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Quadro 4. Fala de consultores e clientes e a confiança
Consultores Clientes
Olhe, é, consultoria, acho que a coisa mais sensível
que existe é (pausa) confiança. Confiança que
(pausa) o contratante, né, ele adquire com a
conversa com a pessoa, quer dizer, com o consultor.
Ele (pausa), ele tem que acreditar que a pessoa que
está se propondo a fazer aquilo vai ser capaz de
fazer. (pausa) Então para mim isso é um ponto
chave. É você (pausa), se ele acredita em você, ele
contrata. Se ele desconfia, ele não contrata. No caso
o ponto sensível é a confiança (ênfase). Confiar por
quê? Aquilo que ele está se propondo a pagar,
aquilo vai acontecer? Vai acontecer como ele
espera? Isso aí, um ponto chave nessa história.
(Consultor C, entrevista em 17/07/2008)
Não. Nesse caso aí nós já não consultamos outros
fornecedores desse serviço, porque nós já tínhamos
(pausa), já conhecíamos e já sabíamos do trabalho
dele.
Primeiro, quando você conhece o trabalho do
consultor e quando você já tem informações de
trabalho que ele desenvolve para outras empresas,
então você já tem idéia do trabalho que ele vai lhe
oferecer. E, se ele teve sucesso nas outras empresas
por onde prestou esse serviço, é evidente que há
oportunidade que ele tenha sucesso também para o
trabalho que está desenvolvendo para a nossa
empresa (pausa) possa ocorrer. Então, isso facilita
sem dúvida nenhuma. (Cliente D, entrevista em
23/07/2008)
Eu acho que a construção de uma empatia e de um
vínculo de confiança se construiu rapidamente e
que é o ponto mais sensível para se fechar uma
negociação de consultoria.
Eu acho que (ênfase) a clareza com que foram
colocados os limites (ênfase) que a contribuição da
consultoria tem (ênfase), fez com que se
estabelecesse uma confiança no trabalho.
Eu acho que um fato que chamou atenção foi a
rapidez com que se estabeleceu um vínculo de
confiança quando não existia um conhecimento
anterior. (Consultor I, entrevista em 07/07/2008)
Como a gente precisava de alguém assim, mais
específico, mergulhado, tal, que a gente sentisse
que estava mais integrado ao processo era a [cita o
nome da consultoria I] naquele momento, né. Então
é redundante, é a mesma coisa, eu senti que esse foi
um fator básico que decidiu para a gente, entendeu?
A gente podia pegar e negociar o preço com a outra
[consultoria] (ênfase), mas a gente decidiu que eles
[Consultoria I] estavam mais entregues ao processo,
entendeu? (...) No caso eu só consultei mais uma
entendeu? Então, assim, eles tinham, nós tínhamos
uma referência boa deles [consultoria I]. A gente já
pegou, e então fizemos, optamos por ele. (Cliente J,
entrevista em 17/07/2008)
Fonte: Dados da pesquisa
É perceptível nestes casos que a confiança não é tema de pauta da contratação, o que
por si só não desvaloriza sua importância para a consultoria, como demonstrado por Almeida
(2007). Assim, a confiança mostra-se como tema relevante, mas subjacente, não sendo
explicitado nos processos de contratação, nem chamado de modo contundente para explicar os
casos de contratação focados.
Entende-se que se a confiança é pressuposto lógico da contratação, sua referência não
se mostrou necessária, na medida em que não há um ambiente/mercado de consultoria
marcado por desconfiança mútua entre as partes, nem por ações de má-fé capazes de abalar tal
pressuposto. Neste contexto e momento das relações empreendidas neste ambiente, a
confiança não era pauta de preocupação dos entrevistados. Seus interesses, no que tange a