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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO
VERA LÚCIA TAVEIRA DE SOUZA STANZANI
REPRODUTIBILIDADE E VALIDADE DO TESTE DE
PERFORMANCE FÍSICA FUNCIONAL DE 10 TAREFAS (PFP-10)
EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA
CRÔNICA
SÃO PAULO SP
2009
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ii
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO
VERA LÚCIA TAVEIRA DE SOUZA STANZANI
REPRODUTIBILIDADE E VALIDADE DO TESTE DE
PERFORMANCE FÍSICA FUNCIONAL DE 10 TAREFAS (PFP-10)
EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA
CRÔNICA
Dissertação de Mestrado apresentada à
Universidade Nove de Julho, para obtenção
do título de Mestre em Ciências da
Reabilitação.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Carla Malaguti
Co-orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Simone Dal Corso
SÃO PAULO SP
2009
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iii
Stanzani, Vera Lúcia Taveira de Souza.
Reprodutibilidade e validade do teste de performance física funcional de
10 tarefas (PFP-10) em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica.
/ Vera Lúcia Taveira de Souza Stanzani. 2009.
130 f.
Dissertação (mestrado) Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São
Paulo, 2009.
Orientador (a): Prof. Dra. Carla Malaguti
1. Capacidade funcional. 2. Atividade de vida diária. 3. DPOC.
CDU 615.8
v
DEDICATÓRIA
Ao meu Deus, obrigada! Sigo firme em minha e guiada por Vossos
ensinamentos.
À vida. Que não faz sentido sem amor, sem companheirismo e
objetivos. À vida que não faz sentido sem pessoas de valor para
compartilharmos nossos medos, nossos anseios e nossas conquistas.
Ao meu Mô! Sem você Adevanil, meu marido amado, meu cúmplice,
minha alma gêmea, esta vitória não teria o mesmo sabor. Deixo aqui público
meu amor, meu agradecimento pela dedicação extremada e incansável da
porção mais pura, límpida e transparente que um ser humano pode ter... O
amor sem pretensões, este que nos consagra, a mim e a nossas filhas todos os
dias de nossas vidas. Meu desejo de eternamente compartilharmos paixão,
alegria, metas e preocupações, porque a vida é assim, cheia de altos e baixos,
repleta de momentos alegres e outros nem tanto, e depois de quase 25 anos de
uma convivência harmoniosa, é com muita felicidade que te dedico este título,
esta vitória. É NOSSA! E obrigada por cada puxão de orelha, cada conversa
proveitosa e franca, por cada momento de parceria nesta etapa, e
principalmente pela paciência de sempre. E se prepare, logo vem outra!
Às minhas filhas, Victória e Gabriela, razões da minha vida, todo meu
amor, toda minha gratidão e meus pedidos de desculpas pela ausência. Mas
tenho certeza que de alguma forma vocês foram tocadas por este momento de
total dedicação ao saber. O orgulho que sempre sentiram desta velha mãe, me
motivou a seguir em frente. Espero vê-las nos bancos das Universidades com o
mesmo desejo de vitória que Papis e Mamis, combinado? Amo vocês com tanta
intensidade que chega a doer, mesmo quando dou “aquela” bronca! Beijos no
coração com toda a ternura do mundo.
Aos meus pais! Minha eterna gratidão pela maior herança que os pais
podem deixar aos filhos, a educação. A educação formal, a educação moral, a
educação para a vida, o respeito ao outro. Vocês transmitiram o ensinamento
de que o mais valoroso é o ser humano, princípio este sempre presente em
mim, e que me faz uma pessoa melhor, cheia de sonhos e desejos de ser
“alguém”! E tenham a certeza de que a lição recebida está sendo passada
adiante, às suas netas, como deve ser! Todo sabedoria precisa e deve ser
compartilhada. Amo vocês!
Aos meus sogros, carinhosamente chamados de avós por mim, pela
alegria e vibração a cada etapa vencida. E pelo maridão é claro! Vocês são
exemplos!
A todos meus familiares e amigos (Rose, te amo!), que acompanharam
toda esta longa trajetória.
A todos os mestres que tive durante a vida... Obrigada!
vii
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
OBSTÁCULOS E VITÓRIAS
Um rico fazendeiro, grato a Deus por sua grande prosperidade,
resolveu doar uma parte de suas terras. Queria que todos tivessem a mesma
oportunidade de receber o presente. Colocou então na estrada, bem em frente
à sua casa, uma grande pedra.
Depois, ficou escondido para ver qual seria a reação daqueles que por
ali passassem, que era caminho obrigatório... Durante horas viu seus
vizinhos e até desconhecidos cruzarem por aquele caminho. Todos desviavam
do obstáculo e alguns reclamavam bastante do descaso daquele rico
fazendeiro.
"O homem tem tanto dinheiro e tantos empregados e nem se importa
com o fato de estar atrapalhando a passagem dos outros. Que absurdo!, eram
os comentários mais freqüentes que o rico fazendeiro ouvia.
De repente, passou pelo local um humilde empregado de um sítio
vizinho. Ao ver a pedra, deixou de lado o que tinha nas mãos e, com muito
esforço, arrastou a pedra até o canto da estrada, liberando o caminho para ele
e para quem mais viesse a passar por ali.
Quando voltou para pegar suas mercadorias, percebeu que, bem no
local onde se encontrava a pedra, havia uma pequena bolsa. Abrindo-a
encontrou a carta do fazendeiro dizendo que a pessoa que tirasse a pedra do
caminho receberia de presente uma de suas melhores fazendas.
É comum reclamarmos quando as dificuldades surgem no meio do
caminho. Lamentarmos a sorte e afazermos comparações com outros que
parecem ter uma vida melhor... Mas, o que precisamos entender é que muitas
vezes são as dificuldades e obstáculos da vida que nos proporcionam as
melhores oportunidades de crescimento e vitória.
Autor desconhecido
Meus agradecimentos especialíssimos a duas mulheres guerreiras,
incansáveis e persistentes, Prof
a
. Dr
a
. Carla Malaguti, uma das pessoas mais
doces e delicadas que tive o privilégio de trabalhar, obrigada por toda a
paciência com que transmitiu seu imenso saber, pelo empenho em criar um
viii
ambiente harmonioso e pacífico para que todos nos convivêssemos bem... por
dividir seu tempo, seu conhecimento... e pelas risadas e boas conversas. E a
Prof
a
. Dr
a
. Simone Dal Corso que com seu humor inteligente e sagaz, nos
brindou com seu brilhantismo, com suas “sacadas”, e seus insites que muitas
vezes nos indicaram uma luz no fim do túnel. Por suas aulas espetaculares de
estatística. Creia... Não foi em vão! Obrigada, mesmo! Quero ser como vocês
duas quando “crescer”, as enchendo de orgulho! Toda minha amizade, gratidão,
respeito e admiração para todo o sempre!
Agradeço ao Prof. Luis Vicente Franco de Oliveira, pelas observações
pertinentes e valiosas, que muito contribuíram no engrandecimento deste
trabalho.
Agradeço a Prof
a
. Dr
a
Luciana Chiavegato por ter gentilmente aceito o
convite para participar da banca examinadora deste estudo e contribuir de
forma valorosa com esta pesquisa.
Agradeço a cada um dos companheiros desta jornada especialmente a
querida amiga Rafaella pelo exemplo de imensa força de trabalho e dedicação,
as “meninas” Cristiane e Juliana, que dividiram conosco a alegria e os percalços
deste trabalho. Ainda a Tatiana, Jaqueline, Anderson, Felipe, Reinaldo,
Alexandre, Carlos, Eduardo, Sandro e Douglas, e a todos que de alguma forma
me acompanharam neste caminho cheio de pedras. Divido com cada um de
vocês a alegria do crescimento e vitória ora alcançados, com a sensação do
dever cumprido e com o compromisso pessoal de seguir em frente! E ainda
cheia de vontade de aprender!
Agradeço profunda e eternamente a todos os pacientes e voluntários
que participaram do nosso estudo, especialmente ao Sr. João Rodrigues
Santos, ao Sr. Severino Antonio da Silva e Sr. João Edson F. Amorin, que nos
cederam não suas imagens para a confecção de vídeos e fotos que fazem
parte deste estudo, como compartilharam conosco suas experiências de vida. A
todos os outros pacientes aqui não citados nome a nome, mas que gentilmente
concordaram em participar desta pesquisa, nos emprestando seus tempos,
distâncias e pesos, resultados de cada uma das tarefas executadas, sem
esmorecerem, chegando algumas vezes ao cansaço extremo e mesmo assim
o desistiram e não nos abandonaram. Obrigado ainda por cada história
contada, por cada história compartilhada, por cada sorriso, por cada
abraço e cada beijo dado com carinho e respeito a mim e a nossa pesquisa.
Meu mais sincero obrigado! Até a próxima! E contem sempre comigo!
Meus agradecimentos à Universidade Nove de Julho, na pessoa do
Prof. Dr. João Carlos Ferrari Corrêa, instituição responsável pela minha
formação profissional, graduação e agora pela pós-graduação, nos
beneficiando com um ambiente acadêmico estimulante, cercado de pessoas
competentes e todas unidas pelo mesmo objetivo... um ensino de qualidade, e
que me permitiram a realização desta importante etapa acadêmica.
Enfim a todos, minha eterna gratidão e respeito!
x
Resumo
Introdução: Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC),
frequentemente, são limitados na performance de atividade de vida diária
(AVD). Testes avaliação habituais de capacidade funcional podem não
representar seu verdadeiro nível funcional, pois avaliam apenas uma única
tarefa (p.ex., caminhada). Assim, o teste de capacidade física funcional PFP-10
consiste em um instrumento viável de avaliação das AVD nesta população.
Objetivos: Avaliar a reprodutibilidade e validade do teste PFP-10 em pacientes
com DPOC. Método: Estudamos 28 pacientes com DPOC e 9 controles
saudáveis pareados por idade e gênero. Todos realizaram avaliações
antropométrica e espirométrica para a caracterização da amostra. O grupo
DPOC realizou também avaliação da dispnéia pela Medical Research Council
modificada (MMRC) e o TC-6min para determinar gravidade da doença e
respondeu ao questionário London Chest Activity of Daily Living Scale (LCADL).
Todos executaram dois testes PFP-10, em dias diferentes e no mesmo período
do dia. Resultados: O PFP-10 mostrou elevada concordância entre teste e
reteste, (CCI 0,82 a 0,99 no grupo DPOC e 0,73 a 0,99 no grupo controle com p
≤ 0,05), assim como o tempo total do teste e reteste do PFP-10 mostrou
excelente reprodutibilidade (CCI: 0,98, p 0,05), e uma correlação negativa de
moderada magnitude entre o tempo total do PFP-10 e TC-6min (r = - 0,44, p =
0,02), assim como uma tendência à correlação do PFP-10 e o escore total do
LCADL (r = 0,37, p = 0,06) nos DPOC. Os pacientes com DPOC apresentaram
menor capacidade durante a execução da maioria das tarefas avaliadas no
teste PFP-10 quando comparados ao grupo controle. Conclusão: O teste PFP-
10 mostrou-se altamente reprodutível e válido em pacientes com DPOC, sendo
capaz de determinar uma pior performance funcional dos pacientes com DPOC
na realização das atividades de vida diária.
Palavras-chave: capacidade funcional, atividade de vida diária, DPOC.
Abstract
Introduction: Patients with chronic obstructive pulmonary disease (COPD)
frequently present reduced capacity to perform activities of daily living (ADL).
However, the tests usually aplicable to assess functional capacity can not
represent the true functional level in these patients because they provide only
one task, i.e., walking. In this context, the short version: Continuous-Scale
Physical Functional Performance test (PFP-10) consists of a tool of evaluation
for ADL, which might be useful for assessing this population. Objectives: The
objective of this study was to test the reproducibility of PFP-10 in patients with
COPD. Method: Twenty-eight patients with COPD, clinically stable, and nine
control subjects. All subjects performed anthropometric and spirometric
evaluations to characterize the samples. COPD group also performed
assessment of dyspnea by Modified Medical Research Council, and six-minute
walking test to classify the severity of COPD by BODE index. In addition,
patients responded London Chest Activity of Daily Living (LCADL)
questionnaire. All subjects performed two PFP-10 tests in two different days, at
the same period of the day. Results: It was observed a high reliability in PFP-10
between test and retest, with intraclass correlation coeficient (ICC) from 0.82 to
0.99 for COPD group, and from 0.73 to 0.99 for control group (p 0.05 for all
tasks). The total time to perform PFP-10 in two different days showed excelent
reproducibilty (ICC: 0.98; p 0.05). In COPD group, it was observed a moderate
negative correlation between total time to perform PFP-10 and six-minute
walking test (r = - 0.44, p = 0.02), and a tendency to significance for PFP-10 and
total score of LCADL questionnaire (r = 0.37; p = 0.06). In addition, patients with
COPD showed lower capacity during execution of the most tasks evaluated by
PFP-10 than control group. Conclusion: PFP-10 is a highly reproducible test
and a valid instrument to assess patients with COPD. Comparing to control
group, this test was able to determine lower functional performance in patients
with COPD during activities of daily living.
Keywords: functional capacity, activities of daily living, COPD.
xii
SUMÁRIO
Dedicatória ____________________________________________________
v
Agradecimentos Especiais ______________________________________
vii
Resumo ______________________________________________________
x
Abstract ______________________________________________________
xi
Lista de Figuras ________________________________________________
xv
Lista de Tabelas ________________________________________________
xvi
Lista de abreviaturas ____________________________________________
xvii
1. CONTEXTUALIZAÇÃO ________________________________________
01
1.1. Definição de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica DPOC __________
02
1.2. Epidemiologia ______________________________________________
03
1.2.1. Incidência e Prevalência ____________________________________
03
1.2.2 Mortalidade________________________________________________
04
1.2.3. Impacto social e econômico __________________________________
05
1.2.4. Admissão hospitalar (exacerbações) ___________________________
06
1.3. Fisiopatologia da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica __________
08
1.3.1. Fisiopatogênia da DPOC ____________________________________
08
1.3.2. Manifestações pulmonares da DPOC __________________________
09
1.3.3. Manifestações sistêmicas da DPOC ___________________________
09
1.4. Avaliações para classificação da gravidade da DPOC ____________
12
1.4.1. Espirometria ______________________________________________
13
1.4.2. Classificação da Gravidade segundo GOLD _____________________
13
1.4.3. Classificação de gravidade da doença pelo índice multissistêmico
BODE ________________________________________________________
15
1.5. Contribuição da dispnéia no comprometimento funcional dos
pacientes com DPOC ___________________________________________
16
1.6. Avaliação da dispnéia na DPOC ______________________________
17
1.6.1. Escala de esforço percebido BORG __________________________
17
1.6.2. Medical Research Council Modificada (MMRC) __________________
18
1.6.3. London Chest Activity of Daily Living scale LCADL ______________
18
1.7. Testes de avaliação de capacidade física _______________________
20
1.7.1. Teste de caminhada de seis minutos - TC6’ _____________________
20
xiii
1.7.2 Teste de marcha controlada (shuttle walking test) _________________
21
1.7.3. Teste do degrau ___________________________________________
22
1.7.4. Teste de MMSS ___________________________________________
24
1.8. Métodos objetivos de avaliação da capacidade física funcional em
doenças respiratórias __________________________________________
25
1.8.1. Pedômetros ______________________________________________
25
1.8.2. Acelerômetros ____________________________________________
26
1.8.3. Teste PFP-10 como uma nova proposta de avaliação do estado
funcional em pacientes com DPOC _________________________________
27
1.10. Referências Bibliográficas - CONTEXTUALIZAÇÃO _____________
31
2. ARTIGO ____________________________________________________
44
2.1. Introdução _________________________________________________
45
2.2. Objetivos __________________________________________________
47
2.3. Material e Métodos __________________________________________
47
2.3.1. Amostra__________________________________________________
47
2.3.2. Parâmetros Clínicos BODE ________________________________
48
2.3.3. Questionário de atividade de vida diária London Chest Activity of Daily
Living scale (LCADL) ____________________________________________
48
2.3.4. Teste de escala contínua de performance física funcional PFP-10___
49
2.4. Análise estatística ___________________________________________
50
2.5. Resultados ________________________________________________
51
2.5.1. Características antropométricas e espirométricas da amostra _______
51
2.5.2. Reprodutibilidade do teste PFP-10 ____________________________
52
2.5.3. Validade do teste PFP-10 ___________________________________
56
2.5.4 Comparação do desempenho no teste PFP-10 entre os grupos DPOC
e controle ____________________________________________________
58
2.5.5 Magnitude da dispnéia nas tarefas do PFP-10 no grupo de pacientes
com DPOC ___________________________________________________
59
2.6. Discussão _________________________________________________
60
2.7. Conclusão _________________________________________________
68
2.8. Referências bibliográficas ARTIGO ____________________________
69
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________
76
4. APÊNDICES ________________________________________________
79
xiv
4.1. Artigo “ Recomendação de reabilitação Pulmonar em uma Coorte de
Pneumologistas de São Paulo Brasil”______________________________
80
4.2. Artigo “Conhecimento teórico prático sobre manejo e pressão do
balonete endotraqueal”___________________________________________
86
4.3. Artigo “Efeito da obesidade na função pulmonar de uma coorte de
adolescentes de São Paulo” ______________________________________
96
5. ANEXOS ___________________________________________________
111
5.1. Aprovação do CoEP Universidade Nove de Julho __________________
112
5.2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido _____________________
117
6. APÊNDICES _____________________________________________
120
6.1. Apêndice 1 - Classificação de gravidade da doença pelo índice
multissistêmico BODE no grupo DPOC ______________________________
121
6.2. Apêndice 2 - Questionário de atividade de vida diária London Chest
Activity of Daily Living scale (LCADL) _______________________________
124
6.3. Apêndice 3 - Fase de planejamento, estruturação e execução do
protocolo do PFP-10 ____________________________________________
125
6.4. Apêndice 4 - Avaliação das atividades de vida diária pelo PFP-10
(Continuous-Scale Physical Functional Performance test) _______________
128
6.5. Referências Bibliográficas dos Suplementos ______________________
129
xv
Lista De Figuras
Figuras da Contextualização
Pág.
Figura 1 Ilustração da espiral da dispnéia ___________________________
16
Figura 2. Escala London Chest Activity of Daily Living (LCADL) _________
19
Figura 3. Protocolo PFP-10 _____________________________________
29
Figuras do Artigo
Pág.
Figura 1. Grau de concordância do tempo total do PFP-10
1
e PFP-10
2
de
acordo com o método de Bland-Altman _____________________________
54
Figura 2. Correlação entre o tempo total do PFP-10
2
e o questionário
LCADL ______________________________________________________
55
Figura 3. Correlação entre o tempo total do PFP-10
2
e a distância do TC6’
2
do grupo de pacientes com DPOC _________________________________
57
Figura 4. Representação gráfica do grau de percepção da dispnéia do
grupo de pacientes com DPOC nas diferentes tarefas do PFP-10 ________
58
xvi
Listas De Tabelas
Tabelas da Contextualização
Pág.
Tabela 1 - Prevalência projetada de tabagistas, DPOC e número de
internações e óbitos nos estados do Brasil, segundo dados populacionais
do IBGE, CEBRID, Estudo PLATINO e SUS. Apresentação Parcial ______
04
Tabela 2. Critérios espirométricos para gravidade da DPOC conforme o
GOLD _______________________________________________________
14
Tabela 3. Índice BODE _________________________________________
15
Tabela 4. Medical Research Council modificada MMRC ______________
17
Tabelas do Artigo
Pág.
Tabela 1. Características gerais da amostra _________________________
50
Tabela 2. Concordância entre PFP-10
1
e PFP-10
2,
observada no grupo
DPOC e grupo controle ________________________________________
53
Tabela 3. Abordagem pelo método de Bland-Altman para determinação da
concordância entre os testes PFP-10
1
e PFP-10
2
do grupo de pacientes
com DPOC ___________________________________________________
54
Tabela 4. Correlação entre grau de dispnéia no LCADL e PFP-10 ________
56
xvii
Lista de Abreviaturas
ATS
American Thoracic Society
AVD
Atividade de vida diária
CCI
Coeficiente de Correlação Intraclasse
CoEP
Comitê de Ética em Pesquisa
CS-PFP
Continuous-Scale Physical Functional Performance test
CVF
Capacidade Vital Forçada
DP
Desvio Padrão
DPOC
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
ERS
Sociedade Européia Respiratória
GC
Grupo Controle
GNT
Grupo DPOC não Treinado
GOLD
Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease
GT
Grupo DPOC Treinado
IMC
Índice de Massa Corporal
Kg
Quilograma
LCADL
London Chest Activity of Daily Living scale
LI
Limite Inferior
LS
Limite Superior
MMII
Membros Inferiores
MMRC
Medical Research Council modificada
MMSS
Membros Superiores
PFE
Pico de Fluxo Expiratório
PFP-10
short version: Continuous-Scale Physical Functional Performance
test
s
Segundos
SDM
Síndrome da disfunção muscular esquelética
xviii
TC-6min
Teste de caminhada de seis minutos
TD
Teste do degrau
V
E
Volume Minuto
VEF1
Volume Expiratório Forçado no primeiro minuto
VO
2
Consumo de Oxigênio
VO
2máx
Consumo Máximo de Oxigênio
VVM
Ventilação Voluntária Máxima
xix
CONTEXTUALIZAÇÃO
xx
CONTEXTUALIZAÇÃO
1.1. Definição de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica DPOC
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é definida como uma
enfermidade respiratória prevenível e tratável com manifestações sistêmicas,
que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, não
totalmente reversível, e associada a uma resposta inflamatória anormal à
inalação de fumaça de cigarro e outras partículas e gases tóxicos. Esta definição
tem por finalidade ressaltar alguns aspectos importantes da DPOC. Primeiro,
que esta doença é prevenível, sendo a sua maior causa o cigarro. O não fumar
poderia evitar o desenvolvimento da DPOC. Para isto é necessário um programa
de educação da população, principalmente dos adolescentes. Segundo, e muito
importante, é chamar a atenção dos profissionais da área da saúde para o fato
da DPOC ser tratável. O conceito predominante nos últimos anos entre os não
especialistas era de que a DPOC sendo progressiva, não havia o que se fazer
pelo paciente. Atualmente, os especialistas da área têm procurado mostrar que
os pacientes portadores de DPOC podem se beneficiar com uma série de
medidas no tratamento. Por fim, a definição ressalta que a DPOC é uma doença
multifatorial com repercussões sistêmicas, o que tem desafiado o manejo
terapêutico
(1, 2,3).
2
xxi
1.2. Epidemiologia
1.2.1. Incidência e Prevalência
Em 2003 foi realizado um estudo de prevalência de DPOC na cidade
de São Paulo, realizado pela Associação Latino-Americana de Tórax, o Projeto
Platino
(4)
(Projeto Latino-Americano de Investigação de Enfermidade
Obstrutiva). Este projeto, que abrangeu as principais capitais da América
Latina, incluiu pessoas acima de 40 anos, sendo um estudo randomizado de
áreas e residências, com aplicação de questionário de sintomas e realização
de espirometria pré e pós broncodilatador em domicílio. A prevalência da
DPOC, segundo a espirometria, foi de 15,8% na população com idade igual ou
superior a 40 anos, o que representa uma população de mais ou menos sete
milhões de indivíduos com DPOC no Brasil
(5)
, vide Tabela 1. Como pode ser
observado, diante da importante prevalência no projeto Platino, esforços
devem ser encorajados na tentativa de reduzir o prejuízo funcional inerente
desta doença.
A incidência da DPOC ainda é maior no sexo masculino do que no
sexo feminino e aumenta acentuadamente com a idade. No entanto, com o
aumento do tabagismo entre as mulheres nos últimos 30 a 40 anos, estima-se
que esta diferença seja menor nos próximos anos. Um fator etiológico
importante para DPOC, descrito em países em desenvolvimento, é a
exposição das mulheres à fumaça produzida pela combustão da lenha.
Investigações na América Latina, particularmente na Colômbia, México e
Guatemala mostraram que as mulheres expostas à fumaça de lenha têm uma
3
xxii
possibilidade maior de desenvolver sintomas respiratórios que as mulheres
fumantes e não expostas à fumaça resultante da combustão deste material
(4)
.
Pelos dados do Ministério da Saúde (DATASUS) a DPOC foi a quinta
maior causa de internação no sistema público de saúde no Brasil, em maiores
de 40 anos, com 196.698 internações em 2003, e gasto aproximado de 72
milhões de reais, o que a coloca entre as principais doenças consumidoras de
recursos
(6)
.
Tabela 1 - Prevalência projetada de tabagistas, DPOC e número de internações
e óbitos nos estados do Brasil, segundo dados populacionais do IBGE, CEBRID,
Estudo PLATINO e SUS. Apresentação Parcial
(2)
1.2.2. Mortalidade
Estudos têm mostrado que entre as causas mais comuns de morte
(doenças coronariana, cerebrovasculares e tumorais), a DPOC e os tumores de
pulmão são as únicas que apresentam um crescimento, o que parece ser reflexo
de altas taxas de tabagismo no passado. A Organização Mundial da Saúde
Estado
Sexo
Total
População
com 40 ou
mais anos de
idade
Tabagistas
Portadores
de DPOC
(estádios
I a IV)
Portadores
de DPOC
(estádios II a
IV)
Nº de
internações
no SUS, em
2004, por
DPOC (> 40
anos)
Nº de óbitos
por DPOC,
em 2003,
(com >
40anos
SP
Masculino
Feminino
Total
5.140.453
5.835.490
10.975.943
1.439.326
1.167.098
2.606.424
925.281
816.968
1.742.249
625.628
12.830
9.793
22.623
5.607
3.367
8.974
Brasil
Masculino
Feminino
Total
21.867.563
24.444.017
46.311.580
6.122.917
4.888.803
11.011.720
3.936.161
3.422.162
7.358.323
2.639.760
105.883
85.798
191.681
20.713
12.844
33.560
4
xxiii
(OMS) estima em 2.740.000 o número de óbitos por DPOC no ano de 2000 no
mundo, e preconiza ainda seu aumento para a terceira causa de mortalidade em
2020
(7)
.
No Brasil houve um aumento do número de óbitos por DPOC nos
últimos 20 anos, em ambos os sexos, tendo a taxa de mortalidade passada de
7,88/100.000 habitantes na década de 1980, para 19,04/100.000 habitantes na
década de 1990. Houve um crescimento de óbitos por DPOC de 1980 a 2001
de 340%, ajustado para o crescimento populacional neste período. A
mortalidade por DPOC no Brasil ocupa entre a quarta e sétima posição, com
pequena diferença entre as condições que ocupam tais posições
(6)
.
1.2.3. Impacto econômico e social
A DPOC é uma doença cara, tanto em custos diretos (valor de recursos
de saúde dedicados ao diagnóstico e tratamento médico) como indiretos
(conseqüências monetária da deficiência, falta ao trabalho, mortalidade prematura,
custos resultantes da doença com cuidador ou familiares)
(8)
. Nos países
desenvolvidos, as exacerbações da DPOC representam a maior carga de
recursos sobre o sistema de saúde. Na União Européia, os custos diretos totais da
doença respiratória são estimados em cerca de 6% do orçamento total da saúde,
sendo o DPOC responsável por 56% deste, representando 38,6 bilhões de euros
(8)
. Nos Estados Unidos, em 2007, os custos totais da DPOC foram 42,6 bilhões
de dólares e os custos diretos totalizaram 26,7 bilhões de dólares
(9)
. Em alguns
países, os planos nacionais de saúde oferecem cobertura para o oxigenioterapia,
serviços de enfermagem, de reabilitação e mesmo ventilação mecânica em casa,
5
xxiv
embora a cobertura para serviços específicos varie de país para país
(10)
. No
Brasil os custos somente com hospitalizações ficaram em torno de 2,7 milhões de
dólares anuais, sendo o custo de uma visita de urgência em saúde publica de 65,5
dólares
(11)
. Nos países em desenvolvimento, os custos médicos diretos podem
ser menos importante do que o impacto da DPOC no local de trabalho e
produtividade em casa, uma vez que o setor de saúde pode não fornecer serviços
em longo prazo de cuidados e suporte para os indivíduos com deficiências
severas, assim a DPOC pode forçar dois indivíduos a sair do local de trabalho,
que na maioria das vezes um familiar passa a ser o cuidador deste doente
(12)
.
1.2.4. Admissão hospitalar (exacerbações)
Reduzir as internações hospitalares por exacerbações dos pacientes
com DPOC é um objetivo primordial na gestão da doença
(1, 13)
, por conta de
seu elevado custo socioeconômico
(14)
. Atualmente, apenas terapia com
oxigênio, alguns broncodilatadores e glicocorticóides, e vacinas da gripe são
consideradas eficazes para a melhoria do curso da doença, seja pela redução
da freqüência de admissão hospitalar por DPOC ou mortalidade
(1,13)
. Em um
estudo conduzido em uma coorte de 346 pacientes com DPOC moderada a
grave, acompanhados por 1 ano em Barcelona, Espanha, os pacientes que
relataram atividade física equivalente ao menos 1 hora de caminhada por dia
tiveram um risco menor de admissão por exacerbação de DPOC do que
aqueles que caminhavam menos de 20 minutos por dia
(15)
Este achado foi
considerado relevante pelo seu impacto potencialmente positivo e suas
implicações no que diz respeito à redução de custos de saúde
(16)
. Do ponto de
6
xxv
vista da saúde pública, considerando a grande quantidade de benefícios de
saúde associados com a prática de atividade física
(17)
, a possibilidade de que
maiores níveis de atividade física regular, como caminhar ou pedalar podem ser
associado a uma melhoria no curso da DPOC e é digno de uma investigação
mais aprofundada
(18)
.
Em um estudo recente de Garcia-Aymerich e col.
(18)
, foram
encontradas fortes evidências de que o desempenho regular de atividade física
por pacientes com DPOC está associado a uma redução importante no risco
tanto de admissão hospitalar quanto mortalidade, e que esta recomendação
deve ser encorajada a fim de aumentar os níveis de atividade física regular
destes pacientes. Dado que a DPOC é uma doença crônica associada a uma
elevada carga socioeconômica e conseqüências para a saúde, tal medida é
susceptível a originar benefícios para a saúde pública
(18)
.
1.3. Fisiopatologia da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
1.3.1. Fisiopatogênia da DPOC
Atualmente, o tabagismo é aceito como o principal fator de risco isolado
de desenvolvimento de DPOC, e está associado a um risco aumentado de óbito
devido a DPOC, carcinoma pulmonar e doença coronariana isquêmica. O
aumento de risco está diretamente relacionado à carga tabágica. No entanto, é
sabido que menos de 20% dos fumantes evolui para DPOC clinicamente
evidente
(19)
, o que sugere que haja uma população de tabagistas susceptíveis
ao desenvolvimento da doença obstrutiva. A razão pela qual apenas parte dos
7
xxvi
tabagistas desenvolve resposta inflamatória aos agentes nocivos presentes no
cigarro que leva à destruição pulmonar é ainda fato desconhecido. Alguns
autores demonstraram a presença de linfócitos T e macrófagos na parede das
vias aéreas de tabagistas, enquanto que neutrófilos são preferencialmente
coletados na luz alveolar
(20)
. Nesse processo inflamatório existe a participação
não apenas das células inflamatórias, mas de células estruturais como epiteliais,
musculares e fibroblastos
(21,22)
. O acúmulo de macrófagos e de linfócitos na
parede das pequenas vias aéreas tem recebido muito interesse por parte dos
pesquisadores da especialidade
(23,24)
. Diferente do que ocorre na asma, onde
existe proliferação de linfócitos T com predomínio de CD4, vários achados
apontam para o acúmulo especialmente de linfócitos T CD8
(10,20)
. Esta
dicotimização do perfil inflamatório, que é específica a cada uma das doenças
inflamatórias pulmonares, poderia explicar o aparecimento de mediadores
inflamatórios específicos que seriam determinantes no desenvolvimento da
lesão estrutural que ocorre na DPOC
(25,26)
.
1.3.2. Manifestações pulmonares da DPOC
Na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) a limitação do fluxo
aéreo expiratório e o colapso dinâmico das vias aéreas promovem uma
dissociação mecânico ventilatória durante exercício
(27,28)
. A resistência ao fluxo
combinada com diminuída elastância pulmonar aumenta o tempo necessário
para completar a expiração até a capacidade residual funcional, predispondo os
pacientes com DPOC a elevações no volume pulmonar expiratório final (ou seja,
ao aprisionamento de ar) e correspondentes reduções na capacidade
8
xxvii
inspiratória
(29,30)
.
Devido em parte à diminuição da capacidade inspiratória,
quando o paciente com DPOC se exercita este tende a aumentar a ventilação
minuto, com aumento desproporcional da freqüência respiratória em relação ao
volume corrente. No entanto, taquipnéia é tanto compensatória quanto
contraproducente, que altas freqüências respiratórias encurtam cada vez mais
o tempo de expiração agravando assim a hiperinsuflação pulmonar, colocando
tanto a musculatura torácica como a diafragmática em desvantagem mecânica
(31,32)
. Eventualmente esta cascata fisiológica leva a dispnéia e exaustão com
cargas físicas de trabalho relativamente baixas. Apesar dessas limitações, a
exposição repetitiva aos regimes de exercício aeróbico pode levar as melhorias
sustentadas na tolerância ao exercício e qualidade de vida
(33,34)
.
1.3.3. Manifestações sistêmicas da DPOC
São alterações características da DPOC a inflamação das vias aéreas e
a destruição do parênquima pulmonar que contribuem para a limitação ao fluxo
aéreo, que é o marcador funcional da doença. No entanto, o quadro clínico e as
repercussões no estado geral de saúde do paciente sofrem a influência das
manifestações sistêmicas da DPOC e reforçam a necessidade de abordagem
multidimensional que contemple todos os componentes da doença
(35)
.
A origem da inflamação sistêmica nos pacientes com DPOC continua a
ser mal compreendida atualmente, e vários e independentes caminhos podem
estar envolvidos. Como o fumo causa diversos efeitos extrapulmonares
importantes, como doenças cardiovasculares, o tabaco sozinho pode contribuir
9
xxviii
significativamente para a inflamação sistêmica na DPOC. A este respeito, tanto
estresse oxidativo sistêmico como a disfunção endotelial vascular periférica
foram relatadas em fumantes, em fumantes passivos e com pouco tempo de
hábito tabágico
(36,37)
.
Um segundo mecanismo possível seria o envolvimento da resposta
inflamatória pulmonar local na inflamação sistêmica, o que foi investigada em
um estudo com pacientes com DPOC de leve a moderada
(38)
, comparando
níveis de TNF-R (fator de necrose tumoral) ou IL-8 (interleucina) no escarro e
no plasma o que não mostrou correlação direta, sugerindo assim que a
resposta inflamatória sistêmica não é uma sobrecarga de processos
inflamatórios mediadores do compartimento pulmonar, mas sim que o processo
inflamatório nos compartimentos locais e sistêmicos é regulado de forma
diferente.
Uma terceira hipótese seria que o processo de inflamação sistêmica
poderia estar relacionado à hipóxia, um problema recorrente na DPOC. Estudos
in vitro revelaram que a hipóxia resulta em maior produção de citocinas pelos
macrófagos, hipoxêmia sistêmica observada em pacientes com DPOC,
contribuindo para a ativação do sistema de TNF
(39)
. Da mesma forma, uma
relação significativa foi encontrada entre a diminuição de oxigênio
circulante e os níveis TNF-α na circulação periférica, reforçando o papel da
hipóxia tecidual
(40)
. Como a capacidade de manter a homeostase do oxigênio é
essencial a sobrevivência, sistemas fisiológicos evoluíram para assegurar
a oxigenação ideal de todas as células do organismo. O fator induzido por
hipóxia (HIF-1α) desempenha um papel importante sinalizando a existência de
10
xxix
hipóxia, ativando genes cujos produtos estão envolvidos na angiogênese, no
metabolismo energético, na eritropoiese, na inflamação, na proliferação celular,
na remodelação vascular e nas respostas vasomotoras
(41)
. Macrófagos
alveolares parecem ter um proeminente papel na resposta inflamatória induzida
por hipóxia na lesão pulmonar e estão relacionados com a alta regulação de
mediadores inflamatórios
(42)
. Baseado na observação de diminuição da
capacidade antioxidante da musculatura esquelética em pacientes com DPOC,
Rabinovich e col.
(43)
. demonstraram uma resposta anormal de citocinas em
exercício moderado em pacientes com DPOC.
Apesar da alteração primária na DPOC ser pulmonar ventilatória, a
capacidade de realizar exercício e, portanto, a habilidade de realizar atividades
de vida diária, encontra-se marcadamente reduzidas. O modelo da “espiral da
dispnéia” sugere que, para evitá-la, os pacientes com DPOC adotam um estilo
de vida sedentário, o qual conduz à redução da capacidade aeróbia dos
músculos periféricos. A falta de condicionamento faz com que a contribuição do
metabolismo anaeróbio glicolítico para a geração energética aumente
substancialmente, resultando em lactacidemia precoce com conseqüente
hiperventilação e agravamento da dispnéia
(44)
.
No entanto, além do sedentarismo, estudos recentes fornecem
evidências de que a etiologia da limitação ao exercício em pacientes com DPOC
é multifatorial
(1, 13, 44,45)
, com conseqüências que podem convergir para a
síndrome da disfunção muscular esquelética (SDM). Tal síndrome é
caracterizada por atrofia (sarcopenia), perda de força e potência musculares,
constituindo-se num fator relevante para explicar a redução da tolerância ao
11
xxx
exercício em pacientes com DPOC
(46)
. A etiologia da SDM ainda não está
totalmente elucidada, porém, é provável que envolva fatores como
descondicionamento, hipóxia sistêmica e/ou hipercapnia, depleção nutricional,
uso crônico ou repetitivo de drogas (corticosteróides), alterações induzidas pela
idade, disfunção hormonal e inflamação sistêmica
(46, 47)
.
1.4. Avaliações para classificação da gravidade da DPOC
A Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada pela
limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível. Em um paciente que
apresenta com sintomas respiratórios e fatores de risco, a recomendação é
realizar a espirometria para determinar a presença de obstrução ao fluxo aéreo.
No entanto, apenas cerca de um terço dos pacientes com diagnóstico de DPOC
realizam a espirometria, confirmando seu diagnóstico, embora alguns estudos
tenham mostrado que a história e exame físico sozinhos não são sensíveis ou
específicos para diagnosticar a DPOC
(48)
.
1.4.1. Espirometria
O diagnóstico de DPOC deve ser considerado em qualquer paciente que
apresente sintomas de tosse, expectoração ou dispnéia e/ou uma história de
exposição a fatores de risco para a doença. O diagnóstico é confirmado pela
espirometria. Ao final do teste, serão considerados somente os resultados das
manobras executadas de forma satisfatória e consistente. Ambos, Capacidade
Vital Forçada (CVF) e Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo (VEF
1
)
12
xxxi
devem ser os de maior valor a serem utilizados de uma das três melhores
curvas tecnicamente satisfatórias e os valores de CVF e VEF
1
não devem variar
mais que 5% ou 100 ml, o que for maior. A relação CVF/VEF
1
é calculada
usando o máximo VEF
1
e CVF tecnicamente aceitáveis, não necessariamente da
mesma curva
(49)
.
1.4.2. Classificação da Gravidade segundo GOLD
A presença de VEF
1
< 80% do valor previsto após o uso do
broncodilatador em combinação com a relação CVF/ VEF
1
< 70% confirma a
presença de limitação do fluxo aéreo, conforme Tabela 2. Nos locais onde a
espirometria não estiver disponível, o diagnóstico de DPOC deve ser feito
usando todas as ferramentas disponíveis. Sintomas e sinais clínicos, como
encurtamento anormal da respiração e maior tempo de expiração forçada, pode
ser usado para ajudar no diagnóstico. Um pico de fluxo baixo é consistente com
a DPOC, mas apresenta baixa especificidade, pois pode ser causada por outras
doenças pulmonares e também por fraco desempenho do avaliado. No interesse
de melhorar o diagnóstico de DPOC, todo esforço deve ser feito para fornecer
acesso à espirometria padronizada. A tosse crônica e produção de expectoração
freqüentemente precedem o desenvolvimento da limitação do fluxo aéreo por
muitos anos, embora nem todos os indivíduos com tosse e expectoração
venham a desenvolver a DPOC
(1)
.
13
xxxii
Tabela 2. Critérios espirométricos para gravidade da DPOC conforme
o GOLD
1
A classificação espirométrica demonstrou ser útil para predizer o estado
de saúde
(50)
, a utilização dos recursos de saúde
(51)
, o desenvolvimento de
exacerbações
(52,53)
e mortalidade
(54)
na DPOC. Destina-se ser aplicável à
população
(55)
e não substitui o julgamento clínico na avaliação da gravidade da
doença. No entanto, a classificação espirométrica é útil na previsão do estado
de saúde e mortalidade. Além do VEF
1
, a massa corporal (IMC)
(56,57)
e dispnéia
(58)
revelaram-se úteis na previsão de resultados, tais como a sobrevivência, e é
recomendado que sejam avaliados em todos os pacientes. Pacientes com
limitação do fluxo aéreo relativamente precoce (4 ª ou 5 ª década) e, em
particular aqueles com uma história familiar de DPOC deve ser avaliado para
deficiência de α1-antitripsina.
Neste estadio, a qualidade de vida está
apreciavelmente alterada e as
exacerbações podem levar a risco de
vida.
VEF
1
/CVF < 0,7
VEF
1
< 30% do previsto OU
VEF
1
< 50% do previsto
associado à insuficiência
respiratória crônica
IV : DPOC Muito Grave
Falta de ar tipicamente piora neste
estadio e freqüentemente limita as
atividades diárias do paciente. Neste
estádio começam a aparecer as
exacerbações
VEF
1
/CVF < 0,7
30% < VEF
1
< 50% do
previsto
III : DPOC Grave
Sintomas progridem neste estadio, com
falta de ar tipicamente
aparecendo aos esforços
VEF
1
/CVF < 0,7
50% < VEF
1
< 80% do
previsto
II : DPOC Moderado
Neste estadio o paciente pode não
estar consciente que sua função
pulmonar está anormal
VEF
1
/CVF < 0,7
VEF
1
> 80% do previsto
I : DPOC Leve
14
xxxiii
1.4.3. Classificação de gravidade da doença pelo índice multissistêmico
BODE
A avaliação do índice multissistêmico BODE
(60)
compreende as
medidas de composição corporal, ou seja, o IMC (obtido por meio das medidas
antropométricas); o grau de obstrução pulmonar pelo VEF
1
(obtido por meio da
espirometria); o grau de dispnéia pela escala do Medical Research Council
modificada (MMRC) e a capacidade de exercício pelo teste da caminhada de
seis minutos (TC - 6 min) (Tabela 3). Celli e col.
(60)
descobriram que cada
aumento de quartil na pontuação do Índice BODE resultou um aumento no risco
de mortalidade. Aqueles pacientes com um índice BODE no 4º. quartil de
escore do índice BODE (de 7 a 10) tinham uma taxa de mortalidade de 80% em
52 meses. Os resultados deste estudo indicaram que o Índice BODE foi melhor
preditor de mortalidade que qualquer uma das variáveis acima citadas,
individualmente. Além disso, Cote e Celli
(61)
mostraram que o índice BODE é
uma ferramenta viável de estadiamento e progressão da doença pulmonar
obstrutiva crônica.
Tabela 3. Índice BODE
Variáveis
Pontuação índice BODE
0
1
2
3
VEF
1
(% prev)
≥ 65
50-64
36-49
≤ 35
Distância (TC-6min)
≥ 350
250-349
150-249
≤ 149
Dispnéia MMRC
0 -1
2
3
4
IMC
>21
≤ 21
Abreviaturas: VEF
1
= volume expiratório forçado no primeiro segundo; % prev = valores em porcentagem
do previsto; MMRC= Medical Research Council modificada; IMC= índice de massa corpórea.
15
xxxiv
1.5. Contribuição da dispnéia no comprometimento funcional dos
pacientes com DPOC
Apesar da alteração primária na DPOC ser pulmonar ventilatória, a
capacidade de realizar exercício e, portanto, a habilidade de realizar atividades
de vida diária, encontra-se marcadamente reduzidas. O modelo da “espiral da
dispnéia” sugere que, para evitá-la, os pacientes com DPOC adotam um estilo
de vida sedentário, o qual conduz à redução da capacidade aeróbia dos
músculos periféricos
(44)
, como pode ser visualizada na Figura 1.
Figura 1. Ilustração da espiral da dispnéia.
Ilustração por Willian Valeriano
Sedentarismo
Descondicionamento
Falta de ar
Aumento da Falta de
ar
e ar
16
xxxv
1.6. Avaliação da dispnéia na DPOC
1.6.1. Escala de esforço percebido BORG
(62)
Em estudos que envolvam atividade física intensa é importante avaliar
diversos sintomas subjetivos e queixas. Para medir tais sintomas, escalas de
razão psicofísicas podem ser utilizadas. No campo do esforço físico pesado e da
percepção de esforço respiratório, um dos métodos mais populares é a escala
de percepção de esforço de Borg. Esta escala apresenta-se em dois formatos:
original e modificada, pela qual o paciente relata o esforço percebido de
membros inferiores e fadiga respiratória.
1.6.2. Medical Research Council Modificada (MMRC)
A dispnéia funcional pode ser avaliada pela escala de dispnéia Medical
Research Council modificada (MMRC)
(63)
, pela qual a dispnéia relatada nas
atividades pode ser graduada, conforme Tabela 4 abaixo.
Tabela 4 Escala MMRC
Medical Research Council modificada MMRC
Grau 0
_
Você já teve alguma vez falta de ar, exceto em
exercício intenso?
Grau 1
Se sim
Você tem falta de ar ao andar apressado no plano
ou andando numa subida leve?
Grau 2
Se sim
Você tem que andar mais devagar, no plano, do que
a maioria das pessoas?
Você tem que parar, depois de andar no plano e no
seu próprio passo, 1,5 Km ou 15 minutos?
Grau 3
Se sim para qualquer
uma das duas
Você tem que parar por falta de ar após uma
caminhada, no plano, de 100 metros ou após
poucos minutos?
Grau 4
Se sim
Você tem falta de ar que te impede de sair de casa
ou falta de ar depois de trocar a roupa?
17
xxxvi
1.6.3. London Chest Activity of Daily Living scale LCADL
O questionário de atividade de vida diária London Chest Activity of
Daily Living scale (LCADL), traduzido para o português e validado para uso no
Brasil, em pacientes com DPOC, foi utilizado para a avaliação qualitativa das
atividades de vida diária dos pacientes
(64)
. O LCADL possui 15 itens de AVD,
divididos em quatro domínios: cuidado pessoal (4 itens), doméstico (6),
atividade física (2) e lazer (3). O doente relata o quanto a dispnéia sentida
interfere nessas 15 AVD atribuindo para cada atividade um valor de 0 a 5,
sendo 0 (não faço isso, porque não é importante para mim), 1 (não tenho falta
de ar ao fazer), 2 (tenho falta de ar moderada), 3 (tenho muita falta de ar), 4
(desisti de fazer isso) e 5 (preciso de ajuda para fazer ou que alguém faça por
mim). Um subescore é calculado para cada domínio, e um escore total é
formado pela soma dos subescores dos 4 domínios. Valores mais altos na
escala indicam maior limitação nas AVD. Vide Figura 2.
Escala London Chest Activity of Daily Living (LCADL)
Por favor, diga-nos o quanto de falta de ar tem sentido durante estes últimos dias
enquanto faz as seguintes atividades:
Cuidado pessoal
Enxugar-se
0
1
2
3
4
5
Vestir a parte superior do tronco
0
1
2
3
4
5
Calçar os sapatos /meias
0
1
2
3
4
5
Lavar a cabeça
0
1
2
3
4
5
Doméstico
Fazer a cama
0
1
2
3
4
5
Mudar o lençol
0
1
2
3
4
5
Lavar janelas/cortinas
0
1
2
3
4
5
Limpeza/ limpar o pó
0
1
2
3
4
5
Lavar a louça
0
1
2
3
4
5
Utilizar o aspirador de pó/ varrer
0
1
2
3
4
5
Atividade física
Subir escadas
0
1
2
3
4
5
Inclinar-se
0
1
2
3
4
5
Lazer
Andar em casa
0
1
2
3
4
5
Sair socialmente
0
1
2
3
4
5
Falar
0
1
2
3
4
5
• Quanto a sua respiração o prejudica nas suas atividades do dia-a-dia?
Muito
Um pouco
Não prejudica
Figura 2. Questionário LCADL
18
xxxvii
1.7 Testes de avaliação de capacidade física
Diversos testes de exercícios têm sido utilizados para a avaliação da
capacidade funcional de pacientes com DPOC, na tentativa de refletir
diretamente a habilidade de realizar atividades de vida diária como trabalhos
domésticos, caminhadas rápidas, subir escadas, etc. Dentre os mais comuns
encontram-se o teste da caminhada de seis minutos (TC-6min)
(65)
, o teste de
marcha controlada (shuttle walking test)
(66,67)
, teste do degrau (step test)
(68)
, que
descreveremos a seguir, e a modalidade utilizada deve ser escolhida com base
na questão clínica a ser abordada e os recursos disponíveis.
1.7.1. Teste de caminhada de seis minutos TC-6min
O Teste de caminhada de seis minutos (TC-6min)
(65)
é um teste
simples e prático que exige um corredor de 30 m, mas nenhum equipamento ou
treinamento avançado. Andar é uma atividade executada diariamente por todos
os doentes mais gravemente comprometidos. Este teste mede a distância que
um paciente pode andar rapidamente em uma superfície plana, em um período
de 6 minutos. Este teste avalia as respostas globais e integradas de todos os
sistemas envolvidos durante o exercício, incluindo sistemas pulmonares e
cardiovasculares, sistema circulatório, circulação periférica, sangue, unidades
neuromusculares e metabolismo muscular. Ele não fornece informações
específicas sobre a função de cada um dos diferentes órgãos e sistemas
envolvidos no exercício ou um índice de prescrição de exercício, como é
possível com o teste de exercício cardiopulmonar máximo. O TC-6min para a
maioria dos pacientes corresponde a um nível de capacidade submáximo de
19
xxxviii
esforço. A maioria dos pacientes não atinge a capacidade máxima de exercício
durante o teste; em vez disso, escolhe sua própria intensidade do exercício, no
qual é permitido interromper para descanso durante o ensaio frente a sintomas
intolerantes. que a maioria das atividades de vida diária é realizada em
níveis submáximos de esforço, o TC-6min atualmente é o teste que melhor
reflete o nível de exercício funcional para atividades físicas diárias
(69)
.
Paradoxalmente, o maior problema teórico do TC-6min é a sua
simplicidade, o que abre espaço para diversos complicadores externos, tais
como: o esforço despendido, a motivação e a estratégia da marcha. Antes da
realização do teste, deve-se observar a presença ou não de contra-indicações
absolutas (angina instável e infarto agudo do miocárdio no mês precedente) e
relativas (frequência cardíaca basal acima de 120 bpm, pressão arterial acima
de 180/100 mmHg), além dos critérios de interrupção do mesmo (dor torácica,
dispnéia intolerável, cãibras, incoordenação motora, diaforese, palidez). Embora
o TC-6min seja considerado um teste seguro, deve-se atentar para os cuidados
habituais que envolvem um teste de exercício. O TC-6min não precisa ser
realizado na presença de um médico, embora material e pessoal devidamente
treinado em assistência básica à vida devam estar facilmente alcançáveis. Em
casos selecionados, a presença do médico pode ser aconselhável
(70,71)
.
1.7.2. Teste de marcha controlada (shuttle walking test)
O teste de caminhada controlada
(66)
exige que o paciente ande de
ponta a ponta um percurso de 10 metros, identificado por dois cones
distanciados a fim de evitar mudanças bruscas de direção.
20
xxxix
O teste de caminhada controlada é semelhante do TC-6min, porém usa
um sinal sonoro de uma fita cassete para direcionar o ritmo de caminhada do
paciente no percurso estabelecido. A velocidade de caminhada é aumentada a
cada estágio e o teste termina quando o paciente não consegue atingir o cone
no período de tempo necessário ou por sintomas limitantes
(66,67)
.
Sua principal vantagem consiste em ser uma atividade familiar e, ao
contrário da bicicleta ergométrica ou caminhada na esteira, é simples para o
examinador e paciente. Exige o mínimo de equipamento e tem a vantagem de
ser padronizado, incremental e externamente ritmado, diminuindo o efeito de
influência do examinador
(66)
.
Devido aos incrementos de velocidade da caminhada no shuttle
incremental, as respostas cardiorrespiratórias e de percepção da dispnéia ao
final do teste, em pacientes com DPOC moderada à grave, são similares
àquelas atingidas no pico do exercício no teste incremental realizado em
cicloergômetro
(72)
. Por isso, este teste pode ser utilizado para prescrever
intensidade de um programa de caminhada e para reavaliação após programa
de reabilitação
(73)
. Palange et al. sugerem que o shuttle incremental pode não
ser adequado para avaliar nível de atividade diária, pois o mesmo gera
respostas cardiopulmonares máximas
(74)
.
1.7.3. Teste do degrau
O teste do degrau (TD) é um procedimento simplificado de avaliação da
capacidade funcional que vem sendo frequentemente empregado no meio
clínico. Apesar do uso de degrau para avaliação da capacidade física ser
21
bastante antigo, até o presente momento, poucos são os estudos que o
utilizaram em doentes pulmonares crônicos. Diversos formatos de testes do
degrau foram propostos, embora poucos deles tenham sido validados em
populações clínicas
(75,76)
. As contra-indicações, os cuidados com a segurança e
os critérios para interrupção são os mesmos recomendados para o TC-6min
(66)
.
As variáveis principais obtidas no TD dependem da natureza básica do
teste, se o ritmo for determinado pelo paciente (self-paced), o número total de
degraus subidos pode ser um indicador do “trabalho total desenvolvido no teste,
por outro lado, se o ritmo for determinado por um metrônomo ou contador
externo (paced), o número de degraus será constante (caso o paciente consiga
terminar o teste) e o mesmo não fornecerá uma estimativa da capacidade de
trabalho, e algumas respostas fisiológicas básicas podem ser obtidas, tais como:
frequência cardíaca (sem, ou preferencialmente, com registro
eletrocardiográfico), pressão arterial sistêmica, escores de dispnéia, saturação
da oxiemoglobina por oximetria de pulso (SpO
2
, %) e/ou gasometria arterial
(77,78)
.
Os TDs apresentam um perfil de respostas fisiológicas distinto dos
testes de caminhada. O trabalho contra a gravidade e o uso de grupamentos
musculares não utilizados com freqüência na vida diária torna as demandas
metabólicas e ventilatórias mais intensas, com os limites máximos sendo
frequentemente atingidos, podendo não fornecer uma estimativa confiável da
capacidade funcional em alguns indivíduos, mas se correlacionando com a
tolerância máxima ao exercício
(79)
.
A experiência clínica documentada com o TD é muito menor do que
com os testes de caminhada. O teste vem sendo utilizado para fornecer uma
22
xli
estimativa transversal da tolerância ao exercício na DPOC e na doença
intersticial pulmonar; estimar o risco cirúrgico em populações específicas;
determinar o grau de dessaturação da oxihemoglobina em pacientes com
doença intersticial pulmonar
(76)
e fibrose cística
(80,81)
.
Os seguintes aspectos ainda são controversos na realização e
interpretação do teste: o uso de degraus de diferentes alturas pode ser
necessário em indivíduos nos extremos de altura e com limitações ortopédicas;
não está claro se o maior grau de dessaturação da oxihemoglobina no TD
correlaciona-se com o observado na vida diária; a limitação ao exercício pode
ocorrer precocemente por fatores musculares periféricos e o estresse
cardiopulmonar pode não ser máximo em pacientes com acentuada perda da
massa muscular
(76)
.
1.7.4. Teste de Membros Superiores (MMSS)
Executar atividades que envolvam os MMSS aumenta a demanda de
oxigênio e conduzem ao uso de uma grande parte da reserva ventilatória nos
pacientes com DPOC e ainda ao aumento da percepção de dispnéia, com a
conseqüente limitação de AVD
(82)
.
Velloso et al. propôs o uso de quatro tarefas rotineiras: varrer, apagar a
lousa, elevar potes, e trocar lâmpadas, para avaliar demanda metabólica e
ventilatória em pacientes com DPOC durante a realização de AVD envolvendo
os membros superiores, mostrando pacientes com DPOC moderada a grave
apresentam um elevado consumo de oxigênio e utilizam elevada reserva
ventilatória nestas atividades explicando a percepção da dispnéia
(83)
.
23
xlii
1.8. Métodos objetivos de avaliação da capacidade física funcional em
doenças respiratórias
A atividade física é considerada “todo o movimento corporal produzido
pelos músculos esqueléticos que resultam em gasto de energia''
(84)
.
Conseqüentemente, a atividade física na vida diária (ou a atividade física diária)
pode ser considerada a “totalidade de movimento voluntário produzido pelos
músculos esqueléticos durante a função diária
(85)
. A atividade de vida diária
(AVD) pode ser quantificada pela observação direta, de métodos objetivos, pela
avaliação do dispêndio de energia e de sensores de movimentos físicos
(86)
.
Grande atenção tem sido dada recentemente à monitoração objetiva da
atividade física diária em populações diferentes
(87,88,89)
incluindo pacientes com
DPOC
(90)
. Os sensores de movimento são instrumentos usados para detectar
o movimento do corpo, que pode ser usado para quantificar de forma objetiva a
atividade física na vida diária em um período de tempo. Estes instrumentos
incluem basicamente os pedômetros (medida das passos) e os acelerômetros
(a detecção da aceleração do corpo).
1.8.1. Pedômetros
Pedômetros são instrumentos pequenos, simples e baratos. Eles
geralmente são usados na cintura e detectam movimentos oscilantes no plano
vertical durante a deambulação, e o usados logicamente para contar o
número de passos
(91)
, no entanto, qualquer movimento no plano vertical, como
sentar em uma cadeira, pode ser eventualmente detectado, e também irá
24
xliii
resultar em uma contagem de movimento
(92)
. O uso de pedômetros foi
promovido para estimular e monitorar o andar na população em geral, uma vez
que é sugerido que 10 mil passos por dia poderiam ser eficazes para a
prevenção de doenças e promoção de um estilo de vida mais saudável
(93,94)
. As
desvantagens desses dispositivos incluem a tendência para subestimar a
caminhada quando está é realizada em marcha muito lenta
(95)
, além do fato de
que alguns dispositivos não possuem memória de armazenamento de dados.
Além disso, os dados fornecidos são limitados (contagens de passo, estimativa
de distância), sem a obtenção de informações sobre o padrão de atividade
física, o tempo gasto em diferentes atividades ao longo do dia, assim como a
intensidade com que estas são realizadas
(91)
.
1.8.2. Acelerômetros
Acelerômetros são dispositivos mais avançados tecnologicamente e
que permitem determinar a quantidade e a intensidade dos movimentos
avaliados
(90)
. Esses dispositivos são capazes de armazenar dados
continuamente durante longos períodos de tempo, e os monitores devem ser
usados sem interferência do sujeito em um padrão normal das atividades
(91)
.
Acelerômetros são basicamente dois tipos: uniaxial e multiaxial. Sensores
uniaxiais detectam movimento em apenas uma dimensão do corpo (ou plano) e
podem ser imprecisos para atividades com movimento estático de tronco, como
o ciclismo e remo
(92)
. A informação fornecida é comparável a um pedômetro,
mas com as vantagens de avaliar a intensidade de movimento e permitir análise
de tempo mais detalhada
(91)
. Dispositivos multiaxiais são capazes de detectar o
25
xliv
movimento em mais de um plano de movimentação. Alguns dispositivos
multiaxiais são capazes de detectar uma variedade de atividades físicas e
posições corporais e muitas vezes são denominados monitores de atividade. As
desvantagens dos acelerômetros incluem o alto custo em comparação com
pedômetros e a necessidade, em alguns casos, de conhecimentos técnicos de
hardware e software adicionais para análise dos dados. Além disso, esses
dispositivos podem ser sensíveis a artefatos vibracionais, por exemplo,
gravação de vibração relacionada a veículo motor
(96,97)
. Uma limitação dos
sensores de movimento usados na cintura, quadril ou tornozelo é que as
atividades das extremidades superiores do corpo não são medidas. Outra
preocupação geral com sensores de movimento é quanto a orientações e
cuidados com os pacientes (por exemplo, lembrar de acoplar o dispositivo no
posicionamento correto, evitar choques e verificar o nível de bateria)
(91)
.
1.8.3. Teste de Performance Física Funcional de 10 tarefas (PFP-10) como
uma nova proposta de avaliação do estado funcional em pacientes com
DPOC
O teste PFP-10 parece ser um protocolo de avaliação das AVD viável
em pacientes com DPOC, de rápida e simples execução, que envolve
atividades cotidianas de ambos MMSS e MMII, fornecendo um índice objetivo
da capacidade funcional
(98)
.
O PFP-10 consiste em um teste de campo de medidas válidas e
confiáveis, usado para quantificar a capacidade funcional por meio da avaliação
de dez tarefas cotidianas. Tais tarefas são desenvolvidas no esforço máximo do
26
xlv
indivíduo dentro do seu julgamento de conforto e segurança. A performance
funcional deste teste é mensurada por meio do peso que o paciente carrega,
tempo gasto ou distância percorrida, de acordo com a atividade. As tarefas
avaliadas são classificadas em três níveis: baixa, moderada e alta dificuldade,
(98)
, e devem ser realizadas sequencialmente, sem interrupção, sendo o tempo
total da realização das tarefas um desfecho de endurance, conforme Figura 3.
As tarefas de baixa dificuldade são: Panela, Jaqueta e Alcance. Na tarefa
da panela o paciente deve carregar uma panela com o peso que o próprio
paciente determina de um balcão ao outro, separados um do outro por um
metro de distância. Na tarefa jaqueta o indivíduo deve vestir e desvestir uma
jaqueta no menor tempo possível. Na tarefa do alcance o paciente deve colocar
uma esponja em uma prateleira o mais alto quanto possível, sem tirar os pés do
chão.
As tarefas de média dificuldade se dividem em Lenços, Varrer e
Lavanderia 1 e 2. Na tarefa Lenço o paciente deve pegar lenços do chão, um de
cada vez, no menor tempo possível. Na tarefa varrer, ½ xícara de areia de gato
é distribuída em uma área determinada de 1,22 x 1,52, e o individuo deve
recolhê-la em uma de lixo, colocando-a em seguida em um balcão e
apoiando a vassoura na parede no menor tempo possível. A tarefa lavanderia
se divide em 2 partes. Na primeira o paciente deve retirar da lavadora de
roupas, 1,8 kg de roupas e 4,5 kg em pesos de areia, representando o peso da
roupa teoricamente molhada, passando-as para a secadora. A segunda parte
da tarefa consiste retirar da secadora somente as roupas colocando-as em uma
cesta e depois depositando-a em cima da secadora, na sua capacidade máxima
de velocidade.
27
xlvi
As tarefas de alta dificuldade são: Sentar e levantar do chão, Subir e
descer escadas, Mercearia e TC-6min. Na tarefa de sentar e levantar do chão o
paciente senta-se no chão, esticando suas pernas e em seguida levanta-se,
usando o apoio de cadeira, se preferir, da forma mais rápida possível. Na tarefa
da escada, o indivíduo deve subir e descer 4 degraus o mais rápido possível.
Na tarefa da Mercearia o participante coloca em uma ou mais sacolas a
quantidade de mercadoria que julga ser capaz de carregar por 52,3 metros de
um percurso pré determinado. O teste de caminhada de 6 minutos deve ser
executado conforme normativa técnica da Associação Americana do Tórax
(ATS).
Adicionalmente o tempo total de realização do PFP-10 constitui numa
variável de desfecho de capacidade funcional. Vide Figura 3. Quando o
indivíduo não faz tentativa de realizar a tarefa proposta cabe a pontuação zero,
e um alto nível de escore reflete elevada capacidade funcional. Indivíduos com
elevada reserva física completam o teste mais rapidamente e carregam mais
peso
(98,99)
.
28
xlvii
Id paciente:_______________ Sexo: M F Data:_________________
Idade:____________ Altura:____________cm Peso:_________ kg
Diag.:
Tarefa
Tempo
Peso
Distância
Parcial
Total
Comentários
Conduzir peso numa
panela numa distância
de 1 metro
Colocar e retirar um
casaco
Colocar e remover um
objeto de uma estante
Varrer com uma
vassoura e transferir
para uma pá
Transferir roupas de uma
máquina de lavar para
secar; e de secar para
uma cesta
Pegar quatro objetos do
chão
Conduzir compras por
52,3 metros
Sentar-se e levantar-se
do chão
Subir escadas
Teste de caminhada de
6 minutos
Tempo total
Esforço percebido
Figura 3. Protocolo do teste PFP-10
O mais recente Statement em Reabilitação Pulmonar da Sociedade
Americana de Tórax (ATS) e Sociedade Européia Respiratória (ERS)
(13)
considera que uma importante meta da reabilitação é a melhora na capacidade
do indivíduo em realizar as atividades de vida diária e ainda, que nem sempre
necessariamente, a melhora na capacidade de exercício (observada nos testes
de caminhada) se traduz em melhora das AVD’s.
29
xlviii
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42
lxi
ARTIGO
43
lxii
2. ARTIGO
REPRODUTIBILIDADE E VALIDADE DO TESTE DE PERFORMANCE FÍSICA
FUNCIONAL DE 10 TAREFAS (PFP-10) EM PACIENTES COM DOENÇA
PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
2.1. Introdução
Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
frequentemente são limitados na sua capacidade funcional por sintomas de
dispnéia e fadiga
(1, 2, 3)
.
O termo “capacidade funcional” tem sido amplamente usado para referir-
se ao nível de envolvimento em atividades, sendo também descrito como
elementos de outras funções como pulmonar (espirometria)
(4)
, exercício (teste
de caminhada)
(5)
, função psicológica ou social. Contudo, o termo performance
física funcional” pode melhor refletir a função física dos pacientes com DPOC
necessária para realizar a rotina das atividades de vida diária (AVD).
Neste sentido, as AVD podem ser classificadas como básicas ou
instrumentais. As AVD básicas são aquelas requeridas na vida diária como
comer, vestir e realizar a higiene pessoal, enquanto as AVD instrumentais são
aquelas necessárias para viver de forma independente, incluindo atividades
como cozinhar, limpar a casa, lavar roupas, fazer compras, caminhar entre
outras
(6)
. Pacientes com DPOC habitualmente apresentam dispnéia associada
com alguma ou todas estas atividades, o que os fazem eliminá-las ou reduzi-las
consideravelmente no seu dia a dia
(7)
.
44
lxiii
Por outro lado, com a perspectiva de proporcionar a redução das
limitações impostas pela DPOC, os programas de reabilitação pulmonar têm
objetivado a melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida
(8).
O
mais recente consenso de Reabilitação Pulmonar da Sociedade Americana de
Tórax (ATS) e Sociedade Européia Respiratória (ERS) considera que uma
importante meta da reabilitação seja a melhora na capacidade do indivíduo em
realizar as atividades de vida diária e ainda, que nem sempre necessariamente,
a melhora na capacidade de exercício (observada nos testes de caminhada) se
traduz em melhora na realização das AVD
(8)
.
Diferentes estudos têm apontado as limitações dos métodos atuais de
avaliação direta das AVD devido ao dispêndio de tempo e falta de padronização
dos mesmos. Os questionários de avaliação do estado funcional podem ser
limitados ao dependerem do bom nível de compreensão dos sujeitos, e da
lembrança de suas atividades ao longo de um período em particular,
dependendo da memória
(9)
. os monitores de atividades como pedômetro
quantifica apenas o número de passos dados pelo paciente e o acelerômetro,
mensura também a aceleração dos movimentos de membros inferiores, porém,
ambos são pouco sensíveis na avaliação de movimentos lentos de pacientes
com doença avançada, além de serem limitados para avaliar atividades de
membros superiores
(10,11)
.
Isso deixa uma lacuna para se estudar novos instrumentos de avaliação
das atividades de vida diária. Fundamentando-se nestas constatações, o teste
de performance física funcional (PFP-10) consiste em uma ferramenta de
avaliação do desempenho das AVD instrumentais de rápida e simples
execução, validado para idosos, que envolve dez atividades cotidianas (versão
45
lxiv
curta) de ambos os membros superiores (MMSS) e inferiores (MMII),
fornecendo um índice objetivo da capacidade funcional, porém ainda não
testado em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica
(12)
.
Entretanto, este teste de performance física funcional tem sido utilizado
em outras condições clínicas como pacientes com fraturas de quadril
(13)
, idosos
e pacientes com insuficiência cardíaca
(14)
. No âmbito da reabilitação pulmonar
o PFP-10 ainda não foi testado e poderia se constituir em um instrumento viável
de avaliação das atividades funcionais para pacientes com doença pulmonar
obstrutiva crônica.
2.2. Objetivos
Fundamentando-se nestas constatações, o presente estudo tem como
objetivo, testar a reprodutibilidade e validade do teste PFP-10 em pacientes
com DPOC.
2.3. Material e Métodos
2.3.1. Amostra: Este foi um estudo transversal, controlado, no qual
participaram 28 pacientes com diagnóstico de DPOC, segundo os critérios do
GOLD
(15)
(VEF1/CVF<70%), e um grupo controle composto por 9 idosos
aparentemente saudáveis, submetidos a uma breve anamnese, pareados por
idade e sexo e que forneceram o consentimento livre e esclarecido. Foram
considerados como critérios de exclusão, indivíduos com histórico de doenças
associadas como: cardiovascular, metabólica, neurológica ou ortopédica que
interferissem na mobilidade, cognitivas que os impossibilitasse de responder o
questionário de AVD, além dos que fizessem uso contínuo de oxigênio. Para
46
lxv
garantir a estabilidade clínica do grupo de pacientes com DPOC admitiu-se uma
variação do VEF
1
150 ml entre as espirometrias das visitas 1 e 2, bem como
os sintomas basais típicos da doença (tosse, dispnéia e secreção) deviam se
manter inalterados durante a execução do protocolo de estudo.
2.3.2. Parâmetros clínicos - BODE: O índice multissistêmico BODE
(16)
foi
utilizado no grupo DPOC para estratificar a gravidade da doença. O IMC
(peso/altura² (Kg/m²) foi calculado por meio das medidas antropométricas de
peso e altura utilizando balança mecânica antropométrica, da marca Welmy
®,
Filozola, SP, Brasil, com capacidade para 150 quilogramas (kg) e com divisões
a cada 100 gramas (g); os pacientes realizaram prova de função pulmonar pré e
pós broncodilatador por meio do espirômetro CPFS/D USB (Medical Graphics
Corporation
®
, St. Paul, Mo. USA) com um pneumotacógrafo calibrado, segundo
os critérios da ATS
(17)
; o grau de dispnéia funcional foi avaliado pela escala do
Medical Research Council modificada (MMRC)
(18)
e a capacidade de exercício
pelo teste da caminhada de seis minutos (TC-6min)
(19)
. Uma elevada pontuação
no índice BODE expressa pobre performance em termos multissistêmicos.
Maiores detalhes ver Apêndice 1.
2.3.3. Questionário de atividade de vida diária London Chest Activity of
Daily Living scale (LCADL)
(20)
: Uma versão do questionário de atividade de
vida diária LCADL, traduzido para o português e validado para uso no Brasil,
em pacientes com DPOC, foi utilizado para a avaliação qualitativa das
atividades de vida diária dos pacientes do grupo DPOC
(20)
(Anexo 2). O LCADL
possui 15 itens de AVD, divididos em quatro domínios: cuidado pessoal (4
itens), doméstico (6), atividade física (2) e lazer (3). O paciente relata o quanto
47
lxvi
a dispnéia sentida interfere nessas 15 AVD atribuindo para cada atividade um
valor de 0 a 5, sendo 0 (não faço isso, porque não é importante para mim), 1
(não tenho falta de ar ao fazer), 2 (tenho falta de ar moderada), 3 (tenho muita
falta de ar), 4 (desisti de fazer isso) e 5 (preciso de ajuda para fazer ou que
alguém faça por mim). Um subescore é calculado para cada domínio, e um
escore total é formado pela soma dos subescores dos 4 domínios. Valores mais
altos na escala indicam maior limitação nas AVD. Maiores detalhes vide
Apêndice 2.
2.3.4. Teste de escala contínua de performance física funcional PFP-10
(12)
: Antes do início do estudo, a equipe foi treinada e certificada para realizar
as avaliações de acordo com as diretrizes do método
(12)
, vide apêndice 3. O
teste PFP-10 foi desenvolvido para atender uma ampla gama de atividades
força e resistência de MMII e MMSS importantes para uma vida independente.
O teste inclui 10 AVD: carregar uma panela, pegar lenços do chão, sentar e
levantar do chão, carregar uma sacola de mantimentos, varrer o chão, retirar
roupas da maquina de lavar, colocar roupas numa secadora e em seguida para
uma cesta, alcançar uma prateleira, vestir um casaco e tirá-lo,
e caminhar durante 6 minutos. O tempo total de realização do teste PFP-10
também constitui numa variável de desfecho de capacidade funcional. Maiores
detalhes vide Apêndice 4. Os testes de capacidade física (PFP-10) foram
administrados pelo mesmo examinador e realizados no mesmo período do dia
nas duas visitas. No início e final da realização das tarefas foram monitorizadas
as variáveis de freqüência cardíaca, saturação de pulso de oxigênio e sensação
de esforço percebido pela escala de Borg modificada
(21)
.
48
lxvii
2.4. Análise estatística
A análise estatística foi realizada usando o programa SPSS
®
(versão
13.0) para Windows. O tamanho da amostra foi calculado tendo-se por base o
uso do PFP em estudos com amostras desta magnitude
(12)
. A distribuição
paramétrica das características basais foi apresentada como médias e desvio
padrão (DP). Dados não-paramétricos foram expressos como mediana e limites
inferiores e superiores. Teste t Student pareado e Coeficiente de Correlação
Intraclasse (CCI) foram usados para analisar a reprodutibilidade do teste e re-
teste (PFP-10
1
e PFP-10
2
) com intervalo de confiança de 95%. O CCI foi
caracterizado conforme segue: elevada confiabilidade: 0,80 e 0,99; moderada
confiabilidade: 0,60 0,79; e baixa confiabilidade < 0,60. CCI são considerados
clinicamente aceitos quando seus valores são superiores a 0,80
(22)
. Os limites
de concordâncias entre teste e reteste do PFP-10 foram investigados plotando
as diferenças individuais contra suas respectivas médias pela representação
gráfica de Bland-altman
(23)
. Para testar a validade do PFP-10 o Coeficiente de
Correlação de Spearman foi usado para avaliar a relação entre este e o
questionário de atividade de vida diária London Chest Activity of Daily Living
scale, e o Coeficiente de Correlação de Pearson para testar a validade do PFP-
10 com o TC-6min. A fim de se evitar o efeito aprendizado, ao testar a validade
do teste PFP-10 foram selecionados os valores da segunda visita. Foi
considerado indicativo de significância estatística p ≤ 0,05.
49
lxviii
2.5. Resultados
2.5.1 Características antropométricas e espirométricas da amostra
Foram estudados 28 pacientes com DPOC (sendo 3 mulheres). De
acordo com o índice de massa corpórea (IMC) a amostra consistiu de
indivíduos eutróficos com valores médios de IMC = 26,03 ± 4,80, e idade
variando entre 52 e 83 anos. Os valores espirométricos basais, como esperado
(vide critérios de inclusão), são compatíveis com obstrução das vias aéreas de
graus moderado a grave (VEF
1
= 44,25 ± 16,93 %previsto), correspondendo ao
estadio II e III do Gold (Tabela 1)
(15)
. O Índice BODE apresentou mediana 5 no
grupo DOPC, que os remete ao 2
o.
quartil com tendência a transição para o 3
o.
quartil.
Tabela 1- Características gerais da amostra
DPOC
n = 28
Controle
n = 9
Idade (anos)
67,43 ± 8,68
70,22 ± 6,04
IMC (Kg/m
2
)
26,03 ± 4,80
25,67 ± 4,26
CVF (L)
3,04 ± 0,83
3,44 ± 0,74
CVF (% prev)
78,89 ± 12,4*
97,89 ± 28,53
VEF
1
(L)
1,20 ± 0,47*
2,69 ± 0,47
VEF
1
(% prev)
44,25 ± 16,93*
102,33 ± 22,65
VEF
1
/ CVF
40,11 ± 11,61*
82,05 ± 5,39
BODE
5 (0-8)
-
Os dados estão apresentados como média ± DP. DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica;
IMC = índice de massa corpórea; CVF = capacidade vital forçada; VEF
1
= volume expiratório
forçado no primeiro segundo. * p = 0,05 para diferenças entre os grupos DPOC e controle.
Índice BODE expresso em mediana.
50
lxix
2.5.2 Reprodutibilidade do teste PFP-10
Todos os pacientes completaram as tarefas dos testes PFP-10 sem
desconforto intolerável ou outro sintoma mais grave, porém quando se sentiram
excessivamente dispnéicos e desejaram descansar, foi permitido que
repousassem até se recuperarem e assim que possível, reassumiram o teste.
Este fato ocorreu com quatro participantes, porém nenhum teste foi
abandonado sem ser completado.
Como pode ser observado na tabela 2, nenhuma diferença significante
foi encontrada em relação às variáveis espirométricas realizadas nas visitas 1 e
2 no grupo de pacientes com DPOC. Adicionalmente, os valores médios de
cada tarefa do teste PFP-10 realizados nas duas visitas estão representados na
tabela 2 para os grupos DPOC e controle. Nenhuma diferença significante foi
encontrada entre cada tarefa específica e o tempo total de cada um dos testes
(visita 1 e 2) (todas as tarefas com p > 0,05). Na Tabela 2 está representada
também a análise de concordância entre as mensurações repetidas (PFP-10
1
e
PFP-10
2
) com valor médio de CCI de 0,94 (0,82 - 0,99) para o grupo DPOC e
CCI de 0,92 (0,73-0,99) para o grupo controle, com p 0,05 para todas as
tarefas, em ambos os grupos.
A análise gráfica da concordância do PFP-10
1
(visita 1) e PFP-10
2
e
(visita 2) foi realizada pelo método de Bland-Altman para todas as tarefas
(Tabela 3) somente no grupo de pacientes com DPOC. Pode-se notar que em
todas as tarefas os pacientes com DPOC apresentaram distribuição simétrica
ao redor da linha média das diferenças. Desta forma, a comparação entre as
51
lxx
tarefas do PFP-10
1
e PFP-10
2
produziu menores limites de concordância das
diferenças, tendo, portanto menor dispersão ao redor da média das diferenças.
Na Figura 1 a representação gráfica da análise pelo Bland-Altman ilustra
a comparação entre o tempo total de realização do PFP-10 nas visitas 1 e 2,
com média e DP das diferenças de 6,56 ± 3,34 segundos, ou seja, excelente
concordância de quase todos os pacientes (exceto dois estiveram fora dos
limites de concordância) no desempenho total do teste.
52
lxxi
Tabela 2. Concordância entre PFP-10
1
e PFP-10
2,
observada no grupo DPOC e
grupo controle
Variáveis
DPOC
(n =28)
Controle
(n=09)
Espirométrica
Visita 1
Visita 2
Visita 1
Visita 2
VEF
1
(L)
1,20 ± 0,46
1,20 ± 0,47
2,72 ± 0,48
_
CVF (L)
2,88 ± 0,92
3,04 ± 0,83
3,28 ± 0,74
_
PFP-10
PFP-10
1
(Média ± DP)
PFP-10
2
(Média ± DP)
CCI
(LI LS)
PFP-10
1
(Média ± DP)
PFP-10
2
(Média ± DP)
CCI
(LI LS)
Panela (s)
4,36 ± 0,85
4,20 ± 0,90†
0,82*
(0,61-0,91)
2,98 ± 0,79
3,24 ± 0,55
0,92*
(0,64-0,98)
Panela (Kg)
13,52 ± 5,32
13,85 ± 5,37
0,97*
(0,94-0,98)
14,31 ± 6,10
15,68 ± 6,75
0,95*
(0,81-0,99)
Jaqueta (s)
16,25 ± 3,53
15,66 ± 3,89†
0,90*
(0,80-0,95)
13,40 ± 2,10
12,43 ± 2,12
0,81*
(0,18-0,95)
Lenço (s)
7,81 ± 2,31
7,15 ± 2,08†
0,91*
(0,82-0,96)
5,28 ± 1,02
5,27 ± 0,93
0,92*
(0,67-0,98)
Alcance (cm)
225,46 ± 61,91
225,78 ± 50,23
0,96*
(0,93-0,98)
211,00 ± 6,70
211,33 ± 6,89
0,99*
(0,99-1,0)
Varrer Chão (s)
37,04 ± 11,07
35,63 ± 11,07†
0,99*
(0,97-0,99)
25,23 ± 2,28
24,40 ± 3,44
0,93*
(0,69-0,98)
Lavanderia 1(s)
27,95 ± 7,56
26,66 ± 7,80†
0,95*
(0,89-0,97)
18,42 ± 4,16
18,83 ± 4,36
0,73*
(-0,22-0,93)
Lavanderia 2(s)
20,83 ± 6,94
20,38 ± 7,28†
0,97*
(0,94-0,98)
15,88 ±2,88
16,40 ± 2,76
0,92*
(0,68-0,98)
Sentar chão (s)
11,48 ± 4,85
11,67 ± 5,66‡
0,97*
(0,94-0,98)
8,60 ± 2,80
8,73 ± 3,13
0,94*
(0,74-0,98)
Subir escada(s)
7,71 ± 1,75
7,50 ± 1,65‡
0,92*
(0,83-0,96)
6,14 ± 1,03
6,12 ± 1,46
0,85*
(0,36-0,96)*
Mercearia (s)
76,41 ± 10,67
74,41 ± 10,63†
0,95*
(0,90-0,98)
61,34 ± 4,23
60,70 ± 4,94
0,93*
(0,69-0,98)
Mercearia (kg)
12,57 ± 5,44
13,12 ± 5,57
0,97*
(0,93-0,98)
13,50 ± 4,94
13,81 ± 5,03
0,99*
(0,99-1,0)
TC6’ (m)
374,60 ± 96,09
383,17± 100,69†
0,98*
(0,95-0,99)
509,33 ± 56,24
517,44 ± 58,22
0,98*
(0,95-0,99)
Tempo total (s)
209,87± 37,68
207,88 ± 36,08†
0,98*
(0,96-0,99)
160,23 ± 13,72
153,18 ± 12,14
0,95*
(0,78-0,98)
Abreviaturas: VEF
1
(L): Volume expiratório forçado no primeiro minuto em litros; CVF (L): Capacidade vital forçada em
litros; PFP-10: teste de performance física funcional; DP: Desvio Padrão; CCI: Coeficiente de Correlação Intraclasse;
LI: Limite Inferior; LS: Limite Superior; s: segundos; Kg: quilogramas; cm: centímetros; m: metros; * p 0,05 para
significância no tese de CCI ; † p ≤ 0,05 e ‡ p ≤ 0,07 para diferenças ente os grupos DPOC e controle no PFP-10
2
.
53
lxxii
Figura 1. Grau de concordância do tempo total do PFP-10
1
e PFP-10
2
de acordo com o método de Bland-Altman. Média
das diferenças = 6,54 segundos.
Tabela 3. Abordagem pelo método de Bland-Altman para determinação da
concordância entre os testes PFP-10
1
e PFP-10
2
do grupo de pacientes com
DPOC
Tarefas do PFP-10
Média das diferenças
Limites de concordância
(IC=95%)
Panela (seg)
0,16
± 1,33
Panela (kg)
-0,32
± 3,33
Jaqueta (seg)
0,58
± 4,23
Lenço (seg)
0,6
± 2,37
Alcance (cm)
-0,50
± 2,21
Varrer (seg)
1,40
± 4,74
Lavanderia1 (seg)
1,28
± 6,44
Lavanderia2 (seg)
0,44
± 4,35
Sentar (seg)
-0,18
± 3,29
Mercearia (seg)
1,99
± 8,50
Mercearia (kg)
-0,55
± 3,62
Escada (seg)
0,21
± 1,78
Caminhada (m)
-8,57
± 54,00
TempoTotal (seg)
6,56
± 18,13
54
lxxiii
2.5.3. Validade do teste PFP-10
Para testar a validade do PFP-10 foram utilizadas as variáveis obtidas da
visita 2 (PFP-10
2
), no qual testamos sua relação com o escore total do
questionário de dispnéia nas atividades de vida diária do questionário, o LCADL.
Pode-se observar na Figura 3 tendência de associação do tempo total do PFP-10
com o escore total do questionário LCADL (r = 0,37; p = 0,06).
Figura 2. Correlação entre o tempo total do PFP-10
2
e o
questionário LCADL.
Uma sub análise de correlação foi também realizada com algumas
questões específicas do questionário LCADL e a dispnéia percebida nas tarefas
de mesma característica no teste PFP-10, por exemplo, a questão diga o
quanto de falta de ar tem sentido durante os últimos dias enquanto utiliza o
(seg)
r = 0,37
p = 0,06
55
lxxiv
aspirador de pó/varrer?” foi relacionada à tarefa do “varrer o chãono teste PFP-
10 (Tabela 4).
Pode-se observar ainda na Tabela 4, associação positiva da dispnéia
relatada nas questões de subir escadas e caminhar do LCADL e a dispnéia
percebida na execução destas tarefas (subir escadas e caminhar) durante o
teste PFP-10 (r= 0,31, p = 0,05 e r = 0,35, p = 0,03, respectivamente).
Não foi encontrada correlação entre o tempo total do PFP-10 e o índice
de gravidade multissistêmico BODE (r = 0,19; p = 0,35).
Tabela 4. Correlação entre grau de dispnéia no LCADL e PFP-10
Dispnéia relatada no PFP-10
Dispnéia relatada no LCADL
Jaqueta
Varrer o chão
Subir escada
TC6’
r
p
r
p
r
p
r
p
Vestir parte superior do corpo
0,18
0,16
-
-
-
-
-
-
Aspirar o pó/Varrer
-
-
0,28
0,07
-
-
-
-
Subir Escada
-
-
-
-
0,31
0,05
-
-
Sair Socialmente
-
-
-
-
-
-
0,35
0,03
LCADL- London Chest Activity of Daily Living scale; PFP-10 short version: Continuous-Scale
Physical Functional Performance test,
Para testar ainda a validade do PFP-10, foi testada a relação do tempo
total do PFP-10
2
com a distância do teste de caminhada de seis minutos,
considerado o padrão ouro na avaliação da capacidade funcional de pacientes
com DPOC. Pode-se observar correlação negativa de magnitude moderada (r =
- 0,44, p = 0,02) entre o tempo total do PFP-10
2
com a distância percorrida no
TC-6min (Figura 3).
56
lxxv
Figura 3. Correlação entre o tempo total do PFP-10
2
e
a distância do TC6’
2
do grupo de pacientes com
DPOC.
2.5.4 Comparação do desempenho no teste PFP-10 entre os grupos DPOC
e controle
A fim de se comparar o desempenho no teste PFP-10 entre os grupos
selecionamos as variáveis do teste da segunda visita (PFP-10
2
) de ambos os
grupos para esta análise. Desta forma, pode-se observar na Tabela 2, que os
pacientes com DPOC apresentaram desempenho significantemente menor na
maioria das tarefas realizadas, apenas com valores similares nas tarefas de
mover uma panela (kg), alcance (cm) e mercearia (kg).
r = - 0,44
p = 0,02
57
lxxvi
2.5.5 Magnitude da dispnéia nas tarefas do PFP-10 no grupo de pacientes
com DPOC
Quando analisamos a percepção de dispnéia (Borg modificado) dos
pacientes após cada tarefa, podemos observar que estas tiveram magnitudes
de acordo com o grau de dificuldade estabelecido pelo teste. Quando
comparado as medianas da percepção de dispnéia em cada intensidade de
esforço requerido, observarmos diferença significante entre as tarefas de baixa
e alta dificuldade, e entre as de moderada e alta dificuldade, com tendência a
esta diferença apenas entre as tarefas de baixa e moderada dificuldade (Figura
4).
Figura 4. Representação gráfica do grau de percepção da dispnéia
do grupo de pacientes com DPOC nas diferentes tarefas do PFP-10. *
p ≤ 0,05, p = 0,08
58
lxxvii
2.6. Discussão
Neste estudo pacientes com DPOC foram recrutados para realizar o
teste PFP-10, uma ferramenta de avaliação da performance das AVD
instrumentais de rápida e simples execução. Os resultados deste estudo
envolvendo pacientes com DPOC demonstram que o PFP-10 é reprodutível e
que o tempo total de realização deste relacionou-se com a distância percorrida
no teste de caminhada de seis minutos e com algumas questões do
questionário LCADL. Adicionalmente, o PFP-10 mostrou que pacientes com
DPOC apresentam grande limitação funcional comparado a indivíduos
saudáveis pareados por sexo e idade, e que o sintoma de dispnéia percebido
por estes pacientes acompanha a magnitude das tarefas durante a execução do
PFP-10.
Embora a melhora da capacidade funcional constitua a principal meta de
qualquer intervenção no contexto de reabilitação pulmonar
(8)
, os desfechos na
avaliação da performance funcional dos pacientes envolvidos neste programa
ainda são limitados em mostrar melhora na capacidade de realizar suas
atividades de vida diária. A avaliação da performance funcional pode ser
realizado pela observação direta, monitores de atividade ou pela obtenção de
relatos do paciente. Se possível, a observação direta do paciente na realização
das suas AVD deve ser acompanhado do registro da freqüência, velocidade ou
eficiência com o qual este desempenha as atividades. No entanto, o tempo
despendido, a falta de praticidade e padronização torna esta alternativa pouco
viável. Os monitores de atividade (pedômetro
(10)
e acelerômetro
(11)
) são
dispositivos emergentes de medidas objetivas da atividade diária do paciente,
porém limitados na avaliação de movimentos lentos e nas atividades de
59
lxxviii
membros superiores. A maioria dos programas de reabilitação pulmonar conta
com escalas que avaliam o nível da atividade e o grau da dispnéia com a
atividade relatada pelo paciente
(24 25,26)
. Entretanto, os instrumentos de auto-
relato, frequentemente, o pouco sensíveis às mudanças sutis com potencial
importância clínica, medindo somente de forma subjetiva a capacidade
funcional do paciente em detrimento a sua verdadeira performance
(27)
. Também
tem sido demonstrado que a função física auto-relatada correlaciona-se
modestamente com testes de exercício
(20)
. Diferentes estudos têm utilizado
tarefas domésticas não somente para mensurar a capacidade de realizar
atividades de vida diária
(28)
, mas também para detectar mudanças após
intervenções em pacientes com DPOC
(29)
, porém tendo testado a
reprodutibilidade destas tarefas apenas comparando médias.
A análise apropriada da reprodutibilidade deve ir muito além de comparar
médias, indicadores de concordância são mais apropriados quando obtidos pela
análise do coeficiente de correlação intraclasse e, adicionalmente, a análise
complementar de Bland-Altman indispensável para se observar as diferenças
dentro dos limites de concordância e assim interpretar diferenças clinicamente
importantes. Desta forma, determinar a reprodutibilidade é crucial para se
conhecer a variabilidade de um método, evitando erros de interpretação das
variáveis antes e após intervenção.
Fundamentando-se nestas constatações, este estudo teve o intuito de
superar estas limitações, ao testar a reprodutibilidade e validade do teste PFP-
10 em pacientes com DPOC. Este teste trata de quantificar o desempenho nas
AVD com medidas diretas e padronizadas de avaliação da performance
funcional desenvolvido para indivíduos idosos e que também se mostrou
60
lxxix
sensível em pacientes coronariopatas
(30,31)
. A característica mais interessante
do PFP-10 reside no fato deste teste ser composto de tarefas realizadas em
séries, observando o fato de que a real limitação pode não ser evidente quando
as tarefas são executadas e avaliadas de forma isolada.
Neste sentido, o estudo da confiabilidade do PFP-10 em pacientes com
DPOC é importante nessa população, uma vez que estes habitualmente
apresentam dispnéia associada com atividades de vida diária, o que os fazem
eliminá-las ou reduzí-las consideravelmente. Em nosso estudo, não houve
diferença entre as visitas em termos de variáveis espirométricas, o que
assegura que o teste PFP-10 foi realizado com os pacientes com DPOC em
condições semelhantes de função pulmonar (Tabela 1). Consistente com o
estudo original do teste PFP-10 em idosos
(31)
(CCI = 0,85 a 0,97), os desfechos
de todas as tarefas avaliadas, apresentaram elevada reprodutibilidade com
valores médios similares, bem como com elevada concordância entre as duas
visitas do PFP-10, tanto para o grupo de pacientes com DPOC (CCI = 0,82 -
0,99) quanto para os controles saudáveis (CCI = 0,73 0,99) (Tabela 1). Da
mesma forma, a análise de Bland-Altman mostrou que as médias das
diferenças estiveram muito próximas ao zero e com distribuição dos pacientes
dentro dos limites de concordância estabelecidos em todas as tarefas (Tabela 3
e Figura 1). Assim, estes resultados sugerem que, como na população idosa, o
teste PFP-10 mostrou ser um instrumento reprodutível em pacientes com
DPOC.
Quando a validade do teste PFP-10 foi explorada, encontramos apenas
tendência à associação deste com o escore total do questionário de dispnéia
em atividades de vida diária (LCDAL) (r = 0,37, p = 0,06, Figura 2). Isto pode
61
lxxx
ser explicado porque instrumentos de auto-relato podem não capturar a
verdadeira capacidade de realizar a atividade ou ainda porque os pacientes
podem ignorar o sintoma de dispnéia durante o auto-relato, enquanto o PFP-10
pode avaliar objetivamente a performance e a percepção dos sintomas durante
a(s) tarefa(s). Adicionalmente, o pequeno tamanho da amostra pode ainda ter
permitido a ocorrência de erro do tipo II.
Por outro lado, observamos associação negativa significante (r = - 0,44,
p = 0,02) entre o tempo total de execução do teste PFP-10 com a distância
caminhada no teste de caminhada de seis minutos (Figura 2) nos pacientes
com DPOC. No estudo de Pitta et al.
(32)
envolvendo pacientes com DPOC, a
caminhada medida pelo monitor de atividade (acelerômetro), considerado o
padrão-ouro na avaliação da capacidade funcional, associou-se fortemente (r =
0,76) com o teste de caminhada de seis minutos. Porém, este achado não é
surpreendente uma vez que ambos avaliam a mesma atividade, a caminhada.
No nosso estudo esta moderada associação pode-se dever ao fato do TC-6min
avaliar somente uma atividade, a de membros inferiores, enquanto o PFP-10
contempla dez atividades que envolvem ambos os membros superiores e
inferiores. Além disso, dado sua característica simples, de baixo custo e válida
em estimar a performance funcional, recentemente, o teste PFP-10 foi utilizado
para testar a validade de uma série de questionários de atividade física em
idosos
(33).
Adicionalmente testamos também associações da dispnéia de tarefas
que apresentavam uma mesma característica sob a forma auto-relatada pelo
questionário de LCDAL e sob a forma percebida durante o teste PFP-10.
Interessantemente, associações significantes foram encontradas quando estas
62
lxxxi
tarefas eram de alta magnitude de esforço (subir escadas - r = 0,31; e caminhar
- r = 0,35; Tabela 4), o que pode sugerir que o questionário LCDAL é mais
acurado para refletir atividades que requerem mais esforço, provavelmente
porque desencadeiam maior grau de dispnéia, a qual pode ser melhor lembrada
durante o auto-relato destes pacientes.
Nossos resultados também demonstram que os pacientes com DPOC
apresentaram significante redução no desempenho da maioria das tarefas
requeridas pelo teste PFP-10 quando comparados aos controles saudáveis.
Estas consistiram de tarefas com envolvimento de potência de membros
superiores (o tempo para mover uma panela, colocar uma jaqueta, varrer o
chão), potência e endurance de membros inferiores (subir escadas, tempo para
conduzir compras em sacolas por um percurso e caminhar) e movimentos de
MMSS associados à flexão de tronco (retirar roupas de quinas de lavar e
secar, pegar lenços no chão), e por outro lado, houve similaridade no
desempenho das tarefas de resistência de MMSS (a carga que se pode mover
em uma panela, e a carga de conduzir compras em sacolas) (Tabela 2). Desta
forma, ao analisarmos estes desfechos, observamos que os pacientes realizam
as tarefas de maneira mais lenta, porém são capazes de sustentar a mesma
carga nas tarefas que envolvem MMSS (Tabela 2). O padrão mais lento na
realização dessas atividades vem ao encontro dos achados de Pitta et al
(32)
, no
qual foi demonstrado que os pacientes com DPOC ao andar apresentam uma
velocidade de marcha mais lenta. Entretanto, fazendo uma analogia entre
desempenho de atividades de MMSS avaliadas no PFP-10, panela e mercearia,
com o desempenho de atividade de MMII avaliadas pelo monitor de atividade
(acelerômetro), podemos constatar que os pacientes preservam a capacidade
63
lxxxii
de realizar a função força de MMSS, pois a carga dessas atividades não foi
diferente daquele realizado pelo grupo controle, enquanto que considerando as
atividades de MMII, como por exemplo, o teste da caminhada de seis minutos,
os pacientes a realizarem de forma mais lenta resultando numa menor distância
percorrida. É bem estabelecido na literatura, que um comprometimento
desproporcional na função entre membros superiores e inferiores, sendo este
mais pronunciado nos músculos locomotores destes pacientes, uma vez que as
atividades de vida diária realizadas com MMSS são relativamente preservadas
(34)
. Neste sentido, o sedentarismo adotado para evitar ou minimizar a sensação
de dispnéia e a subseqüente inatividade crônica afetam, preferencialmente, os
músculos locomotores, justificando assim a semelhança das cargas realizadas
nas tarefas de MMSS entre os pacientes e o grupo controle.
Adicionalmente, a pior performance nas tarefas de MMSS associada à
flexão de tronco (retirar roupas das máquinas de lavar e secar, pegar lenços no
chão), podem ser explicadas por estas envolverem os músculos da cintura
escapular e do tronco, os quais guardam relação intensa com a respiração. O
desenvolvimento destas tarefas inclui não somente a musculatura de MMSS,
mas uma ação coordenada de outros grupos musculares do tronco, como os
peitorais maior e menor, grande dorsal, serrátil anterior, ou seja, músculos de
dupla função ventilatória e postural
(35).
Tanto em indivíduos saudáveis
(36)
quanto naqueles com DPOC
movimentos de MMSS não-apoiados e de flexão de tronco resulta em
alterações no padrão de recrutamento muscular ventilatório e em aumento da
demanda metabólica sendo este mais marcante nos indivíduos com obstrução
ao fluxo aéreo
(28, 37, 38, 39)
. Este fato pode ser explicado pela redução da
64
lxxxiii
eficiência da mecânica respiratória, à dupla atividade dos músculos da cintura
escapular e ao aumento do espaço morto no paciente com DPOC
(39)
.
É provável que a pior capacidade desses pacientes em realizar
atividades de membros superiores sem apoio associado à flexão de tronco não
seja determinada apenas pela força e resistência dos músculos destas regiões.
Diversos estudos sugerem que essa limitação sofra influência do
posicionamento destes segmentos corpóreos sobre a mecânica respiratória,
sendo observadas alterações do padrão respiratório e presença de assincronia
durante as atividades com MMSS e tronco
(36,40)
. À medida que a tarefa requer
maior atividade destes segmentos, dois fatores adicionais se tornam
importantes determinantes desse padrão respiratório: a hiperinsuflação
pulmonar e a força de reserva do diafragma
(41)
. Com a hiperinsuflação
dinâmica, os músculos respiratórios são colocados em uma posição
desfavorável da sua curva comprimento-tensão durante a inspiração, reduzindo
a capacidade de geração de força. Assim, quando a função do diafragma se
torna mais comprometida, maior é a contribuição dos músculos acessórios para
a inspiração
(42)
. Assim, a atividade destes segmentos (MMSS e tronco) pode
forçar os músculos da cintura escapular e da parte superior do tronco a
participar simultaneamente de atividades ventilatórias e não ventilatórias. Inputs
aferentes simultâneos ou output de regiões do sistema nervoso central (SNC)
que controla as funções nicas e respiratórias desses músculos pode resultar
em incoordenação significante da ação dos músculos respiratórios e pode levar
ao aumento da dispnéia, assincronia toracoabdominal e pior performance
observadas durante a execução das tarefas que exigem a participação dos
MMSS e flexão do tronco
(43)
.
65
lxxxiv
Quando analisamos a magnitude da dispnéia nas tarefas do PFP-10
percebemos que esta acompanhou a intensidade de esforço requerida durante
o teste, ou seja, as tarefas consideradas de moderada e alta intensidade de
esforço desencadearam grau correspondente de percepção de dispnéia (Figura
3). O grau de dispnéia percebida nas tarefas de moderada intensidade, as
quais compreendem as tarefas de MMSS associadas à flexão do tronco, foram
anteriormente discutidas. No entanto, as tarefas de alta intensidade
correspondem a atividades dinâmicas como a caminhada e subir escadas, as
quais promovem aumento na demanda ventilatória por exigência metabólica
devido ao grande número de músculos envolvidos nestas atividades, o que
fazem com estes pacientes adotem um padrão respiratório rápido e superficial
com redução do tempo expiratório, resultando no aumento do volume pulmonar
expiratório final e configurando a hiperinsuflação dinâmica
(44,45)
. Assim, a
modificação no padrão respiratório nas atividades de alta intensidade culmina
com a sensação de desconforto respiratório, o que justifica a percepção de
maior grau de dispnéia nestas tarefas (Figura 3). Entretanto, diante do fato que
as tarefas devem respeitar uma ordem seqüencial, é esperado que a dispnéia
percebida com a progressão do teste seja gradualmente incrementada, assim,
esta situação observada é interessante, pois se mostra mais próxima da
realidade cotidiana do que àquela observada nos testes isolados como no TC-
6min.
Este estudo apresentou algumas limitações: (i) Tarefas tidas
culturalmente como femininas, tais como varrer e lavar roupa, talvez não sejam
executadas rotineiramente pelos pacientes do sexo masculino. (ii) Nossa
amostra se constituiu em sua maioria de pacientes de vel ambulatorial
66
lxxxv
podendo refletir assim uma condição física melhor do que pacientes
gravemente acometidos ou após exacerbação. (iii) Nenhuma medida
ventilatória e metabólica foi realizada durante a realização do teste PFP-10
,
não
podendo estimar o consumo metabólico, bem como as causas da limitação ao
esforço.
Embora estudos prévios tenham caracterizado a limitação da
capacidade funcional de pacientes com DPOC, estes têm utilizado diversos
testes de forma isolada, por exemplo, shuttle test
(46,47)
, teste de degrau
(48)
, o
teste da caminhada
(49)
, atividades não sustentadas de MMSS
(27,28)
, monitores
de atividade física
(11,31)
ou ainda por meio de questionários
(26)
. Desta forma, o
teste de performance física funcional PFP-10 pode ser um instrumento útil na
avaliação de pacientes com DPOC, destacando sua capacidade avaliativa
abrangente de diferentes atividades funcionais por meio de um único teste.
Neste sentido, o PFP-10 constitui em um protocolo viável de avaliação das AVD
em pacientes com DPOC, de rápida e simples execução, que envolve
atividades cotidianas de ambos MMSS e MMII, fornecendo um índice objetivo
da capacidade funcional. Futuros estudos avaliando a responsividade do teste
PFP-10 em pacientes com DPOC ainda são necessários.
2.7. Conclusão
Em resumo, o teste de performance física funcional PFP-10
constituiu-se num teste tolerável, seguro, reprodutível e válido em pacientes
com DPOC. Adicionalmente, este teste foi capaz determinar o prejuízo
funcional de diferentes domínios físicos quando comparados aos controles
saudáveis.
67
lxxxvi
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74
xciii
CONSIDERAÇÕES FINAIS
75
xciv
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pacientes com DPOC podem apresentar limitação no estado funcional de
diversas formas e graus. Esse espectro de estado funcional é originado pela
dispnéia que acompanha a atividade sem mudança no nível de atividade,
limitação ou alteração de uma ou algumas atividades por causa da dispnéia,
ou ainda a completa eliminação da atividade por este sintoma.
O grau de limitação funcional representa o efeito da doença além dos
pulmões, o qual modula o processo de incapacidade do sistema corporal. O
impacto da DPOC nas atividades de vida diária tem sido habitualmente
avaliado na forma de relato da dispnéia durante as atividades. Entretanto,
durante a evolução da DPOC, os pacientes frequentemente reduzem de forma
inconsciente suas atividades para reduzir a intensidade dos sintomas, o que
torna a avaliação da dispnéia nas atividades insuficiente. Adicionalmente, a
limitação das atividades de vida diária são as mais complexas de avaliar, e a
que mais se associa à piora da qualidade de vida destes pacientes. Diante
desta interação, a avaliação objetiva do estado funcional se faz necessária a
fim de se determinar o impacto da DPOC nas atividades de vida diária, bem
como acompanhar o curso das limitações funcionais e traçar estratégias para
prevenir ou tratar a incapacidade.
Neste sentido, o teste de performance física funcional PFP-10 mostrou-
se ser um instrumento alternativo capaz de identificar o estado funcional, bem
como os diferentes sítios (MMSS, MMII e tronco) e atributos funcionais (força,
potência, endurance) acometidos pela doença, destacando ainda sua
capacidade de indicar a necessidade de assistência específica ou adaptações
76
xcv
domiciliares, bem como os tipos de intervenções físicas potenciais que
possibilitem o incremento do desempenho físico funcional destes pacientes.
77
xcvi
APÊNDICES
78
xcvii
4. APÊNDICES
4.1. Artigo Recomendação de reabilitação Pulmonar em uma Coorte de
Pneumologistas de São Paulo Brasil” , publicado na revista Conscientiae e
Saúde, outubro de 2009.
79
xcviii
80
xcix
81
c
82
ci
83
cii
84
ciii
4.2. Artigo “Conhecimento teórico prático sobre manejo e pressão do balonete
endotraqueal”, publicado na revista Conscientiae e Saúde, 2009.
85
civ
86
cv
11
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cvi
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cvii
11
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90
cix
91
cx
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cxi
93
cxii
94
cxiii
4.3. Efeito da obesidade na função pulmonar de uma coorte de adolescentes de
São Paulo artigo aceito pela Revista Fisioterapia Brasil com data prevista de
publicação na edição de nov/dez 2009.
The effects of adolescent obesity on pulmonary function
from local community of São Paulo
1
Adriana Marques Battagin Mestre em Gerontologia,
2
Cassio Stipanich
Especialista em Fisioterapia Cardiopulmonar,
3
Vera Lúcia Taveira de Souza
Stanzani Mestranda em Ciências da Reabilitação,
4
Rafaella Rezende Rondelli
Mestre em Ciências da Reabilitação,
5
Simone Dal Corso Pós-Doutora em
Ciências ,
6
Carla Malaguti Doutora em Ciências
Local de trabalho dos autores:
1, 2, 3, 4, 5, 6
Universidade Nove de Julho, São
Paulo/SP
Autor correspondente: Carla Malaguti
Avenida Francisco Matarazzo, 612 1º andar, Água Branca - São Paulo/SP
CEP 05001-100
Contato: (11) 3665-9748
RESUMO
Alterações funcionais pulmonares têm sido amplamente demonstradas
em adultos obesos. Em populações pediátricas esses dados são limitados e
conflitantes. O objetivo deste estudo foi contrastar a função pulmonar de
adolescentes obesos com eutróficos de uma população local. Este foi um
estudo caso-controle envolvendo 14 adolescentes obesos (GO) e 18
adolescentes eutróficos (GE). Espirometria forçada e pressões respiratórias
95
cxiv
máximas foram obtidas dos voluntários. Nenhuma anormalidade foi observada
entre os GO e GE em relação ao volume expiratório forçado no primeiro
segundo (2,5 + 0,12 L vs 2,5 + 0,13 L, p > 0,05) e para capacidade vital forçada
(CVF) (2,73 + 0,2 L vs 2,85 + 0,1 L, p = 0,09), respectivamente. Da mesma
forma, os valores de pressões inspiratórias máxima (PImáx) (94,0 + 9,54
cmH
2
O vs 96,1 + 11,2 cmH
2
O, p>0,05) e pressões expiratórias máximas
(PEmáx) (94,2 + 9,5 cmH
2
O vs 99,8 + 9,4 cmH
2
O, p = 0,08). Embora houvesse
uma tendência do GO apresentar valores inferiores de CVF e PEmax e também
de PImax quando comparados aos do GE, estes ainda estiveram dentro dos
valores previstos.
Descritores: avaliação em saúde, obesidade, adolescentes.
ABSTRACT
In obese adults pulmonary function abnormalities are well reported.
Similar data in the paediatric population are limited and conflicting. This study
aimed to assess the effects of adolescent obesity on pulmonary function. It was
a case-control study with 14 obese adolescents (OG) and 18 eutrophic (EG).
Forced spirometry, maximal inspiratory pressures (MIP) and maximal expiratory
pressures (MEP) values were obtained. There were no significance changes in
values of OG and EG to forced expiratory volume in 1seg (2.5 + 0.12 L vs 2.5 +
0.13 L, p > 0.05), forced vital capacity (FVC) (2.73 + 0.2 L vs 2.85 + 0.1 L, p =
0.09), respectively. Similar observations were found in the MIP (94.0 + 9.54
cmH
2
O vs 96.1 + 11.2 cmH
2
O, p > 0.05) and MEP values (94.2 + 9.5 cmH
2
O vs
99.8 + 9.4 cmH
2
O, p = 0.08). Despite of OG has showed tendency to lower FVC
and MEP and also MIP values as compared to EG, these values were within of
predicted values.
Key-word: health assessment, obesity, adolescents.
INTRODUÇÃO
A obesidade é conceituada segundo a Organização Mundial de Saúde
como uma condição de acúmulo excessivo de gordura corporal que traz
96
cxv
prejuízos à saúde do indivíduo. Existe uma variedade considerável no que
concerne ao grau de excesso de gordura, sua distribuição e associação com
conseqüências para a saúde nos indivíduos obesos [1].
Esta enfermidade está em expansão com prevalência crescente em
todas as faixas etárias, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em
desenvolvimento, o que a torna epidêmica, sendo considerado o maior
problema da saúde pública [2,3]. No Brasil, apesar das diferenças regionais, o
incremento do número de crianças e adolescentes com excesso de peso é uma
realidade [4].
As implicações da obesidade são dependentes da duração e da
gravidade do excesso de peso, podendo estar relacionado a importantes
alterações metabólicas como, hiperinsulinemia e resistência periférica à
insulina, aumento do risco cardiovascular, complicações ortopédicas e
alterações psicossociais, que afetam a saúde ainda na infância, resultando em
aumento de doenças e fatores de morbidade entre adolescentes e adultos [5-7].
Além disso, vários mecanismos têm sido propostos para anormalidades da
obesidade na função pulmonar [8-10].
Os indivíduos com obesidade acentuada apresentam um aumento da
demanda e do esforço respiratório, devido ao aumento do tecido adiposo no
tórax juntamente à menor eficiência muscular, decorrente da diminuição da
relação massa muscular/massa corporal [11], resultando em redução do volume
de reserva expiratório e da capacidade residual funcional, conseqüentemente,
ocorrendo microatelectasias periféricas, redução da complacência pulmonar e
aumento da resistência respiratória, levando a alteração da relação
ventilação/perfusão [11-13]. Freqüentemente, este fenótipo é descrito como
susceptível à síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono [14]. Ainda
assim, recentes estudos mostraram que a obesidade é um importante fator de
risco independente para asma [15]. O sintoma primário mais freqüente relatado
pelos indivíduos obesos é a dispnéia aos esforços [16].
Frente à prevalência da obesidade infantil e dados conflitantes acerca da
função pulmonar desta população, o objetivo deste estudo foi comparar a
função pulmonar e muscular respiratória entre pré-adolescentes obesos e pré-
adolescentes eutróficos saudáveis de uma comunidade escolar.
97
cxvi
MATERIAL E MÉTODO
Este foi um estudo caso-controle, no qual a amostra de conveniência foi
recrutada de uma escola comunitária com 246 alunos localizada na zona norte
da cidade de São Paulo. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa (processo: 132868/2004). Aprovação apropriada da direção da escola
e o consentimento livre e esclarecido dos pais ou responsáveis, foram obtidos
de todos os sujeitos previamente ao início do protocolo de estudo. Dos 246 p-
adolescentes previamente triados, 14 foram identificados com obesidade e,
portanto, foram convidados a participarem do estudo. Outros 20 pré-
adolescentes foram recrutados de uma amostra consecutiva pareados por
idade, gênero e que atendiam o critério de estado nutricional para compor o
grupo de eutróficos.
Foram incluídos no estudo pré-adolescentes com idade entre 10 e 14
anos. Previamente às medidas, foi realizada uma entrevista que consistiu de
perguntas padronizadas relacionadas aos hábitos de vida e doenças prévias
e/ou atuais, baseadas nas diretrizes para testes de função pulmonar [17].
Foram excluídos da amostra pré-adolescentes com história de asma pregressa
ou outras doenças respiratórias, deformidades posturais, déficit de coordenação
e colaboração.
Avaliação Antropométrica
Para a obtenção das medidas antropométricas, foi utilizada uma balança
calibrada da marca Welmy® com plataforma e capacidade de até 150
quilogramas. Para a tomada da estatura foi utilizado o estadiômetro da balança
(certificada pelo Inmetro) com limites entre 1,00 e 2,00 metros. A obesidade e o
eutrofismo foram determinados através do índice de massa corporal (IMC),
calculado pela equação:
IMC = peso (kg) / estatura
2
(m)
Sendo ainda preconizado o valor de percentil maior que 90% para pré-
adolescentes obesos e entre 10 e 90% para pré-adolescentes eutróficos. A
98
cxvii
fonte gráfica para a determinação dos limites de percentil utilizado foram os
mesmos recomendados pela Organização Mundial de Saúde [1].
Medidas de Pressões Respiratórias Máximas
Para a mensuração das pressões respiratórias máximas foi utilizado um
manovacuômetro da marca Ger-Ar®, modelo MV-300, com capacidade de até ±
300cmH
2
O. As medidas das pressões respiratórias máximas foram realizadas
com os indivíduos sentados, utilizando clipe nasal e mantendo um bocal
firmemente entre os lábios. Foi utilizada neste dispositivo uma válvula de alívio
(orifício de 1 mm de diâmetro no circuito) para evitar a contaminação dos
resultados da força muscular respiratória pela ação da contração dos músculos
da parede bucal.
As medidas de pressões inspiratória máxima (PImáx) foram realizadas
solicitando ao adolescente que exala-se todo o volume pulmonar até o volume
residual (VR) e em seguida realizasse uma inspiração profunda, contra uma via
aérea ocluída sustentando a pressão máxima por pelo menos 1 segundo. As
medidas de pressões expiratória xima (PEmáx) foram realizadas solicitando
ao adolescente insuflar os pulmões até a capacidade pulmonar total (CPT), e
após realizar uma expiração forçada contra uma via aérea ocluída sustentando
a pressão máxima por também 1 segundo [17]. Foram consideradas aceitáveis
manobras sem vazamentos de ar e reprodutíveis as medidas com variação
igual ou inferior a 10% do maior valor [18, 19]. As manobras foram repetidas
por cinco vezes, com um intervalo de um minuto entre as medidas e o maior
valor entre as manobras reprodutíveis foi o selecionado para análise de acordo
com os valores de referência para adolescentes propostos por Smyth et al. [19].
Espirometria
Para a realização da espirometria foi utilizado o espirômetro portátil da
Cosmed Srl modelo Pony Spirometer. A manobra para a realização da
espirometria consiste em uma inspiração profunda, seguida de manobra
expiratória forçada, mantida até que o indivíduo não a tolere mais, ou aque
sejam atingidos os critérios de aceitação propostos pelas Diretrizes para Testes
de Função Pulmonar da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia [17].
99
cxviii
Todos os voluntários realizaram no mínimo três manobras de capacidade
vital forçada. Nas manobras espirométricas forçadas, obtêm-se os gráficos fluxo
volume e volume-tempo, além do valor numérico das seguintes variáveis:
Capacidade Vital Forçada (CVF), Volume Expiratório Forçado no primeiro
segundo (VEF
1
) e relação VEF
1
/CVF. Os valores previstos foram obtidos a
partir dos valores de referência para crianças e adolescentes descritos por
Polgar e Promadhat [20].
Análise Estatística
Para análise dos dados foi utilizado o software estatístico SPSS (versão
13.0). Os dados estão apresentados em média e desvio-padrão. A análise
comparativa das variáveis espirométricas e de pressões respiratórias máximas
entre os pré-adolescentes obesos e eutróficos foram realizadas usando o teste t
de Student não-pareado. Coeficiente de correlação de Pearson foi usado para
verificar o nível de associação entre as variáveis de função pulmonar e o índice
de massa corpórea. Foi estabelecido como significância estatística p < 0,05.
RESULTADOS
A amostra inicial constituiu de um total de 34 voluntários, entretanto, um
adolescente foi excluído por história de asma ou doença respiratória prévia, e
outro não conseguiu curvas reprodutíveis nas provas espirométricas (ambos
pertenciam ao grupo de pré-adolescentes eutróficos). Desta forma, 32 pré-
adolescentes permaneceram no estudo, sendo 14 (11 meninos) categorizados
como grupo de obesos de grau I (GO) e 18 (14 meninos) categorizados como
grupo de eutróficos (GE) de acordo com o IMC e a média de percentil. Como
esperado, as variáveis de estado nutricional (peso, IMC e percentis) foram
significantemente diferente entre os grupos (Tabela 1).
100
cxix
Tabela I Características antropométricas da amostra.
Grupo Obeso
n = 14
Grupo Eutrófico
n = 18
Gênero
Idade (anos)
Peso (kg)
(11 M / 3 F)
12,6 + 1,4
68,1 + 8,5*
(14 M / 4 F)
12,5 + 1,2
46,1 + 9,6
Estatura (cm)
IMC (kg/m
2
)
157,7 + 7,0
28,3 + 1,9*
154,4 + 7,8
19,2 + 2,6
Curva Percentil
96,5 + 0,9*
57,9 + 23,3
Os valores espirométricos obtidos de ambos os grupos estiveram dentro
dos valores de referência da normalidade. Adicionalmente, quando comparados
os valores obtidos de CVF, VEF
1
e VEF
1
/CVF, não foi observada nenhuma
diferença estatisticamente entre os grupos, embora o grupo obeso apresentou
tendência à menores valores de CVF quando comparados ao grupo eutrófico
(Tabela 2).
Tabela II Característica de função pulmonar da amostra.
Grupo Obeso
n = 14
Grupo Eutrófico
n = 18
CVF (L e % prev)
VEF
1
(L e % prev)
VEF
1
/CVF
2,7 + 0,2 (90,1 + 9,3)
2,5 + 0,1 (96,5 + 9,4)
89,9 + 9,3
2,8 + 0,1 (100,8 + 6,4)
2,5 + 0,1 (107,1 + 11,2)
87,7 + 8,2
PImáx (cmH
2
O e %prev)
PEmáx (cmH
2
O e %prev)
94,0 + 9,5 (98,2)
94,2 + 9,5 (94,9)
96,1 + 11,7 (101,9)
99,8 + 9,4 (103,6)
Ao se comparar os valores absolutos das pressões inspiratórias máximas
entre os grupos de obesos e eutróficos nenhuma diferença foi observada. Por
outro lado, ao se comparar os valores absolutos das pressões expiratórias
máximas, pode-se notar que o grupo obeso apresentou tendência a valores
inferiores aos dos eutróficos. Entretanto, as variáveis de função muscular
101
cxx
respiratória (PImáx e PEmáx) de ambos os grupos estiveram dentro dos valores
de referência da normalidade (Tabela 2).
Nas análises de correlações do GO, não foram observadas correlações
significativas entre o IMC e os valores obtidos de CVF (r = -0,18; p = 0,52),
VEF
1
(r = -0,12; p = 0,69), VEF
1
/CVF (r = -0,26; p = 0,35), PImáx ( r = 0,03; p =
0,92) e PEmáx (r = 0,03; p = 0,90).
DISCUSSÃO
A proposta deste estudo foi avaliar o efeito da obesidade na função
pulmonar de uma coorte de pré-adolescentes. Nenhuma anormalidade
funcional ventilatória e muscular respiratória foram observadas em ambos os
grupos de pré-adolescentes obesos e eutróficos de acordo com os valores de
normalidade. Entretanto, observou-se tendência à redução dos valores obtidos
de CVF, PImáx e PEmáx no grupo de pré-adolescentes obesos.
Diversos estudos têm demonstrado que a obesidade é um importante
fator de risco para diversas doenças, inclusive as doenças respiratórias. E de
forma oposta, a perda de peso nesses indivíduos está associada com a
melhora dos sintomas respiratórios [21]. Elevados IMC têm sido habitualmente
associados à redução da CVF, VEF
1
, capacidade pulmonar total, capacidade
residual funcional, volume residual e função muscular respiratória em adultos
[22]. Contudo, em crianças e pré-adolescentes estas associações ainda não
são consistentes.
Desta forma, é ainda passível de discussão se a obesidade em pré-
adolescentes estaria, ou não, inversamente relacionada a uma possível
disfunção do sistema respiratório nesta população.
No estudo de Lazarus et al. envolvendo uma amostra de 2464 crianças e
pré-adolescentes evidenciou que a função ventilatória (CVF e VEF
1
) reduziu
proporcionalmente ao aumento de massa gorda. A porcentagem de massa
gorda foi estimada por medidas de prega cutânea, o que pode ter sido mais
sensível para identificar essa associação do que o IMC [23]. Estudos similares
mostraram associação da obesidade com redução dos volumes pulmonares
estáticos e da capacidade de difusão pulmonar em adolescentes, sugerindo que
102
cxxi
a esta última acompanha possivelmente alterações no interstício pulmonar [7, 8,
24-26]. Entretanto, cabe salientar que em dois destes estudos, estas
associações foram encontradas com o indicador de obesidade obtida pela
absortiometria de raios-X de dupla energia (DEXA), e as mesmas associações
não foram observadas com o IMC.
Redline et al. mostraram ainda elevados riscos de distúrbios
respiratórios do sono em crianças e adolescentes obesos [27]. Embora, os
resultados do presente estudo demonstrem uma tendência na redução da CVF
dos pré-adolescentes do grupo obeso, possivelmente com ocorrência de erro
do tipo II neste subgrupo, este achado poderia sugerir um impacto do excesso
de massa corpórea na função pulmonar. Todavia, nenhuma inferência pode ser
aqui aventada, uma vez que não houve redução suficiente para que se possa
atribuir, categoricamente, que houve efeito do excesso de peso na função
pulmonar.
O IMC é o mais utilizado marcador da obesidade, porém este índice
não fornece informações sobre a distribuição da gordura no corpo. E embora a
magnitude da obesidade esteja associada ao comprometimento da função
respiratória, a presença de gordura na região abdominal é um fator ainda mais
forte nesta associação [28]. No presente estudo, o IMC foi utilizado para a
classificação do estado nutricional associado às curvas de percentis conforme
recomendados pela Organização Mundial de Saúde.
A deposição de gordura visceral é um processo idade-dependente. Um
estudo mostrou que em crianças e adolescentes obesas, a adiposidade é
predominantemente subcutânea, o que não constitui um alto risco nessa fase
[29]. Portanto, o uso do IMC pode ser adequado para associar à função
pulmonar nesta população especificamente mais jovem.
Corroborando com nossos resultados Boran et al. não observaram
nenhuma alteração na função pulmonar, como também nenhuma associação
entre estado nutricional e parâmetros antropométricos numa coorte de crianças
brasileiras obesas [30]. Da mesma forma Fung et al. não encontraram
associação entre função pulmonar e meninos obesos [31]. Este mesmo
comportamento foi observado no estudo de Eisenmann et al. com crianças e
pré-adolescentes obesos e eutróficos, excetuando-se as crianças obesas, nas
11
103
cxxii
quais evidenciou-se redução na CVF, VEF
1
e nos fluxos expiratórios forçado
(FEF
25-75
) [32].
É provável que a ausência de anormalidade da função pulmonar
observada no presente estudo, possa ser atribuída ao fato de que amostra de
pré-adolescentes obesos do nosso estudo, é classificada como obesidade de
grau I (leve). Em outros termos, a existência de maior excesso de massa
corporal, que caracterize obesidade mais acentuada, talvez ajude a explicar seu
efeito negativo na função pulmonar. Em comparação com controles eutróficos,
os pré-adolescentes obesos aqui estudados não apresentaram redução da
força muscular respiratória. Embora, pode-se observar uma tendência à
redução desta no grupo obeso comparado aos controles eutróficos.
A despeito da escassez de estudos abordando este tema, nossos
resultados estão de acordo com os de Magnani et al., os quais não observaram
influência do excesso de peso na força muscular respiratória de adultos obesos
candidatos à cirurgia bariátrica [33]. Por outro lado, embora com características
de amostra muito semelhante ao nosso estudo, no qual pré-adolescentes
apresentavam estado nutricional como obeso grau I (leve), resultados distintos
foram encontrados no estudo de Santiango et al., no qual as pressões
respiratórias máximas foram significantemente menores em crianças e
adolescentes obesos/obesos comparados aos eutróficos [34].
Um possível mecanismo que pode explicar a redução da força
muscular respiratória em pacientes obesos de grau acentuado é a existência do
comprometimento da complacência da parede tóraco-abdominal. Entretanto,
em situações de obesidade de grau leve, nenhum outro estudo mostrou essas
alterações.
Resultados ainda mais discrepantes foram observados no estudo de
Pedrozo et al. no qual os adolescentes obesos/obesos grau I apresentaram
força muscular respiratória melhor que a de adolescentes eutróficos [35]. Uma
possível explicação é que pacientes obesos que não apresentam redução da
função muscular respiratória podem ter desenvolvido mecanismos adaptativos
contra a sobrecarga imposta pelo tecido adiposo [36].
104
cxxiii
Um ponto passível de discussão é a questão do crescimento não-linear
da estatura do adolescente com relação as suas vias reas, defendido por
Xvan et al. e Dornelles et al. que constataram uma cessação no crescimento da
estatura, porém com um acréscimo contínuo do VEF
1
, deixando clara a
hipótese de que o desenvolvimento somático não acompanha o crescimento
visceral. Como a amostra deste estudo foi de adolescentes em plena fase de
esporão de crescimento este fato pode ter mascarado os resultados, entretanto,
isto é minimizado quando se estabelece um grupo controle com a mesma faixa
etária do grupo de estudo, o que foi feito no presente estudo [37,38].
As correlações não significativas entre o IMC e as variáveis
espirométricas (CVF, VEF
1
e VEF/VEF
1
) e de função muscular (PImáx e
PEmáx), podem ser explicadas, provavelmente, pelo IMC refletir a massa gorda
e a massa magra em conjunto. Adicionalmente, o este índice não discrimina o
padrão de distribuição de gordura (i.e., um padrão mais “central”). Talvez, a
bioimpedância elétrica ou a DEXA que distingue a massa gorda da massa
magra e seu padrão de distribuição corporal, pudesse evidenciar associações
significantes desta com a função pulmonar.
Até o presente momento, não evidências estabelecendo uma
relação linear entre a função pulmonar e o aumento do peso corporal, embora,
alguns estudos mostraram que a perda de peso melhora a função pulmonar
[21,22].
Em nosso estudo certamente houve algumas limitações. Primeiro, a
amostra relativamente pequena, que pode ter propiciado a ocorrência de erro
tipo II. Segundo, o estado nutricional foi avaliado pelo IMC, não sendo utilizadas
outras medidas antropométricas como circunferências segmentares e de pregas
cutâneas. E por fim, nenhum questionamento quanto ao nível de atividade física
foi realizado, podendo haver influência desta variável na função pulmonar de
alguns adolescentes.
Em linhas gerais, os resultados do presente estudo indicam que
parâmetros de função pulmonar em repouso não diferem entre adolescentes
obesos e eutróficos. Todavia, diante do fato de que adolescentes obesos
apresentam grande risco de se tornarem adultos obesos com distúrbios
ventilatórios, é de fundamental importância adotar medidas preventivas como
105
cxxiv
programas de condicionamento aeróbico, orientação alimentar e apoio
psicológico para essa população. Adicionalmente, consideramos crucial, a
realização de avaliações longitudinais da função pulmonar a fim de se
diagnosticar precocemente possíveis anormalidades, e caso houver,
prontamente oferecer a melhor estratégia de tratamento.
REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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108
cxxvii
LEGENDAS DAS TABELAS
Tabela I
Os dados estão apresentados como média + DP.
Abreviaturas: M = gênero masculino; F = gênero feminino; IMC = índice de massa
corpórea.
* Diferença significativa (p < 0,05) entre o grupo obeso e eutrófico.
Tabela II
Os dados estão apresentados como média + DP.
Abreviaturas: IMC = índice de massa corpórea; CVF = capacidade vital forçada;
VEF
1
= volume expiratório forçado no primeiro segundo; PImáx
= pressão
inspiratória máxima; PEmáx
= pressão expiratória máxima.
109
cxxviii
ANEXOS
110
cxxix
5.Anexos 5.1. Aprovação do CoEP Universidade Nove de Julho
111
cxxx
112
cxxxi
113
cxxxii
114
cxxxiii
115
cxxxiv
5.2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a), da
pesquisa: Avaliação da limitação da capacidade funcional através do teste
de desempenho físico funcional (PFP-10) e suas relações com o
questionário de atividade de vida diária London Chest Activity of Daily
Living Scale (LCADL) em pacientes com doença pulmonar obstrutiva
crônica, no caso de você concordar em participar, favor assinar ao final do
documento. Sua participação não é obrigatória, e, a qualquer momento, você
poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará
nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador(a) ou com a instituição.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e endereço do
pesquisador (a) principal, podendo tirar dúvidas do projeto e de sua
participação.
NOME DA PESQUISA: Avaliação da limitação da capacidade funcional através
do teste de desempenho funcional (PFP-10) e suas relações com o questionário
de atividade de vida diária London Chest Activity of Daily Living Scale (LCADL)
em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica
PESQUISADOR (A) RESPONSÁVEL: Vera Lúcia Taveira de Souza Stanzani
ENDEREÇO: R: João Gomes Barbosa, 10 - Jd. Alvorada Butantã - São Paulo -
SP.
TELEFONE: 011- 37512843 Res. 97867406: cel.
PESQUISADORES PARTICIPANTES: Cristiane Yamane de Oliveria
PATROCINADOR:
OBJETIVOS: Avaliar se a limitação na execução de tarefas do dia-a-dia
avaliada através do teste de Desempenho Físico Funcional (PFP-10)
corresponde a relatada pelos pacientes através do preenchimento do
questionário LCADL (London Chest Activity of Daily Living Scale -versão
validada em português) e ainda se existe correlação entre a capacidade de
execução de tarefas diárias (PFP-10) e a gravidade da doença através do
índice BODE que abrange o índice de massa corporal, espirometria, dispnéia e
capacidade de exercício.
PROCEDIMENTOS DO ESTUDO: Se concordar em participar da pesquisa,
você terá que fazer:
Avaliação física que consiste em: aferição de peso e altura.
Avaliação Respiratória que consiste em: espirometria, grau de dispnéia
(falta de ar).
116
cxxxv
Fazer teste de capacidade física (teste de Caminhada de 6 minutos) que
consiste em caminhar por 6 minutos sem correr, porém o mais rápido
possível e você poderá parar ou descansar durante o teste.
Executar o teste de tarefas diárias (PFP-10) como: transportar panela
pesada a uma distância de um metro, vestir e desvestir um casaco,
colocar e tirar uma esponja de uma prateleira, varrer o chão, transferir
roupa molhada da máquina de lavar para um varal, pegar lenços do
chão, carregar mantimentos por 70 metros, sentar e levantar do chão e
subir escadas.
Responder o questionário LCADL sobre sua dificuldade ou não de
executar tarefas como cuidados pessoais, domésticos, atividade física e
lazer.
RISCOS E DESCONFORTOS: Todos os procedimentos não oferecem nenhum
tipo riscos e prejuízos ou desconforto de qualquer espécie tão pouco risco de
lesões, riscos morais e constrangimentos são totalmente rotineiros aos
voluntários.
BENEFÍCIOS: Para a comunidade científica (médicos, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais etc) é muito importante saber qual o grau de limitação
da capacidade física de seus pacientes, bem como a relação desta limitação e
a gravidade da doença. Esta pesquisa tentará estabelecer estas relações,
trazendo uma nova visão de avaliação física para os pacientes com DPOC,
beneficiando estes doentes com uma avaliação mais abrangente e que pode
revelar sua melhora quando submetido a tratamento e reabilitação.
CUSTO/REEMBOLSO PARA O PARTICIPANTE: Os voluntários participantes
desta pesquisa não arcarão com nenhum gasto decorrente da sua participação
nas avaliações respiratória e física. As avaliações, questionário e testes serão
totalmente gratuitos. Os participantes da pesquisa não receberão qualquer
espécie de reembolso ou gratificação devido à participação na pesquisa.
CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Garantimos que as informações
coletadas nesta pesquisa estarão sob sigilo, assegurando a privacidade dos
voluntários participantes quanto aos dados confidenciais envolvidos na
pesquisa. Estas informações serão diretamente relacionadas aos objetivos
da pesquisa.
_________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável:
117
cxxxvi
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO
SUJEITO
Eu, __________________________________________________________
RG_________________________CPF__________________________, abaixo
assinado, concordo em participar do estudo Avaliação da limitação da
capacidade funcional através do teste de performance funcional (PFP-10)
e suas relações com o questionário de atividade de vida diária London
Chest Activity of Daily Living Scale (LCADL) em pacientes com doença
pulmonar obstrutiva crônic, como sujeito de forma voluntária. Fui
devidamente informado e esclarecido pela pesquisadora Vera Lucia Taveira de
Souza Stanzani sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim
como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-
me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem
que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/
assistência/tratamento.
São Paulo, ____/_____/______
___________________________________________________________
Nome do sujeito ou responsável (caso menor de 21 anos)
___________________________________________________________
Assinatura do sujeito ou responsável (caso menor de 21 anos)
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a
pesquisa e aceite do sujeito em participar.
Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):
Nome:______________________________
Assinatura: _________________________
Nome:______________________________
Assinatura: __________________________
118
cxxxvii
APÊNDICES
119
cxxxviii
6. APÊNDICES
6.1. Apêndice 1. Classificação de gravidade da doença pelo índice
multissistêmico BODE no grupo DPOC
A avaliação do índice multissistêmico BODE compreende as medidas de
composição corporal, ou seja, o IMC (obtido por meio das medidas
antropométricas); o grau de obstrução pulmonar pelo VEF
1
(obtido por meio da
espirometria vide descrição abaixo); o grau de dispnéia pela escala do
Medical Research Council modificada (MMRC) e a capacidade de exercício
pelo teste da caminhada de seis minutos (TC-6min)
(1)
(Tabela 1). Uma elevada
pontuação no índice BODE expressa pobre performance em termos
multissistêmicos.
Tabela 1. Valores do índice multissistêmico BODE
Variáveis
Pontuação índice BODE
0
1
2
3
VEF
1
(% prev)
≥ 65
50-64
36-49
≤ 35
Distância (TC-6min)
≥ 350
250-349
150-249
≤ 149
Dispnéia MMRC
0 -1
2
3
4
IMC
>21
≤ 21
Abreviaturas: VEF
1
= volume expiratório forçado no primeiro segundo; % prev = valores em porcentagem
do previsto; MMRC= Medical Research Council modificada; IMC= índice de massa corpórea.
120
cxxxix
6.1a.Antropometria:
A avaliação antropométrica constou de mensuração de peso e estatura.
A tomada de peso corpóreo foi realizada utilizando-se balança mecânica
antropométrica, da marca Welmy
®,
com capacidade para 150 quilogramas (kg)
e com divisões a cada 100 gramas (g). Para verificação da estatura, a medida
foi realizada após a inspiração profunda, mantendo a posição ereta. Os pés
foram mantidos juntos com o peso do corpo distribuídos entre ele. A tomada
desta medida foi realizada em estadiômetro específico. A partir das medidas de
peso e estatura obtidas, calculou-se o índice de massa corpórea (IMC) para a
classificação do estado nutricional: IMC = peso/altura² (Kg/m²).
6.1.b. Espirometria:
Os testes foram realizados no CPFS/D USB (Medical Graphics
Corporation
®,
St. Paul, Mo. USA) com um pneumotacógrafo calibrado. Os
procedimentos técnicos, os critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade
adotados serão aqueles recomendados pela American Thoracic Society
(ATS)
(2)
. Todos os pacientes completaram no mínimo três manobras de
capacidade vital lenta e forçada aceitáveis antes e após broncodilatador
(salbutamol 400 µg via inalatória). As seguintes variáveis foram registradas:
CVF, VEF
1
, VEF
1
/CVF, PFE. Os valores obtidos foram expressos em valores
absolutos e em porcentagem do previsto para a população brasileira
(3)
. Para
garantir a estabilidade clínica do grupo de pacientes com DPOC admitiu-se uma
variação do VEF
1
150 ml entre as espirometrias das visitas 1 e 2, bem como
os sintomas basais típicos da doença (tosse, dispnéia e secreção) deviam se
manter inalterados durante a execução do protocolo de estudo.
121
cxl
6.1c. Avaliação da dispnéia pela escala do Medical Research Council
modificada (MMRC):
A gravidade da dispnéia crônica, definida como “uma desagradável
sensação de dificuldade respiratória”, foi classificada de acordo com a escala
de MMRC. Esta escala é baseada na dispnéia induzida por esforços nas
atividades físicas e iniciada por valor zero (nenhuma dificuldade causada pela
dispnéia) até o valor máximo de quatro (dispnéia aos mínimos esforços)
(4)
(Tabela 2).
Tabela 2. Escala de dispnéia do MMRC
Medical Research Council modificada MMRC
Grau 0
_
Você já teve alguma vez falta de ar, exceto em
exercício intenso?
Grau 1
Se sim
Você tem falta de ar ao andar apressado no
plano ou andando numa subida leve?
Grau 2
Se sim
Você tem que andar mais devagar, no plano,
do que a maioria das pessoas?
Você tem que parar, depois de andar no plano
e no seu próprio passo, 1,5 Km ou 15
minutos?
Grau 3
Se sim para qualquer
uma das duas
Você tem que parar por falta de ar após uma
caminhada, no plano, de 100 metros ou após
poucos minutos?
Grau 4
Se sim
Você tem falta de ar que te impede de sair de
casa ou falta de ar depois de trocar a roupa?
6.1.d. Teste de caminhada de seis minutos (TC6’):
O teste de caminhada de seis minutos foi realizado de acordo com as
recomendações da ATS
(5)
. Os pacientes caminham num corredor plano com 30
metros de extensão, com contínua monitorização da saturação de pulso de
122
cxli
oxigênio pela oximetria de pulso, freqüência cardíaca por frequencímetro e a
dispnéia pela escala modificada de Borg
(6)
, no início, no meio e final do teste.
Durante o teste os pacientes foram orientados a caminhar do início ao final do
corredor, dentro do próprio ritmo, enquanto tentam cobrir a maior distância
permitida em seis minutos sem correr. O fisioterapeuta responsável pelo teste
emitiu frases de encorajamento padronizadas a cada minuto como: o Sr. está
indo muito bem ou continue assim”. Foi permitido aos pacientes parar e
descansar durante o teste, se necessário, porém, estes foram instruídos a
retomar a caminhada assim que se sentissem capazes. Os pacientes foram
instruídos a interromper a caminhada se experimentassem qualquer sensação
de dispnéia intolerável, dor torácica, câimbra, diaforese e saturação de pulso de
oxigênio menor que 85%. No final do teste a distância percorrida em metros foi
calculada.
6.2. Apêndice 2 - Questionário de atividade de vida diária London Chest
Activity of Daily Living scale (LCADL)
(7)
Uma versão do questionário de atividade de vida diária London Chest
Activity of Daily Living scale (LCADL), traduzido para o português e validado
para uso no Brasil, em pacientes com DPOC, foi utilizado para a avaliação
qualitativa das atividades de vida diária dos pacientes
(7)
(Vide Anexo 5.3). O
LCADL possui 15 itens de AVD, divididos em quatro domínios: cuidado pessoal
(4 itens), doméstico (6), atividade física (2) e lazer (3). O doente relata o quanto
a dispnéia sentida interfere nessas 15 AVD atribuindo para cada atividade um
valor de 0 a 5, sendo 0 (não faço isso, porque não é importante para mim), 1
(não tenho falta de ar ao fazer), 2 (tenho falta de ar moderada), 3 (tenho muita
11
123
cxlii
falta de ar), 4 (desisti de fazer isso) e 5 (preciso de ajuda para fazer ou que
alguém faça por mim). Um subescore é calculado para cada domínio, e um
escore total é formado pela soma dos subescores dos 4 domínios. Valores mais
altos na escala indicam maior limitação nas AVD.
6.3 Apêndice 3 - Fase de planejamento, estruturação e execução do
protocolo do PFP-10
Fase I- Montagem laboratório - Foi excetudada de acordo com instruções
logísticas baseadas no laboratório padrão da Universidade da Geórgia-EUA, e a
cada passo dado era necessária a aprovação dos autores do método para que
então partíssemos para a próxima etapa.
Fase II Treinamento dos Pesquisadores e obtenção de licença do uso do
método - Estando o laboratório montado de acordo com as especificações
exigidas, iniciamos a segunda fase que consistiu no treinamento dos
examinadores, uma vez que comandos verbais padronizados são
indispensáveis e as marcas de início e término das tarefas devem ser
criteriosamente respeitadas. Para avançarmos para a terceira etapa, um
paciente típico executou o teste, que foi gravado em vídeo sem cortes ou
interrupções e enviado para a autora a fim de que pudesse supervisionar a
aplicação do teste pelos observadores, com especial atenção a segurança e
tolerância do paciente. Outros dois vídeos, em períodos distintos, com testes
executados por dois outros pacientes, foram enviados a autora para
aprimoramento da aplicação do método de acordo com o protocolo original.
Após este período e aprovação dos autores em relação à aplicação do teste por
124
cxliii
Intervalo de
2 a 5 dias
Visita 1
BODE
PFP-10
1
Visita 2
Espirometria
LCADL
PFP-10
2
parte dos examinadores, foi então feita a aquisição da licença de uso do
método para este estudo.
Fase III Recrutamento e triagem da amostra - Grupo DPOC: Inicialmente foi
selecionada para participar do estudo uma amostra consecutiva de indivíduos
com diagnóstico com DPOC, advindos do Ambulatório Integrado de Saúde e
em lista de espera do mesmo, que compuseram o grupo de pacientes DPOC,
treinados e não treinados de trinta e seis pacientes pneumopatas, dos quais
foram excluídos 8 participantes, (1 com prova de função pulmonar sugestivo de
asma, 3 DPOC com ICC associada e 4 pacientes que faziam uso de oxigênio
de forma contínua). Grupo Controle: Para compor o grupo controle 18
voluntários idosos saudáveis foram triados do Centro de Conveniência do
Parque da Água Branca, dos quais 9 não participaram por terem requisitos dos
critérios de exclusão.
Fluxograma Grupo DOPC
1. Classificação da gravidade da doença pelo índice BODE através das
avaliações: antropométrica, espirométrica, de dispnéia nas atividades (MMRC)
e teste de caminhada de seis minutos.
125
cxliv
Intervalo de
2 a 5 dias
Visita 1
Espirometria
PFP-10
1
Visita 2
PFP-10
2
2. Aplicação do primeiro teste de avaliação de atividades de vida diária (PFP-
10
1
)
Visita 2
1. Prova de função pulmonar para garantir a estabilidade clínica do paciente.
2. Aplicação do questionário de atividade de vida diária London Chest Activity
of Daily Living Scale, versão validada no português
(7)
.
3. Aplicação do segundo
teste de avaliação de atividades de vida diária (PFP-
10
2
).
Fluxograma Grupo Controle
Visita 1
1. Prova de função pulmonar para garantir a normalidade dos achados
espirométricos dos idosos saudáveis.
2. Aplicação do primeiro teste de avaliação de atividades de vida diária (PFP-
10
1
)
126
cxlv
Visita 2
4. Aplicação do segundo
teste de avaliação de atividades de vida diária (PFP-
10
2
).
6.4. Apêndice 4 - Avaliação das atividades de vida diária pelo PFP-10
(short version: Continuous-Scale Physical Functional Performance test)
(8)
O PFP-10 consiste em um teste de campo de medidas válidas e
confiáveis, usado para quantificar a capacidade funcional por meio da avaliação
de dez tarefas cotidianas. Tais tarefas são desenvolvidas no esforço máximo do
indivíduo dentro do seu julgamento de conforto e segurança. A performance
funcional deste teste é mensurada por meio do peso que o paciente carrega,
tempo gasto ou distância percorrida, de acordo com a atividade. As tarefas
avaliadas são classificadas em três níveis: baixa, moderada e alta dificuldade, e
estão listadas na tabela abaixo (Tabela 3) e devem ser realizadas
sequencialmente, sem interrupção, sendo o tempo total da realização das
tarefas um desfecho de endurance (Vide Suplemento 5.4)
(8)
. Estas são
classificadas dentro de cinco domínios que refletem as demandas físicas
separadamente, como: força dos seguimentos superiores, força dos
seguimentos inferiores, flexibilidade dos seguimentos superiores, equilíbrio e
coordenação. Os escores de pontuação variam de 0 a 100 utilizando a seguinte
fórmula, baseado nos extremos superiores e inferiores da performance de
dados prévios obtidos de idosos
(9)
:
PFP escore = (escore observado limite inferior)/(limite superior limite inferior) x 100
127
cxlvi
Adicionalmente o tempo total de realização do teste PFP-10 constitui
numa variável de desfecho de capacidade funcional.
Quando o indivíduo não faz tentativa de realizar a tarefa proposta cabe a
pontuação zero, e um alto nível de escore reflete elevada capacidade funcional.
Indivíduos com elevada reserva física completam o teste mais rapidamente e
carregam mais peso. Todas as tarefas foram realizadas conforme as diretrizes
padronizadas no website
(10)
do autor do método como, por exemplo, alcance
(altura da estante), quantidade de areia para limpeza de chão, peso a ser
conduzido (nas tarefas de carregar panela e mercearia), etc. No início e final da
realização das tarefas foram monitorizadas as variáveis de freqüência cardíaca,
saturação de pulso de oxigênio e sensação de esforço percebido pela escala de
Borg modificada
(6)
.
Tabela 3. Tarefas incluídas no PFP-10
Tarefas PFP-10
Baixa dificuldade
1. Conduzir peso numa panela entre um balcão e outro (1 m)
2. Colocar e retirar um casaco
3. Colocar e remover um objeto de uma estante
Moderada dificuldade
4. Varrer ½ x. de areia com uma vassoura e transferir para uma pá
5. Transferir roupas de uma lavadora para secadora; e da secadora para uma cesta
6. Pegar quatro lenços do chão
Elevada dificuldade
7. Conduzir compras em sacolas por 52,3 metros
8. Sentar-se e levantar-se do chão
9. Subir e descer escadas (8 degraus)
10.Teste de caminhada de 6 minutos
(27)
128
cxlvii
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