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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Desempenho e desenvolvimento ruminal de bezerros em sistema de
desaleitamento precoce recebendo aditivos alternativos aos
antibióticos
Jackeline Thaís da Silva
Piracicaba
2010
Dissertação apresentada para obtenção de título de
Mestre em Ciências. Área de concentração: Ciência
Animal e Pastagens
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Jackeline Thaís da Silva
Zootecnista
Desempenho e desenvolvimento ruminal de bezerros em sistema de desaleitamento
precoce recebendo aditivos alternativos aos antibióticos
Orientadora:
Profª Dra CARLA MARIS MACHADO BITTAR
Piracicaba
2010
Dissertação apresentada para obtenção de título de
Mestre em Ciências. Área de concentração: Ciência
Animal e Pastagens
3
Aos meus pais, Sônia e Aparecido, por todo amor e dedicação
Aos meus irmãos, Júnior e Rafael, pela amizade e força
Ao João Antônio Mastrangi, pelo carinho, incentivo e
especialmente pelo companheirismo
Dedico
4
5
AGRADECIMENTOS
A Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” e ao Departamento de
Zootecnia pela oportunidade de realização do curso de Mestrado.
A minha orientadora Prof
a
. Dra. Carla Maris Machado Bittar pela dedicação,
confiança, paciência e especialmente pela amizade.
Ao Lucas Silveira Ferreira pela aprendizagem, amizade e apoio durante a
realização dos experimentos.
Aos funcionários e colegas do Laboratório de Bromatologia do Departamento de
Zootecnia, Carlos César Alves e Tânia Aparecida Ferri.
A Cristiane Sitta, José Tiago das Neves Neto, Mariana Arruda Camargo Danés
pelo auxílio durante o experimento e demais colegas do curso de pós-graduação.
A Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo
financiamento do projeto.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela
concessão da bolsa de estudo.
A Alltech Biotech., na pessoa de Marcelo Manella, pela doação do
mananoligossacarídeo (Bio-Mos
®
).
A Adriana Figueiredo, representando a Nutron Alimentos, pela oportunidade de
realização do segundo experimento e aos funcionários do Centro de Pesquisa de
Nutrição Animal (CPNA) pela assistência.
As fazendas Tainá e Campestre pela doação dos bezerros para a realização de
parte deste trabalho.
6
Aos professores da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”/Campus de Ilha Solteira pela formação acadêmica e a todos colegas da I Turma
de Zootecnia (UNESP/Ilha Solteira).
Aos meus pais, meus irmãos, demais familiares e aos familiares de João Antônio
Mastrangi pelo incentivo e carinho.
As amigas da Rep. Choppensá Maria Izabel Bertacchi, Magda Andréia Tessmer,
Fernanda Engels do Nacimento, Cristiane Müller e Juliana Balbinotti e agregados, por
todos os momentos compartilhados e por toda dedicação.
A Deus pelas oportunidades e pessoas que Ele coloca em meu caminho.
Muito obrigada!
7
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................ 11
ABSTRACT .................................................................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 17
2.1 Desaleitamento precoce ........................................................................................... 17
2.2 Desenvolvimento do rúmen ...................................................................................... 19
2.3 Problemas sanitários na fase de aleitamento ........................................................... 21
2.4 Aditivos alternativos ................................................................................................. 23
2.4.1. Mananoligossacarídeos........................................................................................ 23
2.4.2 Substâncias húmicas............................................................................................. 27
Referências .................................................................................................................... 30
3 AVALIAÇÃO DA VIA DE FORNECIMENTO DE MANANOLIGOSSACARÍDEOS NA
ALIMENTAÇÃO DE BEZERROS EM ALEITAMENTO: DESEMPENHO E
DESENVOLVIMENTO RUMINAL .................................................................................. 37
Resumo .......................................................................................................................... 37
Abstract .......................................................................................................................... 37
3.1 Introdução ................................................................................................................ 38
3.2 Material e Métodos ................................................................................................... 40
3.2.1 Animais, instalações e manejo alimentar .............................................................. 40
3.2.2 Análise Bromatológica ........................................................................................... 41
3.2.3 Avaliação do desempenho e desenvolvimento corporal ....................................... 42
3.2.4 Monitoramento do escore fecal ............................................................................. 42
3.2.5 Colheita de sangue e metodologia analítica .......................................................... 43
8
3.2.5.1 Colheita de sangue ............................................................................................ 43
3.2.5.2 Determinação de glicose plasmática ................................................................. 43
3.2.5.3 Determinação de β-hidroxibutirato (BHBA) ........................................................ 43
3.2.5.4 Determinação de N-uréico ................................................................................. 44
3.2.6 Análise estatística ................................................................................................. 44
3.3 Resultados e discussões ......................................................................................... 45
3.4 Conclusões .............................................................................................................. 57
Referências .................................................................................................................... 57
4 DESEMPENHO E DESENVOLVIMENTO RUMINAL DE BEZERROS EM SISTEMA
DE DESALEITAMENTO PRECOCE RECEBENDO SUBSTÂNCIAS HÚMICAS VIA
CONCENTRADO INICIAL ............................................................................................. 61
Resumo ......................................................................................................................... 61
Abstract .......................................................................................................................... 62
4.1 Introdução ................................................................................................................ 63
4.2 Material e métodos .................................................................................................. 64
4.2.1 Animais, instalações e manejo alimentar .............................................................. 64
4.2.2 Análise bromatológica ........................................................................................... 65
4.2.3 Avaliação do desempenho e desenvolvimento corporal ....................................... 66
4.2.4 Monitoramento do escore fecal ............................................................................. 66
4.2.5 Colheita de Sangue e metodologia analítica ......................................................... 66
4.2.5.1 Colheita de sangue ............................................................................................ 66
4.2.5.2 Determinação de glicose plasmática ................................................................. 67
4.2.5.3.Determinação de β-hidroxibutirato ..................................................................... 67
4.2.5.4 Determinação de N-uréico ................................................................................. 67
9
4.2.6 Avaliação morfométrica do trato digestório superior ............................................. 67
4.2.7 Análise estatística ................................................................................................. 68
4.3 Resultados e discussão............................................................................................ 69
4.4 Conclusões ............................................................................................................... 82
Referências .................................................................................................................... 83
10
11
RESUMO
Desempenho e desenvolvimento ruminal de bezerros em sistema de
desaleitamento precoce recebendo aditivos alternativos aos antibióticos
Foram realizados dois estudos para avaliar aditivos alternativos aos antibióticos
na produção de bezerros leiteiros em sistema de desaleitamento precoce. No primeiro
experimento, foram avaliados os efeitos de mananoligossacarídeos (Bio-Mos
®
) quanto
ao desempenho e parâmetros sanguíneos indicativos de desenvolvimento ruminal,
além da via de fornecimento do aditivo. Foram utilizados 24 bezerros da raça Holandês,
todos machos inteiros, em delineamento inteiramente casualizado distribuídos nos
seguintes tratamentos: 1) controle; 2) mananoligossacarídeo (4 g/d Bio-Mos
®
, Alltech
Biotech.) fornecido via concentrado inicial; 3) mananoligossacarídeo (4 g/d Bio-Mos
®
,
Alltech Biotech.) fornecido via sucedâneo lácteo. Os animais foram alocados em abrigos
individuais, com livre acesso a água, e passaram a receber 4L/d da dieta líquida,
dividida em 2 refeições até o desaleitamento na sexta semana, e concentrado incial ad
libitum. Diariamente, foi realizada avaliação do escore fecal. Semanalmente, foram
realizadas pesagens, medidas de crecimento corporal e colheitas de sangue, para a
determinação de glicose, N-uréico e β-hidroxibutirato (BHBA) até a oitava semana,
quando se encerrou o período experimental. Não foi observada diferença significativa
(P>0,05) entre os tratamentos ou interação Tratamento x Idade para os parâmetros de
consumo, ganho de peso, crescimento corporal e parâmetros sanguíneos. Entretanto,
foi observado efeito de Idade para todos os parâmetros avaliados (P<0,0001). O escore
fecal também não foi afetado pelos tratamentos, no entanto, os animais recebendo
MOS via sucedâneo lácteo apresentaram médias numericamente menores nas duas
primeiras semanas de vida, demonstrando menor ocorrência de diarréia. Não foram
observados efeitos significativos (P>0,05) de tratamento ou da interação tratamento x
Idade nas concentrações plasmáticas de glicose, N-uréico ou BHBA. No entanto, houve
efeito de Idade nos parâmetros plasmáticos, sendo observadas concentrações
crescentes de N-uréico e BHBA, indicando adequado desenvolvimento ruminal. No
segundo experimento, foi avaliada a inclusão de substâncias húmicas no concentrado
inicial e seus efeitos no desempenho e desenvolvimento ruminal. Foram utilizados 20
animais, todos machos inteiros, em delineamento experimental blocos completos
aleatorizados, distribuídos nos seguintes tratamentos: 1) controle; 2) substâncias
húmicas (SH, NutriHume
®
), fornecido via concentrado inicial. O manejo nutricional e os
parâmetros avaliados foram os mesmos do primeiro experimento. Entretanto, os
animais foram desaleitados na oitava semana de idade e foram abatidos para análise
do desenvolvimento do trato digestório superior. Não houve efeito significativo (P>0,05)
dos tratamentos ou da interação Tratamento x Idade para os parâmetros consumo de
concentrado, ganho de peso ou medidas de crescimento corporal, embora tenha
ocorrido efeito de Idade (P<0,0001). O escore fecal também não foi afetado pela
inclusão de substâncias húmicas (P>0,05), embora os animais tenham apresentado
com grande frequência escores que indicam ocorrência de diarréia. Não houve efeito da
inclusão de substâncias húmicas (p>0,05) para as medidas morfométricas do trato
digestório superior, número, largura ou altura de papilas do epitélio ruminal. Nas
condições em que os experimentos foram realizados, os aditivos alternativos não
12
apresentaram efeitos benéficos no desempenho, no desenvolvimento ruminal ou na
saúde geral de bezerros leiteiros em aleitamento.
Palavras-chave: Ácido fúlvico; Ácido húmico; Mananoligossacarídeo; Papilas ruminais
13
ABSTRACT
Performance and rumen development of calves under early weaning program
receiving alternative additives to replace antibiotics
Two studies were conducted to evaluate alternative additives to replace
antibiotics on dairy calves production under early-weaning program. On the first trial, the
addition of mannanoligosaccharides (MOS) in the diet of dairy calves on performance
and plasma parameters indicative of rumen development, as well as the route of
administration, milk replacer or starter feed, were evaluated. Twenty-four male Holstein
calves were utilized in a completely randomized design. Calves were distributed in the
following treatments: 1) control; 2) mannanoligosaccharides (4 g / d Bio-Mos
®
, Alltech
Biotech.) via starter feed; 3) mannanoligosaccharides ( 4 g / d Bio-Mos
®
, Alltech
Biotech.) delivered via milk replacer. The animals were housed in individual hutches,
with free access to water, and received 4L / d liquid diet, split into 2 meals, until weaning
at six weeks, and starter feed ad libitum. Fecal scores were evaluated daily. Weekly
calves were weighted and growth measurements and blood samples for glucose, urea-N
and β-hidroxibutyrate (BHBA) were taken until the eighth week of age, when the
experimental period ended. There was no significant (P> 0.05) effect of treatment or
treatment x age interaction for intake, weight gain or body growth. However, there was
an age significant effect for all evaluated parameters (P <0.0001). The fecal score was
not affected by treatments; however, animals fed MOS via milk replacer presented
averages numerically smaller in the first two weeks of life, showing a lower incidence of
diarrhea. No significant effects (P>0.05) of treatment or the interaction treatment x age
were also observed for plasma concentration of glucose, urea-N or BHBA. However a
significant age effect was observed for plasma parameters, with increasing
concentrations for urea-N and BHBA, suggesting adequate rumen development. On the
second trial, the inclusion of humic substances in the starter and its effects on
performance and rumen development were evaluated. Twenty Holstein male calves
were used in a completely randomized block design and distributed in two treatments
according to inclusion of humic substances in the concentrate starter: 1) Control; 2)
Humic substances (Nutrihume
®
). Nutritional management and evaluated parameters
were the same as described for the first trial. However, calves were weaned at the
eighth week of age and slaughtered for rumen development evaluation. There were
significant effect (P>0.05) for treatment or the interaction treatment x age for concentrate
intake, weight gain or growth measurements. Fecal scores were also not affected
(P>0.05) by the inclusion of humic substances, even though calves presented frequently
high fecal scores, indicating high incidence of diarrhea. There were no significant effects
(P>0.05) of humic substances inclusion on the rumen morphometrics measures and
papillae number, height or width. On the conditions of these studies, the alternative
additives presented no beneficial effects on performance, rumen development or
general health of milk-fed dairy calves.
Keywords: Fulvic acid; Humic acid; Mannanoligosaccharides; Ruminal papillae
14
15
1 INTRODUÇÃO
A criação de bezerras de reposição é essencial para garantir o equilíbrio dentro
do sistema de produção leiteiro. As primeiras semanas de vida da bezerra, fase de
aleitamento, representam o período de maior custo na criação. Portanto, técnicas de
manejo que permitam o desaleitamento precoce apresentam-se como uma importante
alternativa para os sistemas de criação de animais de reposição. Esta técnica diminui
despesas relacionados ao fornecimento de leite ou sucedâneo, mão de obra
especializada e, consequentemente, proporciona um menor custo final da bezerra
desaleitada. Contudo, para que o desaleitamento precoce ocorra sem comprometer o
desempenho dos animais, o rúmen deve estar parcialmente desenvolvido, sendo capaz
de absorver os produtos da fermentação (ANDERSON; NAGARAJA; MORRIL et al.,
1987).
A alta taxa de mortalidade, ocasionada por diversos fatores tais como tamanho
do rebanho, instalações impróprias, época de nascimento, fornecimento de colostro
inadequado, e principalmentes as diarréias, é outro fator que eleva os custos da criação
de bezerras (HEINRICHS; WELLS; LOSINGER, 1995).
A diarréia é a principal doença que acomete bezerras nas primeiras semanas de
vida, sendo responsável o apenas pelas altas taxas de mortalidade como também
por baixos índices de desempenho animal. Assim, a inclusão de aditivos que tenham
efeito no controle de diarréias, como os ionóforos ou outros antibióticos, na dieta líquida
ou sólida de bezerras em aleitamento têm aumentado nos sistemas de produção de
leite.
A descoberta de que o uso de antibióticos melhora a eficiência alimentar levou
ao aumento do seu uso como profilático (VISEK, 1978; HEINRICHS; JONES;
HEINRICHS, 2003). A inclusão de antibióticos tem sido realizada mesmo em situações
nas quais infecções subclínicas ou sistêmicas, que limitam o crescimento e a eficiência
alimentar, não tenham sido diagnosticadas (GUSTAFSON; BOWEN, 1997). Entretanto,
este uso generalizado de antibióticos para melhorar a saúde e o crescimento animal
tem sido questionado no que se refere à segurança alimentar.
16
Tradicionalmente, os sucedâneos lácteos tem sido formulados com a inclusão de
antibióticos como tratamento preventivo. Porém, como o consumo destes produtos
pode aumentar ou resultar no aparecimento de resistência em bactérias, o interesse em
suplementações alternativas vem crescendo. Assim, aditivos que resultem na
diminuição do uso de antibióticos e reduzam problemas sanitários, além de aumentar
consumo de alimento e ganho de peso, são interessantes do ponto de vista econômico
e sanitário para sistemas de criação de bezerras.
Dentro deste contexto se enquadram alguns novos aditivos como os prebióticos
e a matéria orgânica humificada. Estes produtos são considerados seguros para
alimentação animal, e consistem em alternativas ao uso de antibióticos nos sistemas de
criação. No entanto, os trabalhos desenvolvidos até o momento com a inclusão destes
aditivos mostram resultados variados de acordo com o sistema de produção animal,
método de fornecimento e até mesmo de acordo com a raça do animal, indicando a
necessidade de mais estudos. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos
da inclusão de aditivos alternativos aos antibióticos via sucedâneo lácteo ou
concentrado inicial em bezerros da raça Holandês em sistema de desaleitamento
precoce.
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Desaleitamento precoce
A fase de aleitamento é o período de maior custo dentro do sistema de criação
de animais de reposição, desta forma técnicas de manejo que permitam o
desaleitamento precoce são de grande importância para o sucesso do sistema de
criação. Desde que Mead et al. (1924) formularam uma mistura especial de grãos
fornecido ao mesmo tempo em que a dieta líquida, denominado concentrado inicial para
bezerro, esforços tem sido desprendidos com o objetivo de realizar o desaleitamento
precoce.
A escolha da época para o desaleitamento pode ser realizada com base no peso
vivo (GREENWOOD et al., 1997), no consumo de concentrado (QUIGLEY, 1996) ou
com base na idade do animal (HOPKINS, 1997). Greenwood et al. (1997) testaram 3
níveis de consumo de concentrado em porcentagem de peso vivo ao nascer (1; 1,5 e
2%) para realização do desaleitamento. Neste estudo, observaram que quando o
consumo de concentrado inicial do bezerro alcança 1% do peso vivo ao nascer, por 3
dias consecutivos, o desaleitamento pode ser realizado sem prejudicar o desempenho
animal. Além disso, reduz o número de dias de aleitamento em relação aos níveis 1,5 e
2%.
Por outro lado, Quigley (1996) recomenda realizar o desaleitamento dos animais
da raça Holandês quando o consumo de concentrado inicial atingir entre 680 a 700
g/dia, também por 3 dias consecutivos. Applemann e Owen (1975) observaram que
bezerros desaleitados com base no consumo de concentrado (450 g/dia) são menores
na época do desaleitamento quando comparados a animais desaleitados abruptamente
aos 21 dias de vida. Entretanto, os ganhos de peso corporal e altura entre a e 12ª
semanas de idade não são estatisticamente diferentes quando se compara os métodos
de desaleitamento.
Hopkins (1997) indica o desaleitamento de bezerros leiteiros aos 28 dias de
idade, sendo esta recomendação a mais utilizada nos sistemas de produção
americanos. Segundo Sandi e Mühlbach (2001) o desaleitamento aos 28 dias de idade
18
pode ser economicamente vantajoso, principalmente na época de formação de cota de
produção de leite ou no aproveitamento dos machos para vitela, sendo uma boa opção
para aumentar a rentabilidade do produtor.
Em estudo recente sobre formas de desaleitamento precoce Roth et al. (2009)
avaliaram o todo convencional (idade) e o desaleitamento dependendo do consumo
de concentrado. A saúde, ganho de peso, e desenvolvimento do rúmen não foram
afetados pelo método de desaleitamento, mas os bezerros do método de
desaleitamento dependendo do consumo de concentrado foram desaleitados com idade
mais jovem sem nenhum efeito negativo na produção.
No entanto, a quantidade e o método de fornecimento da dieta líquida para
bezerros recém nascidos também possuem grande efeito sobre o desempenho,
comportamento e bem-estar dos animais (KHAN et al., 2007). O fornecimento exclusivo
de leite integral a bezerros foi um procedimento realizado a 1956, quando outras
formas de substituir o leite passaram a ser pesquisadas, e os sucedâneos começaram a
entrar no mercado internacional (OTTERBY; LINN, 1981).
Neste sentido, Owen e Larson (1982) avaliaram o desempenho de bezerros
leiteiros em diferentes sistemas de aleitamento: o sistema considerado convencional,
com fornecimento duas vezes ao dia de 1,59kg de leite integral e desaleitamento
abrupto aos 42 dias de idade; e um sistema simplificado de fornecimento da dieta
líquida, com o fornecimento de 3,18 kg de colostro resfriado de a ordenha, uma
vez ao dia, e desaleitamento abrupto aos 21 dias de idade. Foram observados maiores
ganhos de peso para os animais do sistema convencional, muito embora os animais do
sistema simplificado tenham apresentado maior consumo de concentrado inicial, fator
importante para que ocorra o desaleitamento.
Nos sistemas de criação de animais de reposição, o fornecimento de leite
descarte é muito utilizado para substituir o leite integral. Entretanto, nos últimos anos,
com a evolução na qualidade dos sucedâneos lácteos, este produto vem sendo
ministrado logo após o período de fornecimento de colostro, e tem permitido reduzir os
custos com a criação, assim como apresentado bons resultados no desempenho dos
animais. O crescimento eficiente de bezerros leiteiros jovens é importante para a
rentabilidade da exploração leiteira.
19
Deste modo, os benefícios do manejo alimentar, com vistas ao desaleitamento
precoce, ao desenvolvimento do trato digestório superior e as reduções dos custos com
o fornecimento de dieta líquida, são suficientes para indicar a adoção do mesmo em
sistemas de produção de leite. Entretanto, para que o desaleitamento precoce ocorra
sem comprometer o desempenho animal, o rúmen deve estar parcialmente
desenvolvido, permitindo adequado processo de fermentação de alimentos sólidos e
absorção de produtos finais da fermentação.
2.2 Desenvolvimento do rúmen
Os bovinos nascem com o rúmen não funcional e o desenvolvimento desta
funcionalidade envolve uma série de mudanças anatômicas e fisiológicas (BEHARKA et
al., 1998). Nas primeiras semanas de vida de um bezerro, os processos de digestão e
metabolismo estão em estado de transição, os processos característicos de
monogástricos é alterado para processos típicos de ruminantes (HUBER, 1969).
A principal alteração fisiológica neste processo está relacionada à fonte de
energia para o organismo. Quando o animal é um ruminante não-funcional, a energia é
derivada da absorção de hexose proveniente de fontes lácteas, e quando ruminante
funcional os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) oriundos da fermentação ruminal
tornam-se a mais importante fonte de energia para o animal (HUBER, 1969). Assim, a
nutrição pode ser considerada como um dos principais fatores para este processo de
transição, o qual é amplamente influenciado pelo consumo de matéria seca e produtos
de degradação no rúmen (ANDERSON et al., 1987).
O fornecimento apenas de dieta líquida limita o desenvolvimento fisiológico do
rúmen e retarda a atividade oral como a mastigação e ruminação, que são normalmente
exibidas por bezerros que recebem alimentos sólidos (COZZI et al., 2002). O
desenvolvimento do trato digestório superior de animais recebendo apenas leite é lento,
mas o fornecimento de concentrado inicial (dieta a base de grãos) acelera este
processo (TAMATE et al., 1962).
Segundo Huber (1969), bezerros alimentados com concentrado inicial desde o
nascimento apresentam o rúmen considerado qualitativamente similar ao adulto por
20
volta da sexta semana de idade. Entretanto, após esta fase, o órgão continua
aumentando em tamanho. Anatomicamente, durante o desenvolvimento do rúmen, o
órgão cresce em tamanho, as papilas ruminais aumentam em comprimento, e o
revestimento do epitélio do rúmen sofre queratinização (CHURCH, 1983).
Após o nascimento, o abomaso e o omaso pesam mais e ocupam maior espaço
que o retículo-rúmen. Entretanto, quando estimulado pelo consumo de concentrado
inicial, por volta da quarta semana de idade, o retículo-rúmen dos bezerros passa a
ocupar aproximadamente 65% do trato digestório superior, e este valor tende a
aumentar para 75% na 12ª semana de idade. Este processo continua a o reticulo-
rúmen representar cerca de 87% do volume total de um ruminante adulto (HUBER,
1969; QUIGLEY et al., 1996).
As papilas são extremamente importantes para animais ruminantes, uma vez que
são responsáveis pelo mecanismo de movimentação da digesta (D’ARCE;
FLECHTAMANN, 1980) e aumento da área absortiva (BANKS, 1991; DUKES, 1993). O
desenvolvimento normal das papilas ruminais é resultado da estimulação física de
alimentos lidos e de AGCC, produtos da fermentação microbiana (HARRISON et al.,
1960; TAMATE et al.,1962; SANDER et al., 1959). Dentre os principais AGCC
responsáveis pelo desenvolvimento das papilas, o ácido butírico é o mais importante,
seguido pelo ácido propiônico, tendo o ácido acético pouca importância neste processo
(TAMATE et al.,1962; SANDER et al., 1959).
O comprimento médio das papilas do rúmen de um bezerro recém nascido é
inferior a 1 mm. No entanto, estas crescem rapidamente com a ingestão de alimentos
sólidos e alcançam a altura máxima de 5 a 7 mm até a oitava semana de idade
(TAMATE et al., 1962; WARNER et al., 1956). Este desenvolvimento associado ao
consumo de alimentos lidos pode ser observado no estudo realizado por Stobo et al.
(1966). Foram testadas diferentes inclusões de concentrado inicial para avaliar o
desenvolvimento do rúmen, sendo esta análise realizada na 3ª semana de idade. Os
bezerros que receberam apenas leite o apresentaram desenvolvimento das papilas
perceptível visualmente, como ocorreu nos bezerros alimentados com dieta contendo
concentrado inicial. Por outro lado, os animais suplementados com grandes
21
quantidades de concentrado apresentaram o rúmen coberto por uma densa camada de
papilas.
Desta forma, pode-se concluir que o desenvolvimento do rúmen está fortemente
associado à ingestão de alimentos sólidos (grãos), permitindo o início da fermentação
e, consequentemente, a produção de AGCC. Os AGCC, além de responsáveis pelo
crescimento e alongamento das papilas, passam a ser a principal fonte de energia para
o animal, permitindo assim a realização do desaleitamento.
2.3 Problemas sanitários na fase de aleitamento
A taxa de mortalidade em bezerros varia consideravelmente de um rebanho para
o outro. Altas taxas de mortalidade e morbidade podem comprometer o sucesso da
criação de bovinos leiteiros, principalmente, devido ao seu impacto nas planilhas de
custo. Ainda, em muitas situações de morbidez, o desenvolvimento e o desempenho do
animal ficam comprometidos.
Em geral, índices de mortalidade de até 5% entre o nascimento e os três
primeiros meses de idade são considerados aceitáveis (ROY, 1990). No Brasil, dados
precisos sobre taxas de mortalidade de bezerros em rebanhos leiteiros são
desconhecidos. Entretanto, levantamento recente realizado no rebanho americano
indica uma taxa de mortalidade de 7,8% em bezerros na fase de aleitamento (USDA,
2008). Desse modo, considerando o alto nível tecnológico adotado no sistema de
criação de rebanhos leiteiros americanos, acredita-se que no Brasil as taxas de
mortalidades sejam mais elevadas.
As altas taxas de mortalidade podem ser ocasionadas por diversos fatores tais
como tamanho do rebanho, instalações impróprias, época de nascimento, fornecimento
de colostro inadequado e as diarréias (HEINRICHS; WELLS; LOSINGER, 1995).
Dentre as causas de mortalidade na fase de aleitamento, a diarréia é
considerada como a principal (OWEN et al., 1958; RADOSTITS, 1975), respondendo
por cerca de 56% das causas de mortes em rebanhos americanos, seguida por
doenças respiratórias (USDA, 2008). Esta moléstia não é apenas o principal fator que
contribui para aumentar a taxa mortalidade, mas também por diminuir a taxa de
22
crescimento, reduzir a eficiência de utilização dos alimentos e, principalmente, por
reduzir a resistência do sistema imune do animal a outras doenças (OWEN et al., 1958).
A diarréia é um sinal clínico de uma disfunção do trato digestório, sendo um dos
principais mecanismos de reação deste contra bactérias patogênicas, vírus ou dieta
com nutrientes indigestíveis. Esta disfunção se traduz em hipersecreção e relativa falta
de absorção intestinal que resulta em perda de fluidos, eletrólitos e nutrientes
(RADOSTITS, 1975), resultando em fezes com menos que 12% de matéria seca (ROY,
1980).
As diarréias podem ter diferentes causas, com destaque para a ação de
enterobactérias como Salmonelas e principalmente Escherichia coli, responsável pela
“diarréia branca” que acomete bezerros durante a 1ª semana de vida. Bezerros
saudáveis apresentam E. coli no intestino grosso, contudo em baixa concentração. No
entanto, fatores que reduzem a resistência do animal, aliados a presença de estirpes
patogênicas, permitem a multiplicação desta bactéria (LUCCI, 1989). A moléstia
apresenta-se como uma enterite grave, acompanhada de diarréia, ou ainda quando de
forma mais agressiva, como uma toxemia-septicemia (invasão da corrente circulatória
por toxinas e bactérias).
A aderência de E. coli, está associada a presença de filamentos protéicos,
denominados fímbrias (OFEK et al., 1977), compostos de proteínas, que se ligam a
enterócitos com D-mannose nas células do intestino (GIAMPAPA et al., 1988). Desta
forma, estas estruturas exercem papel fundamental permitindo uma interação direta
entre a bactéria e os tecidos alvos. As toxinas liberadas por estes microrganismos
desencadeiam a diarréia que, se não identificada e tratada, pode levar o animal a
morte.
Segundo Buenau et al. (2005), antes de Alexander Fleming’s descobrir a
penicilina, desordens intestinais eram tratadas com bactéria não patogênicas viáveis
para mudar ou substituir a microflora intestinal. Hoje, uma das formas mais comuns de
tratamento para diarréias com causas bacterianas, é o uso de antibióticos (VISEK,
1978). Entretanto, após a aprovação para a inclusão na dieta animal sem prescrição
médica pelo United States Food and Drug Administration (FDA) em 1951 (JONES;
23
RICKE, 2003), os antibióticos passaram também a ser utilizados como promotores de
crescimento.
O uso de antibióticos como promotores de crescimento animal vem
apresentando bons resultados como a diminuição das diarréias e mortalidade de
bezerros, além de efeitos positivos no ganho de peso e aumento no consumo de
alimentos (MORRILL; DAYTON; MICKELSEN, 1977; HEINRICHS;
WELLS; LOSINGER,
1995). Contudo, o uso generalizado destes produtos na produção animal como
subterapeutico passou a preocupar a segurança pública. Muitos dos antibióticos
ministrados a animais são os mesmos utilizados para humanos, e devido ao aumento
da freqüência de resistência em populações bacterianas a estes produtos, seu uso
como promotor de crescimento foi proibido pela União Européia em 2006 (1831/2003
EEC). Após esta restrição, desencadeou-se a busca por aditivos alternativos na
produção animal que resultem em índices de produtividade semelhantes aos
observados com o uso de antibióticos.
2.4 Aditivos alternativos
2.4.1 Mananoligossacarídeos
Os mananoligossacarídeos (MOS) fazem parte da fração carboidrato da parede
celular, e são obtidos por meio da centrifugação de fragmentos de Saccharomyces
cerevisae (HILL et al., 2009), que são posteriormente lavados e desidratados pelo
método spray dry (SPRING et al., 2000). São formados por carboidratos não
fermentáveis para alguns grupos de bactérias e apresentam como componente
principal a D-mannose. Estes carboidratos atuam bloqueando o sítio de aderência de
algumas bactérias, impedindo a colonização do intestino, devido ao aumento da
competição por sítios de recepção do enterócito (Heinrichs et al., 2003; MIGUEL et al.,
2004). Desta forma, os mananoligossacarídeos são considerados prebióticos que
podem ser utilizados na alimentação com o objetivo de melhorar o sistema imune de
bezerros.
24
Os mananoligossacarídeos apresentam alta afinidade ligante às fímbrias Tipo 1,
que são filamentos protéicos finos presentes na superfície de enterobactérias,
principalmente gram-negativas, e que conferem a estas poder de fixação ao trato
gastrintestinal. Ao ocorrer esta ligação, os MOS ocupam tais sítios de aderência
evitando, de forma competitiva, que estas bactérias se liguem aos sítios de recepção
nas células do intestino (LUCCI, 1989).
Segundo Spring et al. (2000), bactérias patogênicas como Salmonella e
Escherichia colli que apresentam fímbria Tipo 1 são adsorvidas a
mananoligossacarídeos no trato digestório, evitando assim sua adesão à parede do
intestino. Estas bactérias, ao se ligarem aos mananoligossacarídeos, movem-se com o
bolo fecal, sendo eliminadas pelo organismo (OYOFO et al., 1989).
Estas características funcionais conferem o potencial de uso de MOS como
depressores do crescimento de microrganismos patogênicos, uma vez que estes
microorganismos não o capazes de fermentar estes carboidratos. Desta forma, no
final da década de 70, pesquisadores realizaram um estudo sobre a aderência de E.
coli na mucosa intestinal de humanos mediado por mananoligossacarídeos, no qual
demonstraram que a D-mannose atua como receptor para bloquear a E. colli e sua
possível colonização no intestino (OFEK et al., 1977).
Para a nutrição animal, este aditivo foi lançado no mercado em meados da
década de 90, como modificador biológico da microflora intestinal, e vem sendo
estudado como promotor de crescimento e, principalmente, como alternativa aos
antibióticos (OYOFO et al., 1989; NEWMAN; JACQUES; BUEDE, 1993).
Mananoligossacarídeos estão disponíveis comercialmente para inclusão em dietas de
aves, suínos, animais de companhia e ruminantes, mas estudos sobre seu fornecimento
mostram resultados variáveis. Na avicultura, as pesquisas com mananoligossacarídeos
visam diminuir a colonização do intestino por patógenos entéricos e melhorar o ganho
de peso das aves de corte. Spring et al. (2000) estudaram os diferentes tipos de
bactérias e a possível aglutinação ao MOS, e o efeito de MOS nos parâmetros de
fermentação cecal, microflora cecal, e colonização em intestino de frangos por
coliforme e patógenos entéricos, sob condições controladas. O estudo mostrou que
25
MOS pode diminuir a colonização de 5 das 7 cepas de Escherichia colli e 7 das 10 de
Salmonella typhimurium e S. enteritidis.
A substituição de antibiótico por MOS foi realizada com sucesso por Rozeboom
et al. (2005) em sistema de criação de suínos (WHITE et al., 2002; DAVIS et al., 2002).
Castillo et al. (2008) também observaram melhoras na conversão alimentar e escore
fecal e diminuição na concentração de enterobactérias presentes no trato gastrintestinal
de leitões que receberam 0,2% mananoligossacarideos na dieta diariamente até 35 dias
após o desmame.
na bovinocultura leiteira, os resultados esperados para o fornecimento de
MOS a bezerros são melhoras na saúde, decorrente da redução na proliferação de
enterobactérias, e conseqüentemente, melhoras no desempenho dos animais. O
primeiro trabalho investigando possíveis efeitos de MOS foi realizado por Newman,
Jacques e Buede (1993), no qual 2g/dia do aditivo foi incluído ao sucedâneo lácteo de
bezerros leiteiros da raça Holandês. Embora fundamentados em diferenças apenas
numéricas, os autores sugerem que MOS aumenta o ganho de peso diário de bezerros,
mas não afeta a contagem de coliformes fecais. Utilizando-se da mesma forma de
fornecimento, Dildey et al. (1997) avaliaram o efeito do aditivo quanto ao desempenho e
saúde, porém, com o dobro da quantidade fornecida pelos primeiros autores (4g/dia) do
ao dia, e a mesma quantidade (2 g/dia) nos demais dias até o desaleitamento.
Neste estudo, entretanto, foi observado maior ganho de peso diário, maior ingestão de
matéria seca, redução no número de óbitos, no escore de diarréia, no tratamento com
antibiótico e menor custo de tratamento por bezerro.
Do mesmo modo, em sistema de desaleitamento precoce, Terré et al. (2007)
avaliaram o fornecimento de MOS (4g de BioMos
®
/dia) para bezerros aleitados com
grande quantidade de sucedâneo lácteo. Os animais receberam 4 L/dia de sucedâneo
durante a primeira semana, 6 L/dia na segunda, 7 L/dia na terceira, 6 L/dia na quarta e
3L/dia na quinta semana de vida. Os autores não observaram diferenças entre os
tratamentos para o peso vivo ou a presença de enterobactérias nas fezes. Entretanto,
houve tendência para maior consumo de concentrado, durante todo o período de
experimento, para os animais suplementados com MOS, o que indicaria um possível
26
desenvolvimento do rúmen mais precoce. No entanto, as taxas de ganho de peso foram
semelhantes entre os tratamentos nos períodos antes e após o desaleitamento.
Este aditivo também tem sido associado a outros aditivos recomendados para
animais em crescimento, a exemplo dos ácidos orgânicos. Os ácidos orgânicos têm
sido incluídos em formulações de sucedâneos lácteos com o objetivo de reduzir o pH
do trato gastrointestinal e assim reduzir a proliferação de microrganismos patogênicos.
Zanetti et al. (1999) avaliaram a inclusão de Ácido-MOS (3 g/d da mistura - 50% Acid-
Pak 4-Way
®
, 50% Bio-Mos
®
) ou antibiótico (oxitetraciclina - 15 mg/L) no sucedâneo
lácteo de bezerros. Neste trabalho, os bezerros suplementados com antibiótico via
sucedâneo lácteo apresentaram maior ganho de peso quando comparados ao grupo
controle, não sendo diferente do grupo Ácido-MOS, que também apresentaram melhor
conversão alimentar comparados com o grupo controle. Por outro lado, quando
Heinrichs, Jones e Heinrichs (2003) compararam apenas MOS (4 g de Bio-Mos/ dia) e
antibiótico (400 g/440 kg de neomicina + 200 g/440 kg de oxitetraciclina) na dieta líquida
de bezerros, não foram observadas diferenças entre os aditivos e a dieta controle para
o ganho de peso. Entretanto, MOS foi tão eficiente quanto antibióticos no controle de
diarréias quando comparado ao tratamento controle.
Estudos com a inclusão de MOS tem apresentado bons resultados quanto ao
desempenho, consumo de concentrado inicial e melhoras no escore de diarréia
(KILLEN et al., 1994; SANDI; MÜHLBACH, 2001) para bezerros leiteiros da raça
Holandês. Entretanto, em estudo recente, Hill et al. (2009) compararam o efeito da
suplementação com mananoligossacarideos a probiótico (Saccharomyces cerevisiae),
em bezerros da raça Holandês e Jersey, quanto ao crescimento, ingestão de alimentos,
desenvolvimento do rúmen e parâmetros de saúde na fase de aleitamento. Este estudo
indicou que a suplementação do leite com MOS ou levedura pode beneficiar bezerros
da raça Jersey, em todos os parâmetros avaliados, o que não foi observado em
bezerros da raça Holandês.
Ainda que a inclusão de mananoligossacarídeos na dieta, em sua maioria, tenha
apresentado bons resultados para diversos sistemas de produção animal, os efeitos
sobre a influência no desempenho de bezerros ainda não estão bem caracterizados. Do
mesmo modo, a via de fornecimento de MOS em todos os trabalhos da literatura é a
27
dieta líquida. Frente à ainda pequena adoção do uso de sucedâneos para aleitamento
de bezerros no Brasil, uma provável via de fornecimento é o concentrado inicial, o qual
é fornecido ao animal desde os primeiros dias de vida. Deste modo, se faz necessário
mais estudos sobre a inclusão de mananoligossacarídeos na dieta de bezerros, assim
como a via de fornecimento.
2.4.2 Substâncias húmicas
As substâncias húmicas (SH) o formadas pela transformação de biomoléculas,
durante o processo de decomposição de resíduos vegetais e animais presentes no
ambiente (STEVENSON,1994), e constituem a principal fração orgânica do solo (AIKEN
et al., 1985). Diferente de proteínas puras, as SH são classificadas como
macromoléculas polidispersas, ou seja, misturas de moléculas com diferente massa
molar e, consequentemente, de tamanho variado (SILVA; MENDONÇA, 2001). Estas
substâncias podem ser caracterizadas por sua coloração (amarelo a preto), alto peso
molecular e por ser refratária; e dividem-se em três classes de acordo com a
solubilidade em base forte e extrato tratado com ácido (LESSA, 1994): a) resíduo
extraível, denominado humina; b) precipitado escuro, chamado ácido húmico; c)
material orgânico que permanece na solução ácida, chamada de ácido fúlvico.
Os principais componentes ativos das substâncias húmicas são os ácidos húmico
e fúlvico. Estes componentes são compostos orgânicos com duas grandes moléculas
carbônicas, que apresentam grande capacidade de troca de íons e possuem habilidade
de formar quelatos com microminerais e aumentar a absorção de nitrogênio e a
eficiência do uso de proteína pelos animais. O ácido fúlvico tem alto poder antioxidante
e retira radicais livres do sistema (LANDGRAF et al., 1998). o ácido húmico, exerce
ação protetora na mucosa do intestino, e possui propriedades antiflamatória,
absorvente, atóxica e antimicrobiana (EMEA, 1999). Segundo Ji et al. (2006), o alto
peso molecular dos ácidos e minerais das substâncias húmicas podem beneficiar o
desempenho dos animais, entretanto seu mecanismo ainda não é bem entendido.
Na literatura, poucos estudos são encontrados sobre o fornecimento de
substâncias húmicas para animais. Os primeiros relatos da utilização destas
28
substâncias como promotores de crescimento na produção animal são do início da
década de 90, com pesquisas com aves e suínos. Yasar et al. (2002) concluíram que o
ácido húmico resultou em aumento no ganho de peso em ratos, efeito associado ao
aumento no consumo, melhor conversão alimentar e um aumento no desenvolvimento
da mucosa do intestino.
Estudos com aves mostraram melhora no desempenho, com aumentos de 5 a 7%
no ganho de peso diário de aves recebendo ração contendo 0,25% de substâncias
húmicas (STEPCHENKO et al., 1991). El-Husseiny et al. (2008), fornecendo dietas com
diferentes aditivos e SH, como alternativas aos antibióticos, observaram que frangos
alimentados com SH apresentaram resultados semelhantes aos que receberam
antibióticos em relação ao peso corporal, conversão alimentar, taxa de mortalidade,
característica de carcaça e resposta imune. No entanto, Rath et al. (2006) encontrou
efeitos negativos no crescimento e desempenho de frangos testando diferentes
inclusões de SH na dieta. Em outro estudo, também realizado com frangos, não foram
observados efeitos significativos para o desempenho, peso ao abate e características
de carcaça. Entretanto, não foi observada nenhuma morte no grupo de aves que
receberam a dieta com SH, enquanto o grupo controle apresentou uma taxa de
mortalidade de 1,8% (KARAOGLU et al., 2004).
No caso de suínos, Ji et al. (2006) conduziram cinco experimentos para testar os
efeitos de substâncias húmicas (4 compostos com diferentes proporções de ácidos
húmico e fúlvico) no crescimento e características de carcaça destes animais. De
maneira geral, os resultados indicaram que os efeitos de SH são variáveis, mas podem
aumentar a taxa de crescimento durante todo o período ou em algumas fases do
programa de alimentação. Neste sentido, Wang et al. (2008) estudaram os efeitos do
fornecimento de SH (controle e a adição de 5 ou 10% SH na dieta basal) quanto ao
crescimento e parâmetros sanguíneos. A adição de 10% de SH na dieta aumentou
significativamente (P<0,05) o ganho de peso diário e a conversão alimentar. Ao final do
experimento, a contagem relativa de linfócitos de animais recebendo 10% SH foi maior
que aquela de animais controle. Assim, a inclusão de 5 ou 10% de SH na dieta de
suínos pode melhorar o desempenho e a saúde destes animais.
29
Por outro lado, a inclusão destas substâncias na dieta de bovinos ainda é pouco
estudada. Os benefícios das substâncias húmicas para ruminantes ainda são
questionados; a literatura indica que o efeito antimicrobiano pode causar depressão na
síntese de proteína microbiana por reduzir microrganismos ruminais (ISLAN et al.,
2005). Entretanto, Agazzi et al. (2006) observaram melhoras no desempenho e
crescimento dos animais em estudo com a inclusão de substâncias húmicas na dieta de
cabritos recém nascidos.
Em estudo realizado por Cusak (2008) o foram observadas diferenças
significativas nos pesos inicial e final, na incidência de doenças ou em características
da carne de bovinos em confinamento recebendo um complexo de ácido húmico e
ácido fúlvico (FeedMAX 15, 0,055g/ kg PV). Porém, animais recebendo o aditivo
apresentaram maior ganho de peso diário, alcançando as especificações de mercado
para abate em um menor número de dias, e maior eficiência de conversão alimentar
que os animais do grupo controle. Segundo Islam et al. (2005), SH formam um filme no
muco epitelial do trato gastrintestinal contra toxinas e agentes infecciosos, assegurando
assim melhor utilização de nutrientes da ração pelos animais.
Além desse enfoque, de acordo com Huck et al. (1991) as SH também podem
influenciar no metabolismo de proteínas e carboidratos de microrganismos. Isso resulta
na devastação direta de células bacterianas e viróticas, o que pode resultar em
aumento no desempenho animal. Os ácidos húmico e lvico têm ação inibitória direta
sobre bactérias e vírus, reduzindo os níveis de micotoxinas. Essas substâncias também
melhoram a saúde do intestino, melhorando assim a absorção de nutrientes e,
conseqüentemente, o status nutricional dos animais. No trabalho de Huck et al. (1991),
o aumento na taxa de crescimento foi observado somente quando analisado no período
total do experimento, não sendo observado efeito nos diferentes períodos de avaliação.
É provável que o efeito das substâncias húmicas também esteja associado ao tempo de
administração, de forma que longos períodos de fornecimento de SH apresentem um
efeito mais relevante.
Embora alguns trabalhos demonstrem efeitos positivos do fornecimento de
substâncias húmicas, o modo de ação destas ainda não é claro. Mas, a literatura
mostra efeitos benéficos de substâncias húmicas no sistema imune de animais e de
30
humanos (TERRATOL, 2002). De maneira geral, o fornecimento de substâncias
húmicas para animais tem apresentado resultados benéficos na função intestinal,
resultando no aumento na digestão e utilização da ração, aumento na resistência a
doenças e, consequentemente, no aumento da saúde geral dos animais. No entanto,
estudos sobre os efeitos das SH na criação de bezerros leiteiros são inexistentes, mas
necessários e interessantes tendo em vista seu efeito em reduzir problemas de diarréia
e aumentar a saúde intestinal.
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37
3 AVALIAÇÃO DA VIA DE FORNECIMENTO DE MANANOLIGOSSACARÍDEOS NA
ALIMENTAÇÃO DE BEZERROS EM ALEITAMENTO: DESEMPENHO E
DESENVOLVIMENTO RUMINAL
Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a inclusão de Mananoligossacarídeos (MOS)
na dieta de bezerros leiteiros quanto ao desempenho e parâmetros sanguíneos
indicativos de desenvolvimento ruminal; assim como a via de fornecimento, dieta líquida
ou concentrado inicial. Foram utilizados 24 bezerros da raça Holandês, todos machos
inteiros, em delineamento inteiramente casualizado distribuídos nos seguintes
tratamentos: 1) controle; 2) mananoligossacarídeo (4 g/d Bio-Mos®, Alltech Biotech.)
fornecido via concentrado inicial; 3) mananoligossacarídeo (4 g/d Bio-Mos®, Alltech
Biotech.) fornecido via sucedâneo lácteo. Os animais foram alocados em abrigos
individuais, com livre acesso a água, e passaram a receber 4L/d da dieta líquida,
dividida em 2 refeições até o desaleitamento na sexta semana, e concentrado incial ad
libitum. Diariamente, foi realizada avaliação do escore fecal. Semanalmente, foram
realizadas pesagens, medidas de crecimento corporal e colheitas de sangue, para a
determinação de glicose, N-uréico e β-hidroxibutirato (BHBA) até a oitava semana,
quando se encerrou o período experimental. Não foi observada diferença significativa
(P>0,05) entre os tratamentos ou interação tratamento x idade para os parâmetros de
consumo, ganho de peso, crescimento corporal e parâmetros sanguíneos. Entretanto,
foi observado efeito de idade para todos os parâmetros avaliados (P<0,0001). O escore
fecal também não foi afetado pelos tratamentos, no entanto, os animais recebendo
MOS via sucedâneo lácteo apresentaram médias numericamente menores nas duas
primeiras semanas de vida, demonstrando menor ocorrência de diarréia. Não foram
observados efeitos significativos (P>0,05) de tratamento ou da interação tratamento x
idade nas concentrações plasmáticas de glicose, N-uréico ou BHBA. No entanto, houve
efeito de idade nos parâmetros plasmáticos, sendo observadas concentrações
crescentes de N-uréico e BHBA, indicando adequado desenvolvimento ruminal. Nas
condições de manejo nutricionais e de instalações impostas durante o experimento, não
houve efeito benéfico do fornecimento de MOS, seja via dieta líquida ou sólida.
Palavras-chave: Aditivos; Desaleitamento precoce; Escore fecal;
Mananoligossacarídeo; Parâmetros sanguíneos
38
EVALUATION OF MANNANOLIGOSACCHARIDES ROUTE OF ADMINISTRATION IN
THE DIET OF DAIRY CALVES: PERFORMANCE AND RUMEN DEVELOPMENT
Abstract
The objective of this study was to evaluate the addition of
mannanoligosaccharides (MOS) in the diet of dairy calves on performance and plasma
parameters, indicative of rumen development, as well as the route of administration, milk
replacer or starter feed. Twenty-four male Holstein calves were utilized in a completely
randomized design. Calves were distributed in the following treatments: 1) control; 2)
mannanoligosaccharides (4 g/d Bio-Mos®, Alltech Biotech.) via starter feed; 3)
mannanoligosaccharides ( 4 g/d Bio-Mos®, Alltech Biotech.) delivered via milk replacer.
The animals were housed in individual hutches, with free access to water, and received
4L / d liquid diet, split into 2 meals, until weaning at six weeks, and starter feed ad
libitum. Fecal scores were evaluated daily. Weekly calves were weighted and growth
measurements and blood samples for glucose, urea-N and β-hidroxibutyrate (BHBA)
were taken until the eighth week of age, when the experimental period ended. There
was no significant (P> 0.05) effect of treatment or treatment x age interaction for intake,
weight gain or body growth. However, there was an age significant effect for all
evaluated parameters (P <0.0001). The fecal score was not affected by treatments;
however, animals fed MOS via milk replacer presented averages numerically smaller in
the first two weeks of life, showing a lower incidence of diarrhea. No significant effects
(P>0.05) of treatment or the interaction treatment x age were also observed for plasma
concentration of glucose, urea-N or BHBA. However a significant age effect was
observed for plasma parameters, with increasing concentrations for urea-N and BHBA,
suggesting adequate rumen development. For the facilities and nutritional management
imposed during the experiment, there were no benefits of providing MOS via liquid or
solid diet.
Keywords: Additives; Early weaning; Fecal score; Mannanoligosaccharides; Plasma
parameters
39
3.1 Introdução
A criação de bezerras é essencial para garantir o equilíbrio dentro do sistema de
produção leiteiro. O futuro do rebanho leiteiro depende da qualidade das bezerras que
substituirão as vacas na reposição do rebanho (HARTMAN et al., 1974). Assim,
tradicionalmente a dieta para bezerras tem sido formulada com aditivos que melhorem
os índices de desempenho e, principalmente, a saúde dos animais.
A diarréia é a principal doença que acomete bezerras na fase de aleitamento,
sendo responsável por baixos índices de desempenho e aumentos no custo final da
bezerra desaleitada. Deste modo, o uso de antibiótico na dieta de bezerras com a
finalidade de melhorar a eficiência alimentar e prevenir doenças, principalmente as
diarréias, tornou-se uma prática comum na produção animal.
No entanto, o uso excessivo de antibióticos pode levar ao surgimento de
bactérias resistentes, tornando este produto ineficaz. De tal modo, a União Européia,
preocupada com a saúde pública, baniu o uso subterapêutico de antibiótico nos
sistemas de produção animal (1831/2003 EEC). Desde então, vários aditivos que visam
melhorar a eficiência dos sistemas de produção tem sido propostos como alternativas
aos antibióticos promotores de crescimento.
Dentro do contexto de alternativas, se encaixam os mananoligossacarídeo
(MOS) que são constituídos de carboidratos não fermentáveis para alguns grupos de
bactérias e apresentam como componente principal a D-mannose. São obtidos por
meio da centrifugação de fragmentos de Saccharomyces cerevisae (HILL et al., 2009),
que são posteriormente lavados e desidratados pelo método spray dry (SPRING et al.,
2000).
O componente principal dos mananoligossacarídeos apresentam alta afinidade
ligante a fímbrias Tipo 1, que são filamentos protéicos presentes na superfície das
principais enterobactérias causadoras de diarréia nas primeiras semanas de vida,
Eschirichia colli e Sallmonela. Assim, ao se adsorver as fímbrias, este aditivo atua
bloqueando o sítio de aderência das enterobactérias (HEINRICHS et al., 2003; MIGUEL
et al., 2004) e desta forma as bactérias são eliminadas com o bolo fecal (OYOFO et al.,
1989).
40
Mananoligossacarídeos vem sendo utilizados na produção animal,
principalmente de aves e suínos, e tem apresentado excelentes resultados quanto a
conversão alimentar, consumo inicial de ração e melhoras no escore de fezes (SPRING
et al., 2000; CASTILLO et al.,2008). Na criação de bezerros leiteiros, a inclusão de
MOS na dieta tem apresentado resultados contraditórios. Dildey et al. (1997), Sandi e
Mühlbach (2001) observaram bons resultados quanto ao desempenho, consumo de
concentrado inicial, escore fecal e redução na taxa de mortalidade. No entanto, Hill et
al. (2009) em estudo recente, concluíram que bezerros da raça Holandês não
respondem a inclusão de MOS na dieta líquida quanto ao crescimento, ingestão de
concentrado inicial, desenvolvimento do rúmen e parâmetros de saúde.
Por outro lado, Newman, Jacques e Buede (1993) fundamentados em diferenças
numéricas, sugerem que embora a adição de MOS na dieta líquida aumente o ganho
de peso diário de bezerros, o aditivo não afeta a contagem de coliformes fecais.
Entretanto, MOS foi tão eficiente quanto antibióticos quando comparado a animais que
não receberam aditivos preventivos no controle de diarréias (HEINRICHS et al., 2003).
Assim, mesmo que a inclusão de mananoligossacarídeos na dieta, em sua
maioria, tenha apresentado bons resultados, os efeitos sobre a influência no
desempenho de bezerros ainda não estão bem caracterizados. Do mesmo modo, a via
de fornecimento de MOS, apresentada na literatura, baseia-se apenas na dieta líquida,
porém, outra provável via de fornecimento é o concentrado inicial. Deste modo, o
objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de mananoligossacarídeos (Bio-Mos
®
)
quanto ao desempenho e parâmetros sanguíneos indicativos de desenvolvimento
ruminal, e a via de fornecimento, dieta quida ou concentrado inicial, para bezerros em
sistema de desaleitamento precoce.
3.2 Material e Métodos
3.2.1 Animais, instalações e manejo alimentar
O experimento foi desenvolvido no bezerreiro experimental do Depto. de
Zootecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - USP/ESALQ,
41
Piracicaba, SP. Foram utilizados 24 bezerros provenientes de fazendas comerciais da
região, da raça Holandês, todos machos inteiros, com idade entre 1 e 4 dias. Após o
nascimento, os animais foram separados da mãe, e receberam colostro de acordo com
o manejo da fazenda de origem.
Os bezerros foram alojados em abrigos individuais, sendo contidos por corrente
e coleira, e passaram a receber 4L de dieta líquida (Nattimilk
®
, Auster Nutrição Animal,
22,5% PB, 18,5% EE) por dia, divididos em duas refeições (07 e 16h), e tiveram livre
acesso à água e ao concentrado inicial. O delineamento utilizado foi o inteiramente
casualizado, e os animais foram distribuídos nos seguintes tratamentos: 1) controle (C);
2) mananoligossacarídeo (4 g/d Bio-Mos
®
, Alltech Biotech.) fornecido via concentrado
inicial (MOSC); 3) mananoligossacarídeo (4 g/d Bio-Mos
®
, Alltech Biotech.) fornecido
via sucedâneo lácteo (MOSS).
O concentrado comercial peletizado, formulado para atender as exigências
destes animais, foi fornecido uma vez ao dia tarde), ad libitum, até que o animal
atingisse o consumo de 2 kg/ dia, pesando-se a sobra do dia anterior para obter o
consumo diário de concentrado.
O desaleitamento dos animais foi realizado de forma abrupta quando os animais
completaram seis semanas de vida. Após o desaleitamento, os bezerros passaram a
receber feno de capim coast-cross ad libitum.
3.2.2 Análise Bromatológica
Amostras de concentrado, sucedâneo e feno foram colhidas durante o período
experimental e moídas em moinho de facas com peneira com crivos de 1 mm para a
determinação de matéria seca (MS) e extrato etéreo de acordo com Campos et al.
(2002); proteína bruta (PB) através de combustão, conforme método de Dumas,
utilizando-se o analisador de nitrogênio modelo FP-528 (Leco Corporation, St. Joseph,
MI, EUA) e fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) pelo método descrito por Van
Soest, Robertson e Lewis (1991). Os valores de nutrientes digestíveis totais (NDT)
foram calculados de acordo com as equações propostas por Kearl (1982) para cada
tipo de alimento. A composição bromatológica do concentrado inicial, sucedâneo lácteo,
42
feno e também do Bio-Mos
®
utilizados durante o experimento estão apresentadas na
Tabela 3.1.
Tabela 3.1- Composição bromatológica do concentrado inicial, sucedâneo lácteo,
mananoligossacarideos e feno de capim-coast-cross
Concentrado
Sucedâneo
Bio-Mos
®
Feno
Matéria Seca, %
89,99 94,29 93,81 90,11
Proteína Bruta, %MS
23,25 22,55 38,78 14,16
Extrato Etéreo, %MS
7,23 19,48 0,08 1,33
Fibra Bruta, %MS
9,69 0,54 0,56 29,90
Fibra em detergente neutro,%MS 21,62 0,33 .. 66,73
Nutrientes Digestíveis Totais, %MS
78,91 85,05 80,82 52,85
Energia bruta, Mcal/kg
3932,2 4579,1 3771,8 3658,2
3.2.3 Avaliação do desempenho e desenvolvimento corporal
Os animais foram pesados ao nascer e semanalmente, em balança mecânica,
sempre antes do fornecimento da dieta do período da manhã, aa semana de vida
quando se encerrou o período experimental. Foram também tomadas semanalmente
medidas de altura na cernelha e largura na garupa com o auxílio régua graduada em
centímetros; e perímetro torácico com o auxílio de fita flexível, também graduada em
centímetros.
3.2.4 Monitoramento do escore fecal
O monitoramento do escore fecal foi realizado através de observações visuais
diárias, utilizando-se adaptações do método descrito por Larson et al. (1977), quanto a
fluidez das fezes. As fezes foram classificadas em normal (1); mole (2); corrente (3);
aquosa (4) ou consistência líquida (5).
43
3.2.5 Colheita de sangue e metodologia analítica
3.2.5.1 Colheita de sangue
Amostras de sangue foram colhidas semanalmente a partir da segunda semana
de vida, sempre duas horas após o fornecimento da dieta da manhã, através de punção
da jugular; utilizando-se tubos vacuolizados contendo fluoreto de sódio como
antiglicolítico e EDTA de potássio como anticoagulante. As amostras foram
centrifugadas a 2000 x g, durante 20 minutos, a temperatura de C para a obtenção
do plasma. O plasma foi armazenado em microtubos plásticos mantidos em freezer
para posterior determinação de glicose plasmática, β-hidroxibutirato (BHBA) e N-uréico.
3.2.5.2 Determinação de glicose plasmática
As concentrações plasmáticas de glicose foram determinadas através de leitura
direta em autoanalisador bioquímico YSI 2700 (Biochemistry Analyser, Yellow Spring,
OH, EUA), no Laboratório de Bromatologia, do Departamento de Zootecnia da
USP/ESALQ. O equipamento realiza a leitura direta em membrana com enzima glicose
oxidase imobilizada, utilizando solução de dextrose com concentração de 2 g/L como
calibrador interno.
3.2.5.3 Determinação de β
ββ
β-hidroxibutirato (BHBA)
As concentrações plasmáticas de BHBA foram analisadas utilizando-se ensaios
bioquímicos através do teste Ranbut (Randox Laboratories Ltda), no laboratório de
Bioquímica e Fisiologia Animal, do Departamento de Nutrição e Produção Animal da
USP/FMVZ. O ensaio bioquímico foi realizado em espectrofotômetro com comprimento
de onda de 340nm.
44
3.2.5.4 Determinação de N-uréico
A determinação de N-uréico foi realizada utilizando-se o método descrito por
Chaney e Marbach (1962), adaptado para leitura em Leitor de Microplaca (BIO-RAD,
Hercules, CA, EUA) utilizando-se filtro de absorbância de 550 nm, no Laboratório de
Bromatologia, do Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ. Foram utilizadas enzima
urease (U-1500, Sigma) e soluções padrões com concentrações de 0; 3,75; 7,5; 15; e
30 mg/dL de N-uréico. Somente foram aceitos resultados provenientes de placas com
r
2
= 0,99 e coeficiente de variação de 5% entre duplicatas.
3.2.6 Análise estatística
Os dados de consumo de alimento, peso vivo, ganho de peso, medidas de
crescimento corporal e parâmetros sanguíneos foram analisados como medidas
repetidas no tempo através do PROC MIXED do pacote SAS (1991), conforme o
modelo:
Y
ijk
= µ + T
i
+ I
j
+ TI
ij
+ E
ij
onde,
Y
ij
= variável resposta
µ = media geral
T
i
= efeito de tratamento
I
j
= efeito de idade
TI
ij
= efeito da interação tratamento idade
E
ij
= resíduo
As médias foram comparadas pelo teste dos quadrados mínimos (LSMEANS),
com nível de significância de 5%.
45
3.3 Resultados e discussões
Os dados de consumo de concentrado inicial, ganho de peso diário e peso vivo
estão apresentados na Tabela 3.2. O consumo de concentrado inicial não foi afetado
pelos tratamentos (P>0,05). Do mesmo modo, não houve diferença significativa para a
interação Tratamento x Idade. Entretanto, houve efeito significativo da idade dos
animais (P<0,0001), sendo observados aumentos no consumo de concentrado inicial
com o avanço da idade.
Tabela 3.2- Média dos quadrados mínimos do consumo de concentrado, peso vivo e
ganho de peso de bezerros recebendo dieta com mananoligossacarídeo
via concentrado inicial ou sucedâneo lácteo
Parâmetro
Tratamento
(1)
EPM
(2)
P<
(3)
Controle
MOSC
MOSS
T I T x I
Consumo concentrado, g/d
ao desaleitamento 835,97 961,98
856,57
92,96 .. .. ..
média do período total 737,41 842,61
798,64
45,12 0,34
<0,0001
0,94
Peso Vivo, kg
inicial 39,51 40,68 40,89 1,74 .. .. ..
final 60,35 62,58 62,07 1,71 .. .. ..
média do período total 46,43 49,33 49,41 0,92 0,21
<0,0001
0,91
Ganho de peso, g/d
média do período total 352,2 411,3 409,6 42,82 0,67
<0,0001
0,22
(1)
MOSC: mananoligossacarídeo via concentrado inicial; MOSS: mananoligossacarídeo via sucedâneo
lácteo
(2)
EPM: erro padrão da média
(3)
T: efeito de Tratamento; I: efeito de Idade; TxI: efeito da interação Tratamento x Idade
A ausência de efeito significativo para a adição de MOS na dieta de bezerros na
fase de aleitamento também foi observada em outros estudos (SANDI; MÜLBACH,
2001; DILDEY et al, 1997; HILL et al., 2009). Entretanto, nestes estudos foram
observados valores numericamente maiores de consumo de concentrado inicial para os
animais suplementado com MOS, assim como no presente trabalho. Heinrichs et al.
46
(2003), observaram efeito significativo (P<0,05) na sexta semana de idade, com maior
consumo de concentrado inicial para o grupo de animais que recebeu o aditivo, quando
comparado a dieta controle.
Na literatura, os estudos sobre o fornecimento de mananoligossacarídeos na
fase de aleitamento apontam apenas a inclusão deste aditivo na dieta líquida.
Entretanto, no presente estudo foi observado que o fornecimento de MOS via
concentrado inicial apresentou resultados semelhantes ao da via de fornecimento pela
dieta líquida, indicando a viabilidade desta via de fornecimento. Embora sem diferença
significativa, a média do período total de consumo de concentrado inicial para o grupo
do tratamento MOS via concentrado inicial foi maior que os demais tratamentos,
principalmente comparado ao grupo controle (Figura 3.1). Após o desaleitamento, a
semelhança observada pode ser explicada pelo fornecimento limitado de concentrado
inicial (2 kg/d) e pelo aumento na exigência dos animais.
Figura 3.1 - Consumo de concentrado inicial (g/d) de bezerros recebendo dieta controle,
MOSC (mananoligossacarídeo via concentrado inicial) ou MOSS
(mananoligossacarideos via sucedâneo lácteo)
O consumo médio de concentrado inicial ao desaleitamento foi maior que o
recomendado em sistemas de desaleitamento que adotam o consumo mínimo. Neste
sistema, recomenda-se realizar o desaleitamento dos animais quando o consumo
atingir 680 a 700 g/d, por 3 dias consecutivos, de forma a permitir bom desempenho
animal (QUIGLEY, 1996). Assim, de acordo com este sistema, o desaleitamento
47
poderia ter sido realizado na quinta semana de idade (Figura 3.1), sem comprometer o
desenvolvimento dos animais, e diminuir o custo final do bezerro desaleitado, uma vez
que durante a fase de aleitamento o leite representa 70% dos custos com alimentação
e manejo dos animais. Foi observado também que os animais dos tratamentos com a
inclusão de MOS, independente da via de fornecimento, apresentaram o consumo de
concentrado inicial, adequado ao desaleitamento, em idade mais jovem que o grupo de
animais do tratamento controle.
Para os parâmetros peso vivo (kg) e ganho de peso diário (g/dia) também não
houve diferença significativa entre os tratamentos ou para a interação Tratamento x
Idade. No entanto, houve efeito significativo (P<0,05) da Idade (semanas). Os
resultados apresentados na literatura são controversos, Heinrichs et al. (2003) e Terré
et al. (2007) não observaram diferença significativa entre os tratamentos para estes dois
parâmetros, enquanto Sandi e Mülbach (2001) observaram diferenças. Dildey et al.
(1997) observaram maior peso vivo final (8 semanas) para os animais suplementados
com MOS, e diferença significativa entre os tratamentos para o ganho de peso nos
animais recebendo MOS via sucedâneo lácteo.
Figura 3.2- Peso vivo (kg) de bezerros recebendo dieta controle, MOSC
(mananoligossacarídeo via concentrado inicial) ou MOSS
(mananoligossacarídeo via sucedâneo lácteo)
Os valores de peso final observados no estudo de Dildey et al. (1997) são
similares aos valores de peso final observados entre os tratamentos controle e MOS via
sucedâneo lácteo, entretanto, com maior ganho de peso que no presente trabalho.
48
Dados sobre o desempenho de bezerros leiteiros recebendo mananoligossacarídeos
via concentrado inicial não foram encontrados na literatura. Contudo, em estudos com
suínos, a suplementação com MOS resulta em maior ganho de peso diário
(ROZEBOOM et al., 2005; DAVIS et al., 2002).
De maneira geral, as taxas de ganho de peso observadas neste estudo estão de
acordo com dados da literatura para animais em aleitamento (HOFFMAN, 1997;
HEINRICHS; LOSINGER, 1998; KERTZ; CHESTER-JONES, 2004), sendo resultado de
adequado consumo de concentrado e aleitamento com sucedâneo de alta qualidade. O
peso vivo dos bezerros, independente do tratamento, apresentou-se sempre crescente
com o avanço da idade (Figura 3.2). Entretanto, entre a primeira e a segunda semana
de idade pode ser observado um leve declínio nos valores de peso vivo em todos os
tratamentos. Esta perda de peso ocorreu no período que os animais apresentaram
maior freqüência de diarréia, fato comum na maior parte dos sistemas de produção.
As médias de altura na cernelha, perímetro torácico e largura da garupa estão
apresentadas na Tabela 3.3. Não foram observadas diferenças significativas (P>0,05)
entre os tratamentos e para a interação Tratamento x Idade para os parâmetros
avaliados. Embora a média do período total para o perímetro torácico não tenha
apresentado diferença entre os tratamentos, foi observada tendência (P=0,09) dos
animais do tratamento controle em apresentar menor valor para este parâmetro.
Conforme demonstrado por Heinrichs, Rogers e Cooper (1992), o perímetro torácico
tem alta relação com o peso vivo dos animais. O menor valor de perímetro torácico
acompanha o menor valor numérico de peso vivo médio dos animais do grupo controle.
No entanto, como esperado para animais em crescimento, foi observado efeito
significativo de Idade (P<0,05), com aumentos nas medidas corporais ao longo das
semanas (Figura 3.3).
49
Tabela 3.3- Média dos quadrados mínimos de medidas corporais de crescimento de
bezerros recebendo dieta com mananoligossacarídeos via concentrado
inicial ou sucedâneo lácteo
Parâmetro
Tratamento
(1)
EPM
(2)
P<
(3)
Controle
MOSC MOSS
T I TxI
Altura na cernelha, cm
média do período total
78,74 79,23
79,24 0,25 0,32
<0,0001
0,59
ganho, cm/semana 0,75 1,04 1,13 0,19 0,37
0,27 0,12
Perímetro torácico, cm
média do período total
82,62 83,55
83,76 0,37 0,09
<0,0001
1,00
ganho, cm/semana 1,63 1,74 1,75 0,23 0,92
<0,0001
0,42
Largura da garupa, cm
média do período total 22,63 22,00
22,30 0,57 0,74
<0,0001
0,61
ganho, cm/semana 0,43 0,40 0,36 0,11 0,92
0,30 0,93
(1)
MOSC: mananoligossacarídeo via concentrado inicial; MOSS: mananoligossacarídeo via sucedâneo
lácteo
(2)
EPM: erro padrão da média
(3)
T: efeito de Tratamento; I: efeito de Idade; TxI: efeito da interação Tratamento x Idade
Os dados de ganho/semana de altura na cernelha do presente estudo estão
abaixo da média recomendada por Hoffman (1997), que indica valores médios entre
1,2-1,4 cm/semana para animais da raça Holandês. Heinrichs et al. (2003)
apresentaram valores de ganho/semana de altura na cernelha superiores aos
observados no presente trabalho, para bezerros com idade semelhante e
suplementados com MOS. Do mesmo modo, Lesmeister et al. (2004) observaram maior
ganho/semana em bezerros suplementados com diferentes aditivos, entretanto, valores
menores para o perímetro torácico e largura da garupa. No entanto, Hill et al. (2009)
encontraram valores semelhantes aos observado no presente estudo para altura na
cernelha testando MOS no sucedâneo lácteo. Diferenças observadas entre
experimentos podem ser resultado da variação do tipo ou seleção animal, de forma
que, mesmo sendo de uma mesma raça, existam diferenças quanto ao peso adulto e,
portanto, quanto aos ganhos de crescimento esquelético.
50
Figura 3.3 - Altura na cernelha (A), perímetro torácico (B) e largura na garupa (C) de
bezerros recebendo dieta controle, mananoligossacarídeo via concentrado
inicial ou mananoligossacarídeo via sucedâneo lácteo
A
B
C
51
Na Figura 3.3 são mostrados os aumentos constantes dos valores de altura na
cernelha, perímetro torácico e largura da garupa, observados no período experimental.
Após o desaleitamento, a taxa de crescimento do grupo controle para o parâmetro
altura na cernelha diminuiu, apresentando nas semanas seguintes valores semelhantes
ao desaleitamento (Figura 3.3-A). Por outro lado, os animais suplementados com MOS
apresentaram o ritmo de crescimento semelhante ao do período de aleitamento. Foi
observada também uma diminuição neste parâmetro nas duas primeiras semanas que
estão associadas à fase mais crítica para animais em aleitamento, período em que os
animais apresentam diarréia e, consequentemente, perdem peso.
A distribuição dos dados de escore fecal está apresentada na Figura 3.4. A
literatura considera o animal com diarréia quando seu escore fecal está acima de 2
(LARSON et al., 1977). Conforme a Figura 3.4, a maior parte dos dados de escore fecal
observadas durante todo período experimental, aproximadamente 80%, esteve abaixo
de 2, comprovando o bom manejo sanitário durante o período experimental.
Figura 3.4 - Distribuição dos valores de escore fecal, independente do tratamento, para
bezerros até 6 semanas de idade
52
Os dados de escore fecal por tratamento e ao longo das semanas estão
apresentados na Tabela 3.4. Foi observada diferença significativa (P<0,05) entre os
tratamentos apenas na semana com valores superiores para animais do tratamento
controle, seguido de MOS via concentrado inicial e MOS via sucedâneo lácteo. No
entanto, este tipo de análise de dados não-paramétricos não permite identificar
diferenças entre três tratamentos. Dildey et al. (1997) também observaram diferença
entre tratamentos, embora não significativa, para bezerros suplementados com MOS.
Do mesmo modo, Heinrichs et al. (2003) observaram maior probabilidade de presença
de fezes normais em bezerros suplementados com MOS ou antibiótico, que em
bezerros sem estes aditivos. Entretanto, vários estudos sobre o efeito de
mananoligossacarídeos em bezerros, não observaram melhoras no escore fecal para
os animais suplementados com MOS (NEWMAN; JACQUES; BUEDE,1993; TERRÉ et
al., 2007; DONOVAN et al., 2003). Não foram encontrados na literatura resultados
sobre o escore fecal de bezerros recebendo MOS via concentrado inicial.
Tabela 3.4 - Escore fecal de bezerros recebendo dieta com mananoligossacarídeo via
concentrado inicial ou sucedâneo lácteo
Semanas
Tratamentos
(1)
Pr > F
(2)
Controle MOSC MOSS
1 1,97 1,41 1,02 0,04
2 3,40 3,34 2,91 0,62
3 1,55 1,76 1,73 0,84
4 1,36 1,23 1,01 0,36
5 1,24 1,19 1,07 0,47
6 1,00 1,00 1,00 1,00
7 1,04 1,00 1,00 0,33
8 1,16 1,00 1,02 0,37
(1)
MOSC: mananoligossacarídeo via concentrado inicial; MOSS: mananoligossacarídeo via sucedâneo
lácteo
(2)
P: médias diferem para P<0,05
53
No presente estudo, foi observado escore que indica diarréia apenas na segunda
semana de vida em todos os tratamentos. Segundo Lucci (1989) é esperado a
ocorrência de diarréia nas primeiras semanas de vida do bezerro, principalmente as
diarréias causadas por bactérias como Escherichia colli e Salmonella. Entretanto,
também foi observado que os animais do tratamento MOS via sucedâneo apresentaram
menor escore fecal nesta semana, muito embora esse efeito não tenha sido
significativamente diferente. Segundo Spring et al. (2000), as enterobactérias são
adsorvidas a mananoligossacarídeos no trato digestório, evitando assim a colonização
do intestino, e consequentemente diminuindo os casos de diarréia. Assim, a diferença
entre os escores de fezes observada no presente estudo, embora apenas numérica,
pode estar associada ao tratamento.
A quantidade fornecida do aditivo foi a mesma para ambos os tratamento com
adição de MOS. No entanto, os bezerros do tratamento MOS via sucedâneo lácteo
receberam os 4 g/dia de Bio-Mos
®
desde o primeiro fornecimento da dieta líquida,
enquanto os animais do tratamento MOS via concentrado, tinham a ingestão do aditivo
dependente do consumo de concentrado inicial que na primeira semana, conforme
esperado, é baixo.
Além disso, foi observado que após o desaleitamento os animais permaneceram
com o escore próximo de 1, sendo um indicativo de saúde nos animais. Segundo
Radostits (1975), a diarréia é o principal sinal clínico de uma disfunção do trato
digestório.
Os valores dios das concentrações de glicose, N-uréico e β-hidroxibutirato
estão apresentados na Tabela 3.5. A inclusão de mananoligossacarídeos na dieta não
afetou de forma significativa (P>0,05) as concentrações plasmáticas de glicose nos
bezerros até a oitava semana de vida. Do mesmo modo, não foi observado efeito
significativo (P>0,05) para a interação Tratamento x Idade. No entanto, foi observado
efeito significativo (P<0,0001) para a idade.
54
Tabela 3.5- dia dos quadrados mínimos das concentrações plasmáticas de glicose,
N-uréico (NUP) e β-hidroxibutirato (BHBA) de bezerro recebendo dieta com
mananoligossacarídeo via concentrado inicial ou sucedâneo lácteo
Parâmetro
Tratamento
(1)
EPM
(2)
P<
(3)
Controle
MOSC MOSS
T I TxI
Glicose, mg/dL 81,46 82,69 86,67 2,45 0,30 <0,0001 0,14
NUP, mg/dL 13,74 14,59 14,00 0,639 0,51 0,007 0,64
BHBA mmol/L 0,203 0,177 0,163 0,16 0,18 0,0001 0,25
(1)
MOSC: mananoligossacarídeo via concentrado inicial; MOSS: mananoligossacarídeo via sucedâneo
lácteo
(2)
EPM: erro padrão da média
(3)
T: efeito de Tratamento; I: efeito de Idade; TxI: efeito da interação Tratamento x Idade
Não foram encontrados na literatura dados sobre concentração plasmática de
glicose em bezerros recebendo dieta com a adição de mananoligossacarídeo. Estudos
com outros aditivos apresentaram dados para este parâmetro semelhante ao observado
no presente estudo (QUIGLEY et al., 1994). No entanto, outros autores apresentaram
valores de concentração plasmática de glicose inferior e decrescente ao longo das
semanas (NUSSIO et al., 2003; KLOTZ; HEITMANN et al., 2006). Contudo, as médias
apresentadas na Figura 3.5-A estão dentro do recomendado na literatura que indica
concentrações plasmáticas entre 90 a 100 mg/dL até a sexta semana de vida, em
bezerros na fase de aleitamento (HUBER, 1969).
Nas primeiras semanas, foram observadas concentrações plasmáticas de glicose
crescente até a quinta semana e decrescente após esta semana (Figura 3.5-A). Quigley
e Bernard (1992) observaram concentrações plasmáticas de glicose semelhante ao
presente estudo em bezerros recebendo outro aditivo. Segundo Huber (1969), são
esperados aumentos na concentração de glicose nas primeiras semanas de vida pela
ingestão de dieta contendo lactose e declínio rápido após a semana em decorrência
da diminuição da secreção de lactase no intestino. Este declínio na concentração de
glicose plasmática durante a fase de aleitamento também pode ser um indicativo de
transição do animal de pré-ruminante para ruminante funcional (ATTEBERY et al.;
1963).
55
Figura 3.5- Concentrações plasmáticas de glicose (A), N-uréico (B) e BHBA (C) de
bezerros recebendo dieta Controle, mananoligossacarídeo via concentrado
inicial (MOSC) ou mananoligossacarídeo via sucedâneo lácteo (MOSS)
A
B
C
56
As concentrações plasmáticas de N-uréico não diferiram em relação ao
tratamento (P>0,05), antes ou após o desaleitamento. A interação Tratamento x Idade
também não apresentou diferença significativa (P>0,05). No entanto, houve efeito
significativo (P<0,05) para a idade, com concentrações crescentes ao longo do período
experimental (Figura 3.5-B). Heinrichs et al. (2003) observaram valores de
concentração plasmática de N-uréico menores aos observados no presente estudo em
bezerros suplementados com MOS durante a fase de aleitamento. Do mesmo modo,
estudos com diferentes aditivos apresentaram valores inferiores de N-uréico (NUSSIO
et al, 2003; QUIGLEY; BERNARD, 1992).
Em vários estudos foram observados valores crescentes de N-uréico ao longo
das semanas (QUIGLEY; BERNARD, 1992; QUIGLEY et al., 1994). As concentrações
plasmáticas de N-uréico possuem alta relação com o consumo de concentrado e início
da fermentação no rúmen, indicando extensiva degradação ruminal de proteína e
carboidratos da dieta (QUIGLEY; BERNARD, 1992). Assim, o aumento na concentração
de N-uréico observado ao longo das semanas é indicativo de desenvolvimento ruminal
(Figura 3.5-B).
A análise de concentração plasmática de BHBA foi realizada somente a partir da
semana de idade uma vez que é por volta desta época em que os valores começam
a ser alterados em resposta ao desenvolvimento do rúmen devido ao consumo de
concentrado. Segundo Quigley et al. (1991) as concentrações de BHBA apresentam
alta relação com a ingestão de concentrado inicial. As concentrações plasmáticas de
BHBA não tiveram efeito de tratamento (P>0,05), antes ou após o desaleitamento. No
entanto, foi observado aumentos nas concentrações plasmáticas com a idade
(P<0,0001) do bezerro, independente do tratamento (Figura 3.5-C). As médias do
período experimental apresentadas estão acima da média observada em outros
estudos com animais em idade semelhante (COVERDALE et al., 2004; GREENWOOD
et al., 1997). Magalhães et al. (2008) observaram elevações na concentração circulante
de BHBA em bezerros ao longo das semanas recebendo cultura de levedura. Do
mesmo modo, outros estudos apresentaram valores de concentração de BHBA
crescente na fase de aleitamento em animais recebendo diferentes dietas (QUIGLEY;
BERNARD, 1992; GREENWOOD et al., 1997; COVERDALE et al., 2004). Entretanto,
57
não foram encontrados dados sobre bezerros leiteiros recebendo
mananoligossacarídeo.
3.4 Conclusões
Nas condições de manejo nutricional e de instalações impostas durante o
experimento, não houve efeito benéfico do fornecimento de mananoligossacarídeos,
seja via dieta líquida ou sólida.
Maior número de estudos deve ser realizado para avaliar possíveis benefícios da
inclusão de mananoligossacarídeos no concentrado inicial de bezerros leiteiros, tendo
em vista a ainda incipiente adoção de sucedâneos nos sistemas de produção nacionais.
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61
4 DESEMPENHO E DESENVOLVIMENTO RUMINAL DE BEZERROS EM SISTEMA
DE DESALEITAMENTO PRECOCE RECEBENDO SUBSTÂNCIAS HÚMICAS VIA
CONCENTRADO INICIAL
Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a inclusão de substâncias húmicas na dieta de
bezerros leiteiros da raça Holandês, em sistema de desaleitamento precoce, sobre o
desempenho e o desenvolvimento ruminal. Foram utilizados 20 animais, todos machos
inteiros, em delineamento experimental blocos completos aleatorizados. Os bezerros
foram alocados em abrigos individuais, com livre acesso a água, e foram distribuídos
nos seguintes tratamentos: 1) controle; 2)substâncias húmicas (SH), fornecido via
concentrado inicial. Os animais foram aleitados com 4L da dieta líquida, dividos em
duas refeições; e receberam concentrado incial ad libitum. Semanalmente, foram
realizadas pesagens, medidas de crecimento corporal e colheitas de sangue, para a
determinação de glicose, N-uréico e β-hidroxibutirato (BHBA). Os animais foram
desaleitados na oitava semana de idade e foram abatidos por atordoamento e sangria
através de corte da jugular, para análise do desenvolvimento do trato digestório
superior. Não houve efeito significativo (P>0,05) dos tratamentos ou da interação
Tratamento x Idade para os parâmetros consumo de concentrado, ganho de peso ou
medidas de crescimento corporal. Entretanto, foi observado efeito de idade (P<0,0001)
para todos os parâmetros de desempenho avaliados. O escore fecal também não foi
afetado pela inclusão de substâncias húmicas (P>0,05), embora os animais tenham
apresentado com grande frequência escores que indicam ocorrência de diarréia. Não
houve efeito da inclusão de substâncias húmicas (p>0,05) para as medidas
morfométricas do trato digestório superior, número, largura ou altura de papilas do
epitélio ruminal. Não houve efeito benéfico da inclusão de substâncias húmicas no
concentrado inicial de bezerros com o rúmen em desenvolvimento, seja no
desempenho ou na saúde dos animais.
Palvras-chave: Ácido fúlvico; Ácido húmico; Desempenho; Desenvolvimento ruminal,
Escore fecal; Papilas ruminais
62
PERFORMANCE AND FORESTOMACH DEVELOPMENT OF CALVES IN EARLY
WEANING SYSTEM RECEIVING HUMIC SUBSTANCES IN THE CONCENTRATE
STARTER
Abstract
The objective of this trial was to evaluate the humic substances inclusion in the
concentrate starter on milk-fed calves’ performance and forestomach development.
Twenty Holstein male calves were used in a completely randomized block design.
Calves were individually housed, had water free-choice and were distributed in two
treatments according to inclusion of humic substances in the concentrate starter: 1)
Control; 2) Humic substances (Nutrihume
®
). Animals received concentrate ad libitum
and 4L of liquid diet, split into two feedings. Weekly calves were weighted and growth
measurements and blood samples for glucose, urea-N and β-hidroxibutyrate (BHBA)
were taken until the eighth week of age, when the experimental period ended. After the
slaughter, animals’ forestomach were separated, emptied and washed for individual
weighting. There were significant effect (P>0.05) for treatment or the interaction
treatment x age for concentrate intake, weight gain or growth measurements. Fecal
scores were also not affected (P>0.05) by the inclusion of humic substances, even
though calves presented frequently high fecal scores, indicating high incidence of
diarrhea. There were no significant effects (P>0.05) of humic substances inclusion on
the rumen morphometrics measures and papillae number, height or width. There were
no benefits of humic substances inclusion on concentrate starter on performance or
rumen development of milk-fed dairy calves.
Keywords: Fecal score; Fulvic acid; Humic acid; Performance; Rumen development;
Ruminal papillae
63
4.1 Introdução
A descoberta de que antibióticos melhoram o crescimento e a eficiência alimentar
de animais levou ao seu uso como profilático em diversos sistemas de criação (VISEK,
1978). Desta forma, o fornecimento de dietas com aditivos antimicrobianos passou a ser
realizado na maioria dos sistemas de produção animal para melhorar as taxas de
crescimento, desempenho, aumentando a conversão alimentar e diminuindo os ricos de
doenças, além do custo de produção. Mas, a seleção de populações de bactérias
resistentes ou a resistência cruzada a antibiótico de uso veterinário e humano, levou a
União Européia a proibir o uso dos antibióticos como promotores de crescimento. Esta
restrição originou a busca por aditivos alternativos; porém, que tragam os mesmos
benefícios dos antibióticos quanto ao desempenho e desenvolvimento dos animais.
Dentro destas alternativas, as substâncias húmicas podem ser destacadas.
Substâncias húmicas o materiais naturais facilmente disponíveis,
biologicamente ativos e amplamente utilizados, não apenas na agricultura, mas também
na medicina humana e animal. Este aditivo é o resultado da combinação da
composição química de plantas em decomposição e microrganismos, e substâncias
secundárias produzidas durante o processo de decomposição (BOZKURT et al., 2001).
Destacam-se como principais constituintes os ácido húmico e ácido fúlvico (AIKEN,
1985). Os ácidos húmicos são fornecidos para equinos, ruminantes, suínos e aves para
o tratamento de diarréia, dispepsia e intoxicação aguda na Europa (YASAR et al.,
2002).
Durante o período de aleitamento de bezerros leiteiros, as primeiras semanas são
consideradas a fase mais crítica, e seu maior desafio de saúde são as diarréias;
responsável pela alta taxa de mortalidade e morbidade nos rebanhos leiteiros. Segundo
Islam et al. (2005) as substâncias húmicas formam um filme no muco epitelial do trato
gastrintestinal contra toxinas e agentes infecciosos e, conseqüentemente, o status
nutricional dos animais.
Segundo Cusak et al. (2008), dietas com substâncias húmicas aumentam a
ingestão de matéria seca. A ingestão de concentrado inicial é vital para o
desenvolvimento do rúmen do bezerro, realizando a transição do animal da condição de
64
pré-ruminante para ruminante funcional; por meio da produção de ácidos graxos de
cadeia curta (AGCC), principalmente o butirato, o qual tem papel importante no
processo de desenvolvimento das papilas (COVERDALE et al., 2004).
Os poucos estudos com ruminantes adultos, o fornecimento destas substâncias
nas rações apresentaram bons resultados no consumo de concentrado e ganho de
peso (CUSAK et al., 2008); conversão alimentar, crescimento corporal, e possíveis
melhoras no sistema imune (AGAZZI et al., 2006)
Estudos com o uso destas substâncias vem apresentando excelentes resultados,
principalmente para aves e suínos, entretanto trabalhos publicados sobre o efeito
destas substâncias para animais ruminantes são escassos. Deste modo, o objetivo
deste estudo foi determinar o efeito de substâncias húmicas no desempenho e
desenvolvimento do trato digestório superior de bezerros leiteiros em sistema de
desaleitamento precoce.
4.2 Material e métodos
4.2.1 Animais, instalações e manejo alimentar
O experimento foi conduzido no Centro de Pesquisa de Nutrição Animal (CPNA)
da Nutron Alimentos, Mogi Mirim, SP. Foram utilizados 24 bezerros da raça Holandês,
todos machos inteiros, com idade média de 05 dias, em delineamento experimental do
tipo blocos completos ao acaso, sendo blocados de acordo com o peso ao nascer. Os
animais foram adquiridos de fazendas comerciais da região. Após o nascimento, os
bezerros foram separados da mãe, e receberam colostro de acordo com o manejo da
fazenda de origem. Com aproximadamente 5 dias de vida os animais foram
transportados da fazenda de origem para o Centro de Pesquisa em Nutrição Animal
(CPNA, Nutron Alimentos, Ltda).
Os bezerros foram alojados em abrigos individuais, com livre acesso à água, e
passaram a receber 4L de dieta líquida por dia, divididos em duas refeições (07 e 18h).
A dieta líquida dos animais foi composta de leite pasteurizado até o 15º dia de vida e
sucedâneo lácteo a partir do 16º dia de vida até o desaleitamento na oitava semana de
65
vida. Os animais receberam concentrado inicial, formulado de acordo com as
recomendações do NRC (2001), para atender suas exigências (18% de PB e 70% NDT)
contendo ou não substâncias húmicas através da adição de NutriHume
®
. O aditivo foi
adicionado em 5% no núcleo que compreendeu 20% da ração, contribuindo assim, com
1% na ração final. O concentrado comercial foi fornecido toda manhã, ad libitum, a
que o animal atingisse o consumo de 2 kg/ dia, pesando-se a sobra do dia anterior para
obter o consumo diário.
4.2.2 Análise bromatológica
Amostras do concentrado inicial e de NutriHume
®
(Substâncias húmicas) foram
colhidas durante o período experimental e moídas em moinho de facas com peneira
com crivos de 1 mm para determinação de matéria seca (MS) e extrato etéreo (EE) de
acordo com Campos et al. (2002); proteína bruta (PB) através de combustão, conforme
método de Dumas, utilizando-se o analisador de nitrogênio modelo FP-528 (Leco
Corporation, St. Joseph, MI, EUA); fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) pelo
método descrito por Van Soest, Robertson e Lewis (1991); e amido conforme descrito
por Knudsen (1997). A composição bromatológica das dietas e do NutriHume
®
utilizados durante o experimento estão apresentadas na Tabela 4.1.
Tabela 4.1- Composição bromatológica das dietas e Nutrihume
®
Tratamentos
Sucedâneo
NutriHume
®
Controle
Substâncias
húmicas
Matéria Seca 88,62 88,50 95,14 91,48
Proteína Bruta, % MS 24,35 24,00 21,74 3,45
Extrato Etéreo, % MS 3,45 3,30 12,43 0,01
Fibra em detergente neutro,% MS 22,00 22,00 .. ..
Amido, % MS 29,02 32,73 20,15 ..
Energia Bruta, Mcal/kg 3769,90 3793,26 4495,77 ..
66
4.2.3 Avaliação do desempenho e desenvolvimento corporal
Os animais foram pesados ao nascer e semanalmente, em balança mecânica,
sempre antes do fornecimento da alimentação do período da manhã; aa semana
de vida com o término do período experimental. Foram também mensuradas
semanalmente medidas de altura na cernelha e largura na garupa com o auxilio régua
graduada em centímetros; e perímetro torácico com o auxílio de fita flexível, também
graduada em centímetros.
4.2.4 Monitoramento do escore fecal
O monitoramento do escore fecal foi realizado através de observações visuais
diárias; utilizando adaptações do método descrito por Larson et al. (1977), quanto a
fluidez das fezes. As fezes foram classificadas como normal (1); mole (2); corrente (3);
aquosa (4) ou consistência líquida (5).
4.2.5 Colheita de Sangue e metodologia analítica
4.2.5.1 Colheita de sangue
Amostras de sangue foram colhidas semanalmente, a partir da segunda semana de
vida, sempre duas horas após o fornecimento da dieta da manhã, através de punção da
jugular, com o auxílio de tubos vacuolizados contendo fluoreto de sódio como
antiglicolítico e EDTA de potássio como anticoagulante. As amostras foram
centrifugadas a 2000 x g, durante 20 minutos, a temperatura de C, para a obtenção
do plasma. O plasma foi armazenado em microtubos plásticos e mantido em freezer
para posterior determinação de glicose plasmática, β-hidroxibutirato (BHBA) e N-uréico.
67
4.2.5.2 Determinação de glicose plasmática
As concentrações plasmáticas de glicose foram determinadas através de leitura
direta em autoanalisador bioquímico YSI 2700 (Biochemistry Analyser, Yellow Spring,
OH, EUA), no Laboratório de Bromatologia, do Departamento de Zootecnia da
USP/ESALQ. O equipamento realiza a leitura direta em membrana com enzima glicose
oxidase imobilizada, utilizando solução de dextrose com concentração de 2 g/L como
calibrador interno.
4.2.5.3.Determinação de β
ββ
β-hidroxibutirato
As concentrações plasmáticas de BHBA foram analisadas utilizando-se ensaios
bioquímicos através do teste Ranbut (Randox Laboratories Ltda), no laboratório de
Bioquímica e Fisiologia Animal, do Departamento de Nutrição e Produção Animal da
USP/FMVZ. O ensaio bioquímico foi realizado em espectrofotômetro com comprimento
de onda de 340nm.
4.2.5.4 Determinação de N-uréico
O N-uréico foi determinado utilizando-se o método descrito por Chaney & Marbach
(1962), adaptado para leitura em Leitor Microplaca (BIO-RAD, Hercules, CA, EUA)
utilizando-se filtro de absorbância de 550 nm, no Laboratório de Bromatologia, do
Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ. Foram utilizadas enzimas urease (U-1500,
Sigma), e soluções padrões com concentrações de 0; 3,75; 7,5; 15; e 30 mg/dL de N-
uréico. Somente foram aceitos resultados provenientes de placas com r
2
= 0,99 e
coeficiente de variação de 10% entre duplicatas.
4.2.6 Avaliação morfométrica do trato digestório superior
Os animais foram abatidos em frigorífico comercial na oitava semana de vida por
meio de atordoamento e sangria com corte da jugular. Para análise morfométrica do
68
trato digestório superior, a cavidade abdominal foi aberta, sendo os quatro
compartimentos removidos livres de tecido adiposo omental. O conteúdo do trato foi
retirado com auxílio de lavagens com água e os compartimentos foram divididos em
retículo-rúmen, omaso e abomaso. Após a remoção do excesso de água dos tecidos,
foram tomadas medidas de peso do retículo-rúmen, do omaso, do abomaso e dos
compartimentos em conjunto.
Amostras do saco dorsal e ventral do rúmen foram retiradas com auxílio de bisturi,
preservadas em solução de formaldeído a 10% e posteriormente avaliadas quanto à
altura e largura de papilas, além do número de papilas por cm
2
com o auxílio de
microscópio estereoscópico e de régua milimetrada. Foram avaliadas 2 amostras por
animal, sendo mensuradas 10 papilas por amostra para a determinação de altura e
largura médias. Para a determinação do número de papilas por cm², foram contadas
todas as papilas existentes em uma amostra de 1 cm², conforme proposto por
Leismeister (2004).
4.2.7 Análise estatística
Os dados de consumo de alimento, peso vivo, ganho de peso, medidas de
crescimento corporal e parâmetros sanguíneos foram analisados como medidas
repetidas no tempo através do PROC MIXED do pacote SAS (1991), conforme o
modelo:
Y
ijk
= µ + T
i
+ I
j
+ TI
ij
+ E
ij
onde,
Y
ij
= variável resposta
µ = media geral
T
i
= efeito de tratamento
I
j
= efeito de idade
TI
ij
= efeito da interação tratamento idade
E
ij
= resíduo
69
As médias foram comparadas pelo teste dos quadrados mínimos (LSMEANS),
com nível de significância de 5%.
4.3 Resultados e discussão
As médias do período experimental de consumo de concentrado inicial (g/d),
ganho de peso (g/d) e peso vivo (kg) estão apresentadas na Tabela 4.2. O consumo de
concentrado foi similar entre os tratamentos, não sendo observado efeito significativo
da inclusão de substâncias húmicas (P>0,05) ou para a interação Tratamento x Idade.
Conforme esperado, foi observado efeito significativo (P<0,0001) de Idade para o
consumo de concentrado, que aumentou com o avanço da idade.
Tabela 4.2- Média dos quadrados mínimos do consumo de concentrado, peso vivo e
ganho de peso de bezerros recebendo concentrado inicial com ou sem a
inclusão de substâncias húmicas
Tratamento
EPM
(1)
P<
(2)
Controle
Substâncias
húmicas
T I TxI
Consumo concentrado, g/d
ao desaleitamento 915,4 919,0 118,9 .. .. ..
média do período total 444,90 445,2 104,0 1,00
<0,0001
0,16
Peso vivo, kg
inicial 43,0 41,8 1,99 .. .. ..
final 56,5 55,9 1,74 .. .. ..
média do período total 47,4 47,1 1,54 0,88
<0,0001
0,74
Ganho de peso diário, g/d
média do período total 269,3 329,5 61,14 0,50
0,002 0,76
(1)
EPM: erro padrão da média
(2)
T: efeito de Tratamento; I: efeito de Idade; TxI: efeito da interação Tratamento x Idade
Em estudos realizados com a adição de substâncias húmicas no concentrado
inicial também não foram observados efeitos significativos para a ingestão de
concentrado. Cusak (2008) em estudo com bovinos de corte na fase de terminação não
70
encontrou efeito do fornecimento de SH no consumo de concentrado. Não foi
encontrado na literatura dados de consumo de concentrado inicial em bezerros
suplementados com substâncias húmicas. Mas os dados observados na literatura com
outras espécies são controversos, com efeitos positivos em ratos (Yasar et al., 2002) e
sem efeito para suínos (WANG et al., 2008).
O consumo de concentrado inicial, independente do tratamento recebido,
apresentou um padrão sempre crescente. Os animais que receberam a dieta com a
adição de substância húmicas apresentaram nas primeiras semanas consumo de
concentrado inicial numericamente maior, entretanto, foi observado queda na ingestão
de concentrado entre a e semana (Figura 4.1). Este comportamento atípico para
animais nesta idade pode ser explicado pela ocorrência de diarréias nestas duas
semanas, uma vez que este distúrbio intestinal afeta o consumo de concentrado. Logo,
passado o período de diarréia foi observado aumento na ingestão de concentrado.
Figura 4.1- Consumo de concentrado (g/d) com ou sem a inclusão de substâncias
húmicas de bezerros da raça Holandês
As médias de consumo de concentrado inicial ao longo das semanas observadas
no presente estudo estão abaixo da média de consumo de concentrado apresentada
em outros trabalhos para animais com a mesma idade recebendo diferentes aditivos,
porém, com idade ao desaleitamento mais precoce (HEINRICHS et al., 2003; HILL et
al., 2009; GREENWOOD et al., 1997). No entanto, Brown et al. (2005) apresentaram
71
médias semelhantes de consumo de concentrado durante as 8 primeiras semanas de
vida em bezerros.
Por outro lado, os valores de ingestão de concentrado inicial ao desaleitamento
(oitava semana) apresentaram-se acima da dia recomendada por Quigley (1996).
Este autor sugere um consumo de 680 a 700 g/d por três dias consecutivos, para que o
desaleitamento ocorra sem prejuízos ao desempenho animal. Desta forma, pode-se
observar que o desaleitamento poderia ter ocorrido na sétima semana de vida dos
animais, sem prejuízos no desempenho, diminuindo o custo final com o fornecimento de
leite, uma vez que o aleitamento tem forte impacto nas planilhas de custo (Figura 4.1).
No entanto, mesmo com maior período de aleitamento do que o necessário, o ganho de
peso dos animais esteve abaixo do esperado.
O ganho de peso diário e o peso vivo também não foram afetados pela inclusão
de substâncias húmicas (P>0,05). Conforme esperado, houve efeito significativo de
Idade (semana) para peso vivo e também para ganho de peso, devido ao aumento no
consumo de concentrado inicial com o avanço da idade (Figura 4.2). Dados sobre
desempenho de bezerros leiteiros recebendo substâncias húmicas são inexistentes. No
entanto, segundo Cusak (2008), o fornecimento de SH para bovinos de corte em
terminação não resultou em diferenças significativas nos pesos inicial e final, mas
resultou em aumento no ganho de peso diário de forma que os animais alcançaram as
especificações de mercado para abate em um menor número de dias. Yasar (2002)
concluiu que substâncias húmicas induzem aumentos no ganho de peso de ratos, e
sugere que estas melhoras estão associadas aos aumentos no consumo de alimentos e
melhoras na taxa de conversão alimentar. Agazzi et al. (2006) observaram maiores
ganhos de peso em cabritos que receberam doses diárias de substâncias húmicas
durante a fase de aleitamento, sendo 9,5% (P>0,001) e 14,9% (P>0,001) maiores em
animais que receberam baixa e alta dose SH, respectivamente, que o grupo controle.
O peso vivo apresentou-se sempre crescente ao longo das semanas, entretanto,
com um declínio entre a primeira e segunda semana (Figura 4.2). Este declínio pode
ser explicado pelo período em que ocorreu o transporte dos animais e as diarréias,
fatores que resultam na diminuição do consumo de alimento e perda de peso. Neste
estudo, os animais apresentaram ganho de peso insatisfatório para a idade,
72
provavelmente por apresentarem muitos períodos com diarréia. É provável que a
colostragem realizada nas fazendas de origem destes animais tenha sido inadequada.
Tradicionalmente, em sistemas de produção de leite, os bezerros machos o
negligenciados por serem normalmente sacrificados ao nascer. A avaliação do estatus
de imunidade destes animais, com a determinação das concentrações de IgG, poderia
ter auxiliado na escolha dos animais para o presente estudo.
Figura 4.2- Peso vivo (kg) de bezerros da raça Holandês recebendo concentrado inicial
com ou sem a inclusão de substâncias húmicas
As médias do período total das mensurações de altura na cernelha, largura da
garupa e perímetro torácico estão apresentadas na Tabela 4.3. As medidas de
crescimento esquelético não foram afetadas pela inclusão de substâncias húmicas na
dieta. Nenhuma diferença significativa (P>0,05) foi observada entre os tratamentos ou
interação Tratamento x Idade. No entanto, conforme esperado, foi observado efeito
significativo (P<0,0001) para Idade (semanas). Embora a média do período total das
medidas dos parâmetros perímetro torácico e largura da garupa para os animais do
tratamento substâncias húmicas apresentaram-se numericamente menores
comparados ao grupo controle, a média de ganhos (cm/semana) destes mesmos
parâmetros foram numericamente maiores para os animais do tratamento substâncias
húmicas.
73
Tabela 4.3- Média dos quadrados mínimos de medidas corporais de crescimento de
bezerros recebendo concentrado inicial com ou sem a inclusão de
substâncias húmicas
Parâmetro
Tratamento
EPM
(1)
P
<
(2)
Controle
Substâncias
húmicas
T I T x I
Altura na cernelha, cm
média do período total 78,41 77,61 0,76 0,47 <0,0001 0,58
ganho, cm/semana 0,47 0,53 0,18 0,80 0,42 0,57
Perímetro torácico, cm
média do período total 83,75 83,66 0,76 0,93 <0,0001 0,41
ganho, cm/semana 1,26 1,31 0,23 0,87 0,01 0,32
Largura da garupa, cm
média do período total 22,45 22,34 0,20 0,71 <0,0001 0,57
ganho, cm/semana 0,16 0,26 2,98 0,98 0,44 0,48
(1)
EPM: erro padrão da média
(2)
T: efeito de Tratamento; I: efeito de Idade; TxI: efeito da interação Tratamento x Idade
Não foram encontrados na literatura dados sobre medidas corporais de
crescimento de bezerros leiteiros recebendo SH. No entanto, os valores observados no
presente trabalho para o parâmetro altura na cernelha estão abaixo das dias
apresentadas em outros estudos para animais com idade semelhante recebendo
diferentes aditivos (BROWN et al., 2005; SHAMAY et al., 2005; KHAN et al., 2007;
LESMEISTER et al., 2004). Os dados de ganho/semana de altura na cernelha também
estão abaixo do recomendado na literatura que indica valores dios de ganho entre
1,2-1,4 cm/semana (HOFFMAN, 1997). Entretanto, estas diferenças podem ser
resultados da variação do tipo ou seleção animal, uma vez que mesmo dentro de uma
mesma raça existe diferença entre o peso adulto e, portanto, de ganhos de crescimento
esquelético.
74
Figura 4.3- Altura na cernelha (A), perímetro torácico (B) e largura da garupa(C) de
bezerros recebendo concentrado inicial com ou sem a inclusão de
substâncias húmicas
A
B
C
C
75
Por outro lado, foi observado aumento constante para todos os parâmetros
avaliados, independente do tratamento, a partir da semana (Figura 4.3). Nas
primeiras semanas de idade, as reduções nas medidas de crescimento estão
relacionadas ao período que foi realizado o transporte dos animais da fazenda de
origem para a área experimental e período que ocorreram as diarréias. Estes fatores
aumentam o estresse do animal, diminuindo o consumo de alimento e,
consequentemente, levando a perda de peso. O declínio na média do parâmetro altura
na cernelha na sexta semana de idade também pode ser explicado por ocorrência de
diarréia, entretanto, este comportamento foi atípico para animais desta idade (Figura
4.3-A).
No parâmetro perímetro torácico, o crescimento observado ao longo das semanas
(Figura 4.3-B) apresentou comportamento semelhante ao ganho de peso vivo.
Conforme demonstrado por Heinrichs et al. (1992), o perímetro torácico tem alta relação
com o peso vivo dos animais. Esta relação entre os dois parâmetros é importante,
principalmente para que o animal não apresente problemas no futuro com a produção
de leite, uma vez que altas taxas de ganho sem crescimento esquelético dentro dos
padrões podem resultar em desenvolvimento prejudicado da glândula mamária
(HEINRICHS et al., 1992).
A distribuição dos dados de escore fecal está apresentada na Figura 4.4. A
literatura considera o animal com diarréia quando seu escore fecal está acima de 2
(LARSON et al., 1977). Conforme a Figura 4.4, menos de 50% dos dados de escore
fecal observados durante todo período experimental esteve abaixo de 2, indicando que
os animais não apresentaram bom estado de saúde.
76
Figura 4.4- Distribuição dos valores de escore fecal, independente do tratamento, para
bezerros até 8 semanas de idade
Os dados de escore de fezes por tratamento ao longo do tempo estão
apresentados na Figura 4.5. Foi observada diferença significativa (P<0,05) entre os
tratamentos na sexta semana de idade, com maior escore de fezes para o grupo do
tratamento substâncias húmicas, este escore fecal indica diarréia. Embora nenhum
estudo sobre escore fecal de bezerros recebendo substâncias húmicas tenha sido
encontrado na literatura, segundo Islam et al. (2005), as SH formam um filme no muco
epitelial do trato gastrintestinal contra toxinas e agentes infecciosos, melhorando a
saúde do trato intestinal. Foi observado diarréia, independente do tratamento, na
segunda e terceira semanas de vida dos animais. Segundo Lucci (1989), é esperada a
ocorrência de diarréia nas primeiras semanas de vida de bezerros leiteiros. Foi
observado também que neste período os animais do tratamento substâncias húmicas
apresentaram escore fecal numericamente menor comparado ao controle. Entretanto,
após a quarta semana, o escore fecal dos bezerros apresentou-se crescente, sendo
77
observada diarréia para o grupo substâncias húmicas na sexta semana vida. Este
comportamento não era esperado para animais nesta idade.
As médias de escore fecal após a quarta semana são maiores que o encontrado
na literatura em animais com idade semelhante recebendo diferentes aditivos (TERRÉ
et al, 2007; DONOVAN et al., 2003; HEINRICHS et al., 2003). Este comportamento
pode explicar o baixo desempenho dos animais. Segundo Owen et al. (1958), as
diarréias são responsáveis pela diminuição da taxa de crescimento, redução da
eficiência de utilização dos alimentos e, principalmente, por reduzir a resistência do
sistema imune do animal a outras doenças.
Figura 4.5- Escore fecal de bezerros recebendo concentrado inicial com ou sem a
inclusão de substâncias húmicas
As concentrações plasmáticas de glicose, N-uréico (NUP) e β-hidroxibutirato
(BHBA) o mostradas na Tabela 4.4. Não foi observado efeito da inclusão de
substâncias húmicas (P>0,05) ou da interação Tratamento x Idade para os parâmetros
avaliados. No entanto, foi observado efeito de Idade (P<0,0001) para as concentrações
plasmáticas de glicose e N-uréico.
78
Tabela 4.4 - Média dos quadrados mínimos das concentrações plasmáticas de glicose,
N-uréico (NUP) e β-hidroxibutirato (BHBA) em bezerros recebendo
concentrado inicial com ou sem a inclusão de substâncias húmicas
Tratamentos
EPM
(1)
P<
(2)
Controle
Substâncias
húmicas
T I TxI
Glicose, mg/dL 87,97 85,50 3,46 0,619 0,0001 0,718
NUP, mg/dL 17,12 17,68 0,81 0,648 0,0001 0,3015
BHBA, mmol/L 0,169 0,183 0,029 0,751 0,764 0,541
7ª semana 0,183 0,178 0,035 .. .. ..
8ª semana 0,156 0,187 0,035 .. .. ..
(1)
EPM: erro padrão da média
(2)
T: efeito de Tratamento; I: efeito de Idade; TxI: efeito de interação Tratamento x Idade
A concentração média de glicose durante o período experimental foi semelhante
a apresentada no estudo de Quigley e Bernard (1992) com animais desaleitados na
oitava semana. No entanto, a concentração plasmática de glicose observada até a
quarta semana de vida está abaixo do recomendado na literatura para animais nesta
idade (Figura 4.6-A). Segundo Huber (1969), durante a fase de aleitamento os bezerros
apresentam concentrações plasmáticas de glicose entre 90 a 100 mg/dL até a sexta
semana de vida. As concentrações observadas na segunda semana são similares as
concentrações plasmáticas de glicose em bezerros logo após o nascimento, antes da
ingestão do colostro. Esta concentração de glicose inferior pode ser resultado de
fornecimento inadequado de colostro aos animais, prejudicando desta forma todo o
desempenho e aumentado a possibilidade de diarréia nos animais, por estes não
apresentarem boa imunidade.
Os animais que receberam substâncias húmicas apresentaram declínio na
concentração plasmática de glicose após a semana de vida (Figura 4.6-A), este
declínio era esperado, uma vez que neste período a secreção de lactase diminui,
afetando a digestão de produtos derivados de leite. Entretanto, a concentração
plasmática de glicose na oitava semana esteve acima do observado por Quigley e
Bernard (1992) em estudo com bezerros desaleitados com a mesma idade.
79
Figura 4.6- Concentrações plasmáticas de glicose (A) e N-uréico (B) ao longo das
semanas em bezerros recebendo concentrado inicial com ou sem a
inclusão de substâncias húmicas
A média de concentração plasmática de N-uréico também não foi afetada
significativamente pelos tratamentos (P>0,05) ou pela interação Tratamento x Idade
(P>0,05). No entanto houve efeito significativo (P<0,05) para a Idade com aumentos na
concentração de N-uréico ao longo das semanas. Este efeito também foi observado em
outro estudo com diferentes aditivos (QUIGLEY; BERNARD, 1992; QUIGLEY et al.,
1994). No entanto, estes estudos apresentaram valores inferiores de concentração
plasmática de N-uréico comparados aos valores observados no presente trabalho.
A
B
80
Dados sobre concentração plasmática de N-uréico em bezerros recebendo substância
húmicas são inexistentes.
Para as concentrações plasmáticas de BHBA não foram observadas diferenças
significativas entre os tratamentos (P>0,05), assim como para a interação Tratamento x
Idade (P>0,05) ou para o efeito Idade (P>0,05). A análise de BHBA foi realizada apenas
nas duas últimas semanas antes do desaleitamento, período que o consumo de
concentrado inicial é significativo. Os valores observados de concentração plasmática
de BHBA estão abaixo do esperado para animais com esta idade (MAGALHÃES et al.,
2008; COVERDALE et al., 2004; GREENWOOD et al., 1997), indicando que os animais
apesar de apresentarem consumo de concentrado adequado ao desaleitamento na
oitava semana, não apresentavam o rumem com desenvolvimento adequado. Não
foram encontrados dados sobre concentração plasmática de BHBA em bezerros
recebendo substâncias húmicas.
Os dados das medidas morfométricas do trato digestório superior e
desenvolvimento do epitélio ruminal estão apresentados na Tabela 4.5. Não foram
encontradas diferenças entre os tratamentos (P>0,05) para o peso do trato digestório
superior total, assim como para o peso de cada compartimento quando dividido em
retículo-rúmen, abomaso e omaso. No entanto, a proporção dos compartimentos em
relação ao trato total apresentou-se de acordo com a literatura para animais desta
idade. De acordo com Quigley (1996), o retículo-rúmen de um animal de 4 semanas de
vida corresponde a 60% do total dos quatro compartimentos, o abomaso a 27%, e o
omaso somente a 13%. Os valores observados para as medidas morfométricas são
superiores aos valores observados por Ferreira et al. (2009) fornecendo concentrados
com diferentes aditivos para bezerros em fase de aleitamento. Não foram encontrados
dados sobre medidas morfométricas de bezerros recebendo substâncias húmicas.
81
Tabela 4.5- Medidas morfométricas do trato digestório superior e medidas de
desenvolvimento do epitélio do rúmen de bezerros recebendo
concentrado inicial com ou sem a inclusão de substâncias húmicas
Parâmetro
Tratamento
EPM
(1)
P<
(2)
Controle
Substâncias
húmicas
Trato digestório Superior Total, g 1.381 1.402 55,4 0,79
retículo-rúmen, g 891,99 951,37 56,4 0,50
retículo-rúmen, % 63,20 66,29 1,45 0,19
omaso, g 199,18 218,70 44,4 0,77
omaso, % 14,30 14,65 1,95 0,91
abomaso, g 293,02 343,10 41,9 0,19
abomaso, % 22,91 24,59 1,38 0,44
(1)
EPM: erro padrão da média
(2)
P: médias diferem para P<0,05
O desenvolvimento do epitélio ruminal avaliado com medidas de altura, largura e
número de papilas por cm
2
também não foi afetado (P>0,05) pela inclusão de
substâncias húmicas no concentrado inicial (Tabela 4.6). Os valores encontrados para o
tamanho de papilas encontra-se inferior ao tamanho esperado para animais com 8
semanas recebendo dieta sólida. Segundo Huber (1969), animais que recebem
concentrado inicial durante a fase de aleitamento apresentam papilas que atingem entre
5 a 7 mm na oitava semana de vida; entretanto, os valores observados no presente
estudo foram inferiores a esta média. Do mesmo modo, Tamate et al. (1962)
encontraram valores superiores para altura de papilas em bezerros com idade
semelhante, avaliando diferentes dietas. Estes resultados de tamanho de papila inferior
ao observado em outros estudos provavelmente se deve ao baixo consumo de
concentrado inicial em resposta a alta frequência de casos de diarréia.
O desenvolvimento normal das papilas ruminais é resultado da estimulação física
por alimentos sólidos e produtos da fermentação microbiana (HARRISON et al., 1960;
TAMATE et al.,1962; SANDER et al., 1959). Segundo Lesmeister et al. (2004), a altura
de papila pode ser a principal variável de desenvolvimento do epitélio do rúmen, sendo
o fator que melhor representa a influência do tratamento no desenvolvimento ruminal.
82
O número de papilas por cm
2
observado foi inferior a média encontrada por
Tamate et al. (1962) e por Ferreira et al. (2009). No entanto, segundo Lesmeister et al.
(2004) o número de papilas por cm
2
não é um bom indicador de efeito de tratamentos,
pois está sujeito a uma série de erros desde a amostragem até os métodos de
contagem.
Tabela 4.6- Média das medidas morfométricas de altura, largura e número de
papilas/cm
2
de bezerros recebendo concentrado inicial com ou sem a
inclusão de substâncias húmicas
Parâmetro
Tratamento
EPM
(1)
P<
(2)
Controle
Substâncias
húmicas
Altura de papilas, mm
dorsal 2,64 3,05 0,22 0,547
ventral 2,62 2,94 0,13 0,091
Largura de papilas, mm
dorsal 1,07 1,03 0,05 0,608
ventral 1,00 1,16 0,07 0,181
Número de papilas, cm
2
dorsal 52,37 57,85 5,62 0,231
ventral 47,14 58,96 4,22 0,118
(1)
EPM: erro padrão da média
(2)
P: médias diferem para P<0,05
4.4 Conclusões
Não houve efeito benéfico da inclusão de substâncias húmicas no concentrado
inicial de bezerros com o rúmen em desenvolvimento, seja no desempenho ou na
saúde dos animais. A alta incidência de diarréias durante o estudo, provavelmente
devido à inadequada colostragem, pode ter prejudicado o efeito do aditivo alternativo.
Mesmo se utilizando de aditivos para controle de diarréias, a colostragem ainda é o
ponto mais importante para seu controle.
83
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