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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Campus de Marília
Faculdade de Filosofia e Ciências
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
FERNANDO LUIZ VECHIATO
REPOSITÓRIO DIGITAL COMO AMBIENTE DE INCLUSÃO DIGITAL
E SOCIAL PARA USUÁRIOS IDOSOS
Marília-SP
2010
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Campus de Marília
Faculdade de Filosofia e Ciências
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informão
FERNANDO LUIZ VECHIATO
REPOSITÓRIO DIGITAL COMO AMBIENTE DE INCLUSÃO DIGITAL
E SOCIAL PARA USUÁRIOS IDOSOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informão da
Faculdade de Filosofia e Ciências
Universidade Estadual Paulista UNESP
Campus de Marília, como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre em Ciência da
Informação.
Área de Concentração: Informação,
Tecnologia e Conhecimento
Linha de Pesquisa: Informação e Tecnologia
Orientadora: Profa. Dra. Silvana Aparecida
Borsetti Gregorio Vidotti
Financiamento: FAPESP e CAPES
Marília-SP
2010
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Vechiato, Fernando Luiz.
V396r Repositório digital como ambiente de inclusão digital
e social para usuários idosos / Fernando Luiz Vechiato.
- - Marília: FLV, 2010.
183f. ; 30 cm
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informão) –
Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual
Paulista, 2010.
Orientadora: Silvana Aparecida Borsetti Gregorio Vidotti
1. Repositório Digital. 2. Arquitetura da Informação.
3. Inclusão Digital e Social. 4. Envelhecimento Humano.
5. Tecnologias de Informão e Comunicação.
6. Informação e Tecnologia. I. Autor. II. Título.
CDD 025.4
FERNANDO LUIZ VECHIATO
REPOSITÓRIO DIGITAL COMO AMBIENTE DE INCLUSÃO DIGITAL
E SOCIAL PARA USUÁRIOS IDOSOS
BANCA EXAMINADORA:
Profa. Dra. Silvana Aparecida Borsetti Gregorio Vidotti
Departamento de Ciência da Informação
Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista – UNESP
Profa. Dra. Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos
Departamento de Ciência da Informação
Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista – UNESP
Profa. Dra. Isa Maria Freire
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Federal da Paraíba – UFPB
Local: Universidade Estadual Paulista Faculdade de Filosofia e Ciências
Campus de Marília
Data: 15/03/2010
Marília-SP
2010
Ao meu grande amigo Odirlei Pereira (in memorian)
À minha namorada Cíntia Pacheco
Aos meus sobrinhos Guilherme Francisco, Leonardo Vechiato,
Marialia Francisco, Ryan Vechiato, Tauan Vechiato e
Ana Clara Guarnieri
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais
Antonio e Odete
, minha
base.
Aos meus irmãos
Leila, Renata e Júnior
,
meus incentivadores.
Aos meus grandes
amigos
que souberam
me ouvir e me compreender durante toda
minha caminhada.
À minha namorada
Cíntia
, com quem
compartilhei todas as angústias, as
preocupações, os medos, o carinho, a
felicidade.
Aos
alunos da UNATI
que tanto me
ensinam a cada aula. Obrigado por terem
me dado a oportunidade de ter conhecido
vocês.
Ao
s meus
companheiros de pesquisa
com
quem compartilhei conhecimento.
À
Profa. Maria Candida Del-Masso
pelas
ricas contribuições no Exame de
Qualificação.
Aos
professores
do PPGCI
UNESP
Marília, pelos quais tenho grande
admiração.
Àqueles que contribuíram diretamente ou
indiretamente para a construção do
repositório digital da UNATI, em especial os
próprios alunos da UNATI, Ana Maria
Ferreira, Eduardo Santarém, Liriane
Camargo, Bruno Arraes (STI), Milton
Shintaku (IBICT), Lucas Salviano, Elvis
Fusco e a Profa. Silvana Vidotti.
Às professoras
Isa Freire
e
Plácida Santos
que aceitaram o convite para compor a
banca de defesa de minha dissertação e
pelas contribuições que enriqueceram meu
trabalho.
À
FAPESP
e à
CAPES
pelo apoio financeiro
e pela oportunidade de desenvolver essa
pesquisa.
À minha orientadora
Profa. Silvana Vidotti
,
pelas grandes oportunidades nesse período
e por compreender alguns momentos
difíceis pelos quais eu passei, revelando-se
uma grande amiga.
À
Secretaria da Pós
-
Graduação
,
especialmente à Carol Luvizotto, pelo
esclarecimento de tantas dúvidas nesse
período.
A velhice é a paródia da vida.
(Simone de Beauvoir)
VECHIATO, Fernando Luiz. Repositório digital como ambiente de inclusão
digital e social para usuários idosos. 2010. 183f. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação) Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual
Paulista, Marília, 2010.
RESUMO
A sociedade contemporânea, caracterizada como sociedade da informão ou
sociedade em rede, encontra-se intimamente relacionada ao uso de tecnologias de
informação e comunicação (TIC), com destaque à World Wide Web (WWW), que
possibilita a criação de conteúdo e o acesso à informão sem barreiras de tempo e
espo. Observamos o crescimento do número de adeptos a essa tecnologia desde
sua criação, em meados da década de 1990 e, dentre eles, destacam-se os usuários
idosos, os quais encontraram na Web um ambiente em que podem desenvolver
diversas atividades, como a comodidade em realizar tarefas cotidianas, de se
informarem sobre questões relacionadas ao envelhecimento humano entre outras.
Entretanto, verificamos que muitos ambientes informacionais da Web não possuem
uma Arquitetura da Informão desenvolvida com foco nas necessidades específicas
desse público, dificultando sua usabilidade e acessibilidade e, conseqüentemente,
dificultando a inclusão digital e social desse grupo de usuários. Nesse contexto,
objetivamos identificar elementos que viabilizem a inclusão digital e social dos idosos
a partir dos estudos em Arquitetura da Informão, Usabilidade, Acessibilidade e
Comportamento Informacional, no contexto da Ciência da Informação, bem como a
aplicação desses elementos em um repositório digital construído para a
Universidade Aberta à Terceira Idade UNATI UNESP. Consideramos que um
repositório digital que abarque assuntos de interesse e produções de idosos e que
apresente elementos inclusivos viabiliza sua inclusão digital e social. Para a
aplicação da pesquisa, utilizamos a pesquisa-ação, que possibilita aos
pesquisadores e participantes a identificação dos problemas e objetivos da
pesquisa, bem como o planejamento e a execução das ações para sua resolução; e
para a execução dessas ações são utilizados principalmente grupos focais para a
discussão de como conduzi-las. A pesquisa-ação permeou essencialmente dois
objetivos: a inclusão digital dos alunos da UNATI Marília, por meio de cursos de
informática, visando sua capacitação para o uso das TIC; e a construção
participativa do repositório digital da UNATI – UNESP, junto aos alunos da UNATI
Marília. A ação para a inclusão digital por meio dos cursos de informática foi possível
através da investigação de elementos do construtivismo que direcionaram o
processo de ensino-aprendizagem. A construção participativa do repositório digital
da UNATI UNESP, por sua vez, se efetivou com respaldo em estudos que
revelaram as necessidades da instituição e dos alunos, contribuindo para a
identificação de elementos que favorecem a inclusão digital e social dos usuários
idosos.
Palavras-chave: Repositório Digital. Arquitetura da Informão. Inclusão Digital e
Social. Envelhecimento Humano. Tecnologias de Informação e Comunicação.
Informação e Tecnologia.
VECHIATO, Fernando Luiz. Digital repository as an environment of digital and
social inclusion for elderly users. 2010. 183f. Dissertation (Master Degree in
Information Science) College of Philosophy and Sciences, Universidade Estadual
Paulista, Marília, 2010.
ABSTRACT
The contemporary society characterized as information society or net society is
closely related to the use of information and communication technologies (ICT),
especially the World Wide Web, which makes possible the creation of contents and
the information access with no boundaries of time and space. We can see the
increase of people using this technology, since its creation in the beginning of 1990
decade, and we can highlight the elderly users. These users find in the Web an
environment in which they can develop different activities, as easily dealing with daily
duties and getting information about subjects related to aging, among others.
However, we verify that the Web information environments do not have an
Information Architecture developed with the specific necessities of this public, making
difficult the use and access, and then, making hard the digital and social inclusion of
this users group. In this context, our objective is to identify elements that enable the
social and digital inclusion of the elderly using the study of Information Architecture,
Usability, Accessibility and Information Behavior, in the Information Science context,
as well as the application of this elements in a digital repository built for the
Universidade Aberta à Terceira Idade UNATI UNESP. We consider that a digital
repository that deals with subjects of interests and production of elderly and that
presents inclusive elements makes possible their digital and social inclusion. We
used the action-research to realize the research. The action-research makes possible
for the researcher and participants the identification of problems and objectives of the
research as well as the planning and execution of actions for its resolution. Also for
the execution of these actions, focus groups are mainly used to discuss how to guide
them. The action-research permeated essentially two objectives: the digital inclusion
of UNATI - Marília students through computer courses, aiming their training to the
use of ICT; and the participative building of the digital repository of UNATI UNESP
together with the students of UNATI Marília. The action for digital inclusion through
the computer courses was possible through the investigation of constructivism
elements which directs the teach-learning process. The participative building of the
UNATI UNESP digital repository were made based on studies which turned out the
institution and students needs and contributed for the identification of elements that
were helpful to the users digital and social inclusion.
Keywords: Digital Repository. Information Architecture. Digital and Social Inclusion.
Human Aging. Information and Communication Technologies. Information and
Technology.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Provedores de dados e serviços ............................................................... 33
Figura 2: Os elementos da experiência do usuário .................................................. 40
Figura 3: Página inicial do repositório digital do PPGCI/UFPB ................................. 44
Figura 4: Exemplo de acessibilidade para deficientes visuais – Acessibilidade.net . 65
Figura 5: Exemplo de acessibilidade para deficientes visuais e auditivos –
Acessibilidade Brasil.................................................................................................. 66
Figura 6: Interface do LIBRAS – Dicionário da Língua Brasileira de Sinais ............. 67
Figura 7: Exemplo de acessibilidade para deficientessicos ................................... 68
Figura 8: Exemplo de acessibilidade, considerando barreiras lingüísticas - SciELO
.................................................................................................................................. 69
Figura 9: Página inicial do web site SeniorNet ....................................................... 113
Figura 10: Página inicial do web site Maisde50 ...................................................... 114
Figura 11: Página inicial do web site da UNATI - UERJ ......................................... 115
Figura 12: Biblioteca CRDE .................................................................................... 116
Figura 13: Processo de inclusão digital e social em cursos de informática para a
terceira idade ........................................................................................................... 126
Figura 14: Blog Internautis ..................................................................................... 131
Figura 15: O modelo ELIS ...................................................................................... 134
Figura 16: Protótipo da página inicial do repositório da UNATI UNESP - Marília 153
Figura 17: Página inicial do Banco Internacional de Objetos Educacionais ........... 155
Figura 18: Página inicial do Repositório Digital da UNATI – UNESP (1) ................ 156
Figura 19: Twitter da UNATI – UNESP – Marília .................................................... 157
Figura 20: Comunidades e coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP (1)
................................................................................................................................ 158
Figura 21: Comunidades e coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP (2)
................................................................................................................................ 159
Figura 22: Comunidades e coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP (3)
................................................................................................................................ 160
Figura 23: Comunidades e coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP (4)
................................................................................................................................ 161
Figura 24: Coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP: submissão de
documento ............................................................................................................... 162
Figura 25: Página inicial do Repositório Digital da UNATI – UNESP (2) ................ 164
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: As quatro funções principais da atenção ................................................. 53
Quadro 2: Principais tipos de memória..................................................................... 54
Quadro 3: Tecnologias assistivas associadas aos tipos de necessidades especiais
.................................................................................................................................. 64
Quadro 4: Principais características da Web ............................................................ 80
Quadro 5: Considerações a respeito do início da velhice......................................... 87
Quadro 6: Princípios de usabilidade ....................................................................... 106
Quadro 7: Recomendações de Usabilidade e Acessibilidade imprescindíveis para
ambientes informacionais digitais para idosos ........................................................ 108
Quadro 8: Recomendações de Usabilidade e Acessibilidade importantes para
ambientes informacionais digitais para idosos ........................................................ 111
Quadro 9: Recomendações de Usabilidade e Acessibilidade opcionais para
ambientes informacionais digitais para idosos ........................................................ 111
Quadro 10: O uso de elementos construtivistas em projeto de ação para inclusão
digital e social: capacitação de idosos para o uso das tecnologias de informação e
comunicação (TIC) .................................................................................................. 128
Quadro 11: Resultados da entrevista – necessidades informacionais dos idosos . 139
Quadro 12: Resultados da entrevista – fontes de informão ................................ 140
Quadro 13: Resultados dos Registros em diários – necessidades informacionais e
fontes de informação ............................................................................................... 142
Quadro 14: Aplicação do modelo ELIS para o estudo do comportamento
informacional de idosos ........................................................................................... 146
LISTA DE SIGLAS
AI Arquitetura da Informação
ASKAnomalous State of Knowledge
ATAGAuthoring Tool Accessibility Guidelines
BOAI Budapest Open Access Initiative
CAT – Comitê de Ajudascnicas
CDU Classificação Decimal Universal
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
CNPqConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNRICorporation for National Research Initiatives
CRDECentro de Referência e Documentação sobre Envelhecimento
CSS – Cascading Style Sheets
ELIS – Everyday Life Information Seeking
FAPESPFundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FFC – Faculdade de Filosofia e Ciências
FID – Federação Internacional de Documentação
GP-NTIGrupo de Pesquisa – Novas Tecnologias em Informão
HPHewlett Packard Corporation
HTML – HyperText Markup Language
IBICT – Instituto Brasileiro de Informão em Ciência e Tecnologia
IHC – Interação Humano-Computador
IIB – Instituto Internacional de Bibliografia
LER – Lesão por Esforço Repetitivo
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais
MECBraille – Marco Eletrônico de Correio Braille
MITMassachusetts Institute of Technology
NAI – Núcleo de Assistência ao Idoso
OAIOpen Archives Initiative
OAI-PMHOpen Archives Initiative – Protocol for Metadata Harvesting
OMSOrganizão Mundial da Saúde
OPASOrganização Pan-Americana de Saúde
OSI – Open Society Institute
PET – Programa de Educação Tutorial
PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PPGCI – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
PROEX – Pró-Reitoria de Extensão Universitária
PUC-SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
RSS – Really Simple Syndication
SciELO – Scientific Electronic Library Online
SEDH – Secretaria Especial dos Direitos Humanos
SESC – Serviço Social do Comércio
TIC – Tecnologias de Informão e Comunicação
UAAG – User Agent Accessibility Guidelines
UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
UNATIUniversidade Aberta à Terceira Idade
UNESP – Universidade Estadual Paulista
UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo
W3C – World Wide Web Consortium
WAI – Web Accessibility Initiative
WCAG – Web Content Accessibility Guidelines
WWW World Wide Web
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 Problema ............................................................................................................. 15
1.2 Hipótese .............................................................................................................. 15
1.3 Justificativa .......................................................................................................... 15
1.4 Objetivos ............................................................................................................. 16
1.5 Metodologia do trabalho científico ....................................................................... 17
2 A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TIC): relação entre indivíduos, tecnologia e sociedade ......... 20
3 REPOSITÓRIOS DIGITAIS .................................................................................... 32
3.1 Arquitetura da Informação ................................................................................... 37
3.2 Usabilidade .......................................................................................................... 46
3.3 Acessibilidade ..................................................................................................... 59
3.4 Comportamento Informacional ............................................................................ 71
4 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL:
rumo à democratização do acesso à informação?............................................... 77
5 ENVELHECIMENTO HUMANO, TECNOLOGIA E SOCIEDADE.......................... 87
5.1 Alterações físicas e cognitivas do envelhecimento humano e suas implicações
nas interfaces de ambientes informacionais digitais ................................................. 97
6 PESQUISA-AÇÃO: um estudo junto aos alunos da Universidade Aberta à
Terceira Idade (UNATI) – UNESP – Campus de Marília ..................................... 118
6.1 Inclusão digital dos alunos da UNATI: identificação e aplicação de elementos do
construtivismo ......................................................................................................... 121
6.2 Comportamento informacional dos alunos da UNATI........................................ 133
6.3 Repositório digital da UNATI UNESP como ambiente de inclusão digital e
social: documentação do processo de desenvolvimento......................................... 148
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 166
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 168
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................ 181
14
1 INTRODUÇÃO
A sociedade da informão vem se consolidando pelas diversas
possibilidades de acesso à informação proporcionadas pela evolução tecnológica.
Entretanto, a democratizão da informão não é uma realidade para todos. Os
problemas que permeiam essa realidade estão relacionados à situação sócio-
ecomica dos indivíduos, às questões culturais e até mesmo à ausência de
habilidades para avaliar, para selecionar e para utilizar informações nesse contexto.
Refletimos neste trabalho, especialmente, sobre os indivíduos idosos que
possuem características que podem dificultar sua inclusão na sociedade da
informação. Essas características eso relacionadas aos aspectos psicossociais e
biológicos do envelhecimento humano.
Com o passar do tempo, a imagem do idoso perante a sociedade passou por
transformações. Atualmente, a mídia apresenta uma imagem positiva da velhice,
decorrente da importância atribuída à qualidade de vida e ao aumento da
expectativa de vida. Porém, observamos muitas vezes que o tratamento dado a esse
público é incoerente com a realidade divulgada.
Nesse contexto, acreditamos que o idoso pode utilizar as tecnologias de
informação e comunicação (TIC) para o desenvolvimento de habilidades e
competências adquiridas no decorrer da vida e para o compartilhamento de
conhecimento, substituindo o tempo ocioso da aposentadoria por novas atitudes
frente à sociedade. Dessa forma, as TIC podem promover a inclusão digital e social
desses indivíduos.
Para que isso possa acontecer, é necessário que os ambientes
informacionais digitais atuem como espaços inclusivos, tendo em vista que as
alterações físicas e cognitivas do processo de envelhecimento humano podem
dificultar o acesso e o uso das informões.
Os repositórios digitais, em especial, são ambientes informacionais
potenciais para a inclusão desses indivíduos. Embora tenham sido pensados em um
contexto de disseminação de produções científicas, em que os atores são
pesquisadores, esses ambientes têm como uma de suas propostas a preservação
da memória, característica essa que contribuiria para a disseminação e o
compartilhamento de produções intelectuais desse público específico.
15
A compreensão do contexto psicossocial e biológico do envelhecimento
humano possibilita a reflexão de como construir um ambiente informacional digital
para idosos, com enfoque nos repositórios digitais, considerando as necessidades
reais desse blico por meio da criação de arquiteturas informacionais mais
inclusivas, visando uma sociedade da informação mais igualitária.
1.1 Problema
Este trabalho é um prosseguimento dos estudos realizados na Iniciação
Científica (VECHIATO, 2007) que enfocaram as relações acerca da construção e da
avaliação de ambientes informacionais digitais específicos para usuários idosos.
Percebemos que os projetistas de ambientes informacionais digitais que
contemplam os idosos como público-alvo ou como somente parte do público desses
ambientes, em geral, não disponibilizam elementos que contribuam para facilitar o
acesso às informões para esse grupo de usuários, dificultando sua inclusão na
sociedade da informação.
1.2 Hipótese
Destacamos como hipótese que a investigação de aspectos psicossociais e
biológicos do envelhecimento humano contribui para a construção de arquiteturas
informacionais mais inclusivas em ambientes informacionais digitais para idosos,
com enfoque nos repositórios digitais. Isso favorece a inclusão digital e social de
idosos via tecnologias de informão e comunicação (TIC).
1.3 Justificativa
Percebemos na literatura nacional que poucos estudos abordam a relação
entre idosos e as TIC, principalmente no âmbito da Ciência da Informão com
enfoque na Arquitetura da Informação de ambientes informacionais digitais.
16
Além disso, averiguamos a não existência de repositórios digitais que
tenham sido produzidos no âmbito das UNATI brasileiras específicos para os seus
membros.
Desse modo, aliamos os estudos em Ciência da Informão à construção de
ambientes informacionais digitais no contexto do envelhecimento humano, o que
possibilitou a idéia do desenvolvimento de um repositório digital para a Universidade
Aberta à Terceira Idade (UNATI) UNESP tendo como base estudos relacionados à
Arquitetura da Informação
Os estudos realizados a partir deste trabalho poderão contribuir teórica e
metodologicamente para a Ciência da Informação no que diz respeito à construção
participativa de um ambiente informacional digital específico para idosos, a partir do
uso de TIC, bem como para a identificação de elementos relevantes com o intuito de
facilitar e aumentar o acesso desses indiduos à informão para a construção do
conhecimento no paradigma da sociedade da informação.
1.4 Objetivos
A partir de estudos relacionados à Arquitetura da Informão aplicados em
repositórios digitais, objetivamos identificar recursos, serviços e elementos de
interface para a construção participativa de um repositório digital para idosos, a fim
de contribuir para sua inclusão digital e social.
Desse modo, objetivamos especificamente:
Abordar aspectos teóricos e metodológicos para a construção e
inserção de elementos em ambientes informacionais digitais
específicos para idosos, com foco em repositórios digitais que visem à
inclusão digital e social desse grupo, a partir de estudos acerca da
arquitetura da informação, usabilidade, acessibilidade e
comportamento informacional, bem como a partir da investigação de
aspectos psicossociais e biológicos do envelhecimento humano;
Diagnosticar a aplicação de recursos, de serviços e de elementos
inclusivos em ambientes específicos já existentes para idosos;
Desenvolver um repositório digital para a UNATI UNESP com uso do
software Dspace e exemplificar a aplicação de elementos formais e de
17
conteúdo de interface visando a construção de uma arquitetura
informacional mais inclusiva;
Apresentar o reposirio como um link ativo na Web, a fim de uma
utilização efetiva pela comunidade local de usuários – alunos da UNATI
e promover sua divulgação para disseminação de seu conteúdo
informacional, bem como para sua utilização pela comunidade global
de usuários da Web;
Criar um ambiente de colaboração e ação visando à participação dos
alunos da UNATI para o desenvolvimento do repositório digital da
UNATI UNESP, com vistas à inclusão digital e social dessa
comunidade.
1.5 Metodologia do trabalho científico
A pesquisa caracteriza-se como do tipo exploratória, descritiva e analítica.
Os estudos iniciaram-se por meio de levantamento bibliográfico em bases de dados
nacionais e internacionais e com base nas teses e dissertações desenvolvidas junto
ao Grupo de Pesquisa ‘Novas Tecnologias em Informação’. O enfoque foi para os
temas Arquitetura da Informão, Usabilidade, Acessibilidade, Comportamento
Informacional, Repositórios Digitais, Inclusão Digital e Inclusão Social, considerando-
os, preliminarmente, em um período de 12 anos (de 1998 a 2009), com textos nos
idiomas português, inglês e espanhol.
Em seguida, os materiais pertinentes à pesquisa foram selecionados,
analisados e documentados para obtenção de conhecimento acerca das temáticas
abordadas.
Para a organização da aplicação da pesquisa foi utilizada a pesquisa-ação
baseada em Thiollent (2004). Esse tipo de pesquisa fornece subsídios para a
identificação de problemas e dos objetivos que direcionam as ações. Neste trabalho,
a ão refere-se à inclusão digital e social dos alunos da UNATI UNESP Marília
por meio de cursos de informática ministrados e via tecnologias de informação e
18
comunicação, com enfoque no desenvolvimento de um repositório digital para a
UNATI – UNESP e na sua utilizão por parte desse grupo de usuários potenciais.
1
Seguem os procedimentos metodológicos:
Fundamentar teoricamente o trabalho a partir de leitura, análise e
documentação de textos pertinentes à temática do projeto de pesquisa;
Realizar cursos e palestras para os alunos da UNATI UNESP –
Campus de Marília a fim de reconhecer suas necessidades e
desenvolver a pesquisa-ação, objetivando a incluo digital dessa
comunidade;
Diagnosticar a aplicação de recursos, serviços e elementos inclusivos
para idosos em ambientes específicos já existentes;
Construir um repositório digital para a UNATI UNESP utilizando o
software DSpace, escolhido devido à sua facilidade de gerenciamento,
bem como exemplificar a aplicação de elementos que contribuam para
a inclusão dos idosos na sociedade da informão, a partir da
colaboração dos alunos da UNATI.
A estrutura do trabalho científico se apresenta da seguinte forma.
O capítulo 1 Introdução trata do problema, da hipótese, da justificativa,
dos objetivos e da metodologia do trabalho científico.
O capítulo 2 A Ciência da Informação e as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC): relação entre indivíduos, tecnologia e sociedade discute as
relações entre indivíduos, tecnologia e sociedade por meio de um resgate histórico
da Ciência da Informão.
O capítulo 3 – Repositórios Digitaisdiscute as particularidades desse tipo de
ambiente informacional e enfoca suas relações com os estudos de Arquitetura da
Informação, Usabilidade, Acessibilidade e Comportamento Informacional.
O capítulo 4 Tecnologias de Informação e Comunicação e Inclusão Social:
rumo à democratizão do acesso à informação? aborda sobre a sociedade da
informação e a importância da inclusão social via TIC.
1
Os procedimentos relativos à aplicação dessa pesquisa foram aprovados pelo Comitê de Ética em
Pesquisa Faculdade de Filosofia e Ciências (CEP – FFC – UNESP/Marília) – Processo n.º
2794/2007.
19
O capítulo 5 Envelhecimento Humano, Tecnologia e Sociedade discute
sobre a posição do idoso no contexto tecnológico da sociedade da informão e
aborda as alterações físicas e cognitivas do processo de envelhecimento humano e
suas implicações no desenvolvimento de interfaces digitais;
O capítulo 6 Pesquisa-Ação: um estudo junto aos alunos da Universidade
Aberta à Terceira Idade (UNATI) UNESP Campus de Marília apresenta os
fundamentos da aplicação da pesquisa-ação e os resultados de pesquisa, com
enfoque na documentação do repositório digital da UNATI – UNESP.
O capítulo 7 – Considerações Finais – aborda as conclusões referentes a este
trabalho científico.
20
2 A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E AS TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC): relação entre indivíduos,
tecnologia e sociedade
A transição da comunicação oral para a comunicação escrita possibilitou ao
homem registrar o conhecimento em diversos suportes informacionais. A partir disso,
iniciou-se um processo histórico-evolutivo em que a investigação e o uso de novas
tecnologias facilitaram sobremaneira o processo de comunicação.
Man (2004) elenca quatro momentos nos quais a comunicação atingiu um
novo nível de velocidade e alcance: a invenção da escrita, a invenção do alfabeto, a
invenção da imprensa e o advento da internet. A cada momento dessa evolução, um
número maior de pessoas passou a ter acesso à informação e, em paralelo, mais
informação passou a ser produzida.
Para Le Coadic (2004), uma das características que marcam o futuro da
informação é seu crescimento exponencial concomitante à implosão do tempo de
comunicação. Isso gera uma preocupação com relação à relevância da informação
no que diz respeito à sua seleção, acesso, uso e reuso, bem como com relação ao
seu valor agregado pela sociedade.
A representação, a organizão e o armazenamento de informações com o
objetivo de recuperação, acesso, uso e disseminão são elementos de
investigação teórica e prática da Ciência da Informão e, na atualidade, os estudos
enfocam especialmente o desenvolvimento e utilizão das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC) nesses contextos. Essas atuam como ferramentas
indispensáveis em todos os processos citados, além de poderem ser consideradas
como um dos objetos de estudo dessa área, visto que estão inseridas em todos os
momentos da evolução humana e nas relações entre o homem e a informão, o
conhecimento e a comunicação.
O desenvolvimento da Ciência da Informação iniciou-se com a
Documentação, conceito introduzido por Paul Otlet e seu colaborador Henri La
Fontaine. Desde o final do século XIX até as primeiras décadas do século XX, várias
foram suas contribuições, dentre as quais destacam-se a criação do Instituto
Internacional de Bibliografia (IIB) que, anos mais tarde, se tornaria Federação
Internacional de Documentação (FID); a criação da Classificação Decimal Universal
21
(CDU), “[...] que aprimora a Classificação Decimal de Dewey com subdivisões
sistemáticas normatizadas e notações ampliadas, razão pela qual ganhou um
elevado grau de aceitação nas bibliotecas e centros de documentação
especializados(ROBREDO, 2003, p.41); o lançamento do Repertório Bibliográfico
Universal; e a publicão do Tratado de Documentação
2
.
[...] as idéias e as realizações dos dois advogados belgas, ao introduzir o
novo conceito de ‘documentação, introduzem, também, um novo
paradigma. Com efeito, os repertórios bibliográficos são organizados de
forma que uma ênfase especial é dada ao conteúdo dos documentos e à
maneira como esse conteúdo é tratado e analisado visando a
armazenagem organizada da informação correspondente e, sobretudo, sua
recuperação direcionada ao serviço do usuário. (ROBREDO, 2003, p.44).
Com vistas à socializão e universalização do conhecimento, Otlet
considerava a importância da criação de uma Enciclodia Documentária ou Livro
Universal como a grande expressão da Documentação. Além disso, projetou uma
cidade livre que funcionaria como um centro coordenador de uma rede de
informação e conhecimento, um lugar onde as pessoas pudessem ter acesso ao
conhecimento produzido em todo o mundo, a materialização arquitetônica do
conhecimento e da memória. Esse projeto foi encomendado ao arquiteto Le
Corbusier e se chamaria Cite Mondiale ou simplesmente Mundaneum
3
(SANTOS,
2006).
Otlet ainda visionou um ambiente em que os usuários poderiam realizar
pesquisas, ler e escrever à sua maneira por meio de uma base de dados mecânica
armazenada em fichas 3x5. Poderiam, ainda, anotar os relacionamentos entre os
originais recuperados e acessar bases de dados de grandes distâncias por meio de
um telescópio elétrico conectado por uma linha telefônica, recuperando uma imagem
do fac-símile que seria remotamente projetada em uma tela lisa. Essa noção de
originais em rede foi definida como linkspor Otlet, a fim de descrever esse tipo de
relacionamento (WRIGHT, 2003).
Percebemos que seus projetos incluíam a pesquisa e a aplicação de
tecnologias emergentes (SANTOS, 2006) visando eliminar barreiras e facilitar o
acesso ao conhecimento humano.
Wright (2003) considera Otlet o antepassado esquecido da Arquitetura da
Informação, devido à sua preocupação em representar, organizar e apresentar a
2
OTLET, P. Traité de documentation. Brussels: Editiones Mundaneum, 1934.
3
Disponível em: <http://www.mundaneum.be>. Acesso em: 17 dez. 2009.
22
informação da melhor forma para os usuários, atribuindo a estes grande importância.
O autor destaca ainda que Otlet imaginou além do que seria a rede mundial de
computadores, a Web e o hipertexto ao idealizar “[...] um sistema simultaneamente
ordenado e auto-organizado, e infinitamente reconfigurável pelo leitor ou pelo autor
4
(WRIGHT, p.5, tradução nossa), o que aponta para o momento atual da Web, que
possibilita a produção de informação pelos usuários conectados à Internet em
ambientes informacionais digitais, gerando um conteúdo intelectual colaborativo e
auto-organizado e contribuindo para a criação de comunidades virtuais no
ciberespaço.
Wright (2003) apresenta um trecho do último livro de Paul Otlet (1935),
Monde
5
, que permite entender seu posicionamento diante das infinitas possibilidades
relacionadas ao acesso ao conhecimento universal:
Tudo no universo e tudo do homem poderia ser registrado à distância em
que foi produzido. Dessa maneira uma imagemvel do mundo será
estabelecida, um verdadeiro espelho de sua memória. De uma distância,
todos serão capazes de ler textos, ampliados e limitados ao assunto
desejado, projetados em uma tela individual. Dessa maneira, qualquer
pessoa sentada em sua poltrona será capaz de contemplar a criação, como
um todo ou em certas partes.
6
(WRIGHT, 2003, p.6, tradução nossa).
Anos mais tarde, as a Segunda Guerra Mundial, Vannevar Bush publicou
o importante artigo As we may thinkque teve por objetivo incentivar a produção
científica no pós-guerra. Enfatizou a importância da ciência para a comunicação
humana e vislumbrou o memex, [...] um dispositivo futuro para uso individual, um
tipo de arquivo e biblioteca privados mecanizados.
7
(BUSH, 1945, p.10, tradução
nossa). Similar à Otlet, Bush imaginou uma nova tecnologia que possibilitasse o
acesso a informações interconectadas, iniciando uma reflexão sobre o que, anos
mais tarde, seria a rede mundial de computadores e o hipertexto. Isso pode ser
visualizado a partir das principais características do memex, resgatadas do artigo de
Bush:
4
[…] a system simultaneously ordered and self-organizing, and endlessly re-configurable by the
individual reader or writer.
5
OTLET, P. Monde: essai d’universalisme: connaissance du monde, sentiment du monde, action
organisée et plan du monde. Brussels: Editiones Mundaneum, 1935.
6
Everything in the universe, and everything of man, would be registered at a distance as it was
produced. In this way a moving image of the world will be established, a true mirror of his memory.
From a distance, everyone will be able to read text, enlarged and limited to the desired subject,
projected on an individual screen. In this way, everyone from his armchair will be able to contemplate
creation, as a whole or in certain of its parts.
7
[…] a future device for individual use, which is a sort of mechanized private file and library.
23
Consiste de um escritório, análogo a uma mesa de trabalho, com telas, teclado,
botões e alavancas, podendo ser operado a distância;
Possui grande capacidade de armazenamento de informões que poderão ser
consultadas com grande velocidade e flexibilidade;
Suplemento ampliado e íntimo da memória, permitindo interconexões.
Paul Otlet e Vannevar Bush idealizaram o que seria o hipertexto, cujo termo
foi cunhado no início da década de 1960 por Theodore Nelson a partir do projeto
Xanadu (LÉVY, 1993), que influenciou a estrutura textual dinâmica, interativa,
flexível e não-linear da World Wide Web, anos mais tarde. Segundo Le Coadic
(2004, p.59-60),
O que diferencia o conceito de hipertexto das outras formas de
armazenamento eletrônico da informação é a estrutura associativa que
reproduz, muito de perto, a estrutura da memória humana e pode tornar-se
seu complemento íntimo e ampliado. Permite substituir as estruturas
clássicas arborescentes da informação por estruturas mais ricas e mais
complexas, organizadas em redes, mostrando um número infinito de
caminhos, abertos a todas as navegões e interligando múltiplos objetos.
A explosão da informão nos anos 1950 e a importância da disseminação
da produção científica contribuíram para discussões e realização de eventos, dentre
os quais destaca-se a International Conference on Scientific Information, realizada
em 1958 na cidade de Washington. Esse evento marcou a transformão da
Documentação em Ciência da Informão (ROBREDO, 2003).
Desde então, outros eventos apontaram para discussões acerca da Ciência
da Informação, bem como da forte influência das TIC para o novo campo científico.
Em especial, as conferências do Georgia Institute of Technology, realizadas entre
1961 e 1962, apresentaram os primeiros resultados dos trabalhos realizados, a fim
de formular o que seria e do que se trataria efetivamente essa ciência (ROBREDO,
2003).
Harold Borko formulou um dos primeiros conceitos para a Ciência da
Informação a partir das discussões realizadas nessas confencias, com enfoque
nos conceitos apresentados por Taylor (1966
8
):
Ciência da Informação é a disciplina que investiga as propriedades e o
comportamento da informação, as forças que governam o fluxo de
informação e os significados de processamento da informação, visando sua
acessibilidade e usabilidade. Ela es preocupada com esse corpo de
8
TAYLOR, R. S. Professional aspects of information science and technology. In: CUADRA, C. A.
(Ed.) Annual Review of Information Science and Technology. New York: John Willey & Sons,
1966, v.1.
24
conhecimentos relacionados com a origem, coleção, organização,
armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão, transformação e
utilizão da informação. Isto inclui a investigação sobre representação da
informação em sistemas naturais e artificiais, o uso de códigos para a
transmissão eficiente da mensagem, bem como o estudo de dispositivos e
técnicas de processamento da informação como computadores e seus
sistemas de programação. [...] Ela tem tanto um componente de ciência
pura, visto que investiga seu objeto sem considerar sua aplicação, e um
componente de ciência aplicada, visto que desenvolve serviços e produtos.
9
(BORKO, 1968, p.3, tradução nossa).
Essa definição pode ser considerada a base da Ciência da Informação,
apresentando muitos pontos que são abarcados nas pesquisas atuais, como o
comportamento informacional; a gestão dos fluxos informacionais; a comunicação da
informação com utilização de ferramentas tecnológicas, com destaque às formas de
representação da informão e à recuperação da informação; a natureza
interdisciplinar da Ciência da Informação; a abordagem dos sistemas auto-
organizados, consideradas por Borko (1968) um dos focos de investigação da área
dentre outras. Além disso, o comportamento informacional, a usabilidade e a
acessibilidade da informão parecem conferir uma preocupação com os usuários,
os quais devem participar de todos os processos relacionados à produção da
informação e à construção de ambientes informacionais, percepção que será
justificada no decorrer de todo este trabalho.
A partir de uma investigação epistemológica da Ciência da Informação,
Capurro (2003) defende que o campo nasceu com um paradigma físico, questionado
sob um enfoque cognitivo idealista e individualista, posteriormente substituído por
um paradigma pragmático e social, com influência das tecnologias digitais. O autor
reitera que esse último paradigma existia nos predecessores da área, tais quais a
biblioteconomia e a documentação.
O período que compreende desde o pós Segunda Guerra Mundial até os
primeiros anos decorrentes da fundação da Ciência da Informação valorizou o físico
e o sistêmico, herdando uma concepção material e quantitativa do objeto
informação, tendo em vista a influência direta da teoria da informão de Claude
9
Information science is that discipline that investigates the properties and behavior of information, the
forces governing the flow of information, and the means of processing information for optimum
accessibility and usability. It is concerned with that body of knowledge relating to the origination,
collection, organization, storage, retrieval, interpretation, transmission, transformation, and utilization
of information. This includes the investigation of information representations in both natural and
artificial systems, the use of codes for efficient message transmission, and the study of information
processing devices and techniques such as computers and their programming systems. […] It has
both a pure science component, which inquires into the subject without regard to its application, and
an applied science component, which develops services and products.
25
Shannon e Warren Weaver e da cibernética de Norbert Wiener. Isso propiciou o
desenvolvimento de pesquisas com enfoque mecanicista (CAMPOS; VENÂNCIO,
2006).
Na teoria da informação (ou teoria matemática da comunicação) as
mensagens ou sinais o transmitidos, e a informação é quantificada como
uma medida de um repertório de signos colocados à disposição e
escolhidos pelo emissor, que devem, necessariamente, ser (re)conhecidos
pelo receptor. O sentido da informação é desconsiderado para o problema
de engenharia delimitado [...]. (CAMPOS; VENÂNCIO, 2006, p.3-4).
Esse momento da história da Ciência da Informão ou mesmo o paradigma
físico, como denomina Capurro (2003), exclui o sujeito cognoscente do processo
informativo e comunicativo, descartando os aspectos semânticos e pragmáticos da
informação.
A partir da década de 1970, os estudos relacionados à informão foram
direcionados ao paradigma cognitivo, influenciado pela ontologia e epistemologia de
Karl Popper. Nesse momento, a idéia de construção do conhecimento passou a ser
incorporada na literatura, porém os aspectos sociais que participam desse processo
não eram considerados (CAPURRO, 2003; CAMPOS; VENÂNCIO, 2006).
O ponto de vista cognitivo relega os processos sociais de produção,
distribuição, intercâmbio e consumo de informação a um nível numênico,
indicado somente por seus efeitos nas representações de geradores de
imagens atomizadas. A construção social dos processos informativos, ou
seja, a constituição social das “necessidades dos usrios”, dos “arquivos
de conhecimentos” e dos esquemas de produção, transmissão, distribuição
e consumo de imagens, exclui-se, pois, da teoria da biblioteconomia e da
ciência da informação. (FROHMANN, 1995
10
, p.282 apud CAPURRO, 2003,
p.8).
A perspectiva cognitivista cedeu espaço ao paradigma social devido à
importância em se considerar aspectos sociológicos, situacionais, políticos, culturais,
filosóficos, lingüísticos, emocionais, históricos e epistemológicos, direcionando os
estudos a uma visão holística (CAMPOS; VENÂNCIO, 2006).
Esses aspectos estão intensamente presentes em ambientes informacionais,
nos quais não caberia apenas uma abordagem cognitivista, devido à complexidade
nas relações entre os indivíduos e a informação presentes nesses ambientes em
10
FROHMANN, B. Knowledge and power in information science: toward a discourse analysis of the
cognitive viewpoint. In: CAPURRO, R.; WIEGERLING, K.; BRELLOCHS, A. (Ed). Informationsethik.
Konstanz: UVK, 1995. p.273-286.
26
vel social e cultural. Campos e Venâncio (2006, p.8) resgatam a teoria dos
ambientes informacionais de Taylor (1991
11
), afirmando que ela
[...] analisa o ambiente de uso da informação, considerando os
determinantes situacionais dos grupos de trabalho, das classes de
problemas, dos ambientes de trabalho e das soluções de problemas. Na
consideração do ambiente de trabalho são valorizadas suas características
sicas e sociais. Os pressupostos e atitudes comuns que influenciam as
necessidades de informações são úteis para identificar os grupos de
usuários de informação. Os problemas mais freqüentes são diagnosticados
e os modos de solução habitualmente esperados pelos usuários são
investigados, um ponto que revela um distanciamento da perspectiva
tradicional dos sistemas de recuperação de informação, que procuram
soluções a partir do problema delimitado [...]
O contexto dessa investigação considera os indivíduos no contexto social,
conferindo a possibilidade de desenvolvimento de ações em estudos empíricos da
Ciência da Informação, principalmente quando destacamos as TIC como parte
integrante desses estudos.
Em uma outra abordagem, Barreto (2006) apresenta três tempos que
marcam o desenvolvimento da Ciência da Informão: o tempo da gerência da
informação de 1945 a 1980; o tempo da relação informão-conhecimento de 1980
a 1995; e o tempo do conhecimento interativo a partir de 1995 até os dias atuais.
Esses tempos se assemelham aos paradigmas físico, cognitivo e social citados
anteriormente, com algumas diferenças.
O tempo da gestão tinha como foco resolver os problemas relacionados à
explosão informacional no que diz respeito à organização e controle da informação.
Barreto (2006) comenta que o mesmo é feito ahoje, porém, nesse período, esse
era o objetivo principal.
O tempo da relação informão-conhecimento apresenta a importância da
construção do conhecimento nas mentes do receptor, possibilitando ao indivíduo
atribuir sentido à informão. Barreto (2006, p.13) ressalta que, nesse tempo, “[...]
modificou-se a importância relativa da gestão dos estoques da informação
passando-se a apreciar a ão de informão na coletividade”. Percebemos que
há um direcionamento do cognitivismo ao social, por meio de ações de informação.
O tempo do conhecimento interativo tem relação ao ápice da Internet, ou
seja, a criação da World Wide Web por Tim Berners-Lee, lançada em meados dos
11
TAYLOR, R. S. Information use environment. In: DERVIN, B.; VOIGT, M.J. (Ed.). Progress in
Communication Sciences, v 10. New Jersey: Norwood, 1991. p. 217-255.
27
anos 1990, que possibilitou o uso popular e a comunicação entre pessoas sem
barreiras de tempo e espaço.
Desse modo, vemos que a Ciência da Informação se desenvolveu com o
objetivo de resolver os problemas relacionados à informação. Esses problemas
atuam em vários níveis, afetam indivíduos e sociedade e estão intrinsecamente
relacionados à evolução das TIC e a outras disciplinas e campos de estudo.
Saracevic (1996) aponta como principais características da Ciência da
Informação: sua natureza interdisciplinar; a importância das TIC para a área; e sua
participação efetiva, em conjunto a outros campos, na evolão da sociedade da
informação.
Com relação à interdisciplinaridade, Borko (1968) apresenta algumas áreas
as quais a Ciência da Informação apresenta interfaces, como a matemática, a lógica,
a linguística, a psicologia, a ciência da computação, a engenharia de produção, as
artes gráficas, a comunicação, a biblioteconomia, a administração entre outros.
Saracevic (1996, p.48) argumenta sobre a necessidade da interdisciplinaridade da
Ciência da Informão:
Os problemas básicos de se compreender a informação e a comunicação,
suas manifestações, o comportamento informativo humano e os problemas
aplicados ligados ao "tornar mais acessível um acervo crescente de
conhecimento", incluindo as tentativas de ajustes tecnológicos, não podem
ser resolvidos no âmbito de uma única disciplina. [...] Problemas complexos
demandam enfoques interdisciplinares e soluções multidisciplinares.
A interdisciplinaridade recorrente da área permite uma flexibilidade às
pesquisas quanto ao desenvolvimento de seus aspectos teóricos e práticos.
Entretanto, Gomes (2001) alerta para uma reflexão sobre a delimitação de fronteiras
disciplinares da Ciência da Informação, argumentando que, sem uma base esvel
que delimite seu campo teórico e prático, não se estabelecerá como disciplina. A
autora argumenta que uma necessidade de se estabelecer limites para
compreender efetivamente seu diálogo interdisciplinar.
No que diz respeito ao segundo apontamento de Saracevic (1996) sobre a
Ciência da Informação, relacionado à importância das TIC, constatamos que é
necessário considerá-las como um dos objetos de estudo teórico da área e não
apenas como ferramentas de aplicação, como ainda são abordadas atualmente em
grande parte das pesquisas. Santos e Vidotti (2009) defendem essa perspectiva,
pois a proposta para investigação das Tecnologias de Informão e Comunicação,
ao traçar um paralelo com a Organizão da Informão,
28
[...] tem seu olhar enriquecido pela ênfase nos processos de ajustes
estruturais, tecnológicos e culturais para com o sujeito em seu meio
informacional. É um olhar direcionado para a trama complexa das relações
em rede, sem a presença necessária de um líder ou de um centro
organizador fixo, que aponta para a relevância das interações que se
estabelecem.
O entendimento dos ambientes informacionais digitais, com sujeitos
psicossociais autônomos conectados em rede, requer estudos
interdisciplinares que resguardem a complexidade e a riqueza informacional
que os constitui. É também nesse sentido que as Tecnologias de
Informação e Comunicação vão além de ferramentas. (SANTOS; VIDOTTI,
2009, p.7).
As TIC estão fortemente inseridas na sociedade por meio da cultura
individual e coletiva e das diversas possibilidades que permitem a comunicação
humana, bem como a produção e o acesso às informões pelos indivíduos. Freire
(2006) também entende que as TIC o são apenas instrumentos técnicos no
contexto da sociedade contemporânea, pois tamm estão relacionadas ao
potencial cognitivo e cultural do ser humano.
A criação de ambientes informacionais digitais considera todos os aspectos
envolvidos, desde as influências contextuais que atuam em um tempo e espaço
definidos até os envolvidos diretos, tais como pessoas, cultura, comportamento,
sendo que existe sempre um cenário tecnológico e ferramentas tecnogicas
envolvidas que permitirão a construção e o compartilhamento do conhecimento em
um nível atemporal e não espacial.
Nessa perspectiva, percebemos que há uma inter-relação entre ser humano,
tecnologia e sociedade e devem atuar conjuntamente sob uma ótica holística,
diferentemente do que verificamos nas pesquisas que, na maioria das vezes, focam
mais os sistemas de informação e o uso quantitativo da informação que o
comportamento dos usuários e o reflexo social da informação no contexto das TIC.
Quanto à participação da Ciência da Informação na evolução da sociedade
da informação, destacamos a importância da ação. Wersig (1993) caracteriza a
Ciência da Informação como ciência pós-moderna devido à mudança do papel do
conhecimento para os indiduos, organizações e culturas com o passar do tempo.
Considera que informão é conhecimento para ação, o que indica a importância da
ão perante a complexidade existente na relação entre indivíduos, sociedade e
tecnologias.
29
Ilharco (2003) trata a ação sob a perspectiva da Filosofia da Informação,
investigação iniciada pelo filósofo italiano Luciano Floridi. Segundo o autor, a
filosofia da informação
[...] se dedicaria ao estudo do fenómeno da informação, enquanto
fundamento da acção, da comunicação e da decisão, e, também, como
manifestação primária e fundamental que parece estar a marcar a nossa
época, a qual, sintomaticamente, é referida por ‘sociedade da informação.
(ILHARCO, 2003, p.9).
O contexto de atuação dessa nova investigação é a atual sociedade da
informação, que esintensamente se desenvolvendo por meio das TIC, as quais
assumiram um caráter inovador e estratégico na gestão de fluxos informacionais. À
tríade dados, informão e conhecimento, Ilharco (2003) acrescenta a “acção”,
possibilitando a reflexão de que há uma continuidade nesse fluxo e que esta,
portanto, está intimamente relacionada à tomada de decisões.
Desse modo, a relação entre informão, conhecimento, indivíduos,
sociedade e tecnologia também é investigada sob uma ótica pragmática. E é nesse
contexto em que os ambientes informacionais digitais devem ser constrdos,
atribuindo igual importância ao pensar (planejamento) e ao fazer (ação).
Em uma abordagem recente da Ciência da Informação, destacamos o
pesquisador israelense Chaim Zins (2007), que destaca os aspectos mediadores
que permitem a interação de indivíduos, sociedade e tecnologia em vel de
conhecimento objetivo (ou conhecimento universal), como sinaliza em sua definição
para Ciência da Informão.
Ciência da informação é o estudo de perspectivas mediadoras do
conhecimento humano universal (conhecimento humano no domínio
universal). As perspectivas mediadoras incluem aspectos cognitivos, sociais
e tecnológicos e condições que facilitam a disseminação do conhecimento
humano do autor para o usuário
12
. (ZINS, 2007, p.339, tradução nossa).
Diante da investigação de algumas percepções a respeito da Ciência da
Informação, concluímos que a tríade indivíduos-tecnologia-sociedade atua
fortemente em pesquisas sobre informão e conhecimento desde antes mesmo de
a área se estabelecer como campo de investigação. É nessa perspectiva que se
delineia a construção de ambientes informacionais digitais.
12
Information science is the study of the mediating perspectives of universal human knowledge (i.e.,
human knowledge in the universal domain). The mediating perspectives include cognitive, social, and
technological aspects and conditions, which facilitate the dissemination of human knowledge from the
originator to the user.
30
Primeiramente, é preciso entender que um ambiente informacional pode
existir fisicamente, como uma biblioteca ou um centro de documentação, ou no meio
digital, como um web site comercial ou um repositório digital. Além disso, o termo
“ambiente informacional” remete a uma abordagem holística, em que se enfatiza a
existência de pessoas, tecnologias, informação, cultura, comportamento, geso e
sociedade, como abordado anteriormente.
No entanto, observamos que as pesquisas sobre ambientes informacionais
digitais limitam os estudos aos fluxos informacionais, à disponibilizão de produtos
e serviços pelas organizações, ao uso do ambiente e às tecnologias empregadas.
Percebemos, ainda, que pouco é explorado sobre: a importância dos usuários na
construção de ambientes informacionais digitais, antecedendo a definição de
aspectos formais e conteúdo de interfaces; queses relacionadas à cultura e ao
comportamento informacional dos usuários; e a contribuição do que é desenvolvido
nesse ambiente para a sociedade.
Nesse trabalho, damos enfoque a um tipo de ambiente informacional, os
repositórios digitais, buscando atribuir maior importância aos usuários em sua
construção, bem como contribuir com a sociedade com a preservação da memória
de uma instituão e de um grupo etário específico. Para isso, buscamos respaldo
em estudos que auxiliam na reflexão dessas questões, quais sejam a Arquitetura da
Informação, a Usabilidade, a Acessibilidade e o Comportamento Informacional.
A Arquitetura da Informão pode ser considerada a disciplina principal, que
permite a construção de ambientes informacionais digitais que considerem as
necessidades informacionais e organizacionais de seus produtores em consonância
às necessidades de seus usrios, e que contemplem as dimensões contexto,
conteúdo informacional e uso (ROSENFELD; MORVILLE, 1998). Além disso,
considera as infra-estruturas tecnológica e informacional para direcionar a
construção do ambiente. A Usabilidade, a Acessibilidade e o Comportamento
Informacional podem atuar como sub-disciplinas.
O Comportamento Informacional permite o levantamento das necessidades
informacionais e fontes de informão mais utilizadas pelas pessoas e o estudo do
comportamento de busca e uso da informação, auxiliando na construção da
Arquitetura da Informação do ambiente informacional digital, com foco em seus
usuários potenciais.
31
A Usabilidade, por sua vez, permite avaliar a interface constantemente com
o objetivo de identificar problemas que dificultam o uso do ambiente. Além disso,
direciona a realizão de mudanças a partir da identificação de novas necessidades
informacionais de produtores e usrios.
Por fim, a Acessibilidade contribui para a inclusão de elementos que
propiciam facilidade de acesso de todos os possíveis usuários existentes dentro do
público-alvo estabelecido.
O capítulo seguinte discute sobre os repositórios digitais e como esses
estudos podem ser aplicados a esse tipo de ambiente informacional digital,
considerando a preocupação em alinhar seres humanos (indivíduos e sociedade) e
tecnologia em um plano de equilíbrio no contexto das pesquisas científicas
relacionadas à informão e tecnologia.
32
3 REPOSITÓRIOS DIGITAIS
A comunicação científica vem se transformando ao longo dos últimos anos
devido à inovação tecnológica que trouxe novas possibilidades de disseminação da
produção científica. As publicações eletrônicas proporcionam maior visibilidade ao
conhecimento científico quando comparadas às tradicionais publicações impressas
(CAFÉ; LAGE, 2002) por conta de uma infinidade de recursos que facilitam
sobremaneira a recuperação e o acesso às informões.
Contudo, o mercado editorial ainda dificulta o acesso a parte das
publicações científicas, mesmo que eletrônicas, quando cobra altos preços pelas
assinaturas, prejudicando bibliotecas, instituições de ensino e pesquisa, bem como
os pesquisadores que apenas objetivam divulgar suas produções científicas e pouco
ganham com esse mercado (CAFÉ; LAGE, 2002).
[...] raramente os pesquisadores visam o lucro econômico quando publicam
suas pesquisas em publicações científicas. Os objetivos estão muito mais
voltados a divulgar seus trabalhos para obter reconhecimento profissional,
influência e prestígio junto à sua comunidade, e, principalmente, contribuir
para o desenvolvimento da ciência, disseminando o conhecimento. (CAFÉ;
LAGE, 2002, p.2).
Refletindo sobre essas questões, um grupo de pesquisadores europeus e
norte-americanos instituiu a Iniciativa dos Arquivos Abertos (Open Archives Initiative
- OAI
13
), por meio de um encontro realizado em Santa Fé, Novo México, em outubro
de 1999 (WEITZEL, 2006; CAFÉ; LAGE, 2002), objetivando “[...] desenvolver e
promover a implantação e a disseminação dos conteúdos de arquivos de eprint,
chamados arquivos abertos.” (CAFÉ; LAGE, 2002, p.5).
Isso ocorreu devido a várias iniciativas anteriores como o ArXiv
14
, o
GogPrints
15
, a Perseus Digital Library
16
e a Physnet
17
, que surgiram como um meio
de compartilhamento de resultados de pesquisas, de relatórios de pesquisa, de
trabalhos ainda não revistos por pares entre outros.
A OAI se dedica a solucionar problemas relacionados à interoperabilidade
entre esses repositórios de arquivos abertos, a fim de ampliar o acesso às
13
Disponível em: <http://www.openarchives.org/>. Acesso em: 15 dez. 2009.
14
Disponível em: <http://arxiv.org/>. Acesso em: 15 dez. 2009.
15
Disponível em: <http://cogprints.org/>. Acesso em: 15 dez. 2009.
16
Disponível em: <http://www.perseus.tufts.edu/hopper/>. Acesso em: 15 dez. 2009.
17
Disponível em: <http://de.physnet.net/PhysNet/>. Acesso em: 15 dez. 2009.
33
publicações científicas e acadêmicas (VAN DE SOMPEL; LAGOZE, 2000; CAFÉ;
LAGE, 2002).
Na convenção de Santa Fé tamm foi estabelecida a distinção entre
provedores de dados (data providers) e provedores de serviços (service providers)
(WEITZEL, 2006). De acordo com Van de Sompel e Lagoze (2000), um provedor de
dados gerencia arquivos de eprint, fornecendo mecanismos para submissão de
documentos, armazenamento a longo prazo, bem como permite que provedores de
serviços coletem seus dados. Um provedor de serviços, por sua vez, é aquele que
cria serviços para o usuário final com base nos dados armazenados em arquivos de
epint dos provedores de dados.
A coleta automática de metadados (metadata harvesting) de provedores de
dados pelos provedores de serviços é esquematizada na Figura 1 que segue.
Figura 1: Provedores de dados e provedores de servos.
Fonte: Kuramoto (2005, p.9).
Os cilindros menores acima representam os provedores de dados e os
maiores, abaixo, os provedores de serviços. O protocolo Open Archives Initiative
Protocol for Metadata Harvesting (OAI-PMH) permite a coleta de dados
esquerda), bem como de serviços agregadores direita), os quais tamm são
provedores de serviços e podem intermediar o processo de coleta de metadados. A
adoção do padrão Dublin Core pela OAI beneficiou as soluções para promover a
interoperabilidade (WEITZEL, 2006).
Além da interoperabilidade, outro conceito embutido na filosofia dos Arquivos
Abertos é o de auto-arquivamento (self-archiving), que busca “[...] minimizar as
34
conseqüências provocadas pelo controle editorial, pela revisão severa entre os
pares e pela reserva dos direitos autorais” (CAFÉ; LAGE, 2002, p.4).
Com base na definição do site Open Access and Institutional Repositories
with EPrints
18
, inferimos que o auto-arquivamento implica no depósito de um
documento digital em um ambiente informacional de acesso blico,
preferencialmente em repositório compilado para o protocolo OAI. No processo de
submissão, é informado um conjunto de metadados e, por fim, o documento é
anexado ao repositório ou mesmo é indicada a URL em que o documento se
encontra (CAFÉ; LAGE, 2002).
Café e Lage (2002, p.6-7) acrescentam que
Uma das grandes preocupações dos cientistas no que se refere ao auto-
arquivamento consiste na qualidade dos trabalhos submetidos ao
repositório. É importante salientar que a revio pelos pares continua a
ocupar seu papel essencial no controle do material publicado.
Em dezembro de 2001, foi consolidada a Budapest Open Access Initiative
(BOAI) durante um encontro promovido pelo Open Society Institute (OSI)
19
em que
participaram vários representantes de instituições que apóiam o acesso livre (open
access) à literatura científica. “[...] ela pretende uma reorganização do sistema de
publicações, baseada em conceitos mais democráticos de acesso ao conteúdo.”
(CAFÉ; LAGE, 2002, p.9).
Os repositórios digitais surgem como uma das estratégias adotadas pela
Iniciativa dos Arquivos Abertos e pelo Movimento de Acesso Livre como
instrumentos de ação política, ocupando um importante papel na discussão sobre os
direitos autorais e promovendo maior impacto da C&T nos âmbitos científico,
tecnológico e social (FERREIRA, 2008).
Conceitualmente, para Weitzel (2006, p.139),
Um repositório digital é um arquivo digital que reúne uma coleção de
documentos digitais. Os repositórios digitais que adotam o modelo OAI, isto
é, que adotam o protocolo OAI-PMH (Open Archives Initiative – Protocol for
Metadata Harvesting), compartilham os mesmos metadados, tornando seus
conteúdos interoperáveis entre si.
Seguindo a mesma linha conceitual, Viana, rdero Arellano e Shintaku
(2006, p.3) entendem repositório digital como
[...] uma forma de armazenamento de objetos digitais que tem a capacidade
de manter e gerenciar material por longos períodos de tempo e prover o
acesso apropriado. Essa estratégia foi possibilitada pela queda de preços
18
Disponível em: <http://www.eprints.org/>. Acesso em: 16 dez. 2009.
19
Disponível em: <http://www.soros.org/>. Acesso em: 16 dez. 2009.
35
no armazenamento, pelo uso de padrões como o protocolo de coleta de
metadados (OAI-PMH), e pelos avanços no desenvolvimento dos padrões
de metadados que dão suporte ao modelo de comunicação dos arquivos
abertos.
Tipologicamente, os repositórios digitais podem ser institucionais ou
temáticos. Os repositórios institucionais objetivam o armazenamento, a preservação
e a disseminação da produção intelectual de uma instituição, enquanto que os
repositórios temáticos dizem respeito à produção intelectual de uma disciplina ou
área do conhecimento (COSTA; LEITE, 2006).
Ferreira (2008, p.129-130, grifo nosso) apresenta alguns pontos de vista
relacionados às principais caractesticas dos repositórios digitais:
Ponto de vista tecnológico: mecanismo de recuperação
contextualizada dos conteúdos em regime de acesso aberto; padrões
de organização, gerenciamento e publicação de conteúdos digitais
(metadados normalizados); garantia de preservação digital dos
conteúdos (memória da prodão científica); interoperabilidade com
sistemas conneres, por meio do protocolo OAI/PMH;
Ponto de vista gerencial: sistema de gestão mediante integração com
outros serviços; regras, normas e padrões para armazenamento,
preservação, divulgação e acesso da produção científica;
Ponto de vista científico: validação das autorias e qualificações
correspondentes; incremento da visibilidade; estatuto, imagem e valor
público da instituição, servindo como indicador tangível de qualidade e
demonstrando a relevância científica, econômica e social das atividades
de pesquisa e de ensino da comunidade científica. Ainda atua no
controle e preservação da memória institucional;
Ponto de vista legal: preservação dos direitos autorais em longo prazo:
auto-arquivamento; complementação ao acesso aberto descrito e
autorizado pelos editores de revistas via verde
20
;
Ponto de vista de conteúdo: materiais em distintas fases de
publicação (preprints, post-prints e materiais publicados internamente);
materiais total ou parcialmente abertos; revisados por pares ou não;
inúmeros suportes (vídeos, filmes, textos, multimídia, fotos); distintos
formatos (como ppt, pdf, txt e jpeg, entre outros); diversidade de tipos
de documentos (artigos, livros, documentos de eventos, teses e
dissertações, materiais didáticos, etc.);
Ponto de vista social: participação efetiva e eficiente na reestruturação
da comunicação, possibilitando à comunidade científica reassumir o
controle da produção acadêmica, aumentando sua visibilidade e
possibilidade de maior inserção social.
No Brasil, especificamente, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT) vem desenvolvendo estudos e versões em português de
softwares que permitem o gerenciamento de periódicos científicos, anais de eventos
e teses e dissertações. Para Weitzel (2006, p.137), as ões do IBICT “[...] têm por
20
Via verde refere-se à “[...] situação em que a revista aceita que o autor deposite o artigo que está
publicando num repositório institucional e/ou temático, ou mesmo em páginas web pessoais dos
autores”. Enquanto que via dourada refere-se à “[...] revista que já nasce totalmente de acesso
público e aberto”. (SOUTO; OPPENHEIM, 2008, p.140).
36
finalidade apoiar iniciativas internacionais e promover no ps a transição da
comunicação científica baseada em papel para o formato digital”.
No que diz respeito aos repositórios digitais, o IBICT tem investigado o
software DSpace
21
e vem assessorando instituições que implementam seus
repositórios digitais com a utilização desse software.
O Dspace foi desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT)
em colaboração com a Hewlett Packard Corporation (HP) e, segundo Viana,
Márdero Arellano e Shintaku (2006), é o software mais utilizado internacionalmente
para a construção de reposirios institucionais, devido sua facilidade de
gerenciamento. Os documentos são organizados em comunidades e coleções,
possibilitando atender às necessidades de uma instituição.
Ele utiliza o protocolo de comunicação da Iniciativa dos Arquivos Abertos
OAI-PMH versão 2.0 como provedor de dados. Além disso, para assegurar a
preservação dos documentos submetidos ao repositório digital, o DSpace cria
identificadores persistentes para cada item, coleção e comunidade armazenada no
sistema, por meio do Corporation for National Research Initiatives CNRI Handle
System
22
(IBICT, 2009).
Dentre as características desse software, destacam-se:
a) ser um software livre, b) sua arquitetura de software é simples e
eficiente, c) uso de tecnologia de ponta, d) direcionado para o acesso
aberto, e e) intencionalmente implementado para servir de repositório
institucional. No Dspace os dados estão organizados de forma a refletir
a estrutura da instituição e se organizam em coleções. (VIANA;
MÁDERO ARELLANO; SHINTAKU, 2006, p.9).
Desse modo, o DSpace possibilita a construção facilitada de repositórios
institucionais a partir de planejamento de conteúdos e elaboração de política interna
para submissão e acesso de acordo com as necessidade da instituição promotora.
Além disso, por se tratar de um software de código aberto, pode ser customizado
para ampliar as condições de usabilidade e acessibilidade do repositório digital,
visando satisfazer as necessidades do público-alvo.
No que diz respeito aos tipos de documentos, o DSpace pode armazenar
artigos científicos, preprints, relatórios e projetos de pesquisa, trabalhos em eventos,
livros, teses e dissertações, programas de computador, modelos para visualização e
simulação, publicações multimídia, registros administrativos, versões de livros
21
Disponível em: <http://www.dspace.org/>. Acesso em: 05 jan. 2009.
22
Disponível em: <http://www.handle.net/>. Acesso em: 20 dez. 2009.
37
publicados, notícias de jornais, bases de dados bibliográficas, imagens, arquivos de
áudio e vídeo, coleções de bibliotecas digitais, material de ensino, páginas Web
entre outros, contemplando, assim, os mais variados formatos de arquivo (IBICT,
2009).
Ferreira (2007) aponta para a importância do desenvolvimento de políticas
institucionais para gerenciamento do conteúdo do repositório institucional. Viana e
Márdero Arellano (2006) apresentam algumas políticas que podem ser definidas e
implementadas, relacionadas: aos direitos autorais; ao depósito e à submiso de
documentos; ao acesso à informão; ao engajamento de pesquisadores e autores;
aos editores e revisores; à preservação digital; ao envolvimento dos stakeholders
23
;
aos centros e departamentos da instituição; à atuação dos responsáveis pelo
repositório institucional; àquelas implementadas em âmbito internacional.
Nesta pesquisa, optamos pela utilizão do software Dspace para a
construção de um repositório institucional, demonstrando a importância de utilizar
um software livre no contexto da universidade pública.
Enfocamos a investigação da Arquitetura da Informão, Usabilidade,
Acessibilidade e Comportamento Informacional, contribuindo para que esse
ambiente informacional digital seja planejado e construído tendo como base as
necessidades institucionais e as necessidades dos usuários, visando facilidades de
acesso e uso da interface.
As subseções que seguem são destinadas a discutir sobre esses estudos.
3.1 Arquitetura da Informação
O arquiteto Richard Saul Wurman foi o primeiro a utilizar a expressão
‘Arquitetura da Informação’, em 1976, ao presidir uma conferência organizada pelo
Instituto Americano de Arquitetos. Wurman refletiu sobre esse novo termo
baseando-se em sua formação e preocupando-se com a quantidade e variedade de
informações e de como reuní-las, organizá-las e apresentá-las (LIMA-MARQUES;
MACEDO, 2006).
23
Stakeholder: é qualquer ator (pessoa, grupo, entidade) que tenha uma relação ou interesses
(diretos ou indiretos) com ou sobre a organização.” (FREITAS; QUINTANILLA; NOGUEIRA, 2004,
p.96)
38
Anos mais tarde, Wurman (1991) comentaria sobre um dos sentimentos
envolvidos na sociedade atual, a ansiedade de informão, que es atrelada à
preocupão em organizar a grande quantidade de informações decorrente da
explosão informacional. É importante ressaltar que o autor não restringe sua
preocupão às informações registradas em um suporte informacional, o que
permite ampliar as possibilidades de estudos relacionados à Arquitetura da
Informação quando aplicada em ambientes informacionais. Embora os acervos
informacionais sejam passíveis de recuperação, o contexto cognitivo, cultural e
social dos indivíduos devem ser considerados em um projeto de AI.
Desde Wurman, a Arquitetura da Informação foi amplamente discutida em
seu princípio básico de criação de mapas estruturados e organizados para facilitar o
acesso das pessoas às informações. Isso pode ser percebido na abordagem de
Davenport e Prusak (1998) que incluem a Arquitetura da Informação como um dos
elementos em um ambiente informacional empresarial, visando facilitar o acesso a
informações dispersas nas organizações.
Porém, o avanço dos estudos relacionados à Arquitetura da Informação
deve-se aos bibliotecários Louis Rosenfeld e Peter Morville que, em 1998,
publicaram a obra Information Architecture for the World Wide Web, iniciando uma
investigação sobre a estruturação e a organização de informações na Web. Desde
então, os estudos avançaram e a prática passou a ser considerada importante em
projetos de ambientes informacionais digitais. Esses autores apresentam quatro
conceitos para Arquitetura da Informão:
1. O desenho estrutural de ambientes informacionais compartilhados;
2. A combinação de sistemas de organização, rotulagem, busca e
navegação em web sites e intranets;
3. A arte e ciência de estruturar produtos de informação e experiências
que permitam usabilidade e encontrabilidade;
4. Uma disciplina emergente e comunidade de prática focada em trazer
princípios de desenho e arquitetura para o ambiente digital.
24
(MORVILLE; ROSENFELD, 2006, p.4, tradução nossa).
O conjunto de conceitos apresentado pelos autores é bastante abrangente.
Podemos notar que eles se preocupam com a usabilidade dos ambientes
24
1. The structural design of shared information environments.
2. The combination of organization, labeling, search, and navigation systems within web sites and
intranets.
3. The art and science of shaping information products and experiences to support usability and
findability,
4. An emerging discipline and community of practice focused on bringing principles of design and
architecture to the digital landscape.
39
informacionais digitais. Vidotti, Cusin e Corradi (2008, p.182) apresentam um
conceito para AI no contexto da Ciência da Informação, englobando a usabilidade e
a acessibilidade:
Arquitetura da Informação enfoca a organização de conteúdos
informacionais e as formas de armazenamento e preservação (sistemas de
organizão), representação, descrição e classificação (sistema de
rotulagem, metadados, tesauro e vocabulário controlado), recuperação
(sistema de busca), objetivando a criação de um sistema de interação
(sistema de navegação) no qual o usuário deve interagir facilmente
(usabilidade) com autonomia no acesso e uso do conteúdo (acessibilidade)
no ambiente hipermídia informacional digital.
Os conceitos apresentados enfocam diferentes perspectivas, porém são
convergentes e complementares. Acrescentamos ainda que a Arquitetura da
Informação pode ser considerada um campo de estudo, como sugere Camargo
(2010), que possui interdisciplinaridade direta com a Biblioteconomia, a Psicologia, a
Engenharia de Software, as Ciências Sociais, a Educação, a Ciência da
Computação, o Ergodesign, as Ciências Cognitivas, a Ciência da Informão entre
outros (AGNER, 2006).
Para Batley (2007), mesmo diante da complexidade que os estudos em AI
adquiriram com o passar do tempo, alguns autores ainda a consideram como
sinônimo de taxonomia. Uma taxonomia organiza informação e conhecimento em
um caminho significativo e, uma vez construída, permite aos usuários o acesso à
informação estruturada e armazenada, que é tanto buscável quanto navegável. Na
perspectiva desse trabalho, a taxonomia é considerada um dos focos de
investigação da AI.
Garrett (2000; 2003), por exemplo, considera a AI como um dos elementos
de experiência do usuário, como apresenta a Figura 2 que segue.
40
Figura 2: Os elementos da experiência do usuário.
Fonte: Garrett (2000 apud MACEDO, 2005, p.119).
O autor parece ter a mesma percepção que Wurman tinha quando pensou
sobre arquitetura da informão, ou seja, relacionada à estruturação e à organização
de espaços de informação para facilitar o acesso intuitivo aos conteúdos. Porém, a
complexidade de sua abordagem abarca elementos que acreditamos ser os focos de
investigação da AI, contemplando desde as necessidades do usuário e objetivos do
site até o design visual, perpassando pela definição do conteúdo informacional.
Batley (2007) comenta que a Arquitetura da Informação não se relaciona
apenas com a criação de estruturas, mas também com a funcionalidade contida
nelas. Para a autora, a arquitetura fornece a estrutura e a informação determina a
funcionalidade.
As teorias funcionalistas foram difundidas após a Primeira Guerra Mundial e
influenciaram fortemente o desenho industrial e a arquitetura tradicional, definindo
uma nova arquitetura, a arquitetura moderna ou modernista, cuja principal
característica é o utilitarismo. Pratschke (2005), em uma abordagem sobre a
aplicação da arquitetura em ambientes virtuais, argumenta que os espaços virtuais
não devem ter o funcionalismo como ponto de partida e sim permitir que os
ambientes virtuais atuem como espaços criativos.
Em uma linha de pensamento similar, Lara Filho (2003, p.8) comenta que
41
As formas de organizão devem ser respaldadas por objetivos e cabe aos
arquitetos da informação propor caminhos que, sem perder de vista o
emitente, façam sentido para os usuários, considerem as diferenças e os
locais, explorem as múltiplas possibilidades do hipertexto, e evitem o uso de
sistemas altamente estruturados.
A Arquitetura da Informão possui o funcionalismo em sua base,
proveniente da própria prática arquitetônica moderna. Porém, com a evolução dos
estudos; com a tendência de aplicação da AI em tecnologias como celulares, palms,
TV Digital; e com o novo paradigma dos ambientes colaborativos da Web 2.0, é
possível repensar essas questões e refletir sobre novos elementos que permitam
aos usuários maior liberdade na interação com a interface digital.
No que diz respeito às relações entre a Ciência da Informação e a
Arquitetura da Informação, Batley (2007) considera dois aspectos principais: o
primeiro se refere à gestão da informação e seus elementos essenciais, quais sejam
a indexação, a catalogação e a classificação, responsáveis pela representação e
organização da informão; o segundo se refere ao design de sistemas de
informação, com foco nas necessidades dos usuários e na criação de interfaces
intuitivas.
A autora comenta que os profissionais da informão aplicam a
Arquitetura da Informação, principalmente com relação à encontrabilidade
(findability) (MORVILLE, 2005). Argumenta que o foco da capacitação dos
profissionais da informação é aumentar a possibilidade dos usuários em encontrar a
informação, por meio da representação e da organizão da informão e
fornecendo ferramentas e assistência para promover sua encontrabilidade.
Tosete Herranz e Rodríguez Mateos (2004) comentam sobre a teoria e a
prática da AI:
Por um lado a AI é uma disciplina fundamentalmente prática orientada
acerca dos processos de criação dos sites. Com o trabalho do dia a dia,
tem-se perfilando um conjunto de métodos, técnicas e ferramentas que
guiam e facilitam sua produção (avaliação heurística, testes de usabilidade,
estudos de mercados, criação de cerios e perfis de usuários [...])
Em contrapartida, existe um grande corpo teórico de conhecimentos sobre o
design de sites. A AI se ocupa de sua sistematização, encarregando-se de
estudar, avaliar e propor princípios e pauta relativos à sua criação
25
.
25
Por un lado la AI es una disciplina fundamentalmente práctica orientada hacia los procesos de
creación de las sedes. Con el trabajo del día a día se han ido perfilando un conjunto de métodos,
técnicas y herramientas que guían y facilian su produccíon (evaluación heurística, tests de usabilidad,
estudios de mercados, creación de escenarios y perfiles de usuarios [...]
Por otra parte, existe un gran corpus teórico de conocimientos sobre el diseño de webs. La AI se
ocupa de su sistematización, encargándose de estudiar, evaluar y proponer principios y pautas
relativos a su creación.
42
(TOSETE HERRANZ; RODGUEZ MATEOS, 2004, p.206, tradução
nossa).
A prática da arquitetura da informão para ambientes informacionais
digitais tem-se alicerçado às propostas de métodos, cnicas, processos e
elementos que compõem sua teoria, somados aos respaldos teóricos e
metodológicos provenientes, em especial, da Ciência da Informação, da Ciência da
Computação, das Ciências Cognitivas e das Ciências Sociais, com enfoque em
aspectos informacionais, tecnológicos, cognitivos e sociais, respectivamente.
Para Camargo e Vidotti (2006, p.105), a construção de ambientes
informacionais digitais
[...] envolve coleções de documentos digitais em vários formatos, mídia e
conteúdo, associados a componentes de hardwares e softwares que
operam em conjunto através de diferentes formatos de dados e algoritmos,
várias pessoas, comunidades e instituições com diferentes objetivos,
política e cultura.
Produtores e usuários participam ativamente da construção de ambientes
informacionais digitais: os produtores (indivíduos e organizações) disponibilizam no
ambiente Web informações sobre os mesmos, criando sua identidade virtual, o que
possibilita seu espo de contatos e seu conhecimento pelos usuários que deseja
atingir; os usuários, por sua vez, utilizam os recursos que os ambientes de
informação oferecem a partir de suas necessidades e objetivos, e têm o controle
sobre a escolha de acessar ou não determinada informão.
Para que a construção desses ambientes informacionais ocorra de maneira
efetiva e satisfatória, deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar (LARA
FILHO, 2003). Entretanto, o arquiteto da informão, enquanto profissional, deve
conhecer todo o trabalho de sua equipe e não apenas focar-se na estrutura
organizacional, mas tamm em avaliações de usabilidade, na construção efetiva de
ambientes Web entre outras atividades.
Um arquiteto da informação deve, portanto, ser hábil em desenvolver
estruturas de informação direcionadas a contextos específicos; descrever o
conteúdo e as facilidades de interação entre sistemas de comunicação
mediados por computadores; definir a organização, navegação, rotulação e
sistemas de busca; aplicar princípios de desenhos interativos centrados no
usuário para desenvolvimento de processos; definir parâmetros de
usabilidade e adequação em seu contexto-alvo; planificar mudanças e
crescimento; compreender social e culturalmente efeitos do sistema de
informação e sua implementação; além de desenvolver novos neros de
dia. (LIMA-MARQUES; MACEDO, 2006, p.247).
43
Na perspectiva de Morville e Rosenfeld (2006), o desenvolvimento de um
projeto da AI de um ambiente informacional digital perpassa cinco fases: pesquisa,
estratégia, design, implementação e administração.
Enfocamos a fase da pesquisa que pode ser entendida como a base do
processo de desenvolvimento, pois é nesse momento que os vários elementos
presentes no ambiente informacional são analisados, correspondendo às dimenes
contexto, conteúdo e uso (MORVILLE; ROSENFELD, 2006).
O contexto se refere aos aspectos intrínsecos à organização promotora do
ambiente informacional digital, como missão, objetivos, políticas, cultura
organizacional e informacional, comportamento organizacional e informacional,
tecnologias disponíveis, recursos humanos, necessidades e competências
informacionais do público-alvo entre outros (MORVILLE; ROSENFELD, 2006).
O conteúdo se refere aos documentos armazenados e ao seu tratamento,
perpassando a representação, a organizão, o armazenamento e a preservação da
informação (MACEDO, 2005).
O uso, por sua vez, se refere a estudos de comportamento de busca de
informação, necessidades e experncias dos usrios, usabilidade da interface,
entre outros aspectos (MORVILLE; ROSENFELD, 2006).
Essa fase pode ser considerada ampla e trabalhosa, porém possibilita o
entendimento da ecologia da informação por meio de uma análise holística,
contribuindo para que o ambiente informacional digital reflita os interesses e
necessidades de produtores e usuários.
Nesse momento, passamos a discutir sobre a Arquitetura da Informão
aplicada em repositórios digitais. De acordo com Camargo e Vidotti (2008, p.2),
Os repositórios digitais oferecem visibilidade para a instituição,
interoperabilidade de dados, controle e armazenamento da produção
científica, preservação da informação a longo prazo, auto-arquivamento,
acesso livre, minimização de custos de publicação, entre outras vantagens.
Entretanto, esses ambientes são recentes no Brasil e ainda necessitam de
estudos e análises para aperfeiçoamento [...]
Para esse aperfeiçoamento, as autoras consideram importante o estudo da
Arquitetura da Informação aplicado a esses ambientes específicos, com enfoque à
usabilidade e à acessibilidade.
Um repositório digital construído por meio do DSpace, foco desse trabalho,
possui uma interface padrão que é obtida após instalação e configuração do
software. Consideramos que esse padrão possui uma Arquitetura da Informão
44
embutida, por se tratar de um ambiente informacional que possui recursos para o
tratamento do conteúdo informacional. Além disso, consideramos que previamente
existiu uma necessidade institucional que impulsionou a ão de escolha e
instalação do sistema.
Com o uso do ambiente após sua instalação, os elementos formais e o
conteúdo da interface começam a ser modificados de acordo com os interesses de
produtores e usuários.
Os elementos formais e o conteúdo da interface podem ser customizados por
meio de alterações nosdigos de programação do DSpace, o qual foi desenvolvido
em linguagem Java.
A incorporação de conteúdo informacional no que diz respeito à criação de
comunidades e coleções e ao auto-arquivamento de documentos pode ser realizada
no próprio sistema, sem a necessidade de programação.
A Figura 3 abaixo apresenta a página inicial do repositório digital do Programa
de s-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba
(PPGCI/UFPB), o qual possui uma interface que se aproxima ao padrão de interface
do DSpace e se utilizado para exemplificar os sistemas da Arquitetura da
Informação propostos por Morville e Rosenfeld (2006).
Figura 3: gina inicial do repositório digital do PPGCI/UFPB.
Fonte: <http://dci2.ccsa.ufpb.br:8080/jspui/>. Acesso em: 10 jan. 2010.
45
Na interface padrão, o logotipo do DSpace é apresentado no canto superior
esquerdo. O PPGCI/UFPB o substituiu pelo logotipo do Programa. Essa
customização facilita a identificação da instituição promotora do repositório.
No painel esquerdo, encontramos a opção de busca simples e busca
avançada, considerados elementos do sistema de busca da Arquitetura da
Informação. Logo abaixo, na seção “Navegar”, encontramos possibilidades de
acesso aos documentos armazenados no repositório. As possibilidades de
navegação constituem o sistema de navegação do ambiente informacional digital.
Na seção “Entrar”, são disponibilizados serviços restritos para usuários cadastrados.
Logo abaixo, são apresentados recursos de Ajuda e Sobre o DSpace. Os tulos
empregados para identificar os links e as seções constituem o sistema de
rotulagem. Na interface padrão, os textos são apresentados no idioma Inglês. A
comunidade brasileira, usuária do DSpace, utiliza geralmente um arquivo traduzido
para o Portugs que contempla esses rótulos e outras mensagens.
No painel central, encontramos uma apresentação do Repositório do
PPGCI/UFPB, cuja alteração é possível em um arquivo HyperText Markup Language
(HTML). Abaixo, o recurso de busca é exibido novamente, porém aparece apenas
na primeira página do repositório digital, enquanto que o recurso de busca do painel
esquerdo aparece em todas as páginas, pois o frame é fixo. Em seguida, são
exibidas as comunidades criadas pelos produtores do repositório digital tendo em
vista suas necessidades. A organização das comunidades e coleções constituem o
sistema de organização da Arquitetura da Informão. Elas aparecem em ordem
alfabética em uma estrutura hierárquica, característica padrão do DSpace.
À direita da página, são exibidas notícias referentes ao PPGCI/UFPB que
tamm podem ser alteradas por meio de um arquivo HTML.
Como padrão de metadados para representão de recursos informacionais
é utilizado o Dublin Core, o que contribui para a interoperabilidade com outros
repositórios digitais.
Percebemos que não foram feitas muitas alterações de aspectos formais de
interface por opção da organização promotora em relação à interface padrão do
DSpace para essa versão. No entanto, os conteúdos informacionais foram inseridos
nos arquivos HTML e as comunidades e coleções foram elaboradas para contemplar
os documentos do PPGCI/UFPB.
46
Partimos do pressuposto que o estudo da Arquitetura da Informão em
repositórios digitais deve considerar as diferenças entre a interface padrão do
DSpace e sua customização. Cada instituição e seus usuários possuem
necessidades e características diferentes, podendo suscitar mudanças na
Arquitetura da Informão padrão do DSpace, visando a usabilidade e a
acessibilidade do repositório digital pelos usuários.
A próxima são discutios fundamentos da usabilidade e sua aplicação no
contexto dos repositórios digitais.
3.2 Usabilidade
Usabilidade, no contexto deste trabalho, refere-se à qualidade de interação
entre os usuários e os ambientes informacionais digitais no momento do uso.
Partindo dessa premissa, podemos sugerir que este estudo está intimamente
relacionado:
à Interação Humano-Computador (IHC), visto que atua no momento de
interação entre os usuários e a interface;
à Ergonomia e às Ciências Cognitivas, pois considera a relação entre o
ambiente de interação e o comportamento humano, com enfoque nas
necessidades das pessoas;
à Arquitetura da Informão, pois permite avaliá-la em todas as fases do
processo de desenvolvimento, sob a ótica dos usuários e também dos
projetistas.
Para justificar essa relação, reunimos algumas definições sobre usabilidade.
Para a NBR 9241-11 (2002, p.3), baseada na ISO 9241-11 (1998
26
), a usabilidade
pode ser definida como “[...] medida na qual um produto pode ser usado por
usuários específicos para alcançar objetivos específicos com eficácia, eficiência e
satisfação em um contexto específico de uso.
Baseando-se no conceito apresentado, Cybis, Betiol e Faust (2007, p.173)
explicam que eficácia é “a capacidade que os sistemas conferem a diferentes tipos
de usuários para alcançar seus objetivos em número e com a qualidade necessária”;
26
ISO 9241 Part 11. Ergonomic requirements for office work with visual display terminals,
Part11: Guidance on usability. 1998.
47
enquanto eficiência refere-se à [...] quantidade de recursos (tempo, esforço físico e
cognitivo...) que os sistemas solicitam aos usuários para a obtenção de seus
objetivos com o sistema”; e, por fim, satisfação é “a emão que os sistemas
proporcionam aos usuários em face dos resultados obtidos e dos recursos
necessários para alcançar tais objetivos”.
Nielsen e Loranger (2007, p.xvi) apresentam um conceito para usabilidade,
no qual é possível verificar a importância do usuário na interação com um produto.
A usabilidade é um atributo de qualidade relacionado à facilidade de uso de
algo. Mais especificamente, refere-se à rapidez com que os usuários podem
aprender a usar alguma coisa, a eficiência deles ao usá-la, o quanto
lembram daquilo, seu grau de propensão a erros e o quanto gostam de
utilizá-la. Se as pessoas não puderem ou não utilizarem um recurso, ele
pode muito bem não existir.
Basicamente, os autores que tratam sobre usabilidade a consideram como a
qualidade da interação entre usuários e produtos e, dentre esses produtos, se
destacam os sistemas computacionais, sendo, portanto, foco de investigação da
IHC.
Segundo Agner (2006, p.104), os primeiros testes de usabilidade, no
contexto da IHC, surgiram quando houve a necessidade de definir quantos botões
um mouse deveria ter. Afirma ainda que, atualmente, “os testes de usabilidade são
empregados largamente na indústria de software dos EUA, no desenvolvimento de
websites e na telefonia móvel”.
Autores como Dias (2003) e Cybis, Betiol e Faust (2007) comentam que a
usabilidade possui suas raízes na Ergonomia. De acordo com Iida (1997),
ergonomia é basicamente o estudo da adaptação do trabalho ao homem,
considerando o ambiente sico e os aspectos organizacionais que influenciam a
relação homem-trabalho. Para isso, é preciso conhecer o comportamento humano,
principalmente quando relacionado à informação, considerando o enfoque, nesse
trabalho, da usabilidade em ambientes informacionais digitais. Nesse sentido, as
Ciências Cognitivas também são consideradas um dos enfoques da usabilidade.
A Ciência da Informão e as Ciências Cognitivas surgiram na mesma
época, em decorrência do contexto científico e intelectual gerado a partir da
Segunda Guerra Mundial (ROZADOS, 2003).
O surgimento do computador, que permitiu realizar as manipulações
simbólicas visando resolver os problemas e a teoria da informação, que
estabeleceu os princípios da transmiso, trouxeram repercussões
importantes para várias ciências, em especial as que tratavam com
informação e, por extensão, com cognição. No domínio da informática,
48
Turing concebeu uma máquina capaz de resolver todos os problemas
calculáveis; Shannon construiu uma teoria da informação como teoria
estática do sinal e dos canais de comunicação; Wiener explicou o
comportamento dos organismos através de um mecanismo de casualidade
circular denominado feedback, lançando as bases da Cibernética. Em todas
as teorias, o aspecto cognitivo espresente na preocupação em considerar
a forma como o homem pensa, como manipula a informão, como se
apropria do conhecimento. (ROZADOS, 2003, p.79-80)
Para Rozados (2003), assim como a Ciência da Informação, as Ciências
Cognitivas não possuem uma única definição aceita pelos pesquisadores.
Basicamente, sugerimos que elas utilizam a metáfora do computador para explicar o
funcionamento do processo de informão humano na mente de cada indiduo, pois
caracteriza as pessoas como processadoras de informação e construtoras de
conhecimento.
Desse modo, podemos pensar que o enfoque da usabilidade, quando
refletida e aplicada no contexto dos ambientes informacionais digitais, está atrelada
tanto aos aspectos formais quanto ao conteúdo de interfaces.
Uma das discussões recorrentes à usabilidade é a relação estética e
usabilidade no desenvolvimento de uma interface. A comunidade de pesquisadores
em IHC tem considerado a estética um elemento negativo (BADRE, 2002). Nesse
sentido, resgatamos a origem história dessa relação.
As áreas de Urbanismo, Arquitetura e Desenho Industrial sofreram grandes
transformações com o desenvolvimento acelerado da indústria, decorrente da
Primeira Guerra Mundial (ARGAN, 2002). Nesse contexto, foram difundidas as
teorias funcionalistas, as quais baseavam-se na
[...] eliminação dos adereços “inúteis” e supérfluos” dos produtos (por
exemplo, ornamentos ou efeitos lúdicos); ênfase na padronização dos
produtos; custos nimos de fabricação e administração para obter
rendimento máximo; renúncia à configuração de produtos com influências
emocionais. (MEDEIROS, 2002, p.2).
Sendo assim, refletia-se sobre um desenho funcional que satisfizesse a
população, abandonando ou não priorizando a estética do produto. Medeiros (2002,
p.3) aponta três funções relacionadas à interação entre usuários e produtos:
Função prática: é a relação entre um produto e seus usuários que se situa
no nível orgânico-corporal, ou seja, satisfazem necessidades fisiológicas do
usuário.
Função estética: é a relão entre um produto e seus usuários que se situa
no nível dos processos sensoriais, ou seja, a função estética dos produtos é
um aspecto psicológico da percepção sensorial durante o uso.
Função simbólica: é a relação entre um produto e seus usuários que se
situa no nível espiritual, estimulada pela percepção do objeto,
estabelecendo ligações com suas experiências e sensações anteriores.
49
Ao intercalar essas funções com o estudo em usabilidade no contexto da
Ciência da Informação, é possível afirmar que todas são significativas no processo
de desenvolvimento e avaliação de ambientes informacionais digitais, porque estes
podem assumir mais de uma delas. Segundo Medeiros (2002), esse intercâmbio
funcional foi dividido em duas grandes categorias, quais sejam a configuração
prático-funcional e a configuração simbólico-funcional.
A configuração prático-funcional se refere a produtos em que
predominam a função prática, ou estética prático-funcional. Eles tendem a ter pouca
aparência estética e despertam pouco interesse, porém são rapidamente
apreendidos. Possuem pouca função estética/simbólica pelas quais as necessidades
psíquicas poderiam ser satisfeitas. O autor ressalta que
A idéia de configurar os objetos orientando-se principalmente por sua
função prática encontrou bastante respaldo da indústria na primeira metade
do culo XX, graças à difusão das teorias funcionalistas desenvolvidas no
século XIX pelos arquitetos Henri Labrouste e Louis Sullivan, e do escultor
Horatio Greenough. Estas teorias teriam como seus principais seguidores
os arquitetos Adolf Loos, Le Corbusier e Walter Gropius, fundador da
Bauhaus, escola alemã que influenciou profundamente o perfil da profissão
de design como conhecemos hoje. (MEDEIROS, 2002, p.4).
A configuração simbólico-funcional, por sua vez, se refere a produtos em
que predominam a função simbólica, ou estica simbólico-funcional. Com relação à
aparência desses produtos, as funções estética e simbólica são predominantes,
despertando o interesse dos usuários, porém estes não os apreendem rapidamente.
O autor comenta que este tipo de produto surgiu
[...] durante a Idade dia: os produtos com configuração prático-funcional
[anteriormente citados] cobriam necessidades modestas e eram utilizados
principalmente pelas classes camponesa e burguesa, enquanto os
membros do clero e da nobreza utilizavam produtos que se distinguiam
daqueles do povo principalmente pelo uso de adornos caros (luxos estéticos
que também implicavam em custos elevados). Os produtos utilizados pelo
clero e pela nobreza tinham significado simbólico que sobrepujava a função
prática. (MEDEIROS, 2002, p.4).
A partir das reflexões de Medeiros (2002), é possível perceber que o design
possui duas abordagens no contexto de estudo da usabilidade: a que almeja a
satisfação do usuário em utilizar determinado produto a partir de interface prática,
simples e funcional e a que enfatiza a interface rebuscada em que há predominância
da estética, como a utilização de recursos dinâmicos de Flash em ambientes
informacionais digitais.
50
Nielsen (2000, p.11) tamm considera que basicamente duas
abordagens fundamentais ao design: o ideal artístico de expressar-se e o ideal da
engenharia de resolver um problema para o cliente”.
No ambiente Web, verifica-se a ocorrência das duas abordagens. Alguns
ambientes informacionais digitais utilizam interfaces simples e outros não.
tamm aqueles que combinam características de ambas, prevalecendo mais uma
do que outra. O ideal, de acordo com a usabilidade, é que a praticidade e a
funcionalidade sejam predominantes enquanto que a estética seja projetada de
maneira satisfatória, podendo ser utilizada para chamar a atenção do usuário para
as características mais importantes do ambiente, o que deve estar intimamente
relacionado às suas necessidades informacionais.
Badre (2002) argumenta que é possível fornecer uma expressão estética
sofisticada sem violar os princípios de usabilidade. Nielsen e Tahir (2002, p.23)
confirmam essa afirmação ao comentarem sobre o uso do design gráfico em home
pages:
Geralmente, o design gráfico prejudica a usabilidade quando utilizado como
ponto de partida para o design da homepage, em vez de como uma etapa
final para atribuir enfoque adequado a um design de interação centralizado
no cliente. O design gráfico deve ajudar a conceder uma noção de
prioridade ao design da interação, chamando a atenção do usuário para os
elementos mais importantes da página.
A qualidade de interação do usuário com os ambientes informacionais
digitais está relacionada às suas necessidades informacionais como tamm às
diversas possibilidades que esse ambiente pode proporcionar. Embora a
combinação de estética e funcionalidade seja uma atividade complexa para os
desenvolvedores, o resultado final pode ser satisfatório se bem planejado. Isso deve
considerar tanto a facilidade de interação como o uso do ambiente de modo criativo
pelo usuário.
O design de interação é a disciplina central em estudos relacionados à IHC.
Preece, Rogers e Sharp (2005) definem design de interação como sendo o design
de produtos interativos que fornecem suporte às atividades cotidianas das pessoas,
seja no lar ou no trabalho” (p.28) e afirmam que seu objetivo central é [...]
desenvolver produtos interativos que sejam utilizáveis, o que genericamente significa
produtos fáceis de aprender, eficazes no uso, que proporcionem ao usuário uma
experiência agradável” (p.24). É possível notar a semelhança entre os conceitos e
objetivos do design de interação e da usabilidade.
51
O principal fator que garante o sucesso da usabilidade é o conhecimento das
particularidades do público-alvo em um projeto de Arquitetura da Informação.
Quando se pretende construir um ambiente informacional, seja ele digital ou
tradicional, o estudo dos aspectos cognitivos do blico-alvo deve ser realizado
tendo em vista as relações entre os usuários e os aspectos formais da interface e
entre os usuários e o conteúdo informacional.
O pré-requisito essencial para o desenho de ambientes informacionais
digitais, segundo Badre (2002) é a definição do blico-alvo. Para o autor, o perfil
dos usuários influencia sobremaneira o design e a avaliação da interface. Nesse
sentido, é necessário considerar as diversidades humanas relacionadas ao blico-
alvo estabelecido.
De um modo geral, a diversidade humana abrange várias características dos
grupos sociais humanos, dentre as quais podemos citar a cultura, a religião, o
idioma, as capacidades e as limitações sicas e cognitivas dentre outras (TORRES;
MAZZONI; MELLO, 2007).
No que diz respeito às diferenças individuais, Badre (2002) as divide em
quatro categorias:
conhecimento, experiência e habilidades: que estão relacionadas à
educação dos usuários, nível de leitura, experiências, habilidades e
competências, estratégias para resolução de problemas dentre outros
aspectos;
personalidade: relacionada ao temperamento dos usuários e níveis
de tolerância e motivação. Para o autor, esses aspectos interferem
diretamente no momento em que os usuários estão navegando em
um ambiente informacional digital;
atributos demográficos e físicos: os atributos demográficos estão
relacionados à idade, sexo, status social dentre outros aspectos; e os
atributossicos referem-se às capacidades e limitações físicas;
níveis de usuários: relacionados à execução das tarefas. Nessa
perspectiva, os usuários podem ser classificados em novatos,
intermediários, experientes e experts (especialistas).
Badre (2002) também ressalta a importância de avaliar as capacidades e
limitações cognitivas. Portanto, resgatamos alguns conceitos da Ciência Cognitiva
para fundamentar essa ação.
52
Marcos Mora (2004, p.58, tradão nossa) apresenta quatro etapas do
processamento humano da informão, baseando-se em Lindsay e Norman
(1977
27
), que contemplam desde o momento em que um indivíduo recebe um
estímulo sensorial até sua resposta:
codificação da informação recebida do ambiente em uma forma interna
de representação;
comparação de sua representação com as representações armazenadas
na memória;
decisão sobre o que vai responder ao estímulo;
organização da resposta e da ação desejada.
28
Para que ocorra esse processamento, os indivíduos ativam processos
cognitivos como a atenção, a percepção, a memória, a linguagem, a resolução de
problemas, a criatividade dentre outros. A IHC se interessa por esses processos,
visto que permite compreender como os usuários recebem estímulos na interação
com a interface e como reagem frente a essa situação.
Para Sternberg (2000, p.78), “a atenção é o fenômeno pelo qual
processamos ativamente uma quantidade limitada de informões do enorme
montante de informações disponíveis através de nossos sentidos, de nossas
memórias armazenadas e de outros processos cognitivos”.
O autor comenta que existem várias funções relacionadas com a atenção,
porém ele apresenta quatro delas que são o foco dos estudos cognitivos atualmente:
atenção seletiva, vigilância, sondagem e atenção dividida. Essas funções podem ser
visualizadas no Quadro 1 que segue.
27
LINDSAY, P.; NORMAN, D. Human information processing: an introduction to psychology. Nova
York: Academic Press, 1977.
28
- codificación de la información recibida del entorno en una forma interna de representación;
- comparación de su representación con las representaciones almacenadas en la memoria;
- decisión sobre qué respuesta va a dar al estímulo;
- organización de la respuesta y de la acción necesaria.
53
Função
Descrição
Atenção
seletiva
Estamos constantemente fazendo escolhas com relação aos estímulos aos quais
prestaremos atenção e aos estímulos que ignoraremos. Ignorando alguns
esmulos ou, no mínimo diminuindo a ênfase sobre eles, assim focalizamos os
esmulos essencialmente notáveis. O foco de atenção concentrado em estímulos
informativos específicos aumenta nossa capacidade para manipular aqueles
esmulos para outros processos cognitivos, como a compreensão verbal ou a
resolução de problemas.
Vigilância e
detecção de
sinal
Em muitas ocasiões, tentamos vigilantemente detectar se percebemos ou não um
sinal, um determinado estímulo-alvo de interesse. Atras da atenção vigilante
para detectar sinais, estamos primed para agir rapidamente quando detectamos os
esmulos sinais.
Sondagem
Freqüentemente envolvemo-nos em uma ativa sondagem quanto a estímulos
específicos.
Atenção
dividida
Freqüentemente, conseguimos engajar-nos em mais de uma tarefa ao mesmo
tempo e deslocamos nossos recursos de atenção para distribuí-los
prudentemente, conforme necessário.
Quadro 1: As quatro funções principais da ateão.
Fonte: Sternberg (2000, p.88).
No caso da atenção seletiva, em especial, os projetistas podem destacar
elementos mais importantes em uma página Web para que os usuários os
encontrem rapidamente (BADRE, 2002). Isso pode ser feito utilizando-se diversos
recursos, como gráficos animados, cores, sublinhado entre outros. Porém, esses
destaques devem ser realmente necessários para que os usuários não utilizem a
atenção seletiva para uma informação que não os interessa (PREECE; ROGERS;
SHARP, 2005).
Os projetistas devem evitar também chamar a atenção dos usuários para
vários elementos em uma mesma página. Desse modo, os usuários ativariam a
atenção dividida e, por mais que as pessoas consigam distribuir sua atenção, em um
determinado momento elas podem se incomodar ou mesmo se distrair devido às
várias possibilidades existentes em uma navegação hipertextual (PREECE;
ROGERS; SHARP, 2005).
A percepção, por sua vez, é o “[...] o conjunto de processos psicológicos
pelos quais as pessoas reconhecem, organizam, sintetizam e fornecem significão
(no cérebro) às sensações recebidas dos estímulos ambientais (nos órgãos dos
sentidos). (STERNBERG, 2000, p.147). É um processo complexo, que envolve
outros processos cognitivos, como a memória, a atenção e a linguagem. A visão
constitui-se no sentido dominante, seguida pela audição e pelo tato.” (PREECE;
ROGERS; SHARP, 2005, p.97).
54
A aplicação da percepção ao design de interação engloba a facilidade de
representação dos elementos das páginas Web. Sendo assim, os usuários
conseguem perceber esses elementos de acordo com suas representações mentais.
A memória é o meio pelo qual “[...] as pessoas recorrem ao conhecimento
passado, a fim de utilizá-lo no presente; os mecanismos dinâmicos associados à
retenção e à recuperação da informão.” (STERNBERG, 2000, p.225).
Dentre os tipos de memória que a literatura apresenta, destacamos aquelas
que são mais aplicadas no contexto da IHC, apresentadas no Quadro 2 que segue.
Tipo de
Memória
Descrição
Memória de
longo Prazo
Possui uma capacidade de armazenamento sem limite e não tem um tempo de
retenção definido. A recuperação da informação armazenada sofre um processo que
não se conhece, porém muitas vezes recorre a associações mnemônicas.
(MARCOS MORA, 2004)
Memória de
curto Prazo
Atua quando uma informação é percebida e reconhecida. Apenas uma pequena
quantidade de representação sensorial chega a essa memória e permanece com ela
durante os dez minutos seguintes, enquanto que o restante da informação é perdida.
(MARCOS MORA, 2004).
Memória de
trabalho
É parte da memória de longo prazo, mas também abrange a memória de curto
prazo. Ela comporta apenas a porção ativada mais recentemente da memória de
longo prazo e transfere esses elementos ativados para dentro e para fora da
memória de curto prazo. (STERNBERG, 2000).
Quadro 2: Principais tipos de memória.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Badre (2002) comenta que a organização das informações das páginas Web
deve considerar as limitações da memória de curto prazo.
Nesse sentido, podemos nos reportar à teoria de George Miller (1956
29
),
segundo a qual apenas sete ou mais ou menos duas porções de informão podem
ser armazenadas na memória de curto prazo. Preece, Rogers e Sharp (2005)
argumentam que essa teoria tem grande aceitação na psicologia e causou um
grande impacto aos estudos em IHC. No entanto, os autores atentam que muitos
projetistas passaram a criar menus com cinco a nove opções, barras de ferramentas
tamm com sete a nove ícones, porém essa não seria a aplicação correta dessa
teoria, visto que esses elementos aparecem na tela e os usuários não precisam,
portanto, memorizá-los. Preece, Rogers e Sharp (2005) defendem mais o
reconhecimento dos elementos pelos usuários do que sua memorização,
possibilitando, portanto, uma interface mais intuitiva do que mnemônica.
29
MILLER, G. The magical number seven, plus or minus two: some limits on our capacity for
processing information. Psychological Review, n.63, p.81-97.
55
No que diz respeito à linguagem, Sternberg (2000, p.252) afirma que
A linguagem o uso de um meio organizado de combinar as palavras para
fins de comunicação possibilita que nos comuniquemos com aqueles que
nos rodeiam, tanto quanto ponderar situações e processos que comumente
não podemos ver, ouvir, sentir, tocar ou cheirar, inclusive idéias que podem
não ter qualquer forma tangível.
A linguagem possibilita a comunicação. Os elementos de design devem
atuar nessa perspectiva, considerando as variações de linguagem existentes no
contexto de um público-alvo. Abreviações, legendas, sons, imagens devem permitir
aos usuárioscil visualização, reconhecimento e entendimento.
O aprendizado, no contexto da IHC, esrelacionado a como utilizar uma
aplicação ou utilizar uma aplicação para entender algo (PREECE; ROGERS;
SHARP, 2005). Esse processo esrelacionado à construção de conhecimento.
Preece, Rogers e Sharp (2005) comentam que os projetistas devem criar
interfaces:
que encorajem os usuários a explorá-las;
que restrinjam e guiem os usuários na seleção de ações mais
adequadas para o cumprimento de uma tarefa;
que vinculem dinamicamente representações e abstrações que
precisem ser compreendidas.
A resolução de problemas é um aspecto da inteligência e pode ser
caracterizada como “[...] um processo cujo objetivo é superar obstáculos que
atrapalham o caminho para uma solução”. (STERNBERG, 2000, p.337). Esse
processo envolve as seguintes fases:
identificação do problema;
definição do problema;
construção de uma estratégia para resolução do problema;
organizão de informações sobre o problema;
alocação de recursos;
monitoramento da resolução do problema;
avaliação da resolução do problema.
No que diz respeito ao design, os projetistas devem possibilitar aos
indivíduos todos os insumos necessários para o cumprimento de diversas tarefas
que queiram realizar em ambientes informacionais digitais. Um exemplo é a busca
56
de informão, a qual deve estar respaldada em uma representação prévia do
conteúdo informacional, bem como de facilidades de visualização dos resultados.
Por fim, a criatividade pode ser definida como “[...] um processo cognitivo
que leva à produção de alguma coisa que é, ao mesmo tempo, original e de valor.”
(STERNBERG, 2000, p.337).
Como comentado na seção anterior a partir das idéias de Pratschke (2005) e
Lara Filho (2003), é importante que os usuários consigam interagir com os
ambientes digitais de modo criativo. Portanto, os projetistas precisam incorporar
elementos que não restrinjam os indivíduos a uma estrutura informacional fechada,
mas sim ampliando as possibilidades para que eles possam ir além dos recursos
básicos da Web.
Os indivíduos, portanto, utilizam suas estruturas cognitivas para processar
informações e construir conhecimento. No contexto da IHC, quando as pessoas
aprendem e utilizam um sistema, elas constroem conhecimento sobre como realizar
tarefas nesse sistema e tamm como esse sistema funciona. Esses dois tipos de
conhecimento são denominados modelo mental do usuário (PREECE; ROGERS;
SHARP, 2005).
Na concepção de Marcos Mora (2004, p.68-69, tradução nossa), os modelos
mentais são
[...] as maneiras pelas quais as pessoas, usuários e designers, vêem,
conceituam e compreendem os sistemas. Quando os sistemas são
baseados em computador e possibilitam uma interação, o usuário também
utiliza seu conhecimento prévio para desenvolver um modelo mental que lhe
permite compreender o sistema e prever seu comportamento. Neste
processo, o designer pode facilitar a interação desenvolvendo metáforas
que ajudem os usuários em seu processo mental.
30
Nesse sentido, é preciso entender que os modelos mentais das pessoas que
projetam um sistema é diferente do modelo mental das pessoas que os utiliza.
(CYBIS; BETIOL; FAUST, 2007).
Pesquisar sobre o modelo mental dos usuários pode auxiliar no projeto de
interfaces. De acordo com Young (2008), os modelos mentais fornecem uma ampla
compreensão das motivações e emoções das pessoas. Para isso, são necessárias
30
[...] las formas en que las personas, tanto los usuarios como los diseñadores, ven,conceptualizan y
comprenden los sistemas. Cuando los sistemas son de tipo informático y se da una interacción entre
la persona y el ordenador, el usuario también recurre a su conocimiento previo para desarrollar un
modelo mental que le permita comprender el sistema y predecir su comportamiento. En este proceso,
el diseñador puede facilitar la interacción desarrollando metáforas que ayuden a los usuarios en su
proceso mental.
57
várias sões e aplicação de métodos a fim de descobrir os comportamentos de
representantes de um determinado público-alvo.
Um exemplo de aplicação dos modelos mentais é o card sorting, um método
que permite descobrir os modelos mentais das pessoas para a organizão de uma
taxonomia em um projeto de Arquitetura da Informão.
Até este momento, abordamos questões cognitivas e individuais que
precisam ser consideradas em um estudo de blico-alvo para o projeto de
ambientes informacionais digitais. Discutiremos sobre algumas diversidades físicas
no próximo capítulo, em que trataremos sobre a acessibilidade.
Cabe neste momento a discussão sobre a diversidade cultural que atua em
grupos de indivíduos que, quando considerada em estudos de usabilidade,
caracteriza a usabilidade cultural.
Badre (2002) considera cultura como o coletivo de identificar
comportamentos, práticas, sinais, símbolos, valores e crenças dentre outros
elementos que caracterizam um certo grupo. A usabilidade cultural exige que o
projetista considere esses elementos quando é definido um público-alvo.
O autor apresenta categorias de elementos específicos de cultura que
devem ser incorporados em uma interface, bem como modificados a partir de testes
constantes de usabilidade realizados em ambientes informacionais digitais:
Atributos localizados por gênero: os atributos básicos de expressão e
forma podem ser diferentes dentro de um mesmo gênero cultural. Os
projetistas devem, portanto, estudar atributos e pticas únicos diante de
todas as possibilidades para incorporar elementos em uma interface;
Comportamentos e práticas: os projetistas frequentemente projetam
interfaces produzindo metáforas do mundo real. Porém, os comportamentos,
práticas e costumes das pessoas mudam entre os países ou mesmo entre
regiões de um mesmo país. Nesse contexto, o alcance da diversidade cultural
deve considerar essas variáveis;
Ícones, símbolos, ilustrações e artefatos: os indivíduos utilizam esses
elementos para comunicar informações e os projetistas os utilizam como
metáforas para expressar conceitos e transmitir funcionalidade. Porém, os
projetistas devem compreender que as representações e interpretações
desses elementos podem ser diferentes para as pessoas em diferentes
culturas;
58
Convenções e formatos: os projetistas devem considerar padrões e
formatos que podem ser variáveis em diferentes países, como data e hora,
moeda corrente, escalas de mensuração e unidades de medida, numeração
decimal, cores associadas a determinado significado, calendários, endereços
postais, números de telefone, temperatura, pontuação, tamanho de papel
entre outros;
Valores e dimensões intangíveis: os valores e dimensões culturais devem
ser considerados em um projeto de interface. Um exemplo são imagens que
podem ser aceitáveis para uma determinada comunidade, porém podem
deflagrar outra com preceitos não aceiveis por ela;
Preferência de conteúdo: diante da complexidade em agradar diferentes
comunidades com relação à preferência de conteúdo, os projetistas devem
priorizar o público que querem alcançar. Porém, devem considerar a
possibilidade de atingir o maior público possível dentro do público-alvo
estabelecido.
Considerar a diversidade cultural permite ampliar as possibilidades
relacionadas aos aspectos formais da interface e ao conteúdo. Essa investigação,
conjuntamente à investigação dos processos cognitivos, favorece a constituição de
elementos importantes para o direcionamento da usabilidade de ambientes
informacionais digitais.
No que diz respeito à avaliação de usabilidade, esta pode ser realizada em
qualquer fase do desenvolvimento de ambientes informacionais digitais: inicialmente,
deve identificar parâmetros ou elementos a serem implementados; na fase
intermediária, é útil na validação ou refinamento do projeto; e, na fase final, assegura
que o ambiente atende aos objetivos e necessidades dos usuários. Essa avaliação
deve ser realizada, pelo menos, a partir da fase intermediária. Caso contrário, os
desenvolvedores podem sentir necessidade de modificar todo o ambiente,
culminando em perda de tempo, situação desvantajosa para o desenvolvimento de
qualquer sistema (DIAS, 2003).
A avaliação da usabilidade de repositórios digitais também deve ser refletida
com relação à diferença entre a Arquitetura da Informação padrão do DSpace e a
customização realizada pela instituição.
Geralmente, alguns aspectos inerentes ao DSpace, como a organização das
comunidades e coleções, a navegação e estruturão hierárquica, o sistema de
59
busca, o processo de auto-arquivamento entre outros, não se alteram quando
comparamos diferentes repositórios digitais. Isso porque é um software que possui
em sua essência uma estrutura coerente com sua finalidade, ou seja, as
necessidades de uma instituição para a construção de um repositório digital estão
embutidas na proposta do DSpace.
A avaliação dos recursos de usabilidade está mais relacionada: à adaptação
de textos de acordo com a linguagem dos usuários; ao uso coerente de cores e
imagens; aos recursos adicionais inseridos; ao remanejamento de comunidades e
coleções de acordo com as necessidades dos usuários; e aos documentos inseridos
no repositório no que diz respeito aos metadados e à relevância do conteúdo para a
comunidade usuária e para a instituição.
Esses elementos precisam ser avaliados constantemente para verificar se
satisfazem as necessidades do público-alvo, bem como para dar abertura para a
identificação de novas necessidades informacionais.
A próxima seção abordará a acessibilidade e sua aplicação no contexto dos
repositórios digitais.
3.3 Acessibilidade
Questões relacionadas à acessibilidade são bastante discutidas atualmente,
gerando projetos de ação que o implementados visando a melhoria da qualidade
de vida dos cidadãos com algum tipo de necessidade especial. Rampas, elevadores,
vagas preferenciais em estacionamentos e banheiros com estrutura diferenciada são
exemplos de projetos que objetivam a facilidade de acesso a recursos físicos.
As iniciativas preliminares referentes à acessibilidade surgiram no período
posterior à Guerra do Vietnã, nos Estados Unidos da América. Nesta época
os soldados, heróis de guerra, voltavam para casa mutilados ou com
alguma deficiência adquirida como resultado de confrontos, situação que
resultou na criação de condições para que essas pessoas pudessem ter
uma vida digna e independente. (CORRADI, 2007, p.52).
No ambiente digital, a partir de estudos baseados em ergonomia, design e
IHC, também são refletidas propostas que promovem a ampliação do acesso por
usuários com deficiência. Nesse sentido, Carvalho (2003, p.79) comenta que o
desenho acessível, o qual promove a acessibilidade, “[...] diz respeito aos produtos e
construções acessíveis e utilizáveis por pessoas com deficiências”.
60
De acordo com Corradi, Norte e Vidotti (2008, p.71),
No contexto de design de websites e de suas interfaces a acessibilidade é
caracterizada pela flexibilidade de apresentação da informação e pela
interação ao respectivo suporte informacional, o qual permite a sua
utilizão por pessoas com diferentes habilidades e condições sensoriais,
bem como seu uso em diferentes ambientes e situações, por meio de vários
equipamentos ou navegadores.
O próprio termo acessibilidade que, em um primeiro momento, significaria
facilidade de acesso, pre que todos os indivíduos se beneficiem com as
possibilidades de acesso à informação no contexto dos ambientes informacionais
digitais.
Sendo assim, discutimos sobre o desenho universal ou como é também
denominado: “desenho para todos”, que se baseia no desenvolvimento de projetos
que dêem privilégios e que atendam a todos os tipos de usuários, sem distinção, ou
seja, com elementos inclusivos igualitários (CARVALHO, 2003; DIAS, 2003).
Carvalho (2003, p.87) considera a dificuldade e a complexidade em
desenvolver projetos tendo o desenho universal como objetivo, porém afirma que a
acessibilidade “[...] parece ser o caminho para o Desenho Universal, pois permite [,
por exemplo,] que pessoas com deficiência em algum dos cinco sentidos possam ter
acesso à determinada informão por meio dos sentidos não comprometidos”. Dias
(2003, p.104), por sua vez, comenta que esse tipo de desenho[...] deve ser tomado
como uma meta a ser alcançada, mesmo que inatingível, porém orientadora no
projeto de produtos”. A autora afirma ainda que o desenho universal visa à produção
de elementos que sejam operáveis por indivíduos:
- Sem a visão: atendendo tanto a pessoas cegas quanto a pessoas cujos
olhos estão ocupados em outra atividade (dirigindo um carro, por exemplo)
ou em ambientes escuros;
- Com visão limitada: por pessoas com certa deficiência visual ou que
estejam trabalhando em ambientes esfumaçados ou com monitores de
vídeo de baixa resolução;
- Sem a audição: atendendo a pessoas surdas, pessoas que estejam em
ambientes extremamente barulhentos, em silêncio “forçado” (em uma
biblioteca, por exemplo) ou com os ouvidos atentos a outra atividade;
- Com audição limitada: por pessoas com certa deficiência auditiva ou que
estejam em ambientes ruidosos;
- Com destreza manual limitada: atendendo a deficientes físicos e a
pessoas que estejam usando roupas especiais que restrinjam os
movimentos das mãos ou em ambientes turbulentos que dificultem a
precisão manual;
- Com capacidade de aprendizado, leitura ou compreensão limitada: por
pessoas com deficiências cognitivas, em pânico, sob a ação de
medicamentos ou drogas, distraídas, que não consigam ler ou entender o
idioma em que [o] conteúdo é apresentado (DIAS, 2003, p.105-106).
61
Observamos que os motivos que levam os usuários de conteúdos digitais a
necessitarem de recursos de acessibilidade são os mais variados e nem sempre
estão relacionados a deficiências individuais temporárias ou permanentes.
Consideramos, portanto, que o ambiente, os equipamentos e as pessoas envolvidas
podem direcionar a necessidade por esses recursos, o que pode ampliar as
possibilidades de acesso e uso ao recurso que se deseja.
Quando um produto é projetado, é preciso refletir sobre quantos usuários
o impedidos de usar e acessar determinada informação na ausência de
implementação de recursos de acessibilidade e de avaliações de usabilidade.
Refletir sobre a arquitetura da informação disponibilizada no ambiente projetado é
considerar o desenho universal e almejar, portanto, o acesso eqüitativo à
informação.
Nesse sentido, é necessário conhecer efetivamente o público-alvo
estabelecido para o projeto do produto, as possíveis deficiências que este pode
apresentar e as tecnologias digitais e assistivas disponíveis para atender a essas
deficiências, procurando sempre atender a todos de acordo com os princípios do
desenho universal, possibilitando a incluo digital e social da comunidade
estudada.
Para Corradi (2007, p.66), as tecnologias digitais
[...] representam a infra-estrutura de sistemas informacionais, preparados
para a implantação, alteração e substituição de recursos de acessibilidade.
As tecnologias digitais, em um ambiente projetado no intuito de atender aos
princípios do desenho universal, o recursos tecnológicos e
informacionais, com protocolos de transferência que garantam a
interoperabilidade entre sistemas de informação, am de possibilitar a
compatibilidade de softwares e hardwares entre ambientes informacionais
digitais e usuários potenciais.
Enquanto que, para o Comi de Ajudas Técnicas (CAT) da Secretaria
Especial dos Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República,
Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à
atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de
vida e inclusão social. (CAT, 2007, p.3).
Neste momento, abordamos os tipos de deficiências e as tecnologias que
o utilizadas como apoio aos usuários de conteúdos digitais, considerando os
princípios de acessibilidade e desenho universal.
62
O Decreto Lei n. 5296 (BRASIL, 2004) considera deficiente visual o indivíduo
cego, que apresenta acuidade visual igual ou menor que 0,05 no melhor olho e com
a melhor correção óptica; o indivíduo com baixa visão, que apresenta acuidade entre
0,3 e 0,05 no melhor olho e com a melhor correção óptica; os indivíduos cujos casos
em que a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou
menor que 60º; os indivíduos em que cujos casos há ocorrência simultânea de
quaisquer das condições anteriores. Para Dias (2003, p.119),
Os deficientes visuais, dentre as pessoas com necessidades especiais, são
os que mais têm dificuldades no acesso ao conteúdo das páginas web
apresentadas na tela do computador, principalmente por sua natureza
gráfica. Há monitores de vídeo com dimensões maiores do que o padrão e
programas especiais que aumentam as imagens da tela; outros que lêem,
em voz alta, ou transformam em Braille, o conteúdo apresentado.
Entretanto, dependendo de como a página web foi projetada, esses
monitores e programas não conseguem oferecer o resultado desejado.
No que diz respeito à deficiência auditiva, o Decreto Lei n. 5296 (BRASIL,
2004, p.2) considera deficiente auditivo o indivíduo com “[...] perda bilateral, parcial
ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas
freqüências de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 3000Hz”.
Para facilitar o acesso do deficiente auditivo aos arquivos multimídia das
páginas, deve-se possibilitar, ao deficiente, controlar o volume do som
emitido e receber as mesmas informações auditivas de uma outra forma
(áudio com legendas, [bem como disponibilizando comunicação por Língua
de Sinais,] por exemplo). (DIAS, 2003, p.124).
Para o Decreto Lei n. 5296 (BRASIL, 2004), o deficiente sico é aquele com
alteração parcial ou completa de um ou mais segmentos do corpo humano,
comprometendo a função física, excetuando-se as deformidades estéticas e as que
não dificultam o desempenho das funções. Dias (2003) cita algumas causas e tipos
desse tipo de necessidade especial: lesão cerebral (paralisia cerebral, hemiplegias);
lesão medular (tetraplegias, paraplegias); miopatias (distrofias musculares);
patologias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose múltipla, esclerose
lateral amiotrófica); lesões nervosas periféricas; amputações; seqüelas de
politraumatismos e queimaduras; má formação congênita; disrbios posturais e
seqüelas de patologias da coluna; distúrbios dolorosos da coluna vertebral e das
articulações dos membros; antropatias; reumatismos inflamatórios da coluna e das
articulações; lesões por esforço repetitivo (LER). A autora considera que
Alguns deficientes físicos têm que usar dispositivos apontadores especiais,
diferentes dos usuais, acionados por movimentos de cabeça ou boca.
Páginas web que o dão a opção de substituição do mouse por outro
dispositivo apontador, ou ainda de controle via teclado, podem causar
63
dificuldades aos deficientes físicos. Exigir que o usuário pressione duas
teclas ao mesmo tempo pode também ser um transtorno. (DIAS, 2003,
p.127).
O Decreto Lei n. 5296 (BRASIL, 2004, p.2) caracteriza como deficiência
intelectual
31
o “[...] funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas
de habilidades adaptativas”, tais como: comunicação, cuidado pessoal, habilidades
sociais, utilizão dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades
acamicas, lazer e trabalho. Para Dias (2003, p.128), as deficiências intelectuais
englobam as [...] deficiências de raciocínio, memória, linguagem, aprendizado e
percepção causadas por defeitos congênitos, lesões cerebrais, derrame, doeas
diversas e condições relativas ao envelhecimento”. A autora comenta que,
Devido às dificuldades de memória, no encadeamento de ações ou
informações, na solução e compreensão de problemas, os deficientes
[intelectuais] e de linguagem podem ser beneficiados com a existência, nas
páginas web, de conteúdos em pequenos parágrafos, elementos que
facilitem sua orientação ou que mantenham um histórico das ações
realizadas ou telas visitadas anteriormente (de onde vim, onde estou e para
onde vou), telas simples, organizadas de maneira consistente, padronizadas
e com seqüências óbvias de interação. Alguns distúrbios neurológicos
podem tornar a pessoa sensível ao uso excessivo de animações, caracteres
ou imagens piscando em determinada faixa de freqüência. (DIAS, 2003,
p.128).
Para Dias (2003), os distúrbios ltiplos ocorrem quando uma mesma causa
provoca mais de uma deficiência. A paralisia cerebral pode ser um exemplo, a qual
causa problemas visuais, auditivos, de linguagem e intelectuais (DIAS, 2003).
As tecnologias assistivas associadas aos tipos de necessidades especiais
o apresentadas no Quadro 3 que segue.
31
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)
realizaram um evento em Montreal, no Canadá, em outubro de 2004, que contou com a participação
do Brasil. Esse evento aprovou o documento Declaração de Montreal sobre a Deficiência
Intelectual e, por esse motivo, utilizamos nesse trabalho o termo deficiência intelectual ao invés de
deficiência mental e cognitiva.
64
Tipos de
necessidades
especiais
Tecnologias
assistivas
Funcionalidade
Deficiências
visuais
Software leitor de tela
ermite ao usuário navegar por janelas, menus e controles enquanto
recebe informações textuais e gráficas (com certas limitações). Esse
software interpreta o que é apresentado na tela e o direciona a um
sintetizador de voz (saída em áudio) ou monitor Braille (saída táctil).
Imagens sem texto equivalente alternativo associado não são lidas por
esse software. Alguns leitores de tela não conseguem distinguir
colunas, tabelas, frames e lêem páginas web horizontalmente,
misturando textos, imagens e links.
Monitor Braille
Apresenta, linha a linha, o texto que aparece na tela, usando uma série
de pinos em forma dembolos Braille que são constantemente
atualizados (abaixados ou levantados) à medida que o usuário navega
pela interface.
Tradutor de texto em
voz
T
raduz texto eletrônico, gerado por
software
leitor de tela ou navegador
textual, em texto falado por meio de um sintetizador de voz.
Navegador Web
textual
Navegador
web,
como alternativa aos navegadores de interface gráfica,
que pode ser utilizado em conjunto com software leitor de tela para
auxiliar pessoas cegas. Tamm é usado por pessoas com conexões
de baixo desempenho ou que não queiram aguardar pelo download de
imagens.
Ampliador de tela
Provê o aumento de uma porção ou de toda a tela, incluindo
textos,
gráficos e janelas, permitindo ao usuário acompanhar o foco de
entrada.
Deficiências
auditivas
Apresentação de
legendas
Apresenta texto referente às palavras faladas ou cantadas em dia de
vídeo, permitindo que deficientes auditivos ou pessoas em ambientes
barulhentos consigam acompanhar o diálogo e a ação
simultaneamente.
Notificador de sons
Provê tradução visual de informações sonoras, desde sinais sonoros de
mensagens de alerta ou erro, até vídeos ou imagens congeladas.
Deficiências
físicas
Dispositivo apontador
alternativo
Provê aos usuários sem controle motor do braço e da mão, ou com
controle limitado, a habilidade de controlar os movimentos e funções do
mouse com o pé, cabeça ou por sistemas de rastreamento ocular.
Alguns teclados alternativos podem emular os movimentos do mouse
por meio das teclas numéricas e setas.
Teclado na tela
Apresenta
na tela as teclas e funções do teclado físico. Normalmente, é
utilizado com algum dispositivo apontador alternativo.
Dicionário com
previsão de palavras
Aumenta a velocidade da digitação ao prever palavras à medida que o
usuário digita os caracteres, oferecendo uma lista com sugestões para
sua escolha.
Reconhecimento de
voz
Permite, ao usuário sem controle motor do braço e da mão, ou com
controle limitado, entrar texto e/ou controlar a interface de usuário por
meio da fala.
Quadro 3: Tecnologias assistivas associadas aos tipos de necessidades especiais.
Fonte Adaptada: Dias (2003).
É importante ressaltar que existem tecnologias suficientes para tornar os
ambientes informacionais digitais mais acessíveis, tendo como meta o desenho
universal. Os produtores desses ambientes precisam conhecer as peculiaridades do
público-alvo que deseja atingir, enquanto que os desenvolvedores devem explorar
as tecnologias dispoveis para atender às propostas dos produtores, direcionando a
arquitetura da informação disponibilizada, tendo em vista a inclusão desse público
no ambiente digital.
O web site do Serviço Federal de Processamento de Dados Ministério da
Fazenda (BRASIL, 2009) apresenta as deficiências visuais em três categorias:
65
cegueira, baixa visão e daltonismo. Nesse sentido, observamos que os softwares
leitores de tela, os monitores Braille, os tradutores de texto em voz e os
navegadores Web textuais são indicados para os indivíduos cegos; os monitores de
vídeo com dimensões maiores e os ampliadores de tela são indicados para os
indivíduos de baixa visão; por fim, para os daltônicos, a customização de cores em
uma página Web é a tecnologia mais indicada.
A Figura 4 a seguir apresenta um exemplo de acessibilidade para deficientes
visuais.
Figura 4: Exemplo de acessibilidade para deficientes visuais – Acessibilidade.net.
Fonte: <http://www.acessibilidade.net/>. Acesso em: 26 jul. 2009.
O web site português Acessibilidade.net apresenta na home page algumas
opções de acessibilidade. Na parte superior da página é apresentado o link Este
sítio pode comunicar com o utilizador através de um sintetizador de falaque
propicia ao usuário cego ouvir o conteúdo das páginas do ambiente. Além disso,
mais abaixo, é apresentado o link “Aqui também pode encontrar o MECBraille
Marco Eletrônico de Correio Braille”, um outro serviço disponibilizado que
converte mensagens de correio eletrônico em Braille, recurso utilizado também por
usuários cegos. Nesse ambiente, é possível encontrar tecnologias assistivas
atualmente implementadas para os tipos de necessidades especiais.
66
Com relação à deficiência auditiva, Corradi (2007) apresenta ferramentas
para edição de textos, de tradução, de comunicação e de criação de páginas Web
em HTML com suporte à escrita da Língua de Sinais. Essas tecnologias são
indicadas para indivíduos surdos, considerando o conhecimento prévio da Língua de
Sinais. No que diz respeito às tecnologias apresentadas no Quadro 3 para
deficientes auditivos, quais sejam a Apresentação de legendas e o Notificador de
sons, observamos que ambas são indicadas tanto para indivíduos surdos como para
indivíduos com baixa audição, bem como para usuários o deficientes que estão
em ambientes onde não é possível ouvir o recurso disponibilizado por motivos
diversos.
A Figura 5 a seguir apresenta um exemplo de acessibilidade para deficientes
visuais e auditivos.
Figura 5: Exemplo de acessibilidade para deficientes visuais e auditivos – Acessibilidade Brasil.
Fonte: <http://www.acessobrasil.org.br/>. Acesso em: 26 jul. 2009.
O web site Acessibilidade Brasil apresenta no topo da home page opções
para movimentação rápida dentro da gina bem como opções para alterar o
tamanho da fonte. O primeiro recurso pode ser utilizado tanto por indivíduos cegos
na utilização de um software que “fala” o conteúdo da página, como por indivíduos
que não apresentem deficiência visual e queiram movimentar-se na página de forma
mais rápida. A alteração do tamanho da fonte é um recurso utilizável principalmente
67
por indivíduos com a visão comprometida. No que diz respeito à deficiência auditiva,
esse web site apresenta o LIBRAS Dicionário da Língua Brasileira de Sinais,
cuja interface é apresentada na Figura 6.
Figura 6: Interface do LIBRAS – Dicionário da Língua Brasileira de Sinais.
Fonte: <http://www.acessobrasil.org.br/libras/>. Acesso em: 26 jul. 2009.
O LIBRAS Dicionário da ngua Brasileira de Sinais, em sua segunda
versão, de 2006, apresenta em sua interface um recurso de busca, uma lista de
termos de acordo com as letras do alfabeto, exemplos, demonstração em vídeo etc.,
como pode ser observado na figura acima, em que foi realizada uma busca com a
palavra “ABACATE”.
As tecnologias apresentadas por Dias (2003) para os deficientes físicos
podem auxiliá-los no uso de ambientes informacionais digitais por meio de
elementos físicos não comprometidos. Porém, ressalta-se a necessidade de criar
mecanismos apontadores diferenciados que sejam compatíveis com o hardware e o
software utilizados por esses indivíduos.
A Figura 7 apresenta um exemplo de tecnologia assistiva para deficientes
físicos.
68
Figura 7: Exemplo de acessibilidade para deficientes físicos.
Fonte: Godinho et al (2004). Disponível em:
<http://www.acessibilidade.net/trabalho/Manual%20Digital/capitulo4.htm>. Acesso em: 26 jul. 2009.
O ponteiro de cabeça é uma tecnologia assistiva que auxilia pessoas com
deficiências motoras. É ajustado a um dispositivo no formato de capacete,
permitindo o movimento da cabeça e o uso de um dispositivo de entrada de dados,
como o teclado, por exemplo. Esse dispositivo é ideal para pessoas tetraplégicas ou
com paralisia cerebral, porém necessita que esses indiduos possuam boa
mobilidade ao nível do pescoço (GODINHO et al, 2004). Ressalta-se que, neste
caso, é impossível pressionar duas teclas ao mesmo tempo, fato este que precisa
ser refletido pelos desenvolvedores de softwares e de ambientes informacionais
digitais acessíveis.
As deficncias intelectuais podem estar relacionadas a diversos fatores.
Portanto, uma maneira de atender a esse blico especial é a disponibilização de
uma interface mais intuitiva, com poucos ou isenta de elementos gráficos, que
apresente recursos de customização, além de outros recursos que podem ser
cuidadosamente refletidos.
A Figura 8 a seguir apresenta um exemplo de acessibilidade, considerando
barreiras lingüísticas.
69
Figura 8: Exemplo de acessibilidade, considerando barreiras lingüísticas – SciELO.
Fonte: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 26 jul. 2009.
O exemplo acima diz respeito às deficiências intelectuais no âmbito das
barreiras lingüísticas. A biblioteca digital Scientific Electronic Library Online
(SciELO) apresenta três opções de idiomas em sua interface, o que permite ao
público-alvo customizá-la para atender ao seu perfil. As opções de idiomas podem
ser encontradas na lateral esquerda da página, em que se observa os idiomas
português e espanhol. O terceiro idioma é o inglês, o qual estava sendo utilizado
no momento do acesso.
Verificamos que atender a todos os tipos de necessidades especiais é uma
tarefa complexa, porém notamos que muitos ambientes informacionais digitais não
disponibilizam sequer um recurso de acessibilidade, o que impede a inclusão de
inúmeros usuários. Nesse sentido, é preciso conscientizar produtores e
desenvolvedores da importância dessas questões e da utilização de metodologias
para o desenvolvimento e/ou avaliação de ambientes informacionais digitais
acessíveis, bem como instrumentos como recomendações, checklists entre outros.
70
A World Wide Web Consortium
32
(W3C) é um consórcio internacional que
cria padrões para a Web, visando seu desenvolvimento potencial e crescimento a
longo prazo. De acordo com a página brasileira da W3C
33
(2008, p.1),
Basicamente, o W3C cumpre sua missão com a criação de padrões e
diretrizes para a Web. Desde 1994, o W3C publicou mais de 110 desses
padrões, denominados Recomendações do W3C. O W3C também se
envolve em educão e divulgação, desenvolve softwares e atua como
fórum aberto para discussões sobre a Web. Para que a Web atinja todo o
seu potencial, as tecnologias mais fundamentais da Web precisam ser
compatíveis entre si e permitir que todos os equipamentos e softwares
usados para acessar a Web funcionem juntos. O W3C chama essa meta de
“Interoperabilidade da Web”. Ao publicar padrões abertos (não-exclusivos)
para línguas e protocolos da Web, o W3C procura evitar a fragmentação do
mercado e, conseqüentemente, a fragmentação da Web.
No que diz respeito à acessibilidade, a W3C incorpora a iniciativa Web
Accessibility Initiative (WAI) que desenvolve recomendações nesse contexto
considerando os seguintes componentes: Web Content Accessibility Guidelines
(WCAG) Recomendações de acessibilidade para o conteúdo Web (com foco em
conteúdos disponibilizados nos ambientes informacionais digitais); Authoring Tool
Accessibility Guidelines (ATAG) Recomendações de acessibilidade para
ferramentas de autoria (com foco em ferramentas utilizadas por desenvolvedores de
páginas Web); e User Agent Accessibility Guidelines (UAAG) Recomendações de
acessibilidade para agentes do usuário (browsers, media players, tecnologias
assistivas, ou seja, com foco nas ferramentas utilizadas pelos usuários para acesso
e uso de ambientes informacionais digitais) (W3C, 2005).
A aplicação da acessibilidade em repositórios digitais deve ser realizada
respeitando-se a flexibilidade e o uso equitativo da informação com relação ao
público-alvo do ambiente. A implementação da acessibilidade pode ser realizada por
meio da programão de recursos inclusivos, adicionados ao DSpace, ou mesmo
pela alteração de tamanhos de fonte, criação de textos alternativos para imagens
entre outros elementos.
A usabilidade e a acessibilidade atuam conjuntamente, pois é na definição
das necessidades informacionais e no estudo do público-alvo que são identificados
os elementos de acessibilidade que precisam ser implementados no ambiente.
A investigação constante das necessidades dos usuários e o
acompanhamento do desenvolvimento dos padrões do W3C permite direcionar o
32
Disponível em: <http://www.w3.org/>. Acesso em: 10 jun. 2009.
33
Disponível em: <http://www.w3c.br/>. Acesso em: 10 jan. 2010.
71
projeto do repositório digital para o desenho universal, contribuindo para que a
Arquitetura da Informação seja cada vez mais inclusiva.
A próxima seção abordará o comportamento informacional e competência
informação e algumas reflexões desses estudos no contexto dos repositórios
digitais.
3.4 Comportamento Informacional
A partir de uma revisão de literatura, Donald Case (2007) afirma que os
estudos sobre o comportamento humano relacionado à informação remontam ao
início do século XX. Nas primeiras décadas, esses estudos eram centrados no uso
de materiais ao invés da preocupação com os usuários e suas buscas. Anos depois,
nas décadas de 1950 e 1960, esses estudos passaram a considerar mais as
necessidades informacionais e o uso de informações.
De um modo geral, as abordagens das pesquisas direcionaram esses
estudos para dois focos principais: a orientação ao sistema e a orientação ao
usuário.
A orientação para o sistema a informação como uma entidade externa,
objetiva, que tem realidade própria, baseada no conteúdo, independente
dos usrios ou dos sistemas sociais. A informação existe a priori, e é tarefa
do usuário localizá-la e extraí-la. [...] A orientação para o usuário, por outro
lado, vê a informação como uma construção subjetiva criada dentro da
mente dos usuários. (CHOO, 2003, p.68).
Os estudos sobre comportamento informacional (information behavior) no
contexto da criação de ambientes informacionais digitais devem ser orientados aos
usuários, abarcando desde a identificação de necessidades de informão até o
comportamento de busca e uso dessa informão, considerando as fontes de
informação utilizadas geralmente pelos indivíduos.
Wilson (2000, p.1, tradução nossa) define comportamento informacional
como “[...] a totalidade do comportamento humano em relação às fontes e canais de
informação, incluindo a busca ativa e passiva de informões, e o uso de
informações
34
”. O autor acrescenta que isso inclui a comunicação entre as pessoas
34
[…] the totality of human behavior in relation to sources and channels of information, including both
active and passive information seeking, and information use.
72
e a recepção passiva de informões, através da TV, por exemplo, sem que
qualquer intenção em buscar informões esteja envolvida.
Case (2007, p.5, tradução nossa) apresenta uma definição na mesma linha
de pensamento de Wilson:
Comportamento informacional [...] engloba a busca de informações e a
totalidade de outros comportamentos não intencionais ou passivos (tais
como “encontrar informações), bem como comportamentos intencionais
que não envolvem busca, como, por exemplo, evitar a informação.
35
Vários autores na literatura comentam sobre a aplicação de teorias e
modelos relacionados ao comportamento de busca de informão em ambientes
informacionais digitais, que pode ser considerado uma parte da complexidade do
estudo de comportamento informacional segundo Wilson (2000).
Morville e Rosenfeld (2006) consideram importante conhecer o
comportamento de busca de usuários em um projeto de Arquitetura da Informão.
Kalbach (2007) cita algumas abordagens, tais quais o sense-making de
Brenda Dervin; o anomalous state of knowledge (ASK), de Nicholas Belkin entre
outros; com destaque à aplicação dos estudos no desenho da navegão de
ambientes informacionais digitais.
Bohmerwald (2005) faz uma relação entre o estudo de usabilidade e o
comportamento de busca de informões e propõe uma metodologia de avaliação
de bibliotecas digitais integrando métodos dos dois estudos.
Ferreira e Pithan (2005) também relacionam o estudo de usabilidade no
contexto da IHC e o modelo de comportamento de busca de informações de Carol
Kuhlthau com foco em bibliotecas digitais.
Percebemos que muitos autores abordam o comportamento de busca de
informação, porém é necessário considerar, em um projeto de Arquitetura da
Informação, a complexidade do comportamento informacional dos usuários no que
diz respeito também às fontes e canais de informação utilizados por eles dentro e
fora do ambiente Web, bem como o comportamento relacionado à passividade de
encontrar informações sem intenção prévia.
Choo (2003, p.118, grifo nosso) comenta que aspectos cognitivos,
emocionais e situacionais estão relacionados ao comportamento informacional das
35
Information behavior [...] encompasses information seeking as well as the totality of other
unintentional or passive behaviors (such as glimpsing or encountering information), as well as
purposive behaviors that do not involve seeking, such as actively avoiding information.
73
pessoas. Nesse contexto, o autor apresenta os conceitos de necessidade de
informação, busca de informão e uso da informão.
A necessidade de informação surge quando o indivíduo reconhece vazios
em seu conhecimento e em sua capacidade de dar significado a uma
experiência. A busca de informação é o processo pelo qual o indivíduo
busca intencionalmente informações que possam mudar seu estado de
conhecimento. O uso da informação ocorre quando o indivíduo seleciona e
processa informações ou mensagens que produzem uma mudança em sua
capacidade de vivenciar e agir ou reagir à luz desses novos conhecimentos.
Case (2007) aponta para a importância do contexto em estudos de
comportamento informacional, que estão relacionados a segmentos profissionais,
sociais e demográficos aos quais os indivíduos pertencem. Grupos diferentes
possuem características que revelam necessidades específicas de informação,
comportamento específico de busca e uso de informão, fontes de informação
específicas e, principalmente, sentimentos que permeiam o trabalho, as atividades e
o dia-a-dia das pessoas. Nesses estudos, podem ser aplicados teorias e modelos
36
para a identificação de características comportamentais relacionadas à informação,
atendendo à especificidade da comunidade investigada.
O contexto pessoal é o ponto central de investigação em pesquisas sobre
comportamento informacional de indivíduos. Como esses indivíduos
determinam o que é relevante ou útil é baseado em suas situações
pessoais, bem como outros fatores (por exemplo, experiência prévia,
afetividade, restrição de tempo, o formato de informação disponível).
Pesquisadores têm investigado rios públicos e contextos de uso,
explorando como indivíduos localizam, usam e fazem sentido à informação
que os cerca.
37
(GIVEN et. al, 2007, p.1611, tradução nossa).
A investigação do comportamento informacional de um público-alvo, como
deve ocorrer no projeto de um ambiente informacional digital, permite, além de uma
abordagem relacionada à informão, perceber quais as dimensões individuais,
culturais e sociais em que esses indivíduos estão inseridos.
Choo (2003, p.79) apresenta alguns apontamentos sobre os estudos
relacionados às necessidades e usos da informação:
1. As necessidades e usos da informação devem ser examinados dentro
do contexto profissional, organizacional e social dos usuários. As
necessidades de informação variam de acordo com a profiso ou o
36
Em FISHER; ERDELEZ; McKECHNIE (2006), autores apresentam teorias e modelos relacionados
ao comportamento informacional.
37
Personal context is a central point of inquiry for current research on individual’s information
behaviors. As individuals determine what is relevant or useful based on their personal situations, as
well as a host of other factors (e.g., previous experience, affect, time constraints, the format of
available information), scholars have examined a range of populations and use-contexts in exploring
how individuals locate, use, and make sense of the information around them.
74
grupo social do usuário, suas origens demográficas e os requisitos
específicos da tarefa que ele está realizando.
2. Os usrios obtêm informações de muitas e diferentes fontes, formais e
informais. As fontes informais, inclusive colegas e contatos pessoais,
o quase sempre tão ou mais importantes que as fontes formais, como
bibliotecas ou banco de dados on-line.
3. Um grande número de critérios pode influenciar a seleção e o uso das
fontes de informação. As pesquisas descobriram que muitos grupos de
usuários preferem fontes locais e acessíveis, que não são,
necessariamente, as melhores. Para esses usuários, a acessibilidade
de uma fonte de informação é mais importante que sua qualidade.
Pode-se afirmar que, quando ocorre um “vazio” no conhecimento dos
indivíduos, preferência pelo uso das fontes que eso mais próximas,
normalmente informais. As fontes institucionalizadas podem ser menos acessíveis
que as fontes informais. Enfim, as fontes formais são apenas utilizadas em casos
extremos, normalmente quando o “vazio” só pode ser preenchido com informação
cuja fonte é extremamente confiável do ponto de vista do indivíduo.
No que diz respeito à classificação das fontes de informação, Case (2007)
argumenta que as fontes formais, geralmente consideradas as impressas como
livros, enciclopédias e drios, podem abranger tamm uma conversa com um
especialista. As fontes informais, por sua vez, que podem ser exemplificadas por
contatos com amigos, colegas e família, tamm pode estar relacionada à cultura
popular, como assistir a programas de TV, ouvir músicas na rádio, participar de listas
de discussões (cuja informação está registrada no suporte digital) entre outros.
Nesse contexto, entendemos que a Web permite a disponibilizão de
informação em fontes formais e informais em ambientes informacionais digitais, o
que amplia as possibilidades de se escolher exatamente qual fonte pode satisfazer
uma necessidade informacional. Embora a distinção entre fontes formais e informais
seja um pouco problemática, podemos considerar que a confiabilidade pode ser um
fator decisivo para essa distinção, porém essa avaliação cabe ao indivíduo no
momento em que ele avaliar essa informão disponível nos ambientes
informacionais digitais da Web.
A capacidade de identificar necessidades informacionais, localizar, avaliar e
utilizar informações de maneira eficaz, se refere ao estudo da competência
informacional (information literacy) (AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION, 1989).
Dudziak (2003, p.28) define o termo como sendo “[...] o processo contínuo de
internalização de fundamentos conceituais, atitudinais e de habilidades necessários
75
à compreensão e interação permanente com o universo informacional e sua
dinâmica, de modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida”.
As pessoas consideradas competentes em informão são aquelas
[...] que aprenderam a aprender. Elas sabem como aprender, porque sabem
como o conhecimento está organizado, como encontrar as informações, e
como usar essas informações de uma maneira que outros possam aprender
com eles. São pessoas preparadas para a aprendizagem ao longo da vida,
porque podem sempre encontrar as informações necessárias para qualquer
tarefa ou tomada de decisão
38
. (AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION,
1989, p.1, tradão nossa).
Para Dudziak (2003), a idéia de competência informacional está relacionada
à formão de indivíduos que:
Saibam determinar a natureza e a extensão de sua necessidade informacional
como suporte a um processo inteligente de decisão;
Conheçam o mundo informacional e sejam capazes de identificar e manusear
fontes potenciais de informação de forma efetiva e eficaz;
Avaliem criticamente a informação segundo critérios de relevância, objetividade,
pertinência, lógica, ética, incorporando as informões selecionadas ao seu
próprio sistema de valores e conhecimentos;
Usem e comuniquem a informação, com um propósito específico, individualmente
ou como membro de um grupo, gerando novas informões e criando novas
necessidades informacionais;/
Considerem as implicações de suas ações e dos conhecimentos gerados,
observando aspectos éticos, políticos, sociais e econômicos extrapolando para a
formão da inteligência;
Sejam aprendizes independentes;
Aprendam ao longo da vida.
Nessa perspectiva, o desenvolvimento de programas institucionais de
competência informacional pode possibilitar a criação de estratégias que permitam
às pessoas o desenvolvimento de seus conhecimentos, habilidades e
potencialidades.
No contexto dos ambientes informacionais digitais, é uma tarefa difícil para
os projetistas conhecerem a competência informacional dos usuários da Web devido
38
[...] who have learned how to learn. They know how to learn because they know how knowledge is
organized, how to find information, and how to use information in such a way that others can learn
from them. They are people prepared for lifelong learning, because they can always find the
information needed for any task or decision at hand.
76
sua abrangência. Por outro lado, eles podem levantar, a partir de um estudo de
comportamento informacional com uma amostragem de usuários, alguns aspectos
da competência informacional intrínseca a esse público.
A criação de interfaces intuitivas para a IHC permite que os usuários
aprendam a utilizar o ambiente a partir de suas representações mentais. Desse
modo, é possível prever algumas competências dos usuários e utilizar elementos
que contribuam para o uso efetivo de informões.
A aplicação de estudos de comportamento informacional no
desenvolvimento de um repositório digital pode fornecer indicativos importantes, pois
é possível conhecer particularidades do público-alvo com relação às fontes de
informação e ao comportamento de busca e uso da informão, contribuindo, por
exemplo, para a definição das comunidades e colões, bem como de recursos
adicionais que podem ser implementados, possibilitando ao repositório digital se
concretizar como uma importante fonte de informação para a satisfação das
necessidades institucionais e da comunidade usuária.
Garcia e Silva (2006) discutem a competência informacional no contexto do
auto-arquivamento, afirmando que esse conceito não tem sido internalizado pelos
pesquisadores/usuários e que é necessário conscientização por parte desse público
da necessidade de projetos que promovam competências informacionais, com vistas
a se familiarizarem com a complexidade da proposta dos repositórios digitais.
Os pesquisadores, no novo paradigma da disseminação científica promovida
pela Iniciativa dos Arquivos Abertos precisam estar cientes da importância desse
novo contexto tecnológico, o qual tem muito a contribuir com o desenvolvimento
científico (GARCIA; SILVA, 2006).
Esse capítulo forneceu uma visão do conceito de repositórios digitais, com
enfoque à atuação do software DSpace, e como os estudos da Arquitetura da
Informação, Usabilidade, Acessibilidade e Comportamento Informacional podem ser
aplicados no planejamento e construção desses ambientes informacionais digitais.
O capítulo seguinte discorrerá sobre o caráter social das TIC visando a
inclusão de indivíduos na sociedade da informação.
77
4 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E INCLUSÃO
SOCIAL: rumo à democratização do acesso à informação?
A sociedade contemporânea está representada por um novo contexto sócio-
político e econômico advindo do fenômeno da globalização, caracterizando-se como
sociedade da informão ou sociedade em rede (CASTELLS, 1999), na qual a
evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC) é uma constante.
Notamos o impacto dessas tecnologias nos âmbitos social, cultural, educacional e
organizacional (LIMA, 2000) desde a percepção por essas vertentes do papel
fundamental da informão na construção, compartilhamento e preservação do
conhecimento.
De acordo com Mattelart (2002), a sociedade da informação se originou de
uma construção geopolítica, a partir de interesses econômicos e políticos que
direcionaram o desenvolvimento de máquinas coerentes com essa nova realidade.
Tudo isso remonta à matemática e às primeiras necessidades de utilização do
número como representação do pensamento humano, enaltecendo
substancialmente os valores do capitalismo moderno provenientes da
industrialização. O autor destaca que há uma tendência de visão otimista frente a
esse novo contexto e que necessidade de pensar criticamente diante das
manifestações que atuam além dos fatos.
Santos e Carvalho (2009, p.46) entendem por sociedade da informação
[...] a sociedade que está em constituição, na qual a utilização das
tecnologias de armazenamento e transmissão de dados e informação são
produzidas com baixo custo, para que possa atender às necessidades das
pessoas, além de se preocupar com a questão da exclusão, agora não mais
social, mas também digital.
Diante das duas perspectivas, percebemos que estamos em um momento
de transição e que a sociedade da informão é inevitável, porém precisamos estar
atentos aos seus próprios propósitos, bem como ao antagonismo complementar
existente entre os conceitos de inclusão e exclusão nesse contexto.
Caridad Sebastián e Ayuso Sánchez (2004) vão além da sociedade da
informação, abordando sobre a transformação dessa na necessária sociedade do
conhecimento no contexto europeu. Mesmo diante de indicadores que justificam
essa transição, as autoras consideram a complexa realidade relacionada às
diferenças sócio-econômicas entre os países desenvolvidos, ou seja, as economias
78
mais industrializadas do mundo; entre os países em desenvolvimento, ou seja, os
emergentes da nova economia; e entre os países que não superam a pobreza,
apresentando realidades culturais e sociais não coerentes com a era digital
(CARIDAD SEBASTIÁN; AYUSO SÁNCHEZ, 2004).
Para melhor entendimento dessa transição, Pérez Martinez (2004) comenta
que há uma distinção conceitual entre sociedade da informação e sociedade do
conhecimento. A sociedade da informão abarca todas as ferramentas e
oportunidades que a tecnologia tem proporcionado à sociedade, caracterizando-se
pela disponibilização de uma grande quantidade de informões e ltiplas
possibilidades de acesso a ela. A sociedade do conhecimento, por sua vez, refere-
se à exploração da informão em um determinado contexto para a ação, no intuito
de provocar um conjunto de mudanças (PÉREZ MARTÍNEZ, 2004). Preferimos
adotar neste trabalho apenas o termo sociedade da informão, não defendendo
uma perspectiva otimista, mas compreendendo e discutindo suas fragilidades.
A sociedade da informação não é uma realidade para todos. Por um lado, a
inovação tecnológica contribuiu substancialmente para a democratização da
informação no que diz respeito à sua disponibilização por meio de redes de
computadores interconectadas, ampliando as possibilidades de acesso e
contribuindo para o rompimento de fronteiras espaciais e temporais. Por outro, o
contexto sócio-cultural que acompanha o desenvolvimento dos países bem como
características particulares de grupos específicos podem dificultar o acesso dos
indivíduos às informões disponibilizadas.
Além disso, notamos que o poder é agregado à informação nesse contexto,
em que aqueles que têm acesso a ela e sabe como utilizá-la possuem vantagem
com relação a outros indivíduos. Devemos considerar também que muitos possuem
acesso à informação, porém podem não estar incldos no contexto dessa nova
sociedade, o que gera contradições e inquietações, visto que estamos vivendo em
situações paralelas.
A democratizão da informação na sociedade contemporânea é discutível
quando as diversidades sociais, econômicas, políticas e culturais o consideradas.
Essas questões não impedirão a evolução tecnológica e nem poderiam. No entanto,
é preciso refletir sobre a grande parcela da sociedade que não está incluída nesse
progresso, tendo em vista garantir seu espaço.
79
Entendemos que, para que haja inclusão nesse contexto, é preciso
compreender quais os motivos que dificultam o estabelecimento de uma sociedade
da informação igualitária. A primeira problemática que destacamos é a dificuldade
que alguns indivíduos e grupos sociais possuem ao lidar com as informações.
Para Lima (2000, p.2), “[...] um dos maiores problemas com que nos
defrontamos no meio ambiente já não é a falta de informação, mas sim a seleção
adequada ou filtragem daquela que pode nos ser efetivamente útil”. O autor destaca
que a educão permanente é a base da sobrevivência nesse novo contexto.
Precisamos abandonar a idéia de aprender a fazer e concentrar nossos esforços em
aprender a pensar, visto que temos que atuar criticamente diante da sociedade,
possuindo habilidades para selecionar e saber usar as informões e o
conhecimento fragmentados (LIMA, 2000).
Como destacado no capítulo anterior, é preciso que os indivíduos tenham
habilidades e competências para buscar, avaliar e usar essas informações, o que
contribui para sua construção de conhecimento. Acrescentando às abordagens
mencionadas anteriormente (AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION, 1989;
DUDZIAK, 2003), Warschauer (2003) considera que as competências informacionais
envolvem o conhecimento específico de computador, como o uso de navegadores e
ferramentas de busca, bem como posicionamento crítico, por exemplo, nos
processos de análise e avaliação de fontes de informão. Sua concepção de
information literacy considera as ferramentas tecnológicas além da informação
propriamente dita em comparação às outras duas abordagens citadas.
Neste trabalho, consideramos a Internet, em especial a Web, um meio que
pode contribuir para a inclusão social de indivíduos, os quais podem construir
conhecimento e desenvolver habilidades e competências intrínsecas ao paradigma
em questão.
No Quadro 4 que segue apresentamos as principais características da Web
de acordo com Lima (2000).
80
Categorias
Características
Comunicação
Representa um recurso ou ferramenta que possibilita, de forma igualitária
e democrática, a comunicação entre pessoas, grupos e organizações de
forma local e mundial;
Abre as portas para uma revisão global dos custos do processo de
comunicação;
Facilita o acesso das pessoas às ferramentas disponíveis sem distinções
socioeconômicas;
Oferece recursos e oportunidade de participar do processo de
comunicação àqueles que possuem dificuldades físicas ou limitações.
Publicações
É uma tribuna livre para todos aqueles que, democraticamente, querem
tornar disponíveis suas idéias;
Oferece a possibilidade de acesso a informações sem os custos normais
de pesquisa ou aquisição;
Diminui o gap entre o fato e o acesso às informações pertinentes ao
mesmo;
Cria um novo conceito de jornal, revista e livro;
Possibilita um sistema de arquivamento de informações com acesso
seletivo.
Comércio
Está revolucionando o conceito de negócio através da venda virtual;
Elimina a intermediação e reduz os custos finais do produto/serviço;
Elimina a diferença/distinção existente entre grandes e pequenos
negócios;
Revoluciona o conceito de logística e distribuição;
Desenvolve o conceito de alianças e parcerias; etc.
Manuseio da
informação
É depositório livre de informações, acessíveis via diretórios e índices;
Oferece novos recursos e metodologias de procura;
Permite o acesso e navegação não-linear;
Permite acesso a dados disponibilizados em diferentes mídias;
Permite combinações de dados em critérios personalizados, etc.
Recurso
educacional
Está permitindo que dados disponibilizados se transformem em
conhecimento;
Está democratizando o acesso à educação e desenvolvendo o conceito de
autodesenvolvimento;
Está se tornando um importante meio de distribuição de cursos e
seminários via educação à distância;
Permite desenvolver formas de suporte ao processo educativo a distância;
Permite um processo de aprendizagem cooperativa;
Permite um processo de interação e suporte ao aprendizado via
aconselhamento, avaliação de performance, suporte, etc.
Quadro 4: Principais características da Web.
Fonte Adaptada: Lima (2000, p.33-34).
A Web potencializou o estabelecimento do paradigma da sociedade da
informação para o acesso e a recuperação da informação, pois, com sua
característica hipermídia, permite a produção, a mediação e o uso de informações
em ambientes informacionais por quaisquer indivíduos e organizações, contribuindo
para o aumento da gama informacional e de adeptos a essa tecnologia para sua
utilização direcionada à construção do conhecimento. Além disso, representa uma
forma “hipertextual” de pensar, em que é possível fazer relações e aprender por
intermédio de comunidades virtuais que compartilham informão e conhecimento.
81
Contudo, destacamos a segunda problemática, a qual es relacionada à
escassez de ambientes informacionais digitais da Web devidamente estruturados a
partir de uma Arquitetura da Informação coerente com as necessidades
informacionais de determinados tipos de usuários, o que pode prejudicar o uso,
contrapondo a idéia de democratização da informão.
Consideramos que um ambiente projetado a partir das necessidades das
pessoas pode antecipar e mobilizar as competências informacionais dos indivíduos
quando são utilizadas interfaces intuitivas que facilitam o reconhecimento e,
consequentemente, o acesso à informão.
Uma terceira problemática que deve ser considerada é a situação sócio-
ecomica dos indivíduos, bem como sua dificuldade em operar os equipamentos
tecnológicos e os conteúdos digitais, o que dificulta sua inclusão digital
(CARVALHO, 2003). De acordo com Carvalho (2003), “a cada evolução da
tecnologia digital, um contingente enorme de indivíduos deixa de ter acesso às
informações que o armazenadas por meio da nova tecnologia”. Isso pode estar
relacionado à cultura da comunidade no que diz respeito à localização geogfica
em que vivem, ao grupo etário, às oportunidades individuais dentre outros fatores.
Diante das problemáticas levantadas, podemos nos reportar a ações que
o ou podem ser elaboradas e praticadas a fim de proporcionar a inclusão digital e
social de comunidades.
As discussões iniciadas nos capítulos anteriores permitiram compreender as
relações existentes entre os indivíduos, a sociedade e as tecnologias. A construção
de ambientes informacionais digitais, quando refletida com base nas preocupações
relacionadas à diversidade humana, permite que os projetos sejam direcionados em
benefício dos usuários. Essa pode ser considerada uma ação dos projetistas desses
ambientes que viabiliza a inclusão digital.
Porém, apenas a inclusão digital limita aos indivíduos a conhecerem e
operarem os equipamentos e conteúdos digitais, o que não necessariamente implica
uma condição de saber buscar, avaliar e usar informação. Além disso, a inclusão
digital é apenas um caminho para a inclusão social de alguns grupos específicos, o
que confere às tecnologias de informão e comunicação um meio para que isso
possa ocorrer.
Com relação à inclusão social e à exclusão social, Warschauer (2003)
considera que esses conceitos se referem à capacidade de indivíduos e
82
comunidades em participar completamente na sociedade e controlar a si próprios,
considerando uma variedade de fatores relacionados à economia, recursos,
trabalho, saúde, educação, cultura, compromisso cívico entre outros. Na perspectiva
de Almeida (2005, p.348), a exclusão social está relacionada ao “[...] afastamento do
indivíduo da rede de relações sociais a que estão sujeitos alguns grupos, como os
grupos de imigrantes e outras minorias étnicas, jovens e adultos com problemas de
adaptação social, deficientes físicos, idosos, dependentes químicos e alcoólatras”.
Diante desse contexto, Warschauer (2003) destaca a importância das TIC
para a inclusão social:
As TIC são particularmente importantes para a inclusão social daqueles que
são marginalizados [...]. Por exemplo, os deficientes podem utilizar as TIC
para ajudar a superar os problemas causados pela falta de mobilidade,
limitações físicas ou discriminação social. Usando as TIC, uma pessoa cega
pode acessar documentos por transferência da Internet e converter o texto
em fala; um tetraplégico pode cursar uma certa faculdade sem sair de casa;
e uma criança que sofre com AIDS pode se comunicar com outras crianças
ao redor do mundo
39
(WARSCHAUER, 2003, p.28, tradução nossa).
Percebemos que os indivíduos ou grupos considerados excluídos
socialmente podem atuar de forma mais ativa na sociedade quando utilizam as TIC,
em especial a Web. Os ambientes informacionais digitais permitem discussões sobre
os mais variados temas, criação de redes de relacionamento, compartilhamento de
idéias entre outras características que podem impulsionar e agradar as pessoas,
criando sentimentos positivos e resgatando sua auto-confiança.
Para Spigaroli (2005, p.213), “o objetivo da inclusão é despertar nas pessoas
uma consciência de respeito ao outro, em que este “outro”, antes considerado
ineficiente, sinta-se parte da sociedade. Assim, inclusão digital e social não é apenas
ter acesso ou viver junto, mas é participar, agir, criar, contribuir”.
A discussão sobre o conceito de inclusão é complexa, visto que a própria
palavra antecipa sua problemática. Porém, percebemos que a incluo digital pode
ser um caminho para a inclusão social. Podemos destacar tamm a inclusão
informacional, a qual Aun (2007) denomina infoinclusão que, para a autora, “é a
capacidade de acessar, buscar, avaliar, usar e recriar a informão com
39
ICT is particularly important for the social inclusion of those who are marginalized []. For example,
the disabled can make especially good use of ICT to helps overcome problems caused by lack of
mobility, physical limitations, or societal discrimination. Using ICT, a blind person can access
documents by downloading them from the Internet and converting text to speech; a quadriplegic can
pursue a college degree without leaving home; and a child suffering with AIDS can communicate with
other children around the world.
83
responsabilidade social apropriando-se dos processos e conteúdos disponibilizados
através, ou não, das tecnologias de informão” (AUN, 2007, p.15). Esse conceito
está diretamente relacionado à concepção de competência informacional.
Os projetos de ação para inclusão digital, especificamente, devem
considerar o direcionamento para a inclusão social, tendo em vista as habilidades e
competências dos indivíduos, bem como proporcionar um aprendizado contínuo a
eles, possibilitando o desenvolvimento de competências informacionais. Demoly,
Wisnievsky e Eder (2005, p.169) consideram que um trabalho de inclusão
digital/social deve abarcar as seguintes características:
- apropriação das tecnologias de informação e comunicação pelos
indivíduos;
- posição dos indivíduos frente às tecnologias como autores/criadores;
- posição dos indivíduos como autores reflexivos na condição de sujeitos
em “nó” da rede, tanto em produção/conexão como em uso sob
qualquer suporte.
Existem inúmeras iniciativas de inclusão digital/social, muitas delas com
propostas vveis para seu desenvolvimento, porém algumas apresentam problemas
no que se refere ao planejamento, inviabilizando a ação e, muitas vezes, com
resultados contraditórios aos esperados. Projetos de ação com problemas de
planejamento e/ou na ppria ação prejudicam a inclusão.
A exclusão digital, apartheid digital (MOTA, 2004) ou mesmo brecha digital
(FREIRE, 2006) mostra a realidade na qual a sociedade da informão está inserida.
A exclusão digital não afeta somente os mais carentes do ponto de vista
socioeconômico, mas os trabalhadores das empresas, os indivíduos com
necessidades especiais, muitos alunos e educadores que ainda não têm a
oportunidade de trabalhar com esses recursos tecnológicos. Também não é
um problema restrito a nosso país. Mesmo em países mais desenvolvidos,
com melhor distribuição de tecnologia, a inclusão digital [...] é uma
preocupão que tem merecido a atenção de pesquisadores e entidades da
sociedade civil. (VALENTE, 2005, p.17).
Considerando o contexto brasileiro, Aun e Angelo (2005) avaliaram projetos
de inclusão digital e perceberam que as preocupações são mais direcionadas à
disponibilização de tecnologias. “Ao analisarmos todos os projetos de inclusão digital
criados a vel Federal, observamos que muitos deles são importantes, porém ainda
carecem de vínculos efetivos com a real necessidade do país (AUN; ANGELO,
2005, p.95).
Santos e Carvalho (2009), que também abordaram projetos de inclusão
digital em nível nacional, argumentam que
84
Percebe-se [...] que a discussão que se faz sobre a inclusão digital é a
viabilização do meio, ou seja, a democratização da Internet, utilizando o
espaço público virtual como um facilitador para diminuição das
desigualdades sociais, fazendo com que a grande rede abra espaço para
todos os cidadãos. Mas não basta estar conectado, é necessário também a
apreensão, assimilação e utilização das técnicas e procedimentos
necessários para o bom uso das informações disponíveis na rede.
(SANTOS; CARVALHO, 2009, p.50).
Um exemplo de projeto brasileiro são os telecentros distribuídos pelo país
que disponibilizam equipamentos tecnogicos, porém carecem de pessoas
capacitadas para instruir, ou seja, para ensinar o “aprender a aprender”
(TAKAHASHI, 2000) e possibilitar o desenvolvimento de habilidades e competências
no uso das TIC, tornando os indivíduos investigadores no paradigma da sociedade
da informão.
[...] educar em uma sociedade da informação significa muito mais que
treinar as pessoas para o uso das tecnologias de informão e
comunicação: trata-se de investir na criação de competências
suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na
produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no
conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu
trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos
simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. (TAKAHASHI,
2000, p.45).
Takahashi (2005) argumenta que a concepção e execução de uma política
nacional de inclusão digital, no contexto brasileiro, precisa considerar também o
direcionamento para a inclusão social e econômica, e isso é tão complexo que
apenas a ação do governo federal pode fazer uma diferença decisiva. O autor
aponta quatro fatores que precisam ser considerados em projetos desse vel:
Recursos materiais e humanos: para o autor, esses recursos não
faltam no Brasil, pelo contrário, o que falta são apenas decisões de
como usá-los;
Diretrizes e prioridades: esses elementos precisam ser definidos a fim
de que o governo não se perca entre inúmeras propostas e projetos sem
foco;
Mecanismos de ação: para o autor, a administração federal é
historicamente deficiente na execução de projetos. Nesse sentido, é
sugerido maior articulação na administração da ação;
Perseverança na execução: os resultados aparecem a cada passo,
mas apenas se consolidam a longo prazo. Portanto, é preciso
85
perseverar no projeto e não começar tudo novamente, elaborando novas
diretrizes e prioridades a cada mudança de governo.
Em contrapartida a projetos globais de inclusão, como os telecentros no
contexto brasileiro, acreditamos que uma identidade cultural, considerando uma
comunidade local, pode possibilitar projetos de inclusão digital mais efetivos, pois
estão mais próximos das necessidades de uma comunidade específica. Projetos
como o Janelas da cultura local’ de Isa Freire (2006) se inserem nesse contexto. O
resgate da memória por meio da identidade cultural da cidade de Quissamã-RJ é o
foco desse projeto que possui coordenadas de ação para a inclusão digital dessa
comunidade. A autora propõe
[...] o desenvolvimento de ações de informação, de forma participativa, com
vistas a promover a competência de pessoas da comunidade em
tecnologias intelectuais de informação, incluindo a construção de um
hipertexto digital sobre a cultura local, que será o eixo motivacional e
operatório da pesquisa” (FREIRE, 2006, p.65).
Propostas que m como foco a inclusão digital possuem, portanto, as TIC
como ferramentas que podem possibilitar o desenvolvimento de habilidades e
competências, direcionando o indivíduo para a inclusão social. No que diz respeito à
evolução da Web e a importância dada atualmente aos ambientes colaborativos,
consideramos que a identidade individual pode transformar uma coletividade,
estabelecendo comunidades virtuais e teias de comunicação, e tamm que a
identidade coletiva pode contribuir para o crescimento intelectual individual.
Nesse contexto, para Aun e Angelo (2007, p.78),
As tecnologias permitem o acesso ao conhecimento, mas sua apropriação e
construção individualizada é que possibilitam a transformação social dos
indivíduos pelo desenvolvimento de consciência histórica, política e ética,
associada a ações que levem à cidadania, como, por exemplo, monitorar as
decisões governamentais.
A Web é um enorme avanço da humanidade para responder pelo “controle”
da comunicação de massa. A informação transmitida por esses meios, por
muitas vezes, é apresentada de forma maquiada, atendendo a seus
próprios interesses [...]
Baseando-se nas opiniões das autoras, podemos destacar que a Web
permite que haja um certo criticismo advindo da investigação que ela possibilita por
meio da interação. Ela permite uma comunicação mais ativa em comparação à
tradicional comunicação de massa e os usuários têm a liberdade de interagir com as
informações que desejam, procurando as mais relevantes dentro de seu contexto de
uso. É necessário apenas que seja refletida uma forma de esses usuários tornarem-
se críticos tamm nesse ambiente no sentido de avaliar a autenticidade, a
86
segurança e a relevância das informações disponibilizadas por meio do acesso a
ambiente informacionais digitais confveis.
O paradigma da sociedade atual precisa de cada vez mais integrantes para
que se estabeleça como sociedade da informão. Muitos projetos para incluir
pessoas nesse paradigma são realizados com alguns, poucos ou nenhum resultado.
Mesmo assim, o pouco que é feito pode direcionar projetos maiores e conscientizar
o governo, entidades em geral e pesquisadores, permitindo ações mais
convergentes. Warschauer (2003) argumenta que as TIC são importantes, mas não
únicas no processo de inclusão social. Um bom governo, boas escolas e saúde
adequada tamm são fatores críticos que, aliados às TIC, permitem traçar um
caminho em busca da inclusão social.
No capítulo que segue, discutimos sobre as condições do envelhecimento
humano no contexto da sociedade da informão, com enfoque nas tecnologias de
informação e comunicação (TIC).
87
5 ENVELHECIMENTO HUMANO, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Pesquisas recentes demonstram que, em paralelo à diminuição da taxa de
natalidade, aumenta-se a expectativa de vida da população mundial. Destacamos o
aumento da expectativa de vida, confirmado pelo avanço da medicina e pela
disseminação da expressão “qualidade de vida” que reforça a idéia de prevenção. A
Geriatria, campo da Medicina que investiga as patologias do envelhecimento
humano, atua recentemente em conjunto com a Gerontologia, que se trata de
[...] um campo interdisciplinar que visa estudar as mudaas típicas do
processo do envelhecimento e de seus determinantes biológicos,
psicológicos e socioculturais. É um campo multiprofissional e
multidisciplinar. Embora a Gerontologia envolva muitas disciplinas, a
pesquisa repousa sobre um eixo formado pela Biologia, pela Psicologia e
pelas Ciências Sociais. (CALDAS, 2006, p.18).
A velhice pode ser considerada como o início de um período da vida
humana, denominado Terceira Idade. Esse termo começou a ser utilizado na década
de 1970, na França, quando foi criada a primeira universidade da terceira idade, e
caracteriza um novo estilo de vida (lifestyle) (FRIEND, 2001).
Existem outras denominações para essa faixa etária, porém o se sabe
exatamente em que momento da vida essa fase se inicia. De certa forma,
discussões acerca da idade dos indivíduos e classificações quanto a ser idoso ou
não se esvaem quando se reflete sobre aqueles que parecem velhos aos 45 anos e
outros que são jovens aos 70 anos, como aponta Baldessin (2002). O fator
biológico nessa época da vida tem seu valor mas não é o único aspecto na
caracterização do envelhecimento” (KACHAR, 2003, p.27).
O Quadro 5 que segue apresenta as considerações de Paschoal (2002) a
respeito da demarcação que anuncia o início da velhice considerando alguns
aspectos:
Aspectos
Considerações
Biologicamente
O envelhecimento humano começa pelo menos tão precocemente quanto a
puberdade (alguns o querem já após a concepção) e é um processo contínuo
durante a vida.
Socialmente
As características dos membros da sociedade, que são percebidas como sendo
de pessoas idosas, variam de acordo com o quadro cultural, com o transcorrer
das gerações e, principalmente, com as condições de vida e trabalho a que
estão submetidos os membros dessa sociedade, sendo que as desigualdades
dessas condições levam a desigualdades no processo de envelhecer.
Intelectualmente
Diz-se que alguém es ficando velho, quando começa a ter lapsos de memória,
dificuldades de aprendizado e falhas de atenção, orientação e concentração,
88
comparativamente com suas capacidades intelectuais anteriores.
Economicamente
Algumas vezes se define que uma pessoa se torna idosa a partir do momento
em que deixa o mercado de trabalho, deixa de ser economicamente ativa.
Funcionalmente
Quando começa a depender de outros para o cumprimento de suas
necessidades básicas ou de tarefas habituais. A deterioração da saúde física e
mental, que ocorre com o passar dos anos, leva os demais indivíduos a
considerarem tal pessoa como idosa.
Cronologicamente
Há uma dificuldade em se definir; a decisão torna-se arbitrária, pois dependendo
do desenvolvimento socioeconômico de cada sociedade, os membros
apresentarão os sinais inexoráveis do envelhecimento humano, com suas
limitações e perdas de adaptabilidade, em diferentes idades cronológicas.
Quadro 5: Considerações a respeito do início da velhice.
Fonte: Adaptada de Paschoal (2002, p.27).
Notamos, portanto, que as idades biológica, social e psicológica,
principalmente nesse momento da vida, possuem diferenças significativas. Para
Baldessin (2002, p.492), [...] não uma consciência clara através das
características físicas, psicológicas, sociais, culturais e espirituais que anunciam o
como da velhice”. De certo modo, o início da velhice depende de diversos
aspectos e contexto.
“Não são os fatores intrínsecos preponderantes no envelhecimento do
indivíduo. os fatores extrínsecos que agem benéfica ou maleficamente, ligados
às condições externas a que cada pessoa está submetida, como meio ambiente,
condições psicossociais etc.” (KACHAR, 2003, p.29-30).
Embora exista grande preocupação com os idosos por conta do aumento da
expectativa de vida, sabemos que, em muitos aspectos, essa preocupação ainda
não ocorre. Mesmo com a conquista do Estatuto do Idoso
40
, questões relacionadas à
identidade e imagem do idoso perante a sociedade ainda não estão resolvidas. Se,
por um lado, os idosos tiveram várias conquistas e as próximas gerações se
beneficiarão delas, por outro sua imagem é muitas vezes deflagrada, por exemplo,
através da mídia, ao cultuar a beleza e o jovem.
Dulce Whitaker, professora universitária aposentada, em seu livro
Envelhecimento e poder: a posição do idoso na contemporaneidade (2007),
comenta, baseando-se em suas próprias vivências, como o idoso foi perdendo o
poder e sua imagem perante a sociedade brasileira. Relaciona o idoso de hoje,
aposentado, e o idoso de alguns anos atrás, proprietário de um pequeno ou um
grande negócio, detendo, portanto, um certo poder que, conseqüentemente,
40
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm>. Acesso em 04 ago.
2009.
89
apontava para uma imagem de pessoa sábia e líder supremo no clã familiar. A
autora elenca alguns motivos que direcionaram a essas mudanças:
O país se industrializou e se modernizou;
Chegaram as grandes corporações multinacionais e os pequenos
negociantes foram esmagados pela competão que não conseguiram
enfrentar;
Mulheres e jovens se assalariaram, indo trabalhar fora do clã familiar;
A família encolheu, reduzindo-se a marido, mulher e filhos, com alta
porcentagem de mães sozinhas. (WHITAKER, 2007, p.57-58).
Whitaker (2007, p.60) reforça ainda:
Se, para os filhos, genros e noras do século passado, o idoso era o chefe
do clã, venerável pela sabedoria acumulada (e pelo poder dado pela
propriedade), alguém que deveria sempre “ser levado” ao médico, aos
exames laboratoriais, às compras, hoje ele é incentivado a uma vida ativa,
dinâmica e auto-suficiente.
Para a autora, o poder foi tirado do idoso por conta das modificações sociais
e econômicas e podemos inferir que a própria cultura contribuiu para que a
sociedade enxergasse os idosos com outros olhos. Ativos e dinâmicos, sim,
qualitativos importantes nesse novo contexto, porém por que auto-suficientes?
Vemos, constantemente, a falta de preocupão das pessoas com os idosos, seja
em supermercados, ônibus urbanos, filas de banco que, embora preferenciais, não
resolvem o problema da espera. O idoso não é incapaz, de forma alguma, mas
precisa de cuidados específicos, como quaisquer pessoas em outras faixas etárias
e/ou em determinadas condições. Para Garcia (2001, p.18),
Na maioria dos países em desenvolvimento não existe uma preocupação
com o envelhecimento da população, motivo esse compreensível devido ao
crescimento demográfico acelerado, êxodo rural muito acentuado, entre
outros fatores. Apesar das pesquisas científicas terem conseguido ampliar
um pouco mais o tempo da existência humana, a sociedade não
acompanhou esse padrão de longevidade. Com isso, a situação dos idosos
tem-se agravado progressivamente, pois os poderes públicos não dispõem
de recursos suficientes para elaborar uma política social que atenda às
necessidades reais deste grupo etário.
Além disso, a imagem relacionada ao idoso atualmente es associada a
representações sociais negativas (CARVALHO; HORIGUELA, 2007), promovendo
uma discriminação que habita principalmente na concepção de que tudo o que é
velho está obsoleto e ultrapassado (VERAS, 2002). Estamos vivendo em um mundo
em que os jovens são considerados consumidores ativos e todas as representações
estão apontadas para esse público, bem como à saúde e à qualidade de vida, em
que se enfatiza a beleza.
90
Porém, a sociedade capitalista está preocupada com o que ocorrerá daqui a
alguns anos, pois, com o aumento da expectativa de vida, o número de idosos irá
aumentar e um novo perfil de consumidores precisará ser enfocado. Inclusive,
muitos idosos estão inseridos nesse contexto, principalmente ao negar o que é
esperado e inevitável: o envelhecimento. Nesse sentido, a fase da velhice passou a
ser chamada como fase da “melhor idade” dentre outras denominações positivas e,
diante disso, Salzedas e Bruns (2007, p.17-18) reforçam uma opinião crítica:
[...] a negação da velhice aparece nos codinomes “melhor idade”, “segunda
adolescência”, “adulto maior”, criados pela ideologia do velamento da
velhice, buscando assim atender aos padrões da sociedade de consumo
que encontra na população de idosos possíveis adeptos de modismos
vigentes e voláteis, como estilos de vestimentas que se modificam a cada
estação ou novos pontos turísticos a serem conhecidos, investindo, mais
uma vez, o tempo precioso e breve do ser humano para a finalidade da
manutenção da ideologia capitalista.
A fixação pela imagem do jovem vem se orientando desde os anos 1960 na
moda, na música, na propaganda e nos filmes, ou seja, em muitos aspectos
relacionados à cultura, diversão e divertimento. Isso culminou na criação de um
grupo novo e imenso de consumidores. Muitos desses consumidores estão
envelhecendo e acabou surgindo em nossa sociedade um infantilismo adulto, que
marca a negação da velhice por meio de atitudes jovens (SCHIRRMACHER, 2005).
Muitas modificações estão a caminho nesses próximos anos. Abordamos
nesse momento algumas delas a partir das reflexões de Schirrmacher (2005) e
Schwartz (2003). Embora essas reflexões estejam bastante focadas nas ideologias
capitalistas e não tenham sido pensadas no contexto de um país em
desenvolvimento como o Brasil, podemos considerá-las e ampliá-las em nível
mundial, pois o envelhecimento da população será uma realidade.
As pessoas nascidas entre 1950 e 1964 são consideradas babyboomers,
pois houve uma explosão de nascimentos no período pós-guerra. Desde então,
muita coisa mudou em nossa sociedade. E, a partir de 2010, comará um período
em que essa geração irá se aposentar e haverá, portanto, uma explosão de idosos e
aposentados (SCHIRRMACHER, 2005).
De acordo com Schirrmacher (2005), os babyboomers revolucionaram o
mundo, mudando os conceitos de infância e juventude. “Transformaram o mundo
com a sua pura massa, uma massa que criou um poder de compra que nunca
91
estivera antes nas mãos de uma juventude” (p.55). Para Dychtwald (2000
41
), citado
por Schirrmacher (2005, p.55-56),
Os boomers o ingeriram alimentos eles transformaram os
lanches, os restaurantes e a indústria de supermercados;
Os boomers não usaram roupas eles mudaram a indústria da
moda;
Os boomers não compraram carros – eles transformaram a indústria
automobilística;
Os boomers não tinham só encontros – eles mudaram as imagens dos
papéis e práticas sexuais;
Os boomers o foram ao trabalho – eles revolucionaram o local de
trabalho;
Os boomers não só se casaram eles mudaram, depois de milênios, a
natureza das relações humanas e sua instituição;
Eles não tomaram dinheiro emprestado eles mudaram os
mercados financeiros;
Eleso só usaram computadores – eles transformaram a tecnologia.
Schwartz (2003) considera importante prever algumas surpresas
relacionadas ao futuro e aponta algumas tendências de como será a sociedade com
um número maior de idosos. O autor ressalta que essas tendências o são
aplicadas para todos os grupos ou países, bem como algumas delas dependem da
evolução tecnológica. Apresentamos algumas dessas predições:
Dentro de 50 anos, muitas pessoas o irão se aposentar, pois se
manterão produtivas até a morte, em idades que superarão os 100
anos;
Antes disso, em uma tendência de menor peso, a aposentadoria será
dedicada a uma nova vida, uma oportunidade para que os idosos
usem sua experiência e inteligência em contrapartida ao simples
repouso e recreação, possibilitando prosseguir com uma vida
produtiva;
Muitas doenças que são fatais serão totalmente ou quase eliminadas
ou mesmo controladas, como muitas formas de câncer; a doença de
Alzheimer e outras doenças; a diabetes; a paralisia cerebral; a
esclerose múltipla; doenças cardíacas e rias doenças infecciosas;
A geração dos babyboomers bem como as próximas gerações
tendem a se sentir mais jovens, mais saudáveis e mais lúcidas que
seus predecessores. “Os idosos do futuro [...] trabalharão, viajarão,
lerão, desfrutarão de uma vida sexual plena e, talvez, até mesmo
41
DYCHTWALD, K. Age power: how the 21
st
century will be ruled by the new old. New York, 2000.
92
criao filhos pequenos aos 60, 70, 80 e 90 anos, com bem menos
doenças da terceira idade do que hoje” (p.37);
As distinções sociais poderão ser ainda maiores e mais intensas. No
que se refere à pobreza e à criminalidade, as pessoas que
cometerem algum crime poderão cumprir suas penas e, ainda,
voltarem à criminalidade, o que pode sugerir um aumento nesse
sentido. Por outro lado, as pessoas atuarão no mercado de trabalho
por mais 30 a 40 anos e os mais ricos, por exemplo, deixarão mais
herança para seus filhos e ainda doarão parte de seu patrimônio para
entidades filantrópicas. Desse modo, assistiremos um crescimento
fenomenal na filantropia;
Mudanças tamm relacionadas ao estilo de vida são esperadas, por
exemplo, as concepções de educação, em que as pessoas terão
várias formações; casamento; família, pois poderão existir várias
gerações; e trabalho, pois aumentarão as oportunidades de trabalho
para indivíduos idosos.
Diante do exposto, podemos tentar compreender como os idosos de hoje
podem se socializar e viver uma vida digna como cidadãos. Nesse contexto, a
tecnologia pode facilitar a vida dos idosos, possibilitando novas alternativas para a
realização de atividades cotidianas. Fazer compras e pagar contas pela Internet, por
exemplo, pode ser mais confortável do que se deslocar para um determinado
ambiente físico, considerando que os idosos possuem limitações físicas e cognitivas
decorrentes do processo natural de envelhecimento humano.
É importante comentar que os idosos de hoje acompanharam paralelamente
o surgimento e a evolução das tecnologias de informão e comunicação (TIC),
porém especificamente a Web, serviço da Internet que vem evoluindo
progressivamente desde seu surgimento em meados da década de 1990, é uma
ferramenta que muitos idosos nem sabem que existe. Aqueles que atuaram
profissionalmente podem até ter tido algum contato com os primeiros computadores,
mas a Web surgiu em um momento em que muitos haviam se aposentado, não
tendo a oportunidade de aprender a utilizar.
A interação idoso-computador é um tema que está comando a ser
desenvolvido em pesquisas científicas. Nessa perspectiva, a Ciência da Informão
tem muito a contribuir com esse público específico, visto que possui necessidades
93
de informação, busca informação nas mais variadas fontes e está interessado em
utilizar os ambientes informacionais digitais da Web como fontes de informão para
a vida cotidiana. Além disso, possui habilidades e competências construídas no
decorrer de suas vidas que poderão auxiliar na interação com os recursos
tecnológicos. Em contrapartida, a tecnologia tamm auxilia no desenvolvimento
dessas habilidades e competências.
Uma das discussões recorrentes na Ciência da Informão é se estamos ou
não vivendo em uma sociedade da informão. Se estamos, provavelmente, dentre
os públicos não incluídos nesse contexto estão os idosos devido, dentre outros
motivos, ao contexto sócio-econômico e cultural, bem como às dificuldades na
interação humano-computador (IHC).
Nesse sentido, identificamos a importância da inclusão dessa comunidade
através do uso das TIC. Percebemos, por sua vez, que os conceitos de inclusão
digital e inclusão social trazem na sua própria esncia a problemática da exclusão.
A inclusão digital e social eqüitativa pode ser ilusória, mas quando conhecemos um
determinado grupo e sabemos suas características e comportamentos, é possível
traçar caminhos considerando a inclusão como meta.
Propostas que m como foco a inclusão digital possuem, portanto, as TIC
como ferramentas que podem viabilizar o desenvolvimento de habilidades e
competências, direcionando o indivíduo para a inclusão social. E é isso que
pretendemos neste trabalho, o qual visa o conhecimento de uma comunidade
específica, os idosos, e a proposta de inclusão digital como uma meta possível de
ser cumprida. Além disso, aproveitamos um espaço de inclusão criado, a
Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI), como projeto de educação
continuada que tem por objetivo a reintegração social dos idosos, valendo-se do
ambiente universitário para tal.
A primeira universidade da terceira idade surgiu na França, em 1973, pela
Universidade de Ciências Sociais de Toulouse. A partir daí, a idéia foi difundida para
universidades de outros pses, inclusive do Brasil, que adotaram essa modalidade
de educação continuada. Baseando-se no modelo francês, mas com grande
modificação, em 1981, na cidade de Cambridge, nasceu o modelo inglês
(CACHIONI, 1999).
Basicamente, a diferença entre os modelos francês e inglês para esses
programaso apontados por Cachioni (1999):
94
- o modelo francês originou-se do sistema tradicional universitário e passou a ser
oferecido por diversas instituições atendendo uma variedade de pessoas. Os cursos
oferecidos são abertos e concentram-se principalmente nas áreas de humanas e
artes;
- no modelo inglês, os idosos que freqüentam o programa podem atuar tanto como
alunos quanto como professores, podendo até engajar-se em pesquisas.
Cada programa de educação continuada possui suas particularidades,
podendo concentrar características de um, outro ou ambos os modelos, somadas às
características locais. O importante é que o programa atenda às necessidades de
ensino dos alunos principalmente.
Jordão Neto (1998, p. 41) afirma que
[...] a criação das universidades representou uma oportunidade sem igual
para fazer os idosos se reencontrarem, redescobrindo o seu potencial, e se
perceberem como seres humanos que podiam e deviam se valorizar como
cidadãos ativos e participantes; recuperando assim sua auto-estima;
resgatando sua auto-imagem e mostrando aos familiares e à sociedade sua
capacidade de pensar e de agir por si mesmos; sobretudo, de ir à luta pelos
seus direitos e pela conquista de seu legítimo espaço social.
No Brasil, a primeira experiência de educação para a Terceira Idade foi
implementada pelo Serviço Social do Comércio (SESC). Surgiu na década de 1960
com a mesma metodologia de serviço social aplicada para crianças, jovens e
adultos, compreendendo basicamente as seguintes atividades: desenvolvimento
físico-esportivo, recreação, turismo social, biblioteca, apresentações artísticas,
cursos livres e supletivos entre outras atividades (CACHIONI, 1999).
Outras iniciativas semelhantes à do SESC surgiram no Brasil, mas grande
parte não foi levada adiante. Somente a partir da década de 1980, “[...] as
universidades começaram a abrir um espaço educacional, tanto para a população
idosa como para profissionais interessados no estudo das questões do
envelhecimento.” (CACHIONI, 1999, p.161).
Nesse contexto, surgiram as UNATI da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (UNESP) que, segundo Cordeiro (2003), desde 1993, atuam
espalhadas em unidades por todo o Estado de São Paulo. Vinculadas à Pró-Reitoria
de Extensão Universitária, desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão
universitária ligadas às questões de envelhecimento humano. A idade de ingresso
dos alunos no programa pode variar de uma a outra. Como exemplo, a idade mínima
para admissão na UNATI da UNESP, campus de Marília, é de 55 anos,
95
independente do nível de escolaridade. No caso específico desta unidade, seu
trabalho foi iniciado em 1995, oferecendo aos integrantes do programa as seguintes
atividades: palestras, cursos de línguas, biblioterapia, informática, oficinas de teatro
entre outras (CORDEIRO, 2003).
Outro programa que se destaca é a UNATI da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (UERJ). Seu surgimento data de maio de 1992, como prosseguimento de
outro projeto em andamento, o Núcleo de Assistência ao Idoso (NAI), criado no final
da década de 1980. Esse programa é dividido em três áreas: ensino (educação
permanente e formação; desenvolvimento de recurso humanos em geriatria e
gerontologia); extensão (atendimento ambulatorial, judico, nutricional e do serviço
social; cursos introdutórios e mais específicos em gerontologia); e pesquisa
(desenvolvimento de projetos que buscam investigar aspectos variados da
comunidade). Os alunos podem ingressar no programa a partir dos 60 anos
independente de seu nível de escolaridade (CACHIONI, 1999).
Através da breve descrição dos programas de educação continuada para a
terceira idade da UNESP e da UERJ, pode-se afirmar que ambas, além de várias
outras espalhadas pelo Brasil, possuem objetivos similares, tendo como principal a
reintegração dos idosos na sociedade e o desenvolvimento de suas potencialidades.
Além de inclusão social, algumas UNATI se preocupam com a inclusão
digital da comunidade da terceira idade, oferecendo cursos de informática, além de
ambientes informacionais disponíveis na Web desenvolvidos especificamente para
essa comunidade.
A UERJ – UNATI, em março de 1999, criou o Centro de Referência e
Documentação sobre Envelhecimento (CRDE) que visa, sobretudo, a
disponibilização de material pertinente à terceira idade. Prado, Amorim e Abreu
(2003, p.2) comentam que os objetivos mais gerais dessa biblioteca digital são:
[...] a organização, a sistematização e a disseminação de informações,
através da implementação de bases de dados que contemplem as mais
diversas áreas temáticas do conteúdo gerontológico e geriátrico e do
estabelecimento de vínculos com instituições afins, buscando integrar redes
de informação nesse âmbito do conhecimento.
O CRDE encontra-se disponível no web site da UERJ-UNATI
42
, onde é
possível consultar: o acervo técnico e científico do CRDE; a base de dados
bibliográficos referente às teses e dissertações sobre envelhecimento humano
42
Disponível em: <http://www.unati.uerj.br>. Acesso em: 25 mai. 2009.
96
produzidas no Brasil, incluindo textos completos; os artigos, em versão integral, do
periódico Textos sobre Envelhecimento
43
; as revistas científicas nacionais e
internacionais sobre geriatria e gerontologia; os lançamentos editoriais da UNATI,
incluindo textos completos; os programas brasileiros de pós-graduação que contam
com linhas de pesquisa sobre envelhecimento humano; os grupos de pesquisa
cadastrados no CNPq; e a legislação sobre idosos no Brasil (PRADO; AMORIM;
ABREU, 2003, p.3).
Outro projeto que se destaca pertence à Universidade Aberta à Terceira
Idade da Universidade Federal de o Paulo (UNIFESP-UATI
44
), que inaugurou o
primeiro curso virtual para pessoas cuja faixa etária abrange 50 anos ou mais,
incentivando o uso do computador a partir de aulas fora do ambiente físico. Muniz
(2003, p.1) comenta que
A idéia de criar o primeiro curso virtual para os maiores de 50 anos surgiu
com a parceria do projeto Universidade Aberta à Terceira Idade e o
Laboratório de Ensino a Distância da Unifesp, o primeiro do Brasil
especializado na área de saúde. Quando os funcionários do laboratório
trabalharam em um oficina de informática na Uati, descobriram que cerca de
50% dos participantes, além de interessados no envelhecer com qualidade
de vida, também tinham acesso à computadores e queriam se atualizar
tecnologicamente.
Percebe-se que iniciativas para o uso das TIC pelos idosos possibilitam que
os mesmos se sintam atraídos e queiram aprender e se familiarizar com elas. O
problema é que o fato de querer vencer as barreiras pode colidir com o medo e
resistência a essas tecnologias, não permitindo que o idoso consiga atingir seus
objetivos. Isso não ocorre com os jovens, os quais nasceram e aprenderam a
utilizar os meios eletrônicos nessa geração e, provavelmente, não terão problemas
no futuro. Garcia (2001, p.32-33) comenta que
Os jovens de hoje aprendem a lidar com as novas tecnologias,
acompanhando a evolução dos tempos e estão dispostos a aprender a
utilizar o computador. São curiosos e com isso, aprendem com maior
rapidez. O mesmo, porém, não ocorre com os idosos. Muitos sentem receio,
têm medo e criam uma certa resistência em aprender a usar a informática,
por acreditarem que vão manusear o computador erroneamente ou que
venham a danificá-lo.
Mesmo assim, iniciativas de inclusão digital têm obtido resultados bastante
positivos, possibilitando que o idoso possa se inserir no ambiente digital aos poucos,
43
Cujo título foi alterado para Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
44
Disponível em: <http://virtual.epm.br/uati/>. Acesso em: 25 mai. 2009.
97
desenvolvendo suas potencialidades juntamente com os outros membros da
comunidade com quem compartilha conhecimento e experiências de vida.
Uma outra iniciativa, além dos ambientes informacionais digitais com
conteúdos específicos para essa comunidade, a qual tem colaborado para a
inclusão digital, são os cursos de informática oferecidos pelas UNATI.
É natural que as pessoas tenham resistência quando se defrontam com o
que é novo. Mas a partir do momento em que se conta com uma orientação,
ou seja, uma colaboração de pessoas que dominem essa novidade, a
tendência é que adquiram confiança, liberando os bloqueios que existem
dentro de si. (GARCIA, 2001, p.33)
Sendo assim, a educação para a inclusão digital dos idosos deve ser
cuidadosamente refletida. Nesse sentido, os cursos de informática que as UNATI
oferecem necessitam de metodologia adequada. Para Kachar (2003, p.53),
Algumas universidades abertas para a terceira idade oferecem curso de
introdução sobre os recursos do computador dentro do seu leque de
opções, porém, como as pesquisas sobre o impacto da aprendizagem e
utilizão do computador pela terceira idade o escassas no Brasil,
acredita-se que os cursos ainda o apresentem uma metodologia de
ensino e aprendizagem específica para o idoso.
Nesse contexto, consideramos que uma parte da aplicação dessa pesquisa
se refere à busca da inclusão digital de um grupo de alunos da UNATI UNESP
Campus de Marília, por meio de aulas de informática. No próximo capítulo,
abordamos o tipo de pesquisa utilizado, a pesquisa-ação, que propiciou refletir sobre
essas aulas a partir do uso de elementos advindos das teorias construtivistas.
Dedicamos a seção seguinte ao levantamento de alterações sicas e
cognitivas do processo natural de envelhecimento humano, tendo em vista a busca
de elementos para implementação em interfaces de ambientes informacionais
digitais.
5.1 Alterações sicas e cognitivas do envelhecimento humano e suas
implicações nas interfaces de ambientes informacionais digitais
Tomando como base o público idoso, consideramos necessária a reflexão
quanto às características específicas desse grupo de indivíduos e suas implicações
na construção de ambientes informacionais digitais da Web.
98
Segundo Badre (2002), a Web possui potencialmente o benecio de facilitar
as relações dos idosos com sua família e amigos, obter informões sobre
medicamentos e informões relacionadas à saúde, bem como proporcionar a eles o
poder de compra, com todas as vantagens que teriam se estivessem em um
ambiente físico.
Dentre as inúmeras possibilidades na Web, o e-mail é o servo mais
utilizado por usrios idosos da Web. Depois dele, segue a utilização das
ferramentas de busca para pesquisa sobre um tópico específico, com destaque às
notícias, informões financeiras, viagens, informações metereológicas e hobbies.
(BADRE, 2002; NIELSEN, 2002).
No que diz respeito às ferramentas de busca, Sayago e Blat (2007)
realizaram um estudo experimental com idosos, investigando seu comportamento na
utilização de busca simples e busca avançada do Google e busca no diretório do
Yahoo. Os autores constataram que os usuários idosos encontraram informões
três vezes mais rápido utilizando a busca simples em comparação à busca
avançada e ao diretório. Além disso, utilizaram maior tempo realizando busca no
diretório devido à dificuldade de uso do mouse e à sobrecarga de informões na
interface. A busca avançada possui uma interface complexa, o que dificulta sua
utilização por esse tipo de público.
Com relação à usabilidade dos ambientes informacionais digitais da Web,
Nielsen (2002) afirma que a maioria desses ambientes violam as diretrizes e
recomendações de usabilidade, tornando-os mais difíceis de usar. Segundo o autor,
atualmente esses ambientes são duas vezes mais difíceis de usar por idosos do que
por pessoas de outras faixas etárias.
É importante considerar que os idosos mais velhos possuem mais
dificuldades na utilização da Web que os idosos mais jovens. (BADRE, 2002). Asla,
Williamson e Mills (2006) aplicaram um estudo de comportamento informacional em
idosos da “quarta idade”, em que consideram pessoas com 85 anos ou mais, e
descobriram que as dificuldades na busca e uso de informões são maiores em
comparação aos idosos mais jovens.
Dessa forma, é necessário buscar respaldo das alterações físicas e
cognitivas do envelhecimento humano nas áreas de Geriatria e Gerontologia, bem
como na literatura que enfoca o design de interfaces para idosos, a fim de identificar
elementos que possibilitem maior facilidade no acesso e uso da informação por meio
99
da construção de arquiteturas informacionais mais inclusivas para esse público
específico.
Com relação às alterações físicas, podem ser citadas as mudanças de
ordem osteomuscular, muscular e sensorial (SALES, 2002). De acordo com Duarte
(2002, p.219), no envelhecimento humano
Ocorre geralmente uma atrofia muscular lenta e gradual, em especial no
tronco e extremidades, levando a uma perda de força muscular e
conseqüente diminuição de força, resistência e agilidade. Pode ocorrer a
perda gradativa de cálcio tornando os ossos mais porosos e mais leves e,
conseqüentemente, mais propensos a fraturas. Pode ocorrer ainda a
calcificação dos ligamentos e o enrijecimento das articulações podendo
ocasionar diminuição dos movimentos e a instalação de processos
dolorosos.
As alterações de ordem osteomuscular e muscular podem afetar a interação
humano-computador em face aos aspectos físicos de interação (hardware), como
mobília utilizada, disposição e características particulares dos equipamentos dentre
outros aspectos ergonômicos.
De acordo com Badre (2002), as dificuldades relacionadas à coordenação
motora nos idosos afetam, principalmente, o uso do mouse no momento de
navegação em um ambiente informacional digital, bem como no posicionamento do
cursor em um determinado objeto. Segundo o autor, os idosos têm dificuldades em
posicionar o cursor em objetos pequenos, cuja precisão é de apenas 75%
comparada a mais de 90% em objetos maiores.
As alterações de ordem sensorial (órgãos dos sentidos) em conjunto e
relacionadas às alterações cognitivas, em contrapartida, afetam mais a interação
dos idosos com as aplicações (software), dificultando atingir seus objetivos quando
acessam conteúdos digitais que não disponibilizam elementos adequados às suas
necessidades.
Com relação aos órgãos dos sentidos, é pertinente abordar as alterações na
visão e na audição decorrentes do envelhecimento dos indivíduos, pois as
alterações de olfato e de paladar não parecem ter efeito direto sobre a interação
humano-computador (SALES, 2002).
No que diz respeito às alterações visuais, Mansur e Viude (2002) comentam
que elas se iniciam por volta da metade da terceira década de vida e se
caracterizam pelos seguintes fatores:
Dificuldades para acomodar a visão e discriminar detalhes de objetos
próximos;
Dificuldades para leitura;
100
Necessidade de maior intensidade de iluminação, que se explica pela
diminuição da sensação luminosa e da sensação cromática;
Dificuldades na acomodação rápida para mudanças de ambientes com
diferentes luminosidades;
Dificuldade para enxergar à noite.
(MANSUR; VIUDE, 2002, p.288).
Essas alterações devem ser respeitadas no desenvolvimento das interfaces.
Os idosos possuem dificuldades em discriminar tons da mesma cor, portanto uma
das possibilidades é contrastar, por exemplo, as cores de fundo das páginas e as
cores dos textos. Além disso, é importante disponibilizar o recurso de acessibilidade
que permite ampliar e reduzir o tamanho da fonte, a fim de possibilitar ao usuário
customizar a interface para tornar os textos mais legíveis (BADRE, 2002).
Com relação à audição, Mansur e Viude (2002) comentam que este é o
primeiro dos sentidos a apresentar perdas funcionais e isso ocorre em média aos 30
anos. As autoras apresentam alguns dados relacionados ao declínio auditivo:
A acuidade auditiva declina com a idade, tanto no homem quanto na
mulher;
Predominam as perdas nas freqüências agudas;
O zumbido é queixa freqüente entre idosos, ou seja, de 3% na segunda
década da vida e de 10% na sexta;
Em condições ideais, a inteligibilidade da fala em situação de
conversão sofre leve declínio, porém piora em situações adversas
como ruído ambiental, conversas em grupos (em que se deve
administrar os recursos atencionais e realizar maior número de
inferências contextuais, pois ocorre maior perda de material verbal);
Sons altos e vozes de grande intensidade são pouco tolerados.
(MANSUR; VIUDE, 2002, p.288).
A disponibilização de sons em ambientes informacionais digitais possibilita
uma outra forma de acesso às informações, principalmente àqueles que possuem
mais degradação visual. Portanto, pensando nesse público, principalmente naqueles
com diminuição da capacidade auditiva, os projetistas precisam conferir se os sons
disponíveis nesses ambientes não possuem falhas (BADRE, 2002).
No que diz respeito ao sistema nervoso, Duarte (2002) afirma que é um dos
sistemas mais vulneráveis às alterações do envelhecimento humano. Entre os 25 a
30 anos, inicia-se um processo de perda neuronial que progride no decorrer da vida.
Essa dentre outras transformões podem trazer conseqüências na vida do idoso,
por exemplo:
Alguns idosos apresentam diminuição de sua agilidade mental e de sua
capacidade de raciocínio abstrato;
Outros apresentam diminuição na percepção, análise e integração de
informação sensorial, diminuição da memória recente e alguma perda
na habilidade de aprendizagem;
101
Pode-se observar também uma alteração na coordenação
sensoriomotora, com reflexos no controle postural.
(DUARTE, 2002, p.225).
Essas alterações estão intimamente relacionadas às perdas cognitivas. No
que diz respeito às alterações cognitivas, Mansur e Viude (2002) comentam que elas
podem ser vistas sob duas óticas: fisiológica e patológica. As duas perspectivas
consideram as mudanças morfológicas e cognitivas, porém as interpretam de modo
diferente.
As alterações cognitivas afetam diretamente processos como a inteligência;
atenção; a percepção; a memória; o aprendizado; a linguagem; a resolução de
problemas, o planejamento, o racionio e a tomada de decisões.
Com relação à inteligência, Luders e Storani (2002) comentam que ela
pode ser classificada em inteligência cristalizada e inteligência fluida. A inteligência
cristalizada se refere à fonte de informação geral, vocábulo ou conhecimento
adquirido; enquanto que a inteligência fluida se refere à habilidade em perceber as
relações existentes entre as coisas, bem como à manipulação das informações.
De acordo com as autoras, estudos populacionais têm mostrado que as
pessoas mantêm seu nível de inteligência cristalizada até os 70 anos e a partir
desse momento inicia-se um declínio dessa habilidade. A inteligência fluida, por sua
vez, atinge um pico aos 20 anos e então segue um declínio progressivo nessa
habilidade, considerando que aos 60 anos já existe um comprometimento
considerável. Nesse sentido, as autoras comentam que, com o envelhecimento
humano, “[...] as funções que exigem manipulação de novas informações são mais
problemáticas do que as que requerem apenas o manuseio do conhecimento
adquirido” (LUDERS; STORANI, 2002, p.146).
De certo modo, os idosos experimentam com a World Wide Web uma nova
forma de interação, ou seja, ela é mais ativa comparada à passividade de outros
meios de comunicação de massa. Nesse sentido, a disponibilizão linear de
informação proporcionada pela TV, rádios e jornais espaço a uma
disponibilização hipertextual de informações, análogo ao pensamento humano. Os
idosos possuem dificuldades em meio a essa nova forma de acesso à informação,
porém o principal problema reside na quantidade de informões disponibilizadas de
uma só vez em páginas Web. Portanto, um projeto que considere esseblico como
potencial para o ambiente informacional digital, precisa pensar em formas de
102
disponibilizar informações mais relevantes para que os idosos não precisem
manipular novas informações de uma só vez em uma só página Web.
No que diz respeito à atenção, Sales afirma que (2002, p.26), “com o
aumento da idade surge declínio em relação à atenção dividida”, ou seja,
dificuldade por parte dos indivíduos idosos quanto a se concentrarem em duas ou
mais situações ao mesmo tempo, sendo obrigados a ativar a atenção seletiva, em
que optarão por algo a partir de critérios estabelecidos individualmente.
De acordo com os estudos em IHC, Preece, Rogers e Sharp (2005) apontam
como amenizar problemas relacionados à atenção na construção de uma interface,
de acordo com os conceitos de design de interação e das reflexões sobre o
desenvolvimento de ambientes informacionais específicos para a terceira idade
abordadas nesse trabalho:
As informações referentes à execução de determinada tarefa pelos idosos
devem estar visíveis;
Para tanto, é necesrio utilizar-se de recursos do design gráfico apenas para
ressaltar esse tipo de informão;
É importante que os idosos não tenham que utilizar a atenção seletiva dentre
informações não relevantes que apresentam design gráfico inadequado;
Definição de interfaces simples e intuitivas.
Com relação às alterações de percepção nos idosos, Sales (2002, p.25)
comenta que [...] declínios na habilidade de descobrir figuras ou formas
embutidas em padrões complexos e há declínios na habilidade para reconhecer
objetos que são fragmentados ou incompletos”. As implicões quanto ao desenho
da interface a partir desse processo cognitivo são apontadas por Preece, Rogers e
Sharp (2005) e direcionado ao público idoso:
As representações gficas devem ser reconhecidas facilmente pelos idosos;
Os sons disponibilizados devem ser claros e compreensíveis;
Legibilidade e cores contrastantes com o fundo facilitam a leitura de textos.
No que diz respeito à memória, as maiores alterações se referem à
memória de curto prazo (KACHAR, 2003; BADRE, 2002). Na interação humano-
computador, pode haver uma dificuldade de memorização durante o acesso a um
ambiente informacional digital, dificultando a navegação em um sistema hipertextual
103
que, provavelmente, dificultará o aprendizado. Para tal, a partir dos apontamentos
de Preece, Rogers e Sharp (2005), verificamos que
Os procedimentos para a realização de tarefas devem ser simples para não
sobrecarregar a memória de curto prazo dos idosos;
Interfaces projetadas com o objetivo de promover o reconhecimento de
procedimentos através da percepção possibilitam acesso intuitivo dos idosos,
contribuindo para que não precisem memorizar os passos para cumprir as
tarefas.
Vários fatores podem desencadear na dificuldade de aprendizado no
decorrer do envelhecimento humano, como dificuldades de atenção, percepção e
memorização. Esses processos cognitivos, se refletidos no desenvolvimento de
interfaces para esses usuários específicos, podem auxiliar no aprendizado no
momento da interação. É importante que, como comentado anteriormente, sejam
criadas interfaces intuitivas, permitindo o reconhecimento de elementos gerais, bem
como itens específicos quando se trata de uma tarefa específica. Uma interface
projetada com essas reflexões tende a auxiliar os indivíduos no contato com outras
interfaces, bem como torná-los investigadores nesses ambientes, não sendo
necessária a memorização de ações para o cumprimento de tarefas (PREECE;
ROGERS; SHARP, 2005).
A leitura, a fala e a audição são processos significativos para a produção e
recepção da linguagem, envolvendo os sistemas sensoriais visão e audição. As
alterações relativas aos mesmos foram explicitadas anteriormente. A partir dos
apontamentos de Preece, Rogers e Sharp (2005), entendemos que
O desenvolvimento de menus e instruções comandadas por voz deve limitar-
se às categorias e subcategorias relevantes, possibilitando relações entre as
mesmas e permitindo a condução da facilidade de aprendizado e da
facilidade de memorização;
Discursos gerados artificialmente, como no caso dos sintetizadores de fala
para cegos ou indivíduos com baixa visão, devem ser desenvolvidos tendo
como base permitir que os usuários consigam ouvir claramente os sons
disponíveis;
Devem ser oferecidas opções para ampliação do texto, como mencionado
anteriormente, permitindo que pessoas com dificuldades para leitura
104
consigam interagir diretamente com outras formas para entendimento da
informação disponibilizada.
Com relação à resolução de problemas e processos afins, Woods e Birren
(1991
45
apud KACHAR, 2003, p.42) comentam que
É típico das pessoas da terceira idade experienciar algum declínio no
desempenho envolvendo novos estímulos ou habilidades em resolver
problemas, porém, muitos indivíduos entre 70 e 80 anos apresentam
desempenho em testes psicológicos igual ou próximo ao dos jovens.
Levando em consideração as particularidades de cada indivíduo, os
ambientes informacionais digitais devem fornecer recursos para os idosos que
desejam executar ações com maior eficiência, como realizar buscas no próprio
ambiente ou em toda a Web, juntamente com opções de refinamento de busca,
permitindo que os idosos que já tenham uma dada experiência nesse tipo de
ambiente possam resolver problemas, planejar, raciocinar e tomar decisões
(PREECE; ROGERS; SHARP, 2005).
As reflexões acerca das características específicas de usuários idosos
contribuem para o desenvolvimento de ambientes informacionais digitais,
considerando os fatores humanos envolvidos e possibilitando direcionar a
arquitetura da informação que sedisponibilizada nesses ambientes no sentido de
possibilitar sua usabilidade e acessibilidade.
Nesse momento, reunimos recomendações de usabilidade e acessibilidade
com enfoque ao público idoso, obtidas por meio de pesquisa na literatura, as quais
poderão contribuir para o desenvolvimento e a avaliação de ambientes
informacionais digitais específicos, bem como poderão ser utilizadas para a
construção do repositório digital da UNATI UNESP Marília, como será relatado
no próximo capítulo.
Em um primeiro momento, investigamos os princípios de usabilidade
abordados por alguns autores, seguido da síntese desses princípios. As abordagens
o listadas abaixo:
Dias (2003), que apresenta sete princípios de usabilidade a partir de seus
estudos da norma de qualidade ISO 9241-11, bem como apresenta sete
princípios de design universal;
45
WOODS, A. M.; BIRREN, J. E. The psychology of ageing. In: PATHY, M. S. J. Principles and
practice of geriatric medicine. 2.ed. John Wiley & Sons Ltd., 1991.
105
Nielsen (2001
46
apud PREECE, ROGERS e SHARP, 2005), que apresenta
dez princípios de usabilidade;
Norman (1988
47
apud PREECE, ROGERS e SHARP, 2005), que apresenta
seis princípios de design de interação;
Preece, Rogers e Sharp (2005), que apresentam as seis principais metas de
usabilidade;
Shneiderman (1998
48
apud DIAS, 2003), que apresenta oito “regras de ouro
para o projeto de interfaces;
Torres e Mazzoni (2004), que apresentam dez princípios de usabilidade e
acessibilidade.
O Quadro 6 a seguir apresenta uma síntese dos princípios investigados:
- Na primeira coluna, são apresentadas denominações arbitrárias para os princípios
a partir dos princípios encontrados em comum entre os autores (em ordem de maior
relevância seguido por ordem alfabética);
- Na segunda coluna, são definidos os princípios apresentados na primeira coluna, a
partir dos conceitos dos autores;
- Na terceira coluna, são apresentados os autores que apontaram princípios
similares que resultaram na síntese demonstrada na primeira coluna.
46
NIELSEN, J. Ten Usability Heuristics. 2001.
47
NORMAN, D. The design of everyday things. New York: Basic Books, 1988.
48
SHNEIDERMAN, B. Designing the user interface: strategies for effective human-computer
interaction. 3.ed. Massachusetts: Addison-Wesley, 1998.
106
Princípios
investigados
Definição
Autores
Prevenção e
tratamento de
erros
O sistema deve apresentar baixa taxa de erros. Caso
estes ocorram, por parte do usuário ou do próprio
sistema, este deve disponibilizar formas de tratamento
destes erros para que o próprio usuário possa resolvê-
los.
- Dias (2003);
- Nielsen (2001);
- Shneiderman (1998);
- Torres e Mazzoni
(2004).
Consistência
O sistema deve apresentar padronização em suas
ações constituintes. Dessa forma, torna-se consistente
e o usuário não precisa reaprender a usá-lo a cada
ação realizada.
- Dias (2003);
- Nielsen (2001);
- Shneiderman (1998);
- Torres e Mazzoni
(2004);
- Norman (1988).
Feedback
O sistema deve fornecer ao usrio respostas ao final
de cada ação realizada, por meio de mensagens, por
exemplo.
-
Nielsen (2001);
- Shneiderman (1998);
- Torres e Mazzoni
(2004);
- Norman (1988).
Controle
O usuário, tanto experiente quando inexperiente, deve
possuir controle sobre o sistema, e não o oposto.
- Nielsen (2001);
- Shneiderman (1998);
- Torres e Mazzoni
(2004);
- Dias (2003).
Eficácia e
eficiência
O u
suário, ao conhecer o sistema, analisa o quanto
este pode ajudá-lo a atingir seus objetivos. A partir do
momento que o usuário interage com ele, este deve
fornecer subsídios para que o torne freqüente,
realizando suas ações de forma rápida e satisfatória.
- Dias (2003);
- Nielsen (2001);
- Preece, Rogers e
Sharp (2005).
Fácil aprendizado
O novo usuário de um sistema e/ou o usuário num
sistema reestruturado, busca usá-lo com freqüência.
Portanto, deve ser fácil de usar a partir de interface
intuitiva.
- Dias (2003);
- Preece, Rogers e
Sharp (2005);
- Torres e Mazzoni
(2004).
Flexibilidade
No caso de prover acesso a todos os usuários do
público-alvo, o sistema deve considerar todas as
diversidades humanas possíveis.
-
Dias (2003);
- Nielsen (2001);
- Torres e Mazzoni
(2004).
Visibilidade
Os usuários devem encontrar no sistema informações
facilmente perceptíveis e claras.
- Nielsen (2001);
- Torres e Mazzoni
(2004);
- Dias (2003);
- Norman (1988).
Compatibilidade
O sistema deve fornecer similaridade das ações com
os sistemas que os usuários já conhecem e com o
cotidiano deles.
- Nielsen (2001);
- Torres e Mazzoni
(2004);
- Norman (1988).
Fácil
memorização
Ao aprender a interagir com o sistema, o usuário deve
lembrar como fazê-lo ao utilizá-lo novamente.
- Dias (2003);
- Preece, Rogers e
Sharp (2005);
- Shneiderman (1998).
Priorização da
funcionalidade e
da informação
Para que o sistema seja útil e funcional, é preciso que
ele amenize a estética que usa apenas para atrair o
usuário e não conta com informações claras e
precisas.
- Nielsen (2001);
- Preece, Rogers e
Sharp (2005);
- Torres e Mazzoni
(2004).
107
Princípios
investigados
Definição
Autores
Uso eqüitativo
A partir da definição do público-alvo do sistema, este
deve atender a todos dentro do grupo: usuários
experientes ou não. Se possível, também o deve fazer
com outros usuários fora do grupo que buscam
informações nele.
- Torres e Mazzoni
(2004);
- Dias (2003).
Affordance
O sistema deve convidar o usuário a realizar
determinadas ações a partir de incentivos, pistas.
- Norman (1988)
Ajuda
O sistema deve fornecer módulos de ajuda para
auxiliar os usuários em seu uso.
- Nielsen (2001)
Atalhos
O sistema deve fornecer caminhos mais rápidos que
agilizam a interação dos usuários mais experientes.
- Shneiderman (1998)
Baixo esforço
físico
O sistema deve permitir que o usuário não se sinta
cansado ao realizar tarefas repetitivas, manipulações
complexas, etc.
- Dias (2003)
Restrições
O sistema deve restringir, em momento oportuno, o
tipo de interação entre ele e o usuário.
- Norman (1988)
Reversão de
ações
As ações dentro do sistema devem ser reversíveis,
encorajando os usuários a explorá-lo.
- Shneiderman (1998)
Satisfação
subjetiva
Para que o usuário se sinta subjetivamente satisfeito
com o sistema, é necessário que considere agradável
sua interação com ele.
- Dias (2003)
Segurança
O sistema deve proteger o usuário de condições
perigosas e situações indesejáveis.
- Preece, Rogers e
Sharp (2005)
Quadro 6 – Princípios de usabilidade.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em um segundo momento, investigamos recomendações de usabilidade e
acessibilidade abordadas por alguns autores seguida de sua classificação de acordo
com os princípios de usabilidade apresentados no Quadro 6. As abordagens são
listadas abaixo:
Echt (2002
49
apud BADRE, 2002; NIELSEN, 2002), que apresenta
recomendações para apresentação de texto específicas para idosos;
Nielsen (2002), que apresenta tamm recomendações específicas para
idosos;
Zaphiris, Kurniawan e Ghiawadwala (2007) que realizaram uma revisão
exaustiva na literatura da área de IHC e Envelhecimento Humano, seguido do
desenvolvimento de um conjunto de recomendações baseado na literatura
levantada. Essas recomendações foram testadas e validadas por meio de
avaliações heurísticas;
Sales e Cybis (2009) que elaboraram um checklist para a avaliação da
acessibilidade Web para usuários idosos a partir de recomendações
49
ECHT, K. V. Visual considerations and design directives. In: MORRELL, R. W. (Ed.) Older adults,
health information, and the world wide web. Mahwah, NJ: Erlbaum, 2002.
108
investigadas na literatura, bem como advindas de organizões como o W3C
e de estudos empíricos realizados pelos autores;
Além disso, foram acrescentadas propostas de recomendações que são
resultados da fundamentação teórica deste trabalho de pesquisa e de
trabalhos anteriores desenvolvidos com esse público em Vechiato (2007) e
Vechiato e Vidotti (2008).
Os Quadros 7, 8 e 9 a seguir apresentam uma síntese das recomendações
investigadas, classificadas como imprescindíveis, importantes e opcionais,
respectivamente, quando refletidas no contexto da usabilidade e da acessibilidade
de ambientes informacionais digitais para idosos, com enfoque nos repositórios
digitais. Todos os quadros abarcam:
- Na primeira coluna, os princípios de usabilidade investigados;
- Na segunda coluna, a síntese das recomendações investigadas com base nos
autores citados, bem como classificadas de acordo com os princípios pontuados na
primeira coluna;
- Na terceira coluna, os autores que apontaram recomendações de usabilidade e
acessibilidade similares que resultaram na síntese demonstrada na segunda coluna.
O Quadro 7, portanto, abrange as recomendações que consideramos
imprescindíveis para aplicação em um ambiente informacional digital para idosos
Princípios
Recomendações
Autores
Prevenção e
tratamento de
erros
Disponibilizar mensagens claras ao usuário idoso quanto
a um erro dele próprio no desenvolvimento de
determinada tarefa ou mesmo quanto a um erro do
sistema.
- Nielsen (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007).
Consistência
Leiaute, navegação e rotulação/terminologia devem ser
simples, claros e consistentes.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Os rótulos dos
links
devem ser claros e
links
com
mesmo rótulo não podem ser direcionados a páginas
diferentes.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Apresentar informações (ex: mensagens, ícones, rótulos
etc.) e objetos de interação (campo de edição, botão de
comando etc.), que ocorrem repetidos nas diferentes
páginas do site, em posições e formas (ex: cor, fonte,
tamanho etc.) consistentes.
- Sales e Cybis (2009)
Feedback
Fornecer confirmação para as tarefas realizadas pelo
usuário.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Controle
o utilizar menus pull-down.
- Nielsen (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
o fornecer opções que precisem de clique duplo.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
109
Princípios
Recomendações
Autores
Controle
Promover tempo suficiente para leitura das informações.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Fornecer recursos que contribuam para o controle e
liberdade do usuário na interação com o sistema.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Evitar o recurso de rolagem automática de texto, ao
menos que seja disponibilizada uma forma simples de
desativá-lo.
- Sales e Cybis (2009)
Fornecer
links
com rótulos legíveis (ex: “página anterior”
e “próxima página”) no site para permitir que o usuário
retorne ou siga em frente.
- Sales e Cybis (2009)
Links
do tipo “clique aqui” e “leia mais” têm grande
aceitabilidade por esse público, visto que os direcionam
a ações que talvez não consigam visualizar.
- Vechiato (2007);
Vechiato e Vidotti
(2008).
Eficácia e
eficiência
Propiciar ao usuário idoso facilidades no
desenvolvimento de suas tarefas com o site.
- Recomendação
proposta neste trabalho.
Fácil
aprendizado
Utilizar distinção de cores para links visitados e não
visitados.
- Nielsen (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007).
Os ícones devem ser simples e significativos.
-
Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Reduzir o consumo da memória de trabalho do usuário
por meio de interface que possibilite acesso intuitivo
através do reconhecimento.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Visibilidade
Utilizar fontes não serifadas, como Arial ou Helvetica.
- Echt (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Para tamanho de fonte, utilizar 12 ou 14 pontos para o
corpo do texto e 18 a 24 pontos para cabalhos.
-
Echt (2002);
- Nielsen (2002);
- Sales e Cybis (2009).
Utilizar letras maiúsculas e minúsculas; evitar o uso de
trechos longos em caixa alta.
- Echt (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009)
Utilizar posicionamento consistente dos elementos da
página.
- Echt (2002)
Utilizar um número mínimo de
links
de hipertexto em
uma única linha de texto.
- Echt (2002)
Evitar o formato de várias colunas ou
frames.
- Echt (2002)
Evitar textos que “piscam” ou em movimento.
- Echt (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007).
Para objetivos de controle, como
links,
botões de
comando, barras de rolagem etc., apresentar uma área
sensível às ações dos usuários suficientemente grande
para permitir um fácil e confortável acionamento por
parte do usuário idoso.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
O contdoo deve ser apresentado apenas em uma
única cor.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Fornecer descrições (por extenso, em legenda etc.) de
abreviaturas ou siglas e realçá-las quando da sua
primeira ocorrência em cada página.
- Sales e Cybis (2009)
Fornecer
links
agrupados adequadamente.
-
Sales e Cybis (2009)
110
Princípios
Recomendações
Autores
Compatibilidade
Possibilitar ao usuário idoso ações compatíveis àquelas
vivenciadas em seu dia-a-dia.
- Nielsen (2002)
A linguagem deve ser simples e clara.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009)
Priorização da
funcionalidade
e da informação
Elementos gráficos e animações devem ser pertinentes
e não apenas usados para decoração.
-
Zaphiris, Kurnia
wan e
Ghiawadwala (2007)
Evitar informações irrelevantes.
-
Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Destaque para as informações mais importantes.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
As informações devem ser concentradas no centro da
página.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
As cores devem ser utilizadas de forma coerente com a
proposta do ambiente informacional digital.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Evitar intermitência (efeito de piscar) de elementos
visuais no site. Se for necessário, inserir recurso para
que o usuário possa desativá-la.
- Sales e Cybis (2009)
Affordance
Fornecer pistas aos usuários sobre onde estão
localizados em um web site no momento de acesso.
-
Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Baixo esforço
físico
Em páginas com formulários, forneça o posicionamento
dos objetos de interação (campo de edição, botão de
dio, lista de seleção etc.) em relação aos seus
respectivos rótulos de identificação.
- Sales e Cybis (2009)
Proporcionar ao usuário facilidades na interação com o
site, impedindo ações repetitivas.
- Sales e Cybis (2009)
Restrições
Quando o
site
disponibilizar conteúdos restritos aos
idosos, fornecer informações consistentes relacionadas
à restrição.
- Vechiato (2007);
Vechiato e Vidotti
(2008).
o restringir os usuários a uma estrutura informacional
fechada, fornecendo recursos que os idosos possam
interagir com maior liberdade e criatividade no ambiente.
- Recomendação
proposta neste trabalho.
Satisfação
subjetiva
Fornecer conteúdos que não estejam relacionados
apenas com as doenças do envelhecimento humano,
mas que enfoquem qualidade de vida e outros assuntos
de interesse geral.
- Vechiato (2007);
Vechiato e Vidotti
(2008).
Fornecer recurso para que o idoso possa se manifestar
quanto sua satisfação no uso do ambiente.
- Recomendação
proposta neste trabalho.
Segurança
Informações relacionadas à segurança do idoso frente a
cadastro no ambiente bem como download de arquivos
devem ser enfatizadas, visto que é um público que se
preocupa com a segurança de seus dados pessoais e
vírus de computadores.
- Vechiato (2007);
Vechiato e Vidotti
(2008).
Quadro 7 Recomendações de usabilidade e acessibilidade imprescindíveis para ambientes
informacionais digitais para idosos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os projetistas de ambientes informacionais digitais para idosos podem
utilizar essas recomendações como ponto de partida. Elas enfocam: a facilidade
desse tipo de usuário em compreender as mensagens; a importância da utilizão
de elementos consistentes nas diversas páginas do ambiente, no que diz respeito
111
aos termos / rotulagem, cores e fontes; a importância do controle do usuário no
desenvolvimento de suas tarefas; a facilidade de aprendizagem por meio do
reconhecimento, considerando a compatibilidade com as ações cotidianas do
usuário e com sua linguagem; a priorização da funcionalidade e da visibilidade da
informação; o fornecimento de pistas para a localizão do usuário no ambiente,
com o intuito de facilitar a navegação; entre outras.
O Quadro 8 apresenta as recomendações que consideramos importantes
para aplicação em um ambiente informacional digital para idosos.
Princípios
Recomendações
Autores
Consistência
Apresentar texto na voz ativa (ex: “é necessário que
você se cadastre” em vez de “é necessário que você
seja cadastrado”).
- Sales e Cybis (2009)
Fornecer títulos significativos para os
frames
do
site.
- Sales e Cybis (2009)
Visibilidade
Utilizar negrito no texto; evitar itálico. - Echt (2002)
Utilizar texto alinhado à esquerda; evitar centralizado ou
justificação completa.
- Echt (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Utilizar contrastes negativos (texto preto sobre fundo
branco).
- Echt (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Fornecer o menor nível de brilho possível nas cores do
fundo da página ou das imagens existentes.
- Sales e Cybis (2009)
Quadro 8 Recomendações de usabilidade e acessibilidade importantes para ambientes
informacionais digitais para idosos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Consideramos que essas recomendações o importantes, mas não
imprescindíveis, podendo ser aplicadas em um segundo momento e refletidas de
acordo com as necessidades específicas da instituição promotora do ambiente e de
seus usuários.
O Quadro 9 apresenta as recomendações que consideramos opcionais para
aplicação em um ambiente informacional digital para idosos.
Princípios
Recomendações
A
utores
Controle
Disponibilizar recurso para dimensionamento do texto.
-
Echt (2002)
Flexibilidade
Disponibilizar aos usuários diferentes tipos de busca,
bem como diferentes tipos de apresentação de
resultados, correspondendo a diferentes níveis de
habilidade e preferências dos usuários.
- Sales e Cybis (2009)
Fornecer sincronismo para as legendas e descrições
sonoras às passagens a que estão associadas nas
apresentações multimídia (ex: legenda para uma
entrevista em um filme, texto associado a animação
visual etc.)
- Sales e Cybis (2009)
112
Princípios
Recomendações
Autores
Flexibilidade
Fornecer resumos de figuras e tabelas. - Sales e Cybis (2009)
Visibilidade
Aumentar o espaço entre as linhas de blocos de texto.
- Echt (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Manter cumprimentos de linha entre 50 e 65 caracteres.
-
Echt (2002);
- Sales e Cybis (2009).
Utilizar título e subtítulos.
-
Echt (2002);
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007).
Listas de
links
devem aparecer em uma lista de
marcadores.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Tons de azul e verde devem ser evitados.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Fornecer destaque ao cursor, por meio de formatos e
tamanhos que permitam com que ele seja encontrado
facilmente na tela por um usuário idoso.
- Sales e Cybis (2009)
Fornecer ao usuário outras possibilidades de destaque
para textos importantes (ex: cor+sublinhado,
cor+espessura de linha etc.).
- Sales e Cybis (2009)
Fornecer distinção vis
ual de
links
textuais colocados
lado a lado em uma mesma linha (links adjacentes) por
meio de caracteres que não funcionem como link (ex: [,
|, etc.) ladeados por espaços em branco.
- Sales e Cybis (2009)
Fácil
memorização
o devem ser utilizadas organizações hierárquicas
profundas nem grupos de informações sem uma
categoria definida.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Uso equitativo
Deve ser utilizado o atributo alt=”texto” para fornecer
texto equivalente a todas as imagens disponibilizadas.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Fornecer uma versão exclusivamente em texto para
páginas com apresentações visuais ou sonoras caso a
acessibilidade não possa ser obtida por outro recurso.
- Sales e Cybis (2009)
Fornecer operação dos componentes do
site
por meio
de diferentes dispositivos, em particular, teclado e
mouse.
- Sales e Cybis (2009)
Ajuda Fornecer recurso de ajuda sobre como utilizar o site.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Atalhos Fornecer um mapa do site.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007);
- Sales e Cybis (2009).
Baixo esforço
físico
Evitar barras de rolagem.
-
Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Fornecer apenas uma janela aberta.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Fornecer seções curtas para blocos de informação e
documentos que sejam extensos.
- Sales e Cybis (2009)
Reversão de
ações
As ferramentas de busca devem atender às diversas
possibilidades de pesquisas feitas pelos usuários,
especialmente anéis sinonímicos que remetem termos
digitados incorretamente aos termos do vocabulário
controlado.
- Zaphiris, Kurniawan e
Ghiawadwala (2007)
Quadro 9 Recomendações de usabilidade e acessibilidade opcionais para ambientes
informacionais digitais para idosos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
113
Consideramos que essas recomendações estão mais relacionadas a
necessidades específicas de produtores e usuários potenciais de ambientes
informacionais digitais para idosos, pois são bastante específicas. Em um repositório
digital DSpace, por exemplo, o conteúdo é organizado em comunidades e coleções
e pode ocorrer constantemente a inclusão de mais itens na hierarquia conforme as
necessidades informacionais vão sendo identificadas.
Nesse momento, alguns ambientes informacionais digitais específicos para
idosos serão comentados tendo como base algumas das recomendações
apresentadas nos quadros anteriores.
Primeiramente, apresentaremos o SeniorNet, que se trata de uma
organização que objetiva propiciar aos idosos educação para o acesso às
tecnologias computacionais com o intuito de trazer melhorias para suas vidas,
permitindo-lhes compartilhar seus conhecimentos com outros membros desse grupo.
A Figura 9 apresenta a página inicial desse web site.
Figura 9: gina inicial do web site SeniorNet.
Fonte: <http://www.seniornet.org>. Acesso em: 26 jan. 2010.
Percebemos que o ambiente utiliza diversas cores que estão relacionadas à
sua proposta. Foi utilizada uma fonte não serifada, o que facilita a leitura para
114
usuários idosos e seu tamanho varia dependendo de cada seção da página. Porém,
verificamos que a maior parte dos textos é apresentada em um tamanho coerente
com as recomendações apresentadas. Conferimos também a possibilidade e a
facilidade na realização de buscas, a existência de links do tipo Read more... (Leia
Mais...) que, embora redundantes, têm grande aceitabilidade por esse público.
Como pontos negativos, percebemos que utilização de menus pull-down,
como é demonstrado na figura, em que posicionamos o cursor do mouse no menu
E-Learning. Os idosos geralmente possuem dificuldades com esse tipo de menu,
principalmente aqueles mais inexperientes. Além disso, a imagem do centro é
alterada constantemente e de forma rápida, o que também pode dificultar a
utilização por usuários que estão aprendendo a utilizar o ambiente.
O próximo ambiente apresentado é o Maisde50. Criado em 1999, esse web
site tem como objetivo possibilitar o uso pelas pessoas com mais de 50 anos ou
outros que se interessem pelos assuntos abordados e contribuir para a discussão
sobre o envelhecimento humano através de textos informativos e canais de
comunicação entre usuários. Além disso, proporciona encontros reais para
aproximão de pessoas que se conhecem apenas no ambiente digital. A Figura 10
apresenta a página inicial desse web site.
Figura 10: Página inicial do web site Maisde50.
Fonte: <http://www.maisde50.com.br>. Acesso em: 28 jan. 2010.
115
Como aspectos positivos, podemos destacar o dinamismo na atualização
das informões no ambiente, bem como a abrangência de assuntos que estão
relacionados a todos os aspectos do envelhecimento humano de uma maneira
descontraída, por meio de breves artigos que são escritos por jornalistas e
especialistas. Os usrios desse ambiente podem se cadastrar em uma rede social
disponibilizada, criar seus blogs, participar do chat, possibilitando facilidades de
interação e participação.
Porém, percebemos que, para esse tipo de ambiente, a rolagem da página
inicial é muito longa, contemplando muitas informações, além de um excesso de
imagens e algumas imagens em movimento que podem tamm dificultar a
aprendizagem de um usuário inexperiente.
O web site da Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UNATI UERJ), que comentaremos a seguir, contém
informações sobre a instituição e abriga o Centro de Referência e Documentação
sobre Envelhecimento (CRDE), criado em 1999. A Figura 11 apresenta a página
inicial desse web site.
Figura 11: Página inicial do web site da UNATI UERJ.
Fonte: <http://www.unati.uerj.br/>. Acesso em: 12 fev. 2010.
116
O web site apresenta conteúdos relevantes para os usuários idosos,
principalmente para os membros da instituição, bem como para especialistas em
envelhecimento humano. Notamos que a fonte utilizada no que diz respeito à sua
tipologia e tamanho é coerente com as recomendações apresentadas.
Porém, o usuário idoso pode se perder nesse emaranhado de informões
da primeira coluna. Essa seção poderia ser repensada de modo que os idosos
consigam distinguir melhor uma notícia da outra.
A Figura 12 apresenta a Biblioteca CRDE, a qual foi comentada na seção
anterior.
Figura 12: Biblioteca CRDE.
Fonte: <http://www.crde-unati.uerj.br/crde/crdee.htm>. Acesso em: 12 fev. 2010.
A biblioteca CRDE possui conteúdos muito relevantes acerca do
envelhecimento humano, principalmente no que diz respeito às pesquisas
desenvolvidas na temática. Os projetistas dessa biblioteca poderiam repensar essa
página, pois enfoca mais os usuários especialistas que os próprios idosos. Os
usuários idosos geralmente optam por leituras simples e, dessa forma, poderiam ser
disponibilizadas versões simplificadas de trabalhos científicos, a fim de disseminar a
esse público que pode não estar familiarizado com a linguagem acadêmica utilizada
nos textos.
117
Os ambientes comentados possuem conteúdo informacional relevante para
o público idoso, porém é necessário que os projetistas atentem que, para que o
usuário acesse esse conteúdo sem barreiras, é preciso refletir sobre elementos,
recursos e serviços tornem esses ambientes mais fáceis de acessar e de usar.
A listagem exaustiva de recomendações apresentada por meio dos quadros
contemplam elementos, recursos e serviços que podem ser inseridos em ambientes
informacionais digitais para idosos a fim de tornar suas arquiteturas informacionais
mais inclusivas, contribuindo para que o projeto do ambiente seja direcionado para o
desenho universal.
Em um primeiro momento, elas podem auxiliar também em avaliações
heurísticas quando não é possível ter um grupo de usuários reais ou potenciais para
a aplicação de um método de avalião como entrevista, questiorio ou grupo
focal.
Na avaliação heurística, os avaliadores utilizam recomendações (heurísticas,
princípios e/ou diretrizes) resultantes de estudos de usabilidade. Trata-se de um
método sem a participação de usuários, indicado para qualquer estágio de
desenvolvimento de um ambiente informacional digital. (DIAS, 2003; CYBIS,
BETIOL; FAUST, 2007). É importante mencionar que esse tipo de avaliação conta
apenas com a opinião dos avaliadores sobre um conjunto de recomendações
genéricas.
Vechiato e Vidotti (2008) sugerem a utilização desse método em conjunto
com métodos que permitam a participação de usuários, visto que, mesmo que as
recomendações sejam contempladas para um público específico, o contexto real de
aplicação pode revelar a ausência da necessidade de aplicação de uma
recomendação, bem como outras recomendações ainda não previstas podem surgir.
O capítulo seguinte apresenta a pesquisa-ação realizada no âmbito da
UNATI UNESP Marília, visando a inclusão digital dos alunos e o
desenvolvimento de um repositório digital para a UNATI UNESP que visa a
inclusão digital e social de idosos via tecnologias de informão e comunicação.
118
6 PESQUISA-AÇÃO: um estudo junto aos alunos da Universidade
Aberta à Terceira Idade (UNATI) – UNESP Campus de Marília
Para a aplicação dessa pesquisa, consideramos fundamental a participação
dos alunos da UNATI no projeto de ensino dos cursos de informática oferecidos e na
construção de um repositório digital para a UNATI UNESP, uma vez que
contribuem ativamente com todas as ões realizadas para a resolução dos
problemas de pesquisa identificados. Desse modo, consideramos que a pesquisa-
ão contribui sobremaneira para a organização dessa pesquisa, pois se trata de
[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 2004, p.14).
Seguindo a mesma linha de pensamento, Freire (2006, p.65) acrescenta que
a pesquisa-ação
[...] supõe uma participação e uma forma de ação planejada que atinja os
vários elementos das atividades humanas [...], à medida que viabiliza a
ação coletiva pautada pela resolução de problemas e por objetivos de
transformação.
Ela difere da pesquisa convencional no que diz respeito à maneira como é
conduzida, permitindo o trabalho conjunto de pesquisadores e participantes desde a
identificação dos problemas até sua resolução. A pesquisa-ação ainda está em fase
de discussão e, segundo Thiollent (2004), o é uma metodologia e sim um método
ou uma estratégia de pesquisa que congrega outros métodos ou cnicas, inclusive
aqueles utilizados em pesquisas convencionais, como entrevistas e questionários.
Para o planejamento e condução da pesquisa, utilizamos o roteiro de
organização da pesquisa-ação apresentada e discutida por Thiollent (2004). Devido
à flexibilidade da pesquisa-ação, esse roteiro é considerado pelo autor apenas um
ponto de partida, que auxilia na identificão dos elementos essenciais da pesquisa.
Primeiramente é necessário caracterizar os pesquisadores e participantes da
pesquisa. Esse trabalho envolve duas alunas do Curso de Graduão em
Biblioteconomia (Laura Akie Saito Inafuko e Odília Barbosa Ribeiro) e dois alunos do
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informão (Ana Maria Jensen Ferreira
da Costa Ferreira e Fernando Luiz Vechiato), todos integrantes do Grupo de
Pesquisa ‘Novas Tecnologias em Informação’ (GP-NTI), sob orientação da Profa.
119
Dra. Silvana Aparecida Borsetti Gregorio Vidotti, vice-coordenadora da UNATI
UNESP – Núcleo Local de Marília.
Os alunos dos cursos de informática são os participantes da pesquisa. É um
grupo que possui diversidade de idades, condições sócio-econômicas e
educacionais, o que contribui para a percepção da relação entre o contexto em que
estão inseridos e a inserção das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em
suas atividades informativas cotidianas.
Consideramos como problemáticas aquelas que permeiam a interação
humano-computador (IHC), tanto com relação ao usuário idoso no que diz respeito
às limitações físicas e cognitivas do envelhecimento humano, quanto com relação
aos ambientes informacionais digitais, que geralmente não apresentam elementos
que facilitam a acessibilidade e a usabilidade das informações disponíveis,
dificultando sua inclusão no ambiente digital.
Embora essas problemáticas tenham advindo da literatura científica, o que é
previsto por Thiollent (2004) em sua abordagem sobre pesquisa-ação, elas são
amplamente discutidas com os alunos no âmbito dos cursos de informática, o que
valida a importância atribuída a esses problemas e sua necessidade de resolução.
Desse modo, objetivamos, pesquisadores e participantes:
A inclusão digital dos alunos da UNATI, por meio dos cursos de informática,
possibilitando o compartilhamento de experiências e conhecimentos entre
pesquisadores e participantes e contribuindo para a integração
intergeracional, em que todos aprendem e constróem conhecimento;
O desenvolvimento de um repositório digital para a UNATI UNESP que
contemple elementos que facilitem o acesso e o uso das informações
disponibilizadas, contribuindo para a inclusão digital e social desse grupo de
alunos.
Para o cumprimento do objetivo de inclusão digital por meio dos cursos de
informática, foram desenvolvidas as seguintesões:
Identificação de elementos do construtivismo na literatura, a fim de avaliar o
andamento dos cursos de informática no ano de 2008;
Por meio de grupo focal, elaboração de um plano de ensino junto aos alunos
baseado em suas necessidades, tendo em vista seu conhecimento sobre as
possibilidades tecnológicas que gostariam de investigar no ano de 2009;
120
Aplicação do construtivismo nas aulas de informática em 2009, a fim de
conduzir o processo de ensino-aprendizagem para a exploração das TIC e
das informações disponíveis de forma ctica e autônoma, contribuindo para o
desenvolvimento de competências informacionais.
Thiollent (2004) comenta sobre as relações entre o saber formal e o saber
informal. Os pesquisadores são munidos principalmente de saber formal derivado da
investigação teórica e da aplicação de pesquisas anteriores e contribuem com os
alunos com seu conhecimento acerca das TIC. Os alunos, participantes da
pesquisa, por sua vez, podem possuir saberes formais e informais, baseados em
sua formação e em sua vivência profissional, bem como percepções de mundo e
opiniões acerca do contexto tecnológico experimentado pela sociedade. As
informações advindas desses saberes contribuem tanto para a construção de
conhecimento individual e coletivo quanto para o desenvolvimento do conhecimento
científico.
Para o desenvolvimento do repositório digital da UNATI – UNESP, foram
desenvolvidas as seguintes ações:
Por meio de grupos focais, discussão com os alunos sobre possíveis
conteúdos que poderiam ser armazenados no repositório digital,
possibilitando a definição de comunidades e coleções no âmbito da UNATI
UNESP – Marília;
A partir de um estudo do comportamento informacional desse grupo de
alunos, identificação das necessidades informacionais e fontes de informão
que utilizam cotidianamente, objetivando refletir sobre elementos, recursos
e/ou serviços que possam ser incorporados a fim de tornar o repositório digital
um ambiente que reúna, além da produção referente à UNATI, informões
que satisfaçam as necessidades informacionais cotidianas dos alunos;
Mobilização de competências informacionais nos alunos no que diz respeito
ao auto-arquivamento, discutindo políticas para inserção de documentos, bem
como questões relacionadas aos direitos autorais e à representação dos
recursos informacionais;
Avaliação constante da usabilidade do repositório digital desenvolvido, por
meio de grupos focais, discutindo sobre os elementos formais e conteúdo da
interface, a fim de garantir que novas necessidades informacionais possam
121
ser identificadas em discussões no âmbito das aulas de informática e visando
a inclusão digital e social dos alunos via repositório digital.
As próximas seções apresentam os resultados referentes às ações
executadas na aplicação da pesquisa-ação no que tange aos dois objetivos
formulados.
6.1 Inclusão digital dos alunos da UNATI: identificação e aplicação de
elementos do construtivismo
Os cursos de informática para a UNATI UNESP Campus de Marília
comaram efetivamente a ser oferecidos em 2004 pelo Programa de Educação
Tutorial (PET) de Biblioteconomia, coordenado, naquele momento, pela Profa. Dra.
Silvana Aparecida Borsetti Gregorio Vidotti. A partir de 2006, ministramos um curso
de informática para um pequeno grupo de alunos da UNATI que utilizavam
computador e Internet. As aulas foram direcionadas ao projeto de pesquisa
“Arquitetura da Informão de web sites”, financiado pelo Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (PIBIC/CNPq). Até o final do ano de 2007, os alunos auxiliaram na
avaliação da usabilidade de ambientes informacionais específicos para a terceira
idade. Os resultados apontaram que, nesses ambientes, há disponibilizão de
conteúdos relevantes para esse blico, porém suas interfaces não são facilmente
intuitivas e apresentam ausência de elementos de usabilidade e acessibilidade.
(VECHIATO; VIDOTTI, 2008)
Em 2008, foram oferecidos dois cursos de extensão universiria com o
objetivo de atrair um mero maior de alunos: Formas de comunicação na Internet,
para alunos iniciantes, objetivando introduzi-los às diversas possibilidades
oferecidas pela informática e, em especial, pela Internet; e Ambientes informacionais
digitais: enfoque dos web sites e repositórios, como possibilidade de complemento
aos estudos dos alunos que fizeram os cursos nos anos anteriores e que auxiliam na
avaliação de ambientes informacionais digitais para a terceira idade. Cada curso foi
oferecido uma vez por semana pelo período de duas horas cada.
Em 2009, mantivemos o curso Formas de comunicação na Internet e
substituímos o segundo curso de 2008 pelo Tecnologias de Informação e
122
Comunicação com enfoque aos ambientes colaborativos, visando a discussão e a
investigação de ambientes informacionais digitais que possibilitam a colaboração
das pessoas com conteúdos intelectuais.
Desde 2006, oferecemos palestras anuais para disseminação do curso de
informática a todos os alunos da UNATI, o que possibilitou o aumento da procura por
esse curso. O número de interessados aumentou consideravelmente em 2008 e
2009. Portanto, é necessário refletir sempre sobre o plano de ensino e a
metodologia adotada.
Entendemos que a capacitação de idosos para o uso das TIC deve atuar em
uma perspectiva que considere suas habilidades e competências como ponto de
partida para o projeto de ensino. Nesse sentido, as teorias construtivistas trazem
elementos que podem ser utilizados na prática docente nesse contexto,
proporcionando ao professor-mediador o entendimento do meio em que ele atua,
bem como do aluno consciente, crítico e autônomo no processo de construção de
conhecimento, visando a inclusão digital e social dos alunos.
Para Aznar Minguet (1998), o construtivismo surgiu com a crise do
positivismo, que possuía características tais como: reducionista, metafísico,
ausência de questionamentos, fatos concretos, realidade determinada e verdade
absoluta. Deste modo, o construtivismo atua em um paradigma que traz uma nova
concepção do sujeito: ativo, autoconstrutor e autônomo.
Arja Castañon (2007, p.116) comenta que a concepção filosófica que es
por trás do construtivismo pode remeter à obra de Immanuel Kant:
É a inversão do sentido da relação entre sujeito e objeto que é a raiz do
construtivismo. Tradicionalmente, a filosofia ocidental pensava o
conhecimento como uma determinação do sujeito cognoscente pelo objeto
conhecido. Kant apresenta o processo do conhecimento como a
organizão ativa por parte do sujeito através das estruturas da mente
do material que nos é fornecido pelos sentidos. Ou seja, para o
construtivismo, o sujeito constrói suas representações de mundo, e não
recebe passivamente impressões causadas pelos objetos.
Grande parte dos autores que discutem o construtivismo, como Rossler
(2000), afirmam que a epistemologia genética de Jean Piaget pode ser considerada
o núcleo do pensamento construtivista.
[...] poderíamos definir o construtivismo como um conjunto de diferentes
vertentes teóricas que, apesar de uma aparente heterogeneidade ou
diversidade de enfoques no interior de seu pensamento, possuem como
núcleo de referência básica a epistemologia genética de Jean Piaget, em
torno à qual são agregadas certas características que definem a identidade
do ideário construtivista como um ideário filosófico, psicológico e
123
educacional, compartilhando, assim, um mesmo conjunto de pressupostos,
conceitos e princípios teóricos. (ROSSLER, 2000, p.7).
O arcabouço teórico do ideário construtivista repousa nas seguintes
perspectivas apresentadas por Aznar Minguet (1998):
Perspectiva filosófica: interação dialética do homem com seu meio;
condicionamento do conhecimento a partir da experiência prévia; a
assimilação de objetos que podem ou não ter relações com
experiências prévias, podendo gerar homeostase cognitiva
50
e, por
fim, acomodação; organização ativa e adaptação funcional entre o
conhecimento e a realidade;
Perspectiva bioantropológica: o homem possui uma estrutura
psicobiológica, tendo como características diferenciais com relação a
outros seres vivos o inacabamento, a indeterminação e a abertura.
Além disso, o homem possui autonomia no processo de construção
do conhecimento que, para Maturana e Varela (2001), depende de
sua auto-organização (autopoiese);
Perspectiva da genética do comportamento: coexistência entre as
correntes racionalista e emrica no desenvolvimento do indivíduo.
Um exemplo disso é a linguagem humana que, para Morin (1999,
p.133), “[...] é realmente a encruzilhada entre inato e adquirido: a
aptidão à linguagem é inata no homo sapiens, mas toda língua deve
ser aprendida numa cultura e toda língua permite adquirir o
conhecimento de uma cultura”.
O ideário construtivista tamm abrange uma ampla gama de
pesquisadores, sendo alguns deles Jean Piaget, que investigou os conceitos de
assimilação e acomodação, baseados na experiência prévia do sujeito; Lev
Semenovich Vygotsky, que desenvolveu os conceitos de zona de desenvolvimento
proximal e lei da dupla função; e David Ausubel, que apresenta a teoria da
aprendizagem significativa, a qual permite ser trabalhada por meio da técnica de
criação de mapas conceituais.
Essa ideologia chamou a atenção dos educadores e foi disseminada como
um novo paradigma para o processo de ensino-aprendizagem. Porém, muitos
50
[...] conflito que desemboca em novas realidades que o sejam comuns até que haja ajuste
novas estruturas de significado. (AZNAR MINGUET, 1998).
124
autores como Massabni (2007) e Miranda (2000) apresentam estudos de caso que
mostram alguns elementos construtivistas em práticas docentes que nem sempre
o desenvolvidas de maneira eficiente. Por outro lado, é possível afirmar que nem
todos os elementos construtivistas são eficazes. Cada caso é um caso e é
necessário refletir sobre essas práticas.
O construtivismo, portanto, é alvo de algumas críticas. Rossler (2000, p.18),
por exemplo, comenta que “[...] a presença da sedução na difusão e na incorporação
do ideário construtivista contradiz o objetivo central por ele proclamado: a busca da
autonomia intelectual e moral dos sujeitos”. Essa sedução gera, segundo o autor, a
manipulação ideológica que desencadeia uma rie de práticas incorretas que se
auto-justificam como construtivistas, porém na verdade não são.
Arce (2000) reforça a discussão crítica na aproximão ideológica dos
conceitos construtivistas, neoliberais e pós-modernistas iniciada por Newton Duarte
no livro Vygotski e o “aprender a aprender: ctica às apropriações neoliberais e
pós-modernas da teoria vigotskiana. Analisamos, portanto, uma das características
trazidas pela autora, baseada no ideário construtivista: “O ensino e a escola devem
levar o aluno a “aprender a aprender”. Sua realidade e seu cotidiano são as
referências. Conteúdos devem ser reduzidos aos que puderem ser realmente
compreendidos pelos alunos.” (ARCE, 2000, p.51).
Percebemos que essa característica afirma que o conteúdo é limitado à
experiência do aluno. É claro que isso pode ser usado como ponto de partida para
um bom aprendizado, bem como torna o professor mais interado e consciente da
vida cotidiana dos alunos. O problema es na apropriação desse elemento
construtivista como sendo o ponto final, a última instância, limitando o universo do
aluno e extinguindo-lhe as diversas possibilidades, além de reduzir o papel do
professor e o próprio conceito de mediação.
A autora reitera que
[...] o construtivismo, alicerçado nas discussões pós-modernas, pode afirmar
de modo categórico que a educação escolar deve ter como fonte principal
do processo de ensino-aprendizagem a construção individual do
conhecimento, a negociação de significados, centrando no cotidiano os
conteúdos, o falando em privação cultural mas em diferenças culturais,
assim como o discurso neoliberal não fala em exploração econômica mas
em diferenças econômicas saudáveis, frutos da competitividade do
mercado. (ARCE, 2000, p.52).
Nessa relação com o neoliberalismo, Arce trata de um aspecto bastante
importante: a privação cultural. O idrio construtivista não deve se tornar tão
125
sedutor a ponto de privar as pessoas de novos conhecimentos ou limitar a
construção do conhecimento aos alunos. Dessa forma, o professor não tem seu
papel reduzido quando atua como mediador.
Tendo em vista o processo de mediação visando a autonomia do aluno,
baseando-se criticamente em elementos construtivistas, retomamos a Ciência da
Informação e a proposta de capacitação de idosos para o uso das TIC. Nesse
contexto, cabe o conceito de mediação da informação de Almeida Júnior (2008,
p.46):
Mediação da informação é toda ação de interferência realizada pelo
profissional da informação direta ou indireta; consciente ou inconsciente;
singular ou plural; individual ou coletiva; que propicia a apropriação de
informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade
informacional.
O autor ressalta que existe uma linha tênue entre interferência e
manipulação. No contexto do construtivismo, sua prática “sedutora” e incoerente
com seus próprios propósitos pode direcionar a interferência no sentido de um
discurso manipulado, o que transformaria a transferência de conhecimento em
transferência de verdade absoluta, características positivistas.
Essa problemática pode ser identificada em cursos de informática
tradicionais. Normalmente, as escolas de informática possuem metodologias
diferenciadas para crianças e jovens. Para adultos e idosos é utilizada a mesma
metodologia. Isso não deve ocorrer, pois o contexto social em que estão inseridos
esses grandes grupos é bastante diferente. O primeiro grupo é ou quer estar
extremamente ativo no mercado de trabalho, por isso busca esses cursos. O
segundo grupo, por sua vez, procura aulas de informática com necessidades
específicas, como se comunicar com os filhos, procurar receitas, poesias e
informações sobre saúde na Web, digitar textos etc.
Como explicitado, Vitória Kachar realizou uma investigação com alunos da
Universidade Aberta à Terceira Idade da PUC-SP nessa perspectiva de capacitação
de idosos para o uso das TIC. Em seu livro Terceira idade e informática: aprender
revelando potencialidades (2003), é perceptível o uso de elementos construtivistas
em sua prática de ensino.
Primeiramente, Kachar (2003) comenta sobre a necessidade da construção
de um ambiente educacional interdisciplinar, em que possa haver trocas entre o
professor e os alunos, além da exploração do computador pelos alunos apenas
126
como uma ferramenta, em que poderão realizar diversas atividades e desenvolver
competências.
O ambiente educacional é interdisciplinar, construído para a terceira idade
aprender a Informática e, para além da apropriação da linguagem e domínio
operacional, demonstrar seu potencial de produção, reconstruir sua auto-
imagem e imagem pública, exercitando a cidadania. (KACHAR, 2003,
p.129).
Para proporcionar a criação desse ambiente, a autora considera necessária a
re-elaboração contínua da metodologia ou mesmo de toda a proposta de ensino
desenvolvida, pois, com o tempo, as necessidades dos alunos podem mudar, bem
como de todo o ambiente educacional. Essas necessidades de mudanças devem
ser percebidas imediatamente e, para isso, Kachar (2003) comenta sobre a
importância de observar e registrar tudo o que transcorrer nesse ambiente
educacional em relação aos alunos, ao professores e às estratégias de aula.
A partir das abordagens investigadas, sistematizamos na Figura 13 alguns
conceitos que podem ser trabalhados na perspectiva de cursos de informática para
idosos visando sua inclusão digital e social.
Figura 13: Processo de inclusão digital em cursos de informática para a terceira idade.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Esse esboço inicial do processo de inclusão digital apresenta a mediação
atuando primeiramente na identificação das habilidades, potencialidades e
experiências dos idosos, pois é a partir delas que o professor-mediador vai traçar e
127
elaborar um plano de ensino para a capacitação desses indivíduos. Além disso, esse
mediador carrega consigo suas experiências que são compartilhadas com os alunos.
Em um segundo momento, busca-se competência para o uso das TIC. O
conceito de competência, por si só, não abarca a complexidade da ação de
aprender, muito menos finaliza o processo de ensino-aprendizagem. Pensar em
competência e almejá-la, tendo em vista a capacitação de idosos, reflete na
apresentão de um mundo novo pelo professor-mediador, repleto de
possibilidades, baseando-se tamm em suas próprias competências. Porém, é
preciso esclarecer que esse mundo novo apenas facilita aquelas ações que eles
sempre realizaram. Por isso, investigar as habilidades e potencialidades dessa
comunidade pode direcionar o ensino das ferramentas tecnológicas.
A autonomia, que aparece no final do processo, representa o direcionamento
da competência para o uso crítico da informão e dos aparatos tecnológicos,
propiciando atingir a meta de inclusão digital desse grupo específico, direcionando
para a inclusão social.
Essa figura também pretende mostrar que o papel do mediador é
extremamente importante, visto que é ele quem interferirá diretamente em todos os
momentos do processo e, em uma relação bilateral como mostra a figura, constrói
conhecimento sobre como esse grupo se comporta e contribui para que o sujeito se
auto-organize e perceba todas as ações que ele pode realizar utilizando as TIC.
No Quadro 10 que segue apresentamos os elementos construtivistas
aplicados à educação retirados do texto de Miranda (2000, p.35-36), bem como as
práticas vivenciadas no curso de informática em 2008, de acordo com esses
elementos.
128
Elementos do construtivismo aplicados
à educação
Reflexão da prática de elementos
construtivistas
nos cursos de informática da UNATI UNESP –
Campus de Marília
Maior autonomia do aluno em seu
processo de aquisição de conhecimento e
de socialização.
A conquista pela autonomia do aluno idoso no uso das
TIC não é uma tarefa fácil. Normalmente, se apegam
muito à ferramenta tecnológica e como finalizar os
processos, mas se esquecem das verdadeiras
possibilidades, bem como que poderiam, em um
processo investigativo, agir com maior autonomia em
suas ações com a informática. Nesse sentido, cabe ao
professor-mediador a tarefa de despertar esse senso
de autonomia, porém é pré-requisito que os alunos
também explorem o que aprenderam fora do período
de aula o que, muitas vezes, não ocorre.
Maior interatividade na relação sujeito
-
objeto, expressa na relação do aluno com
o meio, mediado pelo professor.
As experiências dos alunos e suas necessidades
direcionam as relações entre eles e o meio. O
compartilhamento das experiências permite o
enriquecimento das aulas, e as atividades com o
computador atuam diante dessas perspectivas.
Efetiva valorização do processo de
aprendizagem, pelo qual a significação
dos conteúdos para os alunos se
sobreporia a outros critérios de seleção
dos mesmos (quantidade, abrangência,
relevância social e cultural).
Os conteúdos ministrados são baseados nas
experiências e busca-se respaldo teórico e empírico
para identificar as necessidades específicas desse
grupo etário. Porém, para o uso da ferramenta
tecnológica, é necessário que conteúdos mais
específicos da informática sejam trabalhados,
objetivando o domínio da ferramenta pelos alunos.
Maior dinamismo na atuação do professor
que, desobrigado dos afazeres
tradicionais na sala de aula, teria
oportunidade de ser mais construtivo,
mais reflexivo, um verdadeiro
“pesquisador”, pois, afinal, ele deverá ser
sempre e cada vez mais um aprendiz, um
construtor do próprio conhecimento.
Para Paulo Freire (2008, p.23), “quem ensina aprende
ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.
Nesse sentido, considerando o paradigma
construtivista, o professor assume realmente um novo
papel. Entender o meio em que atua e se especializar
cada vez mais são tarefas desse mediador.
Mudança no processo de avaliação, que
seria mais processual, mais interativa e
mais consistente, valorizando-se o erro
como parte constitutiva e imprescindível
do processo de aprendizagem. Entende-
se, além disso, que a criança, por possuir
uma lógica própria de pensamento, quase
sempre já traria consigo uma experiência
anterior com relação aos desafios vividos
na sala de aula.
As teorias construtivistas, com suas bases
psicológicas, permitem que o indivíduo e seus erros
sejam reconhecidos. Os erros o naturais e
enriquecem o processo de ensino-aprendizagem.
Porém, nem todo erro é aceitável ao extremo, pois
existe uma linha que conduz todo o plano de ensino.
Se este foi elaborado a partir da experiência dos alunos
e se as aulas apontam para um desenvolvimento
evolutivo, determinados erros advindos em certos
momentos podem indicar problemas rios com o
aluno que deverá ser avaliado para que possa
prosseguir nesse processo. Os alunos idosos
costumam esquecer alguns procedimentos para o
cumprimento de tarefas. Um erro identificado
principalmente no ano de 2008 é que alguns conteúdos
foram retrabalhados, pois alguns alunos faltavam às
aulas e outros realmente esqueciam do que haviam
aprendido. Cabe ao professor-mediador aplicar
algumas medidas que conscientizem os alunos com
relação a faltas desnecessárias e esclarecer a
importância de explorarem o que aprenderam em suas
casas e, para aqueles que possuem limitações
tecnológicas, a própria UNATI oferece computadores
em horário comercial para que os alunos possam
utilizar.
129
Elementos do construtivismo aplicados
à educação
Reflexão da prática de elementos construtivistas
nos cursos de informática da UNATI UNESP –
Campus de Marília
Diferenciação do processo de socialização
do aluno, que seria estimulado a ser mais
cooperativo e interativo com os colegas,
respondendo adaptativamente às
demandas imediatas do mundo em
constante transformação, transformando-
se, portanto, a noção de disciplina na
escola.
Uma outra característica importante desse grupo é a
ansiedade. Eles sabem o que é possível fazer, mas
querem ir além da tecnologia. Isso é um ponto bastante
interessante e absolutamente normal, porém é
importante que entendam os procedimentos para que
possam ter autonomia no momento de uso da
tecnologia. Além disso, trocam experiências,
conversam, mas o professor-mediador precisa às
vezes intervir, pois alguns alunos não conseguem
esperar os outros que possuem maiores dificuldades
ou às vezes divagam em assuntos que fogem ao foco
da aula. Cabe ao professor-mediador limitar algumas
situações para que o foco não seja perdido.
Modificação na atuação do professor, que
não mais seria “autoritário” e sim
“democrático”, aberto ao diálogo com os
alunos, que passariam a intervir
decisivamente nos processos de decisão.
É fácil ser autoritário e é fácil ser democrático. O difícil
é trabalhar as duas características simultaneamente.
Portanto, é preciso limitar situações e desencadear
outras, trabalhar de maneira efetiva o tempo de aula e
criar uma linha de desenvolvimento para que os alunos
percebam a introdução e a conclusão de conteúdos,
proporcionando uma construção de conhecimento
linear, evolutiva e coerente, de acordo com suas
necessidades
Uma sala de aula menos ordeira e
silenciosa, em que têm lugar a
experimentação, a espontaneidade, o
ruído e a inquietação do aluno.
O compartilhamento entre os alunos ocorre tanto nas
exposições orais dos professores quanto nas
atividades práticas.
Um ambiente escolar adequado aos
desafios da revolução informacional, mais
propício ao desenvolvimento do chamado
“novo paradigma do conhecimento”.
De certo modo, isso ocorre desde a proposta inicial do
curso de informática. Porém, seria interessante acoplar
a essas aulas a leitura e discussão de textos que
tratam do envelhecimento humano e também da
relação entre os alunos e a informática. Assistir a
vídeos também pode ser uma boa alternativa, visto que
os alunos precisam sempre repensar e reanalisar os
motivos que os levaram a conhecer as novas
tecnologias.
Quadro 10: O uso de elementos construtivistas em projeto de ão para inclusão digital e social:
capacitação de idosos para o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC).
Fonte: Elaborado pelo autor
A identificação desses elementos propicia o questionamento sobre a prática
docente no contexto da inclusão digital e social de idosos. A partir das reflexões, é
possível notar que nem todos os elementos apresentados podem ser seguidos
efetivamente e tudo, de certo modo, depende do contexto e do público que está
sendo investigado.
A capacitação de um determinado público para o uso das TIC, bem como
para busca e uso de informões relevantes, é objeto de estudo do profissional da
informação em sua atuação como mediador. Nesse contexto, investigar e informar
os idosos são ações que podem culminar em sua inclusão digital e social, visto que
130
é umblico que teve diversas perdas com o passar dos anos e, atualmente, com o
aumento da expectativa de vida, esperam recuperar sua imagem e identidade.
A investigação dos elementos construtivistas possibilitou a reflexão da
prática docente no contexto de cursos de informática para idosos oferecidos ao
final de 2008, bem como permitiu repensar algumas estratégias de ensino que foram
desenvolvidas e trabalhadas em 2009.
Como explicitado, no ano de 2009, foram oferecidos dois cursos:
Formas de comunicação na Internet, com um aperfeiçoamento relacionado aos
conteúdos do ano anterior. Este curso é voltado aos alunos que iniciaram no ano
de 2008, bem como novos integrantes. O conteúdo do curso aborda os seguintes
tópicos:
o Tecnologias de Informação e Comunicação emergentes;
o Portais da Web: navegação e acesso a informões sobre diversos
assuntos;
o Comunicação na Web;
o Recursos do Microsoft Windows;
o Recursos do Microsoft Word;
o Buscadores da Web;
o Ambientes informacionais digitais específicos para idosos;
o Introdução aos ambientes colaborativos.
Tecnologias de Informação e Comunicação, com enfoque aos ambientes
colaborativos, substituindo o curso de 2008, Ambientes informacionais digitais:
enfoque dos web sites e repositórios, permite novas discussões com o grupo a
respeito dos ambientes colaborativos. O contdo do curso abordou os seguintes
tópicos:
o Buscadores da Web e avaliação dos resultados de busca;
o Identificação de elementos colaborativos em ambientes informacionais
digitais;
o Direitos autorais Creative Commons no contexto dos ambientes
colaborativos;
o Criação e alimentação de blogs;
o Ambientes Wikipedia, You Tube, Orkut e Flickr;
o Discussão bibliotecas digitais e repositórios digitais, com ênfase no
envelhecimento humano;
131
o Microsoft PowerPoint.
Esses conteúdos bem como o cronograma de atividades foram construídos
junto aos alunos no final de 2008, mediante discussões proporcionadas pelo método
grupo focal, baseados em suas necessidades relacionadas ao curso. Em reunião
com os alunos, foi decidido que as aulas poderiam ser melhor aproveitadas no
período de uma hora e meia por turma. Além disso, teríamos um tempo disponível
para aplicação de pesquisas, sem comprometer o tempo de aula.
A pesquisadora de Iniciação Científica Laura Akie Saito Inafuko trabalha
atualmente com a interação de idosos com blogs e criou, em parceria com os
demais pesquisadores, o blog Internautis, que disponibiliza todas as transparências
utilizadas em aula, o cronograma de atividades, informações sobre os
pesquisadores etc. A Figura 14 apresenta a página do blog.
Figura 14: Blog Internautis.
Fonte: <http://internautis.wordpress.com>. Acesso em: 02 abr. 2010.
No primeiro semestre, tivemos um aumento do número de alunos nas duas
turmas. Isso foi muito gratificante para todos os pesquisadores e os alunos
veteranos.
Na primeira turma, os alunos ingressantes tiveram mais dificuldades que os
alunos veteranos, o que é absolutamente normal e mostra que os veteranos
132
conseguiram se habituar ao uso do computador em suas casas ou outros locais que
provêem acesso à Internet. Até o momento, percebemos que a turma ficou mais
homogênea, o que sugere que os alunos ingressantes estão se tornando mais aptos
a lidar com as tecnologias de informão e comunicão, em especial, os recursos
trabalhados até o presente momento.
A segunda turma se caracteriza mais pelas discussões acerca dos
ambientes colaborativos do que pelo uso propriamente dito desses ambientes, pois
muitos alunos já os utilizam no dia-a-dia. Os que nunca usaram os ambientes
trabalhados em aula não tiveram dificuldades e puderam participar das discussões
relacionadas sem maiores problemas. Inclusive, alguns alunos da primeira turma
mudaram para a segunda turma por perceber que já tinham conhecimento básico do
computador e do uso da Internet. Alguns tamm optaram por freqüentar as duas
turmas, a fim de (re)aprender o básico e também participar das discussões que
auxiliam sobremaneira no desenvolvimento das pesquisas.
As discussões dessa turma permearam questões relacionadas:
ao idoso frente ao novo paradigma colaborativo da Web;
à questão da propriedade intelectual e dos direitos autorais nesse
contexto;
à avaliação da relevância de informações disponibilizadas nesses
ambientes;
à construção de comunidades virtuais, baseadas em necessidades e
interesses próprios;
aos perigos da exposição pessoal na Web colaborativa;
à criminalidade no contexto da Internet.
Durante as aulas, os alunos debateram bastante diante dessas reflexões e a
maioria se mostrou bastante favorável ao contexto colaborativo, porém sabem dos
cuidados que precisam ter no acesso aos ambientes informacionais digitais em
geral.
A próxima seção apresenta o estudo do comportamento informacional dos
alunos, o qual contribui para compreender as necessidades informacionais e as
fontes de informação utilizadas cotidianamente por esses indivíduos.
133
6.2 Comportamento informacional dos alunos da UNATI
Para o estudo do comportamento informacional desse grupo, foi utilizado o
modelo de busca de informações para o cotidiano’ (Everyday Life Information
Seeking – ELIS), desenvolvido pelo pesquisador finlandês Reijo Savolainen em
meados da década de 1990. “O desenvolvimento do modelo foi primeiramente
motivado pela necessidade de elaborar o papel de fatores sociais e culturais que
afetam o estilo das pessoas na preferência e uso de fontes de informão em
situações do dia-a-dia
51
.” (SAVOLAINEN, 2006, p.143, tradução nossa).
Para Savolainen (2006), o ELIS se caracteriza como uma tentativa de
abordar o fenômeno de busca de informão para o dia-a-dia, combinando fatores
sociais e psicológicos. Além disso, o modelo não enfatiza a busca de informão
relacionada ao trabalho, porém segundo o autor, esse tipo de busca é complementar
à busca de informão para o dia-a-dia proposta pelo ELIS.
A Figura 15 apresenta o modelo:
51
The development of the model was primarily motivated by the need to elaborate the role of social
and cultural factors that affect people’s way of preferring and using information sources in everyday
settings.
134
Figura 15: O modelo ELIS.
Fonte Adaptada: Savolainen (2006, p.145).
O ponto de partida para o modelo é o estilo de vida. Esse elemento permite
a investigação de fatores individuais e sociais que afetam o modelo. A base trica
para a criação do modelo, em especial do elemento estilo de vida, encontrou
respaldo na Teoria do Hábito de Pierre Bourdieu (1984
52
).
Hábito pode ser definido como um sistema socialmente e culturalmente
determinado de pensamento, percepção e avaliação internalizados pelo
indivíduo. Hábito é um sistema relativamente estável de temperamentos
pelos quais indivíduos integram suas experiências e avaliam a importância
de diferentes escolhas, por exemplo, a preferência por determinados canais
e fontes de informação
53
. (SAVOLAINEN, 2006, p.143, tradução nossa).
52
BOURDIEU, P. Distinction: a social critique of the judgement of tast. London: Doutledge, 1984.
53
Habitus can be defined as a socially and culturally determined system of thinking, perception, and
evaluation, internalizes by the individual. Habitus is a relatively stable system of dispositions by which
individuals integrate their experiences and evaluate the importance of different choices, for example,
the preference of information sources and channels.
135
A ordem das coisas está relacionada às preferências dos indiduos no
desenvolvimento de um conjunto de atividades cotidianas que, fundamentalmente,
o orientadas pelos seus hábitos. Essas atividades podem estar relacionadas ao
trabalho, bem como a hobbies, por exemplo. Os fatores que operacionalizam o
conceito de estilo de vida são: administração do tempo, relação entre trabalho e
tempo livre; modelos de consumo, relacionado ao consumo de bens e serviços; e
natureza dos hobbies, relacionado aos hobbies (SAVOLAINEN, 2006).
O domínio de vida implica na resolução de problemas do dia-a-dia,
objetivando manter as “coisas em ordem” (manter as coisas em ordem) e equilibrar
o estilo de vida. A busca de informão é um componente essencial nesse contexto.
Savolainen (1995
54
apud SAVOLAINEN, 2006, p.144-145, tradução nossa),
na primeira publicação referente ao modelo, definiu quatro tipos de domínio de vida:
Cognitivo-otimista: é caracterizado por uma forte confiança em
resultados positivos para a resolução de problemas. Pelo fato dos
problemas serem primeiramente concebidos como cognitivos, a
busca sistemática de informação de diferentes fontes e canais é
indispensável;
Cognitivo-pessimista: aborda a resolução de problemas em um
caminho menos ambicioso: Existem problemas que podem não ser
resolvidos de maneira otimista. Apesar disso o indivíduo pode ser
igualmente sistemático na resolução do problema e na busca de
informação que a satisfaça;
Afetivo-defensivo: é fundamentado em vies otimistas no que diz
respeito à possibilidade de resolução do problema; contudo, fatores
afetivos são dominantes na resolução de problema e busca de
informação. Isso significa que o indivíduo pode evitar situações que
implicam risco de falha [...];
Afetivo-pessimista: nesse caso, os indivíduos não contam com
suas habilidades para resolver os problemas do dia-a-dia, [pois] [...]
reações emocionais e imprudências dominam o comportamento de
resolução de problema.
55
Diante da abordagem do estilo de vida e do domínio de vida, apontamos
outras características presentes no modelo ELIS, de acordo com Savolainen (2006):
54
SAVOLAINEN, R. Everyday life information seeking: approaching information seeking in the context
of “way of life”. Library and Information Science Research, v.17, p.259-294, 1995.
55
- Optimistic-cognitive mastery of life is characterizes by a strong reliance on positive outcomes for
problem solving. Because problems are primarily conceived as cognitive, systematic information
seeking from different sources and channels is indispensable;
- Pessimistic-cognitive mastery of life approaches problem solving in a less ambitious way: There
are problems that might not be solved optimally. Despite this the individual may be equally systematic
in problem solving and in the information seeking which serves it;
- Defensive-affective mastery of life is grounded on optimistic views concerning the solvability of
the problem; however,in problem solving and information seeking affective factors dominate. This
means that the individual may avoid situations implying a risk of failure […];
- Pessimistic-affective mastery of life can be crystallized in the expression “learned helplessness.”
The individual does not rely on his or her abilities to solve every day life problems. [] emotional
reactions and short-sightedness dominate problem-solving behavior.
136
O estilo de vida determina o domínio de vida e vice-versa;
Valores, concepções e a fase atual da vida afetam o estilo de vida e o
domínio de vida, bem como os bens materiais, sociais e culturais, que
são propriedade do indivíduo. Esses elementos são essenciais para a
busca e uso de informação;
A capacidade de resolução de problemas inicia a partir da
identificação de necessidades de informão que direcionarão a
seleção de fontes e canais de informação, busca e uso de
informação;
Projeto de vida, situações problemáticas do cotidiano e fatores
situacionais são elementos que direcionam a busca de informão
no domínio de vida.
O ELIS serviu de base para os estudos da pesquisadora australiana Kirsty
Williamson (1998) que desenvolveu o modelo ecológico de busca e uso de
informação, com foco no comportamento informacional de idosos. O modelo focou a
descoberta acidental de informão e a busca de informação para o cotidiano.
Para a autora, os conceitos de “gaps cognitivos, de Dervin (2006);
“incertezas”, de Krikelas (HENEFER; FULTON, 2006); “estados anômalos de
conhecimento”, de Belkin (2006); e “mecanismo ativado”, de Wilson (1999); ignoram
o fato que pessoas frequentemente descobrem informação enquanto monitoram sua
vida em uma tentativa de manter seus modelos internos atualizados. Portanto,
reportou ao modelo de Erdelez (2006), que apresenta o termo ‘encontrando
informações’ (information encountering), que permite às pessoas encontrarem
informação acidentalmente. (WILLIAMSON, 1998).
Williamson (1998) também comenta que os teóricos sobre envelhecimento
humano defendem a abordagem que foca esses indivíduos em um ambiente sico,
social e cultural particular, em que a informação presente permeia o dia-a-dia das
pessoas. Isso justifica a escolha pelo modelo de Savolainen (2006).
A criação do modelo de Williamson (1998) resultou da aplicação de uma
pesquisa com 202 idosos a partir dos 60 anos. Tentou ao máximo alcançar variáveis
como gênero, idade, local de residência, educação, ocupação, rendas e comunidade
freqüentadas como associações, bibliotecas, igrejas, clubes entre outros. Como
instrumentos de pesquisa, utilizou diários telefônicos, a partir do registro de
137
chamadas telefônicas recebidas/realizadas por um período de duas semanas; e
entrevistas.
Um problema metodológico que surgiu na aplicação da pesquisa foi a
dificuldade de distinguir a “busca proposital de informação” e a “aquisição acidental
de informão” no uso de algumas fontes de informação.
Os resultados apontaram que nas fontes institucionais, as quais foram
menos citadas pelos participantes, não ocorre a descoberta eventual de informão,
pois são as últimas fontes que procurariam se houvesse uma necessidade de
informação e, portanto, já saberiam exatamente o que precisariam.
O ELIS aparece no modelo de Williamson (1998) em forma de variáveis
contextuais que abarcam as atividades cotidianas dos indivíduos idosos.
Foi nessa perspectiva que ocorreu a aplicação da pesquisa de
comportamento informacional com os alunos do curso de informática da
Universidade Aberta à Terceira IdadeUNATI – UNESP – Marília, por meio de dois
métodos que seo detalhados a seguir:
Entrevista
Participaram da entrevista estruturada 19 participantes:
Com idades entre 56 e 82 anos;
Sendo 2 homens e 17 mulheres;
Sendo 6 participantes com formão em curso primário; 3
participantes com formão em curso equivalente ao ensino dio; 8
participantes com curso superior; 1 participante especialista e 1
participante especialista e mestre;
Sendo 13 aposentados;
Sendo que 18 participantes possuem computadores em suas
residências;
A entrevista ocorreu dia 11 de novembro de 2008 e durou em torno de duas
horas. Os dados obtidos foram registrados em um arquivo de texto digital. Os
participantes responderam algumas questões abarcando a seguinte estrutura:
Dados gerais dos participantes;
138
Identificação de necessidades informacionais do dia-a-dia a partir das
variáveis apresentadas por Williamson (2006) com foco no
comportamento informacional de idosos:
o Estilos de vida;
o Valores culturais e sociais;
o Aspectos sócio-econômicos;
o Aspectos relacionados ao trabalho;
o Características pessoais e biológicas;
o Influências afetivas e espirituais;
o Ambientes físicos;
Identificação de fontes de informação utilizadas para a satisfação das
necessidades informacionais elencadas.
Registro em diários
Participaram do registro em diários 13 participantes, mantendo as
características gerais apresentadas anteriormente com relação à idade, gênero,
escolaridade etc.
O registro em diários ocorreu de 12 de novembro a 09 de dezembro de
2008, totalizando 28 dias. Nesse período, foi solicitado aos participantes o registro
de:
diversas atividades que realizam no dia-a-dia;
necessidades de informação, bem como situações de busca e uso de
informação;
fontes de informação utilizadas;
satisfação quanto à busca, uso e fontes de informação;
situações em que descobrem eventualmente alguma informão e
quais os sentimentos envolvidos nessa descoberta.
Resultados
A entrevista possibilitou conhecer que tipos de necessidades informacionais
esses alunos possuem, bem como as fontes de informação utilizadas.
139
O Quadro 11 apresenta a lista de necessidades informacionais resultantes
em escalas de 1 a 9 ou seja, das necessidades mais citadas às menos citadas.
E
SCALA
NECESSIDADES INFORMACIONAIS
1
Metereologia
2
Culinária
receitas
Preços de produtos (alimentos, vestuário, livros...)
3
Acontecimentos diários
notícias
Viagens
4
Saúde
5
Religião / Espiritualismo
6
Cultura (literatura, teatro...)
7
Pessoais
Consertos gerais
8
Mercado imobiliário
“Fofocas
Mercado financeiro
Temas para desenvolvimento de palestras
Localização de logradouros, cidades...
Medicamentos
Significado de palavras
Profissionais (Biomedicina, Química, Marketing,
Comportamento humano, Modelagem Industrial – Moda)
9
Esporte
Mercado agrícola
Cursos (on-line / à distância)
Grupos freqüentados (UNATI...)
Declaração de imposto de renda
Legislação
Operações bancárias
Lançamentos perfumaria e cosméticos
Ensino em sala de aula
Quadro 11: Resultados da entrevista – necessidades informacionais dos idosos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Percebemos claramente que, nas escalas 1 a 6 em que se concentram as
necessidades informacionais mais citadas pelos participantes, são encontrados
assuntos mais relacionados à vida cotidiana. As necessidades apresentadas nas
escalas 7 a 9, por serem menos citadas, apresentam assuntos mais específicos,
relacionados mais ao indivíduo do que ao grupo em si, embora alguns desses
assuntos também interessariam aos demais.
As fontes de informão citadas para a satisfação dessas necessidades são
apresentadas no Quadro 12, também na escala de 1 a 9, ou seja, das mais citadas
às menos citadas.
140
ESCALA
FONTES DE INFORMAÇÃO
1
Internet (em geral)
2
Amigos
3
Jornais
4
TV
5
Parentes
Livros
Revistas
6
Telefone
Internet (e-mail / skype / MSN)
7
Rádio
8
Lista telefônica
Dicionário
Estabelecimentos
Internet (buscadores)
9
Bibliotecas públicas
Folhetos
Manuais
Profissionais
Palestras
Bibliotecas digitais
Quadro 12: Resultados da entrevista – fontes de informação.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Basicamente, os participantes mencionaram fontes formais e informais, de
acordo com o que lembravam no momento da entrevista. As fontes institucionais,
como as bibliotecas, foram as últimas a serem lembradas pelos alunos, resultando
em semelhança ao estudo de Williamson (1998).
As entrevistas permitiram elencar algumas necessidades de informação e as
fontes de informação utilizadas. Esses resultados foram trabalhados na análise do
conteúdo dos diários.
A análise dos drios foi dividida em duas fases:
A primeira fase é a compilação das necessidades informacionais
encontradas nos diários e as encontradas nas entrevistas, seguindo
as escalas apresentadas no Quadro 11, seguido da identificação das
fontes de informação encontradas nos diários. Isso permite revelar as
verdadeiras fontes de informão utilizadas pelos participantes a
cada necessidade em seu dia-a-dia;
A segunda fase é a reflexão sobre o modelo ELIS no contexto do
comportamento informacional de idosos, a partir de tudo o que foi
explorado até o momento.
141
O Quadro 13 a seguir contempla uma compilação entre as necessidades
informacionais exploradas na entrevista e nos diários, bem como as fontes de
informação mencionadas nos diários, das mais citadas às menos citadas.
142
ESCALA
ENTREVISTA
DIÁRIO
FONTES DE INFORMAÇÃO
1
Metereologia Previsão do tempo para viagens,
plantio entre outras finalidades.
- TV (Telejornais)
- Internet (portais)
- Parentes (conversa por telefone)
2
Culinária receitas Interesses por novas receitas ou troca
de receitas com outras pessoas.
- TV
- Cadernos de receitas e Amigos /
Parentes
- Internet
Preços de produtos Alimentos, vestuário, livros entre
outros.
- Folhetos
- Jornais e Internet
- Lista telefônica para buscas e
conversa por telefone
- Pessoalmente nos próprios locais
3
Acontecimentos diários Notícias do dia-a-dia. - TV (Telejornais) e Jornais
- Rádio
- Internet e Revistas
Viagens - Internet e Revistas
4
Saúde Principalmente Nutrição - TV e Profissionais
- Embalagens de Alimentos
5
Religião / Espiritualismo - Locais freqüentados (missas na igreja
e palestras em centro espírita)
6
Cultura (literatura, teatro...) Principalmente apresentações
freqüentadas
- Corais e concertos
- TV
7
Pessoais Informações pessoais e sobre vários
assuntos, principalmente sobre moda,
festas, filhos, culinária, música e vídeo.
- Amigos e Parentes (utilizando
Telefone e Internet e-mails,
principalmente)
Consertos Informações sobre técnicos e
profissionais que realizam esse tipo de
serviço
- Parentes e Amigos
- Pessoas e locais especializados (lista
telefônica para buscas e conversa por
telefone; alguns casos por e-mail)
8
Mercado imobiliário
“Fofocas” - Amigos
- TV
Mercado financeiro - TV (Telejornais) e Internet
Temas para desenvolvimento de palestras
Localização de logradouros, cidades... - Lista Telefônica
Medicamentos Principalmente preços e casos mais
urgentes
- Parentes
- Internet
143
ESCALA
ENTREVISTA
DIÁRIO
FONTES DE INFORMAÇÃO
8
Significado de palavras - Profissionais
- Livros e dicionários
- Internet
Profissionais (Biomedicina, Química,
Marketing, Comportamento humano,
Modelagem Industrial – Moda)
9
Esporte
Mercado agcola
Cursos (on-line / à distância)
Grupos freqüentados (UNATI...)
Declaração de imposto de renda
Legislação
Operações bancárias - Utilização dos serviços em caixas
rápidos
- Utilização dos serviços por telefone e
Internet
Lançamentos perfumaria e cosméticos
Ensino em sala de aula
10
Datas comemorativas - Internet
Contato com organizações sobre
produtos e serviços
- Pessoalmente
- Conversa por telefone
Classificados - Jornais
Interpretação de sonhos - Internet
Horários de ônibus - Guichê na rodoviária
Cadastro em promoções - Internet
Consulta de créditos da Nota Fiscal
Paulista
- Internet
Trabalho - Clientes (conversa por telefone)
Informática - Curso de Informática – UNATI
Terceira Idade - Palestras
- Grupos da Terceira Idade
- TV
Quadro 13: Resultados dos registros em diários – necessidades informacionais e fontes de informação.
Fonte: Elaborado pelo autor.
144
A partir da análise do quadro, chegamos às seguintes conclues.
Embora apresente uma listagem exaustiva, o quadro aborda os principais
assuntos buscados por esse grupo no cotidiano.
As escalas de 1 a 6, como explicitado, apresentam necessidades de
informação mais relacionadas ao dia-a-dia desse grupo específico. Nota-se que a TV
é vista como uma fonte de informação para a vida diária nesses assuntos.
Considerando a passividade com que as informações o recebidas, apontamos
uma característica importante do grupo de idosos: um interesse muito grande em
buscar informações na Internet, porém a passividade da TV torna cômodo o
processo de aquisição de informão e construção de conhecimento. Nesse sentido,
é necessário que as pessoas adquiram competências informacionais para avaliar as
fontes de informão que estão usando para preencherem seus “vazios” de
conhecimento. Mesmo com esse resultado em relação à TV, muitos participantes
registraram sentimentos como frustração e tristeza ao assistirem aos telejornais, pois
esses apresentam, segundo eles, más notícias. Um dos participantes registrou no
diário: “estamos acreditando mais na ficção”, diante desse cenário.
O rádio também foi considerado como fonte de informão para o dia-a-dia,
porém menos citado que a TV.
A mídia impressa como jornais, revistas, folhetos dentre outros, tem grande
aceitação por parte desse público.
Notamos tamm que as fontes informais continuam sendo bastante citadas,
por motivo de facilidade de acesso a algumas informações em que é exigida certa
urgência. Amigos e parentes foram contatados por telefone e tamm através da
Internet. Normalmente, as fontes formais são consultadas em casos mais
direcionados, não como fonte principal de informão para a vida cotidiana.
Em alguns casos, as pessoas preferem buscar informão diretamente com
pessoas envolvidas, como os profissionais, abstendo-se do uso de telefone e
Internet e preferindo, portanto, o contato físico. Essa é uma questão cultural que
pode ser modificada quando há interesse desse grupo pela aquisição de
competências informacionais para a utilização das TIC.
As escalas 8 e 9 apresentam necessidades que apareceram apenas nas
entrevistas. Em contrapartida, a escala 10 apresenta necessidades de informação
que foram encontradas apenas nos diários.
145
Como no estudo de Williamson (1998), a aquisição acidental de informão
ocorre, principalmente, em fontes informais e mídia, com destaque para os
telejornais da TV. Porém, em conversas com parentes e amigos, normalmente
descobrem informações relacionadas a diversos assuntos, o que causa inúmeros
sentimentos como ansiedade, satisfação, alegria, tristeza etc. Os telejornais, por sua
vez, já fazem parte de um programa pré-determinado de uso de uma fonte de
informação para saber as notícias do dia-a-dia. De certa forma, as descobertas,
nesse caso, são mais previsíveis, principalmente com a antecipação de um
sentimento de frustração ao ouvir nocias que retratam crises, mortes, enchentes
etc.
Sugerimos também que a Internet possibilita às pessoas o acesso a fontes
formais e informais de informão.
A Internet foi o meio para acesso a fontes de informão mais citado na
entrevista. Porém, os diários revelam que poucas são as pessoas que dominam as
ferramentas tecnológicas. Isso ocorreu porque a entrevista foi aplicada em um
ambiente que favoreceu essa resposta, o laboratório de aulas, e os diários revelaram
resultados mais direcionados à realidade dos alunos, por ter sido registrado em um
ambiente em que realizam tarefas do cotidiano, suas próprias residências.
Concluímos que os participantes possuem suas necessidades informacionais e
utilizam diversas fontes de informão para suprí-las. Sabem que é possível
consultar a Internet para tal, porém precisam adquirir conhecimentos relativos ao uso
dessa ferramenta.
A partir da abordagem das necessidades e fontes de informação, é possível
relacionar todo o estudo ao modelo de Savolainen (2006). O Quadro 14 apresenta
os elementos do modelo ELIS e a relação com a pesquisa de comportamento
informacional aplicada com idosos.
146
Elementos do ELIS
Comportamento Informacional de Idosos
Estilo de vida (“ordem das
coisas”)
- A imagem dos idosos passa por diversas transformações desde
o século passado, principalmente devido à influência da mídia;
- As tecnologias de informação e comunicação (TIC), em especial
a Internet, começam a ser utilizadas pelos idosos como fontes de
informação para o cotidiano e como forma de comunicação com
parentes e amigos. Porém, poucos estão incluídos no progresso
tecnológico da sociedade;
- As alterações físicas e cognitivas do processo de
envelhecimento humano podem dificultar a interação humano-
computador. Em contrapartida, o acesso a ambientes
informacionais digitais pode se tornar mais prático e agradável em
comparação a ambientes físicos;
- Os idosos procuram “qualidade de vida”, por isso estão fugindo
do isolamento e desenvolvendo suas potencialidades junto a
outros membros da comunidade, como grupos da terceira idade,
trabalhos voluntários etc.
-
administração do tempo
- Com a análise dos diários, percebemos que esse grupo se
preocupa com a administração do tempo. Tentam regrar seu
cotidiano com horários bem definidos. Todos os dias realizam
diversas atividades, principalmente fora de casa e junto a outras
pessoas.
-
modelos de consumo
- O consumo está relacionado às necessidades informacionais
diárias desse grupo.
-
hobbies
- Principalmente junto a membros da mesma comunidade,
desenvolvem atividades que possibilitem maior “qualidade de
vida”.
Domínio de vida (“manter as
coisas em ordem”)
- A busca de informação para o cotidiano é constante. Os
resultados revelam que são vários os assuntos de interesse dessa
comunidade. A ausência do mercado de trabalho, para eles, não
cessou a ânsia por se manterem informados. Pelo contrário,
utilizam diversas fontes para obterem informações e estarem
sempre atualizados.
-
domínio cognitive
-
otimista
- Percebemos que a confiança atua principalmente em fontes
informais, como parentes e amigos, porém também pode ocorrer
com fontes formais. Normalmente, esse grupo opta por fontes
informais quando precisam de uma determinada informação e
sabem exatamente quem pode ajudar, dentro de um grande
círculo de pessoas que os rodeiam, as quais podem viver em
diferentes lugares.
-
domínio cognitive
-
pessimista
-
Está mais relacionado ao tipo de informação que está sendo
buscado. Embora o item anterior possibilite a busca em diversas
fontes e canais, a motivação também passa a ser maior. Um
exemplo, neste caso, seria a busca de informação em uma outra
fonte que não costumam utilizar. Essa busca pode ser
empreendida de maneira satisfatória.
-
domínio afetivo
-
defensivo
- Relaciona-se com o otimismo e a possível redução de
possibilidade de falhas. Os idosos precisam caminhar para uma
busca otimista, bem como para a escolha da fonte de informação
mais consistente com seus propósitos. Para isso, é necessário
serem críticos na busca de informações relevantes para
preencherem seus “vazios de conhecimento.
-
domínio afetivo
-
pessimista
- Pode ser considerado oposto ao anterior, visto que ocorre em
situações em que não há motivação ou mesmo habilidades em
buscar a informação. Nesse caso, as pessoas podem ser forçadas
a buscar uma determinada informação e não se sentirem
satisfeitas com a situação. Podem ocorrer tentativas de busca sem
êxito por conta de dificuldades diversas.
147
Elementos do ELIS
Comportamento Informacional de Idosos
Valores, capital, situações de
vida atuais
Valores, atitudes, capitais materiais, sociais, culturais e cognitivos,
bem como a situação de vida atual direcionam os elementos
anteriores. O grupo de idosos pesquisado possui algumas
especificidades como: freqüentam grupos de pessoas com quem
trocam experiências de vida, possuem situação financeira estável
e valorizam questões religiosas e espirituais dentre outras.
Projeto de vida, situações
problemáticas do cotidiano,
fatores situacionais
Dentre esses elementos, os fatores situacionais são aqueles que
mais direcionam a busca de informação, especificamente
informações sobre viagens, palestras, eventos etc. Essas
situações atuam em projetos de vida individuais das pessoas.
Comportamento de resolução
de problemas
Os idosos demonstraram reconhecer facilmente suas
necessidades informacionais, bem como resolver um problema
facilmente a partir da escolha de uma fonte ou canal conveniente
para tal. Porém, precisam ainda ter mais abertura para
informações disponíveis na Web, bem como em outras fontes,
além das tradicionalmente utilizadas. Saber consultar e avaliar as
fontes de informações disponíveis permite ao indivíduo construir
conhecimento por meio de informações devidamente aceitas de
acordo com seus próprios critérios de relevância.
Quadro 14: Aplicação do modelo ELIS para o estudo do comportamento informacional de idosos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
De acordo com o estudo de comportamento informacional realizado com os
alunos da UNATI, percebemos que os idosos ainda não utilizam a Internet para a
satisfação de suas necessidades informacionais. O curso de informática para esse
público está contribuindo para que os alunos adquiram competência informacional
para utilizar mais os ambientes informacionais digitais como fontes de informão
para as necessidades informacionais do dia-a-dia.
Os resultados dessa aplicão contribuem para o entendimento do perfil
desse grupo quanto às atividades informativas e auxiliam tanto na ação de inclusão
digital por meio dos cursos de informática quanto para a reflexão de possíveis
elementos, recursos e serviços que podem ser aplicados na interface do repositório
digital da UNATI, tanto com relação aos seus elementos formais quanto ao seu
conteúdo informacional.
A seção que segue apresenta o repositório digital da UNATI-UNESP
desenvolvido em conjunto com os alunos do curso de informática, visando a inclusão
digital e social desse grupo via tecnologia.
148
6.3 Repositório digital da UNATI UNESP como ambiente de inclusão digital e
social: documentação do processo de desenvolvimento
O referencial teórico desse trabalho viabiliza a discussão sobre o
desenvolvimento de repositórios digitais para idosos e como esses ambientes
informacionais podem contribuir para sua inclusão digital e social.
Especificamente as UNATI que possuem um papel relevante como projeto
de extensão universitária, bem como podem atuar fortemente em atividades de
ensino e pesquisa, podem se beneficiar com a construção de repositórios digitais,
visando o resgate e registro da memória da instituição e da comunidade de idosos.
Partimos do pressuposto que os idosos que freqüentam as UNATI buscam
compartilhar conhecimento e experiências de vida com todos aqueles que atuam na
universidade, possibilitando a integração intergeracional. Além disso, podem
desenvolver habilidades e competências por meio das atividades oferecidas e
contribuir com pesquisas científicas.
Toda a produção gerada no contexto dessas atividades, bem como os
documentos institucionais provenientes das UNATI precisam ser preservados, de
modo a garantir sua disseminação. Dessa forma, a reunião desse material e sua
disponibilização em um ambiente informacional digital que possibilite sua
preservação por longo período de tempo propicia a construção de uma identidade
coletiva local que pode ser disseminada.
Para justificar essa importância, resgatamos algumas características dos
repositórios digitais apresentadas no capítulo 3 e como elas podem ser refletidas
nesse contexto, quais sejam o auto-arquivamento e a disseminação da produção
intelectual e científica; a discussão entre os pares de uma comunidade; a
preservação da memória; e o impacto dos repositórios digitais no âmbito científico,
tecnológico e social.
O auto-arquivamento possibilita a uma comunidade de idosos a
disponibilização de produções intelectuais ou informões de interesse em
repositórios digitais construídos, especialmente, no âmbito de uma UNATI. Muitos
dedicam seu tempo para escrever poesias e pensamentos, pintar, compartilhar
receitas de culinária, atividades inerentes a esse público. Os repositórios digitais
contribuem para que esses trabalhos não sejam perdidos com o tempo, mas sim
compartilhados, visando o acesso pelos usuários da Web. Isso contribui para uma
149
nova imagem do idoso, o qual pode criar, recriar e construir conhecimento utilizando
as tecnologias de informão e comunicação (TIC). Consideramos o auto-
arquivamento em um repositório digital para idosos, nessas condições, um elemento
de inclusão social.
As UNATI também podem armazenar produções científicas derivadas de
estudos sobre o envelhecimento humano. Desse modo, os pesquisadores
envolvidos têm a oportunidade de compartilhar conhecimento sobre seus resultados
de pesquisa, bem como os idosos têm a oportunidade de obter acesso mais rápido a
conteúdos relacionados a essa temática.
O processo de auto-arquivamento não é tão simples para esse público, bem
como está relacionado às políticas institucionais elaboradas. Dessa forma, é preciso
refletir sobre essas questões e capacitar os envolvidos para esse processo,
principalmente com relação à representação dos recursos informacionais e à
relevância do conteúdo para o ambiente informacional.
Outra característica sinalizada para repositórios digitais é a revisão pelos
pares. Entendemos que os documentos submetidos podem ser avaliados
constantemente pela própria comunidade usuária. Isso também envolve políticas
para a avaliação e seleção de recursos informacionais e a relevância do conteúdo
informacional. Essa atividade contribui para um trabalho colaborativo entre os
envolvidos, quais sejam pesquisadores, alunos, coordenadores entre outros, o que
tamm pressupõe uma possibilidade de inclusão social.
O auto-arquivamento de documentos, a participação e a colaboração entre
os membros contribui para a socialização da cultura no contexto de uma UNATI,
direcionando para a preservação da memória dessa comunidade.
[...] a socializão da cultura (linguagem, estética, visão de mundo, valores,
costumes) assume papel relevante para a democratização do acesso e uso
da informação. Numa leitura antropológica da informação, seu processo de
construção como objeto de estudo só se complementa quando se levam em
conta, concretamente, as estruturas materiais e simbólicas de um dado
universo cultural e as relações práticas e representações dos sujeitos, cada
vez mais mediadas por um modo informacional e competente de ser e estar
em sociedade. (FREIRE, 2006, p.59).
Isso pode propiciar que a identidade individual interfira nas opiniões da
coletividade, bem como que a coletividade contribua para o crescimento intelectual
individual, além de possibilitar o resgate e registro da memória dessa comunidade,
contribuindo para o exercício da cidadania no contexto do envelhecimento humano.
150
Vianello Osti (2004) comenta que, através da capacidade de memória, uma
comunidade pode construir conhecimento, sua identidade e sua história.
Porém, isso só é possível se a ação perdurar por meio de estratégias que
possibilitem motivação da comunidade para a produção, o arquivamento e a
utilização dos recursos informacionais. Os repositórios digitais, considerando sua
proposta essencial, apenas se consolida a longo prazo, quando é possível acessar o
ambiente informacional e perceber a riqueza do que foi produzido.
No que diz respeito ao impacto dos repositórios digitais no âmbito científico,
tecnológico e social, inferimos que a investigação e o desenvolvimento de
repositórios digitais para idosos contribui significativamente para: o desenvolvimento
da ciência, fornecendo subsídios para que novos estudos e aplicações sejam
realizados no cenário do envelhecimento humano e das UNATI; o desenvolvimento
tecnológico, pois pode suscitar a incorporação de elementos que contribuam para a
comunidade que utiliza o DSpace na construção de seus repositórios digitais; e o
desenvolvimento social, principalmente com relação ao público idoso que pode
encontrar nesse ambiente a manifestação da importância do conhecimento,
experiências e potencialidade do idoso frente a uma sociedade que ainda pode não
reconhecer o seu valor.
Quando a Arquitetura da Informação, a Usabilidade, a Acessibilidade e o
Comportamento Informacional são aplicados ao planejamento e ao desenvolvimento
de repositórios digitais para idosos, entendemos que o repositório digital tamm se
torna um ambiente de inclusão digital, contribuindo para que não haja barreiras para
o acesso à informação, bem como para que o conteúdo informacional possa ser
utilizado mais facilmente pelos idosos, direcionando a ação para a inclusão social.
No contexto deste trabalho, o repositório digital da UNATI poderá possibilitar
a participação ativa dos idosos, bem como a interação entre os mesmos por meio de
elementos inclusivos implementados na interface, a fim de direcionar o ambiente
informacional para sua usabilidade e acessibilidade.
O primeiro passo do desenvolvimento do repositório digital da UNATI foi o
diagnóstico do contexto organizacional, como propõe a Arquitetura da Informão, a
fim de coletar informões institucionais para direcionar o projeto do ambiente.
A missão da UNATI é proporcionar condições para a integrão social do
idoso, mediante o convívio no meio universitário. Seus objetivos, de acordo com o
Artigo 3.º do REGIMENTO DO NÚCLEO UNESP – UNATI (2009, p.1), são:
151
I - possibilitar às pessoas idosas o acesso à Universidade, como meio de
ampliação do espaço cultural, bem como a educação continuada, pelo
oferecimento de cursos e atividades que propiciem a atualizão de
conhecimentos, tanto gerais como específicos, aos interesses deste
segmento;
II - estimular a participação da população idosa nas atividades sociais,
políticas, econômicas e culturais da sua comunidade;
III - proporcionar informações que permitam a reflexão sobre o processo de
envelhecimento;
IV - proporcionar espaço gerador de convincia e troca de experiências;
V - possibilitar ao idoso acesso a programas, serviços e recursos que
atendam seus interesses e necessidades, nas diversas unidades
universitárias;
VI - incentivar o desenvolvimento de pesquisa e parcerias para formulação
de políticas públicas e implementação de ações dirigidas às pessoas idosas;
VII - fomentar iniciativas para preparação e/ou aprimoramento de recursos
humanos internos e externos à Universidade;
VIII - promover intercâmbio de âmbito nacional e internacional com outras
instituições visando o desenvolvimento do Núcleo UNESP-UNATI.
O público-alvo refere-se aos alunos matriculados, os quais realizam as
atividades das UNATI pertencentes às unidades da UNESP. Os idosos que residem
nas cidades
56
que possuem UNATI podem ser considerados como público potencial
do programa.
No que diz respeito à estrutura de gestão, especificamente da UNATI
UNESP Marília, Ferreira (2007) comenta que dois estagiários-bolsistas, alunos de
graduação, trabalham junto à administração do projeto: auxiliam na gestão das
atividades; são responsáveis pelas matrículas, comunicação via telefone e e-mail,
contatos com palestrantes convidados, preparo dos equipamentos utilizados nas
palestras; bem como administram o fluxo de documentos e o arquivo.
A administração do Núcleo local fica a cargo dos coordenadores, cujo
mandato é de dois anos. O Núcleo local está subordinado à Coordenação Central do
Núcleo UNESP – UNATI junto à Pró-Reitoria de Extensão Universitária (PROEX) da
UNESP. As atribuições do coordenador é representar e coordenar o cleo local,
elaborando e encaminhando à Coordenação Central o Relatório Anual de
Atividades. Ele tem autonomia para gerir os recursos financeiros e materiais
enviados pela PROEX, bem como para gerenciar os seminários e as atividades de
pesquisa e extensão relacionadas a temas específicos sobre envelhecimento
humano e também a temas de interesse geral (FERREIRA, 2007).
De acordo com Ferreira (2007, p.24),
56
A UNESP possui vinte núcleos UNATI, que atuam nos seguintes campi: Araçatuba, Araraquara,
Assis, Bauru, Botucatu, Dracena, Franca, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Jaboticabal, Marília, Presidente
Prudente, Rio Claro, Rosana, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo (Instituto de
Artes), São Paulo (Reitoria), São Vicente e Sorocaba.
152
As primeiras atividades realizadas na UNATI – Unesp Marília foram
palestras oferecidas por profissionais de diversas áreas atendendo o
interesse do público da Terceira Idade como médicos, psicólogos,
fisioterapeutas, geneticistas, nutricionistas, pedagogos, economistas,
administradores dentre outros. Paralelamente foram sendo criadas oficinas
de teatro, canto, leitura, cinema e ainda aulas de ginástica, pintura e
informática, ngua estrangeira como francês, italiano, alemão, inglês.
As palestras ocorrem às quartas-feiras, no período vespertino. É uma
atividade direcionada a todos os alunos da UNATI UNESP Marília, contribuindo
para que, pelo menos uma vez por semana, eles se reúnam e possam discutir sobre
um assunto de interesse, além de poderem trocar seus conhecimentos e
experiências.
As oficinas, por sua vez, são oferecidas de acordo com a disponibilidade de
horários dos professores e dos alunos, bem como de locais e de quantidade de
vagas. Os alunos podem frequentar tantas oficinas quanto quiserem, visto que a
matrícula permite que todos realizem quaisquer atividades oferecidas.
Com relação à infra-estrutura tecnológica da UNATI UNESP Marília,
existem alguns computadores que podem ser utilizados pelos alunos. Os cursos de
informática da UNATI são realizados em laboratórios de informática da Faculdade de
Filosofia e Ciências previamente agendados, os quais são também utilizados para
aulas dos cursos de graduação e de pós-graduação. A UNATI possui também um
servidor, recebido pela Fundunesp, que tamm financia o projeto de extensão
universitária da UNATI. Esse servidor abrigará o repositório digital, a revista
eletrônica e o web site da UNATI. Tais ambientes estão sendo construídos e
armazenados localmente, entretanto os coordenadores pretendem congregar todas
as UNATI – UNESP para a utilização efetiva desses ambientes.
Uma problemática que percebemos com relação à infra-estrutura tecnológica
refere-se à ausência de um técnico e/ou programador específico que pudesse
auxiliar na implementação/administração dos ambientes mencionados, bem como na
manutenção dos equipamentos, o que dificulta o desenvolvimento de atividades que
o impulsionadas pelos pesquisadores e têm grande aceitação pelos alunos, bem
como pela instituição.
Nesse momento, enfocamos as atividades realizadas com os alunos da
UNATI que direcionaram a construção do repositório digital no que diz respeito aos
aspectos do conteúdo informacional e uso.
153
Vechiato (2007) e Ferreira (2007) fizeram um estudo com os alunos do curso
de informática da UNATI UNESP Marília, por meio de um grupo focal, nos anos
2006 e 2007, a fim de criar uma taxonomia que pudesse ser utilizada na criação de
um ambiente informacional digital para a UNATI, a qual é apresentada em Ferreira,
Vechiato e Vidotti (2008).
Isso possibilitou à Ferreira (2007) construir um protótipo do repositório digital
da UNATI, no qual o contdo dessa taxonomia foi reformulado para atuar como
comunidades e coleções. As comunidades principais podem ser observadas na
Figura 16 que segue.
Figura 16: Protótipo da página inicial do repositório da UNATI – UNESP - Marília.
Fonte: Ferreira (2007, p.67).
Podemos notar algumas customizações realizadas no repositório,
relacionadas ao logotipo e ao conteúdo informacional em relação ao padrão do
DSpace. As comunidades e coleções disponibilizadas, como explicitado, foram
obtidas por meio de discuses com os alunos, possibilitando inclusive a definição
de rótulos mais adequados para esse público, iniciando nesse momento a
identificação de elementos de inclusão na busca por termos mais utilizados por esse
grupo de usuários. Isso motivou o pesquisador-autor deste trabalho a prosseguir os
154
estudos na customização do ambiente, na mesma versão 1.4 do DSpace utilizada
pela autora.
No que diz respeito ao público-alvo, o perfil dos usuários potenciais do
repositório digital da UNATI abrange principalmente diferenças individuais, pois os
alunos possuem formações, atuações, idades e experiências diversificadas. Dessa
forma, o ambiente deve respeitar essa diversidade na IHC, bem como os alunos
devem ser capacitados para a utilização desse ambiente que tem como foco
preservar a memória dessa comunidade.
Para a compreensão do funcionamento de repositórios digitais, foram
realizadas reuniões com os participantes da pesquisa, alunos do curso de
informática da UNATI UNESP Marília, especificamente para discutir questões
alusivas a esses ambientes informacionais digitais, por meio do método grupo focal.
As discussões iniciaram com uma exposição oral do pesquisador-autor
desse trabalho, buscando fundamentar a importância da customizão da interface
do repositório digital da UNATI. Foram apresentados repositórios digitais que
utilizam o software DSpace
57
e comamos discutindo sobre elementos de interface.
Os alunos comentaram que existe uma grande proximidade na estrutura de
funcionamento dos repositórios digitais, no que diz respeito às divisões das ginas
(frames); localização de elementos como logotipo e ferramenta de busca; forma de
organização das comunidades e coleções; alguns rótulos com conteúdos similares;
recursos de navegação entre outros.
Alguns repositórios acessados se destacaram por diferenças encontradas
em relação ao padrão DSpace, como o ‘Banco Internacional de Objetos
Educacionais’, que pode ser visualizado na Figura 17 que segue.
57
Disponível em: <http://www.dspace.org/whos-using-dspace/Repository-List.html>. Acesso em 23
jan. 2010.
155
Figura 17: Página inicial do Banco Internacional de Objetos Educacionais.
Fonte: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/>. Acesso em: 27 jan. 2010.
Observamos que essa interface apresenta as comunidades por meio de
rótulos iconográficos no centro da gina em conjunto com o recurso de busca que
possui estratégias pré-definidas e com o recurso Really Simple Syndication (RSS).
Foram alteradas cores e posicionamento dos elementos citados.
No decorrer das reuniões com os alunos foram apresentadas propostas de
interfaces do repositório digital da UNATI para discussões. Além disso, foram
realizadas reuniões com os responsáveis pela instituição que também auxiliaram no
desenvolvimento da interface.
A gina inicial do repositório digital da UNATI UNESP é apresentada na
Figura 18 que segue.
156
Figura 18: Página inicial do Repositório Digital da UNATI UNESP (1).
Fonte: <http://linuxrepositorios.marilia.unesp.br:8080/dspace/>. Acesso em: 02 mar. 2010.
No que diz respeito às cores, foram considerados dois aspectos. Um deles
se refere ao fato de o repositório digital da UNATI estar inserido no âmbito de uma
instituição e deve contemplar o logo e as cores dessa instituição (UNESP
58
) no
cabalho. Dessa forma, atendemos a essa necessidade institucional no cabeçalho
das páginas que constituem o repositório. A posição do logotipo da UNATI, por sua
vez, foi determinada pelos alunos (canto superior direito).
O outro aspecto se refere às cores do corpo da página que foram
selecionadas pelos alunos. Em uma das propostas de interface, apresentamos a cor
branca como fundo do painel central. Isso não agradou os participantes. Eles
argumentaram que a cor branca poderia dificultar a leitura dos elementos do
conteúdo do painel central por ser muito clara. Desse modo, sugeriram um cinza
claro, que não compromete o contraste entre cor de texto e fundo. Selecionaram
tamm as cores do painel esquerdo e do painel direito.
O azul do painel esquerdo é o mesmo que se encontra como fundo do
Twitter da UNATI UNESP – Marília, cor que agradou os participantes. A Figura 19
apresenta a página do Twitter.
58
Disponível em: <http://www.unesp.br>. Acesso em: 10 jan. 2010.
157
Figura 19: Twitter da UNATI – UNESP – Marília.
Fonte: <http://twitter.com/unati_unesp_ffc>. Acesso em: 02 abr. 2010.
Para o painel direito, sugeriram um cinza mais escuro em comparação ao
painel central. Um aspecto interessante é que não houve rejeição pela cor azul. Uma
das recomendações apresentadas no Quadro 9 para a usabilidade e acessibilidade
de ambientes informacionais digitais para idosos sugere que tons de azul e verde
sejam evitados. Isso comprova que nem sempre uma recomendação testada,
validada e presente na literatura é lida quando aplicada em um contexto
específico. As alterações nas cores foram realizadas em um arquivo Cascading Style
Sheets (CSS), sempre considerando o contraste entre cor de fundo e cor da fonte,
importante recomendação para idosos.
No que diz respeito ao conteúdo textual do repositório, foram realizadas
alterações nos arquivos que correspondem às mensagens em português, sempre
refletindo na importância de facilitar a linguagem para o usuário idoso. No decorrer
do uso do repositório, não houve dificuldades de entendimento das mensagens.
Foram também realizadas alterações no tamanho da fonte dos textos do DSpace por
meio do arquivo CSS, seguindo as recomendações para tamanho de fonte
apresentadas no Quadro 7, o que contribui para a acessibilidade do ambiente por
esse público.
158
As caixas que correspondem aos recursos de busca (painel esquerdo e
painel central) também foram ampliadas para que os usuários tenham mais espaço
para a elaboração de suas estratégias de busca.
Outra recomendação importante está relacionada à diferenciação entre links
visitados e não-visitados, contribuindo para que o usuário idoso saiba quais os
recursos e opções que acessou. Isso pode ser verificado na Figura 18, em que a
opção Página inicial foi acessada e, portanto, possui uma cor diferente em
comparação aos links o acessados.
O painel central, até um determinado momento, apresentava as
comunidades e coleções originais do trabalho de Ferreira (2007). As discussões
promoveram mudanças em rótulos de comunidades e coleções, bem como novas
comunidades e coleções surgiram. Além disso, em reunião com os responsáveis
pela UNATI, ficou decidido que o primeiro nível de comunidades seria destinado a
cada Núcleo UNATI UNESP. As Figuras 20 a 23 apresentam a relação de
comunidades e coleções do repositório.
Figura 20: Comunidades e coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP (1).
Fonte: <http://linuxrepositorios.marilia.unesp.br:8080/dspace/community-list>. Acesso em: 02 mar.
2010.
159
Na figura, notamos que apenas existem subcomunidades e coleções para o
Núcleo Marília, pois esse é o enfoque desse trabalho. A coordenadora da UNATI
UNESP, Profa. Maria Candida Soares Del-Masso, divulgará o repositório digital em
breve a outros núcleos, que poderão criar comunidades e coleções específicas.
Nessa figura, observamos a subcomunidade Administração, a
subcomunidade Documentos Administrativos e as coleções que se referem aos
documentos de interesse da UNATI UNESP Marília para disponibilização no
ambiente. Os números apresentados em frente de cada coleção correspondem à
quantidade de documentos armazenados nesse momento.
A Figura 21 apresenta as próximas comunidades e coleções.
Figura 21: Comunidades e coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP (2).
Fonte: <http://linuxrepositorios.marilia.unesp.br:8080/dspace/community-list>. Acesso em: 02 mar.
2010.
A subcomunidade Atividades Cursos, Oficinas e Palestras apresenta
outras comunidades, as quais são relacionadas às atividades da UNATI UNESP
Marília e suas coleções estão relacionadas a documentos de interesse dos
envolvidos em cada atividade. É importante mencionar que novas comunidades e
coleções podem ser facilmente criadas, o que dependerá das necessidades
informacionais que surgirem.
160
A subcomunidade Criatividade está relacionada às produções dos alunos,
bem como à divulgação de documentos de interesse. A coleção Fotos de pintura
apresenta fotos de pinturas de uma das alunas da UNATI.
A Figura 22 dá prosseguimento às comunidades e coleções.
Figura 22: Comunidades e coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP (3).
Fonte: <http://linuxrepositorios.marilia.unesp.br:8080/dspace/community-list>. Acesso em: 02 mar.
2010.
A subcomunidade Cultura e Lazer apresenta subcomunidades e coleções
relacionadas a entretenimento.
Produções Científicas, por sua vez, permite o armazenamento de
produções dos pesquisadores que investigam o envelhecimento humano,
possibilitando a reunião do que vem sendo desenvolvido sobre a temática no âmbito
da UNATI – UNESP – Marília.
A Figura 23 apresenta a última tela de comunidades e coleções.
161
Figura 23: Comunidades e coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP (4).
Fonte: <http://linuxrepositorios.marilia.unesp.br:8080/dspace/community-list>. Acesso em: 02 mar.
2010.
Finalizando a listagem, é apresentada a subcomunidade Saúde, em que
podem ser fornecidas informações sobre medicina alternativa e preventiva.
É importante ressaltar que as comunidades e coleções, bem como os rótulos
que as representam, foram amplamente discutidos com os alunos da UNATI.
Uma problemática que percebemos no decorrer do trabalho está relacionada
ao processo de auto-arquivamento. Percebemos que não seria possível diferenciar
coleções com mesmo nome em comunidades diferentes no processo de submissão.
Portanto, os tulos precisaram de reformulações para que não houvesse confusão
nesse processo. Além disso, percebemos que haveria a necessidade de codificar os
núcleos para que não ocorresse esse mesmo problema. A Figura 24 apresenta a
lista de coleções no momento de submissão.
162
Figura 24: Coleções do Repositório Digital da UNATI – UNESP: submiso de documento.
Fonte: <http://linuxrepositorios.marilia.unesp.br:8080/dspace/submit>. Acesso em: 02 mar.
2010.
A elaboração dos rótulos das coleções deve ser refletida cuidadosamente,
pois no momento de submissão podemos notar que as comunidades às quais as
coleções pertencem não são apresentadas. Por exemplo, se tivéssemos apenas o
rótulo ‘Fotos’ em pelo menos duas comunidades que abarcam esse tipo de
documento, o conseguiríamos distingui-los. O mesmo ocorre entre os núcleos. Se
não houvesse o código NMA para representar ocleo UNATI Marília, não
conseguiríamos diferenciar coleções com mesmo rótulo para núcleos diferentes no
momento de submissão. É fato que é possível administrar as permissões, porém em
algum momento dificuldades poderiam surgir.
Para criar os códigos, nos baseamos nosdigos das bibliotecas da UNESP
com algumas modificações. Os códigos para cada núcleo podem ser conferidos nas
Figuras 20 a 23.
Outra possibilidade para o acesso às comunidades relacionadas a cada
Núcleo UNATI UNESP é o mapa do Estado de São Paulo disponibilizado na
página inicial do repositório, contemplando as cidades que possuem os cleos,
como pode ser observado na Figura 18. Desse modo, as comunidades podem ser
163
acessadas por meio de uma organizão geográfica ou pela organização alfabética
apresentada abaixo do mapa, possibilitando dois caminhos no decorrer da
navegação até o usuário acessar a comunidade desejada.
O painel da direita, conforme apresenta a Figura 18, possui recursos que
foram refletidos e implementados de acordo com o estudo do comportamento
informacional dos alunos da UNATI Marília, contribuindo para que o repositório
digital atue como fonte de informão para as principais necessidades
informacionais desse público no cotidiano.
O primeiro recurso refere-se à principal necessidade informacional,
informações metereológicas, conforme demonstrado no Quadro 11. Esse recurso foi
obtido pelo web site Climatempo
59
. Os demais recursos inseridos agregam RSS de
outros ambientes informacionais digitais. Eles foram implementados com a utilizão
do web site RSS Include
60
, que possui recursos para a criação desses quadros que
o alimentados automaticamente por RSS.
Na Figura 18 percebemos que os dois quadros com fundo branco
representam ambientes desenvolvidos no âmbito da UNATI UNESP Marília,
quais sejam o Blog Internautis e o Twitter da UNATI UNESP FFC. O primeiro
corresponde ao blog do curso de informática, o qual foi comentado anteriormente. O
Twitter da UNATI, por sua vez, foi desenvolvido e inserido no repositório para que os
alunos conheçam esse recurso da Web, o qual está sendo amplamente utilizado
atualmente. Vale comentar que, no final do ano 2009, os alunos manifestaram
interesse em aprender a utilizar o Twitter no curso de informática em 2010.
A Figura 25 apresenta os demais conteúdos agregados.
59
Disponível em: <http://www.climatempo.com.br/>. Acesso em: 17 fev. 2010.
60
Disponível em: <http://www.rssinclude.com/>. Acesso em: 17 fev. 2010.
164
Figura 25: Página inicial do Repositório Digital da UNATI – UNESP (2).
Fonte: <http://linuxrepositorios.marilia.unesp.br:8080/dspace/>. Acesso em: 02 mar. 2010.
Os ambientes informacionais digitais utilizados nos três quadros com fundo
azul referem-se às principais necessidades informacionais dos alunos: o primeiro
possui as últimas notícias do Portal Terra
61
, contemplando variados assuntos; o
segundo resgata conteúdo do blog Culinária Brasileira
62
; o terceiro aborda assuntos
relacionados ao envelhecimento humano, com enfoque na qualidade de vida, cujo
conteúdo provém do web site Maisde50
63
.
Além disso, o repositório disponibiliza o recurso RSS, podendo ser utilizado
por pessoas que tenham interesse em receber notícias relacionadas a atualizações
do repositório, como novas submissões, em seus agregadores de conteúdo.
Os participantes da pesquisa realizaram atividades de auto-arquivamento no
decorrer da aplicação do grupo focal. Para eles, não foi um processo difícil, mas é
preciso capacitação para que seja realizado de maneira eficiente.
Dessa forma, para 2010, o desafio da instituição UNATI UNESP será
divulgar para seus núcleos esse ambiente implementado, bem como será
necessária a adoção de políticas para o funcionamento do repositório digital. Cabe
61
Disponível em: <http://www.terra.com.br/portal/>. Acesso em: 15 fev. 2010.
62
Disponível em: <http://culinariasbrasileiras.blogspot.com/>. Acesso em: 15 fev. 2010.
63
Disponível em: <http://www.maisde50.com.br/>. Acesso em: 15 fev. 2010.
165
aos professores do curso de informática da UNATI UNESP – Marília a continuação
desse trabalho por meio da promão do repositório digital, do incentivo à produção
dos alunos e do desenvolvimento de competências informacionais nos alunos por
meio da capacitação para o auto-arquivamento. Além disso, testes de usabilidade
precisam ser realizados constantemente a fim de descobrir novas necessidades
informacionais que podem auxiliar na identificação de outros elementos que
propiciem a inclusão digital e social via tecnologias de informão e comunicação.
O desafio desse trabalho foi tornar o repositório digital da UNATI um
ambiente informacional que fosse além de seus princípios básicos, buscando
elementos que facilitassem o acesso às informações armazenadas pelos idosos
(inclusão digital) e outros que possibilitassem aos idosos o acesso a informações
que utilizam no cotidiano e o compartilhamento de suas produções intelectuais
(inclusão social).
166
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste trabalho foi possível compreender a estreita relação
existente entre indivíduos, tecnologia e sociedade. A esses elementos deve ser
atribuída igual importância no desenvolvimento de ambientes informacionais digitais.
Isso fica claro quando refletimos que qualquer ambiente informacional
precisa utilizar tecnologias que potencializem o acesso à informação. É necessário
tamm compreender o usuário como indivíduo, com suas necessidades
informacionais e seu comportamento em relação à informação, bem como tamm
sendo participante de uma sociedade da informação.
Conferimos que os estudos relacionados aos usuários direcionam o
desenvolvimento de interfaces com arquiteturas informacionais mais inclusivas,
contribuindo assim para sua usabilidade e acessibilidade.
Os idosos, nesse contexto, podem se beneficiar na utilização das TIC.
Percebemos o quanto eles podem desenvolver habilidades e competências por meio
da utilizão de ferramentas tecnológicas propiciadoras do favorecimento de sua
imagem perante a sociedade.
A investigação dos aspectos psicossociais e biológicos do envelhecimento
humano pode direcionar o desenvolvimento de ambientes informacionais digitais
mais inclusivos, o que converge com a proposta do repositório digital da UNATI
UNESP.
Para a organizão da aplicação da pesquisa foi utilizada a pesquisa-ação,
com base em Thiollent (2004) que propiciou a definição das problemáticas, dos
objetivos e das ações junto aos alunos do curso de informática da UNATI UNESP
– Marília.
A inclusão digital por meio de cursos de informática teve respaldo em
elementos do construtivismo, o que permitiu compreender como o processo de
ensino-aprendizagem estava sendo direcionado e refletir sobre novas possibilidades
de ensino a partir desse estudo.
Sugerimos que essa atividade de ensino das TIC para idosos poderia ser
considerada principalmente por cursos de Graduação em Biblioteconomia como um
estágio curricular ou extracurricular, visto que envolve a geração, mobilização e
potencialização de competências informacionais nos indivíduos.
167
O desenvolvimento do repositório digital da UNATI teve a participação direta
dos alunos do curso de informática da UNATI UNESP - Marília, bem como dos
envolvidos na instituição promotora para a definição de aspectos formais e de
conteúdo da interface. Foi possível perceber o interesse dos alunos nesse ambiente
e isso, provavelmente, será um fator gerador de motivação para a produção
intelectual.
Vale ressaltar que este trabalho transita pela ão de inclusão digital que
vinha sendo desenvolvida e continuará nesse ano de 2010, tanto com relação aos
cursos de informática quanto ao desenvolvimento do repositório digital da UNATI,
repositório este que devepassar por testes de usabilidade constantemente para a
identificação de novas necessidades informacionais.
Para pesquisas futuras, sugerimos que, como a relação entre o idoso e as
TIC é uma temática que começa a ser investigada no âmbito da Ciência da
Informação, são extremamente relevantes para o desenvolvimento científico e para o
desenvolvimento da sociedade pesquisas que contemplem a importância da
inclusão digital e social dos idosos.
Outra sugestão refere-se à investigação de TIC que mobilizem e
potencializem comportamentos e competências informacionais sem a necessidade
de um mediador humano para a apropriação de competências por meio da própria
tecnologia.
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