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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS
JUSCIÊ ALVES ARCANJO
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL SUSTENTÁVEL: ESTUDO
DE CASO DO APL DE CALÇADOS DE PATOS – PB
CAMPINA GRANDE
2009
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JUSCIÊ ALVES ARCANJO
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL SUSTENTÁVEL: ESTUDO
DE CASO DO APL DE CALÇADOS DE PATOS – PB
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Recursos Naturais da
Universidade Federal de Campina Grande
UFCG, como requisito à obtenção do Título de
Mestre em Recursos Naturais.
Orientador: Prof. Dr. Egídio Luiz Furlanetto
CAMPINA GRANDE
2009
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A668a
2009 Arcanjo, Jusciê Alves.
Arranjo produtivo local sustentável: estudo de caso
do APL de calçados de Patos - PB / Jusciê Alves
Arcanjo. Campina Grande, 2009.
159 f.: il. color.
Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais)
Universidade Federal de Campina Grande, Centro de
Ciências e Tecnologia.
Referências.
Orientador: Prof. Dr. Egídio Luiz Furlanetto.
1. Índices de Sustentabilidade. 2. Competitividade.
3. Responsabilidade Social e Ambiental. 4. Arranjo
Produtivo Local Sustentável. I. Título.
CDU – 685.3:332.15(813.3)(043)
JUSCIÊ ALVES ARCANJO
ARRANJO PRODUTIVO LOCAL SUSTENTÁVEL: ESTUDO
DE CASO DO APL DE CALÇADOS DE PATOS – PB
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Recursos Naturais da
Universidade Federal de Campina Grande
UFCG, como requisito à obtenção do Título de
Mestre em Recursos Naturais.
APROVADA EM: ____ / ____ / ____
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________
Dr. EGÍDIO LUIZ FURLANETTO
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
Orientador
_____________________________________________
Dr. GESINALDO ATAÍDE CÂNDIDO
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
Examinador
_____________________________________________
Dra. RITA DE CÁSSIA DE FARIA PEREIRA
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Examinador Externo
Há um caminho que ao homem parece direito,
mas o fim dele são os caminhos da morte.
(Provérbios 14:12)
AGRADECIMENTOS
A “saga” de escrever uma trabalho acadêmico.
Encontrei-me diante de um grande desafio: produzir um trabalho acadêmico a vel de
mestrado. O que chamo de saga teve início na percepção de que para alçar vôos mais altos na
vida, necessariamante teria que voltar a estudar.
Após oito anos de formado em Administrão de Empresas e atuando em gestão
financeira, decidi voltar a estudar e comecei sendo reprovado na seleção para um curso de
especialização em Gestão Estratégica de Pequenas e Médias Empresas, ofertado pela Unidade
Acadêmica de Administração e Contabilidade da UFCG. Um mês depois, incentivado por
minha esposa, Maria Joanice de Sena Serpa Arcanjo, me inscrevi no concurso para seleção de
professor substituto na mesma unidade acadêmica onde fora reprovado como aluno do curso de
especialização, justamente na prova de redação. Aceitei tal desafio, que nesta nova seleção
o haveria nenhuma etapa com redação e, Graças ao Deus e pai do meu Salvador pessoal Jesus
Cristo, Fui aprovado!Aleluia!
Em meio a grandes dificuldades para preparar as aulas, os dois anos de contrato com a
UFCG se encerraram, culminando com a elaboração de um plano de estudos na área de redução
de impactos ambientais a partir da logística reversa do pneu usado. Com o apoio do orientador
Dr. Egídio Furlanetto e do amigo e irmão Dr. Edmar Barbosa, além de ter recebido mais duas
cartas de recomendação das professoras Dra. Juliana Wanderlei e Dra. Sídia Fonseca me
submeti a seleção do Programa des-Graduão em Recursos Naturais no Centro de Ciência e
Tecnologia da UFCG, em outubro de 2006, diante de uma concorncia de 137 candidatos para
15 vagas, fui aprovado e classificado em terceiro lugar. Outra grande gria a Deus!
O desafio começava. Confiante que receberia uma bolsa de estudos, devido à boa
classificação, pedi demissão do emprego e me lancei aos estudos, o sabendo que havia uma
resolução interna do programa que estabelecia o critério de produção cienfica para concorrer a
bolsa de estudos. Deste modo, minha classificação caiu para sexto lugar e, como foram
disponibilizadas apenas 4 bolsas, fiquei sem o salário do trabalho e sem o auxílio para pesquisa
e, para melhor caracterizar a saga, minha esposa ficou grávida de nosso segundo filho, que veio
a ser chamado de Calebe. Mesmo assim, concl todos os créditos do mestrado sem trabalho,
sem bolsa e com um filho recém nascido, mais com uma (confiança absoluta na palavra de
Deus) e uma família muito forte e fortalecida por tantas vitórias.
A etapa seguinte foi escrever o projeto de pesquisa. Faltando apenas 45 dias para
finalizar o prazo de entrega, não conseguindo desenvolver o tema com pneus, migrei para o
tema sustentabilidade de Arranjo Produtivo Local – APL, a partir do artigo de Furlanetto (2008)
sobre APLS e dos estudos do GEGIT. Projeto concluido: fui aprovado no exame de
qualificão em julho de 2008, mais uma gria a Deus!
Feita a pesquisa de Campo, restava escrever a dissertação. Ainda desempregado, porém
mais rico, pois filhos são heranças do Senhor; a minha esposa, em comum acordo comigo,
solicitou uma licea sem vencimentos do seu emprego público, para unir forças na
organização do lar, visando o cumprimento deste desafio e um projeto maior de família. O
nosso Deus supriu todas as nossas necessidades, segundo nossa fé em sua palavra.
Agora, com dois filhos e ao lado de minha esposa amiga, mulher maravilhosa, amante e
companheira de trabalhos, tanto dos domésticos e seculares, quanto dos filantrópicos, concluo
este trabalho fruto de um processo de construção coletivo e histórico que vem desde os meus
bisavós, maternos e paternos, descendentes de negros escravos e de índios e caboclos
nordestinos, da Serra da Cruz e do Peixoto na Serra do Pau D’Arco, onde nasce o rio Ipojuca
em Pernambuco no município de Arcoverde, onde nasci e cresci.
Criado no catolicismo e no machismo sertanejo, sendo o oitavo de nove filhos de D.
Josefa e do Sr. José Arcanjo (in-memorian, desde os meus 13 anos) e irmão de Juscelino, Joana
rque, Jozelito, Juslio, Jusciano, Jussara, Junior e Jussandra. Genro de D. Eunice e João
Serpa (in-memorian, desde os 12 anos de Joanice), cunhado de Junior Serpa, Janice e Carlos,
parentes de muitos “agregados” e familiares distantes.
Convertido e transladado, desde 1991, do reino das trevas para o reino do filho do amor
de Deus, em Jesus Cristo, no qual, chamado por ele, tornei-me ministro de seu evangelho,
ordenado ministerialmente em 12 de abril de 2009. Irmão de sangue de uma infinidade de
pessoas amadas, das quais não posso deixar de lembrar de Gilson e Sylvia Lima, Guto e Suellen
Emery, Moacir e Socorro Amarante, Cleone e Anda, Cleanto e Xênia. Colega de muitos
estudantes desde o primário até agora. Companheiro de muitos trabalhadores seculares e
eclessticos.
Mesmo diante de tantos obstáculos, inumeráveis desde o meu nascimento, tanto naturais
quanto espirituais, armados pelo inimigo da alma dos homens o Satas, também inimigo de
Deus. Inimigo este vencido e desmascarado, exposto publicamente ao desprezo na crucificação
e ressurreição de Jesus Cristo, que o venceu para nós, os que cremos nele.
Concluo este trabalho com o maior dos troféus, que certamente não é o de ser aprovado
e receber o título de mestre em Recursos Naturais de uma das mais conceituadas universidades
federais do Brasil, mas, sim, o de vencer licitamente, escolhendo o caminho da obediência a
Deus através dos ensinamentos de Jesus Cristo, os quais me capacitaram a vencer o pecado e
todos os desejos carnais (ainda fruto do homem decdo) e as leis do sistema ecomico
(malígno) atual.
Trago o troféu de um homem de coração puro, segundo o coração de Deus, uma família
abençoada, parentes amigos e amigos parentes, bons colegas e companheiros de trabalho,
divas de um plano divino que es disponível para todo aquele que crê em Jesus como Senhor
e Salvador para vida eterna.
“Quem tem o Filho de Deus tem a vida, quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.
Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiais no nome do
do Filho de Deus.” I João 5:12-13 (Biblia Sagrada, 1995 p. 1520).
Assim, agradeço a todos que fizeram, e aos que ainda fazem parte de minha vida, em
especial a minha esposa, mulher da minha vida. Toda honra e toda glória seja dada a Deus e a
seu filho Jesus Cristo!
RESUMO
No contexto dos atuais problemas ocasionados pelo conflito entre a busca desenvolvimentista
e a preservação ambiental, surge uma visão de mundo inovadora que almeja unir
desenvolvimento e proteção à natureza: o Desenvolvimento Sustentável. Diante de tal
panorama, buscou-se, através deste trabalho, avaliar se o Arranjo Produtivo Local (APL) de
Calçados da cidade de Patos no Estado da Paraíba pode ser considerado um Arranjo
Produtivo Local Sustentável (APLS), a partir do nível de Competitividade, do nível de
Sustentabilidade do Município e do Estado e das práticas de Responsabilidade Social e
Ambiental das empresas participantes do APL. Para tornar tal avaliação possível e
satisfatória, fez-se uso da metodologia de Furlanetto (2008), a qual possibilita o cruzamento
dos índices de competitividade, sustentabilidade e de responsabilidade social e ambiental e
sua respectiva classificação em um dos quatros níveis de sustentabilidade propostos para
APLs (defasado, momentaneamente competitivo, sustentável, social e ambientalmente
correto). A pesquisa de campo foi realizada em julho de 2008, com a aplicação de
questionários diretos e indiretos aos empresários responsáveis pelas empresas do APL e
de visitas técnicas aos empreendimentos para o levantamento de dados sobre a
competitividade (com base na abordagem proposta por Coutinho e Ferraz (1995) e de
Machado (2003), adaptado por Martins (2008) e a responsabilidade social e ambiental,
baseado no Ethos, 2008. A amostra foi não probabilística por acessibilidade, das empresas
formais do APL, conforme o Cadastro da FIEP (2006), que resultou em 12 empresas,
correspondente a 46,15% do universo de empresas formais. Para análise da sustentabilidade a
metodologia utilizada foi o IDMS- Índece de Desenvolvimento Sustentável Municipal,
elaborada por Martins e Cândido (2008). Para a escolha do APL de Patos, levou-se em
consideração o estudo realizado por Suzigan (2006) “Identificação, Mapeamento e
Caracterização Estrutural de Arranjos Produtivos Locais no Brasil”. Constatando-se que tal
aglomerado apresenta baixo nível de Competitividade, que seus determinantes representam
alta negatividade (73,75%); apresenta estado de alerta em relação ao nível de Sustentabilidade
do Município e do Estado, necessitando de melhorias em todas as suas dimensões, e apresenta
baixo grau de Responsabilidade Social e Ambiental, por razão de 61,54% de suas dimensões
serem desfavoráveis a este indicador. Assim, tal APL não pode ser considerado sustentável,
fato este que indica uma previsão de comprometimento do futuro do mesmo, econômica,
social e ambiental. Por fim, concluímos que os agentes produtivos e institucionais devem
unir-se de modo a elaborar ações eficazes e urgentes, para alcançar a conservação e
melhoramento do APL.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Competitividade. Responsabilidade Social e Ambiental.
Arranjo Produtivo Local Sustentável.
ABSTRACT
In the context of current problems caused by conflict between the search for developmental
and environmental preservation, is an innovative vision that aims to unite world development
and protection of nature: Sustainable Development. Faced with this panorama, it was through
this work, whether the Local Productive Arrangement (APL)of shoes from the city of Patos
(in the State of Paraíba) can be considered a Sustainable Local Productive Arrangement
(APLS) from the level Competitiveness of the level of sustainability (the city and state) and
the practices of social and environmental responsibility of companies participating in the
APL. To make this assessment possible and satisfactory, it was made using the method of
Furlanetto (2008), which allows the crossing of the indices of competitiveness, sustainability
and social and environmental responsibility and their classification into one of four levels of
sustainability proposed for APLS (low, momentarily competitive, sustainable, socially and
environmentally correct). The fieldwork was conducted in July 2008, with the use of
questionnaires (direct and indirect) to entrepreneurs in the business of APL and technical
visits to businesses for the survey data on competitiveness (based on the approach proposed
by Coutinho and Ferraz (1995) and Machado (2003), adapted by Martins (2008)) and social
and environmental responsibility (based on the Ethos, 2008). The sample was not
probabilistic by accessibility of the formal business of APL, as the Register of FIEP (2006),
which resulted in 12 companies, corresponding to 46.15% of the universe of formal
enterprises. To analyze the sustainability of the methodology used was the IDMS-Indec
Municipal Sustainable Development, developed by Martins and Candido (2008). For the
choice of APL of Patos, it took into account the study by Suzigan (2006) "Identification,
Mapping and Structural Characterization of local productive arrangements in Brazil." Noting
that this cluster shows low level of competitiveness, as its determinants represent high
negative (73.75%); presents state of alert on the level of sustainability of the municipality and
the state, requiring improvements in all dimensions and presents low degree of social and
environmental responsibility, by reason of its size to 61.54% are unfavorable to this indicator.
Thus, this APL can not be considered sustainable, a fact that indicates a prediction of future
impairment of the same, economically, socially and environmentally. Finally, it is clear that
the productive and institutional actors to unite in order to develop effective and urgent action
to achieve the conservation and improvement of APL.
Keywords: Sustainability Rates. Competitiveness. Social and Environmental Responsibility.
Sustainable Local Productive Arrangement.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
APLS Arranjo Produtivo Local Sustentável
APLs Arranjos Produtivos Locais
BS Barometer of Sustainability
CAD/CAM ComputerAided Design/Computer Aided Manufacturing
CDL Clube dos Diretores Lojistas
CDS Comissão para o Desenvolvimento Sustentável
CEAPE Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos do Estado da Paraíba
CEF Caixa Econômica Federal
CINEP Companhia de Desenvolvimento da Paraíba
CM Custo de mão-de-obra
CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CNESnet Secretaria de Atenção a Saúde
DATA SUS Caderno de Informações de Saúde
DRSAI. Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado
DS Dashboard of Sustainability
DSR Driving-force/ State/Respone
ECC Encontro de Casais com Cristo
ECIB Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira
EFM Ecological Footprint Method
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ETA(s) Estação de Tratamento de Água
FIEP Federação das indústrias do Estado da Paraíba
FINBRA Finanças do Brasil
GL Gini Locacional
HDI Human Development Index
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDRC Internaciontional Development Research Centre
IDS Índice de Desenvolvimento Sustentável
IDSM Índice de Desenvolvimento Sustentável para Municípios
IEL Instituto Euvaldo Lodi
IICA Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
IIDS Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável
IISD International Institute for Sustainable Development
IM Índice Material
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
IUCN Institute World Conservation Union
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MEP Monitoring environmental progress
MF Ministério da Fazenda
MPMEs Micro, Pequenas e Médias Empresas
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ONGs Organizações Não-Governamentais
P & D Pesquisa e Desenvolvimento
PIB Produto Interno Bruto
PL Peso Locacional
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PSF Programa de Saúde na Família
PSR (Pressure/State/Response)
QL Quociente Locacional
RS Responsabilidade Social
SDT Secretaria de Desenvolvimento Territorial
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas
SECEX Secretaria do Comércio Exterior
SECOM/PB Secretaria de Comunicação da Paraíba
SENAI Serviço Nacional da Indústria
SESI Serviço Social da Indústria
SGMU Sistema de Gestão de Metas de Universalização
SINE Sistema Nacional de Emprego
SLPs Sistemas Locais Produtivos
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SNIU Sistema Nacional de Indicadores Urbanos
STFC Serviço Telefônico Fixo Comutado
STN Secretaria do Tesouro Nacional
TRE Tribunal Regional Eleitoral
TSE Tribunal Superior Eleitoral
TUP Telefones de Uso Público
UEPB Universidade Estadual da Paraíba
UES Unidades de Ensino Superior
UFCG Universidade Federal de Campina Grande
UFPB Universidade federal da Paraíba
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Fatores determinantes da competitividade ................................................. 32
Figura 02 Tríade da sustentabilidade........................................................................... 36
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Fases do processo produtivo ......................................................................... 70
Gráfico 2 Principal produto da empresa ....................................................................... 71
Gráfico 3 Local de comercialização ............................................................................. 76
Gráfico 4 Fases do processo produtivo faccionadas ..................................................... 79
Gráfico 5 Formas de cooperação horizontal ................................................................. 82
Gráfico 6 Formas de cooperação vertical ..................................................................... 84
Gráfico 7 Aspecto mais favorável para o desenvolvimento do APL ............................ 87
Gráfico 8 Vantagens da localização do APL ................................................................ 88
Gráfico 9 Principal fonte de financiamento .................................................................. 88
Gráfico 10 Sistema de financiamento ............................................................................. 89
Gráfico 11 Condições e formas de financiamento .......................................................... 89
Gráfico 12 Investimento para melhoria da capacidade produtiva .................................. 90
Gráfico 13 Gerência do negocio ..................................................................................... 94
Gráfico 14 Itens de maior custo ...................................................................................... 94
Gráfico 15 Fatores competitivos ..................................................................................... 95
Gráfico 16 Tipos de inovação ......................................................................................... 96
Gráfico 17 Fontes de informação para inovação ............................................................ 97
Gráfico 18 Tecnologia de Gestão ................................................................................... 98
Gráfico 19 Problemas no processo produtivo ................................................................. 100
Gráfico 20 Necessidades de melhoria ............................................................................. 101
Gráfico 21 Desempenho produtivo ................................................................................. 101
Gráfico 22 Relação empresa-funcionario ...................................................................... 102
Gráfico 23 Percepção sobre a comunidade ..................................................................... 117
Gráfico 24 Percepção do conhecimento e ação da comunidade .................................... 118
Gráfico 25 Influência da empresa na comunidade ..........................................................
119
Gráfico 26 Gerenciamento do impacto da empresa na comunidade ...............................
120
Gráfico 27
Relações com as organizações ...................................................................... 121
Gráfico 28 Financiamento da ação social ....................................................................... 122
Gráfico 29 Envolvimento da empresa com a ação social ............................................... 123
Gráfico 30 Construção da cidadania pelas empresas ...................................................... 124
Gráfico 31 Liderança e influência social ........................................................................ 125
Gráfico 32 Participação em projetos sociais do governo ................................................ 126
Gráfico 33 Minimização de entradas e saidas de materiais ............................................ 127
Gráfico 34 Gerenciamento do impacto no meio ambiente ............................................. 128
Gráfico 35 Educação e conscientização ambiental ......................................................... 129
Gráfico 36 Comprometimento da empresa com a melhoria ambiental .......................... 130
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificação dos APL’s com base no desempenho dos indicadores
avaliados ..................................................................................................
32
Quadro 2 Metodologia para análise dos APL’s ....................................................... 35
Quadro 3 Metodologias de avaliação de desenvolvimento sustentável .................. 41
Quadro 4 Dimensões e variáveis da sustentabilidade ................................................. 43
Quadro 5 Classificação e representação dos índices ............................................... 56
Quadro 6 Dimensões e variáveis da sustentabilidade ................................................. 58
Quadro 7 Fatores determinantes da competitividade ................................................ 59
Quadro 8 Dimensões e variáveis aplicadas na avaliação da Responsabilidade
Social e Ambiental do APL de Calçados de Patos ..................................
60
Quadro 9 Criação ou design .................................................................................... 69
Quadro 10 Fornecedores de solas e sintetico ...............................................................
74
Quadro 11 Fornecedores de Ferragens .........................................................................
75
Quadro 12 Fornecedores de Equipamentos ................................................................. 75
Quadro 13 Fornecedores de componentes e acessorios .............................................. 75
Quadro 14 Mercado Consumidor .............................................................................. 77
Quadro 15 Atuação das instituições de apoio ............................................................
78
Quadro 16 Uso da estratégia de terceirização ........................................................... 80
Quadro 17 Fatores Sistêmicos do APL de Calçados de Patos ...................................
104
Quadro 18 Fatores Estruturais do APL de Calçados de Patos ...................................
105
Quadro 19 Fatores empresariais do APL de Calçados de Patos ................................ 107
Quadro 20 Níveis de sustentabilidade do estado da Paraíba ..................................... 108
Quadro 21 Níveis de sustentabilidade dos municípios da Paraíba ............................ 110
Quadro 22 Índices das variáveis que compõem a dimensão social e índice da
dimensão social ........................................................................................
110
Quadro 23 Índices das variáveis que compõem a dimensão demográfica e índice
da dimensão demográfica ........................................................................
111
Quadro 24 Índices das variáveis que compõem a dimensão político-institucional e
índice da dimensão político-institucional ................................................
112
Quadro 25 Índices das variáveis que compõem a dimensão econômica e índice da
dimensão econômica ................................................................................
113
Quadro 26 Índices das variáveis que compõem a dimensão ambiental e índice da
dimensão ambiental .................................................................................
114
Quadro 27 Índices das variáveis que compõem a dimensão cultural e índice da
dimensão cultural .....................................................................................
115
Quadro 28 Índice de desenvolvimento sustentável das seis dimensões e índice
geral de Patos ...........................................................................................
116
Quadro 29 Grupos e lideranças locais ....................................................................... 119
Quadro 30 Dimensão percepção da comunidade ...................................................... 131
Quadro 31 Dimensão relação com a comunidade local ............................................ 132
Quadro 32 Dimensão ação social .............................................................................. 133
Quadro 33 Dimensão transparencia ...........................................................................
133
Quadro 34 Dimensão liderança social ....................................................................... 134
Quadro 35 Dimensão responsabilidade frente as gerações futuras ........................... 135
Quadro 36 Dimensão gerenciamento frente ao impacto ambiental ........................... 136
Quadro 37 Avaliação final da responsabilidade social e ambiental .......................... 137
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Dados das empresas do APL de Calçados de Patos ....................................... 69
Tabela 2 Dados do sistema de produção e das formas de produção das empresas do
APL ................................................................................................................
72
23
SUMÁRIO
1 CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ..................................................................
18
1.1 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 18
1.2 DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ................................................
18
1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ................................................................... 21
1.4 OBJETIVOS ...................................................................................................
23
1.4.1 Objetivo geral ............................................................................................... 23
1.4.2 Objetivos específicos .................................................................................... 23
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................... 24
2 CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA ...................... 25
2.1 AGLOMERADOS INDUSTRIAIS ............................................................... 25
2.2 COMPETITIVIDADE ................................................................................... 28
2.2.1 Competitividade sistêmica: modelos de avaliação .....................................
30
2.3 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL SUSTENTÁVEL – APLS .................... 33
2.4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................................... 35
2.4.1 Dimensões da sustentabilidade ....................................................................
39
2.4.2 Indicadores de sustentabilidade .................................................................. 40
2.4.3 Sistemas de indicadores de sustentabilidade ............................................. 41
2.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL ..................................... 44
2.5.1 Indicadores de responsabilidade social e ambiental ................................. 47
3 CAPÍTULO 3: ESTRUTURA METODOLÓGICA .................................. 50
3.1 O ESTUDO E SUAS CARACTERÍSTICAS ................................................ 50
3.2
UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA
......................................
51
3.3
DELINEAMENTO DA PESQUISA ...............................................
52
3.3.1 Primeira etapa: aprofundamento do estudo teórico do tema ...................... 52
3.3.2 Segunda etapa: a escolha do APL de calçados de Patos – PB ...................... 52
3.3.3 Terceira etapa: a análise da sustentabilidade do município .........................
54
3.3.3.1 Instrumento de medida e escolha dos indicadores ......................................... 54
3.3.3.2 Coleta de dados .............................................................................................. 54
3.3.3.3 Definição da relação positiva e negativa das variáveis .................................. 55
23
3.3.3.4 Cálculo dos Índices das variáveis do IDS das dimensões e do IDS final ...... 55
3.3.3.5 Representação dos índices dos IDS das dimensões e do IDS final ................ 56
3.3.3.6 Dimensões e variáveis da sustentabilidade .................................................... 57
3.3.4 Quarta etapa: a análise da competitividade do APL de calçados ............ 58
3.3.5 Quinta etapa: a análise da responsabilidade social e ambiental .............. 59
3.3.6 Sexta etapa: análise dos resultados e considerações finais ....................... 60
4 CAPÍTULO 4: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ..........
61
4.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE COMPETITIVIDADE DO APL DE
CALÇADOS DE PATOS-PB ........................................................................
61
4.1.1 Fatores sistêmicos ......................................................................................... 61
4.1.1.1 Aspectos estruturais da cadeia coureiro-calçadista ........................................ 62
4.1.1.2 A indústria de calçados do Nordeste .............................................................. 64
4.1.1.3 A indústria de calçados na Paraíba ................................................................. 65
4.1.1.4 Arranjo produtivo de calçados de Patos-PB ................................................... 65
4.1.2 Fatores estruturais ....................................................................................... 67
4.1.2.1 Caracterização do APL de calçados de Patos .................................................
67
4.1.2.2 Desempenho e capacitação do APL ............................................................... 72
4.1.2.3 Organização do APL ...................................................................................... 73
4.1.2..4 Formas de cooperação .................................................................................... 79
4.1.2.4.1 Cooperação horizontal ................................................................................... 80
4.1.2.4.2 Cooperação vertical ....................................................................................... 82
4.1.2.5 Fluxo de informações e aprendizado .............................................................. 83
4.1.2.6 Regimes de incentivos e regulação da concorrência ...................................... 85
4.1.2.7 Mercado .......................................................................................................... 91
4.1.3 Fatores empresariais .................................................................................... 92
4.1.3.1 Gestão competitiva ......................................................................................... 92
4.1.3.2 Inovação ......................................................................................................... 95
4.1.3.3 Produção ......................................................................................................... 98
4.1.3.4 Recursos humanos .......................................................................................... 100
4.1.4 Análise da competitividade do APL de calçados de Patos ........................
102
4.1.4.1 Fatores sistêmicos .......................................................................................... 102
23
4.1.4.2 Fatores estruturais .......................................................................................... 103
4.1.4.3 Fatores de competitividade empresarial ......................................................... 105
4.2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL ...........................................................................................
106
4.2.1 Índice de desenvolvimento sustentável na Paraíba ................................... 107
4.2.2 Índice de desenvolvimento sustentável do município de Patos – PB ....... 108
4.2.2.1 Índices da dimensão social ............................................................................. 109
4.2.2.2 Índices da dimensão demográfica .................................................................. 110
4.2.2.3 Índices da dimensão político-institucional ..................................................... 111
4.2.2.4 Índices da dimensão econômica ..................................................................... 112
4.2.2.5 Índices da dimensão ambiental ...................................................................... 112
4.2.2.6 Índices da dimensão cultural .......................................................................... 114
4.2.2.7 Índice de desenvolvimento sustentável final de Patos ................................... 114
4.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL DO APL ..................... 115
4.3.1 Responsabilidade social ............................................................................... 115
4.3.2 Responsabilidade ambiental ........................................................................ 125
4.3.3 Análise da responsabilidade social e ambiental .........................................
129
4.3.3.1 Avaliação da análise da responsabilidade social ............................................ 130
4.3.3.2 Avaliação da análise da responsabilidade ambiental ..................................... 133
5 CAPÍTULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................ 137
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................
141
APÊNDICES ................................................................................................................... 146
ANEXOS ..........................................................................................................................
156
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA
Este capítulo apresenta a estrutura da dissertação e está organizado em quatro tópicos.
O primeiro refere-se à definição da situação problema, remetendo a origem do trabalho
pertinente ao assunto estudado, com o intuito de definir o tema e determinar a
problematização da pesquisa. O segundo tópico diz respeito à justificativa do estudo, sua
relevância e contribuição científica. O terceiro ponto compreende a definição dos objetivos
geral e específicos, e segue com a apresentação da estrutura do trabalho, contendo a forma
como foram organizados os demais capítulos e seus conteúdos.
1.2 DEFINIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
Em razão da crise que eclodiu no segundo semestre de 2008, mundialmente, as
pessoas e suas organizações estão diante de um grande desafio, o qual consiste em continuar
se desenvolvendo, gerando e mantendo empregos, com justiça social, cultural, religiosa,
econômica e com respeito às futuras gerações, conservando os recursos ambientais espalhados
por todo o planeta.
No entanto, inúmeras são as dificuldades, pois o atual ambiente de negócios e de
gestão é gido, complexo e ao mesmo tempo dinâmico, caracterizado por concorrências leais
e desleais, pelas imprevisibilidades dos mercados, por um mercado financeiro altamente
volátil, por uso intenso de tecnologias, pela necessidade indissociável de desenvolvimento
humano e social e da atual exigência de racionalizar o uso dos recursos ambientais, além de
tantas outras variáveis que influenciam direta e indiretamente nas formas de atuação das
empresas.
Dentro deste contexto, continua a necessidade incessante pela busca de maior
competitividade, levando as empresas a buscarem novas alternativas e configurações, das
quais, destacam-se os aglomerados industriais, especialmente para o caso de países em
desenvolvimento.
19
Em relação ao Brasil, surgiram diferentes conceitos e denominações para caracterizar
estes aglomerados, assim como diversos enfoques, destacando-se os estudos conduzidos por
Zawislak e Ruffoni (2001), Cândido (2001), Cassiolato e Lastres (2003), Zissimos e
Hasenclever (2006), e Suzigan (2006). Ou seja, muitos são os autores que estudam o
fenômeno da concentração geográfica de empresas, propondo diferentes denominações,
conceitos e enfoques.
Em recente estudo realizado sob a tutela do IPEA (SUZIGAN, 2006), os aglomerados
foram denominados de APL’s
1
- Arranjos Produtivos Locais, entretanto, o autor ressalta que o
conceito mais apropriado seria o de Sistemas Locais de Produção e que a opção por APL -
Arranjo Produtivo Local, residiu no fato de ser a terminologia mais difundida no Brasil,
inclusive pelos organismos de fomento e de apoio, como o BNDES. Por essa razão, e por esta
pesquisa estar inserida em um projeto maior que recebeu o apoio do SEBRAE, a denominação
adotada será a de APL.
Ao longo deste trabalho, considerar-se-á tal fenômeno industrial como um conjunto de
empresas homogêneas, atuando numa mesma atividade econômica, com suporte de um
conjunto de instituições públicas e privadas de apoio e que têm potencial pleno para praticar
princípios das redes sociais, envolvendo a parceria, a cooperação, a ajuda mútua, o
compartilhamento (CÂNDIDO, 2001).
Portanto, e com base nos estudos apontados, percebe-se que, na análise da
competitividade de empresas e locais, a proximidade e a forma de relacionamento entre as
empresas que compõem os mais diferentes sistemas produtivos passaram a ser consideradas
como fator de relevância. Isto se deu em virtude das externalidades próprias destes ambientes,
as quais são decorrentes da sinergia que deles emerge, da redução dos custos e,
principalmente, das relações de cooperação que ocorrem (MACHADO, 2003).
Entretanto, conforme expõe Furlanetto (2008), a nova realidade exige que ao se avaliar
a competitividade de certo aglomerado industrial, as questões relacionadas à sustentabilidade
devem também ser incluídas. Segundo o autor, para um determinado arranjo produtivo não
basta que ele seja competitivo para ser sustentável, visto que muitas vezes essa “suposta”
competitividade pode estar sendo erguida sob alicerces ditos “não sustentáveis”, fato que
poderá comprometer o aglomerado, a médio ou longo prazo.
1
Neste texto estamos utilizando a denominação de APL´s, para designar o conjunto de Arranjos Produtivos
Locais existente em um dado território. Diferenciamos esta expressão usada pelo IPEA da que este estudo
enfatiza que é APLS tudo em maiúscula, objeto deste estudo.
20
Ainda de acordo com Furlanetto (2008), mesmo que o município, a localidade ou o
território onde o Arranjo Produtivo encontra-se inserido possua bons índices de
sustentabilidade e as empresas sejam competitivas, se os indicadores de Responsabilidade
Social e Ambiental das empresas não forem bons, tal Arranjo Produtivo não poderá ser
considerado sustentável. Portanto, o pressuposto básico assumido pelo autor é o seguinte: para
ser considerado Arranjo Produtivo Local Sustentável, as empresas que compõem o arranjo
deverão apresentar bom desempenho nos indicadores de Competitividade e de
Responsabilidade Social e Ambiental, da mesma forma que o município no qual elas estão
localizadas deve apresentar bons indicadores de sustentabilidade. Isto é, as empresas que
constituem o arranjo deverão apresentar tais condições, bem como o local onde o arranjo está
inserido deve ser considerado sustentável, ou seja, apresentar bom desempenho nos indicadores
de sustentabilidade (FURLANETTO, 2008).
Em síntese, analisando-se a realidade vivida pelas organizações, especialmente no
período inicial do Século XXI, é perceptível um consenso de que tanto as organizações,
quanto os arranjos produtivos devem promover, de forma equilibrada e harmônica,
crescimento econômico e qualidade de vida, mas não em detrimento das responsabilidades
com o meio ambiente e a sociedade.
É neste cenário que esta dissertação é apresentada, com objetivo de avaliar a
sustentabilidade do Arranjo Produtivo Local (APL) de calçados da cidade de Patos a partir da
aplicação de uma ferramenta específica, proposta por Furlanetto (2008). Esta ferramenta
apresenta uma metodologia capaz de avaliar se um determinado Arranjo Produtivo Local
pode ser considerado sustentável ou não, e classificar em que nível de sustentabilidade o
mesmo se encontra, sob a perspectiva dos três construtos Sustentabilidade, Competitividade e
Responsabilidade Social e Ambiental.
Nesse sentido, existe uma carência de estudos que possibilitem a relação desses três
construtos, tendo como objeto de estudo os Arranjos Produtivos Locais (APL´s). Para os fins
deste trabalho, o objeto de estudo consiste no APL de Calçados de Patos, cuja atividade
concentra-se na produção e comercialização de calçados e artefatos para calçados. Segundo o
presente estudo, pode-se afirmar que o APL de calçados de Patos é voltado em sua maioria
para produção de calçados femininos e 100% adultos.
O Município está localizado na microrregião de Patos, na mesorregião do sertão
paraibano, e é a principal cidade do sertão possuindo forte influência nas cidades
circunvizinhas, polariza cerca de 70 municípios e possui vetores viários interligando-o com
21
toda a Paraíba e viabilizando o acesso aos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e
Ceará.
A Paraíba ocupa o quarto lugar no ranking nacional dos estados produtores de
calçados. As cidades que mais produzem são João Pessoa, Campina Grande, Bayeux, Santa
Rita, Patos e Catolé do Rocha. Segundo Aldo Nunes, gerente do Sebrae de Patos, o município
produz cerca de 7,2 milhões de pares de calçados por ano, absorvendo aproximadamente 75%
da mão-de-obra da região (SEBRAE, 2009).
Logo, com base no pressuposto acima mencionado, pode-se definir o problema da
pesquisa como sendo: O APL de calçados de Patos pode ser classificado como Arranjo
Produtivo Local Sustentável APLS, sob a análise dos níveis de Competitividade, de
Sustentabilidade (do Município e do Estado) e das práticas de Responsabilidade Social e
Ambieantal das empresas do setor de calçados do município de Patos na Paraíba?
1.3 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
Observa-se que o presente estudo está inserido na temática de Arranjos Produtivos
Locais e que os mesmos possuem grande importância, devido à questão da localização e os
vínculos produtivos mantidos pelas empresas e instituições, os quais acabam promovendo o
desenvolvimento das localidades. Por outro lado, o momento exige que as empresas e
organizações, em parceria com a sociedade e demais grupos de interesses, busquem o
desenvolvimento dos APL´s, onde estão inseridos, em bases cada vez mais sólidas e
sustentáveis.
Considera-se que exista uma diversidade de elementos, aspectos e caminhos para que
vantagens competitivas sejam alcançadas para as empresas participantes de um aglomerado de
determinado setor, sendo que o modo das empresas se organizarem é um deles, ou seja, a
formação em APL pode se constituir em vantagem para as empresas e, consequentemente,
para as regiões/localidades.
Para tanto, é importante que todos os participantes do APL busquem o monitoramento
do ambiente de inserção como forma de reduzir as incertezas e vulnerabilidades, isso a partir
de uma visão que englobe os aspectos sociais, ambientais, econômicos, culturais, políticos e
institucionais, através de políticas públicas e ações empresariais coletivas, as quais articulem
22
os diferentes atores em torno de objetivos comuns que resultarão em vantagens competitivas
sustentáveis como forma de atingir um desenvolvimento local sustentado (MARTINS, 2008).
Neste sentido, defender uma metodologia capaz de avaliar a sustentabilidade de um
arranjo produtivo e seu ambiente de inserção é um desafio enfrentado com consciência das
limitações metodológicas, epistemológicas, econômicas, de tempo, espaço, etc., além das
próprias limitações do autor. Portanto, a questão da sustentabilidade se abordada de forma
sistêmica, temporal e geográfica, buscando prever os impactos de ações internas e externas,
sempre com o objetivo de reduzir o impacto dessas limitações.
Outro ponto é o reconhecimento, na metodologia utilizada nesse estudo, que considera
que o processo de Desenvolvimento Sustentável deve ser encarado como uma construção
coletiva, fruto da participação de todos os grupos de interesse. Tal processo é caracterizado
pela contínua mudança. O monitoramento é indispensável e é imprescindível que seja feito
com instrumentos de avaliação simples e que possam absorver e processar periodicamente os
resultados positivos e negativos das ações implementadas por todos os agentes e atores dessa
construção coletiva.
Desta forma, o foco desse estudo consiste na avaliação da sustentabilidade do APL,
tendo como parâmetros a sustentabilidade do município de Patos, a competitividade sistêmica
e a responsabilidade social e ambiental das empresas participantes deste aglomerado
industrial.
A abordagem desse estudo procura compreender e classificar o nível de
sustentabilidade que o APL possui e sua contribuição no desenvolvimento local, cuja
relevância consiste em ampliar o debate sobre a integração do desenvolvimento sustentável na
competitividade. Competitividade esta, com responsabilidade social e ambiental e que
promova o desenvolvimento local, sempre considerando a importância que as políticas e
ações exercem em todo o APL, observadas a partir de uma perspectiva sustentável.
Assim, percebe-se a atualidade e emergência do tema para a sustentabilidade desse
território, a contribuição para o desenvolvimento do setor de calçados e para a economia local e,
a contribuição científica que pode propiciar bases para novas pesquisas sobre sustentabilidade,
competitividade, responsabilidade social e ambiental, no contexto de APL´s e
desenvolvimento local, tanto no setor objeto desse estudo, quanto em outros setores
econômicos.
Em outras palavras, percebe-se que o tema e a abordagem são relevantes, pois tem
aplicações para todos os segmentos da economia, desde que possam ser considerados APL´s.
No presente, como resultado final, busca-se conhecer em que vel encontra-se a
23
sustentabilidade do APL de Calçados de Patos, sob a avaliação da Competitividade,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social e Ambiental.
Portanto, a justificativa da pesquisa firma-se na necessidade da integração do
desenvolvimento sustentável na competitividade, a partir do estudo da responsabilidade social
e ambiental das empresas participantes do aglomerado industrial, no caso específico o APL de
Calçados de Patos, bem como, dos indicadores de sustentabilidade, da região e da localidade.
Assim, espera-se contribuir no processo de construção de um desenvolvimento competitivo e,
ao mesmo tempo, socialmente justo, política e ambientalmente correto.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo geral
Avaliar se o Arranjo Produtivo Local (APL) de Calçados da cidade de Patos, no
Estado da Paraíba, pode ser considerado um Arranjo Produtivo Local Sustentável (APLS) a
partir do nível de Competitividade, do nível de Sustentabilidade (do Município e do Estado) e
das práticas de Responsabilidade Social e Ambieantal das empresas participantes do APL.
1.4.2 Objetivos específicos
a) Utilizar a metodologia proposta por Martins (2008) para avaliação e cálculo dos
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável para município;
b) Estabelecer o grau de Competitividade do APL de calçados de Patos através da
aplicação da abordagem da competitividade sistêmica, proposta por Coutinho &
Ferraz (1995) e de Machado (2003), adaptada por Martins (2008);
c) Calcular os Indicadores de Responsabilidade Social e Ambiental das empresas que
fazem parte do APL em estudo;
d) Classificar o Arranjo Produtivo Local de Calçados de Patos PB, a partir da
tipologia proposta por Furlanetto (2008).
24
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho contém cinco capítulos. O Primeiro capítulo faz uma exposição do
trabalho através da introdução, onde são apresentadas a definição da situação problema, a
justificativa, sua relevância e contribuição científica, os objetivos, comunicando a proposta da
pesquisa, além da estrutura e do conteúdo do trabalho.
O segundo capítulo remete à fundamentação teórica, composta pelas principais bases
teóricas que dão sustentação ao tema em questão, tais como: Aglomerados Industriais;
Competitividade em APs; Arranjo Produtivo Local Sustentável APLS; Desenvolvimento
Sustentável; Indicadores de Sustentabilidade e Responsabilidade Social e Ambiental.
O terceiro capítulo relata os aspectos metodológicos da pesquisa, apresentando as
etapas e seus desdobramentos necessários para a consecução dos objetivos, quais sejam:
identificação do APL em estudo; análise da Competitividade Sistêmica do APL; análise da
Sustentabilidade do Município de Patos através dos Índices de Desenvolvimento Sustentável,
análise da Responsabilidade Social e Ambiental das empresas e, por último, a avaliação da
Sustentabilidade do APL em estudo.
O quarto capítulo remete à análise e interpretação dos resultados, apresentando a
avaliação da sustentabilidade do município de Patos no contexto da Paraíba, a análise da
competitividade do APL de calçados de Patos, bem como a observação da responsabilidade
social e ambiental de cada empresa pesquisada do APL em estudo.
Por fim, são apresentadas as considerações finais, as recomendações do estudo, as
referências bibliográficas utilizadas e os anexos, com a descrição da metodologia utilizada
para identificação do APL e o instrumento de pesquisa utilizado para avaliar a
competitividade e a responsabilidade social e ambiental.
25
CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para atingir o objetivo a que esta pesquisa esta se propondo, isto é, avaliar a
sustentabilidade do APL de Calçados de Patos - PB, a presente seção procura mostrar uma
abordagem conceitual dos temas: Aglomerados Industriais; Competitividade em APL´s; Arranjo
Produtivo Local Sustenvel APLS; Desenvolvimento Sustenvel; Indicadores de
Sustentabilidade; Responsabilidade Social e Ambiental.
2.1 AGLOMERADOS INDUSTRIAIS
Aglomerado industrial trata-se de uma das denominações dadas aos clássicos distritos
industriais marshalianos, onde se destacam os conceitos de sistemas industriais localizados
(COURLER, 1993), clusters (PORTER, 1990; 1999), distritos industriais (BRUSCO, 1982),
aglomerados industriais (MARSHAL, 1985) e sistemas locais produtivos (DINIZ, 2001).
A ênfase no estudo sobre os aglomerados e seus termos tem sido amplamente
contemplada em trabalhos que buscam apresentar as vantagens derivadas desse tipo de
organização industrial, vislumbrando perspectivas de desenvolvimento local e regional.
Neste sentido, a promoção de aglomerações produtivas tornou-se nas últimas décadas
do Século XX prioridade de políticas de desenvolvimento, isto devido ao sucesso de algumas
aglomerações produtivas com concentração geográfica, a exemplo dos distritos industriais e
clusters. A característica desse sucesso é atribuída aos agentes de tais aglomerações que
atuam no mesmo setor, ou cadeia produtiva, compartilhando dos mesmos recursos ou
capacitações, resultando num estoque considerável de conhecimento tácito que circula para a
difusão do conhecimento local, com o compartilhamento de código e linguagem comuns,
identidade e confiança (LEMOS, 2003).
Na literatura especializada que trata dessa formação industrial, percebem-se os mais
variados estudos, dos quais merecem ser lembrados os trabalhos de Marshal (1985), Piore e
Sabel (1984) e Porter (1998).
Segundo Alfred Marshall (1985), o conceito de aglomerado industrial compreende os
sistemas produtivos geograficamente delimitados, caracterizados por um número elevado de
26
empresas e de unidades produtivas de pequeno e médio porte, que trabalham basicamente
com um número reduzido de fases.
Por sua vez, Porter (1998) postula que os aglomerados industriais podem ser
compreendidos como sendo um conjunto de empresas e companhias correlatas de
determinado setor da economia concentradas geograficamente, podendo envolver a cadeia de
valor e as instituições governamentais e outras de apoio, como universidades e associações,
no suporte de treinamento, informação e apoio técnico.
Em todos os conceitos, percebe-se uma motivação comum com os autores procurando
explicar as condições de desenvolvimento econômico de empresas e regiões a partir da análise
das variáveis ‘localização’ e ‘forma de relações’ entre as empresas de um mesmo setor e
localizadas no mesmo território.
Neste contexto, percebem-se as transformações que o sistema produtivo passa para
adequar-se à nova ordem mundial, as quais provocam significativas readaptações e
reestruturações produtivas. Dentre essas transformações destaca-se a mudança de foco na
análise das empresas, deixando de ser individual e passando a recair sobre as relações entre as
empresas, e estas entre as demais instituições dentro de um espaço geograficamente definido.
Isto tem ocorrido, entre outras coisas, devido ao reconhecimento das sinergias geradas pelas
participações em aglomerações e como fonte de desenvolvimento de vantagens competitivas,
aos processos de aprendizagem coletiva, cooperação e a dinâmica inovativa que ocorre no
interior dos aglomerados, de modo a fortalecer as empresas no enfretamento dos desafios
crescentemente globalizados e, ao entendimento desse conjunto de questões como base para
formulação de políticas de desenvolvimento tecnológico e industrial (CASSIOLATO;
LASTRES, 2003).
À luz desses trabalhos é possível concluir que os autores acabam convergindo para a
constatação de que uma aglomeração geográfica de empresas tem parte de seu sucesso
determinado pelas práticas cooperativas que se desenvolvem no interior do agrupamento,
onde a condição de sucesso é o grau de cooperação entre os agentes, empresas, associações e
sindicatos empresariais e agências de fomento público participantes do aglomerado.
Assim, a partir deste entendimento, a questão da concentração geográfica de empresas
apresenta casos de sucessos tanto a vel nacional quanto mundial. No Brasil, as
aglomerações industriais de micro e pequenas empresas estão sendo estudadas por diversos
pesquisadores na configuração de Arranjos Produtivos Locais e também por instituições
públicas e privadas como forma alternativa no enfretamento dos desafios da economia e na
busca do desenvolvimento local.
27
Nos estudos realizados pela RedeSist, encontra-se o conceito de Arranjo Produtivo
Local como sendo “aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com
foco em um conjunto específico de atividades econômicas que apresentam vínculos mesmo
que incipientes” (CASSIOLATO; LASTRES, 2003, p. 27).
Para os autores, o conceito apresentado parte de um argumento explicito na visão
neoshumpeteriana, ao afirmar que a capacidade de administrar inovações é o fator
determinante na competitividade sustentada de empresas e nações, diferindo da
competitividade espúria baseada em baixos salários e exploração intensiva e predatória de
recursos naturais (CASSIOLATO; LASTRES, 2003).
Apesar das várias definições, outro conceito recente é o posto por Martins (2008), o
qual caracteriza o APL como um agrupamento geográfico de empresas com atuação em uma
atividade principal, trabalhando a partir de interações e níveis de interdependência, com
intensa divisão do trabalho, flexibilização da produção e da organização, e com
especialização. Além, da existência e atuação das instituições de apoio e pesquisa, que são
fundamentais para estimular a cooperação e aproveitar as sinergias coletivas, na busca do
fortalecimento do APL, com vistas ao desenvolvimento local.
Neste sentido, é importante destacar que a simples concentração geográfica e setorial
não garante eficiência coletiva, mas constitui condição necessária para diversos
desenvolvimentos posteriores, como a divisão e especialização entre produtores; fornecimento
de produtos especializados com rapidez, emergência de fornecedores e agentes que vendem
para mercados distantes, emergência de trabalhadores especializados etc. (MACHADO, 2003)
Assim, conforme os estudos apresentados acerca dos Aglomerados Industriais,
Sistemas Locais de Produção, ou como os organismos de fomento e de apoio do Brasil
denominaram e vários pesquisadores adotaram de Arranjos Produtivos Locais, são claras as
vantagens competitivas dos arranjos cooperativos multilaterais, tornando-os mais fortes para
enfrentar os desafios da competitividade. Ou seja, as formações de Arranjos Produtivos
Locais passam a ser consideradas como estratégia competitiva.
Desta forma, faz-se necessário tratar da questão competitividade, de forma geral, e em
particular nos Arranjos Produtivos Locais, o que será feito na seção que segue.
28
2.2 COMPETITIVIDADE
Segundo Meyer-Stamer (1994), é praticamente impossível, hoje, que as empresas
consigam sobreviver apenas com suas próprias forças, devido à complexidade das novas
tecnologias e seu caráter sistêmico. Sua afirmação decorre do fato de que as empresas que
querem enfrentar, com êxito, a concorrência, necessitam organizar-se em redes de
cooperação, integrando-se em sistemas de produção e inovação fortemente articulados e
concentrados, muitas vezes, em uma mesma localidade, visto que uma aglomeração com essas
características propicia um intenso intercâmbio de informações e uma rápida aprendizagem.
Existem duas correntes de pensamento acerca do conceito de competitividade: na
primeira os estudiosos defendem o conceito de competitividade como sendo indicada por
desempenho, onde a mesma é dada a partir de sua participação no mercado em que atua.
Neste sentido, a competitividade é uma variável ex-post que sintetiza os fatores preço e não-
preço, sendo os últimos parcialmente ou totalmente subjetivos. Já a segunda corrente de
pensamento traduz a competitividade pela relação insumo-produto que a organização pratica,
determinando o grau de eficiência produtiva da mesma.
Dessa forma, a competitividade pode ser imposta pelo empreendedor através de ações
que se movimentam de dentro para fora da organização, ou seja, a competitividade é definida
pelo grau de capacitação existente dentro da empresa leia-se capacitação como sendo todos
os recursos de que dispõe a organização como em termos de capacitação tecnológica,
gerencial, financeira e comercial (FERRAZ, 1997).
Assim, para Ferraz (1997), o conceito partiu da dinâmica do processo de concorrência
como referencial para a avaliação da competitividade. Deste modo, a competitividade é
conceituada como sendo “a capacidade da empresa de formular e implementar estratégias
concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar de forma duradoura, uma posição
sustentável no mercado” (FERRAZ, 1997, p. 4).
Neste sentido, Campos e Campos (2006) afirmam que muitas correntes ligadas ao
mainstream” destacam a racionalidade econômica como maximização de uma função (como
lucro, vendas, crescimento) e, assim, entendem competitividade como um resultado ex-post.
Outras correntes ligadas ao enfoque neo-schumpeteriano abordam a competitividade a partir
do ambiente dinâmico, onde as decisões podem refletir em maior capacidade de competir
através de inovações com melhores resultados, consistindo numa visão ex-ante. O resultado
da junção de ambas é a competitividade potencial.
29
Partindo destes pressupostos, não se deve falar sobre competitividade em APs sem
discutir o seu funcionamento a partir dos seguintes pontos: os vínculos de articulação,
interação, cooperação, confiança, processo de aprendizagem e inovação, da capacidade de
auto-fortalecer e estabelecer vantagem competitiva, através da formação de redes
cooperativas. Acrescenta-se que para manter e aumentar as vantagens competitivas deve-se
ativar o exercício de conhecimentos, habilidades tecnológicas e experiências voltadas ao
desenvolvimento de novos produtos, novos processos e novos serviços. É a busca por maior
produtividade que leva a criação de redes de subcontratação, de cooperação e a novas formas
de relacionamentos entre as empresas, cada uma com características diferenciadas (OLAVE;
NETO, 2005).
Deste modo, o aparecimento de Arranjos Produtivos Locais favorece o acesso a
recursos e competências especializadas disponíveis em escala local e permite aprofundamento
de processos de aprendizado, reforçando as possibilidades de sobrevivência e crescimento, na
medida em que favorecem a capacitação produtiva e tecnológica, ampliando suas
possibilidades de acesso a financiamentos, suprimentos e comercialização da produção
(MARTINS, 2008). Acontece que, no interior dos APL´s, a interação das empresas e estas
com o ambiente local geram sinergias coletivas que fortalecem a necessidade de crescimento,
o que vem a ser uma base para formação de vantagem competitiva continuada. Portanto, tal
forma de organização se tornou uma efetiva estratégia para as empresas superarem
dificuldades comerciais.
Por outro lado, Gomes e Pizaia (2006) defendem que, no incentivo ao
desenvolvimento local, a conexão do arranjo com os mercados deve sempre permitir a
sustentabilidade por meio de um padrão de organização que se mantenha ao longo do tempo.
Segundo esses autores, a concentração geográfica de empresas deve, ainda, promover um
ambiente de inclusão de micro e pequenos negócios em um mercado com distribuição de
riquezas, ao mesmo tempo em que favoreça uma elevação do capital social por meio da
promoção e cooperação entre os atores do território.
Não se trata, portanto, de um mero acirramento entre empresas, mas sim de um
enfoque sistêmico aplicado à competitividade onde são consideradas as vantagens coletivas
decorrentes de diversos fatores, como a proximidade de fornecedores, facilidade de concessão
de créditos, disponibilidade de mão-de-obra local qualificada e especializada, valorização dos
produtos locais, fatores locais, os quais dão suporte à geração de vantagens competitivas
(FERRAZ, 1997).
30
Desta forma, a seção que segue procura tratar dos modelos de avaliação da
competitividade, dando destaque para os modelos sistêmicos.
2.2.1 Competitividade sistêmica: modelos de avaliação
Considerando o contexto complexo que envolve os APL´s, faz-se necessário uma
abordagem ampla que englobe todas as relações e interações entre as empresas e todos os
participantes. Nesta perspectiva, foram selecionados dois modelos de avaliação da
competitividade sistêmica, um proposto por Esser, Hellebrand, Messner e Meyer-Stamer
(1994), e o outro proposto por Coutinho e Ferraz (1994) e Ferraz, Kupfer, Haguenauer (1997),
os quais são apresentados em seqüência.
Em seu modelo de competitividade Esser, Hellebrand, Messner e Meyer-Stamer (1994)
foram os primeiros a utilizar o termo “competitividade sistêmica” e, em síntese, partiram da
compreensão de que a competitividade é constituída pelo homem e que a localização das
empresas possui uma dependência com todos os fatores capazes de responder as exigências
das demandas crescentes de economias e mercados globalizados.
Neste sentido, este modelo é estruturado sobre dois fundamentos que o distingue dos
outros, a saber:
a) A diferenciação entre quatro níveis de análises: o nível meta, onde o objetivo é o
consenso social, um padrão básico de organização institucional (político, econômico,
jurídico, macro-social, entre outros) e a disposição e capacidade de implantar uma
estratégia de médio e longo prazo, direcionadas para a competitividade, visando o
desenvolvimento tecnológico; o nível macro, no qual se busca criar condições gerais
para uma competitividade eficaz com macropolíticas de sustentação; o nível meso,
no qual a idéia é configurar o entorno do setor produtivo como uma rede bem
estruturada de instituições de apoio; e o nível micro, no qual o objetivo é promover
uma gestão eficiente às mudanças técnicas e organizacionais, a partir da explicitação
de necessidades e desejos das empresas, e,
b) Diz respeito à vinculação de elementos provenientes da nova economia industrial,
como a teoria da inovação, tendo como base as ciências políticas, econômicas e
sociais e os estudos que envolvem a formação de redes sociais.
31
O segundo modelo de competitividade é o proposto por Coutinho e Ferraz (1994) e
Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1997), o qual foi desenvolvido a partir do Estudo sobre a
Competitividade Brasileira ECIB, e tem sua aplicação voltada para o desempenho
competitivo de empresas, setores industriais e países.
O modelo tem como conceito de competitividade, como exposto anteriormente, como à
capacidade das empresas em desenvolver e implementar estratégias concorrenciais, que lhes
permitam ampliar ou conservar de forma duradoura, uma posição mais perene possível no
mercado.
Os autores do modelo compreendem a competitividade a partir de uma perspectiva
dinâmica, onde o desempenho do mercado, compreendido como competitividade revelada, e a
eficiência produtiva, esta como capacidade potencial, são vistos como resultados da
capacitação acumulada pelas empresas, refletindo nas estratégias concorrenciais e na análise
econômica do ambiente interno e externo onde estão inseridas.
As empresas, nesse modelo, são analisadas a partir de quatro áreas de competências, a
saber: gestão, inovação, produção e recursos humanos. As mesmas apresentam certo
desempenho competitivo, em um determinado tempo, resultante de suas capacitações, que são
mutáveis. Ou seja, as interações ocorridas entre desempenho, capacitação e estratégia
competitiva têm o seguinte comportamento: a empresa tem um desempenho determinado
pelas capacitações que reúne, enquanto que as estratégias têm a finalidade de transformar as
capacitações, visando adequá-las às metas de desempenho. Como as mesmas são
interdependentes, as relações entre capacitação e a estratégia ajustam-se em um processo de
interação dinâmica.
Portanto, a competitividade depende de fatores situados dentro e fora das empresas, em
uma relação sistêmica de interdependência e inter-relacionamento.
Sendo assim, o modelo de competitividade apresentado é composto por fatores de
sucesso da competitividade divididos em níveis:
a) Empresariais (nível da empresa) referentes aos aspectos intra-organizacionais, os
quais a empresa detém poder de decisão e podem ser controlados ou modificados
através das condutas ativas assumidas, sendo eles: gestão competitiva, capacidade
inovativa, capacidade produtiva e recursos humanos;
b) Estruturais (nível da indústria e do mercado) relacionados a diversas formas de
competição e colaboração nas cadeias produtivas, envolvendo aspectos
relacionados ao mercado, configuração da indústria, e regime de incentivos e
regulamentação da concorrência;
32
c) Sistêmicos (nível do sistema produtivo como um todo) relacionados aos aspectos
inter-organizacionais ressaltando a importância das externalidades, tais como:
aspectos macroeconômicos, político-institucionais, legais-regulatórios, infra-
estruturais, sociais e internacionais.
Para melhor visualização desta complexa dinâmica dos fatores da competitividade,
segundo o referido modelo, o esquema da Figura 1 a seguir, procura demonstrar as relações e
interações dos níveis empresariais, estruturais e sistêmicos, a partir de uma visão integrada da
competitividade.
Figura 1: Fatores determinantes da competitividade.
Fonte: Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1997)
Por tratar-se de um modelo desenvolvido a partir de um estudo da realidade brasileira e
por perceber a competitividade dentro de uma perspectiva dinâmica – onde se leva em conta o
desempenho do mercado e eficiência produtiva, tendo como elemento básico de análise a
empresa em suas principais áreas de competências, a indicação recai sobre ele para o presente
estudo.
Lembrando que, segundo a proposta do presente estudo, não basta que o Arranjo
Produtivo Local seja competitivo, mas é necessário que também seja sustentável, a seção
seguinte aborda o conceito de Arranjo Produtivo Local Sustentável, apresentado por
Furlanetto (2008).
33
2.3 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL SUSTENTÁVEL – APLS
Ao definir parâmetros para avaliar a sustentabilidade de APL´s sob a perspectiva do
desenvolvimento sustentável, Furlanetto (2008) afirma que para um APL ser denominado de
sustentável “deverá proporcionar condições para que as empresas que nele estão inseridas
consigam atingir seus objetivos, sem, entretanto comprometerem a possibilidade destas
mesmas empresas, e de outras tantas que ao arranjo vierem se inserir, de aproveitarem tais
condições no futuro” (FURLANETTO, 2008, p. 11 ).
Ainda segundo o autor, os APL´s classificados de sustentáveis tem por obrigação que
apresentar um desenvolvimento equilibrado nas suas três principais dimensões: econômica,
social e ambiental. Ou seja, segundo os preceitos do autor, se um determinado arranjo
apresente excelentes resultados econômicos à custa do meio ambiente, ou mesmo da exploração
de sua mão-de-obra ele não será considerado sustentável.
Para o referido autor, existe a obrigatoriedade de que o desenvolvimento de um APL
ocorra de forma homogênea em todas as dimensões. Portanto, para ser considerado arranjo
produtivo local sustentável, o arranjo deverá apresentar bom desempenho nos indicadores de
competitividade e de sustentabilidade simultaneamente.
Desta forma, o autor propõe no quadro 1 o cruzamento dos diferentes comportamentos
das duas variáveis – Sustentabilidade e Competitividade – resultando em quatro possibilidades
de combinações, apontando então, para quatro tipos possíveis de arranjos com níveis distintos
de sustentabilidade, a saber:
Momentaneamente
Competitivo
Sustentável
Defasado
Social e Ambientalmente Correto
Baixo Alto
Desempenho dos Indicadores de Sustentabilidade
Quadro 1: Classificação dos APL’s com base no desempenho dos indicadores avaliados
Fonte: Furlanetto (2008)
Desempenho dos indicadores de
Competitividade
Baixo Alto
34
Logo, seguindo a lógica apresentado no quadro 1, e levando-se em consideração os
indicadores de competitividade dos arranjos, os indicadores de desenvolvimento sustentável
local e regional, bem como os indicadores de responsabilidade social e ambiental, os APLs
segundo a classificação desta metodologia recebem a seguinte tipologia:
a) Defasados arranjos posicionados no quadrante inferior esquerdo, que apresentam
baixo desempenho nos indicadores de competitividade e de sustentabilidade,
portanto, arranjos que podem se encontrar em processo de extinção, pois não são
competitivos e muito menos sustentáveis;
b) Social e ambientalmente corretos denominação dada aos arranjos posicionados
no quadrante inferior direito, que apresentam bom desempenho em relação aos
indicadores de sustentabilidade, entretanto, com baixo desempenho em relação aos
indicadores de competitividade, por essa razão são vistos, como arranjos com
potencial para se tornarem competitivos, desde que suas estratégias sejam
redefinidas no sentido de aproveitar as vantagens de estar alinhado com os
princípios do desenvolvimento sustentável;
c) Momentaneamente competitivos são assim denominados os arranjos
posicionados no quadrante superior esquerdo e que apresentam bom desempenho
em relação aos indicadores de competitividade, mas baixos em relação à
sustentabilidade, sendo considerados como fora da atual realidade do mundo dos
negócios, pois somente apresentam bons indicadores na dimensão econômica;
d) Sustentáveis denominação dada aos arranjos posicionados no quadrante superior
direito e com bom desempenho em todos os indicadores, sendo considerados,
segundo a metodologia proposta, como o modelo “ideal” de Arranjo Produtivo
Local Sustentável - APLS.
Em sua proposta de metodologia o autor sugere que para indicadores da
competitividade sejam levantadas as variáveis do setor e do APL, para indicadores de
sustentabilidade as variáveis relacionadas ao Desenvolvimento Sustentável do Município
(IDSM), acrescidas das variáveis relacionadas com a Responsabilidade Social e Ambiental
das empresas que compõem o APL a ser estudado, conforme sintetiza o quadro 2, apresentado
a seguir.
35
Indicadores
Sustentabilidade
Competitividade
Desenvolvimento
Sustentável
Responsabilidade
Social e Ambiental
Setor Região
APL Local/município APL
Quadro 2: Metodologia para análise dos APL’s
Fonte: Furlanetto (2008)
Em síntese, o quadro acima apresenta uma visão geral para avaliação da
sustentabilidade de arranjos produtivos locais, dividida em dois grupos de indicadores: os de
competitividade e os de sustentabilidade. No primeiro propõe-se analisar o setor e o APL em
estudo; o segundo grupo, o de indicadores de sustentabilidade, é dividido em duas categorias:
os indicadores de desenvolvimento sustentável, com ênfase no município e na região, e os
indicadores de responsabilidade social e ambiental das empresas participantes do arranjo.
A gica da análise, dentro do modelo de desenvolvimento sustentável proposto pelo
autor, consiste em compreender que mesmo o APL apresentando bons resultados nos
indicadores de Competitividade, e o município onde se encontra apresentando bons
indicadores de Desenvolvimento Sustentável, o arranjo não poderá ser considerado
sustentável. Para assim ser chamado, as empresas necessitam apresentar bons resultados nos
indicadores de Responsabilidade Social e Ambiental.
Deste modo, a proposta formulada por Furlanetto (2008) tem por objetivo avaliar as
empresas com base nas três principais dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica,
a social e a ambiental.
Assim, a seção seguinte tratará das noções do conceito de Desenvolvimento
Sustentável.
2.4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O Relatório Brundtland, ou como ficou conhecido “Nosso Futuro Comum”, foi o
resultado da conferência realizada em meados dos anos 80 pela Comissão Mundial da ONU
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (UNCED). Nesse relatório, entre outros
aspectos ficou definido que o desenvolvimento sustentável é aquele que visa atender às
36
necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem às
suas próprias necessidades (NOSSO FUTURO COMUM, 1991).
Desta forma, partindo de uma visão complexa das causas dos problemas sócio-
econômicos e ecológicos da sociedade, sublinhando a interligação entre economia, tecnologia,
sociedade e política, o Relatório Brundtland consegue mostrar um elevado grau de realismo e
é considerado como um marco e um avanço em relação à questão do meio ambiente e suas
implicações. O mais importante, é que o relatório chama atenção para a necessidade de
adotar-se uma nova postura ética, caracterizada pela responsabilidade, tanto entre as gerações
quanto entre os membros da sociedade atual. Este conceito está baseado na Tríade da
Sustentabilidade, como mostra a Figura 2:
Figura 2: Tríade da sustentabilidade
Fonte: Relatório Brundtland (1987).
O referido conceito, que inspirou esta figura, procura integrar os três vetores da
sustentabilidade - ambiental, econômico e social, como um processo de transformação no qual
a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento
tecnológico e as mudanças institucionais se harmonizam e reforçam o potencial presente e
futuro, para atender as necessidades e aspirações humanas (NOSSO FUTURO COMUM,
1991). Portanto, a sustentabilidade é colocada no centro das questões, entendendo por
analogia, que cada ponta do triângulo está apontando para o centro de cada círculo, do
desenvolvimento econômico, da gestão ambiental e ao mesmo tempo da responsabilidade
social, posto para as organizações e, por extensão, para todos os cidadãos do mundo.
Assim, considerando que tal integração passa pela questão da interdisciplinaridade,
visto que a sustentabilidade é uma construção coletiva, os temas “desenvolvimento
sustentável” e “sustentabilidade”, têm sido discutidos nos diversos campos da ciência e em
37
todas as esferas da sociedade numa visão multidimensional, multidisciplinar e
transdisciplinar, desafio este, ainda em andamento, visando estabelecer os conceitos que
norteiem o desenvolvimento local e global em bases aceitáveis do novo paradigma do
desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, afirma Furlanetto (2008), acerca do novo
paradigma do desenvolvimento:
É possível afirmar-se que o desenvolvimento sustentável constitui-se num
novo paradigma de desenvolvimento, numa nova filosofia de desenvolvimento
econômico, a qual, por meio de uma perspectiva multidimensional busca a
articulação entre a economia, o meio ambiente, a política, a cultura, e as
dimensões sociais e demográficas, sempre numa visão integrada que supera as
abordagens unilaterais e explicações reducionistas e simplificadoras dos
problemas (FURLANETTO, 2008, p. 7).
Martins (2008, p. 31), fazendo uma leitura de Franco (2000), relata como o
desenvolvimento sustentável e seus conceitos são de fácil aceitação e que sua formulação tem
como ponto de partida uma concepção sistêmica, abrangendo questões ambientais,
tecnológicas, econômicas, culturais e políticas, revelando-se de forma complexa para sua
prática efetiva, pois confronta os problemas do antigo, e ainda dominante, modelo de
desenvolvimento que gerou a pobreza, a poluição e a degradação dos recursos naturais.
Contrapondo-se a essa lógica, para que o novo modelo, o sustentável, torne-se efetivo, é
necessário que se concretize um processo de mudança de comportamento, pensamento,
produção e consumo dos habitantes da terra com a participação de toda sociedade.
Porém, a diversidade de temas e abordagens é imensa, com seus respaldos teóricos,
criticas e contradições, numa variedade de conceitos e questionamentos abordando os temas
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Até 2005, foram catalogados mais de 160
conceitos de Desenvolvimento Sustentável (VAN BELLEN, 2005). Essa diferença de
definições tem sua razão devido à diversidade de abordagens.
Neste sentido, o autor reafirma o conceito de desenvolvimento sustentável conforme o
Relatório Nosso Futuro Comum e o critica ao falar que ainda é um conceito por demais
abrangente, o que abre um leque para diversas interpretações. O mesmo afirma que o
desenvolvimento sustentável, para ser sustentável, deve considerar aspectos referentes às
condições social e ecológica, bem como as econômicas, dos recursos vivos e não vivos e as
vantagens de curto e longo prazo das alternativas (VAN BELLEN, 2005).
38
Assim, para Silva e Mendes (2005), os conceitos de sustentabilidade e
desenvolvimento sustentável se complementam, sendo o objetivo da Sustentabilidade o
‘aonde se pretende chegar’ e o do desenvolvimento sustentável o ‘como se pretende chegar’.
Pensar em desenvolvimento sustentável é pensar numa visão de longo prazo, incluindo
os direitos das gerações futuras, assim como pensar nos ritmos naturais da vida e da matéria,
sugerindo o respeito à capacidade de resiliência dos ecossistemas. Por outro lado, é fundamental
que ocorra a incorporação da idéia de que a política desempenha papel fundamental no
tratamento dos problemas ecológicos, ou seja, que em muitos dos casos o problema é muito
mais de poder do que de tecnologia (FURLANETTO, 2008).
Portanto, neste trabalho compreende-se o desenvolvimento sustentável de acordo com
Martins (2008), isto é, como uma nova filosofia de desenvolvimento econômico,
multidimensional, que articula economia, meio ambiente, política, cultura e muitas outras
dimensões de forma integrada, dinâmica, flexível e complexa, como uma visão, não somente
de curto e médio prazos, mas, sobretudo, de longo prazo, voltada às gerações futuras e também
aos ritmos naturais da vida e da matéria. Sendo assim, para que tal tipo de desenvolvimento
seja materializado, é necessário que seja posta em prática a consciência de que a política
desempenha papel fundamental no tratamento dos problemas ecológicos, assim como o modo
de consumo individual e coletivo, e de que a pobreza é um efeito colateral do sistema a ser
enfrentado por todos os habitantes do planeta e não somente pelas pessoas de cada localidade
(MARTINS, 2008).
Desta forma, o desenvolvimento será considerado dentro do novo paradigma, o que
passa a ser um processo de transformação e de mudança estrutural, que necessariamente deve
ter a participação da população e a consideração de suas diferentes dimensões de
sustentabilidade, almejando soluções a partir da interdependência e integração dos aspectos
sociais, ambientais, institucionais, culturais, políticos e econômicos para atender a diversidade
que envolve o desenvolvimento sustentável desde o nível local ao global.
Assim sendo, na seqüência serão apresentadas as dimensões da sustentabilidade sob
esta perspectiva e dentro deste contexto.
39
2.4.1 Dimensões da sustentabilidade
No processo de construção do desenvolvimento sustentável, torna-se necessário o
reconhecimento das múltiplas dimensões da sustentabilidade e os objetivos distintos que
orientam os modos de vida das populações em suas variadas e distintas localidades. Percebe-
se, neste contexto, a necessidade de tratar as dimensões da sustentabilidade a partir de uma
estrutura de redes de relacionamentos, cuja dinâmica ocorre através das interações mediadas
por relações de interdependência numa perspectiva multidisciplinar.
Enfatiza Sachs, que é necessária uma combinação viável entre economia e ecologia,
pois as ciências naturais podem descrever o que é preciso para um mundo sustentável, mas
compete às ciências sociais a articulação das estratégias de transição rumo a este caminho.
(SACHS, 2002, p. 60).
Na ótica de Sachs (1997), o novo estilo de vida defendido pelos adeptos do
ecodesenvolvimento apresenta valores próprios, um conjunto de objetivos definidos
socialmente e visão do futuro, no qual o desenvolvimento sustentável surge como um projeto
de civilização. A partir desta perspectiva, Sachs organizou as dimensões da sustentabilidade,
formando um conjunto de cinco alternativas: social - preocupação maior com o bem-estar
humano, a condição humana e os meios utilizados para aumentar a qualidade de vida dessa
condição; econômica - alocação e distribuição eficiente de recursos dentro de uma escala
apropriada; ecológica - preocupação dos impactos das atividades humanas sobre o meio
ambiente; espacial - melhor distribuição dos assentamentos humanos e das atividades
econômicas; e cultural - modernização sem rompimento da identidade cultural das
comunidades.
Observa-se que foram apresentadas por Sachs cinco dimensões da sustentabilidade, a
saber: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Waquil et al (2005), em seu estudo
intitulado “Avaliação de Desenvolvimento Territorial em Quatro Territórios Rurais no
Brasil”, apresentam o índice de desenvolvimento sustentável para territórios inspirado a partir
da publicação no Brasil do livro sobre desenvolvimento sustentável microrregional de
Sepúlveda (2005). Os autores apresentam seis dimensões para análise da sustentabilidade, são
elas: social - melhoria da qualidade de vida através do acesso a serviço de saúde, educação,
moradia e segurança; demográfica - limite da capacidade dos recursos em relação as
condições da localidade e composição da população; político-institucional – fortalecimento da
cidadania e das instituições; econômica - tendências de crescimento econômico e
40
formação/distribuição de renda; ambiental - manutenção da capacidade de sustentação dos
ecossistemas em relação à ação humana; e cultural - resgate e fortalecimento da cultura. Estas
também são as seis dimensões do desenvolvimento sustentável adotadas neste trabalho por
contemplar a multidisciplinaridade e por ter sido aplicado no caso brasileiro e voltado para
municípios (MARTINS, 2008).
Por existirem vários enfoques e abordagens para as dimensões da sustentabilidade, é
relevante observar as características locais e o enfoque mais adequado à realidade investigada,
lembrando que essas dimensões e os indicadores relacionados devem permitir a mensuração
da sustentabilidade, vista a partir da integração e interdependência de todos os aspectos que
influenciam o equilíbrio local e global. Tal percepção é fundamental para adequação das
mesmas a cada realidade e dsurge a importância de quantificar a sustentabilidade. É nesse
contexto que se estuda os indicadores de sustentabilidade para este trabalho.
2.4.2 Indicadores de sustentabilidade
No estudo relacionado à sustentabilidade é preciso compreender o significado do
termo indicador e, de forma específica, os indicadores de sustentabilidade.
O objetivo do indicador é agregar e quantificar informações de modo que sua
significância fique mais aparente, para isso ele pode ser quantitativo ou qualitativo. As
avaliações qualitativas podem ser transformadas em uma notação quantitativa (VAN
BELLEN, 2005).
Assim, as principais funções dos indicadores são: avaliação de condições e tendências;
comparação entre lugares e tendências em relação às metas e aos objetivos; provisão de
informações de advertência; e antecipar futuras condições e tendências (ABBOT; GUIJT,
1999).
Para Gallopin (1996), a mais importante característica de um indicador, quando
comparado com os outros tipos ou formas de informação, é a sua relevância para a política e
para o processo de tomada de decisão (VAN BELLEN, 2005).
No processo de formulação dos indicadores de sustentabilidade, um aspecto de
fundamental importância deve ser observado para não incorrer na perda de dados importantes,
“consiste em evitar que os mesmos se tornem instrumentos limitados que reflitam apenas
41
aspectos parciais ou recortes de uma realidade complexa composta por uma diversidade de
partes conectadas que estão em constante relação de interdependência” (MARTINS, 2008).
Segundo Van Bellen (2005), a sociedade mede o que ela valoriza e aprende a valorizar
o que ela mede. Assim, no estudo da sustentabilidade os indicadores são uma importante
ferramenta para trazer à sociedade uma noção quantificada do desenvolvimento sustentável
aplicado a nações, territórios, municípios e, no caso específico do presente estudo, ao Arranjo
Produtivo Local de Calçados de Patos.
2.4.3 Sistemas de indicadores de sustentabilidade
Os primeiros sistemas de indicadores surgiram para avaliar a sustentabilidade de
nações. No Brasil, pode-se fazer menção a três trabalhos: o de Waquil et al (2005) inspirado
em Sepulveda (2005), anteriormente citado, que conseguiu adaptar um sistema de indicadores
para avaliação de territórios; o do IBGE e o IDMS Índice de Desenvolvimento Sustentável
para Municípios, elaborado por Martins e Cândido (2008).
Ao avaliar a percepção de especialistas em desenvolvimento sustentável, Van Bellen
(2005) chegou às três metodologias de avaliação mais lembrados por esses especialistas,
sendo que estas estão apresentadas no Quadro 3 a seguir.
Metodologia/Sistema Desenvolvida por Conceito/Fundamento Grau
complexidade
Ecological Footprint Method
EFM (Pegada Ecológica)
Wackernagel and Rees Fundamenta-se no conceito de
capacidade de carga que
consiste na máxima população
que pode ser suportada no
sistema
Elevada
Dashboard of Sustainability
DS (painel da
sustentabilidade)
Instituto
Internacional para o
Desenvolvimento
Sustentável
Consiste em um painel
visual com três displays que
procuram mensurar a
performance econômica,
social e ambiental e fornecer
informações sobre a
sustentabilidade
Mediana
Barometer of Sustainability Instituto World
Conservation Union
(IUCN) e o
Internaciontional
Development Research
Centre (IDRC)
Consiste em um modelo
sistêmico através da avaliação
do progresso em direção à
sustentabilidade pela
integração de indicadores
biofísicos e de saúde social.
Mediana
Quadro 3: Metodologias de avaliação de desenvolvimento sustentável
Fonte: Van Bellen (2005)
42
Em nível de Brasil, o IBGE é o referencial na construção de Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável. Sua inspiração vem do movimento internacional liderado pela
Comissão para o Desenvolvimento Sustentável CDS, das Nações Unidas, especificamente
do documento de responsabilidade do CDS intitulado Indicators of sustainable development:
framework and methodologies, também conhecido como “Livro Azul”, contendo mais de 130
indicadores que, no ano de 2000 foram resumidos em 57 indicadores com suas respectivas
fichas metodológicas e diretrizes que orientam sua utilização (IBGE, 2004).
Desta forma, a apresentação dos indicadores do IDS Brasil, segue o marco ordenador
proposto pela Comissão de Desenvolvimento Sustentável - CDS, das Nações Unidas, que os
organiza em quatro dimensões: ambiental, social, econômica e institucional.
No caso específico do presente estudo, e levando-se em consideração tratar-se de uma
análise de arranjos produtivos locais, a indicação recai na metodologia desenvolvida por
Martins (2008), a qual foi construída a partir de uma adaptação da metodologia de Waquil et al.
(2005) e dos “Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2004” (IBGE, 2004). A
escolha justifica-se tendo em vista que a autora adaptou uma metodologia para avaliar os
indicadores de sustentabilidade do município, no qual o Arranjo Produtivo Local está
localizado. Na qual define as seguintes dimensões: social, demográfica, político-institucional,
econômica, ambiental e cultural e suas respectivas variáveis descritas no Quadro 4 seguinte:
43
DIMENSÃO VARIÁVEIS
Esperança de vida ao nascer
Mortalidade Infantil
Prevalência da desnutrição total
Imunização contra doenças infecciosas infantis
Oferta de Serviços básicos de saúde
Escolarização
Alfabetização
Escolaridade
Analfabetismo funcional
Famílias atendidas com programas sociais
Adequação de moradia nos domicílios
Mortalidade por homicídio
DIMENSÃO SOCIAL
Mortalidade por acidente de transporte
Crescimento da população
Razão entre a população urbana e rural
Densidade demográfica
Razão entre a população masculina e feminina
DIMENSÃO DEMOGRÁFICA
Distribuição da População por faixa etária
Produto Interno Bruto per capita
Participação da Indústria no PIB
Saldo da balança comercial
Renda Familiar per capita em salários mínimos
Renda per capita
Rendimentos provenientes do trabalho
DIMENSÃO ECONÔMICA
Índice de Gine de distribuição do rendimento
Despesas por função: com Assistência Social, Educação, Cultura,
Urbanismo, Habitação Urbana, Gestão Ambiental, Ciência e
Tecnologia, Desporto e Lazer, Saneamento Urbano, Saúde
Acesso a Serviço de Telefonia Fixa
Participação nas Eleições
Número de Conselhos Municipais
Número de Acessos a Justiça
DIMENSÃO POLÍTICO-
INSTITUCIONAL
Transferências Intergovernamentais da União
Qualidade das águas: Aferição de Cloro residual, de Turbidez, de
Coliformes Totais
Tratamento das águas: tratada em ETAs e por desinfecção
Consumo Médio per Capita de Água
Acesso ao sistema de abastecimento de água
Tipo de esgotamento sanitário por domicílio
DIMENSÃO AMBIENTAL
Acesso a coleta de Lixo urbano e rural
Quantidade de Bibliotecas
Quantidade de Museus
Quantidade de Ginásios de esportes e estádios
Quantidade de Cinemas
Quantidade de Unidades de ensino superior
Quantidade de teatros ou salas de espetáculos
DIMENSÃO CULTURAL
Quantidade de Centros cultural
Quadro 4: Dimensões e variáveis da sustentabilidade
Fonte: Martins (2008, p. 58).
Sabe-se que as variáveis apresentam diferentes unidades de medidas, Sepulveda
(2005) propõe que sejam transformadas em índice para que possam ser agregadas em cada
dimensão. Em síntese, a proposta ajusta os valores observados das variáveis a escalas cujo
44
valor mínimo é 0 (zero) e valor máximo é igual a 1 (um), criando condições para a agregação
nas seis dimensões e a estimação do IDS (WAQUIL et al, 2005).
Outro ponto é quanto à relação positiva e negativa das variáveis em relação ao
desenvolvimento sustentável, resolvido a partir das seguintes formulas: Caso a relação seja
positiva, o cálculo do índice é feito utilizando a fórmula índice = (x-m)/(M-m). Caso a relação
seja negativa, o cálculo do índice é feito utilizando a fórmula índice = (M-x)/(M-m).
Onde:
I = índice calculado para cada território analisado;
x = valor observado de cada variável em cada território analisado;
m = valor mínimo considerado;
M = valor máximo considerado.
Tais fórmulas permitem a análise da sustentabilidade através da agregação de todos os
índices, facilitando a sua operacionalização.
Postos os fundamentos para avaliação da sustentabilidade do município e da região,
resta apresentar os fundamentos para avaliação dos indicadores de sustentabilidade das
empresas participantes do APL, voltados para as dimensões da responsabilidade social e
ambiental.
2.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL
Para Orchis (2002), a adoção de valores ambientais está inserida na responsabilidade
social empresarial, representando uma mudança cultural e comportamental baseada na
educação, no diálogo e na influência dos acionistas, não se caracterizando apenas com o
cumprimento da legislação e projetos antipoluição. O conceito aplicado em sua plenitude vai
além disso: a responsabilidade socioambiental caracteriza a cidadania corporativa (GRAJEW,
2002). Isso significa que na análise da responsabilidade socioambiental das empresas e
organizações de arranjos produtivos locais, se estará analisando questões de caráter social e
ambiental.
Para o Instituto Ethos, a responsabilidade social corporativa é uma gestão definida
com base em conceitos éticos, de transparência e solidariedade das empresas com todos os
45
públicos com os quais se relacionam, e, sobretudo, pelo cumprimento de metas compatíveis
com o desenvolvimento sustentável da sociedade, ao mesmo tempo em que se preservam os
recursos naturais e culturais para as próximas gerações, sem esquecer-se do respeito à
diversidade e combatendo as desigualdades sociais (ETHOS, 2007).
para o World Business Council For Sustainable Development- WBCSD (2008), a
responsabilidade social corporativa é um pacto permanente dos empresários em adotar um
comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em
que se busca a melhoria da qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias.
Segundo Lewis (2007), os conceitos apresentados trazem implícita a idéia do que seja
um comportamento socialmente orientado por parte da empresa, por mera liberalidade ou
voluntariedade ou será em razão de uma obrigação legal, ou mesmo pelos estímulos oriundos
dos incentivos fiscais, por força de lei ou por ambos.
Nesse sentido, distingue-se responsabilidade social de filantropia. Assim,
responsabilidade social consiste no privilégio de ações orientadas relacionadas ao objeto
social da empresa, que tem a capacidade de fazer o melhor em termos estratégicos para
empresa e para sociedade, isto diante dos reflexos sociais, ambientais, culturais, econômicos e
trabalhistas, segundo a Lei. Já a filantropia, foge à atividade principal da empresa, ela vai
além da lei (LEWIS, 2007).
Logo, “a responsabilidade social é uma conduta orientada pela lei, resultando numa
opção estratégica da empresa, por motivos relacionados a um desempenho empresarial ótimo
e com reflexos sociais, seja ainda em razão dos incentivos fiscais decorrentes desta atuação”
(LEWIS, 2007 p. 6). Para tal afirmação a autora se baseia nas seguintes leis: Constituição
Federal de 1988; art. 1º, art. 3º, art. 5º, art. 170º. art. 185º, parágrafo único, 186 e 219 e na
Legislação Infraconstitucional como: Código Civil; Legislação Ambiental; Norma Brasileira
Contábil 15 de 01/01/2006; Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº1003 de
19/08/2004; Legislação de Deficientes Físicos; Código de Defesa do Consumidor;
Consolidação das Leis do Trabalho. Além de políticas públicas que incentivam condutas
orientadas pela lei como exemplo a Lei Rouanet; Prograna Nacional de Apoio a Cultura;
Programa de Atividade Audio visual; Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente;
Benefícios para o Trabalhador; Doações a entidades Sem Fins Lucrativos e etc.
Percebe-se, então, que não uma definição única da responsabilidade social e estas
visões contrastantes se resumem em dois enfoques, segundo Silva (2002): o primeiro é a visão
clássica, que defende a busca do lucro como objetivo principal da organização e de seus
administradores, também chamado de modelo do acionista; o segundo enfoque é a visão
46
sócio-econômica, esta defende que qualquer organização deve se envolver na promoção do
bem-estar social da sociedade em geral e não somente pelos lucros corporativos.
Diante de vários conceitos que procuram traduzir o termo “responsabilidade social e
ambiental”, observa-se que o objetivo é que as organizações possam incorporar, além das
obrigações legais e econômicas perante seus capitalistas, as responsabilidades com a
sociedade e com o meio ambiente, numa visão global, pautada na ética e na transparência.
Além disso, um conjunto de valores essenciais comuns a toda empresa, a saber: respeito aos
direitos humanos, respeito ao direito dos trabalhadores, proteção ambiental, valorização do
bem-estar das comunidades e a valorização do progresso social.
Inspirado em Oliveira (2002), conclui-se que a responsabilidade social é o objetivo
social e ambiental da empresa somada a sua atuação econômica. Portanto, a responsabilidade
socioambiental é o exercício de uma gestão empresarial que cumpre efetivamente com seus
deveres, busca seus direitos e divide com o Estado a função de promover o desenvolvimento
da sociedade com a conservação ambiental. Assim sendo, daqui por diante, a terminologia
utilizada será “Responsabilidade Social e Ambiental”.
No caso específico das empresas, o primeiro conceito a ser adotado, em grande escala,
e relacionado com a sobrevivência das mesmas, foi o da responsabilidade social, com esse
conceito evoluindo para responsabilidade social e ambiental, assumida como o substrato ético
da cidadania empresarial.
A responsabilidade social veio a ser percebida pela sociedade industrial capitalista
como um conjunto de valores de implicações econômicas com desdobramentos, afinal
evidenciáveis, no campo das relações com clientes e consumidores e no campo das relações
com investidores. Entretanto, na seqüência as empresas passaram a adotar um conceito mais
abrangente, o da sustentabilidade, e o fizeram por entender ser um conceito que traduz a
dimensão econômica dos resultados de longo prazo decorrentes do exercício da cidadania
empresarial, podendo ser vista de forma individual, em cada empresa, ou no conjunto da
economia.
De certa forma, o conceito de sustentabilidade traz uma relação muito forte com a
competitividade. Dentro desta lógica, portanto, é possível concluir-se que a sustentabilidade,
muito mais que uma exigência imediata e uma tomada de consciência, é condição
fundamental para que o conjunto da economia seja incrementado consistentemente na busca
da competitividade, ou seja, buscar a sustentabilidade pode, e deve, ser uma estratégia de
negócio para as empresas e, conseqüentemente, para os arranjos produtivos. Somente assim
47
estes poderão ser denominados de Arranjos Produtivos Locais Sustentáveis (FURLANETTO,
2008).
Para avaliar a sustentabilidade faz necessário compreender os indicadores apropriados
para tal, o que será tratado na seção que segue.
2.5.1 Indicadores de responsabilidade social e ambiental
Observa-se que o conceito de Responsabilidade Social e Ambiental está relacionado
com o objetivo das organizações incorporarem, além das obrigações legais e econômicas
perante seus acionistas, as responsabilidades com a sociedade e com o meio ambiente, numa
visão global, pautada na ética e na transparência. Por esses motivos, a questão tem assumido
grande importância no meio empresarial, de modo que surgiram normas e certificados
internacionais de grande aceitação, como a SA8000, a AA1000, a ISO 14001, a NBR16000 e
a ISO26000.
A SA8000 é a primeira norma direcionada para a melhoria das condições de trabalho.
Inclui os principais direitos dos trabalhadores como saúde e segurança, liberdade de
associação, limite de horas de trabalho, compensação e garantias contra trabalho infantil,
trabalho forçado e discriminação (ETHOS, 2008).
a norma AccountAbility 1000 (AA1000) é uma das ferramentas de gestão mais
abrangentes da RSE. Lançada em 1999 pelo Institute of Social and Ethical AccountAbility
(ISEA), de Londres, ela abrange o processo de levantamento de informações, auditoria e
relato social e ético, com enfoque no diálogo com as partes interessadas (stakeholders internos
e externos) (UNIETHOS, 2009).
A ISO 14001 é uma norma internacionalmente aceita que define os requisitos para
estabelecer e operar um Sistema de Gestão Ambiental (BSIBRASIL, 2009). A norma
reconhece que as organizações podem estar focadas tanto com a sua lucratividade quanto com
a gestão de impactos ambientais, acrescenta ainda que, além de integrar esses dois motivos,
ela oferece uma gestão de uso e disposição de recursos. Na prática, requer um
comprometimento de toda organização e enfatiza que, se os benefícios ambientais e seus
lucros aumentam, as partes interessadas verão os benefícios.
Publicada no Brasil em dezembro de 2004, a norma NBR 16001 de RS, tem
48
concepção semelhante às normas ISO 9000 e ISO 14000, de PDCA (Plan-Do-Check-Act), ou
seja, Planejar, Fazer, Verificar (monitorar) e Atuar (melhorar, corrigir). Segundo a norma, a
organização, não somente as empresas, deve definir sua política de RS e, em função dela,
criar sistemas de planejamento, de implementação, de comunicação, documentação, medição,
análise e proposição de melhorias (CARBÓ, 2007). Em ntese, esta norma está mais
diretamente ligada à questão trabalhista, aos direitos da criança e do adolescente, aos direitos
dos trabalhadores, ao compromisso com o desenvolvimento profissional, à promoção da
saúde e da segurança.
A mais recente, ainda em fase de elaboração, é a norma chamada de ISO 26000, que
estabelece um padrão internacional de diretrizes de Responsabilidade Social. Diferentemente
da ISO 9001 e da ISO 14001, esta não será uma norma para certificação socioambiental, pelo
menos nesta primeira versão. Este é um trabalho liderado pela ISO em parceria com 80 países
sob a liderança do Brasil, no grupo de trabalho responsável pela elaboração da norma, com
data prevista de lançamento para 2010 (ABNT, 2009).
Por sua vez, o Instituto ETHOS em parceria com o SEBRAE desenvolveu os
Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial, que estão divididos em sete temas,
transformados na seqüencia em diretrizes. São elas: Valores e Transparência, Público Interno,
Meio Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes, Comunidade, Governo e Sociedade
(ETHOS, 2008). Estas diretrizes englobam as questões relacionadas com: trabalho infantil,
trabalho forçado, saúde e segurança, liberdade de associação e direito à negociação coletiva,
discriminação, práticas disciplinares, horário de trabalho, remuneração e sistema de gestão.
O referido trabalho do Instituto ETHOS procura mostrar, passo a passo, as etapas que
as empresas devem percorrer para serem consideradas socioambientalmente responsáveis. Por
essa razão, o presente estudo o adota como referencial para formulação do instrumento de
pesquisa, assim como os sete elementos da eco-eficiencia proposto pela World Business
Council for Sustainable Development: 1) reduzir a intensidade de materiais; 2) reduzir a
intensidade de energia; 3) reduzir a dispersão de substâncias tóxicas; 4) aumentar a
reciclagem; 5) maximizar o uso de recursos renováveis; 6) aumentar a durabilidade dos
produtos ; 7) intensificar o aumento dos serviços (WBCSD, 2008).
Em síntese, a compreensão de que o desenvolvimento econômico, na perspectiva do
desenvolvimento sustentável, ocorre através do desenvolvimento local das potencialidades
econômicas e do uso racionalizado dos recursos naturais, no caso específico da atividade
couro-calçadista do arranjo de Patos, bem como das condições que a localidade e a região
oferecem, associadas à responsabilidade socioambiental das empresas participantes do arranjo
49
em parceria com os grupos de interesse (stakeholders) internos e externos que se fundamenta
o presente estudo.
Como este trabalho se fundamenta sobre três construtos Competitividade,
Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Ambiental; e a ligação entre os mesmos se
através do conceito de Arranjo Produtivo Local Sustentável, é necessário que se tenha em
mente quais das metodologias supracitadas foram utilizadas na análise de cada um deles.
Neste sentido, o capítulo seguinte tratará dos procedimentos metodológicos percorridos para o
alcance dos objetivos desta pesquisa e, assim, delineará quais destes foram utilizados na
avaliação de cada um dos construtos.
50
CAPÍTULO 3: ESTRUTURA METODOLÓGICA
Neste capítulo apresenta-se o detalhamento da metodologia, que está organizada nas
seguintes seções: o estudo e suas características, onde estão postas as técnicas utilizadas; e o
delineamento da pesquisa, onde se descreve o detalhamento das etapas da pesquisa:
3.1 O ESTUDO E SUAS CARACTERÍSTICAS
Trata-se de um estudo de caso de caráter descritivo e exploratório, tendo em vista que
objetiva aplicar e testar uma nova metodologia, assim como buscar a compreensão de
fenômenos sociais a partir da localização, avaliação e síntese de dados e informações em
determinado período.
Quanto à forma de abordagem,, o trabalho representa uma pesquisa quantitativa e
qualitativa em suas respectivas formas de análise. Desde a geração dos índices de
sustentabilidade, seguida da sua análise até o questionário aplicada nas empresas sobre a
competitividade e responsabilidade social e ambiental, o qual continha questões de ambos os
aspectos, acrescido a isto, têm-se o auxilio da percepção do autor na interpretação dos dados.
A escolha por estudo de caso ocorre em função das diferenças dos contextos dos
setores e das atividades econômicas de cada um dos Arranjos Produtivos Locais, o que leva a
resultados diferenciados.
Em relação à natureza do estudo, este trabalho pode ser classificado como pesquisa
aplicada, haja vista sua intenção de aplicar instrumentos e metodologias de pesquisa
construídos.
Quanto às técnicas de pesquisa foram adotadas as seguintes:
a) para o aprofundamento teórico e a abordagem da temática, foi utilizada a
pesquisa bibliográfica afim de elucidar os conceitos a saber: Aglomerados
Industriais; Competitividade em APL´s; Arranjo Produtivo Local Sustentável –
APLS; Desenvolvimento Sustentável; Indicadores de Sustentabilidade;
Responsabilidade Social e Ambiental;
51
b) a Pesquisa Documental foi utilizada no levantamento dos dados e informações
disponíveis e necessários para caracterização da cadeia couro-calçadista em
nível mundial, nacional e local;
c) para o calculo do Índice de Desenvolvimento Sustentável foi utilizada a
metodologia desenvolvida por Martins e Cândido (2008) considerando os
dados referentes aos indicadores de sustentabilidade dos Estados brasileiros e
municípios da Paraíba;
d) o instrumento utilizado na pesquisa para medir a competitividade foi um
formulário estruturado com base no modelo de competitividade sistêmica de
Coutinho e Ferraz (1995) adaptado por Martins (2008) e com suporte da
tecnologia Sphinx (Apêndice A). A partir dessa orientação conceitual, o
instrumento de pesquisa foi adaptado para atender as características do APL de
Calçados de Patos;
e) para a escolha do APL de Patos, levou-se em consideração o estudo realizado
por Suzigan (2006) “Identificação, Mapeamento e Caracterização Estrutural de
Arranjos Produtivos Locais no Brasil” (Anexo A);
f) quanto a escolha das empresas, utilizou-se o Cadastro das Empresas de Couro e
Calçados da Indústria da Paraíba – FIEP (2006);
g) a pesquisa de campo foi consolidada por meio de entrevista com os
empresários ou gerentes, através de visitas técnicas às empresas, para coletar
informações sobre a competitividade e responsabilidade social e ambiental do
APL de calçados de Patos, além da observação não participante.
3.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA
Segundo o Cadastro Industrial da FIEP (2006), no município de Patos existem 106
empresas relacionadas ao couro ou ao calçado. Destas, foram identificadas 80 unidades
produtivas informais e 26 formais, sendo as empresas formais o universo de empresas a serem
pesquisadas. Este corte se deu por questões de espaço, tempo, custo e por considerar que as
empresas formais possuem um maior grau de organização. Assim, obteve-se uma amostra não
probabilística, por acessibilidade, que resultou em 12 empresas, correspondente a 46,15% do
universo de empresas formais.
52
3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Tendo em vista os objetivos pretendidos para a realização da pesquisa, foi necessário o
cumprimento das seguintes etapas: 1. Aprofundamento do estudo teórico do tema; 2. Escolha
do APL de Calçados de Patos. 3. Análise da Sustentabilidade do município; 4. Análise da
competitividade do APL; 5. Análise dos indicadores de Responsabilidade Social e Ambiental
das empresas que fazem parte do APL; 6. Análise dos Resultados; e, por fim, as
considerações finais.
A seguir serão apresentadas sucintamente as etapas da pesquisa.
3.3.1 Primeira etapa: aprofundamento do estudo teórico do tema
Nesta etapa da pesquisa, foram abordados os conceitos e autores de referência para o estudo
que foi apresentado no capítulo anterior, o da fundamentação teórica.
3.3.2 Segunda etapa: a escolha do APL de calçados de Patos - PB
O Arranjo Produtivo de Calçados de Patos foi escolhido com base no estudo de
Suzigan (2006), o qual trata da “Identificação, Mapeamento e Caracterização Estrutural de
Arranjos Produtivos Locais no Brasil” e pelo fato do presente estudo está inserido em um
projeto de pesquisa maior de parceria da UFCG com o SEBRAE-PB, intitulado: “Aplicação
das Dimensões do Desenvolvimento Sustentável e os Níveis da Competitividade Sistêmica:
um estudo comparativo entre os setores econômicos com atuação sob a forma de arranjos
produtivos locais no Estado da Paraíba” (CÂNDIDO, 2006).
Segundo o estudo de Suzigan (2006), foram identificados no Estado da Paraíba 20
APL´s em diversas atividades econômicas, sendo que no município de Patos foram
identificados o APL de Esquadrias de Metal e o APL de Calçados, sendo este último objeto
do presente estudo.
53
A metodologia utilizada levou em conta o Quociente Locacional maior que 1, tendo
em vista que o Estado pertencia à categoria dos Estados menos industrializados do Brasil, a
participação no total do emprego da classe no Estado igual ou maior que 1% e o número de
estabelecimentos igual ou maior que 5.
Para classificação dos APL´s foi utilizada uma matriz com dois parâmetros. O
primeiro, conforme sua importância para o desenvolvimento local e o segundo conforme sua
participação no total de empregos do setor, resultando na seguinte tipologia: núcleo de
desenvolvimento setorial-regional, vetores avançados, vetores de desenvolvimento local e
embrião.
De acordo com o referido estudo, o APL de Calçados de Patos foi classificado como
embrião, uma vez que apresenta reduzida importância para o setor devido à participação na
produção e no emprego, mas que, por estar diluído em um tecido econômico muito maior e
mais diversificado, apresenta também reduzida relevância para o desenvolvimento econômico
local.
Portanto, a atividade de calçados de Patos pode ser estudada na perspectiva de APL,
de maneira que, se procurou responder o problema de pesquisa, a partir desse objeto de
investigação.
3.3.3 Terceira etapa: a análise da sustentabilidade do município
A análise da sustentabilidade do município seguiu a metodologia proposta por Martins
(2008). Nesta metodologia, e partindo dos trabalhos de Waquil et al (2005), e do IDS do IBGE
(2004), a autora desenvolveu uma ferramenta capaz de avaliar os Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável de Estados e Municípios Brasileiros.
Assim, essa análise envolveu os municípios da Paraíba, tendo como foco o município
de Patos, localizado no sertão do Estado, considerando os dados referentes aos indicadores de
sustentabilidade dos Estados brasileiros e municípios da Paraíba disponibilizados no estudo de
Martins (2008). De forma mais direcionada, o presente estudo teve como objetivo posicionar o
Município de Patos em relação aos demais Municípios do Estado, visando identificar as
potencialidades e fragilidades no que concerne aos aspectos da sustentabilidade em contexto
mais abrangente, possibilitando uma avaliação mais adequada da sustentabilidade do município
em questão.
54
3.3.3.1 Instrumento de medida e escolha dos indicadores
Considerando os critérios utilizados para a definição de indicadores de
sustentabilidade a serem utilizados em determinado contexto e escopo de pesquisa, procurou-
se em cada um dos indicadores selecionados, as seguintes características, de acordo com
Martins (2008):
a) o ser significativo;
b) possuir relevância política;
c) procurar revelar a tradução fiel e sintética do enfoque do estudo;
d) possibilitar que se repitam as medições no tempo;
e) possibilitar um enfoque integrado;
f) ser mensurável;
g) facilitar a interpretação;
h) possuir uma metodologia de medida bem determinada e transparente.
Além desses critérios, o que motivou a escolha dos indicadores foram à disponibilidade de
todos os dados para os municípios da Paraíba, inclusive Patos.
3.3.3.2 Coleta de dados
As informações referentes aos Municípios da Paraíba foram obtidas através da pesquisa em
dados secundários disponibilizados nas principais fontes de dados em sites oficiais na Internet
e nos dados do IDMS disponibilizados no estudo de Martins (2008).
55
3.3.3.3 Definição da relação positiva e negativa das variáveis
Sabendo que as variáveis apresentam diferentes unidades de medidas, Sepulveda
(2005) propõe que sejam transformadas em índice para que possam ser agregadas em cada
dimensão. Em síntese, a proposta ajusta os valores observados das variáveis a escalas cujo
valor mínimo é 0 (zero) e valor máximo é igual a 1 (um), criando condições para a agregação
nas seis dimensões e a estimação do IDS (WAQUIL et. al, 2005). Outro ponto é quanto à
relação positiva e negativa das variáveis em relação ao desenvolvimento sustentável,
resolvido a partir das seguintes formulas: Caso a relação seja positiva, o cálculo do índice é
feito utilizando a fórmula Índice = (x-m)/(M-m). Caso a relação seja negativa, o cálculo do
índice é feito utilizando a fórmula Índice = (M-x)/(M-m).
Onde:
I = índice calculado para cada território analisado;
x = valor observado de cada variável em cada território analisado;
m = valor mínimo considerado;
M = valor máximo considerado.
Estas fórmulas permitem a análise da sustentabilidade através da agregação de todos
os índices, facilitando a sua operacionalização.
Assim, compreende-se uma relação positiva quando verificado que, quanto maior o
indicador da variável, melhor será o índice; quanto menor o indicador, pior será o índice. Já
para uma relação negativa, quanto maior o indicador da variável, pior será o índice; quanto
menor o indicador, melhor será o índice.
3.3.3.4 Cálculo dos Índices das variáveis do IDS das dimensões e do IDS final
Após identificar a relação positiva ou negativa da variável com o processo de
desenvolvimento sustentável, a operacionalização para o cálculo do índice é feita a partir das
56
fórmulas que reconhecem essas relações e permitem a análise da sustentabilidade através da
agregação de todos os índices.
A partir dessa base de dados, a transformação das variáveis em índices foi
operacionalizada considerando os extremos, ou seja, os valores nimos e máximos
observados nesses contextos. A partir da identificação desses extremos, foi aplicada a fórmula
conforme o tipo de relação positiva ou negativa, cujo resultado consistiu numa comparação
dos valores observados de Patos e os demais municípios do Estado, relacionando-os com o
valor mínimo e o valor máximo observados no contexto do Estado.
Após a transformação das variáveis em índices, foi realizada a agregação desses
índices por dimensão através da média aritmética, chegando-se ao IDS social, IDS
demográfico, IDS econômico, IDS político-institucional, IDS ambiental e IDS cultural do
Município de Patos.
O IDS final foi calculado através da média aritmética dos IDS das dimensões.
3.3.3.5 Representação dos índices dos IDS das dimensões e do IDS final
Para a representação dos índices referentes a cada variável, ao IDS das dimensões e ao
IDS finais, foram utilizadas um conjunto de cores que correspondem aos níveis de
sustentabilidade explicitados para cada localidade. O quadro a seguir mostra a classificação e
representação dos índices (variação 0 e 1) pela cor correspondente conforme uma escala
definida segundo (MARTINS; CANDIDO, 2008):
ÍNDICE (0 – 1) COLORAÇÃO PERFORMANCE
0,7501 – 1,0000
IDEAL
0,5001 – 0,7500
ACEITÁVEL
0,2501 – 0,5000
ALERTA
0,0000 – 0,2500
CRÍTICA
Quadro 5: Classificação e representação dos índices
Fonte: Martins (apud Martins; Cândido, 2008, p.61).
57
Nessa classificação, os índices de sustentabilidade com valores entre 0,0000 e 0,2500
foram representados pela cor vermelha e caracterizados com performance que revela um
estado crítico de sustentabilidade; os índices com valores entre 0,2501 e 0,5000 foram
representados pela cor laranja e caracterizados com performance que revela um estado ou
situação de alerta; os índices com valores entre 0,5001 e 0,7500 foram representados pela cor
verde claro e caracterizados com performance que revela um estado ou situação aceitável; e
por último, os índices com valores entre 0,7501 e 1,0000 foram representados pela cor verde
brilhante e caracterizados com performance que revela estado ou situação ideal de
sustentabilidade (MARTINS; CANDIDO, 2008).
3.3.3.6 Dimensões e variáveis da sustentabilidade
Seguindo a metodologia apresentada por Martins (2008), o Quadro 6 apresenta as
dimensões e suas respectivas variáveis para o presente estudo.
DIMENSÃO VARIÁVEIS
Esperança de vida ao nascer
Mortalidade Infantil
Prevalência da desnutrição total
Imunização contra doenças infecciosas infantis
Oferta de Serviços básicos de saúde
Escolarização
Alfabetização
Escolaridade
Analfabetismo funcional
Famílias atendidas com programas sociais
Adequação de moradia nos domicílios
Mortalidade por homicídio
DIMENSÃO SOCIAL
Mortalidade por acidente de transporte
Crescimento da população
Razão entre a população urbana e rural
Densidade demográfica
Razão entre a população masculina e feminina
DIMENSÃO DEMOGRÁFICA
Distribuição da População por faixa etária
Produto Interno Bruto per capita
Participação da Indústria no PIB
Saldo da balança comercial
Renda Familiar per capita em salários mínimos
Renda per capita
Rendimentos provenientes do trabalho
DIMENSÃO ECONÔMICA
Índice de Gine de distribuição do rendimento
Despesas por função: com Assistência Social, Educação, Cultura,
Urbanismo, Habitação Urbana, Gestão Ambiental, Ciência e
Tecnologia, Desporto e Lazer, Saneamento Urbano, Saúde
Acesso a Serviço de Telefonia Fixa
DIMENSÃO POLÍTICO-
Participação nas Eleições
58
Número de Conselhos Municipais
Número de Acessos a Justiça
INSTITUCIONAL
Transferências Intergovernamentais da União
Qualidade das águas: Aferição de Cloro residual, de Turbidez, de
Coliformes Totais
Tratamento das águas: tratada em ETAs e por desinfecção
Consumo Médio per Capita de Água
Acesso ao sistema de abastecimento de água
Tipo de esgotamento sanitário por domicílio
DIMENSÃO AMBIENTAL
Acesso a coleta de Lixo urbano e rural
Quantidade de Bibliotecas
Quantidade de Museus
Quantidade de Ginásios de esportes e estádios
Quantidade de Cinemas
Quantidade de Unidades de ensino superior
Quantidade de teatros ou salas de espetáculos
DIMENSÃO CULTURAL
Quantidade de Centros cultural
Quadro 6: Dimensões e variáveis da sustentabilidade.
Fonte: Martins (2008, p. 58).
3.3.4 Quarta etapa: a análise da competitividade do APL de calçados
Para o estudo sobre a Competitividade do APL de calçados de Patos foi utilizado o
modelo de competitividade de Coutinho e Ferraz (1995), adaptado por Martins (2008),
abordando os determinantes da competitividade em três níveis que envolvem os fatores
empresariais, fatores estruturais e fatores sistêmicos, tendo a preocupação da adequação do
modelo para a realidade do Arranjo Produtivo Local em estudo.
Seguindo a adaptação feita por Martins (2008) e para atender os objetivos do estudo
foram adotadas as variáveis descritas no Quadro 7, a seguir:
Fatores determinantes da
competitividade em APL
Dimensões Variáveis
Determinantes estruturais Características da cadeia têxtil-confecções
Oscilação nas demandas de mercado
Flexibilização das estruturas
Determinantes internacionais
Formas de relacionamento entre empresas
Determinantes políticos-
institucionais
Inconstância de políticas de apoio e/ou falta
de apoio governamental
Fatores Sistêmicos
Determinantes macro-
econômicos
Carga tributária e encargos sociais
Origem do APL
Caracterização do APL
Desempenho e capacitação
Estruturação do APL
Configuração do APL
Articulação na cadeia produtiva
Localização
Financiamentos
Informalidade
Mão-de-obra qualificada e de treinamento
59
Incentivos das instituições de apoio,
sindicatos e governos
Inexistência de mecanismos de cooperação
entre as pequenas empresas
Falta de atualização tecnológica
Investimentos no setor
Políticas para reestruturação do setor
Regime de incentivo e
regulação da concorrência
Incentivos das instituições de apoio,
sindicatos e governos.
Área de influência
Concorrência interna
Ausência de marcas consolidadas
Valorização do produto local
Fatores Estruturais
Mercado
Acesso a mercados internacionais
Planejamento e Gerenciamento
Controle financeiro
Estratégia mercadológica
Gestão competitiva
Práticas gerenciais cooperativas
Inovação na gestão
Inovação no processo
Inovação no produto
Inovações tecnológicas
Inovação
Fontes de informações para inovações
Atualização do sistema de produção
Desempenho produtivo
Produção
Métodos de produção
Qualificação
Capacitação e treinamento
Flexibilidade
Fatores empresariais
Recursos humanos
Comprometimento e estímulo a
produtividade
Quadro 7: Fatores determinantes da competitividade
Fonte: Martins (2008, p. 64)
3.3.5 Quinta etapa: a análise da responsabilidade social e ambiental
Quanto à análise da responsabilidade social e ambiental o instrumento utilizado na
pesquisa foi o mesmo para medir a competitividade, incluindo os indicadores correspondentes
a responsabilidade social e ambiental definido com base no trabalho desenvolvido pelo
Instituto ETHOS, em parceria com o SEBRAE, relacionados a Valores e Transparência,
Público Interno, Meio Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes, Comunidade,
Governo e Sociedade e os sete elementos da eco-eficiencia proposto pela World Business
Council for Sustainable Development: 1) reduzir a intensidade de materiais; 2) reduzir a
intensidade de energia; 3) reduzir a dispersão de substâncias tóxicas; 4) aumentar a
reciclagem; 5) maximizar o uso de recursos renováveis; 6) aumentar a durabilidade dos
produtos; 7) intensificar o aumento dos serviços (WBCSD, 2008).
60
A partir dessa orientação conceitual, o instrumento de pesquisa foi adaptado para
atender as características do APL de Calçados de Patos, resultando na relação de dimensões e
variáveis relacionadas com a Responsabilidade Social e Ambiental descritas no Quadro 8. A
abordagem inicial, tanto para a competitividade quanto para responsabilidade social e
ambiental, foi por contato telefônico, seguida da visita prémarcada para entrevista, tendo em
mãos o questionário e um gravador.
DIMENSÃO VARIÁVEIS
Percepção da comunidade Nível de confiança e espírito de participação
Influência na comunidade
Gerenciamento do impacto da
RESPONSABILIDADE
Relações com a comunidade
Local
Empresa na comunidade entorno
SOCIAL
Relações com organizações locais
Ação social Financiamento da ação social
Envolvimento com ação social
Transparência Construção da cidadania pelas empresas
Liderança e influência social
Liderança social
Participação em projetos sociais
governamentais
Responsabilidade frente Minimização de entradas e saídas de materiais
RESPONSABILIDADE
às Gerações Futuras Gerenciamento dos impactos sobre o meio
AMBIENTAL
ambiente e do ciclo de vida de produtos e
serviços
Gerenciamento frente ao Educação e conscientização ambiental.
impacto ambiental
Compromisso com a melhoria da qualidade
ambiental
Quadro 8: Dimensões e variáveis aplicadas na avaliação da responsabilidade social e ambiental do APL de
Calçados de Patos
Fonte: Elaboração própria (2008)
3.3.6 Sexta etapa: análise dos resultados e considerações finais
Após o levantamento dos dados de todos os construtos o passo seguinte foi à tabulação
dos mesmos, cujo processo foi dinamizado com a utilização do software Sphinx, desde a
elaboração até a tabulação sobre a competitividade e a responsabilidade social e ambiental,
para sustentabilidade foi utilizado software Excel, mas o auxilio da percepção do autor para
interpretá-los.
Em seguida a análise dos resultados partiu do cruzamento das informações relativas
aos desempenhos dos indicadores da Competitividade do setor e os indicadores de
Sustentabilidade, esse último, tanto da localização quanto das empresas participantes do APL
e, por fim, as considerações finais.
61
CAPÍTULO 4: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
O presente capítulo é dedicado à análise e interpretação dos resultados, apresentando a
análise da competitividade do APL de calçados de Patos; a análise da sustentabilidade do
município de Patos no contexto da Paraíba e do Brasil; bem como, a análise da
responsabilidade social e ambiental de cada empresa pesquisada do APL em estudo.
4.1 ANÁLISE DOS INDICADORES DE COMPETITIVIDADE DO APL DE
CALÇADOS DE PATOS-PB
A análise dos indicadores de Competitividade do APL de Calçados de Patos é
responsável por fundamentar a classificação da competitividade do mesmo e, sem que haja tal
avaliação, não se faz possível a materialização das teorias metodológicas pelas quais foi
proposto este estudo.
Dessa forma, as bases para avaliação da competitividade do Arranjo Produtivo Local
de Calçados de Patos foram lançadas em um ambiente de análise do contexto sistêmico, do
contexto estrutural e do contexto empresarial. Ocorre que a análise deste último é realizada,
também, sob a perspectiva da responsabilidade social e ambiental, inserindo-se na visão da
transversalidade do tema ambiental e sua sustentabilidade, onde as estratégias competitivas
deverão estar alinhadas com os atuais padrões de concorrência.
4.1.1 Fatores sistêmicos
No estudo dos fatores sistêmicos, são considerados os aspectos presentes no ambiente
macro, em contexto com o amplo, sendo que ambos influenciam o micro e todos influenciam
a competitividade do APL de Calçados de Patos, tanto no âmbito local, quanto no nacional e
no global. Daí a importância de compreender os aspectos estruturais da cadeia coureiro-
calçadista local, nacional e internacional.
62
4.1.1.1 Aspectos estruturais da cadeia coureiro-calçadista
A cadeia coureiro-calçadista (CCC) forma-se de quatro segmentos principais: I
segmento das indústrias de calçados; II segmento de artefatos de couro; III - segmento das
indústrias de curtume; IV - segmento de componentes de couro e calçados. Ainda podem ser
destacados o segmento das indústrias de máquinas para o complexo, os frigoríficos e o setor
pecuarista.
Dentre os segmentos supracitados, a indústria de calçados se sobressai, em nível
nacional, por apresentar maior importância no mercado. Seus segmentos produtivos mais
relevantes são o de processamento de couro e de confecção de calçados. A competição desse
setor se revela na quase ausência de barreiras à entrada de novos concorrentes.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS, 2005),
a produção calçadista vem aumentando e suas indústrias sendo distribuídas por todo o país,
principalmente nos estados do Ceará, Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais.
Em 1994, quando houve uma mudança de estratégia de exportação das empresas
devido à paridade de câmbio entre o Real e o Dólar (Plano Real), muitas indústrias não
poderiam pagar o que deviam e as de maior porte conseguiram voltar parte da produção
destinada às exportações para o mercado interno, no qual houve elevações de preços. A
exportação foi mantida, apoiada basicamente pelo aumento de produtividade e redução de
custos, em economia de escala, com recorrente achatamento de salários (GARCIA, 2003).
O comércio exterior tem possibilitado a abertura para o comércio e indústria
calçadistas. Atualmente, esta última compete entre si com novos padrões de eficiência e
produtividade. Como concorrente da indústria calçadista brasileira, a indústria italiana ocupa
faixas superiores de mercado e tem obtido redução de custos a partir da terceirização da
produção em países que apresentam menos custo de mão-de-obra, tendo como produto
principal sua marca e design. a indústria chinesa destaca-se por apresentar preços baixos e
grandes volumes de produção. O Brasil ocupa o terceiro lugar na produção mundial de
calçados, totalizando cerca de 808 milhões de pares em 2007 (ABICALÇADOS, 2008).
Embora apenas três estados se destaquem nas exportações de calçados (Rio Grande do
Sul, São Paulo e Ceará), vários países importam tais produtos do Brasil, como: Estados
Unidos, Reino Unido, Argentina, México, Canadá, Espanha, Chile e Alemanha. No entanto,
com o crescimento do setor calçadista da China e da Argentina, houve uma queda na
63
exportação dos calçados brasileiros e, em conseqüência disto, o cenário vindouro não
demonstra novas oportunidades importantes para a indústria brasileira, gerando ameaças nos
mercados externo e interno. Para corroborar com esta previsão, está também o fato de que
houve um eventual crescimento das importações brasileiras de produtos do setor, de tênis e de
injetados, por exemplo (CNI, 2005).
A CCC é iniciada a partir do setor da pecuária, no qual a diversidade de tipos de
criação de gado pode resultar em peles de diferentes qualidades, as quais geram impacto no
processamento do couro. Este couro, segundo Azevedo (2000), é fornecido aos curtumes que
o processam total ou parcialmente. Em tal ciclo, onde os curtumes abastecem as empresas
nacionais de artigos de couro, principalmente a indústria calçadista; um aspecto relevante:
a geração de resíduos que afetam o meio ambiente.
Esta constatação a respeito da produção residual pode ser feita a partir do fato de que
90% das empresas processadoras de couro utilizam o processo de curtimento mineral com sais
de cromo, os quais são considerados pela NBR-10004 como resíduos perigosos, necessitando,
assim, de tratamento e disposição científica. Para cada unidade de couro curtida, forma-se de
três a quatro quilogramas (3 a 4 kg) de serragem, o que torna-se um conjunto volumoso de
resíduos tóxicos e que é geralmente jogado em terrenos baldios e às margens de rios. Em
consequência disso, que os sais de cromo são substâncias lentamente biodegradáveis, tais
resíduos permanecem ativos por muito tempo no ambiente (CORRÊA, 2001).
Se atualmente ocorre um processo de tentativa de substituição do couro como matéria-
prima, haja vista que há a estimativa de que 70% a 80% dos calçados fabricados no mundo
sejam de materiais sintéticos, é inegável que o couro é, ainda, um material vantajoso, que
possui maior vida útil, boa resistência ao atrito, possibilidade de transpiração, alta capacidade
de se amoldar a uma forma e aceitação de quase todos os tipos de acabamento.
Na substituição do couro na produção de calçados, são utilizados alguns materiais
têxteis, laminados sintéticos, injetados, vulcanizados e metais. Outro aspecto dessa indústria é
seu processo produtivo, o qual é dividido em setores que podem variar de acordo com o porte
e a estrutura da empresa.
O processo de fabricação acontece de forma descontínua, ocorrendo os reflexos de
produção através das etapas de modelagem, corte, pesponto, costura, montagem e
acabamento. Este setor movimenta intensiva mão-de-obra. Nas empresas de pequeno porte, a
maioria das operações é realizada manualmente, enquanto que nas grandes empresas certo
nível de mecanização, com esteiras transportadoras integradas ao setor de acabamento e,
assim, cadenciando o ritmo das operações.
64
A divisão de trabalho na indústria de calçados é tradicionalmente caracterizada por três
formas de agrupamento:
a) Reunião em um mesmo setor de diferentes tipos de atividades. Por exemplo: corte e
costura em um setor e, em outro, montagem e acabamento;
b) Linha de montagem que se organiza na forma de arranjo físico por produto, e
c) Arranjo celular (utilização de produção oportuna).
4.1.1.2 A indústria de calçados do Nordeste
A Indústria Nordestina de Calçados hoje ocupa um importante lugar no panorama de
exportação nacional e no alcance do mercado interno, mas este fato é recente e, antes da
década de 1990, o quadro era bastante distinto do atual: a produção nordestina de calçados era
primordialmente artesanal e realizada em pequenas empresas, aproveitando-se da tradicional
produção de couro da região.
A insignificância produtiva da Região Nordeste, até então, dava-se por motivo da
produção calçadista concentrar-se nas Regiões Sul e Sudeste, que desde a década de 1960
haviam iniciado o processo de consolidação de tal setor produtivo em virtude da expansão do
mercado nacional e das possibilidades de alcance do mercado externo.
Então, para que o Nordeste passasse a produzir significante parcela do total
confeccionado pela Indústria brasileira de Calçados, um acontecimento precisou ocorrer: o
Brasil apresentou queda de exportação em conseqüência de uma concorrência internacional
mais forte, principalmente em relação à China.
A partir de então, a Indústria Calçadista brasileira voltou-se para o mercado interno e
as unidades produtivas das Regiões Sul e Sudeste passaram a ser transferidas para Região
Nordeste, estimulada por incentivos fiscais e pelo menor custo do trabalho na região.
Dessa forma, entre 1986 e 2000, o Nordeste passou a confeccionar de 3% a 20% da
produção brasileira em detrimento da queda do Sudeste de 41% para 27% e do Sul de 55%
para 52%; e hoje, além de ocupar relevante posição no processo produtivo calçadista nacional,
ainda tem neste tipo de empreendimento uma importante função social. Na produção
nordestina destacam-se três Estados, que, em 2003, responderam por cerca de 93% do Valor
de Transformação Industrial (VTI): Ceará, Bahia e Paraíba (DINIZ; BASQUES, 2004).
65
4.1.1.3 A indústria de calçados na Paraíba
O estado da Paraíba possui uma relevante posição no que tange à indústria de
calçados, quando inserida em um contexto nacional, e se destaca em relação à Região
Nordeste. Segundo dados da SECOM PB (2008), a Paraíba apresenta-se como quarto maior
exportador brasileiro e, segundo dados da Abicalçados (2005), a Paraíba apresenta-se como
sexto maior Estado empregador do país, tratando-se de indústria calçadista.
Tal destaque do estado pode ser atribuído ao fato desta região possuir, historicamente,
uma vocação para a industrialização de couro, que outrora teve a cidade de Campina
Grande como importante centro de tal atividade.
A Indústria Calçadista Paraibana fabrica produtos variados sandálias femininas e
masculinas, sapatos femininos e masculinos, calçados esportivos, botas de segurança,
calçados infatis e sandálias havaianas; e encontra-se segmentada em três pólos principais:
Grande João Pessoa, Campina Grande e Patos.
4.1.1.4 Arranjo produtivo de calçados de Patos-PB
Estima-se que a produção de calçados em Patos iniciou-se a partir da década de 30 e a
princípio era realizada de forma tipicamente artesanal e direcionada aos consumidores locais,
que demandavam calçados e serviços de consertos. Somente a partir dos anos 60, podemos
considerar a aglomeração produtiva que ali se formou como um cluster de pequenas e médias
empresas, que a partir de então projetou a produção de calçados e de serviços físicos da região
a uma posição de destaque. Atualmente, o arranjo de calçados de Patos é composto
fundamentalmente por produtores locais de micro e pequeno porte de calçados e artefatos de
couro ou de material sintético, sendo que grande parte das empresas é de estrutura familiar.
Segundo dados apresentados pela Federação da Indústria da Paraíba (FIEP, 2006), o
arranjo produtivo de Patos, no ano de 2005, era formado por 106 unidades de produção, as
quais eram enquadradas nas categorias de micro e pequenas empresas, sendo 80 destas
66
pertencentes ao grupo de unidades informais de produção e o restante pertencente ao grupo de
pequenas empresas regularmente constituídas.
A produção do arranjo está bastante concentrada em calçados femininos de consumo
popular, por razão de serem esses artigos menos elaborados e de amplo mercado. Essa
categoria de calçados corresponde à produção do grupo majoritário das micro-empresas de
condição informal, impossibilitando muita inovação, que os mesmos constituem produtos
com baixíssimo preço de venda. Calçados masculinos e os femininos de fabricação mais
complexa são produzidos pelas pequenas empresas formais, de melhor vel de organização e
maior capacidade técnica. Nesses grupos figuram algumas empresas dedicadas à produção de
artigos esportivos.
O mercado consumidor dos produtos do arranjo é principalmente a população local e o
mercado regional, sendo que uma parte considerável da produção é destinada a outras
regiões.
A classificação de Arranjo Produtivo Local - APL” dada ao segmento industrial
direcionado à produção de calçados de Patos é baseada na observação das seguintes
características em tais segmentos: governança através de “redes” de micro e pequenas
empresas, ou seja, sem a presença de relações hierarquizadas entre agentes assimétricos;
produção voltada para o mercado local, potencializando, assim, a interação usuário-produtor e
gerando oportunidades de aprendizado e capacitação para inovação; e média territorialidade,
que as capacitações necessárias ao processo inovativo encontram-se “enraizadas”
localmente, facilitando o processo de aprendizagem local. (SUZIGAN, 2006)
É muito pequeno o número de produtores do APL que fazem uso do crédito bancário,
isso devido ao fato de muitos não atenderem às exigências formais e por não possuírem as
garantias reais exigidas pelo sistema financeiro. Além disso, os que podem valer-se do crédito
não o fazem em razão de taxas de juros incompatíveis com a rentabilidade da produção. Sem
acesso ao financiamento regular, grande parte dos produtores depende do apoio financeiro
oferecido por agentes comerciais independentes, fato esse que demonstra a fragilidade
econômica e empresarial do APL.
As instituições que vem apoiando historicamente o APL de Calçados de Patos são as
seguintes: SEBRAE, o Governo do Estado, a Universidade Federal de Campina Grande, o
SENAI, o PPTA, o Projeto Competir.
Esses agentes de desenvolvimento encontram terreno pouco propício ao desempenho
de seus programas de assistência, haja vista a grande debilidade econômico-financeira dos
produtores. Como o acesso ao crédito adequado é um problema, os programas de inovação
67
tecnológica e aperfeiçoamento do padrão produtivo encontram empecilho nessa carência
crítica, a qual, caso não seja solucionada, permanecerá impossibilitando o arranjo de evoluir
do estágio tecnológico atual.
A cooperação institucionalizada no arranjo, apesar da pouca adesão por parte dos
produtores, acontece no através de três entidades: a Cooperativa dos Produtores de Calçados,
Artefatos de Couro e Afins de Patos Ltda COSAP; a Associação dos Sapateiros de Patos
ASSPA e a Associação dos Micro-Empresários do Centro e Santo Antônio – AMECSA.
4.1.2 Fatores estruturais
4.1.2.1 Caracterização do APL de calçados de Patos
O APL de Calçados de Patos, de acordo com o Cadastro da Indústria da Paraíba, no
que se refere às empresas de calçados, é formado por 80 (oitenta) empresas informais e 26
(vinte e seis) empresas formais, as quais atuam na produção de calçados ou de artefatos para
calçados. A pesquisa apresentada neste trabalho contemplou somente empresas formais, 12
(doze) do total de empresas formais do arranjo, tendo sido escolhidas pelo critério de
acessibilidade. Conforme os dados da pesquisa, 100% destas empresas trabalham com capital
nacional.
Observou-se que 50% das empresas foram fundadas até 1990, 25% iniciaram suas
atividades entre 1991 e 2000 e 25% entre 2001e 2007. Esses resultados demonstram que cerca
de 75% das empresas estão no mercado há mais de 10 anos, revelando assim a maturidade das
mesmas. Outro aspecto é que mesmo tais empresas maduras, em relação ao tempo de
fundação, possuem 98,10% de funcionários próprios e apenas 1,9 % de pessoal terceirizado
e, ainda, que apenas 25% são de porte médio e 75% são micro e pequenas empresas, não
existindo entre tais empresas nenhuma de grante porte.
A pesquisa revelou aspectos que retratam a atual situação competitiva do APL em
estudo, como o alto índice de pessoal próprio, nenhuma empresa de grande porte, mesmo que
as empresas que compõem tal APL sejam consideradas maduras, conforme os resultados
apresentados e disponibilizados na Tabela 1:
68
Tabela 1: Dados das empresas do APL de Calçados de Patos
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Verificou-se, também, que a capacidade produtiva destas é superior à quantidade
produzida, sendo tal constatação justificada pela redução da demanda, que exige uma
produção menor. Em dados objetivos, é visível que cerca de 72,72% das empresas produzem
apenas 43,95% da capacidade instalada, contra 27,27% do restante que operam acima dos
60%, além de que alegam que não produzem mais em virtude da ausência de demanda para
os produtos e consideram que o setor está retraído e sem apoio para expansão dessas empresas
no mercado.
Conforme os resultados da pesquisa, 66,67% das empresas trabalham com suas
próprias criações ou design e 33,33% reproduzem modelos existentes no mercado,
conforme o Quadro 9:
Criação ou design
Sim
Não
Não respondeu
TOTAL OBS.
Qt. cit. Freq.
8 66,7%
4 33,3%
0 0,0%
12 100%
Quadro 9: Criação ou design
Fonte: Pesquisa direta (2008)
A pesquisa também verificou que além da compra de matéria-prima e da criação ou
design, a maioria das empresas apresentam também as seguintes fases do processo produtivo:
corte, costura, acabamento, embalagem e expedição. Para melhor visualização, os dados estão
demonstrados no Gráfico 1:
Até 1990
1991 - 2000
2001 - 2007
Nacional
Internacional
Micro/pequena
Média
Próprios
Terceirizados
50,00%
25,00%
25,00%
100,00%
0,00%
75,00%
25,00%
98,10%
1,90%
Ano de fundação
Tamanho das Empresas
Nº de funcionários
DADOS DAS EMPRESAS
Origem do Capital
69
Processo
Produtivo
58,3%
41,7%
12
Corte
66,7%
33,3%
12
Costura
58,3%
41,7%
12
Acabamento
66,7%
33,3%
12
Embalagem
66,7%
33,3%
12
Expedição
66,7%
33,3%
12
Sim Não Não respondeu
Gráfico 1: Fases do processo produtivo
Fonte: Pesquisa direta (2008).
Os resultados apontam que nenhuma das empresas do APL possui todas as fases do
processo produtivo, em média apenas 62,5% do processo. Tais resultados podem ser
justificados pela característica do setor, a qual remete a uma evidente divisão do processo
produtivo nas empresas.
Quanto à análise de qual seria o principal produto de cada empresa, observou-se certa
variedade. Tal diversificação ocorre como estratégia de mercado, haja vista a crise de tal setor
da região de Patos, e a produção ocorre de acordo com as demandas. O calçado sintético foi o
produto mais citado, com 25% freqüência. 58,33% trabalham com sandálias femininas, o que
corresponde a 7 empresas, porém quase todas com estilos diferentes. A chuteira, com 8,33%,
e o sapatenes, também com 8,33%, foram citados como principais produtos das empresas.
Pode-se afirmar segundo dados, que o APL de calçados de Patos é voltado em sua maioria
para produção de calçados femininos e 100% adulto.
A distribuição dos principais produtos das empresas está demonstrada no Gráfico 2:
70
Sintético
Chuteira
Sandália feminina popular de arrasto
Sandália rasteira feminina
Sandália feminina , estilo anabela.
Sandália feminina
sapatenes masculino
Tiras para sandálias femininas
Gráfico 2: Principal produto da empresa
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto à principal matéria-prima utilizada, observou-se que o sintético representa
91,7% do total de matéria-prima utilizada e que somente uma empresa, 8,3%, utiliza o couro
como principal matéria-prima. Tal predominância do sintético é fruto da estratégia de redução
de custos com o objetivo de competir no mercado local e regional, o que satura o mercado e
caracteriza no APL uma competição à base de preço, competição esta entre as empresas do
mesmo e não entre outros APL´s, enfraquecendo, assim, a competitividade do APL em
questão.
Foi verificada a existência de sistemas de produção manual em 38,10% das empresas,
sistemas mecânicos foram localizados em 47,60% e em 14,30% existem sistemas
informatizados. Vale a pena ressaltar que as empresas que afirmaram possuir sistemas
produtivos informatizados, também assinalaram que operam, em parte do processo, manual e
mecanicamente, o que significa dizer que nenhuma empresa possui sistema de produção
totalmente informatizado. Tal fato é compreensível em razão da própria atividade ainda exigir
que partes do processo sejam operadas de forma manual ou mecânica, a exemplo do
acabamento.
Quanto às formas de produção, sob encomenda e para estoque, foi constatado que
62,5% das empresas trabalham sob encomenda e que 37,5% para estoque. A predominância
do trabalho sob encomenda é devido à crise do setor e conseqüente insuficiência de capital de
giro, o que impossibilita o financiamento das vendas e direciona a maior parte da produção do
APL para o que está asseguradamente vendido. O fato de ainda existir um percentual
relativamente alto de empresas que trabalham com produção para estoque é devido a tais
empresas serem distribuidores de matéria-prima, o que as obriga a trabalhar com estoque.
71
Tabela 2: Dados do sistema de produção e das formas de produção das empresas do APL
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Foi verificado, ainda, que 91,7% dos responsáveis pelas empresas consultadas na
pesquisa afirmaram que o sistema atual de produção atende às necessidades da empresa,
somente um disse que não atende à necessidade da empresa, mas não justificou sua
declaração. Acreditamos que a referida satisfação não se baseia na tecnologia empregada
através das máquinas e equipamentos, tão pouco na tecnologia de gestão implantada, mas
reside na retração do mercado e na baixa competitividade sistêmica do APL em estudo.
A saber, os tipos de equipamentos utilizados no APL de Calçados de Patos são os
tradicionais do setor, muitas vezes considerados obsoletos. No entanto, segundo os
responsáveis pela produção do referido APL, atendem às necessidades das empresas. Como
85,70% do sistema produção é manual e mecânico, não se faz necessária a utilização de
tecnologias sofisticadas, no atual estágio em que se encontra o APL. Os principais
equipamentos utilizados são: Balancim de Corte, Bloqueadeira, Máquina de Orla Palmilha,
Máquina de Costura Comum e Reta, Máquina de Enformar, Chanfradeira ou Termo Quente,
Sorveteira ou Prensadeira, Máquina de Montagem, Máquina de Corte de Bobina, Máquina de
Corte de Tira, Máquina de Fazer Cordão (um reforço que vai dentro da tira), Máquina
Reativadora (processo de colagem), Máquina de Fazer Tiras, Máquina de Pintura,
Compressor e Estufa.
Os dados até aqui apresentados contribuem para uma caracterização geral do APL de
Calçados de Patos, no que tange os aspectos relacionados ao seu funcionamento, analisado
dentro de um contexto dinâmico e exigente de transformações e adequações, com o objetivo
de reduzir as vulnerabilidades e produzir bases para incrementar a competitividade. Nessa
perspectiva segue-se o estudo relacionado com o desempenho e capacitação.
Manual
Mecânico Informatizado
Sob encomenda
Para Estoque
38,10% 47,60% 14,30% 62,50% 37,50%
Formas de Produção
Sistema de Produção
DADOS DAS EMPRESAS
72
4.1.2.2 Desempenho e capacitação do APL
As empresas do APL de Calçados de Patos apresentam certa paridade competitiva,
pois possuem um grau elevado de semelhança de seus processos, produtos, tecnologias e
formas de gestão e demonstram fragilidades que contribuem negativamente no desempenho
produtivo e na qualidade dos produtos.
Os equipamentos utilizados não possuem sofisticação tecnológica, o que eleva os
custos com energia e desperdícios de recursos naturais, gerando desconforto ao trabalhador e
ameaças à saúde do mesmo e da comunidade.
A rotatividade de pessoal em várias funções exige que, ao contratar novos
funcionários, as empresas busquem versatilidade na realização, por parte dos trabalhadores,
de diversas funções, o que acarreta que as empresas percam o foco de suas competências
centrais em alguns instantes e causa certa dispersão dos potenciais humanos, acarretando
certo comprometimento do desempenho produtivo.
As limitações apresentadas no gerenciamento das empresas pesquisadas desencadeiam
uma série de problemas, dentre os quais, os problemas de natureza organizacional,
comportamental e estrutural, bem como a falta de um sistema gerencial de controles, o que
aumenta o grau de dificuldade para uma atuação no mercado mais eficiente.
Em geral, as empresas apresentam diversos problemas, seja na capacitação e
treinamento, nos investimentos em máquinas e equipamentos, na ampliação do quadro de
funcionários, nas instalações, no gerenciamento de seus resíduos e na melhoria do layout.
Não disponibilidade e nem boas condições de crédito para o financiamento dos
investimentos fixos e de capital de giro, nem fornecedores de matéria-prima no Estado que
proporcione preços competitivos, fatos estes que aumentam o custo da produção do APL e o
enfraquece nas suas interações internas e na sua competitividade, refletindo diretamente no
seu alcance mercadológico, resultando em nenhuma atuação no exterior, em uma atuação
nacional não expressiva e em uma atuação regional um pouco melhor.
Portanto, para fundamentar o exposto seguir-se-á o estudo da organização do APL de
Calçados de Patos em suas várias dimensões.
73
4.1.2.3 Organização do APL
A cadeia produtiva do APL de Calçados de Patos inicia-se a partir de toda estrutura
necessária para produção e comercialização dos produtos, tendo de um lado os Elos a
Montantes e do outro os Elos a Jusantes. Os primeiros se referem às empresas correlatas e de
apoio, as quais oferecem todo o suporte para produção; os Elos a Jusantes, são formados
pelas empresas de comercialização e pelas instituições de apoio, as quais têm como objetivo
fornecer suporte estratégico às atividades para que as mesmas ocorram de forma articulada e
com resultados mais satisfatórios para todos os participantes do APL.
a) Empresas correlatas e de apoio: elos a montante
Observou-se na pesquisa que o APL de Calçados de Patos possui relações com
variadas empresas fornecedoras dos seguintes tipos de insumos: solas, ferragens,
equipamentos, componentes, acessórios e insumos de manutenção em geral. Quanto ao
fornecimento de solas e sintético, 33,33% das empresas recebem os mesmos de fornecedores
do Estado do Ceará, especificamente da Cidade de Juazeiro do Norte; 25% do Estado de São
Paulo; 25% da própria Cidade de Patos; 8,33% do Estado de Minas Gerais e outros 8,33% do
Rio Grande do Sul, conforme os dados do quadro abaixo. Ou seja, 75% das empresas são de
fora do Estado, por razão do principal insumo trabalhado ser o sintético e do mesmo não ser
fabricado na Paraíba. Os demais adquirem na cidade por comprarem em pequenos volumes,
conforme apresentado no Quadro 10:
Locais Qt.cit. Freq. %
Minas 1 8,33
Patos 3 25,00
São Paulo 3 25,00
Juazeiro do Norte 4 33,33
Rio Grande do Sul 1 8,33
Soma 12 100,00
Quadro 10: Fornecedores de solas e sintético
Fonte: Pesquisa direta
Os principais fornecedores de ferragens localizam-se 75% fora do estado, 50% no
Estado de São Paulo e 25% no Rio Grande do Sul, e 25% das empresas informaram que seus
fornecedores são da própria Cidade de Patos, como visto no Quadro 11:
74
Locais Qt.cit. Freq. %
Patos 3 25,00
São Paulo 6 50,00
Rio Grande do Sul 3 25,00
Soma 12 100,00
Quadro 11: Fornecedores de ferragens
Fonte: Pesquisa direta
Quanto ao fornecimento de equipamentos, a pesquisa revela que o APL é suprido pelo
Estado de São Paulo e Patos, cada um deles com 25%; pelo Rio Grande do Sul, responsável
por 16,66% ; pela Cidade de Juazeiro do Norte, com 8,33% e 25% não responderam,
conforme o Quadro 12:
Locais Qt.cit.
Freq.%
Patos 3 25,00
São Paulo 3 25,00
Rio Grande do Sul 2 16,67
Juazeiro do Norte 1 8,33
Não responderam 3 25,00
Soma 12 100,00
Quadro 12: Fornecedores de equipamentos
Fonte: Pesquisa direta
os fornecedores de componentes e acessórios, localizam-se principalmente no
Estado de São Paulo, responsável por 50%, Rio Grande do Sul e Juazeiro do Norte se
responsabilizam por 16,66%, cada, Patos fornece a apenas uma empresa e um dos
responsáveis não respondeu, como visualiza-se no Quadro 13:
Locais Qt. cit. Freq.%
Patos 1 8,33
São Paulo 6 50,00
Rio Grande do Sul 2 16,67
Juazeiro do Norte 2 16,67
Não responderam 1 8,33
Soma 12 100,00
Quadro 13: Fornecedores de componentes e acessórios
Fonte: Pesquisa direta
75
Constata-se, através dos resultados, que o APL de Calçados de Patos é suprido por
fornecedores de fora do estado. Em média, aproximadamente 70% das empresas adquirem
seus insumos (solas, ferragens, equipamentos, componentes e acessórios e insumos de
manutenção em geral) das regiões Sul e Sudeste do país, o que demonstra pouca força
estratégica nas relações econômicas existentes internamente entre as empresas fornecedoras e
as empresas do APL, o que revela certa desarticulação desta atividade.
Em geral, as empresas optam por comprar fora do estado, motivados pela busca de
preços menores, mesmo diante da vantagem da proximidade e da desvantagem do custo do
transporte. Isso ocorre, entre outras coisas, em razão do fornecimento local e regional ser
realizado por distribuidores e não por fabricantes, o que inviabiliza a compra em grande
quantidade, sendo viável apenas para compras pequenas emergenciais. O Estado da Paraíba
não possui indústrias ou não possui uma indústria competitiva para o fornecimento dos
diversos insumos que o APL necessita.
b) Empresas de comercialização: elos a jusante
Foi constatado na pesquisa que 50% das empresas participantes do APL em estudo
comercializam seus produtos em lojas próprias, por representantes ou por ambos; 33% o
fazem diretamente na fábrica e o restante das empresas o faz através das opções de
comercialização virtual, cadeias de lojas e outras lojas, conforme o Gráfico 3:
Comercialização
Fábrica 4
Loja Própria 6
Virtual 1
Cadeia de lojas 1
Outras Lojas 1
Consignação 0
Revendedor 6
Outro 0
Gráfico 3: Local de comercialização
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto à forma de comercialização, o APL apresenta a seguinte característica: 91%
das empresas utilizam o atacado como principal forma de vendas, ao mesmo tempo, 58,3%
também usa do comércio no varejo.
76
De modo geral, o mercado de comercialização apresenta-se de maneira igualitária, na
visão dos entrevistados, quando estes foram questionados acerca de quais são os mercados
com que a empresa desenvolve uma relação comercial. Foi verificado que as empresas
possuem relações comerciais com os mercados local, estadual, regional e nacional, em
proporções iguais, ou seja, 33,3% cada. Neste sentido o APL está estrategicamente
equilibrado, não apresentando nenhum grau de dependência ou de domínio sobre os mercados
de comercialização. No entanto, quanto ao mercado internacional a pesquisa revelou que
atualmente nenhuma empresa exporta o que demonstra que a estrutura de competitividade do
APL não está favorecendo a entrada neste mercado, mas é atingido pela concorrência do
mesmo, sendo tal fato observado nos demais aspectos sistêmicos da competitividade.
A pesquisa revelou, ainda, com quais cidades e regiões do território nacional o APL
mantém relações comerciais na distribuição de seus produtos, com ênfase para os principais
clientes.
Constatou-se que 41,68% das empresas comercializam os seus produtos no mercado
local, em específico na Cidade de Patos, 33,33% tem sua comercialização pulverizada na
região Norte e Nordeste do País, 16,66% o fazem no Estado do Rio Grande do Norte e 8,33%
das empresas pesquisadas conseguem comercializar com o Sudeste, principalmente com o
Estado de São Paulo, conforme dados do Quadro 14:
Locais Qt. cit. Freq.%
Paraíba/Patos 5 41,68
Sudeste/São Paulo 1 8,33
Norte 4 33,33
Rio Grande do Norte 2 16,66
Soma 12 100,00
Quadro 14: Mercado consumidor
Fonte: Pesquisa direta
Porém, ao investigar por cidades e regiões, pode-se afirmar que 91,67% das empresas
mantêm relacionamentos através da comercialização no mercado regional, especificamente
nas regiões Norte e Nordeste do país, muito pouco no Sudeste e nada nas regiões Sul e
Centro-Oeste. A maioria das vendas é efetivada em lojas próprias e diretamente nas fábricas.
Esse comportamento pode ser resultado da retração do mercado e, também, por razão da
própria estrutura do APL não contribuir para uma postura mais agressiva e ousada frente ao
77
mercado consumidor, o que pode ser conseqüência da baixa cooperação entre os agentes,
impedindo, assim, as articulações e estratégias com as empresas parceiras na comercialização.
c) Instituições de pesquisas, ensino e apoio
De acordo com a ótica dos empresários, 66,7% das instituições de pesquisa, ensino e
de apoio são atuantes junto às empresas de calçados, conforme pode ser constatado no Quadro
15:
Atuação das Instituições de Apoio
Sim
Não
Não respondeu
TOTAL OBS.
Qt. cit. Freq.
8 66,7%
4 33,3%
0 0,0%
12 100%
Quadro 15: Atuação das instituições de apoio
Fonte: Pesquisa direta
As principais instituições citadas foram: SEBRAE, SESI, SENAI, Sindicato,
Associação dos Sapateiros. Segundo os empresários, este destaque é devido aos cursos
oferecidos, às orientações, às parcerias, aos grupos de discussão e às ações cooperativas que
estas instituições direcionam para o setor couro calçadista da cidade. As instituições de ensino
superior não foram citadas, nem da cidade, nem do Estado. Tal fato pode ser atribuído à
desarticulação e ao baixo vel de cooperação, o que reflete de forma negativa no
direcionamento de ações para o setor.
Ficou evidente que existe uma atuação destas instituições, no entanto, conforme os
resultados, observa-se que tal atuação não está sendo efetiva no sentido de promover as
articulações das relações entre as empresas locais para o desenvolvimento das atividades
econômicas e para a criação e fortalecimento de laços estruturantes sob bases não
econômicas, com a finalidade de promover uma estrutura mais coesa e firmada em valores
coletivos, de cooperação, socialmente justos, economicamente viáveis e ambientalmente
corretos.
d) Facção e terceirização
Faccionar parte do processo produtivo é uma estratégia de sobrevivência. O APL de
Patos possui um grande número de empresas informais e parte delas o utilizadas como
facções de algumas das empresas formais com o intuito de reduzir custos, possibilitando a
78
flexibilização necessária para atender às variações do mercado e às diversidades de produtos
do setor. Esse fenômeno não abrange as empresas formais.
No APL em questão, constatou-se que as empresas faccionam as fases produtivas que
mais despendem tempo, espaço e custo; além das que não necessitam de maior controle para
assegurar a qualidade do produto. Em tal contexto estão empresas que, por não conseguirem
comercialização efetiva de seus produtos e que por isso estão propensas a saírem do mercado,
encontram em tal estratégia a única alternativa de sobrevivência e, assim, se tornam facções
produtivas de fábricas formais e mais estruturadas.
Foi pesquisado, entre 12 empresas, qual fase do processo as empresas faccionam e o
resultado obtido foi o seguinte: apenas 6 empresas faccionam parte do seu processo produtivo,
sendo que 4 faccionam a costura, 3 faccionam o corte, 1 a modelagem, 1 o acabamento e 1 a
embalagem (conforme Gráfico 4). Assim, conclui-se que metade das empresas tornam a
facção condição necessária para maior articulação das empresas e para o fluxo de informações
no arranjo.
Fases que facciona
Criação/ Design 0
Modelagem 1
Corte 3
Costura 4
Acabamento 1
Embalagem 1
Expedição 0
Não facciona 6
Gráfico 4: Fases do processo produtivo faccionadas
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Diante das dificuldades e limitações existentes neste APL como as questões
estruturais, de gestão, de mercado e baixa cooperação; a estratégia de faccionar funciona
como uma alternativa de redução de custo e de transferência de responsabilidades, as quais
deveriam ser compartilhadas e potencializadas com oportunidades de negócios e valorização
da marca e do conceito do próprio APL.
A pesquisa investigou também outra forma de divisão do processo produtivo e de
estratégia de redução de custos: a terceirização. Esta definida neste trabalho como as
atividades que são realizadas por pessoas que não fazem parte do corpo funcional, mas que
prestam serviços dentro do ambiente das empresas participantes do APL de Calçados de
Patos.
79
Conforme apurado no Quadro 16, somente 25% das empresas terceirizam alguma
atividade.
Terceirização
Sim
Não
Não respondeu
TOTAL OBS.
Qt. cit. Freq.
3 25,0%
8 66,7%
1 8,3%
12 100%
Quadro 16: Uso da estratégia de terceirização
Fonte: Pesquisa direta (2008)
A cooperação entre as empresas e a transferência de conhecimentos podem ser
beneficiadas pelas estratégias de facção e terceirização, de modo a favorecer a
competitividade do APL. No entanto, observou-se que, no APL em estudo, tais estratégias são
pouco exploradas e mal articuladas, refletindo superficialmente nos aspectos da
competitividade do mesmo.
e) Articulações na cadeia produtiva
As empresas do Arranjo Produtivo Local de Calçados de Patos desenvolvem
interações que geram uma rede de relacionamentos elementar e pouco estratégica, ao longo da
cadeia produtiva, o que dificulta a promoção de vantagens competitivas. Compreendem-se as
interações a partir das formas de cooperação efetuadas entre os agentes participantes do APL.
Estas formas de cooperação ocorrem, embora de forma incipiente, no contexto das
relações comerciais estabelecidas com os fornecedores, clientes e com as instituições de
apoio, inclusive ONG´s. Assim, os fluxos de informações e de aprendizagem são limitados
pelo nível das interações ocorridas dentro do APL. O item seguinte tratará das formas de
cooperação.
4.1.2.4 Formas de cooperação
A análise das interações a partir das formas de cooperação presentes entre os agentes
participantes do Arranjo Produtivo Local de Calçados de Patos foi efetuada objetivando
80
verificar as externalidades da cooperação horizontal e vertical existentes em toda cadeia
produtiva, tanto nos elos a montante quanto a jussante e com as diversas instituições de apoio.
4.1.2.4.1 Cooperação horizontal
Quanto à existência de relações cooperativas horizontais bilaterais diversas entre
empresas individuais foi verificado que 66,7% das empresas praticam essa modalidade de
cooperação. Uma das formas mais observadas desse tipo de cooperação encontra-se na
divisão do processo produtivo através da estratégia de facção.
Sobre a cooperação horizontal multilateral relacionada à cooperação através da
formação de associações setoriais, 41,7% dos entrevistados dizem praticá-la. Essa
participação, ainda baixa, foi observada na citação por parte de alguns empresários na
contribuição da Associação de Sapateiros e das orientações e incentivos do SEBRAE.
Ainda sobre as formas de cooperação horizontal praticadas pelas empresas do APL em
estudo, 50% afirmaram sempre discutir problemas do setor, ao passo que os outros 50%
nunca discutem os mesmos. 50% nunca discutem estratégias para o setor, 8,33% o fazem
ocasionalmente e 41,7% declararam sempre realizar tal ação. 50% afirmaram que nunca
compartilham experiências, 16,7 % compartilham ocasionalmente e 33,3 sempre o fazem.
50% nunca compartilham equipamentos, 8,33% ocasionalmente e 41,7 % compartilham
sempre seus equipamentos. Quanto à cooperação na forma de inovar em produtos e processos
50% não o fazem, 25% ocasionalmente realizam o referido e 25% sempre fazem. Por último,
83% nunca dividem o processo de fabricação e apenas 16,7% o fazem. O Gráfico 5 traz uma
amostra desses dados.
81
Discutir
problemas do
setor
50,0%
50,0%
12
Discutir
estratégias
para o setor
50,0%
8,3%
41,7%
12
Compartilhar
experiência
50,0%
16,7%
33,3%
12
Empresas indi
viduais:coop.
equipamentos
50,0%
8,3%
41,7%
12
Inovar em pro
dutos/proces
so
50,0%
25,0%
25,0%
12
Dividir o
processo de
fabricação
83,3%
16,7%
12
Nunca Ocasionalmente Sempre
Gráfico 5: Formas de cooperação horizontal
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Conforme os resultados apresentados, pode-se compreender-se que a cooperação
horizontal no APL ocorre de forma insuficiente entre as empresas, especificamente entre
aquelas que faccionam parte de seu processo produtivo, sendo que os resultados favoráveis
em termos de prática de cooperação, ocorrem apenas entre 50% das empresas, variando entre
cooperar ocasionalmente e sempre. Essa variação pode ser melhor verificada nos comentários
dos empresários entrevistados sobre os tipos de cooperações praticadas. Seguem,
primeiramente, os comentários dos empresários que praticam alguns tipos de cooperação e, no
parágrafo posterior, os daqueles que não o fazem, sendo que a numeração indica os
empresários segundo a ordem da entrevista.
“(1): empresto máquinas para a associação, passo experiência e informações a
colegas e até faço consultoria e não cobro nada; (2): alguns cortes são feitos na
associação; (4): ocorre mais pela associação de sapateiros e as vezes alguns
escondem a tecnologia que usa, os amigos ajudam; (6) : Empresto máquina
e empresto matéria-prima”; (3): o APL de Patos ainda é pouco unido; (7): A
cooperativa está quase extinta; (8): O setor é muito desunido.”
Nesse sentido, constata-se que a cooperação é realidade para um pequeno grupo de
empresários, enquanto os demais ficam desarticulados e conduzem suas empresas de forma
isolada, o que reduz a perspectiva de sucesso de cada empresa e a competitividade de todo o
APL. Diante dos resultados, pode-se afirmar que o vel de cooperação ainda é baixo e que
falta maior articulação das instituições, no sentido de envolver todo o setor com o objetivo de
melhorar a competitividade do APL, de modo a oferecer melhores condições para que as
82
empresas possam se fortalecer, visando uma atuação maior e melhor para o desenvolvimento
local e também para que haja a possibilidade de expansão de mercado para o exterior.
4.1.2.4.2 Cooperação vertical
Voltando-se à análise da cooperação vertical bilateral, de antemão sabe-se que esta
pode ocorrer através das interações com fornecedores, clientes, agentes de distribuição e
instituições de pesquisa. Outra forma de cooperação é a vertical multilateral, como
evidenciam os resultados que seguem:
Em relação à cooperação vertical bilateral com os fornecedores de equipamentos, 50%
afirmaram que desenvolvem essas formas de parceria; 75% tem cooperação com os
fornecedores de insumos; 75% afirmaram manter cooperação com os clientes; 83,3%
disseram manter cooperação com distribuidores e agentes; 33,3% cooperam com instituições
de pesquisa. Esse último tipo de cooperação efetua-se geralmente com universidades e escolas
técnicas, através da abertura para estágios e acesso destas instituições para realizações de
estudos referentes ao setor, como é o caso deste.
Apesar de uma alta freqüência de respostas positivas nos questionamentos objetivos,
verificou-se que nos questionamentos abertos, a prática de cooperação mostra-se insuficiente,
como indicam os comentários que seguem.
“(1): eu uso da troca de informações com clientes e fornecedores por telefone e
sempre que convidado participo de eventos e programas com as instituições de
pesquisa e de apoio; (2): tive cooperação com o SEBRAE , mas agora é
pouco; 4: ainda é superficial e informal; (6) : Sim, é uma parceria, cooperam
quando eu procuro ou preciso, mas ainda é muito solta; (8): Não rebelião
nas cadeias e presídios a mais de 5 anos e isto é atribuído ao trabalho da
costura de bolas; (10): Com a igreja apenas; (12): Os clientes trazem produtos
novos que não tenho e busco para fornecê-los”.
Diante dos resultados referentes à cooperação vertical bilateral, foi possível constatar
algumas fragilidades dessas interações. Pode-se concluir, com isso, que embora haja uma alta
freqüência de tais formas de cooperação, os comentários indicam que estas são de baixa
qualidade e, em conseqüência disso, ocorre redução da competitividade das empresas e do
83
APL, dificultando a produção e a comercialização dos produtos nos mercados local e
nacional, além da total ausência de comercialização no mercado externo.
Por fim, observa-se que a cooperação vertical multilateral, a qual ocorre através de
alianças em toda cadeia produtiva, não existe no APL. Este fato pode ser atribuído à
necessidade desse tipo de cooperação possuir um agente coordenador que possibilite o
estabelecimento de interações cooperativas em todos os elos da cadeia produtiva, conforme
demonstra o Gráfico 6.
Coop. com for
necedores de
equipamento
s
50,0%
25,0%
25,0%
12
Coop. com for
necedores de
insumos
75,0%
25,0%
12
Coop. com
clientes
75,0%
25,0%
12
Coop. com
distribuidores
e agentes
83,3%
16,7%
12
Coop. com
instituições de
pesquisa
33,3%
66,7%
12
Coop. através
de aliança em
toda cadeia
91,7%
8,3%
12
sim não Não respondeu
Gráfico 6: Formas de cooperação vertical
Fonte: Pesquisa direta (2008)
4.1.2.5 Fluxo de informações e aprendizado
Os fluxos de informações e de aprendizagem tornam-se uma vantagem competitiva,
sendo os mesmo provenientes das relações estabelecidas entre os agentes que formam um
arranjo produtivo local. Tal surgimento espontâneo emerge das interações e cooperações
voluntárias que dão suporte necessário para a tomada de decisão. Tais fluxos são aspectos
fundamentais para definição de estratégias competitivas e ao mesmo tempo socialmente justas
e ambientalmente sustentáveis.
Pode-se constatar que o fluxo de informações entre os cooperadores acontece com
efetiva troca de informações sobre o desenvolvimento das tarefas, tanto na produção quanto
na logística, onde também os funcionários compartilham experiências acumuladas no
ambiente de trabalho. Visto que as empresas não possuem um sistema de planejamento e
84
controle rigoroso, o aproveitamento desse fluxo de informações é fundamental para a
produção e para a competitividade do aglomerado.
A rotatividade de pessoal é o meio pelo qual fluem essas informações e é por onde
esses conhecimentos são transferidos. Ocorre que, no início do APL, os funcionários que o
deixavam posteriormente buscavam abrir o seu próprio negócio ou iam à busca de trabalho
em outras empresas. Atualmente, ocorre o contrário.
A pesquisa revela, segundo os empresários, que a tendência é que as pessoas
desligadas das empresas procurem outro emprego no mesmo setor, assim afirmaram 50% dos
entrevistados; 33,3% deles disseram que tais trabalhadores buscam outro negócio; 16,7%
dos restantes afirmam que tais empregados buscam outras atividades, como: concursos
públicos e empregos em outros setores da economia. Essa tendência demonstra uma retração
no mercado, refletida na insegurança em empreender e na migração da mão-de-obra para
outros segmentos da economia quando do declínio da atividade. Torna-se necessário buscar
formas de torná-la mais estruturada, competitiva e atrativa para novas empresas, gerando
assim novos postos de trabalho.
Os clientes como fonte de informações são um efetivo canal de comunicação com o
mercado, o que os torna fundamentais no negócio. Ouvi-los de forma respeitosa e amiga
promove o produto, a marca e suporte para novas estratégias, que segundo os
administradores tem sido uma fonte de informações sobre as mudanças de comportamentos e
de satisfação em relação ao produto. No entanto, o mercado precisa ser ouvido como um todo,
tanto os clientes internos quanto os externos, além das comunidades do entorno das empresas;
dos parceiros da mesma na cadeia de produção e suprimentos, das instituições de apoio e
lideranças locais. O que se constatou foi uma grande limitação nesse campo, por parte dos
entrevistados.
Quanto aos fornecedores como fontes de informações, a pesquisa revelou que os
empresários se utilizam de informações deles sobre tendências de mercado; inovações em
tipos e marcas de sintético; tecnologias para colorir o couro; equipamentos e conhecimentos
técnicos. Além disso, recebem dos mesmos catálogos, revistas e publicações especializadas
em modelagens, estilos, moda e tendências do mercado coureiro-calçadista.
A utilização de fabricantes como fontes de informações é mais restrita, que a baixa
cooperação não favorece as trocas de informações. As empresas atuam na cadeia de
suprimentos como competidoras e não como parceiras no atendimento de um cliente em
comum, o que resulta em obstrução no fluxo das informações. Apenas entre as facções a
85
interação é maior e a cooperação torna-se mais intensa, isso por motivo do compartilhamento
do processo, de máquinas e de tecnologias.
Por último, as cópias de produtos são verdadeiros canais de comunicação e de
transferência de conhecimentos. Quando realizadas de maneira cooperativa, promovem o
APL; quando não, apenas servem como uma estratégia de sobrevivência e de competitividade
por preço transitório. Estratégia essa pouco perene e muitas vezes socialmente injusta, pois se
utilizam de mão-de-obra informal; além de ambientalmente incorreta, devido ao descaso com
o ambiente, provocado por total desleixo com os resíduos do processo produtivo e demais
recursos naturais.
4.1.2.6 Regimes de incentivos e regulação da concorrência
A pesquisa procurou investigar, de forma qualitativa, ou seja, segundo a percepção dos
empresários, os possíveis fatores ou fragilidades que interferem no desempenho do APL e os
possíveis benefícios que as empresas de calçados têm em se instalar em Patos. Os resultados
revelaram que a mão-de-obra, por exemplo, é um atrativo por ser abundante e de baixo custo,
mas uma fragilidade por não ser bem capacitada e especializada.
Enumeram-se a seguir algumas fragilidades: A matéria-prima fica muito distante do
APL; poucos incentivos fiscais; falta de uma política pública mais atuante para o setor;
associação das empresas do setor apresenta-se desarticulada; falta uma estrutura formal de
parceria; ausência de um centro de inovação tecnológica, de assessoria técnica e de
treinamento de mão-de-obra especializada; escassez de solado injetável; frágil estrutura
logística.
Quanto aos atrativos, pode-se citar, resumidamente, o seguinte: localização do APL;
alguns incentivos fiscais; a existência de mercado consumidor, em razão de ser um pólo
produtivo; a oportunidade de, com uma fabrica de injetáveis, preencher a lacuna deixada pela
ausência de uma; existência, mesmo que reduzida, de mão-de-obra especializada.
A seguir há de se analisar de forma mais quantitativa os aspectos favoráveis ao
desenvolvimento do APL em questão.
Para 33,3% dos entrevistados a disponibilidade de mão-de-obra é o aspecto mais
favorável para o desenvolvimento do APL; 25% afirmaram ser mais importante a localização
86
do APL; 22,2% puseram em primeiro lugar a vocação econômica da região; 11%
estabeleceram que o fator mais determinante é a qualidade dos produtos e, por último, 2,8%
declararam ser as parcerias, 2,8% a valorização do produto local e 2,8% a disponibilidade dos
recursos, como disposto no Gráfico 7:
Aspectos favoráveis
Disponibilidade de mão-de-obra 33,3%
Qualidade dos produtos 11,1%
Localização 25,0%
Parcerias 2,8%
Disponibilidade de recursos 2,8%
Valorização do produto local 2,8%
Comercialização dos produtos no mercado externo 0,0%
Vocação econômica da região 22,2%
Baixos custos (transporte, matéria-prima, mão-de-obra
0,0%
Disponibilidade e acesso a Fontes de financiamentos 0,0%
Crescimento da demanda pelos produtos 0,0%
Outros 0,0%
Nenhum 0,0%
Gráfico 7: Aspecto mais favorável para o desenvolvimento do APL
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Por ser a localização um dos determinantes na formação de APL´s, este item foi
investigado e constatou-se as seguintes vantagens como as mais significativas na localização
do APL de Patos: a qualidade de vida e a disponibilidade de mão-de-obra aparecem ambas
com 25%; a disponibilidade e custo de água e de energia são observadas em 17% das
declarações; as condições de acesso a informação e a proximidade e dimensão dos mercados
consumidores representam 6,4% dos casos, cada; com 4,3% cada, estão a atuação de parcerias
com o setor público, com associações de classe, instituições ou pessoas, a disponibilidade e
custo dos transportes e a proximidade e suprimentos de insumos e materiais; por último, com
2,1% cada, estão a possibilidade de integração vertical e o custo de construção, montagem e
manutenção, conforme o Gráfico 8.
87
Localização
Qualidade de vida
25,5%
Possibilidade de integração vertical 2,1%
Perfil empresarial da comunidade local 0,0%
Atuação de parceiros como setor público, associações de classe, instituições ou pessoas
4,3%
Condições de acesso à informação 6,4%
disponibilidade e custo dos transportes 4,3%
Disponibilidade e custo da mão-de-obra
25,5%
Disponibilidade e custo de água e energia
17,0%
Proximidade e suprimento de insumos e materiais 4,3%
Força de trabalho (aspectos qualitativos) 0,0%
Disponibilidade de Capital 0,0%
Proximidade e dimensão dos mercados consumidores 6,4%
Disponibilidade e custo de terrenos 0,0%
Custo de construção, montagem e manutenção 2,1%
Outros 2,1%
Nenhuma 0,0%
Gráfico 8: Vantagens da localização do APL
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Outro ponto analisado que se relaciona à localização, é o questionamento quanto à
existência de filiais em outros Estados da Federação. A pesquisa mostra que 8,3% possuem
uma unidade em outro Estado, que 8,3% possuem uma filial na própria cidade e que a grande
maioria, 83,3%, não têm outra instalação, o que demonstra que os esforços estão concentrados
no município em estudo.
Quando questionados se as empresas conheciam as linhas de financiamento, 75%
afirmaram que sim e 25% que não.
As principais fontes de financiamento apontadas pelas empresas são as instituições
públicas, com 41,7%, e bancos privados, com 16,7%. 25% não responderam e 16,7% não
assinalaram nenhuma das alternativas, como demonstra o Gráfico 9.
Principal fonte de Financiamento
Não resposta 25,0%
Bancos privados 16,7%
Instituições Públicas 41,7%
Outros 0,0%
Nenhuma 16,7%
Gráfico 9: Principal fonte de financiamento
Fonte: Pesquisa direta (2008)
A fonte de financiamento mais utilizada é de recursos próprios com 33,3%, 25%
afirmaram utilizar recursos próprios complementados com recursos de terceiros, outros 25%
afirmaram não utilizar financiamentos e 16,7% não responderam, como demonstra o Gráfico
10.
88
Sistema de Financiamento
Não resposta 16,7%
Apenas recursos próprios 33,3%
Apenas recursos de terceiros 0,0%
Recursos próprios complementados com recursos de terceiros 25,0%
Não realizou financiamento 25,0%
Gráfico 10: Sistema de financiamento
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Esses resultados estão relacionados às condições e formas de financiamentos que são
adequados ou não ao setor. Neste sentido a pesquisa revelou que 50% afirmaram ter acesso e
adequações às condições de financiamento, 8,3% disseram não possuir e 41,7% afirmaram
não ter utilizado financiamento. 58,3% afirmaram que as taxas de juros foram adequadas,
41,7% não utilizou o financiamento. Quando questionados acerca da adequação dos prazos,
50% afirmaram que os mesmos o são; 8,3% discordam diametralmente dos primeiros,
enquanto o restante não fez uso do financiamento. 33% afirmaram que as garantias são
adequadas; 25% não concordaram. Em relação à quantidade de recursos, 25% acharam
adequado, 33% afirmaram que a mesma é insuficiente. Observe o gráfico abaixo:
Adequação d
as Condições
financiament
os
50,0%
8,3%
41,7%
12
Adequação
das taxas de
juros
58,3%
41,7%
12
Adequação
dos prazos
50,0%
8,3%
41,7%
12
Adequação
das Garantias
33,3%
25,0%
41,7%
12
Adequação da
quantidade de
recursos
25,0%
33,3%
41,7%
12
Sim Não
Não utilizou financiamento
Gráfico 11: Condições e formas de financiamento
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Observou-se que é grande o número de empresas que não utilizam o financiamento, as
quais afirmam que as condições de financiamento não são adequadas ao setor (seja devido aos
prazos, às garantias, ao acesso ou à quantidade de recursos disponibilizados). Tal realidade
89
reflete negativamente no financiamento da produção do arranjo e consequentemente na
competitividade do mesmo, tanto a nível nacional, quanto internacionalmente.
Foi investigado se nos últimos cinco anos foram realizados investimentos para
melhoria da capacidade produtiva das empresas. Em relação ao investimento na melhoria das
instalações, 83,3% afirmaram que sim, 16,7% que não. Quanto ao investimento na aquisição
de novas instalações, 50% afirmaram que o fizeram e 50% que não. 66,7% declararam ter
realizado outros tipos de investimento para melhoria da capacidade produtiva e 33,3 %
disseram não ter realizado nenhum outro tipo de investimento nesta área. Os dados estão
demonstrados no Gráfico 12:
Investimentos:
melhoria das i
nstalações
83,3%
16,7%
12
Investimentos:
aquisição de i
nstalações
50,0%
50,0%
12
Outro tipo de
investimento
66,7%
33,3%
12
Sim Não
Não respondeu
Gráfico 12: Investimento para melhoria da capacidade produtiva
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Observou-se ainda, durante a pesquisa, que as principais preocupações quanto aos
fatores referentes ao regime de incentivos e regulação da concorrência que afetam a
competitividade do APL de calçados de Patos. São: informalidade presente no setor; falta de
mão-de-obra qualificada e de treinamento; falta de incentivos das instituições de apoio,
sindicatos e governos; inexistência de mecanismos de cooperação entre as pequenas
empresas; falta de atualização tecnológica e ausência de políticas para reestruturação do setor.
A informalidade é um dos grandes problemas enfrentados pelas empresas do APL em
estudo, por gerar no mercado uma competição predatória através dos preços praticados com
custos encobertos pela sonegação de impostos existentes em tal situação fiscal, criando um
90
regime desleal de concorrência através da distorção nos preços. Vale lembrar que muitas
destas empresas informais são facções das formais.
A questão do incentivo por parte das instituições de apoio, sindicatos e governos para
promover o desenvolvimento das empresas e, por conseguinte, o desenvolvimento local, é um
aspecto que interfere na competitividade do APL de Calçados de Patos. Porém, é necessário
destacar a existência de um número significante de instituições no município, tais como:
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de calçados, Associação dos Micro e Pequenos
Empresários de Patos, Serviço Nacional da Indústria/SENAI, Escritório da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária/EMBRAPA, Universidade Federal de Campina Grande/UFCG-
Campus-Patos, Universidade Estadual da Paraíba/UEPB, Secretaria de Desenvolvimento
Local, Escritório do SEBRAE-PB, agências locais do Banco do Brasil, Banco do Nordeste,
Caixa Econômica Federal e outros agentes financeiros.
Como exemplo de incentivo de instituições de apoio, tem-se o SEBRAE-PB, que
oferece cursos e consultoria especializados para capacitação empresarial (controle de custos,
controle de qualidade, técnicas de modelagem, organização de layout e organização da
produção em células); possui programa de financiamento e capacitação de MPEs nas áreas de
modernização tecnológica e desenvolvimento de inovações SEBRAETEC (parceria com o
SENAI); articulação do Projeto de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Couro Calçadista da
Paraíba. Dessa forma, constata-se que a falta de incentivos dessas instituições está relacionada
com as precárias interações estabelecidas entre as instituições e as empresas para
fortalecimento das relações e melhor aproveitamento das sinergias do APL para promover o
desenvolvimento desses empreendimentos.
Como exemplo de incentivos governamentais, temos o Governo Estadual que faz uso
de alguns incentivos fiscais como forma de estimular a atividade industrial no Estado, tais
como: isenções do ICMS para novas empresas durante determinado período de tempo, desde
que não haja produto similar no Estado; isenção do ICMS ou redução das taxas do mesmo
para as micro e pequenas empresas; redução das taxas do ICMS para produtos específicos;
prorrogação dos prazos de cobrança do ICMS; cobrança diferida do ICMS; cobrança do
ICMS por estimativa (geralmente para às micro e pequenas empresas); e isenção ou redução
do ICMS para produtos específicos destinados ao exterior. Além de outros mecanismos
complementares, tais como: venda de lotes a preços reduzidos; permuta de terrenos para
relocalização de empresas; oferta de áreas e lotes industriais; reembolso de obras de infra-
estrutura; acesso a matérias-primas e outras facilidades logísticas. No entanto, a burocracia e a
falta de continuada dos programas a cada novo governo caracteriza esse aspecto como fator
91
de negatividade para competitividade do APL caracterizando-se como desfavorável ao seu
indicador.
Tal aspecto apresenta alto grau de negatividade, já que existe mão-de-obra abundante
e relativamente barata, mas a mesma é, também, desqualificada. Dessa forma faz-se
necessário uma ação conjunta das instituições de apoio e das empresas, para que se organize a
disponibilização de cursos e treinamentos, visando qualificar a mão-de-obra. É válido lembrar
que o estímulo do aprendizado é fundamental para a competitividade do APL, que fomenta
os processos inovativos.
A ausência de mecanismos de cooperação entre as pequenas empresas de calçados é
um fator que interfere no desenvolvimento e competitividade dessas empresas, no que tange a
produção e a realização de estratégias conjuntas de comercialização.
É visível, no setor de calçados, a atividade tradicional e a falta de atualização
tecnológica, mas também é palpável o fato de que as aglomerações produtivas possuem
vantagens competitivas provenientes de inovações que surgem das externalidades produzidas
pelas interações existentes entre as empresas aglomeradas.
As inovações tecnológicas trazem benefícios individuais para cada empresa e
resultados positivos para todo o APL, pois criam um canal de troca de informações entre os
agentes produtivos que frequentemente gera novos empreendimentos. A esse processo se dá o
nome de Spill over, ou seja, transbordamentos de conhecimentos e tecnologias que geram a
novos empreendimentos. Devido ao baixo nível de inovação tecnológica do APL, à atual
situação e nível de desenvolvimento que ele se insere, tal fenômeno não ocorre e não
efetiva atração de novos empreeendimentos.
É necessário, portanto, que haja um envolvimento político, no sentido de buscar a
reestruturação do setor, através de diversas formas de incentivo, mas, na visão dos
empresários, tal envolvimento inexiste.
4.1.2.7 Mercado
Para a sobrevivência de um APL é, ainda, necessário que este se apresente de maneira
pujante frente aos consumidores e que seus produtos alcancem um abrangente público,
expandindo a oferta de seus produtos às mais diversas localidades.
92
Neste sentido, é perceptível que o APL atinge os mercados local, regional e nacional
de forma equitativa, revelando, assim, que o aglomerado abrange uma boa área de influência,
se prevenindo de depender de apenas um mercado. quando se trata do mercado
internacional, ocorre que o APL não o atinge em nenhum nível, mas é atingido pela
concorrência proveniente do mesmo.
No que se refere à concorrência, foi constatado que 41% das empresas comercializam
no mercado local, ou seja, as próprias empresas do APL, as quais deveriam cooperar entre si,
concorrem umas com as outras, configurando, assim, uma forte concorrência interna. Tal
concorrência expressa a valorização dada pela população ao produto local.
4.1.3 Fatores empresariais
4.1.3.1 Gestão competitiva
A pesquisa revelou fragilidades na gestão competitiva das empresas do APL de
Calçados de Patos quanto ao gerenciamento, ao planejamento, à estrutura financeira e às
estratégias mercadológicas, o que evidência pontos nefrálgicos causais do baixo vel de
competitividade e do desenvolvimento local.
É perceptível a falta de gerenciamento profissional, pois as empresas são gerenciadas
sem a criação de um processo de planejamento das atividades, sem avaliação de desempenho
e sem controle dos resultados.
Constatou-se que são os próprios proprietários quem gerenciam os negócios, como não
possuem formação gerencial, contam apenas coma as experiências adquiridas ao longo do
tempo e de forma autodidata desenvolveram sua própria visão de negócio e seu estilo de
gestão. Os resultados mostraram que 50% das empresas são administradas pelos proprietários,
e 50% é o proprietário juntamente com o gerente, conforme o Gráfico 13:
93
Gerência
Proprietário 50,0%
Gerente 0,0%
Proprietário/ Gerente 50,0%
Outros 0,0%
Gráfico 13: Gerência do negócio
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Como a maioria das empresas surgiu das relações familiares, observou-se que no setor
administrativo as empresas possuem, em média, dois ou três funcionários que são membros
da família do proprietário. Somente 8,33% não possuem familiares no quadro funcional da
empresa.
O setor financeiro é uma área delicada de se pesquisar, porém, de forma empírica,
pode-se observar que mesmo as empresas sendo formalizadas, a maioria delas não acompanha
os resultados financeiros através de mecanismos adequados. Ainda assim, foi possível
observar que os itens de custos que tem maior incidência nos resultados das empresas foram:
a matéria-prima, com 57,1%; o transporte, com 33%; e a mão-de-obra, com 9,5% de
afirmação, como mostra o Gráfico 14:
Itens de custo
Matéria-prima 57,1%
Transporte 33,3%
Mão-de-obra 9,5%
Energia+combustível 0,0%
Outros 0,0%
Não respondeu 0,0%
Gráfico 14: Itens de maior custo
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Esse resultado confirma a matéria-prima como o item de custo que tem maior
incidência nos resultados das empresas e este fato gera uma das principais características do
APL em estudo. O sintético como principal matéria-prima, não é fabricado na localidade, o
que remete ao transporte, estabelecendo-o como segundo item de maior custo, devido ao frete.
A mão-de-obra está em terceiro lugar por ser abundante, de baixo custo, porém pouco
capacitada e qualificada. Estes fatores não estão sendo gerenciados de modo a minimizar os
pontos negativos e a fortalecer os pontos positivos, de modo a possibilitar uma diferenciação
do produto no mercado que resulte em vantagem competitiva para o APL.
94
O APL de calçados de Patos revelou-se como um aglomerado de empresas que
buscam competir, no sentido de tornar os produtos mais atrativos aos clientes, através de
fatores como: o preço, com 34,5%; a qualidade do produto, com 31%; a marca e o design do
produto, com 10,3% cada; os serviços, a pós-venda e o prazo de entrega, com 3,4% cada. São
nessas variáveis que as estratégias de diferenciação do produto no mercado são focalizadas
pelas empresas do APL em estudo, conforme o Gráfico 15:
Fatores competitivos
Preço 34,5%
Qualidade 31,0%
Marca 10,3%
Design 10,3%
Serviços 3,4%
pós-venda 3,4%
Prazos de entrega 3,4%
outro 3,4%
Nenhum 0,0%
Gráfico 15: Fatores competitivos
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Com base nesses dados pode-se afirmar que os fatores principais de competição que o
APL utiliza, em ordem de importância, são: o preço, a qualidade, a marca e o design. Alguns
indicadores deste fato são: a substituição do couro pelo sintético, o investimento na
divulgação da marca e na ausência de design próprio, (tais empresas guiam o design de seus
produtos através de revistas e outros meios de comunicação, de modo a acompanharem a
moda e a ela adaptarem seus modelos) todos como estratégia de redução de custos.
Tais estratégias são defasadas e não mais impulsionam a competitividade nem o
desenvolvimento local, além de negligenciar aspectos da responsabilidade social e ambiental
para com o seu entorno. O mercado globalizado e as oscilações na moda exigem das empresas
novas posturas frente à produção e comercialização, com a finalidade de proporcionar aos
clientes produtos atrativos, do ponto de vista da apresentação, da utilidade, da versatilidade e
da moda, mas também buscando manter preços adequados ao mercado e competitivos para o
APL, acompanhado de um padrão de qualidade definido e monitorado.
A resistência à cooperação é outro fator de bastante relevância observado na atuação
individual de gestores e empresários, revelando uma gestão competitiva em desacordo com as
condições e características da aglomeração e do setor. As práticas cooperativas são condições
inerentes a APL que deseja de fato atingir novos mercados numa área de influência mais
95
ampla, nacional e global, ao mesmo tempo em que desenvolve práticas socialmente justas e
ambientalmente corretas.
A partir dessas considerações, é possível afirmar que as empresas de calçados
participantes do APL de Patos não apresentam uma gestão eficiente dos recursos que enfatize
suas competências principais, busque a ampliação das capacitações e do desempenho
competitivo, tudo isso através da elaboração e implementação de estratégias alinhadas com o
contexto no qual a empresa se insere. Além disso, a gestão competitiva deve estar alinhada
com as práticas cooperativas de modo a gerar vantagens competitivas sustentáveis para o
APL.
4.1.3.2 Inovação
O APL em estudo tem apresentado indicadores baixos de competitividade, por
exemplo: nenhuma empresa do arranjo exporta e somente uma consegue ter uma abrangência
em várias regiões do país, sendo que o aglomerado limita-se a atender o mercado local e da
região circunvizinha. Quando os empresários foram questionados sobre, nos últimos cinco
anos, quais tipos de inovações as empresas realizaram, chegou-se aos seguintes resultados:
39% inovaram em produtos, 26,1% em gestão, 21,7% em processo, 8,7% não realizaram
nenhum tipo de inovação e 4,3% inovaram em outras áreas, como demonstra o Gráfico 16:
Inovação
Processo 21,7%
Produto 39,1%
Gestão 26,1%
Outros 4,3%
Nenhuma 8,7%
Gráfico 16: Tipos de inovoção
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Diante de tais informações pode-se entender que as empresas compreendem inovação
como mudanças que otimizam a utilização dos insumos durante o processo produtivo. Desde
a mudança na posição das máquinas, as adaptações ou a aquisição de um novo equipamento,
até outra mudança criativa qualquer que favoreça melhores condições de trabalho e produção.
96
Percebeu-se que, segundo os empresários, as inovações em produtos estão
relacionadas a novos lançamentos, cores e modelos; enquanto que as inovações em gestão
estão relacionadas à aquisição de computadores e à forma de conduzir as atividades e liderar
pessoas ao alcance dos objetivos das empresas o que demonstra ser uma visão desfavorável da
questão.
Quanto ao desenvolvimento de produtos a pesquisa revelou que 58,3% dos produtos
são desenvolvidos por pessoal da própria empresa; 16,7% terceirizam tal desenvolvimento e
25% não responderam. Já fontes de informação que influenciam o desenvolvimento de
produtos são as seguintes: feiras, 25%; vendedores e Internet, 14,3% cada; clientes, 10,7%;
fornecedores, visitas a outras empresas do APL, consultores e instituições locais, cada um
com 3,6% ; 14,3% não responderam e 3,6 declararam não utilizar nenhuma destas fontes de
informação, conforme o Gráfico 17.
Fontes de informações para a inovação
Não resposta 14,3%
Vendedores 14,3%
Feiras 25,0%
Workshops de produtores 0,0%
Clientes 10,7%
Fornecedores 3,6%
Agentes de exportação 0,0%
Publicações especializadas 0,0%
Visita a outras empresas do APL 3,6%
Consultores 3,6%
Trabalhadores de outras empresas 0,0%
Visita a outras empresas fora do APL 3,6%
Internet 14,3%
Ocasiões sociais (clubes) 0,0%
Instituições locais 3,6%
Outros 0,0%
Nenhuma 3,6%
Gráfico 17: Fontes de informação para inovação
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Diante do questionamento sobre quais as tecnologias de gestão que as empresas
utilizam, percebeu-se uma grande dispersão nas respostas, ao mesmo tempo que os
entrevistados apresentavam certo desconhecimento das mesmas. Assim, as técnicas de gestão
mais citadas foram: layout e redução do estoque em processo, cada um com 9,8%; qualidade
total, PCP, produção assegurada, redução do set-up, com 7,8% cada; 5 S-organização e
limpeza com 5,6% ; Just in time, com 3,9%; e, por último, ISSO 9000, Kanban, selo
ambiental, desenho técnico, engenharia e racionalização de produtos, grupos de melhorias,
cada um com 2%. Assim está exposto no Gráfico18:
97
Tecnologias de Gestão
Não resposta 2,0%
ISO 9000 2,0%
Selo ambiental 2,0%
Kanban 2,0%
5 S - organização/limpeza 5,9%
Qualidade total 7,8%
CAD/CAM 0,0%
Lay out 9,8%
PCP 7,8%
Desenho técnico 2,0%
Redução de estoques em processo 9,8%
Engenharia e racionalização de produtos 2,0%
Manutenção preventiva 11,8%
Produção com qualidade assegurada 7,8%
Redução do set-up 7,8%
Uso CEP 0,0%
Grupos de Melhoria - GMs 2,0%
Células de produção 7,8%
Just in Time 3,9%
Mini-Fábrica 0,0%
Nenhuma 5,9%
Gráfico 18: Tecnologia de gestão
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Outro ponto analisado foi a inovação tecnológica, no sentido de descobrir quantos a
realizaram e de que tipo foi a inovação. Constatou-se que 41,7% o fizeram; 41,7% não
realizaram e 16,7% não responderam. Os tipos de inovação citados foram (cada empresário é
representado pela numeração entre parênteses): (1): no processo foi acrescentado um
dispositivo que facilita o trabalho e aumenta a produção; (2): uma nova máquina de orla
palmilha; (3): informatização da administração e máquina moderna na costura para maior
produção e menor poluição sonora; (6): equipamentos que melhoraram a produção; (8):
Máquina de Costura mais silenciosa e mais produtiva”.
A inovação tem seu sentido quando a nova tecnologia traz benefícios. Quanto à
avaliação se as tecnologias implantadas pelas empresas foram benéficas e em que o foram,
seguem os resultados da pesquisa: 25% reduziram seus custos de produção; 20% declararam
não ter obtido nenhum resultado; 15% conseguiram controlar melhor a produção; 15%
conseguiram reduzir o custo com mão-de-obra; 10% adquiriram melhor flexibilidade e 5%
não responderam.
A seguir tratar-se-á da produção.
98
4.1.3.3 Produção
Conforme mencionado, o APL de Calçados de Patos apresenta uma capacidade
produtiva instalada superior à quantidade produzida, ressaltando a redução da demanda que
exige uma produção menor. É sabido que as possíveis justificativas para tal fato são: uma
visão precipitada, devido à expectativa de demanda proporcionada pelo mercado, ou o
otimismo exarcebado de seus empreendedores.
A respeito de tal capacidade produtiva, foi possível constatar que 72,72% das
empresas produzem cerca de 43,95% de seu potencial, sendo que 27,27% das empresas
pesquisadas operam acima dos 60%.
De acordo com a pesquisa realizada, percebeu-se que todas as empresas compram a
matéria-prima necessária para a fabricação de seus produtos, sendo que apenas 66,67% destas
fornecem produtos inovadores no mercado e 33,33% das empresas supracitadas reproduzem
modelos já existentes no mercado.
Verificou-se ainda que o processo produtivo dessas empresas é caracterizado pelas
fazes de criação/design, modelagem, corte, costura, acabamento, embalagem e expedição,
sendo que apenas 62,5% das empresas possuem todas as fases, o que justifica-se pela
característica que o setor apresenta em faccionar parte do processo produtivo.
Reforçando os dados da pesquisa, identificou-se o sintético como a matéria-prima
principal do APL, com dados amostrais de 91,7% para estas. Isto significa que apenas uma
empresa tem o couro como matéria-prima principal. Tal preferência pelo sintético ocorre em
razão da tentativa de reduzir os custos da produção, possibilitando a competição no mercado
local e regional. Porém, tal competição ocorre entre as empresas do aglomerado, fato que
enfraquece a competitividade do APL no mercado nacional e internacional.
Os valores estimados durante a pesquisa realizada para o sistema de produção foram
os seguintes: Manual, 38,10% ; Mecânico, 47,60% e Informatizado, 14,30%.
Quanto às formas de produção, foram identificados os seguintes valores: 62,5%
trabalham sob encomenda e 37,5% trabalham para estoque, fato que ocorre devido à quase
ausência de capital de giro nessas empresas, impossibilitando o financiamento das vendas e
tornando mais seguro para o empreendedor produzir somente o que será asseguradamente
vendido.
Foi verificado ainda, que 91,7% dos proprietários da empresas acreditam possuir um
sistema atual de produção satisfatório, porém 8,3% afirmaram que não o possuem. Acredita-
99
se que a satisfação supracitada seja referente à baixa competitividade sistêmica do APL em
estudo.
Constatou-se como principais equipamentos utilizados no APL de calçados de Patos,
os seguintes: balancim de corte, bloqueadeira, máquina de orla palmilha, máquina de costura
comum e reta, máquina de enformar, chanfradeira ou termo quente, sorveteira ou prensadeira,
máquina de montagem, máquina de corte de bobina, máquina de corte de tira, máquina de
fazer cordão, máquina reativadora, máquina de fazer tiras, máquina de pintura, compressor e
estufa. Estes são os tradicionais maquinários no setor, que, por sua vez, podem ser
considerados ultrapassados, porém para os empreendedores da área, essas máquinas
satisfazem as demandas do processo produtivo, uma vez que 85,70% do sistema de produção
é manual e mecânico, não se fazendo necessária a utilização de tecnologias sofisticadas.
Quanto aos problemas mais freqüentes vivenciados pelas empresas no seu processo
produtivo, a pesquisa revelou que o acúmulo de material em processo é o problema mais
citado, 33,3 % de freqüência; o desperdício, defeitos no produto em elaboração, paradas no
processo devido a mão-de-obra sem qualificação e outros tipos de problemas aparecem com
14% cada um; por último, 9,5% não assinalaram nenhuma das alternativas. Assim demonstra
o Gráfico 19:
Problemas no processo produtivo
Acúmulo de material em processo 33,3%
desperdícios 14,3%
Defeito no produto em elaboração 14,3%
Retrabalho 0,0%
Paradas no processo mão-de-obra sem qualificação 14,3%
Outros 14,3%
Nenhuma 9,5%
Gráfico 19: Problemas no processo produtivo
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Diante do questionamento em relação aos problemas do processo produtivo,
questionou-se se as empresas acreditavam na possibilidade de melhoria do processo
produtivo, e todos responderam que sim, 100% dos empresários e gerentes vislumbram a
possibilidade de melhoria nas seguintes áreas: capacitação e treinamento de pessoal e
investimentos em máquinas e equipamentos foram citados com 33,3% de freqüência, cada
uma; melhorar o layout, ampliar as instalações e ampliar o quadro de funcionários foram
citados por 14,8%, 11,1% e 7,4% respectivamente, assim expõe o Gráfico 20:
100
Necessidades de Melhorias
Capacitação/treinamento 33,3%
Investimentos em máquinas e equipamentos
33,3%
Ampliar o quadro de funcionários 7,4%
Ampliar as instalações 11,1%
Melhorar o layout 14,8%
Outro 0,0%
Nenhum 0,0%
Gráfico 20: Necessidades de melhoria
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto aos principais problemas que interferem no desempenho produtivo das
empresas do APL de Calçados de Patos, os seguintes foram citados: falta de mão-de-obra
qualificada e a quebra de máquina, 23,5 % de frequência, cada; falta de padronização da
qualidade, 11,8% ; sistema obsoleto, 5,9%; por último, outros e nenhuma das respostas foram
citados com 11,8% e 23,5% respectivamente, conforme o Gráfico 21:
Desempenho produtivo
Falta de padronização da qualidade
11,8%
Falta mão-de-obra qualificada 23,5%
Sistema obsoleto 5,9%
Quebras de máquinas 23,5%
Outros 11,8%
Nenhum 23,5%
Gráfico 21: Desempenho produtivo
Fonte: Pesquisa direta (2008)
4.1.3.4 Recursos humanos
Foi relatado anteriormente que a mão-de-obra é um atrativo para o APL de Patos, por
ser abundante e de baixo custo, mas é também uma fragilidade para o mesmo, por não ser
bem capacitada e especializada. Os proprietários são quem gerenciam os negócios, por não
possuírem formação gerencial, contam apenas com as experiências adquiridas ao longo do
tempo e, de forma autodidata, desenvolveram sua própria visão de negócio e seu estilo de
gestão. Os resultados mostraram que 50% das empresas são administradas pelos proprietários
e em 50% das mesmas é o proprietário e o gerente que o fazem conjuntamente. Porém, diante
do empreendedorismo, da ousadia e garra de trabalhar por sua sobrevivência, tais empresas
cresceram sem avaliar seus acertos e erros, seus pontos fortes e fracos, suas próprias
características estruturais, suas capacitações, habilidades e talentos humanos e, sobretudo, o
101
perfil de seus clientes, a dinâmica dos mercados, as exigências da lei e da sociedade civil, da
própria comunidade onde atuam e dela se beneficiam.
Verificou-se que, em relação aos empresários, 83,3% transmitem a seus funcionários
as informações básicas sobre a empresa; 91,% reconhecem a importância da capacitação de
seus funcionários; 41,7% promovem regularmente treinamento e desenvolvimento de seus
fucionários; 66,7% encaminham seus funcionários para cursos em instituições; 41,7% dos
empresários estimulam a produtividade, iniciativa, criatividade e a inovação; 33,3%
reconhecem que existe problema de escassez de mão-de-obra.
Quanto aos funcionários, 66,7% deles o comprometidos com os objetivos da
empresa, segundo os empresários. O Gráfico 22 demonstra tais números:
Transmissão
de
informações
básicas
83,3%
16,7%
12
Importância
em capacitar
91,7%
8,3%
12
Promoção de
Treinamentos
Regulares
41,7%
58,3%
12
Encaminhame
nto de Func. p
ara Cursos
66,7%
25,0%
8,3%
12
Comprometim
ento dos Func
ionários
66,7%
33,3%
12
Estímulos a
Produtividade
41,7%
50,0%
8,3%
12
Problema de
escassez de
mão-de-obra
33,3%
58,3%
8,3%
12
sim não Não respondeu
Gráfico 22: Relação empresa-funcionário
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Di7nte do exposto, pode-se afirmar que os empresários reconhecem a necessidade de
qualificação e de treinamento dos funcionários. No entanto, não foi identificada a existência
de programas de qualificação profissional para os funcionários, nas empresas. Como
informação e conhecimento são fatores determinantes no processo de inovação, a falta de
qualificação consiste em um dos aspectos negativos para o desempenho produtivo das
empresas. Pode-se afirmar, também, que não há um comprometimento dos empresários com a
formação de seus funcionários, sendo este agravado pela baixa interação das empresas com as
instituições que oferecem cursos, visto que a mão-de-obra é um atrativo para o APL de Patos,
por ser abundante e de baixo custo, mas uma fragilidade para o mesmo, por não ser bem
capacitada e especializada.
102
Dessa forma, o baixo nível de qualificação profissional nessas empresas revela um
aspecto negativo para o desenvolvimento e competitividade do APL.
4.1.4 Análise da competitividade do APL de calçados de Patos
A análise dos resultados da competitividade do APL de Calçados de Patos em ralação
as dimensões da competitividade sistêmica será dissertada a seguir:
4.1.4.1 Fatores sistêmicos
Quanto aos determinantes estruturais, o APL apresenta características semelhantes às
do segmento coureiro-calçadista, sendo elas: flexibilidade produtiva, produção divisível,
intensiva mão-de-obra e existência de cadeia de subcontratação, o que evidencia todo um
potencial para uma melhor atuação para inserção competitiva.
Quanto aos determinantes internacionais, foi verificado que o APL em estudo não
apresenta condições para atender às oscilações de demandas internacionais, pois essas
demandas mudam constantemente de acordo com os lançamentos e o grau de exigência está
muito acima do oferecido pelo referido aglomerado, haja vista que nenhuma empresa
atualmente exporta. Porém, a atual crise internacional do mercado financeiro atingiu o
mercado coureiro-calçadista do Brasil, muitas demissões ocorreram no Sul e Sudeste do
país e até no Nordeste.
Quanto aos determinantes político-institucionais constatou-se que as poucas e
inconstantes políticas de apoio, aliadas à carga tributária e aos encargos sociais existentes,
afetam diretamente a competitividade do APL, o que é um empecilho para as interações das
empresas com as instituições do Estado, enfraquecendo, assim, as bases para a produção e
comercialização dos produtos no mercado e desfavorecendo o desenvolvimento local. O
Quadro 17 mostra os resultados desses fatores:
103
DETERMINANTES DA COMPETITIVIDADE – FATORES SISTÊMICOS
DIMENSÕES
VARIÁVEIS
AVALIAÇÃO
PERCENTUAL
Determinantes
estruturais
Características da cadeia Couro-Calçadista + Favorável 100%
Oscilação nas demandas de mercado _
Flexibilização das estruturas +
Determinantes
internacionais
Formas de relacionamento entre empresas _
Favorável 33,33%
Desfavorável 66,67%
Determinantes
políticos-
institucionais
Inconstância de políticas de apoio e/ou falta
de apoio governamental
_
Desfavorável 100%
Determinantes
macro-
econômicos
Carga tributária e encargos sociais _ Desfavorável 100%
Resultado: Favorável: 33,33% Desfavorável: 66,67%
Quadro 17: Fatores sistêmicos do APL de Calçados de Patos
Fonte: Modelo adaptado de Martins (2008)
Conforme o quadro acima, os resultados demonstram um percentual de negatividade
acentuado: 66,67% dos fatores competitivos sistêmicos revelam-se como desfavoráveis para a
competitividade do APL, enquanto apenas 33,33% são positivos para a competitividade do
APL de calçados de Patos.
4.1.4.2 Fatores estruturais
A caracterização do APL revelou-se com características favoráveis, no que se refere à
origem e desenvolvimento, ao tempo de atuação, à origem do capital, à origem dos
proprietários e à flexibilidade no processo produtivo, somando um percentual de 45,45% de
aspectos favoráveis. Enquanto revelou aspectos como a não utilização de toda a capacidade
produtiva, a quantidade de funcionários próprios, a diversidade na linha de produtos, o
sistema de produção sem atualização, as formas de produção e equipamentos obsoletos, que
somam 54,54% de aspectos competitivos desfavoráveis. Quanto à configuração, verificou-se
fatores competitivos favoráveis na organização do APL em relação à existência de empresas
correlatas e de apoio, e de empresas de comercialização, somando 33,33% dos fatores.
Enquanto os fatores competitivos desfavoráveis, referentes ao desempenho e capacitação,
articulação com as instituições de apoio, percentual baixo de facções e terceirização e
articulação na cadeia através da cooperação, somam 66,7%.
Quanto ao regime de incentivos e regulação da concorrência, a pesquisa revelou um
baixo percentual de fatores competitivos favoráveis: apenas em relação à localização do APL,
104
10%. Enquanto os fatores desfavoráveis foram muitos, como: financiamentos; informalidade;
mão-de-obra qualificada e treinamento; incentivos das instituições de apoio, sindicatos e
governos; inexistência de mecanismos de cooperação entre as pequenas empresas; falta de
atualização tecnológica e políticas para reestruturação do setor; somando 90% de freqüência.
Quanto ao mercado, apenas um fator competitivo favorável foi encontrado, este
relacionado a marcas consolidadas, somando 20%. Enquanto que a maioria foi de fatores
competitivos desfavoráveis, sendo eles: área de influência, concorrência interna, valorização
do produto local e acesso a mercados internacionais, num total de 80%.
Os resultados referentes aos fatores competitivos estruturais encontram-se
explicitados no Quadro 18, a seguir:
DETERMINANTES DA COMPETITIVIDADE – FATORES ESTRUTURAIS
DIMENSÕES VARIÁVEIS AVALIAÇÃO %
Origem do APL +
Tempo de atuação +
Origem do capital (nacional) +
Origem do proprietário +
Funcionários próprios/terceirizado -
Capacidade produtiva -
Linha de produtos -
Processo produtivo +
Sistema de produção -
Formas de produção -
Caracterização do
APL
Equipamentos -
Favorável
45,45%
Desfavorável
54,55%
Desempenho e capacitação -
Empresas correlatas e de apoio +
Empresas de comercialização +
Instituição de apoio -
Facções/terceirização -
Articulação na cadeia produtiva através da Cooperação _
Configuração do
APL
Articulação na cadeia produtiva através Fluxo de
informação
-
Favorável
33,33%
Desfavorável
66,67%
Localização +
Financiamentos -
Informalidade -
Mão-de-obra qualificada e de treinamento -
Incentivos das instituições de apoio, sindicatos e
governos.
-
Inexistência de mecanismos de cooperação entre as
pequenas empresas
-
Falta de atualização tecnológica -
Regime
de incentivo
e regulação da
concorrência
Políticas para reestruturação do setor -
Favorável
10%
Desfavorável
90%
Área de influência -
Concorrência interna -
Marcas consolidadas
+
Valorização do produto local -
Mercado
Acesso a mercados internacionais -
Favorável
20%
Desfavorável
80%
Resultado: Favorável: 26,67% Desfavorável: 73,33%
Quadro 18: Fatores estruturais do APL de Calçados de Patos
Fonte: Modelo adaptado de Martins (2008)
105
Conforme os resultados encontrados para aos fatores competitivos estruturais o APL
apresenta um alto percentual de negatividade. Foi observado que 73,33% dos fatores
mostraram-se desfavoráveis e apenas 26,67% foram favoráveis à competitividade do APL de
Calçados de Patos.
4.1.4.3 Fatores de competitividade empresarial
Quanto à gestão competitiva, verificou-se que apenas a estratégia mercadológica é um
fator competitivo favorável, o que representa 25%. como fatores negativos foram
identificados: o Planejamento e Gerenciamento, Controle financeiro e Práticas gerenciais
cooperativas, somando 75% de fatores competitivos desfavoráveis.
Quanto à inovação, foi verificado que 20% das variáveis se mostraram favoráveis,
enquanto as variáveis: inovação na gestão, inovação no processo, inovação no produto e
fontes de informação para inovação, se mostraram desfavoráveis, somando 80%.
Quanto à produção, verificou-se que os aspectos competitivos são todos desfavoráveis:
Atualização do sistema de produção, Desempenho produtivo e Métodos de produção.
Em relação aos recursos humanos, foi verificado que o único aspecto competitivo
favorável é a Flexibilidade, referente a 25%. Comprometimento e Estímulo à Produtividade;
Qualificação e Capacitação constituem fatores desfavoráveis, referentes a 75%. Os resultados
estão explicitados no Quadro 19 a seguir:
DETERMINANTES DA COMPETITIVIDADE – FATORES EMPRESARIAIS
DIMENSÕES VARIÁVEIS AVALIAÇÃO %
Planejamento e Gerenciamento
-
Controle financeiro
-
Estratégia mercadológica +
Gestão
competitiva
Práticas gerenciais cooperativas -
Favorável
25%
Desfavorável
75%
Inovação na gestão -
Inovação no processo -
Inovação no produto -
Inovação
Inovações tecnológicas +
Favorável
20%
106
Fontes de informações para
inovações
- Desfavorável
80%
Atualização do sistema de
produção
-
Desempenho produtivo -
Produção
Métodos de produção -
Desfavorável
100%
Qualificação -
Capacitação e treinamento -
Flexibilidade +
Recursos
humanos
Comprometimento e estímulo a
produtividade
-
Favorável
25%
Desfavorável
75%
Resultados: favorável: 18,75% Desfavorável: 81,25%
Quadro 19: Fatores empresariais do APL de calçados de Patos
Fonte: Martins (2008)
Com esses resultados verificou-se que 81,25% dos determinantes competitivos
empresariais são desfavoráveis e 18,75% são favoráveis para a competitividade do APL.
Por fim, pode-se estabelecer que os Fatores Sistêmicos obtiveram 33,33% dos
determinantes favoráveis e 66,67% dos determinantes desfavoráveis; que os Fatores
Estruturais obtiveram 26,67% dos determinantes favoráveis e 73,33% dos determinantes
desfavoráveis; e que os Fatores Empresariais obtiveram 18,75% dos determinantes favoráveis
e 81,25% dos determinantes desfavoráveis, demonstrando um baixo nível de
Competitividade do APL, que a média de todos os fatores resulta em 73,75% de
determinantes desfavoráveis e 26,25% de determinantes favoráveis.
4.2 ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Estudo realizado por Martins e Cândido (2008) sobre os níveis de sustentabilidade dos
estados brasileiros e municípios paraibanos, apresenta resultados para seis dimensões: social,
demográfica, econômica, político-institucional, ambiental e cultural.
Neste contexto, esta seção apresenta o índice de Desenvolvimento Sustentável do
Estado, juntamente com os níveis de Sustentabilidade dos municípios da Paraíba e, com base
nestes, o indicador de Desenvolvimento Sustentável das seis dimensões, mais o índice geral
de Patos, objeto de estudo da referida seção.
107
4.2.1 Índice de desenvolvimento sustentável na Paraíba
Segundo Martins (2008), os índices de desenvolvimento sustentável da Paraíba são:
a) Sustentabilidade Social – 0,4768;
b) Sustentabilidade Demográfica – 0,3382;
c) Sustentabilidade Econômica – 0,2417;
d) Sustentabilidade Político-institucional – 0,3422;
e) Sustentabilidade Ambiental – 0,4686;
f) Sustentabilidade Cultural – 0,1145.
Diante desses dados, podemos constatar que a Paraíba encontra-se em uma situação
que varia de estado de Alerta à um estado crítico, apresentando um índice geral e 0,3303 e
ocupando assim, a 23º posição em relação aos demais estados. Portanto faz-se necessário
buscar mecanismos para estimular o desenvolvimento da economia no Estado, através da
elaboração de políticas e estratégias para identificação da vocação econômica de tais
localidades, ampliação da capacidade produtiva de pequenos produtores, valorização das
potencialidades locais e qualificação profissional, possibilitando a atuação adequada da
população nas diversas atividades econômicas e, consequentemente, a geração de renda
nesses municípios. Além do fortalecimento das bases econômicas e redução da dependência
do município em relação aos recursos da União.
O Quadro 20 apresenta os índices e a performance que caracteriza os níveis de
sustentabilidade da Paraíba:
IDS DAS DIMENSÕES
ÍNDICE DA
PARAÍBA
COLORAÇÃO
PERFORMANCE DA
PARAÍBA
SOCIAL
0,4768 ALERTA
DEMOGRÁFICA
0,3382 ALERTA
ECONÔMICA
0,2417 ESTADO CRÍTICO
POLÍTICO-INSTITUCIONAL
0,3422 ALERTA
AMBIENTAL
0,4686 ALERTA
CULTURAL
0,1145 ESTADO CRÍTICO
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
0,3303 ALERTA
Quadro 20: Níveis de sustentabilidade do estado da Paraíba
Fonte: Martins (2008)
108
A peformance do Estado tem seu reflexo correspondente aos resultados das dimensões
da Sustentabilidade para cada município. A síntese da análise dos municípios paraibanos, de
modo geral, encontra-se demonstrado no Quadro 21, cuja peformance da maioria dos
municípios está em estado de alerta. Entretanto, em duas das dimensões, a Político-
Instititucional e a Cultural, está em estado crítico.
Performance dos Municípios da Paraíba (%)
IDS das Dimensões – Municípios
Ideal Aceitável Alerta Crítico S/Informação
Social 0,00 31,84 68,16 0,00 0,00
Demográfica 0,00 39,46 60,54 0,00 0,00
Econômica 0,45 2,24 97,31 0,00 0,00
Político-Institucional 0,00 0,45 77,58 21,97 0,00
Ambiental 0,45 57,85 41,70 0,00 0,00
Cultural 0,45 0,45 0,45 98,65 0,00
Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) 0,00 0,90 99,10 0,00 0,00
Quadro 21 - Níveis de sustentabilidade dos municípios da Paraíba
Fonte: Martins (2008)
Assim, de modo específico, a seção seguinte tratará da análise do Índice de
Desenvolvimento Sustentável do município de Patos.
4.2.2 Índice de desenvolvimento sustentável do município de Patos - PB
Diante da diversidade de aspectos que envolvem a sustentabilidade, são necessárias
abordagens que partam de uma visão abrangente e, ao mesmo tempo, integrada das dimensões
sociais, demográficas, econômicas, político-institucionais, ambientais e culturais. Utilizando
tais abordagens e seguindo a metodologia de análise do Índice de Desenvolvimento
Sustentável para Municípios - IDSM, desenvolvido por Martins (2008), é que a
sustentabilidade foi analisada para o município de Patos, na Paraíba.
109
4.2.2.1 Índices da dimensão social
O nível de sustentabilidade social de Patos é 0,5962; o que revela uma situação
aceitável em relação aos demais municípios do Estado, entretanto, esta dimensão é a que
apresenta o melhor índice dentre todas as demais, porém ainda não representa o ideal,
considerando que os indicadores de imunização contra doenças infecciosas (tais como
Sarampo, Tríplice e Poliomielite) apresentam níveis de sustentabilidade críticos. No entanto, a
taxa de mortalidade infantil, a prevalência de desnutrição total e a taxa de alfabetização
apresentam índices ideais.
Dimensão social Índice de Patos Coloração
Performance
de patos
Esperança de vida ao nascer (anos)
0,5434
Aceitável
Taxa de mortalidade infantil (por 1000 nasc. vivos)
0,7547
Ideal
Prevalência de desnutrição total
0,7179
Ideal
Imunização contra doenças infecciosas infantis (%)
Sarampo
0,2078
Crítico
Tríplice
0,2325
Crítico
Poliomielite
0,2455
Crítico
BCG
0,8926
Ideal
Oferta de serviços básicos de saúde
Nº de procedimentos básicos de saúde por habitante
0,5464
Aceitável
Nº de médico por 1.000 habitantes
0,2446
Crítico
Nº de leitos hospitalar por 1.000 hab.
0,1958
Crítico
Nº de habitantes por estabelecimento de saúde
0,8975
Ideal
Taxa de escolarização (%)
0,3102
Alerta
0 a 6 anos
0,4922
Alerta
7 a 14 anos
0,6542
Aceitável
15 a 17 anos
0,6388
Aceitável
18 a 24 anos
0,5155
Aceitável
25 anos ou mais
0,1980
Crítico
Taxa de alfabetização (%)
0,7214
Ideal
10 a 14 anos
0,7189
Ideal
15 a 19 anos
0,6840
Aceitável
20 anos ou mais
0,6783
Aceitável
Escolaridade
0,5888
Aceitável
Taxa de analfabetismo funcional (%)
0,6993
Aceitável
Famílias atendidas por transferência de benef. sociais
0,5384
Aceitável
Adequação de moradia (%)
Domicilio com banheiro e água encanada
0,9229
Ideal
Domicilio urbanos com serviço de coleta de lixo
0,8683
Ideal
Domicilio com energia elétrica
0,9905
Ideal
Domicilio com densidade > 2
0,4892
Alerta
Coeficiente de mortalidade por homicídios
0,8685
Ideal
Coeficiente de mortalidade por acidentes de transporte
0,8308
Ideal
IDS Social =
0,5962
Aceitável
Quadro 22: Índices das variáveis que compõem a dimensão social e índice da dimensão social
Fonte: Pesquisa direta (2008)
110
4.2.2.2 Índices da dimensão demográfica
Encontrou-se o valor de 0,4659 para o nível de sustentabilidade demográfica da
Cidade de Patos, caracterizando uma situação de alerta em relação aos demais municípios do
Estado. Considerando que a Paraíba apresenta situação de alerta em relação aos demais
Estados do país, em razão de apresentar um nível de sustentabilidade demográfica de 0,3382,
Patos evidencia uma situação um pouco mais favorável, se comparada à média do Estado,
mas continua na zona de alerta.
Dimensão Demográfica Índice de Patos
Coloração
Performance de
patos
Taxa de crescimento da população (%)
0,7229 Ideal
Razão entre a população urbana e rural
0,0404 Alerta
Densidade Demográfica
0,0554 Aceitável
Razão entre a população
masculina/feminina
0,1832
Crítico
População residente por faixa etária (%)
Menor que 1 ano 0,0287 Alerta
1 a 4 anos 0,5269 Aceitável
5 a 9 anos 0,4017 Alerta
10 a 14 anos 0,2316 Crítico
15 a 19 anos 0,4443 Alerta
20 a 29 anos 0,7822 Ideal
30 a 39 anos 0,6570 Aceitável
40 a 49 anos 0,6873 Aceitável
50 a 59 anos 0,3351 Alerta
60 a 69 anos 0,7578 Ideal
70 a 79 anos 0,6382 Aceitável
80 anos acima 0,9613 Ideal
IDS Demográfica = 0,4659
Alerta
Quadro 23: Índices das variáveis que compõem a dimensão demográfica e índice da dimensão demográfica
Fonte: Pesquisa direta (2008)
111
4.2.2.3 Índices da dimensão político-institucional
Em relação ao nível de sustentabilidade político-institucional, Patos apresenta situação
de alerta, em relação aos demais municípios do Estado, pois apresenta 0,3078. Considerando
que a Paraíba apresenta, para essa dimensão, um nível e 0,3422, observa-se que Patos está em
sintonia com a média do Estado, entretanto caracterizando uma situação de alerta em relação
às demais localidades do país.
Dimensão Político-Institucional
Índice de
Patos
Coloração Performance de patos
Despesas por função (%)
Despesas com Assistência Social 0,4451 Alerta
Despesas com educação 0,4706 Alerta
Despesas com cultura 0,0712 Crítico
Despesas com urbanismo 0,5221 Aceitável
Despesas com habitação urbana 0,0000 Crítico
Despesas com gestão ambiental 0,2136 Crítico
Despesas com Ciência e Tecnologia 0,0070 Crítico
Despesas com desporte e lazer 0,0434 Crítico
Despesas com saneamento urbano 0,0000 Crítico
Despesas com saúde 0,4984 Alerta
Despesa total com saúde por habitante (R$)
0,0663 Crítico
Acesso a serviços de Telefonia Fixa
Nº de acessos individuais 0,2008 Crítico
Nº de acessos público 0,2957 Alerta
Comparecimento nas eleições
Comparecimento (%) 0,3754 Alerta
Abstenções (%) 0,3754 Alerta
Número de Conselhos Municipais
0,6667 Aceitável
Acesso à justiça
0,6667 Aceitável
Transferências intergovernamentais da União
0,6212 Aceitável
IDS Político-Institucional = 0,3078
Alerta
Quadro 24: Índices das variáveis que compõem a dimensão político-institucional e índice da dimensão político-
institucional
Fonte: Pesquisa direta (2008)
112
4.2.2.4 Índices da dimensão econômica
Para o índice desenvolvimento sustentável econômico, Patos apresenta 0,4863,
resultado que indica uma situação de alerta, porém mais favorável que a média do Estado.
Assim, Patos encontra-se em vel semelhante à da maioria dos municípios brasileiros que
apresentam situação de alerta.
Dimensão Econômica Índice de Patos Coloração
Performance
de patos
Produto interno bruto per capita
0,2059 Crítico
Participação da indústria no Produto Interno
Bruto
0,5623
Aceitável
índice de Gine da distribuição do rendimento
0,4286 Alerta
Renda per capita
0,4138 Alerta
Renda proveniente de rendimentos do trabalho
(%)
1,0000
Ideal
Renda familiar per capita (%)
Até 1/4 (salário mínimo) 0,8207 Ideal
Mais de 1/4 a 1/2 (salário mínimo) 0,7254 Ideal
Mais de 1/2 a 1 (salário mínimo) 0,3591 Alerta
Mais de 1 a 2 (salário mínimo) 0,8142 Ideal
Mais de 2 a 3 (salário mínimo) 0,5504 Aceitável
Mais de 3 (salário mínimo) 0,3322 Alerta
Balança Comercial (US$)
Exportações 0,0000 Crítico
Importações 0,0000 Crítico
Saldo 0,5958 Aceitável
IDS Econômica = 0,4863
Alerta
Quadro 25: Índices das variáveis que compõem a dimensão econômica e índice da dimensão econômica
Fonte: Pesquisa direta (2008)
4.2.2.5 Índices da dimensão ambiental
Em relação à sustentabilidade ambiental, Patos apresenta 0,5380, vel que, se
comparado à média do Estado, está razoavelmente favorável. Desse modo, Patos revela uma
situação aceitável para a dimensão ambiental, assim como a maior parte dos municípios
brasileiros.
113
Dimensão Ambiental Índice de Patos Coloração
Performance de
patos
Qualidade das águas (%)
Conform. quantidade de amostras analisadas para
aferição de cloro residual
0,0053
Crítico
Incidência de amostras de cloro residual fora do
padrão
0,4282
Alerta
Conform. quantidade de amostras analisadas para
aferição de turbidez
0,0043
Crítico
Incidência de amostras com turbidez fora do padrão 0,4694
Alerta
Conform. Quantidade de amostras para identificar
coliformes totais
0,4120
Alerta
Incidência de amostras com coliformes totais fora do
padrão
0,7807
Ideal
Volume de águas tratada (1000m3/ano) (%)
Tratada em ETAs 1,0000
Ideal
Tratada por desinfecção 0,0000
Crítico
Consumo médio per capita de água L/(hab*dia)
0,9133
Ideal
Acesso ao sistema de abastecimento de água (%)
Rede geral urbana
0,9600
Ideal
Poço ou nascente urbana
0,9916
Ideal
Outro tipo urbana
0,9630
Ideal
Rede geral rural
0,0213
Crítico
Poço ou nascente rural
0,2603
Alerta
Outro tipo rural
0,7399
Ideal
Acesso a esgotamento sanitário (%)
Rede geral de esgoto (urbana)
0,8361
Ideal
Fossa séptica (urbana)
0,0504
Crítico
Outro tipo (urbana)
0,9165
Ideal
Não possui esgotamento sanitário (urbana)
0,9250
Ideal
Rede geral de esgoto (rural)
0,0102
Crítico
Fossa séptica (rural)
0,0830
Crítico
Outro tipo (rural)
0,6344
Aceitável
Não possui esgotamento sanitário (rural)
0,4342
Alerta
Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico (%)
Lixo coletado (urbano)
0,8836
Ideal
Lixo queimado ou enterrado (urbano)
0,9723
Ideal
Outro destino (urbano) 0,8987 Ideal
Lixo coletado (rural)
0,0096
Crítico
Lixo queimado ou enterrado (rural)
0,2827
Alerta
Outro destino (rural)
0,7160 Ideal
IDS Ambiental =
0,5380
Aceitável
Quadro 26: Índices das variáveis que compõem a dimensão ambiental e índice da dimensão ambiental
Fonte: Pesquisa direta (2008)
114
4.2.2.6 Índices da dimensão cultural
em relação ao índice de sustentabilidade cultural, Patos apresenta 0,2841, o que a
põe em uma situação de alerta. No entanto, a mesma difere da posição crítica em que se
encontram a maior parte dos municípios do Estado. Desse modo, tal cidade necessita de
intervenções das políticas públicas e privadas para minorar os efeitos da falta de acesso à
cultura, assim como a maioria dos municípios brasileiros.
Dimensão Cultural Índice de Patos Coloração
Performance de
Patos
Bibliotecas
0,4000 Alerta
Ginásios de esportes e estádios
0,0600 Crítico
Cinemas
0,3333 Alerta
Unidades de ensino superior
0,0952 Crítico
Teatros ou salas de espetáculos
0,1000 Crítico
Museus
0,5000 Alerta
Centro cultural
0,5000 Alerta
IDS Cultural = 0,2841
Alerta
Quadro 27: Índices das variáveis que compõem a dimensão cultural e índice da dimensão cultural
Fonte: Pesquisa direta (2008)
4.2.2.7 Índice de desenvolvimento sustentável final de Patos
A partir da média dos IDS das seis dimensões, foi possível estabelecer o IDS do
município de Patos e, assim, oferecer informações de significativa relevância para a definição
de políticas públicas adequadas à realidade dessas regiões e localidades, de modo que seja
possível estabelecer as bases para um processo de desenvolvimento sustentável.
Fazendo uso do recurso matemático de aproximação decimal, constata-se que o
município de Patos apresenta um IDS de 0,45, evidenciando, assim, uma situação de alerta em
relação aos demais municípios, porém levemente mais favorável que a média do Estado. O
Quadro 28 mostra o IDS social, demográfico, econômico, político-institucional, ambiental e
cultural de Patos e a performance de sustentabilidade do município.
115
Dimensão Índice de Patos Coloração Performance de patos
Social 0,5962 Aceitável
Demográfica 0,4659 Alerta
Político-Institucional 0,3078 Alerta
Econômica 0,4863 Alerta
Ambiental 0,5380 Aceitável
Cultural 0,2841 Alerta
IDS Geral de Patos =
0,4464
Alerta
Quadro 28: Índice de desenvolvimento sustentável das seis dimensões e índice geral de Patos
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Portanto, a análise dos indicadores do Desenvolvimento Sustentável proposta na
metodologia de avaliação de APLS de Furlanetto (2008), referente à região e ao município em
estudo, ambas encontram-se situadas em estado de alerta, o que vem caracterizar o
desempenho dos indicadores de Sustentabilidade como baixos.
4.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL DO APL
4.3.1 Responsabilidade social
Partindo-se do pressuposto de que as empresas para desenvolver responsabilidade
social devem desenvolver um exercício de diálogo e participação junto a todos os públicos
ligados a elas, isto de forma ética e transparente; procurou-se investigar qual a percepção que
as empresas têm a respeito da comunidade, do governo e da sociedade.
A pesquisa em relação à percepção sobre a comunidade foi realizada a partir do
seguinte grupo de questionamentos: 1. Qual a percepção que as empresas têm a respeito da
comunidade; 2. Qual a percepção dos empresários em relação ao comportamento e ações da
comunidade; 3. Qual a influência da empresa na melhoria da comunidade; 4. Quanto ao
conhecimento e relação da empresa ao considerar os possíveis impactos na vida da
comunidade, no que se refere à demanda para centros de saúde e lazer, creches, transporte
público, tráfego de veículos e etc.; 5. Com relação às organizações comunitárias, às ONG´s e
116
aos equipamentos públicos (como as escolas, postos de saúde, etc); 6. Como forma de
concretizar sua ação social; 7. Como outras formas de concretizar a ação social empresarial.
Nesta perspectiva, os aspectos investigados em relação à percepção sobre comunidade
foram: Nível de confiança; Interesse e Espírito de Participação; e Qualidade de Vida. Segundo
os entrevistados, os resultados quanto ao nível de confiança entre a população da Cidade de
Patos são: para 41,67% é médio, para 33,33% é baixo e para 25% é alto. Em relação ao
interesse e espírito de participação, o mesmo é muito baixo para 44,44% ; para 44,44% é
baixo; para 25% é médio e é alto para apenas 8,33%. Quanto ao nível de qualidade de vida,
50,00% afirmam ser baixo, 25% declaram ser médio, 16,66% alto e 8,33% considera ser
muito baixo, como aponta o Gráfico 23:
Nível de
Confiança
33,3%
41,7%
25,0%
12
Interesse e
Espírito de
Participação
33,3%
33,3%
25,0%
8,3%
12
Qualidade de
Vida
8,3%
50,0%
25,0%
16,7%
12
Muito baixo Baixo
Médio
Alto
Não respondeu
Gráfico 23: Percepção sobre a comunidade
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Levando em consideração que apenas os empresários foram ouvidos, a pesquisa revela
uma realidade vivenciada nos relacionamentos dentro do município que está em contexto com
outros aspectos do estudo. Os dados revelaram uma população com nível de confiança que
oscila entre médio e baixo, o qual é evidenciado a partir das relações e laços de amizade que
ainda existem entre vizinhos, parentes e amigos. O interesse e espírito de participação,
observados através do envolvimento ainda restrito da população nas associações comunitárias
e de bairros e igrejas; revelou ser muito baixo e baixo; enquanto o nível de qualidade foi
considerado baixo. A população não desfruta de um nível aceitável de segurança, qualidade
ambiental, estruturas socioculturais e acesso a determinados serviços sociais.
117
Foram estudados outros aspectos de suma importância para as relações estabelecidas
na sociedade, os quais refletem que tipo de comportamento e ações os empresários percebem
em relação à comunidade de seu entorno, tais como: se as pessoas são honestas e confiáveis;
se as relações são harmoniosas; se o interesse é somente no próprio bem estar; se contribuem
com tempo e dinheiro para o desenvolvimento comum; se igualdade nos serviços públicos
disponibilizados para a população e se existem ações coletivas para melhoria dos serviços
públicos, conforme o Gráfico 24:
Pessoas
Honestas e
Confiáveis
83,3%
16,7%
12
Relações
Harmoniosas
91,7%
8,3%
12
Interesse no
Próprio bem
estar
66,7%
33,3%
12
Contribuição p
/ o desenvolvi
mento local
33,3%
50,0%
16,7%
12
Melhoria dos
serviços
públicos
41,7%
58,3%
12
Igualdade nos
serviços
públicos
58,3%
41,7%
12
sim não não respondeu
Gráfico 24: Percepção do conhecimento e ação da comunidade
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Os dados demonstrados acima, revelam que, segundo a perspectiva dos empresários,
83,3% das pessoas são honestas e confiáveis; 91,7% das relações entre as pessoas são
geralmente harmoniosas; 66,7% das pessoas visam apenas seu próprio bem estar e 50% dos
empresários declararam que a comunidade não contribui com seu tempo e dinheiro para o
desenvolvimento local, apenas 33,3% o fazem e 16,7% não responderam; segundo 58,3%
deles, não ações coletivas visando à melhoria dos serviços públicos; no entanto, 58,3%
reconhecem que há igualdade de acesso nos serviços públicos oferecidos.
Quanto a grupos e lideranças locais que exercem um papel mais ativo ajudando e
melhorando o bem-estar dos membros da comunidade o mais citado foi uma pastoral da Igreja
Católica com 41,67%; seguida pela prefeitura e por um vereador da comunidade com 8,33%
cada, no entanto, 41,41% afirmaram que desconhecem essas ações desenvolvidas por grupos
ou lideranças em sua localidade. Conforme os resultados do Quadro 29 pode-se afirmar que
58,33% dos empresários reconhecem a existência e a atuação de grupos ou lideres na
118
melhoria do bem-estar da comunidade, enquanto o restante dos empresários afirma não
existirem tais agentes.
Grupos e Lideranças Freq. %
Desconhece 5 41,67
Vereador 1 8,33
A Pastoral 5 41,67
A Prefeitura 1 8,33
Soma 12 100,00
Quadro 29: Grupos e lideranças locais
Fonte: pesquisa direta
Ainda neste contexto, buscou-se avaliar o grau de participação direta das empresas
participantes do APL de Calçados de Patos, no que se refere ao exercício de um papel mais
ativo na melhoria do bem-estar dos membros da comunidade situada no seu entorno.
Para tal, procurou-se verificar a influência das empresas na melhoria da comunidade,
observando a participação das empresas em programas sociais, a influência que os
empresários têm em decisões do governo e a influência direta do empresário na comunidade.
Os resultados estão demonstrados no Gráfico 25 a seguir:
Part. da
Empresa em
Programas
Sociais
33,3%
66,7%
12
Influência da
Emp. em
decisões
(Governo)
8,3%
91,7%
12
Influência do
Empresário na
Comunidade
58,3%
41,7%
12
sim não
Não respondeu
Gráfico 25: Influência da empresa na comunidade
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Constatou-se que a maiorias das empresas, 66,7%, não estão ligadas a nenhum
programa social, 91,7% dos empresários não exercem nenhuma influência em decisões do
119
governo local. Em contrapartida, 58.3% deles exercem influência e podem contribuir para
melhorar a vida das pessoas na comunidade.
A partir deste ponto do texto é necessário que se observe que, devido a questões
técnicas de utilização do sistema de tabulação dos dados, o tema geral de alguns gráficos se
repete em suas colunas. Quando assim ocorrer, a informação de cada coluna será explicitada
junto à análise dos dados, no decorrer do texto e sempre da esquerda para direita.
Desse modo, quanto ao conhecimento e relação da empresa ao considerar os possíveis
impactos causados na vida da comunidade a partir da demanda gerada sobre os centros de
saúde e lazer, creches, transporte público, tráfego de veículos e etc, conforme os resultados
representados no Gráfico 26.
Gerenciam. do
impacto da
emprena na
comu
25,0%
75,0%
12
Gerenciam. do
impacto da
empresa na
com
8,3%
91,7%
12
Gerenciam. do
impacto da
empresa na
comu
100,0%
12
Gerenciam. do
impacto da
empresa na
comn
16,7%
75,0%
8,3%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 26: Gerenciamento do impacto da empresa na comunidade
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Nesse aspecto, os dados do gráfico acima demonstram que 75% das empresas o
conhecem em profundidade seus impactos na comunidade, não possuem nenhum processo
estruturado para registrar reclamações e nem promovem reuniões sistemáticas para informar
as lideranças locais sobre providências a serem tomadas. 91,7% afirmaram não possuir
nenhuma política formal de antecipação às demandas da comunidade; não informar tal
comunidade sobre atuais e futuros planos e impactos de suas atividades; nem possuir
nenhuma iniciativa que envolva a comunidade na solução dos problemas. Além disso, todas
elas também não possuem ou não mantém um comitê permanente ou grupos de trabalhos com
a participação de lideranças locais para analisar suas atividades e monitorar seus impactos e
120
75% declararam que não procuram tomar medidas reparadoras em respostas às reclamações e
manifestações da comunidade.
Com relação às organizações comunitárias, ONG´s e equipamentos públicos como as
escolas, postos de saúde etc., presentes no entorno das empresas, as mesmas declararam,
conforme representado no Gráfico 27 a seguir, que: exatos 50% conhecem superficialmente
suas atividades e respondem pontualmente a eventuais pedidos de apoio; já quanto à apoiarem
várias entidades com doações, financiamento e implantação de projetos e divulgando as
experiências positivas, 58,3% afirmaram que o fazem; quanto a participarem na elaboração e
implantação de projetos conjuntos com entidades locais, mantendo parcerias de longo prazo e
capacitando lideranças envolvidas, 83,3% não o fazem; por último, no que tange a atuação
em parcerias com entidades locais, na busca de influenciar as políticas públicas, no
estabelecimento de alianças e na formação de diversas redes com o intuito de maximizar suas
contribuições para o desenvolvimento local, 58,3% responderam negativamente, assim dispõe
o Gráfico 27:
Relações com
organizações
locais
50,0%
50,0%
12
Relações com
organizações
locais1
58,3%
41,7%
12
Relações com
organizações
locais2
16,7%
83,3%
12
Relações com
organizações
locais3
41,7%
58,3%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 27: Relações com as organizações
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Como forma de concretizar sua ação social, foi verificado que 50% das empresas
participantes do APL contribuem para o financiamento das ações sociais no município,
através de verba variável, administrada arbitrariamente por diretores ou gerentes e em
resposta às solicitações externas. quanto ao financiamento da ação social mediante verbas
definidas em orçamento anual, geridas com transparência por comitê ou grupo de trabalho e
121
conforme critérios preestabelecidos, 58,3% não financiam. Também, 91,7% não atuam com
programas sociais estruturados ou investimentos sociais privados, gerenciados por equipe
especializada, com dotação orçamentária estável e com público, metas e estratégias definidos;
como também, 100% das empresas não possuem programas sociais estruturados ou
investimentos sociais privados que dispõem de mecanismos próprios para a geração de
receitas, estando assegurada sua continuidade a longo prazo, a partir de fundo patrimonial e
ou percentual fixo sobre o faturamento da empresa, conforme o Gráfico 28:
Financiamento
da ação soci
al
50,0%
50,0%
12
Financiamento
da ação soci
al1
41,7%
58,3%
12
Financiamento
da ação soci
al2
8,3%
91,7%
12
Financiamento
da ação soci
al3
100,0%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 28: Financiamento da ação social
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Em relação a outras formas de concretizar a ação social empresarial, foi constatado
que 75% das empresas não fazem doações de produtos e recursos financeiros, não cedem
instalações, não mobilizam trabalho voluntário de seus empregados, nem desenvolvem
projetos sociais próprios. 66,7% afirmaram que além de não fazerem doações e de não
possuirem projetos sociais próprios, não cedem horas de seus empregados ou equipamentos
para atividades ligadas a esses projetos. 83,3% das empresas além de não apoiarem
materialmente, não possuem projeto social estruturado, ou seja, não cedem suas competências
técnicas, tecnológicas e gerenciais para fortalecer os projetos sociais, corporativos ou
financiados por terceiros; na grande maioria das empresas, 91,7% além de não apoiarem com
material e aporte de competências, também não envolvem as organizações ou lideranças
locais no desenho e na implantação dos projetos sociais, e não intercedem perante outros
organismos, públicos ou privados, pela concretização desses projetos.
122
Envolvimento
da empresa
com a ação
socia
25,0%
75,0%
12
Envolvimento
da empresa
com a ação
soci1
33,3%
66,7%
12
Envolvimento
da Empresa
com a Ação
Soci2
16,7%
83,3%
12
Envolvimento
da Empresa
com a Ação
Soci3
8,3%
91,7%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 29: Envolvimento da empresa com a ação social
Fonte: Pesquisa direta (2008)
A investigação relacionada à percepção das empresas sobre o governo e a sociedade
foi realizada a partir de três questionamentos: 1. em relação ao papel das mesmas na
construção da cidadania; 2. como elas exercem sua cidadania por meio de associações e
fóruns empresariais; 3. como são os envolvimentos das empresas participantes do APL de
calçados de Patos com as atividades sociais realizadas por entidades governamentais.
Quanto ao papel na construção da cidadania, 66,7% dos responsáveis pelas empresas
declararam que desenvolvem atividades eventuais cujo foco é a educação para a cidadania,
principalmente durante o período eleitoral; ao mesmo tempo que 75% delas também
permitem a livre discussão e troca de informações sobre temas políticos; além disso, 50%
convidam candidatos a cargos políticos para debates com seus funcionários e estabelecem
parcerias com ONG´s que trabalham com o tema; no entanto, 66,7% não assumem a
incumbência de formar cidadãos e de desenvolver programas de educação para cidadania na
comunidade do entorno e de ter um papel de liderança na discussão de temas como
participação popular e de combate a corrupção em seu município.
123
Construção da
Cidadania
pelas
Empresas
66,7%
33,3%
12
Construção da
Cidadania
pelas
Empresas1
25,0%
75,0%
12
Construção da
Cidadania
pelas
Empresas2
50,0%
50,0%
12
Construção da
Cidadania
pelas
Empresas3
33,3%
66,7%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 30: Construção da cidadania pelas empresas
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto a como as empresas exercem a cidadania por meio de associações e fóruns
empresariais, foi constatado que metade delas participam de comissões e grupos de trabalhos
relacionados à defesa e à promoção dos interesses específicos do seu ramo ou setor de
negócio; 75% afirmaram que não participar de comissões e grupos de trabalhos relacionados a
questão de interesse público e de responsabilidade social; 75% também confessaram não
participarem ativamente, ou seja, não contribuem com recursos humanos ou financeiros, em
processos de elabolaração de propostas de interesse público e de caráter social; e 66,7% não
possuem membros de sua alta diretoria envolvidos na articulação, viabilização e
fortalecimento de propostas de caráter social e em diálogos com autoridades públicas visando
adoção de propostas neste sentido., conforme o gráfico que segue:
124
Liderança e
Influência
Social
50,0%
50,0%
12
Liderança e
Influência
Social1
25,0%
75,0%
12
Liderança e
Influência
Social2
25,0%
75,0%
12
Liderança e
Influência
Social3
8,3%
25,0%
66,7%
12
Não resposta sim
não não respondeu
Gráfico 31: Liderança e influência social
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto a como são os envolvimentos das empresas participantes do APL de calçados
de Patos com as atividades sociais realizadas por entidades governamentais, a pesquisa
revelou que 83,3% contribuem apenas com os pagamentos de impostos; 50% contribuem
ocasionalmente com o poder público na realização de eventos e atividades pontuais e ou
apóiam financeiramente programas e projetos do poder público, em resposta a solicitações das
autoridades; 83,3% não contribuem regularmente com recursos humanos, técnicos ou
financeiros para a realização de projetos específicos e localizados, que seriam executados por
entidades governamentais; por último, 83,3% também não participam ativamente da
elaboração, aperfeiçoamento, execução, controle e avaliação para o fortalecimento de
políticas públicas de interesse geral.
125
Participação
em Projetos
Sociais
Governa
83,3%
16,7%
12
Participação
em Projetos
Sociais
Govern1
50,0%
50,0%
12
Participação
em Projetos
Sociais
Govern2
16,7%
83,3%
12
Participação
em Projetos
Sociais
Govern3
16,7%
83,3%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 32: Participação em projetos sociais do governo
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Levando em consideração os resultados da pesquisa, observou-se, na pespectiva da
responsabilidade social, que as relações estabelecidas entre o APL, às empresas fornecedoras,
empresas de comercialização, instituições e as ONG`s que formam a estrutura social;
encontram-se desarticuladas em seus diversos elos, o que leva a um enfraquecimento das
bases para uma atuação que reflita uma maior responsabilidade social.
Haverá de se somar a isto a análise das empresas participantes deste APL, no que
tange ao trato com a questão ambiental, diante dos possíveis impactos causados por suas
atividades. Assim, procurou-se investigar qual o nível de responsabilidade ambiental do APL
de calçados de Patos.
4.3.2 Responsabilidade ambiental
Quanto à responsabilidade ambiental por parte das empresas participantes do APL de
calçados de Patos, procurou-se investigar a dimensão ambiental a partir de um grupo de
quatro questionamentos, a saber: 1. ações empresariais com o objetivo de prevenir e reduzir
danos ambientais e otimizar processos; 2. impactos ambientais causados pelos processos e
produtos ou serviços de cada empresa; 3. contribuição para a conscientização da população
quanto aos desafios ambientais decorrentes da atividade humana e cultivo de valores de
126
responsabilidade ambiental; 4. o questionamento foi no sentido de procurar verificar com que
relevância e responsabilidade as empresas tratam os impactos ambientais causados por suas
atividades.
Neste sentido, quanto às avaliações dos empresários acerca das ações empresariais
com o objetivo de prevenir e reduzir danos ambientais e otimizar processos, constatou-se,
conforme o Gráfico 33, que 66,7% dizem que empresas estão próximas de atingir alto nível de
sustentabilidade ambiental por meio de estratégias de reutilização e compensação ambiental
que abranjam todo o sistema produtivo. No entanto, diante do contexto das outras respostas,
observou-se que, nesta primeira questão, os empresários responderam referindo-se apenas à
reutilização de matéria-prima, de forma local e pontual, sem a devida compensação ambiental
que abranja todo o sistema produtivo, o que significa que tais empresas não estão próximas de
atingir um nível de sustentabilidade ambiental. Ao mesmo tempo, 75% declaram não
investirem na redução e na reutilização de recursos, nem possuírem processos para medir,
monitorar e auditar periodicamente os aspectos ambientais significativos, relacionados ao
consumo de recursos naturais e à produção de resíduos e dejetos.
Quanto ao investimento na atualização tecnológica, visando à redução ou à
substituição de recursos de entrada e a reutilizaçãode resíduos, pela própria empresa ou por
terceiros, 41,7% responderam positivamente à sua realização. Ainda, 58,3% afirmaram que
mesmo sem alterarem o seu padrão tecnológico atual, tem procurado reduzir o consumo de
energia, água, produtos tóxicos e matérias-primas, e implantar processos de destinação
adequada de resíduos, como mostra o Gráfico 33:
Minimização
de Entradas e
Saídas de Mat3
66,7%
25,0%
8,3%
12
Minimização
de Entradas e
Saídas de Mat2
16,7%
75,0%
8,3%
12
Minimização
de Entradas e
Saídas de Mat1
41,7%
41,7%
16,7%
12
Minimização
de Entradas e
Saídas de Mate
58,3%
33,3%
8,3%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 33: Minimização de entradas e saídas de materiais
Fonte: Pesquisa direta (2008)
127
Quanto à consideração dos impactos ambientais causados pelos processos e produtos
ou serviços de cada empresa, foi verificado que 91,7% das empresas pesquisadas não
possuem sistema de gestão ambiental, não produzem estudos de impactos em toda a cadeia
produtiva, não desenvolvem parcerias com seus fornecedores visando a melhorias de seus
processos de gestão ambiental e nem na participação da destinação final dos produtos pós-
consumo; 91,7% não possuem sistemas de gestão ambiental padronizados e formalizados,
incluindo ampla identificação de riscos, planos de ação, alocações de recursos, treinamento de
empregados e auditorias.
Quando foi questionado se além de cumprirem com a obrigação legal, as empresas
conhecem e desenvolvem ações para prevenir os principais impactos ambientais causados por
seus processos e produtos ou serviços, com realizações regulares de controle e
monitoramento, 83,3% negaram tais ações. 91,7% afirmaram que não produzem estudos de
impacto ambiental segundo exigências da legislação e não focam suas ações nos processos
que ofereçam dano potencial à saúde e risco à segurança de seus empregados, conforme o
Gráfico 34:
Gerenciament
o do Impacto
no Meio Ambi
en3
8,3%
91,7%
12
Gerenciament
o do Impacto
no Meio Ambi
en2
8,3%
91,7%
12
Gerenciament
o do Impacto
no Meio Ambi
en1
16,7%
83,3%
12
Gerenciament
o do Impacto
no Meio Ambi
ent
8,3%
91,7%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 34: Gerenciamento do impacto no meio ambiente
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto à contribuição para a formação de consciência da população a respeito dos
desafios ambientais decorrentes da atividade humana e cultivo de valores de responsabilidade
ambiental, a pesquisa revelou que 83,3% dos empresários não o fazem. Quanto, a saber, se
além de desenvolver campanha, a empresa apóia ou participa de projetos educacionais em
128
parceria com organizações não-governamentais e ambientalistas, exercendo liderança social
em favor dessa causa, 75% responderam negativamente; quando se pergunta se além de
campanhas internas, os empresários desenvolvem campanhas de conscientização e educação
ambiental dirigidas a familiares de empregados e à comunidade do entorno imediato da
empresa, 83,3% afirmaram que não desenvolvem sistematicamente tais atividades de
educação ambiental. Por último, foi constatado que 75% não desenvolvem ações de educação
ambiental e treinamento de empregados sobre essa temática, pontualmente ou em decorrência
de pressão externa, como exigências do governo, crises de fornecimento etc., conforme o
Gráfico 35:
Educação e C
onscientizaçã
o Ambiental3
16,7%
83,3%
12
Educação e C
onscientizaçã
o Ambiental2
25,0%
75,0%
12
Educação e C
onscientizaçã
o Ambiental1
16,7%
83,3%
12
Educação e C
onscientizaçã
o Ambiental
25,0%
75,0%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 35: Educação e conscientização ambiental
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto à questão da responsabilidade ambiental, um último grupo de perguntas
efetuadas na pesquisa tem o sentido de procurar a verificação, quanto ao trato com a devida
relevância e a responsabilidade que as empresas tratam os impactos ambientais causados por
suas atividades.
Neste sentido, a pesquisa revelou que 75% das empresas, além de não cumprirem
rigorosamente os parâmetros e requisitos exigidos pela legislação nacional, também não
desenvolvem programas internos de melhoramento ambiental; para 83,3%, além de não
cumprirem a legislação, não priorizam políticas preventivas e não possuem área ou comitê
responsável pelo meio ambiente; 83,3% afirmaram que não tratam a questão ambiental como
tema transversal e sistêmico em sua estrutura organizacional e não a incluem no planejamento
129
estratégico; Por último, 83,3%, afirmaram que não desenvolvem novos negócios, ou novos
modelos para negócios existentes, levando em conta, desde a concepção, os princípios e as
oportunidades relacionadas à sustentabilidade ambiental, assim está demonstrado no Gráfico
36:
Comprometim
ento da Empre
sa com a Melh
ori
25,0%
75,0%
12
Comprometim
ento da Empre
sa com a Melh
or1
16,7%
83,3%
12
Comprometim
ento da Empre
sa com a Melh
or2
16,7%
83,3%
12
Comprometim
ento da Empre
sa com a Melh
or3
16,7%
83,3%
12
sim não
não respondeu
Gráfico 36: Comprometimento da empresa com a melhoria ambiental
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Os resultados relacionados à responsabilidade ambiental a partir dos quatro grupos de
questionamentos e seus respectivos grupos de variáveis descritos anteriormente, expõem que
grande maioria das empresas não estão atuando no mercado de forma responsável com
relação ao meio ambiente, o que pode comprometer a competitividade do APL, não apenas no
presente, mas também no futuro.
Diante dos resultados demonstrados, apresenta-se, a seguir, a análise das dimensões
aplicadas à avaliação da responsabilidade socioambiental do APL de Calçados de Patos.
4.3.3 Análise da responsabilidade social e ambiental
A análise da responsabilidade social e ambiental do Arranjo Produtivo Local de
Calçados do município de Patos seguirá, no sentido de avaliação dos resultados da pesquisa
que procurou investigar o exercício da gestão empresarial, no cumprimento efetivo de seus
130
deveres, na busca de seus direitos e no compartilhamento da responsabilidade de promover o
desenvolvimento da sociedade de modo sustentável.
Assim, com base nos indicadores Ethos (2007), segue-se com as respectivas
avaliações:
4.3.3.1 Avaliação da análise da responsabilidade social
Para avaliação da responsabilidade social, a dimensão ‘percepção da comunidade’ foi
investigada a partir das variáveis ‘nível de confiança e espírito de participação’ e ‘influência
na comunidade’. A primeira obteve 55% de fatores positivos e 44% de fatores negativos,
alcançando um percentual favorável para a dimensão. A segunda obteve apenas 33% de
fatores positivos e 66% de fatores negativos, resultando desfavoravelmente para a dimensão.
DIMENSÃO VARIÁVEIS AVALIAÇÃO
PERCENTUAL (%)
Percepção da comunidade
Nível de confiança e espírito
de participação
Influência na comunidade
P
N
Favorável
55,55%
Desfavorável
44,46%
Favorável
33,33%
Desfavorável
66,67%
Quadro 30: Dimensão percepção da comunidade
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Assim, a dimensão ‘Percepção da comunidade’ contribui com a Responsabilidade
Social das empresas do APL de Calçados de Patos de forma negativa e positiva, cada qual
com 50%. Isto significa que, com um pouco mais esforço, participação e investimentos, os
empresários podem fazer com que a comunidade torne-se mais integrada à empresa e a
empresa à comunidade, em um exercício de parceria e cidadania na construção da
sustentabilidade.
Quanto ao interesse e espírito de participação, contribuição pessoal de tempo e
dinheiro e ações coletivas, tais fatores foram escassamente observados pelos empresários e
conclui-se que estes aspectos são melhorados nos indivíduos diante das demonstrações dos
mais conscientes e através de ações sociais práticas e imbuídas de muita sinceridade. Ou seja,
131
é o exemplo através da prática, quando um indivíduo, ao realizar ações conscientes, influência
outros a fazer o mesmo.
Outro ponto relacionado à percepção dos empresários em relação à comunidade, é
quanto à influência das empresas para melhoria da comunidade: os aspectos referentes à
melhoria de vida das pessoas, às ações com programa social e ao exercício de participação em
decisões do governo local contribuíram desfavoravelmente com o indicador, demonstrando a
baixa participação da empresa nesta dimensão da responsabilidade social.
Quanto à dimensão ‘Relações com a comunidade local’, conforme o Quadro 31, a
pesquisa revelou um alto índice de negatividade para a variável ‘Gerenciamento do impacto
da empresa na comunidade de entorno’, contribuindo, assim, desfavoravelmente ao indicador
em 100%. Para ‘Relações com organizações locais’, o APL apresentou baixa negatividade,
contribuindo favoravelmente ao indicador com 75% de freqüência.
DIMENSÃO VARIÁVEIS AVALIAÇÃO
PERCENTUAL (%)
Relações com a comunidade local
Gerenciamento do impacto da
empresa na comunidade entorno
Relações com organizações
locais
N
P
Desfavorável
100%
Favorável
75%
Desfavorável
25%
Quadro 31: Dimensão relação com a comunidade local
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Os aspectos estudados para avaliar o Gerenciamento do impacto da empresa na
comunidade de entorno foram: Processos de registro de reclamações e providências, Política
de antecipação de demandas; Comitês e grupos de trabalho e Medidas reparadoras. Os mesmo
apresentaram um alto grau de negatividade, tornando o indicador desfavorável em 100%.
Quanto às Relações com organizações locais, os aspectos analisados foram: Pedidos
de apoio e Apoio a entidades, os quais contribuíram favoravelmente com o indicar em 75%.
as Parcerias com entidades locais e Participação em rede foram negativos, desfavorecendo
o indicador em 25%, demonstrando o quanto o APL encontra-se desarticulado nas estratégias
de rede.
No que diz respeito à dimensão ação social, as variáveis obtiveram avaliação negativa,
conforme o Quadro 32 seguinte:
132
DIMENSÃO VARIÁVEIS AVALIAÇÃO PERCENTUAL (%)
Ação Social
Financiamento da ação social
Envolvimento com ação social
N
N
Favorável
25%
Desfavorável
75%
Desfavorável
100%
Quadro 32: Dimensão ação social
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto ao indicador ‘Financiamento da ação social’, os aspectos estudados foram:
Verba variável e Verba definida, os quais contribuíram favoravelmente com o indicador em
50% e os aspectos ‘Programa social estruturado sem receita’ e ‘Programa social estruturado
com receita’ foram negativos e influenciou o indicador desfavoravelmente.
Quanto ao indicador ‘Envolvimento com ação social’, os aspectos investigados foram:
Doações de produtos e recursos, Concessão de empregados e equipamentos, Aporte de
competências ao projeto e Participação das lideranças locais. Todos apresentaram um alto
grau de negatividade e influenciaram o indicador desfavoravelmente em 100%.
A análise da dimensão ‘Transparência’, demonstrado no Quadro 33 seguinte, foi
realizada em relação ao papel da empresa na construção da cidadania e a como as empresas
exercem sua cidadania por meio de associações e fóruns empresariais. Tais aspectos foram
positivos em 75% e favoráveis ao indicador. O que elevou a porcentagem desta dimensão
foram as ações voltadas para participação nos períodos eleitorais, sendo que a continuidade
dessas ações e o desenvolvimento de programas voltados para comunidade haverão de
favorecer ainda mais o APL em sua responsabilidade social.
DIMENSÃO VARIÁVEIS AVALIAÇÃO PERCENTUAL (%)
Transparência Construção da cidadania pelas empresas
P
Favorável
75%
Desfavorável
25%
Quadro 33: Dimensão transparência
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Quanto à dimensão ‘Liderança Social’, sua avaliação foi negativa em 75%, Somente o
aspecto das participações dos empresários em comissões em defesa do ramo de negócio foi
positivo, enquanto as demais ações, como ‘Participação em grupos de responsabilidade
social’, ‘Investimento em propostas de interesse público e de caráter social’, e ‘Envolvimento
da direção e na articulação de propostas e diálogo com autoridades’; não ocorrem e torna o
indicador desfavorável em 75%. Já em relação às atividades realizadas em projetos sociais
133
governamentais os aspectos que favoreceram mais o indicador foram os pagamentos de
impostos e o patrocínio ocasional a projetos sociais do poder público, levando-o ao índice de
75% de positividade. No entanto, o APL necessita ser efetivo nesses apoios e desenvolver
uma atuação mais influente na elaboração de políticas públicas, conforme o Quadro 34:
DIMENSÃO VARIÁVEL AVALIAÇÃO PERCENTUAL (%)
Liderança Social
Liderança e influência social.
Participação em projetos
sociais governamentais
-
+
Favorável
25%
Desfavorável
75%
Favorável
75%
Desfavorável
25%
Quadro 34: Dimensão liderança social
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Com base na análise dos resultados das dimensões da responsabilidade social, seus
indicadores revelaram um percentual de aspectos positivos de 44,44% e uma maioria simples
de percentual negativo de 55,56%. Assim, podemos afirmar que estas dimensões estão
desfavoráveis em relação à responsabilidade social do APL de Calçados de Patos.
4.3.3.2 Avaliação da análise da responsabilidade ambiental
A análise da Responsabilidade ambiental foi realizada a partir de duas dimensões: a
Responsabilidade frente às Gerações Futuras e o Gerenciamento Frente ao Impacto
Ambiental.
Quanto à dimensão ‘Responsabilidade frente às Gerações Futuras’, a mesma obteve
avaliação positiva em relação à Minimização de entradas e saídas de materiais em 75% e
obteve avaliação negativa em relação ao gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente e
do ciclo de vida de produtos e serviços em 100%, conforme o quadro abaixo:
134
DIMENSÃO VARIÁVEIS AVALIAÇÃO PERCENTUAL (%)
Responsabilidade frente às
Gerações Futuras
Minimimazação de entradas e
saídas de materiais
Gerenciamento dos impactos sobre
o meio ambiente e do ciclo de vida
de produtos e serviços
P
N
Favorável
75%
Desfavorável
25%
Desfavorável
100%
Quadro 35: Dimensão responsabilidade frente às gerações futuras
Fonte: Pesquisa direta (2008)
Os aspectos que mais favoreceram este indicador foram os relacionados à reutilização
e compensação ambiental redução de consumo de energia, água, produtos tóxicos e matérias-
primas, ficando assim comprovado que quanto à monitoria, à auditoria periódica e ao padrão
tecnológico, o APL apenas alcançou 25% das empresas. quanto ao gerenciamento dos
i58actos sobre o meio ambiente e ao ciclo de vida de produtos e serviços, todos os itens
investigados (Estudos de impacto ambiental, Sistema de gestão ambiental, Ações de
prevenção de impactos ambientais e Estudos de impacto ambiental para segurança dos
empregados) foram negativos e desfavoráveis ao indicador em 100%. A dimensão em estudo
obteve 50% favorável e 50% desfavorável, apontando para grande necessidade de todas as
empresas investirem em ações voltadas para todos os aspectos relacionados ao gerenciamento
dos impactos sobre o meio ambiente e do ciclo de vida de produtos e serviços, do contrário,
realmente ficará evidente que o aglomerado em questão atua sem responsabilidade ambiental
frente às gerações futuras.
Quanto à segunda dimensão, Gerenciamento Frente ao Impacto Ambiental, analisada a
partir das variáveis: Educação e conscientização ambiental e Compromisso com a melhoria da
qualidade ambiental, ambas obtiveram altíssimo grau de negatividade, como mostra o Quadro
35 a seguir:
DIMENSÃO VARIÁVEIS AVALIAÇÃO PERCENTUAL (%)
Gerenciamento Frente ao
Impacto Ambiental
Educação e conscientização ambiental.
Compromisso com a melhoria da
qualidade ambiental.
N
N
Desfavorável
100%
Desfavorável
100%
Quadro 36: Dimensão gerenciamento frente ao impacto ambiental
Fonte: Pesquisa direta (2008)
135
A variável Educação e conscientização ambiental’ apresentou 100% de negatividade
em todos os aspectos investigados: Campanha e apoio a projetos educacionais com parceiros,
Conscientização da família dos empregados e comunidade, Educação ambiental focada no
publico interno e Treinamento de empregados. Deste modo, o indicador está totalmente
desfavorável para responsabilidade ambiental.
O mesmo foi verificado com a variável ‘Compromisso com a melhoria da qualidade
ambiental’, que a mesma apresentou um quadro desfavorável em 100 % para todas os
seguintes aspectos estudados: Cumprimento da lei e programas internos, Política preventiva e
comitê de meio ambiente, Tema transversal e sistêmico no planejamento estratégico e para
Novos negócios com base nos princípios e oportunidades sustentáveis.
Com base na análise dos resultados das dimensões da ‘Responsabilidade ambiental’,
seus indicadores revelaram um percentual de aspectos positivos de apenas 25% e um altíssimo
grau negativo, o que leva a constatação que estas dimensões estão desfavoráveis em 75%,
contribuindo negativamente para a responsabilidade ambiental do APL de Calçados de Patos.
Portanto, a responsabilidade social e ambiental do APL de calçados de Patos alcançou
a referida avaliação para tais dimensões, conforme mostra o quadro a seguir:
DIMENSÃO VARIÁVEIS AVALIAÇÃO PERCENTUAL (%)
Percepção da comunidade
Nível de confiança e espírito de participação
Influência na comunidade
+
-
Favorável
55,55%
Desfavorável
44,46%
Favorável
33,33%
Desfavorável
66,67%
Relações com a comunidade
Local
Gerenciamento do impacto da empresa na
comunidade entorno
Relações com organizações locais
-
+
Desfavorável
100%
Favorável
75%
Desfavorável
50%
Ação Social
Transparência
Financiamento da ação social
Envolvimento com ação social
Construção da cidadania pelas empresas
-
-
+
Favorável
25%
Desfavorável
75%
Desfavorável
100%
Favorável
75%
Desfavorável
25%
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Liderança Social
Liderança e influência social
Participação em projetos sociais governamentais
-
+
Favorável
25%
Desfavorável
75%
Favorável
75%
Desfavorável
25%
136
Responsabilidade frente às
Gerações Futuras
Minimimazação de entradas e saídas de materiais
Gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente
e do ciclo de vida de produtos e serviços
+
-
Favorável
75%
Desfavorável
25%
Desfavorável
100%
Gerenciamento Frente ao
Impacto Ambiental
Educação e conscientização ambiental.
Compromisso com a melhoria da qualidade
ambiental.
-
-
Desfavorável
100%
Desfavorável
100%
RESULTADO FINAL: POSITIVO = FAVORÁVEL P=5 38,46%
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
NEGATIVO= DESFAVORAL N=8 61,54%
Quadro 37: Avaliação final da responsabilidade social e ambiental
Fonte: Pesquisa direta (2008)
A avaliação final da análise da Responsabilidade Social e Ambiental do APL de
Calçados de Patos revelou alta negatividade em relação às suas dimensões, apontando de um
total de treze variáveis pesquisadas, cinco positivas e oito negativas, correspondendo a um
percentual 38,46% favorável e 61,54% desfavorável.
Cumpridas as etapas de análise dos parâmetros propostos no início do capítulo acerca
da sustentabilidade do município de Patos, da Competitividade do APL de calçados de Patos e
de análise da Responsabilidade Social e Ambiental de cada empresa pesquisada do APL.
Segue no capítulo seguinte a classificação da sustentabilidade do APL, conforme a
metodologia de Furlanetto (2008), visando responder o problema de pesquisa que orientou o
presente estudo e as considerações finais.
137
CAPÍTULO 5: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da problemática ambiental, inerente a toda humanidade e co-existente com
outras crises, a exemplo da atual crise financeira internacional que eclodiu a partir da
chamada “bolha imobiliária americana”, é possível visualizar que tais fenômenos estão
interligados, seja nas causas, seja na busca por soluções ou em ambas. Assim, é perceptível,
que a existência de diferentes grupos sociais, suas diferentes formas de lidar com as questões
temporais e espaciais, é a razão de haver diferentes maneiras de vivenciar as relações
sociedade-natureza. Então, o grande desafio do Desenvolvimento Sustentável é conduzir,
com sustentabilidade, o desenvolvimento dentro de regras e limites do ambiente biofísico.
Nesta perspectiva e fazendo uso de metodologias já desenvolvidas, procurou-se avaliar
o grau de sustentabilidade do APL de Calçados de Patos baseando-se em três construtos: a
Competitividade Sistêmica, a Sustentabilidade e a Responsabilidade Social e Ambiental das
empresas.
Quanto à competitividade sistêmica, os indicadores utilizados para analisar as
empresas focam em quatro áreas de competências: gestão, inovação, produção e recursos
humanos. Os mesmos foram avaliados a partir da dependência de fatores internos e externos
das empresas, em uma relação sistêmica de interdependência e inter-relacionamento nos
níveis empresariais (nível da empresa), estruturais (nível da indústria e do mercado) e
sistêmicos (nível do sistema produtivo como um todo).
Quanto aos índices de desenvolvimento sustentável, os mesmos situam suas utilidades
na organização dos aspectos relevantes da sustentabilidade. As principais contribuições de tais
índices é oferecer uma visão mais completa da importância das conexões das dimensões
social, demográfica, político-institucional, econômico, ambiental e cultural, as quais
compõem a sustentabilidade inserida em um universo pequeno e geram a possibilidade de
mensurar o desenvolvimento sustentável do município.
Por último, quanto aos indicadores de Responsabilidade Social e Ambiental, buscou-se
a investigação, dentro do processo de crescimento econômico, do exercício da gestão
empresarial, de modo a avaliar a responsabilidade de desenvolvimento da sociedade em base
sustentável, a partir das seguintes dimensões: percepção da comunidade; relações com a
comunidade local; ação social; transparência e liderança social na avaliação da
responsabilidade social; responsabilidade frente às gerações futuras e o gerenciamento frente
ao impacto ambiental na avaliação da responsabilidade ambiental. A inserção de indicadores
138
e seus respectivos índices objetivou agregar todas as ferramentas possíveis que conduzissem a
uma melhor visualização, por parte dos gestores, dos níveis de competitividade sistêmica,
sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental que mais se aproximassem da
realidade, de modo a contribuir para um contínuo monitoramento.
Assim, em síntese, a pesquisa revelou os seguintes resultados para os respectivos
indicadores:
a) Os determinantes da competitividade sistêmica relacionados aos fatores
sistêmicos, estruturais e empresariais obtiveram um percentual de avaliação
altamente negativo, 73,75%. Desse modo, conclui-se que o APL de Calçados de
Patos possui baixo nível de competitividade;
b) O nível de sustentabilidade do município de Patos está situado em estado de alerta,
o que revela uma necessidade de melhorias em todas as dimensões, mais
urgentemente nas dimensões, demográfica, cultural, econômica e político-
institucional, para que haja um aumento no nível de qualidade de vida e na
disponibilidade de recursos;
c) Tanto no aspecto social, quanto no ambiental, as empresas apresentaram um grau
de responsabilidade baixo, 38,48% das dimensões foram favoráveis e 61,54% das
dimensões obtiveram avaliações desfavoráveis, fazendo, assim, com que a
responsabilidade social e ambiental do APL de calçados de Patos contribua
desfavoravelmente para a sustentabilidade do mesmo.
Com base nesses resultados e sempre à luz da metodologia de Furlanetto, os APL´s
classificados como sustentáveis têm por obrigação apresentar um desenvolvimento
equilibrado nas suas três principais dimensões: econômica, social e ambiental, ou seja, se não
alcançar níveis bons nas três dimensões, ele não será considerado sustentável. Logo, existe a
obrigatoriedade de que o desenvolvimento de um APL ocorra de forma homogênea em todas as
suas dimensões, devendo o mesmo apresentar bom desempenho nos indicadores de
competitividade e de sustentabilidade simultaneamente para ser considerado Arranjo Produtivo
Local Sustentável.
No caso do APL de Calçados de Patos, os indicadores de competitividade sistêmica se
apresentaram desfavoráveis e os indicadores de sustentabilidade do município foram situados
em estado de alerta, assim, quando ambos são somados aos indicadores de responsabilidade
social e ambiental, revela-se um quadro desfavorável ao APL. Então, pode-se responder a
pergunta que guiou o presente estudo: O APL de calçados de Patos pode ser classificado
139
como Arranjo Produtivo Local Sustentável APLS, sob a análise dos veis de
Competitividade, de Sustentabilidade (do município e do estado) e das práticas de
responsabilidade social e ambieantal das empresas do setor de calçados do município de
Patos no estado da Paraíba?
Não, o APL de calçados de Patos não pode ser classificado como um APL
sustentável. Posteriormente, procurou-se descobrir em que nível se encontra a
sustentabilidade do APL. Quatro são os possíveis níveis de sustentabilidade listados na
metodologia adotada: O Sustentável, o Momentaneamente Competitivo, o Social e
Ambientalmente Correto e o Defasado.
Diante dos resultados revelados na pesquisa, o APL em estudo classifica-se como
defasado, ou seja, não se encontra momentaneamente competitivo e muito menos social e
ambientalmente correto, pois apresenta um baixo desempenho nos indicadores de
competitividade, um nível de alerta na sustentabilidade do município, que, somados ao baixo
desempenho dos indicadores de Responsabilidade Social e Ambiental das organizações,
revelam que o mesmo apresenta descompasso em seu desenvolvimento, no que se refere às
expectativas da sociedade expressa em suas leis e em sua opinião pública.
Visto que as metodologias têm por base um ideal de sociedade, a referida classificação
deve ser associada à flexibilidade político-institucional que ocorre no Brasil, principalmente
em épocas de crise, como a atual onde o governo procurou priorizar o emprego e a renda da
população, mesmo em detrimento de aspectos sociais e ambientais, ou seja, o autor levou em
conta na elaboração da metodologia de avaliação de APL’s que as exigências da sociedade e
suas instituições reguladoras sejam as máximas, tanto em suas leis, quanto na aplicação das
mesmas, quando no Brasil, essas exigências são moderadas.
Embora o APL tenha alcançado tecnicamente tal avaliação, o mesmo possui
características que o faz persistir no mercado, de modo que, considerando seus aspectos
positivos, o deslocaria, em parte, para o nível momentaneamente competitivo pelo fato de
existir uma competitividade relativamente acirrada, no mercado local e expandindo para o
mercado regional e nacional. Com isso, são mantidos os postos atuais de trabalho, o que é
relevante do ponto de vista econômico e social.
Outro aspecto positivo do APL é quanto à sua sustentabilidade, que apresentou as
dimensões social e ambiental em estado aceitável.
Diante do exposto, fica evidente a veemente necessidade de que os agentes produtivos
e os institucionais se unam para conservar e elevar o nível de sustentabilidade do município e
das organizações que eles representam e para elevar a competitividade do APL. Nesse
140
sentido, algumas ações e direcionamentos às políticas públicas, visando tanto a
competitividade quanto a sustentabilidade do município e das empresas, são necessárias e
destacam-se:
a) Promover uma mudança gradual na vantagem competitiva de custo por
diferenciação de produto, visando maior valor agregado;
b) Fortalecer e desenvolver maiores laços de cooperação como base para geração de
inovações;
c) Aumentar parcerias técnicas e de conhecimento com as instituições de apoio e
demais stakholders, com o objetivo de capacitar e especializar a mão-de-obra e ao
mesmo tempo buscar o aperfeiçoamento da gestão e do corpo gerencial;
d) Incentivar e contribuir para a educação escolar, desde o ensino fundamental até o
nível universitário, fundamentada sobre os parâmetros do desenvolvimento
sustentável.
Portanto, o presente trabalho pode vir a ser aperfeiçoado ou aprofundado em outra
dissertação ou em uma tese, no sentido de qualificar ainda mais a metodologia, aumentar o
escopo da pesquisa (buscando ouvir representantes de todos os participantes do processo),
procurar a sistematização e simplificação (para facilitar o constante monitoramento que se faz
necessário ao processo) e aprofundar o estado da arte, visando fundamentar e referenciar o
novo trabalho focado nos três construtos: Competitividade Sistêmica, Sustentabilidade e
Responsabilidade Social e Ambiental.
141
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146
APÊNDICES
147
APÊNDICE A: Instrumento de Pesquisa
INDICADORES DE COMPETITIVIDADE,
RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL
Pesquisa sobre indicadores de competitividade, responsabilidade social e ambiental no APL de calçados de Patos/PB
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
1. Razão Social
_______________________________
2. Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ
_______________________________
3. Endereço completo
_______________________________
_______________________________
4. Telefone e fax
_______________________________
5. Responsável pelo preenchimento
_______________________________
6. e-mail
_______________________________
7. Data de início da atividade (mês/ano)
_______________________________
8. Origem do capital
1. Nacional
2. Internacional
Você pode marcar diversas casas.
9. Nºde funcionários próprios:
_______________________________
10. Nº de funcionários terceirizados:
_______________________________
11. Número de funcionários que residem na cidade:
_______________________________
12. Nºde funcionário de fora da cidade:
_______________________________
13. Quantidade produzida (mensal/semanal)
_______________________________
14. Capacidade produtiva
_______________________________
15. Classificação das Empresas em relação ao tamanho
1. Micro/pequena empresa
2. Média empresa
3. Grande empresa
Origem do APL
16. Como começou a atividade de calçados aqui em
Patos?
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Processo Produtivo
17. Compra de matéria-prima
1. Sim
2. Não
3. Não respondeu
18. Criação ou design
1. Sim
2. Não
3. Não respondeu
19-24. Indique as fases do processo produtivo utilizado
pela empresa na fabricação dos principais produtos:
1 : Sim, 2 : Não, 3 : Não respondeu
1 2 3
Modelagem
Corte
Costura
Acabamento
Embalagem
Expedição
Produto
25. Principal produto da empresa
_______________________________
26. Qual a principal matéria-prima
_______________________________
Equipamentos
27. Identifique os principais equipamentos utilizados no
processo produtivo: Nome do equipamento, Função no
processo, Tipo de tecnologia.
_______________________________
_______________________________
Empresas correlatas e de apoio - elos a montante
28. Localização dos principais fornecedores de solas:
_______________________________
_______________________________
_______________________________
29. Localização dos principais fornecedores de ferragens:
_______________________________
_______________________________
_______________________________
148
30. Localização dos principais fornecedores de
equipamentos:
_______________________________
_______________________________
31. Localização dos principais fornecedores de
componentes e acessórios:
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Empresas correlatas e de apoio - elos a jusante
32. Como a produção é comercializada?
1. Fábrica
2. Loja Própria
3. Virtual
4. Cadeia de lojas
5. Outras Lojas
6. Consignação
7. Revendedor
8. Outro
Você pode marcar diversas casas.
33. Formas de comercialização
1. Varejo
2. Atacado
Você pode marcar diversas casas.
34. Mercado de comercialização
1. Comércio local/estado
2. Regional
3. Nacional
4. Internacional
Você pode marcar diversas casas.
35. Caso a empresa exporta, indique: Produtos; Países de
destino; Formas de comercialização
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Ir para '37. Atuação das Instituições de Apoio' se
Exportação = 'Internacional'
A questão só é pertinente se Mercado de comercialização
= "Internacional"
36. Localização dos principais clientes:
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Instituições de pesquisa, ensino e apoio
37. As instituições de apoio são atuantes junto as
empresas de calçados?
1. Sim
2. Não
3. Não respondeu
38. Indique: Instituição de apoio, o tipo de relação e a
freqüência da interação
_______________________________
_______________________________
_______________________________
A questão só é pertinente se Atuação das Instituições de
Apoio = "Sim"
Facções e terceirização
39. Quais as fases do processo produtivo que a empresa
facciona?
1. Criação/ Design
2. Modelagem
3. Corte
4. Costura
5. Acabamento
6. Embalagem
7. Expedição
8. Não facciona
Você pode marcar diversas casas.
40. A empresa funciona como facção?
1. Sim
2. Não
3. Não respondeu
41. Comentarios adicionais sobre as facções
_______________________________
_______________________________
A questão só é pertinente se Facção = "Sim"
42. A empresa utiliza a terceirização?
1. Sim
2. Não
3. Não respondeu
43. Quais atividades a empresa terceiriza?
1. Limpeza
2. Segurança
3. Manutenção
4. Outros
5. Não terceiriza
Você pode marcar diversas casas.
A questão só é pertinente se Terceirização = "Sim"
Cooperação horizontal
44. Existência de relações cooperativas diversas entre
empresas individuais
1. Sim
2. Não
3. Não Respondeu
45. Cooperação através da formação de associações
setoriais
1. Sim
2. Não
3. Não Respondeu
46-51. Indique a forma de cooperação horizontal
praticado pela empresa:
1 : Nunca, 2 : Ocasionalmente, 3 : Sempre
1 2 3
Discutir problemas do setor
Discutir estratégias para o setor
Compartilhar experiências
Compartilhar equipamentos
Inovar em produtos e processos
Dividir o processo de fabricação
52. Comente sobre os tipos de cooperação praticados?
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Cooperação vertical
149
53-58. Identifique a forma de cooperação vertical
praticado pela empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : Não respondeu
1 2 3
Cooperação com fornecedores de
equipamentos
Cooperação com fornecedores de insumos
Cooperação com clientes
Cooperação com distribuidores e agentes
de comercialização
Cooperação com instituições de pesquisa
Cooperação através de aliança em toda
cadeia produtiva
59. Comente sobre os tipos de cooperação vertical
praticados?
_______________________________
_______________________________
Responsabilidade social
60-62. Qual a sua percepção sobre a comunidade em
relação a:
1 : Muito baixo, 2 : Baixo, 3 : Médio, 4 : Alto, 5 : Não
respondeu
1 2 3 4 5
Nível de Confiança
Interesse e Espírito de
Participação
Qualidade de Vida
63-68. Qual a sua percepção em relação ao
comportamento e ações da comunidade:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
A maioria das pessoas são honestas e
confiáveis?
As relações entre pessoas são geralmente
harmoniosas?
As pessoas visam apenas seu próprio bem
estar?
As pessoas contribuem (tempo e
dinheiro)para desenvolvimento local?
Há ações coletivas visando a melhoria dos
serviços públicos?
Todas as pessoas tem igual acesso aos
serviços públicos?
69-71. Influência da empresa para a melhoria da
comunidade:
1 : sim, 2 : não, 3 : Não respondeu
1 2 3
A empresa está ligada a algum programa
social?
Existe alguma influência em decisões do
governo local?
Exerce influência e pode contribuir para
melhorar vidas das pessoas na
comunidade?
72-75. Considerando seus possíveis impactos na vida da
comunidade (demanda sobre centros de saúde e lazer,
creches, transporte público, tráfego de veículos etc.), a
empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
Conhece em profundidade seus impactos
na comunidade, possui processo
estruturado para registrar reclamações e
promove reuniões sistemáticas para
informar lideranças locais sobre
providências tomadas?
Possui uma política formal de antecipar-se
a demandas da comunidade e informá-la
sobre atuais e futuros planos e impactos
de suas atividades, e envolve a
comunidade na resolução dos problemas?
Além de possuir uma política formal de
relacionamento com a comunidade,
mantém comitês permanentes ou grupos
de trabalho com a participação de
lideranças locais para analisar suas
atividades e monitorar seus impactos?
Procura tomar medidas reparadoras em
resposta a reclamações e manifestações da
comunidade?
76-79. Com relação às organizações comunitárias, ONGs
e equipamentos públicos (escolas, postos de saúde etc.)
presentes no seu entorno, a empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
Conhece superficialmente suas atividades
e responde pontualmente a eventuais
pedidos de apoio?
Apóiam várias entidades com doações,
financiamento e implementação de
projetos, divulgando experiências bem-
sucedidas?
Participa da elaboração e implantação de
projetos conjuntos com entidades locais,
mantendo parcerias de longo prazo e
capacitando lideranças envolvidas?
Atua em parceria com entidades locais,
busca influenciar políticas públicas,
estabelecendo alianças e participando de
diversas redes a fim de maximizar sua
contribuição para o desenvolvimento
local?
80-83. Como forma de concretizar sua ação social, a
empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
150
1 2 3
Verba variável, administrada
arbitrariamente por diretor ou gerente, em
resposta a solicitações externas?
Verbas definidas em orçamento anual,
geridas com transparência por comitê ou
grupo de trabalho, conforme critérios
preestabelecidos?
Programa social estruturado ou
investimento social privado, gerenciado
por equipe especializada, com dotação
orçamentária estável e com público, metas
e estratégias definidos?
ou percentual fixo sobre o faturamento da
empresa)?
84-87. Como forma de concretizar sua ação social, a
empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
ou desenvolve projetos sociais próprios?
ou projetos sociais corporativos, cede
horas de seus empregados ou
equipamentos para atividades ligadas a
esses projetos?
Além de apoio material, possui projeto
estruturado pelo qual cede suas
competências técnicas, tecnológicas e
gerenciais para fortalecer os projetos
sociais (corporativos ou realizados por
terceiros)?
Além de apoio material e aporte de
competências, envolve as organizações ou
lideranças locais no desenho e na
implementação dos projetos sociais, e
intercede perante outros organismos,
públicos ou privados, pela concretização
desses projetos?
88-91. Em relação ao seu papel na construção da
cidadania, a empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
Desenvolve atividades eventuais cujo foco
é a educação para a cidadania,
principalmente durante o período
eleitoral?
Desenvolve periodicamente atividades de
educação para a cidadania, permite a livre
discussão e troca de informações sobre
temas políticos?
Além disso, convida candidatos a cargos
públicos para debate com seus
funcionários e estabelece parcerias com
ONGs que trabalham com o tema?
Assume papel de formar cidadãos e
desenvolve programas de educação para a
cidadania também na comunidade de
entorno e tem papel de liderança na
discussão de temas como participação
popular e combate à corrupção em seu
município?
92-95. Buscando exercer sua cidadania por meio de
associações e fóruns empresariais, a empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
Participa de comissões e grupos de
trabalho relacionados à defesa e à
promoção dos interesses específicos do
seu ramo ou setor de negócio?
Participa de comissões e grupos de
trabalho relacionados a questões de
interesse público e de responsabilidade
social?
Participa ativamente, contribuindo com
recursos humanos ou financeiros, de
processos de elaboração de propostas de
interesse público e de caráter social?
Tem membros de sua alta direção
envolvidos na articulação, viabilização e
fortalecimento de propostas de caráter
social e em diálogo com autoridades
públicas visando sua adoção?
96-99. Em seu envolvimento com as atividades sociais
realizadas por entidades governamentais, a empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
Contribui apenas com o pagamento de
impostos?
ou apóia financeiramente programas e
projetos do poder público, em resposta a
solicitações das autoridades?
Contribui regularmente com recursos
humanos, técnicos ou financeiros para a
realização de projetos específicos e
localizados, executados por entidades
governamentais?
Participa ativamente da elaboração,
aperfeiçoamento, execução, controle e
avaliação para o fortalecimento de
políticas públicas de interesse geral?
100. Que grupos ou lideranças locais exercem o papel
mais ativo ajudando e melhorando o bem-estar dos
membros da comunidade?
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Regime de incentivos e perspectiva do APL
151
101. Quais os benefícios que as empresas calçados têm
em se instalar em Patos?
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
__________________________________
102. Descreva possíveis fatores ou fragilidades que
interferem no desempenho do APL:
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
103. Liste aspectos favoráveis ao desenvolvimento do
APL:
1. Disponibilidade de mão-de-obra
2. Qualidade dos produtos
3. Localização
4. Parcerias
5. Disponibilidade de recursos
6. Valorização do produto local
7. Comercialização dos produtos no mercado externo
8. Vocação econômica da região
9. Baixos custos (transporte, matéria-prima, mão-de-
obra
10. Disponibilidade e acesso a Fontes de
financiamentos
11. Crescimento da demanda pelos produtos
12. Outros
13. Nenhum
Você pode marcar diversas casas (3 no máximo).
104. Vantagens de Localização
1. Qualidade de vida
2. Possibilidade de integração vertical
3. Perfil empresarial da comunidade local
4. Atuação de parceiros como setor público,
associações de classe, instituições ou pessoas
5. Condições de acesso à informação
6. disponibilidade e custo dos transportes
7. Disponibilidade e custo da mão-de-obra
8. Disponibilidade e custo de água e energia
9. Proximidade e suprimento de insumos e materiais
10. Força de trabalho (aspectos qualitativos)
11. Disponibilidade de Capital
12. Proximidade e dimensão dos mercados
consumidores
13. Disponibilidade e custo de terrenos
14. Custo de construção, montagem e manutenção
15. Outros
16. Nenhuma
Você pode marcar diversas casas (4 no máximo).
105. Essa empresa tem outras instalações (Fábrica)?
1. Local - APL de Calçados de Patos
2. Em outra região do Estado
3. Outro Estado
4. Fora do País
5. Não tem outra instalação
Você pode marcar diversas casas.
Sistema de Financiamento
106. A empresa conhece as linhas de financiamentos?
1. sim
2. não
3. Não respondeu
107. Qual a principal fonte de financiamento que a
empresa utiliza?
1. Bancos privados
2. Instituições Públicas
3. Outros
4. Nenhuma
A questão só é pertinente se Linhas de Financiamento =
"sim"
108-112. As condições e formas de financiamentos foram
adequados, quanto a:
1 : Sim, 2 : Não, 3 : Não utilizou financiamento
1 2 3
Acesso
Taxas de juros
Prazos
Garantias
Quantidade de recursos
113-115. Nos últimos cinco anos, foram realizados
investimentos para melhoria da capacidade produtiva em
relação a:
1 : Sim, 2 : Não, 3 : Não respondeu
1 2 3
Investimentos para melhoria das
instalações
Investimentos para aquisição de novas
instalações
Outro tipo de investimento
116. Indique a fonte de financiamento utilizada
1. Apenas recursos próprios
2. Apenas recursos de terceiros
3. Recursos próprios complementados com recursos de
terceiros
4. Não realizou financiamento
A questão só é pertinente se Investimentos: aquisição de
instalações = "Sim" ou Investimentos: melhoria das
instalações = "Sim" ou Investimentos: aquisição de
instalações = "Sim"
152
Estrutura de Custos
117. Faturamento bruto em reais (mensal)
_______________________________
118. Percentual de custos em relação ao faturamento
_______________________________
119. Faturamento mercado interno e externo
_______________________________
120. Quais os principais itens de custo
1. Matéria-prima
2. Transporte
3. Mão-de-obra
4. Energia+combustível
5. Outros
6. Não respondeu
Você pode marcar diversas casas (2 no máximo).
Desenvolvimento de produtos
121. O desenvolvimento de produtos é feito por:
1. Pessoal da própria empresa
2. Terceiros
3. Não respondeu
Você pode marcar diversas casas (2 no máximo).
122. Quais a fontes de informação utilizadas para
desenvolvimento de produtos/design?
1. Visita a feiras na região
2. visita a feiras em outras regiões
3. visita a feiras no exterior
4. Catálogos e revistas
5. Especificações dos clientes
6. Desenvolvido por um design
7. Acesso a Internet
8. Pesquisas de mercado
9. outros
10. Nenhuma
Você pode marcar diversas casas (9 no máximo).
123. Caso a empresa exporte, existem diferenças no
desenvolvimento de produtos para mercado interno e
externo?
1. Sim
2. Não
3. Não Exporta
124. Quais?
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
A questão só é pertinente se Produtos para exportação =
"Sim"
125. Identifique os fatores que diferenciam o produto da
empresa
1. Preço
2. Qualidade
3. Marca
4. Design
5. Serviços
6. pós-venda
7. Prazos de entrega
8. outro
9. Nenhum
Você pode marcar diversas casas (3 no máximo).
126. Qual o preço médio do produto (principal)
comercializado?
_______________________________
_______________________________
Produção
127. Formas de produção
1. Sob encomenda
2. Para estoque
Você pode marcar diversas casas.
128. Qual o nível médio de Estoque?
__________________________________
__________________________________
A questão só é pertinente se Formas de produção =
"Para estoque"
129. Tipo de sistema de produção?
1. Manual
2. Mecânico
3. Informatizado
Você pode marcar diversas casas (2 no máximo).
130. O sistema atende as necessidades de produção da
empresa?
1. Sim
2. não
3. Não respondeu
131. Justifique sua resposta
_______________________________
_______________________________
A questão só é pertinente se Adequação do sistema de
produção = "Sim"
132. Quais os problemas mais freqüentes vivenciados
pela empresa no processo produtivo. Enumere (de 1 até
3) de acordo com a freqüência
1. Acúmulo de material em processo
2. desperdícios
3. Defeito no produto em elaboração
4. Retrabalho
5. Paradas no processo mão-de-obra sem qualificação
6. Outros
7. Nenhuma
|__|__|__|
Ordenar 3 respostas.
153
133. A empresa acredita que é possível melhorar o
processo produtivo?
1. Sim
2. Não
3. Não respondeu
134. O que é necessário fazer para melhorar o processo
produtivo?
1. Capacitação/treinamento
2. Investimentos em máquinas e equipamentos
3. Ampliar o quadro de funcionários
4. Ampliar as instalações
5. Melhorar o layout
6. Outro
7. Nenhum
Você pode marcar diversas casas.
A questão só é pertinente se Melhorias no processo
produtivo = "Sim"
135. Quais os principais problemas que interferem no
desempenho produtivo?
1. Falta de padronização da qualidade
2. Falta mão-de-obra qualificada
3. Sistema obsoleto
4. Quebras de máquinas
5. Outros
6. Nenhum
Você pode marcar diversas casas (3 no máximo).
Inovação
136. Nos últimos 5 anos, que tipo de inovação a empresa
realizou?
1. Processo
2. Produto
3. Gestão
4. Outros
5. Nenhuma
Você pode marcar diversas casas (4 no máximo).
137. Quais as tecnologias de gestão utizadas pela
empresa?
1. ISO 9000
2. Selo ambiental
3. Kanban
4. 5 S - organização/limpeza
5. Qualidade total
6. CAD/CAM
7. Lay out
8. PCP
9. Desenho técnico
10. Redução de estoques em processo
11. Engenharia e racionalização de produtos
12. Manutenção preventiva
13. Produção com qualidade assegurada
14. Redução do set-up
15. Uso CEP
16. Grupos de Melhoria - GMs
17. Células de produção
18. Just in Time
19. Mini-Fábrica
20. Nenhuma
Você pode marcar diversas casas (15 no máximo).
138. Foi realizado alguma inovação tecnológica na
empresa
1. Sim
2. não
3. não respondeu
139. Identifique as principais inovações tecnológicas
ocorridas na empresa: o equipamento antigo,
equipamento substituto e sua função no processo
produtivo
_______________________________
_______________________________
_______________________________
140. Quais os benefícios obtidos com a inovação
tecnológica
1. Flexibilidade
2. Controle da produção
3. Redução de mão-de-obra
4. Redução dos custos de produção
5. Outros
6. Nenhum
Você pode marcar diversas casas (5 no máximo).
154
141. Qual a fonte de informações mais frequente para o
processo de inovação em relação aos equipamentos e
organização da produção.
1. Vendedores
2. Feiras
3. Workshops de produtores
4. Clientes
5. Fornecedores
6. Agentes de exportação
7. Publicações especializadas
8. Visita a outras empresas do APL
9. Consultores
10. Trabalhadores de outras empresas
11. Visita a outras empresas fora do APL
12. Internet
13. Ocasiões sociais (clubes)
14. Instituições locais
15. Outros
16. Nenhuma
Você pode marcar diversas casas (4 no máximo).
A questão só é pertinente se Inovação # "Nenhuma"
Recursos Humanos
142. Quem gerencia o negócio?
1. Proprietário
2. Gerente
3. Proprietário/ Gerente
4. Outros
143. Quantas pessoas da família do proprietário
trabalhando na empresa?
_______________________________
_______________________________
144. Indique a quantidade de funcionário por setor:
vendas, administração e Produção:
_______________________________
_______________________________
_______________________________
145-151. GRUPO N°#
1 : sim, 2 : não, 3 : Não respondeu
1 2 3
O empresário transmite a seus
funcionários informações básicas sobre a
empresa, recebe sugestões e críticas
Considera importante capacitar os
funcionários
Promove regularmente treinamento e
desenvolvimento de seus funcionários
Encaminha funcionários para realização
de cursos em instituições
Existe um comprometimento da maioria
dos funcionários com a empresa
Existe estímulos a produtividade,
iniciativa, criatividade e inovação
Existe problema de escassez de mão-de-
obra?
152. Como resolve esse problema?
_______________________________
_______________________________
_______________________________
A questão só é pertinente se Problema de escassez de
mão-de-obra = "sim"
153. Indique a quantidade de funcionários por nível de
escolaridade:
_______________________________
_______________________________
_______________________________
154. Quanto aos funcionários que são afastados das
empresas, o que normalmente acontece
1. Montam seu próprio negócio
2. Buscam outras empresas locais para trabalhar
3. Outros
4. Não respondeu
155. Observações Adicionais
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Responsabilidade Ambiental
156-159. Com o objetivo de prevenir e reduzir danos
ambientais e otimizar processos, a empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
Está próxima de atingir alto nível de
sustentabilidade ambiental por meio de
estratégias de reutilização e compensação
ambiental que abranjam todo o sistema
produtivo?
Além de investir na redução e na
reutilização de recursos, possui processo
para medir, monitorar e auditar
periodicamente os aspectos ambientais
significativos relacionados ao consumo de
recursos naturais e à produção de resíduos
e dejetos
ou a substituição de recursos de entrada e
a reutilização de resíduos (pela própria
empresa ou por terceiros)?
Sem alterar seu padrão tecnológico atual,
tem procurado reduzir o consumo de
energia, água, produtos tóxicos e
matérias-primas, e implantar processos de
destinação adequada de resíduos.
160-163. Considerando os impactos ambientais causados
por seus processos e produtos ou serviços, a empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
155
1 2 3
Além de possuir sistema de gestão
ambiental, produz estudos de impacto em
toda a cadeia produtiva, desenvolve
parceria com fornecedores visando a
melhoria de seus processos de gestão
ambiental e participa da destinação final
do produto e processos pós-con
Possui sistemas de gestão ambiental
padronizados e formalizados, incluindo
ampla identificação de riscos, plano de
ação, alocação de recursos, treinamento de
empregados e auditoria?
Além de cumprir com a obrigação legal,
conhece e desenvolve ações para prevenir
os principais impactos ambientais
causados por seus processos e produtos ou
serviços e realiza regularmente atividades
de controle e monitoramento?
Produz estudos de impacto ambiental
segundo exigências da legislação e foca
sua ação preventiva nos processos que
oferecem dano potencial à saúde e risco à
segurança de seus empregados?
164-167. Visando contribuir para a conscientização da
população quanto aos desafios ambientais decorrentes da
atividade humana e cultivar valores de responsabilidade
ambiental, a empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1
2
3
Além de desenvolver campanhas, a empresa apóia ou
participa de projetos educacionais em parceria com
organizações não-governamentais e ambientalistas,
exercendo liderança social em favor dessa causa?
Além de campanhas internas, desenvolve campanhas de
conscientização e educação ambiental dirigidas a
familiares de empregados e à comunidade do entorno
imediato da empresa?
Desenvolve sistematicamente atividades de educação
ambiental focadas no público interno, disponibilizando
informações e promovendo discussões?
Desenvolve ações de educação ambiental e treinamento
de
empregados sobre essa temática, pontualmente ou em
decorrência de pressão externa (como exigências do
governo, crises de fornecimento etc).
168-171. Para tratar com a devida relevância e
responsabilidade os impactos ambientais resultantes de
suas atividades, a empresa:
1 : sim, 2 : não, 3 : não respondeu
1 2 3
Além de cumprir rigorosamente os
parâmetros e requisitos exigidos pela
legislação nacional, desenvolve programas
internos de melhoramento ambiental?
Além de cumprir a legislação, prioriza
políticas preventivas e possui área ou
comitê responsável pelo meio ambiente?
Trata a questão ambiental como tema
transversal e sistêmico em sua estrutura
organizacional e a inclui no planejamento
estratégico?
Desenvolve novos negócios (ou novos
modelos para negócios já existentes)
levando em conta, desde a concepção, os
princípios e as oportunidades relacionadas à
sustentabilidade ambiental?
156
ANEXOS
157
ANEXO A: Arranjos Produtivos Locais (APLs)
158
159
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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