Com relação à cidade de Fortaleza, foram registrados 202 óbitos maternos no
período, com a razão de mortalidade materna variando em 78,4 óbitos por 100.000 nascidos
vivos em 1997 e 37,3 em 1999. Em relação à faixa etária das mulheres estudadas, 42% tinham
idades entre 20 e 29 anos, seguidas de 25% que estavam com idade acima de 35 anos e 23%
eram adolescentes. A doença hipertensiva específica da gravidez foi a que mais acometeu as
mulheres no total de 25,5% dos óbitos, seguida das hemorragias antes e pós parto (12,7%)
(CEARA, 2007).
Com relação à assistência pré-natal a que estas mulheres foram submetidas, o
estudo revelou que 78,8% realizaram pré-natal, sendo esta assistência de baixa qualidade, pois
deixou de identificar oportunamente os fatores de risco para tomada de decisões e evitar
óbitos. As mulheres realizaram de quatro a seis consultas de pré-natal, sendo 42% do total e
39,6% realizaram mais de sete consultas, podendo-se deduzir que as mulheres estavam mal
acompanhadas, sendo assistidas em um “pré-natal de baixa qualidade” (CEARA, 2007).
Com base nos dados alarmantes da mortalidade materna no Estado, a Secretaria de
Saúde e os municípios em parceria priorizaram ações com suporte no pacto cearense de
mortalidade materna lançado em 2004. Segundo o qual privilegiaram algumas recomendações
de renovar e implementar comitês estadual e regionais de mortalidade materna, sistema de
vigilância à mortalidade materna, o sistema de informações do pré-natal, priorizando dados de
anamnese e exame clínico, orientações de vacinas, prevenção do câncer ginecológico e
incentivo ao parto normal (CEARA, 2007).
No ano de 2000 a Organização das Nações Unidas, (ONU) fez uma análise dos
maiores problemas mundiais, traçou oitos objetivos para que os países-membros atuassem de
forma a mudar o cenário mundial. São eles: 1) acabar a fome e a miséria, 2) educação básica
de qualidade para todos, 3)igualdade entre os sexos e valorização da mulher, 4) reduzir a
mortalidade infantil, 5) melhorar a saúde das gestantes, 6) combater a AIDS a malária e outras
doenças, 7) qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e 8) todo mundo trabalhando pelo
desenvolvimento. No Brasil os oitos objetivos do milênio foram denominados “oito jeitos de
mudar o mundo” (BRASIL, 2009).
Abordando mais detalhadamente o quinto objetivo, que se refere à melhoria da
saúde das gestantes, foco desta discussão, as metas que se pretende alcançar até 2015 são:
reduzir em três quartos, entre 1990-2015, a taxa de mortalidade materna, alcançar até 2015 o
acesso universal à saúde reprodutiva, promover no SUS cobertura universal para ações de
saúde sexual e reprodutiva (meta do Governo brasileiro) e até 2015 ter detido o crescimento
por câncer de mama e de colo do útero, invertendo a tendência atual (BRASIL, 2009).