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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
ODONTOLÓGICAS – NÍVEL MESTRADO
RESISTÊNCIA À FRATURA DE DENTES COM
DIFERENTES GRAUS DE FRAGILIZAÇÃO
RADICULAR RECONSTRUÍDOS COM OU SEM
PINOS ACESSÓRIOS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Santa Maria, RS, Brasil
2010
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RESISTÊNCIA À FRATURA DE DENTES COM
DIFERENTES GRAUS DE FRAGILIZAÇÃO RADICULAR
RECONSTRUÍDOS COM OU SEM PINOS ACESSÓRIOS
por
Ricardo Abreu da Rosa
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Ciências Odontológicas - Nível Mestrado, Área de
Concentração em Odontologia, da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM-RS), como requisito parcial para obtenção
do Título de Mestre em Ciências Odontológicas
Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Bazzan Kaizer
Santa Maria, RS, Brasil
2010
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3
Universidade Federal de Santa Maria
Centro De Ciências Da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas –
Nível Mestrado
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação
de Mestrado:
RESISTÊNCIA À FRATURA DE DENTES COM
DIFERENTES GRAUS DE FRAGILIZAÇÃO RADICULAR
RECONSTRUÍDOS COM OU SEM PINOS ACESSÓRIOS
elaborada por
Ricardo Abreu da Rosa
como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Ciências Odontológicas – Área de Concentração Odontologia
COMISSÃO EXAMINADORA
Dr. Osvaldo Bazzan Kaizer
(Presidente/Orientador)
Dr. Paulo Cesar Armani Maccari (PUC-RS)
Dr. Paulo Afonso Burmann (UFSM)
Santa Maria, 11 de março de 2010
4
Dedico este trabalho
À
minha querida mãe
Eleonora
e ao meu estimado pai
Romar
, que além
de me concederem a maior das dádivas - a própria existência, presenteiam-me
com a benção de seu amor irrestrito e me acompanham tão próximos quanto
possível em todos os instantes além de sempre me direcionarem no caminho
correto.
A
o meu irmão e grande amigo
Tiago
, pelo apoio, companheirismo e auxílio
durante a realização de algumas etapas laboratoriais desta dissertação e de
algumas outras pesquisas.
À
Deus
,
pois a consciência de Sua presença invisível ao meu lado é uma
motivação permanente.
A
o meu orientador,
Prof. Dr. Osvaldo Bazzan Kaizer
, agradeço por
compartilhar comigo sua experiência inestimável e sua inteligência aguda, bem
como por sua paciência inesgotável.
Que fique aqui registrada minha eterna gratidão por sua assistência sempre que
dela necessitei, por suas palavras e atitudes sempre serenas e seguras e,
finalmente, pelas lições de vida que me foram transmitidas juntamente com seu
conhecimento científico.
5
A
gradecimentos
E
speciais
A
o Curso de
Odontologia da Universidade Federal de Santa Maria,
representada por seu Coordenador Prof. Dr. Jorge Abel Flores
,
por sua
dedicação para com a Faculdade e por sua firmeza de propósitos.
A
o Coordenador da Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da
Universidade Federal de Santa Maria Prof. Dr. Paulo Afonso Burmann, por
sua permanente e incansável busca em melhorar a qualidade de nosso curso de
pós-graduação, bem como de nosso aprendizado durante todo o curso de
Mestrado e por ser um exemplo de Mestre.
A
o Prof. Dr. Luiz Felipe Valandro, pela sua incessante preocupação com
nosso bem-estar, pelo oferecimento de auxílio antes mesmo que fosse necessário
solicitá-lo e pela humanidade que sempre demonstrou para comigo algo raro
em nossos dias.
À
todos os professores do Curso de Odontologia da Universidade Federal de
Santa Maria, especialmente ao Prof. Carlos Alexandre Bier, Prof. Dr.
Cláudio Figueiró, Prof. José Carlos de Abreu Pithan, Prof. Raquel Rocha,
Prof. Roselaine Pozzobom, Prof. Thiago Ardenghi, por sua amizade e pelo
voto de confiança em mim depositado.
A
os Prof. Carlos Frederico Brilhante Wolle, Prof. Charles Cunha Pereira
Prof. Clacir Zenker, Prof. Claudia Pagliarin, Prof. Janice Marin Coletto, pela
minha formação durante o Curso de Especialização e por despertar em mim o
gosto pela pesquisa.
6
A
os meus colegas César Dalmolin Bérgoli e Jovito Adiel Skupien,, pela
amizade com que me brindaram desde o início do curso, por partilharem suas
preciosas experiências comigo e por todas as conversas que tivemos tanto nos
momentos alegres como naqueles mais penosos.
A
os meu colegas Aline Batista, Chaiana Piovesan, Charles Cavalheiro,
Fabiana Vargas, Isabele Mutti, Leandro Harb, Luiz Wentz, Marciano
Borges, Mauro Cordeiro, Raquel Pachaly, Rodrigo Farcilli, Sara Oliveira,
Tathiane Lenzi, Wlater Blaya por compartilharem seus conhecimentos comigo
quando aqui cheguei, por sua consciência de coleguismo e por seu espírito de
união que só merecem elogios, sem exceção.
À
secretária da s-Graduaçào, Sra. Jéssica Dalcin da Silva, pela atenção
dispensada, disponibilidade e boa vontade no auxílio das atividades do Curso
de Mestrado, sempre buscando o melhor para o programa de pós-graduação e
para os alunos.
7
A
gradecimentos
À
Universidade Federal de Santa Maria por me proporcionar todas as condições através de
sua estrutura e seu corpo docente de poder concluir o Curso de Graduação e por poder
ingressar em um Curso de Pós-Graduação em uma instituição conceituada.
A
o
Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas da Universidade de Santa
Maria, pela oportunidade da realização de meu curso de Mestrado nesta conceituada escola.
A
o Coordenador da Pós-Graduação, Prof. Paulo Afonso Burmann, pelo seu constante
empenho e interesse em buscar a melhoria das condições da Pós-Graduação.
A
os meus pacientes, a maioria dos quais, além de permitir a aplicação prática dos
conhecimentos científicos, tornaram-se também meus amigos.
A
os meus amigos Felipe Escobar, Felipe Ribeiro, Guilherme Skinowsky, Heitor Pansard,
Julio Batista, Marcos Gazzoni, Rafael Pansard, Roberta Silveira.
À
companheira e amiga Mirélle Bernardini pela força, apoio irrestrito, companherismo e
cumplicidade durante grande parte do Curso.
À
todas as pessoas que de alguma forma contribuíram, direta ou indiretamente, para a
conclusão deste trabalho.
8
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas – Nível
Mestrado
Universidade Federal de Santa Maria
RESISTÊNCIA À FRATURA DE DENTES COM DIFERENTES
GRAUS DE FRAGILIZAÇÃO RADICULAR RECONSTRUÍDOS
COM OU SEM PINOS ACESSÓRIOS
AUTOR: RICARDO ABREU DA ROSA
ORIENTADOR: PROF. DR. OSVALDO BAZZAN KAIZER
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 11 de Março de 2010.
No presente trabalho foi avaliada a resistência à fratura de dentes bovinos com
diferentes graus de alargamento do conduto radicular e reconstruídos com pinos de
fibra de vidro utilizados isoladamente ou associados a pinos acessórios de fibra de
vidro. Foram selecionados 50 incisivos inferiores bovinos, de dimensões mésio-distal e
vestíbulo-lingual similares, seccionados transversalmente a 14 mm do ápice radicular.
O tecido pulpar foi removido e os dentes foram fixados em blocos de resina acrílica,
sendo a seguir distribuídos aleatoriamente em 5 grupos: G1) conduto com alargamento
normal e cimentação de pino de fibra de vidro Exacto n
0
3, que possui 2 mm diâmetro
na porção cervical e 1,1 mm de diâmetro apical (grupo controle); G2) conduto
medianamente alargado e cimentação do mesmo pino de fibra de vidro usado no grupo
1 (alargamento médio); G3) conduto medianamente alargado e cimentação de pino de
fibra de vidro Exacto n
0
3 associado a dois pinos de fibras de vidro acessórios Reforpin
; G4) conduto amplamente alargado e cimentação de pino de fibra de vidro Exacto n
0
3
(alargamento amplo); G5) conduto amplamente alargado e cimentação de pino de fibra
de vidro principal Exacto n
0
3 associado a 5 pinos acessórios Reforpin (alargamento
amplo). Os espécimes do grupo 1 tiveram seus condutos preparados em 10 mm de
profundidade utilizando broca n
0
3 do sistema Exacto (diâmetro extremidade apical: 1,1
mm; diâmetro em 10 mm: 2 mm). Os espécimes do grupo 2 e 3 foram preparados com
a mesma broca do sistema de pinos em profundidade de preparo idêntica ao grupo 1,
associado ao preparo dos 5 mm cervicais com pontas diamantadas 3018 HL (no
diâmetro da broca 2,9 mm). Nos espécimes dos grupos 4 e 5 foram utilizadas as
mesmas pontas diamantadas dos grupos 2 e 3, entretanto o desgaste dos 5 mm
cervicais foi realizado de modo que permanecesse espessura dentinária radicular de
apenas 1 mm, verificada através de paquímetro digital. A cimentação dos pinos foi
realizada com o sistema adesivo Scotch Bond Multiuso Plus e cimento resinoso RelyX
ARC. As porções coronárias dos núcleos foram reconstruídas com resina composta
Filtek Z-350 e coroas totais metálicas foram cimentadas com cimento de ionômero de
vidro modificado por resina RelyX Luting sobre os núcleos de preenchimento. Os
espécimes foram armazenados em água destilada durante 72 horas a 37
0
C até serem
submetidos ao teste de compressão mecânica. Para tal, foi utilizada máquina de
ensaios universal Emic e aplicação da carga em angulação de 135
0
em relação ao
longo eixo do dente, à velocidade de 0,5 mm/min. Os resultados não indicaram
diferença estatística significativa entre os grupos testados (ANOVA 1-fator, α = 0,05).
Todos os grupos apresentaram predomínio de falhas favoráveis para o remanescente
dentário.
Palavras-chave: Pino de fibra; Pinos intra-radiculares; Resistência à fratura.
9
ABSTRACT
FRACTURE STRENGTH OF WEAKENED TEETH RESTORED
WITH OR WITHOUT ACCESSORY POSTS.
At this work, fracture strength of bovine teeth with different weakened root
levels and rebuilded with glass fiber posts used in a unique way or associated
with accessory glass fiber posts was evaluated. Fifty bovine mandibular incisors
with similar mesio-distal and bucco-lingual dimensions were used at the study.
They were sectioned at 14 mm from the apex and the pulp was removed. Teeth
were fixed in acrylic resin blocks, then they were allocated into 5 groups: G1)
teeth with normal root canal enlargement and glass fiber post Exacto # 3 (2 mm
cervical diameter and 1.1 mm apical diameter (control group); G2) medium root
canal enlargement and glass fiber post Exacto # 3; G3) medium root canal
enlargement and glass fiber post Exacto # 3 associated with two accessory
glass fiber post; G4) wide root canal enlargement and glass fiber post Exacto #
3; G5) wide root canal enlargement and glass fiber post Exacto # 3 associated
with five accessory glass fiber posts. Specimens from group 1 were prepared
with burns # 3 from Exacto Kit (apical diameter: 1.1 mm and 10 mm diameter: 2
mm) at 10 mm of depth. Specimens from group 2 and 3 were prepared with the
same bur and depth than group 1, however the cervical 5 mm were prepared
with diamonds burs 3018 HL (diameter 2.9 mm). Specimens from group 4 and 5
were prepared with the same burs of groups 3 and 4, nevertheless remained
just 1 mm of dentinal thickness at cervical 5 mm and measured with digital
caliper. The post luting process was made with Scotch Bond Multipurpose and
RelyX ARC. Resin composite cores with Filtek Z-350 and metallic crowns were
made. The specimens were stored at distillated water during 72 hours at 37
0
C
until use at fracture strength test. A universal testing machine (Emic) was used
and the specimens were loaded at 135
0
with the teeth long axis at crosshead
speed 0.5 mm/min. The results did not indicated difference statistically
significant among the groups (ANOVA 1-factor, α = 0.05). All the groups
showed predominant failure patterns favorable to remaining teeth.
Key-words: Fiber post; Intra-radicular posts; Fracture strength.
10
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – Listagem dos materiais utilizados durante a pesquisa.......................75
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 -
Valores individuais de resistência à fratura (N) para cada corpo de
prova, médias e respectivos desvios padrão para cada grupo.................................91
TABELA 2 - Médias de resistência à fratura (N) e respectivos desvios-padrão para
cada grupo experimental...........................................................................................92
TABELA 3 - Resultados da Análise de Variância a um critério (ANOVA) para o
ensaio de resistência à fratura das raízes.................................................................92
TABELA 4 - Padrão de falha observado para os grupos experimentais...................93
TABELA 5 - Classificação do padrão de falha observado para os grupos
experimentais............................................................................................................94
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Gráfico representativo das médias de resistência à fratura dos grupos
experimentais............................................................................................................92
GRÁFICO 2 - Representação gráfica do padrão de falha observado nos cinco
grupos experimentais................................................................................................93
GRÁFICO 3 - Representação gráfica da relação entre falhas favoráveis e
desfavoráveis............................................................................................................94
11
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Representação esquemática dos cinco grupos experimentais..........................77
FIGURA 2 - Fixação das raízes no delineador e em cilindros plásticos................................79
Figura 2A - Fixação da raiz no delineador.................................................................79
Figura 2B – Imagem da raiz sendo fixada no cilindro de PVC perpendicular à
base.......................................................................................................................................79
FIGURA 3 - Broca do sistema de pinos de fibra de vidro Exacto, ponta diamantada 3018HL,
pino de fibra de vidro Exacto principal, pino acessório de fibra de vidro
Reforpin.................................................................................................................................80
FIGURA 4 - Representação esquemática da seqüência de preparo do conduto.................80
FIGURA 5 - Grau de alargamento dos condutos (vista incisal).............................................80
Figura 5A – Alargamento normal...............................................................................80
Figura 5B – Alargamento médio................................................................................80
Figura 5C – Alargamento amplo................................................................................80
FIGURA 6 - Cimentação do pino de fibra no conduto (grupo 1)............................................82
FIGURA 7 – Cimentação do pino de fibra no conduto (grupo 2)...........................................83
FIGURA 8 – Cimentação do pino de fibra de vidro e de dois pinos acessórios no conduto
(grupo 3)................................................................................................................................84
FIGURA 9 – Cimentação do pino de fibra no conduto (grupo 4)..........................................85
FIGURA 10 – Cimentação do pino de fibra e de 5 pinos acessórios no conduto.................85
FIGURA 11 – Porção coronária do núcleo de preenchimento reconstruída em resina
composta...............................................................................................................................86
FIGURA 12 – Coroa metálica cimentada..............................................................................88
FIGURA 13 – Aplicação da carga compressiva....................................................................89
Figura 13A – Carregamento de compressão, formando um ângulo de 45
0
em relação
ao plano horizontal (135
0
em relação ao longo eixo do dente)..................................89
Figura 13B - Carregamento de compressão (detalhe)...............................................89
FIGURA 14 - Desenho esquemático representando os padrões de falha
ocorridos..............................................................................................................................107
FIGURA 15 - Fratura do terço cervical radicular (falha favorável).......................................107
FIGURA 16 - Fratura da porção coronária (falha favorável)................................................108
FIGURA 17 - Deslocamento porção coronária/pino (falha favorável).................................108
FIGURA 18 - Fratura do terço médio radicular (falha desfavorável)...................................109
FIGURA 19 - Fratura longitudinal da raiz (falha desfavorável)............................................110
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................13
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................17
3. PROPOSIÇÃO......................................................................................................74
4. MATERIAIS E MÉTODO......................................................................................75
4.1 Materiais.............................................................................................................75
4.2 Método................................................................................................................72
4.2.1 Seleção dos dentes..........................................................................................76
4.2.2 Secção da porção coronária…….....................................................................77
4.2.3 Remoção do tecido pulpar………………………………………………………....78
4.2.4 Fixação das raízes em cilindro de PVC……………………………………….....78
4.2.5 Divisão dos grupos experimentais e preparo dos condutos…………………...79
4.2.6 Preparo dos corpos de prova...........................................................................81
a. Preparo dos corpos de prova do grupo 1 (controle)...................................81
b. Preparo dos corpos de prova do grupo 2...................................................82
c. Preparo dos corpos de prova do grupo 3...................................................83
d. Preparo dos corpos de prova do grupo 4...................................................84
e. Preparo dos corpos de prova do grupo 5...................................................85
f. Confecção das poões coronárias dos núcleos de preenchimento...........86
g. Confecção e cimentação das coroas totais metálicas ...............................87
4.2.7 Teste de resistência à fratura sob compressão...............................................88
4.2.8 Análise do padrão de falha...............................................................................89
4.2.9 Análise dos resultados.....................................................................................90
5. RESULTADOS..……………………………………………………………………......91
6. DISCUSSÃO…..………………………………………………………………….........95
7. CONCLUSÕES…..…………………………………………………………………...116
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................117
13
1. INTRODUÇÃO
A restauração de dentes tratados endodonticamente vem sendo
discutida na literatura odontológica muitas décadas (KING e SETCHELL,
1990; TROPE e RAY, 1992; HORNBROOK e HASTINGS, 1995; DURET,
DURET, REYNAUD, 1996; FREDRIKSSON et al., 1998; SIRIMAI, RIIS,
MORGANO, 1999; RAYGOT, CHAI, JAMESON, 2001). Este procedimento é
mais complexo quando toda ou extensa porção da estrutura coronária é
perdida por cárie, erosão, abrasão, restaurações anteriores, traumas e pelo
próprio acesso endodôntico, reduzindo a resistência do dente despolpado às
forças intra-orais. (SHILLINGBURG e KESSLER, 1991; SOARES, 1999;
BONILLA, 2001; KAIZER, 2003; MARCHI et al., 2003; MITSUI et al., 2004;
BRAZ et al., 2005; GONÇALVES et al., 2006; NAUMANN, PREUSS,
ROSENTRITT, 2006; MARCHI, MITSUI, CAVALCANTI, 2008; MOOSAVI,
MALEKNEJAD, KIMYAI, 2008; ZOGHREIB et al., 2008).
Estudos recentes demonstraram que núcleos metálicos fundidos e pinos
pré-fabricados de materiais rígidos (metálicos e cerâmicos) não protegem o
remanescente dentário e podem torná-lo mais susceptível à fratura
(SORENSEN e ENGELMAN, 1990; SIDOLI, KING, SETCHEL, 1997; DEAN,
JEANSONE, SARKAR, 1998; CORMIER, BURNS, MOON, 2001; FOKKINGA
et al., 2004; NAUMANN, BLANKENSTEIN, DIETRICH, 2005; GONÇALVES et
al., 2006; MACCARI et al., 2007; MARCHI, MITSUI, CAVALCANTI, 2008).
Além disso, alguns estudos demonstraram a relação entre resistência à fratura
e quantidade de estrutura dental remanescente (TJAN e WHANG, 1985;
MARCHI, 1997; CARLINI Jr., 1998; DEAN, JEANSONE, SARKAR, 1998;
MARTINEZ-INSUA et al., 1998; SOARES 1999; MARCHI et al., 2003;
GONÇALVES et al, 2006; NAUMANN, PREUSS, ROSENTRIT, 2006; MARCHI,
MITSUI, CAVALCANTI, 2008; MOOSAVI, MALEKNEJAD, KIMYAI, 2008),
segundo estes autores, quanto maior a quantidade dentinária preservada,
maior a resistência à fratura do dente. Por outro lado, alguns trabalhos não têm
demonstrado diferenças significativas entre a resistência à fratura e a
quantidade de remanescente dentário, dependendo do material utilizado para
reconstrução (BONILLA 2001; KAIZER 2003, NEWMANN et al., 2003;
ZOGHREIB et al., 2008; BUTTEL et al., 2009). A tendência atual é usar
14
núcleos apenas quando realmente necessários. Ou seja, quando a retenção da
porção coronária estiver prejudicada (SORENSEN e ENGELMAN, 1990b;
MITSUI et al., 2004), do contrário, o preparo do conduto para receber o retentor
intra-radicular pode fragilizar ainda mais o dente envolvido. De acordo com
Schillinburg e Kessler (1991) retentores intra-radiculares devem ser utilizados
apenas quando metade ou mais do volume coronário é destruído.
Pinos mais estéticos e com capacidade real de proteger a estrutura
dentária, têm sido extensivamente pesquisados (DEAN, JEANSONNE,
SARKAR, 1998; MANOCCI, FERRARI, WATSON, 1999; KIMMEL, 2000a;
AKKAYAN e GULMEZ, 2002; KAIZER 2003; MITSUI et al., 2004; GALHANO et
al., 2005; BOTTINO et al., 2007; MACCARI et al., 2007; AL WAHADNI et al.,
2008; MARTELLI Jr. et al., 2008). Dentre eles, estão os pinos à base de
compósitos reforçados por fibras que associam um elemento de alta resistência
(fibras de carbono, vidro ou quartzo) com matrizes resinosas. Têm-se buscado
a formação de uma restauração em monobloco, através da união em um único
complexo biomecânico entre estrutura dentária e materiais de reconstrução
(pino intra-radicular, agente cimentante e material de preenchimento coronário).
Além disso, busca-se um material com propriedades mecânicas similares às da
estrutura dentária, especialmente um módulo de elasticidade semelhante ao da
dentina (18 GPa) (DURET, DURET, REYNAUD, 1996).
Técnicas restauradoras com núcleos podem tornar-se dificultadas ou até
mesmo inviáveis quando o conduto possui amplo alargamento. Isto pode
ocorrer devido a alguns fatores, como presença de cáries extensas,
restauração prévia com núcleo de grande diâmetro, super-instrumentação
endodôntica, desenvolvimento radicular incompleto, reabsorção interna ou
anomalias de desenvolvimento (KIMMEL, 2000b; NEWMAN et al., 2003).
Raízes com paredes finas são mais sujeitas à fratura durante cimentação dos
pinos ou durante função subseqüente (MOOSAVI, MALEKNEJAD, KIMYAI,
2008). Em canais alargados, núcleos metálicos fundidos produzem efeito de
cunha e pinos pré-fabricados, muitas vezes, adaptam-se imprecisamente,
exigindo quantidades excessivas de cimento para substituir a estrutura perdida
(BONFANTE et al., 2007; HORNBROOK e HASTINGS, 1995; MOOSAVI,
MALEKNEJAD, KIMYAI, 2008).
15
Assim, diversas técnicas vêm sendo empregadas para a restauração de
dentes com canais amplamente alargados de maneira a proteger o
remanescente dentário. Dentre os primeiros materiais pesquisados com esta
finalidade encontram-se o cimento de ionômero de vidro (TROPE e RAY, 1992;
SOARES, 1999) e a resina composta (LUI, 1987; LUI 1994; MARCHI, 1997;
SOARES, 1999; TROPE e RAY, 1992).
Pesquisas posteriores também
demonstraram a possibilidade da utilização de pinos biológicos ou dentários,
que o obtidos pela preparação de dentes extraídos, provenientes de um
banco de dentes, e então cimentados como retentores intra-radiculares
(BONILLA, 2001; KAIZER
2003). Entretanto, devido à relativa dificuldade para
sua confecção, além da necessidade de um banco de dentes para realização
do procedimento, o uso destes pinos não foi amplamente difundido.
Outra forma de restauração de dentes com raízes fragilizadas que
também foi pesquisada consistia na utilização de fitas de fibra de vidro, usadas
para preencher espaços vazios, diminuindo a espessura da camada de cimento
circundante. Porém, sua técnica sensível de manipulação limitou seu uso
(KIMMEL, 2000a; KIMMEL, 2000b; BONFANTE et al., 2007).
Mais uma alternativa foi o reembasamento de um pino de fibra de vidro
no interior do canal radicular através do uso de resina composta. Esta técnica
era denominada como pino anatômico (GRANDINI, 2003; KAIZER, 2003).
Desta forma, conseguia-se uma adaptação adequada do pino à anatomia do
canal radicular, proporcionando uma delgada camada de cimento entre o pino
e as paredes do conduto, prevenindo falhas adesivas (GRANDINI, 2003). Por
meio de microscopia eletrônica de varredura, pôde-se observar que o número e
a dimensão de bolhas na camada de cimento diminuíram significativamente
quando se utilizou o pino anatômico. Além disso, o reembasamento do pino
pré-fabricado diminuiu em 6 vezes a espessura da camada de cimento
(GRANDINI, 2003).
Uma proposta mais recente visando também a diminuição da película de
cimento é a inserção de pinos de fibra de vidro acessórios em torno do pino
principal. Algumas pesquisas recentes, in vitro, têm demonstrado bom
desempenho de dentes restaurados com a utilização desta técnica (BRAZ et
al., 2005; FERRARI, 2005; BONFANTE et al., 2007; MARTELLI Jr. et al., 2008,
KIMMEL, 2000a; KIMMEL, 2000b; BONFANTE et al., 2007)).
16
Braz et al. (2005) compararam a resistência à fratura de dentes com
condutos alargados em que foram cimentados pinos de fibra de vidro
associados a diferentes materiais, como a resina composta, o cimento resinoso
e os pinos acessórios, sendo este último o procedimento que obteve os
melhores resultados.
A realização de estudos laboratoriais relacionados a procedimentos
restauradores propostos com pinos de fibras de vidro em canais com diferentes
graus de alargamento possibilita o uso clínico destas opções de forma menos
empírica e mais segura. Assim, esta pesquisa justifica-se pela necessidade de
se observar a influência da utilização de pinos acessórios na resistência à
fratura e no padrão de falhas de dentes com condutos radiculares
apresentando diferentes graus de alargamento.
17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os primeiros registros oficiais da utilização de retentores intra-
radiculares foram publicados no ano de 1728 por Fauchard
(1728 apud RING,
1989, p. 320), que descreveu uma técnica de confecção de coroas retidas por
um pino de madeira inserido no conduto radicular. Através da umidade, ocorria
a expansão do pino e, por conseqüência, a retenção das coroas.
Em meados de 1880, teve início a utilização das coroas de Richmond,
também conhecidas como “pivots”, nas quais um pino metálico intra-radicular
formava uma peça única com a coroa. A partir da década de 1960, as coroas
“pivots” foram gradualmente abandonadas, devido à dificuldade para obtenção
de paralelismo entre os pilares de próteses parciais fixas, que tinha de ser
obtido à custa das paredes dos condutos e também devido ao alto risco de
fratura na remoção dos pinos.
Dessa maneira, a utilização de núcleos metálicos fundidos
separadamente da coroa, passou a se tornar mais freqüente. O núcleo metálico
fundido é constituído de um pino intra-radicular, fixado no conduto previamente
preparado, e de uma porção que reconstitui a porção coronária, como se o
dente estivesse preparado para receber uma coroa total. A coroa é cimentada
sobre a porção coronária do cleo. Os núcleos metálicos fundidos podem ser
obtidos em metais nobres, não-nobres ou semi-nobres, a partir de padrões de
resina acrílica ou de cera confeccionados diretamente na boca do paciente ou
indiretamente, em modelos de gesso dos preparos dentários (Shillingurg e
Kessler, 1991).
Mais recentemente, tem-se procurado desenvolver sistemas de pinos
intra-radiculares que visam evitar um aumento do risco de fratura do
remanescente dentário debilitado e que não interfiram negativamente na
estética. Desta forma, houve um enorme impulso na pesquisa de núcleos não-
metálicos, especialmente dos pinos de resina reforçados por fibras.
Atualmente, busca-se a obtenção de um único complexo biomecânico
(restauração em monobloco) pela adesão entre os materiais utilizados para
reconstrução dentária (pino, agente cimentante e material de preenchimento
coronário) e a estrutura dentária, sendo que estes mesmos materiais,
18
idealmente, devem apresentar propriedades mecânicas semelhantes às da
estrutura dentária remanescente (FREEDMAN, 1996; FREILICH et al., 2000).
Silverstein (1964) recomendou a utilização de núcleos metálicos
fundidos para reforço de dentes despolpados com perdas importantes de
estrutura, que seriam frágeis e mais predispostos à fratura. Apresentou
diversas técnicas para obtenção de núcleos em dentes anteriores e posteriores
e afirmou que o núcleo metálico fundido é mais vantajoso que a coroa “pivot”,
porquê: (1) coroa e pino são independentes, facilitando reparos e trocas da
coroa; e (2) é mais fácil a obtenção de paralelismo entre os dentes pilares de
uma prótese fixa, sem desgastes excessivos das raízes.
Baraban (1967) afirmou que dentes despolpados são mais frágeis
devido à desidratação dentinária, devendo ser protegidos contra fraturas.
Descreveu vários métodos para obtenção desta proteção, como: núcleos
metálicos fundidos, associados ou não a pinos dentinários auxiliares; núcleos
divididos; pinos metálicos pré-fabricados, entre outros. Afirmou que três fatores
influenciam na seleção do método: 1) quantidade de coroa clínica
remanescente; 2) finalidade para a qual o dente será utilizado; e 3) oclusão e
hábitos oclusais do indivíduo.
Shillinburg, Fisher e Dewhirst (1970) indicaram a confecção de núcleos
metálicos fundidos para dentes sem remanescente coronário, tanto em dentes
unirradiculares quanto em dentes multiradiculares, aproveitando a raiz mais
volumosa. O pino intra-radicular deveria possuir, pelo menos, o mesmo
comprimento da coroa clínica do dente em questão. Sendo considerado
comprimento ideal quando o pino apresentasse de 2/3 a 3/4 do comprimento
da raiz. O material obturador também deve ser considerado, não devendo
permanecer em comprimento inferior à 3 mm na região apical, sob pena de
possibilitar deslocamento da massa obturadora e subseqüente infiltração.
Standlee et al. (1972), através de análise fotoelástica, investigaram a
distribuição do estresse nas estruturas de suporte por pinos metálicos pré-
fabricados com diferentes desenhos, durante a cimentação e sob cargas de
cisalhamento e compressão. Foram utilizados três tipos de pinos: 1) pinos
cônicos lisos (1,4 mm de diâmetro); 2) pinos paralelos lisos (1,4 mm de
diâmetro); 3) pinos rosqueáveis (1,5 mm de diâmetro). Cada pino foi cimentado
19
em três comprimentos: 4 mm, 7 mm e 10 mm. Simularam-se raízes de incisivos
centrais superiores em modelos fotoelásticos e cimentaram-se os pinos nos
condutos artificiais com fosfato de zinco. Sobre os pinos cimentaram-se coroas
metálicas fundidas. Com a aplicação da carga, a concentração de estresse foi
maior com pinos de menor comprimento. Concluiu-se que o comprimento do
pino deve ser igual ou maior do que o comprimento da coroa anatômica.
Recomendaram confecção de sulcos em pinos paralelos longos para reduzir a
pressão durante a cimentação. Pinos rosqueáveis devem ser utilizados com
precaução para evitar fraturas radiculares, devido ao alto estresse quando não
adaptados adequadamente.
Quatro anos mais tarde, Caputo e Standlee (1976) observaram, através
de uma revisão sobre o emprego de pinos intra-radiculares em reconstruções
dentárias, que estes possibilitam adequada reconstrução da estrutura perdida.
Além disso, núcleos e/ou pinos devem ser utilizados quando o remanescente
coronário é insuficiente para retenção da restauração, pois auxiliam na
resistência ao deslocamento por forças mastigatórias. Pinos rosqueados ou
retidos por fricção não dever ser utilizados em função de aumentar o risco de
trincas dentinárias. Pinos paralelos são mais retentivos e distribuem melhor o
estresse que os cônicos (que causam efeito de cunha).
Trabert, Caputo e Abou-Rass (1978) investigaram a resistência à fratura
de incisivos centrais superiores, distribuídos em três grupos: 1) sem
tratamento; 2) com tratamento endodôntico somente; 3) com tratamento
endodôntico e pino de aço inoxidável paralelo e serrilhado (Para-Post). Em
cada grupo, testaram-se dentes com três comprimentos de raízes: 11 mm, 13
mm e 15 mm. Nos grupos 2 e 3, prepararam-se os condutos com dois
diâmetros diferentes: 1,4 mm e 1,8 mm. No grupo 3, utilizaram-se pinos de 1,2
mm e de 1,7 mm. A abertura da câmara coronária foi selada com resina
composta. Não houve diferença estatística significativa entre dentes não
tratados ou tratados endodonticamente, e nem entre os preparos com
diferentes diâmetros. A resistência à fratura aumentou com pinos de menor
diâmetro e raízes de maior comprimento.
Guzy e Nicholls (1979) observaram que dentes despolpados pareciam
mais friáveis que dentes vitais, pois fraturam com freqüência durante a função.
20
Embora a literatura recomendasse reforçar estes dentes com núcleos intra-
radiculares, até aquele momento a afirmação não possuía suporte científico.
Assim, compararam a resistência à fratura de dentes tratados
endodonticamente com e sem pinos para determinar se estes reforçam as
raízes. Utilizaram 59 incisivos centrais superiores e caninos inferiores divididos
em quatro grupos: caninos com e sem pinos, e incisivos centrais com e sem
pinos. Nos grupos com pinos, removeu-se a obturação até 5 mm do ápice e
cimentaram-se pinos pré-fabricados Endo-Post com fosfato de zinco. Cortaram-
se os pinos 1 mm abaixo do acesso endodôntico, que foi restaurado com
silicato. Os dentes foram fixados em blocos de resina acrílica e cargas
compressivas foram aplicadas sobre os dentes na máquina de ensaios, a um
ângulo de 130
0
com seu longo eixo. Não houve diferença estatística
significativa na resistência à fratura entre dentes com e sem pinos nem no
padrão de fratura, sendo que 58 dentes fraturaram no terço médio ou cervical
da raiz. Como as falhas se iniciaram na face vestibular ou lingual das raízes,
concluiu-se que o pino, por sua posição, recebe estresse mínimo, reforçando
muito pouco a raiz sob cargas externas; e que quanto mais larga a dimensão
vestíbulo-lingual da raiz, maior sua resistência à fratura.
Sorensen e Martinoff (1984a) pesquisaram a relação entre desenho,
configuração de superfície e comprimento dos núcleos com a taxa de sucesso
clínico. Os sistemas que mostraram as maiores taxas de sucesso foram pinos
paralelos e serrilhados (Para-Post) com porção coronária fundida (100%) e
pinos Para-Post com porção coronária em amálgama ou resina composta
(97,7%). Dentes com núcleos metálicos fundidos cônicos exibiram menor taxa
de sucesso (87,3%) que dentes sem reforço intra-radicular (89,9%). Além
disso, os dentes com pinos Para-Post não falharam por fratura radicular,
enquanto cerca de um terço dos dentes com cleos metálicos fundidos foram
extraídos devido a fraturas radiculares não-restauráveis. Com pinos de
comprimento igual ou maior que o da coroa, o sucesso foi de mais de 97%.
No mesmo ano, utilizando a mesma amostra acima, Sorensen e
Martinoff (1984b) avaliaram 1273 dentes tratados endodonticamente com ou
sem pinos metálicos intra-radiculares (um a 25 anos de tratamento) para
estabelecer correlação com as taxas de sucesso clínico. Dividiram os dentes
21
em seis grupos: anteriores superiores, pré-molares superiores, molares
superiores, anteriores inferiores, pré-molares inferiores e molares inferiores. A
utilização de núcleos intra-radiculares não aumentou significativamente a
resistência à fratura em nenhum grupo em relação aos dentes sem pinos. Os
autores sugeriram que pinos metálicos não devem ser usados rotineiramente,
pois não parecem capazes de reforçar o remanescente dentário ou substituir a
estrutura perdida.
Tjan e Whang (1985) avaliaram a influência da espessura da parede
vestibular da raiz sobre a resistência à fratura dentária. Cimentaram-se núcleos
metálicos fundidos em 40 incisivos centrais superiores preparados de forma
que a espessura de dentina vestibular da raiz fosse de 1 mm (grupo 1), 2 mm
(grupo 2), 3 mm (grupo 3) ou 1 mm com bisel de 60° para formação de colar
metálico (grupo 4). Submeteram-se as raízes à carga de compressão horizontal
na máquina de ensaios. Não se registraram diferenças significativas na
resistência à fratura entre os quatro grupos, mas houve diferenças no padrão
de falhas de acordo com a espessura da parede da raiz: no grupo 1 todas as
raízes fraturaram; no grupo 2 fraturaram oito raízes; no grupo 3 apenas duas
raízes fraturaram; no grupo 4 fraturaram sete raízes. O colar metálico no grupo
4 não aumentou a resistência à fratura.
Lui (1987) sugeriu uma técnica para reforço de raízes debilitadas,
preenchendo-as internamente com resina composta. Após tratamento
endodôntico e eliminação da porção coronária sem suporte, preparava-se o
conduto com uma broca de tamanho compatível. Verificava-se no conduto a
adaptação de um pino de tamanho similar ao da broca. Sulcos eram feitos com
brocas tipo cone invertido nas paredes mais espessas. Seguia-se
condicionamento com ácido fosfórico e aplicação do sistema adesivo. Inseria-
se o pino lubrificado com vaselina no conduto e em torno dele era injetada e
condensada resina composta. Após a polimerização o pino era removido,
formando o espaço para o núcleo. Terminava-se o preparo com brocas
diamantadas e, para evitar rotação do núcleo, executava-se uma cavidade
elíptica de 2 a 3 mm de profundidade na porção cervical do conduto. A cnica
permitiria a formação de um conduto retentivo e capaz de suportar um núcleo
22
metálico fundido, evitando fratura de raízes enfraquecidas durante cimentação
ou função mastigatória.
Assif et al. (1989) analisaram através de um modelo fotoelástico
dispersão de forças para as estruturas de suporte quando aplicadas na
superfície oclusal de dentes tratados endodonticamente. Para tal, utilizaram
diferentes formas de restaurações: grupo 1 - dente com obturação do canal;
grupo 2 - dente com obturação do canal e coberto com coroa total; grupo 3 -
dente com pino metálico e núcleo em resina composta; grupo 4 - dente com
pino metálico fundido e coroa total. Os dentes foram montados em um material
fotoelástico e fotografados em campo de luz polarizada. Foi observado que
pinos metálicos possuem módulo de elasticidade maior que a estrutura dental,
com potencial de fraturar a raiz. Dessa maneira, o dente deve ser restaurado
com material que possua módulo de elasticidade semelhante ao da dentina,
como as resinas compostas, que também possuem alta resistência ao
cisalhamento.
Sorensen e Engelman (1990a) buscaram determinar o efeito de
diferentes desenhos de pinos e do grau de adaptação do pino ao conduto na
resistência à fratura dentária. Utilizaram 40 incisivos centrais superiores. Após
tratamento endodôntico, prepararam-se os condutos com brocas Peeso n
0
3 e
removeram-se as coroas. Nos grupos 1 a 3, os condutos foram preparados de
forma cônica, mantendo-se 1mm de espessura da parede axial dos condutos
na porção cervical da raiz. No grupo 4, o conduto não foi tornado cônico e sua
parede axial permaneceu com 2,5 mm na porção cervical da raiz. A partir de
pinos Para-Post paralelos e calcináveis, fundiram-se cleos de prata-paládio.
No grupo 1, utilizou-se apenas pino Para-Post sem reembasamento, de modo
que após cimentação este ficou envolvido por grande volume de cimento e
adaptado somente no terço apical. No grupo 2, o pino foi reembasado para
obtenção de núcleo cônico totalmente adaptado ao conduto. No grupo 3,
reembasaram-se apenas os 2 mm mais cervicais do pino (adaptação parcial).
No grupo 4, utilizou-se apenas o pino Para-Post (máxima adaptação).
Cimentaram-se coroas metálicas sobre os núcleos e fixaram-se os dentes em
blocos de resina acrílica com 2 mm da estrutura dentária acima da resina.
Aplicaram-se cargas de compressão em ângulo de 135
0
com o longo eixo da
23
raiz, à velocidade de 2,5 mm/min. A força necessária para falha foi (ordem
decrescente): grupo 2 49,58 kgf; grupo 3 - 29,47 kgf; grupo 4 - 28,89 kgf; e
grupo 1 - 22,48 kgf. O grupo 2 (pinos cônicos totalmente adaptados) foi
significativamente mais resistente que os demais, porém foi significativamente
maior a quantidade de fraturas radiculares extensas que condenariam estes
dentes à extração. Nos grupos 2 e 3 (pinos cônicos total ou parcialmente
adaptados), 17 dos 20 dentes fraturaram. nos grupos 1 e 4, 50% ou menos
das raízes fraturaram, com menor envolvimento de estrutura dentária. Apesar
da camada mais espessa de cimento e da menor espessura de dentina no
grupo 1 em relação ao grupo 4, não houve diferença significativa entre eles.
Sorensen e Engelman (1990) examinaram o efeito de vários desenhos
de férulas sobre a resistência à fratura de dentes despolpados com
quantidades variáveis de remanescente coronário. Prepararam-se os condutos
de 60 incisivos centrais superiores (distribuídos em 6 grupos) com brocas
Peeso n
0
4 até 4mm do ápice e cimentaram-se pinos de aço Para-Post. No
grupo 1, preparou-se ombro de 90
0
e removeu-se toda a estrutura coronária; o
conduto foi alargado, mantendo-se 1mm de espessura da parede axial ao nível
cervical. O grupo 2 foi preparado da mesma forma, mas sem alargamento do
conduto. No grupo 3 preparou-se um chanfro em 130º e removeu-se toda a
coroa. Nos grupos 4, 5 e 6, prepararam-se um ombro de 90
0
e um bisel de
1mm de largura no término, com 60
0
de inclinação. No grupo 4, removeu-se
toda a coroa. No grupo 5, manteve-se 1mm de altura da dentina coronária e a
união entre porção coronária do núcleo e estrutura dentária foi topo a topo. No
grupo 6, além de manutenção de 2mm da dentina coronária, a união entre
porção coronária do núcleo e estrutura dentária foi através de contra-bisel de
60
0
com 1mm de largura. Obteve-se o padrão do núcleo a partir de um pino
Para-Post n
0
4 calcinável. Executaram-se os testes na máquina de ensaios em
ângulo de 130
0
com o longo eixo do dente, à velocidade de 2,5mm/min. As
maiores resistências à fratura foram obtidas nos grupos 5 e 6, seguindo-se em
ordem decrescente os grupos 4, 3, 1 e 2. Os valores dos grupos 5 e 6 foram
significativamente mais altos que os dos demais grupos, sugerindo que o fator
crítico para a maior resistência foi manter pelo menos 1mm de estrutura
coronária, para obtenção de efeito férula a partir de paredes paralelas. Não
houve aumento da resistência nos grupos com paredes radiculares mais
24
espessas. Os diferentes desenhos de férulas também não aumentaram a
resistência à fratura.
Duret, Reynaud, Duret (1990) salientaram a importância da similaridade
entre materiais restauradores em dentes tratados endodonticamente, seja no
ponto de vista biomecânico ou na reconstituição do volume de tecido perdido.
Além do pino possuir uma forma que permanecesse o mais adaptado possível
no interior do conduto, com a finalidade de transmitir de maneira mais
homogênea os esforços mastigatórios à superfície radicular. Nesse contexto,
baseados nas excelentes propriedades físicas da fibra de carbono, com larga
aplicação na indústria automobilística, aeroespacial e esportiva, os autores
idealizaram um pino intra-radicular à base de fibras de carbono longas e em
disposição paralela, imersas em matriz de resina epóxica. Este sistema,
denominado em seu país de origem (França) como Composipost, baseia-se no
conceito de monobloco entre cleo e raiz, pois as propriedades biomecânicas
do pino, especialmente o módulo de elasticidade (rigidez), são similares às da
estrutura dentária, além de ser adesivamente unido ao esmalte e à dentina. Os
pinos Composipost possuíam valores de cisalhamento de 170 MPa em função
da alta proporção fibra-matriz (64%), sendo muito similares aos valores da
dentina. Pinos pré-fabricados de metal são mais resistentes, entretanto
apresentam alto risco de fratura radicular devido ao seu elevado módulo de
elasticidade (dez vezes maior que a dentina). Segundo os pesquisadores, o
sistema representou uma inovação em desenho, composição e performance na
área de pinos pré-fabricados, apresentando-se como um núcleo passivo em
dois estágios e disponível em três tamanhos, com brocas estandardizadas para
preparo dos condutos.
King e Setchell (1990) avaliaram a resistência à fratura de dentes
anteriores (incisivos centrais superiores e caninos inferiores ou superiores)
restaurados com pinos de fibra de carbono e pinos metálicos pré-fabricados,
com diferentes complementos coronários e com cimentação de coroas totais
metálicas cimentadas. Grupo A, dentes restaurados com pinos metálicos pré-
fabricados Parapost associados à núcleos metálicos fundidos em ouro tipo III;
Grupo B, dentes com pinos de fibra de carbono associados à núcleos metálicos
de mesmo material do grupo A; Grupo C, dentes com pinos de fibra de carbono
25
associados à porção coronária em resina composta P-30; Grupo D, pinos
metálico Parapost com porção coronária em resina composta P-30. após serem
restaurados com coroas totais metálicas, foram submetidos à teste de
resistência à compressão à velocidade de 5 mm/min em uma angulagem de
130
0
em relação ao longo eixo do dente até que ocorresse fratura dental. A
resistência à fratura apresentada pelos grupos não diferiu significativamente.
As coroas do grupo C apresentaram falhas na interface pino/resina composta.
Os dentes restaurados com pinos de fibras de carbono, independentemente da
forma de reconstrução coronária, apresentaram padrão de falha mais favorável
para o remanescente dentário que o dos pinos metálicos.
Miller (1993) analisou um material à base de fibras de polietileno
entrelaçadas denominado Ribbond e comercializado em forma de fitas,
originalmente indicado para esplintagem periodontal e retenção ortodôntica.
Usos alternativos seriam: núcleos de preenchimento, próteses adesivas diretas
ou indiretas, reforço de próteses provisórias, infra-estrutura de onlays, coroas e
próteses parciais fixas de compósitos, reforço de dentes fraturados, reparo de
cantilever fraturado de próteses implantossuportadas, reparo de próteses
removíveis totais ou parciais e de aparelhos ortodônticos removíveis. As
principais características físicas do material são: alto módulo de elasticidade,
alta resistência à tração e baixa sorção de água (1%). O autor afirmou que o
Ribbond possui vantagens como: união química à resina composta ou acrílica;
alta maleabilidade (quase sem memória elástica); cor branca, compatível com a
das resinas; estrutura entrelaçada, que fornece reforço multidirecional da resina
e não desfia. A adesão com resinas deve-se ao tratamento eletroquímico da
superfície com gás plasma: uma camada externa de 200A° torna-se
quimicamente reativa. As fitas são colocadas em uma câmara selada, que é
preenchida por gás e exposta a altas cargas de energia elétrica. Para não
contaminar a superfície, o material não deve ser tocado por dedos
desprotegidos, lençol de borracha ou luvas de vinil. A flexibilidade da fita
permite amortecimento (dissipação do estresse) das forças funcionais ou
parafuncionais presentes na cavidade oral, aumentando a resistência à fratura.
Lui (1994) descreveu uma técnica para reforçar raízes com condutos
excessivamente alargados através de seu preenchimento com resina composta
26
fotopolimerizável. Para melhor polimerização da resina nas porções mais
profundas do conduto, indicou o pino plástico fototransmissor Luminex, que
permite obtenção de um conduto preciso ao qual se adaptam outros pinos
(componentes do sistema Luminex) de tamanho e forma idênticos, que podem
ser de aço inoxidável, titânio, ouro ou mesmo calcináveis (para fundição do
pino). A técnica permite aproveitamento de raízes que de outra forma seriam
indicadas para extração. Seis pinos com diferentes diâmetros (1,05 mm, 1,2
mm, 1,35 mm, 1,5 mm, 1,65 mm, 1,8 mm) foram investigados após resina
composta Prisma APH ser injetada no canal radicular. Os pinos Luminex, em
diâmetros similares aos anteriormente descritos, foram posicionados no interior
dos condutos e as resinas inseridas nos espaços entre pino e parede do canal,
em seguida foi realizada fotopolimerização. Observou-se que quanto maior o
diâmetro do pino, maior era a profundidade de polimerização, salvo para pinos
de 1,35 mm e 1,5 mm. Foi observado ainda, que a profundidade de
polimerização pode exceder 11 mm quando da utilização destes pinos plásticos
para transmissão de luz.
Burges, Robbins e Summit (1995), um ano mais tarde, afirmaram que
pinos intra-radiculares têm a capacidade de reter a restauração, entretanto não
aumentam a resistência da raiz e podem até enfraquecê-la em função de
preparos inadequados. Os pinos podem ser divididos em duas categorias,
segundo os autores: (1) pinos moldados e fundidos; e (2) pinos pré-fabricados.
Os primeiros - que segundo os autores são indicados para casos de canais
excessivamente expulsivos e elípticos - possibilitam melhor adaptação, maior
rigidez e espessura de cimento mais uniforme, porém são mais dispendiosos
por requererem procedimentos laboratoriais, demandam mais tempo para
confecção. Os pinos pré-fabricados são indicados para a maioria dos casos
clínicos.
Hornbrook e Hastings (1995) apresentaram um método de confecção de
pinos com fibras de polietileno Ribbond. Afirmaram que em condutos alargados
os núcleos metálicos fundidos são contra-indicados, devido ao efeito de cunha.
Pinos pré-fabricados também não são ideais, pois sua adaptação é imperfeita e
a espessa camada de cimento em torno do pino gera um prognóstico
desfavorável. Além disso, o resultado será antiestético se executadas coroas
27
de cerâmica pura. O pino de fibras de polietileno é adesivo, anti-rotacional e
passivo, sendo indicado inclusive para canais alargados. Forma uma unidade
com a raiz pela união de materiais adesivos entre si, reforçando-a e reduzindo
o risco de fratura. Também impediria propagação de trincas existentes nas
paredes até o periodonto e não compromete a estética. Para sua confecção,
remove-se guta-percha até permitir a obtenção de um pino com comprimento
igual à altura da porção coronária do núcleo. A largura de fita mais usada para
pinos é 2 mm; a de 3 mm pode ser usada em canais largos e a de 4 mm em
câmaras pulpares de molares inferiores. O comprimento da fita deve ser cerca
de três vezes o do conduto, medido com sonda periodontal. A fibra é
impregnada com adesivo fotopolimerizável sem carga. O remanescente
dentário sofre condicionamento ácido e o sistema adesivo é aplicado. Cimento
resinoso dual, híbrido e com carga é injetado no conduto com a ponta agulha
da seringa Centrix. A fita dobrada é levada ao conduto com condensador
endodôntico, preenchendo-o totalmente. Em condutos largos insere-se uma
segunda fita com 1,5 vezes o comprimento do canal. O conjunto é
fotopolimerizado e uma resina híbrida é aplicada em torno das fibras que
emergem do conduto para construir a porção coronária do núcleo. Os autores
utilizaram a técnica em 24 casos durante 12 meses, sem nenhuma falha
clínica, mesmo em dentes severamente comprometidos.
Duret, Duret e Reynaud (1996) descreveram o efeito do módulo de
elasticidade na transmissão da força para a dentina que envolve o pino.
Cimentaram-se três pinos de formas idênticas em incisivos centrais superiores:
um de níquel-cromo (módulo de elasticidade de 210 GPa), um de titânio
(módulo de elasticidade de 110 GPa) e o pino de fibras de carbono C-Post
(módulo de elasticidade de 8 GPa). Aplicou-se uma carga de 1 N na borda
incisal do dente, em 90
o
com o longo eixo do dente e do pino. Quanto mais alto
o módulo de elasticidade do pino, mais força foi transmitida para a dentina;
assim, o pino ideal deveria possuir módulo de elasticidade próximo ao da
dentina. Realizaram ainda testes de resistência à fadiga na máquina de
ensaios, comparando dois pinos de fibras de carbono (C-Post e Endo-
Composipost) com três pinos metálicos de diâmetro similar ao C-Post: Para-
Post, Flexi-Post e Adpost. Observou-se que pinos de fibra de carbono
28
resistiram melhor à fadiga que os metálicos, os quais deformaram
progressivamente. Somente dois C-Post fraturaram no teste de fadiga; os
pinos metálicos com freqüência fraturavam antes do fim da rie de ciclos.
Observaram queda de menos de 20% na resistência do C-Post ao final do
teste, mas os pinos metálicos não possuíam praticamente mais nenhuma
resistência. A elasticidade não foi afetada no C-Post, mas dimininuiu muito nos
pinos metálicos. Concluíram que com pinos de fibras de carbono o risco de
fratura da raiz diminui, pois as deformações ocorridas com pinos metálicos
levam a trincas da dentina. As fibras de carbono são unidas por uma matriz de
resina epóxica; o longas, orientadas unidirecionalmente no longo eixo do
pino e eqüitativamente distribuídas no mesmo. O pino tem forma cilíndrica e
dois estágios, um cervical de maior diâmetro e um apical de menor diâmetro. O
ápice é cônico para maior estabilização. Seu dulo de elasticidade varia de 8
GPa a 110 GPa. Com ângulo de incidência de 90
o
com o longo eixo do pino, o
módulo é de 8 GPa (próximo ao da dentina radicular); com ângulo de incidência
de 20 a 45
o
com o longo eixo, o módulo é de 18 a 30 GPa; com ângulo de
incidência de 0
o
, o módulo é de 100 a 110 GPa. A resina epóxica tem excelente
adesão a resinas compostas e cimentos resinosos.
Freedman (1996), no mesmo ano, avaliou as características dos pinos
Composipost de fibra de carbono. Estes são constituídos por fibras de 8 µm de
diâmetro, dispostas paralelas umas às outras, no sentido do longo eixo do
dente, imersas em matriz resinosa. Esta matriz epóxi de Bis-GMA constitui 36%
o peso do pino, o restante corresponde as fibras. O sistema apresenta ótima
coesão de seus componentes, apresentando, assim, ótimas propriedades
físicas este material. Devido a essas propriedades, o sistema é capaz de
absorver o estresse gerado na porção coronária e redirecionar as cargas ao
longo eixo da raiz. Núcleos metálicos fundidos apresentam módulo de
elasticidade dez vezes maior que a dentina, gerando estresse na interface
entre pino/cimento/raiz, levando a separação do pino e fratura radicular. Em
função de seu dulo de elasticidade muito similar ao da dentina, ocorre uma
diminuição do estresse transmitido ao remanescente radicular. Quando
comparado à pinos de titânio, por exemplo, os pinos de fibra de carbono
transmitem apenas 63% do estresse gerados por esses pinos metálicos e um
29
terço em relação a pinos em liga de níquel-cromo. Além disso, as propriedades
adesivas do pino aumentam a resistência dentária e diminuem a micro-
infiltração.
Isidor, Odman e Brondum (1996) avaliaram a resistência à fratura de 14
dentes bovinos restaurados com pinos de fibras de carbono Composipost.
Simulou-se o ligamento periodontal com silicona em torno das raízes, que
foram fixadas em blocos de resina acrílica. Preparou-se o conduto até 8,5 mm
de profundidade. Cimentaram-se os pinos com cimento resinoso e restaurou-se
a porção coronária com resina composta. Cimentaram-se coroas metálicas
com fosfato de zinco e submeteram-se os espécimes à carga intermitente (250
N, 2 Hz) em ângulo de 45
o
com o longo eixo do dente até que os corpos de
prova fraturassem. Os resultados foram comparados a estudo prévio dos
autores, conduzido sob condões similares, porém usando pinos metálicos
paralelos Para-Post e núcleos metálicos fundidos. O índice de falha dos pinos
de fibra de carbono foi significativamente mais baixo que dos pinos metálicos.
Nenhum dos pinos de fibra de carbono fraturou, ao passo que 85% dos dentes
restaurados com pinos pré-fabricados metálicos e com núcleos metálicos
fundidos fraturaram. A maior resistência ao pino de fibra de carbono foi
atribuída ao dulo de elasticidade próximo ao da dentina (melhor distribuição
do estresse ao longo do pino), à sua forma (paredes paralelas) e ao preparo
conservador do conduto em áreas apicais críticas.
Saupe et al. (1996) estudaram a influência da férula e do reforço
radicular com resina composta em dentes fragilizados e restaurados com
núcleo metálico fundido. Quarenta incisivos centrais superiores tiveram os
condutos radiculares preparados em 10 mm de comprimento, sendo os 8 mm
cervicais preparados de modo que permanecesse 0,5 à 0,75 mm de espessura
dentinária. Em seguida, foram divididos em dois grupos principais: com
presença de férula (2 mm) e ausência de férula. Estes grupos foram
subdivididos de acordo com o tipo de reconstrução realizada: com núcleo
metálico fundido adaptado ao preparo do conduto ou reforço da região
fragilizada com resina composta e pino fototransmissor Luminex e posterior
cimentação de núcleo metálico fundido. Os espécimes receberam cobertura
coronária em liga de ouro tipo III. Em seguida foram submetidos à ciclagem
30
térmica (1500 ciclos, 9
0
C por 5 segundos, 37
0
C por 20 segundos e 55
0
C por 5
segundos) e ao teste de resistência à fratura. Análise estatística não revelou
influência da presença de rula de 2 mm em dentes fragilizados,
independentemente do tipo de material usado na reconstrução. Entretanto,
quando utilizada resina composta para preenchimento da região fragilizada, os
valores de resistência à fratura foram significativamente superiores (cerca de
41,1% à 52,4%) quando comparados aos dentes reconstruídos apenas com
núcleos metálicos fundidos. Em relação ao padrão de falha, a maioria delas foi
classificada como fratura radicular (80%).
Marchi (1997) avaliou a resistência à fratura de raízes debilitadas
reconstruídas internamente com resina composta e pinos intra-radiculares.
Empregou 76 raízes de incisivos centrais superiores ou caninos superiores. Em
metade das raízes foi executado desgaste interno de dimensões padronizadas,
simulando enfraquecimento; as raízes foram preenchidas com resina composta
fotopolimerizável. As outras 38 raízes eram hígidas. Ambos os grupos foram
subdivididos igualmente para receber pinos metálicos Radix-Anker (1,35 mm
de diâmetro) ou núcleos metálicos fundidos. Aplicou-se uma carga de
compressão sobre os espécimes na máquina de ensaios, em ângulo de 135
0
com o longo eixo da raiz e à velocidade de 0,5 mm/min. Os fatores analisados
foram: 1) volume da raiz (pequena, média ou grande) - as maiores
apresentaram maior resistência à fratura; 2) condição da raiz (hígida ou
debilitada) as hígidas mostraram-se mais resistentes; 3) tipo de pino intra-
radicular (núcleo metálico fundido ou pino metálico pré-fabricado) os pinos
pré-fabricados tiveram melhor performance. A interação que apresentou a
maior resistência foi: raízes grandes, hígidas e com pinos pré-fabricados. O
autor concluiu que: a espessura de dentina remanescente em torno do núcleo
está diretamente relacionada à resistência da raiz à fratura; pinos paralelos e
rosqueados proporcionam maior resistência que núcleos metálicos fundidos
cônicos; e que a resina composta não recuperou toda a resistência original do
dente à fratura.
Mendoza et al. (1997) investigaram a resistência à fratura de dentes
estruturalmente comprometidos e reconstruídos com diferentes métodos de
reforço radicular. Os condutos radiculares de 40 caninos foram preparados em
31
8 mm e sua porção cervical foi fragilizada de modo que permanecesse parede
dentinária com espessura de 1 mm. Em seguida foram dividido em 4 grupos de
acordo com o tipo de reforço radicular: G1 cimento de fosfato de zinco; G2
cimento resinoso Panavia F; G3 cimento resinoso C&B; G4 resina composta
Z100. Em todos os grupos pino de fibra paralelo Dentatus número 4 foi
cimentado. No G4, o espaço cervical foi preenchido com resina composta
através de pino translúcido Luminex. Nos demais grupos os cimentos foram
inseridos com broca lentulo. Após serem montados em blocos de resina, os
dentes foram submetidos à ciclagem térmica durante 4 horas, em 5 segundos à
5
0
C, 20 segundos em 37
0
C e 5 segundos em 60
0
C. O teste de resistência à
fratura com carga progressiva em 60
0
em relação ao longo eixo do dente foi
realizado em seguida. Os grupos não apresentaram diferença significativa,
exceto o grupo Panavia F (92 Kg) em relação ao grupo do fosfato de zinco
(59,22 Kg). O grupo Z100 e do cimento C&B apresentaram valores
intermediários (72,20 Kg e 79,33 Kg, respectivamente).
Sidoli, King e Setchell (1997), compararam resistência à fratura e padrão
de fratura de pinos de fibra de carbono com outros sistemas de núcleos.
Distribuíram 40 incisivos centrais ou caninos superiores em quatro grupos de
dez dentes. Aplicou-se carga estática compressiva de 2500 N sobre os
espécimes em um ângulo de 130
o
com o longo eixo do dente. Os grupos
pesquisados foram: (1) pino de fibras de carbono Composipost e porção
coronária de resina composta; (2) pino de aço inoxidável Para-Post e porção
coronária de resina composta; (3) núcleos metálicos fundidos em ouro tipo III; e
(4) dentes tratados endodonticamente sem nenhum sistema de reconstrução
radicular. Cimentaram-se todos os pinos com cimento resinoso. O grupo no
qual não foram utilizados cleos foi significativamente mais resistente que os
demais, sugerindo que o preparo do conduto enfraquece a raiz. Dentes
restaurados com Composipost exibiram resistência inferior em relação aos
demais sistemas, especialmente quando comparados com núcleos metálicos
fundidos. Os autores conjeturaram que isto provavelmente ocorreu porque o
pino de fibras de carbono não possui retenções mecânicas para a resina
coronária. Considerou-se que o potencial para flexão do Composipost poderia
levar à perda do cimento e micro-infiltração. A situação seria de maior risco se
32
estes dentes fossem pilares de próteses parciais fixas ou removíveis. Contudo,
o Composipost apresentou os melhores resultados em relação ao modo de
fratura (60% de fraturas favoráveis à preservação do remanescente dentário,
ou seja, fratura somente do pino ou do dente acima do nível de inserção).
com núcleos metálicos fundidos houve 100% de fraturas desfavoráveis, devido
a seu alto módulo de elasticidade, que lhe proporciona baixa flexibilidade e o
torna impróprio para absorver estresse. O modo de fratura deve ser levado em
consideração na seleção do núcleo.
Dean, Jeansonne e Sarkar (1998) avaliaram diferentes procedimentos
endodônticos e restauradores quanto à resistência à fratura. Setenta caninos
foram divididos em 7 grupos: G1 preparo coronário sem tratamento
endodôntico (; G2 tratamento endodôntico e preparo coronário; G3
preparado como G2 e porção coronária restaurada em resina composta; G4
preparado como anterior e cimentado pino de fibra de carbono; no G5, G6 e G7
executaram-se tratamento endodôntico, remoção das coroas, cimentação de
pinos de fibras de carbono, pinos de aço inoxidável nicos e pinos de o
inoxidável paralelos, respectivamente, e construção da porção coronária em
resina composta. Os espécimes foram submetidos à carga compressiva em
ângulo de 45
o
com seu longo eixo, à velocidade de 0,5 mm/min. Os grupos em
que se manteve a coroa (G1 a G4), os valores de resistência à fratura foram
superiores quando comparados com os demais grupos (G5 a G7). Não houve
diferença significativa na resistência entre dentes restaurados com diferentes
pinos. Os grupos restaurados com pinos de aço inoxidável demonstraram
incidência de 50% de fratura radicular, ao passo que o grupo restaurados com
pinos de fibra de carbono não apresentou este tipo de fratura.
Mannocci et al. (1998) avaliaram clinicamente após 3 anos, índices de
sucesso de pinos metálicos e de fibra de carbono. Foram utilizados 240 pinos
de fibra de carbono e 201 pinos metálicos. Os pinos de fibra de carbono
Composipost foram cimentados com sistema adesivo All-Bond 2 e cimento
resinoso C & B. os pinos metálicos foram feitos pela técnica indireta e
cimentados com fosfato de zinco. A cimentação dos pinos foi realizada por dois
operadores. Em 3 anos, 226 dentes restaurados com pinos de fibra de carbono
e 194 com pinos metálicos foram analisados. Como fracasso foi considerado
33
perda de retenção, fratura das raízes e fratura dos pinos. Os dentes
restaurados com pinos de fibra de carbono não houve caso de fratura de raiz
ou de pino, somente um caso de descimentação do pino e coroa. Quando
utilizados pinos metálicos, 10 casos de fratura radicular foram observados.
Outro estudo clínico de Mannocci, Vichi e Ferrarri (1998), publicado no
mesmo ano, avaliou, após dois anos, o índice de sucesso de cem dentes
restaurados com pinos de fibra de carbono C-Post, cimentados com sistema
adesivo All-Bond 2 e cimento resinoso C&B (G1) e cem dentes restaurados
com núcleos metálicos fundidos cimentados com fosfato de zinco (G2).
Exames radiográficos, clínico e de saúde periodontal e periapical foram
realizados. Noventa e cinco dentes do G1 e 97 do G2. Houve dois casos de
fracasso apresentados pelo G1 e estavam relacionados a infecções periapicais.
O G2 apresentou 4 fracassos, todos relacionados à fratura radicular.
Martinez-Insua et al. (1998) seccionaram as coroas e trataram
endodonticamente 44 dentes e dividiram aleatoriamente em 2 grupos: G1 -
pinos de fibra de carbono Composipost cimentados com cimento resinoso
Panavia 21 e porção coronária restaurada com resina autopolimerizável Cavex
Clearfill Core com sistema adesivo Clearfill New Bond; G2 núcleo metálico
fundido em ouro tipo III cimentados com mesmo cimento. Os dentes receberam
coroa metálica de Ni-Cr cimentadas com cimento de ionômero de vidro Ketac-
Cem. Os dentes foram submetidos ao teste de resistência à fratura sob carga
aplicada em 45
0
em relação ao longo eixo dos dentes, à velocidade de
1mm/min. G1 apresentou valor médio de 103,7 kg e G2 de 202,7 kg. Para G1,
as falhas ocorreram na interface pino-complemento coronário, antes que
ocorressem fraturas radiculares. Apenas um dente deste grupo apresentou
fratura radicular. Para o G2, 20 dos 22 dentes apresentaram fratura radicular
em nível cervical. Dois espécimes tiveram deslocamento dos núcleos.
Rovatti, Mason e Dallari (1998) relataram o desenvolvimento de pinos à
base de fibras mais estéticos que os de carbono originais: o Aestheti-Post, com
fibras de carbono recobertas por fibras de quartzo e o Aestheti-Plus, totalmente
composto de fibras de quartzo em matriz resinosa. A resistência à flexão
destes pinos (1200-1500 MPa), embora inferior à do Composipost (1900 MPa),
é suficiente para os requisitos clínicos. A resistência à tração lateral é
34
levemente menor para pinos estéticos (50-60 MPa) que para o Composipost
(65-95 MPa), mas isto facilita a remoção dos pinos se necessário, pois as
brocas penetram facilmente entre as fibras. A resistência à tração longitudinal
para estes pinos é de 2480 MPa. No teste de resistência à fadiga, estes pinos
ultrapassaram cinco milhões de ciclos sem fratura. A carga necessária para
fratura é clinicamente suficiente para o Aestheti-Plus (92,65 kgf/mm
2
) e para o
Aestheti-Post (98,57 kgf/mm
2
). Testes com o Aestheti-Plus revelaram excelente
resistência à descimentação (29,83 MPa), maior que a do Composipost (27,12
MPa), mostrando adequada adesão das fibras de quartzo ao cimento resinoso.
Os módulos de elasticidade do Aestheti-Post (55 GPa) e do Aestheti-Plus (44
GPa) são mais favoráveis para dissipação do estresse que o de qualquer pino
metálico.
Katebzadeh, Dalton e Trope (1998) avaliaram a capacidade da resina
composta de reforçar internamente dentes com maturação incompleta.
Afirmaram que o trauma de um dente jovem pode impedir o desenvolvimento
completo do ápice e paredes radiculares. As paredes radiculares finas na
região cervical tornam estes dentes susceptíveis a fraturas (30% fraturam
durante ou após tratamento endodôntico). Distribuíram-se 100 incisivos
centrais endodonticamente tratados em cinco grupos (20 dentes cada). No
grupo 1 (controle), não executou-se nenhum preparo cervical e restaurou-se a
câmara pulpar com resina composta fotopolimerizável. Preparam-se os
condutos nos grupos 2 a 5 simulando paredes radiculares finas na região
cervical, até 3 mm apicalmente à junção cemento-esmalte (JCE). No grupo 2
(controle negativo), restaurou-se a câmara pulpar com resina composta
somente até o nível da junção cemento-esmalte. No grupo 3, restaurou-se a
câmara pulpar com resina composta até 3mm apicalmente à junção cemento-
esmalte, introduzindo-se o pino plástico fototransmissor Luminex na resina
antes da polimerização, executada por 60 segundos. Após remoção do
Luminex, obtinha-se um canal de resina desobstruído. No grupo 4, restaurou-
se a câmara como no grupo 3, substituindo o pino translúcido por um pino
opaco e polimerizando-se o compósito por 60 segundos. O pino foi então
removido, deixando um conduto de resina. O grupo 5 foi tratado como o grupo
3, mas após remoção do pino translúcido, cimentou-se um pino metálico
35
Luminex no canal com cimento resinoso. Para cada grupo, registrou-se a força
de compressão necessária para causar fratura cervical. Todas as técnicas
utilizando resina composta reforçaram significativamente os dentes contra
fratura em relação ao controle negativo. Nenhum dos grupos experimentais (3
a 5) foi significativamente diferente do grupo 1 (controle). O grupo 5 (canal de
resina com pino metálico) foi mais resistente que o grupo 3 (canal de resina
com pino plástico), mas não diferente do grupo 4 (canal de resina com pino
opaco). Porém, a fratura no grupo 5 ocorreu ao nível do ápice do pino, contra-
indicando o uso do pino metálico nestes casos.
Hollis et al. (1998) estudaram a resistência à fratura de dentes
despolpados e restaurados com sete tipos de pinos. Os grupos controle foram
dois: incisivos centrais superiores preparados, mas não restaurados e incisivos
restaurados apenas com resina composta dual injetada no conduto, sem pino.
Os pinos utilizados foram: 1) pino de fibras de carbono C-Post; 2) pino de fibras
de carbono-quartzo Aestheti-Post; 3) pino de fibras de polietileno Ribbond; 4)
pino de aço inoxidável Para-Post Plus; 5) pino de titânio puro Filpost; 6) pino de
liga de titânio Para-Post Plus. Após tratamento endodôntico, removeu-se a
coroa e fixaram-se os dentes em blocos de resina acrílica, 2 mm apicalmente à
junção cemento-esmalte. Os pinos, cortados com 13 mm de comprimento,
foram cimentados com cimento resinoso na profundidade de 9 mm.
Confeccionou-se a porção coronária com resina composta dual (5 mm de
altura). Após termociclagem, aplicaram-se cargas compressivas na face lingual
do núcleo, em ângulo de 4com o longo eixo do pino, à velocidade de 1
mm/min. Todos os núcleos tiveram resistência significativamente maior que a
da resina sem pino, exceto o núcleo de Ribbond. Todos os núcleos exibiram
estatisticamente a mesma ou levemente mais resistência que a do dente
preparado sem pino, exceto o de Ribbond e a resina sem pino (mais fracos).
Os valores de resistência à fratura, em ordem decrescente, foram: pino de aço
inoxidável 69,13 kgf; pino de titânio puro – 65,87 kgf; pino de fibras de
carbono 64,75 kgf; pino de liga de titânio 63,52 kgf; pino cerâmico 62,91
kgf; pino de fibras de carbono-quartzo e dente preparado sem pino57,92 kgf;
somente resina composta sem pino 41,19 kgf; núcleo de fibras de polietileno
Ribbond e resina composta 40,38 kfg. Com a resina sem pino normalmente
36
ocorria fratura de raiz e deslocamento da porção coronária. No pino de
Ribbond, as reconstruções coronárias eram lentamente esmagadas, e nos
demais pinos geralmente fraturavam. Com o pino de Ribbond não houve
fraturas dentárias. Com pinos metálicos, a média de fraturas radiculares foi de
47%, enquanto com pinos não metálicos esta foi de 33%, exceto para o
Aestheti-Post (60% de fratura dentária). Em um segundo teste, os pinos foram
inseridos diretamente nos blocos acrílicos, sendo preparados três grupos (15
pinos cada). Não se utilizaram pinos de Ribbond nesta fase. O primeiro grupo
(controle) foi submetido somente à fratura de forma similar à descrita no
primeiro teste; o segundo foi submetido à fadiga (15.000 ciclos com cargas
alternadas de 5-50 N) antes da fratura; no terceiro, após a fadiga, os
espécimes foram imersos em água a 37
0
C por 24 horas antes da fratura.
Nenhum dos pinos foi afetado pelo teste de fadiga, mas após imersão em água
os pinos cerâmicos, de fibras de carbono e de carbono-quartzo mostraram-se
mais fracos que os demais. Concluiu-se que, embora os pinos metálicos
tenham apresentado maior resistência que os não-metálicos, todos os sistemas
exibiram desempenho satisfatório para necessidades clínicas.
Carlini Jr. (1999) avaliou a capacidade de pinos intra-radiculares de
reforçar dentes enfraquecidos. Oitenta incisivos centrais superiores foram
divididos em 8 grupos: G1 dentes com duas cristas marginais debilitadas
restaurados com sistema adesivo e compósito; G2 dentes com duas cristas
marginais debilitadas restaurados com pino intra-radicular metálico paralelo
cimentados com sistema adesivo, cimento resinoso e restaurados com sistema
adesivo e compósito; G3 situação idêntica à anterior, porém pinos de fibra de
carbono foram utilizados; G4 dentes com crista marginal debilitada
restaurados com sistema adesivo e compósito; G5 dentes com uma crista
marginal debilitada restaurados com pino intra-radicular metálico paralelo
cimentados com sistema adesivo, cimento resinoso e restaurados com sistema
adesivo e compósito; G6 igual ao grupo anterior, porém com utilização de
pinos de fibra de carbono; G7 dente com cristas marginais íntegras e câmara
pulpar restaurada com sistema adesivo e compósito; G8 dentes hígidos. Os
dentes foram submetidos à carga compressiva em 135
0
em relação ao longo
eixo do dente à velocidade de 0,5 mm/min. Pôde-se observar que pinos intra-
radiculares não reforçaram dentes anteriores debilitados. A restauração com
37
sistema adesivo e resina composta foi capaz de recuperar a resistência à
fratura de dentes debilitados. Pinos de fibra de carbono e pinos metálicos
tiveram comportamento similar em relação a resistência a fratura.
Stockton (1999) ressaltou fatores importantes que afetam a retenção de
pinos intra-radiculares, especialmente pinos metálicos. Quanto maior o
comprimento do pino, maior a retenção; pinos com ¾ do comprimento da raiz
são mais rígidos que pinos com ½ ou ¼ do comprimento da raiz, além de que
pinos curtos estão relacionadas com altas taxas de falha. No entanto, em
dentes curtos não se consegue tal comprimento sem prejuízo ao selamento
apical. O aumento do diâmetro do pino o aumenta significativamente a
retenção e diminui a resistência à fratura da raiz; um diâmetro de da raiz foi
sugerido, bem como espessura mínima de 1 mm na extremidade apical do
pino. Pinos rosqueados são os mais retentivos (porém, pouco indicados pelo
alto estresse que provocam na inserção), seguidos pelos pinos paralelos,
sendo os pinos cônicos os menos retentivos. Pinos serrilhados o mais
retentivos que lisos. Pinos cônicos produzem mais estresse no terço coronário
do conduto e pinos paralelos mais estresse no ápice; os paralelos resistem
melhor a forças de tração e cisalhamento que os nicos e distribuem o
estresse mais uniformemente ao longo da raiz. Pinos paralelos passivamente
cimentados fornecem ótima retenção e baixo estresse, podendo ser indicados
para a maioria dos dentes despolpados. Pinos em dentes anteriores superiores
estão sujeitos a forças de cisalhamento em direção vestibular na interface
dentina-pino, que aumentam a tendência ao deslocamento; preparos biselados
aumentam a resistência ao deslocamento. A cnica de cimentação adequada
é mais importante que o cimento usado. O fosfato de zinco fornece retenção
confiável. Ionômeros de vidro convencionais são fáceis de manipular, têm
adesão química à dentina e resistência adequada. Cimentos resinosos
possuem alta resistência à tração e compressão, união micromecânica à
dentina e são indicados quando maior retenção é exigida, mas são altamente
técnico-sensíveis. A colocação dos cimentos com lentulo no conduto é
recomendada para cobertura uniforme do pino, sem bolhas, e maior retenção.
Assmann (1999) avaliou o comportamento de 3 tipos de pinos pré-
fabricados em diferentes materiais, associados a dois tipos de resinas
38
compostas como material para complemento coronário. Os pinos utilizados
foram: Parapost (n
0
5, com 1,25 mm de diâmetro), C-Post (n
0
2, com 1,7 mm de
diâmetro) e CosmoPost (com 1,7 mm de diâmetro). As resinas utilizadas foram
Tetric-Ceram e Ti-Core, formando seis grupos experimentais. Os corpos de
prova foram montados em plano inclinado para realização dos testes de
resistência a compressão em ângulo de 130
0
. A resina composta Tetric-Ceram
suportou valores de carga estatisticamente superiores às resinas Ti-Core.
Porém, a análise estatística não mostrou diferença entre os pinos pré-
fabricados utilizados quando submetidos às mesmas cargas.
Mannocci, Ferrari e Watson (1999) compararam o desempenho de
dentes restaurados com pinos de fibras de quartzo (Aestheti-Plus), pinos de
fibras de carbono-quartzo (Aestheti-Post) e pinos de dióxido de zircônia
(Cerapost). Distribuíram igualmente 40 pré-molares inferiores
endodonticamente tratados em três grupos experimentais e um grupo controle
sem pino. O conduto foi preparado até 8 mm de profundidade. A porção
coronária do núcleo foi construída com resina composta. Os dentes foram
cobertos com coroas de cerâmica pura e fixados em blocos de resina acrílica.
Aplicaram-se cargas intermitentes (dois ciclos por segundo) em ângulo de 45
o
com o longo eixo do dente. Ocorreu uma fratura com pinos de fibras de
carbono-quartzo e uma fratura com pinos de fibras de quartzo (fratura da raiz
mais pino); com pinos de zircônia houve seis fraturas (uma fratura de coroa e
cinco fraturas de raiz mais pino). A taxa de sobrevivência de dentes com pinos
cerâmicos foi significativamente menor que nos outros grupos. Todos os
grupos mostraram taxa de sobrevivência maior que a do grupo sem pinos,
indicando ser necessário um pino para suportar o material da porção coronária
do núcleo quando toda a coroa dentária é perdida. Pinos de fibras reduziram
significativamente o risco de fratura da raiz, e as fraturas foram favoráveis à
manutenção da raiz (ocorreram na altura em que estaria a gengiva marginal). O
alto módulo de elasticidade dos pinos cerâmicos em relação à dentina foi
provavelmente a causa do alto índice de fratura. O comportamento mecânico
dos pinos de fibras estéticas foi similar ao dos pinos de fibras de carbono.
Lui (1999) relatou a técnica de reforço radicular utilizando o sistema
Luminex de pinos plásticos que permitem transmissão de luz. Estes pinos
apresentam adaptação passiva, lados paralelos e são reforçados por resina
39
composta. Estes pinos, associados à resina composta de preenchimento,
poderiam dar uma nova conformação radicular para remanescentes radiculares
com contra-indicação para receberem pinos metálicos. Este sistema pode ser
utilizado em dentes com grandes perdas intra-radiculares, cuja cnica poderia
reforçar o remanescente dentário.
Soares (1999) comparou a resistência à fratura de raízes hígidas
restauradas com núcleo metálico fundido com a resistência de raízes
debilitadas reconstruídas com três sistemas restauradores e núcleo metálico
fundido. Distribuiu 56 incisivos centrais e caninos superiores em quatro grupos:
1) raiz hígida com núcleo metálico fundido (controle); 2) raiz debilitada
restaurada com resina composta fotopolimerizável Z100; 3) raiz debilitada
restaurada com cimento de ionômero de vidro Vitremer; 4) raiz debilitada
restaurada com resina composta autopolimerizável Bisfil II. Após tratamento
endodôntico, removeram-se as coroas e executou-se um desgaste interno
padronizado para simular enfraquecimento das raízes (espessura de 0,5 mm
das paredes radiculares no terço cervical). As raízes foram preenchidas
internamente com o material restaurador, utilizando-se pino fototransmissor
Luminex para auxiliar na fotopolimerização. No grupo controle, utilizou-se uma
broca de 1,5 mm de diâmetro do sistema Luminex para preparo do conduto até
8mm de profundidade. As raízes foram fixadas em blocos acrílicos, os núcleos
cimentados com fosfato de zinco e armazenados por 24 horas em água
deionizada à temperatura ambiente. Aplicou-se uma carga de compressão na
máquina de ensaios, na face palatina do núcleo, em ângulo de 45
0
com o plano
horizontal. Em ordem decrescente, os sistemas mais resistentes à fratura
foram: grupo 1, grupo 2, grupo 4 e grupo 3. Não houve diferença significativa
entre as resinas Z100 e Bisfil II. O ionômero de vidro apresentou a menor
resistência (diferença significativa com os demais grupos). Nenhum dos
procedimentos restauradores recuperou a resistência original da raiz. Nas
raízes debilitadas, todos os espécimes fraturaram ao passo que no grupo
controle esse valor diminuiu para 78,6%.
Ferrari et al. (2000a) através de um estudo clínico retrospectivo,
avaliaram o comportamento após 6 anos de dentes restaurados com pinos de
fibra de carbono C-Post, de carbono-quartzo Aestheti-Post e de fibra de
quartzo Aestheti-Plus. Em 719 pacientes tratados por 3 dentistas, foram
40
colocados 840 pinos C-Posts, 215 pinos Aestheti-Posts e 249 pinos Aestheti-
Plus. Foram utilizadas coroas metalo-cerâmicas em 52% dos casos, 38%
coroas cerâmicas e 10% mantiveram apenas o núcleo de preenchimento em
resina Bis-Core. Foram avaliados os fracassos de técnicas, perda de retenção,
fratura dos pinos ou fratura das raízes. Do período de 18 a 68 meses, houve 25
fracassos devido ao deslocamento de pinos e 16 dentes mostraram lesões
periapicais em exame radiográfico, perfazendo um total de 3% de fracasso em
todos os dentes analisados.
Ferrari et al. (2000b) publicaram um estudo clínico relativo ao
comportamento de dentes restaurados com pinos metálicos e pinos de fibra de
carbono após 4 anos. Duzentos dentes foram divididos em 2 grupos
experimentais: G1 pinos Composipost + sistema adesivo All Bond 2 +
cimento resinoso C&B + núcleo de preenchimento Bis-Core; G2 pinos
metálicos fundidos em liga preciosa + cimentação com fosfato de zinco. Os
dentes receberam coroas metálicas e foram avaliados em 6 meses, 1, 2 e 4
anos, em relação à caries e problemas periapicais ou periodontais. No G1, 95%
dos dentes obtiveram sucesso, 3% foram excluídos por não aparecimento dos
pacientes e 2% apresentaram fracasso endodontico. Em G2, 84% dos dentes
obtiveram sucesso, 2% dos casos foram excluídos por não comparecimento
dos pacientes, 9% apresentaram fraturas radiculares, 2% deslocamento das
coroas e 3%, fracassos endodônticos. O sistema Composipost de fibra de
carbono foi estatisticamente mais efetivo após 4 anos de avaliação em
comparação com pinos metálicos fundidos.
Glazer (2000) conduziu um estudo para avaliar clinicamente pinos de
fibras de carbono (Composipost e Endopost) cimentados em 52 dentes (71,2%
inferiores e 28,8% superiores), sendo 30,8% incisivos, 25% caninos e 44,2%
pré-molares. Todos os dentes tinham menos de 50% da estrutura coronária.
Coroas unitárias englobaram 51,9% da amostra e retentores de próteses
parciais fixas 48,1% da mesma. Utilizou-se cimento resinoso e confeccionou-se
a porção coronária do núcleo com resina composta dual. Os dentes receberam
coroas metalo-cerâmicas e acompanhamento pelo período médio de 28 meses.
A taxa de sobrevivência foi de 89,6%. Falhas ocorreram em três dentes com
coroas unitárias e um retentor de prótese parcial fixa (dois pré-molares
inferiores, um pré-molar superior e um canino superior). Duas falhas foram
41
biológicas (patologia periapical) e duas mecânicas (um deslocamento de coroa
e um deslocamento de núcleo), nenhuma delas comprometendo o elemento
dentário. Concluiu-se que pinos de fibras de carbono estão entre os mais
previsíveis atualmente e que sua utilização em dentes anteriores superiores
está associada com alto padrão de sucesso.
Bonilla (2001) avaliou a resistência à fratura de raízes amplamente
destruídas reconstruídas internamente ou não com resina composta e
restauradas com núcleos metálicos fundidos, bem como a resistência à fratura
de raízes amplamente destruídas restauradas com pinos dentários. Distribuiu
40 caninos superiores em quatro grupos (10 dentes cada): (1) raiz íntegra com
núcleo metálico fundido; (2) raiz amplamente destruída com núcleo metálico
fundido; (3) raiz amplamente destruída reconstruída com resina composta e
núcleo metálico fundido; e (4) raiz amplamente destruída reconstruída com pino
dentário. Removeram-se as coroas dentárias e os condutos foram obturados.
No grupo 1, preparou-se o conduto para receber núcleo metálico fundido. Nos
grupos 2, 3 e 4, foi executada seqüência padronizada de desgaste para simular
uma raiz amplamente destruída, com espessura de parede de 0,5mm no terço
cervical. No grupo 2, confeccionaram-se núcleos metálicos fundidos. No grupo
3, as raízes foram reconstruídas com resina composta fotopolimerizável para
núcleos Build-It!, polimerizada através de pino fototransmissor Luminex,
criando um novo conduto que foi preparado para receber núcleo metálico
fundido. O grupo 4 recebeu pinos dentários obtidos a partir de dentes naturais.
As raízes foram incluídas em blocos acrílicos e os núcleos cimentados com
cimento resinoso. Os espécimes foram armazenados por 24 horas em água
deionizada à temperatura ambiente. Executaram-se os testes de resistência à
fratura sob compressão na máquina de ensaios à velocidade de 0,5 mm/min,
incidindo na face lingual do núcleo, em ângulo de 135° com o longo eixo da
raiz. Os valores de resistência à fratura foram (em ordem crescente): (1) Grupo
3 53,98 kgf; (2) Grupo 2 57,64 kgf; (3) Grupo 4 – 76,35 kgf; e (4) Grupo 1 –
87,59 kgf. Não houve diferença significativa entre os grupos 1 e 4, nem entre
os grupos 2 e 3. Os valores encontrados para os grupos 2 e 3 foram 30%
menores que os dos grupos 1 e 4 (diferença significativa).
42
Boudrias, Sakkal e Petrova (2001) ressaltaram que a adaptação dos
pinos às paredes do conduto é importante para o adequado desempenho
biomecânico da restauração. Relataram que visando uma melhor adaptação
dos pinos ao conduto, tanto no terço apical quanto cervical, foram
desenvolvidos pinos de fibras de quartzo com dois estágios de conicidade: o
D.T. Light-Post (translúcido) e o D.T. White-Post (branco). Alguns dos
benefícios dos pinos são: mínima remoção de estrutura dentária durante
preparo do conduto, baixo módulo de elasticidade, não interfere na difusão da
luz através da estrutura dentária e não altera a cor de restaurações livres de
metal. Estes novos pinos estéticos possuem propriedades mecânicas similares
às de pinos de carbono e desenho próximo à forma cônica dos condutos.
pinos paralelos necessitam de alargamento excessivo no terço apical do
conduto, enquanto no terço cervical permanece um espaço vazio em torno do
pino, que será preenchido por cimento. O pino ideal deve possuir forma similar
à do conduto instrumentado, exigindo mínimo preparo. Para auxiliar a
determinar a forma dos pinos, registraram-se as medidas mesiodistal e
vestibulolingual a 5 mm e 10 mm do ápice, e na junção cemento-esmalte, em
967 dentes extraídos (11 tipos de dentes) tratados endodonticamente, com
auxílio de radiografias. Respeitou-se no sistema D.T. Light-Post a dupla
conicidade (terço apical menos cônico que o cervical) dos condutos. O sistema
possui pinos com três diâmetros nos 5 mm apicais: ISO 90, 100 e 120. Do terço
apical à junção cemento-esmalte, os pinos aumentam em conicidade e
diâmetro.
Jimenéz (2001) afirmou que os pinos de fibras de vidro são mais
práticos, estéticos, econômicos e conservadores do que os núcleos metálicos
fundidos. São biocompatíveis, resistentes à corrosão e fratura, e de fácil
remoção. Sua capacidade de adesão à dentina e a materiais resinosos permite
reconstruir dentes com condutos alargados, formando um monobloco que,
juntamente com o módulo de elasticidade similar ao da dentina, auxilia a
distribuir o estresse ao longo da raiz. Sua incorporação às resinas aumenta sua
dureza e resistência ao desgaste. Na segunda metade da década de 1990,
surgiram pinos mais estéticos que os pinos de fibras de carbono: Aestheti-Plus
(branco e paralelo), Aestheti-Plus (branco e cônico) e Light-Post (cônico e
43
transparente, capaz de transmitir luz). Comentou sobre os pinos de fibras de
vidro mais usados: 1) Fibrekor - diâmetros de 1 mm, 1,25 mm e 1,5 mm;
cônicos, brancos e serrilhados; capazes de transmitir luz para polimerizar o
cimento resinoso; aderem à estrutura dentária; 2) Dentatus Luscent Anchors
diâmetros de 1,4 mm, 1,6 mm e 1,8 mm; translúcidos, lisos e cônicos;
transmitem luz; tratados quimicamente para adesão à resina. Pinos de fibras
podem ser construídos diretamente nos canais, nos quais são inseridas fibras
de vidro ou polietileno; a técnica é ideal para condutos amplamente alargados.
Apesar dos ótimos resultados clínicos relatados com a última aplicação, a
mesma necessita de estudos adicionais.
Segundo Stewardson (2001) as principais vantagens dos pinos não-
metálicos são: (1) reduzido número de fraturas radiculares (geralmente
favoráveis quando ocorrem); (2) estética melhorada; (3) cil remoção (exceto
para pinos cerâmicos); (4) maior biocompatibilidade (ausência de corrosão e
citotoxicidade); (5) formação de um complexo biomecânico único pela adesão
entre estrutura dentária, agente cimentante e pino, reforçando a raiz. O autor
classificou os pinos não-metálicos em pinos de materiais compósitos e pinos
cerâmicos. Os pinos de compósitos, que devido à similaridade de seu módulo
de elasticidade com o da dentina, minimizam fraturas radiculares, podem
classificar-se em: (1) pinos de fibras de carbono (Composipost, Endopost), que
em versões atuais podem ser encontrados radiopacos; (2) pinos de fibras de
vidro, geralmente quartzo ou sílica-zircônia em matriz resinosa (Fibrekor,
Aestheti-Post, Aestheti-Plus, Snowpost), com propriedades físicas similares às
dos pinos de fibras de carbono; (3) pinos fototransmissores (Lightpost, Luscent
Anchors), compostos por fibras de vidro translúcidas, que visam facilitar a
polimerização de cimentos duais ou fotopolimerizáveis; (4) pinos de fibras de
polietileno. Pinos cerâmicos (Cosmopost, Cerapost) são mais indicados com
coroas de porcelana pura pela excelente estética, e possuem alta resistência e
dureza, bem como biocompatibilidade.
Raygot, Chai e Jameson (2001) estudaram o modo de fratura inicial e a
resistência à fratura de incisivos centrais superiores despolpados e restaurados
com núcleos metálicos fundidos, pinos pré-fabricados de aço inoxidável ou de
fibras de carbono. Quando utilizados pinos pré-fabricados, confeccionou-se a
44
porção coronária com resina composta. Cimentaram-se coroas totais metálicas
com fosfato de zinco sobre os núcleos. Após armazenamento dos espécimes
por 24 horas em água destilada, estes foram submetidos à carga compressiva
em ângulo de 130
0
com o longo eixo do dente, à velocidade de 25,4 mm/min. A
carga foi programada para cessar ao primeiro sinal de fratura, permitindo
melhor análise do modo de fratura que em estudos nos quais os espécimes
são totalmente destruídos e falhas secundárias são geradas. Para detectar o
modo inicial de falha, os dentes foram imersos em tinta preta por 12 horas e
seccionados no sentido mésio-distal. A resistência à fratura foi similar entre os
três grupos: 38,13 kgf para núcleos metálicos fundidos, 31,3 kgf para pinos de
fibras de carbono e 31,1 kgf para pinos de aço. Em todos os espécimes, houve
falhas adesivas entre pino e estrutura dentária, bem como fratura dentária. Nos
três grupos, 70 a 80% dos dentes mostraram fraturas acima do nível ósseo
simulado. Não ocorreram falhas coesivas de materiais restauradores.
Cormier, Burns e Moon (2001) avaliaram seis sistemas de núcleos
(núcleos metálicos fundidos, pino de aço inoxidável ParaPost XH, pino de fibras
de carbono C-Post, pino de fibras de carbono-quartzo Aestheti-Post, pino de
fibras de vidro FibreKor e pinos cerâmicos CosmoPost) em quatro estágios
clínicos da restauração para determinar resistência à fratura e modo de falha
em cada estágio. Os estágios analisados foram (10 espécimes para cada
estágio): 1) somente o pino, seccionado em 10mm de comprimento e
submetido a carga em ângulo reto, no ponto médio (teste de flexão dos três
pontos); 2) somente o pino, cimentado no conduto; 3) pino cimentado e
confecção da porção coronária do núcleo; 4) cimentação de coroa total sobre o
núcleo. Para os estágios 2 a 4, removeu-se a coroa de 180 pré-molares
inferiores despolpados e fixaram-se os espécimes em blocos de resina acrílica.
Prepararam-se os condutos até 8 mm de profundidade. Cimentaram-se os
pinos com cimento resinoso e confeccionou-se a porção coronária dos núcleos
com resina composta. No estágio 4, cimentou-se com ionômero de vidro
híbrido uma coroa total metálica sobre o núcleo. Nos estágios 2 a 4,
armazenaram-se os espécimes em umidificador por 24 horas e depois em água
a 37ºC por 7 dias. Aplicou-se uma carga estática na máquina de ensaios em
ângulo de 90º com o longo eixo da raiz. Considerou-se a fratura desfavorável
45
quando os dentes exibiram fraturas verticais ou oblíquas estendendo-se abaixo
da borda do bloco de resina acrílica. Os valores de resistência para cada pino
foram significativamente diferentes em cada estágio, mas de modo geral a
seqüência dos resultados por tipo de pino foi similar de um estágio para outro.
No estágio 1, os pinos Para-Post e os núcleos fundidos exibiram dobramento e
deformação plástica gradual. Pinos de fibra fraturaram em “galho verde”. Pinos
Para-Post mostraram a maior resistência e grande quantidade de fraturas
desfavoráveis nos quatro estágios. Pinos FibreKor apresentaram menor
resistência que os demais nos estágios 2 a 4, não causaram fraturas dentárias
nos estágios 2 e 3 e no estágio 4 o número de fraturas desfavoráveis foi similar
ao dos outros pinos. Em um grupo intermediário quanto à resistência, situaram-
se C-Post, Cosmopost e AesthetiPost (ordem decrescente), apresentando
número moderado de fraturas desfavoráveis. O CosmoPost exibiu número
significativo de fraturas em todos os estágios, devido à friabilidade. A
resistência do cleo metálico foi sempre alta, mas variável em cada estágio,
sendo que com este núcleo nenhum dente fraturou no estágio 2, 90% dos
dentes fraturaram desfavoravelmente no estágio 3, e todos fraturaram
desfavoravelmente no estágio 4. No estágio 4 (prótese concluída), o houve
diferença na resistência entre os pinos testados, exceto para o FibreKor, que
continou a apresentar resultados menores que os demais pinos. Concluiu-se
que pinos de fibras possuem vantagem quanto à preservação dentária sobre
pinos metálicos pré-fabricados e núcleos metálicos fundidos (pequeno número
de fraturas desfavoráveis em relação aos sistemas metálicos).
Akkayan e Gulmez (2002) avaliaram a resistência à fratura de dentes
tratados endodonticamente e reforçados com quatro tipos de pinos: G1 - pino
de titânio, G2 - pino de fibra de quartzo, G3 - pino de fibra de vidro e G4 - pino
de zircônia. Todos os pinos foram cimentados com Single Bond e cimento
resinoso RelyX. Receberam ainda, porção coronária em resina composta e
coroas totais metálicas. Os espécimes foram embutidos em resina acrílica e
submetidos ao teste de compressão em angulagem de 130
0
com o longo eixo
do dente, em velocidade de 1 mm/min até que alguma falha ocorresse. Os
valores de resistência à fratura foram em ordem crescente: 66,95 kg (G1),
75,90 kg (G3), 78,91 kg (G4); 91,20 kg (G2). Os dentes reconstruídos com
pinos de fibra de quartzo (G2) mostraram maior resistência à fratura que os
46
demais grupos (p<0,001).
Observaram-se fraturas passíveis de reparo em
dentes restaurados com pinos de fibras de quartzo e fibras de vidro, e
observaram-se fraturas não restauráveis com pinos de zircônia e de titânio. Os
autores especularam que uma das principais causas deste padrão de fratura
deve ser o alto módulo de elasticidade de pinos de titânio e zircônia em relação
à dentina, enquanto pinos de fibras de quartzo e de fibras de vidro possuem
módulos próximos ao da dentina.
Grandini, Balleri e Ferrari (2002) avaliaram através de microscopia
eletrônica de varredura as superfícies de pinos de fibra cortados de diferentes
maneiras. Foram utilizados os seguintes pinos: G1 - fibra de carbono (RTD),
G2 - fibra de quartzo (RTD), G3 - Aesthetic Post (RTD), G4 - Aesthetic Plus
Posts (Ivoclar), G5 - Translucent Posts (Dentatus) e G6 - FRC Postec Posts
(Ivoclar). Cada grupo foi dividido em 3 subgrupos de acordo com o tipo de corte
utilizado: ponta diamantada, disco de carborundum ou tesoura. Não houve
diferença entre os grupos 1, 4 e 6. As superfícies dos pinos utilizados no G5
foram mais irregulares depois de cortados com os instrumentos rotatórios. Os
demais grupos mostraram diferenças desfavoráveis quando cortados com
tesoura em comparação às pontas diamantadas ou disco de carborundum. As
superfícies cortadas com tesouras mostraram dois planos e bordas
convergentes, tendo linhas de fraturas que podem perder a integridade ao
longo do comprimento dos pinos. Os autores sugeriram que pinos de fibra
podem ser cortados com pontas diamantadas em baixa rotação sob
refrigeração. Embora o disco de carborundum mostre menor irregularidade,
este procedimento não seria recomendado. Já cortes com tesoura seriam
desencorajados.
Heydecke e Peters (2002) conduziram uma revisão da literatura para
comparar o comportamento clínico e laboratorial de núcleos metálicos fundidos
com o de pinos pré-fabricados metálicos ou de fibras de carbono. Após seleção
inicial de 1773 artigos, estes foram submetidos a critérios de inclusão. Para
estudos laboratoriais, os critérios foram: dentes unirradiculares, restauração
com coroas totais e aplicação da carga em ângulo de 130 a 135º; para estudos
clínicos foram: acompanhamento por pelo menos três anos, dentes anteriores,
restauração com coroas totais, descrição dos sistemas testados e informações
sobre sobrevivência ou sucesso do estudo. Permaneceram dez artigos
47
laboratoriais e seis clínicos. A comparação da resistência à fratura em estudos
laboratoriais não revelou diferenças significativas entre núcleos fundidos e de
preenchimento. Por falta de dados, uma análise global de sobrevivência não foi
possível com estudos clínicos. A sobrevivência para núcleos metálicos fundidos
em dois estudos variou de 87,2% a 88,1% e em um terceiro estudo alcançou
86,4% após 72 meses. A meta-análise dos estudos laboratoriais não encontrou
diferenças no padrão de fratura entre núcleos fundidos ou de preenchimento: a
maioria das fraturas ocorreu no terço médio ou apical da raiz. Somente com
pinos de fibras de carbono a fratura geralmente ocorreu acima do suporte
acrílico (fratura restaurável). Observaram que sendo comparáveis os resultados
dos tratamentos, restaurações diretas reduzem tempo e custos para o
paciente. Porém, estudos adicionais de acompanhamento de núcleos de
preenchimento devem ser conduzidos, pois ainda são escassos.
Vichi et al. (2002) avaliaram a efetividade de três sistemas adesivos de
um frasco (grupos 3, 4 e 5) e de dois sistemas adesivos de três passos (grupos
1 e 2) quanto à formação da camada híbrida, de tags de resina e de
ramificações laterais de adesivo quando usados para cimentação de pinos de
fibras. Distribuíram-se 50 dentes tratados endodonticamente, a serem extraídos
por razões endodônticas ou periodontais, em cinco grupos (10 espécimes
cada), onde utilizaram-se as seguintes combinações de sistema adesivo e
cimento resinoso: 1) All Bond 2 com C & B Cement; 2) Scotchbond
Multipurpose Plus com Opal Luting Composite; 3) Scotchbond 1 com RelyX
ARC; 4) One-Step com C & B Cement; 5) All Bond Experimental com Post
Cement HI-X. Utilizaram-se todos os materiais como recomendado pelos
fabricantes. Cimentaram-se 50 pinos de fibras de quartzo Aestheti-Plus em
condutos preparados até 9 mm de profundidade. Uma semana depois, as
raízes foram extraídas e observadas em microscópio eletrônico de varredura.
Ocorreu formação da camada híbrida, tags de resina e ramificações laterais
com todos os adesivos, mas com melhor qualidade nos grupos 1 e 2. A
morfologia e formação da camada híbrida e dos tags de resina foi mais
facilmente detectável e uniforme nos terços cervical e médio dos canais que no
terço apical. Não houve diferença significativa entre os três adesivos de um
frasco nas áreas avaliadas. Concluiu-se que sistemas adesivos de três passos
48
proporcionam melhor embricamento micromecânico entre adesivo e dentina
que sistemas de um frasco, especialmente no terço apical.
Albuquerque (2003) avaliou o efeito de pinos intra-radiculares de
diferentes materiais e formas na distribuição do estresse em incisivos
endodonticamente tratados, através do método do elemento finito.
Consideraram-se todos os materiais homogêneos e isotrópicos, bem como a
obtenção de uma adesão perfeita em todas as interfaces. Quatro modelos
foram criados: 1) dente hígido; 2) dente restaurado com pino nico (2 mm de
diâmetro cervical e 1mm de diâmetro apical); 3) dente restaurado com pino
cilíndrico (1,4 mm de diâmetro); 3) dente restaurado com pino de dois estágios
(cervical com 1,8 mm de diâmetro e apical com 1,2 mm de diâmetro). A porção
coronária do núcleo foi confeccionada com resina composta reforçada por
titânio e recoberta com coroa de porcelana. Nos três modelos, utilizaram-se
pinos de aço inoxidável, de titânio e de fibras de carbono. Simulou-se a
aplicação de uma carga estática de 10 kg na face palatina, próxima à borda
incisal e em 45° com o longo eixo dentário. Em rela ção aos dentes hígidos, o
uso de pinos aumentou o nível de estresse, especialmente na região cervical
da interface pino-dentina da face palatina. Pinos de aço causaram o maior
estresse, seguidos por pinos de titânio e finalmente por pinos de fibras de
carbono. Não houve diferenças significativas na concentração do estresse
relacionadas à forma do pino.
Kaizer (2003) avaliou a resistência à fratura de dentes despolpados
reconstruídos com pinos de fibras de polietileno ou pinos dentários. Selecionou
60 caninos superiores seccionados na junção cemento-esmalte, tratados
endodonticamente (condutos desobturados até 8mm de profundidade) e
fixados em blocos de resina acrílica. Distribuíram-se os espécimes em quatro
grupos (15 dentes cada): 1) preparo convencional dos condutos e confecção de
pinos de fibras de polietileno Ribbond; 2) preparo convencional dos condutos e
pinos dentários; 3) condutos medianamente alargados e pinos dentários; 4)
condutos amplamente alargados (espessura de paredes de 0,5 mm no terço
cervical) e pinos dentários. Nos grupos 1 e 2, dilataram-se os condutos até a
broca Largo 4; nos grupos 3 e 4, os condutos sof reram desgastes
seqüenciais padronizados, simulando raízes medianamente ou amplamente
49
destruídas, respectivamente. Cimentaram-se os pinos com sistema adesivo
Scotchbond Multi-Uso Plus e cimento resinoso Enforce. Construiu-se a porção
coronária dos núcleos com resina composta reforçada com titânio Ti-Core.
Após 24 horas de armazenamento em água destilada, submeteram-se os
espécimes ao ensaio de resistência à fratura sob compressão na quina de
ensaios, em ângulo de 135° com o longo eixo da raiz , à velocidade de
0,5mm/min. Os valores de resistência à fratura foram (ordem decrescente):
Grupo 3 - 58,67 kgf; Grupo 2 - 53,30 kgf; Grupo 4 - 47,91 kgf; Grupo 1 - 45,46
kgf. Houve diferença significativa apenas entre os grupos 1 e 3. Em relação ao
padrão de fratura, observou-se: ampla predominância de fratura da porção
coronária do núcleo no grupo 1; padrão variado de fraturas (tanto radiculares
como do pino e/ou porção coronária) nos grupos 2 e 3; fratura de 100% das
raízes no grupo 4. Concluiu-se que: 1) a resistência à fratura foi similar entre
grupos reconstruídos com pinos dentários ou pinos de fibras de polietileno; 2)
com pinos de fibras de polietileno houve ampla predominância de fratura do
pino e/ou da porção coronária do núcleo; 3) com pinos dentários a fratura foi
predominantemente no terço cervical da raiz, pino e/ou da porção coronária do
núcleo; em condutos alargados, houve principalmente fraturas de raiz com
estes pinos; 4) pinos dentários parecem ideais para reforçar raízes debilitadas,
por suas propriedades biomecânicas similares às da estruturas dentária e
capacidade de adesão com a mesma e com materiais restauradores.
Marchi et al. (2003) estudaram a resistência à fratura de dentes bovinos
fragilizados e restaurados com pinos metálicos associados à diferentes
materiais. Setenta e cinco incisivos bovinos foram divididos em 5 grupos: G1
dentes não fragilizados restaurados com pino metálico (controle); G2 - dentes
fragilizados reconstruídos com pino metálico e cimento resinoso C&B; G3
dentes fragilizados reconstruídos com pino metálico e cimento de íonômero de
vidro Vitremer; G4 dentes fragilizados reconstruídos com pino metálico e
resina composta modificada Dyract AP; G5 - dentes fragilizados reconstruídos
com pino metálico e resina composta Z-100. Os condutos foram preparados em
9 mm com ponta diamantada esférica 1016 (controle). Para fragilização, foram
preparados em 7 mm com ponta diamantada esférica 3017 e em 4mm com
3018. Após cimentados os pinos, copings metálicos foram posicionados sobre
50
eles para suportarem as cargas compressivas em angulação de 135
0
em
relação ao longo eixo das raízes à velocidade de 0,5 mm/min. O grupo controle
apresentou os maiores valores de resistência à fratura (52,38 kgf), diferindo
significativamente dos demais grupos. Os dentes fragilizados reconstruídos
com pino de fibra e cimento C&B, apenas, apresentaram os menores valores
(31,75 kgf). Porém, quando comparado com os outros materiais, diferença
significativa foi observada apenas em relação ao Vitremer (42,68 kgf). Quando
utilizado Vitremer, Dyract AP e Z100, não houve diferença estatística.
Monticelli et al. (2003) em um estudo prospectivo avaliaram o
desempenho de três pinos translúcidos em 225 pacientes com pré-molares
tratados endodonticamente e restaurados com pinos de fibras e coroas
cerâmicas. Distribuíram-se os dentes em três grupos (75 dentes cada): G1-pino
Aesthetic Plus; G2-pino D. T. Ligh-Post; G3-pino FRC Postec. Prepararam-se
os condutos com 9mm de profundidade. Para a cimentação, utilizaram-se nos
grupos 1 e 2 o sistema adesivo fotopolimerizável One-Step e o cimento
resinoso dual Duo-Link; no grupo 3, utilizaram-se apenas materiais
autopolimerizáveis (sistema adesivo Excite DSC e cimento resinoso MultiLink).
Reconstruiu-se a porção coronária com resina composta fluida AeliteFlo para
verificar se o material suportaria cargas funcionais por longos prazos. Após 6,
12 e 24 meses, dois examinadores independentes e cegos ao tipo de
tratamento realizaram exame clínico e radiográfico dos dentes restaurados.
Houve oito casos (3,5%) de deslocamento dos pinos, sendo 3 casos no G1 , 2
casos no G2 e 3 no G3. Seis casos apresentaram lesão periapical em dois
anos, necessitando retratamento endodôntico. Não houve nenhum fracasso
relacionado à fratura de pino nem fratura radicular. Não foi observada diferença
significativa no desempenho clínico dos pinos testados, sugerindo que todos
são adequados para uso clínico.
Kurtz et al. (2003) avaliaram, através de teste de resistência à extrusão
(push-out), o efeito do sistema adesivo, cimento endodôntico e região do canal
radicular sobre a resistência adesiva de três pinos estéticos. Distribuíram-se 24
dentes anteriores superiores endodonticamente tratados em três grupos iguais,
nos quais foram utilizados: 1) pinos cerâmicos Cosmopost; 2) pinos de fibras
de vidro FibreKor; 3) pinos de fibras de vidro Parapost Fiber White.
Cimentaram-se os pinos em cada grupo com uma das seguintes combinações:
51
1) sistema adesivo auto-condicionante Parapost Cement Conditioner e cimento
resinoso autopolimerizável Parapost Cement; 2) sistema adesivo
fotopolimerizável One Step (um frasco) e cimento resinoso autopolimerizável
Hi-X Post. Para metade dos espécimes de cada combinação, utilizou-se um
cimento endodôntico contendo eugenol e para a outra metade um cimento à
base de resina epóxica. Executou-se o teste de resistência à extrusão em
diferentes secções da raiz para medir a resistência adesiva em cada área do
canal. Foram obtidos quatro segmentos de cada raiz por secção em máquina
de corte, sendo três deles apicais à junção cemento-esmalte e um coronário a
esta. Cada segmento era levado à máquina de ensaios, na qual carga era
aplicada à velocidade de 1 mm/min, até deslocamento do pino. O Cosmopost
mostrou adesão significativamente menor que Fibrekor e Parapost, que não
diferiram entre si. A adesão dos pinos na secção coronária foi
significativamente mais alta que nas demais secções da raiz (adesão similar).
Concluiu-se que o tipo de pino e a área da raiz afetaram a resistência adesiva,
mas o tipo de cimento endodôntico ou de adesivo não tiveram efeito sobre a
adesão.
Grandini (2003) observou que é relativamente comum o conduto
apresentar-se ovóide ou alargado. Nestes casos, é possível reembasar um
pino de fibras pré-fabricado com resina composta fotopolimerizável, obtendo-se
um “pino anatômico” que reproduz exatamente a morfologia do canal. O autor
utilizou um pino de fibras de quartzo para a técnica, reembasado com uma
resina fotopolimerizável de baixa viscosidade, a qual adere ao pino graças ao
sistema adesivo. Verificou, através de microscopia eletrônica de varredura
(MEV), que a espessura do cimento resinoso foi cerca de 6 vezes maior (ao
longo de todo o canal) com pinos pré-fabricados que com pinos anatômicos.
Argumentou que quanto menor a espessura do cimento, mais uniforme é a
distribuição das cargas oclusais e menor a contração de polimerização do
cimento resinoso (e menor o estresse por ela causado), bem como mais baixo
é o número de bolhas no cimento. De fato, a MEV mostrou que com o pino
anatômico houve redução significativa do número e da dimensão das bolhas no
cimento resinoso. Após preparo do conduto (removendo-se áreas retentivas
para permitir remoção do pino após polimerização), este deve ser isolado com
52
água ou glicerina líquida (que deve ser eliminada com microbrush e irrigação
abundante antes da cimentação). A resina composta e a seguir o pino são
inseridos no conduto, procedendo-se à sua pré-polimerização. Remove-se o
pino reembasado do conduto e completa-se a fotopolimerização. A cimentação
é feita da mesma forma que para o pino de fibras pré-fabricado. A seguir,
procede-se à construção da porção coronária do núcleo. O autor ressaltou que
a eficácia da técnica deve ser avaliada em estudos clínicos longitudinais.
Newman et al. (2003) compararam os efeitos de três sistemas de pinos
de fibras sobre a resistência à fratura e modo de falha de dentes despolpados.
Distribuíram 90 incisivos centrais superiores em oito grupos experimentais e
um grupo controle, no qual utilizou-se pino de aço inoxidável Para-Post de 1,5
mm (10 espécimes cada grupo). Metade dos dentes dos grupos experimentais
possuía condutos estreitos e a outra metade condutos alargados. Em
espécimes com canais estreitos, prepararam-se os condutos com a broca
correspondente para pinos de fibras de vidro FibreKor (1,5 mm) ou Luscent
Anchors (1,6 mm); os pinos de fibras de polietileno Ribbond foram
confeccionados diretamente em condutos de 1,6 mm de diâmetro. Os mesmos
pinos foram cimentados nos condutos largos, que possuíam preparo cônico
com 2 mm de diâmetro na porção mais cervical da raiz e 1,5 mm no ápice, feito
com pontas diamantadas tronco-cônicas. Em condutos estreitos, cimentaram-
se os pinos pré-fabricados com cimento resinoso autopolimerizável Cement-It!
(usado também para cimentar o pino ParaPost), e em condutos largos com
resina composta fluida Flow-It!. Os pinos de Ribbond foram confeccionados
com resina fluida fotopolimerizável Flow-It! para os dois tipos de condutos; nos
condutos estreitos utilizaram-se dois pedaços de Ribbond com 2 mm X 28 mm
e nos condutos largos três pedaços do mesmo tamanho. Preparam-se todos os
condutos até 10 mm de profundidade e em todos os grupos utilizou-se o
adesivo Scotchbond Multi-uso de forma dual. Preparou-se ainda um grupo
chamado de “Ribbond não-padronizado”, com 20 pinos de Ribbond e porção
coronária de forma e tamanho variável, cujos resultados foram excluídos da
análise estatística devido à falta de padronização. Os espécimes foram
submetidos ao teste de resistência à fratura à velocidade de 5 mm/min. o
houve diferença significativa na resistência entre condutos estreitos ou
53
alargados com os pinos testados, exceto para o Ribbond (maior valor em
condutos largos). Em canais estreitos, a menor resistência foi 4,55 kgf para
Ribbond e a mais alta foi 12,9 kgf para Luscent Anchors. Em canais largos, a
menor resistência foi 9,04 kgf para FibreKor e a mais alta (12,87 kgf) foi igual
para Luscent Anchors e Ribbond. O grupo com maior resistência à fratura foi o
controle (18,33 kgf). O grupo do Ribbond não-padronizado obteve média de
24,91 kgf para condutos estreitos e de 31,95 kgf para condutos largos. o
ocorreu fratura radicular em nenhum dos grupos experimentais, e no grupo
controle houve três fraturas no terço cervical da raiz. Concluiu-se que embora
pinos metálicos tenham apresentado maior resistência que pinos de fibras, o
modo de falha dos últimos protege o remanescente dentário.
Purton, Chandler e Qualtrough (2003) investigaram o efeito da
termociclagem sobre a retenção de pinos de fibras de vidro. Distribuíram-se 40
raízes de caninos e pré-molares em dois grupos (20 espécimes cada), nos
quais pinos Lightpost ou Luscent Anchors foram cimentados com cimento
resinoso. As coroas foram removidas, os condutos preparados com 9 mm de
profundidade e as raízes embebidas em blocos de resina acrílica. Cada grupo
foi subdividido em dois subgrupos iguais: um foi submetido à termociclagem
(3.000 ciclos em banhos de água a C e 55°C, com 6 0 segundos em cada
banho de água e tempo de transferência de dois segundos) e o outro serviu
como controle (espécimes armazenados a 37°C). Os es pécimes foram
submetidos à força de tração no longo eixo do pino, à velocidade de 5 mm/min.
No grupo controle, a força necessária para deslocar os pinos foi 31,5 kgf para o
pino Lightpost e 15,49 kgf para o pino Luscent Anchors (diferença significativa);
nos grupos com termociclagem, obteve-se 23,04 kgf para Lightpost e 17,02 kgf
para Luscent Anchors (diferença não significativa). Não houve diferença
significativa na retenção entre espécimes submetidos ou não à termociclagem.
Todos os pinos tinham remanescentes de cimento, sugerindo falha adesiva na
interface cimento-dentina, ou falha coesiva dentro do cimento, ou ainda
associação de ambas. Considerou-se que pinos de fibras de vidro cimentados
com cimento resinoso ofereceram retenção aceitável, que não diminuiu com a
termociclagem, indicando não ser essencial usar a termociclagem em testes de
retenção de pinos de fibras cimentados com cimentos resinosos.
54
Drummond e Bappa (2003) avaliaram a resistência à flexão de pinos de
fibras de carbono (Carbon-Post), pinos cerâmicos (Zirconia-Post) e pinos de
fibras de vidro (Esthetic-Post, Light-Post, Luscent Anchors e FibreKor de três
diâmetros diferentes) antes e após ciclagem térmica, examinado também o
efeito da carga estática e cíclica sobre esses materiais. O diâmetro dos pinos
variou de 0,98 a 1,90 mm. Submeteram-se 10 pinos de cada grupo a ciclagem
térmica (6000 ciclos entre 7 e 63ºC) e um número igual de pinos de cada grupo
não sofreram ciclagem térmica. Barras de resina reforçada por fibras de vidro
unidirecionais também foram submetidas a ciclagem térmica e cargas cíclicas.
Executaram-se os testes à velocidade de 2 mm/min na máquina de ensaios,
com os espécimes imersos em água ou em ambiente seco. Realizou-se o teste
de fadiga sob a mesma velocidade, até 1000 ciclos, com carga de 40 kg. A
microscopia eletrônica de varredura foi usada para avaliar diferenças micro-
estruturais entre os pinos e a qualidade de aderência das fibras à matriz
resinosa. Os pinos de fibras de carbono e o pino de fibras de vidro FibreKor
foram significativamente mais resistentes que o pino cerâmico e que os demais
pinos de fibras de vidro. A ciclagem térmica reduziu significativamente a
resistência à flexão dos pinos de fibras de carbono ou vidro. Com barras de
resina reforçadas, não houve diferença significativa com o teste em ambiente
úmido ou seco, mas houve perda significativa de resistência sob carga cíclica;
a ciclagem térmica diminuiu a resistência em 11%. Freqüentemente
observaram-se depressões irregulares ou vazios nas áreas de fratura. Não
houve falta de adesão entre fibras e matriz resinosa com nenhum pino.
Concluiu-se que a diminuição da resistência sob carga cíclica e sob ciclagem
térmica de pinos de fibras indica que seu uso no ambiente oral aumenta sua
degradação, encurtando a vida clínica.
Hu et al. (2003) avaliaram a resistência à fratura e os padrões de falhas
de incisivos centrais superiores despolpados e distribuídos em quatro grupos
(10 espécimes cada), com diferentes tipos de núcleos. Os condutos foram
desobturados, preservando-se 4 mm da obturação radicular. Após execução de
preparo para coroa total com chanfrado de 1,2 mm de largura ao nível da
junção cemento-esmalte (JCE), as coroas foram removidas, mantendo-se 1
mm de estrutura dentária acima da JCE. No Grupo 1, utilizaram-se núcleos
metálicos fundidos em ouro-paládio, com porção radicular paralela e serrilhada,
55
obtida a partir de padrões Parapost calcináveis. O canal foi preparado com a
broca paralela Parapost 4 (1 mm de diâmetro). Para a cimentação, utilizou-
se cimento de policarboxilato. No grupo 2, os dentes receberam pinos de aço
inoxidável paralelos e serrilhados Parapost (1 mm de diâmetro). No grupo 3,
utilizaram-se pinos de fibras de carbono-quartzo paralelos e de ápice cônico
Aestheti-Post 1 (1 mm de diâmetro). No grupo 4, utilizaram-se pinos
cerâmicos paralelos e de ápice cônico ER-Cerapost (0,9 mm de diâmetro). Nos
grupos 2 a 4, a porção coronária foi confeccionada com resina composta e os
pinos cimentados com cimento resinoso dual. As raízes foram fixadas em
blocos de resina acrílica. Cimentaram-se coroas totais metálicas sobre os
núcleos. Após armazenamento em soro fisiológico à temperatura ambiente por
sete dias, submeteram-se os espécimes à compressão em ângulo de 45º com
o longo eixo da raiz, à velocidade de 2,5 mm/min. O modo de falha foi
classificado como: 1) deslocamento do pino; 2) fratura de estrutura dental
coronária; 3) fratura da raiz (localização variável). Para facilitar a localização da
falha, os espécimes foram imersos após o teste em solução de fucsina básica,
embebidos em resina epóxica e então seccionados longitudinalmente em
máquina de corte. Os valores de resistência à fratura encontrados foram
aceitáveis em todos os grupos: grupo 1 36,92 kgf; grupo 2 25,80 kgf; grupo
3 29,34 kgf; e grupo 4 33,02 kgf. Não houve diferença significativa entre os
quatro grupos quanto à resistência. O pior padrão de falha foi observado nos
dentes restaurados com pinos cerâmicos e complementos coronários em
resina composta, onde 9, dos 10 espécimes fraturaram.
Maccari, Conceição e Nunes (2003) utilizaram três tipos de pinos
estéticos para avaliar a resistência à fratura de dentes tratados
edodonticamente. Foram utilizados Aestheti-Post, FibreKor Post e Cosmopost,
cimentados com sistema All Bond 2 e cimento resinoso C&B. Os
complementos coronários foram confeccionados com resina composta obtidos
através de matrizes de poliéster pré-fabricadas. Foram utilizados 30 dentes
humanos monorradiculares. Após aplicação de carga compressiva em 45
0
com
o longo eixo do dente, os valores de carga necessários para que alguma falha
ocorresse no sistema, bem como o padrão de falha foram observados. Os
dentes restaurados com Aestheti-Post e FibreKor apresentaram valores de
resistência à fratura superiores ao dentes restaurados com Cosmopost. Este
56
apresentou fratura em todos os espécimes, sendo 3 fraturas radiculares. Os
dentes restaurados com Aestheti-Post apresentaram diferentes tipos de
fraturas. Ao passo que espécimes em que foram utilizados os pinos FibreKor
Post não fraturaram.
Akkayan (2004) comparou o efeito de três comprimentos de férula sobre
a resistência à fratura e padrões de falha em dentes despolpados e
restaurados com pinos estéticos. Removeram-se as coroas de 123 caninos
superiores e prepararam-se três deles com férulas de 1 mm, 1,5 mm e 2 mm,
que depois foram moldados com silicone de adição e reproduzidos em resina
acrílica autopolimerizável para produzir padrões de cada comprimento de
férula. Utilizando-se estes padrões, obtiveram-se, no sistema fresador Celay,
40 dentes preparados com cada comprimento de férula, formando três grupos.
Cada grupo foi dividido em quatro sub-grupos de 10 espécimes restaurados
com: 1) pinos de fibras de quartzo D. T. Light-Post; 2) pinos de fibras de vidro
ER DentinPost; 3) pinos de fibras de vidro associadas à zircônia EasyPost; 4)
pinos de zircônia Cosmopost. Cimentaram-se os pinos com cimento resinoso.
A porção coronária dos núcleos foi reconstruída com resina composta e
recoberta com coroas totais metálicas. Submeteram-se os dentes à carga de
compressão em ângulo de 130° com seu longo eixo, à velocidade de 1
mm/min. Classificaram-se as falhas como localizadas no terço cervical da raiz
ou abaixo dele. Os seguintes valores de resistência à fratura (kgf) para pinos
de fibras de quartzo, de fibras de vidro, de fibras de vidro mais zircônia, ou de
zircônia foram, respectivamente: 98,09; 85,36; 80,24; e 70,11 (férula de 1,0
mm); 101,00; 87,58; 89,8; e 82,71 (férula de 1,5 mm); e 119,5; 99,84; 98,6; e
95,42 (férula de 2,00 mm). O aumento do comprimento da rula de 1,00 mm
para 1,5 mm em dentes com pinos de fibras de quartzo ou de fibras de vidro
não aumentou significativamente a resistência à fratura, mas a férula de 2 mm
aumentou significativamente a resistência com todos os pinos. Não houve
diferença significativa nos padrões de fratura dentro dos subgrupos ou entre
grupos. Com os três comprimentos de férula, a resistência foi
significativamente maior com pinos de fibras de quartzo que com outros tipos
de pinos. Houve diferença significativa entre os tipos de pinos dentro dos
57
quatro subgrupos com os três comprimentos de férula, exceto entre pinos de
fibras de quartzo e de fibras de vidro com férulas de 1,0 mm e 1,5 mm.
Berger e Cavina (2004) ressaltaram que entre os pinos intra-radiculares
recentemente lançados destacam-se os pinos de fibras de carbono e de fibras
de vidro. Consideraram também que pinos ativos estão obsoletos (predispõem
à fratura da raiz), devendo ser dada preferência a pinos passivos, que podem
ser classificados em: metálicos, cerâmicos ou de resinas reforçadas por fibras.
Estes últimos proporcionam absorção de cargas funcionais de forma similar ao
dente íntegro, devido a suas características mecânicas próximas à dentina. Os
insucessos com estes pinos de fibras estão relacionados a falhas de
cimentação ou à utilização em dentes com menos de 2 mm de remanescente
coronário. Modificações estéticas de pinos de carbono levaram à produção de
pinos com núcleo de carbono revestido por fibras de quartzo ou vidro. Os pinos
de fibras de vidro ou quartzo possuem propriedades mecânicas e
comportamento clínico similar aos pinos de fibras de carbono, além de melhor
estética. Permitem a refração e transmissão da luz, tornando os opacificadores
desnecessários. Existem ainda pinos de fibras de quartzo translúcidos, na
tentativa de facilitar a polimerização de adesivos e cimentos resinosos no
conduto. Recomendaram cimentos resinosos para cimentação de pinos de
fibras, pois apresentam resistência adequada mesmo em camadas espessas,
que pinos pré-fabricados não se adaptam precisamente ao conduto.
Sistemas adesivos de três passos são os mais indicados, pois não possuem
acidez elevada (como adesivos convencionais de dois passos ou
autocondicionantes de passo único), não interferindo na polimerização de
cimentos resinosos duais ou autopolimerizáveis.
Ferrario et al. (2004) investigaram os valores de força de mordida
máxima em pacientes do sexo masculino e feminino, comparando o lado
esquerdo e direito da face. Utilizaram pacientes entre 19 e 29 anos de idade,
sendo 36 homens e 16 mulheres. Terceiros molares não foram incluídos no
estudo. O sensor era posicionado na região correspondente ao segundo molar
superior direito e o paciente realizava máxima mordida. Em seguida o sensor
era posicionado no primeiro molar superior direito e o procedimento era
repetido. Assim sucessivamente até o segundo molar superior esquerdo. Em
58
seguida, os testes eram repetidos para todos os dentes e os valores da
primeira medição eram descartados. Após duas horas o teste era repetido, bem
como duas semanas depois, sendo realizada duas medições com 2 horas de
intervalo. O lado da face não teve influência significativa nos valores obtidos.
Para ambos os sexos, os menores valores foram encontrados na região
anterior, sendo os incisivos centrais nas mulheres (93,88 N) e incisivos laterais
nos homens (139,30 N), podendo chegar, nesta região, em caninos a 119,68 N
e 190,31 N para as mulheres e homens, respectivamente. Os homens
apresentaram valores de mordida superiores às mulheres para todos os dentes
analisados, sendo significativamente superiores a partir dos pré-molares em
direção à posterior. A região anterior apresentou diminuição da força de
mordida em cerca de 40-48% em relação à máxima força apresentada.
Fokkinga et al. (2004) executaram uma revisão sistemática agregando
dados de estudos laboratoriais sobre carga de falha e modos de falha de pinos
pré-fabricados de fibras, metálicos e cerâmicos. Após revisão de 1984 artigos
do MEDLINE de 1984 a 2003, com as palavras-chave post or core or build u
por dowel e teeth or tooth”. Os critérios de inclusão foram: 1) comparação de
pinos de fibras com qualquer outro tipo de núcleos; 2) dentes humanos
unirradiculares; 3) resina composta como material de reconstrução coronária; e
4) registro dos valores de resistência à fratura e modos de falha classificados
como favoráveis (reparáveis) ou desfavoráveis (irreparáveis). Núcleos
metálicos fundidos mostraram cargas de falhas significativamente maiores que
pinos de fibras. Pinos cerâmicos tiveram carga de falha significativamente
menor que pinos de fibras. O modo de falha foi significativamente mais
favorável para o remanescente dentário quando pinos de fibra foram utilizados.
Mitsui et al. (2004) avaliaram a resistência à fratura de raízes de
incisivos centrais bovinos restauradas com diferentes pinos intra-radiculares,
distribuídos em cinco grupos (15 espécimes cada): 1) cleo metálico fundido;
2) pino de titânio; 3) pino de fibras de carbono; 3) pino de fibras de vidro; e 5)
pino de dióxido de zircônia. Executou-se a secção dos incisivos a 14 mm do
ápice e prepararam-se os condutos até 9 mm de profundidade, com as brocas
recomendadas pelos fabricantes. Após cimentação dos pinos com cimento
resinoso e confecção da porção coronária com resina composta (3 mm de
59
altura), fixaram-se as raízes em resina, mantendo 3 mm das raízes expostas. A
seguir, submeteram-se as raízes à compressão em ângulo de 135° com o
longo eixo da raiz, à velocidade de 0,5 mm/min. Raízes restauradas com pinos
de titânio apresentaram maior resistência que as restauradas com pinos
cerâmicos ou de fibras de vidro e similar àquela de pinos de fibras de carbono.
A resistência de qualquer dos pinos pré-fabricados foi similar a dos núcleos
metálicos fundidos.
O trabalho de Braz et al. (2005) avaliou a resistência flexural de pinos
de fibras de vidro combinados com materiais de preenchimento utilizados para
reforço radicular, bem como a resistência à fratura de raízes alargadas
reforçadas com os mesmos materiais. Para o teste de resistência flexural,
confeccionaram-se 10 cilindros (3,5 mm de diâmetro e 14 mm de comprimento)
em cada grupo: 1) pino de fibras de vidro Reforpost e cimento resinoso dual
Variolink II; 2) pino Reforpost e resina composta dual para cleos de
preenchimento BisCore; 3) pino Reforpost e três pinos acessórios Reforpin com
cimento Variolink II. Após armazenamento em ambiente seco por 24 horas,
submeteram-se os cilindros à carga na máquina de ensaios, na velocidade de
0,5mm/min. As médias de resistência flexural foram (em MPa): grupo 1 –
206,52; grupo 2 224,39; e grupo 3 272,64. A resistência flexural do grupo 3
foi significativamente maior que a dos outros grupos. Para o teste de
resistência à fratura, removeram-se as coroas de 30 caninos superiores
despolpados ao nível da junção cemento-esmalte e alargaram-se os condutos
até 3,5 mm de diâmetro, simulando canais alargados. Aplicou-se o sistema
adesivo dual Excite DSC nas raízes, que foram divididas em três grupos, nos
quais foram utilizados os mesmos materiais que no teste de resistência flexural.
A porção coronária do núcleo foi construída com resina composta e fixaram-se
as raízes com resina acrílica em cilindros metálicos. Após armazenamento por
24 horas, aplicou-se a carga nos espécimes em ângulo de 135° com o longo
eixo da raiz, na velocidade de 0,5 mm/min. Os valores médios de resistência à
fratura foram (em kgf): grupo 1 47,45; grupo 2 66,57; e grupo 3 74,11. A
média do grupo 1 foi significativamente menor que a dos demais grupos.
Concluiu-se que o pino de fibras, combinado com pinos acessórios, é o método
de escolha para reforçar raízes debilitadas.
60
Galhano et al. (2005) investigaram a resistência à flexão de diferentes
pinos de fibras, distribuídos em oito grupos (10 espécimes cada): 1) pino de
fibras de carbono C-Post; 2) pino de fibras de carbono-quarzo Aestheti-Post; 3)
pino de fibras de quartzo Aestheti-Plus; 4) pino de fibras de quartzo Light-Post;
5) pino de fibras de quartzo D. T. Light-Post; 6) pino de fibras de vidro ParaPost
FiberWhite; 7) pino de fibras de vidro FibreKor; 8) pino de fibras de vidro
Reforpost. Executou-se o teste de flexão dos três pontos, à velocidade de 1
mm/min. Os valores médios obtidos para pinos Aestheti-Post e Aestheti-Plus
foram mais altos (estatisticamente similares) que os dos demais grupos. Os
valores médios obtidos com os pinos C-Post, Light-Post, D. T. Light Post,
ParaPost FiberWhite e FibreKor foram similares entre si e mais altos que os
obtidos com pinos Reforpost, que atingiram os valores mais baixos.
Grandini et al. (2005) avaliaram, através de microscopia eletrônica de
varredura, a espessura e a uniformidade da camada de cimento em três níveis
radiculares quando cimentados pinos de fibra translúcidos e pinos anatômicos.
Vinte dentes anteriores superiores foram randomizados e divididos em dois
grupos: G1 pinos translúcidos duplo-cônicos e G2 pinos translúcidos duplo-
cônicos reembasados com resina composta. Para confecção do pino
anatômico, os canais eram lubrificados com glicerina gel, o pino adaptado no
conduto e resina composta era compactada no interior do conduto. O conjunto
era pré-fotopilimerizado por 20 segundos e, em seguida, removido do conduto
para nova fotopolimerização por mesmo período. Em ambos os grupos foram
utilizados sistema adesivo One-Step (Bisco) e cimento resinoso Duo Link
(Bisco). As raízes foram seccionadas ao nível de 1mm, 4,5mm e 8mm e a
espessura da camada de cimento e a presença de bolhas ou falhas foram
avaliadas sob microscopia eletrônica de varredura. No G1, a espessura da
camada de cimento aumentou significativamente de apical para coronal (130
µm em 8 mmm, 240 µm em 4,5 mm e 610 µm em 1 mm). no G2, ocorreu o
inverso, à medida que se aproximava da porção coronária, a espessura
diminuía (100 µm em 8 mm, 40 µm em 4,5 mm e 20 µm em 1 mm), pom
apenas para a porção coronal e média essa diferença foi significativa. A
espessura da camada de cimento foi significativamente diferente nos níveis
médio e coronal quando os dois grupos foram comparados entre si. Bolhas e
espaços vazios localizados no agente cimentante, no material de reconstrução
61
coronária e entre o pino de fibra e o cimento foram observadas nos dois grupos
da mesma forma.
Naumann, Blankenstein e Dietrich (2005) avaliaram 105 dentes
restaurados com pinos de fibras de vidro aos 12 e 24 meses. Foram utilizados
pinos de fibra de vidro paralelos serrilhados Fibrekor (Jeneric Pentron) em três
diâmetros: 1; 1,25 e 1,5 mm e pinos duplo-cônicos Luscent Anchors (Dentatus)
de mesmo diâmetro na porção coronal. A maioria dos dentes não possuía
remanescente coronário e muitos tinham condutos alargados. Após 12 meses,
4 restaurações falharam (3,8%): houve um caso de deslocamento de pino e 2
pinos fraturaram. Uma fratura não reparável ocorreu em um molar inferior.
Após 24 meses, 12 restaurações falharam (11,4%): 2 pinos deslocaram, 7
pinos fraturaram, 1 raiz sofreu fratura o reparável e houve falha adesiva da
porção coronária de um cleo. Os dois tipos de pinos analisados
apresentaram similar padrão de falha após 2 anos de acompanhamento clínico,
com predominância de falhas restauráveis.
Yoldas e Tayfun (2005) avaliaram a profundidade de polimerização da
resina composta utilizando-se: 1) pinos fototransmissores Luminex; 2) pinos de
fibra de vidro convencionais; ou 3) apenas fotopolimerização convencional
(grupo controle). Ambos os pinos possuíam 1,5 mm de diâmetro. A resina
composta foi condensada em condutos artificiais de 15 mm de comprimento e 4
mm de diâmetro, feitos em 30 cilindros plásticos negros (divididos em três
grupos iguais). O tempo de fotopolimerização foi sempre de 90 segundos. Vinte
e quatro horas após a polimerização, removeram-se os cilindros plásticos e
executou-se o teste de microdureza superficial nas profundidades de 2 mm, 4
mm, 6 mm, 8 mm, 10 mm, 12 mm e 14 mm. Houve aumento significativo na
microdureza da resina quando utilizado pinos fototransmissores ou pinos de
fibras de vidro convencionais em relação ao grupo controle. o houve
diferença significativa na microdureza entre pinos de fibras de vidro e pinos
fototransmissores até 10 mm; a partir desse ponto, os valores para o grupo em
que foi utilizado pino Luminex foi maior. A microdureza decresceu com o
aumento da distância da ponta fotopolimerizadora nos três grupos.
Gonçalves et al. (2006) investigaram a resistência à fratura de raízes
fragilizadas reconstruídas com núcleos metálicos fundidos e com pinos de
62
titânio associados a diferentes resinas compostas. Quarenta e oito incisivos
superiores foram aleatoriamente divididos em 6 grupos. G1 preparo
convencional do canal radicular com broca largo número 6 (1,7 mm de
diâmetro) e cimentação de núcleo metálico fundido (grupo controle). Os grupos
experimentais tiveram suas raízes fragilizadas através de desgaste com brocas
718, 720 e 730 nos comprimentos de 7, 6 e 5 mm, respectivamente,
apresentando 3,2 mm de diâmetro do conduto. Os grupos experimentais foram
os seguintes: G2 núcleo metálico fundido; G3 pino Luminex + Tetric Ceram
+ pino de titânio; G4 pino Luminex + Filtek Supreme + pino de titânio; G5 -
pino Luminex + Z-100 + pino de titânio; G6 - pino Luminex + resina Renew +
pino de titânio. Todos os pinos foram cimentados com cimento resinoso C & B
(Bisco). Os dentes foram submetidos ao ensaio de resistência a fratura após
terem sido armazenados por 24h a 37
0
C. Quando reconstruídos com núcleo
metálico fundido, houve diferença significativa entre os valores de resistência à
fratura de dentes fragilizados e com preparo convencional do conduto (212,8 N
e 447,8 N, respectivamente). Os valores dos demais grupos não diferiram do
grupo controle (G3 - 520,9 N, G4 - 479,9 N, G5 - 391,6 N, G6 333 N). Os
autores salientam que o uso de resina composta é capaz de reforçar raízes
fragilizadas quando comparado com núcleos metálicos fundidos.
Li et aI. (2006) avaliaram, através de análise de elemento finito, a
distribuição de estresse em raízes fragilizadas restauradas com pino e titânio
Parapost e diferentes agentes cimentantes: Superbond C&B, cimento de
ionômero de vidro, Panavia F, fosfato de zinco e cimento de policarboxilato de
zinco. Incisivos centrais superiores foram simulados, com preparo do conduto
em 8 mm de profundidade, sendo que os 4 mm cervicais possuíam 1mm de
espessura de parede dentinária. Foram simuladas coroas metalo-cerâmicas,
pino de titânio, porção coronária em resina composta, os diferentes cimentos,
dentina, ligamento periodontal, osso alveolar e guta percha. Carga de 100 N foi
aplicada na porção palatina em 45
0
em relação ao longo eixo do dente e os
valores de estresse computados. Na dentina radicular, pôde ser observado
maior estresse na região vestibular e palatina da porção cervical radicular.
Quando o modo de elasticidade do cimento era próximo ao da dentina (18,6
GPa), como fosfato de zinco (22,4 GPa) e Panavia F (18,3 GPa) a quantidade
63
de estresse na superfície radicular era baixo. Quando analisado o estresse na
camada de cimento, observou-se maior concentração de estresse nos
cimentos com maior módulo de elasticidade (Panavia F e fosfato de zinco).
Naumann, Preuss e Rosentritt (2006) compararam a resistência à fratura
de dentes endodonticamente tratados e com férulas incompletas da coroa.
Devido a situações como: sobrecarga oclusal, injúria traumática e processos
cariosos é comum ser impossível a obtenção de abraçamento de tecido dental
sadio em toda a circunferência da coroa, caracterizando uma férula incompleta.
Distribuíram-se 40 incisivos centrais superiores em 4 grupos (10 dentes cada):
1) férula completa (360°) c/ 2 mm de altura: 2) fér ula de 2 mm interrompida na
face vestibular; 3) rula de 2 mm interrompida na face lingual; 4) férula de 2
mm interrompida nas faces proximais. Após o preparo dos condutos com 8 mm
de profundidade, cimentaram-se pinos de fibras de vidro (Fibrepoints Root Pins
Glass) nos condutos com um cimento resinoso (RelyX Unicem) e confeccionou-
se a porção coronária dos núcleos com resina composta (Clearfil Core). Coroas
de cerâmica pura (Empress II) foram cimentadas sobre os núcleos com o
mesmo cimento resinoso. Após a fixação em blocos de resina acrílica, oito
espécimes de cada grupo foram expostos à ciclagem térmica (6.000 ciclos
entre 5 e 55°C, 2 minutos cada ciclo) e à carga din âmica (1,2 milhões de ciclos,
equivalendo a 5 anos de mastigação, força de 50 N) em ângulo de 135° com o
longo eixo da raiz. Os espécimes sobreviventes (sete dos grupos 2 e 3, cinco
do grupo 4 e todos os do grupo 1) foram submetidos à carga estática na
máquina de ensaios, à velocidade de 1 mm/min. A maior resistência (91,67 kgf)
foi obtida para o grupo 3 (ausência de férula na face lingual). Com a ausência
de rula na face vestibular (grupo 2), a resistência foi de 67,09 kgf e a férula
completa (grupo 1) alcançou 51,18 kgf. O menor valor (36,70 kgf) foi visto com
a ausência de férula nas proximais (grupo 4). A análise estatística revelou
diferença significativa entre todos os grupos, exceto entre os grupos 1 e 4, e
entre os grupos 2 e 4. Dois espécimes de cada grupo foram submetidos
somente à carga estática, apresentando valores similares àqueles submetidos
à carga dinâmica. O tipo de fratura mais freqüente foi a fratura oblíqua
estendendo-se da margem cervical da face lingual da raiz até o 1/3 médio da
face vestibular da raiz (fratura desfavorável à reabilitação dentária). Os autores
64
concluíram que apesar dos altos valores de resistência, uma férula incompleta
está associada com uma maior propensão à fratura dentária e com maior
variação na resistência à fratura.
Naumann, Preuss e Frankenberger
(2006) avaliaram a resistência à
fratura de dentes com canais excessivamente alargados e restaurados com
pinos de fibra de vidro e coroas cerâmicas. Trinta e dois incisivos centrais
inferiores foram divididos aleatoriamente em 4 grupos de 8 amostras. Dois
grupos tiveram suas coroas seccionadas 2 mm acima da junção cemento-
esmalte e dois grupos ao nível da mesma. Grupo 1 pino cimentado com
cimento auto-adesivo RelyX Unicem sem presença de férula e com conduto
amplamente alargado, permanecendo paredes com apenas 0,5 - 0,75 mm de
espessura; grupo 2 alargamento normal do conduto, sem presença de férula
e cimentação do pino com RelyX Unicem; grupo 3 alargamento normal do
conduto, presença de férula e pino cimentado com RelyX Unicem; grupo 4
alargamento normal do conduto, com presença de férula e pino cimentado com
cimento resinoso Panavia F. Após reconstrução com resina composta da
porção coronária e cimentação da coroa cerâmica, os espécimes foram
submetidos à ciclagem rmica (6000 ciclos, 5
0
C - 55
0
C, 2 min. cada ciclo) e
ciclagem mecânica (1.2 x 10
6
ciclos com angulação de 135
0
em relação ao
longo eixo do dente). Por fim, os espécimes que resistiram às ciclagens térmica
e mecânica foram submetidos à carga compressiva à velocidade de 1 mm/min
até que ocorresse falha. A resistência à fratura foi significativamente diferente
entre os quatro grupos analisados. O grupo 4 apresentou os maiores valores,
seguido pelos grupos 3, grupo 2 e grupo 1, respectivamente. Os espécimes
com férula e cimentados com Panavia F e RelyX Unicem (grupos 3 e 4)
apresentaram, respectivamente, 2 e 3 falhas restauráveis e 6 e 5 falhas
catastróficas. Já o grupo sem férula e pino cimentado com RelyX Unicem
apresentou 50% de falhas restauráveis. O grupo 1 apresentou 8 falhas
restauráveis, sendo 6 delas ocorridas durante a ciclagem térmica e mecânica.
Perez et al.
(2006) estudaram a influência da espessura de cimento
resinoso na resistência adesiva de pinos de fibra à dentina radicular. Dezoito
dentes unirradiculares foram divididos em 2 grupos. Os canais radiculares
foram preparados na profundidade de 12 mm com broca n
0
3 do sistema Light
65
Post (Bisco). No grupo 1, foram utilizados pinos n
0
3 deste sistema (com
diâmetro apical de 1,4 mm e diâmetro médio-coronário de 2,2 mm). No grupo 2,
foram utilizados pinos n
0
1 (diâmetro apical de 1mm e diâmetro médio-coronal
de 1,4 mm). Cada dente foi seccionado produzindo cinco discos de 1,5 mm de
espessura, os quais foram submetidos ao teste de resistência à extrusão. Os
resultados demonstraram que a resistência adesiva não foi influenciada pela
espessura da camada de cimento. Em ambos os grupos o tipo de falha mais
freqüente foi adesiva entre o pino e o cimento.
Bonfante
et al. (2007) investigaram a resistência à fratura e o padrão de
falhas de dentes com raízes debilitadas, reconstruídos com diferentes
procedimentos. Distribuíram 50 caninos tratados endodonticamente em 5
grupos: 1) núcleo metálico fundido; 2) pino de fibras de vidro FibreKor n
0
2 de
diâmetro menor que do conduto; 3) pino de fibras de vidro FibreKor n
0
2 de
diâmetro menor que do conduto associado à fitas de fibras de vidro; 4) pino de
fibras de vidro FibreKor n
0
2 de diâmetro menor que do conduto associado à
pinos acessórios de fibras de vidro Reforpin; 5) pino anatômico (pino de fibras
de vidro FibreKor n
0
2 de diâmetro menor que o conduto, reembasado com
resina composta Filtek Flow de baixa viscosidade. Os pinos foram cimentados
com cimento resinoso RelyX ARC e construiu-se a porção coronária dos
núcleos com resina composta Enforce-Core. Sobre os núcleos, cimentaram-se
coroas totais metálicas. Os espécimes foram submetidos a cargas de
compressão na máquina de ensaios. Os maiores valores de resistência à
fratura foram observados nos grupos restaurados com núcleo metálico fundido,
seguidos, respectivamente, pelos pinos de fibra de vidro associados à pinos
acessórios e pelos pinos anatômicos, sendo que estes valores não diferiram
significativamente entre si. Os grupos 2 e 3 apresentaram valores de
resistência à fratura estatisticamente inferiores. Quanto ao padrão de falhas, o
grupo 1 apresentou 100% de fraturas radiculares; os grupos 2 e 4 tiveram
padrão variado de fraturas; no grupo 3, 60% das fraturas ocorreram no terço
cervical da raiz e no grupo 5, 50% das falhas ocorreram na porção coronária do
núcleo.
Bottino et al. (2007) investigaram o efeito da ciclagem mecânica na
resistência adesiva de pinos de zircônia (Cosmopost) e de pinos reforçados por
fibras de quartzo (DT Light Post). Quarenta dentes humanos foram divididos
66
em quatro grupos: grupo 1 – pinos de fibras quartzo que não receberam
ciclagem mecânica; grupo 2 pinos de fibras de quartzo submetidos a 2 x 10
6
ciclos; grupo 3 pinos de zircônia que não sofreram ciclagem mecânica; e
grupo 4 pinos de zircônia submetidos a 2 x 10
6
ciclos. Após a ciclagem
mecânica, os dentes foram seccionados tranversalmente, dando origem a
quatro discos de 2 mm de espessura, os quais foram submetidos ao teste de
resistência à extrusão. Os resultados demonstraram que a ciclagem mecânica
afetou a resistência adesiva apenas dos pinos de zircônia.
Com o propósito de avaliar o efeito da espessura da camada de cimento
sobre a força adesiva entre pinos de fibra de quartzo e a dentina radicular,
D’Arcangelo et al. (2007) utilizaram 80 incisivos centrais superiores. Após
serem seccionados ao nível da junção cemento-esmalte e realizado tratamento
endodôntico, os espécimes foram divididos em 4 grupos de acordo com o
diâmetro de preparação do conduto radicular: Grupo 1diâmetro apical de 0,9
mm; Grupo 2 – diâmetro apical de 1 mm; Grupo 3 – diâmetro apical de 1,2 mm;
Grupo 4 diâmetro apical de 1,4 mm. Todos os condutos foram preparados
com 8 mm de profundidade e conicidade 2%. Pinos de fibra de quartzo Endo
Light Post, com 0,9 mm de diâmetro apical e conicidade 2%, foram cimentados
com cimento resinoso Panavia 21 em todos os grupos, variando assim a
espessura da camada de cimento. Em seguida, os espécimes foram
submetidos ao teste de pull-out à velocidade de 1 mm/min e a força necessária
para deslocar o pino foi registrada. Os resultados mostraram valores
estatisticamente significantes entre todos os grupos, exceto entre os grupos 3 e
2, sendo estes os grupos que obtiveram maiores valores de força adesiva,
seguidos pelo grupo 1 e 4, respectivamente. Assim, para grandes espessuras
de cimento, a resistência ao deslocamento de pinos de fibra foi
significativamente menor.
Maccari et al. (2007) analisou a resistência à fratura de dentes com
raízes enfraquecidas e restaurados com 3 sistemas de pinos intra-radiculares.
Após realizada a endodontia e o preparo dos condutos em 11 mm de
profundidade com a broca n
0
1 (1,5 mm de diâmetro apical) do sistema de
pinos DT Light Post, procedeu-se o preparo da região cervical dos 30
espécimes com pontas diamantadas tronco-cônicas n
0
3131 aprofundando todo
67
o comprimento da broca (4 mm de comprimento de parte ativa, 2,5 mm de
diâmetro da porção cervical e 1,8 mm de diâmetro da porção apical). Em
seguida, os espécimes foram divididos em 3 grupos diferentes, de acordo com
o tipo de pino intra-radicular que receberiam: Grupo 1 – pino de fibra de quartzo
DT Light Post; Grupo 2 pino de fibra de vidro FRC Postec; Grupo 3 (controle)
núcleo metálico fundido em Ni-Cr. Após aplicação da carga compressiva com
angulação de 45
0
em relação ao longo eixo do dente, foi observada menor
resistência à fratura dos pinos de fibra em comparação com o cleo metálico
fundido (G1 - 108,62 N; G2 - 93,28 N e G3 - 207,65 N) Entretanto, todos os
dentes restaurados com pinos de fibra apresentaram falhas restauráveis. o
grupo controle apresentou 70% de falhas irreparáveis.
Valandro
et al. (2007) avaliaram o efeito da ciclagem mecânica sobre a
resistência à tração de dois tipos de pinos de fibra. Foram cimentados pinos de
fibras de quartzo (DT Light Post) e pinos de fibras de vidro (G-FRC) com 12
mm de comprimento em dentes humanos extraídos. As amostras foram
divididas em 4 grupos. Dois deles sofreram 20.000 ciclos, enquanto que os
outros dois sofreram 2 x 10
6
ciclos com cargas de 50 N em uma freqüência de
8 Hz. As amostras foram cortadas perpendicularmente ao longo eixo de dente
em discos com espessuras de 2 mm e submetidas ao teste de push-out. Os
resultados mostraram que a ciclagem mecânica não afetou a resistência a
tração dos dois tipos de pinos testados.
Al-Wahadni et al. (2008) avaliaram a resistência à fratura e o padrão de
falha de dentes restaurados com pinos de fibra de vidro GF, pinos de fibra de
carbono C-Post e pinos metálicos RAdix-Anchor, grupos 1, 2 e 3,
respectivamente. Os dentes foram submetidos à carga compressiva
progressiva em máquina de ensaios universal. O padrão de falha foi
classificado como catastrófico (fratura da porção coronária/radicular ou fratura
radicular isolada) e reparável (fratura da porção coronária). Os dentes
restaurados com pinos metálicos apresentaram valores de resistência à fratura
estatisticamente superiores aos demais grupos (571,6 + 80,3 N). Entretanto, o
grupo restaurado com pinos de fibra de vidro não diferiu do grupo restaurado
com pino de fibra de carbono (393,9 + 124,3 N e 420,6 + 102,7 N,
respectivamente). Em relação ao padrão de falha, os grupos 1 e 3
68
apresentaram 100% de fraturas catastróficas, predominando fraturas
combinadas entre porção coronária e radicular, 90 e 100%, respectivamente.
Já o grupo 2 apresentou 4 fraturas da porção coronária, 4 da porção radicular e
2 fraturas combinadas.
Marchi, Mitsui e Cavalcanti (2008) analisaram a influência da ciclagem
termo-mecânica na resistência à fratura de 288 dentes bovinos reconstruídos
sob diferentes formas. Vinte e quatro grupos (n = 12) foram formados, de
acordo com a quantidade de remanescente radicular e tipo de pino e núcleo
coronário. A quantidade de remanescente radicular foi classificada como
intacta, semi-fragilizada e fragilizada. Na primeira, os condutos eram
preparados em 9 mm com broca relativa ao sistema de pinos utilizado. Na
segunda e na terceira, os condutos eram preparados com pontas diamantadas
esféricas (diâmetro de 1,7 mm) em 9 mm de profundidade e os 7 mm cervicais
eram preparados com pontas diamantadas esféricas de maior diâmetro (2,5
mm para raízes semi-fragilizadas e 2,9 mm para fragilizadas). Como retentores
intrar-adiculares foram utilizados núcleo metálico fundido em liga prata-paládio,
pino metálico pré-fabricado Radix Anker n
0
3, pino de fibra de carbono Aestheti
Post n
0
3, resina composta Filtek Z350. Metade dos grupos foi submetida à
ciclagem térmica e mecânica (5000 ciclos, 5
0
C + 2 e 55
0
C + 2, durante 1
minuto cada ciclo e 100000 ciclos, 80 N, 3,5 Hz, respectivamente). Após, foi
realizados o ensaio de resistência à fratura com carga progressiva de 0,5
mm/min em 135
0
C em relação ao longo eixo do dente. Os dentes restaurados
com resina composta não suportaram a ciclagem termo-mecânica e não foram
incluídos na análise estatística, para os demais grupos a ciclagem termo-
mecânica não influenciou de maneira significativa os valores de resistência à
fratura. A quantidade de remanescente radicular não interferiu nos valores de
resistência à fratura dos dentes restaurados com pinos metálicos e com pinos
de fibra de carbono. Entretanto, afetou significativamente os dentes
restaurados com núcleo metálico fundido. Dentes fragilizados restaurados com
este material apresentaram-se menos resistentes à compressão. Em relação
aos materiais de reconstrução os valores foram estatisticamente diferentes de
acordo com cada grau de fragilidade radicular, sendo o núcleo metálico fundido
o mais resistente, seguido pelos pinos metálicos e pelos pinos de fibra de
69
carbono, respectivamente. Entretanto, o estudo não avaliou o padrão de falha
ocorrido após o teste de compressão.
Marteli Jr. et al. (2008) verificaram a influência da utilização de pinos
acessórios Reforpins e da presença de 2 mm de férula na resistência a fratura
de dentes bovinos fragilizados. Trinta dentes bovinos foram seccionados em 15
mm e vinte, em 17 mm, para obtenção da férula. A entrada do canal foi
preparada com ponta diamantada esférica com 3,5 mm de diâmetro e, a partir
daí, em direção apical, seguindo a morfologia radicular de modo a manter
espessura de parede dentinária homogênea. Grupo 1 – núcleo metálico fundido
cimentado com cimento de fosfato de zinco; Grupo 2 pino de fibra de vidro
Reforpost; Grupo 3 pino de fibra de vidro associado à pinos acessórios;
Grupo 4 pino de fibra de vidro na presença de 2 mm de remanescente
coronário e Grupo 5 – pinos de fibra de vidro associado à pinos acessórios com
2 mm de remanescente coronário. Nos grupos 2 ao 5, foi utilizado sistema
adesivo Adper Single Bond e cimento resinoso Relyx ARC, sendo a porção
coronária do núcleo reconstruída com resina composta Filtek Z250. Os dentes
foram submetidos ao teste de resistência à compressão em 135
0
em relação ao
longo eixo do dente, os valores (kgf) foram tabulados e os padrões de falhas
analisados. A análise estatística não revelou diferença significativa no valor de
resistência à fratura entre os grupos analisados (G1 - 61,81 + 21,25; G2 - 63,12
+ 20,53; G3 - 55,46 + 18,11; G4 - 56,07 + 15,34 e G5 - 53,10 + 9,70).
Entretanto, em relação ao padrão de falha, houve diferença estatisticamente
significante entre G1, G2 e G3. No grupo em que foi utilizado núcleo metálico
fundido, em todos os casos ocorreram fratura radicular. Quando utilizado pino
principal isoladamente e sem férula, metade dos casos apresentou fratura
radicular. Ao acrescentar pinos acessórios à ultima situação, houve
predominância de fraturas coronárias, 9 casos. A presença de férula não
alterou os padrões de falhas tanto dos grupos em que foram utilizados pinos
acessórios quanto nos que não foram.
Salameh et al. (2008) compararam a resistência à fratura e o padrão de
falha de incisivos superiores tratados endodonticamente após o uso ou não de
pinos de fibra de vidro associados a diferentes tipos de coroas totais. Cento e
vinte dentes foram divididos em 4 grupos de 30 dentes cada. Em seguida,
70
estes foram divididos em dois sub-grupos: com ou sem a utilização de pinos de
fibra de vidro. No grupo 1 foram cimentadas coroas metalo-cerâmicas; no
grupo 2, coroas de cerâmica Empress II; no grupo 3, coroas de Vectris
reforçadas por carga e no grupo 4, coroas YTZ zircônia. Após sofrerem carga
compressiva, a carga necessária para que ocorresse falha mecânica foi
registrada, bem como o padrão de falha. Os resultados demonstraram que o
tipo de cobertura coronária não foi determinante para afetar a resistência à
fratura, ao passo que a presença do pino foi significante para aumentar a
resistência. Em relação ao padrão de falhas, o tipo de coroa e a presença do
pino influenciaram os resultados. Nos casos em que foram utilizados pinos de
fibra de vidro, as fraturas restauráveis foram significativamente mais freqüentes
do que as fraturas não-restauráveis quando comparadas às amostras que não
receberam pino intra-radicular. As coroas metalo-cerâmicas apresentaram
significativamente maior freqüência de fraturas não restauráveis quando
comparadas com coroas de Vectris e coroas de YTZ zircônia, porém não
diferiram das coroas Empress II que foram similares às coroas Vectris. As
coroas YTZ zircônia apresentaram menor freqüência de fraturas não
restauráveis.
Moosavi, Maleknejad, Kimyai (2008) avaliaram a resistência à fratura de
dentes tratados endodonticamente e restaurados com diferentes materiais
restauradores. Quarenta dentes humanos foram distribuídos aleatoriamente em
4 grupos. Os grupos 1, 2 e 3 tiveram seus canais amplamente alargados. Em
todos os grupos foram cimentados pinos de fibra de quartzo DT Light Post com
cimento resinoso Panavia F 2.0. No grupo 1 foi usada resina composta Clearfil
DC Core Automix (Kuraray) com auxílio de pinos transparentes para
reconstrução do espaço radicular amplamente alargado; no grupo 2, dois pinos
acessórios Reforpin (Ângelus) foram combinados com o pino principal; e no
grupo 3 apenas espessa camada de cimento resinoso. No grupo 4 (controle) o
canal recebeu alargamento normal. Os espécimes foram submetidos a cargas
compressivas na máquina de ensaios universal a velocidade de 0,5 mm/min
com angulação de 45
0
em relação ao longo eixo do dente, sobre a superfície
palatina, aque alguma falha ocorresse. Os valores de resistência à fratura
foram, em ordem decrescente: grupo controle, seguido pelo grupo 2 que
71
utilizou pinos acessórios associados ao pino principal; grupo 1, que associou o
pino principal à resina composta e, por fim, grupo 3, em que foi utilizado
apenas pino principal com uma camada espessa de cimento. Todos os grupos
apresentaram diferença estatisticamente significante entre si, exceto os grupos
2 e 3. Além disso, o grupo 2 foi o único que apresentou todas as fraturas
restauráveis.
Zoghreib et al. (2008) estudaram a resistência à fratura de dentes
fragilizados restaurados com pinos de fibra de vidro. Trinta caninos foram
divididos em 3 grupos: G1 dentes sem raízes fragilizadas (controle); G2
raízes parcialmente fragilizadas e G3 raízes amplamente fragilizadas. Todos
os grupos foram tiveram seus condutos preparados em 9 mm com ponta
diamantada esférica 1016. O G2 teve os 5 mm cervicais preparados com ponta
diamantada 3017, de modo que permanecesse 1 mm de parede dentinária
remanescente. No G3 os 3 mm cervicais foram, ainda, desgastados com
pontas diamantadas 3018, com apenas 0,5 mm de parede dentinária
remanescente. Os grupos fragilizados tiveram suas porções média e cervical
reconstruídas com resina composta Z250 com auxílio de pino translúcido
Luminex. Em seguida pinos Reforpost número 3 foram cimentados no conduto
com sistema adesivo Scotch Bond Multiuso e cimento resinoso RelyX ARC. A
porção coronária foi reconstruída com resina composta Z250 e coroas
metálicas foram cimentadas. Os dentes foram incluídos em blocos de resina
acrílica e submetidos à ciclagem mecânica (250000 ciclos; 30 N; 2,6 Hz) em
angulação de 45
0
em relação ao longo eixo do dente. Em seguida, os dentes
foram submetidos ao teste de resistência à fratura e o padrão de falha foi
analisado. O grupo controle (566,7 N) apresentou valores de resistência à
fratura significativamente superior ao G2 (409,6 N) e ao G3 (410,9 N). Estes
não diferiram entre si. No que diz respeito ao padrão de falha, os dentes sem
fragilização radicular apresentaram maior quantidade de fraturas no terço
incisal radicular, ao passo que dentes dos grupos fragilizados apresentaram
maior quantidade de fratura no terço médio.
Buttel et al. (2009) avaliaram a influência da adaptação e do
comprimento do pino de fibra de vidro no conduto. Noventa e seis dentes
monorradiculares foram divididos em 4 grupos. Os grupos 1 e 3 tiveram os
72
condutos preparados em 6mm de profundidade (diâmetro apical do preparo de
1mm e 1,3mm, respectivamente) e os grupos 2 e 4 em 3mm (diâmetro apical
do preparo de 1,3mm e 1,6mm, respectivamente). Sistema adesivo Excite DSC
e cimento resinoso Multicore Flow foram utilizados para cimentação dos pinos.
A porção coronária dos dentes foi reconstruída com resina composta Multicore
Flow. Em seguida, os dentes foram incluídos em blocos de resina acrílica e
submetidos
cilclagem térmica (3000, 5-50
0
C) e mecânica (1.200.000 ciclos; 49
N;1,7 Hz). Após, foram submetidos ao teste de resistência à fratura em
maquina de ensaio universal em angulação de 45
0
em relação ao longo eixo do
dente.
Os dentes que tiveram pinos cimentados com 6mm de profundidade
apresentaram valores de resistência de fratura estatisticamente superiores
àqueles cimentados em 3mm. O grau de adaptação do pino não influenciou os
valores de resistência à fratura.
Giovani et al. (2009) avaliaram a resistência a fratura e o padrão de falha
de dentes restaurados com pinos de fibra de vidro e núcleo metálico fundido
em diferentes comprimentos. Sessenta caninos superiores foram utilizados no
estudo, e divididos em seis grupos: cleo metálico fundido com 6, 8 e 10 mm
de comprimento cimentados com cimento de fosfato de zinco e pinos de fibra
de vidro com mesmas dimensões dos núcleos metálicos fundidos e cimentados
com Panavia F. Os espécimes foram incluídos em blocos de resina acrílica e
submetidos ao teste de resistência à fratura. Os dentes restaurados com
núcleo metálico fundido não apresentaram diferença estatística em relação ao
comprimento de cimentação. Nos grupos em que foram utilizados pinos de
fibra, houve diferença significativa quando cimentados em 6 mm (6,9 N) e
10mm (31,7 N). Com relação ao padrão de falha, quando utilizado núcleo
metálico fundido, independente do comprimento, houve predominância de
fraturas no terço apical, não havendo nenhuma no terço cervical. Com pinos de
fibra, não foi observada fratura no terço apical radicular. Houve diminuição da
quantidade de fraturas no terço médio, à medida que o comprimento de
cimentação do pino aumentava.
Teixeira, Silva-Sousa, Sousa-Neto (2009) investigou a resistência
adesiva de pinos de fibra em raízes fragilizadas após restauração com resina
composta em diferentes tempos de fotopolimerização. Sessenta incisivos
73
superiores foram divididos em 4 grupos de acordo com o tempo de
fotopolimerização: 40 (G2), 80(G3) e 120 (G4) segundos para raízes
fragilizadas. Os com dutos foram preparados com ponta diamantada 4137. O
grupo controle (G1) foi preparado com a broca espeçifica do kit de pinos
utilizado. Para reconstrução das raízes fragilizadas pino translúcido vaselinado
foi posicionado no conduto e resina composta translúcida Light Core foi
inserida e fotopolimerizada de acordo com os tempos experimentais. Em
seguida os pinos DT Light Post foram cimentados no conduto com cimento
resinoso Duolink. Os espécimes foram seccionados em fatias de 1 mm de
espessura e uma fatia de cada porção radicular foi selecionada para o teste de
push-out (2; 6 e 10 mm de profundidade). O aumento do tempo de
fotopolimerização e a porção radicular não aumentaram a resistência adesiva
de pinos de fibra à dentina radicular/resina composta. Os grupos com reforço
radicular apresentaram resistência adesiva similar ou superior ao grupo
controle. Com relação ao padrão de falha, houve predominância de falhas
adesivas em todos os grupos. Nos grupos reconstruídos com resina composta,
houve tanto deslocamento do cimento em relação ao pino, quanto do sistema
pino/cimento/resina em relação à dentina. No grupo controle, falhas adesivas
entre pino e cimento foram mais freqüentes. Falhas coesivas foram mais
prevalentes na região apical dos dentes fragilizados.
74
3. PROPOSIÇÃO
Frente à necessidade de desenvolver técnicas capazes de restaurar
adequadamente raízes com diferentes graus de alargamento do conduto
radicular, bem como de investigar as propriedades mecânicas destas raízes
quando reconstruídas com pinos de fibras de vidro, a presente pesquisa tem
como objetivos:
1. Avaliar a influência da utilização de pinos acessórios na resistência à
fratura de dentes bovinos com diferentes graus de alargamento do conduto
radicular;
2. Analisar os padrões de falhas ocorridos nestes dentes quando
submetidos à carga compressiva de 135
0
em relação ao longo eixo do dente.
75
4. MATERIAIS E MÉTODO
4.1 Materiais
Os materiais utilizados na realização da pesquisa foram descritos no
Quadro 1.
.
MATERIAL NOME COMERCIAL FABRICANTE
Ácido etileno diamino
tetracético
EDTA trissódico 24%
Biodinâmica Química e
Farmacêutica Ltda., Ibiporã
PA
Ácido fosfórico a 37% em
gel
Ácido fosfórico Dentsply
Dentsply Ind. e Com., Rio de
Janeiro – RJ
Agente silano Prosil
FGM Produtos
Odontológicos, Joinvile, SC
Aparelho fotopolimerizador Fotopolimerizador XL1500 3M ESPE, St. Paul, MN, USA
Broca esférica de carboneto
de tungstênio (carbide) n
o
4
S.S. White Artigos
Odontológicos Rio de
Janeiro – RJ
Brocas esféricas de
carboneto de tungstênio
(carbide) n° 2
S.S. White Artigos
Odontológicos Rio de
Janeiro – RJ
Cimento de ionômero de
vidro modificado por resina
RelyX Luting 2 3M ESPE, St. Paul, MN, USA
Cimento resinoso de cura
dual
RelyX ARC 3M ESPE, St. Paul, MN, USA
Compasso de ponta seca
Compasso de ponta seca
JON
JON, São Paulo – SP
Cureta periodontal Cureta Gracey n
0
11/12
Duflex / S.S.White Artigos
Odontológicos Rio de
Janeiro – RJ
Delineador Delineador Bio-Art
Bio-Art Equipamentos
Odontológicos Ltda., São
Carlos – SP
Digluconato de clorexidina
1,23% (solução)
Nova Derme, Farmácia de
Manipulação, Santa Maria
RS
50 dentes incisivos inferiores
bovinos
Disco diamantado dupla
face
Disco diamantado dupla
face
KG Sorensen Ind. e Com.
Ltda., São Paulo – SP
Espessímetro Espessímetro Otto
Arminger e Cia. Ltda, São
Leopoldo – RS
Espátula de teflon Espátula de Thompson Miltex Inc., Alemanha
Gesso especial Durone
Dentsply Ind. e Com., Rio de
Janeiro – RJ
Hipoclorito de sódio a 1% Solução de Milton
Biodinâmica Química e
Farmacêutica Ltda., Ibiporã
PA
Liga de Níquel-Cromo Metal Wironia
Wilcos do Brasil Indústria e
Com. Ltda., Petrópolis - RJs
do Brasil Indústria
e Comércio
Limas de aço inoxidável n° K-flex Dentsply Ind. e C om., Rio de
76
15 a 60 Janeiro – RJ
Lubrificante à base de água K-Y Gel
Johnson & Johnson
Comércio e Distribuição
Ltda., São Paulo - SP
Máquina de ensaios
universal
Emic DL 2000/700
Emic Equipamentos e
Sistemas de Ensaio Ltda,
São José dos Pinhais, SP.
Paquímetro digital Starrett 727 Starrett, Itu – Brazil
Pinos acessórios de fibras
de vidro
Reforpin
Ângelus, Odonto-Lógika Ind.
de Prod. Odontológicos Ltda,
Londrina – PR
Pinos de fibras de vidro
convencionais
Exacto n
0
3
Ângelus, Odonto-Lógika Ind.
de Prod. Odontológicos Ltda,
Londrina – PR
Plastificador a vácuo Plastivac
Bio-Art Equipamentos
Odontológicos Ltda., São
Carlos – SP
Pontas de papel absorvente Tanari
Tamariman Industrial Ltda.,
Macaçaruru – AM
Pontas diamantadas nº 1,
3018HL, 3216 e 4138
KG Sorensen Ind. e Com.
Ltda., São Paulo – SP
Pontas para seringa Centrix Pontas Centrix Centrix Inc., Milford – USA
Resina acrílica
autopolimerizável
Clássico
Clássico Artigos
Odontológicos S/A – Brasil
Resina acrílica
autopolimerizável
Duralay
Reliance Dental
Manufactaring Co., Worth,
Illinois – USA
Resina composta
fotopolimerizável cor A2
Filtek Z-350, cor A2 3M ESPE, St. Paul, MN, USA
Revestimento fosfatado Heat Shock
Polidental Ind. Bras., São
Paulo – SP
Silicona de condensação Clonage
DFL Indústria e Comércio
Ltda, Rio de Janeiro, RJ
Sistema adesivo
Scotchbond Multi-Uso Plus
(Primer, Ativador,
Catalisador e Adesivo)
3M ESPE, St. Paul, MN, USA
Solução evidenciadora de
contatos
Arti-Spot 2
Bausch Articulating Papers
Inc., Nashua – USA
Sonda exploradora n° 5
Duflex / S.S.White Artigos
Odontológicos – Rio de
Janeiro – RJ
Quadro 1 – Listagem dos materiais utilizados durante a pesquisa.
4.2 Método
4.2.1 Seleção dos dentes
Foram selecionados 50 dentes incisivos inferiores bovinos, sem defeitos
nas raízes. Após a extração dos dentes bovinos os remanescentes de tecido
ósseo, ligamento periodontal e tecido gengival foram removidos com cureta
periodontal Gracey n
0
11/12. Em seguida, os dentes foram armazenados em
água destilada (+
C) até a utilização no estudo.
77
Os dentes foram aleatoriamente distribuídos em cinco grupos com 10
espécimes cada, de acordo com as seguintes condições experimentais (Figura
1):
- Grupo 1 (grupo controle): alargamento normal do conduto e
cimentação de pino de fibra de vidro;
- Grupo 2: alargamento médio do conduto e cimentação de pino de fibra
de vidro;
- Grupo 3: alargamento médio do conduto e cimentação de pino de fibra
de vidro associado à dois pinos acessórios de fibra de vidro;
- Grupo 4: alargamento amplo do conduto e cimentação de pino de fibra
de vidro;
- Grupo 5: alargamento amplo do conduto e cimentação de pino de fibra
de vidro associado à 5 pinos acessórios de fibra de vidro.
Figura 1 Representação esquemática dos cinco grupos experimentais.
4.2.2. Secção da porção coronária
Seccionamento da porção coronária, perpendicular ao longo eixo do
dente, em plano reto, com disco diamantado dupla face em baixa rotação sob
refrigeração de spray ar/água, de modo a padronizar o comprimento
longitudinal das raízes em 14 mm.
Após secção, a superfície da raiz foi
regularizada com pontas diamantadas 3216 e 4138 em baixa-rotação.
78
Foram selecionados apenas dentes com dimensão cervical de 5 a 5,5
mm no sentido mésio-distal e de 7 a 7,5 mm no sentido vestíbulo-palatino,
medidos por meio de um paquímetro digital (BONFANTE et a., 2007). Os
dentes com diâmetro do conduto radicular maior que 1,1 mm, ou seja, mais
calibrosos que a porção apical do pino de fibra de vidro White Post DC 3
também foram descartados.
4.2.3. Remoção do tecido pulpar
Os canais radiculares foram instrumentados manualmente com limas
tipo Kerr e irrigados com hipoclorito de sódio 1% (10 ml) apenas para remoção
do tecido pulpar. A seguir, foi realizado o vedamento do ápice radicular com
sistema adesivo e resina composta, a fim de evitar o preenchimento do terço
apical do canal radicular com resina acrílica durante a inclusão dos dentes,
bem como o extravasamento do sistema adesivo e do cimento resinoso
durante a cimentação dos pinos.
4.2.4. Fixação das raízes em cilindros de PVC
As raízes foram fixadas com resina acrílica auto-polimerizável em
cilindros de PVC com 25 mm de diâmetro e 15 mm de altura, mantendo-se 3
mm de raiz exposta para simular o espaço biológico. Estas raízes foram
posicionadas perpendicularmente à base dos cilindros, com auxílio de um
delineador (Figura 2A e 2B).
Após polimerização da resina, todos os cilindros foram numerados de
acordo com seus grupos e mantidos imersos em água destilada 37
0
C.
79
A B
Figura 2 – Fixação das raízes no delineador e em cilindros plásticos
Figura 2A – Fixação da raiz no delineador;
Figura 2B - Imagem da raiz sendo fixada no cilindro de PVC
perpendicular à base.
4.2.5 Divisão dos grupos experimentais e preparo dos condutos
Os 50 dentes bovinos selecionados foram divididos aleatoriamente em
cinco grupos experimentais com dez espécimes cada.
Todos os grupos foram preparados com broca n
0
3 do sistema de Pinos
Exacto até 10 mm de profundidade. Os espécimes do grupo 1 foram
preparados apenas com a broca acima citada. A porção cervical (5 mm
cervicais) dos espécimes do grupo 2 e do grupo 3 foi adicionalmente alargada
com pontas diamantadas esféricas 3018 HL (que possui 2,9 mm de diâmetro),
simulando canais mediamente alargados. Os 5 mm cervicais dos condutos do
espécimes do grupo 4 e do grupo 5 também foram adicionalmente alargados
com a mesma broca 3018HL, porém de modo que permanecesse uma
espessura de apenas 1 mm da parede radicular nesta região, simulando
canais amplamente alargados (MARCHI, 1997; SOARES, 1999; BONILLA,
2001; KAIZER, 2003; BONFANTE et al., 2007)(Figuras 3, 4 e 5).
80
Figura 3 Da esquerda para a direita: broca do sistema de pinos de fibra de
vidro Exacto, ponta diamantada 3018HL, pino de fibra de vidro Exacto principal, pino
acessório de fibra de vidro Reforpin.
Figura 4 – Representação esquemática da seqüência de preparo do conduto.
A B C
Figura 5 – Grau de alargamento dos condutos (vista incisal).
Figura 5A – Alargamento normal.
Figura 5B – Alargamento médio.
Figura 5C – Alargamento amplo.
81
4.2.6. Preparo dos corpos de prova
a. Preparo dos corpos de prova do grupo 1 (grupo controle)
Neste grupo, foram cimentados dez pinos de fibra de vidro Exacto n
0
3, o
qual possui forma cilíndrica em sua porção cervical (com 2 mm de diâmetro) e
uma extremidade apical cônica (com 1,1 mm de diâmetro na porção apical do
pino). Uma marcação com caneta hidrográfica determinou o ponto exato de
secção do pino, que foi executada com pontas diamantadas cilíndricas de alta
rotação 3216 sob abundante refrigeração de spray ar-água, de modo que
todos os pinos possuíssem 15 mm de comprimento (5 mm acima da
embocadura do conduto e 10 mm cimentados no canal radicular). Este mesmo
protocolo foi realizado para todos os grupos.
Os condutos foram preparados com brocas do sistema Exacto
compatíveis com o tamanho do pino n
0
3, sob constante refrigeração com spray
ar/água, utilizando a superfície aplainada da raiz como referencial. Para
delimitar o limite de penetração da broca no conduto, foi realizada uma
demarcação na mesma com caneta hidrográfica a uma distância de 10 mm da
sua extremidade apical.
Da mesma forma, foi realizada uma demarcação no pino a uma distância
de 10 mm de sua extremidade apical para verificar sua penetração no canal
radicular. A porção do pino acima da embocadura canal radicular foi
mensurada através de um compasso de ponta seca.
O conduto radicular e o remanescente dentário foram condicionados
com ácido fosfórico a 37% por 15 segundos e lavados com 10 ml de água
destilada durante 30 segundos. A secagem foi feita com cânula de aspiração
endodôntica e cones de papel absorvente. O sistema adesivo utilizado foi o
Scotchbond Multi-Uso Plus na forma dual.
Inicialmente, aplicou-se o ativador
no conduto com ponta aplicadora Microbrush e secagem com suaves jatos de
ar por 3 segundos, à distância de 5 a 6 cm. A seguir, foram aplicados da
mesma forma o primer e o catalisador do sistema, sucessivamente.
Após limpeza do pino de fibra de vidro com álcool etílico, foi aplicada
sobre o mesmo uma camada de silano Prosil e, após um minuto, o pino foi
seco com suaves jatos de ar a distância de 5 a 6 cm. Para sua cimentação, foi
utilizado o cimento resinoso de polimerização dual RelyX ARC. Quantidades
iguais das pastas base e catalisadora do cimento foram manipuladas até
82
obtenção de mistura de cor uniforme. O cimento foi levado ao conduto com
broca lentulo em baixa rotação e, imediatamente após, o pino foi posicionado
no conduto. Após cimentação do pino e remoção do excesso de cimento, o
cimento foi fotopolimerizado por 40 segundos pela face vestibular e 40
segundos pela face palatina. Para confirmar se a cimentação foi corretamente
executada, a altura do pino acima da embocadura do conduto foi novamente
mensurada com compasso de ponta seca. Aguardou-se 6 minutos para
polimerização do cimento (Figura 6).
Figura 6 – Cimentação do pino de fibra no conduto (grupo 1).
b. Preparo dos corpos de prova do grupo 2
Neste grupo, foram
cimentados 1
0 pinos de fibra de vidro Exacto n
0
3
circundados por média camada de cimento resinoso ao redor do pino.
Após o preparo dos condutos como descrito anteriormente, o pino foi
provado no conduto para verificar sua adaptação ao comprimento preparado
como executado no Grupo 1. Os processos de limpeza, condicionamento dos
condutos e dos pinos, bem como a cimentação, foram executados de forma
similar ao Grupo 1.
Uma vez que o conduto foi medianamente alargado, foi utilizado um
delineador para evitar o deslocamento do pino e mantê-lo no centro do
conduto, paralelo ao longo eixo da raiz, enquanto foi executada a
fotopolimerização do cimento como descrito anteriormente para o grupo 1.
83
Para confirmar se a cimentação foi corretamente executada, a altura do pino
acima da embocadura do conduto novamente foi medida com um compasso
de ponta seca. Aguardaram-se mais 6 minutos a para polimerização do
cimento (Figura 7).
Figura 7 Cimentação do pino de fibra no conduto (grupo 2).
c. Preparo dos corpos de prova do grupo 3
Neste grupo, 10
pinos de fibra de vidro Exacto n
0
3 associados a dois
pinos acessórios de fibra de vidro Reforpin foram cimentados. Os condutos
foram mediamente alargados a exemplo do grupo 2, como descrito
anteriormente.
O preparo dos condutos deu-se da mesma maneira que o Grupo 2. Em
seguida, foi realizado tratamento adesivo do conduto e dos pinos, tanto o pino
principal quanto os acessórios, idêntico aos grupos anteriores. O pino principal
foi cimentado com o cimento resinoso RelyX ARC com a mesma técnica
utilizada para o grupo 1; em seguida, dois pinos acessórios Reforpin cobertos
pelo mesmo cimento foram inseridos em torno do pino principal. Finalmente, foi
feita a fotopolimerização do cimento como descrito para o grupo 1,
aguardando-se mais 6 minutos para a polimerização do cimento (Figura 8).
Após, os pinos acessórios foram ajustados com 5 mm de altura extra-
radicular, a exemplo do pino principal .
84
Figura 8 Cimentação do pino de fibra de vidro e de dois pinos acessórios no
conduto (grupo 3).
d. Preparo dos corpos de prova do grupo 4
Neste grupo, foram cimentados
1
0 pinos de fibra de vidro Exacto n
0
3 com
espessa camada de cimento resinoso ao redor do pino.
Os condutos foram amplamente alargados de modo que permanecesse
apenas 1 mm de espessura dentinária nos 5 mm cervicais radiculares. A
adaptação do pino ao conduto foi verificada testando o comprimento do pino
intracanal. A aplicação do sistema adesivo e do cimento resinoso também foi
executada de forma similar ao grupo 1.
Para manter o pino no centro do conduto e paralelo ao longo eixo da
raiz foi utilizado um delineador, enquanto executada a fotopolimerização do
cimento por 40 segundos na face vestibular e 40 segundos na face palatina
(Figura 9). Para confirmar se a cimentação foi corretamente executada, a
altura do pino acima da embocadura do conduto foi novamente medida com
um compasso de ponta seca. Aguardaram-se 6 minutos para polimerização do
cimento.
85
Figura 9 – Cimentação do pino de fibra no conduto (grupo 4).
e. Preparo dos corpos de prova do grupo 5
Foram
cimentados 1
0 pinos de fibra de vidro White Post DC n
0
3
associados à cinco pinos acessórios de fibra de vidro Reforpin em cada
amostra.
Os condutos foram alargados da mesma forma como descrito no grupo 4.
Após a aplicação do sistema adesivo e do cimento resinoso como descrito
anteriormente, o pino principal foi assentado no conduto e, então, inseridos 5
pinos acessórios em torno do pino principal. Foi realizada fotopolimerização
durante 40 segundos por oclusal e aguardou-se 6 minutos para a polimerização
do cimento (Figura 10).
O comprimento extra-radicular dos pinos acessórios foi ajustado com 5
mm de altura extra-radicular, assim como do pino principal.
Figura 10 – Cimentação do pino de fibra e de 5 pinos acessórios no conduto.
86
f. Confecção das poões coronárias dos núcleos de preenchimento
O remanescente dentário recebeu novo tratamento adesivo como descrito
anteriormente e o pino foi novamente limpado com álcool etílico e, em seguida,
nova camada de silano Prosil foi aplicada sobre a porção extra-radicular do
pino principal e dos pinos acessórios (grupos 3 e 5) para confecção da porção
coronária do núcleo com a resina composta Filtek Z350 (Figura 11). A forma e
dimensão da porção coronária dos núcleos foram padronizadas pelo uso de
matrizes de polipropileno obtidas a partir da moldagem com silicona de
condensação da porção coronária de um espécime finalizado do grupo 1. A
partir destes moldes, foram obtidos 5 troquéis em gesso especial, fixados em
uma base de gesso-pedra e levados ao plastificador a vácuo para serem
reproduzidos na forma das matrizes de polipropileno. Incrementos iniciais de
resina composta foram posicionados sobre os pinos, para melhor adaptação da
resina ao pino, diminuindo número de bolhas e os efeitos adversos da
contração de polimerização. Em seguida, foram fotopolimerizados por 20
segundos em cada face. Logo após, a resina composta foi aplicada no interior
das matrizes e estas foram posicionadas sobre o pino, padronizando assim, a
forma e a dimensão da porção coronária de todos os núcleos. Os excessos de
resina foram removidos com espátula de teflon e a fotopolimerização
executada por 40 segundos pela face vestibular e 40 segundos pela face
palatina. Se presentes, os excessos de resina da porção coronária dos núcleos
foram eliminados com pontas diamantadas 3216 e 4138 em baixa rotação para
permitir a obtenção de um término em chanfrado com 1,2 mm.
Figura 11 – Porção coronária do núcleo de preenchimento reconstruída em resina
composta.
87
g. Confecção e cimentação das coroas totais metálicas
A partir do enceramento de uma coroa em um espécime do grupo 1,
foram confeccionadas, em um laboratório comercial de prótese dentária, coroas
totais metálicas idênticas entre si com 7 mm de altura, simulando a anatomia
de caninos, de modo a padronizar as dimensões e a forma das coroas para
todos os espécimes. Ao serem recebidas do laboratório (já identificadas com o
número do espécime e do grupo), as coroas foram examinadas com lupa
frontal de 4 aumentos e sonda exploradora para detecção de nódulos de
fundição internos e/ou falhas de adaptação cervical. Os nódulos foram
removidos com brocas esféricas 2 de carboneto de tungstênio em baixa
rotação. No caso de falta de adaptação da coroa, esta foi pincelada
internamente com uma fina camada de evidenciador de contatos e, após
secagem com jatos de ar, assentada sobre a porção coronária do cleo. Nas
áreas que impedirem assentamento completo da coroa, o evidenciador foi
removido e as áreas de atrito ajustadas com brocas carbide n
0
4 até que se
observasse uma película uniforme de evidenciador. A confirmação da
adaptação foi feita com sonda exploradora n
0
5 e lupa de 4 aumentos. Após
serem jateadas internamente com óxido de alumínio (partículas de 50 µm), as
coroas foram lavadas com água destilada e secadas com jatos de ar. A porção
coronária dos núcleos foi submetida à profilaxia com pedra-pome. Para
cimentação das coroas, foi utilizado o cimento de ionômero de vidro modificado
por resina RelyX Luting 2, fornecido em dispensador “clicker”, que proporciona
quantidades iguais das pastas base e catalisadora do cimento sobre o bloco de
mistura. O cimento foi manipulado por cerca de 20 segundos. Uma pequena
porção de cimento foi aplicada internamente na borda cervical das coroas com
pincel descartável. Após realizou-se assentamento da coroa sobre a porção
coronária do núcleo. Após 10 minutos, os excessos de cimento foram
removidos e o espécime retirado da prensa estática (Figura 12).
88
Figura 12 – Coroa metálica cimentada.
4.2.7 Teste de resistência à fratura sob compressão
A resistência à fratura foi determinada pela máquina de ensaios
universal EMIC DL 2000/700 através da aplicação de carga compressiva.
Os corpos de prova foram acoplados à máquina de ensaios universal
através de um dispositivo, permitindo que o espécime apresentasse uma
inclinação de 45
0
em relação ao eixo x e de 135
0
em relação ao eixo y, fazendo
com que a carga de compressão fosse aplicada simulando uma condição
clínica de classe I. Na porção superior da máquina de ensaios, foi adaptada a
ponta ativa (com 2,5 mm de diâmetro) que imprimiu a força de compressão
(Figura 13, 13A e 13B).
A carga estática progressiva foi aplicada em velocidade de 0,5 mm/min,
utilizando uma célula de carga de 1000 kgf. A aplicação da força foi realizada
na superfície palatina da coroa metálica dos espécimes, em um ponto
localizado 3mm cervicalmente à borda incisal.
89
A B
Figura 13 – Aplicação da carga compressiva.
Figura 13A Carregamento de compressão, formando um ângulo de 45
0
em
relação ao plano horizontal (135
0
em relação ao longo eixo do dente).
Figura 13B -
Carregamento de compressão (detalhe).
A máquina de ensaios foi programada de modo que a carga fosse
automaticamente descontinuada (paralisação da máquina) quando o sistema,
de alguma forma, falhasse (deslocamento ou fratura do núcleo ou da porção
coronária ou ainda fratura da raiz).
4.2.8 Análise do padrão de falha
Também foi analisado o tipo de falha que ocorreu em cada corpo de
prova, sendo que as falhas foram consideradas: 1) favoráveis; e 2)
desfavoráveis. As primeiras são consideradas passiveis de reparo (flexão ou
fratura do pino e/ou da porção coronária do núcleo, com deslocamento parcial
ou total da coroa; ou ainda fraturas radiculares até 1 mm abaixo do nível ósseo
simulado). as falhas desfavoráveis (catastróficas) são aquelas que
condenam o dente à extração (fraturas radiculares abaixo de 1 mm do nível
ósseo simulado ou fraturas longitudinais) (AKKAYAN e GULMEZ, 2002;
HEYDECKE e PETERS, 2002; BONFANTE et al., 2007).
4.2.9 Análise dos resultados
Os resultados obtidos durante os testes de resistência à fratura nos cinco
grupos experimentais foram organizados para tratamento estatístico. Foi
90
empregada análise descritiva, com o uso de tabelas, gráficos e parâmetros de
média e desvio-padrão.
Para comparação das dias, foi utilizada a Análise de Variância
(ANOVA) a um critério, modelo fixo. Em todas as induções estatísticas, foi
adotado nível de significância de 5%. O programa utilizado para análise
estatística foi o Statistix 8.0.
91
5. RESULTADOS
Os valores (em Newton) obtidos para cada corpo de prova após os
ensaios de resistência à fratura sob compressão na máquina de ensaios
universal, suas respectivas médias e desvios padrão são apresentados na
Tabela 1.
Tabela 1 - Valores individuais de resistência à fratura (N) para cada corpo de prova,
médias e respectivos desvios padrão para cada grupo.
CORPO DE
PROVA
GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5
1
602,97 324,52 761,45 670,01 295,64
2
962,55 438,3 635,28 626,69 383,99
3
279,14 - 372,3 591,97 429,02
4
396,37 263,33 361,99 323,83 508,43
5
442,09 376,77 502,25 752,17 549,69
6
404,62 606,41 517,72 355,11 405,65
7
362,33 555,87 535,94 992,46 794,79
8
319,7 383,99 308,02 485,4 279,14
9
392,58 441,06 458,93 359,93 728,1
10
531,47 493,31 447,93 357,18 805,45
MÉDIA
468,9
431
489,6
551
517,5
DESVIO PADRÃO
197.44
108.97
134.96
217.44
197.05
Grupo 1 – Pino de fibra vidro principal com alargamento normal do conduto.
Grupo 2 – Pino de fibra de vidro principal com conduto medianamente alargado.
Grupo 3 – Pino de fibra de vidro principal associado a pinos acessórios com conduto
medianamente alargado.
Grupo 4 – Pino de fibra de vidro principal com conduto amplamente alargado.
Grupo 5 - Pino de fibra de vidro principal associado a pinos acessórios com conduto
amplamente alargado.
Pode-se observar as médias de resistência à fratura e desvios padrão
para cada grupo experimental na Tabela 2 e no Gráfico 1.
92
Tabela 2 – Médias de resistência à fratura (N) e respectivos desvios-padrão para cada
grupo experimental.
GRUPOS MÉDIA DESVIO PADRÃO
1
468,90 197.44
2
431,00 108.97
3
489,60 134.96
4
551,00 217.44
5
517,50 197.05
0
100
200
300
400
500
600
Média
(N)
1 2 3 4 5
Grupos
Médias de Resistência à Fratura
dos Grupos Experimentais
G
ráfico 1 – Gráfico representativo das médias de resistência à fratura dos grupos
experimentais.
Os valores de resistência à fratura obtidos foram submetidos à Análise
de Variância a um critério (ANOVA), a qual demonstrou não existir diferença
estatisticamente significante entre os grupos (TABELA 3).
Tabela 3 – Resultados da Análise de Variância a um critério (ANOVA) para o ensaio
de resistência à fratura das raízes.
Graus de
liberdade
Efeito
Quadrado
médio
Efeito
Graus de
liberdade
Erro
Quadrado
médio
Erro
F
Probabilidade
(p)
4 20040,2 44 31471,7 0,64 0,6390
*
diferença estatisticamente significante (p<0,05)
93
Na Tabela 4 e no Gráfico 2 são apresentados os padrões de falha que
ocorrem nos cinco grupos experimentais relativo aos terços radiculares.
Tabela 4 – Padrão de falha observado para os grupos experimentais
.
PADRÃO DE
FALHA
(FRATURA)
GRUPO 1
(n = 10)
GRUPO 2
(n = 9)
GRUPO 3
(n = 10)
GRUPO 4
(n = 10)
GRUPO 5
(n = 10)
Terço cervical da
raiz
6 5 5 6 5
Terço médio da
raiz
1 3 2 3 2
Longitudinal
2 - 2 1 1
Pino e/ou porção
coronária do
núcleo
1
1
1
-
2
0
1
2
3
4
5
6
Número
de
falhas
1 2 3 4 5
Grupos
Padrão de Falha dos
Grupos Experimentais
Terço cervical
da raiz
Terço médio da
raiz
Fratura
longitudinal
Deslocamento
do pino/coroa
Gráfico 2 -
Representação gráfica do padrão de falha observado nos cinco grupos
experimentais.
94
Na Tabela 5 e no Gráfico 3 são apresentados os padrões de falha
ocorridos nos grupos experimentais (classificados como favoráveis ou
desfavoráveis).
Tabela 5 – Classificação do padrão de falha observado para os grupos experimentais.
PADRÃO DE
FALHA
GRUPO 1
(n = 10)
GRUPO 2
(n = 9)
GRUPO 3
(n = 10)
GRUPO 4
(n = 10)
GRUPO 5
(n = 10)
Favorável
7 6 6 6 7
Desfavorável
3 3 4 4 3
0
1
2
3
4
5
6
7
Padrão de falhas
1 2 3 4 5
Grupos
Relação entre falhas favoráveis e desfavoráveis
Favorável
Desfavorável
Gráfico 3 - Representação gráfica da relação entre falhas favoráveis e desfavoráveis.
95
6. DISCUSSÃO
A reconstrução de elementos dentários tratados endodonticamente
geralmente é um procedimento complexo, pois freqüentemente ocorre
destruição de grande parte da porção coronária em função de lesões cariosas
extensas, presença de lesões de erosão ou abrasão, restaurações anteriores,
traumas e até mesmo pelo próprio acesso para o tratamento endodôntico
(SHILLINGBURG E KESSLER, 1991; MITSUI et al, 2004). Além disto, podem
existir dúvidas sobre qual o melhor tratamento a ser utilizado para a
reconstrução de dentes fragilizados, devido à diversidade de materiais e
técnicas passíveis de serem aplicadas com esta finalidade.
Os núcleos metálicos fundidos vêm sendo utilizados muitas décadas,
porém várias pesquisas demonstraram que os mesmos não protegem o
remanescente dentário, além de poder torná-lo mais susceptível à fratura em
função de sua rigidez e de seu formato em cunha principalmente quando
significativa quantidade de estrutura dentinária foi perdida (DEAN,
JEANSONNE, SARKAR, 1998; FOKKINGA et al., 2004; SIDOLI, KING,
SETCHEL, 1997; SORENSEN e ENGELMAN, 1990a). Com a evolução das
técnicas adesivas e dos materiais resinosos, aliada ao desenvolvimento dos
pinos à base de compósitos reforçados por fibras que associam um elemento
de alta resistência (fibras de carbono, vidro ou quartzo) com matrizes
resinosas, tem sido possível almejar a confecção de uma restauração em
monobloco. Este tipo de restauração busca a formação de um único complexo
biomecânico entre a estrutura dentária e os materiais de reconstrução (agente
cimentante, pino intra-radicular, material de reconstrução coronária). Para
tanto, devem ser utilizados materiais com propriedades biomecânicas
semelhantes às da estrutura dental, especialmente o módulo de elasticidade
similar ao da dentina (18 GPa) (DURET, DURET, REYNAUD, 1996).
A partir da década de 1990, na tentativa de desenvolver técnicas que
protegessem o remanescente dentário, cresceu o número de pesquisas com
pinos de fibras na reconstrução de dentes despolpados (DURET, REYNAUD,
DURET, 1990; KING e SETCHELL, 1990; MILLER, 1993; DURET, DURET,
REYNAUD, 1996; ISIDOR, ODMAN, BRONDUM, 1996; SIDOLI, KING,
96
SETCHEL, 1997; HOLLIS et al., 1998; MANNOCI et al., 1999b; AKKAYAN E
GULMEZ, 2001; CORMIER, BURNS, MOON, 2001; RAYGOT, CHAI,
JAMESON, 2001; DRUMMOND e BAPPA, 2003; HU et al., 2003; MACCARI,
CONCEIÇÃO, NUNES, 2003; MITSUI et al., 2004; BRAZ et al., 2005;
GALHANO et al., 2005; MACCARI et al., 2007, AL-WAHADNI et al., 2008),
inclusive quando estes se encontram fragilizados (com canais radiculares
medianamente ou amplamente alargados) (SOARES, 1999; BONILLA, 2001;
KAIZER, 2003; MARCHI et al., 2003; NEWMANN et al., 2003; BRAZ et al.,
2005; GONÇALVES et al., 2006; NAUMANN, PREUSS, FRANKENBERGER,
2006; MACCARI et al., 2007; MARCHI, MITSUI, CAVALCANTI, 2008;
MARTELI Jr. et al., 2008; MOOSAVI et al., 2008; ZOGHREIB et al., 2008).
Com o objetivo de reconstruir e proteger o remanescente dentário, diferentes
materiais foram sugeridos e testados, como o ionômero de vidro (TROPE e
RAY, 1992; SOARES, 1999) e a resina composta (LUI, 1987; TROPE e RAY,
1992; LUI, 1994; SAUPE et al., 1996; MARCHI, 1997; LUI, 1999; SOARES,
1999), com maior sucesso para a segunda opção.
Quando da reconstrução do
conduto alargado com resina composta, esta era inserida no espaço entre um
pino fototransmissor e a parede radicular, sendo em seguida fotopolimerizada.
Depois, o pino era removido e outro pino de diâmetro correspondente,
selecionado como retentor intra-radicular, era cimentado no conduto. Esta
técnica apresentava relativa facilidade de execução, mas em função da grande
quantidade de resina inserida ocorria elevada contração de polimerização,
podendo gerar falhas na interface dente/restauração (SAUPE et al., 1996; LUI,
1999; SOARES, 1999; GONÇALVES et al., 2006; ZOGHREIB et al., 2008).
Posteriormente, foi proposta a confecção de pinos dentários ou
biológicos para a reconstrução de dentes com condutos alargados. Bonilla
(2001) e Kaizer (2003) conduziram pesquisas relacionadas à este método de
reconstrução de dentes fragilizados. Estes pinos o obtidos pela preparação
de dentes extraídos, geralmente provenientes de um banco de dentes e, então,
cimentados como retentores intra-radiculares. Entretanto, devido à dificuldade
de confecção e de adaptação no interior do conduto, além da necessidade de
um banco de dentes para realização do procedimento, seu uso não foi
amplamente difundido.
97
Fibras de polietileno também foram utilizadas com o objetivo de reforçar
o remanescente dentário a partir do início da década de 1990 (MILLER, 1993;
HORNBROOK e HASTINGS, 1995). Hornbrook e Hastings (1995) indicaram o
uso do pino de fibras de polietileno por ser adesivo, anti-rotacional e passivo,
sendo indicado inclusive para canais alargados. Este pino formaria uma
unidade com a raiz pela união de materiais adesivos entre si, reduzindo o risco
de fratura e impedindo a propagação de trincas existentes nas paredes em
direção ao periodonto, além de não comprometer a estética. Entretanto, como
o material possui uma técnica de manipulação bastante sensível, seu uso não
foi amplamente difundido.
Em 2003, outra forma de reconstruir raízes fragilizadas foi proposta,
através do reembasamento de um pino de fibra com resina composta,
obtendo-se um pino anatômico que reproduziria a morfologia do conduto.
Desta maneira, uma delgada película de cimento era obtida entre pino e
parede do conduto, prevenindo falhas adesivas (GRANDINI et al., 2005;
BONFANTE et al., 2007).
Recentemente, pinos de fibra de vidro denominados acessórios foram
introduzidos no mercado para serem utilizados em conjunto com os pinos
principais, visando diminuir a camada de cimento em canais alargados; esta é
uma técnica simples e direta, apresenta facilidade de manipulação e inserção,
além de uma boa estética (BRAZ et al., 2005; BONFANTE et al., 2007;
MARTELI Jr. et al., 2008; MOOSAVI et al., 2008).
Em função da dificuldade cada vez maior em se obterem dentes humanos
hígidos, especialmente dentes anteriores, os dentes bovinos parecem ser uma
alternativa para estudos in vitro. São obtidos facilmente, possuem baixo índice
de cárie e vêm sendo utilizados em diversos estudos recentemente (MITSUI et
al., 2004; VALANDRO et al., 2005; MARCHI, MITSUI, CAVALCANTI, 2008;
MARTELLI Jr. et a., 2008). Estudos anteriores (REEVES et al., 1995; SCHILKE
et al., 2000; CAMARGO et al., 2007) demonstraram pouca ou nenhuma
diferença entre dentes humanos e dentes bovinos do ponto de vista
microscópico. Tanto os dentes bovinos quanto os humanos possuem túbulos
dentinários em maior diâmetro e em maior número na região cervical, seguido
98
pelos terços médio e apical, respectivamente; além disto, apesar de os dentes
bovinos possuirem maior quantidade de túbulos dentinários, o diâmetro dos
mesmos é similar (CAMARGO et al., 2007). Em relação à permeabilidade
dentinária, dentes humanos e bovinos possuem comportamento similar
(REEVES et al., 1995; DE BRUYNE, DE BRUYNE, DE MOOR, 2006). Incisivos
inferiores bovinos foram selecionados para utilização neste estudo devido à
similaridade entre seu volume e o de caninos superiores humanos, os quais
são bastante utilizados em pesquisas deste tipo (GUZY e NICHOLS, 1979;
KING e SETCHEL, 1990; TROPE E RAY, 1992; MARCHI, 1997; SIDOLI,
KING, SETCHEL, 1997; SOARES, 1999; BONILLA, 2001; AKKAYAN e
GULMEZ, 2002; PURTON, CHANDLER, QUALTROUGH, 2003; AKKAYAN,
2004; BRAZ et al., 2005).
O preparo do conduto para a simulação de raízes debilitadas varia
segundo os autores de cada estudo; não um consenso ou protocolo
padronizado sobre como deveria ser este preparo, até porque clinicamente
pode haver grande variação no grau e desenho do alargamento do conduto
(MARCHI, 1997; SOARES, 1999; BONILLA, 2001; KAIZER, 2003; MARCHI et
al., 2003; NEWMANN et al., 2003; GONÇALVES et al., 2006; NAUMANN,
PREUSS, FRANKENBERGER, 2006; BONFANTE et al., 2007; MACCARI et
al., 2007; MARCHI, MITSUI, CAVALCANTI, 2008; MARTELI Jr. et al., 2008;
MOOSAVI, MALEKNEJAD, KIMYAI, 2008; ZOGHREIB et al., 2008; TEIXEIRA,
SILVA-SOUZA, SOUZA-NETO, 2009). Assim, a forma do preparo do canal
radicular alargado utilizada na presente pesquisa foi baseada em pesquisas
anteriores que trabalharam com situações de raízes enfraquecidas (MARCHI,
1997; SOARES, 1999; BONILLA, 2001; KAIZER, 2003; BONFANTE, 2007). No
presente estudo, as raízes foram classificadas de acordo com o grau de
alargamento do conduto radicular: alargamento normal, mediano e amplo. Nos
condutos com alargamento mediano e amplo, a fragilização do remanescente
dentário se deu na porção cervical (5 mm cervicais) pelo fato de que, em raízes
enfraquecidas, geralmente é esta região que se apresenta com paredes mais
delgadas, devido a várias razões, como processo carioso, sobre-
instrumentação endodôntica, remoção de núcleos pré-existentes, entre outras.
Todos os dentes utilizados neste estudo tiveram seus condutos preparados
99
com brocas de diâmetro conhecido e com a mensuração cuidadosa da
penetração das mesmas foi possível padronizar o preparo em todos os
espécimes. O preparo do conduto com 10 mm de profundidade foi adotado por
equivaler a cerca de 2/3 do remanescente dentário (SCHILLINBURG e
KESSLER, 1991; HU et al., 2003).
Estudos anteriores indicaram que, idealmente, os pinos intra-radiculares
somente deveriam ser utilizados em dentes despolpados ainda possuidores de
algum remanescente coronário, para que fosse possível a obtenção de efeito
férula, ou seja, do recobrimento da estrutura dental sadia pela restauração
(BARKHORDAR, RADKE, ABBASI, 1989; SORENSEN e ENGELMAN, 1990b;
MILOT e STEIN, 1992; ASSIF et al., 1993; LIBMAN e NICHOLLS, 1995;
RAYGOT, CHAI, JAMESON, 2001). A altura mínima de remanescente
coronário sadio proposta em diferentes estudos para que haja indicação para
utilização de pinos pré-fabricados é variável: 1 mm (SORENSEN e
ENGELMAN, 1990b; MILOT e STEIN, 1992; RAYGOT, CHAI, JAMESON,
2001;) 1,5 mm (LIBMAN e NICHOLLS, 1995) ou 2 mm (ASSIF et al., 1993;
BARKHORDAR, RADKI, ABBASI, 1989). Raygot et al. (2001) afirmaram que a
resistência de dentes endodonticamente tratados com mínima quantidade de
estrutura dentária coronária depende principalmente das propriedades
mecânicas do material do núcleo e de seu desenho. A razão pela qual neste
estudo foram utilizados elementos dentários sem nenhum remanescente
coronário foi reproduzir “o pior cenário possível”, ou seja, uma situação clínica
extrema, em que, além de haver uma raiz enfraquecida, não será possível a
obtenção do efeito férula.
Nos casos em que ocorre uma adequada adaptação do pino intra-
radicular, tem-se uma película de agente cimentante delgada e uniforme em
torno do mesmo. no caso de dentes com condutos alargados, a película de
cimento em torno do pino geralmente se torna mais espessa em função do
maior desgaste interno do conduto. Alguns autores acreditam que esta camada
espessa não seria prejudicial ao sistema quando o cimento possuir
propriedades mecânicas consideradas apropriadas para um melhor
prognóstico a longo prazo, como módulo de elasticidade similar ao da dentina,
adesividade ao remanescente dentário e baixa contração de polimerização, por
100
exemplo (LANZA et al., 2005; PEREZ et al., 2006; SPAZZIN et al., 2009).
Desta forma, o cimento poderia funcionar como uma espécie de “amortecedor”
frente aos esforços mastigatórios, evitando sobrecargas na parede radicular e
aumentando o tempo de vida útil da restauração (LANZA et al., 2005; PEREZ
et al., 2006; SPAZZIN et al., 2009). Entretanto, se o cimento possuir módulo de
elasticidade significativamente diferente dos demais materiais restauradores e
da dentina (especialmente quando mais alto que o da dentina), o sistema pode
apresentar um comportamento adverso e induzir maior estresse na parede
radicular, levando a fraturas radiculares (LANZA et al., 2005; PEREZ et al.,
2006; SPAZZIN et al., 2009). No presente estudo foi utilizado o cimento
resinoso RelyX ARC, com módulo de elasticidade de cerca de 9,6 GPa, que é
relativamente próximo àquele da dentina (18 GPa) (SASKALAUSKAITE, TAM,
MCCOMB, 2008). Uma camada de cimento excessivamente espessa pode
influenciar negativamente a resistência à fratura do elemento dental e facilitar o
deslocamento do pino do interior do conduto (BONFANTE et al., 2007;
D’ARCANGELO et al., 2007). Assim, neste estudo, procurou-se observar se a
utilização de pinos acessórios, visando diminuir a espessura da película de
cimento, influenciaria a resistência à fratura e o padrão de falha de dentes
despolpados com diferentes graus de alargamento do conduto radicular.
À exemplo de estudos anteriores (MARCHI, 1997; RAYGOT, CHAI,
JAMESON, 2001; MACCARI, CONCEIÇÃO, NUNES, 2003; BARJAU et al.,
2006; GONÇALVES et al., 2006; BONFANTE et al. 2007; BOTTINO et al.,
2007; VALANDRO et al., 2007; AL-WADHRAMI et al., 2008; MARTELLI Jr. et
al., 2008), não foi utilizado nesta pesquisa um material elastomérico para
simulação do ligamento periodontal com a finalidade de evitar qualquer
deslocamento do dente durante a aplicação da carga (AL-WAHADNI et al.,
2008), embora alguns trabalhos tenham se valido desta técnica para tentar
simular o efeito “amortecedor” do ligamento periodontal (NEWMANN et al.,
2003; NAUMANN, PREUSS, FRANKENBERGER, 2006; MACCARI et al.,
2007; ZOGHREIG et al., 2008; BUTTEL et al., 2009). De acordo com Gu e
Kern (2006), a utilização do simulador altera o movimento dos espécimes
quando submetidos à compressão e resulta em mudança da carga aplicada,
não refletindo a real situação clínica.
101
O uso de coroas totais está indicado quando ocorrem grandes perdas
dentárias coronárias ou radiculares (como foi simulado nesta pesquisa), com a
finalidade de aumentar a resistência do dente restaurado. A maioria dos
estudos que aplicaram teste de resistência à fratura utilizou coroas totais
cimentadas sobre os núcleos, o que permitiu aproximar as condições
laboratoriais das condições clínicas com mais fidelidade (RAYGOT, CHAI,
JAMESON, 2001; HEYDECKE e PETERS, 2002; HU et al., 2003; NAUMANN,
PREUSS, FRANKENBERGER, 2006; BONFANTE et al., 2007; MACCARI et
al., 2007; ZOGHREIB et al., 2008). O ensaio mecânico realizado é considerado
como um teste de resistência à fratura. Apesar de a tensão inicial ser de
natureza compressiva, os vetores de força se dissipam em função da tendência
à flexão que ocorre na estrutura dental, inclinada em 45
0
em relação à ponta
ativa da máquina de ensaios universal. Sendo assim, a tensão de compressão
inicial se dissipa em vetores de outra natureza que não apenas compressivos
como também de tração e cisalhamento em regiões distintas daquelas onde a
força foi aplicada inicialmente (MACCARI, 2005).
No presente estudo, buscou-se analisar os efeitos da utilização de pinos
de fibra de vidro associados ou não a pinos acessórios, variando o grau de
fragilização radicular. Sob as condições experimentais desta pesquisa, os
valores de resistência à fratura para os cinco grupos experimentais foram, em
ordem decrescente: Grupo 4 551 N; Grupo 5 - 517,5 N; Grupo 3 - 489,6 N;
Grupo 1 - 468,9 N; e Grupo 2 431 N, sendo que a análise estatística não
demonstrou diferença estatisticamente significante entre os grupos
experimentais (p=0,639).
Analisando mais detalhadamente os valores obtidos no teste de
resistência à fratura, observou-se que, apesar de todo o cuidado tomado em
cada um dos passos para garantir a padronização das técnicas utilizadas,
houve variabilidade dos resultados obtidos dentro de um mesmo grupo. Ao se
trabalhar com dentes bovinos, da mesma forma que ocorre com dentes
naturais humanos, devem-se levar em consideração as diferentes razões que
podem contribuir para a variabilidade (e conseqüentemente para o desvio
padrão), como: (1) grau de calcificação dos dentes; (2) pequenas variações na
dimensão dos dentes, bem como na localização e forma dos condutos
102
radiculares; (3) variações na dentina causadas por diferença no conteúdo de
água; (4) presença de micro-fraturas na dentina; e (5) influência do preparo
manual dos corpos de prova. Todos estes fatores, em última análise, são
extremamente importantes para replicar a realidade clínica (ASSIF et al., 1993;
HEYDECKE e PETTERS, 2002). Além disso, podem ter ocorrido variações
inerentes à utilização de técnicas adesivas altamente sensíveis; variação na
quantidade e distribuição do cimento nos condutos alargados e diferença na
quantidade de micro-bolhas ou lacunas no cimento. Com o objetivo de eliminar
uma variável que pudesse interferir nos resultados, não foi realizada a
obturação dos condutos radiculares com guta-percha e cimento endodôntico,
devido à possibilidade da permanência de resíduos destes materiais em áreas
retentivas dos condutos (KURTZ et al., 2003; VALANDRO et al., 2005; PEREZ
et al.; 2006; VALANDRO et al., 2007). Além disso, alguns cimentos como os
cimentos endodônticos à base de eugenol (MENEZES et al., 2008;) ou o
hipoclorito de sódio em concentrações de 5% utilizado como solução irrigadora
(NIKAIDO et al., 1999; MORRIS et al., 2001) podem afetar negativamente a
resistência adesiva e a resistência à fratura, respectivamente, de dentes em
que estes materiais foram utilizados. Entretanto, Kurtz et al. (2003) não
observaram influência do tipo de cimento endodôntico utilizado, independente
de sua constituição base de óxido de zinco e eugenol ou cimento resinoso)
na resistência de união dos cimentos testados para cimentação de pinos em
dentina radicular. Dessa maneira, sua utilização pôde ser suprimida.
Os resultados obtidos permitem inferir que todas as condições
experimentais simuladas de dentes com raízes debilitadas reconstruídos com
pinos de fibra de vidro, associados ou não a pinos acessórios, apresentaram
resistência suficiente para enfrentar os esforços mastigatórios habitualmente
exercidos, uma vez que a força de mordida na região anterior atinge até 290 N
na atividade funcional normal (KILLIARIDIS et al., 1993; FERRARIO et al.,
2004; REGALO et al., 2008), valor inferior àqueles encontrados no presente
estudo. É também muito importante lembrar que além de terem sido simuladas
situações de raízes debilitadas, não havia nenhum remanescente coronário
presente.
103
Deve-se salientar que é complexa a comparação entre estudos
laboratoriais, uma vez que inúmeros fatores da metodologia podem variar,
como: forma e material dos pinos; agentes cimentantes; sistemas adesivos;
material de reconstrução coronária; elemento dentário utilizado; dimensões dos
dentes; variações no preparo do canal radicular; intensidade e velocidade da
força aplicada, entre outros. A variação de um ou mais fatores pode alterar de
forma importante os resultados do ensaio.
Diversos estudos têm demonstrado uma associação direta entre a
quantidade de remanescente radicular e a resistência à fratura de dentes
despolpados (MARCHI, 1997; DEAN e JEANSONNE, 1998; CARLINI Jr.,
1999; SOARES, 1999; MARCHI et al., 2003; GONÇALVES et al., 2006;
NAUMANN, PREUSS, FRANKENBERGER, 2006; MARCHI, MITSUI,
CAVALCANTI, 2008; MOOSAVI, MALEKNEJAD, KIMYAI, 2008). Porém,
dependendo do material utilizado na reconstrução, outras pesquisas não
encontraram diferenças significativas entre a resistência à fratura e a
quantidade de remanescente dentário (BONILLA, 2001; KAIZER, 2003;
NEWMANN et al., 2003; ZOGHREIB et al., 2008; BUTTEL et al., 2009).
Marchi et al. (1997) afirmaram que a espessura de dentina remanescente
está diretamente relacionada à resistência da raiz à fratura após utilizar em sua
pesquisa grupos experimentais variando o grau de fragilização da raiz (hígida
ou debilitada) e tipo de retentor intra-radicular (pino metálico pré-fabricado ou
núcleo metálico fundido). Entretanto, sabe-se que retentores intra-radiculares
metálicos deste tipo possuem importante papel na propagação de cargas para
o remanescente radicular, não absorvendo os esforços mastigatórios e
podendo induzir fraturas radiculares em função de sua rigidez e elevado
módulo de elasticidade (FREEDMAN, 1996; ISIDOR, ODMAN, BRONDUM,
1996; DEAN, JEANSONNE, SARKAR, 1998; FREDRIKSSON et al., 1998;
MANNOCCI, VICHI, FERRARI, 1998; BONILLA, 2001; AKKAYAN e GULMEZ,
2002; FOKKINGA et al., 2004). Na presente pesquisa, foram utilizados
materiais com propriedades mecânicas similares às da estrutura dental (pinos
de fibra de vidro e cimento resinoso). Sendo assim, pode-se supor que estes
materiais atuaram absorvendo parcialmente as cargas compressivas
(MALFERRARI, MONACO, SCOTTI, 2003; BARJAU et al., 2006; BOTTINO et
104
al., 2007; VALANDRO et al., 2007), de modo que as mesmas não fossem
transmitidas em sua totalidade para o remanescente radicular. Possivelmente
foi em função, principalmente, deste fato que não foi observada diferença
estatisticamente significativa entre os grupos, mesmo com diferentes graus de
fragilização radicular.
Bonilla (2001) observou valores de resistência à fratura similares em
dentes sem fragilização radicular reconstruídos com núcleos metálicos
fundidos (87,59 kgf) e dentes com parede radicular com espessura de apenas
0,5 mm na região cervical e restaurados com pinos dentários (76,35 kgf).
Porém, quando os dentes fragilizados foram reconstruídos com núcleo
metálico fundido, que possui módulo de elasticidade muito superior ao da
dentina, sendo o conduto previamente reforçado ou não com resina composta
fotopolimerizável, os valores de resistência à fratura diminuiram
significativamente. Kaizer (2003) também não observou influência do grau de
fragilização radicular em dentes com condutos medianamente (58,67 kgf) e
amplamente (47,51 kgf) alargados e reconstruídos com pinos dentários. Estes
achados parecem corroborar a idéia de que materiais com propriedades
semelhantes às da dentina, no caso das pesquisas acima os pinos dentários,
protegem o remanescente radicular em relação às cargas compressivas. Nesta
pequisa não houve diferença nos valores de resistência à fratura entre os
graus de alargamento médio ou amplo, à exemplo do observado por Kaizer
(2003), e entre o dente hígido (alargamento normal do conduto) ou
amplamente fragilizado, como demonstrou Bonilla (2001).
Da mesma forma, Newmann et al. (2003) também não observaram
diferenças entre os valores de resistência à fratura de dentes com condutos
normais e alargados reconstruídos com dois tipos de pinos de fibras de vidro.
Entretanto, devemos levar em consideração, a pouca diferença entre os graus
de alargamento dos grupos do estudo citado, sendo que o grupo com
alargamento normal do conduto possuía um diâmetro cervical de 1,6 mm e o
grupo com conduto considrado alargado possuía um diâmetro cervical de 2
mm. Nesta dissertação, o grupo 1 (controle) possuia o mesmo grau de
alargamento que o grupo considerado fragilizado no estudo de Newmann et al.
(2003). Além disso, no presente trabalho, houve maior variação no grau de
105
alargamento dos condutos, principalmente entre o o grupo controle (grupo 1) e
os grupos com amplo grau de alargamento (grupo 4 e grupo 5). O primeiro
(grupo 1) possuía diâmetro cervical do conduto de 2 mm, com espessura
dentinária variando de 2,5 a 2,75 mm e de 1,5 a 1,75 mm nos sentidos
vestíbulo-palatino e mésio-distal, respectivamente. Os grupos com
alargamento médio do conduto (grupo 3 e grupo 4) apresentavam espessura
da parede radicular na região cervical variando de 2,05 a 2,3 mm e de 1,05 a
1,3 mm nos sentidos vestíbulo-palatino e mésio-distal, respectivamente. Por
fim, a parede radicular na região cervical dos grupos com canais amplamente
alargados (grupo 4 e grupo 5) apresentava espessura uniforme de 1 mm.
Mesmo assim, não houve diferença estatisticamente significativa entre os
valores de resistência à fratura dos grupos experimentais, inclusive quando
comparado o grupo controle com os grupos amplamente fragilizados
De acordo com os resultados da presente pesquisa, dentes reconstruídos
com pinos de fibra de vidro associados a pinos acessórios
(grupo 3 e grupo 5) apresentaram comportamento similar àqueles restaurados
apenas com o pino de fibra de vidro e espessa camada de cimento resinoso ao
redor do pino (grupo 2 e grupo 4), independentemente do grau de fragilização
radicular. Alguns autores (D’ARCANGELO et al., 2007; BOILLAGUET et al.,
2003; GRANDINI et al., 2005; VALANDRO et al., 2005) atribuíram a dificuldade
em obter valores de resistência à fratura e de resistência adesiva elevados a
uma espessa película de cimento em torno do pino intra-radicular. Isto
ocorreria devido ao fato de que, nestes casos, normalmente, um grande
volume de cimento é inserido no conduto, induzindo alto estresse na interface
adesiva causado pela contração de polimerização elevada, levando à
formação de espaços vazios e de bolhas no interior da camada de cimento. Na
presente pesquisa, tentou-se minimizar a ocorrência destes efeitos pela
inserção do cimento através de broca lentulo e inserção posterior do pino
diminuindo a presença de ar no interior do conduto e, por consequência, a
formação de espaços vazios. Logicamente, o estresse causado pela contração
de polimerização foi maior quanto maior o volume de cimento inserido no
conduto. Ou seja, teoricamente maior no grupo 4 (alargamento amplo e pino
de fibra) que no grupo 2 (alargamento médio e pino de fibra) e este, por sua
106
vez, maior que no grupo 1 (controle). Entretanto, esse estresse na contração
de polimerização não foi capaz de alterar os valores de resistência à fratura.
Bonfante et al. (2007) avaliaram diversas formas de reconstrução de
dentes fragilizados na tentativa de diminuir a espessura da camada de cimento
em torno de pinos de fibras de vidro; entre outras cnicas, compararam a
utilização de pinos acessórios associados à pino de fibra de vidro com a
utilização isolada de pino de fibra de vidro com diâmetro inferior ao conduto.
Quando utilizados os pinos acessórios, os autores observaram ótimos
resultados de resistência à fratura (920,64 N), à exemplo de quando utilizado
pino de fibra com diâmetro inferior ao do conduto (745,69 N), não diferindo
estatisticamente entre si. Todos os valores encontrados foram acima das
cargas mastigatórias fisiológicas. As dimensões cervicais dos dentes utilizados
no estudo citado foram as mesmas utilizadas nesta dissertação. O grau de
fragilização radicular do estudo de Bonfante et al. (2007) foi o mesmo em todos
os grupos e se aproxima do grau de fragilização simulado nos grupos 2 e 3 da
presente pesquisa. Ao analisar os padrões de falha ocorridos na pesquisa
acima mencionada e nesta dissertação, observa-se similaridade nos
resultados. Na presente pesquisa, seis falhas favoráveis foram observadas
tanto para o grupo reconstruído apenas com pino de fibra (grupo 2) quanto
para o grupo com pino de fibra associado aos pinos acessórios (grupo 3),
ambos com dio alargamento radicular. a pesquisa de Bonfante et al.
apresentou 8 falhas favoráveis no grupo em que foram utilizados apenas pinos
de fibra de vidro com diâmetro menor que o conduto e 7 falhas favoráveis
quando utilizado pinos acessórios associados ao pino principal de fibras de
vidro.
Diversas pesquisas (SIDOLI, KING, SETCHEL, 1997; SIRIMAI, RIIS,
MORGANO, 1999; RAYGOT, CHAI, JAMESON, 2001; AKKAYAN e GULMEZ,
2002; HEYDECKE e PETERS, 2002; HU et al., 2003; MACCARI,
CONCEIÇÃO, NUNES, 2003; MONTICELLI et al., 2003; NEWMANN et al.,
2003; FOKKINGA et al., 2004; MITSUI et al., 2004) observaram que com a
utilização de pinos de fibras o padrão de falhas é geralmente mais favorável
(fraturas reparáveis) do que com a utilização de núcleos metálicos fundidos,
pinos pré-fabricados metálicos ou pinos cerâmicos; nesta pesquisa, os achados
107
em relação ao padrão de falha também foram similares, mesmo em condutos
alargados (grupo 4 e grupo 5). Deve ser enfatizado que desde que a
reconstrução possua uma resistência à fratura clinicamente aceitável, ou seja,
acima dos valores fisiológicos normalmente encontrados durante a mastigação
(cerca de 290N, com força máxima podendo chegar a 362,6 N) (KILLIARIDIS et
al., 1993; FERRARIO et al., 2004; REGALO et al., 2008), um padrão de falhas
favorável é mais importante que uma alta resistência à fratura. Na presente
pesquisa, todos os grupos experimentais testados apresentaram
comportamento similar no que diz respeito ao tipo de falha ocorrida (Figura 14).
O grupo com preparo convencional do conduto e reconstruído com pino de
fibra (grupo 1) e o grupo com conduto amplamente alargado e reconstruído
com pino de fibra associado à pinos acessórios (grupo 5) apresentaram 70%
de falhas favoráveis. A falha mais comum foi fratura radicular na região cervical
(Figura 15), ocorrendo 6 e 5 casos deste tipo de falha para o grupo 1 e para o
grupo 5, respectivamente.
Figura 14 – Desenho esquemático representando os padrões de falha ocorridos.
Figura 15 – Fratura do terço cervical radicular (falha favorável).
108
No grupo 1 (controle) houve apenas um caso de deslocamento da
porção coronária (Figura 16), ao passo que no grupo 5 houve 2 casos. Os
grupos com alargamento médio, tanto aqueles reconstruídos apenas com pino
de fibra (grupo 2) quanto aqueles reconstruídos com pino de fibra associado a
pinos acessórios (grupo 3), bem como o grupo com amplo alargamento e
reconstruído com pino de fibra (grupo 4) apresentaram 60% de falhas
favoráveis. Os dois primeiros apresentaram 5 fraturas cervicais e um caso de
deslocamento do pino/coroa cada (Figura 17). Já o grupo 4 apresentou 6 casos
de fratura cervical.
Figura 16 – Fratura da porção coronária (falha favorável).
Figura 17 – Deslocamento porção coronária/pino (falha favorável).
109
Quando ocorreram falhas que impediriam a manutenção do dente, ou
seja, além do nível ósseo simulado (resina acrílica), estas foram consideradas
falhas desfavoráveis (AKKAYAN e GULMEZ, 2002; HEYDECKE e PETERS,
2002; BONFANTE et al., 2007; MACCARI et al., 2007). O tipo de falha
desfavorável mais freqüente foi a fratura na altura do terço médio radicular
(Figura 18), verificada em 11 casos, com predomínio para o grupo 2 (3 casos) e
para o grupo 4 (3 casos). Outra falha desfavorável observada foi a fratura
longitudinal (Figura 19), que ocorreu em todos os grupos, exceto no grupo com
médio alargamento e reconstruído com pino de fibra (grupo 2), totalizando 6
casos. A maior parte das falhas foi observada no terço cervical e médio
radicular, variando de 70 a 90% para todos os grupos. Esta predominância
pode ser explicada pelo desgaste para simulação da fragilização radicular, que
se encontrava nestas áreas do canal radicular. Este desgaste, embora não
tenha afetado significativamente os valores de resistência à fratura, fragilizou
as raízes de maneira que as falhas ocorressem nas áreas onde a parede
radicular possuía menor espessura.
Figura 18 – Fratura do terço médio radicular (falha desfavorável).
110
Figura 19 – Fratura longitudinal da raiz (falha desfavorável).
Maccari et al. (2007) simularam a fragilização das raízes de incisivos
centrais superiores, de modo que estes apresentassem espessura da parede
radicular de 1,8 mm à 2,5 mm nos 4 mm cervicais, sendo que este preparo foi
executado com a ponta diamantada 3131. Os dentes foram divididos em 3
grupos experimentais, de acordo com a forma de reconstrução: grupo A
pinos de fibra de quartzo; grupo B – pinos de fibra de vidro; e grupo C – núcleo
metálico fundido. Todos os pinos foram cimentados com cimento resinoso
RelyX ARC e sistema adesivo Single Bond, em seguida a porção coronária do
núcleo foi reconstruída com resina composta para os grupos A e B e coroas
metálicas foram cimentadas. Dentes reconstruídos com núcleo metálico
fundido apresentaram valor de resistência à fratura superior (207,65 N) aos
dentes em que foram utilizados pinos de fibra de vidro (93,28 N) ou àqueles
em que foram utilizados pinos de fibra de quartzo (108,63 N). Comparando o
padrão de falha ocorrido nesta dissertação com o de Maccari et al. (2007),
pode ser observado que os dentes reconstruídos com pinos de fibra, seja de
quartzo ou de vidro, apresentaram 100% de falhas favoráveis no estudo
referido. Nesta dissertação, especialmente para os grupos 1 (conduto com 2
mm de diâmetro cervical) e grupos 2 e 3 (conduto com 2,9 mm de diâmetro
cervical), que possuem alargamento do conduto similar ao estudo referido (2,5
mm de diâmetro cervical), de-se observar menor quantidade de falhas
favoráveis 70%, para os grupos 1 e 2 e 60%, para o grupo 1. Diferentes
aspectos metodológicos podem ter contribuído para a obtenção de valores
mais elevados nesta dissertação, bem como pela menor quantidade de falhas
111
favoráveis. Dentre eles, pode ser destacada a utilização de pinos com diâmetro
superior (2 mm na região cervical e 1,1 mm na região apical) em relação ao
trabalho de Maccari et al. (2007), no qual os pinos possuíam diâmetro de 1,5
mm de diâmetro cervical. Pinos mais delgados acabam sendo menos rígidos e
mais suscetíveis à flexão, fazendo com que ocorra primeiramente o
deslocamento da porção coronária em função do deslocamento do pino e não
induzindo fratura radicular como primeiro modo de falha (SIDOLLI, KING,
SETCHEL, 1997; ASMUSSEN, PEUTZFELDT, HEITMANN, 1999).
Moosavi et al. (2008) compararam a resistência à fratura de diferentes
métodos restauradores em dentes com condutos alargados. Distribuíram os
dentes com condutos alargados (3,5 mm de diâmetro cervical e 1,5 mm apical)
em três grupos experimentais: grupo 1 preenchimento da região alargada
com resina composta e cimentação de pino de fibra de quartzo; grupo 2 pino
de fibra de quartzo associado a dois pinos acessórios Reforpin; grupo 3 pino
de fibra de quartzo com espessa quantidade de cimento resinoso Panavia F.
Um grupo com alargamento normal do conduto (diâmetro cervical e apical de
2,2 mm e 1,2 mm, respectivamente) foi utilizado como controle. Seus achados
vão de encontro aos obtidos nesse trabalho, pois o grupo restaurado com
pinos acessórios associados ao pino principal apresentou valores
estatisticamente superiores (500 N) ao grupo reconstruído apenas com pino de
fibra de quartzo e que, portanto, apresentava uma espessa película de cimento
em torno do pino (230 N). Valores inferiores para o grupo reconstruído com
pino de fibra e espessa película de cimento no estudo de referido podem ser
atribuídos à manipulação e inserção do mesmo no conduto, realizada
juntamente com o pino, facilitando a presença de bolhas e espaços vazios que
poderiam comprometer a resistência adesiva do cimento à dentina radicular ou
ao pino utilizado. No que diz respeito ao padrão de falha, o presente estudo
apresentou 60% dos casos nos grupos 2, 3 e 4; e 70% dos casos no grupo 1
(controle) e no grupo 5 (amplo grau de alargamento do conduto e reconstrução
com pino de fibra de vidro associado a pinos acessórios). Moosavi et al. (2008)
encontraram maior quantidade de falhas favoráveis quando utilizado pinos
acessórios (100%), sendo em sua maioria causadas pela fratura da porção
coronária do núcleo. Isto provavelmente ocorreu em função de forças adesivas
112
e friccionais entre os múltiplos pinos. Além disso, outro fator importante que
pode ter contribuído para a diferença entre os resultados entre esta
dissertação e o estudo citado é o fato de que este realizou a restauração da
porção coronária com resina composta, sem utilização de coroa metálica. Tal
detalhe foi levado em consideração nesta dissertação. Após reconstrução da
porção coronária do núcleo, coroas metálicas foram cimentadas sobre estes,
conferindo maior estabilidade ao sistema e maior resistência à fratura dos
espécimes, alterando o padrão de falha, pois quando aplicada carga
diretamente sobre o núcleo em resina composta fraturas da resina são
observadas (RAYGOT, CHAI, JAMESON, 2001; HU et al., 2003; NAUMANN,
PREUSS, ROSENTRITT, 2006; BONFANTE et al., 2007; MACCARI et al.,
2007; MOOSAVI et al., 2008; ZOGHREIB et al., 2008)
Foi surpreendente a obtenção de um padrão de falhas favorável mesmo
com uma espessa camada de cimento resinoso nos grupos 2 e 4. É verdade
que o módulo de elasticidade do cimento resinoso em torno do pino é similar ao
da dentina e do pino de fibras (PEST et al., 2002); além disso, Berger e Cavina
(2004) afirmaram que os cimentos resinosos proporcionam retenção e
resistência adequada mesmo em camadas espessas, o que é importante
quando se utilizam pinos pré-fabricados em condutos alargados, que estes
geralmente não se adaptam precisamente ao conduto. Porém, ainda existe o
problema da alta contração de polimerização associada a camadas espessas
de cimento resinoso e o estresse por ela provocado, que poderia exceder a
resistência adesiva e provocar gaps na interface cimento-dentina (GRANDINI,
2003). Em uma situação como esta, é possível que ocorra o deslocamento do
pino a curto ou médio prazo (GRANDINI, 2003). Uma das limitações deste
estudo é, justamente, o fato não ter sido realizado estresse cíclico nos
espécimes através de ciclagem mecânica. Esta poderia atuar prejudicialmente
na interface cimento/pino ou cimento/dentina ou até mesmo causando falhas
coesivas na espessa camada de cimento. Esses eventos poderiam causar
diminuição nos valores de resistência à fratura e maior número de falhas
favoráveis em função da descimentação do pino ou da coroa alterando os
padrões de falha. Em contrapartida, estudos prévios o demonstraram efeito
da ciclagem mecânica nos valores de resistência adesiva e de resistência à
113
fratura de dentes reconstruídos com pinos de fibra (BOTTINO et al., 2007;
VALANDRO et al., 2007; MARCHI, MITSUI, CAVALCANTI, 2008). Entretanto,
estes estudos não submeteram à ciclagem mecânica dentes fragilizados e com
espessa camada de cimento.
Na presente pesquisa, ocorreram poucos casos de deslocamento dos
núcleos, provavelmente devido à uma associação de vários fatores, tais como:
1) resistência adesiva suficiente entre o cimento resinoso e a dentina, bem
como entre o cimento resinoso e o pino; 2) compatibilidade química entre o
cimento resinoso e o sistema adesivo de três passos, ambos de cura dual; 3) a
silanização do pino de fibras previamente à cimentação, proporcionando ganho
significativo da adesão entre pino e resina (GORACCI et al., 2005); 5) a ótima
adesão entre a matriz de resina composta dos pinos de fibras de vidro
utilizados e o cimento resinoso (FERRARI, VICHI, GRANDINI, 2001).
É essencial que o sistema adesivo seja compatível com o cimento
resinoso. Uma vez que a polimerização de cimentos resinosos de
polimerização química ou dual (como o RelyX ARC, utilizado nesta pesquisa) é
prejudicada pela associação com adesivos convencionais simplificados (dois
passos) ou com adesivos autocondicionantes de passo único, devido à acidez
elevada destes sistemas, deve-se preferencialmente utilizar com estes
cimentos um adesivo convencional de três passos (BERGER e CAVINA, 2004).
A opção por um sistema adesivo de cura dual favoreceu sua
polimerização, pois o acesso da luz do fotopolimerizador nas regiões mais
apicais do conduto é limitado (LE BELL et al., 2003; YOLDAS e TAYFUN,
2005). A ausência de falhas por deslocamento do pino indicou que a
combinação de cimentos resinosos e agentes adesivos selecionados para o
estudo proporcionou uma adesão suficiente na interface cimento-dentina e
cimento-pino. Por outro lado, a utilização do mesmo agente adesivo em todos
os grupos possibilitou a eliminação de variáveis. O silano possui a capacidade
de incrementar significativamente a adesão entre os pinos de fibras e o cimento
resinoso (GORACCI et al., 2005).
114
Certamente, é mais fácil de controlar todos os passos da técnica adesiva
em laboratório que intra-oralmente, especialmente quando não existe a
possibilidade de empregar o isolamento absoluto. Desta forma, é provável que
a resistência de união obtida clinicamente seja menor que aquela alcançada
em estudos in vitro. Além disso, algumas situações podem afetar a integridade
da adesão a longo prazo, devido ao contato indesejado com a umidade: 1)
falha adesiva entre a resina composta da porção coronária do núcleo e a
estrutura dentária; 2) ocorrência de cárie secundária; e 3) absorção de água
pelo agente adesivo ou pela resina composta da porção coronária do núcleo.
Vários estudos clínicos (FERRARI et al., (2000a); FREDRIKSSON et al., 1998;
MANOCCI, VICHI, FERRARI, 1998; MONTICELLI et al., 2003; NAUMANN
BLANKENSTEIN, DIETRICH, 2005) m demonstrado que o deslocamento do
pino é a falha mais freqüente em dentes reconstruídos com pinos de fibras. De
acordo com Berger e Cavina (2004), os insucessos com pinos de fibras estão
relacionados à falhas de cimentação ou à utilização em dentes com menos de
2 mm de remanescente coronário.
Além disso, é preciso cautela na extrapolação das conclusões de
estudos in vitro diretamente para uma situação clínica. Deve-se considerar,
especialmente, a impossibilidade de reproduzir em laboratório as forças
funcionais e parafuncionais nas mais diferentes direções e intensidades a que
estão submetidos os elementos dentários na cavidade oral. Este fato se torna
ainda mais importante porque os pinos de fibras são anisotrópicos, ou seja,
suas propriedades mecânicas e seu comportamento variam de acordo com a
direção da carga (BOTTINO et al., 2007; FREILICH et al., 2001). Por exemplo,
o módulo de elasticidade dos pinos de fibras de carbono varia de 8 GPa a 110
GPa. Em um ângulo de incidência de 90
o
com o longo eixo do pino, o módulo é
de 8 GPa (próximo ao da dentina radicular); em um ângulo de incidência de 20
a 45
o
com o longo eixo, o módulo é de 18 a 30 GPa (próximo ao da dentina); e
em um ângulo de incidência de 0
o
, o módulo é de 100 a 110 GPa (MANNOCCI
et al., 1998). No presente estudo, a carga de compressão foi aplicada em 135°
com o longo eixo do dente, simulando uma condição clínica de oclusão do tipo
classe I; porém, na cavidade oral a carga pode ser aplicada nas mais variadas
115
direções sobre o elemento dentário, especialmente nos movimentos
excursivos.
A restauração de dentes despolpados ainda pode ser considerada um
desafio, suscitando muitas controvérsias e vidas. Tal desafio apresenta
proporções ainda maiores quando se trata da restauração de dentes com
condutos alargados. Não existe uma opinião única sobre a forma ideal de
recuperar dentes nestas condições. Muitas vezes o base científica para
auxiliar a determinar a indicação mais correta de determinada técnica para uma
situação específica. A restauração ideal deve permitir a recuperação tanto da
função quanto da estética, fornecendo um prognóstico favorável e seguro em
longo prazo. Além disso, o procedimento empregado deve ser o mais
conservador possível, uma vez que nenhum material restaurador substitui o
tecido dental com a mesma eficiência, de forma que este deve ser poupado
tanto quanto possível.
Finalmente, é especialmente importante que, futuramente, sejam
executadas pesquisas com diferentes graus de alargamento do conduto e
diferentes formas de reconstrução associadas à ciclagem mecânica, com a
finalidade de verificar até que ponto cargas cíclicas de menor intensidade
afetam o sistema dente/cimento/pino. Além disso, observar se cargas repetidas
são capazes de alterar os valores de resistência à fratura ou até mesmo a
possibilidade de os espécimes falharem durante o teste de fadiga, podendo
influenciar inclusive o padrão de falha do conjunto.
116
7. CONCLUSÕES
Buscando-se elucidar a proposição inicial através da metodologia
estabelecida e após a aplicação da análise estatística aos valores obtidos
neste estudo, pôde-se concluir que:
1. A resistência à fratura de dentes bovinos sob carga compressiva
mostrou-se estatisticamente similar entre todos os grupos testados,
independente do uso ou não de pinos acessórios associados a
pinos de fibra de vidro.
2. Os dentes reconstruídos tanto com pinos de fibra associado a pinos
acessórios quanto com espessa camada de cimento apresentaram
predomino de falhas favoráveis, nunca ultrapassando 40% de
falhas desfavoráveis, independente do grau de alargamento do
conduto radicular.
117
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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