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Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Departamento de Ciências Administrativas
Programa de Pós-Graduação em Administração PROPAD
Mariluce Santiago de Souza
A influência do contexto institucional do Ensino
Superior na cultura organizacional nas IES
públicas e privadas: estudo de múltiplos casos na
cidade de Manaus-AM
Recife, 2009
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A TESES E DISSERTAÇÕES
Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o
acesso a monografias do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade
Federal de Pernambuco é definido em três graus:
- “Grau 1”: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas).
- “Grau 2”: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a
consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada.
-“Grau 3”: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o
texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave
ou custódia.
A classificação desta dissertação/tese se encontra, abaixo, definida por seu autor.
Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem
as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.
Título da Monografia: A influência do contexto institucional do Ensino Superior na
cultura organizacional nas IES públicas e privadas: estudo de múltiplos casos na cidade de
Manaus-AM
Nome do Autor: Mariluce Santiago de Souza
Data da aprovação: ________/__________/__________
Classificação, conforme especificado acima:
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Recife, 2009
-------------------------------------------------------------------------------------------
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Mariluce Santiago de Souza
A influência do contexto institucional do Ensino
Superior na cultura organizacional nas IES
públicas e privadas: estudo de múltiplos casos na
cidade de Manaus-AM
Orientadora: Cristina Amélia Pereira de Carvalho, Dra.
Dissertação apresentado ao Programa MINTER
de Pós-Graduação em Administração da
Universidade Federal de Pernambuco em
convênio com o Centro Universitário do Norte-
UNINORTE como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em
Administração.
Recife, 2009
4
Souza, Mariluce Santiago de
A influência do contexto institucional do Ensino
Superior na cultura organizacional nas IES públicas e
privadas: estudo de casos / Mariluce Santiago de
Souza. - Recife: O Autor, 2009.
151 folhas: fig. , tab., quadro.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de
Pernambuco. CCSA. Administração, 2009.
Inclui bibliografia e apêndice.
1. Universidades e Faculdades Amazonas. 2.
Ensino superior Legislação Amazonas. 3. Cultura
organizacional Amazonas. 4. Desenvolvimento
institucional. I. Título.
658 CDU (1997) UFPE
658 CDD (22.ed.) CSA2009 - 119
5
6
Dedico este trabalho à minha mãe, Dona Francisca,
mulher forte e guerreira, que me inspirou, com sua
conduta firme diante da vida, a perseguir e lutar por
meus sonhos e por tudo o que acredito.
7
"Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não
querê-las... Que tristes seriam os caminhos, se não fora a
mágica presença das estrelas!"
Mário Quintana
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Agradecimentos
À Deus, pois, sem sua Luz a guiar nossos caminhos, não estaríamos aqui, e,
particularmente, não nada que a Ele se peça com e esperança que não se consiga.
Evidentemente, o esforço sempre será necessário, mas até nele temos a presença de Deus;
Aos professores do Minter UNINORTE/UFPE pelos momentos de gratas experiências,
descobertas e muito aprendizado;
Aos meus colegas do curso, especialmente Morgana, Magaloni, Juliana e Jonis, que por
diversas vezes “injetaram-me” doses de ânimo para que não deixasse o sonho se desfazer;
Ao Uninorte, que me apoiou financeiramente e, mais ainda, intelectualmente, agradeço
diariamente a oportunidade de trabalhar nesta organização e o crescimento profissional que
nela obtive. Espero, como docente, continuar contribuindo e retribuindo o que recebi desta
Instituição;
A Edilmar, de forma muito especial, parceiro nesta luta, obrigada pela sua atenção, seu
incentivo, sua compreensão e, acima de tudo, pelo companheirismo demonstrado neste
período;
A Emília, pela disponibilidade, carinho e pelos momentos de desabafos que ajudaram a
suportar melhor os momentos difíceis.
À Secretaria do PROPAD, pela atenção e carinho com que nos trataram durante esses dois
anos, em especial, à Elvia Carla.
A Família Souza (Milanez e Jaci), pela contribuição nos momentos decisivos de
estruturação desse trabalho;
Ao Prof. Tristão Sócrates Baptista Cavalcante, pelo grande incentivo para que eu fizesse
o Mestrado, antevendo minha realização e alegria ao final desta caminhada;
Ao meu querido amigo, rio Ferreira, por sua cumplicidade e incentivo;
À minha orientadora, Profa. Cristina Amélia Pereira de Carvalho, pelas diretrizes
seguras, apoio e orientação na realização desta Dissertação, sem os quais não teria sido
possível a realização do trabalho;
Agradeço aos membros da banca avaliadora, Luiz Alberto da Costa Mariz e Débora
Coutinho Paschoal Dourado, pelas valiosas sugestões.
Aos meus irmãos e irmãs, por sempre ter apoiado minhas decisões, dando-me a liberdade
suficiente para que eu pudesse sempre escolher meu caminho e, ao mesmo, saber que
poderia contar com eles.
9
A minha mãe amada, pelo sorriso que sob plantar em meus lábios, mesmo diante dos
obstáculos e desafios da vida;
Por fim, de forma muito especial, agradeço e dedico esse trabalho a Fabrícia “Baby”
Tavares, por seu incentivo e apoio em todas as etapas desse caminhar. Certamente, sem
essa presença atuante e amorosa, o caminho seria mais árduo. Vejo em você qualidades que
sempre admirei e busquei cultivar: humildade, dedicação, simpatia, empatia, inteligência,
carisma, integridade, humanismo, cuidado com as pessoas, amor pela vida e inúmeras
outras qualidades. Conhecê-la trouxe um significado muito mais intenso a minha vida e
poder compartilhar esses momentos com uma pessoa tão especial me fez uma pessoa muito
mais feliz, completa e fortalecida para enfrentar os maiores desafios da vida.
10
Resumo
Na proposta de analisar a repercussão das pressões do contexto institucional sobre a cultura
organizacional de instituições de ensino superior do setor público e privado da Cidade de
Manaus, a presente investigação contribui para debater a relevância do entendimento da
dinâmica ambiente-organização-cultura por meio de uma visão do fenômeno enquanto processo
que integra aspectos cognitivos, culturais e institucionais. Considerando o objetivo proposto,
procedeu-se a análise de fontes primárias e secundárias com o intuito de (i) caracterizar o
contexto institucional do ensino superior, (ii) identificar e caracterizar os valores e as pressões
do contexto institucional sobre as instituições de ensino superior públicas e privadas, (iii)
descrever a cultura organizacional das instituições de ensino superior públicas e privadas, (iv)
analisar a relação entre os valores e as pressões do contexto institucional e a cultura
organizacional instituições de ensino superior públicas e privadas e (v) analisar a forma como
os valores e as pressões repercutem nas ações das instituições pesquisadas. O delineamento da
pesquisa é do tipo estudo de casos múltiplos com perspectiva de análise descritivo-explicativa,
com predominantemente qualitativa, acrescido de dados quantitativos complementares. Os
resultados indicam que o contexto institucional é percebido pelos dirigentes com base em
esquemas interpretativos e significados peculiares e socialmente compartilhados. Isso
possibilitou as várias leituras do mesmo ambiente realizadas pelas duas instituições,
corroborando a teoria. Dessa forma, a repercussão das pressões do contexto institucional sobre
a cultura da organização variou conforme a interpretação compartilhada pelos seus dirigentes e
a especificidades das instituições.
Palavras-chave: Instituições de Ensino. Contexto Institucional. Cultura Organizacional.
11
Abstract
In the proposal to examine the impact of the institutional pressures on the organizational
culture of institutions of higher education in public and private sectors of the city of
Manaus, this research contributes to debate the relevance of understanding the dynamics of
organization-environment-culture through a vision of the phenomenon as a process that
integrates cognitive, cultural and institutional. Considering the proposed objective, carried
out the analysis of primary and secondary sources in order to (i) to characterize the
institutional context of higher education, (ii) identify and characterize the values and the
institutional pressures on educational institutions, (iii) describe the organizational culture of
educational institutions, (iv) examine the relationship between values, the pressures of the
institutional and organizational culture of educational institutions and (v) analyze how the
values and pressures impacting on the actions the institutions surveyed. The study design is
study of multiple cases with the perspective of descriptive and explanatory analysis, with a
predominantly qualitative approach, together with additional quantitative data. The results
indicate that the institutional environment is perceived by management based on
interpretative schemes and unique meanings and socially shared. This enabled the various
readings of the same environment by the two institutions, supporting the theory. Thus, the
impact of the institutional pressures on the culture of the organization was dependent on the
interpretation shared by their leaders and the specific institutions.
Keywords: Education Institutions. Institutional Context. Organizational Culture.
12
Lista de Figuras
Figura 1 (2): Estágios do Processo de Institucionalização ................................................. 35
Figura 2 (2): Tipos e mecanismos de isomorfismo nas organizações ................................ 39
Figura 3 (3): Tipos de Pressões Ambientais ...................................................................... 56
Figura 4 (3): tipologia das instituições de ensino superior................................................. 59
Figura 5 (3): Desenho da Pesquisa ..................................................................................... 62
Figura 6 (3): Fluxograma das etapas da pesquisa .............................................................. 66
Figura 7 (4): Gráfico de Distribuição de cursos ................................................................. 87
Figura 8 (4): Gráfico de Distribuição de Matrículas .......................................................... 87
Figura 9 (4): Interpretação do ambiente UFAM .......................................................... 110
Figura 10 (4): Interpretação do ambiente - Centro Universitário ................................... 111
Figura 11 (4): Pressões percebidas pelos dirigentes das IES pesquisadas ...................... 113
Figura 12 (4): Mapa dos Municípios do Amazonas ........................................................ 125
Figura 13 (4): Valores prevalentes das instituições investigadas .................................... 127
Figura 14 (4): os três paradigmas de interpretativistas da cultura organizacional ......... 130
Figura 15 (4): Relação entre contexto, valores e cultura organizacional ........................ 133
13
Lista de Tabelas
Tabela 1 (4): Distribuição das IES, cursos e matrículas - Brasil 1996 e 2004 ................... 86
Tabela 2 (4): Percentuais de IES, cursos e matrículas........................................................ 86
Tabela 3 (4): Percentuais de IES, cursos e matrículas segundo a região ........................... 88
Tabela 4 (4): Relação candidato/vaga ................................................................................ 89
Tabela 5 (4): Evolução do Número de IES, segundo a categoria Administrativa .............. 89
Tabela 6 (4): Evolução do Número de IES, segundo a Organização Acadêmica .............. 90
Tabela 7 (4): IES públicas e privadas, segundo a Organização Acadêmica ...................... 91
Tabela 8 (4): Evolução do Número de Cursos, segundo a Categoria Administrativa ........ 92
Tabela 9 (4): Número de IES por Dependência Administrativa ........................................ 98
Tabela 10 (4): Crescimento das IES - Brasil, Região Norte e AM 1991 2007 ............ 100
Tabela 11 (4): Expansão de IES por setor, público e privado ......................................... 101
Tabela 12 (4): Os principais indicadores das instituições pesquisadas ........................... 107
Tabela 13 (4): Evolução da Qualificação Docente do Centro 2004 -2009................... 118
Tabela 14 (4): Evolução de vagas em cursos de graduação turno noturno .................. 124
14
Lista de Quadros
Quadro 1 (2): Diferenças entre ambiente técnico e institucional ....................................... 27
Quadro 2 (2): Os três pilares das instituições .................................................................... 30
Quadro 3 (2): As cinco respostas estratégicas às pressões institucionais .......................... 43
Quadro 4 (3): principais diferenças entre Centro Universitário e Universidade................ 60
Quadro 5 (4): Instituições de Educação Superior no Estado do Amazonas....................... 97
Quadro 6 (4): Linha do tempo da UFAM .......................................................................... 105
Quadro 7 (4): Linha do tempo do CENTRO...................................................................... 106
15
Lista de Siglas
CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
CDE Centro de Desenvolvimento Empresarial
CEFET Centros Federais de Educação Tecnológica
CET Centros de Educação Tecnológica
CRUB - Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras
DEAES - Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior
IES Instituição de Ensino Superior
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC - Ministério da Educação e Cultura
PDI Plano de Desenvolvimento Interinstitucional
PIM - Pólo Industrial de Manaus
PNE Plano Nacional de Educação
REUNI Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
UFAM Universidade Federal do Amazonas
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UNIVALI Universidade do Vale de Itajaí
UTAM Universidade de Tecnologia da Amazônia
16
Sumário
1 INTRODUÇÃO 18
1.1 Objetivo Geral 19
1.2 Objetivos Específicos 20
1.3 Justificativa Teórica e Prática 20
1.4 Estrutura da Dissertação 22
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA 23
2.1 Teoria Institucional 23
2.1.1 Ambiente e pressões institucionais 26
2.1.2 Processo de Institucionalização 29
2.1.3 Processo de Isomorfismo: pressões para a homogeneização 38
2.2 A Cultura Organizacional 44
2.2.1 Definições de Cultura Organizacional 46
2.2.2 Elementos formadores da cultura organizacional 48
2.2.3 A Noção de Subculturas e os três paradigmas de Martin 51
3 MÉTODO 54
3.1 Perguntas Norteadoras da Pesquisa 54
3.2 Definição Constitutiva (DC) e Operacional (DO) das Variáveis 55
3.3 Delineamento da Pesquisa 61
3.4 Fluxograma dos Procedimentos da Pesquisa 65
3.5 Fontes de Dados 67
3.5.1 Dados secundários 68
3.5.2 Dados primários 69
3.6 Análise dos Dados 73
3.7 Limitações do Método 76
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 77
4.1 Contexto Institucional Brasileiro e as Organizações Universitárias 78
4.1.1 Histórico do Ensino Superior Privado no Brasil 82
4.1.2 O Ensino Superior na Atualidade 89
4.1.3 Antecedentes Histórico do Ensino Superior no Amazonas 92
4.1.3.1 Origem da Educação Superior no Estado 94
4.1.3.2 Os Números da Educação Superior no Amazonas 99
4.1.4 Os Casos em Estudo 103
4.1.4.1 Universidade Federal do Amazonas - UFAM 103
4.1.4.2 Centro Universitário 105
4.2 As pressões ambientais e as Instituições de Ensino Superior 108
4.2.1 O Ambiente Institucional 110
4.2.2 Pressões isomórficas 113
4.2.2.1 Concorrência 114
4.2.2.2 Formação do Quadro Docente 116
4.2.2.3 Diversificação na Oferta de Cursos 119
4.2.2.4 Avaliação Institucional 121
17
4.2.2.5 Aumento de Vagas 122
4.2.2.6 Interiorização 124
4.2.3 Os valores prevalentes 126
4.3 Caracterização da Cultura Organizacional das IES 129
4.4 Contexto, valores e cultura organizacional 132
4.5 Repercussão dos valores e das pressões nas ações das IES 134
5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 138
REFERÊNCIAS 142
APÊNDICE A: ROTEIRO DE ENTREVISTA 153
APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO 154
18
1 Introdução
Por fazerem parte de uma rede social complexa e interativa, as ações de uma
organização não repercutem apenas na sua estrutura interna, mas geralmente impacta todo o
seu campo organizacional, assim como no processo inverso, também pode ser impactada
por outras organizações, o que leva a reflexão sobre o processo de construção social das
organizações. Para Berger e Luckmann (2003), as instituições são construções sociais que
funcionam como diretrizes para as ações dos atores sociais, que se estruturam e se
institucionalizam por meio da interação social.
A teoria institucional resignificou o conceito de ambiente na análise organizacional,
à medida que passou a considerar que o campo em que as organizações estão imersas é
constituído pelo ambiente técnico e pelo ambiente institucional, este último formado por
crenças, regras e valores, os quais forçam um ajustamento das organizações para manter
sua sobrevivência e legitimidade (SCOTT, 1987).
O ambiente do ensino superior brasileiro é constituído basicamente por dois tipos de
instituições. De um lado, instituições privadas, mantidas por receitas advindas de anuidades
pagas e de outro, instituições públicas, de âmbito federal, estadual e municipal, mantidas
pelo estado. É na esfera pública que se encontram as principais instituições de ensino do
país. Em comum, as instituições de ensino superior têm o fato de estarem inseridas em um
ambiente turbulento, dinâmico, constantemente desafiadas por pressões econômicas,
sociais, políticas e tecnológicas. Entender a dinâmica deste ambiente e fazer frente aos
19
desafios propostos pela sociedade é fator relevante para administradores e dirigentes,
evitando práticas intuitivas ou improvisadas.
A teoria institucional, nesse sentido, ganha importância, pois direciona o seu olhar
para a relação mútua entre o ambiente e as organizações. Em sua essência, a abordagem
institucional é apropriada quando o propósito é analisar como as organizações
institucionalizam valores, crenças e práticas que influenciam suas decisões e ações. Esta
abordagem volta sua atenção para o modo como os valores institucionalizados na sociedade
exercem pressão sobre as ações e estruturas organizacionais, considerando relevante
analisar a interconexão entre os aspectos instrumentais e os elementos simbólicos na
formação da cultura organizacional.
Considerando o exposto acima, torna-se relevante investigar o seguinte problema de
pesquisa:
De que forma o contexto institucional do Ensino Superior influencia a cultura
organizacional nas IES públicas e privadas?
Esta investigação, considerando o problema de pesquisa descrito anteriormente,
apresenta os seguintes objetivos:
1.1 Objetivo Geral
Analisar a repercussão das pressões do contexto institucional sobre a cultura
organizacional das Instituições de Ensino Superior Públicas e Privadas em Manaus/AM.
20
1.2 Objetivos Específicos
a) Caracterizar o contexto institucional do Ensino Superior em Manaus/AM;
b) Identificar e caracterizar os valores e as pressões do contexto institucional sobre as
Instituições de Ensino Superior públicas e privadas em Manaus/AM
c) Descrever a cultura organizacional das Instituições de Ensino Superior públicas e
privadas em Manaus/AM
d) Analisar a relação entre os valores e as pressões do contexto institucional e a cultura
organizacional das Instituições de Ensino Superior Públicas e Privadas em
Manaus/AM;
e) Analisar a forma como os valores e as pressões repercutem nas ações das
instituições pesquisadas.
1.3 Justificativa teórica e prática
A busca por respostas aos processos de interação entre as instituições de ensino e o
ambiente externo motivou este estudo, notadamente para entender quais fatores do
ambiente geram impactos sobre suas estruturas e ações. Assim, a relevância teórica do tema
proposto está na possibilidade de aprofundar o entendimento da relação entre organizações,
ambiente e cultura, especialmente as instituições de ensino que, por seu caráter
institucional, sofrem pressões em diferentes níveis e dimensões. Considerando,
principalmente, que estudos que tratam do ambiente externo às instituições de ensino são
escassos. Ainda considerando a importância teórica, este estudo permite uma visão mais
ampla da teoria institucional, principalmente da perspectiva cognitiva, ao abordar que as
21
organizações são influenciadas pelo contexto institucional e que competem não apenas por
recursos e clientes, mas também legitimidade e apoio político (SCOTT, 2001)
Os defensores desta abordagem enfatizam a importância de se entender o
funcionamento do ambiente institucional e a da exigência que recai sobre as organizações
para conformar-se as regras e normas externas (DIMAGGIO E POWELL, 1983).
Do ponto de vista prático, o estudo permite evidenciar a influência das pressões
ambientais e dos valores na ação adotada pelas instituições de ensino. Além disso,
procurou-se chamar a atenção para um ambiente em que as realidades são variadas,
dependendo dos significados que são compartilhados pelos atores sociais.
Portanto, esta dissertação discutiu o dinamismo subjacente a relação ambiente-
organização-cultura. A relação dinâmica que envolve estes eventos possibilita que
transformações nos valores e crenças que dão suporte aos esquemas interpretativos, alterem
também a percepção do ambiente, refletindo nos arranjos e ações organizacionais. Assim
como transformações no ambiente contribuem para que determinados valores tornem-se
prevalentes em relação a outros.
A contribuição deste estudo para a análise organizacional passa pelo entendimento
da relação entre contexto, valores e cultura organizacional, tendo como foco de análise
instituições de ensino públicas e privadas. Destaca-se, também, sua aplicação para a
compreensão do ambiente técnico e institucional como dimensões combinadas do mesmo
ambiente e o reconhecimento da realidade organizacional como socialmente construída,
mediada pela interpretação dos atores sociais.
22
1.4 Estrutura da Dissertação
O presente trabalho está dividido em 05 capítulos, estruturado da seguinte
forma:
No Capítulo Introdutório estão descritos os objetivos da investigação e sua
justificativa teórica e prática.
O Capítulo 2 apresenta o quadro teórico que fundamenta esta proposta de
investigação, focando especialmente os conceitos e características da teoria
institucional e cultura organizacional.
O Capítulo 3 descreve o método de pesquisa utilizado neste estudo. São
apresentadas neste capítulo as definições das categorias analíticas, as definições
constitutivas (DC) e operacional (DO) das categorias analíticas em estudo, a
definição dos termos relevantes, além das perguntas norteadoras da pesquisa, assim
como as estratégias de coleta, as fontes e análise dos dados. O capítulo termina
com a apresentação das limitações do método.
O Capítulo 4 apresenta os resultados obtidos com a investigação,
envolvendo a análise e interpretação. Consta deste capítulo uma visão geral do
Sistema de Ensino Superior brasileiro, destacando as especificidades do sistema no
Amazonas. Posteriormente, são apresentados os casos estudados, isoladamente.
No Capítulo 5, e último, são apresentadas as conclusões a partir dos
resultados alcançados com a investigação, bem com sugestões para trabalhos
futuros. No final, encontram-se as referências que subsidiaram este estudo e os
anexos com informações complementares.
23
2 Fundamentação teórico-empírica
Neste capítulo apresenta-se o quadro teórico de referência, cuja finalidade é
proporcionar a solidez necessária para o melhor entendimento do argumento da pesquisa.
Inicialmente são apresentados os principais conceitos da Teoria Institucional, na tentativa
de entender como o fenômeno organizacional norteia o Ensino Superior no Brasil. A seguir,
apresentam-se os conceitos de Cultura Organizacional, seus principais elementos
constitutivos, explorando a idéia de que as organizações são espaços de construção coletiva,
permeados por valores, crenças, normas e rituais que sustentam e orientam a vida
organizacional.
2.1 Teoria Institucional
É crescente a preocupação por parte dos estudiosos da administração em entender a
dinâmica da relação organização-ambiente. Porém, durante várias décadas, o ambiente não
era considerado como elemento constituinte das estruturas organizacionais. Inicialmente,
considerando a escola clássica da administração, as organizações eram tratadas como
sistema fechado, na qual a primazia recaía sobre as operações internas, fatores técnicos e
econômicos. Toda crença da escola clássica recaía no entendimento de que as organizações
eram sistemas fechados e mecânicos, que operavam dentro de padrões técnico-racionais tão
eficientes quanto possível, dando relativamente pouca ou nenhuma atenção aos aspectos
humanos e ambientais da organização.
24
O ambiente começa a ganhar relevância no cenário organizacional a partir da década
de 60, quando se reconhece uma perspectiva muito mais abrangente da relação entre os
indivíduos, os grupos e as organizações e o ambiente em que estão imersos. Nesse ponto,
adota-se a visão da organização como um sistema aberto, sensível ao que ocorre no mundo
que a rodeia, trabalhando com a idéia central de adaptação contínua da organização ao meio
ambiente e de seu ajuste interno, caso queira garantir sua sobrevivência (MOTTA;
VASCONCELOS, 2006; ALVES, 2003; MORGAN, 1996).
Esta mudança de foco da organização como um sistema fechado para um sistema
aberto ocorre a partir da Teoria dos Sistemas e a Teoria Contingencial, que disseminaram a
visão das organizações como sendo dependentes do ambiente externo, sendo a confluência
entre os fatores estruturais internos e condições externas os responsáveis pela estabilidade e
crescimento das organizações (MOTTA; VASCONCELOS, 2006; MORGAN, 1996).
Essas duas teorias apresentam como conclusão preliminar que o ambiente pode
efetivamente afetar a organização, devendo, por isso, ser estudado como tal, buscando
conhecer todos os aspectos influenciadores.
Os primeiros ensaios de uma nova abordagem analítica para a interação entre as
organizações e o ambiente são encontrados nos estudos de Selznick, considerado o
precursor da teoria institucional, por introduzir as bases de um modelo institucional,
reconhecendo que as organizações sofrem pressões do ambiente social tanto quanto do
ambiente técnico, transformando-se em sistemas orgânicos e complexos, exercendo e
sofrendo pressões diversas (CARVALHO; VIEIRA, 2003).
De forma geral, a teoria institucional atenta para assuntos até então ignorados pelos
estudos organizacionais, evidenciado a importância dos elementos culturais, simbólicos e
cognitivos, de normas e valores sociais. A partir da perspectiva institucional, ganha
25
relevância a visão do homem como ator social, que formula suas estratégias conforme
significados atribuídos às regras de funcionamento organizacional, institucionalizadas na
sociedade.
Meyer e Rowan (1977) expõem que as organizações tendem a se estruturarem cada
vez menos em razão da necessidade de eficiência e de resultados, mas principalmente em
função das regras institucionais e seu revestimento de significado social compartilhado. As
regras institucionais funcionam como mitos que as organizações incorporam, ganhando
legitimidade, estabilidade e perspectivas de sobrevivência reforçada. Assim, as
organizações são pressionadas tanto por variáveis concretas, como tecnologia, recursos e
tamanho, quanto pelo sistema de valores, crenças e mitos compartilhados e
institucionalizados (CARVALHO; GOULART; VIEIRA, 2005).
Esta abordagem analítica enfatiza, portanto, a compreensão de que além do
ambiente técnico, racional e instrumental, os arranjos organizacionais e estruturais são
influenciados diretamente pelo ambiente institucional, destacando como fatores vitais para
a sobrevivência das organizações a legitimidade e apoio político (CARVALHO; VIEIRA,
2003). Os institucionalistas consideram os recursos humanos, materiais e econômicos
como pontos críticos para o funcionamento das organizações, mas não se deve negligenciar
o ambiente institucional no qual a organização está inserida como uma forma estratégica de
adquirir e manter sua legitimidade. A preocupação básica desta abordagem reside em
entender como a ação organizacional pode ser influenciada por pressões instrumentais
mercado, recursos, tecnologia e pressões institucionais Estado, legislação, profissionais.
Por essa razão, os institucionalistas, entre eles Meyer e Scott (1983), defendem que a ação
organizacional é diretamente influenciada por elementos culturais, simbólicos e sociais
oriundos do contexto institucional.
26
2.1.1 Ambiente e pressões institucionais
Para uma melhor compreensão da temática em estudo é necessário discutir de forma
mais abrangente o conceito de ambiente, na medida em que sua proposta de investigação
empírica contempla analisar a repercussão das pressões do contexto institucional sobre a
cultura organizacional de duas instituições de ensino superior. Hall (1984) destaca como
essencial a análise do ambiente para entender o funcionamento de uma organização.
O conceito de ambiente veio se transformando ao longo do tempo, conforme
avançavam os estudos organizacionais. De categoria residual sem importância a elemento
chave para a definição da estrutura, da cultura e do comportamento das organizações, o
ambiente teve seu conceito enriquecido pelos teóricos institucionalistas, responsáveis por
distinguir mais claramente o ambiente técnico e o ambiente institucional (PACHECO,
2002).
O ambiente técnico compreende o espaço de troca de bens, produtos e serviços,
atuando como fonte de recursos ou de informações, na qual as organizações estão
fortemente voltadas para os aspectos econômicos, atreladas aos interesses instrumentais e
de mercado, sendo recompensadas por sua eficiência e eficácia operacional. Neste caso, as
organizações, de forma racional, têm a capacidade e a oportunidade de exercer um poder
discricionário sobre seu projeto e a alteração da sua estrutura em resposta a contingências
ambientais (OLIVER, 1998). A noção de ambiente institucional, por sua vez, amplia a
visão do ambiente técnico, ao tratar dos aspectos cognitivos e culturais presentes na ação
organizacional, constituído de sistemas simbólicos, valores sociais e culturais, normas
27
instituídas e construções cognitivas, elementos essenciais para a formação do
comportamento social e organizacional.
O ambiente técnico enfatiza a eficiência, a eficácia e a produtividade, destacando-se
a organização que consegue ter melhor aceitação de seus produtos e serviços pelo mercado.
Enquanto o ambiente institucional destaca a importância da organização ajustar-se às regras
socialmente constituídas e às normas e valores compartilhados para obter legitimidade. A
seguir, no quadro 1 (2), apresentam-se as principais características e diferenças do ambiente
organizacional.
Dimensões relevantes
Ambiente institucional
Ambiente técnico
Contexto ambiental
Político e legal
Mercado
Fator de demanda chave
Legitimidade
Recursos
Tipo de pressão
Coercitiva, mimética e
normativa
Competitiva
Constituintes chaves
Estado, agencias e
associações profissionais
Fontes de fatores de
produção escassa
Mecanismos de controles
externos
Regras, regulamentações,
inspeções
Troca crítica de
dependências
Fatores do sucesso
organizacional
Conformidade às regras e
normas institucionais
Aquisição e controle de
recursos críticos
Quadro 1 (2) - Diferenças entre ambiente técnico e institucional
Fonte: Oliver (1998, p. 102)
Observe que tal diferenciação é importante didaticamente, mas não implica em uma
dicotomia entre ambiente técnico e institucional. Na verdade, as organizações trabalham
sob níveis diferentes de pressões ambientais, sendo uma dimensão técnica e outra
institucional. Um estudo que analise apenas uma destas dimensões do ambiente tende a
tornar-se uma visão parcial da realidade (CARVALHO; VIEIRA, 2003; MACHADO-DA-
SILVA; BARBOSA, 2002).
28
A abordagem institucional acrescenta uma significativa contribuição à análise
organizacional, ao evidenciar a presença de elementos cognitivos e culturais valores,
mitos, crenças, programas profissionais, normas, esquemas interpretativos, subjetividade -
na relação entre a organização, os atores sociais e seu ambiente. Neste momento, abandona-
se a crença de que o ambiente organizacional é constituído exclusivamente por recursos
humanos, materiais e tecnológicos, ampliando a compreensão para um ambiente mais
amplo, no qual a concorrência não será apenas por recursos e clientes, mas também por
legitimidade institucional e apoio político, conquistados por meio de variadas formas de
processos isomórficos (CARVALHO; VIEIRA, 2003).
Conforme Machado-da-Silva e Fonseca (1996), os ambientes podem ser
interpretados de acordo com os níveis de análise local, regional, nacional e internacional.
Dessa forma, cada organização e seus dirigentes adotam estratégias tomando por base o
contexto ambiental de referência. Para Machado-da-Silva e Barbosa (2002), o conceito de
contexto ambiental de referência pode ser um fator explicativo para as diferentes
possibilidades de respostas às pressões do ambiente em função de diferentes interpretações
que podem ser feitas do contexto pelos atores organizacionais, mesmo considerando as
pressões isomórficas. Nessa linha de raciocínio, Machado-da-Silva e Fernandes (1998, p.
49) acrescentam que
cada organização, diante da necessidade de definir estratégias de ação, orienta-se
pelo contexto ambiental no nível que mais se coaduna com sua trajetória e,
portanto, com a sua lógica interior, isto é, com os esquemas interpretativos de
seus dirigentes.
Por esquemas interpretativos entendem-se os valores e as crenças que são
compartilhados pelos atores sociais, dando forma a um sistema cognitivo particular, que
29
influi diretamente na percepção do ambiente, que são diferentes para cada organização e
ator social. (MACHADO-DA-SILVA; FERNANDES; FONSECA, 1999)
É importante ressaltar é que a teoria institucional não trata ambiente e organizações
separadamente, mas como entidades interligadas e que se constroem mutuamente. Na visão
de Machado-da-Silva e Fonseca (2002), as organizações encontram-se imersas em
ambientes de forma tal que deles retiram e transmitem regras de ação, principalmente de
natureza estratégica. Esse entendimento aponta o ambiente como influente para as
organizações e ao mesmo tempo como seu elemento constituinte, uma vez que tanto a
organização quanto o ambiente são construídos historicamente a partir de esquemas
interpretativos de seus próprios membros. Trata-se de inferir que “o ambiente é, de certa
forma, uma elaboração cognitiva” (MACHADO-DA-SILVA; FERNANDES; FONSESA,
1999). Portanto, a perspectiva institucional de análise busca, na verdade, compreender
quais estratégias são utilizadas pelas organizações para adaptar-se ao seu contexto
institucional ao mesmo tempo em que também influi diretamente para a forma como este
ambiente se estrutura.
Neste momento, tem-se uma aproximação da teoria institucional com a teoria da
construção social do conhecimento de Berger e Luckmann (2003), por tratarem a realidade
como construção social humana com base num sistema de crenças e valores que são
interpretados subjetivamente e compartilhados de forma a manter a ação coletiva.
2.1.2 Processo de Institucionalização
Instituição é um termo que pode assumir conotações múltiplas, dependendo do
contexto. Numa pesquisa direta ao dicionário, este termo está relacionado ao verbo instituir
30
que, por sua vez, remete a outros termos como criar, constituir, estabelecer (FERREIRA,
2006). Pode designar, ainda, atividade humana, grupo de pessoas ou mesmo o conjunto de
direito e deveres de indivíduos ou grupos.
Na perspectiva das ciências sociais, o termo instituição tanto pode significar
estrutura física quanto conjunto de regras, normas e significados que regem as relações
sociais entre os indivíduos, definindo padrões de comportamento. Enquanto padrão de
comportamento, instituição refere-se ao processo de interiorização de regras e preceitos de
ação. Regras e preceitos, por sua vez, não são mágicos ou dados ao acaso, mas construção
humana, social, histórica, aceitas e legitimadas no decorrer do tempo.
Scott (2001) define instituições como sendo estruturas sociais compostas por
elementos regulativo, normativo e cognitivo que, juntos, proporcionam estabilidade e
significado ao comportamento social, enfatizando o processo de institucionalização para
adquirir e garantir legitimidade diante da sociedade. Esses elementos são considerados os
pilares que atuam como suporte para as instituições, conforme pode ser observado no
quadro 2 (2).
Característica
Regulador
Normativo
Cognitivo
Base da submissão
Utilidade
Obrigação social
Pressuposição
Mecanismos
Coercitivo
Normativo
Mimético
Lógica
Instrumentalidade
Adequação
Ortodoxia
Indicadores
Regras, leis,
sanções
Certificação,
aceitação
Predomínio,
isomorfismo
Base da legitimação
Legalmente
sancionada
Moralmente
governada
Culturalmente
sustentada,
conceitualmente
correta
Quadro 2 (2) - Os três pilares das instituições
Fonte: Scott (2001)
31
O pilar regulador enfatiza o estabelecimento de regras de comportamento social e o
monitoramento direto destes por meio de coerção e sanções, na forma de recompensas ou
punições, que podem restringir ou constranger determinadas condutas. O aspecto regulador
tanto pode assumir mecanismos formais, como regras impostas pelo Estado, quanto
informais, quando se manifesta em padrões de comportamentos estabelecidos previamente
e que são aceitos e esperados pela sociedade (SCOTT, 2001). Aproxima-se da visão
clássica da teoria das organizações, ao defender a idéia de que os atores agem
racionalmente, conforme interesses próprios, que são perseguidos naturalmente
(CARVALHO; VIEIRA, 2003).
As organizações tendem a enquadrar-se em determinadas normas por razões de
conveniência, evitando punições e sanções pelo não alinhamento com o que está
normatizado, instituído legalmente.
O pilar normativo evidencia os valores e as normas sociais que servem de
fundamento e alicerce para o comportamento coletivo, reforçada numa dimensão
prescritiva. Segundo Scott (2001), os valores definem o que é preferencial ou desejável na
construção das estruturas e dos comportamentos existentes, estabelecendo bases de
comparação e avaliação dos mesmos. As normas especificam como as coisas devem ser
feitas, assim como os meios legítimos para atingir os objetivos esperados. O elemento
normativo das instituições contribui para a estabilidade social, à medida que o
comportamento é motivado por normas e valores coletivos e institucionalizados e não por
interesses individuais.
O pilar cultural-cognitivo evidencia a concepção de esquemas interpretativos e
subjetivos que operam como um filtro para a ação dos atores sociais, chamando atenção
para o fato de indivíduos e organizações estarem imersos em um contexto institucional e
32
para a construção social da realidade organizacional (CARVALHO; VIEIRA, 2003). O
aspecto cultural-cognitivo destaca a importância da análise relacional entre as ações e o
ambiente para a construção e internalização dos significados, que são preservados ou
modificados pelos indivíduos. Vale ressaltar que o caráter cognitivo e subjetivo deste pilar
não descarta a possibilidade da interpretação do ambiente pelo individuo receber influência
do arcabouço cultural externo, retratados em modelos de organização e scripts formulados
e aceitos, que geralmente atuam para que significados sejam compartilhados por indivíduos
ou grupos, principalmente quando confrontados com o mesmo ambiente (SCOTT, 2001).
Como visto anteriormente, os três pilares atuam de forma importante para a
legitimidade e o compartilhamento de significados. O aspecto regulador apóia-se em regras
estabelecidas para ordenar a ação. Em outro momento esta ação poderá ocorrer em
conformidade com os valores culturais, retratados em crenças e normas, enfatizando o
aspecto normativo. Por fim, tem-se o pilar cognitivo, que enfatiza os esquemas
interpretativos e a apreensão de significados. A distinção que se faz entre os pilares
regulador, normativo e cultural-cognitivo é tão somente didática, visto que os mesmos são
considerados por Scott (2001) como interdependentes, embora se reconheça que em dado
momento um elemento possa exercer maior ou menor influência sobre a legitimação do
comportamento social.
Scott (2001) reforça o entendimento de que regras, normas e valores culturais são
elementos centrais das instituições, mas que devem associar-se a estes outros elementos
como os recursos e o comportamento social, este último como uma ação que se produz e
reproduz num determinado contexto institucional. Contexto que pode ser preservado ou
modificado pela ação do homem, a partir do significado que se atribui ao ambiente, as
normas, aos valores culturais e aos recursos materiais.
33
Nesta direção, destaca-se o processo de institucionalização, visto que define papéis
e padrões de comportamento e, quando interiorizados pelos indivíduos, assegura a
disseminação e o funcionamento das normas. Esses padrões de comportamentos são
legitimados e institucionalizados pelo grupo e servem de parâmetros para o acesso a
determinados papéis, que se mantêm enquanto não surgem situações de conflitos. A
institucionalização se apóia em regras sociais sustentadas pelo consenso e pelas sanções
contra sua violação.
Institucionalização é conceito-chave para a teoria institucional, definido por Fonseca
(2003) como sendo a transformação de crenças e ações em regras de conduta social. Para a
autora, as organizações incorporam normas e regras previamente estabelecidas na
sociedade, numa tentativa de legitimar suas atividades e, assim, garantir sua sobrevivência,
independente do desempenho técnico. Para os adeptos da abordagem institucional os
valores e as normas sociais são tão ou mais importantes quanto os recursos técnicos e
materiais. Os estudos organizacionais buscam compreender o processo de
institucionalização dos valores e crenças organizados, sistematizados e compartilhados na
sociedade, concluindo que as organizações inserem-se em um ambiente institucional
elaborado, que atua como um padrão regulador e direcionador para as organizações
(CLEGG; HARDY, 1999).
Os institucionalistas, em contraposição a abordagem pragmática da administração e
dos estudos organizacionais, cuja ênfase recaía sobre fatores técnicos e gerenciais na
determinação das tarefas organizativas, voltam sua análise e atenção para os sistemas
culturais, os símbolos e as redes de relacionamento como a base de sustentação, adequação
e manutenção dos arranjos estruturais e da ação organizacional. Estes teóricos analisam a
relação das organizações com o ambiente por uma lente que não privilegia apenas as
34
dimensões objetivas, como recursos materiais e financeiros, mas ressaltam as dimensões
culturais e simbólicas.
Para Vieira e Carvalho (2003), a perspectiva institucional desenvolveu-se em três
orientações distintas: econômica, voltando sua atenção para regras mercadológicas;
política, discutindo questões como autonomia de instituições políticas e os sistemas
políticos; sociológica, com atenção para a construção de significados, símbolos e sistemas
culturais. Na mesma linha e corroborando com esta afirmação, Machado-da-Silva e
Gonçalves (1999) apresentam a teoria institucional como:
o resultado da convergência de influências de corpos teóricos originários
principalmente da ciência política, da sociologia e da economia, que buscam
incorporar em suas proposições a idéia de instituições e de padrões de
comportamento, de normas e de valores, de crenças e de pressupostos, nos quais
encontram-se imersos indivíduos, grupos e organizações (MACHADO-DA-
SILVA E GONÇALVES, 1999, p. 220).
A institucionalização é identificada como um processo central na criação e
perpetuação de grupos sociais duradouros. Com este conceito aprofunda-se a idéia de que a
realidade organizacional é socialmente construída e não uma resposta inerte às pressões do
ambiente institucional. Nesse sentido, Tolbert e Zucker (1999, p. 205) propõem
[...] um conjunto de processos seqüenciais habitualização, objetivação e
sedimentação sugerem variabilidades nos níveis de institucionalização,
implicando, deste modo, que alguns padrões de comportamento são mais sujeitos
do que outros à avaliação crítica, modificação e mesmo eliminação.
A institucionalização segue as etapas acima e pode ser exemplificado da seguinte
maneira: na etapa da habitualização, um ator ou grupo de atores, habitualmente, adota
comportamentos desenvolvidos empiricamente para tratar de problemas comuns. Na etapa
35
da objetificação, esses comportamentos se generalizam pelo grupo social num determinado
contexto, passando a ter um significado socialmente compartilhado. E, finalmente, na etapa
da sedimentação, o comportamento habitual e objetivado se exterioriza, ganha status de
dado social.
Para Tolbert e Zucker (1999), portanto, o processo de institucionalização é visto
seqüencialmente, a partir da compreensão de como um determinado script é aceito e
reproduzido ou rejeitado e, conseqüentemente revisado, visando alterar os padrões
institucionais. A institucionalização realmente acontece quando práticas tornam-se
habituais e não mais são questionadas pelos atores sociais. A Figura 1 (2) demonstra,
segundo as autoras, os três processos ou estágios básicos da institucionalização.
Figura 1 (2): Estágios do Processo de Institucionalização
Fonte: Tolbert e Zucker (1999, p. 207)
Inovação
Mudanças
Tecnológicas
Legislação
Forças do
Mercado
Habitualização
Objetificação
Sedimentação
Monitoramento
interorganizacional
Teorização
Impactos
Positivos
Defesa de Grupo
de Interesse
Resistência de
Grupo
36
A habitualização, primeiro estágio do modelo proposto pelas autoras, refere-se às
inovações, impulsionadas por meio de mudanças do ambiente, legislação ou mesmo forças
do mercado. Nessa etapa, ocorre o desenvolvimento de bases padronizadas entre
organizações diante de desafios e problemas comuns ou semelhantes, por meio de novos
arranjos estruturais, que poderão ser adotados por outras organizações (isomorfismo
mimético), percebidos porque existe o monitoramento interorganizacional. Esse estágio é
também definido como de pré-institucionalização, etapa em que poucas organizações
assumem o risco de adotar estruturas ou práticas que ainda não foram objetos de teorização
formais ou validados por um grande número de organizações.
O estágio seguinte, denominado objetificação, é tratado pelas autoras como a fase
semi-institucional, caracterizada pelo desenvolvimento de significados socialmente
compartilhados, com certo grau de consenso em relação às estratégias adotadas, por isso os
arranjos estruturais são difundidos e disseminados. É também conseqüência do
monitoramento que a organização faz de seus competidores numa clara tentativa de
aumentar sua competitividade.
Por fim, o terceiro estágio é o da Sedimentação, propriamente dito o estágio da
institucionalização plena, com a perpetuação e a exterioridade da estrutura, baseado na sua
continuidade histórica. A sedimentação consiste na fase em que os atores sociais passam a
adotar como verdade padrões de comportamentos e normas sociais.
A institucionalização, portanto, ocorre quando crenças e ações adquirem status de
regras de conduta social. Estas regras, conforme são vivenciadas, tornam-se padrões e
passam a ser consideradas habituais por tipos específicos de atores, ou concepções
amplamente compartilhadas da realidade (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA, 1996). É
37
um processo que ocorre de fora para dentro, buscando adequação por meio da interpretação
a padrões normativos de suporte e legitimação.
Neste ponto a teoria institucional tem recebido diversas críticas, inclusive e
principalmente por seus próprios adeptos, em função do que se convenciona chamar de
determinismo ambiental, que é o enfoque dado por Tolbert e Zucker (1999) a um processo
de institucionalização unidirecional. Essa tendência determinista está presente na
constatação, por um lado, de que o ambiente exerce pressão e influência sobre as
organizações, porém existe uma limitada capacidade de explicar como as organizações,
enquanto construção coletiva e humana, também podem exercer pressão sobre o ambiente
(MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; CRUBELLATE, 2005).
Para os referidos autores, a institucionalização é um processo dinâmico e recursivo,
à medida que a percepção do ambiente organizacional pelos diversos atores não é linear,
mesmo tratando-se de organizações e indivíduos que atuam no mesmo contexto
institucional de referência. Consideram-se, para essa percepção diferenciada, esquemas
cognitivos e interpretativos específicos de cada organização. A subjetividade implícita
nessa abordagem “implica reconhecer a possibilidade de indivíduos, grupos e organizações,
perceberem de maneira diferente o mesmo contexto institucional” (MACHADO-DA-
SILVA; FONSECA; FERNANDES, 2000, p. 123). É essa compreensão do ator social
como ser subjetivo e em continuo processo de construção e da ação organizacional como
resultado dessa subjetividade e construção social e da interpretação que os atores fazem do
seu contexto ambiental que direciona a presente investigação.
38
2.1.3 Processo de Isomorfismo: pressões para a homogeneização
Outro conceito importante para o entendimento da teoria institucional é o de
isomorfismo, processo pelo qual as organizações que atuam em um mesmo campo
organizacional tenderiam a assumir, ao longo do tempo, formas e características
semelhantes entre si. Essa tendência isomórfica, segundo Alves (2003) ocorre devido:
- as pressões exercidas por normas institucionais compartilhadas, decorrentes do
aparato legal do Estado;
- as relações de trocas de bens, serviços e informações no segmento técnico-
econômico;
- a influência dos seus quadros de pessoal, que se valem da mesma fonte de
conhecimento; e,
- a adoção de “práticas empresariais consagradas” no mesmo setor de atuação.
Os estudos sobre isomorfismo ganharam relevância com o trabalho de DiMaggio e
Powell (1983), ao identificar a existência de dois tipos de isomorfismo: competitivo e
institucional, conforme apresentado na Figura 2 (2).
39
Figura 2 (2): Tipos e mecanismos de isomorfismo nas organizações
Fonte: Ventura (2005, adaptado de DiMaggio e Powell, 1983).
O isomorfismo competitivo trata de questões como conquista de mercado, recursos
e clientes. Porém, os autores reconhecem que as organizações travam uma competição não
apenas por razões técnicas ou econômicas, mas porque esperam alcançar legitimidade,
poder e força política junto aos seus pares. Trata-se do isomorfismo institucional, que pode
ser visualizado como uma pressão sobre as organizações para assemelhar-se também na
adoção de práticas e processos considerados legítimos. Ainda considerando a Figura 2 (2),
os autores identificam três tipos de isomorfismos institucionais, detalhados a seguir:
Dois Tipos de Isomorfismo
Competitivo
Recursos e Clientes
Institucional
Legitimidade e influência política
Mecanismos de Isomorfismo Institucional
Coercitivo
Organização de maior
poder coage organizações
dependentes.
Mimético
Imitação de modelos,
práticas, arranjos
tecnológicos de organizações
bem sucedidas
Normativo
Classes de profissionais
impondo padrões e técnicas
considerados legítimos.
40
Isomorfismo Coercitivo pressões formais e informais de uma organização sobre
outras, considerando a busca pela legitimidade de suas ações. As pressões exercidas pelo
Governo ou de outras agências reguladoras para aprovar seus sistemas legais são exemplos
de forças coercitivas. Essas pressões são, geralmente, associadas à legislação ou requisitos
legais, mas também podem decorrer de obrigações contratuais com outros atores e limitam
a ação organizacional. O isomorfismo coercitivo destaca como central o impacto do
ambiente institucional em detrimento do ambiente técnico. Scott (1987) comenta que "a
perspectiva institucional especial ênfase às relações de autoridade: a capacidade das
organizações, especialmente as organizações públicas, de depender de coerção legítima".
Isomorfismo Mimético são pressões para copiar ou imitar outras organizações
em ralação aos seus processos, atividades, estruturas ou sistemas, padronizando
determinadas respostas para enfrentar as incertezas do ambiente. Essa imitação pode ser
realizada sem qualquer comprovação empírica ou mesmo estudo técnico de seus resultados
positivos. As pressões do isomorfismo mimético podem explicar a adoção, por exemplo, de
práticas de gestão para o qual existe pouca evidência de eficiência e bom desempenho da
organização, como os modismos de qualidade total, reengenharia, downsizing etc.
Isomorfismo Normativo processo de profissionalização. Ocorre quando um
grupo de profissionais luta coletivamente para controlar uma determinada situação,
condições de trabalho ou mesmo instrumentos de produção. Um grupo de profissionais
adota sistemas e técnicas que foram consideradas legitimas por outros grupos de
profissionais influentes ou relevantes dentro do seu campo de atuação. Essas normas são
transmitidas por meio da educação e da formação de profissionais e de processos de
certificação acreditados por organismos profissionais. DiMaggio e Powell (1983)
41
identificam o Estado e as profissões liberais como os principais formadores do ambiente
institucional contemporâneo.
Essa tendência isomórfica é um indicativo da limitação dos atores sociais agirem
única e exclusivamente por critérios racionais e técnicos. Os arranjos estruturais não são
apenas resultados de escolhas competentes ou critérios de eficiência, tecnicamente
coerentes, mas principalmente como resposta às pressões ambientais exercidas sobre a
organização (POWELL; DIMAGGIO, 1983).
Desde os estudos de Selznick na TVA, os pesquisadores organizacionais
aceitavam a idéia de que as organizações são constituídas por elementos simbólicos,
principalmente após o entendimento das limitações das explicações racionalistas
(TOLBERT; ZUCKER, 1999).
Os ambientes institucionais caracterizam-se pela elaboração e difusão de normas e
procedimentos que proporcionam às organizações legitimidade e apoio contextual. Desta
forma, os arranjos estruturais recebem a influência dos elementos simbólicos e culturais
que constituem o ambiente institucional. O atendimento às expectativas do ambiente gera a
legitimidade da organização.
Os institucionalistas propõem uma clara substituição do modelo de ator racional
para as organizações como atores sociais, enfatizando a subjetividade humana como
elemento influenciador e constituinte da atividade organizacional. O seu foco de estudo é
entender por que as organizações adotam determinadas práticas, resultando arranjos
estruturais e ações organizacionais homogêneas ou similares, sem necessariamente se
tornarem mais eficientes.
O contexto institucional pressiona as organizações, demanda em suas estruturas
modelos que incorporam novos procedimentos que demonstram o atendimento dessas
42
pressões. As organizações que adotam esta postura tendem a aumentar sua legitimidade e
condições de sobrevivência, independentemente da eficiência do ambiente técnico e
operacional.
O processo de isomorfismo, (iso = igual; morfo = forma), segundo apresentado por
DiMaggio e Powell (1983), portanto, pode ser entendido como uma pressão exercida sobre
uma organização a assemelhar-se a outras organizações que constituem um mesmo campo
organizacional e por isso estão diante de um mesmo conjunto de condições ambientais.
Assim, estas organizações assumem uma tendência isomórfica, ou seja, buscam
homogeneizar suas práticas e estruturas de resposta às demandas ambientais para alcançar
legitimidade.
Portanto, não a influência direta do ambiente técnico é determinante da
estrutura e atividade organizacional, mas também as pressões do ambiente institucional,
como inovações, legislações e o conjunto das normas sociais que permeiam a organização
(TOLBERT; ZUCKER, 1999). As organizações acabam se adequando às exigências do
ambiente técnico e institucional em função de competirem não apenas por recursos
materiais e técnicos, mas também por poder político e legitimidade institucional.
Machado-da-Silva e Fonseca (1993) novamente alertam para o fato de não entender
as pressões isomórficas uma questão pronta e acabada, determinante para arranjos
estruturais idênticos. É preciso ter claro que as organizações atribuem sentido às pressões
ambientais conforme os esquemas interpretativos que permeiam a visão de mundo dos seus
atores organizacionais, que por sua vez, interferem no processo de tomada de decisão ou na
formulação de estratégias, o que pode explicar o fato de determinadas organizações, apesar
de submetidas às pressões ambientais idênticas, adotarem posicionamentos organizacionais
diferentes. Constata-se, portanto, a possibilidade de diversidade organizacional mesmo
43
diante de certa pressão para a homogeneização, o que torna relevante este múltiplo estudo
de caso.
Oliver (1991) enfatiza, ainda, que a tentativa de obter e garantir a legitimidade não
se apenas em função das pressões ambientais. É preciso considerar as respostas
estratégicas que cada organização adota em função da percepção das pressões
institucionais, conforme descritas no quadro 3 (2), apresentado a seguir.
Aquiescência
Habituar-se
Seguir o invisível, normas aceitas como
verdade.
Imitar
Imitar modelos institucionais.
Conformidade
Obedecer a regras e aceitar normas.
Compromisso
Equilibrar
Equilibrar as expectativas dos múltiplos
participantes.
Pacificar
Aplacar e acomodar os elementos
institucionais.
Barganhar
Negociar com os stakeholders institucionais.
Esquivança
Ocultar
Mascarar a não conformidade.
Dividir
Perder os vínculos institucionais.
Escapar
Mudar metas, atividade ou domínios.
Desafio
Dispensar
Ignorar normas e regras explícitas.
Contestar
Contestar regras e requerimentos.
Atacar
Atacar a fonte de pressão institucional.
Manipulação
Cooptar
Importar participantes influentes.
Influenciar
Formar valores e critérios
Controlar
Dominar participantes institucionais e
processos.
Quadro 3 (2): As cinco respostas estratégicas às pressões institucionais
Fonte: OLIVER (1991, p.152)
44
No entanto, o isomorfismo, principalmente em sua dimensão coercitiva, é bem
apropriado para compreender a organização universitária e o processo de mudança pelo
qual vem passando ao longo do tempo, mesmo considerando a crítica recebida. Por isso, a
escolha da teoria institucional como tendo poder explicativo para a compreensão da
influência do contexto institucional sobre a cultura das instituições de ensino superior
brasileiras.
2.2 A Cultura Organizacional
É ponto comum para os estudiosos da administração que as organizações ocupam
um espaço central na sociedade contemporânea, influenciando diretamente na disseminação
de padrões sociais de comportamento, por meio de um exercício sutil e legitimado de poder
simbólico, manifestado por meio de interesses, coalizões, jogos de poder e interações
sociais (CARVALHO; VIEIRA, 2007). Essa é uma característica importante das
organizações, pois elas são capazes de criar e induzir os indivíduos a padrões de
comportamentos descritos em normas e valores, constituindo-se numa referência identitária
para seus membros, considerando a relevância da categoria trabalho para a sociedade
capitalista.
Qualquer organização, independente da esfera pública ou privada, apresenta
características comuns, pois são entidades sociais estruturadas, coordenadas e planejadas
para o alcance de determinados objetivos. Por serem socialmente construídas, as
organizações têm a sua história e apresentam uma maneira própria de interpretar e lidar
com a realidade, comumente denominada de cultura organizacional. Por este enfoque, a
45
cultura da organização é criação coletiva, mas não de consenso, sendo geralmente resultado
de conflitos (MARTIN, 1996).
O interesse pelo tema da cultura organizacional ganhou ênfase no meio acadêmico
no final da década de 70 e meados da década de 80, principalmente em função do destaque
das corporações japonesas em contraposição as empresas americanas, direcionando a
análise para a importância do significado simbólico dos aspectos organizacionais,
conferindo dinâmica própria a cada organização e possivelmente diferenciando as empresas
bem sucedidas (MINTZBERG, 2000; ALVES, 1997; AKTOUF, 1993; OUCHI, 1986).
A ênfase atribuída ao estudo da cultura organizacional é explicada, ainda, pelo
fracasso dos estudos prescritivos sobre o modelo das relações humanas focados na
motivação que pretendia transformar em colaboradores dirigentes e dirigidos; e o fracasso
do modelo racional e do comportamento científico, que pretendia destacar a primazia da
estrutura e do planejamento das tarefas organizacionais sobre o indivíduo, este último
desconsiderado como elemento constituinte da organização (AKTOUF, 2001; ALVES,
1997). Ou ainda por sua importância como elemento explicativo de diversos fenômenos
organizacionais (SCHEIN, 2001); e também como alternativa de análise para compreender
melhor a resistência a processos de mudanças (ROBBINS, 2005) e finalmente, por
desmistificar a idéia predominante de que o mundo dos negócios e da administração é
regido por uma lógica exclusivamente técnica, racional e impessoal (BARBOSA, 2002).
46
2.2.1 Definições de Cultura Organizacional
Definir cultura organizacional não é uma tarefa fácil, considerando a influência que
recebe de diferentes abordagens e paradigmas. A noção do simbólico é o ponto de
aproximação entre os diversos conceitos, por carregar em si os significados particulares,
identificados por aqueles que partilham da mesma cultura. Esse reconhecimento e
identificação ocorrem por meio dos mitos, cerimônias, ritos e rituais, elementos que tornam
possíveis o desenvolvimento do imaginário e do controle sobre os membros da
organização.
Schein (2001), um dos autores mais recorrentes quando se busca definir a cultura
organizacional, considera um processo dinâmico de como as pessoas interagem, aprendem,
partilham, modificam e passam adiante a cultura. Alves (1997) apresenta a cultura
organizacional como um conjunto complexo de crenças, valores, pressupostos, símbolos,
artefatos, conhecimentos e normas, freqüentemente personificado em heróis, que é definido
na empresa pelos sistemas de comunicação e pela utilização de mitos, estórias, rituais, além
de processos de endoculturação. Freitas (1991) a define como um conjunto de produtos
concretos, como os símbolos, a linguagem, os valores e as normas, entre outros, por meio
dos quais o sistema é consolidado e perpetuado. Considerando essas definições, a cultura
transforma-se num sistema de significados considerados válidos e aceitos pelos membros
da organização, servindo de base para compreensão e interpretação de diversos fenômenos
organizacionais.
Fazendo uma ressalva para a simplificação na conceituação de cultura
organizacional ou no seu entendimento como algo mágico, com poderes de gerar uma
comunhão entre todos, sendo necessário apenas ser diagnosticada, quantificada e
47
transformada pela ação de líderes ou heróis, Aktouf (1993), amplia o conceito de cultura,
considerado:
algo muito mais vasto, muito importante, inscrita muito profundamente nas
estruturas sociais, na história, no inconsciente, na experiência vivida e no vir a
ser coletivo humano, para ser tratada, de maneira tão trivial, como uma variável
dependente cujos fatores e componentes podem ser isolados, medidos, tratados e
construídos (AKTOUF, 1993, p. 47).
Mesmo sem uma definição consensual sobre o termo cultura organizacional, Schein
(2001) e Hosfstede (1991) apontam algumas características básicas que são aceitas por
diversos autores: é uma construção histórico-social, percebida por meio de artefatos,
linguagem, mitos, valores, arquitetura, ritos etc., institucionalizada, flexível e difícil de ser
mudada.
Para Schein (2001), a cultura de uma organização não se forma espontaneamente, ao
contrário, ela é resultado da luta por sobrevivência, visando equilibrar a adaptação ao
ambiente externo e a manutenção de uma coerência interna. Buscando esse equilíbrio, os
membros da organização diferenciam experiências positivas, estratégias e padrões de
comportamentos que funcionaram adequadamente para o alcance de um determinado
objetivo das experiências negativas, que resultaram em fracassos e resultados indesejados.
A partir deste aprendizado, o grupo seleciona e mantém certos padrões de comportamentos,
valores, normas e regras associados ao sucesso diante do problema de adaptação externa e
coerência interna, institucionalizados como a maneira mais correta de agir dentro da
organização (MOTTA; VASCONCELLOS, 2006).
Ainda segundo Schein (2001) e Santos (2000) a cultura de uma organização pode
ser percebida por meio de níveis, que vão do muito visível ao muito tácito e invisível:
48
Nível dos artefatos: é a parte que fica aparente, visível, porém nem sempre fácil de
interpretar ou entender. É o ambiente físico da organização, arquitetura, layout, maneira de
vestir, padrões de comportamento visíveis, documentos públicos;
Nível dos valores: expressam o que é importante (objetivos, filosofia) para os
indivíduos, os grupos e a organização. São manifestos na cultura, ou seja, expressam o que
as pessoas reportam ser a razão do seu comportamento, as “verdades adotadas”, o que na
maioria das vezes são idealizações ou racionalizações;
Nível dos pressupostos básicos: são aqueles pressupostos compartilhados pelo
grupo, que orientam e conduzem comportamentos e experiências positivos cada vez mais
aceitos e, gradualmente, transformam-se em pressupostos inconscientes. Os pressupostos
básicos determinam como os membros de um grupo percebem, pensam e sentem.
Morgan (1996) compara a cultura de uma organização “tal como um iceberg”, onde
o que fica visível é uma parte muito pequena do seu tamanho real, ponderando que é na
parte submersa onde estão as mais profundas verdades da cultura. Na verdade, falar de
cultura é fazer uma referência ao processo de construção da realidade, que aproxima os
indivíduos de uma compreensão dos eventos, ações, objetos, expressões e situações
particulares de maneiras distintas, fornecendo as bases para um padrão de comportamento
institucionalmente aceito como adequado.
2.2.2 Elementos formadores da cultura organizacional
A cultura organizacional é constituída de elementos integradores, atuando como
uma base de sustentação que se espalham pelos indivíduos, grupos e organização,
49
manifestado por meio de símbolos, heróis, ritos, rituais, valores, mitos e histórias. Freitas
(1991) apresenta e analisa os seguintes elementos:
Valores: são as crenças e conceitos básicos que formam a cultura, que definem o
que é essencial para se atingir sucesso organizacional. São definidos por meio da filosofia
da organização que objetiva o sucesso, fornecendo o senso de direção comum para todos os
empregados e um guia para o comportamento diário. Assim, os valores são compartilhados
fazendo com que os empregados se sintam motivados e sendo parte importante da
organização;
Crenças e Pressupostos: expressam aquilo que é tido como verdade na
organização. Para a formação de pressupostos é necessário que determinado grupo tenha
tempo de vida para formá-los, conheça bem a organização, seu produto e suas funções;
Ritos, Rituais e Cerimônias: são entendidos como um conjunto de atividades
elaboradas e executadas por meio de interações sociais carregadas de conteúdo simbólico,
cuja finalidade é promover e reforçar os valores e heróis da organização. Tomemos como
exemplos os seguintes ritos:
a) Rito de Passagem: utilizados para celebrar a passagem dos membros da organização
de um status o papel para outro. Exemplos: processos de admissão ou promoção
profissional;
b) Ritos de Degradação: estes denunciam aos membros da organização que normas
foram violadas ou que compromissos não foram cumpridos. Geralmente são
manifestados pela demissão, afastamento de um alto funcionário, denúncia de
incompetência etc.;
c) Ritos de Reforço: são utilizados para reforçar um comportamento considerado
importante e necessário para o bom funcionamento da organização e integração dos
50
membros. Aplica-se aos membros que, por exemplo, superam uma meta de venda
definida pela empresa ou obtém conquistas profissionais;
d) Ritos de Renovação: quando uma situação precisa ser revista ou modificada para
alcançar resultados melhores. Políticas de Treinamento ou adoção de novas práticas
gerenciais;
e) Ritos de Redução de Conflitos: visa restabelecer o equilíbrio das relações entre os
membros da organização, superando ou eliminando os conflitos. A idéia é trabalhar
em conjunto para o sucesso do empreendimento ou da própria organização.
Dinâmicas de grupos ou reuniões de correção de percurso são exemplos deste tipo
de rito.
f) Ritos de Integração: estes ritos também contribuem para redução de conflitos e
atuam para manter o grupo coeso. Exemplos são as confraternizações em torno de
datas festivas.
Histórias e mitos: Histórias são narrativas repetidas constantemente dentro da
organização, cuja finalidade é reforçar um comportamento desejado. Podem ser verdadeiras
ou não, mas vão ganhando novas versões com o tempo; Já os mitos atuam para preservar
alguns valores que são considerados “sagrados” pela organização, geralmente baseado no
imaginário e na fantasia, que ressaltam aspectos importantes ou “fatos heróicos”,
cumprindo o papel de consolidar o dia-a-dia;
Tabu: elemento importante da cultura, cujo objetivo é orientar o comportamento
dos membros, deixando claro o que é proibido ou permitido dentro da organização;
Heróis: membros da organização que melhor simbolizam os valores fundamentais
da cultura. Seu papel é servir de modelo, estabelecendo padrões de comportamento. O herói
é alguém com coragem, determinado e forte, que por qualquer motivo é o centro das
51
atenções e todos admiram e desejam ser. "Os heróis tornam o sucesso atingível e humano;
fornecem modelos; simbolizam a organização para o mundo exterior; preservam o que a
organização tem de especial; estabelecem padrões de desempenho; e, motivam os
empregados, fornecendo uma influência duradoura".
Normas: São padrões ou regras que orientam o comportamento dos membros da
organização. As normas podem ser implícitas, direcionando a conduta das pessoas, sem
mesmo considerar seus aspectos positivos ou negativos. Neste caso, as pessoas se
conformam às normas, até mesmo inconscientemente. Também podem ser explícitas,
quando se trata de procedimentos, regulamentos, manuais, estatutos, leis etc. Em todos os
casos as normas atuam para definir todo o comportamento que é esperado, aceito ou
apoiado pelo grupo, esteja tal comportamento fixado formalmente ou não. Assim, a norma
é o comportamento sancionado, através do qual as pessoas são recompensadas ou punidas,
confrontadas ou encorajadas, ou postas em ostracismo quando violam as normas”.
Comunicação: manifestação da cultura da organização por meio da comunicação
verbal ou não-verbal. Incluem produções escritas, boletins, publicações oficiais e um
conjunto de simbologia expresso nas atitudes, nos símbolos e nos gestos dos membros da
organização.
A partir da análise destes elementos, pode-se descrever a cultura de uma
organização e indicar o seu processo de transformação.
2.2.3 A Noção de Subculturas e os três paradigmas de Martin
Outro aspecto importante na análise da cultura organizacional é o reconhecimento
da presença de subculturas, entendidas como grupos de indivíduos que compartilham um
52
conjunto específico de valores e crenças, diferenciando-se dos demais membros da
organização da qual fazem parte. A formação de subculturas está associada com situações
do cotidiano da organização, possibilitando aos grupos um relacionamento mais
proximamente em função de dependências de tarefas, atividades em comuns e proximidade
física, por exemplo. Esta aproximação pode ajudar a criar sistemas de valores próprios,
destacado do todo organizacional.
A noção de subcultura é particularmente importante para que se tenha uma
compreensão da organização sendo complexa e permeada por ambigüidades. Neste sentido,
Martin (1992) adiciona contribuição relevante, ao tratar dos paradigmas de integração,
diferenciação e fragmentação, pelos quais é possível interpretar a cultura organizacional,
conforme apresentado a seguir:
- Paradigma de Integração: entende a organização como integrada culturalmente,
considerando ser possível alto grau de consenso entre os membros da organização e, por
outro lado, exclui a presença de ambigüidades.
- Paradigma da Diferenciação: admite a presença de subculturas, formadas por
características de aproximação, níveis de poder, áreas de atuação e interesse e divisão de
tarefas. Admite o consenso apenas dentro de cada subcultura e a presença da ambigüidade
como sendo uma inconsistência externa à subcultura. A perspectiva de diferenciação incide
sobre a inevitabilidade de conflitos nas organizações e apresenta a "falta de consenso"
como uma questão que precisa ser compreendida e tratada no âmbito da investigação da
cultura organizacional. No entanto, embora a perspectiva de diferenciação reconheça a
inevitabilidade do conflito, ele não conta suficiente para explicar as ambigüidades da
existência organizacional. É por esta razão que o paradigma da fragmentação é importante.
53
- Paradigma da Fragmentação: trata a ambigüidade como sendo a essência da
cultura, considerando a possibilidade de consenso esporádico, de acordo com as coalizões
que se formam para resolver problemas específicos ou enfrentar desafios comuns. Neste
sentido, a ambigüidade, a complexidade das relações entre as manifestações, e uma
multiplicidade de interpretações não se encaixam em um consenso estável.
A autora defende que a análise sobre a cultura organizacional deve considerar a
presença simultânea dos três paradigmas numa mesma organização, sendo os três
paradigmas isolados tipos ideais, difícil de ser encontrado em sua forma pura. Em certos
momentos pode existir o consenso em torno de certas propostas, o que leva ao paradigma
da integração. Esse consenso pode ser desfazer na seqüência, diante de um problema
diferente. Por fim, o grupo pode fragmentar-se por conta de posicionamentos ambíguos e
múltiplas interpretações da realidade.
54
3 Método
Nesta seção apresenta-se a sistematização da pesquisa para atender aos objetivos
propostos, especificando sua caracterização e delimitação, os critérios para seleção dos
casos, incluindo os procedimentos para coleta e análise de dados. A delimitação refere-se
ao recorte que o autor coloca em seu estudo. Este recorte é importante, visto que a realidade
é extremamente complexa, por um lado, e histórica por outro, o que inviabiliza uma análise
do todo. Foca-se, portanto, apenas parte dessa realidade (VERGARA, 2005).
3.1 Perguntas Norteadoras da Pesquisa
Um problema ou uma interrogação é o ponto de partida para a realização de uma
pesquisa, que deve ser consubstanciada com uma fundamentada base teórica, instrumento
de validação da ciência (MARCONI; LAKATOS, 2007).
Assim, com base no referencial teórico, definiu-se a pergunta central desta pesquisa:
De que forma o contexto institucional do Ensino Superior influencia a cultura
organizacional nas IES públicas e privadas?
Da pergunta central, desmembraram-se as seguintes perguntas especificas:
a) Como se caracteriza o contexto institucional do ensino superior no Brasil e,
particularmente, no Amazonas?
b) Quais as pressões ambientais (sociais, políticas e instrumentais) que impactam sobre as
organizações universitárias?
55
c) Em que medida as pressões ambientais (sociais, políticas e instrumentais) influenciam a
cultura da organização universitária?
3.2 Definição Constitutiva (DC) e Operacional (DO) das
Variáveis
Considerando a problemática desta pesquisa, contemplaram-se as variáveis de
análise que sustentam este estudo. Nesta seção, estas variáveis serão definidas,
fundamentadas com base no quadro teórico-empírico apresentado no capitulo anterior.
- Contexto ambiental
D.C.: Conjunto de circunstâncias e fatores externos à organização que, de alguma
forma, pode afetar e determinar diretamente as estruturas, práticas e processos
organizacionais (SCOTT, 2001), sendo socialmente construído e subjetivamente percebido,
dependente de aspectos cognitivos de indivíduos e decisores (BERGER; LUCKMANN,
2003), compartilhados pelos membros da organização, operando como quadros de
referência para a ação organizacional (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA, 1996).
- Pressões Institucionais:
D.C.: Forças decorrentes do ambiente que podem impactar as organizações, com
poder de desestabilizar práticas institucionalizadas ou condicionar ações e decisões
(SCOTT, 2001). Estas forças geralmente manifestam-se por meio de mudanças no escopo
legal, inovações tecnológicas, novas práticas competitivas e o aparecimento de novos
56
valores sociais. Essas pressões podem manifestar-se de três formas: políticas, instrumentais
e sociais (OLIVER, 1988), conforme detalhado na Figura 3 (3).
Figura 3 (3): Tipos de pressões ambientais
Fonte: Oliver (1988)
- Institucionalização
D.C.: É um processo de transformar crenças e ações em conduta habitual, mediante
a conformidade com orientações e normas previamente definidas e socialmente aceitas
(FONSECA, 2003), transformando-se em concepções amplamente compartilhadas da
realidade (BERGER; LUCKMANN, 2003), podendo definir o modo de agir dos atores
sociais.
D.O.: Foi operacionalizado por meio de análise documental e de conteúdo dos
dados secundários, bem como pela análise de conteúdo das entrevistas semi-estruturadas e
pela análise estatística das respostas ao questionário.
Pressões Ambientais
Políticas
Redistribuição de poder;
Ameaça de obsolescência;
Questionamento de práticas
institucionalizadas;
Crise de desempenho.
Instrumentais
Pressão por inovação;
Competição por recursos,
eventos e informações;
Novas práticas, processos e
técnicas;
Aumento nos padrões de
eficiência.
Sociais
Mudanças em leis,
normas e valores
vigentes;
Descontinuidade
histórica;
Aparecimento de
novos valores.
57
- Cultura Organizacional
D.C: A cultura, no âmbito organizacional, é entendida como padrão de suposições
básicas criadas, inventadas ou desenvolvidas pelos atores sociais como resultado do esforço
da organização para se adaptar ao ambiente externo e, ao mesmo tempo, conseguir a
integração interna, sendo compartilhadas entre os membros como a maneira correta de
intermediar a realidade (SCHEIN, 1985)
D.O.: Foi operacionalizado por meio de análise documental e de conteúdo dos
dados secundários, bem como pela análise de conteúdo das entrevistas semi-estruturadas e
pela análise estatística das respostas ao questionário, evidenciando os valores, crenças e
configuração cultural.
Valores
D.C.: Indicam critérios e padrões de preferências individualmente racionalizados e
coletivamente compartilhados que servem como princípios que guiam a interpretação do
ambiente e influenciam a ação organizacional (MACHADO-DASILVA; FONSECA,
1993).
D.O.: Identificados com base na análise de conteúdo das entrevistas semi-
estruturadas feitas com os dirigentes do nível estratégico e tático das organizações em
estudo.
Crenças
D.C.: São pressupostos subjacentes compartilhados pelos atores organizacionais
que atuam como mediadores da realidade, na medida em que propiciam as bases para
interpretar, pensar e sentir o ambiente e a organização (SCHEIN, 1991; MACHADO-DA-
SILVA; FONSECA; FERNANDES, 2000).
58
D.O.: Identificados com base na análise de conteúdo das entrevistas semi-
estruturadas feitas com os dirigentes do nível estratégico das organizações sob estudo.
Outros Termos Relevantes ao Estudo:
- IES: Instituições de Ensino Superior. Destaca-se que o termo “instituições” aqui
aplicado não deve ser confundido com o termo utilizado na teoria institucional. Neste caso,
instituições referem-se às organizações de ensino superior, seja pública ou privada.
Públicas quando são criadas por projeto de Lei de iniciativa do Poder Executivo e
devidamente aprovado pelo Poder Legislativo, sendo mantidas e administradas pelo Poder
Público em suas esferas Federal, Estadual ou Municipal. Já as privadas são assim definidas
por serem “mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado”,
conforme determina o artigo 19 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
9.394, de 20 de dezembro de 1996), sendo criadas por credenciamento junto ao Ministério
da Educação.
De acordo com o artigo do Decreto Federal 3.860, de 09 de julho de 2001, as
Instituições de Ensino Superior podem ser classificadas academicamente em:
I - Universidades: instituições pluridisciplinares que tem por objetivo fornecer
ensino superior, pesquisa e extensão de maneira indissociável;
II - Centros Universitários: instituições de ensino superior pluricurriculares,
abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do
ensino oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de
trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar;
59
III Faculdades Integradas: são instituições com propostas curriculares em mais de
uma área de conhecimento, organizadas para atuar com regimento comum e comando
unificado, sem caracterizar como centro universitário ou universidade;
IV - Faculdades Isoladas aquelas que oferecem cursos avulsos não reunidos na
forma de universidade;
V - Institutos e Escolas Superiores - são instituições vocacionadas para a formação e
qualificação, principalmente, de profissionais, docentes ou não, para a educação básica
(vide artigos 62,63 e 64 da lei 9394/96 e o parecer 115/99 CNE). A Figura 4 (3) demonstra
a tipologia das instituições de ensino superior, tomando por base as definições da LDB, Lei
n° 9394/96.
Figura 4 (3): tipologia das instituições de ensino superior
Fonte: LDB, Lei n° 9394/96.
Instituições
Universitárias
Universidades
Especializadas
Universidades
Centros
Universitários
Instituições não
universitárias
Institutos Superiores
de Educação
CEFET`S E CET`S
Universidades
Especializadas
Universidades
Especializadas
60
Por tratar dos casos em estudos, destaca-se as principais diferenças entre
Universidade e Centro Universitário, sintetizadas no quadro 4 (3), apresentado a seguir:
Características
Centros Universitários
Universidades
Obrigatório
Facultativo
Obrigatório
Facultativo
Ensino
Graduação
X
X
Pós-Graduação Lato
Sensu
X
X
Pós-Graduação Stricto
Sensu
X
X
Corpo Docente
1/3 de Mestre ou
Doutores
X
X
1/3 em tempo integral
X
X
Plano de Carreira
X
X
Pesquisa
Iniciação Cientifica
X
X
Produção sistematizada
de pesquisa
X
X
Extensão
Programas extensionistas
X
X
Quadro 4 (3): principais diferenças entre Centro Universitário e Universidade
Fonte: instrumentos legais vigentes
- Dirigentes: membros da administração central, com poder de decisão sobre
questões fundamentais da organização. Nas instituições de ensino, o corpo diretivo é
formado por Reitor, Pró-Reitores, Diretores e assessores diretos. Considerando as
61
instituições de ensino privadas com fins lucrativos, têm-se também a figura do
representante da mantenedora.
Nível estratégico: nível de hierarquia organizacional composto pela alta
administração
Nível tático: nível de hierarquia organizacional situado logo abaixo do nível
estratégico, composto por diretores, coordenadores de curso, chefes de departamentos e
assessores diretos.
3.3 Delineamento da Pesquisa
A presente investigação de natureza subjetiva, cuja preocupação central é
compreender a repercussão das pressões do contexto institucional sobre a cultura
organizacional de duas instituições de ensino, configura-se como um estudo de casos
múltiplos, descritivo-explicativo com abordagem predominantemente qualitativa, acrescido
de dados quantitativos complementares com a intenção principal de aprofundar a discussão
de aspectos da questão estudada. A Figura 5 (3) apresenta, de forma resumida, o desenho
estrutural da presente investigação.
62
Figura 5 (3): Desenho da Pesquisa
Figura 5 (3): Delineamento da Pesquisa
Fonte: Selltiz (1987); Triviños (1987); Richardson (1999); Roesch (1999); Minayo (2003); Vergara
(2005); Yin (2005); Marconi; Lakatos (2007); Gil (2008).
A natureza desta pesquisa é básica, por se tratar de uma pesquisa acadêmica, cuja
finalidade é aprofundar o conhecimento empírico acerca de determinado fenômeno, sem,
necessariamente, buscar uma aplicação específica, muito embora as descobertas com esta
investigação científica possam ser aplicadas para resoluções de questões práticas e
concretas da vida cotidiana (ROESCH, 1999).
Quanto à sua abordagem é predominantemente qualitativa, à medida que objetiva
analisar o significado dos fatos e a percepção dos envolvidos com o fenômeno em estudo,
cujas nuanças são complexas, de natureza social e não pode ser entendido ou analisado por
Pesquisa Científica
Natureza
Objetivo
Abordagem
Procedimento
Básica
Aplicada
Exploratória
Descritiva
Explicativa
Qualitativa
Quantitativa
Bibliográfica
Experimental
Pesquisa Ação
Ex-Post Facto
Documental
Survey
Participante
Estudo de
Caso
63
meios de dados exclusivamente quantificáveis ou mesmo porque o foco não recai sobre o
número de vezes em que uma variável aparece, mas sim no contexto em que se apresentam
(MINAYO, 2003). A pesquisa qualitativa visa construir um entendimento das experiências
dos respondentes, descobrir como estes percebem e interpretam o mundo a sua volta e
como isso influencia as suas ações.
No entanto, em determinados momentos enfoca também processos e variáveis,
recorrendo a dados quantitativos. A escolha por uma combinação de métodos quantitativos
e qualitativos numa mesma investigação ocorre quando se pretende amenizar possíveis
deficiências ou desvios no uso de um dos métodos isoladamente e ainda se quer garantir
maior confiança e credibilidade na interpretação e validação dos resultados encontrados
(CRESWELL, 2007). Segundo Bryman (1992), outra vantagem da combinação entre
métodos quantitativos e qualitativos é a possibilidade da variação dos instrumentos de
coleta e acesso a diferentes níveis da realidade.
Os estudos qualitativos envolveram a coleta de dados descritivos sobre pessoas,
lugares e processos, por meio do contato direto do pesquisador com a situação estudada,
com a intenção de compreender os fenômenos a partir da perspectiva dos participantes e
não de sua própria visão de mundo, considerando muito mais o processo do que o resultado
em si (GODOY, 1995). Em seguida é que situa sua interpretação dos dados pesquisados,
apoiando sua consistência na comparação dos achados ou observações com o exame
detalhado da literatura.
A escolha pela estratégia de estudo de caso é indicada quando se pretende lançar um
olhar minucioso sobre um ambiente, um sujeito ou uma ação especifica, de maneira a
permitir uma compreensão mais detalhada do fenômeno estudado (GIL, 2008; GODOY,
2005; TRIVIÑOS, 1987). Para Yin (2005) o estudo de caso é uma investigação empírica
64
que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, utilizando
múltiplas fontes de evidências, podendo beneficiar-se de estudos prévios para direcionar a
coleta e a análise de dados. Por sua vez, Babbie (1999) enfatiza que o estudo de caso torna-
se uma estratégia adequada quando se pretende descrever e explicar de forma abrangente as
diversas configurações de uma determinada situação social.
Um estudo de caso pode incidir sobre uma única unidade de análise, que recebe o
nome de caso único, como também envolver mais de uma unidade, neste caso chamado de
casos múltiplos ou estudo de caso comparativo. Considerando os objetivos desta pesquisa,
a escolha foi por um estudo de casos múltiplos em função da possibilidade de descobertas
mais concretas e pelo aprofundamento da discussão sobre semelhanças e diferenças entre as
organizações estudadas (YIN, 2005; STAKE, 2006).
Triviños (1987) destaca que uma contribuição interessante de estudos de caso
múltiplos é a possibilidade de enriquecer a pesquisa, à medida que a análise comparativa
entre os casos contribui para que os resultados encontrados sejam mais convincentes e o
estudo, de modo geral, mais robusto, porque permite confrontar a teoria com mais de uma
realidade, visando conseguir maior representação e contribuindo para ampliar a
generalização do fenômeno em análise. Corroborando com esta afirmação, Roesch (1999)
ressalta que este tipo de estudo contribui para um aprofundamento teórico ao discutir as
condições em que resultados antes considerados universais são contingentes e em outras
situações constatam-se exatamente o contrário, o que obriga o pesquisador a uma análise
mais cuidadosa, procurando saber mais sobre suas conclusões e as possíveis aplicações em
outros contextos (MILES; HUBERMAN, 1994).
Quanto ao seu objetivo, constitui-se um estudo descritivo e explicativo. Os estudos
descritivos, em sua essência, buscam descrever determinados fenômenos ou realidade com
65
exatidão, por meio de um olhar mais abrangente acerca do problema em questão (GIL,
2008; BABBIE, 1999; TRIVIÑOS, 1987). Portanto, ao empregá-lo, o que se pretende é
descobrir a freqüência com que um fenômeno ocorre, a sua relação e conexão com outros, a
sua natureza e características (GIL, 2008; TOMASI; YAMAMOTO, 1998). O estudo
também é explicativo, considerando a intenção de aprofundar o conhecimento da realidade
estudada, entendendo as razões e os porquês dos dados levantados (GIL, 2008;
RICHARDSON, 1999).
O nível de análise é o organizacional e as unidades de análise referem-se aos
dirigentes dos níveis estratégico e tático das instituições de ensino participantes do estudo.
3.4 Fluxograma dos Procedimentos da Pesquisa
A presente investigação, cujo objetivo central é analisar a influência do contexto
institucional na cultura organizacional de instituições de ensino superior, atendeu as
seguintes etapas, conforme detalhadas na Figura 6 (3).
66
Figura 6 (3): Fluxograma das etapas da pesquisa
Fonte: elaboração própria
A etapa inicial da presente pesquisa constituiu-se de um estudo exploratório, no qual
foram dados os primeiros passos em relação ao levantamento bibliográfico pertinente à
teoria institucional, cultura organizacional e caracterização do ambiente institucional do
ensino superior no Brasil. Envolveram conceituações, características, cultura
organizacional, educação superior, estrutura de instituições de ensino superior. Tais
leituras, assim como as observações de campo, possibilitaram delimitar o tema e o campo
de estudo, também seus objetivos e justificativa.
Na seqüência foi selecionado e elaborado o instrumento da pesquisa e a definição
das instituições de ensino pesquisadas. A coleta iniciou com a observação direta e a
pesquisa documental, cujo objetivo era levantar informações sobre as instituições de
ensino, sua estrutura organizacional, cenário de atuação, missão, objetivos e respondentes
Levantamento da Literatura para estudos preliminares
Definição do tema, problema a ser investigado e os objetivos do estudo
Elaboração dos instrumentos
de coleta de dados
Seleção das instituições para o
estudo de múltiplos casos
Levantamento de dados por
meio do questionário
Tabulação e análise dos dados
do questionário
Análise e interpretação das
entrevistas
Entrevistas com os dirigentes
das instituições pesquisadas
Análise comparativa dos casos
estudados
Finalização do trabalho e
considerações
67
chaves, dados que foram importantes para a análise interpretativa das evidências que seria
feita posteriormente. Em seguida houve a aplicação do segundo instrumento de pesquisa, o
questionário, para confrontar os dados preliminares levantados na etapa anterior e
aprofundar a análise do objeto de estudo. Aplicado o questionário, os dados foram
tabulados e apresentados em tabelas para análise descritiva, que por sua vez auxiliaram na
definição do roteiro da entrevista semi-estruturada e das unidades de análises envolvidas,
que foram definidas como sendo dirigentes dos grupos estratégicos e táticos das instituições
de ensino selecionadas.
Para a coleta dos dados do estudo dos múltiplos casos foi aplicado o terceiro
instrumento de pesquisa, entrevista com roteiro semi-estruturado. Seguido da análise dos
dados coletados, com a descrição das entrevistas e análise do conteúdo. E finaliza-se o
procedimento com as conclusões desta investigação e recomendações para futuras
pesquisas.
3.5 Fontes de Dados
A natureza descritiva e interpretativa desta investigação é resultado da estratégia
empregada para levantar os dados primários e secundários. O processo de coleta de dados
ou evidências é uma etapa central para que o estudo de caso seja conduzido
adequadamente, implicando no levantamento de dados de variadas fontes e mais de uma
técnica de coleta para conferir consistência e significância a seus resultados (GIL, 2008;
LAKATOS; MARCONI, 2007; YIN, 2005; GODOY, 1995). Obter dados por meio de
procedimentos diversos é um fator importante para a qualidade dos dados obtidos. Portanto,
68
os dados foram coletados de quatro maneiras: (1) observação direta (2) documentos; (3)
questionário e (4) entrevistas semi-estruturadas. Para proceder a análise dos dados foram
utilizadas as técnicas de análise documental e de conteúdo, buscando interpretar de maneira
crítica e em profundidade as evidências coletadas, confrontando os dados secundários com
os relatos das entrevistas e do questionário aplicado.
Descrevem-se nas seções adiante aspectos referentes à coleta de dados secundários e
primários.
3.5.1 Dados secundários
Dados secundários relativos ao contexto institucional do setor sob estudo foram
obtidos por meio de consulta à legislação relativa ao ensino superior em nível federal e em
específico no Estado do Amazonas. para caracterizar a situação ambiental das
instituições investigadas, buscando elencar as principais pressões do ambiente
(instrumentais, políticas e sociais), foram levantados dados por meio de publicações como
relatórios, informativos internos, material de divulgação e websites oficiais, nos quais foi
possível identificar declarações de missão, objetivos e propostas estratégicas. Também
foram coletados dados importantes por meio de artigos, reportagens e livros que abordam a
educação superior no Brasil, assim como documentos cedidos pelos dirigentes na ocasião
das entrevistas, como o plano de desenvolvimento institucional PDI.
69
3.5.2 Dados primários
Os dados primários representaram a principal fonte de informações sobre os casos
estudados e foram acessados por meio da observação direta, aplicação de questionário e
entrevistas semi-estruturadas. Os respondentes foram definidos como sendo os dirigentes
estratégicos e táticos das instituições de ensino, constituídos por:
Entrevistas
- Reitoria (E1)
- Pró-Reitor Administrativo (E2)
- Pró-Reitora Acadêmica (E3)
- Reitoria (E4)
- Ensino de Graduação (E5)
- Pós-Graduação e Pesquisa (E6)
- Assuntos Comunitários (E7)
- Extensão (E8)
- Planejamento (E9)
- Administração (E10)
Questionários:
- Diretores de Unidades;
- Coordenador de Mestrado
- Coordenadores de Cursos e
- Diretor de Pós-Graduação.
70
O questionário foi estruturado a partir da revisão da literatura, da observação direta
e da coleta e análise dos dados secundários. Seu foco principal foi a caracterizar o ambiente
e as pressões do contexto institucional no qual estão inseridas as instituições de ensino
pesquisadas, assim como descrever sua influência na cultura organizacional. O objetivo da
utilização deste instrumento para levantar evidências é obter ou completar informações
obtidas por meio da observação e da análise documental, podendo reforçar ou refutar
conclusões preliminares.
O questionário foi estruturado em três partes, visando atender aos objetivos
específicos desta investigação. Na primeira parte do questionário, o objetivo consistiu em
caracterizar o contexto institucional das instituições pesquisadas, identificando as principais
características do ambiente político-legal, econômico, tecnológico e social. Na segunda
parte do questionário, o objetivo foi identificar as pressões ambientais (políticas,
instrumentais e sociais) a que estão submetidas às organizações estudadas. A terceira e
última parte objetivou caracterizar a cultura das organizações, assim como os
valores/crenças presentes na tomada de decisão de seus dirigentes. O questionário, cuja
versão integral encontra-se no Apêndice B, foi aplicado no nível tático das organizações
estudas. A entrevista semi-estruturada foi elaborada com a finalidade de identificar as
pressões ambientais na visão dos dirigentes e a influência dessas pressões sobre a cultura da
organização, confrontando com os dados secundários anteriormente levantados.
A entrevista é um instrumento recomendado para o desenvolvimento de estudos
descritivos, com abordagem qualitativa (TRIVIÑOS, 1987), cujo objetivo é captar a
experiência e o envolvimento do respondente com o fenômeno em estudo, assim como o
significado que este atribui a esta experiência (SEIDMAN, 1998). Fontana e Frey (2000)
alertam que fazer uma boa entrevista é muito mais difícil do que possa parecer à primeira
71
vista. A palavra falada ou escrita tem sempre um resíduo de ambigüidade, não importa o
quão cuidadosamente sejam formuladas as perguntas ou registrados os códigos de resposta.
No entanto, entrevistar é uma das maneiras mais comum e poderosa para tentar
compreender outros atores e suas experiências. Por apresentar certa flexibilidade e uma
interação entre pesquisador e respondente, permitindo a este último maior liberdade para
expressar idéias, intenções e motivações, acaba por ser extremamente útil no levantamento
de questões relevantes e profundas (RICHARDSON, 1999). Nessa ótica, Yin (2005)
considera a entrevista como um dos mais importantes instrumentos de coletas de evidências
no desenvolvimento de um estudo de caso.
A entrevista semi-estruturada pode ser definida como sendo a elaboração de
questões básicas para o entendimento do objeto em estudo, guiada por um roteiro
previamente elaborado com perguntas abertas, cuja característica principal é permitir
respostas não padronizadas, abordadas de forma livre e espontânea, originadas das
experiências de vida e da interpretação da realidade por parte dos respondentes, contando
com a atuação consciente do pesquisador durante todo o processo de coleta de dados, sem,
entretanto, interferir ou interpretar demasiadamente as respostas obtidas (TRIVIÑOS, 1987;
HAGUETTE, 1992).
A seleção dos respondentes foi intencional, considerando critérios preestabelecidos
que caracterizam um bom informante (TRIVIÑOS, 1987):
i) Disponibilidade de tempo e acessibilidade;
ii) Envolvimento direto no fenômeno;
iii) Conhecer detalhes da organização e das circunstâncias em que fenômeno se
manifesta;
iv) Interesse pela pesquisa
72
v) Comunicação adequada
Isto posto, acredita-se que os níveis estratégicos e táticos das organizações reúnam a
maioria dos respondentes que se enquadram nestas condições.
O roteiro da entrevista semi-estruturada, considerando a observação de Triviños
(1987), que seja estruturado com perguntas básicas, em pequeno número, foi composto,
para fins desta pesquisa, por quatorze questões, conforme pode ser verificado no Apêndice
A. As entrevistas foram realizadas apenas com o grupo do nível estratégico das instituições
de ensino. Os dados colhidos foram analisados qualitativamente por meio da técnica de
análise de conteúdo.
As entrevistas foram realizadas entre março e junho de 2009, com duração média de
40 minutos. Seguindo o roteiro estruturado previamente, mas deixando espaço para que o
entrevistado pudesse apresentar outras questões, a entrevista pôde agregar evidências que
resultaram fundamentais para as conclusões do estudo, conforme serão descritas no capítulo
seguinte. Durante o processo, a pesquisadora teve especial atenção no discurso do
entrevistado, buscando confrontar a mensagem falada com as expressões, os gestos, as
ênfases dadas a determinados aspectos do que estava sendo dito, elementos essenciais para
a análise interpretativa da mensagem transmitida, os quais foram anotados e utilizados na
análise dos dados.
Antes de se iniciar o processo de coleta de dados primários foi realizado o pré-teste
do roteiro de entrevistas e do questionário com coordenadores e professores voluntários das
instituições pesquisadas. Este pré-teste serviu para aprimorar as ferramentas de coleta de
dados e assim minimizar possíveis deficiências destes instrumentos.
Os dados obtidos por meio dos procedimentos descritos anteriormente foram
organizados e confrontados entre si e também com o quadro teórico de referência desta
73
investigação, com a finalidade de proporcionar uma análise mais robusta dos dados e uma
maior validade das evidências coletadas e dos resultados alcançados.
3.6 Análise dos Dados
Uma das características básicas da pesquisa qualitativa é se alimentar
constantemente de novos fatos, relacionais e complementares. Por essa característica, a
análise precisa está interconectada, os dados não têm significado isoladamente, apenas
ganham sentido no conjunto das observações. Uma análise que se pretende efetiva precisa
ultrapassar a objetividade dos dados e captar seus significados implícitos, o que realmente
pretendem comunicar, ou seja, ir além dos significados aparentes e da simples leitura do
real. O pesquisador qualitativo deve ter um olhar capaz de apreender, de forma ampla, as
informações reunidas na pesquisa e para isso precisa fazer uso de um conjunto variado de
técnicas de análises (GODOY, 1995).
A abordagem interpretativa, considerada significativa para o desenvolvimento da
análise dos levantados neste estudo, entende a realidade como uma construção social,
resultado de uma interpretação feita por atores sociais dentro um contexto específico. Por
esta razão, busca-se compreender os dados não apenas de forma bruta, quantificável, mas a
partir das referências e dos significados atribuídos pelos envolvidos no fenômeno. Esta será
sempre uma preocupação central para a pesquisadora.
A primeira etapa do processo de análise foi a preparação dos dados, etapa em que os
dados foram examinados e validados. Para tratamento dos dados secundários foi utilizado a
técnica de análise documental. Esta técnica é um importante recurso da pesquisa
74
qualitativa, podendo ser aplicada ora para complementar informações levantadas por outras
técnicas, ora para revelar novos aspectos do fenômeno estudado (LUDKE; ANDRÉ, 1986).
A análise documental foi empregada desde a primeira fase de coleta dos dados secundários,
contribuindo para que o material coletado tivesse uma relação com os objetivos da
investigação, guiando a pesquisadora pelas especificidades do material selecionado
(LAVILLE; DIONE, 1999). Esta etapa da pesquisa foi importante, pois reuniu dados que
direcionaram a construção do questionário e do roteiro das entrevistas semi-estruturadas.
O procedimento adotado para análise documental envolveu duas fases. Na primeira
fase foram levantados materiais das duas instituições de ensino em jornais, revistas e
periódicos especializados, websites institucionais, folhetos e relatórios disponibilizados na
visita de campo, atentando para um alinhamento com o problema e os objetivos da
pesquisa. Na seqüência, foram organizados e tratados de forma crítica, buscando interpretar
seu conteúdo e construir, a partir destes, o cenário das instituições de ensino. Deste material
levantado foi possível construir uma linha de tempo de cada instituição estudada, levantar
seus principais indicadores e perceber semelhanças e diferenças em suas trajetórias.
Também foi possível caracterizar o ambiente institucional no qual estão imersas as
instituições de ensino, assim como conhecer o contexto do Sistema de Ensino Superior no
Amazonas, destacando suas especificidades em relação ao resto do país, o que permitiu
uma aproximação maior com o objeto de estudo.
Em seguida procedeu-se a análise do questionário, primeiro por meio de técnicas
estatísticas simples, buscando caracterizar o contexto institucional das IES estudadas. Na
seqüência os dados foram analisados qualitativamente, com o objetivo de caracterizar as
pressões do ambiente e sua influência sobre a cultura organizacional. Minayo (2003)
75
destaca que os dados quantitativos e qualitativos se complementam, contribuindo para uma
análise mais aprofundada da realidade investigada.
As entrevistas foram tratadas por meio da técnica de análise de conteúdo. Bardin
(2000) define esta técnica como sendo um desvendamento dos significados do conteúdo das
mensagens, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos. Embora a essência desta
técnica seja tratar dados quantitativos, atualmente é utilizada também na análise qualitativa,
com a intenção de compreender melhor a comunicação ou discurso, extraindo dados
relevantes (BARROS; LEHFELD, 2003). Na análise do conteúdo deve ser considerado,
além da semântica das palavras, o significado que o indivíduo atribui à mensagem
(FRANCO, 2003).
Bardin (2002) apresenta uma divisão desta técnica em três fases, a saber:
i) Pré-análise: sistematização e organização do material coletado, cuja
finalidade é destacar as idéias iniciais e preparar o procedimento para as
fases seguintes; Segue os seguintes passos: leitura flutuante, escolha dos
documentos, formulação das hipóteses e objetivos, a referenciação dos
índices e a elaboração de indicadores;
ii) Descrição analítica: exploração do material com a finalidade de definir as
categorias,
iii) Interpretação referencial: análise aprofundada, na qual os dados brutos
ganham significado e são utilizados para obter as respostas requeridas pela a
investigação.
Na seqüência serão apresentados os resultados que remetem ao objeto em estudo.
76
3.7 Limitações do Método
A pesquisa científica, por sua natureza, apresenta algumas limitações. Destaca-se,
nesse sentido, a definição do quadro teórico de referência, que funciona como uma lente
para o pesquisador observar a fenômeno em estudo. Este pode ser um aspecto limitador,
sendo possível que a complexidade da análise organizacional não seja facilmente
apreendida ou desvendada.
Este é um estudo de abordagem qualitativa, no qual a subjetividade é uma
característica central de toda a sua construção, desde o olhar em relação ao quadro teórico,
quanto às impressões e interpretações do fenômeno estudado, dos dados coletados, dos
entrevistados, que pode ser um fator também limitador.
O método comparativo de casos, embora permita o confronto dos resultados e
conclusões alcançados com mais de uma realidade, é ainda um aspecto limitador, pelo fato
de não permitir uma generalização para além da abrangência do universo investigado,
considerando também que as inferências encontradas dizem respeito às realidades
específicas de cada caso estudado.
77
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
O objetivo geral do estudo foi analisar a repercussão das pressões do contexto
institucional sobre a cultura organizacional de duas Instituições de Ensino Superior, sendo
uma da rede pública e outra privada, localizadas na cidade de Manaus-AM. Para tanto,
foram definidos cinco objetivos específicos: (1) caracterizar o contexto institucional do
ensino superior; (2) identificar e caracterizar os valores e as pressões do contexto
institucional sobre as instituições pesquisadas; (3) descrever a cultura organizacional das
instituições pesquisadas; (4) analisar a relação entre os valores e as pressões do contexto
institucional e a cultura organizacional das Instituições de Ensino Superior Públicas e
Privadas em Manaus/AM; e (5) analisar a forma como os valores e as pressões repercutem
nas ações das instituições pesquisadas.
Este capítulo cumpre a função de apresentar estes objetivos, separados por partes.
A primeira parte aborda o contexto institucional brasileiro, desde a origem do sistema de
ensino superior até a atualidade, incluindo um histórico da educação superior no Estado do
Amazonas, especificamente na cidade de Manaus, onde estão inseridas as instituições
pesquisadas, atendendo ao primeiro objetivo específico.
Na segunda etapa da pesquisa foram analisados os questionários aplicados e as
entrevistas realizadas. Esta análise possibilitou atender aos demais objetivos específicos,
começando pela exposição e análise do ambiente em que as instituições de ensino estão
inseridas, visando revelar o contexto institucional de referência, as principais pressões
ambientais a que estão submetidas e o conjunto de valores prevalentes, atendendo ao
78
segundo objetivo específico desta investigação que é identificar e caracterizar os valores e
as pressões do contexto institucional sobre as instituições investigadas. Na seqüência, a
análise concentra-se sobre a caracterização da cultura organizacional das instituições de
ensino, tomando por base o posicionamento dos dirigentes com relação aos paradigmas
interpretativistas da cultura organizacional, atendendo ao terceiro objetivo específico. Por
fim, será analisada a relação entre os valores e as pressões do contexto institucional e a
cultura organizacional das instituições pesquisadas, atendendo ao quarto objetivo
específico.
4.1 Contexto Institucional Brasileiro e as Organizações
Universitárias
Para que seja possível o entendimento das pressões ambientais que são impostas à
educação superior no Brasil é necessário compreender o seu contexto, como surgiram as
Instituições de Ensino Superior, identificar o ambiente no qual suas atividades são
desenvolvidas, entendendo sua dinâmica atual a partir de eventos históricos recorrentes. A
partir desta análise, pretende-se atender ao primeiro objetivo específico desta investigação
que é caracterizar o contexto institucional do ensino superior brasileiro e amazonense, com
atenção especial para a cidade de Manaus, local em que estão inseridas as instituições foco
desta investigação.
Uma característica importante do processo de formação das primeiras Instituições
de Ensino Superior é que esta se deu num ambiente definido, onde os interesses das classes
dominantes e a intervenção do Estado na vida dessas organizações moldaram tal criação,
79
proporcionando um elevado grau de homogeneidade (FÁVERO, 2000).
As mudanças do sistema capitalista, quase sempre acompanhadas de uma
reestruturação na cadeia de produção, uma reorganização política e econômica, afetam a
educação como um todo e, em particular, a educação superior. Este é o contexto no qual a
legislação educacional brasileira é elaborada, refletindo diretamente sobre as organizações
universitárias. Este contexto se reflete, por exemplo, no conteúdo das reformas
universitárias, na gestão administrativa, na política de ofertas de vagas, nos modelos de
avaliação universitária e, sobremaneira, nas relações de poder estabelecidas historicamente
entre estas organizações e o Governo em suas esferas Federal, Estadual e Municipal.
A origem do ensino superior no Brasil está relacionada com a transferência da
corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, que provocou mudanças radicais na
gestão do Brasil Colônia. Até este ano resultaram em fracassos as tentativas de
implantação deste nível de ensino em solo brasileiro, reflexo da política de colonização
portuguesa e da própria resistência de parcela dos brasileiros, que pretendia manter o Brasil
como colônia portuguesa, bloqueando o seu desenvolvimento cultural e educacional,
incentivando às elites da época ir para Portugal ou outro país europeu a fim de concluir
uma Graduação Superior (MASSETO, 2000).
Na verdade, a Monarquia Portuguesa pretendia, ao difundir o ensino superior,
atender as necessidades de formação de quadro decorrentes da instalação da Corte,
seguindo modelo europeu, notadamente da Universidade de Coimbra, sob a base do
pensamento utilitarista, cujo objetivo era formar teólogos, sacerdotes, juristas e
administradores do Império Português (AZANHA, 2004).
Entre as tentativas de constituição de universidade no Brasil, registra-se a ocorrida
em 1800, na administração de Marquês de Pombal, que pretendia criar o curso de cirurgia.
80
O pedido foi negado, porém, em contrapartida concedem-se quatro bolsas de estudos para
estudantes brasileiros uma em medicina, uma em cirurgia e duas em matemática para
os mesmos freqüentarem a universidade de Coimbra (CUNHA, 1986).
Nesse contexto, no período compreendido entre 1808 e 1877, formaram-se
diversas Instituições de Ensino Superior no Brasil, na forma de Faculdade ou Escola
Superior, como a Escola Médica da Bahia (1808), a Escola de Medicina do Rio de Janeiro
(1808), a Escola Nacional de Engenharia (1810), um curso de Ensino Agrícola (1812),
outro de Farmácia (1814), ambos na Bahia e ainda no Rio de Janeiro foi fundada em 1816,
a Escola de Belas Artes (CUNHA, 1986).
Convém ressaltar que todos são, ainda, estabelecimentos de ensino isolados,
apesar da tentativa de reuni-los em universidades. Pode-se inferir que o fracasso da
constituição da primeira universidade brasileira é responsabilidade direta da política
educacional empregada pela Metrópole, contrária a qualquer iniciativa que vislumbrasse
sinais de independência cultural e política da Colônia (FÁVERO, 2000).
A primeira instituição que efetivamente recebeu a denominação de Universidade é
a Escola Universitária Livre de Manaós, nascida durante o período áureo da borracha, em
1909. Na Universidade de Manaus existiam os cursos de Engenharia, Direito, Medicina,
Odontologia e Formação de Oficiais da Guarda Nacional. Esta universidade funcionou por
quase duas décadas, sendo desarticulada em 1926, restando apenas a Faculdade de Direito,
que foi incorporada à Universidade do Amazonas em 1962, quando de sua reestruturação,
cuja atual denominação é Universidade Federal do Amazonas (UFAM), seguida pela
Universidade do Paraná, criada em 1912, por iniciativa do governo paranaense (BRITO,
2009)
A pequena duração dessas instituições livres levou diversos autores a
81
considerarem a Universidade do Rio de Janeiro como a primeira Universidade brasileira,
cuja instituição se deu por força do Decreto 14.343, de 7 de setembro de 1920. Esta
Universidade incorporava a Faculdade de Direito, a Faculdade de Medicina e a Escola
Politécnica, cuja denominação atual é Universidade Federal do Rio de Janeiro. Embora a
criação da Universidade do Rio de Janeiro tenha sido posterior a de Manaus e do Paraná,
esta serviu de modelo para a todas as outras instituições de ensino, imposta como
referência de estrutura e organização das universidades brasileiras por força da lei
(FÁVERO, 2000).
A Universidade do Rio de Janeiro serviu como modelo até a entrada em vigor do
Decreto-Lei n° 19.851, de 11 de abril de 1931, quando foi instituído o Estatuto das
Universidades Brasileiras, pelo governo Vargas, adotando para o ensino superior, o regime
universitário. Em conformidade a este estatuto foi criada a Universidade de São Paulo, em
25 de janeiro de 1934, por decreto do governador do Estado de São Paulo, Armando de
Salles Oliveira. A maior novidade foi a apresentação da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras, tendo por principais objetivos a formação de professores para o magistério
secundário e a realização de pesquisa (SAMPAIO, 2000). Este modelo imposto pelo
Estado imprimiu elevado grau de homogeneidade que existe entre as universidades,
resultado das práticas coercitivas do contexto brasileiro.
No período Vargas (1930-1945) é criado o Ministério da Educação e Saúde, o
Sistema Universitário Público Federal é criado e padronizado, e também, é criada a
Universidade do Distrito Federal, em 1935. Na década de 1940 o criadas novas
universidades federais, como a Universidade da Bahia em 1946 (atual Universidade
Federal da Bahia) e a Universidade do Recife, também em 1946 (atual Universidade
Federal de Pernambuco); algumas universidades estaduais são federalizadas, como a
82
Universidade Federal de Minas Gerais (1949), a Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (1950) e a Universidade Federal do Paraná (1951).
Em linhas gerais, o modelo de Ensino Superior no Brasil apresenta três
características básicas (FÁVERO, 2000):
i) Formação tardia: a primeira Universidade é de 1909 Universidade Livre
de Manaós;
ii) Fragmentado: constituído, em sua maioria, por instituições de ensino
isoladas;
iii) Predomínio do setor privado.
Estas características são determinantes para a atual organização das Instituições de
Ensino Superior, com reflexos na gestão, na política de avaliação, na oferta de vagas, na
autonomia, conforme será apresentado no decorrer no texto.
4.1.1 Histórico do Ensino Superior Privado no Brasil
A origem do Ensino Superior Privado no Brasil está relacionada com o período
republicano. Foi a partir da primeira Constituição da República, promulgada em 1891,
quando o ensino superior foi descentralizado, delegando ao Estado a responsabilidade pela
a educação superior e permitindo a criação de instituições de ensino privadas que este setor
iniciou sua consolidação e expansão. Neste período, a maioria das instituições privadas que
estavam sendo criadas eram ligadas à Igreja Católica ou às elites estaduais, cujo objetivo
era ganhar prestígio em relação aos demais, dotando seus respectivos estados de
estabelecimentos de ensino superior para atender necessidades locais (FÁVERO, 2000).
A repercussão desta nova orientação política é imediata, sendo criadas 56 novas
83
instituições de ensino superior no Brasil, na maioria privadas, entre 1889 e 1918. Assim, o
sistema de ensino superior brasileiro, que em 1900 contava com 24 instituições isoladas
chega a 1930 com 133, sendo 86 destas criadas somente na década de 20 (SAMPAIO,
2000).
Ao analisar a evolução histórica do Ensino Superior Privado no Brasil, Sampaio
(2000) divide em duas fases.
i) 1933 a 1965: consolidação do setor privado
ii) 1966 a 1980: reforma do Ensino Superior e predominância do total de
matriculas em relação ao ensino público.
O crescimento do ensino superior privado tem como cenário um jogo de interesse
entre as elites estaduais e as organizações católicas pelo controle do ensino superior no
País, sob a influência do Ministro Francisco Campos e sob um aparato legal centralizador
do governo Vargas, como a legislação de 1931 (SCHWARTZMAN, 2000).
Esta expansão do setor privado é validada por ocasião da divulgação das primeiras
estatísticas educacionais no país feitas em 1933, apontando que setor respondia por 64,4%
dos estabelecimentos e 43,7% das matriculas no ensino superior.
Outro dado que evidencia a disputa entre a elite laica e as católicas é a criação das
Pontifícias, começando com a criação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro em 1941 e reconhecida somente em 1946. Na seqüência, foram criadas as
Pontifícias Católicas de São Paulo (1946), do Rio Grande do Sul (1948), de Pernambuco
(1951), de Petrópolis (1953), de Campinas (1959), de Goiás (1959), de Minas Gerais, do
Paraná e de Pelotas (as três últimas em 1960).
O setor privado assumiu uma posição majoritária em total de matriculas e
estabelecimentos de ensino a partir de meados da década de 60 (SAMPAIO, 2000). O pano
84
de fundo para este crescimento foi a Reforma Universitária de 1968, quando houve
significativa expansão do Ensino Superior no setor privado, principalmente em função da
proliferação de instituições de pequeno porte, oriundas, em sua maioria, de antigas escolas
secundárias. Corroborando nesta direção, Cunha (2000) aponta que a grande maioria dos
estabelecimentos criados na época é particular, sendo este responsável pela maior parte das
ofertas de vagas no período de 1960 a 1973. Os dados estatísticos comprovam,
demonstrando que o ensino superior público teve sua participação reduzida de 57% em
1960 para 49% em 1970.
Este crescimento é apoiado pela política educacional brasileira, que alterava
aspectos da legislação deliberadamente para favorecer os interesses dos empresários do
setor privado de ensino. A expansão deste setor se deu pela quantidade, em alguns aspectos
negligenciando a própria qualidade do ensino ofertado (ALMEIDA, 1996).
A tendência de crescimento do ensino superior privado se manteve por toda a
década de 80, mas a partir dos anos 90 atingiu o ápice. O cenário político brasileiro na
década de 90 foi configurado por profundas mudanças econômicas, políticas e sociais, pela
reestruturação capitalista e pela reforma do Estado. Esta reestruturação caracteriza-se por
mudanças na produção, exigências de novos serviços, abertura de mercado e um forte
desenvolvimento tecnológico (HARVEY, 1994). Este quadro de mudança teve impacto
direto sobre a organização do trabalho, e conseqüentemente a necessidade de formar um
novo tipo de trabalhador, necessário para a manutenção do sistema capitalista, exigiu um
redirecionamento da legislação educacional (OLIVEIRA, 1984). O sistema educacional de
modo geral se reorganiza para atender interesses de mercado, numa tentativa de formar o
novo trabalhador que o sistema capitalista necessitava (NEVES, 1999).
85
A expansão do ensino superior, considerando o período de 1991 a 2004, pode ser
visualizada em dois momentos:
i) Antes da LDB (1991 a 1996)
ii) Depois da LDB (1996 a 2004)
A LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação - incorpora uma clara política
educacional, de orientação neoliberal, com forte tendência para favorecer a expansão do
ensino privado, desencadeando um processo de reformulação no sistema de educação
superior no País, assim sintetizado:
- criação dos cursos seqüenciais;
- criação dos Centros Universitários;
- implantação de Centros de Educação Tecnológica;
- criação de universidades especializadas por campo do saber;
- substituição do vestibular por processo seletivo;
- flexibilização dos currículos e fim dos currículos mínimos;
- criação dos institutos superiores de educação.
O impacto de todo esse processo de profundas alterações no sistema de
educação superior no País apresenta os seguintes resultados:
a) Expansão significativa do sistema, concentrada principalmente no
credenciamento de novas instituições, com a autorização de diversos cursos para cada uma
delas. Esta tendência se alastrou também para as instituições estabelecidas, que para não
perder mercado, abriram novos cursos, num forte traço de isomorfismo mimético. Tanto é
assim que o número de cursos é expressivamente superior ao das IES e matriculas. A
Tabela 1 (4) aponta em números os principais indicadores resultantes deste processo:
86
Tabela 1 (4): Distribuição das IES, cursos e matrículas - Brasil 1996 e 2004
Ano
IES
Δ%
Cursos
Δ%
Matrículas
Δ%
1996
922
-
6.644
-
1.868.529
-
2004
2.013
118,3
18.644
180,6
4.163.733
122,8
Fonte: MEC/Inep/Deaes, 2004
b) A expansão se deu principalmente no setor de ensino privado. A nova Lei, em
consonância com a política educacional em vigor, criou todo um cenário favorável à
iniciativa privada. Por outro lado, criou barreiras para o crescimento do ensino público
federal: impediu a oferta de educação profissional e tecnológica (Lei n° 9.649); as metas de
expansão do ensino público, previstas no Plano Nacional de Educação, foram vetadas pelo
Presidente da República. No período em questão, as instituições privadas cresceram 151,
6%, passando de 711 em 1996 para 1.789 em 2004. O número de cursos também cresceu,
alcançando índice de 237,8%, sendo que as IES privadas detinham, em 1996, 3.666 cursos
e passaram a deter, em 2004, 12.282 cursos. A expansão também se refletiu no número de
matrículas, com taxa de 163,5%. Em 1996 tinham 1.133.102 matrículas e passaram a deter,
em 2004, 2.985.405 matrículas. A Tabela 2 (4) resume estes dados:
Tabela 2 (4): Percentuais de IES, cursos e matrículas
Ano
Instituições (%)
Cursos (%)
Matrículas (%)
Públicas
Privadas
Públicos
Privados
Públicas
Privadas
1996
22,9
77,1
44,8
55,2
39,4
60,6
2004
11,1
88,9
33,6
66,4
28,3
71,7
Fonte: MEC/Inep/Deaes, 2004
87
c) Redução efetiva da participação das universidades no sistema educacional
brasileiro. Em 1996, o Brasil possuía 136 universidades; em 2004, esse número cresceu
para 169 instituições, representando apenas 8,4% em relação ao total de instituições. No
período de 1996 a 2004, as universidades perderam progressivo espaço em relação à oferta
de cursos, passando de 62,7% a 56,2% do total e também na efetivação de matrículas, de
64,7% para 56,9% do total.
d) A expansão da educação superior foi maior nas regiões Norte e Nordeste. O
Sudeste ainda apresenta números expressivos, mas vem diminuindo desde 1996. Antes o
Sudeste era responsável por 62,4% das IES, 47,8% dos cursos e 55,0% das matrículas. Em
2004, os dados eram: 50% (IES), 45,8% (cursos) e 49,4% (matrículas). O Norte e o
Nordeste cresceram em números de IES e cursos, e o Norte e o Centro-Oeste em termos de
matrículas. A Tabela 3 (4) detalha os percentuais por região de 1996 e 2004.
Figura 7 (4): Gráfico de Distribuição de cursos
Fonte: MEC/Inep/Deaes, 2004
Figura 8 (4): Gráfico de Distribuição de Matrículas
Fonte: MEC/Inep/Deaes, 2004
64,4
68,2
69,0
68,3
67,1
64,6
61,8
58,6
56,9
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Universidades
Outras IES
62,7
66,3
66,1
65,1
64,5
61,4
58,9
57,1
56,3
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Universidade
Outras IES
88
Tabela 3 (4): Percentuais de IES, cursos e matrículas segundo a região
Região
Instituições (%)
Cursos (%)
Matrículas (%)
1996
2004
1996
2004
1996
2004
NO
3,7
5,9
6,2
8,2
4,1
6,0
NE
10,5
17,2
15,5
17,8
15,0
16,3
SE
62,4
50,0
47,8
45,8
55,0
49,4
SU
13,2
16,7
22,0
19,1
18,7
19,1
CO
10,2
10,7
8,4
9,1
7,2
9,2
Fonte: MEC/Inep/Deaes
e) A estratégia de expansão do ensino superior empregada pelo Brasil favoreceu
a procura por cursos com maior apelo popular, concentrando a oferta em seis cursos, os
quais correspondiam a 52,2% do total de matrículas na educação superior no ano de 2004.
Os seis cursos mais procurados eram: Administração (14,9%), Direito (12,8%), Pedagogia
(9,3%), Engenharia (5,9), Letras (4,7%) e Comunicação (4,6%).
Para exemplificar o desequilíbrio em relação a procura por determinados cursos,
basta assinalar que o curso de Administração tem, sozinho, bem mais alunos matriculados
(620.718) do que dez cursos da saúde juntos (Biomedicina; Enfermagem; Farmácia;
Fisioterapia; Fonoaudiologia; Medicina; Nutrição; Odontologia; Psicologia; e Terapia
Ocupacional) que matricularam, em 2004, apenas 547.530 alunos.
e) Apesar da predominância do setor privado de ensino, a relação entre vagas
oferecidas e candidatos matriculados vem diminuindo ano a ano em relação ao desempenho
geral. A Tabela 4 (4) resume estes números:
89
Tabela 4 (4): Relação candidato/vaga
IES
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Geral
4,0
3,9
3,6
3,5
3,3
3,0
2,8
2,4
2,2
Pública
7,5
7,4
7,5
8,0
8,9
8,7
8,9
8,4
7,9
Privada
2,6
2,6
2,2
2,2
1,9
1,8
1,6
1,5
1,3
Fonte: MEC/Inep/Deaes
4.1.2 O Ensino Superior na Atualidade
Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2007, realizado pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil possui 2.281
Instituições de Ensino Superior, representando um incremento de 0,5% em relação ao ano
anterior. Este dado demonstra que se mantém a desaceleração na taxa de crescimento de
instituições de ensino superior, principalmente privadas, depois de quase uma década de
franca expansão do setor no país. A distribuição de IES por categoria administrativa se
aproxima à verificada em 2006, com 89% de instituições privadas e 11% de instituições
públicas, divididas entre federais (4,6%), estaduais (3,6%) e municipais (2,7%). É
importante salientar que estão incluídas aqui todas as IES que oferecem cursos de
graduação (presencial e a distância). A Tabela 5 (4) apresenta os dados estatísticos do
período:
Tabela 5 (4): Evolução do Número de IES, segundo a categoria Administrativa
Ano
Total
%∆
Pública
Privada
%∆
Federal
%∆
Estadual
%∆
Municipal
%∆
2002
1.637
-
73
-
65
-
57
-
1.442
-
90
Ano
Total
%∆
Pública
Privada
%∆
Federal
%∆
Estadual
%∆
Municipal
%∆
2003
1.859
13,6
83
13,7
65
0,0
59
3,5
1.652
14,6
2004
2.013
8,3
87
4.8
75
15,4
62
5,1
1.789
8,3
2005
2.165
7,6
97
11,5
75
0,0
59
-4,8
1.934
8,1
2006
2.270
4,8
105
8.2
83
10,7
60
1,7
2.022
4,6
2007
2.281
0,5
106
1,0
82
-1,2
61
1,7
2.032
0,5
Fonte: Censo da Educação Superior, 2007
Ainda segundo o Censo 2007, em relação à organização acadêmica, verifica-se um
incremento de 2,8% no número de universidades em relação a 2006. No entanto as
faculdades (faculdades, escolas, institutos, faculdades integradas, centros federais de
educação tecnológica e faculdades de tecnologia Decreto 5773/2006), conforme nos anos
anteriores, mantiveram o predomínio, com cerca de 2.000 estabelecimentos, correspondente
a 86,7% das IES, enquanto as universidades e centros universitários respondem por 8% e
5,3%%, respectivamente, conforme descrito na Tabela 6 (4):
Tabela 6 (4): Evolução do Número de IES, segundo a Organização Acadêmica
Ano
Total
%∆
Universidades
%∆
Centros
Universitários
%∆
Faculdades
%∆
2002
1.637
-
162
-
77
-
1.398
-
2003
1.859
13,6
163
0,6
81
5,2
1.615
15,5
2004
2.013
8,3
169
3,7
107
32,1
1.737
7,6
2005
2.165
7,6
176
4,1
114
6,5
1.875
7,9
2006
2.270
4,8
178
1,1
119
4,4
1.973
5,2
2007
2.281
0,5
183
2,8
120
0,8
1.978
0,3
Fonte: Censo da Educação Superior, 2007
91
Conforme mostrado na Tabela 7 (4), o maior número de faculdades (92,5%) e de
centros universitários (96,7%) está vinculado ao setor privado, enquanto as universidades
estão distribuídas em proporção aproximada entre setor público e o privado, 52,5% e 47,5%
respectivamente.
Tabela 7 (4): IES públicas e privadas, segundo a Organização Acadêmica
Organização Acadêmica
IES
%
Universidade
Pública
96
52,5
Privada
87
47,5
Centro Universitário
Pública
4
3,3
Privada
116
96,7
Faculdade
Pública
149
7,5
Privada
1.829
92,5
Fonte: Censo da Educação Superior, 2007
Com relação ao ensino presencial de graduação, foi registrado, pelo Censo de
2007, o funcionamento de 23.488 cursos em todo o Brasil, representando um aumento de
6,3% em relação a 2006. O menor crescimento no número de cursos se deu na região
Nordeste (0,5%), embora outras regiões com baixo percentual de cobertura do ensino
superior tenham apresentado crescimento acima da média brasileira, casos da região Norte
(8,7%) e Centro-Oeste (7,2%).
Do mesmo modo que nos anos anteriores, as IES privadas foram responsáveis pela
oferta do maior número de cursos em 2007, um total de 16.892. Contudo, as instituições
federais de ensino superior apresentaram o maior crescimento percentual (8,8%) de
92
crescimento no número de cursos em relação a 2006, conforme resumo apresentado na
Tabela 8 (4):
Tabla 8 (4): Evolução do Número de Cursos, segundo a Categoria Administrativa
Ano
Total
%∆
Pública
Privada
%∆
Federal
%∆
Estadual
%∆
Municipal
%∆
2002
14.339
-
2.316
-
2.556
-
380
-
9.147
-
2003
16.453
14,3
2.392
3,3
2.788
9,1
482
26,8
10.791
18,0
2004
18.664
13,3
2.450
2,4
3.294
18,1
518
7,5
12.382
14,7
2005
20.407
9,5
2.449
0,0
3.171
-3,7
571
10,2
14.216
14.8
2006
22.101
8,3
2.785
13,7
3.188
0,5
576
0,9
15.552
9,4
2007
23.488
6,3
3.030
8,8
2.943
-7,7
623
8,2
16.892
8,6
Fonte: Censo da Educação Superior, 2007
Este cenário da educação superior no Brasil será a moldura para analisar o contexto
institucional do ensino no Estado do Amazonas, região no qual estão inseridas as
instituições estudadas, conforme descrito a seguir.
4.1.3 Antecedentes Histórico do Ensino Superior no Amazonas
O Estado do Amazonas possui uma área territorial de 1.564.455 Km², sendo
considerado o maior estado da Federação. No entanto, a distribuição populacional é feita de
forma irregular, concentrando em Manaus a maior parte dos habitantes, aproximadamente
1.738.641 habitantes. Apenas seis municípios contam com mais de 50 habitantes. Parintins
107.250, Coari 66.991, Manacapuru 86.472, Itacoatiara 89.440, Tefé 64.671,
93
segundo dados do IBGE divulgados em 2009.
A base da economia do Estado é o extrativismo, mineração, indústria e pesca. A
Capital, Manaus, é atendida pelo Pólo Industrial, responsável quase que pela totalidade do
Produto Interno Bruto PIB que, de acordo com o IBGE (2005), foi de R$
28.062.624,00, equivalendo a 1,8% do PIB nacional. Segundo Pontes Filho (1997, p. 83):
A cidade de Manaus concentra quase que inteiramente todas as atividades
econômicas do estado. Com isso, o interior ficou sem relevância econômica, não
cresceu e nem, muito menos, se modernizou. A cidade ao contrário cresceu, se
modernizou, mas antes de tudo inchou, passando a sobreviver com todos os
problemas decorrentes do inchaço do meio urbano. Uma das razões disto foi o
intenso êxodo rural, durante as duas últimas décadas, que esvaziou o interior e
“favelizou” a capital.
Segundo o referido autor, a zona franca polarizou os investimentos na Capital e
deixou o Estado totalmente dependente do modelo, sendo que qualquer ameaça de
continuidade desestrutura a economia local, gerando temor de desemprego e queda na
arrecadação. Atualmente em curso duas novas estratégias de fortalecimento da
economia, numa tentativa de minimizar os efeitos desta dependência e criar novas
perspectivas para o Estado, principalmente descentralizando da cidade de Manaus, que são
a Construção do Gasoduto Coari-Manaus, cujo objetivo é abastecer de gás toda a Amazônia
Legal e a criação de um cinturão verde em torno de Manaus com o plantio de hortaliças em
geral. Em Maués incentivos para a indústria do guaraná. Vale ressaltar que essas ações
ainda não são alternativas viáveis de desenvolvimento auto-sustentável e, portanto, ainda
dependente da Zona Franca de Manaus.
94
4.1.3.1 Origem da Educação Superior no Estado
A História da criação da educação superior no Amazonas se confunde em muito
com a própria história da Universidade Federal do Amazonas. Os primeiros passos para a
constituição do ensino superior no Amazonas aconteceu num cenário de disputa entre a
elite estadual laica e as organizações católicas confessionais, quando no inicio do século
XX, por iniciativa de um grupo local, foi criada a primeira instituição dessa natureza, a
Escola Universitária Livre de Manaus, em 17 de fevereiro de 1909. Conforme Brito (2009),
o período de pujança econômica vivenciado pelo Amazonas em razão da força do ciclo da
borracha, que permitiu ao Estado um rápido desenvolvimento, incentivava a elite local a
investimentos em ensino e nas artes. Nas palavras da autora,
Apesar de os investimentos visarem, acima de tudo, possibilitar uma grande
produção de borracha, seu escoamento para o exterior e uma boa condição de
vida para os estrangeiros que aqui chegavam, tornaram possível, através de
instalações portuárias, navegação, transporte urbano, energia, comunicação e
saneamento, a melhoria das condições de vida dos habitantes da cidade (BRITO,
2009, p. 33).
Em conseqüência disso, membros do Clube da Guarda Nacional, agremiação fundada
em 05 de setembro de 1906, tendo entre suas atribuições fomentar o desenvolvimento profissional
de seus associados, cria a Escola Militar Prática do Amazonas, logo depois denominada Escola
Livre de Instrucção Militar do Amazonas, em 1908 (MOURÃO, 1997).
A Escola Livre de Instrucção Militar do Amazonas, em 11 de janeiro de 1909,
passou a chamar-se Escola Universitária Livre de Manáos, instituição privada de ensino
superior, que oferecia os cursos de:
95
Engenharia Civil;
Agronomia e Agrimensura;
Ciências Jurídicas e Sociais;
Farmácia;
Bacharelado em Ciências Naturais; e
Ciências e Letras.
Em 13 de julho de 1913 a Escola Universitária Livre de Manaós mudou
novamente de nome, passando a denominar-se Universidade Livre de Manaós. Esta
universidade teve vida curta, sendo desarticulada em 1926, permanecendo apenas algumas
unidades de ensino superior isoladas que eram mantidas pelo Governo do Estado. Brito
(2009) enfatiza que essa desarticulação ocorreu em paralelo com o declínio do ciclo da
borracha, época de grande dificuldade econômico-financeira para a elite estadual.
Esta situação começa a mudar a partir da década de 50, dentro de um cenário de
pressão do Governo Federal para que os Estados democratizassem o acesso ao ensino
superior. Como conseqüência, em 12 de junho de 1962 foi criada a Fundação Universidade
do Amazonas, apoiada pela Lei Federal nº 4069, de autoria do então senador Arthur
Virgílio Filho. Em 2002, a Fundação Universidade do Amazonas recebe a atual
denominação de Universidade Federal do Amazonas - UFAM.
Durante décadas a UFAM foi a única instituição de ensino superior do Estado,
situação que começa a mudar a partir de 1970, quando foi criada a Universidade de
Tecnologia da Amazônia (Utam), criada por decreto estadual em 1973, nos termos da Lei
Estadual 1060, de 8 de fevereiro de 1974. A Utam foi criada para atender a necessidade
de formação de profissionais para atuar no Pólo industrial de Manaus PIM, recém
96
estruturado e que carecia de mão-de-obra especializada. Os cursos oferecidos por esta IES
eram:
Engenharia de Madeira;
Engenharia Mecânica;
Engenharia Eletrônica;
Eletrotécnica;
Manutenção Mecânica
Engenharia Civil, Topografia e Estradas.
Em 1977, em decorrência das exigências postas em nível federal a UTAM foi
transformada em instituto, conservando, no entanto, a mesma sigla. Posteriormente, em
2001, pela Lei 2.637/2001, foi criada a Universidade do Estado do Amazonas (UEA);
nesse documento estava previsto que as bases materiais, humanas e acadêmicas da Utam
deveriam contribuir para o processo de criação da nova universidade.
A década de 80 marcou o surgimento de duas novas IES no Estado, de iniciativa
privada, o Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA), em 1984, e as
Faculdades Nilton Lins em 1988, hoje Centro Universitário Nilton Lins.
Novo impulso para a criação de IES no Estado ocorreu por conta da aprovação da
LDB em 1996, ao favorecer iniciativas privadas, permitindo concessão de bolsas de estudos
para alunos menos favorecidos custear sua formação. Segundo Mourão e Dias (2004), essa
medida do Governo Federal possibilitou o gradativo crescimento do ensino superior
privado, em consonância com a lógica neoliberal, a lógica do Estado mínimo.
Em decorrência disso, foram criadas mais 14 instituições de ensino privadas no
Estado, totalizando 19 instituições, conforme detalhes no Quadro 5 (4):
97
Instituição
Organização
Acadêmica
Categoria
Administrativa
Sigla
Faculdade Martha Falcão
Faculdade
Privada
FMF
Faculdade de Odontologia de
Manaus
Faculdade
Privada
FOM
Faculdade do Amazonas
Faculdade
Privada
CIEC ODONT
Faculdade de Design Gráfico
Faculdade
Privada
FMFDESIGN
Faculdade Metropolitana de
Manaus
Faculdade
Privada
FAMETRO
Faculdade Salesiana Dom
Bosco
Faculdade
Privada
FSDB
Faculdade Táhirih
Faculdade
Privada
Faculdade La Salle
Faculdade
Privada
UNILASALLE
Faculdade Boas Novas de
Ciências Teológicas,
Sociais e Biotecnológicas
Faculdade
Privada
FBNCTSB
Instituto de Ensino Superior
FUCAPI
Faculdade
Privada
CESF
Escola Superior Batista do
Amazonas
Faculdade
Privada
ESBAM
Instituto de Ensino Superior
MATERDEI
Faculdade
Privada
IES MATERDEI
Centro Universitário
Luterano de Manaus
Centrouniv
Privada
CEULM/ULBRA
Centro Universitário de
Ensino Superior do
Amazonas
Centrouniv
Privada
CIESA
Centro Universitário Nilton
Lins
Centrouniv
Privada
UNINILTONLINS
Centro Universitário do
Norte
Centrouniv
Privada
UNINORTE
Centro Federal de Educação
Tecnológica do Amazonas
Centroedtc
Pública
CEFET/AM
Universidade do Estado do
Amazonas
Universidade
Pública
UEA
Universidade Federal do
Amazonas
Universidade
Pública
UFAM
Quadro 5 (4): Instituições de Educação Superior no Estado do Amazonas
Fonte: INEP, 2007
98
A Tabela 9 (4) descrita a seguir apresenta as 19 instituições distribuídas por
dependência administrativa:
Tabela 9 (4): Número de Instituições de Ensino Superior por Dependência Administrativa
Universidades
Centros
Universitários
Faculdades
Integradas
Faculdades,
Escolas e
Institutos
CET/FaT
Pública
Federal
01
-
-
-
01
Estadual
01
-
-
-
-
Municipal
-
-
-
-
-
TOTAL
02
-
-
-
01
Privada
Particular
-
03
-
09
-
Comun/Confes/
Filant
-
01
-
03
-
TOTAL
-
04
-
12
-
Fonte: INEP, 2007
Das 19 instituições de ensino superior 16 são particulares, 01 estadual e 02 federais.
As públicas federais são a Ufam e o Centro Federal de Educação Tecnológica Cefet/AM,
implantado em 2001. A pública estadual é a Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
As confessionais são o Centro Universitário Luterano de Manaus, a Faculdade La Salle, a
Faculdade Boas Novas de Ciências Teológicas, Sociais e Biotecnológicas e a Faculdade
Salesiana; a Filantrópica: Faculdade Táhirih. Entre as instituições que atuam no Amazonas
encontra-se ainda a Universidade Paulista (Unip), com sede em São Paulo e que, valendo-
se da prerrogativa prevista em lei de abertura de cursos fora da sede oferece cursos de
graduação presenciais em Manaus.
99
Os cursos ofertados pela rede privada de ensino são, predominantemente, na área
das Ciências Sociais, Negócios, Direito e Educação, além de áreas como Engenharia,
Produção e Construção. Nos últimos anos, em função do apelo popular, novos cursos estão
sendo incorporados, principalmente na área da saúde: Odontologia, Medicina,
Enfermagem, Nutrição e Fonoaudiologia, tendência que tem sido acompanhada pela
maioria das IES privadas.
O panorama do ensino superior descrito possibilita concluir que a política
educacional do País favoreceu a expansão do ensino privado, considerando as várias ações
implementadas, como redução dos custos e diferença em termos exigências legais para o
setor, impactando diretamente no quadro atual de ensino superior no Estado do Amazonas.
4.1.3.2 Os Números da Educação Superior no Amazonas
Segundo o Censo da Educação da Educação Superior de 2007 foram registradas no
Brasil 2.281 IES; na Região Norte 140 e no Estado do Amazonas 19. Comparando com
dados de 2006, houve um aumento de 11 instituições no total, sendo 5 na Região Norte e
nenhuma no Amazonas. Este quadro é bem diferente dos períodos analisados
anteriormente, sendo que entre 1991 a 1996, o Brasil teve um incremento de instituições na
ordem de 3,2%, a Região Norte foi de 25,9%; e no caso do Amazonas o crescimento foi de 83,3%,
bem superior à região e ao Brasil. Na seqüência, no período compreendido entre 1996 a 2004, o
Brasil cresceu 118,3%, o Norte 247,1% e o Amazonas 63,6%.
O crescimento que o Amazonas apresentou nos anos anteriores foi muito em função
de uma demanda reprimida, visto que a UFAM não conseguia ofertar vagas suficientes para
100
atender os egressos do ensino médio e também das condições econômicas favoráveis e dos
incentivos do governo federal por meio de bolsas de estudo. Situação bem diferente dos
dias atuais, no qual as instituições privadas travam uma intensa disputa por um mercado
cada vez mais escasso. A Tabela 10 (4) retrata em números o cenário descrito
anteriormente:
Tabela 10 (4): Crescimento das IES - Brasil, Região Norte e Amazonas 1991 2007
Ano
Brasil
Norte
Amazonas
1991
893
-
27
-
6
-
1996
922
3,2
34
25,9
11
83,3
2002
1.637
77,5
83
144,1
15
36,4
2003
1.859
13,6
101
16,8
18
20,0
2004
2.013
8,3
118
16,8
18
-
2005
2.165
7,6
122
3,4
19
5,6
2006
2.270
4,8
135
10,7
19
-
2007
2.281
0,5
140
3,7
19
-
Fonte: MEC/Inep/Deaes
Pela análise dos dados descritos anteriormente é possível inferir: i) o Brasil e a
Região Norte têm conseguido manter uma taxa, mesmo que mínima, de crescimento das
IES; ii) o Amazonas teve seu ápice em 1996, por ocasião da implantação da LDB, com a
maior taxa de crescimento até o momento. Depois, continuou crescendo em 2002 e 2003 e
a partir daí apenas manteve as IES já existentes.
101
Em relação à expansão do setor privado e público, o Amazonas reflete a tendência
observada na Região e no restante do País, que é o predomínio da IES vinculadas ao
setor privado, conforme dados constantes na Tabela 11 (4):
Tabela 11 (4): Expansão de IES por setor, público e privado
Ano
Brasil
Norte
Amazonas
Público
Privado
Público
Privado
Público
Privado
1991
222
671
16
11
3
3
1996
211
711
12
22
3
8
2004
224
1.789
18
100
4
14
2005
231
1.934
16
106
3
16
2006
248
2.022
18
117
3
16
2007
249
2.032
18
122
3
16
1991/1996 Δ %
-5,0
6,0
-25,0
100,0
0,0
166,7
1996/2004 Δ %
6,2
151,6
50,0
354,5
33,3
75,0
Fonte: Censo da Educação Superior 2004, MEC/Inep/Deaes
O crescimento negativo do setor público no Brasil (-5,0%) no período de 1991 a
1996 reflete a restrição orçamentária para o setor na década de 1990. O setor privado uma
expansão discreta (6%), distante do que seria visto no período subseqüente, quando
estava em vigor a LDB. A Região Norte e o Amazonas também mantêm esta tendência,
setor público em queda e setor privado em alta. O percentual de crescimento do Amazonas
em relação ao setor privado (166,7%) é superior, inclusive ao apresentado pelo Norte.
Considerando o período de 1996 a 2004, a situação se mantém, embora o setor
público apresente um leve crescimento (6,2%), o setor privado continua se expandindo a
102
passos largos (151,6%). Na Região Norte verifica-se um predomínio das IES vinculadas ao
setor privado. Enquanto que em 1991 foram registradas 11 IES no setor privado, no ano de
1996 estas passaram para 22, chegando ao ano de 2004, com 100 IES registradas na região.
O crescimento percentual nesse período foi na ordem de 354,5%, superior inclusive ao
crescimento observado no Estado do Amazonas nesse mesmo período no setor privado, de
75%.
Os dados analisados sobre o contexto institucional do ensino superior no Amazonas,
disponíveis na base de dados do INEP, permitem inferir:
i) O instrumento legal (LDB), importante pelas significativas modificações que
introduziu na política educacional do País, reuniu as condições favoráveis para o
crescimento do setor privado e ao mesmo tempo possibilitou às IES privadas a legitimidade
para desenvolver ações de expansão, seja concentrando sua oferta de vagas nos cursos
noturnos, notadamente horário em que se concentrava maior demanda reprimida, seja
oferecendo possibilidade de bolsas de estudos. Tendência que reflete um isomorfismo
coercitivo, no qual as IES se enquadraram por conveniência própria e para adequar-se às
demandas do Estado, buscando garantir apoio político e legitimidade.
ii) As IES privadas que foram sendo criadas no Estado organizaram-se dentro de
uma certa homogeneidade, visto que concentraram as ofertas de vagas no turno noturno, os
cursos oferecidos são aqueles em que o apelo popular é mais significativo, como
Administração, Direito, Psicologia, Pedagogia, Letras, Processamento de Dados. As
instituições de ensino conformaram suas estruturas e ações ao contexto institucional, numa
tentativa de aumentar as chances de sobrevivência e ganhar mercado, configurando um
isomorfismo mimético.
103
Em linhas gerais, este é o cenário da educação superior no Estado do Amazonas,
onde estão inseridas as instituições de ensino investigadas e que serão abordadas na
seqüência.
4.1.4 Os Casos em Estudo
A etapa inicial de levantamento de dados realizada junto às instituições pesquisadas,
tais como relatórios, pagina oficial da internet, plano de desenvolvimento institucional e as
entrevistas possibilitaram estruturar o histórico das instituições selecionadas, assim como
uma linha de tempo descrita a seguir.
4.1.4.1 Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Segundo a categoria administrativa, a Universidade em questão é pública,
denominada Universidade Federal do Amazonas UFAM, constituída em 1909. Em 1926
foi desarticulada, voltando a ser integrada em Universidade em 1962, por força da Lei
Federal 4.609-A. O perfil institucional da UFAM contempla a missão de é “cultivar o saber
em todas as áreas de conhecimento por meio do ensino, pesquisa e extensão contribuindo
para a formação de cidadãos e o desenvolvimento da Amazônia (UFAM, 2006). Os
eventos que sinalizam a evolução histórica da UFAM são descritos no quadro 6 (4).
104
[[
Em 10 de novembro é fundada a Escola
Militar Prática do Amazonas, oriunda do
Clube da Guarda Nacional. No mesmo
ano passou a chamar-se Escola Livre de
Instrução do Amazonas.
Em 17 de janeiro, a Escola de Instrução
Militar do Amazonas se transforma na
Escola Universitária Livre de Manáos.
Denominação de Universidade Livre de
Manáos, com os cursos:
Ciências Jurídicas e Sociais
Ciências Naturais e Farmacêuticas
Engenharia Civil
Agricultura e Agronomia
Ciências e Letras
Mudança de nome para Universidade de
Manáos.
A faculdade de direito forma os primeiros
bacharéis
Desativação da universidade. As
Faculdades de Direito, Odontologia e
Agronomia passaram a funcionar como
unidades isoladas de Ensino Superior,
mantidas pelo Estado. Destas, somente a
Faculdade de Direito continuou.
Em 12 de junho, a Lei Federal 4.069-A
cria a Universidade do Amazonas,
sucessora legítima da Escola Universitária
Livre de Manáos.
Instalação do Campus de Manaus, no
bairro do Aleixo.
1908
1909
1910
1913
1914
1926
1962
1975
105
Implantação do primeiro Pólo no
município de Coari (Pólo Médio
Solimões)
A Universidade do Amazonas passou a
chamar-se Universidade Federal do
Amazonas (UFAM) por disposição da Lei
10.468, do então senador da República
Bernardo Cabral.
Programa UFAM Multicampi
Implantação das unidades acadêmicas do
interior.
Coari
Humaitá
Benjamin Constant
Itacoatiara
Parintins
Comemoração do Centenário.
Quadro 6 (4): Linha do tempo da UFAM
Fonte: Instituição pesquisada
4.1.4.2 Centro Universitário
O Centro Universitário é uma instituição privada, com fins lucrativos, particular em
sentido estrito, criado em julho de 1994 e mantido pela Sociedade de Desenvolvimento
Cultural do Amazonas SODECAM. O perfil institucional contempla a missão de:
Propiciar a sua clientela ensino superior de qualidade para aquisição de valores,
competências e habilidades que lhe permitam o exercício da cidadania com
melhores condições de empregabilidade, tendo como eixo norteador a busca de
um modelo de desenvolvimento sustentável (CENTRO, 2009)
2005
2009
1976
2002
106
Os eventos que sinalizam a evolução histórica do Centro Universitário são descritos
no quadro 7 (4):
Criação das Faculdades Objetivo (nome
fantasia), que integrava:
1) Instituto Amazonense de Ensino
Superior IESAM
Administração com ênfase em Análise
de Sistemas
2) Instituto Manauara de Ensino
Superior - IMES
Tecnologia em Processamento de
Dados
Turismo
Criação do Instituto Cultural de Ensino do
Amazonas ICESAM, com os cursos:
Serviço Social
Comunicação Social
Também neste ano houve a integração do
Instituto Manauara de Ensino Superior
IMES e do Instituto Amazonense de
Ensino Superior IESAM
Total de Cursos
Serviço Social
Comunicação Social
Tecnologia e Processamento de
Dados
Turismo
Administração com ênfase em
Análise de Sistemas
Credenciamento das Faculdades Objetivo
como Centro Universitário, passando a
denominar-se Centro Universitário, com
mais de 30 cursos.
Parceria com a Laureate International
Universities, passando a ser primeira
instituição internacional de ensino
superior da região Norte, integrando uma
rede na qual estão presentes universidades
de 18 países.
Quadro 7 (4): Linha do tempo do CENTRO
Fonte: Instituição pesquisada
As IES selecionadas apresentam os seguintes perfis genéricos, conforme ilustrado
na Tabela 12 (4):
1994
1998
2004
2008
107
Tabela 12 (4): Os principais indicadores das instituições pesquisadas
UFAM
CENTRO
Unidades Acadêmicas
18
09
Cursos de Graduação
46
54
Cursos de Graduação no interior
31
-
Cursos de Mestrado
31
04
1
Cursos de Doutorado
08
-
Vagas nos cursos de graduação
4.812
11.050
Número de alunos de graduação
(presencial)
22.200
20.808
Número de alunos de graduação (EaD)
1.741
2.100
Número de alunos de Mestrado e
Doutorado
1.100
75
Número de alunos de Especialização Lato
Sensu
3.244
2.100
Número de professores com Doutorado
400
24
Número de Grupos de Pesquisa (CNPq)
163
04
Número de projetos de pesquisa
343
11
Profissionais formados no interior
6.545
-
Fonte: Instituições Pesquisadas
1
Mestrado Interinstitucional:
Administração CENTRO/UFPE
Serviço Social CENTRO/USP
Contabilidade e Controladoria CENTRO/UFAM
Ciências Jurídicas CENTRO/UNIVALI
108
4.2 As pressões ambientais e as Instituições de Ensino
Superior
Neste tópico será caracterizado o ambiente em que as instituições de ensino estão
inseridas, as principais pressões ambientais a que estão submetidas e o conjunto de valores
prevalentes, atendendo ao segundo objetivo específico desta investigação que é identificar e
caracterizar os valores e as pressões do contexto institucional sobre as instituições
investigadas.
O presente estudo restringiu-se a duas instituições de ensino superior da cidade de
Manaus: uma Universidade e um Centro Universitário. A opção por investigar estas duas
modalidades de instituições de ensino superior fundamentou-se por conta de sua
importância e peculiaridade em relação ao setor.
A Universidade Federal do Amazonas é enquadrada como entidade pública, mantida
pelo Governo Federal. O Centro Universitário do Norte é entidade com fins lucrativos,
classificado numa posição intermediária entre a universidade e as instituições isoladas, cuja
vocação primordialmente é o ensino.
A UFAM adota o regime semestral e realiza um processo seletivo a cada ano. O
caráter público e sua tradição atuam como forte atrativo para o preenchimento de suas
vagas, por isso não se nota grandes esforços de marketing para atrair novos candidatos. O
Centro Universitário desenvolve seu projeto de crescimento por meio da diversificação na
oferta de cursos e do aumento de vagas. Utiliza algumas estratégias para atrair candidatos,
como preço, infra-estrutura, financiamento próprio, possibilidade de intercâmbio e para
divulgar essas estratégias faz uso de propaganda ostensiva. Em 2008 fechou parceria com
109
Laureate International Universities, utilizando a possibilidade de intercâmbio para mais de
18 países como um serviço diferencial, com a qual pretende destaca-se em relação às suas
concorrentes diretas.
As duas instituições de ensino estão imersas em um ambiente, sendo por ele
diretamente influenciada. Entre as pressões do contexto ambiental às quais as instituições
devem responder encontram-se outras instituições, que acabam tendo sua ação
organizacional monitorada e, quando considerada legitima, copiada por outra instituição
como uma forma de também obter legitimidade de suas ações e práticas. Por isso, é
importante caracterizar como o ambiente institucional é percebido pelas instituições
pesquisadas e quais as pressões ambientais a que estão expostas, para posteriormente fazer
uma relação com a cultura organizacional.
O sistema de ensino superior brasileiro, desde sua gênese, é altamente
regulamentado, obrigando as instituições a adequar-se às normas e mecanismos formais de
coerção determinados pelo Estado. A legislação que regulamenta a educação superior
possibilita que as IES possam assumir diversos formatos, como universidades, centros
universitários, faculdades isoladas, institutos superiores de educação, entre outros. No
entanto, apesar dessa abertura, as IES acabam por adotar estruturas e práticas
administrativas semelhantes, numa tendência isomórfica, apresentada por DiMaggio e
Powell (1983), como uma força restritiva que pressiona as IES a assemelhar-se umas com
as outras, principalmente quando são confrontadas com as mesmas condições ambientais.
Esta força restritiva pode ser coercitiva, mimética e normativa. Entre as forças
coercitivas do contexto institucional das IES estão as regulamentações determinadas pela
legislação educacional. Em relação ao aspecto mimético, instituições de pequeno porte ou
recém criadas buscam assemelhar-se a instituições tradicionais e de grande porte, públicas
110
Hostil
Político-Legal
Previsível
Econômico
Poucas
mudanças
Tecnológico
Conservador
Social
ou privadas. Assim, acabam por importar modelos de gestão, arranjos tecnológicos e outras
práticas que foram consideradas legitimas por outras instituições. A força normativa do
contexto institucional está configurada na regulamentação dos conselhos profissionais, que
acabam por restringir as ações da IES.
Feitas estas considerações, procede-se a identificação e caracterização do conjunto
de valores e de pressões do contexto institucional que atuam sobre as instituições
investigadas, possível em função da triangulação dos dados primários e secundários.
4.2.1 O Ambiente Institucional
As IES desenvolvem suas atividades e interagem constantemente com o ambiente,
objetivando o cumprimento de sua missão. As interações realizadas formam o cenário onde
irão atuar, que deve ser percebido e interpretado como uma forma de garantir sua
continuidade. Dificilmente a instituição de ensino poderá sobreviver se não conseguir
posicionar-se estrategicamente diante das demandas do ambiente, exigindo de seus
dirigentes especial atenção com as situações que estão ocorrendo ao redor.
Figura 9 (4): Interpretação do ambiente elaborada pelos dirigentes da UFAM
Fonte: dados primários
U
U
U
F
F
F
A
A
A
M
M
M
111
Muito
regulado
Político-Legal
Dinâmico
Econômico
Difícil de
antecipar
mudanças
Tecnológico
Complexo
Social
A Figura 9 (4) apresentada acima sintetiza a interpretação do ambiente elaborada
pelos dirigentes da UFAM. Tomando por base as respostas dos questionários, o ambiente
percebido pelos dirigentes da UFAM se apresenta como hostil, previsível, restritivo e
conservador. A instituição é afetada por diversas forças do ambiente, sejam legais,
econômicas, políticas, tecnológicas e sociais, porém estas forças não mudam com
freqüência ou de maneira drástica. As universidades de modo geral, e a UFAM não está
fora deste contexto, têm recebido duras críticas acerca de sua capacidade para estabelecer
estratégias mais criativas, inovadoras e efetivas no sentido de enfrentar as mudanças, rever sua
relação com o ambiente, redefinir sua missão e adaptar produtos e processos às novas
demandas da sociedade.
Figura 10 (4): Interpretação do ambiente elaborada pelos dirigentes do Centro
Universitário
Fonte: dados primários
A Figura 10 (4) sintetiza a análise do ambiente elaborada pelos dirigentes do Centro
Universitário, percebido como sendo muito regulado, dinâmico, complexo e difícil de
antecipar as mudanças, considerando o entendimento de que estas acontecem de forma
muita mais acelerada.
C
C
C
E
E
E
N
N
N
T
T
T
R
R
R
O
O
O
112
Esta forma diferenciada de analisar e perceber os componentes do contexto
institucional está relacionada com o esquema interpretativo dos dirigentes, com base em
crenças e valores individuais e compartilhados coletivamente e a condição peculiar de cada
instituição. A UFAM é uma universidade pública, com 100 anos de tradição, sem
competidores diretos, regulada por um gido aparato legal. O Centro Universitário é uma
instituição privada, com menos de 20 anos de atuação, inserida em um ambiente cada vez
mais competitivo, e por isso precisa desenvolver esforços maiores para sobreviver e
conquistar clientes e legitimidade.
As instituições de ensino investigadas percebem de maneira diferenciada o ambiente
em que estão inseridas, corroborando com a afirmação feita por Machado-da-Silva,
Fonseca e Fernandes, (1999), que a apreensão de aspectos do ambiente seria uma
elaboração cognitiva, reflexo do posicionamento dos atores sociais diante do mundo
sociais. Assim, evidencia-se a compreensão e visualização de que o ambiente não é apenas
uma realidade concreta e exterior, teoricamente construído e objetivamente percebido, mas
sim construção social, resultado do compartilhamento de valores e crenças e, por isso
mesmo, sujeito a diferentes interpretações por parte dos atores organizacionais.
Esta lógica serve de referência para a interpretação que os dirigentes fazem das
exigências institucionais e do ambiente, com bases em esquemas interpretativos próprios,
funcionando “como filtros que influenciam a maneira como as organizações avaliam o
contexto ambiental" (ANDRADE FILHO; MACHADO-DA-SILVA, 2002). Esta idéia é
reforçada pela vertente cognitiva da teoria institucional (SCOTT, 2001; BERGER;
LUCKMANN, 2003), considerando a percepção do cotidiano como sendo um ato de
interpretar, subjetivamente, a realidade, a partir da coerência estabelecida entre os
esquemas de referências e os aspectos cognitivos.
113
Os dirigentes interpretam a realidade da organização e atribuem sentido a essa
condição de forma diferenciada, repercutindo na forma como identificam as pressões que
impactam sobre a instituição, apresentadas no tópico a seguir.
4.2.2 Pressões isomórficas
Face ao contexto ambiental anteriormente caracterizado, os dirigentes das
instituições de ensino identificaram o conjunto de pressões institucionais que exercem
influência sobre as instituições pesquisadas, sintetizadas na Figura 11 (4), resultado da
triangulação entre os dados primários e secundários.
Figura 11 (4):
As pressões percebidas
pelos dirigentes das IES pesquisadas
Fonte: Dados primários e secundários
Similar a caracterização do ambiente institucional, percebido de forma diferenciada
pelas duas instituições, as pressões ambientais também foram bem diversificadas, o que
114
indica que os dirigentes de cada instituição têm uma forma peculiar de avaliar o ambiente
no qual estão inseridos, pois cada um avalia a partir do conjunto de valores e das
especificidades de cada instituição. A única congruência entre as instituições configura-se
no entendimento de que a avaliação institucional, como uma forte pressão coercitiva,
impacta significativamente tanto na organização quanto no funcionamento das instituições
de ensino.
Entre as outras pressões significativas oriundas do contexto institucional, o Centro
Universitário identifica o aumento da concorrência entre as instituições por alunos e mais
espaço no mercado; as exigências advindas da sociedade por maior qualificação do quadro
docente, e por fim, a pressão pela diversificação, principalmente na oferta de cursos. Os
dirigentes da UFAM apontam o aumento de vagas, principalmente no horário noturno, a
interiorização como as pressões de maior impacto sobre a instituição. Analisam-se, na
seqüência, estas pressões.
4.2.2.1 Concorrência
As instituições privadas, entre elas os centros universitários, enfrentam dificuldades
marcantes por conta de um cenário de intensa concorrência, resultado da política
governamental que estimulou a expansão do sistema de ensino superior, favorecendo a
participação de novos entrantes no setor.
A concorrência desenfreada estabelece novas correlações de força entre as
instituições, que passam a atuar em ambientes cada vez mais incertos. As organizações, em
tempos de incertezas, tratam de moldarem-se umas às outras, gerando o isomorfismo
115
mimético (DiMAGGIO; POWELL, 2003). Assim é que as instituições de ensino privadas
se defrontam com uma realidade muito semelhante quando se observa questões como
portfólio de serviços, ofertas de cursos, preços, infra-estrutura e estratégias de mercado.
Internamente, as instituições também se assemelham com relação à dependência das
mensalidades, pressão por resultados exercida pelas mantenedoras, baixa qualificação
docente, grande quantidade de alunos por sala, pesquisa incipiente, cursos de baixo custo
operacional, entre outros fatores.
Este desenho é perfeitamente aplicado ao ambiente institucional de ensino em
Manaus, que concentra 16 instituições de ensino superior privadas, acirrando a
concorrência pela preferência dos futuros alunos. Como conseqüência, as instituições de
ensino superior, assim como em qualquer outro ramo de atividade, estão sujeitas às
condições competitivas do mercado, tendo que disputar de forma acirrada recursos e
clientes.
Este cenário mercadológico aponta para uma dificuldade que o setor privado está
enfrentando: a oferta está maior do que a demanda, mesmo considerando o aumento de
programas de crédito estudantil desenvolvidos pelos Governos Federal e Estadual, que
contribuem para a população de baixa renda manter vivo o sonho de cursar uma graduação
superior. Segundo dados do Censo da Educação Superior 2007, realizado pelo Inep, 35%
das vagas oferecidas por instituições públicas e privadas de Ensino Superior do Amazonas
não foram preenchidas em 2007. No total de vagas abertas nos vestibulares e demais
processos seletivos de 2007 (8.808 pela rede pública e 37.934 pela rede privada), somente
30.241 foram ocupadas. Isso significa dizer que 16.501 bancos universitários
permaneceram vazios depois de aplicados os processos seletivos.
116
A maioria significativa das vagas não preenchidas nos vestibulares e demais
processos seletivos de 2007 pertence a instituições de ensino superior privadas, no total são
16.293, equivalente a 99% dos postos não ocupados. Enquanto as instituições de ensino
superior públicas respondem por apenas 1% das vagas não preenchidas. Adiciona-se a esta
questão, o fato de que o aumento de vagas cresce em média 5,2%, porém, no outro lado o
número de ingressos aumentou apenas 1%.
Numa análise preliminar, considera-se que este fenômeno pode estar relacionado à
proximidade de esgotamento da capacidade de pagamento dos alunos numa relação direta
com a crise econômica mundial, que afetou significativamente as empresas do Pólo
Industrial de Manaus PIM, cuja produção é voltada quase que exclusivamente para
exportação. Por essa razão, o Amazonas registrou em 2008 o desligamento de 51.542
pessoas somente no setor industrial. Tendência que se mantém nos primeiros meses de
2009, com a diminuição de mais 25.810 postos de trabalho, conforme dados do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados CAGED.
Os dados analisados revelam um quadro crítico e bastante competitivo para a
educação superior no Amazonas, principalmente para o setor privado. A conquista e a
manutenção de uma fatia de mercado cada vez mais em retração pressionam o Centro
Universitário a obter vantagens sobre seus concorrentes para garantir sua sobrevivência no
cenário econômico contemporâneo. Esta pressão não se aplica à UFAM, por ser a única
instituição pública federal do Estado a mesma não tem concorrentes diretos.
4.2.2.2 Formação do Quadro Docente
117
O Centro Universitário reconhece como pressão a qualificação do corpo docente,
considerando o aspecto coercitivo, devido às imposições legais constituídas pela LDB e a
pressão da própria sociedade, que se tornou mais significativa após a ampla divulgação
pelos meios de comunicação dos resultados da avaliação institucional.
Numa pesquisa realizada em 2008 pela Laureate International Universities, quando
da formação da parceria com o Centro Universitário, a qualificação do corpo docente foi
apontada como um aspecto crítico. Este dado ganha maior relevância se confrontado com
resultado da pesquisa realizada pela empresa Perspectiva Tecnologia da Informação,
divulgada em meio impresso, que aponta a qualificação docente como umas das variáveis
de maior influência para o futuro universitário na hora de escolher uma instituição de
ensino superior. A qualificação docente é mais importante que infra-estrutura, menor preço,
avaliação da instituição junto ao MEC e envolvimento da IES com a comunidade, entre
outras variáveis. Na opinião de E3, a formação do quadro docente é um aspecto muito
relevante para atrair e manter o aluno na instituição. Não se pode falar de qualidade de
ensino quando não se tem um bom quadro de professores”.
Analisando dados do ano de 2004, quando a instituição foi credenciada como
Centro Universitário, e comparando com dados atuais, tem-se a situação sintetizada na
Tabela 13 (4), conforme a seguir:
Tabela 13 (4): Evolução da Qualificação Docente do Centro 2004 -2009
118
Qualificação Docente
2004
% Total
2009
% Total
%
Doutor
15
3,55
24
4,00
60,00
Mestre
146
34,52
202
33,67
38,36
Especialista
225
53,19
350
58,33
55,56
Graduado
37
8,75
24
4,00
-35,14
Total
423
100,0
600
100
41,84
Fonte: instituição pesquisada
O número total de professores cresceu 41,8%, passando de 423 para 600. A
evolução no número de doutores e mestres considerando os dois anos em análise foi de
60,00% e 38,36%, respectivamente. Porém, ao considerar o percentual em relação ao
número total de professores, o número de doutores corresponde a 4% e o número de
mestres a 38,36%. Situação que é bem semelhante a 2004, apresentando um leve
crescimento em todos os indicadores, mas insuficiente para que os dirigentes deixem de
perceber a qualificação docente como uma forte pressão que o Centro Universitário precisa
equacionar.
Neste contexto é que se insere a proposta dos 04 Minter em andamento, objetivando
apresentar um quadro de docente com maior qualificação, coerentemente com o valor
qualidade de ensino. Assim, o Centro procura adequar-se aos requisitos ambientais,
buscando legitimidade junto à sociedade e minimizar os riscos provocados pelas incertezas
que atinge o setor, aumentando suas chances de sobrevivência (MACHADO-DA-SILVA;
FONSECA, 1996)
Por outro lado, a qualificação do corpo docente não exerce pressão sobre UFAM,
visto que seu quadro é composto de 45,61% doutores, 34,21% mestres, 19,73 de
119
especialistas e apenas 0,46% graduados. Associada a esta questão, também a tradição da
instituição, que confere maior grau de legitimidade junto à sociedade local.
4.2.2.3 Diversificação na Oferta de Cursos
Como visto anteriormente, a conseqüência da expansão do ensino superior privado,
principalmente pós-década de 90, foi o acirramento da concorrência, provocando
dificuldade para as instituições de ensino preencherem as vagas de alguns de seus cursos
mais tradicionais. Direito, Pedagogia, Serviço Social e Letras vêm perdendo apelo popular,
principalmente em função da saturação do mercado, mudança de interesse dos novos
egressos do ensino médio e a transformação no mercado de trabalho, que fez despontar o
interesse por novas áreas de atuação, como é o caso das Engenharias, em suas diversas
modalidades, entre elas, Petróleo e Gás, Ambiental, Produção Mecânica e outras.
Os dados estatísticos dos dois períodos em foco são utilizados para corroborar esta
afirmação, ao constatar que:
- O Curso de Direito correspondia a 7,29% do total de alunos matriculados,
atualmente esse percentual é 2,45%;
- O Curso de Pedagogia correspondia a 6,27% e atualmente a 2,11;
- O Curso de Letras correspondia a 3,11% e atualmente a 1,05%;
- O Curso de Serviço Social correspondia a 11,77% e atualmente a 3,96.
Por outro lado, os novos cursos de Engenharia, ofertados somente a partir de 2008,
correspondem atualmente a 6,53% do total de alunos matriculados, com aproximadamente
1.358 alunos. Para E2, “mudanças no mundo trabalho, o desenvolvimento tecnológico, tudo
120
isso está exigindo também novas profissões. Se a instituição não atender a essa expectativa,
fica de fora do mercado”.
Esse dado destaca uma preocupação das instituições de ensino, notadamente as
privadas, de atender ao mercado de trabalho, que atualmente passa por um processo de
diversificação dos vários setores produtivos e econômicos, provocando mudanças na
estrutura interna das instituições de ensino, que passaram a focar nas carreiras profissionais
de maior evidência, sobretudo nas áreas de engenharias e tecnologias. Por essa razão, o
Centro Universitário é pressionado a seguir tendência adotada por outras instituições,
principalmente dos grandes centros, que é diversificar cada vez mais a oferta de cursos,
substituindo os cursos com baixa procura por outros com melhor mercado, coerentemente
com o valor preocupação financeira. Tanto é assim que, considerando os dados de 2004 e
2009, tem-se uma evolução de 217,65% na diversificação da oferta de cursos.
A UFAM, embora não tenha destacado este tópico como uma pressão, não está
totalmente distante deste debate, ao projetar o crescimento de 20 novos cursos até 2012,
sendo 04 de Engenharia Petróleo e Gás, Mecânica, Materiais e Química e 02 na área de
Tecnologia Mídias Digitais e Sistemas de Informação.
Esse dado corrobora a teoria, ao considerar que as instituições buscam conformar-se
às pressões institucionais que são aceitas e apoiadas pela sociedade, aumentando seu poder
de coerção (SCOTT, 2001). Nesse sentido, fica evidenciada a idéia de que as
transformações em curso reforçam ou provocam ruptura nos valores e regras
institucionalizados. No caso de ruptura, a instituição é coagida a mudar padrões
estabelecidos, reorganizar sua estrutura e estabelecer novas estratégias (MACHADO-DA-
SILVA E FERNANDES, 1988).
121
Similarmente, Meyer e Rowan (1977) afirmam que as organizações respondem às
pressões ambientais ajustando suas estruturas e práticas às normas estabelecidas no
ambiente institucional, buscando garantir legitimidade e aumentar sua capacidade de
sobrevivência. Dessa forma, a preocupação atual dos dirigentes com a diversificação de
cursos reflete uma tendência mimética, no qual as incertezas são substituídas por ações que
se assemelham a outras que funcionaram adequadamente em outras instituições.
4.2.2.4 Avaliação Institucional
A avaliação institucional é o único ponto de congruência com relação às pressões
ambientais percebidas pelas duas instituições pesquisadas, em função da pressão da
sociedade e dos dispositivos legais vigentes, que consolidou a avaliação como um dos
instrumentos para sustentação da qualidade do ensino superior. O alcance dos resultados da
avaliação, divulgados pela dia local e nacional, provoca uma forte expectativa da
sociedade em relação ao conceito que a instituição recebe e pressiona as instituições a
buscar resultados mais positivos, como forma de garantir legitimidade. Segundo um dos
entrevistados,
hoje não se tem mais dúvida sobre a importância de se avaliar as instituições de
ensino, pois a partir de seus resultados a comunidade acadêmica pode enxergar a
situação da instituição, do quadro docente e dos cursos e propor ajustes quando
necessário. Se quer qualidade é bom começar a pensar em deixar de lado medidas
paliativas, aquela tentativa de preparar o aluno para o ENADE no último ano,
por exemplo. Isso é tentar esconder a realidade. É preciso cuidar da formação do
aluno ao longo de todo processo acadêmico. Isso é que a sociedade espera da
instituição (E5).
122
A UFAM teve 17 cursos avaliados no último ENADE (2008), sendo que três com
conceito 4, treze cursos com conceito 3 e um com conceito 2. O Centro Universitário teve
15 cursos avaliados, apresentando os seguintes resultados: oito cursos não receberam
conceito, pois ainda não finalizaram nenhuma turma; dois receberam conceito 3 e cinco
receberam conceito 2.
Para os dirigentes das instituições, a avaliação é uma forte pressão, à medida que se
que se tornou preocupação essencial para a melhoria das IES e para a conquista de maior
legitimidade.
A sociedade está mais habituada com a avaliação institucional. Ela cobra bons
resultados da instituição. Os alunos, que antes viam com descaso o Provão, hoje
são mais conscientes, estão preocupados com o conceito que irão carregar para a
vida toda. E aquele que ainda está cursando o ensino superior também está mais
atento na hora de escolher uma instituição. Num mercado incerto e concorrido,
quem tem melhor conceito atrai parcela maior de alunos (E2).
De maneira geral, o que se percebe é que as duas instituições adotam uma resposta
de aquiescência em relação à avaliação institucional, respondendo positivamente e
conscientemente à pressão coercitiva imposta pelos mecanismos legais e pela sociedade,
buscando garantir apoio político e legitimidade (OLIVER, 1991).
4.2.2.5 Aumento de Vagas
123
Entre as pressões significativas que exercem influência sobre a UFAM, os
dirigentes destacam a pressão pela ampliação das vagas nos cursos noturnos. A demanda
principal vem de parcela da sociedade, principalmente aquela engajada no mercado de
trabalho, que não pode participar de cursos diurnos e Governo Federal, que pressiona as
universidades, acenando, inclusive com recursos “atrativos” do REUNI - Plano de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Nas palavras de um dos
entrevistados,
tem uma forte demanda por mais vagas no ensino público, principalmente no
horário noturno, onde a universidade ainda pode crescer, não apenas em termos
de vagas, mas também considerando a oferta de mais cursos para atender
necessidades mais específicas da região (E9).
O Amazonas conta, atualmente, com 19 IES que apresentam grandes diferenças
entre si. Apenas 03 destas são públicas, as demais (84,2%) são privadas. As públicas são
responsáveis por 8.808 vagas, das quais 4.805 são oferecidas pela UFAM, concentrando a
maior oferta de vagas no turno diurno (67,5%). Numa análise preliminar, identifica-se que a
pressão da sociedade por aumento de vagas ocorre em função da incapacidade do ensino
público atender significativa parcela proveniente do ensino médio, que corresponde a
91.728 somente na cidade de Manaus, segundo dados do INEP (2007).
a universidade esbarra num problema para aumentar as vagas... ela tem o 4º
maior orçamento da região, mas não é suficiente. Quando você pensa que uma
parcela significativa da população ainda está fora dos bancos escolares. Fica
difícil... não basta apenas vontade. O Governo pressiona... até 2010 temos que
crescer 30%... a sociedade pressiona... eu pergunto: e os recursos? com
vontade política não é possível crescer. É preciso ter planejamento (E10).
124
Em resposta a esta pressão, a UFAM adota posicionamento de conformidade,
promovendo a expansão das vagas nos cursos noturnos, conforme dados dispostos na
Tabela 14 (4):
Tabela 14 (4): Evolução de vagas em cursos de graduação turno noturno
Ano
Ampliação de
Vagas
2009
162
2010
207
2011
274
2012
389
Fonte: Instituição Pesquisada
A resposta de aquiescência da UFAM em relação à pressão por ampliação de vagas
nos cursos noturnos evidencia uma tentativa de garantir recursos, apoio político e
legitimidade. Este posicionamento corrobora a teoria institucional, ao afirmar que a
concorrência não será apenas por recursos e clientes, mas também por legitimidade
institucional e apoio político, conquistados por meio de variadas formas de processos
isomórficos (CARVALHO; VIEIRA, 2003).
4.2.2.6 Interiorização
125
O Amazonas é um Estado de proporções territoriais gigantescas, do ponto de vista
geográfico é o maior Estado Brasileiro em superfície e seu território ocupa uma área
correspondente a 18,38% do Território Nacional e 41,06% da Região Norte, possuindo 62
municípios. A população total do Estado de Amazonas é de 2.812.557 de habitantes, de
acordo com o Censo Demográfico de 2000, realizado pelo IBGE. Tem 62 municípios e a
principal forma de acesso é por via fluvial e as enormes distâncias são medidas em dias de
viagem de barco.
Figura 12 (4): Mapa dos Municípios do Amazonas
Fonte: Portal do Governo
Conforme observado na Figura 12 (4), o Amazonas, por suas proporções
gigantescas, enormes distâncias e sérias dificuldades de acesso, não se torna atrativo do
ponto de vista do lucro para as IES privadas. Assim, a tendência observada em algumas
126
Centro Universitário
Preocupação
Financeira
Adequação Legal
Qualidade de Ensino
Formação para o
mercado
Sustentabilidade
Responsabilidade
Social
Inovação
UFAM
Tradição
Adequação Legal
Credibilidade
Qualidade de Ensino
Formação Humanistica
Responsabilidade
Social
Sustentabilidade
regiões do país, no qual as instituições privadas estão se interiorizando em busca de novos
mercados não vale para a região, cuja pressão pela interiorização demanda
majoritariamente sobre a UFAM.
Para atender às demandas do interior do Estado, a Universidade Federal do
Amazonas planejou a criação de 09 (nove) Pólos de Atuação Acadêmica, distribuídos
geograficamente através das calhas dos grandes rios. Os campi instalaram-se na sede das
principais cidades dos municípios os quais, no seu conjunto, compõem as microrregiões.
Embora reconheça a legitimidade da pressão pela interiorização, um dos entrevistados
destaca que “maior desafio de implantar campi fora da capital é, sem dúvida nenhuma, as
condições financeiras. Nós estamos conseguindo avançar porque temos recursos do
REUNI” (E4).
4.2.3 Os valores prevalentes
Os valores prevalentes dos dirigentes das duas instituições de ensino investigadas,
identificados a partir da triangulação das fontes primárias e secundárias, podem ser vistos
de forma comparativa no Figura 11
(4):
127
Figura 13 (4): Valores prevalentes das instituições investigadas
Fonte: Dados primários e secundários
A análise a seguir apóia-se nos valores sintetizados na Figura 13 (4), resultado da
triangulação entre os dados primários e secundários. De modo geral, o Centro Universitário
enfatiza como seus valores prevalentes a sustentabilidade, a adequação legal, a qualidade de
ensino, a preocupação financeira, a formação para o mercado, a responsabilidade social e a
inovação. A missão da instituição foi apresentada por um dos dirigentes para reforçar
alguns destes valores:
Nossa missão retrata os principais valores da instituição, como pode ver,
propiciar a sua clientela ensino superior de qualidade para aquisição de valores,
competências e habilidades que lhe permitam o exercício da cidadania com
melhores condições de empregabilidade, tendo como eixo norteador a busca de
um modelo de desenvolvimento sustentável (E1 grifo nosso).
Na seqüência, ressalta:
Olha, nós também temos que pensar que somos uma instituição
privada, que precisa ter renda própria para se manter. A
128
preocupação financeira é constante, a inadimplência tem
aumentado muito, fruto desta instabilidade econômica. Só que a
instituição tem seus compromissos e ninguém quer saber se o aluno
paga ou não (E1 grifo nosso).
Para a UFAM o conjunto de valores prevalentes é tradição, adequação legal,
credibilidade, qualidade de ensino, formação humanística, responsabilidade social e
sustentabilidade. A análise permitiu observar congruências e incongruências em relação aos
valores que sustentam as duas instituições.
Os valores que mostram congruência entre a Universidade e o Centro Universitário
são adequação legal, qualidade de ensino, responsabilidade social e sustentabilidade.
A natureza dessa congruência está relacionada com as mudanças impostas pelo
ambiente político-legal, que exerce alta pressão coercitiva sobre as instituições de ensino,
impondo a adequação legal, configurada no conhecimento e no atendimento às exigências
da legislação que regulamenta o sistema educacional brasileiro como uma necessidade
básica para evitar sanções e manter os direitos legais de funcionamento, provocando
alterações no comportamento da organização.
a congruência entre os valores sustentabilidade, responsabilidade social e
qualidade de ensino reflete o posicionamento dos dirigentes em relação às pressões do
ambiente social, que enfatizam estes valores como relevantes para garantir apoio político e
legitimidade, destacando forte característica isomórfica, tendência das instituições se
assemelharem umas às outras, quando submetidas às mesmas condições ambientais
(DIMAGGIO; POWELL 1983).
Por outro lado, as incongruências nascem da interpretação diferenciada do contexto
institucional em função esquemas interpretativos de referência e peculiaridades das
129
instituições. Estes esquemas, criados individualmente e socialmente compartilhados,
influenciam o modo de interpretação e interação com as pressões do ambiente pela
organização. Os esquemas interpretativos, por serem exclusivos de cada organização,
garantem a existência de diversidade.
As pressões institucionais e os valores estão, portanto, delineados, o que permite
responder à segunda pergunta de pesquisa que havia sido desdobrada: quais as pressões
ambientais (sociais, políticas e instrumentais) e os valores que impactam sobre as
organizações universitárias? Na seção seguinte, caracteriza-se a cultura organizacional das
instituições pesquisadas.
4.3 Caracterização da Cultura Organizacional das IES
Este tópico trata de caracterizar a cultura das duas instituições de ensino
investigadas, considerando a interpretação dos dirigentes e posicionamento destes em
relação a diferentes paradigmas de cultura organizacional dominante, conforme explicitado
por Martin (1992). Para atender a este objetivo, o dirigente deveria optar entre os
paradigmas de integração, diferenciação e fragmentação. Ainda poderia escolher a
incidência simultânea dos três paradigmas ou que nenhum deles se aplicava a sua
instituição. A Figura 14 (4) sintetiza os três paradigmas, anteriormente detalhado no quadro
teórico:
130
Figura 14 (4): os três paradigmas de interpretativistas da cultura organizacional
Fonte: Martin (1992)
A predominância das respostas dos dirigentes das duas instituições recaiu sobre o
paradigma da diferenciação como sendo o que melhor caracteriza a cultura de suas
instituições. Os dirigentes reconhecem a presença de subculturas, de posições conflituosas
sobre determinados rumos que a instituição possa seguir. Inclusive, os valores
institucionais, que poderiam sustentar uma maior coesão, não são amplamente
compartilhados pelos membros da organização. Os próprios dirigentes estratégicos
reconhecem que a interpretação que eles fazem do ambiente e dos valores não é
completamente compartilhada e transmitida para toda a instituição, o que significa dizer
que eles têm o poder de influenciar a cultura, mas não de determiná-la.
A interpretação da cultura da instituição dentro de uma perspectiva diferenciada está
diretamente relacionada com o esquema interpretativo adotado como referência pelos
dirigentes, que em razão das suas diferentes funções, de suas crenças e valores, acabam por
reconhecer a existência de subculturas.
Integração
Consenso;
Homogeneidade;
Ausênsca de
ambiguidade;
Compartilhada pela
organização;
Centrada no Líder.
Diferenciação
Subculturas;
Consenso subcultural;
Ambiguidade
gerenciável;
Conflito inevitável.
Fragmentão
Ambiguidade;
Complexidade
Realidades múltiplas;
Conflito necessário;
Consenso temporário.
131
Uma questão importante que precisa ser abordada é a congruência na interpretação
da cultura da instituição, mesmo considerando interpretações diferenciadas do contexto
institucional, das pressões isomórficas e dos valores prevalentes.
A construção do universo cultural de uma organização é retratada quando se resgata
a sua história e a de seus atores. Neste regaste é possível encontrar um indício importante
para entender essa congruência. O Centro Universitário, no seu processo de constituição
adotou como “modelo” a UFAM, demonstrando forte tendência isomórfica. Corroborando
esta afirmação, o Centro contratou para os principais cargos estratégicos e táticos,
professores aposentados ou que estavam em busca de novos desafios, oriundos da UFAM.
Esta pode ser uma explicação para a semelhança percebida entre as duas instituições,
quando se fala de estrutura administrativa, organização acadêmica e portfólio de cursos e da
interpretação da cultura da instituição, numa incidência do isomorfismo mimético.
Adiciona-se a essa discussão a visão de que a realidade social não tem existência
concreta, precisando primeiramente ser interpretada, sendo produto da experiência
subjetiva e dos esquemas interpretativos e cognitivos de referência. Assim, é possível que
os dirigentes do Centro Universitário adotem referências passadas para analisar o momento
presente, o que também pode apoiar a congruência. Interessante observar que a forma
similar de caracterizar a cultura da organização não deixa de apresentar elementos do
paradigma de integração, à medida que apresentam consenso sobre um ponto em comum,
sustentando a teoria em sua afirmação de que a forma pura dos três paradigmas é um tipo
ideal, não sendo possível de encontrá-la em uma única organização.
Com isto, tem-se atendido ao terceiro objetivo, que é caracterizar a cultura das
instituições pesquisadas. Na seqüência, a discussão será sobre a relação entre os valores e
132
as pressões do contexto institucional e a cultura organizacional das Instituições de Ensino
foco desta investigação.
4.4 Contexto, valores e cultura organizacional
Neste tópico pretende-se responder qual a relação entre os valores, as pressões do
contexto institucional e a cultura organizacional das instituições investigadas. Para isso,
retoma-se o quadro teórico que suporte a presente pesquisa. O foco de análise da relação
ambiente-organização privilegiou teorias que tratam essa relação como sendo socialmente
construída, tomando por base o sistema de referência dos atores organizacionais, que se
apóiam para interpretar a realidade na conjunção de elementos do contexto institucional,
aspectos cognitivos, valores e crenças. Destacam-se, considerando a vertente cognitiva da
teoria institucional, a importância dos elementos simbólicos, das pressões do contexto
institucional e dos valores nos arranjos estruturais e nas ações organizacionais.
Ainda segundo o quadro teórico apresentado, evidenciou-se a relevância dos
esquemas interpretativos dos atores sociais na análise das pressões ambientais, na
interpretação dos valores e na significação da realidade, que tende a se refletir pela
organização, repercutindo nas ações estratégicas adotadas. Por outro lado, a noção do
paradigma da diferenciação evidencia que a organização é constituída por diferentes
subculturas, cujas relações se fundam em valores, interesses, níveis de poder e práticas
profissionais diferenciadas, o que significa dizer que essa apreensão da realidade pode não
ser consensual por parte dos atores ou mesmo grupos de atores organizacionais.
133
Interpretação
Resposta
Cultura Organizacional
Partindo deste entendimento e do posicionamento dos dirigentes das instituições
investigadas é possível entender a relação entre os valores, as pressões do contexto
institucional e a cultura organizacional, esquematizado na Figura 15 (4).
Figura 15 (4): Relação entre contexto, valores e cultura organizacional
Fonte: elaboração própria
No detalhamento da figura apresentada acima, infere-se que os dirigentes das
instituições de ensino investigadas identificam as pressões ambientais a partir de seus
134
esquemas interpretativos, baseado em um conjunto de crenças e valores comuns. Após esse
mapeamento do ambiente, no qual os dirigentes identificam quais pressões são realmente
criticas para a instituição, é possível estabelecer respostas que, em ultima instância,
orientam a ação e repercutem na cultura organizacional, que de forma recursiva, incide
novamente sobre a análise do contexto ambiental. Assim, responde-se qual é a relação entre
os valores e as pressões ambientais com a cultura organizacional das instituições
investigadas, atendendo ao quarto objetivo específico. Na seqüência, será abordada a forma
como esses fatores repercutem na ação dos dirigentes das duas instituições de ensino.
4.5 Repercussão dos valores e das pressões nas ações das
IES
A UFAM e o Centro Universitário avaliam o ambiente de forma diferenciada, por
conta de esquemas interpretativos e valores peculiares, elegendo um conjunto de pressões
isomórficas que aponta como única congruência a avaliação institucional, questão abordada
em tópicos anteriores. Disso depreende-se que a linha fundamental de ão adotada pelas
duas instituições segue cenários diferentes e particulares, como se passa a demonstrar.
O Centro Universitário direciona sua ação para o crescimento do número de alunos,
assegurando dois ou mais processos seletivos por ano, assim como maior controle de
desistências e evasões, orientando os coordenadores de curso a falar diretamente com os
alunos que não renovam matrícula, em coerência com o valor preocupação financeira.
Ainda ancorada neste valor, a instituição trabalha para ampliar sua estrutura física e
maximizar a existente, por meio da ocupação total das salas de aula no horário noturno e
135
políticas de incentivos para aumentar a matrícula nos cursos diurnos, como preços
diferenciados e ofertas de notebooks para quem optar por estes horários.
As duas instituições preocupam-se com a ampliação da estrutura física para atender
a demanda por novos cursos, principalmente o Centro Universitário que está construindo
uma nova unidade e laboratórios para viabilizar a implantação do Curso de Medicina,
impulsionado pelos valores preocupação financeira e adequação legal.
O valor qualidade de ensino orienta as duas instituições, embora as ações
implementadas adotem linhas diferenciadas. O Centro Universitário estabelece como ações
prioritárias a contratação de professores titulados e a tentativa de qualificar melhor quadro
docente existente, incentivando por meio de bolsas e progressão na carreira, a participação
em programas de Mestrado e Doutorado, assim como estruturou parcerias para a realização
de Minter Mestrado Interinstitucional, atualmente com quatro em andamento,
coerentemente também com o valor adequação legal. A UFAM trabalha na reorganização
de seus projetos pedagógicos, buscando adequar os cursos para responder aos novos
desafios da aprendizagem, articulando a união entre teoria e prática e entre ensino, pesquisa
e extensão. Para isso, discute a oferta de disciplinas introdutórias às áreas de conhecimento,
revisão do sistema de pré-requisitos dos cursos, ampliação do acervo das bibliotecas para
permitir o acesso às fontes originais e aumento de bolsas de monitoria.
O Centro Universitário, ancorado no valor formação para o mercado, age no
sentido de que uma fração do seu corpo docente seja constituída por profissionais com larga
experiência de mercado, mesmo sem formação pedagógica específica ou com experiência
acadêmica, considerando o equilíbrio entre titulação e experiência profissional. Para a
UFAM, o critério prioritário é a contratação de professores titulados, com vocação para a
pesquisa, coerentemente com o valor adequação legal.
136
O Centro Universitário encontra dificuldades para manter em seus quadros
professores em regime de tempo integral, principalmente os doutores. Assim, para ser
coerente com o valor adequação legal, procura vincular seus professores a projetos
específicos da instituição e para exercer funções administrativas. A UFAM, por sua vez,
concentra a maior parte de seus professores de tempo integral em atividades de pesquisas e
nos programas de pós-graduação.
As duas instituições preocupam-se com a sustentabilidade. A UFAM criou a
Fazenda Experimental (FAEXP), localizada no quilômetro 38 da BR-174, rodovia que liga
a capital Manaus (AM) à Boa vista (RR). A Fazenda possui uma área total de 3000 hectares
de cobertura florestal original (mata primária), dividida em dois prédios de alojamento,
refeitório, serraria, prédio do curso de química, além das áreas destinadas à pesquisa e aos
experimentos agrícolas e florestais da universidade. A proposta da Fazenda é estimular a
criação de projetos e soluções tecnológicas para o desenvolvimento e a sustentabilidade da
região amazônica. Na mesma linha, o Centro Universitário criou a Estação Experimental,
campo de estudos que ocupa uma área de 270 hectares, próximo à Vila de Lindóia, em
Itacoatiara (a 280 quilômetros de Manaus), com a finalidade de promover programas e
projetos que garantam a auto-sustentabilidade da população local.
Motivado pelo valor inovação, o Centro Universitário institui o CDE Centro de
Desenvolvimento Empresarial, cuja proposta inicial é compartilhar idéias e práticas
promissoras que possam se transformar em projetos inovadores. O foco principal do CDE é
fechar parcerias com empresários, empreendedores e pesquisadores das mais diversas áreas,
estabelecendo um elo entre o espaço acadêmico e o mercado. A UFAM, ancorada nos
valores credibilidade e tradição, estabelece parcerias com empresas e outras instituições
137
de ensino para fomentar o desenvolvimento tecnológico e investir em pesquisas de
aplicabilidade prática, coerentemente com o valor responsabilidade social.
Com base no que foi exposto até aqui, pode-se inferir que as duas instituições de
ensino estão submetidas a um conjunto de pressões isomórficas que contribuem para certa
homogeneização. Porém, a forma como o grupo de dirigentes, em função de esquemas
interpretativos peculiares, analisa as pressões ambientais e a própria especificidade de cada
instituição, influencia o curso das ações adotadas. As incongruências e congruências nas
ações ocorrem em função da forma com a instituição representa para si as pressões
ambientais, segundo grau de valorização ou concordância (OLIVER, 1991).
Percebem-se, assim, estreita relação e também coerência entre as pressões
ambientais e os valores externamente aceitos e compartilhados com o posicionamento dos
dirigentes de cada instituição e sua conseqüente repercussão nas ações empregadas,
respondendo ao quinto e último objetivo específico desta investigação.
138
5 Conclusões e Considerações Finais
Recapitulando, o presente estudo enfoca a teoria institucional e a cultura
organizacional, visando responder à seguinte questão de pesquisa:
De que forma o contexto institucional do Ensino Superior influencia a cultura
organizacional nas IES públicas e privadas?
A busca pela resposta ao problema estabelecido apoiou-se na perspectiva
institucional, por abordar aspectos simbólicos da realidade organizacional, fator relevante
quando se trata de investigar instituições de ensino sujeitas a pressões isomórficas diversas.
O estudo possibilitou significativas descobertas e conclusões, que serão agora
exploradas. Um dado importante que a pesquisa de consolidar é a forte presença do
isomorfismo coercitivo na constituição do contexto do ensino superior brasileiro, no qual as
instituições públicas e privadas se apresentam como dependentes em relação ao Estado,
assemelhando-se em suas respostas aos mecanismos legais. Nesse sentido, as instituições
de ensino demonstram aquiescência em relação a mecanismos de pressão como novos
instrumentos de avaliação institucional, expansão de vagas nos cursos noturnos e
qualificação do corpo docente, por exemplo, como estratégia para adquirir e manter sua
legitimidade e apoio político. Dessa forma, conclui-se claramente que as pressões
coercitivas exercem impacto sobre a estrutura organizacional, regras e procedimentos,
independente da esfera administrativa ou das dimensões organizacionais.
Os fundamentos da teoria institucional chamaram a atenção para a questão de
ampliar o entendimento do ambiente, evidenciando a importância dos elementos culturais,
139
simbólicos e cognitivos, de normas e valores sociais, em adição àqueles de caráter
eminentemente técnico e racional, com ênfase na relação custo-benefício. Nesta perspectiva
de análise, organizações e ambiente se entrelaçam, influenciando o posicionamento dos
atores organizacionais, sua visão de mundo e o delineamento de suas ações e estruturas.
Contudo, o ambiente não é um dado exterior, percebido mecânica e racionalmente pelo
indivíduo. Ao contrário, ele é construção social, portanto, sujeito a interpretações, escolhas
e ações coerentes com os valores e crenças individuais e compartilhadas coletivamente.
Nesse ponto merece destaque a importância do conjunto de valores e crenças
consolidado internamente por cada instituição na compreensão da sua relação com o
ambiente. Primeiro, a interpretação feita do ambiente pelos atores organizacionais funda-se
nos valores e crenças, por meio dos esquemas interpretativos, esses últimos funcionam
como filtros que atribuem significado às pressões do ambiente, servindo de referencial para
a orientação das ações organizacionais. Segundo, crenças e valores podem desencadear
processos de mudanças, no sentido de que alterações em suas estruturas exigem uma
readequação dos arranjos organizacionais, restabelecendo as condições para a legitimidade
aos padrões socialmente aceitos. Meyer e Rowan (1977) evidenciaram que valores e
crenças institucionalizados na sociedade orientam ações, estruturas e arranjos
organizacionais, em função da busca pela legitimidade.
Além de sua complexidade interna, as duas instituições de ensino estão inseridas em
um determinado contexto institucional com o qual estabelecem relações de influência entre
si e entre o ambiente e as próprias instituições. As pressões ambientais decorrentes dessas
relações passam pela interpretação dos dirigentes das instituições que adotam determinadas
ações que podem provocar mudanças internas e influenciar mudanças externas, buscando
garantir sua sobrevivência.
140
Este aspecto foi corroborado pela parte empírica desta pesquisa, ao concluir que
mesmo existindo forças isomórficas pressionando as instituições de um mesmo campo a se
assemelharem entre si (DIMAGGIO;POWELL, 1983), os esquemas interpretativos
determinam diferentes cursos e diferentes ações adotadas pelos dirigentes (MACHADO-
DA-SILVA ; FONSECA, 1993).
A análise das ações das duas instituições de ensino pesquisadas alinha-se a esta
conclusão, ao apontar ões diferentes em face do mesmo contexto institucional,
reconhecendo a perspectiva de que o ambiente possui aspectos objetivos com diferentes
interpretações subjetivas dos atores sociais (BERGER; LUCKMANN, 2003). Assim, a
ação adotada reflete a visão de mundo dos dirigentes, emergindo como respostas à maneira
como lidam com as pressões do contexto institucional. Dessa forma, a compreensão da
ação organizacional está ligada com a compreensão simultânea do conjunto de pressões do
ambiente institucional que orientam para o isomorfismo entre as instituições de ensino, que
também está relacionada com a compreensão da capacidade de interpretação dos atores
organizacionais deste mesmo conjunto de pressões. A ação adotada não é resultado de uma
reação mecânica, mas de interpretações que seus dirigentes fazem do ambiente técnico e
institucional.
Portanto, o presente trabalho sugere que existe consistência no alinhamento das
pressões ambientais e dos valores que influenciam as decisões e ações adotadas pelas
instituições de ensino. Outra conclusão corroborada por esta investigação é que a
diversidade percebida nas ações organizacionais, mesmo considerando as pressões
institucionais isomórficas fortes, é possível em função da noção de interpretação e re-
interpretação continua dos atores sociais.
141
Com base nas conclusões levantadas é possível responder ao problema de pesquisa
proposto: de que forma o contexto institucional do Ensino Superior influencia a cultura
organizacional nas IES públicas e privadas? Afirma-se que as pressões do contexto
institucional exercem influencia na cultura organizacional, repercutindo nos valores e nas
crenças tradicionais das duas instituições de ensino, assim como no plano de ação, nos
arranjos operacionais e na maneira de interpretar o próprio ambiente. Porém, os resultados
encontrados evidenciaram que o mesmo contexto institucional de referência levou as duas
instituições a ações diferenciadas, baseadas na maneira como os dirigentes interpretaram a
realidade e delimitaram suas atuações.
Estudos semelhantes envolvendo outras instituições de ensino pertencentes ao setor
educacional do Estado seriam de elevada importância empírica, pois este conjunto de
estudos tornaria possível uma maior compreensão de como o contexto institucional
influência a cultura organizacional.
Sugere-se também estudos que busquem aprofundar a percepção do contexto
ambiental por parte dos dirigentes dos níveis estratégicos e táticos e a conexão com as
estratégias gerenciais em instituições de ensino superior públicas e privadas, destacando
congruências e incongruências entre os dois níveis de dirigentes.
142
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153
APÊNDICE A: ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. Fale um pouco da sua vida na instituição? Quanto tempo de instituição? Em que
setores já trabalhou?
2. A instituição planeja criar novos cursos? O que é mais importante a considerar?
(planejamento interno, viabilidade técnica, qualificação de pessoal, mercado,
legislação?)
3. As ações empreendidas na solução dos principais problemas da IES são tomadas em
função dos objetivos da instituição?
4. Pressões ambientais (políticas, sociais, instrumentais) são aspectos relevantes no
processo de tomada de decisão?
5. Qual a influência do ambiente institucional na determinação do desenho estrutural
da instituição?
6. Existe influência direta do mercado, da legislação, de outras instituições no
planejamento interno da instituição? Comente um pouco sobre isso.
7. Na adoção de soluções ou estratégias para a resolução dos problemas, são
considerados os usos e costumes da organização?
8. Adotam-se soluções que não estejam de acordo com as tradições e normas em vigor
na organização?
9. O que é importante para a instituição (lucro, concorrência, sociedade, bem estar do
funcionário)?
10. Que visão a instituição tem de si mesma e do mercado?
11. Diante das perspectivas atuais, o que pode se constituir numa barreira para a
expansão da IES? Pressões internas? Pressões externas? Pode detalhar?
12. Quais as pressões mais significativas do ambiente institucional impactam a
instituição? Comente um pouco sobre elas.
13. Quais os valores prevalentes?
14. Como imagina que as organizações similares (ou concorrentes) trabalharão com
manter-se viva no mercado?
15. Esta é uma tendência que sua instituição pretende seguir?
16. Em que medida as pressões ambientais (sociais, políticas e instrumentais)
influenciam a cultura da organização universitária?
154
APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO
Senhor (a) entrevistado (a),
Esta pesquisa é parte integrante de uma dissertação para obtenção de grau de mestre junto ao Minter
UNINORTE/UFPE Mestrado Interinstitucional do Centro Universitário do Norte e Universidade Federal de
Pernambuco.
O tema de estudo, A Influência do Contexto Institucional do Ensino Superior na cultura organizacional nas
IES públicas e privadas, prevê questionário e entrevistas com professores, alunos e gestores estratégicos de
instituições de ensino, com o objetivo de analisar a repercussão das pressões do contexto institucional sobre a
cultura organizacional das Instituições de Ensino Superior Públicas e Privadas em Manaus/AM.
Contando com a sua participação, asseguramos a confidencialidade no tratamento dos dados a serem obtidos e
o compromisso de utilizá-los unicamente dentro dos objetivos propostos no referido estudo.
Quaisquer dúvidas sobre o preenchimento do formulário poderão ser dirimidas entrando em contato com a
pesquisadora, pelo o endereço eletrônico marilucesbr@yahoo.com.br.
Cordialmente,
Mariluce Santiago de Souza
Mestranda
Parte I Caracterização do Contexto Institucional
Classifique as questões a seguir, numa escala crescente de peso, assinalando com um X a sua avaliação:
1. Característica do Ambiente Político e Legal (legislação, políticas governamentais, regulamentações,
normas e incentivos) da IES
A)
1
2
3
4
5
Sem regulação
Pouco regulado
Regulado
Muito regulado
Muito restritivo
B)
1
2
3
4
5
Imprevisível em
relação às
mudanças
Difícil de antecipar
as mudanças
Moderado
Muito previsível
Muito fácil de
prever o futuro do
ambiente
C)
1
2
3
4
5
Hostil
Adverso
Moderado
Amigável
Encorajador
2. Característica do ambiente econômico (estrutura de mercado e concorrência) da IES
A)
1
2
3
4
5
Dinâmico
Muito dinâmico
Moderado
Estável
Poucas mudanças
B)
1
2
3
4
5
155
Imprevisível em
relação às
mudanças
Difícil de antecipar
as mudanças
Moderado
Muito previsível
Muito fácil de
prever o futuro do
ambiente
C)
1
2
3
4
5
Muito simples
Poucos
concorrentes
Moderado
Muito complexo
Muitos
concorrentes
3. Característica do ambiente tecnológico (pesquisa, desenvolvimento de novos produtos, processos e
procedimentos) da IES
A)
1
2
3
4
5
Dinâmico
Muito dinâmico
Moderado
Estável
Poucas mudanças
B)
1
2
3
4
5
Imprevisível em
relação às
mudanças
Difícil de antecipar
as mudanças
Moderado
Muito previsível
Muito fácil de
prever o futuro do
ambiente
C)
1
2
3
4
5
Muito simples
Poucos esforços de
desenvolvimento
Moderado
Muito complexo
Muitos esforços
de
desenvolvimento
4. Característica do Ambiente Social (valores, crenças e comportamento) da IES
A)
1
2
3
4
5
Conservador
Muito Conservador
Moderado
Progressista
Muito progressista
B)
1
2
3
4
5
Imprevisível em
relação às
mudanças
Difícil de antecipar
as mudanças
Moderado
Muito previsível
Muito fácil de
prever o futuro do
ambiente
C)
1
2
3
4
5
Dinâmico
Muito dinâmico
Moderado
Estável
Poucas mudanças
156
Parte II Caracterização da Pressão do Ambiente
Avalie as questões a seguir, e atribua uma pontuação de 05 (cinco) a 01 (um), sendo que:
5 = Muito Forte
4 = Forte
3 = Alguma
2 = Pouca
1 = Nenhuma
5. Ao decidir por mudanças na estrutura e nos processos organizacionais, quais os fatores que exercem
maior influência na tomada de decisão:
Planejamento interno
Interesses internos
A pressão exercida pela concorrência
Adaptação às contínuas mudanças no ambiente da organização
Adequação às exigências sociais
6. Em uma decisão dessa natureza, quais os aspectos que devem nortear o processo decisório:
A busca pela competitividade, ofertando serviços com maior qualidade e
diferenciação
A adequação à legislação e políticas governamentais
Um planejamento formal que possa indicar a viabilidade do investimento a ser feito
Análise contextualizada da necessidade de mudança
Necessidade de acompanhar as mudanças implementadas em outras instituições
7. O processo decisório na IES é marcado por:
Empreendedorismo
Diferenciação
Pressão externa
Pressão interna
Imitação
8. A legitimidade da IES em seu ambiente deve-se:
Tradição
Qualidade
Capacidade interna de recursos
Credibilidade
Preço competitivo
9. Fatores do ambiente externo que representam maior preocupação para a IES:
Econômico
Legal
Social
Tecnológico
Político
10. Tem conhecimento de alguma mudança do ambiente externo que exerça elevado grau de influência na
estrutura interna da IES?
SIM
NÃO
Se a resposta foi SIM à pergunta 10 passe à pergunta 11. Se a resposta for NÃO passe à pergunta 12.
11. Aponte esta mudança:
________________________________________________________________________________________
157
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
12. Você considera que, com a decisão de expansão de novos cursos, a IES está (Assinale apenas uma
opção):
( ) Adaptando-se rapidamente às mudanças do ambiente.
( ) Adaptando-se planejadamente às mudanças do ambiente.
( ) Inovando-se.
( ) Imitando ações de outras instituições.
( ) Não há relação da decisão com as mudanças ambientais externas.
13. As mudanças adotadas pela concorrência ocorrem (Assinale apenas uma opção):
( ) Lentamente, sem demonstrar ameaças para as atividades da IES:
( ) Lentamente, mas com tendências a agravar o desenvolvimento das atividades da IES;
( ) Rapidamente, sendo necessário estar sempre atento às possíveis ameaças que pode representar à IES;
( ) Rapidamente, mas trazendo mais oportunidades do que ameaças para o desenvolvimento das atividades
IES
14. Em Manaus, você identifica alguma outra IES pública ou privada com possibilidades de expansão
semelhante ou maior da que você atua?
SIM
NÃO
Se a resposta foi SIM à pergunta 14 passe às perguntas 15 e 16. Se a resposta foi NÃO passe à pergunta 17.
15. Se identifica, como definiria a sua atuação (a da outra instituição)?
( ) Imitativa, buscando sempre agir espelhado nos outros;
( ) Agressiva, tem buscado inovar e antecipar-se aos outros
( ) Dentro dos padrões legais e morais, respeitando as outras instituições
16. Considerando as respostas acima, qual é o grau de preocupação que tal instituição desperta à IES em que
você atua?
1
2
3
4
5
Nenhuma
preocupação
Pouca Preocupação
Moderado
Grande
preocupação
Tendência a
elevar-se
17. O modelo de estrutura adotado por uma organização influencia na possibilidade de assimilação das suas
diretrizes, que, por sua vez influenciam nas atitudes dos seus servidores? (Assinale apenas uma opção):
( ) Não
( ) Sim
( ) Não há possibilidade da estrutura interferir e influenciar na atitude dos seus servidores
--------------------------------------
Parte III - Caracterização da Cultura Organizacional
18. Assinale, dentre as alternativas abaixo, a que melhor se assemelha à cultura da sua instituição (Marque
apenas 01 opção):
( ) Perspectiva de integração: alto nível de consenso, no qual os membros partilham dos mesmos valores,
princípios e preocupações.
( ) Perspectiva de diferenciação: a organização é constituída de várias subculturas, oriundas de diferentes
níveis de poder, áreas de interesse e práticas profissionais.
158
( ) Perspectiva da fragmentação: a organização é vista como frouxa “rede de indivíduos”, os quais se
conectam esporadicamente à medida que “novas questões entram em foco”.
( ) É possível perceber a incidência das 03 perspectivas
( ) Nenhuma das 03 perspectivas
Coloque em ordem os itens seguintes em termos de grau de importância (atribua 5 ao item mais importante, 4
ao próximo item mais importante etc.)
19. Os fatores que contribuem para o aperfeiçoamento da cultura organizacional na instituição, no sentido de
incentivar a sua capacidade inovadora:
ITEM
GRAU DE IMPORTÂNCIA:
Adaptabilidade
Senso de identidade
Perspectiva exata do meio ambiente
Integração entre os participantes
Imitação
20. Você identifica pressões oriundas do ambiente que impactam a cultura organizacional?
SIM
NÃO
21. Se sua resposta foi positiva, descreva a pressão ou pressões:
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
22. Do conjunto de valores/crenças apresentados a seguir, assinale os mais relevantes para a sua instituição:
CRENÇAS/VALORES
( ) Responsabilidade social
( ) Ética
( ) Adequação Legal
( ) Desenvolvimento humano
( ) Qualidade de Ensino
( ) Autonomia
( ) Compromisso Profissional
( ) Flexibilidade
( ) Empreendedorismo
( ) Integração IES Empresa
( ) Inovação
( ) Transparência
( ) Expansão
( ) Sustentabilidade
( ) Tradição
( ) Credibilidade
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