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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
ALIMENTAÇÃO E ESTADO NUTRICIONAL DE
CRIANÇAS NASCIDAS PRÉ-TERMO SUBMETIDAS A
UM PROGRAMA DE ESTIMULAÇÃO SENSÓRIO-
MOTORA-ORAL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Duanne de Menezes Capeleto
Santa Maria, RS, Brasil
2010
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2
ALIMENTAÇÃO E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS
NASCIDAS PRÉ-TERMO SUBMETIDAS A UM PROGRAMA
DE ESTIMULAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA-ORAL
por
Duanne de Menezes Capeleto
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação
em Distúrbios da Comunicação Humana, Área de Concentração em
Fonoaudiologia e Comunicação Humana: Clínica e Promoção, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do
grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Orientadora: Profª. Dra. Angela Regina Maciel Weinmann
Co-orientadora: Profª. Dra. Léris Salete Bonfanti Haeffner
Santa Maria, RS, Brasil
2010
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3
©2010 Duanne de Menezes Capeleto
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
C238a Capeleto, Duanne de Menezes
Alimentação e estado nutricional de crianças nascidas pré-termo
submetidas a um programa de estimulação sensório-motora-oral. / Duanne
de Menezes Capeleto; Orientadora Angela Regina Maciel Weinmann; Co-
orientadora Léris Salete Bonfanti Haeffner. – Santa Maria, RS: 2010.
73p; il.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria, 2010.
1. Alimentação. 2. Nutrição – bebês prematuros. 3. Estimulação
sensório-motora-oral (SMO). I. Weinmann, Angela Regina Maciel. II.
Haeffner, Léris Salete Bonfanti. III. Título.
CDU 613.221
Ficha catalográfica elaborada por Priscila Almeida Cruz CRB – 10/ 1554
4
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado
ALIMENTAÇÃO E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS
NASCIDAS PRÉ-TERMO SUBMETIDAS A UM PROGRAMA DE
ESTIMULAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA-ORAL
elaborada por
Duanne de Menezes Capeleto
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Comissão Examinadora:
__________________________________
Angela Regina Maciel Weinmann, Dra. UFSM
(Presidente/Orientador)
___________________________________________
Márcia Keske-Soares, Dra. UFSM
__________________________________________
Tânia Denise Resener, Dra. UFSM
Santa Maria, 04 de Março de 2010.
5
DEDICATÓRIA
Dedico esta conquista
À minha mãe, Tania, e ao meu pai, Lori, pelo amor incondicional e por me ensinarem sempre
a seguir em frente, traçando os melhores caminhos com os melhores valores.
À Dianni, pela alegria de tê-la como irmã, minha grande companheira.
6
AGRADECIMENTOS
À Prof. Dra. Ângela Regina Maciel Weinmann, pelos ensinamentos, valiosas orientações e
principalmente por acreditar em mim. Agradeço por toda ajuda e compreensão nos momentos
difíceis que passamos durante o desenvolvimento desta pesquisa de mestrado. Obrigada por
tudo.
À Prof. Dra. Léris Salete Häeffner por ter prontamente me adotado na co-orientação desse
trabalho, e pelas suas preciosas contribuições, as quais permitiram concluir este estudo. Muito
obrigada.
Ao Prof. Dr. Ivo Prolla pelas sugestões e disponibilidade de ceder os materiais utilizados
nesta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Alberto Cargnelutti, por abdicar do seu tempo com a família para me auxiliar na
estatística desta pesquisa. Muito obrigada.
Ao Programa de Pós Graduação em Distúrbio da Comunicação Humana por ter as portas
abertas à interdisciplinaridade.
Aos meus pais Tania e Lori, e minha irmã Dianni, pelo amor incondicional.
Ao Marcel, meu namorado e amigo, pelo amor, paciência e compreensão nos momentos de
ausência.
À Família Denardin Machado Sr. Clauton, Sra. Gladis, Marcel, Kellen, Giovani, Shelen e
Rogério – pelo carinho e incentivo durante esta jornada.
Às colegas de curso, Aneline Ruedel e Aline Jacques pelo convívio e troca de experiências
valiosas durante todo o mestrado.
Aos meus amigos do HBM/SM, em especial, Inês, Cristina, Rocha, Erblei, Duarte,
Pinheiro, Eluza e Farias, que tanto me apoiaram e incentivaram nas dificuldades do dia a
dia. Obrigada!
Às crianças e mães que colaboraram com boa vontade na realização desta pesquisa.
À todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização desta pesquisa e que
seria impossível aqui nominar.
7
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Distúrbio da Comunicação Humana
Universidade Federal de Santa Maria
ALIMENTAÇÃO E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS NASCIDAS PRÉ-
TERMO SUBMETIDAS A UM PROGRAMA DE ESTIMULAÇÃO SENSÓRIO-
MOTORA-ORAL
Autora: Duanne de Menezes Capeleto
Orientadora: Angela R. Maciel Weinmann
Co- Orientadora: Léris Salete Bonfanti Haeffner
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 04 de Março de 2010.
A estimulação sensório-motora-oral (SMO) durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal tem sido proposta com a finalidade de facilitar a transição da alimentação por sonda gástrica
para a via oral e com isso favorecer o ganho de peso, o aleitamento materno e minimizar as
dificuldades na introdução de alimentos sólidos no período da infância. Objetivo: Verificar se existe
influência da estimulação SMO sobre o crescimento infantil e sobre as dificuldades durante o período
de introdução da alimentação complementar, em crianças menores de dois anos de idade, nascidas pré-
termo, submetidas à estimulação SMO no período de internação hospitalar. Métodos: Amostra
constituída de 16 crianças distribuídas em grupo estimulado (GE) e grupo controle (GC). Foram
realizadas medidas antropométricas e o estado nutricional foi avaliado a partir dos indicadores
peso/estatura (P/E), peso/idade (P/I) e estatura/idade (E/I), tendo como referência o National Center
for Health Statistics (NCHS). Para análise do consumo alimentar foi aplicado um recordatório de 24
horas e um questionário estruturado com informações sobre hábitos alimentares. Resultados: Não
houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, GE e GC, em relação à média de valores
do escore-z de P/E, P/I e E/I. De maneira geral, em ambos os grupos o estado nutricional encontrava-
se eutrófico. Observou-se que o tempo de amamentação exclusiva foi em média de 67,5 dias para o
GE e 30 dias para o GC. Os principais motivos para o desmame precoce foi a recusa das crianças e a
produção insuficiente de leite. Como consequência, a introdução de alimentos complementares
ocorreu em período precoce para ambos os grupos, em média de 5,8 meses para o GE e 5,4 meses para
o GC. Três (37,5%) crianças do GC e duas (25%) do GE apresentaram dificuldades para iniciar a
introdução de alimentos sólidos, no entanto, não foram encontradas diferenças estatísticas
significativas. Conclusão: Com base nos resultados encontrados, não foi possível comprovar o
benefício de um programa de estimulação SMO, realizado durante a internação em UTI Neonatal,
sobre o estado nutricional e a composição corporal das crianças nascidas pré-termo, na faixa etária de
12 a 24 meses. No entanto, acredita-se que as crianças que receberam a estimulação SMO tenham sido
beneficiadas no que diz respeito ao maior tempo de amamentação exclusiva e à ausência de
dificuldades para a introdução de novos alimentos.
Palavras – Chave: alimentação; nutrição; prematuro.
8
ABSTRACT
Master’s Degree Dissertation
Pos-Graduation in Human Communication Disorders Federal University of
Santa Maria
FOOD AND NUTRITIONAL STATUS OF CHILDREN BORN PRE-TERM UNDER A
PROGRAM OF STIMULATION SENSOR-MOTOR-ORAL
Author: Duanne de M. Capeleto
Adviser: Angela R. Maciel Weinmann
Co-Adviser: Léris Salete Bonfanti Haeffner
March 04, Santa Maria – RS – Brasil
The sensory-motor-oral (SMO) stimulation during Intensive Care Neonatal period has been proposed
in order to facilitate the transition from gavage to oral feeding and thereby promote weight gain,
breastfeeding and minimize the difficulties in the introduction of solid foods during childhood.
Objective: To determine whether the SMO stimulation influence the infant growth and the
introduction of complementary feeding in children under two years old born preterm. Methods:
Cross-sectional study that included 16 children, born preterm, randomly subjected to a
program of sensory-motor-oral stimulation during their neonatal period. The children were
assessed by
anthropometric measurements and nutritional status was evaluated
using the indicators
P/E, P/I and E/I, according to the National Center Health Statistics (NCHS).
Results:
There
was no statistical difference between groups regarding the z-score values for P/E, P/I, and E/I.
In both groups children were classified as well-nourished. The duration of breastfeeding was
higher among children stimulated when compared with the control with an average of 67.5
days and 30 days, respectively. The main reasons for early weaning from breastfeeding were
the refusal of the children and insufficient milk production. The introduction of
complementary foods occurred in the early period for both groups with an average of 5.8
months for the GE and 5.4 months for the GC.
Three children (37.5%) in the CG and two (25%)
in GE had difficulties when started with solid foods but there was no statistically significant
difference. Conclusion: Based on these results, we could not confirm the benefit of a SMO stimulation
program on nutritional status and body composition of children born preterm at age 12 to 24 months.
However, the SMO stimulation seems to have a beneficial influence on the duration of exclusive
breastfeeding and the introduction of solid foods.
Key-words: feeding performance; nutrition; preterm infant
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Média de duração do aleitamento materno exclusivo (dias), segundo grupo de
estudo.......................................................................................................................................48
FIGURA 2 - Distribuição de acordo com as dificuldades encontradas para introdução de
alimentos sólidos, segundo grupo de estudo............................................................................50
10
LISTAS DE TABELAS
TABELA 1 Características gerais e sócio-demográficas das crianças do grupo estimulado e
grupo controle ......................................................................................................................... 32
TABELA 2 Valores referentes a avaliação antropométrica das crianças do grupo
estimulado e grupo controle......................................................................................................33
TABELA 3 Valores dos escores-z referentes aos indicadores nutricionais P/E, P/I, E/I,
segundo grupo estimulado e grupo controle.............................................................................33
TABELA 4 Valores das áreas corporais das crianças do grupo estimulado e grupo
controle......................................................................................................................................34
TABELA 5 Valores da composição corporal através da impedância elétrica e equação de
FJELD, segundo grupo estimulado e grupo controle ............................................................. 34
TABELA 6 Características gerais do nascimento, dados maternos e condição sócio-
econômica do grupo estimulado e grupo controle ...................................................................48
TABELA 7 – Média de idade (meses) para a introdução de alimentos complementares,
segundo grupo estimulado e grupo controle.............................................................................49
TABELA 8 - Disponibilidade média de macronutrientes na dieta das crianças avaliadas,
segundo grupo estimulado e grupo controle.............................................................................50
11
LISTAS DE REDUÇÕES
ACT Água Corporal Total
AEC Água Extracelular Corporal
AGB Área Gordurosa do Braço
AMB Área Muscular do Braço
AME Aleitamento Materno Exclusivo
ATB Área Total do Braço
BIA Bioimpedância Elétrica
CB Circunferência do Braço
CDC Centers for Disease Control and Prevention
CEP Comitê de Ética e Pesquisa
DEXA Raios X Duo-energético
DRI Dietary Reference Intakes
E/I Estatura para Idade
GC Grupo Controle
GE Grupo Estimulado
HUSM Hospital Universitário de Santa Maria
IG Idade Gestacional
IMC Índice de Massa Corpórea
NCHS National Center for Health Statistics
OMS Organização Mundial da Saúde
P/E Peso para Estatura
P/I Peso para Idade
PC Perímetro Cefálico
PCT Prega Cutânea Tricipital
12
PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher
POF Pesquisa de Orçamento Familiar
R Resistência
RBP Proteína Ligadora de Retinol
RN Recém-Nascido
RNPT Recém-Nascido Pré-Termo
SMO Sensório-Motora-Oral
SN Sucção Nutritiva
SNN Sucção Não-Nutritiva
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
UTI Unidade de Terapia Intensiva
VO Via Oral
WHO World Health Organization
X
C
Reatância
Z Impedância
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................14
2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................17
2.1
A
LIMENTAÇÃO E
F
ONOAUDIOLOGIA
..................................................................................................... 17
2.2
A
LIMENTAÇÃO INFANTIL
........................................................................................................................19
2.3
A
VALIAÇÃO NUTRICIONAL
..................................................................................................................... 23
3 ARTIGO DE PESQUISA ...................................................................................................27
RESUMO...................................................................................................................................................27
ABSTRACT................................................................................................................................................28
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 29
MÉTODOS................................................................................................................................................ 30
RESULTADOS ...........................................................................................................................................33
DISCUSSÃO .............................................................................................................................................35
CONCLUSÃO.......................................................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................... 39
4 ARTIGO DE PESQUISA ...................................................................................................43
RESUMO...................................................................................................................................................43
ABSTRACT................................................................................................................................................44
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 45
MÉTODOS................................................................................................................................................ 46
RESULTADOS ...........................................................................................................................................48
DISCUSSÃO .............................................................................................................................................52
CONCLUSÃO.......................................................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................... 58
ANEXOS .................................................................................................................................70
14
1. INTRODUÇÃO
O tipo de alimento oferecido à criança envolve uma série de fatores que podem ser
vistos por diferentes perspectivas conforme o interesse profissional. No campo da
Fonoaudiologia, a alimentação pode exercer papel central, uma vez que um padrão alimentar
inadequado não favorece a evolução das funções motoras orais, o que pode resultar em riscos
para aspiração alimentar (DRENT, PINTO, 2007).
Na prática clínica com bebês, um dos fatores considerados como essencial para a boa
evolução dos recém-nascidos pré-termos (RNPT) diz respeito à alimentação. Devido à
impossibilidade de serem alimentados por via oral (VO), os recém-nascidos pré-termo de
muito baixo peso necessitam ser alimentados através de sondas orogástricas. No entanto, o
uso de sonda priva a criança de estabelecer um padrão de sucção adequado, ocasionando
dificuldades no momento da transição para a via oral e, consequentemente, demora na
adaptação ao seio materno (MODE, 2002). É importante salientar que uma alimentação
inadequada durante o período de internação hospitalar pode também influenciar na
alimentação da criança durante sua infância. A longo prazo, crianças nascidas
prematuramente, com dificuldades alimentares iniciais, podem apresentar problemas na
introdução e na tolerância de alimentos sólidos, bem como no prazer na hora da refeição.
Esses problemas podem, inclusive, contribuir para atraso no desenvolvimento e para
distúrbios psicossociais após alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal
(HAWDON; BEAUREGARD; KENNEDY, 2000).
Com base nas evidências citadas acima, alguns pesquisadores da área de
Fonoaudiologia têm proposto a realização de um programa de estimulação sensório-motora-
oral (SMO) durante a internação na UTI Neonatal (YAMAMOTO; KESKE-SOARES;
WEINMANN, 2009; BAUER et al, 2008; NEIVA; LEONE, 2006; FUCILE; GISEL; LAU,
2002. A estimulação SMO tem como finalidade melhorar a sucção nutritiva (SN) e,
consequentemente, o desempenho alimentar de crianças prematuras, podendo inclusive
favorecer o aleitamento materno após a alta hospitalar e minimizar as dificuldades na
introdução de alimentos sólidos no período da infância. (PIMENTA et al, 2008; ARAÚJO,
1998).
Do ponto de vista nutricional é possível encontrar na literatura as inúmeras vantagens
que o aleitamento materno proporciona tanto para criança quanto para a mãe. Autores referem
que além dos benefícios nutricionais, imunológicos, emocionais e econômico-sociais, o
15
aleitamento também tem efeitos positivos na saúde fonoaudiológica, uma vez que está
relacionado ao crescimento e desenvolvimento craniofacial e motor-oral do recém-nascido.
No entanto a prática de amamentação nas crianças que nascem prematuramente ainda é pouco
valorizada. Cabe ressaltar que o desmame precoce e as práticas inadequadas de alimentação
são os principais responsáveis pelas doenças infecciosas, desnutrição e carências nutricionais
específicas que a criança enfrenta nos primeiros dois anos de vida (SILVA et al., 2008; DO
NASCIMENTO, 2004; SERRA,2004; NEIVA, 2003;GARCINUÑO et al., 2003,).
Problemas como a desnutrição e carências nutricionais podem facilmente ser
detectados através uma avaliação nutricional. Tal avaliação tem como principal objetivo
verificar o crescimento e as proporções corporais, visando fornecer informações nutricionais
importantes que auxiliam na identificação e prevenção precoce de desvios nutricionais. No
entanto, é preciso salientar que nenhum teste isolado pode quantificar e qualificar o estado
nutricional de forma definitiva; em lugar disso, a avaliação deve ser baseada em uma
associação de vários indicadores, incluindo avaliação das medidas antropométricas, história
clínica, composição corporal e parâmetros bioquímicos. (STALLINGS; FUNG, 2003;
FAGUNDES, 2002; MELLO, 2002).
Diante do exposto, a presente pesquisa foi elaborada com o objetivo geral de avaliar o
estado nutricional, composição corporal e as práticas alimentares de crianças menores de dois
anos de idade, nascidas pré-termo, submetidas à estimulação SMO no período de internação
hospitalar. E, especificamente, verificar se existe influência da estimulação SMO sobre o
crescimento infantil e sobre as dificuldades durante o período de introdução da alimentação
complementar.
Este trabalho encontra-se estruturado no modelo alternativo, sendo organizado em
quatro capítulos descritos a seguir.
Inicialmente, o presente capítulo representa a introdução da pesquisa, sendo descritos
os objetivos, geral e específico.
No segundo capítulo, apresenta-se uma revisão de literatura, através de publicações
nacionais e internacionais, fazendo um breve relato sobre a interação da alimentação com a
Fonoaudiologia, seguido de conceitos básicos sobre alimentação infantil/amamentação e
avaliação nutricional.
O terceiro capítulo é composto por um artigo de pesquisa intitulado “Estado
nutricional e composição corporal de crianças submetidas a um programa de estimulação
sensório-motora-oral”, em que se objetivou investigar se havia diferenças no crescimento de
16
crianças que receberam estimulação SMO quando comparadas a um grupo controle. Esse
artigo será enviado para apreciação e possível publicação na “Revista CEFAC”.
O quarto capítulo consta de um artigo de pesquisa denominado “Práticas alimentares
de crianças nascidas pré-termo, submetidas a um programa de estimulação sensório-motora-
oral”, que buscou identificar as práticas alimentares adotadas pelas crianças, bem como
verificar a presença de dificuldades para a introdução da alimentação complementar. Este
estudo será enviado para análise e possível publicação no “Revista Brasileira de Saúde
Materno Infantil”.
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Alimentação e Fonoaudiologia
Machado (2007) afirma que, de modo geral, a alimentação é tratada no âmbito das
funções do sistema estomatognático. O sistema estomatognático é composto de um conjunto
de estruturas que executam funções básicas, tais como sucção, mastigação, deglutição, fala e
respiração. Cada estrutura tem características que lhe são peculiares e que agem de forma
conjunta. Qualquer desordem em uma dessas estruturas resulta em um desequilíbrio
generalizado. De acordo com Felício (2003), a sucção desempenha papel fundamental no
início da vida, suprindo as necessidades do bebê. A mastigação tem como objetivo fragmentar
os alimentos e prepará-los para a deglutição e digestão. a deglutição tem como finalidade
nutrir e hidratar o indivíduo, mantendo seu estado nutricional e protegendo a via aérea.
Na prática clínica com bebês, um dos fatores considerados como essenciais para a boa
evolução dos RNPTs diz respeito à alimentação. Devido à impossibilidade de receber
alimentação por via oral, os RNPTs de muito baixo peso necessitam ser alimentados por meio
de sondas orogástricas. No entanto, o uso da mesma priva a criança de estabelecer um padrão
de sucção adequado, provocando grandes dificuldades na transição para alimentação por VO,
podendo inclusive ser responsável por uma demora na adaptação ao seio materno (MODE,
2002).
Uma alimentação inadequada durante o período de internação hospitalar não acarreta
problemas apenas durante a hospitalização, mas também pode influenciar na alimentação
durante a infância. A longo prazo, crianças nascidas pré-termo, que apresentaram dificuldades
alimentares iniciais, podem ter problemas na introdução e na tolerância de alimentos sólidos,
bem como no prazer na hora da refeição, o que pode contribuir para um atraso no
desenvolvimento e distúrbios psicossociais, após alta da UTI Neonatal (HAWDON;
BEAUREGARD; KENNEDY, 2000).
Sendo assim, torna-se fundamental desenvolver e/ou adequar o padrão de sucção das
crianças prematuras, de forma a colaborar para o sucesso da alimentação/amamentação
(MODE, 2002). Por essa razão, torna-se imprescindível a atuação do fonoaudiólogo junto à
equipe multidisciplinar nas UTIs Neonatais. Essa atuação visa não apenas ao diagnóstico, mas
ao tratamento precoce das alterações fonoaudiológicas, prevenindo ou minimizando seus
18
efeitos (NEIVA, 2000). Alguns autores têm proposto a realização de um programa de
estimulação SMO, objetivando facilitar a transição da sonda para a VO, favorecendo o ganho
ponderal e, consequentemente, encurtando o período de internação hospitalar (NEIVA,
LEONE, 2006; FUCILE, GISEL, LAU, 2002).
A estimulação SMO, anterior à liberação da VO, tem como finalidade melhorar a SN
e, consequentemente, o desempenho alimentar dos prematuros, podendo inclusive favorecer o
aleitamento materno após a alta hospitalar (YAMAMOTO; KESKE-SOARES; WEIMANN,
2009; PIMENTA et al, 2008; ARAÚJO, 1998).
No ano de 2002, Fucile, Gisel & Lau estudaram o efeito de um programa de
estimulação oral, realizado antes da alimentação por VO, no desempenho alimentar de 32
RNPT, com IG entre 26 e 29 semanas. As crianças que receberam estimulação das estruturas
orais, realizaram a transição completa da sonda para a VO significantemente mais cedo
quando comparadas ao grupo controle. A competência e a taxa de transferência de leite foram
significantemente maiores no grupo estimulado (GE), evidenciando que um programa de
estimulação oral precoce acelera a transição para alimentação oral completa em crianças pré-
termo. Esses achados também foram constatados em um estudo brasileiro, reforçando a idéia
de que a estimulação pode acelerar o processo de maturação fisiológica, através das
experiências de aprendizagem, repercutindo positivamente na melhor aceitação alimentar do
prematuro, favorecendo assim uma alta hospitalar mais rápida (ROCHA et al., 2006).
Outro estudo que reforça a importância da estimulação SMO foi realizado por
Yamamoto; Keske-Soares; Weimann (2009). O objetivo principal do estudo era verificar o
efeito da estimulação SMO sobre a sucção não-nutritiva (SNN). Após avaliar 20 RNPTs, a
autora concluiu que os RNs que receberam estimulação SMO apresentaram melhora no
aspecto de sucção e desempenho da função da SNN.
Em relação aos efeitos da SNN antes da alimentação, McCain et al. (2001), avaliaram
81 recém-nascidos (RN) entre 32 e 34 semanas de idade pós-concepção e observaram que as
crianças que receberam estímulo da SNN realizaram uma transição da sonda para a VO, em
média, cinco dias mais cedo do que as não estimuladas. Não houve diferença no ganho de
peso entre os dois grupos, sendo que, em ambos, o ganho de peso foi satisfatório.
Em 2008, Bauer et al. realizaram um estudo com o propósito de avaliar o crescimento,
tempo de transição da sonda e permanência hospitalar de RNPT que foram submetidos à
estimulação SMO. Nesse estudo foram avaliados 24 RNPTs, sendo metade deles estimulados
duas vezes ao dia, durante 15 minutos, antes da oferta alimentar. Os autores demonstraram
19
que a estimulação contribuiu para uma transição mais rápida da sonda para a VO, embora não
tenha influenciado na alta hospitalar.
2.2 Alimentação infantil
Os dois primeiros anos de vida de uma criança, considerados como o alicerce da vida,
são caracterizados pela sua total dependência e intenso crescimento e desenvolvimento. Nesse
período, a nutrição assume papel de destaque, sendo capaz de assegurar a sobrevivência e
proporcionar um adequado crescimento e desenvolvimento infantil (EUCLYDES, 2000).
Autores enfatizam que uma alimentação saudável e ideal para crianças deve otimizar o
funcionamento de órgãos e sistemas, possibilitando crescimento e desenvolvimento
adequados, e atuar na prevenção de doenças a curto e longo prazo, tais como anemias,
obesidade e doenças crônicas não-transmissíveis (MATTOS et al., 2008). Seguem afirmando
que grande parte dos problemas de saúde que a criança enfrenta durante os primeiros anos de
vida está relacionada à alimentação, sendo o desmame precoce e as práticas alimentares
inadequadas os principais responsáveis por esse quadro.
Oliveira et al. (2005) registram que a prática alimentar inadequada nos dois primeiros
anos de vida de uma criança, principalmente aquelas que nascem em condições desfavoráveis
e/ou que nascem com baixo peso, está intimamente associada ao aumento da morbidade,
representada pelas doenças infecciosas, pela desnutrição e carências específicas de
micronutrientes particularmente ferro, zinco e vitamina A.
Segundo Euclydes (2000), uma desnutrição, iniciada precocemente, além de provocar
retardo no crescimento físico e comprometimento do desenvolvimento motor e da função
cognitiva, interfere também na resistência imunológica da criança, aumentando o risco e a
gravidade de infecções e, consequentemente, as possibilidades de morte prematura.
As práticas alimentares no período inicial da vida constituem um marco importante na
formação dos hábitos da criança. Especialistas garantem que, para que haja sucesso das
práticas alimentares é necessário oferecer à criança alimentos de qualidade e consistência
adequada, que satisfaçam as necessidades nutricionais definidas pelo seu crescimento e
desenvolvimento, que protejam contra absorção de substâncias consideradas alergênicas e não
excedam a capacidade funcional dos sistemas orgânicos (MATTOS et al., 2008).
20
Diante do exposto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o
aleitamento materno exclusivo deve ser ofertado até os seis meses de idade, pois supre as
necessidades protéicas e calóricas da criança, não havendo necessidade de complementação.
Porém, após os seis meses e até os 24 meses, é recomenda a manutenção do aleitamento
acompanhado de alimentação complementar (BRASIL, 2002).
São inquestionáveis as vantagens da amamentação para a criança, para a mãe, para a
família e para a sociedade em geral. O leite humano é composto por uma combinação única
de proteínas, lipídios, carboidratos, minerais, vitaminas, enzimas e células vivas, os quais
proporcionam benefícios nutricionais, imunológicos, psicológicos e econômicos. Essas
qualidades adquirem destaque especial, em se tratando de RNPTs, uma vez que esse grupo de
crianças apresenta uma maior vulnerabilidade. Para o RN prematuro, o leite materno tem
grande importância na maturação gastrointestinal, na formação do vínculo mãe-filho, no
desempenho neurocomportamental, menor incidência de infecção, melhor desenvolvimento
cognitivo e psicomotor e menor incidência de re-hospitalização. Além dos benefícios para o
bebê, a amamentação protege a mãe contra o risco de câncer de mama e ovários e auxilia na
recuperação do peso pré-gestacional, entre outros (SILVA et al., 2008; DO NASCIMENTO,
2004; SERRA,2004; GARCINUÑO et al., 2003).
Neiva (2003) acrescenta que, além dos benefícios nutricionais, imunológicos,
emocionais e econômico-sociais, o aleitamento também tem efeitos positivos na saúde
fonoaudiológica, uma vez que está relacionado ao crescimento e desenvolvimento craniofacial
e motor-oral do recém-nascido.
Diante de vários benefícios elucidados, Parizoto (2009), ao citar Réa (2003), comenta
que os conhecimentos das últimas décadas sobre aleitamento materno evidenciam que vários
são os agravos na ausência da amamentação exclusiva: enterocolite necrotizante, diabetes,
alergias e pneumonia, entre outros. Além disso, indicam que o uso exclusivo do leite materno
para prematuros e bebês de baixo peso leva a maiores índices de inteligência e acuidade
visual.
O aleitamento materno previne mortes desde os primeiros dias de vida, como
comprova um estudo europeu multicêntrico realizado por Lucas e Cole (1990) sobre
mortalidade por enterocolite necrotizante. Nesse estudo, RNPTs não amamentados ou em
aleitamento misto, tiveram uma chance 10,6 e 3,5 vezes maior de morrer por enterocolite,
respectivamente, quando comparados com seus pares amamentados exclusivamente. Dentre
os inúmeros estudos sobre o assunto, também destaca-se o publicado por Betrán et al. (2001),
em que os autores evidenciaram que 55% dos óbitos infantis por doenças diarréicas e
21
infecções respiratórias agudas seriam preveníveis se houvesse aleitamento materno exclusivo
entre os lactentes com idades compreendidas entre os 0 e 3 meses de idade.
No ano de 2001, foi realizado um estudo transversal, em Feira de Santana Bahia,
com o objetivo de avaliar a proteção da amamentação contra diarréia em crianças menores de
um ano. Foram avaliadas 2319 crianças, representando 24% da população. Embora os
resultados tenham demonstrado uma ocorrência de diarréia elevada (11,6%) na população
estudada, as crianças menores de seis meses não alimentadas ao seio apresentaram uma
chance significativamente maior (82%) quando comparadas com as em aleitamento materno
exclusivo, ficando claro o papel protetor do leite materno a esse respeito (VIEIRA et al.,
2003).
Spyrides et al. (2008), com o objetivo de avaliar o efeito da duração da amamentação
predominante sobre o crescimento infantil, constataram que crianças com maior duração de
aleitamento predominante apresentaram maior velocidade de crescimento durante os
primeiros meses de vida.
Chaves (2007), com o objetivo de determinar os índices de aleitamento materno
exclusivo e complementado e identificar variáveis que interferem na prática da amamentação
no município de Itaúna – Minas Gerais (MG), realizou um estudo longitudinal em que
acompanhou mães e recém-nascidos, mensalmente, nos primeiros 12 meses após o parto ou
até a interrupção da amamentação. Os resultados do estudo demonstraram que a prevalência
de aleitamento materno exclusivo até o sexto mês foi de 5,3%, e de aleitamento materno aos
12 meses, 33,7%. A mediana de aleitamento materno exclusivo foi de 40 dias, e a mediana de
aleitamento materno, 237 dias. Os autores concluíram que os índices de aleitamento materno
no município de Itaúna (MG) estão muito abaixo daqueles preconizados pela OMS. As
principais variáveis relacionadas negativamente ao tempo de aleitamento materno exclusivo e
complementado estão associadas à assistência materno-infantil, sendo, portanto, passíveis de
intervenção.
Nos primeiros seis meses, o leite materno atende perfeitamente às necessidades dos
lactentes, garantindo a alimentação ideal para o bebê e contribuindo para seu crescimento e
desenvolvimento saudável, reduzindo a incidência e a severidade das moléstias, como
infecções respiratórias, meningite bacteriana, botulismo, diarréia, infecção urinária, entre
outros. Além dos benefícios para o bebê, a amamentação protege a mãe contra o risco de
câncer de mama e ovários e auxilia na recuperação do peso pré-gestacional, entre outros
(SILVA et al., 2008; GARCINUÑO et al., 2003).
22
O leite materno isoladamente é capaz de suprir as necessidades de uma criança nos
seis primeiros meses de vida, no entanto, a partir de então, a introdução de alimentos
complementares ao aleitamento materno deverá ser incorporada à alimentação da criança
(BRASIL, 2002). Entende-se por alimentação complementar a alimentação no período em que
outros alimentos ou líquidos são oferecidos à criança, em adição ao leite materno. Os
alimentos complementares podem ser preparados especialmente para a criança ou podem ser
os alimentos consumidos pelos demais membros da família, modificados para atender às
habilidades e necessidades da mesma (SALDIVA et al., 2007).
Do ponto de vista nutricional, a introdução precoce de alimentos pode ser
desvantajosa, pois diminui a duração do aleitamento materno, interfere na absorção de
nutrientes importantes do leite materno, aumenta o risco de contaminação e de reações
alérgicas. Por outro lado, a introdução tardia de alimentos é desfavorável, na medida em que
não atende às necessidades energéticas do lactente e leva à desaceleração do crescimento da
criança, aumentando o risco de desnutrição e deficiência de micronutrientes (SALDIVA et al.,
2007).
De acordo com alguns autores, práticas inadequadas no processo de alimentação
complementar são comuns em diversos países, desenvolvidos ou em desenvolvimento
(COULTHARD et al, 2009; KALANDA et al, 2006). FEIN et al (2008) realizaram estudo
transversal com 2400 crianças com idade até 12 meses dos Estados Unidos e constataram que
aproximadamente 20% das mães começaram a oferecer alimentos complementares antes dos
4 meses e que existia associação positiva entre escolaridade materna e práticas corretas de
alimentação complementar.
No Brasil, com o objetivo de promover uma alimentação complementar saudável, o
Ministério da Saúde elaborou um guia alimentar para crianças menores de dois anos de idade.
O guia conta com um conjunto de recomendações denominado de “Os 10 passos para a
alimentação saudável da criança menor de dois anos”, o qual está sendo implementado em
todo o país desde 2002 .
Os 10 passos para uma alimentação saudável incluem:
Passo 1 - Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou
qualquer outro alimento.
Passo 2 - A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos,
mantendo o leite materno até os 2 anos de idade ou mais.
Passo 3 - Após 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes,
leguminosas, frutas, legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno, e
cinco vezes ao dia se estiver desmamada.
Passo 4 - A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários,
respeitando-se sempre a vontade da criança.
23
Passo 5 - A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de
colher; deve-se começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente,
aumentar a consistência até se chegar à alimentação da família.
Passo 6 - Oferecer à criança diferentes alimentos ao longo do dia. Uma alimentação
variada é uma alimentação colorida.
Passo 7 - Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
Passo 8 - Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos,
guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
Passo 9 - Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu
armazenamento e conservação adequados.
Passo 10 - Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua
alimentação habitual e seus alimentos preferidos e respeitando a sua aceitação
(Brasil, 2002, p. 10).
Com o objetivo de avaliar os efeitos de uma intervenção baseada na implementação
dos 10 passos para uma alimentação saudável sobre as condições nutricionais e de saúde de
lactentes em famílias de baixa renda, Vitolo et al. (2005) randomizaram 200 RNs para o
grupo intervenção e 300 para o grupo controle. O grupo intervenção recebeu orientações
dietéticas no primeiro ano de vida. Os dois grupos receberam visitas aos 6 e 12 meses e
acompanhamento de rotina, pelos seus pediatras. Ao final do estudo, os autores concluíram
que a implementação dos 10 passos mostrou-se efetiva na melhora de alguns aspectos da
saúde da criança (aleitamento materno, práticas alimentares e morbidades), sendo evidente a
necessidade da ampla aplicação desse programa na rede básica de saúde e na comunidade.
2.3 Avaliação nutricional
A infância é um período no qual ocorrem variações na composição corporal, uma vez
que o crescimento é caracterizado por um processo dinâmico e complexo, regulado por
múltiplos fatores, os quais incluem a hereditariedade, a ingestão de nutrientes, a atividade
física, a idade, o sexo e o balanço hormonal, que exercem influência sobre o tamanho e a
forma do indivíduo (VITOLO, 2003).
A importância da avaliação nutricional decorre da influência decisiva que o estado
nutricional exerce sobre os riscos de morbimortalidade e sobre o crescimento e
desenvolvimento infantil. O estado nutricional de uma população, especialmente das crianças,
é um excelente indicador de sua saúde e qualidade de vida, espelhando o modelo de
desenvolvimento de uma determinada sociedade (BRASIL, 2002; MONTEIRO et al., 2000).
A avaliação nutricional é um valioso instrumento diagnóstico capaz de medir as condições
nutricionais do organismo, determinadas pelos processos de ingestão, absorção, utilização e
24
excreção de nutrientes. O principal objetivo da avaliação nutricional é verificar o crescimento
e as proporções corporais, visando a fornecer informações nutricionais importantes que
auxiliam na identificação e prevenção precoce de desvios nutricionais (FAGUNDES, 2002;
MELLO, 2002). Brock e Falcão (2008) citam que os métodos utilizados na avaliação
nutricional e seus objetivos dependem das circunstâncias em que a mesma será realizada, e
que a avaliação pode ser baseada na história clínica, análise de parâmetros bioquímicos,
determinação da composição corpórea e medidas antropométricas. Deve-se salientar, no
entanto, que não existe um consenso sobre qual o melhor método para realizar tal avaliação.
Nenhum teste isolado é capaz de quantificar e qualificar o estado nutricional de forma
definitiva, devendo se basear em uma associação de indicadores (STALLINGS; FUNG,
2003).
Devido às limitações de alguns métodos, a avaliação nutricional geralmente é baseada
nas medidas antropométricas, por ser um meio rápido, não invasivo, relativamente simples e
conveniente, de baixo custo e que não necessita de um longo treinamento. A antropometria
avalia proporções, tamanho e composição corporal dos seres humanos (FALCÃO, 2000).
Existe uma variedade de medidas antropométricas, cada uma oferecendo informações
diferentes. As principais medidas utilizadas são: peso, comprimento, perímetro cefálico,
circunferência braquial e pregas cutâneas. O peso é a medida antropométrica mais utilizada,
por ser de fácil obtenção e por não requerer equipamento especial. Para o crescimento linear,
o melhor indicador é o comprimento, pois reflete a massa corpórea magra. Através da
circunferência braquial, é possível avaliar a massa muscular e a gordura do braço, essa
medida considera que a composição do braço reflita adequadamente a composição corpórea
(FALCÃO, 2000). A medida das pregas cutâneas de forma seriada promove uma estimativa
do depósito de gordura e obesidade. No entanto, mesmo sabendo que as pregas cutâneas
oferecem informações importantes para a avaliação nutricional, alguns autores sugerem que é
preciso realizar mais estudos sobre o método. Exemplo disso é a pesquisa de Rodrigues et al.
(2005), realizada com o objetivo de analisar se as medidas de antropometria, o sexo ou a IG
poderiam determinar uma variabilidade na gordura subcutânea. Os autores avaliaram 4634
RNs entre 32 a 41 semanas de IG, determinando o peso, o comprimento e as pregas cutâneas
(tricipital, bicipital, supra-ilíaca e subescapular). Ao concluir essa pesquisa, os autores
confirmaram que o peso, o comprimento e o sexo são importantes determinantes da
composição corporal, já a utilização das pregas cutâneas necessita de mais estudos.
Sesmero et al (2005) comentam que com os avanços tecnológicos, é possível
empregar novas ferramentas na investigação nutricional. Como exemplos de métodos, citam a
25
bioimpedância elétrica (BIA), a absormetria de raios X duo-energético (DEXA), a tomografia
computadorizada e a ressonância magnética.
A bioimpedância elétrica baseia-se na passagem de uma corrente elétrica, de baixa
intensidade e frequência fixa (50 hz), pelo corpo do indivíduo, determinando a resistência
(impedância) oferecida pelos diversos tecidos do organismo. É um método simples, rápido,
não invasivo, indolor, sensível e de fácil realização. Através dela é possível obter os valores
de massa gorda, gordura percentual, massa magra, água corporal total e metabolismo basal,
além de recomendações ideais de peso corporal e gordura total (MAYFIELD et al., 1991).
A possibilidade de estudar crianças por meio da condutividade elétrica corporal
também despertou o interesse em autores que validaram o teste. Os primeiros estudos de
Grazioso (1990) foram desenvolvidos com RN pequenos para IG, que apresentavam retardo
de crescimento intra-uterino, sendo possível, através da BIA, diferenciar entre retardo de
crescimento agudo e crônico.
Outro estudo interessante foi realizado por Calixto (2005) com o objetivo de avaliar a
utilidade de bioimpedância corporal e transtorácica como critério de desmame da prótese
ventilatória em RNPTs com Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR). A autora conclui o
seu estudo afirmando que a bioimpedância pode ser utilizada como critério quantitativo na
avaliação inicial e na evolução do RNPT com SDR, auxiliando na decisão de iniciar e
interromper a ventilação mecânica.
Mayfield et al. (1991) testaram a hipótese de que a bioimpedância elétrica de
resistência e reatância podem ser bons indicadores de água corporal total (ACT) e água
extracelular (AEC). Para tal, avaliaram RNs com peso ao nascer inferior a 2500 gramas, em
dois períodos de tempo: nas primeiras 24 horas e com 4-7 dias de idade, concluindo que os
métodos podem indicar adequadamente os índices de água corporal total e água extracelular,
respectivamente.
A fim de analisar a composição corporal utilizando absormetria de raios X duo-
energético (DEXA), BIA e medidas antropométricas simples, Dung et al. (2007) avaliaram
118 RNPTs com 30,1 ± 3,1 semanas de IG e peso ao nascer de 1260 ± 470 gramas, durante os
primeiros meses de vida. Baseados no estudo, os autores afirmam que a massa livre de
gordura pode ser prevista através da avaliação de medidas antropométricas, ao invés do uso de
índices de impedância, o que representaria uma grande vantagem, por serem métodos de
simples aferição.
Para completar a avaliação nutricional, é preciso estar atento também às alterações dos
exames laboratoriais, que, analisados em conjunto com os demais parâmetros, possibilitam a
26
realização de uma avaliação mais precisa. É importante salientar que através da avaliação
laboratorial é possível detectar causas subclínicas de desnutrição, bem como carências
específicas de micronutrientes, particularmente ferro, zinco e vitamina A, bastante comum em
crianças menores de dois anos de idade (PIVA; CELINY, 2005; OLIVEIRA et al, 2005).
A carência de ferro é um grande problema de saúde pública, atingindo tanto países em
desenvolvimento como os desenvolvidos (WHO, 2008). Nos primeiros anos de vida, as
crianças constituem o grupo mais vulnerável à anemia ferropriva, que ocorre como resultado
de um desequilíbrio no balanço entre a quantidade de ferro biologicamente disponível e a
necessidade orgânica. A deficiência de ferro no primeiro ano de vida tem consequências
preocupantes, pois esse é um período marcado por desenvolvimento neurológico rápido, o que
pode influenciar o desenvolvimento futuro (RAO; GEORGIEFF, 2007; LOZOFF et al, 2006).
Os sintomas mais comuns da deficiência de ferro, neste grupo, incluem: comprometimento do
desenvolvimento mental, dificuldades no crescimento e desenvolvimento físico, reduzida
atividade física e produtividade, aumento na frequência de morbidades, dentre outros
(GILLESPIE, 1998).
Embora inquéritos nacionais de base populacional sejam escassos no Brasil, o
Ministério da Saúde (MS, 2008) estima que a prevalência de anemia entre crianças menores
de cinco anos varie de 30 a 70%, sendo que as maiores prevalências (> 50%) são observadas
nas crianças com idade abaixo de 24 meses. De fato, dos 6 aos 18 meses, as necessidades de
ferro tendem a ser maiores que a ingestão (BEARD, 2008).
27
3 ARTIGO DE PESQUISA
Avaliação nutricional e composição corporal de crianças nascidas pré-termo submetidas
a estimulação sensório-motora-oral.
RESUMO
Objetivo: Verificar a influência da estimulação sensório-motora-oral sobre o estado
nutricional e a composição corporal de crianças entre 12 e 24 meses de idade.
Métodos: Estudo transversal que incluiu 16 crianças, nascidas pré-termo, submetidas
aleatoriamente, a um programa de estimulação sensório-motora-oral durante o período
neonatal. As crianças foram avaliadas através do peso, estatura, perímetro cefálico,
circunferência do braço, prega cutânea tricipital (PCT), bioimpedância elétrica, e por medidas
derivadas como área total do braço, área muscular do braço, área de gordura do braço (AGB),
percentual de gordura corporal e índice de massa corporal. O estado nutricional foi avaliado a
partir dos indicadores peso/estatura (P/E), peso/idade (P/I) e estatura/idade (E/I), tendo como
referência o National Center Health Statistics (NCHS).
Resultados: Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, estimulado
(GE) e controle (GC), em relação à média de valores do escore-z de P/E, P/I e E/I e, em
ambos os grupos, o estado nutricional encontrava-se eutrófico. O déficit de estatura para idade
(<-2 escore-z) esteve presente em 25% das crianças, tanto do GE quanto do GC. Os valores da
prega cutânea tricipital e a área gordurosa do braço foram maiores no grupo controle (p=0,008
e 0,003, respectivamente). As crianças do grupo estimulado tiveram uma taxa de água
corporal total e massa magra menor que as do grupo controle (p>0,05). Conclusão: Neste
estudo, não foi possível verificar o benefício da estimulação sensório-motora-oral realizada no
período neonatal, sobre o estado nutricional e a composição corporal das crianças entre 12 e
24 meses de idade.
Palavras-chave: Avaliação nutricional; composição corporal, estimulação sensório-motora-
oral.
28
Nutritional assessment and body composition of children born preterm who underwent
sensory-motor-oral stimulation
ABSTRACT
Objective: To investigate the influence of sensory-motor-oral stimulation on the nutritional
status and body composition of children between 12 and 24 months of age.
Methods: Cross-sectional study that included 16 children, born preterm, randomly subjected
to a program of sensory-motor-oral stimulation during their neonatal period. The children
were assessed by weight, height, head circumference, arm circumference, triceps skinfold
thickness, bioelectrical impedance analysis, and derived measures such as total arm area, arm
muscle area, arm fat area, percentage of body fat and body mass index. Nutritional status was
assessed using the indicators P/E, P/I and E/I, according to the National Center Health
Statistics (NCHS).
Results: There was no statistical difference between groups (experimental and control) in
relation o the z-score values for P/E, P/I, and E/I. In both groups, children were classified as
well-nourished. The low height for age (< -2 z-score) was present in 25% of children, in both
groups. The values of triceps skinfold and upper arm fat area were higher in the control group
(p= 0.008 and 0.03, respectively). Children in the experimental group had total body water
and the lean body mass less than the control group (p>0.05).
Conclusion: In these study we could not see a benefit of sensory-motor-oral stimulation,
performed in the neonatal period, on the nutritional status and body composition of children
12 to 24 months of age.
Keywords: Nutrition Assessment; body composition, sensory-motor-oral stimulation.
29
INTRODUÇÃO
Melhorias nos cuidados intensivos neonatais têm proporcionado um aumento
significativo na sobrevida de recém-nascidos pré-termos a partir da década de 60 e vem
causando interesse e preocupação em todos os profissionais da área da saúde quanto ao
prognóstico dessas crianças, devido à forte evidência de que a condição nutricional no início
da vida tem repercussões na saúde do adulto. Tais bebês têm maior probabilidade de
apresentar problemas de desenvolvimento e agravos nutricionais, o que pode gerar
consequências deletérias futuras tanto nos processos de crescimento quanto na possibilidade
do surgimento de doenças metabólicas e degenerativas na infância, adolescência e idade
adulta (ERNEST, 2003, ANCHIETA, 2004; GEWOLB, 2001, LUCAS,1994).
O recém-nascido pré-termo, por não ter completado o seu desenvolvimento intra-
uterino, apresenta imaturidade funcional e estrutural de órgãos e sistemas e, como resultado,
revela um padrão de desenvolvimento motor diferente do das crianças nascidas a termo. As
dificuldades de adaptação estão relacionadas à imaturidade global, o que inclui inabilidades
motoras orais para coordenação da sucção-deglutição-respiração, dificultando a realização da
alimentação por via oral e, consequentemente, prejudicando seu estado nutricional (COSTA,
2007; RUGOLO, 2005). Além disso, estudos indicam que em longo prazo, crianças que
apresentaram dificuldades alimentares iniciais podem apresentar problemas na introdução e
na tolerância de alimentos sólidos no período da infância (HAWDON, BEAUREGARD,
KENNEDY, 2000).
Sendo assim, a atuação do fonoaudiólogo em berçário de alto risco é proporcionar ao
recém-nascido a capacidade de se alimentar por via oral o mais precocemente possível e de
modo seguro, funcional e prazeroso, observando o funcionamento global de seu organismo
(COSTA, 2007). Com base nessas evidências, alguns pesquisadores têm proposto a
realização de um programa de estimulação sensório-motora-oral (SMO) durante a internação
na UTI Neonatal, com o propósito de facilitar a introdução da alimentação por via oral. A
SMO tem como finalidade melhorar a sucção nutritiva e, consequentemente, o desempenho
alimentar de crianças prematuras, podendo inclusive favorecer o aleitamento materno após a
alta hospitalar (ARAÚJO, 1998; FUCILE, GISEL, 2002).
Observa-se que a relação entre a prematuridade, estimulação sensório motora-oral e
desenvolvimento infantil vem sendo examinada sob diferentes perspectivas. Estudos recentes
30
têm mostrado os benefícios que a estimulação SMO promove em relação ao ganho de peso, a
transição mais rápida da sonda para a via oral e o menor tempo de permanência hospitalar
(BAUER et al, 2009, FUCILE, GISEL, 2002, NEIVA, 2003). Porém, o desfecho a longo
prazo da influência da estimulação SMO sobre o estado nutricional dessas crianças ainda é
questionado.
Portanto o objetivo deste estudo é verificar a influência da estimulação sensório-
motora-oral sobre o estado nutricional e composição corporal das crianças menores de dois
anos de idade, nascidas prematuramente, que participaram de um programa de estimulação
motora-oral durante o período de internação na UTI Neonatal.
MÉTODOS
Estudo de caráter transversal, por conveniência foi desenvolvido no Ambulatório de
Pediatria do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), entre os meses de janeiro a julho
de 2009. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) sob o número 0131.0.243.000-06.
Foram selecionadas para este estudo as crianças nascidas pré-termo pertencentes ao
banco de dados de uma pesquisa anterior, intitulada “Desempenho alimentar e crescimento de
recém-nascidos pré-termos submetidos à estimulação sensório-motora-oral”, realizada no
período compreendido entre abril de 2007 e maio de 2008. Nesse estudo participaram 24
recém-nascidos pré-termo, com idade gestacional entre 26 e 33 semanas, tendo a metade
recebido estimulação SMO durante o período de internação na UTI Neonatal (BAUER et al,
2008). No presente estudo, as crianças foram selecionadas a partir do Ambulatório de
Pediatria, onde realizavam seguimento de rotina, ou por contato telefônico com os pais ou
representantes. Do total, 4 crianças não participaram devido ao não consentimento dos pais, 1
criança foi a óbito, 2 crianças não foram localizadas devido à mudança de endereço e 1
criança foi encaminhada para adoção, sendo então incluídas 16 crianças, com idade entre 12 e
24 meses, cujos pais e/ou representantes legais concordaram e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
31
A avaliação do estado nutricional foi realizada através de medidas antropométricas e
composição corporal. As medidas antropométricas utilizadas foram: peso, comprimento,
perímetro cefálico (PC), circunferência braquial (CB) e prega cutânea tricipital (PCT).
Para avaliação da composição corporal foram utilizadas medidas de reatância e
resistência, bem como a área total do braço (ATB), área muscular do braço (AMB) e área
gordurosa do braço (AGB).
As medidas de peso foram tomadas com as crianças totalmente despidas, utilizando
balança eletrônica da marca Filizola®, modelo BP 620/95, com capacidade de 15 kg,
expressa em gramas. O comprimento foi medido com auxílio de régua antropométrica
horizontal da marca Seca®, graduada em centímetros e com extensão de 200 cm. O perímetro
braquial foi medido com fita antropométrica inextensível, no ponto médio entre acrômio e
olecrano do braço, procurando não enrugar a pele no local. A prega cutânea tricipital foi
medida no lado direito do corpo, considerando a média de três medidas consecutivas,
utilizando adipômetro da marca Cescorf®, com pressão constante de 10 g/mm
2
e precisão de
0,02 mm.
Os indicadores para análise do estado nutricional foram: peso/idade (P/I),
peso/estatura (P/E), estatura/idade (E/I) e índice de massa corporal/idade (IMC/I). Os valores
obtidos foram calculados para cada criança segundo os valores em escore-z e o padrão de
referência utilizado para comparação das medidas foi o do National Center for Health
Statistics (NCHS), de uso recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O ponto
de corte utilizado para classificar a desnutrição foi de <-2 desvios-padrão, e para diagnosticar
sobrepeso/obesidade foi de > + 2 desvios-padrão; sendo considerados eutróficos valores entre
-2 e +2 desvios-padrão. Os dados do levantamento antropométrico foram processados
utilizando o programa Anthro 2006.
Através da bioimpedância elétrica, foram verificados os valores de resistência (R),
reatância (XC) e impedância (Z), os quais foram utilizados para cálculo dos percentuais de
água corporal total, massa magra e gordura corporal. A bioimpedância elétrica foi realizada
com o aparelho Quantum BIA 101 QRJL Systems®, sendo realizada com a criança deitada
em decúbito dorsal, com as pernas afastadas, formando um ângulo de 40°, as mãos abertas
apoiadas na cama, afastadas do corpo, formando um ângulo de 30° em relação ao mesmo.
Foram utilizados quatro eletrodos, sendo dois colocados no direito, um de forma distal, na
base do dedo médio, e o outro eletrodo proximal, um pouco acima da linha da articulação do
tornozelo, entre os maléolos medial e lateral. Outros dois eletrodos foram colocados na mão
32
direita, um distal na base do dedo médio, e o outro eletrodo proximal, um pouco acima da
linha da articulação do punho, coincidindo com o processo estilóide.
Foram usadas as seguintes fórmulas para avaliação do estado nutricional:
Área total do braço –
ATB (cm
2
) = CB
2
4.π
Onde CB = circunferência braquial e
π
= 3,1416
Área muscular do braço –
AMB (cm
2
) = [CB – (PCT x π)]
2
4.π
Onde: PCT = prega cutânea tricipital
Área de gordura do braço –
AGB (cm
2
) = ATB – AMB
Índice de Massa Corporal (IMC) obtido dividindo-se o peso atual (em kg) pela
estatura (em metros) ao quadrado.
Optou-se por utilizar a equação de FJELD et al (1990) para calcular a quantidade de
Água Corporal Total (ACT) e, consequentemente, a percentagem de gordura corporal total
(%GC) e massa magra.
TBW (kg) = 0,76 + 0,18 (S
2
/Z) + 0,39 (peso)
Onde: TBW = ACT
S = comprimento
Z = impedância
Z = (R
2
+ X
c
2
)
1/2
onde R = Resistência e X
c
= reatância
Os resultados obtidos foram digitados em um banco de dados e analisados através do
software estatístico STATA, versão 10.0. Para cada uma das variáveis foi calculada a média e
desvio-padrão. As médias dos grupos foram comparadas por meio do Teste-t unilateral a 5%
de probabilidade de erro, para duas amostras independentes.
33
RESULTADOS
Participaram da pesquisa 16 crianças, na faixa etária entre 12 a 24 meses de idade, que
haviam sido distribuídas, durante sua internação no período neonatal, em grupo estimulado
(GE) e grupo controle (GC) conforme a participação em um programa de estimulação SMO.
A tabela 1 apresenta as características gerais do grupo, bem como as variáveis
sociodemográficas. A média de idade gestacional foi de 31 semanas para o GE e 30,1
semanas para o GC. Com relação ao peso ao nascer, todas as crianças apresentaram baixo
peso, sendo a média de 1328 e 1294 gramas para o GE e GC, respectivamente. A escolaridade
materna foi em média de 8,4 anos para o GE e 9,6 anos para o GC. Embora a renda familiar
tenha sido inferior a 2,5 salários mínimos em todas as famílias, observou-se uma diferença
estatisticamente significativa entre os grupos.
Tabela 1 Características gerais e sócio-demográficas das crianças do grupo estimulado e
grupo controle.
Variável Grupo Estimulado
(GE)
Grupo Controle
(GC)
p
N 8 8
Idade gestacional (semanas)* 31,0 (±1.6) 30,1 (±2.1) 0.18
Peso ao nascer (gramas)* 1328 (±208) 1294 (±230) 0.38
Sexo
Feminino
Masculino
4 (50%)
4 (50%)
5 (62,5%)
3 (37,5%)
Idade da mãe (anos)* 28,1 (±7.8) 25,0 (±5.5) 0.19
Escolaridade materna (anos)* 8,4 9,6
Renda familiar (salário-mínimo) 1,8 2,1 0.05
*
média ± desvio padrão, teste-t de Student.
As medidas antropométricas de peso atual, estatura, perímetro cefálico, circunferência
braquial e IMC estão descritas na tabela 2. Não houve diferença estatisticamente significativa
entre os grupos analisados. No momento da avaliação, a média de idade foi de 13,4 meses
para o GE e 15,1 meses para o GC. Em relação ao peso corporal, os grupos foram
semelhantes, com uma média de 9,2 kg (mínimo de 6,8 kg e máximo de 11,7 kg) para o GE e
9,7 kg (mínimo de 7,1 kg e máximo de 11,3 kg) para o GC. O mesmo foi observado em
relação à altura (média de 75,5 e 75,8 cm no GE e GC, respectivamente), assim como em
relação ao perímetro cefálico e circunferência braquial. O índice de massa corporal foi
satisfatório nos dois grupos.
34
Tabela 2 Valores referentes a avaliação antropométrica das crianças do grupo estimulado e
grupo controle.
Variável* Grupo Estimulado
(GE)
Grupo Controle
(GC)
p
N 8 8
Idade corrigida
Peso atual (kg)
13,4 (±4,2)
9,2 (±1,6)
15,1 (±4,0)
9,7(±1,4)
0.20
0.28
Estatura (cm) 75,5 (±5,8) 75,8 (±4,8) 0.45
Perímetro cefálico (cm) 46,0 (±1,9) 46,9 (±1,3) 0.15
Circunferência braquial (cm) 15,2 (±1,5) 15,9 (±1,4) 0.16
IMC (kg/m
2
) 16,0 (±1,0) 16,7 (±1,18) 0.12
*
média ± desvio padrão, teste-t de Student.
O estado nutricional dos sujeitos avaliados foi classificado a partir dos referenciais
estabelecidos pelo National Center for Health Statistics (NCHS). Em relação à média de
valores do escore-z de P/E, P/I e E/I, não houve diferença estatisticamente significante entre
os grupos (tabela 3). De maneira geral, em ambos os grupos o estado nutricional encontrava-
se adequado. É importante salientar que o déficit de estatura para idade (< -2 escore-z) esteve
presente em 25% das crianças estudadas, tanto do GE quanto do GC.
Tabela 3 – Valores dos escores-z referentes aos indicadores nutricionais P/E, P/I, E/I, segundo
grupo estimulado e grupo controle.
Variável * Grupo Estimulado
(GE)
Grupo Controle
(GC)
p
N 8 8
P/E -0,3 (±1,2) 0,1 (±0,9) 0.19
P/I -0,5 (±1,2) -0,3 (±1,2) 0.41
E/I -,6 (±1,6) -1,0 (±1,7) 0.32
*
média ± desvio padrão, teste-t de Student
Na tabela 4 são apresentadas as medidas de áreas corporais necessárias para avaliação
da composição corporal. Observa-se que, quando comparados os valores de PCT e AGB entre
os grupos, os valores foram maiores nas crianças do GC, mostrando uma diferença estatística
significativa entre as médias.
35
Tabela 4 – Valores das áreas corporais das crianças do grupo estimulado e grupo controle.
Variável * Grupo Estimulado
(GE)
Grupo Controle
(GC)
p
n 8 8
Circunferência do braço (cm) 15,2 (±1,5) 15,9 (±1,4) 0.16
Prega cutânea tricipital (mm) 9,5 (±1,0) 10,7 (±0,8) 0.008*
18,3 (±3,7) 20,3 (±3,4) 0.14 Área total do braço (cm)
Área muscular do braço (cm) 12 (±2,7) 12,63 (±2,3) 0.31
Área de gordura do braço (cm) 6,5 (±1,1) 7,7 (±1,2) 0.03*
% de gordura do braço 35,5 (±3,8) 37,9 (±1,3) 0.06
*
média ± desvio padrão, teste-t de Student.
Através dos valores obtidos pela impedância elétrica (reatância e resistência) e pela
equação de FJELD et al (1990), as crianças do GE apresentaram uma tendência a ter menor
taxa de ACT e massa magra quando comparados ao GC, porém sem diferença
estatisticamente significativa (tabela 5).
Tabela 5 Valores da composição corporal através da impedância elétrica e equação de
FJELD, segundo grupo estimulado e grupo controle.
Variável * Grupo Estimulado
(GE)
Grupo Controle
(GC)
p
N 8 8
Água corporal total (ACT) 5,9 (±0,9) 6,5 (±0,7) 0.09
Massa magra 7,5 (±1,2) 8,3 (±0,9) 0.09
Massa gorda 1,7 (±0,6) 1,6 (±0,5) 0.40
*
média ± desvio padrão, teste-t de Student.
DISCUSSÃO
Embora muito se tenha avançado no cuidado dispensado ao recém-nascido pré-termo,
observa-se que o mesmo ainda apresenta um crescimento insuficiente, o qual pode se manter
inclusive até a vida adulta (RUGOLO, 2005; GIANINI; VIEIRA; MOREIRA, 2005). São
ainda pouco conhecidos os fatores determinantes do crescimento e desenvolvimento de
crianças nascidas prematuras; no entanto, sabe-se que uma estratégia nutricional adequada é
essencial, inclusive para a qualidade de vida futura. Dentre as estratégias utilizadas no período
neonatal, destaca-se a estimulação SMO, cujos resultados têm sido associados a uma transição
mais rápida da sonda para a via oral, maior ganho de peso e, consequentemente, alta
36
hospitalar precoce (FUCILE; GISEL, 2002; BAUER et al, 2009; NEIVA, 2003). No entanto,
o impacto desse procedimento sobre o estado nutricional a longo prazo ainda não foi avaliado.
Este estudo procurou detectar os efeitos da estimulação SMO sobre o estado nutricional e
composição corporal, numa amostra de crianças nascidas pré-termo, entre 12 e 24 meses de
idade, ou seja, num período de intenso crescimento e desenvolvimento. Embora os resultados
obtidos não tenham conseguido mostrar uma clara influência da estimulação SMO sobre o
crescimento e composição corporal, no grupo estudado, eles são comparáveis com o descrito
na literatura para crianças a termo, na mesma faixa etária.
O estado nutricional está também ligado a fatores ambientais importantes, como ao
nível socioeconômico da família. Acredita-se que a escolaridade represente um dos
indicadores mais precisos para a identificação do nível socioeconômico de uma população,
relacionando-o às possibilidade de acesso a empregos e renda, à utilização dos serviços de
saúde e à receptividade aos programas educacionais e sanitários (MORAES E SOUZA,
1996). Neste estudo, a escolaridade das mães de ambos os grupos superou a média de oito
anos de estudo. Esses valores estão próximos aos dados nacionais publicados pela PNDS
(2006) em que a média de anos de escolaridade foi de 8,7 anos para as mulheres que vivem
em áreas urbanas (BRASIL, 2008).
Em relação à questão sociodemográfica, o GC apresentou uma média
significativamente maior de salários mínimos (2,1) quando comparado ao GE (1,8). No
entanto, apesar de alguns autores enfatizarem que a renda familiar é importante determinante
na saúde infantil, e que crianças mais pobres em média tendem a ter piores condições de
saúde, apresentando menor estatura e peso, e maior probabilidade de anemia do que crianças
mais ricas, neste estudo acredita-se que esse fator não tenha influenciado na condição
nutricional dos sujeitos (REIS; CRESPO, 2009; CLARO et al, 2007).
Por se tratar de crianças de baixo perfil socioeconômico, esperava-se encontrar
crianças com maiores proporções de desnutrição e índices de baixa estatura, pois falhas no
crescimento linear estão ligadas ao prolongado tempo de consumo insuficiente de energia e
nutrientes, ou ainda, a péssimas condições de saúde. No entanto, foi interessante observar que,
de acordo com o padrão de referência do NCHS, essas crianças foram consideradas eutróficas.
Monteiro et al (2000) afirmam que a redução da prevalência da desnutrição infantil
vem sendo significativa e que, para o conjunto de menores de 5 anos, as prevalências
estimadas de desnutrição tiveram uma redução da ordem de 60%. Achados semelhantes foram
encontrados na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2002-2003, que evidenciou reduzida
prevalência de desnutrição em crianças menores de 5 anos, população mais vulnerável a
37
deficiências nutricionais (IBGE, 2006). Ribas (1999), ao avaliar o estado nutricional de 652
crianças menores de 5 anos encontrou déficits de P/E e E/I de 1,2% a 6,3%, respectivamente.
As pesquisas realizadas no Brasil a fim de identificar as causas do declínio de desnutrição
infantil atribuem o declínio de desnutrição a melhorias, como escolaridade das mães, acesso à
assistência a saúde e às condições de saneamento (MONTEIRO et al, 2009).
Vale ressaltar que o déficit de estatura para idade encontrado em 25% dos sujeitos de
ambos os grupos pode estar relacionado à prematuridade. Dados revelam que crianças com
peso de nascimento de 3000 gramas ou mais têm índices médios positivos de estatura para
idade, em relação ao referencial, e apenas as que nasceram com peso de nascimento menor
que 2500 gramas têm valores médios negativos para os índices de estatura para idade e peso
para idade (SCHOEPS, 2004).
É importante salientar que, no Brasil, a rápida diminuição das taxas de desnutrição
associada ao aumento das taxas de obesidade tem ocorrido em curto intervalo de tempo,
agregando uma nova preocupação, no âmbito das políticas públicas, que envolve os cuidados
alimentares e nutricionais com as crianças (FERNANDES; GALLO; ADVÍNCULA, 2006;
TREMBLAY; WILLMS, 2000; HERPERTZ-DAHLMANN et al, 2003; GUO et al, 2004).
Por meio da antropometria, utilizando as medidas de circunferência braquial e prega
cutânea tricipital, foi possível calcular as medidas derivadas de área muscular do braço
(AMB) e área gordurosa do braço (AGB), geralmente utilizadas para a avaliação do estado
nutricional. Os resultados demonstraram que a AGB das crianças do GC apresentaram um
valor médio superior ao das crianças do GE. A possível explicação desse fato é o GC ser
composto por mais crianças do sexo feminino (62,5%) que, para alguns autores, têm um
percentual maior de gordura corporal do que crianças do sexo masculino (RODRÍGUEZ et al,
2004; KOO et al, 2000, GUIHARD-COSTA, 1994).
Através do método de bioimpedância elétrica, detectou-se uma tendência de o GE
apresentar menor taxa de ACT e massa magra, quando comparado com as crianças do GC; no
entanto, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. No
presente estudo, nenhum fator que possa explicar essa tendência de melhor estado nutricional
dessas crianças do GC foi identificado. É importante salientar que na infância o uso da BIA
tem sido questionado devido a fatores que se relacionam com a metodologia e exatidão dos
resultados obtidos (PINTO, 2005). Autores referem que em crianças muito pequenas a
dificuldade de colocar os eletrodos à distância recomendada pode resultar na distorção dos
valores obtidos e, portanto, é imprescindível seguir uma padronização definida na literatura e
38
tomar alguns cuidados prévios para não comprometer os resultados da composição corporal
pela BIA (GARTNER, 2003; SANT’ANNA et al, 2009).
É importante considerar as limitações metodológicas encontradas durante o percurso
deste trabalho. Inicialmente a pesquisa tinha como objetivo realizar uma avaliação nutricional
completa, incluindo desde dados antropométricos, pregas cutâneas, BIA e exames
bioquímicos. No entanto, não foi possível considerar a avaliação bioquímica, devido ao não
comparecimento para a coleta de sangue. Ressalta-se que as crianças que não vieram fazer os
exames tinham renda menor e famílias não estruturadas.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados encontrados, não foi possível comprovar o benefício de um
programa de estimulação SMO, realizado durante a internação em UTI Neonatal, sobre o
estado nutricional e a composição corporal das crianças nascidas pré-termo, na faixa etária de
12 a 24 meses. No entanto, cabe ressaltar que as crianças, embora nascidas pré-termo,
estavam eutróficas, além de terem apresentado peso e estatura adequados para as suas idades.
39
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43
4 ARTIGO DE PESQUISA
Práticas alimentares de crianças nascidas pré-termos, submetidas a um programa de
estimulação sensório-motora-oral.
RESUMO
Objetivo: Investigar as práticas alimentares e identificar a presença de dificuldades durante o
período de introdução da alimentação complementar em crianças nascidas pré-termo
submetidas a um programa de estimulação SMO.
Métodos: Estudo transversal que incluiu 16 crianças entre 12 e 24 meses de idade, nascidas
pré-termo, submetidas aleatoriamente a um programa de estimulação sensório-motora-oral
durante o período neonatal. A coleta dos dados foi realizada através de um questionário
estruturado aplicado às mães e/ou responsáveis. Para análise do consumo alimentar foi
aplicado um recordatório de 24 horas.
Resultados: O tempo de amamentação exclusiva foi maior nas crianças estimuladas quando
comparadas com as controle, média de 67,5 dias e 30 dias, respectivamente (p=0,17). Os
principais motivos para o desmame precoce foram a recusa das crianças e a produção
insuficiente de leite. A introdução de alimentos complementares ocorreu em período precoce
para ambos os grupos, em média de 5,8 meses para o GE e 5,4 meses para o GC. 37,5%
crianças do GC e 25% do GE apresentaram dificuldades para iniciar a introdução de
alimentos sólidos (p>0,05).
Conclusão: Acredita-se que as crianças que receberam estimulação sensório-motora-oral
tenham sido beneficiadas no que diz respeito ao maior tempo de amamentação exclusiva e à
menor porcentagem de dificuldades para a introdução de novos alimentos quando comparadas
com as crianças do grupo controle.
Palavras-chave: Alimentação complementar; criança; nutrição.
44
Feeding practices of children born preterm who underwent a sensory-motor-oral
stimulation program.
ABSTRACT
Objective: To investigate feeding practices and identify the difficulties met during the
introduction of complementary foods in children born preterm subjected to a sensory-motor-
oral stimulation program.
Method: Cross-sectional study that included 16 children, born preterm, randomly subjected
to a sensory-motor-oral stimulation program performed during the neonatal period. Data
collection was conducted through a structured questionnaire applied to mothers or guardians.
Food consumption was analyzed by appling a 24- hour recall.
Results: The duration of breastfeeding was higher among children stimulated when
compared with the control with an average of 67.5 days and 30 days, respectively (p=0,17).
The main reasons for early weaning from breastfeeding were the refusal of the children and
insufficient milk production. The introduction of complementary foods occurred in the early
period for both groups with an average of 5.8 months for the GE and 5.4 months for the GC.
37.5% and 25% of children from the stimulated and control group, respectively, had
difficulties to start with solid foods (p>0.05).
Conclusion: Children who received sensory-motor-oral stimulation were breastfeeding
during a longer period of time and had less difficulties to start solid foods when compared
with the controls showing that these program could have a beneficial long-term effect.
Keywords: Supplementary feeding; child; nutrition.
45
INTRODUÇÃO
Os dois primeiros anos de vida de uma criança, considerados como o alicerce da vida,
são caracterizados pela sua total dependência e intenso crescimento e desenvolvimento. Nesse
período, a nutrição assume papel de destaque, sendo capaz de assegurar a sobrevivência e
proporcionar um adequado crescimento e desenvolvimento infantil (EUCLYDES, 2000).
As práticas alimentares no período inicial da vida constituem um marco importante na
formação dos hábitos da criança. Especialistas garantem que, para que haja sucesso das
práticas alimentares, é necessário oferecer à criança alimentos de qualidade e consistência
adequada, que satisfaçam as necessidades nutricionais definidas pelo seu crescimento e
desenvolvimento, que protejam contra absorção de substâncias alimentares alergênicas e não
excedam a capacidade funcional dos sistemas orgânicos (MATTOS et al., 2008). Oliveira et
al. (2005) referem que a prática alimentar inadequada nos dois primeiros anos de vida de uma
criança, principalmente daquelas que nascem em condições desfavoráveis e/ou que nascem
com baixo peso, está intimamente associada ao aumento da morbidade, representada pelas
doenças infecciosas, pela desnutrição e carências específicas de micronutrientes,
particularmente ferro, zinco e vitamina A.
Diante do exposto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o
aleitamento materno exclusivo (AME) deve ser ofertado até os seis meses de idade, pois supre
as necessidades protéicas e calóricas da criança. A partir dos seis meses e até os 24 meses, o
aleitamento materno deverá ser mantido, porém precisa ser acompanhado de alimentação
complementar (BRASIL, 2002). Entende-se por alimentação complementar a alimentação no
período em que outros alimentos ou líquidos são oferecidos à criança, em adição ao leite
materno. Os alimentos complementares podem ser preparados especialmente para a criança
ou podem ser os alimentos consumidos pelos demais membros da família, modificados para
atender as habilidades e necessidades da criança (SALDIVA et al., 2007).
É importante esclarecer que a introdução de novos alimentos à dieta infantil envolve
uma série de fatores que podem ser vistos por diferentes perspectivas, conforme o interesse
profissional. Sendo assim, para a criança em desenvolvimento, a alimentação é muito mais
que a ingestão de nutrientes, uma vez que requer a prática e o aprendizado de movimentos
motores, manutenção da postura corporal, interação comunicativa com o cuidador, além de
habilidades orais para apreender o alimento, morder, mastigar e controlá-lo na cavidade oral
46
com habilidade sensorial suficiente (STEVENSON, 1991). Todos esses fatores poderão estar
comprometidos nas crianças nascidas pré-termo, especialmente pelo fato de necessitarem de
um prolongado período de internação, geralmente acompanhado do uso de sonda e entubação
traqueal. É nesse contexto que se insere o fonoaudiólogo, profissional habilitado para
prevenir, detectar e intervir sobre qualquer transtorno que dificulte a alimentação por via oral.
Uma das estratégias utilizadas para facilitar a aquisição da via oral é a estimulação SMO,
cujos benefícios, a curto prazo, foram relatados por diversos autores (BAUER et al, 2009;
YAMAMOTO et al, 2009; FUCILE, GISEL, LAU, 2002). No entanto, ainda não se conhece
o impacto impacto de tal prática a longo prazo.
Assim, com base no exposto, o presente estudo teve como objetivo comparar as
práticas alimentares adotadas, bem como identificar as dificuldades encontradas durante o
período de introdução da alimentação complementar, em crianças nascidas pré-termo
submetidas a um programa de estimulação SMO, no período neonatal.
MÉTODOS
Estudo de caráter transversal desenvolvido no Ambulatório de Pediatria do Hospital
Universitário de Santa Maria (HUSM), entre os meses de janeiro a julho de 2009. O trabalho
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM) sob o número 0131.0.243.000-06.
Foram selecionadas para este estudo as crianças nascidas pré-termo pertencentes ao
banco de dados de uma pesquisa anterior, intitulada “Desempenho alimentar e crescimento de
recém-nascidos pré-termos submetidos à estimulação sensório-motora-oral”, realizada no
período compreendido entre abril de 2007 e maio de 2008. Desse estudo participaram 24
recém-nascidos pré-termo, com idade gestacional entre 26 e 33 semanas, tendo a metade deles
recebido estimulação SMO, durante o período de internação na UTI Neonatal (BAUER et al,
2009). No presente estudo, as crianças foram selecionadas a partir do Ambulatório de
Pediatria, onde realizavam seguimento de rotina, ou por contato telefônico com os pais ou
representantes. Do total, 4 crianças não participaram devido ao não consentimento dos pais, 1
criança foi a óbito, 2 crianças não foram localizadas devido à mudança de endereço e 1
47
criança foi encaminhada para adoção, sendo então incluídas 16 crianças, com idade entre 12 e
24 meses, cujos pais e/ou representantes legais concordaram e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
De acordo com o objetivo da pesquisa, foi realizada a coleta de dados por meio de
entrevista individual com as mães e/ou responsáveis pelas crianças, e foi aplicado um
questionário estruturado buscando informações sobre condições socioeconômicas, dados
maternos e paternos, características do nascimento da criança, história clínica e características
alimentares sobre tempo de aleitamento, época de introdução de alimentação complementar,
motivos do desmame e recordatório alimentar de 24 horas.
As informações socioeconômicas e os fatores sociodemográficos possibilitaram a
categorização do nível social, uma vez que foram realizadas perguntas referentes à ocupação
dos pais, idade, escolaridade, condições de moradia e renda familiar. Através de consulta aos
prontuários, foram obtidos os dados sobre as características referentes ao nascimento, tais
como peso e idade gestacional ao nascer, Apgar, tipo de parto, e sexo.
Para analisar a história clínica das crianças, as mães foram questionadas sobre
presença ou ausência de algum tipo de doença, o uso de medicamentos e suplementação de
ferro e condição intestinal (constipação, diarréia ou trânsito intestinal regular).
Em relação às características alimentares, as perguntas foram direcionadas ao tipo de
aleitamento no momento da entrevista, duração de aleitamento materno exclusivo, motivos
que levaram ao desmame e época de introdução de alimentos complementares. Por alimento
complementar entendeu-se qualquer alimento nutritivo líquido ou semisólido/sólido oferecido
à criança amamentada (GIUGLIANI, 2000). Os alimentos quidos questionados foram: leite
de vaca, água, chás, sucos; foram considerados como alimentos semisólidos frutas e legumes
sob a forma de papas. A refeição da família foi definida como alimento sólido preparado para
a alimentação habitual dos adultos.
O inquérito de consumo alimentar foi realizado através do método de recordatório de
24 horas, comumente utilizado em estudos do tipo transversal para estimar qualitativa e
quantitativamente a ingestão alimentar da população. As mães e/ou responsáveis foram
questionadas em relação aos alimentos e preparações consumidos pela criança no dia anterior,
bem como as quantidades expressas em medidas caseiras e os horários das refeições. Para
análise de macronutrientes e fibras obtidos a partir do recordatório alimentar de 24 horas, foi
48
utilizado o programa Avanutri, versão 4.0. A ingestão dietética foi comparada entre os grupos
(Grupo controle e Grupo estimulado) e também em relação às DIETARY REFERENCE
INTAKES (DRIs), recomendações preconizadas pelo NATIONAL RESEARCH COUNCIL
(2002).
Os resultados obtidos foram digitados em um banco de dados e analisados através do
software estatístico STATA, versão 10.0. Para cada variável de tendência central foi calculada
a média e desvio-padrão. As médias dos grupos foram comparadas através do Teste-t
unilateral a 5% de probabilidade de erro, para duas amostras independentes.
RESULTADOS
De um total de 24 crianças oriundas da pesquisa intitulada “Desempenho alimentar e
crescimento de recém-nascidos pré-termos submetidos à estimulação sensório-motora-oral”,
somente 16 foram incluídas nesta pesquisa, devido às dificuldades de transporte e
comunicação.
Na tabela 1 está apresentada a distribuição das crianças de ambos os grupos, segundo
as características gerais, dados do nascimento, dados maternos e condição socioeconômica.
No momento da avaliação, a idade corrigida foi em média de 15,6 meses e 17,5 meses, para o
GE e GC, respectivamente. Não houve diferença estatisticamente significativa quanto ao peso
e idade gestacional ao nascer, bem como em relação à idade materna, embora as mães do GE
tenham apresentado uma idade maior que as do GC. O tempo de escolaridade foi satisfatório
para ambos os grupos. Quanto à condição socioeconômica, constatou-se uma diferença
estatisticamente significativa na renda familiar, sendo a mesma maior nas crianças do GC (2,1
salário-mínimo X 1,8 salário-mínimo, para o GC e GE, respectivamente.
49
Tabela 6 Características gerais do nascimento, dados maternos e condição sócio-econômica
do grupo estimulado e grupo controle.
Variável* Grupo Estimulado Grupo Controle p
n 8 8
Idade gestacional ao nascer 31,00 (±1,60) 30,13 (±2,10) 0.18
Peso ao nascer 1328,13 (±208,57) 1293,75 (±229,93) 0.38
Idade corrigida(em meses) na
avaliação
15,6 (±4,34) 17,5 (±4,00) 0.19
Sexo
Feminino
Masculino
4 (50%)
4 (50%)
5 (62.5%)
3 (37.5%)
Idade da mãe (meses) 28,1 (± 7,8) 25 (±5,5) 0.19
Escolaridade da mãe (anos) 8,4 9,6
Renda familiar (salário mínimo) 1,8 2,1
*
média ± desvio padrão, Teste-t de Student.
No momento da avaliação nenhuma criança estava recebendo leite materno. De acordo
com as mães, o aleitamento materno exclusivo teve uma média de duração de 67,5 dias para
as crianças do GE e 30 dias para as crianças do GC, não havendo diferença estatisticamente
significativa entre os grupos (p = 0,17) (Gráfico 1). Quando questionadas sobre os motivos
que as levaram a abandonar o aleitamento materno, as mães citaram a recusa do bebê (50%
GE x 37,5% GC) e produção insuficiente de leite (50% GE x 62,5% GC).
Figura 1 Média de duração do aleitamento materno exclusivo (dias), segundo grupo de
estudo.
50
Como consequência do abandono do aleitamento materno, encontrou-se na presente
pesquisa a introdução precoce de alimentos complementares, com idade média de 5,8 meses
para as crianças do GE e 5,4 meses para as crianças do GC. Os chás foram os primeiros a
serem introduzidos, tendo sido iniciados antes de as crianças completaram 60 dias de vida.
Houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos, no período de oferta de água e
amidos (arroz, macarrão e batata). Em média a ingestão de água foi significativamente mais
precoce nas crianças do GC (2,6 meses) do que nas crianças do GE (4,5 meses). Para o
consumo de amidos ocorreu o contrário, o GE consumiu em média dois meses antes do que o
GC (Tabela 2).
Tabela 7 Média de idade (meses) para a introdução de alimentos complementares, segundo
grupo estimulado e grupo controle.
Idade (meses) de introdução de alimentos
complementares
Variável*
Grupo Estimulado Grupo Controle
p
N 8 8
Leite de vaca 2,9 (±2,1) 4,4 (±3,1) 0.14
Água 4,5 (±1,9) 2,6 (±1,3) 0.02*
Chás 1,4 (±1,6) 1,3 (±1,4) 0.43
Refrigerantes e suco artificial 5,6 (±6,5) 8,0 (±6,8) 0.24
Pães e bolachas 7,8 (±2,2) 8,1 (±2,6) 0.38
Amido (Arroz, macarrão e batata) 5,5 (±1,3) 7,5 (±2,5) 0.03*
Leguminosas 6,5 (±1,5) 7,1 (±1,7) 0.23
Hortaliças 5,6 (±1,4) 6,5 (±2,0) 0.16
Carnes 6,1 (±1,7) 7,1 (±1,7) 0.13
Ovos 8,5 (±5,1) 9,5 (±4,3) 0.34
Frutas 5,3 (±1,4) 4,1(±1,7) 0.09
Doces, salgadinhos e guloseimas 9,3 (±4,3) 9,1 (±4,3) 0.48
Açúcar 5,1 (±3,6) 4,6 (±3,3) 0.39
Frituras 8,3 (±5,9) 7,9 (±6,8) 0.45
*
Média ± Desvio padrão, teste t de Student.
Observam-se na tabela 3, os valores referentes ao consumo alimentar de 24 horas das
crianças avaliadas. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada entre os
grupos.
51
Tabela 8 – Disponibilidade média de macronutrientes na dieta das crianças avaliadas, segundo
grupo estimulado e grupo controle.
Variável* Grupo Estimulado Grupo Controle p
n 8 8
Valor energético total (VET) 1098 (±441) 1019 (±250) 0.33
% de proteínas da dieta 17,1 (±3,9) 16,3 (±1.9) 0.31
% de carboidratos da dieta 51,9 (±14) 54,4 (±9,5) 0.34
% de lipídios da dieta 30,0 (±8,3) 29,3 (±8,0) 0.43
Fibras 4,0 (±2,9) 4,6 (±3,5) 0.35
Proteína/kg de peso 4,8 (±1,1) 4,16 (±0,3) 0.06
Calorias/kg de peso 116,4 (±27,9) 103,66 (±17,1) 0.15
*
média ± desvio padrão, teste-t de Student.
Ao questionar as es sobre as dificuldades encontradas para a transição alimentar,
três (37,5%) do GC e duas (25%) do GE relataram ter dificuldades para iniciar a introdução
de alimentos sólidos, no entanto, não foram encontradas diferenças estatísticas significativas.
Os principais alimentos referidos foram: carnes, bolachas e pão (Gráfico 2).
Figura 2 Distribuição de acordo com as dificuldades encontradas para introdução de
alimentos sólidos.
Um dado importante encontrado nesta pesquisa foi a presença de hábitos orais de
sucção. Todas as crianças (100%) avaliadas faziam uso de chupetas e mamadeira.
52
DISCUSSÃO
No presente estudo, observou-se que os perfis dos dois grupos avaliados, GE e GC, se
mostraram semelhantes no que se refere aos dados maternos e características
socioeconômicas. O tempo de escolaridade das mães do GE foi de 8,4 anos enquanto que as
mães do GC apresentaram 9,6 anos de estudo. As mães de ambos os grupos eram adultas, não
apresentando diferenças estatisticamente significativas entre as idades. A renda familiar se
manteve na média entre 1,8 (GE) a 2,1(GC) salários mínimos, mostrando uma diferença
significativa para os grupos. No entanto, não se acredita que os fatores socioeconômicos e
culturais tenham influenciado na introdução da alimentação complementar. Com base na
literatura estudada, diversos fatores podem influenciar no tempo de permanência de
aleitamento materno e na prática alimentar infantil, entre eles as questões sociais, culturais,
nível econômico e contexto familiar. Autores afirmam que, dependendo da idade e do grau de
escolaridade materna, do acesso às informações em saúde e do tempo dedicado à criança, essa
tem um maior ou menor risco de adoecer. Partindo desse princípio, julga-se que mães menos
favorecidas e famílias com poder aquisitivo menor desmamam seus filhos mais precocemente
(CARRUTH; SKINNER, 2002; VENÂNCIO et al, 2002).
Com base na análise das práticas alimentares, verificou-se que as prevalências de
amamentação foram baixas e o período de introdução de alimentação complementar foi
precoce, independentemente do agrupamento. De acordo com as informações referidas pelas
mães, o tempo médio de aleitamento materno exclusivo das crianças do GE foi de 67, 5dias,
enquanto que a média de tempo das crianças do GC foi de 30 dias. Embora muito distante da
recomendação da OMS para 180 dias, a média do GE foi superior à média do GC, porém essa
diferença não foi estatisticamente significativa. Esses resultados se assemelham aos de vários
estudos realizados no Brasil, que confirmam o hábito alimentar inadequado de crianças
menores de 2 anos de idade. Em 2009, a pesquisa sobre a prevalência de aleitamento materno
nas capitais brasileiras e Distrito Federal, realizada pelo Ministério da Saúde, revelou que a
prevalência de aleitamento materno exclusivo em menores de seis meses de idade foi de
apenas 41,0% no conjunto das capitais brasileiras (BRASIL, 2009).
Muitas são as adversidades que interferem no processo de amamentação, no entanto,
no presente estudo, o abandono da prática de amamentação provavelmente se deve à
prematuridade das crianças avaliadas, as quais tiveram uma média de idade gestacional ao
53
nascer de 31,0 e 30,1 semanas, para o GE e GC, respectivamente. Devido à prematuridade, as
crianças tiveram um longo período de internação, fato que dificultou a prática do aleitamento,
pois a unidade neonatal não dispunha de uma rede de apoio à amamentação, bem como de
local apropriado para dar suporte às mães. Outro fator importante a ser citado neste estudo,
são os principais motivos para o desmame precoce que foram: produção insuficiente de leite e
rejeição do bebê. Esses resultados se assemelham aos do estudo realizado em Campinas por
Volpini e Moura (2005), que observaram que os principais motivos para o desmame precoce
foram de ordem educacional, social e fisiológica, incluindo a rejeição do bebê, presença de
dores ao amamentar, desejo de retornar ao trabalho, doenças do bebê.
Apesar de o tempo de amamentação estar inadequado em relação às recomendações da
OMS, é importante salientar que a estimulação sensório-motora-oral pode ter beneficiado as
crianças do GE. Observa-se que o tempo de amamentação das crianças do GE foi superior ao
tempo das crianças do GC. Com o objetivo de determinar a influência da sucção não-nutritiva
e da estimulação oral nas taxas de amamentação, Pimenta et al (2008) randomizaram 98
recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso ao nascer em grupo controle e grupo
experimental. O grupo experimental recebeu um programa de estimulação sensório-motora-
oral enquanto que o grupo controle recebeu apenas um procedimento simulado. Ambos os
grupos foram orientados e avaliados no momento da alta, aos 3 e 6 meses de idade corrigida.
Ao final da pesquisa, os autores concluíram que estimulação sensório-motora-oral contribuiu
para melhores taxas de amamentação, pois aos 6 meses 27% das crianças do GE permaneciam
em amamentação enquanto que apenas 10% das crianças do GC eram amamentadas.
Quanto ao início da alimentação complementar, foi observada em ambos os grupos,
GE e GC, uma precoce introdução de novos alimentos na dieta, não obedecendo às
orientações do Ministério da Saúde/ Organização Pan-Americana de Saúde, que recomenda
alimentação complementar a partir dos seis meses de idade. De um modo geral, as crianças do
GC iniciaram a alimentação complementar mais cedo do que as crianças do GE, sendo o
tempo médio de 5,4 e 5,8 meses para o GC e GE, respectivamente, porém essa diferença não
foi estatisticamente significativa. Esse resultado é semelhante ao encontrado no estudo
multicêntrico da OMS, realizado em seis países , o qual revelou a idade média de 5,4 meses
para introdução de alimentação complementar (BRASIL, 2002).
Este estudo demonstra uma inadequada introdução de leite de vaca na alimentação das
crianças avaliadas. A oferta ocorreu em média de 2,9 meses para as crianças do GE e 4,4
54
meses para as crianças do GC. Autores afirmam que o uso do leite de vaca integral no
primeiro ano de vida, mesmo que diluído, é um dos mais sérios erros alimentares nessa idade,
sendo um dos fatores de risco para anemia ferropriva, além do risco de doenças alérgicas
(SIGULEM; TADDEI, 2004).
Segundo Simon (2003), a prática de complementação com líquidos é desnecessária e
marca o início do processo de desmame. No presente estudo ocorreu um acentuado consumo
de leite de vaca, chás e água, introduzidos na alimentação antes de 90 dias de vida. Uma
possível explicação para esse fato pode estar relacionada com as crenças populares, que
afirmam que os chás têm propriedades terapêuticas que auxiliam nos sintomas de cólicas. Os
resultados aqui encontrados concordam com os resultados de Carneiro et al (2009) que, ao
caracterizar a alimentação das crianças entre seis e 24 meses, observou que as medianas de
início de oferta de água e chá foram de 60 a 90 dias, respectivamente. Resultados no mesmo
sentido foram obtidos em outra pesquisa, em que os autores encontraram que 33,6% das
crianças menores de 24 meses recebiam chás e 12,4% consumiam água, com menos de um
mês de vida (SILVEIRA E LAMOUNIER, 2004).
Outro achado preocupante neste estudo foi o consumo de líquidos não-nutritivos
como os sucos artificiais e refrigerantes antes de 12 meses de idade. Constatou-se que as
crianças do GE receberam suco artificial e refrigerante mais precocemente do que as crianças
do GC, no entanto essa diferença não se mostrou significativa. Essa prática inadequada é
condenada pelas recomendações da OMS, pois o consumo de refrigerantes não é considerado
bom para a nutrição porque compete com alimentos nutritivos (BRASIL, 2002).
A introdução de frutas na amostra estudada ocorreu em média aos 5,3 meses para o
GE e 4,1 meses para o GC. Conforme o referido pelas mães, as frutas eram oferecidas
amassadas (papas) e a consistência evoluía conforme a idade das crianças. as hortaliças
foram consumidas um pouco mais tarde em ambos os grupos, sendo a média de introdução
aos 5,6 meses e 6,5 meses, para o GE e GC, respectivamente. Com relação aos cereais e
tubérculos, observa-se que as crianças do GC os consumiram em média 2 meses mais tarde
quando comparadas às crianças do GE, mostrando uma diferença estatisticamente
significativa. O mesmo aconteceu para o consumo de carnes, em que a idade em meses foi de
7,1 para o GC e 6,1 para o GE, porém sem diferença estatística. Esses dados sugerem que a
estimulação sensório-motora-oral pode ter beneficiado as crianças do GE devido ao melhor
desenvolvimento das estruturas orofaciais que possibilitaram a mastigação de consistências
55
mais sólidas. No entanto, não foram encontrados na literatura estudos que correlacionassem
os efeitos da estimulação sensório-motora-oral com o período de introdução de alimentos
sólidos. As carnes, leguminosas e ovos foram as introduções mais tardias, fazendo parte da
alimentação de quase totalidade das crianças no primeiro ano de vida
No momento da avaliação, todas as crianças consumiam a alimentação habitual da
família, incluindo todos os tipos de alimentos, inclusive frituras. Através do recordatório
alimentar de 24 horas, foi possível conhecer o perfil alimentar, analisando o valor nutricional
da alimentação da população avaliada. Em ambos os grupos, a oferta de energia mostrou-se
suficiente para assegurar um crescimento adequado. No entanto, a energia e proteína das
dietas apresentaram percentuais de adequação que excederam a 100% e 300%,
respectivamente. Uma das justificativas para esse resultado é que as dietas eram compostas
em maiores proporções por alimentos lácteos como leite de vaca e iogurtes. Dados
semelhantes foram encontrados por outros autores que identificaram a distribuição média da
energia e da proteína da dieta acima do recomendado para a idade (OLIVEIRA 2005;
BRASIL, 1998).
Em todo o processo de aquisição, é importante relacionar a evolução do padrão de
alimentação com o desenvolvimento motor global, considerando a inter-relação entre eles. No
período de transição alimentar, 37,5% (n=3) das crianças do GC apresentaram dificuldades
para introdução de novos alimentos, enquanto que no GE apenas 25% (n=2) tiveram a mesma
dificuldade. Observa-se que a dificuldade surgiu principalmente nas crianças que não
sofreram a estimulação sensório-motora-oral, porém essa diferença entre os grupos não foi
estatisticamente significativa. Com base nesses achados, sugere-se que a estimulação
sensório-motora-oral pode ter beneficiado as crianças do GE, uma vez que o desenvolvimento
motor-oral adequado influencia a evolução nutricional da criança, permitindo a adequada
transição alimentar, de modo que a criança tenha condições de receber os alimentos certos na
idade adequada, garantindo que a mobilidade e a força da musculatura possam evoluir
adequadamente. Além disso, o desenvolvimento adequado dos órgãos fonoarticulatórios
favorece a articulação dos sons na fala (STEVENSON, 1991; ANDRADE; GUEDES, 2005;
PANDOVAN, 1976).
É importante ressaltar que a evolução do tipo de alimento oferecido à criança envolve
uma série de fatores que podem ser vistos por diferentes perspectivas conforme o interesse
profissional. Um dado interessante encontrado neste estudo foi a presença de hábitos orais de
56
sucção, através do uso de chupetas e mamadeiras, observado em 100% das crianças avaliadas.
De acordo com alguns autores, tal prática pode interferir no desenvolvimento oral causando
alterações no equilíbrio do sistema estomatognático, podendo desenvolver uma inabilidade de
deglutição devido à hipotonia de musculatura perioral e lingual, acarretando, mais tarde,
deformação de arcada dentária e de palato, com mordida aberta anterior ou lateral que
dificultará o corte do alimento, a mastigação lateral e a formação do bolo alimentar
(JUNQUEIRA, 2000)
Atualmente é possível encontrar na literatura vários estudos sobre o comportamento
alimentar e o desenvolvimento motor-oral em crianças menores de 2 anos de idade. Com o
objetivo de analisar as dificuldades na transição alimentar, aspectos do desenvolvimento
motor global e sensório motor oral, Araújo (2004) avaliou 88 bebês de cinco a oito meses de
idade. Ao final de sua pesquisa, a autora observou que 28 crianças (31,8%) vivenciaram
dificuldades para introduzir novos alimentos e, dessas, que 64,3% faziam uso de chupetas.
Ao estudar o comportamento alimentar e o desenvolvimento motor em crianças de 2 a
24 meses de idade, Carruth e Skinner (2002), concluíram que a autonomia para se alimentar
está associada à existência de inter-relação entre aspectos do desenvolvimento que apoiam a
evolução do padrão alimentar da criança. Afirmaram ainda que algum atraso no
desenvolvimento motor oral poderá causar um impacto negativo na aprendizagem da
alimentação.
Em seu estudo, Gisel, Birnbaum e Schwartz (1998) enfatizaram que a função de
alimentação é uma das primeiras aquisições complexas do desenvolvimento infantil, pois
associa aspectos motores aos sensoriais. Apontaram quatro aspectos fundamentais para o
bom desenvolvimento motor oral: interação entre estabilidade e mobilidade, ritmicidade,
eficiência oro motora e economia. Cada aspecto se inter-relaciona de forma que o todo deve
funcionar harmonicamente. A interação entre a estabilidade e mobilidade das estruturas orais
possibilita uma sucção eficiente, a partir da estabilidade de cabeça e pescoço. A ritmicidade,
inicialmente exercida pela língua através de movimentos antero-posteriores, seguido pela
lateralização, permite a boa frequência e pausas durante a sucção. Com a maturidade, essas
características perduram no processo de mastigação, diante de diferentes texturas alimentares.
A eficiência oro-motora e economia do sistema são caracterizadas pela habilidade e
capacidade de consumir uma refeição em um tempo médio de 20 minutos.
57
Mizuno e Ueda (2005) ressaltam que a identificação dos fatores de risco associados à
nutrição é importante, considerando que seu tratamento pode prevenir problemas
relacionados ao comportamento, à saúde e ao crescimento infantil. Acrescentaram que a
avaliação do desempenho alimentar neonatal pode ser um aspecto valioso, com repercussão
em processos de intervenção precoce no desenvolvimento neurológico até os 18 meses de
vida
CONCLUSÃO
Os resultados do presente estudo mostraram que, no grupo de crianças avaliadas, o
desmame e a introdução de alimentos complementares ocorreu em período precoce da vida,
não obedecendo às recomendações da Organização Mundial da Saúde que preconiza o
aleitamento materno exclusivo até os seis meses e, após, a complementação com alimentos
semisólidos. No entanto, acredita-se que as crianças que receberam a estimulação sensório-
motora-oral tenham sido beneficiadas no que diz respeito ao maior tempo de amamentação
exclusiva e à ausência de dificuldades para a introdução de novos alimentos. Como já se sabe,
a estimulação tem como principal objetivo promover um adequado desenvolvimento do
sistema estomatognático, o que favorece a amamentação e facilita a transição alimentar.
58
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70
ANEXOS
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO PARA COLETA DE DADOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – UFSM
PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIO DA COMUNICAÇÃO HUMANA
Questionário respondido por: Mãe Pai Irmão Outro, Quem?_____________
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome da criança:______________________________________________ SAME:_____________________
Data de Nascimento:______/______/_______ Idade:_______Sexo: Feminino Masculino
Endereço:________________________________________________________________________________
Bairro:________________________ Cidade:_________________________ Telefone:__________________
2. DADOS MATERNOS E PATERNOS (A partir deste ponto considerar a mãe e o pai que moram com a
criança)
Nome da mãe:__________________________________DN: ______/_____/_________ Idade:________
Nome do pai: __________________________________DN:______/_____/__________ Idade:________
Situação conjugal: Casada Solteira/Separada Amasiada Viúva
Qual o nível de escolaridade?
Pai: Nenhuma escolaridade 1° grau incompleto grau completo
2° grau incompleto 2° grau completo  Curso técnico
Curso superior incompleto Curso superior completo
Mãe: Nenhuma escolaridade 1° grau incompleto grau completo
2° grau incompleto 2° grau completo Curso técnico
Curso superior incompleto Curso superior completo
Está a trabalhar neste momento?
Pai: Sim Não trabalha Desempregado Aposentado
71
Mãe: Sim Não trabalha Desempregado Aposentado
Profissão?
Pai:________________________________________________________________________
Mãe: ______________________________________________________________________
3. DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS:
Situação habitacional da família? Casa própria Casa alugada Casa financiada Casa cedida
Construção da casa: Alvenaria Madeira Mista
Sua casa possui serviço de esgoto? Sim Não
Sua casa possui água tratada? Sim Não
Sua casa possui luz elétrica? Sim Não
Na sua rua tem coleta de lixo? Sim o
Quantas pessoas residem na casa com a criança (não incluir a criança que está sendo examinada)?
 Pai Mãe Irmãos, quantos:_____________ Outros:__________________ Total:________
Quantas pessoas que moram na casa, trabalham?__________________________________________
Considerando que o salário mínimo é R$ 415,00, qual a renda familiar mensal?
< de 1 salário mínimo 1 a 3 salários mínimos 4 a 6 salários mínimo > de 6 salários mínimos
4. CARACTERÍSTICAS DO NASCIMENTO:
A sua criança nasceu com quantos meses?________semanas
Qual o peso da criança ao nascer? _____ kg Qual o comprimento da criança ao nascer?_______cm
Apgar: 1° min.:_______ 5°min.:________ Idade gestacional ao nascimento:_________ semanas
Cálculo para idade gestacional: Capurro New Ballard
Tipo de parto: Normal Cesárea Fórceps Pélvico
Natureza do parto: Único Gemelar
Raça: Branca Negra Pardo
Mãe fez o pré-natal? Não Sim, nº de consultas:_____________________________________
A criança toma medicação? Não Sim, qual:___________________________________________
1
72
A criança sofre de alguma patologia? NãoSim, qual:_______________________________________
Hábito intestinal da criança: Constipação Diarréia Regular
5. CARACTERÍSTICAS ALIMENTARES DA CRIANÇA
Quem cuida da criança durante o dia: Mãe Pai Babá Outros:__________
Seu filho ainda é amamentado? Não Sim
Durante quanto tempo seu filho(a) foi amamentada só com leite materno (aleitamento exclusivo)?
Não foi amamentado Ainda mama no peito Foi amamentado. Quanto tempo?___________
Se seu filho(a) não foi amamentado no peito, qual leite você ofereceu?___________________________
Por que seu filho(a) parou de receber o leite materno?
Leite fraco Leite secou Bebê chorava Nova gravidez Recusa do bebê Outro
Atualmente, que tipo de leite a senhora oferece ao seu filho? Peito Fórmula Leite de vaca
Quantos meses seu filho(a) tinha quando você ofereceu outro alimentos, além do leite materno?
__________Meses
Que alimento foi? Leite de vaca Leite em pó (lata) Papinhas salgadas Papinhas de fruta
Sopas Chás Sucos Água
Outro:____________________________________________________________________
Como foi o preparo da papinha salgada? Industrializada Caseira liquidificada Amassa
Peneirada Em pedaços
Como foi o preparo da sopa? Industrializada Caseira em pedaços
Quem decidiu a alimentação da criança? Mãe Pai Pediatra/Médico Nutricionista
Seu filho(a) faz algum tipo de alimentação especial? Sim Não
Se respondeu sim, porquê?_____________________________________________________________________
73
Quem recomendou?___________________________________________________________________
Seu filho(a) faz uso de suplementação à base de ferro? Não Sim, qual?___________________________
Alimentos ingeridos atualmente (mês que começou a receber):
Leite de vaca: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Suco de fruta: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Chás: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Água: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Refri/suco art. Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Pães e biscoitos Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Leguminosas: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Hortaliças: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Carnes: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Ovos: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Frutas: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Cereais/Amidos Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Doces Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Açúcares: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Frituras: Sim, diariamente Sim, ocasionalmente Não ingere Meses:_______
Atualmente é ofertado dieta da família à criança? Sim Não A partir de quantos meses:_________ ___
Seu filho(a) apresentou alguma dificuldade de iniciar alimentação com alimentos semi-sólidos?
Sim Não Qual alimento?._________________________________________________
Como classificaria alimentação de seu filho(a) atualmente? Ótima Boa Regular Ruim
A criança usa chupeta? Sim Não A partir de quantos meses:___________________
A criança usa mamadeira? Sim Não A partir de quantos meses:____________
74
6. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DA CRIANÇA
7. RECORDATÓRIO ALIMENTAR DE 24 HORAS
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
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__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
Peso atual:____________kg
Comprimento:_________cm
BIA: Resistência:__________
BIA: Reatância:___________
Perímetro cefálico:__________cm
Perímetro braquial:__________ cm
Prega cutânea Tricipital:_______mm
Índice de Massa Corporal:______kg/m
2
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