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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
LÉA DIAS PIMENTEL GOMES VASCONCELOS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS MULHERES GRÁVIDAS
SOBRE O CUIDADO PRÉ-NATAL
Fortaleza – Ceará
2009
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LÉA DIAS PIMENTEL GOMES VASCONCELOS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS MULHERES GRÁVIDAS
SOBRE O CUIDADO PRÉ-NATAL
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Cuidados Clínicos em Saúde da
Universidade Estadual do Ceará (UECE),
como requisito parcial para obtenção do grau
de Mestre.
Orientadora: Profª Drª Dafne Paiva Rodrigues
Fortaleza – Ceará
2009
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Universidade Estadual do Ceará
Mestrado em Cuidados Clínicos em Saúde
Título do Trabalho: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS MULHERES
GRÁVIDAS SOBRE O CUIDADO PRÉ-NATAL
Autora: Léa Dias Pimentel Gomes Vasconcelos
Defesa em: 25/03/2009
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Orientadora: Dafne Paiva Rodrigues, Profª Draª
(Orientadora)
_______________________________________________________________
Maria Dalva Santos Alves, Profª Draª
(1º membro efetivo)
_______________________________________________________________
Maria Lúcia Duarte Pereira, Profª Dr
(2º membro efetivo)
Quando nos permitimos sentir o
outro,nos tornamos mais ricos e
humano
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Silvia e José Mário que estiveram comigo durante todas as fases do
meu crescimento pessoal e profissional.
Ao Régio que sempre acreditou, incentivou e esteve junto nos momentos de
minhas decisões profissionais.
À Beatriz, Maria Júlia e João Vitor que sentiram minha ausência durante este
período do mestrado.
As gestantes que contribuíram para que este trabalho se realizasse.
AGRADECIMENTOS
À Deus pelos momentos de sabedoria.
Aos meus irmãos Enio, Lia e Edine que juntos me incentivaram e me ajudaram
durante esta caminhada.
A minha querida tia Porcina que com sua determinação sempre esteve disponível
para me ajudar com as crianças como também as primas Cristiane, Amanda e
Débora.
A Prof.ª Drª. Dafne Paiva Rodrigues que com sua tranqüilidade e sabedoria
contribui para a realização deste estudo.
A Prof.ª Drª Lucélia que clareou minha idéias sobre os desenhos -estórias
Ao corpo docente do Mestrado em Cuidados Clínicos em Saúde pelos
conhecimentos adquiridos
As colegas do Mestrado Claudinha, Deyse e Adriana de Fátima pela convivência
durante estes dois anos
As enfermeiras Tânia, Gleides e auxiliares de enfermagem Regilane, Telma, Ana
Maria, Esmeralda que ajudaram no momento da coleta de dados
A Psicóloga Erisneuda que foi fundamental para realização dos encontros com as
gestantes.
As amigas Geane, Leonilda,Simone , Isa Erika e Diana Paula que durante este
período estavam sempre comigo dividindo as dúvidas , anseios e alegrias.
A gerência do Hospital Distrital Gonzaga Mota- Messejana e Maternidade Escola
Assis Chateaubriand que contribuíram com a minha liberação para que dedicasse
meu tempo aos estudos e realização desta dissertação.
RESUMO
A assistência pré-natal tem como objetivo o acompanhamento da gestação durante todo o seu
período, procurando dar condições para o bom desenvolvimento do feto, identificar a gravidez
de alto risco e com isso diminuir os índices de mortalidade materna e perinatal. O estudo teve
como objetivo apreender as representações sociais das mulheres grávidas sobre o cuidado pré-
natal, para isso utilizou-se Teoria das Representações Sociais como base teórica do estudo.
Tratou-se de um estudo descritivo e fizeram parte do mesmo gestante que foram atendidas no
serviço de pré-natal de um hospital-maternidade pertencente a SER VI em Fortaleza. A coleta
dos dados ocorreu no período de junho a agosto de 2008. Os dados foram coletados por meio
de formulário onde continham dados sociodemográficos e do pré-natal que caracterizou o
aspecto quantitativo do estudo. Utilizou-se o teste de associação livre de palavras com os
estímulos; gravidez, cuidado, pré-natal e si mesma e também a entrevista semi estruturadas.
Os dados obtidos através do teste de associação livre de palavras foram analisados por meio
do software Tri-Deux Mots e submetidos a análise fatorial de correspondência.Os obtidos
através das entrevistas e desenho-estória foram analisados com base na análise de conteúdo de
acordo com os pressupostos de Bardin. Como forma de aprofundar os dados utilizou-se a
técnica do desenho-estória com tema. Foram evidenciadas três categorias; 1) representações
sociais das mulheres grávidas sobre o cuidado pré-natal, que contém seis subcategorias,
2)sentimentos e dificuldade das mulheres em relação à gravidez, com cinco subcategorias e
3)representações das mulheres grávidas relativas ao serviço de pré-natal oferecido, com três
subcategorias. As mulheres grávidas representaram o cuidado pré-natal como uma forma de
preocupação com o filho, de cuidado, detectar problemas, manter contato com o seu filho e
como uma preocupação com elas mesmas. As representações das gestantes em relação á
gravidez estiveram relacionados com ambivalência, felicidade, gratidão a Deus-fé,insegurança
e dificuldade e as dificuldade foram com a organização do serviço-acesso e acolhimento,
sentiram satisfação com o atendimento e com atendimento dos profissionais.Nos desenhos-
estória as mulheres representaram elementos da natureza com as flores, o sol, água, vento para
representar a felicidade com a gestação, como também figuras alegre e algumas vezes tristes
para expressarem o momento que estavam vivenciando. Apreender as representações sociais
destas mulheres é um caminho em busca de um pré-natal de qualidade que valorize a mulher,
abordando suas necessidades de forma integral, transpondo, assim, a visão que muitos têm da
mulher como apenas aquela que carrega o bebê em seu ventre. Sendo assim, o pré-natal
constituído com base nesta abordagem integral atingirá as metas estabelecidas pelos
programas do Ministério da Saúde, no âmbito do qual o profissional vai além dos dados
quantitativos e consegue alcançar as questões subjetivas que cada mulher traz consigo.
Descritores: Representação social, cuidado e pré-natal,desenho estória com tema
ABSTRACT
Prenatal care aims to monitor the pregnancy during the whole period, trying to give conditions
for the proper development of the fetus, identify high-risk pregnancy and thereby reduce
maternal and perinatal mortality. The study aimed to apprehend the social representations of
pregnant women about prenatal care, it was used the theory of social representations as the
theoretical basis for the study. This was a descriptive study and took part on it pegnant women
who were seen at the prenatal service of a maternity hospital belonging to SER VI in
Fortaleza. Data collection occurred between June and August 2008. Data were collected
through a form which contained sociodemographic and pre-natal care data that characterized
the quantitative aspect of the study. We used the test of free association of words with the
stimuli: pregnancy, care, prenatal and itself and also the semi structured interview with the
questions How do you feel pregnant? What importance do you assign to prenatal care?
What are the difficulties you have faced during pregnancy and the prenatal service? The data
obtained from TALP were analyzed using the software Tri-Deux Mots and obtained through
the interviews were analyzed based on the content analysis of Bardin. As a way of depth data
it was used the technique of the drawing-story with theme. Were shown three categories: 1)
social representations of pregnant women on prenatal care, which contains six subcategories,
feelings and difficulties of women in the pregnancy, with five subcatecories and
representations of pregnant women about the prenatal service offered, with three
subcategories. Pregnant women represented the prenatal care as a concern about the child
care, identify problems, maintaining contact with their son and a concern for themselves. The
feelings of women in relation to pregnancy were associated with ambivalence, happiness,
gratitude to God, faith, insecurity and difficulty and the difficulties were with the organization
of the service, access and reception. Felt satisfaction with the service and care of
profissionais. In the drawings-stories women represented elements of nature such as flowers,
the sun, water, wind to represent the happiness with the pregnancy, but pictures sometimes
sad and happy to express the moment they were experiencing. Apprehend the social
representations of these women is a path in the search of a prenatal care of quality that values
the woman, addressing their needs in full, transposing, so, the vision that many people have of
women as only the one who carries the baby in her womb. Thus, the prenatal made based on
this approach will achieve the objectives set by the programs of the Ministry of Health, under
which the work goes beyond the quantitative data and achieve the subjective questions that
each woman brings.
Keywords: Social representation and prenatal care.
LISTA DE ABREVIATURAS
UTI- Unidade de terapia intensiva
ONU- Organização das Nações Unidas
AIDS- Síndrome da imunodeficiência adquirida
HIV- vírus da imunodeficiência
PHPN- Programa de humanização do Pré-Natal e Nascimento.
TRS- Teoria das Representações Sociais
SER-Secretaria Regional
CAPS- Centro de apoio psicosocial
NAMI- Núcleo de atenção médica integrado
IPREDE- Instituto de prevenção a desnutrição e a excepcionalidade
Vacina -BCG-(Bacilo de Calmette-Guérin)
TALP- Técnica de associação livre de palavras
US- ultrasonografia
LISTA DE DESENHO
6.1 - Gravidez representada a uma flor
Desenho 6.1.1 ............................................................................................................... 83
Desenho 6.1.2 ............................................................................................................... 84
Desenho 6.1.3 ............................................................................................................... 85
6.2 - Sentimentos em relação á gravidez
Desenho 6.2.1 ............................................................................................................... 86
Desenho 6.2.2 ............................................................................................................... 87
Desenho 6.2.3 ............................................................................................................... 88
Desenho 6.2.4 ............................................................................................................... 89
Desenho 6.2.5 ............................................................................................................... 89
Desenho 6.2.6 ............................................................................................................... 90
6.3 - Representação sobre o pré-natal
Desenho 6.3.1 ............................................................................................................... 91
Desenho 6.3.2 ............................................................................................................... 91
Desenho 6.3.3 ............................................................................................................... 92
Desenho 6.3.4 ............................................................................................................... 93
Desenho 6.3.5 ............................................................................................................... 94
Desenho 6.3.6 ............................................................................................................... 94
Desenho 6.3.7 ............................................................................................................... 95
Desenho 6.3.8 ............................................................................................................... 96
Desenho 6.3.9 ............................................................................................................... 96
Desenho 3.6.10 ............................................................................................................. 97
Desenho 6.3.11 ............................................................................................................. 98
6.4 - Sentimentos em relação ao filho
Desenho6. 4.1 ............................................................................................................... 99
Desenho6. 4.2 ............................................................................................................... 99
Desenho 6.4.3 ............................................................................................................... 100
Desenho 6.4.4 ............................................................................................................... 100
Desenho6. 4.5 ............................................................................................................... 101
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE DESENHOS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 21
2.1. Geral ................................................................................................................. 21
2.2. Específicos ........................................................................................................ 21
3. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 22
4. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ...................................................................... 27
4.1. Natureza e Tipo de Estudo ................................................................................ 27
4.2. Local do Estudo ................................................................................................ 27
4.3. Sujeito do Estudo .............................................................................................. 29
4.4. Coleta de Dados ................................................................................................ 30
4.5. Organização e Análise de Dados ....................................................................... 32
4.6. Aspectos Éticos e Legais ................................................................................... 34
5. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................. 36
6. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
APRENDIDOS PELOS DESENHOS - ESTÓRIA COM TEMA ......................... 86
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICES
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do objeto de estudo
O interesse por pesquisar acerca da assistência pré-natal por meio do olhar das
gestantes surgiu a partir da vivência da pesquisadora como enfermeira obstétrica, lendo e
ouvindo discursos dos profissionais de saúde em sala de parto e UTI materna de um hospital-
escola. Esses discursos se relacionavam a problemas que ocorrem durante o parto e decorrente
de um acompanhamento pré-natal em condições precárias de atendimento.
A assistência pré-natal tem como objetivo o acompanhamento da gestação durante
todo o seu período, procurando dar condições para o bom desenvolvimento do feto, identificar
a gravidez de alto risco e encontrar fatores de riscos e vulnerabilidades que podem influenciar
negativamente durante a gestação. Como a mulher enfrenta transformações significativas, faz-
se necessário um acompanhamento sistemático neste período, para que ela possa se estabilizar
em relação à convivência com tais mudanças.
Um cuidado pré-natal eficiente, abordando as necessidades apresentadas pela
clientela, contribuirá para redução de agravos no decurso do período gestacional. Daí a
importância de apreender as representações das mulheres grávidas sobre o cuidado pré-natal.
A mulher durante a gestação precisa ter acesso ao cuidado pré-natal para
acompanhamento da gestação, ser acolhida em seus anseios e necessidades e ter seus direitos
garantidos para poder gerar uma criança saudável.
A garantia ao acesso da gestante ao cuidado pré-natal é o caminho para o
acompanhamento e desenvolvimento do feto, como também aquisição de conhecimentos
básicos sobre a gestação, parto, puerpério, aleitamento materno e cuidados com o recém-
nascido. Este acesso deve ser descentralizado, universal e igualitário,com vistas ao alcance de
um maior número de usuárias.
A garantia de um cuidado pré-natal de qualidade reduzirá as taxas de mortalidade
materna e perinatal, haja vista que 92% das causas de morte materna o evitáveis com um
acompanhamento pré-natal efetivo.
Para que a gravidez ocorra de forma tranquila e sem risco, a gestante e sua família
devem
receber uma preparação desde a concepção até o parto. Para isso, devem ser garantidos
políticas e programas implantados e organizados nos diferentes serviços, bem como
profissionais capacitados que acolham bem a gestante e seus familiares, como forma de ter
uma assistência de qualidade, com o objetivo de diminuir a mortalidade materna, fetal e
perinatal, pois a maioria destas complicações ocorre no período gestacional, podendo ser
tratadas ou minimizadas (PINHO; MEICKE, 2003).
Os fatores de risco diagnosticados durante o pré-natal podem ser amenizados
precocemente no intuito de proporcionar melhor qualidade de vida para a gestante. A
prevenção dos agravos que acometem as gestantes ainda é a maneira mais eficaz de reduzir a
mortalidade infantil e materna.
Souza et al. (2006), em seu trabalho de revisão sistemática sobre mortalidade,
relatam dados da Organização Mundial de Saúde, estimando que 20 milhões de mulheres
apresentem complicações agudas na gestação, ocorrendo perto de 529 mil óbitos, e que em
país subdesenvolvido, como a África Sub-Saariana, a morte materna é considerada um
problema de saúde pública, pois este lugar é capaz de produzir uma razão de morte materna
tão elevada quanto 1500 óbitos por 100 mil nascidos vivos.
No mundo, 80% dos casos de morte materna decorrem de causas maternas, aquelas
perfeitamente evitáveis, e os óbitos estão assim distribuídos: 25% por hemorragia; 15% por
infecção; 12,5 por doença hipertensiva específica da gravidez; (pré-eclâmpsia e eclampsia);
8% por parto obstruído; 20% em razão de aborto; e 20% por causas indiretas (cardiopatias e
hipertensão, etc.) (OLIVEIRA, 2003).
No Brasil, a razão de mortalidade materna em 2000 foi de 45,8% por 100.000
nascidos vivos com estimativa elevada para os anos de 2001 de 75,87%, 2003 de 72,99% e
2004 de 76,09% (BRASIL, 2009).
No Ceará, estudo realizado pela Secretária de Saúde do Estado sobre a análise da
situação da mortalidade materna no período de 1997 a 2005 revela que neste período
ocorreram 1096 mortes maternas, ficando a razão de mortalidade materna do Estado com
valores de 73,7 óbitos por 100.000 nascidos vivos em 2001 e 93,7 em 1998, mantendo-se
acima dos valores aceitáveis pelas OMS, que é de 20 óbitos por 100.000 nascidos vivos
(CEARA, 2007). A meta que foi pactuada para 2008 com relação à proporção de investigação
de óbitos em mulheres em idade fértil é de 90% destes óbitos. Em números absolutos, em
2007 foram registrados 103 óbitos de mulheres em idade fértil e em 2008 84 óbitos. Esta
diminuição do número de óbitos de mulheres em idade fértil está relacionada a investimentos
de reformas em hospitais de pequeno porte, onde foram implementados centros de partos
humanizados, como também aquisição de equipamentos e treinamento dos profissionais
envolvidos na assistência à mulher (CEARÁ, 2007).
Com relação à cidade de Fortaleza, foram registrados 202 óbitos maternos no
período, com a razão de mortalidade materna variando em 78,4 óbitos por 100.000 nascidos
vivos em 1997 e 37,3 em 1999. Em relação à faixa etária das mulheres estudadas, 42% tinham
idades entre 20 e 29 anos, seguidas de 25% que estavam com idade acima de 35 anos e 23%
eram adolescentes. A doença hipertensiva específica da gravidez foi a que mais acometeu as
mulheres no total de 25,5% dos óbitos, seguida das hemorragias antes e pós parto (12,7%)
(CEARA, 2007).
Com relação à assistência pré-natal a que estas mulheres foram submetidas, o
estudo revelou que 78,8% realizaram pré-natal, sendo esta assistência de baixa qualidade, pois
deixou de identificar oportunamente os fatores de risco para tomada de decisões e evitar
óbitos. As mulheres realizaram de quatro a seis consultas de pré-natal, sendo 42% do total e
39,6% realizaram mais de sete consultas, podendo-se deduzir que as mulheres estavam mal
acompanhadas, sendo assistidas em um “pré-natal de baixa qualidade” (CEARA, 2007).
Com base nos dados alarmantes da mortalidade materna no Estado, a Secretaria de
Saúde e os municípios em parceria priorizaram ações com suporte no pacto cearense de
mortalidade materna lançado em 2004. Segundo o qual privilegiaram algumas recomendações
de renovar e implementar comitês estadual e regionais de mortalidade materna, sistema de
vigilância à mortalidade materna, o sistema de informações do pré-natal, priorizando dados de
anamnese e exame clínico, orientações de vacinas, prevenção do câncer ginecológico e
incentivo ao parto normal (CEARA, 2007).
No ano de 2000 a Organização das Nações Unidas, (ONU) fez uma análise dos
maiores problemas mundiais, traçou oitos objetivos para que os países-membros atuassem de
forma a mudar o cenário mundial. São eles: 1) acabar a fome e a miséria, 2) educação básica
de qualidade para todos, 3)igualdade entre os sexos e valorização da mulher, 4) reduzir a
mortalidade infantil, 5) melhorar a saúde das gestantes, 6) combater a AIDS a malária e outras
doenças, 7) qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e 8) todo mundo trabalhando pelo
desenvolvimento. No Brasil os oitos objetivos do milênio foram denominados “oito jeitos de
mudar o mundo” (BRASIL, 2009).
Abordando mais detalhadamente o quinto objetivo, que se refere à melhoria da
saúde das gestantes, foco desta discussão, as metas que se pretende alcançar a2015 são:
reduzir em três quartos, entre 1990-2015, a taxa de mortalidade materna, alcançar até 2015 o
acesso universal à saúde reprodutiva, promover no SUS cobertura universal para ações de
saúde sexual e reprodutiva (meta do Governo brasileiro) e até 2015 ter detido o crescimento
por câncer de mama e de colo do útero, invertendo a tendência atual (BRASIL, 2009).
Melhorar a saúde materna com quinto objetivo de desenvolvimento do milênio
ONU tem como meta reduzir a taxa de mortalidade materna em 75% entre 1990-2015, pois
536 mil mulheres morreram de causas maternas em 2005, sendo que 99% das mortes
ocorreram em países em desenvolvimento (FIORI, 2007).
Dados sobre mortalidade materna versus renda populacional no período de 1996-
2006 constatam que a mortalidade materna aumentou 11% nos municípios mais pobres do
País. Em contrapartida nos municípios onde as pessoas vivem com melhor renda a
mortalidade caiu 27% (SOUSA, 2009).
Para atingir os objetivos relacionados à saúde das gestantes, as ações deverão
ocorrer de forma articulada com outros níveis de atenção, como é o caso da educação, geração
de emprego e renda, melhoria da atenção á saúde, setores que se complementam e essa
abordagem integral às gestantes contribuirá para atingir as metas propostas.
O panorama sobre a mortalidade materna supracitada reflete a qualidade da
assistência à saúde da mulher e, quando ocorre uma elevação desta taxa de mortalidade, torna-
se um indicativo de insatisfação na prestação de serviço de saúde a este grupo (BRASIL,
2003).
Para contribuir com melhor assistência às mulheres, e com o objetivo de reduzir
os índices alarmantes de mortalidade materna, faz-se necessário investimento por parte do
governo em todas as esferas, mediante um cuidado pré-natal de qualidade, com uma equipe
multidisciplinar, garantia de no mínimo seis consultas médicas e/ou de enfermagem, exames
laboratoriais de rotina, teste anti-HIV, imunização contra o tétano, identificação dos fatores de
risco, estabelecer maternidade de referência ao parto e Educação em Saúde voltada para os
anseios da clientela.
Em estudo realizado sobre a assistência pré-natal oferecida em uma microregião
de saúde do Ceaforam evidenciados obstáculos importantes para garantir boa assistência
pré-natal, como: percentual significativo de gravidez na adolescência e ausência de
padronização na dinâmica das consultas médicas e de enfermagem (MOURA; HOLANDA
JR.;RODRIGUES, 2003).
Outros aspectos em relação à assistência pré-natal foram levantados em estudo de
Carvalho
(2004), ao revelar que as gestantes procuram o serviço de pré-natal mais próximo de
sua residência, o
que caracteriza um fator positivo, e que, no terceiro trimestre de gestação, as
gestantes apresentam dificuldade de acesso e ainda não têm estabelecido um vínculo com o
serviço de pré-natal, o que prejudica sobremaneira o seguimento das consultas,
comprometendo a qualidade da assistência pré-natal.
Fatores como nível de escolaridade materna baixa, alta paridade, baixa renda
familiar, ocupação manual não qualificada, falta de companheiro e atendimentos em serviços
públicos são determinantes na inadequação do uso da assistência pré-natal (COIMBRA et al.,
2003).
Durante o período gestacional, as gestantes evidenciam tensões surgidas em razão
de carência de informações, medo do desconhecido, informações inadequadas sobre o parto e
dúvidas sobre os cuidados a serem prestados ao recém nascido nos primeiros dias,
influenciando negativamente durante todo processo (RIOS; VIEIRA, 2007).
A organização do serviço de pré-natal também influencia na qualidade de sua
assistência. Em estudo sobre atenção ao pré-natal na percepção das usuárias do SUS, Ribeiro
et al. (2004) evidenciaram que 60,4% das gestantes não realizaram o exame ginecológico, por
fatores culturais ou não disponibilidade deles, 47,4% não realizaram o teste de HIV e 80,1%
não realizaram consulta odontológica, e 32,7% das entrevistadas não relataram visitas
domiciliares, o que mostra obstáculos para o sucesso da política de atenção às gestantes, que
tem como pressuposto básico a cobertura completa e integral da população-alvo.
No contexto da assistência obstétrica foi criado o Programa de Humanização de
Pré-natal e Nascimento (PHPN), pela Portaria nº. 569, de 01 de junho de 2000, com objetivo
de desenvolver de ões de promoção, prevenção e assistência à saúde de gestantes e recém-
nascidos, promovendo a ampliação do acesso, o incremento da qualidade e da capacidade
instalada da assistência obstétrica e neonatal, bem como sua organização e regulação no
âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2000a).
Como princípios e diretrizes para a estruturação do programa retro citado, o
Ministério da Saúde orienta no sentido de que toda gestante tem direito a acesso; a
atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério; a
acompanhamento pré-natal; saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será
atendida no momento do parto; à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada
de forma humanizada e segura. Todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de
forma humanizada e segura; e as autoridades sanitárias dos âmbitos federal, estadual, distrital
e municipal são responsáveis pela garantia destes direitos (BRASIL, 2000b).
Nas ações especificas da assistência pré-natal, é de responsabilidade dos estados e
municípios realizar o acompanhamento pré-natal completo e o cadastramento das gestantes. A
garantia ao acesso da gestante ao cuidado pré-natal é o caminho para o acompanhamento da
gestação e a garantia da realização de todas as ações preconizadas pelo Ministério da Saúde.
O acompanhamento completo das gestantes diz respeito às seguintes atividades:
realizar a primeira consulta de pré-natal até o s de gestação, garantindo os seguintes
procedimentos: realização de, no nimo, seis consultas de acompanhamento pré-natal,
sendo, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro
trimestre da gestação; realização de uma consulta no puerpério, até 42 dias após o
nascimento; realização dos seguintes exames laboratoriais: ABO - Rh, na primeira consulta;
VDRL, um exame na primeira consulta e um na 30ª semana da gestação; sumário de urina,
um exame na primeira consulta e um na 30ª semana da gestação; glicemia de jejum, um
exame na primeira consulta e um na 30ª semana da gestação; HB/Ht, na primeira consulta;
oferta de testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta (BRASIL, 2000a).
Nos municípios com população acima de 50 mil habitantes, aplicação de vacina
antitetânica, dose imunizante; segunda, do esquema recomendado ou dose de reforço em
mulheres imunizadas; realização de atividades educativas; classificação de risco gestacional a
ser realizada na primeira consulta e nas subsequentes e garantir às gestantes classificadas
como de risco, atendimento ou acesso à unidade de referência para atendimento ambulatorial
e/ou hospitalar à gestação de alto risco (BRASIL, 2000a).
Os estados e municípios receberam incentivos financeiros para pôr em prática
todas as ações para um acompanhamento completo das gestantes e assistência no momento do
parto. Os valores estão distribuídos pelas seguintes atividades: R$ 10,00/gestante ao
município, para cadastro das gestantes e alimentação do sistema de informação sisprenatal;
R$ 40,00/gestante ao município, após a conclusão da assistência pré-natal, com a realização
de, no mínimo, seis consultas de pré-natal, uma no puerpério e os exames e vacina e R$
40,00/parto a unidade hospitalar onde a gestante fizer o parto (BRASIL, 2000a).
O Programa prevê indicadores de avaliação, com o objetivo de acompanhar as
ações desenvolvidas pelos estados e municípios para que as gestantes recebam uma
assistência de qualidade e monitoramento da aplicação dos recursos que foram
disponibilizados.
O PHPN foi um programa desenvolvido com bases nas necessidades do País,
sendo considerado um programa inédito por ter as ações planejadas em um país em
desenvolvimento, ter medidas para diferentes instâncias de assistência, com o objetivo de
mudança no modelo de atenção, com estabelecimento de critérios mínimos, com incentivos
financeiros assegurados ao cumprimento dos critérios e um sistema de informação que
permite o monitoramento e avaliação da assistência ás gestantes (SERRUYA; CECATTI;
LAGO, 2004).
Com a expansão do Programa Saúde da Família, tendo até junho de 2006 uma
cobertura de 26 mil equipes distribuídas em todo o País. O, ocorreu ampliação do direito à
assistência pré-natal, melhorando o acesso das gestantes. Em todas as regiões do País ocorreu
uma queda do número de gestantes sem consulta, ficando a região Nordeste com a maior,
representando 33,67%. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste foram responsáveis pelo maior
percentual de gestantes com sete ou mais consultas, representando respectivamente, 64%,
63%, 58%. As regiões Norte e Nordeste apresentaram os menores percentuais,
respectivamente, 28% e 36% (BRASIL, 2006).
O cuidado pré-natal de qualidade, abrangendo maior número de mulheres
grávidas, no intuito de oferecer condições básicas e ideais para que a mulher possa ser
acompanhada, buscando determinar os fatores de risco, intervir sobre eles e preveni-los,
contribuirá para diminuir os índices de mortalidade materna e perinatal.
É sabido que o cuidado pré-natal apresenta baixo custo e mostra resultados
satisfatórios. Para que este cuidado seja concretizado, porém, as mulheres devem ter acesso a
serviços de qualidade, como também valorizar tal cuidado para que possa a cada dia
contribuir para o estabelecimento de uma gestação saudável e sem riscos.
Este estudo se propõe apreender as representações sociais das mulheres grávidas
sobre o cuidado pré-natal, pois acreditamos que a partir daí, o profissional poderá assistir
estas mulheres em sua integralidade, desenvolvendo ações voltadas para suas diferentes
necessidades. De nada adianta garantir acesso, ter serviços organizados, se não houver
valorização destas ações por parte das mulheres grávidas.
É importante conhecer por meio das gestantes o que elas pensam do pré-natal,
principalmente aquelas que não estão aderindo ao programa. Programar encontros para troca
de experiências, para esclarecer dúvidas, sensibilizar para adesão ao pré-natal, utilizando
metodologias participativas e tendo enfermeiro como facilitador são estratégias para inserir a
gestante no Programa, fazendo com que ela se torne responsável por todo o processo
(DUARTE; ANDRADE, 2006).
O cuidado pré-natal é o início de um longo tempo que a gestante passa no decurso
gestacional, e para garantir o cuidado na sua integralidade é necessário o inicio do pré-natal o
mais precocemente possível. É direito de toda grávida ter um cuidado pré-natal adequado e de
qualidade, cabendo ao Estado proporcioná-lo e a ela a responsabilidade de buscar este
cuidado.
Mesmo com investimentos feitos ao longo do tempo na assistência pré-natal,
ainda se percebem falhas na assistência. As mulheres chegam para assistência ao parto ainda
sem exames laboratoriais, ultrasonografia, iniciando tardiamente o pré-natal, com vacinas
atrasadas, com número insuficiente de consultas de pré-natal, apresentando fatores de riscos
graves, ausência de orientações para o parto. Daí a busca em apreender as representações
sociais das mulheres grávidas sobre o cuidado pré-natal, contribuindo com informações
baseadas nos anseios e necessidades das gestantes, propondo mudanças na assistência, para
que sejam atendidas com qualidade, diminuindo os riscos.
Assistência pré-natal adequada é prevenir, diagnosticar e tratar eventos
indesejáveis na gestação, com o objetivo de promover o bem-estar da gestante e de seu
concepto, orientados aspectos sobre o parto e cuidados imediatos com o recém-nascido. Estas
não demandam estrutura sofisticada e dependem quase que exclusivamente da atuação dos
profissionais de saúde (KOFFMAN; BONADIO, 2005).
Tendo melhor acesso, acolhimento, garantia de exames de rotina, medicamentos,
orientações sobre gestação, parto e puerpério, serviços organizados, profissionais treinados e
envolvidos com o cuidado pré-natal e sabendo que as taxas de mortalidade materna e neonatal
irão declinar, as gestantes irão aderir mais cedo a este cuidado, tendo uma gestação mais
saudável.
Questionamos a problemática levantando a seguinte questão:
Qual a representação social das mulheres grávidas sobre o cuidado pré-natal?
OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Apreender as representações sociais de mulheres grávidas sobre o cuidado pré-natal e
o momento vivido.
2.2 Objetivos específicos
Identificar as representações sociais das mulheres gvidas com relação à gravidez;
Analisar os significados atribuídos ao cuidado pré-natal; e
Descrever satisfações/insatisfações das mulheres grávidas com o cuidado pré-natal.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Aproximar o objeto de estudo com a Teoria das Representações Sociais, com o
objetivo de apreender estas representações das mulheres sobre o cuidado pré-natal,
inicialmente foi um desafio, pelo simples fato de termos pouco conhecimento acerca da teoria,
mas,após inúmeras leituras, observamos ser esta teoria bastante apropriada para desvendar o
objeto de estudo em foco.
A TRS tem sua origem de forma coletiva. Refere-se a um objeto coletivo em
busca de uma realidade social. Surgiu no final da década de 50 com uma forma romper
conceitos vigentes na época e marcar uma nova etapa na história da Psicologia (NÓBREGA,
2003). Caracteriza-se como uma forma sociológica da Psicologia Social, iniciada na Europa
com raízes tradicionais, em contraste com as formas psicológicas da Psicologia Social
predominante nos Estado Unidos e América com tendências modernas (FARR, 2003).
Foi no estudo de Serge Moscovici em 1961 intitulado, “A Psicanálise, sua
imagem e seu público” que surgiu o conceito de representações sociais. Moscovici toma como
base o estudo da apropriação desta ciência pelo público francês, onde estava interessado em
saber como a Psicanálise, considerada um novo corpo de conhecimento, difunde-se em uma
população humana. Fez isso por meio da opinião e atitude das pessoas a respeito da própria
psicanálise e dos psicanalistas. Usou métodos convencionais com: questionários semi-
estruturados, pesquisa de opinião e informações que circulavam na sociedade sobre seu objeto
de estudo. Elabora os conceitos da teoria e difunde um saber científico inédito através de uma
forma de conhecimento socialmente elaborado e partilhado enquanto saber prático do senso
comum” (NÓBREGA, 2003; FARR, 2003).
Os conceitos de representações coletivas de Durkhein foram utilizados por
Moscovici como base de sua teoria, rompendo assim a perspectiva individualista da
Psicologia Social (SÁ, 2004). As representações coletivas englobavam conceitos de ciência,
religião, mito, modalidade de tempo e espaço. Estavam incluídas também idéias, emoções e
crenças que se manifestassem dentro das comunidades. De certa forma, incluir todos estes
conceitos e tentar compreender tudo é perder tudo (MOSCOVICI, 2003). Durkhein “reúne
diferentes formas de pensamentos intelectuais que incluíam ciência, religião, crenças, mitos,
consistindo em revelar o que de irredutível à experiência e que se estenda no tempo e no
espaço social” (NÓBREGA, 2003, p. 52).
Moscovi busca com base em Durkhein, estabelecer uma psicossociologia do
conhecimento, no qual as representações sociais o reduzidas a uma forma específica de
conhecimento, tendo como função a formação de comportamentos e a comunicação entre
pessoas, rompendo assim as concepções estáticas de explicações absolutas e irredutíveis (SÁ,
2004).
Enfim, as representações sociais descritas por Moscovici (2003, p. 48), “são
consideradas maneiras específicas de compreender e comunicar o que sabemos com o
objetivo de abstrair sentidos do mundo e introduzir nele ordens e percepções que reproduzam
o mundo de forma significativa” e são assim constituídas por meio da mídia, em lugares
públicos em processos de comunicação, tendo o senso comum e conhecimento popular a base
para seu acesso.
As representações são sociais devido possuir um aspecto impessoal, no sentido de
pertencer a todos, são representações dos outros pertencentes as pessoas e a outros grupos e
são uma representação pessoal, percebida afetivamente como pertencente ao ego
(MOSCOVICI, 2003, p. 221).
As Representações Sociais surgem por uma necessidade de conhecer o mundo,
está em interação com ele e com os outros, elas permeiam os discursos, emergem através das
palavras e são veiculadas através de mensagens e imagens da mídia, cristalizadas em condutas
e organizações materiais e espaciais (JODELET, 2001).
Para Coutinho (2005, p. 44) as representações sociais constituem uma forma de
conhecimentos socialmente elaborados que são produzidos pelos grupos de indivíduos para
poder comunicar-se e entender tudo aquilo que lhe é estranho e não familiar. Surgem a partir
das relações entre grupos sociais por meio da comunicação entre si, evidenciando as
características dos indivíduos através dos assuntos que são objeto do seu dia a dia.
Minayo (1999), enfocando uma visão mais sociológica sobre as representações
sociais e partindo da visão de vários autores nesta linha de pensamento, relata que as RS
devem ser analisadas com base na compreensão das estruturas e comportamentos sociais de
forma crítica. Pelo fato de corresponderem às situações reais da vida, manifestam-se por
palavras, sentimentos e condutas e usam a linguagem como forma de conhecimento e
interação social.
Para Campos e Rouquette (2003), as representações sociais constituem um
conhecimento estruturado com papel determinante no modo como os indivíduos veem e
reagem em face da realidade. Nas representações, a pessoa apropria-se da realidade que a
cerca e, a partir daí, maneja seu comportamento e ações de forma a adaptar-se, ajustar-se e
sobreviver na realidade (LEMOS, 1994). Surgem da reconstrução mental elaborada com
suporte na consciência, expressadas pelas figuras, atos ou de experiências, aos quais os
indivíduos atribuem um significado, de acordo com sua percepção sobre eles, podendo
originar comportamentos e atitudes (RODRIGUES, 1999).
A estrutura das representações sociais tem duas faces, comparando-se à frente e o
verso de uma folha de papel, que são interdependentes, uma face icônica e a face simbólica
sendo representada da seguinte forma: representação = imagem/significação, em outras
palavras, a representação nada mais é do que aproximação de toda imagem a uma idéia e vice
versa (MOSCOVICI, 2003).
As representações sociais ocorrem por via das relações do sujeito com o objeto
representado para dar um sentido àquilo que é estranho e novo, tornar o não-familiar em
familiar, como também por meio do discurso público nos grupos, onde as pessoas expressam
os conhecimentos que tem acerca do universo, resultando em um processo discursivo e,
portanto socialmente construído (NÓBREGA, 2003; MOSCOVICI, 2003; CARDOSO;
ARRUDA; 2004; WAGNER, 2000).
As funções da RS são quatro: 1) função de saber compreende-se a realidade; 2)
função identitária, define a identidade e permite a proteção das características próprias do
grupo e mantendo a sua imagem positiva; 3) função de orientação; guiam os comportamentos
e práticas do grupo; e 4) função justificadora justificam-se as posições e comportamentos do
grupo (ABRIC, 2000).
Cardoso e Arruda (2004) abordam as propriedades das RS sendo estas elaboradas
e compartilhadas no meio social, organizam e estruturam o meio circulante e diferenciam os
grupos, enfocando na sua identidade por meio da construção de sua realidade.
A formação das representações sociais ocorre por ancoragem e objetivação. Por
ancoragem, entende-se dar nome ou classificar alguma coisa. È um processo que transforma o
estranho e perturbador em algo familiar, permite a incorporação do que é desconhecido em
uma rede de categorias usuais (MOSCOVICI, 2005; NÓBREGA, 2003). Classificar e dar
nomes são duas questões importantes dentro da ancoragem, pois o que é anônimo o pode
ser uma imagem comunicável, sendo assim relegado ao mundo da confusão, incerteza e
inarticulação. As duas questões são meios de rotular e graduar pessoas e objetos. Têm como
objetivo facilitar a interpretação de características, a compreensão de intenções e motivos
subjacentes às ações de pessoas na realidade e formar opiniões (MOSCOVICI, 2005).
A objetivação é o processo de reproduzir um conceito ou imagem, transformar em
objeto o que é representado, materializar as abstrações, dar corpo aos pensamentos, tornar
visível o que é invisível e impalpável. Tem a função de dar sentido a uma figura, tornar
matéria um abstrato (MOSCOVICI, 2005; NÓBREGA, 2003; SÁ, 2004).
Wachelke (2005) define ancoragem como um processo no qual objetos novos são
classificados e alinhados com o conhecimento prévio. Objetivação, por sua vez, é a
materialização de um conceito, é reproduzir uma idéia abstrata em imagem. Sendo assim, o
novo objeto social é inicialmente ancorado mediante idéias em curso, seguidamente, o irreal
se torna real, na forma de alguma metáfora ou imagem.
A ancoragem também é descrita como a fase simbólica das representações, pois
interpreta e assimila os elementos familiares, classifica-os e nomes a eles. A objetivação
constitui a fase figurativa das representações e resulta na capacidade que o pensamento e a
linguagem têm de materializar o abstrato, surgindo um novo conceito com base nos dados
existentes (PARAVINO, 2003).
Paravino (2003), destaca que os estudiosos Denise Jodelet, Willen Doise e Jean
Abrinc desmembraram a teoria em correntes complementares, cada um com sua
especificidades, Jodelet foi a que mais se aproximou dos conceitos originais da teoria, Doise
teve uma visão mais sociológica e Abric aborda a dimensão cognitivo-estrutural das
representações. Assim, difundiram a teoria para outras áreas além da Psicologia Social. No
Brasil o interesse pela teoria surgiu do núcleo de Ciência e Tecnologia da Universidade
Federal da Paraíba em um curso ministrado em 1982 pela Prof. Denise Jodelet (MARQUES et
al., 2006).
Em estudo realizado por Marques, Tyrrell e Oliveira (2006), com o objetivo de
levantar o quantitativo de teses e dissertações com abordagem sobre representações sociais no
período de 1975 a 2001, os autores identificaram 131 estudos, tendo o ano de 2000 e a região
Sudeste concentrado o maior número. No programa de pós-graduação em Enfermagem, os
estudos começam a se destacar a partir do ano de 1996, totalizando, até 2001, seis trabalhos
com o percentual de 4,6%. A Escola de Enfermagem Anna Nery representa neste estudo a que
mais produziu utilizando a teoria das representações sociais. O estudo conclui que a
Enfermagem cada vez mais vem apropriando-se destes conceitos para aprofundar a produção
dos seus conhecimentos.
O conhecimento do cotidiano das mulheres grávidas por ocasião do cuidado pré-
natal, mediante a apreensão de suas representações, vai contribuir para as mulheres
expressarem o que pensam, como percebem, sua opinião e expectativas acerca deste cuidado,
emergindo conceitos construídos socialmente e ancorados na sua realidade e da subsídio
para planejar ações concretas voltadas para suas necessidades.
Buscar o objeto nas representações sociais, que é considerada a teoria do senso
comum, emersa das relações cotidianas e tendo a comunicação como peça fundamental, se faz
importante, pois buscaremos a essência do próprio indivíduo no seu cotidiano, conhecendo-o
de perto e fazendo nascer seus anseios em determinado momento de sua vida, como é o caso
das mulheres que vivenciam o cuidado pré-natal, e florescer uma contribuição com produção
de um conhecimento emergido das relações sujeito-objeto.
4 TRAGETÓRIA METODOLÓGICA
4.1 Natureza e tipo do estudo
Este é um estudo descritivo norteado pela Teoria das Representações Sociais com
abordagem multimétodos. O estudo é descritivo quando o pesquisador tem por objetivo
observar, descrever e documentar os aspectos relativos ao seu objeto de estudo (POLIT;
BECK; HUGLER, 2004). A pesquisa apresenta-se em duas etapas; uma qualitativa, sendo a
maior parte do estudo e outra quantitativa, onde apresentamos os dados sociodemográficos
das gestantes e características do pré-natal como também por meio do teste de associação
livre de palavras, em que os dados são organizados em um gráfico.
A etapa qualitativa apresenta-se com entrevistas semiestruturadas e do desenho
estória com tema, de onde emergiram as representações sociais das gestantes sobre o cuidado
pré-natal.
Na representação social, as pessoas utilizam-se da apropriação da realidade que as
cercam e, a partir daí, manejam seu comportamento e ações de forma a adaptar-se, ajustar-se e
sobreviver na realidade. As representações sociais são expressas, elaboradas e veiculadas no
processo ocorrente nas relações sociais, e são princípios geradores de tomada de posição, as
quais são ligados a inserções especificadas num conjunto de relações sociais (LEMOS, 1994).
A abordagem de multimétodos para coleta de dados é utilizada nos estudos com
representação social como forma de apreender o fenômeno estudado, dando mais visibilidade
aos aspectos subjetivos emergidos dos sujeitos (COUTINHO et al., 2003).
4.2 Local do estudo
A pesquisa foi desenvolvida no ambulatório de pré-natal de um hospital
maternidade pertencente à Secretaria Regional VI, no Município de Fortaleza-Ceará, Brasil.
A Secretária Regional VI tem uma população estimada em 600 mil habitantes.
Abrange e atende diretamente aos moradores de vinte e sete bairros, correspondentes a 42%
do território de Fortaleza: Sabiaguaba, Edson Queiroz, Sapiranga, Alagadiço Novo, Curió,
Guajerú, Coaçu, Paupina, Parque Manibura, Cambeba, Messejana, Ancuri, Pedras, Jardim das
Oliveiras, Cidade dos Funcionários, Parque Iracema, Auto da Balança, Aerolândia, Dias
Macedo, Castelão, Mata Galinha, Cajaeiras, Barroso, Jangurussu, Passaré, Parque Dois
Irmãos e Lagoa Redonda. Tem como objetivos garantir a melhoria de vida aos habitantes e a
preservação das potencialidades naturais da região (PMF, 2009).
A rede de saúde da SER VI é composta de 27 unidades de saúde, assim
distribuídas: 20 postos de saúde, 1 Centro de Apoio Psicosocial (CAPS), Hospital Distrital
Gonzaga Mota Messejana, Hospital Frotinha de Messejana, NAMI (unidade de saúde
pertencente a Universidade de Fortaleza), 1 Centro de Zoonozes, IPREDE e 1 centro de
especialidades.
O hospital-maternidade lócus da para realização do estudo tem nível de
atendimento secundário. O atendimento obstétrico faz parte da maioria da demanda atendida
pela Instituição, dispondo de um serviço de pré-natal, que atende em média 1060 consultas de
pré-natal mensalmente. As gestantes são atendidas na primeira consulta pela enfermeira e tem
seguimento no pré-natal com as consultas médicas. Elas m oportunidade de participar de
grupos de gestantes onde são discutidos assuntos relativos à gravidez, parto, aleitamento
materno, cuidados com recém-nascidos e puerpério. São disponibilizados na própria unidade
os exames laboratoriais de rotina do pré-natal, como também serviço de ultrassonografia. A
referência ao parto é feita para a própria instituição, que tem uma sala de parto composta por
dez leitos e oferece um atendimento humanizado para estas gestantes com a presença de
acompanhante, como previsto pela Lei 11.108 de 07 de abril de 2005.
Embora tenha características de hospital secundário, dispõem de uma UTI
neonatal com 10 leitos, que atende recém-nascidos prematuros, e um berçário de médio risco
com 15 leitos. O alojamento conjunto é composto de 50 leitos, que acolhem o binômio e-
filho. Por ocasião do puerpério, são realizadas orientações sobre aleitamento materno e os
recém-nascidos recebem as vacinas anti-hepatite e BCG. Outras ações referentes à saúde da
mulher são contempladas nesta unidade hospitalar, como Serviço de Planejamento Familiar
com realização de cirurgias de ligação de trompas e vasectomias, como também um Serviço
de Cirurgia Ginecológica e atendimento de mulheres em processo de abortamento. Essa
unidade hospitalar é referência para atendimento às mulheres soropositivas, sendo realizadas
todas as medidas para reduzir a transmissão vertical; referência no atendimento ás mulheres
vítimas de violência e para os parto daquelas com privação de liberdade; como também é
referência para ao parto das gestantes atendidas na atenção básica da SER VI.
4.3 Sujeitos do estudo
A população-alvo do estudo se constituiu de mulheres grávidas atendidas no
ambulatório de pré-natal em um hospital-maternidade pertencente à Secretaria Regional VI,
no Município de Fortaleza. O estudo teve como critérios de inclusão mulheres grávidas a
partir de 18 anos e que estivessem no terceiro trimestre de gestação, pelo fato de ter nesta
idade gestacional, vivenciado a maior parte das consultas de pré-natal, que aceitaram
participar do estudo e que estejam sendo atendidas no serviço de pré-natal desta unidade nos
meses de junho, julho e agosto de 2008. Participaram da primeira etapa da pesquisa 100
mulheres grávidas que responderam ao teste de associação livre de palavras (TALP).
Das 100 mulheres que fizeram o teste de associação livre de palavras, 24
responderam à entrevista semiestruturada, sendo esta quantidade estabelecida por saturação
teórica. A outra etapa foi constituída do desenho estória com tema, tendo sido formados
outros três grupos com participação de 27 gestantes que realizaram o desenho sobre o cuidado
pré-natal. Este total de gestantes foi estabelecido pela repetição dos desenhos, caracterizando
uma saturação.
A saturação teórica é muito utilizada nas pesquisas na área de saúde, para definir o
tamanho da amostra, interrompendo a captação de novos sujeitos, norteando assim sua
finalização (FONTANELLA; RICAS; TURATO, 2008).
4.4 Mecanismo e estratégia de coleta de dados
As cnicas escolhidas para a coleta de dados foram: teste de associação livre de
palavras, entrevista semiestruturada e desenho-estória com tema. A coleta de dados ocorreu
nos meses de junho, julho e agosto de 2008, nos horários das consultas do pré-natal que
ocorrem pela manhã (7 às 11) e a tarde (13 às 17).
Técnica de associação livre de palavras (TALP)
A associação livre de palavras é uma técnica projetiva desenvolvida por Jung e
adaptada para a Psicologia Social por Di Giacomo. É uma investigação aberta que tem como
objetivo inicial fazer o levantamento do diagnóstico psicológico sobre a estrutura da
personalidade do sujeito e é utilizada atualmente com o intuito de evidenciar universos
semânticos, por meio da evocação de respostas procedente de estímulos indutores
(NÓBREGA; 2003). Os estímulos indutores gravidez, cuidado, pré-natal e si mesmo foram
utilizados neste estudo para evidenciar o universo das gestantes.
Esta técnica é largamente empregada nos estudos de representação social,
(COUTINHO et al., 2003), pois condições ao pesquisador de apreender a percepção da
realidade de um grupo social, com base em uma estrutura semântica existente (OLIVEIRA
et al., 2005).
Para aplicação do teste de associação livre de palavras, o pesquisador deve
disponibilizar um local apropriado, sem interferências, pois os sujeitos necessitam de
concentração para evocar as palavras a partir de estímulos (OLIVEIRA et al., 2005). O teste
foi aplicado no consultório de atendimento do pré-natal com as gestantes que aceitaram
participar de estudo e estavam incluídas nos critérios estabelecidos. No momento da aplicação
do teste, explicamos como seria sua aplicação e houve necessidade de exemplificar para
melhor entendimento por parte das mulheres. Foi indagado às mulheres grávidas, o que lhes
vinha à mente quando se falavam as palavras gravidez, cuidado, pré-natal e si mesma. As
respostas deveriam vir livremente e o mais rápido possível, para evitar elaboração da resposta
mental e as mesmas fora anotadas em formulário específico (apêndice A). Responderam ao
teste 100 mulheres grávidas.
Entrevista semiestruturada
A entrevista semiestruturada parte da utilização de tópicos pré-estabelecidos,
funcionando como um guia para o pesquisador, como forma de garantir que todas as áreas das
questões estão sendo cobertas (POLIT; BECK; HUGLER, 2004).Foi utilizada para
complementar os dados obtidos no TALP, evidenciando dados quantitativos e quantitativos.
Trata-se de uma técnica que permite o surgimento das representações sociais pelo
fato de poder criar um ambiente de conversação entre pesquisador e sujeito (OLIVEIRA et
al., 2005). As variáveis quantitativas que fizeram parte da entrevista semiestruturada
abordaram os dados sociodemográficos de idade, escolaridade, estado civil, renda salarial e
profissão. Também foram dados quantitativos aspectos relacionados ao acompanhamento do
pré-natal, extraídos do cartão da gestante no momento da entrevista (anexo B). Os dados
qualitativos emergiram das perguntas abertas, tendo como base os objetivos da pesquisa, a
saber: Como você sente-se como gestante? Qual importância que você atribui ao cuidado pré-
natal? Quais as dificuldades que você enfrentou durante a gravidez e com o serviço de pré-
natal?
Após serem autorizadas pelas gestantes, as entrevistas foram gravadas para
melhor apreender o conteúdo expresso e manter maior fidedignidade nos discursos.
Desenho-estória
O desenho-estória com tema é uma cnica que a possibilidade de acesso às
ideias, e emoções, retratando em linguagem de gráficos o sentimento de quem o fez (FARIAS
FUREGATO, 2005). Pode ser aplicado em ambos os sexos, qualquer faixa etária, qualquer
nível mental, social e cultural (FONSECA; COUTINHO, 2005).
A utilização do desenho-estória como um recurso na pesquisa qualitativa em
saúde, por ter semelhança com as técnicas projetivas utilizada na Psicologia, se baseia nas
informações que os pesquisados, ao entrarem em contato com o objeto proposto, irão projetar
suas representações sociais sobre o fenômeno enfocado (VICTORIA; KNAUTH; HASSEN,
2000).
Solicitamos às gestantes que desenhassem em uma folha de papel como elas
estavam percebendo o cuidado pré-natal e para isso, entregamos lápis preto 2 e borracha.
Após o término do desenho, pedimos que escrevessem sobre o desenho. Foram realizados três
encontros com três grupos diferentes de mulheres. Neste momento, contamos com a
colaboração de uma psicóloga para realizar o acolhimento das mulheres no grupo. A
importância de coletar os dados do desenho-estória com tema em grupo decorreu da
praticidade, do maior número de resultados em pouco tempo. A presença da psicóloga foi
importante pelo fato de realizar o acolhimento com técnicas simples que permitiram uma
maior aproximação da nossa com o grupo e faziam com que as mulheres tivessem condições
de expressar o cuidado pré-natal com maior facilidade.
Os encontros foram realizados no auditório da Instituição e foram divididos em
três momentos. O primeiro, denominado de acolhimento, foi conduzido pela psicóloga, que
aplicou técnicas nos quais as mulheres se expressavam sobre si mesmas, família e gravidez. O
segundo momento foi o desenvolvimento da técnica em si, quando explicamos o objetivo do
trabalho, convidávamos as gestantes a participarem do estudo, entregávamos a folha de papel
em branco, o lápis e uma borracha para que as mulheres desenhassem sobre o cuidado pré-
natal. Durante a execução da técnica, foi posta uma música-ambiente bem, suave como forma
de deixar o ambiente agradável. Após o término do desenho, pedimo-lhes que contassem a
estória do desenho. O terceiro momento foi a finalização do grupo e, como forma de
agradecimento às mulheres, houve sorteio de brinde e foi servido um lanche para as
participantes.
4.5 Organização e análise dos dados
Os dados obtidos por meio do TALP foram codificados e organizados em um
banco de dados e processados no Soft Tri-Deux Mots, utilizado nos estudos com
representação social, para tratamento de dados obtidos por esta técnica, pois evidência as
variáveis fixas (em colunas) e as modalidades e ou variáveis de opinião (em linhas) e, partir
daí, se confronta e revela graficamente a representação do plano fatorial (FONSECA;
COUTINHO, 2005). As palavras evocadas também foram transcritas na íntegra,
correspondendo a cada estímulo indutor com o objetivo de elaborar um dicionário de
palavras. No total foram evocadas 808 palavras que após processadas no Soft Tri-Deux Mots,
surgiu um gráfico, que foi analisado e respaldado com a literatura pertinente.
As verbalizações surgidas das entrevistas foram transcritas na integra e, a partir
daí, foram organizadas pela técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (1977), com
as seguintes etapas:
1) Pré-análise, que constituí a fase de organização dos dados. Ocorreu com a
transcrição na integra das 24 entrevistas realizadas com as mulheres grávidas, seguida da
leitura flutuante destas entrevistas para que pudessemos passar para a segunda etapa. 2)
Exploração do material que consiste na codificação destas entrevistas que Bardin (2008),
descreve como a fase de transformação dos dados brutos do texto mediante recorte, agregação
e enumeração, com o objetivo de descrever as características contidas nas entrevistas. O
recorte ocorre para escolha das unidades de registro (a unidade escolhida foi a frase) e
unidade de contexto. 3) A terceira fase compõe a categorização quando agrupamos as
unidades e posteriormente realizamos a descrição das categorias.Neste estudo, foram
evidenciadas três categorias a saber:
1) Representações Sociais das mulheres grávidas sobre o cuidado pré-natal, que
contém seis subcategorias.
Periodicidade
Preocupação com o filho
Cuidado
Detectar problemas
Manter contato com o bebê
Preocupação com ela mesma.
2) Sentimentos e dificuldade das mulheres em relação à gravidez, com cinco
subcategorias
Ambivalência
Felicidade
Gratidão a Deus-Fé
Insegurança
Dificuldade.
3) Representações das mulheres grávidas relativas ao serviço de pré-natal oferecido,
com três subcategorias
Organização do serviço-acesso e acolhimento
Satisfação com o atendimento
Atendimento dos profissionais.
A técnica de análise de conteúdo desenvolvida por Bardin (1977) “tem como
objetivo compreender criticamente, o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou
latente, as significações explicitas ou ocultas” (FONSECA et al., 2005, p. 90). Esta cnica
pode ser aplicada em diferentes tipos de documentos, como: textos escritos ou comunicação
oral, visual ou gestual (FONSECA; COUTINHO, 2005).
A análise de conteúdo é um rol de possibilidades de análise das comunicações e
aplicável em um campo muito vasto (BARDIN, 1977). Na utilização da análise de conteúdo,
o pesquisador é considerado um detetive, pelo fato de pesquisar e acumular pistas, para
produzir provas e descobrir o inesperado. Para isso, utilizará a criatividade e o rigor para
atingir seus objetivos (ARRUDA, 2005).
Para análise dos desenhos, os mesmos foram observados sistematicamente, feito
uma leitura flutuante das histórias, agrupamento dos desenhos por semelhança e interpretação
das figuras e a histórias descritas nos desenhos foram analisadas pela análise de conteúdo de
Bardin (1977).
4.6 Aspectos legais e éticos
O projeto foi encaminhado para apreciação do Comide Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual do Ceará, onde foi aprovado pelo Parecer n. 08133804-0, de 15 de
maio de 2008. Após autorizada a pesquisa, mantivemos contato com as mulheres grávidas
durante a consulta pré-natal e as convidamos a participar do estudo. As mulheres grávidas que
aceitaram compor o estudo foram informadas dos objetivos, tendo garantidos o sigilo e o
anonimato. Assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e foi assegurado o direito
de interromper sua participação no momento que quisessem. Para estes requisitos, foram
obedecidas as determinações éticas da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde
(CNS) sobre pesquisa envolvendo seres humanos.
Toda pesquisa que envolve seres humanos deve respeitar os três princípios éticos
mais importantes, que são: beneficência, respeito à dignidade humana e à justiça. Por
beneficência entende-se o causar danos. Tem como princípios manter a integridade física e
psicológica dos sujeitos, não expor a exploração e avaliar o risco /benefício em relação ao
estudo (POLIT; CHERYL; HUGLER, 2004).
O principio do respeito à dignidade humana engloba o direito à autodeterminação
significando que o sujeito tem o direito de decidir se participa voluntariamente do estudo, com
a garantia de não sofrer qualquer tipo de coação ou, caso desista de participar, o direito à
revelação total onde o pesquisador descreve de forma inteligível a natureza do estudo, o
direito da pessoa de recusar a participação, as responsabilidades do pesquisador e os possíveis
riscos e benefícios do estudo. O consentimento é o momento da decisão de participar ou não
do estudo. Os sujeitos após, receberam todas as informações, tomam a decisão. Caso aceite
participar, o sujeito deve assinar um formulário que contém as informações sobre a finalidade,
os objetivos, a natureza voluntária da participação, os riscos e benefícios do estudo (POLIT;
CHERYL ; HUGLER, 2004).
O principio da justiça aborda o tratamento justo e o direito à privacidade. O direito
à privacidade é garantido pelo anonimato e o sigilo é assegurado quando as informações
fornecidas não são relatadas publicamente ou acessíveis a terceiros não envolvidos no estudo
(POLIT; CHERYL; HUGLER, 2004).
Todo pesquisador ético é obrigado embasar seu estudo nestes princípios, como
uma forma de proteger os sujeitos.
Os resultados obtidos no estudo serão apresentados na instituição como uma
forma de mostrar os dados e para que estes possam contribuir de forma positiva para melhorar
o atendimento às mulheres.
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 Conhecendo as mulheres
As mulheres foram caracterizadas nos dados sociodemográficos por meio
das variáveis relacionadas ao sexo, idade, estado civil, escolaridade, renda salarial e
profissão, bem como quanto aos aspectos relacionados ao pré-natal como idade
gestacional no início do pré-natal, número de consultas, quantidades de gestações,
resultados dos exames laboratoriais, preenchimento da curva de peso/idade gestacional
e curva altura uterina/idade gestacional, realização de exame odontológico e
participação em grupos educativos.
O quadro 1 demonstra o perfil das mulheres grávidas com nas variáveis
sócio demográficas descritas acima.
Quadro 1 - Distribuição das variáveis sóciodemográficas das mulheres grávidas. Fortaleza-
CE, 2008
.
VARIÁVEIS N
0
VARIÁVEIS N
0
Idade
18 – 25 anos
26 – 36 anos
34 – 41 anos
54
34
12
Escolaridade
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
Nível Superior
Analfabeta
Pro-jovem
36
12
15
34
1
1
1
Estado Civil
União Consensual
Casada
Solteira
52
36
12
Renda salarial
>1 salário mínimos
1 a 2 salários mínimos
3 a 4 salários mínimos
< 5 salários mínimos
Sem renda
Bolsa família
Não sabe
1
78
11
1
4
2
3
Profissão/Ocupação
Do lar
Empregada doméstica
Costureira
Faxineira
Comerciante
Vendedora
Balconista
Aux. Administrativo
Operador de caixa
Babá
Fiscal
Bordadeira
Autônoma
Advogada
58
11
5
4
3
3
3
2
2
2
2
2
1
1
Das mulheres grávidas que participaram do estudo 54 encontravam-se na
faixa etária de 18-25 anos, 34 no intervalo de 26 a 36 anos e 12 mulheres grávidas
estavam entre 34 a 41 anos. Observamos que a gravidez está presente em todas as faixas
etárias, excluídas do estudo as adolescentes com idade abaixo de 18 anos. Mais da
metade das gestações ocorreu entre os 18 e 25 anos. A Pesquisa Nacional de
Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS, 2006), mostra que o percentual de
jovens grávidas cresce com a idade aumentando de 3,7% aos 15 anos para 9,6% aos 18
anos.
Dados relacionados ao estado civil neste estudo mostram que 52 mulheres
se encontravam em união conjugal estável, ou seja, viviam maritalmente, porém não
eram formalmente casadas; 36 eram casadas e 12 eram solteiras. Dados do censo de
2000, segundo o IBGE mostram que existe tendência ao longo dos anos de um declínio
das uniões legais e aumento das uniões consensuais, principalmente nas pessoas jovens.
Se formos comparar as variáveis idade e estado civil, os dados do estudo assemelham-se
aos dados do censo de 2000 pois, no estudo 54% da amostra encontram-se entre 18-25
anos e 52% em união consensual.As mulheres se declararam segundo estado conjugal
em 64% casadas ou em união consensual, o que também corresponde aos dados do
estudo.(BRASIL,2009)
Analisando a variável escolaridade, 36 mulheres têm o grau incompleto,
12 o grau completo, 15 o grau incompleto, 34 o grau completo, uma o nível
superior, uma era analfabeta e uma frequentava o Pró- Jovem. Ainda observamos que as
mulheres do estudo apresentam boa escolaridade, embora ainda existam mulheres com
primeiro grau incompleto. Ao longo dos anos, os governos investem em políticas
públicas para incentivar as pessoas a ingressar nas escolas e concluir seus estudos. São
exemplos Bolsa Família, Pró Jovem, Pró Uni e as cotas para negros nas universidades.
O nível de escolaridade entre as mulheres vem aumentando nos últimos anos (IBGE,
2000; BRASIL,2009).
Estudo sobre a escolaridade materna e a correlação com indicadores
obstétricos revela que mães com menos de oito anos de estudo apresentam chance 1,5
vezes maior de terem recém nascidos de baixo peso, associando as baixas condições
socioeconômicas e inicio mais tardio do pré-natal; e ases com maior instrução
tiveram o dobro de oportunidade de realizar mais de seis
consultas de pré-natal. Conclui
que a baixa escolaridade materna predispõe a fatores de risco materno e para o recém
nascido (HAIDAR; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2001).
Estes dados são preocupantes pelo fato de a mulher exercer diferentes
papéis na sociedade e o papel de mãe será um dos mais afetados, quando relacionado ao
grau de escolaridade, pois a realidade do atendimento no serviço de saúde é a presença
maciça da mulher, que muitas vezes leva seus filhos ao atendimento ou estar ali em
decorrência da gestação, parto ou puerpério.
A renda salarial relatada pelas mulheres estava compreendida em sua
maioria (78), na faixa de 1 a 2 salários mínimos seguindo-se de (11) com 3 a 4 salários
mínimos, quatro não tinham renda , três não sabiam informar, duas recebiam Bolsa
Família e uma não tinham renda.
A inadequação do uso da assistência pré-natal está associada a fatores como
renda familiar baixa, ocupação manual não qualificada, falta do companheiro e
atendimento em serviço público (COIMBRA et al., 2003).
Quando indagadas sobre qual profissão exerciam 58 eram donas de casa, 11
trabalhavam em casa de família (domésticas), cinco costureiras, quatro faxineiras, três
comerciantes três vendedoras, três balconistas, três auxiliar administrativos, duas
operadoras de caixa, duas babás, duas fiscais, duas bordadeiras, uma autônoma e uma
advogada. Observando os dados apresentados, as mulheres exercem na sua maioria
atividade restrita ao ambiente doméstico, o que não enseja recursos financeiros,
podendo inferir que sua renda familiar provém do companheiro. As profissões
declaradas pelas mulheres são aquelas consideradas eminentemente femininas e que
ensejam baixos níveis salariais, como mostrado nos dados de renda familiar.
Dados relacionados à força de trabalho mostram que 75% das mulheres
haviam trabalhado alguma vez, mas que a participação feminina no mercado ainda
deixa a desejar e estas mulheres ainda trabalham na informalidade, isto é, sem carteira
assinada. (BRASIL,2009)
5.2 Conhecendo a assistência pré-natal
O quadro 2 demonstra os dados registrados no cartão pré-natal baseado nas
variáveis já descritas.
Quadro 2 - Distribuição dos dados registrados no cartão pré-natal. Fortaleza-CE, 2008.
VARIÁVEIS N
0
VARIÁVEIS N
0
Inicio do pré-natal
> 10 semanas
10 a 13 semanas
14 a 18 semanas
19 a 22 semanas
23 a 26 semanas
< 26 semanas
Sem registro
5
21
28
14
7
6
19
Número de consultas
2 a 4 consultas
5 a 7 consultas
< 7 consultas
Sem registro
34
51
3
12
Número de gestações
Primigesta
Multigesta
35
65
Resultado dos exames
Todos, sem citologia
Sem exames
Todos com citologia
Parcialmente
80
7
5
8
Curva peso/ idade gestacional
Em nenhum cartão estava
preenchido este gráfico
Curva altura uterina/idade gest
a
cional
.
Em nenhum cartão estava preenchido este gráfico
Exame odontológico
Sim
Não
20
80
Motivos expressados pelas mulheres grávidas para
procurar o assistência odontológica
Realizava exame particular
Já tinha acompanhamento
Não conseguiu consulta
Foi procurar outro serviço
Não falou para o médico
Precisou mais não foi
Participação de grupos
educativos
Sim
Não
96
4
Assuntos mais lembrados pelas mulheres grávidas
Desenvolvimento do bebê
Doenças
Exames
Higiene
Pré-natal
DST
Aleitamento
Parto
Medicamentos
Gravidez
Cuidados
Cuidados com as crianças
Enjôos
Corpo
Postura
visitas
Psicologia
Planejamento Familiar
Não se lembra do assunto
27
11
5
1
10
21
4
19
5
23
12
8
2
2
1
1
2
2
14
Analisando o quadro 2, que se refere à assistência pré-natal recebida pelas
mulheres que participaram do estudo, podemos observar com relação ao início do pré-
natal que cinco iniciaram o pré natal com menos de dez semanas, 21 entre 12 e 13
semanas, 28 entre 14 a 18 semanas, 14 entre 19 a 22 semanas, sete entre 23 a 26
semanas, seis maior de 26 semanas e 19 cartões não tinham o registro do inicio do pré-
natal. Pelos dados apresentados, concluímos que elas iniciaram o pré-natal precoce,
ainda no primeiro trimestre. O PHPN preconiza que as mulheres devem iniciar o pré-
natal o mais precocemente possível, que elas sejam captadas até 120 dias de gestação
(BRASIL, 2000b).
Estudo realizado para avaliação da rede sica, no Rio de Janeiro, mostrou
que 46% das gestantes pesquisadas ingressaram no pré-natal no primeiro trimestre; 41%
no segundo; e 13% no terceiro. Em Curitiba, este percentual foi de 65% e em São José
do Rio Preto (SP) 53,4% iniciaram a assistência por volta do terceiro mês. (SILVEIRA;
SANTOS, COSTA, 2001; CARVALHO; NOVAES, 2004; MORAES et al., 2004)
percebe-se a preocupação dos autores em determinar o inicio do pré-natal, quando se
avalia o serviço.
Um pré-natal adequado e de sucesso depende muitas vezes do início precoce
das consultas, pois a mulher grávida terá oportunidade de vivenciar maior número de
consultas e realizar todas as ações para o período gestacional, como também fortalece a
adesão ao acompanhamento periódico e identifica fatores de risco precocemente.
(COIMBRA et al., 2003; NAGAHOMA; SANTIAGO, 2006; GRANGEIRO;
DIÓGENES; MOURA, 2008).
De acordo com os dados, 19 cartões o constavam o inicio do pré-natal e
também não continham a data da última regra, o que dificulta estimar a data provável
pela Regra de Nagele e avaliar o inicio do crescimento do feto.
A adesão da mulher grávida ao inicio precoce do pré-natal depende em
grande parte de sua própria iniciativa e está condicionada a diferentes fatores que
podem incluir a disponibilidade do serviço e o acesso (CARVALHO; NOVAES, 2004).
O número de consultas também é outro item que faz parte da avaliação da
qualidade do pré-natal. No estudo, as mulheres encontravam-se no terceiro trimestre de
gestação e o número de consultas ficou assim distribuído: 34 tinham no momento da
entrevista participado de duas a quatro consultas, 51 de cinco a sete consultas e três
mais de sete consultas e em 12 cartões não foi possível anotar o número de consultas. O
calendário de consultas é distribuído ao longo do trimestre, sendo preconizada pelo
Ministério da Saúde uma consulta no primeiro trimestre, duas no segundo e três no
terceiro, totalizando seis consultas (BRASIL, 2005).
As mulheres do estudo, na sua maioria, (51) encontravam-se com um
número adequado de consulta, mas vale ressaltar que 34 tinham participado de duas a
quatro e pelo calendário deveriam estar no terceiro trimestre iniciando a quinta consulta.
Este fato pode estar associado ao início tardio do pré-natal.
O número mínimo de seis consultas, além de garantir um acompanhamento
adequado para avaliar a evolução da gestação e levantar os fatores de risco
proporcionará vínculo da gestante e sua família com a unidade, a fim de prepará-la para
parto e puerpério (GRANJEIRO; DIÓGENES; MOURA, 2008).
Dados do painel de indicadores do SUS (2006) revelaram queda de
gestantes sem consulta pré-natal, e a região Nordeste foi a que apresentou a maior
queda, com um percentual de 33,67%; nos estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste mais
da metade das gestantes atingiu 7 ou mais consultas (BRASIL, 2006).
Com relação ao número de gestações, 65 eram multigestas, sendo assim
consideradas as mulheres que tinham duas gravidezes em diante, e 35 eram primigestas.
Os exames laboratoriais básicos que fazem parte da rotina do pré-natal
definidos pelo Ministério da Saúde são:
ABO - Rh, hemoglobina/hematócrito, na
primeira consulta; glicemia de jejum, um exame na primeira consulta e outro próximo à
30ª semana de gestação; VDRL, um exame na primeira consulta e outro próximo à 30ª
semana de gestação;
urina tipo 1, um exame na primeira consulta e outro próximo à 30ª
semana de gestação;
testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta; sorologia
para hepatite B (HBsAg) na 30ª semana de gestação e
sorologia para toxoplasmose
(IgM), na primeira consulta.
Os exames realizados e anotados no cartão de pré-natal ficaram assim
distribuídos: 80 mulheres realizaram todos os exames, mas não fizeram a citologia; sete
não tinham nenhum exame registrado; cinco tinham todos os exames, inclusive a
citologia, e oito tinham registrado os exames de forma parcial, isto é, faltava a anotação
de algum tipo de exame.
Os dados clínicos e obstétricos levantados por ocasião da consulta são
complementados por meio dos exames laboratoriais e levam ao diagnóstico e
intervenção precoce caso haja necessidade, daí sua fundamental importância no período
gestacional (GRANJEIRO; DIÓGENES; MOURA, 2008).
A realização dos exames ainda se constitui um critico na assistência pré-
natal e estudos revelam que a oferta do teste anti-HIV e a realização da citologia o os
procedimentos com baixa realização (SERRUYA; CECATTI; LAGO, 2004; SOUZA
JÚNIOR, 2004; RIBEIRO et al., 2004).
Determinar o peso versus idade gestacional tem por objetivo avaliar o ganho
de peso durante a gestação e o estado nutricional da gestante. No estudo, o gráfico
referente a estas variáveis não havia sido preenchido, o que impede o profissional de
identificar alterações para este parâmetro, dificultando o diagnóstico e a intervenção em
caso de alteração. O mesmo ocorreu com o gráfico referente à curva altura uterina
versus idade gestacional, que avalia o crescimento fetal, diagnostica causas de desvio no
crescimento fetal, como gravidez gemelar, retardo do crescimento, poli-idrâmnio ou
oligoâmnio e macrossomia fetal.
Diagnosticar risco nutricional durante o pré-natal possibilita os profissionais
incentivar a gestante a adquirir hábitos alimentares saudáveis, encaminhar para
programas sociais, pois o estado nutricional da mãe vai influenciar no crescimento e
peso do recém nascido (SANTOS et al., 2006).
Com o aumento da cobertura do PSF e inserção do dentista nas equipes de
assistência às famílias, criou-se a oportunidade da assistência odontológica durante o
pré-natal. No serviço estudado, as mulheres não tiveram esta assistência, como mostra o
quadro. As mulheres que relataram ter havido necessidade deste atendimento o foram
procurar por conta própria, ou já tinha acompanhamento anterior à gestação como
também não conseguiram atendimento.
Outro aspecto abordado com as mulheres foi a participação em grupo
educativo durante a assistência pré-natal, e, como mostra o quadro, 80 mulheres
participaram e 20 não participaram. A assistência pré-natal da unidade em estudo enseja
às mulheres grávidas participarem do curso da gestante. A primeira consulta é realizada
pela enfermeira, que faz a consulta individual e no mesmo dia faz comum grupo com o
objetivo de informar as mulheres sobre aspectos relativos ao pré-natal, gestação,
exames, alterações decorrentes da gravidez. Após a primeira consulta, a gestante terá
oportunidade de participar de outros módulos do curso de acordo com a idade
gestacional.
O grupo das gestantes é um espaço ideal para troca de experiências,
efetivação da aprendizagem, esclarecer dúvidas, diminuir ansiedade com relação à
gestação, parto e puerpério. Para isso, o profissional de saúde, em especial o enfermeiro,
é o responsável por conduzir o grupo, compartilhar o seu saber e facilitar a interação
entre os participantes (SPINDOLA, 2001).
O estimulo às ações educativas pela participação por meio da discussão de
situações da vida comum é um método eficaz para investigação e intervenção, e
transpõe o modelo biomédico e fragmentado a que é submetida a mulher por ocasião
das consultas (DELFINO et al., 2006).
Os assuntos mais lembrados pelas mulheres foram: desenvolvimento do
bebê, doenças, exames, higiene, pré-natal, DST, aleitamento, parto, medicamentos,
gravidez, cuidado, postura, visitas, relação sexual, HIV, cuidados com criança, enjoos,
corpo, psicologia e planejamento familiar.
A interação do profissional com as mulheres durante as ações educativas
possibilita o intercâmbio de experiências e conhecimentos e maior entendimento sobre o
processo de gestar. Esta interação ocorre quando o profissional estabelece uma escuta
acolhedora, estimulando espaços de falas por meio das discussões coletivas,
dramatização e dinâmicas, tendo como foco principal a gestante, mas podendo ser
ampliada para a família e o companheiro (BRASIL, 2005).
O Ministério da Saúde recomenda alguns aspectos que podem ser abordados
nas ações educativas coincidentes com as que foram citadas pelas mulheres, mas
merecem destaque assuntos importantes que devem sempre fazer parte deste momento,
como: medo e fantasias referentes a gravidez e parto, sinais de alertas para
intercorrência durante a gravidez (dor, febre, perda de líquido, cansaço), sinais e
sintomas do parto, saúde mental e violência sexual e doméstica (BRASIL, 2005).
5.3 Representação social das mulheres sobre o cuidado pré-natal
A assistência pré-natal consiste no acompanhamento sistemático e
periódico, com o desenvolvimento de atividades preventivas e educativas, pelo contato
frequente e planejado, de acordo com a idade gestacional, identificando, assim, fatores
de risco e intervindo de maneira precoce, visando a reduzir as taxas de mortalidade
materno-infantil. Neste espaço, a mulher grávida encontrará um locus privilegiado para
expressar suas dúvidas e necessidades sobre o processo gestacional e sente-se segura
para enfrentá-lo de forma positiva (CARVALHO; NOVAES, 2004; SPÍNDOLA, 2001;
MOURA; LOPES, 2003).
5.3.1 Periodicidade
As mulheres que vivenciaram a assistência pré-natal representam esta
assistência por meio da participação nas consultas mensais como forma de acompanhar
a gestação e o crescimento do bebê, prevenir agravos para poder ficar tranquila ao longo
da gestação, por saber que tudo está ocorrendo bem. Os depoimentos ilustram bem este
sentimento:
Ai eu acho bom, venho todos os meses para saber como está à criança
tudo, a pessoa se preveni também. E3
Para mim, o pré-natal é muito importante eu venho todo mês, eu vou
saber como está o meu bebê se ele está bem, para mim é importante
eu to gostando do pré-natal. E8
Vir todos os meses para saber como o bebê tá, fico mais tranqüila
com mãe, saber como o bebê ta eu fico muito mais tranquila. E9
As gestantes valorizam a assistência pré-natal quando percebem a
necessidade de comparecer ao encontro toda vez que está marcado, de iniciar o
atendimento o mais precoce possível, aderir ao uso de medicações quando assim for
necessário e enfrentar barreiras que a impeçam de comparecer. É o que podemos
destacar com os depoimentos seguintes.
O certo é vir toda vez que esmarcado para saber se a criança ta
com desenvolvimento dela para não ter nenhum problema, a criança
nascer sadia, saudável.E6
Eu queria ter vindo mais, preenchido mais meu cartão sabe, eu sei
que é importante. E1
Eu nunca faltei uma consulta, e nunca tive preguiça de vir, porque eu
queria saber como ela estava e é a única forma de saber como ele vai
ta. E4
A assistência pré-natal visa a avaliar e acompanhar a saúde da mãe e do feto
e o seu desenvolvimento de forma integral (fisiológica, social, psicológica, cultural e
espiritual), identificando fatores de risco que venham a modificar o curso normal da
gestação e dar oportunidade de referenciar para acompanhamento de alto risco a fim de
assegurar uma intervenção precoce. Para ter condições de ser assistida de forma
integral, o pré-natal deve iniciar de forma precoce, com o contato de preferência no
primeiro mês de gestação, ser periódico, atendendo a um número pré-estabelecido de
consultas, ser completo, contemplando ões de prevenção, promoção, recuperação e
reabilitação, e ter ampla cobertura, com o intuito de atender um maior número de
gestantes (ZAMPIERE, 2005).
A representação expressa nesta categoria acerca do cuidado pré-natal está
evidenciada pela importância que as gestantes atribuem ao acompanhamento por
consultas, que é um momento para diálogo entre o profissional, que se posta à
disposição das mulheres, estabelece parcerias, estimula um espaço de troca de
experiência, minimiza ansiedades, atende necessidades, acolhe familiares e
acompanhante. Na subcategoria seguinte, as mulheres representam o cuidado pré-natal
por meio da preocupação com o filho.
5.3.2 Preocupação com o filho
Quando do diagnóstico de uma gestação, a mulher e a família vivenciarão
períodos de transformações e de adaptações ao longo de nove meses. Gerar um ser traz
às mulheres ansiedade, medo e dúvidas, principalmente com os aspectos relacionados
ao desenvolvimento do bebê. As mulheres representam esta preocupação nos seus
relatos.
O pré-natal é para saber como ele está, se ele não está bem o médico
diz para a gente. E18
... eu tô vindo para cá para saber como meu filho tá, se ele ta bem. E5
Se ele ia nascer com saúde, porque eu tinha tomado remédio, ai isso
que está me preocupando, não queria saber se era homem ou mulher.
E5
Acho que o pré-natal é bem assim ficar, como é que se diz para saber
como está o bebê, bem importante. E9
Eu acho muito importante, muito importante à gente acompanhar o
pré-natal, é muito importante, porque ai você es se preocupando
não só com você, mas com o bebê. E2
Nesta categoria, as mães ancoram o cuidado pré-natal a consulta, com o
objetivo inicial de saber como está seu filho, se ele está bem, se está sentindo alguma
coisa. Uma gestante vincula esta preocupação ao fato de ter tomado remédio e este
acompanhamento é a forma de saber se seu filho nascerá com saúde e, para ela saber o
sexo do bebê, é relegado a segundo plano. A presença do médico como facilitador para
amenizar esta preocupação é destacado por outra ao relatar que, se estiver acontecendo
alguma coisa com o seu bebê, o médico esali para dar todas as informações. Na da
fala da gestante E2, observa-se a importância que confere ao cuidado pré-natal, quando
relata que este cuidado vai além da preocupação com o bebê.
Outra forma de saber como o bebê está é demonstrada pelas mulheres com a
realização de ultrassonografia. É um recurso utilizado durante a assistência pré-natal
para acompanhar o desenvolvimento do feto, diagnosticar anomalias e estimar a data
provável do parto. As falas mostram a importância de realizar US para acompanhar o
desenvolvimento do bebê.
A importância do pré-natal é saber como está o bebê bater US saber
como ele ta. E10
Também fazer US, eu acho importante, para ver mais apuradamente
como ele está. E1
Como eu to no final da gravidez, saber se ele está no canto certo de
nascer, é muito bom saber, fazer US, ás vezes ele está sentado, ás
vezes não está do jeito.E10
A gestante E10 mostra sua preocupação com o final da gravidez e qual a
posição do bebê e se ele está no lugar certo pra nascer. Saber se ele está pronto para
nascer e na posição certa e fazer US é, na visão dela, importante, e isso ocorre com o
acompanhamento no pré-natal. A gestante E1 associa a realização do US à visualização
mais apurada do bebê; existe um ser se desenvolvendo que a gestante sente que se
mexe, mas não suas características, e nem sabe como ele está realmente, e o exame é
a comprovação mais real do desenvolvimento do bebê, tendo sido esta questão
valorizada pelas mulheres do estudo.
As evidências científicas relativas à realização do US durante o pré-natal
indicam que este deve ser indicado no início da gestação para melhor estimar a data
provável do parto, diagnosticar precocemente a gestação gemelar e malformação, sendo
ainda, controverso sua utilização como exame de rotina (BRASIL, 2005). Como os
possíveis benefícios do exame de US ainda merecem discussão por parte dos
profissionais que atendem no pré-natal, o que deve ser levado em conta neste processo é
o desejo da mulher associado às evidencias científicas, pois as falas demonstram que as
mulheres acham importante o acompanhamento pré-natal para saber como está o
desenvolvimento do seu bebê e que a forma mais viável para isso acontecer é a
realização de US.
Maldonado (1998) ensina que a realização do US possibilita um elo de
ligação em mãe e filho ou pais e filho, coloca as pessoas grávidas em contato com o
filho real, vão saber se ele está vivo, senti-lo, vê-lo, desmistificando as fantasias e
medos.
Inserida no rol de exames completares, a US tem sua importância no início
da gestação, pois consegue diagnosticar gravidez por volta de seis a oito semanas e é um
procedimento simples, indolor e não invasivo, e usada também para detecção de mola
hidatiforme, detecção de posicionamento fetal, determinação da localização e condições
da placenta, estimar a quantidade de líquido amniótico (CLAPIS; ALMEIDA;
PANOBIANCO, 2006, GARRET, 2002).
As indicações ora descritas são encontradas nos diferentes trimestres da
gestação, e nos diversos serviços de pré-natal. A realização do US tem levado a
diagnósticos precoces, permitindo o início também precoce das intervenções,
diminuindo a intensidade e a duração da morbidade, sica e emocional, para a família
(GARRET, 2002).
Na subcategoria a seguir, a representação do pré-natal está associada ao
cuidado que a mãe tem pelo filho quando realiza o pré-natal.
5.3.3 Cuidado
O cuidado expresso pelas mulheres do estudo está relacionado mais uma vez
com à presença de um ser gerado no seu ventre, que depende dela para ser cuidado,
nascer saudável e, para isso, a realização do pré-natal faz parte destes cuidados. As
mães expressam esse cuidado.
Pré-natal acho que é cuidar de uma filha que está por vir,
preocupação com o seu filho. E1
Você tem que cuidar dele desde o primeiro momento, a partir do
momento que ele está ali você tem que cuidar dele e a forma de cuidar
dele é fazendo um bom pré-natal. E1
o pré-natal é para a gente ter cuidado com a mente e com o bebê,
para não nascer com problemas. E21
Eu estou realizada com ele, se não fosse o pré-natal eu não ia saber o
que era que eu tinha como eu ia fazer como eu ia cuidar do meu bebê.
E10
Eu acho que a importância que eu é que eles tem que cuidar do
bebê da gente , porque se a gente não vir a gente não vai saber
porque a gente não ver dentro, por isso eu acho importante o pré-
natal.E19
O cuidado materno é expresso ao longo da vida da mulher de variadas
formas, dependendo da faixa etária em que seu filho se encontra e este cuidado é
iniciado a partir do momento do diagnóstico da gravidez, quando a gestante E1 expressa
a importância do cuidado desde o primeiro momento, a partir do instante em que o bebê
está ali e esse cuidado precoce é iniciado com o pré-natal. A gestante E10 relata que, se
não fosse o pré-natal, não ia saber o que tinha ela e como ia cuidar do seu bebê. a
gestante E19 relata o pré-natal como uma forma de cuidado, pelo fato de não poder ver
o que esdentro de sua barriga e o pré-natal é uma maneira de fazer o elo mãe/feto. O
pré-natal está sendo evidenciado como um momento de preparação para a maternidade
que se reflete como uma forma de cuidado.
O momento do cuidar do filho é exercido pela mãe a cada minuto, a cada
instante do seu desenvolvimento, pois são duas pessoas em um corpo, com suas
diferenças e características. O cuidado da mãe é um ato natural, uma expressão de
interesse, amor e carinho, e assegura a manutenção e a continuidade da vida. Ela
preocupa-se com seu filho, quer o melhor para ele, e no período gestacional este
cuidado está representado por uma assistência pré-natal de qualidade.
Colliére (1999) enfatiza que as atividades de cuidados exercidos pelas
mulheres percorrem o ciclo vital, isto é, do nascimento à morte. Referindo-se ao corpo
como o lugar de concepção da vida e do nascimento, surge o cuidado que tem uma
presença constante através do recém-nascido que sai deste corpo. Este corpo feminino,
lugar e expressão de fecundidade, é cuidado durante todas as fases da vida da mulher:
puberdade, gestação, parto e nascimento. É pelo corpo que a mulher presta cuidado ao
recém-nascido e à criança.
O cuidar através do corpo é assim descrito por Coliérre (1999, p. 42):
Cuidar é assim aquilo que se liga o corpo que deu a vida ao
corpo da mulher que a está a dar e ao corpo da criança que
ajuda a nascer. Este cria-se e prolonga-se pelas mãos, o tocar
mas também pela utilização de elementos mbolos da vida: a
água, as plantas , e seus derivados:óleos, loção que por seu
lado, ligam ao universo e garantem uma proteção.
Waldow (2006) afirma que o cuidado humano é uma forma de viver e
relacionar-se. Fazendo uma comparação com o processo de gestar, a mulher pela
gestação, cuida de seu filho (ser vivo), relaciona-se com ele durante a gestação e tem o
pré-natal como uma forma concreta de viabilizar este cuidado.
Inúmeras palavras são associadas ao cuidar, como aceitar, assistir os outros,
envolver-se, estar presente, confortar, proteger, respeitar, ter habilidade técnica,
relacionar-se, ouvir, compartilhar, tocar e escutar. Estas mesmas palavras que muitas
vezes são expressão de atitudes fazem parte do cotidiano das consultas de pré-natal.
O cuidado exercido no pré-natal torna-se realidade a partir destas consultas
consideradas um processo de aprendizagem, valorização do ser humano e de suas
necessidades, e são apreendidas pelo profissional com o estabelecimento da escuta
ativa. Esta escuta ativa deve valorizar não apenas as queixas, mas também as questões
angustiantes que causam desconfortos às mulheres grávidas (NEY; TOCANTINS,
2006; MOURA; LOPES, 2003).
Moura e Lopes (2003) relatam que a base do atendimento humanizado no
pré-natal inicia com o reconhecimento da individualidade da mulher grávida,
estabelecimento de uma relação de respeito para que esta se sinta a vontade para
exprimir suas intimidades.
Escutar a mulher gvida por ocasião da consulta, individualizando este
atendimento, subsídio para o profissional saber a real importância que esta mulher
atribui ao pré-natal e prestar um assistência baseada no que será relatado por elas.
As mulheres grávidas do estudo comparam a assistência pré-natal de antes,
baseada em experiências, ressaltando as melhorias ocorridas ao longo do tempo. Os
depoimentos relatam este aspecto:
Eu acho importante porque é assim um cuidado para saber,
antigamente tinha muito curso por causa disso, as mulheres o
tinham muito cuidado, não sabiam como a criança tava. E?
O pré-natal é muito legal, porque meus filhos que eu tive para trás
não foi tão, como é que se diz é muitos exames, muitos cuidados, não
tinha muitos cuidados assim como hoje eu estou me sentindo, não
tinha melhorou muito. E20
Os depoimentos expressam a satisfação das mulheres grávidas com a
qualidade do cuidado pré-natal, pois antes não tinham muitos cuidados, exames, não
sabiam como a criança estava. Esta satisfação influencia de forma positiva no vínculo
da mulher grávida com o serviço, onde esta terá a oportunidade de vivenciar todas as
etapas do cuidado pré-natal.
Ao longo dos anos, houve investimento, por parte governo, na assistência à
saúde da mulher, propondo políticas públicas como o objetivo de ampliar cobertura
mediante o Programa Saúde da Família, facilitar acesso ao serviço mais próximo às
mulheres, investir em capacitação profissional, melhorar a infra-estrutura dos serviços,
realizar pactuações entre municípios, assegurar a realização de exames laboratoriais e
complementares, dentre outros. Podemos citar como exemplo destas políticas o
Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM), Programa de
Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), Pactos Nacional, Estadual e
Municipal de Redução da Mortalidade Materna, Projeto Nascer (tem por objetivo
reduzir a transmissão vertical do HIV/ sífilis), o Pacto pela vida etc.
5.3.4 Detectar problemas
Na subcategoria a seguir, as mulheres grávidas representam o cuidado pré-
natal como forma de detectar problemas e, o que é representado nas seguintes falas:
Para mim pré-natal é uma coisa importante para a gente estar tendo
acompanhamento médico, é que você vai ver saber como está
ocorrendo na vida de uma criança, se está ocorrendo tudo bem, para
quando a criança nascer, ás vezes tem criança que nasce com
problema exatamente pais que não se preocupam com o pré-natal.E2
É importante para a criança não nascer com mal -formação, com
defeito.E3
Se a criança nascer com alguma coisa e a gente fazendo o pré-
natal a gente já sabe, faz US tudo direitinho a gente já sabe.E3
Se for ter algum problema ou não o médico passa algum remédio. E1
As mães relatam nas falas a preocupação em gerar um filho saudável, sem
problemas, e mais uma vez representam no pré-natal a possibilidade de, por meio deste
acompanhamento, ter um filho saudável, como expressa a gestante E1 sobre a
importância do pré-natal, que é para saber o que está ocorrendo na vida de uma criança
e que, para quando nascer, não nascer com problema. A gestante E3 especifica com
clareza que o pré-natal é importante para a criança não nascer com malformação, com
defeito. A gestante E3 coloca no pré-natal o caminho para saber se a criança vai nascer
com alguma “coisa” e a realização do US o meio para concretizar isso. A gestante E1 já
vê a figura do dico como a pessoa durante a assistência pré-natal que passará
medicamento, caso aconteça algo com seu filho.
O medo de gerar uma criança malformada ocorre em algumas mulheres
grávidas, mesmo quando seu bebê já está todo formado. Este sentimento acontece em
diferentes períodos da gravidez. Não é comum estas mulheres expressarem estes
sentimentos no momento da consulta, por não encontrarem espaço de fala, como
também ser difundido que a gestante não deve pensar, falar nem ver coisas
desagradáveis ou ter pensamentos negativos para não influenciar na formação do bebê
(MALDONADO, 1998).
As mulheres do estudo, no momento da entrevista, expressaram a
necessidade de comparecer ao pré-natal para saber se seu bebê tinha algum problema ou
era malformado.O profissional de saúde que pratica o cuidado pré-natal deve abrir
espaço de fala para que as mulheres grávidas exprimam seus temores, anseios e medos
em relação a este assunto (MALDONADO, 1998).
As falas seguintes reforçam a representação do cuidado pré-natal como uma
forma de detectar problema:
É muito ruim, tem gente que não faz o pré-natal não sabe como está
seu filho se tem alguma doença, alguma coisa assim dá logo, eu acho
muito importante o pré-natal. E4
A gente fazendo o pré-natal sabe se ele está bem se está no ponto de
nascer, se tem algum problema. E10
Para mim é para saber como está a criança no ventre, saber se tem
um bom formato, se tem algum desenvolvimento realmente, o que eu
acho é isso mesmo, se está se desenvolvendo, o peso o tamanho e
tudo.E24
O pré-natal para mim está sendo ótimo porque eu to acompanhando o
desenvolvimento do meu filho estou vendo se ele está se
desenvolvendo com saúde.E11
Estes relatos reforçam mais uma vez a importância do cuidado pré-natal,
representado pelas gestantes como uma forma de acompanhar seu bebê, se ele esno
ponto de nascer, se tem um bom formato, como está o peso e o tamanho, a satisfação de
acompanhar o desenvolvimento do filho e se ele está com saúde.
A próxima subcategoria expressa a representação do cuidado pré-natal
mediante o contato que a mulher grávida tem com o seu bebê.
5.3.5 Manter contato com o bebê
Nesta subcategoria, as mulheres representam o cuidado pré-natal também
como uma forma de manter contato com o seu bebê. Analisando o roteiro da consulta
pré-natal, observa-se que uma predominância de ações técnicas muitas vezes
valorizadas pelos profissionais em detrimento da escuta, do levantamento das
necessidades, do momento de a mulher de falar de sua gravidez, seus sentimentos,
desejos. Para que o profissional identifique como a mãe representa o cuidado pré-natal
através do contato com o bebê, é necessário que haja dialogo. Para as mulheres grávidas
do estudo, comparecer ao pré-natal é uma forma de ouvir o coração do bebê, estar mais
perto, sentir pelo som dos batimentos cardíacos que seu be está ali. As falas
representam este sentimento:
Toda consulta que eu venho eu saio bem mais tranqüila, porque
quando não venho eu fico insegura, a consulta me deixa bem mais
segura, quando escuta o coração do bebê , fala que está tudo bem,
gente fica mais segura.E9
É uma forma de conhecer meu filho,antes de ele nascer né, uma
forma de estar junto com ele, escutando o coraçãozinho, sabendo
como ele está. E4
“É para eu acompanhar o desenvolvimento do meu bebê, como é que
ele ta, para eu ouvir o coraçãozinho dele bater, toda vez que eu venho
que eu escuto saio daqui mais feliz, eu imagino ter uma vida dentro de
mim é a realização de uma mulher.”E23
Em relação ao pré-natal é cansativo vir uma vez no mês, mas uma
coisa que me sinto feliz por vir o pré-natal é ouvir o coração da
criança bater , só em ouvir o coração eu me sinto feliz.”E24
Em todas as falas, as mulheres relatam a felicidade de ouvir o coração do
bebê bater, caracterizando um momento do encontro entre mãe e filho. Este encontro
ocorre em decorrência da consulta pré-natal, que tem como rotina auscultar os
batimentos cardiofetais. Uma rotina que pode ser transformada em um momento de
felicidade e segurança para a mulher, pois pelo som das batidas do coração, ela percebe
que seu bebê está bem.
Para a gestante E4, ouvir o coração durante a consulta de pré-natal é
conhecer o bebê antes dele nascer; é ficar junto. Ouvir o coraçãozinho foi expresso pela
gestante E23 como um momento de felicidade, de imaginar uma vida dentro dela, que
essa vida dentro de si é uma realização de uma mulher. para a gestante E24, vir ao
pré-natal é cansativo, mas sente-se feliz quando escuta o coração.
Parece haver uma comunicação de dentro para fora, através das batidas do
coração, que sempre foi considerado o órgão da vida e do amor. A mãe sente-se feliz
quando ouve a batida de um coração saudável, pois associa a idéia de que seu bebê tem
um bom desenvolvimento, está bem; assim ela fica segura.
Também ocorre a comunicação de fora para dentro, quando Bonomi (2002)
relata que o feto durante a vida intraútero desenvolve talentos e capacidades, como a de
ouvir o coração materno bater, o que lhe segurança e tranquilidade; e isso reflete em
algumas atitudes quando nascem, como gostar de aninhar-se ao peito da mãe e preferir
mamar no peito esquerdo.
A próxima subcategoria reporta-se à preocupação que as mulheres grávidas
têm consigo mesmas.
5.3.6 Preocupação com ela mesma
Nesta subcategoria, as mulheres expressam que o cuidado pré-natal é uma
forma de saber como está, o espaço para acompanhamento de seu peso, de realizar
tratamento. A mãe tem que estar bem para gerar crianças saudáveis. As falas expressam
este sentimento.
Para mim eu acho ótima porque todo mês eu sei assim como eu estou,
sei meu peso, sei como é que se diz como o bebê ta bem ou se não ta.
E17
O pré-natal está sendo legal porque com esse pré-natal agora eu to
fazendo meu tratamento que eu não fiz no passado agora eu to
fazendo ai está sendo importante para mim que estou me tratando.
E21
Para conversar um pouco com a doutora sobre o que estou passando,
se to me sentindo bem ou não, eu acho importante. E5
A gestante E1 acha ótimo vir todo s para acompanhar seu peso e ver
como o be está; a gestante E21 está tendo a oportunidade de, nesta gravidez, no
cuidado pré-natal, realizar um tratamento que não havia feito na gravidez passada; e a
gestante E5 no pré-natal a oportunidade de conversar com o profissional sobre o que
está sentido e se ela está bem ou não. Comparando com as outras categorias, observa-se
uma preocupação maior da mãe para com o seu filho, sendo deixado um pouco de lado
o seu bem–estar, mas, nesta subcategoria, as mulheres se preocupam com elas mesmas
como uma forma de estar bem para o seu bebê também estar bem.
Na consulta pré-natal, as gestantes devem ser vistas de forma integral, o
profissional deve ter a sensibilidade de abordar questões relacionadas à mulher, pois,
afinal de contas, ela não é apenas uma barriga que carrega algo dentro. Como relata
Zubaran (1998, p. 30) ...que atrás de um útero grávido existem pessoas, uma mulher
inteira, um homem inteiro e toda uma família inteira grávida envolvida na gestação do
novo membro que vai chegar. Acrescenta que a mulher que transporta este útero
gravídico busca neste encontro expressar seus sentimentos mediante sintomas próprios
da gravidez ou suas emoções, o que aparece neste momento tão especial de sua vida.
As ações de assistência à mulher devem transpor as questões baseadas
apenas nos aspectos biológicos com abordagens técnicas; devem olhar além da
maternidade e incluir aspectos relacionados a sua saúde no plano dos direitos sexuais e
reprodutivos; e abordar sua dimensão social, econômica e cultural, pois a interação
destes aspectos é que vai definir sua qualidade de vida (CABRAL; RESSEL;
LANDERDAHL, 2005).
A promoção da saúde da mulher relacionada ao seu período reprodutivo
deveria começar com as consultas de aconselhamento pré-concepcional, com o objetivo
de fornecer informações necessárias para decidir sobre seu futuro reprodutivo. Neste
aconselhamento, seriam abordados aspectos como evitar gravidez indesejada,
diagnosticar fatores de risco, estimular estilo de vida saudável para promover o bem-
estar da mulher e de seu futuro bebê (SINCLAIR, 2002).
As falas seguintes continuam expressando a preocupação das mulheres
grávidas consigo mesmas.
Estou muito sensível estou me sentindo mais agora, o tempo todo este
clima de chuva, denso, eu fico pra baixo, depressão já tive. E13
Uma coisa que não gostei da gravidez, foi no colégio que a mulher
não aceitava eu vestir vestido. E7
Eu acho importante não para mim como para meu filho, eu vou
ficar sabendo como ele está como eu estou, é a minha primeira
gravidez, como é o meu preparamento para o parto, como devo me
comportar, os cuidados que devo ter. E22
Estar sensível na gravidez foi o sentimento expresso pela gestante E13 que
associa esta sensibilidade à gravidez e esta se acentua em períodos de chuva, quando ela
fica para baixo e preocupa-se com estes sentimentos pelo fato de ter história anterior de
depressão. A gestante E7 sente-se incomodada pelo fato de a gravidez a ter afastado do
colégio porque da diretora o permitir que ela usasse vestido teria que usar a farda
escolar que em determinado período não ia mais poder vestir. Isto demonstra a
insensibilidade por parte da gerência da escola e uma forma de discriminação.
A importância da consulta pré-natal para a gestante E22 é uma forma de
atender a ela e ao bebê, pelo fato de ser primípara e não ter experiência. Na consulta, ela
também vai receber orientações para o parto, como deve enfrentar este processo do
trabalho de parto e os cuidados que terá neste período.
O período do cuidado pré-natal é o primeiro passo e o momento para
preparar a gestante fisica e psicologicamente para o parto e para a maternidade. Isto por
meio da Educação em Saúde, pois os profissionais a utilizam como uma ferramenta para
o processo de cuidar (RIOS; VIEIRA, 2007; MOURA; LOPES, 2003).
Ávila (1998) vai mais além, enfocando que a assistência integral a saúde da
mulher durante a gravidez tem por objetivo o preparo de toda a família, não para o
parto, pois vão se preparar para serem pais e para a vida. É neste momento que a
pessoas envolvidas com a gestação vão ter oportunidade de se conhecer, conhecer as
suas relações mútuas, expressar seus sentimentos de medos, angústias e dificuldades,
visando à prevenção dos distúrbios maiores.
5.3.7 Sentimentos e dificuldades das mulheres em relação à gravidez
A categoria 2 emergiu quando foi indagado às mulheres como se sentiam
grávidas. Esta indagação foi pertinente para o estudo pelo fato de as gestantes
expressarem seus sentimentos em relação a gravidez e modo como a vivenciaram.
Sendo assim, podemos associar como estas questões influenciariam na importância que
elas dariam ao cuidado pré-natal. Daí surgiram cinco subcategorias.
- Ambivalência
A ambivalência é definida como a tendência de dar expressão igual a impulsos e
sentimentos contraditórios e opostos. O fato de sentir-se grávida foi representado pelas
mulheres do estudo como uma não-aceitação inicial da gravidez, pelas dificuldades,
presença de outros filhos, falta de apoio familiar, ausência do companheiro e, após
algum tempo, com o desenvolvimento da gestação, elas estavam felizes, aceitando a
gravidez, e às vezes conformadas, o que caracteriza bem o sentimento de ambivalência.
As falas ilustram estes sentimentos.
Para mim assim até a metade da gravidez, assim eu não queria de
jeito nenhum, tenho um, passei por muita dificuldade, mas depois
me conformei. E5
Eu estou assim me sentindo bem, no começo não foi muito bem
porque eu não queria eu morava com meus pais, eu fiquei com medo
de meu pai não falasse mais comigo, eu não queria. E7
No começo para mim foi muito difícil aceitar entende, eu não queria
aceitar, mas hoje para mim é a coisa mais importante que está
acontecendo comigo, é uma coisa inexplicável você sabe quando
está passando. E14
Para mim está sendo difícil em termo de cuidar da criança que é uma
responsabilidade muito grande e ao mesmo tempo me sinto feliz que é
um a criança que estou gerando, uma vida que estou tendo
oportunidade de botar na terra. E15
Quando eu engravidei foi assim difícil eu não queria aceitar porque
eu tenho um filho de três anos, eu não quis aceitar, mas meu marido
conversou me deu força e minha irmã. E6
Os sentimentos iniciais expressados pelas mulheres foram de não-aceitação
da gravidez, como relata a gestante E5 que, até a metade da gravidez, não queria de jeito
nenhum, por já ter um filho, mas depois houve uma aceitação. A gestante E7, no
momento da entrevista, estava se sentindo bem, mas no início da gravidez foi difícil,
pelo fato de morar com os pais e não sabia como eles iam reagir. A gestante E14
também relata a não-aceitação no início, mas agora sente que é a coisa mais importante
que aconteceu na sua vida. A gestante E15 relaciona a sua dificuldade à enorme
responsabilidade que é cuidar de uma criança, mas está feliz por ter a oportunidade de
gerar uma vida. A gestante E6 encontrou na família o apoio para aceitar uma nova
gravidez em um contexto de uma família de três filhos.
A mulher, quando engravida, assume um novo papel e, com isso,
sentimentos de ambivalência, o que é considerado uma resposta normal para aquelas
pessoas que se preparam para um novo papel. A mulher grávida pode vivenciar este
período de forma positiva ou negativa, variando em momentos de querer ou não querer
a gravidez; nenhuma pessoa aceita ou rejeita totalmente a chegada de um filho
(SAUDERS, 2002; MALDONADO, 1990).
A gravidez, junto com a adolescência e o climatério, são períodos de
grandes transformações para a mulher, e, se reportando especificamente para a gravidez,
ocorrem transformações interpessoais e intrapsíquicas, o que envolve perdas e ganhos
(MALDONADO, 1998).
A gravidez pode no primeiro instante não ser desejada, mas, com o passar
do tempo, ocorre uma aceitação e as preocupações de querer ou não esta gravidez es
associada a questões como: ser o momento ideal para ter um filho, levando em
consideração as questões financeiras, emocionais e profissionais, ter capacidade de amar
e cuidar do filho, preocupação com o parto, com relacionamento do casal etc. De tudo
isso, o que se torna mais importante é esclarecer para a mãe ser normal que ela viva e
sinta estes sentimentos ambíguos e preocupações (MALDONADO, 1998).
Para Lima (2006), a gravidez não planejada influencia na gestação e esta
passa a ser representada como momento difícil e solitário, principalmente no inicio,
mas, com o passar do tempo, surgem os sentimentos de prazer e as gestantes
representam a importância da família no processo de gestação, pois a mulher, quando
engravida, busca apoio e segurança no parceiro e na família.
As mulheres do estudo vivenciaram todos esses sentimentos de querer ou
não querer a gravidez. Para algumas, foi dada a opção de abortar como uma forma de
resolver a gravidez não desejada. As falas revelam:
Hoje eu to feliz, no começo não, não tinha ninguém perto de mim,
ninguém para mim apoiar, as pessoas para me dizer para eu tirar,
que não pode como você vai ter outro.E5
No começo não era uma gravidez desejada, mas como aconteceu, não
sou a favor do aborto, resolvi ter, estou achando maravilhoso. E22
Antes eu namorava com este menino agora eu estou junta com ele, eu
não aceitava a gravidez, eu não queria, não tinha certeza, eu tinha
certeza que estava grávida, não queria aceitar, as pessoas se
reuniram para eu abortar, mas eu não queria abortar e não queria
ficar grávida. E7
A gestante E5 informa que esfeliz, mas que o começo foi difícil, pois se
encontrava sem apoio e as pessoas, quando chegavam perto dela, era para estimular o
aborto. A gestante E22 reconhece que a gravidez o foi planejada, aconteceu, mas não
quis abortar pelo fato de ser contrária à ideia, mas agora está sendo maravilhoso. A
gestante E7 encontra-se realmente permeada de sentimentos de ambivalência, pois
momentos em que não aceita a gravidez, não quer estar grávida e as pessoas chegavam
para ela para estimular o aborto, mas ela não queria abortar e também não queria estar
grávida.
São sentimentos que surgem muitas vezes de uma gravidez não planejada,
mas no futuro ela se torna desejada. O profissional deve estar sensível às questões dos
sentimentos ambíguos durante este período e trabalhar com a gestante maneiras de
enfrentar e superar estes momentos de conflitos, para levar a gestação de maneira
saudável.
Para as gestantes que não conseguem ou têm dificuldades de trabalhar estas
questões, deve ser dada a oportunidade de acompanhamento, com profissionais
especializados, como é o caso dos psicólogos. Algumas gestantes do estudo tiveram tal
oportunidade. As falas demonstram isso:
Eu queria passar pela psicóloga, mas na hora H eu o, vou para
casa vou conversar não, eu tenho problema assim no começo da
gravidez eu me separei do pai do meu filho, essa gravidez não foi
muito boa, mas estou conformada... .E10.
Eu vejo um momento de felicidade é um momento de responsabilidade
também, mas não era uma gravidez que eu estava esperando, está
sendo um pouco difícil eu tive que passar por um acompanhamento
psicológico e estou superando tudo e espero que tudo normal, eu
tinha outros planos, agora eu me sinto melhor e mais confiante. E16
A necessidade de ter um acompanhamento e a realidade deste
acompanhamento foram expressas pelas gestantes E10 e E16. A gestante E10 sente a
necessidade de conversar com a psicóloga, mas depois desiste, sente-se conformada
com a gravidez, mas carrega o problema da separação do pai da criança. A aceitação da
gravidez para a gestante E16 foi intermediada pelo acompanhamento do psicólogo e ela
espera ter superado e que tudo acabe bem. O hospital no qual foi realizado o estudo tem
um Serviço de Psicologia que atua no pré-natal, fazendo acompanhamento das gestantes
em conflito.
A subcategoria a seguir mostra a felicidade das mulheres com a gravidez.
- Felicidade
Nesta subcategoria, as mulheres expressam a felicidade por estarem
grávidas, pois gravidez é o dom da vida, por ser a segunda gravidez. Estes sentimentos
são expressos pelas falas:
Eu passei por esta experiência é a segunda vez, é assim um
momento inexplicável que a gente pode dizer eu estou achando legal.
E5
Eu estou em um momento muito bom da minha vida, feliz por ser
minha segunda gravidez e é uma menina. E6
No momento estou me sentindo bem é minha segunda gestação e
como lhe expliquei faz um casal, tem uma menina de sete anos,
estou me sentindo bem realizada. E8
Feliz porque há muito tempo eu esperava um bebê menina, eu não tive
e nem esperava está grávida agora. E20
Agora é uma menina, agora eu to feliz. Feliz com meu marido, com
meus filhos, com a vida que eu levo, apesar de não ser muito boa,
tudo bem. E20
É um menino, eu tenho uma menina, mas mesmo assim a gente
quer, então é isso me sinto uma mulher feliz porque espero meu
segundo filho. E24
Eu estou aprendendo mais com a segunda eu estou feliz.. E5
Estou bem realizada com meus quatro filhos. E10
Estar grávida pela segunda vez, esperando a chegada do filho desejado
(menino ou menina) é a expressão de felicidade das mulheres do estudo. Elas sentem-se
bem realizadas e felizes. A gestante E5 associa a gravidez a um momento inexplicável.
A gestante E20 há muito tempo espera ter uma menina, estava feliz mesmo que a
gravidez não tenha sido programada; também ela relata estar feliz com sua família e
com sua vida, apesar de não ser muito boa, revelando sentimentos ambíguos.
Quando a concepção de um novo ser é realizada de forma planejada, os
sentimentos que são gerados em decorrência desta gravidez são de felicidade e alegria
(Lima, 2006).
Outros sentimentos de felicidade são expressos pelas gestantes.
Eu me sinto feliz, porque eu me acho feliz quando engravido é o dom
da vida, toda mulher quer engravidar. E21
A gravidez foi um momento que me surpreendi completamente, eu
vivo todo dia eu to muito feliz. E13
Feliz, desejada, querida pelas filhas, pelo esposo, pela família toda,
principalmente com saúde. E12
Estou me sentido bem, to me sentindo segura. E11
É uma da melhores gravidezes, apesar de eu não ter marido não, uma
gravidez só, uma gravidez normal sem risco de nada. E10
Me sinto feliz , muito sensível(choro)porque meu marido me
chateou muito. E13
A gravidez vivenciada de forma positiva traz felicidade às mulheres do
estudo, como evidenciado nas falas. A gestante E21 relata que engravidar é desejo de
toda mulher e sente-se feliz quando está grávida.A gestante E21 vive a gravidez todo
dia e isso é motivo de felicidade. E12 sente-se feliz, desejada por toda a família; já E10,
mesmo não tendo o apoio do marido, está bem com uma gravidez sem risco; e a
gestante E13 está feliz e sensível neste período, tendo chorado durante a entrevista, em
razão de desentendimento com o companheiro.
Estar bem com o corpo e com a mente também traz felicidade para as
mulheres do estudo, o que é representado pelos discursos:
Eu estou me sentindo bem porque essa é a terceira gravidez, me
sentindo bem porque não estou inchada com problema de pressão alta
agora, por enquanto me sentindo muito bem agora. E19
Estou me sentindo ótima, estou me sentindo bem fisicamente e
mentalmente também. E23
Para a gestante E19, além de estar feliz com a terceira gravidez, está
sentindo-se bem porque sua pressão arterial está estabilizada e não apresenta inchaço. A
gestante E23 está sentindo-se ótima e bem física e mentalmente.
A gravidez vivenciada de forma positiva contribuirá para um bom
desenvolvimento do feto, pois o vinculo materno-fetal se forma de uma maneira sólida;
a mulher cuida melhor de si e de sua gravidez; enfrenta as diversidades com mais força
e torna-se um ser atuante durante o processo de parir.
A próxima subcategoria relata a gratidão que as mulheres do estudo têm a
Deus por estarem grávidas.
- Gratidão a Deus-Fé
Nesta subcategoria, as mulheres do estudo representam o sentimento de
estarem grávidas com muita felicidade e com agradecimento a Deus por este momento.
Realizada maravilhosa, ai é muito bom, você sentindo uma pessoa
crescendo, dependendo de você, é ótima, uma maravilha, uma dádiva
de Deus. E22
Eu me sinto feliz por gerar mais um filho que toda mãe deseja pegar
seu filho é Deus que dá e não a gente que quer. E24
Foi tudo bem graças á Deus, eu só estou esperando agora. E9
Me sinto muito bem eu não queria não precisava fazer tratamento
nem nada, é um momento muito bom para mim graças a Deus. E17
Sentir-se grávida no momento da entrevista foi representado pela gestante
E22 como uma realização pelo fato de sentir uma pessoa crescendo e dependendo de
você, pois a gravidez é uma dádiva de Deus. Para a gestante E24, a felicidade está
representada pela possibilidade de gerar um filho e que a vinda deste filho é um desejo
de Deus e o da mulher. A gestante E9 representa a presença de Deus ao fato de estar
tudo bem na sua gravidez.
A subcategoria abaixo representa a insegurança das mulheres durante o
período gestacional.
- Insegurança
A insegurança é representada pelas mulheres mediante a preocupação com
sintomas sentidos durante a gravidez, atitudes que o bebê toma e às vezes comparados
com gravidez anteriores. As falas a seguir representam tal insegurança:
Diferente da outra gravidez, porque esta mexe mais, o menino era
mais calmo, essa é mais ativa me deixa um pouco preocupada, eu
pergunto as pessoas e elas dizem que toda gravidez é diferente da
outra, ai eu aceito esta resposta. E6
Nesta gravidez estou me sentindo assim uma diferença muito grande
da gravidez anterior sabe, assim em relação a tudo, a outra gravidez
foi bem diferente dessa, porque a outra eu senti mais enjôos, esta senti
mais enjôos, agora eu senti dores os seis meses, sinto dores ai fico
mais preocupada do que a gravidez anterior, mas compensada. E9
O que me preocupa mesmo é a enxaqueca que me incomoda, saber
que eu não posso tomar chá como tomava antes, eu faço mais é fraco,
eu fico preocupada com isso, tontura, só essa coisas que saem da
minha rotina. E13
Tive dúvida porque estava sangrando, eu achava que não ia seguir
esta gravidez, eu podia perder a qualquer momento. E11
Depois ele pediu para depois eu fazer um exame que eu estava
cansada, ai eu fiquei mais preocupada ai vi que ele estava
dependendo de mim. E14
Os sintomas físicos surgidos em decorrência da evolução da gravidez
deixam a gestante preocupada, como relata E9 pois o que a incomoda são os enjoos e as
dores; na gravidez passada não tinha sentido tanto, mas com tudo isso ela es se
sentindo compensada.A gestante E13 preocupa-se com a enxaqueca e tontura e fica
insegura em tomar chá ,e pelo fato de os sintomas não fazerem parte do seu cotidiano.
Já a gestante E11 teve dúvida em razão do sangramento que ocorreu durante a gravidez,
e sua insegurança estava representada na possibilidade de perder o bebê. Para E14,a
representação da sua insegurança emergiu desde o momento em que foi solicitado pelo
médico um exame por conta de seu cansaço.
Observa-se mais uma vez nas falas a necessidade de uma abordagem
integral a gestante no momento da consulta de pré-natal, para que o profissional possa
atuar com base nas necessidades da gestante, permitir que o diálogo seja aberto, dando a
oportunidade a se expressar.
Lima (2006, p. 71) afirma que
...o período da gestação uma relação da mulher com seu próprio
corpo em processo de mudanças que se iniciam na primeira semana
da gestação e continuam durante todo o período gestacional... as
modificações causam desconforto à mulher e é mais acentuada em
“gestantes de primeira viagem” , pois enfrentam muitas novidades em
relação ao seu corpo.”
A insegurança da gestante E14 vai além do período gestacional, pelo fato de
não entender a necessidade de realizar exames mesmo após da gravidez.
Até falei para o médico que não entendia que eu não tinha nada, no
eletro não deu nada e depois que eu tirasse o bebê eu tinha que fazer
um exame na esteira e até falei para ele que por mais que não queira
mexe com você, por você está com alguma coisa, ai ele disse que não,
mas você fica preocupada qual o dano que vai lhe causar. E1
As informações sobre as alterações que ocorrem com a gravidez podem ser
abordadas tanto no plano individual durante as consultas ou no contexto coletivo por
ocasião dos grupos. As informações que devem ser transmitidas às gestantes devem
incluir os aspectos das alterações orgânicas, físicas, emocionais, sexualidade, sociais
que ocorrem durante o período gravídico-puerperal. Estes esclarecimentos têm por
objetivo prevenir ansiedades futuras provocadas pelo desconhecimento das situações
próprias do período (ÁVILA, 1998).
Na próxima subcategoria, as mulheres representaram as dificuldade com a
adaptação física da gravidez.
- Dificuldade com a adaptação física da gravidez.
Nesta subcategoria, as gestantes representam as dificuldades enfrentadas
decorrentes das modificações físicas da gravidez, o que para algumas mulheres causa
bastante desconforto. Vejamos as falas;
Dificuldade com o corpo que tem transformação, as dores...E1
Eu sentia umas dores na barriga ai dico passou remédio, graças a
Deus passou. E3
Dificuldade com o meu corpo, dor nas costas, peso nas pernas ta
entendendo o meu próprio corpo reagindo por causa da gravidez. E8
Nesta gravidez senti mais enjôos, mais suadeira, moleza no corpo,
mais dores, da outra gravidez nem parecia que estava grávida. E8
Eu senti algumas dores fora isso não...E9
Eu acho que a dormida você fica mal mesmo, principalmente agora
neste período final. E14
As modificações fisiológicas ocorrentes no corpo por ocasião da gravidez
decorrem principalmente de fatores hormonais e mecânicos. Estas modificações m o
objetivo de proteger o funcionamento normal do corpo da mulher, atender as demandas
metabólicas que a gravidez necessita e proporcionar um ambiente adequado para o
crescimento e desenvolvimento de um novo ser (MOREIRA; REZENDE FILHO, 2008;
LOWDERMILK, 2002).
As mulheres do estudo expressam, de forma clara, a dificuldade que
enfrentam em virtude das modificações do corpo, como refere a gestante E1, sobre as
dores que sente no corpo pelas transformações por que o corpo passa.A gestante E8
também relata dificuldades com o corpo, dores nas costas, peso nas pernas, e representa
que é o corpo reagindo por causa as gravidez e também sente enjoos, suadeira, moleza
no corpo e compara dizendo que na sua outra gravidez não sentia isso.O que incomoda a
gestante E14 é a dificuldade que tem para dormir, principalmente na fase final da
gravidez.
Essas dificuldades representadas pelas mulheres podem influenciar de forma
negativa na vivência da gestação e nas formas de enfrentamento destas dificuldades.
Devem ser estimuladas a comparecer de forma regular às consultas de pré-natal para
buscar atendimento com a meta de tratar os sintomas.
Os profissionais de saúde que acompanham as gestante devem ter
conhecimento acerca da fisiologia materna normal para serem capazes de identificar
fatores que influenciem na adaptação da gravidez e agir o mais precocemente possível,
ensinar a gestante a reconhecer as mudanças anatômicas e fisiológicas da gravidez,
afastar a ansiedade decorrente da falta de conhecimento e ensinar à gestante e à família
os sinais e sintomas importantes que devem ser comunicado ao profissional
(LOWDERMILK, 2002).
Outras falas continuam representando esta dificuldade.
Eu tive problema que eu fiquei muito cansada, só em fala eu fico
cansada, eu até falei para ele que não era assim. E14
Com a gravidez dificuldade foi mesmo só os enjôos. E15
Mudança com o corpo e psicológica principalmente. E16
Foi falte ar e tontura, dor de cabeça essa coisas, mas o médico
passou remédio para mim, até agora não senti, mas nada não.E18
Por causa da quentura eu fico com falta de ar, muita dor no da
barriga e imbra, ai à noite eu não consigo dormir direito, tentei
dormir a noite e passei a noite todinha acordada. E18
O que me atrapalhou no início foi os enjôos, agora eu resolvi os
problemas. E23
Muita dor, enjôos, não consigo comer mais nada, não durmo bem à
noite. E21
Eu to com uma gravidez tranqüila apesar da preocupação com o meu
corpo, mas para mim está bem. E11
As dificuldades representadas pelas falas assemelham-se às descritas
anteriormente, com maior destaque para as que são representadas pelas sensação de
enjoos, relatada pelas gestantes E15,E23 e E21. As sensações de náuseas e vômitos são
sentidas pela maioria das mulheres grávidas ocorrendo mais no primeiro trimestre de
gestação, durante as 12 primeiras semanas,principalmente ao levantar, no final da tarde
e na hora do jantar (MOREIRA; REZENDE FILHO, 2008; ZAMPIERE, 2005) .
Medidas preventivas por meio de educação alimentar devem ser encorajadas no pré-
natal para minimizar estes sintomas.
A categoria 3 descreveas representações das gestantes com o serviço de
pré-natal oferecido, suas satisfações e insatisfações.
5.4 Representações das gestantes com o serviço de pré-natal oferecido: satisfação
e insatisfação
Esta categoria emergiu da representação das mulheres acerca do serviço
recebido na unidade em estudo. Ao responderem ao questionamento quais as
dificuldades encontradas ao longo do cuidado pré-natal com o serviço que estava sendo
oferecido, de uma maneira informal, em seus depoimentos, acabaram realizando uma
avaliação do serviço, que subsidiaa melhoria da assistência às gestantes. Surgiram
três subcategorias.
5.4.1 Organização do serviço-acesso e acolhimento
Nesta subcategoria, as mulheres representam a dificuldade em ter acesso ao
serviço de pré-natal, de marcar a primeira consulta, e o tempo que perdem para marcar.
As falas mostram esta dificuldade:
Maior dificuldade inicialmente foi marcar o pré-natal, eu acho que este
posto está muito precário, só marca no final do mês, aquela fila imensa, a
gente já está gestante e tem que enfrentar aquela fila. E1
A dificuldade que senti foi de marcar o pré-natal, é muito dificultoso. E2
A dificuldade que a gente tem aqui é de marcar a primeira consulta. E4
O primeiro dia que eu vim marcar eu cheguei aqui era quase 6h30min e
eu sai daqui era quase 11h para marcar a primeira consulta. E4
Eu vim duas vezes e o consegui fazer o pré-natal, porque tem muita
gente, tenho que pegar uma ficha e depois marcar, eu vim começar
com cinco meses, de cinco já passou para a segunda consulta com oito
meses. E5
Na primeira vez que eu vim eu não consegui foi uma pessoa que trabalha
aqui que conseguiu para mim. E5
Foi difícil consegui consulta aqui no hospital porque agora é de dois em
dois meses. E6
No serviço só a demora na primeira consulta. E13
“Para vim para eu vim três vezes, é um dificuldade medonha, é uma
enrolada, eu cheguei aqui era cinco horas da manhã, das três vezes que
eu vim não consegui uma ficha para mim, tive que pagar uma pessoa
para consegui uma ficha porque é muita gente, a dificuldade é que é
muita gente para marcar. “E18
“Eles não dizem a quantidade de ficha que é, as três vezes que eu vim
aqui elas não disseram quantas fichas, ai a gente 11h30min morrendo de
fome e disseram que a ficha acabou, ai se irritou aqui, queria quebrar
tudo aqui ai ela deu ficha para o próximo mês.” E18
Elas representam insatisfação com o serviço, pela dificuldade em marcar a
primeira consulta. Esta é agendada apenas uma vez a cada mês sempre no seu final, para
serem atendidas no mês seguinte. As consultas subsequentes são marcadas após cada
atendimento no próprio consultório onde a gestante foi atendida e é registrado o dia da
consulta no próprio cartão da gestante, informando dia, hora e o profissional que
realizará o atendimento. Embora as unidades de saúde da Regional VI realizem
consultas de pré-natal, a demanda por atendimento no hospital em estudo ainda é
significativa. A alta demanda, associada há apenas um dia para a marcação de consultas,
resulta em demora no atendimento, grandes filas e insatisfação com o serviço.
A gestante E1 relata a dificuldade em marcar, o tamanho da fila e a
condição de estar gestante e ter que enfrentar a fila. A gestante E5 demonstra que, além
de demorar, ela começou o pré-natal tarde e a segunda consulta só foi marcada para oito
meses, e que conseguiu consulta por intermédio de uma pessoa que trabalha no
hospital. A gestante E6 representa esta dificuldade pelo fato de as consultas serem
marcadas a cada dois meses.
Observa-se uma necessidade urgente de mudanças no processo de marcação
das consulta, para que se possa atender a demanda e minimizar as dificuldades
enfrentadas pelas mulheres grávidas. As agendas de marcação poderiam contemplar a
abertura em duas ou três datas diferentes para evitar o acúmulo das gestantes e diminuir
as filas. O serviço deve garantir o acesso às mulheres que procuram atendimento quando
da gestação.
Sendo assim, acesso é definido por Silva Junior e Mascarenhas (2006, p.
246) como as dimensões que descrevem a entrada potencial ou real de dado grupo
populacional em um sistema de cuidados de saúde. Adaptando o conceito a assistência
a gestante por ocasião do pré- natal, poderíamos dizer que acesso para as gestantes seria
descrição de como foi a entrada no serviço de saúde para o cuidado pré-natal.
As políticas públicas de atenção á saúde da mulher preconizam que o pré-
natal deve ser iniciado o mais precoce possível, ainda no primeiro trimestre de gestação,
mas, pela representação das mulheres do estudo, o acesso ao serviço é dificultado pelo
rocesso de marcação, demanda alta e filas, o que impede o ingresso no serviço na época
adequada, influenciando na qualidade do cuidado pré-natal.
Travassos e Martins (2004), descrevem um fluxo de eventos que serve
como guia para estabelecer a necessidade versus a obtenção de cuidados necessários. O
fluxo é assim representado: Necessidade de saúde desejo de obter cuidados de
saúde procura-entrada no serviço continuidade dos cuidados.Para assistência pré-
natal ,este fluxo é representado da seguinte forma:
Diagnosticado gravidez(necessidade de saúde) ida ao pré-natal(desejo
de obter cuidados de saúde) procura pelo serviço de pré-natal(procura) inicio
do cuidado pré-natal permanência no serviço até o parto(continuidade dos
cuidados).
As gestantes demonstram ainda dificuldade na marcação, quando
quantificam o tempo que gastam para marcar. A gestante E4 relata que chegou ao
serviço às 6h30m e conseguiu sair ás 11h, perfazendo um total de 4h30mint para ser
atendida, isto é, apenas marcar a consulta para apenas ser atendida no mês seguinte.
Esta gestante enfrentou mais de 4h de fila em pé, em um ambiente sem conforto.
A comunicação de como vai acontecer a marcação das consultas é
importante para que as mulheres saibam como ocorrem todos os procedimentos para
não haver desentendimentos durante o processo. A gestante E18 relata que a sua
experiência em marcar a consulta foi de espera e desorganização por parte do serviço,
que culminou em confusão para que fosse garantido o atendimento.
Observa-se nas das falas, que duas gestantes se utilizaram de recursos, como
amizade com alguém do hospital e necessidade de pagar a alguém para conseguir
marcar consulta. Estes artifícios para driblar o processo normal do atendimento é
corriqueiro dentro dos serviços de saúde.
A demora no atendimento também foi representada pelas gestantes como
um fator de insatisfação. As falas abaixo representam este fato:
A demora no atendimento, demora muito, as vezes você vem assim,
tem meninas ai que esta nos dez dias antes tem que ficar sentada
esperando, esperando até uma hora. E1
Eu estava trabalhando eu cheguei aqui 1 hora e sai daqui as 5h30min
você perde um dia de trabalho para vir, você sabe fica um tanto de
atestado, acaba fica sua patroa fica chateada, acho que deveria
mudar neste sentido. E14
Os horários começam muito tarde, a gente marca o horário e nunca
começa no horário previsto. E15
A demora no atendimento sempre foi caracterizada como um fator de
insatisfação nos serviços de saúde. A hora marcada do atendimento quase nunca é
cumprida e este não- cumprimento está associado à forma como o serviço organiza o
atendimento.A gestante E1 reclama da demora e da falta de prioridade para as gestantes
que estão com idade gestacional avançada. Outra insatisfação é a perda do dia de
trabalho para vir às consultas e a preocupação em ter que sempre levar atestado para
justificar a ausência no serviço.
O tempo de espera prolongado e a espera de atendimento são considerados
os principais fatores que dificultam da assistência na visão dos usuários, levando à
dificuldade de acesso aos serviços (LIMA et al., 2007).
A ausência do ultra-som hospital em estudo foi outro fator de insatisfação
por parte das mulheres. As falas demonstram este sentimento:
Eu acho assim para a gente consegui um exame demora muito e para
ser atendida pela o doutor demora também, eu acho uma dificuldade
muito grande , ai depois que a gente conseguir falar com o doutor,
fazer as consultas direitinho vem o problema do US ai a gente que
pagar e o tem condição e por ser uma cesárea tinha que bater um
US, nem na sala de parto não tem, foi nessa semana que fui lá e não
tinha é essa dificuldade que eu acho. E19
A dificuldade que eu acho é que não tem onde bater US, ai a gente
tem que se deslocar para outro canto ou tem que pagar R$30,00 ou
R$40,00 reais no US. A dificuldade é só essa no meu pensar, para eu
saber como está o meu bebê é preciso pagar, eu não, a minha família
pagou para mim porque eu não posso. E20
Mas com o serviço o único problema aqui é o negócio do US,o
médico passa e a gente tem que bater particular, a gente não ode
fazer isso, eu venho aqui sendo acompanhada desde os três meses de
gravidez e aagora o aparelho está quebrado , eu não sei o que é
isso que aparelho é esse , eu acho que é uma mentira. Isso é o
problema que a gente o tem dinheiro para bater o US, esse é o
problema em relação ao pré- natal. E24
O ultrason que não tem, estou com seis meses e só bati um, eu deveria
ter batido mais. E13
Na subcategoria----- as mulheres do estudo representaram a importância do
exame de Us para acompanhar o desenvolvimento do bebê. A não-realização traz
insatisfação para elas, pois cria uma lacuna no atendimento pela falta do exame. No
período do estudo, o aparelho de US do hospital estava quebrado, naquele momento,
sem previsão de conserto, fato que causou insatisfação nas mulheres, por dois motivos;
o primeiro pela ausência do exame no serviço e o outro pelo fato de ter que pagar
realizá-lo e algumas não tinham condições financeiras para custear o exame.
A desorganização do serviço também foi representada pelas mulheres como
um fator de insatisfação. Seguem as falas correspondentes:
Quando chama a gente para um canto não onde a gente tava, manda
a gente voltar, trata a gente mal. Eu não gosto disso.E21
Se ficar só você e o doutor você se sente mais a vontade.E14
A enfermeira me informou sobre o curso do parto, mas procurei
informação e não consegui fora isso foi tudo tranqüilo. E13
Na primeira consulta aqui não é informada onde é a sala que a gente
vai falar com a doutora, a gente tem que perguntar e às vezes as
pessoas não gostam de responder. E4
“Só mesmo aqui não tem informação onde vai ser a sala, um pouco de
desorganização.” E4
Pelos discursos, as gestantes representam a desorganização do serviço
durante o cuidado pré-natal. A gestante E21 relata o mau tratamento por parte dos
funcionários do serviço e o desencontro de informações acerca do local de atendimento.
A gestante E14 expressa a falta de privacidade no momento da consulta; no hospital do
estudo, ocorre que, na sala ficam o médico/enfermeiro e o auxiliar de enfermagem. A
gestante E13 sente-se insatisfeita por não receber informações sobre curso do parto e E4
também relata a desinformação sobre a sala de atendimento e não encontra ninguém
disponível para ajudar.
Observou que, no serviço, não existe uma recepção para onde as gestantes
possam se dirigir para pedir informações, nem mesmo um sistema de sinalização para
melhor guiar os usuários do serviço. Resta para eles abordar o porteiro ou se dirigir à
sala da assistente social para pedir informações.
A acolhida das gestantes no serviço é realizada pela auxiliar de enfermagem.
que organiza o atendimento por ordem de chegada, recolhe todos os cartões das
gestantes, colocando um número para identificar a ordem. Após este momento, entra no
consultório para organizar os cartões junto com os prontuários e iniciar a chamada para
verificar a pressão e pesar. As gestantes são identificadas pelo número durante todo o
atendimento. As gestantes que chagarem ao serviço após o primeiro contato serão
atendidas por último. Observa-se o pouco envolvimento do funcionário com as
gestantes caracterizando, apenas um cumprimento de tarefas.
O investimento em tecnologias leves ou tecnologias das relações como
acolhimento, vínculo, automização, a responsabilização e gestão os profissionais de
saúde construirá um novo processo de cuidado. Destacamos aqui, para a produção de
um novo processo de cuidar para as gestantes que buscam o cuidado pré-natal, as
tecnologias leves do acolhimento e vínculo.
Por acolhimento, Souza et al. (2008, p. 102) entendem como dispositivo
potente para atender as exigências do acesso, proporcionar vínculo, entre usuário e
serviço, questionar processo de trabalho, desencadear cuidado integral e modificar a
clínica. Os autores acrescentam que, junto com o acesso, eles se completam na
perspectiva da integralidade do cuidado e são considerados como meios para planejar,
organizar e produzir ações e serviços de saúde.
Percebe-se pelas falas das mulheres a ausência de acolhimento no hospital
em estudo pelo fato de o atender suas necessidades, dificultando a formação de
vínculo.
O vínculo do usuário com a unidade de saúde otimiza o processo de
assistência, produz satisfação e segurança aos usuários, pois eles sentem-se parte do
processo de cuidado; também implica responsabilização do profissional para com o
usuário,pois o profissional assume a responsabilidade sobre o paciente, mostrando os
caminhos que devem ser percorridos dentro do sistema para atender as necessidades do
usuário (LIMA et al., 2007; SILVA JÚNIOR; MASCARENHAS, 2006).
GAMA et al. (2004) enfatizam que o vínculo da gestante no serviço de
saúde dará oportunidade de um acompanhamento periódico durante todo o ciclo
gravídico-puerperal, proporcionando cuidados com o recém-nascido, desde a gestação
até o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e vacinas,melhorando assim
os agravos que acometem as crianças do primeiro ano de vida.
As mudanças nos processos de trabalho com a implementação do
acolhimento na perspectiva descrita por Souza et al. (2006) levarão os serviços de saúde
ao encontro da qualidade que envolve, além disto, aspectos relacionados á qualificação
dos profissionais da assistência, segurança e aparência da unidade de saúde e a
adequação das tecnologias duras(equipamentos) (SILVA NIOR; MASCARENHAS,
2006).
Atenção de qualidade na assistência pré-natal deve incorporar condutas
acolhedoras e de fácil acesso, incorporando ações nos veis de promoção, prevenção e
assistência à saúde do binômio mãe/filho (NASCIMENTO; RODRIGUES; ALMEIDA,
2007).
O desafio dos profissionais da rede hospitalar é implementar as ações de
acolhimento, como acontece nas unidades de PSF, pelo fato de a unidade não contar
com a presença dos agentes de saúde, que são o elo de ligação do usuário à unidade e
porque, os profissionais não conhecem a real necessidade da população atendida,
desconhecem a área onde está inserida o hospital e muitas vezes não têm a visão de
como funciona o sistema de saúde.
Podemos, então, questionar: por que algumas unidades hospitalares ainda
fazem atendimentos que seriam exclusivos das unidades da rede básica? Podemos
encontrar várias respostas, como: continuidade de um modelo anterior de assistência,
atendimento de uma demanda reprimida, falta de planejamento para definir ões para
cada nível de atendimento etc.
A próxima subcategoria representa a satisfação das mulheres com o cuidado
pré-natal.
5.4.2 Satisfação com o atendimento
As mulheres representam nesta categoria a satisfação com o cuidado pré-
natal, que envolve a facilidade de acesso, atenção dos profissionais, recebimento de
informações e atendimento médico.
Eu pensei que ia ter dificuldade em marcar a consulta não tive
dificuldade nenhuma. E9
Eu venho acompanhando bem direitinho, ele me acompanha, não vi
dificuldade nenhuma aqui no hospital, todos os meses eles são bem
atenciosos, não tenho o que falar. E9
Eu não tive dificuldade nenhuma não graças a Deus no dia dos meus
exames foi tudo bem comigo nenhuma dificuldade de nada negócio de
fila essas coisas, o normal de sempre, com o serviço não tenho o que
falar normal. E10
Com o serviço desde o início fui bem atendida, informada desde a
palestra até agora na última consulta. E11
Não tive nenhuma dificuldade não, foi tudo bem. E12
No atendimento desde a recepção, dos dicos eu o tenho nada a
falar as pessoas tem cuidados com os outros. E16
Não tive chateação, achei ótimo, aliás, estou achando ótimo, aqui é
mais fácil as consultas é mais fácil o atendimento, porque no posto
não tem palestras , falta muito dico no lugar que eu moro, aqui
toda vez que eu venho certo, graças a Deus achei muito bom, aliás
estou achando, eu sempre escolhi fazer aqui. E17
Aqui eu não tive dificuldade não, consegui marcar a primeira vez que
vim não demorei muito até hoje não custei a ser atendida, o
atendimento é ótimo, o doutor não gostam dele, mas cada um tem sua
opinião e eu não tenho nada a me queixar dele. E22
No atendimento não tenho o que reclamar não, com a minha pessoa
não, uma palavra que expressa é que eu estou muito bem, estou
ótima, não tenho o que reclamar não. E23
Para mim o pré-natal está sendo muito bom porque o doutor ainda
não faltou as consultas. E19
O sentimento de satisfação das mulheres foi representado pela facilidade de
marcar as consultas e pela atenção dos profissionais como destaca a gestante E9. A
gestante E10 sente-se satisfeita por seus exames o contem nenhuma anormalidade e
não ter enfrentado fila durante o atendimento. Para a gestante E17, estar no hospital
fazendo o pré-natal é melhor comparado ao posto devido ter palestra, o médico não falta
as consultas, ser mais fácil para marcar. Estas justificativas podem também explicar a
permanência do atendimento da atenção sica no hospital. Mais uma vez, a presença
do médico é associada à satisfação com o atendimento, como mostra a gestante E19.
A qualidade técnica dispensada, junto com a disponibilidade de exames,
presteza no atendimento e desenvolvimento de ações básicas, foram elencados como
representações positivas para usuárias de um serviço de saúde durante o ciclo gravídico
puerperal (PARADA; TONETE, 2008).
As mulheres representam sentimentos contraditórios em relação ao
atendimento. Elas foram satisfeitas nas suas necessidades daquele momento,
encontraram pessoas que viabilizaram o atendimento para que diminuíssem as
dificuldades e encontraram no hospital um ambiente acolhedor.
A subcategoria a seguir aborda o atendimento dos profissionais na visão das
mulheres do estudo.
5.4.3 Atendimento profissional
A consulta de pré-natal é um encontro entre profissional gestante na busca
do cuidado, que visa ao acompanhamento da gestação, com o objetivo de alcançar um
nascimento saudável. Em alguns momentos, esta relação é permeada de conflitos e
insatisfação e em outras vezes é um encontro de boas relações. Vejamos a reprodução
das falas:
Estou tendo dificuldade com o doutor é que tem duas pessoas na sala ,
as vezes votem vontade de perguntar alguma coisa e você fica com
receio porque tem outra pessoa na sala que vai ouvir tudo e por mais
que não queira toda consulta está escutando e vai sair comentando, é
muito chato.Para mim a única dificuldade que senti foi esta. E14
Tem dificuldade muito grande, tem dificuldade durante outra coisa
que você vem se consultar com o médico pergunta e as vezes ele não
responde, ai a gente vai para casa com dúvidas.E2
Sobre o atendimento eu não tenho nada a dizer, só assim as perguntas
que o médico são muito por fora , não entra muito em contato com a
gente, fora isso foi bom.” E15
A primeira dificuldade representada com relação ao atendimento do
profissional foi a falta de privacidade na sala, como comentado na subcategoria anterior.
A gestante E14 relata a presença de duas pessoas na sala e fica com receio de dialogar
com o profissional assuntos onde outras pessoas o compartilhar. Respeitar a
privacidade, a dignidade e a confidencialidade das mulheres constitui em dos dez
princípios fundamentais da atenção pré-natal (BRASIL, 2005).
A falta de dialogo do dico com a gestante também foi representada como
uma insatisfação no atendimento. A gestante E2 relata que vem para a consulta,
pergunta e o médico às vezes não responde e vai para casa com dúvidas; e a gestante
E15 também relata a falta de interação do médico.
A compreensão da mulher como pessoa, e não como um útero grávido
deve sempre ser valorizada pelo profissional no momento da consulta; deve ir além do
corpo reprodutor e sexual para abordar a mulher como um ser completo: corpo, emoção,
mente e ambientes que estão interligados entre si, mas são independentes (ZUBARAN,
1998).
O encontro do profissional com a gestante ocorre face a face. De um lado, o
profissional com todo o seu conhecimento acerca do processo gestacional adquirido ao
longo da vida profissional e de outro as gestantes portadoras de necessidade inerente ao
período (NEY; TOCANTINS, 2006). Neste encontro, de um lado atores com condições
de oferecer cuidados e do outro aqueles que querem receber, basta iniciar um diálogo
através da escuta ativa priorizando as necessidades de quem vai receber o cuidado.
O profissional deve trabalhar o cuidado pré-natal de forma que possibilite a
mulher se expressar, dando voz para que evidencie suas necessidades além das questões
obstétricas. Reconhecer a individualidade de cada mulher e, manter uma relação de
respeito são pré-requisitos para um atendimento humanizado o que permite a gestante
falar de sua intimidade com segurança (MOURA; LOPES, 2003).
Diante do exposto, observa-se que as políticas públicas de saúde da mulher
envolvem aspectos sociais e culturais, com o objetivo de promover sua autonomia e
cidadania com a construção de espaços que viabilizem o “empoderamento” das
mulheres e estas se tornem agentes de transformação da sua realidade (CABRAL;
RESSEL; LANDERDAHL, 2005).
Pelas falas abaixo, as gestantes expressam a importância das orientações
fornecidas pelos médicos durante o cuidado pré-natal, estabelecendo uma relação mútua
para satisfazer as necessidades das mulheres.
Ele trata a gente bem é bem franco, se precisar a gente emagrecer
essas coisas ele é bem sincero com você diz mesmo o que precisa. E14
Muito bom a gente saber como está o bebê, o doutor orientação
também, eu gosto do atendimento, até agora to gostando. E20
A partir da segunda consulta foi com o doutor ele não é um doutor de
dizer tudo que você precisa, mas se a gente pergunta ele passar o dia
todo respondendo.E4
Hoje eu tenho mais dúvidas e vou tirar com ele, o médico estando
pronto para tirar dúvidas para mim é o que importa. E1
As gestantes representam a satisfação no atendimento ao fato de o médico
responder as suas dúvidas que, em algumas falas, relacionam com aos aspectos
biológicos, como relata a gestante E14, quando fala que o médico orienta a questão da
perda de peso. A gestante E20 acha importante saber como está o seu bebê e esta
informação é fornecida pelo médico e a gestante E4 reconhece que o médico fala apenas
o necessário e se estimular ele conversa sobre tudo que precisa.
Outros profissionais foram citados como agentes importantes durante o
cuidado pré-natal, dando oportunidade de uma atenção integral. Os profissionais citados
pelas mulheres foram o psicólogo e a assistente social. Vejamos as falas
“Eu queria conversar com a psicóloga que no começo eu tinha muita
mágoa de ver ele fazer qualquer coisa de mal, ta entendendo, mas
hoje não do meu ponto de vista ta melhor , eu to normal , mas no
começo eu queria muito conversar tinha muita mágoa muita raiva que
eu tinha, hoje em dia graças a Deus passou eu to bem “. E10
“Estou pretendendo agora e torcendo que certa a minha ligação,
por conta da minha idade, das dificuldades, esta no terceiro filho e
queria muito conversar com a assistente social para ela me ajudar
para conseguir a minha cirurgia.” E11
A gestante E10 sentiu necessidade de acompanhamento psicológico pelo
fato de haver problemas de relacionamento com seu companheiro, relata muita mágoa e
raiva do companheiro, tendo desejo de fazer qualquer coisa má, mas, com o tempo,
estes sentimentos desaparecem e isso ocorre atrelado à em Deus. A gestante E11
procurou apoio junto ao profissional de serviço social para viabilizar a ligação de
trompas. No hospital onde ocorreu o estudo, as gestantes têm oportunidade, caso haja
necessidade de ter acompanhamento com o profissional de Psicologia e as assistentes
sociais são responsáveis por viabilizar a documentação para realizar da ligação de
trompas.
Para que todas as demandas surgidas por ocasião do cuidado pré-natal sejam
plenamente satisfeita, o serviço de saúde deve ser constituído de uma equipe
multidisciplinar.Recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) por meio
dos dez princípios fundamentais da atenção perinatal, preconizam que os cuidados na
gestação devem ser
multidisciplinares, com a participação de profissionais da saúde,
como parteiras tradicionais, obstetras, neonatologistas, enfermeiros, educadores para
parto e maternidade e cientistas sociais (BRASIL, 2005).
5.5 A
nálise fatorial de correspondência: evocações emitidas pelas mulheres
grávidas
Foi utilizada a técnica de associação livre de palavras com os seguintes
estímulos indutores; gravidez, cuidado, pré-natal e si mesma, que após organizados em
banco de dados, foi processado no software Tri-Deux-Mots (TDM), para dimensionar o
campo das representações sociais. O software permitiu representar as variáveis fixas
(idade, estado civil e paridade) e as variáveis de opinião, essas últimas sendo
representadas pelas evocações dos sujeitos.
O gráfico 1 representa dois eixos, eixo F1 e eixo F2. O fator 1 (F1)
encontra-se representado pela cor vermelha e explica 28,4% (0.051565) das respostas,
enquanto o fator 2 (F2) está representado pela cor azul com variância de 22,6
(0.041117), perfazendo um total de 68,7% de variância.
Com o material coletado com uso da técnica de associação livre de palavras,
foi evocado um total de 808 (oitocentos e oito) palavras referentes aos quatro estímulos,
sendo 320 (trezentos e vinte) palavras diferentes e 488 (quatrocentos e oitenta e oito)
palavras, o que representa o modo de pensar das mulheres grávidas em relação aos
estímulos indutores: gravidez (estímulo 1), pré-natal (estímulo 3), si mesma (estímulo
4). No gráfico o estímulo 2 (cuidado) não apareceu. A análise ocorreu pela leitura
gráfica das representações, distribuídas de maneira oposta sobre os dois fatores (F1 e
F2).
O eixo F1 horizontal e de cor vermelha indica as representações que mais
contribuíram para a construção do fator 1. Encontram-se em oposição às representações
das gestantes casadas na faixa etária de 18 a 25 anos na parte direita contra as
representações das gestantes com união consensual entre 34 a 41 anos de idade.
Gráfico 1- Plano fatorial de correspondência das representações das gestantes sobre o
cuidado
____________________________________F2_________higien2________________
_____
!
!
!
! SOLTEIRA
!
boa1!
! pacien1
!
!
!
! mudanç1
carin1
!
!
! respon2
legal4
!
!
!
feliz4 !
!
! 18 A 25 ANOS
!
___________________________________+__________________________________
___F1
!
U.CONSENSUAL!
bom1 !
vida1
saude1 amor1
espera1
! felici1
! CASADA
cuida1
!
preven3
! PRIMIGESTA
!
!
bem4 ! atenç1
! zelo2
!
!
34 A 41 ANOS !
!
!
!
!
preocu3
!
__________________________
preocu1___!_________________________________
_____
No Eixo F1, em relação ao primeiro estímulo, gravidez, as palavras
evocadas nas respostas das gestantes foram saúde (CPF=147), vida (CPF=112),
felicidade (CPF= 83), espera (CPF=35) e bom (CPF=28). Não apareceram evocações
em relação ao segundo estímulo no Fator 1. O estímulo 3 pré-natal, foi representado
pela palavra prevenção (CPF=78). O estímulo 4, si mesma,foi representado pela palavra
legal (CPF= 105) e feliz (CPF=30).
As palavras evocadas para o estímulo gravidez remetem a sentimentos
positivos em relação à gravidez. As gestantes expressam que a gravidez é saúde, é uma
vida que carregam dentro de si, estão nos momentos felizes pelo fato de estar grávidas;
é um período de espera e acham o bom.
Reportando-nos as entrevista, o sentido da palavra saúde é evidenciado
pelas mulheres com maior significância com relação à saúde do seu bebê, mas também
ela se preocupa com ela mesma para estar bem e gerar uma criança saudável.
A palavra vida foi associada pelas gestantes nas entrevistas à vida do bebê,
que estava sendo gerado por ela, crescendo a cada mês, e representa o cuidado pré-natal
como uma forma de acompanhar este crescimento para a criança nascer saudável.
O sentimento de felicidade é expresso pelas gestantes no fato de estarem
grávidas. Elas se sentem felizes por este momento, mesmo que, para algumas, a
gravidez não tenha sido planejada e que tenham passado por momentos difíceis. Esta
felicidade foi representada também pelo fato de estar em segunda gravidez e agora ter o
filho desejado (menino ou menina). As palavras, espera e bom não apareceram nas
entrevistas, mas refletem o sentimento em relação à gravidez.
Ainda no eixo 1, o terceiro estímulo relacionado ao pré-natal é representado
pelas mulheres com a palavra prevenção, um dos objetivos do cuidado pré-natal, como
relatam Carvalho e Novais (2004), ao dizerem que a assistência pré-natal é baseada no
desenvolvimento de ações preventivas educativas, mediante o contato periódico da
gestantes com a serviço, de um planejamento de acordo com os trimestres da gestação,
identificação de fatores de risco e intervenção precoce.
Nagahama e Santiago (2006) reconhecem o valor da assistência pré-natal
pelo seu impacto e transcedência, no que diz respeito à contribuição para a redução das
taxas de morbimortalidade perinatal.
Koffman e Bonadio (2005, p. 24) enfatizam que
...deve ser garantido um pré-natal adequando e isso significa
prevenir, diagnosticar , tratar eventos indesejáveis, visando o bem-
estar da gestante e seu concepto, além de orientar para evitar
problemas específicos para o parto, ou mesmo, determinados
cuidados imediatos ao recém nascido.”
No estímulo 4, relacionado a si mesma, as gestantes quando vão fazer
referência a elas mesmas, se acham legais e felizes. Comparando-se como sentimentos
representados sobre o estímulo gravidez, as mulheres também se sentem pessoas felizes.
Observamos, que no momento de evocarem palavras sobre si mesmas as gestantes
tinham dificuldades de falar de si.
Analisando o eixo 2, na margem superior, as palavras evocadas para o
estímulo 1 (gravidez ) foram boa (CPF=96), paciência(CPF=56), mudança(CPF=40),
carinho(CPF=53). Estas palavras encontram-se no eixo 2 à direita e representam as
palavras evocadas pelas mulheres solteiras na faixa etária de 18 a 25 anos.
Inversamente, no eixo 2, na margem inferior, as palavras evocadas pelas mulheres com
união estável (casadas e união consensual) na faixa etária de 34 a 41anos foram amor
(CPF=24), cuidado (CPF=61), atenção (CPF=34), preocupação (CPF=112).
Ainda no eixo 2, no estimulo 2 (cuidado ) foram lembradas as palavras
responsabilidade (CPF=65) e higiene(CPF=120)na margem superior e zelo(CPF=34) na
margem inferior.Com relação ao estimulo 3 (pré-natal), a palavra evocada foi
preocupação(CPF=85) e a representação sobre si mesma (estimulo 4) a palavra evocada
foi bem(CPF=29).
As palavras evocadas no eixo 2 sobre o estimulo gravidez são distintas em
dois aspectos: as solteiras evocam palavras associadas a sentimentos como carinho e
boa, e também palavras que denotam atitudes, como paciência e mudança. Quando nos
reportamos às pacientes com união estável (união consensual e casada), as palavras
evocadas também se referem a sentimentos como a palavra :amor e também atitudes
como: cuidado, atenção e preocupação. Contrapondo as palavras que denotam atitude
entre as solteiras e as de união estável, observamos que, para as solteiras, a gravidez é
uma mudança e ter paciência; no outro grupo, a gravidez é demonstrada com palavras
relacionadas a outra pessoa que, no caso, é o bebê.
Cuidado, atenção, preocupação e amor foram palavras contidas na maioria
das entrevistas como uma forma de as gestantes expressarem seus sentimentos em
relação ao bebê.
O estímulo 3 (cuidado) aparece no eixo 2 relacionado a responsabilidade e
higiene; nas entrevistas, o cuidado vem relacionado ao bebê, que não deixa de ser
também uma responsabilidade por uma pessoa que vai depender de você.
O pré-natal foi associado a preocupação que, para as mulheres durante a
entrevista, esteve relacionada às questões de saúde do bebê(a preocupação se o bebê
estava bem ou se ia nascer com defeito). As palavras prevenção e preocupação
representam primeiro um os objetivos do pré-natal e segundo a atitude da e com
relação à assistência a ser recebida para que o seu bebê tenha um nascimento normal e
saudável.
A representação sobre si mesma resumiu-se à palavra bem, o que denota um
sentimento positivo em relação a si mesma. A gestante enfrentando a gravidez de forma
positiva contribuirá para que se sinta bem durante todo o período gravídico puerperal,
caracterizando a tendência que se pode observar com relação as mulheres do estudo.
O quadro a seguir mostra o agrupamento das palavras por estímulo que mais
foram evocadas pelas mulheres grávidas, optamos pelo registro das palavras que
tiveram acima de quatro estímulo e por descartar aquelas de três evocações para baixo.
GRAVIDEZ N
0
CUIDADO N
0
PRÉ-NATAL N
0
SI MESMA N
0
Cuidado
Amor
Responsabilidade
Importante
Vida
Carinho
Felicidade
Mudança
Saúde
Boa
Atenção
Experiência
Ser mãe
Afeto
Alegria
Filho
Ótima
Paciência
Preocupação
27
25
25
13
9
7
7
7
6
6
5
5
5
4
4
4
4
4
4
Responsabilidade
Amor
Atenção
Alimentação
Carinho
Saúde
Proteção
Previnir-se
Zelo
19
18
18
12
10
8
4
4
4
Cuidado
Importante
Acompanhamento
Saúde
Saber
Preocupação
Responsabilidade
Prevenção
Bem-estar
44
21
18
10
7
6
5
4
4
Responsável
Feliz
Cuidadosa
Ótima
Paciente
Realizada
Legal
Alegre
Sincera
21
12
7
5
5
5
4
4
4
Fazendo uma análise do quadro podemos observar que a palavra cuidado foi
a mais evocada para os estímulos gravidez e pré-natal, predominando no estímulo pré-
natal, sendo assim a forma como as mulheres representam a gravidez e o pré-natal.
Boff (1999) define cuidar como algo além de um ato. É uma atitude, um
momento de encontro quando se desenvolvem ações, como atenção, zelo e desvelo, e
está representada pela atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e de se
envolver afetivamente com o outro. Sendo assim, cuidar faz parte da natureza humana.
O ser humano sem cuidado, durante seu ciclo vital, definha, perde sentido e morre, e
isto é nitidamente intrínseco ao ser humano.
A constituição do ser feminino já vem dotada do ato de cuidar, pois sempre
a mulher exerceu ações relacionadas ao cuidar ao longo da vida e o momento da
gestação não poderia ser diferente, pois é considerado o ápice do cuidar e as mulheres
do estudo representaram muito bem o cuidado, quando relataram nas palavras evocadas
esta atitude em relação a gravidez e pré-natal.
A gravidez enaltece a mulher como um ser feminino e fértil, pela
capacidade de gerar um novo ser, e é representada como o desejo de todas elas como
uma forma visível de mostrar esta feminilidade e fertilidade (LIMA, 2006).
Outra palavra que merece destaque evocada também nos estímulos
gravidez, cuidado e pré-natal foi responsabilidade, que, segundo Aurélio significa
qualidade ou condição de responsável”. Para as gestantes, estar grávida é uma
responsabilidade, como também o cuidado para com o bebê e consigo mesma durante o
ciclo gravídico-puerperal. Este conceito é reforçado quando as mulheres se referem a si
mesmas.
A palavra amor foi evocada de forma significativa nos estímulo gravidez e
cuidado, mais uma vez reforçando o sentimento da mulher para com o seu filho. Amar
alguém é dedicar-se, cuidar, ser responsável pelo outro.
Importante foi outra palavra de destaque para os estímulos gravidez e pré-
natal. Comparando com as entrevistas notamos que o sentido da palavra importante está
presente em todas as falas das mulheres grávidas.
Para Lima (2006, p. 68), a” gravidez está além da função reprodutiva, ela
está associada ao dom divino, a capacidade de gerar um novo ser, ser responsável
sobre ele e com a gravidez há o surgimento de novas necessidades pessoais e sociais.
Esta afirmação expressa exatamente o que as mulheres do estudo
representam sobre a gravidez e o cuidado pré-natal, evidenciado tanto nas entrevistas
como na associação livre de palavras.
6 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
APRENDIDOS PELOS DESENHOS - ESTÓRIA COM TEMA
O desenho-estória com tema foi um recurso metodológico utilizado no
estudo para apreender as representações das mulheres sobre o cuidado pré-natal e uma
forma de aprofundar a discursão sobre o tema. Quando associadas as entrevistas e
associação livre de palavras. Após observação sistemática dos desenhos e leitura das
estórias, estes foram agrupados, formando quatro categorias que serão analisadas seguir.
6.1 Gravidez representada por uma flor
Desenho 6.1.1
Sempre que venho às consultas mim sinto uma flor regada e cuidada com
amor e carinho. Junto com outras gestantes compartilhando esse momento tão
maravilhoso de minha vida.” Desenho 1
O desenho 1 expressa o sentimento quando comparecem às consultas de
pré-natal. O desenho mostra um jardim com flores, regadas pela chuva e aquecidas pelo
sol, elementos essenciais, junto com a terra, para seu crescimento. A gestante, durante
as consultas de pré-natal, sente-se regada e cuidada com amor e carinho, o que para ela
são elementos importantes para o desenvolvimento do bebê.
Desenho 6.1.2
“O pré-natal está sendo o descobrimento de uma nova vida que Deus deu
para mim. É que de uma semente nascerá uma nova vida que está brotando e que posso
sentir a cada momento. Irei regar essemente que Deus me deu sempre que eu puder.
Porque é o sol que também brilhou para mim ser feliz.”
O trecho escrito associa o pré-natal a um momento de descoberta de uma
gravidez que foi dada por Deus e esta gravidez é objetivada por meio do desenho do
desenvolvimento de uma planta que, como a gravidez, se desenvolve a cada dia, e passa
por fases diferentes ao longo do crescimento e desenvolvimento. O desenho mostra
desenvolvimento da planta que se inicia pela semente e que vai crescendo e
desenvolvendo com suas características ao longo do tempo. - crescer, dar flores e
depois frutos.O sol mais uma vez representa a luz, que faz com que a planta cresça. A
gestante associa a luz do sol como fator importante para sua felicidade ocorreu pelo fato
de estar grávida. A gravidez mais uma vez é associada a um dom de Deus e precisa ser
cuidada.
Desenho 6.1.3
Esse desenho representa as etapas do nosso crescimento na gestação, no
aprendizado para uma nova vida.”
Como no desenho anterior, o desenho 3 também representa a gravidez por
intermédio do desenvolvimento de uma planta. É interessante ressaltar que o trecho se
encontra no plural, pelo fato de ser sido realizado pelo casal grávido que estava
vivenciando a sua primeira gravidez , por isso a referência do aprendizado para uma
nova vida. Esta nova vida representa a chegada do bebê, que tem reservado um lugar
na árvore maior, que é representado por um balanço vazio.
A categoria 2 representa os sentimentos que as mulheres expressam sobre a
gravidez. Os desenhos expressam estes sentimentos.
6.2 Representação social em relação á gravidez
Esta categoria expressa os sentimentos das mulheres com relação a
gravidez, como enfrentam este período, em alguns momentos, é de forma positiva, em
outros, com sentimentos negativos, fazendo emergir o sentimento de ambivalência que é
comum neste período.
Desenho 6.2.1
Desenho
A gravidez para mim é muito importante e merece uma família muito feliz
e unida , é o casa da minha, sou muito feliz com meu esposo e estou amando a
experiência de ser mãe.”
O desenho 2.1 expressa a importância da família para receber um filho. O
ambiente familiar dever ser harmônicos e haver união entre o casal. O sentimento de
felicidade objetivado no desenho pelo sorriso do casal e pela união é objetivado pelas
mãos dadas; e os corações representam o amor entre o casal, como também amor pelo
filho.Embora durante a aplicação da técnica a gestante ainda estivesse grávida, no
desenho ela já se vê com o bebê ao colo.
Lima (2006) relata a importância da família durante o processo de gestar,
pelo fato de a mulher buscar apoio e segurança dentro do núcleo familiar, procurando
acolhimento das pessoas da família, principalmente do parceiro.
Desenho 6.2.2
Esse pré-natal para mim essendo bom pois nele estou expressando todo
o meu amor, e o desenho significa para mim mas uma nova vida na qual estou muito
satisfeita por estar grávida,como eu amo meu primeiro vou amar o segundo”
Neste desenho, o pré-natal é relacionado como uma expressão de amor, que
é objetivado por meio dos corações. O casal representado parece feliz pela expressão do
rosto de ambos. O amor é expresso pelo coração localizado entre os dois, união e
carinho objetivado pelas os sobre a barriga da mulher. O ambiente sugere um local
onde haja água (rio ou mar) e mostra alguns elementos da natureza (sol, nuvens,
estrelas, pássaros) em verdadeiro contraste. A gestante, no trecho, reporta-se ao amor
que vai dar para seu segundo filho como deu para o primeiro, mas no desenho a única
representação é do filho que está para chegar.
Os próximos desenhos mostram,através das falas a gravidez como um
momento difícil, mas os desenhos não expressam este sentimento. Emerge nestes a
ambivalência em relação ao momento.
Desenho 6.2.3
“Está sendo difícil por razões que cada um de nós enfrentamos, é a vida
isso nos faz perceber o quanto somos fracos e buscamos ajuda com Deus, só ele é capaz
de nos ajudar. Aqui confio em pessoas profissionais que também são mães e entendem
as dificuldades de cada um . Um obrigada de uma mãe vivenciando não só uma
maternidade mais uma nova vida que depende de mim.”
Observando o desenho, pode-se ver que a descrição da história é divergente
do que está grafado. A história mostra alguma dificuldade em relação à gravidez e que o
apoio em Deus é uma saída, como também o apoio dos profissionais que estão ali para
atender em suas dificuldades. O desenho representa uma família unida entre si,
objetivada por intermédio das mãos dadas, e mostra dois caminhos- um de casa, que é
refúgio da família, e o outro do posto de saúde, onde vai encontrar os profissionais para
atender suas necessidades.
O desenho a seguir mostra um lugar onde existem árvores, cada uma
identificada com o nome de cada filho. Um ambiente agradável, com criança no balanço
brincando. Como nos outros desenhos, o sol está presente, irradiando o ambiente, como
também as flores. Como relata o trecho da história do desenho, embora o início da
gravidez tenha sido difícil, ela representa o desenho, momento que ela vive atualmente,
o qual para ela é um momento de transformação. Mais uma vez o sentimento de
ambivalência está descrito pelas mulheres.
Desenho 6.2.4
“No começo da minha gravidez passei pelo momento muito difícil, eu
escolhi este desenho e a cor azul porque tive uma mudança muito grande ,a minha filha
que espara chegar fez uma grande transformação .Espero que ela cresça com vida e
saúde.”
Desenho 6.2.5
O coqueiro como árvore frutífera é um símbolo da fertilidade.
O vento a soprar nas dunas é como se fosse a tranquilidade na espera do
bebê.
O sol a brilhar é como um novo dia, uma nova vida a cada manhã.
O mar é como o imenso amor que desde já sinto pelo meu bebê.
A gestante representou no desenho, uma comparação com cada elemento da
natureza. O coqueiro como árvore frutífera comparado à mulher, que é símbolo da
fertilidade. Uma espera tranquila o que nos remete a pensar que esta gravidez está
sendo tranquila, que é objetivado pelo sopro de um vento tranquilo sobre as dunas. O
sol como fonte de vida que ilumina esta vida a cada manhã. E o amor que a mãe sente
pelo filho, representado pela imensidão do mar.
Desenho 6.2.6
“Neste desenho eu estou muito feliz, porque estou carregando uma “vida”
comigo”.
E isso me deixa muito feliz. Porque é meu primeiro “filho” e é uma
experiência muito rica e prazerosa de ser “mãe”, um dom maravilhoso mandado por
Deus.”
A gestante no desenho se retrata e mostra em suas palavras a felicidade de
ser mãe. Chama atenção no texto o fato de que ela grifa as palavras vida, filho e mãe,
que devem ser para ela as coisas mais importantes, e mais uma vez, a gravidez é
relacionada a um dom de Deus.
A próxima categoria representa os sentimentos das mulheres grávidas sobre
o cuidado pré natal, onde elas expressam pelo desenho o modo como está sendo este
pré-natal para elas.
6.3 Representação sobre o pré-natal.
Desenho 6.3.1
“O significado do desenho é que fico ansiosa para que chegue a hora da
consulta do pré-natal para saber se estar tudo bem com minha filha e rever e
conversar com as outra mulheres que estão grávidas também.”
O desenho mostra três mulheres grávidas com cartão do pré-natal na mão.
Foram desenhadas sorrindo, para expressar que elas estão felizes. A autora do desenho
mostra sua ansiedade e chegará a hora de ir a consulta para saber se sua filha está bem,
corroborando as entrevistas, onde as mulheres também expressavam este sentimento em
relação ao pré-natal. E o desenho representa o encontro com as outras gestantes. A
espera pela consulta de pré-natal é um verdadeiro encontro entre as mulheres grávidas
quando dialogam sobre diferentes assuntos; é uma verdadeira troca de experiências.
Desenho 6.3.2
“Fico muito ansiosa, nervosa. Eu acho muito importante o pré-natal para
saber como o bebê está.”
O coração representado neste desenho é o amor que a mãe tem pelo seu
filho, aqui representado pela rosa. Ela expressa ansiedade e o nervosismo para saber
como o bebê está. Por isso acha importante vir ao pré-natal.
Desenho 6.3.3
“Para mim o pré-natal é muito importante. Esse é meu segundo filho e está
sendo uma experiência totalmente diferente, pois agora eu sei coisas que eu não
sabia. As palestras que agora eu assisto, antes não tinham e foi mais difícil para mim....
Agora esse desenho representa a minha pressa de ir logo para casa, pois eu
tenho que ir trabalhar.”
A importância da experiência do primeiro filho para ter mais capacidade
para cuidar do segundo e a importância das palestras para acrescentar conhecimentos
são fatores importantes a fim de que a gestante tenha segurança durante o ciclo
gravídico-puerperal. O que ela exibiu no desenho são três gestantes sorrindo e um
relógio, está significando a pressa para chegar à casa e ir ao trabalho.
Essa questão do tempo foi representada outras vezes durante as entrevistas,
relacionando a demora no atendimento para marcar a primeira consulta, o tempo longo
de espera para ser atendida na consulta propriamente dita, que denota a necessidade de
reorganização do serviço para melhor atender às gestantes.
Desenho 6.3.4
O sentimento de alegria e tristeza estão contidos neste desenho como uma
forma de significar o que a gestante sente quando se fala sobre os exames realizados no
pré-natal. O rosto alegre que dizer a felicidade, quando os exames não apresentam
nenhuma anormalidade, enquanto o rosto triste representa a preocupação com o teste
anti-HIV. O teste anti-HIV faz parte da rotina do pré-natal e é oferecido para as
gestantes como modo de prevenir a transmissão vertical do HIV.
O avanço da epidemia em mulheres preocupa as autoridades pelo fato d
crescer o número de criança infectadas por da transmissão vertical. O oferecimento do
teste no pré-natal é uma forma de detecção e intervenção precoce dos casos positivos. A
transmissão vertical pode ocorrer durante a gestação, parto e pós-parto por meio da
amamentação. As ações preconizadas no pré-natal com início da medicação específica,
orientações sobre o parto e puerpério, busca de parceiro impactam significativamente na
diminuição dos índices de transmissão vertical (SOUZA JÚNIOR et al., 2004).
Desenho 6.3.5
“Eu vinha para o médico muito ansiosa para saber sobre o bebê,e estava
muito feliz. Quando eu falei com o dico ele disse que eu tinha que parar de comer
quase tudo que mais gosto. Ah fiquei muito triste ,mas tudo bem é para minha saúde.”
O desenho representa o espaço da consulta do pré-natal em duas cenas: a
primeira, o encontro com o médico para a efetivação da consulta, quando a gestante está
cheia de expectativas para saber como está seu bebê. Isto reflete para ela a importância
do pré-natal. O sorriso está no rosto da primeira figura, mostrando o momento de
felicidade. A segunda cena demonstra uma pessoa triste e a representação de vários
desenhos associados a alimentos. A tristeza ocorre pelo fato de, após o encontro com o
médico, ter havido restrições concernentes a alimentação. No final, porém mesmo triste,
se conforma, pois é para o seu bem e de sua saúde.
Desenho 6.3.6
“Venho ao pré-natal cuidar da minha saúde e do meu bebê.É um momento
único e muito importante”
A representação da mulher grávida pensando em seu filho é o que está neste
desenho, mas, olhando para ele percebe-se uma grávida com a face triste. No trecho, ela
demonstra o fato de que o pré-natal é a forma de cuidar de sua saúde e do bebê. Estes
sentimentos também forma relatados nas entrevistas.
Desenho 6.3.7
“O que eu quis expressar neste desenho é que eu esperava mais atenção em
relação ao médico que fez meu acompanhamento pois senti muitas complicações
durante a gravidez e esperava ansiosa para as consultas para tirar minhas dúvidas.”
O desenho mostra uma pessoa triste, de olhos fechados, representando a
insatisfação com o acompanhamento pré-natal. Esperava maior interação com o médico,
e sente-se uma pessoa incompleta, pelo fato de desenhar apenas a cabeça. As
complicações da gravidez a deixavam insegura e esperava a consulta para tirar estas
dúvidas, mas não encontrava resposta pela falta do diálogo e da interação do
profissional.
As mulheres grávidas no momento em que vão às consultas de pré-natal,
carregam expectativas, dúvidas, temores, sentimentos em relação ao parto, maternidade,
e, diante destes sentimentos, buscam no profissional o apoio necessário para enfrentá-
los e seguir com uma gravidez saudável (PERESTRELLO, 1998).
Desenho 6.3.8
Meu pré-natal está sendo difícil porque já sofri tanto.”
A reprodução de duas mulheres tristes, uma delas chorando, para
representar o sentimento desta gestante no momento da coleta de dados. Durante a
oficina, ela chorou e após veio ao nosso encontro dizer que a gravidez estava sendo
difícil por ter sido internada com ameaça de trabalho de parto prematuro, justificando
assim seus sentimentos naquele momento.
Desenho 6.3.9
Os dois rostos expressando alegria e tristeza, mais uma vez são
representados pelas mulheres como uma forma de indicar felicidade por estar tudo bem;
e tristeza quando algo está errado. Neste desenho, a gestante mostra alegria porque está
cuidando do seu filho; e tristeza quando algo está errado com ela ou com o bebê. E
mostra ansiedade em ver o rosto do seu bebê.
Desenho 6.3.10
“Eu em minha casa me arrumando para pegar a topique para ir para o
hospital fazer o pré-natal saber como vai o bebê tirar a minha pressão e o peso, faço
isso todos os meses com muito carinho e amor a minha filha de 13 anos, meu marido e
o bebê que vai chegar.”
A gestante mostra o caminho para o hospital; desenha ela e o médico no
hospital ,o caminho que liga o hospital à casa e o meio de transporte que usa para fazer
este percurso. E reforça, como ocorreu em algumas entrevistas, a importância do pré-
natal , onde ela cita os procedimento, como o peso e a verificação da pressão e a
presença da família como uma forma de apoio.
Desenho.
6.3.11
Desenho 6.3.11
“Tudo estar a favor do tempo ,o tempo bom, e o tempo ruim, mais o
importante é que ele esteja para fazer valer o objetivo da vida de superar e de você
superar, o melhor pré-natal é aquela que as pessoas lhe tratam com amor e aqui eu me
sinto muito especial e sei que meu filho está em boas mãos e isso me tranqüiliza”
Mais uma vez os elementos da natureza foram representados no desenho
como uma forma de expressar os sentimentos da gestante autora. O sol neste desenho
parece mais clamo pelo fato de encontrar-se de olhos fechados e ser representado com
um bico na boca como se fosse uma criança. O barco no mar, folhas voando e notas
musicais espalhadas conferem ao ambiente ar de tranquilidade. No do trecho escrito,
ela descreve o que é um bom pré-natal. Como aquele que as pessoas tratam bem os
outros e a gestante se acha especial. Sendo assim, ela sente que encontrou apoio e fica
tranquila com o atendimento. Essa tranquilidade está contida no desenho.
Na categoria a seguir, as gestantes expressam os sentimentos para o filho
que vai chegar. Como os demais desenhos, mostram figuras de flores, arvores sol, e o
coração representando o amor para com o filho.
6.4 Sentimentos em relação ao filho
Desenho 6.4.1
“Eu desenhei uma flor porque é o que sinto minha filha para mim é uma
linda flor que cada dia eu rego com meu amor carinho e ela vai crescendo se
desenvolvendo como realmente uma flor
A flor mais uma vez é associada a um elemento que cresce quando cuidada
e tem uma beleza que pode ser admirada. Esta criança é comparada à beleza de uma flor
que está sendo cuidada com amor e carinho oferecidos pela sua mãe.
Desenho 6 4.2
“Esta rosa representa a paz, a vida, o amor, esperança e a renovação de
uma nova vida dentro do meu ser.”
A gravidez está associada a uma nova vida e a flor representa todos os
sentimentos da gestante. Ela desenha uma flor com várias pétalas, para que cada uma
possa abrigar os sentimentos que carrega. Todos os sentimentos denotam coisas boas,
como paz, alegria, esperança, vida, compreensão, amor, harmonia. Estes sentimentos
devem fazer parte do período- gravídico puerperal para que a mulher enfrente este
período de forma positiva.
Desenho 6.4.3
A gestante o relatou a história do desenho. Apenas escreveu na copa da
árvore: “amo seu filho”. O amor é representado pelo coração e o desenho nos mostra
mais uma vez natureza em harmonia.
Desenho6. 4.4
“Esse desenho para mim vejo, mim vejo assim no futuro com meu filho
sabe, passeando com ele em lugares maravilhosos, em lugares tranqüilos onde eu possa
oferecer tudo de bom para ele , tudo que meus pais me ensinaram , fazendo impossível
o possível para dar a ele tudo de mim e tudo de bom que uma mãe pode oferecer a um
filho , filho este que esperamos com muito amor e ansiedade, eu e o pai estamos numa
felicidade , converso bastante com ele , falo bastante carinho , somos muito
comunicativo com ele e ele corresponde a cada palavra e a cada carinho que temos
com ele e isso pra mim é a maior felicidade ter sido escolhida por Deus para ser mãe
para dar a luz ao meu filho . Então esta é uma pequena história porque a felicidade é
tão grande que é inexplicável.”.
O desenho reflete um desejo para o futuro, em que a mãe passeia com seu
filho em lugar tranquilo e maravilhoso. O ambiente desenhado contém flores,
borboletas, nuvens ,o sol em contraste com as estrelas. Mãe e filho parecem felizes pelo
sorriso e a mãe protege o filho quando pega em sua mão. A gestante expressa seu desejo
em relação ao filho que estar por vir; espelha-se na sua educação e a importância dos
seus pais como pessoas que contribuíram muito para sua educação. A forma como foi
educada ela vai transferir para seu filho. Outra questão importante é a comunicação que
ela e o marido fazem com o bedurante a gestação, mostrando o carinho que os dois
têm para com ele. A gestante se refere ao marido no texto, mas ele não foi inserido no
desenho. Mais uma vez a gravidez é considerada um dom divino, como foi relatado em
algumas entrevistas.
Desenho6. 4.5
“Me sinto feliz , acho importante, tenho prazer de saber se estou indo bem,
se estou bem, me preocupo se não vai faltar nada para o bebê, sinto feliz de dar uma
irmãzinha para fazer companhia para minha outra filha.”
O desenho mostra três ocasiões: o primeiro é a representação da própria
gestante, onde ela expressa a felicidade com a gravidez e a importância do pré-natal,
para saber se está bem. O segundo instante é a preocupação de que não vai faltar nada
para o seu bebê objetivada pelo desenho de roupas; e o terceiro momento é
demonstrado na felicidade, pois o nascimento de seu filho vai ser uma companhia para
sua outra filha. Este sentimento é objetivado n do a representação de duas crianças.
Notamos que os desenhos representaram os sentimentos expressos pelas
gestantes de como vivenciam a gravidez e como estava sendo o pré-natal para elas. A
gravidez foi representada pelo desenho do desenvolvimento de flores. Os elementos da
natureza, como sol, água, vento, nuvens, estrelas também são ambientes que
representavam a vida, a renovação, transformação em decorrência de uma nova vida que
vai chegar. Com relação ao pré-natal, este foi relatado como um momento importante
para acompanhamento da gravidez para saber como o bebê está. A representação foi da
consulta em si, com caras alegres e tristes, mostrando a insatisfação em virtude da falta
de interação e do diálogo com o profissional. Também foram representados os
sentimentos que as es m em relação aos seus filhos, com desenho que também usa
os elementos da natureza há pouco citados.
O desenho-estória com tema foi uma ferramenta importante pelo fato de as
gestantes poderem expressar seus sentimentos,o que, de certa forma, corroborou as
entrevistas e o teste de associação livre de palavras.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cuidado pré-natal realizado de forma que atenda a mulher em todas as
suas necessidades contribuirá para um bom desenvolvimento do feto, para reduzir
agravos que possam ocorrer no período gestacional e diminuir os risco de mortalidade
materna e perinatal. A ampliação do Programa Saúde da Família contribuiu de forma
significativa para aumentar o acesso das gestantes à assistência pré-natal. Mesmo com a
ampliação da cobertura, porém alguns estudos mostram que a qualidade da assistência
pré-natal precisa melhorar no que diz respeito à garantia dos exames laboratoriais
básicos e complementares, referencia ao parto e aos serviços especializados no caso de
gravidez de risco, abordagem integral a mulher, dentre outros.
Aprender as representações sociais das mulheres grávidas sobre o cuidado
pré-natal foi importante pelo fato de a própria gestante expressar seus sentimentos em
relação à gravidez e ao atendimento recebido e, a partir daí, traçar metas para melhoria
da qualidade desta assistência.
Para apreender estas representações, o estudo utilizou três técnicas de coleta
de dados e envolveu 100 gestantes para o teste de associação livre de palavras. Destas,
24 foram entrevistadas e outras 25 participaram do desenho-estória com tema.
No Teste de Associação Livre de Palavras foram evocadas um total de 808
palavras para os estímulos: gravidez, cuidado, pré-natal e si mesma. Para o estímulo
gravidez as mulheres grávidas, evocaram as palavras vida, felicidade, espera e bom, o
que denota sentimentos positivos em relação à gravidez. As evocações para o estímulo
cuidado não apareceram no gráfico. A palavra prevenção foi a que representou o
estímulo pré-natal e, em relação a si mesmo; as palavras mais evocadas foram feliz e
legal.
Na realização das entrevistas as mulheres grávidas representaram de forma
detalhada o cuidado pré-natal, podendo-se conhecer o perfil sociodemográfico e a
assistência pré-natal destas mulheres.
Com relação ao perfil sociodemográfico, elas se encontravam na faixa etária
de 18 a 25 anos; tinham o primeiro grau incompleto; a união consensual foi o estado
civil que mais predominou; a renda salarial ficou entre um a dois salários mínimos; e,
com relação à profissão, as mulheres eram na sua grande maioria donas de casa.
As mulheres grávidas do estudo eram em sua maioria multigestas, iniciaram
o pré-natal por volta de 14 a 18 semanas de gestação; compareceram de cinco a sete
consultas, realizaram todos os exames de rotina com exceção do exame citológico; não
realizaram e não foram encaminhadas para exames odontológicos,embora algumas das
gestantes expressarem necessidade de tal procedimento. A curva peso/ idade gestacional
e altura/ uterina idade gestacional não foi preenchida em nenhum cartão, o que revela
uma falha no atendimento, pois estes registros dão à possibilidade de acompanhar o
estado nutricional da gestante e o crescimento do feto. As gestantes participaram de
grupos educativos e os assuntos mais lembrados relacionaram-se ao desenvolvimento
do bebê, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, parto, pré-natal, dentre outros.
Nas entrevistas, surgiram três categorias, sendo a primeira as representações
sociais sobre o cuidado pré-natal, onde as gestantes revelam a importância de
comparecer às consultas mensalmente para acompanhar a gestação; mostram a
preocupação com o desenvolvimento do bebê; relacionam o pré-natal como um
momento de cuidado, como também um espaço para detectar algum problema que possa
surgir neste período tanto com o bebê como consigo mesma; e também na consulta ela
pode manter contato com seu bebê através da escuta do coração dele durante o exame
obstétrico.
Na segunda categoria, as mulheres expressaram os sentimentos e
dificuldades em relação à gravidez. Neste momento, emergiram nas mulheres
sentimentos de ambivalência, pois elas demonstram que a gravidez o foi desejada
nem planejada, que não queriam estar grávidas e, ao mesmo tempo, expressam que é um
momento de transformação e felicidade. Para algumas, a gestação é considerada um
dom dado por Deus e agradecem por estarem grávidas, como também demonstraram
insegurança relacionada ao uso de medicações, sintomas que apareceram durante a
gravidez que não tinham surgido em outra gravidez; e apresentam dificuldades em
adaptarem-se as alterações próprias da gravidez. Onde o que mais incomodou às
gestantes foram os enjoos, náuseas, vômitos e a dificuldade de dormir.
Neste momento, a escuta ativa do profissional na consulta fará com que ele
possa detectar estas dificuldades e propor o cuidado baseado nas necessidades da
gestante.
Na terceira subcategoria ,surgiram as representações sobre o serviço
propriamente dito, oportunidade em que elas exprimiram satisfações e insatisfações com
o serviço oferecido. Demonstraram insatisfação na marcação da primeira consulta, pelo
fato de haver longas filas,de ser reservado apenas um ou dois dias por mês para esta
marcação,e por o receberem informações adequadas sobre a quantidade de fichas que
serão distribuídas. Outros fatores de insatisfação foram a demora do atendimento por
parte dos profissionais, a falta do exame de US, falta de diálogo e inexistência de
privacidade.
Algumas mulheres sentem-se satisfeitas com o atendimento pelo fato de
serem bem acolhidas, terem conseguido marcar a consulta sem dificuldade e encontrar
profissionais que satisfizeram suas necessidades, o que vai em desencontro com os
sentimentos expressos há pouco com outras.
O atendimento dos profissionais foi um fator importante para o bem-estar
das mulheres grávidas durante o cuidado pré-natal, pois elas encontram neles apoio para
enfrentar a gravidez de forma positiva. Foi por intermédio dos diferentes profissionais
que atuam no serviço, como dicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos que
as mulheres grávidas se apoiaram para esclarecer suas dúvidas e minimizar anseios,
medos e angústias.
O desenho-estória com tema foi outro recurso metodológico utilizado no
estudo ,para confirmar as representações das mulheres sobre o cuidado pré-natal. Os
desenhos feitos por elas demonstraram sentimentos positivos em relação a gravidez e
esta foi representada com o desenho do desenvolvimento de uma flor. Elementos da
natureza, como sol, plantas, água, vento e ssaros estavam presentes na maioria dos
desenhos. Figuras de mulheres grávidas, rostos alegres e tristes, desenhos do espaço do
atendimento pré-natal também foram feitos pelas mulheres para representar o cuidado
pré-natal, contribuindo para aprofundar as representações deste cuidado.
Diante do exposto, apreender as representações sociais destas mulheres é
um caminho em busca de um pré-natal de qualidade que valorize a mulher, abordando
suas necessidades de forma integral, transpondo, assim, a visão que muitos têm da
mulher como apenas aquela que carrega o bebê em seu ventre. Sendo assim, o pré-natal
constituído com base nesta abordagem integral atingirá as metas estabelecidas pelos
programas do Ministério da Saúde, no âmbito do qual o profissional vai além dos dados
quantitativos e consegue alcançar as questões subjetivas que cada mulher traz
consigo.Para que o servo onde foi realizado este estudo atinja tais metas faz-se
necessário investir na capacitação permanente de seus profissionais, organizar o serviço
no sentido de atender as demandas das gestantes.
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APÊNDICES
APÊNDICE A
TESTE DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS
Quando eu falo a palavra gravidez, quais as palavras que lhe vêm à mente?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Quando eu falo a palavra gestante, quais as palavras que lhe vêm à mente?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Quando eu me refiro a palavra cuidado, quais as palavras que lhe vêm a mente?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Quando eu me refiro a palavra pré-natal, quais as palavras que lhe vêm à mente?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
O que você acha de si mesma?
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
APÊNDICE B
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1 - DADOS GERAIS
Iniciais____________
Idade____________
Profissão_______________
Renda salarial____________________
Escolaridade_____________________
- Análise do cartão.
- Inicio do pré-natal_____________ (1ªconsulta-semanas).
- Nºde consultas_________. D.U.R. Sim( ) Não( ).
- D.P.P Sim ( ) Não ( ).
- Gestações._____ partos______Abortos
2- RESULTADOS DE EXAMES LABORATORIAIS
SIM NÃO
Hemograma
Tipo Sanguíneo
Fator RH
Glicemia em Jejum
VDRL
S. de Urina
Cit. Oncótica
Ultra Som
V. Antitetânica
HIV
OBS:
Curva de peso / idade gestacional (preenchimento).
S( ) N( ) Parcialmente ( )
Curva altura uterina/idade gestacional
S( ) N( ) Parcialmente ( )
Dados obstétricos atuais (observações do preenchimento)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
Exame odontológico
S( ) N( )
Participou de grupos ou sessões educativas durante o pré-natal
S( ) N( )
Local que realizou pré-natal
PS ( ) H( )
2-Representação das mulheres sobre o cuidado pré-natal.
O que é o pré-natal para você?
Qual importância que você atribui ao cuidado pré-natal?
Quais as dificuldades que você tem enfrentado durante o pré-natal?
APÊNDICE C
DESENHO-ESTÓRIA COM TEMA
Desenhe neste papel o que é para você o cuidado pré-natal.
APÊNDICE D
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezada Sra.:
Sou enfermeira e estou desenvolvendo neste hospital, um projeto de pesquisa, que investiga a
opinião de mulheres sobre os cuidados pré-natal . Assim, a senhora está sendo convidada para participar
dessa pesquisa, que tem como título: Representação social das mulheres grávidas sobre o cuidado pré-
natal”. Sua participação será muito importante para a melhoria d o cuidado pré-natal parto, a partir das
revelações de suas experiências sobre este cuidado.
Nesse estudo, pretendo investigar o que é o pré-natal, qual sua importância e quais dificuldades
enfrentadas pelas mulheres durante este período. Para isso, preciso de sua autorização para realizar esse
trabalho, que inclui uma e uma conversa informal no momento que aguarda a consulta de pré-natal. Caso
a Sra. aceite, conversaremos sobre essa experiência e peço-lhe autorização para gravar nossa conversa.
Desde já, dou-lhe a garantia de que as informações que estou obtendo, serão apenas para a realização de
meu trabalho, e também, lhe asseguro que a qualquer momento, terá acesso às informações sobre o
estudo, inclusive para resolver dúvidas que possam ocorrer. A Sra. tem o direito de aceitar ou o
participar do estudo ou deixar de participar do mesmo, a qualquer momento, sem que isto traga algum
prejuízo ao seu cuidado e tratamento.
Ainda, informo-lhe que os dados serão apresentados ao curso de Mestrado em Cuidados Clínico
e divulgados para o hospital e posto de saúde que a assiste e em eventos científicos, mas não usarei o seu
nome verdadeiro, pois este será substituído por um outro nome, sendo mantido em sigilo sua identidade.
Caso precise entrar em contato comigo, informo-lhe meu nome e endereço:
Lea Dias Pimentel Gomes
Avenida W. Soares 7700 - Bairro Messejana - Tel. 3239-35-52 ou 9981-42-43
E-mail;
leadpg@ig.com.br
_____________________________________________________
ASSINATURA DA PESQUISADORA
Tendo sido satisfatoriamente informada sobre a pesquisa: Representação social das mulheres grávidas
sobre o cuidado pré-natal, realizada sob responsabilidade da enfermeira Lea Dias Pimentel Gomes,
concordo em participar da mesma”. Estou ciente de que meu nome não será divulgado e que a
pesquisadora estará disponível para responder a quaisquer perguntas no endereço:Avenida W. Soares
7700, Fortaleza-CE.
Fones: 3239-3552 / 9981-4243
Fortaleza, ________de________________________de 2008
______________________________________________
ASSINATURA DA PESQUISADA
TRI-DEUX Version 2.2
Analyse des ‚carts … l'ind‚pendance - mars 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme ANECAR
Le nombre total de lignes du tableau est de 42
Le nombre total de colonnes du tableau est de 8
Le nombre de lignes suppl‚mentaires est de 0
Le nombre de colonnes suppl‚mentaires est de 0
Le nombre de lignes actives est de 42
Le nombre de colonnes actives est de 8
M‚moire disponible avant dimensionnement 500068
M‚moire restante aprŠs dim. fichiers secondaires 498138
M‚moire restante aprŠs dim. fichier principal 496794
AFC : Analyse des correspondances
*********************************
Le phi-deux est de : 0.181562
Pr‚cision minimum (5 chiffres significatifs)
Le nombre de facteurs … extraire est de 4
Facteur 1
Valeur propre = 0.051565
Pourcentage du total = 28.4
Facteur 2
Valeur propre = 0.041117
Pourcentage du total = 22.6
Facteur 3
Valeur propre = 0.040613
Pourcentage du total = 22.4
Facteur 4
Valeur propre = 0.026644
Pourcentage du total = 14.7
Coordonn‚es factorielles (F= ) et contributions pour le facteur (CPF)
Lignes du tableau
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
aco2 69 3 106 9 79 5 -60 4 acompa3
alim -177 17 -19 0 229 36 6 0 alimen2
amo2 -93 11 -123 24 -111 19 -26 2 amor1
amo3 89 5 56 3 77 5 284 107 amor2
ate2 269 16 -346 34 -431 54 114 6 atenç1
ate3 94 7 -128 17 105 11 -40 3 atenç2
bem4 -164 5 -355 29 13 0 138 7 bem4
boa1 -92 2 528 96 -13 0 -377 75 boa1
bom1 -353 28 -71 1 207 12 573 145 bom1
car2 -99 3 362 53 -93 4 269 45 carin1
car3 127 7 159 15 -65 2 279 69 carin2
cui1 -35 2 -199 61 193 59 -22 1 cuida1
cui3 -93 18 21 1 -60 9 -102 42 cuida3
cui4 270 23 35 1 -70 2 80 4 cuidad4
esp1 437 35 -67 1 -327 25 -229 18 espera1
exa1 -284 15 188 8 -72 1 73 2 exame3
fel1 426 83 -89 5 -73 3 -18 0 felici1
fel4 -203 30 132 16 -85 7 156 35 feliz4
filh -42 0 31 0 -66 1 327 38 filho1
higi 147 4 723 120 281 18 -38 1 higien2
imp1 -98 6 -55 2 140 16 -122 18 import1
imp3 -38 1 44 2 138 23 18 1 import3
lega 620 105 252 22 228 18 -111 7 legal4
muda 44 0 373 40 -236 16 -242 26 mudanç1
oti1 0 0 -276 22 116 4 116 6 otima4
paci 39 0 495 56 666 103 -3 0 pacien1
pac2 172 5 -176 7 -275 18 -70 2 pacien4
pre4 -521 49 -701 112 717 119 -459 75 preocu1
pre6 534 52 -611 85 211 10 44 1 preocu3
re12 655 78 -225 12 133 4 233 19 preven3
pro1 -184 6 -128 4 -528 64 -134 6 proteç2
rea1 -271 17 285 23 -319 30 -305 41 realiz4
resp -64 3 -41 2 35 1 38 2 resp4
res4 6 0 73 6 18 0 -164 50 respon1
res5 181 22 275 65 114 11 -50 3 respon2
res6 207 10 -94 3 -430 53 113 6 respon3
sau3 -679 147 -113 5 53 1 90 5 saude1
sau4 -220 20 5 0 -492 126 151 18 saude2
sau5 -100 5 -71 3 -167 18 141 19 saude3
sinc -298 16 30 0 -378 33 -150 8 since4
vida 553 112 -67 2 56 1 114 9 vida1
zelo 386 27 -383 34 -485 55 -467 77 zelo2
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
* * *1000* *1000* *1000* *1000*
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
Modalit‚s en colonne
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
0151 192 129 61 16 70 22 207 290
0152 -156 55 61 11 -307 269 -260 295
0153 -449 144 -492 217 624 353 -193 52
0161 361 276 -169 76 124 41 -183 136
0162 153 21 600 398 129 19 -184 58
0163 -259 233 -50 11 -108 52 158 168
0171 203 92 -251 177 -237 160 20 2
0172 -107 49 133 94 125 84 -11 1
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
* * *1000* *1000* *1000* *1000*
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
Fin normale du programme
TRI-DEUX Version 2.2
IMPortation des MOTs d'un fichier de questions ouvertes
ou de mots associ‚s … un stimulus - janvier 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme IMPMOT
Le fichier de sortie mots courts tri‚s est l‚a.DAT
et servira d'entr‚e pour TABMOT
Le fichier de position en sortie sera l‚a.POS
et servira d'entr‚e pour TABMOT
Le fichier d'impression est l‚a.IMP
Position de fin des caract‚ristiques 3
Nombre de lignes maximum par individu 2
Le stimulus est en fin de mot et sera report‚
en fin de caract‚ristiques … la position 4
il sera laiss‚ en fin de mot
Nombre de lignes lues en entr‚e 100
Nombre de mots ‚crits en sortie 808
Nombre de mots de longueur sup‚rieure … 10 = 0
seuls les 10 premiers sont ‚t‚ imprim‚s
D‚coupage en mots termin‚
Tri termin‚
Les mots sont mis en 4 caractŠres
Impression de la liste des mots
131momeun1 131m 1 abenç1 aben 1 acomp3 acom 3 acompa2
aco1 1
acompa3 aco2 14 afeto1 afet 3 agita4 agit 2 ajuda3
ajud 2
alegr4 aleg 1 alegri1 ale1 3 alimen2 alim 12 altera1
alte 1
amar2 amar 1 amiga4 amig 3 amofi4 amof 1 amopri1
amo1 1
amor1 amo2 27 amor2 amo3 15 amor3 amo4 3 amora4
amo5 1
anjoo1 anjo 1 ansied1 ansi 1 apreen4 apre 2 aprend1
apr1 1
aprend3 apr2 1 arrisc1 arri 1 assist3 assi 1 atebom2
ateb 1
atenci4 ate1 2 atenç1 ate2 5 atenç2 ate3 18 atenç3
ate4 3
ativa4 ativ 1 auest4 aues 2 batal4 bata 1 bebe1
bebe 1
bebe2 beb1 2 bebe3 beb2 3 bem4 bem4 4 bemest1
bem1 1
bemest2 bem2 1 bemest3 bem3 2 bende1 bend 2 benção1
ben1 1
besta4 best 1 boa1 boa1 5 boa4 boa1 1 boamae4
boa2 3
bom1 bom1 3 bom3 bom1 2 bonita1 boni 1 cacuid4
cacu 1
calma2 calm 1 calma4 cal1 1 carent4 care 1 cari4
car1 1
carin1 car2 7 carin2 car3 10 carin3 car4 3 casam2
casa 1
caute2 caut 2 certub3 cert 1 chata4 chat 2 cioser1
cios 1
coiboa1 coib 2 coide1 coi1 1 compa4 comp 1 compah4
com1 1
compli1 com2 2 compli3 com3 1 compre2 com4 2 compro1
com5 1
compro3 com6 1 comuni4 com7 1 confet3 conf 1 confor2
con1 1
consc3 con2 1 consul2 con3 2 conver3 con4 1 corage1
cora 1
corajo4 cor1 2 corpo2 cor2 2 cresci1 cres 1 crianç1
cria 2
crianç2 cri1 2 crianç3 cri2 1 critic4 cri3 2 cuicri3
cuic 1
cuida1 cui1 27 cuida2 cui2 2 cuida3 cui3 45 cuidad4
cui4 7
cuidsi2 cui5 2 cuiris2 cui6 1 cuisi3 cui7 1 cumpri3
cump 1
dedica1 dedi 3 dedica2 ded1 2 dedica3 ded2 1 dedica4
ded3 2
demora3 demo 1 dentes1 dent 1 depend2 depe 2 descan2
desc 1
desejo1 des1 1 desenv3 des2 1 determ4 dete 2 dieta1
diet 1
difici1 difi 2 dificu1 dif1 3 dificu3 dif2 1 doenç2
doen 3
domde1 domd 1 domvi1 dom1 1 educ2 educ 1 educa2
edu1 3
emoção1 emoç 3 enjoad4 enjo 1 espec4 espe 2 espera1
esp1 4
espera2 esp2 1 espon4 esp3 2 essen3 esse 2 essenc3
ess1 1
estrov4 estr 2 exage4 exag 1 exame3 exa1 4 exames2
exa2 2
excel4 exce 1 exdif1 exdi 1 exige4 exig 1 expboa1
expb 1
expec1 exp1 1 expeno1 exp2 1 experi1 exp3 1 explo4
exp4 1
expmai1 exp5 2 expoti1 exp6 1 fabest4 fabe 1 famili1
fami 1
felic1 feli 1 felici1 fel1 10 felici2 fel2 2 felici3
fel3 1
feliz4 fel4 16 feto3 feto 1 filho1 filh 4 filho2
fil1 1
fisico2 fisi 1 fruam1 frua 1 gerar1 gera 1 gestan3
gest 1
gestaç2 ges1 2 gomim4 gomi 1 gosta1 gost 1 gosta2
gos1 1
gostmi4 gos2 1 gostos1 gos3 1 gravid2 grav 2 guerre4
guer 1
higien2 higi 4 horriv1 horr 1 ignora4 igno 1 impac4
impa 2
import1 imp1 14 import2 imp2 3 import3 imp3 21 import4
imp4 1
incomo1 inco 1 iniao1 inia 2 inter1 inte 1 irrita4
irri 2
laeuba4 laeu 1 legal4 lega 6 limpez2 limp 3 maecui4
maec 1
maravi1 mara 1 maravi4 mar1 1 maturi1 matu 2 medico2
medi 1
medo1 med1 1 medo2 med2 1 menmai1 menm 1 metodi4
meto 1
mister4 mist 1 momeun1 mome 1 mudanç1 muda 5 muibom1
muib 1
muibom4 mui1 1 muides4 mui2 1 mulher1 mulh 1 mulher4
mul1 1
mupme1 mupm 2 mãe1 mãe1 1 naobe2 naob 1 naofu2
nao1 1
nascde3 nasc 1 ncoris2 ncor 1 necess3 nece 2 nervo4
nerv 1
nfarte2 nfar 1 normal4 norm 1 novo1 novo 1 npalim2
npal 1
npepes2 npep 1 npreoc2 npre 1 nraiv2 nrai 1 ntcomp3
ntco 1
nterai1 nter 1 obriga3 obri 2 oportu1 opor 1 orient3
orie 1
otima1 otim 1 otima4 oti1 5 otimo1 oti2 1 otimo3
oti3 2
pacien1 paci 4 pacien2 pac1 3 pacien4 pac2 4 paixao1
paix 1
partic3 part 1 passiv4 pass 1 patmar1 patm 1 paz1
paz1 2
pecboa2 pecb 1 pechao4 pec1 1 perfec4 perf 2 perfo4
per1 1
peso3 peso 2 pessi1 pes1 1 pessi4 pes2 1 positi4
posi 1
precau2 prec 1 prenat1 pre1 1 prenat2 pre2 1 preoc4
pre3 1
preocu1 pre4 4 preocu2 pre5 3 preocu3 pre6 4 prepa3
pre7 1
prepar4 pre8 3 presao2 pre9 1 presao3 re10 2 presen1
re11 1
preven3 re12 4 proble1 prob 1 proteç2 pro1 4 quebem2
queb 2
racio4 raci 1 realiz1 real 1 realiz4 rea1 5 repou1
repo 1
repous2 rep1 1 resp4 resp 17 respei1 res1 1 respei2
res2 2
respei3 res3 2 respon1 res4 21 respon2 res5 15 respon3
res6 5
risco2 risc 2 ruim1 ruim 1 sabebe3 sabe 1 sabecr3
sab1 2
saber3 sab2 1 sacois3 saco 1 sadia4 sadi 1 sadin2
sad1 2
saedu2 saed 2 saube3 saub 1 sauda2 sau1 2 sauda3
sau2 1
saude1 sau3 7 saude2 sau4 9 saude3 sau5 11 sebem1
sebe 2
secuid3 secu 1 segura3 segu 2 semjui4 semj 1 sempre2
sem1 1
sensi4 sens 1 sensib1 sen1 1 sensiv4 sen2 1 seprev2
sepr 3
seprev3 sep1 2 seria1 seri 1 sermae1 ser1 2 sermãe1
ser2 3
sermãe4 ser3 1 serviv1 ser4 1 sexseg2 sexs 1 simpat4
simp 3
since4 sinc 4 sincer4 sin1 1 sofrim1 sofr 2 sonho1
sonh 1
supmãe4 supm 1 tarde3 tard 1 tebopa3 tebo 1 temp4
temp 1
teqvir3 teqv 1 terami4 tera 1 terosi4 ter1 1 timida4
timi 1
todmes3 todm 1 traba4 trab 1 tranq3 tra1 1 tranq4
tra2 2
tubom1 tubo 1 tudete2 tude 1 tudo2 tud1 1 tudobe2
tud2 1
unica1 unic 3 vebebe3 vebe 1 vida1 vida 8 vida2
vid1 1
vida3 vid2 1 vir3 vir3 1 vircon3 vir1 1 zelo2
zelo 4
Nombre de mots entr‚s 808
Nombre de mots diff‚rents 320
Impression des tris … plat
Question 015 Position 15 Code-max. 3
Tot. 1 2 3
808 423 289 96
100 52.4 35.8 11.9
Question 016 Position 16 Code-max. 3
Tot. 1 2 3
808 278 102 428
100 34.4 12.6 53.0
Question 017 Position 17 Code-max. 2
Tot. 1 2
808 269 539
100 33.3 66.7
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