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Dados Pessoais
Aluna: Mônica dos Santos Bezerra
D.N: 01/02/1972
Endereço: Rua Adolfo Bezerra de Menezes, 918.Alvaro
Weyne.Fortaleza-Ceará.
Dissertação: Representações Sociais de Homens sobre a
Decisão Contraceptiva.
Data da defesa: 03/03/2010
CPF:537619523-68
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RESUMO
O estudo objetivou apreender as representações sociais de homens sobre a
decisão contraceptiva, enfocando o planejamento familiar, vasectomia e a
participação do enfermeiro no processo, considerando a temática gênero no
campo das ciências sociais. A pesquisa foi norteada pela Teoria das
Representações Sociais, baseada nos princípios de Moscovici e Jodelet, com
uso de multimétodos. Realizou-se em um hospital público municipal de
Fortaleza, por meio de entrevista, observação e técnica de associação livre de
palavras. Contextualizou-se 109 homens que participaram da técnica de
associação livre de palavras. Na entrevista participaram treze homens que se
encontravam no pré-operatório de vasectomia, no período de junho a setembro
de 2009. As entrevistas foram analisadas pela técnica de conteúdo de Bardin, e
os achados coletados através da técnica de associação de palavras foram
processados no Software Tri-deux-Mots, sendo interpretados a partir da análise
fatorial de correspondência. As categorias que brotaram foram:
Representações sociais de homens sobre o planejamento familiar;
Representações sociais de homens sobre a vasectomia, Representações
sociais de homens sobre motivos da opção pela vasectomia e sentimentos
vivenciados no pré-operatório. O conceito de planejamento familiar para os
homens agrupou-se em duas abordagens: como um espaço para decisão de
ter ou o filhos e a outra com enfoque dessa decisão está associada ao fator
financeiro. O serviço não foi colocado pelos homens como local de discussão
de outros assuntos como sexualidade e que eles também fossem autores na
saúde sexual e reprodutiva. A vasectomia envolveu três subcategorias:
procedimento técnico com locais de cirurgia diversificados, procedimento
desconhecido, decisão de vida saudável e prejudicial. O conhecimento do local
do corpo onde a cirurgia seria realizada foi abordado por diferentes locais,
como também foi expresso desconhecimento de onde fisicamente a cirurgia
seria realizada. A justificativa da cirurgia foi atribuída ao caráter financeiro e por
proteção à esposa, o homem assume a postura de tomada de decisão por
amor à parceira, sendo a saúde dela um motivo importante. Os sentimentos
vivenciados nessa fase foram medo e tranquilidade. A tranquilidade esteve
associada ao fato de alguém próximo ter passado por tal experiência sem
nenhum prejuízo, principalmente no que diz respeito à questão sexual. Os
homens que iriam se submeter à vasectomia participaram de uma atividade
educativa com o serviço social do hospital, caracterizada como satisfatória,
significativa e inclusive identificaram o assistente social como facilitador. O
enfermeiro não se integrou em nenhuma etapa vivenciada pelo homem, fato
agravante, tornando-se evidente a importância da participação do enfermeiro
no serviço de planejamento familiar.
PALAVRAS-CHAVE: Homem. Vasectomia. Representações. Planejamento
Familiar.
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ABSTRACT
The study aimed to apprehend men's social representations on contraceptive
decision, focusing on family planning, vasectomy and nurses participation in the
process, considering the thematic in social sciences field. The research was
guided by the Theory of Social Representations, based on the principles of
Moscovici and Jodelet, using multi-methods. It was carried out at a municipal
public hospital of Fortaleza, through interview, observation and words
association technique. 109 men that participated of words association technique
were contextualized. Thirteen men in vasectomy preoperative participated in the
interview, from June to September 2009. The interviews were analyzed through
Bardin's content technique, and the discoveries collected through words
association technique were processed in the Software Tri-deux-Mots and
interpreted based on correspondence factorial analysis. The categories
identified were: Men's social representations on family planning; Men's social
representations on vasectomy; Men's social representations on reasons for
choosing vasectomy; and Feelings experienced in preoperative. The concept of
family planning for men was grouped in two approaches: as a space for
decision of having or not children and the other based on this decision is
associated to the financial factor. The service was not seen by men as place for
discussion of other subjects, like sexuality and that they are also authors in
sexual and reproductive health. Vasectomy involved three subcategories:
technical procedure with surgery diversified places; unknown procedure; and
decision of healthy and harmful life. Knowing the body area where the surgery
would happen was approached by different places; it was also expressed
disinformation on where the surgery would be physically accomplished. The
justification of surgery was attributed to financial factor and wife's protection;
men make this decision for loving their partners, having her health as important
reason. The feelings experienced in this phase were fear and tranquility.
Tranquility was associated to the fact that somebody close had gone through
such experience without any damage, especially concerning sexual matter. Men
that would undergo to vasectomy participated of an educational activity with the
social service of the hospital, characterized as satisfactory, significant and they
also identified the social worker as supporter. Nurses didn't took part in any
stage lived by men, that is an aggravating fact, becoming evident the
importance of nurses participation in the service of family planning.
KEYWORDS: Men. Vasectomy. Representations. Family Planning (Public
Health).
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
MÔNICA DOS SANTOS BEZERRA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS
SOBRE A DECISÃO CONTRACEPTIVA
FORTALEZA
MÔNICA DOS SANTOS BEZERRA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS
SOBRE A DECISÃO CONTRACEPTIVA
FORTALEZA
– CEARÁ
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS
2010
MÔNICA DOS SANTOS BEZERRA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS
SOBRE A DECISÃO CONTRACEPTIVA
Dissertação submetida à Coordenação do
Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados
Clínicos em Saúde, do Centro de Ciências da
Saúde, da Universidade Estadual do Ceará
como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Enfermagem.
Área de Concentração: Enfermagem
Orientadora: Profª. Dra. Dafne Paiva Rodrigues
Fortaleza – Ceará
2010
MÔNICA DOS SANTOS BEZERRA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS
SOBRE A DECISÃO CONTRACEPTIVA
Dissertação submetida à Coordenação do
Curso de Mestrado Acadêmico em Cuidados
Clínicos em Saúde, do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Estadual do Ceará,
como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Enfermagem. Área de
Concentração: Enfermagem.
Data da Defesa: 03/03/2010 Conceito:
Aprovada
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Profª. Dra. Dafne Paiva Rodrigues (Orientadora)
Universidade Estadual do Ceará
_____________________________________________________
Profª. Dra.Thereza Maria Magalhães Moreira (Membro Efetivo)
Universidade Estadual do Ceará
_____________________________________________________
Profª. Dra. Maria Lúcia Duarte Pereira (Membro Efetivo)
Universidade Estadual do Ceará
_____________________________________________________
Profª. Dra. Régia Cristina Moura Barbosa (Membro Suplente)
Faculdade Metropolitana de Fortaleza
A Deus, por me acompanhar em toda essa
trajetória e me possibilitar concluí-la com
saúde, paz e sabedoria.
Aos meus familiares, por me apoiarem nos
momentos difíceis e compartilharem comigo
essa caminhada.
Ao meu esposo, pela paciência,
companheirismo e amor, evidenciados na
nossa união.
À minha orientadora, por toda tranquilidade e
sensibilidade, fatores que embasaram meu
estudo.
Às minhas amigas, Léa, Mirna, Juliana e
Linicarla, por contribuírem no meu estudo com
opiniões construtivas e qualificadas.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À Universidade Estadual do Ceará e ao Curso de Mestrado Acadêmico em
Cuidados Clínicos em Saúde, Área de Concentração: Enfermagem.
À Instituição Hospitalar, nas pessoas do Diretor Geral, Diretoria Técnica e
Coordenadora de Enfermagem, pelo acesso ao campo e aos sujeitos da
pesquisa.
À Professora Escolástica por quem tenho profunda admiração, por sua
competência e inteligência, acompanhando-me até a conclusão da dissertação.
Aos homens que fizeram parte do meu estudo com muita disponibilidade e
leveza, contribuindo significativamente para a construção da dissertação.
RESUMO
O estudo objetivou apreender as representações sociais de homens sobre a
decisão contraceptiva, enfocando o planejamento familiar, vasectomia e a
participação do enfermeiro no processo, considerando a temática gênero no
campo das ciências sociais. A pesquisa foi norteada pela Teoria das
Representações Sociais, baseada nos princípios de Moscovici e Jodelet, com
uso de multimétodos. Realizou-se em um hospital público municipal de
Fortaleza, por meio de entrevista, observação e técnica de associação livre de
palavras. Contextualizou-se 109 homens que participaram da técnica de
associação livre de palavras. Na entrevista participaram treze homens que se
encontravam no pré-operatório de vasectomia, no período de junho a setembro
de 2009. As entrevistas foram analisadas pela técnica de conteúdo de Bardin, e
os achados coletados através da técnica de associação de palavras foram
processados no
Software Tri-deux-Mots
, sendo interpretados a partir da análise
fatorial de correspondência. As categorias que brotaram foram:
Representações sociais de homens sobre o planejamento familiar;
Representações sociais de homens sobre a vasectomia, Representações
sociais de homens sobre motivos da opção pela vasectomia e sentimentos
vivenciados no pré-operatório. O conceito de planejamento familiar para os
homens agrupou-se em duas abordagens: como um espaço para decisão de
ter ou o filhos e a outra com enfoque dessa decisão está associada ao fator
financeiro. O serviço não foi colocado pelos homens como local de discussão
de outros assuntos como sexualidade e que eles também fossem autores na
saúde sexual e reprodutiva. A vasectomia envolveu três subcategorias:
procedimento técnico com locais de cirurgia diversificados, procedimento
desconhecido, decisão de vida saudável e prejudicial. O conhecimento do local
do corpo onde a cirurgia seria realizada foi abordado por diferentes locais,
como também foi expresso desconhecimento de onde fisicamente a cirurgia
seria realizada. A justificativa da cirurgia foi atribuída ao caráter financeiro e por
proteção à esposa, o homem assume a postura de tomada de decisão por
amor à parceira, sendo a saúde dela um motivo importante. Os sentimentos
vivenciados nessa fase foram medo e tranquilidade. A tranquilidade esteve
associada ao fato de alguém próximo ter passado por tal experiência sem
nenhum prejuízo, principalmente no que diz respeito à questão sexual. Os
homens que iriam se submeter à vasectomia participaram de uma atividade
educativa com o serviço social do hospital, caracterizada como satisfatória,
significativa e inclusive identificaram o assistente social como facilitador. O
enfermeiro não se integrou em nenhuma etapa vivenciada pelo homem, fato
agravante, tornando-se evidente a importância da participação do enfermeiro
no serviço de planejamento familiar.
PALAVRAS-CHAVE:
Homem. Vasectomia. Representações. Planejamento
Familiar.
ABSTRACT
The study aimed to apprehend men's social representations on contraceptive
decision, focusing on family planning, vasectomy and nurses participation in the
process, considering the thematic in social sciences field. The research was
guided by the Theory of Social Representations, based on the principles of
Moscovici and Jodelet, using multi-methods. It was carried out at a municipal
public hospital of Fortaleza, through interview, observation and words
association technique. 109 men that participated of words association technique
were contextualized. Thirteen men in vasectomy preoperative participated in the
interview, from June to September 2009. The interviews were analyzed through
Bardin's content technique, and the discoveries collected through words
association technique were processed in the Software Tri-deux-Mots and
interpreted based on correspondence factorial analysis. The categories
identified were: Men's social representations on family planning; Men's social
representations on vasectomy; Men's social representations on reasons for
choosing vasectomy; and Feelings experienced in preoperative. The concept of
family planning for men was grouped in two approaches: as a space for
decision of having or not children and the other based on this decision is
associated to the financial factor. The service was not seen by men as place for
discussion of other subjects, like sexuality and that they are also authors in
sexual and reproductive health. Vasectomy involved three subcategories:
technical procedure with surgery diversified places; unknown procedure; and
decision of healthy and harmful life. Knowing the body area where the surgery
would happen was approached by different places; it was also expressed
disinformation on where the surgery would be physically accomplished. The
justification of surgery was attributed to financial factor and wife's protection;
men make this decision for loving their partners, having her health as important
reason. The feelings experienced in this phase were fear and tranquility.
Tranquility was associated to the fact that somebody close had gone through
such experience without any damage, especially concerning sexual matter. Men
that would undergo to vasectomy participated of an educational activity with the
social service of the hospital, characterized as satisfactory, significant and they
also identified the social worker as supporter. Nurses didn't took part in any
stage lived by men, that is an aggravating fact, becoming evident the
importance of nurses participation in the service of family planning.
KEYWORDS:
Men. Vasectomy. Representations. Family Planning (Public
Health).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 – Panorama das cirurgias contraceptivas de um hospital público
municipal de Fortaleza, localizado na Secretaria Executiva Regional I..
38
Quadro 1 –
Distribuição das variáveis sociodemográficas dos homens do pré-
operatório de vasectomia, participantes do estudo. Fortaleza-CE,
2009....................................................................................................
48
Figura 1 – Representações sociais de homens sobre o planejamento familiar...
54
Figura 2 – Representações sociais de homens sobre a vasectomia...................
59
Figura 3 – Representações sociais de homens sobre a decisão contraceptiva.
Fortaleza-CE, 2009.............................................................................
67
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATUAS
AFC - Análise Fatorial da Correspondência
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ONU - Organização das Nações Unidas
RHEG - Rede de Homens pela Equidade de Gênero
SUS - Sistema Único de Saúde
TALP - Técnica de Associação Livre de Palavras
TDM -
Tri-Deux-Mots
TRS - Teoria das Representações Sociais
UNFPA - Fundo de População das Nações Unidas
SUMÁRIO
RESUMO
..............................................................................................
5
ABSTRACT
..........................................................................................
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES..................................................................
7
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATUAS
...........................................
.....
8
1 A BUSCA PELO OBJETO...............................................................
11
2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................
19
2.1 A VASECTOMIA COMO MÉTODO CONTRACEPTIVO E A PARTICIPA-
ÇÃO DO HOMEM NESSE CONTEXTO.........................................................
19
2.2 HOMEM: construções biológicas e culturais...................................................
27
2.3 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS................................................
32
3 METODOLOGIA..............................................................................
36
3.1 NATUREZA E TIPO DE ESTUDO...................................................................
36
3.2 CENÁRIO DO ESTUDO..................................................................................
37
3.2.1 Panorama das cirurgias contraceptivas do hospital..............................
38
3.3 SUJEITOS DA PESQUISA..............................................................................
39
3.4 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...............
40
3.4.1 Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP)...................................
41
3.4.2 Entrevista semiestruturada.......................................................................
43
3.4.3 Observação livre.........................................................................................
43
3.5 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS....................................................
44
3.6 ASPECTOS ÉTICOS NA PESQUISA.............................................................
46
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS.....................
47
4.1 DADOS SOCIODEMÓGRAFICOS DOS HOMENS DA PESQUISA...............
47
4.2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS SOBRE O PLANEJAMENTO
FAMILIAR........................................................................................................
50
4.2.1 O Planejamento familiar como espaço para decisão de ter ou não
filhos............................................................................................................
51
4.2.2 Planejamento familiar atribuído ao fator financeiro................................
52
4.3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS SOBRE VASECTOMIA..........
55
4.3.1 A vasectomia como procedimento técnico em local diversificado.......
55
4.3.2 Vasectomia como procedimento desconhecido.....................................
57
4.3.3 Vasectomia como
decisão de vida saudável e prejudicial.....................
57
4.4 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS SOBRE O MOTIVO DA
VASECTOMIA.................................................................................................
60
4.4.1 Por motivos financeiros.............................................................................
60
4.4.2 Por proteção à esposa...............................................................................
61
4.5 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS HOMENS SOBRE SENTIMENTOS
VIVENCIADOS NO PRÉ-OPERATÓRIO DE VASECTOMIA.........................
61
4.5.1 Medo da cirurgia.........................................................................................
62
4.5.2. Tranquilidade no
pré
-
operatório...............................................................
63
5 TRAJETÓRIA DO HOMEM PARA REALIZAÇÃO DA CIRURGIA
E A PARTICIPAÇÃO DO ENFERMEIRO NESSE CONTEXTO.....
64
6 ANÁLISE FATORIAL DE CORRESPONNCIA: evocões
emitidas pelos homens........................................................................
66
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................
70
REFERÊNCIAS
............................................................
........................
72
APÊNDICES.........................................................................................
82
APÊNDICE A – TESTE DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS......................
83
APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA........................................................
84
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.........
85
APÊNDICE D – BANCO DE DADOS.....................................................................
86
APÊNDICE E – DICIONÁRIO DE PALAVRAS.......................................................
95
APÊNDICE F – FREQUÊNCIA DE APARECIMENTO DOS ESTÍMULOS............
99
ANEXOS..............................................................................................
101
ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA...................................................
102
ANEXO B – DECLARAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICAL E ORTOGRÁFICA.....
103
1 A BUSCA PELO OBJETO
A decisão contraceptiva constitui fato marcante na vida do ser
humano e representa um momento que pode envolver significativas mudanças
sociais, culturais e psíquicas no indivíduo. Ela integra um dos passos da saúde
sexual e reprodutiva e do planejamento familiar.
Gama (2006) refere que a saúde sexual e reprodutiva suscita as
mais variadas discussões ligadas à religião, à geração, ao gênero, ao estado
marital, à classe social, à situação econômica, à psíquica, cultural, entre tantas
outras que compõem a natureza humana. No mundo contemporâneo, saúde
sexual e reprodutiva significa vida sexual prazerosa e segura para os
indivíduos, e a liberdade para eles decidirem se desejam ter filhos, quando e
com que frequência.
No sentido de proporcionar ao cliente bem-estar sexual e
reprodutivo, o Planejamento Familiar surge como uma rede de acontecimentos,
envolvendo orientações, procedimentos técnicos, apresentação dos métodos
conceptivos e contraceptivos, encaminhamentos, enfim, um dinamismo de
ações multiprofissionais que culminam com a promoção e qualidade de vida.
Costa, Ferraz e Morris (2000) afirmam que o planejamento familiar é
considerado parte integrante dos direitos sexuais e reprodutivos. Ao permitir a
limitação do número de filhos e o espaçamento entre seus nascimentos,
contribui para elevar o grau de autonomia das mulheres e possibilita que
mulheres, homens e adolescentes tenham maior controle de suas vidas. É, em
última análise, elemento fundamental para o desenvolvimento social e para o
exercício da cidadania, que reforça a liberdade de expressão e o conhecimento
sobre direitos e deveres, dentre eles, direito à liberdade sobre seu corpo,
relações pessoais, direito à informação e o exercício à reprodução de forma
esclarecida e saudável.
Para Ramos (2008, p. 12):
O Planejamento Familiar constitui um aspecto importante da
assistência à saúde: é um tema que transcende as fronteiras da vida
individual e faz parte das agendas de políticas públicas, de
organizações não governamentais, do movimento social feminista e
da mídia.
O tema busca a cada dia interpretar e divulgar novas formas de
concepção e contracepção, caracterizando todos e condutas que visam
possibilitar ao casal a decisão de ter filhos ou não, de forma consciente e
esclarecida. A escolha de não ter mais filhos por um método anticoncepcional
necessita ser permeada por orientações de profissionais de saúde, a fim de
que as informações sejam verdadeiras e expostas de forma saudável.
A contracepção consiste no ato de o ter filhos, utilizando todos
cirúrgicos e não cirúrgicos, sendo o ideal a decisão de forma compartilhada e
saudável. Ela é definida por Gomes e Leitão (2005) como método e maneiras
que um casal utiliza para prevenir a gravidez. Os métodos, para esta finalidade,
variam, e a escolha de um deles depende de cada casal, de peculiaridades e
das características de cada método.
Para Ricci (2008), os casais precisam decidir qual é o método mais
adequado para eles, de modo que satisfaça a necessidade de contracepção e
de vida, que é diferente ao longo da evolução. No caso dos métodos
anticoncepcionais cirúrgicos, destacam-se a laqueadura tubária e a
vasectomia, métodos fornecidos pelo sistema de saúde pública e com alguns
critérios para realização.
De acordo com Smeltzer e Bare (2005, p. 1472), depois da
abstinência, a esterilização por oclusão tubária bilateral ou vasectomia é o meio
mais efetivo de contracepção. Ambos os procedimentos devem ser
considerados permanentes, porque nenhum deles é facilmente reversível.
Gama (2006) define vasectomia como uma pequena cirurgia,
realizada nos canais deferentes, com o objetivo de impedir que os
espermatozóides produzidos nos testículos saiam no líquido expelido durante a
ejaculação. É um procedimento médico ambulatorial simples e rápido, sem
necessidades de internação; a anestesia é local na região do saco escrotal.
Os métodos anticoncepcionais femininos são sempre fontes
maiores de divulgação e exposição, e a própria função de escolha do
método sempre esteve ligada à mulher. Percebe-se na sociedade que
assuntos e decisões relacionados à contraceão e à concepção de
maneira geral, estão diretamente ligados e responsabilizados ao sexo
feminino, assim como as ações do setor sde que colaboram para esta
realidade. A presença do homem é notória, mas ainda o é satisfatória.
O conceito de saúde reprodutiva é relativamente recente, pois
tradicionalmente o tema era considerado saúde da mulher. Ramos (2008)
refere que, em princípio, o atendimento à saúde reprodutiva dirige-se ao
homem e à mulher. No entanto, tendo em vista a flagrante diferença de papéis
biológicos entre homens e mulheres no processo da reprodução, é sobre estas
últimas que recai o foco do atendimento. As estratégias e atendimentos
envolvendo planejamento familiar, saúde sexual e reprodutiva são em maioria
direcionadas à mulher.
Discutir sobre a decisão contraceptiva masculina é mais abrangente
do que definir vasectomia ou usar o condom, pois exige uma abordagem das
relações de gênero, em que os homens também expressam sentimentos,
opiniões, cultura, religião e emoções. As relações de gênero fazem parte dessa
discussão em virtude da sua relação com o objetivo da pesquisa.
Andrade e Therrien (2004) afirmam que o gênero identifica as
características socialmente construídas em determinados contextos. O homem
deve estar sempre pronto para o sexo, levando à construção de uma
sexualidade em torno da articulação de parceiras. O distanciamento emocional,
o espírito de aventura, frieza e sedução são considerados fundamentais no
comportamento sexual masculino.
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), da Rede de
Homens pela Equidade de Gênero (RHEG), do Instituto PAPAI (2007) relata que
infelizmente, em sociedades conservadoras, homens e mulheres são educados,
desde muito cedo, para responder a modelos predeterminados e cultivados e
mutuamente excludentes do que é ser homem e do que é ser mulher. Embora os
modelos variem ao longo do tempo e de cultura para cultura, os processos de
sociabilização tendem a orientar-se pelo olhar da diferença – “ser homem é
diferente de ser mulher” e pela perspectiva da desigualdade - ser homem é
melhor que ser mulher”.
E, ainda, segundo Jolly e Cornwall (2008), os homens são
estimulados a serem machistas e a assumirem riscos em relação ao sexo, o
que pode levar a problemas de saúde sexual para eles próprios e para os
parceiros (as) e, consequentemente, sua participação diante de uma resolução
seja artificial e sem postura crítica.
É importante ressaltar que diante de uma decisão, é sempre
interessante que o agente da ação sinta-se e perceba-se como sujeito, que
está exercendo sua cidadania e participante de atitudes que gerem bem-estar
social, sico e psíquico, e não funcione como mero objeto. A cidadania permite
ao homem o desenvolvimento de seu senso crítico, com direitos e deveres
entrelaçados na sua execução.
Tal caminho permite ao indivíduo uma definição e sensibilização do
que é saúde e do quanto ele é responsável por este cuidado. Um cuidado tão
pouco evidenciado na classe masculina e distante de condições ideais. Para
Boff (2000), o cuidado faz parte da essência humana e não é apenas um ato
pontual e biológico, mas uma atitude de respeito, preocupação e
responsabilização para com o próximo. Para Luz (2004), o cuidado representa
o tratar, o respeitar, o acolher, o atender o ser humano em seu sofrimento, em
grande medida fruto de sua fragilidade social.
De acordo com Acioli (2006), o cuidado surge como uma prática que
ganha sentido de acordo com os interesses e necessidades dos sujeitos
envolvidos, sendo entendido como prática que articula saúde, doença,
necessidades e também o contexto socioeconômico e cultural em que se
inserem esses sujeitos. Visualizam-se também as instituições públicas
estimulando esse acontecimento no sentido de não oferecer serviços que
favoreçam a participação do homem como agente permeador de sua saúde.
Tais locais realizam atividades quase totalmente direcionadas à mulher e isso é
um agravante.
O papel do homem na sociedade diante de seu cuidado continua
tendo forte influência da característica de poder e soberania, tais fatos podem
interferir na relação saúde-doença. Sugere-se uma discussão da posição do
homem como sujeito que tem direito à saúde, assim como a mulher, e de que
significados ocorrem nessa trajetória.
As relações de gênero que acontecem e são transmitidas na
sociedade de geração a geração, em que o homem é um ser forte, protetor,
responsável pela renda e a mulher é o sexo frágil, a cuidadora e responsável
pelos afazeres domésticos, contribuem para diminuir a percepção do homem
como merecedor de cuidados e acabam por sobrecarregar a mulher dessa
função. Consequentemente, tem-se um modelo de homem que se encontra em
uma posição de superioridade, mas, ao mesmo tempo, de inferioridade quando
se considera o autocuidado. Esse cuidado não é importante para ele e talvez
só passe a ser em uma situação que envolva riscos.
Uma das inquietações que redundou na temática escolhida, que
consiste nas representações sociais de homens sobre a decisão contraceptiva,
foi a observação da pesquisadora e sua vivência no campo de trabalho, em
que a pesquisa foi realizada, em relação a pontuais diferenças de cuidado
entre o cliente homem e mulher na realização de cirurgias esterilizadoras
vasectomia e ligadura tubária. Tal visão fez perceber que é preciso assumir a
responsabilidade de oferecer assistência de enfermagem na saúde sexual e
reprodutiva para homens e mulheres, fazendo com que ambos sintam-se
importantes e com direitos à informação e ao atendimento igualmente
respeitados.
Leopardi (2006) define enfermagem como uma atividade de cuidado
aos seres humanos e, como processo de trabalho, tem um objetivo e uma
direção. Tem uma finalidade de trabalho, que ao ser caracterizado, define a
tendência de sua ação, implementação e avaliação. Tais afirmativas significam
que a prática de enfermagem revela mais do que apenas um fazer técnico,
revela a origem e a consequência deste fazer. Cuidar do ser humano implica
em oferecer ao mesmo uma assistência de qualidade, livre de preconceitos e
discriminação.
O objetivo do estudo foi apreender as representações sociais de
homens sobre a decisão contraceptiva. Diante deste propósito surgiram as
seguintes indagações: que conhecimentos eles têm acerca do planejamento
familiar e da vasectomia? O que levou o mesmo a tomar a decisão da
vasectomia? Quais os sentimentos diante da realização da vasectomia? Como
percebeu a participação da equipe multiprofissional no contexto da decisão
contraceptiva? Como foi sua trajetória para a tomada de decisão? Participou de
alguma atividade educativa diante da decisão e consegue identificar o
profissional que realizou tal atividade? Que palavras seriam mais evocadas na
cnica de associação de palavras, de acordo com os estímulos: Planejamento
Familiar, Vasectomia, Homem e Enfermeiro?
A saúde reprodutiva pode ser compreendida como um espaço, no
qual homens e mulheres sejam acolhidos de forma igualitária e com acesso a
informações de forma qualificada e prazerosa. E que ambos sintam-se sujeitos
significantes nas práticas de saúde, apesar das diferenças de gênero, sociais,
políticas e biológicas.
Pesquisar sobre a temática consiste em um desafio, pela própria
escassez de literatura existente e pela criação recente dos princípios, diretrizes
e recomendações para uma atenção integral à saúde dos homens. Datado de
maio de 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Homens
entende a importância da inclusão do homem nas políticas públicas,
destacando a necessidade de sua presença, participação e assistência no
serviço de saúde.
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), um dos principais
objetivos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Homens é
promover ações de saúde que contribuam significativamente para a
compreensão da realidade singular masculina nos seus diversos contextos
socioculturais e político-econômicos; outro, é o respeito aos diferentes níveis
de desenvolvimento e organização dos sistemas locais de saúde e tipos de
gestão. Este conjunto possibilita o aumento da expectativa de vida e a redução
dos índices de morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis nessa
população.
Vários estudos comparativos, entre homens e mulheres, têm
comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doenças,
sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que morrem mais
precocemente que as mulheres (COURTENAY, 2000; LAURENTI; MELLO-
JORGE; GOTLIEB, 2005; LUCK; BAMFORD; WILLIAMSON, 2000; NARDI;
GLINA; FAVORITO, 2007). A despeito da maior vulnerabilidade e das altas
taxas de morbimortalidade, os homens não buscam, como as mulheres, os
serviços de atenção básica. Consequentemente, acabam desinformados e
susceptíveis a informações errôneas (FIGUEIREDO, 2005; PINHEIRO et al.,
2002).
Diante das considerações aqui introduzidas, tem-se a
responsabilidade de contribuir para a pesquisa, reforçando o cuidado clínico
como um elo de fortalecimento da relação entre cliente e enfermeiro,
valorizando não somente aspectos biológicos, mas psíquicos e sociais,
enfocando a assistência com um olhar baseado na integralidade e equidade.
No sentido de proporcionar essa abordagem, o enfermeiro é um dos
profissionais com presença incontestável pela capacidade de abordagem,
conhecimento e interação que ele possui.
Portella et al. (2004, p. 9) relatam que concordam que a produção
científica deve ser criteriosa, rigorosa, e, ao mesmo tempo, estar a serviço da
transformação social. Assim, é importante compreender esta produção como
processo que favorece a produção de alternativas conceituais e metodológicas
para realização de pesquisas e/ou intervenção social na área de gênero,
saúde, sexualidade e reprodução.
Pretende-se desenvolver este trabalho, apoiando-se na Teoria das
Representações Sociais, proposta por Moscovici e Jodelet, acreditando que a
mesma subsidiará a compreensão dos significados dos homens sobre a opção
pela vasectomia. Lane (1993, p.61), entretanto, explicita como estas devem ser
estudadas, citando Jodelet:
[...] as Representações Sociais devem ser estudadas articulando
elementos afetivos, mentais e sociais e integrando ao lado da
cognição, da linguagem e da comunicação, a consideração das
relações sociais que afetam as representações e a realidade material,
social e ideal sobre as quais elas vão intervir.
As respostas encontradas subsidiarão a defesa da relevância de que
os homens também integram políticas públicas, como sujeitos formadores e
realizadores de opiniões e merecedores de cuidado e atenção pelos
profissionais de saúde, no campo do planejamento familiar.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo foi realizada contextualização sobre o planejamento
familiar e a vasectomia, conhecendo sua história e características. Enfocam-se
a participação masculina no serviço de saúde sexual e reprodutiva e a
importância da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.
Finalizamos descrevendo a Teoria das Representações Sociais e o seu valor
na pesquisa.
2.1 A VASECTOMIA COMO MÉTODO CONTRACEPTIVO E A
PARTICIPAÇÃO DO HOMEM NESSE CONTEXTO
A decisão contraceptiva constitui um dos temas abordados na saúde
reprodutiva, que representa um espaço onde homens e mulheres discutem
sobre assuntos relacionados à concepção, contracepção, sexualidade e às
relações de gênero, compartilhados com uma equipe de saúde. Diante de um
cenário tão importante de informações e onde a vasectomia surgiu, é
necessário conhecer sua história e definição e como sua importância se no
contexto de vida do ser humano, principalmente o masculino.
Nos anos de 1980, surgiu o conceito de saúde reprodutiva, muito
mais amplo que ganhou destaque a partir das conferencias de Cairo e Beijing,
em 1995 (ALCALÁ, 1995; ALVARENGA; SCHOR, 1988). Villela (2004), Corrêa,
Jannuzzi e Alves (2004) referem que o Brasil é signatário dos documentos de
consenso destas conferências, que conclamam os países a assegurar a todas
as pessoas o direito de atingir o mais alto e completo nível de saúde
reprodutiva e sexual.
Segundo Vieira (2002), as políticas públicas de saúde para o
planejamento e execução de ações quanto à concepção e anticoncepção,
historicamente, sempre foram vinculadas à capacidade reprodutiva da mulher e,
em muitos momentos, foram articuladas de forma a controlar a natalidade e
cercear os desejos e práticas sexuais. A década de 1960 marca o interesse na
redução do crescimento populacional no Brasil, voltados para o controle da
natalidade, com o desenvolvimento de pesquisas sobre anticoncepcionais
financiados por agências internacionais.
No sentido de se atingir a saúde sexual e reprodutiva, surge então o
Planejamento Familiar. Em 1996, é aprovada a lei do Planejamento Familiar,
com base no parágrafo 7, do art. 226, da Constituição Federal, que protege a
saúde da mulher, fundamentada nos princípios da dignidade humana (BRASIL,
1988).
O Planejamento Familiar é considerado um direito humano básico,
declarado e reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em
1968. Entretanto, no Brasil, somente em 12 de janeiro de 1996 aprova-se a lei
número 9.263/96, sobre planejamento familiar, que no Capítulo 1, art. 2
declara:
Entende-se Planejamento Familiar como um conjunto de ações de
regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição,
limitação ou aumento da prole pela mulher, homem ou pelo casal”.Em
seu artigo 9, a mesma lei assegura que para o exercício do direito ao
planejamento familiar, serão oferecidos todos os métodos de
concepção e contracepção aceitos e que não coloquem em risco a
vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção
(BRASIL, 1988).
Dentro desse contexto, o Programa de Ação da Conferência
Internacional sobre População e Desenvolvimento, ocorrido em Nova York, em
2000, conceitua Saúde Reprodutiva como sendo: um estado de completo bem-
estar físico, mental e social em todas as matérias concernentes ao sistema
reprodutivo, suas funções e processos, e não a simples ausência de doença e
enfermidade. A saúde reprodutiva implica, por conseguinte, que a pessoa
possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo a capacidade de
reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo
e que tal decisão possa promover tranquilidade, prazer e bem-estar psíquico e
social.
Ventura (2002) relata que a partir da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, a atual concepção dos direitos reprodutivos não se limita à
simples proteção da reprodução e não somente a uso de métodos
anticoncepcionais, mas defende um conjunto de direitos individuais e sociais,
que devem interagir em busca do pleno exercício da sexualidade e reprodução
humana. Essa nova concepção tem como ponto de partida uma perspectiva de
igualdade, integralidade e equidade nas relações pessoais e sociais e a
ampliação das obrigações do estado na promoção, efetivação e implementação
desses direitos.
Percebe-se a discussão mais abrangente, não se limitando apenas
ao oferecimento de método e sim a todo um leque de informações e atitudes
que objetivam promover a vida sexual, social e psíquica do indivíduo.
Segundo Santana (2004), o objetivo primordial do programa é a
busca da assistência integral para melhor qualidade de vida da mulher. Porém,
a autora levanta duas ressalvas: o programa teria ignorado a participação e o
direito à informação do homem no processo de métodos contraceptivos que,
em sua grande maioria, ficavam restritos aos métodos hormonais e à ligadura
tubária, que tecnicamente não requerem a participação e interferência
masculina.
O homem na trajetória do planejamento familiar aparece como
coadjuvante da mulher, porém ela também foi impossibilitada durante anos e
anos de demonstrar e expor suas competências, habilidades e capacidades.
Apesar desse processo histórico e das diretrizes políticas do
programa definirem as ações como fortemente direcionadas ao contexto
feminino, a participação do homem como foco importante na saúde reprodutiva
vem sendo alvo de debates e discussões recentes, sendo a introdução de uma
política de saúde masculina defendidas em lutas femininas e de políticas
públicas criadas para mulher.
O sincio em torno do lugar dos homens no contexto da
sexualidade e reprodução, a partir do olhar de nero, comou a ser
rompido de forma mais explícita com a IV Conferência Internacional sobre
População e Desenvolvimento, realizada em 1994, no Cairo, bem como com
a IV Conferência Mundial sobre a mulher, em Beijing, 1995, promovidas pela
Organização das Nações Unidas, nas quais foi reconhecida a necessidade
de promover maior participão dos homens nas decisões acerca da saúde
sexual e reprodutiva. Passou-se, a partir d, a um questionamento
sistemático sobre a possibilidade de eficácia de políticas públicas voltadas
às questões citadas poderem estar vinculadas a maior participação
masculina. Isso significou o reconhecimento de que queses como
planejamento familiar, contraceão e prevenção a doeas sexualmente
transmissíveis deveriam ser tratadas como sendo também de
responsabilidade masculina (PORTELLA et al., 2004).
Marchi e Alvarenga (2003) enfatizam que, tradicionalmente, a
preocupação em regular a fecundidade esteve centrada na perspectiva de
controlar a natalidade via fecundidade feminina. Esse conceito passou a
conviver, a partir da década de 1970, com o de planejamento familiar, que
procurava enfatizar os benefícios, ações e princípios dessa prática para saúde
das mulheres, das famílias e sociedade em geral.
Os programas e as plataformas de ação, propostos na IV
Conferência Mundial sobre a mulher enfatizam a necessidade de promover e
fortalecer a igualdade entre homem e mulher, com requisito essencial para a
conquista de melhores condições de saúde e de qualidade de vida, e de
promover-se, de igual modo, o efetivo envolvimento e coresponsabilidade dos
homens nas questões referentes à saúde sexual e reprodutiva (BRASIL, 2005).
A lacuna existente nesta área, não contemplando o homem de forma
igualitária, acaba por aumentar a responsabilidade feminina nesta esfera e
afastar o homem de noções importantes acerca do seu cuidado enquanto ser
humano. A decisão contraceptiva não se refere a uma simples
responsabilidade de não permitir a concepção, mas de ter direitos à informação
e educação que possam contribuir para a promoção da saúde.
Marchi e Alvarenga (2003) ressaltam que o homem deve ser inserido
nas discussões em torno de seu direito sexual e reprodutivo, como também de
sua parceira, e ser um coresponsável nas atividades relacionadas às questões
de saúde reprodutiva. Para propiciar essa participação, não basta a oferta de
preservativos e vasectomia, é necessário proporcionar-lhes um processo
educativo mais abrangente, interativo e envolvente, voltado para orientação em
contracepção, que discuta com esse público-alvo as relações de gênero
envolvidas nas decisões reprodutivas e o esclarecimento de suas dúvidas e
preconceitos que possam ter quanto à sua participação na anticoncepção.
Na lei do planejamento familiar, é evidente que o homem deve ter
acesso universal e igualitário, porém, na prática do contexto abordado, há
deficiência no acolhimento do homem. A tarefa de fazer com que ele se
perceba sujeito, participando, conscientemente, de forma valorizada nas
decisões contraceptivas ainda é um tema que sugere questionamentos.
Moreira et al. (2008) salientam a atenção fundamental que deve ser
oferecida aos homens nos servos de planejamento familiar, pois, raramente,
evidenciam-se homens participando de consultas, orientações e/ou palestras sobre
anticonceão, a o ser quando estão acompanhados ou acompanhando suas
companheiras.
Essa contextualização sugere o seguimento dessa leitura enfocando
a vasectomia, que surgiu nesse processo histórico, sendo um método
contraceptivo cirúrgico masculino com repercussões no campo da saúde
sexual e reprodutiva e que a cada dia exige dos profissionais de saúde
envolvidos nesse contexto novas indagações e condutas de atuação.
A técnica cirúrgica para esterilização masculina, conhecida como
vasectomia, não é recente. Em 1775, Hunter (apud HACKETT;
WATERHOUSE, 1973), observou a oclusão de ductos deferentes quando
realizou dissecação em cadáveres humanos. No entanto, os estudos
experimentais relacionados à vasectomia iniciaram-se apenas por volta de
1927 com as pesquisas de Steinach, que na época, defendeu a vasectomia
como terapia para impotência sexual e retardamento do processo de
envelhecimento.
O assunto é considerado intrigante e curioso, pois se observa ainda
hoje homens com receio da cirurgia em virtude do medo de comprometimento
da sexualidade. A história mostra controvérsias quando, a partir de 1960, a
popularidade da vasectomia aumentou, sendo realizada no mundo
aproximadamente 50 milhões de cirurgias (LINNET, 1983). Segundo Castro
(1988) e Flicknger et al. (1991), a vasectomia tornou-se um método
contraceptivo popular devido à simplicidade, baixo custo e eficácia da
operação.
Observa-se na literatura divergências e lacunas quanto à vasectomia
e, principalmente, quando de acordo com pesquisas se vê um número no
passado tão grande do procedimento.
Foi somente em 1997 que o Ministério da Saúde estabeleceu as
regras para a realização da esterilização cirúrgica como método
anticoncepcional no Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Portaria
n°.144/97, que regulamentou os parágrafos correspondentes à esterilização na
Lei n°. 9.263 (BRASIL, 1997).
A Lei 9.263/96 estabelece que o acesso a esse tipo de cirurgia é
realizado por meio do serviço público de saúde, somente em homens e
mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos ou com, pelo
menos, dois filhos vivos (BRASIL, 1996).
Ricci (2008, p. 66) relata:
o procedimento consiste em uma pequena incisão no escroto e um
corte dos ductos deferentes, que transportam os espermatozóides
dos testículos ao pênis. Após a vasectomia, o men não contém
mais espermatozóides.
No entanto, essa falta de espermatozóides o se
imediatamente, sendo necessário o entendimento e compreensão do homem
quanto às condutas pós-cirurgia e o homem tem de fazer espermogramas até
que dois desses exames constatem a ausência de espermatozóides
(MURRAY; MCKINNEY, 2006).
De acordo com o Ministério da Saúde (2002), a técnica
recomendada é de identificação e preensão com os dedos do canal deferente
direito, anestesia local, preeno do deferente com a pia em anel, punção
com a pinça afilada, divulsão, exteriorização do deferente, ligadura,
eletrocoagulação com um eletrodo de agulha pontiaguda, feita em cada
direção; repete-se o procedimento para o outro lado; curativo sem sutura. E,
Gama (2006) complementa que vasectomia é uma pequena cirurgia,
realizada nos canais deferentes, com o objetivo de impedir que os
espermatozóides produzidos nos testículos saiam no líquido expelido durante
a ejaculação.
Por ser uma cirurgia com difícil e talvez impossível capacidade de
reversão, é necessário que o homem esteja juntamente com sua parceira
cientes sobre o procedimento e seus cuidados pós-operatórios. Torna-se difícil
argumentar sobre esse ponto quando se percebe na rede pública uma
assistência ao homem de forma fragmentada e não atraente.
A escolha de um método depende de informações oferecidas com
qualidade, necessitando realmente de implementações de ações de saúde que
correspondam ao nível de assimilação do cliente em questão.
A abordagem de planejamento familiar e sobre a vasectomia para
homens requer dos profissionais um olhar para as discussões envolvidas
pela temática nero, pois culturalmente o homem sempre foi afastado dos
âmbitos sde e autocuidado.
A função de chefe familiar acabou fortalecendo a distância entre ele
e o contexto saúde. A vasectomia, no momento da escolha, obriga este homem
a se questionar sobre seu corpo e seu cuidado e isso, consequentemente,
pode vir a gerar medo, dúvidas e informações muitas vezes colhidas de forma
incorreta por pessoas desinformadas e tão carentes de orientações quanto ele
mesmo.
Em maio de 2009, surge a Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde do Homem, que tem como objetivos proporcionar ações
multiprofissionais fortalecidas e apoiadas por lei. Sua literatura permite refletir
sobre várias questões, atenção primária, violência, doenças crônicas e
deficiências, nas quais eles estão diretamente envolvidos e com um forte
impacto nos indicadores de saúde.
A proposição da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem (2009) visa qualificar a saúde da população masculina na perspectiva de
linhas de cuidado que resguardem a integralidade da atenção. O reconhecimento
de que os homens adentram o sistema de saúde por meio da atenção
especializada tem como consequência o agravo da morbidade pelo retardamento
na atenção e maior custo para o Sistema Único de Saúde. É necessário fortalecer
e qualificar a atenção primária garantindo, assim, a promoção da saúde e a
prevenção aos agravos evitáveis.
Dentre os princípios da Política, estão a Humanização e a
Qualidade. Para que eles aconteçam, é fundamental a capacitação técnica dos
profissionais de saúde, pois percebe-se na rede uma fragilidade quanto a essa
situação, ponto reforçado nos objetivos específicos.
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009, p. 31), os
objetivos específicos da Política são:
Implantar e/ou estimular nos serviços de saúde, públicos e privados,
uma rede de atenção à saúde do homem que garanta linhas de
cuidado, na perspectiva da integralidade; Fortalecer a assistência
básica no cuidado com o homem, facilitando e garantindo o acesso e
a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de
risco das doenças e dos agravos à sde; Formar e qualificar os
profissionais da rede básica para o correto atendimento à saúde do
homem; e Promover ações integradas com outras áreas
governamentais.
Sua importância é incontestável na assistência ao homem,
principalmente na rede de atenção primária. Quando levamos a análise para o
contexto da vasectomia, precisa-se estar clara a necessidade de a rede
primária desenvolver habilidades e estratégias para que o homem integre esse
meio, sendo orientado quanto aos passos do planejamento familiar de forma
clara, e que o chegue ao hospital para realização da cirurgia sem orientação
ou com informações errôneas. Como se visualiza, a Política é abrangente e
possui estratégias e diretrizes que contextualizam o homem no ambiente de
saúde e em todo o processo sociocultural.
A barreira sociocultural é um fator que dificulta seu acesso ao
serviço, porém a barreira institucional também é visível e tem um peso
acentuado nesse contexto. O homem precisa ser atendido e orientado, assim
como os profissionais de saúde precisam ouvi-los. A necessidade em um
primeiro momento o seria um encaminhamento para urologia, mas um
atendimento com escuta, e nessa trajetória o sistema de referência e contra-
referência deveriam funcionar.
Segundo o Ministério da Saúde (2009) muitos agravos poderiam ser
diminuídos e evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as
medidas de prevenção primária. A resistência masculina à atenção primária
aumenta a sobrecarga financeira da sociedade e, sobretudo, o sofrimento físico
e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e
da qualidade de vida dessas pessoas. Percebem-se uma falta de estímulo
masculino quanto ao autocuidado e despreparado dos profissionais de saúde
para assisti-lo. O cuidado também pode ser visualizado diante de definições do
que é ser homem na sociedade, exposto no próximo tópico.
2.2 HOMEM: construções biológicas e culturais
Ser homem na sociedade implica uma multiplicidade de fatores, que
não dizem respeito somente à biologia, mas a elementos sociais, culturais,
psíquicos e das próprias relações existentes. Neste plano, convém a exposição
sobre a palavra gênero e como ela vem sendo expandida na sociedade.
Para melhor compreensão do tema, torna-se necessário abordar as
características e definições construídas e repassadas pela sociedade, do que é ser
homem e de como as relações de gênero podem influenciar na sua decisão
contraceptiva.
São vários os conceitos surgidos com a temática gênero, cada um
caracterizando o objeto de estudo, a realidade, as relações de acordo com seu
ponto de vista, seja ele biológico, psicanalítico, filosófico e social. Diante da
análise das representações sociais de homens sobre a decisão contraceptiva,
acredita-se ser fundamental a sua abordagem diante do conceito das ciências
sociais.
Scavone (2003) comenta que o reconhecimento científico da
importância da utilização de uma abordagem de nero na análise dos
processos sociais resultou na inclusão de novos conceitos e características nas
ciências sociais, especialmente no campo de saúde, que, pelas características
de seu objeto, trata de questões que envolvem a relação de homens e
mulheres.
Nota-se que a mudança das discussões sobre gênero se acentuou
no início dos anos 1980, com debates e aprofundamentos dos estudos
feministas, pois utilizavam o conceito de gênero influenciado pelos movimentos
de resistência ao regime autoritário vigente no país, de modo que essa
abordagem não garantiu utilização da categoria, com tratamento igual nas
posições e reconhecimento político; foram necessários, no entanto, alguns
anos de debates, pesquisas, palestras, seminário entre outros mecanismos,
para que se pudesse romper com a polarização, relativos aos estudos sobre a
mulher, e o conceito de gênero assumisse outro estatuto (LOURO, 2002).
De acordo Padilha, Vaghetti e Brodersen (2006, p. 292),
não temos a pretensão de facilmente encontrar o fio condutor dessa
trama. Na verdade, pensamos que são várias as tramas teóricas que
foram articuladas nesse conceito- afinal, gênero tem sido utilizado por
estudiosas/os marxistas, pós-estruturalistas, lacanianas/os, feministas
radicais e tantos outros e outras que não pretendem qualquer
classificação. Quiçá, exatamente por ser apropriado por estes
diferentes, o conceito tem sido constantemente debatido, o que acaba
por representar tanto um fator de desestabilidade, que aqueles que
se dedicam à área movimentam-se sempre num terreno contestado,
não fixo), quanto um fator de vitalidade (que estimula e incita a um
constante questionamento e autocrítica).
O conceito de nero é, para este estudo, um ponto de partida
fundamental, pelas implicações mencionadas e por estar relacionado às
dimensões da sexualidade e da reprodução; gênero, aqui, sendo compreendido
como base das relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre
os sexos, bem como um modo de dar significado às relações de poder e
controle (SCOTT, 1990).
Segundo Lopes (1996), a noção de gênero, introduzida nos meios
acadêmicos brasileiros, depois de sua difusão no mundo anglo-saxão, é assim
definida por Scott (1996, p. 79-80): “Gênero é uma noção que postula que o
sexo é o produto de uma construção social permanente que forma, no
interior de todas as sociedades humanas, à organização das relações sociais
entre homens e mulheres”. Esta noção surgiu da necessidade de insistir no
caráter fundamentalmente social das diferenças fundadas no sexo. O gênero é
o elemento constitutivo dessas relações sociais fundadas nas diferenças
perceptíveis entre os sexos, e é um primeiro modo para dar significado às
relações de poder.
Heilborn (2003) define nero como um conceito das ciências
sociais que se refere à construção social do sexo. Neste sentido, a cultura tem
um enorme peso entre as diferenças entre homem e mulher na sociedade e
nas transformações que irão ocorrer ao longo do tempo.
Nessa linha de raciocínio, a busca pelo conhecimento do homem
acerca do planejamento familiar e da vasectomia, seus sentimentos em relação
a sua decisão podem ir ao encontro dos papéis impostos e reproduzidos pela
civilização.
Desde cedo os papéis são definidos pela sociedade, caracterizando
o homem e a mulher. Percebe-se em relação ao masculino o poder, a
objetividade, precisão e frieza como marcas predominantes.
De acordo com Cristomo, Sobra e Nery (2004), ao nascer, o ser
humano é simplesmente macho e fêmea da escie humana, e pelas relações de
nero é transformado em homem e mulher, ou seja, o sexo anatomicamente
configurado sugere a transformação dos seres humanos em mulheres e homens.
O tornar-se mulher e o tornar-se homem constituem obras de gênero e estas, por
sua vez, se constroem e se expressam nas relões sociais e culturais que cada
ser humano es envolvido.
Batista (2003) pergunta: mas, o que é ser homem? Provavelmente,
homem e mulher, ao responderem essa pergunta, irão se referir ao caráter
biológico, ao papel masculino e a construção social do homem. Outros dirão
que ser homem é ser viril, forte, trabalhador, poderoso, chefe da família,
agressivo, firme, honesto, responsável, inteligente, competitivo e de uma
sexualidade incontrolável. Essa é a construção social prevalente sobre o que é
ser masculino na sociedade.
De acordo Padilha, Vaghetti e Brodersen (2006, p. 294):
Os estereótipos sexistas ocorrem desde a infância e estendem-se ao
longo da vida, com uma série de comportamentos predefinidos que
obrigam, tanto a mulher quanto o homem, a uma luta constante pela
libertação. Os meios de comunicação veiculam constantemente
esses estereótipos sexistas, colocando a mulher como a estrela do
lar, em posições subalternas ou objeto de prazer, enquanto o homem
aparece ocupando papéis importantes no trabalho e no corpo social.
Diante de toda essa cultura, evidencia-se o homem em uma posição
de soberania em relação à mulher, vista como submissa, frágil e responsável
pelo lar. Essa formação contribui para que as relações de poder estabeleçam
as formas de viver de ambos.
Segundo Gomes e Freire (2005), desde cedo aprendemos a realizar
atos, assumir condutas, exercer ações, a nos comportar de forma apropriada,
enfim, a representar os papéis atribuídos aos gêneros, o que influenciará na
construção da identidade de gênero, na formação do comportamento e da
forma de vivermos.
A representação de chefe na família coloca a ideia de igualdade de
direitos e deveres distante do ideal. Nesta perspectiva, o homem e mulher vão
sendo modelados.
De acordo com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
(BRASIL, 2006, p. 81), construindo a sociedade do conhecimento através da
igualdade e equidade de gênero:
as novas tecnologias o devem reproduzir antigas desigualdades
mulheres e homens devem ser parceiros iguais no desenho e na
produção da sociedade do conhecimento e devem ter igualdade de
acesso aos seus usos e benefícios.
Bourdieu (1999) destaca que o ser dominador, que por estar
culturalmente investido de sua capacidade, estímulo de dominar e subjugar os
outros, pode se expor mais aos riscos, fazendo cenário da lógica de dominação
masculina, as vítimas o sejam apenas as mulheres. Nele, os homens também
podem ser aprisionados, sem que se percebam como vítimas dessa lógica.
Assim, o que é tido como masculino também pode ser uma cilada, fazendo com
que o ser masculino, em tensão e contenção permanentes, seja a todo momento
testado e cobrado.
É bem notório tal fato quando observamos a participação masculina
na saúde, percebe-se uma postura ausente ou diminuída a nível de clientela. É
interessante frisar que as políticas públicas estão mais direcionadas à mulher,
estando ela mais presente nas instituições de saúde. Sem sombra de dúvida
ela vem tentando conquistar um espaço que durante anos foi negado, tal
postura é consequência de inúmeros movimentos e lutas sociais, realizados
por elas e pelo movimento feminista.
Assim, é de fundamental importância considerar que a história
política e acadêmica acerca da mulher e dos homossexuais tem uma influência
direta na forma como as ideias sobre masculinidade se constituíram, ao longo
das últimas décadas, na definição do conceito contemporâneo de
masculinidade e no incentivo aos estudos e às políticas sobre a condição
masculina (MEDRADO, 1997).
O homem não se na sociedade como sujeito que tem que se
cuidar e identificar seus problemas de saúde. Ir a uma unidade de saúde em
busca de orientações, informações sobre seu corpo, seu bem-estar é uma
atividade que não faz parte de sua rotina.
Grande parte da não-adesão às medidas de atenção integral, por
parte do homem, decorre das variáveis culturais. Os estereótipos de gênero,
enraizados séculos em nossa cultura patriarcal, potencializam práticas
baseadas em crenças e valores do que é ser masculino. A doença é
considerada como um sinal de fragilidade e medo, que os homens não
reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. O homem julga-
se invulnerável e infalível, o que acaba por contribuir para que cuide menos de
si mesmo e se exponha mais às situações de risco (BOZON, 2004; KEIJZER,
2003; SABO, 2002; SCHRAIBER, 2005).
Como potencializador dessa conduta, os serviços de saúde, mantém
o homem distante das discussões do processo saúde-doença e os profissionais
em algumas situações por fragilidade do sistema ou por inexperiência
contribuem para essa ocorrência.
As discussões nas unidades de saúde direcionadas para o homem
estão na maioria das vezes vinculadas às questões de doenças sexualmente
transmissíveis, câncer de próstata e de pênis, disfunção erétil, vasectomia e
uso do preservativo. Os profissionais de saúde referem não estarem
preparados para atendimento dessa clientela, necessitando de
encaminhamentos para especialista.
Portella et al. (2004, p. 21) referem que “na área de saúde sexual e
reprodutiva, constitui-se um novo sujeito: o homem”. Com ele, esboça-se um
novo discurso que, assim como o feminista, é múltiplo e diverso e se constrói
na tentativa de compreender e explicar a nova condição de um sujeito, que por
ter sempre estado em situação de poder, raramente foi colocado na posição de
objeto de reflexão e problematização, tal como o foram as mulheres.
Discutir saúde masculina não requer a presença de um especialista,
mas de um profissional que perceba a abrangência do termo, não somente
com atividades dos temas acima descritos, mas como um espaço que permita
o desenvolvimento do senso-crítico, de promoção de bem-estar, de sujeito nas
decisões que possibilitem qualidade de vida e sensação de satisfação. Tais
questões já eram indagadas em 1995, o homem e sua participação na saúde já
eram comentários presentes nas literaturas antigas.
Percebe-se uma forte relação do estudo com a temática abordada,
porém acredita-se que gênero o é algo estático e não sujeito a
transformações, assim como as relações entre homem e mulher ou homem-
homem e mulher-mulher não possam evoluir ao longo dos anos.
Na trajetória da realização da vasectomia, evidencia-se o homem
que decide pela contracepção e que não é um cliente habitual assistido pelos
profissionais de saúde em um serviço de planejamento familiar. Neste cenário,
o enfermeiro como um dos profissionais habilitados e capacitados tem a
responsabilidade de intervenção, observando, interagindo e acompanhando
esse ser nas suas dúvidas, percepções, sentimentos e expectativas.
2.3 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Percebe-se como enriquecedor em uma pesquisa a utilização de um
referencial teórico para validar e estruturar o estudo. Neste, em questão, a
Teoria das Representações Sociais (TRS) será utilizada como subsídio de
possibilidades de construção de um trabalho consistente e representativo.
Desta forma, utilizá-la como ferramenta, significa buscar nos sujeitos da
pesquisa o significado do objeto em escolha e compreender as suas
representações, baseado nos princípios de Moscovici e Jodelet. Sua
aproximação com o objeto somente consolidou sua aplicabilidade. Urge, então,
conhecer a história, seus processos de formação e as funções da teoria para
uma compreensão melhor de sua aplicabilidade.
Os estudos sobre a TRS foram iniciados durante a era moderna,
marcada firmemente com o estudo realizado por Moscovici, em 1961, intitulado
La Psycanalyse: son image et son public
. Tem sido considerado como uma
continuidade do estudo das representações coletivas de Durkheim, que tem
Weber como um seu antecessor teórico. Descreve, caracteriza ou identifica,
uma categoria coletiva que deve ser explicada a um nível inferior, ou seja, em
nível da psicologia social (FARR, 1995; JODELET, 1989; MOSCOVICI, 1978).
Farr (2002) refere que embora a TRS tenha visto à luz do dia
primeiramente durante a era moderna, ela pertence, em termos de
ancestralidade, ao solo intelectual de toda tradição ocidental.
Minayo (1993, p. 158) conceitua representação social como um
termo filosófico que significa “a reprodução de uma percepção anterior ou do
conteúdo do pensamento”. E, ainda, em relação à teoria das representações
sociais, Moscovici (1994) cita: “esses conjuntos de conceitos, afirmações e
explicações”, que o as representações sociais, devem ser considerados
como verdadeiras “teorias do senso comum”, ciência coletiva, “pelos quais se
procede à interpretação e mesmo à construção das realidades sociais”.
Enquanto uma modalidade de conhecimento particular, a representação social
tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre os
indivíduos, considerando a indissociabilidade entre a experiência subjetiva e a
inserção social dos sujeitos (MOSCOVIVI, 1978).
Jovchelovitch (2002) refere que as representações sociaiso uma
estratégia desenvolvida por atores sociais para enfrentar a diversidade e a
mobilidade de um mundo que, embora pertença a todos, transcende a cada um
individualmente.
Buscar na teoria o embasamento para a pesquisa foi uma decisão
pontuada no fato de ela consistir em identificar significados que podem ou não
ser repassados, reproduzidos pela sociedade de geração a geração e,
consequentemente, implicar no estilo e modo de viver e perceber o mundo ao
seu redor.
Moscovici (1978) tenta romper com a teoria de Durkeim, no que diz
respeito à dissociação entre o individual e o coletivo, acreditando que as
representações sociais seriam mais adequadas ao mundo moderno e se
tornaram uma das contribuições teóricas amplamente difundidas no mundo.
Assim, as representações sociais aparecem como um conhecimento que não
se caracteriza por uma contraposição ao saber científico, mas aparece como
uma forma de saber de senso comum tida como objeto de estudo tão legítimo
quanto o do conhecimento científico devido a sua importância na vida social. É
uma forma de conhecimento socialmente elaborado, transmitido e partilhado
com um objetivo prático e que se diferencia de outros, pelos modos de
elaboração e funções a que se destina (JODELET, 2001; MOSCOVICI, 1978;
2003; NÓBREGA, 2003).
Abric (2000) refere-se à representação não como um simples reflexo
da realidade, mas como uma organização significante, que funciona como um
sistema de interpretação da realidade que rege as relações dos indivíduos com
o seu meio físico e social e determina seus comportamentos, medos e práticas.
De acordo com Marques e Santos (2005), a teoria das
representações sociais é entendida como sendo uma forma de conhecimento
elaborado cotidianamente pelo individuo e que tem, ao mesmo tempo, origem e
consequência na produção de comportamentos, expectativas e na
comunicação entre indivíduos.
Goulão (2005) relata que uma representação, social ou individual,
cumpre determinada função. Esta contribui para os processos formadores e de
orientação entre os sujeitos e que pode repercutir em um comportamento na
sociedade. Permite também a formação e orientação dos comportamentos
sociais.
O estudo se propõe a desvendar as representações sociais de homens
sobre a decisão contraceptiva, que remete a um fato importante na vida de
qualquer ser humano, seja homem ou mulher e que não corresponde a um
simples ato, mas pode estar permeado por sentimentos, valores, preconceitos,
enfim, várias simbologias.
Minayo (2002) relata que as representações sociais se manifestam
em palavras, sentimentos e condutas, e se institucionalizam. Portanto, podem e
devem ser analisadas a partir da compreensão das estruturas e dos
comportamentos sociais. Sua mediação privilegiada, porém é a linguagem.
Trindade (2003) corrobora a relevância de estudar o conhecimento
das representações e das práticas sociais relacionadas à saúde reprodutiva,
por se tratar da área de saúde mais permeada de crenças e simbologias, de
afeto e sofrimento, de valores, de abordagens de assuntos relativos à
sexualidade e pressões sociais.
Um ponto relevante, ao se trabalhar com representação social, é
quanto ao processo de formação e elaboração das representações. Este processo
de elaboração envolve dois processos fundamentais, segundo Jodelet (2001),
Moscovici (1978, 2003), Nóbrega (2003) e Sá (1996), a saber: objetivação e
ancoragem. De acordo com esses processos, o ser humano observa e forma um
pensamento em relação ao objeto e tal pensamento pode ser transmitido pela
cultura e o meio social, no qual o indivíduo faz parte. De acordo com Jovchelovitch
(2002, p. 81):
a objetivação e a ancoragem são formas específicas em que as
representações sociais estabelecem mediações, trazendo para um
nível quase material a produção simbólica de uma comunidade e
dando conta da concreticidade das representações sociais na vida
social.
Assim, para uma boa compreensão da teoria das representações
sociais, é indispensável o entendimento dos mecanismos supracitados, uma
vez que esses são responsáveis pela geração da representação de elementos
novos, e de acordo com Moscovici (2003), ambos os mecanismos transformam
o não familiar em familiar, primeiramente transferindo esse elemento “não
familiar” a nossa própria esfera particular, para que então, sejamos capazes de
compará-lo e interpretá-lo, para depois reproduzi-lo em conjunto com as coisas
que podemos ver e tocar e, conseqüentemente, controlar.
De acordo com Wagner (2002, p. 149),
o conceito de representação social é multifacetado. De um lado, a
representação social é concebida como um processo social que
envolve comunicação e discurso, ao longo do qual significados e
objetos sociais são construídos e elaborados. Por outro lado,
principalmente no que se relaciona ao conteúdo de pesquisas
orientadas empiricamente, as representações sociais são
operacionalizadas como atributos individuais- como estruturas
individuais de conhecimento, símbolos e afetos distribuídos entre as
pessoas em grupos ou
sociedades.
O estudo irá buscar o simbolismo da vasectomia e dos fatores
envolvidos como a enfermagem, o planejamento familiar e o ambiente por uma
relação de comunicação e diálogo com os homens.
3 METODOLOGIA
3.1 NATUREZA E TIPO DE ESTUDO
A pesquisa tem como abordagem multimétodos, norteada pelo eixo
teórico da Teoria das Representações Sociais, baseado nos princípios de
Jodelet (2001) e Moscovici (1978, 2003). Tem a finalidade de apreender as
representações sociais de homens sobre a opção pela vasectomia, enfocando
o planejamento familiar e a vasectomia, o motivo da decisão e sua percepção
diante do exposto, as relações de nero na sociedade e a saúde do homem
diante das políticas públicas.
A abordagem multimétodos valoriza os dados quantitativos e
qualitativos de forma que ambos complementam e enriqueçam o trabalho.
Polit, Beck e Hungler (2004, p. 210) referem que “os dados
qualitativos e quantitativos são complementares, representando palavras e
números, as duas linguagens fundamentais da comunicação humana”. Os
pesquisadores abordam seus problemas com métodos falíveis, mas os pontos
fortes e os fracos dos dados qualitativos e quantitativos se complementam.
Usando métodos múltiplos, o pesquisador permite que cada método
desempenhe o seu papel, evitando, possivelmente, as limitações da
abordagem única.
Creswell (2007, p. 35) relata que:
Técnica de métodos mistos é aquela em que o pesquisador tende a
basear as alegações de conhecimento em elementos pragmáticos
(por exemplo, orientado para conseqüência, centrado no problema e
pluralista). Essa técnica emprega estratégias de investigação que
envolvem coleta de dados simultânea ou seqüencial para melhor
entender os problemas de pesquisa. A coleta de dados também
envolve a obtenção tanto de informações numéricas (por exemplo,
em instrumentos) quanto de informações de texto (por exemplo, em
entrevistas), de forma que o banco de dados final represente tanto
informações quantitativas e qualitativas.
Esse tipo de estudo pode possibilitar nesta pesquisa
esclarecimentos, análise e interpretações dos resultados de forma abrangente
e significativa por meio de dados numéricos e falas, caracterizando melhor o
objeto e os sujeitos de estudo em questão.
Coutinho, Nóbrega e Catão (2003, p. 54) sugerem que a abordagem
multimétodo é indicada também quando se investiga objetos sociais, que suscita
nos indivíduos dificuldades de expressão simbólica. Nesses casos, as
dificuldades de comunicação, reveladas na sua livre expressão, e veiculadas por
meio de conversação formais, verbalizam o que é aceito pelas normas da
sociedade, ou seja, dimensões periféricas das representações sociais, que são
mais sensíveis aos fatores sociais e as opiniões ideológicas dominantes, sem
que o indivíduo faça qualquer representação psíquica dos elementos alojados na
esfera mais inconsciente.
Polit, Beck e Hungler (2004) afirmam que a pesquisa multimétodo é
usada, frequentemente, para desenvolver uma compreensão completa do
constructo, ou para validar suas dimensões. Essa pesquisa pode ser realizada
quando se avalia que um fenômeno pouco conhecido merece maior escrutínio,
quando forem identificadas lacunas em uma série de pesquisas realizadas,
ou quando surgem dúvidas a respeito da conceituação prevalente.
Diante dessa contextualização, torna-se clara a indicação dessa
abordagem no estudo das representações sociais de homens que optaram pela
vasectomia.
3.2 CENÁRIO DO ESTUDO
O estudo foi desenvolvido em um hospital blico municipal de
Fortaleza, Ceará, que realiza atendimento primário e secundário à população e
integra a Secretaria Executiva Regional I (SER I).
O hospital é constituído por emergência, clínica médica composta
de quinze leitos, dos quais cinco masculinos, cinco femininos e cinco
pedtricos, além de clínica obstétrica e ginecológica, centro cirgico,
berçário e centro de material e esterilização. As cirurgias realizadas no
referido local o: vasectomias, postectomias, histerectomias, partos
abdominais e curetagens. Os ambularios apresentam atendimentos de
pré-natal e preveão de câncer ginecológico e mamário, e realizam
atendimento a homens com condiloma acuminado, cujo tratamento é
realizado no local. A pesquisadora observou os respectivos atendimentos no
local e percebeu a importância de tal conduta para enriquecimento do
estudo.
Tal fato é corroborado por Praça e Silva (2003), quando explicitam a
necessidade do pesquisador despender o tempo que for suficiente para sua
inserção no campo de estudos, antes de apreender os dados daquela realidade, o
que pode evitar a geração de ideias distorcidas e artificiais no cenário, oferecendo
maior visibilidade para o pesquisador sobre a verdadeira expressão da realidade
descoberta.
3.2.1
Panorama das cirurgias contr
Gráfico 1
Panorama das cirurgias contraceptivas de um hospital blico
municipal de Fortaleza, local
As cirurgias contraceptivas foram crescentes no ano de 2006
porém quando comparamos o número de vasectomias em relação à ligadura
tubária eles o menores em todos os anos. É interessante relatar que a li
tubária é realizada no local por um mero maior de médicos especialistas
os dias da semana, enquanto a vasectomia é realizada apenas por um médico,
somente aos sábados, isso talvez seja um reflexo de um mero menor de tais
cirurgias, pom
não podemos afirmar se realmente uma das causas seja tal
ocorncia. Em 2008,
a diferea entre as cirurgias
mero de vasectomias foi menor nos anos de 2006 e 2008. Para a realização de
ambas as cirurgias, além das questões le
deve assistir uma atividade educativa e uma entrevista realizada pelo assistente
social da instituição.
A oferta conjunta dos procedimentos de esterilização,
quanto masculina,
pelo sistema público, re
consequência de grandes discussões
no
Brasil, que vinham sendo oferecidos por especialistas
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
2006
2007
184
392
53
Panorama das cirurgias contr
aceptivas do hospital
Panorama das cirurgias contraceptivas de um hospital blico
municipal de Fortaleza, local
izado na Secretaria Executiva Regional I.
As cirurgias contraceptivas foram crescentes no ano de 2006
porém quando comparamos o mero de vasectomias em relação à ligadura
tubária eles são menores em todos os anos. É interessante relatar que a li
tubária é realizada no local por um número maior de médicos especialistas
os dias da semana, enquanto a vasectomia é realizada apenas por um médico,
somente aos sábados, isso talvez seja um reflexo de um mero menor de tais
o podemos afirmar se realmente uma das causas seja tal
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foi
de grande porcentagem, o
mero de vasectomias foi menor nos anos de 2006 e 2008. Para a realização de
ambas as cirurgias, além das questões le
gais e de exames laboratoriais o cliente
deve assistir uma atividade educativa e uma entrevista realizada pelo assistente
A oferta conjunta dos procedimentos de esterilização,
tanto feminina
pelo sistema público, re
presenta uma novidade
consequência de grandes discussões
em termos de serviços de contracepção
Brasil, que vinham sendo oferecidos por especialistas
2007
2008 2009
486
311
142
79
127
Ligação Tubária
Vasectomia
Panorama das cirurgias contraceptivas de um hospital blico
As cirurgias contraceptivas foram crescentes no ano de 2006
e 2007,
porém quando comparamos o número de vasectomias em relação à ligadura
tubária eles são menores em todos os anos. É interessante relatar que a li
gadura
tubária é realizada no local por um mero maior de dicos especialistas
, todos
os dias da semana, enquanto a vasectomia é realizada apenas por um dico,
somente aos sábados, isso talvez seja um reflexo de um mero menor de tais
o podemos afirmar se realmente uma das causas seja tal
de grande porcentagem, o
mero de vasectomias foi menor nos anos de 2006 e 2008. Para a realização de
gais e de exames laboratoriais o cliente
deve assistir uma atividade educativa e uma entrevista realizada pelo assistente
tanto feminina
presenta uma novidade
e
em termos de serviços de contracepção
e eram
Ligação Tubária
Vasectomia
frequentemente pagos. Além disso, a esterilização, principalmente a feminina,
é bastante prevalente no país (VIEIRA et al., 2005).
São observados obstáculos na realização de cirurgias
contraceptivas, podendo-se apontar entre eles a falta de insumos adequados,
estrutura física e humana satisfatória, consultas prévias e pós-cirurgia para
exame físico, informações mais claras sobre o método escolhido, avaliação de
pós operatório, clientelismo eleitoral, resistência dos profissionais de saúde em
aceitarem os critérios legais, especialmente a idade mínima, considerada muito
jovem e de risco para o arrependimento pós-esterilização.
3.3 SUJEITOS DA PESQUISA
A população do estudo foi constituída de 109 homens, divididos em
dois grupos de homens nas seguintes situações: o primeiro grupo constituído
de homens que se encontravam no pré-operatório de vasectomia e o segundo
grupo composto de homens que se encontravam no hospital, que não estavam
no contexto da vasectomia, e faziam parte de alguma atividade no hospital
como cliente realizando exames, consultas ou internados na clínica médica ou
como acompanhante de algum cliente no referido período da coleta de dados.
Os critérios de inclusão, além dos descritos acima, foi composto por:
estar na faixa etária acima de 25 anos, integrar o atendimento nos meses da
coleta de dados e ter aceito participar da pesquisa.
As técnicas de coleta de dados utilizadas na pesquisa foram a
observação livre, a entrevista semiestruturada e a Técnica de Associação Livre
de Palavras (TALP), porém é importante ressaltar a clientela utilizada para
cada instrumento em virtude de uma compreensão melhor da pesquisa.
A observação livre foi aplicada a todos os homens do grupo um e
dois descritos acima. A TALP foi utilizada com todos os homens nas situações
definidas acima, tanto no pré-operatório de vasectomia como os que não
estavam nessa situação, totalizando 109 homens. Fizeram parte da entrevista
apenas o grupo de homens do pré-operatório da vasectomia composto por 13
homens.
Para Polit, Beck e Hungler (2004), a amostragem é o processo de
seleção de uma porção da população para representar toda a população. Uma
amostra, então, é um subconjunto dessa população. As entidades que formam
as amostras e as populações são os elementos. Na pesquisa de enfermagem,
os elementos geralmente são seres humanos. O tamanho da amostra será
determinado pela necessidade de informações.
A escolha do tamanho da amostra na entrevista não foi definida por
números, pois estar relacionada ao fato de repetição de falas e à saturação dos
dados. De acordo com Polit, Beck e Hungler (2004, p. 237), “um princípio
orientador na amostragem é a saturação dos dados, isto é, amostrar até o
ponto em que não é obtida nenhuma informação nova e é atingida a
redundância”.
Esse critério de saturação dos dados é confirmado por Beck,
Gonzáles, Leopardi (2001), quando consideram sua ocorrência a partir da
repetição dos dados narrativos, significando que entrevistar uma maior
quantidade de sujeitos pouco acrescentaria em termos de significado ao
conteúdo da representação.
3.4 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada de julho a agosto de 2009 em um
hospital municipal de Fortaleza-CE. As técnicas utilizadas para apreender as
representações sociais de homens sobre a decisão contraceptiva foram: a
observação livre, o teste de associação de palavras e a entrevista
semiestruturada. Segundo Creswell (2007, p. 189), os comentários sobre o
papel do pesquisador preparam o terreno para a discussão das questões
envolvidas na coleta de dados”. Os passos da coleta de dados incluem
estabelecer as fronteiras para o estudo, coletar informações pelas observações
e entrevistas desestruturadas (ou semi-estruturadas), documentos e materiais
visuais, bem como estabelecer o protocolo para registrar informações.
3.4.1 Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP)
O teste de associação livre de palavras é caracterizado por ser uma
técnica projetiva que favorece os indivíduos a revelarem o conteúdo latente da
memória em relação a um objeto determinado implícito, muitas vezes, em seus
depoimentos (RODRIGUES, 2005).
É um instrumento adaptado ao campo da psicologia social, enunciado
por Coutinho, Nóbrega e Catão (2003), Nóbrega (2003), Sá (1998) e Souza Filho
(1995), dentre outros autores, que até então, vêm enriquecendo as pesquisas
sobre representações sociais. Conforme descrevem os autores citados, o Teste
de Associação Livre de Palavras aplica-se ao tipo de investigação aberta, o qual
permite evidenciar universos semânticos; ao mesmo tempo, destaca os
universos comuns de palavras face aos diferentes estímulos e sujeitos. Este
instrumento consiste na evocação de ideias por estímulos indutores, a partir de
palavras enunciadas.
A associação livre de palavras desenvolvida por Jung ancora-se nos
aportes psicanalíticos com finalidade de estudo e análise do diagnóstico
psicológico (RAPAPORT et al., 1965). É uma técnica projetiva, elaborada para
trazer à consciência elementos inconscientes por meio das manifestações de
condutas de reações, evocações, ou seja, a estrutura da personalidade do
sujeito.
O uso da técnica no trabalho com representações sociais é de
extrema importância, pois pode favorecer aos homens, sujeitos da pesquisa, a
através das falas emitirem significados, sentidos ao objeto em questão de
forma simples, rápida, porém significativa.
Segundo Coutinho et al. (2003, p. 52),
as técnicas projetivas fornecem representações daquilo que, no
individuo e para o outro, é desconhecido por outros meios.Constituem
uma forma de linguagem e, por isso mesmo, um tipo de leitura sobre
o ser humano, acerca das representações que as pessoas fazem do
mundo, de si mesmas e de suas experiências de vida.
Ainda, segundo Coutinho (2001), permite apreender as
representações sociais de diferentes formas, abordando por meio das falas dos
sujeitos (elementos mais conscientes), atitudes, valores e opiniões (elementos
mais inconscientes) que, muitas vezes, estão em desacordo com as normas
contextuais, com as quais os sujeitos convivem.
A técnica deve ser realizada em ambiente calmo, agradável e de
forma a ser transmitida com clareza para os participantes. Eles serão
convidados a falar ou escrever significados de estímulos que serão
pronunciados, relacionados com o tema em questão. O teste pode ser
constituído de um ou vários estímulos escolhidos de acordo com os critérios de
saliência e coerência com os objetivos da pesquisa (DE ROSA, 2003).
A associação livre de palavras permite restringir as dificuldades e os
limites das expressões discursivas, habitualmente utilizados nas pesquisas de
representações, a despeito de ser também baseado numa produção verbal e
possibilitar a apreensão das projeções mentais de maneira descontraída e
espontânea, revelando, inclusive, os conteúdos implícitos ou latentes que
podem ser mascarados nas produções discursivas (RODRIGUES; CRUZ,
2008).
Em relação às representações sociais de homens sobre a opção
pela vasectomia foram enfocadas as seguintes palavras indutoras:
planejamento familiar; vasectomia; homem e enfermeiro. As palavras
expressas no teste foram transcritas para um banco de dados e processadas
com ajuda do Software
Tri-Deux-Mots.
3.4.2 Entrevista semiestruturada
A entrevista constitui um passo primordial na etapa da coleta de
dados e precisa ser bem transmitida e coerente com o assunto abordado.
Constitui uma técnica que permite interação e segurança entre pesquisador e
pesquisado. Diante do objetivo proposto, esta foi eleita como subsídio por
permitir maior possibilidade de acessibilidade às informações pretendidas na
pesquisa. Acredita-se ser de extrema importância sua aplicabilidade.
Segundo Polit, Beck e Hungler (2004, p. 252):
As entrevistas enfocadas (ou semi-estruturadas) são usadas quando o
pesquisador tem uma lista de tópicos que devem ser cobertos. O
entrevistador se utiliza de um guia de tópicos escritos para garantir que
todas as áreas das questões sejam cobertas. A função do entrevistador
é encorajar os participantes a falar livremente sobre os tópicos
constantes no guia.
As entrevistas foram realizadas a partir do consentimento e da
permissão verbal e por escrito dos sujeitos da pesquisa. É importante ressaltar
que as entrevistas foram realizadas em um ambiente do hospital, tranquilo,
seguro e confortável para ambos. A fase de coleta de dados na entrevista foi
encerrada com a saturação das informações obtidas. As respostas foram
gravadas e transcritas.
As entrevistas têm as seguintes vantagens: útil quando os
participantes não podem ser observados diretamente, os participantes podem
fornecer informações históricas e permitem ao pesquisador controlar a linha de
questionamento (CRESWELL, 2007).
3.4.3 Observação livre
As observações do local, dos participantes e dos seus
comportamentos são registradas e são pontos complementares na análise dos
resultados. É interessante que tal método seja usado para reunir informações
pertinentes ao objetivo proposto.
De acordo com Polit, Beck e Hungler (2004, p. 265),
na pesquisa de enfermagem, os métodos de observação têm ampla
aplicação, principalmente nas investigações clínicas. As enfermeiras
estão em posição vantajosa para observar, relativamente sem
obstruir, os comportamentos e as atividades dos pacientes, suas
famílias, bem como da equipe de atendimento de saúde.
Polit, Beck e Hungler (2004) relatam que na observão livre, o
papel do observador no grupo social em estudo é importante, porque sua
posição determina o que eles provavelmente verão. Isto é, os
comportamentos que provavelmente estao dispoveis para observação
dependem da posição do observador na rede de relações.
Talvez seja proveitoso que o pesquisador durante a observação em
algumas situações iniciais coloque-se apenas como expectador para que, em
seguida, ele possa evoluir no curso da entrevista.
Negreiros et al. (2008) referem que a observação destaca-se como
um dos principais instrumentos para identificar os problemas dos clientes.
Dessa forma, não basta saber utilizar a observação, mas utilizá-la de maneira
consciente e coerente para atender aos objetivos desejados.
3.5 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
A organização dos dados para análise em uma pesquisa é uma das
fases que necessita do pesquisador coerência, conhecimento e reflexão e não
se constitui uma etapa única, pois depende das anteriores. Segundo Rossman
e Rallis (1998, p. 194), “a análise dos dados é um processo constante,
envolvendo refletir continuamente sobre os dados, fazer perguntas analíticas e
redigir memorandos durante todo o estudo”. Isso não é nitidamente separado
de outras atividades no processo, como coleta de dados ou formulação de
questões de pesquisa.
Neste estudo, os dados quantitativos foram processados e
organizados a partir do
software Tri-Deux-Mots
e organizados em gráficos e
quadros. Os dados narrativos, oriundos das entrevistas, foram
subcategorizados com base na análise de conteúdo proposta por Bardin. As
fases da análise de contdo corresponderam à pré-análise, à exploração do
material e ao tratamento dos resultados, à inferência e à interpretação.
A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das
comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um leque de
apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por
grande disparidade de formas (BARDIN, 2008).
A técnica selecionada para a aplicação do método de análise de
conteúdo foi a análise temática, que segundo Bardin (1977) e Rodrigues e
Leopardi (1999), parte de um título genérico e reúne grupos de elementos, cujo
agrupamento é efetuado em razão dos caracteres comuns de seus elementos.
Os resultados obtidos foram transcritos e organizados em
subcategorias e categorias, por sucessivas leituras das falas e anotações,
posteriormente classificadas e contextualizadas com foco no objeto de estudo,
embasado pela Teoria das Representações Sociais.
Uma categoria é pertinente quando está adaptada ao material de
análise escolhido e ao quadro teórico definido. O sistema de categorias deve,
também, refletir as intenções da investigação, as questões do analista e/ ou
corresponder às características das mensagens (FRANCO, 2005).
Segundo Franco (2005, p. 57), “a categorização é uma operação de
classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação
seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios
definidos”.
Para Bardin (2008, p. 39), “é o método das categorias, espécie de
gavetas ou rubricas significativas que permitem a classificação dos elementos
de significação constitutivos da mensagem”.
No entendimento de Bardin (2008), a análise de conteúdo aparece
como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens. A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimento
relativo às condições de produção e de recepção das mensagens, inferência
esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não).
Franco (2005) refere que inferência é o procedimento
intermediário que vai permitir a passagem, explícita e controlada, da
descrição à interpretação. Pretende-se, dessa forma, tornar a alise de
conteúdo deste estudo a mais rica possível em informões, possibilitando
dados relevantes para os leitores da pesquisa.
3.6 ASPECTOS ÉTICOS NA PESQUISA
O projeto da pesquisa foi enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa,
da Universidade Estadual do Ceará, baseado na resolução de número 196, de
10 de outubro de 1996 e número 251, de 07 de agosto de 1997, que delimita
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres
humanos (BRASIL, 1996). A entrada no local da pesquisa foi realizada após a
emissão de parecer favorável do comitê com número de protocolo 08352627-7.
Para Creswell (2007), as questões éticas não terminam com a coleta
e análise de dados; elas também se estendem para a redação e divulgação do
relatório final da pesquisa.
Vislumbrou-se no referido estudo a valorização dos aspectos éticos
que permeiam toda a pesquisa com seres humanos, desde o levantamento de
dados à elaboração do relatório final com uma relação de respeito, confiança e
de preservação entre pesquisador e pesquisados.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
A análise dos resultados foi processada seguindo diversas etapas,
cada uma integrante da outra e permitindo a compreeno da leitura de
forma mais clara e enriquecedora. Para enriquecimento do contexto, os
homens foram caracterizados pelo perfil sociodemográfico, pela entrevista e
pela técnica de associação de palavras.
4.1 DADOS SOCIODEMÓGRAFICOS DOS HOMENS DA PESQUISA
Os dados sociodemográficos dos homens foram caracterizados por
idade, naturalidade, estado civil, tempo de união, escolaridade, profissão,
número de filhos, religião e renda familiar. É necessário explicitar que esses
homens eram clientes que se encontravam no pré-operatório de vasectomia e
homens que não estavam nessa situação, mas se encontravam no hospital
realizando qualquer atividade seja como paciente, seja como acompanhante no
referido período da pesquisa. Os participantes foram informados da importância
dessas características na pesquisa, contribuindo, também, para a literatura
atual, permitindo aos leitores comparações com pesquisas anteriores, que, por
ventura, também apresentassem a ênfase dos dados sociodemográficos.
Os entrevistados encontram-se em maior número na faixa etária de
25-35 anos. Todos os homens que se encontravam no pré-operatório da
vasectomia estavam na faixa etária de 25-35 anos, idade caracterizada por
fertilidade e capacidade reprodutiva satisfatória. Percebeu-se nas respostas
que serão apresentadas posteriormente na entrevista um desejo de restrição
na prole em uma fase jovem e a preocupação masculina em regular sua vida
reprodutiva, pela utilização de um método anticoncepcional, que ainda é visto
na sociedade como comprometedor da sexualidade, principalmente nas idades
visualizadas. Todo e qualquer indivíduo tem o direito de decidir quando a
interrupção da geração de filhos deve ocorrer, porém torna-se imprescindível
que todas as informações nesse contexto sejam abordadas e discutidas com
os envolvidos.
VARIÁVEIS
N
0
VARIÁVEIS
N
0
Idade
25 – 35 anos
36 – 45 anos
46 – 55 anos
56 – 65 anos
66 – 75 anos
60
23
18
02
06
Escolaridade
Analfabeto
Fundamental
Ensino Médio
Superior
02
47
51
09
TOTAL
109
TOTAL
109
Estado Civil
Casado
União Consensual
Solteiro
Desquitado
64
25
17
03
Tempo de união
< 1 ano
1 ano-2 anos
3 anos-4 anos
De 5 a 14 anos
15 anos ou mais
03
13
13
42
21
TOTAL
109
TOTAL
109
Profissão/Ocupação
Desempregado
Vendedor
Porteiro
Pedreiro
Motorista
Cobrador
Vigilante
Funcionário Público
Taxista
Serviços Gerais
Gerente
Outros
05
14
09
08
07
07
07
05
05
05
04
33
Número de filhos vivos
1 filho
2 filhos
3 filhos
4 filhos-9filhos
Sem filho
22
46
16
10
15
TOTAL
109
Renda Familiar
01 salário mínimo
01 salário e meio
02 salários-06 salários
07salarios-09 salários
10 salários mínimos ou mais
Sem renda
37
19
47
02
02
02
TOTAL
109
TOTAL
109
Naturalidade
Fortaleza
Caucaia
Rio de Janeiro
Itapajé
Sobral
São Paulo
Uruburetama
Cascavel
Paraíba
Outros
71
08
03
03
03
02
02
02
02
13
Religião/ Crença
Católico
Evangélico
Ateu
Umbandista
Espiritismo
Sem religião
73
30
03
01
01
01
TOTAL
109
TOTAL
109
Quadro 1 Distribuição das variáveis sociodemográficas dos homens do pré-
operatório de vasectomia, participantes do estudo. Fortaleza-CE, 2009.
De acordo com Sloter et al. (2006), Kidd, Eskenazi e Wyrobek (2001)
com relação ao fator idade, estudos demonstram que a qualidade seminal piora
após os 40 anos de idade. Estas alterações podem variar desde diminuição na
concentração de espermatozóides até diminuição na motilidade, parâmetros de
cinética da movimentação até piora na morfologia espermática.
De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (2007), a
saúde reprodutiva implica, portanto, que o indivíduo possa ter uma vida sexual
segura e satisfatória, com capacidade de reproduzir a liberdade de decidir
sobre quando, como e quantas vezes deve realizá-la. Ter o direito de
informação e acesso a métodos eficientes, seguros e financeiramente
compatíveis de planejamento familiar e que corresponda às expectativas do
cliente.
Com relação ao estado civil o maior número correspondeu a homens
casados e com uniões consensuais. Dados do censo de 2000, segundo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que existe a
tendência ao longo dos anos de um declínio das uniões legais e aumento das
uniões consensuais, principalmente pelas pessoas jovens. O tempo de união
dos entrevistados foi marcado, consideravelmente, de 5-15 anos,
demonstrando durabilidade nos relacionamentos.
O nível de escolaridade dos entrevistados foi, em grande maioria, do
ensino médio e fundamental, fato positivo dentro de um país cuja educação
ainda não é acessível para todos e tem papel fundamental nas decisões e na
maturidade do indivíduo.
Ao longo dos anos, os governos vêm investindo em políticas
públicas para incentivar e permitir que pessoas ingressem nas escolas e
concluam seus estudos, são exemplos o Bolsa Família, ProJovem, Prouni e
cotas para negros nas universidades (IBGE, 2000).
A população brasileira alcançou uma importante melhoria no seu
perfil educacional nos últimos anos, detectado com os resultados do Censo
Demográfico 2000. As taxas de alfabetização apresentadas para as pessoas
de 15 anos ou mais de idade merecem destaque quanto a seu crescimento.
Em 1991, representavam 80,6% e, em 2000, alcançou 87,1%, portanto com um
aumento de 8,1%ao longo do período intercensitário de 1991/2000 (IBGE,
2000).
Diante da profissão, observa-se o contexto do desemprego na
realidade de uma minoria de participantes. Tal situação, apesar de não ser o
quantitativo, pode ter influências na decisão de realização da vasectomia, pois a
criação de filhos está diretamente ligada ao aspecto financeiro. Observa-se a
presença de profissões que no passado eram estritamente femininas e hoje são
assumidas pelos homens entre elas modelista de confecção, cozinheiro,
cabeleireiro e técnico de enfermagem.
O Brasil continua sendo mais católico apostólico romano. Entretanto,
com um ritmo de crescimento pequeno; e a segunda maior proporção de pessoas
religiosas correspondem aos evangélicos, com marcante crescimento dos
pentecostais.
A diversidade religiosa brasileira tem crescido muito nas últimas
décadas, e as informações censitárias permitiram identificar a maior pluralidade
religiosa no Brasil. As grandes tendências dentre outros aspectos, estão na
grande variedade de religiões concentradas na área urbana do País, que é
crescente; que as mulheres são maioria na declaração das religiões e o
excedente de homens foi encontrado de forma acentuada no grupo dos sem
religião (IBGE, 2000).
A seguir teremos então as representações sociais dos homens
entrevistados sobre a opção pela vasectomia, bem como sobre o planejamento
familiar e os sentimentos que permearam a decisão.
4.2 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS SOBRE O PLANEJAMENTO
FAMILIAR
Das entrevistas com os 13 homens, emergiram falas que permitiram
a construção de subcategorias e categorias, que foram analisadas e
interpretadas, contribuindo para a formação e apresentação das
representações sociais.
O Planejamento Familiar é um evento complexo de inúmeras
abordagens e atividades, que tem como objetivo promover ao cliente
acessibilidade a informações quanto à saúde sexual e reprodutiva,
preocupando-se, no entanto, com reduzida participação de homens no serviço.
A preocupação com o pouco envolvimento masculino nas atividades
de contracepção e do planejamento familiar está vinculada a outras questões
relevantes na área de Saúde Reprodutiva, como o aumento da incidência de
mulheres infectadas pelo HIV ou outras doenças sexualmente transmitidas, o
que poderia ser minimizado com o uso do condom, e ainda o aumento do
número de gestações não planejadas, com repercussões na qualidade de vida
das mulheres (CARVALHO; PIROTTA; SCHOR, 2000).
Diante da investigação com os homens sobre sua compreensão
sobre planejamento familiar, encontram-se as seguintes categorias.
4.2.1 O Planejamento Familiar como espaço para decisão de ter ou não
filhos
O pensamento do homem diante da pergunta: “o que você sabe
sobre planejamento familiar?”, teve um conhecimento limitado. A compreensão
dos homens foi consideravelmente marcada pelo ato de planejar quantos filhos
desejam-se ter ou não. As seguintes falas ilustram esse fato:
É uma decisão de quantos filhos você quer ter (M6).
É o planejar para ter filhos de forma pensada (M7).
E uma área de trabalho que fala sobre filhos (M10).
As expressões conduzem à reflexão de que eles não se reconhecem
como membro de discussão no serviço caracterizado como um leque de
programações que não dizem respeito somente a ter ou não filhos. É bem
verdade que as respostas condizem com um dos objetivos do programa, porém
a abordagem é muito mais complexa e envolve outros temas para discussão
como: sexualidade, métodos contraceptivos e não contraceptivos, cidadania,
qualidade de vida, relações de gênero e saúde.
Marcelino (2006) refere que o planejamento familiar, assim, faz parte
de um contexto em que o ser humano assume, voluntária e conscientemente, o
comando de seu destino e a responsabilidade por ele, de maneira que as
decisões sejam satisfatórias e adequadas para o casal, isso porque os
discursos que surgem nas atividades de planejamento familiar podem permitir
que homens e mulheres falem sobre sua vida, seus desejos e angústias diante
da maternidade, paternidade e até mesmo da sexualidade.
Integrar o homem no serviço de saúde é um desafio pelo contexto
das relações de gênero existentes e pelo serviço de saúde que necessita ser
implementado para o atendimento masculino, envolvendo treinamento e
reciclagens para a equipe de saúde responsável pela assistência.
É imprescindível a realização de condutas que estimulem os homens
a participarem de atividades no serviço e que eles compreendam uma forma
mais ampla de definição do serviço, promovendo conhecimentos novos. Que a
linguagem do homem vá além da visão de planejamento de filhos, como tal fala
exposta abaixo:
É uma forma organizada de se ter uma família, é uma prevenção de filhos e
doenças sexuais (M12).
A presença do homem hoje já é notória no serviço de saúde sexual e
reprodutiva e de uma certa forma se ainda não uma estrutura profissional
para atendê-los, torna-se claro a necessidade de preparo do ambiente, seja ele
primário, secundário e terciário. Obviamente não se fala de nenhum ser
diferenciado, mas de um ser que foi tratado durante muito tempo dessa forma.
Nessa perspectiva, o serviço de planejamento familiar deve
funcionar não somente dentro de uma visão de oferecimento de métodos.
Entretanto, parece-nos fundamental frisar que, mesmo que o Ministério da
Saúde consiga enviar os insumos contraceptivos aos municípios com
regularidade e em quantidades adequadas, isso não garantirá que a atenção
ao planejamento familiar alcance a qualidade e a eficácia desejadas para
permitir aos cidadãos brasileiros exercerem o direito de decidir quando e
quantos filhos querem ter. Isso é necessário, porém não suficiente, a menos
que os municípios tratem as ações em planejamento familiar, de fato, como
parte da atenção básica. É preciso que o processo de humanização da atenção
também alcance o planejamento familiar, no que se refere à incorporação de
princípios relativos aos direitos humanos e à bioética na atenção brindada à
população (OSIS et al., 2006).
4.2.2 Planejamento familiar atribuído ao fator financeiro
Para o grupo de homens entrevistados, além de relatarem o
conhecimento sobre planejamento familiar atribuído a filhos, o aspecto
financeiro foi evidenciado fazendo parte desse percurso. O aspecto financeiro é
importante e estará presente nos mais variados assuntos, evidenciando uma
concepção coerente do planejamento de uma família em virtude da renda.
Os princípios do planejamento familiar vão ao encontro dessa
afirmação, pois eles reforçam a necessidade de idealizações saudáveis.
Apesar do exposto, a assistência ao PF tem passado por descontinuidade ao
longo dos anos, negando o que de mais fundamental que é a promoção da
saúde sexual e reprodutiva de homens, mulheres e/ou casais, levando-se em
conta aspectos culturais, psíquicos e socioeconômicos (MOURA; SILVA, 2004).
As frases relatam o descrito:
É você financeiramente ter uma família para viver
(M3).
É um ato de planejar seu futuro, quantos filhos você quer ter, de acordo com a renda
(M4).
Construir uma família requer condições econômicas favoráveis para
mantê-la dentro de um padrão de qualidade que permita satisfação entre todos.
Segundo Silva et al. (2008, 2009), apesar de todas as mudanças
ocorridas na sociedade, a família ainda é a unidade mãe da sociedade, na qual os
indivíduos crescem e se desenvolvem. Sendo um ambiente importante e
necesrio para a promoção da saúde e a prevenção das doenças dos indivíduos,
membros desta família.
Para que esse ambiente se desenvolva, o recurso financeiro é um
fato de influência marcante, pois como proporcionar saúde e educação em um
país de tantas desigualdades sociais como é o Brasil.
A lei brasileira hoje reconhece que uma família não é apenas aquela
formada por um homem, uma mulher e seus filhos e filhas. Hoje, a família é um
espaço onde as pessoas não estão unidas apenas por laços de sangue, nem
por regras que obrigam as mulheres a cuidar sozinhas dos filhos e filhas,
enquanto os homens seriam os guardiões da honra, soberania e da ordem no
lar. Isso mudou! Hoje, a família é considerada um grupo de pessoas unidas por
laços de afeto e de cuidado mútuo (UNFPA, 2007).
Esses homens, então, se mostram bastante preocupados em
oferecer para seus filhos um lar digno, porém diante de situação financeira
digna. A renda é um fato concreto na promoção da saúde, prevenção e
tratamento de doenças e também tem uma influência direta na qualidade de
vida das pessoas.
As representações sociais dos homens sobre o planejamento
familiar ficaram caracterizadas pelos dois eixos apresentados, de acordo com a
Figura 1.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS
SOBRE O PLANEJAMENTO FAMILIAR
O PLANEJAMENTO FAMILIAR COMO ESPAÇO
DE DISCUSSÃO SOBRE TER FILHOS
Planejar filhos de forma
pensada.
Área de trabalho que fala
sobre filhos.
Decisão de quantos filhos
você quer ter.
Acordo com a mulher para
decisão de não ter filhos
Futuro.
Planejar a família.
Ter filhos de acordo com a
renda.
Você financeiramente ter uma
família para viver.
É um controle familiar.
REPRESENTAÇÕES
O PLANEJAMENTO FAMILIAR ATRIBUÍDO AO
SETOR FINANCEIRO
REPRESENTAÇÕES
Figura 1 – Representações sociais de homens sobre o planejamento familiar.
Fonte: Adaptado de Rodrigues (2005).
4.3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS SOBRE VASECTOMIA
Essa categoria contempla as definições dos homens sobre
vasectomia, uma vez que eles se encontravam prestes a realizar tal
procedimento. Emergiram as seguintes subcategorias, a saber:
a) A vasectomia como procedimento técnico em local diversificado;
b) A vasectomia como procedimento desconhecido;
c) A vasectomia como decisão de vida saudável e prejudicial.
4.3.1 A vasectomia como procedimento técnico em local diversificado
A vasectomia corresponde a um método anticoncepcional cirúrgico,
caracterizado pelo corte no canal deferente, impossibilitando a passagem de
espermatozóides e, consequentemente, seu encontro com o óvulo.
De acordo com o Ministério da Saúde (2002, p. 120),
a vasectomia consiste, no homem, em impedir a presença dos
espermatozóides no ejaculado, por meio da obstrução dos canais
deferentes.A eficácia da vasectomia é alta, utilizando-se a técnica
mais moderna sem bisturi, a taxa de falha é de 0,1 a 0,15%.
Do ponto de vista técnico, a esterilização masculina e feminina
podem ser consideradas como a evolução da castração (a extirpação cirúrgica
das gônadas), embora elas sejam diferentes em sua origem e uso através da
história. A castração masculina era um procedimento tradicional usado muito
cedo, na história da humanidade. Diferentes sociedades a utilizaram em
escravos, guardas e como forma de punição. Sir Astley Cooper, em 1830,
realizou o primeiro trabalho de vasectomia experimental em cães. Ele
demonstrou que era possível preservar os testículos saudáveis quando ocorria
a ligadura dos canais deferentes (MORRIS; ARTHURE, 2002).
Assuntos relacionados à prática têm evoluído com o passar dos
anos, pelas várias pesquisas, porém é de fundamental importância que o
homem que irá realizá-la esteja consciente do método, dos cuidados a serem
postos em prática e de como atuar diante das intercorrências.
As falas demonstraram nessa subcategoria que a cirurgia
apresentava diversidade dos locais da incisão.
Cirurgia realizada no testículo para cortar a passagem do espermatozóide
(M2)
.
É uma cirurgia rápida, para evitar filhos. Um corte no pênis para evitar a passagem
dos espermatozóides
(M3)
.
É um corte na lateral dos testículos. É um caminho sem volta
(M5)
.
É um corte abaixo do pênis para não fazer menino
(M8).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2007, p. 183),
a vasectomia é realizada através de uma punctura ou pequena
incisão no escroto, o profissional localiza cada um dos 2 tubos por
onde o esperma é transportado ao pênis (vaso deferente) e corta e
bloqueia o mesmo, cortando e amarrando-o de modo a fechá-lo ou
aplicando calor ou eletricidade (cautério).
Evidenciou-se nas falas informações não corretas quanto ao local da
cirurgia, o que sinaliza falhas no sistema de informação para esse cliente que
pode ter relação com a falta de abordagem sobre todo o procedimento,
envolvendo técnicas ou estratégias que abordem a vasectomia, e o aparelho
genital masculino, suas funções, a importância da higiene e questões de
sexualidade. Todo paciente tem o direito de ser informado sobre o que será
submetido, principalmente quando o assunto em questão é uma cirurgia que,
apesar da literatura descrever a vasectomia como procedimento simples, a sua
repercussão como fator psicológico, social e cultural tem grandes repercussões,
em virtude da possibilidade de irreversibilidade na concepção de um filho. Dessa
forma, a decisão deve estar clara e coerente.
4.3.2 Vasectomia como procedimento desconhecido
Essa categoria emergiu dos discursos dos homens referirem não
saber onde a vasectomia era realizada, mas definindo-a como um
procedimento simples. Tal fato é grave, pois o cliente deve estar consciente do
procedimento.
Não sei onde é feito a vasectomia, mas é um procedimento simples com anestesia local
(M7).
É um procedimento simples, nenhum prejuízo ao homem, não vai ter mais
esperma para gerar filhos, porém não sei o local que é feito (M6).
O aconselhamento adequado oferece ao paciente as instruções
sobre o que será realizado e ainda permite a ele identificar possíveis
complicações e cuidados que deverão ser seguidos. Esses homens antes da
cirurgia passam por uma atividade educativa realizada somente pela assistente
social, que aborda o contexto; a atividade é realizada também com a presença
de mulheres que desejam a realização de ligadura tubária.
Considera-se fundamental a presença de toda a equipe de saúde,
ou seja, médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, pois cada um tem
suas atribuições e diante de uma assistência, elas se fundem e se
complementam, podendo repercutir de forma satisfatória na abordagem ao
homem no campo do planejamento familiar.
E isso é perceptível nas falas dos sujeitos quando evidenciam
dificuldades dos homens em saber ou não o local da realização da cirurgia.
Freire (2002) relata que a prática educativa deve permitir a construção e
reconstrução de saberes entre a equipe de saúde, usuários do serviço e grupos
comunitários, por meio de um processo de ensino-aprendizagem participativo,
dialógico e problematizador, em que o enfermeiro poderá possibilitar a
formação e desenvolvimento dos estágios dessa prática.
4.3.3 Vasectomia como decisão de vida saudável e prejudicial
No planejamento familiar é essencial que as decisões tomadas pelo
casal, possam trazer bem-estar e satisfação. A escolha de um método deve ser
feita de forma benéfica e espera-se que não comprometa a saúde. Esse
depoimento reforça tal fato:
É um corte simples perto da virilha, não afeta a saúde, nem
no desenvolvimento, pode ter uma vida normal
(M10).
Percebe-se que a vasectomia é vista como um método que pode
comprometer a sexualidade e causar doenças ao homem e,
consequentemente, à sua saúde mental. Essas questões devem ser
trabalhadas no serviço, desmitificando informações errôneas e que podem
estimular condutas insatisfatórias e socialmente ter sérias repercussões, como
mostra a seguinte resposta:
É uma cirurgia simples, vulnerável a câncer de próstata e testículo, sendo um
corte no saco escrotal para não deixar o esperma passar
(M11).
Ramos (2008, p.12) afirma que “no campo da saúde sexual e
reprodutiva, em especial no que se refere à contracepção, às necessidades,
desejos e escolhas bem-informadas das pessoas deveriam ser o aspecto
central da atenção”.
E, a Organização Mundial de Saúde (2007, p.189) relata que:
[...] ao conversar com um aconselhador amistoso que escute as
preocupações do homem, que responda às suas dúvidas e lhe
forneça informações claras e práticas sobre o procedimento,
particularmente quanto ao caráter permanente ajudará o homem a
tomar uma decisão esclarecida e a ser um usuário bem sucedido e
satisfeito com o método, sem que haja arrependimento posterior.
O cliente deve ser estimulado a discutir sobre os sentimentos e
dúvidas que rodeiam seu pensamento e esclarecer seus pensamentos.
VASECTOMIA COMO
PROCEDIMENTO TÉCNICO EM
LOCAL DIVERSIFICADO
REPRESENTAÇÕES
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS
HOMENS
SOBRE A VASECTOMIA
A VASECTOMIA COMO
PROCEDIMENTO SAUDÁVEL
E PREJUDICIAL
VASECTOMIA COMO
PROCEDIMENTO DESCONHECIDO
É um corte nos
testículos.
Cirurgia no testículo
para cortar a
passagem do
espermatozóide.
Um corte no pênis
para evitar a
passagem dos
espermatozóides.
E um corte abaixo
do pênis para não
fazer menino.
REPRESENTAÇÕES
Não sei o local que é
feito.
Não sei onde é feito a
vasectomia mas é um
procedimento simples
com anestesia local.
REPRESENTAÇÕES
Corte simples que
não afeta a saúde,
podendo ter uma vida
normal.
Cirurgia simples
vulnerável a câncer
de próstata e
testículo.
Figura 2 –
Representações sociais de homens sobre a vasectomia.
Fonte: Adaptado de Rodrigues (2005)
4.4 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS SOBRE O MOTIVO DA
VASECTOMIA
Nesta categoria, foi investigado o motivo da tomada de decisão da
vasectomia. Diversos aspectos foram frisados e agrupamos em subcategorias,
as quais surgiram:
4.4.1 Por motivos financeiros
Independente da situação da vasectomia, o dinheiro estará sempre
presente na vida do ser humano como um dos itens fundamentais para
qualidade de vida. Criar filhos, educá-los e promover saúde requerem
instrumentos e condutas em que o dinheiro fará parte de projetos. Esse
pensamento é reforçado na fala dos entrevistados.
Não quero ter mais filhos, por questões financeiras (M3, M10).
tenho dois filhos e assumo financeiramente outra família, os filhos dos irmãos
(M2).
Por questões financeiras, quantos mais filhos, mais difícil educar (M7).
A decisão sobre algo requer um planejamento onde recursos
financeiros podem fazer parte do processo e podem influenciar de forma
substancial na satisfação do ser humano. O homem demonstra essa
preocupação diante das falas.
O melhor nível econômico leva a uma percepção mais apurada das
necessidades pessoais e profissionais, com reflexos na saúde e na vida social,
possibilitando arcar com custos, entre eles a criação de um filho.
4.4.2 Por proteção à esposa
O homem desde cedo assumiu na sociedade a função de protetor,
aspecto reforçada nas respostas dos entrevistados.
O procedimento era mais complicado na mulher, pois na gestação ela teve dor de
cabeça por causa da anestesia (M1).
Porque a minha esposa não toma comprimido e não gosta de preservativo (M6).
Porque acredito que fazendo a vasectomia você vai amar a sua esposa e protegê-
la, ela não precisaria mais tomar comprimido, preservaria a saúde dela (M8).
Eu queria que ela engravidasse e fizesse a ligação de uma vez só, como ela não
quis, eu decidi fazer (M9).
O motivo da cirurgia está direcionado à mulher e surgem indagações
sobre quem é esse homem prestes a realizar a vasectomia. É um coadjuvante
nesse processo, que tem que entrar em ação quando as mulheres esgotaram
suas tentativas e usos de método? Percebe-se que os participantes em
nenhum momento relataram que a decisão era proviniente do casal, mas da
preocupação constante com a parceira e com a saúde dela.
Os direitos sexuais e reprodutivos devem ser pensados em uma
relação de gênero, portanto precisam ir além da discussão sobre a saúde da
mulher. A participação do homem nesse processo é fundamental, seja na
perspectiva de obtenção de informações, capazes de apoiar a saúde da
mulher, seja como um sujeito com necessidades, e, consequentemente, com
direitos sexuais e reprodutivos (SCHRAIBER; GOMES; COUTO, 2005).
Evidenciou-se a palavra cobrança para realização da cirurgia e
informações errôneas que podem no futuro ter sérias consequências.
A recuperação da cirurgia era mais difícil nela, no homem a cirurgia é reversível e
na mulher é definitiva, a recuperação nela também seria mais longa e eu resolvi ter essa
responsabilidade de passar por isso. Havia cobrança da minha esposa (M12).
Ricci (2008) relata que a esterilização deve ser considerada
permanente para a fertilidade, porque a reversão cirúrgica é difícil, de alto custo
e pouco sucesso e não é fornecida na rede pública.
Vale ressaltar que a decisão deve ser feita de forma tranquila e com
contentamento para ambos, uma cobrança nesse sentido pode repercutir
negativamente no futuro e comprometer a relação do casal.
4.5 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS HOMENS SOBRE SENTIMENTOS
VIVENCIADOS NO PRÉ-OPERATÓRIO DE VASECTOMIA
O pré-operatório de uma cirurgia é sempre um momento de aflição,
medo e incertezas, por mais simples que o procedimento seja. Quando esse
cliente é um homem existem duas realidades a se deparar, uma é que esse
paciente não é um usuário em evidência na instituição de saúde, que atende
planejamento familiar, grande parte do público é feminino e a outra é o fator
gênero presente nos comportamentos observados. Diante disto, surgiram as
seguintes subcategorias ao se perguntar como os homens estavam se sentindo
prestes a realizar a cirurgia.
4.5.1 Medo da cirurgia
Alguns homens passaram grande parte de sua vida na sociedade
tendo que esconder sentimentos nas situações conflitantes e, por diversas
vezes, ouve-se a seguinte frase: “homem não chora e homem não sente medo”,
porém nas respostas dos sujeitos comprovamos os sentimentos de medo,
ansiedade e nervosismo.
Ansioso para encerrar a cirurgia e envergonhado (M1).
Um pouco de nervosismo por não saber como é o procedimento (M6).
Com fome e com medo (M7).
Carrara et al. (2009) relatam que o modo como homens e mulheres se
comportam em sociedade corresponde a um intenso aprendizado sociocultural
que nos ensina a agir conforme as prescrições de cada nero. uma
expectativa social em relação à maneira como homens e mulheres devem andar,
falar, sentar, mostrar seu corpo, brincar, dançar, namorar, cuidar do outro, amar,
dentre outros, etc. Conforme o gênero, também modos espeficos de
trabalhar, gerenciar outras pessoas, ensinar, dirigir o carro, gastar o dinheiro,
ingerir bebidas, dentre outras atividades.
Essas representações vão se multiplicando na sociedade, mas não
são mais tão representativas como alguns anos atrás, os comportamentos vem
se modificando lentamente, não obedecendo a padrões estabelecidos, uma
necessidade de expressão de sentimentos como se percebeu nas falações
acima, nas quais homens mostram-se com medo e até mesmo envergonhado
diante da condição.
4.5.2 Tranquilidade no pré-operatório
A tranquilidade também foi contemplada pelos homens no pré-
operatório. Esse sentimento foi revelado pela experiência de ter pessoas
próximas que realizaram a cirurgia e não apresentaram nenhuma intercorrência
e também pela participação na atividade educativa que foi marcada por ser
esclarecedora e capaz de proporcionar clareza nas dúvidas.
Calmo, assisti a palestra, tenho amigos que já realizaram a cirurgia (M2).
Tranquilo, pois a palestra foi importante para tirar dúvidas e a minha esposa estar
presente para me dar segurança (M3).
Não tenho medo, pois na família tenho primo que já fez a cirurgia (M10).
Tranquilo, pois já fiz cirurgia de hérnia e retirada de sinal (M4).
A atividade educativa realizada no hospital aos clientes da pesquisa
foi caracterizada pelos mesmos como proveitosa. De todos os homens
entrevistados apenas um não tinha assistido à atividade educativa e durante a
entrevista se mostrou aflito e com medo. A tranquilidade também esteve
direcionada à participação familiar e dos amigos, sendo eles referência no
repasse do saber.
De acordo com D’Ávila e Gonçalves (2003), as pessoas possuem
um saber dito “popular”, adquirido pela troca de informações e de experiências
entre os seus pares, no meio social onde se encontram.
5 TRAJETÓRIA DO HOMEM PARA REALIZAÇÃO DA CIRURGIA
E A PARTICIPAÇÃO DO ENFERMEIRO NESSE CONTEXTO
Como a unidade de saúde constitui-se na porta de entrada do
paciente, é necessário que todo o conjunto desde a trajetória até o momento de
permanência no hospital possa oferecer a ele segurança, conforto e
receptividade significativa. O hospital em questão deveria estar preparado para
a recepção do cliente.
Observaram-se durante o pré-operatório dificuldades de acolhimento
quanto ao espaço, eles o apresentavam um lugar reservado e confortável
para a espera da cirurgia, apesar de ser um simples procedimento. A troca de
roupa do pré-operatório era realizada no próprio centro cirúrgico.
Ao serem entrevistados, solicitando a opinião quanto à trajetória, os
homens não referiram incômodos quanto aos problemas citados acima, o relato
foi proveniente da observação da entrevistadora. Eles referiram que todo o
percurso ocorreu sem grandes dificuldades, não havendo empecilhos na
realização de exames sanguíneos do pré-operatório, nem na participação da
atividade educativa. A dificuldade relatada foi quanto à espera no dia da
cirurgia.
Quatro entrevistados referiram realizar o procedimento com base
nas informações dadas pelos próprios funcionários do hospital.
Através do médico clínico do hospital que conhecia minha esposa e me informou
que o hospital fazia (M4).
Minha irmã trabalha no hospital e falou para mim da cirurgia e disse que não tinha
dificuldades (M2).
Foi a enfermeira do hospital que fez as orientações e disse que a cirurgia era feita
no hospital (M7).
Na mesma proporção outros homens citaram que a informação foi
fornecida por amigos que tinham realizado a operação no referido hospital. Os
demais foram informados pelas esposas que tiveram parto normal e receberam
as orientações durante a internação hospitalar.
Na área da saúde, até recentemente, os estudos concentravam-se
em usuárias de serviços públicos de saúde, focalizando mulheres, em geral
adultas, e desconsiderando os papéis dos parceiros ou obtendo estas
informações com base nas próprias mulheres. O pouco conhecimento sobre o
papel masculino na negociação e/ou adoção de práticas preventivas na
experimentação sexual e na reprodução convivia com mensagens veiculadas
no campo da saúde pública sobre a responsabilidade mútua quanto à dupla
proteção ou ao sexo seguro (MARINHO; AQUINO; ALMEIDA, 2009).
Observou-se a contribuição de diversos profissionais do hospital na
divulgação de informações acerca da vasectomia, dentre eles médicos,
auxiliares de enfermagem e recepcionistas. Os homens em nenhum momento
foram assistidos pelo enfermeiro, porém torna-se importante pronunciar que
aos sábados, quando as cirurgias são realizadas, apenas quatros
enfermeiros no local, sendo um responsável pelo berçário, outro pela
emergência, um pela clínica médica e, por último, um responsável pela clínica
obstétrica, ginecológica e centro cirúrgico. A assistência de enfermagem fica
comprometida e assistir homens no serviço de planejamento familiar não é uma
prioridade da casa.
O enfermeiro no serviço de planejamento familiar tem como função
promover, estimular e desenvolver o senso crítico e a consciência de homens e
mulheres na saúde sexual e reprodutiva. Diante de tantas responsabilidades,
torna-se fundamental a presença desse profissional, identificando, conhecendo
e assistindo esse paciente. Leopardi (2006) define enfermagem como uma
prática humana que promove a facilitação do bem-estar e da qualidade de vida,
com base em conhecimentos desenvolvidos internamente ou por aplicação de
conteúdos de outras disciplinas às situações de enfermagem. Valoriza a
relação de cuidado, sendo uma presença verdadeira para a pessoa que precisa
de ajuda, em um processo engajado eticamente.
O cuidado, de acordo com Rodrigues (2005), constitui a essência do
trabalho da enfermagem, estando centrado na integralidade do ser humano, de
acompanhá-lo em suas necessidades biopsicossociais, visando à promoção,
proteção e à prevenção de doenças e complicações.
Oliveira (2004) relata que a comunicação enfermeiro/paciente é
denominada comunicação terapêutica, porque tem a finalidade de identificar e
atender às necessidades de saúde do paciente, ao criar oportunidades de
aprendizagem e despertar nos pacientes um sentimento de confiança,
tranquilidade permitindo que eles se sintam satisfeitos, felizes e seguros.
6 ALISE FATORIAL DE CORRESPONNCIA: evocões
emitidas pelos homens
O estudo teve a técnica de associação de palavras como
enriquecedora na busca da interpretação das representações sociais dos
homens sobre a decisão contraceptiva. Os estímulos indutores foram:
planejamento familiar, vasectomia, homem e enfermeiro, sendo as palavras
processadas no
Tri-Deux-Mots
(TDM) e interpretadas pela Análise Fatorial da
Correspondência (AFC). Como variáveis fixas, teve-se a idade, o estado civil e
o nível de escolaridade e as variáveis de opinião foram representadas através
das variáveis fixas.
Na Figura 3, encontra-se representado um gráfico com dois eixos,
eixo F1 e eixo F2. O Fator 1 (F1) encontra-se representado pela cor vermelha e
o Fator 2 (F2) pela cor azul.
Os sujeitos que participaram da técnica foram em número de 109,
sendo homens do pré-operatório da vasectomia, homens que se encontravam
no hospital internados ou presentes no local para realização de exames,
consultas ou avaliação médica por algum outra causa que não fosse a
vasectomia e acompanhando algum cliente que necessitava de algum
atendimento no período que ocorreu a coleta de dados.
A técnica de associação livre de palavras resultou em 465 palavras,
de acordo com os quatro estímulos descritos.
A seguir, a figura e sua
interpretação.
Figura 3 Representações sociais de homens sobre a decisão contraceptiva.
Fortaleza-CE, 2009
┌─────────────────────────────────────────────────────────── ──────────────┐
!
!
!
organ1
! import4
! presta4
amigo4 planej2
E.Superior casado! Bondad4
! E.Médio
! respon3
saude4 ! 25-35a
_______________________________________macho3______________F1________cuida2
36-55a !
respei3 !
uniao1 ! ajuda4
analfabeto ! pai3
E.Fundamental!
solteiro!
! ajuda1
! U.Consensual
└───────────────────────────────────────────────────────
filho1─────────────┘
LEGENDA
Plano Fatorial
Variáveis de Opinião
Fator 1 (F1) em vermelho, localiza-se no
eixo horizontal.
Fator 2 (F2) em azul, localiza-se no eixo
vertical.
Estímulos indutores
1-Planejamento Familiar
2-
Vasectomia
3-
Homem
4- Enfermeiro
Variável Fixa
Variável Fixa
Variável Fixa
Idade
25 – 35 anos-----1
36 – 55 anos-----2
Estado Civil
Casado----------------1
Solteiro----------------2
Escolaridade
Analfabeto------------1
Fundamental --------2
56 – 75 anos-----3
União Consensual--3
Desquitado-----------4
Ensino Médio -------3
Superior---------------4
Observa-se que no Fator 1, eixo horizontal, de cor vermelha tem-se
a palavra
uno
correspondendo ao estímulo (1): planejamento familiar,
cuidado
relacionado ao estímulo (2): vasectomia, as palavras
macho,
respeitador e pai
evidenciados pelo estímulo (3): homem, e por último as
palavras
saúde e ajuda
ligadas ao estímulo (4): enfermeiro. No Fator 2, eixo
vertical, de cor azul o estímulo (1) foi representado
por organizão, filho e
ajuda.
O estímulo (2) por
planejamento,
o estímulo (3)
foi atribdo à
evocão de
responsabilidade
e o estímulo (4) foi caracterizado pelas
palavras
importante, prestativo, amigo e que atua com bondade.
Percebe-se no eixo 1, lado esquerdo, homens de 36-55 anos,
solteiros e com ensino fundamental considerando planejamento familiar um
serviço que discute sobre
união.
Em contrapartida no eixo 2, parte superior,
temos homens de 25-35 anos, de ensino médio, casados que relataram que
planejamento familiar é uma forma de
organização
, possibilitando
ajuda
para
decisão de ter ou o
filhos
. Reflexão coerente com o que o planejamento
familiar define como um dos princípios, sendo um serviço de orientações
envolvendo assuntos de maternidade e paternidade. Filho não é apenas
assunto de mulher, representa um desejo de ambos os sexos e o homem
também tem sua importância no que diz respeito ao acompanhamento de todo
crescimento e desenvolvimento de um ser humano que ele também possibilitou
nascer.
Na gravidez, o homem e a mulher deixam de ser apenas filho e filha
para se tornarem pai e mãe, ambos vivenciando essa transição com
expectativas, anseios e temores. O homem também sofre o impacto da
mudança de papéis (FREITAS; COELHO; SILVA, 2007).
Nas entrevistas, observa-se uma afinidade com as evocações do
eixo 2, quando para os homens entrevistados planejamento familiar foi
representado por um espaço para decisão de ter ou não filhos.
Para os homens de união consensual, localizados no Fator 1, lado
direito à vasectomia representou uma forma de
cuidado
, que quando
relacionado às falas nas entrevistas se remete à proteção à esposa e não a ele
mesmo. As relações de gênero repassadas na nossa cultura colocam o homem
na posição de responsável e protetor da mulher e dos filhos. O cuidado exposto
na técnica reflete toda a postura do homem no serviço como coadjuvante da
mulher. Para os homens casados, no Fator 2, eixo vertical à direita no gráfico,
a vasectomia foi associada ao
planejamento.
O gráfico também revela no Fator 1, eixo horizontal, lado esquerdo
que o estímulo homem tem como elaborações as palavras
macho e
respeitador
, espelhos de padrões de comportamento de gênero.
Fonseca e Coutinho (2005) relatam que alguns anos, o
comportamento socialmente esperado de uma mulher estava mais ligado a
valores como introversão e a ponderação, associados aos aspectos familiares,
sentimentais e até mesmo da vida profissional, contrariamente à característica
elucidada pelos homens. O que se verifica é que mesmo diante de tanta
evolução nas relações entre homens e mulheres, a visão de poder masculino
foi percebida no teste com o estímulo homem.
Ainda no Fator 1, eixo horizontal, lado direito, para os participantes
de união consensual ser homem é
ser pai.
Assumir a postura de pai na
sociedade é muito mais do que uma simples companhia e autoridade,
representa atitudes de responsabilidade, carinho e dedicação. Compreende um
espaço que pode permitir maturidade e qualidade na relação consigo e com os
outros.
A crise da masculinidade tem conduzido, desde a década de 1970,
um coletivo de homens a refletir sobre sua própria experiência no patriarcado e
seu papel no cenário doméstico e nas relações familiares
(GIFFIN, 2005).
Apesar das entrevistas constatarem a ausência de enfermeiro no
serviço de planejamento familiar do local da pesquisa, as evocações
representaram boas qualidades com o estímulo enfermeiro, sendo um
profissional de saúde responsável pela
ajuda
. No Fator 2, eixo vertical e
superior, ele significa um profissional
importante, prestativo, amigo
e com
atitudes de
bondade.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta investigação buscou apreender as representações sociais de
homens sobre a decisão contraceptiva, enfatizando também o conhecimento dos
mesmos sobre planejamento familiar, vasectomia, seus sentimentos, justificativa
quanto à decisão contraceptiva e a participação do enfermeiro no processo. O
estudo envolveu 109 homens, todos participaram da técnica de associação de
palavras e observação livre, sendo que somente 13 se encontravam no pré-
operatório da vasectomia participaram da entrevista. As representações sociais
sobre planejamento e vasectomia foram expressas através de subcategorias e
categorias.
O Planejamento Familiar agrupou-se em duas abordagens: o serviço
como um espaço para discussão sobre quantos filhos se quer ter ou o e o
outro que reforça a importância dos recursos financeiros para o planejamento de
filhos. As expressões acerca do planejamento familiar, apesar de coerentes,
foram limitadas, com falas curtas e objetivas, sem percepção do espaço como
algo complexo e que também fosse palco de outras discussões e não somente
referente aos filhos. O homem ainda o se nesse plano como ator
fundamental e não mais coadjuvante.
A vasectomia foi representada como procedimento desconhecido,
errôneo quanto ao local da incisão, técnica da cirurgia e cuidados no pós-
operatório. A tomada de decisão foi justificada por questões financeiras e
principalmente por proteção à esposa, reforçando-se o pensamento de que o
método no homem seria mais fácil, menos doloroso e com menos efeitos
colaterais. Os sentimentos evidenciados foram medo e tranquilidade.
Foi percebida nesta pesquisa a importância de reconhecer o
profissional que contribui no processo, pois os homens reconheceram o assistente
social como condutor de informações imperiosas e imprescinveis, através da
atividade educativa oferecida pelo serviço e realizada pelo próprio profissional. O
enfermeiro, membro de uma equipe de saúde e indispensável em um serviço
de saúde sexual e reprodutiva, ficou ausente, apesar de estar presente em
outras atividades e setores como emergência, clínica médica, centro cirúrgico e
obstétrico.
A técnica de associação de palavras foi aplicada com os estímulos:
planejamento familiar, vasectomia, homem e enfermeiro. O planejamento familiar
foi simbolizado por uma organização que busca através da união a possibilidade
de ter ou o filhos. O que precisa ser reforçado e é o que se discute
principalmente em nível de Política Nacional de Atenção à Saúde dos Homens é
possibilitar aos mesmos um espaço para discussões e ações que promovam o
cuidado e autocuidado, em que os profissionais de saúde evitem discriminação e
despreparo para abordagem de assuntos relativos à sexualidade, gênero e
masculinidades, como o tema sugere.
A vasectomia revelou-se por meio de duas evocações: cuidado e
planejamento, porém esse cuidado esteve relacionado nas entrevistas à mulher
e não ao próprio sujeito. A inclusão do homem como cliente no serviço de
saúde precisa ser estabelecida e ações devem ser instituídas no sentido de
estimular a presença do mesmo. As evocações relatadas permitiram validar os
depoimentos dos homens, assim como o dicionário de palavras permitiu a
visualização de outras expressões interessantes no assunto. A palavra cuidado
apareceu nos estímulos planejamento, vasectomia e enfermeiro, demonstrando
sua importância no assunto que envolve bem-estar.
No dicionário evidenciaram-se no estímulo homem as palavras:
descuidado, frágil e difícil, vocábulos que merecem uma abordagem pelo
enfermeiro em uma consulta ou atividade com homens, desmitificando tabus,
preconceitos e comportamentos transmitidos ao longo dos anos e que podem
contribuir para uma condição de vida com maiores possibilidades de aquisição
de doenças, como câncer de próstata e de pênis.
Espera-se que este estudo possa contribuir no sentido de
reconhecer o homem como um protagonista merecedor de cuidado e capaz de
promover o autocuidado, produzido e fortalecido pelos profissionais de saúde e
pelas instituições de saúde que fazem parte. As mudanças nos paradigmas
podem produzir nos profissionais de saúde, e especificamente no enfermeiro,
um olhar clínico baseado na integralidade e equidade para homens e mulheres,
aumentando suas expectativas de vida e reduzindo índices de
morbimortalidade.
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APÊNDICES
APÊNDICE A – TESTE DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS
Anos Completos:
Naturalidade:
Condição de União:
Tempo de União:
Profissão:
Número de Filhos:
Nível Instrucional:
Religião:
Renda Familiar:
Quando eu falo a palavra Planejamento Familiar, quais palavras lhe vêm à
mente?
Quando eu falo a palavra Vasectomia, quais palavras lhe vêm à mente?
Quando eu falo a palavra Homem, quais palavras lhe vêm à mente?
Quando eu falo a palavra Enfermeiro, quais palavras lhe vêm à mente?
__________________________________________________________
APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. DADOS GERAIS
Nome (Iniciais):
Anos Completos:
Naturalidade:
Condição de União:
Tempo de União:
Profissão:
Número de Filhos:
Nível Instrucional:
Religião:
Renda Familiar
2. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE HOMENS QUE OPTARAM PELA
VASECTOMIA
2.1. O que você sabe sobre planejamento familiar?
2.2. O que você sabe sobre vasectomia?
2.3. O que o levou a tomar a decisão da realização da vasectomia?
2.4. Como se sente prestes a realizar a vasectomia?
2.5. Como percebe a participação do enfermeiro nessa trajetória?
2.6. Como foi a trajetória para chegar até o hospital para a realização da
vasectomia?
APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado Sr.,
Sou enfermeira e estou desenvolvendo neste hospital um projeto de pesquisa, que
investiga a opinião dos homens sobre a vasectomia e o planejamento familiar. Assim, o senhor
está sendo convidado para participar dta pesquisa, que tem como título: “Representações
sociais de homens sobre a opção pela vasectomia”. Sua participação será importante para o
desenvolvimento do serviço de saúde sexual e reprodutiva a homens.
Neste estudo, pretendo apreender as representações sociais de homens sobre a
opção pela vasectomia, onde seinvestigado o conhecimento de homens sobre a vasectomia,
planejamento familiar e de como percebe o enfermeiro nesse contexto. Para isso, preciso de sua
autorização para realizar este trabalho, que inclui uma entrevista. Caso o Sr. aceite,
conversaremos sobre essa experiência e peço-lhe autorização para gravar nossa conversa.
Desde já, dou-lhe a garantia de que as informações obtidas serão apenas para realização do
trabalho e que o Sr. terá acesso às informações sobre o estudo, inclusive se as dúvidas
ocorrerem. O sigilo de sua identidade será mantido, não será usado seu nome verdadeiro.
Ressalto que este termo será elaborado em duas vias, sendo uma para o participante da
pesquisa e outra para o arquivo da pesquisadora. Os dados serão apresentados ao Curso de
Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde e área de concentração em enfermagem.
Caso precise entrar em contato, informo-lhe meu nome e endereço:
Mônica dos Santos Bezerra
Endereço: Adolfo Bezerra de Menezes, 918. Alvaro Weyne. Fortaleza-CE.
Fones: 3452-2386, 8885-0102.
E-mail: monicameac@yahoo.com.br
ASSINATURA DA PESQUISADORA
ASSINATURA DO PARTICIPANTE
Tendo sido adequadamente informado sobre a pesquisa: “Representações Sociais de homens
sobre a opção pela vasectomia”, realizada sob responsabilidade da pesquisadora Mônica dos
Santos Bezerra, concordo em participar da mesma. Estou ciente de que meu nome não será
divulgado e que a pesquisadora estará disponível para tirar qualquer dúvida que venha a surgir
sobre a pesquisa.
Fortaleza,________ de_________ de 2009.
____________________________________________________________________________
_____
ASSINATURA DO PESQUISADOR
ASSINATURA DO PARTICIPANTE
APÊNDICE D – BANCO DE DADOS
LEGENDA
Plano Fatorial Variáveis de Opinião
Fator 1 (F1) em
vermelho, localiza-se
no eixo horizontal.
Fator 2 (F2) em azul,
localiza-se no eixo
vertical.
Estímulos indutores
1- Planejamento
Familiar
2- Vasectomia
3- Homem
4- Enfermeiro
Variável Fixa Variável Fixa Variável Fixa
Idade
25 – 35 anos-----1
36 – 55 anos-----2
56 – 75 anos-----3
Estado Civil
Casado-----------------------1
Solteiro-----------------------2
União Consensual---------3
Desquitado------------------4
Nível de Escolaridade
Analfabeto-----------------
-1
Fundamental -------------
-2
Ensino Médio -------------
3
Superior--------------------
-4
VARIAVÉIS FIXAS
A. IDADE
25 – 35 anos
1
36 – 55 anos
2
56 – 75 anos
3
B. ESTADO CIVIL
Casado
1
Solteiro
2
União Consensual
3
Desquitado
4
C. NÍVEL DE ESCOLARIDADE
Analfabeto
1
Fundamental
2
Ensino Médio
3
Superior
4
TESTE DE ASSOCIAÇÃO DE PALAVRAS: ESTÍMULOS
PLANEJAMENTO FAMILIAR - 1
VASECTOMIA - 2
HOMEM - 3
ENFERMEIRO - 4
132econom1 cautel2 esforç3 ajuda4*
114gasto1 atença2 dedica3 hospit4*
232casame1 medo2 autori3 emerge4*
124plano1 hospit2 trabal3 faculd4*
212empreg1 cirurg2 trabal3 cirurg4*
212dinhei1 medico2 grande3 empreg4*
133filho1 operaç2 pai3 cuidar4*
122ajuda1 jamais2 deus3 branco4*
113organi1 cortar2 força3 voces4*
212bom1 jamais2 jesus3 mulher4*
313novida1 não2 eu3 ajuda4*
112uniao1 hospit2 mulher3 medico4*
212filho1 hospit2 casame3 cirurg4*
133renda1 cirurg2 uniao3 hospit4*
113casa1 dor2 trabal3 profis4*
133bom1 jamais2 famili3 cuidar4*
113depend1 não2 ele3 hospit4*
113faz1 pensa2 jesus3 bondad4*
123concor1 corage2 força3 cuidar4*
132ajuda1 famili2 trabal3 bom4*
212renda1 operaç2 força3 bonito4*
212pensa1 planej2 sabedo3 genero4*
213conhec1 cirurg2 autori3 ajuda4*
123precis1 intere2 trabal3 doença4*
212faz1 queria2 força3 hospit4*
132trabal1 dor2 corag3 sabedo4*
212filho1 não2 eu3 medico4*
132ajuda1 não2 força3 cuidad4*
313descon1 operaç2 pai3 bom4*
122legal1 cirurg2 amigo3 bom4*
133amor1 cuidad2 heroi3 ajuda4*
232cuidad1 prote2 bom3 amigo4*
213respon1 descon2 egoist3 presta4*
212import1 filho2 trabal3 educa4*
212não1 operaç2 força3 cuidar4*
112filho1 operaç2 eu3 bondad4*
112preven1 cuidad2 força3 bondad4*
123filho1 esposa1 cirurg2 eu3 doença4*
133sim1 cuidad2 respei3 capaci4*
243existi1 corret2 desemp3 util4*
113legal1 não2 bom3 presta4*
213cuidad1 medico2 forte3 respon4*
312contro1 descon2 trabal3 saude4*
113descon1 medo2 honest3 import4*
232filho1 antico2 honest3 salvad4*
132filho1 boa2 inteli3 ajuda4*
133sonho1 decis2 certez2 pai3 famili3 respon3 seried3 auxili4*
113organ1 cuidad2 respon3 import4*
113organ1 contro2 fragil3 determ4*
113import1 necess2 descui3 import4*
113futuro1 soluça2 import3 cuidad4*
113planej1 planej2 pai3 amigo4*
132segura1 certez2 pai3 zeloso4*
233necess1 preven2 respon3 anjo4*
112famili1 segura2 tranqu3 segura3 segura4*
111carinh1 proteç2 pacifi3 frio4 distan4*
113educa1 amor1 qualid2 vida2 contro2 chefe3 ferro3 discip3 amigo4 respei4*
212uniao1 preven2 difici3 bonito4*
113organ1 preven2 ser3 saude4*
144planej1 liberd2 respon3 amigo4*
222filho1 boa2 eu3 doença4*
113opera1 norma2 manut3 humild4*
312novid1 nao2 tudo3 santo4*
122bom1 homem2 pai3 voces4*
112vida1 macho2 tudo3 curar4*
213organ1 vontad2 todos3 bondad4*
213cirurg1 cirurg2 força3 bonito4*
123fazer1 medo2 homem3 hospit4*
222segur1 benef2 respon3 alivio4*
232filho1 neutro2 cidad3 doutor4*
123respon1 cirurg2 amo3 respon4*
112compet1 legal2 respon3 presta4*
233plano1 mental2 arroga3 bonita4*
211uniao1 nao2 respei3 saude4*
113respon1 corte2 eu3 cuidad4*
214custo1 penis2 macho3 branco4*
312feliz1 castra2 respon3 doente4*
122uniao1 medo2 mulher3 profis4*
223bom1 descon2 bom3 boa4*
314consul1 machi2 safado3 contri3 orient4*
113bom1 descon2 gentil3 atenci3 presta4*
233cuida1 castra2 poder3 ajuda4*
113ajuda1 incis2 respon3 medico4*
124fora1 não2 fora3 saude4*
213organ1 planej2 organ3 verda4*
112cuidar1 ordem2 fragi3 condut4*
133não1 bom2 homem3 medic4*
113organ1 plane2 ordem3 ajuda4*
244gasto1 nenhum2 eu3 serven4*
233menin1 castra2 eu3 ajuda4*
212orient1 bom2 macho3 saude4*
223renda1 opera2 jesus3 carid4*
313organ1 ajuda2 força3 bonda4*
133ajuda1 boa2 deus3 ajuda4*
232filho1 antic2 macho3 salva4*
113essenc1 instru2 posit2 comprom3 respon3 import4*
113estru1 alivi2 amor2 cumpli3 humani4*
223distan1 preven2 adora3 carism4*
212bom1 louvav1 preven2 carat3 respeit3 import4 trabal4*
112cuida1 medo2 compet3 exempl4*
312não1 dor2 gargan2 macho3 cuida4*
213preven1 sabedo2 respon3 dom4*
212estru1 educa1 salut2 import2 digno3 sincer3 amor4 dedic4*
214base1 rejeiç2 machis3 dedic4*
124organ1 impot2 respei3 respon4*
112uniao1 medo2 bondad3 medo4*
133futur1 filho2 traba3 profis4*
232consc1 não2 desnec2 direit3 trabal3 respon4*
112projet1 metod2 antico2 sofred3 auxili4*
TRI-DEUX Version 2.2
Analyse des ‚carts … l'ind‚pendance - mars 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme ANECAR
Le nombre total de lignes du tableau est de 31
Le nombre total de colonnes du tableau est de 11
Le nombre de lignes suppl‚mentaires est de 0
Le nombre de colonnes suppl‚mentaires est de 0
Le nombre de lignes actives est de 31
Le nombre de colonnes actives est de 11
M‚moire disponible avant dimensionnement 499622
M‚moire restante aprŠs dim. fichiers secondaires 497908
M‚moire restante aprŠs dim. fichier principal 496532
AFC : Analyse des correspondances
*********************************
Le phi-deux est de : 0.449096
Pr‚cision minimum (5 chiffres significatifs)
Le nombre de facteurs … extraire est de 4
Facteur 1
Valeur propre = 0.106974
Pourcentage du total = 23.8
Facteur 2
Valeur propre = 0.083537
Pourcentage du total = 18.6
Facteur 3
Valeur propre = 0.063495
Pourcentage du total = 14.1
Facteur 4
Valeur propre = 0.062747
Pourcentage du total = 14.0
Coordonn‚es factorielles (F= ) et contributions pour le facteur
(CPF)
Lignes du tableau
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ajud 480 57 -508 82 265 29 180 14 ajuda1
aju2 453 91 -178 18 -93 6 72 4 ajuda4
ami1 55 1 386 38 -233 18 1036 362 amigo4
bom1 37 1 -181 17 -58 2 -150 15 bom1
bon1 65 1 400 51 56 1 -262 29 bondad4
bon2 -258 13 -34 0 -554 102 -364 45 bonito4
cir1 116 5 -65 2 109 7 -133 10 cirurg2
cui1 592 69 -16 0 264 23 108 4 cuida2
cui2 332 38 -166 12 106 7 20 0 cuida4
des1 -70 1 281 20 -112 4 -306 32 descon2
doen -47 0 -256 17 227 17 -136 6 doença4
eu3 -144 8 138 10 -251 42 343 79 eu3
filh -26 0 -602 229 -241 48 -79 5 filho1
for2 -75 3 106 7 -136 15 -276 64 força3
hos1 103 3 150 7 159 10 203 17 hospit4
imp3 228 13 498 78 189 15 -218 20 import4
mac2 -734 133 26 0 -628 164 184 14 macho3
med3 114 4 -241 22 235 28 -79 3 medo2
não1 3 0 -51 2 -89 7 15 0 não1
ope2 -40 0 46 1 -170 12 -234 23 operaç2
orga 138 8 566 183 142 15 -55 2 organ1
pai3 490 71 -174 11 221 24 111 6 pai3
pla1 24 0 434 48 -66 1 -318 34 planej2
pre1 175 6 459 53 140 7 -237 19 presta4
pre3 -123 4 -55 1 -300 37 -277 32 preven2
resp -840 140 -156 6 602 121 333 37 respei3
res3 89 4 230 34 -92 7 310 81 respon3
res4 -138 4 -199 10 -19 0 260 23 respon4
saud -853 180 108 4 459 88 88 3 saude4
tra2 -131 7 -223 25 -78 4 34 1 trabal3
unia -739 135 -204 13 571 136 -178 13 uniao1
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
* * *1000* *1000* *1000* *1000*
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
Modalit‚s en colonne
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
0151 248 104 20 1 264 200 100 29
0152 -342 135 -68 7 -359 250 -143 40
0153 -99 3 173 10 -131 8 -19 0
0161 -117 25 301 214 -1 0 -154 75
0162 -141 10 -385 97 253 55 2 0
0163 406 117 -567 292 -126 19 243 71
0164 0 0 870 48 -762 48 2247 426
0171 -2478 304 -291 5 2158 388 323 9
0172 -149 29 -334 184 -81 14 -99 21
0173 300 143 244 121 25 2 -52 7
0174 -812 130 288 21 -217 16 976 322
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
* * *1000* *1000* *1000* *1000*
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
Fin normale du programme
TRI
TRITRI
TRI-
--
-DEUX Version 2.2
DEUX Version 2.2DEUX Version 2.2
DEUX Version 2.2
IMPortation des MOTs d'un fichier de questions ouvertes
ou de mots associ‚s … un stimulus - janvier 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme IMPMOT
Le fichier de sortie mots courts tri‚s est m“nica.DAT
et servira d'entr‚e pour TABMOT
Le fichier de position en sortie sera m“nica.POS
et servira d'entr‚e pour TABMOT
Le fichier d'impression est m“nica.IMP
Position de fin des caract‚ristiques 3
Nombre de lignes maximum par individu 2
Le stimulus est en fin de mot et sera report‚
en fin de caract‚ristiques … la position 4
il sera laiss‚ en fin de mot
Nombre de lignes lues en entr‚e 109
Nombre de mots ‚crits en sortie 465
Nombre de mots de longueur sup‚rieure … 10 = 0
seuls les 10 premiers sont ‚t‚ imprim‚s
D‚coupage en mots termin‚
Tri termin‚
Les mots sont mis en 4 caractŠres
Impression de la liste des mots
adora3 ador 1 ajuda1 ajud 5 ajuda2 aju1 1 ajuda4 aju2 9
alivi2 aliv 1 alivio4 ali1 1 amigo3 amig 1 amigo4 ami1 4
amo3 amo3 1 amor1 amo1 2 amor2 amo2 1 amor4 amo3 1
anjo4 anjo 1 antic2 anti 1 antico2 ant1 2 arroga3 arro 1
atenci3 aten 1 atença2 ate1 1 autori3 auto 2 auxili4 auxi 2
base1 base 1 benef2 bene 1 boa2 boa2 3 boa4 boa1 1
bom1 bom1 6 bom2 bom1 2 bom3 bom2 3 bom4 bom3 3
bondad3 bond 1 bondad4 bon1 5 bonito4 bon2 4 branco4 bran 2
capaci4 capa 1 carat3 cara 1 carid4 car1 1 carinh1 car2 1
carism4 car3 1 casa1 casa 1 casame1 cas1 1 casame3 cas2 1
castra2 cas3 3 cautel2 caut 1 certez2 cert 2 chefe3 chef 1
cidad3 cida 1 cirurg1 ciru 1 cirurg2 cir1 7 cirurg4 cir2 2
compet1 comp 1 compet3 com1 1 comprom3 com2 1 concor1 conc 1
condut4 con1 1 conhec1 con2 1 consc1 con3 1 consul1 con4 1
contri3 con5 1 contro1 con6 1 contro2 con7 2 corag3 cora 1
corage2 cor1 1 corret2 cor2 1 cortar2 cor3 1 corte2 cor4 1
cuida1 cuid 3 cuida2 cui1 4 cuida4 cui2 7 cuidad1 cui3 1
cuidad4 cui4 1 cuidar1 cui5 1 cumpli3 cump 1 curar4 cura 1
custo1 cust 1 decis2 deci 1 dedic4 dedi 2 dedica3 ded1 1
depend1 depe 1 descon1 desc 2 descon2 des1 4 descui3 des2 1
desemp3 des3 1 desnec2 des4 1 determ4 dete 1 deus3 deus 2
difici3 difi 1 digno3 dign 1 dinhei1 dinh 1 direit3 dire 1
discip3 disc 1 distan1 dis1 1 distan4 dis2 1 doença4 doen 4
dom4 dom4 1 dor2 dor2 3 doutor4 dout 1 econom1 econ 1
educa1 educ 2 educa4 edu1 1 egoist3 egoi 1 ele3 ele3 1
emerge4 emer 1 empreg1 empr 1 empreg4 emp1 1 esforç3 esfo 1
esposa1 espo 1 essenc1 esse 1 estru1 estr 2 eu3 eu3 8
exempl4 exem 1 existi1 exis 1 faculd4 facu 1 famili1 fami 1
famili2 fam1 1 famili3 fam2 2 faz1 faz1 2 fazer1 faz1 1
feliz1 feli 1 ferro3 ferr 1 filho1 filh 10 filho2 fil1 2
fora1 fora 1 fora3 for1 1 força3 for2 10 fragil3 frag 2
frio4 frio 1 futur1 futu 1 futuro1 fut1 1 gargan2 garg 1
gasto1 gast 1 genero4 gene 1 gentil3 gen1 1 gosto1 gost 1
grande3 gran 1 heroi3 hero 1 homem2 home 1 homem3 hom1 2
honest3 hone 2 hospit2 hosp 3 hospit4 hos1 5 humani4 huma 1
humild4 hum1 1 import1 impo 2 import2 imp1 1 import3 imp2 1
import4 imp3 5 impot2 imp4 1 incis2 inci 1 instru2 inst 1
inteli3 inte 1 intere2 int1 1 jamais2 jama 3 jesus3 jesu 3
legal1 lega 2 legal2 leg1 1 liberd2 libe 1 louvav1 louv 1
machi2 mach 1 macho2 mac1 1 macho3 mac2 5 manut3 manu 1
medic4 medi 1 medico2 med1 2 medico4 med2 3 medo2 med3 6
medo4 med4 1 menin1 meni 1 mental2 men1 1 metod2 meto 1
mulher3 mulh 2 mulher4 mul1 1 nao2 nao2 2 necess1 nece 1
necess2 nec1 1 nenhum2 nenh 1 neutro2 neut 1 norma2 norm 1
novida1 novi 2 não1 não1 3 não2 não1 7 opera2 oper 1
operaç1 ope1 1 operaç2 ope2 5 ordem2 orde 1 ordem3 ord1 1
organ1 orga 9 organ3 org1 1 orient1 orie 1 orient4 ori1 1
pacifi3 paci 1 pai3 pai3 6 penis2 peni 1 pensa1 pen1 1
pensa2 pen2 1 planej1 plan 2 planej2 pla1 4 plano1 pla2 2
poder3 pode 1 posit2 posi 1 precis1 prec 1 presta4 pre1 4
preven1 pre2 2 preven2 pre3 5 profis4 prof 3 projet1 pro1 1
prote2 pro2 2 qualid2 qual 1 queria2 quer 1 rejeiç2 reje 1
renda1 rend 3 respei3 resp 4 respei4 res1 1 respon1 res2 3
respon3 res3 10 respon4 res4 4 sabedo2 sabe 1 sabedo3 sab1 1
sabedo4 sab2 1 safado3 safa 1 salut2 salu 1 salvad4 sal1 2
santo4 sant 1 saude4 saud 5 segur1 segu 1 segura1 seg1 1
segura2 seg2 1 segura3 seg3 1 segura4 seg4 1 ser3 ser3 1
seried3 ser1 1 serven4 ser2 1 sim1 sim1 1 sincer3 sinc 1
sofred3 sofr 1 soluça2 solu 1 sonho1 sonh 1 todos3 todo 1
traba3 trab 1 trabal1 tra1 1 trabal3 tra2 8 trabal4 tra3 1
tranqu3 tra4 1 tudo3 tudo 2 uniao1 unia 5 uniao3 uni1 1
util4 util 1 verda4 verd 1 vida1 vida 1 vida2 vid1 1
voces4 voce 2 vontad2 vont 1 zeloso4 zelo 1
Nombre de mots entr‚s 465
Nombre de mots diff‚rents 251
Impression des tris … plat
Question 015 Position 15 Code-max. 3
Tot. 1 2 3
465 258 173 34
100 55.5 37.2 7.3
Question 016 Position 16 Code-max. 4
Tot. 1 2 3 4
465 278 69 106 12
100 59.8 14.8 22.8 2.6
Question 017 Position 17 Code-max. 4
Tot. 1 2 3 4
465 9 196 223 37
100 1.9 42.2 48.0 8.0
APÊNDICE E – DICIONÁRIO DE PALAVRAS
Estímulo 1: Planejamento Familiar
Amor
Amor
Esposa
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Base
Bom
Bom
Bom
Bom
Bom
Bom
Consciência
Casamento
Casa
Concorda
Conhece
Cuidado
Cuidado
Cuidado
Cuidado
Controle
Carinho
Cirurgia
Competência
Custo
Consulta
Cuidar
Dinheiro
Depende
Desconhecido
Desconhecido
Distancia
Estrutura
Estrutura
Economizar
Emprego
Essencial
Existir
Educação
Educação
Filho
Filho
Filho
Filho
Filho
Filho
Filho
Filho
Filho
Filho
Gasto
Gasto
Faz
Faz
Futuro
Família
Fazer
Feliz
Fora
Importante
Importante
Legal
Legal
Menino
Novidade
Novidade
Não
Não
Não
Necessário
Organização
Organização
Organização
Organização
Organização
Organização
Organização
Organização
Organização
Orientação
Operação
Plano
Plano
Preciso
Prevenção
Prevenção
Planejamento
Planejamento
Pensa
Projeto
Renda
Renda
Renda
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Sonho
Sim
Segurança
Segurança
Trabalho
União
União
União
União
União
Vida
Louvável
Casamento
Estímulo 2: Vasectomia
Atenção
Anticoncepcional
Anticoncepcional
Anticoncepcional
Amor
Cirurgia
Ajuda
Alivio
Boa
Boa
Boa
Bom
Bom
Beneficio
Cirurgia
Cirurgia
Cirurgia
Cirurgia
Cirurgia
Cirurgia
Cortar
Coragem
Cuidado
Cuidado
Cuidado
Cuidado
Correto
Certeza
Certeza
Controle
Cautela
Corte
Castração
Dor
Dor
Dor
Desconheço
Desconheço
Desconheço
Desconheço
Decisão
Desnecessário
Esposa
Família
Filho
Filho
Garganta
Hospital
Hospital
Hospital
Homem
Interessante
Impotência
Incisão
Instrução
Importante
Jamais
Jamais
Jamais
Liberdade
Legal
Medo
Medo
Medo
Medico
Medico
Machismo
Machismo
Mentalidade
Método
Necessário
Normal
Neutro
Nenhum
Ordem
Planejar
Planejar
Planejar
Planejar
Proteção
Proteção
Penis
Positivo
Pensa
Queria
Qualidade
Rejeição
Segurança
Sabedoria
Salutar
Solução
Vontade
Vida
Castração
Castração
Medo
Medo
Medo
Operação
Prevenção
Prevenção
Prevenção
Prevenção
Prevenção
Operação
Operação
Operação
Operação
Operação
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Estímulo 3: Homem
Autoritário
Autoritário
Amigo
Amoroso
Arrogante
Atencioso
Adorável
Bom
Bom
Bom
Bondade
Caráter
Competência
Casamento
Coragem
Chefe
Cidadão
Contribuição
Cumplicidade
Compromisso
Dedicação
Deus
Deus
Desempenho
Digno
Descuidado
Disciplinador
Difícil
Direito
Esforço
Manter
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Eu
Ele
Eu
Respeitador
Força
Egoísta
Força
Força
Força
Força
Força
Força
Força Força
Família
Família
Forte
Frágil
Frágil
Ferro
Respeitador
Fora
Grande
Gentil
Homem
Homem
Herói
Honesto
Honesto
Importante
Inteligente
Jesus
Jesus
Jesus
Mulherengo
Mulherengo
Macho
Macho
Macho
Macho
Machismo
Respeitador
Ordem
Organização
Pai
Pai
Pai
Pai
Pai
Pai
Pacifico
Poder
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Respeitador
Sabedoria
Safado
Sincero
Seriedade
Segurança
Ser
Sofredor
Tudo
Todos
Tranqüilidade
Trabalhador
Trabalhador
Trabalhador
Trabalhador
Trabalhador
Trabalhador
Trabalhador
Trabalhador
Trabalhador
Tudo
União
Estímulo 4: Enfermeiro
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Ajuda
Amigo
Amigo
Amigo
Auxilio
Auxilio
Anjo
Amigo
Alivio
Amor
Branco
Bondade
Bondade
Bondade
Bondade
Bondade
Bom
Bom
Bom
Bonito
Bonito
Bonito
Branco
Bonito
Boa
Cirurgia
Cirurgia
Cuidador
Cuidador
Cuidador
Cuidador
Cuidado
Cuidado
Cuidado
Cuidado
Capacidade
Curar
Conduta
Caridade
Carismático
Doença
Determinado
Doente
Dedicação
Dedicação
Distante
Doença
Doutor
Doença
Dom
Emergência
Emprego
Educado
Exemplo
Faculdade
Generoso
Hospital
Hospital
Hospital
Hospital
Hospital
Humilde
Humanidade
Importante
Importante
Importante
Importante
Importante
Medo
Mulher
Medico
Medico
Medico
Medico
Orientação
Salvador
Profissão
Profissão
Prestativo
Prestativo
Prestativo
Prestativo
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Responsabilidade
Respeitador
Sabedoria
Salvador
Saúde
Segurança
Saúde
Saúde
Saúde
Saúde
Santo
Serventia
Trabalhador
Útil
Verdadeiro
Vocês
Vocês
Zeloso
Frio
Profissão
APÊNDICE F – FREQUÊNCIA DE APARECIMENTO DOS ESTÍMULOS
Quadro 1.
Frequência de aparecimento dos estímulos Planejamento Familiar,
Vasectomia, Homem e Enfermeiro. Fortaleza-CE, 2009.
PLANEJAMENTO
FAMILIAR
N
0
VASECTOMIA
N
0
HOMEM
N
0
ENFERMEIRO
N
0
Filhos
Organização
Bom
União
Ajuda
Cuidado
Renda
Não
Responsabilidade
Prevenção
Desconhecido
Importante
Estrutura
Segurança
Educação
Faz
Amor
Novidade
Planejamento
Orientação
Gasto
Legal
Plano
Casamento
Projeto
Economizar
Sim
Família
Base
Feliz
Sonho
Carinho
Consulta
Preciso
Competência
Cirurgia
Vida
Existir
Distancia
Controle
Cuidar
Emprego
Depende
Concorda
10
09
06
05
05
04
03
03
03
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
01
02
02
02
02
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
Não
Cirurgia
Operação
Medo
Prevenção
Cuidado
Planejar
Desconhecido
Anticoncepcional
Jamais
Castração
Hospital
boa
dor
Proteção
Médico
Bom
Machismo
Filho
Certeza
Positivo
Vontade
Amor
Controle
Pênis
Mentalidade
Legal
Neutro
Benefício
Homem
Normal
Correto
Liberdade
Interessante
Cortar
Pensa
queria
Família
Esposa
Coragem
Atenção
Cautela
Alívio
Garganta
09
07
06
06
05
04
04
04
03
03
03
03
03
03
02
02
02
02
02
02
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
Responsabilidade
Trabalhador
Força
Eu
pai
Macho
respeitador
Jesus
Bom
Deus
Família
Frágil
autoritário
Tudo
Honesto
Homem
mulherengo
Casamento
Cumplicidade
Adorável
Competência
Digno
Sofredor
Descuidado
Importante
Tranquilidade
Segurança
Organização
Ordem
Safado
Contribuição
Gentil
Atencioso
Arrogância
Amor
Cidadão
Manter
Desempenho
Pacifico
Difícil
Ser
Inteligente
Egoísta
Herói
10
09
08
08
06
04
04
03
03
02
02
02
02
02
02
02
02
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
Ajuda
Bondade
Importante
Hospital
Saúde
Cuidado
Responsabilidade
Cuidador
Bonito
Prestativo
Médico
Amigo
Bom
Doença
Auxilio
Cirurgia
Dedicação
Vocês
Profissão
Branco
Humanidade
Serventia
Medo
Determinado
Conduta
Orientação
Amor
Mulher
Carismático
Trabalhador
Dom
Exemplo
Salvador
Caridade
Zeloso
Anjo
Segurança
Faculdade
Distante
Salvador
Sabedoria
Santo
Emergência
Capacidade
09
05
05
05
05
04
04
04
04
04
04
04
03
03
02
02
02
02
03
02
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
Pensa
Conhece
Trabalho
Essencial
Fora
Custo
Operação
Consciencia
Menino
Necessário
Dinheiro
Fazer
Esposa
Louvável
Futuro
Casa
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
Sabedoria
Importante
Rejeição
Impotência
Desnecessário
Decisão
Necessário
Ajuda
Ordem
Solução
Segurança
Qualidade
Vida
Corte
Incisão
Nenhum
Instrução
Salutar
Método
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
Amigo
Dedicação
forte
Sabedoria
Coragem
Caráter
Esforço
Grande
União
Ele
direito
machismo
seriedade
chefe
ferro
disciplinador
todos
força
fora
bondade
poder
compromisso
Sincero
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
Útil
Educado
Emprego
Generoso
alívio
Boa
Respeitador
Curar
Humilde
Verdadeiro
Doutor
Doente
Frio
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
ANEXOS
ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA
ANEXO B – DECLARAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICAL E ORTOGRÁFICA
D E C L A R A Ç Ã O
Declaramos para os devidos fins que a dissertação intitulada
Representações sociais de homens sobre a decisão
contraceptiva foi submetida à revisão dos fundamentos
gramaticais, além da revisão da norma padrão da língua e dos
aspectos textuais: coesão e coerência.
Fortaleza, 03 de abril de 2010.
Profª. Luana Monteiro do Nascimento
Graduada em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Especialista em linguística aplicada ao ensino da língua materna
(UFC).
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