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DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS
FISIOLÓGICAS EM FRANGOS DE CORTE
ALIMENTADOS COM DIFERENTES FONTES E
NÍVEIS DE SELÊNIO
FÁBIO AUGUSTO GOMES
2010
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FÁBIO AUGUSTO GOMES
DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS EM
FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM DIFERENTES FONTES
E NÍVEIS DE SELÊNIO
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia, área de
concentração em Produção e Nutrição de
Monogástricos, para a obtenção do título de
“Doutor”.
Orientador
Prof. Dr. Antonio Gilberto Bertechini
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2010
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Gomes, Fábio Augusto.
Desempenho e características fisiológicas em frangos de corte
alimentados com diferentes fontes e níveis de selênio / Fábio
Augusto Gomes. – Lavras : UFLA, 2010.
89 p. : il.
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Lavras, 2010.
Orientador: Antônio Gilberto Bertechini.
Bibliografia.
1. Avicultura. 2. Nutrição mineral. 3. Mineral orgânico. I.
Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD – 636.513
FÁBIO AUGUSTO GOMES
DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS EM
FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM DIFERENTES FONTES
E NÍVEIS DE SELÊNIO
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia, área de
concentração em Produção e Nutrição de
Monogástricos, para a obtenção do título de
“Doutor”.
APROVADA em 05 de março de 2010
Prof. Dr. Édison José Fassani DZO / UFLA
Prof. Dr. Paulo Borges Rodrigues DZO / UFLA
Prof. Dr. Adriano Geraldo IFMG / Bambuí
Dr. Jerônimo Ávito Gonçalves de Brito UNIQUÍMICA
Prof. Dr. Antonio Gilberto Bertechini
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
Em primeiro lugar, ao nosso Criador Supremo,
pelo privilégio da existência...
Aos meus pais, Juarez Belarmino Gomes e Marli V. Santos Gomes,
especialmente pela vida e pela estrutura familiar sólida empregada
de forma tão carinhosa, proporcionando e ensinando valores
fundamentais a qualquer ser humano, como respeito,
humildade e honestidade, desprendendo-se a todo
custo e em todos os sentidos à realização de meus
objetivos, de forma incondicional...
Aos meus irmãos Flávio e Fernanda pelo incentivo e união...
A minha querida esposa Lidianne pelo apoio, paciência
e amor incondicional, estando presente em todas
as etapas do trabalho, e minha sogra Sebastiana...
A meus avós paternos e maternos, em especial ao meu avó João
Belarmino (in memoriam) pelos primeiros ensinamentos Agrários
e ao meu avó Pedro Pereira, pelo exemplo de vida e luta contra
a Doença de Alzheimer, sempre amarei vocês...
De forma respeitosa a todos os animais que, de
forma vital, contribuíram com suas vidas em
prol do progresso necessário
da ciência...
A meus familiares e todos aqueles que de uma maneira ou outra, estão
envolvidos com a avicultura, dedicando seus esforços no objetivo
de contribuir sempre para o desenvolvimento
deste setor tão fascinante e importante
para a economia mundial...
DEDICO...
A Universidade de Alfenas - UNIFENAS pelo início de tudo e a Universidade
Federal de Lavras - UFLA pela oportunidade de realização deste curso....
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -
CNPq, pela concessão da bolsa de estudos...
A BIORIGIN pelo financiamento da pesquisa...
De uma forma especial ao Prof. Dr. Antonio Gilberto Bertechini pela
orientação, transmitindo de maneira respeitosa, sensata
e profissional seus ensinamentos, além da admirável
paciência e dedicação. Obrigado pela confiança!...
Ao Prof. Dr. Édison José Fassani pelo encaminhamento profissional e
pelos anos de amizade e respeito, orientando de forma
direta e indireta desde a iniciação científica...
A todos os mestres que se dedicaram de maneira incondicional
a transmissão dos conhecimentos, sejam estes
de origem técnica ou pessoal, em especial
Prof. Dr. Paulo Borges Rodrigues...
A todos integrantes do NECTA pelo apoio e aos colegas: Jeferson,
Asdrubal, Pucci, Adriano G., Nikolas, Elisângela, Anderson, Fabrício e,
em especial, ao Jerônimo A., pelo apoio, exemplo e amizade...
A todos os funcionários do Departamento de Zootecnia da UFLA,
prestativos em todos os momentos...
A Universidade Federal do Acre - UFAC na pessoa da Magnífica
Reitora Prof
a
. Dr
a
. Olinda Batista Assmar pelo apoio; e aos colegas
Josimar, Rodrigo, Leonardo, Elias, Karen, Eduardo,
Rogério, Reginaldo e Jorcely pela amizade...
Aos meus orientados da UFAC: Maria Z., Maria A., Maria J., Taciana,
Erleane, Rubstene, Marcelo, Angra, Elaine, Jéssica,
Érica e Érisson pela confiança e dedicação...
E a todos que contribuíram para
a concretização deste trabalho...
OFEREÇO...
BIOGRAFIA DO AUTOR
Fábio Augusto Gomes, nascido em 09 de outubro de 1981 na cidade de
Divinópolis – MG, filho de Juarez Belarmino Gomes e Marli Vitalina dos
Santos Gomes.
Em fevereiro de 2000 iniciou seus estudos em Zootecnia, graduando-se
em 05 de março de 2004 pela Universidade de Alfenas - UNIFENAS.
Em março de 2004 ingressou no Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu pela Faculdade de Zootecnia da Universidade de Alfenas - UNIFENAS,
obtendo o título de “Mestre em Ciência Animal”, área de concentração em
Nutrição de Monogástricos, em 10 de março de 2006.
Em março de 2007 ingressou no programa de Doutorado em Zootecnia
pela Universidade Federal de Lavras - UFLA. Ainda como aluno regular do
programa, foi aprovado em concurso público de provas e títulos para carreira de
Magistério Superior, iniciando suas atividades como Professor/Pesquisador
junto a Universidade Federal do Acre - UFAC em janeiro de 2009. Em 05 de
março de 2010 defendeu sua Tese, obtendo o título de "Doutor" com área de
concentração em Nutrição de Monogástricos.
1
SUMÁRIO
RESUMO GERAL........................................................................................... i
GENERAL ABSTRACT.................................................................................. ii
CAPÍTULO 1..................................................................................................... 1
1 Introdução Geral............................................................................................... 2
2 Referencial Teórico.......................................................................................... 4
2.1 O mineral selênio........................................................................................... 4
2.2 Selênio e seus aspectos metabólicos.............................................................. 5
2.3 Selênio no solo, plantas, grãos e produtos animais....................................... 9
2.4 Selênio e nutrição animal.............................................................................. 10
2.5 Absorção, armazenamento, metabolismo e excreção do selênio................... 14
2.6 Toxicidade do selênio.................................................................................... 15
2.7 Selênio x Qualidade da carne........................................................................ 16
2.8 Glutationa Peroxidade x Ação antioxidante.................................................. 19
3 Referências Bibliográficas................................................................................ 23
CAPÍTULO 2: Desempenho e características físico-químicas da carne do
p
eito de frangos de corte recebendo diferentes fontes e
níveis de selênio...................................................................
27
1 Resumo.............................................................................................................
28
2 Abstract.............................................................................................................
29
3 Introdução.........................................................................................................
30
4 Material e Métodos...........................................................................................
32
5 Resultados e Discussão....................................................................................
38
6 Conclusões........................................................................................................
55
7 Referências Bibliográficas................................................................................
56
2
CAPÍTULO 3: Características fisiológicas em frangos de corte suplementados
com diferentes fontes e níveis de
selênio
...................................................................................
59
1 Resumo............................................................................................................. 60
2 Abstract............................................................................................................. 61
3 Introdução......................................................................................................... 62
4 Material e Métodos........................................................................................... 63
5 Resultados e Discussão..................................................................................... 69
6 Conclusões........................................................................................................ 81
7 Referências Bibliográficas................................................................................ 82
ANEXOS............................................................................................................. 84
1
RESUMO GERAL
GOMES, Fábio Augusto.
Desempenho e características fisiológicas em frangos
de corte alimentados com diferentes fontes e níveis de selênio
. 2010. 89p.
Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.*
Dois experimentos foram conduzidos na Universidade Federal de Lavras -
UFLA, Minas Gerais, com o objetivo de avaliar em frangos de corte suplementados
com diferentes fontes e níveis de selênio: (1) Consumo de ração, ganho de peso,
conversão alimentar e viabilidade, bem como características físico-químicas da
carne do peito: pH, perda de peso por cozimento, força de cisalhamento e cor; e (2)
Retenção aparente, a deposição hepática, tecidual e plasmática, bem como a
eficiência da enzima Glutationa Peroxidase hepática e plasmática. No primeiro
experimento foram utilizados 1470 pintos de um dia machos Cobb-500, distribuídos
em esquema fatorial 2 x 3 + 1 (suplementação de selênio em dois níveis - 0,150 e
0,300 ppm, três fontes comerciais de selênio, sendo uma inorgânica e duas orgânicas
(Fonte A - 2000 ppm e Fonte B - 1000 ppm) + tratamento controle sem
suplementação). No segundo experimento foram utilizados 300 pintos machos Cobb
- 500 com 14 dias, submetidos a um esquema fatorial 3 x 3 + 1 (três níveis de
selênio - 0,150; 0,300; 0,450 ppm, três fontes comerciais – uma inorgânica e duas
orgânicas (A - 2000 ppm e B - 1000 ppm) + um tratamento controle sem
suplementação). Ambos experimentos foram em delineamento inteiramente
casualizado e as dieta a base de milho e farelo de soja. Quanto às fontes estudadas,
ficou evidenciada a superioridade das fontes orgânicas para o desempenho das aves
em relação à fonte inorgânica, sendo que a não suplementação resultou em piora
geral no desempenho das aves. Os níveis de selênio e as fontes testadas não
influenciaram nas medidas de qualidade de avaliadas. O trabalho evidenciou
também que as retenções de selênio foram relativamente altas para as fontes
utilizadas, sendo que o uso da fonte orgânica A em níveis crescentes apresentou
menor queda na retenção aparente de selênio. As fontes orgânicas participam mais
ativamente nas atividades de tecidos de forma geral e a fonte inorgânica, por ter
potencialidades de toxidez, é neutralizada no tecido hepático somente. Os resultados
evidenciaram que a maior suplementação de selênio possibilitou mantença na
eficiência da Glutationa Peroxidase hepática somente para a fonte inorgânica. A
eficiência desta enzima no plasma foi aumentada linearmente quando se elevou os
níveis dietéticos sendo que, para a fonte inorgânica, não houve mudança nesta
eficiência.
__________________________________
*Comitê de Orientação: Prof. Dr. Antonio Gilberto Bertechini - UFLA (Orientador), Prof. Dr.
Édison José Fassani - UFLA e Prof. Dr. Paulo Borges Rodrigues - UFLA
i
2
GENERAL ABSTRACT
GOMES, Fábio Augusto. Performance and physiological characteristics in
broiler chickens fed with different sources and levels of selenium. 2010. 89p.
Thesis (Doctorate in Animal Science) –
Universidade Federal de Lavras, Lavras,
MG.*
Two experiments were conducted at the Federal University of Lavras -
UFLA, Minas Gerais, with the objective of evaluating in broilers supplemented with
different sources and levels of selenium: (1) feed intake, weight gain, feed
conversion and viability as well as physicochemical caracteristics of the breast meat:
pH, weight loss by cooking, shearing force and color; and (2) Apparent retention,
the hepatic, tissue and plasmatic deposition as well as the efficiency of the enzyme
hepatic and plasmatic Glutathione Peroxidase. In the first experiment wee utilized
1,470 one-day, male chicks Cobb-500, distributed into a factorial scheme 2 x 3 + 1
(selenium supplementation at two levels – 0.150 and 0.300 ppm, three commercial
sources of selenium, it being the case that, one inorganic and two organic (source A
– 2,000 ppm and Source B – 1,000 ppm) + control treatment without a
supplementation). In the second experiment were utilized 300 male chicks Cobb -
500 aged 14 days submitted to a factorial scheme 3 x 3 + 1 (three levels – 0.150;
0.300; 0.450 ppm, three commercial sources – one inorganic and two organic (A -
2000 ppm and B - 1000 ppm) + one control treatment without a supplementation),
Both experiments were in CRD and the diets on the basis of corn and soybean. As to
the studied sources, the superiority of the organic sources for the birds’ performance
in relation to the inorganic sources was evidenced, that is, the non-supplementation
results into general worsening into the birds’ performance. The levels of selenium
and the tested sources did not influence the measures of breast meat evaluated. The
work outstood also that selenium retentions were relatively high for the utilized
sources, that is, the use of the organic source A in growing levels presented less fall
in the apparent retention of selenium. The organic sources participate more actively
in the activities of tissues in general and the inorganic source, for having toxicity
potentialities, is neutralized in the hepatic tissue only. The results stood out that the
greatest supplementation of selenium enabled maintenance in the efficiency in the
activity of hepatic Glutathione Peroxidase only for the inorganic source. The
efficiency of this enzyme in plasma increased linearly when the dietary levels were
increased, it being the case that, for the inorganic source, there was no change in this
efficiency.
__________________________________
*Guidance Committee: Prof. Dr. Antonio Gilberto Bertechini - UFLA (Adviser), Prof.
Dr. Édison José Fassani - UFLA and Prof. Dr. Paulo Borges Rodrigues - UFLA
ii
1
CAPÍTULO 1
2
1 INTRODUÇÃO GERAL
O microelemento selênio (Se) tem sido objeto de vários estudos, onde
existe a preocupação maior com os efeitos sobre o desempenho e qualidade dos
produtos animais bem como a produção animal sustentável.
Durante muito tempo o microelemento Se foi considerado extremamente
tóxico para os animais sendo normalmente suplementado na forma inorgânica.
Acredita-se que existem efeitos danosos com esta fonte, tendo em vista a sua
menor biodisponibilidade e sua menor efetividade do ponto de vista nutricional,
ao passo que estudos de toxidez são escassos e não apontam de forma definitiva
os limites máximos para a sua suplementação. As fontes orgânicas têm sido
testadas e os resultados apontam para uma melhor adequação nutricional do Se
com relação a fontes inorgânicas.
O elemento químico Se foi descoberto pelo químico sueco Berzelius, há
180 anos. Desde então, muitas publicações discutiram suas propriedades
químicas e a sua atividade biológica. Na década de 30, descobriu-se que o Se era
um elemento tóxico e que poderia ser até mesmo carcinogênico, além de afetar o
crescimento, desenvolvimento e reprodução animal (Mahan, 1999).
Até 1957, o Se foi considerado um microelemento de alta toxicidade,
sendo que a maioria dos estudos abordava este aspecto (Bertechini, 2006).
Entretanto, neste mesmo ano, ficou evidenciado que o Se era um elemento
essencial na nutrição animal e, a partir dessa descoberta, passou a ser
considerado como fator de prevenção de doenças carenciais em animais,
causadoras de prejuízos para a indústria de produção animal.
Em 1973, foi relatado o Se como parte fundamental na composição da
enzima antioxidante Glutationa Peroxidase - GSH-Px (Surai, 2000), a qual em
associação com a vitamina E e outros agentes antioxidantes é capaz de reduzir
os efeitos destrutivos das reações peroxidativas nas células vivas (Pehrson,
3
1993). Apesar disso, só recentemente foi descrita a produção de radicais livres
durante o metabolismo orgânico dos animais, sendo então caracterizado o
sistema antioxidante responsável pela prevenção da peroxidação lipídica.
A formação de radicais livres afeta grandemente a qualidade dos
produtos como carne e ovos, além de provocar redução na produtividade animal.
No ser humano, os radicais livres estão envolvidos com a ocorrência de doenças
cardiovasculares, algumas formas de neoplasias, envelhecimento precoce, entre
outros processos.
Desta forma, o presente trabalho foi conduzido para avaliar diferentes
fontes e níveis de suplementação dietética de Se (nas formas inorgânica e
orgânica) sobre o desempenho e características fisiológicos em frangos de corte.
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 O mineral selênio
O selênio (Se, Z = 34), integra o grupo VI de elementos (O, S, Se, Te,
Po), é divalente e possui configuração eletrônica igual a 2, 8, 18, 6 e sua química
é bem semelhante ao do enxofre (Bacila, 1980).
No ambiente, são encontrados Se em duas formas químicas: orgânica e
inorgânica, possuindo a margem de tolerância muito estreita entre os elementos.
O Se inorgânico pode ser encontrado em diferentes minerais na forma de
selenito, selenato, seleneto, assim como na forma metálica e ser potencialmente
tóxico se não for devidamente utilizado. Por outro lado, o Se nos alimentos de
origem vegetal, está ligado a diferentes aminoácidos, tais como metionina e
cisteína, onde substitui o enxofre. Na natureza, portanto, os animais recebem Se
principalmente na forma orgânica. Porém, a concentração de Se em grãos e
forragens varia muito e depende da capacidade da planta de absorver este
elemento do solo. No caso de solos ácidos e de baixa aeração, o Se tem baixa
disponibilidade para plantas e o resultado é baixa concentração no material
vegetal (Surai, 2000).
Mesmo considerando sua grande importância, o seu papel no
metabolismo ainda é pouco explicado, sendo relacionado com a síntese de
complexos Se-aminoácidos e Se-proteínas, funcionando como antioxidantes
eficientes (Moreira et al., 2001).
Acredita-se que a substituição do selenito de sódio da dieta por Se
orgânico aumenta tanto a absorção de Se quanto sua atividade biológica,
maximizando assim os benefícios dos baixos níveis de inclusão permitidos na
dieta. Isto é especialmente evidente em áreas onde as culturas crescem em solos
ácidos ou deficientes em Se, uma vez que nestas condições os ingredientes da
ração serão pobres em Se orgânico.
5
2.2 Selênio e seus aspectos metabólicos
Os níveis de Se nas plantas, nos tecidos dos animais e nos seres
humanos numa determinada região estão diretamente relacionados com os níveis
deste elemento presente no solo, que por sua vez está associado com a sua
pedologia, gêneses e localização nas áreas de cultivo e de criação dos animais
(Anderson et al., 1961; Longnecker et al., 1991).
A prevenção de certas doenças como câncer, formação de anticorpos
como resposta a vacinas, controle do metabolismo de hormônios, influência no
desempenho reprodutivo, algumas anomalias morfológicas, doenças
cardiovasculares, entre outros fatores, muitas vezes são relacionados com os
níveis de Se presente nos alimentos consumidos nas áreas estudadas.
O Se é um componente fundamental de várias selenoproteínas
funcionais necessárias para uma saúde normal. A mais conhecida destas é a
enzima antioxidante Glutationa Peroxidase (GSH-Px) que remove o peróxido de
hidrogênio e os hidroperóxidos de fosfolipídios geradas em vivo pelos radicais
livres e outras substâncias derivadas de oxigênio. Se não são eliminados, os
hidroperóxidos de lipídio prejudicam a função e estrutura da membrana
(Gutteridge & Halliwell, 1990) e causam distúrbios na coagulação do sangue
diminuindo a produção de prostaciclina, enquanto aumentam a produção de
tromboxano (Rayman et al., 1996). Além disso, hidroperóxidos de lipídios não
são produtos finais estáveis, mas, na presença de íons de um elemento de
transição, podem se decompor para, mais adiante, junto a radicais reativos livres,
aldeídos citotóxicos e tais produtos secundários, iniciar maior peroxidação de
lipídios, promovendo ateroscleroses, dano ao DNA e ativar metabolicamente
alguns carcinógenos (Diplock, 1994).
Selênio também tem um papel importante no controle do metabolismo
dos hormônios da tiróide. A iodotironina deiodinase que é responsável pela
6
conversão de tiroxina (T4) para sua forma ativa, triiodotironina (T3), é uma
selenoenzima. A deficiência de Se pode causar taxas de crescimento reduzidas
devido a uma resposta de avaliação que abaixa a síntese de triiodotironina
mediadora do hormônio de crescimento na pituitária, enquanto uma deficiência
combinada de Se e iodo exacerba o hipotireoidismo (Arthur et al., 1996).
Na reprodução de machos está envolvido na formação da cápsula do
esperma que é composta de uma selenoproteína estrutural encontrada na região
medial do flagelo do espermatozóide (Wallace et al., 1987). Na deficiência de
Se, anomalias morfológicas nesta região dão origem a espermatozóides com
motilidade deficiente. O Se também é necessário para o metabolismo normal da
testosterona e morfologia testicular que podem explicar a presença de vários
outras selenoproteínas nas gônadas masculinas (Behne et al., 1996).
As atividades destas selenoproteínas e de outras funções ainda não
identificadas, depende da quantidade de Se adequado provido na dieta. O Se
entra na cadeia alimentar através das plantas, grãos cereais, leite, carnes e ovos.
Estudos na Europa e Ásia em áreas geográficas extremamente pobres em Se
estão associadas a doenças como cardiomiopatias endêmicas (Doença de
Keshan) a qual resulta num coração alargado afetando a funcionalidade cardíaca.
Deficiência de Se menos aparente tem sido observada em vários estudos e
mostram efeitos adversos de suscetibilidade para muitas outras desordens,
incluindo doenças cardiovasculares e câncer (Lockitch, 1989).
A nutrição animal encontra-se atualmente em estado muito avançado de
conhecimentos que permite, de certa forma, a obtenção de grande produtividade,
principalmente nas áreas de avicultura e suinocultura. Por outro lado, as
questões de ambiente e de saúde humanas têm ocupado espaço cada vez maior
na mídia, dado a importância desses temas, sendo imperativo garantir a
produtividade animal com responsabilidade para com os seres humanos e ao seu
meio.
7
Neste contexto, o microelemento Se tem papel importante, pois possui
natureza altamente oxidativa (Spallholz, 1997) interagindo no meio alterando o
estado químico de outros elementos e definindo as propriedades químicas e
atividade biológica onde atua.
Até 1957, o Se foi considerado um microelemento de alta toxicidade
para os animais, sendo que a maioria dos estudos abordava este aspecto. A partir
daí, ficou evidenciado a sua participação na enzima Glutationa Peroxidase e
assim a sua importância nutricional foi definida. No metabolismo esta enzima é
extremamente importante como integrante do sistema antioxidante nos tecidos.
A formação de radicais livres afeta grandemente a qualidade dos produtos como
carnes e ovos e também provoca redução da produtividade animal. No ser
humano, o radical livre está envolvido com o aparecimento de doenças
cardiovasculares, algumas formas de câncer, como de mamas e próstata,
envelhecimento precoce, entre outras.
Existe atualmente um quadro crescente de aparecimento do câncer de
próstata e mamas no Brasil segundo o Ministério da Saúde. Interessante
observar que as maiores incidências destes problemas ocorrem em regiões onde
existe maior deficiência desse elemento nos solos e nos alimentos. O Estado do
Rio Grande do Sul, por exemplo, apresenta maiores índices e o Sul do Estado do
Pará e o Estado de Pernambuco, os menores, coincidindo com o perfil de
composição solo/grãos de acordo com levantamentos de Bertechini (2006).
Estas coincidências são importantes indicadores da necessidade de pesquisas na
área para dar suporte a diagnósticos mais elaborados e, de certa forma,
contribuir para a saúde pública.
Nos últimos 20 anos, tem sido utilizado o Se na forma inorgânica
(selenito de sódio) como fonte deste elemento traço nas rações animais. Porém,
nos tempos atuais, já se sabe dos problemas com esta suplementação como
toxicidade, grande interação com outros minerais, alterando as suas
8
configurações e aproveitamentos destes, baixa incorporação nos tecidos e com
baixas reservas orgânicas, que são importantes na manutenção das funções
vitais do organismo. Existe uma preocupação mundial com o nível alto de
microelementos presentes nos excrementos de animais domésticos, resultado da
baixa eficiência de absorção ao nível de trato gastrintestinal dessas substâncias e
que trazem, como conseqüência, a contaminação dos sistemas aquáticos,
continentais e marinhos.
Sabendo que o Se faz parte deste problema mundial, em alguns países
como Estados Unidos, França, Inglaterra e Japão já foi proibido a utilização da
forma inorgânica nas rações de animais para evitar transtornos.
Neste contexto, a necessidade de modificar a forma de fornecimento
deste micromineral no Brasil é uma realidade, o que traria maior garantia do seu
uso e seria tecnicamente e ecologicamente correto. A forma orgânica parece ser
a saída e, para isso, existem duas possibilidades de obtenção. A primeira através
de estudos de adubação com Se das culturas de milho e soja, principais
ingredientes das rações animais no Brasil, e nos grãos de consumo humano
direto como trigo, arroz e feijão, com incorporação natural na proteína desses
grãos, já que as maiores áreas dos solos brasileiros utilizados para produção são
extremamente pobres nesse microelemento (Bertechini, 2006). A segunda
através da biotecnologia das leveduras. Estes microorganismos possuem grande
habilidade em assimilar nutrientes do meio de cultivo e, assim, têm grande
potencial para incorporação de elementos minerais importantes na nutrição
animal como é o caso do Se. Assim, as leveduras ricas em Se orgânico seriam
incorporadas às rações.
2.3 Selênio no solo, plantas, grãos e produtos animais
As plantas são as maiores fontes dietéticas de Se na maioria dos países
do mundo. O conteúdo de Se nos alimentos depende do conteúdo de Se e do tipo
9
de solo onde as plantas são cultivadas ou os animais são criados. Pesquisas
americanas evidenciam maiores conteúdos de Se sérico nas pessoas que residem
em áreas com maiores conteúdos de Se nos solos (Longnecker et al., 1991).
Assim criou-se nos Estados Unidos os padrões de distribuição dos alimentos
através do país para ajudar a prevenir a deficiência deste microelemento em
pessoas que moram em regiões com baixos níveis de Se no solo.
Os animais que consomem os grãos ou plantas que foram cultivados em
solos ricos em Se possuem níveis maiores de Se em seus músculos. Os
conteúdos de Se nos alimentos podem variar, cita-se por exemplo, a castanha do
Pará que pode conter até 20 mg/kg, valor que poderá diminuir caso exista
deficiência no solo cultivado (Bertechini, 2006).
O Se ocorre em grãos como o milho, trigo e soja como seleniometionina,
o análogo Se orgânico do aminoácido metionina (Schrauzer, 2001, 2003). A
seleniometionina pode ser incorporada às proteínas do corpo no lugar da
metionina e serve como veículo para o armazenamento do Se em tecidos e
órgãos. Os suplementos de Se poderão conter também selenito de sódio e
selenato de sódio, duas formas inorgânicas de Se. A seleniometionina é
geralmente considerada a melhor forma absorvida e utilizada de Se. O Se
também é disponível em compostos de fermentos de Se, os quais poderão conter
de 1000 a 2000 microgramas de Se por grama (Schrauzer, 2001). A maioria do
Se nestes fermentados é na forma de seleniometionina. Esta forma de Se foi
usada na grande tentativa de prevenção de câncer em 1983, que ficou
demonstrado que uma ingestão diária contendo 200 microgramas de Se poderia
baixar o risco de desenvolver câncer de próstata, pulmão e colo retal, segundo
Clark et al. (1996). Um estudo conduzido em 1995 sugeriu que as formas
orgânicas de Se aumentavam as concentrações de Se no sangue em uma maior
extensão do que nas formas inorgânicas. No entanto, não melhorou
significativamente a atividade da enzima Se dependente, Glutationa Peroxidase
10
(Neve, 1995). Investigações continuam a examinar os efeitos das diferentes
formas químicas do Se, mas as formas orgânicas aparentam ser melhores.
2.4 Selênio e a nutrição animal
O Se é um elemento essencial, pois guarda relação funcional com a
vitamina E, e ambos participam da defesa da célula contra danos oxidativos
devido a metabólitos reativos dos lipídeos (radicais livres). As suas principais
funções bioquímicas são de modular a ação da Glutationa Peroxidase (GSH-Px)
no sangue, onde quatro moléculas de Se ativam esta enzima, sendo necessário
para a integridade e funcionamento do pâncreas, participando na absorção
normal dos lipídeos. Maior incorporação de Se ao músculo tem permitido maior
vida de prateleira em carnes, com redução significativa do drip durante sua
cocção, mantendo assim a textura e a qualidade enquanto congelada (Mahan,
1999).
Mahan (1999) demonstrou que o RNA mensageiro para o protoplasma
da GSH-Px é regulado através da quantidade disponível de Se no tecido. Isto
sugere prioridade do uso do Se no tecido e a ativação da enzima GSH-Px. No
organismo existem vários componentes contendo selenioproteínas, geralmente
ocorrem após a ativação do Se na sua forma reduzida, por exemplo, no fígado
ocorre incorporação enzimática com a cisteína que forma a seleno-cisteína.
Em estudos mais recentes (Mahan, 1999) avaliou-se a eficácia do Se
inorgânico e orgânico (produto fermentado com Se) em rações de suínos. Os
resultados demonstraram que, quanto às fontes, o Se orgânico resultou em
aumento de aproximadamente 60% no músculo. Os resultados combinados
destes estudos sugerem que o Se inorgânico absorvido é retido em baixas
concentrações através do tecido muscular e não há nenhum aumento adicional
quando o nível dietético excede 0,1 ppm. Por outro lado, quando Se orgânico foi
suplementado na dieta, quantidades maiores de Se orgânico estavam
11
incorporados no músculo. Pesquisa realizada por Moreira et al. (2001),
demonstrou que o Se na forma de selenolevedura resultou em menor
incorporação hepática em relação a forma inorgânica (selenito), sugerindo maior
incorporação no tecido muscular, haja vista, que não houve diferenças na
absorção entre as fontes testadas.
Apesar de alguns estudos já terem sido realizados com o uso de Se
orgânico ainda não está esclarecida a forma com que a levedura absorve este
microelemento, sendo a hipótese mais aceita a da incorporação aos aminoácidos
sulfurosos (Lockitch, 1989).
O mecanismo de absorção e metabolismo de Se em aves é semelhante ao
de suínos. A Glutationa Peroxidase e o Se são importantes na prevenção da
diátese exsudativa onde ocorre lesão no sistema capilar através da ação de
radicais livres, resultando no escape de fluidos celulares para o espaço
intersticial. A deficiência de Se também leva à necrose do músculo peitoral de
aves em crescimento e, além disso, as aves deficientes apresentam o
hematócrito mais baixo e redução na contagem de hemácias. Esta condição
pode ser evitada através da administração de Se orgânico ou inorgânico, mas
não de vitamina E (Surai, 2000).
Em frangos de corte em crescimento, segundo Cantor (1996) a taxa de
maturação das penas pode ser afetada pela fonte de Se na dieta, ou seja, a
inclusão de Se orgânico resulta em escores mais altos de empenamento
(maturidade) que em aves tratadas com a fonte inorgânica. A importância desse
fato é dupla, ou seja, penas mais maduras são mais facilmente removidas
durante o processo de abate e também aves com melhor cobertura de penas
gasta menos energia de manutenção, consumindo menos ração.
Em poedeiras a eficácia das fontes de Se, nas duas formas, levam ao
aumento do teor total de Se nos ovos, mas a fonte orgânica resulta em teores 20
% mais elevados que a fonte inorgânica (Cantor, 1996).
12
A espessura e peso da casca dos ovos também são maiores quando as
aves recebem Se da fonte orgânica. A qualidade dos ovos e seu efeito sobre os
pintos e matrizes também é melhorado quando estas recebem a fonte orgânica
de Se na dieta. Surai (2000) demonstraram que a administração de Se orgânico
a matrizes resulta em ovos mais ricos em Se e maior eficácia na transferência
desse elemento aos embriões.
Pintos eclodidos de ovos produzidos por matrizes tratadas com Se
apresentavam teores hepáticos deste elemento mais elevados no dia de eclosão e
aos 5 e 10 dias após a eclosão. Além disso, houve um efeito simultâneo de
redução da utilização de vitamina E quando essas aves eram tratadas com Se
orgânico (Surai, 2000).
A altura do albúmem do ovo é maior durante um período prolongado pós-
postura em aves tratadas com Se orgânico quando comparadas com aves em
dietas controle.
Doenças tais como diátese exsudativa são evitadas por Se, mas outras
condições comuns, como ascite, também tem sua incidência reduzida pela
suplementação de Se orgânico. O efeito deste elemento sobre a ascite decorre de
aflatoxinas presentes na dieta, onde a mortalidade pode cair de 11 para 2 %
quando a dieta for suplementada com Se orgânico (Mahan, 1999).
A exigência de Se para frangos de corte, listada no National Research
Council - NRC (1994), é de 0,15 mg/kg de ração, o que seria suficiente para
otimizar a atividade de GSH-Px até os 21 dias de idade, porém, o efeito da
suplementação de Se em dietas de aves pode variar de acordo com a fonte
utilizada, ou seja, quando comparada à fonte inorgânica (selenito de sódio), a
orgânica (Se-levedura) pode proporcionar menores concentrações desse
micronutriente no fígado e rins, e maiores no músculo peitoral e pâncreas,
afetando o desempenho das aves (Moreira et al., 2001).
13
Em experimento realizado, Moreira et al. (2001) teve como objetivo
estudar o efeito da suplementação de Se nas formas orgânica e inorgânica, em
diferentes níveis, sobre a atividade enzimática da GSH-Px nos fígados das aves e
sobre o desempenho de frangos de corte. Para o desempenho aos 21 dias, as
fontes de Se (SeO e SeI) diferiram entre si para o peso vivo e ganho de peso, não
diferindo para o consumo de ração e conversão alimentar. Os níveis testados não
diferiram para peso vivo, ganho de peso e conversão alimentar, no entanto,
apresentaram diferenças quanto ao consumo de ração, sendo 1,05 ppm o que
proporcionou o maior consumo, enquanto o controle apresentou o menor valor.
Aos 42 dias de idade, as fontes de Se (SeO e SeI) também diferiram
entre si para peso vivo e ganho de peso; porém, não houve diferença
significativa para os parâmetros avaliados dentro dos níveis testados. As
interações não foram significativas aos 21 e 42 dias de idade.
Pelos dados de desempenho obtidos no experimento, sugere-se que os
níveis de Se testados não diferem entre si para o desempenho final das aves,
porém, as fontes de Se (SeO e SeI) diferem, sendo a forma orgânica (SeO) a que
mais contribuiu para aumentar o peso vivo e ganho de peso em relação à forma
inorgânica (SeI), o que foi verificado tanto aos 21 quanto aos 42 dias de idade.
A variação do consumo de ração de acordo com os níveis de Se utilizados foi
um resultado inesperado, que não é condizente com os valores obtidos aos 42
dias, quando tal variação não foi observada.
No final do experimento, verificou-se que as fontes de Se (SeO e SeI)
não diferenciaram para a atividade total de GSH-Px, no entanto, dentre os níveis
avaliados, o de 1,05 ppm foi o que melhor contribuiu para aumentar a atividade
de GSH-Px, sendo expressa em maior quantidade aos 42 dias de idade.
14
2.5 Absorção, armazenamento, metabolismo e excreção do selênio
A absorção na forma de selenito ocorre no duodeno por difusão simples
e é bem retido pelo organismo, cerca de 90%. A forma orgânica,
seleniometionina (Se-Met) é absorvida em torno de 95-98% no intestino
delgado, mediada por transporte duplo ativo de sódio e aminoácidos neutros. Os
nutrientes que facilitam a absorção de Se são: presença de metionina/proteína,
vitamina E, A e C em altas doses e também outros antioxidantes. Já, fatores que
inibem sua absorção são: altas doses de enxofre e metais pesados (Oliveira,
2006).
O armazenamento do Se é feito em dois compartimentos. O primeiro é o
Se estocado na forma de Se-Met, sobretudo em músculos, eritrócitos, pâncreas,
fígado, rins, estômago, cérebro, pele e mucosa gastrointestinal. Essa reserva
depende da ingestão de Se na forma de Se-Met e está disponível para ser
metabolizada primeiramente e independe da necessidade do organismo para Se.
O segundo é o estoque de Se no fígado, na forma de GSH-Px. Quando a dieta
torna-se deficiente em Se e limita a síntese de outras selenoproteínas, esse
compartimento fica sob regulação reduzindo a concentração de mRNA e
conseqüentemente a síntese da GSH-Px (Cozzolino, 2007).
Somente a Se-Met pode ser incorporada as proteínas corporais, pois
segue a rota metabólica das proteínas até ser catabolizada pela trans-sulfuração.
Essa rota depende da vitamina B
6
para ativar enzimas que desdobrarão a Se-Met
em outros compostos orgânicos biologicamente ativos. A ingestão dos
compostos selenito, selenato e Se-Cis seguem outra via, sendo catabolizados até
a forma de seleneto, que pode ser novamente metabolizado para selenofosfato,
que é o precursor de Se-Cis e de outras selenoproteínas.
A principal via de excreção é pela urina, nas formas trimetilselenônio,
selenito e selenato. Pela respiração são eliminadas formas voláteis, como
monometil e dimetilseleneto. O Se armazenado em pelos e unhas também é
15
perdido pelo organismo. Nas fezes é excretado o seleneto, a forma inerte de Se,
que será convertido em selenito pelas bactérias do solo, para reiterar novamente
a cadeia alimentar (Oliveira, 2006).
2.6 Toxicidade do selênio
A toxicidade de compostos de Se não depende apenas da forma química
e da quantidade consumida deste elemento, mas também de uma variedade de
outros fatores incluindo o animal, sua idade, seu estado fisiológico, sua nutrição
e a rota de administração (Tinggi, 2003). Quando a ingestão diária de Se excede
à capacidade corporal de eliminação, algum tipo de intoxicação pode ocorrer e
os sintomas crônicos mais comuns são: irritação severa das vias respiratórias,
edema pulmonar, interferência no equilíbrio e locomoção (Bedwall et al., 1993).
Na década de 60, especulava-se sobre os efeitos tóxicos do Se, onde seu
excesso causaria a inativação das enzimas sulfidrílicas. A toxicidade do Se
(Selenosis) foi estudada em humanos e também em animais, verificando que
doses altas de Se (> 900µg/ dia) produzem uma síndrome tóxica de dermatite,
perda de pelos/penas, unhas doentes e neuropatia periférica (Beers & Berkow,
1999). Da mesma forma, foi relatado que o excesso de Se causaria morte em
aves adultas, deformações e morte embrionária. Apesar dos mecanismos
moleculares envolvidos na toxicidade do Se ainda não estarem completamente
esclarecidos, foi proposto que a toxicidade estaria envolvida com a sua interação
com grupos tiólicos. A reação do selenito com GSH produziria radical
superóxido.
Além do trato gastrointestinal, o Se pode ser absorvido por tecidos
cutâneos ou por inalação. Estas duas últimas vias de absorção de Se estão
relacionadas com a exposição e intoxicação ocupacional por compostos de Se. O
Se pode ser eliminado do organismo pelas vias excretoras - urina, fezes e ar
expelido. Os rins têm um papel importante, pois a excreção urinária é
16
considerada uma das principais rotas de desintoxicação e de eliminação em
animais e humanos. Por ser excretado na urina, essa pode ser usada como
indicadora em casos de intoxicação ou de exposição a altos níveis desse
elemento. A excreção de Se pelo ar expirado é realizada basicamente pelo
composto volátil seleneto de dimetila e tem sido detectado na respiração de
indivíduos expostos acidentalmente a níveis altos desse elemento (Mozier et al.,
1988).
2.7 Selênio x Qualidade da carne
Várias selenoproteínas além da GSH-Px contribuem para a atividade
antioxidante, muitas de maneiras ainda não esclarecidas. O que está claro é que
a melhora do status antioxidante em resposta a Se-levedura afeta a qualidade da
carne, refletindo-se na conservação dos produtos (Lyons, 1999).
Nos últimos anos, houve maior exigência do consumidor quanto à
qualidade da carne, assim, um dos principais desafios enfrentados pela indústria
de produção de carnes foi o de melhorar a imagem da mesma e sua aparência na
prateleira dos supermercados. Existem diversas características de qualidade da
carne que chamam a atenção do consumidor, dentre elas, a aparência, textura e
sabor, assim como maciez, suculência, aroma e outros fatores subjetivos. Entre
todas as aparências parece ter o maior impacto sobre a decisão inicial de compra
ou rejeição do produto. O consumidor prefere carne fresca, com mínimo de
perda de água durante o preparo e cozimento; assim, a capacidade de retenção
de água da carne, cor e ausência de sabores estranhos, são as principais
características consideradas em relação à qualidade da carne.
As características sensoriais ou organolépticas da carne são afetadas
pela bioquímica muscular e pelas modernas tecnologias de processamento, por
exemplo, temos a moagem da carne que aumenta a incorporação de oxigênio ao
músculo e o cozimento que libera ferro ligado à proteína para o pool
17
intracelular. Neste processo, a produção de radicais livres e a peroxidação
lipídica afetam a qualidade e a estrutura da membrana, levando a perdas
significativas da qualidade nutricional e do produto, conferindo sabores
estranhos, coloração e textura alteradas (Surai, 2000).
Uma das abordagens mais comuns para aumentar a estabilidade
oxidativa da carne é a de adicionar antioxidantes durante o processamento ou na
dieta do animal, por exemplo, um número crescente de evidências demonstra
que a suplementação de vitamina E (acima dos níveis recomendados) é uma
maneira eficaz de melhorar a qualidade da carne de frango, peru, bovino, suíno
e carneiro. Segundo os dados apresentados acima e considerando a interação
entre antioxidantes, é possível sugerir que as relações sinérgicas entre Se e
vitamina E poderiam contribuir para a melhora da qualidade da carne.
A atividade da GSH-Px nos músculos não se altera significativamente
durante a armazenagem da carne bovina por 8 dias e isto significa que uma vez
ocorra o aumento da atividade da GSH-Px, ela seria mantida durante o período
de armazenagem, sendo portanto possível esperar um efeito de estabilização
decorrente da suplementação de Se. A suplementação da dieta de frangos com
0,25 ppm de Se aumentou significativamente a atividade da GSH-Px nos
músculos do peito (2,1 vezes) e sobrecoxa (4,1 vezes), reduzindo a peroxidação
lipídica nos músculos (2,5 vezes no músculo do peito e 3,3 vezes na sobrecoxa)
após quatro dias de armazenamento a 4ºC em comparação ao grupo controle
(Surai, 2000). Estes dados indicam claramente que a GSH-Px contribui
significativamente para a defesa antioxidante geral do músculo, reduzindo a
susceptibilidade do tecido à peroxidação lipídica e que a estabilidade oxidativa
de músculos esqueléticos pode ser aumentada pela suplementação de Se na
dieta. Perece provável que o efeito estabilizante do Se também está associado à
manutenção da integridade da membrana muscular, resultando em menores
perdas por gotejamento durante o armazenamento da carne.
18
Edens (1996), demonstrou menor perda por gotejamento quando
forneceu Se orgânico a frangos de corte e em 1997 detectou interação entre
vitamina E e Se orgânico na melhora de rendimento de carcaça e ganho de peso
em frangos em crescimento. Em seu ensaio conduzido durante a primavera, o
Se orgânico melhorou também o empenamento e reduziu as perdas por
gotejamento.
Resultados mais conclusivos foram obtidos recentemente na
Universidade de Nova Inglaterra, na Austrália em que, Surai (2000), demonstrou
que aves alimentadas com Se orgânico apresentaram perda por gotejamento
reduzida. O Se orgânico também melhorou o rendimento do peso da carcaça
eviscerada, o rendimento de peito e teve efeito positivo sobre o empenamento.
Estes dados indicam que a qualidade da carne pode ser melhorada pela inclusão
de Se orgânico à dieta, ficando claro também que a maior suplementação de Se
(0,25 ppm), na forma de Se-levedura, teve efeito positivo adicional (em
comparação a 0,1 ppm) sobre a prevenção das perdas por gotejamento.
Em suínos, Mahan (1999) observaram que os efeitos pró-oxidantes do
selenito tendiam a aumentar perdas por gotejamento, enquanto a Se-levedura
não apresentava tal efeito. Embora o Se orgânico não tenha reduzido o
gotejamento da carne suína, o inorgânico teve efeito negativo sobre a qualidade
do lombo, refletido por maior gotejamento e coloração pálida.
Diferenças espécie-específicas no efeito do Se e de outros antioxidantes
sobre a qualidade da carne provavelmente refletem diferenças nos níveis de
Ácidos Graxos Poli-insaturados (AGPI), assim como de outros antioxidantes
(vitamina E, vitamina C, Glutationa) e pró-oxidantes (Fe, Cu, etc). Uma vez que
a manipulação de lipídios e enriquecimento da carne com ácidos graxos n-3 são
considerados importantes para a melhora da dieta humana, a suplementação de
antioxidantes poderia ser, nestes casos, benéfica (Surai, 2000).
19
2.8 Glutationa Peroxidase x Ação antioxidante
A vitamina E parece constituir a primeira linha de defesa contra a
peroxidação de ácidos graxos poliinsaturados. A ação antioxidante do tocoferol
é efetiva em concentrações elevadas de oxigênio e, desta forma, não é
surpreendente que tenda a estar concentrado naquelas estruturas lipídicas
expostas à pressões parciais de O
2
mais elevadas; por exemplo, nas membranas
do eritrócito, do trato respiratório e retina (Surai, 2000).
Doença causada por estresse físico ou mental decorrente de desafio
infeccioso ou manejo ambiental inadequado resulta em produção excessiva de
radicais livres e danos aos tecidos. Stress nutricional é extremamente
importante, uma vez que além de aumentar os níveis de pró-oxidantes, reduz os
níveis de antioxidantes (Collett, 2000).
Ao garantir um suprimento adequado de Se biologicamente ativo, é
possível melhorar o sistema antioxidante de defesa do organismo e assim
melhorar a sanidade e a produtividade do lote de muitas maneiras. Para se
contrapor à ação da oxidação, o organismo dispõe de sistemas enzimáticos e
antioxidantes que neutralizam os peróxidos, evitando oxidações indesejáveis
nos seres vivos. Entre as enzimas que participam destes processos, está a
Glutationa Peroxidase, a qual está presente principalmente nas membranas
tissulares (Schrauzer, 2001).
A Glutationa Peroxidase (GSH-Px), da qual o Se constitui um
componente integral, proporciona uma segunda linha de defesa contra
hidroperóxidos, antes que estes alterem membranas e outros componentes
celulares. Assim, o tocoferol e o Se, cada um tem seus mecanismos de ação
contra peróxidos lipídicos (Mahan, 1999).
A glutationa peroxidase desempenha papel importante na
desintoxicação por reagir com peróxidos orgânico e peróxido de hidrogênio.
Para catalisar tal reação, é necessária a presença da enzima Glutationa
20
Peroxidase, a qual tem o Se covalentemente ligado no seu centro ativo. Assim, o
funcionamento da enzima se dá da seguinte forma: o selenolato (E-Se) dessa
unidade reduz o substrato peróxido a um álcool e, por sua vez, é oxidado a
ácido selênico (E-SeOH). A glutationa agora entra em ação formando uma
ligação selenosulfeto (E-Se-S-G). Uma segunda glutationa regenera então a
forma ativa da enzima ao atacar o selenosulfeto para formar glutationa oxidada.
A glutationa oxidada é rapidamente reduzida pela glutationa-redutase. Por sua
vez, o NADPH produzido na via das pentoses-fosfato é responsável por manter
a concentração intracelular adequada de glutationa reduzida (Moreira et al.,
2001).
A ação antioxidante do Se está associada ao metabolismo da glicose, a
qual é a principal fonte de produção de NADPH, sendo este responsável
diretamente pela manutenção dos niveis de glutationa reduzida (GSH), usada
como substrato pela enzima GSH-Px. Portanto, qualquer causa que afete o
metabolismo da glicose, compromete a ação do Se (Cozzolino, 2007).
Com relação à fonte de radicais livres ocasionadas pela peroxidação de
lipídeos, esta ocorre classicamente quando o organismo é exposto ao estresse
oxidativo, e é responsável não somente pela deterioração de alimentos, mas
também por danos ao tecido in vivo. Os efeitos deletérios no organismo são
causados pelos radicais livres produzidos durante a formação dos peróxidos a
partir de ácidos graxos poliinsaturados encontrados na natureza. A peroxidação
é uma reação em cadeia que fornece um suprimento contínuo de radicais livres,
que iniciam uma peroxidação subsequente. Uma vez que o precursor molecular
do processo de iniciação é, geralmente, o produto hidroperóxido (ROOH), a
peroxidação de lipídeos é uma reação em cadeia com efeitos potencialmente
devastadores. Para controlar e reduzir a lipoperoxidação um mecanismo
interessante e facilitador é a utilização dos antioxidantes e, dentre estes, o
sistema enzimático mais ativo contra os produtos formados na peroxidação
21
lipídica é o sistema envolvendo a Glutationa Peroxidase (Murray, 1994). O
esquema da proteção das membranas pela Vitamina E, Se e pela Glutationa
Peroxidase é resumida na Figura 1.
Com base nas informações descritas anteriormente nota-se que, embora
existam poucos trabalhos relacionados aos efeitos do mineral Se nos organismos
animais, é notório a prevalência de dúvidas acerca, especialmente, dos níveis
ideais de suplementação. Experimentos envolvendo microminerais, como o Se,
são diretamente influenciados por inúmeros aspectos, como: estado sanitário do
animais, níveis nutricionais das dietas, condições de temperatura e umidade dos
ambientes nos quais os animais estão inseridos e demais desafios impostos pelo
ambiente. Acredita-se que o conjunto desses aspectos, em seus ambientes
experimentais específicos, vem trazendo resultados diferentes entre estudos
envolvendo Se, o que comprova a especificidade deste mineral dentro do
organismo (Moreira et al., 2001).
FIGURA 1 Esquema da proteção das membranas pela Vitamina E, Se e
pelaGlutationa Peroxidase (Islabão, 1982).
22
Atualmente observa-se uma tendência mundial na diminuição do uso de
fontes inorgânicas de Se, dada a preocupação com a melhoria nos índices
produtivos, bem como a retenção de Se nos produtos de origem animal para
consumo humano. Estudos recentes vem demonstrando melhoras nesses
parâmetros com uso de fontes orgânicas.
Mais experimentos necessitam ser conduzidos com objetivo de
confirmar o nível ideal de suplementação de Se para frangos de corte, além de
esclarecer os principais mecanismos envolvidos com o metabolismo das fontes
orgânicas comparativamente as fontes inorgânicas.
23
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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27
CAPÍTULO 2
DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DA
CARNE DO PEITO DE FRANGOS DE CORTE RECEBENDO
DIFERENTES FONTES E NÍVEIS DE SELÊNIO
28
1 RESUMO
Um experimento foi conduzido na Universidade Federal de Lavras -
UFLA, Minas Gerais,
para avaliar os efeitos de diferentes fontes e níveis de
suplementação de selênio em frangos de corte, sobre o desempenho, bem como
as características físico-químicas da carne de peito: pH, perda de peso por
cozimento, força de cisalhamento e cor. Foram utilizados 1470 pintos de um dia
machos Cobb-500, distribuídos em 49 boxes experimentais representados por 30
aves com 7 repetições em um esquema fatorial 2 x 3 + 1 (suplementação de
selênio em dois níveis - 0,150 e 0,300 ppm, três fontes comerciais de selênio,
sendo uma inorgânica e duas orgânicas (Fonte A - 2000 ppm e Fonte B - 1000
ppm) + tratamento controle sem suplementação), em delineamento inteiramente
casualizado e com dieta a base de milho e farelo de soja. O desempenho foi
avaliado nas fases de 1 a 7, 1 a 21, 1 a 33 e 1 a 42 dias. Aos 42 dias, três aves
por parcela foram submetidas a jejum por 6 horas, abatidas e retirados os peitos
para análises. A qualidade da carne do peito foi avaliada através das análises
físico-químicas utilizando-se o peito de duas aves por unidade experimental.
Quanto às fontes estudadas, houve interação significativa e ficou evidenciada a
superioridade das fontes orgânicas de selênio para o desempenho das aves em
relação à fonte inorgânica. Os níveis de selênio e as fontes testadas não
influenciaram nas medidas de qualidade da carne do peito avaliadas. Existe a
necessidade de suplementação de selênio para garantir bom desempenho dos
frangos de corte modernos, sendo que a não suplementação resulta em piora
geral no desempenho das aves.
29
2 ABSTRACT
An experiment was conducted at the Federal University of
Lavras -
UFLA, Minas Gerais, with the objective of evaluating different sources and levels of
selenium
supplementation in broilers on the performance and as well as
physicochemical characteristics of the breast meat: pH, weight loss by cooking,
shearing force and color. 1,470 male Cobb-500 chicks aged one day were
utilized, distributed into 49 experimental boxes represented by 30 birds with 7
replicates in a factorial scheme 2 x 3 + 1 (selenium supplementation at two
levels – 0.150 and 0.300 ppm, three commercial sources of selenium, one being
inorganic and two organic (Source A – 2,000 ppm and Source B – 1,000 ppm) +
control treatment without a supplementation) in CRD and with a diet on the
basis of corn and soybean. The performance was evaluated in phases from 1 to
7, 1 to 21, 1 to 33 and 1 to 42 days. At the end, three birds per plot were
submitted to fasting for 6 hours, slaughtered and their breasts were taken out for
analyses. The quality of the breast meat was evaluated through the
physicochemical analyses utilizing the breast for two birds per experimental
unit. As for the studied sources, the superiority of the organic sources of
selenium from the birds’ performance in relation to the inorganic sources was
evidenced. The levels of selenium and the sources tested did not influence the
quality measures of evaluated carcasses. There is the need for selenium
supplementation to warrant good performance of modern broilers, the non-
supplementation results into general worsening in the birds’ performance.
30
3 INTRODUÇÃO
A nutrição avícola se caracteriza por seu elevado dinamismo, fator que
em conjunto a melhorias na genética dos frangos de corte permite aumentos cada
vez maiores nos índices produtivos. Porém, esses benefícios requerem um alto
custo metabólico do organismo das aves, o que pode predispor estes animais ao
surgimento de alterações metabólicas.
Atualmente é sabido que, além da busca por melhores índices
produtivos, existe uma preocupação global com as questões ambientais, ou seja,
garantir a produtividade animal com responsabilidade para os seres humanos,
animal e seu meio.
O Selênio (Se) ocorre em todos os tecidos do corpo animal, desta forma,
no momento em que o valor dos produtos animais enriquecidos por este mineral
vem sendo usados como estratégia de melhoria de produção e qualidade de
produtos, a suplementação dietética desse mineral na forma orgânica tem
recebido importante destaque na industria nutricional. O uso de fontes orgânicas
de Se tem evidenciado maiores benefícios quando comparado com as fontes
inorgânicas (Duarte, 2002).
Estudos atuais vêm evidenciando o Se como um elemento essencial na
nutrição animal e, a partir dessa afirmação, muitas pesquisas vem sendo
direcionadas para verificação de seu papel como prevenção especialmente de
doenças carenciais em animais, doenças essas causadoras de grandes prejuízos
para a indústria de produção animal.
O NRC (1994) traz como recomendação de suplementação 0,150 ppm
de Se para melhor desempenho dos frangos de corte porém, algumas pesquisas
tem evidenciado a necessidade de maiores níveis.
O objetivo do presente experimento foi testar diferentes fontes e níveis
de suplementação de Se em frangos de corte, avaliando-se o desempenho das
31
aves e características físico-químicas da carne do peito, como o pH, cor, perda
de peso por cozimento e força de cisalhamento.
32
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Local e período do experimento
O ensaio foi desenvolvido em galpão convencional de frangos de corte
do setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal
de Lavras, localizada no município de Lavras, estado de Minas Gerais, no
período de maio a julho de 2008.
4.2 Tratamentos, procedimentos e variáveis analisadas
Neste ensaio foram utilizados 1470 pintos de um dia machos Cobb-500,
distribuídos em 49 parcelas experimentais, onde receberam sete tratamentos com
sete repetições, sendo a repetição representada por 30 aves, utilizando o sistema
de boxes (2,00 x 1,50 m) e cama (cepilho de madeira). Os tratamentos foram
constituídos de suplementação de selênio (Se) em dois níveis - 0,150 e 0,300
ppm, três fontes, sendo uma inorgânica (Selenito de Sódio, 45,6%) e duas
orgânicas (Seleno-levedura) (Fonte A - 2000 ppm e Fonte B - 1000 ppm) e um
tratamento controle negativo, sem suplementação.
Para o tratamento controle, a partir da segunda semana, houve a
necessidade de adição emergencial suplementar contínua de 0,05 ppm de Se na
ração, visando estabilização da mortalidade.
As rações foram à base de milho e farelo de soja (Tabela 1)
suplementadas com vitaminas e minerais com exceção do Se, sendo adicionado
de acordo com os tratamentos experimentais e formuladas seguindo as
recomendações de Rostagno et al. (2005). A composição em Se analisado nas
rações experimentais encontram-se descritas na Tabela 2.
33
TABELA 1 Composição percentual das rações basais para frangos de corte de
acordo com as fases de criação.
Ingredientes 1 a 7
dias
8 a 21
dias
22 a 33
dias
34 a 42
dias
Milho 54,713 58,000 61,248 65,265
Farelo de soja - 46% 38,656 35,656 31,664 27,045
Óleo vegetal 2,149 2,430 3,322 4,146
Fosfato bicálcico 1,981 1,840 1,694 1,505
Calcário calcítico* 0,920 0,880 0,843 0,806
Sal comum 0,510 0,490 0,472 0,450
Supl. Vitamínico
1
0,100 0,100 0,100 0,100
Supl. Mineral
2
0,100 0,100 0,100 0,100
Dl-metionina 99% 0,340 0,231 0,223 0,202
L-lisina, 99% 0,295 0,150 0,176 0,213
L-treonina, 98% 0,113 0,000 0,035 0,045
Salinomicina, 12% 0,050 0,050 0,050 0,050
Colistina sulfato, 8% 0,013 0,013 0,013 0,013
Colina cloreto, 70% 0,030 0,030 0,030 0,030
Caulin* 0,030 0,030 0,030 0,030
Total 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição nutricional calculada
Energia Metabolizável, kcal/kg 2950 3000 3100 3200
Proteína Bruta, % 22,04 20,96 19,41 17,98
Metionina+Cistina, digestível % 0,944 0,814 0,773 0,714
Lisina, digestível % 1,330 1,148 1,073 0,992
Treonina, digestível % 0,865 0,717 0,697 0,645
Triptofano, digestível % 0,249 0,235 0,182 0,191
Cálcio, % 0,939 0,884 0,824 0,761
Fósforo disponível, % 0,470 0,442 0,411 0,379
Sódio, % 0,223 0,214 0,205 0,195
Composição nutricional analisada
3
Proteína Bruta
3
, % 22,09 20,57 19,68 18,05
Cálcio
3
, % 0,943 0,876 0,819 0,775
Fósforo disponível, % 0,462 0,4501 0,421 0,383
Sódio, % 0,230 0,218 0,212 0,186
Selênio
4
, ppm 0,034 0,044 0,049 0,037
1
Suplementando por kg de ração: Vit. A 12.000 UI, Vit. D3 2400 UI, Vit. E 40 UI, Vit. K 31,8 mg, Vit. B
1
2,5
mg, Vit. B
2
4,0 mg, Vit.B
6
2,0 mg, Vit. B
12
15 µg, Biotina 60 µg, Niacina 30 mg, Ácido Fólico 1,8 mg.
2
Suplementando por kg de ração: Ferro 80 mg, Zinco 70 mg, Manganês 70 mg, Iodo 1 mg, Cobre 10 mg.
3
Análises realizadas no laboratório de Pesquisa Animal – DZO/UFLA.
4
Analisado por espectrometria de absorção atômica com sistema de gerador de hidretos no DQI/UFSM - RS
* Veículos utilizados para inclusão dos tratamentos.
34
TABELA 2 Composição analisada de Se nas rações experimentais.
Nível de suplementação, ppm
1
Fase/
dias
Selenito de
Sódio
2
Fonte A
3
Fonte B
4
0,150 0,300 0,150 0,300 0,150 0,300
1 - 7
0,180 0,340 0,190 0,370 0,190 0,350
8 – 21
0,170 0,360 0,180 0,380 0,180 0,340
22 – 33
0,160 0,290 0,170 0,310 0,140 0,280
34 – 42 0,180 0,330 0,190 0,350 0,130 0,280
1
Análises realizadas no laboratório de Química - DQI/UFLA.
2
Part. Nº. FT025414 (Val.10/09/08);
3
Part. Nº. QC150106 (Val.15/10/08);
4
Part. Nº J125445 (Val.25/12/08).
As rações experimentais foram misturadas em misturador do tipo duplo
cone em aço inoxidável (200 litros) até a fase de sete dias e, a partir desta data,
misturador do tipo vertical com capacidade de 300 kg, com corpo em pvc
(polivinil cloreto) e rosca em aço inoxidável. As fontes de Se foram adicionadas
através de pré-misturas, onde preparou-se um suplemento de Se (Selemix),
utilizando o caulin e calcário calcítico como veículo.
Foi utilizado um programa de alimentação com quatro rações (1 a 7, 8 a
21, 22 a 33, 34 a 42 dias de idade das aves), segundo recomendação de Rostagno
et al. (2005) para alto desempenho, sendo a água e alimentação fornecidas ad
libitum. O desempenho (consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar
e viabilidade) foi avaliado ao final de cada fase de criação, até o período total (1
- 42 dias), efetuando-se a pesagem das aves por boxe e das rações (fornecida e
sobra). Ao final do experimento (42 dias), três aves por parcela foram
submetidas a jejum por 6 horas, abatidas por insensibilização elétrica seguido de
deslocamento cervical, sendo necropsiadas para observação de possíveis
alterações.
35
A qualidade da carne do peito foi avaliada no Departamento de Ciências
dos Alimentos - UFLA, através das análises físico-químicas utilizando o peito
de duas aves por unidade experimental e descongelados a uma temperatura de 4
ºC. As amostras de peito foram analisadas quanto ao pH, cor objetiva, perda de
peso por cozimento (PPC) e força de cisalhamento (FC). O pH foi medido
utilizando potenciômetro Digimed DM-20 de forma direta, sensibilidade 0,01 de
pH dotado de eletrodo de punção penetrado na massa muscular e dispositivo
calibrador de temperatura. Os valores de pH de cada amostra foram obtidos a
partir das médias de seis leituras (replicatas), em diferentes posições.
A leitura da cor foi realizada na superfície dos peitos expostos por 30
minutos ao ar ambiente , fazendo-se uso de um colorímetro Chroma Meters CR-
300 (Konica Minolta Sensing Inc.). Para o cálculo dos índices de cor foi
estabelecido o iluminante D65, o ângulo de 10º para o observador e o sistema de
cor CIELAB. Os índices de cor luminosidade (L*), índice de vermelho (a*) e
índice de amarelo (b*) foram obtidos considerando-se o valor médio de seis
leituras realizadas em diferentes pontos do músculo. A saturação (C*) e o ângulo
de tonalidade (h*) também foram calculados a partir dos índices de cor, da
seguinte forma: C* = (a*
2
+ b*
2
)
1/2
e h* = arctan (b*/a*). Após as leituras de cor
objetiva, os peitos foram desossados e os músculos pectoralis major separados,
pesados e envolvidos em papel alumínio. Em seguida, foram submetidos ao
cozimento, em chapa elétrica previamente aquecida à temperatura de 150 ± 5 ºC.
Após atingirem 35 ºC, as amostras foram viradas e mantidas em cozimento até a
temperatura interna atingir 72 ± 2 ºC. Após o cozimento, o papel alumínio foi
retirado e as amostras resfriadas em temperatura ambiente por 30 minutos,
quando foram novamente pesadas e o valor de PPC determinado (diferença entre
os pesos antes e após o cozimento, convertidas em percentagem).
As amostras cozidas foram, então, cortadas em pedaços com dimensões
de 2,0 x 1,0 x 1,0 cm, com o maior comprimento no sentido longitudinal das
36
fibras musculares, conforme metodologia descrita por Froning &
Uijttenboogarte (1988). Após preparo, seis pedaços de cada amostra foram
submetidos ao teste de FC, em texturômetro TA.XT2i Texture Analysis (Stable
Micro System Inc.), com célula de força de 5 kg, conectado a um computador
equipado com o programa Texture Expert
®
. As amostras foram cisalhadas, no
sentido transversal das fibras musculares, por uma lâmina de corte tipo Warner
Bratzler, a uma velocidade de corte de 60 mm/min. O valor médio da FC,
expresso em kg, foi determinado pela média das seis leituras.
4.3 Delineamento experimental e análises estatísticas
O ensaio foi planejado em um esquema fatorial 2 x 3 + 1
(suplementação de Se em dois níveis, três fontes de Se e um tratamento controle
sem suplementação) e sete repetições, em delineamento experimental
inteiramente casualizado. Realizou-se uma análise de variância global de todas
as medidas avaliadas, de acordo com o seguinte modelo estatístico.
Y
ijk
= µ + N
i
+ F
j
+ (NF)
ij
+ e
ijk
;
onde:
Y
ijk
= valor observado no nível i, na fonte j, na unidade experimental k;
µ = média geral;
N
i
= efeito do nível i, com i = 1 e 2;
F
j
= efeito do fonte j, com j = 1, 2 e 3;
(NF)
ij
= efeito da interação entre o nível i e a fonte j;
eijk = efeito do erro experimental associado à observação de ordem ijk.
Os resultados foram submetidos à análise de variância utilizando o
pacote computacional Sisvar (Ferreira, 2000), sendo as médias dos tratamentos
com relação às fontes de Se comparadas através do teste SNK, os níveis de
37
suplementação pelo teste F da análise de variância e todos os tratamentos com
suplementação em relação ao controle negativo, pelo teste de Dunnet. Foi
utilizado para todas as comparações o nível de significância de 5% de
probabilidade.
38
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Desempenho das Aves
Os resultados de desempenho das aves suplementadas com diferentes
fontes e níveis de Se na ração, para a fase de 1 a 7 dias de idade, estão
apresentados na Tabela 3.
TABELA 3 Desempenho de frangos de corte na fase de 1 a 7 dias de idade de
acordo com níveis e fontes de Se nas rações.
Nível de Selênio (mg/kg)
1
Fonte
1
0,150 0,300
Média
Consumo de Ração (g/ave)
Selenito Sódio
126 126 126
Fonte A
127 125 126
Fonte B
124 126 125
Média
126 126
Controle*
121
Erro Padrão
2,55
CV , %
5,4
Ganho de Peso (g/ave)
Selenito Sódio
112 113 113
Fonte A
114 115 114
Fonte B
116 118 117
Média
114 115
Controle*
109
Erro Padrão
2,68
CV, %
6,24
Conversão alimentar (kg/kg)
Selenito Sódio
1,125 1,115 1,120
Fonte A
1,114 1,087 1,100
Fonte B
1,070 1,068 1,070
Média
1,103 1,100
Controle*
1,120
Erro Padrão
0,023
CV, %
5,44
1
Médias não diferem estatisticamente (p>0,05).
* Ração controle contendo 0,031 ppm de Se proveniente da matriz nutricional.
39
Não houve interação ou efeito dos níveis de Se e de suas fontes (p>0,05)
sobre as características de desempenho avaliadas na fase de 1 a 7 dias de idade.
As aves do tratamento controle quando comparadas com as aves dos demais
tratamentos não apresentaram diferenças significativas (p>0,05)
Nesta fase, se supõe que existe uma boa contribuição de Se proveniente
do ovo da matriz, que atende as necessidades práticas deste microelemento
durante a primeira semana de vida dos pintinhos, haja vista que a não
suplementação de Se resultou em desempenho semelhante aos tratamentos que
receberam suplementação. De acordo com Utterback et al. (2005), a reserva de
Se no ovo (clara e gema) corresponde a 30% das exigências de Se nas aves,
preconizados pelo NRC (1994) em 0,150 ppm.
Os resultados de desempenho das aves suplementadas com diferentes
fontes e níveis de Se na ração, para a fase de 1 a 21 dias de idade, estão
apresentados na Tabela 4, onde se observa que houve interação significativa
(p<0,05) entre fontes e níveis de suplementação de Se sobre o consumo de ração
pelas aves. As médias das aves do tratamento controle, quando comparadas
isoladamente às médias dos demais tratamentos, apresentaram diferenças
significativas (p<0,05), mostrando a necessidade de suplementação deste
mineral para as aves neste período avaliado.
Independentemente da fonte, a suplementação dietética em 0,300 ppm
proporcionou maiores consumos de ração pelas aves. Em contrapartida,
independentemente do nível suplementar, a fonte inorgânica proporcionou
menores consumos em relação às fontes orgânicas, as quais proporcionaram
consumos de ração pelas aves semelhantes entre si, dentro dos níveis estudados.
40
TABELA 4 Desempenho de frangos de corte na fase de 1 a 21 dias de idade de
acordo com níveis e fontes de Se nas rações.
Nível de Selênio (mg/kg)
1
Fonte
2
0,150 0,300
Média
Consumo de ração (g/ave)
Selenito Sódio
768*bB 1087*bA 927
Fonte A
1143*aB 1287*aA 1215
Fonte B
1163*aB 1285*aA 1224
Média
1024 1219
Controle
3
666
Erro Padrão
16,4
CV, %
4,12
Ganho de peso (g/ave)
Selenito Sódio
564*bB 834*bA 803
Fonte A
909*aB 1062*aA 956
Fonte B
883*aB 1080*aA 979
Média
866 990
Controle
3
360
Erro Padrão
15,88
CV, %
5,16
Conversão alimentar (kg/kg)
Selenito Sódio
1,360*bA 1,304*bA 1,332
Fonte A
1,258*aA 1,217*aA 1,237
Fonte B
1,318*abB 1,164*aA 1,241
Média
1,312 1,228
Controle
3
1,856
EP
0,025
CV, %
4,98
Viabilidade (%)
Selenito Sódio
97,6* 98,6* 98
Fonte A
97,1* 98,1* 98
Fonte B
95,8* 96,2* 96
Média
97 98
Controle
3
80
Erro Padrão
1,65
CV, %
4,6
* Médias diferentes do controle pelo teste de Dunnet (p<0,05).
1
Médias minúsculas seguidas de letras diferentes na coluna diferem estatísticamente SNK (p<0,05).
2
Médias maiúsculas seguidas de letras diferentes na linha diferem estatísticamente pelo teste F (p<0,05).
3
0,04 ppm de Se via matriz nutricional + suplementação de 0,05 ppm.
Os resultados de consumo de ração para esta fase não corroboram com
os encontrados por Moreira et al. (2001), que não observaram diferenças
41
significativas no consumo de ração em frangos aos 21 dias, quando
suplementados com fonte orgânica e inorgânica de Se até o nível de
suplementação de 0,750 ppm.
Tanto no presente experimento quanto nos resultados do autor
supracitado, observou-se menor consumo de ração pelas aves submetidas ao
tratamento controle, o que explica a essencialidade do Se nas primeiras semanas
de idade, visto a necessidade de conferir suporte ao desenvolvimento locomotor
e metabólico para manutenção de um desempenho normal e satisfatório.
Da mesma forma, observou-se interação significativa (p<0,05) entre
fontes e níveis de suplementação de Se sobre o ganho de peso das aves aos 21
dias de idade.
Assim como observado para o consumo de ração, o ganho de peso
médio das aves do tratamento controle, quando comparado isoladamente às
médias dos demais tratamentos, foi inferior, reflexo do baixo consumo de ração
observado para esta fase. Estes resultados corroboram com o observados por
Moreira et al. (2001).
O desdobramento da interação mostrou que, independentemente da
fonte de Se, o nível suplementar dietético de 0,300 ppm proporcionou maiores
ganhos de peso das aves quando comparado ao nível de 0,150 ppm.
Os resultados também indicaram que as aves recebendo as fontes
orgânicas, obtiveram pesos semelhantes entre si e melhores ganhos de peso em
relação aquelas que receberam a fonte inorgânica, independentemente do nível
suplementar.
Moreira et al. (2001) também observaram em seu experimento com
frangos aos 21 dias, maior ganho de peso nas aves suplementadas com Se
orgânico comparado as suplementadas com Se inorgânico, independentemente
dos níveis. O mesmo não foi observado por Ali et al. (1997) estudando a
42
necessidade de Se para frangos de corte alimentados a base de milho e farelo de
soja até os 21 dias.
Estudando diferentes níveis e fontes de Se (orgânica e inorgânica) em
frangos de corte, Yoon et al. (2007) não encontraram diferenças significativas
entre níveis e fontes para o ganho de peso das aves aos 21 dias de idade,
resultados contrários aos obtidos no presente experimento.
Também para a conversão alimentar notou-se interação (p<0,05) entre
fontes e níveis de suplementação de Se em que as fontes orgânicas
proporcionaram conversão alimentar semelhantes entre si, dentro de cada nível
suplementar estudado, apresentando melhor conversão alimentar quando
comparado à fonte inorgânica independentemente do nível suplementar de Se.
Por outro lado, a fonte orgânica B, dentro do nível de 0,300 ppm,
resultou em melhora na conversão alimentar das aves quando comparado ao
nível suplementar de 0,150 ppm.
Moreira et al. (2001), não encontraram diferenças significativas na
conversão alimentar independentemente das fontes e níveis de Se suplementado
em frangos de corte aos 21 dias, estando os resultados encontrados para
conversão alimentar das aves, neste experimento, diferentes dos encontrados
pelo autor supracitado.
Os resultados obtidos nesta pesquisa também são diferentes dos estudos
de Payne & Southern (2005), onde avaliando fontes orgânicas (selênio levedura)
e inorgânica (selenito de sódio) de Se no estado da Louisiana (EUA), não
encontrando diferenças significativas para conversão alimentar em frangos de
corte suplementados com 0,42 ppm até os 17 dias de idade.
Estudando diferentes níveis e fontes de Se (orgânica e inorgânica) em
frangos de corte, Yoon et al. (2007) não encontraram diferenças significativas
entre níveis e fontes para conversão alimentar em aves aos 21 dias de idade,
resultados que também divergem dos obtidos no presente experimento.
43
As médias das aves submetidas ao tratamento controle, quando
comparadas isoladamente às médias dos demais tratamentos, apresentaram
diferenças significativas (p<0,05). A piora na conversão alimentar das aves do
tratamento controle, quando comparado aos demais, ficou explícita nos
resultados apresentados, sendo reflexo do baixo consumo de ração e o ganho de
peso das aves observado para esta fase. Estes resultados não corroboram com os
observados por Moreira et al. (2001).
Não houve interação significativa (p>0,05) entre fontes e níveis de
suplementação de Se sobre a viabilidade das aves aos 21 dias de idade. As
médias da viabilidade das aves do tratamento controle, quando comparadas
isoladamente com as dos demais tratamentos, apresentaram diferenças
significativas (p<0,05), onde o tratamento controle apresentou pior viabilidade.
Em síntese, a comparação do tratamento controle com os demais
tratamentos em que houve suplementação de Se, verificou-se piora das aves para
todas as características de desempenho aos 21 dias, indicando a essencialidade
de suplementar esse micromineral na ração das aves.
Quando se avaliou o desempenho (Tabela 5) das aves suplementadas
com diferentes fontes e níveis de Se na ração, para a fase de 1 a 33 dias de idade,
encontrou-se interação significativa (p<0,05) das fontes e níveis de
suplementação de Se sobre o consumo de ração.
Em contrapartida, independentemente do nível suplementar, a fonte
inorgânica resultou em menores consumos de ração pelas aves. As aves
suplementadas com fontes orgânicas tiveram resultados de consumo de ração
semelhantes entre si dentro dos níveis estudados.
44
TABELA 5 Desempenho de frangos de corte na fase de 1 a 33 dias de idade de
acordo com níveis e fontes de Se nas rações.
Nível de Selênio (mg/kg)
1
Fonte
2
0,150 0,300
Média
Consumo de ração (g/ave)
Selenito Sódio
1898*bB 2541*bA 2219
Fonte A
2465*aB 2887*aA 2676
Fonte B
2473*aB 2831*aA 2652
Média
2278 2753
Controle
3
1524
Erro Padrão
27,5
CV, %
3,06
Ganho de peso (g/ave)
Selenito Sódio
1135*cB 1703*bA 1419
Fonte A
1698*aB 1997*aA 1847
Fonte B
1631*bB 2002*aA 1816
Média
1488 1900
Controle
3
856
EP
22,65
CV, %
3,81
Conversão alimentar (kg/kg)
Selenito Sódio
1,671*bB 1,493*aA 1,582
Fonte A
1,452*aA 1,446*aA 1,449
Fonte B
1,518*aB 1,415*aA 1,466
Média
1,547 1,451
Controle
3
1,792
Erro Padrão
0,036
CV, %
6,16
* Médias diferentes do controle pelo teste de Dunnet (p<0,05).
1
Médias minúsculas seguidas de letras diferentes na coluna diferem estatisticamente SNK (p<0,05).
2
Médias maiúsculas seguidas de letras diferentes na linha diferem estatisticamente pelo teste F (p<0,05).
3
0,04 ppm de Se via matriz nutricional + suplementação de 0,05 ppm.
Ao avaliar o ganho de peso das aves neste período, encontrou-se
interação significativa (p<0,05) entre fontes e níveis de suplementação de Se,
indicando que, independentemente da fonte de Se, o nível suplementar dietético
de 0,300 ppm proporcionou maiores ganhos de peso das aves em relação à
suplementação de 0,150 ppm.
Os resultados também mostraram que a fontes orgânicas, entre si,
proporcionaram ganhos de peso semelhantes das aves que receberam o nível
45
suplementar dietético de 0,300 ppm, sendo este ganho superior ao dquelas que
receberam a fonte inorgânica. Com relação ao nível suplementar de 0,150 ppm,
a fonte orgânica A promoveu maior ganho de peso, comparativamente a fonte
orgânica B e inorgânica. Neste nível de suplementação, a utilização de Se na
forma inorgânica resultou em ganhos de peso das aves inferiores em relação as
fontes orgânicas.
Para a conversão alimentar, houve interação significativa (p<0,05) entre
fontes e níveis de suplementação de Se no período de 1 a 33 dias de idade,
observando que a conversão alimentar das aves recebendo o nível suplementar
de 0,300 ppm, foi semelhante, independentemente da fonte de Se utilizada, o
mesmo sendo observado para as fontes orgânicas dentro do nível suplementar de
0,150 ppm. Neste nível de suplementação, a fonte inorgânica proporcionou pior
conversão alimentar das aves.
No nível de 0,300 ppm suplementar, a fonte orgânica B e a fonte
inorgânica proporcionaram melhor conversão alimentar das aves quando
comparada ao nível de suplementação de 0,150 ppm.
Para o nível suplementar
dietético de 0,150 ppm, fato não observado para a fonte A.
Com relação à comparação do tratamento controle com os tratamentos
em que houve suplementação de Se, verificou-se piora das aves recebendo a
ração sem suplementação para todas as características de desempenho aos 33
dias (p<0,05).
Quando se avalia os resultados de desempenho no período total de
criação (1 a 42 dias), observa-se que, com exceção da viabilidade (Tabela 6)
houve interação (p<0,05).
Houve interação significativa (p<0,05) entre fontes e níveis de
suplementação de Se para as demais características analisadas aos 42 dias de
idade.
46
TABELA 6 Desempenho de frangos de corte na fase de 1 a 42 dias de idade de
acordo com níveis e fontes de Se nas rações.
Nível de Selênio (mg/kg)
1
Fonte
2
0,150 0,300
Média
Consumo de ração (g/ave)
Selenito Sódio
3619*bB 4936*bA 4277
Fonte A
4731*aB 5601*aA 5166
Fonte B
4677*aB 5583*aA 5130
Média
4342 5373
Controle
3
3525
EP
50,97
CV, %
2,92
Ganho de peso (g/ave)
Selenito Sódio
1881*cB 2892*bA 2386
Fonte A
2878*aB 3270*aA 3074
Fonte B
2699*bB 3322*aA 3010
Média
2486 3161
Controle
3
1770
Erro Padrão
51,08
CV, %
5,01
Conversão Alimentar (kg/kg)
Selenito Sódio
1,926*cB 1,707*aA 1,816
Fonte A
1,645*aA 1,716*aA 1,680
Fonte B
1,735*bA 1,684*aA 1,709
Média
1,768 1,702
Controle
3
1,995
Erro Padrão
0,036
CV, %
5,61
Viabilidade (%)
Selenito Sódio
90,0* 91,0* 90,5
Fonte A
87,2* 92,0* 89,5
Fonte B
88,7* 85,4* 87,1
Média
88,6 89,4
Controle
3
41,4
Erro Padrão
2,06
CV, %
7,19
* Médias diferentes do controle pelo teste de Dunnet (p<0,05).
1
Médias minúsculas seguidas de letras diferentes na coluna diferem estatísticamente SNK (p<0,05).
2
Médias maiúsculas seguidas de letras diferentes na linha diferem estatísticamente pelo teste F (p<0,05).
3
0,03 ppm de Se via matriz nutricional + suplementação de 0,05 ppm.
47
Considerando o período total de criação das aves (1 a 42 dias),
verificou-se, para o consumo de ração, efeitos semelhantes às fases anteriores
com exceção para o período de 1 a 7 dias de idade.
Independentemente da fonte, a suplementação dietética em 0,300 ppm
de Se proporcionou maiores consumos de ração pelas aves. Em contrapartida,
independentemente do nível suplementar, a fonte inorgânica proporcionou
menores consumos. As aves suplementadas com fontes orgânicas tiveram
resultados de consumo de ração semelhantes (p>0,05) entre si dentro dos níveis
estudados.
Os resultados para ganho de peso das aves foram semelhantes aos
observados para o período de 1 a 33 dias de idade para ambos os níveis de
suplementação e fontes de Se. O desdobramento da interação indicou que,
independentemente da fonte de Se, o nível suplementar dietético de 0,300 ppm
proporcionou maiores ganhos de peso das aves.
Os resultados também indicaram que as fontes orgânicas, entre si,
proporcionaram melhores ganhos de peso das que receberam o nível
suplementar dietético de 0,300 ppm de Se. Com relação ao nível suplementar de
0,150 ppm, a fonte orgânica A promoveu maior ganho de peso das aves
comparativamente à fonte orgânica B e inorgânica. A fonte inorgânica,
independentemente do nível suplementar, resultou em ganho de peso inferiores
das aves.
Após desdobramento da interação observou-se que as fontes de Se
utilizadas ocasionaram às aves conversão alimentar semelhantes entre si para o
nível suplementar de 0,300 ppm. Com relação ao nível suplementar de 0,150
ppm, a fonte orgânica A promoveu melhor conversão alimentar das aves
comparativamente a fonte orgânica B e inorgânica.
Para o nível suplementar dietético de 0,150 ppm, a fonte inorgânica
levou as aves a uma piora na conversão alimentar.
48
Os resultados observados neste experimento para ganho de peso das
aves corroboram com os encontrados por Moreira et al. (2001) em frangos de
corte aos 42 dias, onde observaram melhores ganhos de peso para a fonte
orgânica. Estes mesmos autores não observaram diferenças na conversão
alimentar das aves suplementadas com diferentes fontes e níveis de Se, o que
contradiz aos resultados deste trabalho.
Embora não tenham existido diferenças na conversão alimentar quando
comparado as fontes utilizadas em seu maior nível, ficou nítida a maior
eficiência das fontes orgânicas em promover maior consumo de ração e, por
consequência, maior ganho de peso.
Esta superioridade vem como reflexo da fase inicial (1 a 21 dias), onde
as aves suplementadas com 0,300 ppm de Se orgânico também apresentaram
maior consumo de ração, maior ganho de peso e melhor conversão alimentar,
evidenciando a fonte orgânica como melhor promotora da estabilidade
metabólica, impulsionando as aves a uma melhor adaptação aos desafios
inerentes ao sistema de produção, promovendo melhor desempenho.
Isso se deve ao fato, provavelmente, da potencialidade das fontes
orgânicas em combater a ação destruidora de células, promovida pelos radicais
livres, através da ativação da Glutationa Peroxidase e, também, pelo desvio e
agregação do Se nos tecidos, evitando a sobrecarga hepática potencialmente
tóxica já conhecida quando utilizada fontes inorgânicas, deixando o fígado com
baixa deposição residual de Se e mais apto aos demais metabolismos vitais
envolvidos no crescimento e desenvolvimento.
Rutz et al. (1990), em trabalho estudando a suplementação de Se e
riboflavina para frangos de corte, encontraram efeitos significativos para
consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar, dados estes que
corroboram com os encontrados neste estudo.
49
Os dados de desempenho obtidos neste experimento não estão de acordo
com os resultados obtidos por Cantor et al. (1997), que mencionam não terem
verificado diferenças para consumo de ração, ganho de peso e conversão
alimentar em frangos de corte suplementados com Se nas formas orgânicas e
inorgânicas, o mesmo acontece com os resultados obtidos por Duarte et al.
(2004), Silva et al. (2004), Ryu et al. (2005) e Yoon et al. (2007).
No entanto, Moksnes & Norheim (1982), estudando fontes e níveis
suplementares de selênio, observaram que concentrações de 1, 2, e 4 ppm de Se
inorgânico também não influenciaram no peso corporal das aves, porém, o
consumo de ração e o ganho de peso foram menores quando as aves foram
alimentados com 9 ppm de selenito de sódio, o que sugere intoxicação neste
nível.
Com relação à comparação do tratamento controle com os tratamentos
em que houve suplementação de Se, verificou-se piora das aves recebendo a
ração sem suplementação para todas as características de desempenho aos 42
dias (p<0,05).
Payne & Southern (2005), avaliando fontes orgânicas e inorgânicas de
Se suplementar em frangos de corte no estado da Louisiana (EUA), não
encontraram diferenças significativas para viabilidade entre o tratamento
controle (sem suplementação) e os tratamentos com suplementação de Se,
ressaltando que o Se analisado na ração basal foi de 0,180 ppm.
No presente experimento, o Se analisado na ração basal foi em média
0,041 ppm. É sabido que os níveis de Se no solo estão diretamente relacionados
aos níveis de Se incorporado nas plantas e, por conseqüência, interferindo nos
níveis incorporados no organismo dos animais que utilizam essas matérias
primas como alimento. Esta afirmação sugere, em função da baixa ingestão de
Se observado, o comprometimento metabólico fisiológico e, por conseqüência,
50
piora geral no desempenho das aves, influenciando diretamente na menor
viabilidade do tratamento controle quando comparado aos demais tratamentos.
Com relação à comparação do tratamento controle e os tratamentos com
suplementação de Se, verificou-se piora das aves para todas as características de
desempenho aos 42 dias, indicando a essencialidade desse micromineral.
Conforme citado, houve a necessidade de suplementação de 0,05 ppm de
Se no início da segunda semana de vida, visto a alta mortalidade das aves. Após
suplementação houve redução na mortalidade, no entanto, observou-se piora no
desempenho no decorrer das fases assim, acredita-se que a matriz nutricional
não foi eficiente no fornecimento de Se apartir da segunda semana o que, mesmo
após suplementação emergencial contínua durante as demais fases, houve um
reflexo dessa carência especialmente na ingestão de nutrientes, ocasionando no
metabolismo das aves transtornos irreparáveis, podendo ser visualizado danos a
sistemas vitais, como o sistema locomotor, termoregulatório e imunitário,
desencadeando distúrbios relacionados a formação óssea, empenamento e
síndrome ascítica.
De forma geral, analisando o consumo de ração e ganho de peso nas
fases de 1 a 33 e 1 a 42 dias, os resultados encontrados estão diretamente
relacionados a temperatura de criação das aves, ao programa de alimentação
utilizado e podem, especialmente, serem reflexos da suplementação de 0,300
ppm de Se dietético. Embora não tenham sido realizadas análises específicas
sobre possíveis alterações nos hormônios da tireóide e de crescimento
(testosterona), alterações nestes não podem ser descartadas ao se considerar a
relação do Se no metabolismo dos mesmos.
Mais uma vez estas observações destacam a importância desse mineral
na nutrição das aves. Estes resultados também indicam que apesar do Se ser um
microelemento e não estar diretamente relacionado às teorias de controle de
51
consumo pela ave, ainda assim, exerce influência significativa no nível de
consumo de ração, afetando com isto o desempenho.
5.2 Qualidades Físico-químicas da Carne do Peito
Nas tabelas 7 e 8 estão apresentados os resultados referentes a qualidade
físico-químicas da carne do peito dos frangos de corte aos 42 dias.
Não houve interação, bem como diferenças significativas (p>0,05) para
as fontes e níveis de suplementação de Se, incluindo o tratamento controle, sobre
as qualidades físico-químicas da carne de peito (pH, perda de peso por
cozimento - PPC, força de cisalhamento - FC e coloração).
Os resultados observados neste experimento estão de acordo com as
observações de Ryu et al. (2005) que, mesmo ao suplementar a ração com níveis
crescentes de Se inorgânico e α-tocoferol, não encontraram interações nos
valores de cor objetiva do peito e das coxas de frangos, mesmo após estocagem
refrigerada de 12 dias.
Skrivanová et al. (2007) também não observaram diferenças nos índices
de cor de carnes de vitelas não suplementadas e suplementadas com Se
inorgânico e Se + α-tocoferol. Entretanto, Boiago et al. (2007a) encontraram
valores de luminosidade (L*) menores para frangos suplementados com 0,3 ppm
de Se orgânico na ração, quando comparado com o Se inorgânico, embora para
os demais índices de cor, nenhuma alteração significativa tenha sido observada.
O mesmo foi observado por Mahan et al. (1999) quando da suplementação de
suínos.
52
TABELA 7 Qualidade físico-químicas do peito das aves aos 42 dias de idade de
acordo com níveis e fontes de Se nas rações.
Nível de Selênio (mg/kg)
*
Fonte
*
0,150 0,300
Média
pH
Selenito Sódio
5,88 5,93 5,9
Fonte A
5,94 5,90 5,9
Fonte B
5,86 5,91 5,8
Média
5,89 5,91
Controle
5,9
Erro Padrão
0,0316
CV, %
1,42
Perda de Peso por Cozimento – PPC (%)
Selenito Sódio
25,84 25,23 25,53
Fonte A
26,55 28,38 24,46
Fonte B
27,81 24,15 25,98
Média
26,73 25,92
Controle
27,96
Erro Padrão
1,3185
CV, %
13,13
Força de Cisalhamento – FC (kgf/cm
2
)
Selenito Sódio
2,17 2,27 2,22
Fonte A
2,27 2,50 2,38
Fonte B
2,31 2,27 2,29
Média
2,25 2,34
Controle
2,73
Erro Padrão
0,15032
CV, %
16,87
*
Médias não diferem estatisticamente (p>0,05).
53
TABELA 8 Qualidade físico-químicas do peito das aves aos 42 dias de idade
de acordo com níveis e fontes de Se nas rações.
Nível de Selênio (mg/kg)
*
Fonte
*
0,150 0,300
Média
Cor (L)
Selenito Sódio
42,23 43,29 42,76
Fonte A
43,43 42,88 43,15
Fonte B
44,22 40,35 42,28
Média
42,96 42,17
Controle
44,38
Erro Padrão
1,2841
CV, %
7,91
Cor (a)
Selenito Sódio
3,51 4,51 4,01
Fonte A
4,64 4,14 4,39
Fonte B
4,08 3,87 3,97
Média
4,07 4,17
Controle
4,9
Erro Padrão
0,3306
CV, %
20,64
Cor (b)
Selenito Sódio
4,50 5,11 4,80
Fonte A
4,63 4,88 4,75
Fonte B
4,94 4,15 4,54
Média
4,69 4,71
Controle
5,28
Erro Padrão
0,5565
CV, %
30,76
*
Médias não diferem estatisticamente (p>0,05)
Quanto aos valores de pH, PPC e FC (Tabela 7), os resultados
observados para os valores de pH corroboram as observações de Skrivanová et
al. (2007) para carne de vitelas. Embora Boiago et al. (2007b) também não tenha
encontrado diferenças significativas entre animais suplementados com Se
orgânico e inorgânico para o PPC, estes autores observaram maiores valores de
pH e menor FC para carne de animais suplementados com a fonte orgânica de
Se. Entretanto, os menores valores de FC foram observados em animais
54
suplementados com níveis de Se maiores (0,5 ppm) do que o utilizado neste
experimento.
Segundo Edens (1996), parece provável que o efeito estabilizante do Se
também está associado à manutenção da integridade da membrana muscular,
resultando em menores perdas de água por gotejamento durante o
armazenamento da carne, o que favorece melhores resultados na carne ao se
realizar as análises de força de cisalhamento (FC) e perda de peso por cozimento
(PPC). A substituição do Se inorgânico pelo Se orgânico, segundo o mesmo
autor, resulta em uma série de melhoras na resposta relacionada a antioxidantes,
variando desde menor perda por gotejamento no período post mortem até
coloração da carne. Estes resultados não foram observados no presente
experimento.
55
6 CONCLUSÕES
Nas condições em que este experimento foi conduzido, os resultados
sugerem que o nível de suplementação de 0,150 ppm de Se recomendado pelo
NRC (1994), em rações a base de milho e farelo de soja, não atende
satisfatoriamente as exigências para o melhor desempenho de marcas atuais dos
frangos de corte.
Quanto às fontes estudadas, ficou evidenciada a superioridade das fontes
orgânicas para o desempenho das aves em relação à inorgânica.
Considerando o desempenho observado para o tratamento controle, fica
evidente a importância de suplementação do micromineral Se na dietas de
frangos de corte modernos.
Os níveis de Se e as fontes testadas não influenciaram nas medidas de
qualidade de carne de peito avaliadas.
56
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59
CAPÍTULO 3
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS EM FRANGOS DE CORTE
SUPLEMENTADOS COM DIFERENTES FONTES E NÍVEIS DE
SELÊNIO
60
1 RESUMO
Um experimento foi conduzido na Universidade Federal de Lavras -
UFLA, Minas Gerais,
com objetivo de avaliar a retenção aparente, a deposição
hepática, tecidual e plasmática, bem como a eficiência da enzima Glutationa
Peroxidase hepática e plasmática em frangos de corte alimentados com
diferentes fontes e níveis de selênio. Utilizou-se 300 pintos machos Cobb - 500
com 14 dias de idade, alojados em 60 gaiolas de metabolismo, submetidos a um
esquema fatorial 3 x 3 + 1 (três níveis de selênio - 0,150; 0,300; 0,450 ppm, três
fontes comerciais – uma inorgânica e duas orgânicas (A - 2000 ppm e B - 1000
ppm) + um tratamento controle (sem suplementação)), em delineamento
inteiramente casualizado, totalizando dez tratamentos e seis repetições de cinco
aves. As dietas foram a base de milho e farelo de soja. A partir do primeiro dia
de idade as aves receberam rações basais para adaptação (fase pré-
experimental), sem suplementação de selênio (período de depleção). Aos 14
dias, com início da fase experimental, as aves receberam as dietas para avaliação
da suplementação de níveis e fontes de selênio, por um período de 14 dias, sendo
adotado o método de coleta total de excretas nos últimos quatro dias desta fase.
No final do período experimental (28 dias) duas aves por parcela foram abatidas,
coletando-se os fígados, peitos e sangue para as respectivas análises. O trabalho
evidenciou que as retenções de selênio foram relativamente altas para as fontes
utilizadas, sendo que o uso da fonte orgânica A, em níveis crescentes,
apresentou menor queda na retenção aparente de selênio. As fontes orgânicas
participam mais ativamente nas atividades de tecidos de forma geral e a fonte
inorgânica, por ter potencialidades de toxidez, é neutralizada no tecido hepático
somente. Os resultados evidenciaram que a maior suplementação de selênio
possibilitou mantença na eficiência na atividade da Glutationa Peroxidase
hepática somente para a fonte inorgânica. A eficiência desta enzima no plasma
foi aumentada linearmente quando se elevou os níveis dietéticos sendo que, para
a fonte inorgânica, não houve mudança nesta eficiência.
61
2 ABSTRACT
An experiment was undertaken at the Federal
University of Lavras -
UFLA, Minas Gerais, with the purpose of evaluating the apparent retention, the
hepatic, tissue and plasmatic deposition as well as the efficiency of the enzyme
hepatic and plasmatic Glutathione Peroxidase in broiler chickens fed different
sources and levels of selenium. 300 male Cobb- 500 chicks aged 14 days housed
in 60 metabolism, submitted to a factorial scheme 3 x 3 + 1 (three levels –
0.150; 0.300; 0.450 ppm, three commercial sources –one inorganic and two
organic (A – 2,000 ppm and B – 1,000 ppm) + one control treatment without a
supplementation) in CRD with ten treatments and six replicates of five birds, the
diets were on the basis of corn and soybean. From the first day of age on, the
birds were given basal diets on the basis of corn and soybean meal for adaptation
(pre-experimental phase), without any supplementation of selenium (depletion
period). At 14 days, with the onset of the experimental phase, the birds were
given the diets for evaluation of the supplementation of levels and sources of
selenium for a period for 14 days, the method of total collection of excreta being
adopted in the last four days of this phase. At the end of the experimental period
(28 days), two birds per plot were slaughtered, collecting the livers, breasts and
blood for the respective analyses. The work stressed that the selenium retentions
were relatively high from the utilized sources, being that the use of the organic
source A at growing levels presented lower fall in apparent retention of
selenium. The organic sources participated more actively in the activities of
tissues in general; the inorganic source for having toxicity potentialities is
neutralized in the hepatic tissue only. The results stood out that the greatest
selenium supplementation enable the maintenance in the efficiency of the
activity of hepatic Glutathione Peroxidase only for the inorganic source. The
efficiency of this enzyme in plasma was increased linearly when the dietary
levels were raised; being that for the inorganic source, there was change in this
efficiency.
62
3 INTRODUÇÃO
A suplementação da ração com microminerais há muito é usada no
intuito de atender as necessidades nutricionais das aves, com reflexos positivos
sobre o desempenho e qualidade dos produtos. Porém, o uso de suplementações
de maneira indiscriminada, passam a requerer um alto custo metabólico do
organismo da ave, o que acaba predispondo estes animais ao surgimento de
alterações metabólicas
Pesquisas sobre fontes e níveis de selênio (Se) tem sido realizadas ao
nível mundial, sendo a forma inorgânica tradicionalmente utilizada, no entanto,
a forma tida como orgânica foi aprovada para utilização apenas no ano 2000,
pelo Food and Drug Administration (FDA). A partir daí, várias fontes de Se
leveduras tem sido testadas sob alguns parâmetros fisiológicos importantes, com
resultados interessantes para as aves.
Neste contexto, a partir da descoberta da ação do Se em modular a ação
da enzima Glutationa Peroxidase (GSH-Px) e que, sua associação com a
vitamina E e outros agentes antioxidantes é capaz de reduzir os efeitos
destrutivos das reações peroxidativas nas células vivas, muitas pesquisas foram
realizadas com estes nutrientes, sendo que mais recentemente foi descoberta a
ação sobre radicais livres e peróxidos in vivo que podem afetar o desempenho
dos aves. Apesar de muitos trabalhos já terem sido realizados com fontes de Se,
os resultados ainda são conflitantes quanto aos efeitos de níveis, bem como de
fontes de Se em parâmetros fisiológicos em frangos de corte (Moreira et al,
2001).
O objetivo do presente trabalho foi determinar a retenção aparente de
Se, deposição de Se hepático, tecidual e plasmático, bem como a eficiência da
enzima Glutationa Peroxidase (GSH-Px) hepática e plasmática em frangos de
corte alimentados com diferentes fontes e níveis de Se.
63
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Local e período do experimento
O ensaio foi desenvolvido na sala de metabolismo do Setor de
Avicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras,
localizada no município de Lavras, estado de Minas Gerais, no período de julho
a agosto de 2008. A sala de metabolismo possuia ambiente com controles
parciais de temperatura e ventilação.
4.2 Tratamentos, procedimentos e variáveis analisadas
Neste ensaio foram utilizados 300 pintos machos Cobb-500, com 14
dias de idade, alojados em 60 gaiolas experimentais de metabolismo, onde
receberam dez tratamentos com seis repetições de cinco aves cada. Os
tratamentos foram constituídos de suplementação de Se em três níveis (0,150;
0,300; 0,450 ppm), três fontes, sendo uma inorgânica (Selenito de Sódio -
45,6%) e duas orgânicas (Fonte A 2000 ppm e Fonte B 1000 ppm) e um
tratamento controle negativo, sem suplementação.
A partir do primeiro dia de idade as aves receberam uma ração basal
para adaptação (fase pré-experimental), sem suplementação de Se (período de
depleção). Aos 14 dias, com início da fase experimental, as aves receberam as
dietas para avaliação da suplementação de níveis e fontes de Se, por um período
de 14 dias, sendo adotado o método de coleta total de excretas. O período de
coleta de excretas ocorreu nos últimos quatro dias desta fase, sendo pesado todo
o material coletado e armazenado em freezer para análises de Se.
Os dados de análises de Se nas rações e nas excretas foram utilizados
para a determinação da retenção aparente de Se (RA), sendo calculada como a
64
percentagem de Se retido em relação ao consumido {(RA= (consumo de Se –
excreção de Se)/consumo de Se *100)}.
Para o cálculo da retenção aparente, Se depositado no fígado e Plasma e
eficiência da enzima Glutationa Peroxidase plasmática foram utilizadas
regressões simples (não incluindo o tratamento controle) e para deposição de Se
no peito das aves e eficiência da enzima Glutationa Peroxidase hepática, foram
utilizadas regressões múltiplas, considerando a linearidade dos resultados
(incluindo o tratamento controle e retirando o nível 0,450 ppm). A partir das
equações lineares múltiplas de deposição de Se no peito e eficiência enzimática
no fígado foram determinadas a biodisponibilidade das fontes, considerando os
coeficientes angulares das retas, comparando-se as deposições e eficiência
enzimática entre a fonte inorgânica (100%) e as fontes orgânicas, estudadas
através da ferramenta estatística Slope Ratio.
Logo após o período de coleta, as amostras de excretas foram
descongeladas, homogeneizadas, retirada alíquota de 500 g e realizada pré-
secagem em estufa ventilada a 55º C por 72 horas. Após realização do
procedimento de pré-secagem, as amostras foram moídas em moinho analítico
com peneira de 1 mm e acondicionadas em frascos vedados para posteriores
análises. Foram coletadas também amostras das rações experimentais utilizadas
no período para análise de Se.
A ração basal (Tabela 1) foi suplementada com vitaminas e minerais,
com exceção do Se, sendo adicionado de acordo com os tratamentos
experimentais e formulada seguindo as recomendações de Rostagno et al. (2005)
para alto desempenho de frangos de corte machos. As composições em Se
analisado das rações tratamento encontram-se descritos na Tabela 2.
65
TABELA 1 Composição percentual da ração basal para frangos de corte na fase
de 14 a 28 dias de idade.
Ingredientes Quantidade
Milho 61,228
Farelo de soja 31,665
Óleo vegetal 3,322
Fosfato bicálcico 1,694
Calcário calcítico* 0,843
Sal comum 0,472
Supl. vitamínico
1
0,100
Supl. mineral
2
0,100
Dl-metionina 99% 0,223
L-lisina, 99% 0,176
L-treonina, 98% 0,035
Salinomicina, 12% 0,050
Colistina sulfato, 8% 0,013
Colina cloreto, 70% 0,030
Caulin* 0,050
Total 100,000
Composição nutricional calculada
Energia Metabolizável, kcal/kg 3100
Proteína Bruta, % 19,41
Metionina + Cistina digestível, % 0,773
Lisina digestível, % 1,073
Treonina digestível, % 0,697
Triptofano digestível, % 0,182
Cálcio, % 0,824
Fósforo disponível, % 0,411
Sódio, % 0,205
Composição nutricional analisada
3
Proteína Bruta
3
, % 18,97
Cálcio
3
, % 0,858
Selênio
4
, ppm 0,040
1
Suplementando por kg de ração: Vitamina A 12.000 UI, Vitamina D3 2400 UI, Vitamina E 40 UI, Vitamina K
31,8 mg, Vitamina B
1
2,5 mg, Vitamina B
2
4,0 mg, Vitamina B
6
2,0 mg, Vitamina B
12
15 µg, Biotina 60 µg,
Niacina 30 mg, Ácido Fólico 1,8 mg.
2
Suplementando por kg de ração: Ferro 80 mg, Zinco 70 mg, Manganês 70 mg, Iodo 1 mg, Cobre 10 mg.
3
Análises realizadas no laboratório de Pesquisa Animal – DZO/UFLA.
4
Analisado por espectrometria de absorção atômica com sistema de gerador de hidretos no DQI/UFSM - RS
* Veículos utilizados para inclusão dos tratamentos.
66
TABELA 2 Composição analisada de Se nas rações experimentais.
Tratamento Fase 14 – 28 dias
Selenito de Sódio (ppm)
1
Selênio analisado, ppm
*
0,150
0,190
0,300
0,340
0,450
0,410
Fonte A (ppm)
2
0,150
0,180
0,300
0,320
0,450
0,460
Fonte B (ppm)
3
0,150
0,160
0,300
0,340
0,450
0,430
*
Análises realizadas no laboratório de Química - DQI/UFLA.
1
Part. Nº. FT025414 (Val.10/09/08);
2
Part. Nº. QC150106 (Val.15/10/08);
3
Part. Nº J125445 (Val.25/12/08).
As rações experimentais foram misturadas em misturador do tipo
vertical com capacidade de 300 kg, com corpo em pvc e rosca em aço
inoxidável. As fontes de Se foram adicionadas através de pré-misturas, onde
preparou-se um suplemento de Se (Selemix), utilizando o caulin e calcário
calcítico como veículo. Foi utilizado um programa de alimentação de 14 a 28
dias de idade, sendo a água e ração fornecidas ad libitum.
Ao final do período experimental experimental (28 dias de idade), duas
aves por parcela foram submetidas a jejum por 6 horas e realizado procedimento
de coleta de sangue por punção cardíaca em tubos vacutainer de 7 ml com
heparina sódica, sendo todo o material coletado centrifugado imediatamente em
centrífuga (Sigma 2-5) a 3000x durante 10 minutos. Após finalização do
processo, a porção plasmática foi pipetada, acondicionada em microtubo
eppendorf graduado (1,5 ml) e congelado a -20°C para posteriores análises. Em
seguida, as aves foram abatidas por insensibilização elétrica seguido de
deslocamento cervical, coletando-se os fígados e peitos. Todo o material foi
67
pesado e acondicionado em freezer -20º C para posteriores análises de Se e
eficiência da enzima Glutationa Peroxidase (GSH-Px).
4.3 Metodologias das análises de precisão
As análises de conteúdo de Se nas rações foram feitas através de
espectrofotometria de absorção atômica em aparelho SpectrAA 2000 (Varian,
Austrália), equipado com VGA 77 System para Gerador de Hidretos e lâmpada
de cátodo 10 mA (Varian, Melbourne, Austrália). A digestão foi realizada em
forno digestor para simples digestão (Merck Darmstadt, Germany).
Para leitura dos conteúdos de Se no fígado e peito desossado foram
realizadas liofilizações em liofilizador L202 (Liobrás), considerando os pesos
iniciais e finais das amostras. Para preparo das amostras de plasma foi utilizado
metodologia para amostras úmidas. Todos os processos analíticos quantitativos
(digestão e leitura) foram realizados conforme supramencionado.
As leituras da eficiência da enzima Glutationa Peroxidase (GSH-Px),
foram realizadas no Departamento de Bioquímica – DQI, da Universidade
Federal de Lavras, seguindo a metodologia descrita por Levander (1983),
adaptado por Moreira (2000). As leituras da eficiência enzimática foram
monitoradas pela variação das absorbâncias em espectrofotômetro em função da
oxidação do NADPH a 340 nm, sendo a atividade da enzima expressa como a
quantidade de enzima que oxida 1 µmol de NADPH por minuto, tendo controles
sem substrato (branco de enzima) como comparativos.
4.4 Delineamento experimental e análises estatísticas
O ensaio foi realizado em um esquema fatorial 3 x 3 + 1 (suplementação
de Se em três níveis, três fontes de Se e um tratamento testemunha negativo sem
suplementação) e seis repetições, em delineamento experimental inteiramente
68
casualizado. A análise de variância de todos os parâmetros avaliados foi
realizada de acordo com o seguinte modelo estatístico:
Y
ijk
= µ + N
i
+ F
j
+ (NF)
ij
+ e
ijk
;
onde:
Yijk = valor observado no nível i, na fonte j, na unidade experimental k;
µ = média geral;
N
i
= efeito do nível i, com i = 1, 2 e 3;
F
j
= efeito do fonte j, com j = 1, 2 e 3;
(NF)
ij
= efeito da interação entre o nível i e a fonte j;
e
ijk
= efeito do erro experimental associado à observação de ordem ijk.
Os resultados foram submetidos à análise de variância utilizando o
pacote computacional Sisvar (Ferreira, 2000), sendo as médias dos tratamentos
com relação às fontes de Se comparadas através do teste Tukey e os níveis de
suplementação pelo uso da regressão simples e múltipla (em função da
linearidade) na análise de variância. Os tratamentos foram comparados em
relação ao controle negativo pelo teste de Dunnet. Foi utilizado para todas as
comparações o nível de significância de 5% de probabilidade.
69
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve interação significativa (p<0,05) entre fontes e níveis de
suplementação de Se na ração sobre a retenção aparente deste mineral (Tabela 3)
pelas aves aos 28 dias de idade. Para o menor nível de Se suplementar (0,150
ppm), o uso da fonte orgânica B resultou em maior retenção, não sendo
observada diferença entre a fonte orgânica A e inorgânica. No nível de 0,300
ppm de suplementação, a retenção aparente foi semelhante para todas as fontes
testadas, enquanto a fonte inorgânica apresentou retenção inferior quando a
suplementação foi de 0,450 ppm.
TABELA 3 Percentual de Retenção Aparente (%) de Se em frangos de corte
aos 28 dias alimentados com diferentes fontes e níveis na dieta,
com base na matéria seca*.
Níveis de Selênio suplementar (mg/kg)
Fonte
1
0,150 0,300 0,450
Média
Selenito Sódio
2
82,64b 81,34a 71,59*b 78,52
Fonte A
3
82,13b 80,11a 79,98a 80,74
Fonte B
4
85,71a 81,73a 79,34a 82,26
Média
83,49 81,06 76,97
Controle
83,51
CV, %
2,34
1
Letras diferentes,
na coluna, diferem estatisticamente pelo teste Tukey (p<0,05)
2
Efeito linear : Y= 89,5755 – 36,8222x r
2
= 83,67%
3
Efeito linear : Y= 82,8905 – 7,1611x r
2
= 79,64%
4
Efeito linear : Y= 88,6361 – 21,2277x r
2
= 97,97%
*
Média diferente do controle pelo teste de Dunnet (p<0,05)
Considerando cada fonte de Se, observaram-se nas aves
comportamentos semelhantes quanto à retenção deste micromineral quando foi
70
incrementada a suplementação. Houve redução linear (p<0,05) na retenção
aparente de Se pelas aves à medida que se elevou os níveis dietéticos entre todas
as fontes.
É sabido que diversos fatores influenciam diretamente a retenção do Se,
por exemplo, quantidade de Se ingerido, origem alimentar do Se ingerido,
formação de compostos absorvíveis de Se, eficiência dos processos digestíveis,
tempo de trânsito intestinal, estado nutricional do organismo em relação ao Se e
outros nutrientes, estado sanitário do plantel, dentre outros. Desta forma, a
grande dificuldade em padronização de resultados quando se comparam estudos
envolvendo especialmente microminerais estão diretamente relacionados aos
desafios impostos pelos ambientes nos quais os animais estão inseridos, dada a
especificidade destes no organismo. Payne & Southern (2005), estudando
diferentes fontes de Se em frangos de corte aos 49 dias, também observaram
para a fonte orgânica uma maior taxa de retenção nas aves quando comparada a
fonte inorgânica, sendo o mesmo observado por Yoon et al. (2007). Os
resultados apresentados neste experimento estão de acordo com ambos autores
supracitados.
Na Tabela 4 estão apresentados os teores de Se hepático de acordo com
as fontes e os níveis estudados deste microelemento, onde se observa interação
significativa (p<0,05) entre fontes e níveis de suplementação de Se na ração.
Os teores de Se no fígado das aves foram diferentes entre as fontes e os
níveis estudados, sendo que a maior deposição de Se no fígado das aves foi
obtida com o uso da fonte inorgânica, independentemente do nível utilizado.
Esse comportamento de acúmulo, considerando os aspectos fisiológicos, denota
risco em potencial quando se avalia a sobrecarga hepática desse elemento,
podendo desencadear processos irreversíveis de intoxicação.
71
TABELA 4 Níveis de Se (mg/kg) depositado no fígado de frangos de corte aos
28 dias alimentados com diferentes fontes e níveis de Se (matéria
seca).
Níveis de Selênio suplementar (mg/kg)
Fonte
1
0,150 0,300 0,450
Média
Selenito Sódio
3
0,722a 0,962*a 0,982*a 0,889
Fonte A
0,362b 0,229c 0,343b 0,311
Fonte B
0,378b 0,313b 0,377b 0,356
Média
0,488 0,501 0,567
Controle
0,960
CV, %
6,63
1
Letras diferentes, na coluna, diferem estatisticamente pelo teste Tukey (p<0,05).
3
Efeito linear : Y= 0,6294 + 0,8655X r
2
= 80,88%
*
Médias iguais ao controle pelo teste de Dunnet (p>0,05)
O uso das fontes orgânicas resultou em menores deposições hepáticas
nas aves quando comparadas a fonte inorgânica, resultado este que confirma a
diminuição nos efeitos de sobrecarga supracitados.
Considerando as fontes, somente o uso do selenito de sódio resultou em
elevação linear de Se (p<0,05) nos níveis hepáticos das aves quando se
incrementou o Se na dieta. As fontes orgânicas não apresentaram este efeito nas
aves, tendo deposições médias semelhantes independentemente dos níveis
utilizados e as fontes estudadas. Estes resultados encontrados estão em
conformidade com os encontrados por Yoon et al. (2007).
Quanto à dieta controle, os resultados indicaram nas aves alta deposição
de Se hepático, semelhante à fonte inorgânica nos níveis de 0,300 e 0,450 ppm
de suplementação, podendo ser este um mecanismo metabólico singular do
organismo no intuito de resguardar-se diante o não atendimento correto das
exigências de Se.
72
Os resultados de deposição de Se na carne de peito dos frangos de corte
aos 28 dias de idade, de acordo com as fontes e níveis estudados (Tabela 5),
mostraram interação significativa (p<0,05)
TABELA 5 Níveis de Se (mg/kg) depositado no peito de frangos de corte aos
28 dias alimentados com diferentes fontes e níveis de Se (matéria
seca).
Níveis de Selênio (mg/kg)
2
Fonte
1
0,150 0,300 0,450
Média
Selenito Sódio
0,070*c 0,083*c 0,151*b 0,103
Fonte A
0,301*a 0,590*a 0,518*a 0,472
Fonte B
0,198*b 0,548*b 0,516*a 0,421
Média
0,192 0,407 0,397
Controle
0,019
CV, %
6,35
1
Letras diferentes,
na coluna, diferem estatisticamente pelo teste Tukey (p<0,05)
2
Regresão Múltipla: Y= -17,7284 + 2,5063 SeNa + 13,5787 Fonte A + 11,4929 Fonte B
R
2
= 98,22%, onde: Y = Se no peito (µ/kg/peito) e X = Consumo de Se (µ/ave/dia no período de coleta)
*Médias diferentes do controle pelo teste de Dunnet (p<0,05)
As maiores deposições de Se na carne de peito das aves foram
observadas com o uso da fonte orgânica A, quando se suplementou as rações
com 0,150 e 0,300 ppm de Se, sendo que para o maior nível de suplementação,
as duas fontes orgânicas apresentaram resultados semelhantes.
Independentemente do nível dietético, as fontes orgânicas permitiram
maiores deposições de Se na carne de peito das aves quando comparadas com a
fonte inorgânica, resultados estes condizente com Payne & Southern (2005), que
observaram nas aves deposição tecidual de Se oriundo da fonte orgânica duas
vezes maior quando comparado à fonte inorgânica. No presente trabalho, a
73
deposição média observada em cada nível para as fontes orgânicas foi de
magnitude superior à dos referidos autores.
O efeito acumulativo tecidual pode refletiu benefícios consideráveis nos
diversos aspectos da cadeia produtiva, como por exemplo: diminuição de
sobrecarga hepática e riscos de intoxicação na criação das aves e, pós abate,
considerando os potenciais antioxidantes do Se, maior incremento deste
elemento na carne do peito, o que representa uma estratégia importante na
questão de conservação do produto, bem como repercussão direta na qualidade
nutricional do mesmo.
Várias selenoproteínas, além da Glutationa Peroxidase, contribuem para
a atividade antioxidante, muitas de maneiras ainda não esclarecidas. O que está
claro é que a melhora do status antioxidante em resposta a Se-levedura afeta a
qualidade da carne, refletindo-se na conservação dos produtos (Lyons, 1999).
Neste contexto, uma das abordagens mais comuns para aumentar a estabilidade
oxidativa da carne é a de adicionar antioxidantes, como por exemplo o Se,
durante o processamento ou na dieta do animal.
Quando se avalia as fontes isoladamente em relação aos níveis de
suplementação nota-se que, de acordo com o diferencial do Slope Ratio
encontrado para Biodisponibilidade de Se para deposição na carne de peito das
aves, a fonte orgânica A apresentou resultados 5,4 vezes maiores do que a fonte
inorgânica. Isto significa que a fonte orgânica A apresenta biodisponibilidade
relativa de 540% em relação ao Selenito de Sódio (100%) para deposição
tecidual no peito das aves. Para a fonte orgânica B, verifica-se que a deposição
de Se no peito foi 4,6 vezes maior em relação a fonte inorgânica. Comparando as
duas fontes orgânicas entre si e considerando a fonte orgânica B como 100%,
verifica-se que a fonte orgânica A foi 18% mais eficiente na deposição de Se na
carne do peito das aves em relação a fonte orgânica B. De acordo com Tapiero
(2003), a biodisponibilidade é definida como a proporção de um nutriente
74
ingerido que é retido para utilização em funções fisiológicas normais ou para
armazenagem.
Segundo Surai (2000), a eficiência da Glutationa Peroxidase (ativada
pelo Se) nos músculos não alterou significativamente durante a armazenagem da
carne bovina por oito dias significando que, uma vez ocorrendo o aumento da
atividade desta enzima, esta seria mantida durante o período de armazenagem,
sendo por esta razão possível esperar um efeito de estabilização decorrente da
suplementação de Se. Ainda segundo o mesmo autor, a suplementação da dieta
de frangos com 0,250 ppm de Se aumentou significativamente, em relação ao
tratamento controle, a eficiência da Glutationa Peroxidase nos músculos do
peito (2,1 vezes) e sobrecoxa (4,1 vezes), reduzindo a peroxidação lipídica nos
músculos (2,5 vezes no músculo do peito e 3,3 vezes na sobrecoxa) após 4 dias
de armazenamento a 4ºC. Estes dados indicam claramente que a Glutationa
Peroxidase contribui significativamente para a defesa antioxidante geral do
músculo, reduzindo a susceptibilidade do tecido à peroxidação lipídica e que a
estabilidade oxidativa de músculos esqueléticos pode ser aumentada pela
suplementação de Se na dieta. Perece provável que o efeito estabilizante do Se
também está associado à manutenção da integridade da membrana muscular.
Com base nos resultados obtidos neste experimento, verifica-se que a
etapa limitante na determinação da retenção de Se da dieta não parece ser a
absorção mas, sim, a conversão para a forma biologicamente ativa nos tecidos,
afirmação esta feita observando os complexos de Se orgânico com maiores
potenciais de retenção no peito. Esta mesma afirmação está condizente com os
estudos feitos por Suhajda et al. (2000).
Pela Tabela 6 observa-se interação (p<0,05) das fontes e níveis de Se,
em que os maiores teores de Se no plasma das aves foram obtidos com a fonte
orgânica B, no nível de 0,150 ppm.
75
TABELA 6 Níveis de Se (mg/100ml) circulante no plasma sanguíneo
defrangos de corte aos 28 dias alimentados com diferentes
fontes e níveis de Se.
Níveis de Selênio (mg/kg)
Fonte
1
0,150 0,300 0,450
Média
Selenito Sódio
3
0,037c 0,172a 0,206c 0,138
Fonte A
4
0,131b 0,121*c 0,262a 0,171
Fonte B
5
0,139a 0,163b 0,212b 0,172
Média
0,102 0,150 0,227
Controle
0,115
CV, %
2,80
1
Letras diferentes, na coluna, diferem estatisticamente pelo teste Tukey (p<0,05)
3
Efeito linear : Y= - 0,0295 + 0,5611x r
2
= 89,35%
4
Efeito linear : Y= 0,0399 + 0,4394x r
2
= 69,62%
5
Efeito linear : Y= 0,0989 + 0,2438x r
2
= 96,30%
*
Média igual ao controle pelo teste de Dunnet (p>0,05)
A suplementação com selenito de sódio resultou em maior quantidade de
Se circulante no plasma no nível de 0,300 ppm e, no nível de 0,450 ppm de
suplementação, os maiores valores de Se no plasma foram observados para a
fonte orgânica A.
O aumento dos níveis de Se suplementar dietético resultou em aumentos
lineares (p<0,05) na concentração plasmática das aves. Comparando as fontes,
verificaram-se maiores coeficientes angulares de resposta das aves para as fontes
orgânicas em relação à inorgânica. Resultados estes que revelam a preferencial
destinação do Se orgânico para o metabolismo extra hepático.
Yoon et al. (2007), estudando respostas fisiológicas de frangos de corte
aos 42 dias suplementados com diferentes fontes de níveis de Se, verificaram
maiores concentrações plasmáticas deste mineral nas aves que ingeriram fontes
orgânicas, sendo o mesmo observado por Payne & Southern (2005) quando
estudados frangos de corte aos 49 dias.
76
Quando se avaliou a eficiência da enzima Glutationa Peroxidase
hepática aos 28 dias de idade, notou-se interação significativa (p<0,05) entre
fontes e níveis de suplementação de Se na ração, encontrando-se maior
eficiência na atividade da enzima Glutationa Peroxidase para a fonte orgânica B,
quando o nível de suplementação foi de 0,150 ppm (Tabela 7). A interpretação
neste estudo, de acordo com metodologia de Levander (1983), utilizada por
Yoon et al. (2007), foi feita em função da quantidade/eficiência da enzima
necessária para oxidar 1 µmol NADPH/min, desta forma, menores valores
indicam maior eficiência.
TABELA 7 Eficiência da enzima Glutationa Peroxidase (1 µmol NADPH/min)
em fígado de frangos de corte aos 28 dias alimentados com
diferentes fontes e níveis de Se.
Níveis de Selênio (mg/kg)
2
Fonte
1
0,150 0,300 0,450
Média
Selenito Sódio
14,38*c 14,55*a 14,46*a 14,46
Fonte A
13,79*b 15,31*b 18,50*c 15,87
Fonte B
13,05*a 16,02*c 17,61*b 15,56
Média
13,74 15,29 16,86
Controle
13,57
CV, %
0,20
1
Letras diferentes,
na coluna, diferem estatisticamente pelo teste Tukey (p<0,05)
2
Regresão Múltipla: Y= 13,1819 + 0,0339 SeNa + 0,0429 Fonte A + 0,0484 Fonte B
R
2
= 67%, onde: Y = Atividade enzimática hepática e X = Consumo de Se (µ/ave/dia no período de coleta)
*Médias diferentes do controle pelo teste de Dunnet (p<0,05)
Quando avaliou-se o nível de 0,150 ppm, as fontes orgânicas
proporcionaram melhor eficiência da enzima. Coincidentemente, o fígado foi o
tecido de maior deposição hepática de Se para a fonte inorgânica. Este fato
77
permite pressupor que os efeitos da fonte inorgânica está voltado mais para o
metabolismo hepático.
Os resultados para os níveis intermediário e maior de suplementação de
Se mostrou maior eficiência para Glutationa Peroxidase para a fonte inorgânica.
Quando se elevou os níveis de Se suplementar, somente as fontes orgânicas
responderam em diminuir a eficiência da enzima, apresentando resposta linear.
De acordo com o diferencial do Slope Ratio encontrado, considerando o
selenito de sódio como 100% de eficiência, os valores relativos para a fonte
orgânica B foi 42% superior a fonte inorgânica, seguido pela fonte orgânica A,
de 26%.
Comparando as duas fontes orgânicas (bfonteB/bfonteA*100) pode-se
verificar que a fonte orgânica B apresentou incrementos médios maiores que a
fonte orgânica A da ordem de 12%, mostrando-se mais eficiente.
Em trabalhos encontrados na literatura (Mahan et al., 1999; Ali et al.,
1997; Moreira et al., 2001) são observadas repostas de fontes inorgânicas em
promover uma maior eficiência na viabilização da Glutationa Peroxidase
hepática em relação as fontes orgânicas, no entanto, a explicação para tal fato
ainda não é muito clara, existindo apenas a suposição em função da maior
eficiência da fonte inorgânica em promover um efeito acumulativo de Se
hepático (que é uma condição de risco), mantendo o Se por mais tempo no
fígado e, por consequência, não suprindo corretamente as exigências. Tal
comportamento foi observado neste trabalho quando se elevou os níveis de Se
orgânico suplementar, mantendo a fonte inorgânica maior eficiência desta
enzima no fígado.
Na Glutationa Peroxidase hepática, foi encontrado menor eficiência a
medida que se elevou os níveis para as fontes orgânicas, podendo ser justificada
por ser este órgão o primeiro depositário, pós absorção, de Se no organismo. O
acúmulo deste elemento condiciona maior síntese enzimática que, em função do
78
estado fisiológico, poderá ou não ser utilizada pelo organismo. A partir daí, o Se
orgânico foi mais bem distribuído pelo organismo, com um efeito benéfico
acumulativo nos tecidos, enquanto que o Se inorgânico tendeu a manter-se no
fígado destinando-se aos fins supracitados.
Segundo Moreira et al. (2001), ao avaliar fontes orgânicas e inorgânicas
de Se suplementar para frangos de corte, não foi observado diferenças
significativas para eficiência da Glutationa Peroxidase hepática aos 21 dias,
resultados estes não condizentes com os observados neste experimento. Porém,
aos 42 dias, o autor supramencionado relata que os fígados extraídos das aves
alimentadas com ração contendo Se inorgânico apresentaram, em seus
sobrenadantes, maior eficiência do que aqueles extraídos das aves alimentadas
com ração contendo Se orgânico.
Ainda segundo o mesmo autor, para as aves alimentadas com ração
contendo Se orgânico, aos 21 dias, os níveis de Se não diferiram entre si em
relação a eficiência da Glutationa Peroxidase, em contrapartida, no presente
experimento foi observado efeito linear crescente a medida que se aumentou os
níveis de Se orgânico nas dietas, reduzindo a eficiência da enzima.
Os dados de eficiência da Glutationa Peroxidase plasmática de acordo
com as fontes e níveis de Se suplementar estão apresentados na Tabela 8.
Interação significativa (p<0,05) entre fontes e níveis de suplementação
de Se na ração também foi observada para a atividade da enzima Glutationa
Peroxidase plasmática das aves aos 28 dias de idade (Tabela 8), onde se observa
que o selenito de sódio, como fonte de Se, resultou em menor (p<0,05)
eficiência da Glutationa Peroxidase no plasma dos frangos de corte,
independentemente do nível de Se dietético suplementar.
79
TABELA 8 Eficiência da enzima Glutationa Peroxidase (1 µmol NADPH/min)
em plasma sanguíneo de frangos de corte aos 28 dias alimentados
com diferentes fontes e níveis de Se.
Níveis de Selênio (mg/kg)
Fonte
1
0,150 0,300 0,450
Média
Selenito Sódio
6,97*b 6,96*b 6,96*b 6,96
Fonte A
2
5,67*a 5,48*a 5,39*a 5,51
Fonte B
3
5,61*a 5,49*a 5,37*a 5,49
Média
6,08 5,98 5,91
Controle
6,00
CV, %
0,95
1
Letras diferentes,
na coluna, diferem estatisticamente pelo teste Tukey (p<0,05)
2
Efeito linear : Y= 5,7916 - 0,9111x r
2
= 96,51%
3
Efeito linear : Y= 5,7333 - 0,8027x r
2
= 100,00%
*Médias diferentes do controle pelo teste de Dunnet (p<0,05)
As fontes orgânicas se comportaram de maneira semelhante entre si
(p>0,05), ocorrendo respostas lineares (p<0,05) com melhoria na eficiência à
medida que se elevaram a suplementação dietética de Se. Os resultados
encontrados neste experimento corroboram com Yoon et al. (2007), que
observaram aumentos lineares na eficiência desta enzima quando se aumentaram
os níveis de suplementação de Se dietéticos em frangos de corte aos 42 dias.
Em animais onde a exigência de Se é atendida e, por consequência, os
aspectos imunitários, bioquímicos (radicais livres) e metabólicos estão em
equilíbrio/homeostase, pressupõe-se atividade de Glutationa Peroxidase mais
eficientes, visto o organismo entender desnecessário níveis mais elevados de Se
no plasma, pois é sabido que toda enzima possui substrato-dependência, ou seja,
neste caso não seria justificável altos níveis em função de condições fisiológicas
de homeostase.
80
A menor eficiência da enzima Glutationa Peroxidase no tratamento
controle e fonte inorgânica, comparado as fontes orgânicas, pode ser justificada
em função da maior demanda dessa enzima para oxidação do NADPH,
mecanismo necessário para ativação da mesma para o combate direto aos
substratos metabólicos residuais gerados pelo não e/ou ineficiente atendimento
das exigências, visto os animais se encontrarem em condições de não
homeostase. Neste contexto, salienta-se também a maior quantidade de Se
acumulado e direcionado para o metabolismo hepático.
Segundo Ali et al. (1997), a exigência de Se para frangos de corte no
NRC (1994) é de 0,150 ppm, o que seria suficiente para otimizar a atividade da
Glutationa Peroxidase até os 21 dias de idade. Esta a afirmação está de acordo
com os resultados obtidos neste experimento, onde para o aumento do nível de
suplementação da fonte orgânica, manteve-se a mesma eficiência para enzima
no plasma sanguíneo. Com relação à fonte inorgânica, o nível de 0,150 ppm
também foi suficiente e satisfatório em manter melhor eficiência na atividade
desta enzima no fígado, podendo ser explicado também pelo maior acúmulo de
Se neste órgão quando comparado as fontes orgânicas.
De forma geral, Moreira et al. (2001) verificaram que as fontes de Se
orgânico e inorgânico não diferiram para atividade total da Glutationa
Peroxidase ao final do experimento, o que não foi observado no presente estudo.
Com relação aos níveis de Se avaliados, o mesmo autor destaca que o nível 1,05
ppm foi o que melhor contribuiu para aumentar a atividade da enzima, o que não
pôde ser comprovado neste experimento em função dos níveis pesquisados.
81
6 CONCLUSÕES
O uso das fontes orgânicas suplementares de Se em substituição a fonte
inorgânica, em frangos de corte, mostrou-se melhores no que se refere a retenção
aparente, deposição tecidual e plasmática deste mineral.
A maior eficiência da enzima Glutationa Peroxidase plasmática ficou
evidenciada com o uso suplementar de Se orgânico, o que fornece uma melhor
idéia da importante atividade desta enzima nos demais tecidos corpóreos.
82
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALI, J.; LEDOUX, D.R.; BERMUDEZ, A.J.; SUNDE, R.A. Selenium
requirement of broilers fed corn-soybean meal diets from day 1 to 21. Poultry
Science, Champaign, v.76, n.1, p.58-59, 1997. Supplement.
FERREIRA, D.F. SISVAR - Sistema para análise de variância. Lavras:
UFLA, 2000. Software.
LEVANDER, O.A. Platelet glutathione peroxidase activity as an index of
selenium status in rats. Journal of Nutrition, Philadelphia, v.113, n.1, p.55-63,
1983.
LYONS, P. Busca de novas alternativas e soluções: como moldar a cultura de
nossa indústria e empresas para as mudanças necessárias no próximo milênio
sob o miroscópio: uma visão para o novo milênio. In: RONDA LATINO-
AMERICANA DA ALLTECH, 9., 1999, Nevada. Anais... Nevada: Alltech,
1999. v.1, p.1-32.
MAHAN, D.C.; CLINE, T.R.; RICHERT, B. Effect of dietary levels of
selenium-enriched yeast and sodium selenite as selenium sources fed to growing
finishing pigs on performance, tissue selenium, serum Glutathione Peroxidase
activity, carcass characteristics and loin quality. Journal of Animal Science,
Champaign, v.77, n.3, p.2172-2179, Mar. 1999.
MOREIRA, J. Efeito do selênio e aflatoxinas sobre o desempenho e a
atividade de oxidases e transferase em frangos de corte normais e ascíticos.
2000. 105p. Dissertação (Mestrado em Agronomia)-Universidade Federal de
Lavras, Lavras.
MOREIRA, J.; SANTOS, C.D.; ABREU, C.M.P.; BERTECHINI, A.G.;
OLIVEIRA, D.F.; CARDOSO, M.G. Efeito de fontes e níveis de selênio na
atividade enzimática da glutationa peroxidase e no desempenho de frangos de
corte. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.25, n.3, p.661-666, maio/jun. 2001.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of poultry. 9.ed.
Washington: National Academy, 1994. 155p.
PAYNE, R.L.; SOUTHERN, L.L. Comparison of inorganic and organic
selenium sources for broilers. Poultry Science, Champaign, v.84, n.1, p.898-
902, Jan. 2005.
83
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.;
OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T. Tabela
brasileira para aves e suínos: composição de alimentos e exigências
nutricionais. Viçosa, MG: UFV, 2005. 186p.
SUHAJDA, A.; HEGÓCZKI, J.; JANZSÓ, B.; PAIS, I.; VERECZKEY, G.
Preparation of selenium yeasts: I., preparation of selenium-enriched
Saccharomyles cerevisiae. Journal of Trace Elements in Medicine and
Biology, Clifton, v.14, n.2, p.43-47, Apr. 2000.
SURAI, P.F. Effect of selenium and vitamin E content of the maternal diet on
the antioxidant system of the yolk and the developing chick. British Poultry
Science, London, v.41, n.2, p.235-243, Feb. 2000.
TAPIERO, H. The antioxidant role of selenium and seleno-compounds.
Biomedicine & Pharmacotherapy, Paris, v.57, n.1, p.134-144, Jan. 2003.
YOON, I.; WERNER, T.M.; BUTLER, J.M. Effect of source and concentration
of selenium on growth performance and selenium retention in broiler chickens.
Poultry Science, Champaign, v.86, n.1, p.727-730, Jan. 2007.
84
ANEXOS
ANEXO A
TABELA 1A Temperaturas médias no interior do galpão de
desempenho durante as fases do
experimento.......................................................................
86
TABELA 2A Temperaturas médias no interior da sala de metabolismo
durante o experimento.......................................................
86
TABELA 3A Quadrados médios da análise de variância do consumo
de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão
alimentar (CA) de frangos de corte aos 7 dias
suplementados com diferentes fontes e níveis de
Se.......................................................................................
86
TABELA 4A Quadrados médios da análise de variância do consumo
de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar
(CA) e Viabilidade (Vb) de frangos de corte aos 21 dias
suplementados com diferentes fontes e níveis de
Se.......................................................................................
87
TABELA 5A Quadrados médios da análise de variância do consumo
de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão
alimentar (CA) de frangos de corte aos 33 dias
suplementados com diferentes fontes e níveis de
Se.......................................................................................
87
TABELA 6A Quadrados médios da análise de variância do consumo
de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar
(CA) e Viabilidade (Vb) de frangos de corte aos 42 dias
suplementados com diferentes fontes e níveis de
Se.......................................................................................
88
TABELA 7A Quadrados médios da análise de variância do pH, perda
de peso por cozimento (PPC), força de cisalhamento
(FC) e cor (L, a, b) da carne do peito de frangos de corte
aos 42 dias suplementados com diferentes fontes e
níveis de Se.......................................................................
88
85
TABELA 8A Quadrados médios da análise de variância da retenção
aparente (RA), deposição de Se no fígado (Se F), plasma
(Se Pl) e eficiência da GSH-Px no plasma (GSH-Px Pl)
de frangos de corte aos 28 dias suplementados com
diferentes fontes e níveis de
Se.......................................................................................
89
TABELA 9A Anava da Regressão Múltipla para deposição de Se no
peito..................................................................................
89
TABELA 10A Anava da Regressão Múltipla para eficiência da enzima
glutationa peroxidase no fígado.......................................
89
86
TABELA 1A Temperaturas médias no interior do galpão de desempenho
durante as fases do experimento.
TEMPERATURA
o
C
FASES
Mínima Máxima
1 – 7 dias
24,7 30,2
8 – 21 dias
22,7 26,9
22 – 33 dias
18,3 26,4
34 – 42 dias
19,9 24,1
Média
21,4 26,9
TABELA 2A Temperaturas médias no interior da sala de metabolismo durante o
experimento.
TEMPERATURA
o
C
FASES
Mínima Máxima
1 – 13 dias
25,7 29,5
14 – 28 dias
23,3 28,7
Média
24,5 29,1
TABELA 3A Quadrados médios da análise de variância do consumo de
ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA)
de frangos de corte aos 7 dias suplementados com diferentes
fontes e níveis de Se.
CAUSAS
DE VARIAÇÃO
GL CR GP CA
Tratamentos (6) 26,012799 58,076913 0,004079
Fonte 2 4,638751 65,573611 0,009653
Nível 1 0,072017 12,689605 0,001441
Fonte x Nível 2 9,351105 0,092279 0,000835
Adicional x Fatorial 1 128,024164 204,440091 0,00206
Erro 42 45,354172 50,450771 0,003573
87
TABELA 4A Quadrados médios da análise de variância do consumo de ração
(CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e
Viabilidade (Vb) de frangos de corte aos 21 dias suplementados
com diferentes fontes e níveis de Se.
CAUSAS
DE VARIAÇÃO
GL CR GP CA Vb
Tratamentos (6) 404640, 18 476755,00 0,340656 305,245766
Fonte 2 378750,53 377988,07 0,040447 17,147246
Nível 1 3618,6786 447494,41 0,073501 6,533315
Fonte x Nível 2 49274,57 12129,82 0,013466 0,335237
Adicional x Fatorial 1 1209923,03 1632799,83 1,86261 1789,98
Erro 42 1881,79 1766,83 0,004514 19,025878
TABELA 5A Quadrados médios da análise de variância do consumo de ração
(CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) de
frangos de corte aos 33 dias suplementados com diferentes
fontes e níveis de Se.
CAUSAS
DE VARIAÇÃO
GL CR GP CA
Tratamentos (6) 1693215,92 1306350,04 0,155314
Fonte 2 926207,43 799611,33 0,072668
Nível 1 2361514,12 1789245,27 0,09581
Fonte x Nível 2 78646,96 67151,62 0,026076
Adicional x Fatorial 1 5788072,62 4315329,09 0,633859
Erro 42 5276,60 3591,49 0,009077
88
TABELA 6A Quadrados médios da análise de variância do consumo de ração
(CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e
Viabilidade (Vb) de frangos de corte aos 42 dias suplementados
com diferentes fontes e níveis de Se.
CAUSAS
DE VARIAÇÃO
GL CR GP CA Vb
Tratamento (6) 5999634,36 2365728,60 0,065619 2296,02
Fonte 2 3538863,80 2023515,58 0,072156 42,089825
Nível 1 11152217,41 4792270,64 0,046135 7,424769
Fonte x Nível 2 215998,13 342401,80 0,073405 58,416799
Adicional x Fatorial 1 17335864,89 4670266,25 0,05645 13567,730
Erro 42 18184,41 18264,61 0,009320 29,631689
TABELA 7A Quadrados médios da análise de variância do pH, perda de peso
por cozimento (PPC), força de cisalhamento (FC) e cor (L, a, b)
da carne de peito de frangos de corte aos 42 dias suplementados
com diferentes fontes e níveis de Se.
CAUSAS
DE VARIAÇÃO
GL pH PPC FC Cor (L) Cor (a) Cor (b)
Tratamento (6) 0,005918 17,419137 0,295081 13,149614 1,617964 1,036623
Erro 42 0,007007 12,169957 0,164469 11,543748 0,765406 2,167980
89
TABELA 8A Quadrados médios da análise de variância da retenção aparente
(RA), deposição de Se no fígado (Se F), plasma (Se Pl) e
eficiência da GSH-Px no plasma (GSH-Px Pl) de frangos de
corte aos 28 dias suplementados com diferentes fontes e níveis
de Se.
CAUSAS
DE VARIAÇÃO
GL RA Se F Se Pl GSH-Px Pl
Tratamento (9) 83,883230 0,566019 0,023429 2,903721
Fonte 2 63,616363 1,856983 0,006601 12,863267
Nível 2 195,500941 0,032752 0,070626 0,139945
Fonte x Nível 4 47,029996 0,065923 0,011364 0,031707
Adicional x Fatorial 1 48,594480 31,051010 0,010950 0,000230
Erro 50 3,564410 0,001396 0,000019 0,003275
TABELA 9A Anava da Regressão Múltipla para deposição de Se no peito.
CAUSAS DE
VARIAÇÃO
GL SQ QM F
F de
significação
Regressão (3) 2445390,696 815130,232 981,0482296 2,11541E-44
Resíduo 50 41543,84094 830,8768188 - -
Total 53 2486934,537 - - -
TABELA 10A Anava da Regressão Múltipla para eficiência da enzima
glutationa peroxidase no fígado.
CAUSAS DE
VARIAÇÃO
GL SQ QM F F de significação
Regressão (3) 30,2401256 10,08004 36,15407607 1,43034E-12
Resíduo 50 13,9403948 0,278808 - -
Total 53 44,1805204 - - -
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