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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
EFEITOS DO EXTRATO AQUOSO
DE Ottonia martiana Miq. (PIPERACEAE), COMO
ANESTÉSICO LOCAL, PARA O EXAME OFTÁLMICO EM
CÃES
Carolina Bonduki Salles Lisbão
Médica Veterinária
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
Fevereiro de 2010
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
EFEITOS DO EXTRATO AQUOSO DE Ottonia martiana
Miq. (PIPERACEAE), COMO ANESTÉSICO LOCAL, PARA
O EXAME OFTÁLMICO, EM CÃES
Carolina Bonduki Salles Lisbão
Orientador: Prof. Dr. José Luiz Laus
Co-orientador: Prof. Dr. Newton Nunes
Co-orientadora: Prof
a
. Maria Alice Corrêa
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
Fevereiro de 2010
Dissertação apresentada a Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias UNESP, Câmpus de Jaboticabal, como parte
das exigências para a obtenção do título de Mestre em
Cirurgia Veterinária.
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Lisbão, Carolina Bonduki Salles
L769e
Efeitos do extrato aquoso de Ottonia martiana Miq. (Piperaceae),
como anestésico local, para o exame oftálmico, em cães / Carolina
Bonduki Salles Lisbão. Jaboticabal, 2010
xvi, 46 f. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2010
Orientador: José Luiz Laus
Banca examinadora: Alexandre Lima de Andrade, Aline Adriana
Bolzan
Bibliografia
1. cão. 2. rnea. 3. Ottonia martiana. I. Título. II.
Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 619:617.7:636.7
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
CAROLINA BONDUKI SALLES LISBÃO - nascida em Sacramento no estado
da Califórnia (EUA), no dia 01 de junho de 1979. Graduou-se em Medicina
Veterinária na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Câmpus de
Jaboticabal, em dezembro de 2003. Bolsista do programa de Iniciação Científica do
CNPQ, durante o ano de 2002. Residente da área de Anestesiologia de Pequenos
Animais da mesma faculdade, de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2008.
17
1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA
A utilização de plantas ou de seus extratos como alimento, cosmético ou para a
cura de enfermidades é tão antiga quanto a existência do ser humano. Ela teve início a
partir da observação do comportamento dos animais e, também, ao acaso (CAMPELO,
2006; FERRO, 2006).
De consoante com a Organização Mundial da Saúde (OMS), plantas medicinais
são vegetais silvestres ou cultivados, utilizados para prevenir, aliviar, curar ou modificar
condições fisiológicas ou patológicas. Adjunto, usados como substrato para a produção
de fármacos ou de seus precursores. Elas são tradicionalmente utilizadas por certas
populações ou comunidades como medicamento (VEIGA Jr. et al., 2005). Fitoterápicos,
por sua vez, são produtos medicinais industrializados, cujos componentes ativos o
constituídos por segmentos aéreos ou subterrâneos de vegetais, em estado bruto ou
em preparações (RATES, 2001).
A fitoterapia foi a principal forma de tratamento de enfermidades, até meados do
século XIX (ALMEIDA et al., 2006). Com o tempo, pela maior facilidade de obtenção de
compostos puros e pela crescente industrialização farmacêutica, produtos sintéticos
passaram a ganhar maior popularidade. Produtos naturais, todavia, não perderam o seu
lugar na terapêutica, que são mais baratos e considerados seguros pela população
(CORDEIRO et al., 2005).
Como o mercado de fitoterápicos implementa-se a cada ano (CORDEIRO et al.,
2005), renovam-se os interesses pela descoberta de novas técnicas de extração e
produção de extratos vegetais (CUNICO et al., 2003a).
O uso seguro e correto de vegetais para fins terapêuticos, requer que sejam
selecionadas plantas medicinais, reconhecidas por sua eficácia e segurança, validadas
cientificamente (LORENZI & MATOS, 2002).
As plantas são importante fonte geradora de produtos naturais biologicamente
ativos. Ao se considerar a perspectiva de obtenção de novos fármacos, dois aspectos
distinguem os produtos de origem natural dos sintéticos: a diversidade molecular e a
função biológica. A diversidade molecular dos produtos naturais é superior à gerada a
18
partir do processo de síntese em laboratório, que apesar dos avanços consideráveis,
ainda é limitada (GUERRA & NODARI, 2004).
O Brasil abriga 55 mil espécies de plantas, o que representa, aproximadamente,
um quarto de todas as espécies conhecidas, das quais 10 mil são supostamente
medicinais, aromáticas ou úteis para outros fins. No país, a utilização de plantas como
medicamentos é influenciada pelas culturas indígena, africana e européia, que
constituem a base da medicina popular, atualmente retomada pela medicina natural, em
caráter científico (MARINHO et al., 2007).
A família Piperaceae ocorre de Norte a Sul do Brasil e suas espécies são
utilizadas para fins medicinais desde tempos antigos, sendo, por isso, uma fonte
estimulante para a pesquisa em fitoquímica e à luz da farmacologia (MARQUES et al.,
2008). Ela contempla cerca de 1400 espécies distribuídas em todas as regiões tropicais
do planeta. No Brasil, encontra-se representada por 460 espécies distribuídas em 5
gêneros: Pothomorphe Miq., Sarcorhachis Trel., Peperômia Ruiz & Pav. , Piper L. e
Ottonia Spreng (BARROSO et al., 2002). Dentre as variedades empregadas na
“medicina popular” brasileira, elencam-se espécies do gênero Ottonia e Piper (PESSINI
et al., 2003).
Os nomes populares ou vernaculares são atribuídos a partir de identificação feita
por adeptos de seu uso na cultura popular, levando-se em consideração muitos
aspectos, que incluem não apenas as características morfológicas das folhas, sabor,
aromas, cores, habitat, mas os ligados à cosmovisão e à simbologia associadas à
planta e ao habitat. Um mesmo nome pode designar plantas de espécies, gêneros ou
mesmo de famílias distintas, segundo a classificação biológica, gerando pluralidade de
nomes de espécies científicas para um mesmo nome vernacular. O nome João
brandinho ou João brandim representa um desses casos, em que se vêem associados,
pelo menos, quatro nomes de espécies botânicas de gêneros distintos (Piper e Ottonia),
para um mesmo nome popular (ALBUQUERQUE, 2002).
Análises fitoquímicas de membros do gênero Piper, usados em preparações
tradicionais, têm sido realizadas (DUNSTAN & GARNETT, 1895; GIESBRECHT et al.,
1981; COSTA & MORS, 1981; PRING, 1982; MAKAPUGAY et al., 1983). rias
espécies desse gênero têm propriedades medicinais. Tribos indígenas da Venezuela
19
utilizam a espécie Piper piscatorum como analgésico e também para a pesca, onde o
caule e a raiz da planta macerada são misturados à água para entorpecer peixes, que
são facilmente capturados (McFERREN & RODRIGUEZ, 1998). Piper ottonoides
Yuncker é utilizada na cultura popular e por populações tradicionais amazônicas, como
fármaco anticefaléico e antitérmico, recebendo o nome de João brandinho (MING,
1995). A espécie Piper regnelli é popularmente utilizada no controle da dor, da febre e
no tratamento do reumatismo. A espécie Piper umbellatum é utilizada no Brasil como
antiblenorrágica, vermífugo e no combate da inflamação, entre outras. Revelou-se,
ainda, a atividade antimalárica e antioxidante (BARDELLI et al., 2008).
O gênero Ottonia contempla 23 espécies, das quais 21 são nativas do Brasil
(ANTUNES et al., 2001). YUNCKER (1973) informou que o gênero Ottonia é uma forma
evolutiva recente de Piper, pois não se observam diferenças significantes entre suas
espécies.
Entre as espécies do gênero Ottonia utilizadas na medicina popular, (LOPES,
1989; CUNICO et al., 2005) citam-se:
- Ottonia anisum Sprengel: cujas raízes são diuréticas, diaforéticas, sialagogas e
afrodisíacas. Ela é utilizada na forma de tintura em fricções no tratamento de paralisias
e reumatismos e para o alívio de odontoalgias. É conhecida popularmente como Falso
jaborandi.
- Ottonia propinqua Kunth: sua raiz provoca anestesia e salivação. Era utilizada pelos
índios como antídoto na intoxicação por cogumelos. Conhecida como Jaborandi, Xeri-
caá e Jaguarandi.
- Ottonia corcovadensis Miq.: popularmente conhecida como João brandinho. No Brasil,
é encontrada com frequência nas regiões Norte e Nordeste, mas pode ser vista em
outras, como a Sudeste. Suas raízes e ramos são empregados empiricamente no alívio
de dores dentais ou da mucosa oral. No estado do Acre, por exemplo, é uma das
principais espécies vegetais da “medicina popular”. Suas folhas, na forma de
emplastros, são empregadas para aliviar sintomas de reumatismo, gripes e resfriados
(FACUNDO et al., 2004).
O gênero Ottonia destaca-se por apresentar uma grande diversidade de
metabólitos secundários bioativos, dentre eles as amidas, de grande interesse
20
medicinal (ANTUNES et al., 2001). Estudos fitoquímicos mostram que as espécies são
constituídas, principalmente, da amida piperovatina (CUNICO et al., 2005), que
apresenta atividade sialagoga, piscicida e anestésica local (McFERREN &
RODRIGUEZ, 1998). O mecanismo de ação da piperovatina, como substância
anestésica, não foi elucidado completamente, mas mostrou-se que ela provoca
aumento significante do cálcio intracelular neuronal e que atua como agonista dos
canais de sódio, o que explica a sua utilização, pelos índios, na pesca, já que os peixes
apresentam hipersensibilidade a esse grupo de substâncias, como os piretróides e o
DDT. É agonista dos canais de sódio, ao contrário dos anestésicos locais que atuam
bloqueando-os, embora sua atividade seja similar à destas substâncias (McFERREN et
al., 2002).
Estudo realizado com a espécie Ottonia propinqua, em cobaias, por KUZE
RATES et al. (1997), mostrou que o extrato da planta, aplicado pela via subcutânea,
apresenta atividade anestésica local de curta duração, com rápido início de ação, mas
induz à irritação local. Os mesmos autores relataram que as amidas piperovatina e
piperlongumina, isoladas desta espécie e também da espécie Ottonia martiana,
apresentam característica química geral análoga à capsaicina, isolada do gênero
Capsicum, cujas propriedades mais estudadas são voltadas ao controle da dor crônica
e ao alívio da dor decorrente da infecção por Herpes zoster.
1.1 Ottonia martiana
A espécie Ottonia martiana é uma planta de porte herbáceo-arbustiva, com
ramos estriados e glabros, folhas curto-pecioladas e elíptico-ovadas, flores em espigas
e frutos drupáceos oblongo-ovóides (Figura 1). Distribui-se pela mata atlântica, sendo
conhecida por diversos nomes populares, entre eles Jaguarandi e Taburutá, no sul de
Santa Catarina (GUIMARÃES et al., 1978) e “anestésica”, pelas populações do litoral
Paranaense, que empregam suas raízes ou partes aéreas nas odontalgias. O fazem em
alcoolaturas para bochechos ou por mastigação (LOPES, 1989; CUNICO et al., 2003b).
21
Figura 1. Imagem fotográfica de folhas e inflorescências de Ottonia martiana.
Fonte: Maria Alice Corrêa. São Paulo, 2008.
Na sociedade Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (CEBUDV
www.udv.org.br), o conhecimento sobre o uso de plantas medicinais é um saber cultural
popular entre os seus cerca de 15 mil filiados. Este saber constitui parte do
conhecimento espiritual sobre as plantas, nesta sociedade, transmitido pelo seu
fundador, o senhor José Gabriel da Costa (Mestre Gabriel), que trabalhou como
seringueiro na Amazônia, na cada de 60. Assim, entre os sócios da UDV, diversas
espécies do gênero Ottonia e Piper o denominadas como João brandim ou João
brandinho, reconhecidas como antitérmico, anticefaléico, anestésico, relaxante
muscular e usadas como colírio, nos casos de conjuntivite e irritação ocular. A forma de
preparo da planta, para estas formas distintas do uso, varia entre a extração em água
ou maceração em álcool de cereais
*
(informação verbal).
CUNICO (2007) estudou o potencial antibacteriano do extrato bruto etanólico de
O. martiana frente a microrganismos presentes na microbiota oral humana e a alguns
relacionados a infecções nosocomiais, através do método de difusão em ágar.
Observou potencial antibacteriano do extrato da planta contra Enterococcus faecium,
relacionado à infecções nosocomiais, e à microrganismos presentes na microbiota oral
humana como Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus
*
Corrêa, M. A. (Bióloga, Msc, Universidade Braz Cubas, UBC Mogi das Cruzes-SP). Comunicação pessoal, 2009.
22
saprophyticus, Streptococcus mitis, Streptococcus mutans, Streptococcus pyogenes,
Streptococcus salivarius e Serratia marcescens.
Adjunto, em teste com fitopatógenos, apresentou atividade antifúngica frente ao
Fusarium oxysporum, ao Colletotrichum acutatum, ao Rhizoctonia sp. (CUNICO, 2004)
e ao Cylindrocladium spathulatum, encontrado em folhas de erva-mate (CUNICO et al.,
2003). O extrato aquoso de O. martiana foi também testado contra os microrganismos
Candida albicans, Candida krusei e Candida parapsilosis, através de método de difusão
em ágar, não havendo crescimento das espécies testadas (CURSINO & CORRÊA,
2008).
Estudos realizados com o extrato bruto etanólico dos órgãos totais (EBEtOH) de
O. martiana foram realizados por CUNICO (2007). Verificou-se haver inibição de
reflexos cutâneos em cobaias que o receberam pela via subcutânea. O mesmo autor
estudou a atividade anestésica do extrato na superfície corneal de coelhos, seguindo o
modelo experimental descrito por VOGEL (2002), onde não observou a inibição dos
reflexos corneais após a instilação do extrato, quando a córnea foi tocada por um fio de
náilon.
Para o modelo descrito (VOGEL, 2002), inicialmente os cílios dos coelhos são
cortados, procedendo a aplicação perpendicular na córnea de um náilon não graduado
por 10 vezes, registrando-se o número de reflexos corneais produzidos. Em seguida,
instila-se a substância desejada na quantidade de 0,5 ml repetindo-se a aplicação do
mesmo volume após 30 segundos. Na sequência, cada um dos olhos é tocado 10
vezes pelo fio de nylon, a cada 5 minutos, durante uma hora, contando-se o número de
reflexos corneais. No estudo, após a aplicação do extrato bruto etanólico de O.
martiana, observou-se salivação e sinais de irritação ocular em todos os animais que
receberam a preparação tópica (CUNICO, 2007).
23
1.2 INERVAÇÃO CORNEAL
A córnea é um dos tecidos mais inervados do organismo, recebendo densa
inervação sensorial do nervo trigêmio e inervação simpática do gânglio cervical
superior. Pequena inervação parassimpática, originária do gânglio ciliar, foi
demonstrada em ratos e gatos. Sua presença em outros mamíferos, todavia, não é
evidente (MÜLLER et al., 2003). A inervação corneal exerce importante papel na
fisiologia epitelial, incluindo a regulação do transporte de íons, a proliferação,
diferenciação, adesão e migração celulares, além da reparação de defeitos epiteliais. O
mecanismo pelo qual os nervos corneais exercem efeitos tróficos demanda mais
esclarecimento. Ele envolve, em parte, a liberação de neurotransmissores e
neuropeptídeos pelos nervos corneais, como a substância P (SP), o peptídeo
relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) e a norepinefrina (MARFURT et al., 2001).
Uma diminuição da sensibilidade corneal ou sua denervação induzem ao aumento da
permeabilidade celular epitelial, diminuição da migração e divisão celulares, além de ser
um fator de risco para o desenvolvimento de úlceras, retardos na reparação e maior
incidência de infecções (KAFARNIK et al., 2008). O metabolismo corneal e seu índice
mitótico estão relacionados a uma inervação sensitiva normal (PIPPI & GONÇALVES,
2009).
Em cães, são frequentes os defeitos epiteliais espontâneos crônicos da córnea,
com características clínicas semelhantes às apresentadas por pacientes humanos,
como episódios repetidos de erosão corneal, sem histórico de trauma. Considerando-se
que os nervos corneais são importantes para a manutenção de um epitélio saudável,
hipotetiza-se que alterações relacionadas a tal decorram, pelo menos em parte, de
déficits funcionais ou anatômicos da inervação (MARFURT et al., 2001).
Relatos sobre a anatomia e fisiologia neurais da córnea são inúmeros. Não
obstante, o conhecimento acerca da função e arquitetura neurais é, ainda, pouco
elucidado. O tema tem despertado o interesse, notadamente por conta das cirurgias
refrativas (MÜLLER et al., 2003; BELMONTE et al., 2004).
24
Os neurônios corneais podem ser classificados em finamente mielinizados, do
tipo A delta, ou amielinizados, do tipo C. Esses dois tipos de fibras nervosas respondem
de forma distinta aos estímulos, sendo a velocidade de condução do impulso em cada
um deles variável (GALLAR et al., 1993).
Estudos em eletrofisiologia comprovaram a existência de diferentes fibras
sensoriais (Figura 3) e, aproximadamente 20% delas, todas finamente mielinizadas,
respondem somente a forças mecânicas, sendo chamadas de mecanonociceptores.
Essas fibras produzem um ou vários pequenos impulsos nervosos em resposta a uma
breve ou contínua indentação sobre a superfície da córnea, identificando assim, a
presença do estímulo, e, em um grau limitado, sua intensidade, mas não a duração.
São, possivelmente, responsáveis pela sensação de dor aguda produzida pelo contato
mecânico (BELMONTE et al., 2004).
Outro grupo de fibras sensoriais, cerca de 70% delas, chamadas de polimodais,
respondem ao estímulo mecânico e ao calor, bem como a mediadores químicos
endógenos liberados pelo tecido corneal lesionado. A maioria dos nociceptores
polimodais é do tipo C, embora haja fibras do tipo A delta. São nociceptores que
indicam a presença do estímulo nocivo, como também sua intensidade e duração. Na
inflamação, os mediadores liberados estimulam os nociceptores polimodais, levando a
contínuos disparos, que produzem sensação contínua de dor (BELMONTE et al., 2004).
Cerca de 10 a 15 % das fibras nervosas sensoriais são sensíveis ao frio. Elas
produzem a sensação consciente do frio e detectam discretas variações de
temperatura. Constituem-se em dois tipos de fibras nervosas (A delta e C) (GALLAR et
al., 1993).
MARFURT et al. (2001) estudaram a morfologia e os neuropeptídeos da
inervação corneal de cães, observando, como conteúdo peptidérgico, a substância P, o
CGRP e a tirosina hidroxilase. A numerosa presença de inervação peptidérgica na
córnea de cães indica que a maioria dos nervos corneais são nociceptores do tipo C e A
delta.
um abundante plexo nervoso estromal anterior, além de uma rica inervação
epitelial orientada horizontalmente, na direção da região perilímbica corneal (MARFURT
et al., 2001). Os feixes nervosos penetram pela periferia corneal em direção radial,
25
paralelamente à sua superfície, perdendo sua bainha de mielina a, aproximadamente,
1mm do limbo. Tal aspecto microanatômico é essencial à sua transparência. Em grande
parte dos mamíferos, a maioria das fibras nervosas estromais está localizada no terço
anterior do estroma (MÜLLER et al., 2003). A maior densidade nervosa na área central
da córnea justifica sua maior sensibilidade (GALLAR et al., 1993).
Em estudo in vivo, realizado com cães e gatos, utilizando-se a microscopia
confocal, observou-se que a densidade de fibras nervosas na córnea de gatos é
superior. Tais achados corroboram com estudos realizados à estesiometria, nessas
duas espécies. A densidade nervosa da córnea está diretamente relacionada à sua
sensibilidade (KAFARNIK, et al., 2008). O mesmo estudo revelou que gatos
braquicefálicos têm densidade nervosa da córnea significantemente menor, em
comparação aos não braquicefálicos. Em cães, o mesmo ocorre, mas de forma não
significante.
1.3 ESTESIOMETRIA CORNEAL
O estesiômetro de Cochet-Bonnet é um instrumento que permite quantificar a
sensibilidade corneal frente a um estímulo. Ele consiste de um monofilamento de náilon,
com 0,12 mm de diâmetro e 66 mm de comprimento, acoplado a um suporte, que
permite regular o comprimento do monofilamento de 5 a 60 mm. A intensidade de
pressão aplicada à rnea é variável segundo o comprimento do náilon. Quanto mais
longo ele for, menor será a intensidade do estímulo (MAHÉ et al., 2004). De acordo com
o seu comprimento, a pressão exercida sobre a superfície corneal pode variar de 11 a
200 mg/0,0113 mm
2
(LUCCI et al., 2004).
O estesiômetro de Cochet-Bonnet é amplamente utilizado como ferramenta para
avaliar a sensibilidade corneal (BROOKS et al., 2000; HERRING et al., 2005; BINDER &
HERRING, 2006).
HERRING et al. (2005) obtiveram valores médios de 1,75 cm, correspondentes à
estesiometria, em cães dolicocefálicos, em um estudo que objetivou determinar o tempo
26
de anestesia promovido pela proparacaína na superfície corneal. Em outro estudo
visando o mesmo propósito em gatos, o valor médio de 1,58 cm foi relatado por
BINDER e HERRING (2006). KLAUMANN (2007) observou valores basais em cães que
variaram entre 1,5 e 2,5 cm. Em seres humanos consideram-se normais os valores da
estesiometria corneal central acima de 4 cm (COCHET & BONNET, 1960, apud RÊGO
et al., 2003). BROOKS et al. (2000) estudaram-na em potros saudáveis e enfermos e
em cavalos adultos obtendo valores médios de 5,01 ± 0,24 cm, 3,21 ± 0,24 cm e 4,82 ±
0,87 cm, respectivamente.
O estesiômetro também foi utilizado por MAHÉ et al. (2004), como instrumento
para a avaliação da eficácia anestésica de soluções com diferentes concentrações de
bupivacaína na córnea de pacientes humanos submetidos à cirurgia da catarata.
Quantificar a sensibilidade corneal, constitui-se importante meio para o
diagnóstico diferencial de doenças do segmento anterior do bulbo do olho. Observa-se,
por exemplo, diminuição da sensibilidade corneal em várias circunstâncias, como no
diabetes mellitus, na hanseníase, em usuários de lentes de contato, nas cirurgias
oculares diversas, incluindo as refrativas, e em pacientes com hiposecreção lacrimal
(LUCCI et al., 2004).
1.4 ANESTESIA LOCAL EM OFTALMOLOGIA
A utilização de anestésicos tópicos na oftalmologia veterinária remonta de muitos
anos. Procedimentos como a aferição da pressão ocular, remoção de suturas corneais
e corpos estranhos, biópsias conjuntivais e injeção intracameral são factíveis com a
utilização da anestesia da superfície ocular (HERRING et al., 2005).
Para a transmissão dos impulsos nervosos, é necessário um potencial de ação
gerado pelo influxo de íons sódio para o interior do axônio. Os anestésicos locais agem
impedindo tal influxo pelo bloqueio dos canais de sódio (DUKE, 2000).
Os anestésicos tópicos são utilizados para reduzir a dor, mas o curto tempo de
ação obriga à repetidas aplicações. Da sua utilização decorre, todavia, o declínio agudo
27
dos valores do teste lacrimal de Schirmer (TLS). Segundo HAMOR et al. (2000), a
dessensibilização corneal induz à diminuição da produção lacrimal pelo bloqueio da sua
produção reflexa. Os mesmos autores observaram, em cães, diminuição significativa
nos valores do teste lacrimal de Schirmer após a instilação de solução de proparacaína
a 0,5%, que diminuíram de 20,3 para 6,2 (mm/min) em média.
Quando utilizados cronicamente, os anestésicos locais podem causar irritação
ocular e lesão ao epitélio corneal, por sua toxicidade e retardo na reparação corneal,
além de ocultar sinais de desconforto ou de doença ocular. Por esta razão, sua
utilização deve ser restrita a procedimentos diagnósticos ou manobras cirúrgicas pouco
invasivas e de curta duração (GROSS & GIULIANO, 2007).
Na medicina, a anestesia tópica ocular associada à sedação tem sido utilizada
na cirurgia da catarata pela facoemulsificação. Com a medida, evitam-se complicações
sistêmicas que podem decorrer da anestesia retrobulbar ou peribulbar, como depressão
respiratória, coma e convulsões, e locais como perfuração do bulbo do olho,
hemorragias, ptose e descolamentos de retina (BERTRAND et al., 2008).
O cloridrato de proximetacaína ou proparacaína é o anestésico mais empregado
em oftalmologia, por sua baixa toxicidade à córnea (MEDEIROS et al., 2000). Não
obstante, úlceras puntiformes foram relacionadas com seu uso crônico
(ROSENWASSER et al., 1990).
HERRING et al. (2005) observaram que a proparacaína instilada em olhos de
cães desprovidos de oftalmopatias possibilitou anestesia corneal de 45 minutos de
duração, com duração do efeito anestésico máximo de 15 minutos após a sua
instilação.
BINDER & HERRING (2006) utilizando solução de proparacaína a 0,5% em
gatos oftalmologicamente sadios, observaram efeito anestésico de 25 minutos de
duração, com duração do efeito anestésico máximo de somente 5 minutos após a
instilação.
28
2 OBJETIVOS
Avaliar, em cães desprovidos de oftalmopatias, as propriedades e outros
eventuais efeitos referentes a produção lacrimal, pressão ocular e alterações clínicas da
superfície ocular, do extrato aquoso de O. martiana sobre a superfície ocular,
comparando-os com o colírio de cloridrato de proximetacaína a 0,5%, empregado na
rotina oftálmica.
29
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 ASPECTOS ÉTICOS
Cuidados bioéticos obedeceram ao protocolo preconizado pela Association for
Research in Vision and Ophthalmology ARVO, National Institutes of Health
Publications 85 23: Revised 1985, de consoante com o código de Nüremberg
(GOLDIM, 1995) e às normas vigentes da Comissão de Ética e Bem-Estar Animal
(CEBEA) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP Câmpus de
Jaboticabal (Protocolo nº 003292-08).
3.2 ANIMAIS
Quarenta e cinco cães (Canis familiaris, LINNAEUS, 1758), hígidos, adultos,
machos ou fêmeas, da raça Beagle, oferecidos pelo Laboratório de Nutrição e Doenças
Nutricionais de es e Gatos “Prof. Dr. Flávio Prada”, na FCAV UNESP, Câmpus de
Jaboticabal, participaram do estudo. Realizaram-se o teste lacrimal de Schirmer
, a
biomicroscopia com lâmpada em fenda
, a tonometria de aplanação
§
, a oftalmoscopia
binocular indireta
**
, a avaliação da sensibilidade corneal central à estesiometria
††
e o
teste do tingimento pela fluoresceína
‡‡
. Os cães, durante toda a pesquisa, foram
mantidos em canis individuais com água potável e ração
§§
apropriada.
Teste lacrimal de Schirmer Ophthalmos Ltda., São Paulo, Brasil.
Slit Lamp SL 14 Kowa Company Ltda, Torrance, EUA.
§
TonoPen XL Medtronic, Jacksonville, EUA.
**
Oftalmoscópio binocular indireto FOH 5 Eyetec. S.A, São Carlos, Brasil
††
Estesiômetro de Cochet Bonnet
®
- Luneau Ophthalmologie, Paris, França.
‡‡
Fluoresceína strips Ophthalmos Ltda., São Paulo Brasil.
§§
Guabi Natural, Guabi Ltda., Campinas, Brasil.
30
3.3 GRUPOS DE EXPERIMENTAÇÃO
Compuseram-se três grupos de 15 animais: grupo controle (GC), grupo
proximetacaína (GP) e grupo Ottonia (GO).
3.4 PREPARO DO EXTRATO AQUOSO DE Ottonia martiana
O extrato aquoso foi preparado a partir das folhas de O. martiana, cedida pelo
CEBUDV, devidamente identificadas no Herbário Dom Bento Pickel São Paulo-SP.
Para a preparação do extrato, as folhas foram limpas com gaze umedecida em solução
estéril e secas com o mesmo tecido. Utilizou-se a padronização de 10 g de folhas
frescas para 100 mL do solvente álcool etílico hidratado de cereais (EtOH 70%), na
proporção 1:10 (m/v). O extrato ficou sob maceração a frio por 30 dias, em frasco
âmbar e estéril. Após esse período, o líquido filtrado foi levado à evaporação sob
pressão reduzida, com a finalidade de eliminar todo o solvente da amostra, obtendo-se
o extrato seco (SONAGLIO et al., 1999). O extrato seco resultou em 90 mg, que foi
resuspenso em 5 mL de solução fisiológica estéril, resultando em uma concentração de
18 mg/ml. O extrato aquoso estéril foi armazenado em frasco conta-gotas também
estéril, na geladeira, durante o período do experimento, apresentando validade de dois
dias.
3.5 PROTOCOLOS DE TRATAMENTO
Para os grupos controle (GC), proximetacaína (GP) e Ottonia (GO), adotaram-se
respectivamente a instilação de solução fisiológica, de colírio de cloridrato de
proximetacaína a 0,5% e de extrato aquoso de Ottonia martiana, no olho esquerdo dos
cães, no tempo 0 (T
0
) e decorridos 3 minutos (T
3
).
31
3.6 PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO
Os protocolos de avaliação e tratamentos obedecem aos momentos descritos no
quadro 1.
Quadro 1. Descrição das avaliações e tratamentos realizados de acordo com os
momentos (Jaboticabal, 2010).
Momentos
Avaliações
Antes dos tratamentos
Teste lacrimal de Schirmer (TLSa)
Estesiometria (Ea)
Pressão ocular (POa)
Biomicroscopia com lâmpada em fenda (BioA)
T0
Primeira instilação do tratamento
T3 (3 minutos após T0)
Segunda instilação do tratamento
T5 (5 minutos após T0)
Estesiometria (Eb)
T10 (10 minutos após T0)
Teste lacrimal de Schirmer (TLSb)
Estesiometria (Ec)
Pressão ocular (POb)
Biomicroscopia com lâmpada em fenda (BioB)
T20 (20 minutos após T0)
Biomicroscopia com lâmpada em fenda (BioC)
Teste do tingimento pela fluoresceína
3.6.1 Teste lacrimal de Schirmer
O teste lacrimal de Schirmer foi realizado imediatamente antes dos tratamentos
(TLSa) e decorridos 10 minutos de cada um deles (TLSb) de acordo com técnica
descrita por SLATTER (2005).
32
3.6.2 Estesiometria corneal
Antes dos tratamentos, decorridos 5 (T
5
) e 10 (T
10
) minutos de T
0
, avaliou-se a
sensibilidade corneal central à estesiometria Ea, Eb e Ec, respectivamente. Os testes
foram realizados com o estesiômetro de Cochet-Bonnet (Figura 2), estando o
equipamento graduado entre 0,5 e 6 cm, onde 0,5 cm representou o menor
comprimento do filamento de náilon e o mais contundente para a córnea. O teste
iniciou-se com o comprimento do náilon em 4 cm, sendo decrescido a intervalos de 0,5
cm, até que o animal iniciasse incursões palpebrais consistentes, em resposta ao
estímulo. Foram realizadas, na região central da córnea, cinco tentativas para se
estimular o ato de piscar, em cada comprimento do estesiômetro (Figura 3). O limiar de
sensibilidade foi registrado quando o monofilamento de náilon, em no mínimo três dos
cinco toques, motivou a ocorrência do reflexo corneal. O valor da estesiometria foi
considerada 0 quando os animais não apresentavam o reflexo corneal para o
comprimento de 0,5 cm do estesiômetro. Os indivíduos foram mantidos em estação e
os exames conduzidos por um único executor (HERRING et al., 2005).
Figura 2: Estesiômetro de Cochet-Bonnet. Fonte: KLAUMANN, 2007.
33
Figura 3. Imagem fotográfica de estesiometria corneal em cão adulto, macho, da raça
Beagle. Notar o contato do monofilamento de náilon com a região axial da
córnea. Jaboticabal-SP, 2010.
A tabela 1 representa os valores de pressão aplicados à córnea em cada
comprimento do estesiômetro (COCHET & BONNET, 1960 apud LUCCI et al., 2004).
Tabela 1. Tabela de conversão dos valores do comprimento do filamento de náilon do
estesiômetro de Cochet-Bonnet para seus respectivos valores de pressão
aplicados à superfície corneal (COCHET & BONNET, 1960 apud LUCCI et al.
2004).
Comprimento do náilon (cm)
Valores de pressão (mg/0,0113mm
2
)
6,0
11
5,5
12
5,0
13
4,5
16
4,0
21
3,5
27
3,0
36
2,5
52
2,0
75
1,5
100
1,0
145
0,5
200
34
3.6.3 Pressão ocular
A avaliação da pressão ocular, foi realizada antes dos tratamentos (POa), e
decorridos 10 minutos deste (POb), utilizando técnica descrita por SLATTER (2005).
3.6.4 Biomicroscopia e teste do tingimento pela fluoresceína
Empregou-se a biomicroscopia com lâmpada em fenda antes dos tratamentos
(BioA), aos 10 (BioB) e 20 minutos (BioC) de T
0
. Foram avaliados hiperemia conjuntival,
alterações da transparência corneal e eventuais sinais de inflamação, quantificados em:
(-) para ausente, (+) discreto, (++) moderado e (+++) intenso. Aos 20 minutos de T
0
,
realizou-se o teste do tingimento pela fluoresceína, para se certificar da integridade
corneal após os procedimentos.
3.6.5 Análise estatística
Os eventos foram analisados empregando-se o software Sigma Stat, mediante o
teste t de Student, quando comparados dois grupos e o teste de variância ANOVA
(Kruskal-Wallis Analysis of Variance), quando comparados os três grupos. Em ambos,
considerou-se o nível de significância de 5% (p≤0,05).
35
4 RESULTADOS
4.1 ESTESIOMETRIA CORNEAL
Os valores basais da estesiometria corneal, nos 45 cães avaliados, variaram
entre 0,5 e 3 cm (Tabela 2), onde cada valor, em centímetros, representa um
determinado valor de pressão exercida pelo monofilamento de náilon, sobre a porção
central da córnea, como demonstrado na Tabela 2.
36
Tabela 2. Valores basais médios e desvios padrão da estesiometria corneal, com
estesiômetro de Cochet-Bonnet (Ea) em olho esquerdo de 45 es, adultos,
machos ou fêmeas, da raça Beagle, imediatamente antes dos tratamentos
com solução fisiológica, com cloridrato de proximetacaína a 0,5% ou com
extrato aquoso de Ottonia martiana. Jaboticabal-SP, 2010.
Média; S = Desvio padrão
Animais
Valor da estesiometria (cm)
1
3,0
2
2,0
3
2,5
4
1,5
5
1,0
6
2,0
7
1,5
8
2,5
9
1,5
10
2,0
11
2,0
12
2,5
13
1,5
14
1,5
15
1,5
16
2,5
17
2,0
18
1,5
19
1,5
20
3,0
21
1,5
22
2,5
23
2,0
24
1,5
25
2,0
26
2,0
27
2,0
28
1,5
29
1,5
30
2,0
31
1,5
32
0,5
33
1,0
34
1,0
35
1,5
36
1,5
37
1,5
38
1,0
39
2,0
40
1,5
41
1,5
42
1,0
43
0,5
44
1,5
45
1,5
1.7
S
0,57
37
Os resultados quanto à estesiometria Ea, Eb e Ec encontram-se expressos nas
tabelas 3, 4 e 5.
Tabela 3. Valores médios e desvios padrão da estesiometria corneal central, com
estesiômetro de Cochet-Bonnet, em olho esquerdo de 15 cães, adultos,
machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo controle (GC), antes do
tratamento (Ea), decorridos 5 minutos (Eb) e decorridos 10 minutos (Ec).
Jaboticabal-SP, 2010.
Animais (GC)
Ea (cm)
Eb (cm)
Ec (cm)
1
3,0
3,0
2,5
2
2,0
2,5
2,5
3
2,5
2,0
2,0
4
1,5
2,5
2,0
5
1,0
2,0
1,5
6
2,0
2,0
2,0
7
1,5
2,0
2,0
8
2,5
2,0
1,5
9
1,5
1,5
1,5
10
2,0
2,0
2,0
11
2,0
2,0
2,0
12
2,5
1,5
2,0
13
1,5
1,5
1,5
14
1,5
1,5
1,5
15
1,5
1,5
1,5
S
1,90
0,54
1,96
0,44
1,86
0,35
= Média; S = Desvio padrão.
38
Tabela 4. Valores médios e desvios padrão da estesiometria corneal central, com
estesiômetro de Cochet-Bonnet, em olho esquerdo de 15 cães, adultos,
machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo proximetacaína (GP), antes do
tratamento (Ea), decorridos 5 minutos (Eb) e 10 minutos (Ec). Jaboticabal-SP,
2010.
Animais (GP)
Ea (cm)
Eb (cm)
Ec (cm)
1
2,5
0
0
2
2,0
0
0
3
1,5
0
0
4
1,5
0
0
5
3,0
0
0
6
1,5
0
0
7
2,5
0
0
8
2,0
0
0
9
1,5
0
0
10
2,0
0
0
11
2,0
0
0
12
2,0
0
0
13
1,5
0
0
14
1,5
0
0
15
2,0
0
0
S
1,93
0,46
0
0
0
0
= Média; S = Desvio padrão
39
Tabela 5. Valores médios e desvios padrão da estesiometria corneal central, com
estesiômetro de Cochet-Bonnet, em olho esquerdo de 15 cães, adultos, machos
ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo Ottonia (GO), antes do tratamento (Ea),
decorridos 5 minutos (Eb) e decorridos 10 minutos (Ec). Jaboticabal-SP, 2010.
Animais (GO)
Ea (cm)
Eb (cm)
Ec (cm)
1
1,5
0,5
0,5
2
0,5
0,5
0,5
3
1,0
0,5
0,5
4
1,0
0,5
0,5
5
1,5
0,5
0,5
6
1,5
0,5
0,5
7
1,5
0,5
0,5
8
1,0
0,5
0,5
9
2,0
0,5
0,5
10
1,5
0,5
0,5
11
1,5
0,5
0,5
12
1,0
0,5
0,5
13
0,5
0
0
14
1,5
0,5
0,5
15
1,5
0,5
0,5
S
1,26
0,54
0,46
0,44
0,46
0,35
= Média; S = Desvio padrão.
Relativamente à estesiometria corneal central, houve diferença significativa
quando comparados os valores de Ea entre o GO e os grupos GC e GP (Figura 4). Nos
grupos GP e GO, observou-se diminuição significativa de Ea decorridos 5 minutos dos
tratamentos (Eb). Os valores mantiveram-se constantes após 10 minutos (Ec).
Identificou-se diferença (P≤0,001), quando comparados os valores de
Ea, Eb e Ec nos
grupos GP e GO (Figuras 5 e 6).
40
Figura 4. Representação gráfica, quanto à estesiometria corneal, Ea, em cães, adultos,
machos ou fêmeas, da raça Beagle. Jaboticabal-SP, 2010.
Figura 5. Representação gráfica, quanto aos valores de estesiometria corneal, Ea, Eb
e Ec, em cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo GP.
Jaboticabal-SP, 2010.
41
Figura 6. Representação gráfica, quanto à estesiometria corneal, Ea, Eb e Ec, em
cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo GO. Jaboticabal-
SP, 2010.
4.2 TESTE LACRIMAL DE SCHIRMER
Os valores do teste lacrimal de Schirmer a e b, dos grupos controle (GC),
proximetacaína (GP) e Ottonia (GO), encontram-se expressos nas tabelas 6, 7 e 8.
42
Tabela 6. Valores médios e desvios-padrão do teste lacrimal de Schirmer, em olho
esquerdo de 15 cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo
controle (GC), antes do tratamento (TLSa) e decorridos 10 minutos (TLSb).
Jaboticabal-SP, 2010.
Animais (GC)
TLSa (mm/min)
TLSb (mm/min)
1
18
23
2
17
20
3
16
18
4
21
18
5
16
25
6
18
23
7
16
18
8
19
22
9
20
20
10
19
23
11
17
23
12
18
21
13
23
16
14
20
23
15
S
20
18,53
2,03
23
21,06
2,06
= Média; S = Desvio padrão
Tabela 7. Valores médios e desvios-padrão do teste lacrimal de Schirmer, em olho
esquerdo de 15 cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo
proximetacaína (GP), antes do tratamento (TLSa) e decorridos 10 minutos
(TLSb). Jaboticabal-SP, 2010.
Animais (GP)
TLSa (mm/min)
TLSb (mm/min)
1
15
11
2
15
11
3
12
8
4
20
14
5
20
10
6
13
18
7
15
15
8
16
8
9
22
10
10
16
18
11
17
14
12
23
14
13
19
12
14
23
20
15
S
18
17,6
3,48
17
13,33
3,75
= Média; S = Desvio padrão
43
Tabela 8. Valores médios e desvios-padrão do teste lacrimal de Schirmer, em olho
esquerdo de 15 cães, adultos, machos ou meas, da raça Beagle, do grupo
Ottonia (GO), antes do tratamento (TLSa) e decorridos 10 minutos (TLSb).
Jaboticabal-SP, 2010.
.
Animais (GO)
TLSa (mm/min)
TLSb (mm/min)
1
16
18
2
17
19
3
17
23
4
18
20
5
18
20
6
18
19
7
23
21
8
19
24
9
26
30
10
21
19
11
23
20
12
25
22
13
22
22
14
20
20
15
S
22
20,3
3,48
23
21,3
3,75
= Média; S = Desvio padrão
Em relação aos valores do TLS, aferidos antes dos tratamentos (TLSa) e após os
tratamentos (TLSb) do grupo GP, observou-se diminuição significativa (p≤ 0,01) do
TLSa (Figura 7). Da mesma forma, houve diferença quando comparados os valores do
TLSb entre os grupos GC e GP e entre os grupos GO e GP (Figura 8).
44
Figura 7. Representação gráfica, quanto aos valores do teste lacrimal de Schirmer, em
olho esquerdo de 15 cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, do
grupo proximetacaína (GP), antes do tratamento (TLSa) e decorridos 10 minutos
(TLSb). Jaboticabal-SP, 2010.
Figura 8. Representação gráfica, quanto aos valores do teste lacrimal de Schirmer, em
olho esquerdo de 45 cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, dos
grupos controle (GC), proximetacaina (GP) e Ottonia (GO), decorridos 10
minutos do tratamento (TLSb). Jaboticabal-SP, 2010.
45
4.3 PRESSÃO OCULAR
Relativamente à pressão ocular (PO), aferida antes das instilações (POa) e aos
10 minutos do primeiro tratamento (POb), no GC, no GP e no GO, os resultados
encontram-se expressos nas tabelas 9, 10 e 11, respectivamente. Não houve diferença
quando comparados os valores de POa dos grupos GO, GP e GO em relação a POb
(Figura 9).
Tabela 9. Valores médios e desvios-padrão relativos à PO, dados em mmHg, em olho
esquerdo de 15 cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo
controle (GC), antes do tratamento (POa) e decorridos 10 minutos (POb).
Jaboticabal-SP, 2010.
Animais (GC)
POa (mmHg)
POb (mmHg)
1
13
14
2
15
14
3
15
14
4
11
15
5
11
11
6
15
15
7
16
14
8
16
13
9
14
14
10
12
13
11
15
12
12
20
19
13
15
13
14
14
14
15
S
14
14,4
2,22
15
14
1,77
= Média; S = Desvio padrão
46
Tabela 10. Valores médios e desvios-padrão relativos à PO, dados em mmHg, em olho
esquerdo de 15 cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo
proximetacaína (GP), antes do tratamento (POa) e decorridos 10 minutos
(POb). Jaboticabal-SP, 2010.
Animais (GP)
POa (mm/Hg)
POb (mm/Hg)
1
10
12
2
12
11
3
11
12
4
14
15
5
16
15
6
16
15
7
17
17
8
14
18
9
15
14
10
13
17
11
14
11
12
15
14
13
13
10
14
14
11
15
S
12
13,73
1,94
12
13,6
2,52
= Média; S = Desvio padrão
Tabela 11. Valores médios e desvios-padrão relativos à PO, dados em mmHg, em olho
esquerdo de 15 cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, do grupo
Ottonia (GO), antes do tratamento (POa) e decorridos 10 minutos (POb).
Jaboticabal-SP, 2010.
Animais (GO)
POa (mm/Hg)
POb (mm/Hg)
1
16
16
2
12
12
3
16
15
4
17
18
5
16
16
6
17
16
7
13
14
8
16
17
9
18
15
10
14
14
11
15
15
12
13
13
13
12
13
14
13
13
15
S
12
14,6
1,94
12
14,6
2,52
= Média; S = Desvio padrão
47
Figura 9. Representação gráfica quanto aos valores da tonometria em olho esquerdo
de 45 cães, adultos, machos ou fêmeas, da raça Beagle, dos grupos controle
(GC), proximetacaína (GP) e Ottonia (GO), decorridos 10 minutos do
tratamento (POb). Jaboticabal-SP, 2010.
4.4 BIOMICROSCOPIA E TESTE DO TINGIMENTO PELA FLUORESCEÍNA
Não se encontraram, nos animais do grupo controle (GC) e do grupo Ottonia
(GO), quaisquer alterações à biomicroscopia, em ambos os momentos, após os
tratamentos (BioB e BioC). Em 11 animais do grupo proximetacaína (GP) foi observada
hiperemia conjuntival, de forma discreta (+), em ambos os momentos (BioB e BioC). O
teste do tingimento pela fluoresceína foi negativo em todos os animais.
48
5 DISCUSSÃO
Estudos científicos quanto às plantas medicinais são escassos, relativamente à
biodiversidade de espécies brasileiras. A comunicação oral sobre tais propriedades é a
que prepondera na divulgação desse conhecimento e utilização dessas espécies pela
população, incluindo as comunidades médica e veterinária. Segundo ALMEIDA et al.
(2006), em estudo a respeito da utilização da fitoterapia na veterinária, a maioria dos
veterinários entrevistados acreditam que mais estudos científicos na área possibilitariam
maior credibilidade, favorecendo a sua difusão.
Admitiram-se cães como modelo de experimentação dada à elevada frequência
com que afecções oftálmicas acometem esta espécie, além da facilidade de
manipulação e docilidade da espécie (STARTUP et al., 1984).
Protocolou-se empregar o teste lacrimal de Schirmer, a estesiometria corneal
central com o estesiômetro de Cochet-Bonnet, bem como a avaliação da pressão ocular
para avaliar a ocorrência de possíveis alterações da superfície ocular decorrente da
instilação dos tratamentos e o teste do tingimento pela fluoresceína para verificar a
integridade corneal após a realização dos testes.
Relativamente ao preparo do extrato aquoso de O. martiana, seguiu-se modelo
baseado no estudo de SONAGLIO et al. (1999) para a produção de fitoterápicos.
Adicionalmente ao que foi descrito pelo autor, o extrato bruto etanólico (EBtOH) de O.
martiana obtido com o processo, foi resuspenso em solução fisiológica a 0,9%, visando
a se obter a diluição desejada da substância, uma vez que o EBtOH não pode ser
aplicado diretamente, tanto por sua consistência pastosa como por sua concentração
alta de princípios ativos que pode se tornar irritante ao epitélio corneal se aplicado
diretamente.
Compuseram-se três grupos de quinze animais. A utilização de cloridrato do
proximetacaína a 0,5%, como comparativo, foi motivada por sua frequente utilização na
oftalmologia (MEDEIROS et al., 2000) e pela vasta literatura versando sobre tal
(ROSSENWASSER et al., 1990; MEDEIROS et al., 2000; HAMOR et al., 2000;
HERRING et al., 2005; BINDER e HERRING, 2006). Embora HERRING et al. (2005),
tenha descrito que a proximetacaína é o anestésico de escolha na oftalmologia
49
veterinária, por apresentar efeitos colaterais mínimos após sua aplicação, a bula do
medicamento faz um alerta sobre possíveis alterações clínicas oculares que podem
decorrer de sua utilização como ardência, irritação, hiperemia conjuntival, queimação e
lacrimejamento, além de amolecimento e erosão do epitélio corneal, o que motiva o
estudo de uma nova substância anestésica para utilização oftálmica.
Para a avaliação da produção lacrimal antes e após a instilação das substâncias,
empregou-se o teste lacrimal de Schirmer. Observou-se diminuição significativa,
quando comparados o TLSa e TLSb, no grupo que recebeu a proximetacaína a 0,5%.
Sabe-se que tal diminuição decorre da dessensibilização corneal com consequente
bloqueio da via reflexa aferente e inibição da secreção lacrimal reflexa pelas glândulas
lacrimal e nictitante (SLATTER, 2005), como também fora observado por HAMOR et al.
(2000), em estudo sobre alterações dos valores de TLSa e TLSb em diferentes raças,
sexo e idades de cães.
Relativamente aos grupos controle e Ottonia, houve aumento não significativo
dos valores médios quando comparados o TLSa e o TLSb, em ambos os grupos.
Acredita-se que o evento tenha sido decorrente dos diferentes estímulos aplicados
(instilação do colírio, tonometria e estesiometria) à superfície ocular (ROBERTS e
ERICKSON, 1962; HARKER, 1970). Relativamente ao grupo Ottonia, não houve
redução dos valores do TLS após o tratamento. A diminuição não ocorreu
possivelmente porque não se obteve a dessensibilização completa da córnea na
concentração empregada ou por particularidades quanto ao mecanismo de ação da
substância sobre a superfície ocular.
Optou-se por se avaliar a região central da córnea, uma vez que estudos
realizados por BARRET et al. (1991) em cães demonstraram tratar-se da área mais
sensível dada à maior concentração de terminações nervosas. Tal informação
corrobora com os achados de BLOCKER & VAN DER WOERDT (2001), em estudo
realizado com gatos e de BROOKS et al. (2000), com equinos.
A avaliação foi iniciada empregando-se o comprimento de 4 cm, ao qual,
progressivamente decrescia-se 0,5 cm até que o teste fosse positivo, como fora
realizado por BARRET et al. (1991), em estudo sobre a sensibilidade corneal de cães.
O valor da estesiometria foi considerado zero, frente à inexistência do reflexo corneal
50
para o comprimento de 0,5 cm no estesiômetro, seguindo-se o protocolo adotado por
HERRING et al. (2005). Os mesmos autores observaram em cães dolicocefálicos,
valores de estesiometria corneal média de 1,75 cm, à similitude dos valores obtidos no
presente estudo, em que o médio foi de 1,7 cm. Adjunto, KLAUMANN (2007) obteve
valores de estesiometria que variaram de 1,5 a 2,5 cm.
Valores de estesiometria basais (Ea) menores foram encontrados no grupo
Ottonia em relação aos grupos GC e GP, o que pode decorrer de alterações de
temperatura e umidade do meio, conforme descrito por BINDER & HERRING (2006),
embora nosso estudo tenha sido realizado no mesmo período do dia para todos os
grupos. A presença de estesiometria de 0,5 cm em dois animais do grupo levou a esta
diferença, que pode ser também resultante de diferenças individuais encontradas em
um grupo grande de animais. Ressalta-se que todos eram oftalmicamente sadios ao
exame clínico inicial. Apesar dessa observação, os valores de Eb e Ec do grupo Ottonia
mostram diminuição significativa em relação aos valores de Ea, validando nossos
achados.
A instilação de solução salina a 0,9% não alterou os resultados da estesiometria,
em qualquer dos momentos. Após a instilação de proximetacaína a 0,5%, houve
diminuição dos valores médios da estesiometria de 1,93 cm, em Ea, para 0 (zero) em
Eb e Ec, como fora encontrado por HERRING et al. (2005) em estudo sobre a duração
do efeito da proximetacaína na superfície ocular de cães sadios.
Relativamente aos valores da estesiometria, após a instilação do extrato aquoso
de O. martiana, observou-se a sua diminuição de 1,26 cm em Ea para 0,46 cm em Eb,
o qual se manteve em Ec. Acredita-se que essa redução significativa deva-se à possível
propriedade anestésica ou analgésica do extrato, embora seu verdadeiro modo de ação
não esteja elucidado. Uma das substâncias ativas da planta estudada, à qual foi
atribuída a propriedade anestésica, é a amida piperovatina (MAKAPUGAY et al., 1983;
McFERREN & RODRIGUEZ, 1998), também isolada de várias outras espécies do
gênero Piper e Ottonia. A ela é atribuída, ainda, uma atividade piscicida e sialagoga.
Com o intuito de se investigarem essas propriedades, MCFERREN et al. (2002)
estudaram in vitroo modo de ação desta amida, e concluíram que a piperovatina é
agonista dos canais de sódio, o que justifica sua ação piscicida. Peixes são sensíveis a
51
um grande número de substâncias que agem desta forma, como o DDT e os
piretróides. Pelo mecanismo de ação descrito, diferente do dos anestésicos locais, que
bloqueiam os canais de sódio, os autores referem que a melhor descrição da sensação
da substância na mucosa oral é a de “formigamento” e não de anestesia.
O fato de não se ter desenvolvido ou empregado algum modelo de inflamação no
presente trabalho, impede que se determine se o extrato aquoso de O. martiana atua
como anestésico local ou como analgésico. Anestésicos locais agem aumentando o
limiar de sensibilidade de neurônios corneais. Em estudo sobre a anestesia peribulbar
com ropivacaína em cães, KLAUMMAN (2007) considerou os valores de estesiometria
entre 0 e 0,5 cm, como determinantes de insensibilidade corneal, o que, aplicado ao
presente estudo, faria com que os resultados dos grupos GO e GP fossem similares.
Para que o reflexo corneal ocorra, em resposta a um estímulo corneal, este
provoca o estímulo das fibras A delta e C presentes na córnea, que, por sua vez,
estimulam o núcleo do nervo trigêmio espinhal, levando à despolarização dos
motoneurônios do músculo orbicular, o qual, através da ativação do circuito reticular,
induz ao reflexo (HENRIQUEZ E EVINGER, 2007). Nesse estudo, provavelmente a
concentração utilizada do extrato aquoso de Ottonia martiana tenha atuado na ativação
mais tardia para a ocorrência do reflexo corneal, o que explicaria a redução significativa
da sensibilidade da córnea. Acreditamos que uma concentração maior do extrato
causaria total dessensibilização da córnea, como observado no grupo proximetacaína.
SHAHINIAN et al. (1997) demonstraram que o uso tópico de proximetacaína diluída, a
0,05%, induziu analgesia mas não anestesia corneal, em pacientes humanos.
A diminuição da sensibilidade corneal difere das observações de CUNICO
(2007), que não discorreu sobre esta após a instilação do extrato bruto etanólico de
órgãos totais da mesma planta, em coelhos. Tais diferenças podem ser explicadas, pela
não utilização do estesiômetro pelo autor, que se baseou em modelo experimental
descrito por VOGEL (2002), que utilizou um náilon, sem graduação, com pressão inicial
exercida na córnea maior que a máxima exercida pelo estesiômetro de Cochet-Bonnet.
Outra condição é a diferença entre os protocolos de produção do extrato aquoso. No
presente estudo, foram utilizadas, unicamente, as folhas da planta, e no de CUNICO
(2007), os órgãos totais (raiz, caule, folhas e frutos), induzindo, eventualmente, a uma
52
maior concentração de amidas, entre outras substâncias, irritantes ou tóxicas ao tecido
corneal. Embora não se encontrassem resultados em relação à produção de anestesia,
é importante citar que o mesmo autor os obteve quando aplicou o extrato de O.
martiana, por via subcutânea em cobaios, que resultou na diminuição da sensibilidade
local, ação que foi similar à da lidocaína utilizada em grupo comparativo (CUNICO,
2007).
No que concerne aos valores da pressão ocular, estes se mantiveram constantes
em todos os grupos, nos momentos avaliados. Outrossim, o período de tempo em que
foi avaliada a PO pode não ter sido satisfatório.
Os resultados da avaliação clínica mostraram leve hiperemia conjuntival no
grupo proximetacaína, em 11 dos 15 animais do grupo, conforme alerta do fabricante
do fármaco (Anestalcon
®
) (www.medicinanet.com.br). Nos outros grupos nenhuma
alteração clínica foi observada, diferentemente do que fora relatado por CUNICO
(2007), que ao instilar extrato bruto etanólico de órgãos totais de O. martiana na córnea
de coelhos, observou intensa irritação ocular. Sugere-se que a ausência de irritação
ocular, no presente trabalho, possa ter decorrido de diversos fatores, entre eles,
diferenças significativas entre o tipo de extrato utilizado, no método de preparação do
extrato e das partes da planta a serem extraídos os princípios ativos. A utilização de
folhas frescas, do solvente álcool hidratado de cereais 70° GL, bem como a
resuspensão do extrato em solução fisiológica a 0,9%, na preparação do extrato usado
neste experimento, difere do utilizado por CUNICO (2007), no qual não há referência de
emprego do extrato preparado somente com folhas. Sabe-se que diferenças de
concentração de princípios ativos nos diferentes órgãos das plantas (GOBBO-NETO &
LOPES, 2007).
Neste estudo, as avaliações foram realizadas no período de, aproximadamente,
20 minutos, tempo hábil para a realização de um completo exame oftálmico. A repetição
das avaliações em outros momentos, relativamente à biomicroscopia, à estesiometria
corneal, à pressão ocular e ao teste lacrimal de Schirmer permitiria identificar a duração
dos efeitos do extrato aquoso de O. martiana, bem como possíveis alterações clínicas
que decorressem. Adjunto, a utilização de diferentes concentrações do extrato aquoso
de O. martiana permitiria identificar qual os efeitos mais representativos de cada
53
concentração, como fora realizado por MAHÉ (2004) em estudo sobre a eficácia e a
segurança de diferentes concentrações de bupivacaína, associadas ou o ao ácido
hialurônico, para anestesia corneal de seres humanos.
54
6 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos, na forma como a pesquisa fora concebida, é
provável admitir:
- O extrato aquoso de O. martiana pode ser utilizado como anestésico local, para
a realização do exame oftálmico em cães;
- O uso local do extrato aquoso de O. martiana diminui a sensibilidade corneal;
- O uso local do extrato aquoso de O. martiana não altera a produção lacrimal;
- O extrato aquoso de O. martiana não causa alterações clínicas na superfície
ocular.
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