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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC –SP
Wellington Balthazar Baldocchi Parra Viudes
Realidade e Ficção na transformação do Corpo Orgânico em Corpo Cibernético
MESTRADO EM TECNOLOGIA DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL
São Paulo
2009
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC –SP
Wellington Balthazar Baldocchi Parra Viudes
Realidade e Ficção na transformação do Corpo Orgânico em Corpo Cibernético
MESTRADO EM TECNOLOGIA DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL
Dissertação apresentada à Banca Examinadora como
exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em
Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, orientação
da Prof
a
Doutora Rosangella Leote.
São Paulo
2009
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3
Banca Examinadora
__________________________________
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__________________________________
4
Antonia Parra Viudes
In memorian
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Agradecimentos
Em um primeiro momento, gostaria de agradecer ao meu mais ilustre e
admirável pai, responsável por todo o apoio e dedicação necessários à motivação da
vitória pessoal de seus filhos e, ao mesmo tempo, meu mais profundo respeito pelo seu
valor em ser capaz de fazê-lo. À minha mãe, mesmo não estando em corpo presente,
também é responsável pela minha formação como pessoa e ser humano. Às minhas
irmãs, pela paciência em ler diversas vezes a dissertação. Ao orientador por seu trabalho
de afinação textual e adequação dos melhores títulos e assuntos. À minha esposa, pelos
finais de semana que tivemos que ficar em casa, pela disposição em ajudar no preparo
daquele lanche esquecido na geladeira e pela paciência durante todo esse tempo. Aos
professores que avaliaram a dissertação na qualificação e banca.
Agradeço a todos que participaram direta ou indiretamente da conclusão
dessa dissertação.
6
Sumário
Lista de Figuras.............................................................................................................08
Resumo...........................................................................................................................11
Abstract..........................................................................................................................12
Introdução......................................................................................................................13
Capítulo 1 - O desenvolvimento humano e o aumento da sua capacidade de
adaptação ao meio ambiente........................................................................................16
1.1 A formação de tecnologia e o aprimoramento do senso de sobrevivência
.......................................................................................................................18
1.2 Sedentarismo e o aperfeiçoamento da comunicação................................19
1.3 Técnicas e ferramentas primárias..............................................................21
1.4 O aperfeiçoamento das máquinas mecânicas...........................................23
1.5 O desenvolvimento do cálculo mecânico...................................................26
1.6 A era das maquinarias eletroeletrônicas e eletromecânicas....................28
Capítulo 2 - As maquinarias como extensão do corpo humano................................36
2.1 Máquinas geradoras de energia: extensão de conforto............................38
2.2 Máquinas de grande porte: extensão de força..........................................39
2.3 Máquinas de transformar: extensão das mãos.........................................43
2.4 Máquinas de transporte: extensão de locomoção.....................................44
2.5 Máquinas de exploração: extensão da visão.............................................45
2.6 Maquinaria de “inteligência”: extensão do cérebro.................................46
2.6.1 Robótica industrial.......................................................................48
2.6.2 Robô assistente..............................................................................49
2.7 Máquinas de guerra: extensão de defesa...................................................51
2.8 Máquinas bípedes: extensão de equilíbrio................................................53
7
2.9 Máquinas humanóides: extensão de estética.............................................54
Capítulo 3 - O aperfeiçoamento das maquinarias de “reconstrução humana”.......57
3.1 Próteses de locomoção.................................................................................60
3.2 Próteses de manipulação.............................................................................62
3.3 Próteses de substituição...............................................................................67
3.4 Exoesqueletos...............................................................................................70
Capítulo 4 - A extensão do corpo na ficção cientifica................................................72
4.1 A ficção do robô no cinema.........................................................................74
4.2 A ficção do ciborgue no cinema..................................................................82
4.3 A ficção do exoesqueleto no cinema...........................................................84
4.4 O futuro das tecnologias criadas pela ficção cientifica............................87
Considerações finais......................................................................................................89
Referências Bibliográficas............................................................................................93
Lista de Figuras.............................................................................................................97
8
Figuras
01 - Cidade Inca.............................................................................................................20
02 - Shadut Egípcio........................................................................................................21
03 - Máquina a Vapor de Heron..................................................................................24
04 - Máquina de Diferenças - Charles Babbage.........................................................26
05 – Relê.........................................................................................................................28
06 – Válvula....................................................................................................................29
07 – ENIAC....................................................................................................................30
08 – Transistor...............................................................................................................32
09 – Microchip...............................................................................................................33
10 - Shield EPB (Earth Pressure Balanced, em português Escavadeira de Pressão
Balanceada de Terra)....................................................................................................40
11 - Bulldozer ou D57A-3SD.........................................................................................41
12 - Peiner SK-575.........................................................................................................42
13 - ROV Kiel 6000........................................................................................................45
14 - ABB IRB 1400……....................................................……………………………48
15 – KAR........................................................................................................................49
16 – Karcher...................................................................................................................50
17 – Carcará...................................................................................................................51
18 – Swords....................................................................................................................52
19 - Asimo.......................................................................................................................53
20 - Dr. Zou Renti e seu “clone” à direita...................................................................54
21 – Saya….....................................................................................................................55
22 – Albert Einstein Hubo............................................................................................56
9
23 - Joey Chaos…………………............................................................……………..56
24 – Oscar Pistorius.......................................................................................................60
25 - Prótese Biomecânica..............................................................................................61
26 - Lindsay Block da Cidade de Oklahoma...............................................................62
27 - i-LIMB, mecanismo...............................................................................................63
28 – i-LIMB, estrutura externa....................................................................................63
29 - Prótese biônica 1.....................................................................................................64
30 – Prótese biônica 2....................................................................................................65
31 - Claudia Mitchell.....................................................................................................65
32 – Jesse Sullivan.........................................................................................................66
33 – Heartmate...............................................................................................................67
34 – Pulmão de aço........................................................................................................68
35 - Pulmão artificial, Espanha....................................................................................69
36 – Ranco .....................................................................................................................70
37 – Hal...........................................................................................................................71
38 – Metropolis..............................................................................................................74
39 - O Dia Em Que a Terra Parou...............................................................................75
40 - Perdidos no Espaço................................................................................................76
41 - Blade Runner..........................................................................................................77
42 - O Exterminador do Futuro...................................................................................78
43 - O Home Bicentenário.............................................................................................79
44 - Inteligência Artificial.............................................................................................80
45 - Eu, Robô..................................................................................................................81
46 - Homem de Seis Milhões de Dólares......................................................................82
47- Robocop....................................................................................................................83
10
48 - Duende Verde.........................................................................................................84
49 – Exoesqueleto “Matrix”..........................................................................................85
50 - O Homem de Ferro................................................................................................86
51 - Stars Wars..............................................................................................................88
11
Resumo
Os desenvolvimentos do ser humano e das tecnologias de extensão do próprio
corpo evoluem em ritmo acelerado e levam-nos a diferentes vertentes de estudos. Nesta
dissertação, o homem, os robôs e a cibernética são os objetos estudo e pesquisa.
Historicamente, o homem vem aperfeiçoando sua comunicação e organização
em pequenos e grandes grupos, gerando tecnologia e cultura até chegar ao ponto em que
se encontra a sociedade contemporânea dos povos desenvolvidos.
Ao longo dos séculos, o homem tem inventado e construído máquinas
eletroeletrônicas e eletromecânicas que evoluíram e ganharam espaço para auxiliar
tarefas de automação da produção até o ponto de substituírem o próprio homem.
No processo de interação do homem com a máquina, as diferenças físicas de
adaptação e desenvolvimento de objetos que imitam as funções humanas despontam
uma visão de um novo “ser”; um humano “reabilitado artificialmente”, caracterizado
como um ciborgue, ou seja, composto por partes orgânicas humanas e também por
partes da tecnologia cibernética, que envolvem as mais diversas áreas da engenharia, da
computação, da medicina e da robótica, entre outras.
Traçando uma linha entre a realidade e a ficção, abordamos, no último capítulo,
exemplos de interação homem-máquina e vice-versa que podem prenunciar o
desenvolvimento tecnológico de uma época.
Palavras-chaves: adaptação, ciborgues, construção, ficção cientifica, máquinas,
reabilitação
12
Abstract
The development of the human being and the extension technologies of the own
body evolve in a quick pace and give us different points of studies. On this essay, the
man, the robots and the cybernetics are subjects to be studied and searched.
Historically, the man has improved his communication and organization in small and
big groups, causing technology and culture until find a contemporary society of
developed people. During the centuries, the man has invented and built electro
electronics and electro mechanics machines that have already evolved and got a space
to help production automation tasks even substituting the man.
In the process of the man's interaction with the machine, the physical differences
of adaptation and development of objects that imitate the humans' functions show a
view of a new "being", a human "artificially rehabilitated" , characterized as a cyborg, I
mean, compound by organic human parts and also by parts of cybernetics technology
which evolve several engineering areas, computer, medicine and robotic etc.
Talking about reality and fiction, we mentioned, in the last chapter, examples on the
interaction of man-machine and vice-versa that can foretaste the technological
development of a time.
Key words: adaptation, cyborg, construction, scientific fiction, machines, rehabilitation.
13
Introdução
Não como medir ou dimensionar os anseios humanos, quando estão
relacionados ao seu desenvolvimento cultural, social e tecnológico. Durante séculos,
esse empenho desencadeou diversas descobertas nas áreas humanas, exatas e
biológicas, criando e aperfeiçoando objetos usados como ferramentas de construção,
utensílios domésticos, meios de transporte terrestres, aéreos e marítimos, edificações,
comunicação em nível mundial como satélites, por exemplo.
Na atualidade estações espaciais tripuladas, consegue o homem explorar
recursos naturais em grandes profundidades marítimas, na medicina faz uso da
cibernética, sendo estes apenas alguns exemplos da evolução tecnológica alcançada
pelo homem.
Como parte desse processo evolutivo, as máquinas exercem seu papel em
diversas áreas, em micro, pequena, média e grande escala, cada qual desempenhando
tarefas diversas e em todos os locais onde possam ser aplicados componentes
eletroeletrônicos ou eletromecânicos.
O homem, no seu próprio evolutivo também desenvolve máquinas que lhe
sirvam para novos projetos, novas teorias, um ganho de tempo em alguma tarefa, um
“poder” diferenciado sobre outra sociedade, interações com a própria máquina por
diversos métodos, além da própria inteligência artificial e da nanotecnologia.
A velocidade do desenvolvimento tecnológico e social e a renovação de
conceitos éticos mostram que o homem busca a melhor maneira para solução dos
problemas de seu cotidiano. O tempo caminha marcando os passos dessas descobertas,
cuja evolução faz o homem adquirirem algumas dependências de suas próprias criações,
ou seja, ele passa a se relacionar e a substituir tarefas da maneira como eram realizadas
14
anteriormente, porém com as máquinas inventadas. As relações homem-máquina criam
e criaram um leque de possibilidades, levando em conta as peculiaridades de cada novo
projeto ou o aperfeiçoamento de projetos existentes. Ressaltamos que nem todas as
pesquisas e aplicações foram usadas para beneficiar a humanidade, mas, de certa forma,
a idéia original sempre esteve e estará ligada ao que as máquinas podem e poderão
proporcionar em avanços e benefícios.
Quando o homem criou as máquinas, buscou suprir e superar o “tempo de
conclusão” ou “a execução de tarefas repetitivas”; as linhas de montagem, por exemplo,
passaram a ser adotadas por causa da fadiga que o corpo do homem estava sofrendo.
Hoje, as máquinas suprem essa “falha do corpo humano”, trabalhando
ininterruptamente, vinte e quatro horas por dia.
Além da produção em série, o atual estágio de desenvolvimento de componentes
eletrônicos e eletromecânicos, menores e com maior velocidade de respostas, permite
inúmeras aplicações, tais como: expansão das telecomunicações, transmissão de dados
computacionais, explorações de regiões inóspitas, uma maior concentração de
componentes eletrônicos por centímetro quadrado, automação de máquinas, etc.
Em novos processos, as máquinas adquirem funções, não de administrar o
cotidiano do homem, mas também de se integrar à sociedade.
Na transição para o século XXI “Os computadores (...) superam a inteligência
humana em uma ampla variedade de domínios inteligentes, porém, estreitos como jogar
xadrez, diagnosticar determinadas doenças (...) Mas a inteligência humana, de modo
geral, permanece bem mais robusta e flexível” (Kurzweil, 2007a, 19-20). Assim, com o
aperfeiçoamento de robôs, teremos uma alusão robótica do futuro como mostrada nos
filmes Metropolis, Blade Runner, O Homem Bicentenário.
15
Para o homem, a criação dos robôs foi um passo em seu processo evolutivo. O
aprendizado em meio a acertos e erros leva a um estágio voltado para seu “eu” humano,
ou seja, analisando o funcionamento do seu próprio corpo e baseado em suas
deficiências motoras, orgânicas e de sua estrutura física o homem agregou as máquinas
para reposição cibernética de partes do seu corpo, com o objetivo de melhorar próteses,
que existiam vários anos. Como exemplo, lentes bifocais, próteses de titânio,
cerâmica, vidro ou fibra de carbono, respiradores eletromecânicos, entre outros
equipamentos, que nos ajudam a superar problemas de ordem física, adquirida ao longo
da vida.
E, dessa junção do conhecimento e tecnologia, o homem busca a melhor
eficiência para superar e manter sua frágil estrutura “funcionando”.
16
Capítulo 1
O desenvolvimento humano e o aumento da sua capacidade de adaptação ao meio
ambiente
Um organismo, simples ou complexo, é composto por diversos sistemas
interligados entre si, cada qual realizando diferentes funções simultâneas, que o mantêm
em seu equilíbrio estrutural, fazendo parte de uma biodiversidade.
O cérebro humano teve inicialmente habilidades no desenvolvimento de idéias e
técnicas de construção de objetos, abrigos rudimentares e pequenas invenções artesanais
até o aperfeiçoamento de tecnologias e teorias nas áreas humanas, exatas e biológicas,
consideradas de ponta, para cada “época”, ou seja, de aplicação no tempo de seu
diferencial evolutivo.
“A emergência hipermediadora do neocortex coincidiu com a posição bípede
que liberou as mãos para a sutileza dos gestos.(...) Foi no próprio corpo humano que a
sagacidade evolutiva instalou o aparelho fonador, apropriando-se para isso de vários
órgãos funcionais, da respiração, sucção e deglutição e acrescentando-lhes a função
articulatória da fala.(...) também muito cedo encontrou suas formas de extrojeção na
pintura de corpos e nos primeiros artefatos voltados para a sobrevivência física, da
produção de objetos, vestimentas, arquitetura, marcas que o intelecto humano foi
crescentemente imprimindo sobre a natureza.” (Santaella, 2003a; 220)
Os seres humanos estão entre as espécies que permanecem em constante durante
desenvolvimento toda a vida, tentando deixar um registro ou legado para que no futuro,
as gerações seguintes encontrem, decifrem e interpretem sua própria origem. A mente e
o corpo humano são dotados de adaptabilidade ao ambiente.
“Um dos períodos mais fascinantes da historia humana é a Pré-História. Esse
período não foi registrado por nenhum documento escrito, pois é exatamente a época
anterior à escrita. Tudo que sabemos dos homens que viveram nesse tempo é resultado
da pesquisa de antropólogos e historiadores, que reconstituiriam a cultura do homem da
Idade da Pedra a partir de objetos encontrados em varias partes do mundo e de pinturas
achadas no interior de muitas cavernas na Europa, Norte da África e Ásia.”
(Proença,1999a;10).
17
Dessa forma, desvendando suas origens tentando compreender sua evolução e
organização em grupos cada vez maiores; reforça suas culturas e a renovação de
gerações garantindo seu fortalecimento individual e coletivo.
18
1.1 A formação de tecnologias e o aprimoramento do senso de sobrevivência.
O homem, desde o princípio, organizou-se em grupos, buscando em um
primeiro momento suprir suas necessidades biológicas como a busca de alimentos e
necessidades físicas, protegendo-se das intempéries climáticas. Para o aprendizado da
localização geográfica de recursos naturais, das técnicas de caça e outros, o homem viu-
se obrigado a criar tecnologias que lhe permitissem sobreviver.
Como em todo grupo, algumas regras foram criadas tendo como objetivo a
organização, a repreensão ou apenas a simples orientação. As escolhas de um líder
provinham de fatores que variavam de região para região, de cultura para cultura além
de outros fatores, até mesmo a força física ou a força exercida no grupo. Tais aspectos,
como se sabe, não são exclusividade da raça humana.
As primeiras moradias eram consideradas seminômades, pois a permanência
dependia dos recursos naturais disponíveis e, ao seu esgotamento, logo buscavam outras
regiões. Por muito tempo, os grupos viveram dessa maneira e, em alguns períodos,
havia disputas pelo mesmo espaço caracterizando-se como as primeiras batalhas.
“É de esperar que os tipos populacionais diferiam dos contemporâneos, tendo
em vista a seleção natural e social, ou seja, adaptação, hibridação, extinção de grupos
pequenos, intercasamentos nos grupos populacionais maiores, como o povoado
formado de dois subgrupos, casamento entre primos, cruzamentos com mulheres de
grupos inimigos derrotados em guerras, etc..” (Harry,1966; 180-181)
Cada época se caracteriza por sua evolução natural, tanto na fabricação de
objetos e vestimentas, para proteção dos corpos em meio às intempéries naturais e
defesa contra os animais predadores, como os demais costumes, seja de alimentação,
acasalamento, etc.
19
1.2 Sedentarismo e o aperfeiçoamento da comunicação
Caminhando no processo evolutivo natural, os grupos humanos adquiriram
novos pensamentos e visões do meio ambiente, mudando a geografia local e a
observando os fenômenos naturais, o entendimento das estações do ano, as cheias de
rios, épocas de abundância de certos frutos e vegetais, rasteiros e mais uma infinidade
de eventos que passaram a ser levados em conta, além de técnicas e novas ferramentas
para o auxilio das tarefas.
“Ao longo da história o homem sempre produziu ferramentas para facilitar seu
trabalho ou para ajudá-los a superar suas limitações físicas. A vara e o anzol, por exemplo,
nada mais são do que o prolongamento do seu braço;(...). Assim, homem, um ser que facilmente
seria vencido pelos elementos naturais, produziu um sem-número de artefatos que lhe
possibilitaram dominar e transformar o meio natural”.(Proença,1999a;8)
Naturalmente, ao se fixarem, os grupos humanos precisavam manter uma
organização e uma agricultura continua. Partindo dessa necessidade, inicia o cultivo de
plantas e a criação de animais, dando então origem às primeiras plantações e à
tecnologia voltada para a agricultura.
20
“Os Incas, desenvolveram uma forma de governo muito bem sucedida e estenderam seu
Estado ao longo dos Andes e da costa, desde o norte do Chile ao Equador. Se pudermos dizer
que os Incas tinham um único conceito dominante em sua organização, este seria a promoção de
uma vida econômica eficiente e de segurança social para todos. Os governantes estenderam o
reino inca como membros de plenos direitos. Justificavam suas guerras como um esforço para
levar benefícios da civilização inca aos menos afortunados que dela careciam, explicação
comum das potências agressoras em todos os tempos.” (Harry,1966; 205)
Suprindo suas necessidades básicas e de moradia, e conquistando
pernamanentemente melhorias na sua qualidade de vida o homem tem se preocupado
em passar para as gerações futuras as suas raízes e a maneira de como se desenvolveram
e se organizaram. Não se pouparam de guerras uns aos outros. As justificativas sempre
variaram, mas a cobiça e o desejo de domínio têm sido os principais motivos reais.
Cidade Inca - Figura 1
21
1.3 Técnicas e ferramentas primárias
Com a formação de grupos maiores as cidades demandavam muitas tarefas para
sua manutenção e ampliação. Os artesões, ferreiros, construtores, entre outros, tinham
uma grande importância no desenvolvimento das cidades, na criação de máquinas
simples, como alavancas, polias, cordas e outros materiais no período a.C. Eles
detinham habilidades com esses materiais e senso de matemática adquiridos de gerações
passadas ou por simples tentativa e erro, assim, proporcionaram o aperfeiçoamento
desses equipamentos que tanto podiam ser pequenos recipientes de madeira para
transporte de diversos líquidos e produtos até a manipulação de metais para confecção
de armaduras, espadas e construção dos primeiros edifícios. Por outro lado, fora das
cidades, o homem também desenvolvia suas técnicas de plantio, moradia, transporte e a
domesticação de animais.
Shaduf Egípcio - Figura 2
22
“A alavanca aparece nos vertedouros de poços que podemos encontrar no
Egito em 1550 a.C., sob o nome de “shaduf”, e na Índia como o picotab. O
vertedouro foi usado em Roma não apenas para elevação d’água, mas como uma
máquina de guerra. Ele podia ser usado como uma arma de ataque, levantando homens
para atacar as paredes, ou na defesa, como no cerco de Siracusa para destruir os navios
dos sitiadores. (...)
A polia em suas formas simples tinha uma extensa variedade de utilizações,
desde elevar água dos poços até suas muitas aplicações a bordo de embarcações.(...)
As cunhas eram usadas extensivamente para se cortar pedra e madeira e os
planos inclinados eram sem dúvida usada para trabalhos de construção. O parafuso
aparece mais geralmente nas formas bastantes especiais do parafuso sem fim e da
prensa, que envolvem algumas combinações com outras máquinas.” (Abbott, 1993;
169-172).
Com essas ferramentas simples, o homem desenvolveu diversas outras máquinas
dentro das cidades, mas também realizou adaptações para serem usadas em guerra,
agregando várias ferramentas simples em máquinas compostas, como os grandes
navios, catapultas, aríetes, entre outros.
23
1.4 O aperfeiçoamento das maquinarias mecânicas
Na transição do período a.C. para d.C. muitas técnicas foram adquiridas, um
melhor manuseio das matérias primas e a confecção das mesmas, mudando o cenário
quando falamos das máquinas.
Compostas por engrenagens de madeira, as máquinas tinham um curto período
de vida demandando um tempo maior de manutenção de custos. A inserção do metal
contribuiu para uma melhor e duradoura vida das peças, assim os objetos que estavam
sendo criados e melhorados ganharam uma melhor performance, diminuindo seus
custos de reparo. Neste mesmo período, matemáticos iniciaram um processo de
realização cálculos matemáticos, físicos, astrológicos e a medição do tempo através de
máquinas.
“Os primeiros dispositivos que surgiram para ajudar o homem a calcular têm sua
origem perdida nos tempos. É o caso por exemplo do ábaco e do quadrante. O primeiro, capaz de
resolver problemas de adição, subtração, multiplicação e divisão de até 12 inteiros, e que
provavelmente existia na Babilônia por volta do ano 3.000 a.C. Foi muito utilizado pelas
civilizações egípcia, grega, chinesa e romana, tendo sido encontrado no Japão, ao término da
segunda guerra mundial.(...)
Os antigos gregos chegaram aa desenvolver uma espécie de computador. Em 1901, um
velho barco grego foi descoberto na ilha de Antikythera. No seu interior havia um dispositivo
(agora chamado de mecanismo Antikythera) constituído por engrenagens de metal e ponteiros. A
descoberta desse dispositivo, datada do primeiro século a.C., foi uma total surpresa, provando
que algum artesão do mundo grego do mediterrâneo oeste estava pensando em termos de
mecanização e matematização do tempo” (Fonseca,2007a,85)
24
Nesse mesmo período Heron, matemático e físico que viveu na Alexandria, Egito,
descreveu a primeira máquina a vapor conhecida em 120 a.C. A máquina consistia em
uma esfera metálica, pequena e oca montada sobre um suporte de cano proveniente de
uma caldeira de vapor. Dois canos em forma de L eram fixados na esfera. Quando o
vapor escapa por esses canos em forma de L, a esfera adquiria movimento de rotação.
Este motor, entretanto não realizava nenhum trabalho útil. Mais o desenvolvimento da
máquina a vapor no século XVIII contribuiu para a expansão da indústria moderna. Até
então, os trabalhos eram executados na dependência exclusiva da potência dos
músculos dos operários e da energia animal. Do vento ou da água. Uma única máquina
a vapor realizava o trabalho de centenas de cavalos. Fornecia a energia necessária para
acionar todas as máquinas de uma fábrica. Uma locomotiva a vapor podia deslocar
carga pesada às grandes distâncias em um único dia. Os navios a vapor ofereciam
Máquina a vapor de Heron - Figura 3
25
transporte rápido, econômico e seguro. Mais tarde em 1924 os motores a vapor foram
substituídos por motores de combustão interna usando diesel, gasolina e álcool.
26
Máquina de Diferença – Chalés Babbage - Figura 4
1.5 O desenvolvimento do cálculo mecânico
No século XVII, o filósofo e matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz
(1646 - 1716) propôs, através de máquinas, a liberação do homem das tarefas repetitivas
e de simples execução. Essa idéia quase foi posta em prática pelo matemático e
astrônomo inglês Charles Babbage (1792-1871),considerado um dos grandes pioneiros
da era dos computadores.
No ano de 1822, Chalés Babbage apresentou a sua Máquina de Diferenças em
Londres: o projeto de um mecanismo feito de madeira e latão, capaz de executar uma
série de cálculos. Já por volta da década de 1820, ele tinha a certeza de que a
informação poderia ser manipulada por sua máquina, desde que fosse possível converter
a informação em números. Essa maquinaria seria movida a vapor, usaria cavilhas,
engrenagens, cilindros e outros componentes mecânicos que então compunham as
ferramentas tecnológicas disponíveis em sua época.
27
No final do século XVIII, com a intenção de reduzir o trabalho de cálculo,
muitas tabelas de cálculos haviam sido criadas por especialistas. Em 1833, Babbage
projetou a sua Máquina Analítica ou Diferencial, semelhante ao computador atual, pois
dispunha de programa, memória, unidade de controle e periféricos de entrada e saída.
As máquinas desde sua concepção “garantem” ao homem uma extensão de sua
capacidade e de lidar com diversos problemas, criando assim uma “dependência”
sistêmica de um conjunto complexo de execução de tarefas diárias. A transferência de
responsabilidades impostas pelo homem às máquinas demonstra sua fragilidade no
processo evolutivo natural, ou seja, ao realizar um trabalho manual que levaria dias se
feito pelo homem, a máquina pode realizá-lo em horas. Assim, temos de ter um grande
cuidado, quando estamos falando em limitações ou funções limitadas, tudo vai depender
do ponto de vista de quem está analisando. Hoje, uma das limitações das máquinas está
relacionada às analises ligadas a fatos emocionais ou vivências passadas, pois ela
apenas responde a programas elaborados e pré-determinados pelo homem.
28
1.6 A era das maquinarias eletroeletrônicas e eletromecânicas
Atualmente dispõe-se de energia elétrica, solar, eólica, térmica, química e
nuclear. O homem avançou bastante desde as máquinas mecânicas e qualquer cidade
hoje, por pequena que seja, dispõe de mais do que um tipo dessas energias. Durante os
séculos XVII e XVIII, os computadores apesar de serem extremamente rudimentares
trabalhavam com sistemas mecânicos, realizando cálculos através de engrenagens,
acionadas por uma manivela ou outro sistema mecânico qualquer. Esse tipo de sistema,
comum na forma de caixas registradoras, era bastante utilizado naquela época..
Em 1938, Claude Shannon publica sua tese de doutorado demonstrando a
analogia do funcionamento de circuitos elétricos com interrupções e a Álgebra de
Boole.(Lévy, 1998a, 85)
Relê – Figura 05
No final do século XIX, surgiu o relê, um dispositivo eletromecânico, formado
por um magneto móvel, que se desloca unindo dois contatos metálicos. O relê foi muito
29
usado no sistema telefônico, aliás, algumas centrais analógicas ainda utilizam esses
dispositivos até hoje. Os relês podem ser considerados uma espécie de antepassados dos
transistores. Suas limitações eram o fato de serem relativamente caros, grandes demais
e ao mesmo tempo muito lentos: um relê demora mais de um milésimo de segundo para
fechar um circuito, ou seja, mais de dez milhões de vezes mais lento que um transistor
atual.
Válvula – Figura 06
Também no final do século XIX, surgiram as primeiras válvulas que foram
usadas na criação dos primeiros computadores eletrônicos. Elas têm seu funcionamento
baseado no fluxo de elétrons no vácuo. Tudo começou numa certa tarde quando
Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica, estava brincando com a sua invenção. Ele
percebeu que, ao ligar a lâmpada ao pólo positivo de uma bateria e uma placa metálica
ao pólo negativo, era possível medir certa corrente fluindo do filamento da lâmpada à
chapa metálica, mesmo que os dois estivessem isolados. Havia sido descoberto o efeito
termiônico, o princípio de funcionamento das válvulas.
As válvulas já eram bem mais rápidas que os relês e atingiam freqüências de
alguns Megahertz, o problema é que esquentavam demais, consumiam muita
eletricidade e se queimavam com facilidade. Era fácil usar válvulas em rádios, porque
eram utilizadas em pouca quantidade, mas construir um computador, que usava
milhares delas era extremamente complexo e caro.
30
Apesar disso, os primeiros computadores começaram a surgir durante a década
de 1940, naturalmente com propósitos militares. Os principais usos eram a codificação
e decodificação de mensagens e cálculos de artilharia.
Em 1940, Hitler já havia conquistado a maior parte do continente europeu, e a
Inglaterra estava se preparando para uma invasão antecipada. O governo britânico organizou
seus melhores matemáticos e engenheiros elétricos, sob a liderança intelectual de Alan Turing,
com a missão de quebrar o código militar alemão. (Kurzweil, 2007a, 103)
O computador mais famoso daquela época foi o ENIAC (Electronic Numerical
Integrator Analyzer and Computer), construído em 1945. O ENIAC era composto por
nada menos do que 17468 válvulas, ocupando um imenso galpão. Porém, apesar do
tamanho, o poder de processamento do ENIAC era incomparável com os padrões
atuais, suficiente para processar apenas 5.000 adições, 357 multiplicações e 38 divisões
por segundo, bem menos até do que uma calculadora de bolso atual, das mais simples.
A idéia era construir um computador para realizar vários tipos de cálculos de
artilharia para ajudar as tropas aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, o
ENIAC - Figura 07
31
ENIAC acabou sendo finalizado exatos 3 meses depois do final da Segunda Guerra e
serviu à Guerra Fria, contribuindo, por exemplo, no projeto da bomba de hidrogênio.
A programação do ENIAC era feita através de 6.000 chaves manuais. A cada
novo cálculo, era preciso reprogramar várias dessas chaves. Isso, sem falar no resultado,
que era dado de forma binária, através de um conjunto de luzes. Nessa época, a maior
parte dos programadores eram mulheres, pois tinham paciência necessária para
programar e reprogramar esse emaranhado de chaves várias vezes ao dia.
Mesmo assim, na época, a maior parte da indústria continuou trabalhando no
aperfeiçoamento das válvulas, obtendo modelos menores e mais confiáveis. Vários
pesquisadores, entretanto, pesquisar alternativas menos problemáticas.
Tais pesquisas tinham como objetivo a descoberta de novos materiais, tanto
condutores, quanto isolantes. Os pesquisadores começaram então a descobrir que alguns
materiais não se enquadravam nem em um grupo nem em outro, pois, de acordo com a
circunstância, podiam atuar tanto como isolantes quanto como condutores, formando
uma espécie de grupo intermediário que foi logo apelidado de grupo dos
semicondutores.
Haviam encontrado a chave para desenvolver o transistor. O primeiro projeto de
transistor surgiu em 16 de Dezembro de 1947, utilizando um pequeno bloco de
germânio (que era o semicondutor mais pesquisado na época, juntamente com silício) e
três filamentos de ouro. Um filamento era o polo positivo, o outro o polo negativo,
enquanto o terceiro tinha a função de controle. Tendo apenas uma carga elétrica no pólo
positivo, nada acontecia, o germânio atuava como um isolante, bloqueando a corrente.
Porém, quando certa tensão elétrica era aplicada usando o filamento de controle, um
fenômeno acontecia e a carga elétrica passava a fluir para o polo negativo. Havia sido
criado um dispositivo que substituía a válvula, sem possuir partes móveis, consumindo
32
uma fração da eletricidade gasta por uma válvula e, ao mesmo tempo, muito mais
rápido.
Transistor – Figura 08
“A virada ocorreu em 1948, quando cientistas dos Bell Laboratories descobriram o
transistor, que viabilizou o computador dos nossos dias. Uma década depois, foi descoberto o
laser, que é essencial para Internet e os meios de comunicação. Ambos são dispositivos
mecânicos quânticos. Na teoria quântica, a eletricidade pode ser compreendida com o
movimento de elétrons, assim como gotículas podem formar um rio.” (Kaku, 2001a; 22-23)
Outro grande salto veio quando os fabricantes deram-se conta de que era
possível construir vários transistores sobre o mesmo waffer de silício, ou seja, a cada
camada de silício temos dispositivos eletrônicos, desempenhando papéis diferentes em
uma única estrutura. Surgiu então o circuito integrado, ou seja, vários transistores
dentro do mesmo encapsulamento ou estrutura. Não demorou muito para surgirem os
primeiros microchips.
“Os dispositivos microeletrônicos são, tipicamente, as máquinas modernas: eles estão
em toda parte e são invisíveis. A maquinaria moderna é um deus irreverente e
ascendente, arremedando a ubiqüidade e a espiritualidade do Pai. O chip de silício é
uma superfície de escrita; ele está esculpido em escalas moleculares, sendo perturbado
apenas pelo ruído atômico a interferência suprema nas partituras nucleares.”
(Haraway, 2000a; 48)
33
Microchip – Figura 09
Com os microchips os equipamentos eletrônicos garantem maior autonomia em
desempenho por milímetro quadrado. Estão presentes em circuitos eletrônicos de
pequena, média e grande escala, trabalhando para o funcionamento de dispositivos de
automação, comunicação e outros
“O ser humano criou máquinas que imitam suas próprias funções, mas esse processo de
reprodução maquínica do corpo chegou a um ponto em que é o cérebro que está sendo
reproduzido parte por parte em computadores. Uma vez que estas são máquinas capazes
de transformar em impulsos eletrônicos e processar, armazenar e distribuir todas as
formas de escritas, sons, vozes e vídeos e uma vez que esses dados híbridos são
transportáveis através de conexão telefônica pelas redes com terminais de memória
informatizada, essas máquinas estão realizando para o ser humano tarefas de
arquivamento, recuperação e processamento de dados que rebros individuais, bíblio,
vídeo e sonotecas não têm o poder de realizar.” (Santaella, 2003a; 223)
O processo da miniaturização de componentes segue em escalas exponenciais,
diversificando os meios de comunicação e equipamentos que passam pelos mesmos
processos de redução de tamanho, tais como os computadores. Como vimos
anteriormente, o ENIAC era um enorme equipamento que consumia muita energia
humana, elétrica e de reposição. Hoje, os mesmos cálculos que levavam horas,
34
processam-se na escala dos milissegundos, ficando difícil de comparar essa
performance em relação ao ENIAC a um computador pessoal doméstico.
Segundo Wiener, “a mesma impulsão intelectual que levou ao desenvolvimento
da lógica matemática levou ao mesmo tempo a mecanização ideal ou real dos processos
de pensamento”.(Lévy, 1998a,89)
A partir do desenvolvimento em larga escala de equipamentos eletroeletrônicos
e eletromecânicos, muitas tarefas que levariam horas ou dias para sua conclusão,
ganham autonomia em minutos e segundos. Um exemplo desse ganho é, por exemplo,
os serviços de correio. Antigamente essas correspondências corriam o risco de se
perderem, ou por problema de logística ou pela caligrafia nos envelopes que não
indicavam o local correto de entrega. Em outra situação, um recado urgente, via
telefone, poderia não ser transmitido ocasionado por um esquecimento do receptor ou
ser transmitido de forma diferente da mensagem original. Nesses dois exemplos, os
equipamentos baseados em microchips supriram a deficiência do meio de transmissão
da mensagem, ou seja, no caso do envio da carta escrita, o meio eletrônico via e-mail e,
no segundo caso, as secretarias eletrônicas e correios de voz.
“Nesse contexto, a tecnologia adquire uma importância fundamental, passando das leis
mecânicas e analógicas para as informáticas e digitais. A economia global hoje é
impulsionada pelos computadores, a telefonia móvel, as redes de comunicação, os
satélites e toda a miríade de gadgets teleinformáticos que abarrotam os mercados,
contribuindo para a produção dos corpos e das subjetividades do século XXI.”
(Sibilia,2002a; 28)
Como no inicio do século, a automação de processos passou por simples polias,
engrenagens de madeiras, entre outros materiais, que logo após, foram substituídas pelo
metal. Na atualidade, as máquinas complexas baseadas em microchips proporcionaram
ao homem uma evolução na obtenção de um ganho extraordinário na produção em série
35
e na redução de erros nas linhas de montagem, desde redução de erros numa pequena
peça de motor até grandes turbinas de aviões.
A prática da simulação por computador está se estendendo nos campos mais
diversos: matemática, física nuclear, eletrônica da aviação, gestão, economia,
demografia, historia, etc. (Lévy, 1998a, 104)
Nesses processos produtivos, estão inseridos diversos equipamentos
eletroeletrônicos e eletromecânicos, eles são como extensores do homem e ganharam
seu espaço na sociedade, decorrente da sua alta precisão e da eficácia nas funções
designadas.
36
Capítulo 2
As maquinarias como extensão do corpo humano
A construção de máquinas se difundem ao longo dos séculos, partindo de
ferramentas mecânicas que dispunham de cordas, polias, engrenagens de madeira,
alavancas e mais uma rie de objetos que auxiliavam na realização das tarefas. Essas
ferramentas artesanais serviram como base e apoio para o melhoramento e
desenvolvimento de máquinas com outros materiais, como aço e ferro, obtendo ganhos
na execução de tarefas e na durabilidade das peças modificadas. Mais tarde, com a
adição de outras fontes geradoras de energia contribuiram para o crescimento de
indústrias e outros seguimentos de transporte e construção, para uma maior velocidade
no desenvolvimento das cidades e da econômia local e mundial.
A energia elétrica, por outro lado, chega pelo experimento de Benjamin
Franklin
1
com pára-raios, e a iluminação pelas lâmpadas incandescentes por Thomas
Alva Edison
2
, sendo esses, alguns dos inventos inseridos nas cidades, proporcionando
melhores rumos no seu desenvolvimento.
“Fisiologicamente, no uso normal da tecnologia (ou seja, de seu corpo em extensão
viária), o homem é perpetuamente modificado por ela, mas em compensação sempre
encontra novos meios de modificá-la. É como se o homem se tornasse o órgão sexual
do mundo da máquina, como a abelha do mundo das plantas, fecundando-o e
permitindo o envolver de formas sempre novas.” (Mcluhan,2006a;65)
Com as máquinas adquirindo diferentes formas e tamanhos e tornando cada vez
mais forte sua presença na execução de tarefas integradas em diversos sistemas, o
homem estende seu corpo com o objetivo de maior e melhor eficiência, em um menor
“tempo de execução”, viabilizando a construção, manutenção e a expansão do seu
1,2 As invenções dos pesquisadores estão disponíveis em artigos publicados pela editora Abril no endereço:
http://historia.abril.com.br/ciencia - Acesso - Fevereiro 2009.
37
ambiente, ao longo da vida. Em suma, se hoje todas as tarefas fossem executadas
exclusivamente pelo homem sem suas extenções maquínicas, seria meramente
impossível alcançar o estágio de desenvolvimento em que encontram atualmente as
cidades de hoje. Correríamos o risco de uma obra levar muitos anos para sere
construída, como aconteceu na construção das primeiras ferrovias, por exemplo, além
de causar uma grande fadiga, em um curto período de tempo, nos trabalhadores
envolvidos.
38
2.1 Máquinas geradoras de energia: extensão de conforto
As máquinas de conforto são responsáveis por manter outras quinas
funcionando e estão dispostas estrategicamente em pontos ao redor do mundo.
No Brasil, no ano de 1958, a primeira hidreléctrica foi construída nas
“Corredeiras das Furnas”, entre os municípios de São José da Barra e São João Batista
da Glória, em Minas Gerais, responsável por manter o país livre do racionamento de
energia na década de 60
3
, com a grande crise energética mundial. Utilizamos ainda
outras fontes geradoras de energia: geotérmica, pela captação do calor no núcleo da
Terra; solar, pela captação da luz solar; eólica, pela captação dos ventos.
Mas existem outras categorias de máquinas de conforto que, além da energia
elétrica, precisam de outra fonte de energia de complemento, para seu funcionamento.
As termoeléctricas e de biomassa precisam queimar combustíveis renováveis ou não; a
usina nuclear precisa do enriquecimento de urânio. Esses complementos são derivados
minerais encontrados na superfície ou abaixo da linha do solo ou em áreas oceânicas
que requerem uma maquinaria específica para extração. Esses complementos de
geradores de energia são extraídos, processados, transportados e distribuídos por
máquinas de médio e grande porte.
“A automação não é uma extensão dos princípios mecânicos da fragmentação e da
separação de operações. Trata-se antes da invasão do mundo mecânico pela instantaneidade
elétrica. É por isso que todos aqueles que estão envolvidos na automação insistem em que ela é
tanto um modo de pensar quanto um modo de fazer.” (Mcluhan, 2006a, 391)
Com várias fontes geradores de energia disponível, o homem estende seu corpo,
melhorando máquinas e a tecnologia envolvida nelas.
3 – Crise Mundial –
http://www.ie.ufrj.br/desenvolvimento/pdfs/crise_energetica_e_trajetorias_de_desenvolvimento_tecnologico.pdf -
Acesso Março – 2009.
39
2.2 Máquinas de grande porte: extensão de força
Numa época de expansão de rodovias, túneis subterrâneos e de mineração, o
homem constrói máquinas de grande porte, com o intuito de abranger grandes áreas,
tendo como objetivo modificar a geografia local para alcançar os objetivos dos seus
projetos.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, o transporte público esta em grande
expansão para atender suas necessidades de megalópole. Em seu subterrâneo, uma
maquinaria, apelidada de “Tatuzão”, cujo nome é Shield EPB (Earth Pressure
Balanced, em português, Escavadeira de Pressão Balanceada de Terra). Trata-se de uma
escavadeira de 95 metros de comprimento, 1.800 toneladas de peso, que gera um
volume de 200 metros cúbicos por hora, exigindo um caminhão basculante a cada cinco
minutos; ela possui autonomia para escavar 14 metros de túnel, com 10 metros de
diâmetro por dia. Para termos uma idéia do quanto essa maquinaria alemã é grande, ela
chegou ao Brasil pelo porto de Santos em 82 containeres e hoje é responsável por toda
escavação do metrô de São Paulo. Neste caso, o homem vence um dos desafios de
construir suas vias de acessos subterrâneos estendendo sua habilidade de cavar,
transportar e projetar e mantendo sua segurança na execução de toda obra.
40
1-A frente de escavação inicia o trabalho de remoção de terra.
2-A roda de corte avança removendo de forma homogénea o solo, graças a
uma espuma plástica jogado no mesmo momento.
3-A câmara hiperbárica regulariza a pressão em todo o equipamento.
4-Os cilindros de avanço se apóiam nos anéis colocados no túnel para
moverem o equipamento.
5-O transportador leva a lama retirada para a esteira que transposta para a
superfície.
6-O eretor de anéis é responsável por colocar os anéis de concreto.
7-Cada anel tem oito segmentos de quatro toneladas. eles são parafusados entre
si.
8-O alimentador de anéis traz mais partes a serem colocadas.
Shield EPB – Figura 10
41
Na superfície, encontrada em grandes mineradoras dos Estados Unidos, Canadá
e Austrália encontra-se a Bulldozer ou D57A-3SD da empresa japonesa Komatsu,
considerado o maior trator de esteiras do mundo, que possui um motor de 1.150 hp,
lâminas que se equiparam a três carros enfileirados, proporcionando uma carga de 82,29
m
3
ou 227 toneladas em cada escavada, com uma altura aproximadamente de 5 metros.
Esse trator trabalha a uma velocidade em torno de 16 kilometros por hora e tem como
função mover todos os fragmentos da mineradora, para que mais tarde, sejam
processados e transportados.
Bulldozer ou D57A-3SD - Figura 11
42
Na junção da força e mobilidade, estão os guindastes ou gruas, máquinas que
estão por toda parte, em diferentes tamanhos, formatos, sendo móveis, fixas ou
portáteis. Encontradas em construções, marinas, dragas, ferrovias, metalúrgicas, entre
outros lugares, executando as funções de içar, alcançar e mover para cima, para baixo,
para os lados, na vertical e na horizontal, sua montagem está baseada na junção de
treliças, cabos de aço, motores e um computador central que administra o equipamento
na realização do seu trabalho. O modelo alemão Peiner SK 575, um guindaste de torre,
com capacidade para 13 toneladas de carga, concentrado numa base de concreto de 5 x
5 x 4 metros de profundidade, tem sua sustentação necessária contra rajadas de vento e
possíveis tremores de terra.
Peiner SK 575 - Figura 12
43
2.3 Máquinas de transformar: extensão das mãos
A locomoção durante a formação das civilizações ganhou grande importância
para homem pois, nesse processo, junto com a invenção da roda, viabilizou a
construção de máquinas de carga e transporte. Durante os séculos, em uma vida
seminômade, as carroças tracionadas por animais, proporcionaram grandes mudanças
em todos os continentes. E, mesmo após o sedentarismo, o transporte adquiriu novos
formatos, tecnologia, força e velocidade.
Em 1903, Henry Ford e 11 investidores fundaram a Ford Motor Company, uma
fábrica onde entravam matérias-primas e saíam automóveis acabados. Sua fábrica
estava baseada em máquinas operatrizes divididas em sete categorias: a primeira, o
torno mecânico, também conhecido como máquina de brocar, sua função é desgastar
peças de metal; a segunda, a plaina mecânica, cuja função é desbastar o metal, a
terceira, é a retífica de fresas, que alisa e da forma ao metal. As outras máquinas são as
perfuratrizes, os esmeris, as serras e as grandes prensas de moldar. Essas máquinas
proporcionaram um grande salto na construção de automóveis e na indústria de um
modo geral, não se restringindo apenas à construção de veículos, mas também à
construção de aviões, barcos, trens e mais uma série de outras máquinas. Hoje, além das
máquinas operatrizes estão em operação as máquinas de corte a laser, a descarga
elétrica, a jato d`água e a jato de areia.
Durante anos, com a introdução do computador, essas máquinas ganharam
precisão milimétrica, velocidade, tamanho, mobilidade, trabalhando vinte quatro horas
por dia, na modificação e adequação dos mais variados materiais e densidades de
dureza.
44
2.4 Máquinas de transporte: extensão de locomoção
Vencer distâncias, conhecer diferentes lugares em um menor tempo possível,
carregar e descarregar pertences, conhecer novos países, trabalhar, estudar, são atributos
dos meios de transporte para o homem moderno. Esses diferentes transportes, sejam
eles terrestres, aéreos ou marítimos, proporcionam ao homem uma sensação de
“liberdade” e de “aventura”, quando usados.
Os carros, por exemplo, estão em todos os lugares, em diferentes tamanhos,
cores, preços e marcas, tendo como objetivo melhor adequação a cada novo cliente,
sendo essa, uma grande preocupação dos fabricantes, que procuram relacionar conforto
e bem estar. Essa maquinaria possui também como fundamental caracteristica de
velocidade e performance em pistas de corrida, ruas ou estradas.
“Embora seja correto dizer-se que o americano é uma criatura de quatro rodas, e que
para o jovem americano é muito mais importante chegar à idade da carteira de motorista do que
à idade de votar, é também verdade que o carro se tornou uma peça de roupa sem o qual nos
sentimos inseguros, despidos e incompletos no complexo urbano.” (Mcluhan,2006a, 246)
Os carros possuem suas variações como caminhões e mini-vans utilizados para
transporte de cargas pesadas e em longas distâncias. Com a mesma função estão os
aviões, os trens e as embarcações de carga, vencendo distâncias, considerando às vias
de acesso de cada um.
Essa extensão da locomoção traz ao homem, a manutenção de sua casa, da sua
cidade, de seu país e da sua própria vida. Em nível mundial, gira a economia,
disponibilizando diversos produtos como eletroeletrônicos e eletromecânicos, matérias-
primas, manufaturados, alimentos e outros.
45
2.5 Máquinas de exploração: extensão da visão
Apesar de criar máquinas diversas, o homem tem suas limitações físicas quanto
à pressão atmosférica e à falta de oxigênio, tendo que recorrer a equipamentos
especiais, controlados a distância, como extensão dos olhos.
As plataformas de petróleo operam em grandes áreas oceânicas, em média, de
um a dois kilometros de profundidade. O corpo humano suporta uma profundidade em
torno de trezentos metros, pois a estrutura de seus pulmões e ouvidos, ao ultrapassarem
esse limite, inicia um processo de ineficiência que, se o mergulhador não possuir o
treinamento correto, pode levá-lo a morte, caso permaneça nessas condições de pressão
subaquática ou mesmo subindo à superfície, caso não passe por um processo de
descompressão em máquinas específicas.
ROV Kiel 6000 – Figura 13
Uma maquinaria criada para suprir essa necessidade é o ROV Kiel 6000. Trata-
se de um robô desenvolvido para profundidades em torno de 6 quilómetros, operado por
controles instalados na embarcação; o equipamento registra imagens e manipula objetos
com braços mecânicos.
46
2.6 Máquinaria de “inteligência”: extensão do cérebro
As máquinas robóticas, diferentemente das outras, estão baseadas o como
extensões do corpo humano, mas também, na reprodução do mesmo. O termo robô é
uma palavra criada, adaptada de robota, expressão tcheca para trabalho forçado
(Oliveira,2007a,47) usado pela primeira vez pelo tcheco Karel Capek (1890-1938),
numa peça de teatro - R.U.R. (Rossum's Universal Robots) - estreada em Janeiro de
1921 em Praga. Esse termo foi mais tarde popularizado pelo escritor de ficção cientifica
Isaac Asimov, na sua ficção "I, Robot" (Eu, Robô), de 1948.
Visionando essa interação homem-máquina, o filósofo Asimov, em sua obra,
cria as leis da robótica, com o objetivo de parametrizar “o certo e o errado” para o
convívio das máquinas com o homem. Essas leis descrevem o seguinte:
“1- Nenhum robô pode ferir um ser humano, nem permitir que sofra, por
omissão, qualquer dano.
2- Um robô tem que obedecer às ordens que lhe forem dadas pelo ser humano,
a menos que contradigam a primeira lei.
3- A obrigação de cada robô é preservar a própria existência, desde que não
entre em conflito com a primeira ou a segunda lei.”
Posteriormente, ele introduziu a lei número zero:
“0- Um robô não deve fazer mal à humanidade, ou, permanecer passivo numa
situação que prejudique a humanidade.”
Baseado nas leis da robótica, o homem desenvolve esses equipamentos
inserindo, além da sua estrutura metálica, também o “aprendizado” pela inteligência
artificial para que possam interagir em seu meio. Nessa construção, envolve alta
tecnologia e experimentos em laboratórios para a correção de possíveis erros de
estrutura ou programação.
47
“No período de 1737/38 três máquinas criadas pelo francês Jacques de
Vaucanson fizeram sucesso em seu país. A primeira tocava 12 músicas com
uma pequena flauta e um tamborzinho. A segunda tocava uma flauta e um
tambor maiores, com mais habilidade. (...) a terceira: um pato mecânico capaz
de bater asas, grasnar e, o mais impressionante, beber água, comer e até
“digerir” a comida (com solventes) antes de defecar!
No ano 1938 a companhia americana Westinghouse cria Elektro, um robô
humanóide de mais de 2 metros de altura e 120 quilos comandados a distância
por humanos. (...).
Em 1961 o primeiro robô industrial, chamado Unimate (nome da empresa que
o fabricou), é colocado para funcionar nos Estados Unidos. Ele foi instalado
numa linha de montagem da General Motors. Sua função era empilhar peças,
utilizando seu braço mecânico de quase 2 toneladas.”
(Schneider,artigo disponível em
http://historia.abril.com.br/tecnologia/conteudo_522006.shtml)
A criação de robôs segue linhas ordenadas de objetivos compondo a construção,
pesquisa de materiais e a programação, além do acompanhamento do seu
comportamento, ao longo da sua atividade mecânica. Dessa forma, a maquinaria criada
sofrerá atualizações e restaurações sempre que necessário, para que em todo o clico de
“vida” desempenhe exatamente, da melhor forma possível, a atividade para qual foi
construída.
48
2.6.1 Robótica industrial
As máquinas industriais iniciam um processo de automação, a partir de 1769,
quando James Watt introduz o vapor como meio combustível para impulsionar pistões e
engrenagens (Romano, 2002a,1). As indústrias ganharam autonomia nas produções em
série e velocidade no processamento entre a matéria-prima e o produto industrializado.
O primeiro robô industrial moderno foi desenvolvido por George Devol e Joe
Engelberger, no final dos anos 50. Engelber criou a empresa Unimation Inc., que
iniciou a comercialização de robôs industriais, sendo esse o motivo pelo qual é
chamado de “pai da robótica”. (Romano,2002a,2).
Essas máquinas estão compostas por uma base fixa ou móvel, por eixos e
articulações, juntas, entre outras peças, além de serem controladas por programas
específicos para desempenhar diferentes tarefas. Sua autonomia varia conforme a
programação; como característica, possuem a liberdade de trabalhar em diferentes graus
e materiais. Estão divididas em máquinas hidráulicas, pneumáticas e eletromagnéticas.
ABB IRB 1400 – Figura 14
49
2.6.2 Robôs Assistentes
Os robôs assistentes são construídos com o objetivo de ajudar o homem em
tarefas relacionadas ao seu cotidiano. Podem ser, portanto, considerados os mais novos
“integrantes” de uma familia.
As aplicações estão em diversos campos, tais como: aspirar de pó, lavar a louça,
lavar a roupa, limpar o chão, entre outras que serão passíveis de serem programadas e
testadas.
Um desses exemplares foi desenvolvido pela Universidade de Tóquio,
denominado KAR
- Kitchen Assistant Robot.
Possui 18 sensores de 5 tipos diferentes em sua
mão, que detectam as diferenças entre louças, roupas e outros objetos.
KAR
- Kitchen Assistant Robot
– Figura 15
50
A maquinaria da australiana KARCHER, conhecida como aspirador robótico
RC 3000, possui sensores anti-queda e de impacto que impedem que ele fique preso sob
a mobília, circulando pela residência, numa navegação em 360
º
. Ainda outros sensores
que detectam lugares com maior acúmulo de sujeira e níveis de energia, estes avisando
o equipamento, da necessidade de retornar à base para recarregar e ou descarregar a
sujeira acumulada.
RC 3000 – Figura 16
51
2.7 Máquinas de guerra: extensão de defesa
Quando tratamos de assuntos relacionados à guerra, é difícil conter as imagens e
os desfechos históricos que o homem adquiriu ao longo dos séculos. A introdução da
informática e da robótica, proporcionou ao homem máquinas de diversos tamanhos e
funções.
Em todas as forças armadas mundiais, desenvolvem-se, tecnologias de
equipamentos de rádio controle ou, dependendo do tamanho, não tripulados. Essas
máquinas são destinadas à segurança pública e à defesa, além de monitoramentos em
diversas áreas como campos, cidades, florestas e exploração.
A FAB Força Aérea Brasileira, junto com a iniciativa primativa testa,
atualmente, um protótipo nomeado de “Carcará”, pois, em atividade, mistura-se com as
aves, sem levantar suspeitas. Tratando-se de uma pequeno avião de rádio controle de
apenas 2 kilos, possui uma câmera de móvel que gira 360
º
, voa a 3.500 metros e a 40
kilometros por hora, tendo uma autonomia de aproximadamente 95 minutos. Possui três
antenas, uma envia as imagens para a base, a outra recebe as informações via satélie
sobre sua localização geografica e a terceira recebe informações da base para onde deve
voar.
Gilberto Buffara, da Santos Lab, e fuzieliros da MB posando com o pequeno Carcará. –
Figura 17
52
Para a superficie terrestre, tem-se os robôs de exploração e ataque, conhecidos
como SWORDS ou o Special Weapons Observation Reconnaissance Detection System
(Sistema Especial de Armas Observação Reconhecimento e Detecção). A empresa
Foster-Miller desenvolve e fabrica esses robôs usados pela exército dos Estados Unidos.
Essa maquinaria está baseada em robôs para desativação de bombas, possui
esteiras, 5 camêras e metralhadoras M249, com alcance de 1.500 metros, e mais uma
série de opcionais, disponibilizados pelo fabricante. Sua função, é a de evitar lesões
graves e mortes humanas em combates terrestres.
Swords – Figura 18
Tais equipamentos são apenas alguns exemplos de que as ações de guerra nos
próximos anos serão cada vez mais atribuídas a esses dispositivos de rádio controle e
suas precisas pontarias.
53
2.8 Máquinas bípedes: extensão de equilibrio
As máquinas bípedes possuem, além de complexo aparato tecnológico, a
capacidade de equibilíbrio e locomoção baseadas em apenas dois pontos de contato com
o solo, como acontece com os seres humanos.
Esses equipamentos são desenvolvidos com intuito de “aproximação” da altura e
estrututa física humana. Diferentemente dos outros robôs, com rodas e esteiras, imitar o
caminhar do homem apresenta um grande desafio. A estrutura deve ficar em perfeito
equilibrio, mesmo que tenha barreiras externas exercendo forças, como um esbarrão.
Um dos bípedes mais conhecido é o ASIMO, da empresa japonesa Honda. Em
seus 20 anos de evolução, adquiriu habilidades de andar, correr, subir e descer escadas,
servir pessoas, jogar bola, dançar e até reger uma orquestra.
ASIMO – Figura 19
54
2.9 Máquinas humanóides: extensão da estética
Para funcionamento dos robôs são usados diversos materiais e ligas metálicas
para compor e suportar sua estrutura, mas nem sempre os pesquisadores e engenheiros
estão preocupados com a aparência estética final, voltando-se apenas para os resultados
programados e correção de alguns erros estruturais.
Porém, o Dr. Zou Renti, em uma conferência realizada na China, em 13 de
outubro de 2006, sobre sistemas inteligentes e robótica, apresentou seu robô gêmeo.
Nesse projeto, o doutor desenvolveu sua “réplica”, incluindo estatura e textura de pele
com materiais sintéticos, causando um grande interesse e curiosidade nos visitantes do
evento.
Dr. Zou Renti e sua “réplica” à direita – Figura 20
55
Criado pelo Prof. Hiroshi Kobayashi, da Universidade de Ciência de kio, o
robô humanóide Saya teve, em um primeiro momento, a função de recepcionista. Ela
domina sete idiomas e pelo material com que está revestida, consegue demonstrar
diversas reações de “emoção”, conforme a situação a que se está submetida.
Não demorou muito, decorrente de seu desempenho, o governo decidiu fazer um
teste na área da educação, reprogramando Saya. Essa iniciativa tem como objetivo
aperfeiçoar o modo de ensino no país e tornar comum a presença de robôs em salas de
aula.
Saya – Figura 21
56
Outra empresa é a Hanson Robotics, especializada na criação de bustos e faces
robóticas. Seus produtos possuem habilidades de imitar as expressões humanas, com
revestimentos sintéticos variados e desenvolvendo réplicas de personalidades como
Albert Einstein, o escritor de ficção cientifica Philip K. Dick, entre outros personagens
como o pirata Yargh-bot, o rockeiro Joey Chaos e modelos femininos, como Eva e
Vera.
Albert Einstein Hubo – Figura 22
Joey Chaos – Figura 23
57
Capítulo 3
O aperfeiçoamento das maquinarias de “reconstrução humana”
A estrutura do corpo humano está baseada em uma coluna vertebral que faz a
sustentação do tronco e a ligação dos membros ósseos do corpo. O homem dispõe de
outros aparelhos internos, como os tímpanos, que ajudam a manter o equilíbrio e os
músculos, mantendo o corpo ereto ao caminhar.
No corpo humano estão presentes tendões e articulações responsáveis pelos
movimentos e pela mobilidade na execução de tarefas diversas. Também presentes na
estrutura, as células nervosas levam informações externas e internas, transformando
toques e dores em pulsos elétricos até o cérebro, que por sua vez passam por processos
químicos que retornando ao corpo físico em reações diversas.
Nossa estrutura bípede proporciona diversos movimentos, variadas velocidades,
subir, descer, pular obstáculos, dançar e mais uma série de funções.
Ao longo da vida, vários fatores externos entram em conflito com os membros
inferiores, por causa da pressão que neles exercem. Acidentes são inesperados e em
alguns casos inevitáveis, causando leves, médias e sérias lesões, podendo chegar ao
ponto de amputações. Membros superiores podem sofrer os mesmos riscos. Órgãos
internos, além de acidentes, sofrem problemas de ordem funcional, ou seja, em algum
momento podem sofrer alterações e deixar de exercer suas funções vitais.
Em todo o seu período evolutivo, o homem, buscou superar as limitações,
voltando-se para o funcionado do seu corpo e agregando a tecnologia desenvolvida na
construção de máquinas com o objetivo de manter “funcionando” sua estrutura.
O homem constrói próteses em diversas categorias, tanto estéticas como
reparadoras, além de exoesqueletos, para suprir deficiências com membros inferiores,
58
superiores e com órgãos internos. Ele utiliza diversos materiais e tecnologias, na busca
da melhor qualidade de vida das pessoas
“Por ser um saber de tipo faústico, a tecnociência contemporânea almeja
ultrapassar todas as limitações biológicas à materialidade do corpo humano,
rudes obstáculos orgânicos que restringem as potencialidades e as ambições
dos homens.(...) As pesquisas em biotecnologia, por exemplo, não se
conformam com a realização de meras melhorias cosméticas ou com o
aditamento de próteses para organismos danificados.”(Sibilia, 2002a; 49)
Diferentes dos robôs que se constituem na sua totalidade por peças metálicas,
fios e componentes micro-processados, os ciborgues, possuem sua parte orgânica, ou
seja, são humanos com partes cibernéticas, que melhoram as suas habilidades de
coordenação motora ou substituem de uma parte deficiente da sua estrutura.
“Em termos de transformar nossos corpos, nós já estamos mais adiantados nesse
processo do que em avançar nossas mentes. Possuímos dispositivos de titânio para
substituir nossos maxilares, crânios e quadris. Temos diversos tipos de pele artificial.
Temos válvulas cardíacas artificiais. Temos vasos sintéticos para substituir artérias e
veias, juntamente com desvios expansíveis para fornecer suporte estrutural para vasos
naturais fracos. Temos braços, pernas, pés e implantes de coluna vertebral. Temos todo
tipo de articulação: maxilares, quadris, ombros, cotovelos, pulsos, dedos das mãos e
dos pés. Temos implantes para controlar nossas bexigas. Estamos desenvolvendo
máquinas umas feitas de materiais artificiais, outras combinando novos materiais
com células criadas em culturas – que serão capazes de substituir órgãos como o
fígado e o pâncreas. Temos próteses penianas com bombinhas para simular ereções. E
há muito tempo já temos implantes de dentes e de mamas.”(Kurzweil, 2007a; 189)
Considerando essas necessidades de “reestruturação”, o homem passa por mais
um processo tecnológico. Agora, não com suas experiências naturais de
sobrevivência, obtidas ao longo dos séculos, mas com seu próprio corpo que incorpora
as experiências e a convivência com as máquinas cibernéticas, transformando e
evoluindo dispositivos mecânicos que interligam e interagem com o corpo humano, ou
seja, próteses de membros inferiores e superiores ou de qualquer outra natureza
59
adquirem a capacidade de transmitir ao cérebro sinais ou estímulos, caso estes tenham
sofrido algum tipo de interrupção interna, externa, natural ou acidental.
“Do lado do organismo: seres humanos que se tornam, em variados graus,
“artificiais”. Do lado da máquina: seres artificiais que não apenas simulam
características dos humanos, mas que se apresentam melhorados
relativamente a esses últimos. De acordo com a taxonomia por Gray, Mentor e
Figueroa-Sarriera(1995,p.3), as tecnologias ciborguianas podem ser:
1. restauradoras: permitem restaurar funções e substituir órgãos e membros
perdidos;
2. normalizadoras: retornam as criaturas a um indiferente normalidade;
3. reconfiguradoras: criam criaturas pós-humanas que o iguais aos seres
humanos e, ao mesmo tempo, diferentes deles;
4. melhoradoras: criam criaturas melhoradas, relativamente ao ser humano.
(...) É da combinação desses processos que nasce essa criatura pós-humana a
que chamamos “ciborgue”. (Haraway, 2000a; 14)
Assim sendo, surgem “novos” seres humanos, melhorados ou que passaram por
algum tipo de “reconstrução”, interna ou externa.
60
3.1 Próteses de locomoção: pernas
Exigido em grande esforço e força os membros inferiores são responsáveis por
manter toda estrutura humana em movimento seja: correndo, andando, saltando, entre
outros. As próteses por sua vez, são desenvolvidas para reproduzir de forma eficiente
esses movimentos e suportar a mesma pressão que nelas serão exercido.
O atleta sul-africano Oscar Pistorius, possui deficiência em seus dois membros
inferiores a partir dos joelhos. Atualmente disputa competições de corridas e acumula
26 recordes nas olimpíadas paraolímpicos, usando uma prótese de fibra de carbono.
Essa prótese desempenha a função básica, que é a de locomoção e a reposição de
membros.
Oscar Pistorius – Figura 24
61
O gaúcho Jeancarlo Ravizzoni, aos 21 anos, sofre um acidente de moto tendo
por conseqüência, a perda de um dos seus membros inferiores. Submetendo-se ao uso
de próteses convencionais e um extenso tratamento fisioterápico.
Após algum tempo de adaptação, troca sua prótese mecânica por uma prótese
biomecânica encontrada nos Estados Unidos e na Europa. Esse equipamento possui
sensores, computador e um pequeno motor que se adéqua as necessidades do usuário.
Dessa forma proporcionando uma locomoção segura e sem a preocupação de possíveis
tropeções.
Prótese Biomecânica – Figura 25
62
3.2 Próteses de manipulação: mãos e braços
A construção de próteses superiores, requer uma diferenciação no uso de
tecnologia e material sintético, ou seja, diferentemente das próteses inferiores, o número
de articulações é maior, bem mais complexa e esteticamente podem ser recobertas.
As próteses superiores estão dispostas em diversos tamanhos conforme a
adaptação no corpo humano, estendendo por uma mão, um conjunto de mão e braço ou
um conjunto de mão, braço e ombro. Elas adquirem ao longo dos anos habilidades na
reprodução dos movimentos humanos, tendo como base os pontos de pressão da mão
humana, sendo elas: cilindro, ponta de dedo, gancho, palmar, esférico e lateral.
“A mão é formada por 27 ossos e mais de vinte articulações, e sua ação envolve 33
músculos diferentes. Formada por cinco dedos, ela é capaz de executar inúmeros
movimentos, que podem ser divididas em dois grupos fundamentais: movimentos com
pressão e movimentos sem pressão, nos quais o objeto é manipulado mediante
impulsão ou levantamento.”(Romano,2002a, 13)
A empresa escocesa Touch Bionics desenvolveu uma mão biónica, denominada
i-LIMB, esse equipamento reproduz com versatilidade os movimentos e a manipulação
de objetos.
Lindsay Block da Cidade de Oklahoma – Figura 26
63
i-LIMB, mecanismo – Figura 27
i-LIMB, estrutura externa – Figura 28
64
No Instituto de Reabilitação de Chicago, desenvolve próteses maiores de
membros superiores, usando técnicas de mapeamento nervoso, os pacientes são
submetidos a cirurgias para estender seus nervos saudáveis para regiões das próteses
estão inseridas. Dessa maneira o paciente passa a “sentir” através do estímulo
proporcionado pela prótese, ganhando habilidades que seriam impossíveis em pessoas
amputadas e com antigas próteses.
Os dois pacientes que estão submetidos a esse equipamento biônico são Claudia
Mitchell, ex-fuzileira dos Estados Unidos que perdeu um dos membros mediante a um
acidente de moto e Jesse Sullivan, duplamente amputado.
A ilustração abaixo mostra como a prótese interage com o corpo.
Prótese biônica 1 – Figura 29
65
A estrutura da prótese.
Prótese biônica 2 – Figura 30
Claudia Mitchell – Figura 31
66
Empilhando corpos plásticos.
Jesse Sullivan – Figura 32
67
3.3 Próteses de substituição: coração e pulmão
Além dos membros externos, nossa estrutura humana está dotada de outros
sistemas internos, cada qual com seu objetivo específico. Um dos grandes desafios da
medicina é o de manter funcionando perfeitamente órgãos que, em algum momento,
sofreram mutações ou desgastes ao longo da vida, seja por causas genéticas, acidentais
ou mesmo por negligência do paciente.
Em 1993, o InCor, Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo, desenvolveu o primeiro coração artificial da
América Latina, integrando-se a outras instituições mundiais em excelência no
desenvolvimento dessa tecnologia. O objetivo dessas próteses é preservar a vida de
pacientes que estão na fila de espera de transplantes.
Em 1999, no Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre, foi realizado o
transplante de um coração elétrico em um paciente que sofria miocardiopatia. Essa
doença aumenta o tamanho do coração, que perde a força de bombear o sangue para o
corpo. Essa tecnologia era utilizada em transplantes nos Estados Unidos e é formada
por um conjunto de peças denominado Heartmate.
Heartmate – Figura 33
68
Com relação aos pulmões, órgãos responsáveis por oxigenar toda rede
sanguínea, liberação de CO2 e vapor de água.
Foi criado a partir do ano de 1926, por Philip Drinker, o “pulmão de aço”. Tinha
como objetivo, suprir as deficiências pulmonares, no inicio do século XX, em
epidemias de poliomielite e pneumonias.
“Quando a paralisia infantil paralisa os músculos do peito, usa-se o “pulmão de
aço”. Consiste numa câmara de aço que envolve completamente o enfermo, do
pescoço para baixo. Um colarinho flexível ao redor do pescoço não deixa
escapar o ar de dentro da mara. A pressão do ar dentro aumenta e abaixa
ritmicamente. Quando alta, comprime-se o peito do doente e força-se a
expiração; quando baixa, o peito do doente é forçado a expandir-se e a
inspiração. Deste jeito o funcionamento do pulmão poderá ser mantido
enquanto o motor não parar.” (Asimov, 2002a,141)
Pulmão de Aço – Figura 34
Essa máquina sofreu diversas modificações conforme as tecnologias e materiais
que, ao longo dos anos, foram surgindo, sendo responsável por salvar e manter muitas
vidas.
69
Um desses aprimoramentos são as máquinas implantadas, similares a um cateter.
O paciente ganha em tempo de espera, por um transplante e pode receber menos
sedação durante o processo de espera do transplante.
Um exemplar apresentado pelo Hospital Clínico de Barcelona, em março de
2005, composto por uma membrana de um material plástico, recoberto de uma matéria
biológica, uma proteína que se conecta através de duas cânulas à artéria femoral do
paciente e que filtra o sangue que lhe chega e capta o CO2, ao mesmo tempo em que se
oxigena levemente o sangue por outro conduto, num processo similar a uma diálise
renal. Com esse dispositivo, estuda-se a possibilidade tecnológica de o paciente
aguardar o transplante em casa.
Pulmão artificial, Espanha – Figura 35
70
3.4 Exoesqueletos
Os exoesqueletos são estruturas responsáveis pela proteção de órgãos internos,
sustentação da estrutura muscular e isolante hidrotérmico.
O homem possui um exoesqueleto frágil e complexo, possui limitações e
fadigas, se exposto a grandes períodos de trabalho. A manipulação de objetos, além do
seu próprio peso, leva o homem a desenvolver máquinas que possam multiplicar suas
habilidades de força.
A empresa Raytheon Company's, localizada em Salt Lake City, Utah, está
desenvolvendo seu projeto do exoesqueleto, inspirado na história em quadrinhos. O
conjunto consiste em uma estrutura que amplia em vinte vezes a força do homem, seu
desenvolvimento está voltado para fins militares, tendo como objetivo facilitar a
manipulação de armamentos mais pesados e o transporte de bagagem sem que o
soldado seja prejudicado em combate, pelo aparato militar. O equipamento, em fase de
testes, tem encontrado encontrando barreiras para se livrar dos cabos de energia, ou
seja, até o momento a empresa continua estudando alternativas de fontes geradoras de
energia que possam suprir em grandes períodos de tempo o exoesqueleto, quando ele
estiver no combate em campo.
Ranco – Figura 36
71
A japonesa Cyberdyne desenvolve seu exoesqueleto para o auxílio de pessoas
idosas e deficiente físicos, conhecido como “Hal”.
O equipamento Hal”, diferente do Ranço” americano, não possui a intenção
de ser usado, até o momento, para fins militares. Halestá um passo à frente, pois tem
sua própria fonte de energia, viabilizando a locomoção da pessoa que o veste. Outra
característica, é a de multiplicar em trinta vezes a força humana, assim aliviando
possíveis cargas que uma pessoa idosa ou deficiente sentiria ao carregar ou manipular
objetos no seu dia a dia.
Hal – Figura 37
72
Capítulo 4
A extensão do corpo na ficção cientifica
Nas expectativas do desenvolvimento individual e coletivo de uma era pós-
Cristo, estão as máquinas em constante desenvolvimento ganhando, “habilidades e
velocidade de resposta”, numa sociedade que se mecanizou e informatizou em busca de
sempre manter o equilíbrio e a cooperação mutua entre homens e robôs.
Quando falamos de robôs em sociedade, não estamos simplesmente descrevendo
máquinas dentro de fábricas ou máquinas desenvolvidas para entretenimento como por
exemplo, pequenos brinquedos educativos ou outros. Estamos focando máquinas de
estatura humana, desenvolvendo papéis importantes na sociedade, como controle de
segurança, administração de rotinas em cidades, e auxilio doméstico. Nesse paradigma,
o robô adquire seu status de “membro” de um sistema complexo, cheio de regras e
deveres, baseando-se nas leis da robótica.
A ficção cientifica quebra as barreiras do impossível e da tecnologia futurista.
Abordando diferentes assuntos e casos de sucesso, não limites para a imaginação e a
interação com a máquina. Traz diversos assuntos e paradigmas, com o intuito de
abordar que de bom ou ruim, os limites e as limitações, os problemas relacionados
aos desvios de conduta, ou seja, uma maquinaria ou o próprio homem fugindo das
regras impostas pelo sistema de operação e ou utilização da tecnologia.
O cinema, por outro lado, exemplifica de modo visual, essas máquinas e suas
utilizações em sociedade, baseando-se em obras ficcionais e no uso de efeitos que
especiais dão um toque de “realidade” aos temas filmados.
73
Cada obra possui sua caracterização e abordagem, criando paradigmas de acordo
com os períodos históricos em que foram produzidas, ou seja, baseadas em questões
políticas ou econômicas vividas pelos autores.
A ficção cientifica estreita as distâncias das relações sociais, a designação de
tarefas e funções entre o homem e a maquinaria. Durante um processo de adaptação
cultural, a maquinaria passa por grandes mudanças, exercendo influência no cotidiano
humano, havendo períodos da disputa por espaço, direitos ou autoridade nas grandes
organizações.
Tudo isso causa problemas de ordem ética e cultural, obrigando o homem a criar
novas leis para se defender e em contra partida a buscar novas tecnologias para se
atualizar.
Assim, a sociedade recebe os robôs como novo um membro” que aos poucos
serão difundidos em todo o mundo, executando, desde tarefas simples, relacionadas ao
cotidiano doméstico, até mesmo tarefas de preservação da vida humana, abrindo um
grande leque de aplicações que no futuro serão fundamentais.
Fazendo uma analogia entre o real e o imaginário, este capítulo exemplificará as
máquinas e os desfechos de algumas obras do cinema que buscaram em seu contexto
apresentar questões éticas, políticas e tecnológicas para debates atuais e futuros.
74
4.1 A ficção do robô no cinema
Em 1927, dirigido por Fritz Lang, o filme “Metropolis” descreve uma sociedade
moderna com grandes edificações e a representação de um poder único. O homem
fazendo das máquinas “controladoras” dos próprios humanos, por causa da ganância em
aumentar seu poder. Nesse contexto, é desenvolvida a maquinaria denominada “Maria”,
com objetivo de criar a desavença entre os homens, fazendo eclodir a revolução entre
eles para reivindicar mudanças do então sistema de Metropolis. Mas, ao longo da
história, além de participar da queda do sistema, ela ajuda também a destruir as
máquinas.
“Metropolis” – Figura 38
75
No ano de 1951, foi lançado O Dia Em Que a Terra Parou (The Day the Earth
Stood Still)”, dirigido por Robert Wise. O filme trata de uma questão política em que
um ser de outro planeta vem à Terra, protegido por sua maquinaria Ghort, pedindo a paz
mundial e usando de todas as suas armas para se defender e ajudar seu protegido a
cumprir sua missão. Esse filme foi divulgado em meio à Guerra Fria, tratando do
repúdio às práticas que estavam sendo adotadas na época, baseado no livro Farewell to
the Master, do escritor Harry Bates.
“O Dia Em Que a Terra Parou” – Figura 39
76
Em 1965, criado por Irwin Allen o seriado “Perdidos no Espaço” traz uma
versão da busca exploratória pela sobrevivência da raça humana. Uma tripulação de
colonizadores composta pelo professor John Robinson (Guy Williams), sua esposa
Maureen (June Lockhart) e seus filhos Judy (Martha Kristen), Penny (Angela
Cartwright) e o caçula Will (Billy Mumy) são enviados ao sistema de Alpha Centaury,
em conjunto com a maquinaria de exploração Bob May e o vilão Dr. Zachary Smith,
numa história cheia de suspense e de muita tensão. Aqui, o vilão usa o Bob May como
arma e não como defesa e a maquinaria, ao final vira-se contra ele e contra todos
durante a trama.
“Perdidos no Espaço” – Figura 40
77
Em 1982, dirigido por Ridley Scott o filme “Blade Runner”, conta uma história
ambientada no início do século XXI. Uma grande corporação desenvolve robôs mais
fortes e ágeis que os seres humanos equiparando-os aos humanos em inteligência,
conhecidos como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de
outros planetas. Porém, quando um grupo de robôs mais evoluídos provoca um motim
em uma colônia fora da Terra, esse incidente faz dos replicantes ilegais na Terra, sob
pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite, conhecidos como
Blade Runner, têm ordem de atirar e matar replicantes, encontrados na Terra, mas tal
ato não é chamado de execução e sim de remoção. Até que, em novembro de 2019, em
Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner (Harrison
Ford) é encarregado de caçá-los.
“Blade Runner” – Figura 41
78
em 1984, dirigido por James Cameron, é lançado o inicio da trilogia “O
Exterminador do Futuro”. Nestes filmes as máquinas enviam para o passado um de seus
exemplares para que Sara Connor seja exterminada, a progenitora do rebelde futuro
John Connor. Essa maquinaria utiliza-se de uma camuflagem humana para na ser
reconhecido pelos humanos, ou seja, o avanço tecnológico promovido pelo homem é
utilizado contra si próprio.
“O Exterminador do Futuro” – Figura 42
79
Em 1999, pela direção de Chris Columbus, o filme “O Homem Bicentenário”
traz mais uma vez a questão das máquinas serem tratadas como um equipamento
doméstico. Baseado no romance The Positronic Man, de Isaac Asimov, conta a história
de uma maquinaria querendo ter características humanas e fazendo uso de métodos de
aprendizagem para tornar-se um membro da família, desenvolvendo toda uma filosofia
própria, até o ponto da sua inteligência superar a do homem. As questões de valores e a
importância da sua aceitação como “ser humanopela sociedade, passam a ser a sua
meta de vida dessa maquinaria.
“O Homem Bicentenário” – Figura 43
80
Em 2001, iniciado pelo diretor Stanley Kubrick e finalizado por Steven
Spielberg e baseado no conto “Superbrinquedos Duram o Verão Todo”, de Brian
Aldiss, o filme I.A. Inteligência Artificial”, conta a história de uma maquinaria criada
para substituir uma criança, que estava em estado vegetativo devido a problemas
ambientais. A maquinaria David foi programada apenas para ter sentimentos que
pudessem ajudar a família a amenizar seu sofrimento. Durante a trama, a maquinaria
questiona a decorrência natural humana, a morte, e como seria a vida após não ter uma
família. Sua visão de continuidade da vida humana e da existência, tanto na função para
que foi criado, quanto para as coisas que deveria aprender, faz com que ele busque a
fada madrinha inspirado no conto de Pinóquio com o desejo de ser transformado em
menino.
“Inteligência Artificial” – Figura 44
81
No ano de 2004, o filme inspirado, “Eu,Robô”, inspirado na obra homônima de
Isaac Asimov e dirigido por Jeff Vintar e Akiva Goldsman, mostra uma sociedade
adaptada e confiante nos serviços prestados pelas máquinas e nas suas habilidades em
cuidar das famílias e familiares e da segurança deles. Mas, nem todos os robôs saíram
de fábrica com as mesmas características; em um momento da historia desenvolve-se
novamente o aprendizado e a compreensão do mundo exterior, ou seja, a máquina volta
a aprender e se desenvolver individualmente e coletivamente, mesmo quando estão
limitadas a um código de ética de proteção à vida humana. Essa trama desencadeia
questões filosóficas e a possibilidade do domínio das máquinas sobre o ser humano.
Eu, Robô – Figura 45
82
4.2 - A ficção do ciborgue no cinema
Em 1974, produzido pela rede de TV ABC, nos Estados Unidos, e inspirado
pelo livro Cyborg de Martin Caidin, o seriado “O Homem de Seis Milhões de Dolares”
mostra no enredo uma bem sucedida experiência de substituição de partes humanas por
partes biônicas. Em toda trama, a personagem principal depara-se com um novo mundo
de possibilidades proporcionadas pelas partes biônicas. Como o podia ser diferente,
toda vez que nos deparamos com o uso de alta tecnologia e altos investimentos o seu
retorno sempre está ligado à defesa de um país, cidade ou organização governamental.
Sendo assim, nossa personagem presta serviços para a nação onde foi criada. Um ano
após, uma nova personagem é criada, sendo inserida na mesma trama como “A Mulher
Biônica”, seguindo a mesa linha do autor Martin Caidin.
“Homem de Seis Milhões de Dolares” – Figura 46
83
No ano de 1987, dirigido por Paul Verhoeven a trilogia “Robocop” um salto
em questões de tecnologia e logística; a personagem principal é dotado não de partes
biônicas, mas também é equipado com forte armamento. Nesse enredo, a personagem,
nossa personagem que antes de sua transformação era um oficial da lei, cumprindo
todos os bons protocolos de um “mocinho”,passa por um forte trauma perdendo partes
do corpo e sua personalidade, ou seja, mesmo depois de toda a intervenção ainda possui
fragmentos ou lapsos de memória de sua vida passada. Em toda a trilogia, a personagem
se depara com a dúvida de sua real condição, a de ser homem ou a de ser máquina.
Pode-se observar, numa visão geral, que, a criação de “Robocop” é aceita pela
população da cidade em que vive, pois sua é função é a de manter a ordem pública em
uma cidade grande com altos índices de criminalidade.
“Robocop” – Figura 47
84
4.3 - A ficção do exoesqueleto no cinema
Exoesqueletos são máquinas que recobrem o corpo humano melhorando
habilidades de força, locomoção e um diferencial na execução de tarefas.
Em 2002, é lançado o primeiro filme da trilogia “Homem-Aranha”, dirigido por
Sam Raimi, que conta a origem dos super poderes de seu protagonista Peter Parker
(Tobey Maguire).
Nesse enredo, um grande empresário, conhecido como Norman Osborn (Willem
Dafoe), desenvolve tecnologia e experimentos em armamentos de guerra para o exército
americano. Em uma de suas criações, ele apresenta um planador ao exército americano,
que proporciona a locomoção em grandes velocidades e em diferentes direções. Durante
testes em laboratório, Osborn submete-se a uma experiência, causando efeitos colaterais
de uma segunda personalidade que, por sua vez, desenvolve um exoesqueleto como
complemento do planador, passando assim a usar essa tecnologia para destruir seus
inimigos.
“Duende Verde” – Figura 48
85
No ano de 2003, o terceiro filme da trilogia Matrix, “Matrix Revolutions”,
dirigido pelos irmãos Wachowski, descreve o desfecho de uma batalha entre homens e
máquinas.
Nesse enredo, o homem vive em constante conflito com o “mundo das
máquinas”, submetido a viver próximo ao núcleo da terra. As máquinas por sua vez,
têm objetivo de exterminar a raça humana, destruindo a cidade de Zion, cidade dos
homens.
Durante os anos de conflito, os homens desenvolveram diversos dispositivos de
defesa, entre eles seu exoesqueleto, que amplia suas habilidades de batalha e
locomoção, sendo este usado para defender Zion da invasão das máquinas em sua
“última batalha” épica.
Exoesqueleto “Matrix” – Figura 49
86
Em 2008, dirigido por Jon Favreau, o filme “Homem de Ferro ou Iron Man”
conta a vida do inventor e maior fornecedor de armas do governo americano Tony
Stark. Mantido refém por um grupo de rebeldes afegãos (na versão original da Marvel
Tony Stark seria mantido refém de um grupo de vietinamitas mudança ocorrida pelos
fatos históricos dos últimos 10 anos) e ferido por estilhaços de granada, próximo ao
coração, Tony recebe a ordem de construir no cativeiro uma devastadora arma, mas, em
vez disso, usa suas habilidades para criar uma armadura que lhe permitiu fugir e
retornar aos Estados Unidos.
Já nos Estados Unidos, Tony promete dar um novo rumo às Indústrias Stark. Ele
passa dias e noites desenvolvendo e aperfeiçoando uma avançada armadura que lhe
propiciará uma força sobre-humana. Mais tarde descobre um plano abominável com
implicações globais, iniciando a saga de proteger o mundo, com sua nova
personalidade, o Homem de Ferro.
“O Homem de Ferro” – Figura 50
87
4.4 O futuro das tecnologias criadas pela ficção cientifica
Um dos temas abordados pelo cinema que mostra todas as tecnologias criadas
pelos homens, tanto em máquinas, quanto em reestruturação humana e desbravamento
de novos planetas e seres extraterrestres, além de conflitos estelares por uma paz
intergaláctica, está em Stars Wars.
Em 1977, lançado por George Lucas, o início da história “Stars Wars”, o
episódio “IV Uma Nova Esperança”, foi um marco no cinema. O surgimento de duas
personagens mecânicas R2-D2 e C-3PO, com características particulares, sendo
programado para ajudar nos combates estelares como um co-piloto das naves e o outro
era simplesmente programado para serviços domésticos, com a característica de falar
vários idiomas. Desempenham total importância no decorrer da trama, desenvolvendo
papeis fundamentais em soluções de problemas decorrentes.
Após o primeiro episódio, foram lançados mais outros cinco. Em 1980, com a
direção de Irvin Kershner, “V O império Contra-Ataca”; em 1983 a direção de Richard
Marquand, o episódio “VI O Retorno de Jedi”; posteriormente, George Lucas assume a
direção os três últimos filmes: I Ameaça Fantasma”, em 1999, “II O Ataque dos
Clones”, em 2002 e por ultimo em 2005 o episódio “III A Vingança dos Sith”.
As personagens principais foram sempre mantidas, inclusive os robôs. O
diferencial esta na época em que cada filme foi feito e na evolução tecnológicas da
substituição de partes humanas por partes robóticas, assim como no uso de armamentos,
tanto nas defesas, como nos ataques.
Por fim, vale dizer que em “Star Wars” temos vários ciborgues. Anakin
Skywalker tem braço decepado e substituído por um braço mecânico. Em outro
episódio, Anakin tem seus outros membros cortados e é brutalmente queimado por
88
lavas, recebendo mais próteses e uma armadura que serve como suporte para sua
existência, quando então passa a ser conhecido Darth Vader. Mais tarde, Vader corta a
mão do filho, Luke Skywalker, que recebe uma prótese substituta da mão. Em Star
Wars Episode III: Revenge of the Sith, o vilão é também um o ciborgue conhecido
como General Grievous
Stars Wars – Figura 51
89
Conclusão
A estrutura humana naturalmente possui limitações físicas, tanto do ponto de
vista térmico quanto em sua estrutura. Dessa forma, as máquinas inseridas no cotidiano
humano viabilizaram o desenvolvimento e a transformação do homem ao longo dos
séculos, gerando uma infinidade de possibilidades na solução e construção do seu atual
status quo. Assim, o homem aperfeiçoou-se e adaptou-se ao meio ambiente, alterando a
geografia e utilizando-se dos recursos naturais disponíveis. Desenvolveu o pensamento
filosófico e científico para tecnologias de fabricação de “extensores humanos”,
inventando máquinas simples como polias e cordas, até as máquinas mais complexas,
envolvendo um determinado número de peças em seu conjunto, com objetivo de
construir cidades, veículos e outros equipamentos necessários ao seu desenvolvimento
e bem-estar físico e, por conseqüência, espiritual.
Das máquinas a vapor, até as máquinas computacionais, o homem tem diversos
experimentos que possibilitaram o aperfeiçoamento e a criação de máquinas atualmente
espalhadas em todos os cantos do mundo e em diferentes formas e tamanhos. Como
exemplos podemos citar as máquinas automáticas, que exercem funções a partir de uma
rotina pré-programa, da utilizadas nas indústrias; temos ainda as máquinas que
trabalham por indução humana, ou seja, equipamentos semi-automáticos, cuja interação
com uma tarefa depende da ação do homem por meio de botões e alavancas, tais como
as máquinas de exploração e construção, dentre outras. Finalmente, as máquinas de
interação humana, que são equipamentos desenvolvidos para suprir deficiências da
estrutura humana, como as próteses cibernéticas.
As técnicas, teorias e testes de inteligência artificial, eletromecânica,
eletroeletrônica, biomecânica, bioeletrônica, nanotecnologias, bioinformática, entre
90
outras áreas, compõem a estrutura das máquinas. Têm como objetivo o aperfeiçoamento
de máquinas que auxiliem em tarefas domésticas, na indústria, em segurança, em
explorações nas diferentes áreas, na administração das cidades, da saúde e do lazer.
A robótica, por sua vez, agrega ao seu desenvolvimento diversas áreas da Física,
da Química, Matemática, Fisiologia e mais outros segmentos do conhecimento humano.
Quando o homem inicia o projeto de uma nova máquina, visiona um problema ou algo
que esteja relacionado com o estudo de uma nova tecnologia para seu beneficio próprio
cotidiano, ou seja, no caso dos robôs, por exemplo, as perguntas iniciais poderiam ser:
Em que essa máquina pode ajudar? Qual será seu desempenho? Qual será o melhor
tamanho? Qual o melhor material para construí-la? Qual a melhor tecnologia a ser
aplicada ou desenvolvida? E mais uma série de questionamentos que, ao longo do
projeto, vão sendo levantados. Atualmente, os robôs industriais executam tarefas com
precisão milimétrica em um curto período de tempo.
Assim, o homem constrói robôs que imitam sua estatura física, “inteligência” e,
em alguns casos, com expressões dos “sentimentos” humanos. Essas máquinas, ao
longo dos anos, estão adquirindo, pelas mãos do homem, “autonomia” em responder a
questionários, desenvolver tarefas domésticas, educacionais e o que mais o homem
queira e consiga programar. Como vimos no capítulo dois, às possibilidades de criação
ali mencionadas são apenas alguns dos exemplos.
Por um lado, o homem cria maravilhas tecnológicas, por outro, tenta usar toda a
sua destreza em resolver problemas para entender o funcionamento da sua própria
máquina, o corpo humano. Desde o início dos tempos, o homem desvenda as
enfermidades que seu corpo sofre ao longo dos anos, seja natural ou causada por
alguma doença, acidental ou por simples descuido com a própria saúde.
91
As criações de próteses estéticas e funcionais desafiam o homem na busca de
sua “restauração mecânica”, sendo esse um processo muito mais complexo do que fazer
uma simples reprogramação em linhas de comando ou substituição de uma estrutura
defeituosa em máquinas. As próteses estéticas são aquelas que o exercem interação
nervosa com o corpo humano, ou seja, sua função é de apenas substituir partes da
estrutura do corpo humano como um olho de vidro, silicone, hastes de titânio, entre
outras. Já, as próteses funcionais estão divididas em dois segmentos: o primeiro são as
próteses de interação involuntárias, sendo independentes da ação do receptor, comuns
em implantes ou transplantes de coração, pulmão, rins entre outros órgãos. O segundo
segmento talvez seja um dos mais complexos e atuais: são as próteses de interação
voluntária ou estimulada, que funcionam a partir de redes nervosas do paciente, de
sensores, de computadores internos e outros dispositivos que reagem conforme as
mensagens recebidas do cérebro, aproximando-se das funções exercidas pelos membros
naturais humanos.
Porém, se pensarmos no futuro das tecnologias, poderão ser alcançados níveis
extraordinários na interação homem-máquina e máquina-homem. Quando nos
deparamos com as histórias de ficção cientifica, abordando as mais diversas quinas
ficcionais que executam infinidades de ações nas sociedades futuristas, percebemos que
nessas obras não limites. Assim, por meio da arte cinematográfica, surgem idéias e
paradigmas, ilustrando os avanços e as possibilidades futuras de máquinas e cidades que
convivem com robôs, veículos voadores e “seres” cibernéticos.
Não há como deter o desenvolvimento tecnológico, seja no mundo real ou nas
histórias de ficção, cujas fantasias funcionam muitas vezes propulsoras do
conhecimento cientifico. Tudo está ligado aos objetivos do próprio homem em
92
desvendar, manipular, melhorar, modificar, transformar e criar possibilidades de
prolongar a vida, desafiando o desconhecido.
93
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Schneider, Daniel
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Sibilia, Paula, O homem pós-orgânico: corpo, subjetividade e tecnologias digitais /
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97
Índice de Figuras
Página
01 - Cidade Inca.............................................................................................................20
Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-
inca/imagens/civilizacao-inca1- Capturado, novembro - 2008.
02 - Shadut Egípcio........................................................................................................21
Disponível em: http://www.historyforkids.org/crafts/egypt/shadufpic.jpg - Capturado,
novembro - 2008.
03 - Máquina a Vapor de Heron..................................................................................24
Disponível em:
http://www.chdvalvulas.com.br/artigos_tecnicos/tipos_caldeiras/img/img_1.gif -
Capturado, novembro - 2008.
04 - Máquina de Diferenças - Charles Babbage.........................................................26
Disponível em: http://www.geocities.com/CapeCanaveral/Hall/3608/analitica.gif -
Capturado, novembro - 2008.
05 – Relê.........................................................................................................................28
Disponível em:
http://1.bp.blogspot.com/_jbCJsrid70o/SJJM_mO2jPI/AAAAAAAABKo/bl4No5QCbg
E/s400/info1.jpg - Capturado, março - 2009.
06 – Válvula....................................................................................................................29
Disponível em: http://201.76.37.243/imagens/img-d347a0a9.jpg - Capturado, março -
2009.
07 – ENIAC....................................................................................................................30
Disponível em: http://pcformato.files.wordpress.com/2009/03/eniac11.jpg - Capturado,
março - 2009.
98
08 – Transistor...............................................................................................................32
Disponível em: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3625&bd=1&pg=1&lg= -
Capturado, março - 2009.
09 – Microchip...............................................................................................................33
Disponível em: http://news.softpedia.com/news/The-Future-Microchips-Will-Be-
Smaller-Faster-and-Lose-Much-Less-Energy-45619.shtml - Capturado, março - 2009.
10 - Shield EPB (Earth Pressure Balanced, em português Escavadeira de Pressão
Balanceada de Terra)....................................................................................................40
Disponível em: http://ciencia.hsw.uol.com.br/tatuzao.htm - Capturado, março - 2009.
11 - Bulldozer ou D57A-3SD.........................................................................................41
Disponível em: http://webtractor.wordpress.com/2009/04/06/trator-de-esteira-e-o-
maior-e-mais-potente-do-mundo/ - Capturado, março - 2009.
12 - Peiner SK-575.........................................................................................................42
Disponível em: http://www.towercranes.net/new-cranes.html - Capturado, março -
2009.
13 - ROV Kiel 6000........................................................................................................45
Disponível em: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI2952947-EI300,00-
Robo+pode+submergir+no+mar+a+km+de+profundidade.html – Capturado, março -
2009.
14 - ABB IRB 1400……....................................................……………………………48
Disponível em: http://www.globalrobotsusa.com/robot-applications.htm - Capturado,
março - 2009.
99
15 – KAR........................................................................................................................49
Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL943433-6174,00-
NOVOS+ROBOS+REALIZAM+TAREFAS+DOMESTICAS.html - Capturado, março
- 2009.
16 – Karcher...................................................................................................................50
Disponível em: http://www.sweepex.com.au/setup.htm - Capturado, abril - 2009.
17 – Carcará...................................................................................................................51
Disponível em: http://www.defesabr.com/FAB/fab_ucav.htm - Capturado, abril - 2009.
18 – Swords....................................................................................................................52
Disponível em: http://www.defensereview.com/pt/armedweaponized-infantry-robots-
for-urban-warfare-and-counterinsurgency-ops/ - Capturado, abril - 2009.
19 - Asimo.......................................................................................................................53
Disponível em: http://world.honda.com/ASIMO/ - Capturado, abril - 2009.
20 - Dr. Zou Renti e seu “clone” à direita...................................................................54
Disponível em: http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI1189812-EI4799,00.html -
Capturado, abril - 2009.
21 – Saya….....................................................................................................................55
Disponível em: http://www.technovelgy.com/ct/Science-Fiction-
News.asp?NewsNum=2291 - Capturado, abril - 2009.
22 – Albert Einstein Hubo; 23 - Joey Chaos………………………………………...56
Disponível em: http://www.hansonhobots.com - Capturado, abril - 2009.
24 – Oscar Pistorius.......................................................................................................60
Disponível em: http://human2dot0.wordpress.com/2008/05/19/go-pistorius/ -
Capturado, abril - 2009.
100
25 - Prótese Biomecânica..............................................................................................61
Disponível em: http://veja.abril.uol.com.br/191207/p_092.shtml - Capturado, abril -
2009.
26 - Lindsay Block da Cidade de Oklahoma...............................................................62
Disponível em: http://www.mtbeurope.info/news/2007/707015.htm - Capturado, abril -
2009.
27, 28 – i-LIMB..............................................................................................................63
Disponível em: http://bionicaespn.blogspot.com/2005/04/prteses-binicas.html -
Capturado, maio - 2009.
29 – Prótese biônica 1....................................................................................................64
Disponível em: http://www.enciclopedia.com.pt/news.php?readmore=111 - Capturado,
maio - 2009.
30 - Prótese biônica 2.....................................................................................................65
Disponível em: http://www.enciclopedia.com.pt/news.php?readmore=111 - Capturado,
maio - 2009.
31 - Claudia Mitchell....................................................................................................65
Disponível em: http://www.chicagomag.com/Chicago-Magazine/January-
2007/Breakthrough-Medicine/ - Capturado, maio - 2009.
32 – Jesse Sullivan.........................................................................................................66
Disponível em:
http://idgnow.uol.com.br/mercado/technoscience/archive/2007/04/27/guerra-no-iraque-
faz-pentgono-investir-em-prteses-binicas/ - Capturado, maio - 2009.
33 – Heartmate...............................................................................................................67
Disponível em: http://veja.abril.com.br/280799/p_114.html - Capturado, junho - 2009.
101
34 – Pulmão de aço........................................................................................................68
Disponível em: http://www.medicinaintensiva.com.br/pulmao-aco-historia-fotos.htm
35 - Pulmão artificial, Espanha....................................................................................69
Disponível em:
http://www.elmundo.es/elmundosalud/2005/05/10/medicina/1115744015.html-
Capturado, junho - 2009.
36 – Ranço......................................................................................................................70
Disponível em: http://www.raytheon.com/newsroom/technology/rtn08_exoskeleton/-
Capturado, junho - 2009.
37 – Hal...........................................................................................................................71
Disponível em: http://www.cyberdyne.jp/english/robotsuithal/index.html- Capturado,
junho - 2009.
38 – Metropolis..............................................................................................................74
Disponível em: http://cinefilosofia.com.sapo.pt/imagens/metropolis.jpg - Capturado,
novembro - 2008.
39 - O Dia Em Que a Terra Parou...............................................................................75
Disponível em: http://www.moviewallpapers.net/images/wallpapers/1951/the-day-the-
earth-stood-still/the-day-the-earth-stood-still-1-1024.jpg- Capturado, novembro - 2008.
40 - Perdidos no Espaço................................................................................................76
Disponível em: http://img514.imageshack.us/img514/1041/lostinspace2qv0.jpg-
Capturado, novembro - 2008.
41 - Blade Runner..........................................................................................................77
Disponível em: http://www.impawards.com/1982/posters/blade_runner.jpg- Capturado,
novembro - 2008.
102
42 - O Exterminador do Futuro...................................................................................78
Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/exterminador-do-
futuro/exterminador-do-futuro-poster01.jpg- Capturado, novembro - 2008.
43 - O Home Bicentenário.............................................................................................79
Disponível em:
http://www.cinemacomrapadura.com.br/filmes/imgs/bicentennial_man_poster.jpg-
Capturado, novembro - 2008.
44 - Inteligência Artificial.............................................................................................80
Disponível em: http://www.allianceangst.com/filmes/021/index.html- Capturado,
novembro - 2008.
45 - Eu, Robô..................................................................................................................81
Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/eu-robo/eu-robo-poster06.jpg-
Capturado, novembro - 2008.
46 - Homem de Seis Milhões de Dólares......................................................................82
Disponível em:
http://www.arcadovelho.com.br/Seriados/Homen_De%20_Seis_Milhoes/Steve%20Aust
in.htm- Capturado, novembro - 2008.
47- Robocop....................................................................................................................83
Disponível em:
http://findmearobot.com/Pages/Required%20robots/Images/RoboCop.jpg- Capturado,
novembro - 2008.
48 - Duende Verde.........................................................................................................84
Disponível em: http://www.imdb.com/media/rm3798374656/ch0001357- Capturado,
junho - 2009.
103
49 – Matrix.....................................................................................................................85
Disponível em: http://thecia.com.au/reviews/m/matrix-3.shtml- Capturado, junho -
2009.
50 - O Homem de Ferro................................................................................................86
Disponível em: http://expressionando.files.wordpress.com/2008/06/triple-iron-man-
poster.jpg- Capturado, junho - 2009.
51 - Stars Wars..............................................................................................................88
Disponível em: http://img7.xooimage.com/files/s/t/star-wars-950c0.png- Capturado,
junho - 2009.
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