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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA – CURSO DE MESTRADO
MATHEUS APARECIDO GODOY RIBEIRO
A PAISAGEM, UMA FERRAMENTA DE ANÁLISE PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DE TERRITÓRIOS EMERGENTES NA INTERFACE ENTRE
NATUREZA E SOCIEDADE.
MARINGÁ - PR
2009
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2
A PAISAGEM, UMA FERRAMENTA DE ANÁLISE PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DE TERRITÓRIOS EMERGENTES NA INTERFACE ENTRE
NATUREZA E SOCIEDADE.
Dissertação de Mestrado apresentada a
Universidade Estadual de Maringá, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Geografia, área de concentração: Análise Regional e
Ambiental.
Orientador: Dr. Messias Modesto dos Passos
Maringá – PR
2009
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3
A minha família, ao meu orientador e ao meu Deus
4
AGRADECIMENTOS
A ordem em que agradeço não segue uma ordem de importância, porque todos
contribuíram de igual maneira para a conclusão desse trabalho. Aos meus pais
que me proveram as necessidades para que pudesse estar em uma
Universidade. Ao meu orientador, por acreditar que eu poderia realizar um bom
trabalho e ter depositado toda a confiança na minha pessoa. Aos meus amigos,
que me fortaleceram com sua amizade. Ao programa de Pós-graduação em
Geografia na pessoa da Cida e dos professores, que sempre estiveram
dispostos a me atender e orientar. Ao CNPQ, que por dois anos me forneceu
uma bolsa que além de suprir minhas necessidades deu-me alto-estima e
motivação para continuar com o trabalho. E aos meus irmãos de república,
foram quase seis anos dividindo o mesmo teto e os mesmos problemas, que
nos fortaleceram nos tornando uma família, como amigos nós diremos, até
breve, nunca adeus.
5
“A verdadeira viagem do
descobrimento não consiste na
procura de novas paisagens, mas
em ter novos olhos.”
James L. Adams
6
RESUMO
Nos 10 últimos anos tem-se assistido uma busca cada vez maior da sociedade
por um desenvolvimento sustentável, estimulada tanto por uma tomada de
consciência ambiental ou por medo de previsões catastróficas. O
desenvolvimento sustentável deve ser estudado de maneira global, integrando
todas as especialidades da ciência, nesse contexto, a pluridisciplinaridade no
estudo do desenvolvimento sustentável. O presente trabalho vem propor um
estudo do meio ambiente através do modelo de análise desenvolvido por
Claude e Georges Bertrand, o modelo GTP (geossitema, território e paisagem),
propondo o estudo do meio ambiente por três entradas (olhares) diferentes:
entrada naturalista, entrada sócio-econômica e entrada sócio-cultural.
Rompendo assim com a idéia de uma Geografia dividida em Humana e Física.
PALAVRAS-CHAVE: natureza/sociedade paisagem modelo GTP - sensoriamento
remoto – desenvolvimento sustentável.
7
ABSTRACT
In recent years, society, triggered by environmental conscience-raising and by
fear of catastrophic previsions, has been increasingly trying to achieve
sustainable development. The scientific community agrees that sustainable
development must be analyzed in a global way through the integration of all
specialties of science. Since multidisciplinarity is required within an investigation
on sustainable development, current research concentrates on Landscape
(BERTRAND 2002) where all science specialties meet, with GTL (geosystem;
territory and landscape) model proposed by Bertrand (2002) as a workable tool.
Environment is analyzed from three different aspects: naturalist, socio-
economical and socio-cultural aspects. The concept of Geography divided into
Human and Physical Geography is consequently subverted.
Key words: nature/society; landscape; GTL model; remote sensoring;
sustainable development.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 9
2 JUSTIFICATIVAS .................................................................................................................................................. 12
3 OBJETIVOS ........................................................................................................................................................... 16
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................................................... 18
4.1 A escolha dos municípios .............................................................................................................................. 19
4.2 Pesquisa de campo .......................................................................................................................................... 19
4.3 Geo-foto-grafia .................................................................................................................................................. 21
4.5 As etapas ............................................................................................................................................................ 23
5 ABORDAGEM TEÓRICO METODOLÓGICO................................................................................................... 29
5.1 O Geossitema .................................................................................................................................................... 29
5.2 O Território ......................................................................................................................................................... 31
5.3 A Paisagem na Geografia ............................................................................................................................... 32
5.3 Pirâmides de vegetação .................................................................................................................................. 21
5.4 O Sistema GTP .................................................................................................................................................. 35
5.5 O método de CLAUDE e GEORGES BERTRAND, teoria e prática. ...................................................... 38
5.6 O desenvolvimento sustentável ................................................................................................................... 40
6 AS ÁREAS DE ESTUDO ..................................................................................................................................... 42
6.1 O município de Jauru-MT ............................................................................................................................... 44
6.2 O município de Euclides da Cunha Paulista-SP ....................................................................................... 46
7 O USO DAS IMAGENS DE SATÉLITE NA INTERPRETAÇÃO DO TERRITÓRIO ................................. 48
7.1 O satélite LANDSAT TM.5 ............................................................................................................................... 48
7.2 Imagens LANDSAT TM 5 ................................................................................................................................. 49
7.2.3 Pré-processamento das imagens ............................................................................................................. 51
7.2.4 Realce das imagens ...................................................................................................................................... 52
7.2.5 Composição colorida ................................................................................................................................... 52
7.2.6 Classificação das imagens ......................................................................................................................... 53
8 PAISAGENS INDICADORAS ............................................................................................................................. 54
8.1 O Caso de Euclides da Cunha Paulista-SP ................................................................................................ 54
8.2 O Caso de Jauru-MT ........................................................................................................................................ 76
9 RESULTADOS ....................................................................................................................................................... 57
ABSTRACT.................................................................................................................................................................. 7
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................................. 4
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................................... 92
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................... 91
RESUMO ...................................................................................................................................................................... 6
9
1 INTRODUÇÃO
Essa dissertação tem como base fundamental a obra Uma geografia
transversal e de travessias (O meio ambiente através dos territórios e das
temporalidades) de autoria de Claude Bertrand e Georges Bertrand, traduzida
para o português pelo Dr. Messias Modesto dos Passos em 2007, tanto que em
alguns pontos mal se pode diferenciar se o texto escrito é meu ou dos autores
supracitados. O que chama a atenção na obra de Claude e G. BERTRAND, é a
maneira como os autores tratam a geografia, como uma ciência hibrida, sem a
idéia ilusória de que a geografia física e a geografia humana são duas ciências
distintas. BERTRAND (2002) mostra que um estudo centrado sobre o meio
ambiente através da paisagem e identifica as “paisagens-indicadoras” como
uma forma de se interpretar as mudanças sociais, econômicas e territoriais, por
meio da procura e interpretação das marcas deixadas na paisagem por essas
mudanças. A espacialização das paisagens-indicadoras a partir da utilização
de imagens de satélite é um ponto de partida para a realização de diagnósticos
paisagísticos para melhorar o conhecimento dos territórios e ajudar a tomada
de decisão em matéria de políticas de desenvolvimento sustentável? Foram
escolhidas duas áreas de estudo o município de Euclides da Cunha
Paulista/sudoeste do estado de São Paulo e o município de Jauru/sudoeste do
estado de Mato Grosso, com dinâmicas socioambientais e territoriais bastante
diferenciadas. O objetivo maior desse trabalho é aplicar um guia metodológico
comum no estudo dessas áreas a fim de testar a paisagem como ferramenta
para avaliação do meio ambiente.
A expressão meio ambiente aparece na mídia, e na geografia, somente a
partir da
Conferência Internacional Sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento Humano, realizada sob o patrocínio da ONU - em
Estocolmo-Suécia, no ano de 1972. A então, o geógrafo de forma
setorizada – estava confrontado com o estudo do “meio
1
.
Portanto, precisávamos encontrar/elaborar um todo para tentar entender o
meio ambiente na sua totalidade, ou seja, o estudo do “meio”, na perspectiva
de uma ou outra disciplina não somente era complicado, como, sobretudo, não
1
Recomendamos a leitura de: (a) O sistema meio ambiente. In: Passos, M. M. dos Biogeografia e
Paisagem”, pp. 89-104; 2003 e (b) Demangeot, J. Les milieux “naturels” du globe. Paris:Masson, 3e.
édition, 1990, pp. 9-14.
10
era suficiente para a compreensão da complexidade do “meio ambiente”.
Atribuímos a Georges Bertrand a realização desse método.
O desafio de Georges Bertrand, confrontado com o “meio natural” - mais
concretamente com o conceito de Complexo Territorial Natural dos russos
2
era desenvolver um método global que considerasse o papel do homem no
funcionamento do meio ambiente. É inegável a influência de André Cholley
3
,
geógrafo físico francês que considerava a geografia como o estudo da
combinação dos vários elementos da paisagem, ou seja, contemplava a noção
de meio ambiente que, se estruturava e, notadamente, funcionava como um
sistema.
Georges Bertrand reconhece que a noção de sistema é muito vaga, muito
imprecisa. É mais uma matéria de epistemologia que de método; é uma
maneira de se ver as coisas, é um estado de espírito.
O desafio que estava e ainda está colocada para o geógrafo é
“territorializar” o meio ambiente
4
e, com isso, tentar superar a análise
setorizada, onde as disciplinas e, consequentemente o conhecimento científico,
estavam isoladas, a “solução” foi o que chamamos de “interdisciplinaridade” e
que, na geografia – em tempo de “multidisciplinaridade necessária” – se deu de
forma periférica, ou seja, uma “interdisciplinaridade” dentro da própria
geografia.
A antropização tornou-se um dos motores essenciais da evolução “natural”.
A teoria geossistêmica de Bertrand tem como premissas a Soil survey e Land
survey anglo-saxões; os geossistemas russos e, mesmo as análises integradas
do meio natural (antes da invenção do ecossistema) desenvolvidos para
nortear as linhas gerais da organização territorial.
Nos anos 1950, estava colocado para a ex-URSS a necessidade de prospectar
para organizar e posteriormente ocupar as terras virgens da Sibéria
Ocidental. E os russos constataram que a maneira mais curta, objetiva e
pragmática de diagnosticar as potencialidades paisagísticas desse território
2
Recomendamos a leitura do capítulo “A ciência da Paisagem”. In: Passos, M. M. dos Biogeografia e
Paisagem”, pp. 30-64; 2003.
3
A. Cholley:
4
Recomendamos a leitura do capítulo: “Territorializar o meio ambiente”. In: Claude et Georges Bertrand
Uma geografia transversal e de travessias. O meio ambiente através dos territórios e das
temporalidades”; pp. 193-212, Maringá: Massoni, 2007. Tradução organizada por Messias Modesto dos
Passos.
11
desconhecido era criar estações/laboratórios e instalar pesquisadores com o
objetivo de “estudar as novas terras numa perspectiva de conjunto”. Algumas
lideranças desses grupos de pesquisadores – Isachenko, Sochava... se
destacaram, mesmo no mundo ocidental, pelo saber fazer e aplicar um método
de trabalho, o método dos geossistemas.
Na verdade, a análise integrada do meio, denominada de geossistema
5
, por
Bertrand, é o resultado de uma epistemologia (a filosofia alemão, a noção de
meio, a naturlandschaft), mas é também uma coisa extremamente prática.
O modelo geossistêmico bertrandiano é constituído de três subsistemas:
potencial ecológico/abiótico, exploração biológica/biótico e ação antrópica.
Segundo Bertrand os especialistas em ciências naturais e os ecólogos não
viam com bons olhos o cômputo da intervenção humana. E o que Bertrand fez,
na verdade, foi inserir o antrópico no modelo russo este limitado aos dois
subsistemas: potencial ecológico e exploração biológica -, ou seja, partir do
pressuposto de que a “natureza não é natural”, pois, está irremediavelmente
impactada pela sociedade. O fato da natureza está impactada – pela sociedade
não cria ao geossistema o compromisso de estudar a sociedade e, sim, o
funcionamento do território modificado pela sociedade.
Portanto, o geossistema é um conceito antrópico!
5
Inicialmente Bertrand considerava o geossistema como uma das unidades horizontais do terreno:
geossistema, geofacies e geótopo. Mais tarde, ele próprio reconhece que o geossistema é tão somente um
modelo e, portanto, uma abstração e, portanto, passa a definir as unidades de terreno, de forma
hierárquica: geótopo, geofácies e geocomplexo.
12
2 JUSTIFICATIVAS
No Brasil, a velocidade com que ocorrem os processos de alteração das
dinâmicas cio-econômicas e ambientais dificulta a gestão do território. Foi
escolhido para este estudo duas “regiões”, uma onde as mudanças
ocasionadas pela colonização agrícola na Amazônia Mato-grossense são
nítidas e realizadas de forma rápida que é o Vale do Guaporé Chapada dos
Parecis, com forte impacto na mídia nacional e internacional. E outra onde as
mudanças ocorrem em um processo mais lento ao longo da história de
povoamento e ocupação, que é o Pontal do Paranapanema (sudoeste do
Estado de São Paulo) uma região de colonização recente e marcada por
diversos conflitos justificados por uma reforma agrária, uma região onde a
gestão dos recursos naturais é essencial para o desenvolvimento. Nesse
contexto, uma metodologia de estudo centrada na pluridisciplinaridade torna-se
necessária para promover o desenvolvimento sustentável, por abarcar o tema
de uma maneira cientificamente global, utilizando-se de modernas ferramentas
de trabalho. Existem hoje muitas tecnologias como imagens de satélite, dados
de radar e programas de geoprocessamento disponíveis gratuitamente à
comunidade. Essas tecnologias fornecem dados referentes ao meio ambiente
de maneira atualizada (quinzenalmente) juntas com um modelo de análise
podem fornecer informações que venham a auxiliar na tomada de decisões
para a implantação e avaliação/monitoramento de políticas públicas
ambientais.
O Brasil chama atenção pela diversidade e rapidez das mudanças sócio-
econômicas e ambientais que o afetam. regiões em pleno processo de
emergência, como a do arco de colonização agrícola na Amazônia Vale do
Guaporé-Chapada dos Parecis e Sudoeste do Pará-Novo-Progresso -, onde as
alterações são muito notáveis. Esta região está na mídia nacional e
internacional pelos impactos dos desmatamentos sobre a regressão da
biodiversidade. Outras regiões têm, ao contrário, uma longa história em matéria
de povoamento e ocupação. É o caso do Sudoeste do Estado de São Paulo,
mais conhecido como “Pontal do Paranapanema”, espaço de conflito e de
redefinições sócio-ambientais recentes, por vezes contraditórias e onde a
gestão dos recursos naturais se apresenta de maneira crucial.
13
Estas diferentes áreas apresentam meios complexos, onde a geodiversidade
(Grenier, 2000) se erode ao contacto de fortes mutações naturais e sociais. Os
ecossistemas variados dessas regiões são confrontados com transformações
aceleradas devidas a organização espacial e aos tipos de explotação muito
agressivos. No arco da colonização agrícola, 0,5 a 1 % da floresta amazônica
passa do status de ecossistema natural para o de paisagem rural, sem que se
observe sistematicamente uma melhora significativa dos indicadores de
desenvolvimento humano (IDH).
Na Amazônia como no Pontal do Paranapanema, a combinação de fatores
biofísicos de uma parte, e as ltiplas iniciativas e ações humanas motivadas
pelos interesses econômicos de outra parte, conduzem a grandes dificuldades
de acompanhamento, em tempo real, do conhecimento cienfico desses meios,
e cuja identificação das políticas públicas permite engajar estas regiões na via
do desenvolvimento sustentável. É, sem dúvida, nesta via que o Brasil deseja
se orientar depois dos acordos assinados durante a Conferencia Internacional
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano – a Eco-
92, a noção de sustentabilidade, que introduziu a reflexão e a ação em matéria
de desenvolvimento, se apresenta em definitivo muito clara: a referência à
lógica de progresso das sociedades humanas, coloca a ênfase sobre a
necessária articulação entre a viabilidade econômica das formas tomadas por
este desenvolvimento, sua capacidade de não colocar em perigo os recursos
ambientais sobre os quais ele se funda, e o caráter equitativamente benéfico
de seus efeitos sobre os diferentes grupos sociais (Conferência Mundial sobre
o desenvolvimento sustentável, 2002). É, portanto, neste “conceito” que as
questões de sustentabilidade devem ser entendidas, ou seja, integrando as
questões que correspondem aos meios naturais e às dinâmicas sociais.
Lembramos que, não se trata de identificar e de proteger os meios frágeis de
um lado e de outro de “sacrificar” regiões em nome de um desenvolvimento
econômico e social, mas, sobretudo, de conservar os meios nos quais as
sociedades possam se desenvolver em plena coerência.
Neste contexto, nós optamos em desenvolver a nossa problemática de
pesquisa em torno da noção de “paisagem” em primeiro lugar pelo caráter
aglutinador que lhe confere. Bertrand (2002) edificou as bases conceituais da
14
paisagem como meio de fazer dialogar as ciências naturais e as ciências
sociais em torno de questões sócio-ambientais. Deffontaines (1998) deu um
caráter concreto e operatório à abordagem paisagística para que ela traduza e
revele os modos de funcionamento e de organização dos espaços, a
paisagem sendo o lugar onde se inscrevem indicadores visuais práticos num
meio dado”. Assim, a entrada pela paisagem foi retida desde que o interesse
em conjugar uma abordagem naturalista, indicadora das dinâmicas biofísicas, à
uma abordagem territorial sobre a apreensão pela sociedade dos recursos
naturais cuja a gestão depende, notadamente, da escolha e das orientações
em relação com as dinâmicas sócio-econômicas dos territórios considerados. A
paisagem é, pois, o resultado material de um conjunto de interações entre
processos físicos, processos ecológicos, processos sociais e processos
culturais. Na verdade, ela é considerada como o reflexo das relações entre o
homem e seu meio ambiente” e aparece assim indissociável do conjunto das
dinâmicas territoriais (Béringuier et al. 1999).
Uma equipe da Universidade de Toulouse-Le Mirail, com o professor
G.Bertrand à frente (Husbschman, Carcenac, Bertrand etc.), definiu a
paisagem, em 1968, da seguinte forma: uma porção do espaço
caracterizado por um tipo de combinação dinâmica e, portanto, instável, de
elementos geográficos diferenciados físicos, biológicos e antrópicos - que, ao
atuar dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto
geográfico indissociável que evolui em bloco, tanto sob o efeito das interações
entre os elementos que a constituem como sob o efeito da dinâmica própria de
cada um dos elementos considerados separadamente". Essa definição, que
segue a linha do pensamento de A. Cholley, corresponde, na realidade, ao
conceito do atual sistema. Estabelece as unidades de paisagens complexas em
três níveis: o meio físico, os ecossistemas e a intervenção humana, e define
uma perspectiva dinâmica em diferentes graus de evolução. Nesse aspecto, G.
Bertrand apóia-se na teoria da bio-resistasia do edafólogo Erhart, que define os
indicados conceitos em relação à constituição e destruição do solo. Bertrand
distingue entre geossistemas em biostasia, recobertos de densa vegetação,
estáveis, e geossistemas em resistasia, nos quais, ao estar a litologia a
descoberto, predomina a morfogênese, contrária à edafogênese e à
15
colonização vegetal. Alguns geossistemas se encontram em resistasia por
causas naturais, e a morfogênese corresponde, então, à própria do clima e do
ambiente associado a um determinado tipo de forma e de vegetação,
naturalmente pobre. Outros resultam de uma degradação antrópica, e o em
realidade regressivos.
16
3 OBJETIVOS
A utilização de um procedimento metodológico com parâmetros “consagrados”
por outros grupos de pesquisas
6
tem duas finalidades: uma é permitir afinar e
ajustar o
guia metodológico proposto, a fim de torná-lo operacional nos
diversos contextos territoriais; a outra é testar/avaliar o modelo GTP como uma
ferramenta pertinente para responder às problemáticas de desenvolvimento
sustentável dos territórios.
Em relação a esta dupla finalidade, o projeto de pesquisa comporta três
objetivos complementares, que correspondem a diferentes etapas
metodológicas.
1 Identificação de paisagens-indicadoras para um melhor conhecimento
territorial na interface natureza-sociedade.
Trata-se de mostrar como a entrada pelas paisagens pode servir para analisar
o contínuo espacial segundo um ponto de vista comum, que atenda tanto às
ciências da natureza como às ciências sociais e, por conseqüência, permita
construir uma tipologia paisagística que possa servir de referência entre as
diferentes disciplinas associadas (geografia, pedologia, botânica, teledetecção).
Esta categorização espacial apresenta o interesse de centrar as análises em
torno dos mesmos objetos de observação, de facilitar os cruzamentos e
complementos de informações e de determinar paisagens indicadoras das
dinâmicas espaciais. Tudo isso para melhorar os conhecimentos sobre os
territórios nas trajetórias da evolução contrastada em função das variáveis
socioambientais que tem localmente o desenvolvimento sustentável.
2 - A espacialização das informações para mise en place de observatórios
das dinâmicas paisagísticas.
A detecção de unidades de paisagens indicadoras sobre as imagens de
satélite, produzindo mapas que ofereçam uma visão global e homogênea tanto
no tempo como no espaço destes territórios em constante evolução. A idéia é
6
Université de Toulouse Le Mirail; Université de Rennes 2, Université d´Avignon – França.
17
posicionar os observatórios para acompanhar os meios agrícolas ou outros e
seus contextos ambientais na escala regional das paisagens. Este nível está
relacionado com as unidades de gestão territorial às quais se aplicam as
políticas públicas e os projetos de desenvolvimento.
3 - A construção de diagnósticos paisagísticos temáticos adaptados às
variáveis próprias do terreno de estudo, em vista de proposições de
desenvolvimento sustentável específico. Está aqui a questão de “regular” os
observatórios de maneira a focalizar a produção de informações
espacializadas para as questões socioambientais que se colocam para
cada região de estudo.
Compreender os mecanismos de funcionamento, restituir rapidamente estes
resultados via um observatório e os mobilizar nos diagnósticos territoriais
atualizados de modo a ajudar na formulação de projetos de desenvolvimento
regionais apoiados nos indicadores socioambientais de sustentabilidade.
18
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Com os conceitos e noções a serem trabalhados em mente, na tentativa de
colocar em prática a abordagem sistêmica, é necessário escolher os materiais
e os métodos a serem utilizados. Com base na aplicação da metodologia na
dissertação se dará por meio dos seguintes instrumentos:
levantamento bibliográfico de teses e dissertações já realizadas nas
mesmas regiões de estudo para otimização das informações;
levantamento de dados (população, PIB, IDH, economia, escolaridade)
dos municípios estudados junto ao IBGE;
cartas topográficas nas escalas de 1:50.000 e 1:250.000, como base
para as primeiras observações de campo e para a atualização
topográfica;
análise de cartas temáticas (geologia, vegetação, solos, clima, potencial
agrícola, relevo, geomorfologia, drenagem), tendo em vista estudar os
geótopos, geofácies e geocomplexos;
uso de imagens de satélite LANDSAT TM 5, para levantamento
atualizado de uso e parcelamento do solo. Por meio dos softwares
SPRING 4.2 e Global Mapper 7.0;
levantamento topográfico por radar (SRTM Shuttle Radar Topography
Mission) para uma atualização da base cartográfica;
entrevistas com produtores rurais (pequeno, médio e grande), gestores
públicas (prefeitos e secretários), moradores e órgãos competentes
como EMATER e Comitê de Bacias Hidrográficas para que se possa
traçar o perfil da sociedade, suas experiências e identidades com as
paisagens;
observações de campo, acompanhadas pelo orientador para verificação
das informações levantadas em laboratório;
registros fotográficos, para a geo-foto-grafia, onde a foto se torna um
recurso de registro tempo-espacial;
receptor GPS, para registro espacial de fenômenos observados e
georeferenciamento de laboratórios de observação definidos no campo,
que constituem na escolha de locais que serão futuramente observados,
19
para efeito de comparação.
4.1 A escolha dos municípios
A intenção de selecionar dois municípios para a pesquisa foi a de aplicar o
modelo GTP a duas áreas distintas, com processos de formação histórico,
econômico, social e cultural diferentes, além de dinâmicas ambientais
diferentes.
Foi escolhido primeiramente o município de Euclides da Cunha Paulista-SP,
que está em uma região mais conhecida como “Pontal do Paranapanema”,
espaço de conflito e de redefinições sócio-ambientais recentes, por vezes
contraditórias e onde a gestão dos recursos naturais se apresenta de maneira
crucial. E o município de Jauru-MT, que ocupa a depressão do Alto Guaporé,
palco de uma colonização com enfoque agrícola. O fato de esses municípios
serem áreas de estudo pesquisadas pelo orientador da dissertação foi de
grande influência nas suas escolhas, uma vez que o mesmo seria uma ótima
fonte de informações e a presente dissertação viria a colaborar como uma
atualização das pesquisas já realizadas.
4.2 Pesquisa de campo
“A geografia se faz, também com os pés”
Até o presente momento foram realizadas três pesquisas de campo, com o
objetivo de se fazer o reconhecimento da área de estudo, identificando assim
possíveis paisagens indicadoras de desenvolvimento sustentável. Uma vez
reconhecidas, georreferenciadas e observadas/analisadas/diagnosticadas in
loco essas áreas passam a ser monitoradas por satélite, a fim de se levantar
uma rie histórica da evolução da paisagem, trabalhando assim a paisagem
em uma escala temporal.
A pesquisa de campo se torna de primordial valor, o somente antes da
pesquisa, no reconhecimento, mas também depois, na confrontação dos
dados trabalhados remotamente, podendo assim a confirmar ou não a análise
realizada em laboratório. Isso porque os dados disponíveis, como censo
demográfico, levantamento socioeconômico, classificação temática de
20
imagens de satélite e outros, são apenas indicadores da realidade, não são a
realidade em si, eles nos prestam a função de facilitar nosso trabalho de
campo, mas não de substituí-lo.
Conforme cronogramas estipulados foram realizadas saídas de campo com o
objetivo de levantar dados para a dissertação de mestrado. Todas as saídas
de campo foram realizadas com a companhia, supervisão e orientação de meu
orientador, o professor Dr. Messias Modesto dos Passos. As pesquisas de
campo realizadas foram as seguintes:
Do dia 5 a 9 de março de 2007: Euclides da Cunha Paulista, onde fora
realizadas entrevistas com o prefeito municipal, secretários e diretores
de órgãos de gestão;
Dia 8 a 14 de Abril de 2007: Euclides da Cunha Paulista: entrevistas
com moradores da cidade, assentados do Movimento dos Sem Terra e
produtor de peixes em gaiolas imersas no rio Paranapanema, além de
um levantamento com GPS dos fenômenos observados em campo, a
fim de confrontá-los com as imagens de satélite e levantamento
fotográfico;
Do dia 21 a 26 de Outubro de 2007: Jauru-MT, saindo de Maringá-PR
em direção a Cuiabá-MT, em seguida para Jauru-MT (roteiro dos
lugares visitados e fotos em anexo), com o objetivo de realizar um
reconhecimento da área de estudos, levantamento de dados,
levantamento fotográfico, e georreferenciamento de fenômenos por
GPS, além de entrevista com proprietários rurais e moradores da
região, além do levantamento de áreas de proteção ambiental e sua
atual situação para um futuro acompanhamento.
As entrevistas foram de grande relevância para a realização do trabalho, já que
as informações adquiridas facilitaram o trabalho, uma vez que cada informação
dada por um munícipe era um atalho para o levantamento de dados relevantes
para a compreensão da paisagem. Todas as entrevistas foram registradas por
fotos e anotações. Através das conversas, sem a pretensão de se fazer um
interrogatório, mas sim uma conversa amigável, os entrevistados se abriam de
21
forma mais confiável; dessas conversas foi possível analisar a percepção que
as pessoas têm da paisagem.
4.3 Geo-foto-grafia
No inicio, o uso de fotografias em artigos, não era bem aceito na comunidade
científica. "A fotografia não era considerada muito seriamente pelos intelectuais
da época", relata o neto de Grosvenor (Gilbert H. Grosvenor, fundador da
revista National Geographic). Mas com o passar do tempo a fotografia é
entendida como uma ferramenta útil, para aproximar visões e idéias.
A fotografia como ferramenta de análise da paisagem é de extrema
importância:
“Não se trata mais do uso da fotografia como ilustração, mas de
uma técnica de análise (PASSOS, 2006).”
Desse modo a objetiva da máquina fotográfica, o os olhos, e a fotografia o
registro, do olhar do geógrafo.
4.4 Pirâmides de vegetação
O estudo da vegetação é de grande importância para a compreensão da
paisagem, essa é um indicador das dinâmicas ambientais atuais. Além da
informação do grau de desmatamento, essencial para avaliar se uma área está
em desenvolvimento sustentável ou não.
Para isso, no trabalho se abordado o método de estudo das pirâmides de
vegetação. O método consiste no levantamento fitossociológico (Braun
Blanquet) e posterior construção da pirâmide que é, uma representação vertical
da vegetação por meio de representação gráfica, que vem para complementar
a análise das imagens de satélite, que pelas imagens não é possível
identificar as espécies e os estratos da associação vegetal. Além de permitir
uma avaliação da dinâmica dessa mesma associação.
Escolhe-se um lote que seja representativo do conjunto da vegetação; nesse
lote escolhido é realizado o levantamento de espécies vegetais
Abundância/Dominância e Sociabilidade - e sua distribuição nos respectivos
estratos em um raio de 10m a partir do ponto central escolhido. Para o
levantamento é necessário o preenchimento da ficha biogeográfica proposta
22
por BERTRAND (1966).
A ficha contém informações como o grau de abundancia-dominância e
sociabilidade das espécies vegetais. A abundancia-dominância é representada
pela porcentagem da superfície ocupada pela espécie no respectivo estrato. e
a Sociabilidade do estrato em relação aos outros estratos.
Para atribuir valores fixos da Abundância-Sociabilidade - “BERTRAND utiliza
a seguinte escala, tomada por sua vez de BRAUN-BLANQUET” (PASSOS,
2003):
5
Cobrindo entre 45% e 100%
4
Cobrindo entre 50% e 75%
3
Cobrindo entre 25% e 50%
2
Cobrindo entre 10% e 25%
1
Planta abundante porém com valor de cobertura baixo, não
superando a 10%
+
Alguns raros exemplares
Figura 1: Porcentagem do grau de cobertura da vegetação. Fonte: PASSOS (2003)
“A sociabilidade indica o modo de agrupamento das plantas. BERTRAND adota
a escala estabelecida por BRAUN BLANQUET (1979, pág. 40)” (PASSOS,
2003).
5
População contínua; manchas densas
4
Crescimento em pequenas colônias; manchas densas pouco
extensas.
3
Crescimento em grupos
2
Agrupados em 2 ou 3
1
Indivíduos isolados
+
Planta rara ou isolada
Figura 2: Porcentagem do grau de sociabilidade da vegetação. Fonte: PASSOS (2003)
Após o levantamento dos dados preliminares e de um registro fotográfico do
lote estudado, efetua-se a construção da pirâmide de vegetação, onde a ficha
biogeográfica será representada.
A construção da pirâmide se faz pelo programa de computador VEGET,
23
desenvolvido pelo Dr. Miguel Angel LUENGO UGIDOS, do Departamento de
Geografia da Universidade de Salamanca-Espanha, em 1996, traduzido para o
português pelo Dr. Messias Modesto dos Passos. Depois de executado o
programa passa a exigir os dados da ficha biogeográfica, um a um, deve ser
inserido. Ao final a representação é criada, onde cada estrato é representado
de acordo com o seu índice de recobrimento (abundancia-dominância 1 = 1cm,
2 = 2cm e assim por diante). As setas indicam a dinâmica do estrato, e na base
da pirâmide é inserido informações da serrapilheira e subterrâneas como solo e
rocha-mãe. A base da pirâmide possui também uma inclinação do eixo central
que se dá conforme o grau de declividade do lote.
A representação gráfica da pirâmide de vegetação é uma ferramenta que
facilita a interpretação da dinâmica da vegetação, tanto para especialistas da
área como para pesquisadores com menos contato com esse tipo de análise.
Figura 3: Exemplo de uma pirâmide de vegetação criada no programa VEGET a partir
de dados inseridos no programa.
4.5 As etapas
O trabalho teve início com o levantamento bibliográfico dos assuntos
relacionados com os temas: 1) Paisagem; 2) Geossistema; 3) Desenvolvimento
Sustentável; 4) Desenvolvimento Regional; 5) Uso de imagens de satélite,
24
relacionados com as áreas de estudos estipuladas (Jauru-MT e Euclides da
Cunha Paulista-SP).
O levantamento bibliográfico se deu através de pesquisa na Biblioteca Central
da Universidade Estadual de Maringá, consulta ao Portal da Capes, pesquisa
em sites de alguns programas de pós-graduação que disponibilizam teses e
dissertações para cópia e o site de busca Google para pesquisa de artigos
cientificos relacionados, nas línguas espanhol, inglês e português. Nessa etapa
os portais de busca específicos como o Periódicos da Capes
(www.periodicos.capes.gov.br/português/index.jsp) e Scielo (www.scielo.org)
foram de grande ajuda, pois possibilitaram que a pesquisa pudesse ser feita
utilizando outras variáveis como assunto, autor, palavras-chave, ano de
publicação.
O próximo passo foi o levantamento dos dados cio-econômicos como,
população, PIB, IDH, e outros indicadores que serão citados na dissertação,
através do site do IBGE (www.ibge.gov.br) de posse de muitos dados, foi
preciso muita análise e questionamentos para separar o que seria utilizado no
trabalho. Os indicadores demográficos e educacionais foram obtidos pelo portal
do ministério da educação (http://portal.mec.gov.br) por esse se mostrar mais
especifico no tema educação, sendo essa informação de grande relevância na
análise da população que faz parte da paisagem.
Em seguida foi necessário um levantamento cartográfico que se iniciou com a
aquisição das cartas nas escalas de 1:50.000 e 1:250.000, que serviram de
base para o inicio da atualização da base cartográfica das áreas de estudos.
Essas cartas, assim como os mapas temáticos de geologia, pedologia,
potencial agrícola, geomorfologia, vegetação, solos, clima e drenagem foram
obtidos através do portal de downloads de geociências do site do IBGE. A
atualização cartográfica se deu por produtos mais atuais como imagens de
satélite e dados de radar do programa SRTM (NASA).
Optamos pelo uso de imagens de satélite LANDSAT TM 5, pois, desde o início
do trabalho, a proposta era trabalhar com produtos gratuitos, por três motivos:
1) a dissertação deveria servir de referencia para aplicação do estudo em
outras áreas, com o fato dos produtos serem gratuitos isso facilitaria a
aplicação pelas prefeituras que contam com uma carteira de recursos reduzida;
25
2) mostrar que esses produtos podem ser utilizados com eficácia tanto quanto
outros pagos; 3) reduzir os custos da pesquisa. Mas surgiram questões como:
Por que esse satélite e não outros mais novos e com resolução espacial melhor
como o LANDSAT ETM 7 ou as do satélite cino-brasileiro CBERS 2? A
resposta: o satélite LANDSAT TM 5, lançado em 01 de março de 1984, teria
uma vida útil de 3 anos, mas por incrível que pareça da família de satélites
LANDSAT (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7) o LANDSAT TM 5 é o único imageador ativo até
os dias de hoje. Por essa razão esse satélite fornece uma grande quantidade
de imagens ao longo de toda a sua vida útil, permitindo montar uma rie
histórica de imagens das áreas de estudo, sem hiatos. Esse fator compensa a
sua menor resolução espacial em relação aos outros satélites.
O LANDSAT TM 5 possui uma resolução espacial de 30 metros, contra o
LANDSAT ETM 7 que pode chegar a 15 metros de resolução espacial (Banda
8 pancromática) e o CBERS 2 com resolução espacial de 20 metros. Sabendo
com qual satélite iríamos trabalhar, o próximo passo foi adquirir as imagens
através do site do INPE no endereço www.dgi.inpe.br/CDSR/. As imagens são
selecionadas por município e em seguida separadas por datas a fim de formar
uma série histórica de 30 anos, com uma cena a cada 10 anos. O critério que
utilizamos para escolher as imagens foi o de separar as imagens que possuíam
pouca cobertura de nuvens, para que assim as nuvens o viessem a
atrapalhar a interpretação dos dados. Inicialmente, adquirimos todas as bandas
referentes às imagens (de 1 a 7), para depois separar quais seriam utilizadas
na composição das imagens.
26
Segue abaixo o quadro com as informações das imagens adquiridas.
MUNICÍPIO PONTO ORBITA
DATA DA
PASSAGEM
TEMPO
CENTRAL
(GMT)
AZIMUTE
DO SOL(°)
ELEVAÇÃO
DO SOL(°)
COBERTURA
DE NUVENS
(%)
Euclides
da Cunha
Paulista-
SP
223 76 30/07/1985 12:58:54
45.7412 33.4953
0
Euclides
da Cunha
Paulista-
SP
223 76 23/05/1995 12:36:19
46.6669 30.0887
0
Euclides
da Cunha
Paulista-
SP
223 76 22/08/2005 13:17:09
46.8772 41.9756
0
Jauru - MT 228 71 07/07/1987
13:22:58 45.39 35.9975
10 (Q3)**
Jauru - MT 228 71 18/07/1997
13:28:33 46.0962 37.7817
0
Jauru - MT 228 71 15/08/2007
13:51:21 47.5331 46.6999
0
Quadro 1 – Imagens de satélite* adquiridas para a realização do trabalho
Fonte: INPE, site acessado entre janeiro e julho de 2008. *Todas as imagens são do
satélite LANDSAT 5 e o sensor TM **, As imagens são divididas em quatro partes;
uma imagem possui quatro quadrantes (Q1,Q2,Q3 e Q4) nessa imagem o quadrante
Q3 possui 10% de sua área coberta por nuvens, o que na imagem geral representa
pouco e não está sob a área do município.
O próximo passo foi a composição colorida das bandas das imagens de
satélite, atribuindo-se cores a cada banda Utilizamos para isso o programa
SPRING 5.0 (INPE). Em seguida foi realizado um cruzamento de todos os
dados e informações levantadas anteriormente com as imagens de satélite,
criando assim um banco de dados das áreas de estudo. Com esse banco de
dados em mãos e com as informações levantadas através de pesquisas de
campo deu-se inicio a uma análise buscando encontrar as paisagens-
indicadoras. Como o monitoramento de toda a área de estudo é um trabalho
grande demais para uma pessoa ou até mesmo um grupo de estudo, foi
separado em especial algumas áreas de observação significativas para o
trabalho, onde as transformações ocorridas nelas refletiriam as transformações
de áreas maiores que possuíssem a mesma dinâmica de evolução. Partindo da
identificação e georreferenciamento dessas áreas, que serviram de indicadores
de desenvolvimento sustentável, essas áreas foram marcadas nas imagens de
satélite para serem constantemente acompanhadas por satélite. Dessa forma
foram chamadas de observatórios de campo. Quanto maior a quantidade de
observatórios de campo e o tempo de acompanhamento de sua evolução, mais
27
confiável será o prognóstico.
O banco de dados das informações geográficas é de grande utilidade para
esse tipo de trabalho, porque ele sintetiza sobre uma única imagem todas as
informações dos elementos geográficos do território, tanto naturais quanto
sociais. De posse dessas informações é possível criar mapas temáticos e
outros produtos como gráficos e tabelas, a fim de representar essas
informações de forma que venha a facilitar a interpretação do território.
FLUXOGRAMA DAS ETAPAS SEGUIDAS NA PESQUISA
Figura 3
: Fluxograma das etapas seguidas na pesquisa. Fonte: Matheus Ribeiro, 2008
28
FLUXOGRAMA DAS ETAPAS SEGUIDAS NA PESQUISA
: Fluxograma das etapas seguidas na pesquisa. Fonte: Matheus Ribeiro, 2008
FLUXOGRAMA DAS ETAPAS SEGUIDAS NA PESQUISA
: Fluxograma das etapas seguidas na pesquisa. Fonte: Matheus Ribeiro, 2008
29
5 ABORDAGEM TEÓRICO METODOLÓGICO
Os conceitos e as noções aqui trabalhadas se prestam como uma ferramenta
de estudo, os conceitos serão relatados de forma breve nesse capítulo, pois
serão aprofundados no decorrer do trabalho, quando colocados em prática. A
escolha de trabalhar com o modelo de análise de Claude e Georges Bertrand,
o GTP Geosistema Território Paisagem -, foi por ser essa uma proposta
de modelo de análise híbrido, que integra a análise natural e social a partir da
paisagem. Aplicado na Espanha e em outros países da Europa, este modelo
propõe colocarmos o meio ambiente no centro da análise ambiental, o que vem
ao encontro e auxilia uma das mais atuais e maiores preocupações da
sociedade, ou, melhor dizendo, da humanidade, o desenvolvimento
sustentável. Não que este seja o único modelo, ou que seja esse melhor ou
pior que os outros, como aponta Popper:
"Não importa quantos cisnes brancos você veja ao longo da
vida. Isso nunca lhe dará a certeza de que cisnes negros
não existem".
(KARL POPPER)
Ou seja, o fato de trabalhar durante toda a dissertação com este modelo, não
significa que não existam outros para analisar o meio ambiente a partir de uma
proposta multidisciplinar.
A busca durante a dissertação não é de estar sempre tentando provar a
eficácia do modelo, mas sim, de estar sempre tentando entendê-la,
questionando-a em cada ponto, a fim de testar o modelo GTP e descobrir todas
as suas possíveis aplicações na análise ambiental, para que assim possa não
apenas olhar, mas ver o meio ambiente, da forma mais completa possível. O
sentido dessa opção pelo modelo GTP é testar a validade e pertinência do
mesmo como um guia para compreender o meio ambiente e as conexões entre
seus elementos de forma sistêmica. Não buscamos apenas conhecer o
método, existe diferença entre conhecer o caminho e, percorrer o caminho. O
caminho se faz caminhando.
5.1 O Geossitema
Descrever os elementos naturais e humanos de uma paisagem considerando
os um conjunto geográfico, com sua estrutura e funcionamento, foi essa a
de S. B. Sochava quando utilizou pela primeira vez o termo
1960.
O geossistema é uma abordagem geográfica da
(teoria desenvolvida pelo biólogo Ludwing von Bertalanffy, a partir de 1950,
busca avaliar a organi
zação como um todo e não somente em departamentos
ou setores separados)
vegetação, relevo, homem são analisados em conjunto, buscando assim a
inter-
relação desses elementos, ou seja, entender o seu funcionamento
surge como uma
opção geográfica
o geossistema mais amplo, que não foca sua análise somente nos
elementos bióticos com
o
delimitada, unidade espacial, o g
carregado de história.
Figura 5
: Organização do Geossistema (BERTRAND, 2007)
O geossistema é constituído por três
exploração biológica e ação antrópica.
O potencial ecológic
o é a base “física” de sustentação da exploração biológica.
A ação antrópica quando altera um desses dois subsistemas, altera, na
verdade a estrutura e o funcionamento do conjunto, pois estes três
subsistemas têm relações dialéticas entre si, ou seja, a al
30
Descrever os elementos naturais e humanos de uma paisagem considerando
os um conjunto geográfico, com sua estrutura e funcionamento, foi essa a
de S. B. Sochava quando utilizou pela primeira vez o termo
geossistema
O geossistema é uma abordagem geográfica da
teoria geral dos sistemas
(teoria desenvolvida pelo biólogo Ludwing von Bertalanffy, a partir de 1950,
zação como um todo e não somente em departamentos
ou setores separados)
e
os elementos geográficos como clima, solo,
vegetação, relevo, homem são analisados em conjunto, buscando assim a
relação desses elementos, ou seja, entender o seu funcionamento
opção geográfica
ao conceito unívoco
de ecossistema
o geossistema mais amplo, que não foca sua análise somente nos
o
faz o ecossistema, por possuir uma escala de analise
delimitada, unidade espacial, o g
eossistema é um conceito territorial, pois
: Organização do Geossistema (BERTRAND, 2007)
O geossistema é constituído por três
subsistemas:
potencial ecológico,
exploração biológica e ação antrópica.
o é a base “física” de sustentação da exploração biológica.
A ação antrópica quando altera um desses dois subsistemas, altera, na
verdade a estrutura e o funcionamento do conjunto, pois estes três
subsistemas têm relações dialéticas entre si, ou seja, a al
teração em um deles
Descrever os elementos naturais e humanos de uma paisagem considerando
-
os um conjunto geográfico, com sua estrutura e funcionamento, foi essa a
idéia
geossistema
em
teoria geral dos sistemas
(teoria desenvolvida pelo biólogo Ludwing von Bertalanffy, a partir de 1950,
zação como um todo e não somente em departamentos
os elementos geográficos como clima, solo,
vegetação, relevo, homem são analisados em conjunto, buscando assim a
relação desses elementos, ou seja, entender o seu funcionamento
. Ele
de ecossistema
; sendo
o geossistema mais amplo, que não foca sua análise somente nos
faz o ecossistema, por possuir uma escala de analise
eossistema é um conceito territorial, pois
potencial ecológico,
o é a base “física” de sustentação da exploração biológica.
A ação antrópica quando altera um desses dois subsistemas, altera, na
verdade a estrutura e o funcionamento do conjunto, pois estes três
teração em um deles
31
provoca uma reação em cadeia, a ordem inversa das ações também pode
ocorrer de forma indireta. O geossistema engloba essas ações sob os
elementos geográficos.
Desses derivam outros componentes como: solo e vegetação. No ponto de
partida para a análise do geossistema são utilizados somente os componentes
gerais. Do contrário, se a análise tivesse como ponto de partida os elementos
secundários, estaríamos realizando uma análise setorizada e não sistêmica,
uma vez que estaríamos deixando de lado os outros componentes do sistema.
O geossistema possui também uma estrutura, a fim de facilitar sua análise, que
é definida pela distribuição dos fenômenos internos do geossistema de forma
horizontal: (a) geótopo corresponde a biótipos com característica diferentes
das encontradas no geossistema ou geofácies onde se encontra, é a menor
unidade geográfica homogênea definida no terreno (b) geofácies - que
corresponde a homogeneidades fisionômicas com uma mesma fase de
evolução, ou seja, um “estado” que é alterado no decorrer do tempo, um
geofácies pode incluir um ou mais geohorizontes; (c) geocomplexo – uma
escala maior constituida pela concentração de geossistemas. E de forma
vertical, os geohorizontes: são os elementos do sistema dispostos em camadas
horizontais, como massa de ar, camada de umidade ou de temperaturas
diferentes, onde um geohorizonte se diferencia do geohorizonte superior e
inferior, cada geohorizonte é caracterizado pela sua forma, massa e energia).
5.2 O Território
É no território onde as relações ou, algumas vezes, o choque entre social e
natural, se materializam, As relações entre sociedade e natureza se plasmam
no território através de sua distribuição e localização, o que podemos chamar
de territorialização. É indiscutível a necessidade do território para se discutir a
sociedade, porque este mesmo possui o papel de palco e ator na
transformação da sociedade.
Segundo Raffestin, 1993:
É essencial compreender bem que o espaço é anterior ao
território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado
de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que
32
realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de
um espaço, concreta ou abstratamente [...] o ator “territorializa”
o espaço. (RAFFESTIN, 1993, p. 143).
A ação da sociedade no espaço é que cria o território, o espaço não é o
território, mas um é parte intrinseca do outro. Raffestin enfatiza também as
relações de poder que vêm a formar o território, formando assim um território
nação, onde se territorializa uma sociedade.
5.3 A Paisagem na Geografia
O estudo da paisagem na geografia começa primeiramente pela análise
naturalista, precedida por Alexandre Von Humboldt (1769-1859) deixando de
lado sua representação da percepção, ainda que os geógrafos fossem
sensíveis às qualidades estéticas das paisagens.
Após a institucionalização da geografia como disciplina universitária (fim do
século XIX) a abordagem da paisagem passa a ser formalizada, sendo a
ciência geográfica definida como estudo das paisagens, por geógrafos alemães
como Alfred Hettner (1859-1941), Siegried Passarge (1867-1958) e Otto
Schlüter (1872-1952).
Paul Vidal do Blache (1845-1918) define na França que os estudos regionais
passariam primeiro pela observação direta das paisagens.
Nos Estados Unidos, Carl Otwin Sauer (1889-1975) define o estudo das
paisagens como a relação entre homem e meio ambiente a partir do estudo da
cultura.
Na França a partir da década de 1960, especialistas em geografia física
(biogeografia especificamente) Georges Bertrand, Gabriel Rougerie, colocam
uma nova questão no estudo da paisagem que é a integração da percepção
dos atores da paisagem.
Thierry Brossard e Jean Claude Wieber (escola de Besançon) partem da
mesma abordagem biogeográfica e desenvolvem a cartografia da paisagem.
Armand Frémont reafirma a identidade e sensibilidade da paisagem e Augustin
Berque destaca a cultura como a consciência humana da paisagem.
Na ex-URSS a "ciência da paisagem" (Landschaftovedenie) privilegia o estudo
estritamente natural, a noção de "Complexo Natural Territorial" de V.
Dokoutchaev (1846-1903). A partir da primeira metade do século XX, V.B.
33
Sochava adota uma abordagem sistêmica, o geossistema (1960).
Com a ruptura entre a geografia física e geografia humana e o anulamento da
geografia regional, ocorre o abandono da paisagem. Uma vez que essa se
localiza justamente no encontro das duas geografias. O retorno à paisagem
passa a ser então um retorno à própria geografia, compor uma paisagem é
recompor uma geografia (BERTRAND, 1996).
A paisagem, ao mesmo tempo é uma ponte entre a análise natural e social, é
também tema de grande discórdia. A paisagem é polissêmica, ou seja, é
natural, social, econômica, cultural.
A paisagem é uma noção, ambígua, uma vez que a palavra pode ser utilizada
tanto para definir o fenômeno e a sua representação; a paisagem é sujeito e
objeto, material e ideal ao mesmo tempo. Uma casa apesar de ser
materializada na paisagem, possui também uma conotação ideal, um
significado escrito por baixo daquilo que se vê.
Para que se analise a paisagem é necessário, sair da monografia
7
e caminhar
rumo a um estudo de sistema, a análise setorizada é útil para compreender a
paisagem, mas é incompleta. Deve-se analisar três aspectos da paisagem:
os atores da paisagem, individuais ou coletivos, que intervêm diferentemente
na paisagem, do simples passante ao construtor;
os locais, que correspondem à analise socioeconômica e geossistêmica do
território, com uma atenção particular concedida aos diferentes
zoneamentos;
o tempo, por uma lado situa a paisagem no tempo mais longo da história,
que, por outro lado, também se situa nos ritmos sazonais, bioecológicos
(fenológicos) ou socioculturais (calendários) que periodizam as
representações das paisagens. (BERTRAND, 1996)
Toda paisagem é formada por sistemas (ciclo da água, circulação do ar,
atividades micro e macro biológicas) ocultos aos olhos não treinados para vê-
los. Sistemas que possuem em sua essência, como em toda natureza, uma
hierarquia definida pela predominância, relevância de um elemento em relação
7
Os estudos de monografia criticado por Georges e Claude BERTRAND remente aos estudos
onde primeiro é feita uma descrição dos elementos naturais de uma área de estudo, depois
uma caracterização da sociedade, e por último uma conclusão que não fazia uma amarração
entre os dois elementos, era apenas descritiva.
34
aos demais, como por exemplo, o ciclo da água na natureza, ou o ciclo do
oxigênio. Podemos então, definir na paisagem sistemas dominadores e
sistemas dominados, ou então, sistemas e subsistemas.
A paisagem reflete a sociedade, o território está na paisagem. A paisagem-
território é o meio ambiente no olhar dos homens, artificializada pela sociedade.
Por meio dessa paisagem-território, trazendo elementos e métodos da análise
da paisagem e seus prognósticos para as discussões de gestão do território é
que podemos alcançar o desenvolvimento do território.
As paisagens registram também marcas deixadas pela natureza e pela
sociedade, casas abandonadas em uma zona rural, por exemplo, podem
indicar que aquela foi uma área ocupada e que por motivos sociais,
econômicos, culturais etc. a população foi expulsa. Através dessas marcas
podemos fazer prognósticos de como essa paisagem se comportará no
decorrer do tempo. Com base nisso, questionamos se as paisagens podem ser
indicadoras de sustentabilidade.
No entanto a paisagem não é um conceito construído por cientistas, mas sim
uma noção usada por todas as pessoas. E em cada país recebe uma
denominação, que contribui para o entendimento do seu próprio significado. Na
Alemanha é a landschaft, em inglês é landscape, em espanhol é paisaje, em
francês a paysage, e no Brasil a paisagem.
Neste trabalho faremos uso da conceituação feita por Bertrand (2007) sobre
paisagem, e na qual encontramos grande apoio:
“A paisagem é o reflexo e a marca impressa da
sociedade dos homens na natureza. Ela faz parte de
nós mesmos. Como um espelho, ela nos reflete. Ao
mesmo tempo, ferramenta e cenário. Como nós e
conosco, ela evolui, móvel e frágil. Nem estática, nem
condenada. Precisamos fazê-la viver, pois nenhum
homem, nenhuma sociedade, pode viver sem
território, sem identidade, sem paisagem.” (Página
263)
De forma geral, em qualquer língua, a paisagem tem importante papel na
ordenação do território. Ela pode não definir o território, mas o representa, pois
35
apresenta uma identidade pessoal, uma identificação patrimonial e cultural
construída pela história do território.
Atualmente, vivemos na civilização da imagem, com um mundo concreto e um
mundo digital. Nesse sentido, a paisagem é a representação material das
relações, das idéias mentais. A memória viva da paisagem pode ser observada
através de imagens como livros, músicas, pinturas, fotografias.
Assim, a paisagem não é apenas uma descrição e explicação do território, é
toda uma problemática que envolve os conhecimentos interdisciplinares. É uma
noção que envolve conceitos e habilidades da geografia, da biologia, da
história, de engenharias, da economia.
Há na paisagem uma dificuldade concreta entre a dimensão material e a
dimensão sensível (de representações), e todo estudo, seja ele em qualquer
das disciplinas citadas, é uma dialética entre as duas dimensões. A
dimensão sensível é constituída por elementos materiais, que vivemos através
dos cinco sentidos.
Cada paisagem é uma percepção, e conseqüentemente uma formação
individual. Para Bertrand (2007) a paisagem território é uma paisagem
iceberg”, pois a ponta é o que se vê, no entanto, o que está submerso e
que os olhos não vêem, tais características necessitam de análise para serem
identificados, caracterizados e classificados.
5.4 O Sistema GTP
Dsse processo evolutivo do que é a paisagem na ciência geográfica, resultou o
sistema GTP, que também passou por um processo de evolução
acompanhando a experiência de seu desenvolvedor. Mas ainda não definida,
por ser esse, um modelo dinâmico e uma idéia "inacabada", que passa por
uma constante evolução, que es lançada à comunidade cientifica para ser
testada, a fim de ser melhorada. O diagrama abaixo extraído de BERTRAND
(2007), pág 299, mostra o processo de análise do Sistema GPT:
Figura 6
: Organograma proposto por Claude e G. Bertrand, mostrando as etapas de estudo do GTP (BERTRAND, 2007)
36
: Organograma proposto por Claude e G. Bertrand, mostrando as etapas de estudo do GTP (BERTRAND, 2007)
: Organograma proposto por Claude e G. Bertrand, mostrando as etapas de estudo do GTP (BERTRAND, 2007)
, pág.299
37
O sistema GTP (geossistema, território e paisagem) proposto por Claude e
Georges BERTRAND (início da década de 1990) vem para se somar aos
métodos da geografia e não para substituí-los, uma vez que este integra três
abordagens de análise existentes, constituindo assim três entradas (como
seus autores afirmam, três olhares) para o estudo das interações dos
elementos geográficos.
Uma entrada naturalista, outra socioeconômica e uma terceira sócio-cultural,
quebrando com a idéia atual de uma geografia setorizada. Por exemplo,
utilizando um espaço geográfico para exemplificar de forma genérica como se
aplica o modelo GTP, vamos utilizar para isso uma cidade hipotética, localizada
às margens de um lago.
Partindo do elemento natural em questão, o lago, esse que possui várias
funções de uso, ele é a fonte (Source) à medida que possui um potencial não
explorado (a água), essa é uma entrada naturalista, uma vez que entramos na
análise com base em dados como vazão e temperatura da água, ou seja, uma
entrada naturalista, consideramos os impactos que podem ser causados pelos
habitantes dessa cidade no lago através da antropização, esse se daria por um
processo utilizando para essa análise as ferramentas fornecidas pelo
GEOSSISTEMA como um método.
O lago também é um recurso (ressource) na medida em que passamos a
explorar suas potencialidades por uma entrada socioeconômica, construindo
nesse lago pontes, sistema de captação de água, estaleiros para barcos de
pesca, isso seria a Artificialização do lago, esse lago possui um valor
econômico para a sociedade, estudando então a forma como a sociedade se
plasma nesse TERRITÓRIO que é o conceito para entender essa entrada.
Esse mesmo lago possui um significado, um valor para a sociedade que dele
se utiliza, construindo assim uma identidade (Ressourcement), essa identidade
aparece na cultura dessa sociedade que é a nossa entrada sócio-cultural
através das suas expressões como arte, música, poesia, habitação e costumes
se dá a Artialização, esse conjunto de códigos e significados se reflete na
PAISAGEM como uma noção, pois para cada um terá um significado diferente.
Nota-se que em toda a análise o elemento foi sempre o mesmo, o lago, o que
se alterou foi o enfoque nele dado. Isso constitui uma ANÁLISE GLOBAL
38
(Globalização e Interface).
O Sistema GTP mostra que, como seu autor afirma, que não veio para anular o
que já se tinha na geografia, mas sim para somar e integrar, pois em uma única
análise engloba as diversas entradas possíveis para se explicar o elemento em
questão, sem se utilizar da dicotomia geografia física e humana.
5.5 O método de CLAUDE e GEORGES BERTRAND, teoria e prática.
Desde a sistematização da Geografia como disciplina (final do século XIX)
questões sobre qual o melhor método a ser adotado para o estudo do território,
a escala de análise e a forma como se deve colocar em prática a ciência, essas
discussões vêm ocupando destaque na geografia. Afinal, existe o melhor
método? Existe uma escala de análise perfeita para todos os territórios?
Em meio a uma crescente separação entre a geografia humana e física, e de
uma geografia cada vez mais especializada em diferentes áreas, com a
epistemologia cada vez mais esquecida, o método e a teoria distante da
prática, Claude e Georges BERTRAND propõem um método integrador entre o
geossistema (entrada naturalista), o território (entrada socioeconômica) e a
paisagem (entrada sócio-cultural) criando assim uma ponte entre a dicotomia
geográfica, chamado de GTP (Geossitema-Território-Paisagem). Um método
que segundo eles não veio para substituir o que existia. Tanto que ele trata
de conceitos existentes, mas reorganizados de maneira que a aplicação de
cada um completa o outro.
Eles não nos entregam uma receita pronta de aplicação desse método, o que a
primeira vista pode parecer vago e de difícil aplicação, mas que na realidade é
justamente o contrário, que o que ele propõe é uma nova visão de como a
epistemologia é aplicada, mostrando que os conceitos e noções trabalhados a
muito tempo na geografia podem ser trabalhados ao mesmo tempo, dando
assim uma abordagem rejeitada por muitos geógrafos, a abordagem sistêmica,
que se pelas seguintes fases, primeiro passa por uma reflexão
epistemológica, seguida de uma teoria aplicada a prática e, por fim, o método
combinado à tecnologia. Isso se dá a partir de um modelo sistêmico que
respeita a diversidade e a interatividade do meio ambiente geográfico; fazendo
isso a partir de três entradas diferentes (três conceitos ou noções) diferente dos
39
tradicionais métodos que trabalham apenas um conceito. Essas três entradas
diferentes possibilitam uma análise espaço-temporal de três dimensões
diferentes, com uma completando a outra. Sua prática se pela análise de
um mesmo conjunto geográfico aplicando simultaneamente essas três
entradas:
Entrada naturalista: trabalhada a partir do conceito de Geossitema, onde
se analisa a estrutura e funcionalmente biofísico, é o que os autores
chamam de Source (fonte);
Entrada socioeconômica: analisada a partir do conceito de Território que
permite analisar as repercussões da organização e dos funcionamentos
sociais e econômicos sobre o espaço considerado (Claude e G.
BERTRAND, 2007) chamada pelos autores de Ressource (recurso);
Entrada sócio-cultural: que se a partir da noção de paisagem,
estudada a partir do processo de artialização da paisagem, chamada
pelos autores de Ressourcement (identidade).
Afirmar que um método é perfeito e uma escala de análise é perfeita para os
estudos de todos os territórios é limitar a Geografia, cada território tem a sua
particularidade; não existe um território igual ao outro, logo não existe um único
método ou escala que abarca todos os territórios. Até mesmo os métodos e as
escalas se dobram diante da diversidade dos territórios, sendo que mesmo que
sejam estabelecidos em convenções, quando colocados em prática sempre
necessitam de adaptações para que possam ser aplicados.
Bertrand afirma que a paisagem é polissêmica (possui vários sentidos, vários
olhares) isso em referência a Michel Serres, esse que por sua vez ilustra a
Ciência como o navegar por um rio (entenda o rio como o objeto de estudo de
uma ciência), onde estamos sempre tentando buscar sua fonte (nascente);
cada disciplina teria então uma fonte (La Legende des Sciences, um filme de
Robert Pansard Besson,1996) para alcançá-la é preciso navegar de um rio a
outro, passando por entroncamentos e escolhendo o melhor rio a se navegar
em direção à montante, em determinado momento será preciso trocar de barco
(entenda barco como método), pois em rios menores, barcos grandes demais
não navegam. Para se navegador é necessário então o bom senso de saber a
40
hora certa a trocar de barco, é essencial também um olhar treinado para
observar o rio, pois o mesmo rio pode ser visto com diferentes olhares, pois a
pessoa no barco enxerga o rio de maneira diferente de alguém que está
sobrevoando o rio com um avião, por exemplo; isso demonstra a noção de que
o objeto a ser estudado muda conforme a escala em que é observado. Ou seja,
não existe um método único ou uma escala única para todos os territórios.
Nesse ponto o sistema GTP se torna útil, pois não nos é passado uma lista de
tarefa a se seguir para a sua aplicação, mas ele nos oferece a maneira como
devemos observar o território, as ferramentas, as tarefas e as etapas que deve
se seguir é por nossa conta, isso conforme as dificuldades e facilidades de se
estudar um determinado território exige, mas a abordagem deve ser sempre a
mesma, a abordagem sistêmica.
5.6 O desenvolvimento sustentável
O século XX foi palco de grandes transformações na sociedade motivadas por
um ator principal, o desenvolvimento tecnológico, a busca por esse
desenvolvimento tecnológico que leva o homem a criar novas formas de
apropriação do espaço, como novas fontes de energia, novas aplicações para
o uso de materiais encontrados na natureza.
As questões ambientais nunca foram tão discutidas como agora, pela mídia e
em geral. A preocupação em preservar os recursos naturais está na
consciência de muitos. Relato de um assentado do MST no município de
Euclides da Cunha Paulista-SP “Se eu não plantar as árvores hoje, meus netos
nunca irão conhecer um pau-brasil ou um ipê”.
Pesquisa do Ministério da Educação revela que brasileiros se interessam mais
por notícias científicas na mídia do que por qualquer outro assunto. Nesse
contexto pretendemos abordar a questão do desenvolvimento sustentável a
partir da noção de paisagem.
A definição mais aceita para o desenvolvimento sustentável é a de
um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades
das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro (WWF Brasil. www.wwf.org.br site
consultado em março de 2007).
41
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, criada nas Nações Unidas (WWF Brasil. www.wwf.org.br
site consultado em março de 2007) para discutir e propor meios de harmonizar
dois objetivos: O desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento
e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito
representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em
conta o meio ambiente.
Os modelos de desenvolvimento precisam mudar, desenvolvimento é diferente
de crescimento.
42
6 AS ÁREAS DE ESTUDO
A localização está na base da
geografia assim como os números na base
da matemática
No início do século XX Vidal de La Blache, o fundador da escola geográfica
francesa, definia nossa disciplina como sendo "a ciência dos locais"
(DOLFUSS, 1972, pág. 18). É por meio da localização que podemos avaliar as
relações que os elementos geográficos mantêm entre si no espaço, assim
estaremos "geografizando" o estudo.
A descrição das áreas de estudo na dissertação se baseia nas noções
apresentadas por DOLFUSS (1972) para definição de áreas de estudo que
são: a localização; o sítio e a posição. Sendo:
localização: indicação do local onde a área de estudo está inserida no
espaço; consiste nas coordenadas geodésicas (latitude, longitude e
altitude);
sítio: representa o receptáculo territorial de um elemento do espaço
(DOLFUSS, pág. 18);
posição: depende do sistema de relações que o elemento mantém com
outros elementos, estejam estes próximos ou distantes (DOLFUSS, pág.
18).
Dessa maneira a descrição das áreas de estudos parte de uma análise global
até chegar a análise local. Por exemplo, o Estado do Paraná tem sua
localização que está entre os meridianos 46°W e 56W de longitude e os
paralelos 22°S e 2S de latitude; inseridos na ZONA -22 do globo segundo a
Projeção Universal Transversal de Mercartor; com altitudes que variam de 0 m
(Oceano Atlântico) a 1922 m (Pico Paraná, entre os municípios de Antonina e
Campina Grande do Sul).
Possui uma posição: situada na Região Sul do Brasil, a sudoeste do Estado de
São Paulo (Região Sudeste) e a sudeste do estado de Mato Grosso do Sul
(Região Centro-oeste) tendo como limites naturais os rios Paranapanema e
Paraná, respectivamente; a oeste, o estado do Paraná faz fronteira com o
Paraguai.; A leste, tem como limite o Oceano Atlântico e ao sul o estado de
Santa Catarina.
43
Constitui o sítio do estado do Paraná: uma superfície de 199.314 km²;
constituída por uma estreita faixa de planície litoral; serras que vão de leste a
sudeste - formando a borda leste dos planaltos da bacia sedimentar do Paraná
-. Com um relevo levemente ondulado com fortes elevações na Serra do Mar; e
clima definido pela transição de duas zonas - tropical e subtropical -,
delimitadas pelo Trópico de Capricórnio que corta o estado.
A população, segundo o Censo do IBGE de2007, é de 10.155.274 pessoas,
com predominância da etnia branca (77,24%).
Como pode ser notada a definição de sítio e posição não requer uma escala
determinada e as duas noções são complementares. Para a definição da
posição foram utilizadas como referência elementos de limites políticos, mas
nada impede que possam ser utilizados elementos naturais, o mesmo vale para
a definição do sítio.
A análise do espaço geográfico deve ter como objetivo a correlação entre os
elementos do sítio e da posição que levam à classificação desses e das
funções atribuídas a eles que venham a justificar sua localização.
Para completar ainda mais a idéia de sistemas, a dissertação não estará
dividida em tópicos como solo, vegetação, relevo etc., Esta opção pode, no
primeiro momento, causar um pouco de desconforto na leitura, mas isso foi
propositalmente, pensando em adotar uma abordagem sistêmica também na
forma de escrita do trabalho, onde os elementos são relacionados e discutidos
em conjunto, um interagindo com o outro, ou seja, numa abordagem que
contempla a complexidade.
6.1 O município de Jauru
Figura 7
: Mapa de localização do município. Fonte: Base digital IBGE
Localizado no Brasil, no
15º 00' 16.37"S e 15º 36' 08.54"S e as longitudes 58º 41' 45.63"W e 58º 59'
00.44"W, com altitude minima de 196.33m e xima de 606.86m (margem de
erro de 10 metros).
Posicionado no médio vale do rio Jauru que nasce na Chapada dos Parecis e
desemboca no
rio Paraguai, entre as serras das Araras e de Santa Bárbara, no
sentido sul da Chapada dos Parecis e no sentido norte do Pantanal Mato
grossense. Segundo a Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação
Geral (SEPLAN, MAPA DE UNIDADES NATURAIS DO ESTA
GROSSO, 2007) compreende a unidade natural da
Guaporé, no Domínio Savânico, sob Clima Tropical Continental
Conjunto de Rampas Colinosas
diminuição da precipitação an
temperaturas máximas anuais entre 29ºC e 32ºC. Geologicamente, possui
formações pré-
cambrianas de rochas ígneas e metamórficas, que dão origem
aos solos argilosos, e do quaternário; em sua parte superior a unidade é be
falhada, com relevo ondulado e
argissolos; nas regiões de maior altitude ocorre a presença de ne
litólicos por conta da declividade acentuada.
44
6.1 O município de Jauru
-MT
: Mapa de localização do município. Fonte: Base digital IBGE
Localizado no Brasil, no
estado do Mato Grosso, encontra-
se entre as latitud
15º 00' 16.37"S e 15º 36' 08.54"S e as longitudes 58º 41' 45.63"W e 58º 59'
00.44"W, com altitude minima de 196.33m e xima de 606.86m (margem de
Posicionado no médio vale do rio Jauru que nasce na Chapada dos Parecis e
rio Paraguai, entre as serras das Araras e de Santa Bárbara, no
sentido sul da Chapada dos Parecis e no sentido norte do Pantanal Mato
grossense. Segundo a Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação
Geral (SEPLAN, MAPA DE UNIDADES NATURAIS DO ESTA
DO DO MATO
GROSSO, 2007) compreende a unidade natural da
Depressão do Alto
Guaporé, no Domínio Savânico, sob Clima Tropical Continental
Conjunto de Rampas Colinosas
(Região VIII.1c). E
ssa unidade possui uma sutil
diminuição da precipitação an
ual, variando entre 1600 a 1800 mm, e
temperaturas máximas anuais entre 29ºC e 32ºC. Geologicamente, possui
cambrianas de rochas ígneas e metamórficas, que dão origem
aos solos argilosos, e do quaternário; em sua parte superior a unidade é be
falhada, com relevo ondulado e
, por conta desse fator,
o predomínio de
argissolos; nas regiões de maior altitude ocorre a presença de ne
litólicos por conta da declividade acentuada.
se entre as latitud
es
15º 00' 16.37"S e 15º 36' 08.54"S e as longitudes 58º 41' 45.63"W e 58º 59'
00.44"W, com altitude minima de 196.33m e xima de 606.86m (margem de
Posicionado no médio vale do rio Jauru que nasce na Chapada dos Parecis e
rio Paraguai, entre as serras das Araras e de Santa Bárbara, no
sentido sul da Chapada dos Parecis e no sentido norte do Pantanal Mato
-
grossense. Segundo a Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação
DO DO MATO
Depressão do Alto
Guaporé, no Domínio Savânico, sob Clima Tropical Continental
(Região VIII)
ssa unidade possui uma sutil
ual, variando entre 1600 a 1800 mm, e
temperaturas máximas anuais entre 29ºC e 32ºC. Geologicamente, possui
cambrianas de rochas ígneas e metamórficas, que dão origem
aos solos argilosos, e do quaternário; em sua parte superior a unidade é be
m
o predomínio de
argissolos; nas regiões de maior altitude ocorre a presença de ne
ossolos
45
O município apresenta uma situação pouco favorável devido ao relevo, uma
vez que não se encontra em topo de chapada, o relevo é mais acidentado, com
rochas ígneas e metamórficas e com vários rios; com isso o uso do solo passa
a ser dominante a pecuária e não agricultura (muito mais rentável na região).
Por outro lado a quantidade de rios é explorada para a geração de energia, por
meio de barragens, possuindo o município duas barragens, uma linha de
transmissão de energia elétrica que varia de 230 a 450 kv (tensão) e um
projeto de construção de mais uma linha de mesma tensão. É cortado por três
rodovias a MT 247, MT 248 e a MT 388 (não pavimentadas) o que facilita o
fluxo de pessoas e produtos. Fluxo esse tradicional na história de Jauru,
que no passado o rio Jauru onde o município está localizando servia de
transporte para a capital da antiga Capitania de Mato Grosso. O conhecimento
desse território data do século XVI, quando espanhóis chegaram devido a
incursões por terras demarcadas pelo Tratado de Tordesilhas; esse território
era habitado por três tribos indígenas, os nambikiwara, os paresi e os bororo;
Atualmente são encontrados sítios arqueológicos de antigas plantações dessas
tribos (solo preparado para o plantio com cerâmica e machados de madeira). A
partir de 1954 começou a ser povoado por famílias vindas dos estados de São
Paulo, Paraná e Minas Gerais e somente em 1979 veio a se tornar município.
Hoje Jauru conta com aproximadamente 10.774 habitantes (IBGE: contagem
da população 2007) desses, 80.1% a 90% são alfabetizados (pessoas de 10
anos de idade ou mais).
Foto 1
: Incisões fluviais em superfície neogênica, cujo processo erosivo foi acelerado
após desmatamento. Junto
Coordenadas UTM: 0283362 e 8335211
6.2 O município d
e Euclides da Cunha Paulista
Figura 8
: Mapa de localização do município Fonte: Base digital IBGE
Localizado no Brasil, no
22° 23' 01.23"S e
22° 38' 04.56"S e as longitudes 52° 26' 35.61"W e 52° 46'
46
: Incisões fluviais em superfície neogênica, cujo processo erosivo foi acelerado
após desmatamento. Junto
à
sede da fazenda Guapé, município de Jauru.
Coordenadas UTM: 0283362 e 8335211
Altitude: 571 Sentido da foto: SW
e Euclides da Cunha Paulista
-SP
: Mapa de localização do município Fonte: Base digital IBGE
Localizado no Brasil, no
estado de São Paulo, encontra-
se entre as latitudes
22° 38' 04.56"S e as longitudes 52° 26' 35.61"W e 52° 46'
: Incisões fluviais em superfície neogênica, cujo processo erosivo foi acelerado
sede da fazenda Guapé, município de Jauru.
Altitude: 571 Sentido da foto: SW
-NE
se entre as latitudes
22° 38' 04.56"S e as longitudes 52° 26' 35.61"W e 52° 46'
47
47.56"W, com altitude mínima de 255m e máxima de 476.49m (margem de erro
de 10 metros).
Posicionado à margem direita do rio Paranapanema e a montante da barragem
da Usina Hidroelétrica de Rosana, em uma área conhecida como O Pontal do
Paranapanema.
Situado em uma área de rochas sedimentares (arenitos) e latossolos podzólico,
com um potencial agrícola regular (deficiência de nutrientes). A proximidade
com os rios Paranapanema e Paraná - concede ao município potencialidade
hidro-energética, pesca, turismo, mas que são pouco exploradas. Sua
colonização data da década de 1960 com a chegada da Companhia Camargo
Correa. Tornou-se município em janeiro de 1990, desmembrando-se do
município de Teodoro Sampaio, hoje conta com aproximadamente 9.923
habitantes (IBGE: contagem da população 2007), desses de 80.1% a 90% são
alfabetizados (pessoas de 10 anos de idade ou mais) e aproximadamente
2.000 famílias estão em assentamentos rurais. Sobre as redes de transporte a
mudança mais significativa foi entre os anos de 1964 a 2003 com a expansão
ferroviária.
48
7 O USO DAS IMAGENS DE SATÉLITES NA INTERPRETAÇÃO DO
TERRITÓRIO
As imagens satélites são uma ferramenta indispensável para a geografia, pois,
permitem o acompanhamento das dinâmicas atmosféricas e na superfície
terrestre. O mundo visto de cima pode facilitar o planejamento, coordenar a
distribuição dos elementos, quantificar e qualificar a ocupação social e
“natural”, pois essa visão permite a noção do todo, dos elementos geográficos.
O sensoriamento remoto torna-se tão importante à geografia, quanto o
microscópio para a biologia ou o telescópio para o astrônomo. Não cabe a
geografia reivindicar essa ferramenta para si, mas cabe a ela dar novos usos a
essa ferramenta.
Esse trabalho se presta a utilizar imagens de satélite LANDSAT TM 5 e
LANDSAT ETM 7 como auxilio na interpretação do território.
7.1 O satélite LANDSAT TM.5
Desenvolvido pela NASA (National Aeronautics and Space Administration) em
1972, teve inicio com o lançamento do satélite ERTS-1 (Earth Resources
Technology Satellite), que em 1975 veio a ser chamado de LANDSAT TM 5,
criado para monitorar as feições da superfície terrestre a partir do espaço.
Orbita 705 km de altitude, em uma órbita hélio-síncrona, ou seja, é uma órbita
quase polar, o satélite viaja de pólo a pólo, mas se um observador estiver
posicionado no sol, o satélite vai parecer estar fixo, para isso ele mantém uma
inclinação de 98° em relação ao Equador. Dessa maneira o satélite sempre
passará por um mesmo ponto na terra, todos os dias no mesmo horário, o que
permite a coleta de dados por uma estação fixa na terra; essa captação dos
dados do satélite ocorre todos os dias entre 9:30 e 10:00h (horário de Brasília).
Cada cena captada pelo LANDSAT TM 5 cobre uma área de 185 X 185 Km,
com uma resolução temporal de 16 dias, ou seja, após obter uma cena em um
ponto da terra, Brasília-DF por exemplo, ele levará 16 dias para obter uma
outra cena desse mesmo ponto. A obtenção da cena se por dois sensores
acoplados ao satélite, (1) o MSS (Multiespectral Scanner Subsystem) e (2) o
TM (Thematic Mapper).
7.2 Imagens LANDSAT
Os satélites captam a energia emitida por objetos na superfície terrestre por
meio de ondas eletromagnéticas. Ele transforma essa energia em dados
imageados, traduzindo esses dados em
unidade visivel de u
ma imagem digital, quanto maior o número de
será a resolução da imagem)
resolução espacial de 30x30m, o que significa que, cada
área de 900m² da superfície, objetos menores que esse tama
aglutinados em uma única classe. O
informações do objeto refletido por tonalidades que variam do preto (0) ao
branco (255), uma image
quanto maior for a energia e
valor do pixel
, como é apresentado na figura 10.
Figura 9
: Valor da representação dos elementos em comprimento de onda, onde a
sigla TM corresponde ao canal utilizado pelo satélite, quanto maior o grau de
reflectância do elemento em um determinado canal, melhor será esse canal para
representar o devido elemento na imagem se satélite.
49
TM.5
Os satélites captam a energia emitida por objetos na superfície terrestre por
meio de ondas eletromagnéticas. Ele transforma essa energia em dados
imageados, traduzindo esses dados em
pixel (Picture e El
ement,
ma imagem digital, quanto maior o número de
será a resolução da imagem)
Uma imagem LANDSAT
TM.5
resolução espacial de 30x30m, o que significa que, cada
pixel
representa uma
área de 900m² da superfície, objetos menores que esse tama
nho serão então
aglutinados em uma única classe. O
pixel
armazena e representa as
informações do objeto refletido por tonalidades que variam do preto (0) ao
branco (255), uma image
m
apresenta então até 256 tonalidades de cinza,
quanto maior for a energia e
mitida por um objeto (reflectância) maior será o
, como é apresentado na figura 10.
: Valor da representação dos elementos em comprimento de onda, onde a
sigla TM corresponde ao canal utilizado pelo satélite, quanto maior o grau de
reflectância do elemento em um determinado canal, melhor será esse canal para
representar o devido elemento na imagem se satélite.
Os satélites captam a energia emitida por objetos na superfície terrestre por
meio de ondas eletromagnéticas. Ele transforma essa energia em dados
ement,
é a menor
ma imagem digital, quanto maior o número de
pixels melhor
TM.5
possui uma
representa uma
nho serão então
armazena e representa as
informações do objeto refletido por tonalidades que variam do preto (0) ao
apresenta então até 256 tonalidades de cinza,
mitida por um objeto (reflectância) maior será o
: Valor da representação dos elementos em comprimento de onda, onde a
sigla TM corresponde ao canal utilizado pelo satélite, quanto maior o grau de
reflectância do elemento em um determinado canal, melhor será esse canal para
50
Uma imagem de satélite é composta por canais, cada canal é responsável para
captar a energia dos elementos em um determinado comprimento de onda,
sendo assim existem canais que representam um elemento melhor do que o
outro. Na figura 9 podemos ver que o elemento vegetação, tem o seu pico de
reflectância (coluna vertical) no canal TM4, ou seja, esse canal representa o
elemento vegetação melhor que o canal TM1 onde a reflectância desse
elemento é menor. Esse conhecimento é essencial para a escolha dos canais a
serem utilizados no trabalho.
Como segue a quadro 2 abaixo:
CANAL
FAIXA ESPECTRAL
(mícrons)
PRINCIPAIS APLICAÇÕES
1
0,45 - 0,52
- mapeamento de águas costeiras
- diferenciação entre solo e vegetação
- estudo de sedimentos na água
2
0,52 - 0,60
- reflectância da vegetação verde sadia
- mapeamento da vegetação
3
0,63 - 0,69
- absorção da clorofila
- diferenciação de espécies vegetais
- mapeamento geológico e geomorfológico
4
0,76 - 0,90
- levantamento de biomassa
- delineamento de corpos d’água
5
1,35 - 1,75
- medidas de umidade da vegetação
- diferenciação entre nuvens e neves
- uso do solo
6
10,4 - 12,5
- mapeamento de estresse térmico em
plantas
- mapeamentos térmicos
7
2,08 - 2,35
- mapeamento hidrotermal
Quadro 2: Principais aplicações do sensor Thematic Mapper.
Fonte:
http://www.dgi.inpe.br/CDSR/
51
A composição dos canais em uma imagem de satélite se faz pela sintetização
de três canais, atribuindo a cada canal uma cor primária (vermelho, verde,
azul), o que se chama de falsa cor, gerando assim uma imagem de satélite
colorida. Com base em todas essas informações e tendo em visto o objetivo do
estudo, foram escolhidos três canais, o canal 3, para a diferenciação de
espécies vegetais, o canal 4,para o delineamentos de corpos d’água e
geomorfologia e o canal 5, para a interpretação do uso do solo.
7.2.3 Pré-processamento das imagens
É o processamento inicial das imagens, trata das correções das distorções nas
imagens:
Correção radiométrica: devido a degradação dos sensores ao longo do
tempo de uso, podem ocorrer diferenciações entre o raio
eletromagnético obtido pelo pixel e o raio eletromagnético real do objeto
refletido na superfície terrestre;
Correção atmosférica: o raio eletromagnético faz dois trajetos (Figura
10), um do Sol ao objeto refletido e outro do objeto refletido ao sensor do
satélite; por esses dois trajetos o raio eletromagnético passa pela
atmosfera terrestre, que pela influência dos gases que a compõe pode
ocasionar distorções no raio;
Correção geométrica: é a distorção que mais provoca erros em uma
imagem, é ocasionada por diversos fatores, entre eles: movimento da
plataforma do satélite; movimento do planeta, curvatura da terra,
variação de altitude e outros. Nessa fase é necessário o
georeferenciamento das imagens, que é o registro das imagens em um
Sistema Geodésio de Referência.
Figura 10
: Propagação das ondas eletromagnéticas no espaço. Fonte:
Introdução ao Sensoriamento Remeto
7.2.4 Realce das imagens
O realce das imagens
no presente trabalho se deu pelo controle do contraste
das imagens que, decorrente da manipulação do histograma de níveis de cinza
da imagem; nesse caso especifico, foi realizado o processo MinMax de
contraste, que provoca
a expansão dos valores mínimos e
de cinza da imagem, isso sem alterar os valores originais da imagem.
7.2.5 Composição colorida
A composição colorida é a atribuição de cores aos canais selecionados. A
atribuição de cores é feita com b
(Red, Green, B
lue). No decorrer do trabalho, quando
uma imagem, usaremos a nomenclatura seguindo as bandas utilizadas na
composição e seguindo essa ordem de cores (R, G, B). Por exemplo, um
composição de imagem utilizando a banda 3 na cor vermelha, a banda 4 na cor
verde e a banda 5 na cor azul,
composição utilizando a banda 5 na cor vermelha, a banda 3 na cor verde e a
banda 4 na cor azul, entenda
52
: Propagação das ondas eletromagnéticas no espaço. Fonte:
Introdução ao Sensoriamento Remeto
.
7.2.4 Realce das imagens
no presente trabalho se deu pelo controle do contraste
das imagens que, decorrente da manipulação do histograma de níveis de cinza
da imagem; nesse caso especifico, foi realizado o processo MinMax de
a expansão dos valores mínimos e
máximos dos níveis
de cinza da imagem, isso sem alterar os valores originais da imagem.
7.2.5 Composição colorida
A composição colorida é a atribuição de cores aos canais selecionados. A
atribuição de cores é feita com b
ase em três cores, vermelho, verde e azul
lue). No decorrer do trabalho, quando
referido
a composição de
uma imagem, usaremos a nomenclatura seguindo as bandas utilizadas na
composição e seguindo essa ordem de cores (R, G, B). Por exemplo, um
composição de imagem utilizando a banda 3 na cor vermelha, a banda 4 na cor
verde e a banda 5 na cor azul,
entenda-
se essa composição por
composição utilizando a banda 5 na cor vermelha, a banda 3 na cor verde e a
banda 4 na cor azul, entenda
-se essa composição como 534.
Não existe uma
: Propagação das ondas eletromagnéticas no espaço. Fonte:
Site, INPE
no presente trabalho se deu pelo controle do contraste
das imagens que, decorrente da manipulação do histograma de níveis de cinza
da imagem; nesse caso especifico, foi realizado o processo MinMax de
máximos dos níveis
de cinza da imagem, isso sem alterar os valores originais da imagem.
A composição colorida é a atribuição de cores aos canais selecionados. A
ase em três cores, vermelho, verde e azul
a composição de
uma imagem, usaremos a nomenclatura seguindo as bandas utilizadas na
composição e seguindo essa ordem de cores (R, G, B). Por exemplo, um
a
composição de imagem utilizando a banda 3 na cor vermelha, a banda 4 na cor
se essa composição por
345, uma
composição utilizando a banda 5 na cor vermelha, a banda 3 na cor verde e a
Não existe uma
53
composição ideal; as composições variam conforme o objetivo do usuário e os
elementos que ele deseja destacar na imagem, então em cada momento em
que utilizar uma determinada composição, é coerente informar o motivo da
opção.
7.2.6 Classificação das imagens
O processo de classificação consiste em agrupar em classes áreas da imagem
de satélite que sejam homogêneas, como por exemplo, áreas de plantio de
cana, de solo exposto, vegetação densa ou áreas urbanas. Esse processo
ocorre de duas maneiras:
Classificação supervisionada: onde o usuário passa ao software os
padrões a serem separadas, um modelo a ser seguido;
Classificação não-supervisionada: as informações são classificadas na
imagem de satélite encontrando pixels homogêneos e agrupando-os em
classes.
No decorrer do trabalho foram utilizados os dois processos de classificação,
sempre especificando qual processo está sendo utilizado e o motivo que nos
levou a utilização desse processo em detrimento do outro.
54
8 PAISAGENS INDICADORAS
8.1 O Caso de Euclides da Cunha Paulista-SP
Indicador, do latim indicare, significa descobrir, apontar, anunciar, estimar. Tem
como objetivo ser um recurso que deixa perceptível a tendência e o estado de
um determinado fenômeno. Segundo Holling (1978) um indicador é uma
medida do comportamento do sistema em termos de atributos expressivos e
perceptíveis. O indicador não é o próprio fenômeno, mas sim uma
representação dele, ele revela aquilo que não pode ser observado diretamente
no fenômeno Um bom indicador é aquele que torna as informações de um
determinado fenômeno mais simples e aparentes.
As principais funções dos indicadores
avaliação de condições e tendências;
comparação entre lugares e situações;
avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos
objetivos;
prover informações de advertência.
antecipar futuras condições e tendências.
Fonte: Extraido de Bellen (2007)
Quadro 3: Avaliação das principais funções dos indicadores
Um indicador, então, deve servir de base para o processo de tomada de
decisão. Segundo MEADOWS,1998 (PUD BELLEN 2007) a utilização de
indicadores é uma maneira intuitiva de monitorar complexos sistemas, que a
sociedade considera importantes e precisa controlar.
A identificação dos elementos da paisagem, observados a partir da imagem de
satélite, pode fornecer indicadores do comportamento da paisagem, mas é
preciso questionar o que estão indicando. Partindo desse ponto essa questão
nos leva a encontrar as respostas na quantificação, espacialização e
55
territorialização dos elementos geográficos, entre eles destacamos o uso do
solo, que é o resultado das interações homem-meio na paisagem.
Tomando-se como ferramenta as imagens de satélite, foram seguidos alguns
passos para a obtenção e análise desses dados, como segue na figura 11.
Figura 11: Passos para a análise da quantidade e espacialização dos
elementos na imagem de satélite.
1. A composição das imagens de satélite foi a mesma para todas as
imagens, utilizando a banda 5 para a cor vermelha, a banda 4 para a cor
verde e a banda 3 para a cor azul;
2. A classificação das imagens foi realizada pelo método de classificação
por regiões. Inicialmente foi necessária a segmentação da imagem, que
fragmenta a imagem em unidades homogêneas, seguindo as
características da imagem, como a escala de nível de cinza dos pixels,
textura e contraste (Woodcook et al 1994). Em seguida, essas regiões
foram associadas as seguintes classes: a) mata; b) corpo d água; c)
campo/pastagem; d) agricultura/pastagem.
A classificação se deu pelo método de Battacharya, que calcula a média da
distância entre as probalidades de ocorrência das distribuições de classes
espectrais. Esse método de classificação não é automático, dependendo
5. Análise dos gráficos comparados as imagens de satélite
4. Gráfico geral em forma de barras, comparando todos os gráficos da série histórica
3. Quantificação da distribuição dos elementos em porcentagem, produzindo gráficos
em forma de pizza para cada imagem classificada
2. Classificação das imagens
1. Composição das imagens de satélite
56
então das informações fornecidas pelo usuário do programa para identificar
as classes, fortalecidas pela pesquisa de campo;
3. Por meio da função de medidas de classes do programa SPRING foi
possível quantificar a distribuição de cada classe gerada, com os dados
fornecidos pelo programa medidos em km² geraram-se gráficos para
auxiliar a interpretação das classes da imagem;
4. Os dados foram agregados em um único gráfico no formado de barras
para que fossem comparados, de modo a analisar a distribuição desses
elementos ao longo da série histórica de imagens a cada 10 anos, em
um período de 30 anos;
5. A última etapa foi a de análise de todos os dados para a interpretação
das informações obtidas.
57
9 RESULTADOS
Por meio da própria composição das bandas da imagem de satélite - mesmo
antes da classificação das imagens - é possível identificar mudanças no
processo de ocupação do território, como, por exemplo, a transformação de
áreas de campo desmatado utilizados como pastagens em assentamentos
rurais, evidenciados pelo surgimento de áreas com maior parcelamento do
solo, onde antes era uma área pouco parcelada, formando na imagem áreas
mais heterogêneos no ponto de vista da divisão das extensas propriedades em
pequenas áreas. Como observado na figura 12.
58
Figura 12: Evolução dos assentamentos rurais.
59
Uma outra informação observada é o aumento do corpo d’água no rio
Paranapanema, isso por conta da construção e operação da UHE de Rosana,
a jusante do município que altera o volume e a dinâmica da água pela
alteração dos níveis de base dos rios a montante da represa. O início da
operação de produção de energia hidroelétrica da UHE de Rosana aconteceu
no ano de 1986.
Segue abaixo as imagens de satélite em composição colorida, chamadas de
imagens sintéticas:
60
Figura 13: Composição de imagem colorida para o ano de 1985.
61
Figura 14: Composição de imagem colorida para o ano de 1995.
62
Figura 15: Composição de imagem colorida para o ano de 2005.
63
A classificação das imagens partiu das observações do comportamento dos
elementos da imagem, como textura, escala de cor, brilho, contraste e forma,
além das observações de campo, onde os elementos observados eram
georreferenciados e fotografados, para que seu comportamento na imagem
fosse comparado.
Figura 16: Fotos de duas unidades sicas da paisagem: o vale do ribeirão da
Anta – com pastagem – e o espigão com agricultura de mandioca. .
Na foto 1, em destaque na figura 16, observa-se uma área desmatada,
transformada em pastagem, mas com alguns remanescentes de mata,
principalmente ao longo da mata ciliar. Esse tipo de informação aparece na
imagem em cores entre o verde claro ao vermelho, algumas vezes facilmente
confundida com as áreas agricultáveis, como a mandioca. Uma característica
para identificar as áreas de mata é que essas aparecerem na imagem na cor
verde, em um tom mais escuro e com uma textura rugosa, gerada pelas copas
das árvores. Na foto 2 observa-se uma plantação de mandioca, que aparece na
64
imagem com uma cor rosada, algo entre o vermelho e o azul, às vezes,
dependendo da idade da plantação, aparece entre o vermelho e o azul, o que a
faz ser confundida com áreas de pastagem.
Essa constatação tornou necessário especificar na legenda da classificação
das imagens que tanto as áreas de agricultura, quanto as áreas de campo,
podem apresentar também pastagens.
65
Figura 17: Imagem Landsat classificada para o ano de 1985.
66
Figura 18: Imagem Landsat classificada para o ano de 1995.
67
Figura 19: Imagem Landsat classificada para o ano de 2005.
68
A classificação das imagens nos permite uma melhor leitura e quantificação
das informações, pois, separa as mesmas em unidades de paisagem. A partir
dessas informações os gráficos e tabelas gerados, como segue a seguir.
ELEMENTOS DA PAISAGEM (EM KM²)
ANO/
CLASSES
CORPO D'
ÁGUA
CAMPO/PASTAGEM
AGRICULTURA/
PASTAGEM
MATA
1985
13.112.100
130.660.200
356.075.400
76.481.100
1995
50.434.200
142.065.000
301.542.300
82.298.700
2005
53.384.400
134.296.200
316.528.200
70.555.500
ÁREA TOTAL 576.340.200
ORGANIZAÇÃO DE ELABORAÇÃO: RIBEIRO, M. A. G.
FONTE: IMAGEM CLASSIFICADA A PARTIR DE IMAGENS
LANDSAT TM 5
Quadro 4: Quatificação das classes de uso do solo, segundo a classificação efetuda a
partir do sofware SPRING.
Partindo dessa tabela foi possÍvel gerar os seguintes gráficos:
Gráfico 1: Quantificação (%) das classes de uso do solo, segundo a
classificação efetuada a partir do
sofware
SPRING, referente às informações
extraídas da imagem LANDSAT TM 5 de 30/07/1985 (Figura: 19).
2%
23%
62%
13%
CORPO D' ÁGUA CAMPO/PASTAGEM
AGRICULTURA/PASTAGEM
MATA
69
Gráfico 2: Quantificação (%) das classes de uso do solo, segundo a
classificação efetuada a partir do
sofware
SPRING, referente às informações
extraídas da imagem LANDSAT TM 5 de 23/05/1995 (Figura: 20).
Gráfico 3: Quantificação (%) das classes de uso do solo, segundo a
classificação efetuada a partir do
sofware
SPRING, referente às informações
extraídas da imagem LANDSAT TM 5 de 21/08/2008 (Figura: 21).
É notável o aumento do corpo d’ água (2% para 1985 e 9% para 1995 e 2005)
e a conseqüente diminuição das áreas destinadas à pastagem a partir de 1985
9%
25%
52%
14%
CORPO D' ÁGUA CAMPO/PASTAGEM
AGRICULTURA/PASTAGEM
MATA
9%
24%
55%
12%
CORPO D' ÁGUA
CAMPO/PASTAGEM
AGRICULTURA/PASTAGEM MATA
70
(62% para 1985 e 52% para 1995), pois, as mesmas se localizam mais
próximas aos rios, portanto, são as primeiras áreas a sofrerem as
conseqüências da alteração do nível de base do rio.
Objetivando uma contribuição mais relevante das condições fitossociológicas
das matas ciliares dos córregos e ribeirões que ocorrem no município de
Euclides da Cunha Paulista, optou-se pelo estudo mais sistematizado da mata
ciliar do ribeirão da Anta.
Após o levantamento fitossociológico (ficha 1), construímos a pirâmide (figura
20) que permitem diagnosticar o estado de degradação desse importante
bioma.
71
Lote: n
o
1 – SP 1
Formação: Floresta Tropical – Mata Atlântica
Sítio: Mata Ciliar do Córrego da Anta
Município: Euclides da Cunha Paulista
Estado: SP
Data: 13/06/2007
Coordenadas: UTM 330923 E 7503330 N
Espécies vegetais por estrato
Arbóreo
n
o
de indivíduos
Altura (m)
Espéc
ies
Extrato
A / D
S
A / D
Embaúba
15
5
4
4
4
Bico de pato
1
10
+
+
1
Maçaranduba
20
10
4
4
4
Taiúva
6
6
2
2
2
Leiteiro
20
5
4
4
4
Leiteiro chorão
2
4
+
+
+
Macaúba
2
7
1
1
1
Canela de veado
2
10
1
1
1
Óleo de copaíba
3
7
1
1
1
Peroba (morta)
1
18
+
+
+
Mamica de porca
1
6
+
+
+
Ingá
-
açu
1
6
+
+
+
Guatambu
1
6
+
+
+
Louro pardo
1
7
+
+
+
Amendoim do campo
1
8
+
+
+
Espécie espinhenta (NI)
6
7
2
2
2
Mamica de Porco
1
6
+
+
+
Arborescente
Carvalhinho (erva de
lagarto)
10
3
3
3
3
72
Arranha gato
1
3
+
+
+
Guajuvira
1
3
+
+
+
Catiguá
4
1
1
1
1
Chal
-
chal
1
2
+
+
+
Guarita
1
3
+
+
+
Marinheiro
3
4
+
+
+
Embaúbas
15
4
4
4
4
Leiteiro (salsa)
1
2
+
+
+
Limãozinho bravo
1
3
+
+
+
Arbustivo
Araticu
m
1
1
+
+
+
Ca
tig
2
1
+
+
+
Erva de Lagarto
1
1,5
+
+
+
Chal
Chal
8
1
3
3
3
Maçaranduba
25
1
5
5
5
Subarbustivo
Bico de Pato
1
20
Maçaranduba
1
40
Chal
Chal
3
30
Guajuvira
1
60
1
1
1
Herbáceo
Capim
Braquiária
Gra
míneas
Juá
3
Samambaias
3
0,5
1
1
1
Húmus: não
Altitude:
Clima: Tropical tropófilo de sombra
Microclima:
73
Rocha Mãe: Arenito Caiuá
Solo: Latossolo vermelho / entre córrego e cascalheira
Erosão: Sim / Acentuada
Ação Antrópica: Pastagem / Mata ciliar descontinua em fragmentos. na margem esquerda.
Muito alterada.
Herbáceo com nascentes muita grama, capim, vegetação rasteira com mancha contínua,
densa, isto devido à umidade.
Ficha 1: Levantamento fitossociológico
Fígura 20: Pirâmide de vegetação: representação da mata ciliar do córrego
ribeirão da Anta – Município de Euclides da Cunha Paulista/SP.
A pirâmide de vegetação aponta que os estratos arbóreo e arborescente estão
em equilíbrio enquanto os demais estratos, arbustivo, subarbustivo, herbáceo
74
rasteiro e húmus, estão em estado de regressão ocasionada pela diminuição
da incidência dos raios solares nos estratos mais baixos e principalmente pela
ação do gado que, sem obstáculos, chega a pastar nessas áreas. Isso é uma
demonstração de como áreas de mata ciliar também são ocupadas por
pastagem. A foto seguinte da área onde efetuamos o levantamento
fitossociológico – se presta para visualizar o estágio atual do bioma mata ciliar.
Foto 2: Àrea de mata ciliar do córrego da Anta, representação de áreas de pastagem
em área de APP (Área de Preservação Permanente).
Mas o uso do solo para a pastagem simplesmente não desaparece, ela passa
a ocupar novas áreas, é o que evidencia o aumento da classe
campo/pastagem para o ano de 1995 (de 23% em 1985 passa a 25% em
1995). Essas são áreas de mata que foram desmatadas para esse fim,
afirmação essa que parece uma contradição, já que as áreas de mata sofreram
um aumento de 1985 a 1995 (de 13% passam a 14%) esse aumento ocorre
devido ao aumento do nível de base da água, aumenta também as áreas
destinadas a mata ciliar, também considerada na classificação como áreas de
75
mata e não a uma aparente conservação das matas. É possivel notar isso
comparando os gráficos de 1995 e 2005 que evidenciam o aumento das áreas
de agricultura/pastagem (de 52% para 55%) e a diminuição das áreas de mata
(de 14% passam a 12%) e das áreas de campo/pastagem (de 25% para 24%).
Outro fator que evidencia o aumento das áreas de agricultura das imagens de
1995 e 2005 foi que a partir da década de 1990 começa, nessa região os
movimenos sociais pela reforma agrária (MST) de forma mais atuante. Uma
das conseqüências desse conflito foi o assentamento de agricultores sem terra
que teve como impacto a redução da área de pastagem.
É evidente nos gráficos a baixa porcentagem de áreas de mata (que variam de
12% a 14% do total da área classificada) como resultado do processo de
ocupação do território, onde a mata era vista com obstáculo, tendo que ser
derrubada para ser ultrapassada e assim o território conquistado, sendo as
áreas derrubadas para a criação de extensas fazendas.,
Gráfico 4: Distribuição dos elementos na imagem Landsat classificada para os
anos de 1985, 1995 e 2005 do município de Euclides da Cunha Paulista-SP.
Fica evidente as transformações, no território, observadas através das imagens
de satélite e representadas pelos gráficos. O mais importante é lembrar que
além de números, esses gráficos mostram a maneira como o homem constrói o
território. As obras na represa de Rosana (anos 1980) durante o período militar
0
50.000.000
100.000.000
150.000.000
200.000.000
250.000.000
300.000.000
350.000.000
400.000.000
1985
1995
2005
CORPO D' ÁGUA
CAMPO/PASTAGEM
AGRICULTURA/PASTAGEM
MATA
ano
Área em km²/
76
trouxeram para a região um grande número de operários, que com a
desaceleração da economia brasileira motiva a temporária suspensão das
obras; muitos desses trabalhadores sem emprego passam a integrar o
movimento dos sem terra, que acaba ganhando mais forma e a ocupar
extensas áreas. Os primeiros assentamentos datam da cada de 1990 e de
forma mais forte entre 1995 e 2000. Com o incentivo do governo à produção de
álcool as áreas de cana-de-açúcar aumentam na região, grandes pecuaristas
passam a arrendar suas terras às usinas de álcool.
No entanto, a ocupação de grande parcela do território do município de
Euclides da Cunha Paulista para fins de reforma agrária inviabiliza a expansão
do plantio de cana-de-açúcar. É marcante, nas imagens de satélite, a
concentração dos assentamentos rurais ao redor do município. Uma das
propostas dos assentamentos e a diversificação da produção, sendo assim
monoculturas como a cana ou a pecuária não poderiam ocorrer nessas terras.
Como para a usina o lucro vem de extensas áreas, de áreas contínuas a ação
dessas usinas ocorre de maneira mais discreta no município, diferente de
alguns municípios no Estado do Paraná na outra margem do mesmo rio
onde a ação das usinas sobre os pequenos e médios produtores se de
forma mais intensa na busca por mais terras.
As imagens de satélite servem para acompanhar esta evolução e, então, se
georrefenciar alguns geótopos que se prestam como indicadores das
dinâmicas paisagísticas e territoriais.
8.2 O Caso de Jauru-MT
Segue abaixo as imagens de satélite compostas e classificadas do município
de Jauru para três datas.
77
Figura 21: Composição de imagem colorida para o ano de 1987.
78
Figura 22: Composição de imagem colorida para o ano de 1997.
79
Figura 23: Composição de imagem colorida para o ano de 2007.
80
Figura 24: Imagem Landsat classificada para o ano de 1987.
81
Figura 25: Imagem Landsat classificada para o ano de 1997.
82
Figura 26: Imagem Landsat classificada para o ano de 2007.
83
No caso de Jauru-MT, a dificuldade começou com a escolha das classes a
serem agrupadas às informações da paisagem, diferente de Euclides da Cunha
Paulista-MT, nesse município não foi incluída a classe agricultura, justamente
pela dificuldade de encontrar essa classe nas imagens, não que ela não exista,
mas por ocorrer de maneira muito tímida e pequena. Segundo Censo
Agropecuário 2006:
ÁREAS DESTINADAS A AGROPECUÁRIA POR HECTARE
LAVOURA
PERMANETE
LAVOURA
TEMPORÁRIA
PASTAGENS
ÁREAS DE MATAS E
FLORESTAS
219
863
90.048
12.806
ÁREA TOTAL DE
ESTABELICIMENTOS
AGROPECUÁRIOS
104.731
Quadro: 5 Censo Agropecuário 2006, IBGE para o município de Jauru-MT.
Segue o gráfico gerado a partir do quadro 5:
Gráfico 5: Percentuais das classes de uso do solo no município de Jauru-MT. Fonte:
Censo Agropecuário 2006, IBGE.
Ou seja, a representação nas imagens seria mínima e de difícil
reconhecimento, a atividade dominante é a pastagem. Por meio do estudo da
0%
1%
87%
12%
LAVOURA PERMANETE LAVOURA TEMPORÁRIA
PASTAGENS NATURAIS ÁREAS DE MATAS E FLORESTAS
84
artialização da paisagem, podemos citar nesse ponto o hino da cidade de
Jauru, que de forma poética contradiz os indicadores, ao escrever:
Jauru querido, que encantos mil,
é o cantinho lindo do nosso Brasil,
onde tem os campos e suas riquezas,
tem suas pastagens e outras belezas.
Sua terra fértil, boa em produção,
que produz o milho, arroz e feijão,
não produz só isso, não é por falar,
e tudo que planta, nesta terra dá.
(Hino de cidade de Jauru-MT)
O estabelecimento das classes se deu através de pesquisas de campo, os
elementos observados foram fotografados e georreferenciados, para que
depois pudessem ser confrontados com os elementos observados nas imagens
de satélite, A figura 27 e a foto 3 indicam o processo de desmatamento na
área:
Figura 27 - Vegetação antrópica/pastagem com “paliteiros”. Fazenda Barreirão
Jauru/MT.
85
Foto 3: A presença de paliteiros e de tocos revela o imediatismo do processo de
substituição da floresta pelas pastagens artificiais. Localização: 0311511 e 8326875
UTM
Foto 4: Paisagem típica do vale do guaporé com três elementos recorrentes: os
morros arredondados, as palmeiras buritis e o gado zebu. Localização: 0299709 e
8317225 UTM – Altitude: 597 metros – Sentido da foto: SE-NW.
86
Foto 5: Mata do Vale do Guaporé transformada em função da construção de usina
hidroelétrica no Alto Guaporé, município de Jauru. Localização: 0289058 e 8326793
UTM – Altitude: 491 metros.
Foto 6: Unidade de paisagem da fazenda Guapé onde observa-se ativo processo
natural de recolonização da mata tropical subcaducifólia do Vale do Guaporé.
Localização: 0286650 e 8331991 UTM Altitude: 422 metros Sentido da foto: SW-
NE.
87
Pela observação das imagens de satélite ainda não classificada, observa-se
que as áreas de mata estão concentradas principalmente no topo das
chapadas e no quadrante sul da imagem, em uma grande área de interflúvio.
No centro da imagem a atividade das pastagens é intensa, essa distribuição é
favorecida principalmente pela própria dinâmica da presença de vegetação no
cerrado. Segundo AB’SABER (2003) a presença de cerrados e cerradões está
predominantemente nos interfluvios e vertentes suaves dos diferentes tipos de
planaltos regionais. as áreas de campos limpos e campestres, facilmente
substituídos pela pastagem, sem a necessidade primária de grandes
derrubadas de matas.
A substituição de áreas de matas por pastagens também é perceptível ao
comparar as imagens das três décadas, principalmente entre 1987 e 1997
onde a quantidade passa de 29% para 19% do total do município, período de
depressão da economia brasileira com queda na agricultura e fortalecimento da
pecuária de exportação que se reflete em Jauru-MT.
A discussão na mídia impressa e televisiva sobre o desmatamento do cerrado
é destaque nos principais meios de comunicação, observando a evolução do
uso do solo em Jauru-MT nota-se como essa preocupação é válida. Outra
modificação no comportamento dos gráficos é o aumento significativo das
áreas de pastagem que passam de 13% no ano de 1987, para 17% no ano de
1997 e 20% em 2007.
Juntamente com as áreas de campo/pastagem, chamadas assim áreas onde a
floresta ou as áreas de campos limpos ou sujos, foram substituídas pela
pastagem, que passa de 36% em 1987, para 41% em 1997 e se mantém em
41% em 2007, que evidenciam a intensa incorporação da atividade pecuária no
município.
As áreas de solo nu, são evidenciadas principalmente pelas áreas de topos de
morros, sua diminuição de 3%, em 1987, para 2%, em 1997 e 1%, em 2007 se
deve principalmente pela recomposição da vegetação. Esse indicador está
intimamente ligado a um segundo indicador que é o aumento das áreas de
campo/cerrado que passam de 19%, em 1987, para 21%, em 1997 e 24%, em
2007, justificado pelo ativo processo natural de recolonização da mata tropical
subcaducifólia, evidenciado na foto 6.
88
Gráfico 6: Distribuição das classes de uso do solo, segundo dados extraídos da
imagem Landsat TM 5 classificada para o ano de 1987 – Jauru-MT.
Gráfico 7: Distribuição das classes de uso do solo, segundo dados extraídos da
imagem Landsat TM 5 classificada para o ano de 1997 – Jauru-MT.
29%
19%
36%
13%
3%
MATA/ CERRADO
CAMPO/ CERRADO
CAMPO/ PASTAGEM
PASTAGEM
SOLO NU
19%
21%
41%
17%
2%
MATA/CERRADO
CAMPO/CERRADO
CAMPO/PASTAGEM
PASTAGEM SOLO NU
89
Gráfico 8: Distribuição das classes de uso do solo, segundo dados extraídos da
imagem Landsat TM 5 classificada para o ano de 2007 – Jauru-MT.
Gráfico 9: Distribuição dos elementos na imagem Landsat TM classificada para os
anos de 1987, 1997 e 2007 do município de Jauru-MT.
O gráfico 9 mostra de forma mais clara o comportamento do uso de solo ao
longo do período estudado, onde as áreas de mata/cerrado são vistas em
declive ao longo do tempo, juntamente com as áreas de solo nu, diferente das
14%
24%
41%
20%
1%
MATA/CERRADO CAMPO/CERRADO CAMPO/PASTAGEM
PASTAGEM SOLO NU
0
100.000.000
200.000.000
300.000.000
400.000.000
500.000.000
600.000.000
1987 1997 2007
MATA/ CERRADO
CAMPO/ CERRADO
CAMPO/ PASTAGEM
PASTAGEM
SOLO NU
ano
Área em km²/
90
outras formas de uso que se revelam em ascendência durante todo o período,
com destaque para as áreas de campo/pastagem.
ELEMENTOS DA PAISAGEM (EM KM² )
PARA O MUNICÍPIO DE JAURU -MT
ANO/
CLASSES
MATA/
CERRADO
CAMPO/
CERRADO
CAMPO/
PASTAGEM
PASTAGEM
SOLO NU
1987
379.222.677
247.310.943
472.640.292
172.489.087
39.116.779
1997
252.110.813
275.569.513
543.631.724
219.223.178
19.825.151
2007
178.319.695
319.706.815
529.843.140
267.175.968
9.884.419
ÁREA
TOTAL 1.310.360.379
ORGANIZAÇÃO DE ELABORAÇÃO:
RIBEIRO, M. A. G.
FONTE: IMAGEM CLASSIFICADA A PARTIR DE IMAGENS LANDSAT
TM 5
Quadro 6: Dados extraidos após a classificação das imagens de satélite com a
quantificação dos elementos
A quadro 6 quantifica em km² a quantidade de área ocupada por cada tipo de
uso de solo.
Os indicadores aqui levantados e analisados se valem da qualidade de
informar o comportamento da sociedade no meio, revelando a maneira como a
sociedade territorializa o meio.
A paisagem é fruto das modificações da sociedade, essa através da
incorporação de novas tendências no modo de explorar o meio, modifica a
paisagem deixando nela marcas, marcas que se tornam indicadores, para que
por meio desses possamos prever qual será o futuro estado da paisagem.
A análise dessas informações revela como é importante levar em conta as
mudanças do comportamento da sociedade, pois é ela a sociedade - que
constrói e reconstrói a paisagem.
Segue abaixo as imagens de satélite do município de Jauru compostas e
classificadas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na dissertação foram abordados conceitos científicos e noções aplicados ao
modelo GTP, como paisagem, território e geossistema, com o objetivo de
estudar o meio ambiente através dessa ferramenta de análise.
Foi de extrema importância a realização das pesquisas de campo, porque era
nelas onde a teoria se mostrava de maneira concreta.
A utilização de ferramentas de trabalho, como imagens de satélite, dados
fornecidos pelo IBGE e INPE foi de grande ajuda, uma vez que associados
com métodos computacionais e quantitativos, como o geoprocessamento e
criação de gráficos, agilizaram o processo de análise dos dados.
A escolha dos municípios (Euclides da Cunha Paulista-SP e Jauru-MT) atingiu
as expectativas, pois, como fazem parte de uma formação histórico-social e
territorial diferentes entre si, pode-se comparar como o modelo de análise se
comporta em territórios diferentes.
O modelo não apresentou dificuldades em ser aplicado. A maior dificuldade
acaba sendo o fato de ser necessário pensar de maneira sistêmica, o que torna
necessário um grande conhecimento geográfico nas diversas disciplinas da
geografia, o que de na realidade é bom, porque nos força a pensar na
geografia como um todo.
O modelo possui sugestões de suas aplicações, seu estudo se torna completo
quando aplicado de forma geral na análise do meio ambiente do que se fosse
aplicado em partes.
A aplicação do modelo sugere previsões de hipóteses de como o meio
ambiente se comporta no espaço e tempo, e nos desafia a formular novas
hipóteses de como ele se comportará.
O domínio da capacidade e das implicações do modelo GTP é a chave para
que realize uma ótima análise.
O modelo mostrou-se eficiente em traduzir o complexo (a realidade) de forma
simples e não complicar ainda mais a interpretação da realidade.
As características citadas acima, faz do modelo GTP um modelo promissor
para os estudos de meio ambiente.
As expectativas são de que esse trabalho se torne uma ajuda para aqueles que
futuramente venham a estudar e o modelo GTP.
92
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