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Campus de Ilha Solteira
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
RESISTÊNCIA DE CULTIVARES DE SOJA A Spodoptera frugiperda
(J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
ELIOMAR SÉRGIO VELOSO
Ilha Solteira - SP
Fevereiro de 2010
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Campus de Ilha Solteira
RESISTÊNCIA DE CULTIVARES DE SOJA A Spodoptera frugiperda
(J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
Eliomar Sérgio Veloso
Engenheiro Agrônomo
Prof. Dr. Alcebíades Ribeiro Campos
Orientador
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia - UNESP - Campus de Ilha
Solteira, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia. Área de Concentração: Sistemas
de Produção.
Ilha Solteira - SP
Fevereiro de 2010
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira.
Veloso, Eliomar Sérgio.
V546r Resistência de cultivares de soja a Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH)
(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE / Eliomar Sérgio Veloso. -- Ilha Solteira : [s.n.],
2010.
56 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira. Área de conhecimento: Sistemas de Produção, 2010
Orientador: Alcebíades Ribeiro Campos
Bibliografia: p. 52-55
1. Glycine max. 2. Soja. 3. Plantas – Resistência. 4. Lagarta-do-cartucho.
Aos meus pais JOSÉ e MARIA, exemplos de honestidade e dignidade, pelo
sacrifício, amor e dedicação durante toda minha vida.
Que cada uma das minhas conquistas seja a realização de seus próprios
sonhos. Minha eterna gratidão!
DEDICO.
Com amor e carinho, à minha Esposa Oguineci e minha filha Maria Eduarda,
pelos incentivos, compreensão, paciência e companheirismo em todos os
momentos,
OFEREÇO.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A Deus Pai, criador do Céu e da Terra, pelo dom da minha vida, e por estar
sempre ao meu lado em todos os momentos.
Ao orientador Dr. Alcebíades Ribeiro Campos, pela orientação e incentivo,
durante esses valiosos anos que trabalhamos juntos, demonstrando
profissionalismo, humildade, confiança e companheirismo, a quem considero um
grande amigo, além de um exemplo de vida.
AGRADECIMENTOS
A Zeneide Ribeiro Campos, pelos ensinamentos, amizade e colaboração
durante a condução do experimento.
À Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista, Campus de
Ilha Solteira, Curso de Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração em
Sistemas de Produção, pelo acolhimento e pelas condições de aprendizado
oferecido ao longo do curso.
Ao Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo - EMPRAPA, pelo
fornecimento de pupas de Spodoptera frugiperda para início da criação de
manutenção dos insetos utilizados na pesquisa.
À Murilo Texeira Buzzolo, Gustavo Luis Mamoré Martins, Cíntia Daniele
Minatel, Ana Heloísa Maia, Luciana Moreira Medeiros, Gabriela Souza, Ellen Cutrim,
pelo apoio e auxílio na realização dos experimentos.
À Dona Cota e a Marli, pelo apoio incondicional durante todo o período de
Pós-Graduação.
Aos Docentes e Técnicos do Departamento de Fitossanidade -
FCAV/UNESP, pela convivência, apoio e amizade.
A todos que em algum momento ou de alguma forma participaram de minha
formação.
RESUMO
A cultura da soja representa um dos elementos mais fortes da economia
brasileira. Entre os fatores que limitam o potencial de produtividade da soja estão às
pragas. Dentre as diferentes espécies, Spodoptera frugiperda poderá tornar-se
praga importante, devido à intensa exposição da cultura à pressão populacional
desse inseto. Desse modo, o presente trabalho teve por objetivo estudar a
resistência de cultivares de soja a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (J. E.
SMITH). O trabalho foi dividido em duas partes, sendo que na primeira avaliou-se a
atratividade e a não-preferência alimentar, com e sem chance de escolha, de
lagartas recém-eclodidas em folhas de dez cultivares de soja. os cultivares BRS
Sambaíba, MG/BR-46 Conquista, BRSMT Pintado, FT Cristalina, FMT Tucunaré, M-
SOY 8001, M-SOY 6001, M-SOY 8400, EMGOPA 313 e BRSMT Uirapuru. No teste
de atratividade utilizou-se um sistema de arena em placas de Petri com 20 cm de
diâmetro e com dez repetições. Para cada repetição (arena) foram liberadas 05
lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda, avaliando a número total de lagartas
atraídas pelos discos foliares dos cultivares aos 5, 10, 15, 20, 25, 30 e 60 minutos.
Para avaliação de não-preferência alimentar, no teste com chance de escolha, os
procedimentos e os materiais utilizados foram os mesmos adotados no teste de
atratividade. No teste, sem chance de escolha, os materiais foram individualizados
em placas de Petri de 6,0 cm de diâmetro e seu interior foram liberadas 05 lagartas
recém-eclodidas por repetição, com 10 repetições. Para avaliação, contou-se o
número total de lagartas que estavam se alimentando nos discos foliares dos
cultivares após 24 horas da liberação. Na segunda parte foi realizado estudos da
biologia da S. frugiperda em cinco cultivares de soja. As lagartas recém-eclodidas
foram alimentadas com folhas dos seguintes cultivares de soja: BRSMT Uirapuru,
MG/BR 46 (Conquista), M-SOY 8400, M-SOY 6101 e FMT Tucunaré. Assim, 30
lagartas por cultivar, provenientes de ovos obtidos em laboratório, foram mantidas
em placas de Petri individualizadas (6,0 cm de diâmetro por 2,0 cm de altura) até a
pupação. As pupas foram colocadas em tubos de vidro (8,5 cm de altura por 2,5 cm
de diâmetro), fechados com algodão hidrófilo até a emergência dos adultos. Para
cada cultivar, os adultos emergidos foram individualizados em gaiolas de PVC
forradas com papel para as fêmeas ovipositarem. Os casais foram alimentados com
solução de mel a 10%, fornecida por capilaridade. Os parâmetros avaliados na fase
larval foram: duração, número de ínstares e viabilidade; na fase pré-pupal: duração e
viabilidade; na fase pupal: duração, peso com 24 horas de idade, viabilidade e razão
sexual; na fase adulta: longevidade; períodos de pré e de oviposição; quantidade de
posturas por fêmea, quantidade de ovos por postura e de ovos por fêmea; na fase
de ovo: período de incubação e viabilidade; e, por fim, o ciclo biológico. Os cultivares
FMT-Tucunaré e BRSMT Pintado foram os mais atrativos e de maior preferência
para alimentação em teste com e sem chance de escolha, enquanto o cultivar M-
SOY 8400 apresentou menor atratividade e não-preferência em função da presença
de possíveis substâncias químicas conferindo a este cultivar resistência do tipo não-
preferência. O cultivar FMT-Tucunaré foi o mais suscetível a S. frugiperda, enquanto
o cultivar MG/BR 46 (Conquista) apresentou antibiose como mecanismo de
resistência a S. frugiperda.
Palavras-chave: Glycine max. Resistência de plantas. Lagarta-do-cartucho.
ABSTRACT
Soybean is one of the strongest elements in Brazilian economy. Pests are
among the factors that limit the productivity potential of soybean. Among pest
species, Spodoptera frugiperda may become an important pest due to intense crop
exposure to the population pressure by this insect. The objective of this investigation
was therefore to study the resistance of soybean cultivars to the fall armyworm,
Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH). The study was divided into two parts: in the
first we evaluated, in free-choice and no-choice tests, the attractiveness and non-
preference for feeding of newly-hatched caterpillars on leaves of ten soybean
cultivars: BRS Sambaíba, MG/BR-46 Conquista, BRSMT Pintado, FT Cristalina, FMT
Tucunaré, M-SOY 8001, M-SOY 6001, M-SOY 8400, EMGOPA 313, and BRSMT
Uirapuru. An arena system was used in the attractiveness test, consisting of Petri
dishes (20 cm diameter), with ten replicates. Five newly-hatched S. frugiperda
caterpillars were released for each replicate (arena); counts were obtained for the
total number of caterpillars attracted to the leaf discs of the various cultivars at 5, 10,
15, 20, 25, 30, and 60 minutes. In the free-choice test to evaluate non-preference for
feeding, the same procedures and materials used in the attractiveness test were
adopted. In the no-choice test the materials were individualized in Petri dishes (6.0
cm diameter); five newly-hatched caterpillars per replicate were released into the
dishes, with 10 replicates. The test was evaluated by counting the total number of
caterpillars feeding on the leaf discs of the various cultivars 24 hours after release. In
the second part of the investigation we conducted studies on the biology of S.
frugiperda on five soybean cultivars. Newly-hatched caterpillars were fed leaves of
the following soybean cultivars: BRSMT Uirapuru, MG/BR 46 (Conquista), M-SOY
8400, M-SOY 6101, and FMT Tucunaré. Thirty caterpillars per cultivar, resulting from
eggs obtained in the laboratory, were maintained in individualized Petri dishes (6.0
cm diameter and 2.0 cm in height) until pupation. The pupae were placed in glass
vials (8.5 cm tall by 2.5 cm in diameter) plugged with hydrophilic cotton until the
emergence of adults. In each cultivar, the emerged adults were individualized in PVC
cages lined with paper for oviposition. The insect pairs were fed a 10% honey
solution provided by capillarity. The following parameters were evaluated during the
larval stage: duration, number of instars and viability; in the prepupal stage: duration
and viability; in the pupal stage: duration, weight at 24 hours of age, viability, and sex
ratio; in the adult stage: longevity; pre-oviposition and oviposition period; number of
egg masses per female, number of eggs per egg mass and number of eggs per
female; in the egg stage: incubation period and viability; and finally, the biological
cycle. Cultivars FMT-Tucunaré and BRSMT Pintado were the most attractive and
showed the highest preference for feeding in the free-choice and no-choice tests,
while cultivar M-SOY 8400 was the least attractive and least preferred due to the
presence of possible chemical substances that conferred resistance of the non-
preference type to the cultivar. Cultivar FMT-Tucunaré was the most susceptible to S.
frugiperda, while cultivar MG/BR 46 (Conquista) showed antibiosis as a resistance
mechanism against S. frugiperda.
Keywords: Glycine max. Plant resistance. Fall armyworm.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Relação entre o tempo após a liberação e o número de
lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda, atraídas
por cultivares de soja, em teste com chance de escolha. Ilha
Solteira – 2007.................................................................................. 31
Figura 2 - Relação entre o tempo após a liberação e o número de
lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda, atraídas
por cultivares de soja, em teste com chance de escolha. Ilha
Solteira – 2007.................................................................................. 32
Figura 3 - Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera
frugiperda, por folhas das cultivares de soja, em teste de
preferência alimentar, com e sem chance de escolha. Ilha
Solteira – 2007.................................................................................. 33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera
frugiperda, atraídas por cultivares de soja em diferentes
períodos após liberação, em teste com chance de escolha.
Ilha Solteira – 2007 ........................................................................... 30
Tabela 2 - Duração, número de ínstares e viabilidade média da fase
larval de S. frugiperda mantida em folhas de cinco cultivares
de soja. Temperatura: 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14
h. Ilha Solteira – 2007 ....................................................................... 44
Tabela 3 – Duração e viabilidade médias da fase de pré-pupa de S.
frugiperda mantida em folhas de cinco cultivares de soja.
Temperatura: 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h. Ilha
Solteira – 2007.................................................................................. 45
Tabela 4 – Médias de duração, viabilidade, peso de pupas e razão
sexual de pupas de S. frugiperda mantidas em folhas de
cinco cultivares de soja. Temperatura: 27 ± 1°C; UR: 70 ±
10%; fotofase: 14 h. Ilha Solteira – 2007........................................... 46
Tabela 5 – Duração e viabilidade da fase de lagarta a adulto de S.
frugiperda mantida em folhas de cinco cultivares de soja.
(Temperatura: 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h). Ilha
Solteira – 2007.................................................................................. 48
Tabela 6 – Longevidade média e duração média das fases de pré-
oviposição e oviposição médias de adulto de S. frugiperda
mantido em folhas de cinco cultivares de soja. Temperatura:
27 ±1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h. Ilha Solteira – 2007............. 49
Tabela 7 – Números de postura por fêmea e de ovos por postura,
fecundidade, período de incubação e viabilidade médias de
S. frugiperda mantida em folhas de cinco cultivares de soja.
Temperatura: 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h. Ilha
Solteira – 2007.................................................................................. 51
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................................ 11
1.1 REFERÊNCIAS. ............................................................................................... 18
2 PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE LAGARTAS RECÉM-ECLODIDAS DE
Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
POR CULTIVARES DE SOJA.......................................................................... 25
2.1 RESUMO.......................................................................................................... 25
2.2 ABSTRACT. ..................................................................................................... 26
2.3 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 27
2.4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 29
2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 30
2.6 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 34
3 EFEITO DE CULTIVARES DE SOJA SOBRE O DESENVOLVIMENTO
BIOLÓGICO DE Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA:
NOCTUIDAE) ................................................................................................... 37
3.1 RESUMO.......................................................................................................... .37
3.2 ABSTRACT. ..................................................................................................... 38
3.3 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 39
3.4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 40
3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 42
3.6 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 52
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 56
12
1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
No Brasil, a soja ocupa a maior área plantada, cerca de 23,05 milhões de
hectares, para uma produção de 64,56 milhões de toneladas na safra 2009/2010,
equivalente a 45,42% do total da produção nacional de grãos, e 25,82% da
produção mundial de soja. Essa condição confere ao país o status de segundo maior
produtor mundial, superado apenas pelos Estados Unidos (CONAB, 2009).
A cultura da soja representa um dos elementos mais fortes da economia
brasileira (KLAHOLD et al., 2006) transcendendo o meio rural, como produto de
exportação, industrialização e participação na dieta alimentar (YORINORI, 1996).
Entre os fatores que limitam o potencial de produtividade da soja estão as
pragas, que atacam as plantas desde a emergência até a maturação fisiológica
(PANIZZI, 2006). Dentre as diferentes espécies, Spodoptera frugiperda poderá
tornar-se praga importante, devido à intensa exposição da cultura à pressão
populacional desse inseto (GOMEZ, 2007; SÁ et al., 2009).
A espécie S. frugiperda, classificada na ordem Lepidoptera, família Noctuidae,
inseto fitófago e cosmopolita, originária das zonas tropical e subtropical das
Américas, encontra-se amplamente distribuída no continente americano (CRUZ,
1995; LUGINBILL, 1928; MOREIRA et al., 2003).
S. frugiperda é uma praga polífaga que se alimenta de um grande número de
hospedeiros (LUGINBILL, 1928). Ainda que apresente preferência alimentar por
plantas da família das gramíneas como milho, milheto, trigo, sorgo, arroz e cana-de-
açúcar, também ataca plantas de outras famílias botânicas como alfafa, feijão,
amendoim, batata, batata doce, repolho, espinafre, tomate, couve, abóbora, soja e
algodoeiro (ALI et al., 1989; CRUZ, 1995; POGUE, 2002; SILVA et al., 1968);
acelga, alcachofra, alface, almeirão, berinjela, cebola, chicória, maracujazeiro,
meloeiro, pessegueiro, pimentão e quiabo (BOREGAS et al., 2009; SILVA et al.,
1968).
Nos sistemas agrícolas constituídos por soja, milho, feijão e algodão ocorre
uma oferta continuada de alimento a insetos polífagos, como é o caso de espécies
do gênero Spodoptera (SANTOS, 2001). A sucessão de culturas, o plantio
escalonado de diversas culturas e a existência de culturas irrigadas, principalmente
na região de cerrado, prolonga no tempo a sobrevivência de insetos, aumentando o
13
número de gerações neste tipo de agroecossistema. Essa situação favorece o
processo migratório das mariposas entre lavouras formadas por espécies vegetais
semelhantes, naquelas implantadas em épocas diferentes e, também entre
diferentes espécies botânicas (BARROS; TORRES, 2009; SANTOS 2001; SANTOS,
2003).
S. frugiperda é um inseto holometabólico, ou seja, durante seu ciclo passa por
quatro fases distintas: ovo, lagarta, pupa e adulto (LUGINBILL, 1928). Os adultos
têm hábito noturno e, durante o dia, permanecem abrigados sob a folhagem próxima
ao solo. Quando perturbados, voam de maneira errática, até encontrarem outro
esconderijo nas proximidades. Sua atividade diária inicia-se com o pôr-do-sol,
quando as mariposas se movimentam nas proximidades das plantas hospedeiras
mais favoráveis a sua alimentação, oviposição e acasalamento. Essa atividade
atinge o pico duas à quatro horas depois do início, quando as condições de
temperatura são mais favoráveis, ocasião em que ocorre o acasalamento (CRUZ,
1997; SPARKS, 1979).
Fêmeas de Spodoptera spp ovipositam, preferencialmente, na face inferior
das folhas, (ALI et al., 1990; CAMPOS, 2008; FERREIRA, 2003; PITRE et al. 1983),
em massas irregulares que podem conter entre 30 e 300 ovos (FREEMAN, 1999;
KING; SAUNDERS, 1984). Essas massas de ovos são unidas entre si, fixadas ao
substrato por uma substância produzida pelas glândulas coletéricas, e recobertas
por pêlos e escamas do abdome da fêmea (LUCCHINI, 1977; PATEL, 1981). Quanto
à coloração, os ovos são inicialmente verde-claros, passando a alaranjados após
doze a quinze horas, tornando-se escurecidos próximo à eclosão das lagartas
(CRUZ, 1995).
Em milho, as lagartas de primeiro ínstar de S. frugiperda, apresentam
coloração esbranquiçada antes da alimentação, tornando-se esverdeadas após
alimentação e atingindo aproximadamente 1,9 mm quando totalmente
desenvolvidas. No segundo ínstar são também esbranquiçadas, com um
sombreamento marrom no dorso e tamanho variando de 3,5 a 4,0 mm. No terceiro
ínstar, as lagartas possuem coloração marrom-clara no dorso e esverdeada na parte
ventral, com linhas dorsais e subdorsais brancas visíveis. No quarto ínstar, as
lagartas apresentam cabeça marrom-avermelhada e dorso marrom-escuro,
alcançando 10 mm de comprimento. As lagartas de quinto instar são semelhantes às
de quarto ínstar, porém são mais escuras, medindo 18 mm de comprimento. No
14
último ínstar as lagartas têm corpo cilíndrico, são marrom-acinzentadas no dorso,
esverdeadas na parte ventral e subventral, com manchas de coloração marrom-
avermelhada na região subventral, medindo cerca de 35 mm (ÁVILA; DEGRANDE,
1997; CRUZ, 1995; LEIDERMAN et al., 1953).
A pupa apresenta, inicialmente, coloração verde-clara e tegumento
transparente, deixando as vísceras visíveis. Em poucos minutos torna-se alaranjada,
depois marrom-avermelhada, escurecendo progressivamente até ficar praticamente
preta, próximo à emergência do adulto. O comprimento varia de 13 a 16 mm (CRUZ,
1995).
O adulto de S. frugiperda é uma mariposa que varia de 15 a 25 mm de
comprimento, com 35 a 45 mm de envergadura e coloração geral cinza-escura
(CRUZ, 1995; KING; SAUNDERS, 1984). As asas anteriores são mosqueadas e, no
macho, existem duas manchas mais claras. Em ambos os sexos as asas posteriores
são esbranquiçadas, com bordas acinzentadas (CRUZ, 1983; SANTOS et al., 1997).
Quanto à distribuição de oviposição de S. frugiperda, em algodoeiro,
variedade BRS Ita 90, em casa de vegetação, Campos (2008) verificou que 92,10%
das massas de ovos foram depositadas na face inferior das folhas, 3,95% nos
pecíolos e 3,95% no caule, situados, preferencialmente, no terço superior da planta.
O período compreendido entre o acasalamento e o início da oviposição de S.
frugiperda, em algodoeiro, foi de 8,75 dias a 20ºC; 5,25 dias a 25ºC e 10,33 dias a
30ºC (MOREIRA et al., 2003). Na mesma cultura, Campos (2008) registrou médias
de 3,5 a 7,0 dias à temperatura de 27°C para várias variedades.
O número de ovos/fêmea ovipositados em plantas de algodoeiro da variedade
CNPA 7H à 70% de UR e fotofase de 14 h foi de 755,75 ovos a 20ºC; 773,25 ovos a
25ºC e 394,33 ovos à 30ºC (MOREIRA et al., 2003).
O período de incubação dos ovos depende da planta hospedeira e,
principalmente, da temperatura e umidade relativa (CRUZ, 1995). Em soja, milho,
milheto e algodão, Barros e Torres (2009) verificaram o tempo de incubação de 3,0
dias à temperatura de 25 ± 1°C. Na cultura do algodoeiro com temperatura de 27 ±
1ºC e umidade relativa de 70 ± 10% a duração foi de 2,33 a 3,44 dias para a fase de
ovos; 16,23 a 21,75 dias para a fase larval; 1,58 a 2,56 dias para a fase de pré-pupa;
8,13 a 9,00 dias para a fase de pupa, completando o ciclo de lagarta a adulto de
26,62 a 32,50 dias (CAMPOS, 2008).
15
Após a eclosão, as lagartas de 1° e 2° ínstares permanecem agrupadas e
próximas do local de oviposição, alimentando-se do parênquima, podendo deixar a
folha necrosada e translúcida (ALI et al., 1990; FERNANDES et al., 2002; SANTOS
et al., 2003; SCRIBER e SLANSKY, 1981).
Na cultura do algodoeiro, o período de lagarta de S. frugiperda, a temperatura
de 27 ± 1ºC e umidade relativa de 70 ± 10%, passa por 6 a 8 ínstares, com duração
de 16,23 a 21,75 dias (CAMPOS, 2008). Já, em milho a duração do período de
lagarta foi de 12 dias (SÁ et al., 2009), de 13,9 a 17,8 dias (VIANA; POTENZA,
2000), e de 14 dias em soja, sorgo granífero, sorgo forrageiro e braquiária (SÁ et al.,
2009).
A fase pupal, que compreende a pré-pupa e a pupa propriamente dita, é o
período no qual o inseto deixa de se alimentar, penetra no solo ou se abriga nos
restos culturais, formando uma câmara pupal, onde permanece até a emergência do
adulto (GALLO et al., 2002). Essa fase pode durar de 8 a 25 dias, dependendo da
temperatura do ambiente (MIRANDA, 2006). Em milho, a duração foi de 11,0 a 11,8
dias (VIANA; POTENZA, 2000), enquanto a duração das fases, pré-pupal e pupal,
encontradas por Campos (2008), para a cultura do algodão foram de 1,58 a 2,56
dias e 8,13 a 9,00 dias, respectivamente, a temperatura de 27 ± 1ºC e umidade
relativa de 70 ± 10% e fotofase de 14 h.
A duração do período de lagarta a adulto foi de 25,4 a 29,3 dias em milho
(VIANA; POTENZA, 2000), e de 26,62 a 32,50 dias em plantas de algodoeiro
(CAMPOS, 2008).
Estudos realizados com lagartas de Spodoptera cosmioides em folhas de
soja, cultivar Embrapa 48 (BAVARESCO et al., 2003) registraram período de
incubação de 4,11 dias e duração larval de 28,0 dias. Para completar esta fase 86%
da população passou por sete ínstares e 14% por oito. O período pré-pupal foi de
2,4 dias e pupal de 12,5 dias a temperatura variando de 22,3 a 30,4ºC, completando
o ciclo em 46 dias.
Entre os fatores que influenciam a longevidade de adulto estão o alimento e a
temperatura (LUGINBILL, 1928). A longevidade de adultos de S. frugiperda na
cultura do algodoeiro, variedade IAC 17, a 25ºC, UR de 60% e fotofase de 14 h, foi
de 8,50 dias para machos e de 9 dias para fêmeas (VELOSO et al., 1982). O ciclo
completo do inseto (ovo a adulto) se dá em aproximadamente 30 dias (MURÚA;
VIRLA, 2004).
16
No Brasil, S. frugiperda pode causar perdas que variam de 15 a 34% na
cultura do milho (CARVALHO, 1970), independente do potencial de produção
(CRUZ et al., 1999). Estima-se que a lagarta-do-cartucho seja responsável por mais
de 25% dos prejuízos causados por pragas a cultura do milho, e pela maior parte
dos 38,3 milhões de dólares gastos com pulverizações de inseticidas, resultando em
um prejuízo anual de aproximadamente 250 milhões de dólares (WAQUIL; VILELLA,
2003).
Lagartas de S. frugiperda alimentam-se de folhas, reduzindo a área foliar e
afetando a capacidade fotossintética da planta, e conseqüentemente a produção.
Estes danos são diferenciados em função da espécie de planta atacada, estádio
fenológico, época de ataque e intensidade de infestação (CRUZ et al.; 1999). Na
cultura da soja, no estágio inicial de desenvolvimento, alimentam-se das folhas e das
hastes tenras das plantas provocando danos em áreas extensivas, com necessidade
de replantio (GOMEZ, 2007; RICIERI et al., 2006).
S. frugiperda é uma das espécies de insetos-praga mais prejudiciais à cultura
do arroz irrigado no Brasil (BUSATO et al., 2002; FERREIRA; MARTINS, 1987),
sendo referida com certa freqüência na cultura devido à grande capacidade de
causar desfolhamento às plantas (GALLO et al., 1988; NAKANO et al., 1981;
ROSSETTO et al., 1972). Geralmente, ocorre na fase inicial da cultura, antes da
irrigação por inundação, cortando plantas ao nível do solo, destruindo áreas
extensas (OLIVEIRA, 1987).
O ataque de S. frugiperda na cultura da soja é recente e conseqüentemente
seu controle tem sido feito principalmente com inseticidas químicos (VALICENTE;
FONSECA, 2004). Contudo, esta prática é difícil de ser realizada, pois a mariposa
oviposita com mais freqüência na superfície inferior da folha, no terço médio e
inferior da planta, e pela permanência das lagartas de primeiro e segundo ínstares
próximas ao local da postura, reduzindo a eficiência das pulverizações
(FERNANDES et al., 2009; SANTOS, 1999).
Analisando o número de aplicações de inseticidas (MIRANDA, 2005), o custo
dessas destas operações (RICHETTI et al., 2001), a seleção de pragas resistentes
(DEGRANDE, 1998), a dificuldade de controle (ADAMCZYK et al., 1997), os
possíveis danos causados ao ambiente e aos inimigos naturais presentes nas
lavouras (MIRANDA; FERREIRA, 2005), a grande quantidade de hospedeiros
disponíveis ao longo do ano, novas táticas de controle devem ser avaliadas (LIMA;
17
LARA, 2004). A resistência de plantas a insetos representa uma prática eficiente,
que resulta em vantagens biológicas, econômicas e ambientais (HAMM; WISEMAN,
1986; LARA, 1991), sendo perfeitamente compatível com as outras táticas de
controle.
18
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25
2 PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE LAGARTAS RECÉM-ECLODIDAS
DE Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA:
NOCTUIDAE) POR CULTIVARES DE SOJA
2.1 RESUMO
O trabalho teve por objetivo avaliar a atratividade e a não-preferência
alimentar, com e sem chance de escolha, de lagartas recém-eclodidas de S.
frugiperda por folhas de diferentes cultivares de soja. Os testes foram realizados em
câmara climatizada a 27 ± 1ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase de 14 horas. Nos testes
foram utilizados os cultivares BRS Sambaíba, MG/BR-46 Conquista, BRSMT
Pintado, FT Cristalina, FMT Tucunaré, M-SOY 8001, M-SOY 6001, M-SOY 8400,
EMGOPA 313 e BRSMT Uirapuru. Utilizando-se um sistema de arenas, foram
realizados testes em placas de Petri, com dez repetições. Para cada repetição
(arena) foram liberadas 05 lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda. Testes de
atratividade foram avaliados por 60 minutos e a não-preferência para alimentação
observada por 24 h, por meio da contagem do número de lagartas. De maneira
geral, entre os cultivares avaliados, FMT-Tucunaré e BRSMT Pintado foram os mais
atrativos e de maior preferência para alimentação, em teste com e sem chance de
escolha. Contudo, M-SOY 8400 apresentou menor atratividade e não-preferência em
função da presença de possíveis compostos deterrentes conferindo a este cultivar
resistência do tipo não-preferência.
Palavras-chave: Resistência de plantas. Glycine max. Lagarta-do-cartucho. Não-
preferência. Atratividade.
26
2.2 ABSTRACT
The study aimed to evaluate the attractiveness and non-preference for feeding
of newly-hatched S. frugiperda caterpillars to leaves of different soybean cultivars, in
free-choice and no-choice tests. The tests were conducted in an incubator at 27 ±
1°C, 70 ± 10% RH, and a 14-hour photophase. The following cultivars were used in
the tests: BRS Sambaíba, MG/BR-46 Conquista, BRSMT Pintado, FT Cristalina,
FMT Tucunaré, M-SOY 8001, M-SOY 6001, M-SOY 8400, EMGOPA 313, and
BRSMT Uirapuru. Tests were conducted in Petri dishes using a system of arenas,
with ten replicates. Five newly-hatched S. frugiperda caterpillars were released per
replicate (arena). Attractiveness tests were evaluated for 60 minutes and non-
preference for feeding was observed for 24 hs, by counting the numbers of
caterpillars. In general, among the cultivars evaluated, FMT-Tucunaré and BRSMT
Pintado were the most attractive and showed the highest preference for feeding, in
free-choice and no-choice tests. However, M-SOY 8400 showed lower attractiveness
and non-preference due to the presence of possible deterrent compounds, which
conferred resistance of the non-preference type to this cultivar.
Keywords: Plant resistance. Glycine max. Fall armyworm. Non-preference,
attractiveness.
27
2.3 INTRODUÇÃO
No Brasil, a soja ocupa a maior área plantada, cerca de 23,05 milhões de
hectares, para uma produção de 64,56 milhões de toneladas na safra 2009/2010,
equivalente a 45,42% do total da produção nacional de grãos, e 25,82% da
produção mundial de soja (CONAB, 2009). Esta leguminosa responde por 54% do
volume de produção de grãos entre as culturas oleaginosas, 64% dos farelos
protéicos, 29% dos óleos vegetais e 52% do total de óleos mais farelos (BALARDIN,
2002).
A cultura da soja está sujeita ao ataque de pragas desde a germinação até a
colheita, com reflexos no rendimento e na qualidade do produto final. Dentre as
diferentes espécies de pragas, Spodoptera frugiperda poderá tornar-se praga
importante, devido à intensa exposição da cultura à pressão populacional desse
inseto (BOREGAS et al., 2009; GOMEZ, 2002).
S. frugiperda pertence à ordem Lepidoptera, família Noctuidae, conhecida por
lagarta-do-cartucho-do-milho, lagarta-dos-milharais ou lagarta-militar, é praga do
milho, cana-de-açúcar, algodoeiro e arroz (CHANG, 1986; GALLO et al., 2002). Essa
praga está amplamente distribuída nas regiões tropicais das Américas e pela sua
alta freqüência durante todo o ano e ao longo das últimas décadas transformou-se
em praga chave ou potencial de diversas culturas de importância econômica como
milho, sorgo, algodoeiro, cana-de-açúcar, pastagens e soja (BOREGAS et al., 2009;
COMBS; VALÉRIO, 1980; PENCOE; MARTIN, 1981; SÁ et al., 2009; SILVEIRA et
al., 1998).
S. frugiperda tem causado danos a soja, em muitas regiões do Brasil. Nessa
cultura, alimentam-se das folhas, cortam o caule tenro de plântulas provocando
danos em áreas extensivas, com necessidade de replantio (GOMEZ, 2009).
Também pode consumir a casca na base de plantas de soja, causando sintomas
que podem ser confundidos com os de outras pragas (CRUZ et al., 1997).
Nas regiões de cerrado, as condições climáticas favoráveis, as aplicações
excessivas e inadequadas de inseticidas, a sucessão de culturas, o plantio
escalonado de diversas culturas e a existência de culturas irrigadas contribuem para
a manutenção e o aumento populacional desta espécie (SOARES; ARAÚJO, 2001).
28
O controle de S. frugiperda em diversas culturas de importância econômica
como milho e sorgo (COSTA et al., 2005), algodão (BARROS et al., 2005), arroz
(BOTTON et al., 1998 ; MARTINS et al., 1997) tem sido realizado preferencialmente
com o uso de inseticidas químicos (TOMQUELSKI; MARTINS, 2007), agressivos ao
ambiente, e nem sempre eficientes (ROEL; VENDRAMIN, 1999). Na busca de
alternativas ao uso desses inseticidas, o uso de variedades resistentes (WILLIAMS
et al., 1983) é uma estratégia para subsidiar o manejo da praga (LARA, 1991). E um
dos tipos de resistência de plantas é o de não-preferência, pois a planta é menos
utilizada pelo inseto, quer seja para alimentação, oviposição ou abrigo, que outra em
igualdade de condição.
Desse modo, o objetivo do trabalho foi estudar a atratividade e não-
preferência alimentar de lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda em folhas de
diferentes cultivares de soja.
2.4 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório de Entomologia do Departamento
de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos da Faculdade de Engenharia, UNESP,
Ilha Solteira-SP, em 2007.
Foram realizados estudos sobre atratividade e a não-preferência alimentar
com lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda em folhas de diferentes cultivares de
soja. Para efeito de avaliação desses testes, considerou-se que a atratividade
significa a capacidade de cultivares de soja em atrair lagartas recém-eclodidas de S.
frugiperda por até 60 minutos após sua liberação. Já, a não-preferência representou
a capacidade que as folhas das plantas dos diferentes cultivares possuem em
permanecerem com o menor número de lagartas se alimentando por até 24 h, após
a liberação.
A criação de manutenção de S. frugiperda foi iniciada com indivíduos
provenientes do Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (CNPMS). Em
laboratório, os insetos foram multiplicados e mantidos com dieta artificial (KASTEN
29
JR. et al. 1978) à temperatura de 27 ± 1ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase
de 14 h, utilizando a metodologia de criação elaborada por PARRA (1986).
Nos testes foram utilizados cultivares comerciais convencionais (não
transgênico), sendo eles: M-soy 6001, M-soy 8001 e MG/BR-46 Conquista (ciclo
médio); BRS Sambaíba, BRSMT Pintado, FT Cristalina, FMT Tucunaré e M-soy
8400 (ciclo tardio); EMGOPA 313 e BRSMT Uirapuru (ciclo tardio).
Em laboratório, as folhas das plantas foram lavadas em água destilada e o
excesso de água retirado com papel toalha. Desses materiais foram retirados discos
foliares de 2,0 cm de diâmetro, para uso nos testes realizados.
Atratividade de cultivares de soja às lagartas recém-eclodidas de
S. frugiperda.
Em teste com chance de escolha, discos foliares foram dispostos de forma
equidistante, em placas de Petri (20 cm de diâmetro por 2 cm de altura) contendo
uma camada de papel de filtro umedecido. Foram realizadas dez repetições,
liberando-se 05 lagartas recém-eclodidas por repetição. Avaliou-se o número total de
lagartas atraídas pelos discos foliares das plantas aos 5, 10, 15, 20, 25, 30 e 60
minutos após a liberação. Utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso, em
esquema de parcelas subdivididas no tempo. As lagartas foram liberadas no meio da
placa de Petri em condições de laboratório, a temperatura de 27 ± 1°C, umidade
relativa de 70 ± 10%.
Não-preferência para alimentação de lagartas de S. frugiperda em
cultivares de soja.
Em teste, com chance de escolha, os procedimentos e materiais utilizados
foram os mesmos adotados no teste de atratividade. No teste, sem chance de
escolha, os materiais foram individualizados em placas de Petri de 6,0 cm de
diâmetro contendo uma camada de papel de filtro umedecido. No interior da placa
foram liberadas 05 lagartas recém-eclodidas por repetição, com 10 repetições. Para
avaliação, contou-se o número total de lagartas que estavam se alimentando nos
discos foliares dos cultivares após 24 horas da liberação. O teste foi realizado em
delineamento inteiramente casualizado.
30
Análise estatística.
Os dados foram submetidos à análise de variância (teste F) e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os dados de atratividade
foram submetidos à análise de regressão polinomial em função do tempo. Utilizou-se
o Programa SisVar v. 5.0 (FERREIRA, 2003), para realização das análises e
comparações das médias.
2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diferenças foram observadas entre as médias do número de lagartas recém-
eclodidas de S. frugiperda em teste de atratividade, com chance de escolha (Tabela
1). Na maioria das avaliações, o cultivar FMT-Tucunaré foi significativamente mais
atrativa às lagartas recém-eclodidas, enquanto M-SOY 8400 e BRSMT Uirapuru
foram os de menor atratividade .
Tabela 1 - Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda,
atraídas por cultivares de soja em diferentes períodos após liberação,
em teste com chance de escolha. Ilha Solteira – 2007.
Tempo (minutos)
Cultivares
5 10 15 20 25 30 60
MG/BR-46 Conquista 4,60 a 4,70 a 4,50 a 3,50 a 3,50 a 2,80 b 2,20 c
M-SOY 6101 3,80 b 3,70 a 3,40 b 4,00 a 4,00 a 3,80 a 3,10 c
M-SOY 8001 2,60 c 3,10 a 2,50 b 2,40 b 2,40 b 3,20 b 3,50 b
ENGOPA 313 3,70 b 3,10 b 3,30 b 3,50 a 3,50 a 3,20 b 4,10 a
BRSMT - Uirapuru 3,00 c 3,40 b 2,70 c 2,10 b 2,10 b 2,10 c 1,90 d
FMT-Tucunaré 4,40 a 4,30 a 4,20 a 4,50 a 4,50 a 4,30 a 4,40 a
BRS Cristalina 2,40 c 2,10 c 2,20 c 2,20 b 2,20 b 2,20 c 2,50 c
M-SOY 8400 3,20 b 2,90 b 2,70 c 2,10 b 2,10 b 1,40 c 1,40 d
BRSMT - Pintado 2,20 c 2,40 c 2,20 c 2,30 b 2,30 b 2,10 c 3,60 b
BRS - Sambaíba 3,80 b 3,30 b 3,70 b 2,90 b 2,90 b 3,40 b 3,30 b
Interação de cultivares x tempo: F=3,79**; Erro padrão = 0,11. Médias seguidas da mesma
letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Dados
originais; Para análise foram transformados em (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de
probabilidade.
31
Considerando-se as médias do número de lagartas atraídas por cultivares de
soja ao longo do tempo, observaram-se que nos cultivares M-SOY 8400, MG/BR 46
(conquista) e BRSMT Uirapuru ocorreram diminuição dos números de lagartas
(Figuras 1 e 2). Esse tipo de comportamento da planta sobre o inseto pode indicar
que estes cultivares possuem substâncias com efeitos deterrentes de forma a
impedir a manutenção da alimentação no tempo.
A presença de um número praticamente uniforme de lagartas no cultivar FMT
– Tucunaré, e de um número menor e crescente nos cultivares BRSMT Pintado, M-
SOY 8001 e ENGOPA 313 pode indicar que as plantas destes cultivares possuem
substâncias com efeito estimulante de alimentação (Figuras 1 e 2).
Figura 1 - Relação entre o tempo após a liberação e o número de lagartas recém-eclodidas
de Spodoptera frugiperda, atraídas por cultivares de soja, em teste com chance
de escolha. Ilha Solteira-SP, 2007.
32
Figura 2 - Relação entre o tempo após a liberação e o número de lagartas recém-eclodidas
de Spodoptera frugiperda, atraídas por cultivares de soja, em teste com chance
de escolha. Ilha Solteira - SP, 2007.
Na comparação de cultivares de soja foram observadas diferenças com
relação a não-preferência para alimentação de S. frugiperda, em teste com e sem
chance de escolha (Figura 3). Um maior número de lagartas recém-eclodidas
encontradas em FMT-Tucunaré e BRS Pintado caracteriza estes cultivares como os
preferidos para alimentação, comparado ao cultivar M-SOY 8400 de menor
preferência (Figura 3). Em teste sem chance de escolha, os cultivares M-SOY 6101,
BRSMT-Uirapuru, FMT-Tucunaré, FT Cristalina e BRSMT Pintado foram os mais
preferidos, enquanto BRS Simbaíba e M-SOY 8400 foram os de menor preferência.
Os cultivares FMT- Tucunaré e BRSMT Pintado por apresentarem maior
número de lagartas nos testes de alimentação, com e sem chance de escolha, pode
apresentar substâncias que estimulam o processo de alimentação. Enquanto isso, o
cultivar M-SOY 8400, pelo menor número de lagartas encontrado, pode possuir
compostos deterrentes conferindo-lhe resistência do tipo não-preferência.
33
Figura 3 - Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda, por folhas
de cultivar de soja, em teste de preferência alimentar, com e sem chance de
escolha. Ilha Solteira-SP, 2007.
De maneira geral, entre os cultivares avaliados, FMT-Tucunaré e BRSMT
Pintado foram os mais atrativos e de maior preferência para alimentação, em teste
com e sem chance de escolha. Contudo, M-SOY 8400 apresentou menor
atratividade e não-preferência em função da presença de possíveis compostos
deterrentes conferindo a este cultivar resistência do tipo não-preferência.
34
2.6 REFERÊNCIAS
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37
3 EFEITO DE CULTIVARES DE SOJA SOBRE A BIOLOGIA DE
Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (LEPIDOPTERA:
NOCTUIDAE)
3.1 RESUMO
Este trabalho teve por objetivo estudar a biologia de S. frugiperda
(Lepidoptera: Noctuidae) em cultivares de soja. O experimento foi conduzido em
laboratório à temperatura de 27 ± 1ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de
14 h. Lagartas recém-eclodidas foram alimentadas com folhas dos seguintes
cultivares de soja: BRSMT Uirapuru, MG/BR 46 (Conquista), M-SOY 8400, M-SOY
6101 e FMT Tucunaré. Assim, 30 lagartas por cultivar, provenientes de ovos obtidos
em laboratório, foram mantidas em placas de Petri (6,0 cm de diâmetro por 2,0 cm
de altura), forradas com papel filtro umedecido até a pupação. As pupas foram
colocadas em tubos de vidro (8,5 cm de altura por 2,5 cm de diâmetro), fechados
com algodão hidrófilo até a emergência dos adultos. Para cada cultivar, os adultos
emergidos foram individualizados em gaiolas de PVC forradas com papel para as
fêmeas ovipositarem. Os casais foram alimentados com solução de mel a 10%,
fornecida por capilaridade. Os parâmetros avaliados na fase larval foram: duração,
número de ínstares e viabilidade; na fase pré-pupal: duração e viabilidade; na fase
pupal: duração, peso com 24 horas de idade, viabilidade e razão sexual; na fase
adulta: longevidade; períodos de pré e de oviposição; quantidade de posturas por
+::?z|cdpxsafêmea, quantidade de ovos por postura e de ovos por fêmea; na fase de
ovo: período de incubação e viabilidade; e, por fim, o ciclo biológico. Nos testes,
utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com 05 tratamentos e 30
repetições. Os maiores valores de viabilidade larval e pupal e menor duração do
período de larva a adulto, caracteriza o cultivar FMT-Tucunaré como mais suscetível
a S. frugiperda. Já, o cultivar MG/BR 46 (Conquista), com maior fase larval, menores
viabilidade larval e pupal, menor peso de pupa e maior duração do período de larva
a adulto, apresentou antibiose como mecanismo de resistência a S. frugiperda.
Palavras-chave: Glycine Max. Lagarta-do-cartucho. Resistência de plantas.
Antibiose.
38
3.2 ABSTRACT
The objective of this study was to investigate the biology of S. frugiperda
(Lepidoptera: Noctuidae) on soybean cultivars. The experiment was conducted in the
laboratory at 27 ± 1°C, 70 ± 10% relative humidity, and a 14-h photophase. Newly-
hatched caterpillars were fed leaves of the following soybean cultivars: BRSMT
Uirapuru, MG/BR 46 (Conquista), M-SOY 8400, M-SOY 6101, and FMT Tucunaré.
Thirty caterpillars per cultivar, resulting from eggs obtained in the laboratory, were
maintained in Petri dishes (6.0 cm diameter and 2.0 cm in height), lined with
moistened filter paper, until pupation. The pupae were placed in glass vials (8.5 cm
height by 2.5 cm diameter) plugged with hydrophilic cotton until the emergence of
adults. In each cultivar, the emerged adults were individualized in PVC cages lined
with paper for oviposition. The insect pairs were fed a 10% honey solution provided
by capillarity. The following parameters were evaluated during the larval stage:
duration, number of instars and viability; in the prepupal stage: duration and viability;
in the pupal stage: duration, weight at 24 hours of age, viability, and sex ratio; in the
adult stage: longevity; pre-oviposition and oviposition period; number of egg masses
per female, number of eggs per egg mass and number of eggs per female; in the egg
stage: incubation period and viability; and finally, the biological cycle. A completely
randomized design was used in the tests, with 5 treatments and 30 replicates. The
highest larval and pupal viability values and shortest duration of the period from larva
to adult obtained for cultivar FMT-Tucunaré characterize it as the most susceptible to
S. frugiperda. In turn, cultivar MG/BR 46 (Conquista), which had the longest larval
stage, lowest larval and pupal viability values, lowest pupal weight, and longest
duration of the period from larva to adult, showed antibiosis as the resistance
mechanism against S. frugiperda.
Keywords: Glycine Max. Fall army worm. Plant resistance.
39
3.3 INTRODUÇÃO
No Brasil, a cultura da soja se destaca pelo volume de negócios que agrega,
empregos e riquezas geradas. Atualmente, a soja ocupa a maior área plantada,
cerca de 23,05 milhões de hectares, para uma produção de 64,56 milhões de
toneladas na safra 2009/2010, equivalente a 45,42% do total da produção nacional
de grãos, e 25,82% da produção mundial de soja. Essa condição confere ao país o
status de segundo maior produtor mundial, superado apenas pelos Estados Unidos
(CONAB, 2009).
Entre os fatores que limitam o potencial de produtividade dessa cultura estão
às pragas, que atacam as plantas desde a emergência até a maturação fisiológica
(RICIERI et al., 2006). Dentre as diferentes espécies, a lagarta-do-cartucho,
Spodoptera frugiperda poderá tornar-se praga importante, devido a intensa
exposição da cultura a pressão populacional desse inseto (BOREGAS et al., 2009;
GOMEZ, 2009).
Um dos requisitos importantes para a seleção de culltivares é o
conhecimento da biologia do inseto na planta hospedeira. As pesquisas, de maneira
geral, já oferecem informações sobre a biologia da S. frugiperda, todavia, em soja,
há pouca disponibilidade de dados. Contudo, estudos realizados com lagartas de
Spodoptera cosmioides Walker em folhas de soja, cultivar Embrapa 48, Bavaresco
et al. (2003) registraram período de incubação de 4,11 dias e duração larval de 28,0
dias. Para completar esta fase 86% da população passou por sete ínstares e 14%
em oito. O período pré-pupal foi de 2,4 dias e pupal de 12,5 dias a temperatura de
22,3 a 30,4ºC, completando o ciclo em 46 dias.
Na cultura do algodoeiro, o período de lagarta de S. frugiperda, a temperatura
de 27 ± 1ºC e umidade relativa de 70 ± 10%, passa por 6 a 8 ínstares, com duração
de 16,23 a 21,75 dias (CAMPOS, 2008). Já, em milho a duração do período larval foi
de 12 dias (SÁ et al. 2009), de 13,9 a 17,8 dias (VIANA; POTENZA, 2000), e de 14
dias em soja, sorgo granífero, sorgo forrageiro e braquiária (SÁ et al. 2009). A fase
pupal pode durar de 8 a 25 dias, dependendo da temperatura do ambiente
(MIRANDA; FERREIRA, 2005). Em milho, a duração da fase pupal foi de 11,0 a 11,8
dias (VIANA; POTENZA, 2000), enquanto a duração das fases pré-pupal e pupal
40
encontradas por Campos (2008) para a cultura do algodão foram de 1,58 a 2,56 dias
e 8,13 a 9,00 dias, respectivamente, a temperatura de 27 ± 1ºC e umidade relativa
de 70 ± 10% e fotofase de 14 h.
A duração do período de larva a adulto foi de 25,4 a 29,3 dias em milho
(VIANA; POTENZA, 2000), e de 26,62 a 32,50 dias em plantas de algodoeiro
(CAMPOS, 2008).
Considerando-se que as características da biologia de S. frugiperda são
influenciadas pela alimentação tornam-se importantes estudos que possam viabilizar
táticas de controle populacional desta praga na cultura da soja (LARA, 1991). Assim,
este trabalho teve por objetivo, avaliar efeito de cinco cultivares de soja sobre a
biologia de Spodoptera frugiperda.
3.4 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo de biologia de S. frugiperda alimentando-se de folhas de soja foi
realizado nos cultivares: M-SOY 6101, MG/BR 46 (Conquista), M-SOY 8400, e FMT
Tucunaré (ciclo médio) e BRSMT Uirapuru (ciclo tardio) em condições de laboratório,
à temperatura de 27±1°C, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 14 horas. Em
função dos resultados de atratividade e não-preferência foram selecionados esses
cultivares para avaliação dos estudos de biologia desta praga.
No cultivo das plantas foram utilizados vasos (10L) contendo uma mistura de
terra, areia e composto orgânico na proporção de 2:1:1. Na semeadura foram
utilizadas cinco sementes por vaso e, dez dias após a germinação, realizou-se o
desbaste, deixando-se uma planta em cada vaso. A adubação foi feita conforme a
recomendação para cultura e a irrigação, realizada diariamente.
Para o desenvolvimento do teste, diariamente as folhas das plantas de soja
foram coletadas, colocadas em sacos plásticos previamente identificados, e
acondicionadas em caixa de isopor para manutenção da turgescência. Em
laboratório, as folhas foram lavadas em água corrente e em água destilada e o
excesso de água retirado com papel absorvente. Descartando-se a nervura principal,
as folhas foram cortadas com auxílio de um vazador de 2,0 centímetros de diâmetro,
41
sendo colocadas em placas de Petri de 6,0 cm de diâmetro por 2,0 cm de altura,
previamente forradas com papel de filtro umedecido com água destilada, com a
finalidade de evitar perda de água e redução na qualidade da folha como alimento.
As lagartas utilizadas no teste foram provenientes da criação de manutenção
de S. frugiperda, iniciada com indivíduos cedidos pelo Centro Nacional de Pesquisa
de Milho e Sorgo (CNPMS) – EMBRAPA. Em laboratório, os insetos foram
multiplicados em dieta artificial (KASTEN Jr. et al. 1978) e mantidos à temperatura
de 27 ± 1ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 14 h, utilizando
metodologia de criação elaborada por Parra (1991).
Logo após a eclosão, 30 lagartas por cultivar foram individualizadas nas
placas de Petri contendo os discos de folhas de soja, sendo que cada lagarta
representou uma repetição. Diariamente, os discos de folhas foram trocados e os
excrementos eliminados, evitando-se possível contaminação e redução na qualidade
do alimento. Em cada troca, os discos de folhas foram fornecidos em quantidade
suficiente para manter as lagartas bem alimentadas. Para determinação do número
de ínstares, as lagartas foram fotografadas diariamente com uma câmara Moticam
2000 acoplada a um estereoscópio, sendo as imagens armazenadas em
computador contendo Software Motic Image Plus 2.0, para posterior medição da
cápsula cefálica.
Quando as lagartas pararam de se alimentar, indicando o início da fase pré-
pupal, a troca de alimento foi interrompida e as placas permaneceram fechadas até
a pupação. As pupas com 24 horas de idade foram pesadas em balança eletrônica
de precisão, separadas por sexo segundo Butt & Cantu (1962) e acomodadas em
tubos de vidro de 8,5 cm de altura por 2,5 cm de diâmetro, fechados com algodão
hidrófilo até a emergência dos adultos.
Para cada cultivar, os adultos emergidos foram individualizados em gaiolas de
PVC (12,0 cm de diâmetro e 13,0 cm de altura), protegidas na parte superior com
tecido tipo filó e no inferior com placa de Petri, forradas com papel, para as fêmeas
ovipositarem. Os casais foram formados na medida em que ocorria a emergência
dos adultos. Nas gaiolas, os adultos foram alimentados com solução de mel a 10%,
fornecida por capilaridade, por meio de pavios de algodão embebido na solução,
trocados diariamente (VELOSO et al., 1982). O mesmo procedimento foi adotado
para os adultos remanescentes e não acasalados.
42
Diariamente, as posturas foram recolhidas, identificadas e colocadas em
placas de Petri. Para contagem total, os ovos foram separados com auxílio de um
pincel fino e de um microscópio estereoscópico. Após a eclosão, as lagartas foram
contadas e descartadas.
Os parâmetros biológicos avaliados foram: duração, número de ínstares e
viabilidade do período larval; duração e viabilidade da fase pré-pupal; peso de pupa
após 24h, duração, viabilidade e razão sexual do período pupal (número de pupas
fêmeas dividido pela somatória do número de pupas fêmeas e machos);
longevidade, duração dos períodos de pré-oviposição e de oviposição; número
postura/fêmea, número de ovos/postura e número de ovos/fêmea; período de
incubação e viabilidade da fase de ovo.
Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado e os dados relativos aos
parâmetros avaliados foram transformados em (x + 0,5)
1/2
e posteriormente
submetidos à análise de variância (Teste F). As médias foram comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade. O Programa SisVar v. 5.0 (FERREIRA, 2003)
foi utilizado para realizar as análises e as comparações de médias.
3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fase larval
Foram detectadas diferenças significativas entre as médias relativas à
duração da fase larval, nos cinco cultivares de soja estudados (Tabela 2). O período
de duração foi significativamente maior nos cultivares MG/BR 46 (Conquista) (16,50
dias) e M-SOY 8400 (15,52 dias), indicando que este foi pouco adequado para o
desenvolvimento desta praga. O menor período da fase de lagarta foi observado nos
cultivares FMT-Tucunaré (14,57 dias) e BRSMT Uirapuru (14,62 dias). O
alongamento da fase larval é indicativo de menor adequação do substrato alimentar
em conseqüência, provável, da presença de algum nível de resistência (SILVEIRA et
al., 1997). Sob este aspecto pode-se inferir que MG/BR 46 (Conquista) e M-SOY
6101 foram os cultivares mais resistentes e FMT-Tucunaré e BRSMT Uirapuru, os
43
mais suscetíveis a S. frugiperda. A variação de 14,57 a 16,50 dias (27 ± 1ºC,
umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 14 h), para a duração do período larval
entre os cultivares, está próxima dos 14,00 dias (26°C) observados no cultivar de
soja MG/BR 46 (Conquista) (SÁ et al., 2009), 16,00 dias a 27°C na cultura do
algodão, variedade Fibermax 966 (CAMPOS, 2008) e, de 14 a 16 dias em genótipos
de milho (VENDRAMIM; FANCELLI, 1988).
Quanto ao número de ínstares, foram observados sete para lagartas
alimentadas com folhas dos cultivares MG/BR 46 (Conquista), M-SOY 8400, M-SOY
6101 e oito em FMT-Tucunaré e BRSMT Uirapuru (Tabela 1). Seis a oito ínstares
foram observados para lagartas de S. frugiperda alimentadas com folhas de
algodoeiro (CAMPOS, 2008). Em estudo com lagartas do gênero Spodoptera,
Bavaresco et al. (2003) observaram que 86% da população de S. cosmioides
passaram por sete ínstares e 14% por oito, quando alimentada com folhas do
cultivar de soja Embrapa 48.
A viabilidade da fase larval representa um dos fatores mais importantes do
crescimento populacional (DAHMS, 1972). Nessa pesquisa, a viabilidade de lagartas
de S. frugiperda, alimentadas com folhas dos cinco cultivares de soja variou de
66,67 a 86,67% (Tabela 2). As menores viabilidades foram observadas para os
cultivares MG/BR 46 (Conquista) e M-SOY 6101 (66,67 e 76,67%) respectivamente,
e as maiores em FMT-Tucunaré e M-SOY 8400 (86,67 e 83,83 %), respectivamente.
Esses valores de viabilidade são compatíveis com os encontrados em
diversos hospedeiros: 85% em milho; 77% em sorgo granífero, 80% em sorgo
selvagem, 83% em soja e 68% em braquiária (SÁ et al., 2009). Ainda, em soja, S.
cosmioides apresentou somente 3,9% de viabilidade (BAVARESCO et al., 2003).
A possível presença de substâncias antibióticas nas folhas de MG/BR 46
(Conquista) e M-SOY 6101 podem ser responsáveis pela maior mortalidade de
lagartas de S. frugiperda nestas cultivares.
Estes resultados sugerem que provavelmente a presença de substâncias
antibióticas nas folhas dos cultivares MG/BR 46 (Conquista) e M-SOY 6101 podem
ser responsáveis pela maior mortalidade de lagartas de S. frugiperda nestas
cultivares. Essas substâncias antibióticas são responsáveis pela promoção de
resistência do tipo não-preferência (BOTTGER et al., 1964) e antibiose (BOTTGER;
PATANA, 1966; LUKEFAHR et al., 1966) promovendo redução no desenvolvimento
das lagartas de alguns Lepidoptera.
44
Tabela 2 – Duração, número de ínstares e viabilidade média de larvas de S.
frugiperda mantida em folhas de cinco cultivares de soja. Temperatura: 27
± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h. Ilha Solteira - SP, 2007.
Cultivares
Duração (dias)
1
Número de
ínstares
Amplitude
(dias)
Viabilidade
(%)
FMT Tucunaré 14,57 ± 0,13 c 8 (14 – 16) 86,67
BRSMT Uirapuru
14,62 ± 0,21 c 8 (13 – 19) 80,00
MG/BR 46 (Conquista)
16,50 ± 0,21 a 7 (15 – 19) 66,67
M-SOY 8400 15,52 ± 0,18 b 7 (14 – 18) 83,33
M-SOY 6101 15,21 ± 0,20 bc 7 (14 – 19) 76,67
F 13,43**
CV (%) 7,78
1
Dados originais. Análise estatística realizada com os dados originais transformados por (x
+ 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade. Médias seguidas da mesma letra na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Fase pré-pupal
No início do último ínstar, as lagartas possuíam aparência normal, com
comprimento e largura uniformes e extremidades afiladas. No final dessa fase, a
parte posterior do corpo tornou-se mais arredondada, o comprimento do corpo ficou
reduzido e os segmentos da parte posterior tiveram seu diâmetro aumentado. As
lagartas pararam de se alimentar, diminuindo seu tamanho e peso. Quanto ao
comportamento, tornaram-se agitadas, provavelmente em busca de um local para
preparar o casulo, onde se transformaram em pupa.
Nenhuma diferença significativa entre os cultivares foi observada na duração
da fase pré-pupal (Tabela 3). Essa fase variou de 2,10 a 2,24 dias, valores próximos
dos encontrados em milho (1,80 - 1,90 dias) e em arroz de 2,0 - 2,35 dias (GIOLO et
al., 2002). As pré-pupas provenientes de lagartas alimentadas com folhas dos
diferentes cultivares de soja apresentaram 100% de viabilidade (Tabela 2),
comparáveis a 96,50% em algodoeiro, variedade IAC 17 e 98,90% em milho
(VELOSO et al., 1982).
45
Tabela 3 – Duração e viabilidade médias de pré-pupas de S. frugiperda mantidas
em folhas de cinco cultivares de soja. Temperatura: 27 ± 1°C; UR: 70
±10%; fotofase: 14h. Ilha Solteira-SP, 2007.
Cultivares
Duração
(dias)
1
Amplitude
Viabilidade
(%)
FMT Tucunaré 2,10 ± 0,08 a (2 – 3) 100,00
BRSMT Uirapuru 2,20 ± 0,09 a (2 - 3) 100,00
MG/BR 46 (Conquista) 2,21 ± 0,06 a (2 – 3) 100,00
M-SOY 8400 2,22 ± 0,08 a (2 - 3) 100,00
M-SOY 6101 2,24 ± 0,09 a (2 – 3) 100,00
F 0,34
ns
CV (%) 7,78
1
Dados originais. Análise estatística realizada com os dados originais transformados por (x
+ 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade. Médias seguidas da mesma letra na coluna
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Fase pupal
Quanto à duração da fase pupal, nenhuma diferença significativa foi
encontrada entre os cultivares de soja (Tabela 4). O desenvolvimento pupal variou
de 7,38 dias no cultivar FMT-Tucunaré a 7,95 dias em BRSMT Uirapuru. Quando as
lagartas foram alimentadas com folhas de algodoeiro, variedade CNPH 7H, a
duração da fase pupal foi 8,25 dias (MOREIRA et al., 2003) e 7,79 dias para
variedade IAC 17 (VELOSO et al., 1982).
Comparativamente, folhas dos cultivares de soja MG/BR 46 (Conquista) e M-
SOY 6101 fornecidas às lagartas de S. frugiperda, reduziram a viabilidade de pupas
(Tabela 4). Pupa com viabilidade superior a 88% foi encontrada no cultivar FMT
Tucunaré, valor comparável às viabilidades de 82,50% e 90,69% observadas em
algodoeiro e milho, respectivamente (VELOSO et al., 1982). A menor viabilidade de
pupas foi obtida no cultivar MG/BR 46 (Conquista). Essa menor viabilidade pode
estar relacionada ao efeito de compostos químicos presentes nas folhas dos
cultivares de soja fornecida às lagartas (BOTTGER; PATANA 1966; LUKEFAHR et
al., 1965).
Os pesos de pupas provenientes de lagartas alimentadas com folhas de
diferentes cultivares de soja apresentaram diferenças significativas (Tabela 4). O
46
cultivar BRSMT Uirapuru proporcionou maior ganho de peso de pupa, enquanto
menor foi observado em FMT Tucunaré. Diferença de 13,01 mg entre o menor e a
maior pode indicar a presença de substâncias antibióticas nas folhas fornecidas para
as lagartas S. frugiperda (BOTTGER; PATANA, 1966). O peso de pupa variando de
193,12 a 206,13 mg foi significativamente superior a 130 mg (fêmea) e 140 mg
(macho) encontrados por Veloso et al. (1982) em algodoeiro, variedade IAC 17,
indicando que a soja pode ser um hospedeiro potencial para esta praga.
A diferença observada na razão sexual, calculada na fase de pupa, evidencia
os efeitos causados pelos cultivares de soja sobre as lagartas de S. frugiperda, com
reflexo na proporção sexual de adultos na população (Tabela 4). Em função desse
resultado, observa-se que o cultivar MG/BR 46 (Conquista) apresentou um maior
número de fêmeas.
Tabela 4 – Médias de duração, viabilidade, peso de pupas e razão sexual de pupa
de S. frugiperda mantidas em folhas de cinco cultivares de soja.
Temperatura: 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14h. Ilha Solteira-SP,
2007.
Cultivares
Duração
(dias)
1
Amplitude
Viabilidade
(%)
Peso de Pupas
(mg)
1
Razão
Sexual
FMT Tucunaré 7,38 ± 0,13 (6,00 - 9,00) 88,65 195,76 ± 3,54 ab 0,48
BRSMT
Uirapuru
7,95 ± 0,11 (7,00 - 9,00) 81,05 206,13 ± 3,72 a 0,54
MG/BR 46
Conquista)
7,65 ± 0,17 (6,00 - 9,00) 71,23 193,12 ± 4,24 b 0,55
M-SOY 8400 7,56 ± 0,19 (6,00 - 11,00) 86,32
198,73 ± 3,42
ab
0,50
M-SOY 6101 7,69 ± 0,19 (4,00 - 9,00) 77,89
201,76 ± 3,65
ab
0,52
F 1,38
ns
2,61**
CV (%) 5,3 5,06
1
Dados originais. Análise estatística realizada com os dados originais transformados por (x + 0,5)
1/2
;
** Significativo a 1% de probabilidade. Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
47
Desenvolvimento de lagarta a adulto
A duração do período de desenvolvimento de lagarta a adulto de S. frugiperda
apresentou diferenças significativas entre os cultivares de soja (Tabela 5). Quando
as lagartas foram alimentadas com folhas do cultivar MG/BR 46 (Conquista), este
período foi significativamente maior, principalmente quando comparada ao cultivar
FMT Tucunaré, que apresentou menor duração. A maior duração observada para o
cultivar MG/BR 46 (Conquista) pode estar relacionada à presença de aldeídos-
terpenos considerado por Lukefahr et al. (1965) como responsáveis por conferir
resistência das plantas às lagartas de muitas espécies de lepidópteros. Campos
(2008) observou períodos de 26,62 a 32,50 dias para o desenvolvimento de lagarta
a adulto de S. frugiperda, a 27°C e umidade relativa de 70 ± 10%, em variedades de
algodoeiro.
No cultivar FMT-Tucunaré observou-se menor duração de lagarta a adulto e
viabilidade (Tabela 5), enquanto o cultivar MG/BR 46 (Conquista) destaca-se por
causar maior duração de lagarta a adulto e menor viabilidade (Tabela 5). Vendramin
e Fancelli (1988) verificaram viabilidade de 86,96 a 100,00 % para duração de
lagarta a adulto de S. frugiperda, em genótipos de milho. A diferença de viabilidade
do tempo de duração de lagarta a adulto entre os cultivares evidencia os efeitos da
resistência por antibiose sobre o desenvolvimento da praga (BOTTGER; PATANA,
1966; LUKEFAHR et al., 1965).
48
Tabela 5 – Duração (dias) e viabilidade (%) da fase de lagarta a adulto de S.
frugiperda mantidos em folhas de cinco cultivares de soja. (Temperatura:
27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h). Ilha Solteira-SP, 2007.
Cultivares
Duração
(dias)
1
Amplitude
Viabilidade
(%)
FMT Tucunaré 24,24 ± 0,14 c 23-25 83,33
BRSMT Uirapuru 24,75 ± 0,23 bc 23-29 80,00
MG/BR 46 (Conquista) 26,30 ± 0,09 a 24-27 66,67
M-SOY 8400 25,31 ± 0,15 b 24-27 73,33
M-SOY 6101 25,13 ± 0,13 b 26-27 76,67
F 17,44**
CV (%) 1,68
1
Dados originais. Análise estatística realizada com os dados originais transformados
por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade. Médias seguidas da mesma
letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Fase adulta
A longevidade de adultos de S. frugiperda apresentou diferença significativa
entre os cinco cultivares soja estudados (Tabela 5). No cultivar M-SOY 8400, os
adultos apresentaram uma longevidade significativamente superior àquela
apresentada por FMT Tucunaré. Essa diferença, segundo Luginbill (1928) pode
estar relacionada às características próprias do indivíduo e/ou à capacidade de
conversão do alimento assimilado na fase larval, gerando consequências na
longevidade de adultos. Os dados de longevidade são compatíveis com os valores
de 8,3 e 10,10 dias de longevidades encontrados por Miranda & Ferreira (2005)
quando lagartas de S. frugiperda foram alimentadas com folhas das variedades de
algodão CNPA 7H e BRS 187 8H, respectivamente.
O período de pré-oviposição de S. frugiperda apresentou diferenças entre os
cultivares de soja (Tabela 6). Um maior período de pré-oviposição foi observado
para fêmeas provenientes de lagartas alimentadas com folhas do cultivar M-SOY
8400 comparado aos cultivares BRSMT Uirapuru, FMT-Tucunaré e BRS MG/BR 46
(Conquista). Santos (2003) relata períodos de pré-oviposição de 3,0 e 5,0 dias para
lagartas criadas em folhas das variedades de algodoeiro, CNPA 7H e BRS 187 8H,
49
respectivamente. Nenhuma diferença significativa foi observada para fase de
oviposição entre os cultivares de soja (Tabela 6).
Tabela 6 – Longevidade média e duração média das fases de pré-oviposição e
oviposição de adultos de S. frugiperda mantidos em folhas de cinco
cultivares de soja. Temperatura: 27 ±1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h.
Ilha Solteira-SP, 2007.
Duração (dias)
Cultivares
Longevidade de
adultos
1
Pré-Oviposição
1
Oviposição
1
FMT Tucunaré 8,72 ± 1,05 b 3,44 ± 0,16 b 6,11 ± 0,54 a
BRSMT Uirapuru 10,00 ± 1,01 ab 3,10 ± 0,13 b 6,30 ± 0,58 a
MG/BR 46
(Conquista)
11,00 ± 1,17 ab 3,57 ± 010 b 6,85 ± 0,41 a
M-SOY 8400 13,08 ± 0,90 a 4,75 ± 0,19 a 6,12 ± 0,67 a
M-SOY 6101 11,21 ± 1,11 ab 3,67 ± 0,09 ab 8,50 ± 0,74 a
F 17,44** 4,87** 0,55
ns
CV (%) 1,68 9,56 25,22
1
Dados originais. Análise estatística realizada com os dados originais transformados por (x + 0,5)
1/2
;
** Significativo a 1% de probabilidade. Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre
si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Fase de ovo
Os adultos apresentaram um comportamento muito semelhante com relação
ao número de postura/fêmea entre os diferentes cultivares de soja (Tabela 7). A
variação do número de posturas entre os materiais foi de 4,55 a 6,66 dias. Melo e
Silva (1987) encontram 4,45 e 8,25 posturas/fêmea de S. frugiperda, em milho,
variedades AG 28 e AG 64, respectivamente.
Nenhuma diferença foi observada para números de ovos/postura e
ovos/fêmea de S. frugiperda quando as lagartas foram alimentadas com folhas de
cinco cultivares de soja (Tabela 7). Campos (2008) relatou uma variação de 141,33
a 310,05 ovos/postura/fêmea de S. frugiperda provenientes de lagartas alimentadas
com folhas de 16 variedades de algodoeiro.
50
O maior número de ovos/fêmea ocorreu no material M-soy 6101 e o menor
número ocorreu no cultivar FMT – Tucunaré. Em plantas de algodoeiro, foram
encontrados números de ovos/fêmea inferior aos obtidos nesta pesquisa: 773,69
ovos/fêmea, na variedade IAC 17 (VELOSO, 1982); 773,25 ovos/fêmea a 25°C e de
394,33 ovos/fêmea a 30°C, na variedade CNPA 7H (MOREIRA et al., 2003); 321 a
528 ovos/fêmea, em CNPA 7H e BRS 187 8H (MIRANDA; FERREIRA, 2005).
As folhas dos cinco cultivares de soja fornecidas às lagartas não afetaram o
período de incubação dos ovos (Tabela 7). Esse período de incubação pode ser
influenciado pela temperatura (CRUZ, 1995; PATEL, 1981), umidade relativa e
planta hospedeira (CRUZ, 1995), sendo que nesta pesquisa os cultivares não
influenciaram a duração dessa fase. A maior viabilidade ocorreu nos cultivares FMT-
Tucunaré e BRSMT Uirapuru e menor em M-SOY 8400. Em outras pesquisas foram
encontradas viabilidades de 81,10% em soja, 81,40%, em algodão (SANTOS et al.,
2003) e 79,7% em algodão, variedade IAC 17 (VELOSO, 1982).
Com base nos maiores valores de viabilidade lagarta e pupal e menor
duração do período de larva a adulto, o cultivar FMT-Tucunaré apresentou maior
suscetibilidade a S. frugiperda. O cultivar MG/BR 46 (Conquista), com maior fase
larval, menor viabilidade larval e pupal e maior duração do período de larva a adulto,
apresentou antibiose como mecanismo de resistência a S. frugiperda.
51
Tabela 7 – Números de postura por fêmea e de ovos por postura, fecundidade, período de incubação e viabilidade médias de S.
frugiperda mantidos em folhas de cinco cultivares de soja. Temperatura: 27 ± 1°C; UR: 70 ±10%; fotofase: 14 h. Ilha
Solteira-SP, 2007.
Número
Cultivares
Postura/fêmea
1
Ovos/postura
1
Número de
ovos/fêmea
1
Período de
Incubação
(dias)
Viabilidade
(%)
FMT Tucunaré
4,55 ± 0,40 a 276,55 ± 15,63 a 966,78 ± 101,80 a 3,00 76,92
BRSMT Uirapuru
5,30 ± 0,30 a 263,88 ± 24,34 a 1023,20 ± 111,46 a 3,00 73,52
MG/BR 46 (Conquista)
5,57 ± 0,28 a 271,14 ± 4,19 a 1085,43 ± 99,86 a 3,00 69,41
M-SOY 8400 4,62 ± 0,44 a 309,87 ± 26,08 a 997,00 ± 130,19 a 3,00 66,65
M-SOY 6101 6,66 ± 0,47 a 276,83 ± 13,17 a 1314,00 ± 102,36 a 3,00 71,35
F 1,10
ns
0,23
ns
0,42
ns
CV (%) 19,8 19,9 32,4
1
Dados originais. Análise estatística realizada com os dados originais transformados por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade.
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
51
52
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56
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados obtidos pode-se estabelecer as seguintes
considerações:
O cultivar FMT-Tucunaré foi as mais atrativa e de maior preferência para
alimentação, em teste com e sem chance de escolha.
O cultivar M-SOY 8400 apresentou menor atratividade e não-preferência em
função da presença de possíveis compostos deterrentes conferindo a este
cultivar resistência do tipo não-preferência.
Os maiores valores de viabilidade larval e pupal e menor duração do período
de larva a adulto, caracteriza o cultivar FMT-Tucunaré como mais suscetível a
S. frugiperda.
O cultivar MG/BR 46 (Conquista), com maior fase larval, menores viabilidade
larval e pupal e maior duração do período de larva a adulto, apresentou
antibiose como mecanismo de resistência a S. frugiperda.
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