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MEIRIELE TAVARES ARAUJO
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DAS
UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO SOBRE O SERVIÇO DE
ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação da Universidade Federal de
Minas Gerais, como critério para obtenção do
título de Mestre em Enfermagem.
Área de concentração: Saúde e Enfermagem.
Linha de Pesquisa: Planejamento,
organização e gestão de serviços de saúde e
de enfermagem.
Orientadora: Prof
a
. Doutora Marília Alves
Co-Orientadora: Profª. Doutora Maria
Flávia Carvalho Gazzinelli
BELO HORIZONTE
Escola de Enfermagem da UFMG
2010
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Araújo, Meiriele Tavares.
A663r Representações sociais dos profissionais de saúde das unidades de
pronto atendimento sobre o serviço de atendimento móvel de urgência
[manuscrito]. / Meiriele Tavares Araújo. - - Belo Horizonte: 2010.
98f.: il.
Orientadora: Marília Alves.
Co-orientadora: Maria Flávia Carvalho Gazzinelli.
Área de concentração: Saúde e Enfermagem.
Dissertação (mestrado): Universidade Federal de Minas Gerais, Escola
de Enfermagem.
1. Serviços Médicos de Emergência. 2. Atenção Secundária à Saúde. 3.
Pessoal de Saúde. 4. Transporte de pacientes 5. Ambulâncias. 6. Enfermagem em
Emergência 7. Dissertações Acadêmicas. I. Alves, Marília. II. Gazzinelli, Maria Flávia
Carvalho. III. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de
Enfermagem. IV. Título.
NLM: WA 540
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Enfermagem
Programa de Pós-Graduação
Dissertação intitulada “Representações Sociais dos Profissionais de Saúde das
Unidades de Pronto Atendimento sobre o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência”, de autoria da mestranda Meiriele Tavares Araujo, aprovada pela banca
examinadora constituída pelos seguintes professores:
______________________________________________________
Profª Drª Marília Alves - ENA/UFMG – Orientadora
______________________________________________________
Profª Drª Maria Flávia C. Gazzinelli - ENA/UFMG - Co-orientadora
______________________________________________________
Profª Drª Maria José Menezes Brito - ENA/UFMG
______________________________________________________
Pro Drª Solange Maria Pimenta – UNA e FEAD
______________________________________________________
ProDrª Cláudia Maria de Mattos Penna
Coordenadora, em exercício, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da UFMG
Belo Horizonte, 19 de Fevereiro de 2010
Av. Professor Alfredo Balena, 190 - Belo Horizonte, MG - 30130-100 - Brasil - tel.: (031)3134099836 - fax: (31) 34099853
Dedico este trabalho a todos os meus familiares,
a Tia Maria Docarmo um dos meus exemplos (in memorium),
amigos, e a todos aqueles que acreditam em mim
e reconhecem a Enfermagem para além de uma profissão
mas sim um modo de ver a vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter proporcionado esta oportunidade de
crescimento e ter possibilitado, por sua misericórdia, a realização e a conclusão
deste trabalho. Agradeço a intercessão da Virgem Maria nos obstáculos.
Á Profª Malia, por ser minha orientadora, amiga e quase mãezona em Belo
Horizonte, impulsionando-me a crescer e a vencer obstáculos, embora me coloque
em muitos apuros de vez em quando. Á profª Fvia pela disposição em me ensinar
algo novo e entender os meus desesperos.
A meus pais, que sempre me incentivaram a crescer e a ir além do limite, nunca
deixando de ser o meu porto seguro e ponto de apoio. A minha avó, pelo carinho em
compreender minha ausência, tornando cada reencontro inesquecível. A meus
irmãos, primos e tios pelo apoio, carinho e amor.
A meu namorado Carlos, pelo carinho e atenção nesse momento tão atribulado,
sabendo compreender a falta de tempo e as eternas lamúrias e sendo um grande
apoio.
A minhas queridas amigas Ana Paula, Angela, Emilia, Larissa, Mirelle, Giovana,
Roberta e Elizabeth que, cada uma a seu modo, me ajudaram a cumprir mais essa
etapa.
À amiga Edna, pelas colaborações durante as discussões filosóficas da van e
também pelo carinho e incentivo.
À Isabela Câncio, Thais e Gelmar, pela ajuda e amizade e principalmente pela
disposição em me ajudar a coletar os dados.
Aos profissionais e amigos do CTI do HPRB de Betim, em especial a equipe de
enfermagem, que souberam entender os momentos de estresse e completa
exaustão.
Aos profissionais de saúde das UPA´s que participaram deste estudo, pela confiança
e inteira disponibilidade e aos gerentes, pela liberação das unidades para a coleta
de dados.
E a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a construção deste
trabalho e que torceram por minha vitória e pelo crescimento da enfermagem.
"É melhor tentar e falhar,
que preocupar-
é melhor tentar, ainda que em vão,
que sentar-se fazendo nada até o
final.
Eu prefiro na chuva caminhar,
que em dias tristes em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco,
que em conformidade viver ..."
Martin Luther King
RESUMO
A partir dos anos noventa do século passado, foram observadas mudanças
significativas no atendimento às urgências no Brasil, principalmente, pelo aumento
da demanda gerada pelos crescentes índices de violência urbana e acidentes de
trânsito que passaram a ser tratados como problemas de saúde pública. A
regulamentação da atenção às urgências em todo o país foi abordada em várias
Portarias do Ministério da Saúde. Entre elas a Portaria 1.864 de 2003, instituiu o
componente Pré-Hospitalar vel, por meio da implantação de Serviços de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). A implantação do SAMU permitiu o socorro
adequado às vítimas, contribuindo para minimização de seqüelas e aumento do
progstico favorável e o atendimento de usuários com demandas clínicas,
obstétricas e psiquiátricas, tendo como retaguarda Unidades de Pronto Atendimento
(UPA) e hospitais de Pronto Socorro. No município de Belo Horizonte - MG, as UPA
atendem uma grande demanda espontânea e, ao receber os pacientes
encaminhados pelo SAMU, se vêem obrigadas” a atendê-los o que gera conflitos
entre os profissionais do SAMU e das UPA. Considerando que as representações
sociais são elaboradas no âmbito dos fenômenos comunicacionais e modificam-se
pelas interações e mudanças sociais, entende-se que, no micro espaço das UPA, os
trabalhadores de saúde possam ter diferentes representações sociais sobre o
SAMU. Este estudo teve como objetivo analisar as representações sociais dos
profissionais de saúde das Unidades de Pronto Atendimento sobre o SAMU. O
estudo fundamentou-se na Teoria das Representações Sociais proposta por
Moscovici (1978) e a Teoria do Núcleo Central elaborada por Abric (1998), utilizando
o software EVOC 2003. Constituram o cenário do estudo quatro UPA de Belo
Horizonte, sendo duas que recebem muitos usuários atendidos pelo SAMU e duas
que recebem menos. Os sujeitos da pesquisa foram 274 profissionais de saúde das
UPA, ou seja, médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. A coleta
de dados foi realizada por meio de um questionário com itens que identificavam o
perfil dos entrevistados e solicitação de evocação livre sobre o termo indutor SAMU.
Os resultados mostram que 31,1% dos profissionais são do sexo masculino, 67%
feminino e 1,9% não declararam. A maioria dos profissionais é composta por
profissionais com mais de 25 anos (93%), casados (45,6%) seguidos de 37,6% de
solteiros, 11,3% de divorciados, 1,8% viúvos e 3,7% não especificaram sua situação
civil. Em relação às categorias profissionais, 56,2% eram auxiliares e técnicos de
enfermagem, 32,5% médicos e 11,3% de enfermeiros. Em relação ao tempo de
trabalho na UPA 39,2% tem mais de cinco anos, 23,4% estão entre um e quatro
anos, 36,3% tem menos de um ano e 1,1% o souberam responder. O corpus do
trabalho foi formado pelas evocações livres. Foram evocadas 1338 palavras, sendo
108 palavras diferentes que foram agrupadas em 85 palavras padronizadas. No
quadro de quatro casas geral, construído a partir das evocações ao termo indutor
SAMU, pode-se observar o conteúdo de sua representação social, bem como a
estrutura e a hierarquia dos elementos de seus sistemas cognitivos. No quadrante
superior esquerdo, encontram-se os possíveis elementos do núcleo central da
representação deste estudo, ou seja, correspondem aos elementos mais
importantes no desenho da estrutura das representações sociais pensadas por
esses profissionais de saúde. Nesse núcleo central estão as seguintes palavras:
emergência, etilista, rapidez, resgate, transporte e urgência, as quais refletem a
imagem representada do SAMU pelos sujeitos, imagem essa predominantemente
positiva e de reconhecimento de seu trabalho. Os elementos identificados têm
caráter sobretudo funcional do SAMU referindo-se às características descritivas e à
inscrição do objeto nas práticas sociais desses sujeitos. Nesse caso, o SAMU seria
um dos tipos de assistência pré-hospitalar móvel responsável pelo atendimento
rápido, de resgate ou de transporte, de pacientes com quadros de urgência ou
emergência declarados. Aparecendo, ainda, como fator contraditório e inesperado, o
elemento etilista, demanda social reprimida até então que passa a ganhar espaço
nos serviços de saúde de urgência. No quadrante superior direito, primeira periferia,
encontram-se as palavras casos-graves e trauma que reafirmam e reforçam o papel
do SAMU no atendimento de urgência e emergência como traumas e casos-graves.
As palavras agilidade, atendimento, conflito, equipe-despreparada, pré-hospitalar e
salvarvidas encontram-se no quadrante dos elementos contrastantes ou
intermediários, ou seja, elas trazem discussões a respeito do que se encontra no
núcleo central e, ao mesmo tempo, algumas representam elementos de tensão nas
relações entre os setores estudados. Tais elementos influenciam o núcleo central e
o pontos que devem ser abordados para interferências nos comportamentos e
percepções acerca do SAMU. As palavras localizadas no quadrante inferior direito,
segunda periferia, são habilidade, humanização, precário e regulação. Nesse
espaço da representação do SAMU, observam-se atitudes positivas frente ao
SAMU, reconhecendo-o como portador de habilidades e capaz de ser um
instrumento de humanização do atendimento. Mas, ao mesmo tempo, revelam que
esse serviço é entendido como precário em sua estruturação, nas relações e
atendimentos que realiza. Ainda nesse espaço, discute-se a regulação enquanto um
processo necessário, mas no momento falho e distante da realidade dos
profissionais que estão na ponta. Assim, considera-se que o SAMU é um espaço de
decisão e de inter-relações na rede de urgência, influenciado por determinantes
econômicos, políticos e simbólicos que alteram o desenvolvimento de seu papel e o
reconhecimento de seu trabalho. Foi possível perceber que o SAMU é representado
positivamente pela maioria dos sujeitos, sendo muitas vezes criticado por problemas
presentes no processo de trabalho das Unidades. Entendendo que o SAMU é
uma estratégia nova que pode ser aprimorada, consideramos importante a
discussão do funcionamento das redes de referência e contra-referência e sua
organização, de forma a melhorar as relações entre os profissionais dos dois
serviços e garantir a otimizão desse recurso.
Palavras-Chave: Serviços Médicos de Emergência, Pessoal de Saúde, Atenção
Secundária a Saúde, Transporte de Pacientes, Ambulâncias, Enfermagem em
Emergência
ABSTRACT
There have been significant changes to emergency care in Brazil since the 1990s,
mainly by increased demand generated by rising rates of violent crime and car
accidents that were treated as public health problems. Regulation of attention to
emergency rooms across the country has been addressed in various Ordinances of
the Ministry of Health among them the 1864 Ordinance of 2003, created the
component Pre-Hospital Mobile, through the deployment of Mobile Service of
emergency (SAMU). The implementation of the SAMU allowed adequate relief to
victims, helping to minimize the increase in sequelae and favorable prognosis. But
the SAMU also fit the service demands of users with clinical, obstetric and psychiatric
emergency, with the rear Emergency Care Units (APU) and Emergency hospitals. In
Belo Horizonte - MG, the UPA working with the spontaneous demand and also
receiving patients referred by the SAMU, find themselves "forced" to serve them. This
situation often creates tension between the professionals of the SAMU and the UPA.
Thus, whereas social representations are made within the phenomena of
communication and impact on the interactions and social change means that in the
micro area of the UPA, health workers from different professional groups may have
different social representations of SAMU. This study was to analyze the social
representations of health professionals in Emergency Care Units on the SAMU. The
study was based on social representations theory proposed by Moscovici (1978) and
the Central Nucleus Theory developed by Abric (1998),using the EVOC 2003. He
has created scenery of the study 04 (four) UPA Belo Horizonte, with two receiving a
lot of users served by the SAMU and two receiving less. The subjects were 274
health professionals of the UPA, ie doctors, nurses, nursing assistants and nursing
technicians. Data collection was conducted through a questionnaire with items that
identified the profile of respondents and request free recall on the term inducer
SAMU. The results show that 31.1% of the respondents were male and 67.8%
female. Most professionals are married (45.6%) followed by 37.6% to 11.3% single
and divorced. Regarding the professional categories were 56.2% and auxiliary
nursing staff, 32.5% doctors, 11.3% of nurses. Regarding working time in UPA 39.2%
are over 05 (five) years and 36.3% less than 01 (one). In relation to the corpus
formed by free evocations were discussed in 1338 words, 108 different words. In the
four general homes built from the end of evocations inducer SAMU, one can observe
the contents of its social representation and the structure and hierarchy of elements
of their cognitive systems. In the upper left are the possible elements of the core
representation of this study, ie, correspond to the most important elements in the
design of the structure of social representations thought by these health
professionals. In this core are the following words: emergence, alcoholic, speed,
recovery, transportation and emergency, which reflect the image represented by the
subjects of SAMU, the image mostly positive recognition of their work. The elements
identified have character, especially functional SAMU, referring to the descriptive
characteristics of the object and the inscription in the social practices of these
individuals. In this case the SAMU be one of the types of pre-hospital mobile
responsible for fast response, rescue or transport of patients with recurrent urgent or
emergency declared. Appearing also as a factor contradictory and unexpected
element drinker, social pent up demand so that is gaining ground in health care
emergency. In the upper right, first periphery, is the words-serious cases and trauma
that reaffirm and strengthen the role of the SAMU emergency care and emergency
and trauma cases, and serious. The words located in the lower right, second
periphery, are ability, humanization, and poor regulation. In that space of
representation of SAMU, there are positive attitudes toward the SAMU, recognizing it
as having skills and capable of being a tool of humanization of care, but at the same
time, reveals that this service is perceived as poor in its structure, relationships and
calls that place. Also in this area we discuss the regulation as a necessary process,
but at the moment flawed and far from the reality of professionals who are on the
edge. The words agility, service, conflict, team-unprepared, pre-hospital care and
save lives are in the quadrant of the contrasting elements or intermediaries, ie, they
bring to discussions about what is at the core and at the same time some represent
elements of tension in relations between the sectors studied. These elements
influence the core and are points that should be addressed to interference in
behaviors and perceptions about the SAMU. Thus, it is considered that the SAMU is
an area of decision-making and inter-relationships of emergency, influenced by
economic factors, political and symbolic alter the development of their role and
recognition of their work. It was possible to see that the SAMU is represented
positively in most cases, is often criticized for problems present in the work units.
Understanding the SAMU is a new strategy and that can be improved consider it
important to discuss the operation of networks of reference and cross-references and
your organization to improve relations between the two professional services.
Key words: Emergency Medical Services; Health Professional, Secondary
Health Care , Transportation of Patients, Emergency Nursing, Ambulances
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 – Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional dos
profissionais de saúde acerca do SAMU
Quadro 2 - Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional dos
profissionais de saúde das UPA que mais receberam ambulâncias do SAMU
acerca do SAMU
Quadro 3 - Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional dos
profissionais de saúde das UPA que menos receberam ambulâncias do SAMU
acerca do SAMU
Quadro 4 - Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional dos
médicos das UPA acerca do SAMU
Quadro 5 - Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional dos
Enfermeiros das UPA acerca do SAMU
Quadro 6 - Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional
dos auxiliares e técnicos de enfermagem das UPA acerca do SAMU
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APH – Atendimento Pré-Hospitalar
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social
INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
SAMU – Serviço Móvel de Urgência
SAV- Suporte Avançado de Vida
SBV- Suporte Básico de Vida
SIATE - Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências
SMSA-BH – Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
SUS – Sistema Único de Saúde
UBS – Unidade Básica de Saúde
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
UPA - Unidades de Pronto Atendimento
USB – Unidade de Suporte Básico
USA – Unidade de Suporte Avançado
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
..................................................................................................
14
2
. CONTEXTUALIZANDO A ATE
NÇÃO AS URGÊNCIAS E AS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.......................................................................... 21
2
.1 O
contexto da Atenção e
S
erviços de Urgências
......
...................
.................
2
1
2
.2
O atendimento P
-
Hospitalar e o
Serviço Móvel de Urgência
.....................
2
6
2
.3
A te
oria das Representações Sociais.............................................
.
..............
3
8
3
.
PERCURSO METODOLÓGICO
.....................................................................
4
4
3.1 Cenário da Pesquisa......................................................................................
4
5
3.2 Sujeitos da Pesquisa ....................................................................................
4
6
3.3 Coleta dos Dados .........................................................................................
48
3
.4
. Análise dos Dados.....................................................................
...........
........
49
4
.
A
PRESENTAÇÃO
E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
........
..
............
.
.
......
52
4
.
1
.
Caracterização dos profissionais de saúde
da
s
UPA
e suas
representações sociais sobre o SAMU..............................................................
52
4.2.
Representação Social do SAMU baseada no contato entre os
profissionais de saúde da UPA e os profissionais do SAMU.............................
71
4
.
3
.
As representações sociais dos profissionais de saúde, por categoria
profissional, acerca do SAMU............................................................................. 74
5
.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
...................................................
.
.................
.......
78
REFERÊNCIAS
.............................................................................................
82
ANEXO A
...
....................................................................................................
8
7
ANEXO B
......................................................................................................
8
8
ANEXO C
..............
.........................................................................................
8
9
ANEXO D
.......................................................................................................
90
ANEXO E
........................
................................................................................
9
1
ANEXO F
........................................................................................................
9
2
ANEXO G
........................................................................................................
9
5
INTRODUÇÃO
A sociedade moderna caracteriza-se por estilos de vida diferentes dos observados
no passado e que frequentemente dão origem a problemas de saúde . Entre esses
problemas, encontra-se a alta mortalidade por causas externas, que se torna cada
vez mais alarmante. A mudança no perfil de morbimortalidade fez com que as
causas externas, destacando-se os acidentes e violências, passassem a ser
considerados problemas de saúde pública, demandando ações governamentais para
sua redução (BRASIL, 2001). Essa mudança fez com que a área de urgência e
emergência se destacasse no Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID), causas externas
o um conjunto de eventos como acidentes devidos ao trânsito, trabalho, quedas,
envenenamentos, afogamentos, ferimentos, fraturas, queimaduras, intoxicações;
violências e as causas intencionais (agressões e lesões auto- provocadas), podendo
ou não levar a óbito (CID-10, 2005). No Brasil, atualmente, as causas externas
ocupam o quarto lugar entre todas as causas de morte. Dos 1.031.691 óbitos
ocorridos em 2006, 13,6% foram por causas externas, sendo que o coeficiente de
mortalidade nesse ano também revelou que 19,9% desses óbitos foram devidos a
acidentes de trânsito e 26,3% a agressões
1
.
O aumento dos meros de acidentes e de violências urbanas, associado à
1
Disponível em </http:www.datasus.gov.br/> acessado em: 10 de Agos.2008
14
insuficiente estruturação da rede de Serviços de saúde para atender as urgências e
emergências contribui para aumentar a sobrecarga de trabalho e a precariedade das
Unidades de saúde que fazem esse tipo de atendimento. No entanto, as demandas
de atenção às urgências não são somente decorrentes de causas externas, mas
também de outros agravos relacionados à mudança do padrão demográfico, ao
envelhecimento da população e ao aumento das doenças crônicas não
transmissíveis ou de quadros agudos que exigem abordagens diferenciadas
(CARVALHO, 2008).
As demandas por atendimentos de urgência e emergência pressionam os Serviços
de saúde no sentido de se organizarem para atender pacientes graves que
necessitam de maior aporte tecnológico e maior habilidade profissional. Em
resposta a essas necessidades, o Ministério da Saúde (MS) instituiu o Regulamento
Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência com a Portaria GM/MS
2.048 de 2002 e a Política Nacional de Atenção às Urgências com a Portaria
1.863 GM/MS de 2003. Essas Portarias determinam a organização de redes loco
loco regionais de atenção integral às urgências, como peças interligadas da trama
de manutenção da vida, organizadas nos componentes: pré-hospitalar fixo, pré-
hospitalar móvel, hospitalar e pós-hospitalar.
O Atendimento Pré-Hospitalar fixo (APH) é composto pelas Unidades sicas de
Saúde (UBS), Unidades de Saúde da Família (USF), Ambulatórios Especializados,
Serviços de diagnóstico e terapias e Unidades não hospitalares de atendimento às
urgências. Essas unidades são responsáveis pelo atendimento a casos de urgência
por demanda espontânea, referenciados pelas UBS e Unidades de atendimento pré-
15
hospitalar móvel. O atendimento, in loco, de situações de urgência e as ações de
salvamento e resgate são de competência do componente pré-hospitalar móvel, ou
seja, o Serviço de Atendimento vel de Urgência (SAMU) e os Serviços
associados de salvamento e resgate (BRASIL, 2003).
A Portaria 1.864/GM regulamentou o componente Pré-Hospitalar vel, definindo
sua estruturação, por meio da implantação do SAMU e dos Serviços associados de
salvamento e resgate, em todo o território nacional com as Centrais de Regulação
Médica acessadas pelo número 192 e os cleos de Educação em Urgência
(BRASIL, 2006).
O SAMU surgiu como parte de uma diversidade de Serviços de saúde que integram
a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. O
Serviço tem funcionamento ininterrupto, com equipes de profissionais de saúde e
motoristas-socorristas que atendem às urgências de natureza traumática, clínica,
pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica e de saúde mental, sendo responsáveis
também pela regulação do transporte sanitário, inter e intra-hospitalar (BRASIL,
2006). O SAMU possui responsabilidades e diretrizes que contemplam medidas de
promoção da saúde e prevenção de doenças mediante a articulação de diferentes
segmentos sociais (BRASIL, 2001).
Nesse contexto, o atendimento a urgências e emergências foi implantado em todo o
terririo nacional mediante parcerias do Ministério da Saúde com as Secretarias
Estaduais e Municipais de Saúde. A atenção às urgências é realizada por meio da
articulação dos diversos níveis de atenção, estando presente desde a atenção
16
básica até a hospitalar (VIEIRA e MUSSI, 2008). Essa articulação torna-se
importante pois, quando ocorre um dano a saúde, o socorro adequado contribui para
minimizar as sequelas e melhorar o prognóstico da vítima (BRASIL, 2003).
Assim, o SAMU é considerado um componente organizador da assistência, capaz
de responder a demandas de urgências no domicílio, no local de trabalho, em vias
públicas e onde o usuário do SUS precisar, com recursos necessários e adequados
para a complexidade de sua condição (BRASIL, 2002). O Serviço é responsável por
atendimentos a usrios com demandas cnicas, obstétricas e psiquiátricas, tendo
como retaguarda outros Serviços de urgência e emergência como as Unidades de
Pronto Atendimento (UPA) e os Hospitais de alta complexidade. Entretanto, essas
Unidades de retaguarda geralmente trabalham com sua capacidade de produção
acima do previsto no planejamento anterior à criação do SAMU (ROCHA, 2005).
Mas os profissionais das UBS ainda não reconhecem sua responsabilidade no
atendimento às urgências. Ressaltam, como fatores dificultadores, a inadequação da
estrutura física, a falta de materiais e de tecnologias, além do despreparo da equipe.
O SAMU, por outro lado, possui critérios específicos de atendimento às urgências,
pessoal especializado e grande autonomia, o que faz com que, em algumas
situações, se recuse a atender à solicitação da UBS, motivo de conflitos entre os
dois Serviços e de dificuldade para a realizão da assistência integral (ROCHA,
2009).
Em relação às UPA, observa-se que os profissionais trabalham com grande
demanda espontânea e uma percepção de prestação de assistência negativa da
17
população, principalmente pela demora no atendimento (ROCHA, 2005). Além disso,
os profissionais das UPA apresentam dificuldades para estabelecer parcerias e
reconhecer a legitimidade do SAMU no julgamento das situações de urgência que
devem atender e que são semelhantes às observadas na UBS. Assim, as
percepções dos profissionais das UPA sobre o SAMU relacionam-se intimamente a
seu contexto de trabalho. Em determinadas situações, percebe-se que reconhecem
o trabalho do SAMU como bom e essencial para o funcionamento da rede de
Serviços de saúde; em outras, veem-no como aquele que traz sobrecarga de
trabalho, comprometendo a organização do processo de atendimento.
Para Alves, Velloso e Araujo (2009), a popularidade do SAMU, conhecido em todo o
terririo nacional , deve-se tanto à inovação da proposta de atendimento imediato e
in loco, quanto à visibilidade do resultado da atuação da equipe. O deslocamento
dos usuários aos Serviços de saúde, em casos de urgência, foi substituído pelo
deslocamento dos profissionais à cena da urgência para onde se deslocam com a
rapidez que a situação exige após análise do médico regulador.
Nessa teia de relações da rede de Serviços de saúde, torna-se necessário desvelar
as representações sociais dos profissionais de saúde da UPA acerca do SAMU,
tendo em vista a necessidade de integração entre os Serviços. No micro-espaço de
trabalho das UPA, os trabalhadores de saúde possuem representações sobre o
SAMU que podem ser semelhantes ou diferentes das representações da população
atendida ou de trabalhadores de outros Serviços. Para Walchelke e Camargo
(2007), as representações sociais são elaboradas no âmbito dos fenômenos
comunicacionais e repercutem sobre as interações e as mudanças sociais.
18
A representação social é um sistema de valores, de noções e de práticas que
possuem uma dupla tendência. Uma tendência seria a de instaurar uma ordem que
dá aos indivíduos a possibilidade de se orientarem no ambiente social e material, de
dominá-lo. A outra tendência seria a de assegurar a comunicação entre os membros
de uma comunidade propondo-lhes um código para suas trocas (NÓBREGA, 2003).
Assim, por meio da comunicação dos grupos em um contexto intergrupal, são
negociadas convenções para lidar com os eventos da realidade (WALCHELKE e
CAMARGO, 2007).
As representações sociais dos profissionais das UPA sobre o SAMU podem ter
algumas particularidades, se comparadas às de profissionais de outros Serviços, em
decorrência das condições locais de trabalho e de como se dão as relações. Entre
essas condições, encontram-se o atendimento de grande demanda espontânea de
pacientes em situação de urgência ou não, a oscilação no quadro de profissionais e
a falta de leitos de retaguarda em hospitais para receber os pacientes graves que
permanecem em observação na Unidade por tempo maior que o previsto. Além
disso, as UPA são obrigadas a receber usuários encaminhados pelo SAMU, o que
lhes acrescenta novos casos graves e problemas ao cotidiano de trabalho. Assim,
este estudo teve como finalidade responder à seguinte questão: quais são as
representações sociais dos profissionais das UPA sobre o SAMU?
Nesse contexto, torna-se importante ressaltar que o SAMU é representado pelos
grupos que dele se apropriam como um construto coletivo. Para Walchelke e
Camargo (2007), cada grupo remete-se a uma representação própria situada em um
espaço de debate comum a outros grupos que mantenham relações com o objeto
19
social referente às representações. Como objeto das representações sociais dos
profissionais das UPA, o SAMU possui significações presentes nas manifestações
discursivas desses sujeitos. O conhecimento e o reconhecimnto dessas
significões podem auxiliar nas relações e nas ações dos dois grupos,
considerando que ambos fazem parte da rede de atenção às urgências de forma
equânime e integral.
A relevância deste estudo está em sua contribuição para o entendimento das
dificuldades de integração dos dois Serviços e das relações entre profissionais, por
meio das representações sociais dos trabalhadores das UPA, tendo como base a
vigente proposta de serviços em rede. Pretende, tamm, oferecer subsídios para a
gestão de pessoas, a organização dos Serviços de urgência e emergência e a
consolidação do SUS.
Neste estudo, parte-se do pressuposto de que os profissionais das UPA possuem
uma representação social positiva do SAMU devido à melhoria do acesso aos
Serviços de saúde, à diminuição do tempo de espera e ao reconhecimento de sua
capacidade técnica e de sua agilidade. Esses mesmos fatores positivos aumentam a
sobrecarga de trabalho na Unidade e reduzem a autonomia dos profissionais da
UPA, o que pode levar os profissionais a terem representações negativas sobre o
SAMU.
O estudo teve por objetivo analisar as representações sociais dos profissionais de
saúde das Unidades de Pronto Atendimento sobre o SAMU, por meio da abordagem
estrutural das representações.
20
2. CONTEXTUALIZANDO A ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E AS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
2.1. Contexto da Atenção às urgências e dos Serviços de Urgências
A política de atenção às urgências, no Brasil foi, inicialmente, incipiente. Em 1998,
foi publicada a Portaria GM/MS 2.923, que determinou investimentos nas áreas de
Assistência Pré-hospitalar Móvel, Assisncia Hospitalar, Centrais de Regulação de
Urgências e Capacitação de Recursos Humanos (BRASIL, 1998), sendo uma das
primeiras Portarias a abordar a atenção às urgências e emergências nos Serviços
de saúde em todo o país.
Em 1999, foi publicada a Portaria MS 479, com uma série de pré-requisitos para o
cadastramento de hospitais que, depois de habilitados, passariam a receber um
adicional no valor das internações realizadas a partir de uma lista de procedimentos
considerados de urgência. Mas os critérios de inclusão eram muito exigentes e
apenas um pequeno número de hospitais se beneficiou desse adicional. Ainda
nessa época, foram destinados recursos do REFORSUS para equipamentos,
reforma e modernização gerencial de hospitais que atendessem urgências (BRASIL,
2006).
A atenção a urgências foi amplamente discutida no IV Congresso Internacional da
Rede Brasileira de Cooperação em Emergências, realizado no ano 2000 em
Goiânia, sob a denominação: “Bases para uma Política Nacional de Atenção às
Urgências”. Nesse Congresso, houve aproximação entre os técnicos que estavam
21
na vanguarda dessa discussão das “urgências no Brasil” e o Ministério da Saúde, o
que resultou em um processo de avaliação do impacto dos investimentos anteriores
e de novas propostas para o setor. Fez-se uma revisão da Portaria 824 de junho de
1999, publicada como Portaria GM/MS 814/2001. Essa Portaria traçou diretrizes
técnicas para as Unidades não hospitalares de atendimento às urgências,
transporte inter-hospitalar, grades de capacitação para todos os níveis de atenção
às urgências e diretrizes gerais para o desenho de uma rede regionalizada de
atenção às urgências (BRASIL, 2001).
As discussões e definições que ocorreram no período de 1998 a 2001 contribuíram
para a elaboração da Portaria GM/MS 2.048/2002,publicada em novembro de 2002.
A Portaria GM/MS 2.048/2002 revogou a Portaria 824/2001, e instituiu um
Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência (BRASIL,
2002). Essa Portaria teve, por baliza, mecanismos criados anteriormente pelo
Ministério da Saúde no sentido de implementar os sistemas estaduais de referências
hospitalares de atendimento às urgências e emergências que foram aperfeiçoados
de acordo com as diretrizes do SUS e a Norma Operacional da Assistência a Saúde
( NOAS-SUS) 01/2002 (PRADO, MARTINS, 2003)
As iniciativas relacionadas ao atendimento às urgências culminaram, em 2003, com
a publicão da Portaria GM/MS 1.863 que dispõe sobre a Política Nacional de
Atenção às Urgências”, incorporando novos elementos conceituais e definindo que
se deve implantar essa Política a partir dos seguintes componentes fundamentais:
adoção de estratégias promocionais de qualidade de vida, organização de redes
loco regionais de atenção integral às urgências; instalação e operação das Centrais
22
de Regulação Médica das Urgências; capacitação e educação continuada das
equipes de saúde de todos os níveis da atenção e uma orientação geral segundo os
princípios de humanização da atenção à saúde (BRASIL, 2003). Essa rede de
serviços loco regionais de atenção integral às urgências teria como prerrogativa a
manutenção da vida, sendo seus componentes:
* Componente Pré-Hospitalar Fixo: unidades básicas de saúde e
unidades de saúde da família equipes de agentes comunitários de
saúde, ambulatórios especializados, serviços de diagnóstico e
terapias, e unidades não-hospitalares de atendimento às urgências,
conforme Portaria GM/ MS n.º 2.048, de 5 de novembro de 2002.
* Componente Pré-Hospitalar Móvel: Serviço de Atendimento Móvel
de Urgências (SAMU) e os serviços associados de salvamento e
resgate, sob regulação médica de urgências e com mero único
nacional para urgências médicas – 192;
* Componente Hospitalar: portas hospitalares de atenção às
urgências das unidades hospitalares gerais de tipo I e II e das
unidades hospitalares de referência tipo I, II e III, bem como toda a
gama de leitos de internação, passando pelos leitos gerais e
especializados de retaguarda, de longa permanência e os de terapia
semi-intensiva e intensiva, mesmo que esses leitos estejam situados
em unidades hospitalares que atuem sem porta aberta às urgências;
* Componente Pós-Hospitalar: modalidades de Atenção Domiciliar,
Hospitais-Dia e Projetos de Reabilitação Integral com componente de
reabilitação de base comunitária. (BRASIL, 2003a)
A implantação da Política Nacional de Atenção às urgências e demais Portarias
relativas ao atendimento em urgência no Brasil, a partir de 2003, foram marcadas
por consolidações legais e teóricas, construídas nos anos anteriores. O município
de Belo Horizonte apresentou-se precocemente nesse processo, pois iniciou a
reorganização dos Serviços em 1994, quando pros, cumprindo as determinações
da IV Conferência Municipal de Saúde, reorganizar a atenção à saúde da criança,
reorganizar os Serviços de urgência e estruturar os Serviços de controle e avaliação
considerados prioridades (ROCHA, 2005).
23
A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA-BH), órgão da
administração direta da Prefeitura Municipal, foi responsável pela estruturação da
atenção à saúde do município (SMSA-BH, 2008). A rede de serviços de saúde do
município foi estruturada em níveis crescentes de complexidade, estabelecendo o
atendimento nas Unidades sicas de Saúde (UBS) como porta de entrada
prioritária do sistema; os níveis secundários, compreendidos pelas UPA e rede
ambulatorial; e o nível terciário, constituído pelas Unidades hospitalares de maior
complexidade próprias ou contratadas .
As UPA, cenário deste estudo, são unidades do vel de atenção secundário,
atendendo a pacientes com quadros de urgência (DORNAS, FERREIRA, 2003) e,
de acordo com os critérios colocados pela Portaria 2048/2002, seriam responsáveis
pelo atendimento pré-hospitalar fixo. As UPA constituem um Serviço de grande
importância. Possibilitam um atendimento descentralizado que contribui para
diminuir a procura por grandes hospitais de urgência (ROCHA, 2005).
As UPA caracterizam-se pelo atendimento a uma clientela portadora de casos
simples, não urgentes, que recorre ao pronto atendimento em vez de se dirigir às
UBS próximas de suas casas, o que contribui para a sobrecarga do Serviço
(ROCHA, 2005). Frequentemente as UPA trabalham com sua capacidade máxima,
atendendo à demanda espontânea e recebendo os pacientes encaminhados pelo
SAMU. As UPA se veem obrigadas” a atendê-los, mesmo que não sejam
considerados casos urgentes. Esses fatos geram conflitos entre os profissionais do
SAMU e os profissionais das UPA, principalmente porque a Portaria 2048
24
estabelece como uma das atividades gestoras da regulação de urgência do SAMU:
decidir os destinos hospitalares não aceitando a inexistência de leitos vagos
como argumento para não direcionar os pacientes para a melhor hierarquia
disponível em termos de serviços de atenção de urgências, ou seja, garantir
o atendimento nas urgências, mesmo nas situações em que inexistam leitos
vagos para a internação de pacientes (a chamada "vaga zero” para
internação), exercendo as prerrogativas de sua autoridade para alocar os
pacientes dentro do sistema regional, comunicando sua decisão aos
médicos assistentes das portas de urgência (BRASIL, 2002).
Com essa prerrogativa de autonomia e autoridade, o SAMU coloca-se na rede de
serviços de saúde municipal de Belo Horizonte cujos organização e funcionamento
não podem ser dissociados do atendimento fixo. Esse atendimento fixo é garantido
por uma grade hospitalar e de Unidades pronto atendimento 24 horas
(CHOMATAS,2005).
25
2.2 – O Atendimento Pré-hospitalar e o Serviço Móvel de Urgência
A história do Atendimento Pré-hospitalar móvel (APH móvel), no mundo, perpassa
pela Parábola do Bom Samaritano, texto bíblico, e se desenrola ao século XVIII,
quando Napoleão Bonaparte designa o Barão Dominique-Jean Larrey para
desenvolver um sistema de cuidados médicos para o exército francês (MARTINS,
2004). Foram criados preceitos do cuidado médico de emergência utilizados
atualmente como: rápido acesso ao paciente por profissional treinado, tratamento e
estabilização no campo, rápido transporte aos hospitais apropriados e cuidados
médicos durante o transporte (MARTINS, 2004). Percebe-se que muitos avanços
atuais tiveram origem no cuidado imediato de soldados feridos durante várias
guerras.
Larrey, em 1972, criou o primeiro veículo destinado ao transporte de pacientes
chamado de ambulância vel, termo que vem do latim Ambulare e significa
deslocar. Esse estudioso acreditava que uma ambulância fixada no campo de
batalha funcionaria como estrutura correspondente a um hospital de campanha
(MARTINS, 2004). A ideia inicial de Larrey é a de atender os feridos “debaixo do
fogo inimigo”. O atendimento deveria iniciar-se no local sendo o tratamento precoce,
com suturas, incisões de partes lesadas, imobilizações e, quando necessárias,
amputações. Larrey considerava que o tratamento no local poderia levar a uma
maior chance de sobrevida (MARTINS, 2004), o que pode ser confirmado hoje
pelos índices de sobrevida após atendimentos adequados de primeiros socorros.
Essa modalidade de atendimento foi aperfeiçoada, a partir do momento em que a
26
sociedade passou a conviver com a violência cotidiana dos grandes centros,
voltando a ideia inicial pela qual esse Serviço foi criado ao prestar atendimento aos
feridos de guerra. O APH móvel traz consigo uma hisrica divisão da trajetória que
se constitui em experiências distintas, dando origem a dois modelos diferentes de
atenção à saúde que se tornaram referências para vários países, dentre eles o Brasil
(MARTINS, 2004).
O modelo francês, criado em 1965, pelos Minisrio de Saúde e dos Transportes da
França impôs a alguns centros hospitalares que se dotassem de meios veis de
socorro. Assim, o SAMU francês foi criado para administrar as chamadas médicas
que apresentavam características de emergência e era denominado Hospital Mobile
Intensive Care Units (H-MICU), Unidades de Terapia Intensiva veis (UTI Móveis)
(MINISTÈRIO DA SAÚDE FRANCÊS, 2009). Essas Unidades foram inicialmente
voltadas para os atendimentos em estradas, estendendo seu campo de ão para
as intervenções não traumatológicas, transportes inter-hospitalares e chamadas da
população por ansiedade, quer sejam de uma urgência vital ou simplesmente
sentidas como tal (PORCIDES et al 2006). Considerando o grande número de
intervenções, a diversidade de situações encontradas e as respostas oferecidas, a
realização de uma coordenação médica revelou-se necessária. Assim, foi criada a
central de regulação médica dos atendimentos a serem realizados pelo SAMU
(PORCIDES et al 2006; e MARTINS, 2004).
O modelo francês nasceu da necessidade dos médicos responsáveis pelo
atendimento às urgências que comaram a sair nas ambulâncias. Eles perceberam
que, tanto nos casos clínicos como no trauma, se medidas terapêuticas fossem
27
tomadas no local, as chances de sobrevida e de redução de sequelas aumentavam
(PORCIDES et al 2006). O sistema SAMU desenvolveu-se, concomitantemente, à
filosofia de que seria conveniente que a equipe médica se dirigisse ao local do
ocorrido e não o contrário. O pilar desse sistema é o médico, tanto na regulação do
sistema como no atendimento e monitoramento do paciente, até a recepção
hospitalar. Era um serviço ligado ao Sistema de Saúde hierarquizado e
regionalizado, sempre ligado aos centros hospitalares.
O SAMU francês funciona como uma extensão dos serviços hospitalares que, por
meio da mobilização dos profissionais de saúde para o local da ocorrência, assume,
no menor tempo possível, o atendimento emergencial e os cuidados de terapia
intensiva (MINISTÉRIO DA SAÚDE FRANCÊS, 2009). No cotidiano das
emergências que envolvem as instituições de Segurança Pública, os SAMU
trabalham em “conjunto” com esse setor, que realiza ões de resgate da vítima
pelo Corpo de Bombeiros, enquanto a Polícia é responsável pelo isolamento da
área e organização do trânsito (MINISTÉRIO DA SAÚDE FRANCÊS, 2009).
Na França, o SAMU é responsável pela assistência direta à saúde da vítima e tem o
poder, pela Central de Regulação, de determinar o que o setor de Segurança
Pública deve fazer no tocante às “ações de saúde”. Normalmente, a equipe do
SAMU é composta por médicos anestesiologistas, intensivistas, cardiologistas,
psiquiatras e emergencistas entre outros . E por cnicos auxiliares de regulação
médica, enfermeiros (incluindo enfermeiros especializados em anestesia) e técnicos
em ambulância ( MINISTÉRIO FRANCÊS, 2009).
28
Nas grandes cidades dos Estados Unidos da America (EUA) também se criou um
Serviço de APH móvel que constituiu um modelo com outras características,
denominado de Serviço de Emergência Médica (SEM). O SEM teve como marco de
surgimento o desfecho da Guerra do Vietnã onde se viu que técnicos não médicos
poderiam aumentar a sobrevida das vítimas traumatizadas. Na década de 1960, as
experiências sobre o atendimento inicial ao traumatizado, desenvolvidas nas
guerras, passaram a ser utilizadas para atendimento da população americana. A
partir desse momento, naquele país, criaram-se vários Serviços de Atendimento
Pré-hospitalar. A Comissão Emergency Medical Service é criada em 1969 pela
Associação Médica Americana que, em 1970, registrou o Treinamento Médico de
Emergência (NITSCHKE, 2008) utilizado em muitos países atualmente.
O modelo americano trabalha com paramédicos, com um programa de formão
extenso ( três anos após o término do Ensino Médio ). Assim, o primeiro
atendimento é feito por profissionais treinados, denominados para-médicos, que
teriam ações delegadas pela central de regulão até então executadas apenas por
médicos . E os equipamentos para atendimento de pacientes críticos foram
adaptados de forma a tornarem-se de cil transporte e utilizão. O sistema norte-
americano de APH móvel desenvolve-se com a prerrogativa básica de atendimento,
estabilização das funções vitais, com pida transfencia para a rede hospitalar
(“load and go”) (PAZ, 2003)
Assim, a França e os EUA criaram seus modelos de APH móvel destinados ao
atendimento às vítimas traumatizadas, resgatando técnicas e conhecimentos
acumulados ao longo da história e tornaram-se responsáveis pelos modelos de
29
atendimento que se propagaram por vários países influenciando o surgimento de
diversos serviços de APH móvel.
No Brasil, a história do APH inicia-se em 1808, quando ocorreu a mudança da
família real portuguesa para o Brasil. O APH era moldado no modelo europeu que
utilizava carruagens e baseava-se, prioritariamente, no transporte e não nos
cuidados precoces (RAMOS, 2005). Em 1893, o senado brasileiro aprovou a Lei
intitulada “O socorro dico de urgência em via pública” que pretendia estabelecer
socorro médico de urgência nas vias públicas. No entanto, os atendimentos só
comaram a ocorrer a partir de 1904, com a chegada das primeiras ambulâncias da
Europa, depois da Primeira Guerra Mundial, uma vez que a guerra absorvia toda a
produção de carros do mercado mundial.
De acordo com Ramos (2005, p.356), “por meio do Decreto nº. 395/1893, as
emergências médicas ficaram sob a responsabilidade dos médicos do serviço legal
da Polícia Civil do estado, mas somente por meio do Decreto nº. 1392/1910 é que se
tornou obrigatória a presença de médicos no local de incêndios ou outros acidentes”.
O primeiro relato de um serviço realmente organizado vem em 1950, quando foi
criado, em São Paulo, por meio do Decreto N
o
. 16.629, o Serviço de Assistência
Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU). O SAMDU atendia os casos de urgência
da cidade, realizando o transporte de vítimas e acidentados aos hospitais públicos e
conveniados (PARADA, 2001). Essa atividade teve continuidade após a implantação
do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e do Instituto Nacional de
Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS). E, a partir de 1975, a Lei
30
N
o
.6.229 transferiu a responsabilidade de todo o processo de trabalho voltado ao
atendimento às urgências para os municípios (PARADA, 2001), embora tal
descentralização de responsabilidades só se torne efetiva com a implantação da
Política Nacional de Atenção ás Urgências em 2003.
O SAMDU, do ponto de vista histórico, seria o embrião da atenção pré-hospitalar
móvel no Brasil . Aconteceu em o Paulo mas, devido a uma rie de motivos,
incluindo a não introdução do método de regulação médica das urgências, essa
atividade foi desativada progressivamente (PORCIDES ET AL, 2006). Para
Mercadante et al. (2002), na assisncia à saúde, a maior inovação foi a criação do
SAMDU cuja importância histórica decorre de três características inovadoras : o
atendimento médico domiciliar até então inexistente no setor blico, embora
comum na prática privada; o financiamento consorciado entre todos os IAPS
(Institutos de Aposentadorias e Pensões dos Servidores) e, principalmente, o
atendimento universal ainda que limitado aos casos de urgência (MERCADANTE,
2002).
Entre as décadas de 1960 e 1970, vários Serviços privados de atendimento
domiciliar de urgência foram inaugurados no Brasil. A partir da Lei 6229/75, quando
o município ficou com a responsabilidade do atendimento às urgências, por meio de
Serviços próprios, conveniados ou transferidos para localidades com recursos, a
distribuição de ambulâncias transformou-se em moeda política, distribuída com
grande alarde, pois se constituíam em “outdoor móvel”, com grande identificação do
doador e também do governante local (NITSCHKE et al, 2008). Assim, a função de
transporte foi cumprida, até recentemente, independente do estado do paciente .
31
Quanto aos recursos humanos, contava-se apenas com um motorista “ágil” no
volante, ficando difícil se ter ideia de quantas vidas foram “salvas” ou “ceifadas” no
transporte por ambulância (NITSCHKE et al, 2008).
No Brasil, até o ano de 2003, a “atenção pré-hospitalar móvel” foi exercida de forma
incipiente, fragmentada e desvinculada da saúde, tradicionalmente pelos
profissionais bombeiros, historicamente reconhecidos como responsáveis por essa
prática, em decorrência da inexistência de política pública nessa área da saúde
(NITSCHKE, 2008). Os termosresgate”, “ambulância”, “atendimento pré-hospitalar”,
e “socorro” passaram a ter significados semelhantes para a população leiga e
também para alguns profissionais de saúde, principalmente devido à visão
historicamente construída. Esses termos são utilizados de forma indiscriminada e
aleatoriamente, evidenciando não uma confusão meramente semântica, mas um
total desconhecimento sobre como, o que, e quem procurar em determinadas
situações de segurança ou agravos à saúde (NITSCHKE, 2008).
Em 2003, o Minisrio da Saúde iniciou a implantação da Política Nacional de
Atenção as Urgências, padronizando o APH fixo e móvel em todos os estados e
municípios da Federação. Essa política foi explicitada na Portaria GM 2048/02
(BRASIL, 2002). Assim, no Brasil, nas grandes cidades, o conceito de ambulância
deixou de ser o de Sistema de Transporte e Remoção . A ambulância incorporou-se
ao Sistema de Saúde, com a função de diminuir o intervalo terapêutico nas
urgências (MARTINS, 2004).
O SAMU como um serviço pré-hospitalar móvel de urgência/emergência passou a
32
atender com profissionais da saúde capacitados e com equipamentos adequados
para atendimentos de urgências. Esses profissionais o autorizados a realizar
procedimentos específicos para cada caso, levando socorro à vítima nos primeiros
minutos após ocorrido o agravo à sua saúde, prestando-lhe atendimento e
transporte adequados até um serviço de saúde que possa dar a continuidade à
assisncia (MARTINS, 2004).
Oficialmente, o Brasil adotou o modelo francês, adequando-o a suas peculiaridades,
seguindo os seguintes princípios: considerar o auxilio médico de urgência uma
atividade sanitária; atuar rapidamente no local do sinistro com procedimentos
eficazes e adequados, abordando cada caso com cuidados médicos, operacionais e
humanitários; trabalhar em interação nas operações de socorro e realizar ações
preventivas em complementação com a ação de urgência (MINAYO e DESLANDES,
2008). No entanto, apesar do acordo feito com a França, a realidade brasileira não
permitia a predominância do sistema no molde francês devido à escassez de
recursos financeiros e humanos. Houve então uma mescla dos modelos francês e
norte-americano nos vários sistemas de atendimento pré-hospitalar móvel em todo o
Brasil.
O papel do SAMU pode ser entendido em duas dimensões: uma primeira como
Unidade de produção de serviços de sde em um papel assistencial e uma
segunda, como instância reguladora da assistência às urncias, portanto em um
papel regulatório do Sistema de urgência, abrangendo o conceito de “observatório
de saúde” (BRASIL, 2004). O SAMU, no Brasil, possui também três principais eixos:
o Núcleo de Educação de Urncia, a Central de Regulação Médica e as equipes
33
móveis de atendimento: suporte básico à vida e um suporte avançado à vida
(AZEVEDO e SILVA, 2008).
O SAMU, como componente do APH móvel, tem por missão prestar assistência pré-
hospitalar a pacientes vítimas de agravos agudos à saúde, de natureza clínica ou
traumática, além das parturientes, no momento e no local da urgência, transportando
essas vítimas, segundo critérios técnicos internacionalmente aceitos, de forma
segura, até àqueles serviços de saúde que possam acolher cada paciente naquele
momento, respondendo de forma resolutiva a suas necessidades, dando
continuidade à assistência (BRASIL, 2004). Trata-se, portanto, de uma atenção cuja
abordagem é individualizada, mas constitui um importante elo entre os diferentes
veis de atenção do Sistema.
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), o SAMU deve desenvolver as
seguintes atividades: regulação de todos os fluxos de pacientes vítimas de agravos
urgentes à saúde do local da ocorrência a os diferentes serviços da rede
regionalizada e hierarquizada; regulação dos fluxos entre os serviços existentes no
âmbito municipal e/ ou regional; atendimento pré-hospitalar de Urgência (primários
ou transferências inter-hospitalares); cobertura de Eventos de Risco; elaboração de
planos de atendimento e realização de simulados com a Defesa Civil, Bombeiros,
Infraero e demais parceiros; capacitação de recursos humanos e ações educativas
para a comunidade, bem como participação no desenvolvimento de programas
preventivos junto a serviços de segurança pública e controle de trânsito.
O SAMU ainda possui, como princípios operativos, de acordo com a Política
34
Nacional de Atenção as Urgências:
O médico regulador é responsável por todos os atendimentos recebidos no
SAMU, desde o acionamento-mesmo que abortado durante a ligação- até o
encerramento do caso.
A grande “urgência” está em chegar até o paciente. Uma vez no local da
ocorrência, o médico intervencionista deve utilizar o tempo necessário para
realizar todos os procedimentos que possibilitem estabilização do doente
para um transporte em segurança devido à maior dificuldade técnica na
realização de procedimentos em trânsito.
Nos casos onde exista dúvida quanto ao recurso a ser enviado, sempre
deve ser enviado o de maior complexidade possível.
Nos casos de explícita falta de recursos, gerando as indesejáveis “filas”, o
médico regulador deverá constantemente reavaliar o conjunto dos casos
pendentes e proceder com priorizações, tantas vezes quanto sejam
necessárias, não se esquecendo de monitorizar a solicitação através de
contatos sucessivos com os solicitantes, informando-os sobre a situação e
dando perspectiva quanto ao tempo de espera.
Nunca se deve encaminhar um paciente para um serviço de destino sem
comunicação prévia. Nos casos em que houver dificuldades operacionais
para cumprir tal determinação em tempo hábil, o médico deverá entrar em
contato com o receptor o mais brevemente possível, justificando-se.
Nem sempre o melhor local para ser encaminhado um paciente num
determinado momento é aquele que se encontra geograficamente mais
próximo ou foi pré-estabelecido como serviço de referência pela grade de
regionalização pactuada. Sempre deve prevalecer a necessidade do
paciente, em função da complexidade do caso e a disponibilidade real do
recurso mais adequado a esta necessidade.
Os médicos plantonistas ao chegarem ao plantão, deverão imediatamente,
interar-se dos recursos internos (viaturas, equipamentos e profissionais) e
recursos externos existentes, inclusive das Centrais de Vagas (BRASIL,
2006).
A organização do atendimento pré-hospitalar móvel realiza-se pela Portaria Nº.
2048 GM/MS de 2002 em dois níveis: o Suporte Básico de Vida (SBV) e o Suporte
Avançado de Vida (SAV). O SBV é um veículo destinado ao transporte de pacientes
sem potencial de intervenção médica no local e/ou durante transporte até o serviço
de destino enquanto o SAV realiza o atendimento e transporte de pacientes de alto
risco em emergências pré-hospitalares e/ou de transporte inter-hospitalar que
necessitam de cuidados médicos intensivos bem como de equipamentos mais
complexos para a realização de intervenções (BRASIL, 2002).
O SAMU, hoje, encontra-se constituído, conforme inicialmente idealizado, por uma
Central de Regulação Médica e o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar vel,
35
com suas equipes de suporte básico (motorista socorrista e técnico de enfermagem)
e avançado (motorista, médico e enfermeiro) (LOPES, FERNANDES, 1999). A
competência da Central de Regulação Médica é assumida pelo médico regulador
que tem a função de coordenador e de disponibilizador do atendimento pré-
hospitalar à população, podendo orientar o usuário, encaminhá-lo de acordo com a
complexidade para a Atenção Básica, unidades secundárias ou terciárias (BRASIL,
2006). Essa Central permite que se estabeleça uma porta aberta de comunicação
do público com o Sistema de Saúde, uma vez que tem o pedido de socorro
acolhido, priorizado e atendido no menor intervalo de tempo possível, no local mais
adequado à resolução do problema de saúde (VIEIRA e MUSSI, 2008).
A organizão do SAMU, em Belo Horizonte - MG , deu-se de forma diferenciada de
outros municípios brasileiros, visto que já existia um Serviço de Atendimento às
Emergências denominado Resgate, de responsabilidade do Corpo de Bombeiros. O
Resgate encontra-se em funcionamento desde outubro de 1994, a partir de convênio
entre a SMSA e o Corpo de Bombeiros e com o apoio do Ministério da Saúde .
Foram adquiridas inicialmente sete ambulâncias especiais e equipamento de resgate
(BELO HORIZONTE,2009).
No ano de 1995, a equipe médica da SMSA-BH passa a compor o sistema,
realizando triagem de casos das ligações telefônicas do 193, monitorando a ão
dos socorristas e regulando a transferência de casos aos hospitais . Foi quando
ocorreu a união dos profissionais de saúde com os bombeiros. Em 1996, iniciou-se
a separação entre APH e bombeiros, com a criação da Unidade de Suporte
Avançado (USA) que passa a fazer parte do sistema, equipada como uma Unidade
36
de Tratamento Intensivo (UTI), tripulada por médico, enfermeiro, auxiliar de
enfermagem e socorrista. A partir de 2001, o Sistema de Atenção Pré-
Hospitalar/Resgate passa por um de processo de informatização, com subsequente
ampliação de sua atuação por meio da Central de Regulação Metropolitana (BELO
HORIZONTE, 2009).
E somente em 2003, foi inaugurado, pela Prefeitura Municipal, seguindo orientação
nacional, um serviço de atendimento pré-hospitalar móvel reestruturado, com acesso
telefônico gratuito da população pelo número 192, o denominado SAMU-BH (BELO
HORIZONTE, 2009). A partir desse momento, houve a separação entre o Resgate e
SAMU. Para Alves, Velloso e Araujo (2009), pela análise do trabalho inicial de
parceria entre Bombeiros e SAMU-BH foi possível perceber que havia uma grande
valorização da disciplina e da ordem pelo grupo treinado para atender urgências.
Esse grupo foi parcialmente substituído a partir da separação dos serviços e a
seleção dos profissionais passou a valorizar o conhecimento e a experiência na área
de urgência. Atualmente, a ampliação do serviço gerou mudanças nos processos
seletivos e na estrutura do SAMU, que perdeu a característica do novo e diferente,
sendo incorporado ao cotidiano da capital mineira (ALVES, VELLOSO e ARAUJO,
2009). O SAMU-BH fornece orientações dadas por um profissional médico por meio
da Central de Atendimento Telefônico disponibilizando dois tipos de atendimento: o
aconselhamento, feito via telefone por um dico regulador ou a liberação de uma
unidade de atendimento móvel enviada em casos de emergências que atende o
paciente em ambiente pré-hospitalar (SMSA-BH, 2004).
37
2.3 A Teoria das Representações Sociais
A teoria das representações sociais é uma forma sociológica da psicologia social. A
psicologia social é uma área do conhecimento científico que tem por objetivo o
estudo dos processos de interação social (WACHELKE; CAMARGO, 2007) . Os
indivíduos constroem esses processos e, por meio deles, suas explicações sobre os
objetos sociais.
Essa teoria tem como uma de suas bases fundadoras o abandono da distinção
entre o sujeito e o objeto de pesquisa. A realidade objetiva não existe . É
representada, apropriada pelo individuo e pelo grupo, reconstruída em seu sistema
cognitivo, integrada a seu sistema de valores, dependente de sua história e do
contexto social e ideológico onde vive . (MOSCOVICI, 1978)
A teoria das representações sociais é também chamada de teoria do senso
comum, uma vez que se interessa pela pesquisa dos fenômenos coletivos e as
regras que governam o pensamento social. Mas o estudo do senso comum ,aqui
entendido como uma forma de conhecimento prático que os indivíduos e grupos
sociais constroem para interpretar a realidade e que utilizam em sua vida cotidiana,
sendo importante para o entendimento da dinâmica das interações sociais e para a
busca dos determinantes das práticas sociais (SPINK, 1993; OLIVEIRA, 1996).
Assim, o senso comum como um objeto de estudo da teoria das representações
sociais é uma modalidade de conhecimento que varia conforme as inserções
específicas num contexto das relações sociais. Trata-se de uma abordagem
dedicada à investigação dos processos cognitivos e construtos relacionados ao
38
modo como as pessoas pensam no cotidiano (WACHELKE; CAMARGO, 2007).
Para Wachelke e Camargo (2007), há uma variedade de definições para o fenômeno
das representações sociais, segundo o foco esteja no processo ou no produto. O
fenômeno em representação social é um universo consensual de pensamentos
espalhados pelo cotidiano, sendo mais complexo que o objeto dele derivado ,
devendo ter relevância cultural ou espessura social ,além de emergir da vida social
cotidiana e corresponder às práticas sociais da população estudada. Enquanto isso,
o objeto derivado desse fenômeno, é uma elaboração do universo, reificado pela
ciência, devendo ter, como condição que afeta a emergência ou o desse objeto
em um determinado conjunto social: dispersão da informação, focalização e pressão
na inferência (SÁ, 1998).
As representações sociais possuem finalidades próprias sistematizadas por Abric
(1994), sendo suas quatro funções essenciais: funções de saber que permitem aos
atores sociais compreender e explicar a realidade a partir do saber prático do senso
comum; fuões identitárias que definem a identidade e permitem a salvaguarda da
especificidade dos grupos; funções de orientação uma vez que guiam
comportamentos e práticas, determinando, assim, a priori o tipo de relações
pertinentes para o sujeito e funções justificatórias que permitem justificar a posteriori
as tomadas de posição e os comportamentos (ABRIC, 1998 p. 27).
Wagner (1998) propõe critérios que possibilitam o reconhecimento das
representações sociais. Esses critérios especificam os processos e produtos sócio-
representacionais, embora não sejam largamente utilizados na comunidade
39
acadêmica. Esses critérios ainda podem validar e dar maior transparência e
especificidade aos estudos em representão social, embora nem todos estejam
necessariamente presentes em todas as representações, uma vez que há diferenças
estruturais e funcionais em representações de diferentes tipos (WAGNER, 1998).
O consenso funcional, ou seja, o papel desempenhado pela representação para
manter a unidade do grupo, orientar as autocategorizações e interações de seus
membros seria o primeiro critério proposto por Wagner (1998). O segundo critério é
a relevância, por meio da qual as representações sociais referem-se a objetos
sociais relevantes para os atores sociais em questão (SÁ, 1998; WAGNER;1998). O
terceiro critério denominado Prática baliza a existência da representação se essa
representação for acompanhada por correspondência na prática realizada por uma
quantidade razoável de pessoas num grupo reflexivo, logo, o comportamento
associado à representação deve constituir parte da rotina do grupo (SÁ,1998;
WAGNER, 1998). O quarto e o quinto critérios encontram-se alinhados, ou seja, o
critério de Holoformose traz que as representações sociais têm pertença a um grupo
e o critério de afiliação diz ser possível delimitar uma realidade sócio-grupal dentro
da qual certa representação existe. Esses dois últimos critérios permanecem muito
próximos e estão presentes na grande maioria das representações (SÁ, 1998;
WAGNER, 1998).
As representações sociais possuem estabilidade variada devido à fluidez da
comunicação atual, modificando suas configurações de conteúdo e estrutura
continuamente (WACHELKE; CAMARGO 2007). Assim, a comunicação social
determina a formação do processo representacional estruturado em três níveis:
40
cognitivo, formão da representação social e edificação das condutas. A formão
da representação social ainda depende de dois processos o de objetivação e a
ancoragem que correspondem à materialização das abstrações, ou seja, à
transformação em objeto do que é representado; e a compreeno da maneira pela
qual o desconhecido ou novo é incorporado às relações sociais, tornando familiar o
que era estranho (NÓBREGA, 2003).
Assim, em relação ao funcionamento das representações sociais têm-se dois
processos principais: o de objetivação e ancoragem . Do ponto de vista estrutural,
as representações são organizadas em sistema central e sistema periférico. Essa
organização estrutural de natureza hierárquica sugere que os sistemas de cognições
interligadas distinguem-se quanto a sua natureza e fuões relativas a
representações.
O sistema central e o sistema periférico são partes constituintes da Teoria do
Núcleo Central que seria uma abordagem complementar da Teoria das
Representações Sociais proposta por Moscovici, a grande teoria psicossociológica.
No entanto, a atribuição de um papel descritivo e explicativo complementar à Teoria
do Núcleo Central não implica considerá-la como uma contribuição menor ao campo
de estudos das representações sociais (ABRIC, 1998).
O núcleo central (NC) é diretamente determinado pela natureza do objeto
representado, pelo tipo de relações que o grupo mantem com o objeto e,
principalmente pelo sistema de valores e normas sociais que constituem o contexto
ideológico do grupo, o qual é marcado por condições históricas e sociais e vinculado
41
à memória coletiva (MAZZOTI, 2007). Esse contexto constitui a base comum da
representação, sendo indispensável a sua identificação para que se possa avaliar a
homogeneidade de um grupo, ou seja, só se pode afirmar que dois ou mais grupos
têm a mesma representação de um objeto se esses grupos partilharem o mesmo
NC (ABRIC, 1998)
Os elementos periféricos (EP) formam a parte operatória da representação sendo
essenciais para o funcionamento e a dinâmica das representações. Abric (2003)
enfatiza cinco funções do sistema periférico: (a) concretização do NC em termos
ancorados na realidade, imediatamente compreensíveis e transmissíveis; (b)
regulão, que consiste na adaptação da representação às transformações do
contexto; (c) prescrição de comportamentos, pois funcionam como esquemas
organizados pelo NC orientando tomadas de posição; (d) proteção do NC sendo
elementos essenciais nos mecanismos de defesa da significação central da
representação; e (e) modulões personalizadas: pois é o sistema periférico que
permite a elaboração de representações individualizadas relacionadas à história e às
experiências pessoais do sujeito (ABRIC, 2003).
A teoria do Núcleo Central proporciona um corpo de proposições que contribui para
que as teorias das representações sociais se tornem mais heurísticas para a prática
social e para a pesquisa. Proporciona um refinamento conceitual, teórico e
metodológico do estudo das representações sociais sendo um produto e o processo
de uma atividade mental pela qual um indivíduo ou um grupo reconstitui o real com
que se confronta e lhe atribui uma significação específica (ABRIC, 1998)
42
Assim, o sistema central compreende as cognições que determinam a identidade da
representação, ou seja, sistemas centrais diferentes indicam representações
diferentes e dão estabilidade à representão e são resistentes a mudança
(ABRIC,1998). Enquanto isso, o sistema periférico, ou seja, os elementos não
centrais, são mais abstratos e possuem natureza normativa, referem-se a esquemas
de natureza mais funcional, descrevendo e determinando ações (ABRIC,1998). Os
elementos do sistema periférico são mais instáveis, pois se modificam com facilidade
devido a alterações no contexto dos grupos sociais e suas relações com algum
objeto social, servindo de proteção para o sistema central, adaptando-se às
alterações contextuais (ABRIC,1998)
43
3. PERCURSO METODOLÓGICO
Este estudo fundamentou-se na Teoria das Representações Sociais proposta por
Moscovici (1978) e na Teoria do Núcleo Central elaborada por Abric (1998), na
perspectiva da Psicologia Social, utilizando-se do software EVOC 2003 (Ensemble
de programmes permettant l´analyse des evocations versão 2003) como método
para a análise dos dados, tendo em vista as relações estabelecidas entre os
profissionais do SAMU e os profissionais das UPA de Belo Horizonte-MG. A opção
por essa abordagem estrutural das Representações Sociais deve-se à
possibilidade de estabelecer contato com a estrutura de pensamento passível de
mudança uma vez que, ao determinar quais são os núcleos central e periférico, é
possível delimitar em qual deles incidirá para que se possa buscar uma mudança de
atitude, considerando a importância das relações a serem estabelecidas entre o
SAMU e toda a rede assistencial de serviços de saúde.
A escolha desse referencial deve-se ao fato de que as representações sociais são
formadas por influências recíprocas, implícitas no curso das comunicações
interpessoais, em que as pessoas se orientam para modelos simbólicos, imagens e
valores” (MOSCOVICI, 2005). Nesse sentido, os indivíduos adquirem um repertório
comum de interpretações e explicações, regras e procedimentos que podem ser
aplicados no cotidiano. Assim, o estudo das Representações Sociais permite, em
princípio, compreender por que alguns problemas se sobressaem numa sociedade e
esclarecer alguns aspectos de sua apropriação pela sociedade, como os debates e
conflitos que se desenrolam entre diferentes grupos de atores” (HERZLICH,
2005:61-62). Permite, ainda, entender a maneira como chegam e se estabelecem
44
como foco de condutas múltiplas e complexas.
Para a captação das Representações Sociais utilizou-se a Teoria do Núcleo Central
(TNC). Trata-se de uma abordagem específica no campo das representações
sociais, considerada como uma proposição teórico-metodológica complementar ao
estudo de Moscovici, de modo a torná-lo mais científico” tanto na prática social
quanto para a pesquisa. A TCN propõe-se a identificar e analisar os processos que
determinam as representações sociais como conjuntos sociocognitivos organizados
e estruturados em dois subsistemas: um sistema central e um sistema periférico
(ABRIC, 1998).
3.1. CENÁRIO:
Em 2008, a rede municipal de saúde de Belo Horizonte conta com 142
centros de saúde, sete UPA, quatro Unidades de Referência Secunria (URS) e
mais de 40 hospitais conveniados. Logo, o atendimento à populão ocorre na rede
própria e na rede conveniada e contratada. Entre as unidades próprias da SMSA de
Belo Horizonte, encontram-se as sete UPA, que oferecem atendimento 24 horas,
localizadas na Regional Norte, Barreiro, Venda Nova, Oeste, Pampulha, Leste e
Nordeste que recebem o mesmo nome das regionais. A missão das UPA é definida
pelo colegiado das unidades e esassim enunciada: "Prestar assistência médica
aos cidadãos usuários do SUS em situações de sofrimento agudo de qualquer
natureza e que não possam ser resolvidas nas unidades básicas de saúde" (Belo
Horizonte, 2003). Essas unidades estão estrategicamente distribuídas pelo
município, visando atender à distritalização e estarem próximas das áreas de
45
abrangência dos serviços.
Este estudo foi desenvolvido em quatro Unidades de pronto-atendimento
(UPA) da SMSA de Belo Horizonte, onde foram recrutados os sujeitos da pesquisa
sendo selecionados de acordo com a realização de atendimento dos usuários
provenientes do SAMU. Foram selecionadas de acordo com dados do SAMU duas
UPA que mais receberam pacientes do SAMU e duas que menos receberam para
que os dados pudessem ser cruzados, investigando assim se o contato com o objeto
modificaria a representação social desses grupos e se os efeitos comunicacionais
entre as unidades levariam à uniformização das representações.
3.2.SUJEITOS
Os sujeitos da pesquisa foram 274 profissionais de saúde das UPA que recebem
usuários do SUS encaminhados pelo SAMU, sendo 89 médicos, 31 enfermeiros e
154 profissionais de enfermagem (auxiliares e técnicos). O número de sujeitos foi
considerado suficiente quando os dados foram coletados nos três plantões, durante
o dia e à noite), considerando a carga horária de trabalho de 12 por 60 horas de
descanso da equipe de enfermagem. A opção por acompanhar a escala dos
profissionais de enfermagem deveu-se ao fato de que somente esses profissionais
tinham uma lógica de intervalos de trabalho que possibilitava a coleta de dados
sistematizados . Os médicos e enfermeiros, em sua maioria, tinham uma carga
horária de 24hs por semana, mas com jornadas de trabalho irregulares. Assim,
foram realizadas inicialmente três visitas a cada Unidade, de forma a fazer contato
com a totalidade dos profissionais das Unidades nos diferentes plantões, durante o
dia e à noite. Foi escalonada a repetição dos plantões para que não ocorresse a
falta de nenhum deles . Os plantões foram denominados plantão A, B e C, diurno e
46
noturno. Os sujeitos foram escolhidos aleatoriamente, de acordo com o plantão e
somente aqueles que concordaram em participar da pesquisa, após a leitura e
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo A),
responderam ao questionário (Anexo B) .
Para atender aos princípios éticos, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde (BRASIL, 1996) o projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado
pela Câmara do Departamento de Enfermagem Aplicada da Escola de Enfermagem
da Universidade Federal de Minas Gerais (ENA/EEUFMG) e teve o parecer
n°11/2009 favorável (Anexo C) e após essa etapa foi aprovado pelos Comitês de
Ética em Pesquisa da UFMG ,Parecer n
o
67/2009,(Anexo D). Este estudo faz parte
do projeto “Serviço de Atendimento vel de Urgência: percepção de usuários e
profissionais de saúde” tamm aprovado pela Secretaria Municipal de Saúde de
Belo Horizonte, Parecer n
o
. 014/2008 , (Anexo E) e pelo COEP/UFMG, Parecer
n
o
215/08, (Anexo F).
Foram garantidos, aos entrevistados, o anonimato, a liberdade para retirar sua
autorização para utilizão dos dados na pesquisa e a garantia do emprego das
informações somente para fins científicos. Cada entrevistado recebeu uma via do
TCLE com os dados dos pesquisadores caso, em algum momento, decidisse retirar-
se da pesquisa ou necessitasse de maiores informações .
47
3.3. COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada por meio de questionário, aplicado pela própria
pesquisadora e por bolsistas treinados, com itens que identificavam o perfil dos
entrevistados, em local apropriado para registro das evocações livres sobre o termo
indutor SAMU. Foram coletados 274 questionários, totalizando 1338 palavras
diferentes evocadas que foram agrupadas em 85 palavras padronizadas, como pode
ser observado no Dicionário ( Anexo G).
A evocação ou associação livre permite colocar em evidência o universo semântico
do objeto estudado, assim como sua dimensão imaginária, de forma mais rápida e
dinâmica que outros métodos com igual objetivo, como a entrevista (ABRIC, 2001).
Como esse tipo de resposta varia mais do que as respostas a perguntas fechadas
deve-se possibilitar a construção de um universo semântico que contemple essa
variedade de informões, por meio da aplicação do questionário ao maior mero
possível de sujeitos. Essa técnica de evocação livre considera as propriedades
qualitativas e quantitativas no levantamento dos possíveis elementos centrais e
periféricos de uma representação social (SÁ, 1998).
A aplicação da técnica neste estudo consiste em solicitar aos sujeitos que
verbalizem cinco palavras ou expressões que lhes vêm imediatamente à cabeça
em relação ao termo indutor SAMU. O registro da produção verbal foi realizado
pelos próprios sujeitos da pesquisa que escreveram as evocações na ordem em que
foram pensadas de imediato.
48
3.4. ANÁLISE DOS DADOS
Os dados correspondentes ao perfil dos sujeitos do estudo foram organizados num
banco de dados no Microsoft Excel que permitiu a análise por meio de frequências
simples das seguintes variáveis: UPA, sexo, faixa etária, estado civil, profissão,
tempo de formado, pós-graduação e tempo de trabalho na UPA.
A organização dos dados referentes à Representação Social foi realizada por meio
do software EVOC (Ensemble de programmes pemettant l'analyse des evoctions)
versão 2003, criado na França por Pierre Vérges e seus colaboradores, que constitui
um conjunto de programas que permite uma organização das evocações livres de
forma sistematiza (MANUAL DO SOFTWARE,2003). Esses programas calculam e
informam a frequência simples de ocorrência de cada palavra evocada, a média
ponderada de ocorrência de cada palavra e a média das ordens médias ponderadas
do conjunto dos termos evocados, o que possibilita estratificar essas evocações em
núcleo central e periférico.
Os dados colhidos por meio do questionário foram digitados no EXCEL, sendo as
evocações digitadas na ordem em que foram faladas. A seguir, as evocações foram
agrupadas por sentido, de forma a homogeneizar o conteúdo semântico, visando a
uma análise mais consistente, que seria a etapa de padronização das palavras e
termos evocados. Essa etapa é conhecida como dicionário de padronizão que
passa pela leitura de rias pessoas, de diferentes perfis para validação do mesmo,
sendo a primeira leitura e correção no dicionário deste trabalho feitas pela
mestranda e as subsequentes pela orientadora e pela co-orientadora deste trabalho
49
bem como por outras pessoas indicadas por elas. Posteriormente a essa
padronização e validação do dicionário, voltou–se à planilha original e foi realizada
a substituição das palavras evocadas pelas padronizadas. Depois dessa etapa, o
documento é salvo com extensão própria para ser aberto no programa Bloco de
Notas.
No software EVOC 2003, o documento anteriormente salvo como pertencente ao
bloco de notas é reconhecido e aberto, realizando a posteriori etapas sequenciais do
softwarw até que se obtenha a distribuição dos termos por frequência e ordem de
evocação média com os quais serão construídos os quadrantes, conhecidos como
quadro de quatro casas. Após essa etapa, prossegue-se com a comparação da
frequência e o valor médio da ordem de evocação de cada termo com os valores
médios da população estudada para a interpretação dos dados.
O quadro de quatro casas criado discrimina o núcleo central (elementos mais
frequentes e mais importantes situados no quadrante superior esquerdo), os
elementos intermediários ou 1ª periferia (elementos periféricos mais importantes
situados no quadrante superior direito), os elementos de contraste (com baixa
frequência, mas considerados importantes pelos sujeitos, situados no quadrante
inferior esquerdo) e os elementos periféricos da representação ou periferia
(menos frequentes e menos importantes, localizados no quadrante inferior direito)
(OLIVEIRA et al., 2003).
Para a interpretação dos dados, primeiramente se fez a leitura das características
representacionais do conjunto da população para o termo indutor. Em seguida,
50
identificaram-se as variações entre grupos, em função das variáveis inseridas na
análise que, neste estudo, foram: profissionais de saúde da UPA, instituição com
maior contato com o SAMU e com menor contato com o SAMU e categoria
profissional.
51
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. Caracterização dos profissionais de saúde das UPA e suas representações
sociais sobre o SAMU
A caracterização do perfil dos sujeitos da pesquisa contribui para um melhor
entendimento das estruturas representacionais de seus pensamentos. Os dados
mostram que 31,1% dos profissionais são do sexo masculino, 67% do feminino e
1,9% o declararam. A maioria dos profissionais é composta por profissionais com
mais de 25 anos (93%), casados (45,6%) seguidos de 37,6% de solteiros, 11,3% de
divorciados, 1,8% viúvos e 3,7% não especificaram sua situação civil. Em relação às
categorias profissionais, 56,2% eram auxiliares e técnicos de enfermagem, 32,5%
médicos e 11,3% enfermeiros.
Considerando o tempo de formados, 5,5% tinham menos de um ano; 18,7% tinham
entre um e quatro anos , 74,4% mais de cinco anos de formados e 1,5% não
declararam. Entre os profissionais de nível superior , 62,5% possuem pós-graduação
, 25% o possuem pós-gradução e 10% estão cursando a pós-graduação . Em
relação ao tempo de trabalho na UPA ,39,2% tinham mais cinco anos, 23,4%
estavam entre um e quatro anos, 36,3% tinham menos de um ano e 1,1% não
souberam responder, existindo equilíbrio entre os considerados novatos no serviço
e aqueles já com maior experiência.
O corpus para a análise das Representações Sociais foi formado pelas evocações
de todos os sujeitos sendo faladas 1338 palavras . Dessas 1338 , apenas 108
52
foram diferentes e foram agrupadas em 85 palavras padronizadas (ANEXO G). A
média das ordens médias de evocação (O.M.E) foi igual a 2.95, sendo arredondada
para três. A frequência média foi 44 e a mínima 23. Dessas palavras evocadas, 28
foram ditas apenas uma vez e a palavra “casos-graves”, de maior freqüência de
evocação, foi dita 74 vezes. No quadro de quatro casas, Quadro 1, construído a
partir do EVOC 2003 com as evocações ao termo indutor SAMU, pode-se observar o
conteúdo das representações sociais, bem como a estrutura e a hierarquia dos
elementos de seus sistemas cognitivos.
Quadro 1: Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional de
profissionais de saúde acerca do SAMU
Fonte: Dados organizados pelo Software Evoc 2003, em julho de 2009.
< 3
>= 3
Freq.média
Termo evocado
Freq
O.M.E
Termo evocado
Freq
O.M.E
>= 44
Quadrante Superior Esq
uerdo
Núcleo Central
Quadrante Superior Direito
1ª Periferia
Emergência
Etilista
Rapidez
Resgate
Transporte
Urgência
48
65
57
46
69
62
2,104
2,200
2,842
2,261
2,826
2,145
Casos-graves
Trauma
74
49
3,108
3,245
< 44
Quadrante Inferior Esquerdo
Elementos Constrastante ou Intermediários
Quadrante Inferior Direito
2ª Periferia
Agilidade
Atendimento
Conflito
Equipe-despreparada
Pré-hospitalar
Salvar-vidas
31
36
23
41
30
28
2,677
2,361
2,957
2,878
2,833
2,964
Habilidade
Humanização
Precário
Regulação
35
43
26
27
3,486
3,233
3,269
3,333
53
Observa-se, nas evocações produzidas mediante o termo indutor SAMU, que a
distribuição nos quadrantes não apresenta uniformidade entre os planos, tendo, em
seu corpus, uma maior dispersão devido à diferença entre a frequência média (44) e
a mínima (23). No quadrante superior esquerdo, encontram-se os possíveis
elementos do cleo central da representação deste estudo, as palavras que
possuem maiores frequências e menores ordens médias de evocação (OME), e que
correspondem àqueles elementos mais importantes no desenho da estrutura das
representações sociais pensadas pelos profissionais de saúde da UPA.
No núcleo central, estão as seguintes palavras: emergência, etilista, rapidez,
resgate, transporte e urgência, as quais refletem uma imagem do SAMU em sua
maior parte positiva e de reconhecimento de seu trabalho de acordo com a
significão desses termos. Esses elementos destacam o caráter funcional do
SAMU, referindo-se às características descritivas e à inscrição do objeto nas
práticas sociais dos sujeitos deste estudo. O SAMU é entendido como um tipo de
assisncia pré-hospitalar móvel caracterizado pelo atendimento rápido, seja de
resgate ou transporte, de pacientes com quadros de urgência ou emergência
declarados . O elemento etilista aparece como fator inesperado e destoante.
O elemento com maior destaque entre aqueles provavelmente centrais é transporte,
com uma frequência de evocação de 69 e OME de 2,826. Sob essa designação,
foram homogeneizadas palavras que apontam para a função de transporte do
SAMU, ideia ligada ao atendimento pré-hospitalar que se iniciou com a concepção
inicial de transporte dos pacientes para um local onde pudessem receber o
atendimento necessário para garantir-lhes a vida (MARTINS, 2004).
54
Para Martins (2004), a ideia de transporte do SAMU é preconizada desde sua
conceituação e a determinação de sua função. No entanto, essa ideia deve ir além
do transporte da vítima ,de acordo com seu status, de forma segura, para a Unidade
de referência adequada . deve incluir, durante o percurso, a garantia dos cuidados
necessários, preconizados pelo protocolo de atendimento pré-hospitalar a fim de
garantir-lhes a vida ou minimizar-lhes os danos.
No processo de padronizão do termo transporte, foi possível observar que, dentro
dessa significação, também foram evocados os termos ( Anexo G) carona, entrega,
ótimo transportador, taxi e ônibus que, dentre outros, representam uma forma de
questionamento dos profissionais da UPA acerca da qualidade e do tipo de
atendimento prestado pelo SAMU. Assim, em uma mesma ideia de transporte tem-
se uma perspectiva positiva e negativa do serviço. discorncias com relação
aos julgamentos clínicos feitos pelo SAMU por parte dos profissionais da UPA, bem
como a critica aos casos que o SAMU encaminha como sendo casos-graves
(ALVES, VELLOSO, ARAUJO, 2009).
Os profissionais de saúde da UPA relatam que o SAMU é mal aproveitado por parte
da população que o utiliza como taxi”, demandando um atendimento que não seria
necessário (ALVES, VELLOSO, ARAUJO, 2009). Uma análise mais apurada do
assunto leva a inferir que esse problema advém das dificuldades na regulação dos
usuários pela Central de Regulação Médica.
O segundo elemento em destaque no núcleo central foi etilista, com uma frequência
de 65 e OME de 2,200. Esse elemento foi evocado 24 vezes como primeira palavra
55
pelos profissionais de saúde da UPA. De acordo com o julgamento desses
profissionais, os pacientes alcoolizados não se caracterizam como urgência ou
emergência. Em relação a esse fato, os profissionais do SAMU argumentam que os
pacientes etilistas sempre constituíram uma demanda reprimida que ganhou
visibilidade social e apontam que eles podem vir a se caracterizar como um quadro
de urgência (ALVES, VELLOSO, ARAUJO, 2009).
Segundo os profissionais do SAMU, muitos cidaos acionam a Central de
Regulação ao se depararem com uma pessoa caída na rua e, quando a unidade do
SAMU chega ao local, seus profissionais verificam a presença de etilismo, associado
ou não a alguma outra comorbidade (ALVES, VELLOSO, ARAUJO, 2009). Em
algumas dessas situações, os profissionais se veem obrigados” ou intimidados
pela população a levar o paciente para o serviço de saúde de referência, a UPA.
Dessa forma, o SAMU adquiriu a conotação de serviço descaracterizado. A esse
respeito, Jacquemont (2005) diz que um grande número de chamadas recebidas
pelas centrais de ambulâncias que se referem a uma pessoa deitada na rua” (p.62).
Geralmente, os solicitantes desconhecem essa pessoa e sequer se aproximam dela
antes de telefonar . O simples fato de estar no co é motivo suficiente para
ligarem para o 192 ou 193, pois estar no chão significa um sinal de gravidade para a
população (JACQUEMONT, 2005).
O etilismo configura-se, atualmente, como uma situação de saúde pública que,
segundo Vargas e Luís (2008), é um problema o antigo quanto o próprio homem,
mas que só recebeu atenção da medicina em meados do século XIX. Espresente
em todo o mundo e estima-se que atualmente tenha alcançado 10% da população
56
mundial e 12,3% da população brasileira (VARGAS; LUIS, 2008), sendo significativo
o número de pacientes com problemas diretamente relacionados ao álcool e ao
etilismo nos serviços de saúde. Para a OMS (2005) e o CID-10, o etilismo pode ser
equiparado à doença mental, uma vez que traz prejuízos à capacidade de
julgamento das pessoas. Para Gonçalves (2003), o uso e o abuso de drogas são
parte de uma situação associada ao transtorno mental ou à fragilidade e à limitação
do indiduo para responder criativamente às situações difíceis impostas pela vida.
Classificada como doença mental, a toxicomania, mais especificamente o etilismo,
passa a ser alvo das mesmas intervenções que marcaram o processo de reforma
psiquiátrica no Brasil. Houve avanços das políticas públicas e a preconização de um
modelo de atenção integral à saúde de usuários de drogas que precisavam ser
compreendidos a partir de sua expressão na prática cotidiana das unidades
(MORAES, 2008). Moraes (2008), em estudo sobre o modelo de atenção integral à
saúde para tratamento de problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas,
afirma que os usuários relataram que um dos grandes avanços na humanização da
assisncia para com os etilistas foi o fato de deixarem de ser vistos como
“irresponsáveis”, vagabundos” ou “marginais”, concepção aparentemente
predominante na sociedade e nos profissionais que os atendiam, e passarem a ser
vistos como doentes (MORAES, 2008).
Nesse sentido, a abordagem desses usuários deve envolver sensibilidade humana,
compreensão e capacidade de reflexão sobre a complexidade de que se reveste
esse problema. É sobretudo necessário interessar-se pela pessoa e saber que a
droga é um episódio em sua vida, pois a química da droga estimula o consumo e a
57
dependência, mas também afeta a estrutura psicológica da pessoa dependente. O
uso da droga estimula sua procura e a manutenção da dependência (GONÇALVES,
2003), sendo um mecanismo de retroalimentação. Os serviços de saúde, em geral,
ainda têm dificuldades em lidar com os etilistas que são considerados “culpados” ao
invés de doentes que necessitam de abordagens específicas. O SAMU veio reverter,
em parte, esse quadro, ao encaminhar esses doentes para os Serviços, dando-lhes
visibilidade como problema de saúde pública.
A percepção dos profissionais de saúde das UPA ainda não alcançou o preconizado
pelas políticas de humanização e do programa de atenção integral aos usuários de
álcool e drogas, uma vez que possuem uma visão biologicista das urgências e
emergências esperadas para serem atendidos naquele locus de trabalho. Tal fato
faz com que esses não se vejam preparados para lidar com o etilista que , em
principio, seria portador de um sofrimento mental cujas demandas muitas vezes
tumultuam o local de trabalho e a dinâmica do serviço. Os pacientes etilistas não
necessitam de técnicas nem de tecnologias médico-hospitalares tradicionais, mas
de uma olhar diferenciado para uma demanda especifica de natureza sócio-
economico-afetiva não suprida.
No caso da enfermagem, para Santos e Marques (2003), quando se trata do
paciente alcoólatra, há muitos preconceitos e recriminações não sendo esse
paciente da preferência assistencial dos enfermeiros. Para os autores, a sociedade
não suporta os indiduos que se vitimam por vontade própria; sendo assimdifícil,
para o enfermeiro, dissociar-se desse estigma social que também acompanha os
pacientes de tentativa de auto-extermínio. Estudo de Navarrete e Luis (2004), sobre
58
atitudes dos enfermeiros de um complexo hospitalar em relação ao paciente
alcoolizado, aponta que os enfermeiras concordam que a vida do etilista é
desagradável e que merece atenção da enfermagem como os outros, mas indicam
incômodo em atendê-lo, mesmo apresentando disposição para fazê-lo. Os
enfermeiros ainda percebem os etilistas como pessoas sensíveis, mas
irrecuperáveis. Para Rosa (1991), a qualidade da assistência de enfermagem ao
paciente etilista é insatisfatória principalmente devido ao despreparo dos
profissionais e aos tabus e preconceitos existentes na sociedade.
O elemento urgência apresenta-se com uma frequência de 62 e OME de 2,145
seguido da emerncia com frequência de 48 e OME de 2,104. Esses elementos
estão intimamente ligados ao papel desempenhado pelo SAMU, bem como aos
elementos seguintes da sequência do núcleo central resgate e rapidez que preveem
um primeiro atendimento com um tempo limite para que a vida seja preservada ou
ocorra minimização de danos ou sequelas.
A proximidade da frequência entre os elementos urgência e emergência deve-se à
imprecisão, à confusão e à polêmica em torno dos conceitos de urgência e
emergência (MAGALHÃES, 1998). Define-se Urgência como situação clínica aguda,
com ou sem risco potencial de vida, enquanto Emergência seria uma situação com
risco iminente de vida ou que cause intenso sofrimento ao paciente (CFM, 1995).
Esses conceitos têm um limite quase imperceptível sendo o quadro clínico do
paciente passível de rápida modificação a qualquer momento, abrindo, assim, a
possibilidade de interpretações diversas que justificam a utilização quase sinônima
pelos profissionais de saúde no cotidiano de trabalho. Infere-se tamm que o termo
59
urgência é mais abrangente e do senso comum, que a emergência, sendo, portanto
mais utilizado. A emergência possui um significado compreendido em sua totalidade
por profissionais de sde especializados em urgência e diz respeito à manutenção
da tênue linha existente entre a vida e a morte.
Para Jacquemont (2005), a distinção urgência/emergência não tem sentido do ponto
de vista da gravidade, do tempo para agir e da prioridade do atendimento . Assim,
se deveria falar em urgência para que o atendimento seja uniforme. Ainda
segundo a Jacquemount (2005), em seu estudo Urgência e Emergência em Saúde:
perspectivas de profissionais e usuários, um dos médicos entrevistados considera
impossível, desnecessária e inconsequente essa diferenciação, até porque, quanto
mais se diz “é urgência, não é emergência”, mais se prejudica ou se contribui para a
não- assistência ou mesmo para a má assistência, o que seria um erro e um
desrespeito à vida do paciente (JACQUEMONT, 2005,p.59).
A valorização de um estado de saúde como “grave” ou “urgente”, ou seja, seu alto
valor mobilizador, pode ser identificado, menos em função dos discursos normativos
proferidos fora do contexto “isso é urgência, isso é emergência” do que em
função da observação dos comportamentos, tais como se manifestam e se dão a ver
nas situações. Em outros termos, essa valorização pode ser deduzida das atitudes
diferenciadas dos médicos e enfermeiros, assim como do pessoal não médico do
pronto-socorro, em relação aos pacientes no momento de sua chegada nos serviços
de saúde (JACQUEMONT, 2005, p.61).
Retomando o quadro de quatro casas (Quadro 1), no quadrante superior direito,
60
ou seja, primeira periferia, eso as palavras que tamm tiveram alta frequência,
mas cuja posição média na ordem de evocação não foi suficiente para que fizessem
parte do núcleo central. Nesse espaço da representação, encontram-se as palavras
casos-graves e trauma que reafirmam e reforçam o papel do SAMU como um
serviço de atendimento pré-hospitalar que visa realizar atendimento de urgência e
emergência, como traumas e casos-graves. Para Jacquemont (2005), na prática,
existe e se concretiza a seguinte equivalência: emergência = casos traumáticos, isto
é, casos que levam à suspeita da necessidade de uma intervenção rápida
(JACQUEMONT, 2005).
Segundo Lopes e Fernandes (1999), o politraumatizado, ou seja, a vítima de trauma
deve ser atendida pela equipe de saúde multidisciplinar especificamente treinada, o
SAMU, cujos procedimentos amenizariam as possibilidades de sequelas das vítimas.
Nesse mesmo sentido, Morais (2007) diz que o SAMU tem o objetivo de prestar uma
assisncia precoce à população nos casos de urgência e emergência visando
reduzir o número de óbitos e de agravos à saúde. Assim, observa-se uma atitude
positiva do SAMU, especialmente no que se refere a sua funcionalidade,
reafirmando o papel de atendimento a urgência e emergência presentes no núcleo
central.
Os elementos agilidade, atendimento, conflito, equipe-despreparada, pré-hospitalar
e salvar-vidas encontram-se dentro do quadrante dos elementos contrastantes ou
intermediários, ou seja, complementam e discutem o núcleo central e, ao mesmo
tempo, representam elementos de tensão nas relações entre os serviços estudados.
Esses elementos ainda podem se caracterizar como um novo sub-grupo que
61
coma a ter um olhar mais crítico para o objeto SAMU podendo causar
modificações no núcleo central identificado.
O elemento agilidade reforça e influencia o termo rapidez presente no núcleo
central, caracteriza o reconhecimento, por parte dos profissionais da UPA, da
eficiência do SAMU em atender as situações de urgência/emergência que
demandam rapidez e habilidade.
o termo atendimento liga-se a todos os termos presentes no núcleo central de
forma positiva, considerando-se que transporte e resgate preveem uma forma de
atendimento, assim como os termos urgência, emergência e etilismo demandam
atendimento de forma a garantir a vida ou a estabilizar um quadro clínico.
A palavra evocada conflito possui, como termos padronizados (Anexo G):
“complicação, confusão, crítica, desentendimento com o paciente, desrespeito com
colegas e com paciente, divisão, falta de educação dos funcionários, chateação,
pepino, problemático, rabo de foguete, folgado, pouco cooperativo, será que é
urgência?, divergência SAMU/bombeiro, discórdia da equipe, difícil, desrespeito, e
que merda!, que mostram as dificuldades dos profissionais das UPA em lidar com o
SAMU. Tais dificuldades talvez decorram dos processos de trabalho engessados”
de ambos, considerando-se o contexto de tensão e cobrança em que desenvolvem
seus papéis . As evocações (Anexo G) falta de educação, pepino, problemático,
rabo de foguete, divergência SAMU/bombeiro, discórdia da equipe remetem a
aspectos relacionados à central de regulação, tendo em vista que o contato prévio
para a comunicação de casos e a designação da Unidade que deverá receber os
62
pacientes, ou seja, qual UPA, cabe ao médico regulador que pode utilizar sua
prerrogativa de autonomia e autoridade na rede de serviços para referenciar os
pacientes.
Para Lima e Pereira (2009), na relação com outras áreas no contexto dos serviços
de saúde, é necessário aprimorar o diálogo, buscando uma integração que rompa as
barreiras estabelecidas pela dificuldade de se trabalhar em uma lógica
fundamentada em relações horizontais, com pactuação e compromisso com a
sociedade. Segundo Azevedo e Silva (2008), o uso adequado da comunicação junto
às equipes de APH não é assunto privilegiado nas produções tecnico -científicas
atuais destacando a preocupação com a utilização das tecnologias duras em
detrimento das tecnologias leves nos atendimentos de urgência. Esses autores
buscam justificar a falta de comunicação verbal pela própria característica dos
serviços de urncia : foco nas ações cuja base é a condição da vítima, tempo
escasso e necessidade de se evitar o risco imediato para a manutenção da vida
(AZEVEDO; SILVA, 2008)
O elemento equipe-despreparada, como pode ser observado no Anexo G, é
significado por meio das seguintes palavras evocadas selecionadas: 98% sem
acesso periférico; sem moral e noção; despreparo; dúvidas; falta de ética, de
iniciativa, de humanização, postura e termos técnicos; mais qualificação; maus
profissionais; negligência; ruim, médicos; incerteza e incoerência; simplista e
ingênuo; falta de treinamento; coitados; falta de bom senso e falta de informação.
Tais evocações questionam a postura ética e a capacidade técnica dos profissionais
do SAMU. Percebe-se que existe um descrédito dos profissionais da UPA em
63
relação ao preparo e à qualificação dos profissionais do SAMU para lidar com os
casos atendidos e com as relações estabelecidas com outros profissionais.
Entretanto, observa-se que os elementos conflitos e equipe-despreparada o um
sub-grupo dentro das representações que explicitam as dificuldades nas relações e
no processo de trabalho dos dois Serviços e, ao mesmo tempo, destacam uma falta
de compreensão e de aceitação dos papéis dos profissionais na rede de serviços de
saúde. Tais significações ainda podem se justificar pelo fato de o SAMU de Belo
Horizonte ser uma modalidade de atendimento recente, ainda em processo de
organização, se comparado aos demais serviços da rede. Apesar de ser um serviço
recente, os profissionais têm maior autoridade, conferida pelo Ministério da Saúde
por meio da Portarias GM/MS 2048 e GM/MS 1864, de permear todos os
serviços de saúde com certa autonomia e ainda gerar maior sobrecarga de trabalho
nas UPA (ROCHA, 2005), ao referenciar os usrios com demandas simples.
Os elementos pré-hospitalar e salvar-vidas aparecem com alta frequência e baixa
ordem de evocação média. O elemento pré-hospitalar reforça os elementos resgate
e transporte, presentes no núcleo central enquanto salvar-vidas reafirma todos os
elementos do núcleo central como função precípua a ser desenvolvida pelo SAMU.
As palavras localizadas no quadrante inferior direito são aquelas com menores
frequências de evocação e evocadas mais tardiamente, compondo os elementos da
segunda periferia da representação. Nessa periferia, encontram-se as palavras
habilidade, humanização, precário e regulação. Nesse espaço da representação do
SAMU, observa-se atitude positiva frente a esse serviço, reconhecido pelos
64
profissionais da UPA como instância de humanização do atendimento. Ao mesmo
tempo, atributos negativos são imputados ao SAMU visto como precário em sua
estruturação e nas relações e atendimentos que realiza. Todos os elementos desse
quadrante reforçam os que estão presentes na zona de contraste e direcionam
questionamentos da função do SAMU até os anteriormente reconhecidos como
eficientes no núcleo central.
O termo habilidade é evocado pelos profissionais da UPA como aspecto
reconhecidamente necessário para o APH móvel. Corroborando com essa ideia,
Gentil et al (2008) dizem que, entre as competências importantes para o
atendimento de urgência, estão o raciocínio clínico para a tomada de decisão e a
habilidade para executar as intervenções prontamente. Nesse sentido, Azevedo e
Silva (2008) destacam, ainda, a iniciativa e a percepção, além da tomada rápida
decisão, como fatores cruciais para o atendimento e pontuam que os profissionais
precisam refletir sobre a utilizão da comunicação como uma habilidade para o
atendimento de urgência. Assim, observa-se que esse elemento influencia o
elemento atendimento presente no quadrante de contraste bem como o termo
agilidade, considerando que ambos, agilidade e habilidade, devem se complementar
para o sucesso no atendimento.
O elemento humanizão influencia mais claramente o termo atendimento presente
na zona de contraste e isso se deve à Política Nacional de Humanização (PNH)
presente na rede de Serviços de saúde do SUS. É possível que essa cobrança dos
65
profissionais da UPA acerca de um SAMU mais humanizado esteja expressando, na
realidade, uma dificuldade do próprio Serviço de urgência em prestar uma
assisncia mais humanizada.
O Serviço de urgência é caracterizado pela não formação de vínculo que todos os
usuários estão de passagem naquela instância. Segundo (2005), os hospitais de
emergência constituem espaço privilegiado de manifestação dos intensos processos
de exclusão, violência social, e brutal banalização do sofrimento alheio,
especialmente de indiferença em relação aos desfavorecidos, que marcam nossa
sociedade e os profissionais. Essa autora ainda coloca que o trabalho na porta de
entrada da emergência representa fonte de sofrimento psíquico para os
trabalhadores, considerando que convivem com o dilema entre atender as
urgências, em caráter estrito, e ainda aliviar outros sofrimentos não-clínicos da
população; a pressão de o identificar os casos de risco de vida; o lidar com a
violência; e o não reconhecimento do bom trabalho, entre outras (Sá, 2005).
Segundo Sá, Carreteiro e Fernandes (2008), trabalhar na porta de entrada de uma
“emergência” é tamm estar cara a cara com uma demanda que assume a forma
dos maus tratos, da feiúra e brutalidade, da sujeira e mau cheiro, situações
insuportáveis para muitos profissionais de saúde e até mesmo impossíveis de ser
representadas e significadas por eles de forma positiva , dificultando a formação de
vínculo e definindo os limites e possibilidades de solidariedade, cooperação e
cuidado dentro do Serviço (SÀ, CARRETEIRO e FERNANDES, 2008). Para
Azevedo e Silva (2008) ,para que exista o processo de humanização hospitalar, é
preciso modificar o processo de trabalho bem como as condições de trabalho
66
desses profissionais de saúde dos Serviços de urgência.
O termo precário parece ser, na realidade, uma visão projetada da UPA sobre o
SAMU considerando que as USB e USA, Unidades de atendimento do SAMU, são
reconhecidamente bem equipadas e seus profissionais treinados, diferente do que
apareceu nas significações falta de espaço, falta de investimento, material péssimo,
muitos que precisam o SAMU não vai, não funciona de maneira adequada, pouco
equipado, toda ambulância deveria ter um médico, sistema inadequado (Anexo G).
Alguns desses termos ainda destacam a falta de conhecimento sobre o papel do
SAMU, uma vez que o Serviço não é estruturado para que se tenha médico em
todas as Unidades. Outro ponto é a dificuldade de compreensão sobre a regulação
dos casos o que justifica a utilização do SAMU para alguns casos e, para outros,
não.
O elemento regulação, presente na segunda periferia, leva-nos a uma discussão
atual sobre o Serviço de atendimento pré-hospitalar, que seria a organização do
fluxo e da demanda a serem encaminhados para os Serviços da rede. A regulação é
algo recente pois, primeiro, veio a preocupação em se realizar o transporte dos
pacientes e, somente depois, a definição de para onde e quando esses pacientes
seriam encaminhados, bem como os critérios utilizados para a prestação desse tipo
de atendimento. A rede de referência e contra-referência foi definida posteriormente
e ainda não absorveu a filosofia de trabalho em sua integralidade.
Assim, após o acolhimento e a identificação das chamadas, as solicitações são
analisadas pelo médico regulador que classifica o nível de urgência e define o
67
recurso necessário a seu adequado atendimento. Sua decisão pode envolver desde
um simples conselho médico até o envio de uma Unidade de Suporte Avançado de
Vida (USA) ao local ou o acionamento de outros meios de apoio, se julgar
necessário (BRASIL, 2006b). Após a avaliação no local, caso o paciente necessite
de retaguarda, será transportado de forma segura, até àqueles Serviços de saúde
que possam melhor atendê-lo naquele momento, respondendo de forma resolutiva a
suas necessidades e garantindo a continuidade da atenção inicialmente prestada
pelo SAMU (BRASIL, 2006b).
Segundo o Manual de Regulação Médica de Urgências (BRASIL,2006), cabe ao
médico regulador exercer atividades técnicas e administrativas, gerenciar conflitos e
poderes, sempre no sentido de garantir acesso ao recurso mais adequado a cada
necessidade e propiciar um adequado fluxo de usrios na Rede de Atenção às
Urgências (BRASIL, 2006b). Tal função torna-se complexa ao se deparar com a
necessidade de encaminhar pacientes para Unidades reconhecidamente
sobrecarregadas. Entretanto, o regulador está distante fisicamente dos embates com
os profissionais da ponta. Várias questões que deveriam ser discutidas com a
regulação são discutidas e “descontadas” nos trabalhadores das Unidades do SAMU
que chegam ao Serviço. Esse fato torna difícil a relação entre os profissionais das
USB/USA do SAMU e os profissionais da UPA.
O elemento regulação influencia também o elemento atendimento pertencente ao
quadrante inferior esquerdo. A regulação médica é responsável pela centralizão
do sistema de atendimento bem como a racionalização da utilizão do Serviço,
controlando a demanda das solicitações, fazendo triagem, classificando, detectando,
68
distribuindo, prescrevendo, orientando e despachando (MARTINS, 2004). Para
agravar a situação, a regulação ainda depende de informões fornecidas pelos
usuários que, muitas vezes, podem falseá-las a ponto de dificultar a diferenciação
entre um caso real e um imaginário, uma vez que o médico regulador faz seus
julgamentos clínicos a partir das informações recebidas. Jacquemont (2005) afirma
que certos pacientes sabem do valor dado à “dor no peito” e a assinalam quando
querem a vinda do resgate. Assim, é comum que os solicitantes se refiram a dor no
peito pelo telefone e, quando os atendentes do 192 chegam ao lugar, descobrem
que a pessoa a ser atendida nunca sentiu essa dor, mas essofrendo de outra
patologia, como por exemplo, coma alcoólico, para o qual teme não conseguir a
assisncia do SAMU (JACQUEMONT, 2005).
Os profissionais da UPA reconhecem a competência técnica e a habilidade do
SAMU para atender emergência e urgência mas, ao mesmo tempo, oferecem-lhe
resistência devido à autonomia do SAMU dentro da rede de saúde. Por isso, o
SAMU é reconhecido com um “entregador de problemas”, uma vez que os pacientes
trazidos pelo SAMU já estão obrigatoriamente dentro da Unidade de saúde e devem
ser atendidos, enquanto a demanda espontânea pode ser barrada na triagem
(ALVES, VELLOSO, ARAUJO, 2009).
Essa discussão traz à tona a sobrecarga dos Serviços de urgência que ainda são
utilizados como porta de entrada. Para Sá, Carreteiro e Fernandes (2008), as
Unidades de emergência, portas abertas 24 horas, tornam-se espaços privilegiados
de manifestação da exclusão social e da violência. É importante examinar a
dimensão intersubjetiva e inconsciente dos profissionais de saúde pela importância
69
de seus efeitos na qualidade do cuidado produzido, uma vez que os sujeitos se
ligam a seu trabalho e às organizações não apenas por vínculos materiais, mas,
sobretudo, afetivos e imaginários e a natureza e qualidade desses vínculos e das
interações entre profissionais e usuários dos Serviços definirão os limites e as
possibilidades na forma como o cuidado será prestado.
O SAMU é, então, representado por profissionais da UPA como um Serviço de
transporte de casos de urgência e emergência que preveem ações rápidas e de
resgate. O etilista é trazido como um questionamento à demanda que esse Serviço
vem atendendo. Os elementos casos-graves e traumas reforçam o que esses
profissionais de saúde entendem como urgência e emergência. Os termos agilidade,
atendimento, pré-hospitalar e salvar-vidas influenciam todo o núcleo central de forma
positiva e reforça as funções do SAMU . Os termos equipe-despreparada e conflito
surgem como um sub-grupo. Esse sub-grupo traz uma visão mais crítica e
questionadora do SAMU do que aquela trazida pelos demais elementos, podendo
ser um ponto inicial de mudança do núcleo central estabelecido. O elemento
humanização vem discutir o tipo de atendimento prestado, enquanto o termo
precário reforça a visão critica colocada por meio dos elementos equipe-
despreparada e conflito. E,por fim, o elemento regulação reforça o elemento
atendimento e vem a ser um ponto- chave para a atuação das criticas apresentadas
nos outros elementos.
70
4.2. Representação Social do SAMU baseada no contato entre os profissionais
de saúde da UPA e os profissionais do SAMU
Montou-se um quadro de quatro de casas para os dados referentes às duas
Unidades que tiveram menor contato em 2008 com o SAMU e as duas que tiveram
maior contato a fim de se avaliar se o contato influencia as representações sociais
ou se pode ser influenciado apenas pelos processos comunicacionais. Nos núcleos
centrais dos Quadro 2 e 3, verifica-se ,em comum, a presea do termo transporte
que vem a ser a ideia inicial de que o atendimento do SAMU se resume ao
encaminhamento do paciente da cena ou do domicilio até um Serviço de saúde.
No Quadro 2, estão as representações sociais das Unidades com maior contato
com o SAMU.O núcleo central é o termo transporte e o fator intermediário ou
contrastante é o elemento etilista, podendo caracterizar o termo transporte como
“transporte de pacientes etilistas”. Tal argumento vem a ser uma crítica vigente nas
UPA com relão ao tipo de paciente que o SAMU traz para a UPA. Enquanto isso,
na periferia, os termos evocados casos-graves e rapidez influenciam o elemento
intermediário etilista, o que leva a inferir que, na realidade, uma ansiedade, por
parte dos profissionais da UPA, em atender “casos-graves” que demandam rapidez
e o etilistas. O etilista tem sido uma demanda levada pelo SAMU mas que causa
estranhamento e dificuldade de compreensão do atendimento a ser prestado pelos
profissionais da UPA.
71
Quadro 2: Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional de
profissionais de saúde das Unidades de Pronto Atendimento que mais
receberam ambulâncias do SAMU
< 3
>= 3
Freq.média
Termo evocado Freq O.M.E Termo evocado Freq O.M.E
>= 36
Transporte 42 2,714
< 36
Etilista 35 2,429
Casos
-
graves
Rapidez
31
34
2,935
2,912
Fonte: Dados organizados pelo Software Evoc 2003, em julho de 2009.
No Quadro 3, percebe-se que a comunicação influencia a construção das periferias
das representações sociais uma vez que o núcleo central apresentou um elemento
em comum entre as Unidades enquanto os elementos periféricos mostraram-se
diversificados. Pode-se inferior que aqueles que tiveram menor contato possuem
uma representação mais diversificada e com um maior número de elementos
periféricos influenciando o núcleo central que parece estar ainda em construção.
Existe um imaginário maior em torno do SAMU que foi contruído com base no
processo comunicacional, uma vez que o contato com o Serviço é menor.
Quadro 3: Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional de
profissionais de saúde das Unidades de Pronto Atendimento que menos
receberam ambulâncias do SAMU acerca do serviço
< 3
>= 3
Freq.média
Termo evocado
Freq
O.M.E
Termo evocado
Freq
O.M.E
>= 26
Etilista
Transporte
Urgência
31
28
32
1,903
2,929
2,031
Casos-graves
Trauma
43
26
3,233
3,538
< 26
Atendimento
Emergência
Humanização
Rapidez
Resgate
Salvar-vidas
12
24
19
23
16
18
2,667
2,000
2,684
2,739
2,313
2,944
Fonte: Dados organizados pelo Software Evoc 2003, em julho de 2009.
72
A representação social desse grupo baseia-se primeiramente no elemento urgência
seguido dos elementos etilista e transporte. Esses três elementos mostram que o
SAMU é representado como um Serviço de urgência, que possui o etilista como
usuário e que tem função de transporte. Esse núcleo é reforçado pelos termos
casos-graves e trauma que o os casos considerados graves pela maioria dos
profissionais da UPA, conforme discutido anteriormente. E, nos elementos
intermediários ou contrastantes, estão os termos emergência, rapidez,
humanização, salvar-vidas, resgate e atendimento que influenciam os elementos
no núcleo central bem como mostram mudanças que estão por ocorrer nesse
núcleo.
Com base nesses dados, pode-se concluir que as Unidades com maior contato
representam o SAMU como um serviço responsável pelo transporte, devendo ser
realizado de maneira rápida, sendo os portadores de casos graves seu público- alvo
esperado, embora possa ocorrer de forma diferente do previsto o transporte de
etilistas. Enquanto isso, aquelas Unidades que tiveram menor contato representam o
SAMU como um Serviço responsável por transporte de urgência e etilistas. Mas na
urgência são esperados casos-graves e traumas. Possuem os elementos
emergência, rapidez, humanização, salvar-vidas, resgate e atendimento buscando
trazer uma complementação ou transformação desse núcleo central.
73
4.3. As Representações Sociais dos Profissionais de Saúde, por categoria
profissional, acerca do SAMU
Nas representações sociais dos médicos, foi possível perceber que, no núcleo
central, do Quadro 4, o elemento com maior frequência foi o transporte, fato
também observado na representação social do grupo geral. O termo urgência
aparece em segundo lugar com menor frequência, mas com menor ordem de
evocação média, ou seja, foi mais prontamente enunciado.
Quadro 4: Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional dos
médicos das Unidades de Pronto Atendimento acerca do SAMU
< 3 >= 3
F
req.média
Termo evocado
Freq
O.M.E
Termo evocado
Freq
O.M.E
>= 22
Transporte
Urgência
35
24
2,600
2,000
Casos-graves 22 3,045
< 22
Emergência
Rapidez
Resgate
16
21
12
1,750
2,810
2,667
trauma
20 3,250
Fonte: Dados organizados pelo Software Evoc 2003, em julho de 2009.
No quadrante superior direito, aparece o elemento casos-graves que influencia o
núcleo central considerando ser o transporte do SAMU de casos-graves e que
urgência é um caso grave.
Nos elementos intermediários ou contrastante, estão os termos rapidez, emergência
e resgate, todos influenciando positivamente o núcleo central, principalmente o
elemento transporte. No entanto, o termo emergência, como elemento contrastante
ou intermediário, leva à mesma discussão anterior de que os termos urgência e
74
emergência são utilizados como sinônimos no cotidiano de trabalho dos profissionais
de saúde. Outro ponto a ser discutido é refere-se aos caso s que o SAMU leva
para as Unidades . Muitas vezes, os médicos da UPA o ratificam o julgamento do
SAMU, por não acreditarem na capacidade de julgamento clínico de seus
profissionais ou por detectarem falhas nesse julgamento no dia-a-dia de trabalho.
Mesmo assim, é possível perceber que, para os médicos, o SAMU é representado
positivamente, realizando ões que confirmam as funções estabelecidas pelo
Ministério da Saúde.
No Quadro 5 , apresentam-se as representações dos enfermeiros sobre o SAMU
que são diferentes daquelas dos médicos e do quadro geral mas que se
assemelham muito às representações da equipe de enfermagem. No entanto,
destaca-se que o mero de enfermeiros foi menor que o dos demais profissionais
devido à não- adesão dos mesmos durante a coleta dos dados. Muitos alegaram
excesso de atividades e falta de tempo o que dificultou as entrevistas com um
número mais representativo desses profissionais. No núcleo central dessa categoria
profissional, encontra-se o elemento etilista como sendo a representação que os
enfermeiros possuem do SAMU e, como elemento periférico, o termo regulação. Tal
resultado talvez se relacione ao fato de os enfermeiros serem os profissionais que
fazem a recepção das Unidades do SAMU nas UPA e, portanto, terem uma relação
direta com as mesmas, além de um maior contato e de maior espaço de
negociações com a central de regulação do Serviço.
75
Quadro 5: Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional dos
Enfermeiros das Unidades de Pronto Atendimento acerca do SAMU
< 3 >= 3
Freq.média Termo evocado Freq O.M.E Termo evocado
Freq O.M.E
>= 9 Etilista 9 2,111 Regulação 10 3,500
< 9
Fonte: Dados organizados pelo Software Evoc 2003, em julho de 2009.
No Quadro 6, a representação social dos técnicos de enfermagem esfocada no
etilista sendo sua periferia mais diversa que a dos enfermeiros . Mas é possível
observar que existe uma relação entre as representações sociais desses
profissionais com as dos enfermeiros. No núcleo central, o elemento etilista aparece
como a materialização do SAMU para esses profissionais . Influenciando esse
núcleo central ,o elemento caso-grave leva a inferir que esses profissionais buscam
ratificar esse tipo de paciente como um possível caso-grave. Como elemento
contraditório ou intermediário, tem-se o termo urgência que seria a ctica ao fato de
o paciente etilista ser levado pelo SAMU enquanto eles esperam uma urgência
declarada, que tamm possuem o papel de tentar modificar esse núcleo central.
Influenciando esse elemento urgência , tem-se o termo humanização, ou seja, a
urgência precisa ser olhada de outra forma assim como a assistência a esse usuário
,urgente ou não, etilista ou não.
Quadro 6: Quadro de quatro casas relativo à estrutura representacional dos
Auxiliares e Técnicos de Enfermagem das Unidades de Pronto Atendimento
acerca do SAMU
< 3
>=3
Freq.média Termo evocado Freq O.M.E Termo evocado Freq O.M.E
>= 39 Etilista 45 2,156 Casos-graves 48 3,146
< 39
Urgência
32
2,125
Humanização
31
3,355
Fonte: Dados analisados pelo Software Evoc 2003, em julho de 2009.
76
Assim, é possível perceber que cada categoria possui sua representação social
sobre o SAMU sendo a dos médicos positiva e a da equipe de enfermagem
negativa, com várias críticas ao Serviço e uma dificuldade de reconhecimento da
legitimidade do SAMU como um Serviço de APH efetivo e resolutivo.
77
5. CONSIDERAÇOES FINAIS
A mente que se abre a uma nova idéia
jamais voltará ao seu tamanho original.
Albert Einstein
A presença do SAMU na rede de Serviços de saúde em Belo Horizonte constitui
uma fonte de tensão por problemas existentes mas que se tornaram menos
tolerados por parte dos profissionais de saúde . Esse tipo de APH constitui excelente
proposta para a melhoria dos atendimentos de primeiros socorros e transporte de
pacientes para os Serviços de referência adequados. Por trazer a melhoria no
atendimento e facilitar o acesso, o SAMU ganhou “famae reconhecimento o seio
da população usuária.
Em contrapartida, essa mesma melhoria no acesso da população” vem servindo de
elemento conflitante para os profissionais das UPA que trabalham com sobrecarga
de atendimentos da demanda espontânea desvinculada das UBS, equipes
desfalcadas, processo de trabalho desarticulado, sucateamento da estrutura física,
parcos recursos diagnósticos e dificuldades de referência e contra-referência. Nesse
contexto, recebem os pacientes trazidos pelas Unidades do SAMU, os quais muitas
vezes não são avaliados com os mesmos critérios adotados pelos profissionais das
UPA, o que gera conflitos e discussões entre as equipes dificultando o
reconhecimento do trabalho do SAMU como importante e funcional.
A estratégia metodológica do EVOC 2003 permitiu a organizão das evocações no
quadro de quatro casas por meio da qual encontramos a representação social dos
78
profissionais da UPA (médicos, enfermeiros e auxiliares/técnicos de enfermagem)
sobre o SAMU, representação em princípio positiva e de reconhecimento do
trabalho do SAMU mas com um ponto de crítica sobre o atendimento dos pacientes
etilistas.
No núcleo central, as representações dos profissionais de saúde da UPA são:
emergência, etilista, rapidez, resgate, transporte e urgência, as quais refletem a
imagem representada do SAMU pelos sujeitos. Nesse caso, o SAMU seria um dos
tipos de assistência pré-hospitalar móvel responsável pelo atendimento pido, de
resgate ou de transporte, de pacientes com quadros de urgência ou emergência
declarados. Mas ,nesse mesmo corpus de representação social , apareceu, como
fator contraditório e inesperado, o elemento etilista, uma demanda social reprimida
que passou a ganhar espaço nos Serviços de saúde de urgência sem que os
profissionais e os Serviços estivessem preparados para atendê-la. Essa
representação traz a reflexão de como esse núcleo poderia ter seus elementos
positivos reforçados e os negativos transformados por meio de estratégias que
garantam melhoria da gestão tanto do SAMU quanto das UPA.
Na primeira periferia, encontramos os elementos casos-graves, trauma que
reafirmam e reforçam o núcleo central e, por conseguinte, o papel do SAMU no
atendimento de urgência e emergência. Nos elementos contrastantes ou
intermediários, os termos agilidade, atendimento, conflito, equipe-despreparada, pré-
hospitalar e salvar-vidas que trazem, ainda mais fortemente, as discussões a
respeito do que se encontra no núcleo central, ao mesmo tempo que alguns
representam pontos de tensão nas relações entre os setores estudados. A visão
79
positiva inicial passa a ser severamente criticada. Tal fato pode ser entendido como
o surgimento de um sub-grupo que busca modificão na representação social
apresentada hoje.
Ainda esses elementos intermediários ou contrastantes são reforçados pelos
elementos da segunda periferia habilidade, humanização, precário e regulação que
reconhecem o SAMU como portador de habilidades e capaz de ser um instrumento
de humanização do atendimento, mas, ao mesmo tempo, revelam que esse Serviço
é entendido como precário em sua estruturação, nas relações e atendimentos que
realiza. Ainda nesse espaço, discute-se a regulação enquanto um processo
necessário mas, no momento, falho e distante da realidade dos profissionais que
estão na ponta. Infere-se que pode existir uma translocação das percepções dos
profissionais da UPA sobre seu cotidiano ao avaliar e julgar o trabalho do SAMU,
pois é mais fácil reconhecermos, nos outros, nossas limitações do que pararmos
para discutir e olhar internamente o próprio tipo de assistência e de trabalho
realizado cotidianamente.
Os elementos periféricos que influenciam o núcleo central são pontos que devem ser
abordados para que possam ser organizadas estratégias de interferências nos
comportamentos e percepções acerca do SAMU. Considerando-se o SAMU como
um espaço de decisão e de inter-relações dos serviços de urgências, influenciado
por determinantes econômicos, políticos e simlicos, é primordial aprofundar
discussões acerca de seu papel, de seu funcionamento e do reconhecimento de seu
trabalho dentro da rede de Serviços de saúde. Por outro lado, tamm é importante
que se discutam os problemas presentes no processo de trabalho das UPA de forma
80
a torná-las verdadeiras Unidades de retaguarda para o SAMU e que ambos possam
realizar um trabalho complementar como preconizado.
O SAMU, enquanto uma nova forma de atendimento e serviço de urgência, deve ser
aprimorado e, para isso, faz-se importante considerarmos a discussão do
funcionamento das redes de referência e contra-referência e sua organização, de
forma a melhorar as relações entre os profissionais dos dois Serviços, bem como as
formas de regulação do SAMU. Assim, o SAMU é reconhecido como um Servo de
execelente competência técnica e de grande alcance mas ainda encontra-se
sedento de aperfeiçoamento de sua capacidade gerencial e organizacional,
elementos que poderão ser objetos de novas pesquisas.
81
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86
ANEXO A - QUESTIONÁRIO
QUESTIONÁRIO Nº___ UPA:____________________
1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DOS ENTREVISTADOS
Data:___/___/____
Entrevistador:_________________________________________________________
Sexo: ___M____F Idade ________ Estado Civil____________________________
Categoria profissional___________________________________________________
Tempo de formado________________
Possui Pós-Graduação? Qual_____________________________________________
Tempo de Trabalho na UPA (ANOS)___________________
Função___________________________________
Remuneração em salários mínimos_________________
2) VOCÊ DEVERÁ FALAR 5 PALAVRAS OU EXPRESSÕES QUE LHE VEM A MENTE EM
RELAÇÃO AOS TERMOS ABAIXO :
SAMU Emergência Urgência
( )____________________ ( )______________________ ( )_____________________
( )____________________ ( )______________________ ( )_____________________
( )____________________ ( )______________________ ( )_____________________
( )____________________ ( )______________________ ( )_____________________
( )_____________________ ( )______________________ ( )_____________________
3) PALAVRAS MAIS IMPORTANTES
Agora, você deverá ordenar as palavras acima pela ordem de importância, preenchendo os
parênteses com a numeração de 1 (a mais importante) até 5 (a menos importante).
4) SIGNIFICADOS
Agora, você deverá indicar o significado da palavra/expressão que você elegeu como n° 1, ou seja, a
mais importante apenas para o termo SAMU.
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
87
ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada “REPRESENTAÇÃO
SOCIAL DOS PROFISSIONAIS DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO ACERCA
DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA” desenvolvido pela Mestranda
da Escola de Enfermagem da UFMG Meiriele Tavares Araújo, orientado e coordenado pela
Dra. Marília Alves. Sua participação na pesquisa será respondendo a algumas perguntas
sobre o SAMU sendo que sua participação não é obrigatória. Caso concorde em participar
você deverá responder um questionário rápido cujo material será utilizado exclusivamente
para essa pesquisa. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que será desenvolvida por meio
da evocação livre de palavras sobre o termo indutor SAMU. O objetivo deste é analisar as
representações sociais dos profissionais das Unidades de Pronto atendimento sobre o
SAMU, pensando na necessidade dos serviços de saúde trabalharem juntos na solução dos
problemas de saúde. Várias pessoas estão respondendo ao questionário e suas falas serão
utilizadas juntas para escrever trabalhos científicos, sendo cada questionário identificado
apenas pela letra E enumerada de acordo com a aplicação dos questionários.
Sua participação então consiste em responder algumas perguntas constantes de
uma ficha de identificação socioeconômica e ao questionário sobre o termo indutor SAMU.
O local, data e horário da aplicação do questionário serão agendados antes de nossa
conversa, de acordo com a sua disponibilidade. Você poderá sair do estudo a qualquer
momento se quiser sem nenhum prejuízo pessoal ou relacionado ao trabalho, bem como
solicitar todas as informações que desejar à pessoa que o entrevistar ou por telefone com a
pesquisadora. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFMG e da Secretaria de
Saúde da Prefeitura de belo Horizonte. O uso dos dados e informações é somente para a
pesquisa e a divulgação dos seus resultados será feita através de artigos publicados em
revistas, apresentações de trabalhos em Congressos, dissertação de mestrado e tese de
doutorado da escola de Enfermagem da UFMG.
Eu,__________________________________________________CI___________________
___, declaro ter sido esclarecido sobre a finalidade da pesquisa e concordo em responder
ao questionário solicitado, sabendo que meu nome não será divulgado e os resultados serão
utilizados para publicação de artigos em revistas e em dissertação de mestrado.
_________________________________ _________________________________
Assinatura entrevistado Assinatura pesquisador
Mestranda Meiriele T.Araujo
R: Rio de Janeiro,1062/302
Bairro: Centro
CEP: 30.160.041 Belo Horizonte-MG
Fone: 31.99772666/ 38.99034602
Email.: enfaraujo@gmail.com
Prof. Marilia Alves
Av.Alfredo Balena, 190 /Sala 217
Bairro: Santa Efigência.
CEP.:30.130.000 Belo Horizonte –MG
Fone: 34099826/9830
COEP UFMG
Av. Presidente Antonio Carlos, 667
Unidade Administrativa II – 2º Andar, sl2005
CEP.: 31270.901. Belo Horizonte-MG.
Fone: 34094295
Email: co[email protected]fmg.br
CEP Secretaria Municipal de Saúde
Avenida Afonso Pena, 2336 - andar, Bairro
Funcionários. Belo Horizonte - MG
Cep 30130-007
Tel: (31) 3277-5309 / Fax (31) 3277-7768
88
ANEXO C - PARECER COEP / UFMG PROJETO MAIOR
89
ANEXO D – PARECER CAMARA DEPARTAMENTAL EEUFMG
90
ANEXO E – PARECER COEP/UFMG
91
ANEXO F – PARECER DO CEP-SMSA/PBH PROJETO MAIOR
92
93
94
ANEXO G – DICIONÁRIO DAS PALAVRAS PADRONIZADAS
TERMO INDUTOR: SAMU
PADRONIZAÇÃO
PALAVRA EVOCADA
1.
Acesso
Acesso, amplitude, de novo, disponível, garantia, acesso ao atendimento
2.
Agilidade
Ágil, agilidade, agilidade e rapidez, alerta, prontidão, agilidade no atendimento,
3.
Ag
ressão
Agressão
4.
Ajuda
Ajuda, ajuda plena, ajuda imediata, contribuir
5.
Alienatorio
Alienatário, degradação social, enganação, assistencialismo barato, ilusão,
mentira, tapeação, promessa, bobagem, viagem
6.
Alivio
Alivio
7.
Andarilho
Andarilho, de rua, indigên
cia, indigente, mendigo, mendigos, morador de rua,
serviço atendimento de mendigo urbano
8.
arrogancia
Arrogância,arrogantes,prepotência, presunção, superioridade, sentimento de
supremacia, auto suficiência
9.
assistencialismo
-
publico
marketing, marketing SU
S, votos, zero 800, assistencialismo publico, cabide
de emprego, campanha política, eleitoreiro, municipio, publico, plano político,
paternalismo, instrumento político, resposta social, município
10.
Atendimento
Ação, assistência, atendimento, atendimento de
emergência, atendimento de
urgência, atendimento geral, atendimento domiciliar, atendimento pido,
atendimento emergencial, atendimento ao paciente politraumatizado,
atendimento de urgência e emergência
11.
atraso
Atraso, atraso atendimento, atrasos, demora
, demorado, não é muito ágil
quando precisa, demora até deslocamento ao local da chamada
12.
autoritario
Soberba, autoritário, imposição, intransigência
13.
Autonomia
Autonomia
14.
Auxilio
Apoio, Auxilio, colaborador, parceria, suporte
15.
beneficio
Benefício, bom p
ara comunidade, ganha muito a comunidade, ajuda
comunidade, importante para a comunidade
16.
bom
Bom, legal, maravilhoso, bom atendimento
17.
Capacitação
Capacitação, especialidade, experiência, percepção gica, profissionalização,
qualificação, técnica, preparo, massagem, educação, qualificação, ATLS,
imobilização, formação, preparo técnico, olhar técnico
18.
casos
-
cronicos
paciente crônico, casos crônicos, geriatria, idoso, não grave, paciente
acamado, não urgência
19.
casos
-
graves
Confuso, baleados, envenenamento
, insuficiência cardíaca, intoxicações,
casos-graves, crise asmática, diabetes descompensada, grave, gravidade,
hiperglicemia, Hipotensão, infarto agudo, morte, paciente grave, parada
cardíaca, PCR, pré-cordialgia, tce, Convulsão, crise convulsiva, crise
c
onvulsivo
20.
coerencia
Coerência, compreensão, justiça
21.
Comodidade
Comodidade, tranqüilidade
22.
Comunicação
Comunicação, telefone, radio comunicador, chamado, ocorrência
95
23.
Conflito
Complicação, conflito, confusão, crítica, desentendimento com o paciente,
desrespeito com colegas, desrespeito com paciente, divisão, falta de educação
dos funcionários, chateação, falta de respeito, pepino, problemático, rabo de
foguete,será que é urncia?, divergência samu/bombeiro, discórdia da
equipe, difícil, desrespeito, problema, e que merda!
24.
Conhecimento
Conhecimento
25.
Cuidado
Cuidado, cuidados, cuidar, observação
26.
Dedicação
Dedicação, interesse, satisfação, esforço, excelência, sacrifício, gostar
27.
Descaracterizado
Descaracterizado, não acredito, pouco adequado a realidade b
rasileira, super
aproveitado, população desconhece a finalidade, não urgencia, a maioria dos
transportes realizados não é de sua competência, transporte descaracterizado
28.
Descaso
Descaso, desumano
29.
Desorganização
Desorganização, sem coordenação, falta reor
ganizar
30.
dificil
-
acesso
Barreira, difícil acesso
31.
dificuldade
-
de
-
comunicacao
desunião geral, dificuldade de comunicação, falta de comunicação, pouco
comunicativos
32.
dinheiro
-
desperdiçado
elefante branco, desperdício de dinheiro publico, gasto exorbitante, d
inheiro
desperdiçado, burocrático, burocracia
33.
direito
-
do
-
cidadao
pressão popular, direito
-
do
-
cidadão
34.
Doença
Doença
35.
Eficiência
Eficácia, eficaz, eficiência, eficiência, eficiente, eficiente em acidentes
36.
Emergência
Emergência, uma emergência, atendimento
imediato,
37.
emergente
Emergente
38.
Empurroterapia
Empurroterapia,
39.
Equipe
Equipe, equipe treinada, equipe bem preparada, colegas, profissionais
treinados, composição, companheirismo, anteceder ao médico
40.
equipe
-
despreparada
98% vem sem acesso periférico,
sem moral, sem noção, sem preparo,
despreparo, dúvida,vidas, equipe despreparada, falta de ética, falta de
iniciativa, falta ética, falta humanização, falta postura, falta termos técnico,
folgado, insegurança pré-hospitalar, mais qualificação, maus profissionais,
negligência, pouco preparo, que faremos, ruim médicos, trazem paciente sem
acesso, incerteza, incoerência, simplista, ingênuo, falta de preparo de equipe,
pouco cooperativo, falta de treinamento, coitados, falta de bom senso, falta de
informação
41.
Ética
Ética
42.
etilista
Abstinência, alcoólatra, alcoolismo, alcoolizado, bêbado, Bebum, cachaça, é
alcoolismo, etilismo, etilista, maior demanda alcoólatra, transporte de etilista,
traz alcoólatra, motorista bêbado, paciente alcoolizado, Sindrome de Abstência
Alcoolica,
43.
falhas
Equívoco, falhas, imprudência, regulação falha, falha do regulador,
orientação quanto ao caso pelo telefone, socorre quando quer
44.
Gestão
Gestão, coordenar
45.
habilidade
Capacidade, destreza, habilidade, perfil, precisão, segura
nça, competência,
competentes, jogo de cintura, tolerância, segurança no atendimento
96
46.
Humanização
Acolhimento, amor, amor ao próximo, atenção, coragem, escuta, esperança,
gratidão, humanização, igualdade, priorizar a vida do paciente, respeito (pct),
bem do paciente, boa intenção, boa vontade, bondade, misericórdia,
paciência, solidariedade, acolhedor, respeito, cooperação,
47.
Ineficiência
as vezes funciona, as vezes necessário, ineficiência, Poderia ser melhor,
nunca te a certeza de que irá ajudar
48.
Ins
ensibilidade
Impacientes, incompreensivos, insensibilidade, vontade, intolerância
49.
Insistência
Insistência
50.
inter
-
hospitalar
inter
-
hospitalar, transferência, transporte inter
-
hospitalar, retorno para unidade.
51.
Necessário
Essencial, importante, indispens
ável, inevitável, necessário, necessidade,
fundamental, imprescindível
52.
Organização
Organização, reformulação, disciplina, organizado
53.
Paciente
Demanda, paciente, pacientes não classificados, pessoas, população
54.
poluicao
-
sonora
Barulho, poluição sonora, s
irene
55.
Precário
Emprestável, muitos que precisam o samu não vai, falta de espaço, falta de
investimento, limitado, material péssimo, não funciona de maneira adequada,
não funciona muito, pouco equipado, precário, toda ambulância deveria ter um
medico (usb) 90% problemas resolvidos in loco, usa poucas unidades, usb mal
equipada, usb s/ médico, pouco resolutivo, material para trabalho, redefinir
condutas/protocolos, poucas unidades, sistema inadequado, falta de médico,
precariedade
56.
pre
-
hospitalar
pré
-
hospita
lar, primeiro atendimento, serviço de atenção as urgências, serviço
de transporte a paciente em condições de risco, serviço móvel de atendimento
de urgência, serviço móvel de urgência, usa, assistencia móvel, mobilidade,
móvel, pa móvel, avançado, básico, primeiro socorro, primeiro atendimento
extra hosp ao paciente grave, atendimento móvel, transporte médico-
hospitalar, USB/USA, primeiros socorros
57.
pressao
-
psicologica
Ansiedade, adrenalina, aflição, angustia, apreensao
Cansaço, tristeza, pressão psicológica, terror, medo, insatisfação, pesado,
impaciência
58.
prestaçao
-
de
-
serviços
Exames, prestação de serviço, prestação serviço, presteza
59.
profissionais
-
de
-
saude
Enfermagem, enfermeiro, profissionais de saúde, médico
60.
Profissionalismo
Profissão, profissionalismo
61.
punicao
-
cabivel
punição cabível
62.
Qualidade
Qualidade, qualidade no atendimento
63.
rapidez
Correria, pontualidade, pressa, rapidez, rapidez
-
atendimento, rapidez no
atendimento, rápido, tempo, velocidade, velocidade/rapidez, tempo e rapidez,
pressa
64.
regulac
ao
Regulação, tele medicina, encaminhamento, ordem do coordenador,
orientação, triagem horrível, fluxo adequado de referência, regulação médica,
Classificação, critério, critérios, depende do caso, prioridade, prioridades, falta
regulação, regulação
65.
res
gate
Resgate, resgate in loco, socorrer, socorro, socorro imediato, um resgate
,SOS, socorro rápido
66.
Resolução
Resolução, alta médica, solução, resolutividade
97
67.
Responsabilidade
Responsabilidade, compromisso
68.
Risco
Perigoso, risco, risco para o socorrista
, risco de vida
69.
Ruim
não gosto, pessimo atendimento, que saco, ruim , um saco
70.
salvar
-
vidas
salva vidas, salvação, salvamento, salvar, salvar vidas, salva
-
vidas, salve
vidas, salvar vidas com o mínimo lesões futuras, vidas salvas, sobrevivência
71.
Saúde
S
de
72.
saude
-
mental
saúde mental, scpm, piti, usuários de droga, noia
73.
Serviço
Hospital, serviço, upa, domicilio, SUS, serviço de urgência, pronto atendimento
74.
serviço
-
social
Carente, população carente, pobreza, serviço social, social
75.
Sobrecarga
aumento da d
emanda, falência das unidades 24 hs, não tem leito, retaguarda
insuficiente, sobrecarga, sobrecarga de trabalho, sobrecarga do PA,
superlotação, trazem o paciente grave e entrega aqui, tumulto, upa lotada,
onde colocar o paciente
76.
Socorrista
Socorrista
77.
St
ress
Estressante, fadiga, stress
78.
Trabalho
Trabalho, trabalho em equipe, ótimo para trabalhar
79.
Transporte
Carona, entrega,ótimo transportador, recebimento, retorno p/ a unidade, saída,
taxi, taxi de pobre, taxi do povo, taxi grátis, transporte, transporte móvel,
transporte publico, ambulância, transporte responsável, transporte inter-
hospitalar, transporte de feridos, paciente passou mal em casa, ônibus,
expresso, ótimo transportador
80.
trauma
Acidentado, acidentado de transito, acidente, acidentes, atropela
mento,
contusão, transito, trauma, acidente de transito, briga em bar, acidentes de
automóveis,
81.
Unitário
Unitário
82.
Urgência
Urgência, urgente, serviço de urgência, risco de vida iminente, dor
83.
uso
-
indevido
10% trazem pacientes que realmente necessitam, 9
0% atendimento
desnecessário, Banalização social, desimportante, exagero, mal aproveitado,
sem importância, traz casos que não pertencem a urgência, muitas vezes
pacientes que não são urgência ou emergência, uso abusivo por parte da
população, uso indevido, serviço mal usado, abuso do serviço, brinquedo,
desinformação da população, mal utilizado, atender realmente quem
necessita, não relevante, não urgência, falta informação, subutilização, pouco
aproveitado
84.
Útil
serviço de muita utilidade,Serviço muito út
il, útil, útil, atende a população,
valorização, utilidade, finalidade,função, serviço bom
85.
vida
Vida
98
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