento
anfotérico de dissociação que leva os valores de PIE e de PCZ para valores de
pH na faixa entre 6 e 8. Isso justificaria o valor encontrado e mostrado na
Figura 5.1 mesmo levando em conta que as Caulinitas tendem a ter carga
elétrica negativa em toda a faixa de pH.
5.1.6 Distribuição granulométrica
A Figura 5.2 apresenta a distribuição granulométrica das partículas que
compõem a amostra, assim como o modelamento da distribuição através da
equação de Rosin-Rammler, equação (5.1), mostrada abaixo.
Y = 100.e
-(d/k)
m
(5.1)
Onde:
Y % Passante acumulada, em peso;
d Tamanho das partículas (µm);
k, m Constantes;
50
Distribuição Granulométrica
-
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,1 1,0 10,0 100,0 1000,0
Tamanho (
µ
µµ
µ
m)
% Passante Acumulado
Real Modelo
Figura 5.2: Distribuição granulométrica da amostra.
Utilizando-se da equação (5.1) os valores encontrados para as constantes k e
m são 4,815 e -0,621 respectivamente. Assim, a equação para a distribuição
granulométrica das partículas ficará conforme a equação (5.2) abaixo.
Y = 100.e
-(d/4,815)
-0,621
(5.2)
5.2 Ensaios de sedimentação
5.2.1 Floculante catiônico
Os ensaios de sedimentação com o uso de floculante catiônico foram
executados conforme a Tabela IV.1, sendo os resultados obtidos mostrado na
Tabela V.3, abaixo.
51
Tabela V.3: Resultados experimentais para os ensaios de sedimentação com o
uso de floculante catiônico.
Ensaio
Dosagem
(g/t)
pH
Velocidade
(mm/min)
Cw no UF
(%)
1 110 6 36,5 28,8
2 110 6 37,0 29,0
3 110 6 36,9 29,6
4 110 6 37,5 29,8
5 110 6 38,5 29,3
6 110 6 38,3 29,5
7 90 5 41,5 30,1
8 90 5 39,9 30,7
9 90 5 40,6 30,2
10 90 7 3,7 24,7
11 90 7 3,9 24,9
12 90 7 4,2 24,2
13 130 5 105,2 31,3
14 130 5 105,0 30,7
15 130 5 104,6 30,9
16 130 7 5,8 29,4
17 130 7 5,0 28,7
18 130 7 5,2 28,4
A Tabela V.4 abaixo apresenta o ajuste obtido, utilizando-se da equação (3.3).
Tabela V.4: Ajuste polinomial para floculante catiônico
Dosagem X1 pH X2
Velocidade
(mm/min)
Desvio Cw no UF
Desvio
110 0,0 6 0,0 38,3 3,21 28,9 0,01
110 0,0 6 0,0 38,3 1,67 28,9 0,01
110 0,0 6 0,0 38,3 1,94 28,9 0,49
110 0,0 6 0,0 38,3 0,63 28,9 0,81
110 0,0 6 0,0 38,3 0,04 28,9 0,16
110 0,0 6 0,0 38,3 0,00 28,9 0,36
90 -0,5 5 -0,5 40,2 1,61 30,6 0,20
90 -0,5 5 -0,5 40,2 0,11 30,6 0,02
90 -0,5 5 -0,5 40,2 0,11 30,6 0,12
90 -0,5 7 0,5 3,5 0,03 24,8 0,01
90 -0,5 7 0,5 3,5 0,16 24,8 0,01
90 -0,5 7 0,5 3,5 0,49 24,8 0,38
130 0,5 5 -0,5 104,5 0,47 31,2 0,01
130 0,5 5 -0,5 104,5 0,24 31,2 0,22
130 0,5 5 -0,5 104,5 0,01 31,2 0,08
130 0,5 7 0,5 4,9 0,71 29,1 0,12
130 0,5 7 0,5 4,9 0,01 29,1 0,12
130 0,5 7 0,5 4,9 0,09 29,1 0,42
Total 11,51 Total 3,57
52
Para o ajuste empregou-se o método de mínimos quadrados.
Para a velocidade de sedimentação, com o uso do floculante catiônico, os
valores das constantes b
0
, b
1
, b
2
e b
3
obtidos no ajuste, de acordo com a
equação (3.3), encontra-se na Tabela V.5, abaixo:
Tabela V.5 Constantes para a velocidade de sedimentação com o uso do
floculante catiônico.
b
0
38,3
b
1
32,8
b
2
-68,2
b
3
-62,9
Assim, para a velocidade de sedimentação, a equação (3.3) apresentada
anteriormente, toma a seguinte forma:
Y = v
s
= 38,3 + 32,8 X
1
– 68,2 X
2
– 62,9 X
1
X
2
(5.2)
A equação descrita acima é válida dentro dos intervalos de pH e dosagem
utilizados no planejamento fatorial, sendo o erro calculado para o uso da
equação de 8,9%.
O valor encontrado para as variáveis b
1
, b
2
e b
3
permite observar que o pH
influencia de maneira mais significativa na velocidade de sedimentação,
seguido da interação entre a dosagem e o pH e como um terceiro fator, a
dosagem.
Utilizando-se da equação (5.2) é possível calcular a velocidade de
sedimentação em função das duas variáveis em questão (pH e dosagem). A
Figura 5.3 apresenta a superfície de resposta de como a velocidade de
sedimentação se comporta com a alteração dessas variáveis sendo possível
identificar o ponto onde a velocidade de sedimentação apresenta-se máxima,
dentro do intervalo em questão.
53
Para o floculante catiônico tal velocidade encontra-se no ponto de pH 5,0 com
uma dosagem de 130g/t sendo a velocidade de 104,5 mm/min.
Figura 5.3: Superfície de resposta para a velocidade de sedimentação com o
uso do floculante catiônico.
Para a porcentagem de sólidos final do material floculado, os valores obtidos
para as constantes b
0
, b
1
, b
2
e b
3
, ajustados conforme a equação (3.3),
encontram-se na Tabela V.6.
Tabela V.6: Constantes para a porcentagem de sólidos final com o uso do
floculante catiônico.
b
0
28,9
b
1
2,4
b
2
-3,9
b
3
3,6
54
Para a porcentagem de sólidos final do material floculado, com o uso do
floculante catiônico, a equação (3.3) toma a seguinte forma:
Y = C
w
= 28,9 + 2,4 X
1
- 3,9 X
2
+ 3,6 X
1
X
2
(5.3)
A equação descrita acima é válida dentro dos intervalos de pH e dosagem
utilizados no planejamento fatorial, sendo o erro calculado para o uso da
equação de 6,5%.
Novamente o pH apresenta-se como a variável que mais influencia no
processo de sedimentação, seguido da relação entre as duas variáveis em
questão (pH e dosagem), ficando a dosagem como o terceiro fator de
influência.
Para a porcentagem delidos final do material floculado a condição que
apresentou o melhor resultado foi, novamente, para um valor de pH de 5,0 e
uma dosagem de 130g/t, (Figura 5.4), ficando a porcentagem de sólidos final
do material floculado com 31,2%.
55
Figura 5.4: Superfície de resposta para a porcentagem final de sólidos com o
uso do floculante catiônico.
5.2.2 Floculante aniônico
Os ensaios de sedimentação com o uso de floculante aniônico foram
executados conforme a Tabela IV.4, sendo os resultados obtidos mostrado na
Tabela V.7, abaixo.
Tabela V.7: Resultados experimentais para os ensaios de sedimentação com o
uso de floculante aniônico.
Ensaio
Dosagem
(g/t)
pH
Velocidade
(mm/min)
Cw no UF
(%)
1 90 6 4,50 21,6
2 90 6 4,50 22,3
3 90 6 4,44 21,8
4 90 6 4,50 21,9
5 90 6 4,44 21,7
6 90 6 4,38 21,0
56
7 70 5 2,76 18,9
8 70 5 2,76 18,6
9 70 5 2,82 18,6
10 70 7 5,10 22,7
11 70 7 5,04 22,4
12 70 7 5,03 22,2
13 110 5 3,24 20,8
14 110 5 3,72 20,1
15 110 5 3,48 20,6
16 110 7 6,60 23,6
17 110 7 6,66 24,2
18 110 7 6,60 24,8
A Tabela V.8 abaixo apresenta o ajuste obtido, utilizando-se da equação (3.3)
para o ajuste, pelo método dos mínimos quadrados.
Tabela V.8: Ajuste polinomial para floculante aniônico
Ensaio
Dosagem
(g/t)
X1 pH X2
Velocidade
(mm/min)
Desvio
Cw no UF
(%)
Desvio
1 90 0,0 6 0,0
4,48 0,001 21,5 0,00
2 90 0,0 6 0,0
4,48 0,001 21,5 0,57
3 90 0,0 6 0,0
4,48 0,001 21,5 0,05
4 90 0,0 6 0,0
4,48 0,001 21,5 0,14
5 90 0,0 6 0,0
4,48 0,001 21,5 0,02
6 90 0,0 6 0,0
4,48 0,009 21,5 0,30
7 70 -0,5
5 -0,5
2,77 0,000 18,8 0,01
8 70 -0,5
5 -0,5
2,77 0,000 18,8 0,03
9 70 -0,5
5 -0,5
2,77 0,002 18,8 0,03
10 70 -0,5
7 0,5
5,05 0,003 22,5 0,03
11 70 -0,5
7 0,5
5,05 0,000 22,5 0,02
12 70 -0,5
7 0,5
5,05 0,000 22,5 0,09
13 110 0,5 5 -0,5
3,47 0,054 20,6 0,06
14 110 0,5 5 -0,5
3,47 0,062 20,6 0,23
15 110 0,5 5 -0,5
3,47 0,000 20,6 0,00
16 110 0,5 7 0,5
6,61 0,000 24,3 0,46
17 110 0,5 7 0,5
6,61 0,002 24,3 0,01
18 110 0,5 7 0,5
6,61 0,000 24,3 0,27
Total 0,137
Total 2,33
Para a velocidade de sedimentação os valores das constantes b
0
, b
1
, b
2
e b
3
obtidos no ajuste, de acordo com a equação (3.3), encontra-se na Tabela V.9,
abaixo:
57
Tabela V.9: Constantes para a velocidade de sedimentação com o uso do
floculante aniônico.
b
0
4,5
b
1
1,1
b
2
2,7
b
3
0,9
Assim, para a velocidade de sedimentação com o uso do floculante aniônico, a
equação (3.3) apresentada anteriormente, toma a seguinte forma:
Y = v
s
= 4,5+ 1,1 X
1
+ 2,7 X
2
+ 0,9 X
1
X
2
(5.4)
A equação descrita acima é válida dentro dos intervalos de pH e dosagem
utilizados no planejamento fatorial, sendo o erro calculado para o uso da
equação de 8,3%.
Avaliando as constantes b
1
, b
2
e b
3
, é possível observar que o pH apresenta-se
como a principal influência na velocidade de sedimentação, seguido pela
dosagem e por último pela relação entre pH e dosagem.
A Figura 5.5 apresenta a superfície de resposta dos resultados obtidos para a
velocidade de sedimentação com o uso do floculante aniônico, sendo possível
identificar que a condição ótima de dosagem e pH, dentro do intervalo do
planejamento fatorial, é de 110g/t e pH 7, sendo a velocidade de 6,6mm/min.
58
Figura 5.5: Superfície de resposta para a velocidade de sedimentação com o
uso do floculante aniônico.
Para a porcentagem de sólidos final do material floculado, com o uso do
floculante aniônico, os valores obtidos para as constantes b
0
, b
1
, b
2
e b
3
encontra-se na Tabela V.10.
Tabela V.10: Constantes para a porcentagem de sólidos final com o uso do
floculante aniônico.
b
0
21,5
b
1
1,8
b
2
3,7
b
3
-0,1
Para a porcentagem de sólidos final do material floculado, a equação (3.3)
toma a seguinte forma:
Y = C
w
= 21,5 + 1,8 X
1
+ 3,7 X
2
- 0,1 X
1
X
2
(5.5)
59
A equação descrita acima é válida dentro dos intervalos de pH e dosagem
utilizados no planejamento fatorial, sendo o erro calculado para o uso da
equação de 7,1%.
O pH apresenta-se como a variável de maior influência na porcentagem de
sólidos final seguido da dosagem e da relação entre estas duas variáveis.
Para a porcentagem delidos final do material floculado a condição que
apresentou o melhor resultado foi para o pH 7,0 e uma dosagem 110g/t (Figura
5.6), ficando a porcentagem de sólidos com 24,3%.
Figura 5.6: Superfície de resposta para a porcentagem final de sólidos com o
uso do floculante aniônico.
60
5.2.3 Floculante não iônico
Os ensaios de sedimentação com o uso de floculante não iônico foram
executados conforme a Tabela IV.1, sendo os resultados obtidos mostrado na
Tabela V.11, abaixo.
Tabela V.11: Resultados experimentais para os ensaios de sedimentação com
o uso de floculante não iônico.
Ensaio
Dosagem
(g/t)
pH
Velocidade
(mm/min)
Cw no UF
(%)
1 90 6 13,20 24,7
2 90 6 13,08 24,5
3 90 6 13,02 24,2
4 90 6 13,14 24,7
5 90 6 13,20 24,7
6 90 6 13,26 24,5
7 60 5 2,76 16,8
8 60 5 2,64 17,1
9 60 5 2,58 16,9
10 60 7 9,30 25,0
11 60 7 9,84 25,4
12 60 7 9,72 25,6
13 120 5 15,36 26,5
14 120 5 15,12 25,5
15 120 5 15,54 26,5
16 120 7 24,12 28,4
17 120 7 24,24 27,5
18 120 7 24,30 27,5
A Tabela V.12 abaixo apresenta o ajuste obtido, utilizando-se da equação (3.3)
para o ajuste pelo método dos mínimos quadrados.
Tabela V.12: Ajuste polinomial para floculante não iônico.
Dosagem X1 pH X2
Velocidade
(mm/min)
Desvio
Cw
no UF
Desvio
90 0 6,0 0 13,02 0,031 24,2 0,225
90 0 6,0 0 13,02 0,003 24,2 0,091
90 0 6,0 0 13,02 0,000 24,2 0,000
90 0 6,0 0 13,02 0,014 24,2 0,193
90 0 6,0 0 13,02 0,031 24,2 0,248
90 0 6,0 0 13,02 0,056 24,2 0,077
60 -0,5 5,0 -0,5 2,72 0,001 17,1 0,090
60 -0,5 5,0 -0,5 2,72 0,007 17,1 0,000
61
60 -0,5 5,0 -0,5 2,72 0,021 17,1 0,040
60 -0,5 7,0 0,5 9,68 0,147 25,5 0,249
60 -0,5 7,0 0,5 9,68 0,025 25,5 0,010
60 -0,5 7,0 0,5 9,68 0,001 25,5 0,010
120 0,5 5,0 -0,5 15,40 0,002 26,3 0,028
120 0,5 5,0 -0,5 15,40 0,080 26,3 0,693
120 0,5 5,0 -0,5 15,40 0,019 26,3 0,028
120 0,5 7,0 0,5 24,28 0,027 28,0 0,198
120 0,5 7,0 0,5 24,28 0,002 28,0 0,222
120 0,5 7,0 0,5 24,28 0,000 28,0 0,222
Total 0,467 Total 2,62
Para a velocidade de sedimentação, com o uso do floculante não iônico, os
valores das constantes b
0
, b
1
, b
2
e b
3
obtidos no ajuste, de acordo com a
equação (3.3), encontram-se na Tabela V.13, abaixo:
Tabela V.13: Constantes para a velocidade de sedimentação com o uso do
floculante não iônico.
b
0
13,0
b
1
13,6
b
2
7,9
b
3
1,9
Assim, para a velocidade de sedimentação, a equação (3.3) apresentada
anteriormente, toma a seguinte forma:
Y = v
s
= 13,0 + 13,6 X
1
+ 7,9 X
2
+ 1,9 X
1
X
2
(5.6)
A equação descrita acima é válida dentro dos intervalos de pH e dosagem
utilizados no planejamento fatorial, sendo o erro calculado para o uso da
equação de 5,2%.
Avaliando as constantes b
1
, b
2
e b
3
é possível observar que para o floculante
não iônico a dosagem apresenta-se como a variável de maior influência na
velocidade de sedimentação seguido do pH e da relação pH/dosagem.
62
A Figura 5.7 apresenta a superfície de resposta dos resultados obtidos para a
velocidade de sedimentação, para o floculante não iônico, onde é possível
observar que a condição ótima para a velocidade de sedimentação é para um
pH 7,0 e uma dosagem de 120g/t sendo a velocidade de 24,3mm/min, dentro
do intervalo utilizado no planejamento.
Figura 5.7: Superfície de resposta para a velocidade de sedimentação com o
uso do floculante não iônico.
Para a porcentagem de sólidos final do material floculado, com o uso do
floculante não iônico, os valores obtidos para as constantes b
0
, b
1
, b
2
e b
3
encontra-se na Tabela V.14.
63
Tabela V.14: Constantes para a porcentagem de sólidos final com o uso do
floculante não iônico.
b
0
24,2
b
1
5,9
b
2
5,0
b
3
-6,8
Para a porcentagem de sólidos final do material floculado, conforme a equação
(3.3) tem-se:
Y = C
w
= 24,2 + 5,9 X
1
+ 5,0 X
2
– 6,8 X
1
X
2
(5.7)
A equação descrita acima é válida dentro dos intervalos de pH e dosagem
utilizados no planejamento fatorial, sendo o erro calculado para o uso da
equação de 6,7%.
Para a porcentagem de sólidos final do material floculado a interdependência
entre as variáveis apresenta-se como fator principal, seguido da dosagem e do
pH. A condição que apresentou o melhor resultado foi para pH 7,0 e dosagem
de 120g/t (Figura 5.8) sendo a porcentagem de sólidos de 28,0%.
64
Figura 5.8: Superfície de resposta para a porcentagem final de sólidos com o
uso do floculante não iônico.
5.3 Reologia
As medidas de tensão de escoamento da amostra foram modeladas de acordo
com o modelo de Bingham apresentado na equação (3.5). Deve-se ressaltar
que todas as medidas foram feitas em duplicata.
Os resultados obtidos para o modelo de Bingham encontram-se ilustrados na
Tabela V.15 e a curva da tensão de escoamento em função da porcentagem de
sólidos, sem a adição de floculantes, na Figura 5.9. Os pontos com a adição de
floculantes foram indicados de forma a avaliar o impacto que estes teriam na
reologia final da polpa.
65
Tabela V.15: Tensão de escoamento segundo modelo de Bingham
A1 A1 A2 A2
Tipo de Floculante
pH Dosagem
Cw
τ µ τ µ
(g/t) % (Pa) (Pa/s) (Pa) (Pa/s)
Sem Floculante 6,5 - 10,0 0,40 0,00299 0,40 0,00183
Sem Floculante 6,3 - 15,0 0,70 0,00299 0,71 0,00300
Sem Floculante 6,3 - 20,0 1,37 0,00493 1,40 0,00496
Sem Floculante 6,2 - 25,0 2,97 0,00811 2,97 0,00817
Sem Floculante 6,0 - 30,0 6,82 0,01296 6,84 0,01322
Sem Floculante 6,1 - 32,0 8,13 0,01442 8,24 0,01452
Sem Floculante 6,1 - 34,0 10,43 0,01754 10,68 0,01725
Sem Floculante 6,1 - 36,0 14,00 0,02095 13,87 0,02150
Sem Floculante 5,8 - 38,0 19,14 0,02440 19,52 0,02514
Sem Floculante 6,0 - 40,0 22,65 0,02666 24,13 0,02766
Sem Floculante 6,0 - 42,0 33,51 0,03368 31,87 0,03364
PAM – N 5,0 80,0 23,7 2,69 0,00719 2,74 0,00719
PAM – N 7,0 100,0 23,5 3,02 0,00827 3,01 0,00831
PAM – A 7,0 110,0 21,4 2,11 0,00636 2,15 0,00679
PAM – C 7,0 130,0
Tensão de Escoamento x Cw
0
5
10
15
20
25
30
35
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44
Cw
Tensão de Escoamento (Pa)
C1 Sem Floculante C2 Sem Floculante C1 N-100 80g/t
C2 N-100 80g/t C1 N-100 100g/t C2 N-100 100g/t
C1 A-130 110g/t C2 A-130 110g/t
Figura 5.9: Tensão de escoamento em função de porcentagem de sólidos
segundo modelo de Bingham.
66
A curva da tensão de escoamento (Figura 5.9) permite observar que a polpa
em questão começa a apresentar elevação significativa para a tensão de
escoamento a partir de uma porcentagem de sólidos aproximada de 30%,
mudando significativamente suas características reológicas.
Avaliando a Figura 5.9, pode-se observar que os floculantes apresentaram
pouca influência na tensão de escoamento da polpa floculada. Este fato pode
ser devido à baixa porcentagem de sólidos final que o material floculado
atingiu, não permitindo a aproximação entre as partículas, fazendo com que
estas se apresentassem muito dispersas, dificultando uma maior interação.
Os valores de tensão de escoamento e de viscosidade obtidos no modelo de
Bingham deram subsidio a utilização do modelo desenvolvido por Darby et al.
(1992) apresentado pelas equações (3.9) a (3.20) e ilustrados pelas Figuras
5.10 e 5.11 abaixo, onde é possível observar a existência de uma condição
ótima de operação na qual a energia consumida para o bombeamento
apresenta um mínimo. A Figura 5.10 comparou o modelo variando-se o
diâmetro da tubulação com fluxo fixo de sólidos de 100 t/h a ser manuseado.
Já a Figura 5.11 apresenta o modelo de Darby para um diâmetro fixo de
tubulação de 305mm variando-se o volume de polpa a ser manuseado.
Segundo o modelo, a condição ótima de bombeamento está localizada entre 30
e 34% de sólidos, com a tensão de escoamento entre 6,8 e 10,5Pa e a
viscosidade entre 1,3 e 1,7cP.
67
Figura 5.10: Consumo energético específico em função do diâmetro de
tubulação.
Dentre os ensaios de sedimentação apenas a polpa floculada com o floculante
catiônico apresentou uma porcentagem de sólidos final na faixa onde a polpa
poderia apresentar as características de uma pasta mineral. Também,
avaliando-se do ponto de vista do manuseio a polpa floculada com o floculante
catiônico apresentou-se dentro da faixa ótima de operação atingindo 31,2% de
sólidos.
Para o floculante aniônico e não nico as polpas floculadas não apresentaram
porcentagem de sólidos elevadas a ponto de apresentar o comportamento de
uma pasta mineral, estando também fora da faixa ótima de manuseio por meio
de bombas.
Consumo Energético x % Sólidos
100 t/h
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
10
%
12
%
14
%
16
%
18
%
20
%
22
%
24
%
26
%
28
%
30
%
32
%
34
%
36
%
38
%
40
%
42
%
44
%
46
%
48
%
50
%
% Sólidos
Energia específica de
bombeamento (kWh / t / km)
152mm(6pol) 203mm(8pol) 254mm(10pol) 305mm(12pol) 356mm(14pol)
68
Figura 5.11: Consumo energético específico para em função da vazão de
sólidos.
Consumo Energético x % Sólidos
305mm (12pol)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10
%
12
%
14
%
16
%
18
%
20
%
22
%
24
%
26
%
28
%
30
%
32
%
34
%
36
%
38
%
40
%
42
%
44
%
46
%
48
%
50
%
% Sólidos
Energia específica de
bombeamento (kWh / t / km)
50t/h 100t/h 150t/h 200t/h 250t/h
69
6. CONCLUSÕES
6.1 Caracterização
As amostras utilizadas compõem-se basicamente de partículas minerais com
granulometria de argilas, com a predominância do mineral Gibbsita, Caulinita e
Quartzo, com proporções menores de Goethita e Anatásio e Hematita.
Os teores de alumina aproveitável, lica total e ferro total são 24,5%, 19,0% e
16,5% respectivamente.
O peso específico da amostra encontra-se com um valor próximo de 2,39g/cm³.
A área superficial específica da amostra encontra-se com um valor de
28,98m²/g.
O ponto de carga zero (PCZ) da amostra encontra-se no pH 6,2 estando as
partículas com cargas negativas para valores de pH superiores a este e com
carga positiva para valores de pH inferiores ao PCZ.
A distribuição granulométrica das partículas apresenta um d
50
de 9,0µm e um
d
95
de 150µm, seguindo a distribuição de Rosin-Rammler com a forma final da
equação conforme descrito abaixo.
Y = 100.e
-(d/4,815)
-0,621
6.2 Sedimentação
Segundo o modelo utilizado para o planejamento dos ensaios, os melhores
resultados foram obtidos com o uso do floculante catiônico, sendo a velocidade
de sedimentação calculada de 104,5mm/min e a porcentagem final de sólidos
de 31,2%, com uma dosagem de 130g/t e o pH 5. Comparando os resultados
70
obtidos com o modelo com os resultados obtidos experimentalmente, os
valores encontram-se dentro da margem de erro calculada de 8,9% e 6,5%
para a velocidade de sedimentação e a porcentagem final de sólidos
respectivamente.
Novamente, de acordo com modelamento, o floculante aniônico apresentou
uma velocidade de sedimentação de 6,6mm/min e uma porcentagem final de
sólidos de 24,3%, para uma dosagem de 110g/t e pH 7 e comparando com os
resultados experimentais da velocidade de sedimentação e da porcentagem
final de sólidos, os mesmos se encontram dentro da margem de erro de 8,3%
para a velocidade de sedimentação e 7,1% para a porcentagem final de
sólidos.
o floculante não iônico apresentou uma velocidade de sedimentação de
24,3mm/min e uma porcentagem final de sólidos de 28,0%, sendo a dosagem
de 120g/t e o pH 7. Novamente os resultados experimentais encontram-se
dentro da margem de erro calculada para cada pelo modelo, com 5,2% e 6,7%
para a velocidade de sedimentação e a porcentagem final de sólidos
respectivamente.
Do ponto de vista da carga superficial das partículas em suspensão pode-se
observar que existe uma relação entre esta e o princípio ativo de cada
floculante (catiônico, aniônico e não nico), possivelmente, devido às Forças
de van der Waals. Os melhores resultados foram obtidos quando as partículas
e o floculante apresentavam o mesmo sinal de carga, ou seja, sem atração
eletrostática. Para valores de pH abaixo do PCZ, com as partículas carregadas
positivamente os melhores resultados foram obtidos com o uso do floculante
catiônico. O mesmo ocorre para valores de pH acima do PCZ, onde as
partículas encontram-se carregadas negativamente e o floculante aniônico
apresenta os melhores resultados. No caso do floculante não iônico, os
melhores resultados eram esperados para o pH no PCZ, porém as respostas
encontradas diferiram um pouco sendo apresentados para o pH 7.
71
6.3 Reologia
Segundo o modelo de Bingham a polpa em estudo apresenta elevação
significativa da tensão de escoamento a partir de uma porcentagem de sólidos
aproximada de 28-32%.
Observando os resultados apresentados nos ensaios de sedimentação e
reologia, pode-se concluir que as polpas floculadas apresentaram-se como
polpas de alta densidade.
Os floculantes não apresentaram impacto significativo na reologia da polpa
dentro das condições estabelecidas para os ensaios. Sua influência não pode
ser determinada de forma clara devido à baixa porcentagem de sólidos no qual
foram realizadas as medidas, sendo necessário a realização de medidas com
porcentagens de sólidos mais elevadas, dentro da faixa de transição polpa-
pasta.
No que diz respeito ao modelamento utilizando o modelo de Darby et al.
(1992), as condições ótimas de manuseio encontram-se na faixa de 30-34% de
sólidos, com uma tensão de escoamento entre 6,8 e 10,5Pa e a viscosidade
entre 1,3 e 1,7cP.
72
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Variar a porcentagem de sólidos dos ensaios de sedimentação de forma a
avaliar seu impacto na velocidade de sedimentação e porcentagem de lidos
do material floculado.
Ampliar a faixa de pH e dosagem nos ensaios de sedimentação.
Variar o pH da polpa sem a adição de floculantes para avaliar a influência deste
na reologia da polpa.
Avaliar o impacto dos floculantes na reologia da polpa floculada.
73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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79
APÊNDICE I
Difratometria de Raios-X
80
Interpretação dos sinais do difratogramas obtido para amostra testada.
Original scan: am06491 Date: 21/06/06 15:01
Description of scan:
REJEITO-ALTA TEMP
Used wavelength: K-Alpha
K-Alpha1 wavelength (Å): 1,54060
K-Alpha2 wavelength (Å): 1,54439
K-Alpha2/K-Alpha1 intensity ratio : 0,50000
K-Alpha wavelength (Å): 1,54060
K-Beta wavelength (Å):
d-spacing Relative Intensity
(Å) (%)
7,17931 4,94 CAOLINITA
4,82166 100,00 GIBBSITA
4,35657 38,14 CAOLINITA + GOETHITA
4,11697 14,57 CAOLINITA
3,52482 9,26 ANATÁSIO
3,33635 90,64 QUARTZO
3,17089 7,22 QUARTZO
2,69793 13,08 GOETHITA + HEMATITA
2,44899 40,08 GOETHITA + QUARTZO
2,40989 24,23 GIBBSITA
2,37964 35,54 ANATÁSIO + GIBBSITA
2,27648 9,47 QUARTZO
2,23594 20,83 QUARTZO + GOETHITA
2,15971 20,35
2,12112 8,11 QUARTZO
2,04318 23,43 GIBBSITA
1,98924 20,76 QUARTZO
1,91156 13,01 ANATÁSIO
1,81457 26,89 QUARTZO
1,79959 16,66
81
1,74781 23,38 GIBBSITA
1,71572 15,28 GOETHITA + ANATÁSIO
1,69307 23,28 HEMATITA + GIBBSITA
1,66843 21,38 ANATÁSIO + QUARTZO
1,58279 4,51
1,53980 29,24 QUARTZO
1,48450 14,71 ANATÁSIO + HEMATITA
1,45494 26,41 QUARTZO
1,43922 11,90
1,40487 6,29
1,38128 20,82 QUARTZO
1,37198 6,57 QUARTZO
1,36042 5,57
1,28581 5,60 QUARTZO
1,25497 17,55 QUARTZO
1,22644 3,39
1,20934 7,53
1,19965 12,51 QUARTZO
1,18157 4,56 QUARTZO
1,14471 2,39 QUARTZO
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