Download PDF
ads:
RESOLUÇÃO DE CONFLITO SENSORIAL NO CONTROLE POSTURAL DE
IDOSOS
ANA CAROLINE PRIOLI
Dissertação apresentada ao Instituto de
Biociências do Campus de Rio Claro,
Universidade Estadual Paulista, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Ciências da
Motricidade (Área de Motricidade
Humana)
RIO CLARO
São Paulo-Brasil
Abril/2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
RESOLUÇÃO DE CONFLITO SENSORIAL NO CONTROLE POSTURAL DE
IDOSOS
ANA CAROLINE PRIOLI
Orientador: PROF. DR. JOSÉ ANGELO BARELA
Dissertação apresentada ao Instituto de
Biociências do Campus de Rio Claro,
Universidade Estadual Paulista, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Ciências da
Motricidade (Área de Motricidade
Humana)
RIO CLARO
São Paulo-Brasil
Abril/2006
ads:
Dedico esta dissertação à toda
minha família e amigos, pelo
apoio e amizade!
AGRADECIMENTOS
Complicado começar a escrever os agradecimentos, quando são tantas as
pessoas a quem agradecer. Mas vou tentar! Acredito que deva agradecer...
À Deus, por toda energia positiva e pela força tão necessária nestes últimos
tempos...
Aos meus pais pela minha vida e por toda oportunidade que me deram...E
mãe, pode me tirar do seu colo agora, tá?!...Daqui pra frente nós caminhamos
juntas! E você vai poder contar comigo para o que der e vier!
A minha Grande Família (tias, tios, primas, primos e associados) por tudo!!!
Vocês realmente são especiais. Todos de alguma forma foram essenciais para a
minha educação e formação como pessoa!
A Marina, Andreza e Marcos por todo carinho e apoio que recebi de vocês...
Ao Prof. Dr. José Angelo Barela por todos estes anos de dedicação e
apoio...e ao Barela por todas as horas de descontração!
A todo o pessoal do LEM...tanto os mais “velhos”, quanto os que estão
chegando...Obrigada pelos momentos compartilhados (acadêmicos ou não) e pelo
carinho que recebi de todos vocês neste período de graduação e mestrado.
A todos os participantes deste estudo, pela paciência que demonstraram na
realização dos experimentos.
A Capes pelo apoio financeiro que recebi durante o meu mestrado.
E aos professores da banca, os meus agradecimentos pela importante
contribuição!
RESUMO
O sistema de controle postural tem como base um relacionamento
intrincado e dinâmico entre informação sensorial e ação motora. Com o
envelhecimento é possível verificar várias alterações no que se refere ao sistema
sensorial, ao sistema efetor e ao relacionamento entre estes dois sistemas. Estas
alterações parecem colaborar para uma dificuldade, que idosos apresentam, em
resolver uma situação de conflito sensorial. Será que esta dificuldade é causada
por uma dificuldade que idosos apresentam na resolução correta da situação
conflitante devido à insuficiência na discrepância das informações, ou pelo fato de
que idosos necessitariam de um tempo maior para resolver esta situação de
conflito? O objetivo deste estudo foi examinar o quão rápido idosos conseguem
retornar ao relacionamento entre informação visual e oscilação corporal em
situações em que ocorre variação inesperada da informação sensorial, e ainda,
examinar a capacidade do controle postural de idosos em discriminar uma
situação de conflito sensorial. Participaram deste estudo 20 idosos (64,5±2,8
anos) e 20 adultos jovens (22,6±2,2 anos). A tarefa experimental consistia em
manter a posição em no interior de uma “sala móvel”, olhando fixamente um
alvo posicionado 1 m do participante, na altura dos olhos. No primeiro
experimento, houve tentativas com e sem perturbação. Nas tentativas sem
perturbação a sala móvel foi oscilada a uma freqüência de 0,4 Hz, com uma
velocidade de pico de 0,62 cm/s e uma amplitude de 0,55 cm, durante 60
segundos. Nas tentativas com perturbação, a sala foi movimentada com as
ii
mesmas características das tentativas sem perturbação, com a diferença de que
ocorreu uma mudança na movimentação da sala, caracterizando uma perturbação
do estímulo sensorial. No segundo experimento a sala foi movimentada numa
freqüência de 0,2 Hz, com velocidade de pico de 0,6 cm/s e amplitude de 1 cm,
nas 3 primeiras tentativas. Na quarta tentativa, houve uma variação do estímulo e
a velocidade de pico da sala foi de 3,5 cm/s e a amplitude de 7 cm. As próximas 3
tentativas foram iguais às 3 primeiras. A última tentativa foi igual a quarta tentativa.
Desta forma, foram criadas quatro condições: antes, durante e após a variação do
estímulo e a última tentativa com variação do estímulo. O movimento da sala e a
oscilação corporal dos participantes foram obtidos a partir de marcas emissoras de
um sistema opto-eletrônico para captura de movimento (OPTOTRAK 3020 NDI).
No primeiro experimento, os resultados mostraram que a amplitude média de
oscilação foi maior nas tentativas sem perturbação. O acoplamento entre o
movimento da sala e a oscilação corporal foi mais forte para os idosos do que para
adultos jovens. Ainda, para ambos os grupos houve um maior atraso temporal
entre oscilação corporal e o movimento da sala nas tentativas com perturbação.
No segundo experimento, os resultados mostraram que os valores da amplitude
média de oscilação foram menores antes do que durante, menores após do que
durante e maiores após do que na última tentativa. Os valores de coerência e
ganho foram maiores antes do que durante, antes do que na última, após do que
durante e após do que na última tentativa com variação do estímulo. Os valores de
coerência ainda foram maiores antes do que após a variação do estímulo. Os
valores de desvio angular foram menores antes do que durante, antes do que
iii
após e antes do que na última tentativa com variação do estímulo. Com este
estudo foi possível verificar alguns aspectos importantes sobre o controle postural
de idosos, quando estes são comparados com adultos jovens. Idosos apresentam
um forte acoplamento entre informação visual e oscilação corporal. Por outro lado,
ao ser submetido a uma situação em que ocorre a variação do estímulo, o sistema
de controle postural de idosos é sensível a esta variação e passa por um processo
adaptativo, assim como ocorre com adultos jovens. Portanto, parece que o
sistema de controle postural de idosos e adultos jovens apresentam os mesmos
parâmetros de controle, porém, uma mudança em como ocorre o ajuste da
magnitude nestes parâmetros do sistema.
ABSTRACT
The postural control system is based upon a intricate and dynamical
relationship between sensory information and motor action. With aging it is
possible to verify several changes in both sensory and motor systems, and in the
relationship between them. These changes seem to collaborate for a difficulty that
older adults present to solve a situation of sensory conflict. Could this difficulty be
caused by a difficulty that older adults show in resolving correctly a conflicting
situation due to an inadequacy in the discrepancy of information? Or, could this
difficulty be due the longer time that older adults need to solve this conflict ing
situation? The goal of this study was twofold: to examine how fast older adults
return to the relationship between visual information and body sway when an
unexpected variation of the sensory information occurs; and to examine the ability
of postural control of older adults in discriminating a sensory conflict situation.
Twenty older adults (64.5 ± 2.8 years) and 20 young adults (22.6 ± 2.2 years)
participated in this study. The experimental task consisted of maintaining the
upright stance inside a "moving room", looking at a target positioned 1 m from
participant, at the eyes level. In the first experiment, there were trials with and
without perturbation. In the trials without perturbation, the moving room was moved
at frequency of 0.4 Hz, with peak velocity of 0.62 cm/s, and amplitude of 0.55 cm,
for 60 seconds. In the trials with perturbation, the room was moved with the same
characteristics of the trials without perturbation, although a change in the
movement of the room occurred, characterizing a perturbation of the sensory
ii
stimuli. In the second experiment, the room was moved at frequency of 0.2 Hz,
with peak velocity of 0.6 cm/s, and amplitude of 1 cm, in the first three trials. In the
fourth trial, there was a stimulus variation in which the peak velocity was 3.5 cm/s
and the amplitude of 7 cm. The following three trials were like the first three ones.
The last trial was like the fourth trial. Body sway and moving room displacement
data were obtained through an OPTOTRAK system (Digital Northern, Inc.), using
IRED emitters. In the first experiment, the mean sway amplitude was larger in trials
without perturbation. The coupling between the room’s movement and the body
sway was stronger for the older adults than for young adults. For both groups,
there was a longer lag between body sway and room’s movement in the trials with
perturbation. In the second experiment, the mean sway amplitude values were
smaller before than during stimuli variation, smaller after than during stimuli
variation, and larger after stimuli variation than in the last trial. Coherence and gain
values were larger before than during stimuli variation, larger before than in the last
trial with stimuli variation, larger after than during stimuli variation, and larger after
than in the last trial, which there was also stimuli variation. Yet, the coherence
values were larger before than after stimuli variation. The angular deviation values
were smaller before than during stimuli variation, smaller before than after stimuli
variation and before than in the last trial, which there was stimuli variation too. With
this study, it was possible to verify some important aspects on postural control of
older adults, compared to young adults. Older adults presented a stronger coupling
between visual information and body sway than young adults. On the other hand,
postural control system of older adults was sensitive to the stimuli variation and
iii
showed adaptive process, similar to young adults. Therefore, it seems that the
postural control system of both older and young adults show the same control
parameters. However, there is a change in how the adjustment of the magnitude in
these system’s parameters occurs.
i
SUMÁRIO
Páginas
LISTA DE TABELAS ............................................................................................ iii
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ iv
LISTA DE APÊNDICES ....................................................................................... ix
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................4
2.1. Alterações no Controle Postural de Idosos.................................................4
2.2. Controle Postural........................................................................................7
2.2.1. Informações Sensoriais......................................................................11
2.2.1.1. Visão ...........................................................................................13
2.2.2. Paradigma da Sala Móvel ..................................................................15
2.2.3. O Ciclo Percepção-Ação no Controle Postural de Idosos..................17
2.3. Aspectos Relacionados ao Envelhecimento.............................................20
2.3.1. Aspectos Sensoriais...........................................................................22
2.3.2. Aspectos Motores ..............................................................................23
2.3.3. Lentidão .............................................................................................26
2.3.4. Discriminação das Informações Sensoriais .......................................30
2.4. Questões ..................................................................................................32
3. OBJETIVOS....................................................................................................34
4. MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................35
4.1. Participantes.............................................................................................35
4.2. Procedimentos..........................................................................................37
ii
4.3. Experimento 1 ..........................................................................................39
4.4. Experimento 2 ..........................................................................................40
4.5. Tratamento e Análise dos Dados .............................................................41
4.5.1 Análise Estatística...............................................................................44
4.5.1.1. Experimento 1 .............................................................................44
4.5.1.2. Experimento 2 .............................................................................45
5. RESULTADOS................................................................................................46
5.1. Experimento 1 ..........................................................................................46
5.1.1. Comparação das tentativas com e sem perturbação.........................49
5.1.2. Tempo de Relaxamento.....................................................................53
5.2. Experimento 2 ..........................................................................................54
6. DISCUSSÃO...................................................................................................66
6.1. Funcionamento do sistema de controle postural de idosos......................74
7. CONCLUSÃO .................................................................................................78
8. REFERÊNCIAS...............................................................................................80
ANEXO A Parecer do Comitê de Ética do Instituto de Biociências (UNESP/RC)
............................................................................................................................92
iii
LISTA DE TABELAS
Páginas
Tabela 1: Idade, gênero, peso e altura dos participantes adultos jovens.............. 36
Tabela 2: Idade, gênero, peso e altura dos participantes idosos. ......................... 36
iv
LISTA
DE
FIGURAS
Páginas
Figura 1: Figura ilustrativa da sala móvel............................................................38
Figura 2: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com
movimentação continua da sala na freqüência de 0,4Hz, onde não ocorreu
perturbação. O painel (a) apresenta a oscilação da sala e a oscilação corporal
do adulto jovem durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase relativa
(baseada na posição e velocidade) entre o movimento da sala e a oscilação
corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c) apresenta o
espectro do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem. Os
painéis (d), (e) e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa
realizada com um idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala
móvel na direção antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção
antero-posterior..................................................................................................... 48
Figura 3: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com
movimentação continua da sala na freqüência de 0,4Hz, onde ocorreu
perturbação. O painel (a) apresenta a oscilação da sala e a oscilação corporal
do adulto jovem durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase relativa
(baseada na posição e velocidade) entre o movimento da sala e a oscilação
corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c) apresenta o
espectro do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem. Os
v
painéis (d), (e) e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa
realizada com um idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala
móvel na direção antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção
antero-posterior..................................................................................................... 49
Figura 4: Amplitude média de oscilação corporal (a) e freqüência média de
oscilação corporal (b) na direção ântero-posterior de adultos jovens e idosos
durante a manutenção da postura em com a movimentação da sala, nas
tentativas com perturbação e sem perturbação. ................................................... 50
Figura 5: Coerência (a) e ganho (b) na direção ântero-posterior de adultos
jovens e idosos durante a manutenção da postura em pé com a movimentação
da sala, nas tentativas com perturbação e sem perturbação................................ 52
Figura 6: Fase relativa (a) e desvio angular (b) na direção ântero-posterior de
adultos jovens e idosos durante a manutenção da postura em pé com a
movimentação da sala, nas tentativas com perturbação e sem perturbação........ 53
Figura 7: Tempo de relaxamento de adultos jovens e idosos durante a
manutenção da postura em com a movimentação da sala, nas tentativas
com perturbação. .................................................................................................. 54
Figura 8: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com
movimentação continua da sala na freqüência de 0,2Hz, antes de ocorrer
variação do estímulo e a sala foi movimentada com velocidade de pico de 0,6
vi
cm/s. O painel (a) apresenta a oscilação da sala e a oscilação corporal do
adulto jovem durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase relativa
(baseada na posição e velocidade) entre o movimento da sala e a oscilação
corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c) apresenta o
espectro do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem. Os
painéis (d), (e) e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa
realizada com um idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala
móvel na direção antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção
antero-posterior..................................................................................................... 56
Figura 9: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com
movimentação continua da sala na freqüência de 0,2Hz, onde ocorreu variação
do estímulo e a sala foi movimentada com velocidade de pico de 3,5 cm/s. O
painel (a) apresenta a oscilação da sala e a oscilação corporal do adulto jovem
durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase relativa (baseada na posição
e velocidade) entre o movimento da sala e a oscilação corporal na direção
ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c) apresenta o espectro do
movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem. Os painéis (d), (e)
e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa realizada com um
idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção
antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção antero-posterior........ 57
Figura 10: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com
movimentação continua da sala na freqüência de 0,2Hz, após ocorrer variação
vii
do estímulo e a sala foi movimentada com velocidade de pico de 0,6 cm/s. O
painel (a) apresenta a oscilação da sala e a oscilação corporal do adulto jovem
durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase relativa (baseada na posição
e velocidade) entre o movimento da sala e a oscilação corporal na direção
ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c) apresenta o espectro do
movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem. Os painéis (d), (e)
e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa realizada com um
idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção
antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção antero-posterior........ 59
Figura 11: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com
movimentação continua da sala na freqüência de 0,2Hz, onde ocorreu variação
do estímulo e a sala foi movimentada com velocidade de pico de 3,5 cm/s. O
painel (a) apresenta a oscilação da sala e a oscilação corporal do adulto jovem
durante a tentativa, o painel (b) apresenta a fase relativa (baseada na posição
e velocidade) entre o movimento da sala e a oscilação corporal na direção
ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c) apresenta o espectro do
movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem. Os painéis (d), (e)
e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa realizada com um
idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção
antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção antero-posterior........ 60
Figura 12: Amplitude média de oscilação corporal (a) e freqüência média de
oscilação corporal (b) na direção ântero-posterior de adultos jovens e idosos
viii
durante a manutenção da postura em com a movimentação da sala, nas
tentativas antes (0,6 cm/s), durante (3,5 cm/s) e após (0,6 cm/s) a variação do
estímulo e a última tentativa com variação do estímulo (3,5 cm/s)....................... 62
Figura 13: Coerência (a) e ganho (b) na direção ântero-posterior de adultos
jovens e idosos durante a manutenção da postura em pé com a movimentação
da sala, nas tentativas antes (0,6 cm/s), durante (3,5 cm/s) e após (0,6 cm/s) a
variação do estímulo e a última tentativa com variação do estímulo (3,5 cm/s). .. 64
Figura 14: Fase relativa (a) e desvio angular (b) na direção ântero-posterior de
adultos jovens e idosos durante a manutenção da postura em pé com a
movimentação da sala, nas tentativas antes (0,6 cm/s), durante (3,5 cm/s) e
após (0,6 cm/s) a variação do estímulo e a última tentativa com variação do
estímulo (3,5 cm/s)................................................................................................ 65
ix
LISTA
DE
APÊNDICES
Páginas
APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido ............................... 93
APÊNDICE B Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo)
(cm) e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 1,
de idosos e adultos jovens, nas tentativas sem perturbação. ............................... 94
APÊNDICE C Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo)
(cm), freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) e tempo de relaxamento
(t_relax) (seg) referentes ao Experimento 1, de idosos e adultos jovens, nas
tentativas com perturbação................................................................................... 96
APÊNDICE D Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo)
(cm) e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 2,
de idosos e adultos jovens, nas tentativas antes da variação do estímulo. .......... 98
APÊNDICE E Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo)
(cm) e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 2,
de idosos e adultos jovens, na tentativa durante a variação do estímulo. .......... 100
x
APÊNDICE F Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo)
(cm) e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 2,
de idosos e adultos jovens, nas tentativas após a variação do estímulo. ........... 102
APÊNDICE G Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo)
(cm) e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 2,
de idosos e adultos jovens, na última tentativa em que ocorreu a variação do
estímulo. ............................................................................................................. 104
1
1.
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a expectativa de vida da maior
parte da população mundial aumentou. Com este fato, cresce o número de
pessoas idosas na sociedade. No Brasil, por exemplo, de acordo com dados da
ONU, o envelhecimento da população brasileira vem crescendo 3,2% ao ano e o
país tem o sexto maior aumento de envelhecimento da população no mundo. Em
números, isto significa que, em 1950, o Brasil tinha 2 milhões de idosos e hoje
são 14 milhões (AUGUSTO; BARBIERI, 2004).
A maior expectativa de vida é vista como um saldo positivo para a
população. Porém, em termos práticos isto representa um maior custo,
principalmente para o poder público, na manutenção de hospitais, instituições e
centros responsáveis pela saúde de idosos. Neste caso, o ideal seria que estes
anos a mais, conquistados pelo avanço tecnológico, fossem vividos com qualidade
2
e que então a população idosa não mais representasse uma faixa etária
improdutiva e, muitas vezes, descartada da sociedade. Para isto, é evidente a
necessidade de estudos que busquem analisar alterações decorrentes do
envelhecimento, para que então seja possível uma intervenção apropriada,
melhorando a qualidade de vida na terceira idade.
Considerando esta necessidade de uma busca aprofundada com relação as
características do envelhecimento, ou mesmo problemas que poderiam estar
relacionados a esta faixa etária, vários estudos vêm sendo realizados ao longo
dos anos, enfatizando as mais diversas questões. Para este estudo, uma atenção
especial será dada ao sistema de controle postural.
De acordo com vários estudos realizados, um problema freqüente com o
envelhecimento é o declínio da performance do sistema de controle postural
(BLASZCZYK; LOWE; HANSEN, 1994; DI FABIO; EMASITHI, 1997; WADE;
LINDQUIST; TAYLOR; TREAT-JACOBSON, 1995; BERGER; CHUZEL;
BUISSON; ROUGIER, 2005). Ainda, recentemente Prioli, Freitas Júnior e Barela
(2005) verificaram que este declínio poderia ser decorrente de problemas com o
relacionamento entre informação sensorial e ação motora. Especificamente,
idosos teriam dificuldade para resolver situações de conflito sensorial, seja pelo
fato de realmente não conseguirem discriminar a informação em conflito, ou pelo
fato de necessitarem maior tempo para resolver esta situação quando comparados
com adultos jovens. Assim, este estudo busca examinar o acoplamento entre
informação sensorial e ação motora em idosos, especificando a capacidade do
sistema de controle postural de idosos em resolver uma situação de conflito
3
sensorial. A seguir, se apresentada breve revisão de literatura relacionada a
esta questão.
4
2.
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Tendo em vista o declínio na performance do sistema de controle postural
observado em idosos, segue descrição de aspectos relevantes para o estudo,
como o funcionamento do sistema de controle postural e as alterações que
ocorrem neste sistema com o envelhecimento. Ainda, será possível verificar quais
são os aspectos envolvidos com a população em questão, que podem refletir em
déficits motores e sensoriais, além de uma lentidão nas respostas motoras e uma
dificuldade em discriminar as informações sensoriais.
2.1. Alterações no Controle Postural de Idosos
Para qualquer situação do dia-a-dia, é imprescindível controlar e manter
uma postura adequada. Esta é a função do sistema de controle postural, porém, o
5
que pode ser verificado é que, com o envelhecimento, este sistema apresenta
declínios em seu funcionamento. De acordo com uma revisão elaborada por Maki
e McIlroy (1996), as alterações que ocorrem com o envelhecimento, relacionadas
ao sistema neural e sensorial e ao sistema músculo-esquelético, podem resultar
em um declínio no sistema de controle postural e, como conseqüência, trazer
instabilidade e quedas.
Vários estudos vêm mostrando alterações no que se refere ao controle
postural de idosos. Colledge, Cantley, Peaston, Brash, Lewis e Wilson (1994)
verificaram que com o passar dos anos, os indivíduos apresentam um aumento da
oscilação corporal. Os autores sugerem que, embora vários estudos apontem para
uma deterioração da sensibilidade periférica, parece que esta maior oscilação
corporal encontrada em idosos se por uma lentidão dos processos de
integração central ou por problemas nas respostas motoras.
Berger; Chuzel; Buisson e Rougier (2005) realizaram um estudo para
verificar se o envelhecimento induz a adaptação de uma estratégia para controlar
a postura em não perturbada ou se idosos mudavam completamente a
organização do controle postural. O que estes autores encontraram foi que idosos
apresentaram maior área e velocidade média de oscilação corporal quando
comparados com adultos jovens. Além disso, idosos precisaram de mais tempo
para iniciar as correções posturais e apresentaram uma nova estratégia para o
controle postural que foi caracterizada por um aumento da mobilização de energia
neuromuscular.
6
Ainda, Amiridis, Hatzitaki e Arabatzi (2003) realizaram um estudo para
verificar como jovens e idosos respondiam ao aumento da demanda postural na
postura quieta. Os participantes basicamente permaneciam em postura em pé, o
mais estável possível, em diferentes bases de suporte. Os resultados
demonstraram que quando a base de suporte foi reduzida, idosos oscilaram mais
quando comparados aos adultos jovens. Além disso, esta maior oscilação foi
acompanhada por padrões cinéticos e eletromiográficos diferentes entre os dois
grupos. Parece que idosos necessitam ativar os músculos do quadril para
responder às perturbações impostas pelo aumento da dificuldade da tarefa e este
comportamento não foi verificado em adultos jovens.
Esta alteração dos idosos, com relação à articulação que predomina nas
correções posturais, principalmente em situações de maior dificuldade, tem sido
verificada em outros estudos. Okada, Hirakawa, Takada e Kinoshita (2001)
investigaram o controle postural de idosos quando estes eram submetidos a uma
perturbação postural. O resultado mais interessante foi que idosos apresentaram
movimentos maiores e mais lentos do quadril, quando comparados com seus
pares jovens. Assim, enquanto que em adultos jovens é possível verificar uma
maior atuação da articulação do tornozelo para a recuperação da estabilidade
postural após uma perturbação, em idosos é a articulação do quadril que possui
esta função (OKADA; HIRAKAWA; TAKADA e KINOSHITA, 2001). Porém, é
importante ressaltar que diferenças nas estratégias utilizadas para recuperação da
estabilidade postural são mais evidenciadas em situações de maior demanda da
tarefa (PRIOLI; CARDOZO; FREITAS JÚNIOR; BARELA, no prelo), uma vez que
7
a postura em não perturbada permite a estes idosos adotarem uma estratégia
de controle menos exigente, suficiente para manter estabilidade postural sem
grandes problemas (MAKI; McILROY, 1996).
Tendo em vista que, como será discutido posteriormente, o controle
postural envolve um relacionamento coerente e estável entre informação sensorial
e ação motora, as poucas explicações sugeridas têm enfatizado que as mudanças
decorrentes do envelhecimento estariam associadas ao declínio dos sistemas
motor e sensorial ou ao relacionamento entre estes dois sistemas (LAUGHTON,
SLAVIN, KATDARE et al, 2003; PETRELLA; LATTANZIO; NELSON, 1997;
PRIOLI; FREITAS JÚNIOR; BARELA, 2005). Contudo, antes de sugerir qualquer
explicação, é importante ter como base um entendimento sobre o funcionamento
do sistema de controle postural, como isto se apresenta em indivíduos idosos e
ainda, quais seriam os aspectos importantes do envelhecimento que poderiam ter
relação com o declínio da performance.
2.2. Controle Postural
O sistema de controle postural necessita buscar um relacionamento
coerente e estável entre informação sensorial e ação motora para que um
indivíduo realize qualquer atividade. Ainda, o controle postural tem como objetivos
comportamentais alcançar e/ou manter a orientação e o equilíbrio postural.
Orientação postural pode ser definida como a manutenção da posição dos
segmentos corporais em relação aos outros segmentos e em relação ao ambiente.
8
Equilíbrio postural pode ser definido como o controle das forças internas e
externas que se fazem atuantes no corpo, em situações dinâmicas ou estáticas, já
que para permanecer em pé, o ser humano sofre a ação da força da gravidade e
das forças reativas da superfície de apoio dos pés (HORAK; McPHERSON, 1996).
Horak e McPherson (1996) também sugerem que muitas características
em comum entre estes dois objetivos. Ambos usam informação sensorial de vários
canais, incluindo o somatossensorial, vestibular e visual. Estas informações
devem ser integradas nos centros superiores do sistema nervoso central para
oferecer ao sistema de controle postural informações sobre o relacionamento dos
segmentos uns em relação aos outros e sobre a posição e orientação do corpo no
espaço (JEKA; OIE; KIEMEL, 2000). A partir destas informações, o sistema de
controle postural necessita produzir ação motora correspondente ao objetivo da
tarefa. Embora haja três sistemas sensoriais principais, não existe um que possa
ser considerado como o mais importante. O papel que cada um tem em relação à
orientação e ao equilíbrio postural pode mudar, dependendo da tarefa e do
contexto em que esta tarefa é realizada (HORAK; McPHERSON; 1996).
Assim, informação sensorial e ação motora necessitam estar num
relacionamento coerente e estável para que seja realizada qualquer atividade
motora. Segundo Barela (2000), em muitas das atividades realizadas no dia-a-dia,
este relacionamento ocorre de forma contínua. Assim, o indivíduo capta as
informações do ambiente e realiza a ação motora e esta própria ação influencia na
captação das informações sensoriais e assim sucessivamente. Este
relacionamento contínuo é o chamado ciclo percepção-ação (BARELA, 1997).
9
Este ciclo percepção-ação está presente desde a infância (THELEN, 2000) e
permite que o indivíduo interaja com o meio de forma dinâmica, dentro das
restrições de seu próprio organismo, do ambiente e da tarefa (NEWELL, 1986) e
possa se adaptar às alterações que possam existir.
Quando um indivíduo realiza a tarefa de ficar em pé, aparentemente o
sistema de controle postural parece não ter grandes dificuldades para manter a
orientação e o equilíbrio postural, com base nas informações provenientes do
ambiente e do seu próprio corpo. Contudo, mesmo neste caso onde a tarefa
parece simples, é possível criar situações que dificultem a manutenção da
performance do sistema de controle postural. Como exemplo, Prioli, Freitas Júnior,
Cardozo e Barela (no prelo) realizaram um estudo para verificar o relacionamento
entre informação visual e oscilação corporal no controle postural de idosos em
função da demanda da tarefa. Neste caso, uma das tarefas experimentais envolvia
a manutenção da postura em pé com os pés paralelos (suporte normal), em
tandem stance (um a frente do outro de forma de o halux do direito ficasse
alinhado com a borda interna do calcanhar do esquerdo) e com a base de
suporte reduzida (pés paralelos encima de uma tábua com 9cm de largura, 2,5cm
de altura e 2m de comprimento). O que estes autores encontraram foi que na
situação de suporte normal, idosos e adultos jovens apresentaram performance
semelhante, porém, foi possível verificar maior oscilação corporal para idosos
comparados com adultos jovens na manutenção da postura na base de suporte
reduzida. Assim, é possível perceber que à medida que a dificuldade da tarefa
aumentou, a diferença entre idosos e adultos jovens foi mais evidenciada.
10
Além disso, outros estudos mostram resultados similares quando se trata
de crianças. Por exemplo, Streepey e Angulo-Kinzler (2002) verificaram o controle
postural em crianças e adultos em tarefas com diferentes níveis de dificuldade e
observaram que, a performance do controle postural destes participantes não foi
dependente da idade, mas sim, da dificuldade da tarefa.
Uma outra forma muito utilizada para testar o funcionamento do sistema de
controle postural é a introdução de uma nova tarefa, impondo uma restrição
cognitiva para a execução da manutenção da postura. Pellecchia (2005) verificou
a influência de uma tarefa cognitiva realizada juntamente com a tarefa de ficar em
pé, o mais estável possível, em uma superfície que altera a informação
somatossensorial. Estes autores verificaram que o fato de realizar a tarefa
cognitiva aumentou a oscilação corporal dos participantes. Porém, com este
estudo também foi possível verificar que esta alteração na performance do
sistema de controle postural pode deixar de existir quando os participantes treinam
a execução de ambas as tarefas durante três sessões (PELLECCHIA, 2005).
Assim, várias são as formas de alterar o funcionamento do sistema de controle
postural, sejam elas motoras ou cognitivas. O mais interessante é que, no caso de
adultos jovens, o sistema consegue se adaptar a estas mudanças. Porém,
crianças e idosos apresentam maior dificuldade para apresentar a mesma
performance em tarefas mais exigentes.
Como pode ser verificado, fica evidente que o controle postural necessita
de informação sensorial para que a ão seja realizada de forma correta. Desta
forma, cabe, a partir deste ponto, um aprofundamento teórico no que se refere a
11
este aspecto, dando maior ênfase às informações sensoriais, e principalmente à
visão que é a informação sensorial manipulada neste estudo.
2.2.1. Informações Sensoriais
A partir das considerações do tópico anterior é possível entender que, um
indivíduo só realizará uma ação motora pretendida de forma satisfatória se as
informações sensoriais provenientes do ambiente e do seu próprio corpo forem
relacionadas de forma coerente e estável com a ação motora. Assim, como foi
mencionando, para um efetivo controle postural, informações sensoriais o
captadas basicamente por três canais: somatossensorial, vestibular e visual.
O sistema somatossensorial é abrangente com respeito à localização
corporal. Neste sistema podemos incluir os receptores (sensíveis ao movimento, à
vibração, ao toque, à pressão), fusos neuromusculares e órgãos tendinosos de
Golgi (sensíveis ao comprimento e à tensão dos músculos). Segundo Winter
(1995) e Horak e MacPherson (1996) este sistema tem como função fornecer
informações a respeito da posição e velocidade dos segmentos, uns em relação
aos outros, comprimento muscular e informações com relação ao contato com
objetos externos. Neste caso, por exemplo, quando o indivíduo se apresenta na
posição em pé, as informações captadas, incluindo a informação do contato dos
pés com o chão e referentes aos músculos e articulações, serão utilizadas pelo
sistema de controle postural para que, integradas com as informações provindas
12
de outros canais, permita ao indivíduo permanecer estável ou se preparar para
qualquer outra ação que possa ocorrer.
Considerando o exemplo anterior, os receptores somatossensoriais dos
pés, pernas e tronco podem ser essenciais para o próprio controle do tronco. O
sistema somatossensorial, neste caso, informa ao sistema nervoso central, não
apenas a qualidade da superfície de suporte, mas também as forças que este
corpo está exercendo contra aquela superfície. Em adição, as informações
proprioceptivas do pescoço são usadas em combinação com as informações do
sistema vestibular para que seja possível conhecer a posição e a velocidade do
tronco (HORAK; McPHERSON, 1996).
O sistema vestibular está localizado na região da cabeça e fornece
informações com respeito às alterações que ocorrem na posição da mesma em
relação ao ambiente. Segundo Sage (1984), justamente pelo fato desta restrição
de localização, as informações provenientes do sistema vestibular necessitam ser
combinadas com as informações do sistema somatossensorial, com relação à
posição do tronco, para que então seja possível a discriminação da posição da
cabeça em relação ao corpo.
Numa descrição mais detalhada do funcionamento deste sistema,
Shumway-Cook e Woollacott (2003) afirmam que o sistema vestibular possui dois
tipos de receptores. Os canais semicirculares são responsáveis pela aceleração
angular da cabeça. Estes canais o mais sensíveis aos movimentos rápidos da
cabeça, como em um escorregão, ou tropeço. Os otólitos são responsáveis pela
posição e aceleração lineares. Estes são importantes para a informação da
13
posição da cabeça com relação à gravidade e são mais sensíveis aos movimentos
lentos (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003).
Com relação ao sistema visual, uma atenção especial será dada, que
neste estudo a informação visual será manipulada e, neste caso, se torna
importante um aprofundamento teórico no que se refere ao funcionamento e
função desde sistema.
2.2.1.1. Visão
Quando se pensa em sistema visual, até mesmo uma pessoa sem
conhecimento teórico é capaz de responder ao ser questionada sobre a utilidade
ou função da visão. Provavelmente esta pessoa dirá que serve para ver o mundo
a sua volta e assim ser possível realizar as mais diversas atividades. Porém,
apesar de sua simplicidade aparente, o sistema visual é o mais complexo
(MASSION, 1992) e fornece informações a respeito do ambiente e da direção e
velocidade dos segmentos corporais com relação ao ambiente (NASHNER, 1981).
O sistema visual é responsável também por detectar movimentos da cabeça,
que quando a cabeça se movimenta para frente, os objetos que estão sendo
visualizados “se movimentam” em direção oposta (SHUMWAY-COOK;
WOOLLACOTT, 2003). Quando se considera o sistema de controle postural,
Paulus, Straube, Krafczik e Brandt (1989) sugerem que este sistema contribui na
detecção de movimentos corporais relativos a um referencial do ambiente.
14
Numa abordagem mais neurofisiológica, Sousa (1997) afirma que, a luz do
ambiente chega à retina após atravessar os meios transparentes do globo ocular.
Mas a retina, segundo este autor, não possui a mesma sensibilidade em toda a
sua extensão. Existe uma área, chamada fóvea, com localização deslocada
ligeiramente para o lado temporal, que é responsável pela discriminação dos
objetos. A medida desta visão foveal é chamada de acuidade visual. Todo o resto
da retina é responsável pela chamada visão de campo. Esta visão é muito
importante para a locomoção, já que é através dela que se tem a noção de
conjunto ou do todo. A medida da visão de campo se chama campimetria
(SOUSA, 1997).
A partir do momento em que a luz é recebida pela retina, a mesma é
convertida em impulsos elétricos que, através dos nervos ópticos, são levados até
o córtex occipital. O córtex recebe imagens relativamente diferentes, que cada
olho capta imagens de ângulos diferentes, por isso, o cérebro une estas imagens
e justamente esta disparidade é que dá o efeito tridimensional da visão humana. A
decussação dos nervos ópticos é que permite este fenômeno (SOUSA, 1997).
O sistema visual é relativamente mais fácil de ser manipulado
experimentalmente, do que os sistemas somatossensorial e vestibular. Por isso, a
literatura é repleta de estudos que verificam o controle postural a partir da variação
ou ausência da informação visual. De acordo com Paulus, Straube, Krafczyk e
Brandt (1989), o sistema de controle postural se utiliza da informação visual para
controlar as oscilações corporais. Neste sentido, quando um indivíduo se aproxima
de um objeto, ocorre um aumento da expansão da imagem deste objeto na retina.
15
O contrário ocorre quando um indivíduo se afasta deste mesmo objeto, ou seja, há
uma diminuição da projeção da imagem na retina. Assim, o sistema de controle
postural busca minimizar estas alterações visuais na retina para controlar as
oscilações posturais. Neste caso, qualquer deterioração da informação visual ou
mesmo sua ausência provocará o aumento das oscilações corporais (PAULUS;
STRAUBE; BRANDT, 1984; PAULUS; STRAUBE; KRAFCZIK; BRANDT, 1989).
Ainda, é possível verificar que a distância entre o observador e a cena
visual pode ser um fator que influencia nas oscilações corporais. Até 2,5 metros,
quanto mais longe um indivíduo estiver na cena visual, maior será a oscilação
corporal. Isto acontece porque, em distâncias relativamente grandes (acima de
2,5m), a projeção do objeto visualizado na retina está tão reduzida que a influência
do deslocamento do alvo na retina é mínima e, portanto, não contribui no sentido
de controlar as oscilações corporais (PAULUS; STRAUBE; BRANDT, 1984;
PAULUS; STRAUBE; KRAFCZIK; BRANDT, 1989).
Tendo em vista estes aspectos sobre a visão, a seguir será dada breve
descrição de um paradigma experimental que será utilizado neste estudo e que
permite a manipulação da informação visual, induzindo oscilação corporal
correspondente à esta manipulação.
2.2.2. Paradigma da Sala Móvel
Quando um indivíduo se encontra em determinada situação onde
disponibilidade de informações sensoriais, porém uma delas não corresponde ao
16
que as outras estão indicando, este individuo está exposto à uma situação de
conflito sensorial. Um exemplo claro desta situação é o paradigma da sala móvel.
Na década de setenta, Lee e colaboradores (LEE; ARONSON, 1974; LEE;
LISHMAN, 1975; LISHMAN; LEE, 1973) utilizaram uma sala suspensa que era
movimentada e manipulava a informação visual do indivíduo que se localizava em
seu interior. Os movimentos para frente e para trás produziam oscilações
corporais correspondentes nos participantes. Estes estudos mostraram que um
campo visual móvel pode induzir uma percepção de movimento do próprio corpo
e, mesmo que este estímulo visual provoque uma situação ilusória, oscilação
corporal coerente e correspondente é desencadeada.
A partir destes estudos de Lee e colaboradores (LEE; ARONSON, 1974;
LEE; LISHMAN, 1975; LISHMAN; LEE, 1973), vários foram os pesquisadores que
passaram a se utilizar deste paradigma como ferramenta para o estudo do
controle postural, observando que a influência da sala móvel é diferente nas várias
faixas etárias, por exemplo, em bebês (BARELA; GODOI; FREITAS JÚNIOR;
POLASTRI, 2000; BERTHENTAL; ROSE; BAI, 1997), crianças (LEE; ARONSO,
1974), adultos (LISHMAN; LEE, 1973) e idosos (PRIOLI; FREITAS JÚNIOR;
BARELA, 2005; POLASTRI; BARELA; BARELA, 2001; WADE; LINDQUIST;
TAYLOR; TREAT-JACOBSON, 1995). No caso de bebês e crianças, uma possível
explicação seria que estes estariam passando por mudanças desenvolvimentais
para permitir maior estabilidade e coerência no acoplamento entre informação
sensorial e ação motora, provocando melhora no funcionamento do controle
postural até alcançar a performance observada em adultos. Em relação ao
17
envelhecimento, como foi discutido, o processo seria marcado por um declínio
na performance do controle postural. Este declínio tem sido sugerido estar
associado à alterações sensoriais e motoras e à problemas com a integração das
informações sensoriais no sistema nervoso central (HORAK; SHUPERT; MIRKA,
1989). Entretanto, esta hipótese ainda necessita ser melhor examinada e
empiricamente comprovada.
Embora, ainda hoje perceba-se uma tendência dos estudos com controle
postural de idosos focarem apenas o aspecto sensorial ou o aspecto motor
isoladamente, o que pode ser verificado é que aparentemente o problema que
ocorre com o sistema de controle postural, após certa idade, poderia ser
decorrente do relacionamento entre informação sensorial e ação motora e não
apenas destes dois aspectos tratados de forma isolada. O paradigma da sala
móvel, portanto, seria útil no sentido de ser uma ferramenta que possibilita
verificar este ciclo percepção (informações sensórias) e ação (atividade muscular)
no controle postural, de forma a permitir encontrar possíveis alterações neste
relacionamento.
2.2.3. O Ciclo Percepção-Ação no Controle Postural de Idosos
Considerando que o sistema de controle postural exige um relacionamento
coerente e estável entre informação sensorial e ação motora e que, a partir do
paradigma da sala móvel é possível verificar este relacionamento, Wade,
Lindquist, Taylor e Treat-Jacobson (1995) examinaram a influência da informação
18
visual na oscilação corporal de idosos através de movimentos discretos de uma
sala móvel. Os resultados obtidos revelaram que indivíduos idosos foram mais
susceptíveis às manipulações do fluxo óptico e apresentaram maior oscilação
corporal quando comparados aos adultos jovens. Segundo estes autores, os
idosos oscilam mais devido, principalmente, à uma diminuição da capacidade dos
sistemas somatossensorial e vestibular em detectar movimentos corporais,
resultando em uma maior influência das informações visuais no controle da
postura.
Polastri, Barela e Barela (2001) realizaram um estudo para verificar, de
forma mais quantitativa, o acoplamento entre informação visual e oscilação
corporal em idosos. Neste estudo, também foi utilizado o paradigma da sala
móvel, porém, esta sala foi movimentada de forma contínua durante 60 segundos.
Os resultados indicaram que idosos são suscetíveis à manipulação da informação
visual proveniente da sala móvel, mostrando oscilação corporal correspondente na
mesma freqüência que a sala foi movimentada. Além disso, foi encontrada uma
tendência para o grupo de idosos em apresentar um acoplamento mais forte entre
informação sensorial e oscilação corporal, além de serem mais influenciados pelos
movimentos da sala do que os adultos jovens. Com isto, os autores sugeriram que
idosos teriam maior dificuldade em integrar as informações sensoriais
provenientes dos sistemas sensoriais. Assim, o sistema de controle postural de
idosos tem dificuldade de integrar todas as informações sensoriais e distinguir a
informação conflitante (visual) para que não haja uma susceptibilidade tão
19
acentuada com relação à informação visual que, por sua vez, faz com que o
indivíduo seja mais influenciado pela situação da sala móvel.
Um dado ainda mais interessante foi constatado neste estudo. Enquanto
todos os adultos jovens relataram ter percebido o movimento da sala, após o
término do experimento, nenhum idoso foi capaz de relatar que a sala havia se
movimentado. Novamente, a sugestão dos autores é a de que idosos não foram
capazes de discriminar a situação de movimento da sala por dificuldade em
integrar de forma mais precisa as informações sensoriais (POLASTRI; BARELA;
BARELA, 2001).
Com base nestes dados intrigantes do estudo de Polastri, Barela e Barela
(2001), o controle postural de idosos necessitava ser examinado de forma mais
cuidadosa. Desta forma, Prioli, Freitas Júnior e Barela (2005) realizaram um
estudo envolvendo idosos ativos e sedentários. Neste caso a tarefa experimental
consistia em ficar em posição ereta dentro da sala móvel, que foi movimentada de
duas formas: 1) movimento contínuo, onde a sala foi movimentada de forma
contínua e oscilatória, na freqüência de 0,2 Hz e 2) movimento discreto, onde a
sala foi movimentada para frente ou para trás. Na situação contínua, os resultados
mostraram que idosos apresentaram maiores valores de coerência e ganho do
que adultos jovens, indicando que o acoplamento entre o movimento da sala e a
oscilação corporal foi mais forte para os idosos do que para adultos jovens, além
disso, idosos foram mais influenciados pela informação visual proveniente da sala
móvel. Na situação discreta, idosos sedentários apresentaram maior
deslocamento corporal, induzido pelo movimento da sala, comparados com idosos
20
ativos e adultos jovens. Ainda, idosos ativos apresentaram maior deslocamento
corporal quando comparados com adultos jovens. Com base nos resultados,
idosos ativos e sedentários não apresentariam problemas, pelo menos no caso da
sala móvel, em detectar a informação sensorial manipulada, tendo em vista que
em ambas as situações em que a sala foi movimentada, eles sofreram influência
da informação visual manipulada. Entretanto, tendo em vista que idosos foram
mais influenciados pelo movimento da sala, é possível sugerir que estes
apresentariam problemas no processo de integração sensorial que possibilitaria
discriminar situações de conflito sensorial e, com base na utilização de informação
sensorial mais adequada (relevante), produzir atividade motora apropriada para
alcançar ou manter uma posição corporal desejada. Mais ainda, de acordo com os
resultados da situação discreta, parece que a prática de atividade física minimiza
estas alterações que ocorrem no sistema de controle postural com o
envelhecimento.
Com base nos resultados sobre a performance do sistema de controle
postural em idosos em situações de conflito sensorial, a questão que surge é o
que estaria ocorrendo com o envelhecimento que dificultaria a integração sensorial
e a resolução de conflitos sensoriais? Assim, algumas das principais alterações
que ocorrem com o envelhecimento e que poderiam estar relacionadas a esta
questão serão discutidas a seguir.
2.3. Aspectos Relacionados ao Envelhecimento
21
O envelhecimento é marcado por várias mudanças que são chamadas de
declínios fisiológicos, funcionais, mecânicos, etc. O que pode ser verificado é que,
com o passar dos anos, os seres vivos passam por mudanças orgânicas que os
levam a adotar estratégias diferentes para se adaptar as novas condições deste
organismo. Quando se parte do princípio de que o envelhecimento é apenas o
passar do tempo ou dos anos, parece gico sugerir que um ser vivo começa a
envelhecer a partir do momento em que nasce.
Spirduso (1995) define o envelhecimento como processos que ocorrem no
organismo onde, com o passar do tempo é possível perceber uma perda de
adaptabilidade, ocorrência de danos funcionais e, eventualmente, a morte. Ainda,
afirma esta autora, poucas pessoas morrem em decorrência de estarem velhas.
Na verdade, a maioria morre devido a uma perda da capacidade de resistir aos
fatores estressantes, tanto do organismo, quanto do ambiente (SPIRDUSO, 1995).
Ainda, quando se pensa em envelhecimento não é raro se ouvir que se
trata de uma fase na vida do indivíduo onde o desenvolvimento cessou.
Contudo, se o desenvolvimento é marcante e primordial na infância, que é a fase
onde o indivíduo passa por mudanças relativamente drásticas, no envelhecimento
não seria diferente, tendo em vista que é nesta etapa da vida que o ser humano
tem que se adaptar aos limites do seu corpo. E é esta capacidade de adaptação
que refletirá na independência destes idosos (SANTOS; DANTAS; OLIVEIRA,
2004).
Assim, levando em consideração que o envelhecimento é caracterizado por
mudanças que ocorrem no organismo como um todo, para este estudo faz-se
22
necessário saber quais seriam estas mudanças referentes a performance do
sistema de controle postural e porque, após certa idade, os indivíduos passam a
apresentar performance inferior aos seus pares jovens.
2.3.1. Aspectos Sensoriais
Com o envelhecimento também é possível observar alterações com relação
ao sistema sensorial, que podem trazer conseqüências para o funcionamento do
controle postural. No sistema somatossensorial é possível observar uma
diminuição na capacidade dos receptores articulares em detectar movimentos e
dos fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi em detectar mudanças no
comprimento e na tensão gerada pelos músculos (HURLEY; REES; NEWHAN,
1998; PETRELLA; LATTANZIO; NELSON, 1997).
Com relação ao sistema vestibular é possível verificar uma diminuição no
número de células ciliadas e sua substituição por tecido fibroso, além de um
declínio no número de neurônios vestibulares que levam as informações ao
sistema nervoso central (RAUCH; VELAZQUEZ-VILLASEÑOR; DIMITRI;
MERCHANT, 2001). Ainda é possível verificar uma perda progressiva das células
ciliadas e das fibras nervosas que levam a mudanças no reflexo vestíbulo-ocular
(MAKI e McILOY, 1996).
Com o avanço da idade também é possível perceber uma diminuição da
acuidade visual, ou seja, idosos têm problemas em detectar alvos com contrastes
pequenos ou muito grandes. Além disso, é possível verificar com o
23
envelhecimento uma diminuição no contraste visual (GRENNE; MADDEN, 1987).
Como conseqüência, idosos apresentam certa dificuldade em detectar mudanças
no ambiente, sejam elas pequenas ou grandes. Neste caso, características do
piso, algum desnível ou mesmo a existência de um objeto no caminho, poderiam
trazer problemas para idosos (LORD; SHERRINGTON; MENZ, 2001).
Em estudo realizado por Woollacott, Shumway-Cook e Nashner (1986),
onde o objetivo foi verificar o papel da visão no controle postural de idosos e
adultos jovens, os autores observaram que a informação visual ambiental foi mais
importante para os idosos do que para os jovens, já que estes mantiveram na
condição sem visão o mesmo nível de equilíbrio apresentado na condição com
visão ambiental.
Desta forma, fica evidente que o envelhecimento pode trazer alterações nos
sistemas sensoriais e que estas alterações podem refletir em declínio no
funcionamento do sistema de controle postural. Porém, parece pouco provável
que estas mudanças sensoriais sejam responsável pela instabilidade postural de
idosos. Neste caso, cabe ressaltar outros aspectos que poderiam contribuir neste
sentido.
2.3.2. Aspectos Motores
Com o avanço da idade também é possível observar mudanças no que se
refere às estruturas funcionais do sistema neuromuscular. Estas alterações
incluem uma diminuição nos níveis de força (HÄKKINEN; PASTINEN; KARSIKAS;
24
LINNAMO, 1995), um aumento do tempo para que o sistema neuromuscular leva
para a produção máxima de força (VANDERVOORT, 1992; YOUNG; SKELTON,
1994).
Laughton, Slavin, Katdare et al (2003) examinaram o efeito do
envelhecimento e do índice de quedas na atividade muscular e oscilação corporal.
O que estes autores encontraram foi que idosos, independente do índice de
quedas, apresentaram maior quantidade de oscilação corporal e de atividade
muscular do que adultos jovens. Porém, estes autores afirmam que não ficou claro
se o aumento da atividade muscular é a precursora de maior oscilação corporal,
ou se esta característica da atividade muscular é uma resposta compensatória à
maior oscilação corporal (LAUGHTON, SLAVIN, KATDARE et al, 2003). Portanto,
parece que o aparato muscular pode não ser o maior responsável pelo declínio do
sistema de controle postural, ou seja, estas alterações musculares podem estar
presentes como uma forma de adaptação à outros problemas.
Assim, mesmo na presença de alterações que afetam o sistema de controle
postural, idosos conseguem se adaptar às estas limitações através de uma maior
exigência do sistema muscular. Como salientado anteriormente Berger; Chuzel;
Buisson e Rougier (2005) verificaram que indivíduos idosos desenvolveram uma
nova estratégia caracterizada por mobilização de alta energia muscular para
manter o equilíbrio.
Embora a literatura esteja repleta de estudos que mostram que o idoso
apresenta déficits motores, parece que quando leva-se em consideração o torque
realizado na articulação do tornozelo, esta afirmação não é totalmente válida.
25
Klass, Baudry e Duchateau (2005) realizaram um estudo para verificar a
contribuição dos mecanismos neurais e musculares para a força de idosos, na
execução de contrações musculares isométricas, concêntricas e excêntricas,
comparados com adultos jovens. Os músculos analisados foram os dorsiflexores
do tornozelo. Os resultados deste estudo mostraram déficit de força durante as
contrações concêntricas e isométricas. Porém, quando analisaram a contração
excêntrica, os autores não encontraram diferenças entre adultos e idosos e
sugeriram que idosos são beis para ativar voluntariamente os dorsiflexores do
tornozelo tão eficientemente quanto os adultos jovens.
Seguindo nesta mesma linha de pesquisa, Simoneau, Martin, e Van Hoecke
(2005) realizaram um estudo para comparar o torque voluntário máximo, os
aspectos neurais, a coativação muscular e os parâmetros periféricos dos
dorsiflexores e flexores plantares do tornozelo de homens adultos jovens e idosos.
Em concordância com o estudo relatado anteriormente, estes autores verificaram
que o torque dos dorsiflexores não foi afetado pelo envelhecimento. As alterações
encontradas no torque dos flexores plantares, sugerem estes autores, ocorreram
em decorrência de mudanças com relação ao nível periférico.
O fato de idosos não apresentarem alterações, em termos de torque, na
articulação do tornozelo não é um resultado totalmente inesperado. De fato,
idosos apresentam uma manutenção da performance do sistema muscular quando
considera-se as atividades da vida diária, bem como a manutenção da força usada
em ângulos articulares menores (SPIRDUSO, 1995). Desta forma, quando o idoso
26
necessita apenas manter a postura em pé, é provável que a articulação do
tornozelo esteja em condições satisfatórias para a manutenção desta postura.
Considerando, portanto, que idosos apresentam alterações no sistema
motor, mas que os estudos ainda não mostram de forma satisfatória que estas
alterações seriam causa principal de um declínio no sistema de controle postural,
será que idosos realmente mantêm uma certa capacidade motora, porém
necessitam de um tempo maior para que a atividade muscular possa trazer
resultados satisfatórios?
2.3.3. Lentidão
Com o envelhecimento, o que pode ser verificado é uma alteração com
relação à condução de impulsos nervosos, que se caracteriza por uma diminuição
na velocidade de transmissão do impulso nervoso nos neurônios sensoriais e
motores, tanto no sistema nervoso periférico, quanto no sistema nervoso central
(DORFMAN; BOSLEY, 1979). A degeneração dos axônios, diminuição no número
e da intensidade das fibras nervosas e o aumento da presença de tecido conectivo
poderiam ser as causas desta diminuição da velocidade de transmissão de
impulsos. Nos neurônios da medula espinhal, as causas seriam a degeneração e
a desmielinização dos axônios que ocorrem em função da idade (DORFMAN;
BOSLEY, 1979).
Com o envelhecimento também podem ser verificadas mudanças
estruturais no sistema nervoso central, como perda significativa de neurônios, de
27
dendritos e redução no número de ramificações nervosas que prejudicam a
comunicação entre as células nervosas. Além disso, também ocorre uma
diminuição do metabolismo cerebral, redução da perfusão cerebral e alteração no
metabolismo dos neurotransmissores (MAKI; MCILROY, 1996). Estes fatores
provocam maior lentidão nas respostas a quaisquer tipos de estímulos. Segundo
Spirduso (1995), idosos apresentam um maior tempo de reação (TR) comparado
aos adultos jovens e este tempo de reação tem um aumento muito maior quando a
tarefa envolve um maior processamento de informação (TR de escolha e TR
discriminativo).
Alguns estudos recentes têm apontado para alterações com o passar da
idade no que se refere ao tempo de resposta (tempo de reação (TR) e tempo de
movimento (TM)). Como por exemplo, Lajoie e Gallagher (2004) realizaram um
estudo para analisar, dentre outras medidas, o tempo de reação simples de idosos
para então determinar um modelo efetivo de prevenção de quedas. Para isto, 45
idosos que caiam e 80 idosos que não caiam realizaram as tarefas experimentais.
Dentre os vários testes, para medir o tempo de reação os pesquisadores
instruíram os participantes a responderem verbalmente, o quanto antes possível, à
um estímulo sonoro que foi apresentado enquanto eles mantinham a postura em
pé, o mais estável possível, em uma plataforma de força. O que estes autores
encontraram foi que idosos que não caiam apresentaram um tempo de reação
significativamente menor do que aqueles que caiam. Ainda, realizaram uma
análise que permitiu predizer a probabilidade de quedas em função do tempo de
28
reação e concluíram que, pelo fato do tempo de reação aumentar com a idade, o
idoso não tem tempo suficiente para reagir e prevenir a queda.
Marsh e Geel (2000) utilizaram-se do paradigma da “tarefa dupla” para
verificar a demanda atencional no controle postural durante a postura quieta de
idosas e adultas jovens. A tarefa primária consistia em manter a postura quieta
com perturbação da visão e/ou propriocepção do tornozelo. A tarefa secundária
envolvia, além da manutenção da postura, o tempo de reação verbal a um
determinado estímulo. Os resultados mostraram que idosas apresentaram um
tempo de reação verbal mais lento do que adultas jovens e esta lentidão
aumentou conforme a postura foi mais perturbada. Os autores sugerem que estes
dados podem implicar em um maior risco de quedas para idosas, principalmente
quando estas estão realizando uma tarefa adicional.
Ainda, é possível verificar diferenças e compensações no tempo de
resposta de idosos em tarefas cotidianas. Por exemplo, Nishida (1999) examinou
as características do dirigir de motoristas jovens e idosos que perseguiam outro
veículo, utilizando a velocidade do veículo, tempo de progresso, operação dos
pedais de freio e aceleração e condições de tráfico da estrada. Foram analisados
o tempo de reação, o tempo de progresso e o tempo de freio no caso do motorista
ter a reação de frear em virtude de um veículo que está a sua frente. Os
resultados mostraram que o tempo de reação de idosos foi maior que de jovens,
porém, a velocidade de idosos foi mais baixa e o tempo de progresso foi maior
para compensar o maior tempo de reação.
29
Estudos também vêm sendo realizados para verificar o tempo de resposta
em idosos que apresentam alguma patologia. Gordon, Yu, Qualls et al. (2004)
realizaram um estudo para verificar se ocorria alteração da performance motora de
pacientes pankinsonianos que recebiam implante de células embrionárias e
aqueles que não recebiam. Para isto, estes autores usaram como medidas o
tempo de reação e o tempo de movimento. Os resultados mostraram que a
diferença nos resultados médios do TR + TM foi significativamente diferente entre
os grupos e que esta diferença foi ainda maior em pacientes com 60 anos ou
mais, ocorrendo maior deterioração nos pacientes que não receberam o implante.
A partir deste estudo é possível verificar que, o idoso portador da doença de
Parkinson ainda sofre maior declínio de sua performance motora no que se refere
ao tempo de resposta, do que pessoas com menos de 60 anos, mas que este
declínio pode ser amenizado através de técnicas cirúrgicas.
Tendo em vista estes estudos, é possível concluir que as várias alterações
que ocorrem com o envelhecimento, como por exemplo: perda significativa de
neurônios, de dendritos e redução no número de ramificações nervosas,
diminuição na velocidade de transmissão do impulso nervoso nos neurônios
sensoriais e motores, diminuição do metabolismo cerebral, etc., fazem com que
idosos fiquem mais lentos com o passar do tempo e, esta lentidão pode trazer
conseqüências graves como maior incidência de quedas e performance inferior do
funcionamento do sistema de controle postural.
30
2.3.4. Discriminação das Informações Sensoriais
Na literatura, poucos estudos abordam esta questão de discriminação de
informação sensorial em população idosa. No estudo de Era, Jokela, Suominen e
Heikkinen (1986) foi verificado o limiar de vibração tátil em homens de diferentes
idades (31-35, 51-55 e 71-75 anos). Neste estudo, a vibração foi aplicada sobre a
pele do maléolo interno do tornozelo, em três freqüências (50Hz, 100Hz e 250Hz).
Os participantes ficavam sentados recebendo a estimulação tátil e tinham que
reportar imediatamente após sentirem a vibração pela primeira vez. Basicamente
o que estes autores encontraram foi que, o limiar de vibração tátil foi menor em
todos os grupos na freqüência de 100Hz e maior na freqüência de 250Hz. Ainda, o
limiar de vibração foi maior nos grupos mais velhos, nas três freqüências de
estímulo. Este último resultado, os autores justificam pelo fato de que indivíduos
mais velhos apresentam mudanças degenerativas nos mecanoreceptores,
diminuição das fibras aferentes e neuropatias que levam à uma diminuição da
velocidade de condução de impulsos nervosos pelas fibras musculares (ERA;
JOKELA; SUOMINEN; HEIKKINEN, 1986). Neste caso, é possível inferir que
idosos precisaram de um tempo maior para discriminar a informação de vibração
do maléolo e verbalizar este estímulo.
Em uma situação de conflito sensorial, é imprescindível que o sistema de
controle postural discrimine a informação conflitante para que então seja realizada
a ação motora mais adequada. No estudo de Prioli, Freitas Júnior e Barela (2005)
31
o que pode ser verificado é que na situação de movimentação discreta da sala
móvel, idosos sedentários tiveram dificuldade em resolver a situação conflitante.
Neste caso, quando a sala se aproxima do participante ocorre a primeira situação
de conflito sensorial. A informação visual fornecida pela sala induz o sistema de
controle postural a interpretar erroneamente que está ocorrendo um deslocamento
corporal para frente, embora as demais informações indiquem que o corpo não
está se deslocando. Predominando a influência da informação visual, o indivíduo
passa a deslocar-se para trás, no mesmo sentido de movimentação da sala. Após
o início do deslocamento na mesma direção que a sala móvel, ocorre uma
manutenção da expansão da imagem na retina e, portanto, considerando apenas
a informação visual, uma interpretação errônea de que não qualquer
deslocamento corporal. Porém, com base nas informações vestibulares e
somatossensoriais, é possível concluir corretamente que o corpo es em
deslocamento para trás, caracterizando uma segunda situação de conflito
sensorial, já que estas informações (vestibulares e somatossensoriais) se
contradizem com a informação visual. Agora, o sistema de controle postural deve
ser capaz de distinguir esta discrepância entre as informações sensoriais para
interromper o movimento corporal, revertendo o deslocamento para frente e
estabilizando novamente a postura.
Porém, como apontado neste estudo de Prioli, Freitas Júnior e Barela
(2005), idosos sedentários apresentaram maior deslocamento corporal na situação
de movimentação discreta da sala móvel. Os autores sugerem que as causas
deste maior deslocamento podem ser: [1] no caso da segunda situação de conflito
32
sensorial descrita anteriormente, a magnitude da discrepância entre o estímulo
visual (indicando erroneamente que não está ocorrendo oscilação corporal) e os
estímulos provenientes dos sistemas somatossensorial e vestibular (indicando
corretamente que está ocorrendo oscilação corporal), não é suficientemente
grande para que idosos consigam resolver a situação conflitante logo no início do
conflito, necessitando que a discrepância entre as informações divergentes venha
a ficar maior, ou [2] a magnitude da discrepância entre as informações sensoriais
é suficiente logo no início de ocorrência da mesma, porém, idosos necessitam de
um tempo maior para processar todas as informações, presentes nesta situação, e
resolver a situação conflitante, provocando assim um atraso para que a oscilação
corporal seja revertida. Neste caso, o deslocamento corporal é maior quando
comparado com adultos jovens.
2.4. Questões
A partir desta revisão de literatura, fica evidente que idosos apresentam
diversas alterações que culminam no declínio da performance do sistema de
controle postural. E que, quando se considera estudos baseados no paradigma da
sala móvel, idosos são mais influenciados pela situação de conflito sensorial e,
portanto, apresentam maior deslocamento corporal. Considerando que este
deslocamento aparentemente não é resultado de um déficit motor, que idosos
apresentam a capacidade de gerar torque suficiente na articulação do tornozelo
para bloquear esta oscilação, parece correto sugerir então que com o
33
envelhecimento, os indivíduos apresentam dificuldade em integrar e discriminar
apropriadamente as informações sensoriais em situações de conflito sensorial.
Desta forma, a questão que surge frente a estes resultados seria qual ou quais as
possíveis causas desta dificuldade? Seria por decorrência de não conseguirem
inicialmente uma resolução correta da situação conflitante devido a uma
insuficiência na discrepância das informações, ou seria pelo fato de que eles
necessitariam um tempo maior para resolver esta situação de conflito? Este
estudo buscou elucidar melhor estas questões.
34
3.
OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo analisar o acoplamento entre informação
sensorial e ação motora em idosos e adultos jovens, durante a manutenção da
postura em pé. Mais especificamente, este estudo buscou:
Examinar o quão pido idosos e adultos jovens conseguem retornar ao
relacionamento entre informação visual e oscilação corporal em situações em
que ocorre variação inesperada da informação sensorial disponível, durante a
manutenção da postura em pé;
Examinar a capacidade do sistema de controle postural de idosos e adultos
jovens em discriminar uma situação de conflito sensorial, quando ocorre uma
mudança nos parâmetros da informação manipulada, durante a manutenção
da postura em pé.
35
4.
MATERIAIS
E
TODOS
4.1. Participantes
Participaram desde estudo 20 pessoas, de ambos os sexos, com idade
entre 18 e 25 anos, que fizeram parte do grupo dos adultos jovens e 20 pessoas,
de ambos os sexos, com idade entre 60 e 69 anos que fizeram parte do grupo dos
idosos, não envolvidos em qualquer prática regular de atividade física. A
participação de todos esteve condicionada à autorização por escrito, através do
termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 1) devidamente aprovado
pelo Comitê de Ética do Instituto de Biociências, UNESP/RC (Anexo 1), e todos
tiveram plena liberdade de interromper a participação no estudo em qualquer
momento. As Tabelas 1 e 2 apresentam idade, gênero, peso e altura dos
participantes adultos jovens e idosos.
36
Tabela 1: Idade, gênero, peso e altura dos participantes adultos jovens.
participante idade (anos) gênero
peso (kg)
altura(cm)
1 23.4 M 68 176
2 25.7 F 54 157.5
3 22.6 F 47.5 156.5
4 22.16 M 78.5 176.5
5 19.8 M 61 173
6 22.6 F 57.5 166
7 23.6 M 72 169
8 25.16 F 71 165.5
9 20.8 M 60 174
10 20.4 F 55 156
11 20.6 M 75 165
12 25.16 M 74 173
13 25.3 F 54.5 159
14 25.16 F 67.5 166.5
15 19.08 F 73 163
16 20.16 F 62 165
17 20.8 M 74.5 165.5
18 24.4 M 74.5 174
19 22.08 F 63 161.5
20 24.16 F 56.5 155
Média - 22.66 - 64.95 165.87
Desvio Padrão - 2.12 - 8.97 6.92
Tabela 2: Idade, gênero, peso e altura dos participantes idosos.
participante idade (anos) gênero
peso (kg) altura(cm)
1 65.08 F 83 153
2 67.4 F 63 138
3 68.9 M 76 173.5
4 66.16 M 82 161
5 62.7 F 61 155
6 60.3 M 90 173
7 64.6 F 100 160
8 69.08 F 59 159
9 62.9 F 76 163.5
10 60.4 F 77.5 150
11 65.9 M 84.5 169
12 64.4 F 59.5 148
13 67.9 F 80 148
14 66.9 M 77.5 171.5
15 61.9 M 76 163
16 60.2 M 71.5 165
17 61.2 M 48.5 163.5
37
18 65.9 F 68 161
19 64.08 M 64.5 148
20 64.16 F 64.5 151.5
Média - 64.50 - 73.10 158.73
Desvio Padrão - 2.81 - 12.23 9.61
4.2. Procedimentos
Cada participante foi trazido ao Laboratório para Estudos do Movimento
(LEM – Departamento de Educação Física, Instituto de Biociências, UNESP – RC)
e após explicação dos objetivos e procedimentos, assinou o termo de
consentimento para dar início aos procedimentos experimentais. Toda a condição
experimental foi realizada no interior de uma “sala móvel”. Esta sala é constituída
de três paredes e um teto (2,1 x 2,1 x 2,1 metros - altura, largura e comprimento)
montados sobre quatro rodas que deslizam sobre trilhos, possibilitando o
movimento da sala, para frente e para trás, independente do chão (Figura 1). O
movimento desta sala é produzido por um sistema de servo-mecanismo
(Compumotor Apex 6151), controlado pelo programa Motion Architect
(Compumotor Apex 620-MC-NC). A oscilação corporal dos participantes e a
oscilação da sala móvel foram obtidas através de um sistema de análise
tridimensional de movimento (OPTOTRAK - 3020 - Northern Digital, Inc.). Para
que isto fosse possível, um emissor infra-vermelho foi fixado nas costas dos
participantes, entre as escápulas, e um outro emissor, na parte inferior da parede
do fundo da sala. Através destas marcas e do sistema OPTOTRAK, a posição do
38
participante e da sala, nas direções ântero-posterior, médio-lateral e vertical foram
obtidas em uma freqüência de 100 Hz.
Toda a tarefa experimenta foi realizada num único dia. O primeiro
experimento foi realizado antes do segundo experimento, que as características
do segundo experimento permitiriam que os participantes tivessem consciência do
movimento da sala móvel, como pode ser verificado a seguir, mais
detalhadamente. Houve um intervalo de 1 minuto entre os 2 experimentos. O
tempo total de realização de toda a tarefa experimental foi de aproximadamente
20 minutos.
Figura 1: Figura ilustrativa da sala móvel
39
4.3. Experimento 1
No primeiro experimento, os participantes ficaram no interior da sala móvel,
a uma distância de 1 metro da parede frontal, em postura em pé com os braços ao
lado do corpo. A instrução foi para que ficassem relaxados e o mais estável
possível, olhando para um círculo branco com 5 centímetros de diâmetro que foi
afixado na parede da sala, na altura do olhar do participante.
Duas condições experimentais foram criadas: sem perturbação e com
perturbação do estímulo visual. Na condição sem perturbação, a sala foi oscilada
a uma freqüência de 0,4 Hz, com uma velocidade de pico de aproximadamente
0,62 cm/s e uma amplitude de aproximadamente 0,55 cm, durante 60 segundos
em cada tentativa. Na condição com perturbação do estímulo, ocorreu uma
mudança na movimentação da sala na primeira e na segunda metade da tentativa,
caracterizando uma perturbação do estímulo sensorial. Esta perturbação foi
realizada de forma que quando a sala estivesse se deslocando em direção ao
participante, haveria uma quebra do ciclo, mudando a direção em que a sala
estava sendo movimentada para que houvesse o começo de um novo ciclo na
direção oposta. Portanto, este ciclo modificado teve a metade da amplitude de
deslocamento do que os demais.
Esta tarefa experimental permitiu verificar a estabilidade do relacionamento
entre informação visual e oscilação corporal. Assim, após a perturbação, o sistema
de controle postural deveria retornar à sua estabilidade entre informação visual e
oscilação corporal anterior e, desta forma, foi possível verificar se idosos
40
apresentam alguma dificuldade em retomar esta estabilidade. Dificuldade ou
necessidade de um tempo maior para retomar o relacionamento entre informação
sensorial e ação motora comprometeria o funcionamento do controle postural em
idosos em situações reais do dia-a-dia, tendo em vista a necessidade de
resolução da situação de perturbação para a manutenção de postura desejada.
Foram realizadas 3 tentativas sem perturbação e 3 tentativas com
perturbação. Houve um sorteio para definir se a primeira tentativa seria com ou
sem perturbação. Após este sorteio, as tentativas subseqüentes foram
intercaladas, até totalizar 6 tentativas.
4.4. Experimento 2
No segundo experimento, o participante manteve a mesma posição descrita
para o experimento 1. Foram realizadas 8 tentativas, sendo que nas 3 primeiras, a
sala foi movimentada de forma contínua numa freqüência de 0,2 Hz, com
velocidade de pico de 0,6 cm/s e amplitude de aproximadamente 1 cm. Na quarta
tentativa, foi mantida a freqüência de 0,2 Hz, porém a velocidade de pico da sala
foi de 3,5 cm/s e a amplitude de 7 cm. As próximas 3 tentativas (5ª, e
tentativas) foram iguais às 3 primeiras, com freqüência de 0,2 Hz, velocidade de
pico de 0,6 cm/s e amplitude de aproximadamente 1 cm. Finalmente, na última
tentativa, assim como na quarta tentativa, foi mantida também a freqüência de 0,2
Hz, a velocidade de pico da sala de 3,5 cm/s e a amplitude de aproximadamente 7
cm. Desta forma, 4 condições foram criadas no presente experimento: tentativas
41
antes da variação do estímulo, 1 tentativa em que ocorreu variação do estímulo
(durante), tentativas após a variação do estímulo e a última tentativa em que
ocorreu a variação do estímulo.
Assim, que em estudo anterior (PRIOLI; FREITAS JÚNIOR; BARELA,
2005), idosos apresentaram uma dificuldade em resolver a situação de conflito
sensorial numa tarefa experimental, esperou-se verificar se esta dificuldade estaria
relacionada à capacidade do sistema de controle postural em discriminar
alterações no estímulo sensorial. Dados preliminares de adultos indicaram que o
controle postural de adultos jovens, após ser submetido à uma situação de conflito
sensorial similar à proposta do experimento 2 deste estudo, altera a
susceptibilidade à manipulação visual nas tentativas seguintes. Isto indica que o
sistema consegue discriminar a manipulação sensorial e, mais importante, altera a
influência desta informação levando em consideração que a mesma é
incongruente. A dúvida foi verificar se idosos eram capazes de tal discriminação e
alteração de funcionamento do sistema de controle postural.
4.5. Tratamento e Análise dos Dados
As variáveis dependentes para os dois experimentos investigaram o
relacionamento entre a oscilação corporal e o movimento da sala móvel na direção
ântero-posterior. Foram utilizadas quatro medidas: magnitude da coerência ao
quadrado (coerência), ganho, fase relativa e desvio angular. A coerência expressa
a força do relacionamento entre o movimento da sala e a oscilação corporal.
42
Especificamente, coerência é uma medida que permite a verificação da correlação
de dois conjuntos espectrais (neste caso, posição da sala e posição corporal) e é
calculada em uma determinada freqüência
1
. Valores de coerência próximos a 1
indicam que o espectro dos sinais utilizados apresentam componentes similares,
na referida freqüência analisada. Diferentemente, valores próximos de zero,
indicam que o espectro dos sinais utilizados não apresentam componentes
similares, na referida freqüência analisada. Valores entre 1 e zero indicam a
proporcionalidade da similaridade nos componentes espectrais, na freqüência
especificada. O ganho é a razão entre a amplitude do espectro da oscilação
corporal a e amplitude do espectro do movimento da sala. Desta forma, valores do
ganho menores ou maiores do que 1 indicam que a resposta da oscilação corporal
do participante foi menor ou maior que a amplitude do estímulo sensorial,
respectivamente. Tanto a coerência quanto o ganho foram calculados na
freqüência em que a sala foi movimentada (0,4Hz para o primeiro experimento e
0,2Hz para o segundo experimento). A fase relativa foi calculada entre a oscilação
corporal do participante e o movimento da sala, usando os pontos extremos da
posição e da velocidade de cada sinal e foi computada calculando a diferença
temporal entre o ponto extremo da oscilação corporal e um ponto extremo da sala,
1
A magnitude de coerência ao quadrado entre dois sinais, x(n) e y(n) é:
Cxy (
ω
) = |P
xy
(
ω
)|
2
P
xx
(
ω
) P
yy
(
ω
)
O coeficiente Cxy é um número real entre 0 e 1, que mede a correlação entre x(oscilação da sala) e
y(oscilação corporal) na freqüência
ω
. (Kraus, Shure e Little, 1994).
43
dividindo esta diferença temporal pelo período correspondente ao ciclo no qual o
ponto extremo do sinal correspondente à sala foi identificado. O valor desta
divisão foi multiplicado por 360º, para converter os valores para graus, e a média
da fase relativa foi calculada para cada tentativa. Finalmente, o desvio angular
fornece informações sobre a estabilidade da relação temporal verificada através
da fase relativa. O desvio angular corresponde ao desvio padrão da fase relativa.
Além das variáveis apresentadas acima, duas outras variáveis descritivas
foram calculadas: a amplitude média de oscilação, que corresponde à
variabilidade ao redor da média de cada período, sendo calculada obtendo o
desvio padrão após a subtração da dia dos valores e que quantifica a
magnitude de oscilação corporal ao longo da tentativa. A segunda foi a freqüência
média das oscilações posturais que foi calculada obtendo a média dos períodos
de cada ciclo, dentro de uma tentativa, calculando o inverso deste período.
Uma variável adicional foi calculada no experimento 1, com base no estudo
de Dijkstra, Shöner e Gielen (1994), denominada de tempo de relaxamento. Esta
variável foi calculada para verificar o tempo necessário para que o sistema de
controle postural recupere o padrão temporal após a ocorrência de mudança
abrupta do movimento da sala (perturbação). Para o cálculo do tempo de
relaxamento foi definida uma faixa ao redor da média da fase relativa de 1 vez seu
desvio angular para a condição sem perturbação. Após a perturbação, a fase
relativa geralmente sai desta faixa e, então, o tempo de relaxamento foi calculado
ajustando uma função exponencial aos pontos fora da faixa e aos quatro primeiros
pontos dentro da faixa. O tempo de relaxamento de uma tentativa foi a média dos
44
tempos de relaxamento que não foram excluídos em uma tentativa. Todas estas
variáveis foram obtidas utilizando um conjunto de programas computacionais
escritos em MatLab (Math Works, versão 7.0).
4.5.1 Análise Estatística
4.5.1.1. Experimento 1
Três MANOVAS (2x2), tendo como fatores os grupos (jovens e idosos) e as
condições (com e sem perturbação), sendo este último fator tratado como medida
repetida, e uma ANOVA foram utilizadas para a análise estatística do experimento
1. Antes da realização das mesmas, testes de normalidade e de homogeneidade
de variância foram realizados e, quando necessário, os dados foram
transformados de forma que estes dois pressupostos fossem atendidos. Estas
análises permitiram examinar possíveis diferenças entre os grupos e entre as
condições que apresentaram ou não perturbação. A primeira MANOVA teve como
variáveis dependentes a coerência e o ganho. A segunda teve como variáveis
dependentes a fase relativa e o desvio angular. A terceira teve como variáveis
dependentes a amplitude média e a freqüência média de oscilação. A ANOVA
teve como variável dependente o tempo de relaxamento. No caso das MANOVAs,
quando apropriado, testes univariados foram utilizados. As análises foram
realizadas utilizando o programa SPSS e o nível de significância foi mantido em
0,05.
45
4.5.1.2. Experimento 2
Três MANOVAs (2 x 4), tendo como fatores os 2 grupos e as 4 condições
(antes, durante, após e a última tentativa que ocorreu variação do estímulo),
sendo este último fator tratado como medida repetida, foram utilizadas para a
análise estatística do experimento 2. No caso das condições, foi utilizada para
análise estatística a média das variáveis das 3 primeiras tentativas (antes), os
valores para a quarta tentativa, quando a sala foi movimentada com maior
velocidade e amplitude (durante), a dia das variáveis das 3 tentativas (após) e
o valor da última tentativa que houve variação do estímulo. Antes da realização
das mesmas, testes de normalidade e de homogeneidade de variância foram
realizados e, quando necessário, os dados foram transformados de forma que
estes dois pressupostos fossem atendidos. A primeira MANOVA teve como
variáveis dependentes a coerência e o ganho. A segunda teve como variáveis
dependentes a fase relativa e o desvio angular. A terceira teve como variáveis
dependentes a amplitude média e a freqüência média de oscilação. Quando
apropriado, testes univariados e post hoc de Tukey com ajustes de Bonferroni
foram utilizados. As análises foram realizadas utilizando o programa SPSS e o
nível de significância foi mantido em 0,05.
46
5.
RESULTADOS
5.1. Experimento 1
Neste primeiro experimento foi possível verificar que a manipulação da
informação visual decorrente da sala móvel induziu oscilação corporal, tanto nos
participantes jovens, quanto nos participantes idosos, na freqüência em que a sala
oscilou (0,4Hz), mesmo esta não sendo a freqüência preferencial de oscilação
corporal. Ainda, foi possível verificar este mesmo comportamento nas tentativas
sem perturbação e com perturbação. A Figura 2 apresenta a oscilação da sala e
exemplos da oscilação corporal de um participante adulto jovem e de um idoso em
uma tentativa que não ocorreu a perturbação. Como pode ser verificado, a
oscilação corporal dos participantes acompanha a oscilação da sala ao longo de
toda a tentativa (Figura 2a e 2d). Ainda, pode ser também observado que a
análise espectral (Figura 2c e 2f) revelou um pico para a oscilação corporal ao
redor da freqüência de 0,4Hz, indicando a predominância da oscilação corporal
47
nesta freqüência. A Figura 3 apresenta as mesmas informações para um
participante jovem e um idoso, referente a uma tentativa em que ocorreu a
perturbação.
48
Figura 2: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com movimentação
continua da sala na freqüência de 0,4Hz, onde não ocorreu perturbação. O painel (a)
apresenta a oscilação da sala e a oscilação corporal do adulto jovem durante a tentativa,
o painel (b) apresenta a fase relativa (baseada na posição e velocidade) entre o
movimento da sala e a oscilação corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o
painel (c) apresenta o espectro do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto
jovem. Os painéis (d), (e) e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa
realizada com um idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na
direção antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção antero-posterior.
49
Figura 3: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com movimentação
continua da sala na freqüência de 0,4Hz, onde ocorreu perturbação. O painel (a)
apresenta a oscilação da sala e a oscilação corporal do adulto jovem durante a tentativa,
o painel (b) apresenta a fase relativa (baseada na posição e velocidade) entre o
movimento da sala e a oscilação corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o
painel (c) apresenta o espectro do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto
jovem. Os painéis (d), (e) e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa
realizada com um idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na
direção antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção antero-posterior.
5.1.1. Comparação das tentativas com e sem perturbação
Quando foram comparadas as condições com e sem perturbação foi
possível verificar que todos os participantes apresentaram maior amplitude média
de oscilação nas tentativas sem perturbação. Ainda, ambos os grupos
apresentaram freqüência média de oscilação por volta de 0,4Hz. A Figura 4
apresenta os valores da amplitude média de oscilação e da freqüência média de
oscilação para adultos jovens e idosos, nas tentativas com e sem perturbação.
50
MANOVA não revelou diferença significante para o fator grupo, Wilk’s
Lambda=0,938, F(2,37)=1,222, p>0,05, e para a interação condição e grupo,
Wilk’s Lambda=0,854, F(2,37)=3,175, p>0,05. Porém, revelou diferença para o
fator condição, Wilk’s Lambda=0,814, F(2,37)=4,240, p<0,05. Alises univariadas
revelaram diferença apenas para a variável amplitude média de oscilação,
F(1,38)=8,275, p<0,01.
a)
Amplitudedia de Oscilão (cm)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
Frequência Média de Oscilão (Hz)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Jovens Idosos
Jovens Idosos
b)
Sem Perturbação
Com Perturbação
Figura 4: Amplitude média de oscilação corporal (a) e freqüência média de oscilação corporal (b)
na direção ântero-posterior de adultos jovens e idosos durante a manutenção da postura
em pé com a movimentação da sala, nas tentativas com perturbação e sem perturbação.
Idosos apresentaram um acoplamento mais forte entre informação visual e
oscilação corporal quando comparados aos adultos jovens. Além disso, tanto
51
idosos, quanto adultos jovens, apresentaram um acoplamento mais forte nas
tentativas sem perturbação, como pode ser verificado nos valores de coerência. A
influência da informação visual fornecida pela sala móvel foi semelhante para
jovens e idosos. A Figura 5 apresenta os valores de coerência e ganho para
jovens e idosos, nas tentativas com e sem perturbação. MANOVA não revelou
diferença significante para a interação condição e grupo, Wilk’s Lambda=0,999,
F(2,37)=0,025, p>0,05. Porém revelou diferença para o fator grupo, Wilk’s
Lambda=0,809, F(2,37)=4,364, p<0,05, e para o fator condição, Wilk’s
Lambda=0,693, F(2,37)=8,208, p<0,01. Análises univariadas para o fator grupo
revelaram diferença apenas para a variável coerência, F(1,38)=7,092, p<0,05.
Para o fator condição, as análises univariadas também revelaram diferença
apenas para a coerência, F(1,38)=15,720, p<0,001.
52
a)
Coencia
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Ganho
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Jovens Idosos
Jovens Idosos
b)
Sem Perturbação
Com Perturbação
Figura 5: Coerência (a) e ganho (b) na direção ântero-posterior de adultos jovens e idosos durante
a manutenção da postura em pé com a movimentação da sala, nas tentativas com
perturbação e sem perturbação.
Participantes de ambos os grupos apresentaram um maior atraso temporal
nas tentativas com perturbação, quando comparados com as tentativas sem
perturbação, como pode ser verificado nos valores de fase relativa. Os valores de
desvio angular foram semelhantes entre os grupos nas tentativas com e sem
perturbação. A Figura 6 apresenta os valores da fase relativa e do desvio angular
entre o movimento da sala e a oscilação corporal para os dois grupos. MANOVA
não revelou diferença significante para o fator grupo, Wilk’s Lambda=0,965,
F(2,37)=0,667, p>0,05, e para a interação entre condição e grupo, Wilk’s
Lambda=0,961, F(2,37)=0, 742, p>0,05. Porém, revelou diferença para o fator
53
condição, Wilk’s Lambda=0,458, F(2,37)=21,897, p<0,001. Análises univariadas
revelaram diferença apenas para a variável fase relativa, F(1,38)=44,802, p<0,001.
a)
Fase Relativa (graus)
-100
-80
-60
-40
-20
0
Desvio Angular (graus)
0
10
20
30
40
50
60
Jovens Idosos
Jovens Idosos
b)
Sem Perturbação
Com Perturbação
Figura 6: Fase relativa (a) e desvio angular (b) na direção ântero-posterior de adultos jovens e
idosos durante a manutenção da postura em pé com a movimentação da sala, nas
tentativas com perturbação e sem perturbação.
5.1.2. Tempo de Relaxamento
Jovens e idosos apresentaram valores semelhantes do tempo de
relaxamento. A Figura 7 apresenta os valores do tempo de relaxamento para os
dois grupos. ANOVA não revelou diferença para o fator grupo, F(1,20)=1,826,
p>0,05.
54
Tempo de Relaxamento (seg)
0
1
2
3
4
5
6
Jovens Idosos
Figura 7: Tempo de relaxamento de adultos jovens e idosos durante a manutenção da postura em
pé com a movimentação da sala, nas tentativas com perturbação.
5.2. Experimento 2
Da mesma forma que ocorreu no experimento 1, no experimento 2, a
informação visual proveniente da sala móvel também induziu oscilação corporal
correspondente nos participantes, na freqüência em que a sala foi oscilada
(0,2Hz). Mais interessante é que esta indução ocorreu tanto nas tentativas onde a
sala foi movimentada com velocidade de pico de 0,6 cm/s, quanto nas tentativas
onde a velocidade de pico foi de 3,5 cm/s. A Figura 8 apresenta a oscilação da
sala e exemplos da oscilação corporal de um participante adulto jovem e de um
idoso em uma tentativa antes da variação do estímulo, com velocidade de pico de
0,6 cm/s. Como pode ser verificado, a oscilação corporal dos participantes
acompanha a oscilação da sala ao longo de toda a tentativa (Figura 8a e 8d).
Ainda, pode ser também observado que a análise espectral (Figura 8c e 8f)
revelou um pico para a oscilação corporal ao redor da freqüência de 0,2Hz,
55
freqüência em que a sala oscilou. A Figura 9 apresenta as mesmas informações
para um participante jovem e um idoso, referente a uma tentativa em que ocorreu
a variação do estímulo, ou seja, a sala foi movimentada com velocidade de pico de
3,5 cm/s e, neste exemplo, não é possível verificar de forma tão clara o pico da
análise espectral do participante por volta de 0,2Hz. A Figura 10 também
apresenta as mesmas informações, mas referente a um exemplo de tentativa que
ocorreu após a variação do estímulo, com velocidade de pico de 0,6 cm/s. E
finalmente, a Figura 11 apresenta as mesmas informações para um exemplo da
última tentativa, em que ocorreu a variação do estímulo novamente, portanto, a
sala foi movimentada numa velocidade de 3,5 cm/s e, neste caso, também não é
possível verificar de forma clara o pico da análise espectral do participante.
56
Figura 8: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com movimentação
continua da sala na freqüência de 0,2Hz, antes de ocorrer variação do estímulo e a sala
foi movimentada com velocidade de pico de 0,6 cm/s. O painel (a) apresenta a oscilação
da sala e a oscilação corporal do adulto jovem durante a tentativa, o painel (b) apresenta
a fase relativa (baseada na posição e velocidade) entre o movimento da sala e a
oscilação corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c) apresenta o
espectro do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem. Os painéis (d),
(e) e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa realizada com um idoso.
Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção antero-posterior e
OCap é a oscilação corporal na direção antero-posterior.
57
Figura 9: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com movimentação
continua da sala na freqüência de 0,2Hz, onde ocorreu variação do estímulo e a sala foi
movimentada com velocidade de pico de 3,5 cm/s. O painel (a) apresenta a oscilação da
sala e a oscilação corporal do adulto jovem durante a tentativa, o painel (b) apresenta a
fase relativa (baseada na posição e velocidade) entre o movimento da sala e a oscilação
58
corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c) apresenta o espectro
do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem. Os painéis (d), (e) e (f)
apresentam as mesmas informações para uma tentativa realizada com um idoso. Nota:
na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na direção antero-posterior e OCap é
a oscilação corporal na direção antero-posterior.
59
Figura 10: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com movimentação
continua da sala na freqüência de 0,2Hz, após ocorrer variação do estímulo e a sala foi
movimentada com velocidade de pico de 0,6 cm/s. O painel (a) apresenta a oscilação
da sala e a oscilação corporal do adulto jovem durante a tentativa, o painel (b)
apresenta a fase relativa (baseada na posição e velocidade) entre o movimento da
sala e a oscilação corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c)
apresenta o espectro do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem.
Os painéis (d), (e) e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa
realizada com um idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na
direção antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção antero-posterior.
60
Figura 11: Exemplo de uma tentativa de um adulto jovem e de um idoso com movimentação
continua da sala na freqüência de 0,2Hz, onde ocorreu variação do estímulo e a sala
foi movimentada com velocidade de pico de 3,5 cm/s. O painel (a) apresenta a
oscilação da sala e a oscilação corporal do adulto jovem durante a tentativa, o painel
(b) apresenta a fase relativa (baseada na posição e velocidade) entre o movimento da
sala e a oscilação corporal na direção ântero-posterior do adulto jovem, o painel (c)
61
apresenta o espectro do movimento da sala e da oscilação corporal do adulto jovem.
Os painéis (d), (e) e (f) apresentam as mesmas informações para uma tentativa
realizada com um idoso. Nota: na legenda SMap é a movimentação da sala móvel na
direção antero-posterior e OCap é a oscilação corporal na direção antero-posterior.
Idosos e adultos jovens apresentaram valores semelhantes com relação à
amplitude média de oscilação nas quatro condições de estímulo (antes, durante,
após e última). Ainda, apresentaram uma freqüência de oscilação próxima a
oscilação da sala móvel, ou seja, 0,2Hz. Porém, foi possível verificar que a
amplitude média de oscilação foi diferente nas quatro condições. A Figura 12
apresenta os valores da amplitude média de oscilação e da freqüência média de
oscilação para adultos jovens e idosos, nas tentativas antes, durante e após a
variação do estímulo e a última tentativa com variação do estímulo. MANOVA não
revelou diferença significante para o fator grupo, Wilk’s Lambda=0,951,
F(2,35)=0,903, p>0,05, e para a interação entre grupo e condição, Wilk’s
Lambda=0,821, F(6,31)=1, 126, p>0,05. Porém, revelou diferença para o fator
condição, Wilk’s Lambda=0,450, F(6,31)=6,306, p<0,001. Análises univariadas
revelaram diferença apenas para a variável amplitude média de oscilação,
F(3,108)=16,515, p<0,001. Teste post hoc revelaram que a amplitude média de
oscilação antes do estímulo foi menor do que durante a variação do estímulo.
Ainda, que a amplitude foi maior durante a variação do que após. E finalmente,
que a amplitude foi maior na última tentativa do que nas tentativas logo após o
estímulo.
62
a)
b)
Amplitude Média de Oscilão (cm)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
Antes ApósDurante Última
Frequência Média de Oscilação (Hz)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
Antes ApósDurante Última
Jovens
Idosos
Figura 12: Amplitude média de oscilação corporal (a) e freqüência média de oscilação corporal (b)
na direção ântero-posterior de adultos jovens e idosos durante a manutenção da postura
em com a movimentação da sala, nas tentativas antes (0,6 cm/s), durante (3,5 cm/s)
e após (0,6 cm/s) a variação do estímulo e a última tentativa com variação do estímulo
(3,5 cm/s).
Idosos e adultos jovens apresentaram acoplamento semelhante entre
informação sensorial e ação motora durante as quatro condições. Ainda, a
influência da informação visual foi similar para os grupos. Entretanto, o
acoplamento e a influência da sala foram diferentes com relação às condições. A
Figura 13 apresenta os valores de coerência e ganho para jovens e idosos, nas
tentativas antes, durante e após a variação do estímulo e a última tentativa com
variação do estímulo. MANOVA não revelou diferença significante para o fator
grupo, Wilk’s Lambda=0,989, F(2,35)=0,191, p>0,05, e para a interação entre
63
grupo e condição, Wilk’s Lambda=0,725, F(6,31)=1,959, p>0,05. Porém, revelou
diferença para o fator condição, Wilk’s Lambda=0,286, F(6,31)=12,896, p<0,001.
Análises univariadas revelaram diferença para coerência, F(3,108)=32,288,
p<0,001, e para ganho, F(3,108)=18,496, p<0,001. Testes post hoc realizados
para coerência revelaram que o acoplamento foi mais forte antes da variação do
estímulo do que durante. Ainda, que o acoplamento foi mais forte antes do que
após a variação do estímulo. O acoplamento foi ainda, mais forte antes da
variação do estímulo do que na última tentativa. O acoplamento foi mais fraco
durante do que após a variação do estímulo. E finalmente, o acoplamento foi mais
forte após o estímulo do que na última tentativa. Testes post hoc realizados para o
ganho revelaram que a influência da sala móvel foi maior antes do que durante a
variação do estímulo. Ainda, que a influência foi maior antes do que na última
tentativa que ocorreu a variação do estímulo. A influência foi menor durante do
que após a variação do estímulo. E finalmente, a influência foi maior após a
variação do estímulo do que na última tentativa.
64
Coencia
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Antes ApósDurante Última
Ganho
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Antes ApósDurante Última
Jovens
Idosos
a)
b)
Figura 13: Coerência (a) e ganho (b) na direção ântero-posterior de adultos jovens e idosos
durante a manutenção da postura em com a movimentação da sala, nas tentativas
antes (0,6 cm/s), durante (3,5 cm/s) e após (0,6 cm/s) a variação do estímulo e a
última tentativa com variação do estímulo (3,5 cm/s).
Os participantes também apresentaram valores semelhantes de fase
relativa e desvio angular, porém, foi possível verificar diferenças de acordo com as
condições. A Figura 14 apresenta os valores de fase relativa e desvio angular para
jovens e idosos, nas tentativas antes, durante e após a variação do estímulo e a
última tentativa com variação do estímulo. MANOVA não revelou diferença
significante para o fator grupo, Wilk’s Lambda=0,951, F(2,35)=0,910, p>0,05, e
para a interação entre grupo e condição, Wilk’s Lambda=0,805, F(6,31)=1,255,
p>0,05. Porém, revelou diferença para o fator condição, Wilk’s Lambda=0,330,
F(6,31)=10,495, p<0,001. Análises univariadas revelaram diferença para fase
65
relativa, F(3,108)=5,715, p<0,005, e para desvio angular, F(3,108)=16,442,
p<0,001. Apesar de ter sido apontada diferença na análise univariada, testes post
hoc para a variável fase relativa não revelaram diferenças entre as condições.
Testes post hoc para a variável desvio angular revelaram que o relacionamento
temporal entre a oscilação corporal e a informação visual fornecida pela sala
móvel foi mais estável antes do que durante a variação do estímulo. Ainda, que o
relacionamento temporal foi mais estável antes do que após a variação do
estímulo. E finalmente, o relacionamento temporal foi mais estável antes do que
na última tentativa em que houve a variação do estímulo.
Fase Relativa (graus)
-100
-50
0
50
100
Antes ApósDurante Última
Desvio Angular (graus)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Antes ApósDurante Última
Jovens
Idosos
a)
b)
Figura 14: Fase relativa (a) e desvio angular (b) na direção ântero-posterior de adultos jovens e
idosos durante a manutenção da postura em com a movimentação da sala, nas
tentativas antes (0,6 cm/s), durante (3,5 cm/s) e após (0,6 cm/s) a variação do estímulo
e a última tentativa com variação do estímulo (3,5 cm/s).
66
6.
DISCUSSÃO
A partir da realização deste estudo, foi possível observar diversos aspectos
referentes ao relacionamento entre informação visual e oscilação corporal em
idosos e adultos jovens e, principalmente, com relação ao funcionamento do
sistema de controle postural de idosos. Inicialmente, ficou evidente que em ambos
os experimentos, a informação visual proveniente da sala móvel induziu oscilação
corporal em todos os participantes, independente da freqüência em que a sala
estava sendo movimentada e da variação do estímulo sensorial. Além disso,
idosos apresentam um acoplamento mais forte entre informação visual e oscilação
corporal quando comparados aos adultos jovens. Ainda, idosos e adultos jovens
apresentam a mesma estabilidade temporal entre informação visual e oscilação
corporal após a ocorrência de uma perturbação. E finalmente, idosos são
sensíveis à variação do estímulo sensorial e, mais interessante, após a ocorrência
desta variação, o sistema de controle postural desta população se adapta, assim
como ocorre com adultos jovens.
67
A indução de oscilação corporal correspondente quando idosos, bem como
em outras populações, são expostos à situação da sala móvel, não é um resultado
novo. Vários outros estudos têm verificado este fenômeno em bebês (BARELA;
GODOI; FREITAS JÚNIOR; POLASTRI, 2000; BERTHENTAL; ROSE; BAI, 1997),
crianças (LEE; ARONSO, 1974), adultos (LISHMAN; LEE, 1973) e idosos
(POLASTRI; BARELA; BARELA, 2001; PRIOLI; FREITAS JÚNIOR; BARELA,
2005; WADE; LINDQUIST; TAYLOR; TREAT-JACOBSON, 1995). Inclusive,
alguns estudos têm verificado a influência da sala móvel quando esta é
movimentada de forma contínua (POLASTRI; BARELA; BARELA, 2001; PRIOLI;
FREITAS JÚNIOR; BARELA, 2005) e discreta (PRIOLI; FREITAS JÚNIOR;
BARELA, 2005; WADE; LINDQUIST; TAYLOR; TREAT-JACOBSON, 1995). O
mais interessante é que, embora alguns estudos apontem declínios nos sistemas
sensoriais de idosos, em específico, a visão (HURLEY; REES; NEWHAN, 1998;
GRENNE; MADDEN, 1987; PETRELLA; LATTANZIO; NELSON, 1997; RAUCH;
VELAZQUEZ-VILLASEÑOR; DIMITRI; MERCHANT, 2001), estes indivíduos ainda
são influenciados pela informação visual fornecida pela sala móvel. Em outras
palavras, os déficits nos sistemas sensoriais não foram suficientes para impedir a
influência da sala móvel e o relacionamento entre informação visual e oscilação
corporal para os indivíduos idosos.
Além de serem influenciados, idosos apresentaram um acoplamento mais
forte entre informação visual e oscilação corporal quando comparados aos adultos
jovens. Este acoplamento mais forte pode ser resultado de uma dificuldade, que
idosos apresentam, em utilizar de forma apropriada e precisa as informações
68
sensoriais disponíveis quando submetidos à situação da sala móvel. A situação
ilusória criada pela sala faz com que o sistema de controle postural tenha que
receber as informações sensoriais e com base nestas informações, escolher a
ação motora mais apropriada, porém, parece que o controle postural de idosos
apresenta uma dificuldade em resolver esta situação de conflito sensorial e,
portanto, produzir uma ação motora coerente com base nas informações
disponíveis.
Patla, Prentice e Gobbi (1996) sugeriram que as informações sensoriais e o
sistema efetor poderiam ser comparados a pedaços de um quebra-cabeça. Então,
haveria uma peça para cada uma das partes, ou seja, para as informações visuais
(exteroceptivas e exproprioceptivas), para as informações cinestésicas, para as
propriedades do sistema efetor e para a dinâmica intersegmentar. Durante o
desenvolvimento, estas peças são modeladas e unidas. Porém, com o
envelhecimento ocorrem “rachaduras” ou “fendas” entre as conexões das peças
deste quebra-cabeça. Desta forma, parece que o que ocorre é que, adultos jovens
apresentam esta conexão entre as peças muito bem definida e, assim, ao serem
submetidos à situação da sala móvel, a informação visual que aparece
evidenciada se combina com as outras informações e o sistema de controle
postural apresenta um acoplamento da informação visual e da oscilação corporal.
Por outro lado, com idosos, como esta conexão não está muito bem ajustada
(PATLA; PRENTICE; GOBBI, 1996), parece que a informação visual manipulada
acaba sobrepondo ainda mais as outras informações sensoriais disponíveis, o que
resulta num acoplamento entre informação visual e oscilação corporal mais forte
69
em idosos quando comparado com o acoplamento observado para adultos jovens.
Esta também poderia ser uma explicação para os resultados que indicam que
idosos oscilam mais que adultos jovens (COLLEDGE; CANTLEY; PEASTON;
BRASH; LEWIS; WILSON, 1994, FERRAZ; BARELA; PELLEGRINI, 2001;
McCLEMAGHAN; WILLIAMS; DICKERSON; DOWDA; THOMBS; ELEAZER,
1996). Assim, se o controle postural de idosos apresenta uma dificuldade em
trabalhar com as informações sensoriais, mesmo numa situação onde não há uma
demanda evidente da tarefa, idosos oscilariam mais quando comparados aos
adultos jovens.
Recentemente, Oie, Kiemel e Jeka (2002) sugeriram que o sistema de
controle postural é capaz de “re-pesar” as informações sensoriais disponíveis, no
sentido de melhorar o controle da postura, em ambientes onde uma alteração
de alguma informação sensorial. Com os idosos, o que pode estar ocorrendo é
que, ao serem submetidos à situação da sala móvel, como o relacionamento entre
as informações sensoriais apresenta este problema de ajuste, a informação visual
manipulada passa a ter um peso sensorial muito superior às outras informações
(vestibular e somatossensorial) quando comparado com o mesmo fenômeno em
adultos jovens, e assim, idosos apresentam um acoplamento mais forte entre
informação visual e ação motora. Ainda, este peso maior dado à informação
visual, pode fazer com que idosos sejam mais influenciados pela situação da sala
móvel, principalmente quando a dificuldade da tarefa é maior (PRIOLI; CARDOZO;
FREITAS JÚNIOR; BARELA, no prelo). Desta forma, parece que o sistema de
controle postural de idosos apresenta uma dificuldade em discriminar a informação
70
conflitante, como foi proposto em estudo anterior (PRIOLI; FREITAS JÚNIOR;
BARELA, 2005), para que seja possível trabalhar estas informações sensoriais e
aplicar o peso correto a cada uma delas, com base nas condições da realização
da tarefa em um ambiente específico.
Com relação ao tempo de relaxamento, foi possível verificar, como
salientado anteriormente, que idosos e adultos jovens foram capazes de retomar o
relacionamento entre informação visual e oscilação corporal em tempos
semelhantes. Este resultado não corrobora com outros estudos que verificaram
que idosos apresentam alterações no sistema nervoso, como por exemplo,
degeneração dos axônios, diminuição no número e da intensidade das fibras
nervosas e o aumento da presença de tecido conectivo, etc (DORFMAN;
BOSLEY, 1979; RIVNER; SWIFT; MALIK, 2001), que culminam em lentidão do
processamento de informação, resultando em tempo de reação e tempo de
movimento maiores (LAJOIE; GALLAGHER; 2004; MARSH; GEEL, 2000). Porém,
ao analisar as características da tarefa realizada neste experimento e compará-las
com outros estudos, é possível verificar similaridades e diferenças. Primeiramente,
neste estudo e em outros relacionados à lentidão do processamento de
informação verificada no envelhecimento (LAJOIE; GALLAGHER, 2004; MARSH;
GEEL, 2000; NISHIDA, 1999) foi utilizado uma medida de tempo, como variável,
para verificar o quanto idosos se diferem de indivíduos mais jovens. Contudo, uma
característica essencial difere o presente estudo dos demais: a realização de uma
tarefa de forma voluntária, com a ocorrência de uma discriminação e muitas
vezes, verbalização durante a tarefa. Nestes outros estudos, os participantes
71
tinham que responder a algum estímulo o mais rápido possível (LAJOIE;
GALLAGHER, 2004; MARSH; GEEL, 2000) ou mesmo realizar alguma tarefa no
menor tempo possível (NISHIDA, 1999). No presente estudo, idosos foram
submetidos a uma perturbação sensorial que não foi percebida de forma
consciente, já que nenhum idoso, até o fim da realização do primeiro experimento,
verbalizou o movimento da sala. Portanto, parece coerente pensar que em virtude
desta diferença, os resultados obtidos no presente estudo não necessariamente
iriam corroborar com outros estudos que também se apoiaram na questão
temporal para verificar os problemas relacionados ao envelhecimento.
A hipótese inicial era de que idosos apresentariam valores maiores de
tempo de relaxamento quando comparados aos adultos jovens. Porém,
considerando que idosos apresentam um acoplamento mais forte entre informação
visual e oscilação corporal, e que este acoplamento mais forte poderia ser em
decorrência de um peso maior dado à informação sensorial em evidência (visual)
em detrimento das demais, a observação que o tempo de relaxamento seja igual
ao de adultos jovens, ou até menor não é surpresa. Se a informação visual
apresenta um maior peso sensorial em detrimento das outras informações, seria
provável que ao ocorrer a perturbação sensorial, o controle postural de idosos
retornaria rapidamente ao acoplamento entre informação visual e oscilação
corporal, no sentido de fortalecê-lo. No caso dos adultos jovens, como esta
conexão entre as informações sensoriais e o sistema efetor está melhor ajustada,
parece correto pensar que o controle postural deva manter o mesmo
comportamento durante toda tentativa, e quando ocorre a perturbação sensorial, o
72
sistema volta rapidamente ao mesmo relacionamento entre a informação sensorial
e a oscilação corporal que havia até então.
Um resultado intrigante foi o fato da amplitude média de oscilação ser maior
nas tentativas sem perturbação sensorial. Assim, idosos e adultos jovens foram
melhores nas tentativas em que houve perturbação. Este resultado é contraditório
a outros estudos que verificaram um maior deslocamento do centro de massa e
centro de pressão, quando ocorre uma perturbação externa (GU; SCHULTZ;
SHEPARD; ALEXANDER, 1996; NAKARUMA; TSUCHIDA; MANO, 2001; OKADA;
HIRAKAWA; TAKADA; KINOSHITA, 2001). O que poderia ser pensado
inicialmente, é que a perturbação do presente estudo não foi suficiente para alterar
o comportamento dos participantes, porém, foi verificado que nas tentativas com
perturbação houve uma mudança do relacionamento temporal entre a informação
visual e oscilação corporal, confirmando que a perturbação sensorial alterou o
comportamento que os participantes adotaram até então. O que pode ter ocorrido
é que, no início da tentativa o sistema de controle postural acoplou a oscilação
corporal ao movimento da sala, mas quando houve a perturbação, parece que
esta oscilação corporal foi restringida até que retornasse novamente ao
acoplamento que ocorria até então. Assim, nas tentativas com perturbação, o que
dá para perceber é que esta restrição na oscilação corporal provocada pela
perturbação, fez com que os valores da amplitude média de oscilação não fossem
altos. Apesar desta sugestão, este foi um resultado intrigante que necessita ser
melhor examinado.
73
Outro resultado importante é que idosos foram sensíveis à variação do
estímulo e após esta variação, assim como os adultos jovens, idosos foram
capazes de se adaptar. Primeiramente, foi possível verificar que a variação do
estímulo foi significativa, já que, durante esta variação, a maior parte das variáveis
analisadas apresentou diferenças estatísticas nos valores. O mais importante é
que o comportamento de ambos os grupos foi diferente nas tentativas após a
variação do estímulo, como pôde ser verificado através dos valores de coerência e
desvio angular. Sendo assim, a magnitude da discrepância entre as informações
sensoriais foi suficiente para que idosos e adultos jovens discriminassem a
informação conflitante (visual) e a partir desta discriminação, houve um processo
adaptativo, resultando na alteração do comportamento após a variação do
estímulo. O mais importante com relação a este fato, é que idosos apresentam a
capacidade de discriminar uma situação de conflito sensorial, quando uma
variação e o estímulo se torna mais evidente.
Estudos mostram que a magnitude do estímulo sensorial é um fator
importante para gerar mudanças no funcionamento do sistema de controle
postural de adultos (BARELA; POLASTRI; GODOI; WEIGELT,
em preparação;
SCHÖNER; DIJKSTRA; JEKA, 1998). Desta forma, no presente estudo, a
variação do estímulo que ocorreu na quarta tentativa foi a precursora desta
mudança no funcionamento do sistema de controle postural. Em outras palavras, o
funcionamento do controle postural dos participantes, passou por um processo
adaptativo, sendo que, o funcionamento do sistema se alterou com o objetivo de
compensar as mudanças nas condições ambientais.
74
O conceito de processos adaptativos e como isto ocorre no controle
postural ainda não é um tema muito bem explorado pela literatura, porém, é
possível verificar em alguns estudos que este tema é tratado de forma indireta,
como é o caso do estudo de Patla, Prentice e Gobbi (1996), que verificaram que
com o envelhecimento, o indivíduo apresenta uma adaptação na transposição de
obstáculos. O mais importante com relação ao presente estudo, é que ele
subsídios para pensar que além de adultos jovens, o sistema de controle postural
de idosos também consegue se adaptar, quando uma mudança da informação
sensorial disponível.
Tendo em vista estes aspectos discutidos com relação ao sistema de
controle postural de idosos e adultos jovens, a seguir é dada maior ênfase ao
funcionamento do sistema de controle postural de idosos e a contribuição deste
estudo com relação a este tópico.
6.1. Funcionamento do sistema de controle postural de idosos
O funcionamento do sistema de controle postural de idosos e adultos jovens
apresenta os mesmos parâmetros de controle, porém uma diferença em como
ocorre o ajuste da magnitude nestes parâmetros do sistema. Esta alteração reflete
numa performance diferente do sistema de controle postural de idosos, quando
comparados com adultos jovens. Algumas evidências suportam esta afirmação.
Primeiramente, estudos mostram que idosos oscilam mais do que adultos jovens
(COLLEDGE; CANTLEY; PEASTON; BRASH; LEWIS; WILSON, 1994, FERRAZ;
75
BARELA; PELLEGRINI, 2001; McCLEMAGHAN; WILLIAMS; DICKERSON;
DOWDA; THOMBS; ELEAZER, 1996). Além disso, outros estudos vêm sendo
realizados no sentido de amenizar as possíveis causas e conseqüências causadas
pelo maior índice de quedas observado com o envelhecimento (LAJOIE;
GALLAGHER, 2004; LAUGHTON, SLAVIN, KATDARE et al, 2003). O maior
número de quedas é um dos principais problemas decorrentes das alterações que
ocorrem no sistema de controle postural. A ocorrência destas quedas pode estar
relacionada ao fato de que, o controle postural de idosos não é capaz de ter uma
resposta rápida e apropriada a ponto de reverter a perda do equilíbrio e prevenir a
queda.
Esta situação fica mais evidente quando a demanda da tarefa é maior
(PRIOLI; CARDOZO; FREITAS JÚNIOR; BARELA, no prelo). Neste caso, quando
o sistema de controle postural de idosos é mais exigido, é verificado que idosos
apresentam maior oscilação corporal e são mais influenciados pela situação da
sala móvel. Sendo assim, a dificuldade da tarefa é um fator importante quando se
considera o sistema de controle postural de idosos, ou seja, a diferença no
funcionamento de controle postural de idosos e adultos jovens se torna muito mais
evidente quando estes são submetidos a situações onde o sistema de controle
postural é mais exigido (PRIOLI; CARDOZO; FREITAS JÚNIOR; BARELA, no
prelo).
Uma possível razão para a diferença encontrada entre o controle postural
de idosos e adultos jovens reside no fato de que, aparentemente, a organização
de todo o processo que envolve o sistema de controle postural é semelhante entre
76
idosos e adultos jovens, o que poderia estar ocorrendo é uma alteração na
magnitude dos componentes que envolvem esta organização. O sistema de
controle postural envolve basicamente três grandes níveis de coordenação e
controle. O primeiro deles se refere às informações sensoriais. Estas necessitam
ser integradas nos centros superiores do sistema nervoso e, dependendo da
situação, um peso é aplicado a cada uma delas (OIE; KIEMEL; JEKA, 2002). O
segundo está relacionado ao sistema efetor. Dependendo da situação em
questão, é necessário que o sistema de controle postural selecione os músculos
que serão recrutados e ainda, defina o quanto estes músculos serão ativados. O
terceiro envolveria o relacionamento entre o sistema sensorial e o sistema efetor.
Considerando estes fatores que influenciam a performance do sistema de
controle postural, parece que o controle postural de idosos consegue resolver
todas estas questões de coordenação e controle, assim como adultos jovens,
principalmente em situações de pouca demanda da tarefa. Este fato foi confirmado
neste estudo, já que o controle postural de idosos apresenta a mesma capacidade
de adaptação que adultos jovens. Porém, parece que a forma como isto ocorre é
diferente entre estes grupos. O foco deste problema poderia estar na forma como
o controle postural de idosos coordena e controla as informações sensoriais,
dando peso correspondente a cada uma delas.
Metcalfe, Chen, Chang, McDowell, Jeka e Clark (2005) realizaram um
estudo para verificar a organização temporal da postura durante o primeiro ano do
andar independente. O que estes autores encontraram foi que durante este
primeiro ano, onde mudanças desenvolvimentais, ocorre uma alteração nos
77
parâmetros do sistema de controle postural, mais do que na magnitude destes
parâmetros. Exemplos destes parâmetros podem ser a velocidade e a posição.
Com adultos, ocorre o contrário, os parâmetros se mantém, porém uma
diferença na magnitude destes parâmetros (METCALFE; CHEN; CHANG;
MSDOWELL; JEKA; CLARK, 2005). Com o envelhecimento, parece que o que
ocorre é o mesmo que ocorre com adultos jovens. A diferença está em como
ocorre a calibração desta magnitude das informações sensoriais no controle
postural. O controle postural de idosos, em situações de conflito sensorial,
maior peso para a informação em evidência, acoplando de forma mais forte a ação
motora à esta informação sensorial. Numa situação de maior demanda da tarefa,
além do problema relacionado à coordenação e controle das informações
sensoriais, o controle postural de idosos não consegue extrair a informação mais
pertinente num curto espaço de tempo, para que então seja possível a retomada
do equilíbrio, sem conseqüências mais graves.
78
7.
CONCLUSÃO
Com este estudo foi possível verificar alguns aspectos importantes sobre o
controle postural de idosos, quando estes são comparados com adultos jovens.
Idosos apresentam um forte acoplamento entre informação visual e oscilação
corporal, durante a manutenção da postura em pé. Por outro lado, idosos e
adultos jovens apresentam a mesma estabilidade temporal entre informação visual
e oscilação corporal, quando uma perturbação sensorial. Ainda, ao ser
submetido a uma situação em que ocorre a variação do estímulo, o sistema de
controle postural de idosos é sensível a esta variação e passa por um processo
adaptativo, assim como ocorre com adultos jovens.
evidências na literatura de que o controle postural de idosos não
apresenta o mesmo funcionamento quando comparados aos adultos jovens, em
alguns aspectos (COLLEDGE; CANTLEY; PEASTON; BRASH; LEWIS; WILSON,
1994, FERRAZ; BARELA; PELLEGRINI, 2001; MCCLEMAGHAN; WILLIAMS;
DICKERSON; DOWDA; THOMBS; ELEAZER, 1996; PRIOLI; CARDOZO;
79
FREITAS JÚNIOR; BARELA, no prelo; PRIOLI, FREITAS JÚNIOR; BARELA,
2005). Idosos oscilam mais, apresentam maior propensão a quedas e, ainda,
estas alterações são mais evidenciadas em situações de maior demanda da
tarefa. Desta forma, o que poderia estar ocorrendo é um problema em como o
sistema de controle postural de idosos se organiza, no sentido de trabalhar com
todas as informações sensoriais disponíveis e ainda, a partir destas informações,
produzir uma atividade motora apropriada. Parece que idosos não apresentam a
mesma capacidade que adultos jovens têm de discriminar a informação conflitante
(neste caso, visual), e com base nesta discriminação, diminuir o peso sensorial
que é dado para esta informação. Além disso, em situações onde a demanda da
tarefa é maior, como por exemplo, uma perda de equilíbrio, o controle postural de
idosos não é capaz de extrair a informação mais pertinente em tempo hábil para
que haja um retorno do equilíbrio e não ocorra a queda.
Apesar do presente estudo colaborar no sentido de entender como ocorre o
funcionamento do sistema de controle postural de idosos, outros estudos devem
ser realizados, verificando as reais condições do controle postural de idosos,
quando estes são submetidos a situações de maior exigência, como por exemplo,
a perda do equilíbrio, que estas são as situações cotidianas que podem resultar
em quedas.
80
8.
REFERÊNCIAS
AMIRIDIS, I.G.; HATZITAKI, V.; ARABATZI, F. Age-induced modifications of static
postural control in humans. Neuroscience Letters, Amsterdam v.350, p.137-140,
2003.
AUGUSTO, M.; BARBIERI, J. Brasil é hoje um país de meia-idade. Techway.
Disponível em <http://www.techway.com.br/techway/revista_idoso/economia/
economia _mario.htm>. Acesso em 30 mar. 2004
BARELA, J.A. Development of postural control: the coupling between
somatosensory information and body sway. 1997. 352f. Tese (Doctor of
Philosophy) - College Park, University of Maryland, Maryland, 1997.
81
BARELA, J.A. Estratégias de controle em movimentos complexos: Ciclo
percepção-ação no controle postural. Revista Paulista de Educação Física, São
Paulo, suplemento 3, p. 79-88, 2000.
BARELA, J.A.; GODOI, D.; FREITAS JÚNIOR, P.B.; POLASTRI, P.F. Visual
information and body sway in infants during sitting acquisition. Infant Behavior
and Development, Norwood, v.23, n.3-4, p.99-105, 2000.
BARELA, J. A.; POLASTRI, P. F.; GODOI, D.; WEIGELT, M. Explicit and implicit
knowledge of environment states in postural control, em preparação.
BERGER, L.; CHUZEL, M.; BUISSON, G.; ROUGIER, P. Undisturbed upright
stance control in the elderly: part 1. Age-related changes in undisturbed upright
stance control. Journal of Motor Behavior, College Park, v.37, n.5, p.348-358,
2005.
BERTENTHAL, B.I.; ROSE, J.L.; BAI, D.L. Perception-action coupling in the
development of visual control of posture. Journal of Experimental Psychology:
Human Perception and Performance, Washington, v.23, n.6, p.1631-1643, 1997.
BLASZCZYK, J. W.; LOWE, D. L.; HANSEN, P. D. Ranges of postural stability and
their changes in the elderly. Gait and Posture, Amsterdam, v.2, p.11-17, 1994.
82
COLLEDGE, N.R.; CANTLEY, P.; PEASTON, I.; BRASH, H.; LEWIS, S.; WILSON,
J.A. Ageing and balance: the measurement of spontaneous sway by
posturography. Gerontology, Basel, v.40, p.273-278, 1994.
DI FABIO, R. P.; EMASITHI, A. Aging and the mechanism underlying head and
postural control during voluntary motion. Physical Therapy, Alexandria, v.77,
p.458-475, 1997.
DIJKSTRA, T. M. H.; SCHÖNER, G.; GIELEN, C. C. A. M: Temporal stability of the
action-perception cycle for postural control in a moving visual environment.
Experimental Brain Research, Berlin, v.97, p.477-486, 1994.
DORFMAN, L.J.; BOSLEY, M.D. Age-related changes in peripheral and central
nerve conduction in man. Neurology, Minneapolis, v. 29, n. 1, p. 38-44, 1979.
ERA, P.; JOKELA, J.; SUOMINEN, H.; HEIKKINEN, E. Correlates of vibrotactile
thresholds in men of different ages. Acta Neurologica Scandinavica,
Copenhagen, v.74, p.210-217, 1986.
FERRAZ, M.A.; BARELA, J.A.; PELLEGRINI, A. M. Acoplamento sensório-motor
no controle postural de indivíduos idosos fisicamente ativos e sedentários. Motriz,
Rio Claro, v.7, n.2, p.99-105, 2001.
83
GORDON, P.H; YU, Q.; QUALLS, C.; WINFIELD, H.; DILLON, S.; GREENE, P.E.;
FAHN, S.; BREEZE, R.E.; FREED, C.R.; PULLMAN, S.L. Reaction time and
movement time after embryonic cell implantation in parkinson disease. Archives
of Neurology, Chicago, v.61, p.858-861, 2004.
GRENNE, H.A.; MADDEN, D.J. Adult age differences in visual acuity, steropsis,
and contrast sensitivity. American Journal of Optometry & Physiological
Optics, Baltimore, v.64, n.10, p.749-753, 1987.
GU, M.J.; SCHULTZ, A.B.; SHEPARD, N.T.; ALEXANDER, N.B. Postural control in
young and elderly adults when stance is perturbed: Dynamics. Journal of
Biomechanics, Oxford, v.29, n.3, p.319-329, 1996.
HÄKKINEN, K.; PASTINEN, U-M.; KARSIKAS, R. LINNAMO, V. Neuromuscular
performance in voluntary bilateral and unilateral contraction and during electrical
stimulation in men at different ages. European Journal of Applied Physiology,
Heidelberg, v.70, p.518-527, 1995.
HORAK, F. B.; MACPHERSON, J. M. Postural orientation and equilibrium. In:
ROWELL, L. B.; SHEPARD, J. T. Handbook of physiology, New York: Oxford
University Press, p.255-92, 1996.
84
HORAK, F.B.; SHUPERT, C.L.; MIRKA, A. Components of postural dyscontrol in
elderly: a review. Neurobiology of Aging, Oxford, v.10, p.727-738, 1989.
HURLEY, M.V.; REES, J.; NEWHAN, D.J. Quadriceps function, proprioceptive
acuity and functional performance in healthy young, middle-aged and elderly
subjects. Age and Ageing, London, v.27, p.55-62, 1998.
JEKA, J.J.; OIE, K.; KIEMEL, K.S. Multisensory information for human postural
control: integrating touch and vision. Experimental Brain Research, New York,
v.134, p.107-125, 2000.
KLASS, M.; BAUDRY, S.; DUCHATEAU, J. Aging does not affect voluntary
activation of the ankle dorsiflexors during isometric, concentric, and eccentric
contractions. Journal of Applied Physiology, Washington, v.99, p.31-38, 2005.
LAJOIE, Y.; GALLAGHER, S.P. Predicting falls within the elderly community:
comparison of postural sway, reaction time, the Berg balance scale and the
Activities-specific Balance Confidence (ABC) scale for comparing fallers and non-
fallers. Archives of Gerontology and Geriatrics, Amsterdam, v.38, p.11-26,
2004.
85
LAUGHTON, C.A.; SLAVIN, M.; KATDARE, K.; NOLAN, L.; BEAN, J.F.;
KERRIGAN, D.C.; PHILLIPS, E.; LIPSITZ, L.A.; COLLINS, J.J. Aging, muscle
activity, and balance control: physiologic changes associated with balance
impairment. Gait and Posture, Amsterdam, v.18, n.2, p.101-108, 2003.
LEE, D.N.; ARONSON, E. Visual proprioceptive control of standing in human
infants. Perception and Psychophysics, Austin, v.15, n.3, p.529-532, 1974.
LEE, D. N.; LISHMAN, J. R. Visual proprioceptive control of stance. Journal of
Human Movement Studies, London, v.1, p.87-95, 1975.
LISHMAN, J.R.; LEE, D.N. The autonomy of visual kinaesthesis. Posture,
Amsterdan, v.2, p.287-294, 1973.
LORD, S.R.; SHERRINGTON, C.; MENZ, H.B. Falls in older people: risk factors
and strategies for prevention. Cambridge: Cambridge University Press, 2001,
249 p.
MAKI, B.E.; McILROY, W. E. Postural control in the older adult. Clinics in
Geriatric Medicine, Philadelphia, v. 12, n. 4, p. 635-658, 1996.
86
MARSH, A.P.; GEEL, S.E. The effect of age on the attentional demands of postural
control. Gait and Posture, Amsterdam, v.12, p.105-113, 2000.
MASSION, J. Movement, posture and equilibrium: interaction and coordination.
Progress in Neurobiology, Oxford, v.38, p.35-56, 1992.
McCLEMAGHAN, B. A.; WILLIAMS, H. G.; DICKERSON, J.; DOWDA, M.;
THOMBS, L.; ELEAZER, P. Spectral characteristics of aging postural control. Gait
and Posture, Amsterdam, v.4, p.112-121, 1996.
METCALFE; J.S.; CHEN, L.C.; CHANG, T.Y.; McDOWELL, K.; JEKA, J.J.;
CLARK, J.E. The temporal organization of posture changes during the first year of
independent walking. Experimental Brain Research, New York, v.161, p.405-416,
2005.
NAKAMURA, H.; TSUCHIDA, T.; MANO, Y. The assessment of posture control in
the elderly using the displacement of the center of pressure after forward platform
translation. Journal of Electromyography and Kinesiology, Oxford, v. 11, p.
395-403, 2001.
NASHNER, L.M. Analysis of stance posture in humans. In: TOWE, A.L.; LUSCHEI,
E.S. Handbook of Behavioral Neurology. New York: Plenum, 1981. v.5, p.527-
565.
87
NEWELL, K.M. Constraints on the development of coordination. In: M.G. Wade &
H.T.A. Whiting (Ed), Motor development in children: aspects of coordination
and control. Boston, MA: Marint Nighoff, 1986, p.341-360.
NISHIDA, Y. Driving characteristics of the elderly: risk compensation of the elderly
driver from the viewpoint of reaction behavior. JSAE Review, v.20, p.375-380,
1999.
OIE, K.; KIEMEL, T.; JEKA, J. Multisensory fusion: simultaneous re-weigthing o
vision and touch for the control of human posture. Cognition Brain Research,
v.14, n. 1, p. 164-176, 2002.
OKADA, S.; HIRAKAWA, K.; TAKADA, Y.; KINOSHITA, H. Age-related differences
in postural control in humans in response to a sudden deceleration generated by
postural disturbance. European Journal Of Applied Physiology, Berlin, v.85,
p.10-18, 2001.
PATLA, A.E.; PRENTICE, S.D.; GOBBI, L.T. Visual control of obstacle avoidance
during locomotion: strategies in young children, young and older adults. In:
STELMACH, G.E.; VROON, P.A. Changes in sensory motor behavior in aging.
Elsevier, 1996. p.257-277.
88
PAULUS, W.M.; STRAUBE, A.; BRANDT, T. Visual stabilization of posture:
physiological stimulus characteristics and clinical aspects. Brain: a journal of
neurology, Oxford, v.107, p.1143-1163, 1984.
PAULUS, W.M.; STRAUBE, A.; KRAFCZYK, S.; BRANDT, T. Differential effects of
retinal target displacement, changing size, and disparity in control of anterior
posterior and lateral body sway. Experimental Brain Research, berlin, v.78,
p.243-252, 1989.
PELECCHIA, G.L. Dual-task training reduces impact of cognitive task on postural
sway. Journal of Motor Behavior, College Park, v.37, n.3, p.239-246, 2005.
PETRELLA, R.J.; LATTANZIO, P.J.; NELSON, M.G. Effect of age and activity on
knee joint proprioception. American Journal of Physical Medicine and
Rehabilitation, Baltimore, v.76, n.3, p.235-241, 1997.
PRIOLI, A.C.; CARDOZO, A.S.; FREITAS JÚNIOR, P.B.; BARELA, J.A. Task
demands effects on postural control in older adults. Human Movement Science
(no prelo).
PRIOLI, A.C.; FREITAS JÚNIOR, P.B.; BARELA, J.A. Physical activity and
postural control in elderly: coupling between visual information and body sway.
Gerontology, Basel, v.51, p.145-148, 2005.
89
POLASTRI, P. F.; BARELA, A. M. F.; BARELA, J. A. Controle postural em idosos:
relacionamento entre informação visual e oscilação corporal. In: IX CONGRESSO
BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA, 9. 2001, Gramado. Anais.... Porto Alegre:
Escola de Educação Física. UFRGS, 2001. v.2, p.132-137.
RAUCH, S.D.; VELAZQUEZ-VILLASER, L.; DIMITRI, P.S.; MERCHANT, S.N.
Decreasing Hair Cell Counts in Aging Humans. Annals of New York Academy of
Science, New York, v.942, p.220-227, 2001.
RIVNER, M.H.; SWIFT, T.R.; MALIK, K. Influence of age and height on nerve
conduction. Muscle and Nerve, New York, v. 24, p. 1134-1141, 2001
SAGE, G.H. Motor learning and control: a neuropsychological approach. Iowa:
Wm. C. Brown, 1984. 423p.
SANTOS, S.; DANTAS, L.; OLIVEIRA, J.A. Desenvolvimento motor de crianças,
de idosos e de pessoas com transtorno de coordenação. Revista Paulista de
Educação Física, São Paulo, v.18, p.33-44, 2004.
SCHÖNER, G.; DIJKSTRA, T.M.H.; JEKA, J.J. Action-perception patterns emerge
from coupling and adaptation. Ecological Psychology, Hartford, v.10, n.3-4,
p.323-346, 1998.
90
SHUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOTT, M.H. Controle motor: teorias e
aplicações práticas. São Paulo, Manole, 2003.
SIMONEAU, E.; MARTIN, A.; VAN HOECKE, J. Muscular performances at the
ankle joint in young and elderly men. The Journals of Gerontology, Washington,
v.60A, n.4, p.439-447, 2005.
SOUSA, S.J.F. Fisiologia e desenvolvimento da visão. Medicina, Ribeirão Preto,
v.30, p.16-19, 1997.
SPIRDUSO, W.W. Physical dimensions of aging. Champaign, Human Kinetics,
1995
STREEPEY, J.W.; ANGULO-KINZLER, R.M. The role of task difficulty in the
control of dynamic balance in children and adults. Human Movement Science,
Amsterdam, v.21, p.423-438, 2002.
THELEN, E. Grounded in the world: developmental origins of embodied mind.
Infancy, Mahwah, v.1, n.1, p.3-28, 2000.
91
VANDERVOORT, A.A. Effects of ageing on human neuromuscular function:
implications for exercise. Canadian Journal of Sport Science, Ottawa, v.17, n.3,
p.178-184, 1992.
WADE, M.; LINDQUIST, R.; TAYLOR, J.; TREAT-JACOBSON, D. Optical flow,
spatial orientation, and the control of posture in the elderly. Psychological
Sciences, Princeton, v.50B, p.51-58, 1995.
WINTER, D.A. Human balance and posture control during standing and walking.
Gait and Posture, Amsterdam, v.3, p.193-214, 1995.
WOOLLACOTT, M.H.; SHUMWAY-COOK, A.; NASHNER, L.M. Aging and posture
control changes in sensory organization and muscular coordination. International
Journal of Aging and Human Development, New York, v.23, n.2, p.97-114,
1986.
YOUNG, A.; SKELTON, D.A. Applied physiology of strength and power in old age.
International Journal of Sports Medicine, Stuttgart, v.15, p.149-151, 1994.
92
ANEXO
A
Parecer do Comitê de Ética do Instituto de Biociências
(UNESP/RC)
93
ANDICE A
Termo de consentimento livre e esclarecido
Nome do Participante: _______________________________________ Data: ___/ ___/ ______
Projeto: Resolução de conflito sensorial no controle postural de idosos.
Declaração de Idade: Eu declaro que tenho mais de 18 anos e aceito a participação no projeto de
pesquisa conduzido pela aluna Ana Caroline Prioli e pelo Prof. Dr. José Angelo Barela no
Laboratório para Estudos do Movimento (LEM) Departamento de Educação Física
Instituto de Biociências.
Objetivo: Eu entendo que o objetivo deste projeto é verificar o acoplamento entre informação
sensorial e ação motora em idosos e adultos jovens.
Procedimentos: Os procedimentos deste projeto requerem uma visita ao LEM quando ficarei em
pé, o mais estável possível, olhando para um alvo no fundo da parede de uma sala. A
duração total do experimento será de aproximadamente 15 minutos, porém será permitido
intervalo entre as tentativas de acordo com a minha necessidade.
Riscos: Eu entendo que não corro risco algum decorrente da participação neste projeto.
Confidencialidade: Eu entendo que todas as informações coletadas neste estudo são confidenciais
e que o meu nome não será divulgado em momento algum. Ainda, toda e qualquer
informação será utilizada para fins acadêmicos.
Benefícios: Eu entendo que o desenvolvimento deste projeto e a minha participação não implicam
em me proporcionar qualquer benefício, sendo que este projeto busca apenas examinar o
controle postural.
Liberdade para Interromper a Participação: Eu entendo que a qualquer momento posso pedir
para interromper minha participação na realização do experimento. Eu também entendo
que, se assim desejar, o responsável pelo estudo irá fornecer os resultados da minha
participação em outra oportunidade.
Identificação do responsável pelo estudo:
ANA CAROLINE PRIOLI – fone: 3526-4312
Laboratório para Estudos do Movimento
Departamento de Educação Física – IB – UNESP/RC
_______________________________________
Assinatura do Participante
94
ANDICE B Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo) (cm)
e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 1, de
idosos e adultos jovens, nas tentativas sem perturbação.
IDOSOS
participante coerência ganho fase relativa
desvio angular
amo fmo
1
0.951 0.943 -56.842 27.733 0.378 0.392
2
0.937 0.872 -48.915 25.881 0.421 0.399
3
0.966 1.213 -54.416 26.645 0.455 0.398
4
0.874 0.797 -71.510 31.954 0.582 0.394
5
0.851 0.609 -69.906 47.387 0.318 0.372
6
0.929 0.927 -75.159 26.377 0.743 0.387
7
0.945 0.653 -51.417 32.890 0.378 0.384
8
0.933 0.782 -66.353 26.778 0.614 0.388
9
0.962 0.968 -53.728 27.084 0.660 0.399
10
0.924 1.033 -58.885 24.983 0.433 0.397
11
0.885 0.303 -87.688 47.387 0.333 0.303
12
0.938 0.673 -57.988 28.459 0.347 0.390
13
0.951 0.680 -60.222 32.088 0.397 0.383
14
0.915 0.559 -74.796 37.226 0.466 0.371
15
0.918 0.559 -77.852 33.521 0.450 0.384
16
0.859 0.713 -67.920 36.557 0.402 0.379
17
0.937 0.730 -45.248 30.006 0.302 0.397
18
0.955 1.010 -83.372 23.856 0.384 0.392
19
0.930 0.569 -71.014 32.527 0.418 0.378
Tentativas sem perturbação
20
0.894 0.753 -67.366 33.406 0.444 0.394
Média 0.923 0.767 -65.030 31.637 0.446 0.384
D.P. 0.033 0.210 11.661 6.585 0.117 0.021
95
ADULTOS JOVENS
participante coerência ganho fase relativa desvio angular amo fmo
1
0.807 0.536 -55.848 45.038 0.437 0.382
2
0.891 0.809 -65.131 33.826 0.421 0.401
3
0.873 0.747 -79.074 40.721 0.786 0.366
4
0.842 0.636 -49.374 21.870 0.489 0.377
5
0.949 0.741 -69.218 27.218 0.347 0.394
6
0.471 0.300 -45.611 64.042 0.480 0.319
7
0.892 0.705 -66.411 29.108 0.740 0.372
8
0.635 0.274 -56.479 54.301 0.415 0.337
9
0.943 0.810 -56.708 25.002 0.550 0.400
10
0.867 0.586 -72.274 45.630 0.510 0.359
11
0.863 1.000 -67.576 28.211 0.560 0.395
12
0.885 0.696 -59.630 30.350 0.454 0.384
13
0.931 0.900 -70.727 23.531 0.550 0.389
14
0.926 0.541 -33.845 44.923 0.385 0.410
15
0.967 1.016 -55.180 23.283 0.442 0.402
16
0.862 0.665 -92.100 32.394 0.440 0.378
17
0.944 0.670 -85.511 28.555 0.414 0.377
18
0.789 0.756 -77.126 36.118 0.697 0.391
19
0.966 0.941 -75.942 23.875 0.551 0.400
Tentativas sem perturbação
20
0.855 0.696 -72.332 34.838 0.503 0.394
Média 0.858 0.701 -65.305 34.642 0.508 0.381
D.P. 0.118 0.196 14.002 11.326 0.117 0.023
96
ANDICE C Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo) (cm),
freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) e tempo de relaxamento (t_relax) (seg)
referentes ao Experimento 1, de idosos e adultos jovens, nas tentativas com
perturbação.
IDOSOS
participante coerência ganho fase relativa
desvio angular
amo fmo t_relax
1
0.878 1.027 -72.255 31.802 0.456 0.396 3.315
2
0.937 0.730 -55.734 30.732 0.325 0.393 4.713
3
0.911 1.078 -62.667 32.279 0.430 0.390
4
0.919 0.925 -69.505 27.771 0.559 0.394 3.545
5
0.838 0.617 -59.344 43.854 0.288 0.398
6
0.885 0.917 -85.511 25.842 0.904 0.373 4.680
7
0.874 0.729 -67.595 26.282 0.351 0.399 5.385
8
0.931 0.886 -73.459 26.969 0.692 0.397
9
0.950 0.910 -54.206 25.193 0.541 0.389 3.530
10
0.929 1.061 -63.584 25.040 0.433 0.400 3.625
11
0.805 0.285 -96.092 42.020 0.283 0.334 7.735
12
0.944 0.659 -72.179 29.433 0.343 0.400 3.290
13
0.852 0.747 -69.123 38.162 0.469 0.394 2.980
14
0.892 0.531 -76.667 38.372 0.433 0.360 6.975
15
0.835 0.469 -96.512 35.832 0.476 0.370 4.955
16
0.859 0.713 -67.920 36.557 0.402 0.379 5.235
17
0.923 0.861 -51.799 29.032 0.313 0.417 3.135
18
0.931 0.881 -95.882 26.320 0.404 0.390 3.530
19
0.874 0.498 -78.940 33.349 0.408 0.351 3.530
Tentativas com perturbação
20
0.885 0.670 -62.705 35.354 0.381 0.397 3.030
Média 0.893 0.760 -71.584 32.010 0.445 0.386 4.305
D.P. 0.041 0.212 13.470 5.740 0.146 0.020 1.398
97
ADULTOS JOVENS
participante coerência ganho fase relativa desvio angular amo fmo t_relax
1
0.836 0.718 -67.519 33.272 0.417 0.388 2.280
2
0.827 0.740 -72.026 34.858 0.447 0.388 6.073
3
0.709 0.558 -93.246 39.785 0.563 0.343 3.210
4
0.829 0.749 -75.903 36.653 0.389 0.379
5
0.892 0.650 -78.692 33.368 0.366 0.386 5.465
6
0.367 0.263 -66.258 65.188 0.435 0.333 2.270
7
0.844 0.678 -77.871 32.527 0.636 0.374
8
0.698 0.354 -68.512 48.094 0.325 0.346 5.625
9
0.899 0.791 -72.962 28.707 0.605 0.394 3.582
10
0.853 0.541 -70.422 49.221 0.351 0.379 4.623
11
0.977 1.100 -77.661 22.958 0.542 0.404 2.975
12
0.858 0.707 -68.187 29.070 0.404 0.383 2.620
13
0.898 0.828 -83.276 32.164 0.545 0.376
14
0.869 0.683 -34.877 40.759 0.345 0.394 3.543
15
0.905 0.819 -59.248 24.429 0.339 0.401 5.007
16
0.833 0.657 -92.520 31.038 0.465 0.374
17
0.853 0.686 -87.612 31.496 0.410 0.368 2.840
18
0.726 0.677 -93.609 36.500 0.623 0.377 3.130
19
0.920 0.998 -72.618 27.141 0.541 0.393 3.985
Tentativas com perturbação
20
0.811 0.694 -79.437 37.150 0.440 0.393
Média 0.820 0.695 -74.623 35.719 0.459 0.379 3.815
Desvpad 0.127 0.186 13.336 9.683 0.100 0.019 1.253
98
ANDICE D Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo) (cm)
e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 2, de
idosos e adultos jovens, nas tentativas antes da variação do estímulo.
IDOSOS
participante coerência ganho fase relativa
desvio angular
amo fmo
1
0.952 0.792 -9.168 29.949 0.455 0.205
2
0.963 0.696 -13.026 23.531 0.472 0.203
3
0.880 0.673 4.240 40.492 0.527 0.209
4
0.927 0.796 -6.131 25.613 0.598 0.202
5
0.929 0.740 -21.067 27.466 0.457 0.193
6
0.970 1.039 -21.182 21.850 0.885 0.203
7
0.941 0.766 -19.100 21.889 0.477 0.200
8
0.907 0.717 -14.631 27.447 0.673 0.192
9
0.919 0.757 -21.106 29.089 0.570 0.202
10
0.938 0.739 -17.343 22.557 0.483 0.201
11
0.845 0.343 -13.504 59.649 0.323 0.223
12
0.910 0.595 -6.685 30.140 0.475 0.199
13
0.793 0.487 4.202 44.770 0.504 0.210
14
0.930 0.641 -27.160 41.008 0.539 0.208
15
0.863 0.561 -20.208 36.042 0.521 0.199
16
0.921 0.678 -3.457 37.150 0.510 0.202
17
0.825 0.433 3.667 42.746 0.472 0.199
18
0.938 0.784 -14.898 24.677 0.490 0.199
19
0.936 0.701 -12.663 23.569 0.459 0.201
Tentativas antes da variação do estímulo
20
0.872 0.800 -15.185 32.852 0.502 0.201
Média 0.908 0.687 -12.220 32.124 0.520 0.203
D.P. 0.047 0.152 9.088 9.810 0.109 0.007
99
ADULTOS JOVENS
participante coerência ganho fase relativa desvio angular amo fmo
1
0.842 0.657 -9.856 32.737 0.685 0.199
2
0.945 0.833 -5.042 26.816 0.502 0.202
3
0.913 0.803 -19.654 28.650 0.507 0.199
4
0.812 0.526 -3.304 41.141 0.388 0.205
5
0.899 0.518 0.382 39.021 0.329 0.197
6
0.842 0.650 -13.733 39.422 0.440 0.199
7
0.906 0.716 -19.501 24.104 0.527 0.201
8
0.796 0.449 -7.545 39.594 0.388 0.200
9
0.921 0.660 -5.711 29.872 0.502 0.206
10
0.852 0.563 -20.361 45.172 0.456 0.210
11
0.875 0.894 -18.298 22.462 0.893 0.194
12
0.900 0.553 -11.517 30.006 0.443 0.197
13
0.926 0.743 -8.691 24.696 0.493 0.201
14
0.777 0.417 22.634 42.822 0.438 0.210
15
0.950 0.853 -4.183 18.642 0.450 0.201
16
0.924 0.689 -11.536 27.103 0.463 0.202
17
0.892 0.822 -6.991 30.980 0.492 0.202
18
0.946 0.852 -7.831 28.440 0.559 0.202
19
0.928 0.934 -12.052 31.611 0.606 0.201
Tentativas antes da variação do estímulo
20
0.949 0.807 -11.441 27.046 0.559 0.200
Média 0.890 0.697 -8.712 31.517 0.506 0.201
D.P. 0.053 0.154 9.367 7.349 0.121 0.004
100
ANDICE E Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo) (cm)
e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 2, de
idosos e adultos jovens, na tentativa durante a variação do estímulo.
IDOSOS
participante coerência ganho fase relativa
desvio angular
amo fmo
1
0.361 0.086 -11.002 68.817 0.701 0.231
2
0.451 0.066 -26.301 59.707 0.521 0.184
3
0.886 0.384 44.579 25.556 1.209 0.204
4
0.762 0.093 -38.678 46.184 0.610 0.183
5
0.432 0.034 3.610 69.448 0.357 0.247
6
0.796 0.481 1.089 23.722 1.476 0.203
7
0.951 0.196 21.602 22.175 0.711 0.200
8
0.732 0.120 -40.053 46.929 0.629 0.194
9
0.130 0.036 -66.926 71.281 0.595 0.175
10
0.472 0.092 32.604 54.550 0.590 0.222
11
0.955 0.439 -10.314 13.924 1.130 0.198
12
0.634 0.065 5.673 58.618 0.443 0.210
13
0.672 0.058 26.759 56.211 0.530 0.210
14
0.148 0.018 -162.789 72.886 0.473 0.261
15
0.423 0.042 9.225 69.448 0.642 0.223
16
0.580 0.072 28.765 64.806 0.590 0.229
17
0.853 0.367 17.305 19.482 1.149 0.200
18
0.916 0.261 15.127 21.946 0.795 0.198
Tentativas durante a variação do estímulo
19
0.821 0.297 10.601 15.185 0.904 0.201
20
0.164 0.031 81.080 72.370 0.445 0.212
Média 0.607 0.162 -2.902 47.662 0.725 0.209
D.P. 0.272 0.152 49.861 22.057 0.299 0.021
101
ADULTOS JOVENS
participante coerência ganho fase relativa desvio angular amo fmo
1
0.617 0.049 -15.299 55.925 0.468 0.181
2
0.355 0.061 51.799 51.685 0.753 0.182
3
0.792 0.093 5.558 56.956 0.499 0.221
4
0.733 0.066 10.199 52.086 0.721 0.206
5
0.397 0.026 61.769 62.915 0.364 0.245
6
0.408 0.048 -22.691 74.948 0.829 0.231
7
0.618 0.063 7.793 52.601 0.520 0.191
8
0.652 0.049 17.648 46.986 0.428 0.171
9
0.905 0.319 -1.547 24.066 1.050 0.209
10
0.518 0.050 3.896 60.853 0.372 0.219
11
0.267 0.054 -22.805 60.910 0.517 0.199
12
0.909 0.266 4.412 15.013 0.914 0.198
13
0.386 0.081 -9.455 56.727 0.561 0.207
14
0.508 0.054 86.867 58.561 0.596 0.238
15
0.200 0.064 -1.089 70.078 0.721 0.185
16
0.458 0.043 106.062 54.893 0.442 0.209
17
0.870 0.206 -31.229 29.624 0.959 0.195
18
0.269 0.079 -17.706 66.010 0.699 0.197
19
0.582 0.197 3.782 35.813 0.902 0.204
Tentativas durante a variação do estímulo
20
0.189 0.060 -21.258 75.120 0.843 0.235
Média 0.532 0.096 10.835 53.088 0.658 0.206
D.P. 0.229 0.082 37.420 16.039 0.209 0.020
102
ANDICE F Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo) (cm)
e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 2, de
idosos e adultos jovens, nas tentativas após a variação do estímulo.
IDOSOS
participante coerência ganho fase relativa
desvio angular
amo fmo
1
0.952 0.671 1.910 32.776 0.490 0.202
2
0.920 0.500 -13.332 33.310 0.363 0.204
3
0.927 0.591 29.567 35.755 0.420 0.204
4
0.577 0.391 -2.750 56.803 0.453 0.203
5
0.714 0.320 -5.367 57.453 0.340 0.230
6
0.927 0.698 -24.563 31.611 0.768 0.198
7
0.844 0.594 -21.335 29.242 0.423 0.189
8
0.768 0.532 -4.527 48.514 0.530 0.207
9
0.861 0.513 -17.916 44.006 0.535 0.192
10
0.845 0.495 -0.898 35.354 0.413 0.198
11
0.869 0.350 -26.778 53.652 0.317 0.223
12
0.911 0.471 13.294 39.270 0.368 0.208
13
0.774 0.406 -5.596 52.239 0.470 0.214
14
0.527 0.282 38.697 67.194 0.582 0.222
15
0.807 0.413 -30.312 43.835 0.445 0.201
16
0.648 0.327 -17.553 66.124 0.476 0.237
17
0.887 0.401 8.213 38.353 0.392 0.201
18
0.943 0.683 -6.303 28.421 0.384 0.201
19
0.939 0.381 -3.858 32.623 0.308 0.200
Tentativas após a variação do estímulo
20
0.427 0.266 -2.044 68.531 0.372 0.239
Média 0.803 0.464 -4.573 44.753 0.443 0.209
D.P. 0.152 0.133 17.547 13.229 0.106 0.014
103
ADULTOS JOVENS
participante coerência ganho fase relativa desvio angular amo fmo
1
0.856 0.434 -15.738 39.804 0.650 0.188
2
0.824 0.522 -25.613 42.880 0.510 0.211
3
0.902 0.640 -16.159 30.694 0.414 0.196
4
0.652 0.334 27.886 50.004 0.422 0.198
5
0.741 0.350 -0.535 49.565 0.280 0.201
6
0.615 0.411 11.708 55.237 0.452 0.201
7
0.777 0.433 -18.546 42.746 0.507 0.203
8
0.752 0.322 -4.317 50.214 0.467 0.210
9
0.777 0.385 -1.528 41.982 0.408 0.198
10
0.863 0.526 -10.925 55.619 0.552 0.224
11
0.954 0.857 -14.669 28.707 0.576 0.203
12
0.838 0.420 -4.890 40.053 0.353 0.209
13
0.885 0.574 -16.502 37.894 0.542 0.195
14
0.666 0.294 44.178 49.603 0.284 0.202
15
0.919 0.707 -7.239 25.231 0.402 0.201
16
0.564 0.321 9.455 59.306 0.325 0.212
17
0.795 0.574 -7.946 43.930 0.617 0.195
18
0.732 0.567 -15.853 49.908 0.747 0.199
19
0.896 0.921 -3.209 36.748 0.636 0.194
Tentativas após a variação do estímulo
20
0.878 0.557 -11.517 40.377 0.461 0.205
Média 0.794 0.507 -4.098 43.525 0.480 0.202
D.P. 0.108 0.175 16.687 9.088 0.126 0.008
104
ANDICE G Média e desvio padrão dos valores de coerência, ganho, fase
relativa (graus), desvio angular (graus), amplitude média de oscilação (amo) (cm)
e freqüência média de oscilação (fmo) (Hz) referentes ao Experimento 2, de
idosos e adultos jovens, na última tentativa em que ocorreu a variação do
estímulo.
IDOSOS
participante coerência ganho fase relativa
desvio angular
amo fmo
1
0.729 0.072 -17.018 61.254 0.512 0.219
2
0.685 0.075 -5.272 48.934 0.651 0.198
3
0.809 0.212 55.352 30.999 0.971 0.201
4
0.783 0.059 -29.911 52.430 0.429 0.210
5
0.577 0.028 2.464 62.342 0.318 0.188
6
0.155 0.080 -1.089 79.819 0.987 0.196
7
0.911 0.154 20.513 25.670 0.488 0.197
8
0.724 0.097 -30.140 55.237 0.547 0.207
9
0.061 0.014 -83.028 72.886 0.586 0.199
10
0.080 0.021 53.919 65.093 0.630 0.200
11
0.974 0.282 -16.560 13.523 0.756 0.199
12
0.502 0.041 5.386 70.937 0.405 0.242
13
0.500 0.077 38.620 54.206 0.636 0.203
14
0.061 0.014 -73.058 74.891 0.578 0.212
15
16
0.507 0.088 37.990 68.130 0.725 0.238
17
0.652 0.154 -2.006 35.641 0.626 0.204
18
0.721 0.176 15.528 28.937 0.704 0.199
19
0.873 0.193 13.351 23.780 0.593 0.197
Última tentativa que ocorreu variação do estímulo
20
0.125 0.023 -85.893 70.937 0.413 0.178
Média 0.549 0.098 -5.308 52.402 0.608 0.205
D.P. 0.307 0.077 41.670 20.150 0.174 0.015
105
ADULTOS JOVENS
participante coerência ganho fase relativa desvio angular amo fmo
1
0.121 0.027 2.922 72.141 0.541 0.205
2
3
0.855 0.107 -22.805 42.116 0.468 0.197
4
0.747 0.079 9.168 42.574 0.679 0.207
5
0.661 0.053 23.780 60.509 0.319 0.217
6
0.599 0.122 -5.157 43.720 0.917 0.212
7
0.698 0.061 29.739 44.408 0.707 0.181
8
0.783 0.055 8.939 50.481 0.441 0.210
9
0.977 0.272 -3.495 15.643 0.920 0.200
10
0.818 0.045 -58.847 65.895 0.444 0.201
11
0.795 0.125 4.298 48.189 0.656 0.198
12
0.956 0.183 -5.157 29.968 0.582 0.197
13
0.712 0.096 -11.689 39.652 0.509 0.200
14
0.784 0.047 94.488 47.788 0.399 0.204
15
0.679 0.048 19.425 66.984 0.394 0.212
16
0.324 0.036 89.846 60.108 0.419 0.175
17
0.806 0.107 1.719 36.386 0.539 0.201
18
0.084 0.019 -16.732 76.094 0.653 0.203
19
0.731 0.219 19.310 32.375 1.018 0.202
Última tentativa que ocorreu a variação do estímulo
20
0.458 0.053 -39.021 67.901 0.370 0.211
Média 0.663 0.092 7.407 49.628 0.578 0.202
D.P. 0.249 0.068 36.772 16.027 0.200 0.010
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo