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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
MARCELO ALVES DA SILVA
ALTURAS DE PASTEJO EM PASTAGEM CONSORCIADA DE
Brachiaria brizantha E Arachis pintoi
CURITIBA
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
MARCELO ALVES DA SILVA
ALTURAS DE PASTEJO EM PASTAGEM CONSORCIADA DE
Brachiaria brizantha E Arachis pintoi
Tese apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Agronomia, Área de
Concentração Produção Vegetal,
Departamento de Fitotecnia e
Fitossanitarismo, Setor de Ciências Agrárias
da Universidade Federal do Paraná como
parte das exigências para obtenção do título
de Doutor em Ciências.
Orientador. Prof. Dr. Amadeu Bona Filho
CURITIBA
2008
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3
A todos que trabalham no campo e que, com respeito ao meio ambiente e aos seres
vivos que nele habitam, transformam seu suor em sustento para a humanidade e
colaboram para a construção de um mundo melhor para as gerações futuras.
Eu dedico.
4
AGRADECIMENTOS
À Deus que tudo pode e que nos dá a condição, de que através Dele e com
Ele tudo podemos.
À minha esposa, Selma, fiel companheira e fonte inesgotável de amor,
confiança e fortaleza na condução de minha vida.
Aos meus filhos, Laura e João Pedro, que com seus beijos e abraços são
constante fonte de motivação e entusiasmo.
Aos meus pais, Agostinho e Lúcia, e meu irmão Marcos, exemplos de vida,
trabalho, perseverança e fé em Deus, valores estes, alicerces em minha vida.
Ao Prof. Dr. Amadeu Bona Filho, que mais que orientador neste trabalho,
me ensinou a enxergar as coisas da vida de uma forma ampla, tornando-me mais
consciente em meu papel como cidadão e como professor universitário.
Ao Prof. Dr. Aníbal de Moraes, que muito mais que responsável pelo grande
conhecimento técnico aprendido, foi grande exemplo de humildade, otimismo e
confiança.
Ao Prof. Dr. Esteban Pizarro, por mostrar-me que a juventude não é uma
fase cronológica da vida, mas sim uma forma de se viver a vida. Obrigado por ser
exemplo de juventude a todos que têm a satisfação de tê-lo como amigo.
À Universidade Federal do Paraná, Instituição que me acolheu como aluno
de graduação, mestrado e doutorado, e a quem tudo devo na minha formação
profissional. Sou filho desta casa.
Ao Curso de Pós Graduação em Agronomia Produção Vegetal, através de
todos os seus funcionários, professores e alunos, pelos momentos felizes que aqui
passei (dentro e fora da sala de aula) e as novas e grandes amizades adquiridas.
Ao Prof. Dr. Sebastião Brasil Lustosa, prestativo nos momentos de dúvidas
e pronto a colaborar a qualquer momento.
Aos proprietários da Estância Vovó Nena, Francisco Tadeu Marques e
família, o nosso Chiquito, que mais que fornecer o local para a execução do
trabalho, foi parte integrante dele, sendo exemplo de dedicação, companheirismo
força de vontade e amizade. O mundo está carente de pessoas como você.
Aos funcionários da Estância Vovó Nena (Pretinho, Nenê, Luizão, Valmir),
sempre solícitos e com um sorriso à face para nos encorajar, muito obrigado.
5
Às Faculdades Luiz Meneghel, hoje Universidade Estadual do Norte do
Paraná, local que me possibilita transferir os conhecimentos adquiridos, e aos seus
professores (em especial, Sandremir, Luci, Eder, Thales, Cida, Eduardo, Francisco,
Silvestre, Robinson) e funcionários, pelas experiências e conselhos dados ao longo
do Doutorado.
Às empresas, Irrigabrasil Sistemas de Irrigação, Manah Adubos, e
Minermais Nutrição Animal, parceiras fundamentais na condução e execução do
trabalho.
Ao laboratório de Nutrição Animal da UFPR, através de seus funcionários, e
em especial ao médico veterinário Marcelo França, pela amizade e colaboração.
Ao Deputado Federal, Chico da Princesa, sempre preocupado com o
desenvolvimento da região do Norte Pioneiro do Paraná, juntamente com a Viação
Garcia, que viabilizaram os deslocamentos até Curitiba para a condução dos
trabalhos do Doutorado.
Aos mais que estagiários (em especial, Pedrão, Jean, Caê, Paraguaio,
Cadáver, Grilo, Cisco, Pedro, Diogo, Massao, Edy), amigos e companheiros nas
árduas horas de sol para as coletas de dados, sem a participação de vocês não
seria possível a execução deste trabalho. Muito Obrigado.
Aos que aparentemente não tinham nada a ver com este trabalho, mas que
dedicaram um pouco de seu tempo, como meu compadre Daniel, meu sogro Osni,
meu cunhado Diego, meus primos Heuler e Rodrigo, parceiros da pós graduação
Chico e Guilherme, demais alunos da FALM, engenheiro Agrônomo Eseron
Granneman, e todos a quem possa ter esquecido, muito obrigado e que Deus me de
a oportunidade de retribuir tudo o que fizeram por mim.
6
Eu fiz promessa, pra que Deus mandasse chuva.
Pra crescer a minha roça e vingar a criação.
Pois veio a seca, e matou meu cafezal.
Matou todo o meu arroz, e secou todo algodão.
Nessa colheita, meu carro ficou parado.
Minha boiada carreira, quase morre sem pastar.
Eu fiz promessa, que o primeiro pingo d´água,
Eu molhava a flor da santa, que tava em frete do altar.
Eu esperei, uma semana o mês inteiro,
A roça tava tão seca, dava pena até de ver.
Olhava o céu, cada nuvem que passava,
Eu da santa me lembrava, pra promessa não esquecer.
Em pouco tempo, a roça ficou viçosa,
A criação já pastava, floresceu meu cafezal.
Fui na capela, e levei três pingos d´água
Um foi o pingo da chuva, dois caiu do meu olhar.”
Autor desconhecido
7
RESUMO
Os consórcios forrageiros entre leguminosas e gramíneas são uma importante
ferramenta para se elevar a produção das pastagens cultivadas no Brasil. Assim,
com o objetivo de se avaliar o efeito da altura da pastagem como ferramenta de
manejo e sua influência sobre a produção e características da pastagem
consorciada, em julho de 2005, numa área de 5,5 ha na Região Norte do Paraná
(445 metros acima do nível do mar, latitude 23° 19' 93'' Sul e longitude 50° 06' 93''
Oeste), introduziu-se a leguminosa Arachis pintoi (Krapovikas & Gregory cv
Belmonte) em pastagem já existente de Brachiaria brizantha (Hochst. ex A. Rich) cv
Marandu. O experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso com
três repetições e os tratamentos consistiram em impor quatro alturas de pastejo (10,
20, 30 e 40 cm), manejados em lotação contínua com carga animal variável. A
participação e a freqüência do A. pintoi na pastagem foi avaliada desde o plantio até
outubro de 2007, enquanto a produção e as características da pastagem foram
avaliadas de outubro de 2006 a abril de 2007. A média das alturas de manejo reais
obtidas foram de 10, 20, 25 e 32 cm. Observou-se uma relação positiva entre a
altura do dossel e: a disponibilidade de massa seca de forragem (y=142,89x +
3994), a taxa de acúmulo diária (y= -0,054x
2
+ 3,63x + 22,72), a produção total de
MS (y= -11,22x
2
+ 796,03x + 6851), a oferta de MS (y = -0,0063x
2
+ 0,48x -1,36),
a produção total de MS (y = -11,22x
2
796x - 6851), e o ganho de peso médio diário
(y= -0,20x
2
+12,93x +462); e relação negativa para carga animal (y = -0,0016x
2
-0,13x + 5,9), e ganho de peso vivo por hectare (y= -8,81x + 896). Não houve
diferença para frequência (acima de 90 % de frequência para todos os tratamentos)
e para disponibilidade de MS do A. pintoi entre as alturas de manejo ao final dos 27
meses de acompanhamento da pastagem, contudo, devido a distribuição do A. pintoi
no dossel nas diferentes alturas, um maior consumo da leguminosa é esperado nas
menores alturas, justificando o maior ganho de peso por hectare obtido e a pequena
diferença de ganho individual entre as menores e as maiores alturas, apesar da
provavel menor ingestão de MS. Se por um lado as menores alturas, favorecem um
melhor desempenho animal e consumo da forragem, pode, a longo prazo, prejudicar
a persistência das espécies desejáveis na pastagem. A altura do dossel interferiu de
forma direta sobre a produção e as características da pastagem, e mais estudos são
necessários buscando as respostas nas diferentes estações do ano bem como o
comportamento ingestivo dos animais neste consórcio forrageiro.
Palavras-chave: Amendoim forrageiro. Desempenho Animal. Persistência de
leguminosas. Sustentabilidade.
8
ABSTRACT
Mixed pasture between grasses and legumes are an important tool to increase the
forage yield in Brazil. Therefore, with the objective to determine the effects of pasture
height in the characteristics and forage yield in mixed pasture, in north Paraná State,
in july of 2005, on area of 5,5 ha (445 m above sea, 23° 19' 93'' S and 50° 06' 93''
W) A. pintoi cv Belmonte was planted in an already existing pasture of B. brizantha
cv Marandu. The test was carrying out by a randomized complete block design with
three replications and treatments were four sward heights (10, 20, 30 e 40 cm) kept
constant through continuous grazing (put and take). The participation and frequency
of A. pintoi in pasture was estimated from the planting until October of 2007, while
the characteristics and forage yield in mixed pasture was estimated from October of
2006 until April of 2007. The real swards heights average obtained were 10, 20, 25 e
32 cm. With the elevation of sward height (10, 20, 25 32 cm, respectively), was
observed a positive relationship between sward height and forage availability
(y=142,89x + 3994), herbage accumulation rate (y= -0,054x
2
+ 3,63x + 22,72), dry
matter herbage yield (y= -11,22x
2
+ 796,03x + 6851), forage allowance
(y = -0,0063x
2
+ 0,48x -1,36) and average daily live weight gain (y= -0,20x
2
+12,93x
+462); was observed a negative relationship between sward height and stocking rate
(y= -0,0016x
2
-0,13x + 5,9) and average live weight gain per area (y= -8,81x + 896).
There wasn’t statistical difference for to frequency (above 90 % of frequency for
every treatments) and to DM available of A. pintoi among sward heights after 27
months of experimental period, however, due to distribution of A. pintoi in sward in
different swards heights, a greater A. pintoi consumption was expected in shorter
heights, justifying a greater live weight gain per area obtained and a low difference in
daily live weight gain between shorter and higher swards heights, despite of the
smaller dry matter intake. If in one hand the lower heights, encourage better
performance and consumption of animal fodder, may in the long term, undermine its
persistence. The sward height interfered directly on characteristics and yield of
pasture, and more tests are necessaries to determine the different answers in
season, as well as the ingestive behavior of animals in mixed pasture of A. pintoi and
B. brizantha.
Key words: Perennial peanut. Legume persistence. Animal performance.
Sustainable.
9
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO........................................................................................................ 11
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................13
2.1 Cenário da Pecuária .......................................................................................... .13
2.2 Cenário das Pastagens na Atualidade ................................................................15
2.3 O Consórcio entre Gramíneas e Leguminosas ...................................................18
2.4 Caracterização Botânica do Arachis pintoi (Krapovickas & Gregory)..................23
2.5 Estrutura da Pastagem ........................................................................................26
2.6 Desempenho Animal em Pastagem ....................................................................30
3 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 33
3.1 Área Experimental ...............................................................................................33
3.2 Plantio do Arachis pintoi e Período Pré-Experimental.........................................33
3.3 Tratamentos e Delineamento Experimental ........................................................38
3.4 Manejo da Pastagem ...........................................................................................39
3.4.1 Animais Experimentais......................................................................................40
3.4.2 Alturas dos Tratamentos...................................................................................40
3.4.3 Massa de Forragem..........................................................................................41
3.4.4 Composição Botânica da Pastagem.................................................................41
3.4.5 Taxa de Acúmulo e Produção Total de Massa Seca........................................42
3.4.6 Oferta de Massa Seca ......................................................................................43
3.4.7 Expansão do Arachis pintoi em Área não Plantada..........................................44
3.5 Desempenho Animal ...........................................................................................45
3.5.1 Carga Animal, Ganho Individual e Ganho por Área..........................................45
3.6 Análise Estatística ...............................................................................................46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................47
4.1 Altura da Pastagem .............................................................................................47
4.2 Disponibilidade de Massa Seca...........................................................................48
4.3 Taxa de Acúmulo e Produção de Massa Seca Total ..........................................50
4.4 Oferta, Lotação e Carga Animal ..........................................................................53
4.5 Evolução do Arachis pintoi ao longo do Tempo...................................................58
4.5.1 Participação do Arachis pintoi na Massa Seca................................................58
4.5.2 Freqüência de ocorrência do Arachis pintoi na Área Plantada.........................64
4.5.3 Freqüência de ocorrência do Arachis pintoi na Área não Plantada..................66
10
4.5.4 Distribuição do Arachis pintoi no Dossel Forrageiro.........................................69
4.6 Desempenho Animal............................................................................................72
5 CONCLUSÃO........................................................................................................ 78
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................79
7 REFERÊNCIAS.......................................................................................................88
8 ANEXOS.................................................................................................................98
11
1 INTRODUÇÃO
Em áreas de clima tropical, as pastagens constituem a principal fonte
alimentar dos rebanhos bovinos e a produção, por animal e por área, pode ser
comprometida pela baixa qualidade e produção estacional das forragens,
especialmente quando em cultivo puro de gramíneas e sem correção da fertilidade
do solo. Frequentemente, as pastagens entram em processo de degradação,
resultando da escolha, estabelecimento e manejo equivocado das espécies
forrageiras em relação às características edafo-climáticas da região, bem como da
presença de plantas indesejáveis, doenças e pragas.
O uso de leguminosas nas pastagens traz benefícios econômicos e
ambientais, apresentando assim alto potencial para a recuperação de pastagens
degradadas e manutenção de sua produtividade e, por conseqüência, a
sustentabilidade na produção animal. Estas respostas são conseqüências do
aumento na qualidade e quantidade de forragem produzida pela gramínea, através
da utilização do nitrogênio fixado simbioticamente pela leguminosa. As leguminosas
também oferecem forragem de alta qualidade, rica em proteínas, além do aumento
gradual da matéria orgânica e da fertilidade, e da conseqüente melhoria das
características físicas do solo, que é de grande importância para o ecossistema
pastagem.
As associações forrageiras visam antecipar e aumentar o período de
utilização das pastagens, além de manter a estabilidade na produção e qualidade da
forragem. No entanto, para que a associação seja eficiente, é necessário que uma
espécie não prejudique o desenvolvimento da outra, em termos de luminosidade ou
nutrientes, para que a produtividade das espécies seja maximizada dentro do
consórcio.
Apesar de suas vantagens, a adoção de leguminosas em consórcio tem
sido muito limitada no país. Isto resulta da pequena oferta de cultivares, dos
insucessos ocorridos no passado e da baixa persistência da leguminosa, decorrente
do manejo mais complexo das consorciações, pois incluem os efeitos de
interferência entre populações da comunidade de plantas, a seletividade animal
sobre os componentes, além do desconhecimento, por parte dos produtores e por
muitos técnicos, do planejamento forrageiro e procedimentos na sua utilização
correta.
12
Entre os principais gêneros de leguminosas tropicais, destaca-se o gênero
Arachis, e dentro deste, a espécie Arachis pintoi (Krapovickas & Gregory) assume
grande importância pois, além de apresentar tolerância a solos de baixa fertilidade e
ácidos, cresce em condições de sombreamento e suporta bem ao pastejo, pois a
localização de seus pontos de crescimento, geralmente, encontra-se bem protegidos
do alcance da boca do animal.
Assim, partindo-se da hipótese que a altura de manejo da pastagem
consorciada afeta as respostas funcionais das plantas forrageiras e também a
resposta animal em pastejo, este trabalho teve por objetivo geral avaliar a
produtividade e as características de uma pastagem consorciada de B. brizantha
com Arachis pintoi manejada em diferentes alturas para gado de corte. Como
objetivos específicos procurou-se: determinar a disponibilidade, taxa de acúmulo
diária, produção e oferta de massa seca da pastagem consorciada, lotação e carga
animal; avaliar a composição botânica da pastagem ao longo do tempo; avaliar a
freqüência de A. pintoi em área planta e não plantada e quantificar o desempenho
animal individual e por hectare.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Cenário da Pecuária
No cenário atual, com a substituição de áreas de pecuária por agricultura,
principalmente a soja e, mais recentemente, a cana, observou-se uma mudança no
mapa da pecuária bovina de corte brasileira, com aumento muito rápido dos
rebanhos na região norte (destacando-se Pará e Rondônia dobrando o plantel nos
últimos 10 anos) e queda nos rebanhos na região sudeste (sobretudo em São
Paulo), centro-oeste (sobretudo Mato Grosso do Sul) e sul (sobretudo Paraná). Esta
mudança também foi motivada pelos altos preços que as terras atingiram no centro-
sul do Brasil e os altos preços praticados internacionalmente pelas principais
culturas agrícolas, somados à descapitalização que os pecuaristas sofreram no
período, (ANULAPEC, 2007), além do intenso processo de degradação das
pastagens que muitas propriedades apresentam (MACEDO et al., 2000).
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2006) nos últimos 10 anos, a área ocupada por lavouras no Brasil saiu de,
aproximadamente, 41.700.000 ha para quase 76.700.000 ha, enquanto a área de
pastagem, caiu de 177.700.000 para 172.330.000 ha. No Paraná, as áreas de
lavoura saíram de 5.100.000 para 8.100.000 ha plantados, aumento de 58,8% e as
áreas de pastagem baixaram de 6.670.000 para 5.730.000 ha, redução de 14%.
A produção agropecuária na região Sul do Brasil apresenta situações
contrastantes. Em relação à agricultura, houve incremento da produtividade durante
os últimos 20 anos, com o adequado emprego de tecnologias modernas. Por outro
lado, devido ao baixo emprego de tecnologias economicamente viáveis, a
produtividade pecuária tem apresentado aumento muito mais lento,
comparativamente à agricultura (BONA FILHO; MARTINICHEN, 2002).
Segundo os mesmos autores, a baixa produtividade na pecuária ocorre
devido à falta de alimentação constante nas diferentes épocas do ano, uma vez que
a produção de forragem ocorre de modo estacional, com grande produção forrageira
no período de primavera e verão e baixa produção nos meses de outono e inverno.
Em razão disso, entre os meses de maio a outubro, os animais não conseguem
consumir forragens em quantidade e qualidade suficientes para atender suas
necessidades nutricionais, o que ocasiona perda de peso .
14
Nos últimos 5 anos, o rebanho bovino do Estado do Paraná deixou de ser o
7º. e passou a ser o 10º. em número de animais. Contudo manteve a 7ª. colocação
em produção de carne. Mesmo sofrendo uma queda de 23 % no seu rebanho, a
produção de carne caiu somente 2,3% no mesmo período, e a produção de leite
aumentou, mantendo-se na 4ª. colocação na produção de leite nacional (ANULPEC,
2007). Contudo, devido às freqüentes críticas que o governo e os produtores
brasileiros vêem sofrendo por parte de entidades internacionais em relação ao
desmatamento, gerando leis ambientais mais severas, uma nova postura por parte
de todos e uma nova visão para os sistemas de produção de carne bovina, aqui
praticados, fazem-se necessárias.
A região do Norte Pioneiro do Paraná passa pelo mesmo processo de
mudança observado na grande maioria do país, devido à substituição de áreas de
pecuária por agricultura, principalmente a soja e, mais recentemente, cana-de-
açúcar e reflorestamentos. Durante os anos de 2004 e 2005, segundo dados da
Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (SEAB), somente na regional
de Jacarezinho, aumentou-se em 25.000 ha a área de plantio de soja, em sua
maioria, em substituição de áreas de pastagens, principalmente ocupadas com a
atividade de cria e de forma extensiva.
A pecuária, atividade básica da região, é caracterizada, tradicionalmente,
como extensiva, com pastagens de mais de 40 anos de implantação e degradadas,
apresentando baixos índices produtivos. Não existe estatística exata para o grau de
degradação das pastagens para a região, mas com área de 674.475 ha de
pastagem estabelecida (dois terços em pastagens plantadas e um terço em
pastagens nativas) e rebanho de 967.163 cabeças, apresenta lotação média de 1,43
cabeças por hectare (IBGE, 2006).
No manejo das pastagens, historicamente, queimadas eram realizadas, que
juntamente com a falta de reposição de nutrientes e de manejo de conservação de
solo, culminou com o esgotamento das áreas e baixa lotação. Contudo, nos últimos
20 anos desenvolveu-se uma intensa reforma das pastagens com a substituição das
espécies existentes, principalmente o capim Jaraguá, pela introdução principalmente
de gramíneas do gênero Brachiaria.
Nos últimos anos, devido ao alto custo de produção e a descapitalização
dos pecuaristas, o processo de substituição tornou-se inevitável, trazendo para
região uma profunda queda na liquidez dos rebanhos bovinos, queda nos preços
15
praticados, principalmente na atividade de cria, proporcionando um grande número
de abate de fêmeas. Assim, a região passa hoje, a exemplo de outras regiões do
Brasil, por uma carência muito grande de animais de reposição, gerando, em um
curto intervalo de tempo, fortes altas no preço das fêmeas e dos bezerros
desmamados.
2.2 Cenário das Pastagens na Atualidade
Pastagem natural, melhorada ou cultivada é um ecossistema constituído por
componentes bióticos, representados pelas plantas, animais e demais seres vivos, e
componentes abióticos, como solo e atmosfera, cujo resultado de sua utilização é
dependente das inter-relações entre todos os seus componentes. Assim, qualquer
interferência do homem visando sua exploração deve ser feita de forma sistêmica
considerando toda esta realidade (BRISKE; HEITSCHMIDT, 1993)
Um animal em pastejo é parte de um complexo sistema de produção, inter-
relacionando solo, planta, condições de tempo e outros componentes do ambiente,
incluindo também outros animais. As suas interações são dinâmicas e mudanças em
um desses componentes provocam mudanças nos outros (MARASCHIN, 1997).
Conforme citado por Briske e Heitschmidt (1993), somente 0,002% do total
da energia solar incidente sobre o planeta acaba tornando-se produção secundária
(produção animal) ou somente 2% do total da energia armazenada através da
fotossíntese (produção primária) acaba transformando-se em produto animal. Este
fato reflete a importância de se analisar os aspectos relacionados ao fluxo de
energia e como ele se processou dentro da cadeia alimentar, principalmente no
processo de fotossíntese nos produtores primários e como esta energia pode se
tornar produção animal nos produtores secundários.
Nos trópicos as pastagens cultivadas ou nativas constituem a principal fonte
alimentar dos rebanhos e a produção, por animal e por área, podem ser
comprometidas pela baixa qualidade e produção estacional das forragens,
especialmente quando em cultivo puro de gramíneas e sem correção da fertilidade
do solo. Estas características determinam queda no ganho de peso ou até mesmo
emagrecimento dos animais durante o período crítico, bem como queda da
capacidade produtiva das pastagens, constituindo-se em problema social,
econômico e ambiental (BARCELLOS et al., 2000).
16
Assim, para se maximizar o potencial de produção em pastagens, a
forrageira deve apresentar: adaptação ao clima e solo da região, bom valor nutritivo,
resistência a pragas e doenças e adaptação ao sistema de manejo (GOMIDE;
GOMIDE, 2007).
Segundo ASSMANN et al. (2004), a ausência de opções economicamente
rentáveis, bem como a carência de alimentação para o gado durante o inverno, vêm
transformando o panorama agrícola brasileiro, gerando uma busca pela
intensificação do uso da terra e desenvolvimento de sistemas de produção mais
estáveis.
A escolha acertada da planta forrageira para a formação da pastagem é o
primeiro passo para o sucesso de sua exploração, caracterizado por sua capacidade
de suporte, desempenho animal e, em conseqüência, sua produtividade e
perenidade da pastagem (GOMIDE; GOMIDE, 2007).
A degradação das pastagens é um dos maiores problemas da pecuária do
Brasil. Estima-se que 80% dos 50 a 60 milhões de hectares de pastagens cultivadas
do Brasil Central, que respondem por 55% da produção de carne nacional,
encontram-se em algum estádio de degradação. Este problema afeta diretamente a
sustentabilidade da pecuária. Considerando apenas a fase de recria e engorda de
bovinos, a produção animal em uma pastagem degradada pode ser seis vezes
inferior ao de uma pastagem recuperada ou em bom estado de manutenção
(MACEDO et al., 2000; BONFIM et al., 2003)
Macedo e Zimmer (2007) relataram que dos sessenta milhões de ha de
pastagens cultivadas no Cerrado, 85% da área seria ocupada pelo gênero Brachiaria
sendo a Brachiaria brizantha cultivar Marandu a espécie responsável por trinta
milhões de hectares.
No Brasil, são semeados, anualmente, cerca de 5,5 milhões de hectares de
pastagens perenes, incluindo formação, recuperação e substituição, sendo o
interesse pelas braquiárias (B. brizantha e B. decumbens) correspondente a cerca
de 80% do mercado de sementes forrageiras; somente a demanda por B. brizantha
perfaz mais de 50% deste mercado. (ZIMMER; CORREA , 1999).
Segundo Zimmer e Correa (1999) o insucesso no estabelecimento,
utilização e persistência das espécies forrageiras são causados pelos mesmos
motivos: a forma extrativista e imediatista como a grande maioria das pastagens são
17
exploradas, culminando em manejo errado e falta de reposição e manutenção da
fertilidade do solo.
A degradação de pastagens é definida como o processo evolutivo de perda
de vigor, produtividade e de capacidade de recuperação natural para sustentar,
economicamente, os níveis de produção e de qualidade exigida pelos animais,
assim como o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e plantas daninhas,
culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de
manejos inadequados (VILELA et. al, 2003).
Macedo (2001) apud Vilela et al. (2003) relatou que a degradação das
pastagens pode ser comparada a uma escada, onde, no topo, estão as condições
que garantem maiores produtividades e a medida que se desce os degraus, avança-
se no processo de degradação (FIGURA 1). Este processo estaria subdivido em três
fases: uma fase inicial (fase de manutenção), onde práticas simples e diretas e com
baixos custos operacionais poderiam reverter o quadro, uma segunda fase (fase de
degradação da pastagem) onde medidas mais drásticas de recuperação e reforma
são necessárias e, uma terceira fase, fase de degradação do solo, onde já existe
uma ruptura dos recursos naturais, caracterizados por compactação e erosão do
solo e assoreamento das nascentes, represas e rios.
FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO PROCESSO DE DEGRADAÇÃO DAS
PASTAGENS EM SUAS DIFERENTES ETAPAS
FONTE - MACEDO (2001) apud VILELA et al. (2003)
Do ponto de vista prático, a degradação torna-se evidente quando as
pastagens passam a suportar taxas de lotações cada vez menores, a presença de
invasoras aumenta e a produtividade animal cai a níveis tão baixos que não resta
18
outra alternativa senão substituí-las por outras mais produtivas com o ônus técnico e
econômico dessa substituição (NETO; PEDREIRA, 2004).
Meirelles (1999) descreve que quando se nota queda na produção de
massa seca, já ocorreu queda drástica no sistema radicular, no perfilhamento,
expansão de folhas novas e nos níveis de carboidratos de reserva.
As causas mais importantes da degradação estão relacionadas ao manejo
equivocado da espécie forrageira, principalmente o superpastejo; estabelecimento
inadequado; escolha equivocada da espécie ou cultivar em relação as
características edafo-climáticas da região onde foi implantada; invasão por plantas
indesejáveis; doenças e pragas e, perda da fertilidade do solo (NETO; PEDREIRA,
2004; NASCIMENTO et al., 1994).
MORAES et al. (2002), destacam o fato dos animais causarem prejuízos
nas características físicas do solo pelo efeito do pisoteio. Também caracterizam a
ação regeneradora que a própria pastagem exerce no sentido de reverter este
processo. O efeito da descompactação pode ser obtido pela ação do sistema
radicular da própria pastagem e pela atividade da mesofauna do solo. Isso é
possível de se obter quando a pastagem é submetida a períodos de descanso
suficientes para promover bom acúmulo de fitomassa aérea, que será suporte para
um melhor desenvolvimento radicular. Assim, o resultado destas ações antagônicas
estará mais direcionado para um sentido ou outro, em função das práticas de
manejo adotadas no ecossistema solo-planta-animal.
Todas as ações adotadas com a finalidade de incrementar a produtividade
primária da pastagem representam benefícios ao solo no âmbito físico, químico e
biológico, destacando-se as práticas de calagem e adubação que visam garantir boa
condição nutricional para as plantas, que associadas ao correto ajuste da lotação e
do sistema de pastejo, representam a questão chave na manutenção da
produtividade do sistema (MORAES et al., 2002).
2.3 O Consórcio entre Gramíneas e Leguminosas
Hodgson e Da Silva (1999) definem como ideais para a pesquisa em
ecologia de pastejo, o aumento da produtividade e estabilidade na produção em
sistemas de pastejo e o aumento da estabilidade e prognóstico nos balanços entre
gramíneas e leguminosas nestes mesmos sistemas.
19
O uso de leguminosas nas pastagens traz benefícios econômicos e
ambientais, apresentando assim alto potencial para a recuperação de pastagens
degradadas e manutenção de sua produtividade, e por conseqüência, a
sustentabilidade na produção animal (PERIN, 2003).
As associações forrageiras visam antecipar e aumentar o período de
utilização das pastagens, além de manter a estabilidade na produção e qualidade de
forragem. No entanto, para que a associação seja eficiente, é necessário que uma
espécie não prejudique o desenvolvimento da outra, em termos de luminosidade ou
nutrientes, para que a produtividade das espécies seja maximizada dentro do
consórcio (ROSO et al., 2000).
Um problema fundamental nas pastagens consorciadas de leguminosas e
gramíneas reside no fato de que as leguminosas (plantas de ciclo C3), precisam se
associar e competir com as gramíneas (plantas de ciclo C4), que são mais eficientes
do ponto de vista fotossintético, possuindo maior taxa de crescimento (FISCHER;
CRUZ, 1994).
A diversidade de leguminosas tropicais, aptas a serem utilizadas como
forragem, é muito maior que das temperadas, no entanto, o seu uso ainda é restrito,
uma vez que as adaptações, nas regiões subtropicais, têm grande influência nos
resultados (DALL’AGNOL; SCHEFFER-BASSO, 2004).
Embora o Brasil tenha o privilégio de possuir um grande número de
leguminosas forrageiras em sua flora, grande parte das cultivares utilizadas hoje,
foram desenvolvidas e comercializadas em outros países. A maior parte dessas
cultivares foram, originalmente, obtidas na América do Sul, mesmo assim, a
disponibilidade no comércio de cultivares de leguminosas forrageiras tropicais ainda
é muito baixa (PAIM, 1994).
A manutenção de uma pastagem consorciada exige a seleção de
leguminosas e gramíneas compatíveis e apropriadas para as condições edáficas de
cada região. A proporção botânica no consórcio depende de vários fatores tais
como: palatabilidade de cada espécie vegetal, do consumo animal, da taxa de
lotação e do tipo do manejo.
As leguminosas consorciadas acarretam aumento na qualidade e
quantidade de forragem produzida pela gramínea, através da utilização do nitrogênio
(N) fixado simbioticamente pela leguminosa. As leguminosas também oferecem
forragem de alta qualidade, rica em proteínas, além do aumento gradual da matéria
20
orgânica e da fertilidade, e da conseqüente melhoria das características físicas do
solo, que é de grande importância para a pastagem (SPAIN, 1988).
Spain (1995) também relatou a redução dos problemas com ervas daninhas
e com os custos de manutenção; aumento da atividade biológica do solo e na
cobertura morta; maior disponibilidade de nutrientes decorrentes da maior atividade
biológica no solo em decorrência da menor relação carbono : nitrogênio; utilização
mais eficiente dos nutrientes e luz pois as leguminosas possuindo hábitos de
crescimento diferenciados das gramíneas, ocupam diferentes espaços,
interceptando luz de forma diferenciada e explorando diferentes profundidades do
solo.
A transferência do nitrogênio da leguminosa para a gramínea se dá,
principalmente, pela transferência direta de excreção de compostos nitrogenados,
decomposição de raízes e nódulos, decomposição de resíduos de folhas e caules e
pelas excretas dos animais (PEREIRA, 2001). Este nitrogênio pode contribuir direta
ou indiretamente para a produção final da pastagem. Diretamente, melhora a
qualidade da dieta animal, e indiretamente, pela melhoria na qualidade nutritiva da
gramínea associada a maior capacidade produtiva, promovendo a maior capacidade
de suporte (PERIN, 2003).
Quando se utilizam espécies arbóreas, devido ao porte elevado,
proporciona-se a diminuição da energia cinética da precipitação da água e seu
potencial erosivo, além da mudança do micro clima local (BALIEIRO et al., 2004).
Dentre os fatores que determinam a compatibilidade entre espécies
destacam-se: hábito de crescimento, padrão de sistema radicular, valor nutritivo,
palatabilidade, mecanismos para manutenção da população, tolerância aos fatores
adversos do solo. A falta de persistência das leguminosas, sempre foi atribuída à
agressividade das gramíneas e à falta de adaptação das leguminosas às pressões
de pastejo (BARCELLOS, et al. 2000). Isto acaba sendo gerado pelas diferenças
entre ambas quanto à taxa de crescimento, morfogênese, padrão radicular,
exigências nutricionais, tolerância a estresses edafo-climáticos, palatabilidade e
tolerância ao pastejo (PEREIRA, 2001).
21
A adoção de leguminosas em consórcio de pastagens tem sido muito
limitada no país. A pequena oferta de cultivares, os insucessos ocorridos no
passado e a falta de persistência configuram um forte entrave à adoção da
tecnologia. O manejo das consorciações é mais complexo que pastagens puras,
pois inclui os efeitos de competição entre espécies da comunidade, a seletividade
animal sobre os componentes, além do desconhecimento, por parte dos produtores
e por muitos técnicos, do manejo de pastagem (BARCELLOS et al., 2000).
Para Spain (1988) as maiores dificuldades para a adoção de leguminosas
são a inexistência de germoplasma adaptado para algumas regiões; o conhecimento
inadequado do manejo de pastejo e de pastagens consorciadas e fracassos no
passado levando a baixa credibilidade. Este autor também relata que poucas são as
desvantagens para o uso do consórcio, destacando como maior dificuldade o
estabelecimento e o manejo, menor produção por área quando comparada a
produções de gramíneas puras adubada com altas doses de N e a possibilidade de
acidificação do solo pela fixação de maiores quantidades de nitrogênio.
Fisher e Cruz (1993) afirmam que, para um consórcio entre gramíneas e
leguminosas permanecer sem que haja dominância plena da gramínea, algumas
medidas devem ser tomadas. Medidas estas que visem controlar o crescimento da
gramínea quando esta apresentar hábitos de crescimento muito agressivo, por
exemplo, estolonífero, optando-se por gramíneas com hábitos não estoloníferos;
manejo estratégico com animais ou fertilizações em níveis e épocas específicas
visando limitar o crescimento ou estimular o consumo das gramíneas.
Segundo Cadisch et al. (1994), o manejo adequado do pasto consorciado
para aumentar a fixação e a reciclagem de N deve considerar curtos períodos de
descanso para melhorar a persistência de leguminosas (maior utilização da
gramínea), taxa de lotação adequada (para melhorar a reciclagem do resíduo), uso
de leguminosas menos palatáveis (para melhorar a persistência) e de decomposição
rápida (baixa relação C:N).
Existe grande diferença entre os acessos de A. pintoi para o potencial de
fixação de N2. As taxas de fixação biológica de N (FBN), medidas por comparação
dos seus teores de dN
15
entre vários cultivares de Arachis e plantas não fixadoras
crescendo na mesma área, variaram de 36% (cv. BRA15121) a 90% (cv. BRA31828)
do N total das plantas, equivalente a 26 e 99 kg de N.ha
-1
, respectivamente,
atribuindo este fato à simbiose mais eficiente com estirpes de Bradyrhizobium
22
nativas do solo, com a FBN suprindo as necessidades nutricionais de N das plantas
(MIRANDA et al., 2003).
Thomas (1992) afirmou que para pastagens tropicais produzindo 3-22
t.ha
-1
.ano
-1
de matéria seca (MS), são necessários de 15 a 158 kg.ha
-1
.ano
-1
de N
por meio da fixação biológica, indicando que, sob estas condições, leguminosas
compondo 20 a 45% da MS da pastagem podem promover sistemas produtivos e
sustentáveis em termos de nitrogênio.
Técnicas de manejo, como a intensidade e o sistema de pastejo também
afetam o equilíbrio entre as espécies componentes e a produtividade da pastagem.
Algumas leguminosas apresentam maior tolerância à carga excessiva em função de
atributos morfogênicos próprios, enquanto outros são extremamente sensíveis,
sofrendo exclusão na maioria das vezes (PEREIRA, 2001).
A intensidade de pastejo sobre a composição botânica da pastagem foi
definida por Roberts (1974) da seguinte forma: Em uma situação de baixa
intensidade de pastejo, as espécies mais altas suprimem as mais baixas e, em uma
situação de alta intensidade de pastejo, as espécies de menor habilidade para
suportar desfolhações serão eliminadas. Em ambas as situações, o reflexo sobre o
desempenho animal dependerá do valor nutricional das espécies remanescentes.
Perin (2003) descreveu que o rebaixamento da altura do capim Tanzânia foi
benéfico para a freqüência de ocorrência do A. pintoi em uma pastagem consorciada
com dois anos de estabelecimento e com manejo contínuo com ajuste de carga,
conseguindo 100% de freqüência na altura de 20 cm e declínio até próximo a 50 %
na altura de 80 cm. Santana et al. (1987) observaram que o pastejo contínuo
associado a pressões de pastejo moderadas favoreceu a persistência de
Desmodium ovalifolium em consórcio com Brachiaria humidicula.
Leite et al. (1994), estudando sobre estratégias de manejo para pastos
consorciados no cerrado brasileiro, observaram que a proporção de leguminosas
das pastagens diminuiu com o tempo, entretanto, nas pastagens sob pastejo
contínuo, sob pastejo rotacionado 7/21 (dias de pastejo/dias de descanso) e sob
pastejo alternado 21/21, mantiveram a proporção de leguminosas variando entre 20
e 40%, enquanto nas pastagens sob pastejo rotacionado 14/42 a proporção de
leguminosas caiu para 12%.
23
2.4 Caracterização Botânica do Arachis pintoi
Entre os principais gêneros de leguminosas tropicais, destaca-se o gênero
Arachis, que apresenta várias espécies com potencial para utilização nos sistemas
de pastagens (VALLS; PIZARRO, 1994). Muitas pesquisas foram feitas para
selecionar os cultivares mais produtivos. O gênero Arachis, que apresenta várias
espécies com potencial para utilização nos sistemas de cultivo e em pastagens, tem
como destaque o Arachis glabrata Bentham da Secção Rhizomatosae, Arachis pintoi
Krapovickas & Gregory e Arachis repens Handro da Secção Caulorrhizae
(KRAPOVICKAS; GREGORY, 1994).
As espécies de secção Rhizomatosae são perenes e se caracterizam pela
presença de rizomas, que formam uma densa malha no solo, sendo muito utilizadas
nos Estados Unidos da América. No entanto, a maior promessa para os trópicos sul-
americanos encontra-se nas espécies da secção Caulorrhizae, A. pintoi e A. repens.
Estas espécies são exclusivas da flora brasileira, são perenes e possuem hábito de
crescimento estolonífero, produzindo raízes nos nós, que ficam em contato com o
solo ou em locais que estejam com elevada umidade, na vegetação densa
(PEÑALOZA, 1995). Forma uma densa camada de estolões, hastes e folhas
cobrindo o solo, podendo atingir a altura de 40 a 60 cm (BARCELLOS et al., 2000).
O A. pintoi tem sua origem no Brasil, mais especificamente, nos vales dos
rios Jequitinhonha, São Francisco, Tocantins e Paranã, e tem sido muito estudado
na Austrália, Estados Unidos e Nova Zelândia. É uma leguminosa perene de verão,
com hábito de crescimento colonizador, rasteiro e estolonífero, com caules ocos e
com altura entre 20 e 40 cm (KRAPOVICKAS & GREGORY, 1994). O caule é
inicialmente prostrado, tornando-se ascendente até 20 cm de altura (MANNETJE,
2000). Apresenta, frequentemente, entrenós curtos e fortemente enraizados, o que
lhe confere uma alta persistência, mesmo quando submetido a condições de pastejo
intenso e contínuo (PEREZ, 2004).
O A. pintoi apresenta 82 % de seu sistema radicular nos 60 cm superiores
do solo, apresentado raízes até 180 cm de profundidade, conferindo-lhe boa
tolerância em períodos de seca (PIZARRO & RINCON, 1994).
Segundo Pizarro et al. (1992) apud Miranda et al. (2003) as plantas do
gênero Arachis são tolerantes a alta saturação de alumínio e acidez do solo, bem
como a solos com má drenagem. Já Perez (2004) descreve que o Arachis pintoi cv
24
Alqueire-1 adapta-se bem desde solos de textura argilosa quanto em solos
arenosos, preferindo textura média. Descreve também que embora vegete em solos
ácidos e com baixa fertilidade, apresenta melhor desempenho em solos com pH
entre 5,0 e 6,5 e com fertilidade moderada.
Segundo Rao e Kerridge (1994) o A. pintoi (CIAT 17434) apresenta máximo
crescimento ocorrendo na faixa de pH 5,4. Adapta-se bem ainda a solos com altas
saturações de alumínio, que podem chegar a 70 %. Apresentam também marcante
capacidade de extrair fósforo em solos de baixa fertilidade.
O Arachis pintoi apresentou bom desempenho em experimentos de
avaliação agronômica em diversos países da América Latina e Austrália (VALLS;
PIZARRO 1994). Sua grande produção de forragem e de boa qualidade, confere-lhe
importância crescente entre as alternativas para melhorar a qualidade das
pastagens cultivadas nos trópicos. O alto potencial de produção animal por área em
pastagens contendo Arachis pintoi é uma realidade em áreas tropicais sem seca e
em áreas onde este período não ultrapassa três a quatro meses (LASCANO, 1994).
Muitas pesquisas foram feitas para selecionar os cultivares mais produtivos.
O acesso BRA 013251 foi liberado comercialmente em 1987 na Austrália como
cultivar Amarillo e na Colômbia como cultivar Maní Forrageiro Perene. Avaliações
agronômicas e sob pastejo, realizadas pela Ceplac no Sul da Bahia resultaram no
lançamento em 1999, do A. pintoi cultivar Belmonte (BRA 031828), bastante
produtivo e persistente, embora com baixa produção de sementes (PEREIRA, 2000).
Recentemente foi lançado no mercado mais um cultivar, denominado Alqueire-1
(BRA 37036) originário da região central do Brasil, porém indicado a partir de
avaliações nas condições climáticas do Rio Grande do Sul (PEREZ, 2004).
No estado da Florida nos Estados Unidos, o Arachis glabrata é conhecido
como alfafa da Florida, devido à produção de feno de ótima qualidade, possuindo
próximo de 10000 ha plantados no ano de 2001. O A. pintoi cultivar Belmonte,
segundo Pereira (2001) em quatro anos de observação apresentou média de 19%
de Proteína Bruta (PB) na MS, já Viana et al. (2004) observaram PB variando entre
14,65% e 21,58% em seis cortes durante dois anos de avaliações. Trabalhos têm
destacado a alta digestibilidade (DIVMS) da MS do gênero Arachis, Fernandes et al.
(2004), observaram para a cultivar Belmonte DIVMS acima de 66%, Lascano (1994)
relatou DIVMS para o cultivar Amarillo entre 60 e 67 %, caracterizando desta forma
25
a alta qualidade como planta forrageira o seu potencial para a produção de feno de
qualidade.
O A. pintoi desenvolve-se bem em regiões tropicais desde o nível do mar
até 1.800 m de altitude, com 900 a 3.500 mm de precipitação anual bem distribuída.
Em regiões com mais de quatro meses de seca, as plantas podem perder folhas e
alguns estolões podem morrer; entretanto, normalmente as plantas se recuperam
rapidamente após o início das chuvas ( VALLS e SIMPSON, 1994).
Uma característica que confere ao Arachis grande tolerância ao pastejo é a
localização de seus pontos de crescimento que, geralmente, encontram-se bem
protegidos do alcance da boca do animal, ao contrário da maioria das espécies de
leguminosas tropicais, que têm seus pontos de crescimento facilmente removidos
em condições de pastejo intensivo. Assim, é possível manter uma área foliar
residual, mesmo quando a planta é submetida a um pastejo contínuo e intenso.
Pizarro e Rincon (1994) relataram alta produção de matéria seca a partir do
A. pintoi em pesquisa realizada na Embrapa Cerrados, mostrando produções
variando de 5 a 13 t.ha
-1
no primeiro ano e de 3 a 11 t.ha
-1
no segundo ano.
Carvalho (1996) estudando 32 cultivares de Arachis, observou após 180
dias de rebrote, produção máxima de 3092 kg.ha
-1
de MS para o período.
Fernandes et al. (2004) observaram para a cultivar Belmonte, em 4 cortes durante o
verão, em três anos de estudo, produção média acumulada para o período entre
6200 e 7700 kg.ha
-1
de MS, já Mirada et al. (2003) obtiveram, para este cultivar
produção de 4200 kg.ha
-1
em um único corte após dois anos de plantio e com
potencial de fixação de nitrogênio de 110 kg.ha
-1
.
Grof (1985), observou que o A. pintoi apresenta alta capacidade de
competição com gramíneas mais agressivas, como as gramíneas dos gêneros
Brachiaria e Cynodon, devido à grande produção de sementes, que germinam após
o início das chuvas.
Cook e Crosthwaite (1994), descreveram alta tolerância a ambientes
sombreados, observando-se que com apenas 20 % de incidência natural de luz, a
produção foi de 48 % daquela obtida com 100% de incidência natural de luz.
Andrade e Valentin (1999) relataram, em dois anos de avaliação, que plantas de A.
pintoi submetidas a 30, 50 e 70% de sombreamento, produziram respectivamente,
92, 86 e 85% da biomassa aérea produzida pela testemunha sem sombreamento.
26
O estabelecimento lento limita o sucesso do A. pintoi como cultura de
cobertura do solo, especialmente em área com alta incidência de plantas invasoras.
O estabelecimento desta leguminosa é mais rápido quando o plantio é feito por
sementes do que quando são utilizados estolões. Porém, o amendoim forrageiro é
frequentemente plantado por meio de material vegetativo, uma vez que algumas
cultivares produzem poucas sementes e a colheita destas no solo é muito difícil
(FISHER; CRUZ, 1994). O crescimento lateral dos estolões é uma característica de
grande influência na velocidade de estabelecimento do amendoim forrageiro, por
determinar a capacidade de colonização da área pelas plantas (VALENTIN et al.,
2003). O estabelecimento lento pode estar relacionado a fatores como: forma de
preparo da área; características físicas e químicas do solo; disponibilidade de água
no solo; densidade de plantio; e viabilidade das sementes ou mudas (CRUZ et al.,
1994).
Valentin et al. (2003) descreveram que o A. pintoi cv Belmonte em cultivo
isolado, plantado por mudas com espaçamento entre ruas de 50 cm e na rua de 25
cm, havia recoberto 96% da área do solo com apenas 70 dias após plantio, além de
ter apresentado crescimento lateral de 102 centímetros com 120 dias pós plantio, e
produção no período de 2370 kg MS.ha
-1
. Acredita-se existir mais de 65000 ha
plantados de pastagem consorciada com A. pintoi cv Belmonte somente no estado
do Acre (VALENTIM; ANDRADE, 2004), demonstrando a sua potencialidade e
importância como ferramenta para pesquisas em pastagem .
A estrutura vertical da pastagem também é um fator importante em
pastagens consorciadas, na medida em que influencia a competição entre as
espécies por luz, e interfere no acesso e seletividade aos componentes da pastagem
e o padrão de pastejo dos animais (SCHULTE; LANTINGA, 2002 apud PERIN,
2003).
2.5 Estrutura da Pastagem
A estrutura do dossel forrageiro pode ser definida como a distribuição e
arranjo dos componentes da parte aérea das plantas dentro de uma comunidade.
Ela é o resultado de uma série de parâmetros morfogênicos do dossel forrageiro e
taxas de fluxo de tecidos e nutrientes em ecossistemas de pastagens. Nesse
contexto, tanto parâmetros verticais como horizontais da estrutura do dossel, como
27
altura, densidade populacional de perfilhos, densidade volumétrica da forragem,
distribuição da fitomassa por estrato, ângulo foliar, índice de área foliar, relação
folha:haste, são relevantes devido à seleção da dieta no sentido vertical e horizontal
pelos herbívoros (LACA; LEMEIRE, 2000).
A estrutura do dossel forrageiro é caracterizada e monitorada na tentativa
de explicar alguns processos importantes como crescimento, interceptação
luminosa, valor nutritivo e consumo de forragem. Por isso, a estrutura do dossel é
determinante da produção primária e secundária em ecossistemas de pastagens
(LACA; LEMEIRE, 2000).
Nesses ecossistemas a arquitetura do dossel exerce grande influência não
somente sobre a produção de forragem mas também, sobre as respostas dos
animais em pastejo. Plantas individuais em pastagens estão sujeitas a desfolhação
intermitente, cuja intensidade e freqüência dependem, principalmente, do tipo de
animal, da taxa de lotação e do método de pastejo empregado (CARVALHO et al.,
1999).
A arquitetura do dossel não é definida única e exclusivamente pela dinâmica
de crescimento de suas partes no espaço, dependentes de suas características
morfogênicas e de variáveis de ambiente, mas também pelo animal, que remove
partes das plantas, principalmente folhas, e acaba por afetar o índice de área folhar
(IAF), a densidade populacional de perfilhos e a composição morfológica do dossel
forrageiro. A estrutura do pasto é o resultado de dois processos conflitantes: o
pastejo e o crescimento das plantas forrageiras (GASTAL et al., 2004).
A morfogênese da planta é descrita a partir de três características básicas:
aparecimento, alongamento e o tempo de vida de cada folha. Apesar dessas
características serem determinadas geneticamente, sofrem grande influência de
fatores de ambiente, principalmente luz, temperatura e umidade. Diferentes
combinações dessas características morfogênicas definem a estrutura de uma
planta forrageira, expressa através de três características estruturais básicas:
tamanho da folha, densidade populacional de perfilhos, e número de folhas por
perfilho. O produto dessas três características estruturais determina diretamente o
IAF de uma pastagem (LEMAIRE; CHAPMAN, 1996).
Em plantas tropicais e subtropicais, o alongamento de hastes tem grande
importância como característica morfogênica e determina variáveis estruturais do
dossel como a relação folha:haste, por exemplo (SBRISSIA; DA SILVA, 2001).
28
A plasticidade fenotípica é um mecanismo adaptativo das plantas
forrageiras que as permitem tolerarem grandes variações em estratégias de
desfolhação sem que, para isso, ocorra redução em produção de forragem. Dessa
maneira, as estratégias de manejo do pastejo devem explorar e utilizar esse recurso
adaptativo de tal modo a estabelecer amplitudes ótimas de manejo para as espécies
forrageiras de interesse (GASTAL et al., 2004).
Estratégias de manejo do pastejo visam manter uma estrutura de dossel na
qual a somatória das eficiências dos processos de produção, envolvendo
crescimento, utilização e conversão, seja otimizada conforme os objetivos
específicos de cada sistema de produção (DA SILVA, 2004).
A distribuição espacial dos componentes morfológicos do dossel apresenta
padrões bastante parecidos entre diversas espécies forrageiras. De modo geral,
todos os componentes morfológicos possuem densidade volumétrica decrescente ao
longo do perfil vertical ascendente do dossel, sendo que as folhas ocupam posições
superiores, as hastes ocupam posições mais intermediárias e inferiores e o material
morto encontra-se mais próximo do solo (HODGSON, 1990).
Hodgson (1990) estabeleceu que as variáveis estruturais do dossel que
apresentam maior consistência com as respostas de plantas e animais são a altura,
a massa de forragem e o IAF. Porém, o uso do índice de área foliar para nortear o
manejo do pastejo possui limitações, uma vez que os valores de IAF variam com as
estações do ano e de ano para ano conforme a variação da luz incidente, além de
exigir o uso de equipamentos não facilmente disponíveis em condições de campo.
Assim, a altura aparece como uma importante ferramenta para nortear as práticas
de manejo de pastagem, isto porque possui maior relação com as respostas de
produção de forragem durante todo o ano e, em qualquer condição climática, possui
grande impacto sobre o comportamento ingestivo dos animais além de ser a
característica mais importante na determinação da habilidade competitiva das
plantas pela luz (HODGSON, 1990).
Combinações variáveis de freqüência e intensidade de desfolhação
resultam em alterações nos processos morfogênicos que, por sua vez, modificam as
características estruturais do dossel, como o IAF, e todo o processo de utilização da
energia luminosa, resultando em variações na produção de forragem e no
desempenho animal. A altura do dossel pode ser usada como um parâmetro guia
para a definição de relações entre estrutura do dossel e os processos de
29
interceptação luminosa e seu efeito sobre as taxas de acúmulo de forragem,
permitindo determinar faixas de manejo do pastejo adequadas para as diferentes
espécies forrageiras (MOLAN, 2004).
De uma maneira geral, os resultados das pesquisas têm revelado que o
conceito de IAF crítico, condição na qual o dossel intercepta 95% da luz incidente,
originalmente descrito e aplicado com sucesso para plantas de clima temperado, é
válido e pode ser aplicado também para gramíneas tropicais (DA SILVA e
NASCIMENTO JUNIOR, 2007).
Parsons et al. (1988) apud Da Silva e Nascimento Junior (2007) relataram
que no IAF crítico, a taxa média de acúmulo de forragem atinge o seu máximo, ou
seja, o balanço entre os processos de crescimento e senescência seria máximo,
permitindo maior acúmulo de forragem e correspondendo ao ponto ideal de se
proceder o corte ou a entrada (ou manutenção) dos animais na pastagem.
Resposta similar foi encontrada para B. brizantha entre a interceptação de
luz pelo dossel e variáveis como acúmulo de forragem, especialmente de folhas,
composição morfológica e valor nutritivo da forragem produzida. Avaliações relativas
às características morfogênicas e padrões de desfolhação de perfilhos individuais
revelaram que a cada evento de desfolhação cerca de 2/3 ou 67% do comprimento
do limbo foliar das folhas era removido independentemente da altura de pasto
avaliada e da freqüência dos eventos de desfolhação ocorridos, resultando em
valores de eficiência de utilização (proporção do crescimento que não é perdido por
senescência) elevados e decrescentes com a altura de pasto avaliada (82,3; 76,2;
69,4 e 68,7% para os pastos mantidos a 10, 20, 30 e 40 cm, respectivamente)
(GONÇALVES, 2002).
A partir da combinação dos resultados de Molan (2004) e de Gonçalves
(2002) conclui-se que o estrato pastejável da B. brizantha, manejada sob lotação
contínua, correspondia a 33% da altura do dossel, ou seja, os primeiros 3,3; 6,6; 9,9
e 13,2 cm do estrato superior para os pastos mantidos a 10, 20, 30 e 40 cm,
respectivamente, explicando a variações na massa de bocado e consumo diário de
forragem (SARMENTO, 2003) e, consequentemente, desempenho animal, uma vez
que não houve diferença em valor nutritivo da forragem consumida (ANDRADE,
2003).
Sbrissia (2004) relatou que a taxa de acúmulo líquida para a B. brizantha,
era praticamente constante nas condições do pasto entre 20 e 40 cm, validando os
30
resultados de Molan (2004), além de sugerir a necessidade de se trabalhar com
metas de altura variáveis ao longo do ano como forma de otimizar o acúmulo e a
utilização de forragem (pastos mantidos mais baixos durante o outono e inverno e
mais altos durante a primavera e verão).
A estrutura do dossel forrageiro, portanto, possui papel decisivo sobre o
desempenho tanto dos animais como das plantas, constituindo-se na característica
da pastagem capaz de permitir a geração e o estabelecimento de respostas
funcionais entre estes elementos do ecossistema pastagem (SBRISSIA; DA SILVA,
2001).
.
2.6 Desempenho Animal em Pastagem
A produtividade animal é dependente da relação entre o comportamento
ingestivo e os atributos da pastagem. Pastagens manejadas em diferentes alturas
proporcionam diferentes massas de forragens, o que interfere na disponibilidade e
acessibilidade da forragem aos animais, apresentando efeitos diretos sobre o
consumo de animais em pastejo e conseqüentemente no desempenho animal
(PIAZETTA, 2007).
Os índices produtivos das pastagens cultivadas são influenciados pelas
condições edafo-climáticas. Sabe-se que, além do potencial genético da cultura e do
meio ambiente, a produção é influenciada, dentre outros fatores, pela qualidade da
semente, época de semeadura, população de plantas, preparo e correção do solo,
controle de plantas daninhas, pragas e doenças (ALVIM; COSER, 2000)
Segundo Pimentel et al. (1998) a espécie forrageira deve apresentar
elevada capacidade de produção de massa por unidade de área e ser alimento de
alta qualidade para os animais. No entanto, ressalta-se que a relação
produção:qualidade da forragem depende diretamente das características de
fertilidade do solo cultivado.
Os principais fatores que afetam o consumo de massa seca em pastagens
são a qualidade e a disponibilidade de forragem. A massa e a altura da forragem,
podem influenciar na facilidade de apreensão pelos animais, pois a insuficiência ou
inacessibilidade da forragem pode restringir o consumo em estágios iniciais ou
posteriores do crescimento da pastagem, respectivamente (HODGSON, 1982).
31
Graças à capacidade seletiva dos herbívoros, a forragem colhida é, muitas
vezes, superior em qualidade à média representativa do total ofertado (SOARES,
2001). Analisando o processo de pastejo em escalas superiores, o animal seleciona
áreas de utilização em função da disponibilidade de água, sombra, declividade e
áreas de maior acúmulo de forragem (HODGSON, 1982). Porém, a escolha de um
determinado bocado envolve um conjunto muito mais complexo de variáveis, as
quais estão relacionadas tanto a fatores abióticos, quanto ao animal e à planta
forrageira (CARVALHO et al., 1999).Em pastagens consorciadas, esta seletividade
pode ter impacto ainda maior.
A desfolhação por meio do corte mecânico ou pastejo do animal determina
modificações estruturais e populacionais na vegetação que acarretam na redução
das superfícies foliares e, eventualmente, do número de meristemas em crescimento
(MAZZANTI, 1997). A manutenção de níveis de biomassa de lâminas foliares verdes
como forma de manejo da pastagem, justifica-se no sentido de manter a maior área
fotossintética ativa, bem como disponibilizar aos ruminantes a fração de melhor
qualidade nutricional das plantas (LEMAIRE e AGNUSDEI, 1999).
No entanto, a qualidade da dieta não depende somente do potencial
qualitativo da pastagem, mas também da possibilidade e capacidade do animal em
selecionar uma dieta de alto valor nutritivo. Portanto as interações que se
estabelecem entre a colheita da forragem e a biomassa disponível ao pastejo são
alguns dos aspectos determinantes dos resultados nas produções. Há forte
interação entre altura e densidade da pastagem sobre o consumo de forragem, pois
foi constatado que esses fatores não atuam isoladamente (TREVISAN et al., 2004).
Segundo Maraschin (1996) para uma utilização eficiente da forragem
produzida deve-se empregar sempre uma taxa de lotação compatível com a
capacidade de suporte da pastagem, isto é, a adoção de uma pressão de pastejo
ótima.
Hodgson (1976) apud Da Silva (2007) determinou o conceito de oferta de
forragem e demonstrou que o consumo era maximizado quando a oferta
correspondia de 3 a 4 vezes a capacidade de ingestão do ruminante.
Ao se buscar a máxima eficiência de utilização da produção vegetal incorre-
se numa retração da eficiência de conversão alimentar e, consequentemente, no
desempenho individual dos animais. Tal fato é conseqüência de redução da oferta
de forragem e da oportunidade de seleção durante o pastejo, resultando em menor
32
quantidade de material ingerido com menor valor nutritivo (HODGSON, 1990). O
inverso também acontece, pois ao buscar o máximo desempenho animal individual,
é promovido um aumento nas sobras de forragem e, com isso, nas perdas de
material por senescência (HODGSON, 1990).
A otimização da produção de pastagens não deve ser concebida, portanto,
como a maximização da quantidade de forragem produzida ou somente consumida
pelos animais pura e simplesmente, mas como o resultado do compromisso entre os
três processos de fluxo de tecidos especialmente relacionados às folhas:
crescimento, senescência e consumo (GONÇALVES, 2002).
33
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área Experimental
O experimento foi conduzido em propriedade particular denominada
Estância Vovó Nena, situada no município de Santo Antônio da Platina-PR. A
propriedade está localizada em área de transição entre o segundo e terceiro planalto
paranaense, na região do Norte Pioneiro. A fazenda se situa numa altitude 445
metros acima do nível do mar, latitude 23° 19' 93'' Sul e longitude 50° 06' 93'' Oeste.
O clima da região, segundo Köppen, é classificado do tipo Cfa, subtropical
úmido mesotérmico, verões quentes (temperatura média superior a 22° C) com
tendência de concentração das chuvas, invernos com geadas pouco freqüentes
(temperatura média inferior a 18° C), sem estação seca definida. A precipitação
anual média para região fica entre 1400 a 1600 mm.
O solo da área é representativo da Região, caracterizado como Argissolo
Vermelho Amarelo eutrófico de textura média e suavemente ondulado (EMBRAPA,
1999) (ANEXOS 1, 2 e 3 ).
3.2 Plantio do Arachis pintoi e Período Pré-Experimental
A área utilizada foi de 5,5 hectares, já estabelecida com pastagem de
Brachiaria brizantha cv Marandu há mais de cinco anos, e que vinha recebendo
adubação nitrogenada anual com 30 kg de N.ha
-1
.ano
-1
.
Como primeira tentativa em se estabelecer o A. pintoi cv Belmonte, em área
de 10 ha, utilizou-se, com o intuito de facilitar o plantio e favorecer o estabelecimento
do A. pintoi, em 06/12/2004, aplicação de glifosato (apresentação granulada
1
) na
dosagem de 360 g e.a..ha
-1
. A partir do dia 7/12/2004 iniciou-se o plantio das mudas
em linhas (85 cm entre linhas e 1 m na linha) após abertura de sulco com ajuda de
trator e subsolador, conforme Figura 2, levando-se aproximadamente 30 dias para
concluir o plantio.
Em avaliação realizada no mês de abril de 2005, constatou-se que e
quantidade de mudas pegas era muito baixa (menor que 5%), visto que no primeiro
1
Round up WG (720 g e.a. de glifosato em 1000g de produto)
34
trimestre deste ano ocorreu severa estiagem (FIGURA 3), decidindo-se refazer o
plantio.
FIGURA 2 - ABERTURA DE SULCOS PARA PLANTIO DE Arachis pintoi. (2004)
O novo plantio iniciou-se em 26/06/2005, concluindo-se em 10/07/2005,
agora em área de 5,5 ha e com desestruturação da pastagem de B. brizantha
através de duas passagens de grade aradora e uma passagem de grade niveladora
e imediato plantio do A. pintoi. Procedeu-se o preparo do solo em faixas de 5 metros
de largura, deixando-se uma faixa de 3 metros sem ser trabalhada (FIGURA 3).
FIGURA 3 - PREPARO DE SOLO PARA PLANTIO DO Arachis pintoi. (2005)
Os Balanços hídricos para os anos de 2005, 2006 e 2007 estão
representados na Figura 4.
35
Extrato do Balanço Hídrico Mensal 2005
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
mm
DEF(-1) EXC
A
Extrato do Balanço Hídrico Mensal 2006
-40
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
mm
DEF(-1)
EXC
B
Extrato do Balanço Hídrico Mensal 2007
-50
0
50
100
150
200
250
300
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
mm
DEF(-1) EXC
FIGURA 4 – EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO MENSAL DOS ANOS DE 2005 (A), 2006 (B) E
2007 (C)
C
36
O plantio foi realizado com mudas com 7 a 10 nós, deixando-se entre 2 e 4
nós acima da superfície do solo. Em cada faixa de solo gradeada foram plantadas 5
linhas de Arachis, com distância entre elas de aproximadamente 90 cm, e entre
mudas de 80 cm (FIGURA 5).
FIGURA 5 - PLANTIO DO Arachis pintoi. (2005)
Para se garantir a viabilidade das mudas utilizou-se, em um intervalo de 15
dias, durante o mês de julho, duas irrigações de aproximadamente 25 mm, e uma
irrigação no final do mês de agosto, de mesmo volume, utilizando-se equipamento
constituído de moto-bomba para 80000 L.h
-1
, aspersores modelos PN 30 e PS 30 e
tubulação de 5 polegadas (FIGURA 6). Passado este período, não se utilizou mais a
irrigação, pois os níveis de precipitação pluviométrica, mesmo ficando abaixo da
média, foram capazes de manter o processo de reestabelecimento da pastagem
(período de setembro/05 a janeiro/2006).
FIGURA 6 - IRRIGAÇÃO APÓS PLANTIO DO Arachis pintoi. (2005)
37
FIGURA 7 – MUDAS DE Arachis pintoi VIÁVEIS APÓS O PLANTIO (SETEMBRO 2005)
Esta metodologia de plantio para a introdução do A. pintoi em pastagem de
B. brizantha já estabelecida foi efetiva, uma vez que, mesmo se procedendo o
plantio em época desfavorável, garantiu-se umidade suficiente, com a utilização de
irrigação, para que as mudas se mantivessem viáveis e iniciassem seu
desenvolvimento.
A adubação fosfatada
2
seguiu as recomendações de Souza et al. (2004),
aplicando-se em superfície, 140 kg.ha
-1
de P
2
O
5
no dia 21/09/05. A adubação
potássica seguiu a recomendação de Coutinho et al. (2004), aplicando-se em
superfície 50 kg.ha
-1
de K
2
O em duas aplicações conjuntas com nitrogênio (21/12/05
e 10/02/2006). A adubação nitrogenada utilizada foi de 100 kg.ha
-1
, subdivida em
três aplicações ( 21/11/05 – 47%, 21/12/05 – 18% e 10/02/06 – 35%).
Entre o plantio (julho/2005) e o início do primeiro período de pastejo
(janeiro/2006), a área experimental foi pastejada somente uma vez, com a soltura de
60 animais adultos entre os dias 10 e 15/11/2005 para rebaixamento da altura da
pastagem, principalmente, nas faixas não plantadas.
A adubação fosfatada foi realizada somente no ano da implantação. A
adubação potássica para o segundo ano foi a mesma do primeiro e em aplicação
única (18/10/2006). A adubação nitrogenada foi a mesma do primeiro ano, mas em
duas aplicações (18/10/06 – 50% e 27/12/06 – 50%). Todos os processos de
adubação foram feitos a lanço e sem incorporação ao solo.
2
Fertilizante FOSMAG 508 Farelado – 580 kg.ha
-1
(1,0% N; 24,0% P
2
O
5
; 15,4 % Ca; 8,0% S; 4,0 % Mg)
38
3.3 Tratamentos e Delineamento Experimental
Os tratamentos consistiram em impor quatro alturas de manejo na pastagem
consorciada de B. brizantha e Arachis pintoi ( 10 cm, 20 cm, 30 cm e 40 cm de
altura) e uma altura na pastagem isolada de B. brizantha determinada a partir dos
dados obtidos por Sbrissia (2004) para lotação contínua desta espécie no período de
final de primavera e verão. Para este tratamento, no Ano 1 do consórcio utilizou-se a
altura de 25 cm , altura esta, sendo a média entre as alturas sugeridas (20 a 30 cm)
como ideais. No Ano 2 do consórcio, para se ter referência à uma mesma altura da
pastagem consorciada, trabalhou-se com altura de 30 cm nas áreas sem a presença
do A. pintoi . Desta forma o experimento foi constituído de cinco tratamentos
conduzidos em blocos ao acaso com três repetições por tratamento.
A área total foi subdividida por cerca elétrica em 10 piquetes (unidades
experimentais) com aproximadamente 3.500 m
2
(Blocos 2 e 3) e mais 5 piquetes
com 4.000 m
2
(Bloco 1) (FIGURAS 8, 9 e 10).
O período experimental foi dividido em duas fases, Ano 1 de 19/01/2006 a
23/04/2006 e Ano 2 de 20/10/2006 a 21/04/2007.
FIGURA 8 - PIQUETES BLOCO 1
39
FIGURA 9 – PIQUETES BLOCO 2
FIGURA 10 – PIQUETES BLOCO 3
3.4 Manejo da Pastagem
O método de pastejo empregado foi de lotação contínua, aliado à técnica de
animais reguladores proposta por Mott e Lucas (1952). Para as determinações de
desempenho animal, cada repetição foi constituída por três animais “testadores” no
Ano 1 e por dois animais no Ano 2, enquanto que, animais reguladores eram
acrescentados ou retirados mensalmente, quando necessário, de forma a manter a
altura da pastagem o mais próximo possível da altura pretendida no delineamento
experimental.
No Ano 1, a entrada dos animais nos piquetes ocorreu quando a pastagem
apresentou altura média próxima a 30 cm. Nos tratamentos com alturas inferiores a
40
25 cm, entrou-se, simultaneamente, com animais reguladores para promover o
rebaixamento da pastagem à altura desejada, ao passo que os tratamentos com
alturas superiores a esta, permaneceram somente com os animais “testadores”.
Contudo as limitações impostas pela baixa e má distribuição das chuvas
possibilitaram somente três meses de pastejo.
No período entre maio e outubro do ano de 2006 a área ficou sem a entrada
de animais, uma vez que a estiagem e as geadas nos meses de julho e setembro,
prejudicaram o desenvolvimento da pastagem. No dia 18/10/2006, realizou-se
pastejo somente nas áreas de 10 cm de altura para manutenção da altura pré-
determinada.
No Ano 2, a entrada dos animais ocorreu quando a altura da pastagem nos
tratamentos estava próxima às pretendidas.
3.4.1 ANIMAIS EXPERIMENTAIS
Os animais utilizados foram fêmeas mestiças das raças charolesa e nelore,
com 9 meses de idade, oriundas da própria fazenda, e peso inicial entre 200 e 240
kg no primeiro ano de pastejo e, 200 e 250 kg no segundo ano.
O controle do peso dos animais foi realizado por pesagens com intervalo de
28 dias e com jejum prévio de 12 horas a cada pesagem. No transcorrer do
experimento os animais tiveram acesso à vontade ao sal mineral e água. Todos os
animais foram vermifugados e vacinados contra clostridioses na entrada do
experimento em ambos os anos.
3.4.2 ALTURAS DOS TRATAMENTOS
A altura da pastagem foi avaliada pelo método do Sward Stick
(BARTHRAM, 1986) através da tomada de 60 medidas em cada piquete com o uso
da régua graduada. As médias das alturas foram utilizadas para a determinação da
necessidade de ajuste de lotação para manutenção das alturas dos tratamentos. As
avaliações foram realizadas a cada 28 dias, simultaneamente a retirada dos animais
das repetições para avaliação de desempenho, pois alguns animais não aceitavam a
presença de pessoas nos piquetes, pulando de um piquete para outro, quando da
entrada dos avaliadores para a coleta de dados, assim teve-se que conciliar todas
41
as avaliações na pastagem enquanto os animais estavam fora das áreas
experimentais.
Os animais “testadores” permaneceram nas unidades experimentais até o
momento em que as alturas das pastagens não puderam ser mantidas dentro do
preconizado, devido às características de sazonalidade na produção forrageira.
3.4.3 MASSA DE FORRAGEM
A estimativa da massa seca (MS) de forragem (kg.ha
-1
) presente na
pastagem foi realizada por dupla amostragem pela técnica de Barthram (1986), em
todas as parcelas antes da entrada dos animais e repetiu-se mensalmente. Para se
obter os valores de massa seca disponível nos tratamentos, foram retiradas, três
amostras de cada uma das parcelas dos tratamentos, coletando-se toda a parte
aérea da forragem contida dentro de um quadrado de 0,25 m
2
. Antes do corte, a
pastagem teve a altura aferida em dez pontos, com auxilio do Sward Stick, para
posterior correlação com a massa de forragem ali presente. Estas amostras foram
pesadas e posteriormente secas a 65ºC até peso constante, obtendo-se assim a
massa seca existente no quadrado, e por seqüência a massa seca por hectare.
Simultaneamente realizou-se a avaliação da altura da pastagem utilizando-
se do “Sward Stick”, com 60 aferições aleatórias por parcela. Com os resultados de
massa seca dos quadrados, nas diferentes alturas, elaborou-se uma equação de
regressão, na qual a altura média da pastagem possibilitou estimar a massa seca
média do piquete.
3.4.4 COMPOSIÇÃO BOTÂNICA DA PASTAGEM
A avaliação da composição botânica foi realizada antes da introdução do
Arachis, antes da entrada dos animais nas unidades experimentais (dezembro2005
–ano1, outubro 2006 – ano 2), no meio de cada período de permanência dos
animais em pastejo ( março 2006 - ano1, fevereiro 2007 - ano 2), e posteriormente
em outubro de 2007, estimando o início do período de pastejo para terceiro ano do
consórcio.
A massa de forragem instantânea e a composição botânica no momento
das avaliações foram obtidas pelo método botanal seguindo a metodologia proposta
42
por Tothill, Hardgreaves e Jones (1978), onde a massa existente é avaliada pelo
método de dupla amostragem (HAYDOCK e SHAW, 1975) e a composição botânica
pelo método Dry-Weight-Rank (DWR) de t’Mannetje e Haydock (1963) melhorado
por Jones e Hargraves (1979). Para a análise dos dados foi utilizado o programa
Botanal-2 ( COSTA e GARDNER, 1984).
A distribuição do A. pintoi no dossel forrageiro foi avaliada no meio do
segundo período de pastejo (segundo ano do consórcio) com o objetivo de verificar
a estrutura e porcentagem de participação do B. brizantha e do A. pintoi em cada
estrato do dossel forrageiro. Para isso, foram realizados quatro cortes, em cada
repetição, em área notadamente onde se estabeleceu o consórcio, realizando-se o
corte estratificando o dossel forrageiro a cada 10 cm de altura. Assim para as
repetições no tratamento de 10 cm realizou-se somente um corte rente ao solo, para
20 cm dois cortes, acima de 10 cm e rente ao solo; 30 cm, acima de 20 cm, entre 10
e 20 cm e rente ao solo, e 40 cm, acima de 30 cm, entre 20 e 30 cm, entre 10 e 20
cm e rente ao solo. Cada amostra foi separada manualmente em B. brizantha e A.
pintoi para cada faixa de dossel. Após separação, o material foi secado em estufa a
65°C, por 72 horas e pesado para verificação da porcentagem de participação de
cada componente. Como a quantidade de invasoras era muito baixa, muitas vezes
inexistente, essas foram consideradas desprezíveis.
3.4.5 TAXA DE ACÚMULO E PRODUÇÃO TOTAL DE MASSA SECA
A estimativa do acúmulo de massa seca (MS) nas diferentes unidades
experimentais da pastagem foi avaliada com o uso de gaiolas de exclusão, segundo
a técnica das gaiolas emparelhadas descrita por Klingman et al. (1943) acrescida
das melhorias do triplo emparelhamento (MORAES et al. 1990). Foram utilizadas
três gaiolas de exclusão por piquete. Cada gaiola de exclusão abrangia uma área de
0,36 m
2
de base x 0,36 m
2
de topo x 0,70 m de altura. A área cortada dentro de cada
gaiola foi de 0,25 m
2
. Depois de cortadas, as amostras de forragem de cada gaiola e
fora da gaiola foram secas em estufas a 65°C e pesadas.
Para o cálculo da taxa de acúmulo da pastagem, utilizou-se a seguinte
equação:
Tj =
Gi – F(i – 1)
n
43
Onde:
Tj = taxa de acúmulo diário no período j ( kg.ha
-1
. dia
-1
.);
Gi = massa seca. ha
-1
dentro das gaiolas no instante i;
F(i – 1) = massa seca. ha
-1
fora das gaiolas no instante i – 1;
n = número de dias do período j.
A produção de MS.ha
-1
durante cada período experimental foi calculada
utilizando a fórmula abaixo (acúmulo diário x número de dias do pastejo).
J - 1
MS total no período = Fi + [Gi – F(ij – 1)]
J =1
Onde:
Fi = MS.ha
-1
fora das gaiolas no instante inicial i
Gi = MS.ha
-1
dentro das gaiolas no instante i
F(ij – 1) = MS.ha
-1
fora das gaiolas no instante i – 1 para cada período j.
Os dados totais de MS foram expressos em quilogramas e,
consequentemente, o acúmulo diário em kg de MS.ha
-1
.dia
-1
. A produção total de MS
foi calculada pelo somatório das produções dos períodos (acúmulo diário x número
de dias do período) somada à quantidade de MS existente no início do pastejo.
3.4.6 OFERTA DE MASSA SECA
A oferta de massa seca total de cada mês de pastejo foi estimada pela
seguinte fórmula:
Oj =
Dj X 100.
Aj
Sendo:
Dj =
Di + (Tj x n)
n
44
Onde:
Oj = oferta de MS no período j (kg de MS.100 kg de PV
-1
)
Dj = disponibilidade de forragem no período j (kg de MS.ha
-1
)
Di = massa de forragem no instante i (kg de MS.ha
-1
)
Tj = taxa de acúmulo diário no período j (kg de MS.ha
-1
.dia
-1
)
n = número de dias do período j
Aj = carga animal média no período j (kg de PV.ha
-1
)
A oferta média de massa seca para todo o período experimental foi
calculada por duas formas: a) a média das ofertas mensais para todo o período e b)
considerando a produção total de MS para o período (Produção MS/dias de pastejo)
dividindo-se pela carga animal média de todo o período experimental.
3.4.7 EXPANSÃO DO Arachis pintoi EM ÁREA NÃO PLANTADA
O acompanhamento da cobertura do solo pelo Arachis em área não
plantada, foi feito por meio da utilização de um quadro de 2,0 m
2
(1 x 2 metros
subdividido em 16 quadrados menores-quadrantes 0,25x0,50), em pontos pré-
determinados onde se constatava a viabilidade de mudas em área limite entre área
plantada e não plantada. Em cada avaliação, foram feitas 4 amostragens por
repetição, totalizando 12 amostragens por tratamento. As avaliações foram
realizadas a cada 60 dias e fundamentaram-se na quantificação de quadrantes com
a presença do Arachis em cada amostragem, e ao longo do tempo.
No momento da última análise pelo método do Botanal (outubro de 2007),
realizou-se uma avaliação geral da área não plantada, onde 5 faixas não plantadas
por repetição, foram subdivididas a cada 50 cm a partir do limite plantado, até a
distância de 1,50 metros, avaliando-se, com o auxílio de um quadro de 0,25 m
2
, 10
pontos em cada faixa, totalizando 50 pontos por repetição. Teve-se o cuidado de se
proceder a avaliação nas três faixas (50 cm, 100 cm e 150 cm) em local determinado
a partir do lançamento aleatório na primeira faixa (50 cm), a fim de se determinar a
mesma região em que o A. pintoi foi expandindo em área de B. brizantha.
45
3.5 Desempenho Animal
3.5.1 CARGA ANIMAL, GANHO INDIVIDUAL E GANHO POR ÁREA
O ganho de peso médio diário dos animais testadores, expresso em
kg.animal
-1
.dia
-1
, foi obtido pelas diferenças entre pesagens realizadas no início e
final de cada período experimental e dividido este valor pelo número de dias em que
os animais permaneceram na pastagem, pela seguinte fórmula:
GMDj =
Pi – P(i – 1)
n
Onde:
GMDj = ganho médio diário no período j;
Pi = peso do animal no instante i;
P(i -1) = peso do animal no instante i – 1;
n = número de dias no período j.
A carga animal real (CA) por período, expressa em kg de PV.ha
-1
.dia
-1
, foi
calculada pela adição do peso médio dos animais testadores (At) com o peso médio
de cada animal regulador (Ar) multiplicado pelo número de dias que este
permaneceu na pastagem (D) dividido pelo número de dias do período (NDP),
conforme a fórmula:
CA = At +
(Ar1*D1) + (Ar2*D2) + (Arn*Dn)
NDP NDP NDP
O ganho médio diário e a carga animal de todo o período experimental
foram obtidos pela média ponderada dos valores dos períodos, levando-se em
consideração o número de dias. O ganho de peso por área foi determinado pela
multiplicação do ganho médio diário pelo número de animais dia.ha
-1
, sendo
expresso em quilogramas de peso vivo por hectare (kg de PV.ha
-1
).
46
3.6 Análise Estatística
As variáveis estudadas foram submetidas à análise de variância e as
médias comparadas pelo teste F ao nível de 5% de significância, bem como pelos
modelos de regressão. Quando detectada diferença entre as variáveis foi realizada a
comparação de médias pelo Teste Tukey no mesmo nível de significância,
utilizando-se para as análises o programa estatístico GraphPad Prism.
47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Devido às dificuldades observadas durante o Ano 1 de pastejo (jan/06 a
abril/06) e a grande variabilidade dos dados obtidos para as características da
pastagem e desempenho animal, deste período somente foram utilizados os dados
referentes à evolução do A. pintoi ao longo do tempo e sua freqüência em área
plantada e não plantada. Para as avaliações de produção de forragem e produção
animal somente os dados do Ano 2 de consórcio foram utilizadas.
4.1 Altura da Pastagem
As médias das alturas da pastagem obtidas nos dois períodos de pastejo
estão na Tabela 1, e demonstram a grande dificuldade em se conseguir obter e
manter as alturas nos valores pretendidos nos tratamentos de 30 e 40 cm de altura.
TABELA 1 - ALTURA PRETENDIDA E ALTURAS MÉDIAS REAIS OBTIDAS EM
PASTAGEM CONSORCIADA MANEJADA EM DIFERENTES
ALTURAS
Altura de Manejo
Pretendida (cm)
Alturas Médias Obtidas
Ano 1 (cm)
Alturas Médias Obtidas
Ano 2 (cm)
10 15,67 ± 8,51 11,78 ± 1,41
20 21,39 ± 5,68 20,58 ± 2,02
30 25,28 ± 3,33 25,39 ± 1,43
40 29,21 ± 3,65 31,27 ± 2,41
25 sem Arachis (Ano 1) 23,59 ± 4,61
30 sem Arachis (Ano 2) 27,07 ± 2,04
No Ano 2 de pastejo a dificuldade maior em se obter as alturas nos
tratamentos de maiores valores decorreu da grande heterogeneidade (ANEXO 5) na
pastagem, ainda em decorrência ao método de implantação do Arachis, além da
permanência dos animais em pastejo, visando os dados de desempenho animal.
Outro ponto foi a baixa adubação nitrogenada (100 kg.ha
-1
de N) utilizada em todos
os tratamentos, quando comparado a outras pesquisas que utilizaram adubações
nitrogenadas mais intensas, acima de 300 kg.ha
-1
de N (MOLAN, 2004 e
SARMENTO, 2003) situação esta que possibilitou maior crescimento das gramíneas.
48
Porém, na situação do presente trabalho, em função do consórcio, não foi utilizada
elevada quantidade de N devido a possibilidade da B. brizantha apresentar forte
competição sobre o A. pintoi.
Sarmento (2003), Andrade (2003) e Molan (2004), trabalhando com B.
brizantha em pastejo contínuo nas mesmas alturas pretendidas neste trabalho, e
com presença de animais, também encontraram dificuldades em manter as alturas
constantes nos tratamentos de maiores alturas de manejo, principalmente na altura
de 40 cm, encontrando maiores amplitudes de variação nos tratamentos mantidos
nas maiores alturas.
Dentre as características estruturais do dossel a altura é a que apresenta
relação mais consistente com as respostas das plantas e animais quando
comparada às características como massa de forragem, massa de folhas ou IAF.
Aumentos na altura da pastagem, desde que não haja queda no valor nutritivo da
forragem, proporcionam incrementos no consumo individual e desempenho animal
(HODGSON, 1990).
Os resultados obtidos neste trabalho indicam que as maiores alturas
pretendidas não puderam ser obtidas, mais especificadamente no Ano 2 de pastejo,
quando foram utilizados os dados para análises e comparações das variáveis
mensuradas para desempenho animal, utilizando-se, a partir deste momento, os
valores de 10, 20, 25 e 32 cm de altura para os tratamentos com consórcio
estudados e 27 cm para o tratamento sem a implantação do A. pintoi.
4.2 Disponibilidade de Massa de Forragem
Os valores de massa de forragem foram crescentes com o aumento da
altura do dossel (P<0,01), conforme equação de regressão linear demonstrada na
Figura 11. As médias das disponibilidades de massa seca foram 4972, 7178, 8161 e
9680 kg MS.ha
-1
, respectivamente, para as alturas de 10, 20, 25 e 32 cm de altura
(ANEXO 6). A pastagem sem a implantação do Arachis apresentou disponibilidade
média de 8627 kg MS.ha
-1
, com altura média de 27 cm para o período.
49
y = 142,89x + 3993,8
R
2
= 0,9255 P< 0,01
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
10 15 20 25 30 35
Altura de pastejo
Massa de Forragem
(kg de MS.ha
-1
)
27 cm sem Arachis (8627)
*
FIGURA 11 – DISPONIBILIDADE DE FORRAGEM DE UMA PASTAGEM CONSORCIADA DE B.
brizantha E Arachis pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO
(OUT/06 A ABRIL/07).
Por se tratar da implantação de um consórcio forrageiro em condições reais
de campo, as características de sua evolução com o passar do tempo constitui
parâmetro de grande importância. No Ano 1 de pastejo, obteve-se um período muito
curto de permanência dos animais na área (90 dias), limitando a utilização dos
dados deste período. Contudo, serve de referência para a comparação na evolução
do consórcio.
No Ano 2 de pastejo, mesmo não se obtendo elevação nas alturas dos
tratamentos mais altos, ficou evidente o ganho em massa de forragem para os
referidos grupos (20, 25 e 32 cm) (FIGURA 12). Os fatos que, possivelmente,
levaram a esta resposta serão relatados e discutidos mais adiante deste trabalho.
As diferentes médias de massa de forragem instantânea refletiram os
tratamentos utilizados, uma vez que a altura da pastagem está diretamente
relacionada com a disponibilidade de forragem. Segundo Perin (2003), este é um
parâmetro importante por estar relacionado com a relativa facilidade ou dificuldade
com a qual a forragem pode ser colhida pelo animal em pastejo, além de afetar a
qualidade da dieta se a oportunidade de seleção do animal for restringida.
50
0
28
56
84
112
140
168
196
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Dias de Pastejo
Altura da Pastagem
(cm)
A
0
28
56
84
112
140
168
196
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
10 cm
20 cm
25 cm
32 cm
27 cm sem Arachis
Dias de pastejo
kg MS.ha-1
B
FIGURA 12 – ALTURAS (A) E DISPONIBILIDADES DE MASSA SECA (B) EM PASTAGEM
CONSORCIADA DE B. brizantha E A. pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE
PASTEJO (OUTUBRO/06 A ABRIL/07)
Os valores obtidos para massa de forragem durante o verão, estiveram
próximos ao encontrados por Molan (2004) para as alturas de 10 e 20 cm (4630 e
8210 kg MS.ha
-1
, respectivamente) contudo nas maiores alturas este autor
encontrou valores superiores (11920 e 14420 kg MS.ha
-1
, respectivamente para 30 e
40 cm de altura da pastagem). Já Sbrissia (2004) obteve massa de forragem
superior a 6000 kg MS.ha
-1
para B. brizantha manejada a 10 cm durante o verão. Em
ambos os estudos a adubação nitrogenada foi superior a 300 kg.ha
-1
de N, o que
pode explicar as maiores disponibilidades de forragem obtidas, possivelmente pela
maior densidade volumétrica.
4.3 Taxa de Acúmulo e Produção de Massa Seca Total
Houve efeito da altura do dossel sobre as taxas de acúmulo entre os
tratamentos (P=0,012). As taxas médias de acúmulo de MS foram de 53,14; 74,96;
81,59 e 81,79 kg MS.ha
-1
.dia
-1
,respectivamente para os tratamentos de 10, 20, 25 e
32 cm. O tratamento sem a introdução do Arachis, 27 cm de altura, apresentou taxa
de acúmulo média de 69,31 kg MS.ha
-1
.dia
-1
.
A partir da equação de regressão ajustada para a taxa de acúmulo da MS,
nota-se que as maiores alturas de manejo implicaram em maiores taxas de acúmulo,
entretanto os menores incrementos observados no final da curva de regressão,
sinalizam uma possível estabilização ou queda na taxa de acúmulo com a elevação
das alturas acima das obtidas (FIGURA 13).
51
y = -0,054x
2
+ 3,6268x + 22,716
R
2
= 0,6197 P=0,012
0
20
40
60
80
100
120
10 15 20 25 30 35
Altura de pastejo
Acúmulo MS Diário
(kg MS.ha-1.dia-1)
*
27 cm sem Arachis (69,31)
FIGURA 13 – TAXA DE ACÚMULO DE MASSA SECA EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B.
brizantha E A. pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO (OUTUBRO/06 A
ABRIL/07)
Estas respostas também foram obtidas por Andrade (2003) e Sbrissia
(2004), não havendo diferença significativa para taxa de acúmulo entre os
tratamentos manejados entre 20 e 40 cm de altura, contudo superiores ao acúmulo
observado em 10 cm, em período de verão.
Confrontando-se a taxa de acúmulo do tratamento sem a presença de A.
pintoi (27 cm de altura e acúmulo médio de 69,32 kg MS.ha
-1
.dia
-1
) com os demais
tratamentos, esta foi maior somente ao tratamento de 10 cm, sugerindo que a
presença do A. pintoi nos tratamentos de maiores alturas, 20 e 25 cm
especificamente, poderia estar influenciando, participando não somente com sua
presença na MS, mas também influenciando positivamente no crescimento da B.
brizantha.
Os resultados observados neste consórcio estiveram abaixo aos
observados por Andrade (2003) que obteve taxas de acúmulo de 116, 144, 134 e
135 kg MS.ha
-1
.dia
-1
, respectivamente, para as pastagens de B. brizantha
manejadas a 10, 20, 30 e 40 cm de altura. Já Sbrissia (2004) obteve para os
mesmos tratamentos, respectivamente, taxas de acúmulo diárias de 80, 106, 126 e
117 MS.ha
-1
.dia
-1
, contudo em ambos os trabalhos utilizou-se doses superiores de
nitrogênio.
A produção total de massa seca é função da disponibilidade inicial de
forragem e da taxa de acúmulo no período. Da mesma forma que para a taxa de
acúmulo, houve efeito da altura do dossel sobre a produção total de MS entre os
52
tratamentos (P<0,01) (FIGURA 14). As médias de produção total de MS observadas
foram de 13610; 18522; 20398 e 20822 kg MS.ha
-1
(ANEXO 6) ,respectivamente
para os tratamentos de 10, 20, 25 e 32 cm. O tratamento sem a introdução do
Arachis, 27 cm de altura, apresentou produtividade de 18253 kg MS.ha
-1
. Entre os
tratamentos extremos, houve um expressivo aumento da quantidade de forragem
produzida, 7212 kg MS.ha
-1
, representando um aumento de aproximadamente 53%
entre os tratamentos de 10 e 32 cm.
y = -11,218x
2
+ 796,03x + 6850,8
R
2
= 0,7882 P< 0,01
4000
8000
12000
16000
20000
24000
10 15 20 25 30 35
Altura de pastejo
Produção de MS
(Kg MS.ha-1)
27 cm sem Arachis (18253,74)
*
FIGURA 14 – PRODUÇÃO DE MASSA SECA EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B. brizantha e A.
pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO (OUTUBRO/06 A ABRIL/07)
Estas respostas também foram obtidas por Andrade (2003) e Molan (2004),
não havendo diferença significativa para produção de MS entre os tratamentos
manejados entre 20 e 40 cm de altura, contudo superiores à produção observada
em 10 cm, em período de final de primavera e verão (período das águas). Andrade
(2003) obteve produção de 17240, 21190, 22720 e 24380 kg MS.ha
-1
já Molan
(2004), obteve produção de 15390, 18710, 20890 e 20010 kg MS.ha
-1
respectivamente para 10, 20, 30 e 40 cm de altura.
Em um estudo realizado, por três anos, sob pivô central de irrigação, Aguiar
et al. (2004) obtiveram produção média anual de 35000 kg MS.ha
-1
, com produção
variando de 27000 a 39800 kg MS.ha
-1
.
Os resultados obtidos neste trabalho estiveram bem próximos aos obtidos
por Molan (2004), principalmente nas alturas de 20 cm e acima. A literatura
apresenta valores de produção de forragem para B. brizantha de 7930 kg MS.ha
-1
(GERDES et al., 2000), no entanto, mesmo se tratando de um período de seis
53
meses de análise, os valores encontrados no presente experimento ficaram abaixo
do potencial produtivo da B. brizantha de 36000 kg MS.ha
-1
ano (GHISI e
PEDREIRA, 1987).
Confrontando-se a produção de forragem do tratamento sem a presença de
A. pintoi (27 cm de altura e 18253 kg MS.ha
-1
) com os demais tratamentos, da
mesma forma que para a taxa de acúmulo, esta foi maior somente ao tratamento de
10 cm, sugerindo que a presença do A. pintoi nos tratamentos de maiores alturas, 20
e 25 cm especificamente, poderia estar influenciando, participando não somente
com sua presença na MS, mas também influenciando positivamente no crescimento
da B. brizantha. Por esta linha de raciocínio, na altura de 10 cm, também havia a
presença de A. pintoi, contudo, possivelmente, devido a maior intensidade de
pastejo que este tratamento esteve exposto, tal resposta poderia ser ainda mais
intensa.
4.4 Oferta, Lotação e Carga Animal
A oferta de forragem é definida como a relação instantânea entre massa de
forragem e peso vivo animal (Forage and Grazing Terminology Committee, 1992).
Em lotação contínua, onde as mudanças na massa de forragem são relativamente
menores, o termo, da maneira como ele é definido, se aplica mais adequadamente
(HODGSON, 1979). Estudos envolvendo o conceito de lotação têm sido realizados
(BRAGA, 2004; ALMEIDA et al., 2000; CORRÊA & MARASCHIN, 1994) contudo
sem que haja consenso sobre a maneira mais adequada de se impor ou medir a
oferta de forragem (SOLLENBERGER et al., 2005; BRAGA et al., 2007).
A avaliação da oferta foi realizada de duas formas, uma, considerando a
produção total de MS para o período (Produção MS/dias de pastejo) dividindo-se
pela carga animal média do período total (FIGURA 15 A) e a outra, considerando as
médias das ofertas de cada período (mês) (FIGURA 15 B).
54
y = -0,0063x
2
+ 0,4803x - 1,356
R
2
= 0,8878 P<0,01
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 15 20 25 30 35
Altura de pastejo
Oferta de Forragem
(kg MS/100kg PV)
27 cm sem Arachis (6,37)
*
A
y = -0,0068x
2
+ 1,0835x - 1,8363
R
2
= 0,9421 P<0,01
0
5
10
15
20
25
30
10 15 20 25 30 35
Altura de pastejo
Oferta de Forragem
(kg MS/100kg PV)
B
27 cm sem Arachis (22,12)
*
FIGURA 15 – OFERTA DE MASSA SECA EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B. brizantha e A.
pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO (OUTUBRO/06 A ABRIL/07).
(A) OFERTA A PARTIR DA PRODUÇÃO TOTAL DE MASSA SECA EM RELAÇÃO
CARGA ANIMAL MÉDIA DO PERÍODO, (B) OFERTA A PARTIR DA MÉDIA DAS
OFERTAS MENSAIS
A diferença para os resultados de oferta de forragem entre os dois métodos
é muito grande, com os resultados pelo método da média entre as médias mensais
sendo duas a três vezes superiores aos resultados pelo método da produção total de
MS. As ofertas médias de matéria seca foram de 3,47; 5,57; 7,06 e 7,36 kg MS.100
kg.PV
-1
para o cálculo com base na produção total de MS, e 10,06; 17,13; 21,81 e
25,22 kg MS.100 kg.PV
-1
com base na média das ofertas mensais para os
tratamentos de 10, 20, 25 e 32 cm de altura de manejo (ANEXO 7).
As diferenças encontradas entre as metodologias podem estar relacionadas
ao fato de que em pastejo contínuo com manutenção de alturas constantes, quando
se calcula oferta média para o período a partir da média das ofertas mensais, ocorra
uma super estimação desta. Nesta circunstância, a massa de forragem que estaria
fora ao alcance do animal devido à estrutura do dossel (extratos mais baixos), e que
representaria a disponibilidade inicial de MS antes da entrada dos animais, estaria
sendo considerada em cada mês, fato que na metodologia a partir da produção total
de MS, seria calculada somente uma vez.
Esta diferença entre as metodologias nos remete ao fato de que os padrões
de utilização e comparação para oferta necessitam de serem avaliados com
cuidado, uma vez que metodologias diferentes podem levar à resultados muito
diferentes, como no caso deste trabalho.
Devido à amplitude da diferença entre os valores obtidos para as duas
metodologias e aqueles esperados para a pastagem estudada, principalmente aos
resultados de desempenho nas alturas menores, optou-se por utilizar os resultados
da metodologia a partir da produção total e carga animal média do período, que
55
manifestou resultados mais coerentes para a realidade obtida (FIGURA 15 A),
metodologia esta relatada por Sollemberger et al (2005).
Em pastagem de B. brizantha manejada para oferta de forragem de 4, 8, 12
e 16 % do peso vivo, a massa de lâminas foliares e a altura do dossel aumentam
linearmente com o aumento da oferta de lâminas foliares (MACHADO et al., 2007).
Neste trabalho, a altura estimada do dossel foi, em média, de 8; 17,3; 23,9 e 31,5
cm, para as ofertas médias de lâminas folhares de 3,7; 7,4; 10,02 e 13% do peso
vivo, respectivamente. Por se tratar de oferta de folhas, Machado et al. (2007)
obtiveram uma oferta de MS total, com certeza superior aos obtidos neste estudo,
uma vez que as alturas da pastagem estiveram próximas às aqui alcançadas.
Braga (2004) trabalhando com pastejo rotacionado e ofertas de 5, 10, 15 e
20 % do peso vivo, obteve alturas de entrada e saída, aproximadamente, de 30 e
15cm ; 43 e 23 cm; 55 e 35 cm e, 65 e 40 cm, respectivamente para as ofertas
citadas.
A oferta de forragem além de atuar sobre o consumo e o desempenho
animal, também influencia na eficiência de pastejo. Hodgson (1990) definiu que o
desempenho animal aumenta numa taxa declinante com o aumento da oferta, até
atingir um platô em cerca de 10 a 12 kg massa de forragem 100 kg PV.dia
-1
para a
maioria das categorias animais, resultando, no entanto, em elevada perda de
forragem por senescência. Assim, em altas ofertas, são comuns níveis de utilização
de apenas 1/3 da forragem ofertada, resultando perdas excessivas que diminuem a
produtividade do sistema (DA SILVA e PEDREIRA, 1996).
A metodologia utilizada neste trabalho foi a de manter os tratamentos em
alturas predeterminadas por meio de manejo da carga animal. Assim, variações na
lotação e na carga animal refletem as variações na estrutura e produtividade da
pastagem, na medida em que estas influenciavam a altura da pastagem.
A lotação média obtida foi de 4,78; 4,05; 3,52 e 3,43 UA.ha
-1
para os
tratamentos de 10, 20, 25 e 32 cm de altura (ANEXO 7), já a carga animal
apresentou média de 2151, 1822, 1583 e 1544 kg de PV.ha
-1
.dia
-1
, respectivamente
para os mesmos tratamentos.
Da mesma foram que para a lotação, a equação de regressão que melhor
se ajustou para descrever o comportamento da variação da carga animal em função
das diferentes alturas de manejo foi quadrática negativa (FIGURAS 16 A e B)
56
y = 0,0016x
2
- 0,1265x + 5,8954
R
2
= 0,8913 P< 0,01
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
10 15 20 25 30 35
Altura de pastejo
Lotação Média (UA.ha-1)
27 cm sem Arachis (3,51)
*
A
y = 0,7267x
2
- 56,926x + 2652,9
R
2
= 0,8913 P<0,01
0
500
1000
1500
2000
2500
10 15 20 25 30 35
Altura de pastejo
Carga Animal
(kg PV.ha
-1
.dia
-1
)
27 cm sem Arachis (1579)
*
B
FIGURA 16 – LOTAÇÃO (A) E CARGA ANIMAL (B) EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B.
brizantha e A. pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO (OUTUBRO/06 A
ABRIL/07).
Estes resultados foram próximos aos encontrados por Perin (2003) em
pastagem consorciada de P. maximum cv Tanzânia e A. pintoi, cujas lotações
variaram entre 3,9 e 4,6 UA.ha
-1
e a carga animal entre 1759 e 2091 kg PV.ha
-1
.dia
-1
,
porém, enquanto este autor encontrou equação de regressão linear e positiva para
expressar o comportamento da lotação frente as diferentes alturas de manejo, este
estudo encontrou equações quadráticas negativas para lotação e carga animal,
refletindo o efeito negativo do aumento da altura de manejo cobre a lotação e carga
animal.
Aguiar et al. (2004) trabalhando com oferta de MS de 6 % do PV em
pastagem irrigada de B. brizantha, relataram, como média de três anos de estudo,
lotação de 6,35 UA.ha
-1
.
As lotações obtidas por Andrade (2003) para os períodos de final de
primavera e verão foram de 7,43; 5,30; 3,93 e 2,46 UA.ha
-1
, sendo significativa esta
diferença entre todos os tratamentos (P<0,10), apresentando uma maior amplitude
entre as lotações do que neste estudo, onde não houve diferença entre os
tratamentos mantidos acima de 20 cm de altura, contudo corrobora com este no
sentido de apresentar equação de regressão negativa para lotação em função das
alturas.
De uma forma geral, na época de condições de crescimento favorável,
“período das águas”, pastos mais baixos apresentaram menores taxas de acúmulo
de forragem, as quais aumentaram com a altura do dossel e se estabilizaram na
amplitude de 20 a 40 cm. Durante os períodos mais secos do ano, “período das
secas”, o padrão de comportamento se inverte, com as maiores taxas de acúmulo
sendo registradas para os pastos mantidos mais baixos (ANDRADE et al., 2004).
57
Os pastos mantidos a 40 cm de altura apresentaram produção de forragem
de forma que 100% da produção concentrou-se no período das “águas” e nenhuma
produção na seca. A estacionalidade não está tão acentuada nos pastos mantidos
mais baixos (84,4; 73,6 e 67,3% da produção nas águas para os pastos de 30, 20 e
10 cm, respectivamente), indicando que as condições do dossel influenciam na
estacionalidade de produção de forragem (ANDRADE, 2003).
Foi detectado efeito de altura do dossel forrageiro sobre a freqüência de
desfolhação de perfilhos, indicando que pastos mantidos mais baixos (10 e 20 cm)
foram desfolhados com maior freqüência que pastos mantidos mais altos (40 cm),
ficando aqueles mantidos a 30 cm em patamar intermediário de freqüência
(GONÇALVES, 2002).
Andrade (2003) observou que mais de 77% da dieta dos animais em pastejo
era composta de folhas, indicando que o pastejo pode provocar impacto acentuado
na densidade volumétrica desse componente. No final da primavera, quando o ritmo
de crescimento das plantas aumenta, essa recuperação tende a ser mais precoce e
mais rápida nos pastos mantidos a 10 cm, o que resulta em maiores taxas de
lotação e leva a uma redução acentuada na densidade volumétrica de folhas. No
outono, como o ritmo de crescimento das plantas já é mais reduzido, pastos
mantidos mais altos suportavam taxas de lotação bastante baixas enquanto que
pastos mantidos baixos ainda sustentam maiores quantidades de animais por
unidade de área, isto em condições de manutenção de altura constante.
O fato ocorrido neste estudo, onde houve franco aumento na disponibilidade
de forragem durante o verão, sem ser observado elevação nas alturas do dossel
para os tratamentos acima de 20 cm, se explica, possivelmente, em decorrência de
mudanças na estrutura do dossel. Estas mudanças foram geradas, provavelmente,
pelos fatores abaixo:
A taxa de acúmulo e a produção de forragem foi menor para o
tratamento manejado a 10 cm;
A lotação foi maior e a oferta menor para o tratamento de 10 cm e,
consequentemente, a pressão de pastejo maior;
A partir dos dados de Molan (2004), onde para a manutenção do
dossel sob lotação contínua, a forragem utilizada é justamente aquela que é
consumida acima da altura de manejo empregada, ficando a massa de forragem
58
abaixo dessa altura de acesso restrita aos animais em pastejo e, portanto,
dependente de fatores de crescimento para a sua manutenção e estruturação;
Sbrissia (2004) relatou que durante o final da primavera e verão, o IAF
e a taxa de senescência de folhas aumentam à medida que se aumenta a altura de
manejo;
Molan (2004) também encontrou maior proporção de material morto
com o aumento da altura de manejo da pastagem, relatando que essa elevada
quantidade de material morto teve que se acomodar no espaço geométrico restrito
do dossel forrageiro (alturas pré-determinadas dos tratamentos) e, para isso, foi
necessária sua ascensão ao longo do perfil vertical do dossel, contribuindo de forma
marcante para a densidade volumétrica total de estratos inferiores;
Segundo Golçalves (2002), as alturas de dossel forrageiro
influenciaram a eficiência de pastejo, indicando que à medida que a altura do pasto
é elevada a eficiência diminuiu. Pastos mantidos a 10 cm apresentaram eficiência de
pastejo superior àqueles mantidos a 30 e 40 cm e similar àqueles mantidos a 20 cm.
4.5 Evolução do Arachis ao longo do Tempo
4.5.1 PARTICIPAÇÃO DO Arachis pintoi NA MASSA SECA
Os resultados referentes à participação da B. brizantha, A. pintoi e invasoras
na MS da pastagem consorciada ao longo do período experimental estão relatados
no Anexo 8. Ficou evidente a evolução da presença do A. pintoi na MS da pastagem
com o passar do tempo (FIGURA 17). Não houve diferença entre os tratamentos
para as porcentagens médias na MS de B. brizantha, A. pintoi e invasoras, contudo,
com o passar do tempo, a quantidade de plantas daninhas, foi diminuindo em todos
os tratamentos, partindo de uma participação de até 17 % na MS total, para no final
de dois anos, participar em menos de 1% da MS. As principais invasoras presentes
foram do gênero Cyperus, gênero Verbenia, Sida rhombipholia, Vernonia spp e
Senecio brasiliensis.
Conforme já retratado, devido a menor produção e maior intensidade de
pastejo no tratamento manejado em 10 cm, Molan (2004) também relatou maior
incidência de plantas invasoras e menor estabilidade da espécie forrageira na área,
gerando áreas de solo descoberto, sinalizando risco de degradação da pastagem e
59
espaço para o estabelecimento de novas invasoras. Esta situação também foi
relatada por Perin (2003) em estudo com pastagem consorciada de P. maximum cv.
Tanzânia com A. pintoi.
86 2 12
82 2 16
86 1 13
81 2 17
0% 20% 40% 60% 80% 100%
28
29
27
30
A
Dez/2005
95 0 5
96 13
93 1 6
95 1 4
0% 20% 40% 60% 80% 100%
11
18
25
30
B
Fev/2006
93 4 3
93 6 1
91 8 1
92 7 1
0% 20% 40% 60% 80% 100%
13
20
26
30
Out/2006
C
86 8 6
91 7 2
91 8 1
95 4 1
0% 20% 40% 60% 80% 100%
11
22
25
34
D
Fev/2007
76 23 1
81 19 0
74 25 1
85 15 0
0% 20% 40% 60% 80% 100%
8
18
22
30
B. brizantha
A. pintoi
Invasoras
Out/2007
E
FIGURA 17 - PORCENTAGEM DE B. brizantha (AZUL), A. pintoi (PÚRPURA) E PLANTAS
DANINHAS (BEGE) EM PASTAGEM CONSORCIADA SOB DIFERENTES ALTURAS
DE PASTEJO. MÉTODO BOTANAL. DEZ/2005, ANTES DA ENTRADA DOS
ANIMAIS NA ÁREA (A); FEV/2006, PRIMEIRO PERÍODO DE PASTEJO (B);
OUT/2006, ANTES DA ENTRADA DOS ANIMAIS PARA SEGUNDO PERÍODO DE
PASTEJO (C); FEV/2007, SEGUNDO PERÍODO DE PASTEJO (D); OUT/2007,
AVALIAÇÃO ANTERIOR AO SUPOSTO TERCEIRO PERÍODO DE PASTEJO (E)
Durante a condução deste estudo não se utilizou nenhum manejo visando o
controle das plantas daninhas, resultando sua queda da ação direta dos animais na
área, bem como a interferência entre as espécies vegetais. É importante retratar que
o re-estabelecimento da B. brizantha, um pouco mais demorado que em casos de
60
plantio convencional da pastagem, gerou oportunidade para o aparecimento das
plantas daninhas. Outro fato observado é que, praticamente, não houve áreas de
solo descoberto em nenhum dos tratamentos, espaço este que poderia ter ocorrido
devido ao método de plantio utilizado e/ou o próprio manejo, porem o A. pintoi teve a
capacidade de ocupar estes espaços.
A Figura 18 demonstra a evolução da disponibilidade do A. pintoi na MS
total de forragem nas diferentes alturas de manejo. Apesar de não haver diferença
estatística entre as médias para os tratamentos (1211, 1308, 1702 e 1195 kg de
MS.ha
-1
), as alturas de manejo de 25 e 20 cm demonstram uma maior participação
do Arachis pintoi.
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
10 cm
20 cm
25 cm
32 cm
Meses após o plantio
A. pintoi
(kg MS.ha-1)
FIGURA 18 - EVOLUÇÃO DA DISPONIBILIDADE (KG de MS.ha
-1
) DE A. pintoi EM PASTAGEM
CONSORCIADA COM B. brizantha SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO.
MÉTODO BOTANAL. EVOLUÇÃO EM DOIS ANOS DE CONSÓRCIO (JULHO/05 A
OUTUBRO/07)
Thomas (1992) afirmou que para pastagens tropicais produzindo 3 a 22
t.ha
-1
.ano
-1
de matéria seca (MS), são necessários de 15 a 158 kg.ha
-1
.ano
-1
de N
por meio da fixação biológica, indicando que, sob estas condições, leguminosas
compondo 20 a 45% da MS da pastagem podem promover sistemas produtivos e
sustentáveis, em termos de N.
Existe grande diferença entre os acessos de A. pintoi para o potencial de
fixação de N. As taxas de fixação biológica de N (FBN) dos acessos testados,
medidas por comparação dos seus teores de N
15
com os de plantas não fixadoras
crescendo na mesma área, variaram de 36% (BRA15121) a 90% (BRA31828, A.
pintoi cv Belmonte) do N total das plantas, equivalente a 26 e 99 kg de N.ha
-1
,
respectivamente, atribuindo-se o fato à simbiose mais eficiente com estirpes de
61
Bradyrhizobium nativas do solo, com a FBN suprindo as necessidades nutricionais
de N das plantas (MIRANDA et al., 2003).
Segundo Cadisch et al. (1994), o manejo adequado do pasto consorciado
para se aumentar a fixação e a reciclagem do N, deve-se considerar curtos períodos
de descanso para melhorar a persistência de leguminosas (maior utilização da
gramínea) e, taxa de lotação adequada (para melhorar a reciclagem do resíduo).
Em relação ao aumento da MS de A. pintoi, do primeiro (após 15 meses do
plantio) para o final do segundo ano (27 meses), houve um aumento médio de mais
de três vezes nos tratamentos, com o tratamento de 10 cm apresentando aumento
de seis vezes na disponibilidade de MS (FIGURA 18).
Perin (2003) observou que apesar de ter encontrado valores de até 100%
de freqüência, a presença de Arachis na MS foi muito baixa (1,3; 1,7; 0,2 e
praticamente 0%, respectivamente para alturas de 20, 40, 60 e 80 cm de altura de
manejo da pastagem).
Andrade et al. (2006), confrontando ofertas de 9,0; 14,5 e 18,4% do peso
vivo, em um com consócio entre P. maximum cv Massai e A. pintoi, com sistema de
pastejo rotacionado (dois dias de pastejo e 26 de descanso, no período das águas e
33 dias de descanso no período seco) observaram após 14 meses de estudo, 23,5%
(1140 kg MS.ha
-1
); 10,6% (720 kg MS.ha
-1
) e 6,4% (510 kg MS.ha
-1
) de Arachis na
MS disponível. Estes resultados sugerem o efeito direto da altura de manejo sobre a
presença do Arachis para as forrageiras do gênero P. maximum.
Os resultados obtidos neste estudo para a participação do Arachis na MS,
após dois anos de sua introdução na pastagem, estiveram muito acima dos
observados por Perin (2003), e próximos ao observado por Andrade et al. (2006)
com oferta de 9,0% e altura de entrada de 65 cm. As diferenças de respostas entre
estes estudos, possivelmente, estão no método de pastejo empregado, espécie da
gramínea e nas alturas de pastejo utilizadas em cada um deles.
Machado et al. (2005), com introdução de A. pintoi cv Alqueire em campo
natural no litoral do Rio Grande do Sul, simulando plantio direto com roçada prévia, e
espaçamento entre linhas e na linha de 50 cm, observaram após 11 meses do
plantio e em crescimento livre neste período, 25% (1000 kg MS.ha
-1
) da MS da
pastagem, em média, representada pelo amendoim.
Almeida et al. (2003) relataram em uma pastagem de B. brizantha e
estilosantes Mineirão, três anos após o plantio, não haver diferença entre meses da
62
época da seca e da época das águas para a porcentagem de leguminosa na
pastagem, com valores médios de 10,2 e 13,6% de leguminosa, respectivamente
para estas épocas.
Para se favorecer o desenvolvimento das gramíneas, principalmente
durante o estabelecimento das leguminosas, visando a sustentabilidade das
pastagens, frequentemente, se lança mão das aplicações de nitrogênio. Paris et al.
(2004) observaram efeito negativo da adubação nitrogenada (100 kg de N.ha
-1
) na
disponibilidade de A. pintoi consorciado com coastcross. Neste trabalho, pelos
resultados obtidos, a utilização de adubação nitrogenada nesta dosagem,
aparentemente não afetou de forma negativa a disponibilidade ou o estabelecimento
do A. pintoi.
Os dados de disponibilidade de A. pintoi em consórcios estiveram abaixo
dos dados obtidos em cultivo exclusivo.
Pizarro & Rincon (1994) relataram alta produção de matéria seca a partir
do A. pintoi em pesquisa realizada na Embrapa Cerrados, mostrando produções
variando de 5 a 13 t.ha
-1
no primeiro ano e de 3 a 11 t.ha
-1
no segundo ano.
Carvalho (1996) estudando 32 cultivares de Arachis, observou após 180
dias de rebrote, produção máxima de 3092 kg.ha
-1
de MS para o período.
Fernandes et al. (2004) observaram para a cultivar Belmonte, em 4 cortes durante o
verão, em três anos de estudo, produção média acumulada para o período entre
6200 e 7700 kg.ha
-1
de MS, já Mirada et al. (2003) obtiveram, para este cultivar
produção de 4200 kg.ha
-1
em um único corte após dois anos de plantio.
Rego et al. (2006), em estudo comparando pastagem exclusiva A. pintoi e
consorciadas no período das águas, após um ano de plantio das espécies,
observaram não haver diferenças na MS de amendoim forrageiro entre 13 e 20 cm
de altura (próximo a 3000 kg MS.ha
-1
) quando em cultivo exclusivo, contudo na
pastagem consorciada, nas diferentes alturas trabalhadas, a disponibilidade de MS
de amendoim foi próxima a 15 % da disponibilidade na mesma altura em cultivo
exclusivo.
Valentin et al. (2003) descreveram que num período de quatro meses
após o plantio, o A. pintoi cv Belmonte em cultivo isolado, plantado por mudas com
espaçamento entre linhas de 50 cm e entre mudas na linha de 25 cm, havia
produzido 2370 kg MS.ha
-1
, porém com apenas 70 dias de plantio já havia recoberto
96% da área do solo e apresentava ramos de crescimento lateral com até 102
63
centímetros de comprimento. Estes relatos remetem para o potencial deste material
em invadir e colonizar espaços na presença de outras espécies ou não.
Em um estudo com A. pintoi em diferentes alturas (5, 10, 20, 30 e 40 cm),
Silva et al. (2006, submetido a publicação)
3
, obtiveram, em área não pastejada e a
mais de dois anos de plantada, disponibilidade de MS muito acima das relatadas,
mesmo nas alturas mais baixas, (5 e 10 cm de altura). Observaram também que a
porcentagem de folha na MS, e por conseqüência a relação folha/colmo cai com o
aumento da altura do dossel, principalmente acima de 20 cm.
Affonso et al. (2004), apesar de não mencionarem as alturas trabalhadas,
descreveram aumento na relação F/C com o aumento da freqüência de cortes,
mencionando relação folha/colmo de 0,75 quando o Arachis não era cortado, e
relação de 1,55 após dois cortes com intervalo de 35 dias entre eles. Segundo Silva
et al. (2006, submetido a publicação)
1
, o ganho em altura do dossel a partir de 10 cm
não se dá por adição de entrenós, mas sim devido ao alongamento destes. Esta
característica fica evidente a partir das diferenças estatísticas observadas no
aumento de comprimento dos entrenós a partir de 10 cm de altura, 1,69; 2,51; 3,47 e
4,66 cm para os entrenós de 10, 20, 30 e 40 cm de altura, gerando comprimento
total médio dos ramos de 13,03; 28,21; 40,86 e 52,13 cm respectivamente.
As diferenças observadas entre as alturas dos dosséis e os comprimentos
totais dos ramos devem-se, provavelmente, ao caule do Arachis ter seu
desenvolvimento inicial de forma prostrada e posterior crescimento ereto, conforme
descrito por Fisher e Cruz (1993) e observado por Andrade e Valentim (1999),
seguindo o mesmo padrão para todas as alturas.
Por se tratar de uma leguminosa de porte baixo, sob sombreamento, as
plantas apresentaram crescimento mais vertical, com maior alongamento do caule,
maior tamanho e menor densidade de folhas. Verificou-se também que, após
atingirem altura superior a 30 cm, as plantas começavam a acamar (ANDRADE e
VALENTIM 1999).
Uma característica que confere ao Arachis grande tolerância ao pastejo é a
localização de seus pontos de crescimento que, geralmente, encontram-se bem
protegidos do alcance da boca do animal, ao contrário da maioria das espécies de
leguminosas tropicais, que têm seus pontos de crescimento facilmente removidos
3
SILVA, M.A. et al. Características morfológicas de amendoim forrageiro em diferentes alturas. Revista
Acadêmica. Submetido para publicação.
64
em condições de pastejo intensivo. Assim, é possível manter uma área foliar
residual, mesmo quando a planta é submetida a um pastejo contínuo e intenso.
4.5.2 FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DO Arachis pintoi NA ÁREA
PLANTADA
A freqüência de ocorrência de A. pintoi na pastagem consorciada não sofreu
ação da altura da pastagem, totalizando em todos os tratamentos, após 2 anos de
plantio, freqüências superiores a 90 % (ANEXO 9). A Figura 19 representa a
evolução da freqüência de ocorrência do A. pintoi em área plantada ao longo dos
dois anos de análise.
Nota-se que, com a entrada dos animais nas áreas (8 e 15 meses após o
plantio), todos os tratamentos (exceto 25 cm no primeiro período) apresentaram
queda na freqüência do A. pintoi. Esta queda, na média de todos os tratamentos
para o segundo período de pastejo, ficou próxima de 15 %, refletindo a procura e a
ingestão do Arachis por parte dos animais, principalmente nas áreas ainda não
colonizadas. É interessante, pois esta queda não foi observada para a
disponibilidade de MS, nem para a porcentagem da MS representada pelo Arachis,
possivelmente, devido às análises serem feitas em períodos de franco
desenvolvimento das espécies tropicais (outubro e, principalmente, fevereiro) e
também da metodologia utilizada, uma vez que participações na MS abaixo de 5%,
pelo método Botanal, computavam-se como freqüência. Esta situação reforça a
importância em se analisar o comportamento e os impactos dos animais em pastejo
sobre as características do dossel e suas implicações na evolução dos consórcios
forrageiros.
65
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30
30
40
50
60
70
80
90
100
10 cm
20 cm
25 cm
32 cm
Meses após o plantio
Frequência de
Ocorrência A.pintoi (%)
FIGURA 19 - FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DE A. pintoi EM PASTAGEM CONSORCIADA COM
B. brizantha SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO. MÉTODO BOTANAL.
EVOLUÇÃO EM DOIS ANOS DE CONSÓRCIO (JULHO/05 A OUTUBRO/07)
Neste trabalho, a altura de manejo não influenciou na freqüência de
ocorrência de
A. pintoi, porém Perin (2003) descreveu que o rebaixamento da altura
do capim Tanzânia foi benéfico para a freqüência de ocorrência do
A. pintoi em uma
pastagem consorciada com dois anos de estabelecimento, conseguindo 100% de
freqüência na altura de 20 cm e declínio até próximo a 50 % na altura de 80 cm.
As altas freqüências observadas nos estudos refletem a capacidade deste
material em tolerar ambientes sombreados. Cook & Crosthwaite (1994),
descreveram alta tolerância a ambientes sombreados, observando que, com apenas
20 % de incidência natural de luz, obteve-se 48 % da MS obtida com 100% de
incidência natural de luz.
Andrade e Valentin (1999) relataram, em dois anos de avaliação, que
plantas de
A. pintoi submetidas a 30, 50 e 70% de sombreamento, produziram
respectivamente, 92, 86 e 85% da biomassa aérea produzida pela testemunha sem
sombreamento. Além disso, com 50 e 70% de sombreamento, houve melhor
distribuição sazonal da produção de biomassa aérea, sendo este fator de grande
importância, por propiciar maior estabilidade da produção de forragem e da
cobertura do solo durante o ano. Já para a biomassa subterrânea, houve efeito
linear negativo tanto no período chuvoso como no período seco. Esta redução da
biomassa subterrânea das plantas mais sombreadas pode influenciar na sua
capacidade de recuperação, quando submetida a regimes mais intensos de
utilização.
66
Estes autores também observaram, por favorecer à manutenção da
umidade do solo, às plantas submetidas a 50 e 70% de sombreamento
demonstraram melhor desempenho produtivo no período seco que no período
chuvoso, visto que as suas biomassas totais aumentaram 18 e 35%,
respectivamente, já as plantas mantidas a pleno sol e a 30% de sombreamento
reduziram a biomassa aérea e aumentaram a biomassa subterrânea em período de
restrição hídrica. Este crescimento preferencial do sistema radicular, em relação à
parte aérea, permitindo à planta explorar maior volume de solo para absorção de
água e diminuir a transpiração pela menor área foliar, é uma forma de adaptação ao
estresse hídrico (ANDRADE e VALENTIN, 1999).
4.5.3 FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DO
Arachis pintoi NA ÁREA NÃO
PLANTADA
Nas avaliações realizadas em área não plantada objetivando analisar a
capacidade do
A. pintoi em se expandir sobre as áreas onde a B. brizantha não foi
destruída, não houvendo efeito da altura sobre a resposta de crescimento do
A.
pintoi,
sendo a resposta diretamente proporcional à distância da área plantada,
quanto mais distante menor a presença de
Arachis pintoi, independente da
metodologia (FIGURAS 20 e 21).
25 50 75 100 25 50 75 100 25 50 75 100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
15 cm
21 cm
25 cm
30 cm
abril/06
9 meses
junho/06
11 meses
agosto/06
13 meses
Distância da área plantada (cm)
% de Quadrantes com
presença de Arachis
FIGURA 20 – FREQÜÊNCIA DE QUADRANTES COM A PRESENÇA DE A. pintoi EM ÁREA NÃO
PLANTADA, NO PRIMEIRO ANO APÓS A IMPLANTAÇÃO ( 9, 11 E 13 MESES APÓS O
PLANTIO)
67
25 50 75 100 25 50 75 100 25 50 75 100 25 50 75 100
0
25
50
75
100
10 cm
20 cm
25 cm
32 cm
Outubro/06
15 meses
Dezembro/06
17 meses
Fevereiro/07
19 meses
Abril/2007
21 meses
Distância da área plantada (cm)
% de Quadrantes com
presea de Arachis
FIGURA 21 – FREQÜÊNCIA DE QUADRANTES COM A PRESENÇA DE A. pintoi EM ÁREA NÃO
PLANTADA NO SEGUNDO ANO APÓS A IMPLANTAÇÃO (15, 17, 19 E 21 MESES
APÓS O PLANTIO)
Comparando as respostas do Ano 1 com o Ano 2 pela metodologia dos
quadrantes, fica evidente o aumento na presença do
A. pintoi nas distâncias de 25 e
50 cm, diferença esta alcançada durante o período mais seco do ano (agosto/06 a
outubro/06), possivelmente pela área ter ficado sem pastejo.
Realizou-se, durante a última análise pelo Método do Botanal, uma
avaliação exclusiva das áreas não plantadas, cuja freqüência foi alta, acima de 90%
para todos os tratamentos, porém como uma participação na MS muito próxima das
que Perin (2003) observou, ficando esta, em menos do que 2 % da disponibilidade.
Este desempenho foi inferior ao observado por Machado
et al. (2005) com pastagem
nativa no Rio Grande o Sul, com introdução do
A. pintoi por semente simulando
plantio direto, onde após 11 meses de descanso da área, o
A. pintoi já representava
25 % da MS total da pastagem.
Na análise de freqüência instantânea, observou-se o mesmo padrão de
comportamento de expansão que na avaliação temporal para o Ano 2 (FIGURA 22),
com a curva de regressão quadrática revelando uma tendência de melhor
desempenho na altura próxima à 20 cm.
68
0
20
40
60
80
100
10 15 20 25 30 35
Alturas de manejo
% de Pontos com a Presença
de A. pintoi
Frequência A. pintoi 50 cm
y = -0,1037x2 + 5,023x + 19,342
R2 = 0,8867
Frequência A. pintoi 100 cm
y = -0,1287x2 + 5,567x -18,798
R2 = 0,9635
Frequência A. pintoi 150 cm
y = -0,0774x2+ 3,2237x - 21,627
R2 = 0,9020
FIGURA 22 – FREQÜÊNCIA DE A. pintoi EM ÁREA NÃO PLANTADA APÓS 2 ANOS DE
IMPLANTAÇÃO, 50 cm, 100 cm E 150 cm DA ÁREA PLANTADA
FIGURA 23 – FREQÜÊNCIA DE A. pintoi EM ÁREA NÃO PLANTADA APÓS 2 ANOS DE
IMPLANTAÇÃO, 50 cm, 100 cm E 150 cm DA ÁREA PLANTADA
O crescimento lateral dos estolões é uma característica de grande influência
na velocidade de estabelecimento do amendoim forrageiro, por determinar a
capacidade de colonização da área pelas plantas (VALENTIN
et al., 2003). O
estabelecimento lento do amendoim forrageiro pode estar relacionado a fatores
como: forma de preparo da área; características físicas e químicas do solo;
disponibilidade de água no solo; densidade de plantio; e viabilidade das sementes
ou mudas (Cruz
et al., 1994).
69
4.5.4 DISTRIBUIÇÃO DO Arachis pintoi NO DOSSEL FORRAGEIRO
Devido às dificuldades em se atingir as alturas de manejo pretendidas
conforme já relatado, no mês de fevereiro do ano de 2007, período este que
compreendia o quarto mês de pastejo do segundo ano de avaliações e 19 meses
após plantio, a fim de se estudar a arquitetura da distribuição espacial do
A. pintoi no
dossel nas alturas reais pretendidas, foram realizados quatro cortes em cada
repetição, em área notadamente onde se havia estabelecido o consórcio e as alturas
estavam nas pretendidas, realizaram-se os cortes estratificando o dossel forrageiro a
cada 10 cm de altura.
A distribuição da massa de forragem de
A. pintoi nos diferentes estratos do
dossel, em disponibilidade de MS (FIGURA 23) e em porcentagem da MS (FIGURA
24), deixa evidente que quanto mais alto o estrato no dossel, menor a
disponibilidade de
A. pintoi no estrato. Considerando que o animal tem acesso a
forragem da superfície para o fundo, o possível acesso do animal ao
A. pintoi está
na dependência das características da estrutura da
B. brizantha na pastagem. Se
por um lado a
B. brizantha pode dificultar o acesso dos animais a ingerirem o A.
pintoi
, influenciando no desempenho animal, esta proteção, pode favorecer o
crescimento deste por não ser ingerido, contudo nas alturas maiores a competição
por luz passa ser o impactante maior.
727
778
440
390
216
216
128
174
122
66
0
200
400
600
800
1000
1200
10 20 30 40
Altura da pastagem
kg MS.ha-1
> 30 cm
20 a 30 cm
10 a 20 cm
< 10 cm
FIGURA 23 – DISTRIBUIÇÃO DA MASSA DE FORRAGEM DO A. pintoi NA ESTRUTURA
VERTICAL DO DOSSEL EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B. brizantha E A.
pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO.
70
100
78
53
55
22
26
18
21
17
9
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
10 20 30 40
Altura da pastagem
Porcentagem
> 30 cm
20 a 30 cm
10 a 20 cm
< 10 cm
FIGURA 24 – PORCENTAGEM DA MASSA DE FORRAGEM DO A. pintoi DISTRIBUÍDA NA
ESTRUTURA VERTICAL DO DOSSEL EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B.
brizantha e A. pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO
FIGURA 25 – ESTRATIFICAÇÃO DO DOSSEL EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B. brizantha e
A. pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO
Rego
et al. (2006) comparando pastagem exclusiva de B. brizantha, A.
pintoi
e consorciadas, concluíram que as características do bocado animal foram
influenciadas pelas diferentes estruturas da pastagem, onde a estrutura da
leguminosa exclusiva proporciona aumento na taxa de bocados e diminuição no
tempo de manipulação do bocado, enquanto as gramíneas tropicais exclusivas e a
consorciação favorecem o aumento na ingestão por bocado.
A taxa de ingestão na pastagem consorciada não teve relação com a altura
média da
B. brizantha, apresentando melhor ajuste em função da altura do
71
amendoim forrageiro, demonstrando que a distribuição espacial desta espécie no
relvado foi fator determinante na taxa de ingestão, provavelmente pela preferência
dos animais pela leguminosa (REGO
et al., 2006).
Independentemente da altura de pasto, Molan (2004) determinou que os
50% superiores do dossel da
B. brizantha são compostos basicamente por lâminas
foliares. Já Gonçalves (2002), concluiu que com exceção ao tratamento de 10 cm, a
intensidade de desfolhação média por folha foi de 0,667 (66,7%). Assim,
multiplicando-se 50% da altura do pasto (lâminas foliares) por 0,667 obtém-se o
valor de 33,3%, ou seja, um terço da altura do pasto estaria, consistentemente,
sendo explorada através do pastejo. Isto supõe que os primeiros 3,3; 6,6; 9,9 e 13,2
cm do estrato superior para os pastos mantidos a 10, 20, 30 e 40 cm,
respectivamente, seriam as dimensões do dossel, efetivamente, ingeridos pelos
animais (DA SILVA e NASCIMENTO JUNIOR, 2007).
A partir destes dados, na Figura 26, estão demonstradas as curvas de
massa seca de
A. pintoi passível de ser ingerida ou permanecer no dossel.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
5 1015202530354045
Alturas da pastagem
A. pintoi (kg MS.ha-1)
MS possível de ser pastejada
y = -3,8133x + 259,78
R2 = 0,715
MS remanescente
y = -1,0433x2 + 53,723x +
89,233 R2 = 0,6422
FIGURA 26 – MASSA SECA DE FORRAGEM DE A. pintoi POSSÍVEL DE SER PASTEJADO (AZUL)
E REMANESCENTE NO DOSSEL, A PARTIR DE DADOS DE MOLAN (2004) E
GONÇALVES (2002), EM PASTAGEM DE B. brizantha e A. pintoi SOB DIFERENTES
ALTURAS DE PASTEJO.. FEVEREIRO/2007
Destas correlações tem-se que 33%, 15%, 21% e 14% da massa de
forragem de
A. pintoi presente no dossel, respectivamente estaria sendo ingerida
pelos animais, sugerindo que mesmo com limitação na ingestão de forragem, a
qualidade desta, nas pastagens manejadas mais baixas, especialmente, 10 cm,
seria superior. Hipótese esta corroborada a partir dos dados de Affonso
et al. (2004)
72
e Silva et al. (2006, submetido a publicação), que mostram maior relação
folha/colmo e maior massa de folhas nas menores alturas e que sofrem pastejo mais
intenso e constante.
Estes dados ainda poderiam estar sendo subestimados, uma vez que Rego
et al. (2006), concluíram que as características do bocado animal foram
influenciadas pelas diferentes estruturas da pastagem. Também descreveram que a
taxa de ingestão na pastagem consorciada não teve relação com a altura média da
B. brizantha, mas sim com a altura do amendoim forrageiro, demonstrando que a
distribuição espacial desta espécie no relvado foi fator determinante na taxa de
ingestão, provavelmente pela preferência dos animais pela leguminosa,
principalmente para as alturas mais baixas.
Por outro lado, nas alturas intermediárias, principalmente 20 cm de altura,
parece haver uma maior preservação do
A. pintoi ao pastejo animal, favorecendo
desta forma, para uma maior reserva de material que possibilita um maior
crescimento, participação na MS e por conseqüência, maior persistência. Este fato
remete às possibilidades de alturas de manejo diferentes ao longo do período de
estabelecimento do consórcio, bem como mudanças nesta altura ao longo do ano,
favorecendo assim uma maior disponibilidade da leguminosa em períodos de menor
oferta e qualidade de forragem.
4.6 Desempenho Animal
O ganho de peso vivo médio diário foi de 568, 648, 661 e 661 g.dia
-1
,
respectivamente para as alturas de 10, 20, 25 e 32 cm, com a análise de regressão
implicando em elevação no ganho de peso diário com o aumento da altura da
pastagem e oferta de forragem (FIGURA 27), apresentado ganho médio máximo
próximo a altura de manejo de 25 cm e oferta de forragem entre 6 a 7%.
73
y = -0,2004x
2
+ 12,933x + 461,75
R
2
= 0,9751 P=0,1005
400
450
500
550
600
650
700
750
800
10 15 20 25 30 35
A
ltura de pastejo
Ganho de peso (g.dia-1)
27 cm sem Arachis (572 g)
*
y = -0,533x
2
+ 25,278x + 364,37
R
2
= 0,9986 P=0,05
400
450
500
550
600
650
700
750
800
345678
Oferta (kg de MS/ 100 kg PV)
Ganho de peso (g.dia-1)
27 cm sem Arachis (572 g)
*
A
B
FIGURA 27 – GANHO DE PESO INDIVIDUAL (A) EM FUNÇÃO DA ALTURA E (B) DA OFERTA DE
FORRAGEM EM NOVILHAS MANTIDAS EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B.
brizantha e A. pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO. (OUT/06 À
ABRIL/07).
A Figura 28 descreve a evolução do peso corporal ao longo do período
experimental. Observa-se que a pastagem sem a introdução do
A. pintoi, manejada
a 27 cm, apresentou desempenho muito próximo ao observado na pastagem
manejada a 10 cm, mesmo esta apresentando uma oferta de forragem de 55% da
pastagem sem a presença do
A. pintoi.
0 28 56 84 112 140 168 196
200
220
240
260
280
300
320
340
360
380
10 cm
20 cm
25 cm
32 cm
27 cm sem A. pintoi
Dias de Pastejo
Peso Vivo (kg)
FIGURA 28 – EVOLUÇÃO DO PESO CORPORAL EM PASTAGEM CONSORCIADA DE B. brizantha
e A. pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO. (OUTUBRO/06 A
ABRIL/07).
As médias observadas de ganhos de peso vivo por área foram de 789, 732,
649 e 628 kg.ha
-1
, respectivamente, para as alturas de 10, 20, 25 e 32 cm, para um
período de 6 meses de permanência dos animais em pastejo (ANEXO 10). A análise
74
de regressão implicou em queda no ganho de peso por hectare com o aumento da
altura da pastagem e oferta de forragem (FIGURA 29).
y = -8,8121x + 895,92
R
2
= 0,9447 P<0,05
400
500
600
700
800
900
10 15 20 25 30 35
Altura de pastejo
Ganho de Peso (kg.ha-1)
27 cm sem Arachis (609,93)
*
y = -41,29x + 941,99
R
2
= 0,9641 P<0,05
400
500
600
700
800
900
345678
Oferta (kg MS/100 kg PV)
Ganho de Peso
(kg.ha-1)
27 cm sem Arachis (609,93)
*
FIGURA 29 – GANHO DE PESO POR ÁREA (A) EM FUNÇÃO DA ALTURA E DA OFERTA DE
FORRAGEM (B) EM NOVILHAS MANTIDAS EM PASTAGEM CONSORCIADA DE
B. brizantha e A. pintoi SOB DIFERENTES ALTURAS DE PASTEJO. (OUT/06 À
ABRIL/07)
B
A
Os ganhos médios diários obtidos apresentaram menor amplitude entre os
tratamentos que em outros trabalhos realizados (10 cm com ganho 568 g.dia
-1
contra
32 cm com ganho de 661
g.dia
-1
). Andrade (2003) observou variação de mais de
quatro vezes no ganho de peso de novilhas, 190 e 930 g.dia
-1
para os tratamentos
entre 10 e 40 cm, porém as amplitudes de lotação também foram diferentes.
Enquanto Andrade (2003) trabalhou com lotação de 8,7 UA.ha
-1
no verão para os
tratamentos de 10 cm e 3,0 UA.ha
-1
para o tratamento de 40 cm, neste trabalho a
variação ficou entre de 4,78 UA.ha
-1
e 3,4 UA.ha
-1
entre 10 e 32 cm. O ganho de
peso para a pastagem sem a introdução do
A. pintoi, com altura média de 27 cm, foi
de 572 g, praticamente igual ao de 10 cm, porem com uma oferta de 6,37 % contra
3,47 % para o manejo de 10 cm.
Herling
et al. (2004) relataram resposta quadrática para ganho de peso
diário de machos entre ofertas variando de 5 a 20 % em pastejo rotacionado, com
amplitude de variação entre os extremos de 437 g.dia
-1
para 5% e 715 g.dia
-1
para
20%, em dados médios de 2 anos de estudo. Estes autores chamaram a atenção
para o desempenho do grupo com oferta de 5%, que mesmo podendo ter menor
ingestão de forragem, mantiveram ganhos satisfatórios.
Perin (2003) relatou ganhos entre 768 a 1079 g.dia
-1
para machos mantidos
em capim tanzânia consorciado e manejado entre 20 e 80 cm de altura, resposta
75
esta de peso, linear a elevação da altura da pastagem. Também observou resposta
linear positiva para ganho por área, com resultados de 400 kg PV.ha
-1
para 20 cm e
600 kg PV.ha
-1
para 80 cm, em um período de 130 dias.
Neste trabalho, o ganho por hectare ficou entre 789 kg PV.ha
-1
para o
tratamento com 10 cm de altura e 628 kg PV.ha
-1
para o tratamento com 32 cm. O
pior desempenho foi observado para a pastagem sem o
Arachis, com ganho por
área de 609 kg PV.ha
-1
, para o período de seis meses. Estes dados revelaram uma
tendência diferente da observada por Perin (2003), que ao invés de ser linear
positiva, foi negativa. Este resultado veio da combinação da maior lotação para este
tratamento somada ao desempenho de ganho individual.
Pastos mais altos foram caracterizados por valores mais altos de massa de
forragem e maior profundidade do estrato potencialmente pastejável (SARMENTO,
2003), o que resulta em maior profundidade de pastejo (GONÇALVES, 2002) e
consumo de forragem (SARMENTO, 2003).
Estes resultados chamam a atenção para o alto desempenho obtido na
altura de 10 cm (568 g.dia
-1
) com oferta de 3, 47%. Uma vez que seria de se esperar
que ao elevar-se a lotação e/ou diminuir-s a oferta, o desempenho deveria cair. O
equilíbrio entre a lotação e o ganho individual é a chave para se otimizar o ganho por
área.
A oferta de forragem além de atuar sobre o consumo e o desempenho
animal, também influencia na eficiência de pastejo. Hodgson (1990) definiu que o
desempenho animal aumenta numa taxa declinante com o aumento da oferta, até
um máximo, cerca de 10 a 12 kg massa de forragem 100 kg PV.dia
-1
para a maioria
das categorias animais, resultando, no entanto, em elevada perda de forragem por
senescência. Noller
et al. (1996) apud Sarmento (2003), apontaram que o consumo
de MS produz mais impacto na produção animal que as variações na composição
química e disponibilidade de nutrientes. Contudo a oferta de forragem para não
restringir os níveis máximos de consumo e desempenho animal está relacionada a
uma oferta de 2 a 3 vezes a ingestão diária do animal (HODGSON ,1990).
Sarmento (2003) explicou as grandes variações no comportamento
ingestivo de bovinos em pastagem de
B. brizantha manejadas em 10, 20 30 e 40
cm, relatando massa de bocado de 0,5; 0,8; 1,2 e 1,5 g MS.bocado
-1
, e consumo
diário de forragem de 1,3; 1,8; 1,8 e 2,0 kg MS.100 kg PV
-1
).
76
Segundo Gonçalves (2002) as alturas de dossel forrageiro influenciam a
eficiência do pastejo de
B. brizantha indicando que à medida que a altura do pasto
for elevada a eficiência cai. Pastos mantidos a 10 cm apresentaram eficiência de
pastejo superior àqueles mantidos a 30 e 40 cm e similar ao 20 cm. Não houve
diferença entre os pastos mantidos a 20, 30 e 40 cm. Esta variação na eficiência de
pastejo foi função da variação na freqüência de desfolhação, pois as folhas em
pastos mais altos tiveram menor chance de serem pastejadas, contribuindo para
perdas por senescência e baixo aproveitamento da forragem produzida.
Neste estudo partindo do ponto que as ofertas médias de matéria seca
foram de 3,47; 5,57; 7,06 e 7,36 kg MS.100 kg.PV
-1
, para os tratamentos de 10, 20,
25 e 32 cm de altura de manejo, exceto os animais mantidos em 10 cm, os demais
tiveram ofertas de MS condizentes à ingestão que não limitaria o desempenho, pois
estariam acima de 2 vezes ao consumo diário, assim seria de esperar uma maior
diferença no desempenho animal entre as alturas, fato que não ocorreu. Partindo
das considerações de que:
- a
B. brizantha foi a espécie mais freqüente e que mais participou na massa
seca ingerida;
- a altura do dossel forrageiro foi determinada, basicamente pela altura da
B.
brizantha
e seria ela inicialmente quem definiria a profundidade do bocado;
- Que a presença do
A. pintoi durante a coleta de dados não estaria superior
a 10 % da MS total (FIGURA 17D) e a
B. brizantha determinaria o manejo da
pastagem.
Suspeita-se que realmente poderia haver uma queda na ingestão de MS na
altura de 10 cm, porem compensada pela melhor qualidade da dieta, devido que
neste tratamento, os animais teriam maior acesso ao
A. pintoi para capturá-lo e
ingeri-lo (FIGURA 26), além de uma maior oferta proporcional de folhas na dieta.
Pela mesma figura poderia justificar-se a tendência em se ter maior quantidade de
Amendoim nas alturas intermediárias (20 e 25 cm), uma vez que estariam mais
protegidas do pastejo e suas folhas manteriam um nível de fotossíntese que
justificaria esta situação. Fato este possível, pois, como retratado, o
Arachis
apresenta tolerância ao sombreamento, o possibilitaria os níveis de MS existentes
nos tratamentos mais alto.
Existe a possibilidade também, descrita por Rego
et al (2006) de que a taxa
de ingestão na pastagem consorciada não teria relação com a altura média da
B.
77
brizantha
, mas sim com a altura do amendoim forrageiro, demonstrando que a
distribuição espacial desta espécie no relvado é fator determinante na taxa de
ingestão, provavelmente pela preferência dos animais pela leguminosa,
principalmente para as alturas mais baixas.
Da Silva e Pedreira (1997) comentaram que em sistemas consorciados,
onde a freqüência de desfolhação é elevada, a planta com maior proporção de IAF
na parte inferior do dossel apresenta o maior IAF residual, o que assegura uma
rápida recuperação inicial após a desfolhação através de uma interceptação
luminosa eficiente. Em contrapartida, se o período de rebrota é longo, as plantas de
crescimento mais alto e ereto, com maiores proporções de IAF nas regiões
intermediária e superior do dossel, apresentam condições suficientes para acumular
um grande IAF sendo, portanto, mais produtivas.
A partir dos dados de Molan (2004) onde as alturas manejadas acima de 20
cm apresentaram Interceptação Luminosa (IL) acima de 95% e que o IL para 10 cm
foi próximo a 82%, somando-se aos resultados aqui obtidos, suspeita-se que a altura
de manejo ideal para a pastagem consorciada de
B. brizantha e A. pintoi visando o
desempenho animal por área, esteja acima de 10 e abaixo de 20 cm, enquanto para
o desempenho animal individual e a maior participação do
A. pintoi na pastagem
estaria entre 20 e 25 cm de altura. Este fato remete às possibilidades de alturas de
manejo diferentes ao longo do ano ou da necessidade, favorecendo assim uma
maior disponibilidade da leguminosa em períodos de menor oferta e qualidade de
forragem.
78
CONCLUSÃO
Nas condições específicas em que foi realizado este trabalho, os resultados
permitem as seguintes conclusões:
O aumento na altura de manejo da pastagem proporciona maior
disponibilidade de matéria seca, maior taxa de acúmulo, maior
produção total de matéria seca e maior oferta de forragem;
O aumento na altura de manejo da pastagem proporciona menor
lotação e menor carga animal por área;
A altura de manejo da pastagem, após 27 meses do plantio da
leguminosa, não influencia na freqüência e participação do
Arachis
pintoi
na massa seca da forragem;
A participação do Arachis pintoi na matéria seca da pastagem triplica
do primeiro para o segundo ano de consórcio;
O aumento na altura de manejo da pastagem e da oferta de forragem
aumenta o ganho médio de peso diário e diminui o ganho médio por
hectare.
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes de se proceder as considerações finais sobre os resultados aqui
apresentados, alguns fatos recentes do cenário agropecuário brasileiro e mundial
são necessários de serem comentados.
A crise mundial de alimentos, recentemente deflagrada, e as buscas de
longa data, por fontes energéticas renováveis alternativas ao petróleo, afetam
diretamente o cenário agropecuário brasileiro, gerando competição pelas terras
agricultáveis, uma vez que os preços de mercado dessas culturas determinam o
cultivo a ser plantado. Assim flutuações e/ou alterações no cenário internacional das
comodities agrícolas ou do petróleo, afetam diretamente as culturas e a pecuária
aqui praticadas.
Com as fortes altas no cenário internacional das
comodities agrícolas e a
falta de novas fronteiras agrícolas no mundo, o Brasil aparece, no cenário mundial,
como um gigante ainda maior do que é, devido as suas potencialidades. Assim,
além das fortes altas ocorridas no valor da terra vive-se, no momento, uma situação
onde as questões ambientais e o crescimento da agropecuária, aparentemente,
caminhem em sentidos contrários, onde para se aumentar a produção de alimentos
se faz necessário a abertura de novas áreas hoje ocupadas por ecossistemas
naturais não explorados economicamente, como cerrados, pantanal e floresta
Amazônica. Esta situação tem atraído os olhos do mundo para o nosso país, seja no
âmbito conservacionista ambiental, como de oportunidades de grandes lucros.
No dia a dia das propriedades rurais, isto afeta não somente a decisão do
que se plantar ou criar, mas sim remete ao fato de, para que e para quem, plantar ou
criar. Planta-se milho para alimentação animal ou humana? Planta-se cana para
produção de álcool ou açúcar? Para o mercado interno ou externo? Plantam-se
árvores para produção de lenha, celulose ou preservação ambiental?
Além dessas perguntas, outro fato que tem provocado grandes
preocupações no setor agropecuário é a crise e, por conseqüência, os altos preços
dos insumos agrícolas, que geram dívidas e aumentam ainda mais os riscos a que o
setor está exposto.
Assim, do ponto de vista prático, a indicação de uma cultura ou criação,
bem como das técnicas de manejo preconizadas, deve ser interpretada dentro das
potencialidades e restrições de cada propriedade. Nesta questão observam-se
80
absurdos, onde muitos não respeitam os critérios mínimos da capacidade do uso do
solo e de preservação ambiental.
No cenário da pecuária bovina, setor que historicamente carrega o título de
desbravador e de abertura de novas fronteiras, carrega também o ônus de ser o
grande vilão nas questões de degradação do meio ambiente, pois após a retirada da
vegetação nativa, a primeira cultura implantada é a pastagem. Infelizmente, este
cenário é real, pois, a forma extrativista como a pecuária foi conduzida até hoje,
muitas vezes embasada na prática de fogo, não utilização de técnicas de
conservação de solo e de reposição da fertilidade, culminou com a grande área de
pastagens degradadas e em degradação que se tem hoje.
Esta visão extrativista, que culmina com uma baixa produtividade, tem feito
com que as áreas de pastagem no Brasil venham sendo substituídas por agricultura,
seja de grãos, cana de açúcar ou madeira. Porém uma nova visão da pecuária tem
sido assimilada pelos produtores, pois mesmo com a perda da área, a produção tem
aumentado, sinal que muitas propriedades tem procurado se tecnificarem,
principalmente em questão do manejo das pastagens.
Esta nova visão passa também pela pressão dos movimentos sociais, onde
os baixos índices de produtividade de muitas propriedades são motivos para
invasões de terra e desapropriações, além do compromisso com a produção de
alimentos.
Quando se compara a produção de alimentos entre a pecuária bovina e a
agricultura, nota-se o quanto pode ser ineficiente a produção animal. Onde se
observa produções de 150 kg de PV.ha
-1
.ano
-1
em pastagem, a produção de grãos
facilmente chega 6000 ha
-1
.ano, por exemplo de milho em uma safra média.
Neste contexto, fica inevitável a substituição de muitas áreas de pastagem
por outras culturas, uma vez que muitas fazendas apresentam tal grau de
descapitalização que não conseguem se tecnificar a ponto de atingirem produções
economicamente viáveis.
Dentro da visão de que as empresas devam ser economicamente viáveis,
socialmente justas, moralmente aceitas e ambientalmente sustentáveis, as
propriedades rurais não podem ser diferentes, somados aos fatos que recentemente
vieram a mídia, onde áreas destinadas a produção de fontes renováveis de energia
estariam competindo com as áreas destinadas a produção de alimentos e a contínua
81
degradação do meio ambiente, faz com que uma nova postura por parte dos
pecuaristas deva ser tomada.
A ordem do momento é o Desenvolvimento Sustentável, assim pode-se
assumir que a agropecuária também deva ser, Agropecuária Sustentável. Nesta
filosofia de trabalho, os sistemas integrados de produção, como Integração Lavoura
Pecuária, são uma alternativa altamente viável para se elevar a produção pecuária,
recuperar áreas degradadas, além de elevar a produção agrícola e auxiliar na
diminuição dos riscos e custos da agricultura.
Nestes sistemas, técnicas de manejo que aumentem a produção de
forragem na época das águas, bem como tragam uma melhor distribuição da
forragem ao longo do ano, são fundamentais de serem desenvolvidas. O Brasil tem
sua produção bovina embasada em pastagens tropicais, e a otimização do manejo e
da produção forrageira é fundamental para se elevar os índices produtivos. A visão
de que a pastagem precisa estar em um solo capaz de sustentá-la e não somente
sobre “terra”, como até hoje foi conduzida por muitos, é a primeira etapa desta nova
mudança. Com este foco, fica evidente que para uma boa produção em pastagem,
as técnicas de conservação de solo e de aumento e manutenção da fertilidade são
as primeiras medidas a serem tomadas.
Contudo, como já dito, no cenário atual com os altos preços dos insumos
agrícolas, a colocação em prática desta nova consciência fica prejudicada, além de
se ter maior cuidado para com os investimentos a serem executados. Assim, não
basta ter tecnologias revolucionárias se, o seu custo, a impossibilita de ser utilizada.
O uso de leguminosas nas pastagens traz benefícios econômicos e
ambientais, apresentando assim alto potencial para a recuperação de pastagens
degradadas e manutenção de sua produtividade, e por conseqüência, a
sustentabilidade na produção animal. Estas respostas são conseqüências do
aumento na qualidade e quantidade de forragem produzida pela gramínea, através
da utilização do nitrogênio fixado simbioticamente pela leguminosa e transferido
diretamente à gramínea ou por ciclagem de N além de outros elementos. As
leguminosas também oferecem forragem de alta qualidade, rica em proteínas, além
do aumento gradual da matéria orgânica e da fertilidade e da conseqüente melhoria
das características físicas do solo, que é de grande importância para o ecossistema
pastagem.
82
Apesar de suas vantagens, a adoção de leguminosas em consórcio tem
sido muito limitada no país. Isto resulta da pequena oferta de cultivares, dos
insucessos ocorridos no passado e da baixa persistência da leguminosa, decorrente
do manejo mais complexo das consorciações, pois inclui os efeitos de competição
entre espécies da comunidade, a seletividade animal sobre os componentes, além
do desconhecimento, por parte dos produtores e por muitos técnicos, do manejo de
pastagem.
Este trabalho visou avaliar o as características da pastagem durante a
implantação e as fases iniciais da formação de um consórcio forrageiro em uma
pastagem já estabelecida de
B. brizantha, que é, possivelmente, a gramínea de
maior expressão na pecuária nacional, com o
A. pintoi, uma leguminosa brasileira,
que foi selecionada e colocada no mercado brasileiro por australianos, que
apresenta grande potencial de fixação de N (100 kg de N ha
-1
.ano
-1
), tolerância a
solos ácidos e altos teores de alumínio, baixos níveis de fósforo e sombreamento.
Tolerância a condições não favoráveis, não significa ter boas produções,
porem possibilita uma maior diversidade de ambientes possíveis a utilizá-la e, em
momentos desfavoráveis, há uma maior chance de se manter níveis de produção e
permanência das espécies com um menor custo em investimentos.
O estudo desenvolvido nas reais condições das propriedades da região é
fundamental para que os produtores tenham maior condição de assimilação da
técnica e a coloquem em prática. Para isto, ao longo do estudo, dois dias de campo
foram realizados, com a participação de mais de 50 produtores em cada,
completando assim, o ciclo que uma pesquisa científica agropecuária deve ter, a sua
aplicação ao nível do produtor.
As considerações que aqui são feitas, levam em questão a percepção das
dificuldades observadas para a implantação do consórcio, os fatores que afetaram
as respostas e os pontos fortes de sua utilização.
Neste foco, a primeira consideração a ser feita, é que ao se optar por um
consórcio entre gramíneas e leguminosas (no caso brizantão e amendoim
forrageiro), o produtor precisa estar consciente que o processo é mais lento e
complexo que somente se trabalhar com a gramínea isolada.
As dificuldades começam com a implantação da leguminosa, onde se pode
utilizar material vegetativo (mudas) ou sementes. Apesar da baixa oferta e altos
custos das sementes, estas apresentam uma maior facilidade para se implantar,
83
principalmente se o plantio for em conjunto com a gramínea, por possibilitar a
utilização de equipamentos. Mas se a pastagem já estiver estabelecida, fica mais
difícil sua implantação. Em relação ao cultivar utilizado (
A. pintoi cv Belmonte),
somente a opção vegetativa foi possível, pois se trata de uma cultivar que produz
pouca semente, contudo apresenta muito bom desenvolvimento vegetativo. As
propriedades necessitam inicialmente da formação de canteiros para fornecerem
mudas para o plantio em maior escala, limitando assim a quantidade de área ser
plantada e tornando o processo mais lento em grandes áreas. Tem sido motivo de
pesquisas e já existem materiais de
Arachis, que além de bom desenvolvimento
vegetativo, apresentam grande produção de sementes, favorecendo assim o
desenvolvimento e sua persistência na pastagem.
O
A. pintoi é uma espécie muito sensível ao estresse hídrico durante sua
fase de implantação, representando um ponto crítico em sua utilização,
principalmente em caso de propagação vegetativa, sendo crítico os primeiros dias
após o plantio, tornando-se fundamental a umidade do solo e uma boa compactação
das mudas para sua viabilidade.
A metodologia de plantio para a introdução do
A. pintoi em pastagem de B.
brizantha
já estabelecida, através da desestruturação da pastagem foi efetiva, uma
vez que, mesmo se procedendo o plantio em época desfavorável (julho), garantiu-se
umidade suficiente, com a utilização de irrigação, para que as mudas se
mantivessem viáveis e iniciassem seu desenvolvimento, além do brizantão se
restabelecer a partir do banco de sementes e rebrota das plantas já existentes. Esta
metodologia possibilitou o retorno do banco de sementes de invasoras que havia na
área, contudo ao longo dos dois anos do estudo, estas foram diminuindo e não
implicaram em prejuízos à pastagem, porém mantendo uma maior percentagem na
pastagem manejada mais baixa. Dependendo das espécies invasoras presentes na
área, esta metodologia, deve ser encarada com ressalvas.
Outro fato observado é que, praticamente, não houve áreas de solo
descoberto em nenhum dos tratamentos, espaço este que poderia ter ocorrido
devido ao método de plantio utilizado e/ou o próprio manejo (pastejo mais intenso
nas alturas mais baixas), uma vez que ocorreram espaços onde o brizantão não se
restabeleceu, contudo o
A. pintoi teve a capacidade de se desenvolver e ocupar
estes espaços, criando pontos com somente sua presença, o fazendo de forma mais
rápida nas áreas manejadas em maiores alturas.
84
Na condição de se introduzir o amendoim em pastagem estabelecida, no
mínimo, 6 meses são necessários para se voltar a utilizar a área, uma vez que se
deve cessar o desenvolvimento da gramínea, seja de forma química ou mecânica,
para se introduzir e dar condições para o desenvolvimento inicial do amendoim. Isto
implica em planejamento e estruturação da propriedade a longo prazo. Sendo
recomendado o seu plantio no início da estação das águas, para que até o final
desta fase, a pastagem já tenha condição da entrada dos animais, porém a
pastagem ainda não apresentará todo o seu potencial.
Com relação às alturas praticadas, estas foram mais impactantes sobre o
brizantão que sobre o amendoim, pois não houve efeito da altura sobre a
participação do amendoim na MS total e sua freqüência em área plantada ou
freqüência em área não plantada (invasão). Isto pode revelar o imenso potencial que
o amendoim tem em se adaptar às condições de maior ou menor sombreamento.
Porém, ficam dúvidas em relação e esta colocação, uma vez que nas alturas mais
baixas, em especial 10 cm, é evidente o consumo maior que o amendoim sofreu,
além das diferenças na distribuição do amendoim no perfil do dossel, nas diferentes
alturas, afetando a porcentagem possível de ser ingerida pelos animais em pastejo,
sendo fundamental novos estudos que foquem a dinâmica das taxas de
crescimento, senescência, acúmulo líquido, bem como o comportamento ingestivo
dos animais em relação a presença e/ou altura do
Arachis no dossel.
Durante o experimento ficou evidente a sensibilidade do
A. pintoi ao ataque
do ácaro vermelho, principalmente nos períodos de estiagem e nas alturas mais
baixas. Comparando os pontos onde somente havia o amendoim com outros pontos
onde estava consorciado ao brizantão, mas com mesma altura, o ataque do ácaro
era mais intenso no amendoim isolado.
Com o aumento da altura da pastagem, aumentou-se a produção de matéria
seca e a oferta de forragem, possibilitando maior ganho de peso individual, contudo
para manutenção das alturas, nos manejos mais baixos manteve-se maior número
de animais, apresentado estes maiores lotações e maiores ganhos por área. Este
fato remete a situações de manejos diferentes conforme a época do ano ou
categoria animal em pastejo.
Os dados de literatura revelam que a
B. brizantha, em manejo de lotação
contínua, pode apresentar alturas de manejo diferentes ao longo do ano,
trabalhando-se com alturas um pouco mais altas no período das águas (20 a 30 cm),
85
e mais baixas na seca (10 a 20 cm), esta atitude pode ser bastante interessante
para o manejo do consórcio, uma vez que o amendoim tolera o sombreamento e
teria um bom desenvolvimento no verão sem ser muito pastejado, guardando uma
reserva de forragem de melhor qualidade nas porções mais profundas do dossel, a
qual poderia ser utilizada em pastejo no momento de maior escassez de forragem
com a redução da altura de manejo.
Na atividade de cria, nos momentos onde vaca está com bezerro ao pé
(parto até o final da estação de monta) poderia se manejar a pastagem em alturas
maiores, focando um melhor desempenho dos bezerros por proporcionar uma maior
produção de leite e favorecer um retorno mais rápido da vaca a reprodução, ao
passo que, no final de lactação ou seca, pode-se utilizar as alturas menores,
focando neste caso a manutenção destes animais simplesmente. Na fase de recria
as alturas de manejo seriam as mais baixas, onde se busca, unicamente, o ganho
por área, ao passo que na fase de terminação, poderia se trabalhar com maiores
alturas, pois os animais estão em fase de acabamento, necessitando de uma dieta
de melhor qualidade.
O manejo tradicional da região Norte do Paraná, para o período crítico visa o
diferimento das pastagens em meados e final do verão. Esta prática pode limitar a
utilização do amendoim devido seu hábito de crescimento rasteiro, e nas pastagens
diferidas as gramíneas tem crescimento livre, sendo necessários estudos neste
método de manejo, bem como consórcios com outras espécies de gramíneas e até
mesmo outras leguminosas.
O desempenho animal melhorou muito do primeiro para o segundo ano do
consórcio, apesar de que, durante o segundo período de pastejo a participação do
amendoim na matéria seca ainda era baixa (menos de 10% em todos os
tratamentos), sugerindo que esta melhor resposta estaria mais ligada ao retorno do
potencial produtivo do brizantão do que efetivamente o consumo de amendoim,
exceto ao tratamento de 10 cm, no qual efetivamente foi mais pastejado. No início,
do que seria o terceiro período de pastejo, a porcentagem de amendoim já se
encontrava nos patamares considerados como bons para a participação na MS,
acima de 20 % da MS. Esta situação confirma os dados de literatura que revelam
que o consórcio leva em torno de 3 anos para se estabelecer.
Neste trabalho procurou-se manejar um tratamento sem a introdução de
amendoim e manejada em altura próxima de 25 cm, mas com os mesmos tratos
86
culturais praticados na pastagem consorciada, exceto a desestruturação da
pastagem. No segundo período de pastejo, as produções da pastagem
(disponibilidade de MS, taxa de acúmulo, produção total de MS, oferta) do
tratamento sem o amendoim ficaram muito próximas da obtida no tratamento
consorciado em altura correlata, revelando a recuperação da pastagem após sua
desestruturação para o plantio. Em relação ao desempenho animal, o ganho médio
diário ficou próximo ao observado ao tratamento de 10 cm, contudo sem haver
restrição de consumo, e o ganho por área foi o mais baixo de todos, ficando atrás do
tratamento manejado a 32 cm altura. Estes dados sugerem que, mesmo com uma
pequena participação na matéria seca da pastagem (menos de 10 %) o amendoim
parece ter influenciado na produção animal.
Desta forma este trabalho buscou trazer aos pesquisadores e produtores
informações que sejam factíveis de serem utilizadas na rotina de trabalho das
fazendas, observando que as práticas de manejo, que possam acelerar o
crescimento dos pastos e aumentar a capacidade de suporte das pastagens,
induzem a um aumento na eficiência de utilização de tal forma que, dependendo do
manejo empregado, diferentes alturas de dossel podem apresentar taxas de
utilização semelhantes.
Assim, as estratégicas específicas de manejo do pastejo vão depender,
portanto, da disponibilidade de recursos e dos propósitos de cada produtor, sendo
que este consórcio entre a
B. brizantha e o A. pintoi pode ser uma boa alternativa
aos produtores por apresentar plasticidade e uma faixa ampla de utilização
assegurando a manutenção da produtividade.
Possibilidades de pesquisas futuras:
Avaliação das taxas de crescimento, senescência, acúmulo líquido e
ingestão do amendoim pelos animais nas diferentes alturas de
manejo.
Avaliação do comportamento ingestivo dos animais nas diferentes
alturas bem como a importância da distribuição do amendoim no
dossel sobre este comportamento.
Avaliação de diferentes alturas de manejo ao longo do ano, focando
maior utilização da forragem, acompanhando-se a participação da
ingestão das gramíneas e leguminosas ao longo do ano.
87
Avaliação do real potencial de fixação de N pelo amendoim nas
condições de campo, bem como os possíveis efeitos negativos dos
níveis de adubação nitrogenada sobre esta fixação.
Implantação somente do amendoim em faixas isoladas, em pastagem
de B. brizantha, comparando com consórcio efetivo, avaliando-se as
diferenças entre os modelos.
Efeitos do diferimento na pastagem consorciada sobre as suas
características.
Implantação e manejo do amendoim em outras gramíneas de
importância na região, como grama estrela, capim jaraguá e grama
mato-grosso, principalmente em áreas não mecanizáveis.
Acompanhamento da persistência do amendoim ao longo do tempo
em pastagem consorciada.
.
88
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98
ANEXOS
ANEXO 1 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DO SOLO NA ÁREA
EXPERIMENTAL (BLOCO 1)
Profundidade pH MO P Al+3 H+Al Ca+2 Mg+2 K+ CTC V
Piquete
cm CaCl2 g/lkg mg/dm3 _______________cmolc/dm3____________ %
0-10 5,2 38,9 2,6 0 2,7 3,7 1,1 0,13 7,7 64,4
1
10-20 5,1 20,1 1,6 0 2,4 3,1 1,2 0,09 6,7 65,1
0-10 4,9 34,9 2,3 0 3,7 2,8 1,0 0,13 7,6 51,7
2
10-20 4,9 20,1 2,0 0 2,5 2,1 0,9 0,09 5,6 54,9
0-10 5,1 34,9 2,3 0 2,6 3,5 1,3 0,13 7,5 65,5
3
10-20 5,3 26,8 2,3 0 3,1 4,2 1,1 0,13 8,3 65,2
0-10 5,2 34,9 2,3 0 2,5 3,0 0,8 0,16 6,4 61,5
4
10-20 5,2 24,2 1,3 0 2,6 3,5 0,9 0,13 7,1 63,6
0-10 5,6 38,9 2,3 0 2,7 3,9 1,3 0,64 8,5 68,5
5
10-20 5,3 16,1 1,0 0 2,3 3,1 1,1 0,10 6,6 65,6
ANEXO 2 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DO SOLO NA ÁREA
EXPERIMENTAL (BLOCO 2)
Profundidade pH MO P Al +3 H+Al Ca+2 Mg+2 K+ CTC V
Piquete cm CaCl2 g/lkg mg/dm3 ______________cmolc/dm3___________ %
0-10 5,1 30,9 2,0 0 3,1 2,0 0,8 0,12 6,0 48,9
6
10-20 5,0 16,1 0,6 0 2,4 2,0 1,1 0,06 5,6 56,4
0-10 5,0 26,8 1,6 0 3,2 2,1 1,2 0,16 6,7 51,8
7 10-20 4,9 18,8 0,6 0 2,4 1,6 1,2 0,12 5,3 55
0-10 5,0 26,8 3,0 0 3,3 1,9 0,8 0,13 6,1 46,3
8 10-20 4,9 17,4 1,0 0 2,4 1,5 0,5 0,06 4,5 45,9
0-10 4,9 29,5 2,6 0 2,7 2,3 0,7 0,24 5,9 54,6
9 10-20 4,9 24,2 1,3 0 2,9 2,3 1,1 0,15 6,5 54,6
0-10 5,0 29,5 1,6 0 2,5 1,4 1,1 0,25 5,2 52,4
10
10-20 5,0 13,4 1,0 0 2,3 1,4 0,9 0,20 4,8 51,9
99
ANEXO 3 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DO SOLO NA ÁREA
EXPERIMENTAL (BLOCO 3)
Profundidade pH MO P Al +3 H+Al Ca+2 Mg+2 K+ CTC V
Piquete
cm CaCl2 g/lkg mg/dm3 ______________cmolc/dm3___________ %
0-10 4,9 25,5 1,6 0 3,1 2,0 1,0 0,11 6,2 50,3
11
10-20 4,9 13,4 0,6 0 2,5 1,3 1,1 0,05 5,0 49,1
0-10 5,0 32,2 2,3 0 3,1 2,0 1,1 0,12 6,4 50,6
12
10-20 4,9 20,1 1,6 0 2,7 1,7 1,1 0,07 5,6 51,2
0-10 4,9 30,9 2,3 0 3,2 1,9 0,9 0,14 6,1 48,1
13 10-20 5,0 13,4 1,0 0 5,1 1,7 1,1 0,07 8,0 36
0-10 5,0 28,2 3,7 0 3,4 2,1 0,9 0,11 6,5 48,1
14 10-20 4,9 13,4 0,6 0 2,9 1,6 1,1 0,07 5,7 48,9
0-10 5,0 29,5 1,3 0 3,0 1,9 0,8 0,19 5,9 49
15
10-20 4,9 14,8 1,3 0 2,6 1,5 0,9 0,11 5,1 49,2
ANEXO 4– CLASSIFICAÇÃO TEXTURAL MÉDIA DO SOLO NA ÁREA
EXPERIMENTAL
Areia Silte Argila Classificação textural
_________%_________
Bloco 1 30 38 32 média
Bloco 2 42 36 22 média
Bloco 3 35 36 29 média
ANEXO 5 - ALTURAS, DESVIOS PADRÃO E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DAS
ALTURAS DOS TRATAMENTOS DE OUTUBRO/2006 A ABRIL/2007.
10 cm 20 cm 25 cm 32 cm
Mês
Altura
(cm)
DP
(cm)
CV
(%)
Altura
(cm)
DP
(cm)
CV
(%)
Altura
(cm)
DP
(cm)
CV
(%)
Altura
(cm)
DP
(cm)
CV
(%)
out/06 13,01 4,98 38,15 19,39 6,23 32,74 26,37 7,85 29,61 29,29 8,08 27,68
nov/06 13,32 5,88 43,90 19,91 6,28 32,14 26,50 7,78 29,39 31,56 7,90 25,27
dez/06 12,72 4,52 35,14 19,60 5,85 29,91 25,82 8,19 31,63 30,57 7,51 24,85
jan/07 11,50 4,04 36,93 22,11 6,19 28,18 26,19 7,18 27,23 32,36 8,23 25,52
fev/07 11,27 4,56 40,63 22,34 6,71 30,45 25,16 7,01 28,03 33,90 8,24 24,40
mar/07 10,68 4,07 38,06 22,14 6,41 29,22 24,06 6,15 25,49 31,44 7,21 22,95
abr/07 9,97 3,45 35,52 18,58 4,66 25,72 23,62 5,00 21,29 29,81 6,11 20,54
Média 11,78 4,50 38,33 20,58 6,05 29,77 25,39 7,02 27,52 31,28 7,61 24,46
100
ANEXO 6 – MASSA DE FORRAGEM DISPONÍVEL, TAXA DIÁRIA DE ACÚMULO
DE MASSA SECA E MATÉRIA SECA TOTAL PRODUZIDA EM
PASTAGEM CONSORCIADA MANEJADA EM DIFERENTES
ALTURAS (OUT/2006 A ABRIL/2007).
Disponibilidade MS Acúmulo Diário MS Produção MS total
kg MS.ha-1 kg MS.ha-1.dia kg MS.ha-1
Alturas Média DP Média DP Média DP
10 4972 ± 416,1 c 53,14 ± 8,7 b 13610 ± 1836 b
20 7178 ± 569,4 b 74,96 ± 2,1 a 18522 ± 616 a
25 8161 ± 498,7 b 81,59 ± 10,8 a 20398 ± 1362 a
32 9680 ± 514,9 a 81,79 ± 17,3 a 20822 ± 2716 a
Médias na mesma coluna seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (P<0,05)
ANEXO 7 – OFERTA DE FORRAGEM, LOTAÇÃO E CARGA ANIMAL EM
PASTAGEM CONSORCIADA MANEJADA EM DIFERENTES
ALTURAS (OUT/2006 A ABRIL/2007).
Oferta MS Lotação Carga
Kg MS / 100 kg PV UA / ha kg PV / ha
Alturas Média DP Média DP Média DP
10 3,47 ± 0,60 a 4,78 ± 0,23 a 2151 ± 105 a
20 5,57 ± 0,26 b 4,05 ± 0,33 b 1822 ± 148 b
25 7,06 ± 0,74 b 3,52 ± 0,15 b 1583 ± 66 b
32 7,36 ± 0,71 b 3,43 ± 0,15 b 1544 ± 67 b
Médias na mesma coluna seguidas por letras diferentes, diferem pelo teste de Tukey (P<0,05)
ANEXO 8 – MÉDIAS POR AVALIAÇÃO DAS PORCENTAGENS DE
B. brizantha, A.
pintoi
E INVASORAS SOBRE A MATÉRIA SECA DE UMA
PASTAGEM CONSORCIADA MANEJADA EM DIFERENTES
ALTURAS APÓS DOIS ANOS DE IMPLANTAÇÃO (MÉTODO
BOTANAL-2).
Alturas
Pretendidas (cm)
dez/05 mar/06 out/06 fev/07 out/07
B. brizantha (% MS)
10 86 95 93 86 76
20 82 96 93 91 81
30 86 93 91 91 74
40 81 95 92 95 85
A. pintoi (% MS)
10 2 0 4 8 23
20 2 1 6 7 19
30 1 1 8 8 25
40 2 1 7 4 15
Invasoras (% MS)
10 12 5 3 6 1
20 16 3 1 2 0
30 13 6 1 1 1
40 17 4 1 1 0
101
ANEXO 9 – FREQUÊNCIA DE
B.brizantha e A. pintoi EM PASTAGEM
CONSORCIADA MANEJADA EM DIFERENTES ALTURAS APÓS
DOIS ANOS DE IMPLANTAÇÃO (MÉTODO BOTANAL).
10 cm 20cm 25 cm 32 cm
B.
brizantha
A.
pintoi
B.
brizantha
A.
pintoi
B.
brizantha
A.
pintoi
B.
brizantha
A. pintoi
-----------------------------------------------------%---------------------------------------------------
dez/05 100 53 100 59 100 56 100 57
mar/06 100 49 100 52 100 61 100 55
out/06 100 81 100 84 100 88 100 79
fev/07 100 69 100 72 100 71 100 69
out/07 100 96 100 97 100 95 100 94
ANEXO 10 – GANHO DE PESO INDIVIDUAL E POR ÁREA EM PASTAGEM
CONSORCIADA MANEJADA EM DIFERENTES ALTURAS
(OUT/2006 à ABRIL/2007).
Altura
(cm)
Ganho Diário
(g PV.dia
-1
)
Ganho por hectare
(kg.ha
-1
)
Ano 2 X ± DP X ± DP
10 568 ± 94,8 789 ± 84,9
20 648 ± 185,4 732 ± 161,5
25 661 ± 58,1 649 ± 21,2
32 661 ± 139,5 628 ± 114,4
ANEXO 11 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DO SOLO DA ÁREA
EXPERIMENTAL (BLOCO 1).ANO 2
Profundidade pH MO P Al+3 H+Al Ca+2 Mg+2 K+ CTC V
Piquete
cm CaCl2 g/lkg mg/dm3 _______________cmolc/dm3____________ %
0-10 5,0 55,0 16,8 0,0 3,93 6,5 1,4 0,36 12,2 67,7
1
10-20 5,0 41,6 6,7 0,0 3,41 3,0 2,2 0,26 8,9 61,5
0-10 5,0 37,6 11,1 0,0 3,57 5,5 1,3 0,27 10,6 66,5
2
10-20 5,0 14,8 3,6 0,1 2,57 4,0 2,0 0,16 8,7 70,5
0-10 4,9 51,0 16,3 0,1 3,83 6,0 1,4 0,34 11,6 66,9
3
10-20 4,8 37,6 5,3 0,2 4,52 5,4 2,6 0,21 12,7 64,5
0-10 5,4 51,0 19,8 0,0 3,10 6,5 1,5 0,90 12,0 74,2
4
10-20 5,0 28,2 4,3 0,1 2,94 7,2 1,4 0,22 11,8 75
0-10 4,5 56,4 16,3 0,1 2,84 6,8 2,1 0,80 12,5 77,3
5
10-20 5,3 36,2 5,3 0,0 3,03 7,0 1,5 0,35 11,9 74,5
102
ANEXO 12 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DO SOLO DA ÁREA
EXPERIMENTAL (BLOCO 2).ANO 2
Profundidade pH MO P Al +3 H+Al Ca+2 Mg+2 K+ CTC V
Piquete
cm CaCl2 g/lkg mg/dm3 ______________cmolc/dm3___________ %
0-10 5,1 36,2 4,3 0,0 3,1 5,5 1,3 0,36 10,3 69,8
6
10-20 5,2 17,4 1,5 0,0 2,7 5,5 1,4 0,22 9,8 72,7
0-10 5,2 32,2 24,6 0,0 3,1 4,0 1,2 0,80 9,1 65,8
7
10-20 4,6 17,4 1,9 0,2 2,8 2,4 1,4 0,28 6,8 59,6
0-10 5,0 38,9 13,0 0,0 3,3 4,0 1,3 0,40 9,0 63,6
8
10-20 4,7 16,1 2,8 0,2 2,9 3,0 2,5 0,24 8,6 66,5
0-10 4,8 40,3 8,8 0,1 3,5 3,9 1,1 0,50 9,0 60,8
9
10-20 4,7 29,5 5,3 0,2 3,3 3,5 0,5 0,42 7,7 57,5
0-10 4,9 32,2 10,1 0,0 3,3 4,0 0,5 0,21 8,1 58,5
10 10-20 4,8 14,8 2,8 0,2 2,9 3,0 1,0 0,11 7,0 58,8
ANEXO 13 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DO SOLO DA ÁREA
EXPERIMENTAL (BLOCO 3). ANO2
Profundidade pH MO P Al +3 H+Al Ca+2 Mg+2 K+ CTC V
Piquete
cm CaCl2 g/lkg mg/dm3 ______________cmolc/dm3___________ %
0-10 4,9 30,9 9,8 0,1 3,4 3,0 1,7 0,42 8,5 60,2
11
10-20 4,8 18,8 1,9 0,2 2,8 2,6 1,4 0,10 6,9 59,5
0-10 5,0 30,9 16,3 0,0 3,6 3,4 1,6 0,31 8,9 59,5
12
10-20 4,7 20,1 2,2 0,2 3,1 2,8 1,2 0,13 7,2 57,5
0-10 4,8 38,9 10,1 0,1 3,3 4,0 0,9 0,60 8,8 62,6
13
10-20 4,6 22,8 1,9 0,2 3,4 3,0 0,9 0,24 7,5 55,0
0-10 4,8 30,9 8,2 0,2 2,9 4,0 0,5 0,39 7,7 63,1
14
10-20 4,6 17,4 2,4 0,2 2,9 3,9 1,2 0,16 8,1 64,6
0-10 5,0 32,2 4,6 0,0 3,4 6,0 1,0 0,44 10,8 68,8
15 10-20 4,8 30,9 1,7 0,1 3,4 2,0 1,5 0,17 7,1 52,1
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